Arminianismo Perguntas Frequentes Por Roger Olson
Arminianismo Perguntas Frequentes Por Roger Olson
Arminianismo Perguntas Frequentes Por Roger Olson
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portanto, ela já pressupõe (em todas as questões acima)
que a salvação é um dom gratuito da graça de Deus que
não pode ser merecido; ele só pode ser aceito. De acordo
com Armínio e todos os arminianos clássicos, a justifi-
cação e Deus dos pecadores é “pela graça mediante a fé
somente” e apenas por conta da obra de Cristo. A graça
de Deus em e através de Jesus é a causa eficaz da salvação/
justificação, mas a fé é a causa instrumental.
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tradição pentecostal (ex. Assembleias de Deus). O armin-
ianismo também é a crença comum dos Batistas Livres
(também conhecidos como Batistas Gerais). Muitas
“Igrejas dos Irmãos” (Bethren) também são arminianas.
Mas se pode encontrar arminianos em muitas denomi-
nações que não são histórica e oficialmente arminianas,
tais como muitas convenções/conferências batistas.
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é uma categoria e um rótulo teológicos frequentemente
mal interpretado por seus críticos (principalmente
calvin-istas conservadores), então aqueles que sabem
que são arminianos sentem a necessidade de defender
o arminianismo contra falsas acusações e distorções.
Existem alguns que preferem se autodenominar de “não
calvinistas”, mas essa não é uma opção melhor que
“arminiano”, e é menos clara (pois os luteranos, por
exemplo, também são “não calvinistas”, mas eles frequen-
temente são tão contrários à crença arminiana no
sinergismo evangélico quanto o são os calvinistas). Os
arminianos não são um movimento, nem um partido,
ou nem uma tribo de cristãos. Eles são simplesmente
cristãos protestantes que, diferente de muitos outros,
acreditam na liberdade da vontade restaurada pela graça
para resistir ou aceitar a graça salvífica.
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Deus elege pessoas para a salvação incondicionalmente,
de que Cristo morreu apenas para os eleitos, e de que a
graça salvadora é irresistível. Esses novos e agressivos
calvinistas não estavam dispostos a assumir uma postura
de “viva e deixe viver” em relação às diferenças evan-
gélicas na teologia, mas tentaram marginalizar, e as vezes
até mesmo excluir, os arminianos do evangelicalismo
— retratando o arminianismo como sendo mais católico
do que protestante. Um proeminente teólogo calvin-
ista, editor de uma revista mensal, disse por escrito que
ser “evangélico arminiano” é tão impossível quanto ser
“católico evangélico”. Durante o período dos últimos
vinte a trinta anos o calvinismo está em ascensão, prin-
cipalmente no cristianismo evangélico estadunidense.
Juntamente com esse aumento se seguiu também o
retrato crescentemente negativo dos arminianos como
cristãos imperfeitos, que não são verdadeira e autenti-
camente evangélicos. O evangelicalismo estadunidense
por muito tempo havia sido ecumênico — incluindo
cristãos protestantes de muitas perspectivas teológicas.
De repente, muitos calvinistas/reformados evangélicos
estavam chamando o arminianismo de “humanista”,
“centrado no homem”, “heterodoxo”, “à beira do precipício
da heresia”, “não honrando a Bíblia”, etc. Gradualmente,
os arminianos evangélicos sentiram a necessidade de
defender sua teologia contra equívocos, más represen-
tações e distorções. Todas as teologias são “feitas por
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homem”, inclusive o calvinismo. Mas isso não quer dizer
que as teologias são unicamente invenções humanas.
Elas são as melhores tentativas humanas de interpretar
a Bíblia sob a orientação do Espírito Santo, da tradição
cristã, e da razão. Muitos calvinistas reivindicam que o
calvinismo é uma “transcrição do evangelho”, mas os
arminianos rejeitam essa reivindicação para qualquer
teologia, incluindo o calvinismo e o arminianismo. Nós
(teólogos, intérpretes da Bíblia) somos nada além de
“vasos quebrados” (conforme o apóstolo Paulo denom-
inou a si mesmo) procurando seguir a luz da Palavra de
Deus aonde ela nos guiar.
