1 - Introdução 1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 14

Aula 1- Introdução-

Parte 1

Histórico & Conceitos

Profa Dra Maria Bernadete Riemma Pierre- UFRJ


Curso de extensão: Introdução à
Nanotecnologia baseada em medicamentos e
cosméticos

N anotecnologia

Conceitos
Nanotecnologia pode ser definida como a manipulação da matéria em escala nanométrica, que seria o
espaço ocupado por cerca de 5 a 10 átomos empilhados de maneira que formem uma linha,” por “um
nanômetro seria o equivalente a mais ou menos 10 átomos de hidrogênio alinhados, de modo que os
sistemas resultantes apresentem novos fenômenos que são dependentes do tamanho das
nanoestruturas que o compõem.
O prefixo nano, que descreve uma ordem de grandeza, vem do grego e quer dizer essencialmente um
bilionésimo de alguma coisa. Em se tratando de tamanho o interesse está no comprimento, portanto
neste caso, o nano representa um bilionésimo de metro, o nanômetro. Um bilionésimo de metro é
extremamente pequeno. Considerando uma praia começando em Salvador, na Bahia, e indo até Natal,
no Rio Grande do Norte e comparando-a com um grão de areia nesta praia: as dimensões desse grão
de areia estão para o comprimento desta praia, como o nanômetro está para o metro.
Logo a nanociência e a nanotecnologia são ciência e tecnologia que se desenvolvem ou são feitas
nessa escala de tamanho, ou que têm, ao menos, uma de suas dimensões físicas da ordem de
nanômetros, mas de maneira controlável e reprodutível, envolvendo fenômenos que muitas vezes não
ocorrem em outras escalas de tamanho. Isto significa que não se trata simplesmente de miniaturização
de algo grande para algo muito pequeno, de escala atômica.
Especificamente a nanociência é o estudo dos fenômenos e da manipulação dos materiais na escala
atômica, molecular e supramolecular, onde propriedades são diferentes de quando estão em escala
normal. Nanotecnologia são as técnicas voltadas para aplicação, caracterização, produção de
estruturas, equipamentos e sistemas através do controle da forma e do tamanho em escala
nanométrica.

Escala nanométrica
A base do uso da nanotecnologia é o nanômetro, uma unidade de medida assim como o quilômetro, o
metro e o centímetro.
Por definição, os materiais nanoestruturados apresentam, pelo menos, uma de suas dimensões em
tamanho nanométrico, ou seja, em escala 1/1.000.000.000, ou um bilionésimo do metro (1 nm = 10 -9

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 2


m). Hoje, trata-se por nanotecnologia o desenvolvimento de produtos com tamanho inferior a 100
nanômetros. Em algumas áreas, o termo nanotecnologia é aplicado ao tamanho entre 100-300 nm.

Histórico

O cálice de Licurgo
A nanotecnologia é muito mais antiga do que se pensava. Evidências recentes sugerem que os artesãos
romanos criaram o Cálice de Licurgo com ajuda da nanotecnologia há 1600 anos!
O produto mais antigo da nanotecnologia conhecido é o cálice do imperador romano Lycurgus, que
remonta ao século IV D.C. e atualmente se encontra no museu britânico.
O cálice retrata a história do rei Licurgo, que está preso em um emaranhado de videiras como um
castigo pela traição cometida contra Dionísio. O objeto romano é conhecido por ser iluminado pela
frente, com uma cor verde. Mas parece vermelho quando iluminado por trás.

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 3


Esse efeito óptico é causado por nanopartículas compostas de ouro e prata de apenas 70 nm de
diâmetro. Isso foi provavelmente obtido por acidente, de modo que é um exemplo de nanoartesanato
e não de tecnologia, que se baseia em protocolos que podem ser reproduzidos.

