Testes de Avaliacao Com Solucoes
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Testes de Avaliacao Com Solucoes
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. Toda a sardinha é um animal marítimo. Todo o salmão é um animal marítimo. Logo, todo o
animal marítimo é sardinha. Estamos perante um:
A. silogismo válido;
B. silogismo inválido;
C. falso silogismo;
D. silogismo condicional.
1.2. O seguinte silogismo pertence à segunda figura:
A. Todos os criminosos são sancionados. Ora, os ladrões são criminosos. Logo, os ladrões são
sancionados.
B. Os irlandeses não são ingleses. ingleses são indivíduos naturais de Inglaterra. Assim, alguns
indivíduos naturais de Inglaterra não são irlandeses.
C. Alguns pintores são expressionistas. Todos pintores são artistas. Logo, alguns artistas são
expressionistas.
D. Os avaros não são generosos. Os beneficentes são generosos. Portanto, os beneficentes não são
avaros.
Testes
1.3. A seguinte alínea contém a definição correta da falácia das premissas exclusivas:
A. Ocorre quando o termo menor se encontra distribuído na conclusão e não na premissa menor.
B. Acontece quando se extrai uma conclusão de duas premissas negativas.
C. Ocorre quando o termo maior se encontra distribuído na conclusão e não na premissa maior.
D. Dá-se quando o silogismo não respeita a regra que determina que o silogismo tem três e só três
termos.
1.4. É o conjunto de seres, objetos, membros que são abrangidos por um conceito/termo. Esta
definição refere-se:
A. à extensão;
B. à compreensão;
C. à intensão;
©Porto Editora
D. ao quantificador existencial.
NCON11LP
85 Testes de avaliação e sugestões de resposta
GRUPO II
NCON11LP©Porto
1. Coloque na forma canónica as seguintes proposições:
Editora
a) Nem todos os arquitetos são criadores.
b) Quem se deita cedo e cedo se levanta é saudável.
c) Há indivíduos cuja única ocupação é simplesmente roubar.
d) Ser voluntário é dedicar-se aos outros.
2. Refira quais os termos que se encontram distribuídos e quais os que não se encontram distribuídos
nas seguintes proposições:
a) Alguns doces não são açucarados.
b) Alguma energia é renovável.
c) Todos os bombeiros são benfeitores.
d) Nenhum eletrodoméstico é máquina industrial.
6. Avalie os silogismos que se seguem. Se algum deles for inválido, justifique a sua invalidade. a) Os
catalães são espanhóis.
Alguns espanhóis são independentistas. Logo,
os catalães são independentistas.
b) As ruas não são quarteirões.
As estradas não são ruas.
Logo, as estradas não são quarteirões.
7. Partindo dos termos indicados, apresente um exemplo de silogismo categórico inválido em que
seja cometida a falácia da ilícita maior:
Testes de avaliação e sugestões de resposta 86
9. Construa, para a proposição a seguir expressa, os dois modos válidos do silogismo disjuntivo
(disjunção exclusiva):
Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico.
Testes
1. ............................................................. 20 pontos
2. ............................................................. 20 pontos
3 .............................................................. 10 pontos
4. ............................................................. 20
pontos
5. ............................................................. 15
pontos
6. ............................................................. 20
pontos
7. ............................................................. 15
pontos
8. ............................................................. 20
pontos
9. ............................................................. 20 pontos
©Porto Editora
10.
10.1. ........................................................ 10 pontos
NCON11LP
87 Testes de avaliação e sugestões de resposta
10.2. ........................................................ 10 pontos Figura: 4.ª.
NCON11LP©Porto
TOTAL ..................................................... 200 pontos 4.
Editora
CORREÇÃO DO TESTE DE a) Os homens dedicados à causa pública não são
simples argumentadores.
AVALIAÇÃO N.º 2 b) Algumas bebidas são descafeinadas.
GRUPO I
5. O termo menor, «instrumentos musicais», está
1. distribuído na conclusão mas não o está na respetiva
1.1. C premissa, violando-se assim a regra que determina que
1.2. D qualquer termo distribuído na conclusão tem de o
1.3. B estar também na premissa de que é parte integrante.
Por esse motivo, a conclusão acaba também por não
1.4. A
seguir a parte mais fraca (a premissa menor).
GRUPO II
6.
1.
a) Inválido. O termo médio não está distribuído
a) Alguns arquitetos não são criadores. pelo menos uma vez. Além disso, a conclusão teria de
b) Todos os que se deitam cedo e cedo se ser particular, seguindo a parte mais fraca.
levantam são saudáveis. b) Inválido. Com duas premissas negativas, nada
c) Alguns indivíduos são ladrões a tempo inteiro. se poderá concluir.
d) Todos os voluntários são dedicados aos outros. 7.
2. Todos os alemães são terráqueos.
a) Encontra-se distribuído o termo Nenhum inglês é alemão.
«açucarados»; o termo «doces» não se encontra Logo, nenhum inglês é terráqueo.
distribuído. 8.
b) Nenhum dos termos – «energia» e a) Válido. Modus ponens.
«renovável» – se encontra distribuído. b) Inválido. Falácia da negação do antecedente.
c) Encontra-se distribuído o termo 9. Modus ponendo tollens: Ou ignoras os sintomas ou
«bombeiros»; o termo «benfeitores» não se vais ao médico. Ignoras os sintomas. Logo, não vais
encontra distribuído. ao médico.
d) Ambos os termos – «eletrodoméstico» e Modus tollendo ponens: Ou ignoras os sintomas ou
«máquina industrial» – se encontram vais ao médico. Não ignoras os sintomas. Logo, vais
distribuídos. ao médico.
3. 10.
a) Termo maior: «maus criadores»; termo menor: 10.1. O silogismo é inválido porque, uma vez que
«arquitetos»; termo médio: «imaginadores estamos perante uma disjunção que não é completa
consequentes». (disjunção inclusiva), a afirmação de uma das
Modo: EAE. alternativas não implica a negação da outra.
Figura: 2.ª. 10.2. És arquiteto ou poeta.
b) Termo maior: «gatos»; termo menor: Não és arquiteto.
«vertebrados»; termo médio: «felinos». Logo, és poeta.
Modo: AAI.
B. simples;
C. complexa;
D. imperativa.
1.2. O operador «ou» é um operador:
A. singular;
B. unário;
C. monádico;
D. binário.
1.3. A condicional é falsa se o antecedente:
A. for verdadeiro e o consequente também;
B. for falso e o consequente também;
C. for verdadeiro e o consequente for falso;
D. for falso e o consequente for verdadeiro.
1.4. À proposição (ou proposições) sobre a qual (ou sobre as quais) um operador incide chama-se:
A. âmbito de um operador;
B. operador principal; C. função de um operador;
D. tautologia.
GRUPO II
1. Refira quais das proposições a seguir expressas são proposições simples e quais as complexas,
justificando:
a) Se corro, então tornar-me-ei um grande atleta.
b) Os computadores não são realidades simples.
c) O conhecimento é uma crença verdadeira justificada.
d) Eu trabalho.
Testes
e) Maria é cozinheira ou agricultora.
f) Chove e está frio.
g) Picasso não é um músico.
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NCON11LP
89 Testes de avaliação e sugestões de resposta
2. Formalize as proposições a seguir indicadas, apresentando a sua expressão canónica e a respetiva
NCON11LP
interpretação:
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a) Tanto as árvores como as grutas são protetoras.
b) Ou Deus existe ou o Universo é uma sombra errante.
c) Não ter talento artístico é condição suficiente para eu não ser pintor, se, e só se, os dicionários
fornecem definições corretas.
4. Refira, usando uma tabela de verdade, se as seguintes proposições são ou não logicamente
equivalentes. Justifique.
– Se gosto de futebol, então tenho um clube.
– Não gosto de futebol ou tenho um clube.
COTAÇÕES GRUPO II
GRUPO I 1. ............................................................. 30
pontos
1.
2.
1.1. .......................................................... 5
pontos a) ............................................................. 10
1.2. .......................................................... 5 pontos
pontos b) ............................................................. 10
1.3. .......................................................... 5 pontos
pontos c) ............................................................. 10
1.4. .......................................................... 5 pontos
pontos 3.
