Raciocínio Lógico - Aula4

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RACIOCÍNIO LÓGICO

AULA 4

Prof. André Roberto Guerra


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, são apresentadas as relações e o método dedutivo, iniciando-


se pela diferença entre operação e relação, para em seguida se apresentar e
definir a relação da implicação lógica e a relação da equivalência lógica.
A álgebra das proposições é apresentada no tema seguinte e finaliza-se
com o método dedutivo.
Utilizam-se definições e conceitos dos termos e símbolos que compõem
a lógica proposicional e o cálculo das sentenças/proposições, permitindo a
validação da resposta encontrada, além das propriedades semânticas básicas
da lógica proposicional (LP), que possibilitam simplificar ainda mais a solução de
complexos cálculos proposicionais.

TEMA 1 – DIFERENÇA ENTRE OPERAÇÃO E RELAÇÃO

1.1 Diferença entre os símbolos de operação implicação e de relação


implicação

Os símbolos → e ⇒ são distintos, pois o símbolo → (condicional ou


implicação) indica uma operação lógica.
Já o símbolo ⇒ indica uma relação; em que todas as avaliações possíveis
de uma operação condicional entre 𝑷 e 𝑸 (𝑷 → 𝑸) resultam em 𝑽 (tautologia).
Ex.: a condicional 𝒑 ∧ ~𝒑 → 𝒒 é tautologia. Logo, 𝒑 ∧ ~𝒑 → 𝒒 ⇒ 𝑻

p q ~𝒑 𝒑 ∧ ~𝒑 𝒑 ∧ ~𝒑 → 𝒒
V V F F V
V F F F V
F V V F V
F F V F V

1.2 Diferença entre os símbolos de operação da bi-implicação e de relação


equivalência

Os símbolos ↔ e ⇔ são distintos, pois o símbolo ↔ (bicondicional ou bi-


implicação) indica uma operação lógica.

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Já o símbolo ⇔ indica uma relação; em que todas as avaliações possíveis
de uma operação bicondicional entre 𝑷 e 𝑸 (𝑷 ↔ 𝑸) resultam em 𝑽
(tautologia).
Ex.: a bicondicional ~(𝒑 ∧ ~𝒒) ↔ (𝒑 → 𝒒) é tautologia. Logo, ~(𝒑 ∧
~𝒒) ⇔ (𝒑 → 𝒒) é tautologia (equivalência lógica).

p q ~𝒒 𝒑 ∧ ~𝒒 ~(𝒑 ∧ ~𝒒) ~(𝒑 ∧ ~𝒒) ↔ (𝒑 → 𝒒) 𝒑 → 𝒒


V V F F V V V
V F V V F V F
F V F F V V V
F F V F V V V

TEMA 2 – IMPLICAÇÃO LÓGICA

A definição do termo implicação lógica é o início do tema. Segundo o


dicionário Michaelis, implicar significa: originar, produzir como consequência,
ser causa de, como no exemplo: “uma filosofia definitiva implicaria a imobilidade
do pensamento humano”, frase de Antero de Quental citada no dicionário.
Outra definição é que a implicação lógica entre 𝑷 e 𝑸 (duas fórmulas
proposicionais quaisquer), nessa ordem, ocorre se, e somente se, a implicação
(condicional →) entre elas gerar uma tautologia, lembrando que os símbolos →
e ⇒ são distintos, pois “→” condicional é o resultado de uma operação lógica.
Ex.: considerando as proposições 𝒑 e 𝒒, pode-se obter uma nova
proposição expressa por 𝒑 → 𝒒.
Já a implicação lógica estabelece uma relação.
Ex.: a condicional 𝒑 ∧ ~𝒑 → 𝒒 é tautologia. Logo, 𝒑 ∧ ~𝒑 → 𝒒 ⇒ 𝑻 – o que
é comprovado pela tabela-verdade.

p q ~𝒑 𝒑 ∧ ~𝒑 𝒑 ∧ ~𝒑 → 𝒒
V V F F V
V F F F V
F V V F V
F F V F V

Em outras palavras, uma proposição composta 𝑷 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ) implica uma


proposição composta 𝑸 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ) se em qualquer linha da tabela-verdade de
𝑷 → 𝑸 NÃO ocorrer de 𝑷 ser 𝑽 (verdadeira) e 𝑸 ser 𝑭 (falsa).

