Código de Processo Civil (LexLink Version)
Código de Processo Civil (LexLink Version)
Código de Processo Civil (LexLink Version)
NOTA1: O Código de Processo Civil entra em vigor em Moçambique no dia 1 de Janeiro de 1963, por força da Portaria n.º 19 305, de 30 de Julho de
1962.
NOTA 2: Nos termos da Portaria n.º 19 305, de 30 de Julho de 1962, e da Portaria n.º 23 090, de 30 de Dezembro de 1967, as referências feitas no
código a «continente», «ilhas adjacentes» e «país» devem entender-se como feitas à província ultramarina onde corre o processo; as referências a
«chefes de secretaria», «funcionários de secretaria», «secretaria», «chefes de secção» e «secção», não se tratando de actos praticados nas Relações,
devem entender-se por «distribuidor-geral», «contador», «escrivão», «oficiais de justiça» e «cartório», conforme os casos; as referências a
«tesourarias judiciais» e «Caixa Geral de Depósitos» devem entender-se como feitas aos estabelecimentos onde, por força da lei vigente, se fazem
os depósitos judiciais e por «Cofre Geral dos Tribunais» entender-se-á o «cofre do tribunal».
APROVADO POR:
Decreto-Lei n.º 44 129, de 28 de Dezembro de 1961
ALTERADO POR:
Decreto-Lei n.º 1/2013, de 4 de Julho (última alteração)
Decreto-Lei n.º 1/2009, 24 de Abril
Decreto-Lei n.º 1/2005, de de 27 de Dezembro
Lei n.º 10/2002, de 12 de Março
Lei n.º 11/99, de 12 de Julho
Decreto-Lei n.º 35/76, de 19 de Outubro
Portaria n.º 439/74, de 10 de Julho
Portaria n.º 642/73, de 27 de Setembro
Decreto-Lei 323/70, de 11 de Julho
Lei n.º 2 140, de 14 de Março de 1969
Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967
Portaria n.º 19 305, de 30 de Julho de 1962
Preâmbulo
1. O processo civil anterior às reformas empreendidas a partir de 1926 assentava, como de todos é sabido, sobre uma concepção
essencialmente privatística da relação processual.
Era às partes que competia, por força do princípio da livre disponibilidade da relação material levado até às suas derradeiras consequências,
não só a tarefa de impulsionar a actividade dos tribunais e de definir as pretensões sujeitas à apreciação jurisdicional, como o encargo de
carrear para o processo todo o material probatório de que ao juiz era lícito conhecer na apreciação da matéria de facto por elas delimitada.
O juiz assistia, numa posição puramente passiva destinada a garantir a imparcialidade do tribunal, ao desenrolar da luta que os pleiteantes
dirimiam entre si.
O defeito fundamental do sistema, que, além do mais, impedia a necessária fiscalização da actividade instrutória desenvolvida pelas partes, era
ainda agravado por outras circunstâncias especiais, como fossem a excessiva relevância atribuída ao formalismo processual, a par das sérias
restrições opostas à livre apreciação do tribunal na própria fase do julgamento.
O processo era totalmente escrito, recheado de solenidades perfeitamente dispensáveis, à violação das quais a lei fazia corresponder por vezes
sanções inteiramente desproporcionadas, a fim de melhor garantir a sua observância.
E embora os textos admitissem certo número de provas livres, também é verdade que estas mesmas vinham a ser valoradas de harmonia com
as regras consagradas pelo uso, que cerceavam em medida apreciável o poder de apreciação do julgador.
O valor dos depoimentos não contraditados acabava, assim, por depender mais do número do que da qualidade das pessoas que os
subscreviam.
Aliás, como poderia avaliar correctamente a qualidade dos depoimentos prestados um juiz que não assistia à inquirição e que muitas vezes não
chegava sequer a ver os depoentes?
O resultado prático mais saliente da defeituosa estrutura do sistema nessa época vigente era o de frequentemente perder a acção, quando não
perdia definitivamente o direito que invocara, a parte cuja posição melhor fundada se achava em face da lei substantiva.
2. A breve trecho se reconheceu que o antigo direito adjectivo, todo decalcado sobre os postulados fundamentais do liberalismo individualista,
já não correspondia às exigências dos tempos modernos, que reclamavam um predomínio mais seguro da justiça material sobre a pura justiça
formal e, consequentemente, uma intervenção mais activa do juiz no desenvolvimento da relação processual.
E, na verdade, os princípios proclamados pelos processualistas italianos na sequência das novas correntes de ideias e que da Itália ràpidamente
se propagaram às restantes legislações de tipo continental, dão ao processo uma feição marcadamente publicística;
não eliminam, mas reduzem aos seus justos limites o chamado princípio dispositivo, ao mesmo tempo que ampliam em termos consideráveis
o domínio de aplicação do princípio inquisitório.
Entre nós é o famoso Decreto n.º 12353, de 22 de Setembro de 1926, que assinala o começo da reacção legislativa contra o descrédito da justiça
a que conduzira o sistema anterior, através de um processo que, além de ser lento, anacrónico e dispendioso, estava cheio de ardis e subtilezas
e era fonte permanente de soluções injustas.
A nova legislação começou por confiar ao juiz os poderes necessários para, desde o ingresso da demanda no tribunal, lhe assegurar o comando
efectivo da acção.
Instituiu o despacho liminar e criou o despacho saneador. Deu efeito cominatório à citação na generalidade das acções. Concentrou os termos
do processo, enquanto simultâneamente acelerou o ritmo do seu andamento. Aboliu grande número de formalidades inúteis. Simplificou
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
incidentes e recursos, limitando consideràvelmente os seus efeitos dilatórios. Disciplinou a produção das provas.
Posteriormente criou-se o tribunal colectivo, ao mesmo tempo que se assegurou o triunfo pleno da oralidade, quer na instrução, quer na
discussão do processo.
Se quiséssemos definir, em síntese, os rasgos essenciais do novo regime, poderíamos destacar as notas seguintes: simplificação do formalismo
processual e moderação das consequências da sua inobservância;
possibilidade de o juiz arredar certos obstáculos levantados pelas partes ou pelos auxiliares processuais ao curso normal da acção;
ampla consagração do princípio inquisitório em matéria de instrução do processo;
garantia efectiva do princípio da imediação das provas, através do sistema da oralidade pura, que permite ao julgador a utilização plena
dalguns coeficientes de valorização dos diversos depoimentos que escapam por completo ao puro relato escrito das provas;
concentração do processo, através do princípio da continuidade da audiência e da fisionomia especial que a audiência de discussão e
julgamento passou a revestir.
3. Todas estas importantes inovações foram reunidas e sistematizadas no Código de 1939 que, completando e aperfeiçoando muitas das
soluções anteriores, representa assim o coroamento de toda a obra renovadora iniciada, dentro deste domínio, no segundo quartel do século.
Quem confrontar desapaixonadamente os resultados da reforma do processo com a caótica situação, a que a nova legislação veio pôr termo,
há-de forçosamente concluir que o Código de 1939 marca um avanço extraordinário no campo das instituições processuais.
Isso não impediu, porém, que, ao lado de inúmeros estudos de índole predominantemente exegética, a publicação do novo estatuto do
processo civil suscitasse muitas críticas e reacções de vária ordem: umas, fruto apenas da resistência que a rotina jamais deixa de opor ao
progresso das instituições jurídicas, na medida em que progredir significa necessàriamente certo rompimento com o passado;
outras, que se avolumaram à medida que o tempo foi correndo, provenientes de reais deficiências de previsão do legislador ou de defeituosa
regulamentação dos princípios básicos estabelecidos.
Assim se explica que, pouco mais de vinte anos volvidos sobre o começo da vigência do Código, já hoje se reconheça a necessidade urgente de
rever certas soluções nele consagradas, de corrigir algumas das suas imperfeições e de solucionar muitas das dúvidas de interpretação que a
aplicação dos novos textos a pouco e pouco tem suscitado.
A brevidade com que a necessidade desta revisão se manifestou só pode surpreender quem não atentar na aplicação prática
excepcionalmente intensa e frequente a que estão sujeitos os textos de natureza processual ou quem desconhecer a profunda inovação que o
Código de 39 e os diplomas precedentes introduziram nos domínios do direito adjectivo.
A reforma a que se procede, e para a qual oportunamente se abriu largo inquérito em todo o País, não envolve, contudo, uma substituição dos
princípios fundamentais que a legislação processual vigente abraçou, visto que a superioridade das novas concepções, a despeito da crítica
impiedosa a que nalguns pontos têm sido sujeitas, ainda não pôde ser vàlidamente contestada. Das numerosas sugestões que o Governo pôde
recolher, no curso do inquérito levado a cabo, nenhuma solução viável foi efectivamente apresentada em termos de garantir, com a necessária
segurança, a preferência doutro sistema.
Ao lado, porém, da simples beneficiação formal dos textos ou da correcção substancial de algumas soluções, cumpre ainda assinalar a intenção
que houve na presente reforma de actualizar muitas das disposições do Código, adaptando-as às novas realidades da vida, que já não são
positivamente as mesmas de há vinte anos atrás.
4. A lei preambular do Código de 1939 determinava, à semelhança do que tem sido preceituado em disposições legais congéneres, que todas as
alterações futuras em matéria de processo civil fossem feitas nos lugares próprios do Código, mediante a substituição dos artigos modificados,
a supressão dos inúteis e o aditamento dos que se mostrassem necessários.
E foi nesse sentido que, de início, se orientaram os trabalhos da Comissão Revisora do Código;
cedo se fez sentir, no entanto, perante o volume crescente das alterações aprovadas, a dificuldade de manter a orientação estabelecida, ao
mesmo tempo que se reconheceu a conveniência de dar ao diploma a estrutura formal prevista para o novo Código Civil (já utilizada, aliás, nos
mais importantes diplomas recentemente emanados do Ministério da Justiça) e que tem incontestáveis vantagens de clareza, de simplificação e
de individualização dos diferentes preceitos legais.
Ainda assim, houve a preocupação constante de respeitar, na medida do possível, a ordenação sistemática das matérias e a própria localização
do articulado, só deslocando os preceitos a que se julgou necessário ou grandemente vantajoso dar uma outra arrumação.
O novo diploma persiste na ideia de simplificar e acelerar os termos das acções, a fim de garantir aos interessados, sem prejuízo do necessário
acerto e ponderação das decisões judiciais, a justiça pronta e expedita de que o País ainda hoje carece, a despeito de todos os progressos
alcançados nesse aspecto.
Assim é que suprime alguns restos mais de fórmulas tradicionais que perderam sentido no direito actual. Unifica muitos prazos. Dispensa o juiz
de intervenções meramente burocráticas, deixando ao magistrado mais tempo livre para as absorventes funções que o novo sistema lhe
atribuiu. Supre lacunas de regulamentação e soluciona muitas das dúvidas até agora suscitadas no foro. Alarga e aperfeiçoa o regime da
oralidade, enquanto disciplina mais criteriosamente o seu funcionamento, bem como o do órgão colegial especialmente destinado a servir o
sistema. Acelera a execução das sentenças e outros títulos, modificando radicalmente em determinados pontos o esquema da acção executiva.
As modificações através das quais se procurou alcançar semelhantes objectivos só muito sumàriamente podem ser descritas neste lugar.
5. São muitas as alterações introduzidas no regime da acção em geral, da competência e das garantias da imparcialidade, dos actos processuais
e ainda no capítulo do desenvolvimento, crises e incidentes da instância, mas que não interessa grandemente referir em face da publicidade
que foi dada aos trabalhos preparatórios da reforma, nos quais essas modificações são no geral devidamente assinaladas.
Merece todavia ser especialmente destacada, neste sector, a alteração do prazo de dedução dos incidentes que precediam a contestação.
Esses incidentes tinham de ser suscitados nos cinco dias posteriores à citação;
mas passam agora a poder ser deduzidos na própria contestação (caso do chamamento à demanda, quando o réu conteste) ou no prazo em
que a contestação deve ou deveria ser oferecida (casos da incompetência relativa, da suspeição, da nomeação à acção, do chamamento à
autoria e do chamamento à demanda quando o réu não conteste).
Assim se atribuem à advertência inicialmente feita ao réu, no acto da citação, todos os efeitos úteis e se evitam os graves inconvenientes que
para muitos citados advinham da dedução antecipada de certas formas de defesa indirecta.
6. O capítulo relativo aos chamados «processos preventivos e conservatórios» é também sensìvelmente remodelado. A própria designação
genérica do instituto passa a ser a de «procedimentos cautelares», que se julga mais conforme à estrutura e finalidade específica das
providências por ela abrangidas.
São excluídos deste núcleo de providências as cauções, os depósitos e os protestos, cuja função não é idêntica à dos procedimentos cautelares.
A subsistência das providências obtidas continua a depender da proposição urgente e do seguimento diligente da acção destinada a apreciar
em definitivo o direito acautelado.
A primeira condição fica estabelecida com mais rigor do que anteriormente, pois, embora o prazo de propositura da acção tenha sido ampliado,
a lei manda contá-lo da notificação do despacho que ordene a providência, e não, como fazia o Código vigente, a partir da decisão definitiva do
recurso ou dos embargos opostos à providência.
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
O sistema anterior permitia que subsistissem durante meses, quando não durante anos, medidas extremamente gravosas, decretadas com
base em investigações sumaríssimas, e que estas providências fossem por vezes usadas apenas como um meio de obrigar o adversário a
capitular, antes mesmo de ser accionado.
O procedimento criado pelo Código de 39 com o nome de «providências cautelares» subsiste ainda, mas com a designação de «providências
cautelares não especificadas», visto que providências cautelares são todas as que resultam dos restantes meios regulados no mesmo capítulo.
Diz-se, entretanto, de forma bem explícita, que se trata de prevenir o chamado periculum in mora nos casos não abrangidos pelos
procedimentos cautelares clássicos ou nominados.
Ao mesmo tempo, o desenho esquemático das providências adoptadas adquire a extensão bastante para compreender todo o vazio que a
disposição se destina a preencher.
Regulam-se ainda os termos do procedimento que a lei anterior confiava, quase por inteiro, ao arbítrio judicial. Impõe-se como regra a
audiência prévia do requerido, que só é dispensada quando possa comprometer o êxito da providência. Permitem-se embargos a esta e
sujeita-se o procedimento, de um modo geral, à disciplina do arresto.
O arresto preventivo, que a legislação anterior condicionava estreitamente, declara-se agora aplicável sempre que, por qualquer meio, se prove
a verosimilhança da dívida e o justo receio de insolvência ou ocultação de bens por parte do devedor que não seja comerciante. Abandona-se,
para tanto, a referência imprópria à «certeza da dívida», bem como a indicação limitada e casuística das condições em que a dívida se tem por
verosímil.
Era um condicionalismo que mal se compreendia dentro de um sistema que tão amplamente permitia a adopção de medidas tão ou mais
severas, mediante outro processo.
O arresto fica deste modo colocado no mesmo plano dos outros procedimentos cautelares e os tribunais passam a gozar de maior liberdade
para o adaptarem aos vários casos concretos.
7. Dado o carácter paradigmático do processo comum de declaração, as modificações concernentes a esse vasto capítulo do Código atingem
reflexamente outras zonas do processo e só por isso, independentemente de outras razões que no caso possam confluir, se devem considerar
as mais importantes da reforma levada a cabo.
O Código abria o título consagrado a esta matéria com as disposições relativas à obsoleta conciliação preliminar, tradicionalmente confiada aos
tribunais de paz. Declarou-a, no entanto, absolutamente facultativa, e daí que tenha sido absoluto, ou pouco menos, o desuso em que a
instituição veio a cair.
De resto, logo a primeira reforma de 1926 transferiu para o juiz da causa a função de conciliar as partes na pendência da acção, o que supriria,
em qualquer caso, a falta da tentativa preliminar de conciliação.
Entendeu-se, assim, que a matéria poderia ser eliminada do Código, sem nenhum inconveniente sério. Mantém-se entretanto a função
conciliatória do juiz da causa, mas estabelecem-se para o efeito determinadas limitações, com vista a coibir abusos em que alguns recaíram.
A audiência preparatória, embora continue a principiar, em regra, por uma tentativa de conciliação, não é adiada por falta de qualquer das
partes ou do seu mandatário especial. A falta é, no fundo, tomada como sintoma de que a parte não está interessada na conciliação.
Além disso, a convocação das partes para o fim único de se tentar conciliá-las não pode ter lugar mais de uma vez.
8. Em matéria de articulados, merecem especial menção duas das múltiplas inovações adoptadas.
Uma é a da notificação, feita ao autor, da apresentação da contestação, para que da notificação se conte o prazo de apresentação do articulado
subsequente. A outra consiste em alargar ao autor a faculdade, que já era unilateralmente reconhecida ao réu, de articular factos
supervenientes fora dos prazos normais.
É óbvia a utilidade da primeira medida. No regime precedente, dependia de data sempre incerta o início da contagem do prazo facultado para a
réplica ou resposta, cuja falta passa, aliás, a revestir graves consequências para o autor, se é que as não tinha já, em tão alto grau, na vigência do
Código de 39.
O autor só através de informações verbais, desprovidas muitas vezes de garantia suficiente, podia saber que o réu contestara.
Quanto aos factos supervenientes, cumpre notar que o próprio oferecimento de defesa superveniente por parte do réu estava
deficientemente regulado na lei, que nada dispunha sobre a resposta correspondente e os termos posteriores.
Cria-se agora a figura geral dos «articulados supervenientes» e regulam-se minuciosamente os termos subsequentes à sua dedução.
Torna-se desta forma praticável a utilíssima disposição que manda ter em conta, na decisão da causa, os factos produzidos até ao
encerramento da discussão, ao mesmo tempo que se harmoniza esse salutar princípio de economia processual com a regra de que só podem
ser atendidos na acção os factos articulados.
9. No Código em vigor, o despacho saneador é precedido obrigatòriamente de uma audiência de discussão, sempre que o juiz se proponha
conhecer do pedido ou de qualquer excepção que não seja a nulidade do processo.
Na prática, a audiência preparatória do saneador converteu-se, na quase totalidade dos casos, numa simples tentativa de conciliação, possível
em qualquer estado da causa, mas obrigatória sempre que a audiência se realizasse. Rarìssimamente havia alegações.
A razão do fenómeno está em ter a audiência ficado reservada para a discussão oral das questões já discutidas por escrito nos articulados.
Modifica-se este regime.
A audiência preparatória só é indispensável no caso de se pretender conhecer, no saneador, de algum pedido ou de qualquer excepção
peremptória. Para discussão de outras excepções é facultativa: o juiz só a ordenará quando a considere conveniente.
As duas peças essenciais da segunda fase do processo declaratório - saneador e questionário -, que até aqui constituíam objecto de despachos
separados, fundem-se numa peça processual única, embora com objectos distintos.
Mais do que a não despicienda aceleração do processo, justificativa da excepção já anteriormente aberta para a acção de despejo, o que conta
nesta inovação é a intenção de garantir uma perfeita harmonia entre saneador e questionário, através da análise conjunta ou simultânea das
questões de direito e das questões de facto que interessam a um e a outro.
10. No capítulo das provas, vale a pena referir que foi reforçado o valor probatório das fotocópias, que foi admitida e regulada a segunda
avaliação de prédios cuja primeira avaliação tenha sido efectuada pela secretaria e que foi, finalmente, ampliado o âmbito da inspecção judicial.