Testes de avaliação e sugestões de resposta 90
a) ............................................................. 15 pontos
b) ............................................................. 15 pontos
4. ............................................................. 20 3
pontos a)
5. P Q (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q)
5.1. .......................................................... 30 pontos V V FFFFVFFF FVVFFFV
5.2. .......................................................... 15 pontos V F V VVFFFVVF
6. ............................................................. 25 pontos F V VV V VV VF V
TOTAL ..................................................... 200 F F
pontos
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO
N.º 3
Conting
GRUPO I
ência.
1.
b)
1.1. B; 1.2. D; 1.3. C; 1.4. A. P Q (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P
GRUPO II V V F F F V F
1. São proposições simples as expressas nas V F F F V V F
seguintes alíneas: c) e d). São proposições complexas F V V F F V V
as expressas nas seguintes alíneas: a), b), e), f) e g).
F F V V V V V
Aquelas são simples porque não contêm qualquer
operador. Estas são complexas porque contêm
operadores.
2.
a) Tautologia.
Expressão canónica Interpretação Formalização 4.
As árvores são P: As árvores P Q (P Æ Q) ´ (ÿ P ⁄ Q)
protetoras e as são protetoras.
PŸQ V V V
grutas são Q: As grutas são
V F V
protetoras. protetoras.
F V FV
F F F
V
FF
b) V V VV
Testes
Expressão canónica Interpretação Formalização V V VV
Ou Deus existe ou o P: Deus existe. Q: O
Universo é uma Universo é uma P⁄Q
sombra errante. sombra errante.
NCON11LP
P Q P Æ Q, P |=
Q Q: Fico confuso. ÿP\ÿ
©Porto Editora
V V VVV FVF Q
V F VFV
F V V F F
F F
P Q P Æ Q, ÿ P |= ÿ
Q)
V V VFF FFV VV
O argumento é válido. V F F
b) F V V V V
Interpretação Formalização F F
P: Acredito em ti. P⁄Qÿ
Q: Sou inteligente. P
\Q
O argumento é inválido.
5.2.
a) Modus ponens.
P Q P ⁄ Q, ÿ P |= Q b) Silogismo disjuntivo.
V V VFV VFF V c) Falácia da negação do antecedente.
V F VV
6. Silogismo hipotético.
F V F V F
(P Ÿ Q) Æ R
F F
RÆS
\ (P Ÿ Q) Æ S
AÆB
O argumento é BÆC
válido. c) \AÆC
Interpretação Formalização
Argumentação e retórica
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. No âmbito da argumentação, é legítimo afirmar que:
A. a opinião do orador é sempre indubitável;
B. o auditório pode ser individual ou coletivo;
C. o orador apresenta uma tese a favor da qual o auditório irá argumentar;
D. o contexto de receção é irrelevante na adesão à tese e aos argumentos do orador.
1.2. O pathos:
A. diz respeito ao auditório, a quem o orador quer convencer a aderir à(s) sua(s) ideia(s);
B. reporta-se ao discurso, aos argumentos apresentados em defesa de uma determinada tese;
Testes de avaliação e sugestões de resposta 92
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1. «A sociedade atual, caracterizada por uma importância crescente da comunicação, favorece um
regresso da argumentação, e a emergência de uma nova retórica. Estes modos de expressão
encontram lugar privilegiado na vida socioeconómica e política; considera-se doravante que a
ciência não explica tudo e regressa-se ao debate, à confrontação, ou seja, à “concorrência” entre
ideias que tornam necessário o recurso à argumentação.»
R. e J. Simonet (1990), L’Argumentation. Stratégie et Tactiques, Paris, Éd. D’Organisation, p.
14.
2. «Numa demonstração tudo é dado. (...) Na argumentação, pelo contrário, as premissas são
instáveis. À medida que se vai argumentando, elas podem enriquecer-se; mas estas são sempre
precárias, a intensidade com que lhes aderimos modifica-se. A ordem dos argumentos é pois ditada,
em grande parte, pelo desejo de destacar novas premissas, de distinguir alguns elementos e de
obter certos compromissos da parte do interlocutor.»
Chaïm Perelman e L. Olbrechts-Tyteca (1983), Traité de l’Argumentation, 4.ª éd., Bruxelles,
Editions de l’Université de Bruxelles, p. 65.
4. «Aristóteles, pai fundador [da retórica] (...) compreende o que mais ninguém depois dele percebe: o
ethos, o pathos e o logos estão em pé de igualdade na relação retórica.»
Michel Meyer et al. (1999), História da Retórica, Lisboa, Temas e Debates, p. 266.
Mostre, com base nesta afirmação, a importância do ethos, do pathos e do logos no âmbito da
relação retórica.
GRUPO III
1. Esclareça o significado de cada um dos seguintes argumentos informais:
a) Argumento indutivo, por generalização.
Testes
b) Argumento indutivo, por previsão.
c) Argumento por analogia.
d) Argumento de autoridade.
d) Os animais merecem ser respeitados. Logo, todos os animais são merecedores de respeito.
Petiçao de principio
pontos
NCON11LP
95 Testes de avaliação e sugestões de resposta
NCON11LP
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4 estão, como se afirma no texto, «em pé de igualdade».
Relativamente ao ethos, podemos dizer que um dos
GRUPO I
aspetos que nos levam a confiar no discurso de alguém e
1. que se traduz numa disponibilidade para ouvir e para
1.1. B aderir aos argumentos que nos são propostos é o carácter
1.2. A do orador, associado à sua credibilidade.
1.3. A
NCON11LP_F07
1.4. C
1.5. C No que se refere ao pathos, para conseguir persuadir e
1.6. A convencer o auditório, o orador deve criar uma empatia
com tal auditório, adaptar-se a ele, suscitando nele
1.7. C
emoções que o predisponham a aceitar a tese que lhe é
1.8. D proposta.
GRUPO II No que se refere ao logos, este encontra-se associado à
1. A argumentação é imprescindível no mundo consistência e à solidez do discurso, aspetos fundamentais
contemporâneo por fatores como a falibilidade dos do processo argumentativo. A maneira e a ordem como os
modelos científicos (no texto afirma-se «a ciência não assuntos são abordados e a consistência com que os
explica tudo»), a importância crescente do discurso argumentos são apresentados fazem toda a diferença no
publicitário e dos media (no texto fala-se de uma nova processo de adesão do auditório a uma tese. GRUPO III 1.
«vida socioeconómica»), o desenvolvimento das a) Argumento que parte de casos particulares e
democracias, com a liberdade de expressão que viabilizam aplica as verdades aí obtidas a algo mais geral; por outras
(no texto alude-se à atual «vida política»). Naturalmente, palavras, raciocínio cuja conclusão é mais geral do que a(s)
para lá desses aspetos, a necessidade da argumentação premissa(s).
está constantemente presente no quotidiano sempre que b) Argumento que parte de casos passados para
o ser humano quer convencer alguém de que o seu ponto prever casos não observados, presentes ou futuros.
de vista é mais valioso do que outro.
c) Argumento em que, partindo de certas
2. Na demonstração, como se afirma no texto, semelhanças ou relações entre duas realidades, se
«tudo é dado». De facto, ao contrário da argumentação, depreendem novas semelhanças ou relações.
nela ignoram-se todos os elementos exteriores à estrutura
d) Argumento que se sustenta no parecer de um
formal do discurso, tais como a matéria que está em
especialista para assegurar a verdade do que se afirma.
discussão, o contexto em que a mesma é levada a cabo – o
tipo de auditório, por exemplo, com as emoções a que é 2.
suscetível –, o carácter pessoal dos intervenientes (orador a) Falácia da derrapagem. Esta falácia ocorre sempre
e interlocutores) ou a equivocidade da língua natural que, que alguém, para refutar uma tese, apresenta, pelo menos,
sendo o veículo de transmissão da mensagem, pode uma premissa falsa ou duvidosa e uma série de
originar múltiplas interpretações. consequências progressivamente inaceitáveis. O objetivo é
Testes
Naquela estabelece-se, sob a forma do cálculo – o cálculo mostrar que um determinado resultado indesejável
lógico-formal –, uma relação constringente e incontornável inevitavelmente se seguirá. Neste caso, o que se perceciona
entre as premissas e a conclusão, nesta há tão-só a adesão é a intenção de alguém provar que não se deve ajudar
do auditório, a tentativa de «obter certos compromissos ninguém, tomando como premissa os riscos associados a
da parte do interlocutor», o que obriga a um esforço de uma pequena ajuda, e estendendo esse exemplo
permanente adaptação do retor aos seus ouvintes. indefinidamente, de um modo “escorregadio”, a universos
3. Os objetos de acordo são premissas admitidas cada vez maiores.
pelo auditório, podendo consistir em crenças, valores, b) Falácia ad hominem. Nesta falácia, tal como em
verdades, factos, presunções, etc. Fazendo parte da qualquer outra do mesmo tipo, é a pessoa que o pronuncia
opinião do auditório, os objetos de acordo encontram-se e não o argumento pronunciado que é alvo de objeção.