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𝑷 ⇒ 𝑸 ocorre sempre que os valores de seus conectivos forem V
(verdadeiros).
Em síntese, a condição necessária e suficiente para que uma implicação
lógica qualquer representada por 𝑷 ⇒ 𝑸 seja válida (verdadeira) é que a
proposição condicional 𝑷 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ) → 𝑸 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ) seja uma tautologia.
Ex.: verificar se 𝒑 ∧ 𝒒 ⇒ 𝒑 ∨ 𝒒 é válida. Para isso, basta construir a tabela-
verdade da proposição 𝒑 ∧ 𝒒 → 𝒑 ∨ 𝒒 e observar o resultado.

p q 𝒑∧𝒒 𝒑∨𝒒 𝒑∧𝒒→𝒑∨𝒒


V V V V V
V F F V V
F V F V V
F F F F V

O conjunto-resposta da tabela-verdade da proposição


𝒑∧𝒒 →𝒑∨𝒒 é uma tautologia. Sendo assim, 𝒑 ∧ 𝒒 ⇒ 𝒑 ∨ 𝒒 é válido
(verdadeiro).
Ex.: verificar se 𝒑 → 𝒒 ⇒ 𝒑 ↔ 𝒒 é válida. Para isso, basta construir a
tabela-verdade da proposição 𝒑 → 𝒒 → 𝒑 ↔ 𝒒 e observar o resultado.

p q 𝒑→𝒒 𝒑↔𝒒 𝒑→𝒒→𝒑↔𝒒


V V V V V
V F F F V
F V V F F
F F V V V

O conjunto-resposta da tabela-verdade da proposição 𝒑 → 𝒒 → 𝒑 ↔ 𝒒 não


é tautologia. Sendo assim, 𝒑 → 𝒒 ⇒ 𝒑 ↔ 𝒒 não é válido (é falso).

2.1 Propriedades: implicações imediatas

Sejam: 𝑷: 𝑷 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ), 𝑸: 𝑸 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ) e 𝑹: 𝑹 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ). As seguintes


propriedades valem para as relações de implicação lógica:
 reflexiva: qualquer proposição P implica a própria proposição P 𝑷 ⇒ 𝑷;
 transitiva: se 𝑷 ⇒ 𝑸 e 𝑸 ⇒ 𝑹, então 𝑷 ⇒ 𝑹.
Deve-se verificar a tabela-verdade para (𝒑 → 𝒒) ∧ (𝒒 → 𝒓) → (𝒑 → 𝒓).

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p q r 𝒑→𝒒 ∧ 𝒒→𝒓 → (𝒑 → 𝒓)
V V V V V V V V
V V F V F F V F
V F V F F V V V
V F F F F V V F
F V V V V V V V
F V F V F F V V
F F V V V V V V
F F F V V V V V

2.2 Implicações lógicas notáveis

São ora apresentadas algumas implicações notáveis. Elas serão muito


úteis na aplicação do método dedutivo (em simplificações).
Adição (AD)
𝒑⇒𝒑∨𝒒
𝒒⇒𝒑∨𝒒
Ocorre com o conectivo ou. Se qualquer operando for verdadeiro, a
disjunção é verdadeira. Ex.:
“Se eu vou, então eu vou ou ele vai.”
“Se ele vai, então eu vou ou ele vai.”
Simplificação (Simp)
𝒑∧𝒒 ⇒𝒑
𝒑∧𝒒 ⇒𝒒
Ocorre com o conectivo e. Quando a conjunção é verdadeira, ambos os
operandos são verdadeiros. Ex.:
“Se eu vou e ele vai, então eu vou.”
“Se eu vou e ele vai, então ele vai.”
Simplificação disjuntiva (Simpd)
(𝒑 ∨ 𝒒) ∧ (𝒑 ∨ ~𝒒) ⇒ 𝒑
Quando as proposições ocorrem de forma contraditória com o conectivo
ou. Ex.:
“Eu vou ou ele vai e eu vou ou ele não vai. Logo, eu vou.”
Absorção (ABS)
(𝒑 → 𝒒) ⇒ (𝒑 → 𝒑 ∧ 𝒒)
Dada uma condicional, pode-se deduzir uma outra condicional que tem
como antecedente o mesmo antecedente da primeira condicional e, como

