Codigo de Processo Civil de Cabo Verde (2010)
Codigo de Processo Civil de Cabo Verde (2010)
Codigo de Processo Civil de Cabo Verde (2010)
Número 24
BOLETIM OFICIAL
SUPLEMENTO
SUMÁRIO
CONSELHO DE MINISTROS:
Decreto-Legislativo nº 7/2010:
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Vigora entre nós o Código do Processo Civil, mandado O direito de acesso aos tribunais envolveu ainda o
aplicar a Cabo Verde pela Portaria n.º 19.035, de 30 de estabelecimento de um regime processual que propende
Julho de 1962, com as sucessivas alterações nela opera- pela eliminação de obstáculos injustificados à obtenção
das, até à presente data. de uma decisão de mérito.
Com a mesma preocupação de se privilegiar a pro-
A vetustez desse Código, a par da dispersão das suas
lação de decisões de mérito sobre as que se debruçam
inúmeras alterações, a mais das vezes não acessíveis aos
simplesmente sobre questões de forma, consagrou-se
utentes da justiça por inexistência de uma compilação
a regra segundo a qual a falta de pressupostos proces-
credível, tornam inseguro o conhecimento da globalida-
suais deve, tendencialmente, ser passível de sanação.
de dos mecanismos normativos que estão destinados à
Vem estabelecido mais, como um dos princípios gerais
composição dos interesses em disputa, o que constitui,
do processo, o da adequação, facultando-se ao juiz, sem-
razão suficiente para que se proceda a uma (re)codificação
pre que a tramitação processual prevista na lei não se
das formas e trâmites legais que servem de instrumento
adapte com perfeição às concretas exigências da acção
para a confirmação e efectivação dos direitos e interesses
proposta, a possibilidade de conformar o processado à
tutelados por lei.
especificidade da causa, através da prática dos actos que
A isso acresce que a proclamação da Independência melhor propiciem o apuramento da verdade e o acerto
Nacional, donde resultou, naturalmente, a atribuição da decisão, prescindindo-se dos que se revelem inidóneos
aos órgãos pátrios de soberania da exclusiva legitimidade para o fim do processo.
para regular os sistemas de resolução dos conflitos de Atribuiu-se o devido realce ao princípio do contraditório,
interesses, complementada com a subsequente assumpção envolvendo, no seu corolário, a proibição de decisões sur-
constitucional do direito de acesso à Justiça, vertida no presa, com o estabelecimento da regra segundo a qual
artigo 22º da Lei Fundamental de 1992, reforçam e são de nenhuma pretensão pode ser apreciada sem que à outra
resto a razão primacial a imporem uma ingente reforma parte seja facultada oportunidade de deduzir oposição.
processual civil.
Do mesmo passo reafirmou-se a necessidade da insta-
É neste contexto que o Programa do Governo para o lação da controvérsia perante um juiz, com a inequívoca
mandato 2006/2011 elegeu como uma das prioridades da assumpção do clássico princípio do dispositivo, assente
sua agenda legislativa a alteração das regras processuais na ideia de que o tribunal não pode resolver o conflito
civis ora vigentes, tornando-as “mais leves, desburocra- de interesses que a acção pressupõe realizar, sem que a
tizadas e de acessibilidade imediata”. resolução lhe seja pedida por uma das partes.
Tendo sido conferida ao Governo, através da Lei n.º Enfatizaram-se, como fundamentos, estruturantes, do
55/VII/2010, de 8 de Março, a necessária autorização processo civil nas suas diferentes fases, os princípios da
legislativa para intervir na matéria, o presente Decreto- igualdade de armas e da cooperação, esta numa vertente
Legislativo vem concretizar essa pretensão. tripartida, abarcando as duas partes e o tribunal.
Com a aprovação deste Código do Processo Civil pre- Na densificação do princípio de igualdade, o Ministério
tende-se a edificação de um regime de administração da Público, enquanto na veste constitucional de represen-
justiça cível, através de um mecanismo instrumental que tante do Estado, passou a estar reservado, no processo
busca a perseguição da verdade material, aposta numa das partes civis, a um papel absolutamente idêntico ao
leal e sã cooperação de todos os operadores judiciários e que é atribuído a qualquer outro sujeito de direito com
põe à disposição dos cidadãos e das empresas uma ferra- intervenção na acção.
menta que se espera adequada a se alcançar, de maneira
Na decorrência desta linha de orientação:
rápida e segura, a resolução dos conflitos que a dinâmica
do comércio jurídico inevitavelmente engendra. - Facultou-se a qualquer dos outros sujeitos
processuais a possibilidade de requerer e obter
Na consecução desse propósito deu-se a devida den- prorrogação do prazo para contestar, em termos
sificação normativa à garantia fundamental do direito paralelos e por período idêntico ao que se venha
de acção judicial, com o enunciado inequívoco de que a a possibilitar ao Ministério Público, enquanto
todos é assegurado, através dos tribunais, o direito a uma parte em representação do Estado.
protecção jurídica eficaz e temporalmente adequada.
- Procedeu-se à consagração de um igual regime
Tal garantia constitucional implicou, por outro lado, da operância da revelia e do seu consequente
a reconfirmação do direito de defesa, sem limitações ou efeito cominatório semi-pleno quando o réu,
entraves advenientes da condição social ou económica dos sendo uma pessoa colectiva deixe de contestar
utentes da justiça e o direito a obter, em prazo razoável, a acção, não importando que seja aquela de
uma decisão judicial que aprecie com força de caso julgado natureza privada ou pública.
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Reconfirmou-se o regime de dispensa da autenticação Preconizou-se uma acção cautelar geral para a tute-
notarial para a passagem de procuração a advogado e la provisória de quaisquer situações que demandem o
reformulou-se o regime da renúncia do mandato judicial, decretamento das providências conservatórias ou an-
procurando-se alcançar solução entre a eventual inexigi- tecipatórias adequadas a remover o periculum in mora
bilidade ao mandatário de prosseguir com o patrocínio do concretamente verificado e a assegurar a efectividade
seu cliente e o interesse do autor em não ver o possível do direito ameaçado; que tanto pode ser um direito já
conflito entre o réu e o seu advogado repercutir-se nega- efectivamente existente, como uma situação jurídica
tivamente na celeridade do andamento da causa. emergente de sentença constitutiva, porventura ainda
não proferida.
Deu-se consagração oficial à prática forense da uti-
lização indiferenciada de qualquer das duas línguas Compatibilizou-se a exigência na adopção da provi-
oficiais do País, a saber: a língua materna cabo-verdiana dência cautelar com a do correspondente procedimento
e a língua portuguesa em todos os actos processuais de perante a justiça, designadamente pelo estabelecimento
natureza oral. de prazos máximos para a sua decisão, tanto na primeira
instância, como no Tribunal de recurso.
Temperou-se o tradicional princípio da contagem con-
tínua dos prazos, pelo regime do seu curso mesmo nas Procedeu-se à reformulação das actuais providências
férias judiciais, mitigando-o com a sua suspensão aos não especificadas, designadamente com a eliminação da
sábados, domingos e dias feriados. proibição do arresto contra comerciantes; derrogação de
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Consagrou-se a obrigação de todos os depoimentos, quer No que concerne à prolação da sentença, manteve-se o
os prestados antecipadamente ou por carta, quer em audi- regime vigente da confinação da condenação aos termos
ência, serem registados por gravação áudio ou vídeo. do pedido, com as excepções relativas ao conhecimento
da situação realmente verificada nos pedidos de preven-
Salvaguardaram-se porém as situações em que se revelar ção, restituição ou de manutenção da posse, devido à
impossível a gravação, por não dispor o tribunal dos consagração da eliminação de uma acção especial com
meios necessários para o efeito e nenhuma das partes os esse propósito e nas acções, também especiais, de divór-
forneça, caso em que os depoimentos devem ser ditados cio no concernente à utilização da residência que à data
em acta pelo juiz. constitui casa de morada de família, havendo menores
ou incapazes dependentes do casal e de regulação do
Reconfirmou-se a possibilidade da tomada à distância
exercício do poder paternal dos filhos menores.
de quaisquer depoimentos em tempo real, com a utiliza-
ção de vídeo-conferência, nos termos regulados na Lei nº Procedeu-se a um sensível alargamento do poder juris-
54/VI/2005, de 10 de Janeiro. dicional do juiz da causa, permitindo-se-lhe, para além
das tradicionais situações relativas a obscuridades ou
Atribui-se ao tribunal um poder-dever de determinar, ambiguidades eventualmente contidas na sentença, a
oficiosamente, ou por sugestão das partes, a obtenção de possibilidade também da reforma desta, quando constem
documentos necessários à descoberta da verdade que se do processo documentos que só por si impliquem neces-
encontre em poder de terceiros. sariamente decisão diversa da que tiver sido proferida
Reformularam-se os preceitos respeitantes à prova pe- e que o juiz só por lapso manifesto não haja tomado em
ricial, pela adopção do regime regra de nomeação de um consideração.
único perito, salvo alguma complexidade da diligência, Na mesma linha, atribui-se à instância recorrida da
cabendo neste caso a escolha de um perito por cada parte faculdade de proceder à reparação das nulidades da sen-
e de um terceiro pelo tribunal. tença em recurso dela interposto, aplicando-se neste caso
o regime estabelecido na tramitação dos agravos.
Simplificou-se, na circunstância, o regime de impedi-
mentos, escusa e recusa. Quanto aos recursos procedeu-se ao encurtamento
dos seus trâmites e à introdução pela primeira vez no
Aperfeiçoou-se o regime de recolha da prova testemu- ordenamento jurídico nacional da espécie do recurso or-
nhal no que toca à capacidade, impedimentos e admissi- dinário de revista, naturalmente, a ser utilizado quando
bilidade de recusa legítima a depor, designadamente com estejam em funcionamento mais de dois graus de juris-
a eliminação da total inabilidade para depor por motivos dição comum com competência para a apreciação de uma
de ordem moral. mesma causa.
No que respeita à audiência final, destinada à discus- E no que concerne ao recurso para a 2ª instância,
são e ao julgamento da causa, optou-se, quanto ao modo manteve-se a dualidade do regime de impugnação, com
de composição do tribunal pelo sistema do julgamento, a preservação das duas modalidades de recurso ordinário
em primeira instância, com juiz singular, sem prejuízo - de apelação e de agravo - tendo sofrido, ambas, subs-
de cláusula reserva de julgamento em colectivo de juízes, tancias remodelações com a finalidade da simplificação
quando lei própria assim o estabelecer. dos respectivos trâmites.
Em coerência com a adopção do regime do alargamento Designadamente:
dos poderes do juiz e da preocupação com a prevalência na
obtenção de uma decisão de mérito prescreveu-se a pos- - Impondo-se um especial ónus a cargo do recorrente
sibilidade de o julgador proceder à ampliação da matéria de, nas suas conclusões, tomar posição clara
de facto a ser apreciada, em se tratando de factos instru- sobre as questões jurídicas que são objecto do
mentais ou mesmo de factos essenciais, não constantes recurso, sob pena da sua deserção;
do resultado do debate instrutório, mas que resultem da
- Possibilitando-se que a apelação interposta
discussão da causa no decurso da audiência final.
do julgamento antecipado que decide
Inovou-se mais nesta fase no sentido de dever o Juiz parcialmente do mérito da causa deixe
proferir o veredicto sobre a matéria de facto submetida de suspender o andamento desta, além
à sua apreciação na própria audiência de discussão e de que o prazo para contra-alegar começa
julgamento, ao invés de o relegar para a sentença, como expressamente com a notificação de que foi
até agora sucedia. apresentada a alegação do apelante;
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Procedeu-se à eliminação do recurso extraordinário de Alargou-se o elenco dos títulos executivos, em especial,
unificação de jurisprudência, por consabidas razões de conferindo-se força executiva aos documentos particula-
ordem constitucional e à remodelação das duas outras res, assinados pelo devedor, que importem constituição
espécies de recurso extraordinário até agora existentes, ou reconhecimento de obrigações pecuniárias, cujos
com a manutenção apenas do recurso de revisão, passan- montantes sejam determináveis em face do título, da
do esta a integrar, na sua tramitação, o actual recurso obrigação de entrega de quaisquer coisas móveis ou de
de oposição de terceiros que foi expurgado da condição prestação de facto determinado e ficaram previstas, como
de espécie recursal autónoma. circunstâncias novas em que os documentos autênticos
ou autenticados possam servir de títulos executivos, as
Não obstante, deu-se particular atenção ao reconheci- de neles se convencionarem obrigações futuras.
mento normativo da jurisprudência como fonte criadora
do direito, sem afastamento do princípio constitucional que Acautelando-se de uma eventual perversão da bondade
exclui do judiciário o poder normativo para a elaboração de de uma tal permissibilidade de dispensa da prévia pro-
regras gerais de imposição cogente à comunidade. ferição judicial da existência do crédito consubstanciado
em quirógrafo, atribui-se, entretanto, eficácia suspensiva
Por isso que, na busca de um critério minimamen- à acção executiva quando, fundando-se a execução em
te uniformizador, capaz de transmitir segurança aos escrito particular com assinatura não reconhecida, o
utentes da justiça, repristinou-se do direito processual embargante alegue a não autenticidade da assinatura.
anterior à Independência Nacional, a norma que permite
ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, por sua Prescreveu-se a possibilidade de cumulação de execu-
iniciativa, promoção dos demais juízes ou a requerimento ções ou de coligação de partes quando forem os mesmos,
de parte, a convolação da conferencia, numa reunião em o grupo credor ou o grupo devedor, com a determinação
pleno dos juízes que compõem o Supremo, por ocasião do que só deve constituir impedimento à cumulação a prete-
julgamento dos recursos de revista. Isso, sempre que no rição das regras de competência absoluta, não obstando
domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão à cumulação objectiva ou subjectiva a derrogação das
de direito se apresente como possível a proferição de regras de competência relativa.
acórdão que esteja em contradição com outra, anterior, Reviu-se o regime da legitimidade passiva, em particu-
proferida pelo mesmo Tribunal. lar, quando o objecto da acção executiva seja uma dívida
provida de garantia real.
No concernente ao processo executivo, mantiveram-se
intactas, nas suas linhas gerais, a estrutura e a trami- Abreviou-se e simplificou-se a fase inicial da execução,
tação da acção executiva, tal como vem concebida na designadamente através do seguinte:
legislação vigente.
- Desnecessidade de citação inicial do executado,
Houve, por isso, uma expressa opção por um regime de com imediata realização da penhora e
acção executiva, tendencialmente singular, movida por um concentração, em momento ulterior a esta,
determinado credor contra o seu devedor e a consequente da reacção à admissibilidade, quer da própria
limitação dos casos em que será admissível a intervenção execução quer da penhora efectuada, quando
incidental de outros credores visando, na mesma acção a em presença de acção executiva fundada
excussão de todo o património do devedor. em sentença, salvo se a decisão judicial
condenatória carecer de ser liquidada;
Nessa medida, atenua-se a satisfação dos interesses
dos credores mesmo que possuidores de garantias espe- - Dispensa da citação prévia do executado, quando
ciais sobre o património do devedor, apenas se permitindo na execução fundada em título não judicial,
que sejam chamados a reclamar a partilha dos bens que o exequente requeira e comprove o receio de
hajam sido penhorados na execução apenas àqueles que extravio de bens ou o desconhecimento do
gozem de uma garantia real. paradeiro deles;
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Reformulou-se a fase da venda, no respeitante, desig- apreciação dos actos registais e notariais que
nadamente, aos seguintes aspectos: a lei autorize que sejam processados por meio
informático;
- Ampliação e flexibilização das situações em que é
possível proceder às diversas modalidades de - À clarificação do regime do processo especial
venda extrajudicial; de revisão de sentenças estrangeiras,
designadamente, atribuindo-se relevo especial
- Expressa admissibilidade do estabelecimento de
ao requisito da competência internacional
um acordo entre executado e exequente para o
pagamento a prestações da dívida exequenda do tribunal sentenciador, à necessidade de
e concomitante suspensão da instância, observância dos princípios do contraditório e
salvaguardados os direitos de terceiros, cujos da igualdade das partes e ao aperfeiçoamento
créditos hajam sido verificados e graduados da regra do afastamento da decisão de
na execução em curso; carácter ofensivo para com a ordem pública
internacional do Estado cabo-verdiano.
- Consagração, como forma de venda judicial, a
venda mediante propostas em carta fechada; A manutenção em vigor provisoriamente, das disposi-
ções do actual Código do Processo Civil de 1968 (artigos
- Eliminação da figura da venda por hasta pública;
1135º a 1325º), que regulam o processo de liquidação de
- Estabelecimento da possibilidade de o tribunal patrimónios em benefício dos credores (processo falimen-
determinar, quer a modalidade de venda quer tar), enquanto se não opera por via legislativa própria à
a avaliação do valor venal do bem objecto da regulação das vias de recuperação das empresas comer-
venda; ciais em situação de debilidade financeira. Por razões de
legística formal, tal regime transitório foi enunciado no
- Consagração da figura de um mediador oficial, diploma preambular de aprovação do novo Código;
em especial, para a modalidade da venda por
negociação particular. - À eliminação da obrigatoriedade de instauração
No que concerne aos processos especiais, actualmente de inventário orfanológico pelo Ministério
existentes, foram eliminadas algumas - designadamente Público em representação dos menores e
as acções possessórias, de arbitramento (à excepção da aligeiramento dos demais trâmites;
divisão de coisa comum e reparação de avaria marítimas)
e de venda do penhor - no pressuposto de que as contro- - À incorporação no Código do Processo Civil do
vérsias que tais acções têm por objecto serem susceptíveis leque de acções relacionadas com as reformas
de adequada solução pela via de acção declarativa comum processuais já operadas entre nós no âmbito
ou através da sua integração numa das fases desta. das relações da família; mais concretamente
nas relações conjugais, decorrentes da
Mantiveram-se, contudo, ainda que de modo implícito, suspensão da relação matrimonial, pela
as espécies processuais cujo regime conste de legislação separação dos cônjuges ou da dissolução do
avulsa. casamento, pelo divórcio e nas vicissitudes
Nos que se mantiveram vigentes e vinham plasmados decorrentes das relações de convivência
no Código agora revisto procedeu-se, entretanto: em união de facto, em particular pelo seu
rompimento;
- À alteração do processo especial de interdição
e inabilitação, atribuindo-se-lhe um âmbito - À consagração da faculdade de realização de
mais alargado para todas as situações de divórcio amigável perante notário, circunscrito
diminuição da capacidade jurídica das pessoas embora às situações em que não haja filhos
singulares, com a designação de acção sobre o menores ou equiparados na dependência do
estado psíquico, somático e comportamental casal.
dos indivíduos, e consequente reformulação
substancial da sua tramitação e à consagração Assim, ao abrigo da autorização legislativa concedida
do regime penal do segredo de justiça para pela Lei nº 55/VII/2010, de 8 de Março;
esta forma do processo e imputação de
responsabilidade civil e disciplinar em caso No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2 do
da sua violação; artigo 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
- À reformulação dos trâmites do processo de
Artigo 1.º
prestação de contas, designadamente através da
consagração, expressa, de poderes de indagação
Aprovação do Código do Processo Civil de Cabo Verde
oficiosa do tribunal e consequente reforço dos
poderes de direcção por parte do juiz;
É aprovado o Código do Processo Civil de Cabo Verde,
- À consagração de uma subespécie de processo anexo ao presente Decreto-Legislativo, que dele faz parte
especial de reforma dos títulos, destinada à integrante e baixa assinado pela Ministra da Justiça.
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Artigo 2.º Artigo 3.º
Os processos pendentes nos tribunais à data da entra- 1. As remissões das leis em vigor às formas do processo
da em vigor do novo Código do Processo Civil mantêm a declarativo comum, sumário ou sumaríssimo, conside-
tramitação constante da lei processual vigente, com as ram-se feitas ao processo comum declarativo, na vertente
seguintes ressalvas: estabelecida no nº2 do artigo 425º do novo Código.
a) As acções declarativas sob a forma ordinária que 2. As remissões das leis em vigor às formas do processo
se encontrem ainda na fase dos articulados executivo sumário ou sumaríssimo, consideram-se feitas
seguem, finda esta fase, a tramitação ao processo comum executivo, na forma única, estabele-
estabelecida no novo Código do Processo cida no novo Código.
Civil;
3. As remissões das leis em vigor às formas de pro-
b) As acções declarativas sob a forma sumária que cessos especiais, agora extintas, consideram-se feitas à
ainda se encontrem na fase dos articulados forma do processo comum declarativo, estabelecida no
seguem, finda esta, a variante abreviada do novo Código.
processo declarativo ordinário estabelecido Artigo 4.º
no novo Código do Processo Civil;
Vigência provisória dos artigos 1135º a 1325º do actual CPC
c) Às deduções dos incidentes e dos procedimentos
cautelares que venham a ser introduzidas Enquanto não for aprovado, por via legislativa própria,
na pendência das causas referidas no corpo o novo regime processual falimentar e de recuperação das
do presente artigo é aplicável a tramitação empresas comerciais, mantém-se vigentes as disposições
estabelecida no novo Código do Processo que regulam o processo especial de liquidação de patri-
Civil; mónio em benefício dos credores, contidas nos artigos
1135º a 1325º, inclusive, do actual Código do Processo
d) Nas acções declarativas destinadas à defesa Civil, aprovado pelo Decreto-Lei nº 47.690, de 11 de Maio
da posse, se o réu apenas tiver invocado de 1967, entrado em vigor em Cabo Verde através da
a titularidade do direito de propriedade Portaria nº 23090, de 26 de Dezembro de 1967.
sem impugnar a posse do autor, e não
Artigo 5.º
puder apreciar-se logo a questão, findos
os articulados, o juiz ordena a imediata Incumprimento de obrigações tributárias
manutenção ou restituição da posse, sem
prejuízo do que venha a decidir-se a final Nas acções, incidentes ou procedimentos cautelares, a
quanto à questão da titularidade do direito; falta de demonstração pelo interessado do cumprimento
obrigações de natureza tributárias que lhe incumbam e a
e) As acções executivas, a que ainda não haja sido falta do cumprimento de qualquer obrigação fiscal desti-
realizada a penhora, que não tenham entrado nada à valoração de qualquer prova, deve ser comunicada
na fase do concurso e graduação de créditos ou pela secretaria, sem precedência de despacho, à adminis-
à fase do pagamento, seguem, conforme couber, tração fiscal localizada na mesma área territorial.
as correspondentes tramitações estabelecidas
Artigo 6.º
no novo Código do Processo Civil;
Julgamento da apelação e do agravo em pleno de juízes do
f) Os procedimentos de natureza declarativa Supremo Tribunal de Justiça
enxertados nas execuções pendentes a que
devam ser introduzidos na sequência dos Enquanto o Supremo Tribunal de Justiça funcionar
prazos iniciados após a vigência do novo Código como 2ª e última instância de recurso, nos julgamentos da
do Processo Civil seguem as disposições deste apelação e de agravo, são aplicáveis, complementarmente
diploma; ao que vem estabelecido nos artigos 622º e 660º do novo
Código do Processo Civil e com as devidas adaptações, as
g) As reclamações e os recursos dos despachos e disposições do artigo 640ºdo mesmo Código.
das sentenças proferidos na 1ª instância na
Artigo 7.º
pendência dos processos referidos no corpo
do presente artigo seguem as disposições da Alteração ao artigo 1652º do Código Civil
legislação vigente à data da sua prolação e as
posteriores à entrada em vigor do novo Código O artigo 1652º do Código Civil passa a ter a seguinte
seguem as disposições deste último; redacção:
“Artigo 1652º
h) As acções executivas sob a forma do processo
sumário ou sob a forma do processo Bens que respondem pelas dívidas da exclusiva responsabi-
lidade de um dos cônjuges
sumaríssimo e, bem assim as acções especiais
extintas com a entrada em vigor do novo Código Pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um
do Processo Civil seguem as disposições deste dos cônjuges respondem os bens próprios do cônjuge e,
Código para a forma única do Processo Civil. subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns.
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Artigo 8.º Artigo 3º
Sempre que o julgamento por tribunal arbitral for 1. O tribunal não pode resolver o conflito de interesses
prescrito por lei especial aplica-se o que nesta estiver que a acção pressupõe sem que a resolução lhe seja pedida
determinado. Na sua falta ou em tudo o que nela não por uma das partes e a outra seja devidamente chamada
estiver regulado observam-se as disposições da Lei nº para deduzir oposição.
76/VI/2005, de 16 de Agosto.
2. Só nos casos excepcionais previstos na lei se podem
Artigo 9.º
tomar providências contra determinada pessoa sem que
Entrada em vigor esta seja previamente ouvida.
O presente Decreto-Legislativo, com o Código do 3. O juiz deve observar e fazer observar ao longo de
Processo Civil a ele anexo, entra em vigor no dia 1 de todo o processo o princípio do contraditório, não lhe sendo
Janeiro de 2011. lícito, salvo no caso de manifesta necessidade, decidir
questões de direito ou de facto, mesmo que de conheci-
Visto e aprovado em Conselho de Ministros. mento oficioso, sem que as partes tenham a possibilidade
José Maria Pereira Neves - Marisa Helena de Nasci- de sobre elas se pronunciarem.
mento Morais Artigo 4º
Correspondência entre o direito e a acção 1. Às partes cabe alegar os factos que integram a causa
de pedir e aqueles em que se baseiam as excepções.
A todo o direito ou interesse legalmente protegido,
excepto quando a lei determine o contrário, corresponde 2. O Juiz só pode fundar a decisão nos factos alegados
uma acção adequada, destinada a fazê-los reconhecer pelas partes, sem prejuízo do disposto nos números 2 e
em juízo e a realizá-lo coercivamente, em prazo razoável, 3 do artigo 472º e no nº 4 do artigo 8º e da consideração,
bem como as providências necessárias para acautelar o mesmo oficiosa, dos factos instrumentais que resultem
efeito útil da acção. da instrução e discussão da causa.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 11
Artigo 7º CAPÍTULO II
Poder de direcção do processo e de adequação formal Partes
1. Incumbe ao juiz promover o andamento do processo, Secção I
ordenando as diligências que se revelarem necessárias
Personalidade e capacidade judiciária
para o efeito, removendo os obstáculos que se oponham
ao andamento regular da causa, ou recusando o que for Artigo 9º
impertinente ou meramente dilatório. Conceito, medida e extensão da personalidade judiciária
2. O juiz não está sujeito às alegações das partes no 1. A personalidade judiciária consiste na susceptibili-
tocante à indagação, interpretação e aplicação das regras dade de ser parte.
de direito, cabendo-lhe realizar ou ordenar oficiosamente
as diligências que considere necessárias ao apuramento 2. Quem tiver personalidade jurídica têm igualmente
da verdade e à justa composição do litígio, quanto aos personalidade judiciária.
factos de que lhe é lícito conhecer e recusar tudo o que
3. A herança cujo titular ainda não esteja determinado
for impertinente ou meramente dilatório.
e os patrimónios autónomos semelhantes têm persona-
3. O juiz providencia, mesmo oficiosamente, pelo supri- lidade judiciária.
mento da falta de pressupostos processuais susceptíveis
4 Tem igualmente personalidade judiciária o con-
de sanação, determinando a realização dos actos neces-
domínio, na propriedade horizontal, relativamente às
sários à regularização da instância ou, quando estiver
acções que se inserem no âmbito dos poderes do admi-
em causa alguma modificação subjectiva da instância,
nistrador.
convidando as partes a praticá-la.
Artigo 10º
4. São ainda considerados na decisão os factos essen-
Personalidade judiciária das sucursais
ciais à procedência das pretensões formuladas ou das
excepções deduzidas que sejam complemento ou concre- 1. As sucursais, agências, filiais, delegações ou repre-
tização de outros que as partes hajam oportunamente sentações podem demandar ou ser demandadas quando
alegado e resultem da instrução e discussão da causa, a acção proceda de facto por elas praticado.
desde que a parte interessada manifeste vontade de delas
se aproveitar e à parte contrária tenha sido facultado o 2. Se a administração principal tiver a sede ou o domi-
exercício do contraditório. cílio em país estrangeiro, as sucursais, agências, filiais,
delegações ou representações estabelecidas em Cabo
5. Quando a tramitação processual prevista na lei não Verde podem demandar e ser demandadas, ainda que
se adequar às especificidades da causa deve o juiz, ofi- a acção derive de facto praticado por aquela, quando a
ciosamente, ouvidas as partes, determinar as diligências obrigação tenha sido contraída por cabo-verdiano ou com
que melhor se ajustam ao fim do processo, bem como as um estrangeiro domiciliado em Cabo Verde.
necessárias adaptações.
3. A falta de personalidade das sucursais, agências
Artigo 8º
filiais, delegações ou representações pode ser sanada
Princípio da cooperação e da boa fé processual mediante a intervenção da administração principal e a
ratificação ou repetição do processado.
1. Na condução e intervenção no processo devem os
magistrados, as partes e os mandatários judiciais coope- Artigo 11º
rar entre si, concorrendo para se obter, com celeridade e Conceito e medida da capacidade judiciária
eficácia a justa composição do litígio.
1. A capacidade judiciária consiste na susceptibilidade
2. O juiz pode, em qualquer altura do processo ouvir de estar, por si, em juízo.
pessoalmente as partes, e também os seus mandatários,
convidando-os a fornecer os esclarecimentos sobre a ma- 2. A capacidade judiciária tem por base e por medida
téria de facto ou de direito que se afigurem pertinentes, a capacidade do exercício de direitos.
dando-se conhecimento à outra parte do resultado da Artigo 12º
diligência e aplicando-se, com as devidas adaptações, as
Incapazes
cominações legais previstas neste Código pela recusa de
colaboração para a descoberta da verdade, solicitada pelo 1. Os incapazes só podem estar em juízo por intermédio
tribunal a outras pessoas. dos seus representantes, ou autorizados pelo seu curador,
3. As partes devem agir de boa-fé e usar de uma con- excepto quanto aos actos que possam exercer pessoal e
duta processual correcta, de modo a ser alcançada a justa livremente.
composição do litígio. 2. Os menores cujo poder paternal seja da competência
de ambos os pais são por estes representados em juízo,
4. Havendo indícios de que as partes, ou alguma de-
sendo necessário o acordo de ambos para a propositura
las, pretendem usar o processo para praticar um acto
de acções.
simulado ou para conseguir um fim proibido por lei,
incumbe ao juiz promover as diligências necessárias 3. Quando seja réu um menor sujeito ao poder paternal
para o impedir. dos pais, devem ambos ser citados para a acção.
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12 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 13º a posição de réus, sob pena de se verificar a nulidade
Nomeação de representante
correspondente à falta de citação, ainda que tenha sido
citado o curador.
1. Se o incapaz não tiver representante geral, deve re-
querer-se a nomeação dele ao tribunal competente, sem 2. A intervenção do inabilitado fica subordinada à orien-
prejuízo da imediata nomeação de um curador provisório tação do curador, que prevalece em caso de divergência.
pelo juiz da causa. Artigo 16º
2. Tanto no decurso do processo, como para execução da Representação das pessoas impossibilitadas de receber a
sentença, pode o curador provisório praticar os mesmos citação
actos que competiriam ao representante geral, cessando
as suas funções logo que o representante nomeado venha 1. As pessoas que, por anomalia psíquica ou outro mo-
ocupar a posição dele no processo. tivo grave, estejam impossibilitadas de receber a citação
para a causa são representadas nela por um curador
3. Quando o incapaz deva ser representado por curador especial.
especial, a nomeação dele incumbe igualmente ao juiz
da causa, aplicando-se o disposto na primeira parte do 2. A representação do curador cessa quando for julga-
número anterior. da desnecessária, ou quando se juntar documento que
mostre ter sido declarada a interdição ou a inabilitação
4. A nomeação incidental de curador deve ser reque- e nomeado representante ao incapaz.
rida pelo Ministério Público, podendo ser requerida
por qualquer parente sucessível, quando o incapaz seja 3. A desnecessidade da curadoria, quer seja originária,
autor, devendo sê-lo pelo autor, quando o incapaz figure quer superveniente, é apreciada sumariamente, a reque-
como réu. rimento do representado, que pode produzir quaisquer
provas.
5. O Ministério Público é ouvido sempre que não seja
o requerente da nomeação. 4. O representante nomeado na acção de interdição ou
Artigo 14º de inabilitação é citado para ocupar no processo o lugar
do curador.
Desacordo na representação do menor
Artigo 17º
1. Quando o menor seja representado por ambos os
pais, se houver desacordo destes acerca da conveniência Representação do ausente e do incapaz pelo Ministério
Público
de intentar a acção, pode qualquer deles requerer a re-
solução do conflito. 1. Incumbe ao Ministério Público, em representação de
2. Se o desacordo apenas surgir no decurso do processo, incapazes e ausentes, intentar em juízo quaisquer acções
acerca da orientação deste, pode qualquer dos pais, no que se mostrem necessárias à tutela dos seus direitos e
prazo de realização do primeiro acto processual afectado interesses.
pelo desacordo, requerer ao juiz da causa que providencie 2. Quando o ausente ou o incapaz, ou os seus repre-
sobre a forma de o incapaz ser nela representado, sus- sentantes, não deduzirem oposição, ou se o ausente não
pendendo-se entretanto a instância. comparecer a tempo de a deduzir, incumbe ao Ministério
3. Ouvido o outro progenitor, quando só um deles tenha Publico a defesa deles, para o que é citado, correndo no-
requerido, bem como o Ministério Público, o juiz decide vamente o prazo para a contestação.
de acordo com o interesse do menor, podendo atribuir a
3. Quando o Ministério Público represente o autor, é
representação a só um dos pais, designar curador espe-
nomeado um defensor oficioso.
cial ou conferir a representação só ao Ministério Públi-
co, cabendo recurso da decisão, com efeito meramente 4. Cessa a representação do Ministério Publico ou do
devolutivo. defensor oficioso, logo que o ausente ou o seu procura-
4. A contagem do prazo suspenso reinicia-se com a dor compareça, ou logo que seja constituído mandatário
notificação da decisão ao representante designado. judicial do ausente ou do incapaz.
Artigo 18º
5. Se houver necessidade de fazer intervir um menor
em causa pendente, não havendo acordo dos pais para Representação dos incertos
o efeito, pode qualquer deles requerer a suspensão da
instância até a resolução do desacordo pelo tribunal 1. Quando a acção seja proposta contra incertos, são
competente. estes representados pelo Ministério Público; se o Minis-
tério Público representar o autor, é nomeado defensor
Artigo 15º
oficioso.
Capacidade judiciária dos inabilitados
2. A representação do Ministério Público só cessa quan-
1. Seja qual for a forma de suprimento da sua incapa- do os citados como incertos se apresentem para intervir
cidade, os inabilitados podem intervir em todas as acções como réus e a sua legitimidade se encontre devidamente
em que forem parte, e devem ser citados quando tiverem reconhecida.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 13
Artigo 19º Artigo 23º
1. O Estado é representado pelo Ministério Público, sem O juiz deve, oficiosamente ou a requerimento da parte,
prejuízo dos casos em que a lei especialmente permita fixar o prazo dentro do qual hão-de ser sanados os vícios
o patrocínio por mandatário judicial próprio, cessando a de que trata o artigo anterior; não o fazendo, o suprimento
intervenção principal do Ministério Público logo que este ou a correcção pode ter lugar a todo o tempo.
esteja constituído.
Artigo 24º
2. Se a causa tiver por objecto bens ou direitos do Es-
Falta de autorização, de deliberação ou de consentimento
tado, mas que estejam na administração ou fruição de
entidades autónomas, podem estas constituir advogado 1. Se a parte estiver devidamente representada, mas
que intervenha no processo juntamente com o Ministério faltar alguma autorização ou deliberação exigida por lei,
Público, para o que são citadas quando o Estado seja designa-se prazo dentro do qual o representante deve
réu; havendo divergência entre o Ministério Público e o obter a respectiva autorização ou deliberação, suspen-
advogado, prevalece a orientação daquele. dendo-se entretanto os termos da causa.
Artigo 20º
2. Não sendo a falta sanada dentro do prazo, o réu é ab-
Representação das outras pessoas colectivas
e das sociedades
solvido da instância, quando a autorização ou deliberação
devesse ser obtida pelo representante do autor. Se era
1. As demais pessoas colectivas e as sociedades são ao representante do réu que incumbia prover, o processo
representadas por quem a lei designar. segue como se o réu não deduzisse oposição.
2. Havendo conflito de interesses entre a pessoa colec- Secção II
tiva ou a sociedade e o seu representante, pode demandar
Legitimidade das partes
ou ser demandado em nome da pessoa colectiva ou da
sociedade o substituto por ela designada; não havendo Artigo 25º
representante ou substituto, o juiz da causa nomeia, de
Conceito de legitimidade
entre os membros da pessoa colectiva ou sociedade que
seja ré, um representante especial cujas funções cessam 1. O autor é parte legítima quando tem interesse di-
logo que a representação seja assumida por quem a pes- recto em demandar; o réu é parte legítima quando tem
soa colectiva ou a sociedade designar. interesse directo em contradizer.
3. Dá-se publicidade à nomeação pela afixação de um 2. Na falta de indicação da lei em contrário, são consi-
aviso na porta do tribunal e na porta da sede da adminis- derados titulares do interesse relevante para o efeito da
tração da pessoa colectiva ou da sociedade, quando seja legitimidade os sujeitos da relação material controverti-
conhecida, e pela inserção de anúncio em dois números da, tal como configurada pelo autor.
de um dos jornais mais lidos na localidade a que a sede
pertencer. Artigo 26º
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14 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
por um só ou contra um só dos interessados, devendo tamente vários réus, por pedidos diferentes, quando a
o tribunal, nesse caso, conhecer apenas da respectiva causa de pedir seja a mesma e única ou quando os pedi-
quota-parte do interesse ou da responsabilidade, ainda dos estejam entre si numa relação de dependência ou de
que o pedido abranja a totalidade. prejudicialidade.
2. Se a lei ou o negócio permitir que o direito seja exer- 2. É igualmente lícita a coligação quando, sendo em-
cido por um só ou que a obrigação comum seja exigida de bora diferente a causa de pedir, a procedência dos pe-
um só dos interessados, basta que um deles intervenha didos principais dependa essencialmente da apreciação
para assegurar a legitimidade. dos mesmos factos ou da interpretação e aplicação das
Artigo 28º mesmas regras de direito ou de cláusulas de contratos
perfeitamente análogas.
Litisconsórcio necessário
3. É possível demandar simultaneamente vários réus
1. Se, porém, a lei ou o negócio exigir a intervenção dos
ainda que, quanto a uns, se invoque uma relação cartular
vários interessados na relação controvertida, a falta de
e, quanto a outros, a respectiva relação subjacente, desde
qualquer deles é motivo de ilegitimidade.
que não ocorra nenhum dos obstáculos que impedem a
2. É igualmente necessária a intervenção de todos os coligação.
interessados quando, pela própria natureza da relação
jurídica controvertida, ela seja necessária para que a 4. É igualmente permitida a coligação sempre que
decisão a obter produza o seu efeito útil normal. A decisão os requerentes de processos de falência justifiquem a
produz o seu efeito útil normal sempre que, não vinculan- existência de uma relação de domínio ou de grupo nos
do embora os interessados, possa regular definitivamente termos dos artigos 515º e 525º do Código das Empresas
a situação concreta das partes relativamente ao pedido Comerciais.
formulado. Artigo 33º
Artigo 29º
Coligação subsidiária
Legitimidade dos cônjuges
Se tiver fundadas dúvidas quanto à titularidade real
1. Devem ser propostas por ambos os cônjuges, ou por da relação material controvertida, pode o autor deduzir
um deles com o consentimento do outro, as acções de que pedidos subsidiários contra réus diversos dos que são
possa resultar a perda ou a oneração de bens que só por demandados para o pedido principal.
ambos possam ser alienados ou a perda de direitos que
Artigo 34º
só por ambos possam ser exercidos.
Obstáculos à coligação e suprimento da coligação ilegal
2. Devem ser propostas contra ambos os cônjuges as ac-
ções emergentes de factos por ambos praticados, as acções 1. A coligação não é admissível quando aos diversos
emergentes de facto, praticado por um deles mas em que pedidos correspondam formas de processo diferentes,
pretenda obter-se decisão susceptível de ser executada ou quando a cumulação possa ofender regras de com-
sobre bens comuns ou sobre bens próprios do outro, e petência internacional ou em razão da matéria ou da
ainda as acções compreendidas no número anterior. hierarquia.
3. Na falta de acordo, o tribunal decide sobre o su-
2. Se não for admissível a coligação, o juiz notifica o
primento do consentimento, tendo em consideração o
autor ou os autores para, no prazo que lhes for fixado,
interesse da família aplicando-se com as necessárias
indicarem o pedido ou os pedidos que pretendem que se-
adaptações o disposto nos números anteriores.
jam julgados no processo, devendo o réu ou os réus serem
Artigo 30º absolvidos da instância quanto aos restantes.
Legitimidade passiva nas acções de preferência
3. Ocorrendo coligação sem que entre os pedidos haja
As acções de preferência devem ser propostas simulta- a conexão exigida pelo artigo 32º, o juiz notifica o autor,
neamente contra o alienante e o adquirente. ou os autores, para, no prazo indicado, indicarem qual
o pedido que pretendem ver apreciado no processo, sob
Artigo 31º
cominação de, não o fazendo, o réu ser absolvido da ins-
Litisconsórcio e acção tância quanto a todos eles.
No caso de litisconsórcio necessário, há uma única Secção III
acção com pluralidade de sujeitos; no litisconsórcio volun-
Patrocínio judiciário
tário, há uma simples acumulação de acções, conservando
cada litigante uma posição de independência em relação Artigo 35 º
aos seus compartes.
Constituição obrigatória de advogado
Artigo 32º
1. É permitida a coligação de autores contra um ou a) Nas causas da competência de tribunais com alçada
vários réus e é permitido a um autor demandar conjun- em que seja admissível recurso ordinário;
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 15
b) Nas causas em que seja sempre admissível cesso principal e respectivos incidentes, mesmo perante
recurso, independentemente do valor; e os tribunais de recurso, sem prejuízo das disposições
que exijam a outorga de poderes especiais por parte do
c) Nos recursos e nas causas propostas directamente mandante.
no Supremo Tribunal de Justiça.
2. Nos poderes que a lei presume conferidos ao manda-
2. Ainda que seja obrigatória a constituição de advoga- tário está incluído o de substabelecer o mandato.
do, os advogados estagiários, solicitadores e as próprias
partes podem fazer requerimentos em que se não levan- 3. O substabelecimento sem reserva implica a exclusão
tem questões de direito. do anterior mandatário.
Representação nas causas em que não é obrigatória a Confissão de factos feita pelo mandatário
constituição de advogado
As afirmações e confissões expressas de factos, feitas
Nas causas em que não seja obrigatória a constituição pelo mandatário nos articulados, vinculam a parte, salvo
de advogado podem as próprias partes pleitear por si, se forem rectificadas ou retiradas enquanto a parte con-
ser representadas por solicitadores ou por advogados trária as não tiver aceitado especificadamente.
estagiários.
Artigo 43º
Artigo 38º
Revogação e renúncia do mandato
Como se confere o mandato judicial
1. A revogação e a renúncia do mandato devem ser
O mandato judicial pode ser conferido por documento requeridas no próprio processo e notificadas, tanto ao
escrito ou por declaração verbal da parte no auto de mandatário ou ao mandante, como à parte contrária.
qualquer diligência praticada no processo.
2. A revogação e a renúncia produzem os seus efeitos
Artigo 39º
a partir da notificação.
Dispensa de intervenção notarial
3. Em caso de renúncia do advogado, se for obrigatório
1. As procurações passadas a advogado ou solicitadores o patrocínio, deve o mandante ser expressamente adver-
judiciais para a prática de actos que envolvam o exercício tido, da necessidade de constituir novo advogado no prazo
do patrocínio judiciário, ainda que com poderes especiais, de vinte dias, sob pena de suspensão da instância, se a
não carecem de intervenção notarial devendo o mandatá- falta for do autor, ou de o processo seguir sem advogado,
rio certificar-se da existência, por parte do mandante ou se for do réu.
dos mandantes dos necessários poderes para o acto.
4. Se a falta for do autor e o réu tiver deduzido um pedido
2. As procurações com poderes especiais, passadas nos reconvencional que não seja dependente do pedido do
termos do número anterior, devem especificar o tipo de autor, a instância segue para a respectiva apreciação.
actos, qualquer que seja a sua natureza, para os quais
Artigo 44º
são conferidos os poderes.
Falta, insuficiência e irregularidade do mandato
Artigo 40º
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16 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. O juiz marca o prazo dentro do qual deve ser suprida Artigo 48º
a falta ou corrigido o vício e ratificado o processado. Findo Nomeação efectuada pelo juiz
este prazo, sem que esteja regularizada a situação, fica
sem efeito tudo o que tiver sido praticado pelo mandatá- Cabe ao juiz a nomeação de mandatário nos casos de
rio, devendo este ser condenado nas custas respectivas urgência ou quando a entidade competente não a faça
e, em processo próprio, na indemnização dos prejuízos a dentro de cinco dias.
que tenha dado causa, culposamente.
TÍTULO II
3. Sempre que o vício resulte de excesso de mandato, o
tribunal participa a ocorrência à Ordem dos Advogados ACÇÃO EXECUTIVA
de Cabo Verde. CAPÍTULO I
Artigo 45º
Título executivo
Patrocínio a título de gestão de negócios Artigo 49º
3. A intervenção pode ser recusada, quando se julgue d) Os documentos a que, por disposição especial,
desnecessária. seja atribuída força executiva.
2. Consideram-se abrangidos pelo título executivo os juros
4. Em relação às questões para que tenha sido desig-
de mora, à taxa legal, da obrigação dela constante.
nado, o técnico tem os mesmos direitos e deveres que o
advogado, mas deve prestar o seu concurso sob a direcção Artigo 51º
deste e não pode produzir alegações orais.
Requisitos da exequibilidade da sentença
Artigo 47º
1. A sentença só constitui título executivo depois do
Nomeação oficiosa de advogado trânsito em julgado, salvo se o recurso, contra ela inter-
posto, tiver efeito meramente devolutivo.
1. Se a parte não encontrar na comarca quem aceite
voluntariamente o seu patrocínio, pode dirigir-se à Or- 2. A execução iniciada na pendência de recurso extin-
dem de Advogados de Cabo Verde para que se lhe nomeie gue-se e modifica-se em conformidade com a decisão defi-
advogado. nitiva comprovada por certidão. As decisões intermédias
podem igualmente suspender ou modificar a execução,
2. A nomeação é feita sem demora e notificada ao consoante o efeito atribuído ao recurso que contra elas
nomeado, que pode alegar escusa dentro de quarenta e se interpuser.
oito horas. Na falta de escusa ou quando esta não seja
julgada legítima por quem fez a nomeação, deve o ad- 3. Enquanto a sentença estiver pendente de recurso
vogado exercer o patrocínio, sob pena de procedimento não pode o exequente ou qualquer credor ser pago sem
disciplinar. prestar caução.
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CAPÍTULO II LIVRO II
Partes COMPETÊNCIA E GARANTIAS
Artigo 59º DA IMPARCIALIDADE
Legitimidade do exequente e do executado
CAPÍTULO I
1. A execução tem de ser promovida pela pessoa que
no título executivo figure como credor e deve ser instau- Disposições gerais sobre competência
rada contra a pessoa que no título tenha a posição de Artigo 64º
devedor.
Lei reguladora da competência
2. Se o título for ao portador, é a execução promovida
pelo portador do título. 1. A competência fixa-se no momento em que a acção
Artigo 60º se propõe, sendo irrelevantes as modificações de facto
Desvios à regra geral da determinação da legitimidade
que ocorram posteriormente.
1. Tendo havido sucessão no direito ou na obrigação, 2. São igualmente irrelevantes as modificações de di-
deve a execução correr entre os sucessores das pessoas reito, excepto se for suprimido o órgão judiciário a que a
que no título figuram como credor ou devedor da obriga- causa estava afecta ou se lhe for atribuída competência,
ção exequenda. No próprio requerimento para a execução de que inicialmente carecesse, para o conhecimento da
deduz o exequente os factos constitutivos da sucessão. causa.
