2011 - Cuco, Esmeraldina Salomão
2011 - Cuco, Esmeraldina Salomão
2011 - Cuco, Esmeraldina Salomão
O Júri Data
O Presidente O supervisor O Oponente ___/___/____
_______________ ______________ _____________
RESUMO
Tem como objectivo geral avaliar as formas como se tem desenvolvido o conflito
entre o ser humano e os animais bravios no PNL e arredores. Para se alcançar os
objectivos proposto recorremos a revisão bibliográfica; o trabalho de campo,
entrevistas estruturadas semi-estruturadas e observação.
Da analise dos dados recolhidos no campo concluímos que o conflito homem fauna
bravia resulta da disputa pelo acesso aos recursos naturais. A permanência dos
agregados familiares na região e a dificuldade do Estado/gestores do PNl de efectuar
o reassentamento das familias que se encontram no interior do parque, traz
implicacões negativas para a vida dos seres humanos e concorre para a diminuição da
biodiversidade na região, o que coloca em causa os principios para os quais o PNL foi
criado.
Palavras Chaves: Conflito Homen Fauna Bravia & Parque Nacional de Limpopo.
I
ABREVIATURAS
AF---------------------------------------------------------------------------Agregado Familiar
AGP-----------------------------------------------------------------------Acordo Geral de Paz
CBRM--------------------------------Community Based Natural Resources Management
CCR -----------------------------------------------Comité Consultivo de Reassentamento
CEDES ------------------------------------- Comité Ecuménico para o Desenvolvimento
CHFB ------------------------------------------------------ Conflito Homem Fauna Bravia
DNTF ------------------------------------------ Direccção Nacional de Terras e Florestas
DPA --------------------------------------------------- Direcção Provincial de Agricultura
DUAT --------------------------------------- Direito de Uso e Aproveitamento da Terra
E ------------------------------------------------------------------------------------ Entrevistas
FADM --------------------------------------- Forças Armadas da Defesa de Moçambique
FDC ---------------------------------------- Fundaçao de Desenvolvimento Comunitário
GdM-----------------------------------------------------------------Governo de Moçambique
GDM---------------------------------------------------------------Governo de Moçambique
IIASA -------------------- Instituto Internacional para a Análise de Sistemas Aplicados
INE -------------------------------------------------------- Instituto Nacional de Estatística
INGC------------------------------------------Instituto Nacional deGestão de Calamidades
IUCN---------------------------------------------------------União Mundial para a Natureza
LFFB---------------------------------------------------------Lei de Floresta e Fauna Bravia
MAE ------------------------------------------------- Ministerio de Administração Estatal
MDN ------------------------------------------------------- Ministério da Defesa Nacional
MICOA ----------------------------- Ministerio para Coordenação de Acção Ambiental
MINAG ---------------------------------------------------------- Ministerio da Agricultura
MITUR -------------------------------------------------------------- Ministério do Turismo
MOPH ------------------------------------------ Ministerio da Obras Públicas e Habitação
NET---------------------------------------------------------------Núcleo de Estudos de Terra
O ----------------------------------------------------------------------------------- Observação
ORAM ------------------------------------------------- Associação Rural de Ajuda Mútua
PAR -------------------------------------------------- Planos de Acção de Reassentamento
PNL ---------------------------------------------------------- Parque Nacional de Limpopo
PTGL --------------------------------------- Parque Transfronteriço do Grande Limpopo
RAS--------------------------------------------------------------República de Africa do Sul
II
RENAMO -------------------------------------------Resistência Nacional de Moçambique
SPFFB --------------------------------- Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia
III
Declaração
Declaro que este trabalho, com o título “ o conflito homem fauna bravia:
caso do Parque Nacional do Limpopo” é da minha autoria, nunca foi
submetido para obtenção de qualquer grau académico e todas as fontes
usadas estão devidamente indicadas na bibliografia e nos anexos.
IV
Dedicatória
V
Agradecimentos
Dedico esta parte do meu trabalho às várias pessoas que, de diversas
formas foram extremamente importantes para a sua elaboração.
Agradeço a todos e em especial:
Áos meus supervisores Profa Dra. Karin Fiege e Prof. Dr. Gerhard
Liesegang pela dedicação, por ter acreditado na execução deste trabalho e
pelas orientações fundamentais na construção desta tese. Os meus
agradecimentos são extensivos ao Coordenador do Mestrado, Prof. Dr.
Samuel Quive e à Mestre Luisa Chicamisse.
VI
O meu muito obrigado aos colegas do grupo Limpopo (Esperança Colua
e Fausto Ngove), companheiros dos momentos iniciais e difíceis neste
trabalho, pela troca de experiências no trabalho de campo em que não
obstante à sempre presente ameaça dos “escorpiões” não vacilaram uma
única vez.
VII
do instituto de Investigação Agronómica de Moçambique, IIAM, que
sempre se prontificou para apoiar-me durante os trabalhos de campo.
Por fim agradeço a toda a minha família que sempre me deu coragem e
apoio nos momentos mais difíceis durante a minha formação, sempre
desejando-me sorte e forças para que este mestrado fosse concluído com
êxito.
VIII
Indice
Resumo ......................................................................................................................... I
Abreviaturas ................................................................................................................. II
Abreviaturas ............................................................................................................... III
Declaração ...................................................................................................................IV
Dedicatória .................................................................................................................. V
Agradecimentos ......................................................................................................... VI
Agradecimentos ........................................................................................................ VII
I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
CAPITULO 1: Contextualizando o CHFB nas áreas de preservação e
conservação de espécies ............................................................................................... 9
CAPITULO 2: O Parque Nacional de Limpopo e a sua População...................... 14
2.1. Introdução ........................................................................................................... 14
2.2.Relevo e clima ....................................................................................................... 15
2.3. Ocupação, distribuição populacional e reassentamento ................................. 16
2.4. Actividades económicas das comunidades ........................................................ 22
2.5. Outras características das comunidades........................................................... 23
CAPITULO 3: Metodologia ...................................................................................... 25
3.1. Método ................................................................................................................. 25
3.2. Amostra ................................................................................................................ 26
3.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados ................................................... 27
3.4. Tratamento e análise de dados........................................................................... 28
3.5. Constrangimento ................................................................................................. 29
CAPITULO 4: Abordagem teórica e conceptual .................................................... 31
4.1. Abordagem Teórica ............................................................................................ 31
4.2. Enquadramento Conceptual:............................................................................. 33
4.2.1. Conflito ambiental versus conflito homem fauna bravia (CHFB) .............. 33
CAPITULO 5: Resultado de pesquisa e discussão dos dados ................................ 38
5.1. Confirmação de Factos e Percepções nas Pesquisas ........................................ 38
5.2. Os conflitos: os eixos de analise ......................................................................... 39
1
5.3. Eixo 1: Razões de ocorrência de conflitos entre homem e animal (CHFB) no
PNL.............................................................................................................................. 40
5.3.1.Acesso aos recursos hídricos ............................................................................ 40
5.3.2.Consumo de culturas alimentares ................................................................... 41
5.3.3. Caça de animais................................................................................................ 42
5.3.4. Destruição de bens ........................................................................................... 42
5.4. Eixo 2: Intervenientes no CHFB ........................................................................ 43
5.4.1.Animais .............................................................................................................. 43
CAPITULO 6: Comparando o cenário do PNL e outros Parques em
Moçambique ............................................................................................................... 56
Conclusão .................................................................................................................... 58
Recomendações .......................................................................................................... 61
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 62
Fontes consultadas na Internet ................................................................................. 65
Legislação, Planos Estratégicos e Políticas .............................................................. 66
Anexo 1 ........................................................................................................................ 67
Definições .................................................................................................................... 67
Anexo 2: ACT (Área de Conservaçao Transfronteiriça) ....................................... 69
Anexo 3: Área de Estudo ........................................................................................... 70
Anexo4: Conflito Homem Crocodilo nas margens dos rios no PNL ..................... 71
Anexo5: Exemplo de celeiro ...................................................................................... 72
Anexo6: Algumas actividades exercidas pelas comunidades no PNL ................... 73
Anexo7: Calendário do trabalho .............................................................................. 74
Anexo 8: Lista das comunidades onde foram conduzidas entrevistas .................. 75
Anexo 9: Mapa resumo das entrevistas efectuadas ................................................ 76
Anexo 10: Fontes orais............................................................................................... 78
Tabela 6: Lista de entrevistados/Entrevistas Semi-Estruturadas aos agregados
familiares .................................................................................................................... 80
Anexo:11 Gráfico de Insidentes no PNL (Parque Nacional do Limpopo de 2005-
2009) ............................................................................................................................ 82
Anexo 12: Guião de Entrevistas............................................................................... 83
12.1 Entrevista com chefes dos agregado familiares............................................ 83
12.2 Entrevista com agentes económicos ................................................................ 84
2
12.3 Entrevista com o grupo de mulheres ................................................................ 85
12.4 Entrevista com o comité do PNL ..................................................................... 86
12.5 Entrevista com o comité do Distrito ............................................................... 87
12.6 Entrevista com os comités da aldeia .............................................................. 88
12.7 Entrevista com os Líderes comunitários ......................................................... 89
Anexo 13 Alguns animais existentes no PNL, icncluíndo alguns considerados
Animais problemáticos no PNL (Fonte FORUM NATUREZA EM PERIGO)... 90
Hipopótamos ............................................................................................................... 90
Leão ............................................................................................................................. 90
3
I. INTRODUÇÃO
O conflito entre o homem e a fauna bravia (CHFB) é um fenómeno que vem se
arrastando especialmente desde os primórdios da prática da agricultura e, tem como
causa principal a disputa de espaço e recursos naturais para a sobrevivência. No que
toca ao actual PNL pelo menos descreve-se depois de 1875 e posterior a década de
1990, os grandes animais estavam em número muito reduzido. Nos últimos tempos
devido a proibição de uso de armas, têm se verificado uma tendência crescente da
ocorrência destes conflitos, com consequências negativas para os humanos e para os
animais (MINAG, 2009; Foloma, 2006 & Liesegang, 20111).
