Trabalho de Reforma Do Sector Publico Actual

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 18

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância

MUDANÇAS OU ALTERAÇÕES NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE


MOÇAMBIQUE DESDE 1975 ATÉ 2018

Discente: Ana Maria Elisa, Código: 708208493

Nampula, Junho

2021
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância

MUDANÇAS OU ALTERAÇÕES NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE


MOÇAMBIQUE DESDE 1975 ATÉ 2018

Discente: Ana Maria Elisa, Código: 708208493

CURSO: Licenciatura em Ensino de Administração


Pública

CADEIRA: Reforma do Sector Público

DOCENTE: Nurdine Alfredo

ANO DE FREQUÊNCIA: 2º Ano

Nampula, Junho

2021

2
FOLHA DE FEEDBACK

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota /
Máxima tutor Subtotal

 Capa 0.5

 Índice 0.5
Estrutura Aspectos
 Introdução 0.5
organizacionais
 Discussão 0.5

 Conclusão 0.5

 Bibliografia 0.5

Contextualização (indicação
clara do problema)
1.0
Introdução Descrição dos objectivos 1.0

Metodologia adequada ao 2.0


objecto do trabalho

Articulação e domínio do
Conteúdo
discurso académico (expressão
Análise 2.0
escrita cuidada, coerência/coesão
discussão
textual).

Revisão bibliográfica nacional e


internacional revelantes na área
2.0
de estudo.

Exploração dos dados 2.0

Conclusão Contributos teóricos práticos 2.0

Aspectos Formatação Paginação, tipo e tamanho de 1.0


gerais letra, paragrafo, espaçamento
entre linhas

Normas APA
6a ed. e citações
Rigor e coerência das citações/ 4.0
e bibliografia
referências bibliográficas

3
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchido pelo tutor
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

4
Índice

Introdução...................................................................................................................................5

MUDANÇAS OU ALTERAÇÕES NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE


MOÇAMBIQUE DESDE 1975 ATÉ 2018................................................................................6

Conceitos Fundamentais.............................................................................................................6

Proclamação da Independência Nacional...................................................................................7

Constituição da República de Moçambique de 1975..................................................................7

Organização Politica da República Popular de Moçambique.....................................................8

Organização Económica e Social da Republica Popular de Moçambique.................................9

ORGANIZAÇÕES NACIONAIS............................................................................................10

1. Organização da Mulher Moçambicana (OMM)................................................................10

2. Organização da Juventude Moçambicana (OJM)..............................................................10

Constituição da República de Moçambique de 1990................................................................11

Constituição da República de Moçambique de 2004................................................................13

Constituição da República de Moçambique de 2018................................................................13

Definição da Descentralização..................................................................................................14

Conclusão..................................................................................................................................16

Referências Bibliográficas........................................................................................................17

5
Introdução
O presente trabalho é referente a cadeira de Reforma do Sector Público e pretende tecer a
cerca das Mudanças e Alterações na Constituição da República de Moçambique desde 1975
até 2018. No entanto, Moçambique tornou-se independente em 1975, depois de uma luta
armada de libertação nacional, a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), que
havia conduzido a luta durante 10 anos, formou o primeiro governo, com um programa de
trabalho orientado para a construção de uma sociedade socialista. De antemão importa frisar
que, Moçambique foi descoberto por Vasco da Gama, na sua passagem a caminho da Índia
em 1498, tendo aquele navegador português aportado à Ilha de Moçambique e zonas
circundantes. Desde cedo o território moçambicano assumiria a configuração que tem hoje,
como um espaço único e litorâneo, mas muito vasto longitudinalmente na costa leste da região
da África Austral. Porém, a Capitania-Geral de Moçambique só seria constituída em 1752,
desanexada do Governo da Índia, e com a outorga de um estatuto em 1763.

6
MUDANÇAS OU ALTERAÇÕES NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE
MOÇAMBIQUE DESDE 1975 ATÉ 2018

Conceitos Fundamentais
 Alterações da Constituição

As alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços dos deputados da
Assembleia da República. As alterações da Constituição são inseridas no lugar próprio,
mediante as substituições, as supressões e os aditamentos necessários. A Constituição, no seu
novo texto, é publicada conjuntamente com a Lei de revisão”.