2. A execução por dívida provida de garantia real pode Artigo 65º
seguir directamente contra o possuidor dos bens onerados
e, se estes não chegarem, pode a acção executiva prosse- Proibição do desaforamento
guir no mesmo processo contra o devedor, para completa
Nenhuma causa pode ser deslocada do tribunal com-
liquidação do crédito insatisfeito.
petente para outro, a não ser nos casos especialmente
3. Quando a execução tiver sido movida apenas contra o previstos na lei.
terceiro e se reconhecer a insuficiência dos bens onerados
com a garantia real, pode o exequente requerer, neste CAPÍTULO II
processo, o prosseguimento da acção executiva contra
o devedor, que é chamado para completa execução do Competência internacional
crédito exequendo. Artigo 66º
4. Pertencendo os bens onerados ao devedor, mas es- Competência internacional
tando eles na posse de terceiro, pode este ser desde logo
demandado juntamente com o devedor. 1. A competência internacional dos tribunais cabo-ver-
Artigo 61º dianos depende da verificação de alguma das seguintes
circunstâncias:
Exequibilidade da sentença contra terceiros
A execução fundada em sentença condenatória pode ser a) Ter o réu ou algum dos réus domicílio em território
prosseguida, não só contra o devedor, mas ainda contra cabo-verdiano, salvo tratando-se de acções
as pessoas em relação às quais a sentença tenha força relativas a direitos reais ou pessoais de gozo
de caso julgado. sobre imóveis situados em país estrangeiro;
Artigo 62º
b) Dever a acção ser proposta em Cabo Verde,
Coligação de exequentes segundo as regras de competência territorial,
1. Podem vários credores comuns coligar-se contra o estabelecidas pela lei cabo-verdiana;
mesmo devedor ou contra diversos devedores obrigados
c) Ter sido praticado em território cabo-verdiano,
no mesmo título, quando as execuções tenham por fim
ainda que parcialmente, o facto que serve de
o pagamento de quantia certa e não se verifiquem as
causa de pedir na acção; e
excepções previstas no número 1 do artigo 57º.
2. Não obsta à cumulação a circunstância de ser ilíqui- d) Não poder o direito invocado tornar-se efectivo
da alguma das quantias, desde que a liquidação dependa senão por meio de acção proposta em tribunal
unicamente de operações aritméticas. cabo-verdiano, ou não ser exigível ao autor
a sua propositura no estrangeiro, desde que
3. É aplicável à coligação de exequentes, o disposto entre o objecto do litígio e a ordem jurídica
nos números 2, 3 e 4 do artigo 57º para a cumulação de nacional haja algum elemento ponderoso de
execuções. conexão, pessoal ou real.
Artigo 63º
2. As pessoas colectivas estrangeiras consideram-se
Legitimidade do Ministério Público como exequente
domiciliadas em Cabo Verde desde que tenham aqui a sua
Compete ao Ministério Público promover a execução sede estatutária ou efectiva ou que aqui tenha sucursal,
por custas e multas impostas em qualquer processo. agência, filial ou delegação.
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Artigo 67º em circunscrições diferentes, é proposta no tribunal
Competência exclusiva dos tribunais cabo-verdianos
correspondente à situação dos imóveis de maior valor,
devendo atender-se para esse efeito aos valores da matriz
Os tribunais cabo-verdianos têm competência exclusiva: predial; se o prédio que é objecto da acção estiver situado
em mais de uma circunscrição territorial, pode ela ser
a) Para as acções relativas a direitos reais ou proposta em qualquer das circunscrições.
pessoais de gozo sobre imóveis situados em
território cabo-verdiano; Artigo 70º
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20 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
ou mais cônjuges do autor da herança, a competência é a acção respectiva, como no do lugar onde os
determinada pelo último desses inventários, desde que bens se encontrem ou, se houver bens em
o regime de bens não seja o da separação. várias comarcas, no de qualquer destas;
4. No caso de cumulação de inventários, quando haja b) Para o embargo de obra nova é competente o
uma relação de dependência entre as partilhas, é compe- tribunal do lugar da obra;
tente para todos eles, o tribunal em que deva realizar-se a c) Para os outros procedimentos cautelares é
partilha de que as outras dependem; nos restantes casos competente o tribunal em que deva ser
pode o requerente escolher qualquer dos tribunais que proposta a acção respectiva; e
seja competente.
d) As diligências antecipadas de produção de prova
Artigo 74º
são requeridas no tribunal do lugar em que
Regulação e repartição de avaria grossa hajam de efectuar-se.
O tribunal do porto onde for ou devesse ser entregue a 2. O processo dos actos e diligências a que se refere o
carga de um navio, que sofreu avaria grossa, é competente número anterior é apensado ao da acção respectiva, para
para regular e repartir esta avaria. o que deve ser remetido, quando se torne necessário, ao
tribunal em que esta for proposta.
Artigo 75 º
Artigo 80º
Perdas e danos por abalroação de navios
Notificações avulsas
A acção de perdas e danos por abalroação de navios As notificações avulsas são requeridas no tribunal em
pode ser proposta no tribunal do lugar do acidente, no cuja área reside a pessoa a notificar.
do domicílio do dono do navio abalroador, no do lugar
Artigo 81º
a que pertencer ou em que for encontrado esse navio
e no do lugar do primeiro porto em que entrar o navio Regra geral
abalroado.
1. Em todos os casos não previstos nos artigos ante-
Artigo 76º riores ou em disposições especiais é competente para a
acção o tribunal do domicílio do réu.
Salários por salvação ou assistência de navios
2. Se, porém, o réu não tiver residência habitual ou for
Os salários devidos por salvação ou assistência de incerto ou ausente, é demandado no tribunal do domi-
navios podem ser exigidos no tribunal do lugar em que o cílio do autor; mas a curadoria, provisória ou definitiva,
facto ocorrer, no do domicílio do dono dos objectos salvos dos bens do ausente é requerida no tribunal do último
e no do lugar a que pertencer ou onde for encontrado o domicílio que ele teve em Cabo Verde.
navio socorrido.
3. Se o réu tiver o domicílio e a residência em país
Artigo 77º estrangeiro, é demandado no tribunal do lugar em que
Extinção de privilégios sobre navios se encontrar; não se encontrando em território cabo-ver-
diano, é demandado no do domicílio do autor e, quando
A acção para ser julgado livre de privilégios um navio este domicílio for em país estrangeiro, é competente para
adquirido por título gratuito ou oneroso é proposta no a causa o tribunal da cidade da Praia.
tribunal do porto onde o navio se achasse surto no mo- Artigo 82 º
mento da aquisição.
Regra geral para as pessoas colectivas e sociedades
Artigo 78º
1. Se o réu for o Estado, ao tribunal do domicílio do réu
Processo de falência substitui-se o do domicílio do autor.
1. Sempre que não resulte expressamente de lei própria 2. Se o réu for outra pessoa colectiva ou uma sociedade, é
de regulação falimentar ou de recuperação de empresas, demandado no tribunal da sede da administração princi-
é competente para o processo de falência o tribunal da pal ou no da sede da sucursal, agência, filial, ou delegação
situação do principal estabelecimento ou na falta deste, ou representação, conforme a acção seja dirigida contra
o do domicílio ou da sede do arguido. aquela ou contra estas; mas a acção contra pessoas colec-
tivas ou sociedades estrangeiras, que tenham sucursal,
2. Tem-se como principal estabelecimento aquele em agência, filial, ou delegação ou representação em Cabo
que a empresa exerce maior actividade comercial. Verde pode ser proposta no tribunal da sede destas, ainda
Artigo 79º que seja pedida a citação da administração principal.
Artigo 83º
Procedimentos cautelares e diligências antecipadas
Pluralidade de réus e cumulação de pedidos
1. Quanto a procedimentos cautelares e diligências an-
teriores à proposição da acção, observa-se o seguinte: 1. Havendo mais de um réu na mesma causa, devem
ser todos demandados no tribunal do domicílio do maior
a) O arresto e o arrolamento tanto podem ser número; se for igual o número nos diferentes domicílios,
requeridos no tribunal onde deva ser proposta pode o autor escolher o de qualquer deles.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 21
3. O juiz da causa pode ordenar e praticar na circuns- Regra geral de competência em matéria de execuções
crição do juiz impedido todos os actos necessários ao
andamento e instrução do processo, como se fosse juiz 1. Salvos os casos especiais prevenidos noutras dispo-
dessa circunscrição. sições, é competente para a execução o tribunal do lugar
onde a obrigação deva ser cumprida.
4. O disposto nos números anteriores não tem aplicação
nas circunscrições onde houver mais do que um juiz. 2. Porém, se a execução for para entrega de coisa certa
ou por dívida com garantia real são, respectivamente,
Secção III competentes, o tribunal do lugar onde a coisa se encontre
ou o da situação dos bens onerados.
Disposições especiais sobre execuções
3. Quando a execução haja de ser instaurada no tribu-
Artigo 86º
nal do domicílio do executado e este não tenha domicílio
Competência para a execução fundada em sentença em Cabo Verde, mas aqui tenha bens, é competente para
a execução o tribunal da situação desses bens.
1. Para a execução que se funda em decisão proferida
Artigo 91º
por tribunal cabo-verdiano, é competente o tribunal de
primeira instância em que a causa foi julgada. Execução fundada em sentença estrangeira
2. Se a decisão tiver sido proferida por árbitros em A execução fundada em sentença estrangeira corre por
arbitragem que tenha decorrido em território cabo-ver- apenso ao processo de revisão ou no respectivo traslado, que,
diano, é competente o tribunal de primeira instância do para esse efeito, a requerimento do exequente, baixam ao
lugar de arbitragem. tribunal de primeira instância que for competente.
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22 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Competência convencional
Da extensão e modificações da competência
Artigo 92º 1. As regras de competência em razão da matéria e
da hierarquia não podem ser afastadas por vontade das
Competência do tribunal em relação às questões incidentais
partes; mas é permitido a estas afastar, por convenção
1. O tribunal competente para a acção é também expressa, a aplicação das regras de competência em razão
competente para conhecer dos incidentes que nela se do valor e do território, salvo nos casos abrangidos pela
levantem e das questões que o réu suscite como meio regra estabelecida neste Código relativa ao conhecimento
de defesa. oficioso da incompetência relativa.
2. A decisão das questões e incidentes suscitados não 2. O acordo há-de satisfazer aos requisitos de forma do
constitui, porém, caso julgado fora do processo respectivo, contrato, fonte da obrigação, contanto que seja escrito,
excepto se alguma das partes requerer o julgamento com e deve designar as questões a que se refere e o tribunal
essa amplitude e o tribunal for competente do ponto de vista que fica sendo competente.
internacional e em razão da matéria e da hierarquia.
3. A competência fundada na estipulação é tão obriga-
Artigo 93º
tória como a que deriva da lei.
Questões prejudiciais
4. A designação das questões abrangidas pelo acordo
1. Se o conhecimento do objecto da acção depender da pode fazer-se pela especificação do facto jurídico suscep-
decisão de uma questão para a qual o tribunal não seja tível de as originar.
competente em razão da matéria, pode o juiz sobrestar
na decisão até que o tribunal competente se pronuncie. CAPÍTULO V
3. A designação só é válida se forem observados, cumu- Se a incompetência for arguida antes de ser proferido o
lativamente, os seguintes requisitos: despacho saneador, pode conhecer-se dela imediatamente
ou reservar-se a apreciação para esse despacho; se for
a) Ser aceite pela lei do tribunal designado; arguida posteriormente ao despacho, deve conhecer-se
b) Corresponder a um interesse sério das partes, ou logo da arguição.
de uma delas; Artigo 100º
c) Não respeitar a questões relativas a direitos Efeito da incompetência absoluta
indisponíveis ou da competência exclusiva
dos tribunais de Cabo Verde; e 1. Se a incompetência absoluta do tribunal só for veri-
ficada depois do despacho liminar, o réu é absolvido da
d) Observar o disposto no nº 2 do artigo seguinte. instância.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 23
2. Se a incompetência só for decretada depois de findos juiz decide qual é o tribunal competente para a acção. A
os articulados, podem estes aproveitar-se desde que, decisão que transite em julgado resolve definitivamente
estando as partes de acordo sobre o aproveitamento, o a questão da competência.
autor requeira a remessa do processo ao tribunal em que
a acção deveria ter sido proposta. 2. Não é admissível prova por arbitramento, nem qual-
quer diligência a efectuar por carta.
Artigo 101º
1. Findo o prazo para a resposta do autor e produzidas, 3. Não há conflito enquanto forem susceptíveis de re-
no prazo de dez dias, as provas oferecidas pelas partes, o curso as decisões proferidas sobre a competência.
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24 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 110º arguida perante o outro ou outros nem a
Pedido de resolução do conflito
excepção de incompetência nem a excepção
de litispendência; e
l. A decisão do conflito pode ser solicitada por qual-
c) Ao caso de um dos tribunais se ter julgado
quer das partes ou pelo Ministério Público, mediante
incompetente e ter mandado remeter o
requerimento em que se especifiquem os factos que o
processo para tribunal diferente daquele
exprimem.
em que pende a mesma causa, não podendo
2. Ao requerimento que é dirigido ao presidente do tri- já ser arguida perante este nem a excepção
bunal competente para resolver o conflito e apresentado de incompetência nem a excepção de
na secretaria desse tribunal, juntam-se os documentos litispendência.
necessários e nele se indicam as testemunhas.
CAPÍTULO VI
Artigo 111º
Das garantias da imparcialidade
Indeferimento liminar ou notificação para a resposta
Secção I
1. Se o juiz ou relator entender que não há conflito, Impedimentos
indefere imediatamente o requerimento. No caso con-
trário, manda notificar as autoridades em conflito para Artigo 115º
que suspendam o andamento dos respectivos processos, Casos de impedimento do juiz
quando o conflito seja positivo, e para que respondam
dentro do prazo que for designado. 1. Nenhum juiz pode exercer as suas funções, em ju-
risdição contenciosa ou voluntária:
2. A notificação das autoridades é feita pelo correio, em
carta registada. O prazo para a resposta começa a contar- a) Quando seja parte na causa, por si ou como
se cinco dias depois de expedida a carta, ou finda a dilação representante de outra pessoa, ou quando
fixada pelo juiz ou relator quando a carta for expedida nela tenha um interesse que lhe permitisse
para fora da ilha em que se processa o conflito. ser parte principal;
Artigo 112º b) Quando seja parte na causa, por si ou como
Resposta representante de outra pessoa, o seu cônjuge
ou equiparado, ou algum seu parente ou afim,
1. As autoridades em conflito respondem em ofício, em linha recta ou no segundo grau da linha
confiado ao registo do correio, podendo juntar quaisquer colateral, pessoa com quem viva em economia
certidões do processo. comum, ou quando alguma destas pessoas
tenha na causa um interesse que lhe permita
2. Considera-se apresentada em tempo a resposta figurar nela como parte principal;
que for entregue na estação postal respectiva dentro do
prazo fixado. c) Quando tenha intervindo na causa como
mandatário ou quando haja que decidir
Artigo 113º
questão sobre que tenha dado parecer ou se
Produção de prova e termos posteriores tenha pronunciado, ainda que oralmente;
Recebida a resposta ou depois de se verificar que já d) Quando tenha intervindo na causa como
não pode ser aceita, segue-se a produção da prova tes- mandatário judicial alguma das pessoas
temunhal, se tiver sido oferecida, faculta-se o processo referidas na alínea b);
aos advogados constituídos, para alegarem por escrito e,
e) Quando se trate de recurso interposto em
por fim, decide-se.
processo no qual tenha tido intervenção
Artigo 114º como juiz de outro tribunal, quer proferindo
a decisão recorrida, quer tomando de outro
Aplicação do processo a outros casos
modo posição sobre questões suscitadas no
O que fica disposto nos anteriores artigos da presente recurso;
secção é aplicável a quaisquer outros conflitos que de-
f) Quando se trate de recurso de decisão proferida
vam ser resolvidos pelo Supremo Tribunal de Justiça e
por algum seu parente ou afim, em linha
também:
recta ou no segundo grau da linha colateral,
a) Ao caso de a mesma acção estar pendente em ou de decisão que se tenha pronunciado sobre
tribunais diferentes e ter passado o prazo para a proferida por algum seu parente ou afim
serem opostas a excepção de incompetência e nessas condições;
a excepção de litispendência; g) Quando seja parte na causa uma pessoa que contra
b) Ao caso de a mesma acção estar pendente ele propôs acção civil para indemnização de
em tribunais diferentes e um deles se ter danos, ou que contra ele deduziu acusação
julgado competente, não podendo já ser penal, em consequência de factos praticados
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 25
no exercício das suas funções ou por causa disser respeito somente aos adjuntos, intervirá o mais
delas, ou quando seja parte o cônjuge dessa antigo, salvo se algum deles for o juiz da causa, pois então
pessoa ou um parente dela ou afim, em linha é este que intervém.
recta ou no segundo grau da linha colateral,
desde que a acção ou a acusação já tenha sido 3. Nos tribunais superiores só deve intervir o juiz que
admitida; e deva votar em primeiro lugar.
Artigo 118º
h) Quando haja de depor ou tenha deposto como
testemunha, ou tenha intervindo como Impedimentos do Ministério Público e dos funcionários
perito. da secretaria
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1. As partes só podem opor suspeição ao juiz nos casos 2. A parte pode denunciar ao juiz o fundamento da
seguintes: suspeição, antes de ele intervir no processo. Nesse caso
o juiz, se não quiser fazer uso da faculdade concedida
a) Se existir parentesco ou afinidade, não pelo artigo 119º, declara-o logo em despacho no processo
compreendidos no artigo 115 º, em linha recta e suspendem-se os termos deste até decorrer o prazo para
ou até ao quarto grau da linha colateral, a dedução da suspeição, contado a partir da notificação
entre o juiz ou o seu cônjuge ou equiparado daquele despacho.
e alguma das partes ou pessoa que tenha, em 3. Se o fundamento da suspeição ou o seu conhecimento
relação ao objecto da causa, interesse que lhe for superveniente, a parte denuncia o facto ao juiz logo
permitisse ser nela parte principal; que tenha conhecimento dele, sob pena de não poder
mais tarde arguir a suspeição. Observa-se neste caso o
b) Se houver causa em que seja parte o juiz ou o
disposto no número anterior.
seu cônjuge ou equiparado, ou algum parente
ou afim de qualquer deles em linha recta e 4. Se o juiz tiver pedido dispensa de intervir na causa,
alguma das partes for juiz nessa causa; mas o seu pedido não houver sido atendido, a suspeição só
pode ser oposta por fundamento diferente do que ele tiver
c) Se houver, ou tiver havido nos três anos invocado e o prazo para a dedução corre desde a primeira
antecedentes, qualquer causa, não notificação ou intervenção da parte no processo, posterior
compreendida na alínea g) do número 1 do ao indeferimento do pedido de escusa do juiz.
artigo 115º, entre alguma das partes ou o
Artigo 122º
seu cônjuge ou equiparado e o juiz ou o seu
cônjuge ou equiparado ou algum parente ou Como se deduz e processa a suspeição
afim de qualquer deles em linha recta;
1. O recusante indica com precisão os fundamentos
d) Se o juiz ou o seu cônjuge ou equiparado, ou da suspeição e, autuado o requerimento por apenso, é
algum parente ou afim de qualquer deles em este concluso ao juiz recusado para responder. A falta de
linha recta, for credor ou devedor de alguma resposta importa confissão dos factos alegados.
das partes, ou tiver interesse jurídico em que 2. Não havendo diligências a efectuar, o juiz manda
a decisão do pleito seja favorável a uma das logo desapensar o processo do incidente e remetê-lo ao
partes; presidente do tribunal competente para conhecer dos
recursos interpostos do tribunal onde corre a causa; no
e) Se o juiz for protutor, herdeiro presumido, caso contrário, o processo é concluso ao juiz substituto,
donatário ou empregador de alguma que ordena a produção das provas oferecidas e, finda esta,
das partes, ou membro da direcção ou a remessa do processo.
administração de qualquer pessoa colectiva,
parte na causa; 3. É aplicável a este caso, o disposto neste Código sobre
os incidentes da instância.
f) Se o juiz tiver recebido dádivas antes ou depois
de instaurado o processo e por causa dele, ou 4. A parte contrária ao recusante pode intervir no
se tiver fornecido meios para as despesas do incidente como assistente.
processo; e Artigo 123º
Julgamento da suspeição
g) Se houver inimizade grave ou grande intimidade
entre o juiz e alguma das partes. 1. Recebido o processo, o presidente do tribunal refe-
rido no número 2 do artigo anterior pode requisitar das
2. O disposto na alínea c) do número anterior abrange partes ou do juiz recusado os esclarecimentos que julgue
as causas criminais quando as pessoas aí designadas necessários. A requisição é feita por ofício dirigido ao juiz
sejam ou tenham sido ofendidas, participantes ou quei- recusado, ou ao substituto quando os esclarecimentos
xosas, arguidas ou responsáveis civis. devam ser fornecidos pelas partes.
3. Nos casos das alíneas c) e d) do número 1 é julgada 2. Se os documentos destinados a fazer prova dos fun-
improcedente a suspeição quando as circunstâncias de damentos da suspeição ou da resposta não puderem ser
facto convençam de que a acção foi proposta ou o crédito logo oferecidos, o presidente admite-os posteriormente,
foi adquirido para se obter motivo de recusa do juiz. quando julgue justificada a demora.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 27
Suspeição oposta a juiz dos tribunais superiores a) Ao recusado é facultado o exame do processo
para responder, não tendo a parte contrária
A suspeição oposta a juiz dos tribunais superiores é ao recusante, intervenção no incidente;
julgada pelo presidente do respectivo tribunal, obser-
vando-se, na parte aplicável, o disposto nos artigos an- b) Enquanto não for julgada a suspeição, o
tecedentes. As testemunhas são inquiridas pelo próprio funcionário não pode intervir no processo; e
presidente. c) O juiz da causa dirige todos os termos e actos do
Artigo 125º incidente e decide, sem recurso, a suspeição.
Artigo 130º
1. Julgada procedente a escusa ou a suspeição, conti-
nua a intervir no processo o juiz que fora chamado em Princípio da limitação dos actos
substituição, nos termos do artigo anterior.
Não é lícito realizar no processo actos inúteis, incor-
2. Se a escusa ou suspeição for desatendida, intervém rendo em responsabilidade disciplinar os funcionários
na decisão da causa o juiz que se escusara ou que fora que os pratiquem.
averbado de suspeito, ainda que o processo tenha já os
Artigo 131º
vistos necessários para o julgamento.
Forma dos actos
Artigo 127º
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termos estabelecidos nas leis que estabelecem o regime 3. Quando coincidir com um dos dias referidos no
jurídico da validade geral, eficácia jurídica e valor proba- número 1 o dia em que, por disposição legal, terminar o
tório dos documentos electrónicos e da assinatura digital prazo em que devam ser praticados, os actos processuais
e, bem assim, da protecção dos dados pessoais. realizam-se no primeiro dia útil subsequente.
Artigo 132º 4. Os actos das partes que impliquem a recepção pelas
Língua a empregar nos actos processuais secretarias judiciais de quaisquer articulados, requeri-
mentos ou documentos devem ser praticados durante
1. Nos actos processuais reduzidos a escrito usa-se a as horas de expediente dos serviços. Ressalva-se a sua
língua portuguesa; nos actos processuais orais usam-se, prática por meio de telecópia ou de correio electrónico, que
indiferentemente, a língua portuguesa ou a materna pode ser efectuada em qualquer dia e independentemente
cabo-verdiana. da hora da abertura e encerramento do tribunal.
2. Quando hajam de ser ouvidos os estrangeiros podem, 5. Quando a entrega do documento seja efectuada nos
no entanto, exprimir-se em língua diferente, se não conhe- termos da parte final do número anterior considera-se
cerem a portuguesa ou a materna cabo-verdiana, devendo válida a sua entrada na no tribunal, em se tratando do
nomear-se um intérprete, quando seja necessário para, último dia do prazo, desde que registada, por automa-
sob juramento de fidelidade, estabelecer a comunicação. ção, no correspondente aparelho receptor até as 24horas
A intervenção do intérprete deve ser limitada ao que for desse dia.
estritamente indispensável.
Artigo 137º
Artigo 133º
Designação e natureza do prazo
Tradução de documentos escritos em língua estrangeira
1. O prazo processual é estabelecido por lei ou fixado
1. Quando se apresentem documentos escritos em por despacho do juiz, e é contínuo.
língua estrangeira que careçam de tradução o juiz, ofi-
ciosamente ou a requerimento de alguma das partes, 2. O prazo processual começa a correr independen-
ordena que o apresentante a junte. temente de assinação ou outra formalidade e corre se-
guidamente, mesmo em férias, suspendendo-se apenas
2. Surgindo dúvidas fundadas sobre a idoneidade da nos sábados, domingos e dias feriados, salvo neste caso,
tradução, o juiz ordena que o apresentante junte tradução se, se tratar de actos a praticar em processos que a lei
legalizada por notário ou autenticada por funcionário considere urgentes.
diplomático ou consular do estado respectivo; na falta de
funcionário diplomático ou consular do estado respectivo 3. Quando o prazo para a prática de determinado acto
e na impossibilidade de obter a tradução notarial, deve termine em dia de integral tolerância de ponto, ou dentro
ser o documento traduzido por perito nomeado pelo do período das férias judiciais, transfere-se o seu termo
tribunal. para o primeiro dia útil seguinte.
Artigo 134º Artigo 138º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 29
2. Cabe à parte que alegar o justo impedimento oferecer outro meio telemático legalmente permitido, devem ser
logo a respectiva prova; o juiz, ouvida a parte contrária, confirmados junto do tribunal, no prazo de cinco dias,
admite o requerente a praticar o acto fora do prazo, se con- mediante cópia em suporte papel, devidamente assinada
siderar verificado o justo impedimento e reconhecer que a e autenticada.
parte se apresentou a requerer logo que ele cessou.
3. Nos casos referidos nas alíneas a) e b) do número 1
Artigo 140º devem as partes apresentar juntamente com o suporte
papel que contém a sua peça processual, uma cópia do
Improrrogabilidade dos prazos
mesmo em suporte digital, para maior rapidez e facilita-
O prazo processual marcado pela lei é improrrogável, ção dos trâmites internos do processo respectivo.
salvo os casos nela previstos. Artigo 144º
Artigo 141º Definição e modo de apresentação dos articulados
2. Os actos que determinem a deslocação ao tribunal 4. Além dos duplicados que se destinam à parte con-
apenas para juramento ou manifestação de vontade trária, deve a parte entregar mais um exemplar de cada
podem ser substituídos por declaração escrita assinada articulado para ser arquivado e servir de base à reforma
pelo respectivo autor, desde que entregue em juízo até do processo em caso de descaminho.
ao momento em que o acto deva ser praticado.
5. Se a parte não juntar os duplicados exigidos por lei,
Subsecção II manda-se extrair cópia do articulado, pagando, o res-
ponsável, as despesas a que a cópia der lugar, contada
Actos das partes
em triplo.
Artigo 143º
6. Os articulados oferecidos através de telecópia ou
Entrega ou remessa a juízo de peças processuais de correio electrónico dispensam a entrega das cópias
referidas nos números 3 e 4, as quais são extraídas pela
1. Os articulados, requerimentos, respostas e as peças secretaria e entram a final na conta de custas, como
referentes a quaisquer actos que devam ser praticados despesas de papel.
por escrito pelas partes no processo podem ser:
Artigo 145º
a) Entregues na secretaria, sendo exigida a prova da Regra geral sobre o prazo
identidade dos apresentantes não conhecidos
nos tribunais e, a solicitação destes, passado 1. É de cinco dias o prazo para as partes requererem
recibo de entrega; qualquer acto ou diligência, arguirem nulidades, dedu-
zirem incidentes ou exercerem qualquer outro poder
b) Remetidos pelo correio, sob registo, valendo neste processual, na falta de disposição especial.
caso como data da prática do acto processual
a da efectivação do respectivo registo postal; 2. O prazo para a parte responder ao que for alegado
e ou requerido pela parte contrária é também de cinco dias,
na falta de disposição em contrário.
c) Entrega através de telecópia ou de correio
Subsecção III
electrónico, sendo nestes casos necessária
a aposição da assinatura digital do seu Actos dos magistrados
signatário, valendo como data da prática do
Artigo 146º
acto processual o da sua expedição.
Preservação da ordem nos actos processuais
2. Sempre que não haja certificação da autoridade
legalmente competente com relação à correspondente 1. Cabe ao magistrado que presida aos actos processu-
comunicação electrónica ou em caso de dúvida sobre ais garantir que os mesmos decorram com normalidade e
a autenticidade desta, os actos processuais praticados com o respeito que merecem o tribunal e as instituições
através de telecópia, de correio electrónico ou de qualquer vigentes, podendo para o efeito advertir com urbanidade
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30 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
o infractor que, por escrito ou oralmente, tenha um critas e proceder às ressalvas consideradas necessárias;
comportamento incorrecto e, além disso, mandar riscar os acórdãos são também assinados pelos outros juízes
quaisquer expressões ofensivas ou retirar-lhe a palavra, que hajam intervindo, salvo se não estiverem presentes,
sem prejuízo do procedimento criminal ou disciplinar a do que se fará menção.
que, eventualmente, haja lugar.
2. Os despachos e sentenças proferidos oralmente no
2. Se o infractor não acatar a decisão, pode o presidente decurso do acto de que deva lavrar-se auto ou acta são aí
fazê-lo sair do local em que o acto se realiza. reproduzidos. A assinatura do auto ou da acta, por parte
do juiz, garante a fidelidade da reprodução.
3. Quando tenha sido retirada a palavra ao mandatário
judicial, é dado conhecimento circunstanciado do facto à 3. As sentenças e os acórdãos finais são registados em
Ordem dos Advogados de Cabo Verde. livro especial.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 31
4. Os autos e termos são válidos desde que estejam 1. Os actos judiciais que incumbem aos oficiais de di-
assinados pelo funcionário que os lavrou e pelo juiz que ligências são praticados em face de mandado assinado
interveio no acto. em nome do juiz ou relator pelo funcionário da secretaria
encarregado do processo ou em face do despacho que os
5. Se no acto não intervier o juiz, basta a assinatura ordenar, se tiver sido lançado em papel avulso.
do funcionário, salvo se o acto exprimir a manifestação
2. O prazo de cumprimento dos mandados e despachos,
de vontade de alguma das partes ou acarretar para
a que se refere o número anterior, é de cinco dias, a con-
ela qualquer responsabilidade, porque nestes casos é
tar da entrega do mandado ou do papel com o despacho,
necessária também a assinatura da parte ou do seu
exceptuando-se os casos de urgência, em que esse prazo
representante.
não pode ultrapassar os dois dias.
6. Quando seja necessária a assinatura da parte e 3. Os oficiais de diligências e demais funcionários da
esta não possa, não queira ou não saiba assinar, o auto secretaria do Tribunal Superior podem praticar os actos
ou termo é assinado por duas testemunhas que a reco- judiciais que lhes incumbam em toda a área da comarca
nheçam. sede do respectivo tribunal.
7. Para garantir a autenticidade dos autos, o funcio- 4. Nos casos previstos nas leis de organização judici-
nário da secretaria encarregado do processo é obrigado ária, a competência para a prática dos actos pelos fun-
a rubricar as folhas em que não haja a sua assinatura; cionários da secretaria podem abranger a área de outras
os juízes rubricarão também as folhas relativas aos ac- circunscrições judiciais.
tos em que intervenham, exceptuadas aquelas em que
5. Pode o oficial de diligências, quando por motivo pon-
assinarem.
deroso assim for expressamente autorizado pelo secretá-
8. As partes e seus mandatários têm o direito de ru- rio judicial, emitir contra-fé ou fazer uso de qualquer meio
bricar quaisquer folhas do processo. de comunicação à distância para solicitar a comparência
das partes ou de outros intervenientes no processo, no
9. A autenticação e certificação dos autos, termos e do- Tribunal, com o fim de neste local lhe serem entregues
cumentos processuais redigidos mediante processamento quaisquer informações, notificações, ordens ou mandados
de texto, são efectuados nos termos da correspondente judiciais a eles destinados.
lei informática. Subsecção V
Artigo 156º Acesso ao processo
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32 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Público e pelas pessoas com direito ao exercício do mandato concedido para o exame. A nota tem de ser assinada pelo
judicial e por quem nisso tiver um interesse atendível, requerente ou por outra pessoa munida de autorização
neste caso mediante autorização do juiz. escrita para o efeito.
2. O acesso aos autos é limitado, salvo relativamente 8. Quando o processo for restituído, dar-se-á a res-
ao Ministério Público, no caso em que a divulgação do pectiva baixa, com menção da data, ao lado da nota de
seu conteúdo possa causar dano à dignidade das pesso- entrega.
as, à intimidade da vida privada ou familiar ou à moral
pública, ou pôr em causa a eficácia da decisão a proferir, 9. Não sendo o processo restituído à secretaria dentro
nomeadamente: do prazo fixado, é o mandatário oficiosamente notificado
para, no prazo de dois dias, efectuar a entrega dos autos
a) Nos processos de anulação de casamento, cessação que lhe foram confiados e justificar o seu procedimento.
de união de facto, divórcio e impugnação ou Caso o juiz não aceite a justificação apresentada, o man-
investigação de paternidade, que só podem datário judicial é condenado em multa.
ser facultados às partes e seus mandatários;
e 10. O disposto no presente artigo é aplicável ao Minis-
tério Público, com as devidas adaptações, ainda que não
b) Nos procedimentos cautelares pendentes, que só represente qualquer das partes no processo.
podem ser facultados aos requerentes e seus
Artigo 161º
mandatários, salvo se, sendo a parte contrária
ouvida antes de concluída a diligência, o juiz Certidões
autorizar que o processo lhe seja facultado ou
ao seu mandatário. 1. A secretaria deve, sem precedência de despacho, pas-
sar as certidões, narrativas ou de teor, de todos os actos
3. O Ministério Público é notificado, por termo nos e termos judiciais, que lhe sejam pedidas, oralmente ou
autos e sem dependência de qualquer despacho, de to- por escrito, pelas partes no processo ou, por quem possa
das as decisões judiciais que ponham termo à causa e exercer o mandato judicial ou por quem revele interesse
estejam compreendidas no âmbito das suas atribuições atendível em as obter.
constitucionais.
2. Tratando-se, porém, dos processos a que aludem as
Artigo 160º alíneas a) e b) do número 2 do artigo 159º que só podem
Confiança do processo
ser examinados pelas partes e seus mandatários, ne-
nhuma certidão pode ser passada sem prévio despacho
1. Os mandatários constituídos pelas partes podem sobre a justificação, em requerimento escrito, da sua
requerer que os processos pendentes lhes sejam confiados necessidade, devendo o despacho estabelecer os limites
para exame fora da secretaria, mediante pedido escrito da certidão, de forma a salvaguardar, quanto possível,
ou verbal apresentado para o efeito. a natureza reservada do processo.
2. Tratando-se de processos findos, a confiança pode 3. Dos procedimentos cautelares, enquanto estiverem
ser requerida por qualquer pessoa capaz de exercer o na fase de segredo, também só podem obter certidões as
mandato judicial, a quem seja lícito examiná-los na pessoas a quem é facultado o seu exame.
secretaria.
4. As certidões devem ser passadas no prazo de cinco
3. Na falta de disposição legal ou despacho que fixe dias, salvo o caso de urgência, em que devem ser passadas
prazo para o exame, é este determinado, sem prorrogação, imediatamente.
até cinco dias, pela secretaria.
5. Se a secretaria recusar certidão, que deva passar
4. Nos casos em que, por disposição da lei ou despacho independentemente de despacho, ou se exceder o prazo
do juiz, o mandatário judicial tenha prazo para exame do fixado para a sua passagem, deve o juiz, a requerimento
processo, a secretaria, a simples pedido verbal, confia-lhe do interessado e depois de ouvido o funcionário respon-
o processo pelo prazo marcado. sável, ordenar a passagem imediata da certidão ou fixar
prazo para a sua entrega, sem prejuízo das medidas
5. Os processos pendentes podem ser também con- disciplinares que a falta origine.
fiados, para exame fora da secretaria, nos termos dos
Subsecção VI
números anteriores, quer aos magistrados do Ministério
Público, quer àqueles que exerçam o patrocínio por no- Comunicação dos actos
meação oficiosa.
Artigo 162º
6. A recusa da confiança do processo pode ser objecto Formas de requisição e comunicação de actos processuais
de reclamação para o juiz, que decide depois de ouvida
a secretaria. Todos estes actos podem ser puramente 1. A prática de actos processuais pode ser ordenada ou
verbais. solicitada a outros tribunais ou autoridades por meio de
mandado, carta ou ofício.
7. A entrega dos autos, a que se referem os números
anteriores, é registada em livro especial, indicando-se 2. Se o acto processual for urgente, deve ser utilizado
o processo em causa, o dia e hora da entrega e o prazo o meio de comunicação mais rápido e seguro.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 33
3. Emprega-se o mandado quando o acto deva ser 4. Se for remetido o original, é a carta expedida e devol-
praticado dentro dos limites territoriais da jurisdição do vida oficialmente. Neste caso, pode qualquer das partes,
tribunal ou da autoridade que o ordena. antes da expedição, fazer fotografar o original, mas sem
que o processo haja de ser-lhe confiado para esse efeito.
4. Emprega-se a carta quando o acto deva ser praticado
fora desses limites. Artigo 165º
5. A carta é precatória quando o acto seja solicitado a um Limites temporais para o cumprimento das cartas
tribunal ou a um cônsul cabo-verdiano; é rogatória quando 1. As cartas devem ser cumpridas pelo tribunal de-
o acto seja solicitado a uma autoridade estrangeira. precado no prazo máximo de dois meses, a contar da
6. Quando se fizer uso do meio previsto no número 2 expedição, que é notificada às partes, quando tenha por
deve ser documentada por cota nos autos, com a menção objecto a produção de prova.
do conteúdo essencial da diligência.
2. Quando a diligência deva realizar-se no estrangeiro
7. O pedido de informações, de envio de documentos ou o prazo para o cumprimento da carta é de três meses.
de realização de actos que não envolvam a participação
3. O juiz deprecante pode, sempre que se mostre justi-
dos serviços de justiça pode ser directamente feita às
ficado, estabelecer prazo mais curto ou mais longo para
entidades cuja colaboração se requer, por ofício ou outro
o cumprimento das cartas.
meio de comunicação.
4. Quando, antes de findar o prazo designado, se mos-
8. Podem também ser solicitadas por simples ofício, mes-
tre, por certidão ou comunicação oficial, que a carta não
mo a autoridades estrangeiras as citações, notificações ou
pode ser cumprida dentro dele, concede-se prorrogação.
fixação de editais.
O termo do prazo não obsta a que a carta seja tomada
9. As citações e as notificações por via postal são envia- em consideração, se ainda não houver decisão sobre a
das directamente para o interessado a que se destinam, matéria de facto.
seja qual for a circunscrição em que se encontre.
5. Se, dentro do prazo estabelecido para o cumprimento,
Artigo 163º se fizer prova do extravio da carta, é emitida segunda via.
Destinatários das cartas
6. Não sendo a carta tempestivamente cumprida, pode
1. As cartas são dirigidas ao tribunal em cuja área ainda o juiz determinar a comparência na audiência final
jurisdicional houver de se praticar o acto. de quem devia prestar depoimento, quando o repute
essencial a descoberta da verdade e tal não represente
2. A carta para citação, notificação, exame ou depoi- sacrifício incomportável.
mento de juiz em exercício, de seu cônjuge ou equipa-
rado ou de algum seu ascendente ou descendente por Artigo 166º
consanguinidade é dirigida ao tribunal da comarca mais Expedição e entrega das cartas
próxima, ao qual são também dirigidas as cartas para
outras diligências quando emanem de processo em que 1. As cartas precatórias são expedidas pela secretaria,
seja parte alguma daquelas pessoas. podendo ser entregues à parte que as tiver solicitado,
quando esta o requerer e não estejam, por lei, sujeitas a
3. O disposto no número anterior não tem aplicação expedição oficial.
nas circunscrições onde houver mais de um juiz.
2. As cartas rogatórias, seja qual for o acto a que se
4. Reconhecendo-se que o acto deve ser praticado em destinem, são expedidas pela secretaria e endereçadas
lugar diverso do indicado na carta, deve esta ser cumprida directamente à autoridade ou tribunal estrangeiro, salvo
pelo tribunal desse lugar. Para tanto, deve o tribunal, ao tratado ou convenção em contrário. A expedição faz-se pela
qual a carta foi dirigida, remetê-la ao que haja de a cum- via diplomática ou consular, através do Ministério Público,
prir, comunicando o facto ao tribunal que a expediu. quando a rogatória se dirija a Estado que só por essa via
Artigo 164 º receba cartas; se o Estado respectivo não receber cartas por
via oficial, a rogatória é entregue ao interessado.
Conteúdo das cartas
3. A expedição oficial de carta para acto de produção
1. As cartas são assinadas pelo juiz ou relator e apenas
de prova é notificada a ambas as partes. A entrega de
contêm o que seja estritamente necessário para a reali-
rogatória para esse fim é notificada à parte contrária
zação da diligência.
àquela que a recebeu.
2. As cartas para afixação de editais são acompanha- Artigo 167º
das destes e da respectiva cópia para nela ser lançada a
certidão da afixação. Efeitos da expedição da carta sobre a marcha do processo
3. Existindo nos autos algum autógrafo, ou alguma A expedição da carta não obsta a que se prossiga nos
planta, desenho ou gráfico que deva ser examinado no mais termos que não dependam absolutamente da di-
acto da diligência pelas partes, peritos ou testemunhas, ligência requisitada; mas a discussão e julgamento da
remete-se com a carta esse papel ou uma reprodução causa só podem ter lugar depois de cumprida a carta ou
fotográfica dele. findo o prazo do seu cumprimento.
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34 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 168º 2. Quando a carta não seja para citação, notificação
ou afixação de editais, a sua junção ao processo de que
Recusa de cumprimento da carta precatória
dimanou é notificada às partes ou, se alguma delas
1. O tribunal deprecado pode recusar-se a cumprir a tiver sido a portadora, só à parte contrária. Os prazos
carta sempre que não tiver competência para o acto re- que dependam do cumprimento da carta contam-se da
quisitado, sem prejuízo do disposto no número 4 do artigo notificação efectuada ou, para a parte que foi portadora,
162º, e quando o acto seja absolutamente proibido. da data da junção.
Artigo 172º
2. Quando tenha dúvidas sobre a autenticidade da
carta, o tribunal deprecado pede ao juiz deprecante as Assinatura, conteúdo e dispensa dos mandados
informações necessárias, suspendendo o cumprimento
até as obter. 1. Os mandados são passados em nome do tribunal e
assinados por um dos funcionários da secretaria.
Artigo 169º
2. Recebida a carta rogatória, a secretaria dá vista 3. Se o réu contestar, apesar de arguir a ineptidão
ao Ministério Público, para deduzir eventual oposição à com fundamento na alínea a) do número anterior, não
sua execução, quando for caso disso, cabendo ao juiz, em se julga procedente a arguição quando, ouvido o autor,
qualquer caso, ordenar ou recusar o cumprimento. se verificar que o réu interpretou convenientemente a
petição inicial.
3. O Ministério Público pode interpor recurso, com
efeito suspensivo, do despacho de cumprimento, seja qual 4. No caso da alínea c) do número 2, a nulidade subsiste,
for o valor da causa, a que o acto respeita. ainda que um dos pedidos fique sem efeito por incompe-
tência do tribunal ou por erro na forma do processo.
4. Ao tribunal deprecado ou rogado compete regular,
Artigo 174º
de harmonia com a lei, o cumprimento da carta, sem
prejuízo da observância das formalidades especialmente Nulidade do processado posterior à petição
requeridas na carta rogatória, contanto que as mesmas
não violem a lei cabo-verdiana. É nulo tudo o que se processe depois da petição inicial,
salvando-se apenas esta:
Artigo 171º
Devolução ou entrega da carta, depois de cumprida a) Quando o réu não tenha sido citado; e
1. Depois de cumprida, a carta é entregue à parte que b) Quando não tenha sido citado, logo no início do
a apresentou ou devolvida ao juízo de proveniência, se processo, o Ministério Público, nos casos em
tiver sido oficialmente expedida. que deva intervir como parte principal.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 35
Artigo 175º Artigo 176º
1. Há falta de citação:
1. É nula a citação quando, observadas as formalidades
a) Quando o acto tenha sido completamente essenciais, tenha havido preterição de outras formalida-
omitido; des prescritas na lei.
b) Quando tenha havido erro de identidade do citado; 2. O prazo para a arguição da nulidade conta-se desde
a citação; mas a arguição só é atendida se a falta ocorrida
c) Quando se tenha empregado indevidamente a
puder prejudicar a defesa do citado.
citação edital;
d) Quando a citação tenha sido feita com preterição 3. Se a irregularidade consistir em se ter indicado
de formalidades essenciais; e para a defesa prazo superior ao que a lei concede, deve
a defesa ser admitida dentro do prazo indicado, a não
e) Quando se mostre que foi efectuada depois do ser que o autor tenha feito citar novamente o réu em
falecimento do citando. termos regulares.
2. São formalidades essenciais da citação: Artigo 177º
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36 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 180º 2. Proferido despacho saneador, só pode conhecer-se
das nulidades mencionadas no número anterior mediante
Nulidades de que o tribunal conhece oficiosamente
reclamação dos interessados, quando seja admissível.
Das nulidades mencionadas nos artigos 173º, 174º,
3. As demais nulidades devem ser apreciadas logo que
177ºe 178º pode o tribunal conhecer oficiosamente, a não
arguidas.
ser que devam considerar-se sanadas. Das restantes só
pode conhecer mediante reclamação dos interessados, Artigo 185º
salvos os casos em que a lei permite o conhecimento
Regras gerais sobre o julgamento
oficioso.
Artigo 181º
1. A arguição de qualquer nulidade pode ser imediata-
mente indeferida, mas não pode ser deferida sem prévia
Legitimidade para a arguição audiência da parte contrária, salvo caso de manifesta
desnecessidade.
1. Fora dos casos previstos no artigo anterior, a nulida-
de só pode ser invocada pelo interessado na observância 2. Nos Tribunais Superiores é aplicável o disposto no
da formalidade ou na realização, repetição ou eliminação número anterior, devendo o relator levar o processo à
do acto. conferência para se decidir por acórdão, depois de ouvida
a parte contrária, se tal for necessário. A conferência
2. Não pode arguir a nulidade a parte que lhe deu pode, porém, ordenar a audiência da parte contrária,
causa ou que, expressa ou tacitamente, renunciou à sua quando tenha sido dispensada pelo relator.
arguição.
Artigo 186º
Artigo 182º
Não renovação do acto nulo
Prazo para arguição de casos especiais
O acto nulo não pode ser renovado se já expirou o pra-
1. A ineptidão da petição inicial e o erro na forma de zo dentro do qual devia ser praticado, a não ser que a
processo podem ser arguidas pelo réu até à contestação renovação aproveite a quem não tenha responsabilidade
ou neste articulado. na nulidade.
Secção III
2. A falta de citação e a falta de vista ou exame ao
Ministério Público como parte acessória podem ser ar- Actos especiais
guidas em qualquer estado do processo, enquanto não
Subsecção I
estiverem sanadas.
Distribuição
Artigo 183º
Divisão I
Regra geral sobre o prazo de arguição
Disposições gerais
1. Se a parte estiver presente, por si ou por mandatário,
no momento em que for cometida a irregularidade, pode Artigo 187º
a nulidade ser arguida enquanto o acto não terminar; se Distribuição
não estiver, o prazo para a arguição conta-se do dia em
que, depois de ocorrida a irregularidade, a parte interveio 1. A distribuição é a operação pela qual se designa o
em algum acto praticado no processo ou foi notificada para juízo ou o cartório em que o processo há-de correr ou o juiz
qualquer termo dele, de forma a presumir-se que tomou que há-de exercer as funções de relator com a finalidade
ou a considerar-se que podia ter tomado conhecimento de se repartir com igualdade o serviço do tribunal e de
da irregularidade, agindo com a diligência devida. não discriminar o tratamento das partes.
1. O juiz deve conhecer no despacho saneador, se antes 1. A falta ou irregularidade da distribuição não produz
o não tiver feito, das nulidades referidas nos artigos 173º, nulidade de nenhum acto do processo, mas pode ser recla-
174º, 177º e 178º, podendo conhecer delas até à sentença mada por qualquer interessado até ao início da audiência
final, se não houver tal despacho. final ou suprida oficiosamente até à decisão final.
