Modelo de Defesa Previa Suspensao Da CNH

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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR/PRESIDENTE DO DEPARTAMENTO ESTADUAL DE

TRÂ NSITO-DETRAN, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO/RJ.


NOME, brasileiro, PROFISSÃ O, portador do RG XXXX IFPRJ, portador da CNH registro
nºxxxx, inscrito no CPF nºxxxxxxx, residente e domiciliado na
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx vem respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, através
do seu advogado (procuraçã o anexa) em decorrência de Processo Administrativo nº
xxxxxxxxxxxxxxxxxx, apresentar
DEFESA PRÉ VIA
com base no artigo 265 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, conforme notificaçã o anexa, o que
faz da seguinte forma:
I – Dos Fatos
Trata-se de um procedimento para apuraçã o de eventual medida administrativa de
suspensã o da Carteira Nacional de Habilitaçã o do Recorrente com base na Resoluçã o nº
182 do CONTRAN.
O Recorrente teria supostamente praticado infraçõ es de trâ nsito, que juntas superam os
vinte pontos num período de 12 meses em seu prontuá rio, o que deu ensejo a instauraçã o
deste procedimento administrativo.
Conforme consta da notificaçã o em anexo, o prontuá rio de habilitaçã o do Recorrente
contabiliza 20 pontos, decorrentes das autuaçõ es abaixo relacionadas:
Com efeito, o Requerente ficou surpreso ao ser notificado pelo DETRAN de que, contra si
havia sido instaurado o Procedimento Administrativo da Suspensã o supracitado. Isto
porque, referido procedimento serve para apurar a Suspensã o de seu Direito de Dirigir.
Placa /Nú mero Auto/ Data Auto /Pontos/ Situaçã o
xxxxxxxxxxxxxxx 30/05/2015 4-média ATIVOS
xxxxxxxxxxxxx 24/12/2015 4-média ATIVOS
xxxxxxxxxxxx 24/12/2015 4-média ATIVOS
xxxxxxxxxxxxxxx4 08/01/2016 4-média ATIVOS

Ocorre que o artigo 13 da Resoluçã o 182 do CONTRAN, e também o artigo 15 da portaria