 Constituição

A Constituição é a lei fundamental de um determinado Estado. Pois, aí estão consagrados e


protegidos os direitos e garantias fundamentais do cidadão. Também estão estabelecidas as
regras de organização e funcionamento dos órgãos estatuais bem como princípios
fundamentais válidos nesse Estado.

Proclamação da Independência Nacional

A 25 de junho de 1975 foi proclamada a independência de Moçambique, território colonizado


pelo império português a partir de finais do séc. XV e inícios do séc. XVI. Em 1964, a Frente
de Libertação de Moçambique (FRELIMO) iniciou a luta armada contra o Estado Novo
porque este não reconheceu as pretensões autonomistas e independentistas existentes no
território. A guerra colonial terminaria com o golpe militar de 25 de Abril em Portugal e, no
seguimento dos acordos de Lusaka a 7 de setembro de 1974, teria lugar a passagem de
administração do território de Moçambique para a FRELIMO, em representação do povo
moçambicano, a 25 de junho de 1975. Uma frase por dia “Pão, paz, terra, liberdade,
independência nacional”.

Esta organização, foi fundada em 1962 através da fusão de 3 movimentos constituído no


exilo, nomeadamente, a UDENAMO (União Nacional Democrática de Moçambique), MANU
(Mozambique African National Union) e a UNAMI (União Nacional de Moçambique
Independente).

Dirigida por Eduardo Chivambo Mondlane, a FRELIMO iniciou com a luta de libertação
Nacional a 25 de Setembro de 1964 no posto administrativo de Chai na província de Cabo

7
Delgado. O primeiro presidente da FRELIMO, Eduardo Mondlane, acabaria por morrer
assassinado a 3 de Fevereiro de 1969.

Constituição da República de Moçambique de 1975


Segundo WATY (2011, p: 103) “A Constituição da República Popular de Moçambique
(CRPM75) entrou em vigor aquando da proclamação da independência nacional, a 25 de
Junho de 1975, tendo sido finalizada e definida pelo Comité Central da Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO), em sessão realizada na praia do Tofo, Província de
Inhambane”.

 Acordos De Lusaka

Os Acordos de Lusaka foram assinados no dia 7 de setembro de 1974, em Zâmbia, entre o


Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), movimento
nacionalista que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional, com o objectivo de
conquistar a independência de Moçambique. Nestes acordos o Estado Português reconheceu
formalmente o direito do povo de Moçambique à independência e, em consequência, acordou
com a FRELIMO o princípio da transferência de poderes, ou seja, transferência da soberania
que detinha sobre o território de Moçambique. No âmbito dos mesmos acordos foi igualmente
estabelecido que a independência completa de Moçambique seria solenemente proclamada no
dia 25 de junho de 1975, data que coincidiria, propositadamente, com o aniversário da
fundação da FRELIMO.

Tendo como um dos objectivos fundamentais “a eliminação das estruturas de opressão e


exploração coloniais e a luta contínua contra o colonialismo e o imperialismo”, foi instalado
na República Popular de Moçambique (RPM) o regime político socialista e uma economia
marcadamente intervencionista, onde o Estado procurava evitar a acumulação do poderio
económico e garantir uma melhor redistribuição da riqueza.

Organização Politica da República Popular de Moçambique


O sistema político era caracterizado pela existência de um partido único e a FRELIMO
assumia o papel de dirigente. Eram abundantes as fórmulas ideológicas proclamatórias e
de apelo das massas, compressão acentuada das liberdades públicas em moldes
autoritários, recusa de separação de poderes a nível da organização política e o primado
formal da Assembleia Popular Nacional.

8
De acordo com CRPM, Artigo 3, “A República Popular de Moçambique é orientada pela
linha política definida pela FRELIMO, que é a força dirigente do Estado e da Sociedade. A
FRELIMO traça a orientação política básica do Estado e dirige e supervisa a acção dos órgãos
estatais a fim de assegurar a conformidade da política do Estado com os interesses do povo”.

