Apostila Do Professor Da Usp É A Base Da Disciplina

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BOTÂNICA SISTEMÁTICA

aplicada ao curso de ENGENHARIA AGRONÔMICA


Lindolpho Capellari Júnior

APRESENTAÇÃO

Este trabalho foi elaborado com o propósito de dar um suporte às matérias


relacionadas à Botânica, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(ESALQ), da Universidade de São Paulo, em especial ao segundo semestre do curso
de Engenharia Agronômica, uma vez que sentíamos a necessidade de um material
didático mais condensado e dirigido a esta área.
As descrições das famílias foram baseadas no trabalho de Cronquist (1981), e
em Joly (1977), para as famílias de “gimnospermas”. Diversas obras foram
consultadas e estão apresentadas na bibliografia.
No presente trabalho será adotado, no entanto, o Sistema de APG. II (2003).
Esta sigla significa "The Angiosperm Phylogeny Group" (Grupo de Filogenia de
Angiospermas) que é formado por pesquisadores suecos, ingleses e norte-
americanos: Kåre Bremer, Mark W. Chase, e Peter F. Stevens, com igual
responsabilidade, e as contribuições de: Arne A. Anderberg, Anders Backlund,
Birgitta Bremer, Barbara G. Briggs, Peter K. Endress, Michael F. Fay, Peter Goldblatt,
Mats H. G. Gustafsson, Sara B. Hoot, Walter S. Judd, Mari Källersjö, Elizabeth A.
Kellogg, Kathleen A. Kron, Donald H. Les, Cynthia M. Morton, Daniel L. Nickrent,
Richard G. Olmstead, Robert A. Price, Christopher J. Quinn, James E. Rodman, Paula
J. Rudall, Vincent Savolainen, Douglas E. Soltis, Pamela S. Soltis, Kenneth J. Sytsma, e
Mats Thulin (em ordem alfabética) para aclassificação das angiospermas.
Para as famílias de “gimnospermas” será adotado o Sistema de Gifford e
Foster (1989).
Capellari Jr. L.; Rodrigues, R.R.; Rochelle, L.A. BOT. SISTEMÁTICA aplicada aos cursos de Eng,AGRONÔMICA E Eng. FLORESTAL

I. INTRODUÇÃO

1. DEFINIÇÕES

Sistemática ou Taxonomia é ciência que estabelece as relações de


afinidades entre os seres vivos de forma a organizá-los em grupos, visando facilitar o
seu estudo.
Segundo alguns botânicos os dois termos não são sinônimos; a Sistemática
seria a ciência que cuida da formação dos grupos afins e a Taxonomia, a que
elabora as leis ou os critérios de organização destes grupos. De qualquer forma,
ambas estariam correlacionadas e envolvem: classificação, identificação e
nomenclatura.
A classificação é a colocação de um ser vivo em categorias de um sistema
previamente estabelecido por um botânico; também, uma classificação é
realizada para espécies novas (ou gêneros novos) que são acompanhadas por
uma descrição em latim, uma prancha morfológica ilustrativa e com a citação do
material no qual a descrição foi realizada; tal material é denominado tipo e deve
ser mencionado em que Herbário (local onde são colecionadas as plantas
coletadas, prensadas e identificadas) ele está depositado. O Herbário da ESALQ
possui atualmente cerca de 120.000 exemplares, que são denominados exsicatas;
sua sigla, reconhecida internacionalmente é ESA.
A identificação é determinação de que um vegetal é idêntico a outro já
conhecido e, portanto, descrito pela ciência; quando se coleta uma determinada
planta e através de chaves analíticas, livros especializados ou coleções de
herbários verifica-se qual é seu nome genérico, ou específico, ou à qual família este
vegetal foi classificado, está se procedendo a uma identificação.
A nomenclatura é a ciência de dar nomes às unidades de classificação,
mediante regras, normas e recomendações estabelecidas pelo Código
Internacional de Nomenclatura Botânica; a nomenclatura dos vegetais segue
regras diferentes daquelas empregadas na classificação de animais e de fungos. O
código é sempre avaliado, incrementado e discutido nos congressos internacionais
de Botânica.

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2. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO

Um sistema de classificação é constituído por unidades fundamentais e


subunidades, que são, individualmente, denominadas taxon (plural taxa, ou
táxones, ou táxons).
As unidades fundamentais estarão presentes na classificação de qualquer
vegetal.
As subunidades estarão presentes quando uma determinada unidade
fundamental é demasiadamente grande e a sua divisão, antes de se estabelecer
novas unidades fundamentais inferiores, torna-se interessante; desta forma, os
vegetais podem ou não apresentar subunidades em sua classificação.
Para melhor esclarecer tais colocações é fundamental que se conheçam os
táxones, que são apresentados a seguir, sendo as unidades fundamentais em
negrito.

Reino: Plantae
Divisão: radical + terminação phyta
Subdivisão (phytina)
Classe: radical + terminação opsida ou atae
Subclasse (idae), Coorte (iidae)
Ordem: radical + terminação ales
Subordem (inales), Superfamília (ineales)
Família: radical + terminação aceae
Subfamília (oideae), Tribo (eae), Subtribo (inae)
Gênero: substantivo latinizado com inicial maiúscula
Subgênero, Secção, Subsecção, Série
Espécie: gênero + designação ou epíteto específico (adjetivo
latinizado com inicial minúscula, seguido pelo nome
abreviado de seu autor)
Subespécie, Variedade, Subvariedade, Forma, Linha e Clone
(as seis últimas denominadas categorias infraespecíficas).

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Exemplos de nomes específicos:


Dahlia pinnata Cav.
Nopalea cochenillifera (L.) Lyons
Peperomia scandens Ruiz & Pav.
Philodendron speciosum Schott ex Endl.

Os nomes de gêneros possuem terminações variadas (ix, un, um, us, a, o etc.)
em função do gênero (feminino ou masculino), da composição do nome (um nome
simples ou composto, como por exemplo: árvore vermelha, ou árvore do cerrado –
em cada caso o nome terá uma terminação adequada) e em função disso, da
declinação latina (o latim possui seis declinações, sendo cinco empregadas no
Latim Botânico).
Os radicais empregados para a formação dos nomes de famílias, ordens,
classes e divisões são provenientes de um gênero considerado o mais representativo
para uma determinada família; por exemplo, a partir do gênero típico Pinus, foram
formados os nomes: Família Pinaceae, Ordem Pinales etc.
Nomes dos táxones que não seguiam essa regra (em sistemas mais antigos)
foram modificados, como por exemplo, a Divisão Angiospermae passou a ser
designada Divisão Magnoliophyta.
Estas alterações simples, ou melhor, apenas nomenclaturais, foram
empregadas para qualquer taxon superior a gênero.
Nos quatro exemplos citados acima, pode-se observar que o nome de um
autor pode ser uma denominação simples (1o exemplo), ou complexa – quando um
autor alterou um nome já existente (2o exemplo), quando foi concebido por dois
autores (3o exemplo), ou, finalmente, quando um autor descobriu uma espécie, mas
não teve tempo de publicá-la em vida e outro botânico o fez em seu lugar (4o
exemplo). Existem outros casos de acordo com o histórico do nome específico.
Em relação às plantas cultivadas existem também os híbridos e os cultivares,
que não são unidades de um sistema de classificação.
Os híbridos, no Reino Vegetal, podem ser resultantes do cruzamento de
variedades diferentes de uma mesma espécie; de espécies diferentes de um
mesmo gênero; ou até mesmo, de diferentes gêneros de uma mesma família. A
nomenclatura dos híbridos é tão complexa que existe um código exclusivo para
isso.

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Exemplos:
Gaillardia x grandiflora Van Houte
Dendrobium bigibbum Lindl. X D. phalaenopsis Fitz.
X BLC “Luck Strike” (orquídea híbrida desenvolvida através de
cruzamentos de espécies dos gêneros
Brassavola, Laelia e Cattleya)

O termo cultivar (cv.) refere-se a uma variedade artificial, ou comercial,


produzida pelo homem, através de melhoramento genético.
Exemplos:
Zea mays L. cv. “Piranão” ou „Piranão‟
Ricinus communis L. cv. IAC-415

3. HISTÓRICO DA TAXONOMIA VEGETAL

Os sistemas de classificação podem ser divididos em três categorias: artificiais


(baseados no hábito das plantas ou classificações numéricas), naturais e
filogenéticos.

3.1. Sistemas Artificiais baseados no Hábito

Os sistemas artificiais classificam os organismos de acordo com as


conveniências práticas, geralmente, mediante um só, ou poucos caracteres.
Os sistemas de classificação propostos pelos gregos, pelos herbalistas e pelos
botânicos ao longo de mais de dez séculos basearam-se, primeiramente, no hábito
das plantas.
Eles foram dominantes durante o período que vai de 3.000 a.C. até meados
do século XVIII, no qual os filósofos, os herbalistas e os botânicos inventaram
numerosos e, freqüentemente, imperfeitos, sistemas de classificação.
A este período pertencem os sistemas de Teophrasto (370-285 a.C.) – o “pai
da Botânica”, Alberto Magno (1193-1280), Otto Brunfels (1464-1534), Andrea
Caesalpino (1519-1603), Jean (Johan) Bauhin (1541-1631), entre outros.

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3.2. Sistemas Artificiais baseados em Classificações Numéricas

O período das classificações numéricas caracterizou-se pela concepção de


classificações deliberadamente artificiais, a utilizar apenas caracteres numéricos
como auxiliares na identificação; neste período os botânicos não seguiram a
classificação morfológica prevalecente desde o tempo de Aristóteles, mas foram
influenciados pelo tipo de raciocínio tão fortemente emitido, séculos antes, por este
filósofo.
O mais célebre sistema deste período é o do sueco Carolus Linnaeus ou Carl
Linné (Lineu, 1707-1778), que foi considerado o pai da Botânica Sistemática; ele
utilizou a nomenclatura binária para o nome de espécies (gênero + epíteto ou
designação específica), criada pelo suíço Jean Bauhin, um século antes.

3.3. Sistemas Naturais

Os sistemas naturais refletem a situação de relação entre as plantas, tal


como se acredita existir na natureza, baseados nas relações morfológicas; é
utilizado o maior número de informações possíveis.
A segunda metade do século XVIII foi um período durante o qual chegavam
diversas plantas vivas, sementes e coleções de espécimes provenientes de todos os
continentes, que, em grande parte eram espécies desconhecidas, aos centros
botânicos europeus.
Com esse incremento dos conhecimentos sobre a flora mundial veio a
constatação (por volta de 1.800) da existência de maiores afinidades naturais entre
as plantas, que as indicadas pelo chamado “Sistema Sexual” de Lineu. As plantas
foram reunidas por existir entre elas, uma correlação entre caracteres comuns (não
apenas número de unidades de cada verticilo).
As teorias de evolução de Charles Darwin e de Alfred Russel Wallace, não
haviam ainda surgido, nesta época.
Deste período destacam-se os sistemas de Jean B.A.P.M. de Lamarck (1744-
1829), de Jussieu (três irmãos: Antoine/1686-1758, Bernard/1699-1776 e Joseph/1704-
1779), De Candolle (três gerações), e, finalmente, George Bentham & Joseph Dalton
Hooker (publicado em 1862-1883).
Até este período os sistemas eram denominados “Gradistas”.

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3.4. Sistemas Filogenéticos Tradicionais

Os sistemas filogenéticos classificam os organismos de acordo com sua


seqüência evolutiva, refletindo as relações genéticas; estes sistemas representam
aproximações de um objetivo, mas, na realidade, são mistos, formados pela
combinação de dados naturais e filogenéticos.
A rápida difusão e a aceitação das teorias de Darwin “cristalizou” o
descontentamento que estava associado ao sistema candolleano. A maioria dos
sistemas deste período fundamenta-se nas teorias da descendência e da evolução.
Destacam-se os sistemas de August Wilhelm Eichler (1839-1887), Adolph Engler
(1844-1930), Charles Bessey (1845-1915), John Hutchinson (1884-1972), Armen
Tahktajan (publicado em 1961), e Arthur Cronquist (publicações em 1968, 1981 e
1988).

3.5. Sistemas Filogenéticos Modernos (Cladísticos)

As novas pesquisas em Botânica têm levado diversos autores a criarem novos


sistemas que muitas vezes divergem entre si, entretanto, está claro que a
classificação das fanerógamas (plantas com flores) está ainda longe de ser
completamente resolvida.
Nas primeiras análises cladísticas realizadas com as angiospermas (Bremer &
Wanntorp, 1978), baseadas em morfologia, as monocotiledôneas apareceram
como um grupo monofilético (com um único ancestral comum), já o mesmo não se
sucedia com as “dicotiledôneas”. Com o advento de novas análises filogenéticas
na década de 90, destancando-se aquelas baseadas em dados macromoleculares
(de genomas nucleares, do cloroplasto e mitocôndrios), ficou bem estabelecido
que o grupo “dicotiledôneas” não pode ser considerado como uma classe
(Dicotyledoneae ou Magnoliopsida) por não apresentarem um ancestral comum.
Sistemas recentes como o de APG. (1998), e posteriormente APG. II (2003)
baseados em análises macromoleculares têm trazido novos arranjos taxonômicos,
alterando profundamente, certos grupos já consagrados.
Na classificação das “gimnospermas”, autores como Gifford & Foster (1989),
propõe a “pulverização” desta divisão (Divisão Gymnospermae ou Pinophyta) em
sete divisões distintas: Ginkgophyta, Cycadophyta, Pinophyta (= Coniferophyta),

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Gnetophyta (quatro divisões com representantes vivos) e Progymnospermophyta,


Pteridospermophyta e Cycadeoidophyta (com representantes unicamente fósseis).

4. SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO MAIS UTILIZADOS

Como veremos a seguir os sistemas de classificação mais utilizados nos cursos


de Engenharia Agronômica e Engenharia Florestal, nas últimas décadas, foram o de
Engler (1964) e o de Cronquist (1981), entretanto, atualmente, tem-se adotado o
sistema de APG. II (2003) para as angiospermas e o de Gifford e Foster (1989), para
as “gimnospermas”.
Ao escrever qualquer texto em que a classificação de um organismo vegetal
seja necessária, pode-se escolher qualquer sistema a ser seguido, entretanto, é
inadmissível o “cruzamento” de sistemas, isto é, empregar a divisão do sistema de
Cronquist e a família do sistema APG. II, por exemplo.

4.1. Sistema de Engler (1964)

A primeira versão do sistema de Adolph Engler foi publicada em 1892 como


parte de um guia para o Jardim Botânico de Breslau (Alemanha), que era
basicamente, uma classificação baseada na de Eichler, da qual diferia, porém mais
em detalhes de nomenclatura das categorias maiores, que na filosofia básica ou
nos conceitos fundamentais.
Para Engler as plantas superiores (Fanerógamas) compunham as Divisões
Gymnospermae (plantas sem frutos) e Angiospermae (com frutos); as angiospermas
subdivididas em duas Classes: Monocotyledoneae (monocotiledôneas) e
Dicotyledoneae (“dicotiledôneas”).
As “dicotiledôneas” foram por sua vez divididas em Archichlamydeae
(arquiclamídeas) e Metachlamydeae (metaclamídeos); no primeiro grupo estariam
as famílias cujas flores são aperiantadas (aclamídeas), ou possuem apenas um
verticilo de proteção (monoclamídeas), ou com cálice e corola (diclamídeas),
sendo esta com pétalas livres (dialipétala); no segundo grupo estariam as famílias
cujas flores são diclamídeas e com pétalas unidas (gamopétalas).
As monocotiledôneas não foram divididas em subclasses.

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O sistema de Engler foi amplamente aceito, divulgado e reformulado,


surgindo em diversas versões (a última em 1964). Além da visão taxonômica
diferente da aceita atualmente, diversos termos de seu sistema não estavam de
acordo com as atuais regras de nomenclatura botânica e foram, portanto,
alterados.
Segundo Engler a família mais primitiva entre as “dicotiledôneas” era
Casuarinaceae (casuarina) e a mais evoluída era Compositae (ex: girassol,
margarida etc.).
Nesta apostila, os termos do sistema de Engler serão citados para a
classificação de cada família aqui abordada, uma vez que muitas obras aplicadas
ligadas à área de Engenharia (Agronômica ou Florestal) foram baseadas neste
sistema. Vale ressaltar que muitas disciplinas desses cursos ainda utilizam o sistema
de Engler, o que precisaria ser mudado com urgência.

