Existência de Deus Teísta

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Existência de Deus teísta

Argumentos a favor
• A posteriori – Cosmológico
– Teleológico (do desígnio)
• A priori – Ontológico

Argumentos contra
• Problema do mal – ateísmo
Teodiceia de Leibniz (resposta)

Ausência de argumentos
• Fideísmo de Pascal

Argumentos a favor
Argumento cosmológico
Encontramos, de facto, que há uma ordem de causas no mundo. No entanto, não se
encontra, nem é possível que algo seja causa de si mesmo, o que é impossível. Por
outro lado, não é possível que se proceda até ao infinito nas causas (...).
Logo, é necessário postular uma primeira causa que todos denominam Deus.

P1. Existem coisas no mundo;


P2. Se existem coisas no mundo, então essas coisas foram causadas a existir por
alguma outra coisa;
P3. Se as coisas do mundo foram causadas a existir por alguma outra coisa, então ou
há uma cadeia causal que regride ao infinito, ou há apenas uma primeira causa que
é a origem da cadeia causal;
P4. Mas não há uma cadeia causal que regrida infinitamente;
C – Então, há apenas uma primeira causa (Deus) que é a origem da cadeia causal.

• Objeção à premissa 3
Falácia do Falso Dilema – ao apresentar 2 opções, quando podem haver muitas mais,
irão haver várias causas primeiras diferentes.
Esta possibilidade excluiria a conclusão 5.
Logo o argumento foi pensado incompletamente ao não considerar todas as
possibilidades.

• Objeção à premissa 4
Um cadeia causal que regrida infinitamente, não tem uma primeira causa.
Logo é falso que se retirarmos a 1ª causa, a cadeia causal infinita e tudo o que existe
no mundo deixaria de existir.
• Objeção à conclusão
Aquino para além de pretender concluir que há uma 1a causa, pretende que essa
causa tenha os atributos de um Deus teísta. Será que este argumento nos permite
concluir que: Deus é sumamente bom? Deus é omnisciente? Deus é moralmente
perfeito?
Parece que não porque a conclusão visa estabelecer algo mais forte do que aquilo
que as premissas estabelecem, o que enfraquece a sua força.

Argumento Teleológico (Desígnio)


Existem coisas naturais que carecem de cognição, inteligência ou conhecimento, mas
que agem para fins de produzir o que é o melhor. Por exemplo: As bananeiras não
têm conhecimento mas agem de forma a produzir bananas carnudas.
Esse fim de produzir o melhor (bananas carnudas), não se deve ao acaso/ sorte,
porque se assim fosse, seria improvável que tais bananeiras produzissem sempre ou
quase sempre o melhor (bananas carnudas). Pelo contrário, essa finalidade deve-se
a um desígnio sobrenatural - DEUS

P1. Se não há um ser inteligente que dirige o mundo natural, então as coisas que
carecem de cognição não agem sistematicamente para fins de produzir o melhor.
P2. Mas, as coisas que carecem de cognição agem sistematicamente para fins de
produzir o melhor;
C – Logo, há um ser inteligente que dirige o mundo natural, ou seja, DEUS.
Este argumento é válido porque estamos perante uma instância de modus tollens.

• Objeção à premissa 1
Como negar uma condicional? – Afirmando o antecedente e alterando o valor de
verdade do consequente… Assim:
“Não há um ser inteligente que dirige o mundo natural e mesmo assim as coisas que
carecem de cognição agem e continuam a agir sistematicamente para fins de
produzir o melhor”

• Objeção à P2. – Darwinismo


Critica-se esta premissa ao sustentar que qualquer coisa pode agir para um fim, não
por existir um ser inteligente (DEUS), mas por causa do darwinismo, ou seja, os seres
vivos resultam de um processo de evolução por seleção natural.
Assim o darwinismo fornece uma explicação de como algo pode atuar para um fim,
mas não como resultado de um desígnio de um ser inteligente.

• Objeção: Não se prova a existência de um Deus teísta


O argumento não mostra que existe um Deus Omnipotente, Omnisciente e
Sumamente bom.
Argumento ontológico
O argumento ontológico parte do conceito de Deus e de premissas a priori (i.e.
premissas que podem ser conhecidas independentemente da experiência do
mundo) par concluir que Deus existe na realidade. Na versão clássica de Santo
Anselmo parte-se da definição de Deus como “ser maior do que o qual nada pode
ser pensado”. E a partir dessa definição conclui-se que Deus existe na realidade. Pois,
se Deus não existisse ou se apenas existisse no pensamento e não na realidade, não
seria aquele ser maior do que o qual nada pode ser pensado.