pressupostos durante o ato argumentativo. A opinião Neste caso, é o político que está em causa e não as
pública é o conjunto de pensamentos, conceitos e propostas – que são o que, na circunstância em questão, se
representações gerais dos cidadãos sobre as questões de pretende avaliar.
interesse coletivo. c) Falácia do falso dilema. Esta falácia consiste em
4. Para Michel Meyer – tal como para Aristóteles –, reduzir as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as
o ethos, o pathos e o logos são, na relação retórica, restantes alternativas. Trata-se, portanto, de extrair uma
inseparáveis e constitutivos. Nela, todos estes elementos conclusão a partir de uma disjunção falsa. É o que se passa
Testes de avaliação e sugestões de resposta
96
neste caso: «Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de d) Petição de princípio. Trata-se de um argumento
um Criador inteligente» constitui uma disjunção falsa já que circular no qual se toma por já provado o que ainda carece
há mais alternativas possíveis – o mundo existir desde de prova. Neste exemplo é isso que se verifica, pois a
sempre, ter sido criado por uma equipa de deuses, etc. conclusão – «Todos os animais são merecedores de
respeito» – é antecipadamente usada como premissa – «Os
animais merecem ser respeitados».
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1.6. A manipulação caracteriza-se pela:
A. prática do discurso que tem como finalidade a livre adesão do auditório à tese que o orador
pretende que seja acolhida por aquele;
B. prática abusiva do discurso – abusiva na medida em que obriga o recetor a aderir a uma
dada mensagem (que um dado emissor deseja impor);
C. prática do discurso que tem como finalidade a adesão do auditório a uma tese oculta;
D. prática abusiva do discurso que visa retirar a liberdade ao orador de modo a que ele não
possa defender a tese em que realmente acredita.
1.7. A retórica que corresponde a um uso ilegítimo do discurso, porque visa enganar, iludir e
manipular o interlocutor, recebe a designação de:
A. retórica branca;
B. retórica manipuladora;
C. retórica negra;
D. retórica persuasiva.
1.8. A racionalidade argumentativa implica:
A. o reconhecimento do pluralismo que a racionalidade encerra, aliado ao reconhecimento de
que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras.
B. o reconhecimento de uma verdade e de uma realidade unívocas;
C. a afirmação de uma verdade única, aliada a uma atitude dogmática;
D. a afirmação de uma única realidade, aliada a uma atitude crítica.
GRUPO II
1. Refira a que se deve a visão depreciativa a que os sofistas começaram por estar associados.
2. «A retórica, ao que me parece, é uma prática estranha à arte, mas exige uma alma dotada de
imaginação, de ousadia e, naturalmente apta para o trato com as pessoas. (...) Não sei se entenderás
bem a minha resposta: na minha opinião, a retórica é como o simulacro de uma parte da política.»
Platão (1997), Górgias, Lisboa, Lisboa Editora, p.
Testes
69. Critique a retórica dos sofistas à luz da perspetiva presente neste excerto.
GRUPO III
1. «Proteger a liberdade de expressão é indispensável, mas proteger a liberdade de receção é-o
também, e na mesma medida.»
Philippe Breton (2001), A Palavra Manipulada, Lisboa, Editorial Caminho, p.
209. Explique esta afirmação, clarificando as duas formas de liberdade nela referidas.
2. «A filosofia, mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade, associa-se à crença na verdade e
à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e,
eventualmente, por todas as pessoas (...). Ora, esta admissão, esta tentativa de fazer admitir certas
teses, só pode ser realizada através de meios argumentativos.»
Rui Alexandre Grácio (1999), “Introdução à Tradução Portuguesa”, in C.
Perelman, O Império Retórico, Porto, Edições ASA, p. 10.
Testes de avaliação e sugestões de resposta
98
COTAÇÕES .
3
GRUPO I
.
1.
1.1. .......................................................... 5
A
pontos 1.2. .......................................................... .
5 pontos
1.3. .......................................................... 5 1
pontos 1.4. .......................................................... .
5 pontos 4
1.5. .......................................................... 5 .
pontos 1.6. ..........................................................
5 pontos D
.
1.7. .......................................................... 5
pontos
1.8. .......................................................... 5 1
pontos .
5
GRUPO II
.
1. ......................................................
....... 30 pontos
A
2. ......................................................
.
....... 30 pontos
3. ............................................................. 30
pontos 1.6. B.
GRUPO III 1.7. C.
1. ............................................................. 35 1.8. A.
pontos GRUPO II
2. ............................................................. 35 1. Os sofistas eram professores itinerantes
pontos que se dedicavam ao ensino dos jovens
TOTAL ..................................................... 200 cidadãos mediante uma remuneração.
pontos Dominavam a arte de persuadir pela palavra e
eram dotados de habilidade linguística e de
CORREÇÃO DO TESTE DE estilo eloquente, surpreendendo pela sua vasta
AVALIAÇÃO N.º 5 erudição e pelos seus discursos expressivos.
Enquanto professores, os sofistas centravam
GRUPO I
o seu ensino mais na forma do que no
1. conteúdo, ensinando, por isso, a técnica do
1.1. B. discurso, a arte de fazer triunfar um discurso
1 em função da conveniência de cada um.
. Sócrates, Platão e seus discípulos não podiam
2 aceitar este relativismo da verdade, esta
. valorização da retórica como arte do discurso
persuasivo em detrimento da sabedoria. Este
aspeto, aliado ao facto de os sofistas se
D
fazerem pagar pelos seus serviços, originou
.
uma visão depreciativa dos sofistas.
2. Enquanto Górgias considera a retórica uma
1
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NCON11LP
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empírica, destinada a produzir uma certa abusivamente obriga o recetor a aderir a uma
espécie de agrado no auditório. Com efeito, dada mensagem (que um dado emissor deseja
no diálogo «Górgias» de Platão, Sócrates, impor). Essa manipulação pode assumir a forma
para além de tecer críticas aos sofistas, de manipulação dos afetos, centrada no apelo à
define a retórica como uma atividade emoção e aos sentimentos do recetor, e de
empírica, que visa apenas o agradável, o manipulação cognitiva, que opera por falsificação
prazer, uma prática que serve de simulacro à do conteúdo do discurso.
política, confrontando o discurso como 2. A argumentação é fundamental para a
instrumento de poder, próprio dos sofistas, atividade filosófica, que procura uma visão
com o discurso como instrumento de integrada do real, uma compreensão da realidade
verdade, próprio dos filósofos. É neste no seu todo, do ser, dedicando-se à busca da
diálogo que Sócrates alerta Polo para o verdade. As teorias filosóficas estão,
contraste metodológico entre ele e os frequentemente, dependentes das suas
sofistas: enquanto os sofistas se refugiam na perguntas e respostas. A filosofia socrático-
eloquência de longos discursos, Sócrates platónica, por exemplo, exigia encontrar a
prefere o diálogo, a metodologia de Verdade – única, absoluta e universal, capaz de
pergunta-resposta. dizer uma realidade absoluta, perfeita e imutável
3. Enquanto os sofistas são professores – e, por isso, criticava fortemente a retórica
itinerantes que se fazem pagar pelos seus sofística, por esta dar espaço ao subjetivismo e ao
serviços, os filósofos, de acordo com Sócrates relativismo.
e Platão, são amantes, desinteressados, do Reconhece-se, contudo, que a diversidade dos
saber. Por oposição a um discurso centrado discursos, quer estejamos a falar de sistemas
na forma, na técnica e na eficácia, próprio filosóficos, quer nos estejamos a referir ao
dos sofistas, os filósofos preferem centrar o conhecimento científico, à religião ou à política,
discurso no conteúdo, na sabedoria e na reflete a riqueza de perspetivas e leituras que
procura da verdade absoluta. Por último, ao podemos fazer da realidade. Nesse sentido, a razão
contrário dos sofistas, que entendem a não é mais entendida como a faculdade humana
verdade à medida das circunstâncias detentora de conhecimentos definitivos e unívocos,
individuais e baseiam o discurso em opiniões mas como faculdade humana plural, portadora de
e aparências, os filósofos entendem a conhecimentos plurívocos e o mais próximos possível
verdade como existente em si, baseando o da verdade. Portanto, emerge uma nova conceção da
discurso na Verdade e no Bem. racionalidade – uma racionalidade argumentativa.