O segredo por trás dessa mágica está na nanotecnologia. Uma análise de pequenos fragmentos
quebrados do vidro do cálice revelou partículas de prata e de ouro tão pequenas que seria preciso mil
delas para alcançar o diâmetro de um grão de sal refinado.
Os pesquisadores especulam que os romanos moíam as partículas de metal até que mil delas
correspondessem ao tamanho de um único grão de areia. Em seguida, essas partículas de ouro e prata
eram misturadas com o vidro. Cada pedaço tinha 50 nanômetros de diâmetro. Isso faz dos antigos
romanos os pioneiros da nanotecnologia.

Vitrais
Outro grande exemplo são os vitrais na idade média. A cor vermelho rubi de alguns se dá devido a
presença de nanopartículas de ouro. Nanopartículas de ouro misturadas ao vidro originavam coloração
vermelho-rubi em vitrais das igrejas medievais, tão ricamente trabalhados pelos artesões. As variações
de cor são produzidas pela diferença de tamanho nas nanopartículas metálicas, que é um exemplo de
uma propriedade importante da nanotecnologia.

Palestra de Richard Feynman


Um dos pioneiros na nanotecnologia foi Richard Feynman um dos maiores físicos do século XX. Desde
jovem Feynman, era reconhecido como brilhante. Uma de suas invenções foi o primeiro uso de
processadores paralelos do mundo. Na época do desenvolvimento da primeira bomba nuclear, havia a

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 4


necessidade de se realizarem rapidamente cálculos muito complexos. Então Feynman teve a idéia de
dividir os cálculos em operações mais simples, que podiam ser realizadas simultaneamente, e encheu
uma sala em Los Alamos, EUA, com jovens secretárias, cada uma operando uma máquina de calcular
mecânica limitada às mais simples operações aritméticas, já que não havia computadores na época.
Hoje em dia, essa mesma idéia é usada em computadores de alto desempenho, com
microprocessadores.

Richard Feynman

Em 1959 Richard Feynman profere a famosa palestra "There's Plenty of Room at the Bottom" ("Há
muito espaço lá embaixo") no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) sobre as perspectivas da
miniaturização: a enciclopédia Britânica poderia ser escrita na cabeça de um alfinete. Sem saber
exatamente como se faria isso, o físico estava convencido de que seria possível manipular os átomos
individualmente.
Feynman sugeriu que, em um futuro não muito distante, os engenheiros poderiam pegar átomos e
colocá-los onde bem entendessem, desde que, é claro, não fossem violadas as leis da natureza. Com
isso, materiais com propriedades inteiramente novas, poderiam ser criados. Esta palestra é, hoje,
tomada como o ponto inicial da nanotecnologia.

Trecho da palestra de R. Feyman:


“A cabeça de um alfinete tem um décimo sexto de polegada de diâmetro. Se vocês ampliá-lo em
25.000 diâmetros, a área da cabeça de o pino é então igual à área de todas as páginas do
Encyclopaedia Brittanica. Portanto, tudo que é necessário para fazer é reduzir em tamanho todos os
escritos na Enciclopédia por 25.000 vezes. Isso é possível? O poder de resolução do olho tem cerca de
1/120 de polegada --- esse é aproximadamente o diâmetro de um dos pequenos pontos nas
reproduções finas de meio-tom em a Enciclopédia. Isso, quando você diminui em 25.000 vezes, ainda
tem 80 angstroms de diâmetro --- 32 átomos de diâmetro, em um metal comum. Em outras palavras,

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 5


um desses pontos ainda conteria em sua área 1.000 átomos. Então, cada ponto pode pode ser
facilmente ajustado em tamanho conforme exigido pela fotogravura, e não há dúvida de que há
espaço suficiente na cabeça de um alfinete para colocar todas as Encyclopaedia Brittanica ”.

Norio Taniguchi
Em 1974 N. Taniguchi cria a palavra "nanotecnologia" significando máquinas com tolerância de menos
de um mícron.

