Marly Morais Dissertação
Marly Morais Dissertação
Marly Morais Dissertação
São Luís - MA
2018
MARLY SILVA DE MORAIS
Área: Geografia
SÃO LUÍS
2018
Morais, Marly Silva de.
154 f
CDU: 504.121(812.1)
À minha mãe, pois sempre que penso em
desistir lembro-me dela e ganho fôlego e
sustento para questionar a realidade e superar
todos os desafios.
AGRADECIMENTOS
A pesquisa teve como finalidade analisar os impactos socioambientais causados por processos
erosivos no Parque Estadual do Bacanga, localizado no município de São Luís. Assim, fez-se
necessário o uso de ferramentas como a matriz de impacto socioambiental adaptada de Sánchez
(2013), entrevistas e o mapeamento da vulnerabilidade ambiental, considerando os meios
morfodinâmicos instáveis, vulneráveis aos processos erosivos a partir da proposta de Tricart
(1977), Ross (1990 e 1994), Crepani et al, (1996) e Tagliani (2003 e 2009). Os procedimentos
metodológicos adotados constam de três etapas, descrita a seguir: a primeira refere-se à
abordagem indireta através do levantamento bibliográfico e cartográfico; a segunda refere-se à
abordagem direta que foi realizada através dos trabalhos de campo; e a 3ª o trabalho de gabinete,
envolvendo as análises em laboratório, análise da matriz de impacto socioambiental, transcrição
das entrevistas e os mapeamentos temáticos como a declividade, hipsometria, solos,
propriedades físicas (densidade do solo, partículas e porosidade), índices pluviométricos, uso e
cobertura da terra, resultando no mapa de vulnerabilidade ambiental do Parque Estadual do
Bacanga, por meio do geoprocessamento utilizando o software Arcgis 10.2. Os resultados
demonstram uma grande relação entre as classes de declividade, os tipos de solos e suas
propriedades físicas além de chuvas concentradas indicando a intensidade da ação dos agentes
geomorfológicos, pedogenéticos e manejo do solo na estruturação do ambiente em estudo. O
mapa de uso e cobertura da terra constituiu um parâmetro relevante na pesquisa, demostrando
que a Unidade de Conservação em questão, vem sofrendo várias formas de impactos
socioambientais, devido à urbanização que atualmente chega a 73,40hab/km² causando
prejuízos ao ambiente. No mapa de vulnerabilidade ambiental, a vulnerabilidade média
representa 33,11% da área total do parque, seguida das vulnerabilidades forte 27,21% e muito
baixa ou nula 13,66%. As classes de menores representatividade, são as vulnerabilidades baixa
e muito forte, que chegaram a 13,06% e 12,96% respectivamente.
The aim of this research was to analyze environmental and social impacts caused by erosive
processes at Bacanga's State Park, located in São Luís' township. Tools such as adapted socio-
environmental impact matrix Sánchez (2013), interviews and maping of environmental
vulnerability were used, considering the unstable and morphodinamical means, vulnerable to
the erosive processes from the proposal of Tricart (1977), Ross (1990 e 1994), Crepani et al
(1996) and Tagliani (2009). The methodological procedures used consist of three stages,
described as: the first refers to an indirect approach trough bibliographic and cartographic
survey; the second refers to a direct approach that was done trough field work; and the third
office work, involving laboratory analysis, analysis of the environmental impact matrix,
interviews and the thematic mappings, such as declivity, hypsometry, soils, physical properties
(soil density, particles and porosity), rainfall rates, coat and use, resulting in Bacanga's State
Park environmental vulnerability map, trough geoprocessing using the software Arcgis 10.2.
Partial results demonstrates great relationship between the classes of declivity, types of soils
and their physical properties and also concentrated rain that indicates the intensity of the
geomorphologic agents intensity, pedogenic and soil management on the structuration of the
field of study. The map of actual coat and use is still under construction, a relevant parameter
in the research, will demonstrate that the Conservation Unit in question, has been suffering
various forms of socio-environmental impacts, due to urbanization that currently is in
73,40hab/km² causing losses to the environment. In the map of environmental vulnerability, the
average vulnerability represents 33.11% of the total area of the park, followed by vulnerabilities
strong 27.21% and very low or null 13.66%. The lowest representative classes are the low and
very strong vulnerabilities, which reached 13.06% and 12.96% respectively.
KEYWORDS: Environmental vulnerability, Erosive process and Cover and use of the land.
LISTA DE FIGURAS
Figura 13 - Estratigrafia dos depósitos de sedimentos das bacias de São Luís, Barreirinhas e Parnaíba
............................................................................................................................................................... 56
Figura 15 – Vista área da colina esparsa, com ocupações Irregulares próximo à voçoroca 14 ............ 62
Figura 20 – Mapa de Solos e Área de Ocupação do Parque Estadual do Bacanga (PEB) .................... 71
Figura 24 – Vista parcial da voçoroca 1 com presença de cobertura vegetal final do período chuvoso
da região ................................................................................................................................................ 80
Figura 25 – Vista parcial da voçoroca 8 com presença de cobertura vegetal, com transporte de
sedimentos em direção ao canal fluvial, final do período chuvoso ....................................................... 81
Figura 26 – Vista aérea da voçoroca 2 com presença de cobertura vegetal, final do período chuvoso 81
Figura 27 – Vista aérea das voçorocas 5 e 6 com transporte de sedimentos em direção ao canal fluvial,
final do período chuvoso. ...................................................................................................................... 82
Figura 31 – Ocupantes do Parque Estadual do Bacanga, dialogando com a SEMA e o BPA .............. 89
Figura 32 – Área desmatada com técnica de queimadas no Parque Estadual do Bacanga ................... 89
Figura 35 - Mapa de Uso e Cobertura da Terra de 1988 do Parque Estadual do Bacanga (PEB) ........ 93
Figura 36 - Mapa de Uso e Cobertura da Terra de 2001 do Parque Estadual do Bacanga (PEB) ........ 95
Figura 37 – Mapa de Uso e Cobertura da Terra de 2011 do Parque Estadual do Bacanga (PEB) ........ 97
Figura 38 – Mapa de Uso e Cobertura da Terra de 2017 do Parque Estadual do Bacanga (PEB) ........ 99
Figura 39 – Vista área de áreas com área antrópica consolidada (1) e áreas de ocupação (2) sentido
nor-noroeste do PEB ........................................................................................................................... 101
Figura 40 – Mapa de Densidade Populacional do Parque Estadual do Bacanga (PEB) ..................... 102
Figura 41 – Vista área parcial da vegetação secundária mista na porção no-noroeste (1) e noroeste (2)
do PEB ................................................................................................................................................ 103
Figura 43 – Bordas da voçoroca 1 com gramíneas durante o período chuvoso de 2017 .................... 105
Figura 44 – Vista parcial área do manguezal com área antrópica (1) e áreas com pequenos fragmentos
de gramíneas e solo exposto (2) com vestígios de queimadas. ........................................................... 106
Figura 45 – Vista aérea da área de extração dentro do reservatório do Batatã ................................... 109
Figura 47 – Vista parcial do açude Batatã próximo a comunidade Prata ............................................ 117
Figura 48 – Vista parcial do reservatório do Batatã, com seu volume morto atingido ....................... 119
Figura 50 – Vista parcial de áreas com indício de queimada, próxima a área de ocupação a noroeste do
parque .................................................................................................................................................. 121
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Patrimônios diretamente ameaçados por erosão no município de São Luís (2008 – 2018) 17
Tabela 6 – Graus de proteção dado ao solo de acordo com a cobertura vegetal ................................... 53
Tabela 15 – Normais Climáticas da temperatura de São Luís dos anos de 1961-1990 ......................... 76
Tabela 23 – Síntese do cenário de uso e cobertura da terra do Parque Estadual do Bacanga nos anos de
1988, 2001, 2011 e 2017 ..................................................................................................................... 100
Tabela 25 – Intervalos de declividade com respectivas vulnerabilidades ambientais no PEB ........... 111
Tabela 28 – Fragilidade dos usos e coberturas na bacia do rio Bacanga ............................................ 113
Tabela 29 – Vulnerabilidade do uso e cobertura do PEB.................................................................... 113
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 16
2 EMBASAMENTO TEÓRICO CONCEITUAL................................................................. 22
2.1 As contribuições da geomorfologia nos estudos ambientais.............................................. 22
2.2 Geossistema, Território e Paisagem .................................................................................... 23
2.3 Vulnerabilidade e Impacto Ambiental a degradação dos solos por processos
erosivos................................................................................................................................... 27
2.4 Instrumentos de Ordenamento e Planejamento Territorial.............................................. 33
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................................ 38
3.1 Levantamento bibliográfico e cartográfico.............................................................................. 38
3.2 Trabalho de campo.................................................................................................................. 38
3.3 Análise em laboratório............................................................................................................ 43
3.4 Trabalho de gabinete............................................................................................................... 45
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................ 56
4.1 Contexto Geoambiental da área de estudo.......................................................................... 56
4.1.1 Geologia................................................................................................................................... 56
4.1.2 Geomorfologia ........................................................................................................................ 60
4.1.3 Solos ....................................................................................................................................... 70
4.1.4 Condicionantes climáticos ...................................................................................................... 75
4.1.6 Hidrografia .............................................................................................................................. 82
4.2 Uso e cobertura da terra como fator potencializador dos processos erosivos
acelerados do Parque Estadual do Bacanga no período de 1988 - 2017 .......................... 85
4.3 Índices de Vulnerabilidade Ambiental no Parque Estadual do Bacanga......................... 109
5 Impactos socioambientais causados por processos erosivos, considerando as inter-
relações dos processos físicos, político-econômicos e socioculturais................................. 116
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................ 123
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 125
APÊNDICES.......................................................................................................................... 138
ANEXOS................................................................................................................................. 143
16
1 INTRODUÇÃO
A relação do ser humano com o meio ambiente, seja de maneira harmônica ou não,
provocou e ainda provoca mudanças em virtude da sua ligação histórica, geralmente conflituosa, entre
a sociedade e a natureza o que tem gerado profundas discursões no bojo dos chamados impactos
socioambientais em todos os segmentos da sociedade (MENDONÇA et al, 2008).