P1. Deus existe no pensamento;


P2. Se Deus existe no pensamento e não na realidade, então é concebível um ser
mais perfeito do que Deus;
P3. Mas, não é concebível um ser mais perfeito do que Deus;
C – Logo, Deus existe na realidade.

• Objeção de Kant à premissa 2


Esta premissa está fundamentada no seguinte raciocínio: existir no pensamento e na
realidade é mais perfeito do que existir apenas no pensamento. Assim, a existência é
uma perfeição.

P1. Se a existência é uma perfeição, então “existe” é um predicado descritivo;


P2. Mas “existe” não é um predicado descritivo (pois não caracteriza como são as
coisas)
C – (Por Modus Tollens) Logo, a existência não é uma perfeição.

Ausência de argumentos

Fideísmo
O fideísmo é a teoria ou família de teorias que parte do pressuposto que não temos
de ter provas para acreditar em Deus. Assim, para os fideístas, podemos basear a
crença apenas na fé. Acreditar com base na fé é ao mesmo tempo acreditar sem
argumentos ou provas.

A aposta de Pascal
Ou Deus existe ou não existe.
Se Deus existe e eu não acredito, o resultado (infinito) será pior daquele que se
acreditar.
Se o resultado é pior, então é melhor acreditar do que não acreditar.
Logo, é melhor acreditar.
Será a fé um indício suficiente para a formação da crença?
• Objeção da Ideia de infinito
Uma das dificuldades é a de saber se existe uma coisa como o infinito. Mas Pascal
assume de princípio que existe tal coisa. Acontece que Pascal faz coincidir a
existência de Deus com a existência de infinito. Desse modo, pressupõe que se há
infinito, existe Deus.

• Objeção da crença involuntária


A crença em Deus pode não estar sujeita ao livre arbítrio, pode não ser do controlo
da pessoa. No entanto, para Pascal, cabe aos indivíduos decidir se querem ou não
acreditar.

• A fé religiosa não se pode basear num cálculo – É contrária à moralidade de


Deus basear a crença num cálculo de possibilidades.

Argumentos contra
Problema do Mal
P1. Existe mal no mundo.
P2. Se Deus é omnipotente e sumamente bom podia evitar esse mal.
P3. Mas Deus não o evita.
C – Logo, Deus não existe.

Mal natural- Doenças, catástrofes naturais, acidentes, etc.


Mal moral- Maldade humana, violação, homicídios, guerras

Males justificados- Há males que possuem justificação já que com eles se pode
trazer um bem maior, por exemplo se existir justificação numa guerra.
Males gratuitos- Há males que se não existirem não leva a que se perca um bem
maior.

• Resposta ao problema- A teodiceia de Leibniz


A teodiceia de Leibniz é baseada na ideia de que a existência de Deus é compatível
com a existência do mal.
Para Leibniz os males que nos parecem gratuitos não os são de facto. São
características de bens que Deus promove. Deus não poderia criar um mundo
maximamente perfeito sem criar ao mesmo tempo, coisas que, aos nossos olhos,
nos parecem males gratuitos, apesar de não o serem.
Exemplo: Para a hipotenusa ser perfeita a raiz quadrada da soma dos quadrados dos
catetos deveria dar um número perfeito, o que é impossível. Ou seja, num quadrado
tudo é perfeito, menos as suas diagonais.
Leibniz admite que existem males, mas nega que sejam gratuitos e é por isso que
são compatíveis com a bondade, omnipotência e omnisciência de uma pessoa divina
que criou o Universo e tudo o que ele contém.
Contudo, o conhecimento imperfeito dos seres humanos não lhes permite ver a
totalidade do Universo, e por isso não vêm os bens associados aos males a que
assistem.

P1. Deus tem a ideia de muitos mundos possíveis


P2. Apenas um desses mundos possíveis pode realmente existir
P3. Deus pode escolher um ou outro mundo
P4. Deus é bom
C – Portanto o mundo que Deus escolheu existir é o melhor de todos os
mundos possíveis.

• Objeção à teodiceia de Leibniz


Basta imaginar talvez uma situação de sofrimento extremo que afeta muitas pessoas
ao mesmo tempo. Parece que Leibniz não consegue explicar que bem maior
sustenta todo esse sofrimento e que o justifica como ato de criação divina. Ainda
que se possa imaginar muitos bens maiores em situações de sofrimento, tal não
parece justificar esse mesmo sofrimento.

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