Estudo Hidrogeológico Do Aqüífero Tubarão
Estudo Hidrogeológico Do Aqüífero Tubarão
Estudo Hidrogeológico Do Aqüífero Tubarão
a
Comissão Examinadora
Resultado: Aprovado
b
Dedico este trabalho aos meus
pais e a Olívia pelo apoio e
incentivo.
c
AGRADECIMENTOS
d
SUMÁRIO
Índice............................................................................................................i
Índice de Figuras........................................................................................iii
Índice de Tabelas........................................................................................v
Índice de Fotografias...................................................................................v
RESUMO....................................................................................................vi
ABSTRACT................................................................................................vii
INTRODUÇÃO............................................................................................1
1 – GEOLOGIA...........................................................................................5
3 – ANÁLISE PERMO-POROSA..............................................................42
4 – HIDROQUÍMICA.................................................................................69
5 – ANÁLISE DE FAVORABILIDADE......................................................92
6 – CONCLUSÃO..................................................................................100
BIBLIOGRAFIA......................................................................................102
ANEXOS................................................................................................110
e
Índice
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 13
Objetivos .............................................................................................................................. 15
Base de dados....................................................................................................................... 16
1 - GEOLOGIA........................................................................................................................ 17
Estratigrafia .......................................................................................................................... 17
Grupo Tubarão na Bacia do Paraná .................................................................................. 18
Grupo Tubarão no Estado de São Paulo ........................................................................... 20
Caracterização de fácies presentes no Subgrupo Itararé .................................................. 24
Caracterização geológica do aqüífero .................................................................................. 26
Embasamento cristalino e espessura dos sedimentos....................................................... 28
Estruturação tectônica ...................................................................................................... 31
Intrusivas básicas.............................................................................................................. 32
Caracterização do reservatório ......................................................................................... 34
Banco de dados com descrições detalhadas ................................................................. 34
Banco de dados com todas as descrições ..................................................................... 39
3 – ANÁLISE PERMO-POROSA........................................................................................... 54
Metodologia ......................................................................................................................... 56
Densidade......................................................................................................................... 56
Porosidade ........................................................................................................................ 56
Permeabilidade................................................................................................................. 58
Definição dos dados ............................................................................................................. 60
Análise dos dados ................................................................................................................. 64
Análise petrográfica ............................................................................................................. 71
Processos diagenéticos ..................................................................................................... 72
4 - HIDROQUÍMICA.............................................................................................................. 81
Metodologia ......................................................................................................................... 82
Parâmetros termodinâmicos ............................................................................................. 82
Técnica de amostragem.................................................................................................... 84
Análise de laboratório ...................................................................................................... 85
Análise dos dados ................................................................................................................. 85
Avaliação da salinidade do aqüífero ................................................................................ 87
Tipos hidroquímicos......................................................................................................... 90
Análise termodinâmica..................................................................................................... 91
5 - ANÁLISE DE FAVORABILIDADE............................................................................... 104
Aplicação na área em estudo .............................................................................................. 106
Áreas favoráveis à exploração de água subterrânea ........................................................... 110
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................... 114
Índice de Figuras
Figura 1 Mapa do Grupo Tubarão no Estado de São Paulo com a localização das principais
cidades e vias de acesso. A área delimitada em cinza corresponde à área alvo deste
projeto............................................................................................................................... 15
Figura 2 Mapa do Grupo Tubarão na área de estudo (modificado de IPT, 1981). .................. 17
Figura 3 Estratigrafia do Grupo Itararé segundo França & Potter (1988). .............................. 19
Figura 4 Perfil litológico (DAEE, 1981b) na região sul da área em estudo............................. 21
Figura 5 Mapa Geológico do Subgrupo Itararé na área de estudo (modificado de DAEE-
UNESP 1981c). ................................................................................................................ 23
Figura 6 Distribuição de todos os poços catalogados com descrições litológicas presentes na
área de estudo. .................................................................................................................. 27
Figura 7 Mapa de poços catalogados que apresentam descrições geológicas detalhadas ou com
perfis geofísicos................................................................................................................ 28
Figura 8 Altitude do embasamento cristalino baseado nas informações de poços. ................. 29
Figura 9 Espessura de sedimentos baseado em dados de poços. ............................................. 29
Figura 10 Contorno da altitude do embasamento cristalino utilizando as descrições dos poços
com amostras de calha e sondagens elétricas verticais. ................................................... 30
Figura 11 Mapa Estrutural da área de estudo (segundo DAEE-UNESP – 1982). ................... 32
Figura 12 Espessura total de diabásio, utilizando toda a base de dados. ................................. 33
Figura 13 Histograma das espessuras das camadas de arenito................................................. 35
Figura 14 Diagrama de espessura total de arenito versus número de camadas por poço. ....... 35
Figura 15 Variograma experimental omnidirecional das variáveis espessura total (a) e
porcentagem de arenitos (b), utilizando o banco de dados com descrições detalhadas. .. 36
Figura 16 Distribuição da espessuras totais (a) e porcentagem (b) de arenitos, utilizando o
banco de dados com descrições detalhadas. ..................................................................... 38
Figura 17 Distribuição da relação entre camadas reservatório e não-reservatório em intervalos
de cotas de 50m. Cinza claro = predomínio da variável reservatório. Cinza escuro =
predomínio da variável não-reservatório.......................................................................... 39
Figura 18 Variograma omnidirecional da variável porcentagem de arenitos, utilizando todos
os dados. ........................................................................................................................... 40
Figura 19 Mapa de porcentagens de arenitos, utilizando todo banco de dados. ...................... 41
Figura 20 Mapas de porcentagem de arenitos em intervalos de altitude, utilizando todo o
banco de dados. ................................................................................................................ 44
Figura 21 Perfis E-W mostrando a porcentagem de ocorrência de arenitos. Os tons mais
escuros correspondem às mais baixas porcentagens. ....................................................... 46
Figura 22 Poços catalogados para a análise das condições de fluxo do aqüífero. ................... 50
Figura 23 Mapa potenciométrico da área em estudo................................................................ 51
Figura 24 Mapa normalizado de capacidade específica. .......................................................... 53
Figura 25 Poço C-IG98 perfurado no município de Capivari, apresentando variação litológica,
pontos com análise petrofísica (traço em preto) e pontos com lâminas delgadas (traço em
vermelho). A descrição litológica foi realizada pelos geólogos do Instituto Geológico.. 61
Figura 26 Poço IG-23 perfurado no município de Tietê, apresentando variação litológica,
pontos com análise petrofísica (traço em preto) e pontos com lâminas delgadas (traço em
vermelho). A descrição litológica foi realizada pelos geólogos do Instituto Geológico.. 62
Figura 27 Afloramento do Km94,5 da rodovia dos Bandeirantes, onde foi realizada coleta de
amostras para análise petrofísica (pontos em círculo) e petrográfica (pontos em
retângulo). Os números acima do afloramento correspondem as fácies identificadas por
Gama Jr. et al. (1992). ...................................................................................................... 63
Figura 28 Correlação entre permeabilidade versus porosidade para todos os dados. .............. 64
Figura 29 Diagrama box-plot dos valores de permeabilidade e porosidade para as litologias
não-reservatório................................................................................................................ 65
Figura 30 Diagrama box-plot dos valores de permeabilidade e porosidade dos arenitos. ....... 66
Figura 31 Correlação permeabilidade versus porosidade para as várias granulometrias de
arenitos. ............................................................................................................................ 67
Figura 32 Relação entre permeabilidade e grau de seleção. Valores do grau de seleção foram
determinados como: ruim=1; ruim- médio = 2; médio = 3; médio-bom = 4 e bom = 5. .. 68
Figura 33 Relação permeabilidade e porcentagem de cimentação em lâmina delgada. .......... 68
Figura 34 Variação da porosidade de arenitos em relação a profundidade da amostra. .......... 69
Figura 35 Poço de Capivari C-IG98 com os valores de permeabilidade e porosidade plotados.