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Artigo 198º Artigo 203º
O erro da distribuição é corrigido pela forma seguinte: 1. Quando tiver havido erro na distribuição, o processo é
a) Quando afecte a designação do juiz, nas comarcas distribuído novamente, aproveitando-se, porém, os vistos
em que haja mais do que um, faz-se nova que já tiver.
distribuição e dá-se baixa da anterior; e
2. Se o erro for consequência da classificação do processo,
b) Nos outros casos, o processo continua a correr é este carregado ao mesmo relator na espécie devida,
no mesmo juízo, carregando-se na espécie descarregando-se daquela em que estava indevidamente
competente e descarregando-se da espécie em classificado.
que estava.
Artigo 204º
Artigo 199º
Espécies
Rectificação da distribuição
Nos Tribunais Superiores há as seguintes espécies de
O disposto no artigo anterior é igualmente aplicável processos:
ao caso de sobrevirem circunstâncias que determinem
alteração da espécie do papel distribuído. a) Na 2ª instância:
Artigo 200º
i. Apelação;
Espécies na distribuição
ii. Agravo; e
Na distribuição há as seguintes espécies:
iii. Causas de que o tribunal conhece em primeira
a) Acções de processo declarativo;
instância.
b) Acções de processo executivo;
b) No Supremo Tribunal de Justiça:
c) Processos Especiais;
i. Revista;
d) Incidentes de instância;
ii. Revisão;
e) Procedimentos cautelares;
iii. Conflitos; e
f) Cartas precatórias ou rogatórias, recursos de
conservadores, notários e outros funcionários, iv. Causas de que o tribunal conhece em única
reclamações sobre a reforma de livros das instância.
conservatórias; e
Artigo 205º
g) Outros papéis.
Como se faz a distribuição
Divisão III
1. No Supremo Tribunal de Justiça os papéis são dis- 2. O presidente, tirando-as uma a uma, lê em voz alta
tribuídos na primeira sessão seguinte ao recebimento o número que sair; o secretário diz em voz alta o apelido
ou apresentação. do juiz a quem couber, segundo a sua ordem, e escreve
no rosto do processo o mesmo apelido, lavrando no livro
2. A distribuição é feita, com intervenção do presidente competente o respectivo assento. O mesmo se pratica
ou seu substituto e do secretário, na presença dos juízes sucessivamente nas espécies imediatas.
e dos funcionários da secretaria, conforme determinação
do presidente. 3. Havendo em qualquer espécie um só processo para
distribuir, entram na urna quatro esferas com os números
3. O presidente designa, por turno, em cada mês, o juiz
correspondentes aos quatro primeiros juízes a preencher
que intervém na distribuição.
nessa espécie, e o número que sair designa o juiz a quem
Artigo 202º o processo fica distribuído.
Classificação e numeração dos papéis
4. O juiz de turno toma nota dos números que forem
O secretário classifica e numera os papéis que houver saindo e revê o livro da distribuição, que o secretário lhe
a distribuir e, se tiver dúvidas sobre a classificação de apresenta, com os processos ou papéis, finda que seja a
algum, são as mesmas resolvidas verbalmente pelo pre- distribuição. Se achar que os assentos estão conformes,
sidente ou seu substituto. rubrica-os.
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Artigo 206º Artigo 210º
Segunda distribuição
Dias em que não se pode efectuar a citação ou a notificação
1. Se no acto da distribuição constar que está impedido o
juiz a quem o processo foi distribuído, é logo feita segunda 1. Ninguém pode ser citado ou notificado no dia do
distribuição na mesma escala. O mesmo se observa se casamento, no dia do falecimento do seu cônjuge ou equi-
mais tarde o relator ficar impedido ou deixar de pertencer parado, pai, mãe ou filho, nem nos oito dias seguintes.
ao tribunal.
2. Tendo falecido qualquer outro ascendente ou descen-
2. Se o impedimento for temporário e cessar antes do dente, um irmão, ou afim nos mesmos graus em que estão
julgamento, dá-se baixa da segunda distribuição, voltan- os parentes designados neste artigo, a proibição abrange
do a ser relator do processo o primeiro designado e ficando o dia do falecimento e os três dias seguintes.
o segundo para ser preenchido em primeira distribuição;
se o impedimento se tornar definitivo, subsiste a segunda Artigo 211º
distribuição.
Casos em que têm de intervir testemunhas
Subsecção II
1. A citação é o acto pelo qual se dá conhecimento ao 2. Se intervierem testemunhas, devem estas assinar
réu de que foi proposta contra ele determinada acção e se a certidão, sabendo e podendo fazê-lo.
chama ao processo para se defender. Emprega-se ainda
para chamar, pela primeira vez, ao processo alguma 3. O funcionário que efectuar a diligência indica, na
pessoa interessada na causa. respectiva certidão, as razões da impossibilidade da in-
tervenção de testemunhas ou da não aposição, por estas,
2. A notificação serve para, em quaisquer outros casos, das respectivas assinaturas.
chamar alguém a juízo ou dar conhecimento de um facto.
Artigo 212º
3. A citação e as notificações são sempre acompanhadas
de todos os elementos e de cópias legíveis dos documentos
Modalidades
e peças do processo necessários à plena compreensão do
seu objecto. 1. A citação pode ser pessoal ou edital.
Artigo 208º
2. A citação pessoal é feita pelo funcionário judicial ou
Necessidade de despacho prévio
pelo correio e deve ser efectuada na própria pessoa do
1. A citação e a notificação dependem de despacho citando; só se faz noutra pessoa quando a lei expressa-
judicial, salvo nos casos em que por disposição expressa mente o permita ou quando o citando tenha constituído
da lei resulte o contrário. mandatário com poderes especiais para a receber, me-
diante procuração passada há menos de três anos.
2. A notificação relativa a processo pendente deve
considerar-se consequência necessária do despacho que 3. A citação edital é feita não só quando o citando se
designa dia para qualquer acto em que devam compare- encontre em parte incerta, mas também quando sejam
cer determinadas pessoas ou a que as partes tenham o incertas as pessoas a citar.
direito de assistir; devem também ser notificados, sem
necessidade de ordem expressa, as sentenças e os des- 4. Incumbe ao juiz fixar, no despacho de citação, a
pachos que a lei mande notificar e todos os que possam modalidade da citação que melhor se adapte às circuns-
causar prejuízo às partes. tâncias de cada caso.
3. Cumpre ainda à secretaria notificar oficiosamente as
partes quando, por virtude de disposição legal expressa, 5. A citação pelo correio só pode ser feita quando o
possam responder a requerimentos, oferecer provas ou, de citando resida no estrangeiro, ou for pessoa colectiva ou
um modo geral, exercer algum direito processual que não sociedade.
dependa de prazo a fixar pelo juiz nem de prévia citação.
6. É ainda admitida a citação por mandatário judi-
Artigo 209º cial que na petição inicial declare o propósito de querer
Citação ou notificação dos agentes diplomáticos fazê-la por si, por outro mandatário judicial, por via de
solicitador ou de empregado habilitado para prestação
Com os agentes diplomáticos observa-se o que estiver de serviço forense, podendo requerer ainda a assunção
estipulado nos tratados e, na falta de estipulação, o prin- da diligência em momento ulterior sempre que qualquer
cípio da reciprocidade. outra forma de citação se tenha frustrado.
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Artigo 213º Artigo 216º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 41
do citando, for informado de que ele efectivamente ali 2. Quando o autor não tenha indicado o réu como
reside, mas que tem outra residência, em determinado residente em parte incerta, é-lhe dado conhecimento
local, onde nessa data se encontra. imediato da certidão, para que requeira o que tiver por
conveniente.
4. Em qualquer dos casos previstos nos números an-
teriores é dado independentemente do despacho, conhe- 3. Para efeito de o juiz ordenar a citação edital, a se-
cimento da certidão ao autor, para que requeira o que cretaria assegura-se previamente de que não é conhecida
tiver por conveniente. a residência do citando, podendo colher informações,
designadamente das autoridades policiais ou adminis-
5. A falsidade da informação sujeita o seu autor à san- trativas.
ção correspondente ao crime de falsidade de interveniente
em acto processual. Desta circunstância é expressamente 4. É aplicável ao autor da informação referida no nú-
advertido pelo funcionário encarregado da diligência no mero 1, o disposto no número 5 do artigo 217º.
acto em que este receber a informação.
Artigo 221º
Artigo 218º
Citação feita na pessoa do réu
Ausência do citando em parte certa
1. Quando a citação é feita na própria pessoa do réu,
1. Se o funcionário, a quem foi facultada a entrada na o funcionário entrega-lhe o duplicado da petição inicial
residência do citando, se certificar de que ele não está e faz-lhe saber que fica citado para a acção a que o du-
em casa e for aí informado de que se acha ausente da lo- plicado se refere, indicando-lhe o dia até ao qual pode
calidade, mas em parte certa, procura obter informações oferecer a sua defesa, a cominação em que incorre se a
precisas sobre o lugar em que se encontra e o tempo pro- não oferecer, a obrigatoriedade de constituir advogado,
vável da demora. De tudo lavra certidão, que é assinada nos casos em que tal obrigatoriedade se verifique, o dever
pela pessoa de quem tenha recebido as informações. de pagar o preparo inicial, as consequências do não pa-
gamento do preparo inicial e a possibilidade de requerer
2. A secretaria, sem necessidade de despacho, dá co-
o benefício da assistência judiciária nos termos da lei.
nhecimento imediato da certidão ao autor, que requer a
No duplicado lança uma nota em que declara o dia da
citação no lugar indicado, se não preferir esperar pelo
citação, o prazo marcado para a defesa, a cominação, o
regresso do réu.
juízo e cartório onde corre o processo, a obrigatoriedade de
3. Se o citando for procurado no lugar indicado e não constituir advogado, as consequências do não pagamento
for aí encontrado, observa-se o disposto no número 2 do do preparo inicial e a possibilidade de requerer o benefício
artigo 215º com as necessárias adaptações. de assistência judiciária. De tudo lavra a certidão que é
assinada pelo citado.
Artigo 219º
2. Se o citado se recusar a receber o duplicado, o oficial
Citação de pessoas colectivas e das sociedades
de justiça declara-lhe na presença de duas testemunhas,
1. A citação de pessoas colectivas e das sociedades que o papel fica à sua disposição na secretaria judicial.
pode fazer-se por meio de carta registada com aviso de Na certidão menciona-se esta ocorrência.
recepção, sem prejuízo do disposto nos números 3 e 4 do Artigo 222º
artigo 214º.
Citação feita em pessoa diversa do citando
2. Com a carta remeter-se-á o duplicado da petição e
nela deve declarar-se que a destinatária fica citada para 1. Quando a citação é feita em pessoa diversa do ci-
os termos da acção a que se refere o duplicado junto e tando, o funcionário entrega a essa pessoa o duplicado
indicar-se-á o juízo em que o processo corre, o prazo em com a nota mencionada no artigo anterior e incumbe-a
que pode ser oferecida a defesa e a cominação, quando a de o transmitir ao destinatário e de o fazer ciente de
houver, a que a destinatária fica sujeita, na falta desta. que está citado para os termos da acção a que se refere
o duplicado. A certidão é assinada pela pessoa em quem
3. Junto o aviso de recepção ao processo, a citação a citação foi efectuada.
considera-se feita no dia em que foi assinado, se o aviso
o mencionar; quando o não mencione, considera-se feita 2. No caso a que se refere o número anterior, assim
na data constante do carimbo da estação postal reexpe- como naqueles em que a citação se considera feita pela
didora ou, se a data não for legível, na data da entrada simples afixação de uma nota na casa de residência do
do aviso na secretaria judicial. citado, o funcionário envia ao réu uma carta registada,
com aviso de recepção, em que lhe dê notícia do dia da
Artigo 220º citação, do modo como foi efectuada, do dia até ao qual
Ausência do citando em parte incerta pode defender-se, da cominação em que incorre na falta
de defesa, da necessidade de constituição de advogado
1. Se o funcionário não encontrar o citando na sua nos casos em que tal seja obrigatório, do dever de pagar
última residência conhecida e for aí informado de que o preparo inicial e das consequências do não pagamento,
ele está ausente em parte incerta, lavra a certidão da da possibilidade de beneficiar de assistência judiciária e
ocorrência, que faz assinar pela pessoa de quem tenha do destino que teve o duplicado. Quando a citação tenha
recebido a informação. sido feita numa pessoa, deve identificá-la.
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42 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 223º Artigo 225º
1. Quando o réu resida em país estrangeiro, observa-se o 1. A citação por intermédio do consulado é requisitada
que estiver estipulado nos tratados e convenções inter- pelo tribunal em simples ofício acompanhado do duplica-
nacionais. do. No ofício pede-se a entrega do duplicado ao citando
2. Na falta de estipulação, a citação é feita pelo correio, e vai escrita a fórmula da nota a exarar no duplicado no
por via aérea, em carta registada e com aviso de recepção, acto da citação.
remetendo-se com ela o duplicado respectivo. Na carta
2. As despesas a que a citação dê lugar e que forem
declara-se que fica o destinatário citado para os termos
indicadas pelo consulado entram em regra de custas.
da acção a que se refere o duplicado junto e indica-se o
juízo e cartório em que o processo corre, o termo do prazo 3. Se o consulado der a informação de que o citando é
até ao qual pode ser oferecida a defesa e que é marcado desconhecido ou está em parte incerta, procede-se logo
com a dilação fixada segundo a regra estabelecida neste à citação edital.
Código, a cominação a que fica sujeito na falta de defesa,
a necessidade de constituir advogado nos casos em que Artigo 226º
tal seja obrigatório, o dever de pagar o preparo inicial e Formalidades da citação edital por incerteza do lugar
as consequências do não pagamento e a possibilidade de
requerer o benefício da assistência judiciária. 1. A citação edital determinada pela incerteza do lugar
em que o citando se encontra é feita pela afixação de
3. O aviso é assinado pelo citado ou pelo funcionário editais e pela publicação de anúncios.
do correio, consoante as determinações do regulamento
local dos serviços postais. 2. Afixam-se três editais, um na porta do tribunal, outro
4. Junto o aviso de recepção ao processo, a citação na porta da casa da última residência que o citando teve
considera-se feita no dia em que foi assinado, se o aviso no país e outro na porta onde se situa a representação do
o mencionar; quando o não mencione, considera-se feita município na localidade.
na data constante do carimbo da estação postal reexpe- 3. Os anúncios são publicados em dois números seguidos
didora ou, se a data não for legível, na data da entrada de um dos jornais mais lidos da localidade em que esteja a
do aviso na secretaria judicial. casa da última residência do citando ou, se aí não houver
5. Observa-se o disposto neste artigo quando se conheça jornal, num dos jornais mais lidos nessa localidade.
a povoação em que o citando reside, embora seja ignorada
4. Não se publicam anúncios nos inventários obriga-
a rua e o número de polícia da sua morada.
tórios e em todos os casos de diminuta importância em
Artigo 224º que o juiz os considere dispensáveis.
Citação do réu dado como residente em país estrangeiro
Artigo 227º
quando a carta venha devolvida
Conteúdo dos editais e anúncios
1. Se a carta vier devolvida sem indicação alguma ou com
a indicação de que se não sabe do paradeiro do destinatário, 1. Nos editais individualiza-se a acção para que o au-
este é desconhecido ou se recusa a recebê-la, ou se o aviso sente é citado, indicando-se quem a propôs e qual é, em
não vier assinado, a secretaria dá logo conhecimento do substância, o pedido do autor; além disso, designa-se o
facto ao autor, independentemente de despacho. tribunal em que o processo corre, o juízo e cartório res-
2. Sendo o réu cabo-verdiano, pode o autor requerer a pectivos, a necessidade de constituir advogado quando
citação por intermédio do consulado cabo-verdiano mais tal seja obrigatório, o dever de pagar o preparo inicial e
próximo; sendo estrangeiro ou não havendo consulado as consequências do não pagamento, a possibilidade de
cabo-verdiano a distância não superior a cinquenta qui- requerer o benefício da assistência judiciária, a dilação,
lómetros ou mostrando-se que a citação por intermédio o prazo para a defesa e a cominação, explicando-se que
do consulado é inviável, pode requerer a citação por carta o prazo para a defesa só começa a correr depois de finda
rogatória. a dilação e que esta se conta da publicação do último
anúncio ou, não havendo lugar a anúncios, da data da
3. Em lugar da citação pelo consulado ou por carta ro- afixação dos editais, que destes consta então.
gatória, pode o autor requerer a citação edital, devendo
então declarar, salva a hipótese de o citando se haver 2. Os anúncios reproduzem o teor dos editais.
recusado a receber a carta, se ele já teve residência em
Artigo 228º
território cabo-verdiano e, em caso afirmativo, indicar
o lugar da última, incorrendo na sanção prescrita no Contagem do prazo para a defesa
número 5 do artigo 217º, se prestar falsas declarações.
Quando o autor indique a última residência do citando em 1. A citação considera-se feita no dia em que se publique
território cabo-verdiano, a citação edital é precedida das o último anúncio ou, não havendo anúncios, no dia em
diligências a que se refere o número 3 do artigo 220º. que sejam afixados os editais.
4. O disposto neste artigo é igualmente aplicável ao 2. A partir da data da citação conta-se o prazo da
caso de o aviso de recepção não ser devolvido dentro de dilação; finda esta, começa a correr o prazo para o ofere-
um período igual ao dobro da dilação fixada. cimento da defesa.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 43
Artigo 229º Divisão III
1. Ao prazo de defesa do citando, acresce uma dilação, 2. Em caso de ausência do mandatário, a notificação
que não pode ser prorrogada, a não ser nos casos previstos deve ser feita na pessoa do empregado que haja sido indi-
no número 5 ou noutras disposições legais. cado por aquele como responsável pelo escritório, valendo-se
neste caso como se o fosse no próprio mandatário.
2. A dilação, que é a mínima, quando nada haja sido
determinada pelo juiz, é fixada, atenta a distância e a 3. A notificação pode fazer-se por carta registada com
facilidade das comunicações, da seguinte forma: aviso de recepção sempre que haja distribuição domi-
ciliária na localidade; neste caso, considera-se feita no
a) Oito dias, quando a citação tenha sido realizada
dia em que, no escritório ou no domicílio escolhido foi
em pessoa diversa do réu, nos termos do
assinado o aviso.
número 2 do artigo 215º e do número 3 do
artigo 218º; 4. A notificação não deixa de produzir efeito pelo facto
b) Dez dias, quando o réu tenha sido citado fora da de os papéis serem devolvidos ou de o aviso de recepção
área da comarca sede do tribunal onde corre não vir assinado ou datado, desde que a remessa tenha
o processo, mas na mesma ilha em que tenha sido feita para o escritório do mandatário ou para o do-
de efectuar-se a citação; micílio por ele escolhido; em qualquer desses casos, ou
no de a carta não ter sido entregue no escritório ou no
c) Entre dez a vinte dias, quando os dois locais domicílio por ausência do destinatário, junta-se ao proces-
sejam em ilhas diferentes; so o sobrescrito ou o aviso de recepção, considerando-se
d) Entre trinta e sessenta dias, quando o réu haja a notificação como efectuada no segundo dia posterior
sido citado para a causa por edital; àquele em que a carta foi registada.
e) Entre trinta a noventa dias, quando a citação 5. Pode ainda a notificação ser efectuada através de
tenha de efectuar-se em país estrangeiro. fax ou de correio electrónico quando o mandatário tenha
expressamente autorizado no respectivo processo a utili-
3. A dilação resultante do disposto na alínea a) do zação desses meios e oferecido o respectivo endereço.
número 2 acresce à que eventualmente resulte do esta-
belecido nas alíneas b), c) e e). Artigo 234º
4. Para a fixação do dia da comparência do citado, ob- Notificações às partes quando não tenham mandatário
servam-se as regras fixadas no número anterior.
1. Se a parte não tiver constituído mandatário nos
5. Quando, por motivo de força maior, se registe grave termos exigidos pelo artigo 232º, mas residir na locali-
perturbação nos meios de comunicação com o lugar onde dade onde está a sede do Tribunal ou aí tiver escolhido
deva ser efectuada a diligência, podem os limites fixados domicílio para receber as notificações, estas são-lhe
no número 2 ser ampliados ou prorrogados na medida do feitas nos termos estabelecidos para as notificações aos
que fundadamente se julgue necessário. mandatários.
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44 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. Se não constituir mandatário naquelas condições, o oficial de justiça declara o dia em que efectuou a diligência.
não residir na sede do Tribunal nem aí tiver escolhido Se o requerimento for acompanhado de documentos, o
domicílio, não se efectuam as notificações: as decisões oficial faculta ao notificando a sua leitura. De tudo passa
consideram-se publicadas logo que o processo dê entrada o oficial certidão, que é assinada pelo notificado.
na secretaria ou, quando se trate de despacho lançado em
requerimento avulso, logo que o processo aí dê entrada. 2. O requerimento e a certidão são entregues a quem
Nos casos a que se refere o número 3 do artigo 208º, a tiver requerido a diligência.
parte considera-se notificada na data em que se verifique
o facto que deveria determinar a notificação. 3. Os requerimentos para as notificações avulsas são
apresentados em duplicado; e tendo de ser notificada
3. Não é aplicável o disposto nos números anteriores mais de uma pessoa, apresentar-se-ão tantos duplicados,
quando a lei exija expressamente a notificação pessoal, quantas forem as que vivam em economia separada.
nem quando a notificação seja destinada a chamar a parte
Artigo 241º
ao Tribunal para a prática de acto pessoal, caso em que
a parte é também notificada pessoalmente. Inadmissibilidade de oposição às notificações avulsas
Artigo 235º
1. As notificações avulsas não admitem oposição alguma.
Notificação pessoal às partes Os direitos respectivos só podem fazer-se valer nas acções
competentes.
Se a parte tiver de ser notificada pessoalmente, apli-
cam-se as disposições relativas à citação pessoal. 2. Do despacho de indeferimento da notificação cabe
Artigo 236º recurso para o tribunal imediatamente superior.
Notificações avulsas e a intervenientes acidentais Artigo 242º
As notificações avulsas e as que tenham por fim cha- Notificação para revogação de mandato ou procuração
mar ao Tribunal testemunhas, peritos e outras pessoas
com intervenção acidental na causa são feitas na própria 1. Se a notificação tiver por fim a revogação de mandato
pessoa dos notificandos. Se o notificando se furtar a re- ou procuração, é feita ao mandatário ou procurador, e
ceber a notificação, observam-se as disposições relativas também à pessoa com quem ele devia contratar, caso
à citação com as necessárias adaptações. o mandato tenha sido conferido para tratar com certa
pessoa.
Artigo 237º
Notificação a funcionários públicos ou a empregados 2. Não se tratando de mandato ou procuração para ne-
de empresas concessionárias gociar com certa pessoa, a revogação deve ser anunciada
num jornal da localidade onde reside o mandatário ou o
A notificação destinada a chamar ao tribunal algum procurador; se aí não houver jornal, o anúncio é publicado
funcionário público ou empregado de empresa conces- num dos jornais mais lidos nessa localidade.
sionária de serviços públicos é feita com a necessária
antecedência. CAPÍTULO II
Artigo 238º
Instância
Notificação de decisões judiciais
Secção I
Quando se notifiquem despachos, sentenças ou acór-
dãos, deve enviar-se ou entregar-se ao notificado cópia Começo e desenvolvimento da Instância
ou fotocópia legível da decisão e dos fundamentos. Artigo 243º
Artigo 239º
Momento em que a acção se considera proposta
Notificação para comparecimento
1. A instância inicia-se pela proposição da acção e esta
1. Quando a notificação se destine a chamar ao tribunal considera-se proposta, intentada ou pendente logo que
a parte ou qualquer outra pessoa, o funcionário indica ao seja, regularmente recebida na secretaria a respectiva
notificando o dia, hora e local em que há-de comparecer petição inicial.
e o fim para que é ordenada a sua comparência e deixar-
lhe-á uma nota com as mesmas indicações. Do acto lavra 2. Porém, o acto da proposição não produz efeitos em
certidão, que é assinada pelo notificado. relação ao réu senão a partir do momento da citação,
salvo disposição legal em contrário.
2. Sendo a notificação feita por via postal, não se passa
nota nem certidão. Artigo 244º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 45
Artigo 245º do processo reduzir o pedido e pode ampliá-lo até o
Modificação subjectiva pela intervenção de novas partes
encerramento da discussão em primeira instância se a
ampliação for o desenvolvimento ou a consequência do
1. Mesmo depois de transitado em julgado o despacho pedido primitivo.
saneador que julgue ilegítima alguma das partes por não
3. Se a modificação do pedido for feita na audiência de
estar em juízo determinada pessoa, pode o autor, dentro
discussão e julgamento fica a constar da acta respectiva.
de trinta dias a contar do trânsito do despacho, chamar
essa pessoa a intervir nos termos estabelecidos neste 4. É permitida a modificação simultânea do pedido e
Código para o incidente da intervenção provocada. da causa de pedir, desde que tal não implique convolação
para relação jurídica diversa da controvertida.
2. Admitido o chamamento, a instância, quando ex-
Artigo 250º
tinta, considera-se renovada, recaindo sobre o autor ou
reconvinte, o encargo do pagamento das custas em que Admissibilidade da reconvenção
tiver sido condenado. 1. O réu pode, em reconvenção, deduzir pedidos contra
Artigo 246º o autor.
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46 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
b) Nos processos em que é obrigatória a constituição para crer que aquela foi intentada unicamente para se
de advogado, quando este falecer ou ficar obter a suspensão ou se a causa dependente estiver tão
absolutamente impossibilitado de exercer adiantada que os prejuízos da suspensão superem as
o mandato. Nos outros processos, quando vantagens.
falecer ou se impossibilitar o representante
legal do incapaz, salvo se houver mandatário 3. Quando a suspensão não tenha por fundamento a
judicial constituído; pendência de causa prejudicial, fixar-se-á no despacho o
prazo durante o qual está suspensa a instância.
c) Na acção executiva, quando na fase da venda Artigo 256º
dos bens penhorados houver acordo entre
executado e exequente para o pagamento a Regime da suspensão
prestações da divida exequenda:
1. Enquanto durar a suspensão só podem praticar-se
d) Quando o tribunal ordenar a suspensão; validamente os actos urgentes destinados a evitar dano
irreparável. A parte que esteja impedida de assistir a
e) Nos outros casos em que a lei o determinar estes actos é representada pelo Ministério Publico ou por
especialmente. advogado nomeado pelo juiz.
2. No caso de transformação ou fusão de pessoa co- 2. Os prazos judiciais não correm enquanto durar a
lectiva ou sociedade, parte na causa, a instância não suspensão. Nos casos das alíneas a) e b) do número 1 do
se suspende, apenas se efectuando, se for necessário, a artigo 252º a suspensão inutiliza a parte do prazo que
substituição dos representantes. tiver decorrido anteriormente.
3. A morte ou extinção de alguma das partes não dá 3. A simples suspensão não obsta a que a instância
lugar à suspensão, mas à extinção da instância, quando se extinga por desistência, confissão ou transacção, con-
tome impossível ou inútil a continuação da lide. tanto que estas não contrariem a razão justificativa da
suspensão.
Artigo 253º
Artigo 257º
Suspensão por falecimento da parte
Como e quando cessa a suspensão
1. Junto ao processo documento que prove o falecimento
ou a extinção de qualquer das partes, suspende-se ime- 1. A suspensão cessa:
diatamente a instância, salvo se já tiver começado a audi- a) No caso da alínea a) do número 1 do artigo 252º,
ência de discussão oral ou se o processo já estiver inscrito com a decisão que considere habilitado o
em tabela para julgamento. Neste caso a instância só se sucessor da pessoa falecida ou extinta;
suspende depois de proferida a sentença ou o acórdão.
b) No caso da alínea b) do número 1 do artigo 252º,
2. A parte deve tornar conhecido no processo a morte quando a parte contrária tiver conhecimento
ou a extinção do seu comparte ou da parte contrária judicial de que está constituído novo advogado,
logo que tenha notícia dele e lhe seja possível obter o ou de que a parte já tem outro representante,
documento comprovativo; se assim o não fizer, ficam sem ou de que cessou a impossibilidade que fizera
efeito os actos praticados posteriormente à data em que suspender a instância;
a ocorrência devia estar certificada.
c) No caso da alínea c) do número 1 do artigo
Artigo 254º 252º com a falta de pagamento de qualquer
Suspensão por falecimento ou impedimento do mandatário prestação ou a requerimento de qualquer
credor cujo crédito haja sido admitido em
No caso da alínea b) do número1 do artigo 252º, uma concurso de credores, na respectiva acção
vez feita no processo a prova do facto, suspender-se-á executiva;
imediatamente a instância, mas se o processo estiver
concluso para a sentença ou em condições de o ser, a d) No caso da alínea d) do número 1 do artigo 252º,
suspensão só se verifica depois da sentença. quando estiver definitivamente julgada a
causa prejudicial ou quando tiver decorrido o
Artigo 255º prazo fixado;
Suspensão por vontade do juiz e) No caso da alínea e) do número 1 do artigo
252º, quando findar o incidente ou cessar
1. O tribunal pode ordenar a suspensão, quando a
a circunstância a que a lei atribui o efeito
decisão da causa esteja dependente do julgamento de
suspensivo.
outra já proposta e quando entender que existe outro
motivo justificado; nos tribunais superiores a suspensão é 2. Se a decisão da causa prejudicial fizer desaparecer
ordenada por acórdão. O acordo das partes não justifica, o fundamento ou a razão de ser da causa que estiver
por si só, a suspensão. suspensa, é esta julgada improcedente.
2. Não obstante a pendência de causa prejudicial, não 3. Se a parte demorar na constituição de novo advogado,
deve ser ordenada a suspensão se houver fundadas razões pode qualquer outra parte requerer que seja notificada
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 47
para o constituir dentro do prazo que for fixado. A falta d) Quando considere ilegítima alguma das partes;
de constituição dentro deste prazo tem os mesmos efeitos
que a falta de constituição inicial. e) Quando julgue procedente alguma outra excepção
dilatória.
4. Pode também qualquer das partes requerer que seja
2. Cessa o disposto no número anterior quando o pro-
notificado o Ministério Publico para promover, dentro do
cesso haja de ser remetido para outro tribunal e quando
prazo que for designado, a nomeação de novo represen-
a falta ou a irregularidade tenha sido sanada.
tante ao incapaz, quando tenha falecido o primitivo ou a
sua impossibilidade se prolongue por mais de trinta dias. 3. As excepções dilatórias só subsistem enquanto a res-
Se ainda não houver representante nomeado quando o pectiva falta ou irregularidade não for sanada, nos termos
prazo findar, cessa a suspensão, sendo o incapaz repre- do número 3 do artigo 7º; ainda que subsistam, não tem
sentado pelo Ministério Publico. lugar a absolvição da instância, quando destinando-se a
tutelar o interesse de uma das partes, nenhum motivo
Secção III
obsta a que se conheça do mérito da causa e a decisão
Interrupção da Instância deva ser favorável a essa parte.
Artigo 258º Artigo 262º
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Artigo 264º Artigo 271º
A desistência do pedido extingue o direito que se pre- 4. A transacção pode também fazer-se em acta, quando
tendia fazer valer. A desistência da instância apenas faz resulte de conciliação obtida pelo juiz. Em tal caso, limita-
cessar o processo que se instaurara. se este a homologá-la por sentença ditada para a acta,
condenando nos respectivos termos.
Artigo 269º
5. O juiz pode, sempre que o entenda útil, em qualquer
Tutela dos direitos do réu
estado do processo e até à prolação da sentença, procurar
1. A desistência da instância depende da aceitação do a conciliação das partes segundo uma adequada solução
réu, desde que seja requerida depois do oferecimento da de equidade, mas elas não podem ser convocadas mais
contestação. do que uma vez exclusivamente para esse fim.
Artigo 270º
1. A confissão, a desistência e a transacção podem ser
Desistência, confissão ou transacção das pessoas colectivas, declaradas nulas ou anuladas como os outros actos da
sociedades, incapazes ou ausentes mesma natureza, nos termos da lei civil.
Os representantes das pessoas colectivas, sociedades, 2. O trânsito em julgado da sentença proferida sobre
incapazes ou ausentes só podem desistir, confessar ou a confissão, desistência ou transacção não obsta a que se
transigir nos precisos limites das suas atribuições ou intente a acção destinada à declaração de nulidade ou à
precedendo autorização especial. anulação de qualquer delas.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 49
3. Quando a nulidade provenha unicamente da falta de 2. Cumulando-se na mesma acção vários pedidos, o
poderes do mandatário judicial ou da irregularidade do valor é a quantia correspondente à soma dos valores de
mandato, a sentença homologatória é notificada pessoal- todos eles; mas quando, como acessório do pedido principal,
mente ao mandante com a cominação de, nada dizendo, se pedirem juros, rendas e rendimentos já vencidos e os
o acto ser havido por ratificado e a nulidade suprida; se que se vencerem durante a pendência da causa, na fixação
declarar que não ratifica o acto do mandatário, este não do valor atende-se somente aos interesses já vencidos.
produz quanto a si qualquer efeito.
3. No caso de pedidos alternativos, atende-se unica-
CAPÍTULO III mente ao pedido de maior valor e, no caso de pedidos
subsidiários, ao pedido principal.
Incidentes da instância
Artigo 280º
Secção I
Valor da acção determinado pelo valor do acto jurídico
Disposições gerais
1. Quando a acção tiver por objecto a apreciação da
Artigo 275º
existência, validade, cumprimento, modificação ou re-
Oferecimento imediato das provas solução de um acto jurídico, atende-se ao valor do acto,
determinado pelo preço, ou estipulado pelas partes.
Com o requerimento em que deduza qualquer dos inci-
dentes regulados neste capítulo, deve a parte oferecer logo 2. Se não houver preço, nem valor estipulado, o valor do
o rol de testemunhas e requerer os outros meios de prova. acto determina-se em harmonia com as regras gerais.
Artigo 276º 3. Se a acção tiver por objecto a declaração de nulidade de
Prazo para a oposição e indicação dos meios de prova contrato, fundada na simulação do preço, o valor da causa é
o maior dos dois valores em discussão entre as partes.
1. A oposição ao pedido, quando admissível, é deduzida
Artigo 281º
dentro do prazo de oito dias, observando-se, quanto aos
meios de prova o disposto no artigo anterior. Valor da acção determinado pelo valor da coisa
2. A falta de oposição no prazo legal determina, quanto 1. Se a acção tiver por fim fazer valer o direito de
à matéria do incidente, a produção do efeito cominatório propriedade sobre uma coisa, o valor desta determina o
que vigoram na causa em que o incidente se insere. valor da causa.
Artigo 277º 2. Tratando-se de outro direito real ou de capital de
Limite do número de testemunhas; registo dos depoimentos uma prestação, aplicam-se as regras sobre a avaliação.
Artigo 282º
1. A parte não pode produzir mais de três testemunhas
por cada facto, nem o número total de testemunhas por Valor da acção em outras situações
cada parte deve ser superior a oito.
1. O valor das acções sobre o estado das pessoas ou
2. Os depoimentos são escritos, não só quando prestados sobre interesses imateriais é o da alçada da primeira
antecipadamente ou por carta, mas também quando a deci- instância acrescido de 1$.
são do incidente seja susceptível de recurso ordinário.
2. O valor das acções que visem pôr termo ao contrato de
Secção II arrendamento é o do quíntuplo da renda anual, acrescido
Verificação do valor da causa das rendas em dívida e da indemnização requerida.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 51
b) Aquele que, nos termos do artigo 32º, pudesse partes primitivas para lhe responderem, podendo estas
coligar-se com o autor, sem prejuízo dos opor-se ao incidente, com fundamento na sua inadmis-
obstáculos formais à coligação; sibilidade legal.
c) Aquele que o autor chamar nos termos dos 2. A parte com a qual o interveniente pretende asso-
números 1 e 2 do artigo 297º. ciar-se deduz a oposição em simples requerimento; a
Artigo 292º parte contrária deve deduzi-la nos mesmos termos se o
interveniente não tiver apresentado articulado próprio,
Valor da sentença quanto ao interveniente podendo a oposição neste caso fundar-se também em que
1. A sentença constitui caso julgado em relação ao o estado do processo já não permite a essa parte fazer
interveniente ou ao chamado que intervier. valer defesa especial que tem contra o interveniente.
O interveniente principal faz valer um interesse pró- 1. Pode qualquer das partes chamar os interessados
prio, paralelo ao do Autor ou do Réu. a que se reconhece o direito de intervir, seja como seu
Divisão II associado, seja como associado da parte contrária.
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Artigo 300º 3. A sentença proferida constitui caso julgado quanto
Oposição
ao chamado, nos termos previstos no artigo 310º, relati-
vamente às questões de que dependa o direito de regresso
Tendo o interveniente oferecido o seu articulado do autor do chamamento, por este invocável em ulterior
próprio, é notificada a parte contrária a que este se as- acção de indemnização.
socia para deduzir oposição à pretensão formulada pelo
Artigo 305º
interveniente, aplicando-se, com as necessárias adapta-
ções, as regras previstas para a oposição à intervenção Tutela dos direitos do autor
espontânea.
Passados três meses sobre a data em que foi inicialmente
Artigo 301º deduzido o incidente sem que se mostrem realizadas to-
Especialidade da intervenção provocada suscitada pelo réu das as citações a que este haja dado lugar, pode o autor
requerer o prosseguimento da causa principal, após o
1. O chamamento de co-devedores ou do principal termo do prazo de que os réus já citados beneficiarem
devedor, suscitado pelo réu que nisso mostre interesse para contestar.
atendível, é deduzido obrigatoriamente na contestação
Divisão II
ou, não pretendendo o réu contestar, no prazo em que
esta deveria ser apresentada. Intervenção acessória do Ministério Público
2. Não se procede à citação edital, devendo o juiz con- 2. O pedido de assistência pode ser deduzido em re-
siderar findo o incidente quando se convença da inviabi- querimento especial ou em articulado ou alegação que o
lidade da citação do chamado. assistido estivesse a tempo de oferecer.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 53
3. Não havendo motivo para indeferir liminarmente o 2. A intervenção do opoente só é admitida enquanto
pedido de intervenção, ordena-se a notificação da parte não estiver designado dia para a discussão e julgamento
contrária à que o assistente se propõe auxiliar; haja ou da causa em primeira instância ou, não havendo lugar a
não oposição do notificado, decide-se imediatamente, ou audiência de julgamento, enquanto não estiver proferida
logo que seja possível, se a intervenção é legítima. sentença.
Artigo 309º Artigo 312º
Poderes e deveres do interveniente e da parte principal
Dedução da oposição espontânea
1. Os assistentes têm no processo a posição de auxilia-
res de uma das partes principais. O opoente deduz a sua pretensão por meio de petição
à qual são aplicáveis, com as necessárias adaptações, as
2. Os assistentes gozam dos mesmos direitos e estão disposições relativas à petição inicial.
sujeitos aos mesmos deveres que a parte assistida, mas
a sua actividade está subordinada à da parte principal, Artigo 313º
não podendo praticar actos que esta tenha perdido o
direito de praticar, nem assumir atitude que esteja em Posição do opoente. Marcha do processo
oposição com a do assistido; havendo divergência insa-
nável entre a parte principal e o assistente, prevalece a Se a oposição não for liminarmente rejeitada, o opoente
vontade daquela. fica tendo na instância a posição da parte principal, com
os direitos e responsabilidades inerentes, e é ordenada
3. Pode requerer-se o depoimento do assistente como parte. a notificação das partes primitivas para que, dentro de
4. Se o assistido for revel, o assistente é considerado quinze dias, contestem o seu pedido.
como seu substituto processual, mas sem lhe ser permi- Artigo 314º
tida a realização de actos que aquele tenha perdido o
direito de praticar. Marcha do processo após os articulados da oposição
A sentença proferida na causa constitui caso julgado 1. Se alguma das partes da causa principal reconhecer
em relação ao assistente que é obrigado aceitar, em qual- o direito do opoente, estando verificada a legitimidade
quer causa posterior, os factos e o direito que a decisão deste, o processo fica a correr unicamente entre a outra
judicial tenha estabelecido, excepto: parte e o opoente, tomando este a posição de autor ou de
réu, conforme o seu adversário for o réu ou o autor da
a) Se alegar e provar, na causa posterior, que o estado causa principal.
do processo no momento da sua intervenção ou
a atitude da parte principal o impediram de 2. Se ambas as partes impugnarem o direito do opoente,
fazer uso de alegações ou meios de prova que a instância segue entre as três partes, havendo neste caso
poderiam influir na decisão final; duas causas conexas, uma entre as partes primitivas e a
b) Se mostrar que desconhecia a existência de outra entre o opoente e aquelas. O mesmo sucede quando
alegações ou meios de prova susceptíveis de o réu reconheça o direito do opoente e a apreciação da
influir na decisão final e que o assistido não legitimidade deste tenha ficado para sentença final.
se socorreu deles intencionalmente ou por
Divisão II
negligência grave.
Subsecção III Oposição provocada
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54 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 317º Artigo 322º
Feito o requerimento para que venha ao processo deduzir 1. Os embargos são processados por apenso à causa
a sua pretensão, é o terceiro citado para a deduzir em prazo em que haja sido ordenado o acto ofensivo do direito do
igual ao concedido ao réu para a sua defesa, entregando-se- embargante.
lhe no acto da citação cópia da petição inicial.
Artigo 318º 2. O embargante deduz a sua pretensão, mediante
petição, nos trinta dias subsequentes àquele em que a
Consequência da inércia do citado
diligência foi efectuada, ou em que o embargante teve co-
1. Se o terceiro, tendo sido citado ou devendo conside- nhecimento da ofensa, mas nunca depois de os respectivos
rar-se citado na sua própria pessoa e não se verificando bens terem sido judicialmente vendidos ou adjudicados,
nenhuma das excepções ao efeito cominatório da revelia, oferecendo logo as provas.
não deduzir a sua pretensão, é logo proferida sentença
Artigo 323º
condenando o réu a satisfazer a prestação ao autor.
Esta sentença tem força de caso julgado relativamente Fase introdutória dos embargos
ao terceiro.
Sendo apresentado em tempo e não havendo outras
2. Se o terceiro não deduzir a sua pretensão, mas não razões para o indeferimento dos embargos, realizam-se
tiver sido nem dever considerar-se citado pessoalmente, as diligências probatórias necessárias, sendo os em-
ou se se verificarem as excepções ao efeito cominatório bargos recebidos ou rejeitados, conforme haja ou não
da revelia, a acção prossegue os seus temos para que se probabilidade séria da existência do direito invocado
decida sobre a titularidade do direito. pelo embargante.
3. A sentença proferida não obsta, porém, nem a que o
Artigo 324º
terceiro exija do autor o que este haja recebido indevida-
mente nem a que reclame do réu a prestação devida, se Efeitos da rejeição dos embargos
mostrar que este omitiu, intencionalmente ou com culpa
grave, factos essenciais à boa decisão da causa. A rejeição de embargos nos termos do disposto no
artigo anterior, não obsta a que o embargante proponha
Artigo 319º
acção em que peça a titularidade do direito que obsta à
Dedução do pedido por parte do opoente. Marcha ulterior realização ou ao âmbito da diligência, ou reivindique a
do processo
coisa apreendida.
1. Quando o terceiro deduza a sua pretensão, seguem-se Artigo 325º
os termos prescritos nos artigos 312º a 315º.
Efeitos do recebimento dos embargos
2. Sendo reconhecida a legitimidade do opoente, as-
sume este a posição de réu e o réu primitivo é excluído O despacho que receba os embargos determina a sus-
da instância, se depositar a coisa ou quantia em litígio; pensão dos termos do processo em que se inserem, quanto
não fazendo o depósito, só continua na instância para aos bens a que dizem respeito, bem como a restituição
a final ser condenado a satisfazer a prestação à parte provisória da posse, se o embargante a tiver requerido;
vencedora. Todavia o juiz pode condicioná-la à prestação de caução
Divisão III pelo requerente.
Oposição mediante embargos de terceiro Artigo 326º
Artigo 320º
Processamento subsequente ao recebimento dos embargos
Fundamentos de embargo de terceiro
1. Recebidos os embargos, são notificados para contestar
1. Se qualquer acto, judicialmente ordenado, de apreen- as partes primitivas, seguindo-se os demais termos do
são ou entrega de bens ofender a posse ou qualquer direito processo ordinário de declaração.
incompatível com a realização ou o âmbito da diligência
de que seja titular quem não é parte na causa, pode o 2. Quando os embargos se fundem apenas na invocação
lesado fazê-lo valer, deduzindo embargos de terceiro. da posse, pode qualquer das partes primitivas, na contes-
2. Não é admitida dedução de embargos de terceiro tação, pedir reconhecimento, quer do seu direito de pro-
relativamente à apreensão de bens realizada em processo priedade sobre os bens, quer de que tal direito pertence
especial de falência. à pessoa a quem a diligência foi promovida.
Artigo 321º Artigo 327º
O cônjuge que tenha a posição de terceiro pode, sem A sentença de mérito nos embargos constitui, nos
autorização do outro, defender por meio de embargos termos gerais, caso julgado quanto à existência e titu-
os direitos relativamente aos bens próprios e aos bens laridade do direito invocado pelo embargante ou por
comuns que hajam sido indevidamente atingidos pela alguns dos embargados, nos termos do número 2 do
diligência prevista no artigo anterior. artigo anterior.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 55
Artigo 328º Artigo 331º
1. Os embargos de terceiro podem ser deduzidos, a título 1. Após a contestação da parte decide-se, se o incidente
preventivo, antes de realizada, mas depois de ordenada deve ter seguimento.
a diligência a que se refere o artigo 320º, observando-se 2. A decisão sobre o seguimento do incidente é proferida
o disposto nos artigos anteriores com as necessárias no despacho saneador da causa principal, sempre que o
adaptações. haja e a falsidade tenha sido arguida antes dele.
2. A diligência não é efectuada antes de proferida a Artigo 332º
decisão na fase introdutória dos embargos e sendo estes
Casos em que se nega seguimento ao incidente
recebidos, continua suspensa até a decisão final, podendo
o juiz determinar que o embargante preste caução. Nega-se seguimento ao incidente:
Secção IV a) Quando não tenha sido deduzida em tempo;
Falsidade b) Quando o documento não possa ter influência na
decisão da causa;
Subsecção I
c) Quando a simples inspecção dos autos mostre que
Falsidade de documentos
o arguente já reconheceu inequivocamente
Artigo 329º como verdadeiro o documento e a falsidade
invocada não seja superveniente.
Prazo e forma de arguição
d) Quando seja manifesto que o incidente tem fim
1. A falsidade de documentos deve ser arguida no prazo meramente dilatório.
de dez dias, contados da sua apresentação, se a parte a
Artigo 333º
ela estiver presente, ou da notificação da junção, no caso
contrário; se a falsidade respeitar, porém, a documento Instrução e julgamento do incidente
junto com articulado que não seja o último, deve a sua
arguição ser feita no articulado seguinte e quando se 1. Se o incidente houver de prosseguir, observa-se o
referir a documento junto com a alegação do recorrente seguinte:
é o incidente é deduzido dentro do prazo facultado para a) Os factos essenciais da causa principal
a alegação do recorrido. seleccionados pelo juiz correspondem à
matéria do incidente;
2. Se a parte só tiver conhecimento da falsidade depois
do prazo fixado para a arguição, pode deduzir o incidente b) A instrução do incidente é feita com a causa
dentro de dez dias, a contar da data em que do facto teve principal, sempre que seja possível e nela se
conhecimento. observam as regras aplicáveis a essa causa;
3. Tanto o requerimento de arguição da falsidade, como c) O incidente é julgado com a causa principal sempre
a respectiva oposição, não deduzida nos articulados, são que possível, cujos termos se suspendem pelo
oferecidos em duplicado. tempo indispensável à apreciação conjunta.
4. O incidente da falsidade é processado nos próprios 2. Se o incidente for levantado na acção executiva, ou
autos da causa principal, sempre que possa ser julgado em processo cuja tramitação inviabilize o julgamento con-
juntamente com ela. junto, ao despacho de admissão seguir-se-ão a instrução
e o julgamento feitos segundo as regras estabelecidas nos
5. O disposto nos números anteriores não prejudica artigos 275º a 277º.
o conhecimento oficioso da falsidade, quando esta for
3. O incidente não suspende o andamento da execução,
manifesta.
mas tanto o exequente, como qualquer outro credor só
Artigo 330º podem ser pagos antes de ele ser julgado, se prestarem
caução nos termos estabelecidos neste Código para o
Resposta à arguição pagamento do exequente ou de outros credores quando
prossigam os embargos do executado.
