CadernoD Ano 7 Edicao 38
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R E V I S TA D E C U LT U R A D O D I Á R I O O F I C I A L D O E S P Í R I T O S A N T O
Nº 38
A Luz de Dora
Uma das primeiras feministas
brasileiras, a capixaba
Dora Vivacqua, a Luz del
Fuego, é reconhecida pela
sua importância histórica e
homenageada no Estado pelo
seu centenário. P. 6 a 9
Expediente
GOVERNO DO ESTADO
Paulo César Hartung Gomes
Governador
História
Dayse Maria Oslegher Lemos
Secretária de Gestão e Recursos Humanos
DIO
Mirian Scárdua
Diretora-presidente e cultura
Milton Simon Baptista A homenagem do Arquivo Público do Estado do Espírito
Diretor de Produção e Comercialização
Santo (Apees) ao centenário da capixaba Dora Vivacqua, a
Maria Beatriz Barros Kill vedete naturista mais conhecida como Luz del Fuego, é o
Diretora Administrativa e Financeira reconhecimento à importância dessa mulher que foi uma das
precursoras do movimento feminista no Brasil.
SECULT
Seu inconformismo com o papel definido para a mulher na
João Gualberto M. Vasconcelos
primeira metade do Século XX, abordando questões que, infe-
Secretário de Estado da Cultura
lizmente, as mulheres não venceram até hoje, confirmam seu
papel de vanguarda na defesa dos direitos iguais para todos.
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Espaço Cultural
A indústria e a arte
O Serviço Social da Indústria (Sesi) arte para os trabalhadores, estudantes do
Caderno D 3
Fotos: Divulgação/Fabio Martins
A ideia do novo espaço, segundo o ca-
pixaba Vieira, surgiu com sua volta ao
Espírito Santo, atendendo ao convite do
presidente Marcos Guerra, de dirigir o
Sesi em 2012.
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Espaço Cultural
Caderno D 5
A revolução
do fogo
A famosa naturista capixaba Luz del Fuego, um dos
ícones do movimento feminista brasileiro, completaria
cem anos em fevereiro último
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Capa
Caderno D 7
próprio Ricardo Sá, da sobrinha de Dora Orgulho da tia Dora
Vivacqua, Ana Rita Novaes, da educa-
dora popular Edna Calabrez Martins e Ser parente de Luz del Fuego nem sempre “Ela foi precursora do feminismo, do
do conselheiro consultor da Federação foi fácil. A identificação de parentesco ambientalismo e do naturismo. Teve
Brasileira de Naturismo, Evandro Telles. com a vedete até na lista de chamada posição de vanguarda na época dela. A
muitas vezes era suficiente para que um importância dela pode ser vista agora.
Biografia dos seus parentes trocasse de escola. O Nenhuma outra vedete mereceu qualquer
Para tentar entender a personalidade de carinho e orgulho como os sobrinhos homenagem pelos cem anos do seu nas-
Luz del Fuego e os efeitos que provocou a tratam hoje e que deram origem ao cimento. O movimento político dela foi
na sociedade conservadora da meta- documentário “Tia Dora”, dirigido por realçado pela sua postura e isso mudou
de do Século XX, as biógrafas Cristina Ricardo Sá, nem de perto era comparti- o sentimento de constrangimento de
Agostinho, Branca de Paula e Maria do lhado pela família nos tempos em que ela uma época, da família, para o orgulho,
Carmo Brandão, no livro “Luz del Fuego: fazia sucesso e/ou escandalizava o país. de hoje”, conta Campos. Ele lembra,
A Bailarina do Povo”, destacam que a por exemplo, que o assassinato de Dora
multiartista descobriu no escândalo o “Eu já a conheci grande. Aqui em casa ocorreu exatamente por sua ação como
caminho mais curto para a fama. não se podia falar em Dora. Era proibido. ambientalista, por denunciar a pesca
Era uma coisa de época, claro. A família predatória na Baía de Guanabara, onde
“A primeira metade dos anos cinquenta não aceitava as ideias dela”, relata a so- ficava sua Ilha do Sol – ela foi morta por
foram os anos de Luz del Fuego. Todos brinha Wanilda de Campos Menezes, no dois pescadores.
conheciam a vedete que enlouquecia o documentário “Tia Dora”. A repercussão
Brasil (...) e ocupava frequentemente as do trabalho, da posição política e da ação O arquiteto teve pouco convívio com
manchetes de jornais e revistas. Fosse nas como naturista e ambientalista de Dora a tia, a quem ele visitava quando sua
seções de espetáculos, fosse nas páginas causavam especial embaraço ao irmão e avó, Etelvina, ia ao Rio de Janeiro. “Eu
policiais, seu nome sempre estava lá. senador Attílio Vivacqua. acompanhava minha avó até a casa dela,
A exótica Luz del Fuego era garantia na avenida Niemeyer”, onde Luz levava
certa de bilheteria. Principalmente nos Sobrinho dos dois e filho do ex-governa- uma vida normal, vestida como todo
sábados à tarde, quando a plateia era dor do Espírito Santo Aristides Campos, mundo. “A nudez era coisa para a Ilha
composta, em sua maioria, de fuzilei- o arquiteto Henrique Vivacqua Campos, do Sol e para os seus espetáculos.”
ros navais, estivadores, guardas-civis e de 78 anos, conta que os parentes de
pequenos funcionários (...). Suas apre- hoje têm muito orgulho da importância Mas foi o suficiente, para que o sobrinho,
sentações levavam as galerias ao delírio”, que a tia teve e tem para o feminismo com o tempo, se orgulhasse da postura
destaca a biografia. brasileiro. da tia. “Ela sempre foi diferente. Não se
ajustava a nenhum padrão. Abandonou
a família e tudo para ser ela mesma,
para ser o que ela acreditava. Tia Dora
era diferenciada em relação a outras
vedetes. Peitou Getúlio durante a Dita-
dura Vargas, tentando criar o Partido
Naturalista Brasileiro.”
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Capa
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Luz_del_Fuego
Livro Luz del Fuego - A Bailarina do Povo, de Cristina Agostinho
Caderno D 9
Sombra Projetada
Renan Andrade*
Natural de Colatina, Dionísio foi o prin- A sua produção gráfica está entre as mais
cipal modernista capixaba e um dos aclamadas pela crítica, merecendo des-
mais originais artistas, cuja obra dialoga taque particular dado o seu refinamento
intimamente com a produção concreta técnico, além da sua experimentação no
e neoconcreta brasileira, merecendo desenvolvimento de uma prática própria,
ainda maior difusão local e nacional. tendo realizado impressões para artistas
Pintor, desenhista, gravador e serígrafo, como Rubens Gerchman e Cildo Mei-
Dionísio se dedicou à arte abstrata desde relles. Denominada matriz espontânea,
a metade dos anos 1960, realizando, sua técnica proporcionou às impressões
principalmente, obras em serigrafia, maior liberdade, rompendo com o cará-
ter reprodutível da serigrafia e tornando
cada resultado em obras únicas. Em
um contexto brasileiro de crescimento
dos centros urbanos e mecanização de
“Dionísio concedeu, em suas pesquisas, um processos gráficos, a reprodutibilidade
e incorporação da serigrafia às técnicas
sentido criativo e lírico à repetição fria e artísticas proporcionou maior acesso ao
monótona das impressões, elevando a serigrafia objeto de arte.
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artigo
Caderno D 11
IMAGEM CAPIXABA