4.2. Sistema de Cronquist (1981) (figura 1)

Arthur Cronquist lançou a primeira versão de seu sistema em 1968, baseando-


se, principalmente no sistema de Tahktajan (1961). Em 1981 publicou uma nova
versão revisada e que foi adotada nas últimas duas décadas (aproximadamente),
em praticamente todos os cursos de Ciências Biológicas e de Engenharia
(Agronômica e Florestal).
Em relação ao sistema de Cronquist o primeiro impacto, à visão do leigo,
foram as alterações dos termos taxonômicos que surgiram adequados segundo as
normas de nomenclatura mais modernas. Assim, para as plantas superiores
aparecem os novos nomes: Divisão Pinophyta (ex Gymnospermae) e Divisão
Magnoliophyta (ex Angiospermae), sendo esta última dividida nas Classes
Magnoliopsida (ex Dicotyledoneae) e Liliopsida (ex Monocotyledoneae).
A Classe Magnoliopsida (“dicotiledôneas”) dividida não mais em 2 subclasses
(Archichlamydeae e Metachlamydeae), mas em 6: Magnoliidae, Hamamelidae,
Caryophyllidae, Dilleniidae, Rosidae e Asteridae.
A Classe Liliopsida (monocotiledôneas), outrora sem subclasse, foi dividida
em 5 subclasses: Alismatidae, Arecidae, Commelinidae, Zingiberidae e Liliidae.
Além destas alterações, Cronquist propôs novos arranjos taxonômicos,
subdividindo, extinguindo ou unindo diversos grupos.

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Como exemplos: a família da bananeira (gênero Musa) era denominada


Musaceae por Engler, entretanto, esta família foi desmembrada em 3, no sistema de
Cronquist: Musaceae, Strelitziaceae e Heliconiaceae.
O mesmo ocorreu com a família da amora, jaca, figo, imbaúba e cânhamo;
anteriormente a única família Moraceae englobava todos os gêneros que foram
colocados em Moraceae, Cecropiaceae e Cannabaceae no sistema de Cronquist.
Zingiberaceae, a família do gengibre (gênero Zingiber), foi desmembrada em
duas: Zingiberaceae e Costaceae.
Em relação à Família Leguminosae (leguminosas) a alteração foi diferente:
eram reconhecidas, para este grupo, três subfamílias - Papilionoideae ou
Faboideae, Caesalpinioideae e Mimosoideae. Cronquist elevou estas três
subfamílias ao nível de família, que foram denominadas, respectivamente;
Fabaceae, Caesalpiniaceae e Mimosaceae. Estas famílias, subordinadas à Ordem
Fabales. Cabe ressaltar, entretanto, que muitos botânicos que seguiam Cronquist,
discordaram desta separação (Barroso et al., 1978, p.ex.).
Outras alterações mais complexas ocorreram para muitos grupos de
monocotiledôneas, por exemplo; foi criada uma família à parte para a babosa e
gêneros afins – Aloeaceae (posteriormente denominada Asphodelaceae). Foram
extintas algumas famílias como Amaryllidaceae, cujos gêneros foram divididos entre
Liliaceae e Agavaceae.
A lista de alterações não pararia aqui, entretanto, é necessário dizer que não
incluem nomes de gêneros e de espécies.
Certos nomes de família, no entanto, por terem sido muito consagrados pelo
uso e também devido ao seu histórico, foram denominados “nomina conservanda”,
isto é, nomes conservadores. A estes nomes, que não estavam de acordo com as
regras atuais de Nomenclatura Botânica, foram propostos novos nomes alternativos.
Famílias que sofreram alterações nomenclaturais:
Apiaceae = Umbelliferae (ex: cenoura, funcho);
Arecaceae = Palmae (ex: babaçu, coqueiro-da-bahia);
Asteraceae = Compositae (ex: alface, girassol);
Brassicaceae = Cruciferae (ex: couve, rabanete);
Clusiaceae = Guttiferae (ex: clúsia, mangostão);
Lamiaceae = Labiatae (ex: sálvia, hortelãs);
Poaceae = Gramineae (ex: milho, arroz).

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Figura 1. Sistema de Cronquist (1981). No esquema superior está representada a


Classe Magnoliopsida (“dicotiledôneas”) com suas seis subclasses e suas relações
de parentesco (o tamnho de cada “balão” representa o número de espécies que
aqulea subclasse engloba); no esquema inferior são apresentadas as relações de
afinidades entre as subclasses da Classe Liliopsida (monocotiledôneas).

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4.3. Sistema de APG. II (2003) (figura 2)

Conforme explicações nas páginas 1 e 7, APG. é a sigla de “The Angiosperm


Phylogeny Group”, uma equipe de pesquisadores que têm trabalhado
intensamente com análises macromoleculares em angiospermas.
O primeiro grande impacto em relação a este sistema (na sua última versão,
em 2003) é que as “dicotiledôneas” não mais aparecem como um grupo
monofilético, isto é, com um único ancestral comum. A partir disso as
“dicotiledôneas” não são mais classificadas como uma classe (Dicotyledoneae ou
Magnoliopsida).
Alguns grupos ou clados cujos representantes possuem um ancestral comum
foram denominados por termos que não correspondem a unidades taxonômicas
(classes, superordem, por exemplo): “Magnoliídeas”, “Eudicotiledôneas”,
“Dicotiledôneas Intermediárias” (ou “Core Dicotiledôneas”), “Rosídeas”(com os
grupos “Eurosídeas I”, “Eurosídeas II” e mais três ordens que não possuem uma
denominação comum) e “Asterídeas” (com os grupos “Euasterídeas I” e
“Euasterídeas II” – duas ordens aparecem isoladas dentro de “Asterídeas”).
As monocotiledôneas tiveram a comprovação de sua origem comum, ou
seja, um único ancestral as originou. O problema é que este grupo (ou clado)
aparece inserido dentro das angiospermas como um todo, localizado entre alguns
grupos de “dicotiledôneas”. Desta forma, as monocotiledôneas também não
podem ser classificadas como uma classe (Monocotyledoneae ou Liliopsida).
Se as monocotiledôneas fossem tratadas como uma classe, o mesmo deveria
ser feito com as Chlorantaceae e com o outro clado (ou grupo) irmão, constituído
pelas ordens Magnoliales, Laurales, Canellales e Piperales (grupo denominado
“Magnoliídeas”). Um grupo dentro de monocotiledôneas (constituído por uma
família e mais quatro ordens) possui um único ancestral, então, este grupo recebeu
a denominação “Commelinídeas”, que também não corresponde a uma unidade
taxonômica.
O sistema de APG. II segue uma tendência aceita mundialmente e não
poderíamos deixar de estar adotando-o nos cursos de Engenharia, entretanto, neste
sistema, a classe não está bem definida e conseqüentemente não há uma
terminologia adequada para este taxon. O mesmo deve ocorrer com subunidades
(superordem, subclasse etc.) quando estas forem estabelecidas.

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Figura 2. Sistema de APG. II (2003). O Cladograma apresentado por APG. II foi aqui
adaptado, empregando-se cores e os termos foram traduzidos para uma maior
compreensão; observe as monocotiledôneas inseridas no meio do que seriam as
“dicotiledôneas”.

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II. SISTEMÁTICA DAS PLANTAS SUPERIORES (FANERÓGAMAS)

1. “GIMNOSPERMAS” (fig. 3; 12: 1-8)

Taxonomia: outrora as “gimnospermas” pertenciam a uma única divisão –


Gymnospermae, composta por quatro classes; Cycadopsida, Coniferopsida,
Taxopsida e Gnetopsida (= Chlamydospermae). Atualmente, segundo Gifford &
Foster (1989), as “gimnospermas” aparecem distribuídas em sete divisões:
Progymnospermophyta, Pteridospermophyta, Cycadeoidophyta, Cycadophyta,
Ginkgophyta, Pinophyta (= Coniferophyta) e Gnetophyta (sendo as três primeiras
divisões com representantes unicamente fósseis);
Caracteres Gerais: as “gimnospermas” (num senso amplo) são plantas
lenhosas com troncos ou raramente acaules, ou algumas lianas (“cipós”): Ephedra,
Gnetum etc.; ausência de vasos no lenho secundário, que é formado por
traqueídeos; presença de canais resiníferos; tiveram seu apogeu no Triássico e
Jurássico; atualmente as coníferas (Divisão Pinophyta ou Coniferophyta)
representam o maior grupo vivo de “gimnospermas”, ocorrendo principalmente nas
regiões temperadas do Hemisfério Norte; a Ordem Bennettitales, da Divisão
Cycadophyta, é um grupo fóssil, considerado por Cronquist (1981) como precursora
das angiospermas, por apresentar grande semelhança na organização de suas
inflorescências (cones hermafroditas) com as flores das “dicotiledôneas” atuais da
família Magnoliaceae (magnólias, pinha-do-brejo; gênero Magnolia – fig. 4: 1), que
são monoclinas e espiraladas (acíclicas);
Folhas: inseridas em todo o caule ou somente em ramos curtos
(braquiblastos); pequenas, simples, cilíndricas ou planas, curtas ou longas, muitas
vezes escamiformes e geralmente com disposição espiralada; flabeliformes em
Ginkgo; cotiledonares em Welwistchia; grandes e pinatissectas em Cycadophyta;
Flores: inflorescências estrobiliformes (estróbilos ou cones), em geral grandes,
terminais ou laterais, constituídas por folhas férteis denominadas megasporofilos
(flores femininas) ou microsporofilos (flores masculinas), que transportam 1 - alguns
óvulos, e 2 - muitos microsporângios, respectivamente, na mesma planta (monóicas)
ou em plantas diferentes (dióicas);
Sementes: nuas (não há formação de frutos); às vezes as sementes possuem
algum tipo de apêndice que pode ser carnoso.

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Figura 3. “Gimnospermas”. 1. Divisão Ginkgophyta, Fam. Ginkgoaceae; 2-5.


Divisão Cycadophyta: 2. Cycas revoluta, 3. C. revoluta (♀), 4. C. circinalis (♀), 5.
Zamia pumilla (estróbilos ♀). 6–8. Divisão Pinophyta (= Coniferophyta): 6. Pinus
caribaea, 7. P. elliottii (estróbilos ♀), 8. Araucaria angustifolia. 9-10. Divisão
Gnetophyta: 9. Ephedra sp., 10. Welwistchia mirabilis.

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2. ANGIOSPERMAS (fig. 4; 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12: 9-17, 13)

Taxonomia: esta divisão (Angiospermae ou Magnoliophyta) era,


tradicionalmente, composta por duas classes: Magnoliopsida (Dicotyledoneae) e
Liliopsida (Monocotyledoneae), porém, em APG. II esse grupo está bem alterado
taxonomicamente, posto que se descobriu que as monocotiledôneas são um grupo
monofilético (um ancestral comum) dentro das “dicotiledôneas”, que por sua vez
teve comprovado o seu caráter parafilético, isto é, não englobava todos os
descendentes de um ancestral comum; em outras palavras, as monocotiledôneas
que tiveram o mesmo ancestral das “dicotiledôneas” estavam situadas em outra
classe;
Caracteres Gerais: são plantas vasculares, com raiz, caule, e folhas; xilema
usualmente constituído de vasos (no mínimo nas raízes); floema com tubo crivado
definido e células companheiras; estruturas reprodutivas caracteristicamente
agregadas e associadas com folhas especializadas, na forma de flores;
Flores típicas com: cálice formado por sépalas; corola formada por pétalas;
androceu formado por estames (microsporofilos) e gineceu com um ou muitos
carpelos (megasporofilos); carpelos distintos e individualmente fechados, na forma
de pistilos, livres ou unidos entre si; pistilo composto de um ovário, um ou mais
estigmas, elevado acima do ovário pelo(s) estilete(s), um ou muitos óvulos
(megasporângios modificados), encerrados no ovário; óvulo contendo um
gametófito feminino constituído de um ou poucos sacos embrionários nucleados,
sem arquegônios (estruturas de “gimnospermas”); estames constituídos de filete e
antera; esta geralmente com 4 sacos polínicos (microsporângios) alojados em 2
tecas, unidas pelo conectivo; o grão de pólen germina no estigma, produz um tubo
polínico que cresce pelo estilete até o óvulo diretamente, sem câmara arquegonial
(Sifonogamia), como nas divisões mais evoluídas de “gimnospermas”; gametófito
masculino maduro (grão de pólen e tubo) com três núcleos (o núcleo do tubo e 2
núcleos espermáticos); o tubo polínico maduro penetra no saco embrionário e
libera os dois espermas nus; um se funde com o núcleo feminino (oosfera) para
formar o zigoto e outro se funde com dois núcleos do saco embrionário para formar
o que é o precursor do endosperma secundário da semente;
Fruto: ovário amadurecendo e formando o fruto que pode ser carnoso ou
seco, deiscente ou indeiscente, com uma ou mais sementes.

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Capellari Jr. L.; Rodrigues, R.R.; Rochelle, L.A. BOT. SISTEMÁTICA aplicada aos cursos de Eng,AGRONÔMICA E Eng. FLORESTAL

2.1. “Dicotiledôneas”
(fig. 4: 1-4 e 12-18, 5, 6: 4-6, 7, 8, 9: 1-6 e 11-15, 10, 11: 1-7, 12: 9-17, 13: 1-13)

Caracteres Gerais: grupo com fósseis no início do Cretáceo; plantas lenhosas


ou herbáceas, sendo que, as lenhosas e a maioria das herbáceas com crescimento
secundário típico do caule e da raiz, realizado pelo câmbio; sistema radicular
maduro, geralmente primário (pivotante), às vezes adventício (ou ambos); vasos
bem desenvolvidos nas raízes e folhas, mas ausentes em algumas famílias primitivas;
Folhas: tipicamente com nervação em rede (seguindo os padrões:
peninérveas ou palminérvias), geralmente com pecíolo e limbo, raramente com
bainha; em inserções variadas;
Flores: com vários tipos de nectários, mas sem nectário septal (típico de
monocotiledôneas), ou sem nectários; flores geralmente pentâmeras, menos
freqüentemente dímeras, tetrâmeras e, raro, trímeras (ex.: abacateiro);
Sementes: geralmente com 2 cotilédones (raro 1, 3 ou 4); embrião
diferenciado em radícula, hipocótilo, cotilédones e plúmula.

2.2. Monocotiledôneas
(fig. 4: 5-11, 6: 1-3, 7: 1-8, 9: 7-10, 10: 10-15, 11: 8-12, 13: 14-15)

Caracteres Gerais: plantas, geralmente, herbáceas, sem crescimento


secundário devido à ausência de câmbio (exceções: dracena, babosa, etc.);
crescimento secundário anômalo em alguns grupos (palmeiras); vasos libero-
lenhosos dispersos no caule, geralmente com traqueídeos, porém, mais confinados
às raízes; sistema radicular do tipo fasciculado, devido ao atrofiamento da radícula;
Folhas: nervação paralelinérvia ou peniparalelinérvia (com exceções -
antúrio, p.ex.); geralmente com bainha bem desenvolvida; lâmina (“limbo”)
geralmente desenvolvida a partir da região mediana do primórdio foliar
(correspondente ao pecíolo das “dicotiledôneas”);
Flores: trímeras, geralmente com nectário septal (entre os septos do carpelo);
hipanto geralmente apendicular (fusão das bases de cálice, corola e androceu);
Sementes: com 1 cotilédone, que na germinação serve de órgão
absorvente, transferindo reservas do endosperma para o embrião.

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Figura 4. Angiospermas. 1-4, 12-18. Famílias de “dicotiledôneas”. 5-11. Famílias de


monocotiledôneas; 1. Magnoliaceae, 2. Aristolochiaceae, 3. Piperaceae, 4.
Nymphaeaceae, 5. Commelinaceae, 6. Cannaceae, 7. Araceae, 8.
Pontederiaceae, 9. Liliaceae, 10. Hemerocallidaceae, 11. Iridaceae, 12.
Onagraceae, 13. Caricaceae, 14. Ericaceae, 15. Convolvulaceae, 16.
Nepenthaceae, 17. Tropaeolaceae, 18. Passifloraceae.

