Desapropriação
Desapropriação
Desapropriação
1 - Fundamento
2 - Conceito
3 - Natureza jurídica
Quem desapropria é quem tem competência material para lidar com o motivo da
desapropriação. A competência legislativa é privativa da União. Os demais entes podem até
ter normas de legislação interna, mas não podem legislar. O parágrafo único do art. 22
estabelece uma competência legislativa estadual condicionada, a qual só se consumará
quando for editada a lei complementar autorizadora referida no dispositivo.
3 A Administração tem 5 anos para dar prosseguimento à ação e, apenas um ano depois da caducidade, pode ser
editado novo ato., em caso de desapropriação por utilidade pública. Se ela se der por interesse social, esse prazo
será de 2 anos.
discussão sobre a fixação do valor indenizatório, não ensejaria a caracterização de que nela
houvesse interesse público que pudesse a justificar a presença dos órgãos do Parquet;
Carvalhinho, contudo, não concorda, defendendo que o interesse público que caracteriza a
desapropriação já justifica a necessidade de intervenção do MP. Além disso, a LC 76/93
estabelece em seu art. 18, § 2o, a obrigatoriedade da intervenção do MP.
O art. 27 do DL 3365 fala da sentença da ação de desapropriação, a qual deve
conter os fatos que motivaram o convencimento do juiz, devendo ainda atender: à estimação
dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e interesse que deles aufere o
proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao valor venal dos da
mesma espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de área
remanescente, pertencente ao réu.
Paga a indenização, o expropriante passa a providenciar a regularização da
transferência da posse, de acordo com o art. 29 do DL 3365. A sentença, portanto, tem
duplo efeito no caso: 1o) autoriza a imissão definitiva na posse do bem em favor do
expropriante; e 2o) consubstancia título idôneo para a transcrição da propriedade no Registro
de Imóveis ou para a efetivação da tradição, em se tratando de bens móveis.
A indenização deve ser justa, prévia e em dinheiro, de acordo com o art. 5o, XXIV
da CF. Esse valor vai ter duas parcelas: o valor de 80% levantado na emissão e a diferença,
depois, no fim do processo, com a execução da sentença através de precatório 4, conforme o
art. 100 da CF.
Os juros compensatórios têm natureza de indenização ou compensação pela
imissão provisória na posse. O art. 15-A do DL 3365 fixa juros compensatórios sobre a
diferença entre o valor da data de imissão e de execução. Ressalta-se que "até 6%" foi
declarado inconstitucional pela ADIN 2332, não devendo ser menos de 6%.
Os juros moratórios, relativos à demora na indenização, são calculados com base
no valor fixado na sentença. O art. 15-B do DL 3365 teve a expressão "até 6%" e o termo
a quo como 1o de janeiro do ano seguinte declarados inconstitucionais em relação à
indenização prévia e justa. O STF suspendeu a eficácia dessa norma.
É viável a cumulatividade dos dois, em face da Súmula 102 do STJ.
4 Vide art. 78 do ADCT.
A Súmula 561 do STF e a Súmula 67 do STJ firmam o entendimento de que é
cabível a atualização monetária, conforme os índices oficiais.
O art. 27, § 1o do DL 3365 também teve seus efeitos suspensos em relação à
limitação do valor dos honorários advocatícios. O STF entendeu irrazoável essa restrição,
ainda que as ações de desapropriação sejam milionárias. Os honorários, cabe ressaltar, são
calculados em função da diferença, sendo estabelecidos de acordo com o princípio do ônus
da sucumbência e de acordo com os mesmos fatores de avaliação previstos no CPC.
Na desapropriação para fins de reforma agrária, constante no art. 184 da CF, a
indenização é paga através de títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor
real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do 2 o ano de sua emissão, ressaltando-se
que as benfeitorias úteis e necessárias devem ser indenizadas em dinheiro.
Na desapropriação para fins urbanísticos, prevista no art. 182, § 4o, III, da CF, o
pagamento da indenização será feito através de títulos da dívida pública, de emissão
anteriormente aprovada pelo Senado, com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas
iguais e sucessivas, sendo assegurados, todavia, o valor real da indenização e os juros
legais.
Saliente-se ainda a situação excepcional da desapropriação confiscatória, onde não é
devida indenização ao proprietário.
