Derivados em Mocambique
Derivados em Mocambique
Derivados em Mocambique
ORIENTAÇÃO:
OUTUBRO - 2018
MESTRADO
CONTABILIDADE, FISCALIDADE E FINANÇAS
EMPRESARIAIS
ORIENTAÇÃO:
OUTUBRO - 2018
RESUMO
RESUMO
A utilização de derivados é cada vez mais comum nas empresas modernas, sendo estes
instrumentos utilizados na cobertura de diferentes riscos a que as empresas estão expostas. É uma
estratégia de gestão de risco de utilização cada vez mais crescente especialmente em economias
emergentes. As empresas moçambicanas também estão expostas a diferentes categorias de risco,
no entanto, constata-se que a utilização de instrumentos derivados é inexpressiva em Moçambique.
Assim, o objectivo desta pesquisa é estudar a utilização dos derivados em Moçambique, analisando
o nível de utilização, perfil dos usuários, tipos de instrumentos e os motivos de sua contratação.
Foram utilizados para efeitos do estudo dados recolhidos através de entrevistas com os
responsáveis das salas de mercado de alguns bancos comerciais que actuam em Moçambique e
análise das demonstrações financeiras de uma amostra de empresas.
Do estudo realizado, concluiu-se que a utilização dos derivados ainda é pouco expressiva em
Moçambique, sendo que esses instrumentos não são transacionados em bolsa e são oferecidos por
um reduzido número de bancos comerciais. Constatou-se também que os bancos que oferecem
derivados, detém uma carteira muito reduzida de clientes nestes produtos. Conclui-se ainda que o
principal motivo para o recurso aos derivados em Moçambique é a cobertura de risco e que os
derivados de maior utilização são os derivados cambiais. Quanto às características dos utilizadores,
os dados da pesquisa indicam que os derivados são utilizados por grandes e médias empresas,
numa proporção de 86% e 14% respectivamente, não tendo sido reportado o uso por micro e
pequenas empresas. Dentre as grandes empresas, a taxa de utilização encontrada foi de 37% sendo
as grandes multinacionais responsáveis por 38% do reporte de uso de derivados. O sector de
actividade que mais reporta o uso destes instrumentos é o das actividade financeiras e de seguros,
com um reporte de utilização de 62%.
ABSTRACT
The use of derivatives is increasingly common in modern companies, and these instruments are
used to cover different risks to which companies are exposed. It is a scaling risk management
strategy especially in emerging economies. Mozambican companies are also exposed to different
categories of risk; however, it is noted that the use of derivative instruments is inexpressive in
Mozambique.
Thus, the objective of this research is to study the use of derivatives in Mozambique, analyzing
the level of use, profile of users, most used products and utilization purposes. For the purposes of
the study, data was collected through interviews with Dealing Room managers of some
commercial banks operating in Mozambique and analysis of the financial report of a sample of
companies were used.
From the study, it was concluded that the use of derivatives is still not very significant in
Mozambique, that these instruments are not traded on the stock exchange and are offered by a
small number of commercial banks. It was also found that the banks that offer derivatives have a
very small portfolio of customers for these products. The study led to the conclusion that the main
reason for the use of derivatives in Mozambique is risk hedging and that the most widely used
derivatives are the currency derivatives. Regarding the characteristics of the customers, the
research data indicate that the derivatives are used by large and medium-sized companies in a
proportion of 86% and 14% respectively, and the use by micro and small companies has not been
reported. The utilization rate among the large companies was found to be around 37% and among
these companies, the major multinationals being responsible for 38% of the report on the use of
derivatives. The sector of activity that most reports the use of derivatives is the financial and
insurance activities sectors, with a utilization report of 62%.
AGRADECIMENTOS
A presente dissertação de mestrado não seria possível sem o apoio, colaboração, estímulo e
empenho de diversas pessoas. Gostaria, por este meio de expressar toda a minha gratidão e apreço
a todos aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para que esta tarefa se tornasse uma
realidade.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu orientador, Professor Doutor José Manuel Lopes
Dias, por toda a paciência, empenho e sentido prático com que sempre me orientou neste trabalho.
Desejo igualmente agradecer ao Professor Doutor António Samagaio pelo interesse demonstrado
durante todo o curso e pelo apoio e orientação na escolha e delimitação do tema da dissertação.
Gostaria de agradecer também o apoio e colaboração do dr. Bernardo Omar do BancABC, senhor
Gerson Nhamtumbo do Banco Único e as senhoras Eulália Belchior e Enid Nkini do Standard
Bank pelo apoio e colaboração na marcação das entrevistas.
Por último, quero agradecer à minha família, aos meus pais Faustino e Esperança, pelo amor
incondicional e pela forma como ao longo de toda a minha vida incutiram em mim a determinação
de traçar os meus objectivos e a confiança necessária para os concretizar. Agradeço ao meu esposo
Nelson por ter estado meu lado durante todo este percurso e sempre apoiar-me nos momentos
difíceis. À minha filha Samantha, por abdicar do tempo que seria dedicado a ela para que eu me
pudesse dedicar à esta árdua tarefa. E aos meus irmãos Juliene e Bernardo pelo apoio e o incentivo
durante toda esta jornada.
A todos os que directa e indirectamente tiveram uma participação por mais pequena que seja na
elaboração deste trabalho, os meus sinceros agradecimentos.
ÍNDICE
Resumo ............................................................................................................................................ I
Abstract ........................................................................................................................................... II
Índice............................................................................................................................................. IV
1 Introdução ............................................................................................................................... 1
2.1.4 Opções....................................................................................................................... 6
Anexos .......................................................................................................................................... 38
Índice de Figuras
Figura 6 – Nível de Utilização de derivados por tipo nas 100 maiores empresas ........................ 29
Índice de Tabelas
Tabela I - Principais diferenças entre contratos futuros, forwards, swaps e opções ....................... 7
Tabela V - Reporte global de Uso de derivados nas 100 maiores empresas ................................ 27
Tabela VII - Reporte de uso de derivados nas 100 maiores empresas por sector de actividade .. 28
ABREVIATURAS
BM – Banco de Moçambique
MZN – Metical
OTC – Over-the-Counter
1 INTRODUÇÃO
Uma das estratégias de gestão de risco sugerida pela literatura financeira é a cobertura de risco
com recurso aos instrumentos financeiros derivados. A utilização de derivados para a cobertura do
risco é uma prática cada vez mais comum nas organizações, principalmente em contextos de crise
económico-financeira e de incerteza, com o objectivo de maximizar o valor das empresas devido
à maior protecção contra oscilações de taxas de juro, taxas de câmbio e preços de mercadorias, etc.
No entanto, diversos estudos empíricos constataram que a utilização de derivados é menos comum
em economias emergentes e que na maioria desses países não existe um mercado organizado de
derivados, ou seja, os derivados não são transacionados em bolsas de valores. Porém, alguns desses
instrumentos também podem ser transacionados em mercados não organizados, sendo oferecidos
pelos bancos comerciais aos seus clientes em soluções “à medida”.