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Capellari Jr. L.; Rodrigues, R.R.; Rochelle, L.A. BOT. SISTEMÁTICA aplicada aos cursos de Eng,AGRONÔMICA E Eng. FLORESTAL

III. PRINCIPAIS FAMÍLIAS BOTÂNICAS DE CARÁTER AGRONÔMICO

Inúmeras são as famílias de interesse silvicultural e agronômico. Se pensarmos


que em Engenharia Agronômica o setor de Produção Vegetal envolve as áreas de
Horticultura (Olericultura, Fruticultura, Plantas Medicinais, Floricultura e Paisagismo) e
Agricultura (Plantas Alimentícias, Plantas Fibrosas, Plantas Estimulantes, Plantas
Extrativas), já teríamos uma noção da complexidade em se eleger as famílias de
maior interesse agronômico.
A dificuldade nessa escolha não pára aí, posto que existam outros setores
também com interesse em plantas, como é o caso da Zootecnia, seja na área de
Pastagens, seja na área de Plantas Tóxicas.
Esse leque de famílias importantes amplia-se à medida que o engenheiro
agrônomo e o florestal atuam na em Recomposição de Áreas Degradadas.
Nesta apostila serão descritas somente 29 famílias que agregam espécies
vegetais muito importantes para os dois cursos de Engenharia, quais sejam:
Agavaceae, Alliaceae, Anacardiaceae, Apiaceae (= Umbelliferae), Apocynaceae,
Araucariaceae, Arecaceae (= Palmae), Asteraceae (= Compositae), Bignoniaceae,
Brassicaceae (= Cruciferae), Cucurbitaceae, Cyperaceae, Euphorbiaceae,
Fabaceae (= Leguminosae) Lamiaceae (= Labiatae), Lauraceae, Lecythidaceae,
Malvaceae, Meliaceae, Musaceae, Myrtaceae, Orchidaceae, Pinaceae, Poaceae
(= Gramineae), Rosaceae, Rubiaceae, Rutaceae, Solanaceae e Vitaceae.
Devido ao curto prazo em que as disciplinas de Sistemática Vegetal são
ministradas para os cursos de Engenharia, nem todas as famílias aqui abordadas
serão analisadas em aula, entretanto, este trabalho serve como um pequeno
manual, para os alunos e futuros engenheiros.
A seqüência na descrição das famílias seguiu a seguinte ordem: famílias que
de interesse especialmente olerícola (Solanaceae, Cucurbitaceae, Brassicaceae ou
Cruciferae, e Alliaceae); agrícola (Rubiaceae e Malvaceae), extratícola
(Arecaceae, Agavaceae e Euphorbiaceae), frutícola (Rosaceae, Rutaceae,
Vitaceae, Myrtaceae, Anacardiaceae, Musaceae, Lauraceae), alimentício
(Fabaceae, Poaceae), ornamental (Asteraceae e Orchidaceae), madeirícola
(Pinaceae, Araucariaceae, Meliaceae, Lecythidaceae, Apocynaceae e
Bignoniaceae), medicinal (Lamiaceae e Apiaceae) e invasora de culturas
(Cyperaceae).

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1. Família Solanaceae Jussieu (fig. 5: 1-4)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)

Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae

Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida

Subclasse Metachlamydeae Asteridae

Ordem Tubiflorae Solanales Solanales

Família Solanaceae Solanaceae Solanaceae

Observações: família constituída por sete subfamílias: Schwenchioideae,


Schizanthoideae, Goetzeoideae, Cestroideae, Petunioideae, Solanoideae e
Nicotianoideae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: do latim “solamen” - alívio, consolo; em alusão às


propriedades calmantes de espécies da família; composta por 102 gêneros e 2.460
espécies de distribuição cosmopolita, com maior diversidade na América do Sul
tropical; muitas espécies são comuns em áreas perturbadas; são ervas, trepadeiras,
arbustos ou pequenas árvores, geralmente com tricomas (pelos) estrelados ou
outros, e às vezes armadas (com espinhos ou acúleos); geralmente produzem
antocianinas, comumente produzindo vários tipos de alcalóides (tropano, nicotina e
grupos esteróides);

b.2. folhas: alternas, simples e inteiras, às vezes lobadas, ou partidas, ou


sectas, raro compostas; sem estípulas;

b.3. flores: em inflorescências variadas, geralmente curtas do tipo cimeira ou,


às vezes, flores solitárias; diclamídeas, heteroclamídeas, actinomorfas (raramente

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zigomorfas), monoclinas; cálice dialissépalo ou gamossépalo com 4, 5 ou 6


unidades; corola gamopétala, rotada (forma de disco), tubular (forma de tubo),
infundibuliforme (forma de funil), ou outras, com 4, 5 ou 6 lobos; androceu com
estames epipétalos, isostêmone (5) e alternos aos lobos da corola, às vezes 4 ou 2 e
os restantes estaminoidais ou ausentes; anteras coniventes entre si, deiscência
longitudinal ou poricida (gênero Solanum); gineceu com ovário gamocarpelar,
bicarpelar, geralmente com dois lóculos; ovário súpero, estilete terminal e estigma
bilobado; óvulos 1 - muitos por lóculo, com placentação axilar; placentas às vezes
divididas dando aparência de vários lóculos;

b.4. frutos: tipo baga (carnoso) ou cápsula (seco).

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: as espécies dessa família têm importância econômica para


alimentação (batata, tomate, pimentão etc.) e para produção de fumo usado na
produção de cigarros; algumas espécies são usadas como fitoterápicos (jurubeba,
beladona, erva-moura), como condimentos (pimentas) e como ornamentais
(petúnia, manacá, trombeteira); outras são extremamente tóxicas (estramônio);
devido à rusticidade muitas são invasoras (maria-pretinha, bucho-de-rã); a família é
bem representada na flora nativa;

c.2. exemplos:
Atropa belladonna L. .................................................................................... beladona
Brugmansia arborecens L. ............................................trombeteira, saia-de-velha
Brunfelsia australis Benth. ............................................................................... manacá
Capsicum annum L. ...................................................................................... pimentão
C. frustecens L. ............................................................................ pimenta-malagueta
Datura stramonium L. ..................................................................................estramônio
Lycopersicon esculentum Mill. ........................................................................ tomate
Nicotiana tabacum L. ............................................................................................fumo
Petunia spp. ........................................................................................................ petúnia
Physalis angulata L. .................................................................................. bucho-de-rã
Solanum aculeatissimum Jacq. .................................................................. joá-bravo

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Solanum americanum Mill. ..........................................maria-pretinha, erva-moura


S. melongena L. ............................................................................................... berinjela
S. paniculatum L. ............................................................................................. urubeba
S. tuberosum L. ...................................................................................... batata-inglesa

2. Família Cucurbitaceae Jussieu (fig. 5: 5-10)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)

Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae

Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida

Subclasse Archichlamydeae Dilleniidae

Ordem Cucurbitales Violales Cucurbitales

Família Cucurbitaceae Cucurbitaceae Cucurbitaceae

Observações: família composta por duas subfamílias: Cucurbitoideae (que


engloba os gêneros das cucurbitáceas importantes para a Agricultura) e
Nhandiroboideae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: do latim “cucurbitae”: abóbora ou cabaça, em


alusão à estrutura de seus frutos; essa família consiste de 118 gêneros e 845 espécies,
com ampla distribuição nas regiões tropicais e subtropicais, com poucas espécies
em climas temperados e frios; as partes aéreas de todas as espécies são sensíveis
ao frio; plantas herbáceas, algumas vezes lenhosas, freqüentemente trepadeiras ou
rastejantes, ou volúveis, suculentas, geralmente com gavinhas enroladas

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espiraladamente ou reduzidas a espinhos, ou ausentes; produzem alcalóides do tipo


piridina ou outros;

b.2. folhas: alternas, palminérvias (raramente peninérvias), simples, lobadas


ou inteiras, às vezes compostas palmadas, geralmente com nectários extraflorais;
sem estípulas;

b.3. flores: geralmente em inflorescências axilares, ou solitárias, unissexuais


(diclinas) em plantas monóicas ou dióicas, raro monoclinas, actinomorfas;
pentâmeras, diclamídeas, heteroclamídeas; cálice com 3, 5 ou 6 sépalas livres ou
conatas, imbricadas (uma sépala recobre as demais no botão); corola com 3, 5 ou
6 pétalas unidas (raramente livres), com lobos valvares (a margem de uma pétala
recobre a margem da pétala seguinte no botão), geralmente amarela ou branca;
flores masculinas com 5 estames, adnados ao hipanto, alternos aos lobos da corola,
livres (anteras monotecas), ou mais freqüentemente unidos em dois grupos de dois
(com anteras bitecas) e um livre (com antera monoteca), união pelos filetes
(adelfia) ou pelas anteras (sinanteria); anteras curvadas, sigmóides até retorcidas,
extorsas, deiscência longitudinal, nectários na base das pétalas presentes ou
ausentes; flores femininas com gineceu de 3 carpelos unidos (raro 2, como em
Sechium), ovário ínfero, unilocular com placentação parietal, muitos óvulos, estilete
solitário com 1 - 3 estigmas bilobados (em geral), às vezes 2 - 3 estiletes livres;
nectário no ápice do ovário ou ausente;

b.4. frutos: baga do tipo pepônio, no qual o epicarpo é resistente, o


mesocarpo e o endocarpo são carnosos, indeiscente, com placenta desenvolvida;
às vezes cápsula seca deiscente (Luffa) ou indeiscente (Lagenaria), ou ainda,
carnosa (Momordica); raramente pode ser encontrada uma baga normal
(Sechium); sementes numerosas, achatadas e compridas; às vezes, embrião oleoso
com dois cotilédones planos, sem endosperma.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: a família tem importância principalmente para a


alimentação (abóbora, chuchu, melão, pepino); algumas espécies são

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fitoterápicas (buchinha-do-nordeste, melão-de-são-caetano) ou invasoras; a bucha


é usada como produto de higiene e, em menor escala, é empregada a cabaça ou
porongo (purunga) em artesanatos; atualmente no mercado, encontra-se uma
fruta denominada “kino” (quino) que é uma cucurbitácea.

c.2. exemplos:
Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai ................................................ melancia
Cucumis melo L. ................................................................................................... melão
C. metuliferus E. Mey. ex Naud. ..........................................................................quino
C. sativus L. ........................................................................................................... pepino
Cucurbita maxima Duch. ...................................................................... morangueira
C. moschata Duch. ................................................................... aboboreiras-rasteiras
C. pepo L. ....................................................................................... abobrinha-italiana
Lagenaria siceraria Standl. ........................................................... cabaça, porongo
Luffa cylindrica Roem. ........................................................................................ bucha
L. operculata Cogn. ....................................................................................cabacinha
Momordica charantia L. ..................................................... melão-de-são-caetano
Sechium edule (Jacq.) Sw. .............................................................................. chuchu
Sicana odorifera Naud. ..........................................................................................cruá

3. Família Brassicaceae Burnett (= Cruciferae Jussieu) (fig. 5: 11-15)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)

Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae

Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida

Subclasse Archichlamydeae Dilleniidae

Ordem Papaverales Capparales Brassicales

Família Cruciferae Brassicaceae Brassicaceae


(=Cruciferae) (=Cruciferae)

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Observações: em alguns sistemas Cruciferae engloba a família


Capparaceae (= Capparidaceae), a qual pertence o gênero Capparis
(alcaparra), entretanto, segundo o sistema de APG. II (2003), Capparaceae
aparece como uma família à parte, sendo que foi desmembrada em
Capparaceae e Cleomaceae (aqui, com o gênero Cleome, cujas plantas
são denominadas, popularmente, mussambê); a separação dessas três
famílias, no entanto, é ainda questionável.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: o nome original da família (Cruciferae) foi elaborado


em alusão às flores em forma de cruz; é composta por cerca de 350 gêneros e 3.000
espécies, geralmente de climas temperados ou frios, nos Hemisférios Norte e Sul; são
plantas herbáceas, anuais, bianuais ou perenes;

b.2. folhas: alternas (raro opostas), simples, inteiras, pinatilobadas ou


pinatissectas, sem estípulas; são comuns as folhas runcinadas, isto é, com os lobos
profundos arqueados para a base;

b.3. flores: inflorescências tipo racemo (ramificado ou não), sem brácteas;


monoclinas, actinomorfas, com nectários; cálice tetrâmero, dialissépalo; corola
tetrâmera, dialipétala; androceu dialistêmone, geralmente com seis estames
(anisostêmone), tetradínamos (4 longos e 2 curtos), anteras com deiscência
longitudinal; gineceu com ovário súpero, bicarpelar, unilocular, porém aparentando
bilocular pelo desenvolvimento de um falso septo, com placentação parietal, em 2
placentas e diversos óvulos ao longo de cada uma delas;

b.4. frutos: tipo silíqua; simples, seco, bicarpelar que na deiscência separa-se
em duas valvas, a partir da base, à qual fica preso o replo, que é constituído pelo
falso septo e pelo resto dos carpelos onde estão inseridas as sementes.

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c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: as plantas dessa família são cultivadas principalmente


como olerícolas (couve, nabo, rúcula) e como plantas ornamentais (alisso, ibéris,
goivo); algumas espécies são consideradas plantas invasoras (mentruz, mostarda-
do-campo, mastruço) e outras são medicinais (mentruz, brócolis);

c.2. exemplos:
Brassica napus L. .................................................................................................... nabo
B. campestris L. .......................................................................... mostarda-do-campo
B. nigra Koch ....................................................................................... mostarda-preta
B. oleracea L. ....................................................................................................... couves
B. oleracea var. acephala DC. ....................................................................... couve
B. oleracea var. capitata L. ............................................................................. repolho
B. oleracea var. botrytis L. ............................................................................couve-flor
B. oleracea var. italica Plenck ...................................................... brócolos, brócolis
B. oleracea var. gemmifera Zencker ......................................... couve-de-bruxelas
Eruca sativa Mill. ...................................................................................................rúcula
Iberis umbellata L. ................................................................................................... ibéris
Lepidium sativum L. ............................................................................ bolsa-de-pastor
L. virginicum L. ................................................................................................... mentruz
Lobularia maritima Desv. ................................................................ alisso, doce-alisso
Lunaria annua L. ............................................................................. moedas-do-papa
Matthiola incana (L.) R. Br. ................................................................................... goivo
Nasturtium officinale R. Br. .................................................................................. agrião
Raphanus sativus L. ........................................................................................ rabanete
R. raphisnistrum L. ............................................................................................... nabissa

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Figura 5. Solanaceae, Cucurbitaceae e Brassicaceae.


1-4. Solanaceae: 1.-2. tomate; 3. fumo; 4. trombeteira ou saia-de-velha. 5-10.
Cucurbitaceae: 5-6. pepino; 7. abóbora; 8. quino; 9-10. melãozinho. 11-15.
Brassicaceae: 11. nabissa.12. mostarda-do-campo. 13. repolho. 14-15. couve-flor.