1. A parte contrária é notificada para contestar, salvo
se a falsidade houver sido arguida em articulado que não Artigo 334º
seja o último; neste caso contesta no articulado seguinte, Condenação em multa
independentemente da notificação.
1. Tanto a parte que arguir a falsidade, se decair no
2. Se a parte não contestar ou declarar que não quer incidente, desistir dele ou der causa a que seja declarado
fazer uso do documento julga-se findo o incidente e o sem efeito, como a que usar o documento falso, ficam
documento não pode ser atendido na causa para efeito sujeitos às sanções previstas neste Código por litigância
algum. de má fé, salvo os casos de manifesta boa-fé.
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56 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
3. Se for negado provimento ao incidente, ou este se Quando tem lugar a habilitação. Quem a pode promover
considerar findo, dá-se conhecimento da arguição ao
1. A habilitação dos sucessores da parte falecida na
Ministério Público para que este promova no Tribunal
pendência da causa ou da herança jacente, para com eles
criminal o que tiver por conveniente.
prosseguirem os termos da demanda, pode ser promovida
Artigo 336º tanto por qualquer das partes que sobreviverem como por
qualquer dos sucessores e deve ser promovida contra as
Incidente de falsidade perante tribunal superior
partes sobreviventes e contra os sucessores do falecido
1. O disposto nos artigos anteriores é aplicável ao inci- que não forem requerentes.
dente de falsidade deduzido perante o tribunal superior.
2. Se o funcionário incumbido da citação do réu certi-
Proferido porém, o despacho do relator que ordene o
ficar o falecimento deste, pode-se requerer a habilitação
seguimento, suspendem-se os termos do recurso e o pro-
dos seus sucessores em conformidade com o que nesta
cesso baixa à primeira instância, a fim de ser instruído e
secção se dispõe, ainda que o óbito seja anterior à pro-
julgado o incidente; os recursos interpostos no incidente
posição da acção.
para o tribunal que o mandou seguir são julgados com
aquele em que a falsidade for deduzida. 3. Se o autor falecer depois de ter conferido mandato
para a proposição da acção e antes de esta ter sido instau-
2. Considera-se deduzido perante o tribunal de recurso
rada, pode promover-se a habilitação dos seus sucessores
o incidente relativo a documento junto com alegação que
quando se verifique algum dos casos excepcionais em que
lhe seja dirigida.
o mandato é susceptível de ser exercido depois da morte
3. Nos casos a que se refere este artigo, o incidente é do constituinte.
processado por apenso. Artigo 341º
Artigo 337º Regras comuns do procedimento do incidente
Falsidade deduzida em recurso interposto na primeira
instância 1. Deduzido o incidente, ordena-se a citação dos
requeridos que ainda não tenham sido citados para a
1. O incidente de falsidade deduzido em recurso inter- causa e a notificação dos restantes, para contestarem a
posto na primeira instância é instruído e julgado no tri- habilitação.
bunal recorrido, ficando entretanto suspensos os termos
do recurso, sempre que no recurso em causa o juiz tenha 2. O incidente é autuado por apenso, sem prejuízo do
a faculdade de o reparar. disposto no número 1 do artigo 342º.
2. É aplicável ao caso previsto neste artigo o disposto 3. A improcedência da habilitação não obsta a que o
no número 3 do artigo anterior. requerente deduza outra com fundamento em factos di-
ferentes ou em provas diversas relativas ao mesmo facto.
Subsecção II A nova habilitação quando fundada nos mesmos factos,
Falsidade dos actos judiciais pode ser deduzida no processo da primeira, pelo simples
oferecimento de outras provas, mas as custas da primeira
Artigo 338º habilitação não são atendidas na acção respectiva.
Prazo para a arguição da falsidade Artigo 342º
1. A falsidade da citação deve ser arguida dentro de dez Processo a seguir no caso de a legitimidade já estar
dias, a contar da intervenção do réu no processo. reconhecida em documento ou noutro processo
2. A falsidade de qualquer outro acto judicial deve ser l. Se a qualidade de herdeiro ou aquela que legitimar
arguida no prazo de dez dias, a contar da data em que se o habilitando para substituir a parte falecida já estiver
deve entender que a parte teve conhecimento do acto. declarada noutro processo, por decisão transitada em
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 57
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58 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 348º contar da data da entrada do respectivo processo no tri-
Como se deduz bunal de recurso, cabendo ao Presidente desta instância,
poderes para o encurtamento dos prazos processuais que
A liquidação é deduzida mediante requerimento ofe- se mostrarem necessários para tal efeito.
recido em duplicado, no qual o autor, conforme os casos,
Artigo 352º
relaciona os objectos compreendidos na universalidade,
com as indicações necessárias para se identificarem, ou Relação entre o procedimento cautelar e a acção principal
especifica os danos derivados do facto ilícito e conclui
pedindo quantia certa. 1. O procedimento cautelar encontra-se sempre na de-
Artigo 349º
pendência da causa que tenha por fundamento o direito
acautelado, podendo ser instaurado como preliminar ou
Termos posteriores à liquidação como incidente da acção.
1. A oposição à liquidação é formulada em duplicado.
2. Requerido antes de proposta a acção, deve o proce-
2. A matéria da liquidação é inserida ou aditada à base dimento ser apensado ao processo desta logo que seja
instrutória da causa. intentada e se ela for proposta noutro tribunal, para lá
é remetido, ficando o juiz da acção com a exclusiva com-
3. As provas são oferecidas e produzidas, sendo possível, petência para os termos subsequentes à remessa.
com as das restantes matérias da acção e da defesa.
3. Requerido no decurso da acção, é o procedimento
4. A liquidação é discutida e liquidada com a causa instaurado onde ela houver siso proposta e deduz-se por
principal. apenso, salvo se estiver pendente de recurso; neste caso a
CAPÍTULO IV apensação faz-se só quando o procedimento cautelar esteja
findo ou quando o processo baixe à primeira instância.
Procedimentos cautelares
4. Nem o julgamento da matéria de facto, nem a decisão
Secção I
final, proferida no procedimento cautelar, tem qualquer
Providências cautelares não especificadas influência no julgamento da acção principal.
Artigo 350º Artigo 353º
Âmbito
Processamento
1. Quando alguém mostre fundado receio de que
outrem, antes de a acção ser proposta ou na pendência 1. É aplicável às providências cautelares o disposto nos
dela, cause lesão grave e dificilmente reparável ao seu artigos 275º a 277º.
direito, pode requerer, a providência antecipatória ou
2. O tribunal ouve o requerido se a audiência não puser
conservatória para assegurar a efectividade do direito
em risco o fim ou a eficácia da providência.
ameaçado.
2. O interesse do requerente pode fundar-se num di- 3. Quando deva ser ouvido, o requerido é citado para
reito já existente ou em direito emergente de decisão a deduzir oposição, procedendo-se, depois, à produção das
proferir em acção constitutiva, já proposta ou a propor. provas indispensáveis.
3. Não são aplicáveis as providências referidas no 4. A citação é substituída por notificação quando o
número 1 quando se pretenda acautelar o risco de lesão requerido já tenha sido citado para a acção principal.
especialmente prevenido por alguma das providências
tipificadas neste Código. 5. Não tem lugar a citação edital, devendo o juiz dis-
pensar a audiência do requerido quando se certificar que
4. Não é admissível, na dependência da mesma causa, a citação pessoal dele não é viável.
a repetição da providência que haja sido julgada injus-
tificada ou caducada. 6. Se o requerido não tiver sido ouvido, o juiz pode,
ainda assim, ordenar todas as diligências de prova ne-
Artigo 351º
cessárias, sendo, em tal caso, notificada ao requerido a
Carácter urgente realização da providência.
1. Os procedimentos cautelares revestem sempre ca- Artigo 354º
rácter urgente, precedendo os respectivos actos qualquer
outro serviço judicial não urgente. Concessão da providência
2. Os procedimentos instaurados perante o tribunal 1. A providência é decretada desde que as provas pro-
competente, devem ser decididos em primeira instância, duzidas revelem uma probabilidade séria da existência
no prazo máximo de dois meses, ou se o requerido não do direito e mostrem ser fundado o receio da sua lesão.
tiver sido citado, de quinze dias.
2. A providência pode, não obstante, ser recusada pelo
3. Na instância de recurso, os procedimentos cautelares tribunal quando o prejuízo dela resultante para o reque-
devem ser decididos no prazo máximo de noventa dias a rido exceder o dano que com ela se pretende evitar.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 59
Artigo 355º responsável pelos danos causados ao requerido, quando
Substituição da providência não tenha agido com a prudência normal, não lhe sendo
permitido requerer outra providência como dependência
A providência decretada pode ser substituída por caução da mesma causa.
adequada, a pedido do requerido, sempre que a caução
oferecida, ouvido o requerente, se mostre suficiente para 2. Sempre que o entenda conveniente, pode o juiz, sem
prevenir a lesão ou repará-la integralmente. necessidade de audiência do requerido, tornar a conces-
são da providência dependente da prestação de caução
Artigo 356º
adequada a efectuar pelo requerente.
Impugnação da providência
Artigo 359º
1. O requerido pode recorrer, nos termos gerais, do Garantia penal
despacho que deferir a providência.
Constitui crime de desobediência qualificada o não aca-
2. Quando o requerido não tiver sido ouvido antes de tamento da providência cautelar decretada, sem prejuízo
decretada a providência, cabe-lhe igualmente opor em- das medidas adequadas à sua execução coerciva.
bargos ao deferimento desta, nos termos estabelecidos
neste Código para o embargo à execução. Artigo 360º
Aplicação subsidiária
3. Os embargos destinam-se especialmente a alegar factos
que afastem os fundamentos da providência requerida ou 1. As disposições constantes desta secção são aplicáveis
a pedir a redução dela aos seus justos limites. aos procedimentos cautelares específicos, regulados nas
Artigo 357º secções seguintes, em tudo quanto nelas não se encontre
especialmente previsto.
Caducidade da providência
2. O disposto no número 2 do artigo 358º é apenas
1. O procedimento cautelar extingue-se e, quando
aplicável a arresto e ao embargo de obra nova.
decretada, a providência caduca:
3. O tribunal não está adstrito à providência concre-
a) Se o requerente não propuser a acção da qual
tamente requerida.
a providência depende dentro de trinta
dias, contados da data em que lhe tiver sido Secção II
notificada a decisão que a tenha ordenado.
Alimentos provisórios
b) Se, proposta a acção, o processo estiver parado Artigo 361º
mais de trinta dias, por negligência do
requerente; Em que casos podem pedir-se alimentos provisórios
c) Se a acção vier a ser julgada improcedente, por 1. Como dependência da acção em que principal ou
decisão transitada em julgado; acessoriamente se peça a prestação de alimentos, pode
ser requerida a fixação de uma quantia mensal que o in-
d) Se o réu for absolvido da instância e o teressado deva receber a título de alimentos provisórios,
requerente não propuser nova acção em enquanto não houver sentença exequível na acção.
tempo de aproveitar os efeitos da proposição
da anterior; 2. A prestação alimentícia provisória é fixada em atenção
ao que for estritamente necessário para sustento, habitação
e) Se o direito que o requerente pretende acautelar e vestuário do requerente e também para despesas da acção,
se tiver extinguido. quando este não possa obter a assistência judiciária, deven-
2. Quando a providência cautelar tenha sido substitu- do a parte relativa ao custeio da demanda ser destrinçada
ída por caução, fica esta sem efeito nos mesmos termos da que se destina aos alimentos.
em que fica a providência substituída. Artigo 362º
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60 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
4. Se o juiz considerar que se torna necessário proceder 3. A liquidação provisória a imputar na liquidação
a algum arbitramento, é este feito por um só perito por definitiva do dano é fixada equitativamente pelo tribunal.
ele nomeado.
4. Se a decisão final proferida na acção de indemnização
5. A sentença é oral e os alimentos são devidos a partir não arbitrar qualquer reparação ou atribuir indemnização
do primeiro dia do mês subsequente à data da dedução inferior à provisoriamente estabelecida, condena o lesado
do respectivo pedido. a restituir o que for devido.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 61
Artigo 371º Artigo 376º
1. Se o requerente alegar que não lhe foi fornecida 1. Examinadas as provas produzidas o arresto é de-
cópia da acta, ou o documento correspondente dentro do cretado, sem audição da parte contrária, desde que se
prazo fixado no artigo anterior a citação da associação mostrem preenchidos os requisitos legais; porém se o
ou sociedade é feita com a cominação de que a contestação arresto houver sido requerido em mais bens do que os
não é recebida sem vir acompanhada da cópia ou do suficientes para segurança da obrigação, reduz-se a ga-
documento em falta. rantia aos justos limites.
2. Ainda que a deliberação seja contrária à lei, aos 2. O arrestado não pode ser privado dos rendimentos
estatutos ou ao contrato o juiz pode deixar de suspendê- estritamente indispensáveis aos seus alimentos e da sua
la, desde que o prejuízo resultante da suspensão seja família e custeio das despesas da demanda, que lhe são fi-
superior ao que pode resultar da execução. xados nos termos previstos para os alimentos provisórios.
3. A partir da execução e enquanto não for julgado 3. Tratando-se de arresto em navio ou sua carga, a
em primeira instância o pedido de suspensão, não é apreensão não se realiza se o devedor oferecer logo caução
lícito à associação ou sociedade executar a deliberação que o credor aceite ou que o juiz, dentro de vinte e quatro
impugnada. horas, julgue idónea, ficando sustada a saída do navio
até à prestação da caução.
Artigo 372º
Artigo 377º
Suspensão das deliberações da assembleia de condóminos
Caso especial de caducidade
1. O disposto nesta secção é aplicável, com as necessá-
O arresto fica sem efeito no caso de, obtida na acção
rias adaptações, à suspensão de deliberações anuláveis
de cumprimento sentença com trânsito em julgado, o
da assembleia de condóminos de prédio sujeito ao regime
credor insatisfeito não promover execução, dentro dos
de propriedade horizontal.
dois meses subsequentes, ou se, promovida a execução,
2. A citação para contestar é feita na pessoa a quem o processo ficar sem andamento durante mais de trinta
compete a representação judiciária dos condóminos na dias, por negligência do exequente.
acção de anulação. Artigo 378º
Secção V Arresto especial
O credor que tenha fundado receio de perder a garantia Não é aplicável a este caso especial de arresto a ca-
patrimonial do seu crédito pode, como dependência da ducidade por falta de propositura da acção quando a
acção de cumprimento, requerer o arresto dos bens do liquidação da responsabilidade financeira do agente for
devedor. da competência do Tribunal de Contas.
Artigo 375º Secção VI
Artigo 380º
1. O requerente do arresto deduz os factos que tornam
provável a existência do crédito e justificam o receio Fundamento do embargo. Embargo extrajudicial
invocado, relacionando, se puder, os bens que devem
ser apreendidos, com todas as indicações necessárias à 1. Aquele que se julgue ofendido no seu direito de pro-
realização da diligência. priedade, singular ou comum, em qualquer outro direito
real ou pessoal de gozo ou na sua posse, em consequência
2. Sendo o arresto requerido contra o adquirente dos de obra, trabalho ou serviço novo que lhe cause ou ameace
bens do devedor, o requerente se não mostrar ter sido ju- causar prejuízo, pode requerer, dentro de trinta dias, a
dicialmente impugnada a aquisição, deduz ainda os factos contar do conhecimento do facto, que a obra, trabalho ou
que tornem provável a procedência da impugnação. serviço seja mandado suspender imediatamente.
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62 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Processamento Processamento
1. Se a providência for decretada, com ou sem prévia 1. Decretado o arrolamento, profere-se despacho de
audiência do requerido, é o embargo feito por meio de auto nomeação do avaliador e do depositário dos bens.
no qual se descreve o estado da obra e, se for possível e
2. O arrolamento consiste na descrição, avaliação e
conveniente, a sua medição e reprodução fotográfica ou
depósito dos bens.
cinematográfica.
3. É lavrado auto em que se descrevem os bens, em
2. Notifica-se o dono da obra ou, na sua falta, o en-
verbas numeradas, como em inventário, se declara o valor
carregado ou quem o substitua, para não continuar os
fixado pelo louvado e se certifique a entrega ao depositário
trabalhos.
ou o diverso destino que tiveram.
3. O auto é assinado pelo funcionário que o lavre e pelo
4. O auto menciona ainda todas as ocorrências com
dono da obra ou por quem a dirigir, se o dono não estiver
interesse e é assinado pelo funcionário que o lavre, pelo
presente. Quando o dono da obra não possa ou não queira
depositário e pelo possuidor dos bens, se assistir, devendo
assinar, intervêm duas testemunhas.
intervir duas testemunhas quando não for assinado por
Artigo 385º este último.
Autorização da continuação da obra 5. São aplicáveis ao arrolamento as disposições relativas à
penhora, em tudo quanto não contrarie o estabelecido nesta
Embargada a obra, pode ser autorizada a sua continu- secção ou a diversa natureza das providências.
ação, a requerimento do embargado, quando se reconheça
que a demolição restitui o embargante ao estado anterior Artigo 390º
à continuação ou quando se apure que o prejuízo resul- Casos de imposição de selos
tante da paralisação da obra é muito superior ao que pode
advir da sua continuação e em ambos os casos mediante 1. Quando haja urgência no arrolamento e não seja
caução previa às despesas de demolição total. possível efectuá-lo imediatamente ou quando se não possa
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 63
conclui-lo no dia em que foi iniciado, impõem-se selos 3. Na apreciação da idoneidade da caução por meio de
nas portas das casas ou nos móveis em que estejam os hipoteca, penhor ou depósito de títulos de crédito, pedras
objectos sujeitos a extravio, adoptando-se as providências ou metais preciosos, tem-se em conta a depreciação que
necessárias para a sua segurança e continuando-se a os bens podem sofrer em consequência da venda forçada,
diligência no dia que for designado. bem como as despesas a que a venda pode dar lugar.
2. Os objectos, papéis ou valores de que não seja ne- 4. Fixado o valor que deve ser caucionado e a espécie
cessário fazer uso e que não sofram deterioração por da caução, esta julga-se prestada depois de efectuado o
estarem fechados são, depois de arrolados, encerrados em depósito ou a entrega, ou de averbado como definitivo o
caixas lacradas com selo, que se depositam em qualquer registo da hipoteca ou consignação de rendimentos, ou
dependência bancária. depois de constituída a fiança.
Artigo 391º 5. É aplicável nos processos regulados neste capítulo
o disposto nos artigos 275º a 277º.
Nomeação do depositário
Artigo 394º
1. Quando haja de proceder-se a inventário, é nomeada
como depositário a pessoa a quem deva caber a função Como se requer a prestação
de cabeça-de-casal, sendo a relação de bens substituída 1. Aquele que pretenda exigir a prestação de caução
pelo auto de arrolamento. indica, além dos fundamentos da pretensão, o valor que
2. Nos outros casos, o depositário é o próprio possuidor deve ser caucionado.
ou detentor dos bens, salvo se houver manifesto incon- 2. O requerido é citado para, no prazo de cinco dias,
veniente em que lhe sejam entregues. contestar o pedido ou oferecer caução idónea.
3. O auto de arrolamento serve de descrição no inven- Artigo 395º
tário a que haja de prosseguir.
Processo na falta de oposição
Artigo 392º
1. Se o réu não contestar é logo condenado a caucionar
Arrolamentos especiais o valor indicado na petição e notificado para declarar por
que modo quer prestar a caução.
1. Como preliminar ou incidente da acção de separação
judicial de pessoas e bens, divórcio, de reconhecimento do 2. Feita a declaração o autor pode dizer o que se lhe
direito à meação por cessação de união de facto reconhe- oferecer sobre a idoneidade da caução e, efectuadas as
cível, declaração de nulidade ou anulação de casamento, diligências indispensáveis, decide-se.
qualquer dos cônjuges pode requerer o arrolamento de
bens comuns, ou de bens próprios que estejam sob a 3. Se o réu não fizer declaração nenhuma, o autor pode
administração do outro. pedir a aplicação da sanção estabelecida na lei civil para
a falta de prestação da caução ou, na falta de preceito
2. Se houver bens abandonados, por estar ausente o especial requerer registo de hipoteca sobre os bens do
seu titular, por estar jacente a herança, ou por outro responsável.
motivo, e tomando-se necessário acautelar a perda ou
deterioração, são arrecadados judicialmente, mediante 4. O arresto facultado pelo número anterior não está
arrolamento. sujeito ao disposto nas disposições deste Código para a
providência cautelar do mesmo nome. Porém se os bens
3. Os arrolamentos especiais não estão dependentes do que se pretende arrestar excederem o necessário para
fundamento do arrolamento estabelecido no artigo 387º. suficiente garantia da obrigação, o juiz pode, a requeri-
mento do réu, depois de ouvido o autor e realizadas as
CAPÍTULO V diligências indispensáveis, reduzir o arresto aos seus
justos limites.
Cauções
Artigo 396º
Secção I
Processo no caso de oposição
Prestação de caução
1. Se o réu contestar a obrigação, o autor pode responder
Artigo 393º
e a questão é logo decidida, precedendo as diligências
Princípios gerais necessárias.
1.A caução pode ser prestada por qualquer dos meios 2. Apurado que é obrigado a prestar caução, o réu é
previstos na lei civil, bem como mediante meio idóneo notificado para impugnar ou aceitar o valor e oferecer
aceite pelos usos. caução. O autor pode responder e o juiz fixa caução e o
prazo em que deve ser prestada, depois de mandar pro-
2. Oferecendo-se caução por meio de hipoteca ou con- ceder às diligências que forem indispensáveis.
signação de rendimentos, apresenta-se logo certidão do
respectivo registo provisório e dos encargos inscritos 3. Quando o réu não ofereça caução alguma ou não a
sobre os bens, e ainda a certidão do seu rendimento co- preste dentro do prazo fixado, é aplicável o disposto nos
lectável, se o houver. números 3 e 4 do artigo anterior.
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Artigo 397º Artigo 401º
1. Se o réu impugnar somente o valor, deve ao mesmo 1. O disposto no artigo anterior é aplicável à caução
tempo declarar por que modo quer prestar a caução, sob oferecida pela sociedade anónima ou por quotas, como
pena de não ser admitida a impugnação e de se observar garantia de pagamento aos seus credores, para obstar à
o disposto no artigo 394º. dissolução requerida por eles.
2. O autor pode responder, seguindo-se o disposto no
2. A acção de dissolução finda, logo que a sociedade
número 2 do artigo anterior.
preste a caução que for julgada idónea.
Artigo 398º
Secção II
Prestação espontânea de caução
Reforço e substituição da caução e de outras garantias
1. Sendo a caução oferecida por aquele que tem obri- especiais
gação de a prestar, deve o requerente indicar na petição
Artigo 402º
inicial, além do motivo do oferecimento, o valor a caucio-
nar e o modo por que quer prestar a caução. Reforço ou substituição de hipoteca, consignação
de rendimentos ou penhor
2. É citada a pessoa a favor de quem deve ser prestada
a caução, para, no prazo de cinco dias, deduzir oposição, 1. O credor que pretenda exigir reforço ou substituição
impugnando o valor ou a idoneidade da garantia. da hipoteca, da consignação de rendimentos ou do pe-
nhor justifica, na petição inicial, a pretensão formulada,
3. Se o citado não deduzir oposição, é logo julgada
indicando o montante da depreciação ou o perecimento
idónea a caução oferecida. Se for impugnado o valor
dos bens dados em garantia e a importância do reforço
ou a idoneidade da caução, ou somente alguma destas
ou da substituição.
indicações, pode o autor responder à matéria da impug-
nação e depois se decide, precedendo as diligências que 2. O devedor é citado para, no prazo de cinco dias,
se julguem necessárias. contestar o pedido ou impugnar o valor do reforço ou da
4. Quando a caução for oferecida em substituição de substituição e indicar os bens que oferece.
hipoteca legal, o devedor, além de indicar o valor dela e o
3. Quando a obrigação de reforçar ou substituir a ga-
modo de a prestar, fórmula e justifica na petição o pedido
rantia incumba a terceiro, é este citado para os efeitos
de substituição, e o credor é citado para impugnar tam-
referidos no número antecedente.
bém este pedido, observando-se, quanto à impugnação
dele, o disposto nos números anteriores. Artigo 403º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 65
2. O autor pode impugnar a idoneidade e a suficiência 3. Se a caução tiver sido constituída judicialmente, a
da garantia oferecida, devendo o juiz resolver, precedendo prestação de nova forma ou o reforço dela é requerido no
as diligências necessárias. mesmo processo, devendo observar-se, quanto ao próprio
reforço, o disposto nas alíneas b) e c) do artigo 399º.
3. Os termos do processo são os mesmos quando o réu
não contestar o pedido nem impugnar o valor, mas ofe- Artigo 410º
recer bens para o reforço ou substituição. Reforço da caução prestada como incidente
Artigo 405º
Quando a caução tenha sido prestada por uma das
Termos a seguir na falta de oposição partes a favor da outra, como incidente da causa, a subs-
tituição ou o reforço é requerido no processo de prestação,
1. Se o réu não deduzir nenhuma oposição, nem oferecer
observando-se, com as necessárias adaptações, os termos
bens para reforço ou substituição da garantia, cabe ao juiz
prescritos para a prestação da caução.
decidir com base nos factos considerados provados.
CAPÍTULO VI
2. A execução destinada a exigir o cumprimento ime-
diato da obrigação que a substituição ou reforço se des- Das custas, multas e indemnizações
tinavam a garantir, segue no mesmo processo.
Secção I
Artigo 406º
Custas
Reforço e substituição da fiança
Artigo 411º
O disposto nos artigos anteriores é aplicável ao reforço
Regra geral em matéria de custas
e substituição da fiança e de outras garantias pessoais,
mas o devedor é citado para oferecer novo fiador ou outra 1. A decisão que julgue a acção ou algum dos seus
garantia idónea. incidentes ou recursos condena em custas a parte que a
Artigo 407º elas houver dado causa ou, não havendo vencimento da
acção, quem do processo tirou proveito.
Substituição do penhor
2. Entende-se que dá causa às custas do processo a
1. Havendo justo receio de que a coisa empenhada
parte vencida, na proporção em que o for.
se perca, deteriore ou desvalorize consideravelmente,
tanto o credor pignoratício, como o autor da garantia, 3. Tendo ficado vencidos vários autores ou vários
podem requerer autorização judicial para que a coisa réus, respondem pelas custas em partes iguais, salvo se
seja imediatamente vendida e o penhor recaia sobre o houver diferença sensível quanto à participação de cada
produto da venda. um deles na acção, porque nesse caso as custas são dis-
tribuídas segundo a medida da sua participação; no caso
2. Salvo se a urgência da conversão impuser a venda
de condenação por obrigação solidária, a solidariedade
imediata, é citado para contestar, no prazo de dez dias,
estende-se às custas.
o credor ou o dono da coisa, conforme tenha sido este ou
aquele o requerente da substituição; o tribunal decide em Artigo 412º
seguida, precedendo as diligências necessárias.
Regras especiais
3. Sendo ordenado o depósito do preço, fica este de-
positado à ordem do tribunal, para poder ser levantado 1.Quando a instância se extinguir por impossibilidade
depois de vencida a obrigação. ou inutilidade da lide, as custas ficam a cargo do autor,
salvo se a impossibilidade ou inutilidade resultar de facto
Artigo 408º imputável ao réu, que nesse caso as paga.
Suspensão da venda
2. As custas dos embargos de terceiro, cujo prossegui-
Enquanto a venda não for efectuada, podem o devedor mento se torne inútil por ter sido declarado sem efeito no
ou o autor do penhor oferecer em substituição outra ga- processo de que dependam, bem como o acto ofensivo da
rantia real ou pessoal cuja idoneidade é logo apreciada, posse ou do despacho que o ordenou acrescem às custas
suspendendo-se entretanto a venda. desse processo.
Reforço e substituição da caução Actos e diligências que não entram na regra geral das custas
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66 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Custas no caso de confissão, desistência ou transacção 2. Tendo litigado de má fé, a parte é condenada em
multa e numa indemnização à parte contrária, se esta
1. Quando a causa termine por desistência ou confissão,
a pedir.
as custas são pagas pela parte que desistir ou confessar;
e, se a desistência ou confissão for parcial, a responsa- 3. Diz-se litigante de má fé quem, com dolo, ou negli-
bilidade pelas custas é proporcional à parte de que se gência grave:
desistiu ou que se confessou.
2. No caso de transacção, as custas são pagas a meio, a) Tiver deduzido pretensão ou oposição, cuja falta
salvo acordo em contrário, mas quando a transacção se de fundamento não ignorava;
faça entre uma parte isenta ou dispensada do pagamen-
b) Tiver alterado a verdade dos factos ou omitido
to de custas e outra não isenta nem dispensada, o juiz,
factos essenciais para a decisão da causa;
ouvido o Ministério Público, determina a proporção em
que as custas devem ser pagas.
c) Tiver feito do processo ou dos meios processuais
Artigo 416º um uso manifestamente reprovável, com
Responsabilidade do interveniente acessório pelas custas o fim de conseguir um objectivo ilegal, de
entorpecer a acção da justiça ou de impedir a
Aquele que tiver intervindo na causa como interve- descoberta da verdade.
niente acessório é condenado, se o assistido decair, numa
quota-parte das custas a cargo deste, em proporção com 4. Independentemente do valor da causa e da sucum-
a actividade que tiver exercido no processo, mas nunca bência é sempre admitido recurso da decisão que condene
superior a um décimo. por litigância de má fé.
Artigo 417º Artigo 421º
Custas dos procedimentos cautelares, da habilitação e das
notificações Conteúdo da indemnização
Artigo 418º 2. O juiz opta pela indemnização que julgue mais ade-
Pagamento dos honorários pelas custas quada à conduta do litigante de má fé, fixando-a sempre
em quantia certa.
Os técnicos da parte vencedora podem requerer que
o seu crédito por honorários, despesas e adiantamentos 3. Se não houver elementos para se fixar logo na senten-
seja, total ou parcialmente, satisfeito pelas custas que o ça a importância da indemnização, são ouvidas as partes
seu constituinte tem direito a receber da parte vencida. e fixa-se depois, com prudente arbítrio, o que parecer
Se assim o requererem, é ouvida a parte vencedora e em razoável, podendo reduzir-se aos justos limites as verbas
seguida se decide. de despesas e de honorários apresentados pela parte.
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Artigo 422º TÍTULO II
Responsabilidade de representante de incapazes,
pessoas colectivas ou sociedades PROCESSO DE DECLARAÇÃO
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Artigo 432º 3. Sendo revogado o despacho de indeferimento manda
o juiz da primeira instância, em cumprimento da decisão,
Pedidos genéricos
notificar o réu, começando a correr da notificação o prazo
1. É permitido formular pedidos genéricos nos seguintes para a contestação; se o recurso não obtiver provimento,
casos: a entrada do processo na secretaria é logo notificada ao
autor.
a) Quando o objecto da acção seja uma universa-
Artigo 436º
lidade, de facto ou de direito;
Benefício concedido ao autor em caso de indeferimento
b) Quando não seja possível ainda determinar de modo
definitivo as consequências do facto ilícito; 1. O autor pode apresentar nova petição dentro do
prazo de cinco dias, contados da notificação do despacho
c) Quando a fixação do quantitativo seja dependente de indeferimento, ou se tiver recorrido deste despacho,
de prestação de contas ou de outro acto que da notificação ordenada na parte final do número 3 do
deva ser praticado pelo réu. artigo anterior.
2. Nos casos das alíneas a) e b) do número anterior o 2. Em qualquer dos casos a acção considera-se proposta
pedido pode concretizar-se em prestação determinada na data em que a primeira petição tenha dado entrada
por meio de liquidação, quando para o efeito não caiba na secretaria e, se o réu já tiver sido citado, é notificado
o processo de inventário. Não sendo liquidada na acção para contestar.
declarativa, observa-se o disposto neste Código quando
Artigo 437º
não houver no processo elementos para fixar na sentença
a quantia exacta da condenação. Petição irregular ou deficiente
A petição deve ser liminarmente indeferida quando: 1. O réu é citado para contestar no prazo legal.
c) A acção for proposta fora de tempo, sendo a 3. Quando o juiz entenda conveniente proceder a uma
caducidade do conhecimento oficioso, ou audiência prévia de conciliação, o réu é citado para o
quando por outro motivo a acção não possa efeito, procedendo-se seguidamente e nos próprios au-
prosseguir. tos à sua notificação para contestar, caso a acção deva
prosseguir.
Artigo 435º
4. Decorrido o prazo a que se refere o artigo 152º, sobre
Impugnação do despacho de indeferimento
a data da conclusão do processo ao juiz para a proferição
1. Do despacho de indeferimento cabe agravo, ainda do despacho preliminar, sem que haja recaído qualquer
que o valor da causa esteja na alçada do tribunal. decisão judicial sobre a petição do autor, a secretaria
solicita a cobrança dos autos e, seguidamente, procede à
2. O despacho que admita o recurso ordena a citação do réu, citação do réu, como se o correspondente despacho judicial
tanto para os termos do recurso como para os da causa. tivesse sido proferido.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 69
Artigo 439º 3. Se a resolução da causa revestir manifesta sim-
Advertência sobre as consequências da não contestação plicidade a sentença pode limitar-se à parte decisória,
precedida da necessária identificação das partes e da
O réu é advertido no acto da citação de que a falta fundamentação sumária do julgado.
de contestação importa confissão dos factos articulados
Artigo 445º
pelo autor.
Excepção
Artigo 440º
1. Não cabe recurso do despacho que manda citar o réu. a) Havendo vários réus, alguns deles contestar,
relativamente aos factos que o contestante
2. O despacho que ordena a citação não resolve defi- impugnar;
nitivamente as questões que podiam ser causa do inde-
ferimento liminar. b) O réu, ou alguns dos réus, for uma pessoa
incapaz e a causa estiver no âmbito da sua
Artigo 441º incapacidade;
Efeitos da citação
c) A vontade das partes for ineficaz para produzir
Além de outros, especialmente presentes na lei, a ci- o efeito jurídico que pela acção se pretende
tação produz os seguintes efeitos: obter;
a) Faz cessar a boa-fé do possuidor; d) Se trate de factos para cuja prova se exija
documento escrito e este não conste dos
b) Torna estáveis os elementos essenciais da causa, autos;
nos termos do artigo 244º;
e) Algum dos réus tenha sido citado editalmente e
c) Inibe o réu de propor, contra o autor, acção permaneça na situação de revelia absoluta.
destinada à apreciação da mesma questão
jurídica. Secção II
Disposições gerais
Sem prejuízo do disposto no número 3 do artigo 323º do
Código Civil, os efeitos da citação anulada só subsistem Artigo 446º
se o réu for novamente citado em termos regulares dentro
Prazo para a contestação
de trinta dias a contar do trânsito em julgado do despa-
cho de citação. Em caso de demora da nova citação, não 1. O réu pode contestar no prazo de vinte dias.
imputável ao autor, tem-se a prescrição por interrompida
nos termos do número 2 do artigo 323º do Código Civil. 2. O prazo para a contestação começa a contar da data
em que ficou gorada a procura da conciliação em audiên-
Subsecção II
cia que haja sido marcada com esse exclusivo efeito ou,
Revelia do réu quando não tenha sido convocada aquela audiência, da
data da citação do réu.
Artigo 443º
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Artigo 447º 2. Havendo lugar a várias contestações a notificação
Defesa por impugnação e defesa por excepção
só se faz depois de apresentada a última ou de haver
decorrido o prazo do seu oferecimento.
1. Na contestação cabe tanto a defesa por impugnação
Subsecção II
como a defesa por excepção.
Excepções
2. O réu defende-se por impugnação quando contra-
diz os factos articulados na petição ou quando afirma Artigo 452º
que esses factos não podem produzir o efeito jurídico Noção e efeitos
pretendido pelo autor; defende-se por excepção quando
alega factos que obstam à apreciação do mérito da acção 1. As excepções são dilatórias ou peremptórias.
pelo tribunal onde esta for proposta, ou que servindo de
causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito 2. As excepções dilatórias obstam a que o tribunal co-
invocado pelo autor, determinam a improcedência total nheça do mérito da causa e dão lugar à absolvição da ins-
ou parcial do pedido. tância ou à remessa do processo para outro tribunal.
Artigo 448º 3. As peremptórias importam a absolvição total ou
Requisitos da contestação
parcial do pedido e consistem na invocação de factos que
impedem, modificam ou extinguem o efeito jurídico dos
1. Na contestação deve o réu individualizar a acção e factos articulados pelo autor.
expor os factos, separadamente por artigos, as razões de
Artigo 453º
direito, e as conclusões da defesa.
Excepções dilatórias
2. Deve ainda o réu especificar separadamente as ex-
cepções que deduza e indicar, por remissão aos artigos, 1. São dilatórias, entre outras, as excepções seguintes:
os factos que considera provados e aqueles que pretende
provar. a) A nulidade de todo o processo;
Artigo 451º
O tribunal deve conhecer oficiosamente de todas as
Notificação do oferecimento da contestação excepções dilatórias, salvo da incompetência relativa, nos
casos não abrangidos pelo disposto no artigo 104º e nos
1. A apresentação da contestação é notificada ao autor. da preterição do tribunal arbitral voluntário.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 71
Artigo 455º Artigo 459º
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72 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
4. Nas acções de simples apreciação negativa, a réplica 4. Os factos articulados que interessem à decisão da
serve para o autor impugnar os factos constitutivos que causa são seleccionados pelo juiz nos mesmos termos que
o réu tenha alegado e para alegar os factos impeditivos os constantes dos restantes articulados, aplicando-se o
ou extintivos do direito invocado pelo réu. disposto no artigo 468º.
2. A tréplica é apresentada dentro de oito dias a contar 1. Findos os articulados e removidos os obstáculos que
daquele em que for ou se considerar notificada a apre- ao tribunal incumbe diligenciar para a regularização da
sentação da réplica, aplicando-se ainda o disposto nos instância, o juiz, marca dentro de vinte dias, data para,
números 5 e 6 do artigo 446°, sendo de vinte dias o limite conforme couber, proceder à realização de audiência
máximo de prorrogação. destinada ao julgamento antecipado ou ao saneamento
do processo:
Artigo 464º
a) Se a questão de mérito a conhecer for
Falta de articulados
unicamente de direito ou, sendo de direito e de
A falta de alguns dos articulados de que trata a presen- facto, se lhe afigurar que não há necessidade
te subsecção tem o efeito previsto no artigo 450º. de produzir mais provas;
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 73
6. Não cabe recurso das decisões judiciais que mandem artigo 153º, designa logo data para a realização da audi-
prosseguir a causa em resultado das audiências referidas ência de discussão e julgamento, ponderada a duração
no presente artigo nem dos despachos judiciais de mera provável desta e das diligências de instrução a realizar
regularização da instância. antes dela.
Artigo 468º Secção IV
a) Discussão e selecção dos factos que devem ser Objecto da prova e momento da sua apresentação
considerados provados e dos que devam ser
1. A instrução tem por objecto todos os factos relevantes
considerados controvertidos;
para o exame e decisão da causa que devam ser conside-
b) Indicação das provas que as partes pretendem rados controvertidos ou necessitados de prova.
produzir, com a indicação expressa das
2. As partes podem requerer provas ou alterar os
diligências que, justificadamente, devem ter
requerimentos probatórios que tenham efectuado ante-
lugar antes da audiência final;
riormente, até vinte dias antes da data marcada para o
c) Marcação da data da realização da audiência início da audiência final, por superveniência do facto a
final e do tempo provável da sua duração. comprovar ou por qualquer outro motivo ponderoso, de
livre apreciação do juiz, sendo notificada a parte contrária
2. Quando o processo revista de extrema simplicida- para em cinco dias usar de igual faculdade, querendo.
de no concernente à apreciação judicial da matéria de
facto, o juiz, ouvidas as partes, pode dispensar o debate 3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, nas
instrutório e relegar para a audiência final a selecção acções que seguem a variante abreviada prevista no
da matéria de facto. Não havendo lugar à realização de número 2 do artigo 425º as provas são requeridas com
nenhuma audiência, o juiz, regularizada a instância, os respectivos articulados.
marca data para a realização da audiência final e manda Artigo 472º
notificar as partes para que indiquem, no prazo de dez
dias, as provas a produzir. Provas atendíveis
3. O debate instrutório tem ainda lugar e obedece ao 1. O tribunal deve tomar em consideração todas as
mesmo regime e trâmites estabelecidos no presente artigo provas produzidas, tenham ou não emanado da parte
se, depois de regularizada a instância, não houver lugar à que devia produzi-las, sem prejuízo das disposições que
realização das diligências referidas no artigo anterior. declarem irrelevante a alegação de um facto, quando não
seja feita por certo interessado.
Artigo 469º
Terminadas as diligências referidas nos números 2. Quanto às provas constituendas, a parte é notificada
anteriores, o juiz, observando o disposto no número 1 do quando não for revel, para todos os actos de preparação
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74 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
e produção da prova, e é admitida a intervir nesses actos ao segredo do Estado e, bem assim, à exibição judicial,
nos termos da lei; relativamente às provas pré-consti- por inteiro, dos livros de escrituração comercial e dos
tuídas, deve facultar-se à parte a impugnação, tanto da documentos a ela relativos.
respectiva admissão, como da sua força probatória.
3. As informações obtidas nos termos do número 1 são es-
Artigo 475º tritamente utilizadas na medida indispensável à realização
Apresentação de coisas móveis ou imóveis dos fins que determinarem a sua requisição, não podendo
ser divulgadas por qualquer pessoa que tenha intervenção,
1. Quando a parte pretenda utilizar, como meio de ainda que incidentalmente no processo, nem constituir ob-
prova, uma coisa móvel que possa, sem inconveniente, jecto de ficheiro informático de informações nominativas,
ser posta à disposição do tribunal, faz a sua entrega na sob pena de responsabilidade penal dos seus infractores,
secretaria dentro do prazo fixado para a apresentação de pelo crime de violação de segredo de justiça.
documentos; a parte contrária pode examinar a coisa na
secretaria e colher a fotografia dela. Artigo 478º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 75
1. Os documentos destinados a fazer prova dos funda- 3. A não apresentação injustificada faz recair sobre o
mentos da acção ou da defesa devem ser apresentados recusante o ónus da prova dos factos que o requerente
com o articulado em que se aleguem os factos corres- pretende provar com o documento.
pondentes.
Artigo 487º
2. Se não forem apresentados com o articulado res-
pectivo, os documentos podem ser apresentados até ao Escusa do notificado
encerramento da discussão da matéria de facto, mas a
1. Se o notificado declarar que não possui o documento,
parte é condenada em multa, excepto se provar que os
o requerente é admitido a provar, por qualquer meio, que
não pode oferecer com o articulado.
a declaração não corresponde à verdade.
Artigo 482º
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76 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 492º Artigo 499º
1. O tribunal deve, por sua iniciativa ou mediante su- Independentemente de despacho, a secretaria junta ao
gestão de qualquer das partes, requisitar informações, processo todos os documentos e pareceres apresentados
pareceres técnicos, plantas, fotografias, desenhos, objec- para esse efeito, a não ser que eles sejam manifestamen-
tos ou outros documentos necessários ao esclarecimento te extemporâneos; nesse caso, a secretaria faz os autos
da verdade. conclusos, com a sua informação, e o juiz decide sobre a
junção.
2. A requisição pode ser feita aos organismos oficiais,
às partes ou a terceiros. Artigo 500º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 77
Prova por confissão das partes 1. Atestando-se que a parte está impossibilitada de
Artigo 507º comparecer no tribunal por motivo de doença, o juiz pode
fazer verificar por médico de sua confiança a veracidade
Requerimento do depoimento de parte da alegação e, em caso afirmativo, a possibilidade de a
parte depor.
Quando se requeira o depoimento de parte, devem ser
discriminadamente indicados os factos sobre que deve 2. Havendo impossibilidade de comparência, mas não
recair, sob pena de não ser admitido. de prestação de depoimento, este realiza-se no dia, hora
Artigo 508º e local que o juiz designar, ouvido o médico assistente,
se for necessário.
De quem pode ser exigido
Artigo 513º
1. O depoimento de parte pode ser exigido de pessoas
Ordem dos depoimentos
que tenham capacidade judiciária.
2. Pode requerer-se o depoimento de inabilitados, assim 1. Se ambas as partes tiverem de depor perante o tri-
como de representantes de incapazes, pessoas colectivas bunal da causa, depõe em primeiro lugar o réu e depois
ou sociedades; porém o depoimento só tem valor de confis- o autor.
são nos precisos termos em que aqueles possam obrigar-se
2. Se tiverem de depor mais de um autor ou de um réu,
e estes possam obrigar os seus representados.
não podem assistir ao depoimento de qualquer deles os
3. Cada uma das partes pode requerer não só o de- compartes que ainda não tenham deposto e, quando hou-
poimento da parte contrária, mas também a dos seus verem de depor no mesmo dia, são recolhidos a uma sala,
compartes. donde saem segundo a ordem por que devem depor.
1. O depoimento só pode ter por objecto factos pessoais 1. Antes de começar o depoimento, o tribunal faz sentir
ou de que o depoente deva ter conhecimento. ao depoente a importância moral do juramento que vai
prestar e o dever de ser fiel à verdade, advertindo-o ainda
2. Sendo a parte uma entidade colectiva, consideram- das sanções aplicáveis às falsas declarações.
se pessoais os factos relativos à própria entidade, ainda
que relativos a períodos anteriores ao desempenho de 2. Em seguida, o tribunal exige que o depoente preste
funções pelos representantes que devam prestar os de- o seguinte juramento: “Juro pela minha honra que hei-de
poimentos. dizer toda a verdade e só a verdade”.
3. Não é admissível o depoimento sobre factos crimi- 3. A recusa a prestar o juramento equivale à recusa
nosos ou torpes de que a parte seja arguida. a depor.
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Artigo 515º Artigo 519º
Ainda que tenha sido gravado, o depoimento deve ser Se, posteriormente ao debate instrutório, ou à desig-
registado por escrito na medida em que contenha o reco- nação da data da audiência de discussão e julgamento
nhecimento de factos desfavoráveis ao declarante, ou de se aquela diligência não tiver lugar, forem juntos docu-
factos que, em virtude do princípio da indivisibilidade da mentos particulares e a parte contrária impugnar a sua
declaração confessória, se possam igualmente considerar letra ou assinatura ou declarar que as não aceita como
plenamente provados. verdadeiras, a perícia para convencer da sua veracidade
pode ser requerida nos dez dias seguintes a essa declara-
Artigo 516º ção ou ao conhecimento dela pela parte que apresentou
o documento.
Declaração de nulidade ou anulação da confissão
Artigo 520º
A acção de declaração de nulidade ou de anulação da
confissão não impede o prosseguimento da causa em que Desistência da diligência
a confissão se fez.
A parte que requereu a diligência não pode desistir
Artigo 517º dela sem a anuência da parte contrária.
Formulação de quesitos
1. A confissão é irretractável.
1. Com o requerimento da perícia, a parte apresenta
2. Porém, as confissões expressas de factos, feitas nos sob pena de indeferimento, os quesitos a que os peritos
articulados, podem ser retiradas, enquanto a parte con- hão-de responder.
trária as não tiver aceitado especificamente.
2. Se entender que a diligência não é impertinente ou
Subsecção IV
dilatória, o juiz manda notificar a parte contrária para
Prova pericial apresentar os seus quesitos.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 79
Segunda perícia
5. As escusas são requeridas pelo perito.
1. Qualquer das partes pode requerer segunda perícia,
6. Não cabe recurso das decisões sobre impedimentos,
no prazo de dez dias após a notificação do resultado da
suspeições, dispensas ou escusas.
primeira, e o tribunal, em igual prazo, pode ordená-la
Artigo 526º oficiosamente.
Prazo para a realização da perícia 2. A segunda perícia, cujo resultado não invalida a pri-
meira e que é de igual forma livremente apreciada pelo
1. Ao ordenar a perícia, o juiz designa dia, hora e lugar tribunal, tem o mesmo objecto da primeira, e destina-se a
para o começo da diligência, e fixa o prazo para a sua corrigir uma eventual inexactidão dos resultados desta.
conclusão, se não puder ser terminada no dia em que
principiou. 3. Não pode intervir na segunda perícia qualquer perito
que tenha participado na primeira.