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consequente, a conjunção e das proposições que integram a primeira
condicional. Ex.:
“Se eu vou, então ele vai. Logo, se e eu vou, então eu vou e ele vai.”
Silogismo disjuntivo (SD)
(𝒑 ∨ 𝒒) ∧ ~𝒑 ⇒ 𝒒
(𝒑 ∨ 𝒒) ∧ ~𝒒 ⇒ 𝒑
Silogismo é um argumento constituído de três proposições declarativas
que se conectam de tal modo que, com base nas duas primeiras, chamadas de
premissas, é possível deduzir uma conclusão.
Se uma disjunção é verdadeira e um dos operandos é falso, o outro tem
que ser verdadeiro. Ex.:
“Eu vou ou ele vai. Eu não vou. Logo, ele vai.”
“Eu vou ou ele vai. Ele não vai. Logo, eu vou.”
Silogismo hipotético (SH)
(𝒑 → 𝒒) ∧ (𝒒 → 𝒓) ⇒ (𝒑 → 𝒓)
O silogismo hipotético se baseia na propriedade de transitividade da
implicação. Se o consequente de uma implicação coincide com o antecedente
de uma segunda implicação, então o consequente da primeira implica o
consequente da segunda. Ex.:
“Se eu vou, então ele vai. Se ele vai, então ela vai. Logo, se eu vou, então
ela vai.”
Modus ponens (MP)
(𝒑 → 𝒒) ∧ 𝒑 ⇒ 𝒒
Modus ponens, em latim, significa a maneira que afirma afirmando, que
constitui a eliminação de uma implicação.
Se o antecedente de uma condicional é verdadeiro, então o consequente
tem que ser verdadeiro também. Ex.:
“Se eu vou, ele vai. Eu vou. Logo, ele vai.”
Não confundir com as falácias
Falácia da afirmação do consequente:
(𝒑 → 𝒒) ∧ 𝒒 → 𝒑
Ex.: “Se eu vou, ele vai. Ele vai. Logo, eu vou.”
Falácia da negação do antecedente:
(𝒑 → 𝒒) ∧ ~𝒑 → ~𝒒
Ex.: “Se eu vou, ele vai. Eu não vou. Logo, ele não vai.”

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Modus tollens (MT)
(𝒑 → 𝒒) ∧ ~𝒒 ⇒ ~𝒑
Modus tollens, em latim, significa modo que nega; nesse caso, a negação
do consequente que nega o antecedente da implicação.
Contradizendo o consequente de uma condicional verdadeira, conclui-se
pela contradição do antecedente. É também chamado de contradição do
consequente. Ex.:
“Se eu vou, ele vai. Ele não vai. Logo, eu não vou.”
Dilema construtivo (DC)
(𝒑 → 𝒒) ∧ (𝒓 → 𝒔) ∧ (𝒑 ∨ 𝒓) ⇒ 𝒒 ∨ 𝒔
Tem como base a regra do MP. É uma disjunção que contém dois
antecedentes e dois consequentes. Sendo a disjunção dos precedentes
verdadeira, conclui-se pela veracidade da disjunção dos consequentes. Ex.:
“Se eu vou, ele vai. Se fulano vai, sicrano vai. Eu vou ou fulano vai. Logo,
ela vai ou sicrano vai.”
Dilema destrutivo (DD)
(𝒑 → 𝒒) ∧ (𝒓 → 𝒔) ∧ (~𝒒 ∨ ~𝒔) ⇒ (~𝒑 ∨ ~𝒓)
O dilema destrutivo tem como base a regra do MT. É uma disjunção que
contém a contradição dos dois consequentes de dois antecedentes. Sendo a
disjunção das negações dos consequentes verdadeira, conclui-se pela
veracidade da disjunção das negações dos antecedentes. Ex.:
“Se eu vou, ele vai. Se fulano vai, sicrano vai. Ele não vai ou sicrano não
vai. Logo, eu não vou ou fulano não vai.”