Os derivados financeiros, embora já sejam oferecidos por alguns bancos comerciais há vários anos
em Moçambique, ganharam especial destaque com o advento da crise-económico e financeira
vivida no país desde 2015 que resultou no drástico aumento da cotação das principais moedas de
comércio externo no mercado nacional, escassez de divisas bem como no agravamento das taxas
de juro. Perante esta realidade e cientes da necessidade de as empresas continuarem a efectuar
transações com exterior, alguns bancos comerciais ampliaram a oferta de serviços de cobertura de
risco, com recurso a uma variedade de instrumentos financeiros derivados, dentre os quais,
forwards, swaps e opções.
No entanto, constata-se que o uso dos derivados em Moçambique, continua incipiente. Assim, o
objectivo principal deste trabalho é analisar em que medida os instrumentos financeiros derivados
são utilizados em Moçambique e comparar os resultados com pesquisas realizadas em outros
países, com foco no nível de utilização dos derivados, perfil dos usuários e tipos de instrumentos.
A pesquisa sobre o uso de derivados neste documento abordará principalmente os swaps, opções,
forwards e futuros. Estas categorias de derivados cobrem derivados de taxa de câmbio, derivados
Nesse sentido, a revisão bibliográfica irá incidir sobre o conceito e tipos de derivados e abordar a
utilização desses instrumentos em economias emergentes com especial destaque para outros países
africanos com características económicas equiparáveis às de Moçambique.
Para alcançar o objectivo acima descrito, foram realizadas entrevistas com os responsáveis das
salas de mercado dos bancos que oferecem instrumentos financeiros derivados. Foi também
decidido que uma análise das Demonstrações Financeiras (DFs) das empresas que figuram na Lista
das 100 maiores empresas de Moçambique publicada pela KPMG seria necessária para
complementar a informação recolhida das entrevistas. O objectivo dessa análise era estudar o
reporte do uso de derivados financeiros por esse grupo de empresas, uma vez que as grandes
empresas são obrigadas a reportar o uso de instrumentos financeiros (incluindo os derivados) quer
nas DFs quer nas notas que as acompanham pela Norma de Contabilidade e Relato Financeiro 25
(NCRF 25) do Plano Geral de Contabilidade (PGC-NIRF), baseado nas Normas Internacionais de
Relato Financeiro. O período de análise abrange os anos 2015 a 2017.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo são apresentados os principais conceitos relacionados com o tema em estudo bem
como as pesquisas anteriores em economias de dimensões e características similares às de
Moçambique e em outros países africanos.
Os derivados são activos cujo valor depende (é derivado) do valor de um outro activo designado
por activo subjacente. Geralmente tomam a forma de contratos entre duas partes, que obrigam uma
das partes a fazer um pagamento ou conjunto de pagamentos à outra parte, numa data futura, e em
função da evolução do preço do activo subjacente (Abreu et al., 2012). Os activos subjacentes
podem ser tão variados como acções, obrigações, comoditties, índices de acções, taxas de juro,
divisas, créditos de carbono ou até índices sobre outros derivados (Ferreira, 2011).
O mercado onde são negociados os derivados é denominado de mercado futuro ou a prazo (forward
market) uma vez que se contrata hoje as condições em que se transaciona um activo subjacente
amanhã. Nesse mercado, o investidor pode assumir uma posição financeira aberta – quando tem
qualquer tipo de interesse na evolução das condições de mercado de um determinado activo e, em
particular, na evolução de seu preço, quer por possuir esse activo em carteira quer por se ter
comprometido a comprá-lo ou a vendê-lo ou fechada – quando não tem interesse na evolução das
condições de mercado de um activo. Quando um investidor detém uma posição aberta, está exposto
ao risco e para anular este risco poderá cobrir a exposição com uma transação que anula a
exposição ao risco inicial, passando assim a ter uma posição fechada (Abreu et al. 2012).
A posição financeira aberta pode ser longa ou curta. Um investidor assume uma posição longa
num activo quando compra esse activo ou acorda comprar esse activo numa data futura e, portanto,
se beneficiará com a subida do preço e sofrerá uma perda com a descida do preço do activo em
causa ao passo que o investidor assume uma posição curta quando concorda em vender um activo
numa data futura. Neste caso, o investidor beneficiará com a descida de preço e sofrerá uma perda
com a subida do preço do activo em causa.
São os mais antigos instrumentos derivados. Foram criados originalmente para os produtos
agrícolas e outras mercadorias (Brealey et al. 2008).
Abreu et al. (2012) e Ferreira (2011) convergem na definição de contrato de futuros como sendo
acordos específicos nos quais uma das partes tem que entregar um certo instrumento financeiro (o
subjacente do contrato) à outra numa data futura (vencimento) e por um preço certo e determinado
(preço futuro ou de exercício). O preço é fixado hoje, mas o pagamento é efectuado no futuro.
Os contratos futuros têm como principais características a sua padronização e o facto de serem
transacionados em mercados organizados ou bolsas de valores que actuam através de uma câmara
de compensação onde as partes depositam uma margem sob a forma de disponibilidades como
garantia e os contratos são diariamente reavaliados ao preço do mercado e determinados os ganhos
(pagos ao investidor) ou perdas (pagas à bolsa) no contrato (Brealey et al. 2008; Abreu et al.,
2012).
Muitas são as vantagens desses instrumentos conforme apresentadas por diferentes autores. Pires
(2011) refere como principal vantagem dos contratos futuros a sua liquidez que advém do facto
desses contratos serem estandardizados e transacionados em mercados organizados. Por outro
lado, Ferreira (2011) aponta como principal vantagem dos contratos futuros o facto de não existir
risco de incumprimento pelas partes pois a verdadeira contraparte na transacção é a bolsa de
valores através da sua câmara de compensação.
Por seu turno, Abreu et al. (2012) concordam com Pires e Ferreira e apontam mais duas vantagens
dos contratos futuros, designadamente, a possibilidade de transação do contrato em qualquer
momento até a maturidade e a não especificidade do activo subjacente a ser entregue, podendo-se
entregar qualquer activo com características similares.
O contrato forward segundo a definição de Ferreira (2011) é contrato a prazo que permite comprar
ou vender um activo subjacente a um preço fixado e numa determinada data no futuro . Diferem dos
contratos futuros pelo facto de serem feitos por medida e serem transacionados nos mercados de
balcão e não nas bolsas de valores (Brealey et al. 2008).
A principal vantagem desse tipo de contrato segundo Abreu et al. (2012) é a sua flexibilidade, pois
tratando-se de um contrato estabelecido entre dois agentes, os montantes e condições podem ser
ajustados aos interesses das partes, permitindo uma cobertura total de risco. No entanto, essa
mesma característica é também apontada pelos autores, e por outros, como uma desvantagem, que
resulta em exposição ao risco de crédito por ambas partes pois os intervenientes podem faltar ao
cumprimento da obrigação Brealey et al. (2008).
