Cs - Difusos e Coletivos 2020
Cs - Difusos e Coletivos 2020
Cs - Difusos e Coletivos 2020
Caderno Sistematizado
Difusos e Coletivos
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DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS – PROCESSO COLETIVO
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 8
TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO ................................................................................... 9
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................... 9
1.1. ORIGEM ................................................................................................................................ 9
1.2. CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................................ 9
1.2.1. Direito Processual Coletivo ............................................................................................ 9
1.2.2. Ação coletiva .................................................................................................................. 9
1.2.3. Tutela jurisdicional coletiva ............................................................................................ 9
1.3. TUTELA DE DIREITOS COLETIVOS x TUTELA COLETIVA DE DIREITOS ..................... 9
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICO-METODOLÓGICA ........................................................................... 10
2.1. GERAÇÕES/DIMENSÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................... 10
2.1.1. Direitos de 1ª Dimensão: liberdade ............................................................................. 11
2.1.2. Direitos de 2ª dimensão: igualdade ............................................................................. 11
2.1.3. Direitos de 3ª Dimensão: fraternidade ou solidariedade ............................................. 12
2.1.4. Direitos de 4ª Geração ................................................................................................. 12
2.2. FASES METODOLÓGICAS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL ..................................... 12
2.2.1. 1ª momento: Sincretismo, civilismo ou privatismo ...................................................... 13
2.2.2. 2º momento: Autonomismo ou conceitual (de 1868 até hoje) .................................... 13
2.2.3. 3º momento: Instrumentalismo. ................................................................................... 13
2.3. PROCESSO INDIVIDUAL X PROCESSO COLETIVO ...................................................... 15
2.4. ANTECEDENTES HISTÓRICOS ....................................................................................... 15
2.5. ORIGEM DO PROCESSO COLETIVO BRASILEIRO ....................................................... 16
3. NATUREZA DOS DIREITOS METAINDIVIDUAIS .................................................................... 17
4. CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO COLETIVO ....................................................................... 18
4.1. QUANTO AO SUJEITO: ATIVO E PASSIVO ..................................................................... 18
4.1.1. Processo coletivo ATIVO ............................................................................................. 18
4.1.2. Processo coletivo PASSIVO ........................................................................................ 18
4.1.3. Processo Coletivo ATIVO e PASSIVO ........................................................................ 21
4.2. QUANTO AO OBJETO: ESPECIAL OU COMUM.............................................................. 21
4.2.1. Processo coletivo ESPECIAL ...................................................................................... 21
4.2.2. Processo coletivo Comum ........................................................................................... 21
4.3. OUTRA CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................. 22
4.3.1. Ações Pseudocoletivas ................................................................................................ 22
5. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DE DIREITO PROCESSUAL COLETIVO ...................................... 22
5.1. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE MITIGADA DA AÇÃO COLETIVA ........................ 23
5.2. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO COLETIVA ................................. 25
5.3. PRINCÍPIO DO INTERESSE JURISDICIONAL DO CONHECIMENTO DO MÉRITO...... 26
5.4. PRINCÍPIO DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO ............................................................. 27
5.5. PRINCÍPIO DO MÁXIMO BENEFÍCIO DA TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA .......... 27
5.6. PRINCÍPIO DO ATIVISMO JUDICIAL OU DA MÁXIMA EFETIVIDADE PROCESSO ..... 27
5.6.1. Poderes instrutórios mais acentuados ........................................................................ 28
5.6.2. Flexibilização das regras procedimentais ................................................................... 28
5.6.3. Comunicação para o ajuizamento ............................................................................... 28
5.6.4. Controle das políticas públicas .................................................................................... 29
5.7. PRINCÍPIO DA MÁXIMA AMPLITUDE/ATIPICIDADE/NÃO TAXATIVIDADE DO
PROCESSO COLETIVO ................................................................................................................ 30
5.8. PRINCÍPIO DA AMPLA DIVULGAÇÃO DA DEMANDA COLETIVA ................................. 32
5.9. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA ADEQUADA ................................................................... 33
5.10. PRINCÍPIO DA INTEGRATIVIDADE DO MICROSSISTEMA PROCESSUAL
COLETIVO (APLICAÇÃO INTEGRADA DAS LEIS PROCESSUAIS COLETIVAS). ................... 33
5.11. PRINCÍPIO DA ADEQUADA REPRESENTAÇÃO OU DO CONTROLE JUDICIAL DA
LEGITIMAÇÃO COLETIVA ............................................................................................................ 36
5.11.1. Introdução................................................................................................................. 36
5.11.2. Posições adotadas no Brasil .................................................................................... 37
5.11.3. Critério doutrinários/jurisprudenciais para o controle judicial .................................. 37
5.11.4. Natureza jurídica do controle judicial na representação ......................................... 38
6. OBJETO DO PROCESSO COLETIVO ...................................................................................... 39
6.1. DIREITOS/INTERESSES METAINDIVIDUAIS NATURALMENTE COLETIVOS ............. 40
6.2. DIREITOS METAINDIVIDUAIS ACIDENTALMENTE COLETIVOS (INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS) ............................................................................................................................ 41
6.3. GRÁFICOS: DIFUSOS x COLETIVOS x INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS ......................... 42
6.4. OBSERVAÇÕES FINAIS RELACIONADAS AO OBJETO DO PROCESSO COLETIVO 43
AÇÃO CIVIL PÚBLICA ...................................................................................................................... 45
1. GENERALIDADES ..................................................................................................................... 45
1.1. PREVISÃO LEGAL/SUMULAR .......................................................................................... 45
1.1.1. Histórico legal............................................................................................................... 45
1.1.2. Previsão sumular ......................................................................................................... 46
2. DISTINÇÕES .............................................................................................................................. 46
2.1. AÇÃO CIVIL PÚBLICA X AÇÃO COLETIVA ...................................................................... 46
2.2. AÇÃO CIVIL PÚBLICA X AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .............. 46
2.3. AÇÃO CIVIL PÚBLICA X AÇÃO POPULAR ...................................................................... 47
3. OBJETO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA ......................................................................................... 48
3.1. ESPÉCIES DE OBJETOS .................................................................................................. 48
3.1.1. Meio-ambiente ............................................................................................................. 48
3.1.2. Consumidor .................................................................................................................. 49
3.1.3. Bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico ............. 49
3.1.4. Qualquer outro interesse difuso ou coletivo ................................................................ 50
3.1.5. Ordem econômica ........................................................................................................ 50
3.1.6. Urbanística ................................................................................................................... 50
3.1.7. Honra, dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.......................................... 50
O Caderno de Difusos e Coletivos possui como base as aulas do Prof. Fernando Gajardoni
e Prof. Landolfo de Andrade, o caderno foi complementado com doutrina (Daniel Assumpção,
Processo Coletivo – 2017 e Cleber Masson, Landolfo de Andrade – Interesses Difusos e Coletivos
Esquematizado - 2018).
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas +
doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir
que você faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É
muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
1.1. ORIGEM
Por outro lado, outros interesses começaram a aparecer e não eram tutelados pelo
processo civil, tais como uma preocupação com o meio ambiente, direitos de grupos vulneráveis
(consumidor, por exemplo).
Consiste na demanda pela qual se afirma a existência de uma de uma situação jurídica
coletiva ou passiva, iniciando, portanto, um processo coletivo.
Obs.: Ação coletiva é gênero do qual são espécies os instrumentos processuais coletivos, a
exemplo da ação civil pública, da ação popular, do mandado de segurança coletivo, do habeas
data coletivo etc.
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICO-METODOLÓGICA
Inicialmente, é necessária uma análise do surgimento do direito material coletivo, feita com
base nas gerações/dimensões de direitos fundamentais.
Obs.: Há autores que preferem utilizar a expressão “dimensões”, tendo em vista que a expressão
“gerações” pode conferir a falsa ideia de substituição, desaparecimento da anterior. Em verdade,
as dimensões/gerações coexistem, o surgimento de um não exclui a outra.
Aqui, analisaremos:
Antes de analisarmos cada uma das dimensões, com o intuito de facilitar a compreensão
do tema, observe a tabela retirada do Livro Interesses Difusos e Coletivos:
O fator histórico que originou a primeira dimensão foram as Revoluções Liberais (francesa
e americana), no Século XVIII, as quais confortaram a ideia de controle do Estado Absolutista. Em
razão disso, surge o movimento do Liberalismo (Estado Liberal).
• Pela Teoria dos Quatro Status (Jellinek), trata-se dos ‘DIREITOS DE DEFESA’
(status negativus ou status libertatis), indica a liberdade do indivíduo em
relação ao Estado.
Não se trata de igualdade FORMAL (tratamento igualitário da lei para com todos), que já
havia sido consagrada nas revoluções liberais. A igualdade aqui é a material, ou seja, atuação do
Estado para igualar os cidadãos, dada a crescente desigualdade social existente à época. O
Estado liberal passa a ser social, em razão da necessidade de intervenção nas relações
particulares e sociais.
Obs.: O primeiro direito social a ser reconhecido em uma constituição foi o do trabalho (francesa);
posteriormente, os direitos sociais e econômicos chegaram à constituição do México (1917) e à
Constituição Alemã (de Weimar – 1919); a CF de 1934 foi a primeira a contemplar.
Mesmo com as duas gerações, percebeu-se que não havia suficiente proteção do homem.
Isso porque se constatou que existiam direitos que não são individuais, mas são de grupos, e que
igualmente reclamavam proteção, uma vez que a ofensa a eles acabaria por inviabilizar o
exercício dos direitos individuais já garantidos anteriormente.
Desta forma, não adianta cada indivíduo ter seus direitos protegidos, pois existem direitos
coletivos que, se forem violados, acarretam a inviabilização de todos os demais direitos.
Segundo Cleber Masson, não há consenso. Bobbio, por exemplo, aposta que ela é
composta pelo direito à integridade do patrimônio genético perante as ameaças do
desenvolvimento da biotecnologia. Bonavides, por sua vez, entende ser, principalmente, o direito
à democracia, somado aos direitos à informação e ao pluralismo.
Direitos humanos de quinta dimensão: Bonavides defende que o direito à paz deveria ser
deslocado da terceira para uma quinta dimensão.
• 3º momento: Instrumentalismo.
Essa fase começou a ser percebida no Direito Romano, durando até meados de 1868.
Nessa fase, o processo não era considerado uma ciência autônoma, ou seja, o direito de ação se
confundia com o direito material.
Como o direito de ação decorria diretamente da violação do direito material, para cada
violação de direito material violado haveria, diretamente, uma ação dele decorrente e apta para
resguardá-lo. Não provada a violação, inexistia o direito de ação.
As regras processuais eram previstas nos códigos de direito material (exemplo: CC/16).
Houve a separação das relações materiais (entre dois indivíduos - bilaterais) das relações
processuais (indivíduo - Estado - indivíduo - relação trilateral). Portanto, o direito de ação passou a
ser autônomo em relação ao direito material.
