Estudo Hidrogeológico Do Aqüífero Tubarão

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Instituto de Geociências e Ciências Exatas

Campus de Rio Claro

Estudo Hidrogeológico do Aqüífero Tubarão na


área de afloramento da porção central do
Estado de São Paulo

Alexandre Campane Vidal

Orientador: Prof.Dr. Chang Hung Kiang


Co-Orientador: Profa.Dra. Maria Rita Caetano-Chang

Tese de Doutorado elaborada junto ao Curso


de Pós-Graduação em Geociências – Área de
Concentração em Geologia Regional, para
obtenção do Título de Doutor em
Geociências.

Rio Claro (SP)


2002

a
Comissão Examinadora

Prof. Dr. Chang Hung Kiang

Prof. Dr. Aldo C. Rebouças

Prof. Dr. Setembrino Petri

Prof. Dr. Sidnei Pires Rostirolla

Prof. Dr. Uriel Duarte

Aluno: Alexandre Campane Vidal

Rio Claro, 05 de Setembro de 2002

Resultado: Aprovado

b
Dedico este trabalho aos meus
pais e a Olívia pelo apoio e
incentivo.

c
AGRADECIMENTOS

Aos professores, Chang Hung Kiang e Maria Rita Caetano-Chang, pela


orientação e incentivo durante todo o trabalho.
A FAPESP, pelo auxílio a pesquisa através da bolsa de doutorado e de
recursos da reserva técnica.
Aos professores Osmar Sinelli, Wu Fu Tai, Ian Hutcheon, Sidnei Pires
Rostirolla, Bernhard Mayer, Giorgio Basilici, pelas sugestões técnicas e abertura
para discussões dos problemas apresentados durante a tese.
Ao Instituto Geológico – IG, em especial ao geólogo José Maria de Azevedo
Sobrinho, pelo fornecimento das descrições litológicas dos poços e apoio durante o
trabalho, e à equipe de sondadores que auxiliou na coleta de amostras.
Ao Laboratório de Hidrologia e Hidroquímica da UNESP, em especial ao
químico Emílio C. P. Hespanhol; e aos laboratórios de isótopos estáveis e
hidroquímica da Universidade de Calgary.
Ao DAEE – Departamento de Águas Energia Elétrica; SABESP – Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo; SAEE ITU Serviço Autônomo de
Água e Esgoto, e as prefeituras de Capivari, Tietê, Rafard, Cerquilho, Jumirim,
Indaituba e Hortolândia, pela infraestrutura e apoio.
Às empresas de perfuração de poços tubulares Edsondas, Sondamar, Leão
Poços e Geoplan pelo fornecimento de dados.
Às empresas Fortilit, Yanma, Usina Santa Helena, Sesc, Limongi e Cipatex,
que permitiram as coleta de amostras de água de seus poços.
Aos colegas Andresa Oliva, Marcelo Barison, Marco Pede, Dagmar Carrier
Neto, Flávio Luis Fernandez e a Rogério Paiva pelo cooperativismo e solidariedade.

d
SUMÁRIO

Índice............................................................................................................i

Índice de Figuras........................................................................................iii

Índice de Tabelas........................................................................................v

Índice de Fotografias...................................................................................v

RESUMO....................................................................................................vi

ABSTRACT................................................................................................vii

INTRODUÇÃO............................................................................................1

1 – GEOLOGIA...........................................................................................5

2 – HIDRÁULICA DOS POÇOS...............................................................36

3 – ANÁLISE PERMO-POROSA..............................................................42

4 – HIDROQUÍMICA.................................................................................69

5 – ANÁLISE DE FAVORABILIDADE......................................................92

6 – CONCLUSÃO..................................................................................100

BIBLIOGRAFIA......................................................................................102

ANEXOS................................................................................................110

e
Índice
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 13
Objetivos .............................................................................................................................. 15
Base de dados....................................................................................................................... 16

1 - GEOLOGIA........................................................................................................................ 17
Estratigrafia .......................................................................................................................... 17
Grupo Tubarão na Bacia do Paraná .................................................................................. 18
Grupo Tubarão no Estado de São Paulo ........................................................................... 20
Caracterização de fácies presentes no Subgrupo Itararé .................................................. 24
Caracterização geológica do aqüífero .................................................................................. 26
Embasamento cristalino e espessura dos sedimentos....................................................... 28
Estruturação tectônica ...................................................................................................... 31
Intrusivas básicas.............................................................................................................. 32
Caracterização do reservatório ......................................................................................... 34
Banco de dados com descrições detalhadas ................................................................. 34
Banco de dados com todas as descrições ..................................................................... 39

2 - HIDRÁULICA DOS POÇOS............................................................................................. 48


Análise dos dados ................................................................................................................. 49

3 – ANÁLISE PERMO-POROSA........................................................................................... 54
Metodologia ......................................................................................................................... 56
Densidade......................................................................................................................... 56
Porosidade ........................................................................................................................ 56
Permeabilidade................................................................................................................. 58
Definição dos dados ............................................................................................................. 60
Análise dos dados ................................................................................................................. 64
Análise petrográfica ............................................................................................................. 71
Processos diagenéticos ..................................................................................................... 72

4 - HIDROQUÍMICA.............................................................................................................. 81
Metodologia ......................................................................................................................... 82
Parâmetros termodinâmicos ............................................................................................. 82
Técnica de amostragem.................................................................................................... 84
Análise de laboratório ...................................................................................................... 85
Análise dos dados ................................................................................................................. 85
Avaliação da salinidade do aqüífero ................................................................................ 87
Tipos hidroquímicos......................................................................................................... 90
Análise termodinâmica..................................................................................................... 91
5 - ANÁLISE DE FAVORABILIDADE............................................................................... 104
Aplicação na área em estudo .............................................................................................. 106
Áreas favoráveis à exploração de água subterrânea ........................................................... 110

6 - CONCLUSÃO .................................................................................................................. 112

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................... 114
Índice de Figuras

Figura 1 Mapa do Grupo Tubarão no Estado de São Paulo com a localização das principais
cidades e vias de acesso. A área delimitada em cinza corresponde à área alvo deste
projeto............................................................................................................................... 15
Figura 2 Mapa do Grupo Tubarão na área de estudo (modificado de IPT, 1981). .................. 17
Figura 3 Estratigrafia do Grupo Itararé segundo França & Potter (1988). .............................. 19
Figura 4 Perfil litológico (DAEE, 1981b) na região sul da área em estudo............................. 21
Figura 5 Mapa Geológico do Subgrupo Itararé na área de estudo (modificado de DAEE-
UNESP 1981c). ................................................................................................................ 23
Figura 6 Distribuição de todos os poços catalogados com descrições litológicas presentes na
área de estudo. .................................................................................................................. 27
Figura 7 Mapa de poços catalogados que apresentam descrições geológicas detalhadas ou com
perfis geofísicos................................................................................................................ 28
Figura 8 Altitude do embasamento cristalino baseado nas informações de poços. ................. 29
Figura 9 Espessura de sedimentos baseado em dados de poços. ............................................. 29
Figura 10 Contorno da altitude do embasamento cristalino utilizando as descrições dos poços
com amostras de calha e sondagens elétricas verticais. ................................................... 30
Figura 11 Mapa Estrutural da área de estudo (segundo DAEE-UNESP – 1982). ................... 32
Figura 12 Espessura total de diabásio, utilizando toda a base de dados. ................................. 33
Figura 13 Histograma das espessuras das camadas de arenito................................................. 35
Figura 14 Diagrama de espessura total de arenito versus número de camadas por poço. ....... 35
Figura 15 Variograma experimental omnidirecional das variáveis espessura total (a) e
porcentagem de arenitos (b), utilizando o banco de dados com descrições detalhadas. .. 36
Figura 16 Distribuição da espessuras totais (a) e porcentagem (b) de arenitos, utilizando o
banco de dados com descrições detalhadas. ..................................................................... 38
Figura 17 Distribuição da relação entre camadas reservatório e não-reservatório em intervalos
de cotas de 50m. Cinza claro = predomínio da variável reservatório. Cinza escuro =
predomínio da variável não-reservatório.......................................................................... 39
Figura 18 Variograma omnidirecional da variável porcentagem de arenitos, utilizando todos
os dados. ........................................................................................................................... 40
Figura 19 Mapa de porcentagens de arenitos, utilizando todo banco de dados. ...................... 41
Figura 20 Mapas de porcentagem de arenitos em intervalos de altitude, utilizando todo o
banco de dados. ................................................................................................................ 44
Figura 21 Perfis E-W mostrando a porcentagem de ocorrência de arenitos. Os tons mais
escuros correspondem às mais baixas porcentagens. ....................................................... 46
Figura 22 Poços catalogados para a análise das condições de fluxo do aqüífero. ................... 50
Figura 23 Mapa potenciométrico da área em estudo................................................................ 51
Figura 24 Mapa normalizado de capacidade específica. .......................................................... 53
Figura 25 Poço C-IG98 perfurado no município de Capivari, apresentando variação litológica,
pontos com análise petrofísica (traço em preto) e pontos com lâminas delgadas (traço em
vermelho). A descrição litológica foi realizada pelos geólogos do Instituto Geológico.. 61
Figura 26 Poço IG-23 perfurado no município de Tietê, apresentando variação litológica,
pontos com análise petrofísica (traço em preto) e pontos com lâminas delgadas (traço em
vermelho). A descrição litológica foi realizada pelos geólogos do Instituto Geológico.. 62
Figura 27 Afloramento do Km94,5 da rodovia dos Bandeirantes, onde foi realizada coleta de
amostras para análise petrofísica (pontos em círculo) e petrográfica (pontos em
retângulo). Os números acima do afloramento correspondem as fácies identificadas por
Gama Jr. et al. (1992). ...................................................................................................... 63
Figura 28 Correlação entre permeabilidade versus porosidade para todos os dados. .............. 64
Figura 29 Diagrama box-plot dos valores de permeabilidade e porosidade para as litologias
não-reservatório................................................................................................................ 65
Figura 30 Diagrama box-plot dos valores de permeabilidade e porosidade dos arenitos. ....... 66
Figura 31 Correlação permeabilidade versus porosidade para as várias granulometrias de
arenitos. ............................................................................................................................ 67
Figura 32 Relação entre permeabilidade e grau de seleção. Valores do grau de seleção foram
determinados como: ruim=1; ruim- médio = 2; médio = 3; médio-bom = 4 e bom = 5. .. 68
Figura 33 Relação permeabilidade e porcentagem de cimentação em lâmina delgada. .......... 68
Figura 34 Variação da porosidade de arenitos em relação a profundidade da amostra. .......... 69
Figura 35 Poço de Capivari C-IG98 com os valores de permeabilidade e porosidade plotados.
.......................................................................................................................................... 70
Figura 36 Composição dos arenitos analisados de dois poços e um afloramento na área de
estudo. .............................................................................................................................. 72
Figura 37 Poços selecionados com análise físico-química. Os pontos em círculo
correspondem às amostras coletadas para este trabalho. Os pontos em cruz são referentes
às análises de Campos (1993). ......................................................................................... 84
Figura 38 Histograma da variável condutividade. ................................................................... 88
Figura 39 Variograma experimental omnidirecional para a variável condutividade. .............. 88
Figura 40 Mapa de condutividade elétrica (µS) para a área de estudo. ................................... 89
Figura 41 Diagrama de Piper para as amostras analisadas no presente trabalho. .................... 90
Figura 42 Distribuição dos tipos hidroquímicos na área de estudo. Os símbolos em cruz
referem-se às águas bicarbonatadas cálcicas e os círculos, as bicarbonatadas sódicas.... 91
Figura 43 Diagrama de estabilidade do Na+ /H+ versus H4 SiO 4 para todas as amostras. ......... 94
Figura 44 Índice de saturação em relação a calcita. ................................................................. 95
Figura 45 Índice de saturação em relação ao quartzo. ............................................................. 97
Figura 46 Correlação entre os isótopos D e 18 O..................................................................... 100
Figura 47 Correlação entre os íons cloretos e fluoretos. ........................................................ 101
Figura 48 Correlação entre cálcio e fluoreto. ......................................................................... 102
Figura 49 Variação do pH com o incremento de heulandita e calcita em solução, proveniente
de um poço de Monte Mor com pH 7,18. ...................................................................... 103
Figura 50 Mapa de capacidade específica onde estão delimitadas as áreas com valores
superiores a 0,52m3 /h.m, consideradas “mineralizadas” para a análise de favorabilidade.
........................................................................................................................................ 107
Figura 51 Mapas das variáveis selecionadas para a análise de favorabilidade. (a) porcentagem
de arenitos, (b) drenagem, (c) falhamentos, (d) condutividade elétrica. ........................ 107
Figura 52 Histogramas referentes às variáveis porcentagem de arenitos e condutividade (µS),
separados pelos valores inseridos e fora das áreas mineralizadas. Nota-se sutil diferença
entre os histogramas, demonstrando a dificuldade para a definição de cut off.............. 108
Figura 53 Mapa de favorabilidade bayesiana para a área de estudo. ..................................... 110
Índice de Tabelas

Tabela 1 Descrição das principais fácies das unidades do Subgrupo Itararé, em diferentes
regiões no Estado de São Paulo (modificado de Diogo et al., 1981). .............................. 22

Tabela 2 Espessura média e mediana total e por camadas dos principais grupos litológicos.. 34

Tabela 3 Estatística básica das variáveis envolvidas na análise físico-química. ..................... 86

Tabela 4 Matriz de correlação das principais variáveis. Os valores posicionados no topo de


cada bloco referem-se à correlação normalmente utilizada. O valor inferior corresponde à
correlação Spearman, que miniminiza o efeito de valores discrepantes. ......................... 87

Tabela 5 Pesos definidos para as variáveis utilizadas. ........................................................... 109

Índice de Fotografias

Foto 1 - (A) Mineral de Clorita (Cl) encontrada à profundidade de 270m, aumento de 50x; (B) Feição
de pressão de solução, com contatos suavizados e côncavo-convexo a retos, aumento de
50x; (C) Cimentação poikilotópica de calcita observada em uma concreção, notam-se
contatos pontuais e grãos flutuantes, aumento de 10x; (D) Fragmento de rocha vulcânica,
aumento de 50x; (E) No centro da lâmina são observados grãos cimentados por
argilominerais, que são externamente rodeados por opacos, aumento de 10x; (F) Forma
circular das concreções de calcita, aumento de 2,5x. 66

Foto 2 – (A) Amostras apresentando sobrecrescimento de quartzo (Qz), dissolução de albita (Ab) e
Illita filamentosa (il). (B) Cristais de TiO2.(C) Amostra retirada a 256m de profundidade,
apresenta pressão-solução com formação de sobrecrescimento de quartzo. (D) Caulinita
autigênica, na forma de “livro”, formada junto à parede do poro. 67

Foto 3 – (A) e (B) mostrando exemplos de argilas de infiltração mecânica. Nota-se que as argilas
cauliníticas envolvem todos os grão do arcabouço. 68

Anexos
Anexo 1 – Descrições litológicas
Anexo 2 – Vazão dos poços
Anexo 3 – Resultado da análise petrofísica
Anexo 4 – Descrição de lâminas
Anexo 5 – Análise química
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo o estudo hidrogeológico do Sistema


Aqüífero Tubarão na região central aflorante do Grupo Tubarão no Estado de São
Paulo, visando a caracterização das rochas reservatório e a qualidade de suas
águas. Para isso, montou-se um banco de dados com informações de poços,
descrições petrográficas e ensaios petrofísicos de amostras.
Os dados de poços indicaram maior predominância de arenitos na região
centro-oeste da área, entre os municípios de Tietê, Capivari e Elias Fausto. A menor
ocorrência de rochas reservatórios para água foi registrada na borda leste e na
região nordeste do estado.
As análises das características permo-porosas, extraídas de dois poços,
indicaram grandes variações das condições de fluxo, influenciadas pela
granulometria e seleção e, secundariamente, pela cimentação da rocha.
A análise hidroquímica apontou a presença de águas bicarbonatadas cálcicas
e sódicas na área, com discreta predominância de águas cálcicas junto à borda da
bacia, e sódicas em direção a seu interior.
O fluxo de água subterrânea ocorre da região de recarga, posicionada na
borda leste da bacia, convergindo para oeste em direção aos principais rios da
região.
Por fim, a análise de favorabilidade indicou a região de Tietê como a de
melhores características para a exploração de água subterrânea.
ABSTRACT

This hydrogeology study defines both the reservoir rock character and the
water quality of the Tubarão Aquifer System in São Paulo State, Brazil. This was
done with the assistance of an extensive well information database coupled with
petrographic, petrophysical, and hydrochemical analyses.
The well data indicates high sandstone predominance in the west-center
region of the study area, close to the cities of Tietê, Capivari and Elias Fausto. In the
east and northeast regions of the state there is very little aquifer data available.
Petrophysical and petrographic analysis from two wells indicated high
variations in flow conditions, a function of differing grain size and sorting and
secondary by the presence of pore filling cement.
The hydrochemical analysis revealed a mainly bicarbonated calcic and sodic
water composition in the study area. There was a discreet tendency towards calcic
waters along the boundary to a tendency towards sodic water in the interior of the
system.
The aquifer is recharged in the east boundary region of the system and
converges to west toward the main rivers in the study area.
Finally, the favorability analysis demonstrated that the Tietê region is among
the most favorable areas for additional groundwater exploration.
Estudo Hidrogeológico do Aqüífero Tubarão na
área de afloramento da porção central do
Estado de São Paulo

INTRODUÇÃO

O Grupo Tubarão é formado por sedimentos neopaleozóicos da Bacia do


Paraná, apresentando área aflorante de 22.000 km2 no Estado de São Paulo. Este
grupo é subdividido em dois pacotes: o inferior, depositado em condições
relacionadas com complexos glaciais, constituído por rochas do Subgrupo Itararé e
Formação Aquidauana; e o superior, de origem pós-glacial, representado pelos
sedimentos da Formação Tatuí.
A área em estudo está limitada a leste pelas rochas do embasamento
cristalino, a oeste pelos sedimentos do Grupo Passa Dois e, nos limites norte e sul,
pelos paralelos 22º45’ e 23º20’ de latitude sul, perfazendo área aproximada de
4.350 km2 (Figura 1).
A carência de informações de subsuperfície e as incertezas quanto à
distribuição das diferentes características hidroquímicas e hidráulicas, motivaram a
escolha deste sistema aqüífero para o desenvolvimento do presente trabalho.
O melhor conhecimento hidrogeológico do Grupo Tubarão é de suma
importância, uma vez que suas reservas de água subterrânea são amplamente
utilizadas, seja para o abastecimento público, seja para fins industriais e agrícolas.
Até 1981, existiam pelo menos 450 poços cadastrados no Grupo Tubarão e, nos
últimos anos, têm-se observado o aumento na demanda de água subterrânea e,
paralelamente, a escassez cada vez maior de recursos hídricos para o
abastecimento público em algumas cidades inseridas na área de pesquisa. A
extensão da área de afloramento do Subgrupo Itararé, aliada ao fato de estarem aí
instaladas importantes cidades como Campinas, Indaiatuba, Itu, Tietê e Capivari,
evidenciam a importância deste sistema aqüífero.
As recentes publicações e as informações coletadas dos novos poços
perfurados possibilitarão apresentar um quadro mais atualizado das principais
características do Sistema Aqüífero Tubarão na área de estudo.

Os trabalhos hidrogeológicos em escala regional no Estado de São Paulo


identificam, baseados em correlações hidro-estratigráficas, as águas subterrâneas
presentes em todas as formações do Grupo Tubarão como um sistema aqüífero
único, denominado Sistema Aqüífero Tubarão (Diogo et al., 1981; Daee, 1984; Oda
et al., 1990; Campos, 1993).

Entretanto, apesar de ser considerado um sistema aqüífero único, o Grupo


Tubarão é caracterizado por sua complexidade faciológica, que ainda não permitiu
uma estratigrafia de consenso entre os geocientistas, apesar do grande número de
informações disponíveis (Caetano-Chang, 1984). Conseqüentemente, o
conhecimento hidrogeológico acompanha a falta de uma configuração acurada de
suas características e, por conseguinte, de seu potencial de exploração (Diogo et al.
1981).
Mais recentemente, a análise de bacias sedimentares tem se utilizado do
estudo integrado, incorporando conhecimentos das áreas de geofísica e geoquímica
(Bethke, 1986; Chang et al., 1988; Ungerer et al., 1990; Sombra & Chang, 1997). Em
razão da complexidade geológica do Sistema Aqüífero Tubarão, vários trabalhos
foram desenvolvidos na região estudada, utilizando principalmente informações de
geofísica na interpretação de subsuperfície (Maniakas, 1986; Sepe, 1990; DAEE,
1981a,b).