Ainda no lado das desvantagens, Abreu et al. (2012) referem a falta de liquidez do mercado que
consiste na dificuldade de encontrar uma contraparte ou quando se encontra, dada a exiguidade do
mercado, preços pouco competitivos e o risco de falência que deriva da inexistência de garantias
contra perdas se a contraparte sofrer falência.
Portanto, os contratos forwards são apresentados pelos diversos autores como menos apetecíveis
na gestão do risco do que os demais instrumentos financeiros derivados, principalmente por estes
não serem transacionados em mercados organizados, pelo que contemplam outro conjunto de
riscos. Entretanto, esse tipo de contrato mostra-se bastante útil em locais onde as bolsas de valores
não estão desenvolvidas ou em mercados cujas transações são muito específicas, não sendo fácil a
sua padronização. Neste contexto, Brealey et al. (2008) e Mota e Custódio (2012) apontam para o
mercado de câmbio como principal mercado de forwards ao qual as empresas recorrem para
defender posições abertas em moeda estrangeira e que podem deteriorar-se com as oscilações
cambiais.
2.1.3 Swaps
Outro tipo de instrumento derivado muito utilizado é o swap que é definido por Abreu et al. (2012)
como sendo um contrato em que cada parte troca um conjunto de pagamentos ou fluxos de
tesouraria futuros que detém por um conjunto de pagamentos ou fluxos de tesouraria futuros que
a outra parte detém. Este tipo de operação teve origem na necessidade de bancos e empresas
trocarem fluxos financeiros remunerados a taxas prefixadas por fluxos remunerados a taxas pós-
fixadas, minimizando desta forma o seu grau de exposição aos riscos financeiros por meio de uma
maior compatibilização entre os indexadores das contas do activo e do passivo (Hull, 2016).
Na actualidade, são utilizados diversos tipos de swaps sendo os mais comuns, o swap de taxa de
juro e o swap de taxa de câmbio ou swap cambial.
O swap cambial envolve a troca de um conjunto de pagamentos numa moeda por um conjunto de
pagamentos noutra moeda, ou seja, é uma transação simultânea à vista e a prazo de uma moeda
contra outra moeda ao passo que o swap de taxa de juro envolve a troca de um conjunto de
pagamentos de juros por outro conjunto de pagamentos de juros com características diferentes,
ambos denominados na mesma moeda (Abreu et al., 2012).
2.1.4 Opções
Opções são contratos que dão ao seu proprietário a opção, isto é, o direito de comprar (ou vender)
o activo subjacente a um preço predeterminado, designado por preço de exercício, dentro de um
período de tempo (o prazo até a maturidade) (Abreu et al., 2012). Por seu turno, Vieito e Maquieira
(2010), enfatizam que uma opção confere ao detentor o direito, mas não a obrigação, de comprar
ou vender um determinado activo, a um preço fixo numa determinada data futura. É nesta
característica onde reside a principal diferença entre as opções e os demais instrumentos derivados,
pois quem compra um contrato futuro ou a termo compromete-se a comprar ou vender um activo
a um preço predeterminado numa data futura enquanto que quem compra uma opção, adquire o
direito de comprar ou vender o activo, mas pode escolher não o fazer. Por outro lado, o vendedor
de uma opção será obrigado a vender ou a comprar o activo subjacente ao comprador da opção se
este decidir exercer o seu direito de compra ou de venda.
As opções podem ser divididas em opções de compra – que conferem ao titular o direito de
comprar um activo ao preço de exercício na data de exercício especificada ou antes desta e opções
de venda – que conferem ao titular o direito de vender um activo financeiro ao preço de exercício
na data de exercício especificada ou antes desta (Brealey et al. 2008).
As opções também podem ser classificadas em relação ao momento do seu exercício, em opções
americanas, que podem ser exercidas em qualquer momento até à data de vencimento e as opções
europeias podem ser exercidas apenas na data de vencimento (Brealey et al. 2008; Vieito e
Maquieira, 2010).
Mihaljek e Packer (2010) publicaram a primeira revisão abrangente em grande escala de derivados
em mercados emergentes. Este documento combinou dados da Pesquisa Trienal do Banco Central
sobre a atividade de mercado de derivados OTC com outros artigos sobre derivados negociados
em bolsas de mercados emergentes. Suas principais conclusões incluem: 1) O volume de negócios
Bartram et al. (2006) realizaram um estudo envolvendo 6888 empresas não financeiras em 47
países. O objectivo do estudo era estudar o impacto do uso de derivados no valor e risco das
empresas. Das empresas estudadas, 60.5% usavam derivados. Foi concluído a partir deste estudo
que países com empresas de maior dimensão e mercados financeiros mais desenvolvidos
registavam maior uso de derivados do que os países com empresas menores e mercados financeiros
menos desenvolvidos. Também constataram que o derivado mais comumente utilizado é o forward
cambial, seguido do forward de taxa de juro, com 45,5% e 31,1% de utilização respectivamente.
Fernandez (2006), estudou o caso do Chile para concluir sobre o uso de derivados em mercados
emergentes. Ele concluiu que 10% a 15% das empresas exportadoras utilizavam derivados
financeiros, mais especificamente derivados cambiais e que a liquidez dos mercados a vista,
elevados custos de transação e rigorosa regulamentação que rege investidores institucionais são os
principais factores para o fraco desenvolvimento do mercado de derivados nesse país.
No Reino Unido, Bailly et al. (2003) estudaram 629 empresas não financeiras cotadas na Bolsa de
Valores de Londres. Dos resultados obtidos, concluíram que os derivados cambiais são os mais
utilizados, seguidos dos derivados de taxa de juro. Do estudo foi encontrada uma correlação
positiva entre o tamanho da empresa e o uso de derivados no geral, tendo sido confirmada essa
correlação em relação aos derivados de taxa de juro ao passo que no caso dos derivados cambiais
não foi confirmada.
Em 2006, El-Masry realizou um estudo em 401 empresas não financeiras do Reino Unido, tendo
concluído a semelhança de Jalilvand (1999) que estudou 548 grandes empresas não financeiras
cotadas na bolsa de valores de Montreal que o uso de derivados era maior nas empresas
multinacionais.
Bodner et al. (1998) realizaram um estudo sobre a utilização de derivados financeiros em empresas
americanas não financeiras de diferentes tamanhos. Concluíram do estudo que existe uma
correlação positiva e significativa entre o tamanho da empresa e o uso de derivados, sendo que das
empresas estudadas, 83% das grandes empresas usavam derivados ao passo que apenas 12% das
empresas de menor dimensão recorriam a esses instrumentos. Concluíram também que as
empresas de serviços recorriam duas vezes mais ao uso de derivados do que as empresas
manufactureiras ou do sector primário. O estudo também identificou a cobertura de risco de
câmbio e de taxa de juro como os principais motivos para o uso dos derivados.