2.3 Proposições associadas a uma condicional

Dada a condicional 𝒑 → 𝒒, definem-se três proposições condicionais


associadas a ela:

 Proposição recíproca de 𝒑 → 𝒒: 𝒒 → 𝒑
 Proposição inversa de 𝒑 → 𝒒: ~𝒑 → ~𝒒
 Proposição contrapositiva de 𝒑 → 𝒒: ~𝒒 → ~𝒑

Em relação às definições anteriores, as seguintes propriedades são


válidas:

 A condicional 𝒑 → 𝒒 e a contrapositiva ~𝒒 → ~𝒑 são equivalentes.


 A recíproca 𝒒 → 𝒑 e a inversa ~𝒑 → ~𝒒 são equivalentes.
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TEMA 3 – EQUIVALÊNCIA LÓGICA

A definição do termo equivalência lógica é o início do tema. Segundo o


dicionário Michaelis, equivalência significa: igualdade de valor, correspondência.
Outra definição é: A equivalência lógica entre 𝑷 e 𝑸 (duas fórmulas
proposicionais quaisquer), nessa ordem, ocorre se, e somente se, a bi-
implicação (bicondicional ↔) entre elas gerar uma tautologia.
É importante lembrar que os símbolos ↔ e ⇔ são distintos, pois ↔
bicondicional é o resultado de uma operação lógica.
Já a equivalência lógica ⇔ estabelece uma relação.
Duas proposições são logicamente equivalentes (ou equivalentes)
quando ambas apresentam os mesmos valores lógicos. Ou, ainda, são
logicamente equivalentes (ou equivalentes) quando o conjunto-resposta de
suas tabelas-verdade são iguais.
Em síntese, a condição necessária e suficiente para que uma
equivalência lógica qualquer representada por 𝑷 ⇔ 𝑸 seja válida (verdadeira)
é que a sua proposição bicondicional correspondente 𝑷 ↔ 𝑸 for uma
tautologia.
Ex.: a bicondicional ~(𝒑 ∧ ~𝒒) ↔ (𝒑 → 𝒒) é uma equivalência. Logo,
~(𝒑 ∧ ~𝒒) ⇔ (𝒑 → 𝒒) é tautologia.

p q ∼ 𝒒 𝒑 ∧∼ 𝒒 ∼ (𝒑 ∧∼ 𝒒) 𝒑 → 𝒒 ~(𝒑 ∧ ~𝒒) ↔ (𝒑 → 𝒒)
V V F F V V V
V F V V F F V
F V F F V V V
F F V F V V V

3.1 Propriedades: equivalências imediatas

Sejam: 𝑷: 𝑷 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ), 𝑸: 𝑸 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ) e 𝑹: 𝑹 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ). As seguintes


propriedades valem para as relações de equivalência lógica:

 Reflexiva: 𝑷 ⇔ 𝑷.
 Simétrica: se 𝑷 ⇔ 𝑸, então 𝑸 ⇔ 𝑷.
 Transitiva: se 𝑷 ⇔ 𝑸 e 𝑸 ⇔ 𝑹, então 𝑷 ⇔ 𝑹.

Deve-se verificar tabela-verdade para (𝒑 ↔ 𝒒) ∧ (𝒒 ↔ 𝒓) → (𝒑 ↔ 𝒓).

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3.2 Equivalências lógicas notáveis

Ora são apresentadas algumas equivalências lógicas notáveis. Elas serão


muito úteis na aplicação do método dedutivo (nas simplificações).
Dupla negação (DN)
𝒑 ⇔ ~(~𝒑)
A dupla negação de uma proposição equivale a sua afirmação. Ex.:
“Eu vou se, e somente se, for falso que eu não vou.”
“Eu vou se, e somente se, não for verdade que eu não vou.”
Equivalência tautológica (ET)
𝒑 ∨ ~𝒑 ⇔ 𝑻 (𝑽) é uma tautologia. Ex.:
“Eu vou ou eu não vou se, e somente se, isso for verdade.”
Equivalência contraditória (EC)
𝒑 ∧ ~𝒑 ⟺ 𝑪 (𝑭) é uma contradição. Ex.:
“Eu vou e eu não vou se, e somente se, isso for falso.”
Idempotência (ID)
𝒑⟺𝒑∧𝒑e
𝒑⟺𝒑∨𝒑
são uma tautologia. Ex.:
“Eu vou se, e somente se, eu vou e eu vou."
“Eu vou se, e somente se, eu vou ou eu vou."
Comutação (COM)
(𝒑 ∨ 𝒒) ⇔ (𝒒 ∨ 𝒑)
(𝒑 ∧ 𝒒) ⇔ (𝒒 ∧ 𝒑)
(𝒑 ↔ 𝒒) ⇔ (𝒒 ↔ 𝒑)
Operandos de disjunções, conjunções ou bicondicionais podem ser
comutados para simplificação. Ex.:
“Eu vou ou ele vai se, e somente se, ele vai ou eu vou.”
“Eu vou e ele vai se, e somente se, ele vai e eu vou.”
“Eu vou se e somente se ele vai se, e somente se, ele vai se e somente
se eu vou.”
Associação (Assoc)
𝒑 ∨ (𝒒 ∨ 𝒓) ⇔ (𝒑 ∨ 𝒒) ∨ 𝒓
𝒑 ∧ (𝒒 ∧ 𝒓) ⇔ (𝒑 ∧ 𝒒) ∧ 𝒓
Elementos de disjunções e conjunções podem ser agrupados. Ex.:

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“Eu vou ou ele vai ou ela vai se, e somente se, eu vou ou ele vai ou ela
vai.”
“Eu vou e ele vai e ela vai se, e somente se, eu vou e ele vai e ela vai.”
Distribuição (Dist)
𝒑 ∨ (𝒒 ∧ 𝒓) ⇔ (𝒑 ∨ 𝒒) ∧ (𝒑 ∨ 𝒓)
𝒑 ∧ (𝒒 ∨ 𝒓) ⇔ (𝒑 ∧ 𝒒) ∨ (𝒑 ∧ 𝒓)
Uma disjunção pode se distribuir em uma conjunção. Uma conjunção
pode se distribuir em uma disjunção. Ex.:
“Eu vou ou ele vai e ela vai se, se somente se, eu vou ou ele vai e eu vou
ou ela vai.”
“Eu vou e ele vai ou ela vai se, se somente se, eu vou e ele vai ou eu vou
e ela vai.”
Contraposição ou transposição (Trans)
𝒑 → 𝒒 ⇔ ~𝒒 → ~𝒑
𝒑 ↔ 𝒒 ⇔ ~𝒒 ↔ ~𝒑
(𝒑 ↔ 𝒒 ⇔ ~𝒑 ↔ ~𝒒)
Os membros de uma condicional ou bicondicional podem ser transpostos
se precedidos de uma negação. Ex.:
“Se eu vou, então ele vai se, se somente se, se ele não vai, então eu não
vou.”
“Eu vou se e somente se ele vai se, e somente se, ele não vai se e
somente se eu não vou.”
Implicação material (IMPL)
𝒑 → 𝒒 ⇔ ~𝒑 ∨ 𝒒
Mostra-se a equivalência entre uma condicional e uma disjunção. Ex.:
“Se eu vou, então ele vai se, se somente se, se eu não vou ou ele vai.”
Equivalência (Equiv)
(𝒑 ↔ 𝒒) ⇔ (𝒑 ∧ 𝒒) ∨ (~𝒑 ∧ ~𝒒)

Mostra-se a equivalência entre uma bicondicional e uma disjunção. Ex.:


“Eu vou se e somente se ele vai se, e somente se, eu vou e ele vai ou eu
não vou e ele não vai.”
Equivalência material (Equiv)
(𝒑 ↔ 𝒒) ⇔ (𝒑 → 𝒒) ∧ (𝒒 → 𝒑)

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Mostra-se a equivalência entre uma bicondicional e uma conjunção de
condicionais. Ex.:
“Eu vou se e somente se ele vai se, e somente se, se eu vou, então ele
vai e, se ele vai, então eu vou.”
Exportação/importação (EXP/IMP)
𝒑 ∧ 𝒒 → 𝒓 ⇔ 𝒑 → (𝒒 → 𝒓)
Uma parte do antecedente de uma condicional pode passar para o
consequente, por meio da troca de conectivos. Ex.:
“Se eu vou e ele vai, então ela vai se, e somente se, se eu vou; então, se
ele vai, então ela vai.”
De Morgan (DM)
~(𝒑 ∧ 𝒒) ⇔ ~𝒑 ∨ ~𝒒
~(𝒑 ∨ 𝒒) ⇔ ~𝒑 ∧ ~𝒒
É possível definir a conjunção com base na negação e na disjunção, ou a
disjunção com base na negação e na conjunção. Ex.:
“É falso que eu vou e ele vai se, e somente se, se eu não ou ele não vai."
“É falso que eu vou ou ele vai se, e somente se, se eu não e ele não vai."