2. O prazo pode ser prorrogado pelo juiz, se for necessário.
Subsecção V
Artigo 527º
Inspecção judicial
Acto de inspecção
Artigo 531º
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Artigo 533º seja concluso ou lhe vá com vista, se tem conhecimento de
Intervenção de técnico
factos que possam influir na decisão; no caso afirmativo
declara-se impedido, não podendo a parte prescindir do seu
1. É permitido ao tribunal fazer-se acompanhar de depoimento; no caso negativo, a indicação fica sem efeito.
pessoa que tenha competência técnica para o elucidar Artigo 538º
sobre a averiguação e interpretação dos factos que se
propõe observar. Lugar e momento da inquirição
a) Os ascendentes nas causas dos descendentes, os 3. O juiz recusa também a carta, se tiver motivos para
adoptantes nas causas dos adaptados, e vice- reputar conveniente que a respectiva testemunha venha
versa, e os afins na linha recta nas causas uns depor na audiência final, perante o tribunal; neste caso,
dos outros; pode a parte requerer que a testemunha seja notificada
por carta para comparecer, ficando a seu cargo o paga-
b) O marido, nas causas da mulher, e vice-versa e, mento antecipado das despesas que ela haja de fazer
bem assim os conviventes das uniões de facto com a deslocação.
reconhecíveis ou reconhecidas nas causas uns Artigo 541º
dos outros.
Inquirição por vídeo-conferência
Artigo 536º
1.A inquirição de testemunhas pode também ser efec-
Rol de testemunhas. Desistência de inquirição tuada por vídeo-conferência nos termos estabelecidos
1. As testemunhas são designadas no rol pelos seus em lei própria.
nomes, profissões e moradas e por outras circunstâncias 2. O disposto no número anterior á aplicável a qualquer
necessárias para as identificar. outro depoimento tomado à distância pelo tribunal.
2. A parte pode desistir a todo o tempo da inquirição Artigo 542º
de testemunhas que tenha oferecido, sem prejuízo da Prerrogativas de inquirição
possibilidade da sua inquirição oficiosa nos termos do
artigo 558º. 1. Gozam da prerrogativa de ser inquiridos na sua
residência ou na sede dos respectivos serviços:
Artigo 537º
a) O Presidente da República;
Designação do juiz como testemunha
b) Os agentes diplomáticos de países estrangeiros
O juiz da causa que seja indicado como testemunha que concedam idêntica regalia aos represen-
deve declarar sob juramento no processo, logo que este lhe tantes de Cabo Verde.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 81
2. Gozam da prerrogativa de depor primeiro por escrito, 2. Quando se ofereça como testemunha alguma das pes-
se preferirem, além das entidades previstas no número soas compreendidas no número 2 do artigo 542°, é-lhe dado,
anterior: pelo tribunal, conhecimento do oferecimento, bem como dos
factos sobre que deve recair o seu depoimento.
a) Os membros dos órgãos de soberania, com
excepção dos tribunais; 3. Se alguma dessas pessoas preferir depor por escrito,
remete ao tribunal da causa, no prazo de vinte dias a
b) Os juízes do Supremo Tribunal de Justiça; contar da data do conhecimento referido no número
anterior, declaração, sob compromisso de honra, rela-
c) O Procurador-Geral da República;
tando o que sabe quanto aos factos indicados; o tribunal
d) O Provedor de Justiça; e qualquer das partes podem, uma única vez, solicitar
esclarecimentos igualmente por escrito, que devem ser
e) Os membros dos Conselhos Superiores das prestados no prazo de dez dias.
Magistraturas Judicial e do Ministério
Público; 4. A parte que tiver indicado a testemunha pode so-
licitar a sua audiência em tribunal, justificando a sua
f) O Bastonário da Ordem dos Advogados; necessidade; o juiz decide, sem recurso.
g) O Chefe do Estado-Maior e o Vice-Chefe do 5. Não tendo a testemunha remetido a declaração re-
Estado-Maior das Forças Armadas; ferida no número 3, respeitados os prazos estabelecidos,
ou decidido o juiz que é necessária a sua comparência, a
h) Os altos dignitários de confissões religiosas, mesma é requisitada ou notificada para depor.
legalmente reconhecidas pelo Estado.
Artigo 545º
3. Ao indicar como testemunha uma das entidades de-
Pessoas impossibilitadas de comparecer por doença
signadas nos números anteriores, a parte deve especificar
os factos sobre que pretende o depoimento. Quando se mostre que a testemunha está impossibi-
Artigo 543º litada de comparecer no tribunal por motivo de doença,
observa-se o disposto no artigo 512º e o juiz presidente faz
Inquirição do Chefe de Estado o interrogatório, bem como as instâncias, podendo neste
caso admitir depoimento feito por escrito, observados os
1. Quando se ofereça como testemunha o Presidente da
trâmites dos números 3 e 4 do artigo anterior.
República, a parte indica logo os factos sobre que pretende
obter o depoimento; o juiz faz a respectiva comunicação Artigo 546º
ao Procurador Geral da República, que a transmite à
Designação das testemunhas para inquirição
Presidência da República.
l. O juiz designa, para cada dia de inquirição, o nú-
2. Se o Presidente da República declarar que não tem mero de testemunhas que provavelmente possam ser
conhecimento dos factos sobre que foi pedido o seu depoi- inquiridas.
mento ou que não quer depor, o depoimento não tem lu-
gar; se declarar que está pronto a depor, o juiz solicita do 2. Não são notificadas as testemunhas que as partes
Gabinete da Presidência da República a indicação do dia, devam apresentar.
hora e local em que deve ser prestado o depoimento.
Artigo 547º
3. O interrogatório é feito pelo juiz; as partes podem Consequências da não comparência da testemunha
assistir à inquirição com os seus advogados, mas não
podem fazer perguntas ou instâncias, devendo dirigir-se 1. Faltando alguma testemunha de que a parte não
ao juiz, quando julguem necessário algum esclarecimento prescinda, observa-se o seguinte:
ou aditamento.
a) Se a testemunha tiver falecido depois de
4. O depoimento é redigido pelo juiz, se o depoente o não apresentado o rol, a parte tem a faculdade de
quiser redigir, e escrito pelo secretário que o Procurador- a substituir;
Geral da República houver designado; só depois de prestado
b) Se estiver doente e não for possível a sua
o depoimento, se marca dia para a audiência final.
inquirição imediata, a parte pode substitui-
Artigo 544º la ou requerer o adiamento da inquirição
pelo prazo que pareça indispensável, nunca o
Inquirição de outras entidades
excedente a trinta dias;
1. Quando se ofereça como testemunha alguma das
c) Se tiver mudado de residência depois de oferecida,
pessoas compreendidas na alínea b) do número 1 do artigo
pode a parte substitui-la ou requerer carta
542º, observam-se as normas de direito internacional; na
para a sua inquirição, ou comprometer-se
falta destas, se a pessoa preferir depor por escrito, apli-
a apresentá-la no dia que for novamente
ca-se o regime dos números seguintes; se não, é fixado,
designado;
de acordo com essa pessoa, o dia, hora e local para a sua
inquirição, prescindindo-se da notificação e observando- d) Se não tiver sido notificada, devendo tê-lo
se quanto ao mais as disposições comuns. sido, ou se deixar de comparecer por outro
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 83
1. Quando se reconheça, no decurso da acção, que e) Significar aos advogados e ao Ministério Público a
determinada pessoa, não oferecida como testemunha, necessidade de esclarecerem pontos obscuros
tem conhecimento de factos importantes para a decisão ou duvidosos;
da causa, deve o tribunal ordenar que seja notificada
f) Providenciar, até ao encerramento da discussão,
para depor.
pela ampliação da base instrutória nos termos
2. O depoimento só tem lugar, decorridos três dias, se estabelecidos no número 2 do artigo 6º e no
alguma das partes requerer a concessão desse prazo. número 4 do artigo 7º.
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84 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Produção da prova
4. Decididas as reclamações ou não havendo lugar a
elas, se as partes não tiverem acordado na discussão oral
1. Seguidamente, realizam-se os seguintes actos, se a do aspecto jurídico da causa, a secretaria, encerrada a
eles houver lugar: audiência, faculta o processo para exame ao advogado
do autor e depois ao advogado do réu, pelo prazo de oito
a) Selecção dos factos que o juiz considera provados e dias a cada um, a fim de alegarem quanto ao direito
dos que devam ser provados, nos casos em não aplicável.
deva ou não tenha havido lugar a essa selecção
nos termos do número 2 do artigo 469º; 5. Se entender que a simplicidade da causa o consente,
ouvidos os advogados das partes, pode o juiz relegar o
b) Prestação dos depoimentos de parte; julgamento da matéria de facto para a sentença.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 85
Artigo 566º Secção VI
Subsecção I
1. Só pode proferir decisão final o juiz que tenha assistido
a todos os actos de instrução e discussão praticados na Elaboração da sentença
audiência final, salvo se tiver havido registo de provas.
Artigo 569º
2. Se durante a discussão e julgamento o juiz falecer Prazo da sentença
ou se impossibilitar permanentemente, repetem-se os
actos já praticados; sendo temporária a impossibilidade, Concluída a discussão do aspecto jurídico da causa, é o
interrompe-se a audiência pelo tempo indispensável, a processo concluso ao juiz que profere a sentença, no prazo
não ser que as circunstâncias aconselhem, de preferência, mais curto possível, mas nunca superior a trinta dias.
a repetição dos actos já praticados, o que será decidido Artigo 570º
sem recurso, mas em despacho fundamentado, pelo juiz
que deva presidir à continuação ou à nova audiência. Estrutura da sentença
1. A audiência é pública, salvo quando o tribunal deci- 2. O juiz deve resolver todas as questões que as partes
dir o contrário em despacho fundamentado, para salva- tenham submetido à sua apreciação, exceptuadas aquelas
guarda da dignidade das pessoas e da moral pública, ou cuja decisão esteja prejudicada pela solução dada a ou-
para garantir o seu normal funcionamento. tras. Não pode ocupar-se senão das questões suscitadas
pelas partes, sem prejuízo do que se dispõe no número 2
2. A audiência é contínua, só podendo ser interrompida do artigo 6º e no número 4 do artigo 7º.
por motivo de força maior, por absoluta necessidade ou Artigo 572º
nos demais casos previstos na lei. Se não for possível
conclui-la num dia, o juiz marca a continuação para o dia Limites da condenação
imediato, se não for domingo, feriado, ou dia de tolerância 1. A sentença não pode condenar em quantidade supe-
de ponto, mas ainda que compreendido em férias, e assim rior ou em objecto diverso do que se pedir.
sucessivamente.
2. Se não houver elementos para fixar o objecto ou a
3. Os julgamentos já marcados para os dias em que a quantidade, o tribunal condena no que se liquidar em
audiência houver de continuar são transferidos, de modo execução de sentença, sem prejuízo de condenação ime-
a que o tribunal, salvo motivo ponderoso, não inicie outra diata na parte que já seja líquida.
sem terminar a audiência iniciada.
3. Se tiver sido requerida a manutenção em lugar
4. As pessoas que tenham sido ouvidas não podem da restituição da posse, ou esta em vez daquela, o juiz
ausentar-se sem autorização do juiz, que a não concede condena no pedido correspondente à situação realmente
quando haja oposição das partes. verificada.
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Artigo 573º Artigo 576º
3. Nos casos das alíneas a) e b) do número anterior, o b) Quando não especifique os fundamentos de facto
autor é condenado nas custas e a satisfazer os honorários e de direito que justificam a decisão;
do advogado do réu. c) Quando os fundamentos estejam em oposição
com a decisão;
Artigo 574º
d) Quando o juiz deixe de pronunciar-se sobre
Atendibilidade dos factos jurídicos supervenientes questões que devesse apreciar ou conheça
de questões de que não podia tomar
1. Sem prejuízo das restrições estabelecidas noutras conhecimento;
disposições legais, nomeadamente quanto às condições
em que pode ser alterada a causa de pedir, deve a sen- e) Quando condene em quantidade superior ou em
tença tomar em consideração os factos constitutivos, objecto diverso do pedido.
modificativos ou extintivos do direito que se produzam 2. A omissão prevista na alínea a) do número ante-
posteriormente à proposição da acção, de modo que a rior pode ser suprida oficiosamente ou a requerimento
decisão corresponda à situação existente no momento do de qualquer das partes, enquanto for possível colher a
encerramento da discussão da causa. assinatura do juiz que proferiu a sentença. Este declara
no processo a data em que apôs a assinatura.
2. Só são, porém, atendíveis os factos que, segundo o
direito substantivo aplicável, tenham influência sobre a 3. As nulidades mencionadas nas alíneas b) a e) do
existência ou conteúdo da relação controvertida. número 1 só podem ser arguidas perante o tribunal que
proferiu a sentença se esta não admitir recurso ordinário;
3. A circunstância de o facto jurídico relevante ter nas- no caso contrário, o recurso pode ter como fundamento
cido ou se haver extinguido no decurso do processo é le- qualquer dessas nulidades.
vada em conta para o efeito da condenação em custas.
4. Arguida qualquer das nulidades da sentença em
Subsecção II recurso dela interposto, é lícito ao juiz supri-la, aplicando,
neste caso, o regime de reparação do agravo.
Vícios e reforma da sentença
Artigo 578º
Artigo 575º Esclarecimento ou reforma da sentença
Extinção do poder jurisdicional e suas limitações Pode qualquer das partes requerer no tribunal que
proferiu a sentença:
1. Proferida a sentença, fica imediatamente esgotado o
poder jurisdicional do juiz quanto à matéria da causa. a) O esclarecimento de alguma obscuridade ou
ambiguidade que ela contenha;
2. É lícito, porém, ao juiz rectificar erros materiais, su- b) A sua reforma quanto a custas e multa;
prir nulidades, esclarecer dúvidas existentes na sentença
e reformá-la nos termos dos artigos 576º a 579º. c) A sua reforma por omissão, quando constem do
processo documentos que só por si impliquem
3. O disposto nos números anteriores, bem como nos decisão diversa da proferida e que o juiz,
artigos subsequentes, aplica-se, até onde seja possível, por lapso manifesto não tenha tomado em
aos próprios despachos. consideração.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 87
Artigo 579º Artigo 584º
1. Arguida alguma das nulidades previstas nas alíneas b) a 1. Havendo duas decisões contraditórias sobre a mesma
e) do número 1 artigo 577º ou pedida a aclaração da sen- pretensão, cumpre-se a que passou em julgado em pri-
tença ou a sua reforma, a secretaria, independentemente meiro lugar.
de despacho, notifica a parte contrária para responder
e depois se decide. 2. É aplicável o mesmo princípio à contradição existente
entre duas decisões que, dentro do processo, versem sobre
2. Do despacho que indeferir o requerimento de recti- a mesma questão concreta de relação processual.
ficação, esclarecimento ou reforma não cabe recurso. A
Secção VI
decisão que deferir considera-se complemento e parte
integrante da sentença. Recursos
Os despachos, bem como as sentenças, que recaiam Decisões que admitem recurso
unicamente sobre a relação processual têm força obriga-
1. Só é admissível recurso ordinário nas causas de valor
tória dentro do processo, salvo se por sua natureza não
superior à alçada do tribunal de que se recorre desde que
admitirem recurso.
a decisão impugnada seja desfavorável para o recorrente
Artigo 582º em valor superior a metade da alçada desse tribunal.
Em caso, porém, de fundada dúvida acerca do valor da
Alcance do caso julgado
sucumbência, atende-se unicamente ao valor da causa.
A sentença constitui caso julgado nos precisos limites e
2. O recurso é sempre admissível, seja qual for o valor
termos em que julga; se a parte decaiu por não estar ve-
da causa, ou da sucumbência, se tiver por fundamento
rificada uma condição, por não ter decorrido um prazo ou
a violação das regras de competência internacional, em
por não ter sido praticado determinado facto, a sentença
razão da matéria ou da hierarquia ou a ofensa de caso
não obsta a que o pedido se renove quando a condição se
julgado.
verifique, o prazo se preencha ou o facto se pratique.
Artigo 583º
3. Também admitem sempre recurso as decisões res-
peitantes ao valor da causa, dos incidentes ou dos pro-
Efeito do caso julgado nas questões de estado cedimentos cautelares, com o fundamento de que o seu
valor excede a alçada do tribunal de que se recorre.
Nas questões relativas ao estado das pessoas o caso jul-
gado produz efeitos mesmo em relação a terceiros quando, 4. Em todas as acções em que se aprecie a subsistência
proposta a acção contra todos os interessados directos, de contratos de arrendamento para habitação ou para o
tenha havido oposição de algum deles, sem prejuízo do exercício do comércio, indústria ou profissão liberal é sem-
disposto, quanto a certas acções, na lei civil. pre admissível recurso, seja qual for o valor da causa.
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88 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 588º 5. Se o recurso independente for admissível, o recurso
Despachos que não admitem recurso
subordinado também o é, mesmo que a decisão impug-
nada seja desfavorável para o respectivo recorrente su-
Não admitem recurso os despachos de mero expediente nem bordinado em valor igual ou inferior a metade da alçada
os proferidos no uso legal de um poder discricionário. do tribunal de que se recorre.
Artigo 589º Artigo 592º
1. Os recursos só podem ser interpostos por quem, 1. O recurso interposto por uma das partes aproveita
sendo parte principal na causa, tenha ficado vencido. aos seus compartes no caso de litisconsórcio necessário.
2. Podem ainda recorrer da decisão todas as pessoas 2. Não havendo litisconsórcio necessário, o recurso
directa e efectivamente prejudicadas pela mesma, ainda interposto aproveita ainda aos não recorrentes:
que não sejam partes na causa, ou sejam apenas partes
acessórias. a) Se tiverem um interesse que dependa
essencialmente do interesse do recorrente;
3. O recurso previsto na alínea f) do artigo 665º pode
ser interposto por qualquer terceiro que tenha sido pre- b) Se tiverem sido condenados como devedores
judicado com a sentença, considerando-se como terceiro solidários, a não ser que o recurso, pelos seus
o incapaz que interveio no processo como parte, mas por fundamentos, respeite unicamente à pessoa
intermédio de representante legal. do recorrente;
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 89
Artigo 594º 579º, o prazo para interposição do recurso só começa a
Ampliação do âmbito normal do recurso
correr depois de notificada a decisão proferida sobre o
requerimento.
1. O tribunal de recurso só pode conhecer de questão
que não tenha sido apreciada pela decisão impugnada 2. Estando já interposto recurso da primitiva sentença
nos seguintes casos: ou despacho ao tempo em que, a requerimento da parte
contrária, é proferida nova decisão, rectificando, esclare-
a) Quando se trate de questão que deva ser cendo ou reformando a primeira, o recurso fica tendo por
oficiosamente conhecida pelo tribunal; objecto a nova decisão; mas pode o recorrente alargar ou
restringir o âmbito do recurso em conformidade com a
b) Quando a sua apreciação seja solicitada na alteração que a sentença ou despacho tiver sofrido.
alegação do recurso, ainda que a título
subsidiário, por quem a tiver suscitado em Artigo 597º
qualquer dos seus articulados. Interposição do recurso
3. Quando, fora dos casos previstos nos números ante- 1. Do despacho que não admita o recurso ou que o retenha,
riores, não tenha de fazer-se a notificação, o prazo corre pode o recorrente reclamar para o presidente do tribunal
desde o dia em que o interessado teve conhecimento da que seria competente para conhecer do recurso.
decisão.
2. Se, em vez de reclamar, a parte impugnar por meio
4. Se a revelia da parte cessar antes de decorridos os de recurso qualquer dos despachos referidos no número
dez dias posteriores à publicação, tem a sentença ou 1, manda-se seguir os termos próprios da reclamação.
despacho de ser notificado e começa o prazo a correr da
data da notificação. 3. A reclamação, dirigida ao presidente do tribunal su-
perior, é apresentada na secretaria do tribunal recorrido,
Artigo 596º dentro de dez dias, contados da notificação do despacho
Interposição do recurso quando haja rectificação, aclaração que não admita ou que retenha o recurso.
ou reforma da sentença
4. O reclamante expõe as razões que justificam a ad-
1. Se alguma das partes requerer a rectificação, aclaração missão ou a subida imediata do recurso e indica as peças
ou reforma da sentença, nos termos dos artigos 575º a que devem instruir a reclamação.
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90 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
5. A reclamação é autuada por apenso e imediatamente termos do número anterior, que o apelante preste caução,
notificada, independentemente de despacho, à parte se não estiver já garantido por hipoteca judicial; a caução
contrária, e ao Ministério Público quando deva intervir, pode também ser requerida no prazo de três dias, a contar
para se pronunciarem sobre a reclamação e juntarem da notificação do despacho que não atribuir à apelação
documentos. efeito meramente devolutivo.
Artigo 600º Artigo 604º
Recebido o processo no tribunal superior, é imediata- 1. Requerida a declaração do efeito meramente devolutivo,
mente submetido à decisão do presidente, que, dentro de é ouvido o apelante no caso da alínea d) do artigo 602º.
cinco dias, resolve se o recurso deve ser admitido ou subir
imediatamente. Se o presidente não se julgar suficiente- 2. A decisão proferida só pode ser impugnada na res-
mente elucidado, pode requisitar, por ofício, os esclareci- pectiva alegação.
mentos ou as certidões que entenda necessários, contanto
que não protele a decisão por mais de cinco dias. 3. Sendo deferido o requerimento, marca-se prazo para
o traslado, que é pago pelo requerente.
Subsecção II
Artigo 605º
Recurso ordinário - Apelação
Apelação interposta de decisões parciais
Divisão I
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 91
Artigo 608º Divisão III
3. Durante o prazo fixado para a alegação, é facultada 2. Se for decidido que o recurso siga como agravo, o
à parte respectiva o exame do processo. acórdão é notificado às partes que ainda não tenham
alegado, para apresentarem a sua alegação dentro do
4. Se tiverem recorrido ambas as partes, o primeiro prazo fixado no artigo 610º.
recorrente tem ainda, depois da alegação do segundo,
direito a exame do processo, mas somente para impugnar 3. Tanto os juízes adjuntos como as próprias partes
os fundamentos do segundo recurso. podem suscitar as questões prévias de que tratam este
Artigo 611º
artigo e os dois seguintes, devendo observar-se, quando
o fizerem, o disposto nesses preceitos.
Ónus de alegar e formular conclusões
Artigo 616º
1. Na alegação de recurso, o apelante deve formular as
suas conclusões, expondo sinteticamente os fundamentos Erro quanto ao efeito do recurso
do recurso e, sendo caso disso, especificando a norma
1. Se o relator entender que deve alterar-se o efeito do
jurídica violada.
recurso, leva igualmente o processo à conferência.
2. Na falta de alegação ou de conclusão, seja de facto
seja de direito, o recurso é logo julgado deserto. 2. Se a questão for levantada por alguma das partes, o
relator manda ouvir, por quarenta e oito horas, a parte
Artigo 612º contrária, se ainda não tiver respondido, e só depois leva
Expedição do recurso o processo à conferência.
Juntas as alegações ou findo o prazo para a sua apre- 3. Decidindo-se que à apelação, recebida com efeito
sentação e devendo a causa prosseguir para a apreciação meramente devolutivo, deve atribuir-se efeito suspensivo,
da impugnação da sentença na instância superior o juiz expede ofício, se o apelante o requerer, para ser suspensa
determina a imediata expedição do recurso nos próprios a execução. O ofício contém unicamente a identificação
autos. da sentença cuja execução deve ser suspensa.
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92 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
4. Quando, ao invés, se julgue que a apelação, recebida verificar o caso previsto no nº4 do artigo 616º, o relator,
com os dois efeitos, devia sê-lo com efeito meramente de- no prazo de vinte dias, elabora o projecto do acórdão que
volutivo, o relator manda passar traslado, se o apelado o apensa aos autos.
requerer; o traslado, que baixa à primeira instância, con-
tém somente o acórdão e a sentença recorrida, salvo se o 2. Seguidamente o processo vai com vista, em cópia,
apelado requerer que abranja outras peças do processo. sempre que possível digitalizada, aos dois juízes adjuntos,
pelo prazo de vinte dias, findos os quais a secretaria fá-lo
Artigo 617º entrar imediatamente em tabela para julgamento.
Não conhecimento do objecto do recurso
e sua decisão sumária 3. Quando a natureza das questões a decidir ou a
necessidade de celeridade no julgamento do recurso
1. Se entender que não pode conhecer-se do recurso, o aconselhem, pode o relator com a concordância dos
o relator faz exposição escrita do seu parecer e manda adjuntos, dispensar os vistos e a sua substituição pela
ouvir, por dois dias, cada uma das partes, se estas ainda entrega a cada um dos juízes que devam intervir no jul-
não tiverem alegado. gamento de cópia das peças processuais relevantes para
apreciação do objecto da apelação, acompanhadas de um
2. Em seguida vai o processo com vista, por dois dias, memorando contendo o enunciado das questões a decidir
a cada um dos juízes imediatos, decidindo-se depois a e a solução para elas proposta, com indicação sumária
questão prévia na primeira sessão. dos respectivos fundamentos.
3. Quando a questão for suscitada pelo apelado na sua
4. Se, por qualquer motivo ponderoso, designadamente
alegação, é ouvido unicamente o advogado do apelante e
pela complexidade da causa ou elevado numero de pro-
seguem-se depois os mesmos termos.
cessos a ele distribuídos para relatar, o prazo a que se
4. Pode ainda o relator proceder de conformidade com refere o número 1 lhe parecer insuficiente, nos cinco dias
o disposto nos números 1 e 2, quando entender que a seguintes à conclusão que lhe tiver sido feita, o relator
questão a decidir é simples, designadamente, por já ter deve suscitar, em conferência, a dilação que lhe parecer
sido jurisdicionalmente apreciada e decidida de modo conveniente para a elaboração do seu projecto de acórdão,
uniforme e reiterado ou que o recurso é manifestamente mas nunca superior a sessenta dias.
infundado. Em qualquer destes casos, o acórdão da con-
5.No prazo a que se refere o número 1, a secretaria en-
ferência, que é sumário, consiste em simples remissão
trega uma cópia do projecto do acórdão ao Presidente do
para as precedentes decisões de que se junta cópia.
Supremo Tribunal, ao representante do Ministério Público
Artigo 618º e aos mandatários das partes; nestes últimos casos, apenas
na situação descrita no número 1 do artigo 640º.
Reclamação para a conferência
Artigo 621º
Quando a parte se considere prejudicada por qualquer
despacho do relator, que não seja de mero expediente, Diligências necessárias
pode requerer que sobre a matéria do despacho recaia um
acórdão. O relator deve submeter o caso à conferência, 1. Se o relator ou algum dos adjuntos reputar ne-
depois de ouvida a parte contrária, e manda o processo cessária alguma diligência é a questão resolvida em
a vistos por quarenta e oito horas, quando o julgue ne- conferência.
cessário.
2. Vencendo-se a necessidade da diligência, é ordenada
Artigo 619º por acórdão e, uma vez realizada, continua a vista para
o julgamento. Os juízes que já tiverem visto o processo
Junção de documentos
podem ter nova vista por cinco dias, a fim de examinarem
1. As partes podem juntar documentos às alegações, o resultado da diligência.
nos casos excepcionais a que se refere o artigo 482º ou no Artigo 622º
caso de a junção apenas se tornar necessária em virtude
do julgamento proferido na primeira instância. Julgamento
2. Os documentos supervenientes podem ser juntos 1. Os juízes, depois de examinarem o processo, põem
até se iniciarem os vistos aos juízes; até esse momento nele o seu visto, datando e assinando.
podem ser também juntos os pareceres de advogados,
professores ou técnicos. 2. Terminados os vistos, a secretaria faz entrar o pro-
cesso em tabela para julgamento.
3. É aplicável à junção de documentos e pareceres, com as
necessárias adaptações, o disposto nos artigos 499º e 500º, 3. A conferência destinada a discussão é dirigida pelo
cumprindo ao relator autorizar ou recusar a junção. Presidente. O relator lê o seu projecto de acórdão, a menos
que pela sua simplicidade requeira dispensa, e lhe seja
Artigo 620º concedida pelo presidente, ouvidos os adjuntos.
Projecto de acórdão e vista aos Juízes
4. A decisão é tomada por maioria e, no caso de ela não
1. Decididas as questões que devem ser apreciadas se obter, vai o processo com vista ao adjunto ou adjuntos
antes do julgamento do objecto do recurso, se não se seguintes até se formar a maioria.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 93
5. Caso não se alcance o número de votos necessários for já impossível de obter com o mesmo ou os mesmos
para fazer vencimento, o processo segue com vista aos de- juízes ou se for impossível a repetição dos meios de prova
mais juízes que compõem o tribunal até se formar maioria necessários, o juiz da causa limita-se a justificar a razão
na conferência, cabendo, em caso da persistência do em- da impossibilidade.
pate, voto de qualidade ou de desempate ao Presidente,
conforme couber do regimento interno do Tribunal. 4. O tribunal do recurso pode ainda determinar a reno-
vação dos meios de prova produzidos no tribunal recorrido
Artigo 623º que se mostrem indispensáveis ao apuramento da verda-
Julgamento dos agravos que sobem com a apelação de quanto à matéria de facto impugnada, aplicando-se às
diligências ordenadas, com as necessárias adaptações, o
1. A apelação e os agravos que com ela tenham su- preceituado quanto à instrução, discussão e julgamento
bido são julgados pela ordem da sua interposição; mas em 1ª instância, podendo o relator determinar a compa-
os agravos interpostos pelo apelado que interessem à rência pessoal do depoente, quando não seja possível a
decisão da causa só são apreciados se a sentença não for sua audição por vídeo-conferência.
confirmada. Artigo 626º
2. Os agravos só são providos quando a infracção Elaboração do acórdão
cometida tenha influído no exame ou decisão da causa
ou quando, independentemente da decisão do litígio, o 1. O acórdão definitivo é lavrado de harmonia com a
provimento tenha interesse para o agravante. orientação que tenha prevalecido, devendo o vencido,
quanto à decisão ou quanto aos simples fundamentos,
Artigo 624º assinar em último lugar, com a sucinta menção das razões
Falta ou impedimento dos juízes de discordância.
1. O relator é substituído pelo primeiro adjunto nas 2. O acórdão principia pelo relatório, expõe em seguida
faltas ou impedimentos que não justifiquem segunda os fundamentos e conclui pela decisão, observando-se
distribuição e enquanto esta se não efectuar. na parte aplicável o mais que fica disposto nos artigos
570º a 574º.
2. Se a falta ou impedimento respeitar a um dos juízes
adjuntos, a substituição cabe ao juiz seguinte ao último 3. Quando o relator fique vencido relativamente à deci-
deles. são ou a todos os fundamentos desta, é o acórdão lavrado
pelo primeiro adjunto vencedor, o qual defere ainda os
Artigo 625º termos que se seguirem para a rectificação, aclaração ou
Alteração, anulação e renovação das decisões de facto reforma do acórdão.
1. A decisão da 1ª instância sobre a matéria de facto 4. Se o relator for apenas vencido quanto a algum
pode ser alterada: dos fundamentos ou relativamente a qualquer questão
acessória, é o acórdão lavrado pelo juiz que o presidente
a) Se do processo constarem todos os elementos de designar.
prova que serviram de base à resposta; Artigo 627º
b) Se os elementos fornecidos pelo processo Publicação do resultado da votação
impuserem uma resposta diversa,
insusceptível de ser destruída por quaisquer 1. Se não for possível lavrar imediatamente o acórdão,
outras provas; é o resultado do que se decidir publicado, depois de regis-
tado num livro de lembranças, que os juízes assinam.
c) Se o recorrente apresentar documento novo
superveniente e que, por si só, seja suficiente 2. O juiz a quem competir a elaboração do acórdão fica
para destruir a prova em que a resposta com o processo e apresenta-o na primeira sessão.
assentou. 3. O acórdão tem a data da sessão em que for assinado.
2. Pode também a instância de recurso anular a decisão Artigo 628º
recorria, mesmo oficiosamente, quando repute deficien-
Conhecimento imediato do objecto da apelação
tes, obscuras ou contraditórias as respostas dadas aos
factos controvertidos ou quando considere indispensável 1. Ainda que o tribunal de recurso declare nula a de-
a formulação de outros quesitos nos termos da alínea f) cisão que põe temo ao processo, deve conhecer do objecto
do número 1 do artigo 562º. do processo sempre que deste constem todos os elementos
necessários.
3. Se alguma das respostas não contiver, como funda-
mentação, a menção pelo menos dos meios concretos de 2. Se o tribunal recorrido tiver deixado de conhecer
prova em que se haja fundado a convicção do julgador ou certas questões, designadamente por as considerar pre-
dos julgadores e a resposta for essencial para a decisão judicadas pela solução dada a outras, se entender que a
da causa, o tribunal do recurso pode, a requerimento do apelação procede e nada obsta ao conhecimento daque-
interessado, mandar que o tribunal recorrido fundamente las, conhece delas no mesmo acórdão em que revoga a
a resposta, repetindo, quando necessário, a produção dos decisão recorrida, sempre que disponha dos elementos
meios de prova que interessem à fundamentação; se esta necessários.
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94 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Defesa contra as demoras abusivas O recurso de revista só tem efeito suspensivo em ques-
tões sobre o estado de pessoas.
1. Se ao relator parecer manifesto que a parte pretende,
Artigo 637º
com determinado requerimento, obstar ao cumprimento
do julgado ou à baixa do processo ou à sua remessa para Despacho do relator
o tribunal competente, leva o requerimento à conferência,
podendo esta ordenar, sem prejuízo do disposto no 1. O relator profere despacho, admitindo ou rejeitando o
artigo 420º, que o respectivo incidente se processe em recurso, e declarando os seus efeitos, quando o admitir.
separado.
2. Se o recurso for admitido no efeito suspensivo, pode
2. O disposto no número anterior é também aplicável o recorrido exigir a prestação de caução, sendo neste caso
aos casos em que a parte procure obstar ao trânsito em aplicáveis as disposições dos artigos 603º e seguintes;
julgado da decisão, através da suscitação de incidentes, se o efeito for meramente devolutivo, pode o recorrido
a ela posteriores, manifestamente infundados; neste requerer, no prazo de três dias, que se extraia traslado.
caso, os autos prosseguem os seus termos no tribunal O relator fixa o prazo para o traslado, que compreende
recorrido, anulando-se o processado, se a decisão vier a unicamente o acórdão, salvo se o recorrido fizer, à sua
ser modificada. custa, inserir outras peças.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 95
Artigo 638º 2. A decisão da 2ª instância, quanto à matéria de facto,
Alegações e expedição do recurso não pode ser alterada, salvo o caso excepcional previsto
na parte final do número 2 do artigo 634º.
Às alegações e à expedição do recurso são aplicáveis o
que fica disposto nos artigos 609ºa 612º. 3. O processo só volta à 2ª instância quando o Supremo
entenda que a decisão de facto pode e deve ser ampliada
Divisão II
em ordem a constituir base suficiente para a decisão de
Julgamento do recurso direito.
Artigo 639º Artigo 642º
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Subsecção IV Artigo 651º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 97
Notificação do despacho; peças que hão-de instruir o recurso 5. Se o Juiz omitir o despacho previsto no número 1,
tem-se por sustentado o despacho recorrido, com os fun-
1. O despacho que admita o recurso é notificado às damentos que dele constem.
partes no prazo de vinte e quatro horas.
6. O disposto no presente artigo não tem aplicação
2. Se o agravo houver de subir imediatamente e em
nos casos da sua subida ficar deferida, para depois da
separado, as partes indicam, por meio de requerimento,
prolação da sentença pela instância recorrida.
nas quarenta e oito horas seguintes à notificação, as pe-
ças do processo de que pretendem certidão para instruir Artigo 658º
o recurso.
Termos a seguir quando o agravo suba imediatamente nos
3. São sempre transcritos, por conta do agravante, a próprios autos
decisão de que se recorre e o requerimento para a inter-
posição do agravo, e certifica-se narrativamente a data Se o agravo subir imediatamente nos próprios autos,
da apresentação do requerimento de interposição, a data seguem-se os termos prescritos nos artigos anteriores,
da notificação ou publicação do despacho ou sentença de com excepção do que se refere à passagem de certidões
que se recorre, a data da notificação do despacho que ad- e à autuação, em separado, das alegações e documentos,
mitiu o recurso e o valor da causa. Se faltar algum destes porque estas peças são incorporadas no processo.
elementos, o tribunal superior requisita-o directamente Artigo 659º
ao tribunal por simples ofício.
Alegação quando o agravo não suba imediatamente
Artigo 656º
4. Durante os prazos fixados, a secretaria facilita o 3. É de oito dias o prazo para as partes fazerem as suas
processo às partes, sem prejuízo do andamento regular alegações nos termos do número 1 e para o agravante
da causa quando o recurso o não suspenda, e passa as indicar, se a subida não tiver lugar nos autos principais,
certidões que tiverem sido pedidas. as peças do processo de que pretendem certidão.
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98 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Divisão III 4. À inobservância do prazo referido na parte final
Julgamento do recurso
do número 1 do presente artigo é aplicável a disposição
contida no número 5 do artigo 563º.
Artigo 660º
Artigo 664º
Aplicação do regime do julgamento da apelação
Conhecimento do mérito da causa em substituição
Ao julgamento do agravo são aplicáveis, na parte em do tribunal de primeira instância
que o puderem ser, as disposições que regulam o julga-
mento da apelação, salvo o que vai prescrito nos artigos 1. Sendo o agravo interposto de decisão final e tendo o
seguintes. juiz deixado, por qualquer motivo de conhecer do pedido,
o tribunal, se julgar que o motivo não procede e nenhum
Artigo 661º outro obsta a que se conheça o mérito da causa, conhece
Efeitos da deserção ou desistência do agravo
deste no mesmo acórdão em que revogue a decisão da
primeira instância.
A deserção ou desistência do agravo não prejudica o
conhecimento dos outros agravos que com ele tenham 2. Se o recurso a interpor da primeira instância fosse
subido, mas cuja apreciação seja independente da sub- de apelação, pode determinar-se, por acórdão, que se
sistência daquela. sigam os trâmites da apelação. Esta determinação tem
os seguintes efeitos:
Artigo 662º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 99
e) Quando, tendo corrido à revelia a acção e a 2. Sem prejuízo do disposto nos números 1 e 2 do ar-
execução ou só a acção, por falta absoluta de tigo 598º, o tribunal a que for dirigido o requerimento
intervenção do réu, se mostre que faltou a sua indefere-o liminarmente, quando não vier deduzido ou
citação ou é nula a citação feita; instruído nos termos do artigo anterior e também quando
se reconheça logo que não há motivo para revisão.
f) Quando o litígio assente sobre acto simulado das
partes e o tribunal não tenha feito uso dos Artigo 669º
poderes que lhe confere o nº4 do artigo 8º, por
Processamento e efeito do recurso
não se ter apercebido da fraude.
1. O processo é enviado ao tribunal a que for dirigido o 2. Não se aplica o disposto no número anterior ao re-
recurso, se não fora aquele em que a revisão é interposta. curso a que alude a alínea f) do artigo 665º.
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100 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
4. Sem prejuízo das demais competências estabelecidas 3. Não estando determinados o dia a partir do qual são
na lei, cabe exclusivamente ao juiz de execução, proferir contados os juros, é esse dia, a requerimento do credor,
o despacho liminar da acção executiva, rejeitando, man- fixado por despacho em harmonia com o título executivo,
dando aperfeiçoar, citar e notificar o executado, mandar depois de ouvidas as partes.
proceder à penhora dos bens deste; julgar a oposição à
Artigo 678º
execução e à penhora e decidir quaisquer questões que
lhe sejam directamente solicitadas pelo exequente, exe- Liquidação pelo tribunal
cutado, e quaisquer outros intervenientes, bem como as
que lhe sejam apresentadas pela Secretaria. 1. Quando a obrigação for ilíquida e não dependa de
simples cálculo aritmético, o exequente especifica no re-
5. Incumbe à Secretaria praticar todos os actos e querimento inicial da execução, os valores que considera
diligências de execução que não sejam expressamente compreendidos na prestação devida e concluirá por um
estabelecidos na lei, como acto jurisdicional. pedido líquido.
Artigo 674º
2. O executado é citado para contestar a liquidação
Requisitos da obrigação exequenda dentro do prazo fixado para a dedução dos embargos, com
a explícita advertência da cominação relativa à falta de
Não pode promover-se a execução, enquanto a obrigação
contestação e do ónus de cumular a oposição à liquidação
não se tornar certa, exigível e líquida à face do título.
com a dedução do embargo do executado.
Artigo 675º
Artigo 679º
Escolha da prestação na obrigação alternativa
Oposição à liquidação
1. Sendo a obrigação alternativa e pertencendo a
escolha da prestação ao devedor, este é notificado para 1. Não sendo contestada a liquidação, considera-se
declarar por qual das prestações opta, dentro do prazo fixada a obrigação nos termos requeridos pelo exequente,
fixado pelo tribunal. e ordena-se o seguimento da execução, sem prejuízo das
excepções ao efeito cominatório da revelia vigentes no
2. Na falta de declaração a execução pode recair sobre processo declarativo.
a prestação que o credor escolher.
2. Se a liquidação for contestada ou, não o sendo, a
Artigo 676º
revelia dever ser considerada inoperante, seguem-se os
Obrigação condicional ou dependente de prestação termos do processo declarativo.
1. Se a obrigação estiver dependente de condição 3. Quando a prova oferecida pelos litigantes for in-
suspensiva ou de uma prestação por parte do credor ou suficiente para fixar a quantia devida, incumbe ao juiz
de terceiro, incumbe ao credor provar que se verificou a completá-la mediante indagação oficiosa, ordenando,
condição ou que se efectuou a prestação. designadamente, a produção da prova pericial.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 101
Artigo 680º 3. A notificação também tem lugar se o executado já
Cumulação de oposição à liquidação e à execução tiver sido citado no âmbito das diligências a que aludem
os artigos 673º a 682º e, igualmente, quando citado o exe-
1. Quando o executado tenha fundamentos para se cutado para a execução de determinado título, se cumule
opor à execução mediante embargos, deve deduzir logo depois no mesmo processo a execução por outro título.
essa oposição e cumulá-la com a que pretender formular
contra a liquidação. 4. É dispensada ainda a citação prévia do executado,
quando na execução fundada em título não judicial o
2. Se os embargos forem recebidos, observam-se os exequente requeira e comprove o receio de extravio de
termos do respectivo processo, sendo o litígio acerca da bens ou o desconhecimento do paradeiro dele.
liquidação objecto de instrução, discussão e julgamento
conjuntamente com os dos embargos. 5. À execução com dispensa de prévia citação do execu-
tado é aplicável o disposto no artigo 709º; o que lhe pode
3. Se os embargos forem rejeitados, prossegue apenas o ser determinado pelo escrivão do processo, por termo
litígio relativo à liquidação, nos termos do artigo anterior. nos autos.
Artigo 681º Artigo 684º
Liquidação por árbitros Indeferimento liminar
1. A liquidação é feita por um ou mais árbitros, nos O juiz indefere liminarmente o requerimento do exe-
casos em que a lei especialmente o determinar ou as cutado, quando:
partes o convencionarem.
a) Seja manifesta a falta ou a insuficiência do
2. À nomeação dos árbitros e aplicável o disposto quanto
título;
à nomeação dos peritos. O terceiro árbitro só intervém na
falta de acordo entre os outros dois, mas não é obrigado b) Ocorrerem excepções dilatórias, não supríveis,
a conformar-se com o voto de qualquer deles. do conhecimento oficioso;
3. O juiz homologa o laudo dos árbitros e, no caso de c) Fundando-se a execução em título negocial, seja
divergência, o laudo do terceiro. manifesto, face aos elementos constantes dos
Artigo 682º autos, a insuficiência dos factos constitutivos
ou a existência de factos modificativos ou
Obrigação só parcialmente líquida ou exigível extintivos da obrigação exequenda que ao juiz
1. Se uma parte da obrigação for ilíquida e a outra seja lícito conhecer.
líquida, pode esta executar-se imediatamente. Artigo 685º
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102 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Oposição à execução baseada noutro título 4. A suspensão da execução, decretada após a citação dos
1. Se a execução não se basear em sentença, além dos credores, não abrange o apenso destinado à verificação e
fundamentos de oposição próprios de títulos desta natu- graduação de créditos.
reza, podem alegar-se, na parte em que sejam aplicáveis,
5. Se os embargos não compreenderem toda a execução,
quaisquer outros que seja lícito deduzir como defesa no
esta prossegue na parte não embargada, ainda que o
processo de declaração.
embargante preste caução.
2. A homologação, por sentença judicial, da conciliação,
confissão ou transacção das partes, em que a execução se 6. A execução prossegue se, depois de prestada a
funda, não impede que na oposição se alegue qualquer das caução, o processo de embargos estiver parado durante
causas que determinam a nulidade ou a anulabilidade mais de trinta dias, por negligência do embargante em
desses actos. promover os seus termos.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 103
Artigo 694º o beneficio da assistência judiciária na modalidade de
Prestação de caução
isenção de custas ou de dispensa de preparos incumbe
ao Cofre dos Tribunais o adiantamento pecuniário para
1. Quando a execução embargada prossiga, nem o a efectuação da diligência,
exequente nem qualquer outro credor pode obter pa-
Artigo 698º
gamento, estando ainda pendentes os embargos, sem
prestar caução. Bens absoluta ou totalmente impenhoráveis
2. Se o exequente ou credor houver de receber bens 1. Além das coisas inalienáveis e dos bens isentos de pe-
imóveis, a importância da caução é fixada segundo o nhora por disposição especial, não podem ser penhorados:
arbítrio do julgador em atenção ao rendimento desses
bens e ao valor que lhe vai ser entregue. a) Os objectos cuja apreensão seja ofensiva da moral
pública e bem assim aqueles cuja apreensão
Artigo 695º careça de justificação económica;
Responsabilidade do exequente b) Os objectos especialmente afectados ao exercício
Procedendo a oposição à execução, sem que tenha tido do culto público;
lugar à citação prévia do executado, o exequente respon- c) Os túmulos;
de pelos danos causados àquele culposamente e incorre
em multa até 5% do valor da execução, sem prejuízo da d) Os utensílios e objectos imprescindíveis a qualquer
responsabilidade criminal que possa haver. economia doméstica que se encontrem na
residência permanente do executado, salvo se
Artigo 696º
se tratar de execução destinada ao pagamento
Rejeição oficiosa da execução do preço da respectiva aquisição ou do custo
da sua reparação;
1. Ainda que não haja oposição, pode o juiz até o des-
pacho que ordene a realização da venda ou das outras e) Os géneros necessários ao sustento do executado
diligências destinadas ao pagamento, conhecer das ques- e sua família, durante três meses;
tões a que alude o artigo 684º que não haja apreciado
liminarmente. f) Os instrumentos indispensáveis aos deficientes
ou os objectos destinados ao tratamento de
2. Rejeitada a execução ou não sendo o vício suprido ou doentes;
a falta corrigida, a execução extingue-se, ordenando-se
g) Os bens do domínio público do Estado e de outras
o levantamento da penhora, sem prejuízo de prosseguir
pessoas colectivas públicas.
quando a rejeição for parcial.