Bijl (1996) havia realizado uma análise de transações com derivados em mercados emergentes,
considerando 23 bolsas de valores e 16 países. Ele concluiu que o principal factor que contribuía
para o fraco uso dos derivados nesses mercados era a fraca legislação comercial, tanto real como
percebida e que num ambiente jurídico fraco, indivíduos e empresas da economia enfrentam
problemas em seus contratos, existindo fortes tentações de renunciar a um contrato dado o fraco
apoio legal para a execução de contratos. Ele apontou também para a inexistência de uma câmara
de compensação de futuros como factor de insucesso no uso de derivados. Conclusões similares
são encontradas na pesquisa do ISDA (International Swaps and Derivatives Association) no
Derivatives Usage Survey (número 2 de 2009) sobre a Rússia, onde constatou-se que a incerteza
jurídica sobre as exigências nos contratos de derivados era o principal obstáculo para
desenvolvimento do mercado doméstico de derivados.
Wekesa (2012) estudou a relação entre a gestão do risco de câmbio com a rendibilidade das
companhias aéreas quenianas, num estudo envolvendo 26 empresas, tendo concluído que a mesma
é positiva. Os resultados do estudo indicaram que as companhias aéreas quenianas estão mais
expostas ao risco da taxa de câmbio e do preço de combustível do que ao risco de taxa de juro e
de inflação e que as mesmas apresentavam níveis de cobertura de risco de câmbio em mais de
80%. O estudo também demonstrou que os instrumentos de cobertura mais utilizados por essas
companhias são os contratos futuros, forwards e contratos do mercado monetário, ao passo que
raramente se usam swaps e opções. Os resultados e conclusões deste estudo assemelham-se aos de
Modack (2011), Jacobs (2011) e Donaldson (2011) sobre as empresas cotadas na África do Sul e
de Bodner et al. (1998), Bailly et al. (2003).
Ithai (2013) estudou os factores determinantes na fraca adopção do uso de derivados utilizando
como população de estudo 45 bancos comerciais do Quénia. O estudo concluiu que mais de 80%
das instituições financeiras usavam derivados financeiros para hedging, especulação ou ambos e
que os principais fatores que impedem o uso de derivados incluem o enquadramento legal e
liberalização comercial.
Bonga et al. (2015) analisaram o uso de derivados como solução para a alcançar a estabilidade
financeira no Zimbabwe. Concluíram que o uso de derivados pode contribuir para a estabilidade
financeira, pois um benefício potencial do uso de derivados é sua capacidade de permitir que uma
empresa mantenha políticas operacionais suaves em caso de choques externos, além de suavizar
os fluxos de caixa através da sua interação com as decisões operacionais.
Em 2011, foi levado a cabo por Crnkovic da Universidade de Cape Town na África do Sul um
estudo sobre o uso de derivados no Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe. O estudo foi
realizado com base em informação divulgada pelas empresas cotadas nas bolsas de valores desses
países, nomeadamente, Botswana Stock Exchange (BSE), Namibian Stock Exchange (NSX),
Zambian Stock Exchange (LUSE) e Zimbabwe Stock Exchange (ZSE) entre Maio de 2009 e Maio
de 2010. O estudo abrangeu 139 empresas e destas apenas 5 reportaram o uso de derivados no
Botswana e Namíbia, com 14% e 25% de utilização respectivamente. O Zimbabwe e a Zâmbia
não reportaram o uso de derivados. Comparando com outras economias emergentes como é o caso
do Chile cuja utilização ronda os 10% a 15% (Fernandez, 2006), a Namíbia registou maior
utilização, sendo que a utilização o Botswana estava em linha com o estudo chileno.
Pitt (2011) estudou o uso de derivados em 104 pequenas empresas cotadas no painel principal da
Bolsa de Valores de Johannesburg (JSE) e na Alternative Index (ALTX) entre 2008 e 2009. Das
empresas estudadas, 17% reportaram o uso de derivados, sendo 11% empresas do sector primário
e 44% (cada) dos sectores industrial e de serviços. O principal uso de derivados é para a cobertura
do risco cambial (89%) seguido pela cobertura do risco de taxa de juro. Em termos de tipo de
instrumento derivado utilizado, 96% das empresas utilizam forwards para a cobertura do risco
cambial, sendo que os remanescentes 4% utilizam opções. Todas as empresas que utilizam
derivados na cobertura do risco de acções e de taxa de juro, demonstram preferência pelo uso de
opções e de swaps respectivamente. Estas conclusões estão de acordo com as de Mihaljek e Packer
(2010) que dizem que os derivados cambiais ainda são os derivados mais negociados em
economias de mercado emergentes enquanto os derivados da taxa de juros permanecem
subdesenvolvidos e com as de Bartram et al. (2006), segundo as quais os forwads cambiais são os
derivados mais utilizados.
Raharison (2012) da Universidade de Cape Town estudou o uso de derivados em 150 empresas
cotadas nas bolsas de valores do Marrocos, Maurícias, Tunísia e países membros da União
Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), nomeadamente, Costa do Marfim, Benim,
Burquina Faso, Senegal e Togo entre 2008 e 2009. As empresas estudadas incluem pequenas e
médias empresas financeiras e empresas não financeiras que operam predominantemente na banca,
serviços financeiros, indústria e retalho. Das empresas estudadas, 16% reportaram o uso de
derivados, sendo o maior número de usuários encontrados nas Maurícias e Marrocos, onde os
mercados financeiros estão entre os mais sofisticados de África. Nesses países, os maiores usuários
de derivados são grandes empresas que operam no sector financeiro e bancário ou sector de
produção. Se consideradas apenas as empresas não financeiras, apenas 11,22% das empresas
utilizaram derivados. A baixa taxa de utilização de derivados está em linha com os resultados
obtidos por Crnkovic (2011) sobre o Botswana (14%) e Namíbia (25%). O estudo constatou
também que o menor uso de derivados negociados em bolsa, tais como derivados de futuros, pode
ser atribuído à ausência de bolsas de derivados nesses países e a ausência de clara regulamentação,
falta de conhecimento, oferta insuficiente ou inadequada de instrumentos de gestão de risco e um
mercado financeiro pouco evoluído. Estas conclusões se harmonizam com as conclusões de Martin
et al. (2009) aquando da realização do estudo sobre o mercado peruano.
Rafael (2011) estudou as técnicas de cobertura de risco utilizadas por uma empresa portuguesa no
sector das tecnologias de informação e com forte internacionalização. Para a análise do grau de
risco e instrumentos de cobertura, escolheu Angola onde o risco cambial é elevado. O autor
concluiu, no entanto, que para a sucursal que actua em Angola, a empresa terá que se basear
principalmente em técnicas internas de cobertura, uma vez que os instrumentos financeiros de
cobertura ainda não estão acessíveis nesse mercado. Essa conclusão está em linha com a de
Bartram et al. (2006) segundo a qual os países com mercados financeiros mais desenvolvidos
registavam maior uso de derivados do que os países com mercados financeiros menos
desenvolvidos.
As principais vantagens dos contratos futuros apontadas pelos diversos autores são, a liquidez e
baixo risco de incumprimento que resultam da sua padronização e transação na bolsa de valores.