As fotocópias a que leis especiais não confiram maior força passam a gozar do mesmo valor probatório que têm os documentos particulares.
A avaliação feita pela secretaria judicial com base no rendimento colectável de prédios inscritos na matriz pode ser corrigida mediante segunda
avaliação efectuada por três peritos.
A inspecção judicial poderá recair sobre todas as coisas imóveis ou móveis, e até sobre pessoas. Poderá, inclusivamente, ter por objecto a
reconstituição de factos.
Desnecessário se torna encarecer a utilidade de qualquer destas inovações.
Acrescenta-se ao rol das provas livres a confissão não reduzida a escrito. Trata-se da confissão que é feita em depoimento de parte prestado em
audiência e, por conseguinte, não registado.
O Código vigente, embora inculcasse que o depoimento de parte era de livre apreciação do julgador, visto que só o mandava registar quando
não fosse prestado perante o tribunal colectivo, não deixava entretanto de excluir, indiscriminadamente, da competência deste a valoração da
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
confissão.
Pràticamente, porém, a convicção final do colectivo não poderia deixar de ser formada também sobre as confissões que ouvira.
É pelo menos inútil impor que as considere separadamente o juiz singular, quando as confissões não tenham sido tão claras que justifiquem
registo especial.
11. A apreciação livre das provas pessoais, para ser perfeita, exige o contacto directo do julgador com as pessoas que as prestam.
Mas a imediação só é plenamente praticável na 1.ª instância.
E não estaria certo adoptá-la na 1.ª instância para permitir depois que o julgamento imediato pudesse ser substituído por outro, mediato, em
via de recurso. Considerada dispensável a imediação para o segundo julgamento, supostamente mais correcto, dispensável se deveria
considerar então para o primeiro. Quer isto dizer que o sistema só seria coerente se ambos os julgamentos partissem da mesma base, digamos
do mero registo das provas.
Era este, aliás, o nosso antigo regime e é, pràticamente, o que ainda hoje funciona, com uma ou outra variante, não essencial sob o aspecto que
está em causa, nalguns países estrangeiros.
O regime foi abandonado na legislação nacional, já antes de 1939, para o processo ordinário, quando se aboliu o registo das provas produzidas
em audiência.
Esta modificação do formalismo processual necessitou de ser acompanhada de uma alteração orgânica profunda, tendente a evitar os perigos
da apreciação livre das provas por um único juiz. A criação do tribunal colectivo permitiu, efectivamente, conjugar o princípio da imediação com
as vantagens da colegialidade na livre apreciação das provas.
Em lugar de se deixar a liberdade de apreciação da matéria de facto entregue ao juiz singular, com recurso para um colégio, como se fazia no
sistema antigo, transportou-se o colégio para a 1.ª instância, pondo-o em contacto directo, imediato, com as provas a ponderar.
A apelação, profundamente enraizada na nossa tradição processual, é que ficou automàticamente prejudicada na grande massa dos casos. E
daí nasceu uma série numerosa de críticas contra o colectivo, nem sempre apoiadas num conhecimento exacto dos fundamentos e dos
objectivos do novo sistema.
No que têm de pertinente, as críticas suscitadas dirigem-se menos à instituição do que a certos aspectos, realmente deficientes, do
funcionamento do colectivo.
Raros são, aliás, os que pedem a abolição do tribunal colegial, embora sejam muitos os que reclamam a apelação das suas decisões através do
registo das provas produzidas perante o colectivo.
Há-de, no entanto, reconhecer-se que o meio proposto equivale a tornar o colectivo pràticamente inútil, na medida em que despreza em larga
medida a razão de ser da colegialização do julgamento da matéria de facto na 1.ª instância.
12. E a verdade é que, mau grado todas as críticas que lhe têm sido movidas, o tribunal colectivo constitui ainda o meio mais idóneo de
averiguação dos factos cuja realidade só pode ser alcançada através de provas sem valor legalmente tabelado. O colectivo permite conciliar as
preciosas vantagens da imediação das provas com as garantias da colegialidade, que anteriormente apenas existia em grau de recurso e num
julgamento mediato.
O menos que, por conseguinte, se julga lícito asseverar é que são de tal modo duvidosas e precárias as vantagens do sistema do juiz-instrutor,
como base de um regime de oralidade mitigada, adoptado nalguns países estrangeiros, sobre o esquema da oralidade pura alicerçado na
intervenção sistemática e imediata do colectivo, como está consagrado na legislação portuguesa, que de nenhuma forma se justifica neste
momento o abandono das soluções vigentes, com os graves inconvenientes e as dificuldades de ordem vária que uma alteração de semelhante
amplitude necessàriamente arrastaria consigo.
O que importa, desde que o colectivo se deva manter, é ampliar lògicamente a sua esfera de acção e corrigir, por outro lado, as causas das reais
deficiências que têm sido apontadas ao seu funcionamento.
O tribunal colectivo passa deste modo a intervir no próprio processo sumário, quando a causa esteja fora da alçada do tribunal de comarca,
permitindo a abolição dos demorados - e, neste caso, injustificados - depoimentos escritos. As partes ficam todavia com a faculdade de
prescindir da intervenção do órgão colegial, como até aqui lhes era lícito renunciar ao recurso.
Mas a circunstância de se sujeitarem ao veredicto do juiz singular sobre a matéria de facto não as impede de recorrer da decisão de direito, o
que importa melhoria considerável em comparação com o regime anterior.
13. A acusação que mais frequentemente se faz ao colectivo é a de nem sempre julgar em rigorosa harmonia com a prova produzida, por
querer muitas vezes amoldar as suas respostas à solução que considera a justa decisão da causa.
Descontando embora os excessos ou a carência total de fundamento de algumas das críticas formuladas, é bem possível que certos defeitos do
sistema tenham concorrido para a verificação de semelhante anomalia.
O primeiro consiste logo na forma como o Código de 1939 definia o poder de livre apreciação das provas confiado ao colectivo.
A apreciação das provas livres dizia o artigo 655.º do Código que haveria de ser feita pelo tribunal segundo a sua convicção, de modo a chegar à
decisão que lhe parecesse justa.
Os dizeres da lei podiam, efectivamente, inculcar a ideia de que, ao decidir a matéria de facto, o tribunal colectivo deveria ter em conta não
apenas o resultado imediato das provas, mas também as consequências jurídicas da decisão, a sorte final da demanda.
Mas não é essa, de qualquer modo, a boa doutrina.
Ao apreciar as provas, o juiz só tem de se pronunciar sobre a veracidade das afirmações de facto sujeitas à sua decisão, sem curar em princípio
das consequências jurídicas que os factos arrastam consigo.
Estas consequências são, por definição, as fixadas na lei, à qual se não podem sobrepor critérios pessoais de equidade ou de justiça pura. De
contrário, o colectivo invadiria indirectamente terreno que é da exclusiva jurisdição do magistrado a quem incumbe elaborar a sentença final.
A nova redacção dada à lei procura definir, neste aspecto, os justos limites da actividade do colectivo.
14. Outra das causas que podem ter concorrido em medida apreciável para a inversão de funções censurada ao colectivo assenta no regime
estabelecido para a discussão do pleito na audiência final do processo comum, segundo o qual o julgamento da matéria de facto era precedido
da discussão da própria matéria de direito.
Produzidas algumas provas e reconstituídas outras na audiência, logo se entrava na discussão conjunta dos respectivos resultados e da
solução jurídica da causa.
O aspecto jurídico da acção era assim discutido sobre bases puramente hipotéticas, tornando-se, por outro lado, muito fácil que a resposta
mais adiante dada pelos juízes à matéria de facto fosse, em muitos casos, inelutàvelmente dominada pelas consequências jurídicas que as
alegações dos advogados punham amplamente em relevo.
Também neste ponto as coisas sofrem radical modificação. A discussão da matéria de direito é separada da discussão da matéria de facto. E só
tem lugar, como convém ao rendimento útil da discussão, depois de fixados os factos que interessam à decisão da causa.
Além disso, só a discussão dos resultados da prova é feita perante o colectivo;
a do aspecto jurídico da causa tem lugar perante o juiz que há-de lavrar a sentença final e será geralmente escrita, no processo ordinário. Julga-
se que a forma escrita tornará a discussão da matéria de direito mais útil, mas admite-se a forma oral quando ambas as partes a prefiram, o que
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
sucederá certamente nos casos de maior simplicidade.
15. Propôs ainda a Comissão Revisora, como medida destinada a aperfeiçoar indirectamente as respostas do colectivo, que ao juiz vencido em
qualquer das respostas aos quesitos fosse permitido tornar público o seu voto.
O problema das declarações de vencido, mormente em matéria de facto, reveste sempre a maior delicadeza.
Diz-se, com alguma razão, que o voto de vencido afecta o prestígio da decisão judicial. Por esse motivo o aboliu o Código de 1939 nos tribunais
superiores, sem exceptuar os puros julgamentos de direito, como são os do Supremo Tribunal de Justiça.
Cedo se reconheceu, porém, serem maiores os inconvenientes do que as vantagens da abolição, no que se refere aos arestos dos tribunais
superiores.
E, por isso, logo no Estatuto Judiciário de 1944 se restabeleceu o voto de vencido nesses tribunais, onde a solução até agora se tem mantido.
A questão é mais delicada e o acerto da solução mais duvidoso no que concerne ao tribunal colegial de 1.ª instância. Mas desde que a admissão
do voto de vencido pode contribuir de alguma forma para a melhoria das decisões do órgão colegial, não se tem dúvida em perfilhar a sugestão
da Comissão Revisora num momento em que tanto convém fortalecer o prestígio do colectivo, aperfeiçoando os resultados da sua actividade.
16. Outra inovação importante que a reforma consagra ainda neste capítulo é a que obriga os juízes a fundamentarem as respostas aos
quesitos.
Há duas razões ponderosas que podem ser, e foram realmente, invocadas contra a fundamentação do acórdão do colectivo.
Uma assenta na extrema dificuldade de enunciar, com precisão, as razões que, muitas vezes por simples via intuitiva, influem justamente no
espírito do julgador ao emitir determinada resposta. A outra provém da aparente inutilidade da motivação, desde que se não conceda - e
parece que não deve ser efectivamente concedida - ao tribunal de 2.ª instância a faculdade de alterar, com base nela, as respostas dadas pelo
colectivo à matéria do questionário.
Estas razões são indiscutìvelmente sérias, mas não parecem decisivas.
Com ser difícil, num ou noutro caso, não se julga impossível a tarefa de concretizar as razões em que se fundam as respostas ao questionário. E
a perfeição dessas respostas só tem a lucrar com a substituição dos puros impulsos, tantas vezes desordenados e enganadores, da simples
intuição pela análise serena e reflectida dos factos que só a razão é capaz de iluminar e controlar com a necessária segurança.
Só há vantagem em estimular os juízes a seguir atentamente o desenrolar de toda a instrução do processo, assim como há toda a conveniência
em obrigá-los a anotar oportunamente os resultados dos diferentes procedimentos probatórios, a recapitular, no momento da decisão, as
impressões colhidas através da produção das várias provas e a conferir, sobretudo, os efeitos aparentemente contraditórios dos elementos
que lhes cumpre utilizar na formação da sua convicção.
A resposta à segunda objecção está implìcitamente contida no que se afirma em relação à primeira.
A possibilidade de alteração das decisões do colectivo não é, como se vê, a única finalidade capaz de justificar o dever de fundamentação das
respostas aos quesitos.
A necessidade de justificar a decisão, substituindo as respostas secas, dogmáticas, autoritárias do colectivo por uma fundamentação
esclarecedora do raciocínio dos juízes, pode contribuir de tal modo não só para a maior ponderação e acerto da própria resposta, como para o
maior prestígio da decisão e do órgão donde ela emana, que estas razões bem legitimam, por si só, ou seja, independentemente da
modificabilidade ou anulabilidade das respostas, a novidade da solução perfilhada pelo diploma.
17. No capítulo relativo à sentença, se abstrairmos da modificação introduzida em matéria de competência para fiscalizar a observância da lei e
a actuação dos funcionários que intervêm no processo, as alterações mais importantes são as que respeitam aos vícios e reforma da sentença.
O Código tornava o conhecimento das nulidades da sentença dependente da arguição directa no tribunal que a proferira. O recurso da decisão
continuou, porém, a poder ter como fundamento qualquer dessas nulidades, desde que tivessem sido prèviamente reclamadas no tribunal
recorrido.
Quis-se estabelecer, por este meio, um processo que se supôs mais económico e expedito de obter a reforma da sentença, mas a prática veio a
demonstrar que a solução adoptada tinha mais inconvenientes do que vantagens.
A arguição directa serve a cada passo como um fácil meio dilatório;
e, quando tenha um fundamento sério, não é o facto de ser desatendida que impedirá normalmente a interposição do recurso.
Abandona-se, por isso, o sistema.
Salvo o que especialmente fica disposto para a falta de assinatura do juiz, a nulidade só poderá ser arguida no tribunal que proferiu a sentença
no caso de esta não admitir recurso ordinário;
de contrário, a nulidade tem de ser invocada em via de recurso.
18. No capítulo seguinte começa-se por retirar a categoria de recurso ao meio de impugnação que o Código criara, com o nome de recurso de
queixa, em substituição da antiga carta testemunhável.
Este meio nem sequer é dirigido a nenhum dos tribunais que em outro lugar se declaram exclusivamente competentes para conhecer dos
recursos. É uma simples fase dos recursos pròpriamente ditos.
Além disso, tendo lugar apenas quando os recursos não são admitidos ou são retidos, não resolve em definitivo a questão da admissibilidade
ou da retenção: se é atendido, sòmente torna possível que essa questão seja resolvida pelo tribunal destinatário do recurso.
Atribui-se-lhe, por isso, a categoria de simples reclamação, mais conforme com a sua natureza funcional.
Os seus termos continuam, no entanto, a ser sensìvelmente os mesmos, salvo quando respeita a recursos interpostos na Relação. Neste caso,
dispensa-se a inútil duplicação de reclamações do recorrente e de acórdãos de conferência, que o Código exigia. A reclamação endereçada ao
presidente do Supremo é formulada logo contra o despacho do relator que não admita ou que retenha o recurso. O processo só vai à
conferência uma vez, para ser proferido acórdão que confirme aquele despacho, sustentando a não admissibilidade do recurso ou a retenção
do agravo, ou que o revogue, mandando admitir o recurso ou subir imediatamente o agravo.
19. Relativamente à apelação, o que há de mais interesse a destacar é o novo traçado do seu domínio de aplicação.
O Código vigente reservava a apelação para impugnar as sentenças que conhecessem do mérito da causa ou que conhecessem do objecto,
quer dos incidentes de falsidade e habilitação (deduzida em dados termos), quer dos embargos opostos a arresto, arrolamento ou embargo de
obra nova.
Estavam excluídas do âmbito do recurso as sentenças que conhecessem de qualquer excepção peremptória e bem assim, segundo se
entendia, as próprias decisões dos incidentes e dos embargos opostos a procedimentos cautelares que não dependessem de acção ordinária.
Ora, não parece que esta diversidade de tratamento se justifique.
Por um lado, a sentença que conhece de uma excepção peremptória não envolve, no geral, menor complexidade nem reveste para as partes
menor importância prática do que a decisão que conheça directamente do pedido: e por isso se não compreende que a sua apreciação, em via
de recurso, se faça com menores garantias.
Por outro lado, também se não compreende que a natureza do recurso se não relacione apenas com a matéria do processo no qual
directamente se enxerta, para atender também à índole da acção com a qual esse processo se relaciona.
Declaram-se, por conseguinte, susceptíveis de apelação, tanto as sentenças que conheçam directamente do pedido, como as que conheçam de
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
qualquer excepção peremptória que não seja o caso julgado. A exclusão deste já se justifica pelo seu carácter especial e pela simplicidade da sua
prova.
Além disso, sujeitam-se a recurso de agravo todas as sentenças proferidas em incidentes e procedimentos cautelares, quer dependam de acção
sumária, quer de acção ordinária.
Não se abre excepção para o incidente de falsidade, apesar de a sua forma de processo depender da forma correspondente à acção. É que,
geralmente, o incidente é julgado na própria sentença que decide a acção. A raridade dos casos em que é julgado em separado e depende de
acção ordinária não justifica a prescrição de um regime especial.
20. O recurso de revista fica, por sua vez, limitado à impugnação de acórdãos da Relação.
O Código em vigor admitia também a revista das sentenças do tribunal de comarca que conhecessem do recurso de apelação interposto no
tribunal municipal. Não se atendia a que estas sentenças só eram recorríveis por incompetência absoluta ou por ofensa de caso julgado e que
estes fundamentos não legitimavam a revista quando fossem opostos a acórdãos da Relação.
Corrige-se o lapso, passando a ser de agravo o recurso próprio para a impugnação daquelas sentenças.
21. As disposições reguladoras dos efeitos e do regime de subida dos agravos interpostos em 1.ª instância tiveram de ser adaptadas à
unificação que se estabeleceu entre o despacho saneador e o questionário e ao novo regime de dedução da incompetência relativa.
Estes preceitos, que estavam formulados em termos incompletos e estreitamente casuísticos, são agora completados e subordinados a um
esquema que se julga mais racional e flexível.
Não se podia ir, todavia, muito longe nesta matéria, sem correr o risco de ressuscitar problemas doutrinalmente arrumados ou criar novas
dúvidas de interpretação e aplicação dos textos.
Cumpre a este propósito esclarecer que não houve a intenção de reduzir o número dos casos de subida imediata nem os casos de subida nos
próprios autos: os que estavam especificadamente previstos na lei, sob uma ou outra solução, continuam a ter o mesmo regime.
Omitiu-se a referência, que parece deslocada, às decisões de conflitos que têm processo próprio e autónomo;
outras foram substituídas pelas regras gerais estabelecidas para o agravo de decisão que, por qualquer motivo e em qualquer altura, ponha
termo ao processo.
22. O recurso para o tribunal pleno é mantido como recurso ordinário. É que o recurso só pode atingir plenamente os seus fins se for facultado
às partes e os seus efeitos se projectarem sobre o processo donde nasce. Só a iniciativa interessada das partes evitará, noutros termos, que o
recurso se converta numa instituição puramente platónica, como outras experiências legislativas tendentes à uniformização da jurisprudência
que o precederam.
É certo que a simples iniciativa do Ministério Público tem dado resultados úteis no processo penal, mas importa não esquecer a diferente
posição que o Ministério Público tem no processo cível e no processo penal.
Mas embora não haja assim razões sérias para modificar a fisionomia do recurso, o que se torna indispensável é regulá-lo de forma a impedir
que o recurso para o tribunal pleno continue a ser usado como um simples meio dilatório da execução da sentença. Basta dizer que no regime
vigente apenas uma média de 5 por cento dos assentos requeridos vinham a ser efectivamente tirados no Supremo.
Para tentar obviar aos abusos que se têm verificado, o recurso é processado em separado e sem efeito suspensivo.
Por outro lado, quanto ao fundamento do recurso, a lei determina com maior amplitude, e principalmente com maior precisão, as condições
necessárias de oposição entre o acórdão recorrido e o acórdão anterior.