Os impactos socioambientais decorrem principalmente do crescimento desordenado da
população que consequentemente diminuiu as áreas verdes provocando entre outros problemas, a
degradação do solo, ocupação nas encostas, canalização e retificação dos canais fluviais, poluição da
água e do solo e erosões aceleradas (OLIVEIRA, 2008).
Neste contexto, a metodologia geossistêmica, contribui estruturalmente nos subsistemas,
pois analisa a hierarquia espacial e ambiental, natural e social, de forma verticalizada (MONTEIRO,
2001). Este método discorre sobre os conceitos de paisagem e território, a partir do conhecimento
histórico pautado no apoderamento da sociedade sobre os recursos naturais.
Os processos erosivos encontram-se diretamente relacionados ao desequilíbrio da
paisagem, que pode ter origem natural, antrópica (através da apropriação do território) ou conjugada.
Para Guerra e Marçal (2014, p.14) “a paisagem é a natureza integrada e deve ser compreendida como
síntese dos aspectos físicos e sociais, sendo importante seu conhecimento [...]”. Por sua vez o
território será o espaço de interações dos subsistemas naturais, construído socialmente.
Partindo-se dos conceitos de paisagem e território, podemos definir que as Unidades de
Conservação - UC’s são sistemas apropriados para avaliação dos impactos socioambientais causados
pela ação antrópica (erosão acelerada), pois seu uso inadequado acarreta riscos à estabilidade
quantitativa e qualitativa de todo um sistema, sobretudo a água e o solo.
Nesse sentido, a Geomorfologia como área do conhecimento que estuda o relevo, e seus
respectivos processos endogenéticos e exogenéticos, vem contribuindo na temática ambiental,
principalmente no planejamento das bacias hidrográficas. Assim, a erosão dos solos ganha destaque
nos estudos geomorfológicos. Para Florenzano (2008) “a erosão (ou denudação), se refere à remoção
do material intemperizado”.
Para Sudo (2000), a modalidade de erosão acelerada ou antrópica, caracteriza-se pela
retirada das camadas superficiais dos solos, numa velocidade muito maior do que a natureza é capaz
de reconstituí-las, de tal maneira que a consequência final pode ser a exposição da rocha matriz às
intempéries.
17
Tabela 1 – Patrimônios diretamente ameaçados por erosão no município de São Luís (2008 – 2018)
PATRIMÔNIO AMEAÇADO
ANO LOCALIDADES
TIPO QUANTIDADE
Casa 2 Vila Bacanga
Rodovia 1 BR - 135
2008
Monumento 1 Ponta d'Areia
Terminal hidroviário 1 Praia Grande
Casa +/- 70 Ponta d'Areia
Rodovia 1 BR - 135
2009 Monumento 1
Prédio 1 Ponta D'Areia
Estabelecimentos comerciais 6
15 Salinas Sacavém
2010
Casa 10 Areinha
2011 28 Novo Angelim
2012 3 Salinas Sacavém
Rodovia 1
BR - 135
Iluminação pública 6
2014
Casa 1 Av. Litorânea
Estabelecimentos comerciais 4
Estabelecimentos comerciais/ Ponta D’Areia
6
Carro/Avenida
2015 Jaracati/Maranhão
1
Avenida Novo
1 Calhau
Estabelecimentos
2016 4 Ponta D’Areia
comerciais/calçada
Estabelecimentos
2017 7 Ponta D’Areia
comerciais/calçada
Av. Jerônimo de
Avenida 1
Albuquerque
2018
Av. Paulista (Olho
Avenida 2
D’Água)
Casa +1 Sá Viana
Fonte: Jornal do Estado do Maranhão e Imparcial 2008 – 2018.
a qualidade de vida da população (OLIVEIRA, 1999; SALOMÃO, 1999; SUDO, 2000; FULLEN;
GUERRA, 2002, FULLEN; CATT, 2004; ARAÚJO et al., 2005; GANGOLELLS et al., 2009). De
acordo Santos (2009), o uso e ocupação das terras perpassa pelo planejamento ambiental, pois
representa as atividades humanas que causam pressão sobre os elementos naturais.
O planejamento ambiental é um instrumento de gestão. É um procedimento de
organização de tarefas para se chegar a um fim. Segundo Hidalgo (1991), o planejamento ambiental
é um processo político, social, econômico e tecnológico de caráter educativo e participativo, onde as
esferas políticas, devem escolher as melhores alternativas para a conservação da natureza, para gerar
um desenvolvimento equilibrado.
Para Lanna (1995), planejamento ambiental é um processo organizado que obtém
informações e reflexão sobre o problema, definindo metas e ações. Ou seja, o planejamento ambiental
deve considerar as potencialidades dos recursos naturais, mas, sobretudo suas vulnerabilidades diante
das diferentes intervenções antrópicas na natureza, principalmente em áreas protegidas por lei.
Assim mediante os inúmeros problemas ambientais e depois de eventos ocorridos mundo
a fora, o Brasil através da Lei 9.985/00 criou o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de
Conservação) que estabeleceu uma política de âmbito nacional com normas para criação,
implementação e gestão da Unidade de Conservação.
No município de São Luís, foram criadas as seguintes UC’s de responsabilidade estadual:
Área de Proteção Ambiental do Itapiracó, Parque Ecológico Estadual Lagoa da Jansen, Área de
Proteção Ambiental do Maracanã, Estação Ecológica do Rangedor e o Parque Estadual do Bacanga.
No entanto apenas a criação da UC’s não garantirá a conservação e preservação é
necessário que se tenha um bom manejo destes espaços. A exemplo, o Parque Estadual do Bacanga -
PEB criado através do Decreto Estadual nº 7.545 de 2 de março de 1980 com uma área de 3.075ha,
localizado no centro-oeste da Ilha do Maranhão (Figura 1), sendo este espaço, a resistência da Antiga
Floresta Protetora dos Mananciais criada no ano de 1944. Historicamente, desde a criação o PEB
apresenta diversos problemas ambientais, acarretados principalmente pela urbanização desordenada.
Entre os problemas encontrados no PEB, consta o asfaltamento em áreas de recargas dos
mananciais subterrâneos, canais de esgoto lançados diretamente nos rios sem nenhum tratamento e a
retirada da vegetação nativa ocasionando a degradação do solo. A degradação do solo constitui um
dos tipos de degradação ambiental mais sério em nossos dias, e a erosão hídrica acelerada é a sua
forma mais grave e perceptível Noffs et al. (2000).
Figura 1 – Mapa de Localização do Parque Estadual do Bacanga (PEB)
19
20
Subclasse de geomas
Grupo de geomas
REGIONAL
Subzona
Província
natural
Subgrupo de geomas
Microgeócoro (grupos
Fácies TOPOLÓGICO determinados)
Bertrand e Bertrand (2007) define geossistema como sendo uma porção do espaço,
resultado da combinação dinâmica, mas instável, composta de elementos físicos, biológicos e
antrópicos no qual reagem interagindo, uns sobre os outros, e fazem a paisagem indissociável,
sendo um único conjunto que está em constante evolução. Apesar das discordâncias
metodológicas Sotchava e Betrand, é inquestionável suas contribuições para análise geografia
apesar da diferenciação da aplicação, conforme afirma Monteiro.
Atribuo esta diferença de atitude entre os dois geógrafos a influência dos seus próprios
“meios” e locais de trabalho. Parece lógico que o francês, trabalhando no Pirineus-
onde as mudanças se acentuam em altitude-recorresse ao relevo. Enquanto isso o
russo, trabalhando nas planícies siberianas, seria natural que seu maior apoio viesse a
ser revestimento biótico(vegetal-aniamal), (MONTEIRO, 2001, p.47).
26
Para este autor o território possui essas três vertentes (política, econômica e
cultural), sendo que na perspectiva política o território é visto como um espaço circunscrito e
exerce relações de poder. Na econômica é visto como fonte de recursos associado aos conflitos
entre as classes sociais. Do ponto de vista cultural possui um valor metafórico de uma
comunidade em relação ao seu espaço vivido. Nessa mesma vertente temos a visão de Saquet
et al. (2009, p.82), “o território é evidentemente marcado por relações de poder numa
compreensão multidimensional, constituindo campos de forças, econômicos, políticos e
culturais; o território possui construções históricas e relacionais de identidades [...]”.
Nesta conjuntura, a escolha da definição categórica perpassa pelos objetivos da
pesquisa. Dentre a literatura consultada adota-se o conceito de território de Bertrand, que buscar
o processo de formação território/paisagem através da história (meio natural e antrópico)
presente no ambiente.
27
Nessa perspectiva adota-se inicialmente o conceito defino por Coelho (2001, p.25),
“Impacto ambiental é, portanto, o processo de mudanças sociais e econômicas causado por
perturbações no ambiente[...] não é obviamente, só resultado, é relação”. Para a autora é preciso
entender que os impactos ambientais são processos de uma história não linear de sua produção.