Por outro lado, a principal vantagem dos contratos forwads é sua flexibilidade que advém do facto
de serem transacionados nos mercados de balcão e permitirem a negociação dos montantes e
prazos de liquidação.
Vários estudos empíricos têm sido realizados ao redor do mundo com objectivo de aferir sobre o
nível e o efeito da utilização dos derivados pelas empresas. Os factores geralmente observados
nesses estudos prendem-se com o tipo de país (desenvolvido ou emergente), sector de actividade,
dimensão das empresas e tipo de derivado mais comumente utilizado. Quanto ao primeiro factor,
foi constatado que o derivado tem maior uso e aplicabilidade nas economias desenvolvidas do que
nos países emergentes. Em relação ao sector de actividade, vários autores chegaram a conclusão
de que, na maioria dos países, os derivados são mais utilizados por empresas ligadas aos serviços
financeiros, como é o caso dos bancos. Sobre a relação entre a dimensão da empresa e o uso de
derivados, diferentes autores concluíram que as grandes empresas tendem a utilizar mais os
derivados do que as empresas de menor dimensão. E finalmente, sobre o tipo de derivado mais
comumente utilizado, constatou-se que nas economias emergentes utiliza-se mais os derivados
para a cobertura do risco cambial, ao passo que nos países desenvolvidos há uma heterogeneidade
no uso desses instrumentos.
3 METODOLOGIA E DADOS
Köche (2013) defende que o planeamento de uma pesquisa depende tanto do problema a ser
estudado, da natureza e situação espaço temporal em que se encontra, quanto da natureza e nível
de conhecimento do pesquisador. Portanto, existe uma variedade de tipos de pesquisa e cada tipo
possui suas características próprias.
Como referido na introdução, o objectivo deste trabalho é analisar a utilização dos instrumentos
financeiros derivados pelas empresas moçambicanas. Para lograr os objetivos do estudo, foi
realizada uma pesquisa preliminar sobre a oferta dos derivados tanto na bolsa de valores como no
mercado de balcão. Para o efeito, foi realizada uma pesquisa no website da Bolsa de Valores de
Moçambique e dos 19 bancos comerciais que actuam no país. Após essa pesquisa inicial foram
solicitadas entrevistas com os responsáveis das salas de mercado dos bancos comerciais cujos
websites indicavam a oferta de instrumentos financeiros derivados. Foram escolhidos para as
entrevistas os responsáveis das salas de mercado pela sua perícia na matéria, uma vez que as Salas
de Mercados são as áreas das instituições financeiras que actuam nos mercados financeiros –
mercado monetário, cambial e de capitais – por conta própria ou por conta de clientes. Apenas três
dos cinco bancos concederam as entrevistas solicitadas, o que corresponde a uma taxa de resposta
de 60%. O tipo de entrevista utilizado foi a entrevista não-estruturada ou informal, onde o
entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere
adequada (Cooper e Schindler, 2016). As questões da entrevista foram desenvolvidas a partir dos
objetivos do estudo e da revisão da literatura sobre a utilização de derivados em países com
características económicas similares às de Moçambique.
Após colheita de dados através das entrevistas, foi realizada pesquisa adicional sobre a utilização
dos derivados por grandes empresas. A lista das 100 maiores empresas de Moçambique publicada
pela KPMG foi utilizada para este estudo, na sua 18ª edição, referente ao ano 2017. Para o efeito,
procurou-se localizar as demonstrações financeiras desse grupo de empresas. Apenas 35% das DFs
foram encontradas nos websites das respectivas empresas.
Uma pesquisa manual foi efectuada com vista a encontrar dados referentes ao uso de derivados
financeiros por essas empresas. Os critérios de busca são baseados nos requisitos de divulgação de
informação sobre o uso de instrumentos financeiros contidos na NCRF 25 do PGC-NIRF
(Instrumentos Financeiros), baseada na IFRS 7 (Financial Instruments Disclosure) e nas IAS 32
(Financial Instruments Presentation) e 39 (Financial Instruments: Recognition and
Measurement).
Para complementar o estudo, foram também revisadas as DFs dos bancos comerciais usando os
mesmos critérios. No caso dos bancos, foram encontradas 74% das DFs, para o período de 2015 a
2017.
Essa abordagem metodológica é similar à utilizada nas pesquisas de Crnkovic (2011), Modack
(2011), Jacobs (2011), Donaldson (2011), Pitt (2011), Henning (2011) e Raharison (2012) que
estudaram a utilização de derivados financeiros na África do Sul e outros países africanos.
Foi realizada uma análise qualitativa com base na informação colhida nas entrevistas. Os dados
qualitativos foram codificados e analisados usando a análise de conteúdo. Os dados quantitativos
coletados foram validados, editados e codificados e depois analisados usando estatística descritiva,
como percentagens e médias. Os métodos de apresentação de dados utilizados foram tabelas,
gráficos e diagramas.
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa sobre a utilização dos derivados no
mercado moçambicano, com foco nos mercados de negociação, tipos de instrumentos
transacionados e perfil de clientes.
A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) foi criada em 1997 tendo entrado em funcionamento
em 1999. Conta actualmente (2017) com 6 empresas cotadas subdivididas em dois segmentos de
mercado, nomeadamente, o Mercado de Cotações Oficiais destinado às grandes empresas e o
Segundo Mercado destinado às médias e pequenas empresas. No mercado de cotações oficiais
actuam cinco empresas enquanto que no segundo mercado foi admitida à cotação na segunda
metade do ano 2016 a única empresa de média dimensão. A capitalização bolsista da BVM era em
Dezembro de 2017 de 71,916.06 milhões de meticais, o que representa 9% do Produto Interno
Bruto (PIB) de Moçambique.
A BVM transaciona actualmente apenas três tipos de produtos financeiros, nomeadamente: ações,
obrigações e papel comercial. Pelo que os derivados não são transacionados na BVM, não
existindo um mercado de derivados criado ou activo. Este facto poderá ser explicado pelo fraco
desenvolvimento do sistema financeiro, como sugerem as conclusões de Bartram et al. (2006) de
que os países com mercados financeiros mais desenvolvidos registam maior uso de derivados do
que os países com mercados financeiros menos desenvolvidos. Isto está também em linha com as
conclusões de Treviño (2005) no estudo sobre o desenvolvimento de bolsas de derivados em
mercados emergentes, no qual concluiu que bolsas de derivados activas são encontradas em apenas
50% dos países estudados, sendo que dos 11 países africanos incluídos no estudo, apenas 27%, ou
seja, 3 países possuíam bolsas de derivados.
bancos comerciais. Esta constatação está em linha com as conclusões de Modack (2011), Jacobs
(2011), Donaldson (2011) e Bartram et al. (2006) segundo as quais os derivados negociados no
balcão são os de maior relevo nas economias emergentes.