Finalmente, o recurso para o tribunal pleno passa a ser admitido também como meio de uniformização da jurisprudência relativa a matérias
em que a Relação funciona como último tribunal de recurso. Pôr-se-á cobro, desta forma, a certos casos gritantes de divergência entre os
julgados das várias Relações ou entre as secções da mesma Relação.
23. Os recursos extraordinários de revisão e de oposição de terceiro adquirem uma configuração processual inteiramente nova.
Pelo sistema em vigor, o recurso extraordinário era um misto de acção e de recurso, o que complicava bastante os seus termos. No que
especialmente se refere à revisão, o regime tinha grandes inconvenientes.
A revisão devia ser requerida no tribunal que proferira a decisão a rever. Esse tribunal podia bem ser o Supremo. Todavia, a revisão dependia de
prova cuja produção se tornava sempre difícil num tribunal de revista.
É para delimitar as coisas com maior rigor que se estabelece agora, tanto para a revisão como para a oposição de terceiro, a precedência de
sentença que, em acção própria, declare verificado o fundamento do recurso.
Exceptuam-se, entretanto, para a revisão, os casos em que o fundamento do recurso pode ser provado documentalmente.
24. No que especialmente se refere ao julgamento dos recursos, há duas alterações que merecem ser destacadas.
Uma é a da abolição da obsoleta discussão oral.
Tem sido pràticamente letra morta a disposição legal que a permite. O absoluto desuso da solução basta para justificar a eliminação.
A segunda, de muito maior alcance, respeita exclusivamente ao recurso de revista.
O Código de 1939 declara serem necessários cinco votos para se vencer que houve violação da lei substantiva, mas o Supremo sempre
interpretou esta regra como não exigindo a conformidade dos cinco votos. O vencimento, mesmo para a concessão da revista, tem-se feito por
simples maioria, ou seja, apenas por três votos conformes.
E a verdade é que, sem prejuízo de não corresponder ao melhor entendimento da lei, a prática seguida não se revelou inconveniente nem
provocou reacções.
Opta-se, por isso, pela clara consagração legislativa da orientação perfilhada. E vai-se mesmo, lògicamente, um pouco mais longe.
Com efeito, uma vez assente que três votos bastam, na própria revista, para fazer vencimento, pode perfeitamente dispensar-se, num grande
número de casos, a intervenção de cinco juízes, possìvelmente determinada pela pressuposição da necessidade dos cinco votos conformes.
A revista começará, assim, por ter apenas três vistos, tal como a apelação e o agravo;
mas, enquanto nestes o vencimento continua a depender do mínimo de dois votos conformes, na revista a decisão dependerá da
conformidade de três votos, quer seja para a conceder, quer seja para a negar.
Se esta conformidade não for obtida na primeira sessão de julgamento, o processo irá então a mais dois vistos, o que não será, decerto, muito
frequente, a avaliar pelo número relativamente escasso de acórdãos de três juízes com voto de vencido.
O julgamento da grande maioria das revistas fica por esta forma consideràvelmente abreviado, como convém a um recurso que até aqui tão
arrastado se torna, em geral, e os juízes, intervindo em menor número de recursos dessa espécie, mais tempo terão para dedicar àqueles em
que intervêm.
No regime vigente, cada juiz tem de estudar todas as revistas da sua secção e algumas da outra, para, afinal, em cerca de metade das que não
relata, vir a exprimir um voto pràticamente inútil, pelo facto de ser dado depois de a decisão estar já vencida por maioria.
Dir-se-á que esta razão não colhe, por provar demasiado, na medida em que, por igual caminho, se não tornaria difícil justificar a intervenção de
dois juízes apenas no julgamento do agravo e da apelação.
Simplesmente, se a experiência tem mostrado a conveniência de assegurar nos tribunais colegiais a intervenção dum mínimo de três juízes
(sem contar, entre nós, por óbvias razões, com o presidente do tribunal) como forma de garantir, além do mais, uma discussão suficientemente
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
ampla dos temas a decidir, já com igual força se não poderá sustentar, com base no próprio interesse da discussão entre os juízes, a
necessidade de, em certos julgamentos, intervirem sistemàticamente cinco, e não três magistrados apenas.
Há ainda uma outra inovação neste capítulo, que também merece ser referida, pelo benéfico efeito que pode vir a ter na prática.
É a que manda facultar aos adjuntos, no início da sessão de julgamento, uma fotocópia ou a cópia manuscrita ou dactilografada do projecto do
acórdão.
É evidente que, tendo à sua frente o próprio projecto do acórdão durante a discussão, os adjuntos estão em condições de ter uma participação
bastante mais activa em certos aspectos da elaboração definitiva da decisão do que com o sistema de trabalho até agora seguido.
A fim de evitar que a medida decretada não passe de simples letra morta, está o Ministério da Justiça na disposição de facultar aos tribunais
superiores a aparelhagem destinada a garantir a sua execução prática.
25. O processo de execução é profundamente remodelado.
O sistema vigente assenta, como todos sabem, sobre uma ampla concursualidade da acção executiva que, sob esse aspecto, em pouco se
distingue, afinal, tanto da falência como da insolvência.
O concurso de credores deixou de ser um mero concurso de preferências sobre o produto dos bens excutidos e passou a ser uma coligação
universal de exequentes e uma ampla cumulação de execuções.
Não obstante, a lei continuava a condicionar cuidadosamente, em preceitos especiais, o direito atribuído ao exequente de, inicial ou
subsequentemente, cumular execuções e a faculdade, conferida aos vários credores de se coligarem contra o mesmo executado. E assim é que,
para exemplificar, a cumulação e a coligação só são permitidas quando o exequente ou os credores estejam munidos de título executivo. Mas,
se uma ou outra tomarem o nome e a forma de simples reclamação de créditos, já o título executivo é dispensável, contanto que o crédito
esteja vencido;
o título é obtido então no próprio concurso, que deste modo se converte numa espécie de cumulação ou coligação declarativa.
Para justificar o regime estabelecido, invocou-se a necessidade de evitar a excussão do património do executado em benefício exclusivo do
exequente e, por conseguinte, em prejuízo da massa geral dos credores e, por outro lado, a conveniência de aproveitar o processado na
execução pendente para cobrança de novos créditos.
A primeira razão é, todavia, bastante frouxa, pois logo que na execução se verifica a insuficiência do activo para satisfazer o passivo do
executado a lei manda seguir, em princípio, os termos do processo de falência ou de insolvência, consoante os casos.
Quer dizer: a acção executiva é colectiva já antes e independentemente do perigo real de o exequente ser pago em detrimento dos credores;
finda e é substituída por outro processo quando esse perigo é declarado.
E mais convincente não é a segunda razão. No regime anterior ao Código de 39, o concurso de credores era aberto após a alienação dos bens
penhorados e limitava-se geralmente à dedução de artigos de preferência sobre o produto apurado. O preceito que permitia reclamar créditos
comuns, aliás sob condição de se provar o estado de insolvência do executado, era pràticamente quase letra morta.
Instituído o sistema da precedência do concurso e da sua ampla generalização a todos os créditos vencidos, passaram estes a ser reclamados
em grande número, visto poucos serem os credores que se arriscavam a uma inacção que passou a ser perigosa.
Assim, não diminuiu, antes aumentou o número de execuções, embora cumuladas e sob o nome genérico de reclamações.
Maior número de reclamações passou a exigir a penhora de mais bens e uma verificação de créditos muito mais lenta, complicada e extensa. Ao
fim e ao cabo, pouco mais se poupava no novo sistema do que as citações iniciais para execuções que, na maior parte, não chegariam no
regime antigo a ser instauradas.
26. A acção executiva passa agora a correr, em princípio, apenas entre o exequente e o executado.
A coligação de exequentes e a cumulação de execuções continuam dependentes das regras que lhes são próprias e que nada têm a ver com o
concurso de credores.
O concurso é fase processual inerente à venda ou adjudicação de bens e destina-se, fundamentalmente, a expurgá-los dos direitos que os
onerem. Tem lugar no processo de execução, como em todos os processos em que há alienação judicial. Nele são admitidos apenas os
credores, com garantia real sobre os bens penhorados, que tenham título executivo ou proponham, para o obter, acção que segue em
separado.
Nestes termos, torna-se desnecessário que a execução seja suspensa até à verificação dos créditos reclamados. O concurso segue
paralelamente às diligências para a venda ou adjudicação.
Estas diligências são, entretanto, reguladas de forma a permitir a intervenção dos credores, cuja legitimidade fica estabelecida pela simples
admissão ao concurso.
27. A execução tem por fim obter a satisfação da obrigação exequenda, sendo a esse limitado objectivo que todo o processo executivo se acha
adstrito.
Preenchida essa finalidade, a execução extingue-se, ainda que se não tenha chegado à excussão total dos bens apreendidos.
Permite-se, no entanto, quando não sejam excutidos todos os bens penhorados, que o credor já graduado para ser pago pelos bens que não
chegaram a ser vendidos nem adjudicados, assuma a posição de exequente e renove a execução, embora sobre esses bens sòmente, para
obter pagamento do seu crédito.
Esta solução traduz-se realmente numa economia processual justificada, pois não exige mais diligências do que as próprias da venda ou
adjudicação, ao mesmo tempo que aproveita todo o processado anterior, evitando as despesas, diligências e demoras de novo concurso e
nova graduação de créditos.
28. Ficam desta forma nìtidamente estremados os domínios da acção executiva, de um lado, e do processo de falência ou insolvência, do outro.
A acção executiva destina-se a obter a satisfação de obrigação declarada em título bastante e é essencialmente singular;
os processos de falência e de insolvência destinam-se a liquidar o património do devedor em benefício comum dos credores e continuam a ser
verdadeiras execuções colectivas.
Permitir a acção executiva singular contra um devedor solvente não infringe nenhum princípio de direito substantivo, como o não ofende o
pagamento feito a um credor pelo devedor nas mesmas condições.
É certo que a acção executiva pode vir a ser instaurada contra executado insolvente, mas nesse caso qualquer credor poderá evitar,
requerendo oportunamente a falência ou insolvência do devedor, que a acção prossiga como execução singular. E logo que a falência ou
insolvência seja requerida se suspende a execução, para ser avocada ao processo de liquidação geral do património do executado.
29. Além da modificação de carácter estrutural que fica descrita, outras se consagram no sentido de facilitar, simplificar e acelerar o processo de
execução.
Assim, desaparece o preliminar de habilitação criado pelo artigo 56.º do Código vigente. A habilitação inicial é pura questão de legitimidade, que
passa a resolver-se como todos os problemas relativos a esse pressuposto processual.
Completa-se a regulamentação concernente à fase introdutória da liquidação.
Suprime-se a oposição por simples requerimento, que se mostrou inútil e não isenta de riscos.
Corrigem-se os defeitos do regime da execução sobre bens do cônjuge para pagamento de dívidas comerciais ou fundadas na responsabilidade
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
especial por acidente de viação.
Atribui-se ao exequente a faculdade de convolar na execução para outros bens quando a penhora dos primeiros for embargada ou quando
sobre eles incida penhora anterior.
Completa-se também a disciplina da execução sumaríssima e, atendendo à possibilidade de ela ser instaurada no tribunal municipal cuja
competência é limitada ao processo sumaríssimo, determina-se que os respectivos embargos de executado sigam essa forma de processo.
30. A lista dos processos especiais continua bastante extensa e muito casuística.
Poucos foram, de facto, os processos especiais que o Código de 1939 pôde eliminar ou reduzir com outros aos mesmos cânones especializados,
depois de ter alargado consideràvelmente o seu número através da inclusão dos estabelecidos nas leis comerciais. Para os limitar a um número
menor de tipos e dar uma feição diferente à sua regulamentação, seria necessária uma reforma profunda de todo o sistema, que neste
momento teria provàvelmente mais inconvenientes do que vantagens.
As alterações introduzidas neste sector são, assim, mais de forma do que de fundo.
Procurou-se tornar os preceitos mais claros e acessíveis, dar-lhes um encadeamento mais lógico, preencher lacunas existentes e evitar
repetições inúteis.
Mas num ou noutro ponto não deixou de haver inovações substanciais: na impossibilidade de as referir a todas, vamos destacar sòmente as
mais importantes.
31. Deixam de figurar no Código as matérias que são tratadas perante os tribunais de menores e que se destinam a ser incluídas no diploma
especial onde em breve se concentrará, devidamente actualizada, toda a legislação concernente à protecção institucional da infância.
No capítulo relativo à cessação do arrendamento inserem-se as disposições que, posteriormente a 1939, criaram novos fundamentos de
despejo ou modificaram o regime da respectiva acção.
Desaparece também do Código o capítulo respeitante aos recursos de conservadores e notários, porque o respectivo processo está hoje
regulado em legislação própria.
32. A nova regulamentação do processo de falência dá primazia aos meios preventivos.
Não se limita a tratá-los em primeiro lugar, como é de boa ordem;
dá-lhes prioridade real. É que a concordata ou o acordo de credores é sempre preferível, em regra, à ruinosa liquidação judicial.
A falência pròpriamente dita não pode deixar de ser, pelos termos em que se desenvolve, um processo necessàriamente caro, demorado e de
rendimento relativamente reduzido. As vendas fazem-se quase sempre ao desbarato. As cobranças prolongam-se e exigem a cada passo
complicados litígios. As custas e despesas de administração absorvem grande parte do produto obtido;
etc., etc.
Por isso se determina agora que a apresentação espontânea do comerciante impedido de solver os seus compromissos dá lugar ao que
poderemos chamar uma tentativa de conciliação com os credores.
Estes são convocados para, antes de mais, decidirem sobre a concessão de concordata ou, quando o devedor lhes não inspire a necessária
confiança, para deliberarem sobre a constituição de uma sociedade que assuma a gerência dos negócios dele e pague as dívidas com a redução
exigida pela insuficiência do seu activo.
Só depois de gorada esta tentativa se vai, em princípio, para a declaração de falência.
33. Quanto ao inventário, são também muitas as modificações de forma e poucas as alterações de fundo.
Não era possível, de resto, ir muito longe neste domínio sem correr o risco sério de criar dúvidas e perturbações indesejáveis. Não se pode
esquecer que o inventário é um processo de aplicação muito intensa, mesmo nos tribunais confiados a magistrados menos experientes, e até
em tribunais municipais.
Duas novidades merecem, no entanto, menção especial.
A primeira consiste em atribuir à conferência de interessados a faculdade de, por acordo unânime, compor e, inclusivamente, distribuir os
diferentes quinhões Assim se consagra, com toda a regularidade, uma prática corrente que se efectivava pelo meio indirecto e condenável da
simulação de licitações.
Rodeia-se, entretanto, o acordo exigido das necessárias garantias.
Além da unanimidade dos interessados, torna-se indispensável, sempre que o inventário seja obrigatório, a concordância do Ministério Público
e o voto conforme do conselho de família, quando intervier.
A segunda novidade é a de se facultarem licitações, independentemente de requerimento, sempre que não exista o acordo dos interessados
relativo à composição e distribuição dos quinhões.
34. Os processos de jurisdição voluntária ficam sujeitos a um regime quanto possível uniforme de prazos e de actividade instrutória. É para
melhor garantir esse princípio de uniformidade que se substituem as regras particulares de cada processo por outras que se incluem logo nas
disposições introdutórias do capítulo.
Como já foi dito, são banidas do Código todas as disposições relativas a procedimentos da competência dos tribunais de menores.
Sob a epígrafe das providências relativas aos filhos ficam, assim, dois artigos apenas.
Um é o que já estabelecia para o tribunal comum, quando decretasse o divórcio ou a separação de bens e houvesse filhos menores, a obrigação
de remeter oficiosamente ao tribunal competente os elementos necessários para a regulação do exercício do poder paternal, sempre que as
partes a não tivessem fixado por acordo. Havendo acordo dos pais, é ao tribunal comum que continua a competir a respectiva homologação.
Alarga-se agora esta disposição ao caso semelhante da anulação do casamento.
Claro que a homologação do acordo não merece o nome de providência: corresponde à simples verificação da desnecessidade da regulação
judicial e, consequentemente, da remessa dos elementos em que ela se haveria de fundar. E a competência do tribunal comum justifica-se por
uma razão de ordem puramente pragmática.
Providências pròpriamente ditas relativas aos filhos são as determinadas pelo outro artigo que se mantém: são as que o tribunal comum deve
tomar quando autoriza o depósito de mulher casada.
Neste caso, a urgência torna indispensável a intervenção do tribunal comum, que, no entanto, só providencia a título provisório e na medida
em que o depósito o exige.
35. Ainda com o intuito de separar as funções do tribunal comum das atribuições específicas do tribunal de menores, decidiu-se alterar o
regime dos recursos das deliberações do conselho de família que seja instituído nos tribunais comuns.
O Código Civil determinava que o recurso fosse interposto para o conselho de tutela, mas o Código de Processo desviou-o para o tribunal de
menores, mediante o artifício de atribuir a este tribunal - e apenas para esse efeito - o nome de conselho de tutela.
Agora dispõe-se no sentido de o recurso, quando o conselho de família funcione em tribunal comum, ser interposto para o tribunal de
comarca.
Esta doutrina fica a constar tanto do capítulo dos processos de jurisdição voluntária, como do processo de inventário.
E não é tão revolucionária como à primeira vista se poderia ser tentado a crer.
Do conselho de tutela já anteriormente se recorria para o tribunal da Relação, ou seja, para a jurisdição comum.
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
Nestes termos:
Usando da faculdade conferida pela 1.ª parte do n.º 2.º do artigo 109.º da Constituição, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como lei, o
seguinte:
Artigo 1.º É aprovado o Código de Processo Civil, que faz parte do presente decreto-lei.
Art. 2.º As novas disposições começam a vigorar, em todo o continente e ilhas adjacentes, no dia 24 de Abril de 1962.
Art. 3.º Todas as modificações que de futuro se façam sobre matéria contida no Código de Processo Civil serão inscritas no lugar próprio deste
diploma, mediante a substituição dos artigos alterados, a supressão das disposições que devam ser eliminadas ou o adicionamento dos
preceitos que se mostrem necessários.
Art. 4.º Compete à Procuradoria-Geral da República, bem como à Direcção-Geral da Justiça, receber as exposições tendentes ao
aperfeiçoamento do Código e propor ao Governo as providências que para esse fim entendam convenientes.
3. Dizem-se acções executivas aquelas em que o autor requer as providências adequadas à reparação efectiva do direito violado.
2. Ainda que seja obrigatória a constituição de advogado, os advogados estagiários e as próprias partes podem fazer
requerimentos em que se não levantem questões de direito.
3. Nos inventários, seja qual for a sua natureza ou valor, só é obrigatória a intervenção de advogados para se suscitarem ou
discutirem questões de direito.
4. Quando não haja advogado na área de jurisdição do tribunal da causa, o patrocínio pode ser exercido por advogado
estagiário, técnico ou assistente jurídico.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
Artigo 49º Exequibilidade das sentenças e dos títulos exarados em país estrangeiro
1. As sentenças proferidas por tribunais ou por árbitros em país estrangeiro só podem servir de base à execução depois de
revistas e confirmadas pelo tribunal moçambicano competente, salvo convenção ou tratado internacional que disponha em
contrário.
2. Não carecem, porém, de revisão para ser exequíveis os títulos exarados em país estrangeiro.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2005, de 27 de Dezembro.