TEMA 4 – ÁLGEBRA DAS PROPOSIÇÕES

Após se utilizar as definições e conceitos dos termos e símbolos que


compõem a lógica proposicional e o cálculo das sentenças/proposições,
permitindo a validação da resposta encontrada, além das propriedades
semânticas básicas da lógica proposicional, que por sua vez possibilitam
simplificar ainda mais a solução de complexos cálculos proposicionais, agora
serão definidas as regras e métodos a serem usados na simplificação das
proposições, com o objetivo principal de redução de código.
Segundo o dicionário Michaelis, álgebra é a parte da matemática
elementar que generaliza a aritmética, introduzindo variáveis que representam
os números e simplificando e resolvendo, por meio de fórmulas, problemas nos
quais as grandezas são representadas por símbolos.
Contudo, mesmo com uma definição formal, o mais importante significado
da álgebra é a coerência na escrita das proposições simples, pois, como define
Tanenbaum (2013), autor de vários livros-referência em computação,
computador é uma máquina para solucionar problemas por intermédio da
execução de instruções (programas) escritas(os) em linguagem específica. O
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mesmo autor define programa como o que é responsável por transmitir as
instruções. Isto é, uma sequência de instruções descritivas de execução.
Portanto, a álgebra proposicional é ferramenta muito importante, pois com
ela pode-se operar sobre proposições, utilizando-se de implicações e
equivalências notáveis.
Uma aplicação apresentada como exemplo é a simplificação de códigos
computacionais, pois, quanto mais simples o código, mais simples ele será
compreendido e assim poderá ser executado mais rapidamente.
Conceito definido e apresentado no início da disciplina, “proposição:
sentenças declarativas afirmativas que tenham sentido em afirmar que sejam
verdadeiras ou falsas”.
A álgebra das proposições basicamente consiste em aplicar equivalências
lógicas, agrupadas na forma de propriedades, nas diversas operações lógicas,
com o intuito de modificar proposições compostas visando a sua simplificação.
Um conjunto de propriedades das operações lógicas é apresentado a
seguir, em que RE X = regras de equivalência, onde X é o número da regra.
Negação

 RE 1. Dupla negação ~(~𝒑) ⇔ 𝒑

Conjunção

 RE 2. Idempotência 𝒑∧𝒑⇔𝒑
 RE 3. Comutativa 𝒑∧𝒒 ⇔𝒒∧𝒑
 RE 4. Associativa (𝒑 ∧ 𝒒) ∧ 𝒓 ⇔ 𝒑 ∧ (𝒒 +∧ 𝒓)
 RE 5. Elemento neutro (V) 𝒑 ∧ 𝑽 ⇔ 𝒑
 RE 6. Elemento absorvente (F) 𝒑 ∧ 𝑭 ⇔ 𝑭
 RE 7. Equivalência contraditória 𝒑 ∧ ~𝒑 ⇔ 𝑭

Disjunção

 RE 8. Idempotência 𝒑∨𝒑⇔𝒑
 RE 9. Comutativa 𝒑∨𝒒 ⇔𝒒∨𝒑
 RE 10. Associativa (𝒑 ∨ 𝒒) ∨ 𝒓 ⇔ 𝒑 ∨ (𝒒 ∨ 𝒓)
 RE 11. Elemento neutro (F) 𝒑 ∨ 𝑭 ⇔ 𝒑
 RE 12. Elemento absorvente (V) 𝒑 ∨ 𝑽 ⇔ 𝑽
 RE 13. Equivalência tautológica 𝒑 ∨ ~𝒑 ⇔ 𝑽

Conjunção e disjunção
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 RE 14. Distributiva 𝒑 ∧ (𝒒 ∨ 𝒓) ⇔ (𝒑 ∧ 𝒒) ∨ (𝒑 ∧ 𝒓)
𝒑 ∨ (𝒒 ∧ 𝒓) ⇔ (𝒑 ∨ 𝒒) ∧ (𝒑 ∨ 𝒓)
 RE 15. Absorção 𝒑 ∧ (𝒑 ∨ 𝒒) ⇔ 𝒑
𝒑 ∨ (𝒑 ∧ 𝒒) ⇔ 𝒑
 RE 16. Leis de Morgan ~(𝒑 ∧ 𝒒) ⇔ ~𝒑 ∨ ~𝒒
~(𝒑 ∨ 𝒒) ⇔ ~𝒑 ∧ ~𝒒
Condicional