Sofreu críticas, pois houve por parte dos estudiosos, um exagerado apego a necessidade
de se conceituar e sistematizar todos os possíveis e imagináveis institutos e princípios, o que
levou a um exagerado culto à forma em detrimento do objetivo maior do processo, afastando-se
exageradamente do direito material e de sua função de efetivar as pretensões dos jurisdicionados.
Parte-se da premissa de que não basta um processo eminentemente técnico e com primor
científico, plenamente apto a agradar seus operadores e estudiosos, roga-se por um processo
eficaz e célere, apto a solucionar as crises do direito material e benévolo aos que dele necessitam
diuturnamente como seus destinatários (os jurisdicionados).
Didier afirma que o processo e o direito material estão em uma relação circular, ou seja, o
direito material serve ao processo, assim como o processo serve ao direito material.
Essa fase começou com a obra denominada ‘Acesso à Justiça’ de autoria de Brian Garth
e Mauro Cappelletti. Segundo os referidos autores, para possibilitar a efetividade do processo e
2) Efetividade do processo: o processo deve ser de resultados, menos técnico e mais efetivo.
Ainda está em andamento, mas ganhou grande destaque com o CPC/15.
3.2) Existem bens cuja tutela individual é inviável do ponto de vista econômico,
sendo necessário, no caso, que se permita a determinados entes ou órgãos tutelar
esses direitos (legitimação extraordinária). São os casos em que, por exemplo, o
indivíduo é prejudicado pela quantidade a menos na embalagem, pela cobrança de
centavos. Para evitar o sentimento social de que a lei não funciona, esses direitos,
de pequena monta, precisam ser tutelados. Por isso, elegem-se os legitimados.
3.3) Existem bens ou direitos cuja tutela coletiva seja recomendável do ponto de vista
da facilidade do sistema (veja que esta não está preocupada com o jurisdicionado
e sim com o judiciário). Potencializa a solução do problema. São os casos de ações
repetitivas. Por exemplo, cobrança de assinatura mensal de planos de telefonia.
Há, aqui, inúmeras vantagens, tais como: economia processual (uma sentença irá
atingir várias pessoas) e uniformidade de entendimentos
Até então, o Processo Civil clássico era incapaz de tutelar essas três situações.
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros.
O processo coletivo, pela sua essência é altruísta, pois objetiva a beneficiar mais de um
indivíduo. Em antagonismo ao processo individual, que é egoísta, na medida em que só atinge as
partes nele presentes.
Para melhor compreensão, utilizamos o quadro comparativo feito pelo Prof. Gajardoni em
sua aula, vejamos:
Destinatários da indenização:
Destinatários da indenização: vítima ou
• Se divisível, vítima ou sucessores
sucessores
• Se indivisível, fundo (art. 13 da LACP)
Sem intervenção nas políticas públicas, como Com intervenção nas políticas públicas, como
regra regra (significado social)
FASE ANTIGA
FASE MODERNA
FASE PÓS-MODERNA
b) Globalização e do multiculturalismo.
o 1965 – Ação Popular (Lei 4.717/1965): o objeto desta ação é bem restrito
(patrimônio público, meio ambiente, patrimônio historio e cultural, moralidade),
tutela apenas direitos difusos;
o 1985 – Lei de Ação Civil Pública (Lei 7.347/1985): no início, não tutelava os direitos
individuais homogêneos;
CF/88, CDC (potencializou o processo coletivo: Medidas Provisórias, que tinham o fito de
veio principalmente para defender a situação limitar a tutela coletiva.
da proteção que era economicamente inviável
individualmente e aquela com interesse no
sistema – ver acima), ECA, Estatuto do Idoso,
Estatuto da Cidade
Houve uma tentativa de elaborar um Código Brasileiro de Processo Coletivo, por meio de
dois grandes projetos: USP (Ada) e da UERJ/UNESA (Aluísio Castro Mendes).
Em 2008, o Ministério da Justiça nomeou uma comissão de juristas (além dos dois acima,
entre outros o professor) que resolveu não levar adiante a ideia dos Códigos de Processo Coletivo
(dada a lentidão do parlamento em aprovar Códigos). A opção foi elaboração de uma Nova Lei de
Ação Pública (PL 5139/09), que, a rigor, funcionaria como um Código de Processo Coletivo (Como
hoje funciona o LACP + CDC + Microssistemas de processo coletivo). Esse projeto entrou no
pacote do pacto republicano, com expectativa que fosse votado no primeiro semestre de 2010,
mas até agora nada.
Professor salienta que não há perspectiva de que seja votado, pois envolve o MP, e,
sempre que isso ocorre, tudo fica mais dificultoso.
Estado X
Estado
PÚBLICO
Estado X
DIREITO Indivíduo
Indivíduo X
PRIVADO
Indivíduo
Não se pode negar a carga de interesse social que permeia esses direitos, exatamente por
serem direitos de titularidade de várias pessoas. Nesse ponto, os direitos metaindividuais se
aproximam do Direito Público. Entretanto, esses direitos não são necessariamente
afetos/relacionados ao poder público. Exemplo: Uma entidade particular ingressa com ação
pleiteando que uma indústria pare de poluir o meio-ambiente.
No entanto, alguns autores (Hugo, Assagra, Mancuso, Nery) têm proposto uma nova
‘summa divisio’ (divisão de ramos): Direito Individual (público/privado) e Direito Coletivo ou
Metaindividual.
O processo coletivo é de interesse público primário, isto é confirmado pelo fato de que a
maioria dos processos coletivos tem como sujeito passivo o Estado. É um processo de interesse
social, por isso, muitas vezes, é utilizado contra o Estado.
Masson:
- Interesse público primário (propriamente dito): interesse geral da sociedade, o bem comum da
coletividade. Sinônimo de interesse geral, de interesse social.
A principal característica do interesse público é certa unanimidade social (= consenso coletivo), uma
conflituosidade mínima. Em outras palavras, o insigne jurista observa que, no plano supraindividual
(coletivo), não se verifica, manifestações contrárias aos valores e bens ligados ao interesse público, o que
exclui a possibilidade de que, no plano individual, até mesmo judicialmente, alguém se insurja contra uma
aplicação concreta daquele interesse.
O interesse público secundário não deve chocar-se com o interesse público primário, devendo atuar como
instrumento para sua consecução.
- Também se denomina interesse público aquele que limita a disponibilidade de certos interesses que, de
forma direta, dizem respeito a particulares, mas que, indiretamente, interessa à sociedade proteger, de
modo que o direito objetivo acaba por restringir, como, por exemplo, em diversas normas de proteção do
incapaz.
Segundo Fredie Didier, a ação coletiva passiva ocorre quando um agrupamento humano
for colocado como sujeito passivo de uma relação jurídica afirmada na petição inicial.
2ªC (Ada, Gajardoni): Existe sim, e a sua existência decorre do sistema processual
brasileiro, a partir de uma interpretação sistêmica. É posição majoritária na doutrina.
A prática tem demonstrado que há situações em que a coletividade deve ser acionada. Por
exemplo, imagine uma ação coletiva que visa impedir greve de metroviários, em que o MP ajuíza
Além disso, o art. 107 do CDC contempla a chamada convenção coletiva de consumo,
caso a convenção coletiva firmada as classes não seja observada, de seu descumprimento se
originará uma lide coletiva, que só poderá ser solucionada em juízo pela colocação dos
representantes das categorias frente a frente, em ambos os polos da demanda.
Argumentam, ainda, que o sistema ope legis, em que a lei escolhe o adequado
representante passivo de uma determinada coletividade, deveria ser temperado com o sistema
ope judicis, em que o juiz também pode decidir, a luz do caso concreto, sobre a aptidão daquela
entidade que se apresenta em juízo.
Por fim, não havendo representante adequado (análise do caso concreto, não há como ser
predeterminado), não será cabível.
Atenção! Admitindo-se a ação coletiva passiva, a decisão do processo irá atingir todos os
indivíduos, mesmo os que não fazem parte da associação ou do sindicato que atua como
representante da coletividade demanda.
Alguns autores sustentam que os arts. 554 e 565, §2º, do CPC/2015 seriam exemplos de
ações coletivas passivas, pois determinam a intimação do MP e da DP, atuariam como porta-voz
da comunidade demandada.
Alguns exemplos podem ser úteis à compreensão do tema. Os litígios trabalhistas coletivos
são objetos de processos duplamente coletivos. Em cada um dos polos, conduzidos pelos
sindicatos das categorias profissionais (empregador e empregado), discutem-se situações
jurídicas coletivas. No direito brasileiro, inclusive, podem ser considerados como os primeiros
exemplos de ação coletiva passiva.
Processo das ações de controle abstrato de constitucionalidade (ADI, ADC, ADO, ADPF).
Todas as ações para tutela dos interesses e direitos metaindividuais não relacionadas ao
controle abstrato de constitucionalidade.
Exemplos:
São ações diferentes. A ação de improbidade tem caráter sancionatório. A ACP tem
caráter apenas reparatório. Assim o objeto, a legitimidade e a coisa julgada são diferentes.
4) Ação popular;
5) MS coletivo;
6) MI coletivo.
São ações ajuizadas com o rótulo de ações coletivas, mas que, na verdade, não são
coletivas. São pseudocoletivas, ou seja, falsamente coletivas.
Trata-se da ação que é proposta pelo ente legitimado em lei (legitimado extraordinário),
mas que formula pedido certo e específico em prol de determinados indivíduos, que são
substituídos processualmente. Há, na verdade, uma pluralidade de pretensões reunidas em uma
mesma demanda. Exemplo comum é o de ação proposta por um ente associativo, deduzindo
pretensão em prol de seus associados. Como se vê, nas ações pseudocoletivas o grande
problema é o prejuízo que a demanda pode trazer ao contraditório e ao direito de defesa. Por isso,
a constatação desse prejuízo deve levar à inadmissibilidade da ação.
O princípio é vetor legislativo, porque faz com que o legislador tenha que criar normas a
eles aderentes. De igual modo, o princípio é também vetor interpretativo - o que significa dizer
que as normas-regras devem ser interpretadas de modo a potencializar o seu alcance.
1) Princípio da indisponibilidade mitigada da ação coletiva (LACP, art. 5º, §3º; LAP, art.
9º);
Encontra previsão no art. 5º, §3º da Lei de Ação Civil Pública e no art. 9º da Lei de Ação
Popular.
De acordo com este princípio, o objeto da ação coletiva pertence à coletividade não ao
ente legitimado. Por isso, não se admite desistência ou abandono imotivados da ação coletiva. Se
houver, não implicará extinção do processo, mas sim sucessão processual.
OBS: Se a desistência for motivada e fundada, é possível que o juiz extinga o processo,
verificando a pertinência das alegações. Por isso, diz que a indisponibilidade é MITIGADA. Por
exemplo, ACP ambiental, na metade do processo repara-se integramente o dano, o MP pode
desistir do processo e acompanhar extrajudicialmente.
Destaca-se que caso o Ministério Público desista infundadamente caberá controle que será
feito pelo Órgão Superior do Ministério Público. Há na doutrina divergência acerca de qual ente
será o responsável, vejamos:
1ªC (Hugo Mazzilli): por analogia ao art. 9º da LACP, o controle deverá ser feito pelo
Conselho Superior do Ministério Público. Prevalece.
