Paulo Gala - Desenvolvimento Economico
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https://www.paulogala.com.br/
Smith fornece contas especificas para as fabricas de alfinetes que visitou e conjectura
que um trabalhador sozinho talvez fosse capaz de produzir uns 20 alfinetes por dia,
ou talvez ate mesmo um só por dia se tivesse que conduzir o processo do começo ao
fim. Enquanto que numa pequena fabrica de alfinetes com 10 pessoas, graças
ao processo integrado de produção e a grande divisão do trabalho, um trabalhador
era capaz de produzir ate 4.800 alfinetes por dia na media. Uma produtividade
individual monumentalmente maior do que no caso de produção sem divisão do
trabalho.
A agricultura, por outro lado, não desenvolve elos produtivos nem dentro dela
mesma nem com outros setores. O agronegócio não é agricultura, o agronegócio é
“processamento de commodities” (peito de frango, suco de laranja, açúcar); permite
uma “complexificação” parcial por assim dizer da produção. O mesmo vale para
processamento de recursos naturais, no limite o aço é isso. Ou seja, não basta uma
atividade produtiva ser mecanizável e ter divisão do trabalho. Precisa ter elos, muitos
elos, para aumentar o potencial de mecanização e divisão do trabalho; isso a
agricultura simples e mineração simples não têm.
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O “roundaboutness” está associado a uma escala de produção mais alongada, necessitando um
período maior de maturação para realocar todos os fatores, mas que terminará alcançando um
resultado de maior capacidade. A produtividade mais alta resulta do uso de bens de capital mais
complexos, daí a noção de métodos de produção mais indiretos e mais “intensivos de capital”.
Conclusão: as atividades industriais são as mais propícias para se aplicar o
roundaboutness (divisão do trabalho, especialização e mecanização) e, portanto, são
o motor da produtividade de uma economia.
Smith menciona que as atividades não são neutras do ponto de vista de potencial de
geração de divisão do trabalho; umas atividades mais propícias, outras menos.
Serviços não sofisticados, agricultura e recursos naturais tendem e promover
menor divisão do trabalho. Manufaturas e produtos mais complexos
apresentam maior potencial de promoção de especialização produtiva e divisão do
trabalho dentro das empresas e entre as empresas, especialmente aqueles
produzidos em grandes redes, gerando maiores oportunidades de ganhos de
produtividade.
Essas empresas e setores têm, portanto, fortes estímulos para expandir produção na
busca de aumentos de lucros e costumam apresentar importantes ganhos de
produtividade, o destaque aqui fica com o setor manufatureiro. As empresas
industriais têm, portanto, uma característica comum não encontrada na maioria das
empresas do setor de serviços não sofisticados ou no agronegócio, a saber, custos
marginais de expansão decrescentes com altos retornos crescentes de escala e
escopo.
O aumento de um turno de produção, por exemplo, ou a implantação de uma nova
máquina na planta produtiva pode multiplicar a capacidade de produção da indústria
em muitas vezes. Nos setores de serviços não sofisticados e agronegócio o custo
marginal de expansão tende a ser caro e acrescentar na margem pouca capacidade
produtiva, são setores que sofrem com retornos decrescentes. Numa fábrica a
simples adoção de uma nova tecnologia pode muitas vezes duplicar ou triplicar o
volume de produção total da planta.
Fonte:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2017/12/a-economia-da-complexidade-paulo-gala.html
*https://blogs.scientificamerican.com/observations/the-rise-of-knowledge-
economics/?fbclid=IwAR1PVMgpoWrWXmVWnBeBUPURV5ZxQfnYqnb8OEEMFEnS5PRubP2i
TsqIXiw
Alguns países não conseguem chegar nesse estágio e ficam presos na armadilha de
renda média, com indústrias low tech e serviços de baixa complexidade (Brasil).
Claro que são caricaturas (um pouco), mas ajudam a entender as brigas entre
economistas no Brasil e no Mundo hoje!
Fonte:
https://www.paulogala.com.br/as-fases-do-crescimento-agricultura-servicos-nao-
sofisticados-industria-e-servicos-sofisticados/
https://www.paulogala.com.br/as-tres-visoes-sobre-os-caminhos-para-se-
atingir-a-riqueza-de-uma-nacao/