Ou seja, cada território/paisagem possui uma localização com condições ecológicas e formas
de apropriação diferenciada. A partir dos conceitos acima elencados, adota-se o termo impacto
socioambiental.
Conforme, Lima (2007) as formas atuais de reprodução e vida nas cidades tem
gerado uma sucessão de eventos conflitantes, dentre as quais vêm auferindo proporção os
impactos socioambientais. Os métodos e conceitos levam em conta diferentes escalas de
análises para representar a realidade, procurando descobrir os aspectos relevantes da pesquisa
(SANTOS et al, 2008). Por esta razão, utiliza-se “impacto socioambiental”, por abranger
variáveis, naturais, sociais, culturais, econômicas e políticas. Conforme Harvey (1997) enfatiza
que a causa dos problemas ambientais, está na relação conflitante sociedade/natureza.
Assim as análises devem ponderar uma “[...] interpretação qualitativa e quantitativa
das mudanças de ordem ecológica, social, cultural ou estética no meio” (SANTOS, 2009, p.
110). O modelo da Matriz de Leolpod (1971) adaptada por Sánchez (2013) contém na sua
concepção original 100 ações com potencial de possíveis provedores de impacto ambiental e
88 características ambientais. Cada célula mostra a inter-relação entre as ações e os fatores,
considerando a magnitude e a importância de cada impacto em uma escala que varia de 1 a 10
(IBAMA, 1995).
30
Segundo estes autores as erosões lineares produzem feições que são classificadas
de diferentes formas como, sulcos, ravinas e voçorocas. No caso da área de estudo, evidencia
os processos erosivos acelerados (voçorocas).
De acordo com, Guerra (1999) a evolução de voçorocas depende da união de
diversos fatores e sua reincidência ao longo do tempo, sendo que seu estágio inicial se daria
pela ação da erosão por salpicamento (splash), que age diretamente no solo, na ruptura dos seus
agregados formando uma selagem, diminuindo a infiltração e aumentando o escoamento
superficial (runoff).
Para tal estudo faz-se necessário o conhecimento geomorfológico. Conforme
Guerra e Marçal (2014, p.79) “[...] é praticamente impossível diagnosticar e prognosticar a
erosão dos solos, de uma determinada área sem levar em consideração a Geomorfologia”. Para
tal a pesquisa utiliza o mapeamento geomorfológico.
A produção de mapas geomorfológicos (morfometria – declividade e hipsometria)
constitui-se um dos elementos desta pesquisa, tendo como preocupação fornecer dados para
uma melhor avaliação da vulnerabilidade ambiental da área em estudo. Este por sua vez é um
importante instrumento que se apresenta como base da pesquisa e não a concretização gráfica
já feita (TRICART, 1977). A conclusão do mapeamento apresentará uma síntese das
informações, sendo este indispensável para uma melhor análise do relevo.
Outro aspecto importante dentro da temática geomorfológica refere-se às questões
metodológicas do mapeamento do relevo e adoção da escala de trabalho. Argento (2001) apud
Bezerra (2011) considera que:
A metodologia do mapeamento geomorfológico tem como base a ordenação dos
fenômenos mapeados, segundo uma taxonomia que deve estar aferida a uma
determinada escala cartográfica. Exemplificando: os agrupamentos constituídos de
tipos de modelados permitem a identificação de unidades geomorfológicas, assim
como os agrupamentos dessas unidades constituem as regiões geomorfológicas,
surgem os grandes domínios morfoestruturais. Os mapeamentos temáticos
identificados dos grandes domínios morfoestruturais e das regiões geomorfológicas
são condizentes a escalas iguais ou menores de 1:100.000 como, por exemplo, a de
1:250.000; porém, os mapeamentos condizentes com as unidades geomorfológicas
devem estar aferidos a escalas de até 1:50.000, (Argento, 2001 apud Bezerra (2011),
p.48).
Para concretização deste mapeamento, foi realizada uma revisão bibliográfica das
bases conceituais da geomorfologia. Sendo utilizados os trabalhos de Penk (1953), Ross (1987,
1990 e 1992) e Florenzano (2008), estes autores fornecem uma base teórico-metodológico e
alguns modelos aplicados.
32
Por certo, a realidade até o momento mostra-se distante do discurso político e dos
direitos e deveres legais estabelecidos, exigindo questionamento da atual concepção
democrática que orienta os processos criação, planejamento, gestão e ordenamento territorial
de UC’s. O ordenamento territorial nas unidades de conservação dispõe de intensas discursões
e conflitos, especialmente quando se discorre sobre as populações residentes no interior ou
entorno.
O ordenamento territorial perpassa pela concepção de território. Anteriormente a
ciência geográfica possuía a ideia concebida por Ratzel de um território como uma porção de
terra (por meio de posse/propriedade ou apropriação) por um indivíduo ou conjunto de
indivíduos, que passam a exercer o controle desse recorte espacial. Tais perspectivas também
são encontradas em Rafestin (1993) Saquet (2003), Souza (2010) e Barbosa (2011), onde o
Estado seria o agente articulador entre o povo e o solo, transformando-se no principal
encarregado de coordenar o desenvolvimento desse território, garantindo e ampliando seus
limites.
Segundo Haesbaert (2004, p 79) o território pode ser concebido a partir da
imbricação de múltiplas relações de poder, do poder mais material das relações econômico-
políticas ao poder mais simbólico das relações de ordem mais estritamente cultural. Em
contrapartida Junior (2010), afirma que o território é objeto concreto decorrente da luta de
classes concebida pela sociedade na construção de sua existência.
Concordando com essa perspectiva, Saquet (2011) e Medeiros (2015) estabelecem
o território como, produto das relações sociedade-natureza e condição para a reprodução social;
campo de forças que envolvem obras e relações sociais (econômicas-políticas-culturais)
historicamente determinadas. Ou seja, para os autores o território é fruto e também é decisivo
na reprodução da relação sociedade-natureza refere-se ao resultado do processo de relação das
classes sociais com suas territorialidades cotidianas.
Assim são as relações sociais, formadas por um processo contínuo e, ao mesmo
tempo, incoerente de desenvolvimento das forças produtivas que formarão o território.
Partindo desta visão, podemos concluir que as UC’s diferenciam – se em seu
cenário territorial, pois adquire com o tempo-espaço uma identidade própria necessitando que
seu planejamento e ordenamento territorial sejam condizentes as suas necessidades.
A discursões sobre ordenamento territorial adquiriu na contemporaneidade nova
definição e importância. Pois ao considerar a realidade dos territórios atuais (conjunto de forças
econômicas, políticos e simbólico-cultural), no qual transcende a ideia de poder e ordem
35
agregada aos interesses da nação na visão do Estado, associa se de forma diferenciada em cada
escala geográfica, que criar novos desafios à visão e implantação das políticas públicas
relacionadas ao desenvolvimento territorial. Mas o que seria o Ordenamento e Planejamento
territorial?
Encontramos no dicionário Aurélio (1988) a definição de ordenamento “é o ato de
ordenar de um território”. Para o dicionário de geografia (Baud et al., 1999, p.262), o
ordenamento do território “corresponde, na maior parte dos casos à vontade de corrigir os
desequilíbrios de um espaço nacional ou regional e constitui um dos principais campos de
intervenção da Geografia aplicada. Pressupõe por um lado, uma percepção e uma concepção de
conjunto de um território e, por outro lado, uma análise prospectiva.
Para os autores Ruckert (2005 e 2007), Costa (2005), Moraes (2005), Becker
(2005), Barbosa (2011) e Coelho (2014), o ordenamento territorial é um instrumento de
articulação transetorial e interinstitucional que tem por objetivo um planejamento integrado e
especializado da ação do poder público, cuja meta a é a compatibilização de políticas em seus
rebatimentos no espaço evitando conflitos de objetivos e contraposição de diretrizes no uso dos
lugares e dos recursos.
Sobre este tema podemos destacar a Carta Europeia do Ordenamento do Território,
onde o ordenamento territorial:
É a tradução espacial das políticas económica, social, cultural e ecológica da
sociedade. (...) É, simultaneamente, uma disciplina científica, uma técnica
administrativa e uma política que se desenvolve numa perspectiva interdisciplinar e
integrada tendente ao desenvolvimento equilibrado das regiões e à organização física
do espaço segundo uma estratégia de conjunto. (...) O ordenamento do território deve
ter em consideração a existência de múltiplos poderes de decisão, individuais e
institucionais que influenciam a organização do espaço, o carácter aleatório de todo o
estudo prospectivo, os constrangimentos do mercado, as particularidades dos sistemas
administrativos, a diversidade das condições socioeconómicas e ambientais. Deve, no
entanto, procurar conciliar estes fatores da forma mais harmoniosa possível
(CONSELHO DA EUROPA, 1988, p.9 e 10).
O Plano de Manejo previsto no Art. 27 é a lei interna que rege as UCs. O Plano de
Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os
corredores ecológicos, incluindo medidas com fim de promover sua integração a vida
econômica e social das comunidades vizinhas (BRASIL, 2000).