Dentro desta visão integrada, o estudo hidrogeológico pode contribuir, não só


para a caracterização hidráulica e hidroquímica dos aqüíferos, mas também como
ferramenta auxiliar para a análise de bacia, uma vez que a composição química e o
fluxo das águas subterrâneas são controlados diretamente pelas características
permo-porosas da rocha e pela interação rocha-água. Sendo assim, os diferentes
tipos hidroquímicos e as diferentes propriedades de fluxo são reflexo das
diferenciações do arcabouço rochoso que, analisados espacialmente, podem indicar
zonalidades regionais.
Figura 1 Mapa do Grupo Tubarão no Estado de São Paulo com a localização das principais cidades
e vias de acesso. A área delimitada em cinza corresponde à área alvo deste projeto.

Objetivos

A linha de pesquisa adotada busca avaliar alguns fatores com influência direta
sobre as características hidrogeológicas, sendo dividida em 3 etapas de
investigação.
(1) A primeira etapa objetiva a caracterização tri-dimensional da rocha
reservatório em escala regional, com a indicação das áreas com maior probabilidade
de se encontrar arenitos. Concomitantemente a esta análise regional, a investigação
da variabilidade das propriedades permo-porosas e a evolução diagenética das
rochas arenosas estudadas.
(2) A segunda etapa consiste na análise das características hidrogeológicas
do aqüífero, definindo as principais direções de fluxo, mapa de vazão dos poços e a
evolução química da água subterrânea dos pontos de recarga até as áreas de
drenagem.
(3) Por fim, foi realizada a aplicação da análise de favorabilidade como
ferramenta de integração dos resultados gerados durante este trabalho, definindo
assim as áreas favoráveis à exploração de água subterrânea.

Base de dados

A primeira etapa de pesquisa foi destinada à formação de um banco de dados


a partir da coleta de informações de trabalhos anteriormente publicados e do
levantamento e cadastramento de 1.724 poços de vários órgãos estaduais (DAEE,
SABESP, IG) e de empresas particulares de perfuração.
As informações coletadas correspondem a: 1) descrição litológica dos poços;
2) propriedades hidráulicas (nível estático, nível dinâmico e vazão); 3) compilação
das análises físico-químicas.
Além da compilação de dados, foi realizada a coleta de amostras de águas
subterrâneas e de rochas, para o estudo hidroquímico e petrofísico.
Com a reunião de todas as informações compiladas e geradas, o banco de
dados final foi dividido em variáveis geológicas, hidrológicas e hidroquímicas.
• Os dados geológicos são compostos pelas descrições litológicas de calha
e testemunhos, perfilagens geofísicas, resultados da análise petrofísica e
petrográfica.
• As informações hidrológicas referem-se aos dados de poços como vazão,
nível estático e nível dinâmico.
• As informações hidroquímicas correspondem às análises físico-químicas e
isotópicas de água subterrânea.
Os programas computacionais Statistica for Windows 4.3, Surfer 7.0, Gslib,
Solmin88, PhreeqeC e PTA foram utilizados no desenvolvimento deste estudo; o
gerenciamento dos dados contou com o auxílio de rotinas de programação
realizadas nas linguagens Fortran77 e Visual Basic 5.0.
1 - GEOLOGIA

Estratigrafia

O Grupo Tubarão é composto de rochas de idade Permo-Carbonífera, da


Bacia do Paraná, limitado na base pelo embasamento cristalino ou por sedimentos
do Grupo Paraná e, no topo, por rochas do Grupo Passa Dois (Figura 2).
É subdividido em uma unidade inferior, portadora de diamictitos e rochas
associadas, em grande parte, de origem glacial, representada pelo Subgrupo Itararé
e pela Formação Aquidauana (porção norte da bacia), e outra sobrejacente,
desprovida de evidências glaciais (seqüência pós-glacial), representada pelas
rochas da Formação Tatuí no Estado de São Paulo (Rocha-Campos, 1967; Landim
& Fulfaro, 1972; Soares, 1972; Landim, 1973).

2 3 º 0 0 ’S
4 8 º 0 0 ’W

Cenozóico
Rochas Intrusivas 23º30’S
Fm. Irati 4 7 º 0 0 ’W
Fm. TaTuí
Subgrupo Itararé

Figura 2 Mapa do Grupo Tubarão na área de estudo (modificado de IPT, 1981).


Grupo Tubarão na Bacia do Paraná

Na Bacia do Paraná, a estratigrafia do Grupo Tubarão foi definida, nas últimas


décadas, pelos trabalhos de Northfleet et al. (1969), Schneider et al. (1974), Gama
Jr. et al. (1982) e França & Potter (1988).
França & Potter (1988), com base em testemunhos de sondagens e perfis
elétricos de poços, utilizam a denominação de Supergrupo Tubarão, dividido em
Grupo Itararé, na base, e Grupo Guatá, no topo.
O Grupo Itararé é formado por três unidades: Formação Lagoa Azul/Membros
Cuiabá Paulista e Tabaraí (unidade inferior); Formação Campo Mourão (unidade
intermediária); e Formação Taciba/Membros Rio Segredo e Chapéu do Sol (unidade
superior).
As três formações correspondem a três ciclos deposicionais, que seriam
respostas a mudanças climáticas e do nível do mar. Cada ciclo é constituído
predominantemente por arenitos na base, sobreposta por uma porção rica em
diamictitos (Figura 3).
A Formação Lagoa Azul apresenta, na porção basal, o predomínio de arenitos
intercalados com camadas de siltitos e folhelhos, agrupados no Membro Cuiabá
Paulista. No topo, ocorrem os sedimentos associados ao Membro Tarabaí,
compostos por siltitos, intercalados com lamitos seixosos e alguns corpos de arenito.
A Formação Campo Mourão apresenta na base o predomínio de arenitos,
contendo seqüências de fining upward e, no topo, a freqüente presença de lamitos
seixosos.
A Formação Taciba, unidade superior do Grupo Tubarão, é dividida nos
Membros Rio Segredo, na porção inferior, e Chapéu do Sol, porção superior. As
rochas pertencentes a esta formação ocorrem em poços relativamente rasos, nas
áreas de afloramentos nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
O Membro Rio Segredo é constituído predominantemente por arenitos cinza,
maciços, granulometria grossa a média, localmente intercalados com siltitos
bioturbados; subordinadamente ocorrem arenitos finos a muito finos, com laminação
cruzada, cavalgante e microfalhas.
O Membro Chapéu do Sol é composto essencialmente por lamitos seixosos e
raros corpos arenosos. O lamito seixoso grada a folhelho cinza escuro, várvico,
contendo nódulos de pirita e alguns grânulos de seixos de granito.
O Grupo Guatá, topo do Supergrupo Tubarão, corresponde aos arenitos
deltaicos da Formação Rio Bonito e siltitos das formações Palermo e Tatuí.
Segundo França & Potter (1988), a faixa de afloramentos do Grupo Itararé no
Estado de São Paulo representa um grande avanço de geleiras durante a
sedimentação do ciclo superior, quando foram depositados tilitos e fluxo de detritos
glaciogênicos em mar raso, associados a arenitos deltaicos (Fulfaro et al. 1984),
turbiditos e possíveis tempestitos.
Este ambiente deposicional variado é provavelmente o principal responsável
pela estratigrafia complexa e pela discrepância no número de tilitos e avanços
glacias reportados para o Grupo Itararé no Estado de São Paulo (França & Potter,
1988).

Grupo Guatá 2-Rl-1-PR


2778m
Mb. Chapéu do Sol : Lamitos seixosos
maciços, intercalados com arenitos
Fm. Taciba

Ciclo Superior

2921m
Mb. Rio Segredo : Arenitos grossos
localmente carbonosos e bioturbados
Grupo Taubaté

3043m

Fm. Campo Mourão :


Fm. Campo Mourão

Depósitos de
siltito, folhelho e lamito seixoso, com
arenitos intercalados
Ciclo Médio

3260m

Arenito grosso a médio e conglomerático

3395m

Mb. Tarabaí : Lamitos seixosos intercala-


dos com arenitos limpos de argilosidade
Fm. Lagoa Azul

Ciclo Inferior

3601m

Mb. Cuiabá Paulista : Arenitos finos

3720m

Grupo Paraná

Figura 3 Estratigrafia do Grupo Itararé segundo França & Potter (1988).


Grupo Tubarão no Estado de São Paulo

No Estado de São Paulo, a unidade estratigráfica Itararé permanece indivisa


na maioria dos trabalhos, recebendo com isso a denominação de Subgrupo Itararé.
Assim, a unidade Tubarão passa a ser definida como Grupo Tubarão, subdividido
em Subgrupo Itararé, Formação Aquidauana e Formação Tatuí.
O Subgrupo Itararé é a unidade mais espessa do Grupo Tubarão no Estado
de São Paulo, aflorando numa faixa que se estende desde o Vale do Rio Itararé, até
as proximidades do rio Mogi-Guaçu, onde passa lateralmente à Formação
Aquidauana. Esse limite parece fazer-se por interdigitação, como observado entre as
localidades de Leme e Mogi-Guaçu (Soares & Landim, 1973).
Desde os primeiros trabalhos envolvendo a subdivisão do Subgrupo Itararé,
todos se depararam com vários problemas, em particular a falta de continuidade
lateral dos pacotes rochosos e de camadas guias nesta unidade. Esta situação está
condicionada, em parte, à variabilidade dos ambientes de sedimentação que
presidiram a deposição desse conjunto de rochas (Caetano-Chang, 1984).
A subdivisão do Subgrupo Itararé no Estado de São Paulo, em unidades com
características próprias que permitam seu reconhecimento no campo ou em
subsuperfície, constitui ainda hoje matéria de amplo debate, sendo inúmeras as
proposições apresentadas e seguidamente rejeitadas (Caetano -Chang, 1984).
De qualquer maneira, tentativas de associações litológicas, de âmbito
regional ou local, foram sugeridas conforme inúmeros trabalhos (Almeida & Barbosa,
1953; Barbosa & Gomes, 1958; Loczy, 1964; Soares, 1972, Fulfaro et al., 1984, e
outros).
Dentre todas as definições estratigráficas propostas, a estratigrafia definida
pelo projeto DAEE-UNESP (1979) revela-se de grande utilidade, para o presente
trabalho, ao subdividir o Subgrupo Itararé segundo associações litofaciológicas. Para
isso, os autores utilizaram as descrições litológicas dos poços, de afloramentos e de
sondagens elétricas verticais (SEV). Esta subdivisão foi posteriormente adotada por
Landim & Soares (1979), Fiori & Cottas (1980), Gama Jr et al. (1980), Wu et al.
(1980) e Cottas et al. (1981), e em estudos hidrológicos por Diogo et al. (1981) e
DAEE (1981a,b).
Segundo DAEE-UNESP (1979), o Subgrupo Itararé é subdividido nas
unidades Inferior, Médio e Superior (Figura 4). De forma geral, as unidades, Inferior
e Superior, são mais arenosas, enquanto a unidade Média apresenta predomínio de
sedimentos finos (Tabela 1).
A espessura das unidades varia regionalmente, encontrando-se, na região
central, média de 200 metros para as unidades Inferior e Superior e de 200 a 500m
para a unidade Média. Para norte, as espessuras diminuem como conseqüência do
interdigitação da Formação Aquidauana com as unidades Média e Superior, que
atingem um total de 70 metros. Para sul, as unidades Superior e Média alcançam
cerca de 300 metros, enquanto a unidade Inferior não ultrapassa 160 metros (Figura
5).
CE SÁRI O LANGE

PI RAPITI NGUI
RIO TATUÍ

BOITUVA

298/21 298/18 318/10 318/9 318/3 318/5 319/15 319/16 319/8 319/46 319/44 320/101 320/98 320/117 321/40
(m)

1000

Irati

Tatuí Diabásio 500

ITARARÉ SUPERIOR
ITARARÉ MÉDIO
ITARARÉ INFERIOR

Embasamento Cristalino 0

Figura 4 Perfil litológico (DAEE, 1981b) na região sul da área em estudo.


Tabela 1 Descrição das principais fácies das unidades do Subgrupo Itararé, em diferentes regiões no
Estado de São Paulo (modificado de Diogo et al., 1981).

- Inferior – lamitos e lamitos arenosos com sucessões


Sul
cíclicas de arenitos médios.
Rio - Médio – siltitos associados a arenitos muito finos e lamitos
Paranapanema arenosos.
- Superior – siltitos e arenitos muito finos e arenitos de
granulação média a fina.
- Inferior – predominantemente arenosa, apresentando
Centro
arenitos conglomeráticos e ritmitos.
Rio Tietê - Médio – diamictito de matriz lamítica e arenitos finos e
pelíticos.
- Superior – arenitos grossos e diamictitos de matriz
arenosa
- Inferior – não é encontrada esta unidade.
Norte
- Médio – lamitos e lamitos arenosos, siltitos e arenitos finos
Rio Pardo - Superior – apresenta duas associações:
a) lamitos conglomeráticos a arenitos conglomerados
b) arenitos finos a médios com intercalações de
ritmitos.

A Formação Aquidauana, encontrada apenas na poção norte da área,


apresenta duas associações litológicas, uma constituída por arenitos muito finos a
grossos e outra areno-lamítica. Em conjunto atingem espessuras máximas de 70
metros na parte norte da Bacia do Rio do Pardo, diminuindo gradativamente para
Sul, na região de Limeira e Americana (Soares, 1972).
Aluvião

Coberturas Cenozóicas

Rochas Intrusivas

Fm. Tatuí superior

Fm. Tatuí inferior

Subgrupo Itararé

Unidade Superior

Unidade Média

Unidade Inferior

Figura 5 Mapa Geológico do Subgrupo Itararé na área de estudo (modificado de DAEE-UNESP


1981c).

Parte da heterogeneidade presente no Grupo Tubarão, no Estado de São


Paulo, é conseqüência da sedimentação deltaica da Formação Tietê, que se
desenvolveu de forma compartimentada. Segundo Fulfaro et al. (1984), os
paleoaltos, constituídos de sedimentos sobre elevados do Subgrupo Itararé e da
Formação Aquidauana, condicionaram a drenagem e a distribuição tridimensional
destes depósitos deltaicos, junto às margens oriental e setentrional da bacia, onde
os sedimentos da Formação Tietê se depositaram, em relação discordante, com as
unidades mais antigas.
A Formação Tietê, definida por Barbosa e Almeida (1949), é constituída por
espessos corpos de arenitos, originados de fluxos gravitacionais turbidíticos em
frentes deltaicas, estratigraficamente correlacionáveis à Formação Rio Bonito nos
estados sulinos.
A Formação Tatuí, denominação utilizada no Estado de São Paulo para os
sedimentos correlacionáveis à Formação Palermo (Grupo Guatá), apresenta
espessuras que não ultrapassam 100m, sendo subdividida em duas unidades. A
porção inferior é constituída por siltitos e arenitos muito finos de cor marrom
avermelhada, e a porção superior apresenta siltitos de cores claras, amareladas e
esverdeadas, intercalando corpos acanalados de arenitos maturos. Estes
sedimentos foram depositados em ambiente marinho de plataforma rasa, barras
litorâneas, lagunas e ambientes de planície de maré (Soares, 1972; Soares e
Landim, 1973).
Associado ao ciclo vulcânico da Formação Serra Geral, numerosos Sills e
diques foram introduzidos no pacote sedimentar. Na área em estudo, os corpos mais
expressivos são os de Campinas-Paulínia, Mogi-Guaçu, Americana e Piracicaba.

Caracterização de fácies presentes no Subgrupo Itararé

Dentre os vários trabalhos enfatizando a caracterização de fácies do


Subgrupo Itararé Eyles et al. (1993), buscaram sintetizar as principais faciologias,
com base no estudo de 1700m de testemunho. Segundo estes autores, os
sedimentos podem ser divididos em 4 grupos principais: diamictitos; conglomerados;
arenitos e depósitos de sedimentos finos.
1 – Os diamictitos são pobremente selecionados, constituindo uma mistura de
clastos, areia e lama, ocorrendo como fácies maciça ou variavelmente estratificada.
Os diamictitos maciços não apresentam estruturação ou organização interna, sendo
comuns no Membro Chapéu do Sol, Formação Taciba. Os diamictitos estratificados
consistem em intercalações de diamictitos silticos e argilosos.
2 – Os conglomerados ocorrem associados com diamictitos estratificados e
maciços ou arenitos gradacionais.
3 – Os arenitos apresentam variação granulométrica de fina a grossa. As
fácies mais freqüentes são: maciça, gradacional e arenito deformado;
subordinadamente ocorrem arenitos contendo laminações cruzadas, laminações
horizontais e fácies bioturbadas. Uma descrição sintética das fácies de arenitos é
apresentada a seguir.
• Arenitos maciços: apresentam granulometria que varia de muito fina a
grossa.
• Arenitos gradacionais: consistem em camadas individuais gradacionais que
mostram progressiva granodecrescência ascendente.
• Arenitos deformados: são caracterizados pela aparência caótica, com
estruturas distorcidas e dobradas. Um segundo tipo de arenito deformado, apresenta
estrutura de dish e escape de fluido.
• Arenitos com laminação cruzada: ocorrem como camadas discretas
(menores que 1m), associadas a depósitos de granulometria de fina a média.
• Arenitos laminados horizontalmente: são encontrados tipicamente em
associação com os arenitos maciços e arenitos com laminações cruzadas.
• Arenitos bioturbados: são observados em poucas camadas nos
testemunhos, sendo que muito da estrutura original foi destruída por soterramento.
4 – Os sedimentos de granulação fina são compostos por frações silte e
argila, os quais podem ser maciços ou laminados. A fácies laminada resulta da
intercalação de camadas de argilito e arenitos com laminações cruzadas.
Segundo Eyles et al. (1993), o processo predominante foi a ressedimentação,
através de correntes de turbidez, sendo que o componente glacial de sedimentação
estaria provavelmente restrito ao abundante suporte de sedimento vindo de águas
de degelo e icebergs.
Caetano-Chang (1984) descreve fácies glácio-continentais – glacial sensu
stricto e proglacial – no terço basal do Subgrupo Itararé na região sul do Estado de
São Paulo, depósitos de ingressão marinha na porção mediana (Siltitos Itaporanga)
e deposição deltaica, sob influência glacial, no topo da unidade.
É ainda necessário mencionar as descrições faciológicas detalhadas
realizadas pelos geólogos do Instituto Geológico, com base em testemunhos dos
principais poços que estão em estudo neste trabalho. Descrições de alguns poços e
correlações estratigráficas locais estão presentes nos trabalhos de Mezzalira (1969),
Petri (1985), Pires & Petri (1991), Petri (1992), Petri & Pires (1992), Petri et al.
(1996a,b).
Caracterização geológica do aqüífero

Os poços selecionados para a análise da rocha reservatório totalizam 1.051,


contendo descrições de calha, de testemunhos e alguns com perfilagem geofísica,
raios gama, resistividade e sônico (Anexo 1).
A distribuição dos poços selecionados para a descrição geológica apresenta
grande irregularidade, com maior concentração a NE, na região de Campinas,
Hortolândia e Sumaré. Em direção ao centro da bacia, ocorrem áreas com ausência
de dados, sendo exceções às áreas próximas aos municípios de Capivari e Tietê. O
alinhamento de poços, entre os municípios de Itu – Indaiatuba e Itu – Porto Feliz, é
observado junto às principais rodovias, ao longo das quais estão instaladas várias
empresas (Figura 6).
Da base total de dados, foram separados os poços que apresentavam
descrições de testemunhos ou acompanhados de perfis geofísicos. Este segundo
arquivo contém 89 poços, ou seja, 8,5% em relação ao total de dados. A distribuição
destes poços apresenta-se também irregular, sendo muitos deles concentrados nas
cidades de Tietê, Capivari, Elias Fausto e Hortolândia. Grandes áreas com ausência
de informações são observadas tanto na porção norte quanto na porção sul da área
de pesquisa (Figura 7).
Esta redução da base de dados decorre da incerteza contida nas descrições
baseadas em amostras de calha, em particular quanto à posição dos limites das
camadas dos tipos litológicos encontrados, o que não ocorre no caso das descrições
de testemunhos ou de poços com disponibilidade de perfis geofísicos.
Outra razão para a divisão da base de dados é conseqüência da
heterogeneidade das descrições, principalmente quando envolvem fácies como
lamitos e diamictitos. Além disso, diferença marcante ocorre quando se comparam
as descrições de amostras de calha com as de testemunhos, estas últimas contendo
maior grau de detalhe, com definição de camadas inferiores a 1m.
Por estes motivos, as análises referentes à geologia da área foram
diferenciadas quanto ao uso dos dados. As análises do topo do embasamento
cristalino e distribuição dos corpos de diabásio utilizaram o banco de dados total,
uma vez que a identificação destas fácies não apresenta complicadores.
A caracterização do reservatório utilizou a base de dados de poços
selecionados, sendo os dados em sua totalidade utilizados somente para o
fornecimento de informações indicativas.
Tendo em vista o escopo desta pesquisa, voltado para a análise
hidrogeológica, e as possíveis incompatibilidades que possam conter as descrições,
o trabalho desenvolvido em escala regional se aterá principalmente à caracterização
dos pacotes de arenitos quanto às suas distribuição e predominância.

Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê

Porto Feliz Itu


7430.00

Cidade
Boituva
Poço
7410.00

0 10 20 30 40 km

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00

Figura 6 Distribuição de todos os poços catalogados com descrições litológicas presentes na área de
estudo.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê

Porto Feliz Itu


7430.00

Cidade

Poço
Boituva

7410.00

0 10 20 30 40km

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

Figura 7 Mapa de poços catalogados que apresentam descrições geológicas detalhadas ou com
perfis geofísicos.

Embasamento cristalino e espessura dos sedimentos

A análise do topo estrutural do embasamento cristalino e da espessura dos


sedimentos utilizou todo o banco de dados, dos quais 420 poços atingiram rochas
ígneas e metamórficas.
Utilizando apenas as descrições dos poços, a área possível de ser mapeada
é restrita a borda da bacia, onde o topo do embasamento encontra-se a menos de
300m em relação à superfície, que é a profundidade máxima da maioria dos poços.
Pode-se constatar que, para um distanciamento aproximado de 10km em
relação à borda leste, os sedimentos apresentam espessura máxima de 140m. Com
relação à região NE, melhor definida pela alta densidade de pontos, observa-se que,
para um distanciamento de 20km a espessura máxima de sedimentos foi de 380m
(Figuras 8 e 9).
Tanto o mapa de altitude do topo do embasamento cristalino, como o de
espessura de sedimentos indicam provável zona de falhamentos no extremo NE da
área. Isto é verificado através da variação aproximada de 125m da cota do topo
cristalino, em intervalo de algumas centenas de metros, separando a oeste os
municípios de Hortolândia e Sumaré e a leste a cidade de Campinas.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto 650(m)


7450.00
Indaiatuba
600
Tietê
550

500

450
7430.00 Porto Feliz Itu
400

350

300

Boituva 250

200
7410.00
150

0 10 20 30 km 100

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00


Figura 8 Altitude do embasamento cristalino baseado nas informações de poços.

Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê 360 (m)
330
300

270
Porto Feliz Itu 240
7430.00
210
180
150

Boituva 120
90
7410.00 60
30
0 10 20 30 km 0

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

Figura 9 Espessura de sedimentos baseado em dados de poços.

Para a investigação da porção oeste, em direção ao interior da bacia, foram


utilizadas 12 sondagens elétricas verticais (SEVs), realizadas pelo DAEE (1981a,b).
Com a inclusão das SEVs, o mapa elaborado abrange toda a área de
pesquisa e aponta aumento da profundidade na direção noroeste, região que
apresenta duas sondagens mais distantes da borda, indicando topo do
embasamento cristalino a grandes profundidades (Figura 10).
Outra característica da configuração do topo estrutural do embasamento, é a
quebra do gradiente de inclinação na região central, entre os municípios de Capivari
e Elias Fausto. O patamar entre as cidades de Elias Fausto, Monte Mor e Indaiatuba
apresenta inclinação aproximada de 0,005, enquanto o declive do embasamento
entre os municípios de Elias Fausto, Capivari e Mombuca é de 0,011.
Esta variação do gradiente de inclinação do topo cristalino, verificada também
na correlação de perfis presente no trabalho de Eyles et al. (1993), é conseqüência
de falhametos normais, paralelos à borda da bacia.

Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
650 (m)
Tietê
600
550
500
450
7430.00 Porto Feliz Itu 400
350
300
250

Boituva 200
150
7410.00 100
50
0 10 20 30km 0

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00

Figura 10 Contorno da altitude do embasamento cristalino utilizando as descrições dos poços com
amostras de calha e sondagens elétricas verticais.
Estruturação tectônica

A análise da distribuição dos falhamentos foi realizada com base no mapa


geológico do Estado de São Paulo, convênio DAEE-UNESP (1982), em escala
1:250.000 (Figura 11).
Neste mapa, as falhas apresentam-se concentradas na região central, sendo
que as porções sudoeste (oeste da cidade de Boituva) e nordeste (região de
Campinas) mostram grandes áreas com ausência de falhas.
A significativa ausência de dados, principalmente na porção nordeste, se
deve, possivelmente, às coberturas inconsolidadas e à intensa ocupação do solo
que dificultam a identificação de falhamentos em escala regional, encobrindo níveis
guias. Apesar de alguns trabalhos de detalhe apontarem outros falhamentos,
principalmente na região NE (Souza Filho, 1986), decidiu-se utilizar apenas o mapa
do DAEE-UNESP (1982) por abranger toda a região de pesquisa e, também, para
evitar que certas áreas apresentem diferente densidade de informações devido ao
maior detalhamento verificado em certas áreas.
Pode-se observar pelo mapa, maior concentração de falhas dispostas de
norte a sul na porção central, passando por Capivari, Elias Fausto e Porto Feliz, cuja
disposição é coincide aproximadamente com a quebra na inclinação observada no
topo do embasamento cristalino (Figura 10). Esta zona de falhamentos pode estar
associada às falhas normais delimitadas por Eyles et al. (1993).
Outra zona de falhamento, de direção E-W, pode ser definida, passando pela
cidade de Tietê, em direção a Indaiatuba.
Ao se comparar novamente o mapa estrutural apresentado, com o do topo do
embasamento cristalino, verifica-se que a inclinação deste último em direção a
noroeste, é provavelmente conseqüência destas duas direções de falhamentos.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê

Porto Feliz Itu


7430.00
Falha
Cidade
Boituva

7410.00

0 10 20 30 km

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

Figura 11 Mapa Estrutural da área de estudo (segundo DAEE-UNESP – 1982).

Intrusivas básicas

Na área de estudo, as intrusões básicas, na forma de sills ou diques de


diabásio são freqüentemente aflorantes, principalmente na região nordeste, onde
ocorrem como litologia predominante em vários poços (Figura 12).
Para a análise em subsuperfície, foi utilizado o arquivo total de dados, em que
317 poços apresentaram esta litologia descrita.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto 180(m)


7450.00
Indaiatuba
Tietê
160

140

120

7430.00 Porto Feliz Itu


100

80

60
Boituva
40
7410.00
20
0 10 20 30 km
5

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00


Figura 12 Espessura total de diabásio, utilizando toda a base de dados.

No tocante à distribuição da espessura total de diabásio, o flanco NE, região


de Campinas, se apresenta como a área de maior expressividade, apresentando
espessuras superiores a 150m. Esta ocorrência é relacionada aos corpos que
afloram em superfície, nas regiões de Campinas-Paulínia e Americana.
Secundariamente, ocorrem corpos significativos na porção norte, entre as cidades
de Mombuca e Capivari e no sudoeste da área, próximo a Boituva.
A porção sudeste apresenta ausência deste tipo de litologia e a área à oeste
apresenta, em sua grande maioria, espessuras inferiores a 40m.
Corpos de diabásio, pequenos e pouco espessos, ocorrem de forma isolada,
principalmente próximos aos municípios de Porto Feliz e Elias Fausto e que, devido
ao método de interpolação utilizado, não estão representados no mapa.
Caracterização do reservatório

Banco de dados com descrições detalhadas

A primeira etapa na caracterização do reservatório foi o agrupamento das


diversas descrições encontradas em 10 tipos litológicos: arenitos, argilitos,
diamictitos, lamitos, brechas, conglomerados, siltitos, ritmitos, folhelhos e calcários.
Destes, os tipos brechas, folhelhos, calcários e conglomerados são os menos
expressivos, apresentando limitado número de ocorrências, em geral pouco
espessas.
As litologias mais significativas estão presentes na tabela 2. Observa-se o
predomínio dos arenitos, que apresentam as maiores espessuras e são encontrados
em todos os poços. Os siltitos são a segunda litologia em importância, podendo-se
encontrar espessos pacotes em grande número de poços.

Tabela 2 Espessura média e mediana total e por camadas dos principais grupos litológicos.
Camadas individuais Espessura total
Litologia poços máximo nº por espessura espessura Média mediana
poço média mediana
Lamito 27 8 11,36 4,00 24,00 12,00
Diamictito 49 11 9,44 4,00 31,00 22,00
Argilito 41 9 8,50 5,00 21,00 14,00
Siltito 67 22 12,33 6,00 67,00 54,00
Ritmito 41 13 9,63 4,00 32,00 30,00
Arenito 91 48 13,12 6,25 126,00 112,00

A princípio, foram consideradas unidades-reservatório todos os corpos de


arenitos, sendo que as demais litologias, incluindo as intrusões básicas, não foram
consideradas como reservatórios. A caracterização do reservatório, aqui
implementada, tem por finalidade a definição da geometria e da área de ocorrência
das unidades aqüíferas, não se atendo às litologias não-reservatório.
As espessuras das camadas de arenito apresentam evidente distribuição
lognormal, com média de 13,12m e mediana de 6,25m, sendo que 75% (quartil
superior) apresentam valores abaixo de 15,5m (Figura 13).
600

500

400
nº de observações

300

200

100

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
espessura de arenitos (m)

Figura 13 Histograma das espessuras das camadas de arenito.

Com relação à espessura total, os poços apresentam valores acima de 10m


de arenitos, com mínimo encontrado de 8m. A espessura total média é de 126m e
mediana de 112m. O gráfico relacionando o número de camadas com a espessura
total mostra 4 poços com número superior a 30 camadas descritas. De maneira geral
observa-se que, independente do número de camadas, há um patamar de
aproximadamente 110m em que está posicionada a maioria dos poços com as
maiores espessuras totais (Figura 14).

1000
esp. tot. de arenitos

100

10

1
0 8 16 24 32 40 48 56

nº de camadas

Figura 14 Diagrama de espessura total de arenito versus número de camadas por poço.
Entretanto, os valores de espessura total podem ser influenciados pela
profundidade dos poços, ou seja, aqueles mais profundos podem apresentar
maiores espessuras de arenitos. Para avaliar a presença de arenito, descartando o
efeito da profundidade do poço, foi criada a variável porcentagem de arenitos em
relação às outras litologias descritas.
Com isso, as duas variáveis, espessura total e porcentagem de arenitos,
foram analisadas conjuntamente através da distribuição espacial, utilizando a
geoestatística.
Os variogramas experimentais foram construídos para espessura total e
porcentagem de arenitos, sendo que estas variáveis apresentaram baixa
continuidade, uma vez que com o espaçamento superior a 10km não há
continuidade espacial.
O componente pepítico, presente nos dois variogramas, indica o
comportamento errático da variável, podendo ser ocasionado por variações locais e
diferentes escalas dos corpos, pois para pequenos espaçamentos ocorre grande
variabilidade (Figura 15).

178
1522
424 1124 808
6400
720 984 1200
5600 382 1052
192 630
250 210
4800 354 320
234 540
248
4000
450
3200 122 360 820

2400 270

1600 180

800 90

0 0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 0 6 12 18 24 30 36 42 48 54

(a) (b)
Figura 15 Variograma experimental omnidirecional das variáveis espessura total (a) e porcentagem
de arenitos (b), utilizando o banco de dados com descrições detalhadas.
Os variogramas foram modelados e os mapas gerados através de krigagem.
As áreas em branco não foram interpoladas por ausência de dados (Figura 16).
A distribuição da espessura total e porcentagem de arenitos, mostra a
concentração dos poços de maior incidência de unidades arenosas na porção
central e noroeste. A região do município de Capivari apresenta maiores valores de
espessura total como também porcentagem de arenitos.
As áreas menos favoráveis estão posicionadas no extremo norte, na região
que engloba os municípios de Hortolândia e Sumaré, e no extremo sudoeste da área
de estudo.
Outra característica ao se observar principalmente o mapa de espessura total
de arenitos, é a presença das maiores espessuras condicionadas a direção sudeste-
noroeste, em provável calha limitada a norte e a sul por fácies não reservatório.
O mapa de porcentagem de arenito também indica, de forma menos clara, o
condicionamento sudeste-noroeste, com os maiores valores divididos entre os
municípios de Capivari e Tietê e porcentagens de até 60% na borda da bacia.
Para a avaliação da disposição das unidades reservatórios em três
dimensões, buscou-se realizar mapas de porcentagem de arenitos em vários
intervalos definidos, utilizando as altitudes em relação ao nível do mar, com
espaçamento de 50m, altitude mínima de 200m e máxima de 650m. Com isso, foram
gerados 9 mapas que mostram a predominância dessa variável em cada intervalo
(Figura 17).
Os resultados apresentados nestes mapas mostram o predomínio de arenitos
ou fácies-reservatório em cotas inferiores a 350m, principalmente na região central e
noroeste. Acima da cota de 350m, há a coexistência das duas fácies, reservatório e
não-reservatório, sem definição clara das predominantes em cada intervalo.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
250 (m)

230

210

Porto Feliz Itu 190


7430.00
170

150

130
Boituva 110

90
7410.00
70

0 10 20 30 km 50

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

(a)

Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
85 %

78

71

7430.00 Porto Feliz Itu 64

57

50

43
Boituva
36

29
7410.00
22

0 10 20 30 km 15

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

(b)
Figura 16 Distribuição da espessuras totais (a) e porcentagem (b) de arenitos, utilizando o banco de
dados com descrições detalhadas.
7470.00
200-250 250-300 300-350
7470.00 7470.00

7450.00 7450.00
7450.00

7430.00 7430.00
7430.00

7410.00 7410.00
7410.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00 200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00

350-400 400-450 450-500


7470.00 7470.00
7470.00

7450.00
7450.00
7450.00

7430.00
7430.00 7430.00

7410.00

7410.00 7410.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00 200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00

500-550 550-600 600-650


7470.00
7470.00 7470.00

7450.00 7450.00
7450.00

7430.00 7430.00
7430.00

7410.00 7410.00
7410.00

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00 200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00

Figura 17 Distribuição da relação entre camadas reservatório e não-reservatório em intervalos de


cotas de 50m. Cinza claro = predomínio da variável reservatório. Cinza escuro = predomínio da
variável não-reservatório.

Banco de dados com todas as descrições

A análise utilizando todo o banco de dados, descrições detalhadas e de


amostras de calha, foi realizada apenas em relação à porcentagem de ocorrência
das unidades-reservatório (arenitos). O mapa de espessura total foi descartado
pelas imprecisões quanto aos limites de camadas nesta base de dados.
O variograma de porcentagem de arenitos mostrou baixa continuidade, com
alcance inferior a 3km e efeito pepítico na origem. O comportamento de deriva foi
observado para um maior distanciamento do variograma (Figura 18). O variograma
foi modelado e gerado o mapa krigado de porcentagem de arenitos, utilizando todos
os dados (Figura 19).
720

640

560

480

400

320

240

160

80

0
0 0.8 1.6 2.4 3.2 4.0 4.8 5.6 6.4 7.2

Figura 18 Variograma omnidirecional da variável porcentagem de arenitos, utilizando todos os dados.

Este mapa apresenta grande semelhança com os mapas de espessura total e


porcentagem, que se utilizou de poços selecionados (Figura 16), mostrando área
com alta porcentagem de arenitos na região centro-noroeste, que engloba cidades
como Capivari, Tietê, Mombuca e Elias Fausto. A região de Capivari apresenta a
maior área com valores acima de 55%.
Como nos mapas anteriores, as baixas porcentagens são observadas no
extremo NE e SW. Entretanto, este mapa difere dos anteriores por mostrar baixa
participação de arenitos em toda a borda leste, que apresentava ausência de dados
nos mapas anteriores.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê 70 %
65
60
55
50
7430.00 Porto Feliz Itu 45
40
35
30
25

Boituva 20
15
10
7410.00
5
0
0 10 20 30 km

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00


Figura 19 Mapa de porcentagens de arenitos, utilizando todo banco de dados.

A análise em três dimensões foi realizada com a confecção de 28 mapas de


porcentagem de arenitos em intervalos de 22,5m, iniciando na altitude 95m em
relação ao nível do mar até a altitude de 702,5m. Estes mapas foram agrupados em
arquivo único com 68.600 blocos, cada um com as dimensões de 1.750 x 1.440 x
22,5m.
Com a construção do bloco em 3D, foi possível efetuar a análise da forma e
distribuição dos pacotes arenosos. Para isso, foram gerados mapas em diferentes
altitudes e perfis leste-oeste, alguns deles representados nas figuras 20 e 21.
Confirmando o que já foi apresentado anteriormente, a área com alta
porcentagem de arenitos está posicionada na região central, englobando os
municípios de Capivari e Tietê. As regiões com menores ocorrências estão
posicionadas no extremo nordeste e no sudoeste.
O maior número de blocos com predomínio de arenitos está posicionado nos
níveis mais profundos, como observado nos mapas das altitudes de 365, 320 e
275m (Figura 20), resultado semelhante ao obtido com o banco de dados com poços
selecionados.
Através dos perfis, observa -se também predomínio de arenitos na região
central, entre as latitudes 7440 e 7447 e a menor ocorrência de pacotes arenosos
nas porções sudoeste e nordeste, principalmente quando observados os perfis nas
latitudes 7469 e 7413.
A predominância dos arenitos na base e de unidades não-reservatório no topo
é observada nas porções centro-oeste dos perfis. Isto é verificado nas latitudes
7413, 7419, 7440, 7447,7462 e 7476.
Os mapas e perfis apresentados mostram a dificuldade, já apresentada por
vários autores, na definição de limites com predomínio de arenitos. Mesmo em áreas
caracterizadas como não aqüíferas, contendo baixa percentualidade de material
arenoso, são observados níveis significativos de arenitos (perfis 7426 e 7434).
Com isso, o Subgrupo Itararé, na área de estudo e dentro do intervalo de
profundidade analisado, apresenta seqüência de finos na borda leste e no topo da
maioria dos perfis, enquanto que o predomínio de arenitos ocorre na porção central
e a extremo oeste e nas camadas de base.
Esta sucessão sedimentar coincide com a apresentada por França & Potter
(1989), mostrando que a porção do Subgrupo Itararé aflorante corresponde a
unidade lamítica no topo e arenosa na base.
Petri et al. (1996a,b), na região do município de Capivari (região central da
área de estudo), destacam os sedimentos lamíticos no topo, sotopostos por unidade
arenosa. Souza Filho (1986) aponta o predomínio de lamitos na região de Campinas
e a maior presença de arenitos em direção a oeste.
No entanto, esta estratigrafia é inversa à apresentada pelo DAEE-UNESP
(1979), que divide o Subgrupo Itararé em 3 unidades, mas com o predomínio das
litologias arenosas no topo e na base, intercaladas por predomínio de finos.
Parte desta interpretação pode estar associada às litologias presentes em
superfície, que não foram alvo deste trabalho. Corpos arenosos de grande extensão
em área estão presentes em afloramentos junto à borda da bacia, nas regiões de
Campinas, Itu, Indaiatuba e Sorocaba (Souza Filho, 1986; Gama Jr et al., 1992)
como também na região oeste, associados à Formação Tietê (Diniz, 1990).
O problema da utilização das unidades arenosas que predominam em
superfície, se refere à estimativa de suas dimensões em profundidade, e se
apresentam grandes espessuras e continuidade para a análise estratigráfica
regional.
Vale ressaltar que a estratigrafia definida no projeto DAEE-UNESP (1979) e
utilizada por diversos autores, foi definida para o Subgrupo Itararé em todo o Estado
de São Paulo e não apenas na área de estudo, podendo ser melhor caracterizada
em outras áreas onde o Subgrupo Itararé é aflorante.
Por outro lado, o posicionamento estratigráfico dos arenitos na base e no topo
não se faz de forma clara. Em alguns perfis esta seqüência não é confirmada (perfil
7426).
Outra interpretação possível é a presença de uma depressão que favoreceu a
sedimentação de corpos arenosos na região central da área, englobando os
municípios de Tietê, Capivari, Mombuca e Elias Fausto, limitado a norte por
sedimentos finos e espessos pacotes de intrusivas básicas, e a sul-leste, somente
por sedimentos finos.
A forma lobada da acumulação dos corpos arenosos, na região central, pode
ser inferida não apenas por estar cercada por sedimentos finos, como também em
profundidade. Os picos de elevada porcentagem de arenitos estão posicionados em
altitudes intermediárias da espessura analisada neste trabalho.
O preenchimento da porção central da área deve-se provavelmente à
justaposição de pequenos corpos arenosos, pois os variogramas apontaram sempre
baixa continuidade e comportamento pepítico.
A área central, entre os municípios de Capivari, Tietê e Elias Fausto,
configura-se como região com maior presença de arenitos e, portanto, área com
importante presença de rochas-reservatório, o que favorece a exploração de água
subterrânea.
Vale ressaltar que os pacotes arenosos, que em grande parte podem estar
interligados, apresentam as menores altitudes posicionadas na região do município
de Tietê, configurando assim área de convergência de linhas de fluxo.
Finalmente os mapas e perfis ilustram a dificuldade, encontradas por outros
autores, na definição de unidades estratigráficas baseadas na maior ou menor
presença de arenitos.
545-567,5
7470
590-612,5 7470