3. O tribunal onde se tenha procedido a inventário por óbito de um dos cônjuges é o competente para o inventário a que tiver de
proceder-se por óbito do outro, excepto se o casamento foi contraído segundo o regime da separação;
quando se tenha procedido a inventário por óbito de dois ou mais cônjuges do autor da herança, a competência é determinada
pelo último desses inventários.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2005, de 27 de Dezembro.
2. O processo dos actos e diligências a que se refere o número anterior é apensado ao da acção respectiva, para o que deve ser
remetido, quando se torne necessário, ao tribunal em que esta for proposta.
a) corresponder a um interesse sério das partes ou de uma delas desde que não envolva inconveniente grave para a outra;
b) não dizer respeito a questões sobre direitos indisponíveis nem a questões abrangidas pelas alíneas d) a g) do nº 1 do artigo 65º;
c) observar a norma do nº 2 do artigo seguinte.
4. Em caso de dúvida, presume-se que a designação é feita em alternativa com a que decorre da lei.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2005, de 27 de Dezembro.
a) Ao caso de a mesma acção estar pendente em tribunais diferentes e ter passado o prazo para serem opostas a excepção de
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
incompetência e a excepção de litispendência;
b) Ao caso de a mesma acção estar pendente em tribunais diferentes e um deles se ter julgado competente, não podendo já ser
arguida perante o outro ou outros nem a excepção de incompetência nem a excepção de litispendência;
c) Ao caso de um dos tribunais se ter julgado incompetente e ter mandado remeter o processo para tribunal diferente daquele em
que pende a mesma causa, não podendo já ser arguidas perante este nem a excepção de incompetência nem a excepção de
litispendência.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
2. O impedimento da alínea d) do número anterior só se verifica quando o mandatário já tenha começado a exercer o mandato na
altura em que o juiz foi colocado no respectivo tribunal ou circunscrição; na hipótese inversa, é o mandatário que está inibido de
exercer o patrocínio.
3. Nos tribunais em que haja mais de um juiz ou perante os tribunais superiores não pode ser admitido como mandatário judicial
o cônjuge ou com quem viva em união de facto, ou parente ou afim em linha recta ou no segundo grau da linha colateral, do juiz,
que, por virtude da distribuição, haja de intervir no julgamento da causa; mas se essa pessoa já tiver requerido ou alegado no
processo, na altura da distribuição, é o juiz que fica impedido.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
a) se existir parentesco ou afinidade, não compreendida no artigo 122º, em linha recta ou até ao quarto grau da linha colateral,
entre o juiz ou o seu cônjuge ou com quem viva em união de facto e alguma das partes ou pessoa que tenha, em relação ao
objecto da causa, interesse que lhe permitisse ser nela parte principal;
b) se houver causa em que seja parte o juiz ou seu cônjuge ou com quem viva em união de facto, ou algum parente ou afim de
qualquer deles em linha recta, e alguma das partes for juiz nessa causa;
c) se houver, ou tiver havido nos três anos antecedentes, qualquer causa, não compreendida na alínea i) do nº 1 do artigo 122º,
entre alguma das partes ou seu cônjuge ou com quem viva em união de facto e o juiz ou sua mulher, ou algum parente ou afim de
qualquer deles em linha recta;
d) se o juiz ou o seu cônjuge ou com quem viva em união de facto, ou algum parente ou afim de qualquer deles em linha recta, for
credor ou devedor de alguma das partes, ou tiver interesse jurídico em que a decisão do pleito seja favorável a uma das partes;
e) Se o juiz for protutor, herdeiro presumido, donatário ou amo de alguma das partes e se for membro da direcção ou
administração de qualquer pessoa colectiva, parte na causa;
f) Se o juiz tiver recebido dádivas antes ou depois de instaurado o processo e por causa dele, ou se tiver fornecido meios para as
despesas do processo;
g) Se houver inimizade grave ou grande intimidade entre o juiz e alguma das partes.
2. O disposto na alínea c) do número anterior abrange as causas criminais quando as pessoas aí designadas sejam ou tenham sido
ofendidas, participantes ou arguidas.
3. Nos casos das alíneas c) e d) do n.º 1 é julgada improcedente a suspeição quando as circunstâncias de facto convençam de que
a acção foi proposta ou o crédito foi adquirido para se obter motivo de recusa do juiz.
a) Ao recusado é facultado o exame do processo para responder, não tendo a parte contrária ao recusante intervenção no
incidente;
b) Enquanto não for julgada a suspeição, o funcionário não pode intervir no processo;
c) O juiz da causa proverá a todos os termos e actos do incidente e decidirá, sem recurso, a suspeição.
LIVRO III Do processo [arts. 137.º a 1507.º]
TÍTULO I Das disposições gerais [arts. 137.º a 466.º]
CAPÍTULO I Dos actos processuais [arts. 137.º a 263.º]
SECÇÃO I Actos em geral [arts. 137.º a 208.º]
SUBSECÇÃO I Disposições comuns [arts. 137.º a 149.º]
Artigo 137.º Princípio da limitação dos actos
Não é lícito realizar no processo actos inúteis, incorrendo em responsabilidade disciplinar os funcionários que os
pratiquem.
Artigo 138.º Forma dos actos
Quando não esteja expressamente regulada na lei, os actos processuais terão a forma que, em termos mais simples,
melhor se ajuste ao fim que visam atingir.
Artigo 139.º Língua a empregar nos actos
1. Nos actos judiciais usar-se-á a língua portuguesa.
2. Aqueles que hajam de ser ouvidos, podem, no entanto, exprimir-se em língua diferente, se não conhecerem a
portuguesa, devendo nomear-se um intérprete, quando seja necessário, para, sob juramento de fidelidade, estabelecer a
comunicação.
3. (Revogado)
4. Quando, por motivos de força maior, se registe grave perturbação nos meios de comunicação com o lugar onde deve ser
efectuada a diligência e ainda quando as circunstâncias locais tornem, mesmo normalmente, extremamente demoradas e
difíceis as comunicações, poderão os juízes, em seu justo critério, ampliar ou prorrogar esses prazos de dilação na medida
em que fundadamente o julguem necessário.
Artigo 181.º Prazo para o cumprimento das cartas. Entre que limites deve ser fixado
1. Nas cartas para outras diligências declarar-se-á o prazo dentro do qual devem apresentar-se cumpridas. O prazo corre
desde a entrega ou expedição e não se contam nele os dias em que não podem praticar-se actos judiciais.
2. Atentas a distância, a facilidade das comunicações e a natureza da diligência, o prazo é fixado nos limites seguintes:
a) Entre dez e noventa dias, quando o tribunal onde corre o processo e aquele em que haja de praticar-se a diligência
tenham as sedes na mesma província;
b) Entre sessenta e cento e oitenta dias, quando a diligência haja de efectuar-se fora da província onde corre o processo.
3. Quando, antes de findar o prazo designado, se mostre, por certidão ou comunicação oficial, que a carta não pode ser
cumprida dentro dele, conceder-se-á prorrogação. O termo do prazo não obsta a que a carta seja tomada em
consideração, se ainda não houver decisão sobre a matéria de facto.
4. Se, dentro do prazo assinado para o cumprimento, se fizer prova do extravio da carta, passar-se-á segunda via.
5. É aplicável aos limites fixados no n.º 2 o disposto no n.º 4 do artigo anterior.
NOTA: Redacção actualizada pela Portaria n.º 23 090, de 30 de Dezembro de 1967.
Artigo 182.º Expedição e entrega das cartas
1. As cartas precatórias são expedidas pela secretaria. Podem, todavia, ser entregues à parte que as tiver solicitado, se esta
assim o requerer, quando não sejam extraídas de processos orfanológicos, não respeitem à produção de prova, nem a lei
exija que a expedição se faça oficialmente.
2. As cartas rogatórias, seja qual for o acto a que se destinem, são expedidas pela secretaria e endereçadas directamente à
autoridade ou tribunal estrangeiro, salvo tratado ou convenção em contrário. A expedição faz-se pela via diplomática ou
consular quando a rogatória se dirija a Estado que só por essa via receba cartas;
se o Estado respectivo não receber cartas por via oficial, a rogatória é entregue ao interessado. Quando deva ser expedida
por via diplomática ou consular, a carta é entregue ao Ministério Público para a remeter pelas vias competentes.
3. A expedição oficial de carta para acto de produção de prova é notificada a ambas as partes. A entrega de rogatória para
esse fim é notificada à parte contrária àquela que a recebeu.
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
4. Para a expedição oficial das cartas dirigidas ao estrangeiro utilizar-se-á, sempre que possível, a via aérea.
a) Se não tiver competência para o acto requisitado, sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 177.º;
b) Se a requisição for para acto que a lei proíba absolutamente.
2. Quando tenha dúvidas sobre a autenticidade da carta, o tribunal pedirá ao juiz deprecante as informações de que careça,
suspendendo o cumprimento até as obter.
a) Se a carta não estiver legalizada, salvo se houver sido recebida por via diplomática ou se houver tratado, convenção ou
acordo que dispense a legalização;
b) Se o acto for contrário à ordem pública moçambicana;
c) Se a execução da carta for atentatória da soberania ou da segurança do Estado;
d) Se o acto importar execução de decisão de tribunal estrangeiro sujeita a revisão e que se não mostre revista e
confirmada.
a) No caso de litisconsórcio necessário, anular-se-á tudo o que se tenha processado depois das citações;
b) No caso de litisconsórcio voluntário, nada se anula. Mas se o processo ainda não estiver na altura de ser designado dia
para a discussão e julgamento da causa, pode o autor requerer que o réu seja citado; neste caso, não se realiza a discussão
sem que o citado seja admitido a exercer, no processo, a actividade de que foi privado pela falta de citação oportuna.
Artigo 198.º Nulidade da citação
1. É nula a citação quando, observadas as formalidades essenciais, tenha havido preterição de outras formalidades
prescritas na lei.
2. O prazo para a arguição da nulidade conta-se desde a citação; mas a arguição só é atendida se a falta cometida puder
prejudicar a defesa do citado.
3. Se a irregularidade consistir em se ter indicado para a defesa prazo superior ao que a lei concede, deve a defesa ser
admitida dentro do prazo indicado, a não ser que o autor tenha feito citar novamente o réu em termos regulares.
Artigo 199.º Erro na forma de processo
1. O erro na forma de processo importa ùnicamente a anulação dos actos que não possam ser aproveitados, devendo
praticar-se os que forem estritamente necessários para que o processo se aproxime, quanto possível, da forma
estabelecida pela lei.
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
2. Não devem, porém, aproveitar-se os actos já praticados, se do facto resultar uma diminuição de garantias do réu.
Artigo 200.º Falta de vista ou exame ao Ministério Público como parte acessória
1. A falta de vista ou exame ao Ministério Público, quando a lei exija a sua intervenção como parte acessória, considera-se
sanada desde que a entidade a que devia prestar assistência tenha feito valer os seus direitos no processo por intermédio
do seu representante.
2. Se a causa tiver corrido à revelia da parte que devia ser assistida pelo Ministério Público, o processo é anulado a partir do
momento em que devia ser dada vista ou facultado o exame.
Artigo 201.º Regras gerais sobre a nulidade dos actos
1. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, a prática de um acto que a lei não admita, bem como a omissão de um
acto ou de uma formalidade que a lei prescreva, só produzem nulidade quando a lei o declare ou quando a irregularidade
cometida possa influir no exame ou na decisão da causa.
2. Quando um acto tenha de ser anulado, anular-se-ão também os termos subsequentes que dele dependam
absolutamente. A nulidade de uma parte do acto não prejudica as outras partes que dela sejam independentes.
3. Se o vício de que o acto sofre impedir a produção de determinado efeito, não se têm como necessàriamente
prejudicados os efeitos para cuja produção o acto se mostre idóneo.
a) Os papéis que importem começo de causa, salvo se esta for dependência de outra já distribuída;
b) Os papéis que venham de outro tribunal, com excepção das cartas precatórias, mandados, ofícios ou telegramas,
para simples citação, notificação ou afixação de editais.
2. As causas que por lei ou por despacho devam considerar-se dependentes de outras são apensadas àquela de que
dependerem.
Artigo 212.º Actos que não dependem de distribuição
Não dependem de distribuição as notificações avulsas, as arrecadações, os actos preparatórios, os procedimentos
cautelares e quaisquer diligências urgentes feitas antes de começar a causa ou antes da citação do réu.
Artigo 213.º Condições necessárias para a distribuição
1. Nenhum papel é admitido à distribuição sem que contenha todos os requisitos externos exigidos por lei.
2. Se o distribuidor tiver dúvidas em distribuir algum papel, deve apresentá-lo, com informação escrita, ao juiz que
preside à distribuição. Este lançará logo nele despacho, admitindo-o ou recusando-o.
Artigo 214.º Dias e horas em que se faz a distribuição
1. A distribuição é feita em todas as segundas e quintas-feiras, pelas 12 horas, sob a presidência do juiz do tribunal
judicial respectivo ou de turno. O distribuidor é auxiliado pelos funcionários da secretaria que o juiz designar.
2. Quando as segundas ou quintas-feiras sejam dia feriados, a distribuição realiza-se no primeiro dia útil.
a) Quando afecte a designação do juiz, nos tribunais de distrito e de província em que haja mais do que um, faz-se nova
distribuição e dá-se baixa da anterior;
b) Nos outros casos, o processo continua a correr na mesma secção, carregando-se na espécie competente e
descarregando-se da espécie em que estava.
DIVISÃO III Disposições relativas aos tribunais superiores [arts. 223.º a 227.º]
Artigo 223.º Quando e como se faz a distribuição nos tribunais superiores de recurso e no Tribunal
Supremo
1. Nos tribunais superiores de recurso e no Tribunal Supremo os papéis são distribuídos na primeira sessão seguinte ao
recebimento ou apresentação.
2. A distribuição é feita, com intervenção do presidente e do secretário, na presença dos juízes e dos funcionários da
secretaria, conforme determinação do presidente.
3. O presidente designa, por turno, em cada mês, o juiz que há-de intervir na distribuição. O secretário classifica e
numera os papéis que houver a distribuir e, se tiver dúvidas sobre a classificação de algum, são estas logo resolvidas
verbalmente pelo juiz de turno.
4. Quando tiver havido erro na distribuição, o processo é distribuído novamente, aproveitando-se, porém, os vistos que
já tiver. Mas se o erro derivar da classificação do processo, é este carregado ao mesmo relator na espécie devida,
descarregando-se daquela em que estava indevidamente.
Artigo 245.º Citação do réu dado como residente em país estrangeiro quando a carta venha
devolvida
1. Se a carta vier devolvida sem indicação alguma ou com a indicação de que se não sabe do paradeiro do destinatário,
este é desconhecido ou se recusa a recebê-la, ou se o aviso não vier assinado, a secretaria dá logo conhecimento do
facto ao autor, independentemente de despacho.
2. Sendo o réu moçambicano, pode o autor requerer a citação por intermédio do consulado moçambicano mais
próximo; sendo estrangeiro ou não havendo consulado moçambicano a distância não superior a cinquenta
quilómetros ou mostrando-se que a citação por intermédio do consulado é inviável, pode requerer a citação por carta
rogatória.
3. Em lugar da citação pelo consulado ou por carta rogatória, pode o autor requerer a citação edital, devendo então
declarar, salva a hipótese de o citando se haver recusado a receber a carta, se ele já teve residência em território
moçambicano e, em caso afirmativo, indicar o lugar da última, incorrendo na sanção prescrita na parte final do n.º 3 do
artigo 237º se fizer falsas declarações. Quando o autor indique a última residência do citando em território
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
moçambicano, a citação edital é precedida das diligências a que se refere o n.º 3 do artigo 239.º
4. O disposto neste artigo é igualmente aplicável ao caso de o aviso de recepção não ser devolvido dentro de um
período igual ao dobro da dilação fixada.
1.ª Afixar-se-á um só edital na porta do tribunal, salvo se os incertos forem citados como herdeiros ou representantes
de pessoa falecida, porque neste caso também são afixados editais na porta da casa da última residência do falecido e
na porta da sede do respectivo órgão de administração local, se forem conhecidas e no país;
2.ª Os anúncios são publicados num dos jornais mais lido na capital da província ou, não havendo aí jornal, num dos
jornais nacionais que aí seja mais lido;
3.ª A dilação não é superior a sessenta dias.
Artigo 255.º Notificação às partes, quando tenham residência ou escolham domicílio na localidade
da sede do tribunal
1. Se a parte não tiver constituído mandatário nos termos exigidos pelo artigo 253.º, mas residir na localidade onde está
a sede do tribunal ou aí tiver escolhido domicílio para receber as notificações, estas ser-lhe-ão feitas nos termos
estabelecidos para as notificações feitas aos mandatários.
2. Se não constituir mandatário naquelas condições, não residir na sede do tribunal nem aí tiver escolhido domicílio,
não se efectuam as notificações: as decisões consideram-se publicadas logo que o processo dê entrada na secretaria ou,
quando se trate de despacho lançado em requerimento avulso, logo que o despacho aí dê entrada. Nos casos a que se
refere o n.º 3 do artigo 229.º, a parte considera-se notificada na data em que se verifique o facto que deveria determinar
a notificação.
3. Não é aplicável o disposto nos números anteriores quando a lei exija expressamente a notificação pessoal, nem
quando a notificação seja destinada a chamar a parte ao tribunal para a prática de acto pessoal, caso em que a parte
será também notificada pessoalmente.
a) Em consequência da substituição de alguma das partes, quer por sucessão, quer por acto entre vivos, na relação
substantiva em litígio;
b) Em virtude dos incidentes da intervenção de terceiros.
Artigo 271.º Legitimidade do transmitente. Substituição deste pelo adquirente
1. No caso de transmissão, por acto entre vivos, da coisa ou direito litigioso, o transmitente continua a ter legitimidade para a
causa, enquanto o adquirente não for, por meio de habilitação, admitido a substituí-lo.
2. A substituição é admitida quando a parte contrária esteja de acordo. Na falta de acordo, só deve recusar-se a substituição
quando se entenda que a transmissão foi efectuada para tornar mais difícil, no processo, a posição da parte contrária.
3. A sentença produz efeitos em relação ao adquirente, ainda que este não intervenha no processo, excepto no caso de a
acção estar sujeita a registo e o adquirente registar a transmissão antes de feito o registo da acção.
Artigo 272.º Alteração do pedido e da causa de pedir por acordo
Havendo acordo das partes, o pedido e a causa de pedir podem ser alterados ou ampliados em qualquer altura, em 1.ª ou 2.ª
instância, salvo se a alteração ou ampliação perturbar inconvenientemente a instrução, discussão e julgamento do pleito.
Artigo 273.º Alteração do pedido e da causa de pedir na falta de acordo
1. Na falta de acordo, a causa de pedir só pode ser alterada ou ampliada até à audiência preliminar, se o processo a admitir, a
não ser que a alteração ou ampliação seja em consequência de confissão feita pelo réu e aceite pelo autor.
2. O pedido pode também ser alterado ou ampliado até à audiência preliminar, se o processo a admitir;
pode, além disso, o autor, em qualquer altura, reduzir o pedido ou ampliá-lo até ao encerramento da discussão em 1.ª
instância se a ampliação for o desenvolvimento ou a consequência do pedido primitivo.
3. Se a modificação do pedido for feita na audiência preliminar ou na audiência de discussão e julgamento, fica a constar da
acta da respectiva audiência.