GRUPO III Muito embora a argumentação pressuponha a
existência de diferentes teses e, também, a
1. Nas democracias atuais, a liberdade de
possibilidade da contradição, não quer isto dizer, no
expressão é considerada um direito
entanto, que com o novo modelo de racionalidade se
fundamental que não pode ser posto em
caia num relativismo puro ou que se negue o esforço
causa. Contudo, para além da liberdade de
de universalidade dos nossos conhecimentos acerca
expressão de um dado orador, é igualmente
do real. Pelo contrário, isso significa o
necessário que o auditório a que ele se dirige
reconhecimento do pluralismo que a racionalidade
seja também livre, ou seja, é também
encerra, isto é, o reconhecimento de que se pode
necessário garantir a liberdade de um dado
dizer/conhecer o real de diferentes maneiras. Impõe-
recetor. Tal exigência pode parecer, à primeira
se, por isso, para o filósofo de hoje, a afirmação de
vista, despropositada porque partimos sempre
uma (ou várias) verdade(s) possível(eis), aliada(s) a
do princípio de que o recetor tem liberdade de
uma atitude crítica, de abertura e questionamento
aceitar, ou não, a tese. Tal problema não se
face ao real. Para a filosofia contemporânea, a busca
colocaria se o orador, no decurso do processo
da verdade não é mais incompatível com a retórica;
argumentativo, apenas visasse a persuasão do
pelo contrário, há quem afirme poder encontrar
auditório, ou seja, levar o auditório a mudar de
nesta o método da filosofia. Daí que a filosofia, «mais
ideias, mas pressupondo a sua livre adesão à
do que encontrar-se ligada à posse da verdade», se
tese que o orador pretende que seja acolhida
associe «à crença na verdade e à aspiração de tornar
por aquele. Todavia, nem sempre o orador
a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras
permite essa liberdade do auditório, sobretudo
pessoas, e, eventualmente, por todas as pessoas». Tal
quando impõe, com recurso à manipulação, a
admissão, como se refere no texto, «só pode ser
sua tese. O discurso é manipulador quando
Testes de avaliação e sugestões de resposta
100
realizada através de meios argumentativos», isto é, os meios argumentativos são o método da filosofia
para fazer com que o auditório admita as suas teses.
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1.6. O conhecimento a priori é todo o conhecimento baseado em juízos:
A. universais e necessários;
B. sintéticos a posteriori;
C. contingentes e a priori;
D. universais e contingentes.
1.7. A seguinte frase expressa um juízo analítico: A. A Joana é bela.
B. Os cães ladram.
C. Estou triste.
D. Os solteiros não são casados.
1.8. «As vacas poluem a atmosfera.» Estamos perante um juízo:
A. a priori;
B. a posteriori;
C. sintético a priori; D. analítico a posteriori.
GRUPO II
1. Relacione os seguintes conceitos: «experiência», «saber que», «saber-fazer» e «conhecimento
por contacto».
3. «TEETETO – Sócrates, fiquei agora a pensar numa coisa que tinha esquecido e que ouvi alguém
dizer: que o saber é opinião verdadeira acompanhada de explicação e que a opinião carente de
explicação se encontra à margem do saber.»
Platão (2005), Teeteto ou Da Ciência, 2.ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 302.
Refira de que modo E. Gettier contestou a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião
verdadeira acompanhada de explicação».
4. Mostre qual a diferença estabelecida por Kant entre juízos sintéticos e juízos analíticos,
salientando em que medida as verdades dos primeiros podem ser conhecidas a partir de duas
fontes distintas.
COTAÇÕES 1.
GRUPO I
Testes de avaliação e sugestões de resposta
102
Testes
1.4. B justificação com a crença verdadeira não é adequada,
1.5. B sendo a verdade da crença apenas o resultado da
1.6. A sorte, do acaso ou da mera coincidência. Em suma, é
possível que alguém não possua conhecimento, ainda
1.7. D
que sejam realizadas as três condições (crença,
1.8. B verdade e justificação).
GRUPO II 4. Utilizando como critério a inclusão
1. Enquanto «ser-no-mundo», o ser humano (implícita) ou não do predicado no sujeito, Kant
encontra-se exposto a uma pluralidade de dividiu os juízos em analíticos e sintéticos. Os juízos
experiências. A experiência pode ser definida como a analíticos são aqueles cujo predicado está implícito
apreensão, por parte de um sujeito, de uma no conceito do sujeito, encontrando-se pela simples
realidade, um modo de fazer, uma maneira de viver, análise e explicação desse conceito. Estes juízos têm,
etc., constituindo, em muitos casos, um modo de portanto, origem na razão (são juízos a priori – a sua
conhecer algo imediatamente antes de todo o juízo verdade é conhecida independentemente de
que se formula sobre aquilo que se apreende. Ora, o qualquer experiência) e não contribuem para
conhecimento pode encontrar-se ligado de um modo aumentar o nosso conhecimento. São universais e
direto e imediato à experiência ou pode ser necessários.
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Por sua vez, os juízos sintéticos são aqueles cujo podem ser a posteriori (aqueles que foram acima
predicado não está implícito no conceito do sujeito, referidos) como a priori. Com efeito, segundo Kant,
parecendo exigir sempre o recurso à observação ou à há juízos independentes da experiência, tendo uma
experiência, não sendo estritamente universais e origem racional – a priori –, mas cujo predicado não
sendo contingentes. Ao contrário dos anteriores, está implícito no conceito do sujeito – sintéticos.
estes juízos são extensivos, isto é, ampliam o nosso Como tal, esses juízos aumentam o nosso
conhecimento. No entanto, as verdades dos juízos conhecimento. São os juízos sintéticos a priori,
sintéticos podem ser conhecidas a partir de duas caracterizados, tal como os analíticos, pela
fontes distintas, o que significa que tais juízos tanto necessidade e pela universalidade.
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. De acordo com os racionalistas, o modelo do conhecimento ou do saber é a:
A. experiência;
B. matemática;
C. indução;
D. dedução a posteriori.
1.2. O conceito de «dogmatismo» enquanto confiança de que a razão pode atingir a certeza e a
verdade opõe-se ao conceito de:
A. realismo;
B. ceticismo;
C. criticismo;
D. otimismo racionalista.
1.3. Uma das regras do método cartesiano é a regra da análise. Esta regra estabelece:
A. que nada deve ser aceite como sendo verdade sem que se apresente com clareza e distinção;
B. a necessidade de se conduzir, com ordem, o pensamento, partindo sempre das ideias mais
simples para as mais complexas;
C. que se deve sempre rever cautelosamente o trabalho efetuado, de modo a nada omitir;
D. a obrigatoriedade de dividir as dificuldades por partes, para melhor as resolver.
1.4. Em relação às regras do método cartesiano, podemos dizer que elas:
A. permitem guiar a razão na procura da verdade;
B. apenas se aplicam aos conhecimentos matemáticos;
Testes de avaliação e sugestões de resposta
104
GRUPO II
1. Refira em que medida se pode afirmar que o dogmatismo ingénuo não ocorre na filosofia.
3. «Locke é o autor do texto “canónico” do empirismo. A alma, escreve ele, é uma tábua rasa, uma
página branca sem caracteres. (…) O empirismo clássico recusa, pois, as ideias inatas de que falava
Descartes.»
AAVV (1999), Dicionário Prático de Filosofia, 2.ª ed., Lisboa, Terramar, p. 113.
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GRUPO III
1. «A faculdade de conhecer que ele [Deus] nos deu, a que chamamos luz natural, nunca apreende
nenhum objeto que não seja verdadeiro no que ela apreende, isto é, no que ela conhece clara e
distintamente; pois teríamos razão para acreditar que Deus seria enganador, se no-la tivesse
dado de tal modo que tomássemos o falso pelo verdadeiro, quando a usássemos bem.»
