A Importância Da Leitura Crítica No Ensino Superior

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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA CRÍTICA NO ENSINO SUPERIOR

Telmo de Maia Pimentel¹

RESUMO – O presente estudo tem o objetivo de colaborar no sentido de ampliar a compreensão do


fenômeno leitura, bem como, mostrar a necessidade de desenvolvê-la dentro dos moldes críticos no
ensino superior, pois é preciso que todos saibam para onde devem dirigir todos os atos e desejos da vida,
por quais caminhos devem andar, e de que modo cada um deve ocupar o seu lugar. Consideramos de vital
importância apresentar os descaminhos resultantes de uma prática de leitura enraizada por técnicas já
ultrapassadas de caráter meramente mecânico e que em vez de aproximar o leitor do texto, torna-o avesso
a uma leitura chata e desinteressante que mais aliena do que liberta.

PALAVRAS-CHAVE – Leitura crítica, transformação e libertação, ensino superior

ABSTRACT - The purpose of this study is to contribute to broadening the understanding of the
phenomenon of reading, as well as to show the need to develop it in the critical molds in higher
education, since it is necessary for everyone to know where to direct all the acts and Desires of life, in
what ways they should walk, and in what way each should take its place. We consider it vitally important
to present the misunderstandings resulting from a reading practice rooted in techniques that are already
outdated, and which, instead of bringing the reader closer to the text, turn him / her out of a boring and
uninteresting reading that alienates rather than liberates.

KEYWORDS - Critical reading, transformation and liberation, higher education

1 – INTRODUÇÃO

O estudo a seguir é fruto de uma pesquisa de revisão bibliográfica feita a partir de


um trabalho que já havíamos feito sobre a importância da leitura crítica. Agora nosso
olhar vai para a direção da importância dessa leitura no ensino superior, pois
diariamente identificamos várias situações que requer o uso da habilidade de leitura. No
mundo moderno inúmeras tarefas dependem dela, desde pegar o ônibus certo, até ler
uma bula de remédio corretamente. A leitura está presente em muitos momentos do
cotidiano das pessoas. Nesse sentido, Teberosky e Cardoso (1993) advertem que a
sociedade urbana contribui, em muito, para que os conhecimentos linguísticos ocorram
por meio de recursos como outdoors, televisão, jornais, entre outros meios de
comunicação, o que demonstra que a escrita e a leitura não estão restritas à atividade
acadêmica.

Telmo de Maia Pimentel – É graduado em Letras UFMT (1998), especialista em Fundamentos Teóricos
e Metodológicos da Prática Docente – UNIVAR (2001), Mestre em Letras, Literatura e Crítica Literária
pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC/GO 2010), especialista em docência no ensino
superior – UNIVAR (2017), Professor efetivo da rede pública estadual de educação de MT, bem como,
professor das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR. telmo@univar.edu.br.
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Mesmo que a realidade remeta a uma conclusão desanimadora quanto ao


crescimento de pesquisas nessa área, não se deve medir esforços para ampliar a gama de
conhecimento sobre o assunto. É sabido que a leitura representa um grande passo para
aquisição do conhecimento, pois é por meio dela que se adquire uma percepção singular
do mundo. Além disso, oferece também uma contribuição no funcionamento e
desenvolvimento do pensamento crítico, levando o leitor a questionar e avaliar o texto
lido, dentro de um referencial próprio de seus conhecimentos, conceitos e valores.
É inquestionável a responsabilidade da leitura em uma educação de qualidade,
mas as evidências apontam que diversos alunos saem do ensino básico (fundamental e
médio) sem essa habilidade. Tais alunos ingressam no ensino superior com sérias
deficiências no comportamento de leitura (Garrido, 1988). Fato lastimável, pois no
ensino universitário a leitura é primordial, visto que ela dará ao acadêmico subsídios
para o desenvolvimento crítico, cultural e técnico necessário na sua formação.
Considerando esse contexto, a universidade tem o dever de proporcionar ao
estudante uma formação que lhe propicie condições de desenvolver uma leitura eficaz,
principalmente no que tange à leitura técnico-científica, que é primordial ao futuro
desempenho profissional desse estudante. A habilidade de leitura é essencial para o
estudante universitário, conforme observa Santos (1991), pois seu sucesso no ensino
superior está associado à sua maturidade em leitura, que pode ser melhorada, se
diagnosticada apropriadamente. Destarte, o papel da universidade é planejar,
desenvolver e administrar programas de superação das limitações relacionadas à
dificuldade de leitura.
No contexto universitário atual muito se fala em aula operatória, avaliação
operatória e métodos de ensino inovadores que distancie do tradicional, entretanto,
poucas vezes, para não dizer nenhuma vez, houve uma iniciativa do pedagógico
acadêmico no sentido de propor uma formação aos professores que os aproxime a
técnicas de leitura crítica que possam conduzi-los a uma prática satisfatória em sala de
aula. Por consequência dessa não capacitação adequada, muitos educadores trabalham
as informações relacionadas aos seus conteúdos curriculares de forma mecanicista, em
função disso, muitos estudantes universitários saem do ensino superior com deficiências
linguísticas gravíssimas por não terem aprendido a ler e tão pouco escrever a partir de
estruturas e técnicas pré-estabelecidas.
Nesse sentido, podemos afirmar com convicção que só se forma um sujeito leitor
crítico, caso haja um professor leitor crítico. Desta forma, entendemos que as universi-
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dades deveriam dar maior importância à leitura crítica e tornarem o professor