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4. Família Alliaceae Borkhausen (fig. 6: 1-3)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)

Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae

Classe Monocotyledoneae Liliopsida

Subclasse (sem) Liliidae

Ordem Liliflorae Liliales Asparagales

Família Liliaceae Liliaceae Alliaceae

Observações: a Ordem Liliflorae (17 famílias) de Engler, e posteriormente


Liliales (15 famílias) de Cronquist, sofreu diversas alterações, sendo que
famílias foram extintas (Amaryllidaceae, p.ex.) e novas foram criadas
(Alstroemeriaceae, Smilacaceae, Aloeaceae, p.ex.). Em APG. II a antiga
família Liliaceae de Engler aparece desmembrada em diversas famílias;
Alliaceae (cebola, alho), Amaryllidaceae (amarílis, narciso), Hypoxidaceae
(grama-estrela, cucurligo), Convallariaceae (lírio-do-vale), Alstroemeriaceae
(alstreméria), Liliaceae (tulipas, lírio), Asphodelaceae (babosas),
Agapanthaceae (agapanto), Hemerocallidaceae (lírio-amarelo ou
hemerocale), Ruscaceae (ruscus) etc. As alterações taxonômicas deste
grupo são tão complexas que em APG. II, duas ordens agrupam essas
famílias: Liliales e Asparagales. Dioscoreaceae (Dioscorea é o gênero ao qual
pertencem os carás) fica na ordem Dioscoreales, já proposta no sistema de
Cronquist.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: a família apresenta 13 gêneros e cerca de 795


espécies; plantas terrestres, perenes ou anuais, herbáceas, geralmente tóxicas;
caule subterrâneo do tipo bulbo tunicado, simples (cebola) ou composto (alho); o
gênero Allium com laticíferos; vasos geralmente restritos às raízes; família

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amplamente distribuída, porém, são mais abundantes em locais secos de regiões


temperadas, subtropicais e tropicais, cosmopolita, mas com poucos representantes
na Ásia e Austrália.

b.2. folhas: simples, cilíndricas ou laminares, mais ou menos suculentas,


paralelinérvias, alternas ou opostas, freqüentemente em rosetas, com bainha
fechada (geralmente);

b.3. flores: em inflorescências (umbela); completas, actinomorfas,


entomófilas, trímeras, diclamídeas (com cálice e corola), homoclamídeas
(raramente heteroclamídeas), vistosas, com tépalas livres ou soldadas, podendo
apresentar uma corona (ou coroa); androceu com seis estames, dialistêmone
(raramente gamostêmone), com ou sem estaminódios (às vezes 3 filetes petalóides
e 3 filetes filiformes), epipétalo ou não; anteras rimosas; gineceu tricarpelar, ovário
súpero, placentação axilar, um estilete e estigma com três cicatrizes, com nectários
septais;

b.4. frutos: cápsula loculicida ou septicida.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: a família apresenta diversas espécies utilizadas na


alimentação (cebola, alho) que são originárias da região mediterrânea, bem
como, plantas ornamentais (alho-social); algumas espécies são consideradas
plantas invasoras de difícil combate (alho-bravo);

c.2. exemplos:
Allium porrum L. .............................................................................................. alho-poró
A. cepa L. ............................................................................................................. cebola
A. fistulosum L. ............................................................................................... cebolinha
A. sativum L. .............................................................................................................. alho
A. schoenoprasum L. .................................................................. cebolinha-francesa
Notoscordon fragans Kunth. ...................................................................... alho-bravo
Tulbaghia violacea Harv. ........................................................................... alho-social

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5. Família Rubiaceae Jussieu (fig. 6: 4-6)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Metachlamydeae Asteridae
Ordem Gentianales Rubiales Gentianales
Família Rubiaceae Rubiaceae Rubiaceae

Observações: família composta por três subfamílias: Rubioideae,


Cinchonoideae e Ixoroideae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: do latim “rubia”, a “ruiva dos tintureiros” - um tipo de


corante vermelho, uma planta da qual se extrai uma substância vermelha das
raízes; família com 600 gêneros e 10.000 espécies, sendo a grande maioria de
regiões tropicais e subtropicais, mas com alguns gêneros de distribuição
cosmopolita; Psychotria é o maior gênero com 700 espécies; árvores, arbustos ou
trepadeiras lenhosas, às vezes ervas; crescimento secundário anômalo, mas sem
floema interno; produzem ampla gama de repelentes químicos;

b.2. folhas: folhas simples, inteiras (lobadas em Pentagonia), opostas, com


estípulas interpeciolares conatas entre si, raro livres, às vezes verticiladas (as estípulas
transformadas em folhas; em Galium, p.ex.) e nesse caso sem estípulas; raramente
com estípulas intrapeciolares ou reduzidas a uma linha espessada ligando as folhas;
raro alternas por redução de uma folha do par de cada nó;

b.3. flores: em vários tipos de inflorescência (é comum o tipo glomérulo), mas


basicamente cimosas, raro solitárias; flores monoclinas (raramente diclinas),
geralmente epigínicas, diclamídeas, heteroclamídeas, freqüentemente com

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presença de heterostilia (estiletes de tamanhos diferentes); zoófilas (comumente


entomófilas), raro anemófilas; cálice com 4 - 5 lobos, gamossépalo, lobos pequenos,
às vezes obsoletos (como em Coffea); corola gamopétala, 3, 4 ou 5 lobada, (raro 8
– 10), geralmente actinomorfa, às vezes zigomorfa (neste caso até mesmo
bilabiada); estames tantos quantos os lobos da corola e alternos a estes (androceu
isostêmone), epipétalos, anteras com deiscência longitudinal; gineceu com dois
carpelos unidos num ovário gamocarpelar (raro 3 - 4 ou pluricarpelar), geralmente
ínfero, às vezes semi-ínfero ou mesmo súpero (Gardenia e Pagamea), tantos lóculos
quanto o número de carpelos, placentação geralmente axilar, raro unilocular com
placentação parietal (Gardenia), óvulos 1 - muitos em cada lóculo; estilete
delgado, terminal, e com estigma capitado ou bífido; presença de disco
nectarífero epigínico (acima do ovário);

b.4. frutos: variados na família; cápsula, baga, drupa, às vezes seco e


indeiscente ou ainda esquizocárpico (carpelos separados na maturação); sementes
com cotilédones espatulados ou lineares, embrião reto, endosperma abundante e
oleoso (raro pouco ou ausente).

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: além do café, esta família apresenta inúmeras espécies


ornamentais (ixora, gardênia, pentas, mussaendas), invasoras (poaias, mata-pasto)
e algumas medicinais (quina); freqüentemente causam intoxicações ao gado
(ixora, erva-de-rato); algumas espécies apresentam madeira empregada em
diversas formas (jenipapo, pau-mulato);

c.2. exemplos:
Borreria alata Schum. .......................................................................................... poaia
Calycophyllum spruceanum (Benth.) K.Schum ................................... pau-mulato
Coffea arabica L. .............................................................................................cafeeiro
Cynchona succirubra ...........................................................................................quina
Diodia alata Nees & Mart. ................................................................ erva-de-lagarto
D. teres Walt. ...............................................................................................mata-pasto
Gardenia jasminoides Ellis ............................................. gardênia, jasmim-do-cabo

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Genipa americana L. .....................................................................................jenipapo


Ixora chinensis Lam. .............................................................................. ixora-vermelha
I. coccinea L. ................................................................................................. ixora-coral
I. finlaysoniana Wall. .................................................................................ixora-branca
Mussaenda erythrophylla Sch. & Thon. .................................................. mussaenda
Palicourea marcgravii A.St.-Hill. ............................................................. erva-de-rato
Posoqueria latifolia Roem. & Schult. ........................................ laranja-de-macaco
Pentas lanceolata Schum. ................................................ show-de-estrelas, pentas
Richardia brasiliensis Gomez ............................................................... poaia-branca
Serissa foetida Lam. .............................................................................................. serissa

6. Família Malvaceae Jussieu (fig. 6: 7-11)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)

Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae

Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida

Subclasse Archichlamydeae Dilleniidae

Ordem Malvales ou Malvales Malvales


Columniferae
Família Malvaceae Malvaceae Malvaceae

Observações: Malvaceae em APG. II engloba as antigas famílias


Sterculiaceae (cacau e cupuaçu: gênero Theobroma), Bombacaceae
(paineiras: gêneros Ceiba e Bombax) e Tiliaceae (tília: gênero Tília), que
passam a ser subfamílias de Mavaceae, designadas, respectivamente, por
Sterculacoideae, Bombacoideae e Tilioideae; além dessas, Malvaceae
possui também as subfamílias: Grewioideae, Byttnerioideae, Dombeyoideae,
Helicterioideae, Malvoideae e Brownlowideae.

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b. Descrição

b.1. caracteres gerais: são ervas, arbustos, lianas ou árvores; a família tem 243
gêneros e 4225 espécies, de distribuição cosmopolita, mas principalmente nos
trópicos;

b.2. folhas: alternas, simples ou compostas, geralmente palminérvias, com


margem inteira, serreada ou lobada, com estípulas;

b.3. flores: solitárias e axilares ou mais raramente em inflorescências cimosas


ou racemosas; são flores vistosas, monoclinas (raro diclinas), actinomorfas, muitas
vezes com um calículo formado por brácteas; cálice com (3-) 5 sépalas unidas ou
livres, valvares, com nectários na forma de tricomas glandulares na região interna
basal; corola com (3-) 5 pétalas livres, freqüentemente adnadas à base do
andróforo; androceu com numerosos estames (raro 5 e os demais estaminoidais ou 5
estames e 5 estaminódios), com filetes livres ou unidos formando um tubo (andróforo
ou coluna), anteras rimosas; gineceu com ovário súpero de 1, 2 ou muitos (5 é o
mais freqüente) carpelos; lóculos tantos quantos os carpelos; 1 estilete ramificado
no ápice (número de ramificações igual ao número ou ao dobro do número de
carpelos); algumas espécies apresentam androginóforo; placentação axilar com 1 -
muitos óvulos por lóculo;

b.4. frutos: de diversos tipos: cápsula loculicida, esquizocarpo, baga ou


sâmara; sementes com endosperma oleaginoso e proteináceo, (abundante ou
escasso, ou ainda ausente), com ou sem apêndices.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: a família apresenta grande importância econômica na


industria têxtil (algodão, juta) e extrativa (cacau, cupuaçu, algodão), em menor
proporção no cultivo do quiabo, bem como em medicina popular (malva,
groselheira, tília); no paisagismo é muito utilizado o hibisco e plantas afins
(lanterninha-japonesa, malvavisco), além de diversas árvores (paineiras, munguba);
muitas espécies são plantas invasoras de culturas (guanxumas);

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c.2. exemplos:
Abelmoschus esculentus (L.) Moench. ........................................................... quiabo
Abutilon megapotamicum A.St.-Hil. & Naud. .......................... lanterna-japonesa
Abutilon striatum Dicks ....................................................... lanterna-chinesa, sininho
Adansonia digitata L. ......................................................................................... baobá
Ceiba pentandra Gaertn. ........................................................................... sumaúma
C. speciosa (A.St.-Hill.) Rabean ...................................................................... paineira
Gossypium arboreum L. ...................................................................... algodão-mocó
G. barbadense L. ......................................................................................... algodoeiro
G. herbaceum L. .......................................................................................... algodoeiro
G. hirsutum L. ................................................................................................ algodoeiro
Helicteres sacarolha A.St.-Hill. ....................................................................sacarrolha
Hibiscus rosa-sinensis L. ......................................................... hibisco, mimo-de-vênus
H. sabdariffa L. ................................................................................ groselheira, rosela
H. schizopetalus Hook. ....................................................................................... hibisco
H. tiliaceus L. .................................................................................... algodão-de-praia
Malva moschata L. .............................................................................................. malva
M. sylvestris L. ........................................................................................................ malva
Malvaviscus arboreus Cav. ....................................................................... malvavisco
Pachira acquatica Aubl. ................................ munguba, castanha-do-maranhão
Sida carpinifolia L.f. ..................................................................................... guanxuma
S.rhombifolia L. ............................................................................................. guanxuma
Theobroma cacao L. .......................................................................................... cacau
T. grandiflora Willd. ex Spreng. .................................................................... cupuaçu
Tilia americana L. ................................................................................. tília-americana
T. chinensis Maxim. ................................................................................... tília-chinesa
T. cordata Mill. .......................................................................................... tília-européia
T. japonica (Miq.) Simonkai ...................................................................tília-japonesa

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Figura 6. Alliaceae, Rubiaceae e Malvaceae.


1-3. Alliaceae: 1. alho; 2. cebolinha-francesa; 3. cebola. 4-6. Rubiaceae: 4-5. café;
6. ixora. 7-11. Malvaceae: 7. hibisco; 8. cacau; 9. munguba ou castanha-do-
maranhão; 10-11. algodão.

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7. Família Arecaceae Schultz-Schultzenztein (= Palmae Jussieu) (fig. 7: 1-5)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)

Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae

Classe Monocotyledoneae Lililiopsida

Subclasse (sem) Arecidae

Ordem Principes Arecales Arecales

Família Palmae Arecaceae Arecaceae


(= Palmae)

Observações: família cnstituída por 5 subfamílias: Calamoideae, Nypoideae,


Coryphoideae, Ceraxyloideae e Arecoideae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: família com 202 gêneros e 2.600 espécies, restrita às
regiões tropicais ou temperadas de clima quente; espécies lenhosas, arbóreas, com
vasos em todos os órgãos vegetativos, com crescimento secundário atípico (sem a
formação de um câmbio vascular); caule do tipo estipe que muitas vezes perfilha
(entouceira), mas raramente se ramifica (Hyphaene, p.ex.); caule subterrâneo
(rizomatoso em espécies de cerrado); na Europa ocorre naturalmente, na região
mediterrânea, apenas a espécie Chamaerops humilis L.

b.2. folhas: alternas, espiraladas, dispostas em coroa no ápice do caule, com


bainha fechada na folha nova e aberta na velha, peciolada, simples, fendida ou
partida (raro inteira), ou composta-pinadas, ou mais raramente recompostas
(Caryota); gemas axilares geralmente ausentes, lígula presente, no ápice da bainha
ou do pecíolo; folhas às vezes armadas (espinescentes); prefoliação plicada (folhas
“sanfonadas” antes da maturação);

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b.3. flores: inflorescências axilares (às vezes terminais, em Corypha, p.ex.),


grandes do tipo espádice composto (também denominado regime), formado por
uma espiga ramificada ou uma panícula, protegida por uma bráctea, a espata,
que geralmente é lenhosa, às vezes espinescente; flores pequenas, raro grandes
(Lodoiceae) e vistosas (Arenga), curto pediceladas ou sésseis, às vezes mergulhadas
no eixo floral, entomófilas ou anemófilas; diclinas em plantas dióicas ou monóicas,
trímeras, actinomorfas (raramente zigomorfas), diclamídeas, heteroclamídeas (às
vezes homoclamídeas), coriáceas ou carnosas, brancas, verde-amareladas ou
vermelhas; cálice com 3 sépalas livres ou conatas, valvares nas flores masculinas e
imbricadas nas femininas, às vezes reduzidas; corola com 3 pétalas valvares livres;
androceu com 6 ou mais estames, raro 3, livres, às vezes adnados às pétalas,
anteras com deiscência longitudinal, estaminódios geralmente presentes; gineceu
tricarpelar, gamocarpelar (raramente) ou dialicarpelar, ovário súpero, tri ou
plurilocular, geralmente com apenas 1 lóculo fértil (coco-da-bahia); estiletes livres
ou unidos, geralmente curto e espesso (parecendo estigma séssil); estigma seco;
óvulo solitário em cada lóculo, placentação apical, axilar ou basal; endosperma
desenvolvido; pistilódio pode estar presente em flores masculinas;

b.4. fruto: tipicamente indeiscente do tipo drupa, carnoso, às vezes seco e


fibroso, endosperma acumulando óleo, ácido láurico, hemicelulose e proteínas,
mas sem amido, embrião com radícula pequena.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: as palmeiras tem múltiplas utilizações, que vão da


construção de habitações rústicas, até vestimentas e alimentos; devido à sua graça
são amplamente empregadas em paisagismo;

c.2. exemplos:
Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ......................................................... macaúba
Attalea dubia (Mart.) Bur. .................................................................................. indaiá
A. funifera Mart. ............................................................................................... piaçava
Bactris gasipaes Kunth ................................................................................... pupunha
Caryota urens L. ....................................................................palmeira rabo-de-peixe

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Cocos nucifera L. .......................................................................... coqueiro-da-bahia


Copernicia prunifera (Miller) H.E. Moore ...................................................carnaúba
Elaeis guineensis Jacq. .............................................................................. dendezeiro
Euterpe edulis Mart. ............................................................................................ juçara
E. oleracea Mart. .....................................................................................................açaí
Mauritia flexuosa L.f. ............................................................................................... buriti
Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr. ......................................................... babaçú
Phoenix dactylifera L. .................................................................................... tamareira
Roystonea oleracea (Jacq.) O.F. Cook. ..................................... palmeira-imperial
R. regia (H.B.K.) F. Cook. .........................................................................palmeira-real
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassm. .......................................................... jerivá

8. Família Agavaceae

9. Família Euphorbiaceae Jussieu (fig. 7: 9-13)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)

Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae

Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida

Subclasse Archichlamydeae Rosidae

Ordem Geraniales ou Euphorbiales Malpighiales


Gruinales
Família Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae

Observações: no sistema de APG. II a tradicional família Euphorbiaceae foi


desmembrada em três: Euphorbiaceae, Phyllanthaceae e Picodendraceae,
sendo que os principais gêneros de interesse econômico (Manhiot, Hevea,
Euphorbia) permaceram na então reduzida família Euphorbiaceae, que

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contém as subfamílias: Peroideae, Chelosoideae, Acalyphoideae,