767 do DETRAN, bem como do art. 5º, LV da Constituiçã o Federal, entre outros,
estabelecem que as decisõ es devem de ser motivadas e fundamentadas, para que o Cidadã o
nã o tenha o seu direito de defender-se prejudicado ou cerceado.
De imediato, importante mencionar que nã o foi cumprido o requisito citado acima neste
Processo Administrativo nº E-xxxxxxxxxxxxx, Portanto, requer-se desde já a aplicaçã o da
nulidade do processo administrativo com sua suspensã o do direito de dirigir pela
irregularidade do Processo Administrativo nº E-xxxxxxxxxxxx , pelas razõ es de fato e de
direto que serã o a seguir expostas.
Ainda, demonstrar-se-á que referido procedimento administrativo nã o tem o condã o de
permanecer, eis que ocorreu a prescriçã o dos créditos que estã o sendo cobrados, bem
como nã o pode ser aplicada a suspensã o do seu direito de dirigir por simples Resoluçã o
Administrativa.
II.1 Da nulidade pela ausência de notificaçã o
Conforme se aufere da notificaçã o do processo administrativo de suspensã o em anexo, há
em nome do Recorrente 05 multas, num período de 12 meses.
Ocorre que todas as multas mencionadas na notificaçã o recebida, que ensejaram o
respectivo processo, nã o sã o do conhecimento da Recorrente. Algum erro no envio/entrega
das correspondências certamente ocasionou o nã o conhecimento por parte do Recorrente
das multas conferidas a sua pessoa, e, pelo fato de nã o ter conhecimento das multas, nã o
pode apresentar o recurso cabível no momento oportuno.
Entretanto, trata-se da notificaçã o pessoal como uma condiçã o necessá ria para a validade
nas autuaçõ es de trâ nsito, sempre que a residência do infrator for conhecida, como é no
presente caso.
Como é sabido por este ó rgã o de trâ nsito, bem como foi corroborado pelo Colendo
Supremo Tribunal Federal, este já decidiu que o autor de uma infraçã o de trâ nsito deve ser
notificado pessoalmente, salvo se sua residência for desconhecida, sob pena da nulidade da
penalidade imposta conforme comprova a seguinte ementa de decisã o:
Mandado de Segurança. Renovaçã o de licença. Ocorrência de multa imposta sem
notificaçã o do infrator. II- Nã o prevalecem até que seja regularmente intimado. Dita
intimaçã o é pessoal, salvo se desconhecida a residência do infrator"(1ª T do STF. Recurso
Extraordiná rio nº 89.072-6. Relator Ministro Carlos Thompson Flores. j. 15.05.79 – DJ de
15.05.79).
Ainda, observe-se que o pró prio CTB traz como requisitos de validade dos autos de
infraçã o, a assinatura como demonstraçã o de intimaçã o, conforme o inciso IV do artigo
280:
Art. 280. Ocorrendo infraçã o prevista na legislaçã o de trâ nsito, lavrar-se-á auto de infraçã o,
do qual constará :
[...]
VI – assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificaçã o do
cometimento da infraçã o.
Como a residência do Recorrente é conhecida no documento de registro do veículo, é
totalmente possível a sua notificaçã o pessoal inclusive com assinatura. Aliá s, este é o
entendimento que se subtrai das decisõ es do STF e STJ, que também entendem pela
necessidade da notificaçã o pessoal do infrator para a validade da aplicaçã o da multa
quando a sua residência for conhecida.
Neste sentido, por incidência do artigo 282 do CTB, em face da ausência de cientificaçã o do
Recorrente das autuaçõ es sofridas, impossível lhe impor a penalidade em comento, pois,
como era possível a assinatura do infrator nos termos do artigo 280 do CTB, nã o há como
se negar a ilegalidade do processo administrativo visto que o Recorrente nã o foi notificado,
por ter sido o procedimento instaurado com base em ato administrativo nulo, representado
em autuaçõ es que nã o cumpriram as formalidades necessá rias para sua validade, pois,
estando viciados os objetos, viciam todo o processo administrativo.
Isso posto, requer seja declarada a anulaçã o do presente Processo Administrativo nº
xxxxxxxxxxxxx, em face na inexistência de notificaçã o da Recorrente do objeto que ensejou
o referido processo, por manifesto erro do ó rgã o competente quando do envio das
autuaçõ es imputadas.
Para comprovar o alegado, o Recorrente requer seja juntado ao processo as có pias dos ARs
(avisos de recebimento) referentes as notificaçõ es de todas as multas que ensejaram o
presente processo, pois demonstrado que o CTB estabelece como requisito de validade a
notificaçã o com assinatura, e que deveriam estar na posse do ó rgã o que realizou auferiu as
infraçõ es, veja-se o que dispõ e o CTB em seu artigo 325:
Art. 325. As repartiçõ es de trâ nsito conservarã o por, no mínimo, 5 (cinco) anos os
documentos relativos à habilitaçã o de condutores, ao registro e ao licenciamento de
veículos e aos autos de infraçã o de trâ nsito.
Por fim, a inexistência destes comprovantes tem a aptidã o para confirmar o fato de que o
Recorrente nã o foi notificado. E ainda, caso se entenda que equivocadamente este foi
notificado, que se demonstre as notificaçõ es recebidas com os devidos requisitos legais
exigidos.
II.2 Do cerceamento de defesa pela ausência de notificaçã o
Em face de o Recorrente nã o ter sido notificado pelas supostas multas de trâ nsito que
levaram a atingir 20 pontos na CNH, a qual ensejou-se equivocadamente a instauraçã o do
processo administrativo para suspender o seu direito de dirigir, fica visível o cerceamento
de defesa que sofreu o Recorrente, pois nunca teve a oportunidade de recorrer das
supostas infraçõ es.
Conforme a Sú mula 212 do Superior Tribunal de Justiça a notificaçã o é dupla, vejamos:
No processo administrativo para imposiçã o de multa de trâ nsito, sã o necessá rias as
notificaçõ es da autuaçã o e da aplicaçã o da pena decorrente da infraçã o.