 Todos os cidadãos da República Popular de Moçambique, maiores de 18 anos, têm o


direito de votar e ser eleitos, com excepção dos legalmente privados deste direito.

O Estado promove a planificação da economia, com vista a garantir o aproveitamento


correcto das riquezas do País e a sua utilização em benefício do povo moçambicano.

A República Popular de Moçambique luta contra a exploração do homem pelo homem, contra
o imperialismo e o colonialismo, pela unidade dos povos e Estados Africanos, na base do
respeito pela liberdade e dignidade destes povos e Estados e do seu direito ao progresso
político, económico e social. A República Popular de Moçambique prossegue uma política de
reforço das relações de amizade e ajuda mútua com os jovens Estados, empenhados no
mesmo combate de consolidação da independência nacional e da democracia e de recuperação
do uso e controlo dos recursos naturais a favor dos seus povos.

Esta Constituição sofreu seis alterações pontuais, designadamente:

 Em 19764, em 1977, em 1978, em 1982, em 1984 e em 1986.


 Destas, merece algum realce a alteração de 1978 que incidiu maioritariamente sobre os
órgãos do Estado (sua organização e competências), retirou o poder de modificar a
Constituição do Comité Central da Frelimo e retirou a competência legislativa do
Conselho de Ministro (uma vez criada a Assembleia Popular que teria estas
competências) e a de 1 986 que fora motivada pela institucionalização das funções do
Presidente da Assembleia Popular e de Primeiro-Ministro, criados pela 5ª Sessão do
Comité Central do Partido Frelimo.

Organização Económica e Social da Republica Popular de Moçambique


De acordo com a CRPM, artigo 35,

1. Os recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águas interiores, no mar


territorial, na plataforma continental e na zona económica exclusiva são propriedade
do Estado.
2. Constituem ainda domínio público do Estado:

9
a) A zona marítima;
b) O espago aéreo;
c) O património arqueológico;
d) As zonas de protecção da natureza;
e) O potencial hidráulico;
f) O potencial energético;
g) Os demais bens como tal classificados por lei.

ORGANIZAÇÕES NACIONAIS

1. Organização da Mulher Moçambicana (OMM)


O primeiro órgão estabelecido dedicado às mulheres em Moçambique foi a Organização da
Mulher Moçambicana (OMM), criada em 1973 durante a luta pela independência. O principal
objectivo da OMM, na altura da sua criação, era simplesmente para atrair mulheres à luta de
libertação, como um braço da FRELIMO (SHELDON, 1990).

No entanto, as mulheres continuaram a desempenhar um papel importante durante a guerra, e


foi criado uma divisão especial para as mulheres fornecendo formação militar a mulheres e
raparigas. No entanto, a realidade das mulheres era frequentemente diferente da realidade dos
homens; o abuso sexual contra as mulheres era comum no exército, e as mulheres eram
frequentemente limitadas em termos de participação na guerra civil, apenas realizando tarefas
domésticas, tais como limpeza, cozinhar e cuidar de crianças e de soldados feridos (MAIL &
GUARDIAN AFRICA).

De acordo com a CRPM, Artigo 122, Mulher:

 O Estado promove, apoia e valoriza o desenvolvimento da mulher e incentiva o seu


papel crescente na sociedade, em todas as esferas da actividade política, económica,
social e cultural do país.
 O Estado reconhece e valoriza a participação da mulher na luta de libertação nacional,
pela defesa da soberania e pela democracia.

A emancipação da mulher constitui uma das tarefas essenciais do Estado. Na República


Popular de Moçambique a mulher é igual ao homem em direitos e deveres, estendendo-se esta
igualdade aos campos político, económico, social e cultural.

10
Na República Popular de Moçambique as mulheres e os homens gozam dos mesmos direitos e
estão sujeitos aos mesmos deveres. Este princípio orienta toda a acção legislativa e executiva
do Estado. O Estado protege o casamento, a família, a maternidade e a infância.