7450 7450

7430 7430

7410 7410
200 220 240 260 280 200 220 240 260 280

500-522,5 455-477,5
7470 7470

7450 7450

7430 7430

7410 7410
200 220 240 260 280 200 220 240 260 280

Porcentagem de arenito
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0%

Figura 20 Mapas de porcentagem de arenitos em intervalos de altitude, utilizando todo o banco de


dados.
7470 410-432,5 7470
365-387,5

7450 7450

7430 7430

7410
200 220 240 260 280
7410
200 220 240 260 280

7480

320-342,5 275-297,5
7470 7470

7460

7450 7450

7440

7430 7430

7420

7410 7410
200 220 240 260 280 200 220 240 260 280

Porcentagem de arenito
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0%

Figura 20 Mapas de porcentagem de arenitos em intervalos de altitudes, utilizando todo o banco de


dados.
7476

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00

Sumaré Hortolândia Campinas


7469

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00


Mombuca Monte Mor
7462

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00

Capivari
7454

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00

Elias Fausto Indaituba


7447

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00

Sumaré
Campinas
Hortolândia
7470.00

Mombuca Monte Mor

Capivari

7450.00
Elias Fausto
Porcentagem de arenito
Indaiatuba
Tietê
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0%
Porto Feliz Itu
7430.00

Boituva

7410.00
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

Figura 21 Perfis E-W mostrando a porcentagem de ocorrência de arenitos. Os tons mais escuros
correspondem às mais baixas porcentagens.
Tietê
7440

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00

7434

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00


Porto Feliz Itu
7426

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00

7419

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00

Boituva
7413

200.00 210.00 220.00 230.00 240.00 250.00 260.00 270.00 280.00

Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor Porcentagem de arenito


Capivari

7450.00
Elias Fausto
Indaiatuba
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0%
Tietê

Porto Feliz Itu


7430.00

Boituva

7410.00
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

Figura 21 Perfis E-W mostrando a porcentagem de ocorrência de arenitos. Os tons mais escuros
correspondem às mais baixas porcentagens.
2 - HIDRÁULICA DOS POÇOS

O Sistema Aqüífero Tubarão é caracterizado por baixa condutividade


hidráulica e fraco potencial produtivo. Regionalmente, apresenta-se heterogêneo e
livre, com fluxo de água subterrânea convergindo para a rede principal de drenagem.
Em áreas restritas, o aqüífero apresenta condições de semi-confinamento ou
confinamento.
A alternância de sedimentos grossos e finos, com espessuras variadas,
condiciona a heterogeneidade do armazenamento e circulação de água subterrânea
deste aqüífero. Freqüentemente, as camadas aqüíferas estão intercaladas com
sedimentos finos (lamitos, siltitos e folhelhos), que dificultam o escoamento da água
subterrânea no sentido vertical, caracterizando situação de anisotropia, com
permeabilidades verticais inferiores às horizontais (Diogo et al. 1981, DAEE,1981a,
b).
Segundo Stevaux et al. (1987), a pesquisa e a exploração de água
subterrânea em aqüíferos do Subgrupo Itararé são extremamente difíceis, dado ao
comportamento errático dos sedimentos arenosos, à distribuição irregular dos poços
e ao pequeno número de informações em relação à grande heterogeneidade.
O aqüífero Tubarão é cortado, em diversos pontos, por intrusões de diabásio
que localmente ou mesmo regionalmente interrompem a continuidade da rocha
reservatório.
Com relação à geometria dos aqüíferos, estes são influenciados, em termos
regionais, pela disposição das unidades arenosas presentes no Subgrupo Itararé.
De forma geral, segundo a classificação do Diogo et al. (1981), as unidades Superior
e Inferior apresentam as melhores condições de exploração.
Steavaux et al. (1987) analisaram o Subgrupo Itararé na bacia do Rio Capivari
e sugeriram um modelo para prospecção de água subterrânea determinando três
tipos de aqüíferos: (1) arenitos conglomeráticos e arenitos grossos de leques
aluviais, com vazões entre 1 e 5 m3/h; (2) sedimentos arenosos de frente deltaica,
com vazões médias de 35 m3/h; (3) sedimentos arenosos de geometria tabular e de
grande extensão, com vazões que chegam até 100 m3/h.
Na avaliação hidrogeológica do município de Campinas pelo IG/SMA (1993),
a análise de produtividade permitiu a compartimentação dos sistemas aqüíferos em
nove Zonas de Produtividade Similar. As quatro zonas estabelecidas no Sistema
Aqüífero Tubarão apresentam os seguintes valores médios de capacidade
específica: 0,09; 0,25; 0,29 e 1,32 m3 /h.m. Uma zona estabelecida para o Sistema
Aqüífero Diabásio apresentou capacidade específica média de 0,79 m3 /h.m.
Com relação à capacidade específica, nas bacias dos rios Piracicaba e
Capivari, foram encontrados valores entre 0,03 e 6 m3/h.m para o Sistema Aqüífero
Tubarão, e 0,01 a 4 m3/h.m para o Sistema Aqüífero Diabásio (Lopes, 1994).
O trabalho do IG/SMA (1995), na região anexa ao município de Campinas,
envolvendo oito municípios – Hortolândia, Sumaré, Nova Odessa, Paulínia,
Americana, Cosmópolis, Holambra e Jaguariúna – apresenta valores médios de
capacidade específica de 0,21 m3/h.m para o Sistema Aqüífero Tubarão e 0,28
m3/h.m para o Sistema Aqüífero Diabásio.
Na análise dos poços mistos, foram obtidos valores de capacidade específica
média de 0,11 m3/h.m para o Tubarão/Cristalino e 0,46 m3 /h.m para
Tubarão/Diabásio.
Yoshinaga-Pereira (1996), efetua ndo estudos na região metropolitana de
Campinas, elaborou cartas temáticas relativas à hidrogeologia e integrou-as em
carta síntese (Carta Orientativa ao Usuário de Água Subterrânea), para aplicação no
planejamento e ocupação do solo. O estudo determinou os valores de capacidade
específica média de 0,21 m3/h.m e mediana de 0,11 m3/h.m para o Sistema Aqüífero
Tubarão, com valores mais altos junto à drenagem. Para o Sistema Aqüífero
Diabásio, o valor médio de capacidade específica é de 0,78 m3/h.m e mediana de
0,06 m3/h.m, também apresentando os maiores valores nos lineamentos da
drenagem.

Análise dos dados

A análise das condições hidráulicas do aqüífero, no presente trabalho, foi


efetuada a partir da base de dados contendo valores de cota do terreno,
profundidade, nível estático, nível dinâmico, vazão e capacidade específica.
Os dados foram adquiridos de arquivos do DAEE, Sabesp e Instituto
Geológico. Algumas empresas particulares também foram consultadas, tais como
Edisonda, Geoplan e Sondamar. O total de poços catalogados para a análise das
condições hidráulicas foi de 1.268 (Anexo 2).
A maior parte dos poços está situada na borda leste e nordeste da área de
estudo, correspondente aos municípios de Campinas, Sumaré e Hortolândia. Na
porção oeste da área, os poços estão concentrados junto aos municípios principais
como Capivari e Tietê (Figura 22).

Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê

7430.00 Porto Feliz Itu Poço


Cidade

Boituva

7410.00

0 10 20 30 km

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00


Figura 22 Poços catalogados para a análise das condições de fluxo do aqüífero.

A etapa inicial de análise das condições hidráulicas dos aqüíferos foi realizada
com a definição da superfície potenciométrica, utilizando-se os dados de nível
estático (Figura 23). Através deste mapa, pode-se observar que as áreas
preferenciais de recarga, com maiores valores potenciométricos, estão posicionadas
a nordeste, na região de Campinas, e junto à borda da bacia. As linhas de altitude
potenciométrica decrescem paralelamente às bacias dos rios Tietê e Capivari.
Comparando-se a distribuição das linhas de isovalores dos mapas
potenciométrico e topográfico, se observa a elevada correlação entre ambos,
confirmando o comportamento livre do aqüífero em escala regional, com os menores
valores potenciométricos correlacionados às altitudes topográficas mais baixas, junto
aos dois principais rios que cortam a área de estudo. Este comportamento livre foi
também adotado por vários autores em análises regionais do Aqüífero Tubarão
(Diogo et al., 1981; DAEE, 1981a,b; Lopes, 1994).
Regionalmente, pode-se constatar fluxo de leste para oeste, da borda em
direção ao interior da bacia. O fluxo N-S ocorre somente próximo aos vales dos
principais rios que cortam a região.

Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari
Rio Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
660m

640
Rio Tietê
620

7430.00 Porto Feliz Itu


600

580

560

540
Boituva
Rio Sorocaba 520

500
7410.00
480

0 10 20 30 km 460

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00

Figura 23 Mapa potenciométrico da área em estudo.

Apesar da relativa homogeneidade em relação à direção de fluxo de leste


para oeste, o aqüífero apresenta grande variação no tocante à capacidade de fluxo.
Isto pode ser constatado ao se analisar a vazão dos poços, variável que
corresponde à quantidade de água extraída por unidade de tempo.
A vazão dos poços apresenta média de 9,42m3/h, com grande variação de
valores, mínima de 0,1 m3/h e máxima de 140m3/h.
Entretanto, a vazão dos poços não corresponde apenas às condições
hidráulicas do aqüífero, mas também a fatores relacionados aos parâmetros de
construção do poço, equipamentos utilizados para a produção e a diferentes critérios
para a definição da vazão ideal.
Por isso, em uma tentativa de minimizar os fatores que influenciam a vazão e
que não estão relacionados às condições hidráulicas do aqüífero, foi adotado o uso
da variável capacidade específica. Esta variável é utilizada como parâmetro de
produtividade, obtida quando a vazão é dividida pela diferença entre nível dinâmico
e nível estático. Esta medida corresponde à quantidade de água retirada do poço
por unidade de tempo e de rebaixamento.
Na área em estudo, o valor mínimo de capacidade específica é de
0,0009m3/h.m e máximo de 12,86m3/h.m, com média de 0,17m3/h.m. Os valores
seguem a distribuição lognormal com 75% dos dados apresentando valores
inferiores a 0,07m3 /h.m e mediana de 0,04m3/h.m.
Para diminuir o efeito dos valores altos em mapa, foi efetuada a normalização
dos dados com a multiplicação, por logarítimo na base dez, dos valores de
capacidade específica (Figura 24). Este procedimento melhora a representatividade,
em mapa, dos valores mais baixos, que representam a maioria dos dados.
Assim, a figura 24 mostra a presença de poços com baixa vazão junto à borda
leste da bacia. A área que mostra os valores maiores está posicionada na região
centro-oeste, entre as bacias dos rios Tietê e Capivari, com os principais picos de
máxima capacidade específica na região do município de Tietê e, secundariamente,
de Elias Fausto.
A região centro-oeste, que apresenta os maiores valores de capacidade
específica, corresponde à de maior ocorrência de arenitos. A correlação, porém, não
é linear, uma vez que a região de Capivari, onde ocorrem as maiores porcentagens
de arenitos, apresenta baixas vazões quando comparada às encontradas nos
municípios de Tietê e Elias Fausto.
Outro fator responsável pela maior vazão na região de Tietê deve-se
predominantemente à drenagem, que recebe águas de recarga tanto da região sul
como norte. Levando em consideração o perímetro de recarga das áreas a norte de
Boituva, Elias Fausto e Capivari, a diferença de altitude potenciométrica chega a
160m, em raio aproximado de 20 a 30km.
A análise 3D da porcentagem de arenitos também mostra a provável
conectividade das unidades arenosas da porção centro oeste com a região de Tietê,
situada em posição mais baixa e, com isso, apresentando maior carga hidráulica.
No entanto, mudanças faciológicas e a atuação de processos diagenéticos
alteram a capacidade de fluxo de certas áreas, o que poderia estar relacionado às
diferenças entre as vazões encontradas nas regiões de Capivari e Elias Fausto.

7480.00
Sumaré
Campinas
Hortolândia

Mombuca Monte Mor


7460.00
Rio Capivari Capivari

Elias Fausto
Indaiatuba
0.20
Tietê
-0.00
7440.00
-0.20
Rio Tietê -0.40

-0.60
Porto Feliz Itu
-0.80

-1.00

-1.20
7420.00
-1.40
Boituva
Rio Sorocaba -1.60

-1.80

-2.00

0 10 20 30 km -2.20

7400.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00

Figura 24 Mapa normalizado de capacidade específica.


3 – ANÁLISE PERMO-POROSA

A análise petrofísica, associada à petrográfica, foi realizada visando fornecer


informações quanto às propriedades permo-porosas em região que, apesar da
presença significativa de unidades arenosas, apresenta poços com baixa
produtividade.
Os dados utilizados neste capítulo permitem apenas uma análise pontual de
algumas fácies do Subgrupo Itararé, uma vez que baseiam-se em dois poços e um
afloramento amostrados. Com isso, os resultados obtidos são apenas indicativos
das características do reservatório.
Espera-se, com a investigação desenvolvida neste capítulo, através de
métodos pouco utilizados nos trabalhos de hidrogeologia, fornecer informações
diretas sobre porosidade e permeabilidade, para o entendimento do comportamento
hidráulico do aqüífero.
Embora exista grande número de trabalhos referentes à caracterização
faciológica dos sedimentos do Subgrupo Itararé, são poucos aqueles que enfatizam
as características petrofísicas.
Massoli et al. (1986) executaram análises granulométricas, através de
pipetagem e peneiramento em 55 amostras do Subgrupo Itararé, coletadas nas
proximidades de Cerquilho. Entre as amostras analisadas, os autores concluíram
que os arenitos não constituem bons aqüíferos, por apresentarem altos teores de
finos (silte + argila), predominância da fração areia fina a muito fina e ocorrência em
corpos de pequenas espessuras. Segundo esses autores, os arenitos apresentam
composição média de 62% de areia, 19% de silte e 19% de argila; a Formação
Tatuí, composta de rochas de baixa permeabilidade, é de interesse secundário para
a pesquisa de água subterrânea.
Segundo França & Potter (1989), existem dois tipos de arenitos no Subgrupo
Itararé: um com alto teor de argila e porosidade baixa, e outro com baixo conteúdo
de argila e porosidade de até 30%. Mais comumente, a porosidade é intergranular,
de origem secundária, sendo formada por dissolução de cimento carbonático
precoce, por grãos corroídos ou pela heterogeneidade do empacotamento, onde
áreas com grãos aparentemente soltos estão em contato com outros altamente
compactados. Secundariamente, descrevem porosidade móldica e intragranular.
Esses autores classificam os arenitos do Membro Rio Segredo como arenitos
feldspáticos e arenitos líticos (segundo a classificação de Dott, 1964), com teor de
matriz de apenas 1% em média.
Wu (1989) estudou a proveniência de arenitos do Subgrupo Itararé no Sul do
Estado de São Paulo, classificando-os como subarcóseos, subordinadamente como
quartzo -arenitos e raramente como sublitarenitos.
O estudo aponta ainda, a não correlação da maturidade textural e
mineralógica. Texturalmente, os arenitos são imaturos a submaturos e raramente
maturos, em geral argilosos, com granulação variável. A seleção é ruim nos arenitos
mais grossos e regular a boa nos arenitos mais finos. Os grãos são dominantemente
angulosos e subangulosos e os subarredondados a arredondados são
subordinados. A matriz destes arenitos é formada por silte quartzoso e argilas
micáceas e cauliníticas.
Todo o material estudado por Wu (1989) apresenta algum grau de
telodiagênese. O cimento é predominantemente ferruginoso (limonita e hematita) e
subordinadamente silicoso. Evidências de atuação de processos diagenéticos de
dissolução, substituição, compactação e oxidação foram encontrados em todas as
amostras de arenitos. Os graus de modificação das composições mineralógicas
derivadas destes processos diagenéticos são controlados pelos graus de maturidade
textural dos arenitos. Nos arenitos médios a grossos, imaturos a submaturos, com
porosidades e permeabilidades baixas, as modificações introduzidas por estes
processos são negligenciáveis. Nos arenitos finos a muito finos ou médios, maturos
a submaturos, possuindo permeabilidade e porosidade altas ou com porosidade
bastante aumentada (oversize pores), estes processos podem modificar
enormemente as condições mineralógicas (Wu, 1989).
Petri et al. (1996) realizaram estudo detalhado em três poços perfurados na
região de Capivari/Rafard. Neste trabalho, através das descrições petrográficas,
apontam a participação significativa de feldspatos, variando de 20 a 30%, sempre
com predomínio de microclínio. A cimentação por calcita e minerais opacos é
freqüente.
Metodologia

As medidas de petrofísica foram realizadas no porosímetro e permeâmetro da


Core Laboratories, em aparelhos pertencentes ao laboratório do Departamento de
Engenharia do Petróleo da Faculdade de Engenharia Mecânica/Unicamp.
As amostras utilizadas para os ensaios petrofísicos e petrográficos foram
obtidas de afloramento e, principalmente, de testemunhos retirados dos poços
tubulares perfurados pelo Instituto Geológico.
As amostras foram retiradas na forma de cilindro, com 2,5 cm de diâmetro e,
no laboratório, cortadas em um comprimento de aproximadamente 4 cm. Após o
corte, foram lavadas e colocadas na estufa, onde permaneceram por um dia até a
secagem completa.
Após a secagem, foram medidas as dimensões em diferentes posições, três
medidas de diâmetro e duas de comprimento. Com esses valores, foram definidas
as dimensões médias da amostra e calculado seu volume, passando, a seguir, à
medição do peso de cada uma em balança eletrônica.
As amostras não uniformes, com grandes variações em suas dimensões de
largura e comprimento, foram descartadas.
Os parâmetros básicos utilizados na análise petrofísica de reservatórios foram
porosidade e permeabilidade, determinados para 463 amostras selecionadas.

Densidade

Obtida pela divisão do peso da amostra pelo seu volume, a determinação de


densidade deve-se à fácil obtenção deste dado, uma vez que os valores de volume
e peso são medidos na etapa de preparação das amostras.

Porosidade

A porosidade é uma importante propriedade da rocha, pois corresponde à


capacidade de armazenamento de fluidos. É definida como a relação entre o volume
de vazios de uma rocha e o volume total da mesma. A equação é:
Vv
Φ=
Vt

onde: φ = porosidade
Vv = volume de vazios
Vt = volume total

A porosidade pode ser absoluta, que corresponde ao volume total poroso, ou


efetiva. A porosidade efetiva é a relação entre os espaços vazios interconectados de
uma rocha e seu volume total. Do ponto de vista da caracterização do aqüífero, a
porosidade efetiva é o valor desejável quantitativamente, pois representa o espaço
ocupado por fluidos que podem se descolar no meio poroso.
A porosidade efetiva, medida nas amostras, foi determinada com a utilização
de um porosímetro, que determina o volume de grãos ou de poros de uma amostra,
através do princípio da expansão de gás, como descrito pela lei de Boyle.
O aparelho trabalha com um volume conhecido de gás (célula de referência)
que, em determinado momento, é isotermicamente expandido em um volume poroso
desconhecido. Depois da expansão, o resultado da pressão de equilíbrio é medido,
sendo este valor dependente da magnitude do volume poroso desconhecido, que
pode ser calculado usando-se a lei de Boyle.
De acordo com a lei de Boyle,

p1VR p2V p (V + V )
+ = 3 R
T1 T2 T3

onde: p1 é a pressão no aparelho; Vr o volume de referência; p2 a pressão na


amostra; V o volume da amostra; p3 a pressão resultante após a abertura das
válvulas; e T1, T2 e T3 referem-se, respectivamente, à temperatura no aparelho, na
amostra e no sistema após a abertura das válvulas.
Como prática padrão é assumido p1 de 100 psig, p2 com valor zero e não
variação de temperatura. Desta forma, a equação acima passa a ser expressa,
isolando o volume que se deseja determinar em:
 100 
Vmed = VR  − 1
 3p 
Assim, determinando a pressão final de equilíbrio, se obtém, de forma direta,
o volume da amostra.
A porosidade efetiva da amostra é definida por:

Vgr = C − Vmed

Vb − V gr
Φ=
Vb

onde: Vb é o volume total do plugue; Vgr o volume de grão; C o volume do


core vazio; V med o volume medido e φ a porosidade efetiva da amostra.