2ªC (Nelson Nery Jr.): o controle deverá ser feito pela chefia do Ministério Público (PGJ ou
PGR).
Por fim, salienta-se que, de acordo com a jurisprudência do STJ, o MP possui o dever de
assumir a titularidade da ação em caso de desistência.
Previsto no art. 16 da Lei de Ação Popular e no art. 15 da Lei de Ação Civil Pública.
Vejamos:
Perceber que na Lei de Ação Popular a sentença de segunda instância deve ser executada
desde a sua publicação. Na Lei da Ação Civil Pública é desde o trânsito em julgado, o que
parece ser mais correto, de acordo com a doutrina.
Estes artigos aplicam-se aos direitos difusos e coletivos. Em relação aos direitos
individuais homogêneos, aplica-se a regra própria prevista no art. 100 do CDC.
Significa que o magistrado deve evitar, de todas as formas, a extinção do processo sem
apreciação do mérito. Deve fazer valer sempre o conteúdo em detrimento da forma, tendo em
vista que uma decisão sem mérito é o fracasso do Estado-juiz que toma proporções ainda maiores
em se tratando de questões do interesse coletivo.
Por esse princípio, o processo coletivo tem preferência sobre o processo individual, salvo os
casos de exceções legais (HC, MS, HD), tendo em vista que por meio do processo coletivo,
resolve-se um grande número de situações não tuteláveis por processos individuais.
CDC Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará
coisa julgada:
§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o
art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985 (LACP), não prejudicarão as
ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas
individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o
pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à
liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal
condenatória.
Quando a decisão do processo coletivo for de procedência, diz-se que ocorre o fenômeno
do transporte ‘in utilibus’ da coisa julgada coletiva. É a possibilidade de o autor individual se
utilizar da coisa julgada coletiva para proceder à liquidação e execução.
De acordo com Gajardoni, o referido princípio é o “câncer” do Judiciário, pois nada impede
que os inúmeros indivíduos, que não foram tutelados pela improcedência da ação coletiva,
ajuízem ações individuais.
ATENÇÃO (EXCEÇÃO)! art. 94 CDC. Quando o indivíduo entra como litisconsorte na ação
coletiva será parte do processo. Sendo parte, a coisa julgada ‘pega’, seja procedente ou
improcedente.
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que
os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte
dos órgãos de defesa do consumidor.
• Flexibilização das regras procedimentais (condução), nos termos do art. 139, VI do CPC;
Ainda que haja omissão probatória da parte, deve o juiz suprir essa lacuna, na busca da
verdade real.
Outra regra, que deixa claro esse caráter inquisitivo da ação coletiva, é o art. 7º da LACP:
O juiz pode alterar a ordem de atos processuais, bem como malear os prazos.
Imagine, por exemplo, que o juiz verifica a falta de litisconsorte necessário (ilegitimidade de
parte), não extingue o processo, mas altera a ordem dos atos (engata uma ‘marcha ré’), de forma
a permitir a presença do litisconsorte. Tudo isso com a finalidade de tutelar o interesse coletivo e
evitar o julgamento sem análise de mérito.
Igualmente, podemos citar, que no CPC as partes têm prazo de 15 dias para se manifestar
sobre perícia. Na tutela coletiva, o juiz pode tranquilamente dilatar esse prazo.
Tudo isso com a finalidade de tutelar adequadamente o direito coletivo. Obviamente, sempre
respeitando o contraditório e todos os princípios do devido processo legal.
Entende-se por política pública o método de consecução dos fins do Estado. Em regra,
encontra-se previstas na Constituição, a exemplo da saúde, da educação.
O judiciário, cada vez mais, faz opções que deveriam ser feitas pela Administração
Pública. E o principal palco para esse ativismo são as Ações Civis Públicas. O judiciário
somente pode intervir nas políticas públicas para implementar diretos e promessas fundamentais
esculpidas na CF (saúde, por exemplo).
O STJ e o STF entendem que, devido ao aumento dos poderes do juiz no processo
coletivo, lhe é dado intervir na discricionariedade administrativa, desde que para analisar a
legalidade dos atos, bem como a razoabilidade e a proporcionalidade. Tal controle é possível, pois
há implementação de direitos fundamentais previstos na CF. Quando o Judiciário faz uma
determinação para que o Estado implemente uma política pública, o faz, não por vontade própria,
mas sim porque a CF já fez essa opção. Porém, o administrador não cumpriu.
O controle judicial excepcional não viola a discricionariedade administrativa, eis que toda
política pública, estabelecida constitucionalmente, trata-se de uma atividade vinculada.
• Município não tem condição de construir creche, mas deve realizar um convênio com
alguma creche particular para atender a política pública de educação, prevista na CF.
Destaca-se que a implementação das políticas públicas deve ser feita por meio de ações
coletivas e não ações individuais, sob pena de ao conceder para um se retirar os poucos recursos
para dos demais.
Determinadas políticas públicas podem ser implementadas por sentença, não dependem
de acompanhamento ou de alguma providência para mudar/moldar a forma como a Administração
Pública conduz o problema. Por exemplo, ajuíza-se uma ACP para que o Poder Público forneça
fitas de glicemia a determinado grupo de diabéticos, a decisão que determinada o fornecimento
implementa a política pública.
Desta forma, pode-se conceituar a Ação Coletiva Estruturante como aquela em que a
solução dependerá da própria remodelação da forma de administrar do Poder Público. Perceba
que não haverá apenas uma única decisão, será necessária outras decisões, no curso do
processo, aptas a remodelar a estrutura pública, inclusive, com o acompanhamento da execução.
Por exemplo, o MP ajuíza uma ACP visando a demissão de funcionários, sem concurso público,
de um hospital. Não será possível demitir todos de uma vez, será preciso realizar o concurso, para
isso recursos precisam ser alocados.
• As decisões não estão sujeitas à preclusão, ou seja, permite-se que o juiz reveja e altere o
seu entendimento;
Podemos, por exemplo, ter uma ação monitória coletiva quando o objeto for um direito
difuso. Igualmente, podemos ter uma ação de reintegração de posse para defesa do meio
ambiente.
O rol de ações coletivas NÃO é taxativo (CDC, art. 83). O art. 212 do ECA e o art. 82 do
Estatuto do Idoso trazem a mesma previsão.
CDC Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este
código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar
sua adequada e efetiva tutela.
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, são
admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Código de
Processo Civil.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público, que lesem
direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se
regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são
admissíveis todas as espécies de ação pertinentes.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de Poder Público, que
lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental,
que se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
Previsto no art. 94 e no art. 104 do CDC, possui origem na “fair notice” do direito
americano.
CDC Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim
de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes,
sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por
parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Quando se ajuíza uma ação coletiva, ela pode afetar o interesse de indeterminadas
pessoas. É, por isso, que a demanda deve ser amplamente divulgada, vale dizer, para que todos
interessados tomem conhecimento e, querendo, ingressem como litisconsortes (assistente
litisconsorcial) ou saiam da ‘incidência’ daquela ação (“right to opt out”).
LAP
(4.717/65)
ESTATUTO
DA PESSOA
ECA
COM
DEFICIÊNCIA
CPC
LIA MS
(8.429/92) COLETIVO
O CDC (art. 90) dispõe que se aplica a ele tudo que se aplica à LACP.
A LACP (art. 21), por sua vez, prevê que se aplica a ela tudo que se aplica ao CDC.
Por exemplo, aplica-se a inversão do ônus da prova (regra do CDC) em uma ACP sobre
dano ambiental.
Entretanto, além do núcleo central, cada um dos outros temas é tratado por Lei Específica
(LIA, Estatuto da Cidade, Idoso, Deficiente, Ação popular, ECA, 6938/81 – meio ambiente–, etc.).
Pelo princípio em análise, todas as normas paralelas devem se comunicar com o núcleo. Como se
não bastasse, as normas paralelas também se comunicam entre si, formando um total diálogo das
fontes. Na falta de norma da lei específica, busca-se no núcleo. Se não há norma aplicável no
núcleo, busca-se nas demais leis que formam o microssistema.
O CPC só é aplicável residualmente, vale dizer, quando não existe norma aplicável em
nenhuma lei do microssistema processual coletivo (exemplo: nenhuma fala de prazo de apelação,
vamos então ao CPC, 15 dias).
a) Inversão do ônus da prova do art. 6º, VIII CDC aplica-se para qualquer ação coletiva
(STJ).
b) Reexame necessário, está previsto na Lei de Ação Popular. A Lei de Ação Civil Pública
não traz nenhum dispositivo sobre.
O que deve ser feito? Primeiro procura-se no CDC, não há previsão. Então, procura-se
nas demais normas que compõem o microssistema. Constata-se que o art. 19 da Lei
de Ação Popular prevê a aplicação da regra do reexame.
Portanto, quando for julgada improcedente a ação civil pública, nos termos da Lei de
Ação Popular, será possível a aplicação do reexame necessário “invertido”.
Lei de Ação Popular - Art. 19. A sentença que concluir pela CARÊNCIA ou
pela IMPROCEDÊNCIA da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição,
não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que
julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.
A lei de ação popular estabelece que a ação popular deverá ser interposta contra
diversas pessoas, inclusive contra a Fazenda. Esta, contudo, é vítima. Desta forma,
poderá escolher o polo que irá figurar, tornando-se autora ou continuando como réu.
Como na ACP não há previsão acercado assunto, o STJ entende que o polo passivo
demandado poderá escolher o polo, nos termos no art. 6º, §3º da LAP.
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei
podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em
comissão ou de função de confiança;
Obs.: A 3ªTurma do STJ (Resp 1.736.091-PE) possui entendimento diverso, afirmando que o que
define o prazo prescricional é o direito material em debate e não a forma como se pede esse
direito material.
5.11.1. Introdução
A grande polêmica surge quando se indaga: além do controle legislativo também há controle
judicial da adequada representação, permitindo ao juiz, na análise do caso concreto, considerar o
autor incapaz de prosseguir na demanda.
* Um dos requisitos para a admissibilidade é a existência entre os interessados que se pretende tutelar, de
uma comunhão de questões de fato e de direito. Qualquer representante ou integrante dos grupos, classe
ou categoria interessada tem legitimidade para propor a ação.
Seguindo a corrente de Ada, quais critérios o juiz pode utilizar para controlar a
representação adequada de TODOS os legitimados do art. 5º da LACP?
O Controle deve ser feito de acordo com a finalidade institucional do autor coletivo.
Exemplos:
No Estado do Rio de Janeiro, o Ministério Público ajuizou ação civil pública contra a
Federação das Empresas de Transporte de Passageiros questionando o fato da operadora do
sistema de vale-transporte ter deixado de informar aos consumidores, na roleta do ônibus, o saldo
do vale-transporte eletrônico, passando a exibir apenas um gráfico quando o usuário passava pela
roleta.
