Geografia e Mocambique
Geografia e Mocambique
Geografia e Mocambique
Introdução........................................................................................................................................3
1. Agricultura...................................................................................................................................4
2. Agricultura em Moçambique.......................................................................................................7
Conclusão......................................................................................................................................18
Bibliografia....................................................................................................................................19
Introdução
Moçambique é um dos países em via de desenvolvimento com muitos recursos naturais, onde o
seu desenvolvimento está profundamente ligado ao sector extracção e ao sector agrícola com
cerca de 70% da população na área rural e 55% desta vive abaixo da linha da pobreza. Nas áreas
rurais, a agricultura é a principal fonte de renda, mas, com a baixa produtividade, as famílias
dificilmente conseguem satisfazer as suas necessidades nutricionais, além de estarem vulneráveis
às intempéries climáticas.
O sector agrário em Moçambique é constituído essencialmente pelo sector familiar, que pratica
uma agricultura de subsistência, a qual depende principalmente das chuvas.
Objectivo geral
Objectivos específicos
Metodologia
O termo agricultura quer dizer “arte de cultivar”. É o conjunto de técnicas concebidas para
cultivar a terra a fim de obter produtos dela. (WANDERLEY, 2003)
WANDERLEY (2003) apresenta uma das definições segundo a qual, “a agricultura familiar
corresponde a uma certa camada de agricultores, capazes de se adaptar às modernas exigências
do mercado em oposição aos demais pequenos produtores incapazes de assimilar tais
modificações. São os chamados agricultores consolidados, ou os que têm condições, em curto
prazo, de se adaptar”.
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A afirmação da autora tem uma dimensão profunda de análise que por um lado a agricultura
familiar deve ser vista sob a abordagem moderna, e por outro lado, existem os pequenos
produtores que podem ser tratados sob ponto de vista da abordagem camponesa.
A abordagem trazida por LAMARCH (1993) citado por WANDERLEY (2003) ilustra que os
agricultores familiares são portadores de uma tradição, mas devem se adaptar às condições
modernas de produzir e de viver em sociedade, uma vez que todos, de uma forma ou de outra,
estão inseridos no mercado moderno e recebem a influência da sociedade englobante.
O aspecto fundamental que se deve ter em conta ao analisar o conceito de agricultura familiar é a
consideração da capacidade de resistência e de adaptação dos agricultores aos novos contextos
económicos e sociais.
Daí, urge a necessidade de não mais explicar a presença de agricultores familiares na sociedade
como uma simples reprodução do campesinato tradicional, dado que nota-se um processo de
mudanças profundas que afectam a forma de produzir a vida social dos agricultores bem como a
própria importância da lógica familiar. (WANDERLEY, 2003)
Não obstante, o agricultor familiar ainda permanece camponês na medida em que a família
continua sendo o objectivo principal que define as estratégias de produção e reprodução e a
instância imediata da decisão (WANDERLEY, 2003).
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SCHNEIDER (2003) foi mais atencioso em apresentar alguns elementos que permitem a
elaboração de uma definição ampla e abrangente do conceito de agricultura familiar ou da forma
familiar de organizar o trabalho e a produção na actividade agrícola:
A agricultura familiar não é entendida como trabalho familiar. O que a distingue da maioria das
formas sociais de produção como familiar é o papel preponderante da família como estrutura
fundamental de organização da reprodução social, através da formulação de estratégias
familiares e individuais que remetem diretamente à transmissão do patrimônio material e
cultural. (WANDERLEY, 2003)
A forma de exploração agrícola familiar pressupõe uma unidade de produção onde propriedade e
trabalho estão intimamente ligados à família.
O carácter familiar de produção não pode ser reduzido à utilização do trabalho familiar. O
recurso à contradição do trabalho assalariado externo e o assalariamento de membros da unidade
familiar fora do estabelecimento não são suficientes para afirmarmos a decomposição do carácter
familiar da unidade de produção. (WANDERLEY, 2003)
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De acordo com Wanderley, (2003)
2. Agricultura em Moçambique
De acordo com os dados TIA (2002), Moçambique possui 49 milhões de hectares de terra arável
com aptidão agrícola, contudo apenas 5 milhões de hectares estão a ser utilizados. A agricultura
e pesca têm um peso de 31% no PIB e envolvem cerca de 80% da população. Infelizmente ainda
98% da agricultura é familiar com técnicas de produção muito rudimentares e apenas os restantes
2% de agricultura comercial.