Com o fim da guerra dos 16 anos em 1992 e após queda do regime segregacionista na
África do Sul em 1994, a região austral de África e particularmente Moçambique,
1
Comunicação pessoal, Julho de 2011.
2
Comunidade local: agrupamento de famílias e/ou indivíduos, vivendo numa circunscrição territorial
de nível de localidade ou inferior, que visa a áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio, florestas,
sítios de importância cultural, pastagens, fontes de água, áreas de caça e de expansão. (MAP/DNFFB,
1999)
4
entrou numa nova fase de desenvolvimento e reestruturação das áreas de conservação
e protecção de espécies animal e vegetal. É neste contexto, que surge a necessidade de
preservar espécies florestais em risco de desaparecimento devido ao uso excessivo e
desregrado. Por outro lado há que rentabilizar os recursos explorando-os
racionalmente de forma a gerarem rendimentos a favor das populações mais
carenciadas na luta pela sobrevivência (MINAG, 2009).
Assim, em 2001 foi criado o PNL com o objectivo em termos gerais de garantir a
preservação e conservação dos recursos florestais e faunísticos3. Porém esta situação
trouxe outros problemas, tanto para o governo como para as comunidades, devido à
necessidade de retirada “compulsiva” dos agregados familiares para novas zonas fora
do parque, sem que estejam reunidas condições para a transferência e a limitação do
acesso aos recursos existentes no parque.
A existência do PNL exige das comunidades atingidas uma transformação dos seus
modos de vida em função das unidades de conservação. E para que tal aconteça é
necessário que determinadas condições ocorram nas regiões de reassentamento.
Segundo De Oliveira (2002), é frequente nos países em vias de Desenvolvimento a
criação de áreas de protecção e conservação sem consideração das comunidades que
residem por gerações nessas áreas. Acrescentando que os limites dos parques e
reservas são traçados sem ter em conta as comunidades residentes, que usam estes
recursos para diferentes fins.
3
Recursos florestais e faunísticos: florestas e demais formas de vegetação, incluíndo os produtos
florestais, a fauna bravia, os troféus e despojos, que tenham ou não sido processados. (MAP/DNFFB,
1999)
5
Em Moçambique, dos 128 distritos existentes, 45 distritos são considerados críticos
na ocorrência de CHFB, tendo se registado de 2004 a 2008, cerca de 509 casos de
perdas de vidas humanas e destruição de 1800 hectares de culturas diversas. Em
contrapartida, foram abatidos 571 animais bravios em defesa do ser humano
(MINAG, 2010).
Estes conflitos têm acontecido tanto nas áreas de utilização múltipla como nas áreas
de conservação4. Os principais animais envolvidos são crocodilos, elefantes, leões,
hipopótamos, leopardos, hienas, macacos, porcos do mato e, serpentes. Entre 2006 a
2008, o crocodilo causou cerca de 66% de vítimas humanas, o elefante 15%, o leão
12% e, o hipopótamo 6%. Quanto aos animais abatidos em defesa das pessoas e seus
bens, o elefante foi o mais abatido, com 109 exemplares, seguido do crocodilo com
105 e, o hipopótamo com 90 (MINAG, 2008).
4
Conservação: Gestão sustentável dos recursos florestais e faunísticos sem colocar em risco a bio-
diversidade (MAP/DNFFB, 1999)
6
Para se inverter este cenário, o Governo tem aprovado uma série de instrumentos
legais e implementadas medidas de mitigação para fazer face a CHFB, com destaque
para a aprovação da Estratégia de Gestão de CHFB e, colocação de sinais de alerta
para pessoas nos locais com maior frequência de conflitos (MINAG 2008).
Porém, apesar de todas estas acções, não se tem verificado uma redução de casos de
conflitos, sobretudo nas comunidades residentes dentro das actuais áreas de
conservação, como é o caso do PNL e arredores. Uma vez que estas dependem dos
recursos florestais e faunísticos existentes no PNL para a sua sobrevivência. A
importância económica, social, cultural e científica dos recursos faunísticos justifica
que se estabeleça uma legislação adequada, que promova a sua utilização, protecção,
conservação dos recursos visando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos
(MAP/DNFFB, 1999). Este uso não deve descurar a exploração sustentável5 dos
recursos.
5
O conceito de exploração sustentável utilização racional e controlada dos recursos florestais e
faunísticos mediante a aplicação de conhecimentos científicos e técnicos visando atingir os objectivos
de conservação dos recursos para presente e futuras gerações (MAP/DNFFB, 1999)
7
No seguimento destes objectivos temos como questão de partida:
Quais as formas como se tem desenvolvido o conflito entre o ser humano e os
animais bravios no Parque Nacional do Limpopo e arredores?
Que factores concorrem para a eclosão do CHFB?
8
CAPITULO 1: Contextualizando o CHFB nas áreas de preservação e
conservação de espécies
Esta preocupação mundial com o meio vai a pouco e pouco focalizando áreas
específicas como é o caso das discusões sobre a permanência de populações em áreas
naturais protegidas passam a ser mais claras e os conflitos melhor visualizados. Na XI
Assembleia Geral da UICN que ocorreu em Canadá em 1972, que considerou-se pela
primeira vez a ocupação humana e exploração economica em parques nacionais,
através do zoneamento6 (Brito, 2008).
6
Zoneamento: divisão e classificação do património florestal e faunístico de acordo com o tipo de
vegetação e uso alternativo da terra. (MAP/DNFFB, 1999)
9
base o desenvolvimento sustentável. A partir das duas últimas décadas do século XX,
importantes debates foram desenvolvidos com a preocupação de estabelecer
mecanismos de regulamentação e participação das unidades de conservação. Tais
debates ganharam expressividade durante a II Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento também conhecida como ECO-927, que teve
como objectivo principal buscar meios de conciliar o desenvolvimento sócio-
económico com a conservação e protecção dos recursos naturais do planeta (Barbosa
& Dos Santos, sd).
É a partir desta conferência que o IUCN elabora em 1993 e publica em 1994 uma
nova classificação de categorias de áreas naturais protegidas. Nessa classificação são
expressas formalmente tolerâncias moderadas de intervenção humana e usos
sustentáveis dos recursos naturais por populações indigenas em áreas protegidas.
7
A ECO-92, Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra são nomes pelos quais é mais conhecida a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada
entre 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro. O seu objectivo principal era buscar meios de
conciliar o desenvolvimento sócio-econômico com a conservação e protecção dos ecossistemas da
Terra (pt.wikipedia.org/wiki/ECO-92)
10
A Constituição da República de Moçambique já demonstra esta preocupação e
interesse com o meio ambiente, no seu artigo número 72, consagra o direito dos
cidadãos a um ambiente equilibrado e o dever de o defender, atribuindo ao Estado a
tarefa da sua materialização através da promoção de iniciativas visando o equilíbrio
ecológico, a conservação e a preservação da natureza.
O interesse pelas questões ambientais é ainda reforçado pelo leque de legislação que
regula a gestão, o acesso e conservação dos recursos naturais duma forma geral.
Neste contexto encontramos Lei terras: 19/97 Lei do Ambiente Como é o caso da Lei
de Terra 19/97, Lei do Ambiente 20/97 e a Lei de de Florestas e Fauna Bravia número
10/99.