Portanto, discorrer sobre planejamento e gestão consolidada por dos instrumentos
acima citados, teremos como principal desafio o ordenamento territorial das unidades de
conservação. Pois mesmo tendo todo esse aparato jurídico encontrar caminhos que possibilitem
a concretização dessa visão estratégica ainda será um longo caminho. À medida quer, esse
caminho passa pelo esforço efetivo de desconcentração e descentralização da gestão e do poder,
através de iniciativas de fortalecimento dos conselhos gestores de unidades de conservação, as
diferentes forças que contemplam o território ainda tendem a gerar diversos conflitos.
38
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa é descritiva-exploratória/quantitativa quanto aos objetivos, visando a
relação sujeito/pesquisador/sujeito. Considerando Gil (2008) as pesquisas descritivas têm como
objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou
o estabelecimento de relações entre variáveis. Para Minayo (2000) as pesquisas exploratórias
são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de
determinado fato.
Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, foram realizados três
procedimentos. O primeiro refere-se à abordagem indireta através do levantamento
bibliográfico, o segundo refere-se à abordagem direta que foi realizada através dos trabalhos de
campo, e o terceiro o trabalho de gabinete, envolvendo as análises de laboratório e o
mapeamento temático e o geoprocessamento utilizando o software Arcgis 10.2 (licença
EFL999703439).
No nono trabalho de campo, foram feitas as coletas de amostras do solo para análise
em laboratório das suas propriedades físicas (Figura 6) considerando os objetivos do trabalho,
onde o produto final foi à produção do mapa de densidade do solo que foi cruzado com os
outros mapas temático sendo um parâmetro diferencial das demais literaturas consultadas,
resultando na identificação das áreas vulneráveis aos processos erosivos do Parque Estadual
Bacanga.
Inicialmente foram retidas 20g (Figura 10) de solo seco de cada amostra para que
as mesmas fossem colocadas no balão de 50ml, por meio de uma pipeta adiciona-se 25 ml de
álcool etílico, agita-se o balão para eliminar as bolas de ar que se formam, posteriormente
completa-se o volume do balão com álcool (anota-se o volume de álcool gasto).
45
Nesta etapa foram realizadas a produção dos mapas temáticos e análise dos
resultados encontrados.
Para produção dos mapas foi adquirido o banco de dados de Maranhão (1998) e
Bezerra (2011). Os shapefiles adquiridos de Bezzera (2011) são referentes à drenagem, curvas
de nível, no qual havia nove cartas vetorizadas da Diretoria do Serviço Geográfico do
Ministério do Exército (DSG/ME- MINTER), datadas de 1980 correspondentes a São Luís,
folhas 13, 21, 22, 23, 29, 30, 31, 38 e 39 adquiridas no Zoneamento Ecológico Econômico do
Maranhão - ZEE, referentes à bacia hidrográfica do Bacanga na qual o PEB está inserido, na
escala de 1:10.000.
As cartas DSG que corresponde ao PEB são 22, 23, 31 38 e 39. Com o auxílio da
ferramenta extract by mask do software Arcgis 10.2 as curvas de nível (linha) com intervalos
de 5 (metros) e drenagem (linha e polígono) foram recortadas e corrigidas conforme a área de
estudo que subsidiaram o mapa de localização e demais mapas temáticos. A partir das curvas
46
nível foi gerado o TIN (Triangular Irregular Network), com o auxílio da extensão 3D Analyst/
Create / Modify TIN / create TIN From Features”, que é um Modelo Digital de Elevação
(MDE) aonde ocorre a interpolação dos valores de altitude por meio da criação de triângulos
entre uma linha e outra, criando um modelo matemático com valores de altitude. Após a criação
do TIN, na área de propriedades/ Simbology desmarca-se a opção Edge Types ficando ativo
apenas Elevation, escolhe-se a variação de cores e têm-se o mapa de hipsometria. Foram criadas
5 (cinco) classes de acordo a amplitude altimétrica da área de estudo e ara declividade. O mapa
hipsométrico foi sobreposto ao mapa de relevo sombreado.
O mapa de relevo sombreado gera-se a partir do raster criado do TIN dando origem
ao Modelo Digital do Terreno – MDT, seguindo as seguintes etapas: 3D
Analyst/Conversion/TIN from raster. Após a criação do raster segue-se para o processo de
criação do MDT - Spatial Analysis Tools – Surface – Hillshade. A sobreposição do mapa
hipsométrico criado ao relevo sombreado fez-se necessário para obtenção dos elementos quanto
à disposição espacial níveis topográficos. Essa associação viabiliza elaborar correlação entre
propriedades geomoforlógicas acerca dos fenômenos de erosão que se processam em sua
superfície, podendo estes ser de características agradacionais ou denudacionais. Para o mapa de
declividade usou-se uma cópia do Modelo Digital de Elevação criado, em
TIN/propriedades/Simbology/ remove-se a opção Edge Types e Elevation e adiciona-se a opção
Face Slope Whith Graduatedcolor Ram.
A criação do mapa de curvatura ocorreu com a cópia do raster criado para o relevo
sombreado. Primeiramente transforma-se o arquivo em formato estatístico Arctoolbox/Spatial
Analyst Tools/Neighborhood/Focal Statistcs. Em Spatial Analyst Tools/Map Algebra/Raster
Calculator. Subsequentemente Arctoolbox/ Spacial Analis Tools/Surface/Curvature (Essa
etapa irar gerar os arquivos de Curvatura, Profile e Pan).
O mapa de Geologia do PEB foi vetorizado a partir dos dados de geologia, escala
de 1:100.000, produzido por Maranhão (1998a). Realizou-se também, a interpretação visual via
tela da imagem sombreada do MDE do TIN e da aerofotografia 2009, de 10/09/2009, bandas 1,
2 e 3. Para a definição de cada unidade geológica foi criada a categoria temática Geologia com
as seguintes classes temáticas: depósitos de mangue, depósitos aluvionares - relacionados aos
depósitos holocênicos e pleistocênicos e ENb (Grupo Barreiras) relacionada ao
Paleogeno/Neogeno. O mapeamento geomorfológico foi vetorizado considerando a proposta
de Rodrigues e Brito (2000), Feitosa (1989,1996 e 2006), Maranhão (1998). A partir da
sobreposição dos mapas de hipsometria, declividade, relevo sombreado e geologia.
na tabela de atributos as médias sendo estes processados através da ferramenta estatística spline,
disponível no software Argis, que consiste na interpolação dos dados amostrais.
O mapa de densidade populacional foi gerado com base nos dados do censo
demográfico do IBGE (2010). Para gerar este mapa é necessário a criação de pontos com a
respectiva população dos setores censitários. Esses dados foram processados na ferramenta
density/Kernel (método estatístico), disponível no software Argis.
Segundo Ross (1991), esta metodologia pressupõe que cada um destes elementos
da paisagem seja hierarquizado em cinco classes, de acordo com sua vulnerabilidade, sendo
que as variáveis mais estáveis apresentarão valores mais próximos de 1,0, as intermediárias ao
redor de 3,0 e as mais vulneráveis estarão próximas de 5,0 (SPÖRL et al, 2004).
Em relação às classes de declividade, Ross (1990, 1991, 1994) e Taglani (2003)
propõem a adoção de intervalos de classes já consagrados nos estudos de capacidade de
Uso/Aptidão agrícola associados com aqueles conhecidos como valores críticos da Geotecnia,
que indicam sua influência nos processos erosivos e dos riscos de
escorregamento/deslizamento. Desta forma, as classes de declividade serão hierarquizadas em
cinco categorias, como indica a tabela 2.
Situação pluviométrica com distribuição regular superiores a 1000 mm/ano 1. Muito baixa ou nula
Para a área de estudo, os dados de chuvas foram divididos em três classes conforme
tabela 5, devido às peculiaridades da área de estudo, tendo em vista também as chuvas
concentradas durante um determinado período do ano, o que vem a ser um agravante para o
surgimento de processos de voçorocamento. A diferença entre o intervalo selecionado, em áreas
com alta erosivisidade, pode ocasionar o surgimento de processos erosivos acelerados,
principalmente nas áreas identificadas como forte ou muito forte vulnerabilidade ambiental.
A vulnerabilidade do uso e cobertura da terra, determinada com base nas Aerofotos,
trabalhos de campo e gabinete, sendo delineadas as seguintes classes: área antrópica, floresta
secundária mista, mangue, gramíneas, solo exposto e água.
Para Santos (2004), o uso e ocupação das terras retratam as atividades humanas que
podem significar pressão e impacto sobre os elementos naturais. Dada sua importância, esta
53
variável é tida como base para estudos ambientais. A ocupação da terra reduz e/ou potencializa
o processo erosivo (BIGARELLA, 1978).
Assim, através dos estudos de Ross (1991, 1990 e 1994), Taglani (2003) e Casseti
(2005) sobre a vulnerabilidade ambiental dos diversos usos e cobertura da terra onde serão
estabelecidas as informações necessárias para a geração da carta síntese do PEB (Tabela 6).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 13 - Estratigrafia dos depósitos de sedimentos das bacias de São Luís, Barreirinhas e
Parnaíba
58
59
Área
Formação Geológica
Valor Absoluto
Valor relativo (%)
(Km²)
0,39
Depósitos aluvionares 4,5
Formação Açuí
Depósito de mangues 1,21 1,43
Drenagem 3,8 12
4.1.2 Geomorfologia
A Geomorfologia é um elemento relevante, que deve ser observado para determinar
as áreas vulneráveis ao desenvolvimento dos processos erosivos acelerados.
Para estudos integrados da paisagem os dados de geomorfologia são considerados
imprescindíveis. A análise do relevo permite sintetizar as histórias de interações
dinâmicas que ocorre entre o substrato litólico, a tectônica e as variações climáticas.
