Resumo de Linguística Portuguesa
Resumo de Linguística Portuguesa
Resumo de Linguística Portuguesa
Agramaticalidade: Frases que nenhum falante de uma determinada língua produz ou reconhece na
sua língua.
O que é que a linguagem humana permite fazer?
A linguagem permite-nos trocar um número infinito de ideias usando um número finito de palavras
memorizadas (léxico pessoal) e um número finito de regras gramaticais (ferramentas mentais).
Ferdinand Saussure Defende a relação entre conceito e imagem acústica, que permite que as
Quando produzida pode ser
variações façam parte da língua diferente
Esta relação (entre conceito e imagem acústica) é arbitrária, isto é, não há uma língua que faça isto
bem ou mal, existe formas diferentes para as diferentes línguas.
Ferdinand Saussure (1916) Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem;
é antes uma parte determinada, essencial da linguagem. É ao mesmo tempo um produto social da
faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para
permitir aos indivíduos o exercício desta faculdade. (…) A fala é, pelo contrário, uma ato individual
da vontade e da inteligência, no qual convém distinguir: 1, as combinações pelas quais o sujeito
falante utiliza o código da língua em ordem a exprimir o seu pensamento pessoal; 2, o mecanismo
psicofísico que lhe permite exteriorizar essas combinações.
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David Crystal (1980) - Linguagem: capacidade humana de comunicar através do uso sistemático e
convencional de sons, sinais ou símbolos escritos. O termo é utilizado para exprimir outros
conceitos como os meios de comunicação dos animais ou os sistemas de programação em
informática.
Signo linguístico e estrutura da linguagem verbal - teoria geral do sinal, segundo Charles Pierce
Ícone
- há uma semelhança entre o sinal e aquilo que ele
significa;
- não tem uma conexão física com o objeto que representa,
mas as suas qualidades parecem-se com as dele, pelo que
provoca sensação análogas na mente.
Ex: uma fotografia é um sinal da pessoa fotografada
Índice
Sinal - há uma contiguidade entre o sinal e aquilo que ele
significa;
- algo (significante) - está conectado fisicamente com o objeto, fazem um par
manifesta, leva ao orgânico.
conhecimento de algo Ex: corar como sinal de vergonha; fumo como sinal de fogo
(significado) distinto
de ele mesmo Símbolo
-ou singo
há uma convenção que liga o sinal àquilo que ele significa;
- está conectado com os seu objeto em virtude da mente,
sem a qual não existiria tal conexão; é um signo
convencional.
Ex: balança como símbolo da justiça
Signos Exemplos
Visuais cartão amarelo do árbirto
sinal de sentido proibido
abanar a cabeça para dizer sim ou não
Auditivos sirene da ambulância
Táteis escrita Braille
Olfativas perfume
Quinésicos mímica (ex: gestos insultuosos)
Verbais signos linguísticos
Fonética/ Fonologia
Morfologia/ Sintaxe
Semântica/ Pragmática
Linguagem do discurso
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Uma tipologia dos modos de expressão
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1. arbitrariedade: em cada língua não existe uma ligação perfeita entre conceito e imagem
acústica.
2. carácter discreto: as unidades que usamos para o discurso são facilmente destingidas.
3. prevaricação: linguagem humana pode ser usar as palavras de forma diferente do convencional.
4. reflexividade: temos capacidade de perguntar o que não percebemos; capacidade de perceber a
incapacidade na comunicação.
5. aprendibilidade: capacidade de aprender uma língua nova.
A linguagem é uma capacidade humana que reside essencialmente no nosso cérebro, mas também
tem uma questão de capacidade cognitiva, ou seja, não é só o conhecimento que temos de uma
língua que se relaciona também com todos os outros aspetos cognitivos, ou seja, a nossa
capacidade de processar informação que contribui para a linguagem. Ex: memória
Uma pessoa pode ter a capacidade da linguagem, mas pode não se lembrar e isso não está
relacionado com a linguagem, está relacionado com capacidades cognitivas porque somos todos
diferentes a pessoa pode ter perdido a capacidade de memorizar coisas ou aceder à informação
que tem memorizada.
A forma como produzimos linguagem vai estar sempre relacionada com aspetos que andam à volta
do nosso próprio conhecimento da língua, portanto, existe necessariamente, uma relação entre o
cérebro e a linguagem humana.