O legislador estabelece ainda no artigo 25 desta Lei, que a caça em defesa de pessoas
e bens por brigadas da fiscalização é permitida quando houver ataques ou iminência
destes por animais bravios e não havendo possibilidades de os afugentar ou capturar.
O artigo 11 da Lei de FFB, afirma que os parques nacionais são zonas de protecção
total delimitadas, destinadas à propagação, protecção, conservação e maneio da
vegetação e de animais bravios, bem como à protecção de locais, paisagens ou
formações geológicas de particular valor científico, cultural ou estético no interesse e
para recreação pública, representativos do património nacional.
11
O Programa Quinquenal do Governo 1995-1999, aprovado pela Assembleia da
República, tinha reconhecido a necessidade de gestão adequada dos recursos para não
se degradarem e comprometer o presente e futuro das gerações vindouras. E ditou a
necessidade de estabelecer princípios e estratégias para materialização dos
pressupostos contidos em diferente legislação sobre o meio ambiente.
Segundo Serra (2006), a Lei do Ambiente n 20/97 no artigo 12 duma forma geral
proíbe todas as actividades que atentem contra a conservação, reprodução, qualidade e
quantidade dos recursos biológicos especialmente os ameaçados de extinção. E
nomeia o governo como o defensor da segurança e preservação do meio.
8
Caça: A espera, perseguição, captura, apanha, mutilação, abate, destruição ou utilização de espécies
de fauna bravia, qualquer fase do seu desenvolvimento, ou a condução de expedições para aqueles fins.
(MAP/DNFFB, 1999)
12
falta de definição de alguns critérios básicos na legislação existente, devido à não
efectivação dos planos de maneio e reassentamento e projectos de desenvolvimento
que resolvam os problemas das comunidades acaba-se criando uma situação que põe
em risco tanto a vida e direitos dos humanos e dos animais bravios.
13
CAPITULO 2: O Parque Nacional de Limpopo e a sua População
2.1. Introdução
O Parque Nacional do Limpopo (PNL), foi criado pelo decreto 38/2001 de 27 de
Novembro, definido pela Lei 10/99 como zona de protecção e, por um tratado
trilateral é parte integrante do Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo (PTGL),
que se une ao Parque Kruger da África do Sul, o Parque Nacional do Limpopo de
Moçambique e o Parque Nacional do Gonarezhou no Zimbabwe. Com uma área de
cerca de 35.000 km², o Parque Transfronteiriço, incluindo Kruger Parque na RSA e
Gonarezhou no Zimbabwe é hoje o maior parque nacional do mundo (MAE, 2005).
Ver Anexo2 página 69: ACT (Áreas de Conservação Transfronteira).
O distrito de Massingir tem uma área de 5 858 Km² e mais de 41.000 habitantes. É
constituído por três postos administrativos: Mavodze, Massingir e Zulo. Destes
somente Mavodze faz parte do Parque, onde encontramos as aldeias de Mavodze-
sede, Machamba, Massingir velho, Macavene, Bingo, Chimangue, Chibotana e
Madingane (ACNUR/PNUD, 1996ª).
14
O distrito de Chicualacuala tem uma área de 10 243 km2 e mais de 38 mil habitantes
é constituído por três postos administrativos: Eduardo Mondlane, Mapai e Pafuri.
Somente o último é que faz parte do parque e é composto por duas localidades, Mbuzi
e Makandazulu (ACNUR/PNUD: 1997).
Ver Anexo3: Área de Estudo página 70
2.2.Relevo e clima
A zona interior do PNL é caracterizada pela ocorrência de solos delgados e
característicos da cobertura arenosa de espessura variável. Tais condições são
agravadas pela grande irregularidade da quantidade de precipitação ao longo da
estação chuvosa e por consequência a ocorrência de frequentes períodos secos durante
o período do crescimento de culturas.
A região ao longo do rio dos Elefantes possui solos aluvionares, onde ocorrem solos
hidromórficos orgânicos também conhecidos como machongos. Trata-se de terras
húmidas, baixas e depressões permanente ou sazonalmente húmidas evidenciando
condições de valor agrícola. Os solos bastante ricos e férteis ao longo dos rios em
particular nos distritos Chicualacuala e Massingir enquanto que as chuvas intensas
têm provocado cheias nestas regiões (MAE, 2005).
Os principais rios que atravessam o PNL são o rio dos Elefantes e Mazimulhope em
Massingir (de caudal permanente) e Shinguedzi, Machapane, Benhaca, Zambalala,
Chivambalane, Nhavotso, Nhapombe e Inhacozoane (de caudal temporário). Existem
dez lagoas nomeadamente: Chileusse, Vele, Dzendzenfu, Inhaphessane, Malopane,
Furene, Pumbe, Nhavalungo, Nhatindzane e Namagungo (GDM, 2005).
15
2.3. Ocupação, distribuição populacional e reassentamento
Segundo uma hipótese, os primeiros habitantes da área onde localiza-se o PNL foram
caçadores e recolectores San. Estes foram gradualmente substituídos pelos ferreiros
bantu, perto de 800 a.n.e (MITUR, 2003ª). A chegada dos bantu pode eventualmente
ter acontecido 600 anos mais cedo (Liesegang, 2011).
A migração dos mistos Buys, cerca de 1840, e dos boers, cerca 1845, e a descoberta
de ouro a 1884 atraiu grande número de brancos mistos e europeus que praticavam
uma caça excessiva, o que punha em risco muitas espécies de animais. Por isso foi
declarado uma área de proteção na África do Sul, que se tornou depois o Parque
Kruger. No fim do tempo colonial em Moçambique foi declarada uma área protegida
– coutada 16 (IIASA- http/www.iiasa.ac.at/research/pop/pde/briefs/mz.html /ver autor
do artigo deste site).
16
Segundo o secretário dos antigos combatentes da aldeia “nós nào podemos ser reféns
do governo porque lutamos pela liberdade deste país” e acrescenta que mesmo na
Guerra dos 16 anos não chegaram a abandonar a aldeia. Mais adiante referiu que
como prova disso os membros da comunidade estão a construir casas melhoradas
dentro da comunidade. Quando questionado o líder local sobre este posicionamento
da comunidade, ele afirmou que era do conhecimento do governo distrital e
provincial. “A população transmitiu este sentimento a uma brigada provincial
encabeçada pela Engenheira Joana ex-DPA de Gaza e a população está a espera das
soluções alternativas do governo sem que seja necessário movimentar a população.”
17
disponibilização de áreas para o reassentamento. No entanto, alguns membros das
comunidades dizem não ter conhecimento dos tais certificados, e para o caso do líder
de Mavodze que participara de cursos de para legais promovido pelo Centro de
formação Jurídica diz não ter aceitado assinar tais documentos para a emissão dos
certificados por ser um procedimento ilegal e não preconizado na lei. (Cedes Avante
Parque Nacional do Limpopo-Oram Lhuvuka PNL)9.
Com o terminar do conflito armado em 1992, muitas das famílias retornaram às suas
zonas de origem e passaram a habitar nas terras que actualmente pertencem ao PNL.
Em 2000, a comunidade no PNL e zona tampão atingiu cerca de 26.500 pessoas.
9
Informação recolhida na internet durante a corecção desta dissertação querendo referir que o CHFB
ainda prevalence no PNL.
18
Paralelamente, verificou-se o desenvolvimento de acções de protecção dos animais,
reduzindo deste modo a caça furtiva e garantindo a multiplicação dos mesmos. Desta
forma houve a necessidade de retirar as populações de modo a evitar danos para os
animais e para os homens.
Dos cerca de 26.500 habitantes referidos, 6.500 estão a residir no interior do parque e
20.000 na zona tampão. Esta população encontra-se subdividida em 52 comunidades,
quer dizer, uma população média de 115 pessoas por comunidade. Disputam os
mesmos recursos para sobrevivência, isto é, as rotas dos paquidermes e outras
espécies animais acabam coincidindo com as áreas actualmente ocupadas pelo espaço
residencial e pelas áreas produtivas. Esta situação criou condições para o aumento de
uma disputa entre a população e os animais por espaço e recursos naturais, acabando
por despoletar numa situação conflituosa entre ambas partes.
Pensa-se que a ocupação de áreas outrora não habitadas pelos AF, acompanhado pelo
aumento do efectivo da população de animais, tem de certa forma reduzido o habitat
natural dos animais, daí agravando, por um lado, a competição pelos escassos
recursos existentes na natureza, nomeadamente, alimentos e águas, e por outro lado,
pela vegetação por parte dos herbívoros e, por presas por parte dos carnívoros
(MINAG, 2010).
Como forma de minimizar o CHFB, surge, oito meses depois da remoção da vedação,
o Programa de reassentamento voluntário, de 2 a 4 de Dezembro de 2003. O mesmo
iniciou com uma longa fase de consulta, informações, discussões entre ONG,
Estado/Gestores do Parque e das comunidades envolvidas10.