Norio Taniguchi
Erick Dexler
A ‘paternidade’ da nanotecnologia em si seria do primeiro doutor na área, o engenheiro norte-
americano Eric Drexler, autor do livro Engines of creation: the coming era of nanotechnology
(Engenhos da criação: o advento da era da nanotecnologia), de 1986, importante na disseminação
dessa nova tecnologia para o grande público, um livro futuristico que popularizou a nanotecnologia.

Erick Dexler

A Nanotecnologia drexleriana é aquilo a que agora se chama nanotecnologia molecular e que


pressupõe a construção átomo a átomo de dispositivos úteis à vida humana. O santo Graal da

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 6


nanotecnologia drexleriana é o Montador Universal, um dispositivo capaz de, de acordo com as
instruções de um programador, construir átomo a átomo qualquer máquina concebível pela mente
humana. Drexler tem uma visão a longo prazo da nanotecnologia que prevê o aparecimento de nano-
dispositivos de regeneração celular que poderão garantir a regeneração dos tecidos e a imortalidade.

Furelenos
Em 1985 Robert F. Curl, Jr., Harold W. Kroto and Richard E. Smalley descobrem os fulerenos (C60)
conhecidos como "buckyballs", que medem um nanômetro de diâmetro e recebem o Prêmio Nobel de
Química em 1996. A estrutura de átomos de carbono semelhante a uma bola de futebol da ordem de
nanômetros que foi chamada de fulereno, homenagem a um arquiteto, Richard Buckminster Fuller,
cujas obras em estilo geométrico tinham semelhança com essas estruturas esféricas também chamadas
buckyballs.

Fulereno Carbono 60 ou fulereno ou buckyball é molécula esférica com 1nm de diâmetro com 60
átomos arranjandos em 20 hexagonos e 12 pentágonos, como uma bola de futebol.

O desenvolvimento dos instrumentos de medição de nanomateriais: Os potentes


Microscópios

Como explicado anteriormente, 1 nm equivale a um bilionésimo de metro, o que abre espaço para
muitas possibilidades, mas também traz grandes desafios para se conseguir trabalhar em uma escala
tão minúscula. A maior prova dessa dificuldade está no fato de que apenas laboratórios e indústrias
que têm equipamentos de alta precisão conseguem lidar com essa tecnologia.
Instrumentos específicos também tiveram de ser desenvolvidos antes que fosse possível "ver" um
átomo. Um dos mais famosos desses instrumentos, o microscópio de tunelamento, somente foi
inventado na década de 1980. Seus inventores, Heinrich Rohrer e Gerd Binnig, dos laboratórios da
IBM em Zürich, Suíça, ganharam o prêmio Nobel por seus trabalhos.
Os microscópios mais tradicionais são os óticos, que funcionam com a luz visível em conjunto com
lentes que permite observar estruturas micrométricas de até 200 nm. Os microscópios que nos
permitem estudar o nanomundo são bem diferentes. Os microscópios eletrônicos utilizam feixes
de elétrons no lugar da luz dos microscópios óticos e os de varredura de sonda têm uma espécie de
agulha que é conduzida muito perto da superfície analisada e permite, entre outras coisas, conhecer o
seu relevo. Essa informação é fornecida como uma imagem tridimensional do material em

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 7


estudo. Essas técnicas têm revolucionado o conhecimento sobre a estrutura dos materiais, pois, antes
desses microscópios, nunca havia sido possível ver e manipular os átomos. Portanto esses
microscópios podem ser classificados quanto ao seu funcionamento: os que utilizam feixe de elétrons
como TEM – Transmission electron microscopy, o SEM - Scanning electron microscopy;
os que utilizam pontas de prova ou sonda como SPM - Scanning probe microscopy, STM -
Scanning tunneling microscopy, AFM – atomic force microscopy.