universitário co-responsável pela tarefa de orientar seus alunos no aperfeiçoamento
dessa habilidade
Em relação a isso, esclarece Witter (1997) que o docente universitário também merece
atenção no desenvolvimento da sua própria habilidade de leitura, posto que é básica
para o seu trabalho, quer seja para o seu desenvolvimento pessoal, quer seja como
ferramenta de trabalho. Sendo um leitor hábil e apresentando excelência nos vários
níveis e tipos de leitura, o docente-leitor poderá influenciar positivamente o
comportamento do futuro aluno-leitor.
Inserido nessa ótica, a leitura crítica é condição para uma educação libertadora, é
condição para verdadeira ação cultural que deve ser implantada, em especial, no ensino
superior. Essa leitura é capaz de fazer com que o leitor reflita mais sobre pensamentos
arraigados e ideológicos, é o tipo de leitura que está longe e ser mecânica, uma vez que
encaminha o leitor à constatação, à reflexão e a transformação do objetivo lido. No que
se refere à importância desses elementos para o bom desempenho da leitura destaca
Silva:

Na constatação, o sujeito situa-se nos horizontes da mensagem,


destacando e enumerando as possibilidades de significação; a reflexão, o
sujeito interpreta os significados atribuídos; na transformação, o sujeito
responde aos horizontes evidenciados, reelaborando-os em termos de novas
possibilidades (1988:95)

De fato, por meio de constatação, reflexão e transformação, novos horizontes


abrem-se para o leitor, pois ele experiência outras alternativas de compreensão do
mundo, porém o encontro dessas alternativas somente pode ser plenamente efetivado na
transformação, isto é, na ação sobre o conteúdo do conhecimento a ser lido. Portanto,
caracterizar a prática da leitura em termos de constatação, reflexão e transformação por
parte do leitor é possibilitá-lo excluir quaisquer indícios ideológicos e repressivos
presentes numa dada mensagem escrita.
Desse modo, a leitura crítica estabelece um elo entre o leitor, o conhecimento, a
reflexão e a reordenação do mundo, oferecendo-lhe subsídios teóricos para questionar a
própria individualidade, bem como o universo das relações sociais. Ela encaminha o
leitor a novas direções de modo a esclarecer dúvidas, evidenciar aspectos antes
despercebidos ou subestimados, apurando a sua consciência crítica sobre o texto,
propiciando-lhe novas possibilidades de compreensão da realidade. Em função disso,
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uma concepção de leitura não pode deixar de incluir movimentos da consciência,


voltados ao questionamento, à conscientização e à liberdade do leitor.
Ler de maneira crítica é, segundo Medeiros, “(...) perceber a consistência das ideias
apresentadas, a coerência e harmonia do texto”, (1998:88). Essa percepção diz respeito
à tomada de consciência, em que o indivíduo compreende e interpreta a expressão
registrada pela escrita e passa a entender melhor o mundo. Em outras palavras, o sujeito
age ativamente sobre o material escrito, no sentido de aceitá-lo ou rejeitá-lo,
submetendo-o a uma investigação minuciosa e reflexiva. Essa postura investigatória
permite ao leitor descobrir possíveis “falhas” presentes no discurso. A esse respeito
escreve Silva:

O ensino crítico da leitura deve mostrar que os livros nada mais são do que
a expressão de pensamentos sujeitos a erros, passíveis de serem aprofundados
e questionados. (1988:22)

Diante dessa colocação, percebemos que nem tudo o que os autores escrevem tem
que estar necessariamente correto, ou ainda não possa estar sujeito a críticas e
correções. No entanto, para atingirmos o nível da crítica, precisamos não só
compreender as ideias veiculadas pelo autor, mas também posicionar-nos diante delas.
Nesse sentido, a leitura crítica sempre nos levará a produção ou construção de um novo
texto, o texto do próprio leitor.
Conforme podemos observar, a leitura crítica possui um caráter revolucionário, pois
nos permite alargar a compreensão do mundo. Essa leitura só é alcançada quando,
segundo Alves:

O leitor dominar a técnica da leitura, quando não precisar pensar em letras


e palavras: só pensar nos mundos que saem delas; quando ler é o mesmo que
viajar. (1999:64)