10
Entrevista aos gestores do parque, Novembro de 2008.
19
Em 2004 decidiu-se por retirar parte da população e instalar as famílias numa zona
fora deste. O reassentamento foi declarado como sendo um processo voluntário e
colectivo. E foi previsto o reassentamento das comunidades, principalmente as que
residem ao longo do vale do rio Shingwedzi, pelo facto de estar em risco a segurança
das comunidades e dos animais bravios que gradualmente são reintroduzidos na área
(GdM, 2008).
11
Altura da realização do trabalho de campo.
20
Durante os anos 2009 e 2010 o governo moçambicano preocupado com a situação do
CHFB no PNL viu se obrigado a delegar o INGC para exercer trabalhos pontuais
principalmente no que diz respeito ao reassentamento das populações residentes nas
consideradas áreas de grande risco, nomeadamente: comunidades de Nhanguene,
Macavene, Mavodze, Bingo, Massingir velho, Machamba, Chimangue, Macandezulu
A, e Macandezulu B como é o caso do local onde se localizam as 6.000 pessoas
referenciadas anteriormente. Tratou de comunidades que residem ao longo do rio
Shinguedzi o qual constitui o coração do PNL e é onde deverão ser edificadas grande
parte dos acampamentos turísticos devido ao seu elevado potencial em recursos
faunísticos nomeadamente búfalos, bois cavalos, zebras, avestruzes, leões, elefantes
entre outros (PNL, 2008). Parece que os acampamentos não previam a inclusão da
população local, um turismo cultural para esta área devia incluir a estação de Shilowa
a poucos metros da fronteira na parte sul africana do parque.
Muita das vezes por mais que as comunidades estejam disponíveis a retirarem-se da
zona abrangida pelo PNL, a não satisfação das condições acordados pelo Governo
leva-os a permanecer na área de conservação, causando deste modo entraves aos
objectivos pelos quais estas áreas são criadas.
21
Os interesses privados na região de Massingir fazem reféns as comunidades por serem
reassentadas do PNL. São cerca de 150 famílias que abandonaram as suas aldeias no
interior do PNL para um destino incerto, sem o conhecimento dos governos distritais
e dos postos administrativos. O caso mais caricato registou-se nona comunidade de
Macandazulo A, posto administrativo de Pafuri distrito de Chicualacuala, onde das
cerca de 32 famílias por serem reassentadas 30 abandonaram a aldeia. Como causa
deste abando é apontado o atraso da transferência das famílias do interior do parque
para as zonas consideradas seguras, onde as comunidades sintam-se livre dos
problemas do conflito homem-animal que tem provocado uma fome cíclica. Por sua
vez, o PNL atira as culpas ao governo central e provincial por terem aceitado o
projecto da PROCANA que ditou a escassez de terras para o reassentamento, e o
consequente congelamento dos fundos para o reassentamento pelos principais
doadores do PNL em 2008. (Cedes Avante Parque Nacional do Limpopo-Oram
Lhuvuka PNL).
A caça apesar de proibida agora12 , é praticada pelos AF. Esta garante a melhoria da
dieta alimentar das comunidades e aquisição de algum valor monetário através da
comercialização. Como consequência da sua pratica concorre para a redução dos
recursos faunísticos no PNL.
12
A região ocupada pelo PNL recebeu a categoria do mais alto estatuto de protecção, o que impede a
execução de muitas actividades económicas anteriormente praticadas pela comunidade ali residente
como a caça, a produção de lenha e carvão vegetal para a comercialização, a extracção de plantas
medicinais, a criação de gado para o sustento dos agregados familiares entre outras actividades. (MAE,
2005).
23
Em relação ao acesso a água potável, não existem fontes de abastecimento, estando a
população obrigada a recorrer directamente aos rios e lagoas para ter acesso ao
precioso líquido. (Ver o anexo 4 conflito/homem crocodilos página 71).
24
CAPITULO 3: Metodologia
3.1. Método
Com vista a operacionalizar os objectivos anteriormente enunciados, o presente
trabalho desenvolveu uma linha orientadora de um estudo de caso, dando primazia a
utilização da metodologia qualitativa. A opção pela abordagem qualitativa seguiu a
orientação de Minayo (1993), segundo a qual esta permite a compreensão de uma
realidade específica, fundamentada em dados empíricos através das técnicas de
entrevista e de observação.
25
3.2. Amostra
A colecta de dados do presente trabalho foi realizada em Novembro de 2008 durante a
avaliação do Projecto Lhuvuka13, e teve a duração de 15 dias. O levantamento de
dados foi feito em três (3) distritos que formam o Parque Nacional de Limpopo,
nomeadamente: Massingir, Mabalane e Chicualacuala. Nestes distritos foram
abrangidas doze (12) comunidades de um total de cinquenta e três (53) comunidades
existentes dentro do PNL e arredores, representando 22,6% da cobertura total de
comunidades (vide anexo 7: lista das comunidades abrangidas nas entrevistas)
As comunidades abrangidas pelo estudo foram seleccionados com base nos seguintes
critérios: (i) Distância entre a sede do projecto e os povoados; (ii) Comunidades
previstas e não previstas para o reassentamento; (iii) áreas de acesso fácil e acesso
difícil e (iv) Tamanho das comunidades (maior e menor).
13
Avaliação no âmbito do Projecto Lhuvuka no Parque Nacional de Limpopo (PNL) foi coordenado
pela Profa. Dra Karin Fiege e António Reina. Este foi realizado no âmbito do módulo PAD I do MSG e
financiado pelo “Pão para o Mundo”.
26
mulheres) e não duplicação de entrevistas a pessoas com mesmo cargo. Deste modo,
procurou-se obter uma amostra bastante diversificada com o objectivo de colher as
percepções dos diferentes grupos existentes no PNL.
Outra técnica usada foi a entrevista semi-estruturada, que segundo Matakala (1999)
encorajam a comunicação bilateral, confirmam o que já é conhecido, dão
oportunidades de conhecer assuntos sensíveis que podem ser facilmente discutidos e
ajudam os pesquisadores a estarem mais familiarizados com os membros da
comunidade em estudo.
As entrevistas foram realizadas por um grupo constituído por sete pessoas e abrangeu
52 membros de comunidades. Todos os integrantes da equipa de pesquisa tinham um
domínio do tema, o que permitiu recolher informação em quantidade e qualidade.
Aliado ao facto de ter permitido uma maior espontaneidade dos mesmos. Este facto
permitiu fazer algumas comparações entre o que os intervenientes forneciam como
informação e os dados que se encontram documentados na literatura que versa sobre a
temática em estudo e os diferentes relatórios do projecto.
27
Usou-se ainda como técnica o grupo focal. E foi útil no levantamento dos interesses
junto a comunidade, acerca das suas expectativas e necessidades em relação ao tema
estudado. Foi possível ainda colectar dados qualitativos para avaliação dos resultados
através da realização de conversas abertas. Esta técnica abrangeu 91 membros das
comunidades dum total de 143 (vide tabela 1 abaixo).
A observação não participante, também foi outra técnica usada e permitiu avaliar
factores do quotidiano que têm relação com a entrevista ou pesquisa bibliográfica, o
que ajudou a situar as práticas em seu contexto de forma a se tornarem
compreensíveis, propiciando assim capacidades para uma melhor interpretação dos
dados (Rizzini et al, 1999: 70).
28
e fazer um levantamento conclusivo das causas e efeito do mesmo (Miles et al, 1994).
Este procedimento permite também a percepção das razões de um determinado
problema, constrangimento ou atitude tomada pelos diferentes actores.
3.5. Constrangimento
Os dados fornecidos pelos informantes chaves (representantes dos comités e lideres)
trouxeram algum constragimento na fase de analise dos dados, pelo facto de haver
29
contradiçao entre os dados que forneciam. Costatamos que possuíam “duas faces”,
isto é, quando estes estão perante a comunidade fornecem um determinado tipo de
informação e quando estão perante os governantes o discurso altera. Pensamos que
este facto acontece devido ao medo de represalias ou destituição dos cargos. Por esta
razão foi difícil verificar a veracidade dos dados por estes fornecidos.
30
CAPITULO 4: Abordagem teórica e conceptual
Ainda na mesma linha encontramos Perreira (2007: 4), que argumenta que em muitas
situações a criação destes espaços protegidos tem acontecido de forma impositiva, o
que, certamente desenvolve nas populações abrangidas resistências a criação destas
áreas. De acordo ainda com a autora somente com o envolvimento das comunidades
local será possível haver uma preservação de facto, uma vez que elas possuem um
estilo de vida tradicional, essencial para a conservação e utilização sustentável da
31
biodiversidade. Dissociá-lás do processo de conservação pode gerar um resultado
contrário aos propósitos conservacionistas.