Permeabilidade

Permeabilidade é a propriedade da rocha que mede a capacidade do meio


poroso para conduzir fluido (óleo, gás e água), podendo ser absoluta ou efetiva. A
permeabilidade de uma rocha em relação a uma fase única líquida é denominada
absoluta, enquanto que a permeabilidade efetiva corresponde à situação com dois
ou mais fluidos envolvidos.
A dimensão da permeabilidade é definida como Darcy “D”. A amostra é
descrita como tendo permeabilidade de um Darcy, quando um líquido
incompressível de viscosidade de um centipoise flui a uma razão de 1cm³/s, através
de uma área de 1cm² (perpendicular à direção de fluxo) e 1cm de comprimento,
fluindo com pressão diferencial de fluxo de 1atmosfera, assumindo condições de
fluxo laminar.
A permeabilidade pode ser calculada utilizando a lei de Darcy. Para líquido
incompressível, a equação de Darcy é:
µ LqL L
kL =
A( p1 − p 2 )

onde kL = permeabilidade; µL = viscosidade do líquido; qL = vazão; L = comprimento


da amostra; A = área da amostra; p1 – p2 = diferença de pressão entre a entrada e
saída de fluxo.
A equação de Darcy aplicada a fluido compressível (gás - g) é

2µ g ( q g )( L)( p a )
kg =
A( p1 + p2 )( p1 − p 2 )

onde p a = pressão atmosférica.


O permeâmetro utiliza o fluxo de gás para efetuar a medida de
permeabilidade, sendo a equação empregada para o cálculo:

Cqa L
kg =
A
kg = permeabilidade ao gás (milidarcy)
qa = vazão de ar (cm3/s em condições atmosféricas)

(1000 )( 2)( µ a )( pa )
onde C =
( p1 + p 2 )( p1 − p2 )

µa = viscosidade do ar
O valor de C é lido diretamente no nível de mercúrio do aparelho e equivale a
p1. A pressão em p2 é assumida com valor de 0,019atm (equivalente à pressão de
200mm de água). O erro, assumindo este valor de p2, é desprezível, porque a
pressão produzida no orifício de saída assume valor próximo a 200mm de água.
O fluxo de ar é numericamente igual a:

( OrifícioQ )( hw )
qa =
200
O OrifícioQ é composto por um material com vazão conhecida e é o local
onde o fluxo de gás é dissipado. Durante o ensaio, escolhe-se o material do
OrifícioQ com vazão ideal para a leitura na coluna de água (h w).

Definição dos dados

As amostras destinadas para os ensaios petrofísicos e petrográficos foram


coletadas de um afloramento e de testemunhos retirados de dois poços perfurados
pelo Instituto Geológico, que apresentam testemunhagem completa ainda
preservada.
O primeiro poço, C-IG98, perfurado no município de Capivari, apresentou
testemunho completo bem preservado ao longo de toda sua extensão. As amostras
foram coletadas em intervalos de 50cm, havendo adensamento do intervalo de
coleta quando da ocorrência de camadas de arenitos. O total de pontos amostrados
foi de 620, sendo que destes, apenas 419 tiveram medidos os parâmetros
petrofísicos e 39 serviram à confecção de lâminas delgadas.
A descrição litológica dos poços foi realizada por geólogos do Instituto
Geológico. O perfil litológico do poço C-IG98, os pontos de análise petrofísica e os
pontos com lâminas delgadas estão presentes na figura 25.
O segundo ponto de coleta refere-se a um poço situado no município de
Tietê, de sigla IG-23, que se encontra pouco preservado, sendo possível apenas a
análise de 35 amostras e 9 lâminas delgadas. O perfil litológico, os pontos de análise
petrofísica e os pontos com lâminas delgadas estão presentes na figura 26.
O terceiro ponto amostrado refere-se ao afloramento localizado no Km 94,5
da rodovia dos Bandeirantes (SP-348), junto ao viaduto Dunlop, estando exposto
dois cortes de ambos os lados. Este afloramento possui extensão superior a 150
metros e aproximadamente 20 metros de altura, sendo descrito por Souza Filho
(1986) e, posteriormente, de forma mais detalhada, por Gama Jr. et al. (1992).
A escolha deste ponto foi determinada por ser correlacionável com outros
afloramentos, dentro da área de pesquisa, e por ser constituído de extensos corpos
arenosos, sem presença significativa de fácies de granulometria fina que poderiam
constituir barreiras de permeabilidade.
0m 144m 274m

300m

Poço C-IG98

Lamito

Lamito arenoso

Conglomerado

Arenito médio

Arenito médio-fino

Arenito fino

Arenito muito fino

274m Siltito

Argila

Ritmito
144m

Figura 25 Poço C-IG98 perfurado no município de Capivari, apresentando variação litológica, pontos
com análise petrofísica (traço em preto) e pontos com lâminas delgadas (traço em vermelho).
A descrição litológica foi realizada pelos geólogos do Instituto Geológico.
0m 138m 258,1m

300m

Poço T-IG23

Lamito

Diamictito

Conglomerado

Arenito médio

Arenito médio-fino

Arenito fino

Arenito muito fino

258,1m Siltito

Diabásio

Ritmito
138m

Figura 26 Poço IG-23 perfurado no município de Tietê, apresentando variação litológica, pontos com
análise petrofísica (traço em preto) e pontos com lâminas delgadas (traço em vermelho). A
descrição litológica foi realizada pelos geólogos do Instituto Geológico.
Estes sedimentos correspondem à Unidade I definida por Souza Filho (1986),
composta por arenitos que ocorrem na base do Subgrupo Itararé, ao longo da
estrada Campinas-Sorocaba, nos municípios de Campinas, Indaiatuba e Sorocaba.
A litologia característica da Unidade I é constituída por arenitos gradados,
podendo ocorrer porções maciças ou com estratificação cruzada. Outros tipos
litológicos para esta unidade compreendem diamictitos, conglomerados e lentes
lamíticas. No caso do afloramento amostrado para este trabalho, predomina a fácies
arenito maciço.
Segundo Gama Jr. et al. (1992), o afloramento pode ser dividido em 3 fácies
(Figura 27). Na porção referente à fácies 1, estão expostos arenitos acamadados de
granulação média, bem selecionados, com estratificação cruzada acanalada,
eventual gradação normal e bandas maciças. Seguindo em direção ao centro do
afloramento, fácies 2, as estruturas primárias vão se descaracterizando e,
gradativamente, o arenito vai se tornando totalmente maciço, com algumas
estruturas correspondentes a escape de água.
A fácies 3 é composta por arenitos maciços, que apresentam aparente
orientação vertical das supostas linhas de fluxo, denotando fluidização mais intensa.
Ao todo, foram medidas as características petrofísicas de 9 amostras e duas
delas foram destinadas à confecção de lâminas delgadas. O baixo número de
amostras retiradas do afloramento, deve-se à baixa coesão dos sedimentos,
principalmente para a fácies 1 (Figura 27).

3 2 1

Figura 27 Afloramento do Km94,5 da rodovia dos Bandeirantes, onde foi realizada coleta de
amostras para análise petrofísica (pontos em círculo) e petrográfica (pontos em retângulo).
Os números acima do afloramento correspondem as fácies identificadas por Gama Jr. et al.
(1992).
Análise dos dados

As amostras extraídas de afloramentos e de poços foram encaminhadas ao


laboratório de petrofísica para medição dos valores de densidade, porosidade e
permeabilidade. Os resultados das amostras analisadas estão presentes no
Anexo 3.
A análise dos dados de petrofísica teve início com a correlação entre todos os
dados de porosidade e permeabilidade, que separou dois grupos distintos (Figura
28). Amostras com altos valores de porosidade são as que possuem elevada
permeabilidade; no entanto, amostras com baixos valores de permeabilidade,
apresentam grande variação de porosidade.
A análise preliminar aponta que as amostras com elevadas características
permo-porosas são representadas por arenitos, enquanto as amostras presentes no
campo das baixas características permo-porosas, são representadas pelas demais
litologias.
Observa-se no gráfico que os valores de porosidade apresentam grande
variação, mas sem uma clara distinção em relação aos grupos. Entretanto, no que
diz respeito a permeabilidade, os grupos são bem distintos: um com valores abaixo
de 1mD, e outro, com alta permeabilidade, com resultados acima de 1mD.

10000

1000

100
Permeabilidade

10

0,1

0,01

0,001
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45

Porosidade

Figura 28 Correlação entre permeabilidade versus porosidade para todos os dados.


Para o estudo detalhado, o banco de dados petrofísicos foi dividido, como no
capítulo anterior, em um grupo formado por arenitos e outro com as demais
litologias.
As rochas não-reservatório apresentam, em sua maioria, porosidade variando
entre 0,09 e 0,2 phi (Figura 29). No entanto, podem ocorrer valores extremos que
não representam os resultados médios de cada fácies. Estas mesmas amostras,
submetidas à análise de permeabilidade, mostram com freqüência valores abaixo de
0,1 mD.

Permeabilidade - Não reservatório

1000

100

10

0.1

Min-Max
0.01
25%-75%
Lamito-argiloso Diamictito Lamito-arenoso Siltito-argiloso
Argilito-arenoso Lamito Ritmito Median value

Porosidade - Não reservatório


0.32

0.28

0.24

0.2

0.16

0.12

0.08

0.04
Min-Max
0 25%-75%
Lamito-argiloso Diamictito Lamito-arenoso Siltito
Argilito-arenoso Lamito Ritmito Median value

Figura 29 Diagrama box-plot dos valores de permeabilidade e porosidade para as litologias não-
reservatório.

O grupo formado por arenitos apresenta, em sua quase totalidade, porosidade


entre o intervalo de 0,2 e 0,3phi. Valores médios acima desta variação estão
presentes nos arenitos com fração média e valores menores para a granulometria
muito fina (Figura 30).
O mesmo padrão de distribuição é observado quando analisados os dados de
permeabilidade. Neste caso, a diferença entre as amostras de baixas e altas
permeabilidades chega a ser de 100 a 1000 vezes. As amostras com altos valores,
apresentam variação de 10 a 800 mD, enquanto as amostras de baixa
permeabilidade, associadas aos arenitos de granulometria muito fina e fina, mostram
variação entre 0,01 e 0,1mD.

Porosidade - Arenitos
0.45

0.4

0.35

0.3

0.25

0.2

0.15

0.1

0.05

0
Ar. grosso
Ar. fino

Ar. médio

Ar. médio grosso


Ar. fino-argiloso

Ar. grosso conglomer


Ar. fino médio

Ar. médio argiloso

Ar. muito fino

Ar. muito fino-argil


Ar. fino médio-argil

Min-Max
25%-75%
Median value

Permeabilidade - Arenitos

1000

100

10

0.1

0.01
Ar. grosso
Ar. fino

Ar. médio

Ar. médio grosso


Ar. fino-argiloso

Ar. médio-argiloso

Ar grosso conglomerá

Ar. médio-argiloso

Ar. muito fino


Ar. fino médio-argil

Ar. muito fino argil

Min-Max
25%-75%
Median value

Figura 30 Diagrama box-plot dos valores de permeabilidade e porosidade dos arenitos.

A integração dos resultados obtidos para os arenitos foi realizada através da


correlação porosidade versus permeabilidade, diferenciando neste novo gráfico a
variação granulométrica (Figura 31).
Observa-se no gráfico que os arenitos de baixa permeabilidade apresentam
valores compatíveis com aqueles correspondentes às rochas não-reservatórios. Este
grupo é formado predominantemente por arenitos muito finos e, subordinadamente,
por arenitos de granulação fina a média.
Desprezando os arenitos com permeabilidade inferior a 10mD, pode-se definir
dois grupos: um grupo com tendência aproximadamente linear entre porosidade e
permeabilidade, formado principalmente por arenitos de granulação fina; outro
marcado por maior porosidade, formado principalmente por arenitos de granulação
média.
O grupo em que predominam as amostras com granulometria média é
formado por amostras retiradas em superfície, do afloramento localizado na rodovia
dos Bandeirantes, e de alguns níveis de profundidade intermediária e superior do
poço de Capivari.
Outra característica indicada na correlação porosidade e permeabilidade é a
grande variação permo-porosa em arenitos de mesma granulometria, especialmente
quando observado o comportamento das amostras de granulação fina. Ao analisar
as mesmas amostras que foram submetidas às análises petrofísica e petrográfica,
observa-se que apresentam grande variação quanto ao grau de seleção e à
presença de cimentação.

10000

1000
Permeabilidade (mD)

fino
100
fino-médio

10 médio
muito fino
1 médio-grosso
grosso
0,1
grosso-cong

0,01

0,001
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Porosidade (%)

Figura 31 Correlação permeabilidade versus porosidade para as várias granulometrias de arenitos.

O grau de seleção determinado nas análises petrográficas foi classificado


com variação de ruim, médio e bom. As mesmas amostras com valores de
petrofísica e grau de seleção foram interpoladas em relação à permeabilidade
(Figura 32).
Os dados de seleção apresentam correlação discreta com permeabilidade;
isto se deve em grande parte às amostras com bom grau de seleção e baixa
permeabilidade.

5
Grau de seleção

0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
Permeabilidade (mD)

Figura 32 Relação entre permeabilidade e grau de seleção. Valores do grau de seleção foram
determinados como: ruim=1; ruim-médio = 2; médio = 3; médio-bom = 4 e bom = 5.

Outro fator que afeta as condições de permeabilidade e porosidade é a


cimentação presente em grande parte das amostras (Figura 33). Durante a
descrição petrográfica foi realizada a contagem dos minerais diagenéticos.
Como esperado, a correlação é negativa, amostras com maior cimentação
apresentam menores permeabilidades. Entretanto, esta correlação apresenta, como
na análise de permeabilidade e grau de seleção, grande variação, principalmente
para os valores intermediários de permeabilidade.

10000
Permeabilidade (mD)

1000
100

10
1
0,1
0,01
0 5 10 15 20 25 30

Cimentação (%)

Figura 33 Relação permeabilidade e porcentagem de cimentação em lâmina delgada.


No entanto, análises individuais da granulometria, grau de seleção e
cimentação sobre a permeabilidade apresentam resultados pouco conclusivos, pois
estes fatores ocorrem associados.
Com os resultados obtidos, a principal constatação é a maior influência da
cimentação como fator preponderante na diminuição das características permo-
porosas em relação à profundidade. A diminuição de porosidade em profundidades
superiores a 250m é ocasionada pelo preenchimento quase total do espaço poroso
por cimentação carbonática de vários níveis arenosos (Figura 34).

Porosidade (%)

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

50

100

150

200

250

300

Figura 34 Variação da porosidade de arenitos em relação a profundidade da amostra.

Os resultados da análise petrofísica e das descrições petrográficas para as


amostras do poço de Capivari estão presentes na figura 35.
Pç IG98 Porosidade (%) Permeabilidade (mD)
0m

300m

Figura 35 Poço de Capivari C-IG98 com os valores de permeabilidade e porosidade plotados.


Análise petrográfica

A etapa de análise petrográfica iniciou-se com a seleção de 53 amostras de


arenitos, as quais foram impregnadas com epoxy azul para a identificação dos poros
e fixação dos grãos minerais. Durante a análise petrográfica foi efetuada a contagem
de 150 pontos para quartzo monocristalino, policristalino, feldspatos, fragmentos de
rocha, matriz, porosidade e cimento (Anexo 4).
As descrições petrográficas dos arenitos apontam grande variação quanto à
quantidade de fragmentos líticos e de feldspatos que, de acordo com os dados
obtidos, apresentam distribuição aleatória, sem relação com a profundidade. A
variação granulométrica é pronunciada, com o predomínio de fácies fina a muito fina.
Os grãos são dominantemente subarredondados, com o arcabouço sedimentar
apresentando pouca quantidade de matriz, inferior a 10% em todos os arenitos,
sendo classificados como arenitos submaturos do ponto de vista textural.
Os arenitos são definidos, segundo a classificação de Dott (1964),
preferencialmente como quartzo-arenitos e, secundariamente, como arenitos
feldspáticos e arenitos líticos.
Os resultados obtidos assemelham-se em parte aos resultados obtidos por
Wu (1989), que observou o predomínio de subarcósios, subordinadamente quartzo-
arenitos e raramente sublitarenitos. Wu (1989) constatou a variação quanto ao
predomínio entre os fragmentos líticos e feldspatos nas diferentes unidades do
Subgrupo Itararé. Nas amostras analisadas neste trabalho não foram observadas
relações entre os fragmentos líticos e feldspáticos. Porém, vale salientar que Wu
(1989) utilizou amostras distribuídas em grande área, e não pontuais, como no
presente trabalho.
Com relação aos resultados obtidos por França (1989), para as amostras
referentes aos arenitos da Formação Taciba/Mb. Rio Ivaí, coincidem com os obtidos
neste trabalho pela pequena quantidade de matriz, porém com menor participação
do quartzo e predomínio dos arenitos feldspáticos e líticos. A maior quantidade de
quartzo para nas amostras aqui analisadas pode estar relacionada ao intenso
intemperismo atuante.
Q

90

80

70

60

50
F L
Figura 36 Composição dos arenitos analisados de dois poços e um afloramento na área de estudo.

Em relação à análise do espaço poroso das amostras descritas, a porosidade


do tipo intergranular é a mais freqüente em todas as lâminas e, secundariamente,
ocorrem as porosidades do tipo intragranular e móldica.
A porosidade intergranular pode ser referente ao espaço vazio original da
rocha, porosidade primária, ou modificado por eventos pós-deposicionais,
porosidade secundária. A porosidade intergranular das amostras analisadas pode
ser classificada como secundária pela presença freqüente de cimentação
parcialmente dissolvida no espaço poroso e, mesmo nos casos em que o poro não
apresenta evidências de antiga cimentação, é observada a corrosão dos grãos do
arcabouço e a presença de poros agigantados.
A porosidade intragranular é encontrada na maioria das lâminas,
principalmente nos grãos de feldspatos. A presença deste tipo de porosidade é
observada tanto nas lâminas próximas à superfície, como em amostras retiradas de
profundidades maiores que 200m.
Os poros agigantados e a porosidade móldica, evidenciada muitas vezes pelo
contorno de óxido ou hidróxidos de ferro, são pouco freqüentes.

Processos diagenéticos

As amostras analisadas indicam que os sedimentos foram afetados por várias


fases diagenéticas e atualmente sofrem marcante processo de intemperismo que
tem alterado a textura e composição mineral dos sedimentos. As fases diagenéticas
e processos de intemperismo atuantes estão descritos a seguir.

Dissolução
A dissolução de minerais é um dos processos diagenéticos mais freqüentes
observado nas amostras (Foto 2A).
A dissolução dos silicatos, melhor evidenciada quando observados os grãos
de plagioclásio e fragmentos de rocha, ocorre tanto nas bordas dos grãos como
pode seletivamente remover seu interior. Nos carbonatos, a dissolução é
reconhecida pelas bordas corroídas.
Em muitos casos, a dissolução é total, não deixando com isso evidência do
provável mineral anterior. Também, a dissolução completa dos grãos pode não ser
evidente quando ocorrida antes de processos de compactação.
Este processo de dissolução de silicatos e carbonatos tem como principal
efeito o aumento da porosidade dos sedimentos. Isto assumindo que a dissolução
não tenha subseqüentemente sido eliminada por compactação ou preenchimento de
cimento ou, ainda, que a formação do espaço vazio não tenha sido compensada
pela perda da porosidade intersticial por reprecipitação de íons dissolvidos como
minerais autigênicos estáveis. Nas amostras analisadas, a dissolução dos
carbonatos é o principal processo de aumento da porosidade.
A dissolução é mais atuante em feldspatos e fragmentos de rocha que sobre
o quartzo, processo este que aumenta a razão de quartzo dos sedimentos e, com
isso, sua maturidade mineralógica.