 RE 17. Implicação material 𝒑 → 𝒒 ⇔ ~𝒑 ∨ 𝒒


 RE 18. Contraposição (transposição) 𝒑 → 𝒒 ⇔ ~𝒒 → ~𝒑
 RE 19. Negação ~(𝒑 → 𝒒) ⇔ ~(~𝒑 ∨ 𝒒) ⇔ 𝒑 ∧ ~𝒒

Bicondicional

 RE 20. Comutativa (𝒑 ↔ 𝒒) ⇔ (𝒒 ↔ 𝒑)
 RE 21. Associativa ((𝒑 ↔ 𝒒) ↔ 𝒓) ⇔ (𝒑 ↔ (𝒒 ↔ 𝒓))
 RE 22. Equivalência (𝒑 ↔ 𝒒) ⇔ (𝒑 ∧ 𝒒) ∨ (~𝒑 ∧ ~𝒒)
 RE 23. Equivalência material (𝒑 ↔ 𝒒) ⇔ (𝒑 → 𝒒) ∧ (𝒒 → 𝒑)
 RE 24. Contraposição (transposição) 𝒑 ↔ 𝒒 ⇔ ~𝒒 ↔ ~𝒑 ⇔ ~𝒑 ↔ ~𝒒
 RE 25. Negação ~(𝒑 ↔ 𝒒) ⇔ (𝒑 ∧ ~𝒒) ∨ (~𝒑 ∧ 𝒒)

TEMA 5 – MÉTODO DEDUTIVO

O método dedutivo também é um método para demonstração de


implicações e equivalências, utilizando propriedades, leis e regras.
No método dedutivo, as equivalências relativas desempenham um papel
importante nas equivalências lógicas. As proposições (simples ou compostas)
podem ser substituídas por 𝑷, 𝑸, 𝑹, 𝑻, 𝑪, em que T é tautologia e C é
contradição.
O método dedutivo utiliza as implicações e as equivalências notáveis
apresentadas e é também chamado de regras de inferência.
A sua validade pode ser verificada pela construção de tabelas-verdade de
cada argumento.

5.1 Validade de argumentos

O objetivo principal da lógica dedutiva é verificar se um argumento


(premissas e conclusão) é estruturado de forma tal que, independentemente dos
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valores lógicos das proposições simples envolvidas, a veracidade das premissas
implica sempre a veracidade da conclusão.
O argumento válido é denominado silogismo. É o argumento formado por
uma ou mais premissas e sua respectiva conclusão.
O estudo dos argumentos lógicos verifica se eles são válidos ou inválidos.
Um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem construído) quando sua
conclusão é uma consequência obrigatória do seu conjunto de premissas.
As premissas e a conclusão podem ser visivelmente falsas (e até
absurdas!) e o argumento, ainda assim, será considerado válido. Isso pode
ocorrer porque, na lógica, o estudo dos argumentos não leva em conta a verdade
ou a falsidade das premissas que compõem o argumento, mas tão somente a
sua validade.
Assim, de uma forma geral, sendo 𝑷𝒌 : 𝑷𝒌 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ), 𝒌 = 𝟏, 𝟐, 𝒏 e
𝑸: 𝑸 (𝒑, 𝒒, 𝒓 … ), a lógica (dedutiva) verifica se 𝑷𝟏 ∧ 𝑷𝟐 ∧. . .∧ 𝑷𝒏 → 𝑸 é uma
tautologia, isto é, se pode-se escrever 𝑷𝟏 ∧ 𝑷𝟐 ∧. . .∧ 𝑷𝒏 ⇒ 𝑸 (implicação lógica),
validando-se o argumento.
Portanto, a validade (ou não) de um argumento depende apenas da sua
forma e não do seu conteúdo ou da verdade ou falsidade das proposições que o
integram.
Até este ponto, foram utilizadas tabelas-verdade para fazer essa
verificação. Entretanto, quando há muitas proposições compondo o argumento,
o número de tabelas-verdade cresce exponencialmente (𝟐𝒏 linhas).
O método dedutivo fornece um procedimento que permite a validação de
um argumento sem a necessidade de se construir tabelas-verdade. O método
dedutivo se baseia em dois tipos básicos de formas de dedução: as regras de
inferência, que nada mais são que implicações lógicas; e as regras de
equivalência, que nada mais são que equivalências lógicas, já apresentadas
agrupadas como propriedades dos conectivos na álgebra das proposições.