.......................................................................................................................................... 70
Figura 36 Composição dos arenitos analisados de dois poços e um afloramento na área de
estudo. .............................................................................................................................. 72
Figura 37 Poços selecionados com análise físico-química. Os pontos em círculo
correspondem às amostras coletadas para este trabalho. Os pontos em cruz são referentes
às análises de Campos (1993). ......................................................................................... 84
Figura 38 Histograma da variável condutividade. ................................................................... 88
Figura 39 Variograma experimental omnidirecional para a variável condutividade. .............. 88
Figura 40 Mapa de condutividade elétrica (µS) para a área de estudo. ................................... 89
Figura 41 Diagrama de Piper para as amostras analisadas no presente trabalho. .................... 90
Figura 42 Distribuição dos tipos hidroquímicos na área de estudo. Os símbolos em cruz
referem-se às águas bicarbonatadas cálcicas e os círculos, as bicarbonatadas sódicas.... 91
Figura 43 Diagrama de estabilidade do Na+ /H+ versus H4 SiO 4 para todas as amostras. ......... 94
Figura 44 Índice de saturação em relação a calcita. ................................................................. 95
Figura 45 Índice de saturação em relação ao quartzo. ............................................................. 97
Figura 46 Correlação entre os isótopos D e 18 O..................................................................... 100
Figura 47 Correlação entre os íons cloretos e fluoretos. ........................................................ 101
Figura 48 Correlação entre cálcio e fluoreto. ......................................................................... 102
Figura 49 Variação do pH com o incremento de heulandita e calcita em solução, proveniente
de um poço de Monte Mor com pH 7,18. ...................................................................... 103
Figura 50 Mapa de capacidade específica onde estão delimitadas as áreas com valores
superiores a 0,52m3 /h.m, consideradas “mineralizadas” para a análise de favorabilidade.
........................................................................................................................................ 107
Figura 51 Mapas das variáveis selecionadas para a análise de favorabilidade. (a) porcentagem
de arenitos, (b) drenagem, (c) falhamentos, (d) condutividade elétrica. ........................ 107
Figura 52 Histogramas referentes às variáveis porcentagem de arenitos e condutividade (µS),
separados pelos valores inseridos e fora das áreas mineralizadas. Nota-se sutil diferença
entre os histogramas, demonstrando a dificuldade para a definição de cut off.............. 108
Figura 53 Mapa de favorabilidade bayesiana para a área de estudo. ..................................... 110
Índice de Tabelas
Tabela 1 Descrição das principais fácies das unidades do Subgrupo Itararé, em diferentes
regiões no Estado de São Paulo (modificado de Diogo et al., 1981). .............................. 22
Tabela 2 Espessura média e mediana total e por camadas dos principais grupos litológicos.. 34
Índice de Fotografias
Foto 1 - (A) Mineral de Clorita (Cl) encontrada à profundidade de 270m, aumento de 50x; (B) Feição
de pressão de solução, com contatos suavizados e côncavo-convexo a retos, aumento de
50x; (C) Cimentação poikilotópica de calcita observada em uma concreção, notam-se
contatos pontuais e grãos flutuantes, aumento de 10x; (D) Fragmento de rocha vulcânica,
aumento de 50x; (E) No centro da lâmina são observados grãos cimentados por
argilominerais, que são externamente rodeados por opacos, aumento de 10x; (F) Forma
circular das concreções de calcita, aumento de 2,5x. 66
Foto 2 – (A) Amostras apresentando sobrecrescimento de quartzo (Qz), dissolução de albita (Ab) e
Illita filamentosa (il). (B) Cristais de TiO2.(C) Amostra retirada a 256m de profundidade,
apresenta pressão-solução com formação de sobrecrescimento de quartzo. (D) Caulinita
autigênica, na forma de “livro”, formada junto à parede do poro. 67
Foto 3 – (A) e (B) mostrando exemplos de argilas de infiltração mecânica. Nota-se que as argilas
cauliníticas envolvem todos os grão do arcabouço. 68
Anexos
Anexo 1 – Descrições litológicas
Anexo 2 – Vazão dos poços
Anexo 3 – Resultado da análise petrofísica
Anexo 4 – Descrição de lâminas
Anexo 5 – Análise química
RESUMO
This hydrogeology study defines both the reservoir rock character and the
water quality of the Tubarão Aquifer System in São Paulo State, Brazil. This was
done with the assistance of an extensive well information database coupled with
petrographic, petrophysical, and hydrochemical analyses.
The well data indicates high sandstone predominance in the west-center
region of the study area, close to the cities of Tietê, Capivari and Elias Fausto. In the
east and northeast regions of the state there is very little aquifer data available.
Petrophysical and petrographic analysis from two wells indicated high
variations in flow conditions, a function of differing grain size and sorting and
secondary by the presence of pore filling cement.
The hydrochemical analysis revealed a mainly bicarbonated calcic and sodic
water composition in the study area. There was a discreet tendency towards calcic
waters along the boundary to a tendency towards sodic water in the interior of the
system.