1º momento do conhecimento da relação da parte biológica e do funcionamento da linguagem foi
quando se percebeu que o cérebro funciona em duas partes e quando se percebeu que lesões que
afetavam uma parte do cérebro podiam ou não influenciar a linguagem.
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Carl Wernicke (c. 1870) descreve afasia em resultado de lesões em áreas do lobo temporal
esquerdo (área de Wernicke).
Afasia de Wernicke- afeta a relação entre conceitos e imagens acústicas, o que significa
que as pessoas podiam trocar palavras, inventar palavras ou produzir palavras que mais
ninguém conhecia. [Ex: Sapo homem jardizaze O pato do João está no jardim]
A linguagem reside em áreas específicas do cérebro que são modelares, comunicam entre si, mas
que têm especializações diferentes. Os problemas de linguagem podem afetar somente um dos
módulos. Pode afetar o módulo semântico lexical que é as palavras e o seu significado ou pode
afetar o módulo essencialmente sintático que é a forma como as palavras se combinam. Significa
que a linguagem existe em zonas específicas do cérebro, mas essas zonas específicas do cérebro
têm de comunicar entre si.
Além disto, as pessoas com problemas de afasia revelam que as palavras não estão organizadas de
uma forma gradual.
Os doentes de afasia podem fazer, essencialmente, duas coisas. Podem fazer substituição de
palavras por palavras com um som semelhante, o que significa que existe uma troca, uma
complicação no sistema de armazenamento das imagens acústicas
Ex: Eu posso identificar corretamente o que é um caso, que é o verbo casar, mas na altura de
produzir, produzo vaso.
Isto significa que os conceitos e as imagens acústicas também não estão organizados no mesmo
sítio. Nós podemos identificar o conceito e trocar a imagem acústica. Se elas estivessem no mesmo
sítio ao invocar uma a outra estava ao lado. O conceito e imagem acústica têm que estar
armazenados num sítio diferente porque em algum momento tem de haver uma relação entre elas.
Ou também podem fazer substituição de palavras por palavras com um sentido contíguo.
Ex: Eu quero dizer monitor, mas em vez disso digo televisão; em vez de dizer sal digo pimenta.
Isto acontece uma vez que a palavras estão armazenadas por sentidos contíguos, ou seja, palavras
com sentido logicamente relacionáveis estarão armazenadas no mesmo sítio, o que significa que se
as palavras estão armazenadas, a nossa representação dos sons está armazenada num sítio
diferente de onde estão os conceitos.
Se nós temos um problema na ligação entre os conceitos e as representações podemos ir buscar
uma produção diferente daquela que estamos à espera, portanto, as imagens acústicas vão ser
diferentes.
Se há um problema no acesso aos conceitos, podemos não ir buscar o conceito esperado, mas o
que está armazenado ali perto porque estamos a ter problemas no acesso.
Ex esquemático: conceito
a c a
c
O conceito que quero é o a, mas como existe uma lesão, se quero
b d b d
ir buscar o conceito pretendido, em vez de ir para o lugar certo,
que está lesionado, o neurónio vai levá-lo para o que está próximo.
O que está mais próximo está conceptualmente relacionado, isto
lesão significa que, se quer dizer monitor vai dizer televisor. 6
A linguagem de sinais que não tem imagem acústica.
Os sítios onde iam ser armazenadas as informações relacionadas com as imagens acústicas, o sítio
está lá, estamos programados para o receber, o problema é que não chega.
Os surdos vão apresentar afasia de linguagem gestual nos mesmos moldes que nós produzimos
sons, significa que da mesma forma que existem zonas para armazenar as imagens acústicas, essas
zonas vão ser utilizadas para armazenar imagens típicas de gestos, portanto os problemas vão ser
os mesmos.
Curiosamente, o que se verificou, é que os mesmos tipos de problemas biológicos físicos vão afetar
ambos os grupos de falantes de língua da mesma forma, ou seja, quem tem problemas em associar
um conceito ao som, vai ter problemas em associar o conceito ao gesto. As coisas foram para o
mesmo sítio.
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1.4. Tipologia linguística e famílias de línguas
Tipologia dedica-se à categorização dos tipos de língua de acordo com as suas características, que
não é o mesmo que juntar as línguas em famílias.