5.2 Aplicação

A seguir, a descrição de um processo para aplicar o método dedutivo na


validação de um argumento.
Passo 1
Colocar o argumento na forma simbólica. Seja o seguinte argumento:

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“Se os preços sobem, então a inflação é inevitável. Os preços sobem e a
economia se descontrola. Logo, a inflação é inevitável.”
Proposições simples:
𝒑: “Os preços sobem.”
𝒒: “A inflação é inevitável.”
𝒓: “A economia se descontrola.”
Argumento:
(𝒑 → 𝒒) ∧ (𝒑 ∧ 𝒓) → 𝒒
Passo 2
Tabelar as premissas, numerando-as, e separá-las das deduções e da
conclusão usando uma linha horizontal.
1. 𝒑→𝒒
2. 𝒑∧𝒓
___________
- -
Passo 3
Iniciar o processo dedutivo aplicando as regras de dedução (inferência ou
equivalência). Numerar cada dedução sequencialmente e indicar os operandos
(enunciados precedentes: premissas ou deduções intermediárias) e a regra de
dedução aplicada a eles para obter a dedução, conforme as duas tabelas de
regras anteriores (de inferências e equivalências).
Indicar a conclusão com C.
1. 𝒑 → 𝒒
2. 𝒑 ∧ 𝒓 Operandos Regra de dedução
3. 𝑷 2 SIMP
C.𝑸 1,3 MP
Ex.: simplificar (𝒑 → (~𝒑 → 𝒒):

1. (𝒑 → (~𝒑 → 𝒒)
2. 𝒑 → (~~𝒑 ∨ 𝒒)
3. ~𝒑 ∨ (𝒑 ∨ 𝒒)
4. (~𝒑 ∨ 𝒑) ∨ (~𝒑 ∨ 𝒒)
5. 𝑻 ∨ (~𝒑 ∨ 𝒒)
C. 𝑻

15
A implicação do exemplo anterior representa uma tautologia, pois a
propriedade distributiva gera (~𝒑 ∨ 𝒑), ou seja, ela é obrigatoriamente forçada
a gerar um valor verdadeiro. Ao juntar-se com o operador ∨ (ou), ela obriga a
proposição formada a gerar um valor verdadeiro na resolução.
Caso a proposição fosse 𝑻 ∧ (~𝒑 ∨ 𝒒), então o valor lógico seria (~𝒑 ∨
𝒒), pois o valor, mesmo que falso, juntado com (~𝒑 ∨ 𝒒), será (~𝒑 ∨ 𝒒).
Ex.: aula prática 2.
Demonstre que os argumentos são válidos, utilizando as tabelas-verdade
e as regras de inferência. Se o programa é eficiente, ele executará rapidamente.
O programa é eficiente ou tem um erro. O programa não executa rapidamente.
Portanto, o programa tem um erro.

FINALIZANDO

Foram apresentadas nesta aula as implicações e as equivalências


lógicas, cujas definições envolvem conceitos anteriormente definidos e
apresentados: tabela-verdade, classificação de fórmulas da lógica proposicional
(tautologia, contradição e contingência) e novos conectivos, como 
(implicação/condicional); ⇒ (implicação lógica);  (bi-implicação); ⇔
(equivalência lógica).
Foram também apresentadas a álgebra das proposições e suas
definições; as implicações notáveis, exemplificando-se sua utilização; e as
principais equivalências (notáveis), concluindo-se com o método dedutivo e sua
aplicação.

16
REFERÊNCIAS

ABAR, C. A. A. P. Noções de lógica matemática. São Paulo: Ed. PUC-SP,


2011.

CASTANHEIRA, N. P.; LEITE A. E. Raciocínio lógico e lógica quantitativa.


Curitiba: InterSaberes, 2017. (Série Desmistificando a Matemática, 6).

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