10 - Desapropriação indireta
11 - Tredestinação e retrocesso
Tredestinação é quando o imóvel teve uma destinação diversa da inicial, mas com
utilidade e necessidade pública na destinação nova. A tredestinação para um interesse que
seja um interesse público secundário (para o erário, por exemplo), é ilícita e dá direito à
retrocessão, conforme o art. 35 do DL 3365. Diogo Moreira Neto diz que não há esse
direito de retrocesso, mas sim mero direito de preferência, conforme o art. 519 do CC.
Carvalhinho acha que há sim o direito de retrocessão quando há desvio de retrocesso. Há
ainda entendimento moderado no caso de abandono da coisa, que defende o caráter
temporário do abandono do imóvel pela Administração.
A tredestinação gera direito de reivindicação de retrocesso pelo particular? Há três
correntes: 1a) abandono e finalidade diversa do interesse público primário gerariam direito
de indenização; 2a) apenas finalidade diversa do interesse público geraria o direito; 3 a) não
gera nunca, pois a mera incorporação do bem à Administração Pública já atenderia a um
interesse público.
12 - Espécies e legislação aplicável
- Interesse social e interesse social para fins de reforma agrária (art. 184 da CF, lei
8629/93 e LC 76/93)
O interesse social visa a beneficiar determinados grupos sociais. Há previsão também
no art. 5o, XXIV, da CF e as possibilidades estão dispostas no art. 2o da lei 4132/62.
Todos os entes da federação pode desapropriar por interesse social ou por
necessidade ou utilidade pública, e a indenização é sempre prévia e justa.
Na redistribuição de terras, diz-se que só a União pode desapropriar, com o
fundamento de que os impulsos populistas da União são menores. A indenização, nesse
caso, deve ser também justa e prévia, mas não precisa ser em dinheiro, podendo ser em
títulos da dívida agrária. Contudo, não há impedimento que o estado promova a
desapropriação por interesse social de imóvel rural, o que lhe é vedado é fazê-lo para os fins
de reforma agrária.
Ela só pode ser feita em áreas que não estão cumprindo a sua função social (art.
186 da CF), o que é visto como um grande retrocesso em relação à reforma agrária, já que
é necessário prévio processo administrativo para desapropriar. Entende-se que o terreno só
pode ser desapropriado para esses fins e as benfeitorias devem ser indenizadas em dinheiro.
O assentamento rural, sem o nome de reforma agrária, pode ser pago em dinheiro?
A doutrina majoritária diz que o estado e o município podem fazê-lo, assim como a União,
desde que não expresso como fim a reforma agrária. Há quem diga que isso é um desvio de
finalidade.
Quando a desapropriação é apenas por interesse social, não é necessário provar a
improdutividade da terra.
d) Desapropriação-confisco
Prevista no art. 243 da CF, a desapropriação de confisco é uma intervenção mais
drástica na propriedade, já que não confere ao proprietário direito indenizatório. A perda da
propriedade, nesse caso, tem como pressuposto o fato de que nela estão localizadas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas. Consumada a expropriação, essas áreas são destinadas a
assentamento de colonos com vistas ao cultivo de produtos alimentícios e medicamentos. O
processo adotado para essa espécie está disciplinado na lei 8257/91.
13 - Objeto
A regra geral é que a desapropriação possa ter por objeto qualquer bem móvel ou
imóvel dotado de valoração patrimonial, como expressa o art. 2o do DL 3365, incluindo-se
os corpóreos e incorpóreos. Conforme depreende-se da Súmula 476 do STF, são também
desapropriáveis ações, cotas ou direitos relativos ao capital de pessoas jurídicas. As ações
representativas do capital de uma empresa podem ser, em teste, desapropriadas, mas o
Professor Aragão acha que desapropriar aqui seria inconstitucional, devendo ser feita
encampação. Entra aí a ingerência do Estado da economia (intervenção). É o resultado, o
objetivo da desapropriação que está sujeito a controle.
Há, entretanto, algumas situações que tornam impossível a desapropriação de um
bem, as quais podem ser agrupadas em impossibilidades jurídicas e materiais. As
impossibilidades jurídicas são as que se referem a bens que a própria lei considere
insuscetíveis de determinado tipo de desapropriação (ex: a propriedade produtiva não pode
ser objeto de desapropriação com fins de reforma agrária, conforme o art. 185, II da CF).
Por outro lado, as impossibilidades materiais são aquelas pelas quais alguns bens, por
sua própria natureza, se tornam inviáveis de desapropriação, como ocorre com a moeda
corrente7, os direitos personalíssimos e as pessoas físicas ou jurídicas, pois são sujeitos e não
objetos de direitos.