Nos últimos anos, a agricultura familiar tem sido apoiada pelo governo, organizações
internacionais e algumas instituições financeiras, mas ainda se encontra num estado muito
precário e inicial no qual são utilizadas poucas tecnologias para melhorar a produção e com um
baixo nível de diversificação de produção. (TIA, 2002)
Segundo CUNGURA, (2011), salienta que a limitada diversidade de produção leva a deficientes
índices de nutrição com implicações graves para a saúde pública da população mais carenciada.
Facto que se reflecte nos dados apresentados pelo ministério da saúde, em que pouco menos de
metade da população apresenta desnutrição crónica.
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A comparação proporcional entre o número de explorações existentes e a utilização de serviços e
práticas agrícolas revela que a utilização de fertilizantes e irrigação apenas aumentou cerca de
1% e o uso de pesticidas decresceu cerca de 2%. TIA (2002)
O diminuto desenvolvimento dos serviços e práticas agrícolas nos últimos anos, demonstra que
os esforços envidados no apoio da agricultura e no desenvolvimento dos seus sistemas de
produção, ainda não deram os frutos desejados e muito dificilmente se alterará este cenário caso
não se tomem medidas gerais e catalisadoras para a agricultura de Moçambique.
Diversos factores estão na origem desta baixa utilização de insumos, tal como o alto custo dos
mesmos e a frequente variação de preços, falta de apoio ao crédito financeiro, falta de
conhecimento técnico por parte dos agricultores, deficiente rede de extensão agrária, baixo nível
de exigência dos consumidores, entre outros. (JASSE, 2013).
De acordo com o TIA/2002, existe uma diversidade de produtos alimentares praticados; nesta
diversidade, o milho e a mandioca ocupam posições preponderantes da área cultivada, sendo o
milho cultivado por cerca de 80% das explorações e a mandioca por 76%. Apenas 3.3% das
pequenas explorações têm bovinos e cerca de 11% utilizam tracção animal, 71% criam galinhas,
27% caprinos e 16% suínos.
No concernente ao uso de meios de produção e serviços, apenas cerca de 11% usam rega dentro
das pequenas explorações; em termos do uso de insumos, somente 3.7% das pequenas
explorações utilizam fertilizantes e 6.7% utilizam pesticidas; cerca de 16% das explorações
contratam mão-de-obra. (JASSE, 2013).
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2.2. Caracterização das potencialidades
O país possui condições naturais para a longo prazo desenvolver um sector agrário diversificado
e dinâmico.
Do ponto de vista do potencial agro-ecológico para agricultura, Moçambique possui dez (10)
zonas agro-ecológicas com diferentes aptidões, as quais em geral, são definidas principalmente
pela precipitação e tipo de solos. (JASSE, 2013).
As distintas zonas agro -ecológicas podem ser agrupadas em três macro-zonas: Norte, CentroSul.
As zonas Norte e Centro de Moçambique possuem um bom potencial agrícola e possuem bacias
hidrográficas com regimes de escoamento mais permanentes do que no Sul. (JASSE, 2013).
A zona Sul é caracterizada por solos arenosos pobres e por um regime de precipitação irregular e
de baixas quantidades. Estas condições não são favoráveis para agricultura de sequeiro. A
presença de barragens e sistemas de regadio nesta zona potencia a agricultura regada. (JASSE,
2013).
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Além disso, a nível do país cerca de dois terços da força de trabalho encontra-se neste sector,
ocupando cerca de 90% das mulheres activas e 70% dos homens activos. Isto significa que 80%
da população activa do país esta empregue no sector agrário.
Por outro lado, é de destacar o papel fundamental desempenhado pela agricultura familiar como
garante da subsistência do produtor e sua família, contribuindo de forma decisiva para a sua
segurança alimentar e satisfação de necessidades básicas, bem como a geração de rendimentos
no caso de venda de excedentes nos mercados. (CPLP, 2012)
De acordo com BATALHA et al. (2001), os factores sócio-económicos afectam de forma directa
a participação de homens e mulheres na agricultara familiar.
Nível educacional
O nível educacional pode ser um factor importante na adopção de novas tecnologias. Segundo a
FAO (1994), a experiência, como também a capacidade de obter e processar informações e a
habilidade no uso de técnicas agrícolas e de métodos de gerenciamento mais sofisticados podem
contribuir para o sucesso do empreendimento. Um bom indicador desta capacidade é o nível de
escolarização e de formação profissional.