Descartes (2005), Princípios da Filosofia, Porto, Areal Editores, p.
70. Relacione as ideias do texto com o significado de Deus na edificação do sistema do saber.
2. «Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral que não admite exceção, que o
conhecimento desta relação [a relação de causa e efeito] não é, em circunstância alguma, obtido
por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns
objetos particulares se combinam constantemente uns com os outros.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, p. 33.
Relacione a afirmação segundo a qual o conhecimento da ligação de causa e efeito não é obtido
por raciocínios a priori com a ideia de conexão necessária.
3. «[O ceticismo de Descartes e outros] recomenda uma dúvida universal, não só de todas as nossas
opiniões e princípio anteriores, mas também das nossas próprias faculdades, de cuja veracidade,
dizem eles, nos devemos assegurar mediante uma cadeia de raciocínio, deduzida de algum
princípio original que, possivelmente, não pode ser falaz ou enganador. Mas, não existe um tal
princípio original, que tenha uma prerrogativa sobre os outros, que são autoevidentes e
convincentes.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, pp. 143-144.
Testes
apreende ou não o objeto, ou seja, não se coloca evidentes. Deus, sendo o criador da faculdade de
o problema do conhecimento, partindo-se do conhecer, é também o princípio do ser e do
pressuposto de que o sujeito apreende conhecimento em geral, garantindo a verdade
efetivamente o objeto. Ao não se aperceber do objetiva das ideias claras e distintas.
carácter relacional do conhecimento, o Criador das verdades eternas, origem do ser e
dogmático não coloca em dúvida a sua fundamento da certeza, Deus garante a adequação
possibilidade, acreditando que os objetos nos são entre o pensamento evidente e a realidade. Ao
dados diretamente e de um modo absoluto, tal legitimar o valor da ciência, Deus confere solidez ao
como são em si mesmos. Ora, isto não acontece sistema do saber e objetividade ao conhecimento.
na filosofia, porque todo o filósofo procede a um 2. Escreve Hume que o conhecimento da
exame crítico daquilo que lhe é fornecido pelos relação de causa e efeito «não é, em circunstância
sentidos, colocando a pergunta acerca do ser alguma, obtido por raciocínios a priori, mas deriva
verdadeiro das coisas. inteiramente da experiência». É perante a
2. Há diversas aceções para o termo constatação de que determinados objetos se
«dogmatismo». O dogmatismo opõe-se ao combinam entre si, ou de que entre dois fenómenos
ceticismo enquanto se refere à perspetiva que, se verificou sempre uma conjunção constante (um
depositando confiança na razão, considera que deles ocorreu sempre a seguir ao outro), que
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107 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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concluímos ser um a causa e outro o efeito, na experiência o fundamento do conhecimento.
tomando assim conhecimento da relação de Como tal, na sua perspetiva, o conhecimento apoia-se
causalidade. Ora, essa conjunção constante entre em crenças básicas inseparáveis das impressões dos
fenómenos não nos pode levar a concluir que entre sentidos, que são «autoevidentes e convincentes»: as
eles haja uma conexão necessária (embora seja crenças básicas são as crenças de que se está a ter
desse modo que a relação de causa e efeito é determinadas experiências. Para Descartes, ao invés,
geralmente entendida), tanto mais que não o fundamento do conhecimento tem de ser
dispomos de qualquer impressão relativa à ideia de procurado na razão. Descartes descobre-o no cogito,
conexão necessária entre fenómenos. primeira verdade, o «princípio original» a que Hume
3. Descartes e Hume são ambos se refere, assim como noutras ideias claras e distintas
fundacionalistas. Mas divergem no fundamento da razão.
que adotam para o conhecimento. Hume encontra Todavia, este fundamento do conhecimento depende
daquele que é o princípio de toda a realidade: Deus.
Testes de avaliação e sugestões de resposta
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109 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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Testes de avaliação e sugestões de resposta
110
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. Qual das seguintes questões não constitui um problema da epistemologia (ou filosofia da
ciência)?
A. O que é a ciência?
B. Em que consiste a teoria científica da evolução por seleção natural?
C. Como progride a ciência?
D. Que significa o conceito de «objetividade científica»?
1.2. A atitude do cientista é essencialmente:
A. problematizadora, racional e dogmática;
B. problematizadora, racional e crítica;
C. problematizadora, racional e acrítica; D. problematizadora, racional e superficial.
1.3. O conhecimento científico é:
A. subjetivo;
B. imetódico e assistemático; C. explicativo;
D. superficial.
1.4. O conhecimento científico procura ser objetivo porque:
A. se encontra sujeito a correções e a alterações;
B. se mantém como aceitável até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade;
C. tem em atenção o facto, excluindo as apreciações subjetivas;
D. visa ordenar a diversidade empírica.
1.5. O problema da demarcação pode ser formulado na seguinte questão:
A. O que distingue a investigação nas ciências, como a biologia e a física, da investigação
noutras disciplinas, como a história e a sociologia?
B. Em que consiste a teoria científica do heliocentrismo?
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111 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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C. A clonagem humana é eticamente legítima?
D. O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?
1.6. Segundo o critério da falsificabilidade, o enunciado «A carne de ave não contribui para o
aumento do nível de “mau” colesterol» é científico porque:
A. pode ser confirmado por um conjunto finito de observações;
B. é passível de ser refutado;
C. pode confirmar-se a sua veracidade com uma única observação;
D. só pode ser confirmado, não é passível de ser refutado.
1.7. Considere as proposições abaixo expostas. Selecione, depois, a alternativa que
corretamente se lhes adequa.
1. Todos os metais oxidam.
2. Na sétima dimensão, alguns metais oxidam.
3. Este metal oxida.
4. Nenhum metal oxida.
A. só as proposições 1, 3 e 4 são falsificáveis;
B. só as proposições 2 e 4 são falsificáveis; C. só as proposições 1 e 2 são falsificáveis;
D. só as proposições 3 e 4 são falsificáveis.
1.8. Na conceção indutivista do método científico:
A. as teorias científicas surgem, por indução, a partir de factos e de observações;
B. as teorias científicas surgem, por dedução, a partir de factos e de observações;
C. as teorias científicas são propostas, por indução, sem ser necessário recorrer aos factos e
observações simples;
D. as teorias científicas são propostas, por dedução, sem ser necessário recorrer aos factos e
observações simples.
GRUPO II
Testes
1. «O pensamento científico está no prolongamento do pensamento comum: é um aperfeiçoamento e
um crescimento deste.»
M. Gex (1964), Élements des Philosophie des Sciences, Neuchâtel, Éditions du Griffon, p. 18.
Qual dos autores estudados – Karl Popper e Gaston Bachelard – poderia subscrever esta
afirmação? Justifique a sua resposta.
2. «Por não ser explicativo, o senso comum é absolutamente desnecessário.» Concorda com esta
afirmação? Justifique e elabore um comentário, tendo em conta as características do senso comum.
3. Esclareça as duas críticas de que foi objeto a conceção indutivista do método científico.
4. Descreva as etapas do método hipotético-dedutivo (ou conjetural).
COTAÇÕES 1.
GRUPO I
Testes de avaliação e sugestões de resposta
112
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8 necessidade; mas do facto de não ser explicativo não se
Editora
depreende a falta de necessidade do conhecimento
GRUPO I
vulgar.
1.
3. Duas das críticas de que foi objeto a conceção
1.1. B indutivista do método são: a) a observação não é
1.2. B necessariamente o primeiro momento do método
1.3. C científico e, mesmo que o cientista a ela recorra, ela não é
1.4. C inteiramente neutra e isenta; b) o raciocínio indutivo não
oferece a consistência lógica que as teorias científicas
1.5. D
reclamam.