The aquifer is recharged in the east boundary region of the system and
converges to west toward the main rivers in the study area.
Finally, the favorability analysis demonstrated that the Tietê region is among
the most favorable areas for additional groundwater exploration.
Estudo Hidrogeológico do Aqüífero Tubarão na
área de afloramento da porção central do
Estado de São Paulo
INTRODUÇÃO
Objetivos
A linha de pesquisa adotada busca avaliar alguns fatores com influência direta
sobre as características hidrogeológicas, sendo dividida em 3 etapas de
investigação.
(1) A primeira etapa objetiva a caracterização tri-dimensional da rocha
reservatório em escala regional, com a indicação das áreas com maior probabilidade
de se encontrar arenitos. Concomitantemente a esta análise regional, a investigação
da variabilidade das propriedades permo-porosas e a evolução diagenética das
rochas arenosas estudadas.
(2) A segunda etapa consiste na análise das características hidrogeológicas
do aqüífero, definindo as principais direções de fluxo, mapa de vazão dos poços e a
evolução química da água subterrânea dos pontos de recarga até as áreas de
drenagem.
(3) Por fim, foi realizada a aplicação da análise de favorabilidade como
ferramenta de integração dos resultados gerados durante este trabalho, definindo
assim as áreas favoráveis à exploração de água subterrânea.
Base de dados
Estratigrafia
2 3 º 0 0 ’S
4 8 º 0 0 ’W
Cenozóico
Rochas Intrusivas 23º30’S
Fm. Irati 4 7 º 0 0 ’W
Fm. TaTuí
Subgrupo Itararé
Ciclo Superior
2921m
Mb. Rio Segredo : Arenitos grossos
localmente carbonosos e bioturbados
Grupo Taubaté
3043m
Depósitos de
siltito, folhelho e lamito seixoso, com
arenitos intercalados
Ciclo Médio
3260m
3395m
Ciclo Inferior
3601m
3720m
Grupo Paraná
PI RAPITI NGUI
RIO TATUÍ
BOITUVA
298/21 298/18 318/10 318/9 318/3 318/5 319/15 319/16 319/8 319/46 319/44 320/101 320/98 320/117 321/40
(m)
1000
Irati
ITARARÉ SUPERIOR
ITARARÉ MÉDIO
ITARARÉ INFERIOR
Embasamento Cristalino 0
Coberturas Cenozóicas
Rochas Intrusivas
Subgrupo Itararé
Unidade Superior
Unidade Média
Unidade Inferior
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
Cidade
Boituva
Poço
7410.00
0 10 20 30 40 km
Figura 6 Distribuição de todos os poços catalogados com descrições litológicas presentes na área de
estudo.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
Cidade
Poço
Boituva
7410.00
0 10 20 30 40km
Figura 7 Mapa de poços catalogados que apresentam descrições geológicas detalhadas ou com
perfis geofísicos.
Capivari
500
450
7430.00 Porto Feliz Itu
400
350
300
Boituva 250
200
7410.00
150
0 10 20 30 km 100
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê 360 (m)
330
300
270
Porto Feliz Itu 240
7430.00
210
180
150
Boituva 120
90
7410.00 60
30
0 10 20 30 km 0
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
650 (m)
Tietê
600
550
500
450
7430.00 Porto Feliz Itu 400
350
300
250
Boituva 200
150
7410.00 100
50
0 10 20 30km 0
Figura 10 Contorno da altitude do embasamento cristalino utilizando as descrições dos poços com
amostras de calha e sondagens elétricas verticais.
Estruturação tectônica
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
7410.00
0 10 20 30 km
Intrusivas básicas
Capivari
140
120
80
60
Boituva
40
7410.00
20
0 10 20 30 km
5
Tabela 2 Espessura média e mediana total e por camadas dos principais grupos litológicos.
Camadas individuais Espessura total
Litologia poços máximo nº por espessura espessura Média mediana
poço média mediana
Lamito 27 8 11,36 4,00 24,00 12,00
Diamictito 49 11 9,44 4,00 31,00 22,00
Argilito 41 9 8,50 5,00 21,00 14,00
Siltito 67 22 12,33 6,00 67,00 54,00
Ritmito 41 13 9,63 4,00 32,00 30,00
Arenito 91 48 13,12 6,25 126,00 112,00
500
400
nº de observações
300
200
100
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
espessura de arenitos (m)
1000
esp. tot. de arenitos
100
10
1
0 8 16 24 32 40 48 56
nº de camadas
Figura 14 Diagrama de espessura total de arenito versus número de camadas por poço.
Entretanto, os valores de espessura total podem ser influenciados pela
profundidade dos poços, ou seja, aqueles mais profundos podem apresentar
maiores espessuras de arenitos. Para avaliar a presença de arenito, descartando o
efeito da profundidade do poço, foi criada a variável porcentagem de arenitos em
relação às outras litologias descritas.
Com isso, as duas variáveis, espessura total e porcentagem de arenitos,
foram analisadas conjuntamente através da distribuição espacial, utilizando a
geoestatística.
Os variogramas experimentais foram construídos para espessura total e
porcentagem de arenitos, sendo que estas variáveis apresentaram baixa
continuidade, uma vez que com o espaçamento superior a 10km não há
continuidade espacial.
O componente pepítico, presente nos dois variogramas, indica o
comportamento errático da variável, podendo ser ocasionado por variações locais e
diferentes escalas dos corpos, pois para pequenos espaçamentos ocorre grande
variabilidade (Figura 15).
178
1522
424 1124 808
6400
720 984 1200
5600 382 1052
192 630
250 210
4800 354 320
234 540
248
4000
450
3200 122 360 820
2400 270
1600 180
800 90
0 0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 0 6 12 18 24 30 36 42 48 54
(a) (b)
Figura 15 Variograma experimental omnidirecional das variáveis espessura total (a) e porcentagem
de arenitos (b), utilizando o banco de dados com descrições detalhadas.
Os variogramas foram modelados e os mapas gerados através de krigagem.
As áreas em branco não foram interpoladas por ausência de dados (Figura 16).
A distribuição da espessura total e porcentagem de arenitos, mostra a
concentração dos poços de maior incidência de unidades arenosas na porção
central e noroeste. A região do município de Capivari apresenta maiores valores de
espessura total como também porcentagem de arenitos.
As áreas menos favoráveis estão posicionadas no extremo norte, na região
que engloba os municípios de Hortolândia e Sumaré, e no extremo sudoeste da área
de estudo.