Há controvérsia quanto à possibilidade de desapropriação de cadáver: uns defendem
que pode desde que atendidos os pressupostos do instituto, outros têm pensamento
contrário, inadmitindo o instituto por razões de ordem moral e religiosa e por não haver
como identificar o sujeito da propriedade. Carvalhinho admite que podem ocorrer situações
excepcionalíssimas que reclamem a desapropriação de um cadáver, como para a pesquisa
científica e proteção da sociedade, por exemplo.
Bens patrimoniais inalienáveis também são uma questão controversa: o interesse
público poderia ficar dependente desse ato unilateral? Mas não é esse ato publicamente
protegido também? Carvalhinho entende que nada obsta que eles sejam desapropriados,
porque a inviabilidade de alienação não pode prevalecer diante do ius imperii do Estado,
exigindo-se, contudo, um dos motivos previstos na lei expropriatória.
Bens públicos podem ser desapropriados (art. 2o da lei 4132/62), de acordo com o
art. 2o, § 2o do DL 3365. O § 3o requer a autorização do Presidente da República para a
desapropriação de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e
6 O Distrito Federal também tem capacidade para essas atividades urbanísticas, visto que, pelo art. 32, § 1o, da
CF, ele congrega competências estaduais e municipais.
7 Hely Lopes lembra que as moedas antigas, que têm valor patrimonial extrínseco, podem ser objeto de
desapropriação.
empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se subordine à
sua fiscalização, mas pode ser a concessão ou a permissão, pois há uma interpretação
genérica da palavra.
Bens públicos propriamente ditos podem se desapropriados, mas apenas de ente
menor por ente maior, dentro de seu território, mas submete-se a uma condição inafastável,
a qual seja a autorização por lei específica para tal. Há quem diga que isso é inconstitucional,
pois viola a igualdade entre os entes, mas isso é minoritário, pois não há superioridade, mas
maior abrangência dos interesses.
Quanto aos bens particulares tombados, há duas hipóteses: se o tombamento
provém de entidade figurativa menor, será possível, em tese, a desapropriação do bem por
entidade maior, desde que comprovado que o interesse público a ser atendido por esta tem
prevalência sobre o que gerou o tombamento; a recíproca, porém, é inviável, porque é de se
supor que o interesse atendido pela entidade maior prevalece sobre a proteção do
patrimônio local objeto do ato restritivo, sendo possível a desapropriação somente com a
autorização da autoridade maior (Carvalhinho).
As entidades da administração indireta estariam incluídas nessa hierarquia? As de
direito público, entende-se que sim. Quanto à possibilidade de uma entidade menor
desapropriar autarquia ou empresa pública vinculadas a pessoa federativa maior, há
discrepância entre os autores: para alguns é sempre possível (Sérgio de Andréa Ferreira);
outros advogam a tese de que somente será possível quando se trata de bens
desvinculados do objeto institucional da pessoa administrativa, mas inviável quando esses
bens consubstanciam a execução dos serviços públicos a que estão preordenadas (Hely
Lopes e Diógenes Gasparini); Carvalhinho e Bandeira de Mello entendem que deve ser
adotado o princípio da hierarquia da pessoa federativa a que está vinculada a entidade
federativa (o STJ e o Stf já se manifestaram nesse sentido). A discussão maior é sobre as de
direito privado: há quem diga que elas não têm essa proteção, pois seria impor limites a uma
pessoa pública para desapropriar uma pessoa privada, e outros que têm, por tratar-se de
entidade de interesse público. O STF e o STJ entenderam que as entidades de direito privado
(a exemplo das docas) estão incluídas no previsto no DL 3365. Elas, portanto, não são
desapropriáveis normalmente.
As margens dos rios navegáveis têm provocado algumas controvérsias em relação à
sua natureza jurídica, o que acarreta efeitos quanto à viabilidade de desapropriação: Hely
Lopes sempre sustentou que tais faixas terrestres, consideradas reservadas pelo Código das
Águas, integram a propriedade privada, estando destacadas apenas para uso da
Administração, em forma de servidão administrativa; a Súmula 479 do STF, todavia, as
considera de domínio público, insuscetíveis de expropriação e excluídas de indenização.
Carvalhinho defende que elas podem pertencer ou não ao domínio privado, embora a regra
as atribua ao domínio público (art. 31 do Dec 24.643/34 - Código das Águas), de modo
que não haverá desapropriação e indenização se as margens integrarem o domínio público,
podendo haver, no entanto, se elas pertencerem ao domínio privado.
15 - Direito de extensão
16 - Desistência da Desapropriação