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graça de Deus. Como o semipelagianismo (ainda uma
visão extremamente popular no evangelicalismo esta-
dunidense), o arminianismo defende que os pecadores
têm livre-arbítrio. Contudo, o arminianismo também
defende (como o calvinismo) que o livre-arbítrio, em
questões de salvação, deve ser dado por Deus através da
graça preveniente e auxiliadora. Os pecadores sozinhos,
sem o poder libertador da graça, não exercerão uma
boa vontade para com Deus. Mas sob a pressão de graça
liberadora e capacitadora, muitos realmente buscam
a Deus, que já os buscou, chamando-os para que se
arrependam e creiam. Contra o semipelagianismo e
juntamente com o calvinismo, o arminianismo acredita
e ensina que a iniciativa na salvação é de Deus e que
toda a habilidade na salvação é de Deus. Mas contra o
calvinismo e juntamente com o semipelagianismo, os
arminianos creem que os pecadores podem resistir a
graça de Deus e, a fim de que sejam salvos, devem aceitar
livremente a graça.
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de Deus), e restauracionistas (ex. Igrejas de Cristo e
Cristãos Independentes) são arminianos sem ser wesley-
anos. Mas todos os wesleyanos (que eu conheço) são
arminianos (embora nem todos gostem do rótulo). Os
wesleyanos acrescentam ao arminianismo a ideia de
“perfeição cristã” (que diferentes wesleyanos definem
de maneiras diferentes). Os arminianos não wesleyanos
não acreditam na “plena santificação”. (Embora, curio-
samente, meu estudo pessoal sobre Armínio me levou
a pensar que ele talvez concordaria com Wesley e os
wesleyanos acerca disso).
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sobre se ou em que extensão Deus manipula as vontades
do homem (pessoas humanas) em relação a fazer com
que Seus planos (ex. Escritura) sejam realizados.
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embora ainda não determinado. Como Deus pode
conhecer decisões e ações livres futuras (que não foram
predeterminadas por coisa alguma) é um mistério com
o qual arminianos clássicos estão dispostos a viver, pois
acreditam que ela (uma simples presciência divina sem
o determinismo abrangente divino) é ensinada nas
Escrituras e porque ela é a única alternativa a outras
visões da presciência de Deus que eles (os arminianos
clássicos) não podem abraçar. Não há contradição lógica
nesse mistério. Em algum ponto, toda teologia inclui
mistérios. Assim também as ciências naturais.
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Pergunta Frequente 11: O arminianismo
não supõe que o elemento decisivo
na salvação é a livre decisão do
pecador em aceitar a Cristo, e,
consequentemente, concedendo às
pessoas salvas a permissão de se gabar
de parcialmente merecer sua salvação?
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talvez a maioria, dos liberais do século XIX (na teologia)
foram criados como calvinistas e, vendo o dano que o
calvinismo causa ao caráter de Deus, saltaram para
a teologia liberal sem jamais sequer considerarem o
arminianismo. O arminianismo evangélico é teologica-
mente conservador. Alguns arminianos evangélicos
são fundamentalistas. A maioria jamais foi tentada pela
teologia liberal. Não existe conexão lógica nem histórica
entre o arminianismo clássico e a teologia liberal.
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Pergunta Frequente 14: Como o
arminianismo explica Romanos 9?
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interpretação calvinista de Romanos 9: “Seja lá o que
esse capítulo quer dizer, ele não pode significar isso!”
Ele não estava simplesmente desconsiderando a inter-
pretação calvinista. Ele quis dizer (e eu concordo) que se
a interpretação calvinista de Romanos 9 for verdadeira,
então Deus é um monstro moral, um condenador arbi-
trário, em nada parecido com o Jesus que chorou acerca
de Jerusalém e disse: “Eu quis... mas tu não quiseste.”