Outra característica ao se observar principalmente o mapa de espessura total
de arenitos, é a presença das maiores espessuras condicionadas a direção sudeste-
noroeste, em provável calha limitada a norte e a sul por fácies não reservatório.
O mapa de porcentagem de arenito também indica, de forma menos clara, o
condicionamento sudeste-noroeste, com os maiores valores divididos entre os
municípios de Capivari e Tietê e porcentagens de até 60% na borda da bacia.
Para a avaliação da disposição das unidades reservatórios em três
dimensões, buscou-se realizar mapas de porcentagem de arenitos em vários
intervalos definidos, utilizando as altitudes em relação ao nível do mar, com
espaçamento de 50m, altitude mínima de 200m e máxima de 650m. Com isso, foram
gerados 9 mapas que mostram a predominância dessa variável em cada intervalo
(Figura 17).
Os resultados apresentados nestes mapas mostram o predomínio de arenitos
ou fácies-reservatório em cotas inferiores a 350m, principalmente na região central e
noroeste. Acima da cota de 350m, há a coexistência das duas fácies, reservatório e
não-reservatório, sem definição clara das predominantes em cada intervalo.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
250 (m)
230
210
150
130
Boituva 110
90
7410.00
70
0 10 20 30 km 50
(a)
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
85 %
78
71
57
50
43
Boituva
36
29
7410.00
22
0 10 20 30 km 15
(b)
Figura 16 Distribuição da espessuras totais (a) e porcentagem (b) de arenitos, utilizando o banco de
dados com descrições detalhadas.
7470.00
200-250 250-300 300-350
7470.00 7470.00
7450.00 7450.00
7450.00
7430.00 7430.00
7430.00
7410.00 7410.00
7410.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00 200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00
7450.00
7450.00
7450.00
7430.00
7430.00 7430.00
7410.00
7410.00 7410.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00 200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00
7450.00 7450.00
7450.00
7430.00 7430.00
7430.00
7410.00 7410.00
7410.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00 200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00 300.00
640
560
480
400
320
240
160
80
0
0 0.8 1.6 2.4 3.2 4.0 4.8 5.6 6.4 7.2
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê 70 %
65
60
55
50
7430.00 Porto Feliz Itu 45
40
35
30
25
Boituva 20
15
10
7410.00
5
0
0 10 20 30 km
7450 7450
7430 7430
7410 7410
200 220 240 260 280 200 220 240 260 280
500-522,5 455-477,5
7470 7470
7450 7450
7430 7430
7410 7410
200 220 240 260 280 200 220 240 260 280
Porcentagem de arenito
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0%
7450 7450
7430 7430
7410
200 220 240 260 280
7410
200 220 240 260 280
7480
320-342,5 275-297,5
7470 7470
7460
7450 7450
7440
7430 7430
7420
7410 7410
200 220 240 260 280 200 220 240 260 280
Porcentagem de arenito
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0%
Capivari
7454
Sumaré
Campinas
Hortolândia
7470.00
Capivari
7450.00
Elias Fausto
Porcentagem de arenito
Indaiatuba
Tietê
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0%
Porto Feliz Itu
7430.00
Boituva
7410.00
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00
Figura 21 Perfis E-W mostrando a porcentagem de ocorrência de arenitos. Os tons mais escuros
correspondem às mais baixas porcentagens.
Tietê
7440
7434
7419
Boituva
7413
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
7450.00
Elias Fausto
Indaiatuba
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0%
Tietê
Boituva
7410.00
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00
Figura 21 Perfis E-W mostrando a porcentagem de ocorrência de arenitos. Os tons mais escuros
correspondem às mais baixas porcentagens.
2 - HIDRÁULICA DOS POÇOS
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
Boituva
7410.00
0 10 20 30 km
A etapa inicial de análise das condições hidráulicas dos aqüíferos foi realizada
com a definição da superfície potenciométrica, utilizando-se os dados de nível
estático (Figura 23). Através deste mapa, pode-se observar que as áreas
preferenciais de recarga, com maiores valores potenciométricos, estão posicionadas
a nordeste, na região de Campinas, e junto à borda da bacia. As linhas de altitude
potenciométrica decrescem paralelamente às bacias dos rios Tietê e Capivari.
Comparando-se a distribuição das linhas de isovalores dos mapas
potenciométrico e topográfico, se observa a elevada correlação entre ambos,
confirmando o comportamento livre do aqüífero em escala regional, com os menores
valores potenciométricos correlacionados às altitudes topográficas mais baixas, junto
aos dois principais rios que cortam a área de estudo. Este comportamento livre foi
também adotado por vários autores em análises regionais do Aqüífero Tubarão
(Diogo et al., 1981; DAEE, 1981a,b; Lopes, 1994).
Regionalmente, pode-se constatar fluxo de leste para oeste, da borda em
direção ao interior da bacia. O fluxo N-S ocorre somente próximo aos vales dos
principais rios que cortam a região.
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Rio Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
660m
640
Rio Tietê
620
580
560
540
Boituva
Rio Sorocaba 520
500
7410.00
480
0 10 20 30 km 460
7480.00
Sumaré
Campinas
Hortolândia
Elias Fausto
Indaiatuba
0.20
Tietê
-0.00
7440.00
-0.20
Rio Tietê -0.40
-0.60
Porto Feliz Itu
-0.80
-1.00
-1.20
7420.00
-1.40
Boituva
Rio Sorocaba -1.60
-1.80
-2.00
0 10 20 30 km -2.20
7400.00
200.00 220.00 240.00 260.00 280.00
Densidade
Porosidade
onde: φ = porosidade
Vv = volume de vazios
Vt = volume total
p1VR p2V p (V + V )
+ = 3 R
T1 T2 T3
Vgr = C − Vmed
Vb − V gr
Φ=
Vb
Permeabilidade
2µ g ( q g )( L)( p a )
kg =
A( p1 + p2 )( p1 − p 2 )
Cqa L
kg =
A
kg = permeabilidade ao gás (milidarcy)
qa = vazão de ar (cm3/s em condições atmosféricas)
(1000 )( 2)( µ a )( pa )
onde C =
( p1 + p 2 )( p1 − p2 )
µa = viscosidade do ar
O valor de C é lido diretamente no nível de mercúrio do aparelho e equivale a
p1. A pressão em p2 é assumida com valor de 0,019atm (equivalente à pressão de
200mm de água). O erro, assumindo este valor de p2, é desprezível, porque a
pressão produzida no orifício de saída assume valor próximo a 200mm de água.