2. Organização da Juventude Moçambicana (OJM)


A juventude desempenhou sempre um papel decisivo na luta de libertação nacional e sobre
ela
recai uma responsabilidade fundamental na construção da sociedade nova. O Estado encoraja
e promove a iniciativa da juventude na reconstrução e defesa do País.

A política do Estado visa, nomeadamente o desenvolvimento harmonioso da personalidade


dos jovens, a promoção do gosto pela livre criação, o sentido de prestação de serviços à
comunidade e a criação de condições para a sua integração na vida activa.

O Estado promove, apoia e encoraja as iniciativas da juventude na consolidação da unidade


nacional, na reconstrução, no desenvolvimento e na defesa do país.

Estado e a sociedade estimulam e apoiam a criação de organizações juvenis para a


prossecução de fins culturais, artísticos, recreativos, desportivos e educacionais.

O Estado, em cooperação com as associações representativas dos pais e encarregados de


educação, as instituições privadas e organizações juvenis, adopta uma política nacional de
juventude capaz de promover e fomentar a formação profissional dos jovens, o acesso ao
primeiro emprego e o seu livre desenvolvimento intelectual e físico.

Constituição da República de Moçambique de 1990

Conquistada a Independência Nacional em 25 de Junho de 1975, devolveram-se ao povo


moçambicano os direitos e as liberdades fundamentais.

A Constituição de 1990 introduziu o Estado de Direito Democrático, alicerçado na separação


e interdependência dos poderes e no pluralismo, lançando os parâmetros estruturais da
modernização, contribuindo de forma decisiva para a instauração de um clima democrático
que levou o país à realização das primeiras eleições multipartidárias.

A Constituição da República de Moçambique de 1990 (CRM90) introduziu alterações


suficientemente profundas, praticamente, em todos os campos da vida do País, para merecer a
designação de 2ª República de Moçambique independente (Assembleia Popular 1990).

11
A presente Constituição reafirma, desenvolve e aprofunda os princípios fundamentais do
Estado moçambicano, consagra o carácter soberano do Estado de Direito Democrático,
baseado no pluralismo de expressão, organização partidária e no respeito e garantia dos
direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.

A ampla participação dos cidadãos na feitura da Lei Fundamental traduz o consenso resultante
da sabedoria de todos no reforço da democracia e da unidade nacional.

Para FRANCISCO, (2010), “Parte das mudanças visou formalizar transformações de ordem
económica, iniciadas a partir 1984, ano em que o Estado Moçambicano aderiu, formalmente,
às Instituições de Bretton Woods, solicitando a ajuda financeira e técnica internacional”.

A revisão constitucional ocorrida em 1990, estas mudanças que já começavam a manifestar-se


na sociedade, principalmente na área económica, a partir de 1984, encontram a sua
concretização formal com a nova Constituição aprovada. Resumidamente, podemos citar
alguns aspectos mais marcantes, como sejam:

 Introdução de um sistema multipartidário na arena política, deixando o partido


Frelimo de ter um papel dirigente e passando a assumir um papel histórico na
conquista da
independência;
 Inserção de regras básicas da democracia representativa e da democracia participativa
e o reconhecimento do papel dos partidos políticos;
 Na área económica, o Estado abandona a sua anterior função basicamente
intervencionista e gestora, para dar lugar a uma função mais reguladora e controladora
(previsão de mecanismos da economia de mercado e pluralismo de sectores de
propriedade);
 Os direitos e garantias individuais são reforçados, aumentando o seu âmbito e
mecanismos de responsabilização;
 Várias mudanças ocorreram nos órgãos do Estado, passam a estar melhor definidas as
funções e competências de cada órgão, a forma como são eleitos ou nomeados;
 Preocupação com a garantia da constitucionalidade e da legalidade e consequente
criação do Conselho Constitucional; entre outras.

Política Externa e Direito Internacional

 Artigo 17, (Relações Internacionais)


12
1. A República de Moçambique estabelece relacções de amizade e cooperação com
outros Estados na base dos princípios de respeito mútuo pela soberania e integridade
territorial, igualdade, não interferência nos assuntos internos e reciprocidade de
benefícios.
2. A República de Moçambique aceita, observa e aplica os princípios da Carta da
Organização das Nações Unidas e da Carta da União Africana.