Microscópio Força atômica


Os microscópios de força atômica atuam de uma maneira comparável aos sistemas de medição de
profundidade dos oceanos e de funcionamento dos satélites. Em ambos os casos, esses instrumentos
“mapeiam” a distância das superfícies que estudam para obter uma descrição final do menor detalhe
possível. Da mesma forma, a ponta do microscópio varre a superfície atômica e a interpreta seu
relevo. Com estes microscópios também é possível mexer na superfície, mudando o arranjo dos
átomos ou descartando impurezas de uma amostra.

Microscópio Força atômica Imagem obtida pelo MFA

Microscópio de tunelamento
Em 1981 G. Binnig e H. Rohrer criam o microscópio de tunelamento “Scanning Tunneling Microscope"
(STM), que pode mostrar a imagem de átomos individuais, e recebem o Prêmio Nobel de Física em
1986.
Os microscópios de tunelamento possuem uma ponta de metal, uma agulha muito fina, e medem a
quantidade de corrente elétrica que passa entre a agulha e a superfície. Esta medida é utilizada para
reproduzir a superfície. Ela cria uma projeção ampliada do relevo atômico por meio da emissão de
um contínuo fluxo de elétrons. A corrente elétrica também é aplicada à manipulação de átomos na
superfície dos materiais, colocando-os em uma nova disposição, alterando as características originais
dos materiais.

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 8


Microscópio de tunelamento e imagem de superfície de uma substância

Manipulação átomos- IBM


Em 1989 Donald M. Eigler da IBM -físico que se especializou no estudo da física de superfícies e
estruturas em escala nanométrica- escreve as letras da companhia “IBM” utilizando 35 átomos de
xenônio, demonstrando a habilidade de manipular átomos individuais com precisão em escala
atômica. Conseguiu escrever ”IBM” com 35 átomos individuais de xenônio. Embora esse feito em si
não tenha acarretado, diretamente, um produto ou processo inovador, a imagem da sigla IBM escrita
com apenas 35 átomos de xenônio contribuiu para dar visibilidade ao fato de que os cientistas
avançavam no estudo e no controle da matéria na nanoescala.

Nanotubos de carbono
Em 1991 Sumio Iijima da NEC em Tsukuba, Japão, descobre os nanotubos de carbono. Estes são
estruturas nanométricas tubulares formadas de carbono por uma ou múltiplas folhas de grafeno (folha
de carbono). Suas propriedades dependem do número de camadas concêntricas, maneira que é
construído (enrolado), e por último seu diâmetro. Entre suas propriedades mais importantes estão
altíssima resistência mecânica por serem um dos materiais mais “duros” conhecidos (similar a
diamantes), capacidade de suportar peso; alta flexibilidade, são bons condutores de corrente elétrica;
podem atuar com característica metálica, semicondutora ou até supercondutora e apresenta altíssima
condutividade térmica na direção do eixo do tubo. Os nanotubos vem revolucionando a nanotecnologia
por exibirem resistência mecânica extremamente alta e aplicações singulares, como por
exemplo, serem utilizados como nanopinças no posicionamento de átomos e moléculas.

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 9


Final dos anos 1990:
Baseando-se na tecnologia Nano-Tex, a empresa norte-americana Emeryville desenvolveu o tecido
NanoCare que possui estruturas moleculares aderidas às fibras de algodão que formam uma barreira
contra líquidos e tintas, evitando que sejam absorvidos. As partículas são criadas manipulando alguns
átomos de carbono até chegar à forma desejada, que tem aproximadamente 10nm de comprimento.
Agregado à celulose da fibra, o material se torna hidrofóbico. Como as partículas são muito pequenas,
elas não alteram a aparência do material.

A empresa activglass desenvolveu um material à base de nanopartículas de dióxido de titânio que


recobre o vidro e tem a função de auto-limpar a janela. Esse material é ativado pelos raios
ultravioleta e quebram as moléculas orgânicas e diminuem a aderência da sujeira inorgânica. Com isso
a sujeira é carregada pela chuva.