O fluxo de ar é numericamente igual a:
( OrifícioQ )( hw )
qa =
200
O OrifícioQ é composto por um material com vazão conhecida e é o local
onde o fluxo de gás é dissipado. Durante o ensaio, escolhe-se o material do
OrifícioQ com vazão ideal para a leitura na coluna de água (h w).
300m
Poço C-IG98
Lamito
Lamito arenoso
Conglomerado
Arenito médio
Arenito médio-fino
Arenito fino
274m Siltito
Argila
Ritmito
144m
Figura 25 Poço C-IG98 perfurado no município de Capivari, apresentando variação litológica, pontos
com análise petrofísica (traço em preto) e pontos com lâminas delgadas (traço em vermelho).
A descrição litológica foi realizada pelos geólogos do Instituto Geológico.
0m 138m 258,1m
300m
Poço T-IG23
Lamito
Diamictito
Conglomerado
Arenito médio
Arenito médio-fino
Arenito fino
258,1m Siltito
Diabásio
Ritmito
138m
Figura 26 Poço IG-23 perfurado no município de Tietê, apresentando variação litológica, pontos com
análise petrofísica (traço em preto) e pontos com lâminas delgadas (traço em vermelho). A
descrição litológica foi realizada pelos geólogos do Instituto Geológico.
Estes sedimentos correspondem à Unidade I definida por Souza Filho (1986),
composta por arenitos que ocorrem na base do Subgrupo Itararé, ao longo da
estrada Campinas-Sorocaba, nos municípios de Campinas, Indaiatuba e Sorocaba.
A litologia característica da Unidade I é constituída por arenitos gradados,
podendo ocorrer porções maciças ou com estratificação cruzada. Outros tipos
litológicos para esta unidade compreendem diamictitos, conglomerados e lentes
lamíticas. No caso do afloramento amostrado para este trabalho, predomina a fácies
arenito maciço.
Segundo Gama Jr. et al. (1992), o afloramento pode ser dividido em 3 fácies
(Figura 27). Na porção referente à fácies 1, estão expostos arenitos acamadados de
granulação média, bem selecionados, com estratificação cruzada acanalada,
eventual gradação normal e bandas maciças. Seguindo em direção ao centro do
afloramento, fácies 2, as estruturas primárias vão se descaracterizando e,
gradativamente, o arenito vai se tornando totalmente maciço, com algumas
estruturas correspondentes a escape de água.
A fácies 3 é composta por arenitos maciços, que apresentam aparente
orientação vertical das supostas linhas de fluxo, denotando fluidização mais intensa.
Ao todo, foram medidas as características petrofísicas de 9 amostras e duas
delas foram destinadas à confecção de lâminas delgadas. O baixo número de
amostras retiradas do afloramento, deve-se à baixa coesão dos sedimentos,
principalmente para a fácies 1 (Figura 27).
3 2 1
Figura 27 Afloramento do Km94,5 da rodovia dos Bandeirantes, onde foi realizada coleta de
amostras para análise petrofísica (pontos em círculo) e petrográfica (pontos em retângulo).
Os números acima do afloramento correspondem as fácies identificadas por Gama Jr. et al.
(1992).
Análise dos dados
10000
1000
100
Permeabilidade
10
0,1
0,01
0,001
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45
Porosidade
1000
100
10
0.1
Min-Max
0.01
25%-75%
Lamito-argiloso Diamictito Lamito-arenoso Siltito-argiloso
Argilito-arenoso Lamito Ritmito Median value
0.28
0.24
0.2
0.16
0.12
0.08
0.04
Min-Max
0 25%-75%
Lamito-argiloso Diamictito Lamito-arenoso Siltito
Argilito-arenoso Lamito Ritmito Median value
Figura 29 Diagrama box-plot dos valores de permeabilidade e porosidade para as litologias não-
reservatório.
Porosidade - Arenitos
0.45
0.4
0.35
0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
Ar. grosso
Ar. fino
Ar. médio
Min-Max
25%-75%
Median value
Permeabilidade - Arenitos
1000
100
10
0.1
0.01
Ar. grosso
Ar. fino
Ar. médio
Ar. médio-argiloso
Ar grosso conglomerá
Ar. médio-argiloso
Min-Max
25%-75%
Median value
10000
1000
Permeabilidade (mD)
fino
100
fino-médio
10 médio
muito fino
1 médio-grosso
grosso
0,1
grosso-cong
0,01
0,001
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Porosidade (%)
5
Grau de seleção
0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
Permeabilidade (mD)
Figura 32 Relação entre permeabilidade e grau de seleção. Valores do grau de seleção foram
determinados como: ruim=1; ruim-médio = 2; médio = 3; médio-bom = 4 e bom = 5.
10000
Permeabilidade (mD)
1000
100
10
1
0,1
0,01
0 5 10 15 20 25 30
Cimentação (%)
Porosidade (%)
50
100
150
200
250
300
300m
90
80
70
60
50
F L
Figura 36 Composição dos arenitos analisados de dois poços e um afloramento na área de estudo.
Processos diagenéticos
Dissolução
A dissolução de minerais é um dos processos diagenéticos mais freqüentes
observado nas amostras (Foto 2A).
A dissolução dos silicatos, melhor evidenciada quando observados os grãos
de plagioclásio e fragmentos de rocha, ocorre tanto nas bordas dos grãos como
pode seletivamente remover seu interior. Nos carbonatos, a dissolução é
reconhecida pelas bordas corroídas.
Em muitos casos, a dissolução é total, não deixando com isso evidência do
provável mineral anterior. Também, a dissolução completa dos grãos pode não ser
evidente quando ocorrida antes de processos de compactação.
Este processo de dissolução de silicatos e carbonatos tem como principal
efeito o aumento da porosidade dos sedimentos. Isto assumindo que a dissolução
não tenha subseqüentemente sido eliminada por compactação ou preenchimento de
cimento ou, ainda, que a formação do espaço vazio não tenha sido compensada
pela perda da porosidade intersticial por reprecipitação de íons dissolvidos como
minerais autigênicos estáveis. Nas amostras analisadas, a dissolução dos
carbonatos é o principal processo de aumento da porosidade.
A dissolução é mais atuante em feldspatos e fragmentos de rocha que sobre
o quartzo, processo este que aumenta a razão de quartzo dos sedimentos e, com
isso, sua maturidade mineralógica.
Argilominerais
Os argilominerais de origem diagenética encontrados nas amostras
analisadas são freqüentes e formados por substituição de silicatos, crescimento
autigênico e por processos de infiltração mecânica.