4. É permitida a modificação simultânea do pedido e da causa de pedir, desde que tal não implique a convolação para relação
jurídica diversa da controvertida.
a) Quando o pedido do réu emerge do facto jurídico que serve de fundamento à acção ou à defesa;
b) Quando o réu se propõe obter a compensação ou tornar efectivo o direito a benfeitorias ou despesas relativas à coisa cuja
entrega lhe é pedida;
c) Quando o pedido do réu tende a conseguir, em seu benefício, o mesmo efeito jurídico que o autor se propõe obter.
3. Não é admissível a reconvenção, quando ao pedido do réu corresponda uma forma de processo diferente da que
corresponde ao pedido do autor, salvo se a diferença provier do diverso valor dos pedidos.
2. No caso de transformação ou fusão de pessoa colectiva ou sociedade, parte na causa, a instância não se suspende, apenas
se efectuando, se for necessário, a substituição dos representantes.
3. A morte ou extinção de alguma das partes não dá lugar à suspensão, mas à extinção da instância, quando torne impossível
ou inútil a continuação da lide.
a) No caso da alínea a) do n.º 1 do artigo 276.º, quando for notificada a decisão que considere habilitado o sucessor da pessoa
falecida ou extinta;
b) No caso da alínea b), quando a parte contrária tiver conhecimento judicial de que está constituído novo advogado, ou de
que a parte já tem outro representante, ou de que cessou a impossibilidade que fizera suspender a instância;
c) No caso da alínea c), quando estiver definitivamente julgada a causa prejudicial ou quando tiver decorrido o prazo fixado;
d) No caso da alínea d), quando findar o incidente ou cessar a circunstância a que a lei atribui o efeito suspensivo.
2. Se a decisão da causa prejudicial fizer desaparecer o fundamento ou a razão de ser da causa que estivera suspensa, é esta
julgada improcedente.
3. Se a parte demorar a constituição de novo advogado, pode qualquer outra parte requerer que seja notificada para o
constituir dentro do prazo que for fixado. A falta de constituição dentro deste prazo tem os mesmos efeitos que a falta de
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
constituição inicial.
4. Pode também qualquer das partes requerer que seja notificado o Ministério Público para promover, dentro do prazo que
for designado, a nomeação de novo representante ao incapaz, quando tenha falecido o primitivo ou a sua impossibilidade se
prolongue por mais de trinta dias. Se ainda não houver representante nomeado quando o prazo findar, cessa a suspensão,
sendo o incapaz representado pelo Ministério Público.
SECÇÃO III Interrupção da instância [arts. 285.º a 286.º]
Artigo 285.º Factos que a determinam
A instância interrompe-se, quando o processo estiver parado durante mais de um ano por negligência das partes em
promover os seus termos ou os de algum incidente do qual dependa o seu andamento.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
Artigo 286.º Como cessa
Cessa a interrupção, se o autor requerer algum acto do processo ou do incidente de que dependa o andamento dele, sem
prejuízo do disposto na lei civil quanto à caducidade dos direitos.
a) O julgamento;
b) O compromisso arbitral;
c) A deserção;
d) A desistência, confissão ou transacção;
e) A impossibilidade ou inutilidade superveniente da lide;
f) A falta de preparo inicial, nos termos da respectiva legislação.
Artigo 288.º Casos de absolvição da instância
1. O juiz deve abster-se de conhecer do pedido e absolver o réu da instância:
2. Cessa o disposto no número anterior quando o processo haja de ser remetido para outro tribunal e quando a falta ou a
irregularidade tenha sido sanada.
a) Se alegar e provar, na causa posterior, que o estado do processo no momento da sua intervenção ou a atitude da parte
principal o impediram de fazer uso de alegações ou meios de prova que poderiam influir na decisão final;
b) Se mostrar que desconhecia a existência de alegações ou meios de prova susceptíveis de influir na decisão final e que o
assistido não se socorreu deles intencionalmente ou por negligência grave.
Artigo 346.º Atitude das partes quanto à oposição e seu reflexo na estrutura do processo
1. Se alguma das partes da causa principal reconhecer o direito do opoente, estando verificada a legitimidade deste, o
processo fica a correr ùnicamente entre a outra parte e o opoente, tomando este a posição de autor ou de réu, conforme o
seu adversário for o réu ou o autor da causa principal.
2. Se ambas as partes impugnarem o direito do opoente, a instância segue entre as três partes, havendo neste caso duas
causas conexas, uma entre as partes primitivas e a outra entre o opoente e aquelas. O mesmo sucede quando o réu
reconheça o direito do opoente e a apreciação da legitimidade deste tenha ficado para a sentença final.
Artigo 347.º Oposição provocada
A oposição pode também ser provocada pelo réu da causa principal: quando esteja pronto a satisfazer a prestação, mas
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
tenha conhecimento de que um terceiro se arroga ou pode arrogar-se direito incompatível com o do autor, pode o réu
requerer, dentro do prazo fixado para a contestação, que o terceiro seja citado para vir ao processo deduzir a sua
pretensão.
Artigo 348.º Citação do opoente
Feito o requerimento para que venha ao processo deduzir a sua pretensão, é o terceiro citado para a deduzir em prazo
igual ao concedido ao réu para a sua defesa, entregando-se-lhe no acto da citação cópia da petição inicial e cópia dos
documentos que a acompanhem.
a) Aquele que em relação ao objecto da causa tiver um interesse igual ao do autor ou do réu, nos termos do artigo 27.º;
b) Aquele que, nos termos do artigo 30.º, pudesse coligar-se com o autor.
Artigo 352.º Posição do interveniente
O interveniente principal faz valer um direito próprio, paralelo ao do autor ou do réu.
Artigo 355.º Oposição das partes
1. Requerida a intervenção, o juiz, se não houver motivo para a rejeitar liminarmente, ordenará a notificação de ambas as
partes para lhe responderem, podendo estas opor-se ao incidente, com o fundamento de que não se verifica nenhum dos
casos previstos no artigo 351.º 2. A parte com a qual o interveniente pretende associar-se deduzirá a oposição em
requerimento simples e no prazo de oito dias;
a parte contrária deve deduzi-la nos mesmos termos se o interveniente não tiver apresentado articulado próprio, podendo
a oposição neste caso fundar-se também em que o estado do processo já não permite a essa parte fazer valer defesa
especial que tem contra o interveniente.
3. Se o interveniente tiver apresentado articulado próprio, a parte contrária cumulará a oposição ao incidente com a que
deduza contra a pretensão do interveniente, observando-se o que a lei dispuser quanto aos articulados do autor e do réu.
4. O juiz conhecerá da oposição em seguida à sua dedução ou no despacho saneador, se a causa o admitir e este ainda não
tiver sido proferido.
a) Lavrado no processo o termo da cessão ou junto ao requerimento de habilitação, que será autuado por apenso, o título da
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
aquisição ou da cessão, é notificada a parte contrária para contestar: na contestação pode o notificado impugnar a validade do
acto ou alegar que a transmissão foi feita para tornar mais difícil a sua posição no processo.
b) Se houver contestação, o requerente pode responder-lhe e em seguida, produzidas as provas necessárias, se decidirá;
na falta de contestação, verificar-se-á se o documento prova a aquisição ou a cessão e, no caso afirmativo, declarar-se-á
habilitado o adquirente ou cessionário.
2. A habilitação pode ser promovida pelo cedente ou transmitente.
Artigo 377.º Habilitação perante os tribunais superiores
1. O disposto nesta secção é aplicável à habilitação deduzida perante os tribunais superiores, mas o julgamento do incidente
só compete a esses tribunais quando não haja lugar à produção de prova testemunhal: neste caso, o relator leva o processo à
conferência e a habilitação é julgada por acórdão.
2. Se houver lugar a prova testemunhal, o processo baixa com o apenso à 1.ª instância, para aí ser julgado o incidente.
Se falecer ou se extinguir alguma das partes enquanto a habilitação estiver pendente na 1.ª instância, aí será deduzida a nova
habilitação.
3. Se o processo do incidente estiver parado na 1.ª instância por mais de um ano, por inércia do habilitante, será devolvido ao
tribunal superior para os efeitos do artigo 292.º 4. Os recursos interpostos para o tribunal onde o incidente foi suscitado são
julgados pelos juízes da causa principal.
a) Se o requerente não propuser a acção, de que forem dependência, dentro de trinta dias, contados da data em que lhe for
notificada a decisão que ordenou as providências requeridas, ou se, tendo-a proposto, o processo estiver parado durante
mais de trinta dias, por sua negligência em promover os respectivos termos ou os de algum incidente de que dependa o
andamento da causa;
b) Se a acção vier a ser julgada improcedente por sentença transitada em julgado;
c) Se o réu for absolvido da instância e o requerente não propuser nova acção dentro do prazo fixado no n.º 2 do artigo 289.º;
d) Se o direito, que se pretende tutelar, se extinguir.
2. O arresto requerido como dependência da acção condenatória fica também sem efeito se, obtida sentença com trânsito em
julgado, o requerente não promover execução dentro dos seis meses subsequentes ou se, promovida a execução, o processo
estiver parado durante mais de trinta dias por negligência do exequente.
3. Quando a providência cautelar tenha sido substituída por caução, fica esta sem efeito nos mesmos termos em que sem
efeito ficaria a providência substituída.
4. A substituição por caução não prejudica o direito de recurso do despacho que haja ordenado a providência substituída nem
a faculdade de contra esta deduzir embargos.
Artigo 383.º Levantamento das providências
Nos casos a que se refere o número 1 do artigo anterior, é a providência levantada sem audiência do autor, feita pelo réu a
prova da extinção do direito acautelado, quando o levantamento seja requerido com este fundamento.
3. À dedução e processo dos embargos é aplicável o disposto no artigo 406.º 4. Nos embargos discutir-se-ão apenas, no caso
da alínea a) do n.º 2, se foi violado o disposto no artigo 414.º e, no caso da alínea b), se a obra foi embargada dentro do prazo;
tanto num como noutro caso, o dono da obra pode pedir nos embargos que lhe seja arbitrada quantia certa como
indemnização do dano causado pela suspensão da obra.
a) Quando o autor se proponha exercer um mero direito potestativo, que não tenha origem em qualquer facto ilícito
praticado pelo réu;
b) Quando a obrigação do réu só se vencer com a citação ou depois de proposta a acção;
c) Quando o autor, munido de um título com manifesta força executiva, use sem necessidade do processo de declaração.
3. Ainda que o autor se proponha exercer um mero direito potestativo, as custas são pagas pelo réu vencido, quando seja de
protecção a este a finalidade legal da acção.
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
Artigo 450.º Repartição de encargo das custas
Se a oposição do réu era fundada no momento em que foi deduzida e deixou de o ser por circunstâncias supervenientes, cada
uma das partes paga as custas relativas aos actos praticados durante o período em que exerceu no processo uma actividade
injustificada.
Artigo 451.º Custas no caso de confissão, desistência ou transacção
1. Quando a causa termine por desistência ou confissão, as custas são pagas pela parte que desistir ou confessar;
e, se a desistência ou confissão for parcial, a responsabilidade pelas custas é proporcional à parte de que se desistiu ou que se
confessou.
2. No caso de transacção, as custas são pagas a meio, salvo acordo em contrário, mas quando a transacção se faça entre uma
parte isenta ou dispensada do pagamento de custas e outra não isenta nem dispensada, o juiz, ouvido o Ministério Público,
determinará a proporção em que as custas devem ser pagas.
Artigo 452.º Responsabilidade do assistente pelas custas
Aquele que tiver intervindo na causa como assistente será condenado, se o assistido decair, numa quota-parte das custas a
cargo deste, em proporção com a actividade que tiver exercido no processo, mas nunca superior a um décimo.
Artigo 453.º Custas dos procedimentos cautelares, da habilitação e das notificações
1. As custas dos procedimentos cautelares e as do incidente da habilitação são pagas pelo requerente, quando não haja
oposição, mas são atendidas na acção respectiva; havendo oposição, observar-se-á o disposto nos artigos 446.º e 447.º
2. As custas da produção de prova que tenha lugar antes de proposta a acção serão pagas pelo requerente e atendidas na
acção que se propuser.
3. As custas das notificações avulsas são pagas pelo requerente.
a) No reembolso das despesas a que a má fé do litigante tenha obrigado a parte contrária, incluindo os honorários dos
mandatários ou técnicos;
b) No reembolso dessas despesas e na satisfação dos restantes prejuízos sofridos pela parte contrária como consequência
directa ou indirecta da má fé.
O juiz optará pela indemnização que julgue mais adequada à conduta do litigante doloso, fixando-a sempre em quantia certa.
2. Se não houver elementos para se fixar logo na sentença a importância da indemnização, serão ouvidas as partes e fixar-se-á
depois, com prudente arbítrio, o que parecer razoável, podendo reduzir-se aos justos limites as verbas de despesas e de
honorários apresentadas pela parte.
3. Os honorários são pagos directamente ao mandatário, salvo se a parte mostrar que o seu patrono já está embolsado.
Artigo 458.º Responsabilidade do representante de incapazes, pessoas colectivas ou
sociedades
Quando a parte for um incapaz, uma pessoa colectiva ou uma sociedade, a responsabilidade das custas, da multa e da
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
indemnização recai sobre o seu representante que esteja de má fé na causa.
2. Nos casos das alíneas a) e b) do número anterior o pedido pode concretizar-se em prestação determinada por meio do
incidente de liquidação, ou quando para o efeito não caiba o processo de inventário. Não sendo liquidado na acção
declarativa, observar-se-á o disposto no nº 2 do artigo 661.º
2. Não é admissível o indeferimento liminar parcial da petição, a não ser que dele resulte exclusão de algum dos réus.
3. Se a forma de processo escolhida pelo autor não corresponder à natureza ou ao valor da acção, mandar-se-á seguir a
forma adequada; mas quando não possa ser utilizada para essa forma, a petição é indeferida.
a) Quando, havendo vários réus, algum deles contestar, relativamente aos factos que o contestante impugnar;
b) quando o réu ou algum dos réus for um incapaz e a causa estiver no âmbito da incapacidade;
c) Quando a vontade das partes for ineficaz para produzir o efeito jurídico que pela acção se pretende obter;
d) Quando se trate de factos para cuja prova se exija documento escrito.
2. As circunstâncias a que se referem as alíneas a), b), c), d) e e) só tomam a natureza de excepções quando a respectiva
falta ou irregularidade não seja prontamente sanada, no prazo fixado pelo juiz para o efeito e por uma única vez.
a) O caso julgado;
b) A prescrição.
Artigo 497.º Conceitos de litispendência e caso julgado
1. As excepções da litispendência e do caso julgado pressupõem a repetição de uma causa;se a causa se repete estando
a anterior ainda em curso, há lugar à litispendência; se a repetição se verifica depois de a primeira causa ter sido
decidida por sentença que já não admite recurso ordinário, há lugar à excepção do caso julgado.
2. Tanto a excepção da litispendência como a do caso julgado têm por fim evitar que o tribunal seja colocado na
alternativa de contradizer ou de reproduzir uma decisão anterior.
3. É irrelevante a pendência da causa perante jurisdição estrangeira, salvo se outra for a solução estabelecida em
convenções internacionais.
4. As sentenças proferidas por tribunais estrangeiros ou árbitros no estrangeiro, são invocáveis como caso julgado após
revisão e confirmação, nos termos deste código.
a) Facultar às partes a discussão de facto e de direito, nos casos em que ao juiz cumpra apreciar excepções ou quando
tencione conhecer imediatamente, no todo ou em parte, do mérito da causa;
b) Discutir as posições das partes, com vista à delimitação dos termos do litígio;
c) Proferir despacho saneador, nos termos do artigo 510.º.
2. Quando a causa admita transacção e havendo lugar a audiência preliminar nos termos do número anterior, as partes são
ainda notificadas para, sob pena de multa, comparecerem pessoalmente ou se fazerem representar por mandatário judicial
com poderes especiais para transigir.
3. Se ao juiz se afigurar possível conhecer do pedido no despacho saneador, a audiência preliminar é obrigatória, sob pena de
nulidade, nos termos da alínea d) do artigo 668.º.
4. O despacho que designe o dia e a hora para audiência preliminar há-de declarar expressamente o seu fim.
a) Conhecer, pela ordem designada no artigo 288.º, das excepções que podem conduzir à absolvição da instância, assim como
das nulidades, ainda que não tenham por efeito anular todo o processo;
b) Decidir se procede alguma excepção peremptória;
c) Conhecer directamente do pedido, se a questão de mérito for ùnicamente de direito e puder já ser decidida com a
necessária segurança ou se, sendo a questão de direito e de facto, ou só de facto, o processo contiver todos os elementos para
uma decisão conscienciosa.
a) Os prédios são estimados, tomando-se por base o rendimento colectável inscrito na matriz ou, na falta de inscrição, o
rendimento ou o produto médio nos últimos três anos; quando o rendimento seja em géneros, atende-se ao preço
médio durante o mesmo prazo; deduzidas as despesas de amanho e conservação, quando não haja rendimento
colectável, e multiplicado o resultado por vinte, obter-se-á o valor normal, que pode ser corrigido para mais ou para
menos consoante o tempo por que o prédio puder continuar a dar o mesmo produto ou renda, o uso a que for
aplicável ou outras circunstâncias capazes de influírem no valor venal;
b) Os móveis são estimados em atenção à sua matéria, utilidade e estado de conservação. Se produzirem rendimento, é
este tomado como base do valor, nos termos da alínea antecedente;
c) O valor das prestações perpétuas ou das prestações temporárias que devam ser satisfeitas durante vinte anos ou
mais é igual a vinte prestações anuais; o valor da prestação anual, pagável em géneros, é determinado pelo preço médio
dos géneros nos últimos três anos; a tarifa camarária, se a houver e estiver actualizada, indicará o preço médio;
d) O valor de qualquer outra prestação temporária é determinado pela soma das que faltarem, fazendo-se as deduções
necessárias para que o capital e os respectivos juros anuais da taxa de 5 por cento reconstituam, no fim do prazo, a
importância total das prestações vincendas;
e) O valor do usufruto, do uso e da habitação vitalícios obtém-se multiplicando por 10 o rendimento anual;
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
mas o produto pode ser corrigido para mais ou para menos, conforme a duração provável do respectivo direito;
f) Os direitos de servidão e semelhantes são avaliados pela maior estimativa dos cómodos a que derem lugar e os
encargos pelos prejuízos que determinarem;
g) O valor de qualquer direito e acção é determinado pelo valor da causa a que diga respeito, dando-se a devida
consideração à dificuldade que haja em o tornar efectivo;
h) o valor das moedas estrangeiras, das acções, dos títulos e certificados da dívida pública e outros papéis de crédito e
dos géneros que tiverem cotação ou preço oficial é o dessa cotação ou preço. Se as acções ou os papéis de crédito não
tiverem cotação, o valor é determinado pela instituição financeira competente, juntando-se ao processo a respectiva
declaração ou proceder-se à avaliação por louvados, nos termos do artigo 605º;
i) O valor de estabelecimento comercial ou industrial, considerado como universalidade que compreende tanto o activo
como o passivo, é determinado segundo o último balanço e também de harmonia com este se determina o valor das
partes ou quotas em sociedades que não sejam por acções.
2. Incumbe ao juiz advertir as pessoas do direito que lhes assiste de se recusarem a depor e a avaliar a legitimidade da
escusa.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2005, de 27 de Dezembro.
