Oab Sumula Advogados Parecer
Oab Sumula Advogados Parecer
FEDERAL
1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 34. ed. rev., atual., ampl Rio de Janeiro: Forense, 2021.
E-book, p. 261. Acesso em: 16 fev. 2022..
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 35. ed. rev., atual., ampl São Paulo:
Atlas, 2021. E-book, p. 198. Acesso em: 4 fev. 2022.
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SAUS Quadra 05, Lote 01, Bloco M, Ed. Sede Conselho Federal da OAB,– Brasília/DF CEP 70070-939
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Art. 133: O advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da
lei.
Com relação aos pareceres, importante destacar que, isoladamente, o parecer não
produz qualquer efeito jurídico e não vincula a autoridade que possui competência para o exame
da conveniência do ato. Parecer e o ato que o acolhe ou rejeita são distintos. Se assim não o fosse,
haveria uma confusão funcional entre advogado e administrador, na qual aquele assumiria a
função deste. Por esse motivo, o advogado parecerista não pode ser responsabilizado em conjunto
com o gestor público pela eventual ilegalidade do ato administrativo praticado. Nas palavras do
doutrinador José dos Santos Carvalho Filho (2022):
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“A abusiva responsabilização de advogados pelos Tribunais de Contas — Parte 2”. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2020-nov-02/ferreira-advogados-tribunais-contas-parte>. Acesso em 16 fev. 2022.
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pela aprovação do parecer. A responsabilidade do parecerista pelo fato de ter
sugerido mal somente lhe pode ser atribuída se houver comprovação indiscutível
de que agiu dolosamente, vale dizer, com o intuito predeterminado de cometer
improbidade administrativa. Semelhante comprovação, entretanto, não dimana
do parecer em si, mas, ao revés, constitui ônus daquele que impugna a validade
do ato em função da conduta de seu autor”4.
Evidente que tal regra geral não representa uma imunidade absoluta para que
advogados possam, por meio de atividades jurídicas, concorrer para a prática de ilícitos de
outrem. Se emitir o parecer ou opinião jurídica como meio para, de modo consciente e voluntário,
concorrer para a prática de atos ilícitos, ímprobos e até criminosos, o advogado deve ser
responsabilizado.
4
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 35. ed. rev., atual., ampl São Paulo:
Atlas, 2021. E-book, p. 199. Acesso em: 4 fev. 2022.
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Conforme o já exposto, a interpretação jurídica sempre envolve, em maior ou
menor grau, um caráter de relativa incerteza que caracteriza toda norma antes de sua aplicação ao
caso concreto. Qualquer norma, por se valer da linguagem, é, em alguma medida, indeterminada.
Logo, o advogado parecerista que, em sua atividade hermenêutica, adote uma interpretação da lei
que não seja majoritária ou prevalecente, não pratica ato ilícito.
Aliás, não é por outro motivo que a nova Lei de Abuso de Autoridade – Lei
13.869/2019, corretamente estabeleceu duas salvaguardas, uma negativa e outra positiva, nos
§§1º e 2º do art. 1º, os quais assim dispõem:
Ou seja, sequer pode ser considerada típica, à luz da referida legislação, a prática
de atos descritos nos preceitos incriminadores com abuso de autoridade, se tal decorreu de
simples interpretação da lei.
Por outro lado, há uma salvaguarda positiva, a exigir no plano subjetivo, mais do
que o dolo. Deve haver, em adição, um especial elemento subjetivo do injusto:
Diante do exposto, da leitura conjugada do art. 184 do CPC com o art. 133 da
Constituição Federal, é possível concluir que a responsabilização de advogados pareceristas so-
mente é possível nas hipóteses em que o órgão acusador comprove, de modo inequívoco, a vincu-
lação subjetiva do advogado ao propósito ilícito.
5
REIS, Jair Teixeira; SOUZA, Arthur Moura. A responsabilização do advogado público parecerista perante o Tribu-
nal de Contas e o prisma trazido pelo novo Código de Processo Civil de 2015; Revista da Faculdade Mineira de
Direito │V.21 N.42│1.
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No julgamento do Mandado de Segurança nº 24073, impetrado por Advogados da
Petrobras, que pretendiam ver invalidada decisão do Tribunal de Contas da União que os
responsabilizava por haverem emitido parecer jurídico avalizando contratação direta de empresa
internacional de consultoria reputada irregular, o eminente Ministro Carlos Velloso, relator da
ação, ao acolher o writ dos procuradores da estatal fundamentou sua decisão em dois argumentos.
Em primeiro lugar, afirmou que os pareceres são atos meramente opinativos, que não vinculam a
autoridade administrativa. Ao assim se posicionar, aduziu que:
Ora, o direito não é uma ciência exata. São comuns as interpretações divergentes de
um certo texto de lei, o que acontece, invariavelmente, nos Tribunais. Por isso, para
que se torne lícita a responsabilização do advogado que emitiu parecer sobre determi-
nada questão de direito é necessário demonstrar que laborou o profissional com culpa,
em sentido largo, ou que cometeu erro grave, inescusável. Do exposto, defiro o man-
dado de segurança.
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cos de modo excepcional, na medida em que a atividade jurídica é peculiar e inexata, sendo o
livre exercício de manifestação do advogado uma garantia constitucional e essencial à justiça.
Em seu voto, o Ministro Joaquim Barbosa, ainda, consignou que nos casos de
pareceres não vinculativos “o exercício de função consultiva técnico- jurídica meramente
opinativa não gera responsabilidade do parecerista”. Desse modo, concluiu que: “é abusiva a
responsabilização do parecerista à luz de uma alargada relação de causalidade entre seu
parecer e o ato administrativo do qual tenha resultado dano ao erário. Salvo demonstração de
culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo disciplinares ou jurisdicionais
próprias, não cabe a responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer de
natureza meramente opinativa”. Veja-se a ementa desse precedente:
Além disso, importante destacar que, em recente julgado, a Corte analisou pedido
de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado por advogado que foi denunciado, na qualidade
de assessor jurídico, por ter emitido parecer em processo licitatório supostamente fraudulento. A
Segunda Turma do STF, nos termos do voto do Ministro Relator Gilmar Mendes, concedeu de
ofício a ordem para determinar o trancamento da ação penal, por considerar que “parecer
puramente consultivo não gera responsabilidade do seu autor” e que, no caso, não existiria
“qualquer elemento que vincule o paciente subjetivamente ao fato narrado pela acusação como
crime. Em Direito Penal, não se pode aceitar a responsabilização objetiva, sem comprovação de
dolo ou culpa”. É o que se verifica da ementa abaixo transcrita:
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Nesse caso, o Min. Luiz Fux, relator do processo, teceu as seguintes considerações
sobre os riscos de se atribuir ampla responsabilidade aos advogados pela simples emissão de
parecer jurídico:
Cite-se, ainda, a decisão monocrática do Min. Luiz Fux, nos autos do MS 30.892,
DJe 22.5.2014 e a decisão monocrática no HC 158.086, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes.
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IV. PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE:
V. PEDIDOS:
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Ulisses Rabaneda dos Santos
Conselheiro Federal
OAB/MT 8.948
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