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PROCEDIMENTOS DA ANS
EMENTA
Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde de 2016 da ANS. Consulta de fisioterapia. Conduta
terapêutica. Métodos e técnicas fisioterápicas, após consulta médica.
CONSULTA
Em correspondência encaminhada a este Conselho Regional de Medicina, Cooperativa de
Trabalho Médico formula consulta com o seguinte teor:
“Esta cooperativa, neste ato representada por sua Diretoria Executiva, vem, através do
presente, solicitar esclarecimento e orientações quanto à questão abaixo: A ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar) disponibilizou no novo Rol de Procedimentos, direito aos
beneficiários de planos de saúde, a consulta com um fisioterapeuta. Para tanto, este item era
pago por sessão, bem como os demais profissionais relacionados, como exemplo:
Fonoaudiólogos, Nutricionistas e Psicólogos. De acordo com o Conselho de Fisioterapia, é
contra o Código de Ética a profissão realizar avaliação durante uma sessão, e para isso é
necessário remunerar a consulta, sendo realizada por patologia tratada. Pois bem, somos uma
Cooperativa Médica, e entendemos que a consulta está voltada ao ato médico, o qual direciona
o tratamento e a terapia adequada ao paciente.
Partindo da percepção de que a consulta é uma atividade Médica, e que para os profissionais
supracitados, a avaliação está incluída no pagamento por sessão realizada, (primeira sessão
seria também uma avaliação), solicitamos vossa orientação quanto à questão, para que assim
possamos nos posicionar adequadamente, evitando que qualquer atitude desta Cooperativa,
seja desrespeitosa para com os Profissionais de Fisioterapia.”
FUNDAMENTAÇÃO E PARECER
O artigo 4° da Resolução CFM n° 1236/1987 dispõe que compete unicamente aos médicos
fazer diagnóstico, solicitar exames, prescrever terapêutica e dar alta a pacientes, nos Serviços
de Medicina Física e Reabilitação.
O Parecer CRM-PR n° 2.143/2010 orienta que a indicação de reabilitação física (Fisioterapia)
pode ser feita por médico regularmente inscrito no Conselho Regional de Medicina.
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Independente de sua especialidade, sempre em benefício do paciente. Os métodos e as
técnicas fisioterápicas podem ser executados por fisioterapeutas.
O Parecer CREMEB n° 08/2009 dispõe que a competência para o exercício da Medicina física
e a reabilitação, por ser atividade multidisciplinar que engloba fisioterapeutas, terapeutas
ocupacionais, psicólogos, entre outros, sendo a Fisioterapia uma modalidade terapêutica
complementar, tem a obrigatoriedade de ser Coordenada e Dirigida por médicos.
Médicos devidamente inscritos nos Conselhos Regionais, através de Diretores Técnicos
(médicos) e, compete unicamente aos médicos, fazer diagnóstico, solicitar exames, prescrever
terapêutica e dar alta a pacientes, além de Coordenar os serviços de Medicina física e
reabilitação.
Diz ainda que, cabe ao profissional fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicos
com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente.
O Artigo 3° do Decreto-Lei n° 938, de 13 de outubro de 1969, que “provê as profissões de
fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, e dá outras providências”, dispõe que “é atividade
privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicos com a finalidade de
restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente”.
O consulente questiona a consulta realizada por fisioterapeuta. Sustenta que a consulta é uma
atividade médica e, que para os profissionais da fisioterapia, a avaliação estaria incluída no
pagamento, por sessão realizada, e que por se tratar de cooperativa médica, a consulta estaria
voltada ao ato médico.
As cooperativas médicas são exemplos de cooperativas de trabalho, cuja finalidade é
proporcionar aos seus membros melhores condições para exercer seu trabalho liberal. Desta
forma, há cooperativas médicas que se limitam a congregar profissionais que trabalham em um
determinado estabelecimento, ou de uma determinada especialidade médica, com o intuito de
garantir melhor remuneração e condições de trabalho, e outras que atuam como operadoras de
planos de saúde, como é o caso da requerente.
Assim, em especial, em relação ao Rol de procedimentos, a cooperativa médica atuando como
operadora de planos de saúde está sujeita às mesmas regras que todas as operadoras de
planos de saúde.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é a agência reguladora vinculada ao
Ministério da Saúde responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. Tem como missão a
defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regular as operadoras
setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo
para o desenvolvimento das ações de saúde no país.
Periodicamente, a ANS publica o novo Rol de Procedimentos que devem ter cobertura pelas
operadoras de planos de saúde. O novo Rol de Procedimentos também contempla o cuidado
integral à saúde e o tratamento multidisciplinar ao prever na cobertura obrigatória, a consulta
com fisioterapeuta, além de ampliar o número de consultas e sessões de seis (6) para doze
(12) - com profissionais de especialidades como fonoaudiologia, nutrição, psicologia e terapia
ocupacional. Pacientes, por exemplo, que queiram se submeter à Laqueadura, Vasectomia,
Cirurgia Bariátrica, ao Implante Coclear e ostomizados ou estomizados têm direito a doze (12)
sessões de psicologia.