SUBSECÇÃO II Produção da prova testemunhal [arts. 619.º a 645.º]
Artigo 619.º Rol de testemunhas
1. As testemunhas serão designados no rol pelos seus nomes, profissões e moradas e por outras circunstâncias
necessárias para as identificar.
2. A parte pode, porém, desistir a todo tempo da inquirição de testemunhas que tenha oferecido, proceder à sua
substituição, nos termos do artigo 629º, e alterar o rol de testemunhas, nos termos do artigo 631.º
Artigo 624.º Pessoas que podem ser inquiridas na residência ou na sede dos serviços
Gozam da prerrogativa de ser inquiridos na sua residência ou na sede dos respectivos serviços:
a) O Presidente da República;
b) os membros dos órgãos de soberania;
c) os altos dignitários de confissões religiosas;
d) os agentes diplomáticos estrangeiros que concedam idênticas regalias aos representantes de Moçambique;
e) o Procurador-Geral da República e os Vice-Procuradores-Gerais; f) os Governadores de província.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2005, de 27 de Dezembro.
a) Se a testemunha tiver falecido depois de apresentado o rol, a parte tem a faculdade de a substituir;
b) Se estiver doente e não for possível a sua inquirição imediata, a parte pode substituí-la ou requerer o adiamento da
inquirição pelo prazo que pareça indispensável, nunca excedente a trinta dias;
c) Se tiver mudado de residência depois de oferecida, pode a parte substituí-la ou requerer carta precatória para a sua
inquirição, contando que não seja para fora do território nacional, ou comprometer-se a apresentá-la no dia que for
novamente designado;
d) Se não tiver sido notificada, devendo tê-lo sido, ou se deixar de comparecer por outro impedimento legítimo, é
adiada a inquirição, mas, se não for possível inquiri-la dentro de trinta dias, a parte pode substituí-la;
e) Se faltar sem motivo justificado e não for encontrada para vir depor debaixo de prisão, pode ser substituída.
2. Se não justificar dentro de cinco dias a sua falta, serão passados mandados de captura contra a testemunha, para vir
depor sob prisão.
3. A testemunha é mantida sob custódia até prestar o depoimento, salvo se a parte prescindir dela;
mesmo neste caso não fica, porém, isenta de multa.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
Artigo 633.º Número de testemunhas que podem ser inquiridas sobre cada facto
Sobre cada um dos factos incluídos no questionário ou que a parte se propõe provar nas causas em que a este não haja
lugar, não pode a parte produzir mais de cinco testemunhas, não se contando as que tenham declarado nada saber.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2005, de 27 de Dezembro.
a) Dirigir os trabalhos;
b) Manter a ordem e fazer respeitar as instituições vigentes, as leis e o tribunal;
c) Tomar as providências necessárias para que a causa se discuta com elevação e serenidade;
d) Exortar os advogados e o Ministério Público a que abreviem os seus requerimentos e alegações, quando sejam
manifestamente excessivos, e a que se cinjam à matéria da causa, e retirar-lhes a palavra quando não sejam atendidas as suas
exortações;
e) Significar aos advogados e ao Ministério Público a necessidade de esclarecerem pontos obscuros ou duvidosos;
f) Providenciar pela ampliação da matéria de facto controvertida ou formular quesitos novos, quando o considere
indispensável para a boa decisão da mesma desde que tais factos sejam complemento ou concretização de outros que as
partes hajam oportunamente alegado e resultem da instrução ou discussão da causa;
desde que a parte interessada deles se aproveite e à parte contrária tenha sido facultado o exercício do contraditório;
e bem assim os factos que oficiosamente tome em consideração por serem instrumentais e que resultem da instrução e
discussão da causa.
3. Se for ampliada a matéria de facto nos termos deste artigo, as partes podem reclamar contra a selecção da matéria de facto,
com fundamento em deficiência, excesso ou obscuridade na própria audiência e o tribunal decide, só podendo este despacho
ser impugnado no recurso interposto da decisão final.
4. As partes devem requerer de imediato as respectivas provas e se tais provas não puderem ser logo produzidas, a audiência
inicia-se com a produção das provas que puderem de imediato produzir-se e suspender-se-á por 10 dias para continuar com a
produção das novas provas requeridas.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
2. Não é admissível o adiamento por acordo das partes, nem pode, por falta de advogado ou de pessoas que tenham sido
convocadas, adiar-se a audiência mais do que uma vez.
3. Quando a audiência prosseguir nos casos previstos na alínea b) do n.º 1, será interrompida antes de iniciados os debates,
designando-se logo dia para continuar quando possa ser ouvida a pessoa que faltou ou depois de decorrido o tempo
necessário para exame do documento. No primeiro caso, a interrupção não pode ir além de trinta dias;
no segundo, não pode exceder oito.
4. A falta de qualquer pessoa que deva comparecer será justificada na própria audiência ou nos cinco dias imediatos.
Artigo 652.º Discussão da matéria de facto
1. Não havendo razões de adiamento, realizar-se-á a discussão da causa.
2. O presidente dará a palavra ao advogado do autor e depois ao do réu, ou inversamente, nas acções de simples apreciação
negativa, para cada um deles, querendo, expor a pretensão do seu constituinte e os respectivos fundamentos.
3. Em seguida, realizar-se-ão os seguintes actos, se a eles houver lugar:
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
a) Prestação dos depoimentos de parte;
b) Exibição de reproduções cinematográficas ou de registos fonográficos, podendo o presidente determinar que ela se faça
apenas com assistência das partes, dos seus advogados e das pessoas cuja presença se mostre conveniente;
c) Leitura dos quesitos e das respostas dadas pelos peritos, com os esclarecimentos verbais que a estes sejam pedidos;
d) Inquirição das testemunhas;
e) Debates sobre a matéria de facto, nos quais cada advogado pode replicar uma vez.
4. Se houver de ser prestado algum depoimento fora do tribunal, a audiência será interrompida antes dos debates, e os juízes
e advogados deslocar-se-ão para o tomar, imediatamente ou no dia e hora que o presidente designar;
prestado o depoimento, a audiência continua no tribunal.
5. Nos debates, os advogados, pela ordem prescrita no n.º 2, procurarão fixar os factos que devem considerar-se provados e
aqueles que o não foram; o advogado pode ser interrompido por qualquer dos juízes ou pelo advogado da parte contrária,
mas neste caso só com o seu consentimento e o do presidente, devendo a interrupção ter sempre por fim o esclarecimento
ou rectificação de qualquer afirmação.
6. O tribunal pode em qualquer momento, antes dos debates, durante eles ou depois de findos, ouvir o técnico designado.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
a) Se estes, na parte em que o interesse seja comum, derem a sua adesão ao recurso;
b) Se tiverem um interesse que dependa essencialmente do interesse do recorrente;
c) Se tiverem sido condenados como devedores solidários, a não ser que o recurso, pelos seus fundamentos, respeite
ùnicamente à pessoa do recorrente.
3. A adesão ao recurso pode ter lugar, por meio de requerimento, até ao termo do prazo em que deve ser apresentada a
alegação do recorrente.
4. Com o acto de adesão, o interessado faz sua a actividade já exercida pelo recorrente e a que este vier a exercer. Mas é
lícito ao aderente passar, em qualquer momento, à posição de recorrente principal, mediante o exercício de actividade
própria;
e se o recorrente desistir, deve ser notificado da desistência para que possa seguir com o recurso como recorrente
principal.
Artigo 684.º Delimitação subjectiva e objectiva do recurso
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
1. Sendo vários os vencedores, todos eles devem ser notificados do despacho que admite o recurso;
mas é lícito ao recorrente, salvo no caso de litisconsórcio necessário, excluir do recurso, no requerimento de interposição,
algum ou alguns dos vencedores.
2. Se a parte dispositiva da sentença contiver decisões distintas, é igualmente lícito ao recorrente restringir o recurso a
qualquer delas, uma vez que especifique no requerimento a decisão de que recorre.
Na falta de especificação, o recurso abrange tudo o que na parte dispositiva da sentença for desfavorável ao recorrente.
3. Nas conclusões da alegação, pode o recorrente restringir, expressa ou tàcitamente, o objecto inicial do recurso.
4. Os efeitos do julgado, na parte não recorrida, não podem ser prejudicados pela decisão do recurso nem pela anulação do
processo.
Artigo 685.º Prazo de interposição
1. O prazo para a interposição dos recursos é de oito dias, contados da notificação da decisão;
se a parte for revel, nos termos do n.º 2 do artigo 255.º, o prazo corre desde a publicação aí referida.
2. Tratando-se de despachos ou sentenças orais, reproduzidos no processo, o prazo corre do dia em que foram proferidos,
se a parte esteve presente ou foi notificada para assistir ao acto;
no caso contrário, o prazo corre nos termos do n.º 1.
3. Quando, fora dos casos previstos nos números anteriores, não tenha de fazer-se a notificação, o prazo corre desde o dia
em que o interessado teve conhecimento da decisão.
4. Se a revelia da parte cessar antes de decorridos os oito dias posteriores à publicação, tem a sentença ou despacho de ser
notificado e começa o prazo a correr da data da notificação.
Artigo 686.º Interposição do recurso, quando haja rectificação, aclaração ou reforma da
sentença
1. Se alguma das partes requerer a rectificação, aclaração ou reforma da sentença, nos termos dos artigos 667.º e 669.º, o
prazo para o recurso só começa a correr depois de notificada a decisão proferida sobre o requerimento.
2. Estando já interposto recurso da primitiva sentença ou despacho ao tempo em que, a requerimento da parte contrária, é
proferida nova decisão, rectificando, esclarecendo ou reformando a primeira, o recurso fica tendo por objecto a nova
decisão;
mas é lícito ao recorrente alargar ou restringir o âmbito do recurso em conformidade com a alteração que a sentença ou
despacho tiver sofrido.
Artigo 687.º Interposição do recurso. Despacho do requerimento
1. Os recursos interpõem-se por meio de requerimento, entregue na secretaria do tribunal que proferiu a decisão recorrida
e no qual se indique a espécie de recurso interposto.
2. A entrada do requerimento fixa a data da interposição do recurso.
3. Junto o requerimento ao processo, será indeferido quando se entenda que a decisão não admite recurso, ou que este foi
interposto fora de tempo, ou que o requerente não tem as condições necessárias para recorrer. Mas não pode ser
indeferido com o fundamento de ter havido erro na espécie de recurso: tendo-se interposto recurso diferente do que
competia, mandar-se-ão seguir os termos do recurso que se julgue apropriado.
4. A decisão que admita o recurso, fixe a sua espécie ou determine o efeito que lhe compete não vincula o tribunal superior,
e as partes só a podem impugnar nas suas alegações.
Artigo 688.º Reclamação contra o indeferimento ou retenção do recurso
1. Do despacho que não admita a apelação, a revista, o agravo ou o recurso para o plenário do Tribunal Supremo
interposto nas secções do Tribunal Supremo e bem assim do despacho que retenha o agravo, pode o recorrente reclamar
para o presidente do tribunal que seria competente para conhecer do recurso.
2. A reclamação, dirigida ao presidente do tribunal superior, é apresentada na secretaria do tribunal recorrido, dentro de
cinco dias, contados da notificação do despacho que não admita o recurso. O recorrente exporá as razões que justificam a
admissão ou a subida imediata do recurso e indicará as peças de que pretende certidão.
3. A reclamação é autuada por apenso e apresentada logo ao juiz ou ao relator e, quando seja deduzida no Tribunal
Superior de Recurso ou numa secção do Tribunal Supremo, submetida à conferência na primeira sessão, para ser proferida
decisão que admita ou mande seguir imediatamente o recurso, ou que mantenha o despacho reclamado. No último caso,
o despacho ou o acórdão proferidos sobre a reclamação podem mandar juntar certidão doutras peças que entendam
necessárias.
4. Se o recurso for admitido ou mandado subir imediatamente, o apenso é incorporado no processo principal; se for
mantido o despacho reclamado, é notificada a parte contrária, junta certidão das peças indicadas pelo reclamante e pelo
tribunal, e contado o processo em três dias.
5. Depositadas as custas e feito o preparo para a expedição e julgamento da reclamação, o processo é desapensado e
remetido à secretaria do tribunal superior. Até à remessa do processo, a parte contrária pode dizer o que se lhe oferecer
sobre a reclamação e juntar documentos.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
a) Quando a sentença se funde em letra, livrança, cheque, vale, factura conferida ou outro escrito assinado pelo réu;
b) Quando a sentença ordene demolições, reparações ou outras providências urgentes;
c) Quando arbitre alimentos ou fixe a contribuição do cônjuge para as despesas domésticas;
d) Quando a suspensão da execução seja susceptível de causar à parte vencedora prejuízo considerável. A parte vencida
pode, neste caso, evitar a execução, desde que declare, quando ouvida, que está pronta a prestar caução.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
a) se do processo constarem todos os elementos de prova que serviram de base à decisão sobre os pontos da matéria
de facto em causa ou se, tendo ocorrido gravação dos depoimentos prestados, tiver sido impugnada a decisão com
base neles proferida;
b) se os elementos fornecidos pelo processo impuserem decisão diversa, insusceptível de ser destruída por quaisquer
outras provas;
c) se o recorrente apresentar documento novo superveniente e que, por si só, seja suficiente para destruir a prova em
que a decisão assentou.
2. Pode o tribunal superior anular, porém, a decisão do tribunal da primeira instância, mesmo oficiosamente, quando
repute deficientes, obscuras ou contraditórias as decisões sobre determinados pontos da matéria de facto ou quando
considere indispensável a ampliação desta, nos termos da alínea f) do artigo 650.º.
3. Se alguma das decisões sobre a matéria de facto não contiver, como fundamentação, a menção pelo menos dos
meios concretos de prova em que se haja fundado a convicção dos julgadores e a resposta for essencial para a decisão
da causa, o tribunal superior pode, a requerimento do interessado e nos termos aplicáveis do artigo 708º, mandar que o
tribunal, fundamente a resposta, repetindo, quando necessário, a produção dos meios de prova que interessam à
fundamentação; se esta for já impossível de obter com os mesmos juízes ou se for impossível a repetição dos meios de
prova necessários, o juiz da causa limitar-se-á a justificar a razão da impossibilidade.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
a) O recurso interposto do despacho que indefira liminarmente o respectivo requerimento ou que não ordene a
providência sobe imediatamente, nos próprios autos do procedimento cautelar;
b) O agravo do despacho que ordene a providência sobe imediatamente, em separado;
c) Os recursos interpostos de despachos anteriores sobem juntamente com os agravos mencionados nas alíneas a)
ou b). Os recursos de despachos posteriores só subirão quando o procedimento cautelar esteja findo.
2. O recurso interposto do despacho que ordene o levantamento da providência sobe imediatamente, em separado.
Artigo 739.º Subida dos agravos nos incidentes
1. Em relação aos incidentes, como tais designados na lei, o regime é o seguinte:
a) Se o despacho não admitir o incidente, o agravo que dele se interpuser sobe imediatamente e subirá nos próprios
autos do incidente ou em separado, consoante o incidente seja processado por apenso ou juntamente com a causa
principal;
b) Admitido o incidente, se este for processado por apenso, os agravos interpostos dos despachos que se
proferirem só subirão quando o processo do incidente estiver findo. Se o incidente for processado juntamente com
a causa principal, os agravos de despachos proferidos no incidente sobem com os agravos interpostos de
despachos proferidos na causa principal.
2. Quando houver agravos que devam subir nos autos do incidente processado por apenso, serão estes, para esse
efeito, desapensados da causa principal.
Artigo 740.º Agravos com efeito suspensivo
1. Têm efeito suspensivo os agravos que subam imediatamente nos próprios autos.
2. Dos outros, só têm efeito suspensivo:
a) Os agravos interpostos de despachos que tenham aplicado multas;
b) Os agravos de despachos que hajam ordenado entrega de dinheiro ou prisão, estando o tribunal seguro com
depósito ou caução;
c) Os agravos de decisões que tenham ordenado o cancelamento de qualquer registo;
d) Os agravos a que o juiz fixar esse efeito;
e) Todos os demais a que a lei atribuir expressamente o mesmo efeito.
3. O juiz só pode atribuir efeito suspensivo ao agravo, nos termos da alínea d) do número anterior, quando o
agravante o haja pedido no requerimento de interposição do recurso e, depois de ouvir o agravado, reconhecer que
a execução imediata do despacho é susceptível de causar ao agravante prejuízo irreparável ou de difícil reparação.
Artigo 741.º Fixação da subida e do efeito do recurso
No despacho que admita o recurso deve declarar-se se sobe ou não imediatamente e, no primeiro caso, se sobe nos
próprios autos ou em separado; deve declarar-se ainda o efeito do recurso.
DIVISÃO II Expedição do recurso [arts. 742.º a 748.º]
2. Os termos do agravo retido são os termos próprios do recurso com que ele subir; mas se esses termos forem os
dos artigos 743.º e seguintes, o juiz pode reparar o último agravo.
3. Quando se verifique a hipótese prevista no n.º 3 do artigo 735.º ou outra semelhante, serão notificados os
agravantes e os agravados para o prosseguimento dos recursos, equivalendo a notificação à dos despachos que os
tenham admitido. Cada uma das partes apresentará uma alegação conjunta para os vários agravos em que seja
agravante e apresentará da mesma forma uma alegação conjunta para todos aqueles em que for agravada.
a) Da decisão dos tribunais judiciais de província em recurso das decisões dos tribunais de distrito em matéria de
direito de que não caiba outro recurso;
b) Da decisão do Tribunal Superior de Recurso de que seja admissível recurso, salvo nos casos em que couber
recurso de revista ou de apelação.
3. Nos incidentes processados por apenso, o agravo interposto do acórdão que não admita o incidente sobe
imediatamente, e o mesmo sucede em relação ao agravo interposto do acórdão que lhe puser termo, subindo com
ele, no processo do incidente que se desapensará, os agravos interpostos de acórdãos anteriores.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
a) Nos casos das alíneas a), b) e d) do artigo 771.º, desde o trânsito em julgado da sentença em que se funda a revisão;
b) Nos outros casos, desde que a parte obteve o documento ou teve conhecimento do facto que serve de base à revisão.
3. Quando a revisão seja pedida pelo Ministério Público, o prazo de interposição do recurso é de noventa dias.
4. As decisões proferidas no processo de revisão admitem os recursos ordinários a que estariam originàriamente sujeitas
no decurso da acção em que foi proferida a sentença a rever.
Artigo 773.º Instrução do requerimento
No requerimento de interposição, que é autuado por apenso ao processo, especificar-se-á o fundamento do recurso e com
ele se apresentará, nos casos das alíneas a), b), c), d) e g) do artigo 771.º, certidão da sentença ou o documento em que se
funda o pedido; nos casos das alíneas e) e f), procurará mostrar-se que se verifica o fundamento invocado.
Artigo 774.º Indeferimento imediato
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
1. O processo é enviado ao tribunal a que for dirigido o recurso, se for diverso daquele em que foi interposto.
2. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 687.º, o tribunal a que for dirigido o requerimento indeferi-lo-á quando não
vier deduzido ou instruído nos termos do artigo anterior e também quando se reconheça logo que não há motivo para
revisão.