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Segundo MPCAA (2005), existe uma ampla evidência de que tanto o tamanho como a taxa de
dependência da família (número de membros que não trabalha em relação aos que trabalham)
afecta directamente a capacidade de acumulação das unidades de produção familiar.
Como a unidade de produção familiar tem como base a capacidade de trabalho da família, um
núcleo familiar com alta taxa de dependentes (ex. filhos menores) significa menos braços para
trabalhar e mais bocas para alimentar. Em casos como esse, o excedente para acumulação tende a
ser insignificante, em particular quando o nível tecnológico e a produtividade do trabalho são
baixos. (MPCAA, 2005)
Disponibilidade de mão-de-obra
Apesar de que a baixa produtividade e produção seja característica do sector agrário no seu todo,
a maior preocupação está na produção alimentar. As principais razões têm sido as dificuldades
em aumentar a utilização de insumos e tecnologias modernas, limitado acesso e controle da
parcela de terra pelas mulheres, limitada disponibilidade de aconselhamento técnico e serviços
de apoio no sector; a dispersão dos produtores. (GM, 2011)
Apesar dos esforços do governo e dos doadores que apoiam o sector para diversificar a produção
de culturas, e promover o uso de insumos modernos para aumenta os rendimentos e renda dos
produtores, ainda há muito caminho pela frente.
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Segundo o CAP (2010), somente 4% dos produtores usavam fertilizantes, e apenas 7% usam
qualquer tipo de pesticidas. Como resultado, o rendimento médio actual de, por exemplo milho
situa-se em 0.9 ton/ha, a mapira em 0.6 ton/ha, e do arroz em cerca de 1.0 ton/ha, que são cerca
de metade dos padrões regionais.
Para além dos cereais, a mandioca é um tubérculo que desempenha um papel significante na
dieta das famílias sofre igualmente. O outro grupo importante para a renda dos produtores é o
das culturas de rendimento viradas para a exportação, onde destacam-se o caju, algodão, cana-
de-açúcar, o tabaco, a soja, gergelim e o chá que juntos ocupam cerca de 25% da área cultivada
total.
É necessária uma acção coordenada dos esforços em curso relativos a melhoria das infra-
estruturas de transporte, avanços nas ligações de mercados, controle da inflação e taxas
de câmbios, liberalização de preços e a redução de tarifas na importação de insumos sem
a qual vai ser difícil qualquer intervenção com vista ao aumento da produtividade e ao
incentivo à adopção de tecnologias e retorno dos investimentos.
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2.4.3. Elevada Insegurança Alimentar e Desnutrição Crónica
Para além de pessoas que são deslocadas, e danos materiais avultados em infra-estruturas
públicas como escolas, hospitais, sistemas de abastecimento de água e energia eléctrica, redes
viárias, férreas e telecomunicações, os prejuízos incluem perda de culturas, particularmente
alimentares e pecuária. Os períodos de cheias são seguidos de anos de seca que afectam uma
parte significativa de culturas levando muitas famílias a enfrentar défices alimentares severos,
(MINAG, 2011).
Na actualidade a análise do desenvolvimento não pode ser feita apenas em função da informação
sobre a riqueza ou Produto Interno Bruto - PIB, a qual é inadequada para alcançar os desafios das
análises de desenvolvimento, é preciso incorporar outros aspectos relacionados com o
desenvolvimento do capital social e humano, como sejam: a questão das liberdades políticas,
desenvolvimento intelectual e cultural, estabilidade familiar, liberdade de escolhas com
responsabilidade, paz, democracia e não violência. (MINAG, 2011).
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estabelecimento de estruturas sociais e políticas para suportar esse desenvolvimento. (MINAG,
2011).
A teoria de Samir Amin (1976), é a teoria da dependência, a qual preconiza nos países
subdesenvolvidos a dupla estrutura (moderna e informal). Essa dupla estrutura ocorre ao nível
político, económico e social; por exemplo ao nível político essa dupla estrutura reflecte-se por
um Estado moderno e também através de autoridade tradicional. (MINAG, 2011).
Samir Amin sustenta que o subdesenvolvimento dos países do terceiro mundo é estrutural e a
solução é o desacoplamento. (MINAG, 2011).
De acordo com Samir Amim (1976), o desenvolvimento não deve ser apenas analisado ao nível
de produção e reprodução de bens, mas também ao nível de produção e reprodução de estruturas
de poder e ideologia, a qual é mais complexa. (MINAG, 2011).