De acordo com Becker (2006) e Jahn & Gorg (2003) apud Fiege, 2008, a degradação
dos recursos naturais tem como causa a acção do ser humano e resulta no
condicionalismo da acção do próprio homem em relação aos recursos naturais. Por
consequência, todas as teorias da relação entre a sociedade e natureza fundamentam-
se na relação de interdependência entre o ser humano estruturado em sociedades e a
natureza, fonte dos recursos. Não obstante terem em comum o mesmo objecto, elas
diferem na abordagem e definição dos aspectos sociais que são decisivos para a
gestão dos recursos.
Sociedade
Indivíduo Natureza
Figura 2: Inter-relacão Ser Humano-Natureza segundo Blaikie, Bryant e Baiey; Krings, apud FIEGE, 2008.
32
Para a abordagem económico-institucional que focaliza na análise dos direitos de
disposição apresentada por Ribot e Peluso (2003), advogam que do ponto de vista
económico institucional, ocorre uma sobre-utilização dos recursos naturais quando o
acesso e a utilização não são regulamentados de forma clara, quando o cumprimento
das regras não é controlado e, quando não há sanções das infracções.
A análise do CHFB no PNL pode ser visto tendo em conta a posição apresentada
pelos teóricos conservacionistas e a teoria de interdependência entre a sociedade e
natureza. Achamos que estas duas abordagens são complementares e ajudam a
perceber a problemática que trazemos no presente trabalho na medida em que o
entendimento do CHFB passa também pela análise dos aspectos legal e institucional
dos gestores do PNL que para uma gestão eficiente e eficaz do parque ser importante
a retirada dos AF no local mas também encontramos os AF que dependem dos
recursos existentes no parque para a sua sobrevivência.
33
Discussão acompanhada de injúrias e ameaças, desavenças; guerra; colisão, choque
(Ferreira, 1999 apud Neto, s.d).
O CHFB pode ser explicado no âmbito do entendimento dos conflitos ambientais que
resultam da necessidade do uso dos recursos.
Olímpio (1997), define o conflito como sendo discórdia sobre a locação de recursos
escassos ou divergências envolvendo objectivos, valores e, podendo concorrer a nível
inter-pessoal ou organizacional
34
prevenção da progressão para conflitos mais sérios, aumento da coesão do grupo e
respectivo desempenho.
Do acima exposto CHFB deve ser entendido como sendo aquele que ocorre devido a
coexistência numa área de conservação de homens e animais, que concorrem para o
acesso e utilização dos mesmos recursos. Na maior parte das vezes, pelo facto das
áreas de conservação serem criadas com a desconsideração das necessidades das
populações que habitam aquelas áreas, com pouca ou nenhuma participação da
população que nelas residiam, ou que utilizam os seus recursos como meio de
subsistência, despoletaram conflitos na administração e maneio das áreas de
conservação.
Para os geógrafos, o conceito de risco refere-se a uma situação que está no futuro e
que traz incerteza e insegurança. Assim, há regiões de risco ou regiões em risco.
Sendo associado na maior parte das palavras perigo ou possibilidade de perigo. Estar
em risco é estar susceptível a ocorrência de algum perigo, com potencial para danos
sociais e ambientais. Pode-se dizer que o perigo existe somente porque as actividades
humanas se encontram expostas a forças naturais (Mattedi; Butzke, 2002 apud
Favero, 2006:16).
14
Favero (2006: 15) faz distinção entre os diferentes tipos de risco, sendo eles: riscos naturais, risco de
saúde, riscos sociais, riscos económicos e riscos políticos (Favero, 2006: 15)
35
Para Neto (s.d), a questão de risco deve ser vista como resultado das decisões, dos
factos, dos fenómenos que após serem definidos como soluções para os problemas
estruturais, acabam-se apresentando como ameaças sociais em razão das
consequências futuras inesperadas, imprevistas ou mesmo aceitas como
responsabilidade da sociedade por assumirem viver em uma determinada forma de
sociedade.
36
da área por forma a preservar a sua vida e seus bens, tal como anteriormente a fuga da
guerra da Renamo.
37
CAPITULO 5: Resultado de pesquisa e discussão dos dados
Das famílias entrevistadas 85% tem algum membro que trabalha na RSA, algumas
famílias tem parentes que já trabalharam no exterior e retornaram depois da guerra
dos 16 anos, em 1992. Constatamos que 85% dos entrevistados são nativos, contudo
maior parte dos agregados familiares, agentes económicos e o grupo de mulheres,
emigraram durante a guerra civil para RSA e ainda para outras comunidades do
Distrito de Massingir e Província de Gaza depois voltarem as suas aldeias após a
guerra. Há pessoas que insistem que nunca sairão.
A totalidade dos entrevistados referiram que não suportam conviver com a população
faunística, isto por não obter benefícios da conservação da fauna bravia no PNL.
Porém não tendo opções tanto fora do PNL como noutras regiões do Distrito
permanecem na zona de conservação.
38
com a criação do Parque a vida daquelas comunidades alterou-se, pois os recursos lá
existentes devem ser usados obedecendo algumas regras de conservação impostas
pelos gestores do PNL/Estado.
No que concerne a opinião dos membros do comités (33 comités de gestão) e líderes
comunitários (ver a tabela 2 no anexo 9), apresentaram duas faces durante o período
do decurso do trabalho de campo. Nos grupos focais com as comunidades prestam
informações diferentes das que apresentam quando estão em visita com os gestores de
Parque. Este posicionamento deve-se aos dividendos que usufruem do governo, isto é,
perdiens das viagens e outros benefícios.
40
Um dos entrevistados disse: todos os dias precisamos de água, vamos ao rio sempre
para termos água beber, lavar a roupa e pratos, tomar banho ….. lá no rio podemos
encontrar crocodilo ou hipopótamo. Sem vermos, mordem ou levam as pessoas
Entrevista com Carlos Mudjovo, Vundla, Novembro de 2008).
Outra situação está relacionada com o ataque aos animais domésticos por crocodilos
junto aos rios e lagoas. Estes animais ao abastecerem-se do precioso líquido junto aos
rios, são capturados e mortos. (Ver Anexo4 página 71).
Por outro lado, as mudanças climáticas que se verificam com maior rigor nos últimos
anos alteram de certa forma o ecossistema afectando negativamente muitas das
espécies existentes. A escassez de água em alguns locais onde ela era mais abundante
é um facto e leva a disputa pelos recursos nas mesmas zonas.
41
Ainda ligado ao ramo agrícola verificam-se queimadas descontroladas no processo de
desbravamento da floresta ou limpeza dos campos após a colheita. Estas praticas
acabam destruindo a floresta, habitat dos animais, pondo em risco a própria vida dos
animais e dos homens. Esta situação acaba levando ao conflito entre as comunidades e
os gestores de PNL, uma vez que, colocam em risco a fauna bravia existente no
parque.
Pelo facto de cerca de 95% das comunidades residentes no PNL dependerem dos
recursos existentes na região para sobrevivência, verifica-se a caça de animais por
forma a balancear a dieta alimentar das famílias. Deste modo, é frequente ocorrer a
caça de animais para consumo, numa situação em que o recurso, espaço e alimentos
são exíguos. A este respeito um dos entrevistados disse: aqui na zona desde muito
tempo caçamos, os meus avós também caçaram aqui para poder comer. Com a
criação do parque em 2001 proibiram-nos de caçar mas nós não temos outras coisas
para comer e nem dinheiro para comprar. Vivemos de caça e sempre foi assim
(entrevista com Chadreque Chauque, Vudla, Novembro de 2008)
Verificam-se ataque aos animais domésticos e invasão aos currais e capoeiras. Por
vezes o ataque as pessoas por leões e leopardos e outros predadores, quando feridos,
42
ou esfomeados. A competição entre humanos e felinos na caça de animais herbívoros
torna-os escassos e na falta de alimentação tradicional leões, leopardos e outros
predadores acabam atacando os animais domésticos nos currais ou na pastagem.
5.4.1.Animais
A declaração da zona onde se localiza o PNL como área de protecção, em 2001 e sua
transformação em Parque Transfronteiriço e consequente retirada da vedação entre o
PNL e o Parque Kruger, fizeram subir substancialmente os efectivos dos animais
bravios, com particular enfoque para os de grande porte e com medidas expressas de
proibição de abate.