Os processos de substituição ocorrem de forma irregular nas bordas dos
grãos, preferencialmente ao longo de planos cristalográficos, ou nos contatos entre
grãos de fragmentos de rocha.
A formação de argila autigênica é observada na borda dos poros e, em alguns
casos, chega a envolver alguns grãos.
O processo de infiltração mecânica foi observado em amostras extraídas do
afloramento da rodovia dos Bandeirantes, onde as argilas de infiltração são a fase
diagenética principal, preenchendo grande parte do espaço poroso (Foto 3A,B).
Os argilominerais são, em sua maioria, formados por caulinitas, ilitas-
esmectitas e cloritas.
As caulinitas são a principal fase mineral nas argilas de infiltração mecânica;
caulinitas autigênicas formados nas paredes do espaço poroso são menos
pronunciadas, sendo observadas nas porções superiores dos poços de Capivari e
Tietê (Foto 2D).
Os argilominerais do grupo das ilita-esmectitas são a fase mineral mais
freqüente nas amostras retiradas dos poços, ocorrendo em todas as profundidades
(Foto 2A). Esta cimentação ocorre associada à substituição de silicatos,
preferencialmente junto a grãos de feldspatos, de forma isolada preenchendo o
espaço poroso e, em alguns casos, englobando alguns grãos na forma de
concreções.
A fase mineral clorita foi observada em apenas uma amostra, situada a
profundidade de 270m (Foto 1A).
A substituição de silicatos por argilominerais afeta a textura e mineralogia dos
sedimentos, decrescendo a maturidade textural e aumentando a quantidade de
matriz intersticial. A substituição acarreta também o aumento da maturidade mineral
do sedimento e da razão de quartzo sobre feldspatos e líticos.
A relação temporal da gênese dos argilominerais é um dos principais
problemas encontrados nas amostras analisadas.
No caso das argilas de infiltração mecânica é claro se tratar de um evento de
telodiagênese, ao englobar todos os grãos do arcabouço. A caulinita presente nos
poços, junto à borda dos poros, também é associada a processos atuais de
diagênese.
O problema encontrado se refere às ilita-esmectitas que, na forma de
concreções, cristais nos poros ou associada a substituição de silicatos, podem ser
formados em grande variação temporal. Em alguns casos, pode não ser diagenética,
mas de origem detrítica, sendo alterada pelos processos atuantes na rocha.
Calcita
A cimentação carbonática é a fase diagenética predominante nos poços de
Capivari e Tietê, principalmente nas amostras retiradas das porções intermediárias e
profundas. Nas amostras do afloramento da rodovia dos Bandeirantes e das
camadas arenosas mais superficiais não é observada esta fase mineral.
Análises realizadas ao microscópio eletrônico de varredura mostraram que o
cimento carbonático é formado por calcita.
Para profundidades intermediárias, entre 75 a 200m, a cimentação ocorre na
forma de concreções esféricas, de dimensões milimétricas e poikilotópica,
englobando grande número de grãos (Foto 1F). O número de concreções varia nos
arenitos presentes neste intervalo e os grãos inseridos nestas concreções
apresentam contatos pontuais ou flutuantes (Foto 1C).
No poço de Capivari, para profundidades superiores a 200m, ocorre maior
freqüência no número de concreções, sendo que em amostras mais profundas pode
ocorrer o preenchimento de todo o espaço poroso.
Opacos
A segunda fase diagenética em importância é referente aos opacos; ocorre na
maioria das amostras analisadas, sendo identificada através do MEV como
constituída por óxidos e hidróxidos de ferro e, mais raramente como TiO2 (Foto 2B).
Wu (1989) aponta esta fase mineralógica como a mais freqüente nas amostras de
superfície.
A fase mineralógica dos opacos ocorre tanto em vários níveis dos poços de
Capivari e Tietê, como também nas amostras da rodovia dos Bandeirantes, sem com
isso possibilitar algum zoneamento, em 300 metros de coluna sedimentar.
Entretanto, níveis preferências para maior precipitação de opacos são encontrados
nos poços.
Nota-se o comportamento tardio desta cimentação, onde os minerais ocorrem
lineando os poros e grãos do arcabouço rochoso (Foto 1E). Vários autores apontam
a presença de óxidos e hidróxidos de ferro relacionados a processos pós-
sedimentares ou telodiagenéticos (Mucke, 1994). A origem do ferro é apontada
como resultante da alteração de biotita ou mine rais ferruginosos.
No caso em estudo, as argilas podem ser fonte de ferro, mas também os
minerais associados às rochas intrusivas, que ocorrem como diques e sills de
diabásio ou como grãos detríticos (Foto 1D), provavelmente apresentem papel
importante na formação de opacos.
Quartzo
Esta fase diagenética é a menos freqüente e de mais difícil análise, estando
presente na forma de sobrecrescimento ou associada à pressão de solução.
Evidências de provável pressão-solução foram encontradas em amostras do
poço de Capivari a profundidades de 134,5, 229 e 256,5m. Estes níveis se destacam
dos demais por apresentar rara ou ausente cimentação, tanto carbonática como por
opacos e argilominerais, contato entre grãos e porosidade muito baixa.
A lâmina C-256,5 mostrou alta compactação, com contatos côncavo-convexos
e contatos suavizados smooth (Foto 1B). O mesmo arenito analisado ao MEV
apresentou freqüente formação de sobrecrescimento de quartzo (Foto 2C).
A fase encontrada nos arenitos, com provável pressão-solução,
corresponderia aos estágios preservados mais antigos do depósito sedimentar, com
a compressão provocando o decréscimo do volume do espaço poroso, contatos
côncavo-convexo e a presença de interpenetração dos grãos.
As evidências de sobrecrescimento foram constatadas pela análise ao MEV,
não sendo possível sua observação via microscopia ótica. As evidências de
sobrecrescimento foram observadas, excluindo os níveis com pressão-solução, nas
profundidades de 73 e 55m (Foto 2A).
Certamente as camadas com presença de pressão de solução foram afetadas
pela compactação, que causou a diminuição do espaço poroso e conseqüentemente
piora nas condições de permeabilidade, impedindo a evolução de processos
diagenéticos.
Seqüência diagenética
Pressão-solução XXXXXXXXXXXXXXX
Metodologia
Parâmetros termodinâmicos
mCaCO × γ CaCO
3 3
ai = m i γ i
IAP
ISat = log
K sp
Quando a razão acima for menor que zero, a amostra é subsaturada na fase
mineral escolhida. Se a razão for igual a zero, a amostra estará em equilíbrio e, se
for maior, estará supersaturada na fase mineral escolhida (Nordstrom, 1985).