Essa viagem consiste em ir em busca do incompreensível, de respostas coerentes


que satisfaçam a nossa curiosidade e preencham as lacunas que nos impossibilitam
perceber a realidade circundante. E isso só será possível, se incentivarmos e/ou
aderirmos a um ensino também crítico. Falamos em ensino crítico, como salienta
Libâneo:

Quando as tarefas de ensino e aprendizagem, na sua especificidade,


forem encaminhadas no sentido de formar convicções princípios orientadores
da atividade prática humana frente a problema e desafios da realidade social
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quanto à aquisição de conhecimento e habilidades e o desenvolvimento das


capacidades intelectuais propiciar a formação da consciência crítica nos
alunos, na condição de agentes ativos na transformação das relações sociais.
(1994:99)

Refletindo o que foi dito por Libâneo, percebemos que somente por meio de um
ensino fundamentado na crítica, poderemos formar indivíduos mais solidários,
participativos, justos, capazes de interferir de maneira decisiva nos vários fatos que a
realidade lhes apresentar. Sabemos que essa formação nem sempre corresponde aos
interesses do Estado e/ou dos grupos dominantes, contudo precisamos criar condições
de aprendizagem que sejam também úteis para “driblar o sistema”, caso contrário,
estaremos como destaca Alves:

Formando milhares de bonecos que movem as bocas e falam com a voz de


ventríloquos. Especialistas em dizer o que os outros disseram, incapazes de
dizer sua própria palavra. Daí, o fracasso de nossa capacidade para escrever e
para falar. (1982:64)

Assim sendo, o ideário de uma educação superior de qualidade que visa


alcançar uma formação integral do indivíduo, não pode deixar de almejar uma prática de
leitura pautada no aguçamento crítico e na conscientização, uma vez que esses são os
principais requisitos responsáveis por sua transformação e emancipação.

2 _ LEITURA E CONSCIENTIZAÇÃO

Embora seja papel do ensino universitário proporcionar uma visão mais crítica
em relação ao mundo, diversos estudos têm evidenciado que estudantes universitários
não apresentam o nível de leitura esperado para essa etapa de escolarização (Carelli,
1996:35). Desse modo, torna-se relevante a realização de estudos e pesquisas que
busquem alternativas para o diagnóstico e o desenvolvimento dessas habilidades.
É importante salientar que a baixa relação entre a compreensão de leitura e o
desempenho acadêmico nas várias disciplinas curriculares poderia estar relacionada ao
tipo de concepção de leitura que o professor regente da disciplina tem e/ou desenvolveu
ao longo de sua formação superior.
A visão contemporânea da aquisição de leitura/escrita tem incorporado as
descobertas recentes sobre a aquisição do conhecimento. Assim, a evolução conceitual
sobre o assunto conduziu a uma visão integradora da leitura e da escrita como processos
inter-relacionados, que não podem mais ser trabalhados separadamente, mas vistos
como resultantes da ação do pensamento integrado que é simultaneamente dinâmico e
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complexo. Estudiosos da psicologia cognitiva têm focalizado suas análises nos


componentes de escrita e leitura e nas relações entre elas para entender os efeitos de
uma sobre a outra. Assim, ler e escrever são atos indissociáveis, os melhores escritores
tendem a ser melhores leitores e que os melhores leitores tendem a produzir escritas
mais “maduras” sintaticamente que os leitores com deficiências.
Nesse sentido, é preciso que o hábito de ler seja visto e trabalhado como forma
para se alcançar nos textos lidos o amadurecimento intelectual, ou como alguns
linguistas vão dizer a formação de uma maturidade associada ao processo de
conscientização do sujeito agente no processo de execução da leitura. Isto posto, ler
para além das palavras, ler o texto nos contextos, fazer associações mentais com outros
intertextos significa ler para além do visível, significa ir alargando a própria visão do
mundo a partir de outros olhares agregados, em suma, é fazer da leitura um processo de
conscientização.

Em essência, a leitura caracteriza-se como um dos processos que possibilita a


participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do
presente e passado e em termos de possibilidades de transformação sócio -
cultural futura.(EZEQUIEL 1988:20)

Essa leitura libertadora capaz de mudar o contexto social dos leitores tem-se
restringido apenas a uma pequena parcela da sociedade. Assim, com já dito
anteriormente, podemos afirmar que nessa sociedade formada por indivíduos com
interesses antagônicos, a leitura se apresenta como uma questão de privilégios e não de
direito de toda população; com isso somos levados a crer que a classe dominante, por
meio de diferentes manobras políticas, tem dificultado às pessoas a aquisição de uma
leitura voltada à conscientização e à libertação.
Destarte, precisamos criar no bojo das diferentes instituições sociais, como a
universidade, a faculdade, a escola, a família, a igreja, as indústrias, etc. Condições de
leitura capazes de permitir o acesso do povo aos bens culturais, históricos, científicos e
literários. Só assim, deixaremos de “engolir” ao longo de nossa trajetória de vida,
determinados modos de perceber, de ser e de agir repletos de comprometimentos com a
visão dominante de mundo.
Inserida nessa visão a leitura efetuada de maneira crítica e reflexiva nos possibilita
organizar melhor nossa linguagem e, em consequência, nosso pensamento. Portanto, a
tomada de consciência nos conduz ao pensar certo, ao agir certo, por outro lado, pode
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representar um risco quando não estamos preparados para aceitar o novo e rejeitar o
velho. Explicando melhor o que foi dito, ressalta Freire:

É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo


que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério
de recusa ao velho não é apenas o cronológico. O velho que preserva sua
validade ou uma tradição ou marca uma presença no tempo contínua novo.
(1996:39)

Com isso estamos enfocando a necessidade de saber lidar com o conhecimento, ou


seja, não podemos menosprezar os saberes do senso-comum, porém é de fundamental
importância adquirir uma compreensão oriunda de um pensamento mais racionalizado.
Assim, saber conviver com o que se tem por certo e por errado na sociedade é uma
questão crucial para uma convivência pacífica.
Vista por esse ângulo, a leitura crítica no ensino superior passa a ser considerada
como mediadora da apropriação e valorização dos diversos saberes, permitindo aos
acadêmicos olharem para si mesmos, para o outro e para o mundo. É nessa visão que
reforçamos a importância de, enquanto mediadores do conhecimento, incentivarmos em
sala de aula uma leitura que conduza os aprendizes a lerem com olhos críticos, uma vez
que, ao nosso entendimento, somente neste formato de leitura eles conseguirão
visualizar e explicar com precisão todos os pormenores presentes nas “estrelinhas” de
um texto.
Nessa perspectiva, uma leitura de qualidade pressupõe a conscientização do sujeito
com relação àquilo que lê, possibilitando-o transformar tanto suas ações como a ele
mesmo. Essa é uma das razões que têm nos levado afirmar, ao longo deste trabalho de
revisão bibliográfica, a importância de irmos ao encontro dessa leitura, uma vez que ela
pode preparar melhor nossos alunos para o verdadeiro exercício da cidadania, para
tanto, é preciso torná-la uma prática no ensino superior para que ela possa ser melhor
socializada.

3 – A IMPORTÂNCIA SOCIAL DA LEITURA

No que se refere ao processo de leitura, deve-se compreender de que maneira o


sujeito leitor, o escritor e o texto estão interligados durante sua realização, pois a leitura
implica uma “transação” entre o leitor e o texto. Assim, as características do leitor são
tão importantes para a leitura como as características do texto, sendo que a capacidade
de um leitor em particular é obviamente importante para o sucesso do processo. Todavia
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também é importante o propósito do leitor, a cultura social, o conhecimento prévio, o


controle linguístico, as atitudes e os esquemas conceituais que possui e as habilidades e
competências em geral. (Santos, 1990:97).
Quanto à leitura no ensino superior, estudiosos do tema como (Oliveira, 1999;
Oliveira, & Santos, 2005; Santos, 1990, entre outros) consideram-na como fonte
principal de informação e admitem que a eficiência na leitura esteja diretamente
relacionada com o êxito no rendimento universitário, visto que o leitor rápido e preciso
possui um instrumento-chave para entrar no mundo dos conteúdos acadêmicos. A
leitura tem nítidos efeitos sobre a própria linguagem, tanto a falada como a escrita, e
esses efeitos podem ser atribuídos a uma função metalinguística. Por meio da leitura
familiariza-se com tipos de expressão que não são utilizados em outras formas de
linguagem, já que as estruturas próprias da linguagem escrita são a base do uso da
língua num nível culto formal.
A leitura na universidade é enfatizada por Witter (1990) e Santos (1997) como
um dos caminhos que levam o aluno a ter acesso ao conhecimento. Ambas ressaltam a
importância de uma leitura crítica por parte do estudante, de modo a recuperar a
informação acumulada historicamente, utilizando-a para uma prática profissional
eficiente.
Por outro lado é importante frisar que existem barreiras a ser quebradas na
busca dessa leitura em qualquer fase da vida estudantil, pois há uma leitura a ser
“engolida”, em especial, aquelas oriundas dos livros didáticos que muitas vezes servem
como massa de manobra política e ideológica para “mecanizar” o leitor em formação,
tornando-o apenas um ventríloquo, isto é, especialista em repetir o que os outros dizem,
por não ter conseguido alcançar na leitura o livre-arbítrio do pensamento. Em relação a
isso faz-se necessário ressaltar que:

Enquanto regime político, a democracia implica uma modalidade de


funcionamento do estado, segundo a qual este governa por intermédio de
consultas periódicas a população civil. A participação de todos é o princípio
básico de seu desempenho; contudo, a participação direta raramente acontece,
nem todos efetivamente colaboram: excluem-se as crianças, os idosos, os
soldados, os presos, os inválidos mentais e, em especial os analfabetos,
numerosos no Brasil. (1991:20).