Crotonoideae e Euphorbioideae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: a família consiste de cerca de 222 gêneros e 5.970


espécies com distribuição cosmopolita, porém desenvolvendo melhor em regiões
tropicais e subtropicais; os maiores centros de dispersão encontram-se nas Américas
e na África; na flora brasileira a família está muito bem representada; o maior
gênero é Euphorbia com 1.500 espécies; as espécies carnosas com hábito das
cactáceas (cactóides), são todas xerófitas e próprias dos desertos africanos;
árvores, arbustos, menos freqüente ervas, às vezes trepadeiras e muitas vezes
suculentas; bastante desiguais química e vegetativamente; o látex nas
euforbiáceas possui grãos de amido em forma de fêmur;

b.2. folhas: alternas, menos freqüentemente opostas, raro verticiladas,


simples, inteiras ou partidas, ou compostas, em geral com estípulas; muitas vezes
latescentes (látex branco ou de outra cor); formas e nervações extremamente
variadas, sendo que em algumas espécies as folhas são reduzidas ou até ausentes
(plantas áfilas) e nesse caso se assemelham às cactáceas carnosas e são,
geralmente, cobertas de espinhos;

b.3. flores: em diversos tipos de inflorescências racemosas ou eventualmente


cimosas; actinomorfas, sempre diclinas (plantas monóicas ou dióicas), aclamídeas
ou monoclamídeas, às vezes diclamídeas, com ou sem perigônio bracteóide; na
inflorescência, as flores femininas encontram-se acima das masculinas (Ricinus), ou,
às vezes, embaixo (Croton); outras vezes as inflorescências são de sexos separados;
as flores masculinas são geralmente monoclamídeas, actinomorfas, com 5 tépalas;
estames de um - muitos por desdobramento (em Ricinus, filetes ramificados); flores
femininas mono ou diclamídeas, geralmente pentâmeras; gineceu com 3 carpelos
uni ou biovulados, 3 estiletes livres ou conatos; os 3 carpelos têm aspecto de côcos
robustos e ao seu redor existe um disco anelar ou caliciforme; os carpelos
constituem o carácter mais importante no reconhecimento prático da família;
embora as inflorescências sejam muito variadas (existem até flores isoladas), o

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ovário é sempre súpero e trilocular (com raríssimas exceções); pistilódios às vezes


presentes nas flores masculinas;
- no gênero Euphorbia (e gêneros próximos) existe o ciátio, que consta de
uma flor feminina central e muitos grupos (no geral 5) de flores masculinas sendo
que, tanto essas, como aquelas, são aclamídeas; flores masculinas formadas por um
só estame, acompanhado ou não por um vestígio de perianto; por fora das
brácteas do ciátio, podem existir até 4 glândulas nectaríferas; os ciátios são,
geralmente, protogínicos, isto é, a flor feminina amadurece antes das masculinas;

b.4. frutos: secos, esquizocárpicos, separando-se elasticamente em 3 côcos


que se abrem posteriormente com deiscência rúptil (com estalo), denominado
tricoca; as sementes são ricas em endosperma, que muitas vezes é oleaginoso
(Ricinus, Aleurites), e muitas vezes, providas de uma grande carúncula
(excrescência mamilar formada pelo tegumento externo da semente).

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: a família é representada por espécies de interesse


econômico para alimentação (mandioca) e extração de substâncias diversas tais
como: óleo (mamona ou rícino), borracha (seringueira), farinhas (mandioca) etc.;
tem interesse paisagístico (coroa-de-cristo, acalifa, bico-de-papagaio) e muitas são
as espécies nativas das formações brasileiras; certas espécies são muito utilizadas
em Fitoterapia, porém, algumas espécies podem ser extremamente tóxicas (aveloz,
maria-mole);

c.2. exemplos:
Acalypha hispida Willd. ....................................................... rabo-de-gato-vermelho
A. reptans Sw. .......................................................................................... rabo-de-gato
A. wilkesiana Muell. Arg. .................................................................................... acalifa
Aleurites fordii Hemsl. ......................................................................................... tungue
A. moluccana Willd. ................................................................... nogueira-de-iguape
Codiaeum variegatum Blume .......................................................................... cróton
Euphorbia cotinifoia L. ............................................. leiteiro-vermelho, caracasana
E. lactea Haw. ............................................................................................ candelabro

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Euphorbia milii des Moulin var. milii .................................................. coroa-de-cristo


E. pulcherrima Willd. ...................................................................... bico-de-papagaio
E. tirucalli L. ............................................................................................................ aveloz
Hevea brasiliensis Muell. Arg. ..................................................................... seringueira
Hura crepitans L. ................................................................................................. aroeira
Jatropha podagrica Hook. .......................................... batata-do-inferno, tântago
Joannesia princeps Vell. .............................................................................. andá-açú
Manihot glaziovii Muell. Arg. ....................................................................... maniçoba
M. palmata Muell. Arg. ...................................................... aipim, mandioca-mansa
M. utilissima Fohl. ............................................................................... mandioca-brava
Ricinus communis L. ........................................................................................ mamona

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Figura 7. Arecaceae, Agavaceae e Euphorbiaceae.


1-5. Arecaceae: 1. açaí; 2. palmeira-rabo-de-peixe; 3-5. coco-da-bahia. 6-8.
Agavaceae: 6. espada-de-são-jorge; 7-8. sisal; 9-13. Euphorbiaceae: 9. mamona;
10. seringueira; 11. bico-de-papagaio; 12. amendoim-bravo; 13. eufórbia-chifruda.

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10. Família Rosaceae Jussieu (fig. 8: 1-4)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Archichlamydeae Rosidae
Ordem Rosales Rosales Rosales
Família Rosaceae Rosaceae Rosaceae

Observações: família contiuída pelas subfamílias; Rosoideae, Maloideae,


Spiraeoideae e Amygdaloideae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: família com cerca de 95 gêneros e 2.830 espécies de


distribuição cosmopolita, mas muito freqüente nas partes temperadas e subtropicais
do Hemisfério Norte; são árvores, arbustos ou ervas, raro trepadeiras, armadas (com
espinhos ou acúleos) ou não;

b.2. folhas: alternas (raramente opostas), simples, partidas ou trifolioladas, ou


variadamente compostas, com estípulas, às vezes adnadas ao pecíolo (semelhante
a uma bainha – em Rosa, p.ex.) ou ausente (Spiraea), margem geralmente
serrilhada;

b.3. flores: solitárias ou em inflorescência tipo cimeira, geralmente cantarófilas


(polinizadas por besouros), brancas ou róseas; actinomorfas, monoclinas, perigínicas
com um hipanto receptacular bem definido (receptáculo em forma de urna ou
taça), às vezes epigínicas; sépalas 3, 5 ou 10, freqüentemente aparecendo como
lobos do hipanto (ou hipanto aparecendo como tubo do cálice); pétalas 3, 5 ou 10
livres, geralmente largas e vistosas, raro ausentes; híbridos resultantes de
melhoramento genético podem apresentar muitas pétalas (Rosa e Spiraea, p.ex.);
estames 5 – 10, ou muitos, raro menos de 5 (apenas 1 em Alphanes), filetes

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delgados, livres ou menos freqüentemente conatos ou adnados ao hipanto; anteras


com abertura longitudinal ou raramente poricida; gineceu com 1 (subfamília
Prunoideae) a muitos carpelos livres ou unidos, ovário súpero ou ínfero; placentação
marginal ou sutural; 1 - 2 (às vezes numerosos) óvulos por carpelo; é comum a
presença de nectário no fundo do hipanto;

b.4. frutos: podem ser simples (somente 1 carpelo ou ovário gamocarpelar)


ou compostos, isto é, apocárpicos (diversos carpelos livres); no primeiro caso estão
a drupa (pêssego, nectarina, ameixa) e a noz, na qual o pericarpo é extramamente
lignificado (amêndoa); os frutos apocárpicos têm frutículos do tipo aquênio ou
folículo, acrescidos ou não de um pseudofruto; este pode ser um hipanto
desenvolvido que envolve os frutículos (pêra, maçã, marmelo, rosa), ou um
receptáculo carnoso que eleva os frutículos (moranguinho, framboesa).

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: agronomicamente a família é extremamente importante na


produção de frutas, denominadas frutíferas de clima temperado (pêra, maçã,
pêssego, nêspera, ameixa, nectarina, marmelo), na produção de flores de corte
(rosa) e como olerícola (morango); além destas aplicações, as espécies dessa
família são amplamente utilizadas em paisagismo, na confecção de cercas vivas
(buquê-de-noiva), caramanchões e como plantas isoladas (roseiras, piracantas);
outras espécies são fitoterápicas (morango, rosa) ou aromáticas, empregadas em
perfumaria (rosa);

c.2. exemplos:
Cydonia oblonga Mill. ............................................................................... marmeleiro
Eriobotrya japonica Lindl. ........................................................................... nespereira
Fragaria chiloensis Duch. .............................................................................. morango
F. moschata Duch. ......................................................................................... morango
F. vesca L. ...................................................................................... morango-selvagem
F. virginia Duch. ............................................................................................... morango
Malus sylvestris Mill. .......................................................................................... macieira
Pyrus communis L. ............................................................................................... pereira

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Prunus persica Ratsch. .............................................................................. pessegueiro


P. domestica L. ............................................................................. ameixeira-japonesa
Pyracantha coccinea Roem. ...................................................................... piracanta
Rosa canina L. ................................................................................... roseira-selvagem
R. chinensis var. semperflorens Kolne .............................................................. rosinha
R. gallica L. ......................................................................................... roseira-selvagem
R. x grandiflora Hort. ............................................................................................ roseira
R. x vichuraiana Crépin ................................................................. roseira-trepadeira
Rubus idaeus L. ............................................................................................. framboesa
Spiraea arifolia Smith ......................................................................... buquê-de-noiva
S. cantoniensis Lowr. .......................................................................... buquê-de-noiva

11. Família Rutaceae Jussieu (fig. 8: 5-7)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Archichlamydeae Rosidae
Ordem Rutales Sapindales Sapindales
Família Rutaceae Rutaceae Rutaceae

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: “ruta” era o nome como se conhecia a arruda nos
tempos do Império Romano; são árvores ou arbustos, alguns escandentes,
raramente ervas, armadas (com espinhos) ou não; é comum a presença de
cavidades secretoras, contendo óleo etéreo aromático, espalhadas pelo tecido
parenquimático de flores e folhas, bem como no pericarpo, na forma de glândulas
translúcidas; a família apresenta cerca de 161 gêneros e 1.815 espécies de
distribuição cosmopolita, porém, ocorrem predominantemente em regiões tropicais
e subtropicais (em especial no sul da África e Austrália).

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b.2. folhas: alternas (raramente opostas ou verticiladas), compostas-pinadas,


trifolioladas ou simples (inteiras ou pinatissectas); sem estípulas; apresentam pontos
translúcidos que correspondem às cavidades secretoras; em Citrus o pecíolo é
alado;

b.3. flores: geralmente em cimeiras ou racemos (são raras as flores solitárias),


monoclinas (raro diclinas), actinomorfas, pentâmeras ou tetrâmeras; cálice e corola
com peças livres; androceu diplostêmone, ou mais raramente polistêmone e neste
caso o número de estames é 3 ou 4 vezes o número de pétalas; o androceu pode
apresentar 2 ou 3 estames férteis e os demais, estaminoidais; filetes livres ou conatos
(geralmente em diversos grupos e então o androceu é poliadelfo, como em Citrus,
p.ex.); anteras com deiscência longitudinal; gineceu com 2, 4, 5 ou muitos carpelos
unidos formando um ovário plurilocular, de placentação axilar; um ou mais estiletes;
mais raramente, o ovário é dialicarpelar (Ruta) com apenas 1 estilete; óvulos 1, 2 ou
muitos por lóculo; apresentam um disco nectarífero intraestaminal, anular ou
unilateral, às vezes modificado em um ginóforo ou obsoleto;

b.4. frutos: diversos tipos, sendo os mais freqüentes: cápsula loculicida e


baga; sâmara tetra-alada é encontrada no pau-marfim; as plantas cítricas
apresentam uma baga especial na qual o epicarpo é delgado, o mesocarpo
esponjoso e o endocarpo membranoso, provido de tricomas cheios de suco; tal
baga é denominada hesperídio.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: a família tem representantes arbóreos cuja madeira é de


excelente qualidade (pau-marfim, guarantã), bem como plantas ornamentais
(murraia), como cercas vivas (poncirus) e medicinais (arruda, jaborandi), além das
plantas denominadas cítricas (limões, laranjas e tangerinas) de grande valor
agronômico;

c.2. exemplos:
Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. ............................................ pau-marfim

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Citrus aurantifolia Swingle ...................................................................................... lima


C. aurantium L. .................................................................................... laranjas-azedas
C. grandis Osbeck ............................................................................................. pomelo
C. medica L. ............................................................................................................cidra
C. paradisi Macf. ........................................................................ toronja, “grapefruit”
C. reticulata Blando .................................................................. mexiricas, tangerinas
C. sinensis Osbeck ................................................................................ laranjas-doces
Dictyoloma vandellianum Adr. Juss. .................................................................. tingui
Esenbechia leiocarpa Engl. .......................................................................... guarantã
Murraya paniculata Jack. ........................................................ murraia, falsa-murta
Pilocarpus jaborandi Holmes ....................................................................... jaborandi
Poncirus trifoliata (L.) Raf. ................................................................................poncirus
Ruta graveolens L. ............................................................................................... arruda
Zanthoxylum hyemale A.St.-Hil. ................................................... mamica-de-porco

12. Família Vitaceae, A.L. de Jussieu (fig. 8: 8-9)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Archichlamydeae Rosidae
Ordem Rhamnales Rhamnales Rhamnales
Família Vitaceae Vitaceae Vitaceae
(= Ampelidaceae)

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: plantas monóicas, trepadeiras, geralmente lenhosas,


com gavinhas opostas às folhas, às vezes pequenas árvores ou ervas eretas; família

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constituída por cerca de 11 gêneros e 700 espécies, a maioria de regiões tropicais e


subtropicais, com relativamente poucos membros em regiões temperadas.

b.1. folhas: incompletas (sem bainha), simples (freqüentemente


palmatilobadas) ou compostas (pinadas ou palmadas), alternas, com estípulas,
geralmente decíduas; nas trepadeiras algumas folhas são modificdas em gavinhas
em outras, raízes adventícias produezem apressórios que se fixam em suportes.

b.3. flores: em inflorescência cimosa ou paniculada, oposta à folha; são flores


muito reduzidas, completas ou incompletas, monoclinas (às vezes diclinas),
actinomorfas, diclamídeas, heteroclamídeas com número variável de elementos
por verticilo, geralmente 4 ou 5 (mais raramente 3, 6 ou 7); cálice pequeno,
freqüentemente apenas denteado ou lobado, às vezes reduzido a um anel; corola
dialipétala ou raramente gamopétala (unida apenas na base), comumente
decídua na forma de caliptra, pelo crescimento dos estames; androceu isostêmone,
dialistêmone; gineceu de ovário súpero, bicarpelar, gamocarpelar, bilocular, com 2
óvulos em cada lóculo; disco nectarífero intraestaminal, geralmente anelar ou
cupulado (raramente como 5 glândulas distintas).

b.4. frutos: tipo baga; sementes com uma chalaza abaxial, embrião
pequeno, reto, espatulado, rodeado por um endosperma freqüentemente
ruminado, oleaginoso e proteináceo.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: a família tem representantes trepadeiras, herbáceas e


arbustivas empregadas como ornamentais (partenocissus) e como medicinais (anil-
trepador, mãe-boa), entretanto a maior importância comercial está na fruticultura
e na produção de vinhos (videira);

c.2. exemplos:
Cissus erosa L.C. Rich. ................................................................... cipó-de-arraia-liso
C. sicyoides L. .......................................................................................... anil-trepador
Parthenocissus tricuspidata (Siebold & Zucc) Planch

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....................................................................................... hera-japonesa, partenocissus


Vitis vinifera L. .................................................................................... videira européia
V. labrusca L. ................................................................................. videira-americana
Tetrastigma voinierianum (Balbet) Gagnep ........................ trepadeira-castanha

13. Família Myrtaceae Jussieu (fig. 8: 10-13)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Archichlamydeae Rosidae
Ordem Myrtales ou Myrtiflorae Myrtales Myrtales
Família Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae

Observações: família composta pelas subfamílias Myrtoideae, Psiloxyloideae,


Heteropyxideae e Psiloxyleae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: do gênero myrtus, nome grego referente à mirta; são
plantas lenhosas, arbóreas ou arbustivas; troncos geralmente com “cascas”
(porções de súber) decíduas denominadas ritidoma; constituída por 131 gêneros e
4.625 espécies, de regiões tropicais e subtropicais, com 2 centros principais de
dispersão – América (espécies com folhas opostas e fruto baga) e Austrália
(espécies com folhas alternas e fruto cápsula); produzem óleos esteróis (terpenóides
ou polifenóis) em abundância, apresentam cavidades secretoras em tecidos não
lignificados e células taníferas esparsas;

b.2. folhas: opostas ou alternas (raramente verticiladas), simples, comumente


coriáceas, inteiras, aromáticas; apresentam glândulas translúcidas pontuais no

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limbo, e, geralmente, uma nervura coletora marginal; estípulas vestigiais ou


ausentes;

b.3. flores: em vários tipos de cimeiras ou racemos e espigas, ou


inflorescências complexas, raramente flores solitárias e axilares, comumente
bibracteadas na base; caulifloria (flores brotando do tronco) freqüente (como em
Myrciaria, p.ex.); monoclinas ou raramente diclinas (algumas flores estaminadas em
espécies de Eucalyptus), actinomorfas, epigínicas, com hipanto receptacular
prolongado além do ovário; cálice com 3 - 6 sépalas, sendo que às vezes o cálice
não está individualizado no botão e rompe-se irregularmente na antese (Psidium),
às vezes decíduo como uma caliptra (capuz que se desprende) ou ainda, ausente;
corola com 3 - 6 pétalas, livres ou às vezes soldadas na forma de uma caliptra
decídua (Eucalyptus), ou às vezes ausentes e então com cálice gamossépalo de
deiscência transversal (neste caso a caliptra tem origem apenas calicina);
androceu polistêmone com estames sobre a borda do hipanto, ou na forma de um
círculo no topo do ovário, livres ou unidos na base, em 4 ou 5 feixes (androceu
poliadelfo); anteras pequenas, versáteis de deiscência longitudinal, raramente
poricidas; gineceu com 2 – 5 (-16) carpelos unidos, ovário ínfero, com tantos lóculos
quantos os carpelos (raro unilocular); disco nectarífero sobre o ovário; estilete longo
com estigma capitado, placentação axilar, 2 – muitos óvulos por lóculo;

b.4. frutos: baga de 1 - muitas sementes (espécies americanas) ou cápsula


loculicida (espécies australianas); semente com muito pouco (ou sem) endosperma;
embrião de diversas formas, usado como caráter para separação das subfamílias.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: produção de madeira (eucalipto), usada como lenha ou


extração de celulose; muitas espécies possuem potencial frutífero (goiaba, pitanga,
jabuticaba etc.), outras são usadas como condimento (cravo-da-índia, pimenta-
da-jamaica), fitoterápicos (jambolão) e ornamentais (escova-de-garrafa etc.);

c.2. exemplos:
Callistemon speciosus DC. .......................................................... escova-de-garrafa

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Campomanesia guazumaefolia (Camb.) Berg. ............................... sete-capotes


C. phae (Berg.) Landr. ................................................................................... cambuci
C. xanthocarpa Berg. .................................................................................... gabiroba
Eucalyptus citriodora Hook. ......................................................................... eucalipto
E. robusta Smith .............................................................................................. eucalipto
Eugenia pyriformis Cambess. .............................................................................. uvaia
E. uniflora L. ........................................................................................................ pitanga
Feijoa sellowiana Berg. ....................................................................... goiaba-serrana
Melaleuca leucadendron L. ........................................................................ papeleira
Myrciana trunciflora Berg. ..........................................................................jaboticaba
Pimenta dioica Merr. ................................................................. pimenta-da-jamaica
Psidium cattleianum Sabine ............................................................................... araçá
P. guajava L. ........................................................................................................goiaba
Syzygium aromaticum (L.) Merril & Perry .......................................... cravo-da-índia
S. cuminii Skeels .............................................................................................. jambolão
S. jambos Alston ................................................................................................... jambo

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Figura 8. Rosaceae, Rutaceae e Myrtaceae.


1-4. Rosaceae: 1. pêssego; 2. ameixa; 3. rosa; 4. morango. 5-7. Rutaceae: 5-6
laranja;9. falsa-murta; 8-9. Vitaceae: uva. Myrtaceae: 10. pitanga; 11. eucalipto-
ornamental; 12. escova-de-garrafa; 13. goiaba.

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14. Família Anacardiaceae R. Brown (fig. 9: 1-6)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Archichlamydeae Rosidae
Ordem Sapindales Sapindales Sapindales
Família Anacardiaceae Anacardiaceae Anacardiaceae

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: do grego “anacardium”: semelhante a coração, em


alusão ao formato do fruto (na verdade, em alusão ao pseudofruto do cajueiro); a
família é composta por 70 gêneros e aproximadamente 985 espécies de
distribuição tropical, porém, algumas em regiões temperadas; árvores, arbustos ou
trepadeiras lenhosas com canais resiníferos, podendo apresentar laticíferos nas
maiores nervuras da folha, sendo freqüente também nas flores, frutos, medula e
outros tecidos parenquimatosos; a resina freqüentemente é alergênica ou tóxica ao
tato; produzem taníferos em células ou bolsas alongadas do tecido
parenquimatoso;

b.2. folhas: alternas (raro opostas ou verticiladas), compostas pinadas,


trifolioladas ou simples, sem estípulas e epiderme freqüentemente apresentando
células dispersas de mucilagem; pecíolos com canais resiníferos no floema;

b.3. flores: em cimeiras ou inflorescências mais complexas, terminais ou


axilares; flores pequenas, actinomorfas, diclinas ou monoclinas; sépalas e pétalas
em número de 3, 5 ou 7, sendo as sépalas geralmente unidas na base e as pétalas
distintas (algumas espécies possuem flores aclamídeas); androceu diplostêmone ou
oligostêmone, neste caso, 1 estame fértil e 9 (ou menos) estaminódios; filetes livres
ou conatos, anteras com deiscência longitudinal (rimosa); gineceu com ovário

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ínfero, raramente semi-ínfero ou súpero; estilete, às vezes, lateral (Mangifera,


Anacardium);

b.4. frutos: drupa (mais comum) ou aquênio, mais ou menos resinosos, e


quase sempre com cera e mesocarpo oleaginoso; pseudofruto às vezes se
desenvolvendo a partir do pedúnculo (caju); sementes oleaginosas com
endosperma reduzido ou ausente.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: a família apresenta importância econômica na produção


de frutas (manga, caju, pistache), arborização de ruas (aroeira-pimenteira, aroeira-
salsa), fornecimento de madeira de excelente qualidade (aroeira, chibatã ou
aroeira-vermelha, guaritá etc.) e na extração de tanino (aroeira); algumas frutíferas
nativas poderiam ser melhor exploradas devido ao grande potencial (cajá,
pitomba, serigüela);

c.2. exemplos:
Anacardium occidentale L. ........................................................................... cajueiro
Astronium fraxinifolium Schott .............................................gonçalo-alves, chibatã
A. graveolens Jacq. ........................................................................................... guaritá
Lithraea molleoides (Vell.) Engl. .................................... aroeirinha, aroeira-branca
Mangifera indica L. ..................................................................................... mangueira
Myracodruon urundeuva Fr. All. ............................................................... urundeuva
Pistacia vera L. ................................................................................................. pistache
Schinopsis brasiliensis Engl. ................................................................................braúna
Schinus molle L. ............................................................... aroeira-mole, aroeira-salsa
S. terebinthifolius Raddi .................................... aroeira-mansa, aroeira-pimenteira
Spondias dulcis Forst. ............................................................................... cajá-manga
S. lutea L. ........................................................................................................ cajá-mirim
S. mangifera Willd. .................................................................................... cajá-manga
S. tuberosa Arruda ................................................................................................ umbu
Tapirira guianensis Aubl. .............................................................. pau-pombo, tapiriri

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15. Família Musaceae Jussieu (fig. 9: 7-10)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Monocotyledoneae Liliopsida
Subclasse (sem) Zingiberidae
Ordem Scitamineae Zingiberales Zingiberales
Família Musaceae Musaceae Musaceae

Observações: apesar do nome Musaceae aparecer nos três sistemas de


classificação aqui mencionados, deve-se ressaltar que a partir de Cronquist,
a família Musaceae envolve apenas os gêneros Musa (bananas comestíveis e
bananeiras ornamentais) e Ensete (abacá), ambos com um total de 35
espécies; o complexo gênero Heliconia (cujos exemplares são empregados
em Floricultura e Paisagismo) passou a ser considerado dentro de uma famíla
a parte – Heliconiaceae (1 gênero e 100 – 200 espécies); os gêneros Strelitzia
(ave-do-paraíso, bananeira-da-rainha, estrelítzias), Ravenalla (árvore-do-
viajante) e Phenakospermun foram agrupados na família Strelitziaceae (com
um total de 7 espécies).

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: musa vem do árabe “musah”, nome da banana, ou


segundo alguns autores, o nome estaria ligado às “musas”, divindades da mitologia
grega relacionadas à inspiração dos artistas; a família apresenta apenas 2 gêneros
confinados às regiões tropicais e subtropicais do Velho Mundo; plantas herbáceas
de grande porte, perenes, carnosas com caule do tipo rizoma e vasos mais
confinados às raízes; produzem taníferos e possuem vasos laticíferos;

b.2. folhas: grandes, completas, espiraladas, simples, peniparalelinérvias


(nervuras secundárias paralelas entre si); bainhas muito desenvolvidas que,
enroladas, formam o chamado pseudocaule;

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b.3. flores: agrupadas em cachos de cimeiras modificadas (“pencas”), cada


qual protegida por uma bráctea espatácea; completas, zigomorfas, cíclicas,
apresentando nectários septais e adaptadas à polinização por pássaros (ornitofilia)
ou morcegos (quiropterofilia); cálice formado por 3 sépadas unidas a duas pétalas;
corola com 3 pétalas sendo 2 unidas às 3 sépalas e 1 livre, modificada menor e mais
larga, denominada labelo; androceu com 5 estames (mais comum), podendo
apresentar 1 estaminódio (correspondente ao 6o estame); raramente apresenta 6
estames funcionais; anteras lineares, abrindo-se por deiscência longitudinal; gineceu
formado por ovário ínfero, tricarpelar, trilocular, placentação axilar, com vários
óvulos por lóculo; estilete único e estigma trilobado;

b.4. fruto: carnoso tipo baga; muitas vezes partenocárpica (origem materna,
com óvulos abortados); sementes presentes nas espécies selvagens, inclusive nas
formas ornamentais.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: são cultivadas como frutíferas (banana) e fibrosas (abacá);


também são empregadas em paisagismo (bananeiras-ornamentais); as diversas
variedades de bananas comestíveis são híbridas provenientes de cruzamentos
diversos entre as espécies citadas abaixo, assinaladas com 1 asterisco (*); vale a
pena ressaltar que as bananeiras encontradas na Floresta Atlântica são exóticas.

c.2. exemplos:
Ensete ventricosum (Welw.) Cheesm. ............................... bananeira-da-abissínia
Musa acuminata Colla* .............................................................................. bananeira
M. balbisiana Colla* ..................................................................................... bananeira
M. cavendishii Lamb.* ................................................................................. bananeira
M. coccinea Andr. .................................................................... bananeira-vermelha
M. x paradisiaca L. ................................................................... bananas-comestíveis
M. sumatrana Becc. ...............................................................bananeira-de-sumatra
M. textilis Nees ..................................................................................................... abacá
M. violacea How. ex Baker ...................................................bananeira-cor-de-rosa

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16. Família Lauraceae Jussieu (fig. 9: 11-15)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Archichlamydeae Magnoliidae
Ordem Magnoliales Laurales Laurales
Família Lauraceae Lauraceae Lauraceae

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: “laurus” – nome do louro na época do Império


Romano; com 50 gêneros e 2.500 espécies, amplamente dispersas nas regiões
tropicais e subtropicais de todo o mundo; os dois maiores centros são o sudoeste da
Ásia e o Brasil; Ocotea é o maior gênero com cerca de 400 espécies; plantas
arbóreas ou arbustivas, sempre verdes (com exceção de Cassytha, gênero de
plantas herbáceas parasitas, com pouca clorofila), geralmente aromáticas e com
células esféricas de óleo ou mucilagem;

b.2. folhas: alternas, raro opostas ou verticiladas, simples e geralmente inteira


(em Sassafras é lobada e em Cassytha é reduzida a escamas), nervação pinada,
raro palmada ou curvinérvia, sem estípulas;

b.3. flores: em inflorescência axilar, cimosa ou racemosa, raramente flores


solitárias; pequenas, verdes, amarelas ou brancas, monoclinas ou às vezes diclinas
(plantas monóicas ou dióicas), geralmente perigínicas, com um hipanto
receptacular (forma de taça) bem desenvolvido, lembrando um tubo do cálice, ou
raramente epigínica; actinomorfas, geralmente trímeras (exceção entre as
“dicotiledôneas”), tépalas sepalóides (as sépalas e as pétalas são iguais entre si) em
número de 6, raro 4, geralmente em 2 verticilos iguais, ou às vezes 1 verticilo só, ou o
verticilo superior (corola) pouco diferenciado do inferior (cálice); androceu com 3 -
12 estames (mais freqüentemente 9), em 1 - 4 ciclos; filete geralmente com um par

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de nectários em apêncides basilaterais, considerados como estaminódios em


origem e o ciclo mais superior de 3 estames, geralmente reduzido a estaminódios;
anteras tetratecas (o comum são as bitecas), como caráter primitivo (raro bitecas
ou monotecas), abrindo-se por 2 ou 4 valvas, com a base para cima (raramente
poricida); gineceu com 1 carpelo, estigma capitado ou lobado, ovário unilocular,
súpero, raro ínfero, com um óvulo, pêndulo, apical ou sub-apical;

b.4. frutos: baga ou drupa, raramente seco e indeiscente (núcula),


geralmente com um hipanto persistente ou lenhoso denominado cúpula; 1 semente
com endosperma geralmente com ácido láurico em abundância.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: os exemplares dessa família tem os mais variados usos


econômicos como: frutos (abacate), madeira (canelas), condimento (louro,
canela), perfumes (cânfora, canela) etc.; a massa foliar intensamente verde e o
porte elegante faz com que muitas espécies apresentem caráter ornamental;

c.2. exemplos:
Cinnamomum camphora (L.) Ness & Eberm. ......................................... canforeira
C. zeylanicum Blume ....................................................................... canela-da-china
Cryptocarya aschersoniana Mez. ................................................... canela-batalha
C. moschata Nees & Mart. ex Nees ................................... noz-moscada-do-brasil
Laurus nobilis L. ........................................................................................................ louro
Nectandra saligna Ness & Mart. .................................................................canelinha
Ocotea pulchella Mart. ..................................................................................... canela
Persea americana Mill. .............................................................................. abacateiro
Sassafras albidum (Nutt.) Nees ...................................................................... sassafrás

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Figura 9. Anacardiaceae, Musaceae e Lauraceae.


1-6. Anacardiaceae: 1-2. manga; 3-5. caju; 6. aroeira-pimenteira. 7-10. Musaceae:
banana. 11-15. Lauraceae: 11-13. abacate; 12. canelinha; 15. canela-da-china.