Técnica de amostragem
7470.00
7450.00
7430.00
7410.00
0 10 20 30 km
Análise de laboratório
Tabela 4 Matriz de correlação das principais variáveis. Os valores posicionados no topo de cada
bloco referem-se à correlação normalmente utilizada. O valor inferior corresponde à
correlação Spearman, que miniminiza o efeito de valores discrepantes.
A condutividade foi avaliada com maior detalhe por ser uma variável que
possui relação direta com a salinidade. O histograma de condutividade mostra
distribuição lognormal, com apenas alguns valores elevados. Os valores mais
freqüentes se encontram entre o 1º, 2º e 3º quartil, ou seja, 75% dos dados
apresentam uma variação de 25 a 365µS (Figura 38).
28
24
20
nº de observações
16
12
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Condutividade (mmS)
696
81000
72000
1262
63000
1520
1022
54000
45000 946
1234
36000 716
27000
360
18000
9000
0
0 7 14 21 28 35 42 49 56 63
Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê 1400 mS
1300
1200
1100
1000
7430.00 Porto Feliz Itu 900
800
700
600
500
Boituva
400
300
7410.00
200
0 10 20 30 km 100
0
0.8 0.8
Cl Ca
+ +
So4 Mg
0.2 0.2
0.8 .2 .2 0.8
Na HCO3
Mg + + SO4
K CO 3
0.2 .8 .8 0.2
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
Bicarbonatadas
Cálcicas
Boituva Bicarbonatadas
Sódicas
7410.00
0 10 20 30 km
Figura 42 Distribuição dos tipos hidroquímicos na área de estudo. Os símbolos em cruz referem-se
às águas bicarbonatadas cálcicas e os círculos, as bicarbonatadas sódicas.
Análise termodinâmica
H2CO3 = H+ + HCO3 -
HCO3- = H+ + CO3-
Dissolução de silicatos
A percolação de água meteórica nas áreas de recarga propicia reações de
hidrólise envolvendo água e ácido carbônico. A hidrólise é a desintegração do
mineral sob influência dos íons H+ e OH- da água (Mathess, 1982). Os melhores
exemplos deste tipo de reação, observados na análise petrográfica, são as de
substituição ou dissolução de feldspatos.
Com relação à dissolução mineral, um exemplo muito observado em lâminas
delgadas ocorre com as albitas.
Albita
Gibsita
Na-Mont.
Caolinita
+ +
Figura 43 Diagrama de estabilidade do Na /H versus H4SiO4 para todas as amostras.
Calcita
0
ISat Calcita
-2
-4
-6
-8
0 500 1000 1500 2000
Condutividade
Quartzo
1,2
0,8
ISat Quartzo
0,4
-0,4
-0,8
0 500 1000 1500 2000
Condutividade
Desta forma, é certo que grande parte da sílica aquosa foi gerada pelo
intemperismo de silicatos, cujas reações geram produtos freqüentemente
observados nas descrições petrográficas.
Segundo Bjorlykke & Egeberg (1993), esta condição de supersaturação não
implica na precipitação de sílica. Em condições superficiais do aqüífero, a
supersaturação é freqüente, porém não ocorre a precipitação devido às baixas
temperaturas e ao fluxo contínuo de água subterrânea.
McBride (1989) constata que rochas com maior participação de feldspatos e
fragmentos de rocha liberam, através de reações de hidrólise, Al e outros cátions
que tendem a aprisionar sílica preferencialmente para a formação de argilominerais
autigênicas, inibindo com isso a precipitação de sílica.
Assim, pode-se esperar condições de supersaturação em sílica em águas
subterrâneas associadas às condições de recarga. Em direção às águas mais
salinas, processos de formação de argilominerais acarretarão na diminuição da
concentração de sílica do meio aquoso.
Além da formação de caulinita, as ilitas (KAl(SiAlO)(OH4) podem ser
responsáveis pelo aprisionamento de sílica, como indicado pelo comportamento
semelhante encontrado nas análises de correlação entre o potássio e a sílica
(r2=0,44).
Ferro
A cimentação por óxido de ferro é muito freqüente na maioria das amostras
observadas na análise petrográfica e um dos principais processos diagenéticos
atuantes em superfície. O caráter telodiagenético é confirmado em lâmina delgada
por ser posterior a todas as fases diagenéticas observadas.
O ferro entra no ciclo hidrológico principalmente como Fe2+, através de
reações de intemperismo de ferro magnesianos. Muito do ferro é provavelmente
redepositado como pirita, siderita ou hidróxido de ferro, dependendo das reações de
óxiredução e da presença de outros cátions e ânions. Se as condições são
redutoras, os íons são carreados como ferrosos, os quais permanecem em solução
e migram com o fluxo do aqüífero.
Devido às condições oxidantes do aqüífero e para a variação de pH
encontrado nas águas amostradas, diagramas de estabilidade Fe – C – O – H
(Brookins, 1988) apontam para a fase hidróxido de ferro como a de maior
estabilidade nas águas estudadas.
Na evolução diagenética apresentada por França & Potter (1989), a siderita
corresponde à primeira fase diagenética, indicando assim condições bem restritas
de formação do ponto de vista termodinâmico, pH alcalino (6,8 a 9,4) e águas
redutoras (0,0 a -0,4).
Autores como Walker (1978) e Mücke & Agthe (1988), apontam a origem do
ferro associada as micas, como por exemplo a biotita, e a ferro-silicatos. Estes
minerais são alterados por processos de intemperismo em superfície, liberando Fe2+
para a solução.
No entanto, deve-se destacar a presença de significativos pacotes de
intrusivas básicas. Maniesi (1991) aponta, para as soleiras de diabásio de Reserva e
Salto do Itararé – PR, composição variando de plagioclásio, augita e pigeonita e
minerais opacos e, subordinadamente, olivinas, quartzo, apatita e zircão. Os
diabásios presentes na região de Mogi-Guaçu são compostos por plagioclásio,
enstatita-augita, magnetita e apatita (Franco, 1952).
Dentre os minerais descritos, magnetita (Fe2+Fe23+O4 ), olivinas (Mg,Fe)2SiO4
e piroxiênios são caracterizados, além da participação significativa do ferro na
composição química, pela alta instabilidade em condições de intemperismo, com
elevadas taxas de dissolução em águas ácidas (Lasaga, 1984).