O estudo da conformação atual do terreno permiti deduzir a tipologia e intensidade
dos processos erosivos e deposicionais, a distribuição a textura e composição dos
solos, bem como a capacidade potencial de uso. Associados a outros elementos do
meio, os dados de geomorfologia podem auxiliar na interpretação de fenômenos como
inundação e variações climáticas locais, são informações vitais para avaliar
movimentos de massa e instabilidade do terreno (SANTOS 2004, p.79).
Ainda sobre tal permissa Klamt et al (1980) afirma que o relevo devido a sua
influência no fluxo superficial e subsuperficial da água, influi na formação dos solos, além de
controlar a modelagem da paisagem. Essa influência, associada ao tipo de clima, influencia no
processo de desenvolvimento do solo.
Segundo Maranhão (1998), geomorfologicamente a Ilha do Maranhão na porção
Nordeste, possui barreiras que foram moldados por processos erosivos, onde podem ser vistas
as paleofalésias recobertas por sedimentos arenosos formando ambientes de sedimentação
marinha e eólica com a proliferação de dunas, paleodunas e restingas.
Em direção a montante, os ambientes de sedimentação delimitam a base das
encostas, que assumem formas de relevo colinoso, representando um compartimento que se
interpõe entre as formas litorâneas e o tabuleiro e formas subtabulares. Esses tabuleiros,
possuem altitudes que variam de 40m (no litoral) a 60m (na parte central).
Ao sul e oeste da ilha do Maranhão, a paisagem apresenta extensas áreas rebaixadas,
cobertas por formações de manguezais e por depósitos de vasas que margeiam a
baía de São José.
Sendo assim, a geomorfologia do Parque Estadual do Bacanga, segundo a
classificação taxonômica de Ross (1992), Bezerra (2011) e Silva (2012), insere-se na
morfoestrutura da Bacia de São Luís, está por sua vez apresenta quatro morfoescultura: Colina
dissecada, Depósito Quaternário (eólico fluvial e flúvio – marinho/relevo agradacional) e
Superfície tabular (relevo denudacional).
Baseado nessa classificação, o PEB apresenta as seguintes feições: planície fluvial,
planície fluviomarinha, colinas (dissecadas e esparsas) e superfície tabular (Tabela 9).
61
Área
Classes
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
Conforme colocado por Bezerra (2011) o relevo da área de estudo, apresenta feições
típicas das litologias dominantes em bacias sedimentares submetidas a longos períodos de
atividades dos agentes externos, originando as formas tabulares e subtabulares das superfícies
erosivas intercaladas por colinas dissecada (Figura 15).
62
Figura 15 – Vista área da colina esparsa, com ocupações Irregulares próximo à voçoroca 14
63
64
Área
Classes
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
0 - 2 (%) 18,99 6
2 – 6(%) 34,36 10,87
65
66
De acordo com o 5º táxon elaborado por Ross (1992), a curvatura horizontal das
vertentes demonstra associação com o escoamento superficial (acúmulo e difusão dos fluxos de
água).
Assim, nota-se que 10,51 % da área estudada apresentam vertentes com curvatura
horizontal convergente, ou seja, vertentes com maior potencialidade ao transporte de partículas
maiores e à erosão pluvial, onde se encontra 99% das voçorocas mapeadas.
Área
Classes
Valor absoluto (Km²) Valor relativo (%) Total %
67
68
Área
Classes
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
40 - 58 m 9,49 3
31 - 40 m 11,38 3,60
22 – 31 m 39,24 12,1
12 – 22 m 23,25 7,5
0 – 12 m 16,12 5,1
69
70
4.1.3 Solos
Área
Tipos de solos
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
Argissolo Vermelho-Amarelo 8,09 2,56
Neossolo Regolítico 79,95 25,29
Área urbana 6,22 1,97
Gleissolos 4,5 1,43
Gleissoslos Tiomórficos 1,21 0,39
Total 99,97 31,63
Fonte: Morais, 2017.
71
72
Para Bezerra (2011, p. 91) “os Neossolos Regolíticos formam solos poucos
desenvolvidos, profundos, ácidos, permeáveis, muito bem drenados e com fertilidade natural muito
baixa”.
“Os Gleissolos são constituídos por material mineral com horizonte glei iniciando-se
dentro dos primeiros 150 cm da superfície, imediatamente abaixo de horizonte A ou E” EMBRAPA
(2006, p.146), apresentam cores acinzentadas, azuladas ou esverdeadas, dentro de 50 cm da
superfície. Podem ser de alta ou baixa fertilidade natural e apresenta má drenagem. Este tipo de solo
é encontrado na parte Central, Sul e Sudoeste do PEB, acompanhando toda a planície fluvial.
Por fim, tem-se no Parque Estadual do Bacanga a presença dos Gleissolos Tiomórficos
que mesmo não constando no mapeamento realizado por Pereira (2006) e Bezerra (2011) na bacia
hidrográfica do Bacanga onde o PEB está situado, encontram-se na região Centro – Sul,
acompanhando a planície fluvio-marinha.
Segundo a EMBRAPA (2013) são solos de baixadas litorâneas, com pH muito baixo, sob
influência de oscilações de marés. Distribuem-se nas regiões costeiras e planícies aluvionais,
apresentando materiais sulfídricos ou horizonte sulfúrico dentro de 100 cm a partir da superfície.
Na área de estudo, o processo de desmatamento é intenso onde a vegetação original foi
retirada deixando o solo descoberto contra a ação dos agentes pluviométricos. Além do impacto
causado pelas chuvas nas encostas, podendo ocorrer, movimentos de massa, acelerando o processo
erosivo (voçorocas). Por conta desse processo é necessário conhecer as propriedades físicas do solo
(densidade do solo, densidade de partículas e a porosidade total). Essas propriedades ajudam a
compreensão sobre a menor e maior erodibilidade dos solos (GUERRA et al, 1996).
Em relação densidade do solo é um importante atributo físico, por fornecer indicações a
respeito do estado de sua conservação, sobretudo em sua influência em propriedades como infiltração
e retenção de água no solo, desenvolvimento de raízes, trocas gasosas e suscetibilidade desse solo aos
processos erosivos, e também sendo largamente utilizada na avaliação da compactação e/ou
adensamento dos solos (GUARIZ et al., 2009), como média a literatura aponta valores menores que
1,3 g/cm³ como baixos e valores maiores que 1,6 g/cm³ como altos .
A densidade de partículas refere-se apenas à fração sólida de uma amostra de terra, não
afetada pelo espaço poroso, não relacionada com o tamanho ou o arranjo das partículas, como média
2,65gm³ (BRADY et al, 2013). Segundo Guerra et al (1996), a porosidade, se relaciona de maneira
inversa a densidade do solo, ou seja, à medida que aumenta a densidade do solo, diminui a porosidade
aumentando o escoamento superficial.
73
Assim, as análises das propriedades físicas do solo da área de estudo foram realizadas
conforme descrito na metodologia, chegando-se aos valores conforme a tabela 14. Em relação a
densidade do solo somente a voçoroca 6 apresentou menor resultado com 1,06 g/cm³,
consequentemente maior porosidade > 50%. A voçoroca 1, apresentou 1,70 g/cm³, indicando o maior
nível de compactação. De acordo com os resultados encontrados e com a literatura consultada,
podemos definir que quanto maior a densidade do solo, maior será sua compactação na estrutura
degradada, menor sua porosidade total, consequentemente maior serão as restrições para o
crescimento do sistema radicular das plantas.
Tabela 14 – Propriedades Físicas dos solos do Parque Estadual do Bacanga
74
75
Com base nos dados climáticos das Normais 1961- 1990 de São Luís (Tabela 15),
as temperaturas médias do ar oscilam entre 25,7 °C em fevereiro e julho, e 27,0 °C em
novembro. Para confirmação da característica úmida, observa-se o comportamento dos índices
de umidade relativa do ar ao longo do ano, sendo que no mês de abril alcança-se a marca de
90%, enquanto que no mês de novembro (mês de poucas chuvas, esse número baixa para 79%).
Temp Máx (0 C) 30,0 29,4 29,4 29,6 30,1 30,4 30,2 30,7 30,1 30,2 31,4 31,1 30,4
Temp Mín (0 C) 23,5 23,1 23,0 23,1 23,1 22,9 22,6 23,0 23,5 23,7 24,0 24,0 23,3
Temp Méd (0 C) 26,1 25,7 25,6 25,8 25,9 25,9 25,3 25,9 26,3 26,6 26,9 26,7 26,1
Umidade % 85,0 88,0 89,0 90,0 89,0 86,0 86,0 84,1 81,0 81,0 79,0 81,0 84,9
1
A Escala de Beaufort classifica a intensidade dos ventos, levando em conta a sua velocidade e os efeitos
resultantes das ventanias no mar e em terra.
77
Na área de estudo, durante o dia, a intensidade dos ventos apresenta uma dinâmica
crescente, decaindo ao anoitecer. As brisas oriundas do continente para o mar apresentam
direções S, SW e SE. Ao anoitecer, apresentam direção N, do mar para o continente.
Com relação á análise pluviométrica, o período chuvoso ocorre de janeiro a junho
e o seco de julho a dezembro, os meses que mais choveu foi março, abril e maio e os mais
quentes e secos foram setembro, outubro e novembro, como podem ser observados na tabela
16. A precipitação nesse período apresentou totais anuais que variaram de 977,5 a 2.486,5 mm.
Esta variabilidade pluviométrica ocorre pela irregularidade interanual, onde cerca
de 90% dessa chuva tem sua precipitação no primeiro semestre do ano. E os meses de excesso
hídrico provocam alagamento em diversas áreas da Ilha do Maranhão.