Artigo 699º
Subsecção I
Bens relativa ou parcialmente impenhoráveis
Penhora
Bens que podem ser penhorados a) A casa de morada da família, salvo se a execução
para pagamento de dívida com garantia real
Artigo 697º
sobre esse bem;
Objecto da execução
b) Os bens do Estado assim como os das restantes
1. Estão sujeitos à execução todos os bens do devedor pessoas colectivas públicas ou de entidades
susceptíveis de penhora, que nos termos da lei substan- concessionárias de obras ou serviços públicos,
tiva, respondem pela dívida exequenda. quando se encontrem especialmente afectados
ou estejam aplicados a fins de utilidade de
2. Nos casos especialmente previstos na lei, podem ser pública, salvo se a execução for para entrega
penhorados bens de terceiro, desde que a execução seja de coisa certa ou de pagamento de dívida com
movida contra ele. garantia real;
3. A penhora limita-se aos bens necessários ao paga- c) Os títulos e certificados de dívida pública, excepto
mento da dívida exequenda e das despesas previsíveis da quando voluntariamente oferecidos;
execução, as quais se presumem, para o efeito da reali-
zação da penhora, e sem prejuízo de ulterior liquidação, d) Os livros, utensílios, ferramentas e quaisquer
no valor de 20% do valor da execução. objectos estritamente indispensáveis ao
exercício da função, profissão ou formação
4. Sem prejuízo do mais que resulta da lei em matéria profissional do executado, salvo se este
de preparos e da distribuição da responsabilidade pelas os indicar para a penhora, a execução se
custas do processo, o exequente deve disponibilizar ao tri- destinar ao pagamento do preço da sua
bunal, que os não possua, os meios e recursos necessários aquisição ou reparação, ou se os bens forem
para a remoção, transporte e depósito dos objectos que penhorados como elementos corpóreos de um
forem penhorados. Caso tenha sido concedido ao exequente estabelecimento comercial;
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104 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
e) Dois terços de retribuições dos funcionários 4. O disposto neste artigo é aplicável, com as ne-
públicos e trabalhadores e os depósitos cessárias adaptações, à penhora sobre bens comuns
bancários decorrentes delas; pertencentes a convivente de união de facto legalmente
reconhecível.
f) Dois terços das prestações periódicas pagam
a título de aposentação, reforma, auxílio, Artigo 703º
doença, invalidez, seguro, indemnização Bens a penhorar na execução contra a sociedade
por acidente ou renda vitalícia e de outras ou contra o sócio
pensões de natureza semelhante.
1. Na execução movida contra a sociedade e o sócio,
2. Consideram-se voluntariamente oferecidos os títulos como tal responsável, não podem penhorar-se bens par-
e certificados de dívida pública que sejam encontrados ticulares deste, senão depois de excutidos os bens sociais,
em poder do devedor ou ainda estejam averbados em se o sócio exigir a prévia excussão.
seu nome.
2. As quotas em sociedades de responsabilidade limita-
3. Os bens a que se refere o número anterior podem ser da são penhoradas independentemente do consentimento
apreendidos se forem nomeados pelo executado ou se a da sociedade, ainda que o pacto social faça depender desse
execução provier do preço por que foram comprados consentimento a cessão voluntária.
4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, a Artigo 704º
parte penhorável dos rendimentos referidos no número 1
Bens a penhorar na execução contra o herdeiro
é fixada pelo juiz, segundo o seu prudente arbítrio e tendo
em atenção as condições económicas do executado, dentre 1. Na execução movida contra o herdeiro só podem
um sexto a um terço, ou ser temporariamente suspensas, penhorar-se os bens que ele tenha recebido do autor da
por período não superior a um ano. herança.
Artigo 700º
2. Recaindo penhora sobre outros bens, compete ao
Impenhorabilidade de dinheiro e de depósito bancário executado provar que os bens indicados não pertencem
produtos de bens impenhoráveis à herança. O requerimento é deferido se ouvido o exe-
quente, este não fizer oposição.
São impenhoráveis a quantia em dinheiro ou o depósito
bancário resultante da satisfação do crédito impenhorável, 3. Opondo-se o exequente ao levantamento da penhora,
nos mesmos termos em que era o crédito originariamente o executado só pode obtê-lo, tendo a herança sido aceite
existente. por meio de embargo em que alegue e prove:
Artigo 701º
a) Que os bens penhorados não provieram da
Penhora de bens indivisos herança;
Pode penhorar-se o direito do executado relativo a b) Que não recebeu da herança mais bens do que
uma universalidade indivisa ou a outros bens indivisos, aqueles que indicou ou, se recebeu mais, que
mas não podem penhorar-se os próprios bens compre- os outros foram todos aplicados em solver
endidos na universalidade ou uma fracção de qualquer encargos dela.
deles, nem uma parte especificada dos bens indivisos, a
Artigo 705º
não ser que a execução seja instaurada contra todos os
comproprietários. Bens a penhorar na execução contra o fiador
Artigo 702º
1. Na execução movida contra o fiador, não podem
Penhora na meação em bens do casal penhorar-se os bens deste, enquanto não estiverem
excutidos todos os bens do devedor principal, desde que
1. Na execução movida contra um só dos cônjuges po- o fiador fundadamente invoque o benefício da excussão.
dem ser penhorados bens comuns com o consentimento
expresso e formal do outro cônjuge, para o qual deve ser 2. Instaurada a execução apenas contra o fiador e
citado. Se este não der o seu consentimento, quando cita- invocando este o benefício da excussão prévia, pode o
do para o efeito, fica vinculado a requerer a partilha dos exequente requerer, no mesmo processo, execução contra
bens, no prazo que lhe for assinado pelo juiz, mas nunca o devedor, promovendo a penhora dos bens deste.
inferior a dez dias, sob pena de a execução prosseguir
sobre o direito à meação do devedor nos bens comuns. 3. Se a execução tiver sido movida apenas contra o
devedor principal e os bens deste se revelarem insufi-
2. Apensada prova do requerimento em que se pede cientes, pode o exequente requerer, no mesmo processo,
a partilha ou a certidão, a execução fica suspensa até à execução contra o fiador.
partilha.
4. Quando os bens do devedor hajam de ser e tenham
3. Decretada a partilha, os bens daí resultantes passam sido excutidos em primeiro lugar, o fiador pode fazer
a ser considerados próprios de cada cônjuge, podendo o sustar a execução nos seus próprios bens, se indicar bens
executado nomear outros bens que lhe tenham cabido se do devedor que hajam sido posteriormente adquiridos ou
os bens entretanto penhorados não lhe couberem. que não fossem conhecidos.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 105
Artigo 706º Artigo 711º
1. Ainda que o navio já esteja despachado para viagem, 1. O direito de nomeação de bens à penhora devolve-
efectuada a penhora de mercadorias carregadas, pode se ao exequente, independentemente de despacho, nos
ser autorizada a sua descarga se o credor satisfizer por seguintes casos:
inteiro o frete em dívida, as despesas de carga, estiva,
desarrumação, sobredemora e descarga ou prestar caução a) Quando o executado não nomeie dentro do prazo
ao pagamento dessas despesas. legal;
2. Oferecida a caução, sobre a sua idoneidade é ouvido o b) Quando não forem encontrados alguns dos bens
capitão, que diz, dentro de dois dias, o que se lhe oferecer. nomeados.
3. Autorizada a descarga, faz-se o averbamento respec- 2. Efectuada a penhora, seja por nomeação do execu-
tivo no conhecimento ou pertence ao capitão e comunica- tado, seja por nomeação do exequente, este pode ainda
se o facto à capitania do porto. nomear outros bens nos seguintes casos:
O exequente está vinculado a proceder à indicação 3. Quanto aos prédios, o nomeante indica a sua denomi-
de bens sobre os quais a penhora há-de recair, devendo nação, situação e confrontações, e o número da descrição
fornecer todos os elementos que definam a situação ju- se estiverem descritos no registo predial.
rídica dos bens, identificando, designadamente, os ónus
4. Relativamente aos móveis, designa-se o lugar em
e encargos que sobre eles incidam.
que se encontram e faz-se a sua especificação, se for
Artigo 710º possível.
Bens que não carecem de nomeação 5. Na nomeação dos créditos, declara-se a identidade
do devedor, o montante, e, na medida do possível, a
Tratando-se de dívida com garantia real que onere natureza e origem da dívida, o título de que consta e a
bens pertencentes ao devedor, a penhora começa, in- data do vencimento.
dependentemente de nomeação, pelos bens a que se
refere a garantia e só pode recair sobre outros quando 6. Quanto ao direito a bens indivisos, indicam-se o ges-
se reconheça a insuficiência deles para se conseguir o tor e os comproprietários dos bens e ainda a quota-parte
fim da execução. que neles pertence ao executado.
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106 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 713º pessoa constante do rol dos indicados em Portaria do
membro do Governo que responde pela área de Justiça.
Averiguação oficiosa
Apenas pode constar do rol pessoa com capacidade eco-
Sempre que o exequente, justificadamente alegue sé- nómica e aptidão para gestão de patrimónios.
rias dificuldades na identificação ou localização dos bens
penhoráveis do executado, incumbe ao juiz determinar 2. Com a anuência expressa do exequente pode ser no-
as diligências adequadas. meado depositário, o executado, o seu cônjuge ou algum seu
parente ou afim, na linha recta ou no segundo grau da linha
Divisão III colateral, ficando nestes casos dispensados os requisitos
indicados no número anterior para tal designação.
Penhora de bens imóveis
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 107
Artigo 720º Artigo 725º
1. Quando o imóvel penhorado for divisível e o seu 1. O executado pode requerer o levantamento da pe-
valor exceder manifestamente o da dívida exequenda, nhora e a condenação do exequente nas custas a que deu
pode o executado requerer autorização para proceder causa, se por negligência deste, a execução tiver estado
ao seu fraccionamento, sem prejuízo da prossecução da parada nos seis meses anteriores ao requerimento.
execução.
2. A execução não deixa de considerar-se parada pelo
2. A penhora mantém-se sobre todo o prédio, salvo se a facto de o processo ser remetido à conta ou de serem
requerimento do executado e ouvidos os demais interes- pagas custas contadas.
sados o juiz autorizar o levantamento da penhora sobre
alguns dos imóveis resultantes da divisão, com funda- Subdivisão IV
mento na manifesta suficiência do valor das restantes Penhora de bens móveis
para a satisfação do crédito do exequente e dos restantes
credores reclamantes. Artigo 726o
Administração dos bens depositados 1. A penhora de móveis é feita com efectiva apreensão
dos bens, que são removidos imediatamente para depó-
1. Além dos deveres gerais do depositário, incumbe sitos públicos ou privados constantes de rol estabelecidos
ao depositário judicial o dever de administrar os bens para o efeito, por Portaria do membro do Governo respon-
com a diligência e zelo de um bom pai de família e com sável pela área da Justiça, assumindo a administração
a obrigação de prestar contas. do depósito o papel de depositário.
2. Na falta de acordo entre o exequente e o executado 2. Incumbe ao exequente o fornecimento dos meios e
sobre o modo de explorar os bens penhorados, o juiz o pagamento prévio dos preparos para despesas neces-
decide, ouvido o depositário e feitas as diligências ne- sárias de custas da remoção e da conservação do bem
cessárias. durante um ano.
Se os bens estiverem arrestados, é por despacho con- 4. O auto de penhora é assinado pelo louvado e pelo
vertido o arresto em penhora e manda-se fazer no registo depositário ou, quando este não puder assinar, por duas
predial o respectivo averbamento. testemunhas.
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108 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 728º Artigo 732º
1. Se o executado, ou quem o represente, se recusar a Aplica-se à penhora de aeronaves o que vem estabe-
abrir quaisquer portas ou móveis, ou se a casa estiver lecido neste Código para a penhora de navios, com as
deserta e as portas e móveis se encontrarem fechados, devidas adaptações, em tudo quanto não esteja regulado
observa-se o disposto no artigo 717º. em legislação própria.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 109
notifica-se o executado para que entregue o título e pro- importância em estabelecimento bancário oficialmente
cede-se às diligências necessárias para a sua apreensão, encarregado dos depósitos das custas judiciais, à ordem
se o notificado não cumprir. Pode ordenar-se outrossim a do tribunal, e a juntar ao processo o documento do de-
prática dos actos indispensáveis para a conservação do pósito, ou a entregar a coisa devida ao exequente, que
direito de crédito. funcionará como seu depositário.
2. Se o crédito estiver garantido por penhor, faz-se a 2. Se o crédito já estiver vendido ou adjudicado e a
apreensão deste, aplicando-se as disposições relativas aquisição tiver sido notificada ao devedor, é a prestação
à penhora de coisas móveis ou faz-se a transferência do entregue ao respectivo adquirente.
direito para a execução; se estiver garantido por hipoteca
registada, faz-se no registo o averbamento da penhora. 3. Não sendo cumprida a obrigação, pode o exequente
ou adquirente exigir a prestação, servindo de título exe-
3. Tratando-se de títulos ou de certificados da dívida cutivo o despacho que ordenou a penhora ou o título de
pública, a penhora consiste no seu averbamento a favor aquisição do crédito.
da execução. O tribunal requisita o averbamento à en-
Artigo 740º
tidade competente por meio de ofício, acompanhado dos
títulos ou do certificado. Penhora de abonos ou vencimentos ou de quantias
depositadas
Artigo 737º
1. Quando a penhora haja de recair em quaisquer
Termos a seguir quando o devedor negue a existência do
crédito abonos ou vencimentos, é a entidade encarregada de
processar as folhas notificada para que faça, no abono
1. Se o devedor contestar a existência do crédito, são ou vencimento, o desconto correspondente ao crédito
notificados o exequente, o executado e o devedor para penhorado e o depósito à ordem do tribunal, em estabele-
comparecerem no tribunal em dia designado, a fim de cimento bancário oficialmente encarregado dos depósitos
serem ouvidos. das custas judiciais.
2. Insistindo o devedor na contestação, deve o exequen- 2. A penhora de quantia depositada, à ordem de qual-
te declarar se mantém a penhora ou se desiste dela. quer autoridade, em estabelecimento bancário, é feita no
próprio conhecimento de depósito, lavrando-se o termo
3. Se o exequente mantiver a penhora o crédito pas- respectivo no processo em que ele estiver e perante a
sa a considerar-se litigioso e como tal é adjudicado ou autoridade que tiver jurisdição sobre o depósito.
transmitido.
Artigo 741º
Artigo 738º
Penhora de depósitos bancários
Termos a seguir quando o devedor alegue que a obrigação
está dependente de prestação do executado 1. Quando a penhora incida sobre depósito existente
em instituição legalmente autorizada a recebê-lo, apli-
1. Se o devedor declarar que a exigibilidade da obri-
cam-se as regras referentes à penhora de créditos, com
gação depende de prestação a efectuar pelo executado e
as especialidades constantes dos números seguintes.
este confirmar a declaração, é notificado o executado para
que, dentro de dez dias, satisfaça a prestação. 2. A instituição bancária do depósito penhorado deve
proceder à cativação da conta ou contas exclusivamente
2. Quando o executado não cumpra, pode o exequente
no valor objecto de penhora e comunicá-la ao tribunal
ou o devedor exigir o cumprimento, promovendo a res-
na data em que a mesma se considera efectuada, notifi-
pectiva execução. Pode também o exequente substituir-se
cando-se o executado de que as quantias nelas lançadas
ao executado na prestação, ficando neste caso sub-rogado
ficam cativas desde a data da penhora, sem prejuízo do
nos direitos do devedor.
disposto no número seguinte.
3. Se o executado impugnar a declaração do devedor e
3. O saldo penhorado pode ser afectado, quer em be-
não for possível fazer cessar a divergência, observa-se,
nefício, quer em prejuízo do exequente, em consequência
com as modificações necessárias, o disposto no artigo
de:
anterior.
a) Operações de crédito decorrentes do lançamento
4. Nos casos a que se refere o número 2, pode a pres-
de valores anteriormente entregues e ainda
tação ser exigida, por apenso, no mesmo processo, sem
não creditados na conta à data da penhora;
necessidade de citação do executado, servindo de título
executivo o despacho que haja ordenado o cumprimento b) Operações de débito decorrentes de apresentação
da prestação. a pagamento, em data anterior à penhora,
Artigo 739º
de cheques ou realização de pagamentos ou
levantamentos cujas importâncias hajam
Depósito da prestação devida sido efectivamente creditadas aos respectivos
fornecedores em data anterior à penhora.
1. Logo que a dívida se vença, o devedor, que a não
haja contestado, é obrigado a depositar a respectiva 4. A instituição fornece ao tribunal extracto da conta
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110 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
da parte referente à porção penhorada de onde constem 2. É lícito aos notificados fazer as declarações que
todas as operações que tenham afectado a mesma penhora entendam quanto ao direito do executado e ao modo ele
após a data da realização da penhora. o tornar efectivo.
Penhora de direito a bens indivisos 2. Quando não se cumule com a oposição à execução,
nos termos estabelecidos no número 2 do artigo 687º, a
1. Se a penhora tiver por objecto o direito a bens indi- oposição à penhora segue os termos dos artigos 275º e
visos, a diligência consiste unicamente na notificação do 277º, aplicando-se subsidiariamente, com as necessárias
facto ao gestor dos bens, se o houver, e aos contitulares, adaptações o disposto nos números 3 e 4 do artigo 693º.
com a expressa advertência de que o direito do executado
fica à ordem do tribunal ela execução. Na penhora de 3. A execução só é suspensa se o executado prestar
quota em sociedade, a notificação é feita à própria socie- caução e circunscreve-se aos bens a que a oposição res-
dade, servindo de depositário a pessoa que em nome da peita, podendo a execução prosseguir sobre outros bens
sociedade deva receber a notificação. que sejam penhorados.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 111
Subsecção III 4. A impugnação pode ter por fundamento qualquer
Convocação dos credores e verificação dos créditos
das causas que extinguem ou modificam a obrigação ou
que impedem a sua existência; mas se o crédito estiver
Artigo 747º reconhecido por sentença, a impugnação só pode basear-se
nalgum dos fundamentos de oposição à execução baseada
Citação dos credores e do cônjuge
em sentença judicial ou em sentença do tribunal arbitral,
1. Feita a penhora, e junta a certidão dos direitos, ónus na parte em que forem aplicáveis.
ou encargos inscritos, quando for necessária, são citados
Artigo 750º
para a execução:
Resposta do reclamante, sentença e graduação de créditos
a) O cônjuge do executado, quando a penhora tenha
recaído sobre bens imóveis que não possa O credor, cujo crédito tenha sido impugnado, pode res-
alienar livremente, ou quando o exequente ponder nos dez dias seguintes ao termo do prazo fixado
requeira a sua citação, nos termos do artigo para as impugnações, seguindo-se, sem mais articulados,
para salvaguardar os seus interesses nos os termos do processo ordinário de declaração, proferindo-
bens sujeitos a meação; se a final sentença, com a graduação de créditos a que
haja lugar.
b) Os credores com garantia real, relativamente
aos bens penhorados. Subsecção IV
2. A reclamação tem por base um título exequível e Termos em que pode ser efectuado
deduzida no prazo de dez dias, a contar da citação do
reclamante. O credor é admitido à execução, ainda que o 1. As diligências necessárias para a realização do paga-
crédito não esteja vencido; mas se a obrigação for incerta mento efectuam-se independentemente do prosseguimen-
ou ilíquida, torna-a certa ou líquida pelos meios de que to do apenso da verificação e graduação de créditos, mas
dispõe o exequente. só depois de proferido o despacho de aceitação ou rejeição
das reclamações; exceptua-se a consignação judicial de
3. As reclamações são autuadas num único apenso ao rendimentos, que pode ser requerida pelo exequente e
processo de execução. deferida logo em seguida à penhora.
Artigo 749º
2. O credor citado para o concurso só pode ser pago na
Impugnação dos créditos reclamados execução pelos bens sobre que tiver garantia e conforme
a graduação do seu crédito.
1. Findo o prazo para a dedução dos créditos, profe-
re-se despacho a admitir ou a rejeitar liminarmente as Divisão II
reclamações que hajam sido apresentadas.
Entrega de dinheiro
2. As reclamações podem ser impugnadas pelo exe- Artigo 753º
quente e pelo executado dentro de oito dias, a contar da
notificação do despacho que as haja admitido. Pagamento por entrega de dinheiro
3. Dentro do prazo concedido ao exequente, podem os Tendo a penhora recaído sobre moeda corrente ou sobre
restantes credores impugnar os créditos garantidos por crédito em dinheiro cuja importância foi depositada, o
bens sobre os quais tenham invocado também qualquer exequente ou qualquer credor que deva preferi-lo é pago
direito real de garantia. do seu crédito pelo dinheiro existente.
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112 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Divisão III quando se trate de imóveis ou de móveis sujeitos a registo,
Adjudicação que lhe sejam consignados os respectivos rendimentos,
em pagamento do seu crédito.
Artigo 754º
2. Sobre o pedido é ouvido o executado, sendo a consig-
Requerimento para adjudicação
nação deferida, não havendo oposição.
1. O exequente pode pedir que, dos bens penhorados
3. Se a consignação for requerida antes da convocação
que não devam ser vendidos nas bolsas de capitais ou
de credores, a citação destes é dispensada, salvo se o
houverem de ser entregues a determinadas pessoas lhe
pedido do requerente for indeferido.
sejam adjudicados os que forem suficientes para o seu
pagamento; idêntico pedido pode fazer qualquer credor Artigo 759º
reclamante, em relação aos bens sobre os quais haja Como se processa
sido proferida sentença de graduação de créditos no mo-
mento em que é apreciado o pedido; este só é atendido 1. A consignação de rendimentos de bens que estejam
quando o crédito do requerente haja sido reconhecido e locados faz-se mediante simples notificação aos locatários
graduado. do despacho que a ordenou.
2. O requerente deve indicar o preço que oferece, não 2. Não havendo ainda locação ou havendo de celebrar-
podendo a oferta ser inferior ao valor a anunciar para a se novo contrato, os bens serão locados com recurso à
venda em carta fechada, estabelecido neste Código. publicidade, salvo se o consignatário e o executado acor-
darem em locá-los mediante propostas ou por meio de
3. Se à data do requerimento já estiver anunciada a negociação particular; em ambos os casos se observam,
venda judicial, esta não se susta e o pedido é apenas com as modificações necessárias, as formalidades pres-
tomado em consideração quando não haja licitantes ou critas para a venda de bens penhorados.
concorrentes que ofereçam preço superior.
3. Pagas as custas da execução, as rendas são recebidas
Artigo 755º
pelo consignatário até que esteja embolsado da impor-
Publicidade do requerimento tância do seu crédito.
1. Requerida a adjudicação designa-se dia e hora para 4. O consignatário fica na posição de senhorio, mas não
a abertura das propostas de preço superior ao ofereci- pode resolver o contrato, nem tomar qualquer decisão
do pelo requerente, o qual é mencionado nos editais e relativa aos bens, sem anuência do executado; na falta
anúncios. de acordo, o juiz decide.
2. O despacho é notificado ao executado e àqueles que Artigo 760º
podiam requerer a adjudicação e bem assim aos titulares Efeitos
de qualquer direito de preferência na alienação dos bens.
1. Efectuada a consignação e pagas as custas da exe-
Artigo 756º cução, esta é julgada extinta, levantando-se as penhoras
Termos da adjudicação que incidam em outros bens.
2. Havendo proposta de maior preço observa-se o dis- 3. Se os bens vierem a ser vendidos ou adjudicados,
posto neste Código sobre a abertura e a deliberação das livres do ónus da consignação, o consignatário é pago do
propostas em venda judicial. saldo do seu crédito pelo produto da venda ou adjudicação,
com a prioridade da penhora a cujo registo a consignação
3. Se o requerimento da adjudicação tiver sido feito foi averbada.
depois de anunciada a venda judicial e a esta não houver
concorrentes ou licitantes, logo se adjudicam os bens ao 4. O disposto nos números anteriores é aplicável, com
requerente. as necessárias adaptações, à consignação de rendimentos
de títulos de crédito nominativos, devendo a consignação
Artigo 757º
ser mencionada nos títulos e averbada nos termos da
Regras aplicáveis à adjudicação respectiva legislação.
É extensivo à adjudicação, na parte que for aplicável, Divisão V
as disposições deste Código referentes à venda judicial. Venda
Subdivisão IV Subdivisão I
Consignação de rendimentos Modalidades da venda
Artigo 758º Artigo 761º
Termos em que pode ser requerida e deferida Espécies de venda
1. Enquanto os bens penhorados não forem vendidos, 1. A venda dos bens penhorados pode ser judicial ou
nem adjudicados, qualquer das partes pode requerer, extrajudicial.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 113
3. O juiz, ouvidos o exequente e o executado e os credores 1. No despacho que ordene a venda por negociação
com garantia real sobre os bens a vender, determina a particular, designa-se a pessoa que fica incumbida de a
modalidade da venda e o valor desses bens, quando o efectuar e o preço mínimo por que pode ser vendida.
considere indispensável, nomeadamente por os inte-
ressados indicarem valores discordantes, sendo neste 2. A pessoa designada procede como mandatário,
caso aplicável, com as devidas adaptações, o disposto no tendo-se por provado o mandato em face da certidão do
artigo 715º.
despacho.
Artigo 762º
3. Quando se tratar de venda de imóveis, designa-se,
Modalidades da venda
preferencialmente, o mediador que conste da lista da
1. A venda judicial é feita por meio de propostas em Direcção Geral do Património do Estado.
carta fechada.
4. O preço é depositado directamente pelo comprador,
2. A venda extrajudicial pode revestir as seguintes à ordem do tribunal, em estabelecimento bancário ofi-
formas: cialmente encarregado dos depósitos das custas judiciais,
a) Venda em bolsas de capitais ou de mercadorias; antes de lavrado o instrumento da venda.
b) Venda directa a entidades que tenham direito a 5. Estando pendente de recurso a sentença que se
adquirir determinados bens; executa ou estando pendentes embargos de executado,
faz-se essa declaração no acto da venda.
c) Venda por negociação particular;
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114 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Subdivisão III 3. Se o preferente tiver sido notificado por éditos, pode
Venda judicial
propor a acção de preferência nos termos gerais, desde
que as circunstâncias façam presumir que a notificação
Artigo 768º não chegou ao seu conhecimento a tempo de puder exercer
Casos em que se procede à venda judicial o seu direito no acto da adjudicação.
Artigo 772º
Quando não seja possível a venda extrajudicial, os bens
penhorados são vendidos por meio de propostas em carta Abertura das propostas
fechada. O valor a enunciar, tratando-se de imóvel, é
igual a 70% (setenta por cento) do valor de base do bem, 1. As propostas são entregues na secretaria do tribunal
precedido da sua avaliação nos termos deste Capítulo. e abertas na presença do juiz, podendo assistir à abertura
o executado, o exequente, os reclamantes de créditos com
Artigo 769º garantia sobre os bens a vender e os proponentes.
Editais e anúncios para a venda judicial 2. Se o preço mais elevado for oferecido por mais de
um proponente, abre-se logo licitação entre eles, salvo
1. Designa-se o dia e hora para a abertura das propos-
se declararem que pretendem adquirir o bem em com-
tas, com a antecipação necessária para, mediante editais
propriedade.
e anúncios se dar ao facto a maior publicidade, podendo
o juiz, oficiosamente ou a requerimento dos interessados, 3. Estando presente só um dos proponentes do maior
determinar que a venda judicial seja tornada pública preço, pode esse cobrir a proposta dos outros; se nenhum
ainda por outros meios. deles estiver presente ou nenhum quiser cobrir a pro-
posta dos outros, procede-se a sorteio para determinar a
2. Os editais são afixados, com a antecipação de dez
proposta que deve prevalecer.
dias onde os bens se encontrem. Tratando-se de prédios
urbanos, afixa-se também um edital na porta de cada 4. As propostas, uma vez apresentadas, só podem ser
um deles. retiradas se a sua abertura for adiada por mais de no-
venta dias depois do primeiro designado.
3. Os anúncios são publicados, com igual antecipação,
em dois números seguidos num dos jornais mais lidos Artigo 773º
da localidade da situação dos bens ou, se na localidade
Deliberação sobre as propostas
não houver periódico, de um dos jornais que nela sejam
mais lidos, salvo se o juiz em qualquer dos casos os achar 1. Acto contínuo à abertura ou depois de efectuada a
dispensáveis, atento o diminuto valor dos bens. licitação ou o sorteio a que houver lugar, são as propostas
apresentadas ao executado, exequente e credores que
4. Nos editais e anúncios mencionam-se o nome do
hajam comparecido; se nenhum estiver presente, consi-
executado, a secretaria por onde corre o processo e o dia,
dera-se aceite a proposta de maior preço, sem prejuízo
hora e local da abertura das propostas; se os bens forem
do disposto no número 3 do artigo anterior.
imóveis, identificam-se sumariamente e declara-se o seu
valor; se forem móveis, apenas se indica a sua espécie. 2. Se os interessados não estiverem de acordo, preva-
lece o voto dos credores que entre os presentes tenham
5. Se a sentença que se executa estiver pendente de
maioria de créditos sobre os bens a que a proposta se
recurso ou estiverem pendentes embargos de executado,
refere. Mas o executado pode opor-se à aceitação de
faz-se também menção do facto nos editais e anúncios.
qualquer proposta, requerendo prazo, não superior a oito
Artigo 770º dias, para oferecer pretendente que se responsabilize por
preço superior; nesse caso, marca-se dia para se deliberar
Obrigação de mostrar os bens sobre a proposta do pretendente.
Durante o prazo dos editais e anúncios é o depositário 3. Não são aceites as propostas de valor inferior ao
obrigado a mostrar os bens a quem pretenda exami- previsto no artigo 768º, salvo se o exequente, o executa-
ná-los; mas pode fixar as horas em que, durante o dia, do e todos os credores com garantia real sobre os bens a
facultar a inspecção, tornando-as conhecidas do público vender acordarem na sua aceitação.
por qualquer meio.
Artigo 774º
Artigo 771º
Irregularidades na frustração da venda por meio
Notificação dos preferentes de propostas
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Artigo 775º Subdivisão IV
Artigo 780º
1. Aceite alguma proposta são interpelados os titulares
do direito de preferência presentes para que declarem se Dispensa de depósito aos credores
querem exercer o seu direito.
1. O exequente que adquira bens pela execução é
2. Apresentando-se a preferir mais de uma pessoa, com dispensado de depositar a parte do preço que não seja
igual direito, abre-se licitação entre eles, fazendo-se a necessária para pagar a credores graduados antes dele
adjudicação à que oferecer preço mais alto. e não exceda a importância que tem direito a receber;
igual dispensa é concedida ao credor com garantia sobre
3. Os preferentes que pretendem exercer o seu direito os bens que adquirir.
depositam logo a totalidade do preço.
2. Não estando ainda graduados os créditos o exequente
Artigo 776º não é obrigado a depositar mais que a parte excedente à
quantia exequenda e o credor só é obrigado a depositar
Depósito do preço
o excedente ao montante do crédito que tiver reclamado
1. Aceite alguma proposta, se nenhum preferente se sobre os bens adquiridos; neste caso se os bens adquiridos
apresentar a exercer o seu direito, é o proponente notifica- forem imóveis ficam hipotecados à parte do preço não
do para depositar o preço devido, no prazo de quinze dias depositada, consignando-se a garantia no auto de trans-
em estabelecimento bancário oficialmente encarregado missão, que não pode ser registada sem ele; se forem de
dos depósitos das custas judiciais. outra natureza, não são entregues ao adquirente sem que
este preste caução correspondente ao seu valor.
2. Caso, o proponente não deposite o preço nos termos
3. Quando por efeito de graduação de créditos o adqui-
estabelecidos no número 1, sem prejuízo do procedimento
rente não tenha direito à quantia que deixou de deposi-
criminal que couber, o juiz, ouvidos os interessados na
tar, ou a parte dela, é notificado para fazer o respectivo
venda, pode determinar que a venda fique sem efeito e
depósito dentro de oito dias, sob pena de ser executado
que os bens voltem a ser vendidos pela forma considerada
nos termos do artigo 776º, começando a execução pelos
mais conveniente, não sendo o proponente remisso admi-
próprios bens adquiridos ou pela caução.
tido a adquiri-los novamente e ficando responsável pela
diferença de preço e pelas despesas a que der causa. Artigo 781º
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1. Se, antes de efectuada a venda, alguém protestar 2. Se houver, porém, vários preferentes e se abrir li-
pela reivindicação da coisa, lavra-se termo de protesto; citação entre eles, a remição tem de ser feita pelo preço
nesse caso os bens móveis não são entregues ao compra- correspondente ao lanço mais elevado.
dor nem o produto da venda é levantado sem se prestar
Artigo 789º
caução.
Ordem por que se defere o direito de remição
2. Se, porém, o autor do protesto não propuser a ac-
ção dentro de trinta dias ou a acção estiver parada por 1. O direito de remição pertence em primeiro lugar ao
negligência sua durante três meses, pode requerer-se cônjuge, em segundo lugar aos descendentes e em terceiro
a extinção das garantias destinadas à restituição dos lugar aos ascendentes do executado.
bens e o embolso do preço; em qualquer desses casos o
comprador, se a acção for julgada procedente, fica com o 2. Concorrendo à remição vários descendentes ou
direito de retenção da coisa comprada, enquanto lhe não vários ascendentes, preferem os do grau mais próximo
for restituído o preço, podendo o proprietário reavê-lo aos de grau mais remoto; em igualdade de grau, abre-se
dos responsáveis, se houver de o satisfazer para obter a licitação entre os concorrentes e prefere-se o que oferecer
entrega da coisa reivindicada. maior preço.
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3. Se o requerente da remição não puder fazer logo a mente e depois de deduzidos os créditos cuja extinção se
prova do casamento ou do parentesco, dá-se-lhe prazo prove por documento. Feito este depósito, ordena-se nova
razoável para a junção do respectivo documento. liquidação do acrescido, observando-se o preceituado nas
disposições anteriores.
Subsecção VI
5. Se o pagamento for efectuado por terceiro, este só
Extinção e anulação da execução
fica subrogado nos direitos do exequente, mostrando que
Artigo 790º os adquiriu nos termos da lei substantiva.
Desistência do exequente
1. Em qualquer estado do processo pode o executado
ou qualquer outra pessoa fazer cessar a execução, pa- 1. A desistência do exequente extingue a execução, mas,
gando as custas e a dívida. Quem pretenda usar desta se tiverem sido vendidos ou adjudicados bens sobre cujos
faculdade deve solicitar verbalmente na secretaria guias produtos hajam sido graduados outros credores, a estes
para depósito da parte líquida ou liquidada do crédito do é paga a parte que lhes couber nesse produto.
exequente, que não esteja solvida pelo produto da venda
2. Se estiverem pendentes embargos de executado, a
ou adjudicação de bens; feito o depósito, requer ao juiz a
desistência da instância depende da aceitação do em-
liquidação de toda a responsabilidade do executado.
bargante.
2. Apresentado o requerimento e comprovado o depó- Artigo 793º
sito, a execução é suspensa, ordenando-se a liquidação
Extinção da execução
requerida.
1. A execução é julgada extinta logo que se efectue o
3. Quando o requerente junte documento comprovativo depósito da quantia liquidada, nos termos do artigo 791º,
de quitação, perdão, ou renúncia por parte do exequente ou depois de pagas as custas, tanto no caso do artigo an-
ou qualquer outro título extintivo, não há lugar ao depósi- terior, como quando se mostre satisfeita pelo pagamento
to preliminar, ordenando-se logo a suspensão da execução coercivo a obrigação exequenda.
e a liquidação da responsabilidade do executado.
2. A sentença que julgue extinta a execução é notificada
4. O depósito preliminar pode ser requerido e efectuado ao executado, ao exequente e aos outros credores, se já
no tribunal deprecado se para a venda dos bens houver tiverem sido graduados.
sido expedida carta precatória; neste caso, suspensa a
Artigo 794º
venda, é aquela devolvida e o depósito transferido para
o tribunal deprecante onde se seguem os termos subse- Renovação da execução extinta
quentes.
1. A extinção da execução, quando o título tenha sido
Artigo 791º sucessivo, não obsta a que a acção executiva se renove
no mesmo processo para pagamento das prestações que
Liquidação da responsabilidade do executado se vençam posteriormente.
1. Se o requerimento for feito antes da venda ou adju- 2. Também o credor reclamante, cujo crédito esteja
dicação de bens, liquidam-se unicamente as custas e o vencido e tenha sido graduado para ser pago pelo produto
que faltar do crédito do exequente. de bens penhorados que não chegaram entretanto a ser
vendidos, nem adjudicados, pode requerer, até ao trânsito
2. Se já tiverem sido vendidos ou adjudicados bens, a da sentença que declare extinta a execução, o prossegui-
liquidação tem de abranger também os créditos reclama- mento da execução para pagamento do seu crédito.
dos para serem pagos pelo produto desses bens, conforme
a graduação e até onde o produto obtido chegar, salvo se 3. O requerimento faz prosseguir a execução, mas
o requerente exibir título extintivo de algum deles, que somente sobre os bens com que o crédito do requerente
então não é compreendido; se ainda não estiver feita a tenha sido graduado, assumindo o requerente a posição
graduação dos créditos reclamados que tenham de ser de exequente.
liquidados, a execução prossegue somente para verifi-
4. Não se repetem as citações e aproveita-se tudo o
cação e graduação desses créditos e só depois se faz a
que tiver sido processado relativamente aos bens em que
liquidação.
prossegue a execução, mas os outros credores graduados
3. A liquidação compreende sempre as custas dos levan- e o executado são notificados do requerimento.
tamentos a fazer pelos titulares dos créditos liquidados e Artigo 795º
é notificada ao exequente, aos credores interessados, ao
Anulação da execução por falta ou nulidade de citação
executado e ao requerente, se for pessoa diversa. do executado
4. O requerente deposita o saldo que for liquidado, sob 1. Se a execução correr à revelia do executado e este
pena de ser condenado nas custas a que deu causa e de a não tiver sido citado, quando o deva ser, ou houver fun-
execução prosseguir, não podendo tornar a suspender-se sem damento para declarar nula a citação, pode o executado
prévio depósito da quantia liquidada, depois de deduzido requerer, a todo o tempo, no processo de execução, que
o produto das vendas ou adjudicações feitas posterior- esta seja anulada.
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118 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. Sustados todos os termos da execução, conhece-se 2. Com a apelação da sentença que julgar os embargos
logo da reclamação; e, se for julgada procedente, anula-se do executado ou graduar créditos e cujo efeito seja suspen-
tudo o que no processo se tenha praticado. sivo ou com a da sentença que julgar a liquidação sobem,
todavia, os recursos referidos na alínea c) do número l que
3. A rec1amação pode ser feita mesmo depois de finda hajam sido interpostos de despachos anteriores.
a execução; se, porém, a partir da venda tiver decorrido
já o tempo necessário para a usucapião o executado fica Secção III
apenas com o direito de exigir do exequente, no caso de
Execução para entrega de coisa certa
dolo ou de má-fé deste, a indemnização do prejuízo sofri-
do, se esse direito não tiver prescrito entretanto. Artigo 799º
Recursos
1. Na execução para entrega de coisa certa, o executado
Artigo 796º é citado para, no prazo de vinte dias, fazer a entrega.
Apelação 2. Se a execução se fundar em sentença, são aplicáveis
as disposições do número 1 do artigo 683º, e dos artigos
1. Cabe recurso de apelação da sentença que conhecer
685º e 686º, mas neste caso o executado não é citado,
do objecto da liquidação ou dos embargos de executado
mas notificado, logo após o despacho determinativo da
e da que graduar os créditos.
entrega, sendo-lhe facultado deduzir embargos dentro
2. O recurso não tem efeito suspensivo, salvo se for de dez dias.
de sentença proferida sobre embargos de executado e o Artigo 800º
embargante tiver prestado caução para obstar ao segui-
mento da execução. Fundamentos e efeitos dos embargos do executado
3. O recurso da sentença que conheça do objecto dos 1. O executado pode deduzir oposição à execução pelos
embargos ou da que graduar créditos sobe no apenso motivos especificados nos artigos 688º, 689º e 690º, na
respectivo, que, sendo o efeito meramente devolutivo, parte aplicável e, além disso, com o fundamento de ben-
é desapensado e instruído com certidão das peças ne- feitorias a que tenha direito.
cessárias do processo principal; neste fica a certidão da
sentença recorrida. 2. Se as benfeitorias autorizarem a retenção, o recebi-
mento dos embargos suspende a execução até ao embolso
4. Se a liquidação for feita exclusivamente por meio de da importância das benfeitorias, salvo se o exequente
arbitragem, do despacho que homologue o laudo dos árbi- depositar ou caucionar a quantia pedida.
tros cabe recurso; cabe igualmente recurso do despacho
que no apenso de verificação de créditos declare reconhe- Artigo 801º
cidos ou verificados créditos a graduar posteriormente. Entrega da coisa
Artigo 797º
1. Se o executado não fizer a entrega, é esta feita judi-
Agravo cialmente, procedendo-se às buscas e outras diligências
que o tribunal julgue necessárias.
Das decisões não previstas no artigo anterior, recorre-
se por meio de agravo. 2. Tratando-se de coisas móveis a determinar por
Artigo 798º
conta, peso ou medida, o funcionário manda fazer, na
sua presença, as operações indispensáveis e entrega ao
Regime dos agravos exequente a quantidade devida.
1.Quanto aos agravos observa-se o seguinte: 3. Tratando-se de imóveis, o funcionário investe o
exequente na posse, entregando-lhe os documentos e as
a) Os agravos interpostos no decurso da liquidação
chaves, se os houver, e notifica o executado, os arren-
só sobem a final com a apelação da sentença
datários e quaisquer detentores para que respeitem e
que a julgar ou com o agravo a que se refere a
reconheçam o direito do exequente.
primeira parte do número 4 do artigo 796º;
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 119
Conversão da execução 1. O prazo é fixado pelo juiz, que para isso procede às
diligências necessárias, podendo socorrer-se do parecer
Findo o prazo para a oposição, ou julgada a oposição, de técnicos ou ordenar arbitramento por um só perito,
quando esta suspenda a execução, se o exequente pretender de sua nomeação.
a indemnização do dano sofrido, observa-se o disposto no
artigo 802º. 2. Se o devedor não prestar o facto dentro do prazo,
Artigo 806º
observa-se o disposto nos artigos 804º a 807º. O execu-
tado só pode deduzir embargos no decêndio posterior
Avaliação do custo da prestação e realização com fundamento na ilegalidade do pedido da prestação
da quantia apurada por outrem ou por qualquer outro facto que seja motivo
1. Se o exequente optar pela prestação de facto por legítimo de oposição.
outrem, requer a nomeação de perito que avalie o custo Artigo 812º
da prestação.
Violação da obrigação quando esta tenha por objecto
2. Concluída a avaliação, procede-se, por nomeação um facto negativo
do exequente, à penhora dos bens necessários para se
1. Quando a obrigação do devedor consista em não
obter a quantia apurada, seguindo-se depois os termos
praticar algum facto, o credor pode requerer, no caso de
prescritos nos artigos 747º e seguintes.
violação, que esta seja verificada por meio de exame ou
Artigo 807º vistoria e que o tribunal ordene a demolição da obra que
porventura tenha sido feita e a indemnização do exequen-
Prestação pelo exequente
te pelo prejuízo sofrido, ou apenas a indemnização pelo
1. Mesmo antes de terminada a avaliação ou a execução dano, conforme ao caso couber.
regulada no artigo anterior, pode o exequente fazer ou
2. O executado é notificado para a nomeação de peritos,
mandar fazer sob sua direcção e vigilância, as obras e
podendo no prazo de dez dias deduzir a oposição que tiver
trabalhos necessários à prestação do facto, com a obri-
nos termos dos artigos 688º e seguintes; os embargos,
gação de dar contas no tribunal da execução.
quanto ao pedido de demolição podem fundar-se no facto
2. Na contestação das contas é lícito ao executado alegar desta representar para o executado um prejuízo conside-
que houve excesso na prestação do facto. ravelmente superior ao sofrido pelo exequente.
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120 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 121
1. Passada em julgado, a decisão final, observa-se o 2. Com o aviso ou o pedido de citação, o senhorio pode
seguinte: reclamar a colocação de escritos por parte do arrenda-
tário, se o prédio for urbano e na terra se usarem; a
a) Se tiver sido decretada a interdição, ou a colocação de escritos importa o dever de o arrendatário
inabilitação ou outra medida que torne o mostrar a casa, das catorze às dezassete horas, a quem
requerido incapaz de reger a sua pessoa e pretenda tomá-la de arrendamento.
os seus bens, são relacionados no próprio
processo os bens dele; 3. O aviso pode ser feito extrajudicialmente ou por
notificação judicial avulsa.
b) Da medida decretada, a favor do requerido, é
Artigo 826º
dado conhecimento ao Arquivo Nacional de
Identificação Civil e Criminal contendo a Aviso extrajudicial
indicação do grau de incapacidade que lhe
tenha sido atribuída. 1. O aviso extrajudicial só vale como interpelação
para os efeitos do artigo anterior quando for feito por
2. O tutor ou curador pode requerer, após o trânsito carta registada com aviso de recepção, bilhete-postal
da sentença, nos termos da lei civil, a anulação dos em duplicado ou telegrama, ou quando for aceite pelo
actos praticados, quando se prove que não teriam sido arrendatário, quer mediante aposição de escritos, quer
praticados se não fosse o estado psíquico, somático ou por meio de documento em que se considere despedido
comportamental do requerido. ou faça declaração equivalente.
Artigo 823º 2. O senhorio pode fazer verificar por qualquer funcioná-
Seguimento da acção mesmo depois da morte do requerido
rio de justiça o facto da aposição dos escritos, sem necessi-
dade de despacho. O funcionário lavra auto, assinado
1. Falecendo o requerido no decurso do processo, mas por ele e por duas testemunhas, e entrega-o ao senhorio,
depois de feitos a entrevista e os testes psicotécnicos, deixando cópia ao arrendatário.
pode o requerente pedir que a acção prossiga para o Artigo 827º
efeito de se verificar se existia e desde quando datava a
incapacidade alegada. Requerimento inicial para a notificação ou acção de despejo
2. Não se procede neste caso a habilitação dos herdeiros 1. Com o requerimento para a notificação ou com a
do falecido, prosseguindo a causa contra quem nela o petição para a acção de despejo deve o senhorio juntar o
representa. título de arrendamento, se o houver.
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122 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 831º
O réu suporta as custas da acção e os honorários dos
mandatários do autor, que o juiz fixar, bem como as des-
Despejo fundado na caducidade do arrendamento pesas do levantamento do depósito, quando fizer caducar
o direito à resolução do arrendamento pelo pagamento
1. Para obter a entrega do prédio com fundamento na das rendas e da indemnização devida, nos casos em que
caducidade do arrendamento são competentes os meios o possa fazer.
regulados nos artigos antecedentes, sem necessidade de
Artigo 835º
aguardar o fim do prazo do contrato ou da renovação.
Despejo provisório
2. Nos casos em que a caducidade do contrato deva
ocorrer em data certa, o aviso pode ser feito e a acção 1. Estando reconhecida a existência do contrato de
pode ser proposta antes dessa data, mas o despejo só se arrendamento, ordena-se no despacho saneador o des-
efectua depois dela. pejo provisório, quando se trate de arrendamento rural
e haja fundadas razões para crer que a contestação é
3. Nos outros casos, o aviso não pode ser feito, nem a acção meramente dilatória, ou quando a acção se funde na falta
pode ser proposta, antes da caducidade do contrato. de pagamento de renda e o réu não tenha provado por
documento algum dos seguintes factos:
4. Em todos os casos, o despejo só pode tornar-se efecti-
vo depois da restituição do prédio ser exigível nos termos a) Ter feito, em tempo oportuno, o pagamento ou o
da lei substantiva. depósito da renda;
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 123
b) Não estar ainda vencida a renda em virtude de 2. Ouvido o arrendatário, se este não provar, por
alteração da época do vencimento; documento, que fez o pagamento ou o depósito, é logo
ordenado o despejo.
c) Ter depositado condicionalmente, no prazo da
contestação, não se tratando de arrendamento 3. Quando, porém se não trate de arrendamento rural, o
rural, o montante da renda em dívida e da réu pode obstar ao despejo, mostrando, quando for ouvido,
indemnização fixada por lei. que, fora do prazo, pagou ou depositou definitivamente,
2. Havendo litígio sobre o quantitativo da renda, é embora sem notificação ao senhorio, o montante das ren-
suficiente, para o efeito das alíneas a) e c) do número das e a importância da indemnização devida, contanto
anterior, o pagamento ou o depósito correspondente à que deposite ainda na secretaria judicial, no prazo de
quantia constante do título ou da que por documento se cinco dias, a importância provável das custas do inciden-
mostre exigível do arrendatário, acrescida da indemni- te e das despesas de levantamento do depósito, em cujo
zação correlativa nos casos em que seja devida. pagamento é condenado e que são contadas a final.