Argilominerais
Os argilominerais de origem diagenética encontrados nas amostras
analisadas são freqüentes e formados por substituição de silicatos, crescimento
autigênico e por processos de infiltração mecânica.
Os processos de substituição ocorrem de forma irregular nas bordas dos
grãos, preferencialmente ao longo de planos cristalográficos, ou nos contatos entre
grãos de fragmentos de rocha.
A formação de argila autigênica é observada na borda dos poros e, em alguns
casos, chega a envolver alguns grãos.
O processo de infiltração mecânica foi observado em amostras extraídas do
afloramento da rodovia dos Bandeirantes, onde as argilas de infiltração são a fase
diagenética principal, preenchendo grande parte do espaço poroso (Foto 3A,B).
Os argilominerais são, em sua maioria, formados por caulinitas, ilitas-
esmectitas e cloritas.
As caulinitas são a principal fase mineral nas argilas de infiltração mecânica;
caulinitas autigênicas formados nas paredes do espaço poroso são menos
pronunciadas, sendo observadas nas porções superiores dos poços de Capivari e
Tietê (Foto 2D).
Os argilominerais do grupo das ilita-esmectitas são a fase mineral mais
freqüente nas amostras retiradas dos poços, ocorrendo em todas as profundidades
(Foto 2A). Esta cimentação ocorre associada à substituição de silicatos,
preferencialmente junto a grãos de feldspatos, de forma isolada preenchendo o
espaço poroso e, em alguns casos, englobando alguns grãos na forma de
concreções.
A fase mineral clorita foi observada em apenas uma amostra, situada a
profundidade de 270m (Foto 1A).
A substituição de silicatos por argilominerais afeta a textura e mineralogia dos
sedimentos, decrescendo a maturidade textural e aumentando a quantidade de
matriz intersticial. A substituição acarreta também o aumento da maturidade mineral
do sedimento e da razão de quartzo sobre feldspatos e líticos.
A relação temporal da gênese dos argilominerais é um dos principais
problemas encontrados nas amostras analisadas.
No caso das argilas de infiltração mecânica é claro se tratar de um evento de
telodiagênese, ao englobar todos os grãos do arcabouço. A caulinita presente nos
poços, junto à borda dos poros, também é associada a processos atuais de
diagênese.
O problema encontrado se refere às ilita-esmectitas que, na forma de
concreções, cristais nos poros ou associada a substituição de silicatos, podem ser
formados em grande variação temporal. Em alguns casos, pode não ser diagenética,
mas de origem detrítica, sendo alterada pelos processos atuantes na rocha.
Calcita
A cimentação carbonática é a fase diagenética predominante nos poços de
Capivari e Tietê, principalmente nas amostras retiradas das porções intermediárias e
profundas. Nas amostras do afloramento da rodovia dos Bandeirantes e das
camadas arenosas mais superficiais não é observada esta fase mineral.
Análises realizadas ao microscópio eletrônico de varredura mostraram que o
cimento carbonático é formado por calcita.
Para profundidades intermediárias, entre 75 a 200m, a cimentação ocorre na
forma de concreções esféricas, de dimensões milimétricas e poikilotópica,
englobando grande número de grãos (Foto 1F). O número de concreções varia nos
arenitos presentes neste intervalo e os grãos inseridos nestas concreções
apresentam contatos pontuais ou flutuantes (Foto 1C).
No poço de Capivari, para profundidades superiores a 200m, ocorre maior
freqüência no número de concreções, sendo que em amostras mais profundas pode
ocorrer o preenchimento de todo o espaço poroso.

Opacos
A segunda fase diagenética em importância é referente aos opacos; ocorre na
maioria das amostras analisadas, sendo identificada através do MEV como
constituída por óxidos e hidróxidos de ferro e, mais raramente como TiO2 (Foto 2B).
Wu (1989) aponta esta fase mineralógica como a mais freqüente nas amostras de
superfície.
A fase mineralógica dos opacos ocorre tanto em vários níveis dos poços de
Capivari e Tietê, como também nas amostras da rodovia dos Bandeirantes, sem com
isso possibilitar algum zoneamento, em 300 metros de coluna sedimentar.
Entretanto, níveis preferências para maior precipitação de opacos são encontrados
nos poços.
Nota-se o comportamento tardio desta cimentação, onde os minerais ocorrem
lineando os poros e grãos do arcabouço rochoso (Foto 1E). Vários autores apontam
a presença de óxidos e hidróxidos de ferro relacionados a processos pós-
sedimentares ou telodiagenéticos (Mucke, 1994). A origem do ferro é apontada
como resultante da alteração de biotita ou mine rais ferruginosos.
No caso em estudo, as argilas podem ser fonte de ferro, mas também os
minerais associados às rochas intrusivas, que ocorrem como diques e sills de
diabásio ou como grãos detríticos (Foto 1D), provavelmente apresentem papel
importante na formação de opacos.

Quartzo
Esta fase diagenética é a menos freqüente e de mais difícil análise, estando
presente na forma de sobrecrescimento ou associada à pressão de solução.
Evidências de provável pressão-solução foram encontradas em amostras do
poço de Capivari a profundidades de 134,5, 229 e 256,5m. Estes níveis se destacam
dos demais por apresentar rara ou ausente cimentação, tanto carbonática como por
opacos e argilominerais, contato entre grãos e porosidade muito baixa.
A lâmina C-256,5 mostrou alta compactação, com contatos côncavo-convexos
e contatos suavizados smooth (Foto 1B). O mesmo arenito analisado ao MEV
apresentou freqüente formação de sobrecrescimento de quartzo (Foto 2C).
A fase encontrada nos arenitos, com provável pressão-solução,
corresponderia aos estágios preservados mais antigos do depósito sedimentar, com
a compressão provocando o decréscimo do volume do espaço poroso, contatos
côncavo-convexo e a presença de interpenetração dos grãos.
As evidências de sobrecrescimento foram constatadas pela análise ao MEV,
não sendo possível sua observação via microscopia ótica. As evidências de
sobrecrescimento foram observadas, excluindo os níveis com pressão-solução, nas
profundidades de 73 e 55m (Foto 2A).
Certamente as camadas com presença de pressão de solução foram afetadas
pela compactação, que causou a diminuição do espaço poroso e conseqüentemente
piora nas condições de permeabilidade, impedindo a evolução de processos
diagenéticos.

Seqüência diagenética

Os eventos diagenéticos observados podem ser divididos em duas fases, a


primeira, mais antiga, relacionada a condições de maior pressão e temperatura, e a
segunda relacionada à exposição do pacote sedimentar à influência de águas
meteóricas. A exposição do pacote sedimentar pode ter sido ocasionada pelo
soerguimento ou por contínuo processo erosivo.
A seqüência provável de evolução diagenética para os depósitos estudados é
apresentada no quadro abaixo.

DIAGÊNESE ANTERIOR TELODIAGÊNESE


SOTERRAMENTO EXPOSIÇÃO À SUPERFÍCIE
Sobrecrescimento de quartzo XXXXXXXXXXXXXXX

Pressão-solução XXXXXXXXXXXXXXX

Precipitação de Clorita XXXXXXXXXXXXXX

Precipitação de Calcita XXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXX

Dissolução de silicatos e carbonatos XXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXX

Precipitação de ilita XXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXX

Precipitação de Caulinita XXXXXXXXXXXXXX

Precipitação de óxido de Ferro e XXXXXXXXXXXXXX


Titânio
Foto 1 - (A) Mineral de Clorita (Cl) encontrada à profundidade de 270m, aumento de 50x; (B) Feição
de pressão de solução, com contatos suavizados e côncavo-convexo a retos, aumento de
50x; (C) Cimentação poikilotópica de calcita observada em uma concreção, notam-se
contatos pontuais e grãos flutuantes, aumento de 10x; (D) Fragmento de rocha vulcânica,
aumento de 50x; (E) No centro da lâmina são observados grãos cimentados por
argilominerais, que são externamente rodeados por opacos, aumento de 10x; (F) Forma
circular das concreções de calcita, aumento de 2,5x.
Foto 2 – (A) Amostras apresentando sobrecrescimento de quartzo (Qz), dissolução de albita (Ab) e
Illita filamentosa (il). (B) Cristais de TiO2.(C) Amostra retirada a 256m de profundidade,
apresenta pressão-solução com formação de sobrecrescimento de quartzo. (D) Caulinita
autigênica, na forma de “livro”, formada junto à parede do poro.
Foto 3 – (A) e (B) mostrando exemplos de argilas de infiltração mecânica. Nota-se que as argilas
cauliníticas envolvem todos os grão do arcabouço.
4 - HIDROQUÍMICA

Do ponto de vista hidroquímico, o Sistema Aqüífero Tubarão é caracterizado


por conter águas fracamente salinas e classificadas como bicarbonatadas sódicas e
cálcicas (Taltasse, 1968; Diogo et al., 1981; DAEE, 1984).
Os teores de resíduo seco variam de 21 a 421 mg/L, com 64% das amostras
apresentando valores entre 100 e 200 mg/L. A distribuição espacial destes valores
indica tendência geral de enriquecimento no sentido da drenagem superficial.
Além dos baixos valores salinos, as águas apresentam pH variando de ácido
a básico, com valores entre 4,8 e 9,0. O bicarbonato é predominante entre os
ânions, podendo atingir 285 mg/L. Entre os cátions, predominam o cálcio e o sódio,
com valores que variam de 0,0 a 46,4 mg/L e de 0,1 a 170 mg/L, respectivamente
(Diogo et al, 1981; DAEE, 1984).
De forma geral, as águas provenientes da Unidade Inferior do Subgrupo
Itararé são bicarbonatadas-sódicas e, aquelas provenientes da Formação
Aquidauana ou das unidades Superior e Média do Subgrupo Itararé, apresentam-se
como bicarbonatadas cálcicas. As águas da Formação Aquidauana, por sua vez,
apresentam menores concentrações salinas em relação às águas do Subgrupo
Itararé (Diogo et al, 1981).
Na região de Campinas, as águas subterrâneas do Grupo Tubarão são
classificadas, em sua maioria, como bicarbonatadas sódicas, sendo as menores
concentrações salinas encontradas na Formação Aquidauana. De um modo geral, a
condutividade elétrica é inferior a 350 micromho/cm, pH com variação entre 5,6 e
8,9, com maior freqüência de pH básico (DAEE, 1981a).
A região de Sorocaba apresenta, para o Sistema Aqüífero Tubarão, águas
magnesianas e cloretadas sódicas, com condutividade elétrica inferior a 790
micromho/cm e pH variando de 4,0 a 9,0 (DAEE, 1981b). Contudo, no município de
Sorocaba predominam as águas bicarbonatadas cálcicas ou mistas (Yoshinaga et
al., 1990).
O Subgrupo Itararé, na região do médio Rio Tietê, apresenta predomínio de
águas alcalinas, com pH variando entre 7 e 9,7. A condutividade elétrica é sempre
menor que 560 micromho/cm e, embora as águas subterrâneas na região sejam
sempre bicarbonatadas, não há um tipo de cátion predominante, podendo ser
cálcicas, magnesainas, sódicas ou mistas, variando de forma heterogênea (Diniz,
1990; Oda et al., 1990).
Segundo Perroni et al., (1985) e Ribeiro (1992), altos teores de fluoretos são
encontrados no Sistema Aqüífero Tubarão (), advindos de aqüíferos explorados nos
grupos Tubarão e Passa-Dois e de fendas em diabásio. As altas concentrações de
sódio estariam associadas às elevadas concentrações de fluoretos, devido,
possivelmente, à presença de fluorita. O pH das águas com teores elevados de
fluoreto varia entre 8 e 9,2, na maior parte dos casos.

Metodologia

Parâmetros termodinâmicos

Os cálculos de especiação das fases aquosas e do estado de saturação das


fases minerais foram realizados utilizando o programa Solmineq88 pc/shell, versão
0.85 (Perkins et al., 1988) e Phreeqc 1.03 (Parkhurst et al., 1990). Estes programas
contêm algoritmos que calculam o equilíbrio e a distribuição das espécies aquosas,
orgânicas e inorgânicas, presentes em águas naturais. O processamento consiste
na resolução de um sistema de equações que envolvem a lei de ação de massas,
oxi-redução e balanço de massas, segundo o modelo de associação iônica da fase
aquosa.

As análises químicas foram inseridas como dados de entrada no programa,


em condições de pressão de 1bar e à temperatura medida no campo.

Neste estudo, os programas foram utilizados para os cálculos a seguir


explanados.

a) Cálculo das concentrações de todas as espécies aquosas em solução, a


partir das concentrações dos elementos maiores e traços, obtidas das análises
químicas. Para calcular a distribuição das espécies aquosas de uma dada amostra
de água, a temperatura e pH específicos, são utilizadas as equações de ação e
balanço de massas. Por exemplo, para a dissociação do carbonato de cálcio, a
respectiva equação de ação de massas é:
mCa + + × γ ++ × mCO −− × γ C O−−
KCaHCO3+ =
Ca 3 3

mCaCO × γ CaCO
3 3

Na equação acima, o m i e γi são, respectivamente, a molalidade e o


coeficiente de atividade da espécie subscrita, e Kj é a constante de dissociação da
espécie subscrita. A equação de balanço de massa é:
j
mi ,t = ∑ ni , j m j
l

onde o mi,t, ni,j e mj são, respectivamente, molalidade (analítica ou total) do


componente i, coeficiente estequiométrico do componente i na espécie j, e
molalidade calculada da espécie j.

b) Cálculo de atividade das espécies dissolvidas. A atividade de cada


elemento (ai) é determinada pelo cálculo da equação:

ai = m i γ i

Na equação acima, m i e γi são, respectivamente, molalidade e coeficiente de


atividade da espécie i.

Os coeficientes de atividade para os cátions e ânions são calculados através


da equação de Debye-Hückel (Garrels & Christ, 1965), sendo apropriada para as
baixas salinidades encontradas na área de estudo. Para as espécies aquosas
neutras, são utilizadas equações específicas.

c) Cálculo do índice de saturação (ISat), através do logarítmo da razão entre


o IAP (íon activity product) e o K sp (produto de solubilidade).

IAP
ISat = log
K sp

Quando a razão acima for menor que zero, a amostra é subsaturada na fase
mineral escolhida. Se a razão for igual a zero, a amostra estará em equilíbrio e, se
for maior, estará supersaturada na fase mineral escolhida (Nordstrom, 1985).

Para confecção de diagramas de atividades, foi utilizado o programa PTA


System (Pressão - Temperatura - Atividade), versão 1.0 (Brown et al., 1987), de
grande utilidade para a construção de diagramas atividade x atividade, temperatura
x atividade e pressão x atividade, que contém um banco de dados termodinâmicos
de minerais, espécies aquosas e gasosas.

Para as ilitas e esmectitas, foram utilizados os dados termodinâmicos


estimados por Abercombrie (1988). As esmectitas foram representadas por suas
componentes termodinâmicas (beidellitas), prefixadas por seus cátions
intercambiáveis (Na +, K +, Ca2+ e Mg2+ ).

Técnica de amostragem

O estudo hidroquímico teve início com a coleta direta de amostras em 56


poços, definidos pela posição geográfica, profundidade superior a 100 metros e por
estarem atualmente em produção. A base de dados para a análise hidroquímica
contou com as 56 amostras coletadas, acrescida dos dados de 34 análises retiradas
do estudo de Campos (1993) (Figura 37).

7470.00

7450.00

7430.00

7410.00

0 10 20 30 km

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00

Figura 37 Poços selecionados com análise físico-química. Os pontos em círculo correspondem às


amostras coletadas para este trabalho. Os pontos em cruz são referentes às análises de
Campos (1993).

O pH de campo, a temperatura e a condutividade elétrica foram medidos no


momento da coleta, mantendo-se os frascos fechados e conservados gelados até
serem descarregados no laboratório.
Durante a coleta foi realizada a análise de alcalinidade, utilizando-se o
aparelho Orion 960 (Autochemistry System), com o eletrodo de pH. A alcalinidade foi
medida seguindo o método de Barnes (1964), que consiste na determinação da
alcalinidade total da amostra.
Para a análise dos cátions, as amostras foram filtradas em conjunto milipore,
utilizando filtros de 0,45µm e, logo em seguida, acidificadas com ácido nítrico
concentrado, com 2 ou 3 gotas para cada 100 ml de amostra.

Análise de laboratório

A análise de cátions foi realizada no laboratório de geoquímica do


Departamento de Geologia e Geofísica da Faculdade de Ciências da Universidade
de Calgary (Canadá). Os íons sódio, potássio, cálcio, magnésio, sílica, manganês,
ferro, lítio, bário e estrôncio foram determinados, empregando a técnica do
espectrômetro de Absorção Atômica em Chama (AA).
No laboratório de Hidrogeologia e Hidroquímica do Instituto de Geociências
da UNESP, foram analisados os seguintes ânions: cloreto, determinado por
potenciometria com eletrodo indicador e solução de nitrato de prata; sulfato,
determinado por análise turbudimétrica com fotômetro da marca Yellow Spring
Instrument, modelo YSI-9100; nitrato, por método colorimétrico; e fluoreto, por
potenciometria com eletrodo seletivo.
As análises de δ 18O e δD foram realizadas em 55 amostras no laboratório do
departamento de Física da Faculdade de Ciências na Universidade de Calgary. A
determinação dos valores de δ 18O (aparelho Micro Mass 903) e δD (aparelho Micro
Mass 602), foi realizada utilizando-se espectrômetros de massa.
A validação das análises foi definida utilizando o método de Logan (1965),
optando-se em utilizar somente aquelas que estavam abaixo do erro permitido de
10%. A base total de dados para esta etapa está compilada no Anexo 5.

Análise dos dados

Foram utilizadas 21 variáveis na análise hidroquímica, conforme listadas na


tabela 4.
Dentre as variáveis analisadas, algumas foram prejudicadas tendo em vista o
número significativo de determinações abaixo do limite de detecção, ou a ausência
de algumas variáveis no banco de dados de Campos (1993).
Como descrito por outros autores, os resultados obtidos neste trabalho
confirmam o pH neutro a alcalino, com valores que variam entre 5,31 e 9,85. A
condutividade média é de 315µS e mediana de 270µ, com alto valor de desvio
padrão provocado por concentrações extremamente elevadas de até 1500µS. Os
cátions apresentam a predominância de sódio e cálcio, e bicarbonato entre os
ânions.
Grande parte dos altos valores de desvio padrão encontrados principalmente
para as variáveis condutividade, sódio, alcalinidade total, cloretos e sulfatos é
resultado da alta salinidade encontrada em alguns poços posicionados no extremo
oeste da área.
Como já observado por Perroni et al. (1985) e Ribeiro (1992), algumas
amostras apresentam concentrações elevadas de fluoreto, acima do limite de
potabilidade.

Tabela 3 Estatística básica das variáveis envolvidas na análise físico-química.

Nº AMOSTRAS MEDIA MINIMO MAXIMO STD.DEV.


PH-LAB 88 8,04 5,31 9,85 0,89
COND-LAB 88 317,25 33,00 1500,00 257,73
Na 88 45,86 0,80 380,00 64,14
K 87 0,98 0,00 4,40 0,83
Ca 88 15,02 0,24 73,40 14,73
Mg 88 3,23 0,00 12,70 3,25
Fe 88 0,07 0,00 0,77 0,15
ALCA-Tot 88 163,07 1,00 686,00 106,78
HCO3 88 156,28 1,00 621,00 99,57
CO3 28 21,27 2,39 67,06 17,99
SO4 80 15,04 0,12 264,20 35,27
Cl 84 6,15 0,10 118,00 15,64
NO3 32 0,25 0,01 2,00 0,51
F 51 0,79 0,10 8,00 1,50
SiO2 88 29,76 4,63 70,21 16,07
Mn 55 0,04 0,00 0,52 0,10
Li 55 0,07 0,00 0,22 0,08
Ba 55 0,39 0,00 4,11 0,76
Sr 55 0,49 0,00 1,74 0,35
O18 54 -8,12 -9,44 -6,56 0,66
D 54 -53,30 -69,77 -42,11 6,73
A avaliação do grau de dependência entre os íons maiores, condutividade e
pH foi realizada através de matriz de correlação (Tabela 5).
A primeira etapa da análise foi avaliar a relação dos íons maiores com a
salinidade, expressa pelo valor de condutividade. Dentro deste estudo, os íons que
apresentaram correlação direta com a salinidade foram o sódio, alcalinidade, cloreto
e sulfato. Por sua vez, os íons cálcio e magnésio apresentaram correlação de –0,06
e –0,08 respectivamente e, portanto, um comportamento independente em relação à
salinidade. A correlação negativa ocorreu para os elementos potássio e sílica
aquosa e, para as águas pouco salinas, observou-se maior concentração destes
elementos.
Os elementos que apresentam índices de correlação semelhante com a
salinidade, também apresentam correlações positivas entre si, como por exemplo, a
alta correlação entre Na, HCO3 , e Cl; entre Ca e Mg, ou ainda, com relação à sílica
aquosa e potássio.

Tabela 4 Matriz de correlação das principais variáveis. Os valores posicionados no topo de cada
bloco referem-se à correlação normalmente utilizada. O valor inferior corresponde à
correlação Spearman, que miniminiza o efeito de valores discrepantes.

PH Cond NA K CA MG Alc SO4 CL SIO2


PH 1,00
Cond 0,44 1,00
0,57
NA 0,48 0,94 1,00
0,86 0,71
K -0,47 -0,14 -0,18 1,00
-0,55 -0,24 -0,46
CA -0,32 -0,06 -0,34 0,37 1,00
-0,39 0,14 -0,38 0,35
MG -0,36 -0,08 -0,32 0,24 0,70 1,00
-0,46 0,11 -0,38 0,30 0,83
Alc 0,47 0,95 0,86 -0,24 0,04 0,00 1,00
0,54 0,96 0,66 -0,33 0,17 0,13
SO4 0,28 0,65 0,61 -0,15 -0,21 -0,22 0,47 1,00
0,45 0,57 0,60 -0,42 -0,30 -0,30 0,57
CL 0,22 0,82 0,83 -0,05 -0,17 -0,12 0,74 0,38 1,00
0,34 0,69 0,50 -0,19 -0,06 0,02 0,60 0,49
SIO2 -0,54 -0,35 -0,47 0,44 0,59 0,39 -0,31 -0,34 -0,29 1,00
-0,46 -0,23 -0,57 0,45 0,64 0,48 -0,22 -0,41 -0,33

Avaliação da salinidade do aqüífero

A condutividade foi avaliada com maior detalhe por ser uma variável que
possui relação direta com a salinidade. O histograma de condutividade mostra
distribuição lognormal, com apenas alguns valores elevados. Os valores mais
freqüentes se encontram entre o 1º, 2º e 3º quartil, ou seja, 75% dos dados
apresentam uma variação de 25 a 365µS (Figura 38).