78
2007 26,4 407,2 264,5 527,6 220,3 95,2 116,7 0,2 0 0 0 35 1693,1
2008 184,2 365,8 667,5 539,6 315,7 230 91,8 43,4 0,3 0 0 48,2 2486,5
2009 291,5 274,4 465,7 564,8 456,9 138,2 87,2 21 0 0,2 0 7,8 2307,7
2010 100,6 82,2 256,8 240,3 248,8 224,5 89,7 7,6 0 0 21 97,8 1369,3
2011 466,5 367,3 374 522,7 343,2 182,6 127,8 42,5 0,2 88,2 5,5 0 2520,5
2012 102,2 171,3 312,8 170,2 71,9 60,3 71,5 9,4 0 3,4 0,4 4,1 977,5
2013 58,8 287,7 271,6 223,4 226,8 86 210,4 30,5 14,9 0,6 12,4 37,2 1460,3
2014 115,4 215,2 125 229,2 595,3 149,1 26,4 2,5 1,1 1,4 9,2 2 1471,8
2015 20,4 92,2 302,6 262,3 240,2 130,5 82,6 0,8 15,8 2 0,7 0,6 1150,7
2016 153,4 209,8 276,8 368,3 228,7 136,4 92,5 3,6 1,3 11,5 1 51,2 1534,5
2017 350,8 352,6 424,75 325,45 308 101 125,75 4,8 2 6 0 58 2059,15
Média 1730,09
Itapiracó 1971,89
Alcantara 1861,37
Bacanga 1671,41
Chapadinha 1576,48
Zé doca 1602,76
Raposa 1833,86
79
80
O processo morfogenético pluvial atua nas vertentes através da mecânica ação das
gotas de chuva (efeito splash) e do escoamento pluvial, transportando os sedimentos já
intemperizados (Figuras 24-27), em direção aos fundos de vale (CHRISTOFOLETTI, 1980).
Figura 24 – Vista parcial da voçoroca 1 com presença de cobertura vegetal final do período
chuvoso da região
Figura 25 – Vista parcial da voçoroca 8 com presença de cobertura vegetal, com transporte
de sedimentos em direção ao canal fluvial, final do período chuvoso
Figura 26 – Vista aérea da voçoroca 2 com presença de cobertura vegetal, final do período
chuvoso
Figura 27 – Vista aérea das voçorocas 5 e 6 com transporte de sedimentos em direção ao canal
fluvial, final do período chuvoso.
Sub-bacia do rio das Bicas localizada na porção norte do PEB, formada pelas
drenagens cuja vertente é o rio das Bicas. É a mais exposta à degradação ambiental e
consequentemente a mais poluída, uma vez que aí estão localizados bairros consolidados, sendo
eles, Coheb, Sacavém, parte dos Parques dos Nobres, Timbira e Pindorama, além de bairros
das ocupações irregulares como o Coroadinho e parte do Coroado, cujas áreas pavimentadas
contribuíram para o aumento do escoamento superficial, como também causaram estresse na
área dos manguezais. A referida sub-bacia ocupa uma área de aproximadamente 12, 86 km²,
destes 7,22 km² estão inseridos dentro do Parque.
Sub-bacia do Igarapé Coelho, localizada na porção noroeste é a menor sub-bacia
na área do PEB, ocupando aproximadamente 2,92km², formada pelas drenagens encontradas
no Parque Timbira, bairro do Coroado e Sítio do Físico, apresenta altíssimo processo de
degradação ambiental dada a sua proximidade com os bairros já citados. Com os trabalhos de
campo foram identificados pequenos sítios com áreas de cultivo e criação de aves.
Sub-bacia da represa do Batatã, dadas as características geomorfológicas, nesta
foi construída em 1964, a barragem do Batatã, pelo Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS), com 485 metros comprimento e altura máxima de 17 metros. Sua
capacidade de acumulação de água comporta 4.600.000 m³ recebendo água oriundas do rio da
Prata e rio Maracanã. Captava até 283 litros/segundo no período chuvoso, e em média 52,5
litros/segundo na estiagem (CAEMA, 2005). Atualmente encontra-se abaixo do seu volume
morto devido a inúmeros impactos sócios ambientais. Esta sub-bacia possui uma área em média
de 15,30km², sendo a maior e totalmente inserida na área de estudo.
Sub-bacia do Alto Bacanga, situada na porção sul, corresponde ao curso superior
do rio Bacanga. Verifica-se alto índice de impactos socioambientais devido está localizada no
bairro da Vila Esperança, o Instituto Federal do Maranhão (Campus Maracanã), o Hotel
Fazenda, além de várias chácaras, locais estes onde é praticado o desmatamento, principalmente
através de queimadas para plantio. Sua área total equivale a 36km², porém apenas 8,22km² estão
dentro do Parque.
A rede de drenagem (Figura 28) que compõem o Parque Estadual do Bacanga foi
delimitada conforme seu Plano de Manejo (SEMATUR, 1992), que utilizou parâmetros
geomorfológicos além dos trabalhos de campo.
Figura 28 – Mapa de Hidrografia do Parque Estadual do Bacanga (PEB)
84
85
4.2 Uso e cobertura da terra como fator potencializador dos processos erosivos
acelerados do Parque Estadual do Bacanga no período de 1988 - 2017
Neste capítulo será apresentado a alteração da paisagem do Parque Estadual do
Bacanga, através análise espaço temporal dos anos de 1988, 2001, 2011 e 2017. Inicialmente
faz-se necessário um breve histórico sobre os limites do PEB, para compreensão dos territórios
e impactos socioambientais existentes na área.
Histórico e limites (Legislação pertinente)
O Parque Estadual do Bacanga corresponde à parte restante da antiga “Floresta
Protetora dos Mananciais da Ilha de São Luís” assim declarada pelo Presidente da República
Getúlio Vargas através do Decreto-Lei Federal no 6.833, de 26 de agosto de 1944, Maranhão
(1992, p.11).
O Parque supra citado, está na categoria de Proteção Integral, ou seja, não deveria
existe nenhuma forma de uso no mesmo. Criado pelo Decreto-Lei Estadual nº 7.545, de 7 de
março de 1980 com uma área inicial de 3.075 (três mil e setenta e cinco hectares), objetivando
a preservação dos recursos naturais de grande relevância ecológica, possibilitando a realização
de pesquisas cientificas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, na recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Nesse mesmo
decreto, ficaram como responsáveis pela administração do Parque, a hoje Secretaria Estadual
de Meio Ambiente e Recursos Naturais – SEMA e a Companhia de Águas e Esgotos do
Maranhão – CAEMA.
Quando criado o PEB tinha como limites – ao Norte, a Estrada de Ferro São Luís –
Teresina, no trecho compreendido entre o ponto de cruzamento dessa ferrovia com a linha do
Telégrafo Nacional e o lugar denominado Jordoa, e uma linha partindo deste lugar até alcançar
a foz do rio das Bicas; a Oeste, o rio Bacanga até sua confluência com o rio Maracanã; ao Sul,
o rio Maracanã, da foz às cabeceiras; a Leste, uma linha partindo das nascentes do rio Maracanã
até chegar às cabeceiras do rio Batatã e daí até a ferrovia São Luís – Teresina; deste ponto em
diante, a mesma Estrada de Ferro até alcançar a linha do Telégrafo Nacional.
No entanto, mesmo sendo uma Unidade de Conservação protegida por lei, a
degradação sempre esteve presente, nos limites e nas zonas de amortecimentos do PEB
(SEMATUR, 1992). Segundo Maranhão (1992) durante 36 anos a Floresta Protetora dos
Mananciais foi submetida a ações devastadoras tanto pelo poder público como pela iniciativa
privada, resultando na consolidação de conjuntos residenciais e bairros de classe média-baixa
que logo foram dotados de serviços públicos e infra-estrutura básica como água, luz,
saneamento básico (alguns bairros) e pavimentação asfáltica.
86
Assim por conta dessas ocupações, em 10 de abril de 1984, foi sancionado pelo
Governo do Estado o Decreto Lei Estadual nº 9.550, que excluiu as áreas definitivas e
irreversivelmente ocupadas ou usadas por terceiros, estabelecendo novos limites ao PEB.
Subsequentemente, o Decreto Lei Estadual nº 9.677, de 06 de dezembro de 1984, deu
destinação as áreas excluídas, que foram destinadas a 273 famílias carentes cadastradas na
Secretaria de Trabalho e Ação Social.
Em 10 de fevereiro de 1986, novamente foi instituído um Decreto-Lei Estadual
nº10.084, que destinou mais 6,5007 há (seis hectares e cinco ares) para o assentamento de 416
famílias. O avanço populacional dos bairros já consolidados em direção ao Parque, em 24 de
junho de 1992 o Decreto-Lei nº 12.448 excluiu mais 1,8ha (um hectare e oito ares), destinando
a implantação da Unidade Física de atendimento ao Público, criada pelo projeto minha gente.