Em decorrência da exclusão citada por Zilberman, presenciamos uma política


histórica de exploração e opressão de uma minoria privilegiada sobre uma maioria
desfavorecida. Nessas condições, não vivemos numa democracia “pura”, pois nem
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todos participam das decisões que envolvem a sociedade em geral, vivemos, sim, numa
pseudodemocracia resguardada somente aos interesses daqueles que detêm o poder.
Para alterar significativamente essa situação precisamos recorrer à universidade, a
escola, únicas entidades capazes de assegurar a integração da massa no plano político de
um país. Assim, colocar as instituições de ensino superior e a escola e a prática da
leitura no miolo do funcionamento de uma sociedade é almejar a mais ampla
participação popular nos rumos dessa sociedade. Logo, como destaca Zilberman, “é a
mudança do individuo em leitor que, do ângulo individual, oferece o requisito primeiro
para a atuação política numa sociedade democrática”. (1991:21).
Essas são as razões que nos conduzem a reafirmar a importância da leitura no
âmbito social, bem como a necessidade de torná-la socializada. A concretização desse
projeto depende de uma política educacional que garanta a proliferação da leitura em
todos os segmentos sociais. Entretanto, antes de tornar a leitura acessível a todos, é
necessário tornar a universidade e a escola popularizada; isso significa, como salienta
Zilberman, uma escola:

Aberta, indiscriminadamente, a toda população; eficiente, independentemente


da camada social e da região geográfica onde se situe: estruturada de modo
democrático e público, tanto no plano de sua organização, sendo, pois,
autônoma e igualitária no que se refere às relações internas entre as pessoas
que dela participam, como no plano da concepção de ensino ali ministrados.
(1991:44)

Somente havendo instituições educativas fundamentadas nos moldes acima,


poderemos pensar numa leitura democratizada e humanizante. É claro que esse não é
um empreendimento fácil de ocorrer, uma vez que ao poder dominante não é
interessante a propagação de uma leitura libertadora, e tão pouco, que atingisse toda a
população, pois ela revelaria as múltiplas faces da política hegemônica ou globalizada,
tornando-se, assim, uma ameaça.
Nessas condições, é preciso ir minando a resistência do poder dominante,
mostrando que o essencial, na vida de um país, é a educação, não qualquer tipo de
educação, mas uma que socialize o indivíduo, oferecendo-lhe condições para
desenvolver certo número de estados físicos, intelectuais e morais indispensáveis à sua
existência. Essa educação revolucionária, certamente exigiria uma leitura emancipadora
e transformadora.
Leitura essa capaz de conduzir as pessoas a um repensar constante de suas ações,
possibilitando-lhe tomar decisões coerentes no espaço social em que vivem. Tomar a
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leitura e a educação socializadas é pensar na formação de um indivíduo capaz de


usufruir dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres
para com este. Essas são as condições imprescindíveis para aqueles que almejam uma
sociedade verdadeiramente democrática,
A verdadeira democracia exige uma educação emancipadora, que forma seus
membros para o eficaz exercício da cidadania. O vocábulo cidadania originou-se de
“cidadão” que, segundo os Gregos, “é o individuo que participa dos destinos da cidade
por meio do uso da palavra em praça pública”, (Martins 1994:65). Se tentarmos
compreender o nível dessa participação, veremos que ela exige de cada indivíduo o
domínio dos significados partilhados socialmente.
Em termos acadêmicos muito se vê uma meia dúzia de tecnocratas engravatados
tanto nos ministérios, diretorias e até assessoramentos dentro das próprias instituições
de ensino superior e escolas apontando caminhos “não-democráticos” para o fazer
pedagógico, esquecendo, senão ignorando por completo os vários contextos que as
disciplinas e cursos estão inseridos, desconsiderando ainda, a realidade em que cada
aluno vive no contexto social. Tais profissionais acreditam que as teorias educacionais
podem ser plenamente usadas em todos os contextos, produzindo por consequência do
que pensam acreditar verdadeiros “analfabetos funcionais”.
Assim sendo, a leitura passa a ser o instrumento que nos possibilita decifrar a
palavra escrita e a trocar experiência com o outro, mesmo que esse outro esteja distante
de nosso contexto social. Embasado nesse pressuposto, perguntamos: como participar
da vida social numa sociedade industrializada tecnologicamente, carregada de veículos
transmissores de informação rápidas e eficientes sem a aquisição de uma leitura capaz
de nos orientar satisfatoriamente no manuseio de tais veículos?
É nesses termos que salientamos que é preciso urgentemente repensar nossa
educação, bem como nossa leitura, a fim de melhor preparar as pessoas para o domínio
dos instrumentos de compreensão da realidade e de participação social.