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17. Família Fabaceae Lindley (= Leguminosae Jussieu) (fig. 10: 1-9)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Archichlamydeae Rosidae
Ordem Rosales Fabales Fabales
Família Leguminosae Fabaceae Fabaceae
+ Caesalpiniaceae
+ Mimosaceae

Observações: a família Leguminosae no sistema de Engler era formada por


três subfamílias: Papilionoideae (ou Faboideae), Caesalpinioideae e
Mimosoideae; no sistema de Cronquist as subfamílias foram elevadas à
categoria de famílias: Fabaceae, Caesalpiniaceae e Mimosaceae,
respectivamente, e a ordem que englobava apenas as três novas famílias foi
designada Fabales; para APG. II as leguminosas passam a compor uma única
família, Fabaceae, constituída por quatro subfamílias: Faboideae,
Caesalpinioideae, Circideae (aqui incluído o gênero Bauhinia – cujas
espécies são conhecidas como pata-de-vaca) e Mimosoideae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: a família possui cerca de 730 gêneros e 19.400


espécies de distribuição cosmopolita; ervas, às vezes trepadeiras herbáceas com
gavinhas ou lenhosas (essas mais raras), arbustos, árvores, às vezes espinescentes;
raízes com nódulos causados por bactérias infectantes, do gênero Rhizobium
fixadoras de nitrogênio atmosférico;

b.2. folhas: alternas, raramente opostas (Platymiscium), geralmente


compostas-pinadas ou trifolioladas (muito raramente folhas simples por fusão de 2

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folíolos), com estípulas (às vezes modificados em espinhos) e pulvino; folíolos com
estipelas; nectários extra-florais são freqüentes;

b.3. flores: em racemos, espigas ou glomérulos; de fortemente zigomorfas a


actinomorfas, geralmente vistosas, raramente monoclamídeas, monoclinas,
freqüentemente com hipanto; cálice com 5 sépalas mais ou menos conatas, às
vezes bilabiado; corola com 5 pétalas semelhantes entre si ou muito diferenciadas
(corola papilionada) e neste caso, a pétala superior denominada vexilo ou
estandarte, protegendo as demais pétalas no botão, as 2 medianas denominadas
asas ou alas, e envolvendo o androceu e gineceu está a carena ou quilha,
formada por 2 pétalas livres ou fundidas, total ou parcialmente; raramente menos
de 5 pétalas; androceu com 10 – numerosos (então vistosos) estames, raramente 1 –
9, podendo estar reunidos em 2 grupos (diadelfos, isto é, 9 unidos e 1 livre), ou todos
livres (dialistêmone) ou todos unidos (monoadelfos), raro poliadelfos; anteras rimosas
ou poricidas; gineceu unicarpelar (raramente 2 – 16 carpelos), estilete terminal e
estigma papiloso; óvulos 1 – 2 até muitos em placentação marginal ou sutural;

b.4. frutos: normalmente seco e deiscente por duas suturas, denominado


legume; também ocorrem folículo, drupa, sâmara, lomento e legumes
atipicamente indeiscentes.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: além de alimentícias (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico),


as leguminosas são muito empregadas como adubo verde (crotalária, lab-lab,
mucuna-preta), porém, podem ser oleaginosas (soja, amendoim), fornecedoras de
madeira (jacarandá-da-bahia, caviúna), ornamentais (glicínia, ervilha-de-cheiro,
giesta, trepadeira-jade, pata-de-vaca, flamboyant, flamboyant-de-jardim, cássias,
acácias, caliandras), invasoras (crotalárias), medicinais (mulungu, alfafa, fedegosos,
barbatimão), forrageiras (alfafa, mucuna) e até fibrosas (Crotalaria juncea L.);

c.2. exemplos:
Arachys hypogaea L. ................................................................................. amendoim
Bauhinia blakeana Dunn. .......................................................bauínia-de-orquídeas

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Bauhinia forficata Link. ......................................................pata-de-vaca-medicinal


B. monandra Kurz. ................................................................................. pata-de-vaca
B. rufa (Bong.) Steud. ...................................................... pata-de-vaca-do-cerrado
B. variegata L. ........................................................................................ pata-de-vaca
Caesalpinia echinata Lam. ......................................................................... pau-brasil
C. ferrea Mart. ex Tull. .................................................................................... pau-ferro
C. peltophoroides Benth. .............................................................................. sibipiruna
C. pulcherrima (L.) Sw. .......................... flamboyant-de-jardim, barba-de-barata
Caliandra tweedii Benth. ........................................... caliandra, topete-de-pavão
Crotalaria juncea L. ....................................................................................... crotalária
C. paulina Scharank ..................................................................................... crotalária
Dalbergia nigra Allem. .............................................................. jacarandá-da-bahia
Delonix regia L. ............................................................................................ flamboyant
Erythrina crista-galli L. ............................................................... eritrina-crista-de-galo
E. falcata Benth. .............................................................................................. mulungu
E. speciosa Andrews ..............................................................................................suinã
Glycine wightii Verde ................................................................................ soja-perene
G. max (L.) Merr. ....................................................................................................... soja
Hymaenea courbaril L. ....................................................................................... jatobá
Inga sessilis (Vell.) Mart. ........................................................................................... ingá
Lathyrus odoratus L. .......................................................................... ervilha-de-cheiro
Lens esculenta Moench. ................................................................................... lentilha
Leucaena leucocephala Lam. ....................................................... leucena-branca
Lupinus albus L. ................................................................................................. tremoço
Medicago sativa L. ............................................................................................... alfafa
Mimosa pudica L. ............................................dorme-dorme, sensitiva, dormideira
Myrocarpus frondosus Allem. ..................................................... cabreúva-amarela
Ormosia arborea Harms ...................................................................... olho-de-cabra
Phaseolus vulgaris L. .............................................................................................. feijão
Samanea saman (Jacq.) Merr. ...................................................... árvore-da-chuva
Stilozobium aterrimum Piper & Tracy ................................................. mucuna-preta
Strongylodon macrobotrys A. Gray ................................................. trepadeira-jade

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18. Família Poaceae (R. Brown) Barnhart (= Gramineae Jussieu) (fig. 10: 10-15)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Monocotyledoneae Liliopsida
Subclasse (sem) Commelinidae
Ordem Graminales ou Cyperales Poales
Grumiflorae
Família Gramineae Poaceae Poaceae
(=Gramineae)

Observações: esta família já foi colocada junto à família Cyperaceae


(Cyperus: gênero ao qual pertence o papirus e a tiririca), porém, atualmente,
voltou a se separar daquela; está constituída pelas subfamílias:
Anomochlooideae, Pharoideae, Pueloideae, Panicoideae,
Centothecoideae, Arundinoideae, Chloridoideae, Aristidoideae,
Danthonioideae, Bambusoideae, Ehrhantoideae e Pooideae.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: família com 668 gêneros e 10.025 espécies de


distribuição cosmopolita, com maior abundância nos trópicos e regiões semi-áridas
com chuvas sazonais no norte temperado; Panicum é o maior gênero com 400
espécies; geralmente ervas perenes, com rizoma, menos comum anuais e
raramente lenhosas e de grande porte (ex: os bambus - subfamília Bambusoideae),
mas nesses casos sem crescimento secundário; vasos em todos os órgãos
vegetativos, raízes fasciculadas com micorrizas associadas; caule do tipo colmo
(nós e entrenós bem delimitados proeminentes), ocos ou cheios, de hábito
geralmente cespitoso (touceira);

b.2. folhas: dísticas ou raramente espiraladas, com bainha aberta, nervação


paralelinérvia, lâmina (limbo) linear ou lanceolada, lígula presente (membranácea,

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pilosa, curva, reta ou assimétrica); às vezes com aurícula (expansão na base do


limbo);

b.3. flores: inflorescência do tipo panícula, às vezes espigas ou racemos; flores


pequenas, aclamídeas, anemófilas, às vezes autógamas, ou entomófilas,
geralmente monoclinas, denominadas flósculos (ou floretes), que, por vez estão
arranjadas em espiguetas que são a unidade da inflorescência; espigueta
composta de duas brácteas estéreis, secas, denominadas glumas, uma externa e
inferior (1a gluma) e outra interna e superior (2a gluma), uma ráquila, que é o eixo
central onde se dispõem 1 ou mais flóculos pedicelados ou sésseis; flósculo (flor)
composto de duas brácteas basais secas, as glumelas, uma externa e inferior (lema)
e outra interna e superior (pálea); mais acima, 2 ou 3 pequenas escamas (lodículas),
e finalmente o androceu e o gineceu; o lema é oriundo de brácteas com
geralmente mais de 1 par de nervuras e a nervura principal pode se projetar na
forma de arista (Triticum); a pálea geralmente tem 2 nervuras principais e é
originada de 1 ciclo de 3 tépalas, onde um dos elementos se reduziu (daí a
presença de 2 nervuras); lodículas oriundas de um ciclo interno e trímero de tépalas
em 2 ou 3 até 6 elementos minúsculos e inconspícuos; estames 3, às vezes 6, 2 ou 1,
raro mais de 100 (subfamília Bambusoideae – à qual pertencem os bambus),
anteras basifixas ou mesofixas, de deiscência longitudinal; gineceu com 2 ou 3
carpelos, gamocarpelar, ovário súpero, unilocular, com 2 ou 3 estigmas plumosos
(conatas em Zea); óvulo solitário, subapical ou sub-basal, inserido na parede do
ovário;

b.4. frutos: cariópse (simples, seco, indeiscente, com uma semente cujo
tegumento está concrescido com o pericarpo); presença de aleurona (reserva de
proteína do abundante); cariópse envolto pelas glumelas (lema e pálea)
persistentes, sendo o conjunto denominado “grão”.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: suporte básico da alimentação de muitos povos, as


gramíneas são cultivadas desde tempos imemoráveis (milho, arroz, trigo),porém,
também podem ser destacadas em outras categorias como plantas forrageiras

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(braquiárias), invasoras (capins), ornamentais (capim-dos-pampas, gramas),


medicinais (capim-limão) etc.;

c.2. exemplos:
Avena sativa L. .......................................................................................................aveia
Bambusa gracilis Hort. .................................................................... bambu-de-jardim
B. vulgaris Scharad ............................................................................................ bambú
Brachiaria plantaginea (Link) Hitch. ..................... capim-marmelada, braquiária
Cenchrus echinatus L. ...................................................................capim-carrapicho
Cortadeira sellowana Asch. & Graebn. .................... capim-dos-pampas, pluma
Coyx lacryma-jobi L. ............................. lágrima-de-nossa-senhora, capim-rosário
Cymbopogon citratus (DC. ex Nees) Stapf. ........................................ capim-limão
Cynodon dactylon (L.) Pers. .................................................................... capim-seda
Festuca glauca Lam. ................................................................................. grama-azul
Hordeum vulgare L. .......................................................................................... cevada
H. sativum L. ....................................................................................................... cevada
Melinis minutiflora Beauv. ................................................................... capim-gordura
Oryza sativa L. ......................................................................................................... arroz
Paspalum notatum Fliiegge .............................................................. grama-batatais
Rhynchelytrum repens (Willd.) Hubbart ................ capim-favorito, capim-rosado
Saccharum officinarum L. ............................................................... cana-de-açúcar
Secale cereale L. ............................................................................................... centeio
Sorghum halepense (L.) Pers. ................................................... capim-massambará
S. vulgare Pers. ....................................................................................................... sorgo
S. vulgare var. techicum Jav. ............................................................. sorgo-vassoura
Triticum aestivum L. ................................................................................................. trigo
Zea mays L. ............................................................................................................. milho
Zoysia tennifolia Trim. ............................................................................. grama-veludo

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Figura 10. Fabaceae e Poaceae.


1-9. Fabaceae: 1-2. soja; 3. ervilha-de-cheiro; 4. feijão-guandú; 5. suinã; 6.
flamboyant-de-jardim; 7. pata-de-vaca; 8. leucena; 9. ingá. 10-15. Poaceae: 10-12.
milho; 13. trigo; 14. sorgo; 15. cana-de-açúcar.

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19. Família Asteraceae Martynov (= Compositae Jussieu) (fig. 11: 1-7)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Dicotyledoneae Magnoliopsida
Subclasse Metachlamydeae Asteridae
Ordem Campanulales Asterales Asterales
Família Compositae Asteraceae Asteraceae
(= Compositae)

Observações: esta família é a maior, em número de espécies, entre as


“dicotiledôneas”; é composta por 9 subfamílias: Barnadesioideae, "The Stiftia
group" (ainda sem um nome para esta subfamília), Mutisioideae,
Gochnatioideae, Hecastocleioideae, Carduoideae, Pertyoideae,
Gymnarrhenoideae e Asteroideae; o nome “Compositae”, que significa
“compostas” é uma alusão à inflorescência básica – o capítulo, que
geralmente é formado por dois tipos de flores.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: a família possui cerca de 1.528 gêneros e 22.750


espécies cosmopolitas, mas preferindo regiões temperadas e subtropicais; a maioria
são ervas, menos freqüentemente subarbustos, trepadeiras e raramente árvores; é a
família mais evoluída das “dicotiledôneas”;

b.2. folhas: alternas, opostas, ou verticiladas, simples, freqüentemente


fendidas ou partidas, peninérvias, sem estípulas; alguns gêneros têm vasos laticíferos
(Sonchus, Lactuca), às vezes há inulina no suco celular de tubérculos e rizomas;

b.3. flores: sempre reunidas em capítulos, formado por flores sésseis, reduzidas,
denominadas flósculos, envoltos por um conjunto de brácteas, denominado
periclínio; os capítulos podem apresentar flores com duas formas (capítulos mistos)

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ou de apenas uma (capítulo simples); as flores são pentâmeras e seguem dois


padrões distintos – tubulosas ou liguladas; quando ambas as formas estão presentes
no capítulo, as flores liguladas são periféricas, estéreis (femininas atrofiadas),
responsáveis pela atração de polinizadores e as flores tubulosas são centrais, férteis
(com maturação diferenciada de androceu e gineceu), cuja função é a
reprodução; em capítulos simples, a única forma de flor (ligulada ou tubular) é
responsável tanto pela atração, quanto pela reprodução; cada flor
individualmente pode ser precedida por uma bráctea ou algumas cerdas; cálice
com poucas sépalas livres e reduzidas, ou mais freqüentemente modificado em
cerdas e denominado papilho que é persistente no fruto e responsável pela sua
dispersão (vento – anemocoria, ou animais - zoocoria); corola pentâmera,
gamopétala, tubulosa ou ligulada; androceu isostêmone, gamostêmone, sinântero,
com estames epipétalos; gineceu bicarpelar, gamocarpelar com ovário ínfero,
unilocular com apenas 1 óvulo; estilete bífido;

b.4. frutos: aquênio (seco, indeiscente, com a semente presa ao pericarpo


por apenas um ponto), que quando acrescido pelo papilho (cálice), todo conjunto
é denominado cipsela; às vezes o fruto permanece encerrado no capítulo, que tem
brácteas duras e espinhosas (Xanthium, Arctium); embrião oleaginoso; endosperma
presente ou ausente.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: devido ao elevado número de espécies e a sua enorme


diversidade morfológica, a importância econômica desta família é extremamente
grande; além do caráter ornamental (crisântemos, margaridas, senécios etc.),
representantes desta família são comestíveis (alface, chicória, almeirão,
alcachofra), fitoterápicos (picão-preto, camomila, milefólio, macelinha, bardana,
dente-de-leão, artemísias etc.) e oleaginosas (girassol); certas espécies são
repelentes de pragas como insetos (piretro) e de nematóides (cravo-de-defunto);

c.2. exemplos:
Acanthospermum australe (Loefl.) O.Kuntze .................. carrapicho-de-carneiro
Achilea millefolium L. .................................................................... mil-folhas, milefólio

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Achyrocline satureoides (Lam.) DC. .............................................................. macela


Ageratum conyzoides L. ......................................................... mentrasto, picão-roxo
Arnica montana L. ............................................................................................... arnica
Artemisia absinthium L. ......................................................................................... losna
A. vulgaris L. ......................................................................................................artemísia
Baccharis coridifolia DC. ........................................................................... vassourinha
B. trimera (Less.) DC. ....................................................................................... carqueja
Bidens bipinnata Baill. ..................................................................cosmos, picão-rosa
B. pilosa L. .................................................................................................... picão-preto
B. sulfurea Sch.Bip. ................................................. picão-grande, cosmos-amarelo
Calendula officinalis L. .......................................................... calêndula, malmequer
Callistephus chinensis Ness. ........................................................... rainha-margarida
Centaurea cyanus L. ....................................................................................centáurea
Chaptalia nutans (L.) Polak ............................................................... língua-de-vaca
Chrysanthemum leucanthemum L. ..........................................................margarida
Cichorium endivia L. ........................................................................................ chicória
Coreops lanceolata L. ...........................................................margaridinha-amarela
Cynara scolymus L. ......................................................................................alcachofra
Dahlia pinnata Cav. ............................................................................................... dália
Dendranthema grandiflora (Ramat.) Kitam. .......................................... crisântemo
Echinacea purpurea Moench. .........................................equinácia, cometa-roxo
Emilia sanchifolia DC. .............................................................................. pincel, emília
Gaillardia x grandiflora Hort. .............................................laço-espanhol, galiárdia
Gazania rigens Moech .................................................................................... gazânia
Gerbera jamesonii Bolus .................................................................................. gérbera
Gynura sarmentosa DC. ........................................................................... veludo-roxo
Helichrysium bracteatum Andr. .............................................................. sempre-viva
Helianthus annuus L. ........................................................................................... girassol
Lactuca sativa L. .................................................................................................. alface
Matricaria chamomilla L. ............................................................................ camomila
Montanoa bipinnatifida Koch. ............................................... margarida-de-árvore
Poryphyllum ruderale (Jacq.) Cass. ................................................ arnica-do-mato
Rhodanthe manglesii Lindl. ............................................................................ flor-seca
Rudbeckia hirta L. ........................................................................ margarida-amarela

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Santolina chamaecyparissus L. .....................................................................santolina


Senecio brasiliensis L. .......................................................flor-das-almas, maria-mole
S. confusus Britten ........................................................ jalisco, trepadeira mexicana
S. douglasii DC. ................................................................................................ cinerária
S. mikanioides Otto ex Walp. ................................................................... hera-alemã
Senecio x cruentus DC. .................................................................................. cinerária
Solidago canadensis L. ............................................................ tango, vara-dourada
S. chilensis Meyen. ............................................................ erva-lanceta, falsa-arnica
Sonchus oleraceus L. .........................................................................................serralha
Stevia rebaudiana Bertoni ................................................................................ estévia
Tagetes erecta L. ............................................................ cravo-de-defunto, tagetes
T. patula L. ................................................................................................ tagetes-anão
Taraxacum officinale Weber .............................................................. dente-de-leão
Tithonia diversifolia A.Gray ............................................................ girassol-mexicano
Vernonia condensata Backer .............................................................. boldo-baiano
Zinnia elegans Jacq. .............................................................................. capitão, zínia

20. Família Orchidaceae Jussieu (fig. 11: 8-12)

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Figura 11. Asteraceae e Orchidaceae.


