O Cativeiro de Judá
O Cativeiro de Judá
O Cativeiro de Judá
Davi Jeorão (Jorão) (851-843) a.C. Não Zinri ou Zimri (884 a.C.)
Dinástico
O estágio final do Reino de Judá, também chamado de Reino do Sul, foi protagonizado
por quatro reis vassalos, que agiram malignamente segundo a avaliação religiosa do autor
dos Reis, e por um bom último governador. O primeiro rei foi Jeoacaz, filho do reformador
Josias. Jeoacaz praticou muitas iniquidades, a despeito do zelo do seu pai. Como início do
declínio do reino, foi feito vassalo do Faraó-Neco, que impôs pesados tributos sobre Judá,
na quantia de três toneladas e meia de prata e 35 quilos de ouro. O Faraó ainda o tirou do
trono, levou-o para o Egito e, no seu lugar, colocou Jeoaquim, que impôs uma carga de
impostos sobre o povo para dar conta dos tributos do Faraó. Igualmente, Jeoaquim foi um
mau rei no sentido de não servir ao Senhor.
Com a morte de Jeoaquim, o seu filho Joaquim assumiu o trono. Com três meses de
reinado, Nabucodonosor veio debelar a rebelião que o seu pai havia iniciado, fazendo o
cerco a Jerusalém em 597 a.C., levando cativas dez mil pessoas entre nobres e artesãos,
pessoas que tivessem alguma utilidade e das classes mais altas. Dentre eles, foi deportado
o profeta Ezequiel, mas o seu ministério iniciaria somente na Babilônia. Nabucodonosor
levou todos os tesouros do Templo de Salomão e da casa do rei.
a) Forte experiência de Deus, como Isaías, no Templo, e Jeremias, que se assustou diante
da responsabilidade: “sou como uma criança”;
b) Estavam convictos de que Deus chamava-os a uma missão: Jeremias como fogo
devorador nos seus ossos (Jr 20.9); Amós disse que Deus rugiu como um leão no seu
interior (Am 3.8);
c) A experiência com Deus causou profunda mudança na vida dos profetas: Jeremias, de
uma desencorajada criança, passa a denunciar o culto idólatra e o paganismo; para outros,
a experiência foi tão forte que guardaram a data: Ezequiel, no 5º dia do 5º ano da
deportação.
O cativeiro aconteceu especialmente por causa da liderança. Em todo o livro dos Reis,
o autor sagrado deixa isso transparecer, culminando a ideia num momento de esperança
frustrada com a reforma de Josias, que enfatizava que o problema da perdição não estava
no povo, mas na liderança. Essa ideia é corroborada por vários profetas como visto neste
capítulo; dentre eles, está Miqueias:
Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós, maiorais da casa de Israel, que
abominais o juízo e perverteis tudo o que é direito, edificando a Sião com sangue e a
Jerusalém com injustiça. Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus
sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se
encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos
sobrevirá. Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um campo, e Jerusalém se
tornará em montões de pedras, e o monte desta casa, em lugares altos de um bosque. (Mq
3.9-12)
“Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me
conheceram, e os pastores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal e
andaram após o que é de nenhum proveito” (Jr 2.8).
Após vários avisos, a começar pelo do profeta Elias de forma oral até os profetas que
escreveram os seus vaticínios, todos alertaram contra o terrível pecado da idolatria, que tira
o Senhor do seu devido lugar e entroniza deuses criados pela imaginação humana. Além
da idolatria, havia: o derramamento de sangue inocente que vários reis praticaram, como o
caso de Manassés; a questão da justiça social denunciada por vários profetas (Hc 1.2-4); a
não observância do descanso sabático pelas pessoas e também da terra; além da morte de
vários profetas, o que foi denunciado por Jesus: “para que sobre vós caia todo o sangue
justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de
Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar” (Mt 23.35). A situação
de Judá foi uma triste realidade para um povo que recebeu tantas profecias, avisos e
oportunidades de arrependimento.
A situação de rebeldia era tão periclitante que, quando Deus mandou o profeta
Jeremias registrar pela primeira vez as suas profecias em um rolo de livro, e após Baruque,
o ajudante de Jeremias, ler o seu conteúdo na porta do Templo diante de todo o povo,
embora tenha caído um grande temor sobre os príncipes, o mesmo não aconteceu com o
rei, pois mandaram Jeremias e Baruque esconderem-se com receio de serem mortos:
E sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-o o rei com um canivete
de escrivão e lançou-o ao fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no
fogo que estava sobre o braseiro. E não temeram, nem rasgaram as suas vestes o rei e
todos os seus servos que ouviram todas aquelas palavras. (Jr 36.23,24) A razão para o
desprezo [da mensagem] pode estar no fato de ele não haver sido propriamente infligido
pelos babilônios, embora Nabucodonosor lhe tivesse exigido um pesado tributo e deportado
um número de prisioneiros importantes. Certamente sentia que desfrutava de proteção em
virtude de ser um vassalo da Babilônia.
O autor de Reis afirma: “O Senhor não o quis perdoar” (2 Rs 24.4), porque já havia
chegado a um tal nível de deterioração que seria impossível o povo voltar-se novamente
para Deus, a não ser que fossem severamente castigados para refletirem sobre o mal
cometido. Outra afirmação forte de Reis é que o Senhor rejeitou-os da sua presença (2 Rs
24.20), o que também é corroborado pelo profeta Jeremias (6.20). Deus chegou a chamar
Jerusalém de Gomorra (Jr 23.14; Is 1.9,10)! Se Ele chamou assim a sua cidade escolhida,
então vale a pena atentarmos para nossa situação de enxertados na oliveira e vivermos
uma vida digna da glória de Deus (Rm 11.17,18,21).
3. Curiosidades
Profetas na época do cativeiro:
Jeremias
Daniel
Ezequiel
Zedequias reina
“Tinha Zedequias a idade de vinte e um anos, quando começou a reinar; e onze anos reinou em Jerusalém. E
fez o que era mau aos olhos do Senhor seu Deus; nem se humilhou perante o profeta Jeremias, que falava da parte
do Senhor. Além disto, também se rebelou contra o rei Nabucodonosor, que o tinha ajuramentado por Deus. Mas
endureceu a sua cerviz, e tanto se obstinou no seu coração, que não se converteu ao Senhor Deus de Israel. Também
todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam de mais em mais as transgressões, segundo todas as
abominações dos gentios; e contaminaram a casa do Senhor, que ele tinha santificado em Jerusalém. E o Senhor
Deus de seus pais, falou-lhes constantemente por intermédio dos mensageiros, porque se compadeceu do seu povo
e da sua habitação. Eles, porém, zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram
dos seus profetas; até que o furor do Senhor tanto subiu contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve. Porque
fez subir contra eles o rei dos caldeus, o qual matou os seus jovens à espada, na casa do seu santuário, e não teve
piedade nem dos jovens, nem das donzelas, nem dos velhos, nem dos decrépitos; a todos entregou na sua mão. E
todos os vasos da casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da casa do SENHOR, e os tesouros do rei e dos
seus príncipes, tudo levou para babilônia. E queimaram a casa de Deus, e derrubaram os muros de Jerusalém, e todos
os seus palácios queimaram a fogo, destruindo também todos os seus preciosos vasos. E os que escaparam da espada
levou para babilônia; e fizeram-se servos dele e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia. Para que se cumprisse
a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da
assolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram. Porém, no primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que
se cumprisse a palavra do Senhor pela boca de Jeremias), despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual
fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor
Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em
Judá. Quem há entre vós, de todo o seu povo, o Senhor seu Deus seja com ele, e suba.
2 Crônicas 36:11-23