4 – A PRÁTICA DE LEITURA

Para Carvalho et. al. (2006, p. 20), uma leitura eficiente na sociedade do
conhecimento prevê que: “o ser humano precisa realizar leituras diversificadas e de
qualidade para sobreviver na era da globalização. O mais importante é saber selecionar
as leituras evitando a sobrecarga informacional” o que resultará num melhor
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aproveitamento na obtenção da informação. Assim, conclui-se que a prática da leitura é


fundamental para a construção de um indivíduo com melhor senso crítico.
O ato da leitura representa um processo fundamental na vida acadêmica, que
requer o uso frequente desse expediente, pois, a mesma “[..] contempla uma
necessidade, que pode ser profissional, existencial ou a simples necessidade do prazer
de ler” (CARAVANTES, 2006, p. 25).
Mas infelizmente ela ainda está longe daquela tida como “ideal” no contexto
universitário. Isso fica evidente quando se vê trabalhos acadêmicos e até artigos e
trabalhos de conclusão de curso escritos sem pouca ou quase nenhuma interferência do
seu produtor. Produz uma espécie de colagem de fragmentos de discursos alheios e,
ainda se não bastasse, mau costurados e sistematizados. Em tais discursos pouco se
observa o livre-arbítrio e a voz de quem os produziu. Essa é uma prática tão presente no
contexto dos textos no ensino superior que já não nos assusta mais, e ao mesmo tempo,
frutos de uma concepção equivocada de leitura transmitida muitas vezes pelos próprios
docentes.
A relação inicial de interação aluno/texto, colocada no contexto acadêmico tem
como mediador o professor. Na concepção educacional, é o mestre que possui e sabe a
fórmula de se fazer leitura, somente ele tem a leitura e a escrita correta e legítima. Essa
relação é, pois, hegemônica aquilo que o aluno produz. Neste caso, o saber do professor
e seus objetivos são dominantes em relação ao saber e os objetivos do aluno.
A prática da leitura crítica deve mostrar que esta forma tradicional e autoritária que
o professor usa para conceber a leitura está equivocada, pois o aluno enquanto centro da
aprendizagem deve ter espaço para que ele próprio possa construir e elaborar seus laços
com a leitura. Do aluno, não pode ser tirado o poder de decidir, uma vez que ele tem seu
método de aprender e sua visão de mundo anterior a leitura. Em ralação a isso Rubem
Alvez diz:

Penso que de tudo que as escolas podem fazer com as crianças e os


jovens, não há nada de importância maior do que o ensino do prazer pela
leitura. A leitura é a chave para abrir as avenidas do mundo, sem ela somos
sereis ilegíveis.(1995:61)

Assim sendo, o sistema educacional precisa apenas proporcionar aos aprendizes as


condições necessárias para que eles possam desempenhar melhor essa função. Ao
adquirir o conhecimento sobre o funcionamento de um texto, o leitor e escritor
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certamente irão descobrir o processo da leitura como um todo, colocando-se como


sujeito da própria história, pois as leituras se modificam no tempo.
O processo de desenvolvimento da leitura faz parte das habilidades sensoriais,
emocionais, ideológicas e racionais do ser humano que se relaciona com o mundo em
que vive. Em geral, o indivíduo realiza a leitura como ele vive num ato ininterrupto de
ligação entre o que sente e o que pensa. E, nesse ato, contínuo e gradativo de interação,
o homem reproduz sentido ou atribui vários sentidos à leitura. O primeiro benefício que
a leitura proporciona ao leitor está associado a sua prática, em outras palavras, o leitor é
o sujeito maior do universo leitura, é ele que tira todo a gama de significação que o
discurso transmite para ele.
Em geral, as reflexões sobre a leitura e o leitor envolvem mais ou menos
explicitamente campos teóricos distintos. Sejam pelas limitações das teorias, como suas
especificidades, seus recortes epistemológicos, são lugares em que encontram teorias
lingüísticas, teorias do sujeito e da sociedade.
A leitura é uma atividade ao mesmo tempo individual e social. É individual porque
nela se manifestam particularidades do leitor, como suas características intelectuais, sua
memória, sua história. É social porque está sujeito a uma gama de princípios
ideológicos oriundos do mundo político.
A noção de leitura supõe, pois, a ação do pensamento e os seus efeitos sobre a
própria língua. Com isso entre pensamento e linguagem esta em constante movimento e
interferência, sem que ocorra a permanência de apenas um estado da língua, que seria
manipulado pelo pensamento. A leitura crítica entra neste processo como a grande
salvadora dos pensamentos e da linguagem estereotipada pelo uso submisso de sua
tradição, ou seja, a leitura crítica dos discursos nos permite enxergar melhor as
ideologias, e por conseqüência refleti-las ao ponto de transformá-las.
Por fim, é importante frisar que a leitura crítica é imprescindível para o discente,
independentemente da graduação que esteja cursando, haja vista, que todas as áreas de
atuação profissional requerem de fontes de informação qualificadas para suprir a
necessidade informacional, portanto, os discentes que necessitam dessa prática tão
elementar para a obtenção de uma qualificação satisfatória diante de um mercado de
trabalho tão exigente na contemporaneidade, sendo que a leitura faz parte dessa
exigência, uma vez que a mesma constitui-se num “[...] importante instrumento para a
vida social e cognitiva do sujeito, o que qualifica sua inserção no âmbito social, político,
econômico e cultural” (BOSO et al., 2010, p. 24)
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5 – A LEITURA CRÍTICA DEPENDE DE PREPARO PROFISSIONAL

