Memorias
Memorias
Memorias
Quando os olhos se abrem o que vemos? Realmente vemos o que esta a nossa volta ou
vemos o que sonhávamos ver quando ainda estávamos de olhos fechados? Essa sempre foi uma
dúvida que me afligiu. Hoje, assim como antes contemplo o mundo e as pessoas nele e me pergunto
se os vejo como ele são, ou se de alguma forma eu os vejo com meus olhos? Olhos esses que
fantasiam motivações, desejos e sonhos que talvez não estejam lá de verdade. Olhos que procuram
sempre ver nobreza e valor, ate mesmo no pior e mais feio momento.
Qual a importância disso? Simples, as histórias que vou contar nessas linhas, nada mais é do
que o que esses olhos tendenciosos viram. Para muitos, será difícil assimilar e ate mesmo acreditar
em muito do que será dito aqui. As críticas nos acompanham por toda a nossa existência, só cabe a
nós saber como lidar com elas. Eu particularmente nunca fui muito atingido por elas, ou nunca
deixei transparecer que fui, Vocês vão notar que posso ser extremamente fútil em muitas ocasiões,
posso alegar minha juventude ou qualquer outra coisa, mas a verdade é que tenho dentro de mim
meu maior crítico, e muitos vão se identificar com isso. Ou arrogante demais para me importar com
as opiniões alheias, talvez seja exatamente isso que me motive a contar essas histórias, muitas delas
nunca contadas nos detalhes que pretendo dar. Porem, é possível que parte da motivação seja por
acreditar que minha história possa trazer alguma luz, risadas, lágrimas ou qualquer reação do leitor,
afinal é apenas mais uma vida entre bilhões, tão importante nos esquemas universais quanto um
grão de poeira no cosmo.
Hoje, tomei a decisão de escrever essas linhas a fim de que essas palavras nunca mais sejam
faladas por minha boca novamente, pois nelas habitam o veneno do orgulho e da vaidade, e desse
veneno já estou terminalmente cheio. Não quero contá-las a ouvidos ébrios, não quero ver olhar de
aprovação ou condenação porque desses eu não preciso, não quero a piedade ou a adoração de
outros. Apenas preciso que de alguma forma elas se estendam além de mim como ondulações em
um lago, que ela repercutam e mude de forma positiva a vida de outros. Se eu conseguir qualquer
reação por parte do leitor já seria um sucesso em minha empreitada.
Sou um bruxo a mais tempo do que fui qualquer outra coisa, muito podem ter várias
concepções do que vem a ser um bruxo, outros nenhuma noção, mas deixe-me esclarecer uma coisa,
sou um bruxo porque escolhi o ser, não sou detentor de nenhum dom especial ou escolhido por
qualquer entidade boa ou má para nenhum propósito sagrado ou profano de qualquer tipo. Sou um
bruxo, minha adoração reside com Deuses e conceitos anteriores aos das grandes religiões que
facilmente conseguimos identificar hoje em dia, sou um praticante e estudante perpétuo da Arte,
uma arte tão antiga quanto a humanidade. Para muitos parece loucura, satanismo ou, para os mais
polidos, misticismo. Como falei antes, não me importo com o julgamento alheio. Sou um bruxo
adaptado ao mundo moderno, minhas práticas, em sua maioria, passariam desapercebidas a muitos,
exerço meu oficio cercado de pessoas sem que elas se deem conta, invoco forças antigas e
poderosas completamente em segredo em meio a uma conversa de amigos, minhas danças misticas
foram feitas em meio as luzes de casas noturnas. Particularmente nunca tive problemas na prática da
Arte, as intrigas e rixas que fizeram parte da minha vida são mais por causa de meu temperamento
do que pelo conjunto de minhas crenças.
Sou um bruxo a mais tempo que sou qualquer outra coisa, e essa é minha história. Espero
que os que não descartaram essas palavras até agora, tenham uma boa leitura. Acomodem-se pois
tenho algumas histórias para contar….