Artigo 841º
3. Se o réu tiver pedido benfeitorias que autorizem a
retenção, não se ordena o despejo provisório enquanto Regime de recursos
o autor não provar, por documento, o pagamento ou o
depósito da quantia pedida. 1. Nas acções de despejo relativas a arrendamentos
Artigo 836º para habitação ou para o exercício de comércio, indús-
tria ou profissão liberal, e em todas aquelas em que se
Regime do depósito condicional
aprecie a subsistência de contratos de arrendamento
Tendo sido depositado condicionalmente o montante sobre prédios da mesma natureza, é sempre admissível
das rendas em dívida, acrescido da indemnização fixada recurso para o tribunal de 2ª instância, seja qual for o
na lei, se a falta de pagamento das rendas for dada como valor da causa.
provada, subsiste o arrendamento, podendo o senhorio
levantar a totalidade do depósito, à custa do réu; no caso 2.Tem efeito suspensivo a apelação interposta das
contrário, o senhorio apenas tem direito às rendas, poden- sentenças que, nas acções abrangidas pelo disposto
do o arrendatário levantar o restante à custa daquele. no número anterior, decrete a restituição do prédio ao
senhorio.
Artigo 837º
Artigo 842º
Falta de renda que deva ser paga adiantadamente
Despejo fundado na realização de obras
O despejo fundado na falta de pagamento de renda que
devesse ser paga adiantadamente não se efectua antes 1. A acção de despejo fundada na execução de obras
de findar o período em relação ao qual a renda já esteja que permitam o aumento do número de arrendatários do
paga, sem prejuízo da indemnização correspondente à prédio é intentada conjuntamente contra todos os arren-
falta de cumprimento do contrato. datários, salvo o disposto pelo número subsequente.
Artigo 838º
2. Havendo outros locais, além dos ocupados pelos
Despejo de prédios ocupados pelo Estado ou outras pessoas
colectivas
arrendatários demandados, o senhorio há-de provar
que não sofrem alteração e que os detentores podem
Na decisão que decrete o despejo de prédio tomado de permanecer no prédio, conforme certificado camarário,
arrendamento pelo Estado ou outras pessoas colectivas ou que possui título exequível da desocupação contra os
públicas, associações públicas, autoridades administra- respectivos arrendatários ou que estão ocupados por ele
tivas independentes ou por pessoas colectivas de direito próprio, senhorio, ou que se encontram vagos.
privado não lucrativas de defesa dos direitos humanos,
fins humanitários ou de beneficência, de assistência ou 3. A petição inicial especifica as rendas pagas pelos
educação, pode fixar-se um prazo razoável, não excedente arrendatários a despejar e o começo da vigência dos
a seis meses, para a desocupação do prédio. arrendamentos respectivos e é acompanhado de cópia
autenticada do projecto de obras aprovado pela câmara
Artigo 839º
municipal e da restante documentação comprovativa da
Responsabilidade do senhorio no caso de simulação autorização para a realização das obras.
Quando se reconheça que o senhorio requereu a notificação
4. Os réus são citados para uma tentativa de conci-
ou propôs a acção de despejo contra um arrendatário
liação, a realizar no prazo de quinze dias. Se houver
simulado para conseguir, com a sua conivência ou passivi-
acordo com todos os réus acerca da reocupação ou da
dade, o despejo do verdadeiro arrendatário, é condenado
indemnização, o processo considera-se findo, proferindo
em multa como litigante de má fé.
o juiz a sentença no próprio auto. Se o acordo for apenas
Artigo 840º com algum dos réus, o processo segue contra aqueles que
Vencimento de rendas na pendência da acção não se conciliem. O prazo da contestação conta-se, neste
caso, desde a tentativa de conciliação.
1. Se o réu deixar de pagar rendas vencidas na pen-
dência da acção, pode o autor requerer, por esse motivo, 5. Em caso de procedência da acção, a sentença reconhe-
que se proceda imediatamente ao despejo. ce ao senhorio o direito de realizar as obras; condena os
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124 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
1. O aviso ao senhorio pode ser feito extrajudicialmente ou 4. O detentor deve, nos cinco dias subsequentes, reque-
por meio de notificação judicial avulsa, mas o aviso extraju- rer que a suspensão do despejo seja confirmada, sob pena
dicial só produz efeito quando seja provado por documento, de o mandado ser imediatamente executado; o requerente
designadamente por aviso de recepção dos serviços dos apresenta os outros documentos que tiver, e o juiz, ouvido
correios ou por escrito emanado do senhorio. o senhorio, decide sumariamente se a suspensão deve ser
mantida ou o mandado executado.
2. Tendo sido apostos escritos, o senhorio pode usar da
faculdade a que se refere o número 2 do artigo 826º. Artigo 848º
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Artigo 850º Artigo 853º
1. O disposto nos artigos 846º e 847º é igualmente 1. O depósito é feito no estabelecimento bancário le-
aplicável: galmente encarregado do recebimento dos depósitos dos
preparos e das custas judiciais, em face de declaração
a) Quando o senhorio tiver despedido por notificação apresentada em duplicado e escrita pelo arrendatário ou
o arrendatário e este houver aceitado o por outrem em seu nome, em que se identifique o prédio e
despedimento, ou vice-versa; se indiquem o quantitativo da renda, o período de tempo
a que diz respeito, os nomes do senhorio e do arrendatá-
b) Quando o arrendatário tiver colocado escritos rio e o motivo por que se pede o depósito. Em poder do
e o senhorio houver feito lavrar auto de depositante fica um dos exemplares da declaração, com
verificação do facto. o lançamento de ter sido efectuado o depósito.
2. Em qualquer destes casos, se o arrendatário não der 2. Tendo sido proposta acção de despejo, o depósito fica
o prédio despejado no fim do arrendamento ou dentro de à ordem do respectivo tribunal; no caso contrário, fica à
cinco dias, pode o senhorio requerer, com fundamento ordem do tribunal da situação do prédio.
na notificação ou no auto, que se passe mandado para
o despejo. Artigo 854º
Nos casos em que é lícito o depósito, o arrendatário tem 1. Enquanto subsistir a causa do depósito, o arrenda-
a faculdade de depositar a renda nos oito dias imediatos tário deposita as rendas posteriores, sem necessidade
à data do vencimento, quando lhe seja permitido livrar- de nova oferta de pagamento nem de notificação dos
se mediante depósito judicial, nos termos do artigo 841º depósitos sucessivos; estes depósitos são considerados
do Código Civil, ou quando esteja pendente a acção de dependência e consequência do depósito inicial, valendo
despejo. quanto a eles o que for decidido em relação a este.
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126 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Aquele que pretenda a expurgação de hipotecas, pa- 3. Se não houver proponente, subsiste o valor decla-
gando integralmente os credores hipotecários, requer que rado, seguindo-se o disposto nos números 2 e 3 do artigo
estes sejam citados para receberem a importância dos anterior.
seus créditos, sob pena de esta ser depositada. Artigo 865º
Artigo 860º
Citação ou notificação dos credores
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 127
Artigo 867º 4. Quando a decisão dependa da resolução de alguma
questão prejudicial que não possa ser julgada por esta
Expurgação de hipoteca que garanta prestações periódicas
forma sumária, a instância é suspensa até que, pelos
Se a obrigação garantida pela hipoteca tiver por objecto meios próprios, a questão seja resolvida.
prestações periódicas, o juiz, ouvidos os interessados e
5. Decidindo-se que o réu é obrigado a prestar contas,
decide sobre o destino ou a aplicação do produto da ex-
ele é notificado para as apresentar dentro de dez dias,
purgação da hipoteca.
sob pena de lhe não ser permitido contestar as que o
Artigo 868º autor apresente.
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128 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. Na contestação pode o autor impugnar as verbas de e) Na audiência do julgamento apenas são admitidas
receita, alegando que esta foi ou devia ter sido superior à as provas que o juiz considere necessárias;
inscrita, articular que há receita não incluída nas contas
ou impugnar as verbas de despesa apresentadas pelo réu; f) O inabilitado é ouvido oralmente sobre as contas
pode também limitar-se a exigir que o réu justifique as na audiência de discussão e julgamento,
verbas de receita ou de despesa que indicar. quando a haja, ou antes da decisão, no caso
da alínea b).
3. Não sendo as contas contestadas, é notificado o réu Artigo 877º
para oferecer as provas que entender e, produzidas estas,
o juiz decide. Prestação forçada de contas
4. Sendo contestadas algumas verbas, o oferecimento 1. Se o tutor ou curador não prestar espontaneamente
e a produção das provas relativas às verbas não contes- as contas, é citado para as apresentar em vinte dias, a
tadas têm lugar juntamente com os respeitantes ao das requerimento do Ministério Público, do protutor, do sub-
verbas contestadas. As verbas não contestadas podem curador ou de qualquer parente sucessível do incapaz;
ser agrupadas nos quesitos e apreciadas em conjunto o prazo pode ser prorrogado, quando a prorrogação se
nas respostas respectivas. justifique por juízo de equidade.
5. No julgamento o tribunal decide segundo o seu 2. Sendo as contas apresentadas cm tempo, seguem-se
próprio arbítrio e experiência, podendo considerar justi- os termos indicados no artigo anterior.
ficadas sem documentos as verbas de receita ou despesa 3. Se as contas não forem apresentadas, o juiz ordena
em que não é costume exigi-los. as diligências que tiver por conveniente, podendo, desig-
Artigo 874º nadamente, incumbir pessoa idónea de as apurar, para,
finalmente, decidir segundo juízos de equidade.
Prestação espontânea de contas
Artigo 878º
Sendo as contas voluntariamente oferecidas por aquele
Prestação de contas, no caso de cessação da incapacidade
que tem obrigação de as prestar, é citada a parte contrária ou de falecimento do incapaz
para as contestar dentro de vinte dias.
1. As contas que devem ser prestadas ao ex-tutelado
Artigo 875º
ou ex-curatelado, nos casos de maioridade, levantamen-
Aplicação subsidiária to da interdição ou inabilitação, ou aos seus herdeiros,
no caso de falecimento, seguem os termos prescritos na
É aplicável subsidiariamente à prestação espontânea secção anterior, devendo ser ouvidos, no entanto, antes
de contas o disposto nos artigos 872º e 873º, devendo do julgamento, o Ministério Público, e o protutor ou o
considerar-se referido ao autor o que aí se estabelece subcurador, quando os haja.
quanto ao réu, e inversamente.
2. A impugnação das contas que tenham sido aprovadas
Secção II
durante a incapacidade faz-se no próprio processo em
Contas do tutor, do curador e do depositário judicial que foram prestadas, devendo o juiz, depois de certifi-
car-se de que a impugnação foi deduzida em tempo e por
Artigo 876º
pessoa legítima, ordenar a citação de quem as prestou
Prestação espontânea de contas do tutor ou curador para responder no prazo de vinte dias, seguindo-se, sem
mais articulados, os termos do processo ordinário de
Às contas apresentadas pelo tutor ou pelo curador são declaração.
aplicáveis as disposições da secção antecedente, com as
seguintes modificações: 3. A impugnação é sempre deduzida no tribunal comum
sendo o processo de prestação requisitado ao tribunal
a) São notificados para contestar o Ministério onde decorreu.
Público e o protutor ou subcurador, ou o novo
Artigo 879º
tutor ou curador quando os haja, podendo
contestar no mesmo prazo qualquer parente Prestação do depositário judicial
sucessível do interdito ou inabilitado;
1. As contas do depositário judicial são prestadas ou
b) Não havendo contestação, o juiz pode ordenar, exigidas nos termos aplicáveis à prestação de contas de
oficiosamente ou a requerimento do Ministério tutor ou curador. São notificadas para as contestar e
as diligências necessárias e encarregar pessoa podem exigi-las tanto a pessoa que requereu o processo
idónea de dar parecer sobre as contas; em que se fez a nomeação do depositário, como aquela
contra quem a diligência foi promovida e qualquer outra
c) Com a contestação e a resposta são oferecidas as que tenha interesse directo na administração dos bens.
provas;
2. O depositário deve prestar contas anualmente, se
d) Expirado o prazo para a resposta, têm lugar as antes não terminar a sua administração, mas o juiz,
diligências que devam efectuar-se antes da atendendo ao estado do processo em que teve lugar a
audiência de julgamento e que o juiz considere nomeação, pode autorizar que as contas sejam prestadas
indispensáveis; somente no fim da administração.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 129
1. Quem pretender a consignação em depósito requer b) Por ser maior ou diversa a quantia ou coisa
no tribunal do lugar do cumprimento da obrigação, que devida;
seja depositada judicialmente a quantia ou coisa devida,
declarando o motivo por que pede o depósito. c) Por ter o credor qualquer outro fundamento
legítimo para recusar o pagamento.
2. O depósito é feito em estabelecimento bancário ofi-
Artigo 884º
cialmente encarregado dos depósitos das custas judiciais,
salvo se a coisa não puder ser aí depositada, pois nesse Termos a seguir quando não haja litígio sobre a prestação
caso é nomeado depositário a quem se faz entrega; são
aplicáveis a este depositário as disposições relativas aos 1. Não havendo litígio sobre a espécie ou quantitativo
depositários de coisas penhoradas. da obrigação e sendo o depósito impugnado somente por
algum dos fundamentos indicados na alínea a) do artigo
3. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez depo- anterior pode o requerente responder dentro de dez dias,
sitada a primeira, o requerente pode depositar as que se seguindo-se depois os termos do processo declarativo
forem vencendo enquanto estiver pendente o processo, sem comum.
outras formalidades; estes depósitos sucessivos consideram-
se consequência e dependência do depósito inicial, e o que 2. Procedendo a impugnação, é o depósito declarado
for decidido quanto a este vale em relação àqueles. ineficaz como meio de extinção da obrigação e o requeren-
te condenado nas custas, compreendendo as despesas fei-
4. Se o processo tiver subido em recurso, os depósitos tas com o depósito. O devedor, quando seja o depositante,
sucessivos podem ser feitos na primeira instância, ainda é condenado a cumprir como se o depósito não existisse;
que não tenha ficado traslado. pagas as custas, efectua-se o pagamento ao credor pelas
Artigo 881º
forças do depósito, logo que ele o requeira; nas custas da
responsabilidade do devedor compreendem-se também as
Citação do credor despesas que o credor haja de fazer com o levantamento
do depósito.
1. Feito o depósito é citado o credor para contestar
dentro do prazo de dez dias. 3. Se a impugnação improceder, é declarada extinta a obri-
gação com o depósito e o credor condenado nas custas.
2. Se o credor, quando for citado para o processo de con-
signação, já tiver proposto acção ou promovido execução Artigo 885º
respeitante à obrigação, observa-se o seguinte:
Impugnação fundada em ser maior ou diversa a quantia ou
coisa devida
a) Se a quantia ou coisa depositada for a pedido
na acção ou na execução, é esta apensada ao 1. Se o credor quiser impugnar o depósito por entender
processo de consignação e só este segue para que é maior ou diversa a quantia ou coisa devida obser-
se decidir sobre os efeitos do depósito e sobre va-se o seguinte:
a responsabilidade pelas custas, incluindo as
da acção ou execução apensa; a) O credor deduz na contestação a sua pretensão,
especificando a quantia ou coisa pedida, salvo
b) Se a quantia ou coisa depositada for diversa, em se o tribunal for incompetente, em razão da
quantidade ou qualidade, da que é pedida matéria ou da hierarquia, para conhecer do
na acção ou na execução, é o processo de pedido, ou se o depositante não for o devedor:
consignação, findos os articulados, ao da
acção ou execução e neste são apreciadas as b) O requerente pode responder dentro de dez
questões suscitadas quanto ao depósito. dias, seguindo-se depois, conforme o valor
do pedido, os termos do processo declarativo
Artigo 882º
comum, posteriores à contestação;
Falta de contestação
c) Se o requerente não responder, tem aplicação o
1. Não sendo apresentada contestação dentro do prazo, que no processo declarativo comum se dispõe
é logo declarada extinta a obrigação e condenado o credor para o caso de o réu não deduzir oposição;
nas custas.
d) Se o pedido do credor proceder, é completado o
2. Se, porém, o credor for incapaz ou pessoa colectiva, depósito no caso de ser maior a quantia ou
ou não tiver sido citado na sua própria pessoa, é noti- coisa devida; no caso de ser diversa, fica sem
ficado o requerente para oferecer as provas que tiver; efeito o depósito, condenando-se o devedor no
produzidas estas, o tribunal decide. cumprimento da obrigação.
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130 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. Quando o tribunal do depósito seja incompetente, b) Se receber com a declaração de que se julga com
em razão da matéria ou da hierarquia, para conhecer do direito a maior quantidade, a causa continua,
pedido ou quando o depositante não for o devedor credor mas o valor dela fica reduzido ao montante em
declara no prazo da contestação que vai propor a acção litígio, devendo seguir-se, quanto possível, os
ou execução no tribunal competente, ou que vai propô-la termos do processo declarativo comum;
contra o devedor e requer depois a apensação. A acção ou
execução deve ser proposta dentro de dez dias. c) Não se apresentando o credor a receber, a
obrigação tem-se por extinta a contar da data
3. O credor que possua título executivo, em vez de do depósito, se a final vier a julgar-se que
contestar, pode requerer, dentro do prazo facultado o credor só tinha direito à quantia ou coisa
para a contestação, a citação do devedor, seja ou não depositada; se vier a julgar-se o contrário
depositante, para completar ou substituir a prestação, segue-se o disposto na alínea d) do número 1
sob pena de se seguirem, no mesmo processo, os termos do artigo 885º.
da respectiva execução.
2. O disposto no número anterior é aplicável aos ca-
Artigo 886º sos previstos no número 2 do artigo 131º do Código das
Empresas Comerciais e ainda no caso de cessação da
Processo no caso de ser duvidoso o direito do credor impugnação pauliana fundada na oferta do pagamento
da dívida.
1. Quando sejam conhecidos, mas duvidoso o seu di-
reito, são os diversos credores citados para contestar ou CAPÍTULO VI
para fazer certo o seu direito.
Arbitramentos especiais
2. Se, dentro do prazo de dez dias, não for deduzida
Secção I
qualquer oposição ou pretensão, observa-se o disposto
neste capítulo quanto à falta de contestação, atribuin- Acção de divisão de coisa comum
do-se aos credores citados direito ao depósito em partes
iguais, quando o juiz não decida diversamente. Artigo 888º
Petição
3. Se não houver contestação, mas um dos credores
quiser tornar certo o seu direito contra os outros, deduz 1. Todo aquele que pretenda pôr termo à indivisão de
a sua pretensão dentro do prazo em que podia contestar, coisa comum, deve requerer, no confronto dos demais
oferecendo tantos duplicados quantos forem os outros cre- consortes que, fixadas as respectivas quotas, se proceda
dores citados. O devedor é logo exonerado da obrigação e o à divisão, em substância, da coisa comum, ou à adju-
processo continua a correr unicamente entre os credores, dicação ou venda desta, com repartição do respectivo
seguindo-se os termos do processo declarativo comum. valor, quando a considere indivisível, indicando logo as
O prazo para a contestação dos credores corre do termo respectivas provas.
daquele em que a pretensão podia ser deduzida.
2. Quando a compropriedade tenha origem em inven-
4. Havendo contestação, seguem-se os termos prescri- tário judicial processado no tribunal competente para a
tos nos artigos anteriores, conforme o fundamento. acção de divisão de coisa comum, esta corre por apenso
ao inventário.
5. Com a impugnação fundada em ser maior ou diversa
a quantia ou coisa devida pode qualquer credor cumular Artigo 889º
a pretensão a que se refere o número 3. Nesse caso ficam Citação e oposição
existindo no mesmo processo duas causas paralelas e co-
nexas, uma entre o impugnante e o devedor, outra entre 1. Os requeridos são citados para contestar, no prazo de
aquele e os restantes credores citados. vinte dias, oferecendo logo as provas de que dispuserem.
Artigo 887º 2. Se houver contestação ou a revelia não for operante,
o juiz, produzidas as provas, profere logo decisão sobre
Consignação como incidente
as questões suscitadas pelo pedido de divisão, aplican-
1. Estando pendente acção ou execução sobre a dívida do-se o disposto no artigo 277º; da decisão cabe recurso
e tendo já sido citado para ela o devedor, se este quiser que sobe imediatamente nos próprios autos, com efeito
depositar a quantia ou coisa que julgue dever, há-de suspensivo.
requerer, por esse processo, que o credor seja notificado 3. Se entretanto o juiz entender que a questão não
para a receber, por termo, no dia e hora que forem desig- pode ser resolvida sumariamente nos termos do número
nados, sob pena de ser depositada. Feita a notificação, anterior manda seguir os termos do processo declarativo
observa-se o seguinte: comum, na variante adequada ao valor da causa.
a) Se o credor receber sem reserva alguma, o 4. Ainda que as partes não tenham suscitado a questão
processo findo; o credor é advertido desse da indivisibilidade, o juiz conhece dela oficiosamente,
efeito no acto do pagamento, consignando-se ordenando as diligências instrutórias que tiver por con-
no termo a advertência feita; veniente.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 131
Perícia no caso de divisão em substância 1. O capitão do navio que pretenda a regulação e repartição
de avarias grossas apresenta no tribunal compromisso
1. Se não houver contestação, sendo a revelia operante assinado por todos os interessados quanto à nomeação de
ou aquela for julgada improcedente e o juiz entender que repartidores em número ímpar não superior a cinco.
nada obsta à divisão em substância da coisa comum,
são as partes notificadas para em dez dias indicarem os 2. O juiz manda entregar ao mais velho dos reparti-
respectivos peritos, sob a cominação de qualquer delas o dores o relatório de mar, o protesto, todos os livros de
não fazer, a perícia destinada à formação dos respectivos bordo e mais documentos concernentes ao sinistro, ao
quinhões ser realizada por um único perito, designado navio e à carga.
pelo juiz.
3. Dentro do prazo fixado no compromisso ou designado
pelo juiz, os repartidores expõem desenvolvidamente o
2. As partes são notificadas do relatório pericial, po-
seu parecer sobre a regulação das avarias, num só acto
dendo pedir esclarecimentos ou contra ele reclamar, no
assinado por todos. O prazo pode ser prorrogado, justifi-
prazo de dez dias.
cando-se a sua insuficiência.
3. Seguidamente o juiz decide, segundo o seu prudente ar- 4. Se as partes não tiverem expressamente renun-
bítrio, podendo fazer preceder a sua decisão de uma segunda ciado a qualquer oposição, apresentado o parecer dos
perícia ou de quaisquer outras diligências que considere repartidores, seguem-se os termos prescritos no artigo 890º.
necessárias, aplicando-se o disposto no artigo 276º. No caso de renúncia, é logo homologado o parecer dos
repartidores.
Artigo 891º
5. Observa-se os mesmos termos quando, por falta
Indivisibilidade suscitada pelos peritos de iniciativa do capitão, a regulação e repartição sejam
promovidas pelo proprietário do navio ou por qualquer
Se não tiver sido suscitada a questão da indivi- dos donos da carga. No caso de o requerente não apresentar
sibilidade, mas os peritos declararem que a coisa não os documentos mencionados no número 2, é notificado o
pode ser dividida em substância, seguem-se os termos capitão do navio para, no prazo que for marcado, os apre-
dos números 2 e 3 do artigo anterior, com as necessárias sentar, sob pena de serem apreendidos; o processo segue
adaptações. mesmo sem os documentos referidos, que são substituídos
pelos elementos que puderem obter-se.
Artigo 892º
Artigo 894º
Conferencia dos interessados
Anulação do processo por falta de intervenção,
no compromisso, de algum interessado
1. Fixados os quinhões, realiza-se a conferência dos
interessados para se fixar a adjudicação; na falta de Se vier a apurar-se que no compromisso não interveio
acordo entre os interessados presentes a adjudicação é algum interessado, é, a requerimento deste, anulado
feita por sorteio. tudo o que se tenha processado. O requerimento pode ser
feito em qualquer tempo, mesmo, depois de transitar em
2. Sendo a coisa indivisível, a conferência tem em vista julgado a sentença, e é junto ao processo de regulação e
o acordo dos interessados na respectiva adjudicação, a repartição.
algum ou a alguns deles, preenchendo-se em dinheiro as
Artigo 895º
quotas dos restantes. Na falta de acordo sobre a adjudi-
cação, é a coisa vendida, podendo os consortes concorrer Termos a seguir na falta de compromisso
a venda.
1. Na falta de compromisso, o capitão ou qualquer dos
3. Ao pagamento das quotas em dinheiro aplica-se o dis- proprietários do navio ou da carga requer que se desig-
posto no artigo 1005º, com as necessárias adaptações. ne dia para a nomeação dos repartidores e se citem os
interessados para essa nomeação.
4. Se houver interessados incapazes ou ausentes, o 2. Se as partes não chegarem a acordo quanto à nomeação,
acordo tem de ser autorizado judicialmente pelo juiz o capitão ou, na sua falta, o representante do armador
da própria acção de divisão da coisa comum ouvido o do navio, nomeia um, os interessados na respectiva
Ministério Público. carga nomeiam outro e o juiz nomeia um terceiro para
desempate.
5. É aplicável à representação e comparência dos in-
teressados o disposto no artigo 978º, com as necessárias 3. Feita a nomeação, seguem-se os termos prescritos
adaptações. no artigo 893º.
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132 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 896º Artigo 900º
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 133
Artigo 903º Artigo 908º
Reforma de outros documentos Reforma dos articulados, das decisões e das provas
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134 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Secção III Artigo 916º
Reforma de livros das conservatórias a) Que não haja dúvidas sobre a autenticidade do
documento de que conste a sentença nem
1. Havendo reclamações sobre a reforma de livros das sobre a inteligência da decisão;
conservatórias, recebido o processo remetido pelo conser-
vador, são notificados os reclamantes e quaisquer outras b) Que transite em julgado segundo a lei do país em
pessoas interessadas para, dentro de dez dias, dizerem que tenha sido proferida;
o que se lhes oferecer e apresentarem ou requererem
quaisquer provas. c) Que provenha de tribunal estrangeiro cuja
competência não tenha sido provocada em
2. Efectuadas as diligências necessárias e ouvido o fraude à lei e não verse sobre matéria da
Ministério Público, são as reclamações decididas. exclusiva competência dos tribunais cabo-
verdianos;
3. A secretaria envia à conservatória certidão de teor
da decisão final, logo que esta transite em julgado. d) Que não possa invocar-se a excepção de
litispendência ou de caso julgado com
Secção IV fundamento em causa afecta a tribunal cabo-
verdiano, excepto se foi o tribunal estrangeiro
Processamento informático
que preveniu a jurisdição;
Artigo 913º
e) Que o réu tenha sido regularmente citado, nos
Remissão termos da lei do país do tribunal de origem
e que no processo hajam sido observados os
As disposições do presente capítulo são aplicáveis, princípios do contraditório e da igualdade das
com as devidas adaptações, à reforma dos autos, livros partes;
e demais documentos nele referidos, cujo processamento
a lei autorize ou determine que sejam processados por f) Que não contenha decisão cujo reconhecimento
meio informático. conduza a um resultado manifestamente
incompatível como os princípios de ordem
CAPÍTULO VIII pública internacional do Estado cabo-
verdiana.
Revisão de sentenças estrangeiras
Artigo 917º
Artigo 914º
Contestação e resposta
Princípio geral
Apresentado com a petição o documento de que conste
1. Sem prejuízo do que se ache estabelecido em tratados a decisão a rever, é a parte contrária citada para, dentro
e leis especiais, nenhuma decisão sobre direitos privados, de dez dias, deduzir a sua oposição. O requerente pode
proferida por tribunal estrangeiro tem eficácia em Cabo responder nos oito dias seguintes ao termo do prazo fixado
Verde, seja qual for a nacionalidade das partes, sem estar para a oposição.
revista e confirmada.
Artigo 918º
2. Não é necessária a revisão quando a decisão seja
invocada perante qualquer autoridade cabo-verdiana, Discussão e julgamento
como simples meio de prova sujeito à apreciação de quem
tenha o poder de decidir. Findos os articulados e realizadas as diligências que o
relator tenha por indispensáveis, é o exame do processo
3. A revisão de decisão arbitral estrangeira é regulada facultado, para alegações, às partes e ao Ministério Pú-
por lei especial. blico, por cinco dias a cada um, após o que se decide.
Para a revisão e confirmação das sentenças estran- O pedido só pode ser impugnado com fundamento na falta
geiras são competentes os tribunais de 2ª instância, de qualquer dos requisitos mencionados no artigo 916º ou
nos termos da lei da organização e funcionamento dos por se verificar algum dos casos de revisão especificados
tribunais judiciais. nas alíneas a) e c) do artigo 665º.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 135
Artigo 920º 2. Havendo testamento, requisita-se certidão dele, se
Actividade oficiosa do tribunal
for público, ou ordena-se sua abertura, se for cerrado,
providenciando-se para que este seja apresentado à en-
O tribunal verifica oficiosamente se concorrem as con- tidade competente com a certidão do despacho que tenha
dições indicadas no artigo 916º e nega a confirmação da ordenado a abertura; aberto e registado o testamento
sentença quando faltar qualquer delas. cerrado, é junta ao processo a respectiva certidão.
1. Quem pretender a curadoria definitiva dos bens do 1. Para deferimento da curadoria e entrega dos bens do
ausente deduz os factos que caracterizam a ausência e ausente, seguem-se os termos do processo de inventário,
lhe conferem a qualidade de interessado, e requer que com intervenção do Ministério Público e nomeação do
sejam citados o detentor dos bens, o curador provisório, cabeça-de-casal.
o gestor ou procurador, o Ministério Público, se não for o
requerente, e quaisquer interessados certos e, por éditos, 2. São citadas para o inventário e intervêm nele as
o ausente e os interessados incertos. pessoas designadas no artigo 97º do Código Civil.
2. O ausente é citado por éditos de seis meses; o pro- 3. Nos dez dias seguintes à citação, qualquer dos ci-
cesso segue entretanto os seus termos, mas a sentença tados pode deduzir oposição quanto à data da ausência
não é proferida sem findar o prazo dos éditos. ou das últimas notícias constante do processo, indicando
a que considera exacta; havendo oposição, seguem-se
3. O processo de justificação da ausência é dependência os termos do processo declarativo comum, conforme o
do processo de curadoria provisória, se esta tiver sido valor, notificando-se para contestar os restantes inte-
deferida.
ressados.
Artigo 922º
4. Quem se julgue com direito à entrega de bens, inde-
Articulados posteriores pendentemente da partilha, pode requerer a sua entrega
imediata; a decisão que a ordene nomeia os interessados
1. Os citados podem contestar no prazo de vinte dias e
curadores definitivos quanto a esses bens.
o requerente pode responder no prazo de oito dias.
2. As provas são oferecidas ou requeridas com os ar- 5. A sentença final do inventário defere a quem compe-
ticulados. tir a curadoria definitiva dos bens que não tiverem sido
entregues nos termos do número anterior.
Artigo 923º
6. Quando o tribunal exija caução a algum curador
Termos posteriores aos articulados
definitivo, e este a não preste, ordena-se no mesmo pro-
1. Após os articulados, ou findo o prazo dentro do qual cesso, por simples despacho, a entrega dos bens a outro
podia ter sido oferecida a contestação dos citados pesso- curador.
almente e dos interessados incertos, são produzidas as
Artigo 927º
provas e recolhidas as informações necessárias.
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Artigo 928º citados o Ministério Público e, por éditos, os interessados
incertos, devendo juntar logo a certidão de óbito do autor
Justificação da ausência no caso de morte presumida
da herança.
O processo de justificação da ausência regulado nos
2. Qualquer pessoa que se julgue com melhor direito
artigos 921º a 926º é também aplicável ao caso de os
ou com direito igual ao do requerente pode deduzir a sua
interessados pretenderem obter a declaração da morte
habilitação nos vinte dias posteriores ao termo do prazo
presumida do ausente e a sucessão nos bens ou, a entrega
dos éditos. O autor ou qualquer dos habilitandos pode
deles, sem prévia instituição da curadoria definitiva.
contestar as pretensões contrárias, dentro do prazo de
Artigo 929º oito dias. Os interessados podem responder à contestação
nos oito dias imediatos, seguindo-se, sem mais articula-
Notícia da existência do ausente
dos, os termos do processo comum de declaração.
Logo que haja fundada notícia da existência do ausente Artigo 934º
e do lugar onde reside, é notificado de que os seus bens
estão em curadoria e de que assim continuarão enquanto Julgamento no caso de nenhuma outra habilitação
ter sido deduzida
ele não providenciar.
Artigo 930º 1. Se nenhuma habilitação for deduzida dentro do prazo
estabelecido no número 2 do artigo anterior, o requerente
Cessação da curadoria no caso de comparecimento do apresenta, dentro de oito dias, o rol de testemunhas e,
ausente
feita a inquirição e recolhidas quaisquer informações que
1. Se o ausente comparecer ou se fizer representar por o juiz considere necessárias, é proferida a sentença.
procurador e quiser fazer cessar a curadoria ou pedir a
2. Neste caso, julgada improcedente a justificação por
devolução dos bens, requer, no processo em que se fez
falta de provas, pode o requerente produzir outras no
a entrega, que os curadores ou os possuidores dos bens
mesmo processo ou deduzir nova habilitação.
sejam notificados para, em dez dias, lhe restituírem os
bens ou negarem a sua identidade. Artigo 935º
2. Não sendo negada a identidade, faz-se imediatamente Repartição de herança por uma generalidade de pessoas
a entrega dos bens e termina a curadoria, caso exista.
1. Se em testamento forem deixados bens para serem
3. Se for negada a identidade do requerente, este repartidos por certa generalidade de pessoas, o executor
justifica-a no prazo de vinte dias; os notificados podem do testamento indica quais são as pessoas que reputa
contestar no prazo de oito dias e, produzidas as provas compreendidas na instituição e requer que sejam cita-
oferecidas com esses articulados e realizadas quaisquer dos quaisquer interessados incertos para deduzir a sua
outras diligências que sejam julgadas necessárias, é habilitação nos vinte dias posteriores ao termo do prazo
proferida decisão. dos éditos.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 137
b) Só depois de efectuada a penhora é citado o dentro de dez dias. Se chegarem a acordo, é este logo
executado; homologado por sentença; no caso contrário deve o pe-
dido ser contestado dentro de cinco dias, sob pena de se
c) Os embargos em caso nenhum suspendem a considerar confessado, e seguirem-se os demais trâmites
execução; da execução para pagamento de quantia certa.
d) O exequente pode requerer a adjudicação de 4. O processo estabelecido no número anterior é apli-
parte das quantias ou pensões mencionadas cável à cessação ou alteração dos alimentos definitivos
nas alíneas e) e f) do número 1 do artigo judicialmente fixados, quando não haja execução. Neste
699º, que o executado está percebendo ou a caso, o pedido é deduzido por dependência da acção con-
consignação de rendimentos pertencentes denatória.
a este, para pagamento das prestações
vincendas, fazendo-se a adjudicação ou a CAPÍTULO XI
consignação independentemente da penhora.
Liquidação de patrimónios
2. Se o exequente requerer a adjudicação das quantias
ou pensões a que se refere a alínea d) do número anterior, Secção I
o juiz ordena a notificação da entidade encarregada de as
Liquidação em benefício de sócios
pagar ou de processar as respectivas folhas para entregar
directamente ao exequente a parte adjudicada. Artigo 940º
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138 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. Os actos que para os liquidatários extrajudiciais c) Procede-se à venda dos bens que não sejam
dependem de autorização social ficam neste caso sujeitos licitados;
a autorização do juiz.
d) Organiza-se o mapa da partilha, sendo esta
Artigo 944º julgada por sentença;
Contas dos liquidatários e distribuição do saldo
e) À licitação, venda de bens e partilha são aplicáveis
1. Feita a liquidação total, devem os liquidatários as disposições respectivas do processo de
apresentar as contas, seguindo-se o disposto neste Có- inventário.
digo para a apresentação espontânea de conta. Se as
não apresentarem, pode qualquer interessado requerer 4. Se as contas não forem aprovadas, observa-se o dis-
a prestação, nos termos estabelecidos para a sua pres- posto neste Código para a apresentação de contas pelo
tação forçada. réu e, depois de julgadas, são convocados novamente os
sócios e os credores para uma conferência, seguindo-se
2. Na própria sentença que julgue as contas, ou em os termos que ficam prescritos para o caso de serem
sentença posterior no caso a que se refere o número se- aprovadas.
guinte, é distribuído o saldo pelos sócios segundo a parte
que a cada um couber. 5. Quando se verifique algum dos casos previstos nos
números 3 e 4, os bens são entregues, até à partilha, a
3. O juiz pode, se o julgar conveniente, mandar orga- um gestor nomeado pelo juiz, com funções idênticas às
nizar, sob a forma de mapa, um projecto de partilha do do cabeça-de-casal.
saldo e fazer notificar os sócios para apresentarem as
reclamações que entendam. Artigo 947º
b) Satisfeitas as dívidas ou assegurado o seu As disposições desta secção são aplicáveis, com as
pagamento, pode qualquer sócio requerer necessárias adaptações, à liquidação da conta em par-
licitação nos bens que ainda restem; ticipação.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 139
Secção II 5. Não se paga dívida alguma nem se faz a graduação
enquanto houver acções ou reclamações.
Liquidação em benefício do Estado
Artigo 950º
6. Não são reconhecidas preferências resultantes de
penhora ou de hipoteca judicial.
Citação dos interessados incertos no caso de herança jacente
7. É admitido a reclamar o seu crédito, mesmo depois
1. No caso de herança jacente, por não serem conhe- de findo o prazo das reclamações, qualquer credor que não
cidos os sucessores, por o Ministério Público pretender tenha sido notificado pessoalmente, uma vez que ainda
contestar a legitimidade dos que se apresentarem, ou por esteja pendente a liquidação. Se esta já estiver finda, o
os sucessores conhecidos haverem repudiado a herança, credor só tem acção contra o Estado até à importância do
tomam-se as providências necessárias para assegurar a remanescente que lhe tenha sido adjudicado.
conservação dos bens; em seguida são citados, por édi-
tos, quaisquer interessados incertos para deduzir a sua CAPÍTULO XII
habilitação como sucessores dentro de vinte dias depois
Inventário e partilha judiciais
de findar o prazo dos éditos.
Secção I
2. Qualquer habilitação pode ser contestada não só
pelo Ministério Público, mas também pelos outros habi- Declarações do cabeça-de-casal, citação dos interessados,
litandos nos oito dias seguintes ao prazo marcado para oposição
o oferecimento dos artigos de habilitação.
Artigo 953º
3. À contestação seguem-se os termos do processo or-
dinário de declaração. Legitimidade
2. Em qualquer destes casos procede-se à liquidação 2. O inventário deve ser requerido por quem seja
da herança, cobrando-se as dívidas activas, vendendo-se directamente interessado na partilha e deve ser reque-
judicialmente os bens, satisfazendo-se o passivo e adju- rido pelo Ministério Público quando seja obrigatório nos
dicando-se ao Estado o remanescente. termos da lei.
3. Se o credor tiver acção ou execução pendente, é esta 1. Para designar o cabeça-de-casal, o juiz pode colher
apensada ao processo de liquidação salvo se já tiver co- as informações que julgue convenientes; e se pelas de-
meçado a audiência de discussão e julgamento da acção clarações da pessoa designada verificar que o encargo
ou dos embargos à execução. compete a outra, defere-o, a quem competir.
4. Se o tribunal for incompetente, em razão da matéria, 2. O cabeça-de-casal pode ser substituído a todo o
para conhecer de algum crédito, será este exigido pelos tempo, por acordo de todos os interessados directos na
meios próprios no tribunal competente ou prossegue aí partilha, e também do Ministério Público nos inventários
a causa já proposta. obrigatórios.
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140 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
1. Quando pelas declarações do cabeça-de-casal se 2. O ausente, quando não compareça nem, tenha sido
reconheça que não há fundamento para o inventário, é deferida a curadoria, é também representado por um
ouvido o requerente. curador.
2. O processo é dado por findo se o ouvido sustentar 3. Findo o processo, se os bens adjudicados ao ausente
que não houver motivo para a sua continuação ou se dos carecerem de administração, serão entregues ao curador
documentos apresentados resultar que o inventário não nomeado, mediante caução; o curador fica tendo, em rela-
deve prosseguir; em caso contrário, ordena-se o prosse- ção aos bens entregues, os direitos e deveres do curador
guimento do processo. provisório, cessando a sua administração logo que seja
deferida a curadoria.
Artigo 956º
Artigo 959º
Prosseguimento do processo
Oposição e impugnações
1. Quando o processo deva prosseguir, são citadas
para os seus termos as pessoas com interesse directo na 1. Qualquer dos citados pode, nos vinte dias seguintes
partilha e os seus cônjuges, os legatários, os credores à citação, deduzir oposição ao inventário, impugnar a sua
da herança e os donatários. O requerente do inventário própria legitimidade ou a das outras pessoas citadas e a
e o cabeça-de-casal não são citados, mas notificados do competência do cabeça-de-casal.
despacho que ordene as citações.
2. Deduzida oposição ou impugnação são notificados
2. Quando o processo haja de prosseguir, a despeito de para responder o impugnado e os outros interessados
o cabeça-de-casal afirmar que não há fundamento para que residam na área da comarca. Com o requerimento
o inventário, são citados não só os interessados por ele e resposta indicam-se todas as provas e efectuadas as
indicados como os referidos pelo requerente. diligências estritamente indispensáveis, é a questão ime-
diatamente decidida. Ainda que nenhuma oposição tenha
3. As diligências para as citações não suspendem o sido deduzida, o juiz decide se o inventário deve prosse-
andamento do processo, salvo o disposto nos artigos 959º, guir, quando o cabeça-de-casal haja declarado, nos termos
967° e 978º. do artigo 955º, que para ele não há fundamento.
4. Verificada em qualquer altura a falta de citação de 3. Se para decidir qualquer das questões suscitadas
algum interessado, é este citado com a cominação de que, houver necessidade de mais larga indagação, são os
se nada requerer no prazo de dez dias, o processo se con- interessados remetidos para o processo comum. Neste
sidera ratificado. Dentro desse prazo é o citado admitido caso, quando se trate de oposição ao inventário fica este
a exercer os direitos que lhe competiam, anulando-se o suspenso até que se decida definitivamente, tendo a im-
que for indispensável. pugnação de legitimidade a mesma consequência após a
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 141
descrição dos bens; mas quando se trate de simples im- 2. O incidente suspende os termos do processo a partir
pugnação da competência do cabeça-de-casal, o inventário da descrição dos bens.
continua validamente com o impugnado.
3. Apresentando-se a preferir mais de um interessado,
4. Se a oposição ou a impugnação forem deduzidas a prioridade é determinada pelo maior volume dos qui-
antes de citados todos os interessados residentes no nhões. Havendo perda do direito, prossegue o processo em
país, não se profere decisão sem estarem feitas todas relação ao preferente mais graduado que tenha declarado
as citações e sem se ouvirem esses interessados. Pelos querer preferir, mediante prévia notificação; se este per-
interessados residentes no estrangeiro, ou por aqueles der o seu direito, procede-se da mesma forma quanto ao
que tenham sido citados por éditos, é ouvido o Ministério mais graduado dos restantes, e assim sucessivamente.
Público.
4. O exercício do direito de preferência fora do processo
5. O disposto neste artigo é igualmente aplicável à im- tem o mesmo efeito sobre o andamento do inventário, se
pugnação da competência do cabeça-de-casal nomeado no a suspensão for requerida por qualquer interessado da
decurso do processo, contando-se neste caso os dez dias partilha.
da data em que a nomeação haja sido ou se considere
notificada. Secção II
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142 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. O valor dos prédios inscritos na matriz é o que resultar apresentados e das outras provas que os interessados
do rendimento colectável, devendo o cabeça-de-casal produzirem e forem admitidas ou das diligências oficio-
apresentar a respectiva certidão. samente ordenadas.
3. Quando se trate de direitos de crédito ou de outra 2. Não podendo a questão ser resolvida sumariamente
natureza, o cabeça-de-casal declara o valor, se o crédito nos termos indicados por haver necessidade de mais
ou o direito forem líquidos; não o sendo, menciona, esses larga indagação, são os interessados remetidos para o
bens como ilíquidos. processo comum.
4. No caso da alínea e) do número 1, se a morte do 3. Se o inventário prosseguir quanto a alguns bens por
inventariado determinar a dissolução da sociedade, o reconhecer desde logo que devem ser relacionados, mas
valor é o que resultar da liquidação e, enquanto esta não subsistirem dúvidas quanto à falta de bens a conferir, o
estiver concluída, as partes ou quotas sociais descreve-se conferente não recebe os que lhe couberem em partilha
como ilíquidas, mencionando-se entretanto o valor que sem prestar caução ao valor daqueles a que não tem di-
tinham segundo a cotação ou o último balanço. reito se a questão vier a ser decidida contra ele.
Artigo 966º Artigo 969º
Relacionação de bens que se não achem em poder Acusação da falta de bens na relação apresentada
do cabeça-de-casal
1. Se o cabeça-de-casal declarar que está impossibilitado 1. Acusando-se a falta de bens na relação apresentada,
de relacionar alguns bens que se encontrem em poder é o cabeça-de-casal notificado para os relacionar ou dizer
de outra pessoa, deve esta ser pessoalmente notificada o que se lhe oferecer. A falta de resposta dentro do prazo,
para no prazo que for designado os facultar ao cabeça- tendo a notificação sido feita a mandatário ou na própria
de-casal e lhe fornecer quaisquer elementos necessários pessoa do cabeça-de-casal, equivale para todos os efeitos
para a relação. à confissão da existência dos bens e da obrigação de os
relacionar.
2. Quando o notificado alegar que os bens não existem
ou não tem de ser relacionados, procede-se de harmonia 2. Se o notificado, confessando a existência dos bens e
com o disposto no número 3 do artigo 969º, feitas as ne- a obrigação de os relacionar, não puder apresentar logo a
cessárias adaptações. respectiva relação, é-lhe concedido prazo para o fazer.
3. Se o notificado não satisfizer a obrigação que lhe é 3. Se negar a existência dos bens ou a obrigação de os
imposta pode o juiz ordenar as diligências necessárias, relacionar, o juiz convida os interessados a produzirem
incluindo a apreensão temporária dos bens para serem quaisquer provas, manda proceder às diligências que
relacionados. julgue necessárias e por fim decide se os bens devem
ser relacionados. É aplicável neste caso o disposto nos
Artigo 967º
números 2 e 3 do artigo anterior.
Exame e vista do processo
Artigo 970º
1. Apresentada a relação de bens, ou logo que o res- Conceito de sonegação
ponsável pela apresentação declare que ela não deve ter
lugar, e citados todos residentes no país, faculta-se o exa- 1. Há sonegação quando dolosamente se omitem quais-
me do processo, por cinco dias, a cada um dos advogados, quer bens na relação ou se negue a existência dos bens
segundo a ordem das procurações, sendo por último ao acusados.
do cabeça-de-casal.
2. A existência de sonegação é apreciada juntamente
2. Durante o prazo do exame e vista podem os advo- com a acusação de falta de bens, nos termos do artigo
gados e o Ministério Público, este quando interveniente anterior, podendo a arguição ser feita até à decisão. Pro-
na causa, dizer o que se lhes ofereça quanto à relação vada a sonegação, aplica-se logo no inventário a sanção
ou à sua falta; outro tanto podendo fazer, por meio de civil que lhe caiba. Se os elementos existentes no processo
requerimento, até cinco dias depois do prazo para a vista não permitirem decisão definitiva, são os interessados
ou até ao quinto dia posterior à respectiva notificação, os remetidos para os meios comuns.
interessados que não tenham constituído advogado.
Artigo 971º
3. A falta de descrição de bens pode ser acusada poste-
riormente, mas o arguente procura convencer que só teve Exclusão de bens relacionados
conhecimento da existência dos bens na altura em que
1. Se algum interessado na partilha requerer a exclusão
deduz a arguição. Segue-se depois os termos prescritos
de bens relacionados, por não fazerem parte do acervo a
no artigo imediato.
dividir, a questão é decidida, ouvido o cabeça-de-casal,
Artigo 968º produzidas as provas e obtidas as informações que se
julguem necessárias.
Termos a seguir quando se declarar que não há bens
a relacionar
2. Procede-se de igual modo quando outra pessoa se
1. Se o cabeça-de-casal declarar que não há bens a arrogue a propriedade de bens relacionados ou descritos
relacionar, é a questão decidida em face dos documentos e requeira a sua exclusão do inventário.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 143
Artigo 972º Artigo 977º
1. O credor pode reclamar no inventário a descrição de 1. Concluída a avaliação, a secretaria, faz dentro de oito
dívidas que não tenham sido relacionadas pelo cabeça- dias, a descrição dos bens e das dívidas, com a indicação
de-casal. A reclamação é admissível até ser proferido o dos valores.
despacho sobre a forma da partilha, salvo se o respectivo
credor tiver sido citado pessoalmente para os termos do 2. Para a descrição dos móveis de pequeno valor, ainda
inventário, porque neste caso só pode reclamar o crédito que de diversa natureza, são formados lotes, de modo que,
até à conferência de interessados destinada à aprovação tanto quanto possível, em cada verba se compreendam
do passivo. bens de valor não inferior a 2000$00 (dois mil escudos).