26%
% de bancos que oferecem
derivados
A figura acima mostra que apenas cinco (26%) dos 19 bancos comerciais que operam em
Moçambique oferecem aos seus clientes algum tipo de instrumento financeiro derivado. Os
derivados oferecidos incluem: forwards de taxas de juro e forwards cambiais, swaps cambiais,
opções cambiais, Contracts for Difference (CFD)1 e Non Deliverable Forwards (NDF).2
1
Permite que o cliente se proteja contra as variações das taxas de juro que podem adversamente afectar a taxa de juro variável dos
seus liabilities, através desta operação paralela que fixa a taxa de câmbio pelo período total ou parcial do empréstimo.
2 Fixa a taxa de câmbio do cliente. O Banco e o cliente acordam uma taxa de câmbio para um montante, para um determinado
período. Acorda-se também o reset period. Nessa data, compara-se a taxa do NDF, com a taxa spot de mercado. A diferença é
creditada ou debitada da conta do cliente, criando assim uma situação em que a taxa do cliente é fixa a um determinado nível.
Do gráfico acima nota-se que os derivados cambiais são os mais comuns em Moçambique, sendo
a modalidade mais praticada o forward cambial oferecido pela totalidade dos bancos (5) que
transacionam derivados. A maior oferta de derivados cambiais no mercado moçambicano
relaciona-se com o contexto económico-financeiro do país caracterizado pela forte dependência
de importações e elevada volatilidade do metical face às principais moedas de comércio
internacional e regional, agravada pela crise económico-financeira em que o país se encontra desde
2015 que se traduziu na acentuada desvalorização do metical e escassez de divisas no mercado
interno, conforme demonstra o gráfico abaixo.
Conforme ilustra o gráfico, nos anos 2013 e 2014 as taxas de câmbio tanto USD/MZN como
ZAR/MZN mantiveram-se estáveis e com baixa volatilidade, situando-se em média em 30,5 e
3,1MZN e com uma variação média de 4% e 17%, respectivamente. No entanto, em 2015, a taxa
de câmbio USD/MZN registou uma variação 53%, o que correspondeu a uma desvalorização de
62%. Em 2016, o cenário tornou-se ainda pior com as taxas de câmbio a atingir um máximo de
78,6 para o dólar e de 5,6 para o rand em outubro de 2016, o que representa uma variação de 82%
e 76% comparado com igual período do ano anterior.
Com a globalização dos mercados e das economias mundiais, houve a convergência das normas
que servem de base para a preparação da informação financeira, o que significou a adopção das
IAS/IFRS (International Accounting Standard/International Financial Reporting Standards) pela
maioria dos países. Em Moçambique essas normas passaram a ser parcialmente aplicadas pelas
empresas de grande dimensão em Janeiro de 2010 e pelas restantes empresas a partir de Janeiro de
2011, com a criação do Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moçambique
(SCSEM) através do decreto nº 70/2009 de 22 de Dezembro. Este sistema integra o Plano Geral
de Contabilidade para Empresas de Média e Grande Dimensão (PGC-NIRF) e o Plano Geral de
Contabilidade para as Pequenas e Demais Empresas (PGC-PE). Esses dois planos substituíram o
Plano Geral de Contabilidade anterior aprovado pelo decreto nº 36/2006, de 25 de Junho.
Com base nessas Normas internacionais, o PGC-NIRF criou a Norma de Contabilidade e de Relato
Financeiro (NCRF) 25 intitulada Instrumentos financeiros.
IASB PGC-NIRF
Norma Título Norma Título
IFRS 7 Financial Instruments Disclosure
IAS 32 Financial Instruments Presentation NCRF 25 Instrumentos Financeiros
IAS 39 Financial Instruments: Recognition and Measurement
IFRS 9 Financial Instruments N/A
4.2.1.2 Divulgação
Segundo a NCRF 25, uma entidade deve divulgar, ou no balanço ou nas notas, as quantias
registadas e na demostração de resultados os gastos, ganhos ou perdas ocorridas em cada categoria
de instrumentos financeiros e divulgar separadamente para cada tipo de cobertura os seguintes
elementos:
Para cada tipo de risco associado a instrumentos financeiros, a entidade deve ainda divulgar uma
informação qualitativa referente a sua exposição ao risco e origem dos riscos, os seus objectivos,
políticas e procedimentos de gestão de risco e os métodos utilizados para mensurar esse risco e
quaisquer alterações em relação ao período anterior e uma informação quantitativa contento a
mensuração da exposição a esses riscos à data de relato.
Portanto, à luz do disposto NCRF 25 do PGC-NIRF em vigor no país desde Janeiro de 2010, todas
as empresas de grande e média dimensão em Moçambique devem reportar o uso de instrumentos
financeiros derivados tanto no balanço como nas notas explicativas e os movimentos ocorridos
com esses instrumentos na demostração de resultados anual.
Os dados fornecidos pelos bancos respondentes demonstram que o mercado moçambicano ainda
não atingiu o grau de maturidade necessária para absorver os derivados financeiros. A carteira de
clientes desses produtos é de pequena dimensão, representando menos de 1% do portfólio de
clientes desses bancos. Este nível de utilização está muito abaixo dos níveis encontrados em outros
estudos que apontam níveis de utilização entre 10% e 15% no Chile (Fernandez, 2006) e 14% e
25% no Botswana e Namíbia respectivamente (Crnkovic, 2011). O baixo nível de utilização pode
estar associado ao fraco conhecimento sobre derivados, uma vez que de acordo com a informação
fornecida pelos bancos, os clientes utilizam os derivados quando os mesmos são oferecidos pelos
bancos e os clientes reconhecem o valor acrescentado do produto.
Quanto ao perfil de clientes, dos três bancos respondentes, dois detém uma carteira de clientes
constituída por grandes e médias empresas, tanto nacionais como estrangeiras. Não foi reportado
o uso de derivados por micro e pequenas empresas. Neste contexto, Moçambique está em linha
com as conclusões de Bodner et al. (1998) que identificaram uma correlação positiva e
significativa entre o tamanho da empresa e o uso de derivados. O terceiro banco possui uma
carteira constituída essencialmente por grandes multinacionais. Esta constatação assemelha-se às
de Henning (2011) no estudo sobre Gana, de Jalilvand (1999) no Canadá e El-Masry (2006) no
Reino Unido segundo as quais, as empresas multinacionais são mais propensas a usar derivados.
Tendo em conta o número total de clientes de derivados dos bancos respondentes, constata-se que
86% são grandes empresas e 14% médias empresas, conforme ilustrado na figura que se segue.
No que diz respeito ao sector de actividade, foi reportada uma diversificação dos clientes, sendo a
característica comum o facto de mais de 90% dos clientes dos derivados serem importadores. No
caso particular dos swap, a carteira de clientes inclui particulares e empresas, sendo na maior parte
dos casos utilizado por exportadores que tem recebimentos em dólares e necessidades de tesouraria
em meticais para fazer face a despesas operacionais.
Os dados fornecidos pelos bancos respondentes indicam que os derivados de maior utilização são
os cambiais, usados por empresas com significativo volume de transações com exterior em busca
de proteção contra o risco cambial. Isto está em linha com a terceira conclusão de Mihaljek e
Packer (2010) no estudo sobre derivados em mercados emergentes, de que os derivados cambiais
ainda são os mais negociados nesses mercados enquanto os derivados de taxa de juros permanecem
subdesenvolvidos e com as tendências internacionais, conforme a pesquisa ISDA Derivatives
(2009) e com Bodner et al. (1998) e Bailly et al. (2003).