Será necessária uma intervenção correta do poder público, tendo em vista que o PEB e uma UC
de proteção Integral, onde desde sua criação nunca foi criado o Plano de Manejo. Segundo
Pereira (2006):
Seu primeiro Plano de Manejo foi criado em 1992, somente oito anos depois, com o
intuito de preservar a área. No entanto, sua implantação foi ineficaz frente ao elevado
nível de degradação presente nas áreas do Parque, como: granja, extração mineral,
áreas de lazer sem monitoramento e planejamento, áreas devastadas usadas para
agricultura, invasões (Recanto Verde e Vila Itamar), desmatamentos e queimadas, que
deixam o solo exposto e vulnerável (PEREIRA, 2006, p.60).
Ressalta-se que nem com a elaboração do Plano de Manejo o PEB teve sua gestão
adequada, pois não foram seguidas as recomendações nele prescritas, na verdade o Plano nunca
fora homologado. As ocupações continuaram acontecer e em 14 de dezembro de 2001, através
da Lei Estadual nº 7.712 houve nova redução do limite, ou seja, todo instrumento legal foi
ineficaz, mediante as questões eleitoreiras presente no Estado do Maranhão.
No ano de 2002, dez anos depois mesmo com toda pressão sofrida que o PEB teve
seu Plano de Manejo revisado, passando a ter somente 2.634,36 há, ou seja, menos 14% da
criação. Até este momento não havia conflitos territoriais, tendo em vista que o governo do
estado sempre decidiu por diminuir a área do Parque ao invés de seguir as diretrizes previstas
no SNUC e no PNAP.
Os limites são apresentados na figura 29, que conforme o histórico do processo de
uso e ocupação do PEB e seu entorno conforme resumo na figura 30, demonstra a retirada da
vegetação, o que provocou estresse da fauna e flora, assim como a desestabilização das
vertentes das sub-bacias de drenagem, posteriormente provocando o assoreamento dos cursos
d’água, modificando a paisagem, principalmente no entorno da UC’s, como se pode verificar
no arruamento presente na figura 28.
Figura 29 – Mapa dos Limites do Parque Estadual do Bacanga
87
88
Após todos os processos acima citados de redução do limite do Parque oriundos das
ocupações irregulares, o Ministério Público do Maranhão condenou o Estado a promover no
prazo de ano, a redefinição dos limites, zona de amortecimento e objetivos do PEB, assim como
a implantação do Plano de Manejo, nos termos da Lei Estadual nº 9.985/2000, sob pena diária
no valor de R$ 3 mil em caso de descumprimento. Além da suspensão dos efeitos da Lei
Estadual nº 7.712/2001, ou seja, por lei o PEB voltou a ter os limites do Decreto Lei Estadual
nº 9.550/1984 (Ministério Público do Maranhão, 2016).
por conta da drenagem dos mesmos. Segundo Fonseca Neto (2002), A cidade de São Luís foi
erguida sobre uma colina em uma ilha costeira2, posição estratégica para controlar o acesso
fluvial ao interior do território, de formato aproximadamente oval, com cerca de 50 km de
comprimento, 25 km de largura e uma área total de 205 km².
Rio Anil
Rio Bacanga
2
São resultantes do relevo continental ou da plataforma submarinha.
92
Área
Categorias
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
Área antrópica 8,44 2,67
Floresta secundária mista 83,43 26,38
Mangue 2,52 0,79
Solo exposto 2,07 0,65
Água 3,53 1,11
Total 99,99 31,63
Fonte: Morais, 2017.
Figura 35 - Mapa de Uso e Cobertura da Terra de 1988 do Parque Estadual do Bacanga (PEB)
93
94
Área
Categorias
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
Comparando o cenário de uso e cobertura da terra nos anos de 1988 e 2001 foi
possível quantificar as porcentagens da evolução do uso. Constatando-se que a Floresta
Secundária Mista e Mangue obtiveram uma significativa redução, visto que as duas classes
ocupavam juntas, em 1988, 85,95% do total da área, e em 2001 passaram a ocupar 60,81%.
Assim observa-se uma diminuição de 25,18% da vegetação em um período de 13 anos.
Em contrapartida, a classe Área Antrópica, obteve um considerável aumento no
decorrer desses anos. Em 1988, ocupava apenas 8,44% do total da área, e em 2001 já ocupava
18,09%.
Figura 36 - Mapa de Uso e Cobertura da Terra de 2001 do Parque Estadual do Bacanga (PEB)
95
96
Área
Categorias
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
97
98
Área
Categorias
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
Área antrópica 15,88 5,02
Em síntese o mapeamento do uso e cobertura da terra nos anos de 1988, 2001, 2011e
2017 (Tabela 23), demonstra que oito anos após a criação do Parque, a maior parte do setor é
ocupada pela floresta secundária mista mesmo com a redução dos seus limites entre os anos de
1984 a 1986.
Figura 38 – Mapa de Uso e Cobertura da Terra de 2017 do Parque Estadual do Bacanga (PEB)
99
100
Tabela 23 – Síntese do cenário de uso e cobertura da terra do Parque Estadual do Bacanga nos
anos de 1988, 2001, 2011 e 2017
CLASSE %
Floresta Secundária Área Solo
Água Mangue Gramíneas
ANO Mista antrópica Exposto
1988 3,53 83,43 2,52 8,44 2,07 x
2001 3,25 60,03 0,78 18,09 17,68 0,16
2011 3,09 60,13 0,25 16,65 18,99 0,88
2017 2,01 61,27 0,28 15,88 13,30 6,92
Fonte: Morais, 2018.
3
As áreas de ocupação correspondem à forma com que a posse da terra se concretiza de fato, não significando,
pois, a propriedade de direito Maranhão (1998).
101
Figura 39 – Vista área de áreas com área antrópica consolidada (1) e áreas de ocupação (2)
sentido nor-noroeste do PEB
A população do PEB, segundo dados do IBGE (2010) é de 73,40 hab/km² esse valor
equivale a um total de 4,24 % da população total do município de São Luís. Nota-se que a
população na área de estudo concentra-se principalmente na porção nor-noroeste, nos bairros
da Vila Conceição e Vila dos Frades.
O mapa de densidade populacional (Figura 40) representa uma divisão por setores
censitários e não por bairros. Tendo em vista que o IBGE utiliza esse tipo de metodologia por
conta da falta de leis de bairros no município de São Luís.
Em relação aos processos erosivos, as áreas construídas tendem a influenciar no
processo de impermeabilização dos solos, ocasionando a diminuição das taxas de infiltração, e
consequentemente, influenciando o aumento do escoamento superficial que pode convergir
para áreas sem cobertura vegetal, gerando feições erosivas aceleradas.
Figura 40 – Mapa de Densidade Populacional do Parque Estadual do Bacanga (PEB)
.
Fonte: Morais, 2018.
102
103
Figura 41 – Vista área parcial da vegetação secundária mista na porção no-noroeste (1) e
noroeste (2) do PEB
4
Palmeiras elegante que podem atingir até 20 m de altura. Estipe característico por apresentar restos das folhas
velhas que já caíram em seu ápice. Folhas com até 8 m de comprimento, arqueadas. Flores creme-amareladas,
aglomeradas em longos cachos. Cada palmeira pode apresentar até 6 cachos, surgindo de janeiro a abril.
104
Figura 44 – Vista parcial área do manguezal com área antrópica (1) e áreas com pequenos
fragmentos de gramíneas e solo exposto (2) com vestígios de queimadas.
1
2
“Onde há manguezal existe lama, que atua como uma esponja, bebendo a água.
Com a transformação dessas áreas em solos impermeáveis, o rio transborda e inunda outros
locais. Isso se torna mais grave no período das chuvas” (MOCHEL, 2006), tem-se como
exemplo, as enchentes que acontece todo ano no Coroadinho bairro pertencente área de estudo.
A influência dessa categoria e seu uso vão além da minimização dos impactos sobre
os processos erosivos, pois o mangue desempenha importante papel de ordem ecológica e
econômica. Assim destaca-se a proteção da linha costeira, funcionando como barreira mecânica
ação erosiva das ondas e marés, retém os sedimentos carreados pelos rios, constituindo-se em
107
uma área de deposição e depuração natural, retendo os metais pesados e servindo de abrigo para
inúmeras espécies, além de ser um estabilizador climático.
Mata Galeria
A mata galeria pertence à “formação das áreas quaternárias aluviais, influenciadas
ou não pelas cheias dos rios; de estrutura complexa, rica em palmeiras”. Neste caso destacam-
se palmáceas como o buriti (Mauritia flexuosa) e a juçara (Euterpe oleraceae) (MARANHÃO,
1998, p.43).
Enquadra-se na categoria restrita à ocupação devido ao papel que desempenha em
se tratando de proteger o sistema de mananciais, principalmente os ainda não poluídos. Por se
tratar de uma área de Preservação Permanente a legislação brasileira em seu artigo 4º da Lei
12.651/2012, diz que:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200
(duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600
(seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
(seiscentos) metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte)
hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas (BRASIL, 2012, p.4).
Solo exposto
Por ser uma cobertura desprovida de vegetação intensifica a erosão pluvial. Na área
de estudo o uso aponta vários aspectos negativos, entre eles a redução de nutrientes do solo e o
avanço dos processos erosivos acelerados.
4.3 Índices de Vulnerabilidade Ambiental no Parque Estadual do Bacanga
O cruzamento das informações, como descrito nos procedimentos, resultaram no
mapeamento da vulnerabilidade ambiental do Parque Estadual do Bacanga, na qual foi possível
identificar as vulnerabilidades muito baixa ou nula, baixa, média, forte e muito forte. Com o
mapeamento dessas áreas foi possível a indicação das áreas potencialmente mais frágeis da
paisagem, sendo fundamentais para o planejamento ambiental-territorial.