43
As características destes mesmos animais ajudam ou permitem que possam atacar,
destruir bens e até habitações sem muito escorço. Senão vejamos algumas
características que apresentam:
Crocodilo (crocodyles) é um animal carnívoro, com uma boca longa e cheia de dentes
curtos e afiados. Habita na água doce ou de baixa salinidade, como rios e lagos. Entre
suas várias técnicas de caça, usa a cauda para encurralar peixes ou abater presas
terrestres, ataca de emboscada animais grandes e, com as mandíbulas, arrastam-nos
até a água ou até mesmo aprisionam animais sob árvores ou pedras para afogá-los.
Por terem dificuldade em retirar pedaços das presas, os crocodilos executam o "rolo
da morte", usando o peso do corpo para despedaçar a carne das presas.
Por sua vez o elefante de nome cientifico Loxodonta africana. É o maior mamifero
terrestre, com uma longa tromba, longas presas. Pesando até 12 toneladas e medindo
em média quatro metros de altura. Habitam em planicies, arboreo arbustivas. E
alimentam-se de arbustos, folhagens e frutos. Devido ao tamanho que possuem
44
chegam a comer cerca de 150 quilos15 durante 24 horas, no periodo entre 18 a 24
horas. Os elefantes são bastante extravagantes a comer e não raro destroem mais do
que consomem (CD Forum Natureza em Perigo, 2005).
Por seu lado o Leão, de nome científico panthera leo. É o maior felino africano,
castanho amarelado. Possui um habitat muito diversificado, podemos encontra-los em
savanas e/ou semi-desertos. É o segundo maior felino existente, sendo superado
apenas pelo tigre-siberiano. Os machos têm como característica uma imensa juba
preta, que cobre grande parte de seu corpo (CD Forum Natureza em Perigo, 2005).
Dos dados colhidos das entrevistas não conseguimos obter a indicação dum período
único de maior incidência do CHFB. Alguns entrevistados referiram que os ataques
de pessoas por leões ocorrem tanto no período diurno como nocturno, durante as
deslocações efectuadas de uma comunidade para outra ou de casa para machamba.
Por sua vez o ataque de pessoas por crocodilos, ocorre quando as pessoas se dirigem
15
Os dados sobre o consumo diário de Elefantes são divergentes. Encontramos referência de 80Kg
como a quantidade correspondente ao consumo do Elefante.
45
aos rios ou para obter água ou então para pesca ou ainda quando estas pessoas
praticam a agricultura nas margens dos rios aproveitando assim a humidade no tempo
seco.
5.4.2. Comunidades
Estão também envolvidas neste conflito as comunidades que estão a residir no interior
do PNL, ao longo do rio Shinguedzi nomeadamente comunidades de Nhanguene,
Macavene Bingo, Mavodze, Massingir velho, Machamba, Chimangue, Makandezulu
A e Makandezulu B, o qual constitui o coração de PNL e é onde houve planos de ser
edificada grande parte dos acampamentos turisticos devido ao seu elevado potencial
em recursos faunisticos como Búfalos, Bois-cavalos, Zebras, Avestruzes, Leões,
Elefantes entre outros.
O CHFB a que se refere neste trabalho foi latente durante longos anos antes da
criação do PNL como área de conservação. As populações partilhavam com os
animais bravios o uso dos recursos naturais então existentes. Este era um conflito
dentro da comunidade, cujos os AF tinham consciência da sua existência e viviam os
problemas causados pelos animais bravios, mas utilizaram os animais como recurso.
46
populacional e do reino animal exacerbou o conflito que a pouco e pouco foi
aumentando na comunidade a consciência sobre o CHFB.
47
o direito de receber algum montante mediante a apresentação de um mini projecto de
desenvolvimento.
Uma parte considerável das comunidades residentes no PNL e arredores tem estado
envolvida constantemente no CHFB. Sendo as comunidades as vítimas primárias
deste conflito, estas são as mais interessados na sua mitigação ou eliminação do
CHFB. Por causa destes conflitos, existem comunidades com interesse de abandonar
o PNL. Contudo este objectivo só será concretizado se o Estado conseguir por em
prática o plano de reassentamento prometido aquando da criação do parque
48
Na prática, as acções prometidas pelos Estado/ gestores do PNL para mitigar o CHFB
estão sendo lentas. Passados quase nove (9) anos desde o início da sua implantação, as
comunidades só assistem dia após dia à devastação das suas culturas nas machambas
e à morte de pessoas e animais domésticos atacados por elefantes e leões.
Várias são as estratégias que tem sido adoptadas por forma a eliminar ou minimizar o
CHFB quer implementados pelos gestores do PNL como pela comunidade. Dentre
elas encontramos: reassentamento populacional, criação de comités e métodos
tradicionais.
Das 53 comunidades residentes no PNL somente 9 é que vivem ao longo dos rios
Shinguezi e dos Elefantes e, somente estas é que serão reassentadas de imediato visto
estar no corredor dos animais bravios de grande porte e devido as limitações
financeiras do Governo para a prossecução do objectivo final que é o total
reassentamento das populações residentes no PNL. As nove comunidades optaram
49
voluntariamente pelo reassentamento. Com base em negociações estas comunidades
seleccionaram as zonas de Bingo, Nanguene, Macavene e Massingir Velho para o seu
reassentamento tendo em consideração as condições básicas de subsistência.
Por forma a criar melhores condições de vida dos AF reassentados foi construído um
sistema de abastecimento de água com ramificações de fontenários que beneficiam
também a aldeia hospedeira (Bingo). E um comité consultivo de reassentamento
(CCR) composto pelos directores provinciais de Turismo, Agricultura, Obras Públicas
e Habitação, Coordenação de Acção Ambiental, Administração do PNL,
Administradores distritais de Massingir, Mabalane Chicualacuala, Líderes
comunitários das nove aldeias afectadas e, representantes do forum das ONGs que
trabalham em coordenação com a administração do PNL.
50
5.5.2. Gestão integrada16
Para garantir a gestão sustentável dos recursos naturais na sua comunidade bem como
o cumprimento de deveres comunitários como residentes dentro de uma área de
conservação, a administração do PNL, através das ONG (ORAM, LHUVUKA; PAO
DO MUNDO etc.), criou comités de gestão nas comunidades do PNL.
16
Gestão integrada refere-se a administração dos recursos florestais e faunisticos em conjunto,
incluindo o controlo e uso desses recursos em comformidade com a legislação, sua regulamentação,
assegurando a participação efectiva das instituições, comunidades locais, associações e do sector
privado.
51
Segundo os gestores do PNL, com a criação dos comités em 2002 -200617 pretendeu-
se promover diálogo, espaços de aprendizagem e de construções de relações
sinergéticas e de parcerias entre todos os envolvidos no conflito Homem fauna Bravia
no PNL.
Aliado a este facto a criação do comité irá permitir que os conflitos existentes sejam
resolvidos logo evitando que os mesmos passem por varias fazes como propostas por
Matakala (1998) , nomeadamente:
• Fase de Conflito Latente: esta fase é caracterizada pela percepção por parte das
comunidades da existência do problema, mas assumem uma posição neutra. Uma
vez que continuam a usufruir dos recursos florestal e faunístico existente na
região, uma vez que, o local ainda não era considerado parte do PNL.
17
Em 2002/3 foi fundado o Comitê de Macavane e Mavodze designados por comitês comunitários
localizados no distrito de Massingir. Existe ainda os comitês distritais de Makandezulo (2002) e
Tchowé (2005), Wamavike (2006) no Distrito de Chicualacuala.
52
envolvidas. É comum nesta fase haver transferência de problemas, isto é, um
problema pessoal ou de um grupo passa a ser de muitos pela sua natureza e
magnitude, requerendo o envolvimento de terceiros para fazer a mediação, como
por exemplo: ONG’s, Governo, Credores, Doadores, Tribunais e outros
vocacionados para o efeito.
18
Entrevista com Zínio Macamero, MITUR, 2010.
53
5.6. Eixo 4: Impacto do CHFB e da criação do PNL
19
isto é, espaço territorial delimitado que se destina à preservação de ecossistemas naturais, em geral
de grande beleza e cénica, e representativos de património nacional.
54
Aproveitamento da Terra (DUAT). Essas comunidades por força maior da Lei de
Terras automaticamente ficaram lesados. Os pescadores artesanais, embora sem
protecção legal semelhante ao DUAT, encontram-se numa situação idêntica, sem os
seus direitos reconhecidos por lei.
55
CAPITULO 6: Comparando o cenário do PNL e outros Parques em
Moçambique
Este cenário referido por Dumangane em 2005, ocorre também no PNL. Vezes sem
conta os nossos entrevistados referiram que os seus campos e outros pertences eram
atacados por elefantes, crocodilos e hipopotamos. Os ultimos atacam em grande
medida os campos de cultivo que se localizam naz zonas ribeirinhas.