A Turma, por maioria, reiterou que o Ministério Público tem legitimidade para propor ação
civil pública que trate da proteção de quaisquer direitos transindividuais, tais como definidos no
art. 81 do CDC. Isso decorre da interpretação do art. 129, III, da CF em conjunto com o art. 21 da
Ressaltou a Min. Relatora que não se pode relegar a tutela de todos os direitos a
instrumentos processuais individuais, sob pena de excluir do Estado e da democracia aqueles
cidadãos que mais merecem sua proteção.
2) Art. 134 da CF/88: Defensor público ingressa com ACP para discutir preço plano de saúde
de idosos. Pela 1ª corrente o juiz deve tocar a ação, pois a Defensoria está dentro do
controle do legislador e o juiz nada pode fazer. Pela segunda corrente, o juiz pode
controlar e excluir a Defensoria do polo ativo, tendo em vista que quem paga plano de
saúde não é necessito econômico.
A decisão que havia negado a legitimidade da DP em ACP que tratava do plano de saúde,
por considerar que não se tratava de hipossuficientes, foi uma análise de pertinência temática
(funções institucionais). Claro que este posicionamento não se manteve, tendo em vista que há
outras vulnerabilidades e não apenas a econômica.
2ªC: É pressuposto processual de validade da relação jurídica. Assim, quando o juiz não
reconhece a representação adequada, não se refere à legitimidade (que é ope legis), mas sim
que, no caso concreto, não é um bom porta-voz daquele interesse (artigo 485, inciso IV, do
CPC/15).
CDC Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
Difusos
Naturalmente coletivos
Direitos ou interesses
Metaindividuais
(divisibilidade)
1.1) Difusos;
Interesses: São as pretensões não tuteladas por norma jurídica EXPRESSA, muito embora
tenham proteção jurídica.
Vários autores, quando usam a expressão Metaindividual, referem-se apenas aos direitos
difusos e coletivos, excluindo os direitos individuais homogêneos.
Características:
Exemplos
Características
2) Os titulares são ligados entre si ou com a parte contrária, por uma RELAÇÃO
JURÍDICA BASE, anterior à lesão.
No primeiro caso: Advogados ligados entre si através da inscrição na OAB, formando uma
classe; no segundo caso: todos os contribuintes de determinado tributo (ligados à parte contrária),
formando um grupo de pessoas.
Exemplos
1) Súmula 643 do STF: Direito ao regular reajuste das Mensalidades Escolares. Não
há como determinar ao certo os titulares, porém é possível determinar o grupo
(estudantes da escola ‘x’). Baixa conflituosidade interna: ninguém quer pagar mais
a mensalidade. Baixa abstração: mensalidade, concreto.
Esses direitos, na realidade, são individuais. Cada pessoa tem a sua relação jurídica e tem
o direito a uma tutela jurisdicional própria, porém, em virtude da multiplicidade de sujeitos
titularizando relações jurídicas idênticas (massificação/padronização das relações jurídicas), esses
direitos individuais acabam tomando dimensões coletivas, motivo pelo qual o ordenamento trata-
os como se coletivos fossem.
Fundamentos: O que levou o legislador a admitir que se tutelem por ações COLETIVAS
pretensões INDIVIDUAIS? Cinco fundamentos:
2) Economia processual;
5) Aumento do acesso à justiça: com a tutela coletiva, permite-se que sejam tutelados
bens de valor antieconômico (exemplo de leite). Se não tivesse ação coletiva, ninguém
iria ingressar no judiciário para discutir, individualmente, 0,1 ml a menos de leite na
caixa. Onda renovatória do processo civil, conforme Brian Garth e Mauro Cappelletti.
Características:
2) Há uma tese jurídica comum e geral a todos. Por isso, afirma-se que há tutela de
ações repetitivas.
Exemplos:
1) Pílulas de farinha (Microvlar): Cada mulher tem o seu direito. No entanto, em virtude da
multiplicidade de mulheres na mesma situação, todos esses direitos podem ser
tratados em uma única ação coletiva. É a opção do sistema: dar tratamento de direito
coletivo para direitos individuais que são homogêneos.
Há quem adote a ideia de este direito ser coletivo (ter natureza coletiva) também e não
individual (Hermes Zanetti e Didier), visando a ampliação da tutela coletiva. Em sentido contrário
(Zavascki), outros afirmam que seria coletivo por uma ficção jurídica, representando um grupo.
DIVISIBILIDADE DO
Indivisível Indivisível Divisível
BEM JURÍDICO
Determinados ou
DETERMINAÇÃO DOS Indeterminados e Indeterminados, mas determináveis
TITULARES indetermináveis determináveis (litisconsortes ou na
execução)
IRRELEVANTE → o que
EXISTÊNCIA DE NÃO → ligados por uma SIM → ligados por uma importa é que sejam
RELAÇÃO JURÍDICA circunstância de fato. relação jurídica base. decorrentes de ORIGEM
COMUM
OBS1: Nelson Nery: Na prática, o mesmo fato pode dar ensejo a ações coletivas para
tutela de diferentes interesses (difusos, coletivos e individuais homogêneos), de modo que isto só
se revelará pelo exame do caso concreto, conforme a pretensão buscada pelo autor (petição
inicial). Ou seja, é o TIPO DE PRETENSÃO que classifica o direito como difuso, coletivo ou
individual homogêneo.
Exemplo: Bateau Mouche. Esse mesmo fato pode ensejar: Ação do MPF para obrigar
todas as embarcações a ter salva-vidas suficientes (interesse difuso); Associação dos
trabalhadores embarcados pedindo a instalação de coletes nos barcos (interesse coletivo);
associação de famílias das vítimas pedindo indenização (interesse individual homogêneo).
OBS6: O IRDR possui o mesmo escopo das ações para tutela dos individuais
homogêneos, pelo menos no tocante as ações repetitivas. A diferença é que na ação coletiva para
tutela dos individuais homogêneos objetiva-se a resolução de vários conflitos, evitando-se a
propositura das ações individuais. Já o IRDR concentra o julgamento da tese no TJ ou TRF,
sendo a decisão replicada nos processos individuais (artigo 975 do CPC/15).
Em 1981, foi editada a Lei 6.938/81 (Lei Nacional do Meio Ambiente), que vigora até hoje. O
art. 14, §1º falava que o MP poderia ajuizar, a bem da tutela do direito, uma tal “ação civil pública”.
Lei 6938/91
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal,
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela
degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
....
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por
sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados
ao meio ambiente.
Por que esse nome? Para ser uma ação civil correlata à ação penal pública, também de
atribuição do MP. Conclui-se então que:
Para regulamentar a ACP foi elaborado projeto de lei, formado por dois grupos de juristas:
por membros do MP/SP (Nelson Nery, Edis Milaré etc.) e outro por membros da USP (Dinamarco,
Ada, Kazuo). Desse projeto, surge a Lei 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública), a qual ampliou o
objeto da ACP e seus legitimados.
A consolidação da ACP se deu definitivamente com a CF/88, que em seu art. 129, III
expressamente a previu como uma das atribuições do MP, bem como com CDC.
Súmulas do STF:
Súmula 643 - O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil
pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades
escolares
Súmulas do STJ:
Súmula 329 - O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil
pública em defesa do patrimônio público
2. DISTINÇÕES
Vários autores afirmam que ACP é diferente de ação coletiva, tendo em vista que ação
coletiva está prevista no CDC e tutela direitos individuais homogêneos. Apegam-se ao fato de que
o art. 1º da LACP prevê apenas a tutela de direitos difusos e coletivos propriamente ditos.
Outra parte da doutrina, sustenta que a expressão ação coletiva é gênero, do qual as
demais ações são espécies. Entendem que a tutela dos individuais homogêneos também é feita
por meio de ACP, com base no art. 90 do CDC (primeiro fundamento) e, ainda, que não existe
razão para separar o que é absolutamente igual (segundo fundamento).
A ação popular serve para tutela do patrimônio público, nos termos do art. 1º da Lei
4.717/67. Contudo, a LACP possui, entre os direitos tuteláveis, “outros direitos difusos e coletivos”,
sendo possível que se tutele o patrimônio público por meio de uma ACP. Havendo
correspondência de objeto.
AP: Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou
a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades
mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de
empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou
entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
LACP - Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação
popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
causados:
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.
A prof. Ada afirma que, quando qualquer legitimado ajuíza uma ACP na defesa do
patrimônio público, em verdade trata-se de uma espécie de ação popular, com legitimidade
diferente. Deve-se adotar o regime jurídico da ação popular e não o regime da ação civil pública.
Não é entendimento dominante.
Por isso, há quem sustente, que o MP pode propor ação popular. Não prevalece, tendo em
vista a previsão da Súmula 329 do STJ.
Súmula 329 - O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil
pública em defesa do patrimônio público
Os arts. 1º, 3º e 11 da Lei de Ação Civil Pública consagram os seus objetos, vejamos:
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade
devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução
específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
compatível, independentemente de requerimento do autor.
3.1.1. Meio-ambiente
No que diz respeito ao meio-ambiente natural, de acordo com o art. 14 da Lei 6.983/81, e
com o art. 3º da Lei 9.605/95, adota-se a teoria do risco da atividade (lembrar que difere da
teoria do risco integral - não admite excludentes de responsabilidade: caso fortuito ou força maior).
3.1.2. Consumidor
Bem que não é tombado pode ser objeto de ACP, para a proteção do patrimônio histórico e
cultural? Tombamento nada mais é que um atestado administrativo de que determinado bem tem
valor histórico ou cultural. Desta forma, é perfeitamente possível ajuizamento de ACP para
proteger um patrimônio seja tombado ou não.
Se o imóvel for tombado não será preciso provar seu valor histórico, que já é presumido.
Se o bem não for tombado, o valor histórico deve ser provado, sob pena de improcedência
da ação.
Trata-se de uma norma de encerramento, tendo em vista que abarca outros direitos não
previstos expressamente no art. 1º da LACP (rol exemplificativo).
Desta forma, entende-se que qualquer direito difuso ou coletivo poderá ser tutelado por
meio de ACP, mesmo que não conste no rol do art. 1º, a exemplo da saúde, da segurança
pública.
O STJ, no julgamento do REsp. 706.791/PE, entendeu ser possível a tutela dos direitos
individuais homogêneos por meio de ACP, percebe-se, assim, que a ação civil pública é ampla,
podendo tutelar todos os direitos coletivos: difusos, coletivos propriamente ditos e individuais
homogêneos.
3.1.6. Urbanística
Havendo infração à ordem urbanística, poderá ser utilizada ACP para proteger/tutelar tais
direitos.
Assim, por exemplo, caso uma rede de televisão mantenha programas que exponham
pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na raça, na etnia ou na
religiosidade, o Ministério Público (ou outro legitimado) poderá ajuizar ação civil pública contra a
emissora pedindo o fim da exibição e a sua condenação em danos morais coletivos.
Outra mudança de destaque é que agora, pela nova Lei, fica expressamente previsto que
as associações tenham como finalidade institucional a proteção dos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos são legitimadas para ajuizar ação civil pública.