O gráfico que se segue apresenta a classificação dos derivados quanto ao nível de utilização.
% de Utilização
Conforme se mostra no gráfico, os derivados cambiais são os mais utilizados, com especial
destaque para o forward cambial com 89% de utilização, seguido pelo swap cambial usado por 7%
das empresas que contrataram derivados financeiros. O gráfico ilustra que os derivados de taxas
de juro (oferecidos por 20% dos bancos) e as opções (oferecidas por 40% dos bancos) não
O reporte dos dados financeiros em consonância com o PGC-NIRF é um dos requisitos para a
admissão à cotação e manutenção na Bolsa de Valores de Moçambique. Portanto, as empresas
cotadas na BVM devem reportar o uso de derivados no seu Balanço anual, Demonstração de
Resultados e/ou nas Notas Explicativas que acompanham esses documentos em consonância com
a NCRF 25 do PGC-NIRF.
Pela análise das Demonstrações Financeiras (DFs) das 6 empresas cotadas constatou-se que
nenhuma das empresas cotadas em bolsa reporta o uso de derivados financeiros conforme ilustrado
na tabela seguinte.
empresas cotadas nas bolsas de valores no Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe. Uma das
razões apontadas por Crnkovic (2011) para a ausência de uso de derivados financeiros nesses
países é o fraco desenvolvimento do sistema financeiro e a falta de regulamentação especifica
sobre derivados, factores esses apontados também por Martin et al. (2009) sobre o Perú. Este
parece ser o caso também de Moçambique.
Sendo 86% dos utilizadores de derivados grandes empresas, foi realizada uma análise da utilização
desses instrumentos pelas 100 maiores empresas em Moçambique conforme reportado nas
respectivas Demonstrações Financeiras (DFs). Foi utilizada a lista das 100 maiores empresas da
edição de 2017. A pesquisa foi efectuada com recurso a revisão dos Relatórios de Contas dessas
empresas disponíveis nos respectivos websites, uma vez que as mesmas são obrigadas a reportar
informação sobre derivados financeiros de acordo com a NCRF 25 do PGC-NIRF. Os resultados
a seguir apresentados são referentes às 35 empresas para as quais foi possível encontrar as DFs.
No entanto, 13 dessas empresas fazem parte de conglomerados de empresas e as DFs encontradas
foram as consolidadas.
A tabela a seguir apresenta o grau de cobertura da disponibilidade das DFs das 100 maiores
empresas.
O resumo sobre o reporte de uso de derivados nessas empresas é apresentado nas duas tabelas
seguintes. A primeira tabela é respeitante ao uso dos derivados com base nas DFs das 35 empresas
incluindo às daquelas cujas DFs encontradas são as consolidadas.
Como não foi possível encontrar alusão ao uso de derivados financeiros especificamente pelas
empresas que figuram na lista das 100 maiores empresas ao analisar as DFs consolidadas, foi feito
o estudo do reporte de derivados nas 22 empresas com DFs individuais ou que não são parte de
grupos. Os resultados são apresentados na tabela que se segue.
Conforme demonstrado nas tabelas acima, 13 (37%) das empresas reportaram o uso de algum tipo
de instrumento financeiro derivado nas suas DFs. Olhando somente para as empresas cujas DFs
individuais estavam disponíveis, apenas 32% reportaram o uso de derivados. Esta percentagem é
superior a reportada em outros países africanos e da região (14% Botswana e 25% na Namíbia
segundo Crnkovic (2011) e 29,6% no Gana de acordo com Henning (2011)), mas muito inferior à
93% reportada nas 100 maiores empresas cotadas na JSE ou à média de 51,5% de utilização
reportados nas 300 maiores empresas cotadas na JSE de acordo com Modack (2011), Jacobs (2011)
e Donaldson (2011).
A análise do reporte de uso dos derivados nas DFs das 35 empresas cujos Relatórios de Contas
estavam disponíveis mostra uma tendência de maior utilização desses instrumentos por empresas
do sector das actividades financeiras e de seguros3. As demais empresas são multinacionais do
sector comercial, de construção e indústria. Estes resultados confirmam os dados recolhidos nas
entrevistas, segundo os quais há maior utilização de derivados por empresas multinacionais,
3
Designação do sector financeiro em Moçambique de acordo com a Classificação das Actividades Económicas de
Moçambique (CAE-VER.2)
resultados esses que estão em linha com as conclusões de El-Masry (2006) e Jalilvand (1999) de
que o uso de derivados era maior nas empresas multinacionais.
Tabela VII - Reporte de uso de derivados nas 100 maiores empresas por sector de actividade
Considerando apenas as empresas com DFs individuais analisadas, constata-se que apenas
empresas do sector de actividades financeiras e de seguros reportaram o uso de derivados
financeiros. Neste sector de actividades, também se constatou que somente os bancos reportam o
uso de derivados, não tendo sido encontrada evidêndicia de utilização dos derivados pelas
empresas seguradoras que fazem parte da lista das 100 maiores empresas. Este facto está em linha
com as conclusões de Raharison (2012) no estudo sobre Marrocos e Maurícias, onde os maiores
usuários de derivados são grandes empresas que operam no sector financeiro e bancário e também
de Henning (2011) que constatou que as instituições bancárias ocupavam uma posição de destaque
no uso de derivados no Gana.
A análise das DFs individuais e consolidadas das 35 empresas indica uma maior utilização dos
derivados de taxa de juro, com 41% das empresas a recorrem ao swap de taxa de juro e 28% ao
forward de taxa de juro. Por outro lado, e olhando apenas para as empresas cujas DFs individuais
estavam disponíveis, nota-se uma maior utilização dos derivados cambiais com 50% das empresas
a recorrerem ao swap cambial e 25% ao forward cambial. Este facto está em linha com a terceira
conclusão de Mihaljek e Packer (2010), segundo a qual os derivados cambiais ainda são os mais
negociados em economias de mercado emergentes enquanto os derivados da taxa de juros
permanecem subdesenvolvidos. Os resultados encontrados estão também em linha com estudos
internacionais que apontam para a cobertura de risco de câmbio e de taxa de juro como os
principais motivos para o uso dos derivados (Bodner et al.,1998).
Figura 6 – Nível de Utilização de derivados por tipo nas 100 maiores empresas
De acordo com os bancos respondentes, é prática comum os bancos comerciais recorrerem ao uso
de derivados no mercado interbancário. Os dados colhidos das DFs das 100 maiores empresas
também atestam o uso de derivados financeiros pelos bancos que fazem parte dessa lista. Nesse
contexto, foi feito o estudo do uso de derivados entre os bancos comerciais em Moçambique. Para
o efeito, foram analisadas as DFs dos 19 bancos comerciais que atuam em Moçambique.