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 10


1.Vidro recebe cobertura que é ativada pela luz UV; 2. Cobertura quebra as moléculas orgânicas e
reduz a aderência da sujeira inorgânica;3. As partículas de sujeira são carregadas pela chuva.

O uso de nanopartículas em tintas pode trazer enormes benefícios com por exemplo
tintas mais brilhantes, mas leves, com menos solventes, ecologicamente mais seguras e, muito
mais resistentes a arranhões.

2000- MCT
Nos Estados Unidos, desde 1996, representantes de várias agências discutiam estratégias para a
nanotecnologia. O primeiro desenho de um plano norte-americano ficou pronto em 1999. A proposta
passou por um processo de avaliação e, então, no orçamento para 2001 da administração Clinton, a
nanotecnologia foi colocada como uma iniciativa federal, a National Nanotechnology Initiative (NNI).
Foi mais ou menos nessa época que o Brasil começou a dar destaque à nanotecnologia. No final do ano
2000, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) convocou uma reunião com pesquisadores
que já atuavam ou tinham interesse na área. O primeiro edital específico sobre o tema foi lançado em
2001 e resultou na formação de quatro Redes Cooperativas de Pesquisa: Materiais Nanoestruturados,
sediada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Nanotecnologia Molecular e de
Interfaces, sediada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Nanobiotecnologia, sediada na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e Nanodispositivos Semicondutores e Materiais
Nanoestrutrados, também sediada na UFPE.

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 11


2001- 2007- Redes de nanotecnologia
Somente a partir do ano 2000 que a nanotecnologia começou a ser desenvolvida e testada em
laboratórios.
No Brasil, em 2001, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) deu o
primeiro passo para o desenvolvimento da nanotecnologia através do apoio à formação de quatro redes
cooperativas de pesquisa e quatro Institutos (virtuais) do Milênio, com um investimento de R$
30 milhões, para quatro anos. Dentro dessa iniciativa foi contemplada a primeira proposta que,
explicitamente, referia-se ao tema; o "Instituto de Nanociências", que teve a participação de 14
instituições: CBPF; Cetec/MG; CNEN; Funrei/MG; ITP/SE; LNLS; PUC/RJ; UERJ; UFBA; UFF;
UFJF; UFMG; UFRJ e UFV.

2004- Quantum Dots ou Pontos quânticos


Pontos quânticos (PQs) são nanopartículas (geralmente de semicondutores) que possuem dimensões
menores que o raio de Bohr dos éxcitons do material que as constitui . Esta condição de confinamento
lhes confere características ópticas e eletrônicas distintas do material original e que são
controláveis de acordo com o tamanho destas nanopartículas. Elas foram abordadas na
literatura pela primeira vez em 1981 por Ekimov et al. quando o autor descreveu a absorção ópticas de
pequenos cristais de CuCl em matriz vítrea.
A primeira menção a PQs em meio coloidal data de 1982, feita por Brus et al. porém, o termo ponto
quântico (quantum dot) só foi cunhado em 19884 . A grande vantagem dos PQs está no controle de
suas propriedades ópticas através do controle de seu tamanho.
Os pontos quânticos são cristais semicondutores (compostos de CdSe ou PbS, por exemplo) que,
por serem extremamente pequenos (com cerca de 10 a 50 átomos de diâmetro! 1 a 5 nm de raio), são
fluorescentes. Além disso, é possível obter, com o mesmo material, diferentes tipos de pontos
quânticos, diferentes cores. Em geral, dentro de uma faixa limitada de tamanhos, quanto menor
o ponto quântico, mais sua emissão de fluorescência tende ao azul, quanto maior, mais tende ao
vermelho.

Suspensões de pontos quânticos de CdSe de diferentes diâmetros. Do menor (esquerda) ao maior diâmetro.