Igualmente, foi acrescentado à Lei de Ação Civil Pública em 2014, pela Lei 13.004/2014, a
qual estabeleceu, de forma expressa, que a ação civil pública poderá também prevenir e reparar
danos morais e patrimoniais causados ao PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL.
A alteração não tem nenhuma utilidade prática. Mesmo antes da Lei já era PACÍFICO que
a ACP também poderia ser utilizada para a proteção do patrimônio público e social.
Apesar de o art. 129, III, da CF/88 e de a súmula falarem apenas em Ministério Público era
perfeitamente possível que outros legitimados pudessem ajuizar ACP com esse objetivo. Ex.: ACP
ajuizada pela União com o objetivo de proteger o patrimônio público e social (art. 5º, III, da Lei
n. 7.347/85).
Outra mudança é que agora, pela nova Lei, fica expressamente previsto que as
associações que tenham como finalidade institucional a proteção ao patrimônio público e social
são legitimadas para ajuizar ação civil pública.
Visa evitar ou interromper a prática do ato ilícito, consequentemente, impede-se (ou pelo
menos diminui-se) a ocorrência do dano. Cita-se, como exemplo, o ajuizamento de ACP para que
não seja concedida licença ambiental, o que poderia causar um dano ao meio ambiente (com a
concessão).
Segundo Marinoni, a tutela preventiva divide-se em: tutela inibitória (ACP inibitória) e tutela
de remoção de ilícito.
Exemplo: importação de medicamento não autorizado pela ANVISA. Ajuíza-se uma ACP
para que não seja permitido o ingresso no Brasil.
Exemplo: os medicamentos foram distribuídos para as farmácias, ajuíza-se ACP para que
ocorra a remoção do ilícito, com o fim de retirar das farmácias a mercadoria que não pode ser
comercializada.
O objetivo não é evitar o ilícito ou o dano, mas sim reparar o dano que já se concretizou.
Por exemplo, o medicamento proibido já foi adquirido pelos consumidores.
Como é possível o ingresso de ação individual para o pedido de dano moral, torna-se
perfeitamente possível uma ACP para reparar moralmente os danos causados.
Aqui, há controvérsia.
1ª C – Não é possível a concessão de dano moral coletivo, tendo em vista que o dano
moral é um instituo ligado à dignidade da pessoa humana. Desta forma, como a coletividade não
possui personalidade, não tem dignidade, não haverá sofrimento psíquico da coletividade. Era a
corrente adotada pelo STJ.
No que diz respeito ao dano moral coletivo, a Turma, nessa parte, negou
provimento ao recurso, pois reiterou o entendimento de que é necessária a
vinculação do dano moral com a noção de dor, sofrimento psíquico e de
caráter individual, incompatível, assim, com a noção de transindividualidade
- indeterminabilidade do sujeito passivo, indivisibilidade da ofensa e de
reparação da lesão. Precedentes citados: REsp 598.281-MG, DJ 1/6/2006,
e REsp 821.891-RS, DJe 12/5/2008 (REsp 971.844-RS, Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, julgado em 3/12/2009).
c) Danos sociais
Trata-se de uma nova espécie de dano reparável, que não se confunde com os danos
materiais, morais e estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente reprováveis, que
diminuem o nível social de tranquilidade. De acordo com Antônio Junqueira de Azevedo, os danos
sociais são aqueles que causam um rebaixamento do nível de vida da coletividade, relacionados a
condutas socialmente reprováveis. Toda a sociedade é atingida; as vítimas são indeterminadas e
indetermináveis.
Outros exemplos dados por Junqueira de Azevedo: o pedestre que joga papel no chão, o
passageiro que atende ao celular no avião, o pai que solta balão com seu filho. Tais condutas
socialmente reprováveis podem gerar danos como o entupimento de bueiros em dias de chuva,
problemas de comunicação do avião causando um acidente aéreo, o incêndio de casas ou de
florestas por conta da queda do balão etc.
Vale frisar que, ainda que haja pedido de condenação em danos sociais em uma demanda
individual, o pleito não poderá ser julgado procedente, pois esbarraria na ausência de legitimidade
para postulá-lo. Isso porque, na visão do STJ, a condenação por danos sociais somente pode
ocorrer em demandas coletivas e, portanto, apenas os legitimados para a propositura de ações
coletivas poderiam pleitear danos sociais. Portanto, não é possível discutir danos sociais em ação
individual.
Tratando-se de indenização por dano social, caberá ao juiz fixar os destinatários das
indenizações. Tartuce afirma que poderá ir para o fundo.
Pode haver a cumulação dos três pedidos, por exemplo: a indústria já tem remédio sendo
comercializado e ingerido (ressarcitória); tem remédio em estoque (remoção do ilícito); tem
remédio na iminência de entrar no Brasil (inibitória) - três tutelas.
LACP - Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro
ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
É pacífico o entendimento de que a ACP, caso seja acolhida, terá efeito erga ommes.
Assim, em tese, terá validade em todo o território nacional.
Tanto o STF quanto o STJ entendem que não há impedimento para que se reconheça a
inconstitucionalidade de lei em ACP, desde que se observe o seguinte parâmetro:
A ACP não pode ser utilizada como sucedâneo da ADI, pois neste caso haveria uma
usurpação da competência do STF. Ou seja, na ação civil pública, a inconstitucionalidade só pode
estar na causa de pedir. Havendo essa usurpação, caberia uma Reclamação diretamente no STF,
argumentando que aquela ACP estaria sendo usada como espécie de ADI.
Mas a ACP não tem efeitos erga omnes? Sim, mas o que vai ter efeito erga omnes é o
conteúdo da decisão (o pedido), que no caso não é a inconstitucionalidade, porque esta é
analisada incidenter tantum, ou seja, é analisada incidentalmente na causa de pedir.
São casos em que a lei proíbe ação civil pública, conforme parágrafo 1º do art. 1º da
LACP.
Art. 1º, Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o
c) FGTS;
Salienta-se que tanto o STF quanto o STJ entendem que a vedação de objeto é
constitucional e legal. Contudo, reconhecem que é possível que ocorra casos em que a ACP,
visando a proteção do patrimônio público e a higidez tributária, tutele um dos objetos vedados.
O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública com o
objetivo de anular Termo de Acordo de Regime Especial - TARE firmado
entre o Distrito Federal e empresas beneficiárias de redução fiscal. Com
base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, proveu recurso
extraordinário interposto contra acórdão do STJ que afastara essa
legitimidade — v. Informativos 510, 545 e 563. Na espécie, alegava o
Ministério Público, na ação civil pública sob exame, que a Secretaria de
Fazenda do Distrito Federal, ao deixar de observar os parâmetros fixados
no próprio Decreto regulamentar, teria editado a Portaria 292/99, que
estabeleceu percentuais de crédito fixos para os produtos que enumera,
tanto para as saídas internas quanto para as interestaduais, reduzindo, com
isso, o valor que deveria ser recolhido a título de ICMS. Sustentava que, ao
fim dos 12 meses de vigência do acordo, o Subsecretário da Receita do DF
teria descumprido o disposto no art. 36, § 1º, da Lei Complementar federal
87/96 e nos artigos 37 e 38 da Lei distrital 1.254/96, ao não proceder à
apuração do imposto devido, com base na escrituração regular do
contribuinte, computando eventuais diferenças positivas ou negativas, para
o efeito de pagamento. Afirmava, por fim, que o TARE em questão causara
prejuízo mensal ao DF que variava entre 2,5% a 4%, nas saídas
interestaduais, e entre 1% a 4,5%, nas saídas internas, do ICMS devido. RE
576155/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.8.2010. (RE-576155)
Por fim, durante muito tempo sustentou-se que não caberia ACP em matéria
previdenciária. Contudo, atualmente, os tribunais superiores entendem que é possível o
ajuizamento de uma ACP para tutelar matéria relativa a benefício previdenciário. Não se aplica
para contribuição previdenciária.
O STF entendeu que o Ministério Público possui legitimidade constitucional para ajuizar
ação civil pública cujo objeto seja pretensão relacionada ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) porque esta demanda tutela direitos individuais homogêneos, mas que apresenta
relevante interesse social.
Assim, esse art. 1º, parágrafo único não constitui obstáculo para que o Ministério Público
proponha ação civil pública discutindo FGTS em um contexto mais amplo, envolvendo interesses
sociais qualificados, ainda que sua natureza seja de direitos individuais homogêneos. Se o
Ministério Público está propondo uma ação civil pública tratando sobre direitos individuais
homogêneos com relevante interesse social, a legitimidade do Parquet, nesta hipótese, decorre
diretamente do art. 127 da CF/88
4. LEGITIMIDADE ATIVA
CDC Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados
concorrentemente:
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta,
ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa
dos interesses e direitos protegidos por este código; (lembrar do ECA →
Conselho Tutelar pode ajuizar ACP? Prevalece que sim)
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que
incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas
ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse
social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido.
4.2. CARACTERÍSTICAS
Obs.: o rol é taxativo. Na Ação Popular qualquer cidadão poderá ser legitimado.
É disjuntiva, pois cada legitimidade possui autonomia para ingressar com a ACP.
Três posições:
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá
intervir como assistente litisconsorcial.
4.4. LITISCONSÓRCIO
Art. 5º
§2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos
termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
§5° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da
União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
de que cuida esta lei.
Parte-se da premissa de que, apesar da eleição dos legitimados pelo legislador, será
possível que o juiz, na análise do caso concreto faça o controle da representação adequada.
Trata-se de pressuposto de validade do processo coletivo.
Para realizar o controle, o juiz utiliza como critério a finalidade institucional do legitimado (já
foi visto em princípios da tutela coletiva).
5. LEGITIMADOS ATIVOS
É o legitimado ativo por excelência, tendo em vista que a ACP foi concebida para o
Ministério Público.
a) Da ordem jurídica;
b) Do regime democrático;
Importante salientar que, caso não se enquadrem em uma das quatro finalidades
institucionais, o juiz deverá exercer o controle de representatividade adequada, a fim de que outro
legitimado assuma a ACP, ou promover a extinção do processo por falta de pressuposto
processual de legitimidade.
Por lado, serão considerados interesso social: a segurança pública, a moradia, o meio-
ambiente. Destaca-se que o interesse social não precisa ser indisponível, podendo, portanto, ser
patrimonial, a exemplo da ACP que irá tutelar moradia.
1ªC – é possível, desde que se trata de direito individual indisponível. São exemplo,
medicamento para idoso, vaga em escola.
2ªC – não é possível, tendo em vista que se trata de função da Defensoria Pública.
Energia elétrica
Está prevista no art. 5º, LXXIV e art. 134, ambos da CF, bem como na LC 80/1994.
b) Orientação de hipossuficientes;
b) Funções atípicas: Defesa não relacionada à falta de recursos. Exemplo: Réu penal
(milionário) citado por edital ou que não constitui advogado (curadoria especial). Essa
defesa é relacionada a uma hipossuficiência técnica/jurídica ou organizacional
(coletividade). Ex.: Ação Civil da Defensoria para discutir contrato de arrendamento
mercantil. O STJ entendeu que, ainda que o contratante não seja pobre, de um ponto
de vista jurídico seria hipossuficiente técnico.