1.6. B Relativamente à primeira alínea, podemos dizer que a
1.7. A observação pura não existe. No mínimo, os conhecimentos
1.8. A anteriores do cientista, as teorias com que contactou,
GRUPO II determinam a observação que efetuará, pelo que, partindo
daí, já não é da observação que parte. A sua observação é,
1. Seria Karl Popper, uma vez que este defende a
portanto, mediada, isto é, não neutra nem isenta. A
tese continuísta na passagem do conhecimento vulgar ao
segunda crítica é de índole lógica. De facto, o raciocínio
conhecimento científico – e no texto os termos são
indutivo amplificante – não o enumerativo, de Aristóteles –
“aperfeiçoamento” e “crescimento”. Na sua perspetiva, a
constitui um salto lógico, que leva do particular ao geral. A
ciência é “senso comum esclarecido” ou, por outras
sua validade está, portanto, comprometida. David Hume
palavras, criticado, corrigido, contestado. Para Popper, a
afirmou, a este propósito, que a generalização indutiva é
criação da ciência e o seu desenvolvimento representam,
uma mera crença ou expectativa, fundamentada pelo
fundamentalmente, um processo de constante eliminação
hábito e suportada pela convicção, e não pela impressão, de
de erros.
que as mudanças na natureza são regulares. A veracidade
Gaston Bachelard, pelo contrário, não poderia subscrever
das leis científicas, por definição universais, está, enfim,
esta afirmação porque, no seu entendimento, o senso
comprometida pelo problema da indução.
comum é um obstáculo epistemológico com o qual
importa romper para que se possa criar conhecimento 4. A primeira etapa do método hipotético-dedutivo
científico. A sua tese – de rutura entre os tipos de (ou conjetural) consiste na formulação de uma hipótese ou
conhecimento em causa – não admite a existência de um conjetura a partir de um facto-problema. Constatando-se
“conhecimento vulgar provisório”, porque o conhecimento que existe um problema que não encontra explicação
vulgar não se limita a ser provisório: o senso comum, satisfatória no contexto de uma dada teoria, formula-se
através daqueles que nele sustentam os seus pontos de uma hipótese ou explicação provisória para o mesmo, a
vista, opõe-se ativamente à construção do conhecimento qual carece ainda de comprovação empírica. Trata-se de
científico. um momento criativo da atividade científica, baseado
fundamentalmente na intuição e na imaginação. A
2. Do facto de o senso comum não ser explicativo
segunda fase do método em análise é a da dedução das
não se infere que esteja, por definição, errado. Só neste
consequências. Formulada a hipótese, são deduzidas as
último caso é que se poderia afirmar que ele seria
suas principais consequências, isto é, depreende-se o que
desnecessário. A experiência quotidiana também dá a
poderá acontecer se a hipótese ou conjetura for
conhecer a relação com o mundo, e é com base nela que
verdadeira.
se fazem múltiplas opções no dia a dia que não exigem, à
O terceiro momento corresponde à experimentação. Testa-
partida, um conhecimento muito elaborado – ou científico.
se a hipótese, confronta-se a conjetura com a experiência
Tal não significa, de modo algum, que se possa dispensar
para aferir a sua veracidade. Sendo validada pela
este último, porque só ele dá a conhecer, com prova, essas
experiência, a teoria é corroborada; não o sendo, a teoria é
e muitas outras opções, bem mais exigentes. Do facto de o
refutada, isto é, terá de ser reformulada ou, no limite,
conhecimento científico ser explicativo infere-se a sua
abandonada.
Testes de avaliação e sugestões de resposta
114
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. Para os indutivistas, uma teoria é científica se for:
A. empiricamente verificável;
B. falsificável pelos fenómenos;
C. verificada pela hipótese;
D. refutada pela aplicação de testes experimentais.
1.2. Levantado por Hume, o problema da indução traduz-se na:
A. possibilidade de justificar as inferências indutivas;
B. impossibilidade de justificar as inferências dedutivas; C. impossibilidade de justificar as
inferências indutivas;
D. possibilidade de justificar as inferências dedutivas.
1.3. Popper pensa ter ultrapassado o problema da indução ao defender que o desenvolvimento da
ciência é independente das inferências de tipo indutivo. Esta afirmação é:
A. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações,
recorrendo ao raciocínio indutivo;
B. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao
Testes
raciocínio dedutivo e indutivo;
C. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações,
recorrendo ao raciocínio dedutivo;
D. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao
raciocínio dedutivo e indutivo.
1.4. Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as conceções indutivista e
popperiana do método das ciências (empíricas).
1. Para os indutivistas, a observação é o ponto de partida para a construção das teorias
científicas; para Popper, a observação não constitui um recurso relevante no processo
de investigação científica.
2. As duas perspetivas defendem que a observação é o ponto de partida para a construção
de teorias científicas.
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115 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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3. Para os indutivistas, a confirmação e a verificação empíricas de uma teoria garantem o
rigor e a cientificidade dessa teoria; para Popper, a possibilidade de falsificação da
teoria constitui o critério de cientificidade.
4. As duas perspetivas defendem que as teorias científicas devem ser avaliadas através da
realização de testes para as refutar.
Deve afirmar-se que o(s) enunciado(s):
A. 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto;
B. 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos;
C. 1, 2 e 4 são incorretos; 3 é correto;
D. 3 é incorreto; 1, 2 e 4 são corretos.
1.5. Para Popper as teorias científicas são:
A. refutáveis e conjeturais;
B. refutáveis e confirmáveis;
C. confirmáveis e corroboráveis;
D. refutáveis e verificáveis.
1.6. Kuhn entende por ciência normal:
A. a fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica;
B. a fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do paradigma vigente, de debate
sobre a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha de um novo paradigma;
C. a fase de tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos os
factos ou anomalias;
D. a fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela
comunidade científica, em que se procede à resolução de enigmas (quebra-cabeças) de
acordo com a aplicação dos princípios, regras e conceitos do paradigma vigente.
1.7. Para Kuhn, a ciência entra em crise quando:
A. surge uma anomalia;
B. ocorre uma revolução;
C. a ciência normal se desenvolve e cria novos problemas;
D. não se consegue resolver as anomalias persistentes.
1.8. Kuhn contribui para a definição de uma nova racionalidade científica ao afirmar que o
desenvolvimento da ciência:
A. depende de fatores históricos, sociológicos e psicológicos;
B. é independente de fatores históricos, sociológicos e psicológicos; C. depende
exclusivamente de fatores subjetivos;
D. depende exclusivamente de fatores objetivos.
Testes de avaliação e sugestões de resposta
116
GRUPO II
1. «Se dizemos que hoje em dia sabemos mais que Xenófanes ou Aristóteles, provavelmente isso está
errado, se acaso interpretarmos “saber” em sentido subjetivo. Provavelmente cada um de nós não
sabe mais, mas sabe antes outras coisas. Trocámos certas teorias, certas hipóteses, certas conjeturas
por outras, muitas vezes melhores: melhores no sentido de estarem mais próximas da verdade.»
Karl Popper (1987), Sociedade Aberta, Universo Aberto, Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 105.
3. Uma das críticas levantadas a Kuhn incide sobre a questão da incomensurabilidade dos paradigmas.
Explicite-a.
«A escolha [entre paradigmas rivais] não é, nem pode ser, determinada meramente pelos
procedimentos de avaliação característicos da ciência normal, pois estes dependem, em parte,
de um paradigma específico, e esse paradigma está em causa. Quando os paradigmas são
incluídos, como devem, num debate de escolha entre paradigmas, o seu papel é
necessariamente circular. Cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em
defesa do próprio.»
Testes
Thomas Kuhn (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37.
Deverá, para o efeito, atender à reflexão que cada um elaborou a respeito dos seguintes aspetos:
• Os critérios utilizados na escolha de teorias (ou paradigmas) científicas.
• O progresso da ciência. COTAÇÕES
• A objetividade do conhecimento científico. GRUPO I
1.
1.1. .......................................................... 7,5
pontos 1.2. ..........................................................
7,5 pontos
1.3. .......................................................... 7,5
pontos 1.4. ..........................................................
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117 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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7,5 pontos 1.5. .......................................................... provisórios da realidade (conjeturas). A crítica
7,5 pontos é o pilar central do trabalho científico e a
1.6. .......................................................... 7,5 pontos garantia do escape à posição dogmática. Ao
procurar detetar o erro (ou ao tentar falsificar
NCON11LP_F08 as suas teorias), o cientista garante o
aperfeiçoamento do conhecimento científico,
1.7. .......................................................... 7,5 pontos
no sentido de uma tentativa de aproximação à
1.8. .......................................................... 7,5 pontos verdade.