As multas cometidas pelo requerente nunca foram notificadas no seu endereço constante
no DETRAN/RJ, estado mesmo atualizado já que a requerente recebeu a notificaçã o do
processo administrativo . Onde se encontra a notificaçã o de que a notificaçã o foi recebida?
Por qual motivo nã o foi anexada aos autos?
A pró pria jurisprudência é clara em entender pela necessidade da intimaçã o para
apresentaçã o de defesa, pois caso contrá rio é o mesmo que cerceamento de defesa,
vejamos:
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. INFRAÇÃ O DE TRÂ NSITO. APLICAÇÃ O DE MULTA
POR INFRAÇÃ O DE TRÂ NSITO SEM A INTIMAÇÃ O PARA APRESENTAÇÃ O DE DEFESA
PRÉ VIA. DESCABIMENTO.
I - É ilegal a aplicaçã o da penalidade de multa ao proprietá rio do veículo, sem que haja a
notificaçã o para a apresentaçã o da defesa prévia (Resp nº 426.084/RS, Relator Min. Luiz
Fux, DJ de 02/12/2002, p. 242).
II - Recurso especial provido. (STJ. Resp. 540914/RS. Rel. Min. Francisco Falcã o. 1ª Turma.
J: 25.11.2003).
No mesmo sentido:
RECURSO INOMINADO. SEGUNDA TURMA RECURSAL DA FAZENDA PÚ BLICA.
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂ NSITO DO RIO GRANDE DO SUL. AUSÊ NCIA DE
NOTIFICAÇÃ O FORMAL DO INFRATOR. SENTENÇA MANTIDA. Nã o havendo o DETRAN se
desincumbido de comprovar haver notificado o recorrido, ainda que por edital, há violaçã o
do contraditó rio e da ampla defesa, merecendo anulaçã o o procedimento administrativo a
partir da sua notificaçã o junto à JARI. RECURSO DESPROVIDO. UNÂ NIME. (Recurso Cível Nº
71005591920, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pú blica, Turmas Recursais, Relator:
Deborah Coleto Assumpçã o de Moraes, Julgado em 24/02/2016).
Tem-se em vista que, conforme determinaçã o do ordenamento legal o pedido de conversã o
da penalidade em questã o pode ser feito inclusive em grau de recurso, pois os ó rgã os
recursais tem competência para modificar ato de autoridade de trâ nsito, conforme,
inclusive, já se posicionou o pró prio CONTRAN:
PROCESSO 014/94; INTERESSADO: Jose Igná cio Sequeira de Almeida - Coordenador da
JARI/SP/SP; Interpretaçã o do artigo 108 do CNT; RELATOR: Senhor Conselheiro: ALFREDO
PERES DA SILVA; o Redator apresentou o Parecer CONTRAN 100/94. Apó s apresentaçã o
do parecer e do voto do senhor Conselheiro Redator resolve o Plená rio, à unanimidade, o
acompanhar decidindo que: a) tanto as JARI's quanto os CETRAN'S tem competência legal
para modificar ato de autoridade de trâ nsito, incluindo, obviamente, a transformaçã o de
multa em advertência. [...] Dê-se ciência aos interessados e ao CETRAN/SP. (Parecer
100/94, inserto na Ata da 3.677, da 228ª Reuniã o daquele ó rgã o, realizada em 11.10.1994 -
DOU de 04.11.1994)
Por fim tendo em vista que o requerente nunca recebeu as notificaçõ es referentes as
infraçõ es, é evidente que houve ilegalidade, tendo cerceado o direito de apresentar defesa
prévia das mesmas, inclusive a conversã o de infraçã o de natureza leve em advertência por
escrito, o que restaria na sua pontuaçã o diminuída.
Assim, cabe ao Requerente a anulaçã o das infraçõ es em que teve cerceado seu direito de
defesa, e, nã o sendo este Vosso entendimento, requer a abertura de prazo oportunizando
ao Requerente a apresentaçã o de defesa prévia por todas as supostas infraçõ es cometidas,
sob pena de nulidade das infraçõ es por cerceamento de defesa, pois, conforme as decisõ es
acima mencionadas a presente Defesa Prévia ainda é oportunidade para o Requerente
defender-se das infraçõ es.
II.3 - Da impossibilidade da suspensã o do direito de dirigir
Vale mencionar que o Recorrente nunca sofreu processo administrativo levando a
suspensã o e cassaçã o da CNH, também possui extrema necessidade do veículo, nã o apenas
para meio de locomoçã o pró prio, mas também de toda sua família, bem como instrumento
de trabalho e sustento do lar.
Nã o é possível que o requerente fique sem poder dirigir, pois poderá acarretar na pobreza
de sua família e inviabilizar o sustento transcendem a pessoa do motorista e repercutem na
manutençã o de toda a família, bem como para satisfaçã o das suas necessidades
locomotivas.
Assim, requer que caso nã o seja atendida os pedidos anteriores, conceda a suspensã o do
processo administrativo, pois conforme artigo 6º da CF, o trabalho é um direito social
resguardado ao cidadã o, e tem-se por este o ú nico meio de sobrevivência do Recorrente.
IV – Dos Pedidos
Ante o exposto requer-se:
Requer que as publicaçõ es ocorram em nome dos patronos, xxxxxxxxxxxxxxxx, ambos
situado no escritó rio na xxxxxxxxxxxxxxxxx sob pena de nulidade do ato praticado;
a) Sucessivamente, o provimento da presente DEFESA PRÉ VIA, para declarar a anulaçã o do
presente processo administrativo pela ausência e/ou inexistência de notificaçã o/infraçã o
de trâ nsito em face da Recorrente;
b) A juntada das notificaçõ es realizadas e, em tese, cometidas pelo Recorrente, com fulcro
no art. 325 do CTB, as quais ensejaram a instauraçã o do procedimento administrativo;
c) A declaraçã o de nulidade ou anulaçã o das infraçõ es em que teve cerceado seu direito de
defesa. Sucessivamente, a abertura de prazo para a apresentaçã o de defesa prévia pelas
supostas infraçõ es cometidas.
d) A declaraçã o de nulidade ou anulaçã o deste Processo Administrativo nº
xxxxxxxxxxxxxxxxxx , tendo em vista o cerceamento do direito de defesa do Recorrente,
seguido de seu posterior arquivamento.
Pede deferimento.
xxxxxxxxxxx, 30 de outubro de 2019
___________________________________________________
advogado e oab

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