OBS.: Após a EC 80/2014, esta classificação, para alguns autores, perdeu o sentido. Para
aprofundar, indicamos nosso Caderno Sistematizado de Princípios Institucionais.
2ªC – (STJ e STF) – a legitimidade é para todos os interesses metaindividuais, desde que
relacionados aos potencialmente necessitados. REsp. 912.849/RS.
No julgamento da ADI 3943 (STF. Plenário. Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6 e
7/5/2015. Info 784), diversos Ministros manifestaram esse mesmo entendimento.
• A Min. Cármen Lúcia, em determinado trecho de seu voto, afirmou: “Não se está a afirmar
a desnecessidade de a Defensoria Pública observar o preceito do art. 5º, LXXIV, da CF,
reiterado no art. 134 — antes e depois da EC 80/2014. No exercício de sua atribuição
constitucional, é necessário averiguar a compatibilidade dos interesses e direitos que a
instituição protege com os possíveis beneficiários de quaisquer das ações ajuizadas,
mesmo em ação civil pública.”
• O Min. Roberto Barroso corroborou essa conclusão e afirmou que o fato de se estabelecer
que a Defensoria Pública tem legitimidade, em tese, para ações civis públicas, não exclui a
possibilidade de, em um eventual caso concreto, não se reconhecer a legitimidade da
Instituição. Em tom descontraído, o Ministro afirmou que a Defensoria não teria
legitimidade, por exemplo, no caso concreto, para uma ação civil pública na defesa dos
sócios do “Yatch Club”. E dando outro exemplo extremo, afirmou que a Defensoria não
teria legitimidade, no caso concreto, para ajuizar uma ação civil pública em favor dos
clientes “Personnalité” do Banco Itaú.
• A Min. Rosa Weber também deixou claro que a Defensoria Pública tem legitimidade para
propor ações civis públicas, mas que o juízo poderá aferir, no caso concreto, sua
adequada representação.
Existem autores que sustentar que a Administração Pública DIRETA seria um legitimado
universal. Na realidade não são todos os entes administrativos que têm essa legitimidade
universal. A análise deve ser casuística. Por exemplo, não poderia o Município propor ACP para
tutelar serviço de telecomunicação, pois se trata de competência da União.
O art. 82, III do CDC traz como legitimados os órgãos administrativos despersonalizados
de defesa do consumidor. Esse foi um inciso desenhado para o PROCON, que costuma ser uma
pasta da Prefeitura (município).
CDC Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados
concorrentemente:
...
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta,
ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa
dos interesses e direitos protegidos por este código; (lembrar do ECA →
Conselho Tutelar pode ajuizar ACP? Prevalece que sim)
5.4. ASSOCIAÇÕES
5.4.1. Amplitude
Entram, aqui, sindicatos, OAB, conselhos de classe, grêmio estudantil, partidos políticos.
Leading Case: ADESF (Associação de defesa dos fumantes) tinha menos de 01 mês, mas
foi admitida.
O art. 2º-A, §único da Lei 9.494/97 limita, profundamente, o cabimento da Ação Coletiva
ajuizada por associação, para defesa dos interesses individuais homogêneos contra o poder
público, exigindo vários requisitos. O caput é um dispositivo parecido com o art. 16 da LACP. A
grande dificuldade, porém, está no parágrafo único, que pede a relação de todos os associados e
seus endereços.
A sentença só produzirá efeitos para quem possuir domicílio no território em que foi
prolatada. Além disso, quando ajuizada contra União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas
autarquias e fundações deverá ser acompanhada de ata em que tenha sido aprovada a
propositura da ação e da relação nominal com endereço de cada associado, a fim de se verificar
se serão abrangidos pela sentença.
EXCEÇÃO 2: MI coletivo
EXCEÇÃO 1: MS coletivo
Fundamento: o art. 12, III, da Lei nº
Fundamento: o inciso LXX do art. 5º da
13.300/2016 afirma expressamente que
CF/88 NÃO exige autorização expressa.
o mandado de injunção coletivo pode ser
promovido pela associação, dispensada,
para tanto, autorização especial.
Em suma,
3) A autorização dada pelos associados precisa ser expressa e específica para cada ação.
Assim, não é suficiente a autorização genericamente prevista no estatuto da associação.
6) Para que seja beneficiada pela sentença favorável obtida na ação coletiva proposta pela
associação é necessário que a pessoa:
c) tenha autorizado o ajuizamento da ação e seu nome esteja na lista anexada junto à
petição inicial.
8) Essas sete conclusões expostas valem unicamente para as ações coletivas de rito
ordinário, não sendo aplicadas para as ações civis públicas.
Observe o entendimento do STJ, tratando-se ação civil pública (ação coletiva proposta na
defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos): não é necessário. Restringe para
a ação coletiva de rito ordinário, conforme explicado acima.
6.4.1. Cooperativas
De acordo com uma interpretação ampliativa, a cooperativa poderá propor Ação Civil
Pública por substituição processual e também por representação.
6. LEGITIMADOS PASSIVOS
A Lei de Ação Civil Pública não possui dispositivo legal que trate da legitimidade passiva.
Assim, em um primeiro momento, poder-se-ia imaginar a aplicação do microssistema processual
coletivo (estudado acima).
Cita-se, como exemplo, o art. 6º da Lei 4.717/65 para identificar contra quem intentar a
Ação Civil Pública.
Contudo, conforme veremos abaixo, não é possível fazer a aplicação, tendo em vista que:
O artigo 6º seria específico para aplicação à Ação Popular, já que não é dado ao autor o
direito de escolher contra quem intentar a ação. É caso de litisconsórcio ativo necessário.
Quem é o réu na Ação Civil Pública? Há duas posições sobre o assunto, vejamos:
CPC Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo,
em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à
lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de
litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na
execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar
a defesa ou o cumprimento da sentença.
§ 2o O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou
resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.
2ª POSIÇÃO
A definição do réu na ACP é dada pelo direito material, haverá casos em que o
litisconsórcio será facultativo e casos em que será necessário.
7. COMPETÊNCIA
4) Critério territorial;
1
Tratamos de Improbidade Administrativa no CS de Defesa do Patrimônio Público.
Veremos:
1) Justiça Eleitoral;
2) Justiça do Trabalho;
3) Justiça Federal;
4) Justiça Estadual.
Em tese, não cabe ação civil pública na Justiça Eleitoral, conforme previsão do art. 105-A
da Lei 9.504/97. Haveria uma inadequação da via eleita.
Destaca-se que o STF e TSE entendem que é possível o inquérito civil em matéria
eleitoral, tendo em vista a previsão do art. 129 da CF.
Exemplo: ACP contra poluição de rio da União. Quem julga? A princípio é a JE. Se o ente
federal demonstrar interesse, aí sim vai pra JF. Se ficar comprovado o interesse, permanece na
JF. Do contrário, volta para a JE.
OBS1: Súmula 150 do STJ: Quem julga a existência do interesse federal é a JF.
Somente um juiz federal poderá dizer se um desses entes poderá ou não estar em juízo.
Se tem um processo na justiça estadual e um ente federal pede para intervir, o juiz estadual não
pode fazer nada, ele terá que remeter ao juiz federal para que este diga se o ente federal pode ou
não intervir.
Exemplo: ACP ambiental. IBAMA (autarquia federal) diz que tem interesse na causa por
conta da repercussão nacional. Não sendo algo absurdo, o juiz estadual não poderá decidir, ele
remete ao juiz federal. Este último, entendendo ter interesse da União, o processo prossegue,
caso contrário, exclui o IBAMA da lide e devolve para o juiz estadual, este, por sua vez, conclui
que o IBAMA tem sim interesse na causa. O que ele pode fazer? NADA. Nem ao menos suscitar
conflito, isso porque a Súmula atribui unicamente ao Juiz Federal a competência de decidir quanto
ao interesse da União, autarquias etc.
OBS3: súmula 42 STJ. Só relembrando: a competência para julgar causa em que participe
sociedade de economia mista não é da JF. Não consta do art. 109.
A simples presença do MPF na lide faz com que a causa seja da Justiça Federal? Em
outras palavras, todas as ações propostas pelo Parquet federal serão, obrigatoriamente, julgadas
pela Justiça Federal? SIM. O MPF é um órgão da União. Dessa feita, a sua simples presença na
relação jurídica processual faz com que a causa seja de competência da Justiça Federal
(competência 'ratione personae') consoante o art. 109, inciso I, da CF/88 (STJ. 2ª Seção. CC
112.137/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/11/2010). Esta é a posição que
prevalece tanto no STJ como atualmente também no STF.
2ªC: qualquer justiça. O MPF não é autarquia da União. É independente. O MPF poderia
ajuizar uma ação na JE quando não tivesse como réu União, autarquias, fundações e EPs. O MPF
poderia ajuizar ação contra o governo estadual, poderia ajuizar na justiça do trabalho.
OBS4: Art. 109, V-A CF. IDC → incidente de deslocamento de competência. Embora
atualmente só exista casos referentes a crime, pode-se ter o IDC em sede de ACP. Exemplo:
ACP para obrigar o estado a melhorar as condições carcerárias.
Não é o fato de ter índio no processo que traz a competência para JF. É a causa de
pedir = direitos dos povos indígena. Pode haver ACP.
Critério residual.
Havendo continência entre duas ACP, uma na Justiça Federal e outra na Justiça Estadual,
a competência será da Justiça Federal. (Súmula 489 STJ).
No âmbito nacional esse critério só tem uma utilidade: definir competência do JEC, JEF,
JEFP.
Como o art. 3º, I da Lei 10.259/01, prevê que não cabe ação coletiva nos Juizados (nem
nos da Fazenda Pública) o critério valorativo perde toda sua utilidade na análise dos direitos
difusos e coletivos. Art. 2º, §1, I da lei 12153/09.
1) Dano local: A competência é do foro do local do dano (regra idêntica ao art. 2º da LACP).
STJ: a competência para processar e julgar ação civil pública é absoluta e se dá em função
do local onde ocorreu o dano. EDcl. No CC 113.788/DF.
O art. 93 do CDC não define o que é dano regional e o que é dano nacional. Não há uma
solução única para o problema. A doutrina e jurisprudência adotam a solução casuística. Somente
no caso concreto, é possível mensurar a extensão do dano.
Outra crítica: O que o DF teria a ver com um dano causado a 10 Estados (dano nacional)
que se localizam a quilômetros de distância da capital federal? Ou ainda, várias cidades dentro de
um estado, mas a quilômetros e quilômetros de distância da capital (dano regional)?
Competência concorrente: Como prevê o próprio art. 93, aplicam-se ao caso as regras de
prevenção do CPC.
Art. 93...
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de
âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de
Processo Civil aos casos de competência concorrente.
Âmbito regional (várias localidades de um mesmo Será competente o foro da justiça estadual na
estado). Capital do Estado.