Os pontos quânticos coloidais possuem aplicações nas mais diversas áreas, com destaque para
a área das ciências da vida. A principal aplicação nessa área é a de marcadores
fluorescentes, substituindo, com vantagens, os marcadores fluorescentes “convencionais”.

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 12


Grafeno
O grafeno estável e bidimensional foi descoberto acidentalmente em 2004 pelos físicos russos Andre
Geim e Konstantin Novoselov. Essa descoberta garantiu aos pesquisadores o prêmio Nobel de Física,
em 2010. No entanto, a existência desse alótropo do carbono já era conhecida desde 1930.
É uma das formas cristalinas do carbono assim como o diamante, o grafite, os nanotubos de carbono
e os fulerenos. Basicamente, o grafeno é um material constituído por uma camada extremamente fina
de grafite, com a diferença de que possui uma estrutura hexagonal cujos átomos individuais estão
distribuídos, gerando uma fina camada de carbono. Esse material pode ser produzido por meio da
extração de camadas superficiais de grafite, um mineral abundante na Terra e um dos alótropos mais
comuns do carbono.
Esse material pode ser considerado tão ou mais revolucionário que o plástico e o silício. Quando de
alta qualidade, costuma ser muito forte, leve, quase transparente, um excelente condutor de calor e
eletricidade. É o material mais forte já encontrado (cerca de 200 vezes mais resistente do que o
aço) consistindo em uma folha plana de átomos de carbono densamente compactados em
uma grade de duas dimensões. Além disso, é o material mais leve e mais fino (espessura de um
átomo) que existe. Para se ter ideia, 3 milhões de camadas de grafeno empilhadas têm altura de apenas
1 milímetro. A espessura do grafeno, é em torno de 0,34 nm. Outras propriedades: é flexível,
impermeável e alta condutividade térmica e elétrica.

Grafeno

Em decorrência de suas propriedades e características, o grafeno é um dos materiais mais promissores


conhecidos. Suas aplicações tecnológicas são vastas, porém limitadas pela capacidade de produção
desse material em larga escala. Dispositivos como telas de LED dobráveis, células fotovoltaicas,
transistores mais eficientes, supercapacitores, dissipadores de calor e super baterias de celular são
alguns exemplos de tecnologias desenvolvidas por meio da utilização do grafeno. Na área biomédica,
por ex, pode ser usado para detecção de doenças, vírus e outras toxinas como sensores biomédicos
muito mais rápidos. Na área estética também esta sendo explorada sua utilidade.

2008- INCTs
Em 27 de novembro de 2008 o presidente do CNPq e ministro de ciência e tecnologia anunciaram a
criação dos 101 INCTs, que receberiam a verba de 600 milhões de reais, o maior valor disponível para
uma chamada pública para apoio à pesquisa no país. Os 101 INCTs foram selecionados a partir de

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 13


edital sendo que a região Norte passou a sediar oito institutos, o Nordeste 14, o Centro-Oeste três, a
região Sul 13 e o Sudeste 6.
Os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) são 101 centros de pesquisa
multicêntricos brasileiros. O objetivo desses centros é desenvolver a pesquisa e criar patentes para o
país. O programa é conduzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e diversas fundações de
amparo à pesquisa estaduais (FAPESP, FAPEAM, FAPEMIG, FAPESC, FAPERJ e FAPESPA).
Os projetos estão distribuídos em 19 áreas consideradas estratégicas, incluindo a Biotecnologia, e a
Nanotecnologia. O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Nanotecnologia
Farmacêutica: uma abordagem transdisciplinar é direcionado à nanotecnologia aplicada a
medicamentos e cosméticos (http://inct.cnpq.br/instituto-nanotecnologia) para o
desenvolvimento de produtos inovadores e conta com pesquisadores e grupos de diferentes
instituições e áreas.

Aula 1- Introdução à Nanotecnologia: conceitos e Histórico 14

Você também pode gostar