A CRM de 1990 sofreu três alterações pontuais, designadamente: duas em 1992 e uma em
1996. Destas merece especial realce a alteração de 1996 que surge da necessidade de se
introduzir princípios e disposições sobre o Poder Local no texto da Constituição, verificando-
se desse modo a descentralização do poder através da criação de órgãos locais com
competências e poderes de decisão próprios, entre outras (superação do princípio da unidade
do poder).

Constituição da República de Moçambique de 2004

A Constituição da República de 2004 (CRM2004), diferentemente da CRM90 em relação


CRPM75, não apresenta uma ruptura com o regime constitucional que substituiu. Surgiu com
disposições que supostamente procuraram reforçar e solidificar o regime de Estado de Direito
e democrático trazido em 1990, através de melhores especificações de disposições já
existentes, criação de novas figuras, princípios e direitos e elevação de alguns institutos e
princípios existentes na legislação ordinária à categoria constitucional (Assembleia da
República 2004).

Relativamente à Constituição Económica, em particular, a CRM2004 não só perdeu a


oportunidade de introduzir alterações de fundo com vista a instaurar uma ordem económica
mais consistente com as políticas que visem desenvolver uma economia de mercado, mas
também, no caso específico da política de terra, retrocedeu em relação à CRM90.

 Alterações da OMM

No final da guerra civil em 1992, e com o início da fase de democratização, tendo as


primeiras eleições multipartidárias sido realizadas em 1994, ocorreu uma segunda mudança
de paradigma. O sistema democrático abriu espaço para um debate político sobre os direitos
da Mulher (CONCEIÇÃO, 2010).

13
Desde então, a igualdade do género tem sido mais destacada, tanto na agenda política
nacional como internacional, e em Moçambique a representação da Mulher na política tem
melhorado progressivamente. Na Constituição da República de Moçambique, o princípio da
igualdade do género é estabelecido no Artigo 36, um princípio que também se encontra na Lei
da Família (10/2004), na Lei contra a Violência (2009) e na Lei de Terras (19/97), entre outra
legislação existente.

Esta é a última revisão constitucional ocorrida em Moçambique. Fora aprovada no dia 16 de


Novembro de 2004.

Constituição da República de Moçambique de 2018


Havendo necessidade de rever, pontualmente, a Constituição da República para ajustá-la ao
processo de consolidação da reforma democrática do Estado, ao aprofundamento da
democracia participativa e a garantia da paz, reiterando o respeito aos valores e princípios da
soberania e da unicidade do Estado.

Definição da Descentralização
A Descentralização ocorre quando outras pessoas jurídicas desempenham algumas atribuições
e obrigações típicas do Estado, o que se dá indirectamente e não directamente se
concretizando quando o Estado delega as suas actividades e obrigações a terceiros. Assim, a
descentralização pressupõe duas pessoas distintas, o Estado e a pessoa que executará a
obrigação, o serviço, por ter recebido do primeiro tal atribuição e, em nome deste, executará,
porém, sob o controle e fiscalização do próprio Estado.”

A Descentralização importa concluir a existência de correlação entre a obrigação de certa


actividade directa do Estado e o exercício de tal actividade executada por terceiro, isto é,
executada de modo indireto por este, e tão-somente, controlada e fiscalizada por aquele. Neste
aspecto, o exercício deste tipo de actividade conduz à noção de administração descentralizada.
A Descentralização tem como objectivos organizar a participação dos cidadãos na solução dos
problemas próprios da sua comunidade e promover o desenvolvimento local, o
aprofundamento e a consolidação da democracia, no quadro da unidade do Estado
Moçambicano. A descentralização apoia-se na iniciativa e na capacidade das populações e
actua em estreita colaboração com as organizações de participação dos cidadãos.

14
Descentralização territorial ou geografia é o que se verifica quando uma entidade local,
geograficamente delimitada, é dotada de personalidade jurídica própria, de direito público,
com capacidade administrativa genérica, PIETRO, (2008, p. 381).