28

24

20
nº de observações

16

12

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Condutividade (mmS)

Figura 38 Histograma da variável condutividade.

O variograma experimental omnidirecional da variável condutividade mostra o


comportamento de deriva da salinidade. A não estacionaridade do variograma reflete
um comportamento crescente da variabilidade com o aumento do espaçamento, que
compara valores da borda com valores posicionados em direção ao interior da bacia,
(Figura 39).

696

81000

72000
1262
63000
1520
1022
54000

45000 946
1234
36000 716

27000
360

18000

9000

0
0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

Figura 39 Variograma experimental omnidirecional para a variável condutividade.

Em mapa, os valores de condutividade apresentam aumento da salinidade em


direção ao centro da bacia, oeste da área de estudo. Valores pontuais estão
distribuídos na área e o ponto anômalo de maior salinidade está posicionado a sul
do município de Tietê (Figura 40).
Com isso, a área NE, municípios de Campinas, Sumaré, Hortolândia e
Indaiatuba, com relação à salinidade do aqüífero, configura-se como uma região
preferencialmente de recarga, onde são encontrados os menores valores de
salinidade. Resultado semelhante ao apresentado no mapa potenciométrico sobre a
região NE.
A partir da região NE, observa -se o aumento progressivo da salinidade,
grosso modo paralela à borda da bacia, em direção a região oeste. De forma geral, a
variação ocorre de 100-200µS na porção NE até 400-500µS na região W, com
valores extremos posicionados a sul de Tietê.

Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê 1400 mS
1300
1200
1100
1000
7430.00 Porto Feliz Itu 900
800
700
600
500
Boituva
400
300
7410.00
200

0 10 20 30 km 100
0

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00


Figura 40 Mapa de condutividade elétrica (µS) para a área de estudo.
Tipos hidroquímicos

De acordo com o diagrama de Piper (1944), à exceção de uma amostra,


todas as demais estão posicionadas no campo das bicarbonatadas, o que mostra o
caráter secundário do cloreto e do sulfato entre os ânions (Figura 41).
Quanto aos cátions, ocorre melhor distribuição entre os alcalinos (sódio e
potássio) e os alcalinos terrosos (cálcio e magnésio). Do total de 91 amostras, 56%
apresentam predomínio de Na+K, e 44% com maiores índices de Ca+Mg.
Quando é observado o triângulo referente aos cátions, apenas 17%
apresentaram porcentagem de cálcio superior a 50%. O mesmo não ocorre quando
se analisa o magnésio, que não apresenta amostra com concentração superior a
50%.

0.8 0.8

Cl Ca
+ +
So4 Mg

0.2 0.2

0.8 .2 .2 0.8

Na HCO3
Mg + + SO4
K CO 3

0.2 .8 .8 0.2

0.8 Ca 0.2 0.2 Cl 0.8


Figura 41 Diagrama de Piper para as amostras analisadas no presente trabalho.

Os tipos hidroquímicos encontrados na área em estudo constituem águas


bicarbonatadas cálcicas, com discreto predomínio na borda leste. Em direção à
oeste, predominam águas bicarbonatadas sódicas, área que apresenta as maiores
salinidades (Figura 42).
Sumaré
Campinas
Hortolândia
7470.00

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê

7430.00 Porto Feliz Itu

Bicarbonatadas
Cálcicas

Boituva Bicarbonatadas
Sódicas
7410.00

0 10 20 30 km

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

Figura 42 Distribuição dos tipos hidroquímicos na área de estudo. Os símbolos em cruz referem-se
às águas bicarbonatadas cálcicas e os círculos, as bicarbonatadas sódicas.

Análise termodinâmica

O intervalo de investigação utilizado neste trabalho, restrito a profundidades


máximas dos poços de 300m, a condição aflorante do pacote sedimentar sem a
presença de zonas de aqüífero confinado e a posição próxima à borda da bacia,
configuram o aqüífero como de influência de águas meteóricas e relacionadas a
condições de recarga em relação à área regional.
Esta influência de águas meteóricas expõe o aqüífero à zona não saturada e
às condições atmosféricas, com a interação de gases como O2 e CO2 que são
fundamentais na composição química das águas de recarga.
A água meteórica é modificada pelo contato com o arcabouço rochoso do
aqüífero. A extensão desta modificação depende de diversos fatores, incluindo a
característica da zona de recarga, a mineralogia da rocha hospedeira e o tempo de
residência em subsuperfície.
A interação entre a água meteórica e o arcabouço rochoso contribui para o
intemperismo químico dos minerais instáveis em condições atmosféricas. Estes
minerais são vulneráveis aos ataques por água, oxigênio e dióxido de carbono, e as
reações tendem a ocorrer expontaneamente. A água penetra através dos poros,
clivagens e outras pequenas aberturas nos minerais, dissolvendo os constituintes
mais solúveis (Loughnan, 1969).
Segundo Stumm (1992), o intemperismo químico é um dos principais
processos que controlam o ciclo hidrogeoquímico global dos elementos. Neste ciclo,
a água opera como reagente e agente transportador de componentes dissolvidos e
particulados. A atmosfera se comporta como um reservatório de dióxido de carbono
e oxidantes requeridos para a reação de intemperismo. A biota auxilia o processo de
intemperismo, contribuindo com ácidos orgânicos e suprindo localmente, por
decomposição, o aumento da concentração de CO2 .
O CO2 produzido no meio não saturado, entre 10 a 100 vezes maior que na
atmosfera devido à atividade biológica, interage com o aqüífero, provocando a
formação de ácido carbônico que juntamente com a água são fundamentais para os
processos de solubilização e dissolução dos minerais.
O gás carbônico reage com as moléculas de água, formando o ácido
carbônico que pode dissociar-se em duas etapas, liberando um próton em cada uma
delas. Este processo de dissociação fornece os prótons que agem nos processos de
dissolução dos minerais.

H2O + CO2(aq) =H2CO3

H2CO3 = H+ + HCO3 -

HCO3- = H+ + CO3-

As reações com consumo de H+ e ao mesmo tempo a concentração de CO2


são fundamentais no controle da alcalinidade da água.

Dissolução de silicatos
A percolação de água meteórica nas áreas de recarga propicia reações de
hidrólise envolvendo água e ácido carbônico. A hidrólise é a desintegração do
mineral sob influência dos íons H+ e OH- da água (Mathess, 1982). Os melhores
exemplos deste tipo de reação, observados na análise petrográfica, são as de
substituição ou dissolução de feldspatos.
Com relação à dissolução mineral, um exemplo muito observado em lâminas
delgadas ocorre com as albitas.

NaAlSi3O8 (albita)+ 4H+ + H2O = Na+ + Al+3 + 3H4SiO4o (Parkhust, 1995)

Segundo Chou & Wollast (1985), a velocidade de dissolução da albita,


indicam a forte dependência do pH, com a menor taxa entre pH 6 e 7. Para soluções
ácidas e alcalinas, a taxa de dissolução será maior. No entanto, este tipo de reação
é influenciado pela concentração de alumínio, que em pequenas concentrações
inibe a dissolução. Nas soluções alcalinas, o Na + influencia na reação quando
presente em altas concentrações na solução.
Nas águas de recarga, as reações com felsdpatos, segundo mineral em
abundância nos sedimentos estudados, podem ser responsáveis pelo controle do
pH, pois as águas ácidas de recarga aceleram as reações de dissolução dos
feldspatos, e com isso, a liberação de cátions, sílica e diminuição da acidez da
solução.
Com o aumento do pH, estas reações ocorrem a uma velocidade cada vez
menor, até atingir as taxas mais baixas de dissolução, entre pH 6-7, ocasionando o
tamponamento do pH, pois mesmo que a dissolução continue a um processo mais
lento, o aumento da concentração de sódio em solução inibe a reação.

Substituição de silicatos - argilominerais

As reações de substituição têm como principal produto os argilominerais,


como apresentado nos exemplos abaixo, envolvendo a albita.

2NaAlSi3O8 + 2H2CO3 + 9H2O = 2Na + + 4H4SiO4 + Al2Si2O5(Caulinita) + 2HCO3-


(Appelo & Postma, 1996)
3,33NaAlSi3O8 + 1,32H+ + 5,32H2 O + 0,67Mg2+ = 2,66Na + +
Na0,67Al3,33Mg0,67Si8O20(OH)4 (montmorilonita) + 1,99H4SiO4 (Appelo & Postma,
1996).

Os produtos de substituição são os argilominerais que na análise petrográfica


aparecem em dois grupos mais freqüentes: caulinitas e ilita -smectitas. Estes
argilominerais ocorrem tanto associados com a substituição de silicatos, como
resultantes de precipitação autigênica, preenchendo o espaço poroso.
As reações de intemperismo e seus produtos dependem da variedade
mineralógica encontrada no arcabouço rochoso e do regime hidráulico do aqüífero.
Segundo Dutta (1992), a velocidade de fluxo pode influenciar no tipo de argilo
mineral formado: para um fluxo maior, menor o tempo de equilíbrio rocha-água e,
com isso, o favorecimento da formação de caulinita. Quando o meio poroso possui
menor taxa de fluxo, maior é o tempo de equilíbrio, favorecendo a precipitação de
ilita-smectita.
O diagrama de estabilidade para a concentração Na + /H + versus H4SiO4 indica
equilíbrio da maioria das amostras no campo das caulinitas e, secundariamente, no
campo das montmorilonitas (Figura 43). O mesmo resultado foi observado em
relação ao Ca2+/(H+ )2.

Albita

Gibsita

Na-Mont.

Caolinita

+ +
Figura 43 Diagrama de estabilidade do Na /H versus H4SiO4 para todas as amostras.
Calcita

Cimentação por calcita foi verificada com freqüência na análise petrográfica,


sendo, no entanto, ausente ou rara em amostras de superfície ou de profundidades
inferiores a 50m, do poço de Capivari. Em porções mais profundas do poço, a
cimentação passa a ser mais freqüente, presente na forma de concreções e, em
profundidades superiores a 250m, passa a preencher totalmente o espaço poroso.
O índice de saturação da calcita é determinado pela equação:

Ksp = [Ca2+] [CO32-]

O índice de saturação da calcita em relação à condutividade apresenta


condições de subsaturação para as amostras com baixa salinidade, e condições de
equilíbrio ou supersaturação para as águas de elevada salinidade (Figura 44).

0
ISat Calcita

-2

-4

-6

-8
0 500 1000 1500 2000

Condutividade

Figura 44 Índice de saturação em relação a calcita.

O baixo índice de saturação de calcita para as águas de baixa salinidade é


esperado devido ao caráter ácido destas águas, com pH inferior a 7,5. Nestas
condições, o bicarbonato HCO3- é o ânion em equilíbrio. Além disso, as águas com
estas características estão posicionadas nas regiões de recarga do aqüífero, áreas,
portanto, com alta capacidade de lixiviação e baixa salinidade, como conseqüência
do pouco tempo de residência.
Segundo Plummer et al. (1978), a taxa de dissolução de calcita decresce com
o aumento do pH, passando a diminuir drasticamente quando o pH é maior que 6.
Nesta situação, os íons HCO3- e Ca2+, liberados durante a dissolução, passam a
apresentar concentrações significativas, fazendo com que ocorra o equilíbrio entre a
solução alcalina, rica em bicarbonato e cálcio com a fase carbonática presente na
rocha.
Como observado, as áreas de recarga, como nas porções superficiais dos
poços de Capivari e Tietê, mostram ausência da fase carbonática, pois são áreas de
aporte contínuo de águas com baixo valor de pH, portanto com alta taxa de
dissolução de carbonatos.
Durante o fluxo em direção às maiores profundidades, a água passa a se
tornar mais alcalina e salina devido às reações de substituição e dissolução de
silicatos e carbonatos. Nesta etapa, ocorrem condições de equilíbrio e
supersaturação em relação à calcita e, como conseqüência, a preservação ou
mesmo precipitação de concreções desta fase mineral, observada nas porções
intermediárias dos poços em Tietê.
Por fim, as águas atingem a região oeste, marcada pelas condições de
equilíbrio em calcita sobre extensa área. Esta situação é provocada pela cimentação
carbonática significativa encontrada tanto nos poços em Tietê e Capivari, como
também em afloramentos (município de Porto Feliz).
A presença da fase carbonática em profundidade provoca o efeito tampão na
água, fazendo com que o pH permaneça constante, com valores próximos a 8-8,5 e
predomínio de ânions HCO3- e CO32-.

Quartzo

A cimentação por quartzo foi encontrada tanto na forma de sobrecrescimento


como associada a processos de pressão-solução.
A solubilidade do quartzo é descrita pela equação:

SiO2(s) + 2H2O = H4SiO40


O H4SiO40 é o principal produto da interação com água e se mantém
indissociado a valores de pH abaixo de 9. Em elevados valores de pH, a sílica é
dissolvida para formar H3SiO4- (Hitchon et al, 1999).
Segundo Rimstidt (1997), a solubilidade do quartzo em água a 25ºC é de
11ppm, um valor muito abaixo da concentração encontrada nas águas subterrâneas,
motivo pelo qual a maioria das águas se encontra no estado de supersaturação.
Com relação ao Índice de Saturação do quartzo, a grande maioria das águas
encontra-se em estado de supersaturação e poucas amostras subsaturadas.
Observa-se, também, que as amostras supersaturadas apresentam baixa salinidade,
relacionadas, portanto, às águas de recarga e provenientes das condições mais
superficiais do aqüífero (Figura 45).

1,2

0,8
ISat Quartzo

0,4

-0,4

-0,8
0 500 1000 1500 2000
Condutividade

Figura 45 Índice de saturação em relação ao quartzo.

Desta forma, é certo que grande parte da sílica aquosa foi gerada pelo
intemperismo de silicatos, cujas reações geram produtos freqüentemente
observados nas descrições petrográficas.
Segundo Bjorlykke & Egeberg (1993), esta condição de supersaturação não
implica na precipitação de sílica. Em condições superficiais do aqüífero, a
supersaturação é freqüente, porém não ocorre a precipitação devido às baixas
temperaturas e ao fluxo contínuo de água subterrânea.
McBride (1989) constata que rochas com maior participação de feldspatos e
fragmentos de rocha liberam, através de reações de hidrólise, Al e outros cátions
que tendem a aprisionar sílica preferencialmente para a formação de argilominerais
autigênicas, inibindo com isso a precipitação de sílica.
Assim, pode-se esperar condições de supersaturação em sílica em águas
subterrâneas associadas às condições de recarga. Em direção às águas mais
salinas, processos de formação de argilominerais acarretarão na diminuição da
concentração de sílica do meio aquoso.
Além da formação de caulinita, as ilitas (KAl(SiAlO)(OH4) podem ser
responsáveis pelo aprisionamento de sílica, como indicado pelo comportamento
semelhante encontrado nas análises de correlação entre o potássio e a sílica
(r2=0,44).

Ferro
A cimentação por óxido de ferro é muito freqüente na maioria das amostras
observadas na análise petrográfica e um dos principais processos diagenéticos
atuantes em superfície. O caráter telodiagenético é confirmado em lâmina delgada
por ser posterior a todas as fases diagenéticas observadas.
O ferro entra no ciclo hidrológico principalmente como Fe2+, através de
reações de intemperismo de ferro magnesianos. Muito do ferro é provavelmente
redepositado como pirita, siderita ou hidróxido de ferro, dependendo das reações de
óxiredução e da presença de outros cátions e ânions. Se as condições são
redutoras, os íons são carreados como ferrosos, os quais permanecem em solução
e migram com o fluxo do aqüífero.
Devido às condições oxidantes do aqüífero e para a variação de pH
encontrado nas águas amostradas, diagramas de estabilidade Fe – C – O – H
(Brookins, 1988) apontam para a fase hidróxido de ferro como a de maior
estabilidade nas águas estudadas.
Na evolução diagenética apresentada por França & Potter (1989), a siderita
corresponde à primeira fase diagenética, indicando assim condições bem restritas
de formação do ponto de vista termodinâmico, pH alcalino (6,8 a 9,4) e águas
redutoras (0,0 a -0,4).
Autores como Walker (1978) e Mücke & Agthe (1988), apontam a origem do
ferro associada as micas, como por exemplo a biotita, e a ferro-silicatos. Estes
minerais são alterados por processos de intemperismo em superfície, liberando Fe2+
para a solução.
No entanto, deve-se destacar a presença de significativos pacotes de
intrusivas básicas. Maniesi (1991) aponta, para as soleiras de diabásio de Reserva e
Salto do Itararé – PR, composição variando de plagioclásio, augita e pigeonita e
minerais opacos e, subordinadamente, olivinas, quartzo, apatita e zircão. Os
diabásios presentes na região de Mogi-Guaçu são compostos por plagioclásio,
enstatita-augita, magnetita e apatita (Franco, 1952).
Dentre os minerais descritos, magnetita (Fe2+Fe23+O4 ), olivinas (Mg,Fe)2SiO4
e piroxiênios são caracterizados, além da participação significativa do ferro na
composição química, pela alta instabilidade em condições de intemperismo, com
elevadas taxas de dissolução em águas ácidas (Lasaga, 1984).

Isótopos 18O e D

As concentrações de isótopos, determinadas para as amostras de água


subterrânea, variam no intervalo de –9,44 a –6,5 o /oo para 18
O e, em relação ao D,
entre – 69,77 a – 42,11o/oo.
18
A correlação entre O e D apresenta distribuição da maior parte dos pontos
acima da linha de SMOW (Figura 46). Diniz (1990) encontra distribuição semelhante
para amostras do município de Tietê.
Correlações entre outras variáveis não apontam relações lineares
significativas com os isótopos. Apenas o pH apresenta correlação negativa, –0,66, e
18
SiO2(aq), correlação positiva de 0,60 em relação a O. Este resultado mostra
tendência de maior concentração isotópica nas águas de recarga e mais baixo teor
nas águas de maior salinidade, indicando que a relação com a rocha está gerando o
empobrecimento da água subterrânea quanto ao conteúdo isotópico.
A composição isotópica do aqüífero, em muitos casos, é controlada por águas
meteóricas. Entretanto, há ambientes geológicos onde reações entre a água
subterrânea e a rocha reservatório ou gases em subsuperfície podem modificar a
assinatura meteórica da água (Clark, 1997).
Dentre os processos água-rocha que provocam composições isotópicas
acima da linha de SMOW estão: (1) troca isotópica com CO2; (2) hidratação dos
silicatos e (3) troca isotópica com H2S (Clark, 1997).
A troca isotópica entre a reação da água com os gases CO2 e H2S é
extremamente rara e ocorre em situações específicas. A hidratação dos silicatos é o
18
provável agente modificador das condições isotópicas, O e D, das águas da área
em estudo.

CaAl2Si2O8 (Anortita) + 3H2 O = Ca2+ + Al2Si2O5(OH)4 (Caulinita) + 2OH-

18
O fracionamento de O ocorre entre o fluido e a estrutura do silicato, bem
como entre o fluido e o mineral hidratado. Em relação ao D, o fracionamento ocorre
apenas entre o fluido e o argilomineral hidratado. Esta variação no comportamento
provocará a diferenciação entre a concentração dos dois isótopos no meio aquoso.
Outro processo de fracionamento ocorre entre argilominerais formados em
diferentes condições de pressão e temperatura ou diferentes ambientes de
deposição. James & Baker (1976) e O’Neil & Kharaka (1976) constataram, em
análises de laboratório, o aumento da concentração isotópica de argilominerais em
contrapartida à diminuição da concentração da água com o tempo.
A diferenciação da razão isotópica foi mais acentuada em argilominerais de
origem marinha ou hidrotermal. Outra constatação é que em ilitas bem cristalizadas
houve pouca troca isotópica, enquanto que ilitas com grande quantidade de
camadas expandíveis proporcionaram intensa troca isotópica com a água.