Âmbito nacional (em mais de um Estado) Será competente o foro da justiça estadual na
Capital do Estado ou o foro do Distrito Federal, pois
LACP Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local
onde ocorrer o dano (ou perigo do dano), cujo juízo terá competência
funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de
pedir ou o mesmo objeto.
ECA Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do
local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá
competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência
da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores.
OU SEJA, não interessa a extensão do dano (local, regional ou nacional). Qualquer comarca
atingida seria competente.
ATENÇÃO: Para essa corrente, na regra concernente aos direitos individuais homogêneos
(art. 93 do CDC) a competência seria relativa; na regra dos direitos naturalmente coletivos (art. 2º
da LACP), a competência seria absoluta.
CDC Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará
coisa julgada:
I - ERGA OMNES, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na
hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81 (direitos difusos);
II - ULTRA PARTES, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe,
salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso
anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo
único do art. 81; (direitos coletivos)
LACP Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se
de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)
LAP Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga
omnes", exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por
deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
O que vamos falar aqui não se aplica a LIA e ao MS coletivo, essas duas ações têm
regime de coisa julgada próprio, específico, particular.
Os limites objetivos da coisa julgada coletiva são iguais aos do processo individual,
previstos no art. 502 a 508 do CPC. Ou seja, somente a PARTE DISPOSITIVA da decisão é
atingida pela imutabilidade da coisa julgada.
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei
nos limites da questão principal expressamente decidida.
Quanto aos limites subjetivos, o tratamento é bem diverso. Não se aplica aqui o art. 506
do CPC (efeito inter partes), mas sim os arts. 103 e 104 do CDC; 16 da LACP e 18 da LAP, que
preveem os limites “ultra partes” e “erga omnes” da coisa julgada.
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros.
Na realidade, o que é secundum eventum litis não é a formação da coisa julgada, mas sim
sua extensão para a esfera jurídica individual dos interessados, vale dizer, somente no caso
de procedência a coisa julgada atinge os direitos individuais dos sujeitos (transporte in utilibus da
coisa julgada coletiva para o plano individual).
Ou seja, ela é secundum eventum litis na extensão subjetiva da coisa julgada e não no
modo de produção.
DIFUSOS
PROBATIONIS)
COLETIVOS
PROBATIONIS)
Procedente ou
INDIVIDUAIS Improcedente (qualquer
HOMOGÊNEOS fundamento). Pro et contra. x x
Só poderá ingressar com
ação individual.
De outro ângulo:
Se o indivíduo integrou o
Improcedente processo como
(indivíduo se habilitando litisconsorte, tornando- Consequência: não poderá intentar a ação individual
como litisconsorte do se parte (art. 94 CDC), pelos danos sofridos.
legitimado coletivo) sofre os efeitos da coisa
julgada material.
Se o consumidor ficou
Improcedente
inerte ao processo, não Consequência: poderá intentar a ação individual
(indivíduo fica INERTE
sofre os efeitos da coisa pelos danos sofridos.
ao processo coletivo)
julgada material.
“Coisa julgada ultra partes” - há autores que não diferenciam esse fenômeno dos efeitos
erga omnes (Antonio Gidi). Para eles, não deveria haver distinção entre erga omnes e ultra partes,
deveria ter uma expressão que dissesse valer a decisão para todos os interessados.
Exemplo:
Ação coletiva contra o Microvlar é julgada procedente. Nesse caso, os titulares do direito
atingido podem usar a coisa julgada coletiva em seu benefício (transporte ‘in utilibus’).
Ação coletiva contra o Microvlar julgada improcedente. Nesse caso, não há repercussão na
esfera individual das mulheres prejudicadas, vale dizer, podem perfeitamente ingressar com a
respectiva ação individual.
EXCEÇÃO (em que a coisa julgada pode prejudicar): Art. 94 do CDC. Se o sujeito se
habilita como litisconsorte na ação coletiva, a coisa julgada vai lhe atingir de qualquer forma
(procedente ou improcedente), pois o sujeito será parte da ação. Ou seja, não poderá ingressar
com ação individual no caso de improcedência da coletiva.
CDC Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim
de que os interessados possam intervir no processo como
litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Art. 103, § 2° Na hipótese prevista no inciso III (individuais homogêneos),
em caso de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem
intervindo no processo como litisconsortes (nos individuais homogêneos, se
intervir como litisconsorte perde a tutela individual) poderão propor ação de
indenização a título individual.
Hugo Nigro diz que esse dispositivo se aplica, além dos individuais homogêneos, aos
coletivos.
Não se aplica de forma alguma aos direitos difusos (não há como ser litisconsorte do MP
em ação que versa sobre o meio ambiente, por exemplo).
A Associação de Defesa da Saúde ajuizou, na Justiça Estadual de São Paulo, ação civil
pública contra a empresa "XXX" pedindo que ela fosse condenada a indenizar os danos morais e
materiais causados aos consumidores que adquiriam o medicamento "YY", que faria mal ao
coração, efeito colateral que teria sido omitido pela fabricante. Trata-se, portanto, de demanda
envolvendo direitos individuais homogêneos.
O pedido foi julgado improcedente em 1ª instância sob o argumento de que a autora não
conseguiu provar o alegado (insuficiência de prova). Houve apelação para o TJSP, que manteve a
sentença. A associação não recorreu contra o acórdão, que transitou em julgado.
A associação recorreu contra a decisão do juiz afirmando que só haveria coisa julgada se a
primeira ação coletiva tivesse sido julgada procedente. Como foi julgada improcedente, não
haveria coisa julgada.
Interpretando o inciso III em conjunto com o § 2º do art. 103, o STJ chegou à seguinte
conclusão:
De acordo com o art. 104 do CDC, para o autor da ação individual já proposta aproveitar o
transporte “in utilibus” da coisa julgada coletiva deverá requerer a suspensão da sua ação
individual em 30 dias a contar da ciência do ajuizamento da ação coletiva. Se não pedir a
suspensão, não será beneficiado pela decisão coletiva.
O réu deve avisar na ação individual que existe ação coletiva, “dever de informar”. E se
não houver o aviso do réu? Ainda que o autor perca a individual, ele poderá se beneficiar da
procedência da coletiva.
Uma vez requerida a suspensão, o processo individual fica parado por prazo indeterminado
até o julgamento da coletiva.
Mas essa suspensão é faculdade da parte ou o juiz pode determinar de ofício? Pela
literalidade do art. 104, é uma faculdade da parte.
Porém o STJ, decidiu que “ajuizada a ação coletiva atinente à macrolide geradora de
processos multitudinários, suspendem-se, obrigatoriamente, as ações individuais, no aguardo do
julgamento das ações coletivas, o que não impede o ajuizamento de outras individuais”.
Fundamento do STJ: Aplicação analógica do antigo art. 543-C do CPC (sobrestamento dos
recursos repetitivos), atual art. 1.036 do CPC/2015.
Portanto, temos no Brasil hoje, graças ao STJ, dois modelos de suspensão das ações
individuais no aguardo da coletiva. Ficaria assim:
OBS: Nos difusos e coletivos a improcedência por falta de provas permite a nova
propositura da coletiva, mediante duas condições:
A nova propositura pode ser feita inclusive pelo legitimado que propôs a ação primitiva.
A nova propositura da ação coletiva por falta de provas não depende de expressa
manifestação judicial neste sentido na primitiva ação. Ou seja, não há necessidade (embora seja o
mais conveniente) que o juiz assim sentencie na primeira demanda: “julgo improcedente por falta
Atenção: Na ação coletiva para a tutela dos DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS não
há coisa julgada “secundum eventum probationis”, de modo que improcedente a coletiva fecha-se
as portas para TODAS as ações coletivas. Sobram apenas as ações individuais.
OBS: transporte in utilibus da sentença penal condenatória (art. 103, §4º CDC).
Exemplo: crime ambiental, crime contra o SFN. A condenação só vale contra o condenado, o que
se quer dizer é que não podemos atingir terceiros pelo transporte in utilibus.
Art. 103
§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o
art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985 (LACP), não prejudicarão as
ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas
individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o
pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à
liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99. (transporte in
utilibus)
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal
condenatória.
LACP Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se
de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)
1) Inconstitucionalidade (Cássio Scarpinella): esse dispositivo foi criado por MP, que não
atendia relevância e urgência, contaminando a lei convertida.
2) Ineficácia (Ada): são ineficazes porque não houve alteração concomitante do art. 103 do
CDC, que não contém tal restrição. O 103 CDC por ser específico prevalece sobre o 16
LACP.
Confusão (Nery Jr): o legislador confundiu aqui dois institutos de processo civil que não se
compatibilizam, quais sejam: COMPETÊNCIA e COISA JULGADA. Se uma decisão de um juiz
vale em qualquer lugar (ex.: divórcio), por que essa sentença coletiva não valeria? Falta de
razoabilidade. Se já fica difícil nos individuais homogêneos imagine-se nos difusos, exemplo: dano
ambiental em toda costa brasileira. Ao encontro destas considerações, o entendimento de Nelson
Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, ad litteram:
(...) não há limitação territorial para a eficácia 'erga omnes' da decisão proferida em ação
coletiva, quer esteja fundada na LACP, quer no CDC. De outra parte, o Presidente da República
confundiu os limites subjetivos da coisa julgada, matéria tratada na norma, com jurisdição e
competência, como se, v.g., a sentença de divórcio proferida por juiz de São Paulo não pudesse
valer no Rio de Janeiro e nesta última comarca o casal continuasse casado! O que importa é
quem foi atingido pela coisa julgada material. No mesmo sentido: José Marcelo Menezes Vigliar,
RT 745/67. Qualquer sentença proferida por órgão do Poder Judiciário pode ter eficácia para além
de seu território. Até a sentença estrangeira pode produzir efeitos no Brasil, bastando para tanto
que seja homologada pelo STJ. Assim, as partes atingidas por seus efeitos onde quer que
estejam no planeta Terra. Confundir jurisdição e competência com limites subjetivos da coisa
julgada é, no mínimo desconhecer a ciência do direito.
O art. 16 foi alterado pela Lei nº 9.494/97, com o objetivo de restringir a eficácia subjetiva
da coisa julgada, ou seja, ele determinou que a coisa julgada na ACP deveria produzir efeitos
apenas dentro dos limites territoriais do juízo que prolatou a sentença.
Em outras palavras, o que o art. 16 quis dizer foi o seguinte: a decisão do juiz na ação civil
pública não produz efeitos no Brasil todo. Ela irá produzir efeitos apenas na comarca (se for
Justiça Estadual) ou na seção ou subseção judiciária (se for Justiça Federal) do juiz prolator.
A doutrina critica bastante a existência do art. 16 e afirma que ele não deve ser aplicado
por ser inconstitucional, impertinente e ineficaz.
▪ Os direitos coletivos “lato sensu” são indivisíveis, de forma que não há sentido que a
decisão que os define seja separada por território;
▪ O art. 93 do CDC, que se aplica também à LACP, traz regra diversa, já que prevê que,
em caso de danos nacional ou regional, a competência para a ação será do foro da Capital do
Estado ou do Distrito Federal, o que indica que essa decisão valeria, no mínimo, para todo o
Estado/DF.