Os tipos de língua que é estudar as línguas para ver o que têm de semelhante entre si, mas não
vamos ter em conta, para ver as semelhanças entre elas, os seguintes fatores:
relacionamento genético, ou seja, se são da mesma família
os contactos que historicamente tiveram entre elas
as condições ambientais compartilhadas
Temos que perceber não porque é que as línguas do centro da Europa são todas iguais, mas quais
são as propriedades das línguas em aproximar uma língua da Europa e uma língua nativa da
Austrália. Ou seja, se todos humanos nascem com a mesma capacidade de aprender língua,
compreender como é que as línguas se comparam entre si se nós só estamos a olhar para as que
estão ao lado? Ignoramos propriedades da linguagem que podem ser desenvolvidas da mesma
forma em língua que geograficamente não estão relacionadas.
A partir do momento em que nós dizemos que os humanos têm a capacidade da linguagem e que
os cérebros são todos iguais, não podemos limitar a comparar língua uma ao lado da outra,
podemos ter que presumir que duas línguas geograficamente separadas vão ter características
semelhantes.
A comparação de tipologias passa sobretudo pela análise das estruturas que é comparar língua
diferentes e ver de que forma é que estruturas que têm o mesmo significado, se estão presentes na
mesma frase e como é que elas se ordenam.
Analisando:
Em algumas línguas o verbo aparece no final
A posse pode ser em algumas línguas uma palavra diferente enquanto que noutras é um
segmento que se junta à palavra
A tentação é aproximar as que são semelhantes, mas não podemos limitar a isto. Vai haver
proximidades em línguas da mesma família, mas não queremos excluir que existem semelhanças
fora da mesma família.
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As semelhanças aqui já são mais claras.
A posição dos elementos na frase até é a
mesma e que existem semelhanças
lexicais.
Ex: A palavra todos os dias (daily) tem a mesma estrutura de redobro [tägliches e dagliga]. A
estrutura é a mesma apesar de não serem necessariamente nem com as mesmas consoantes, mas
é com o mesmo número de sílabas e com a mesma estrutura alternando as consoantes.
Olhando para as línguas fora destas famílias, o que a tipologia linguística faz é analisar como é que
estas propriedades estruturais, ou seja, a distribuição dos elementos da frase vai ser diferente de
língua para língua independentemente da família linguística.
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Um léxico não é um bom critério para dizer que as línguas estruturalmente se relacionam porque
pode basear-se em palavras introduzidas por pequenos falantes num momento da história da
língua, em contraste, com palavras que fazem parte da fundação daquela língua.
Conceitos
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-Aparelho de produção de fala a nível periférico: estruturas anatómicas que participam na
produção da fala a nível periférico (pulmões, laringe, faringe, boca, fossas nasais)
-A atividade do aparelho de produção de fala opera sobre o ar que é expirado dos pulmões. Daí
resultam variações de pressão (sinais acústicos), que se propagam pelo ar e são captados e
processados pelo aparelho auditivo. O aparelho auditivo transforma-os em sinais elétricos,
adequados ao sistema nervoso.
Fonética
-A perceção da fala depende do conhecimento da língua.
-Conhecimento das restrições impostas à língua quanto à ocorrência de determinadas sequências
de sons em diferentes posições da sílaba ou da palavra.
Ex: ERRAR irrar, êrrar, èrrar vs. ôrrar vs. urrar
-Conhecimento da língua permite produzir frases com entoações diferentes (perguntas, afirmações)
Ex: Não vais embora vs. Não vais embora?
-Não conseguimos segmentar os sons das línguas desconhecidas
-Mas, em línguas conhecidas, identificamos segmentos sonoros (sequências de unidades menores).
Basta a substituição de uma dessas unidades para haver uma mudança de significado.
Ex: Bato no pato
fato/fato; fato/fito; fito/figo; figo/figa
-Outras alternâncias não estão relacionadas com o significado, mas com o contexto sonoro.
Ex: Asas pretas; Asas amarelas
-Alternâncias quanto ao acento
Ex: Neve, nevar; menos, menor
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-Alternância devidas a diferenças regionais, de grupo social ou de estilo individual
Ex: “S beirão”, “u micaelense” são variantes fonéticas de um segmento fonológico.
A sílaba é uma construção percetual, criada no espírito do ouvinte, com propriedades específicas
que não decorrem da simples segmentação fonética das sequências de elementos
As palavras podem ser constituídas por uma única sílaba:
É
Má
Mar
As vogais são o núcleo da RIMA (R) das respetivas sílabas.
A rima pode ser constituída pelo Núcleo (N), ou ser constituída pelo núcleo e pela consoante que se
lhe segue, a CODA (C).