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antiga) é proclamada a todos os pulmões e frequente-
mente por um, dois ou três defensores extremamente
persuasivos, ela ganha seguidores. Isso não diz coisa
alguma acerca das alternativas — que não se levantam
para lidar com a nova mensagem/onda com igual fervor
e paixão. Geralmente, a nova mensagem/onda é extrema
e proclamada por extremistas. Elas ganham seguidores
— principalmente constituídos de pessoas atraídas a
extremos. Após certo tempo o extremismo esvanece e o
movimento amadurece, e as pontas e cantos grosseiros
são aparados. Durante esse período, a maioria em volta
da “nova mensagem/onda” prossegue com o ministério
e evita o extremo. Mas a mídia adora extremos, portanto,
os extremistas ganham toda a atenção — por agirem
de maneira extremada! Considero uma boa coisa que
poucos arminianos tenham se tornado absolutistas obsti-
nados para rivalizar os líderes do movimento Jovem,
Incansável e Reformado (Young, Restless, Reformed;
YRR) — sendo que a maioria deles é (na minha opinião)
fundamentalista.
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que sejam arminianos (no sentido de que a soteriologia
dos mesmos se encaixa no perfil do arminianismo clás-
sico) se esquivam do rótulo ou o negam por completo.
Suspeito que isso se dá em razão das maneiras que o
arminianismo tem sido distorcido por seus críticos
(principalmente) calvinistas. Há alguns anos me encon-
trei com Thomas Oden e conversamos sobre isso. Ele
rejeitava o rótulo “arminiano” ainda que ele fosse meto-
dista e seu livro O Poder Transformador da Graça
(The Transforming Power of Grace) apresente uma das
melhores exposições da teologia arminiana que já li.
Meu falecido amigo Stanley Grenz me admitiu que ele
era arminiano, mas me pediu para que não dissesse isso
a ninguém. (Na época ele era colega de J. I. Packer que
fortemente se opõe ao arminianismo). No passar dos
anos eu ouvi metodistas livres, pentecostais e outros me
dizerem que eles não são arminianos, mas em contra-
partida eles afirmam todos os elementos históricos do
arminianismo clássico. Isso, para mim, é como o pres-
biteriano que afirma a Confissão de Fé de Westminster
e, ao mesmo tempo, diz que não é calvinista. (e, de fato,
ouvi isso recentemente) Portanto, ao meu ver, qualquer
pessoa é arminiana se: 1) for classicamente protestante,
2) afirmar a depravação total (no sentido de incapaci-
dade de salvar a si mesma ou contribuir meritoriamente
para sua salvação, de sorte que o pecador é totalmente
dependente da graça preveniente para até mesmo a
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primeira inclinação da vontade para Deus), 3) afirmar
a eleição condicional e a predestinação embasada na
presciência, 4) afirmar a expiação universal, 5) afirmar
que a graça sempre é resistível, e 6) afirmar que Deus, de
jeito algum ou forma alguma, é o autor do pecado e do
mal, mas afirmar que estes são permitidos pela vontade
consequente de Deus.
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muito debatida. Os calvinistas frequentemente defendem
que ela deveria ser melhor traduzida como “compelir”.
Todavia, se esse fosse o sentido da palavra nessa
passagem, o resultado pareceria ser o universalismo.
Contudo, a crença na graça preveniente não depende de
textos-prova. O conceito é ensinado em todos os lugares
de maneira implícita na Bíblia. A graça preveniente é a
única explicação para a seguinte cadeia de ideias clara-
mente bíblica: 1) ninguém busca a Deus (depravação
total), 2) a iniciativa da salvação é de Deus, 3) toda a
habilidade de exercer uma boa vontade para com Deus é
de Deus, 4) a salvação é um dom de Deus, não uma real-
ização humana, e 5) as pessoas são capazes de resistir à
oferta divina de salvação. Todas essas ideias estão resu-
midas na expressão “graça preveniente”. Os arminianos
discordam entre si acerca dos detalhes, tal como quem
é afetado pela graça preveniente e sob quais condições
específicas. Todos concordam que a cruz de Jesus Cristo
misteriosamente realizou algo em relação à graça preve-
niente, mas há certa discórdia acerca da necessidade do
evangelismo (comunicação do evangelho) para a pleni-
tude da graça preveniente exercer seu impacto sobre os
pecadores.
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Pergunta Frequente 18: O arminianismo
clássico realmente diz a mesma coisa
que o calvinismo quando se trata de
soberania? Afinal de contas, se Deus
previu tudo o que aconteceria e, de
qualquer forma, criou o mundo desta
forma, ele não estava preordenando tudo
simplesmente pela virtude de criar?
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mundo, inevitavelmente lançaria sombras sobre o caráter
de Deus.
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