Para além da área agricola verifica-se perda de vidas humanas. No caso do PNL
foram reportadas 5 mortes no ano de 2008. Em 2009 no Distrito de Mágoe no
nordeste da Provincia de Tete, centro de Moçambique, um total de 43 pessoas em
várias comunidades também foram atacadas. Neste caso os ataques dos animais é
explicado pela fome dos animais. Estes durante o periodo de estiagem efectuam
56
investidas nos campos de cultivo provocamdo mortes de alguns agricultores
familiares (portal do Governo20).
20
Acessado em 2 de Junho de 2011.
57
Conclusão
Ao iniciar o trabalho era nossa pretensão avaliar as formas como se tem desenvolvido
o CHFB no PNL e arredores. Da pesquisa efectuada nas 35 comunidades, num total
de cinquenta três comunidades existentes no PNL, representando 63% da cobertura
total das comunidades, chegamos às seguintes conclusões:
Deste modo, o estado entra em rota de colisão com os interesses das comunidades ao
impedir-lhes a realização de muitas actividades económicas anteriormente por elas
praticadas como a caça, a produção de lenha e carvão vegetal para a comercialização,
a extracção de plantas medicinais, a criação de gado para o sustento das famílias entre
outras actividades.
• Fontes ligadas ao PNL, indicam que entre os animais em perigo de extinção estão
o rinoceronte, o leopardo e o elefante. Estes animais fazem parte do leque das
especies preferidas pelos “ furtivos “ devido ao elevado valor da comercializaçao
do seu material. Do rinoceronte é extraido o corno ou o trofeu, do leopardo a pele
e do elefante o marfim.
58
• A coabitaçao com os predadores colocam as comunidades indefesas e sem meios
para defesa. Os animais domésticos, gado ouvino, caprino e ovino acabam
também se tornando presas fácies para os carnivoros como os leões.
• De acordo com Becker, Jahn e Gorg (2006) apud Fiege 2008, a degradação dos
recursos naturais tem como causa a acção do ser humano e resulta no
condicionalismo da acção do próprio homem em relação aos recursos. Como
consequência, as teorias na relação de interdependência entre o ser humano
estruturado em sociedades e a natureza, tendem a ser interactivas. Os precursores
da Ecologia Social consideram de extrema importância a dimensão cultural na
influência humana sobre a natureza, a percepção que a sociedade tem sobre os
recursos, as leis e regras que orientam a sua exploração.
59
• Os casos de conflito entre animais selvagens e humanos pela terra, florestas e agua
tem vindo a aumentar e manifestam-se de várias maneiras: as pessoas são mortas e
feridas pelos animais, verifica-se a perda de animais domésticos, competição por
áreas de pastagem e por agua, incursão dos animais domésticos nas propriedades
das pessoas ausência de politicas ou inadequadas de compreensão por perdas e/ou
ferimentos a humanos, invasão por humanos para as áreas de animais selvagens,
bloqueio por humanos de rotas de migração de animais e caca furtiva.
60
Recomendações
• Recomenda-se o reassentamento urgente das comunidades de Nanguene,
Macavene, Mavodze, Bingo, Massingir Velho, Machamba, Chimangue,
Makandezulo A e Makandezulo B pois são as comunidades que residem ao longo
do rio Shinguedzi o qual constitui o coração de PNL e é onde deverá ser edificada
grande parte dos acampamentos turisticos devido ao seu elevado potencial em
recursos faunisticos nomeadamente: Búfalos, Bois-cavalos, Zebras, Avestruzes,
Leões, Elefantes entre outros. Revisão dos planos iniciais face a resistência das
populações.
• Adoptar acções que visem demostrar às comunidades locais que a Fauna Bravia
sendo um recurso natural, representa uma oportunidade para a geração de
beneficios locais, contribuindo assim para a redução da pobreza absoluta;
61
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de questionarios formulados com perguntas abertas e fechadas. Rio de Janeiro.
DIEGUES, A. ARRUDA, R. 2001. Saberes tradicionais e Biodiversidade do
Brasil. Ministério do Meio Ambiente. MAA/ Programa Nacional de Conservação da
Biodiversidade . Universidade de São paulo-USP. Brasilia.
FAVERO, Eveline. (2006) . A seca na vida das familias rurais de Frederico
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Management Working paper. Numero 7. FAO;
FREY (1992) abordagem economica do ambiente. A dimensão politico-democrática
nas teorias do desenvolvimento.
Ghimire & Pimberb (2000). “ Uma análise mais usado ao processo participativo no
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Qualitativa em Saúde. Sao Paulo: Hucitec-Abrasco.
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NETO, Nicolau. (s.d) Os conflitos de Uso dos recursos Ambientais: um reflexo da
sociedade de risco. (nota: é de 2006 ou 2007).
pt.wikipedia,org/wini/ECO-92
RIBOT e PELUSO (2003). Sociology rural “Analysing Access to Tropical Forests:
Analytical implications of.”.
66
Anexo 1
Definições
A Lei 10/99, de 7 de Julho, Lei de Florestas e Fauna Bravia, define o seguinte:
Consumo próprio: exploração florestal e faunística exercida pelas comunidades
locais sem fins lucrativos para a satisfação das suas necessidades.
Desenvolvimento sustentável: desenvolvimento baseado numa gestão ambiental que
satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer o equil’ibrio do
ambiente, permitindo que as gerações futuras também satisfaçam as suas
necessidades.
Ecossistemas: complexo dinâmico de comunidades vegetais, animis e
microorganismos e o seu ambiente não vivo, que interage como uma unidade
funcional.
Exploração florestal: conjunto de medidas e opera,cões ligadas á extracção dos
produtos florestais para a satisfação das necessidades humanas, designadamente
abate, transporte, serragem de material lenhoso, extracção, secagem, incluíndo fabrico
de carvão, bem como actividade de processamento de madeira e quasquer outras que a
evolução técnica venha a indicar como tais, independentemente da sua finalidade.
Fauna bravia: conjunto de animais terrestres, anfíbios e avifauna selvagens, e todos
os mamíferos aqáticos, de qualquer espécie, em qualquer fase do seu
desenvolvimento, que vivem naturalmente, como as espcies selvagens capturadas
para fins de, pecuarização, excluíndo os recursos pesqueiros.
Inventário florestal: recolha, mediação e registo de dados sobre a qualidade e o
volume de recursos florestais, o estado de sua dinâmica, a regeneração e os produtos
que se podem obter por unidade de superfície de forma a fornecer informação para o
maneio sustentável de uma dada região ou floresta, em particular.
Inventário faunístico: recolha, mediação e registo de dados sobre a composição por
espécie ou animais, a densidade por unidade de superfície, a densidade por grupo
etário e por sexo e o estado da densidade da população, de forma a fornecer
informação para o maneio sustentável da fauna bravia.
Parque nacional: espa,co territorial delimitado que se destina á preservação de
ecossistemas naturais, em geral de grande beleza e cénica, e representativos do
património nacional.
67
Plano de Maneio: documento técnico onde constam as actividades e outras medidas
técnicas a serem implementadas pelos vários intervenientes na conservação, gestão e
utilização dos recursos florestais e faunísticos.
Responsabilidade objectiva: obrigação legal imputada áquele que causar dano para,
independentemente da exitência de culpa ou dolo, repará-lo, compesá-lo e fazer ou
deixar de fazer alguma coisa.
Troféu: as partes duráveis dos animais bravios, nomeadamentea cabeça, crânio,
cornos, dentes, coiros, pêlos e cerdas, unhas, garras,cascos e ainda cascos de ovos,
ninhos e penas desde que não tenham perdido o aspecto original por qualquer
processo de manufactura.
Uso alternativo da terra: designação de áreas cobertas por florestas e outras formas
de vegetação natural para a agricultura, pecuária ou outra utilização estabelecida em
zoneamento ou em plano de uso de terra que as descaracterizem da sua condição
original, incluíndo obras públicas de grande impacto, tais como estradas, caminhos de
ferro, represas e passagens para torres de transmissão de energia eléctrica.