1-7. Asteraceae:1. alface; 2-3. crisântemo; 4-5. dente-de-leão; 6. cravo-de-
defunto; 7. girassol. 8-12. Orchidaceae: 8. chuva-de-ouro; 9. zigopetalum; 10.
cateléia; 11. catasetum; 12. sapatinho-de-vênus.

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21. Família Pinaceae F. Rudolph) (fig. 12: 1-5)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) Gifford & Foster II (1989)


Divisão Gymnospermae Pinophyta Pinophyta
Classe Coniferopsida Pinopsida Pinopsida
Ordem Conferales Pinales Pinales
Família Pinaceae Pinaceae Pinaceae

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: composta por 11 gêneros e 210 espécies, é a maior


família de “gimnospermas” vivas, com centro de dispersão no Hemisfério Norte; o
gênero Pinus é o maior desta família e possui cerca de 90 espécies; fósseis de
pináceas datam do Jurássico; são plantas monóicas, arbóreas ou arbustivas, que
suportam bem a falta de água e clima frio; o tronco é retilíneo, suportando toda a
copa, podendo ramificar-se e o crescimento é monopodial;

b.2. folhas: são simples, incompletas e de dois tipos: aciculares (forma de


agulha), fasciculadas (em feixes) ou escamiformes, espiraladas em dois tipos de
ramos: um curto e fino, denominado braquiblasto, de crescimento limitado,
revestido por folhas escamiformes, onde se inserem as folhas aciculares, aos pares
ou em feixes; o outro ramo é mais comprido, grosso, denominado macroblasto,
revestido pelas folhas escamiformes, que quando velhas tornam-se lenhosas;

b.3. flores: flores masculinas (ou microsporófilos) reunidas em densos cones


(ou estróbilos) de posição axilar; cada flor masculina é constituída pela folha
estaminal e microsporângios (sacos polínicos), dentro dos quais estão os
micrósporos (grãos de pólen) com vesículas aeríferas, relacionadas com a
polinização pelo vento (anemofilia); flores femininas (ou macrosporófilos) também
reunidas em cones (ou estróbilos) denominadas vulgarmente “pinhas”, inseridas na
axila das folhas escamiformes; cada flor feminina é formada por uma folha
carpelar, 2 macrosporângios (óvulos) que são protegidos por uma folha estéril

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(também chamada camada de cobertura) e que não desenvolve mais após a


fecundação, sendo porém incorporada à base da folha carpelar, que cresce e se
torna lenhosa;

b.4. sementes: com a maturação das sementes, o cone feminino por sua vez,
torna-se lenhoso; a semente pode ser alada (Pinus, Cedrus) ou não; o número de
cotilédones é variável, mas há sempre um só embrião.

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: os pinheiros dessa família são empregados na indústria de


móveis, porém, sua madeira é considerada inferior, devido aos inúmeros nós; outras
utilizações também são visadas como a produção de celulose a extração de
resina; o cedro-do-líbano foi muito utilizado pelos fenícios para a fabricação de seus
barcos;

c.2. exemplos:
Abies balsamea (L.) Mill. ...........................................................bálsamo-do-canadá
Cedrus deodora (L.) Moud. ........................................................... cedro verdadeiro
C. libani (L.) Moud. ............................................................................ cedro-do-líbano
Picea excelsa Link. .................................................................... pinheiro-da-noruega
Pinus echinata Mill. .................................................................................................pinus
P. canariensis C. Sm. ..............................................................................................pinus
P. caribaea Morelet ...........................................................................pinus-caribenho
P. densiflora Sieb. & Zucc. .....................................................................................pinus
P. elliottii Engelm. ....................................................................................................pinus
P. hondurensis Loock. .............................................................................................pinus
P. longifolia Roxb. ...................................................................................................pinus
P. montezumae Lamb. ..........................................................................................pinus
P. palustris Mill. .........................................................................................................pinus
P. radiata D. Don ....................................................................................................pinus
P. taeda L. ................................................................................................................pinus
P. thumbergii Parl. ...................................................................................................pinus

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22. Família Araucariaceae Henkel & W. Hochst (fig. 12: 6-8)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) Gifford & Foster II (1989)


Divisão Gymnospermae Pinophyta Pinophyta
Classe Coniferopsida Pinopsida Pinopsida
Ordem Conferales Pinales Pinales
Família Araucariaceae Araucariaceae Araucariaceae

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: essa família é exclusiva do Hemisfério Sul, com apenas
3 gêneros e 33 espécies; Araucaria com 12 espécies, sendo 2 ocorrentes no sul do
continente americano e as demais na Austrália, e Agathis com 20 espécies, todas
ocorrentes na Austrália; plantas monóicas ou dióicas (estas, mais raras);

b.2. folhas: pequenas, lanceladas; alternas espiraladas, em geral


densamente dispostas, mas raramente folhas amplas (Agathis) e às vezes opostas;

b.3. flores: flores masculinas (microsporófilos) dispostas em estróbilos (cones)


longos, menores que os femininos; cada microsporófilo transporta 8 microsporângios
alongados; microspóros esféricos; flores femininas (macrosporófilos) reunidas em
grandes e densos estróbilos (cones); cada megasporófilo transporta apenas 1 óvulo
reduzido, que é protegido por uma folha estéril, chamada de camada ou escama
de cobertura, que se fecha ao redor do óvulo depois de fecundado, formando o
“pinhão” (no caso de Araucaria angustifolia); o pinhão, portanto, é a unidade da
“pinha”, que é o cone maduro e lenhoso;

b.4. sementes: podem ser aladas ou não; o embrião apresenta de 2 - 4


cotilédones.

c. Gêneros e Espécies Principais

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c.1. importância: os pinheiros desta família são utilizados em paisagismo


devido à forma elegante de suas espécies; o pinheiro-do-paraná, cuja madeira é
denominada pinho (não confundir com pinus) é bastante durável, o que justifica a
enorme dizimação das formações naturais desta planta; tipicamente brasileiro, o
pinhão é tão consumido por ocasião das festas juninas; espécies exóticas são
bastante ornamentais, empregadas em parques ou jardins com grandes áreas;

c.2. exemplos:
Agathis robusta (C. Moore) F.M.Bailey ........................pinheiro-da-nova-zelândia
Araucaria angustifolia (Bert.) O.Kuntze ................................... pinheiro-do-paraná
A. araucana Koch. ........................................................................... pinheiro-do-chile
A. bidwillii Hook. ...................................................................... araucária-da-austrália
A. columnaris (Foster) Hook. ......................................................... araucária-colunar

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Figura 12. Pinaceae, Araucariaceae, Meliaceae, Lecythidaceae e Apocynaceae.


1-5. Pinaceae: pinus. 6-8. Araucariaceae: pinheiro-do-paraná. 9-11.
Lecythidaceae: 9-10. sapucaia; 11. abricó-de-macaco. 12. Meliaceae: santa-
bárbara ou cinamomo. 13-17. Apocynaceae: 13. chapéu-de-napoleão; 14.
estapélia; 15. espirradeira; 16. alamanda; 17. falsa-erva-de-rato.

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29. Família Cyperaceae Jussieu (fig. 13: 14-15)

a. Classificação

Engler (1964) Cronquist (1981) APG. II (2003)


Divisão Angiospermae Magnoliophyta Angiospermae
Classe Monocotyledoneae Liliopsida
Subclasse (sem) Commelinidae
Ordem Cyperales Cyperales Poales
Família Cyperaceae Cyperaceae Cyperaceae

Observações: esta família possui uma morfologia muito complexa, porém,


taxonomicamente é bem definida, não havendo problemas em sua
classificação nos diversos sistemas, apenas ocorrem modificações ao nível de
ordem.

b. Descrição

b.1. caracteres gerais: família composta por 98 gêneros e 4.350 espécies de


ervas perenes típicas de regiões frias e paludosas (brejos);

b.2. folhas: folhas basais paralelinérvias, com bainha fechada, geralmente


sem lígula, dispostas em 3 planos (alternas trísticas);

b.3. flores: inflorescências constituídas de espiguetas, (diferentes daquelas


das gramíneas); com eixo floral, protegidas na base por um par de brácteas
(glumas) estéreis; flores dispostas em espiral no eixo, com 1 ou 2 brácteas secas
(glumelas) na base, perianto com 1 – até muitos (geralmente 6) elementos, curtos
ou longos, transformado em cerdas, escamas ou suprimidos; androceu com 1 – 6
estames (geralmente 3); gineceu com ovário sincárpico, tricarpelar, unilocular,
súpero, com 1 óvulo basal e com 3 estigmas; polinização pelo vento (anemofilia);

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b.4. fruto: fruto aquênio atípico (seco, liso, indeiscente, com uma semente
basal) porque é de origem tricarpelar (aquênio típico é monocarpelar), às vezes
chamado de “noz”.

b.5. diferenças entre Poaceae (= Gramineae) e Cyperaceae


Poaceae (= Gramineae) Cyperaceae
Seção de caule Circular triangular
filotaxia alterna dística alterna trística
bainha Aberta fechada
Lígula Presente ausente (geral/te)
brácteas folhosas Ausentes presentes
disposição de flores dísticas na espigueta espiraladas na espigueta
estilete plumoso, dividido não plumoso, não dividido
Fruto Cariopse aquênio (atípico)

c. Gêneros e Espécies Principais

c.1. importância: algumas espécies são invasoras de difícil controle, outras


são extrativas e há ainda as ornamentais, que formam graciosas touceiras na borda
de lagos e espelhos-d‟água; o papiro egípcio era feito com o caule de uma
cyperácea;

c.2. exemplos:
Cyperus alternifolius L. ...................................................................sombrinha-chinesa
C. brevifolius (Rottb.) Hassk. .......................................... capim-de-uma-só-cabeça
C. esculentus L. ................................................................................................... tiriricão
C. papyrus L. ......................................................................................................... papiro
C. rotundus L. ......................................................................................................... tiririca
Eleocharis elegans Roem & Schult. ...................................................... junco-manso
Rhynchospora corymbosa (L.) Britt. ................................................. capim-navalha
R. nervosa (Vahl.) Boeck ....................................................................... capim-estrela
Scleria pterota Presl. .......................................................................... capim-cachorro

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Figura 13. Bignoniaceae, Lamiaceae, Apiaceae e Cyperaceae.


1-5. Bignoniaceae: 1-2. ipê-roxo ou pau-d‟arco; 3. ipê-amarelo; 4. cuietê; 5.
jacarandá-mimoso. 6-9. Lamiaceae: 6. manjericão; 7. incense; 8. lavanda ou
alfazema; 9. boldo-de-jardim. 10-13. Apiaceae: 10-11. funcho; 12. funcho-doce.13.
cenoura. 14-15. Cyperaceae: 14. tririca; 15. tiriricão.

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Capellari Jr. L.; Rodrigues, R.R.; Rochelle, L.A. BOT. SISTEMÁTICA aplicada aos cursos de Eng,AGRONÔMICA E Eng. FLORESTAL

ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1. DEFINIÇÕES ........................................................................................................... 1

2. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO ............................................................................. 2

3. HISTÓRICO DA TAXONOMIA VEGETAL ............................................................. 4


3.1. Sistemas Artificiais baseados no Hábito ....................................................... 4
3.2. Sistemas Artificiais baseados em Classificações Numéricas .................... 5
3.3. Sistemas Naturais .............................................................................................. 5
3.4. Sistemas Filogenéticos Tradicionais ............................................................... 6
3.5. Sistemas Filogenéticos Modernos (Cladísticos) .......................................... 6

4. SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO MAIS UTILIZADOS ............................................ 7


4.1. Sistema de Engler (1964) ................................................................................. 7
4.2. Sistema de Cronquist (1981) ........................................................................... 8
4.3. Sistema de APG. II (2003) .............................................................................. 11

II. SISTEMÁTICA DAS PLANTAS SUPERIORES (FANERÓGAMAS) ........................ 13

1. “GIMNOSPERMAS” ............................................................................................. 13

2. ANGIOSPERMAS ................................................................................................. 15
2.1. “Dicotiledôneas” ............................................................................................ 16
2.2. Monocotiledôneas ......................................................................................... 16

III. PRINCIPAIS FAMÍLIAS BOTÂNICAS DE CARÁTER AGRONÔMICO E / OU


FLORESTAL ......................................................................................................... 18

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1. Família Solanaceae .......................................................................................... 19


2. Família Cucurbitaceae ..................................................................................... 21
3. Família Brassicaceae (= Cruciferae) ............................................................ 23
4. Família Alliaceae ............................................................................................... 27
5. Família Rubiaceae ............................................................................................ 29
6. Família Malvaceae ........................................................................................... 31
7. Família Arecaceae (= Palmae) ...................................................................... 35
8. Família Agavaceae .......................................................................................... 37
9. Família Euphorbiaceae .................................................................................... 39
10. Família Rosaceae ............................................................................................ 44
11. Família Rutaceae ............................................................................................ 46
12. Família Vitaceae ........................................................................................ 48
13. Família Myrtaceae ..................................................................................... 50
14. Família Anacardiaceae ................................................................................. 54
15. Família Musaceae ........................................................................................... 56
16. Família Lauraceae .......................................................................................... 58
17. Família Fabaceae (= Leguminosae) ............................................................ 61
18. Família Poaceae (= Gramineae) ................................................................. 64
19. Família Asteraceae (= Compositae) ........................................................... 68
20. Família Orchidaceae ...................................................................................... 71
21. Família Pinaceae ............................................................................................. 76
22. Família Araucariaceae .................................................................................. 78
23. Família Lecythidaceae ................................................................................... 79
24. Família Meliaceae .......................................................................................... 81
25. Família Apocynaceae ................................................................................... 82
26. Família Bignoniaceae ..................................................................................... 88
27. Família Lamiaceae (= Labiatae) .................................................................. 90
28. Família Apiaceae (= Umbelliferae) .............................................................. 93
29. Família Cyperaceae ....................................................................................... 95

IV. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 99

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Capellari Jr. L.; Rodrigues, R.R.; Rochelle, L.A. BOT. SISTEMÁTICA aplicada aos cursos de Eng,AGRONÔMICA E Eng. FLORESTAL

ÍNDICE das FIGURAS

Fig. 1. Sistema de Cronquist (1981) ..................................................................... 10


Fig. 2. Sistema de APG. II (2003) .......................................................................... 12
Fig. 3. “Gimnospermas” ........................................................................................ 14
Fig. 4. Angiospermas ............................................................................................. 17
Fig. 5. Solanaceae, Cucurbitaceae e Brassicaceae ...................................... 26
Fig. 6. Alliaceae, Rubiaceae e Malvaceae ..................................................... 34
Fig. 7. Arecaceae, Agavaceae e Euphorbiaceae ........................................ 43
Fig. 8. Rosaceae, Rutaceae, Vitaceae e Myrtaceae .................................... 53
Fig. 9. Anacardiaceae, Musaceae e Lauraceae ........................................... 60
Fig. 10. Fabaceae e Poaceae ............................................................................ 67
Fig. 11. Asteraceae e Orchidaceae .................................................................. 75
Fig. 12. Pinaceae, Araucariaceae, Meliaceae, Lecythidaceae e
Apocynaceae .......................................................................................... 87
Fig. 13. Bignoniaceae, Lamiaceae, Apiaceae e Cyperaceae .................... 98

Ilustração da capa: aquarela da artista plástica Margherita Leoni

Crédito das fotografias; Lindolpho Capellari Jr., exceto 3 (10), 8 (8-9) e13 (14-
15).

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