GRUPO II A nova racionalidade científica não se baseia na
1. ............................................................. 35 ideia de uma verdade absolutamente certa,
pontos universal e necessária; apenas admite a
2. ............................................................. 35 possibilidade de haver teorias mais ou menos
pontos verosímeis e mais ou menos plausíveis que
3. ............................................................. 30 procuram explicar corretamente os factos.
pontos 2. Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência
4. ............................................................. 40 pontos está dependente de um paradigma ou modelo
científico, isto é, de um conjunto de teorias,
TOTAL ..................................................... 200 pontos
factos, crenças e conhecimentos, regras,
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO técnicas e valores, compartilhados e aceites pela
maioria dos cientistas. Dizer-se que os
N.º 9
paradigmas são incomensuráveis equivale a
GRUPO I
afirmar que são incomparáveis e incompatíveis.
1. Não se pode comparar objetivamente aquilo
1.1. A que cada paradigma defende, dado que eles
1. correspondem a formas totalmente diferentes
2. de explicar e prever os fenómenos. Como o
C texto mostra, há termos que, quando integrados
1. em diferentes paradigmas, remetem para
3. significados distintos. Dado que cada paradigma
corresponde a um modo qualitativamente
C
diferente de olhar o real, a verdade que cada
1.4. C um contém está circunscrita ao que nele se
1.5. A determina. Cada paradigma é uma
1.6. D representação do real.
1. 3. Uma vez que os paradigmas são
7. incomensuráveis, cada paradigma representa
D um modo totalmente diferente de encarar os
1. problemas e propor as soluções. Dois
8. paradigmas rivais são mundos diferentes em
A que as mesmas coisas são entendidas de modos
distintos. Neste sentido,
GRUPO II
não se pode aferir qual dos paradigmas em discussão
1. Tradicionalmente, a racionalidade científica
contém mais verdade, porque esta é, em parte,
encontrava-se associada às noções de
inerente aos paradigmas em discussão. Kuhn foi
«objetividade», «neutralidade», «verdade certa,
criticado por ter instaurado uma visão relativista da
necessária e universal» e «demonstração». As
ciência e uma perceção que acaba por ser subjetivista
correntes positivista e neopositivista contribuíram
da verdade.
para essa visão da ciência como o modelo único do
conhecimento verdadeiro e objetivo. Atualmente, 4. Para Popper, o critério utilizado na escolha
assistimos a uma redefinição da racionalidade de teorias (ou, para usarmos a terminologia de
científica. Graças ao contributo de novas perspetivas Kuhn, de paradigmas) científicas é o critério da
epistemológicas, como o falsificacionismo de falsificabilidade. São os contraexemplos que,
Popper, as teorias científicas não são tidas como depois de sujeitos à experimentação e de
definitivas, mas como modelos explicativos e atestada a sua verdade, determinam a escolha
Testes de avaliação e sugestões de resposta
118
de teorias rivais. Para Kuhn, o critério em causa é, em o sujeito que o produz; é independente do sujeito e
parte, interior aos paradigmas. Além de critérios do contexto – e daí a relevância, como o texto sugere,
objetivos como a exatidão, a consistência, o alcance, a da «análise lógica do conhecimento científico». A
simplicidade e a fecundidade, há aspetos de ordem validação das teorias obedece ao critério da
psicológica que interferem na referida escolha. falsificabilidade, e este garante a sua cientificidade.
Para Popper, a ciência claramente progride. As teorias Alicerçada na lógica, a ciência pode aspirar ao rigor e
substitutas têm maior grau de correspondência à realidade, à objetividade. Para Kuhn, pelo contrário, o
enquanto as teorias substituídas se encontram mais conhecimento depende, em parte, do sujeito – de um
distantes dela. Para Kuhn, o progresso da ciência não pode sujeito integrado numa comunidade científica. Além
ser entendido da mesma maneira. Sendo os paradigmas de fatores objetivos, há também aspetos subjetivos
incomensuráveis, não se pode afirmar que a ciência que interferem na avaliação e na decorrente escolha
progride no sentido de uma maior aproximação à verdade. de teorias rivais, o que compromete a objetividade da
A mudança de paradigma não significa necessariamente ciência. Como Kuhn afirma, «cada grupo utiliza o seu
progresso cumulativo e contínuo em direção a um fim (a próprio paradigma para argumentar em defesa do
verdade). No entanto, também não podemos dizer que a próprio». Dependente de critérios subjetivos, a
ciência não se desenvolve. Kuhn destaca dois momentos ciência vê hipotecada a sua objetividade.
fundamentais para explicar como ela evolui: na fase da Apesar do exposto, para nenhum dos autores a
produção científica normal (ciência normal) e na das ciência é um conhecimento certo e indubitável. Para
revoluções científicas (que permitem a mudança de Popper, sendo a tentativa de falsificação o
paradigmas). procedimento-base, nenhuma teoria pode ser
Por último, no que se refere à objetividade do tomada como definitiva e absolutamente certa. Para
conhecimento científico, Popper é dela um absoluto Kuhn, sendo a mudança na ciência pautada por
partidário. A ideia de “conhecimento sem conhecedor” critérios, em parte, subjetivos, a certeza, ou
advogada por Popper é exemplificativa de que, na sua indubitabilidade, não a pode caracterizar.
perspetiva, o conhecimento científico não se confunde com
Testes
1.1. A conceção de verdade como correspondência foi sobretudo defendida por:
A. Perelman;
B. Aristóteles;
C. William James;
D. Heidegger.
1.2. As bases da teoria da verdade como consenso encontram-se em: A. Perelman, J. Habermas e
K.-O. Apel.
B. Platão, J. Habermas e K.-O. Apel.
C. Perelman, Heidegger e K.-O. Apel.
D. William James, J. Habermas e Karl Popper.
1.3. Hegel encara a verdade como:
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A. coerência;
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119 Testes de avaliação e sugestões de resposta
NCON11LP
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B. processo;
C. consenso;
D. perspetiva.
1.4. A transferência dos métodos de uma disciplina para outra diz respeito à:
A. interdisciplinaridade;
B. disciplinaridade; C. transdisciplinaridade;
D. pluridisciplinaridade.
1.5. A visão transdisciplinar propõe-nos que consideremos a realidade como:
A. multidimensional, estruturada num único nível;
B. unidimensional, estruturada em múltiplos níveis; C. multidimensional, estruturada em
múltiplos níveis;
D. unidimensional, estruturada num único nível.
GRUPO II
1. O conceito de «verdade» é, no domínio filosófico, um conceito unívoco? Justifique.
2. Refira a principal diferença entre a verdade como correspondência e a verdade como coerência.
transdisciplinar.
GRUPO III
1. «Os avanços científico-técnicos verificados desde há uns decénios – muito especialmente no
domínio da genética e da fetologia – têm ampliado notavelmente o campo da bioética.»
R. Cabral (1997), “Bioética”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia,
vol. 1, Lisboa, Editorial Verbo, p. 686.
Testes
especialização das ciências e, por outro, a uma
1.
separação dos saberes científicos relativamente aos
1.1. B. que o não são. Tal panorama conduziu a uma visão
1.2. A. fragmentada e retalhada da realidade. De facto, se as
1.3. B. diversas disciplinas se encontram isoladas e fechadas
1.4. A. nas suas fronteiras cada vez mais delimitadas, os
conhecimentos adquiridos não são reunidos e
1.5. C.
integrados numa visão global que lhes dê sentido e
GRUPO II coerência. Daí a dificuldade de encontrar uma “visão
1. Não, no domínio filosófico, o conceito de de conjunto”. É por isso que, contemporaneamente,
«verdade» tem sofrido vários enquadramentos e se reconhece a necessidade e a exigência de uma
interpretações, constituindo um problema racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar.
filosófico por excelência. Ora se entende a verdade GRUPO III
no seu sentido ontológico tradicional, ora como
1. No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno:
coerência, ora ainda em sentido pragmático. A
– reconhecer que a bioética, ligada aos «avanços
verdade pode ainda ser considerada uma forma de
científico-técnicos», se situa numa zona de
consenso ou apenas uma perspetiva de entre
interseção de saberes, nomeadamente das
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NCON11LP
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tecnociências (sobretudo a biologia e a medicina),
das humanidades (filosofia, ética, teologia,
psicologia, antropologia), ciências sociais
(economia, politologia, sociologia) e doutras
disciplinas, como o direito;
– salientar o papel da transdisciplinaridade na
compreensão do mundo atual, para a qual um
dos imperativos é a unidade do conhecimento;
– reconhecer o significado do conhecimento
complexo, aliado à ideia de realidade como um
tecido complexo;
– apresentar o seu ponto de vista pessoal,
devidamente argumentado, sobre a possibilidade
de a racionalidade pluridisciplinar e
transdisciplinar servir o propósito prático de
resolução das grandes questões do nosso tempo,
servindo-se do exemplo de questões ligadas à
bioética.