O profissional que atua na sala de aula tem grande parcela de responsabilidade na


questão do afastamento do leitor em relação ao livro, por não dar ênfase no plano de
leitura. Desde o ingresso do aluno na escola, as crianças, os adolescentes e os adultos
não têm adquirido o hábito da leitura, nem tão pouco são estimulados a procurar ou
buscar ler livros, ou qualquer objeto de leitura.
O professor e o processo educacional de modo geral não têm conseguido estimular
no aluno o gosto pela leitura, nem tem conseguido fazê-los ler com eficiência, como
atividade significativa. Enquanto mediador do conhecimento e protagonista do processo
de transmissão e discussão do conhecimento o professor precisa estar preparado para
promover com seus alunos um trabalho que ultrapasse a mera soletração dos signos
lingüísticos, que ambos possam juntos construir o sentido de um texto. Para que possam
posteriormente ter a habilidade de reconstrução do discurso.
Outro aspecto a ser considerado é o gosto do professor pela leitura. A prática da
leitura crítica deve começar das experiências do próprio professor como leitor, do
debate constante da relação dialógica do ensinamento com o aprendiz e com os outros
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Por isso, o preparo do profissional
implica em gostar de ler, ler muito, ter paixão pelos livros, antes de mais nada é preciso
que o professor, seja um professor leitor. Se a leitura surgir, espaçadamente, somente
para subsidiar o estudo da gramática, ou sob qualquer outro pretexto como a do
decoreba, a sua importância enquanto leitura crítica e reflexiva desaparece aos olhos dos
alunos e sua função passa a ser meramente mecânica.
Esse pensamento de trabalho exige do profissional muito preparo e
responsabilidade com o conhecimento. Existem muitos tipos de leituras para serem
trabalhadas com os alunos, mas não sem uma preparação prévia, pela qual a liberdade e
o prazer são limitados. Leitura com questões polêmicas e temas interessantes para o
debate, leituras com recursos disponíveis em jornais, revistas, cartazes, propagandas,
enciclopédias, periódicos, livros científicos, sites especializados no assunto, bulas de
remédio, etc são necessários e importantes para a compreensão e para a interpretação,
para o levantamento de questões que desafiam a criança, o jovem e o adulto à promoção
do debate e da reconstrução do conhecimento.
O despreparo do profissional precisa ser superado em favor do educando que
desenvolve hábitos de leitura de forma aleatória, por isso é preciso propiciar a este
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último comportamentos de leitura voltados a apreensão da realidade e, acima de tudo,


criar condições de auxiliar o aluno para se posicionar ante o real a fim de mudá-lo,
transformá-lo. Transformação pelo conhecimento que conduz ao engajamento em novas
formas de pensar, dando origem a outros modos de agir, mais livre, autônomos e
coerentes. Aprendizagem que possibilitam a leitura da realidade, compreendendo a sua
amplitude, pois como afirma Paulo Freire:

Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar


hipóteses sobre o desejo dessa realidade e procurar soluções. Assim pode
transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo próprio, se suas
circunstâncias. (1987:30)

Nesse sentido, é preciso pensar e repensar a prática pedagógica existente utilizada


na formação de leitores no seio educacional, na qual a falta de procedimentos adequados
tem sido o grande entrave para a execução da leitura crítica. Portanto, a preparação do
profissional se faz presente pela busca permanente que faz encontrar outros caminhos
que superam o não saber e pelo compromisso do profissional na ação que realiza em
sala de aula e fora dela, tomando para si o processo de formação de leitores como um
desafio a ser superado, pois em qualquer curso ou nível a essência da aprendizagem está
na sábia interpretação e reprodução do conhecimento que só é possível por intermédio
da leitura crítica.

6– CONSIDEREAÇÕES FINAIS

Nossa vivência educacional tem nos levado a presenciar que, na grande maioria das
vezes, a leitura, quando realizada em sala de aula, ou fora dela, é a leitura imposta que o
aluno ou acadêmico tem que realizar para elaborar uma prova ou um trabalho, com a
finalidade de tirar uma nota “X”. Essa é a pseudoleitura, uma leitura mecanizada, pois
após algum tempo de sua execução, o estudante já esqueceu quase toda a carga
semântica do que foi lido. Em função disso, é preciso compreender as causas que
conduzem esses alunos a pensarem e agirem dessa forma. Tal impasse talvez seja uma
das causas que tem impossibilitado tais alunos de chegarem às Universidades e
Faculdades com competências lingüísticas suficientes e bom poder de criticidade para
concluírem seus cursos superiores com esmero, pois dos que chegam, poucos se
revelam capazes de terminar os cursos almejados.
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Assim, estamos propondo a necessidade de irmos ao encontro de uma leitura