68
Anexo 2: ACT (Área de Conservaçao Transfronteiriça)
69
Anexo 3: Área de Estudo
70
Anexo4: Conflito Homem Crocodilo nas margens dos rios no PNL
71
Anexo5: Exemplo de celeiro para a conservação dos produtos
agrícolas das comunidades (milho e outros cereais)
72
Anexo6: Algumas actividades exercidas pelas comunidades no PNL
73
Anexo7: Calendário do trabalho
Viagem Maputo-Massingir, entrevistas com o pessoal de
20-11-2008 Projecto e outras pessoas de recursos
Viagem Maputo- Massingir entrevista -Isaías Farranguane
21-11-2008 ORAM Sul –Germano Dimande PNL
22-11-2008 Entrevistas nas Comunidades
23-11-2008 Entrevistas nas Comunidades
24-11-2008 Entrevistas nas Comunidades
25-11-2008 Entrevistas nas Comunidades
26-11-2008 Entrevistas nas comunidades entrevistas -Derek Potter PPF
–Baldeu Chande PNL
27-11-2008 Analise de dados entrevistas -adm.dist. massingir –
PROCANA Massingir –Henrique Massango PNL -Pessoal
do Projecto Lhuvuka
28-11-2008 Viagem para Maputo (1º Grupo) análise dos dados e
entrevistas finais
29-11-2008 Viajem para Maputo (2º Grupo) análise dos dados
30-11-2008 Análise de dados preparação do workshop
01-12-2008 Workshop
02-12-2008 Redacção do Relatório
03-12-2008 Redacção do Relatório
04-12-2008 Redacção do Relatório
05-12-2008 Redacção do Relatório
06-12-2008 Redacção do Relatório
74
Anexo 8: Lista das comunidades onde foram conduzidas entrevistas
75
Anexo 9: Mapa resumo das entrevistas efectuadas
Tabela 1: Número das entrevistas efectuadas por distrito
DISTRITO
ESTRUTURA MASS MABAL CHICU TOTAIS DESCRICAO
38 homens
Legenda:
3. A: Muito bom
4. A: Sem comentarios
B: Bom
B: Sofrimento
C: Mau
C: Ninguém olha por nós
76
5. A: Já ouvi 6. A: 20%
B: O Governo sempre mentiu para nós B: Emprego
C: Se tivesse possibilidade sairia hoje C: Nenhuns
77
Anexo 10: Fontes orais
Tabela 3: Grupo Focal: Grupos de Mulheres
78
44. Sandra Valoi 23-11-2008 Nwamaviki
45. Matilde Cuna 23-11-2008 Makandezulo
46. Rosa Chilaule 23-11-2008 Makandezulo
47. Olga Maluleque 23-11-2008 Makandezulo
48. Marta Ngovene 23-11-2008 Makandezulo
49. Lucia Maluleque 23-11-2008 Makandezulo
50. Isabel Maluleque 23-11-2008 Makandezulo
51. Artimiza Ngovene 23-11-2008 Makandezulo
52. Telma Sitoe 23-11-2008 Makandezulo
53. Maria Maluleque 23-11-2008 Makandezulo
54. Clara Matusse 23-11-2008 Makandezulo
55. Regina Maluleque 23-11-2008 Makandezulo
56. Claudia Valoi 24-11-2008 Tchowé
57. Angelina Maluleque 24-11-2008 Tchowé
58. Celeste Valoi 24-11-2008 Tchowé
59. Raquelina Chauque 24-11-2008 Tchowé
60. Sorta Maluleque 24-11-2008 Tchowé
61. Ana Maria Munguere 24-11-2008 Tchowé
62. Paula Matusse 24-11-2008 Tchowé
63. Rita Chauque 24-11-2008 Tchowé
64. Roda Maluleque 24-11-2008 Tchowé
65. Salmina Cossa 24-11-2008 Tchowé
66. Judite Chauque 24-11-2008 Tchowé
67. Serafina Chauque 24-11-2008 Tchowé
68. Olivia Maluleque 24-11-2008 Tchowé
69. Graciosa Valoi 24-11-2008 Tchowé
70. Arlinda Cossa 24-11-2008 Tchowé
71. Flora Manuel Chauque 24-11-2008 Tchowé
72. Anabela Maluleque 24-11-2008 Tchowé
73. Marta de Sousa Chauque 24-11-2008 Tchowé
79
Tabela 5: Grupo Focal: Agentes economicos
81
Anexo:11 Gráfico de Insidentes no PNL (Parque Nacional do
Limpopo de 2005-2009)
Fonte: PNL, 2008.
Salane Leão
Chicualacuala
Rio
2005-
Munhamane
Chinhazane
Ncumba
Chipandzo
Bingo
Mavodze
Matafula
Mahamque
Mbuzi
Mahanuk
Manhica
Nkunba
Mvamba
82
Anexo 12: Guião de Entrevistas
Nome do Entrevistado:
Número de pessoas na familia:
Data da Entrevista:
Local (comunidade):
Entrevista feita por:
1. Há quanto tempo vive nesta comunidade?
2. Qual é a sua posição na familia?
3. Qual é a origem da familia?
4. Qual é a principal actividade? Agricultura, caça, pesca, comércio, outra, qual?
5. Com esta actividade consegue sustentar a sua familia?
6. Quais são as outras fontes de rendimento?
7. Quais os problemas que afectam a sua actividade principal?
8. Quais os problemas que afectam a comunidade no geral?
9. O que mudou nos últimos três anos?
10. Fala um pouco do que sabe sobre a zona onde vive por exemplo a dez anos atrás
como viviam? E agora?
11. Acha ter mudado alguma coisa? Se é que mudou! o que é que mudou?
12. O que acha dessas mudanças como chefe de família?
13. Como são resolvidos os problemas que enfrentam no vosso dia a dia?
14. Como é que se sente com a forma como os vossos problemas são
resolvidos?
15. Tem alguma informação sobre o reassentamento? Se tem que tipo de informação?
E o que acha sobre o reassentamento?
16. Qual tem sido o vosso relacionamento com as comunidades vizinhas mas fora do
PNL? Na zona Tampão por exemplo? Com lideres comunitarios, com os comites,
com o governo local?
17. Fala um pouco do que sabe sobre os benefícios que vocês tem através do PNL?
18. Já ouviu falar dos comités de gestão dos Recursos Naturais? Se já fala um pouco
deles.
83
12.2 Entrevista com agentes económicos
Nome do Entrevistado:
Data da Entrevista:
Local (comunidade):
Entrevista feita por:
Observações:
84
12.3 Entrevista com o grupo de mulheres
Nome da Entrevistada:
Data da Entrevista:
Local :
Entrevista feita por:
Observações:
85
12.4 Entrevista com o comité do PNL
Nome do Comité:
Data da Entrevista:
Local :
Entrevista feita por:
Observações:
1. Quantas pessoas exitem neste comité, isto é quantas mulheres quantos homens? E
quando é que foi formado este comité? E com que objectivos foi criado este
comité?
2. Tem algum plano de actividades e relatórios?
3. E como é feita a avaliação de actividades?
4. Quantas vezes se reune o comité? E o que descute?
5. E quantas vezes se reune com a comunidade e que assuntos são tratados?
6. Quais tem sido os principais constrangimentos para o melhor
funcionameto do comité
7. Receberam alguma capcitação? Em que área?
8. Quais exactamente as actividades deste comité?
9. que dificuldades tem o comité?
10. como são tresolvidos os problemas sobre os CHFB no PNL.
o que acha do reassentamento será que a comunidade adere? Porque?
86
12.5 Entrevista com o comité do Distrito
Nome do Comité:
Data da Entrevista:
Local :
Entrevista feita por:
Observações:
1. Quantas pessoas exitem neste comité, isto é quantas mulheres quantos homens? E
quando é que foi formado este comité? E com que objectios foi criado este
comité?
2. Tem algum plano de actividades e relatórios?
3. E como é feita a avaliação de actividades?
4. quantas vezes se reune o comité? E o que discute?
5. E quantas vezes se reune com a comunidade e que assuntos são tratados?
6. Quais tem sido os principais constragimentos para o melhor
funcionameto do comité
7. Receberam alguma capacitação?
8. Em que área?
9. que dificuldades tem o comité?
10. o que acha do reassentamento será que a comunidade adere? Porque?
87
12.6 Entrevista com os comités da aldeia
Nome do Enrevistado:
Número de pessoas na familia:
Data da Entrevista:
Local (comunidade):
Entrevista feita por:
Observações:
1. Quantas pessoas exitem neste comité, isto é quantas mulheres quantos homens? E
quando é que foi formado este comité? E com que objectivo foi criado este
comité?
2. Tem algum plano de actividades e relatórios?
3. E como é feita a avaliação de actividades?
4. quantas vezes se reune o comité? E oque discute?
5. E quantas vezes se reune com a comunidade e que assuntos são tratados?
6. Quais tem sido os principais constragimentos para o melhor
funcionameto do comité
7. Receberam alguma capacitação?
8. Em que área?
9. que dificuldades tem o comité?
10. o que acha do reassentamento será que a comunidade adere? Porque?
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12.7 Entrevista com os Líderes comunitários
Nome do Enrevistado:
Data da Entrevista:
Local (comunidade):
Entrevista feita por:
Observações:
89
Anexo 13 Alguns animais existentes no PNL, icncluíndo alguns considerados
Animais problemáticos no PNL (Fonte FORUM NATUREZA EM PERIGO)
Hipopótamos
Leão
90