A segurança alimentar;
O desenvolvimento económico e sustentável;
A redução das taxas de desemprego;
A redução dos níveis de pobreza. (MINAG, 2011).
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Este sistema é adoptado por 47 por cento dos agricultores em Moçambique e está associado a
níveis de utilização de insumos relativamente baixos – apenas 3 por cento usam fertilizantes
inorgânicos – e rendimento médio relativamente baixo das culturas. Portanto, este sistema
dominante é essencialmente orientado para a subsistência. (SITOE, 2005)
Os agricultores são atraídos por este sistema, em parte porque as barreiras de acesso são
relativamente baixas comparados com a produção de culturas de rendimento e trata-se de um dos
dois sistemas exclusivos em Moçambique, que está intrinsecamente associado a uma redução da
volatilidade de rendimentos provenientes de culturas.
Uma redução significativa da volatilidade do rendimento das culturas resultante deste sistema
sugere elevados benefícios da resiliência para os agricultores. Deste modo, um importante
desafio político em Moçambique passa por como tornar este sistema dominante mais produtivo e
lucrativo para os agricultores, mantendo paralelamente os respectivos benefícios da resiliência.
(SITOE, 2005)
No total, 19 por cento dos produtores praticam culturas de rendimento ao abrigo de três sistemas
de cultivo diferentes (milho-cultura de rendimento, milho-cultura de rendimento-leguminosa e
milho-cultura de rendimento-leguminosas-alimento básico alternativo). Os sistemas que incluem
culturas de rendimento estão associados a níveis significativamente mais elevados de utilização
de fertilizantes e de culturas de rendimento. (SITOE, 2005)
No seu conjunto, isto sugere que a identificação de políticas para atrair mais agricultores para a
produção de culturas de rendimento pode ter um efeito benéfico em termos de produtividade e
rendimentos por parte de agregados familiares. (SITOE, 2005)
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A promoção de culturas de rendimento conjugado com leguminosas é uma abordagem eficaz
para aumentar o rendimento e a produtividade agrícolas, reduzindo o risco de volatilidade de
rendimentos para os agricultores em Moçambique. (SITOE, 2005)
A análise mostra que a adopção de sistemas de cultivo mais produtivos e lucrativos é limitada
devido à combinação de baixos níveis de recursos por parte de agregados familiares e o acesso
limitado aos mercados. Em termos de recursos de agregados familiares, maiores propriedades de
terra e maior dotação de activos afiguram-se como factores extremamente importantes para a
escolha do sistema de cultivo.
Maiores propriedades de terra e elevados níveis de riqueza em termos de activos permitem que
os agricultores cubram mais facilmente os custos e reduzam os riscos para a segurança alimentar
de agregados familiares, da passagem de um sistema orientado para a subsistência para outro
mais orientado para a comercialização. (SITOE, 2005)
A título de exemplo, um agregado familiar com 3 hectares de terra tem duas vezes mais a
probabilidade de adoptar o sistema de produção de milho-leguminosas-culturas de rendimento do
que um agregado familiar com 2 hectares de terra, que é o tamanho médio de terras dos pequenos
agricultores em Moçambique. (SITOE, 2005)
Isto indica que a superação das limitações de recursos por parte de agregados familiares,
incluindo o acesso à terra, deve ser privilegiada de modo a alcançar uma adopção mais ampla de
sistemas de cultivo orientados para a comercialização.
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5.1. Reprodução socioeconómica das famílias rurais
Associado às variáveis anteriores, o nível de escolaridade aparece como a que também influencia
o desempenho socioeconómico da agricultura praticada pelas famílias rurais na Província da
Zambézia.
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suficientes que sejam cultural e socialmente aceitáveis. Ela é o resultado de boa saúde, de um
ambiente saudável e de boas práticas e cuidados com as mães e crianças. (CAZELLA, 2009)
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Conclusão
Chegado no final do trabalho, vale salientar que no passado o desenvolvimento era apenas
medido em função do crescimento económico. Hoje para além do crescimento económico é
preciso incorporar outros aspectos relacionados com o desenvolvimento do capital social e
humano, como sejam: a questão das liberdades políticas, desenvolvimento intelectual e cultural,
estabilidade familiar, liberdade de escolhas com responsabilidade, paz, democracia e não
violência.
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Bibliografia
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