Isótopos 18O e D
18
O fracionamento de O ocorre entre o fluido e a estrutura do silicato, bem
como entre o fluido e o mineral hidratado. Em relação ao D, o fracionamento ocorre
apenas entre o fluido e o argilomineral hidratado. Esta variação no comportamento
provocará a diferenciação entre a concentração dos dois isótopos no meio aquoso.
Outro processo de fracionamento ocorre entre argilominerais formados em
diferentes condições de pressão e temperatura ou diferentes ambientes de
deposição. James & Baker (1976) e O’Neil & Kharaka (1976) constataram, em
análises de laboratório, o aumento da concentração isotópica de argilominerais em
contrapartida à diminuição da concentração da água com o tempo.
A diferenciação da razão isotópica foi mais acentuada em argilominerais de
origem marinha ou hidrotermal. Outra constatação é que em ilitas bem cristalizadas
houve pouca troca isotópica, enquanto que ilitas com grande quantidade de
camadas expandíveis proporcionaram intensa troca isotópica com a água.
-40
-45
-50
-55
D o oo
-60
-65
-70
-75
-10 -9 -8 -7 -6
18
O 0
00
18
Figura 46 Correlação entre os isótopos D e O.
Fluoreto
10
Fluoretos
0,1
0,1 1 10 100 1000
Cloretos
0,1
0,1 1 10 100
Ca (mg/L)
Zeólitas
12
11
10 Heulandita
pH
9 Calcita
7
0,00E+00 1,00E-04 2,00E-04 3,00E-04 4,00E-04 5,00E-04 6,00E-04
ln Ch( H | E kj ) = w kj + ln Ch( H )
H ∩ E kj
k
P (E | H ) H
wkj = ln = ln
j
k
P (E | H )
j H ∩ E kj
H
n
Ch( H | E1k ∩ E2k ∩ ... ∩ Enk ) = exp ∑ w kj + ln Ch( H )
j =1
Capivari
Elias Fausto
7450.00
Indaiatuba
Tietê
Boituva
7410.00
0 10 20 30km
Figura 50 Mapa de capacidade específica onde estão delimitadas as áreas com valores superiores a
3
0,52m /h.m, consideradas “mineralizadas” para a análise de favorabilidade.
(a) (b)
Sumaré
Campinas Sumaré
Campinas
7470.00 Hortolândia Hortolândia
7470.00
Mombuca Monte Mor Mombuca Monte Mor
Capivari Capivari
Elias Fausto
7450.00 7450.00 Rio CapivariElias Fausto
Indaiatuba Indaiatuba
Tietê 70 % Tietê
65
60
55
Rio Tietê
50
Porto Feliz 7430.00 Porto Feliz Itu
7430.00 Itu 45
40
35
30
25
20 Boituva
Boituva
15
10 7410.00
7410.00 5
0
0 10 20 30 km 0 10 20 30
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00
(c) (d)
Sumaré Sumaré
Campinas Campinas
7470.00 Hortolândia 7470.00 Hortolândia
Capivari
Capivari
1200
1100
1000
Porto Feliz Itu
7430.00 Porto Feliz Itu 7430.00 900
800
Falha
700
Cidade 600
Boituva 500
Boituva
400
300
7410.00 7410.00 200
0 10 20 30 km 100
0 10 20 3 0km 0
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00 210.00 230.00 250.00 270.00 290.00
Figura 51 Mapas das variáveis selecionadas para a análise de favorabilidade. (a) porcentagem de
arenitos, (b) drenagem, (c) falhamentos, (d) condutividade elétrica.
Os falhamentos são importantes, principalmente em áreas com predomínio de
diabásio, por serem considerados zonas com melhores permeabilidades. O cut off,
para as células da malha de pesquisa, foi considerado igual a 1, na intersecção das
áreas mineralizadas com zonas de falhas, e igual a zero, quando não há
intersecção.
Mesmo procedimento adotado para falhamentos foi aplicado para a variável
drenagem. Neste caso, foram utilizados apenas os dois principais rios que
atravessam a área de estudo, Capivari e Tietê, cujas várzeas coincidem com as
áreas potenciométricas mais baixas e, portanto, área com convergência das linhas
de fluxo. Com isso, células com intersecção de drenagem e zonas mineralizadas
assumem valor 1, e sem intersecção, valores zero.
O cut off relativo à porcentagem de arenito (utilizando toda a base de dados)
foi definido adotando o valor da mediana da distribuição desta variável. Com isso, os
melhores valores correspondem à porcentagens maiores que 40% de arenitos.
A variável salinidade, expressa através da condutividade da água, foi definida
como cut off para valores superiores a 314 µS (Figura 52).
60
70
50 60
40 50
40
30
30
20
20
10
10
0 0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Condutividade (mS) na área mineralizada Probabilidade de arenitos na área mineralizada
700
500
600
400
500
400 300
300
200
200
100
100
0 0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Condutividade (mS) na área não mineralizada Probabilidade de arenitos na área não mineralizada
Análise Bayesiana w+ w- C
1- Drenagem 0,70 -0,08 0,78
2- Porcentagem de arenitos 0,80 -0,09 0,89
3- Condutividade 1,31 -0,18 1,49
4- Falhamentos -0,02 0,002 -0,022
Áreas favoráveis à exploração de água subterrânea
7480.00
Sumaré
Campinas
Hortolândia
7460.00
Capivari
Elias Fausto
Indaiatuba
Tietê Probabilidade
Posterior
7440.00
0.46
Porto Feliz Itu
0.42
7420.00
0.38
Boituva
0.34
0 10 20 30 km
0.30
7400.00
210.00 230.00 250.00 270.00 290.00
Figura 53 Mapa de favorabilidade bayesiana para a área de estudo.
Os dados apresentados neste capítulo são resultado de uma primeira análise,
utilizando favorabilidade para a exploração de água subterrânea. As dificuldades
encontradas durante o desenvolvimento do trabalho indicaram ser necessário um
melhor desenvolvimento na definição dos critérios de cut off. Este problema poderia
ser solucionado com a separação da base de dados pelos tipos de poços e, com
isso, realizar a análise de favorabilidade visando determinar áreas para exploração
de água subterrânea para condições mais específicas.
O segundo aspecto a ser desenvolvido é o melhor refinamento na utilização
das variáveis. Como por exemplo, a utilização das variáveis relacionadas à rocha em
três dimensões ou a definição de classes no caso de variáveis discretas, como
falhamento e bacia hidrográfica.
6 - CONCLUSÃO