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Exemplos de restrições do ataque em português
Denomina-se sândi um fenómeno de fonética sintática que ocorre quando uma vogal ou uma
consoante, inicial ou final de sílaba, se encontra em determinado contexto.
O sândi externo resulta do encontro entre dois segmentos separados por uma fronteira de palavra
e depende das características das vogais e/ou das consoantes que entram em contacto.
supressão da coda
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Quando se trata de duas sílabas seguidas, iniciadas pela mesma consoante e separadas, apenas, por
um vogal átona [ɨ] ou [u]) pode dar-se a simplificação das duas sílabas. Esta simplificação de sílabas
denomina-se haplologia.
No que diz respeito ao encontro das vogais átonas finais de palavra ([ɐ], [ɨ] e [u]) e as iniciais da
palavra seguinte, podem ocorrer diferentes realizações. DE um modo geral, a átona final é
suprimida, ressilabificando-se a sequência das duas palavras, ou seja, as duas sílabas em contacto
simplificam-se numa única.
Quando uma forma verbal termina em [ɨ] é seguida por um pronome átono, a vogal final do verbo
semivocaliza.
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2.2. Morfologia
Para a morfologia, as palavras são estruturas, ou seja, são formas analisáveis em unidades menores
a que se dá o nome de constituintes morfológicos.
Palavra
RADICAL (simples ou complexo)
+
CONSTITUINTE TEMÁTICO (especificador morfológico)
+
FLEXÃO MORFOLÓGICA (especificador morfo-sintático)
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Os nomes e os adjetivos exigem flexão em número, os verbos flexionam em tempo-modo-aspeto e
pessoa-número.
Substantivos
Adjetivos
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Verbos
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Composicionalidade e lexicalização
Composicionalidade é um princípio de análise das palavras complexas, que identifica aquelas cujas
propriedades são integralmente determinadas pela sua estrutura e pelas propriedades dos seus
constituintes
Exercício:
Considere a seguinte lista de palavras.
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Exemplos de palavras que não podem ser analisadas:
1. costa/ costas Ocidental e Sul de Portugal 1. olho/ olhos – órgão responsável pela visão
2. costas - parte de trás de alguma coisa 2. olhos - perspetiva
1. Afixação
Afixação é tradicionalmente descrita como envolvendo processos de prefixação e sufixação.
Todavia, há que considerar a função gramatical que desempenham na estrutura das palavras.
Em português, os afixos que formam palavras podem ser predicadores ou modificadores.
Em português:
Há sufixos que selecionam bases substantivais, outros que selecionam bases adjetivais e outros que
selecionam bases verbais, sendo a natureza morfológica desses complementos igualmente objeto
de restrições de seleção dos sufixos derivacionais.
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a. sufixos denominais b. sufixos deadjetivais c. sufixos verbais
(base = radical substantival) (base = radical adjetival) i. base = radical verbal
livr- ari-a clar-eir-a cans-eira
metód-ic-o ampl-ific-a-r estend-al
desert-ific-a-r fuj-ão
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A lista de prefixos que ocorre na generalidade das gramáticas escolares do português assenta-se
em exemplos que não têm uma estrutura composicional. Os prefixos aí identificados não podem
ser dissociados das suas bases e não permitem formar novas palavras.
Exemplos de formas lexicalizadas:
conduzir – cf. aduzir, deduzir, reduzir, seduzir
1.3. Estruturas parassintéticas
A parassíntese é um tipo especial de derivação, que envolve prefixação e sufixação em simultâneo.
Por vezes o prefixo parece ser um elemento expletivo.
a-joelh-ar
a-ligeir-ar
en-cabeç-ar
en-gord-ar
es-burac-ar
es-fri-ar
Exercício:
empirismo
sacarose
açucareiro – sufixo denominal, categoria da base: substantivo
antipirético – categoria da base: adjetivo
irresponsavelmente – sufixo adjetival; categoria da base: adjetivo
excedentário
informática
repovoar – categoria da base: verbo
repovoamento – sufixo deverbal; categoria da base: verbo
desconfinamento – sufixo deverbal; categoria da base: verbal
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1.4. Conversão
Também descrita como derivação regressiva, ou imprópria, é um processo que implica a recategorização da
base, sem intervenção de afixos
atacar ataque
olhar olhar
2.3. Léxico
Hipótese de definição:
O léxico é um repositório das unidades lexicais de uma língua.
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Que palavras identifica como existentes no português contemporâneo?