1. Quando se não suscitem questões sobre a relação de 1. Findo o prazo do exame e decididas as questões que
bens ou resolvidas as que forem levantadas, procede-se, não devam aguardar, procede-se a uma conferência de
dentro do prazo que for designado, à avaliação por um interessados.
louvado dos bens cujo valor não deva ser indicado, pelo
cabeça-de-casal, nos termos do artigo 965º, ou determi- 2. Na conferência podem os interessados acordar, mas
nado pela secretaria. só por unanimidade, sobre as verbas que hão-de compor,
no todo ou em parte, o quinhão de cada um deles e os
2. O louvado é nomeado pelo juiz, que pode nomear valores por que devem ser adjudicadas.
louvados diferentes para a avaliação das várias espécies
de bens se a natureza especial destes o exigir. 3. Os interessados podem, nos mesmos termos, acordar
em que as verbas sejam sorteadas, separadamente ou em
Artigo 975º lotes, pelos respectivos quinhões.
Registo do resultado da avaliação 4. A conferência compete deliberar sobre a aprovação
do passivo e forma do seu pagamento, e ainda, na falta
1. Ao louvado é entregue, com o mandado de avaliação,
do acordo previsto nos números anteriores, sobre:
a respectiva relação.
a) Reclamação contra o excesso de avaliação;
2. Em seguida a cada verba, no espaço deixado em bran-
co, escreve o louvado os valores respectivos, as alterações
b) Quaisquer questões cuja resolução possa influir
ou adicionamentos à relação que julgue necessários e as
na partilha.
declarações relativas às bases da avaliação.
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144 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 980º Artigo 985º
Artigo 982º
Se a dívida que dá causa à redução não for aprovada
Verificação de dívidas pelo juiz por todos os herdeiros, donatários e legatários ou não for
reconhecida pelo tribunal, não pode ser tomada em conta,
Se todos os interessados forem contrários à aprovação no processo de inventário, para esse efeito.
da dívida, o juiz conhece da sua existência quando a
questão puder ser resolvida com segurança pelo exame Artigo 988º
dos documentos apresentados.
Insolvência da herança
Artigo 983º
Divergências entre os interessados sobre a aprovação de Quando se verificar que as dívidas aprovadas ou re-
dívidas conhecidas excedem a massa da herança, segue-se, a
requerimento de algum credor ou por deliberação de todos
Havendo divergências sobre a aprovação da dívida, os interessados, os termos do processo de insolvência que
aplica-se o disposto no artigo 981º à quota-parte relativa sejam adequados, aproveitando-se o processado.
aos interessados que a aprovem; quanto à parte restante,
sendo observado o determinado no artigo anterior. Artigo 989º
Artigo 984º
Deliberação sobre o excesso da avaliação
Pagamento das dívidas aprovadas por todos
1. Se algum dos interessados achar excessivo o valor
1. As dívidas vencidas e aprovadas por todos os inte- atribuído a quaisquer bens, declara o valor que reputa
ressados têm de ser pagas imediatamente, se o credor exacto e a conferência delibera se deve manter-se ou bai-
exigir o pagamento. xar-se a avaliação, fixando-se neste último caso o valor
em que devem ser computados os bens.
2. Não havendo na herança dinheiro suficiente e não
acordando os interessados noutra forma de pagamento
2. Não é permitido baixar o valor se algum interessado
imediato, procede-se à venda de bens para esse efeito,
declarar que aceita a coisa pela avaliação. Esta decla-
designando o juiz os que hão-de ser vendidos, quando não
ração equivale a licitação. Se mais de um interessado
haja acordo a tal respeito entre os interessados.
aceitar, abre-se logo licitação entre eles, sendo a coisa
3. Se o credor quiser receber em pagamento os bens adjudicada ao que oferecer maior lanço.
indicados para a venda, é-lhes adjudicado pelo preço que
se ajustar. 3. Quando a conferência não chegue a fixar o valor,
prevalece o mais elevado dos valores oferecidos pelos
4. O que fica disposto é igualmente aplicável às dívidas interessados.
cuja existência seja verificada pelo juiz, nos termos dos
artigos 981º e 983º, se o respectivo despacho transitar em 4. A reclamação contra o excesso da avaliação pode ser
julgado antes da organização do mapa da partilha. feita verbalmente na conferência.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 145
Secção IV c) Não se dando o caso previsto nas alíneas
anteriores, o donatário pode escolher
Avaliação e licitações
entre os bens doados os necessário para o
Artigo 990º preenchimento da sua quota na herança e dos
encargos da doação, repõe os que excedem o
Abertura das licitações
seu quinhão e sobre os bens repostos abre-
se licitação se for requerida, não sendo o
Não tendo havido acordo nos termos dos números 2
donatário admitido a licitar.
e 3 do artigo 979º e resolvidas as questões referidas no
número 4 desse artigo, quando tenham lugar, abre-se 4. A oposição do donatário deve ser declarada no
licitação entre os interessados. próprio acto da conferência se estiver presente. Não o
Artigo 991º estando, deve o donatário ser notificado para manifestar
a sua oposição.
Avaliação de coisas indivisíveis
5. A avaliação pode ser requerida até o fim do prazo
1. Se a descrição compreender parte de uma coisa que para exame do processo para a fase da partilha.
por sua natureza ou sem detrimento não possa ser di-
vidida e em que algum co-herdeiro tenha a maior parte Artigo 993º
por título que exclua do inventário esta parte, ou, não
havendo herdeiros legitimários, por doação ou legado Avaliação de bens legados no caso de ser arguida
inoficiosidade
do autor da herança, pode esse co-herdeiro exigir na
conferência de interessados que a parte descrita lhe seja
1. Se algum interessado declarar que pretende licitar
adjudicada, mas, neste caso, tanto ele como os restantes
sobre bens legados, pode o legatário opor-se nos termos
interessados têm a faculdade de requerer segunda ava-
do número4 do artigo anterior.
liação da coisa.
2. Se o legatário se opuser, não tem lugar a licitação,
2. O cabeça-de-casal, ao relacionar os bens, pode logo
mas é lícito aos herdeiros requerer a segunda avaliação
suscitar a questão da indivisibilidade. Se o fizer, deve
dos bens legados quando a sua baixa avaliação lhes possa
o louvado pronunciar-se sobre ela no acto da avaliação.
causar prejuízo.
Sendo a questão levantada posteriormente e não chegan-
do os interessados a acordo, decide-se ouvido o louvado.
3. Na falta de oposição por parte do legatário, os bens
Se a coisa não estiver sujeita à avaliação por louvado, a
entram na licitação, tendo o legatário direito ao valor
questão da indivisibilidade é decidida, na falta do acordo,
respectivo
pelo juiz, depois de inspeccionado o prédio por perito da
sua nomeação. 4. Ao prazo para se requerer a segunda avaliação é
aplicável o disposto no número 5 do artigo anterior.
3. Pode também requerer-se segunda avaliação de
coisas que, por força da lei ou de contrato, não possam Artigo 994º
ser licitadas.
Avaliação a requerimento do donatário ou legatário
Artigo 992º sendo as liberalidades inoficiosas
3. Quando se reconheça porém que a doação é inoficiosa 2. A segunda avaliação a que se refere este artigo pode
observa-se o seguinte: ser requerida até ao exame do processo para a forma de
partilha.
a) Se a doação recair sobre prédio susceptível de
divisão, é admitida a licitação sobre a parte Artigo 995º
que o donatário tem de repor, não sendo
admitida a ela o donatário; Consequência da inoficiosidade do legado
b) Se a doação recair sobre coisa indivisível, 1. Se o legado for inoficioso, o legatário reporá, em
é admitida a licitação sobre ela entre os substância, a parte que exceder, podendo sobre essa parte
herdeiros legitimários; haver licitação, a que não é admitido o legatário.
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146 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. Sendo a coisa legada indivisível, observa-se o seguinte: 3. No final da licitação de cada dia pode o Ministério
Público declarar que não requer a anulação do que nesse
a) Quando a reposição deva ser feita em dinheiro, dia se tenha feito.
qualquer dos interessados pode requerer
segunda avaliação da coisa legada; Secção V
2. Ouvido o arguido, conhece-se da arguição e, sendo d) Os créditos que sejam litigiosos ou que não
procedente, decretar-se-á anulação, mandando-se repetir estejam suficientemente comprovados e os
o acto e cometendo-se ao Ministério Público a represen- bens que não tenham valor são distribuídos
tação do menor ou equiparado. proporcionalmente pelos interessados.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 147
Artigo 1002º 4. Sendo o requerimento feito por mais de um interes-
sado e não havendo acordo entre eles sobre a adjudicação,
Mapa de partilha
decide o juiz, por forma a conseguir o maior equilíbrio dos
1. Recebido o processo com a forma da partilha, a secre- lotes, podendo mandar proceder a sorteio ou autorizar a
taria, dentro de oito dias, organiza o mapa da partilha, adjudicação em comum na proporção que indicar.
em harmonia com o mesmo despacho e com o disposto Artigo 1005º
no artigo anterior.
Pagamento ou depósito das tornas
2. Para a formação do mapa acha-se, em primeiro lu- 1. Reclamado o pagamento das tornas, é notificado o
gar, a importância total do activo, somando-se o valor de interessado que haja de as pagar, para as depositar.
cada espécie de bens conforme as avaliações e licitações
efectuadas e deduzindo-se as dívidas, legados e encar- 2. Não sendo efectuado o depósito, podem os requeren-
gos que devam ser abatidos; em seguida, determina-se tes pedir que as verbas destinadas ao devedor lhes seja
o montante da quota de cada interessado e a parte que adjudicadas, pelo valor constante da informação prevista
lhe cabe em cada espécie de bens; e por fim faz-se o pre- no artigo 1003º, as que escolherem e sejam necessárias
enchimento de cada quota com referência aos números para preenchimento das suas quotas, contanto que depo-
das verbas da descrição. sitem imediatamente a importância das tornas que, por
virtude da adjudicação, tenham de pagar. É aplicável
3. Os lotes que devam ser sorteados são designados neste caso o disposto no nº 4 do artigo anterior.
por letras.
3. Podem também os requerentes pedir que, transitada
4. Os valores são indicados somente por algarismos. em julgado a sentença, se proceda no mesmo processo
Os números das verbas da descrição são indicados por à venda dos bens adjudicados ao devedor até onde seja
algarismos e por extenso e quando forem seguidos apon- necessário para pagamento das tornas.
tam-se só os limites entre os quais fica compreendida a
numeração. Se aos co-herdeiros couberem fracções de 4. Não sendo reclamado o pagamento, as tornas vencem
verbas, tem de mencionar-se a fracção. os juros legais desde a data da sentença de partilha e os
credores podem registar hipoteca legal sobre os bens ad-
5. Em cada lote deve sempre indicar-se a espécie de judicados ao devedor ou, quando essa garantia se mostre
bens que a constituem. insuficiente, requerer que sejam tomadas, quanto aos
móveis, as cautelas prescritas no artigo 1011º.
Artigo 1003º
Artigo 1006º
Excesso de bens doados, legados ou licitados
Reclamações contra o mapa
1. Se a secretaria verificar, no acto de organização do 1. Organizado o mapa, o juiz, rubricando todas as fo-
mapa, que os bens doados, legados ou licitados excedem lhas e confirmando a ressalva das emendas, rasuras ou
a quota do respectivo interessado ou a parte disponível entrelinhas, põe-no em reclamação.
do inventariado, lança no processo uma informação, sob
a forma de mapa, indicando o montante do excesso. 2. Os interessados podem requerer qualquer rectifi-
cação ou reclamação contra qualquer irregularidade e
2. Se houver legados ou doações inoficiosas, são re- nomeadamente contra a desigualdade dos lotes ou contra
duzidas nos termos da lei civil, podendo o legatário ou a falta de observância do despacho que determinou a
donatário escolher entre os bens legados ou doados os partilha. Em seguida dá-se vista ao Ministério Público
necessários para preencher o valor que tenha direito a para o mesmo fim, se o inventário for obrigatório.
receber.
3. As reclamações são decididas nos oitos dias seguin-
Artigo 1004º tes, podendo convocar-se os interessados a uma conferên-
cia quando alguma reclamação tiver por fundamento a
Opções concedidas aos interessados
desigualdade dos lotes.
1. Os interessados a quem hajam de caber tornas são 4. No mapa fazem-se as modificações impostas pela
notificados para requerer a composição dos seus quinhões decisão das reclamações. Se for necessário, organiza-se
ou reclamar o pagamento das tornas. novo mapa.
2. Se algum interessado tiver licitado em mais verbas Artigo 1007º
do que as necessárias para preencher a sua quota, a qual-
Sorteio dos lotes
quer dos notificados é permitido requerer que as verbas
em excesso ou algumas lhe sejam adjudicadas pelo valor 1. Em seguida procede-se ao sorteio dos lotes, se a ele
resultante da licitação, até ao limite do seu quinhão. houver lugar, entrando numa urna tantos papéis quantos
os lotes que devem ser sorteados, depois de se ter escrito
3. O licitante pode escolher, de entre as verbas em que em cada papel a letra correspondente ao lote que repre-
licitou, as necessárias para preencher a sua quota, e será senta; na extracção dos papéis dá-se o primeiro lugar ao
notificado para exercer esse direito, nos termos aplicáveis meeiro do inventário; quanto aos co-herdeiros, regula a
do número 2 do artigo anterior. ordem alfabética dos seus nomes.
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148 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
2. O juiz tira as sortes pelos interessados que não passou em julgado, não podendo o conservador
compareçam; e, à medida que se for efectuando o sorteio, registar a transmissão sem mencionar essa
averba por cota no processo o nome do interessado a quem circunstância;
caiba cada lote.
b) Os papéis de crédito sujeitos a averbamentos
3. Concluído o sorteio, os interessados podem trocar são averbados pela entidade competente com
entre si os lotes que lhes tenham cabido. a declaração de que o interessado não pode
dispor deles enquanto a sentença não passar
4. Para troca de lotes pertencentes a menores e equi- em julgado;
parados é necessária autorização judicial, ouvido o Mi-
nistério Público; tratando-se de inabilitado, a troca não c) Quaisquer outros bens só são entregues se
pode fazer-se sem anuência do curador. o interessado prestar caução, que não
Artigo 1008º
compreende os rendimentos, juros e
dividendos.
Segundo e terceiro mapas
2. As cautelas prescritas neste artigo devem ser igual-
1. Quando haja cônjuge meeiro, o mapa consta de mente observadas no caso de estar pendente acção de
dois montes; e determinado que seja o do inventariado, filiação, de anulação de testamento ou outra que possa ter
organiza-se segundo mapa para a divisão dele pelos seus como consequência a modificação da partilha, na medida
herdeiros. Se os quinhões destes forem desiguais, por em que a decisão da causa seja susceptível de alterar o
haver alguns que sucedam por direito de representação, que se ache estabelecido.
achada a quota do representado, forma-se terceiro mapa
para a divisão dela pelos representantes. Se algum her- 3. As declarações feitas no registo ou averbamento
deiro houver de ser contemplado com maior porção de produzem o mesmo efeito que o registo das acções.
bens, formar-se-ão, sendo possível, os lotes necessários,
Este efeito subsiste enquanto, por despacho judicial,
para que o sorteio se efectue entre lotes iguais.
não for declarado extinto.
2. Quando o segundo mapa não puder ser organizado e Artigo 1012º
sorteado no acto do sorteio dos lotes do primeiro e quan-
do o terceiro também o não possa ser no acto do sorteio Nova partilha
dos lotes do segundo, observam-seo, não só quanto à 1. Tendo de proceder-se a nova partilha por efeito da
organização mas também quanto ao exame e sorteio do decisão do recurso ou da causa, o cabeça-de-casal entra
segundo e terceiro mapas, as regras que ficam estabele- imediatamente na posse dos bens que deixaram de per-
cidas relativamente ao primeiro. tencer ao interessado que os recebeu.
Artigo 1009º
2. O inventário só é reformado na parte estritamente
Sentença homologatória da partilha necessária para que a decisão seja cumprida, subsistindo
sempre a avaliação e a descrição, ainda que haja completa
1. O processo é concluso ao juiz para, no prazo de
substituição de herdeiros.
quarenta e oito horas, proferir sentença homologando a
partilha constante do mapa e operações de sorteio. 3. Na sentença que julgue a nova partilha, ou por des-
pacho quando não tenha de proceder-se a nova partilha,
2. Da sentença homologatória da partilha cabe recurso
são mandados cancelar os registos ou averbamentos que
de apelação com efeito meramente devolutivo.
devam caducar.
Artigo 1010º
4. Se o interessado deixar de restituir os bens móveis
Responsabilidade pelas custas que recebeu será executado por eles no mesmo processo,
1. As custas do inventário são pagas pelos herdeiros, bem como pelos rendimentos que deva restituir, pres-
pelo meeiro e pelo usufrutuário de toda a herança ou de tando contas como se fosse cabeça-de-casal; a execução
parte dela, na proporção do que recebam, respondendo segue por apenso.
os bens legados subsidiariamente pelo pagamento; se a Secção IV
herança for toda distribuída em legados, as custas são
Emenda e anulação da partilha
pagas pelos legatários na mesma proporção.
Artigo 1013º
2. Às custas dos incidentes e recursos é aplicável o
disposto nos artigos 411º e seguintes. Emenda do acordo
a) No título que se passe para o registo e posse dos 2. O disposto neste artigo não obsta à aplicação do
bens imóveis declarar-se-á que a sentença não artigo 576º.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 149
Artigo 1014º deiros do falecido, notificando-se a indicação aos outros
interessados e citando-se para o inventário as pessoas
Emenda da partilha na falta de acordo
indicadas.
1. Quando se verifique algum dos casos previstos no
2. A legitimidade dos herdeiros pode ser impugnada por
artigo anterior e os interessados não estejam de acordo
parte dos citados ou notificados, nos temos do artigo 959º.
quanto à emenda, pode esta ser pedida em acção proposta
dentro de um ano, a contar do conhecimento do erro, con- 3. Na falta de impugnação, têm-se como habilitados as pes-
tanto que este conhecimento seja posterior à sentença. soas indicadas, sem prejuízo do disposto no artigo 961º.
2. A acção destinada a obter a emenda segue o processo 4. Se falecer algum legatário ou credor que tenha sido
comum de declaração e é dependência do processo de citado para o inventário, podem os seus herdeiros fazer-
inventário. se admitir no processo usando do meio estabelecido no
Artigo 1015º artigo 961º.
Novo inventário
1. Salvos os casos de recurso extraordinário, a anulação
da partilha judicial confirmada por sentença passada em Se depois de feita a partilha falecer algum interessado
julgado só pode ser decretada quando tenha havido pre- que não deixe outros bens além dos que lhe foram adju-
terição ou falta de intervenção de algum dos co-herdeiros dicados, o inventário a que haja de proceder-se tem lugar
e se mostre que os outros interessados procederam com no mesmo processo, deferindo-se juramento de cabeça-de-
dolo ou má fé, seja quanto à preterição, seja quanto ao casal a quem competir e seguindo-se os mais termos.
modo como a partilha foi preparada.
Artigo 1019º
2. A anulação deve ser pedida por meio de acção à qual
é aplicável o disposto no número 2 do artigo anterior. Inventário do cônjuge supérstite
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150 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
partilha, não pode deixar de ser admitida 3. Entende-se que intervieram na solução de uma
a cumulação. Se a dependência for parcial, questão as pessoas que a suscitaram ou sobre ela se
por haver outros bens, é autorizada ou não pronunciaram, e ainda as que foram ouvidas, embora
acumulação, conforme pareça conveniente não tenham dado resposta.
ou inconveniente, tendo-se em atenção os
Artigo 1025º
interesses das partes e a boa ordem do
processo. Regime do inventário para descrição e avaliação
2. Não obsta à cumulação a incompetência relativa do Ao inventário que tenha unicamente por fim a des-
tribunal para algum dos inventários nem o facto de só crição e avaliação de bens ou verificação de que não há
num haver herdeiros incapazes. disposições inoficiosas são aplicáveis as disposições deste
capítulo, na parte em que o puderem e deverem ser.
Artigo 1022º
Secção VIII
Partilha adicional
Incidente do inventário
1. Quando se reconheça, depois de feita a partilha ju- Artigo 1026º
dicial, que houve omissão de alguns bens, procede-se no
mesmo processo a partilha adicional, com observância, Remoção do cabeça-de-casal
na parte aplicável, do que se acha disposto nesta secção 1. Requerida a remoção do cabeça-de-casal, este é
e nas anteriores. notificado para responder, sendo aplicável ao incidente
o disposto nos artigos 275º a 277º.
2. No inventário a que se proceda por óbito do cônjuge
supérstite são descritos e partilhados os bens omitidos no 2. Removido o cabeça-de-casal, é nomeado outro, nos
inventário do cônjuge pré-defunto, quando a omissão só termos da lei civil.
se venha a descobrir por ocasião daquele inventário.
3. Se a remoção tiver por causa a falta da prática de um
Artigo 1023º acto para que tenha sido notificado, o cabeça-de-casal in-
Regime de recursos
corre na pena correspondente ao crime de desobediência
qualificada, devendo entregar-se ao Ministério Público
O regime dos recursos nos inventários é o do processo a certidão do facto, para que promova o respectivo pro-
comum de declaração, com as seguintes especialidades: cedimento criminal.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 151
Artigo 1030º 3. Quando a segunda avaliação modifique o valor dos
bens escolhidos pelo cônjuge do executado, insolvente ou
Audiência obrigatória
falido, este pode declarar que desiste da escolha; nesse
O inabilitado é sempre ouvido sobre a remoção, a qual caso, ou não tendo ele usado do direito de escolha, as
pode ser pedida pelo próprio. meações são adjudicadas por meio de sorteio.
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152 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 1035º 5. A procuração a que se refere a alínea f) do número
1 deve fazer a menção da modalidade do divórcio pedida
Julgamento
pelo mandante e os poderes para o representar na con-
1. Havendo contestação, seguem-se os termos do pro- ferência.
cesso ordinário de declaração, na variante estabelecida
6. Sem prejuízo do disposto no número anterior o
no número 2 do artigo 425º, com as especificidades dos
mandatário deve apresentar-se conhecedor de todos os
números 3 e 4 do presente artigo.
aspectos fundamentais do acordo.
2. Efectuadas as diligências de produção de provas que Artigo 1037º
não possam deixar de ter lugar antes da audiência final,
Conferência
ou expirado o prazo marcado nas cartas, será designado
dia para essa audiência. 1. Recebendo o requerimento, o tribunal dentro de um
prazo máximo de sessenta dias marca a data para a rea-
3. Encerrada a discussão, o juiz conhece da matéria de
lização da conferência entre os cônjuges, onde se decreta
facto e de direito, ditando para a acta a decisão, descre-
por homologação o divórcio por mútuo consentimento,
vendo os factos considerados provados.
desde que os mesmos cheguem a acordo sobre todos os
4. A sentença fixa os termos da utilização da residência aspectos enumerados no artigo antecedente.
que à data constitui casa de morada de família, havendo
2. Na conferencia o juiz faz ciente os requerentes sobre
menores ou incapazes dependentes do casal, e procede
as consequências da dissolução da sociedade conjugal
à regulação do exercício do poder paternal dos filhos
para os filhos do casal e para os cônjuges.
menores, ainda que tais questões não constem do pedido
do divórcio, mas resulte a sua controvérsia da discussão 3. Constatando-se na conferência que não estão su-
da causa. ficientemente salvaguardados os interesses dos filhos
menores do casal ou de qualquer dos cônjuges, o tribunal
CAPÍTULO XIV convida-os a renovar, por escrito, o acordo e marcará nova
data para conferência, a qual não se realizará antes de
Processo especial de divórcio por mútuo
decorridos trinta dias sobre a primeira.
consentimento
Artigo 1036º
4. Não chegando as partes a acordo ou persistindo elas
no propósito contrário à recomendação da conferência, o tri-
Instrução do pedido bunal manda arquivar o processo, considerando sem efeito
o pedido, com ressalva do disposto no artigo 1039º.
1. A petição inicial do divórcio por mútuo consentimento
é assinada por ambos os cônjuges ou seus procuradores Artigo 1038º
e instruída com os seguintes documentos: Falta de comparência das partes e seus efeitos
a) Certidão de casamento; 1. A conferência só pode ser adiada uma vez por falta
de comparência das partes ou de uma delas ou dos res-
b) Certidão de nascimento dos filhos menores do pectivos procuradores.
casal;
2. Faltando qualquer dos cônjuges ou seus procuradores
c) Acordo sobre o exercício do poder paternal na data designada para a realização da conferência após
relativamente aos filhos menores do casal; o adiamento da primeira, o pedido de divórcio fica sem
efeito.
d) Relação especificada dos bens do casal e acordo
sobre a sua partilha; Artigo 1039º
Decisões provisórias
e)Acordo sobre alimentos para o cônjuge que dele
necessite; O juiz, havendo filhos menores do casal, decide provi-
soriamente no próprio processo por sua iniciativa ou me-
f) Procuração com poderes especiais quando for o
diante requerimento das partes ou do Ministério Publico
caso.
sobre os alimentos e o exercício do poder paternal, bem
2. Havendo bens imóveis comuns do casal, os reque- como sobre a utilização da casa de morada da família,
rentes devem juntar com a petição inicial as respectivas observando-se com as devidas adaptações o disposto na
certidões de inscrição matricial e do registo predial, ou segunda parte nº 2 do artigo 1034º.
na falta deles, as certidões negativas. Artigo 1040º
3. Em caso de bens móveis sujeitos a registo devem de Divórcio amigável perante Notário
igual modo, os requerentes, juntar certidão do registo.
1. Os cônjuges podem optar pelo divórcio por mútuo
4. Os documentos a que se referem as alíneas c) a consentimento, mediante escritura pública lavrada pelo
f) do número 1 podem ser firmados na própria petição notário, desde que não haja filhos menores, nem incapa-
inicial. zes na dependência do casal.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 153
Artigo 1041º
É competente para as acções de reconhecimento
Remissão judicial da união de facto a que se reporta a presente
secção, o tribunal do lugar da última residência comum
Sem prejuízo do disposto nos artigos 1722º a 1728º dos conviventes.
do Código Civil, à separação judicial de pessoas e bens,
aplica-se com as devidas adaptações, e consoante for o Artigo 1046º
caso, as disposições especialmente previstas no presente
código para o divórcio litigioso e para o divórcio por mútuo Petição inicial
consentimento.
Na petição para o reconhecimento judicial da união
CAPÍTULO XVI de facto o autor alega a existência pretérita de união
de facto que preencha os requisitos estabelecidos na lei
Do reconhecimento judicial da união de facto substantiva; indica a data do início e da cessação da união
Artigo 1042º e requerer uma ou mais das providências referidas no
artigo 1719º do Código Civil.
Extinção da união de facto por mútuo consentimento.
Homologação dos acordos Artigo 1047º
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154 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
nal a respectiva lista e montante e declara se pretende ou 2. A sentença que decretar o direito à meação contém,
não assumi-las, em parte ou na totalidade. Declarando-se obrigatoriamente:
o autor que não pretende assumir quaisquer dívidas que
onerem bens comuns, o valor correspondente a metade a) A lista especificada dos bens comprovadamente
dessas dívidas é compensado no quinhão dos bens que lhe adquiridos na constância da união, o valor
competiriam. Declarando, porém, que pretende assumir que lhes foi atribuído por cada uma das
a totalidade das dívidas tem direito a receber o montante partes e bem assim o valor atribuído, a final,
equivalente à metade do seu valor em bens. Em ambos pelo tribunal;
os casos, se não se obtiver o acordo da outra parte, o juiz
decide sobre a responsabilidade das dívidas, o pagamento c) Os projectos de divisão em porções iguais dos
de tornas e compensações, como lhe parecer de justiça. bens adquiridos na constância da união e a
divisão realizada, a final, pelo tribunal;
5. Na situação prevista no número anterior, quando o
autor pretenda assumir parte ou a totalidade das dívidas c) O resultado da escolha ou do sorteio a que se
que onerem bens comuns, junta documento comprovativo reporta o número 1 deste artigo;
assinado pelos respectivos credores em como ratificam
a assumpção de dívida, aplicando-se, neste caso, com d) As razões que fundamentaram a atribuição,
as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 577º e sendo caso disso, de uma porção especificada
seguintes do Código Civil, sobre a transmissão singular dos bens a uma das partes;
de dívidas.
e) A lista especificada das dívidas que onerem
Artigo 1048º bens comuns e a repartição pelas partes da
Pedido de alimentos
responsabilidade das mesmas dívidas, assim
como o regime de pagamento de tornas e
Se o pedido for de prestação de alimentos, o autor de- compensações, se a isso houver lugar.
monstra as razões justificativas dessa necessidade.
Artigo 1053º
Artigo 1049º
Recurso
Pedido da casa de morada da família
No pedido para a atribuição da casa de morada da fa- Da decisão que decretar alguma das providências
mília o autor demonstra as razões por que a pretende con- previstas neste capítulo cabe recurso, nos termos esta-
servar, nomeadamente, a existência de filhos a cargo. belecidos para o processo comum de declaração.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 155
Artigo 1057º j) Liquidação de participações em sociedades,
determinação da prestação ou do preço, e
Valor das resoluções divisão de ganhos e perdas ou casos análogos;
1. Nos processos regulados no presente capítulo, as k) Oposição do sócio excluído ao preço fixado para a
resoluções podem ser alteradas, sem prejuízo dos efei- sua participação;
tos já produzidos, com fundamento em circunstâncias
supervenientes. l) Fixação judicial do prazo para o exercício de um
direito ou o cumprimento de um dever.
2. São consideradas supervenientes quaisquer circuns-
Artigo 1059º
tâncias que não tenham sido alegadas por desconheci-
mento ou outro motivo ponderoso, independentemente Tramitação geral
do momento de sua verificação.
Sem prejuízo do disposto nos artigos subsequentes, são
Artigo 1058º aplicáveis aos processos regulados no presente Capítulo
as seguintes regras de tramitação:
Campo de aplicação
a) Com o requerimento em que solicite a providência,
O formalismo comum dos processos de jurisdição deve a parte apresentar justificação sumária
voluntária é aplicável ao conhecimento das seguintes do pedido e indicar logo os respectivos meios
matérias: de prova;
b) Autorização para a prática de certos actos pelo c) Se não possuir elementos considerados suficientes
representante do incapaz, ou confirmação para de imediato proferir a decisão, o juiz
dos actos por ele praticados sem aquela marca logo sempre que possível, o dia da
autorização; audiência final, quer tenha havido ou não
oposição;
c) Autorização para a alienação ou oneração de bens
sujeitos a fideicomisso ou de bens de ausente, d) O tribunal pode investigar livremente os
quando tenha sido deferida a curadoria factos, coligir e admitir as provas, ordenar
provisória ou definitiva, e para a realização de os inquéritos e recolher as informações que
repute convenientes.
benfeitorias pelo senhorio sem a aquiescência
do arrendatário; Artigo 1060º
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156 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
1. Requerida autorização para a alienação ou oneração Tendo sido requerida a suspensão em processo de des-
de bens sujeitos a fideicomisso, é citado, para deduzir opo- tituição de cargos sociais, o tribunal, após a realização
sição, o fiduciário, se o pedido for feito pelo fideicomissário, das diligências necessárias, decide imediatamente sobre
ou este último, se o pedido for deduzido por aquele. o pedido.
Artigo 1068º
2. Sendo concedida a autorização, a sentença fixa as
cautelas que devem ser observadas. Escusa ou remoção de testamenteiro
Artigo 1063º
1. Requerendo o testamenteiro escusa do cargo, são
Fixação ou alteração de casa de morada ou residência de citados, para deduzir oposição todos os interessados. Em
família caso de remoção, apenas o testamenteiro é citado para
deduzir oposição.
Da decisão proferida sobre pedido de fixação ou alte-
ração de casa de morada ou residência da família cabe 2. Os pedidos de escusa e de remoção são dependência
sempre recurso, com efeito suspensivo. do inventário, quando o haja.
Artigo 1064.º
3. Não tendo havido oposição ao pedido de escusa, as
Suprimento da deliberação da maioria legal custas são da responsabilidade de todos os interessados.
dos comproprietários
Artigo 1069º
Requerido o suprimento da deliberação da maioria
legal dos comproprietários sobre actos de administração, Fixação judicial de prazo
são citados para deduzirem oposição, aqueles que se
hajam manifestado contra a prática do acto. Quando incumba ao tribunal a fixação de um prazo
para o exercício de um determinado direito ou para o
Artigo 1065 º cumprimento de um dever, o requerente, depois de jus-
Nomeação de gestor na propriedade horizontal
tificar sumariamente o pedido, deve indicar logo o prazo
que considera adequado.
1. O condómino que pretenda a nomeação judicial de
Secção II
gestor de edifício sujeito a propriedade horizontal indica
a pessoa que reputa idónea, justificando a indicação. Aceitação ou rejeição de liberdades em favor de incapazes
3. Na falta de oposição, pode ser logo nomeada a pessoa 1. No requerimento em que se peça a notificação do
indicada pelo requerente. representante legal para providenciar acerca da acei-
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 157
Sobre o montante e a idoneidade da caução que o cura- 6. Pago ou depositado o preço, os bens são adjudicados
dor deve prestar é ouvido o Ministério Público, depois de ao preferente, retroagindo-se os efeitos da adjudicação à
relacionados os bens do ausente. data do pagamento ou do depósito.
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158 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
1. Quando o contrato projectado abranja, mediante um 2. O direito de preferência é atribuído ao licitante que
preço global, outra coisa além da sujeita ao direito de oferecer o lanço mais elevado; perde-o, porém, nos casos
preferência, o notificado pode declarar que quer exercer previstos no artigo 1078º.
o seu direito apenas em relação a esta.
3. Havendo perda do direito atribuído, este é devolvido
2. Feita a declaração, o preferente propõe, dentro de ao interessado que tiver oferecido o lanço imediatamente
dez dias que se proceda a avaliação para determinação do inferior, e assim sucessivamente.
preço que deve ser atribuído proporcionalmente à coisa,
sob pena de perder o seu direito. 4. À medida que cada um dos licitantes for perdendo o
seu direito, o requerente da notificação deve pedir que o
3. A parte contrária pode deduzir oposição com o fun- facto seja notificado ao licitante imediato.
damento de a coisa preferida não poder ser separada sem
prejuízo apreciável. 5. Os licitantes não incorrem em responsabilidade se
não mantiverem o seu lanço, em caso de devolução do
4. Procedendo a oposição, o preferente perde o seu direito de preferência.
direito, a menos que exerça a preferência relativamente
a todas as coisas; se a oposição improceder, observa-se o Artigo 1082º
disposto nos números 2 a 6 do artigo anterior, contando-
se os vinte dias para a celebração do contrato a partir do Preferência sucessiva
trânsito da decisão.
1. Competindo o direito de preferência a mais de
Artigo 1079º
uma pessoa sucessivamente, pode pedir-se que sejam
Prestação acessória todas notificadas para declarar se pretendem usar do
seu direito no caso de vir a pertencer-lhes, ou pedir-se a
1. Se o contrato projectado abranger a promessa de notificação de cada uma, à medida que lhe for tocando a
uma prestação acessória que o titular do direito de pre- vez em consequência de renúncia ou perda do direito do
ferência não possa satisfazer, requerer logo o preferente interessado anterior.
a respectiva avaliação em dinheiro, quando possível,
aplicando-se, correspondentemente, o disposto no artigo 2. No primeiro caso, prossegue o processo em relação
1077º, ou a dispensa da obrigação de satisfazer a presta- ao preferente mais graduado que tenha declarado querer
ção acessória demonstrando que ela foi convencionada preferir, mediante prévia notificação; se este perder o
para afastar o seu direito. seu direito, procede-se da mesma forma quanto ao mais
graduado dos restantes, e assim sucessivamente.
2. Se a prestação não for avaliável em dinheiro, pode o
preferente requerer, nos termos do artigo 418º do Código Artigo 1083º
Civil, o exercício do seu direito, mostrando que, mesmo
sem a prestação estipulada, a venda não deixaria de ser Direito de preferência pertencente a herança
efectuada ou que a prestação foi convencionada para
afastar a preferência. 1. Competindo o direito de preferência a herança, pede-se
no tribunal do lugar de sua abertura a notificação do ca-
3. É correspondentemente aplicável o disposto no nú- beça-de-casal, salvo se os bens a que respeita estiverem
mero 4 do artigo anterior. licitados ou incluídos em alguns dos quinhões, porque
neste caso se deve pedir a notificação do respectivo inte-
Artigo 1080º
ressado para ele exercer o direito.
Preferência conjunta de vários titulares
2. O cabeça-de-casal, logo que notificado, requer uma
O disposto nos artigos anteriores é aplicável, com as conferência de interessados para se deliberar se a herança
devidas adaptações, ao caso de o direito de preferência deve exercer o direito de preferência.
competir em simultâneo a vários titulares e dever ser
exercido por todos em conjunto, sendo, então, todos os 3. O processo é dependência do inventário, quando o
interessados notificados para o exercício do direito. haja.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 159
Artigo 1084º 2. Fora dos casos de desistência total, a desistência de
Direito de preferência pertencente aos cônjuges
qualquer declarante tem como efeito que todos os actos
processuais que lhe digam respeito se consideram, para
Se o direito de preferência pertencer em comum aos efeitos de custas, como um incidente da sua responsa-
cônjuges, é pedida a notificação de ambos, podendo qual- bilidade.
quer deles exercê-lo.
3. Quando os processos tenham sido instaurados depois
Artigo 1085º de celebrado o contrato que dá lugar à preferência, as
Direito de preferência pertencente em comum a várias custas a cargo daquele que vier a exercer o direito são
pessoas pagas pela pessoa que devia oferecer a preferência.
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160 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 1092º Artigo 1097º
1. O citado pode deduzir oposição no prazo de dez dias, l. Quando o navio não possa ser reparado ou a repara-
a contar da citação; se detiver as coisas ou documentos em ção não se justifique por ser antieconómica, pode o capitão
nome de outra pessoa, pode esta deduzir oposição dentro requerer se decrete a sua inavegabilidade, para efeito de
do mesmo prazo, ainda que o citado o não faça. se poder aliená-lo sem autorização do proprietário.
2. Na falta de oposição, ou no caso de ela ser conside- 2. A vistoria é feita nos termos descritos no artigo 1094º
rada improcedente, o juiz designa dia, hora e local para notificando-se os interessados para assistirem, querendo,
a apresentação na sua presença. à diligência.
3. A apresentação faz-se no tribunal, quando se trate 3. Se os peritos concluírem pela inavegabilidade total
de coisas ou de documentos transportáveis em mão; ou parcial do navio, assim se declara, autorizando-se a
tratando-se de outros móveis ou de coisas imóveis, a venda judicial do navio e seus pertences.
apresentação é feita no lugar onde se encontrem.
Artigo 1093º
4. É correspondentemente aplicável o disposto no artigo
antecedente.
Apreensão judicial
Artigo 1098º
Se os requeridos, devidamente notificados, não cum-
prirem a decisão, pode o requerente solicitar a apreensão Autorização judicial para actos a praticar pelo capitão
das coisas ou documentos para lhe serem facultados, Quando o capitão do navio careça de autorização ju-
aplicando-se, com as necessárias adaptações, o disposto dicial para praticar certos actos, pede-a ao tribunal da
relativamente à efectivação da penhora. área do porto em que o navio se acha surto.
Secção VII
Artigo 1099º
Providências relativas a navios ou sua carga
Nomeação de consignatário
Artigo 1094º
1. A nomeação de consignatário para tomar conta de
Realização da vistoria
mercadorias que o destinatário se recuse ou não apre-
1. A vistoria destinada a conhecer do estado de nave- sente a receber é requerida pelo capitão ao tribunal da
gabilidade de navio é requerida pelo capitão ao tribunal comarca a que pertença o porto da descarga.
a que pertença o porto em que se achar surto o navio.
2. O juiz ouve o destinatário ou o consignatário, sempre
2. Com o requerimento é apresentado o inventário de que resida na comarca e, se julgar justificado o pedido,
bordo. nomeia o consignatário e autoriza a venda das mercado-
rias por alguma das formas indicadas no artigo 762º.
3. O tribunal nomeia os peritos que julgue necessários e
idóneos para a apreciação das diversas partes do navio e fixa Secção VIII
o prazo para a diligência, que se realiza sem intervenção
Atribuição de bens de pessoa colectiva extinta
do tribunal nem das autoridades marítimas do porto.
Artigo 1100º
4. O resultado da diligência consta de relatório assina-
do pelos peritos e é notificado ao requerente. Requerimento
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 161
b) Os representantes da pessoa colectiva a quem se 2. O acto é notificado aos requeridos com a advertência
propõe a atribuição dos bens, salvo o disposto de que incorrem em responsabilidade por crime de de-
no número 2 do presente artigo; sobediência, se praticarem qualquer facto que constitua
obstáculo ao exercício do cargo por parte do empossado.
c) Os liquidatários da pessoa colectiva extinta, se
os houver e não forem os requerentes; Subsecção II
Inquérito judicial
d) O testamenteiro ou os testamenteiros do autor
da deixa testamentária, se os houver e forem Artigo 1105º
conhecidos.
Requerimento e articulados
2. Sendo requerente o Ministério Público e propondo a
1. Aqueles que pretendam a realização de inquérito
afectação dos bens ao Estado, não há lugar à citação de
judicial, nos casos em que a lei o permita, expõem, em
qualquer outro representante deste.
requerimento, os fundamentos do pedido, indicam os
3. Qualquer pessoa que prove interesse legítimo, ainda factos que lhes interesse averiguar e as providências que
que moral, na causa, pode nela intervir. reputem convenientes, devendo ainda oferecer os meios
de prova de que disponham.
Artigo 1102º
2. São citados para responder, no prazo de dez dias, a
Termos posteriores sociedade e os titulares de órgãos sociais a quem sejam
imputadas irregularidades no exercício das suas funções,
1. O juiz procede às diligências que reputar de necessá- os quais devem também oferecer os meios de prova.
rias, avalia as provas oferecidas e decide em seguida.
Artigo 1106º
2. Na decisão, pode o juiz impor injunções, deveres e a
Termos posteriores
prestação de garantias que considere convenientes para
assegurar a realização dos encargos ou fins a que os bens 1. Haja ou não resposta dos requeridos, o juiz pode,
estavam afectos. consoante os casos:
3. Da decisão cabe sempre recurso, que tem efeito a) Rejeitar o pedido;
suspensivo.
b) Deferi-lo, sem prejuízo do prosseguimento
Secção IX
ulterior dos autos, quando tal se mostre
Exercício de direitos sociais necessário;
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162 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
Artigo 1107º assembleia-geral, a convocatória correspondente e os
Medidas cautelares
documentos comprovativos da observância do disposto
sobre a matéria no Código das Empresas Comerciais.
Em consequência do inquérito, pode o tribunal, desde
que tal lhe seja requerido, ordenar as providências que 2. Verificados os requisitos exigidos no número ante-
considere necessárias à garantia dos sócios, dos obrigacio- rior, o tribunal ordena que a deliberação da assembleia-
nistas, dos restantes credores ou da própria sociedade. geral seja publicada nos termos da lei comercial.
1. Concluído o inquérito, o relatório do investigador é 1. Qualquer sócio ou credor pode deduzir oposição ao
notificado ao requerente, aos requeridos e à sociedade; pedido formulado, no prazo de trinta dias contados da
e, realizadas as demais diligências probatórias conside- data da publicação referida no número anterior.
radas necessárias, o juiz profere decisão, apreciando os
2. Haja ou não oposição, se o juiz não tiver elementos
factos que constituíram o fundamento do inquérito.
para decidir imediatamente, designará logo dia para a
2. A decisão mencionada no número antecedente é audiência final destinada à produção das provas ofereci-
também notificada às entidades nele referidas. das e das que o tribunal considere necessárias, bem como
à decisão sobre o pedido de redução do capital.
3. No prazo de dez dias, podem as pessoas notificadas
Subsecção V
requerer, e o tribunal ordenar, as providências indicadas
na lei substantiva. Averbamento, conversão e depósito de acções e obrigações
Se o resultado do inquérito não confirmar as suspeitas 1. Se a administração de uma sociedade não averbar,
do requerente, podem os requeridos exigir a publicação dentro de dez dias, as acções ou obrigações que lhe sejam
do relatório e das conclusões do inquérito no jornal que, apresentadas para esse efeito, ou não passar, no mesmo
para o efeito indicarem. prazo, uma cautela com a declaração de que os títulos
Subsecção III estão em condições de ser averbados, pode o accionista ou
obrigacionista requerer ao tribunal que mande proceder
Convocação de assembleias de sócios ao averbamento.
Artigo 1110º
2. A sociedade é citada para, num prazo de sete dias,
Processo a observar deduzir oposição sob pena de ser logo ordenada a provi-
dência requerida.
1. Quando a convocação da assembleia-geral possa efec-
tuar-se judicialmente, ou quando, por qualquer forma, 3. Só é admissível a prova documental.
ilicitamente se impeça a sua realização ou o seu funcio-
namento, pode a convocação ser requerida ao tribunal. 4. A cautela a que se refere o número 1 tem o mesmo
valor que o averbamento.
2. Junto o título constitutivo da sociedade, o tribunal,
Artigo 1114º
dentro de vinte dias, procede às averiguações necessárias,
ouvindo a administração da sociedade, quando o entender Termos posteriores e decisão
conveniente, e decide.
1. Qualquer sócio ou credor pode deduzir oposição ao
3. Se deferir o pedido, designa a pessoa que deve pedido formulado, no prazo de trinta dias contados da
exercer a função de presidente e ordena as diligências data da publicação referida no número anterior.
indispensáveis à realização da assembleia.
2. Haja ou não oposição, se o juiz não tiver elementos
4. A função de presidente só deixa de ser atribuída para decidir imediatamente, designa logo dia para a au-
a um sócio quando a lei o determine ou quando razões diência final destinada à produção das provas oferecidas
ponderosas aconselhem a designação de um estranho à e das que o tribunal considere necessárias, bem como à
sociedade; neste caso, é escolhida pessoa de reconhecida decisão sobre o pedido de redução do capital.
idoneidade.
Artigo 1115º
Subsecção IV
Efeitos da decisão
Redução do capital social
1. Os efeitos do averbamento ordenado retroagem à
Artigo 1111º
data em que os títulos tenham sido apresentados à ad-
Requerimento inicial ministração da sociedade.
1. A sociedade que pretenda reduzir o seu capital 2. Os títulos e documentos são entregues ao interessado
instrui o seu requerimento com a acta da respectiva logo que o processo esteja findo.
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I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010 163
Artigo 1116º os empregadores, em geral, ou qualquer pessoa que se
Conversão de títulos encontre vinculada a pagar ao ausente ou desaparecido
rendas, frutos, rendimentos de propriedade, salários ou
1. O disposto nos artigos antecedentes é aplicável ao outras remunerações.
caso de o accionista ou obrigacionista ter o direito de
exigir a conversão dum título nominativo em título ao 3. Quando do ausente ou desaparecido dependiam vá-
portador, ou vice-versa, e de a administração se recusar rias pessoas a falta de qualquer deles constitui motivo de
a fazer a conversão. ilegitimidade. Não fundamenta, porém, a ilegitimidade
o requerimento apresentado pelo cônjuge, convivente
2. Ordenada a conversão, se a administração se recusar do ausente ou desaparecido. Não constitui igualmente
a cumprir a decisão, lança-se nos títulos a declaração de motivo de ilegitimidade o requerimento apresentado pelo
que ficam sendo ao portador ou nominativos, consoante descendente ou ascendente em nome e no interesse do
o caso. agregado familiar que viva em economia comum com o
Artigo 1117º ausente ou desaparecido.
Lugar e modo do depósito de acções ou obrigações Artigo 1121º
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164 I SÉRIE — NO 24 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 1 DE JULHO DE 2010
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