3. Se o recurso for admitido, notificar-se-á pessoalmente a parte contrária para, em dez dias, responder.
4. O recurso de revisão não tem efeito suspensivo.
Artigo 775.º Julgamento da revisão
1. Logo em seguida à resposta do recorrido ou ao termo do prazo respectivo, o tribunal conhecerá do fundamento da
revisão, precedendo as diligências que forem consideradas indispensáveis.
2. Se o recurso tiver sido dirigido a algum tribunal superior, pode este requisitar as diligências, que se mostrem necessárias,
ao tribunal de 1.ª instância donde o processo subiu.
Artigo 776.º Termos a seguir quando a revisão é procedente
Se o fundamento da revisão for julgado procedente, é revogada a decisão, observando-se o seguinte:
a) No caso da alínea f) do artigo 771.º, anular-se-ão os termos do processo posteriores à citação do réu ou ao momento em
que devia ser feita e ordenar-se-á que o réu seja citado para a causa;
b) Nos casos das alíneas a) e c) do mesmo artigo, proferir-se-á nova decisão, procedendo-se às diligências absolutamente
indispensáveis e dando-se a cada uma das partes o prazo de oito dias para alegar por escrito;
c) Nos casos das alíneas b), d) e e), ordenar-se-á que se sigam os termos necessários para a causa ser novamente instruída e
julgada, aproveitando-se a parte do processo que o fundamento da revisão não tenha prejudicado.
Artigo 777.º Prestação de caução
Se estiver pendente ou for promovida a execução da sentença, não pode o exequente ou qualquer credor ser pago em
dinheiro ou em quaisquer bens sem prestar caução, nos termos do artigo 819.º
SECÇÃO VII Oposição de terceiro [arts. 778.º a 782.º-C]
Artigo 778.º Fundamento do recurso
1. Quando o litígio assente sobre um acto simulado das partes e o tribunal não tenha feito uso do poder que lhe confere o
artigo 665.º, por se não ter apercebido da fraude, pode a decisão final, depois do trânsito em julgado, ser impugnada
mediante recurso de oposição do terceiro que com ela tenha sido prejudicado.
2. O recurso é dirigido ao tribunal que proferiu a decisão;
se o processo já se encontrar em tribunal diferente, neste será apresentado o requerimento de interposição, que é
autuado por apenso, remetendo-se para o tribunal competente.
3. É considerado como terceiro, no que se refere à legitimidade para recorrer, o incapaz que haja intervindo no processo
como parte, mas por intermédio de representante legal.
Artigo 779.º Instrução do recurso
1. O recurso é necessàriamente instruído com a sentença transitada em julgado, da qual conste que a decisão recorrida
resultou de simulação processual das partes e envolve prejuízo para terceiro.
2. Quando o recorrente não tenha intervindo na acção, é admitido a provar o seu prejuízo no próprio recurso.
Artigo 780.º Prazo para a interposição
1. O recurso será interposto nos três meses seguintes ao trânsito em julgado da decisão final da acção de simulação.
2. A acção de simulação será, por seu turno, intentada dentro dos cinco anos subsequentes ao trânsito em julgado da
sentença recorrida; e, se estiver parada durante mais de três meses por culpa do autor, continuará a contar-se o prazo já
decorrido até à propositura da acção.
3. No caso especial a que se refere o n.º 3 do artigo 778.º, o prazo de proposição da acção de simulação não findará antes de
decorrido um ano sobre a aquisição da capacidade por parte do incapaz ou sobre a mudança do seu representante legal.
Artigo 808.º Termos a seguir quando a falta de oposição não tenha efeito cominatório
1. A obrigação não se tem necessàriamente por liquidada nos termos requeridos pelo exequente quando o executado não tenha
sido citado na sua própria pessoa, nem como tal deva ser considerado, ou quando se verifique algum dos casos previstos nas
alíneas a) e b) do artigo 485.º
2. Se, havendo vários executados, algum deles contestar a liquidação, aproveita a todos a defesa deduzida pelo contestante.
3. Nos casos restantes a que se refere o n.º 1, pode julgar-se liquidada a obrigação ou mandar-se proceder à arbitragem, conforme
parecer razoável ou exorbitante o pedido.
Artigo 809.º Liquidação por árbitros
1. A liquidação é feita por um ou mais árbitros, além dos casos em que a lei especialmente o determine ou as partes o
convencionem:
a) Quando a prova produzida pelos litigantes seja insuficiente para fixar a quantia devida e não seja possível completá-la mediante
indagação oficiosa;
b) Quando, nos termos do artigo anterior, se mande proceder a arbitragem.
2. À nomeação dos árbitros é aplicável o disposto quanto à nomeação de peritos.
O terceiro árbitro só intervém na falta de acordo entre os outros dois, mas não é obrigado a conformar-se com o voto de
qualquer deles.
3. O juiz homologará o laudo dos árbitros, e, no caso de divergência, o laudo do terceiro.
Artigo 810.º Regime no caso de haver uma parte líquida e outra ilíquida
1. Se uma parte da obrigação for ilíquida e outra líquida, pode esta executar-se imediatamente.
2. Requerendo-se a execução imediata da parte líquida, a liquidação da outra parte, quando requerida na pendência da execução,
é deduzida por apenso, e, se este subir em recurso, juntar-se-lhe-á certidão do título executivo e também dos articulados, quando
a execução se funde em sentença.
SUBTÍTULO II Da execução para pagamento de quantia certa [arts. 811.º a 927.º]
CAPÍTULO I Do processo ordinário [arts. 811.º a 923.º]
SECÇÃO I Citação e oposição [arts. 811.º a 820.º]
Artigo 811.º Citação ou notificação para a execução
1. O exequente requererá que o executado seja citado para, no prazo de dez dias, pagar ou nomear bens à penhora.
2. Tendo-se deduzido inicialmente liquidação, a citação é substituída por notificação; e é igualmente substituída por
notificação quando, citado o executado para a execução de determinado título, se cumule depois no mesmo processo a
execução por outro título.
3. Quando se trate de execução de dívida com garantia real, a citação deve ser feita depois de ordenada a penhora.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
2. Se os embargos forem recebidos, é o exequente notificado para os contestar dentro do prazo de dez dias, seguindo-se
depois, sem mais articulados, os termos do processo ordinário de declaração.
Artigo 818.º Efeito do recebimento dos embargos
1. O recebimento dos embargos não suspende a execução, salvo no caso previsto no número cinco ou se o embargante
prestar caução.
2. A suspensão da execução, decretada após a citação dos credores, não abrange o apenso destinado à verificação e
graduação de créditos.
3. Se os embargos não compreenderem toda a execução, esta prossegue na parte não embargada, ainda que o
embargante preste caução.
4. A execução prosseguirá, se, depois de prestada a caução, o processo de embargos estiver parado durante mais de trinta
dias, por negligência do embargante em promover os seus termos.
5. Tratando-se de execução, fundada em documento particular sem a assinatura reconhecida pelo notário, o juiz
suspenderá a execução, ouvido o embargado, se o embargante alegar a falsidade da assinatura e juntar documento que
constitua princípio de prova.
a) Os objectos cuja apreensão seja ofensiva da moral pública e bem assim aqueles cuja apreensão careça de justificação
económica;
b) Os edifícios e objectos destinados ao exercício do culto público;
c) Os túmulos;
d) O material fixo ou circulante dos caminhos de ferro;
e) O vestuário que os empregados públicos devem usar no exercício da função, bem como o equipamento dos
militares;
f) Os utensílios imprescindíveis a qualquer economia doméstica;
g) Os objectos indispensáveis para cama e vestuário do executado, sua família e pessoal doméstico.
2. A apreensão carece de justificação económica quando o valor venal dos bens seja de tal modo diminuto que a
penhora só possa explicar-se pela intenção de vexar ou lesar o executado.
3. As capelas particulares podem ser penhoradas na falta de outros bens;
e juntamente com elas podem ser apreendidos os objectos que se destinem a exercer aí o culto religioso.
Artigo 823.º Bens relativa ou parcialmente impenhoráveis
1. Estão também isentos de penhora:
a) os bens do Estado, assim como os das restantes pessoas colectivas, quando se encontrem afectados ou estejam
aplicados a fins de utilidade pública, salvo se a execução for por coisa certa ou para pagamento de dívida com garantia
real;
b) Os títulos e certificados da dívida pública, excepto quando voluntàriamente oferecidos;
c) Os géneros e o combustível necessários ao sustento do executado, sua família e pessoal doméstico durante um mês;
d) Os livros, utensílios, ferramentas e quaisquer objectos estritamente indispensáveis ao exercício da função ou da
profissão;
e) Dois terços dos soldos dos militares, dos proventos dos funcionários públicos, das soldadas, vencimentos e salários
de quaisquer empregados ou trabalhadores;
f) Dois terços das prestações periódicas pagas a título de aposentação, reforma, auxílio, doença, invalidez, montepio,
seguro, indemnização por acidente ou renda vitalícia, e de outras pensões de natureza semelhante.
2. Consideram-se voluntàriamente oferecidos os títulos e certificados de dívida pública que sejam encontrados em
poder do devedor ou ainda estejam averbados em seu nome.
3. Os bens a que se refere a alínea d) do número1 podem ser apreendidos se forem nomeados pelo executado ou se a
execução provier do preço por que foram comprados. Os utensílios e instrumentos de lavoura podem também ser
apreendidos.
4. As quantias e pensões a que se referem as alíneas e) e f) do n.º 1 podem ser apreendidas até metade, quando a
execução provenha de comedorias ou géneros fornecidos para alimentação do executado, do seu cônjuge ou de seus
ascendentes e descendentes. Nos casos restantes, a parte penhorável das quantias e pensões é fixada pelo juiz,
segundo o seu prudente arbítrio e tendo em atenção as condições económicas do executado, entre um terço e um
sexto.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2005, de 27 de Dezembro.
Artigo 829.º Penhora de navio ou de mercadorias carregadas em navio já despachado para viagem
1. O navio despachado para viagem não pode ser penhorado, a não ser por dívidas ao Estado ou contraídas para o
aprovisionamento da mesma viagem, ou para pagamento de salários de assistência ou salvação, ou em consequência
de responsabilidade por abalroação.
2. O juiz que ordene a penhora oficiará imediatamente à capitania, para que esta impeça a saída do navio.
3. As mercadorias já carregadas em navio despachado para viagem não podem ser penhoradas, salvo se todas
pertencerem a um único carregador e o navio não transportar passageiros.
4. Considera-se despachado para viagem o navio logo que esteja em poder do respectivo capitão o desembaraço
passado pela capitania do porto.
Artigo 859.º Termos a seguir quando o devedor alegue que a obrigação está dependente de
prestação do executado
1. Se o devedor declarar que a exigibilidade da obrigação depende de prestação a efectuar pelo executado e este
confirmar a declaração, é notificado o executado para que, dentro de dez dias, satisfaça a prestação.
2. Quando o executado não cumpra, pode o exequente ou o devedor exigir o cumprimento, promovendo a respectiva
execução. Pode também o exequente substituir-se ao executado na prestação, ficando neste caso sub-rogado nos
direitos do devedor.
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
3. Se o executado impugnar a declaração do devedor e não for possível fazer cessar a divergência, observar-se-á, com as
modificações necessárias, o disposto no artigo anterior.
4. Nos casos a que se refere o n.º 2, pode a prestação ser exigida, por apenso no mesmo processo, sem necessidade de
citação do executado, servindo de título executivo o despacho que haja ordenado o cumprimento da prestação.
Artigo 860.º Depósito ou entrega da prestação devida
1. Logo que a dívida se vença, o devedor, que a não haja contestado, é obrigado a depositar a respectiva importância
numa instituição bancária, à ordem do tribunal, e a juntar ao processo o documento do depósito, ou a entregar a coisa
devida ao exequente, que funciona como seu depositário.
2. Se o crédito já estiver vendido ou adjudicado e a aquisição tiver sido notificada ao devedor, será a prestação entregue
ao respectivo adquirente.
3. Não sendo cumprida a obrigação, pode o exequente ou o adquirente exigir a prestação, servindo de título executivo
o despacho que ordenou penhora ou o título de aquisição do crédito.
NOTA: Não se verifica a alteração da epígrafe do presente artigo, conforme é indicado no Decreto-Lei n.º 47 690, de
11 de Maio de 1967.
a) Quando assim o requeiram o executado e os credores que representem a maioria dos créditos com garantia
sobre os bens a vender;
b) Quando se trate de bens que, pelo seu reduzido valor, não suportem as despesas da hasta pública ou quando
haja urgência na realização da venda.
Artigo 887.º Como se faz a venda por negociação particular
1. No despacho que ordene a venda por negociação particular designar-se-á a pessoa que fica incumbida de a
efectuar, podendo fixar-se logo o preço mínimo. A pessoa designada procede como mandatário, tendo-se por
provado o mandato em face da certidão de despacho.
2. Se não tiver sido fixado o preço mínimo, não pode o mandatário fazer a venda por preço inferior àquele por que
os bens teriam de ser postos em praça e mais um quarto, salva autorização especial do juiz, ouvidas as pessoas que
houverem requerido a venda.
3. O preço é depositado directamente pelo comprador numa instituição bancária a ordem do tribunal, antes de
lavrado o instrumento da venda.
4. Estando pendente de recurso a sentença que se executa ou estando pendentes embargos de executado ou
agravo do despacho liminar, far-se-á essa declaração no acto da venda.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
Artigo 896.º Local da arrematação e valor por que os bens vão à praça
1. A arrematação dos imóveis faz-se sempre no tribunal da situação;
a dos móveis, ou no tribunal do lugar onde se encontrem ou noutro que seja julgado mais conveniente por acordo
expresso do executado e dos credores ou por determinação judicial.
2. Os imóveis vão à praça pelo valor resultante do rendimento colectável inscrito na matriz e os móveis pelo que lhes
tenha sido atribuído no acto da penhora, salva em ambos os casos a possibilidade de exequente e executado, por
acordo espontâneo, assentarem noutro valor.
3. Os créditos e os imóveis não inscritos na matriz são postos em praça pelo valor que lhes for atribuído pelo
exequente.
Artigo 898.º Arrematação de todo ou de parte do prédio
1. Salvo acordo das partes em contrário, os imóveis são sempre arrematados pela raiz, qualquer que seja a relação
entre o seu valor e a quantia que se executa.
2. Quando o prédio oferecer, porém, cómoda divisão, pode o executado requerer que seja posta em praça, pelo
valor da execução, a parte que indique como suficiente para o pagamento. Se logo na primeira praça não houver
quem arremate por esse valor, vai à praça todo o prédio.
Artigo 899.º Termo ou adiamento da arrematação
1. A arrematação cessa logo que o produto dos bens arrematados seja suficiente para cobrir as despesas da
execução e assegurar o pagamento ao exequente, salvo se, havendo outros bens sobre os quais tenha sido
graduado algum crédito vencido, o respectivo titular requerer que a praça continue, para venda desses bens.
2. A arrematação pode ser adiada, oficiosamente ou a requerimento de qualquer interessado, quando haja fundada
suspeita de conluio entre os concorrentes à hasta pública.
Artigo 900.º Auto de arrematação
Lavrar-se-á um único auto de todas as arrematações que se efectuem no mesmo dia e pelo mesmo processo.
Artigo 901.º Praça deserta
1. Se passada uma hora não houver lanço superior ao valor por que os bens foram postos em praça, é esta
encerrada, e designar-se-á logo dia, sendo possível, para a segunda praça, por metade do valor.
2. Em vez de os bens irem a segunda praça, pode ordenar-se, oficiosamente ou a requerimento dos interessados a
que se refere a alínea a) do artigo 886.º, que sejam vendidos particularmente ou por propostas em carta fechada.
Artigo 902.º Segunda praça
1. Da primeira à segunda praça mediará o intervalo de seis dias, pelo menos.
2. Sem prejuízo de outras formas de publicidade reputadas convenientes, a notícia da segunda praça é dada por um
único edital afixado com a antecipação mínima de três dias e por um único anúncio, que se publicará com igual
antecipação. A afixação faz-se, tratando-se de prédio urbano, na porta deste e, quando se trate de outra espécie de
bens, na do edifício onde deva realizar-se a arrematação.
3. Não se repete a notificação aos preferentes.
Artigo 903.º Segunda praça deserta
1. Se a segunda praça ficar também deserta, procede-se à venda por propostas em carta fechada ou por negociação
particular ou vão os bens a terceira praça para serem vendidos por qualquer preço, conforme o juiz julgue mais
conveniente.
2. A terceira praça é anunciada nos termos do artigo anterior.
Artigo 904.º Pagamento do preço: sanções
1. O arrematante depositará no acto da praça a décima parte do preço e a quantia correspondente às despesas
prováveis da arrematação, sem o que lhe não são adjudicados os bens.
2. Quando a arrematação se realize no edifício do tribunal e a tesouraria judicial esteja aberta, nela se faz o depósito,
sem acréscimo de qualquer percentagem;
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
quando se efectuar fora ou a tesouraria estiver encerrada, faz-se em mão do funcionário que lavrar o auto. Tanto o
tesoureiro, como este funcionário ficam obrigados a depositar numa instituição bancária a importância entregue, no
próprio dia ou no primeiro dia útil seguinte.
3. O restante é depositado directamente pelo arrematante numa instituição bancária, no prazo de quinze dias, sob
pena de captura e de os bens irem novamente à praça para serem arrematados por qualquer quantia, ficando o
primeiro arrematante responsável pela diferença de preço e pelas custas a que der causa. A nova praça é anunciada
nos termos do n.º 2 do artigo 902.º.
4. A prisão não pode durar mais de um ano e cessa logo que esteja cobrada a importância por que for responsável o
arrematante. Liquidada pela secretaria esta responsabilidade, é o arrematante executado no mesmo processo, a
requerimento de qualquer interessado, autuando-se a certidão da citação e seguindo-se os mais termos por apenso.
5. O arrematante remisso não é admitido a lançar na nova praça, mas, se depositar o preço até ao momento da sua
abertura, fica ela sem efeito, subsistindo a arrematação.
6. A prisão é aplicada à pessoa que licitou; se ela, porém, tiver licitado em nome do Estado ou de outra pessoa
colectiva pública, não há lugar a essa pena e a responsabilidade civil efectivar-se-á pelo meio competente.
7. Os preferentes que pretendam exercer o seu direito depositarão logo todo o preço, além das despesas prováveis
da arrematação.
2. Quando, posteriormente à venda, for julgada procedente qualquer acção de preferência ou for deferida a remição
de bens, o preferente ou o remidor substituir-se-ão ao comprador, pagando o preço e as despesas da compra.
3. No caso previsto na alínea a) do n.º 1, a restituição dos bens tem de ser pedida no prazo de trinta dias, a contar da
decisão definitiva, devendo o comprador ser embolsado prèviamente do preço e das despesas da compra;
se a restituição não for pedida dentro do prazo indicado, o vencedor só tem direito a receber o preço.