Que palavras não têm sentido?
mas:
Casco da cabeça. Craneum.
taludo. Adultus.
quitamento. Diuortium
Qual a origem das palavras sublinhadas e quais os seus equivalentes na língua não literária?
Lusíadas, 5, 39
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2.3.1 Unidades multilexicais
Unidades com sentido que são formadas por palavras que conseguem ter contexto separadas, mas
juntas adquirem um novo sentido
Ex: … tinha bom ouvido – isto significa que sabe o que está a ouvir, tem conhecimento profundo em
relação à música.
Este termo recobre vários outras designações. “frases feitas”, “expressões/ frases estereotipadas/
cristalizadas”, “unidades multilexicais”, “expressões pluriverbais”, “locuções”, “lexias completas”,
“frasemas”, “pragmatemas”, “clichés”, “idiomatismos”, etc.
Nestas sequências estabeleceram-se progressivamente relações combinatórias (mais ou menos)
fortes entre os seus elementos, relações essas que se foram consolidando formal, semântica e
pragmaticamente, em maior ou menor grau, dando origem a grupos (mais ou menos) fixos, mas
muito recorrentes no uso, qualquer que seja o seu grau de fixidez.
Combinações Livres: A + B= AB
Ex: baixar a cabeça A + B= AB
Frases idiomáticas: A + B= C [não conseguimos retirar o contexto a cada unidade]
Ex: baixar a cabeça (=resignar-se) A + B=C
Colocações: A + B= AC [uma das palavras mantem o significado que tem separadamente]
Ex: ódio de morte; amor cego A + B= AC
Quase-frasemas: A + B= ABC
Ex: cinturão negro [tanto pode ser o objeto como a pessoa que o tem] A + B= ABC
Nem sempre o carácter fixo de uma expressão pluriverbal implica o carácter idiomático da mesma.
Existe um grande número de combinações lexicais que formalmente se caracterizam por um certo
grau de fixação, mas que não são estritamente expressões idiomáticas porque semanticamente
têm um claro carácter “composicional”.
Geralmente são descritas pelos dicionários como variações ou manifestações de um único sentido
figurado ou metafórico aceções cujo valor só é atualizado quando combinado com outras palavras,
como por exemplo as do lexema forte em: café forte (intenso); comida forte (‘concentrado,
substanciosa, nutritiva’); cheiro forte (‘intenso’); som forte (‘elevado de volume’); razão forte
(‘importante’, ‘convincente’), etc.
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Colocações: A + B= AC
café forte (carregado, intenso),
chá forte (carregado, intenso),
vinho forte (carregado, intenso),
comida forte (‘concentrado, substanciosa, nutritiva’);
cheiro forte (‘intenso’);
som forte (‘elevado de volume’);
vento forte (‘intenso’);
sol forte (‘intenso’);
luz forte (‘intenso’, ‘vivo’);
cor forte (‘intenso’, ‘vivo’);
claridade forte (‘intenso’, ‘vivo’);
razão forte (‘importante’, ‘convincente’)
Consolidação pragmática, habituação (ou rotinização) do uso combinado das palavras que a
formam. As palavras não perdem necessariamente o seu significado.
Ex: cabeça no ar, consciência tranquila, apinhado de gente
acidente vascular cerebral, artrite reumatoide, massa molecular
Bom dia! Como está?
i. Expressões com que se designam realidades extralinguísticas do quotidiano (pão com manteiga,
café com leite, vinho branco, ferro elétrico, serviço de chá, trem de cozinha);
ii. Expressões que correspondem à necessidade de criar denominações especializadas, científicas,
técnicas, artísticas, etc (água forte, água-pesada, órgão consultivo, sequenciação do genoma
humano, deduzir acusação, natureza-morta);
iii. Variantes “expressivas” de palavras ou sintagmas com um significado expressivo mais neutro (dias
a fio, por dias seguidos; tratar alguém abaixo de cão por tratar alguém muito mal);
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iv. Expressões de natureza geral ou específicas de determinadas áreas (cultura geral, fluxo
migratório, drogas ilícitas, sinais exteriores de riqueza, fora do comum, do foro privado, matar à
fome, estar em foco);
v. Expressões com função pragmática: bom dia, quem sai aos seus não degenera, não deixes para
amanhã o que podes fazer hoje;
vi. Provérbios (grão a grão enche a galinha o papo, cão que ladra não morde, dezembro frio, calor no
estio).
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