-40

-45

-50

-55
D o oo
-60

-65

-70

-75
-10 -9 -8 -7 -6

18
O 0
00

18
Figura 46 Correlação entre os isótopos D e O.
Fluoreto

O fluoreto foi encontrado em altas concentrações em alguns poços, com valor


máximo de 8mg/L, sendo que valores acima de 2mg/L são determinantes para a não
utilização da água para o consumo humano. As altas concentrações de fluoreto
estão associadas às águas de maior salinidade, posicionadas no extremo oeste.
O cloreto é o elemento que apresenta a melhor correlação com fluoreto,
ambos com comportamento termodinâmico semelhante em solução (Figura 47).
Portanto, são considerados elementos de alta solubilidade e pouca interação com a
maioria dos minerais encontrados em rochas sedimentares, com processo de
acumulação controlado por evaporação.

10
Fluoretos

0,1
0,1 1 10 100 1000

Cloretos

Figura 47 Correlação entre os íons cloretos e fluoretos.

Hitchon et al. (1999) aponta a fluorita como a fase mineral de origem do


fluoreto em rochas sedimentares. Segundo o autor, como as quantidades de
alumínio, urânio e vanádio são geralmente baixas em água subterrânea, o conteúdo
de fluorita (CaF2) é controlado quase exclusivamente pela concentração de cálcio.
O gráfico Ca2+ versus F- apresenta tendência de decréscimo da concentração
de fluoreto com o aumento da concentração de cálcio (Figura 48). Através da análise
de correlação é observado o predomínio das maiores concentrações de fluoreto para
amostras com teores de cálcio inferiores a 10 mg/L. Mesmo para águas amostradas
com maiores concentrações de Ca2+, todas apontaram condições de subsaturação
quanto à fluorita.
F (mg/L) 10

0,1
0,1 1 10 100

Ca (mg/L)

Figura 48 Correlação entre cálcio e fluoreto.

Zeólitas

Outra característica da configuração hidroquímica da água subterrânea,


observada nos municípios de Mombuca, Monte Mor, Rio das Pedras e Rafard, é a
presença de valores de pH superiores a 9,5.
De acordo com James R. Boles e Ian Hutcheon (comunicação oral), valores
extremamente elevados de pH podem estar associados à presença de intrusivas
básicas, mais especificamente como conseqüência da reação de zeólitas com a
água subterrânea.
As zeólitas podem ser definidas como aluminossilicatos hidratados de metais
alcalinos e alcalino-terrosos. Ocorrem de modo característico nas amígdalas e
cavidades de rochas vulcânicas básicas e em ambientes hidrotermais. Zeólitas de
origem diagenética ou de baixo grau metamórfico são também muito comuns.
Analcima ou Analcita, natrolita, heulandita e estilbita são os mais abundantes
membros do grupo. As zeólitas são particularmente vulneráveis às condições de
intemperismo (Deer et al, 1966).
Franco (1952), em estudo específico sobre zeólitas dos basaltos do Brasil
Meridional, aponta a freqüência e as diversas formas de cavidades presentes nos
basaltos e diabásios. Uma ordem geral de precipitação é observada, conforme
indicado abaixo. Infelizmente, o autor não apresenta informações quantitativas de
qual fase de zeólitas é mais abundante.

Heulandita ? Estilbita ? Chabazita


Um exemplo desta reação é apresentada abaixo. No caso, a reação de
dissolução de heulandita consome H+ (aumentando o pH) e libera cátions e sílica
aquosa. As reações de dissolução da Estilbita e Chabazita são semelhantes, com o
consumo elevado de H+ e a liberação de cátions e H4SiO4º.

CaAl2Si7O18.6H2O (Heulandita) + 8H+ + 4H2O = Ca2+ + 2Al3+ + 7H4SiO4 º

Para a investigação do efeito desta reação sobre as águas amostradas, foi


realizada, utilizando o programa Solmin88, a adição de pequenas quantidades de
zeólitas em solução correspondente a um poço do município de Monte Mor. A título
de comparação, foi realizada a mesma simulação, com a utilização de calcita (Figura
49).
Os resultados obtidos comprovam a marcante influência das zeólitas sobre o
pH da solução. Para uma solução com pH inicial 7,18, a adição de 3x10-5 moles de
heulandita acarreta o aumento do pH para 9,49. A mesma quantidade adicionada de
moles de calcita teve como incremento do pH para 7,36.

12

11

10 Heulandita
pH

9 Calcita

7
0,00E+00 1,00E-04 2,00E-04 3,00E-04 4,00E-04 5,00E-04 6,00E-04

adição da fase mineral (moles)

Figura 49 Variação do pH com o incremento de heulandita e calcita em solução, proveniente de um


poço de Monte Mor com pH 7,18.
5 - ANÁLISE DE FAVORABILIDADE

O trabalho desenvolvido nos capítulos anteriores apresentou grande número


de variáveis relacionadas às condições de fluxo e química da água subterrânea.
Com a quantidade de informações obtidas, buscou-se investigar qual a
influência de alguns destes fatores na produtividade dos poços e quais os melhores
atributos que poderão auxiliar na identificação das áreas favoráveis para a
prospecção de água subterrânea.
Para analisar de forma conjunta as variáveis selecionadas, foi decido adotar a
análise de favorabilidade. Esta análise tem como base a aplicação da probabilidade
condicional e a estatística bayesiana.
Segundo Rostirolla (1996), esta metodologia consiste na análise estatística
das variáveis que indicam a existência de depósitos minerais ou de acumulações de
petróleo, estando embasada na ponderação e associação espacial de dados
geológicos e geofísicos, com fins exploratórios. O propósito desta avaliação é
discriminar as regiões com melhores chances para descobertas, possibilitando
priorizar sub-áreas para trabalhos de prospecção.
Ao invés de analisar isoladamente cada variável amostrada, os atributos
georeferenciados são discretizados em células e correlacionados espacialmente,
resultando nos mapas de favorabilidade.
Com base no estudo da distribuição espacial e coexistência entre variáveis e
depósitos, o sistema de avaliação proposto torna possível inferir quanto e de que
modo cada variável mapeada está associada ao processo mineralizador e,
conseqüentemente, em que grau ele indica a existência de um bem mineral.
O método estatístico bayesiano consiste em determinar a probabilidade de
ocorrer um dado evento, de acordo com um condicionante, como por exemplo, a
probabilidade de ocorrer um depósito não descoberto a partir da existência de
alguns atributos geológicos mapeados.
O objetivo é combinar informações de diversos níveis, para gerar uma saída
de dados que permita ao geólogo calcular um determinado valor, tal como a
probabilidade de ocorrer um depósito.
A etapa inicial da avaliação corresponde à montagem do modelo de
ocorrência, quando são discriminadas as evidências favoráveis à concentração
(critérios diagnósticos). A segunda etapa corresponde à geração de um modelo de
probabilidade, estruturado segundo o modo de ocorrência. Assim, é possível
predizer a favorabilidade de um depósito ou de uma acumulação, de tamanho e
volume adequados, ocorrer em determinada área alvo.
Seguindo as premissas presentes em Rostirolla et al. (1997), são
consideradas “necessárias” aquelas variáveis que sempre existem nos depósitos
conhecidos, enquanto que variáveis “suficientes” podem ou não existir em depósitos
conhecidos, mas a sua ocorrência representa um forte indício de mineralização. A
condição de suficiência de uma variável E é satisfeita quando a probabilidade de
existência do depósito (hipótese H), é maximizada com a presença da variável
(P(H|E) = máximo). A condição de necessidade da variável é satisfeita quando a
probabilidade de não existência do depósito é maximizada com a ausência da
variável (P( H | E )= máximo).
Nos mapas de variáveis exploratórias, os pontos conhecidos (amostras da
população estudada) são tratados como pixels e estimados espacialmente.
Segundo o modelo adotado por Bonham-Carter (1994), em todas as células
avaliadas, a chance posterior Ch(H|E jk) de ser encontrado um depósito (ou hipótese
H) é dada pelo somatório da chance prévia Ch(H) com os ponderadores wj k
referentes às evidências E jk :

ln Ch( H | E kj ) = w kj + ln Ch( H )

onde o índice superior k refere-se à presença (+) ou ausência (-) da variável,


e os ponderadores wjk são razões de probabilidade (likelihood ratios) calculados do
seguinte modo para cada variável E jk :

H ∩ E kj
k
P (E | H ) H
wkj = ln = ln
j
k
P (E | H )
j H ∩ E kj
H

Todos os níveis georreferenciados adicionais devem ser computados como


mapas binários e, para Ej(j=1,2,3,...n) mapas, o somatório é representado pelas
fórmulas:
n
ln Ch( H | E1k ∩ E2k ∩ ... ∩ E nk = ∑ w kj + ln Ch( H )
j =1

n 
Ch( H | E1k ∩ E2k ∩ ... ∩ Enk ) = exp ∑ w kj + ln Ch( H )
 j =1 

Baseado nos resultados, a probabilidade posterior (ou favorabilidade para


cada célula avaliada) pode ser obtida a partir da chance posterior.
Para melhor compreensão da análise de favorabilidade podem ser
consultados os trabalhos de Bonhan-Cater (1994), Rostirolla (1996) e Rostirolla
(1997).

Aplicação na área em estudo

O primeiro passo para o desenvolvimento da análise de favorabilidade foi a


padronização da dimensão dos mapas a serem utilizados. A malha definida foi de 49
x 50 blocos, com área total de 4.418,5km2 e área do bloco de 2,62km2.
Na aplicação da análise de favorabilidade, foi definido como sucesso na
exploração de água subterrânea as regiões que apresentaram maiores vazões
específicas nos poços.
Diferente dos depósitos mineralizados ou das acumulações de petróleo, a
exploração de água subterrânea não apresenta cut off bem definido para um poço
se tornar economicamente viável. Isto porque, diferentes técnicas de perfuração e o
material empregado são definidos de acordo com a relação de custo e uso deste
poço. Um poço com vazão de 10m3 /h pode ser inviável para o abastecimento público
de uma cidade, mas muito útil para uma pequena propriedade agrícola.
Para este trabalho, foram consideradas as “áreas mineralizadas” relacionadas
aos valores elevados de vazão específica (Figura 50). Os valores considerados
elevados correspondem ao intervalo de 0,52 a 12,8m3/h.m, que delimita a região de
Elias Fausto e, principalmente, a região referente ao município de Tietê.
As variáveis relacionadas à vazão do aqüífero e que foram alvo de análise
correspondem à distribuição de falhamentos, drenagem, porcentagem de arenitos e
salinidade das águas subterrâneas (Figura 51).
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia

Mombuca Monte Mor

Capivari

Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê

Porto Feliz Itu


7430.00

Cap. Esp. > 0,52m³/h.m

Boituva

7410.00

0 10 20 30km

200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00

Figura 50 Mapa de capacidade específica onde estão delimitadas as áreas com valores superiores a
3
0,52m /h.m, consideradas “mineralizadas” para a análise de favorabilidade.

(a) (b)

Sumaré
Campinas Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia Hortolândia
7470.00
Mombuca Monte Mor Mombuca Monte Mor

Capivari Capivari

Elias Fausto
7450.00 7450.00 Rio CapivariElias Fausto
Indaiatuba Indaiatuba
Tietê 70 % Tietê
65
60
55
Rio Tietê
50
Porto Feliz 7430.00 Porto Feliz Itu
7430.00 Itu 45
40
35
30
25
20 Boituva
Boituva
15
10 7410.00
7410.00 5
0
0 10 20 30 km 0 10 20 30
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

(c) (d)

Sumaré Sumaré
Campinas Campinas
7470.00 Hortolândia 7470.00 Hortolândia

Mombuca Mombuca Monte Mor


Monte Mor

Capivari
Capivari

Elias Fausto Elias Fausto


7450.00 7450.00
Indaiatuba
Indaiatuba
Tietê 1400 m S
Tietê
1300

1200
1100
1000
Porto Feliz Itu
7430.00 Porto Feliz Itu 7430.00 900
800
Falha
700

Cidade 600

Boituva 500
Boituva
400
300
7410.00 7410.00 200

0 10 20 30 km 100

0 10 20 3 0km 0

210.00 230.00 250.00 270.00 290.00 210.00 230.00 250.00 270.00 290.00

Figura 51 Mapas das variáveis selecionadas para a análise de favorabilidade. (a) porcentagem de
arenitos, (b) drenagem, (c) falhamentos, (d) condutividade elétrica.
Os falhamentos são importantes, principalmente em áreas com predomínio de
diabásio, por serem considerados zonas com melhores permeabilidades. O cut off,
para as células da malha de pesquisa, foi considerado igual a 1, na intersecção das
áreas mineralizadas com zonas de falhas, e igual a zero, quando não há
intersecção.
Mesmo procedimento adotado para falhamentos foi aplicado para a variável
drenagem. Neste caso, foram utilizados apenas os dois principais rios que
atravessam a área de estudo, Capivari e Tietê, cujas várzeas coincidem com as
áreas potenciométricas mais baixas e, portanto, área com convergência das linhas
de fluxo. Com isso, células com intersecção de drenagem e zonas mineralizadas
assumem valor 1, e sem intersecção, valores zero.
O cut off relativo à porcentagem de arenito (utilizando toda a base de dados)
foi definido adotando o valor da mediana da distribuição desta variável. Com isso, os
melhores valores correspondem à porcentagens maiores que 40% de arenitos.
A variável salinidade, expressa através da condutividade da água, foi definida
como cut off para valores superiores a 314 µS (Figura 52).

60
70

50 60

40 50

40
30

30
20
20

10
10

0 0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Condutividade (mS) na área mineralizada Probabilidade de arenitos na área mineralizada

700
500

600

400
500

400 300

300
200

200

100
100

0 0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Condutividade (mS) na área não mineralizada Probabilidade de arenitos na área não mineralizada

Figura 52 Histogramas referentes às variáveis porcentagem de arenitos e condutividade (µS),


separados pelos valores inseridos e fora das áreas mineralizadas. Nota-se sutil diferença
entre os histogramas, demonstrando a dificuldade para a definição de cut off.
Utilizando o algoritmo presente no trabalho de Bonham-Carter (1994), foram
definidos os pesos (w+ e w-) para as variáveis selecionadas. Estes pesos são as
variáveis mais importantes na análise de favorabilidade: quanto maior for a diferença
ou o contraste “C” entre w+ e w-, mais correlacionável é a variável com a área
mineralizada (Tabela 6).
Os pesos apresentados apontam a não correlação dos falhamentos presentes
na área com a produtividade dos poços, apresentando baixo valor de contraste. A
principal densidade de falhamentos ocorre na porção central da área, onde há
poucos indícios de boas vazões de poços.
A condutividade é a variável que apresenta a maior correlação com a
produtividade dos poços. Isto indica que as áreas de recarga, de baixa salinidade,
apresentam baixa probabilidade de apresentarem boas condições de vazões nos
poços. Portanto, as áreas de descarga, posicionadas na região oeste, são mais
favoráveis.
As variáveis, porcentagem de arenitos e drenagem, também apresentaram
boas correlações com as áreas favoráveis à exploração de água subterrânea.
Outras variáveis relacionadas à presença de arenitos, como espessura e
porcentagem definida a partir de descrições de testemunhos contínuos de poços,
apresentaram melhores correlações com a produtividade. Entretanto, a porcentagem
de arenitos baseada na descrição de amostras de calha é a variável que apresenta
distribuição em toda a área de estudo e, por isso, foi escolhida.

Tabela 5 Pesos definidos para as variáveis utilizadas.

Análise Bayesiana w+ w- C
1- Drenagem 0,70 -0,08 0,78
2- Porcentagem de arenitos 0,80 -0,09 0,89
3- Condutividade 1,31 -0,18 1,49
4- Falhamentos -0,02 0,002 -0,022
Áreas favoráveis à exploração de água subterrânea

Para a confecção do mapa de favorabilidade, a variável falhamentos foi


descartada devido sua não correlação com a produtividade dos poços. A
probabilidade posterior foi então calculada através da soma dos pesos das variáveis
para cada célula, mais a probabilidade a priori.
No mapa de favorabilidade, a maior probabilidade de sucesso está
posicionada na porção NW da área de estudo, entre os municípios de Tietê e
Mombuca, e secundariamente, nas regiões de Capivari e Monte Mor. As áreas mais
favoráveis à exploração apresentam as maiores espessuras de arenito, baixo nível
potenciométrico e valores de salinidade mais elevados, indicando que os poços
captam águas, não apenas de fluxo das camadas superficiais, mas também de
zonas aqüíferas mais profundas (Figura 53).

7480.00
Sumaré
Campinas
Hortolândia

Mombuca Monte Mor

7460.00
Capivari

Elias Fausto
Indaiatuba
Tietê Probabilidade
Posterior
7440.00

0.46
Porto Feliz Itu

0.42

7420.00
0.38
Boituva

0.34

0 10 20 30 km
0.30
7400.00
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00
Figura 53 Mapa de favorabilidade bayesiana para a área de estudo.
Os dados apresentados neste capítulo são resultado de uma primeira análise,
utilizando favorabilidade para a exploração de água subterrânea. As dificuldades
encontradas durante o desenvolvimento do trabalho indicaram ser necessário um
melhor desenvolvimento na definição dos critérios de cut off. Este problema poderia
ser solucionado com a separação da base de dados pelos tipos de poços e, com
isso, realizar a análise de favorabilidade visando determinar áreas para exploração
de água subterrânea para condições mais específicas.
O segundo aspecto a ser desenvolvido é o melhor refinamento na utilização
das variáveis. Como por exemplo, a utilização das variáveis relacionadas à rocha em
três dimensões ou a definição de classes no caso de variáveis discretas, como
falhamento e bacia hidrográfica.
6 - CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou acrescentar novas informações sobre o Sistema


Aqüífero Tubarão, na região central aflorante do Grupo Tubarão no Estado de São
Paulo, onde estão inseridos municípios como Tietê, Capivari, Campinas, Itu,
Indaiatuba, Sumaré, Hortolândia, Monte Mor, Elias Fausto, entre outros.
A análise da caracterização geométrica do aqüífero apontou a disposição de
arenitos na forma de pequenos corpos, intercalados com unidades não reservatório,
em sua maioria compostas por siltitos, lamitos e diamictitos.
A disposição destes corpos de arenitos aponta maior concentração na região
centro-oeste da área, compreendendo as cidades de Capivari, Tietê, Elias Fausto e
Mombuca.
A marcante ausência de unidades aqüíferas ocorre próximo à borda da bacia,
na região nordeste (municípios de Campinas, Hortolândia e Sumaré), e na região
sudoeste. A ausência de camadas arenosas decorre do predomínio de sedimentos
de granulação fina, além de lamitos e diamictitos na borda da bacia e na porção sul
da área. Na porção nordeste, a falta de arenitos é ocasionada pela marcante
presença de intrusivas básicas.
A análise do comportamento hidráulico aponta a borda da bacia e a região
nordeste como as principais áreas de recarga. Através do mapa potenciométrico é
constatado o direcionamento do fluxo das áreas de recarga em direção a oeste e
aos principais rios da região, Tietê e Capivari.
Embora possua elevada espessura de arenitos, a área centro-oeste
apresenta grande variação quanto à capacidade específica dos poços. Isto se deve
em grande parte à pequena dimensão e à falta de conectividade dos corpos
arenosos. Variações faciológicas e processos diagenéticos podem também estar
influenciando nas características permo-porosas.
Análises petrográficas pontuais, realizadas em dois poços e um afloramento,
mostram boas características permo-porosas das camadas arenosas, sendo a
porosidade e a permeabilidade controladas principalmente pela granulometria e pela
seleção e, secundariamente, pela cimentação, no caso carbonática, que atua
significativamente em maiores profundidades.
Os sedimentos próximos à superfície estão expostos a processos de
telodiagênese, sendo encontradas argila infiltrada, precipitação de óxidos e
hidróxidos de ferro e dissolução e substituição de silicatos por argilominerais.
As fases diagenéticas mais antigas preservadas nas amostras são a
cimentação por sobrecrescimento de quartzo, a pressão-solução e a cimentação
carbonática.
A fase diagenética relacionada à cimentação por argilominerais, ilita-smectita
e clorita, impõe certa dúvida quanto ao caráter temporal em relação às outras fases
diagenéticas.
A presença marcante de cimentação carbonática pode ser a principal
responsável pelo contraste hidroquímico encontrado na área de estudo. Águas com
pH ácido-neutro e baixa salinidade, com a evolução de fluxo em direção a região
oeste, passam a apresentar pH alcalino, maior salinidade, grande concentração de
sódio e bicarbonato, e condições termodinâmicas de estabilidade com relação à
calcita.
18
A análise de isótopos apresenta, na correlação O e D, pontos acima da
curva de SMOW, denotando o efeito de hidratação de silicatos e reações com
argilominerais.
Anomalias, com valores de pH acima de 9, podem estar associadas às
reações com zeólitas presentes nas intrusivas básicas.
As melhores condições hidrogeológicas para a exploração de água
subterrânea da região do município de Tietê, que difere das condições hidráulicas
dos poços em todos os outros municípios da região, foram confirmadas através da
análise de favorabilidade, utilizando as variáveis porcentagem de arenitos,
drenagem e a condutividade da água subterrânea.
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