122 Testes de avaliação e sugestões de resposta
NCON11LP
A Filosofia na cidade
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. No contexto da democracia ateniense antiga, os cidadãos eram:
A. os homens livres e os escravos;
B. todos os homens e mulheres, livres ou não;
C. todos aqueles que se dedicavam à filosofia;
D. os homens livres, participantes nas decisões públicas da cidade;
1.2. Para os gregos:
A. o espaço público sobrepõe-se ao espaço privado;
B. o espaço público não se distingue do espaço privado;
C. o espaço privado permite ao ser humano a realização plena da sua natureza;
D. o espaço privado é mais importante que o público, porque se encontra ligado ao sustento
individual.
1.3. A tarefa da reflexão política é a de tentar conciliar as exigências pessoais e individuais com as
exigências:
A. coletivas;
B. familiares;
C. da classe social a que se pertence; D. do partido político a que se pertence.
1.4. A obra A República foi escrita por:
A. Aristóteles;
B. Hannah Arendt;
C. Platão; D. John Locke.
1.5. Equivale à condição daquele que tem liberdades públicas, gozando de certos direitos, e que, por
outro lado, cumpre os deveres sociais definidos na lei. Estamos perante a definição de:
A. tolerância;
B. cidadania;
C. igualdade;
D. obediência.
1.6. Alguém que tem uma convicção é alguém que:
A. é necessariamente intolerante;
B. segue uma ideia sabendo por que razões o faz;
C. é necessariamente tolerante;
D. segue uma ideia sem saber por que razões o faz.
123 Testes de avaliação e sugestões de resposta
GRUPO II
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1. Explicite a importância do espaço público para os gregos dos séculos V e IV a. C.
2. Refira qual o problema central que subjaz às diferentes conceções políticas desenvolvidas ao longo da
história.
3. Exponha os princípios fundamentais que se encontram na base do trabalho dos filósofos e politólogos
(ocidentais) atuais.
GRUPO III
1. «Onde quer que o diálogo foi interrompido, eclodiram os conflitos – quer na esfera pública quer
privada. Onde quer que as conversações falharam, instaurou-se a repressão e imperou a lei do mais
forte, das elites e dos mais inteligentes.»
Hans Küng (1996), Projeto para uma Ética Mundial, Lisboa, Instituto Piaget, p. 186.
Desenvolva, com base na afirmação e de forma argumentada, o seguinte tema: O diálogo como via de
construção da cidadania.
Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam, e ter em
conta as perspetivas de Apel, Habermas e Rawls relativas a esta temática.
Testes
NCON11LP
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11
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GRUPO I liberdade e a igualdade como
1. direitos fundamentais; o
diálogo como a via razoável
1
de resolução dos problemas
.
comuns dos cidadãos.
1
. 4. Enquanto a
tolerância se traduz numa
atitude que manifesta
D posições abertas e razoáveis,
no quadro da aceitação das
1 diferenças e da promoção do
. diálogo, a intolerância
2 exprime-se numa atitude que
. manifesta posições ou
convicções dogmáticas e
fechadas, que tendem a não
A
aceitar as diferenças e a
1.3. A recusar o diálogo e o
1.4. C consenso.
1.5. B À negociação e à necessidade
1.6. B de estabelecer consensos
(próprias da tolerância), de
GRUPO II
modo a garantir a igualdade
1. Para os antigos de direitos civis e humanos,
gregos, o cidadão é aquele opõe-se, assim, a imposição
que participa nas questões de (própria da intolerância) de
interesse comum, nas uma estratégia unilateral de
decisões públicas da polis. negociação, de forma a
Para além de cumprir as suas garantir a autoridade de uma
obrigações naturais, ligadas à posição.
sua subsistência e à da sua
GRUPO III
família (espaço privado), o
cidadão é o homem livre, 1. No desenvolvimento deste
capaz de se autogovernar e tema, deverá o aluno:
de se realizar politicamente. – apresentar o seu ponto de
É no espaço público que o ser vista pessoal, devidamente
humano realiza plenamente a argumentado, acerca do
sua natureza, enquanto ser papel do diálogo na
livre, social e político. construção da cidadania,
2. É o problema da integrando a afirmação
natureza humana. Trata-se citada;
de saber se o ser humano é – reconhecer que na «ética
naturalmente bom e justo ou, do discurso», de Apel e
pelo contrário, se a sua Habermas, se parte da ideia
natureza tende para o mal. O de uma situação ideal de
aparecimento de diferentes comunicação cujos
regimes – ditatoriais ou intervenientes partilham de
democráticos – ao longo da iguais condições de diálogo;
história esteve associado à – relacionar a importância do
resposta a tal questão. diálogo com a possibilidade
de estabelecer a validade
3. Tais princípios são
de normas morais
os seguintes: a democracia
(comuns);
como o regime preferível; a
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NCON11LP
125 Testes de avaliação e sugestões de resposta
– salientar a defesa, por parte – compreender que, de
de Apel e Habermas, da acordo com Rawls, na base
participação dos indivíduos da estabilidade de uma
no espaço público, sem sociedade justa se
descurar o papel do Estado; encontram doutrinas
– reconhecer a importância razoáveis, orientadas para
da democracia como um consenso duradouro.
regime preferível, para
Rawls;
TESTE DE AVALIAÇÃO
N.º 12
A Filosofia e o sentido
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. São estes os principais pensadores das
filosofias da existência:
A. Sartre, Descartes, Heidegger, Marx e Marcel;
B. Platão, Górgias, Mill, Camus e Marcel;
C. Sartre, Jaspers, Heidegger, Camus e Marcel;
D. Kierkegaard, Feuerbach, Camus, Locke e
Sartre.
1.2. O sentido prático é o sentido:
A. funcional;
B. incondicionado; C. absoluto;
Testes
D. divino.
1.3. A vida é-nos dada vazia. Esta afirmação
significa que a vida:
A. não tem sentido, porque é vazia;
B. é vazia, porque não tem sentido;
C. é uma tarefa e um conjunto de problemas a que
somos indiferentes;
D. é algo que recebemos e que temos de
preencher.
1.4. A obra em que Albert Camus desenvolve a
tese do absurdo da vida intitula-se:
A. A Grandeza de Sísifo;
B. O Mito de Sísifo;
Testes de avaliação e sugestões de resposta 126
GRUPO II
1. «O existencialismo pode considerar-se [uma]
reação às construções filosóficas sistemáticas
que dissolviam o homem numa série de
abstrações.»
A
lexandre Fradique Morujão (1999), “Existencialismo”,
in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de
Filosofia, vol. 2, Lisboa, Editorial Verbo, p. 396.
Explique o sentido desta afirmação.
NCON11LP
futuro.
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GRUPO III
1. Desenvolva, de forma argumentada, o
seguinte tema: O sentido da vida.
Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de
vista pessoal e os argumentos que o suportam
relativamente à existência ou não de sentido
na vida, e confrontar também as perspetivas
de Albert
Camus e de Susan Wolf 1.6. .........................
................................
. 5 pontos
GRUPO II
1. ..................................
acerca desta temática. ........................... 30
pontos
2. .................................
............................ 30
pontos
3. .................................
............................ 30
pontos
4. .....................................
........................ 30 pontos
GRUPO III
COTAÇÕES 1. ....................................
GRUPO I ......................... 50
Testes
a sua verdadeira natureza; de contexto global. Daí a
as suas partes constitutivas importância de
estarem em movimento, e de conhecermos a história da
ser apreendido quer pela humanidade, como forma
experiência vivida, quer pela de evitar, ou de ajudarmos
inteligência, o que implica a evitar, repetir os erros
realidades diferentes e do passado.
paradoxais. Por fim, é de A afirmação apresentada
salientar o facto de aquele põe a tónica na
que reflete sobre a natureza importância e no papel da
do tempo estar também memória enquanto
mergulhado no tempo, o que «observadora» do
condiciona necessariamente passado, mas também do
aquela descrição e a reflexão presente e do futuro. Só
que se possa fazer acerca do uma memória atenta ao
tempo. passado da humanidade
3. A morte pode ser pode ajudar a assumir a
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