A partir dos estudos de Maranhão (1998), o PEB apresenta as seguintes classes de
solos (adaptados para a nova classificação da EMBRAPA, 2006): Argissolos Vermelho-
Amarelos, Neossolos Regolíticos, Gleissolos e Gleissolos Tiomórficos e áreas urbanas. Os
graus de vulnerabilidade dessa categoria podem ser visualizados na tabela 23.
Os Argissolos Vermelho-Amarelos (PVA) encontrados na porção nordeste são
solos desenvolvidos de materiais da Formação Itapecuru e de sedimentos referidos ao Grupo
Barreiras. Apresentam horizonte de acumulação de argila, B textural (Bt), com cores vermelho-
amareladas devido à presença da mistura dos óxidos de ferro hematita e goethita (EMBRAPA,
2006).
As cores dos Argissolos Vermelho-Amarelo situam-se principalmente no matiz
5YR com valores de 4 a 6 e croma de 6 a 8; podendo em menor frequência ocorrer cores no
110
matiz 7,5YR com valor 4 e croma 6. São solos profundos e muito profundos; bem estruturados
e bem drenados; com sequência de horizontes A, Bt; A, BA, Bt; A, E, Btetc.
5
Relativo a um solo que em condições naturais se encontra saturado por água, ou excesso de umidade
permanentemente ou em certos períodos do ano.
111
Com base nos dados das estações pluviométricas das séries históricas do INMET,
LAMET UEMA, CEMADEN e ICEA no período de 2007 a 2017, foram definidos três
intervalos pluviométricos: 1.767 – 1.772 mm, 1.772 – 1.777 mm e 1.777-1.783 mm (Tabela
26).
Estudos realizados por Bezerra (2011) na bacia hidrográfica do rio Bacanga onde o
Parque está localizado a área apresentava baixo ou nula fragilidade, sendo que abaixo delas
dessas coberturas, está à categoria de uso gramíneas, oriundas do processo de devastação
recente, não tendo tempo suficiente para completar o processo de sucessão ecológica, devido
também ao tipo de uso que é submetido, geralmente, o pastoreio, o que vem ser um fator
agravante para o início de desenvolvimento de processos erosivos. Para Bezerra (2011), a
categoria gramínea foi classificada como forte fragilidade ambiental.
Para o mesmo autor (BEZERRA, 2011), as áreas construídas foram caracterizadas
pelas zonas impermeabilizadas com formação do rápido escoamento superficial, sendo
classificada como baixa fragilidade, apesar de que nas áreas circunvizinhas com cobertura de
gramínea e alta erodibilidade, o fluxo superficial concentrado possa gerar impactos negativos
(Tabela 28).
Essa mudança no uso e nas classes de vulnerabilidades pode ser explicada pelo
aumento significativo da população. Pois a área de entorno do Parque concentrava mais de 60
114
mil habitantes em 2001, e sua população só tendeu a crescer nos últimos anos, exercendo uma
forte pressão antrópica sobre essa unidade de conservação.
Assim, o cruzamento das informações, referentes ao uso e cobertura da terra,
pedologia, densidade do solo, índices pluviométricos e declividade, e com base nos trabalhos
de campo na área de estudo, resultaram no mapa de vulnerabilidade ambiental do Parque
Estadual do Bacanga, no qual foi possível identificar as vulnerabilidades muito baixa ou nula,
baixa, média, forte e muito forte.
A aceleração dos processos morfogenéticos no parque está relacionada à expansão
urbana, sem planejamento, pois a pequena amplitude altimétrica e a baixa declividade das
unidades geomorfológicas não oferecem limitações para o uso e ocupação do solo, ocasionando
o surgimento de vários problemas socioambientais, dentre eles, o surgimento e evolução de
processos erosivos acelerados.
As quatorze feições erosivas aceleradas, classificadas de 1 a 14 estão relacionadas
às vulnerabilidades média, forte e muito forte (Figura 46). Conforme observado na tabela 30, a
vulnerabilidade média representa 33,11 % da área total do parque, seguida das vulnerabilidades
forte (27,21%) e muito baixa (13,66%). As áreas de menores representatividades espaciais na
área de estudo, são as vulnerabilidades muito forte e baixa, que chegaram a 13,05% e 12,96 %
respectivamente.
Área
Classes
Valor relativo (%) Valor absoluto (Km²)
Muito forte (5) 13,05 4,15
Forte (4) 27,21 8,60
Média (3) 33,11 10,47
Baixa (2) 12,96 4,10
Muito baixa ou nula (1) 13,66 4,31
Total 99,99 31,63
Fonte: Morais, 2018.
115
116
Mediante o exposto, percebe-se a relação dos atores sociais com o ambiente natural,
a expressão “nosso rio” (Figura 47) indica um caráter de territorialidade pelo recurso hídrico
6
Os moradores que residem ao entorno do açude criado pela CAEMA no rio da prata, intitulam-se comunidade
do rio prata.
117
local e reflexo de um princípio de zelo, além da percepção sobre a alteração da paisagem, fato
este, realmente constatado durante as entrevistas.
7
Durante as entrevistas, era comum os moradores da comunidade do rio prata refere-se ao BPA como IBMA, tal
situação explica-se pois durante muito tempo foi este órgão que administrou o PEB.
118
confusão até que um dia ele apanhou, quase da morte[...], ora se chegamos aqui
primeiro, acabaram como nosso rio, as árvores nem tem mais como antes, nossos olho
d’água tudo seco[...]. (Entrevistado da comunidade).
Essa divergência de informação dá-se pelo fato de que órgãos ligados a Secretaria
de Segurança Pública normalmente sofrem alterações em seus efetivos, enquanto os
entrevistados da comunidade estão residindo no PEB há mais de dez anos (menor tempo de
residência no parque), o representante do BPA está neste departamento somente há três anos.
Sobre o Batalhão Ambiental, vale ressaltar que o mesmo atende todo o estado do Maranhão,
contanto com apenas 110 policiais e duas viaturas.
Entretanto, com a CAEMA sucedeu a veracidade da informação:
[...] Nossa relação é muito traumática com eles [...], tem muita gente que nasceu e
cresceu ali dentro do parque, e isso era pra ter sido resolvido na época da criação, por
que nas terras da CAEMA agente protegeu até um certo ponto, tinha polícia,
derrubava tudo, agia com violência [...], mas para algumas pessoas naquela época, não
tinha importância a água, foram deixando, como por exemplo a Vila Conceição,
Coroadinho[...]. (Representante da CAEMA)
Figura 48 – Vista parcial do reservatório do Batatã, com seu volume morto atingido
Figura 50 – Vista parcial de áreas com indício de queimada, próxima a área de ocupação a
noroeste do parque
Portanto o panorama atual das áreas com processos erosivos no Parque Estadual do
Bacanga apresenta características de degradação ambiental, ocasionada principalmente pelo
desmatamento e abertura de estradas, sendo que estas atividades na área seguem uma
contextualização histórica, baseada em uso para fins econômicos regionais, como a distribuição
de água pela CAEMA, instalação das linhas de transmissão e extração de material sedimentar,
além da ocupação intensa, nesses ambientes vulneráveis.
Nesse sentido e conforme as informações elencadas (Quadro 3) a vulnerabilidade
ambiental da área associada ao surgimento de processos erosivos representam uma fonte de
deterioração dos recursos hídricos, haja vista que além da falta de cobertura vegetal, os
sedimentos são depositados diretamente sobre os rios e lago, onde apesar de vários períodos
terem sido feitos replantio, não houve aplicação de técnicas de recuperação, controle e proteção
ambiental dos ambientes degradados.
De acordo com o exposto no quadro 3, verifica-se que os processos erosivos geram
impactos negativos, de magnitude forte - média, com abrangência local e regional e frequência
contínua para o meio ambiente. E que o período chuvoso de junho a dezembro é favorável à
evolução dessas voçorocas, juntamente com a densidade do solo, o que contribui para um
ambiente ainda mais vulnerável.
122
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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APÊNDICES
139
Crescimento da população
Deposição de lixo
Desmatamento
Clasificação de impactos
Erosão
Impacto muito importante
Aspectos
Degradação do solo
Perda da vegetação
Uso do solo Alteração da topografia
Consumo de água
Resíduos sólidos
140
141
Declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) e/ou participar
na pesquisa de campo referente a pesquisa Intitulada Impactos Ambientais causados por
processos erosivos em Unidades de Conservação: o caso do Parque Estadual do Bacanga
desenvolvida por Marly Silva de Morais. Fui informado(a), ainda, de que a pesquisa é
orientada pelo professor da UEMA, José Fernando Rodrigues Bezerra, a quem poderei
contatar / consultar a qualquer momento que julgar necessário através do telefone nº (98)
98882-6201 email: geomap2013@hotmail.com.
Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer
incentivo financeiro ou ter qualquer ônus e com a finalidade exclusiva de colaborar para o
sucesso da pesquisa. Fui informado(a) dos objetivos estritamente acadêmicos do estudo, que,
em linhas gerais é Dinâmica da Natureza e Conservação.
Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista semiestruturada
(a ser gravada a partir da assinatura desta autorização). O acesso e a análise dos dados
coletados se farão apenas pelo pesquisador e sua orientanda.
Fui ainda informado(a) de que posso me retirar desse estudo a qualquer momento,
sem prejuízo para meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos.
Atesto recebimento de uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, conforme recomendações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP-
Resolução nº 510/2016).
ANEXOS
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