Da leitura da Resolução Normativa da ANS, Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde de
2016, Anexo II, Diretrizes de Utilização para Cobertura de Procedimentos na Saúde
Suplementar, acessado em www.ans.gov.br , em 15/09/2016, na página 79, tem-se que a
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previsão de “cobertura obrigatória de 2 consultas de Fisioterapia, por ano de contrato, para
cada novo CID apresentado pelo paciente, e consequente necessidade de construção de novo
diagnóstico fisioterapêutico”.
A 5ª reunião do Grupo Técnico do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Aconteceu no
dia 20/06/2011 e contou com a presença de integrantes da Câmara de Saúde Suplementar e
convidados, dentre eles, a Dra. Marlene Izidro Vieira, Conselheira Efetiva do CREFITO-8 e
representante do COFFITO na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), representantes
dos órgãos de defesa do consumidor, entidades representativas das operadoras de planos de
saúde, associações, conselhos profissionais e prestadores de serviços de saúde.
Entre os assuntos debatidos, pode-se citar a atualização da cobertura mínima obrigatória pelos
planos de saúde e a análise das contribuições recebidas na Consulta Pública nº 40.
Foi destaque também o grande número de consumidores participantes da consulta com 69%
das contribuições, as operadoras com 13%, e os prestadores de serviços com 12%, sendo que
a maior parte das contribuições recebidas refere-se à “Alteração de Diretriz de Utilização”.
A Consulta Fisioterapêutica foi o 2° (segundo) item mais solicitado nesta Consulta Pública, o
que demonstra a importância deste procedimento aos usuários e fisioterapeutas. Também,
foram constatados muitos pedidos de inclusão de procedimentos que já estavam no Rol, porém
com nomenclatura diferente da praticada no setor.
Além disso, foram feitas sugestões a respeito dos artigos da Resolução Normativa. O artigo 19,
por exemplo, que se refere às despesas com acompanhante, recebeu mais da metade dos
pedidos de alteração. A colaboração dos representantes presentes foi de extrema importância
para o andamento da reunião, a qual foi pontuada com correções e ratificações à proposta
apresentada.
O artigo 1°da Resolução CFM nº 1.958/2010 define que a consulta médica compreende a
anamnese, o exame físico e a elaboração de hipóteses ou conclusões diagnósticas, a
solicitação de exames complementares, quando necessários, e a prescrição terapêutica como
ato médico completo e que pode ser concluído ou não em um único momento.
CONCLUSÃO
A consulta médica não se confunde com a consulta de fisioterapia. Sempre que se inicia um
tratamento fisioterapêutico se faz necessária uma avaliação prévia por parte deste profissional.
Esta avaliação pode ser definida como sendo a consulta de fisioterapia, conforme normatizado
pela ANS.
Na consulta de fisioterapia não se faz diagnóstico médico, não se solicita exame
complementar, nem se indica tratamento. A consulta de fisioterapia em nada confronta a
consulta médica. Pelo contrário, a soma do diagnóstico médico e o diagnóstico fisioterapêutico
pode resultar em excelente sucesso no tratamento do paciente.
A consulta de fisioterapia faz o diagnóstico fisioterapêutico que envolve a avaliação das
condições do paciente, naquele momento, que pode ter se alterado desde a consulta médica.
Implica em verificar se não há algo que dificulte ou impeça o tratamento com a execução de
métodos e técnicas fisioterápicas com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a
capacidade física do paciente.
O médico que indica a fisioterapia, muitas vezes, não especifica qual técnica deve ser usada.
Nesse sentido, a consulta do fisioterapeuta permite identificar situações que requerem contato
com o médico para benefício do paciente.
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Destarte, a relação harmoniosa entre os profissionais da saúde é prevista no próprio Código de
Ética Médica, devendo prevalecer o entendimento de que o paciente é o principal ator e em
seu benefício devem ser direcionados todos os esforços.
A autonomia e o ato médico não serão maculados. A própria ANS teve o cuidado na utilização
dos termos “consulta de fisioterapia” e “diagnóstico fisioterapêutico”.
Portanto, em relação à consulta de fisioterapia, as diretrizes de utilização da ANS preveem a
cobertura obrigatória de duas (2) consultas de fisioterapia, por ano de contrato, para cada novo
CID apresenta do pelo paciente e consequente necessidade de construção de novo
diagnóstico fisioterapêutico.
Assim, verifica-se a existência de espécie normativa que prevê a cobertura obrigatória da
consulta de fisioterapia, antes mencionada, para todas as operadoras de planos de saúde,
sejam elas cooperativas médicas ou não.
Este parecer não tem efeitos sobre os fisioterapeutas, desde que este Conselho não exerce
qualquer ingerência sobre essa categoria profissional.
É o parecer, SMJ.