A figura seguinte ilustra o grau de utilização dos derivados reportado pelos bancos comerciais.
O gráfico mostra que em média 66% dos bancos reportaram derivados nas suas DFs entre 2015 e
2017, sendo que 22% e 21% dos mesmos reportaram o uso de derivados com valores superiores a
zero em 2015 e 2016 respectivamente, tendo sido registado um ligeiro aumento no reporte de uso
desses instrumentos no ano de 2017 (26%). Esse nível de utilização pode ser considerado baixo
quando comparado com o de outros países da região como o Quénia, onde 80% das instituições
financeiras usavam derivados financeiros para hedging, especulação ou ambos, de acordo com
Ithai (2013). O baixo nível de utilização dos derivados financeiros em Moçambique poderá estar
associado ao fraco desenvolvimento do sistema financeiro conforme sugerido pela quinta
conclusão do estudo de Mihaljek e Packer (2010) segundo a qual comércio, atividade financeira e
PIB per capita estão positivamente relacionados ao crescimento dos mercados de derivados em
economias emergentes.
5.1 Conclusões
O objectivo principal deste trabalho era analisar em que medida os instrumentos financeiros
derivados são utilizados em Moçambique, com foco, no nível de utilização desses instrumentos,
características dos utilizadores e produtos mais utilizados. Como abordagem metodológica
recorreu-se a entrevistas com os responsáveis das salas de mercado dos bancos comerciais que
oferecem produtos derivados e à análise das demonstrações financeiras das empresas que fazem
parte da lista das 100 maiores empresas de Moçambique e de 19 bancos comerciais. Foram
encontradas 35% das DFs das empresas visadas e 74% das DFs dos bancos comercias. As
conclusões a seguir apresentadas são baseadas nos dados analisados e nas respostas às entrevistas
realizadas com os responsáveis das salas de mercado dos três bancos comerciais que oferecem
derivados e aceitaram participar neste estudo.
Em Moçambique, não existe uma bolsa de derivados activa, não existindo, portanto, transações de
derivados financeiros a nível da BVM. Esses instrumentos são unicamente transacionados no
mercado de balcão, sendo que 26% dos bancos comerciais que actuam no país oferecem pelo
menos um tipo de instrumento derivado. Os derivados oferecidos incluem forwards de taxas de
juro e forwards cambiais, swaps cambiais, opções cambiais, Contracts for Difference (CFD) e Non
Deliverable Forwards (NDF). O instrumento mais comumente oferecido é o forward cambial.
Do estudo realizado, conclui-se que a utilização dos derivados ainda é pouco expressiva em
Moçambique, com os bancos que os oferecem a reportar uma carteira de cliente muito reduzida
(1% dos clientes desses bancos). Não foi reportado o uso de derivados entre as empresas cotadas
na BVM. Entre as 100 maiores de Moçambique (Lista da edição de 2017), o nível de utilização
reportado é de 32% se considerado apenas o conjunto de empresas cujas Demonstrações
Financeiras individuais foram encontradas e 37% se incluirmos as empresas que são parte de
conglomerados e para as quais só foi possível encontrar DFs consolidadas. No caso, particular dos
bancos comerciais, o nível de utilização reportado é em média 66% entre 2015 e 2017, com um
ligeiro aumento do reporte desse tipo de instrumentos no ano 2017.
Os resultados da pesquisa mostram que o principal motivo para o recurso aos derivados em
Moçambique é a cobertura de risco e que os derivados de maior utilização são os derivados
cambiais, seguidos dos derivados de taxa de juro. Os dados recolhidos das entrevistas apontam
para o forward cambial como o derivado de maior utilização (contratado por 89% dos clientes),
seguido pelo swap cambial (contratado por 7% dos clientes). No entanto, os dados referentes às
100 maiores empresas, indicam um maior uso do swap cambial no seio dessas empresas (reportado
por 50% das empresas), ao passo que o forward cambial aparece em segundo lugar com 28% das
empresas a reportar sua utilização. O reporte do uso de derivados de taxa de juro e opções é
encontrado apenas nas DFs consolidadas e muitas vezes referentes ao uso desses instrumentos em
outros países e não em Moçambique.
Relativamente às características dos clientes, os dados recolhidos das entrevistas indicam que estes
instrumentos são utilizados por grandes e médias empresas, sendo a razão de 86% e 14%
respectivamente. Não foi reportado o uso de derivados por micro e pequenas empresas. Dentre as
grandes empresas, destacam-se e as grandes multinacionais que de acordo com os dados analisados
são responsáveis por 38% do reporte de uso de derivados. Da lista das 100 maiores empresas, o
sector de actividade que se destaca na utilização dos derivados é o das actividade financeiras e de
seguros, com um reporte de utilização de 62%.
Das conclusões acima apresentadas, denota-se que o aumento dos níveis de utilização dos
derivados requer maior divulgação desses instrumentos por parte dos bancos e uma maior
intervenção do órgão regulador do sistema financeiro nacional para dinamizar o mercado de
derivados e reduzir os riscos de todos envolvidos através da criação de uma câmara de
compensação.
5.2.1 Limitações
A principal limitação encontrada foi a reduzida colaboração por parte dos bancos comerciais que
se traduziu na dificuldade para concessão de entrevistas, sendo que apenas 3 dos 5 bancos
concederam entrevistas.
Outra limitação do estudo foi a falta de informação sobre as empresas que utilizaram os derivados
de forma a obter dos gestores das mesmas informações relevantes para o estudo, pois esta
informação é considerada de carácter sigiloso. A impossibilidade de obtenção das Demonstrações
Financeiras de grande parte das empresas que figuram na lista das 100 maiores também constituiu
limitação ao presente estudo.
No presente estudo foi realizada uma análise descritiva da utilização dos derivados em
Moçambique de uma forma geral. Para estudos futuros recomendamos análises sobre a utilização
de instrumentos derivados específicos como é o caso do forward cambial que é o mais utilizado.
Tendo em conta que esta pesquisa analisou a utilização de derivados financeiros sob prisma da
oferta, sugerimos como tema para estudos futuros, análise da utilização dos derivados do ponto de
vista das empresas moçambicanas.
Com base nas conclusões do presente estudo que indicam que os derivados têm pouca utilização
em Moçambique, tornar-se-ia interessante um estudo sobre o que é necessário para o
estabelecimento de um mercado activo de derivados.
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http://www.isda.org/statistics/stat_nav.html.
ANEXOS
Questionário
1- Poderia descrever os tipos de derivados que o Banco oferece aos seus clientes e como
funcionam?
qual é o principal tipo de risco coberto (risco de câmbio, risco de taxa de juro, risco de
4- Qual é o tipo(s) de derivado mais utilizado? Poderia ordenar a utilização dos derivados em
ordem decrescente?
6- Na maioria dos casos, os clientes que usam esses instrumentos, os procuram por iniciativa
própria ou como resultado do trabalho do banco em promover e oferecer esses serviços aos
clientes?
7- Quais na sua opinião são os factores que contribuem para a fraca utilização dos derivados