elaborada sem pressão, sem influência coercitiva e que o aluno, orientado por um
professor que também tenha o gosto pela leitura, possa descobrir e dar sentido às
inúmeras informações por ele percebidas. Para tanto, o fundamento básico de qualquer
leitura que se paute pela crítica é a abstração de informações que leve a reprodução do
discurso, bem como, a elucidação do texto lido e à possibilidade de ampliação da visão
de mundo de quem a executou.
Nesse sentido, é imprescindível que o objeto a ser lido possa direcionar o leitor à
tomada de consciência. A leitura produzida nos moldes críticos e reflexivos é, portanto,
uma poderosa ferramenta de combate à embecilização e alienação da grande massa. Ela
é o instrumento que devemos fazer uso para jogar fora a bengala que sustenta nossa
ignorância.

Quem não lê é cego, só vê o que os olhos vêem. Quem lê, ao contrário, tem
muitos milhares de olhos: todos os olhos daqueles que escreveram. (ALVES,
1999, p.62)

De fato, a leitura é, necessariamente, uma prática social, indispensável a qualquer


indivíduo que almeja conquistar uma cultura intelectualizada e garantir um lugar de
destaque na esfera social. Nesse sentido, a leitura passa a ser um instrumento de
conscientização e libertação, necessário à emancipação do homem na busca incessante
de sua razão de ser e existir.
Contudo, ela tem se tornado em uma poderosa manobra política em favor daqueles
que, de forma ilegítima, detêm o poder, pois a utilizam como instrumento de
imbecilização capaz de semear a ignorância, a alienação e a irracionalidade, levando as
pessoas a aceitarem, como humanos, condições que não o são.
A leitura que procuramos focalizar e cuja prática procuraremos incentivar é aquela
que nos possibilita o desvelamento e a emancipação do ente humano, como o propósito
de tornar possível a formação de sua personalidade cultural e, ao mesmo tempo,
oferecer condições para que possa alterar o contexto social que o rodeia, de acordo com
os seus desejos e aspirações. É claro que é preciso entender que existe a ação do Estado
e de outros mecanismos hegemônicos que muitas vezes dificultam a execução dessa
leitura libertadora.
Partindo dessas premissas, fizemos algumas reflexões baseadas em um acervo
bibliográfico que, juntamente com nossa experiência prática de sala de aula,
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possibilitou-nos levantar alguns questionamentos que esperamos ser úteis aqueles


educadores que, como nós, estejam sempre refazendo e repensando sua prática
pedagógica.
Nessa perspectiva, faz-se necessário resgatar urgentemente o verdadeiro sentido da
leitura, bem como, o desafio de torná-la um patrimônio social usufruída por todas as
pessoas no processo de humanização, e não apenas como privilégios de uma pequena
parcela da sociedade que a usa para oprimir e explorar.
Alguns podem estar pensando que, ao longo deste nosso estudo, radicalizamos em
demasia as questões pertinentes à leitura no Brasil. Para estes, é bom lembrar que,
quando falamos em leitura de qualidade, libertadora, estamos falando também, em
instituições educativas de qualidade, em educação de qualidade, problematizadora. É
claro que a nova política mundial de cunho globalizado exige uma educação
diferenciada, porém não alterou as suas reais intenções, ou seja, preparar melhor os
indivíduos, para melhor eles servirem, para aumentar mais o lucro das empresas.
Ao denunciar e criticar essa política de exploração, não esperamos que as elites
renunciem a sua práxis, o que seria ingênuo e contra-senso imaginar, mas como frisa
Freire, (1996, p.43) “chamar a atenção dos verdadeiros humanistas para o fato de que
não podem, na busca da libertação servir-se a estruturas injustas, desumanas e
opressoras”.
Sabemos que combater essa política feita em cima da leitura, por sua vez, em cima
da educação, no Brasil, não é um empreendimento muito fácil, o que não significa que
seja impossível. Para tanto, precisamos ter a convicção de que para “fazer diferente, é
preciso também pensar diferente” (anônimo). Somado a isso, temos que lutar, a fim de
ocorrer reformulações expressivas no sistema político-econômico e sócio-cultural, de
modo a possibilitar melhoria concreta de condições de vida para a imensa massa
desfavorecida.
Somente quando a educação for vista como um renascer para a vida, e deixar de
servir aos ímpetos da sociedade hegemônica e de tecnocratas que inventam por contra
própria ou seguem determinados “modismos pedagógicos’ por acharem que sabe
demais é que ela poderá contribuir para a formação de pessoas livres e conscientes do
seu papel na esfera social.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
17

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dos esquemas. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 15,
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ZILBERMAN, Regina. A leitura e o ensino da literatura. 2.ed. São Paulo, Contexto,


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