4. No caso da alínea e) do n.º 1, a anulação pode ser requerida pelo executado, pelo exequente, ou por outro credor
interessado que não seja o comprador, dentro de trinta dias, a contar da venda, sendo a questão decidida, depois
de ouvido o comprador e de produzidas as provas oferecidas; sendo, porém, insuficientes os elementos, o
requerente será remetido para a acção competente, a qual há-de ser proposta contra o comprador, como
dependência do processo de execução.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
a) Os agravos interpostos no decurso da liquidação só subirão a final, com a apelação da sentença que a julgar ou com o
agravo a que se refere a primeira parte do n.º 4 do artigo anterior;
b) Aos agravos interpostos de decisões proferidas nos apensos de embargos de executado e de graduação de créditos
aplica-se o disposto nos artigos 734.º e seguintes;
c) Os outros agravos sobem conjuntamente em dois momentos distintos: os interpostos até se concluir a penhora,
quando esta diligência esteja finda;
os interpostos depois, quando esteja concluída a adjudicação, venda ou remição de bens.
2. Com a apelação da sentença que julgar os embargos de executado ou graduar créditos e cujo efeito seja suspensivo ou
com a da sentença que julgar a liquidação, sobem, todavia, os agravos referidos na alínea c) do n.º 1 que hajam sido
interpostos de despachos anteriores.
CAPÍTULO II Do processo sumário [arts. 924.º a 926.º]
Artigo 924.º Nomeação de bens à penhora
O exequente pode nomear bens à penhora logo no requerimento executivo se a execução se fundar em acta de conciliação ou
mediação, decisão judicial ou arbitral condenatória, ainda que pendente de recurso com efeito meramente devolutivo, que
não careça de ser liquidadas nos termos dos artigos 806º e seguintes.
Artigo 941.º Violação da obrigação, quando esta tenha por objecto um facto negativo
1. Quando a obrigação do devedor consista em não praticar algum facto, o credor pode requerer, no caso de violação, que esta
seja verificada por meio de exame ou vistoria e que o tribunal ordene a demolição da obra que porventura tenha sido feita e a
indemnização do exequente pelo prejuízo sofrido, ou apenas a indemnização pelo dano, conforme ao caso couber.
2. O executado é citado para a nomeação de peritos, podendo no prazo de dez dias deduzir, por embargos, a oposição que tiver,
nos termos dos artigos 813.º e seguintes;
os embargos quanto ao pedido de demolição podem fundar-se no facto de esta representar para o executado um prejuízo
consideràvelmente superior ao sofrido pelo exequente.
3. Concluindo pela existência da violação, os peritos devem indicar logo a importância provável das despesas que importa a
demolição, se esta tiver sido requerida.
4. Os embargos fundados em que a demolição causa ao executado prejuízo consideràvelmente superior ao que a obra causou ao
exequente suspendem a execução, em seguida ao exame ou vistoria, mesmo que o embargante não preste caução.
Artigo 973.º Responsabilidade por custas, sendo as rendas pagas no decurso da acção
O réu suportará as custas da acção e os honorários dos mandatários do autor, que o juiz fixar, bem como as despesas do
levantamento do depósito, quando fizer caducar o direito à resolução do arrendamento pelo pagamento das rendas e da
indemnização devida, nos casos em que o possa fazer.
3. Das ocorrências a que se refere o número anterior será lavrada certidão, juntando-se os documentos exibidos;
no mesmo acto será o detentor advertido do ónus prescrito no número seguinte.
4. O detentor deve, nos cinco dias subsequentes, requerer que a suspensão do despejo seja confirmada, sob pena de o
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
mandado ser imediatamente executado;
o requerente apresentará os outros documentos que tiver, e o juiz, ouvido o senhorio, decidirá sumàriamente se a suspensão
deve ser mantida ou o mandado executado.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
2. Em qualquer destes casos, se o arrendatário não der o prédio despejado no fim do arrendamento ou dentro de cinco dias,
pode o senhorio requerer, com fundamento na notificação ou no auto, que se passe mandado para o despejo.
3. Quando no acto da execução do mandado o arrendatário alegue que os escritos foram colocados sem o seu consentimento
e conhecimento, o executor sobrestará no despejo e o arrendatário, dentro de cinco dias, requererá que a suspensão seja
confirmada, oferecendo logo as provas da alegação.
Requerida a confirmação, se o requerimento não dever ser logo indeferido, é notificado o senhorio para responder e oferecer
as suas provas, procede-se às diligências necessárias e em seguida decide-se.
Artigo 990.º Mandado de ocupação ou reocupação
1. Efectuado o despejo, se a decisão que o decretou for revogada ou se por qualquer outro motivo o arrendatário tiver direito
a ocupar ou reocupar o prédio, pode o interessado requerer que se passe mandado para a respectiva diligência.
2. À execução deste mandado é aplicável o disposto no artigo 985.º 3. No caso de ter sido revogada a decisão que decretou o
despejo, o requerimento do arrendatário deve ser apresentado no prazo de trinta dias, a contar da entrada do processo no
tribunal de 1.ª instância, quando a revogação tiver sido pronunciada em tribunal superior, ou do trânsito em julgado da
decisão revogatória, quando esta houver sido proferida no próprio tribunal de 1.ª instância.
a) São notificados para contestar o Ministério Público e o protutor ou subcurador, ou o novo tutor ou curador, quando os
haja, podendo contestar no mesmo prazo qualquer parente sucessível do interdito ou inabilitado;
b) Não havendo contestação, o juiz pode ordenar, oficiosamente ou a requerimento do Ministério Público, as diligências
necessárias e encarregar pessoa idónea de dar parecer sobre as contas;
c) Com a contestação e a resposta são oferecidas as provas;
d) Expirado o prazo para a resposta, têm lugar as diligências que devam efectuar-se antes da audiência de julgamento e que o
juiz considere indispensáveis;
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
e) Na audiência de julgamento, observar-se-ão os termos do processo sumário, mas apenas são admitidas as provas que o juiz
considere necessárias;
f) O inabilitado é ouvido oralmente sobre as contas na audiência de discussão e julgamento, quando a haja, ou antes da
decisão, no caso da alínea b).
a) O credor deduzirá na contestação a sua pretensão, especificando a quantia ou coisa pedida, salvo se o tribunal for
incompetente, em razão da matéria ou da hierarquia, para conhecer do pedido, ou se o depositante não for o devedor;
b) O requerente pode responder dentro de dez dias, seguindo-se depois, conforme o valor do pedido, os termos do processo
ordinário ou sumário posteriores à contestação;
c) Se o requerente não responder, tem aplicação o que no processo ordinário ou sumário, respectivamente, se dispõe para o caso
de o réu não deduzir oposição:
d) Se o pedido do credor proceder, será completado o depósito, no caso de ser maior a quantia ou coisa devida;
no caso de ser diversa, fica sem efeito o depósito, condenando-se o devedor no cumprimento da obrigação.
2. Quando o tribunal do depósito seja incompetente, em razão da matéria ou da hierarquia, para conhecer do pedido ou quando
o depositante não for o devedor, o credor declarará, no prazo da contestação, que vai propor a acção ou execução no tribunal
competente, ou que vai propô-la contra o devedor, e requererá depois a apensação. A acção ou execução deve ser proposta
dentro de dez dias.
3. O credor que possua título executivo, em vez de contestar, pode requerer, dentro do prazo facultado para a contestação, a
citação do devedor, seja ou não o depositante, para em dez dias completar ou substituir a prestação, sob pena de se seguirem, no
mesmo processo, os termos da respectiva execução.
Artigo 1030.º Processo no caso de ser duvidoso o direito do credor
1. Quando sejam conhecidos, mas duvidoso o seu direito, são os diversos credores citados para contestar ou para fazer certo o
seu direito.
2. Se, dentro do prazo de vinte dias, não for deduzida qualquer oposição ou pretensão, observar-se-á o disposto no artigo 1026.º,
atribuindo-se aos credores citados direito ao depósito em partes iguais, quando o juiz não decida diversamente, nos termos do
n.º 2 desse artigo.
3. Se não houver contestação, mas um dos credores quiser tornar certo o seu direito contra os outros, deduzirá a sua pretensão
dentro do prazo em que podia contestar, oferecendo tantos duplicados quantos forem os outros credores citados. O devedor é
logo exonerado da obrigação e o processo continua a correr ùnicamente entre os credores, seguindo-se os termos do processo
ordinário ou sumário, conforme o valor. O prazo para a contestação dos credores corre do termo daquele em que a pretensão
podia ser deduzida.
4. Havendo contestação, seguir-se-ão os termos prescritos nos artigos anteriores, conforme o fundamento.
5. Com a impugnação fundada na alínea b) do artigo 1027.º pode qualquer credor cumular a pretensão a que se refere o n.º 3.
Nesse caso ficam existindo no mesmo processo duas causas paralelas e conexas, uma entre o impugnante e o devedor, outra
entre aquele e os restantes credores citados.
2. O disposto no número anterior é aplicável aos casos previstos no § 2.º do artigo 148.º do Código Comercial e ainda ao caso de
cessação da impugnação pauliana fundada na oferta do pagamento da dívida.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
a) É notificada para os contestar a parte que tiver promovido a diligência ofensiva da posse;
b) O embargado pode alegar na contestação, não só que tem o direito de propriedade sobre os bens, mas também que esse
direito pertence à pessoa contra quem a diligência foi promovida;
c) Qualquer das partes pode requerer o depoimento da pessoa contra quem tenha sido promovida a diligência que originou
os embargos.
Artigo 1043.º Embargos de terceiro com função preventiva
1. Os embargos de terceiro podem, para efeitos de manutenção da posse, ser deduzidos antes de realizada, mas depois de
ordenada, a diligência a que se refere o artigo 1037.º Quando assim seja, observar-se-á, na parte aplicável, o disposto nos
artigos anteriores.
2. A diligência não será efectuada antes do despacho de recebimento ou rejeição dos embargos, e, se estes forem recebidos,
continuará suspensa até decisão final, mas o juiz pode determinar que o embargante preste caução. O valor a caucionar é o do
direito do requerente da diligência, ou o dos bens a que os embargos respeitem, se este for inferior.
CAPÍTULO VIII Da posse ou entrega judicial [arts. 1044.º a 1051.º]
Artigo 1044.º Base da posse judicial avulsa
Aquele que tenha a seu favor um título translativo de propriedade pode requerer que lhe seja conferida posse ou entrega judicial
da coisa. Quando o acto seja susceptível de registo, juntar-se-á documento comprovativo de que o registo definitivo se acha feito
ou em condições de o ser.
Artigo 1051.º Ressalva dos direitos às acções possessórias ou aos outros meios
competentes
A decisão proferida não impede que o vencido faça valer o seu direito pelas acções possessórias ou pelos outros meios
competentes.
CAPÍTULO IX Das acções de arbitramento [arts. 1052.º a 1068.º]
Artigo 1052.º Citação dos interessados
1. Nas acções de prevenção contra o dano, expropriação por utilidade particular, cessação ou mudança de servidão, demarcação,
destrinça de foros, redução de prestações incertas, divisão de águas, divisão de coisa comum e em todas aquelas em que se
pretenda a realização de um arbitramento, os interessados são citados para contestar no prazo de dez dias, sob pena de se
proceder à nomeação de peritos.
2. Quando a compropriedade tenha origem em inventário judicial, processado no tribunal competente para a acção de divisão de
coisa comum, esta corre por apenso ao inventário.
2. Se a denegação de justiça reunir os elementos necessários para constituir crime, observar-se-á o disposto no artigo 1093.º
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
Artigo 1116.º Julgamento no caso de nenhuma outra habilitação ter sido deduzida
Se nenhuma habilitação for deduzida dentro do prazo estabelecido no n.º 2 do artigo anterior, o requerente apresentará, dentro
de oito dias, o rol de testemunhas e, feita a inquirição e recolhidas quaisquer informações que o juiz considere necessárias, será
proferida sentença.
Neste caso, julgada improcedente a justificação por falta de provas, pode o requerente produzir outras no mesmo processo ou
deduzir nova habilitação.
Artigo 1117.º Repartição de herança por uma generalidade de pessoas
1. Se em testamento forem deixados bens para serem repartidos por certa generalidade de pessoas, o executor do testamento
indicará quais são as pessoas que reputa compreendidas na instituição e requererá que sejam citados quaisquer interessados
incertos para deduzir a sua habilitação nos vinte dias posteriores ao termo do prazo dos éditos.
2. As pessoas indicadas pelo executor do testamento são citadas e qualquer delas pode, nos oito dias seguintes ao termo do
prazo estabelecido no número anterior, contestar as habilitações que forem deduzidas ou o direito das outras pessoas indicadas
pelo executor do testamento;
qualquer habilitando pode também contestar as pretensões contrárias e o executor do testamento as habilitações deduzidas.
Seguem-se depois, sem mais articulados, os termos do processo ordinário ou sumário, conforme o valor.
3. Não sendo deduzida qualquer habilitação ou contestação, julgar-se-ão habilitadas as pessoas indicadas.
Artigo 1341.º Termos a seguir quando se declarar que não há bens a relacionar
1. Se o cabeça-de-casal declarar que não há bens a relacionar, é a questão decidida em face dos documentos apresentados e
das outras provas que os interessados produzirem e forem admitidas ou das diligências oficiosamente ordenadas.
2. Não podendo a questão ser resolvida sumàriamente nos termos indicados por haver necessidade de mais larga indagação,
são os interessados remetidos para o processo comum.
3. Se o inventário prosseguir quanto a alguns bens por se reconhecer desde logo que devem ser relacionados, mas subsistirem
dúvidas quanto à falta de bens a conferir, o conferente não recebe os que lhe couberem em partilha sem prestar caução ao
valor daqueles a que não terá direito se a questão vier a ser decidida contra ele.
Artigo 1342.º Acusação da falta de bens na relação apresentada
1. Acusando-se a falta de bens na relação apresentada, é o cabeça-de-casal notificado para os relacionar ou dizer o que se lhe
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
oferecer.
A falta de resposta dentro do prazo, tendo a notificação sido feita a mandatário ou na própria pessoa do cabeça-de-casal,
equivale para todos os efeitos à confissão da existência dos bens e da obrigação de os relacionar.
2. Se o notificado, confessando a existência dos bens e a obrigação de os relacionar, não puder apresentar logo a respectiva
relação, é-lhe concedido prazo para o fazer.
3. Se negar a existência dos bens ou a obrigação de os relacionar, o juiz convidará os interessados a produzirem quaisquer
provas, mandará proceder às diligências que julgue necessárias e por fim decidirá se os bens devem ser relacionados.
É aplicável neste caso o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo anterior.
Artigo 1360.º Dívida não aprovada por todos ou não reconhecida pelo tribunal
Se a dívida que dá causa à redução não for aprovada por todos os herdeiros, donatários e legatários, ou não for reconhecida
pelo tribunal, não poderá ser tomada em conta, no processo de inventário, para esse efeito.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
4. A oposição do donatário deve ser declarada no próprio acto da conferência, se estiver presente. Não o estando, deve o
donatário ser notificado, antes das licitações, para manifestar a sua oposição.
5. A segunda avaliação pode ser requerida até ao fim do prazo do exame do processo para a forma da partilha.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
a) Quando a reposição deva ser feita em dinheiro, qualquer dos interessados pode requerer segunda avaliação da coisa
legada;
b) Quando a reposição possa ser feita em substância, o legatário tem a faculdade de requerer licitação na coisa legada.
3. É aplicável também ao legatário o disposto na alínea c) do n.º 3 do artigo 1365.º
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
a) Quando sejam as mesmas as pessoas pelas quais hajam de ser repartidos os bens;
b) Quando se trate de heranças deixadas pelos dois cônjuges;
c) Quando uma das partilhas esteja dependente da outra ou das outras. Se a dependência for total, por não haver, numa das
partilhas, outros bens a adjudicar além dos que ao inventariado hajam de ser atribuídos na outra partilha, não pode deixar de
ser admitida a cumulação. Se a dependência for parcial, por haver outros bens, é autorizada ou não a cumulação conforme
pareça conveniente ou inconveniente, tendo-se em atenção os interesses das partes e a boa ordem do processo.
2. Não obsta à cumulação a incompetência relativa do tribunal para algum dos inventários nem o facto de só num haver
herdeiros incapazes.
Artigo 1395.º Partilha adicional
1. Quando se reconheça, depois de feita a partilha judicial, que houve omissão de alguns bens, proceder-se-á no mesmo
processo a partilha adicional, com observância, na parte aplicável, do que se acha disposto nesta secção e nas anteriores.
2. No inventário a que se proceda por óbito do cônjuge supérstite serão descritos e partilhados os bens omitidos no
inventário do cônjuge predefunto, quando a omissão só venha a descobrir-se por ocasião daquele inventário.
Artigo 1396.º Regime dos recursos
1. Nos inventários de valor superior à alçada do Tribunal Judicial de Província o regime dos recursos é o do processo ordinário,
com as seguintes especialidades:
a) Quando esteja finda a descrição, sobem conjuntamente ao tribunal superior, em separado dos autos principais, os agravos
interpostos até esse momento;
b) O recurso da decisão que ponha termo a algum dos incidentes regulados nos artigos 1399.º e seguintes sobe
imediatamente e em separado, com ele subindo os agravos que estejam interpostos de despachos proferidos no inventário.
2. Nos inventários cujo valor não exceda a alçada do Tribunal Judicial de Província o regime de recursos é o do processo
sumário.
3. Os recursos interpostos em tribunal de distrito têm igualmente o regime do processo sumário, mas se o inventário tiver de
ser remetido ao Tribunal Judicial de Província para aí prosseguir, este tribunal conhece deles logo que receba o processo.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 1/2009, de 24 de Abril.
Artigo 1400.º Escusa ou exoneração dos cargos da tutela, curatela ou curadoria provisória
dos bens do ausente
1. No requerimento em que se peça a escusa ou a exoneração de algum cargo da tutela, curatela ou curadoria provisória dos
bens do ausente, deve o interessado alegar os fundamentos do pedido, oferecendo logo as provas.
2. A decisão será proferida depois de ouvidos os outros interessados, se for necessário, e de serem colhidas as informações
convenientes.
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
Artigo 1402.º Remoção de cargos da tutela, curatela ou curadoria provisória dos bens do
ausente
Requerida a remoção da pessoa investida em algum cargo da tutela, curatela ou curadoria provisória dos bens do ausente,
com a especificação dos fundamentos do pedido, o arguido será notificado para responder, sendo aplicável ao incidente o
disposto nos artigos 302.º a 304.º
NOTA: Redacção actualizada pelo Decreto-Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967.
Artigo 1460.º Preferência atribuída simultâneamente a várias pessoas, mas para ser
exercida só por uma delas
1. Se o direito de preferência competir a várias pessoas simultâneamente, mas houver de ser exercido apenas por uma, não
designada, há-de o requerente pedir que sejam todas notificadas para comparecer no dia e hora que forem fixados, a fim de se
proceder a licitação entre elas; o resultado da licitação é reduzido a auto, no qual se registará o maior lanço de cada licitante.
2. O direito de preferência é atribuído ao licitante que ofereça o lanço mais elevado. Perdê-lo-á, porém, nos casos previstos no
artigo anterior.
3. Havendo perda do direito atribuído, este devolve-se ao interessado que tiver oferecido o lanço imediatamente inferior, e
assim sucessivamente, mas o prazo de vinte dias fixado no artigo anterior fica reduzido a metade. À medida que cada um dos
licitantes for perdendo o seu direito, o requerente da notificação deve pedir que o facto seja notificado ao licitante imediato.
4. No caso de devolução do direito de preferência, os licitantes não incorrem em responsabilidade se não mantiverem o seu
Todos os direitos reservados © LexLink www.lexlink.eu
lanço e não quiserem exercer o direito.