 Desconcentração

Segundo MELLO, (2004, p: 203), “Diferente da Descentralização é o fenômeno denominado,


pela doutrina, desconcentração. O Estado, como também, outras pessoas de Direito Público,
que crie, têm de repartir, no interior deles mesmos, os encargos de sua alçada entre diferentes
unidades internas, constituindo, cada qual, um núcleo com parcela de atribuições para decidir
os assuntos que lhe são afectos. Estas unidades são o que denominamos órgãos e se
constituem por um conjunto de competência”.

A Desconcentração ocorre dentro da estrutura de uma mesma pessoa jurídica. É uma mera
técnica administrativa de distribuição interna de competências. Distribui-se competências no
âmbito da própria estrutura da pessoa política ou entidade administrativa indireta a fim de
tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços. Como resultado, surgem os órgãos
públicos.

A Desconcentração é o inverso da centralização. É a realocação interna de competências de


um órgão central (União, Estado-membro, Distrito, Município) para órgãos e unidades da
mesma pessoa jurídica. Trata-se de mera técnica administrativa de distribuição interna de
funções, para a melhoria da execução dos serviços, tanto da Administração Directa como da
Indireta.

Descentralização e Desconcentração são conceitos claramente distintos. A descentralização


pressupõe pessoas jurídicas diversas: aquela que originariamente tem ou teria titulação sobre
certa atividade e aqueloutra ou aqueloutras às quais foi atribuído o desempenho das atividades
em causa.

A desconcentração está sempre referida a uma só pessoa, pois cogita-se da distribuição de


competências na intimidade dela, mantendo-se, pois, o liame unificador da hierarquia. Pela
descentralização rompe-se uma unidade personalizada e não há vínculo hierárquico entre a
Administração Central e a pessoa estatal descentralizada. Assim a segunda não é subordinada
à primeira. O que passa a existir, na relação entre ambas, é um poder chamado controle.”

15
Conclusão
A Constituição é a lei fundamental de um determinado Estado. Pois, aí estão consagrados e
protegidos os direitos e garantias fundamentais do cidadão. Também estão estabelecidas as
regras de organização e funcionamento dos órgãos estatuais bem como princípios
fundamentais válidos nesse Estado. A Constituição da República de Moçambique é o
documento que estabelece a forma de organização e funcionamento do Estado bem como
reconhece os direitos, deveres e liberdades fundamentais dos cidadãos. A Constituição é a lei
fundamental do Estado e serve como base de todas as leis que existem em Moçambique. A
primeira Constituição de Moçambique entrou em vigor em simultâneo com a proclamação da
independência nacional em 25 de Junho de 1975. Nesta altura, a competência para proceder a
revisão constitucional fora atribuída ao Comité Central da Frelimo até a criação da
Assembleia com poderes constituintes, que ocorreu em 1978. Considerando a importância da
constituição como a “lei-mãe” do Estado moçambicano, e daí a necessidade do se
conhecimento pelos cidadãos.

16
Referências Bibliográficas
Assembleia da República. Constituição, assinada. em 16 de Novembro de 2004. BR no 051,
I Série, de 22 de Dezembro de 2004, pág. 543 a 573, Moçambique (2004).

BACELAR, Gouveia Jorge, As Constituições dos Estados de Língua Portuguesa, 4ª ed.,


Coimbra, 2014.

CARRILHO, José Norberto, Moçambique -o nascer da segunda República, Alguns aspectos


da Constituição, Maputo, 1991.

Constituição da República de Moçambique: Princípios e direitos fundamentais.

MELLO, Celso Antônio B. Curso de Direito Administrativo. 25ª. ed. São Paulo: Malheiros,
2007.

MELLO, Celso Antônio B. Curso de Direito Administrativo. 25ª. ed. São Paulo: Malheiros,
2007.

CONCEIÇÃO, da Íris and José Reich Quenane, Representação Política das Mulheres no
Parlamento Moçambicano Análise sobre o Acesso e Exercício do Poder Legislativo,
Maputo, 2013.

17
18

Você também pode gostar