Para o STJ, o art. 16 da LACP é válido? A decisão do juiz na ação civil pública fica restrita
apenas à comarca ou à seção (ou subseção) judiciária do juiz prolator? NÃO.
Interessante também transcrever trecho do voto do brilhante Min. Luís Felipe Salomão, no
REsp 1.243.887/PR (STJ. Corte Especial, julgado em 19/10/2011):
Desta forma, se o tema for cobrado em primeira fase de concursos públicos, aconselha-se
a atenção ao que profere o enunciado do exercício. Noutro giro, em eventual segunda fase,
recomenda-se uma abordagem ampla dos respectivos entendimentos, privilegiando o que tem
assimilado o STJ.
Vejamos:
CPC/2015
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
V - Reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada;
Exemplo1: irmão para defender a posse de uma propriedade que possui em condômino
com o outro irmão: este não poderá ingressar novamente com a ação, em que pese não haja
identidade de partes, pois a relação material já foi decidida.
CPC 2015
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada;
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e
IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito
em julgado.
Conexão (CPC/2015 art. 103) ou continência (CPC/2015 art. 56). Sendo possível, deve ser
promovida a reunião das causas, para julgamento conjunto. Em não sendo possível, uma delas
deve ser suspensa, evitando-se decisões contraditórias.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por
ser mais amplo, abrange o das demais.
NÃO HÁ.
Nunca uma individual será idêntica a uma coletiva. As partes nunca serão iguais; os
pedidos nunca serão iguais. Essa é a regra do art. 104 do CDC: A ação coletiva não induz
Isto porque na ação para defesa dos difusos/coletivos o pedido é um bem ou direito
metaindividual em detrimento de um pedido específico na defesa do direito individual (art. 95
CDC).
Exemplo: Associação de defesa das mulheres entra com ação coletiva contra o Microvlar;
de outra banda, uma mulher entra contra o Microvlar. Ambas as ações têm como causa de pedir a
pílula de placebo (fato jurídico – causa de pedir remota) e o direito à indenização pelo dano moral
provocado (fundamento jurídico – causa de pedir próxima). Ambas têm o mesmo pedido:
Indenização.
Para o STJ é obrigatória, o judiciário pode suspender por conta própria. REsp
1110549/RS (Caso: DPE/RS e TJ/RS x Plano Bresser)
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I (aponta os difusos, mas
devemos ler como coletivos, ou seja, inciso II) e II (aponta os coletivos, mas
devemos ler como individuais homogêneos, ou seja, inciso III) e do
parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a
que aludem os incisos II (coletivos) e III (individuais homogêneos) do artigo
anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for
requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos
autos do ajuizamento da ação coletiva.
Aqui há um erro. Na primeira parte do artigo, ele não fala do inciso III, que fala dos
individuais homogêneos. Quando o art. 104 do CDC, fala dos incisos I e II do art. 81, na verdade
Não necessariamente são coletivas de mesma natureza. Ação coletiva genérica (exemplo:
AP x ACP).
É possível.
Mesmas partes: Os legitimados ordinários podem ser os mesmos (parte material), mesmo
que os legitimados extraordinários sejam diferentes (parte processual).
Coisa julgada: é possível, mas não posso esquecer que a coisa julgada nos difusos e
coletivos é secundum eventum probationis, isto porque se uma delas foi julgada por falta de
provas, a ação poderá ser reproposta.
Fundamento: A extinção pode acabar com a ação que estava melhor instruída (princípio do
máximo benefício). Além disso, a extinção de um processo permite que o legitimado ingresse no
outro como interveniente, o que acabará gerando mais tumulto do que a reunião dos feitos. Tem
prevalecido nos tribunais.
Prevenção.
LACP
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar
a causa.
LAP Art. 5º
§ 3º A propositura da ação PREVENIRÁ a jurisdição do juízo para todas as
ações, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob
os mesmos fundamentos.
Lembrando: se considera a ação proposta quando é dado o despacho inicial (um só juiz na
comarca) ou quando ocorre a distribuição (mais de um juiz).
ATENÇÃO!
OBS1: há autores que enxergam um juízo universal das ações coletivas (não é o mesmo efeito
do “juízo universal da falência”, isso porque aqui só caem as coletivas – TODAS coletivas).
Vamos explicar a súmula com um exemplo concreto: O Ministério Público do Estado de São
Paulo ingressou com uma ação civil pública, na Justiça estadual, contra “B”, conhecida rede de
1) “B” deve ser proibida de comercializar lanches infantis em conjunto com a entrega de
brinquedos; e também
2) “B” deve ser compelida a oferecer a venda separada dos brinquedos, para que, assim, não
obrigue as crianças a comprar o lanche para ganhar os brindes.
Algum tempo após essa primeira ação, o Ministério Público federal ajuizou outra ACP, na
Justiça Federal de São Paulo, contra “B” e também contra a rede de fast food “M”. O MPF-SP fez
os seguintes pedidos alternativos:
1) “B” e “M” devem ser proibidas de comercializar lanches infantis em conjunto com a entrega
de brinquedos; ou então
2) “B” e “M” devem ser compelidos a oferecer a venda separada dos brinquedos.
Apesar de o juízo estadual ser prevento, neste caso, o instituto da prevenção não pode ser
utilizado para definir a competência. Isso porque estando o MPF na lide, a causa deve tramitar
obrigatoriamente na Justiça Federal.
Para fins de competência, o MPF é considerado como órgão da União, de modo que a sua
presença atrai a competência para a Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CF/88
(lembrando que a competência da Justiça estadual é residual). Assim, o critério a ser adotado
nesse caso é a presença do MPF (órgão da União).
Será competente a Justiça Federal, ainda que o juízo federal não seja prevento. Dessa feita,
o STJ tem entendido, de modo reiterado, que, em tramitando ações civis públicas promovidas por
integrantes do Ministério Público estadual e federal nos respectivos juízos e, em se mostrando
consubstanciado o conflito, caberá a reunião das ações no juízo federal (CC 112.137/SP).
Vejamos algumas manifestações do STJ sobre o tema e que podem ser cobradas nas
provas:
Nestas causas, em regra, não pode o particular intervir como assistente, a uma por questão
de ordem pragmática (comprometimento do exercício da jurisdição) e, a outra, pela ausência de
interesse em virtude da possibilidade do transporte in utilibus da coisa julgada coletiva para a
esfera particular.
Acresça-se ainda a necessidade de o novo pedido compor demanda conexa com aquela já
ajuizada, de modo que, se fosse proposto em ação autônoma, seria imperiosa a reunião dos
feitos. Caso assim não fosse, o terceiro interveniente estaria escolhendo o juiz da causa, violando
o princípio do juiz natural.
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que
os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte
dos órgãos de defesa do consumidor.
A doutrina diverge quanto à natureza jurídica da intervenção do particular nos processos
coletivos. Didier sustenta a natureza de assistência litisconsorcial, vez que aquele possui
interesse jurídico na solução da demanda, já que o objeto litigioso lhe diz respeito. Deste
entendimento discorda Mazzilli, para quem seria hipótese de assistência litisconsorcial
qualificada. Não obstante o embate doutrinário, o art. 94, do CDC é claro ao tratar o particular
interveniente como litisconsorte, o que elimina problemas de ordens práticas.
Ademais, em crítica ao modelo adotado pelo art. 94, do CDC, aduz Antônio Gidi que “Muito
mais adequado seria se adotasse o mesmo tratamento que dispensou para os casos de defesa
coletiva de direitos supraindividuais (difuso e coletivo), em que vedou a intervenção do particular
na ação coletiva, mas impediu a formação de coisa julgada erga omnes ou ultra partes nos casos
de improcedência por insuficiência de provas”.
Lei 6385/76 Art. 31 - Nos processos judiciários que tenham por objetivo
matéria incluída na competência da Comissão de Valores Mobiliários, será
esta sempre intimada para, querendo, oferecer parecer ou prestar
esclarecimentos, no prazo de quinze dias a contar da intimação.
A jurisprudência vem permitindo tal intervenção em qualquer ação coletiva, desde que a
causa seja relevante e tenha o auxiliar do juízo representatividade. Há no Código Modelo de
Processo Coletivo, de proposta de Antônio Gidi, previsão expressa do referido instituto, visto como
recomendável.
Ressalta-se que o CPC/2015 trouxe previsão expressa, no art. 138, acerca do amicus
curiae. Em razão do microssistema (visto acima), pode-se dizer que se aplica ao processo
coletivo, quando não houver previsão na lei.
Duas razões embasam a concepção RESTRITIVA (não cabe) na interpretação do art. 125,
II, do CPC/2015, na tutela coletiva:
A vedação à denunciação da lide ganha ainda mais força nas causas de consumo em
decorrência da proibição trazida pelo art. 88, do CDC e da regra de responsabilidade objetiva do
fornecedor.
Segundo Didier, não obstante a literalidade do art. 88, do CDC quanto à vedação da
denunciação da lide, o art. 7º, do mesmo diploma introduz no sistema consumerista a regra da
responsabilidade solidária entre os fornecedores, deixando claro o equívoco do legislador ao
intitular “denunciação da lide” instituto que, em verdade, é “chamamento ao processo”. Assim,
somente é admissível nas causas de consumo, inclusive as coletivas, o chamamento ao processo
expressamente autorizado pelo art. 101, II, do CDC (intervenção em contrato de seguro), muito
embora trate a norma, na maioria das vezes, de denunciação da lide. Assim, tendo em vista
Há que se frisar que o STJ não se importa com essa distinção. Interpreta literalmente a
proibição de denunciação à lide do CDC.
O regime de liquidação e execução coletivo deve ser dividido em dois grupos: execução
dos direitos difusos e coletivos; execução dos direitos individuais homogêneos.
Vejamos:
LACP
Art. 2º. As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar
a causa.
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de
pedir ou o mesmo objeto.
2) Destinatário da indenização: sendo o poder público lesado, o dinheiro vai para o poder
público. No caso de outros bens (meio ambiente etc.), esse dinheiro vai para o FDD
(Fundo de Defesa dos Direitos Difusos/Fundo de Bens Públicos Lesados), previsto no
art. 13 da LACP. O fundo é regulamentado pela Lei 9.008/95.
Cada ente tem seu fundo e as leis que regulamentam tal fundo.
No âmbito federal, quem gere esse fundo é o Conselho Federal, órgão do Ministério da
Justiça, com sede em Brasília, composto de membros da sociedade civil.
Onde é aplicada o dinheiro? Era para ser aplicado na reparação do dano causado, porém,
como o fundo é revertido em verba pública, acaba restando dificultado ou quase inviabilizado o
manejo desse dinheiro, tendo em vista a burocratização inerente ao uso de dinheiro público (lei
orçamentária etc.).
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados
de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram
sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de
outras execuções.
§ 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de
liquidação, da qual deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em
julgado.
§ 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de
execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.
A sentença em processo de interesse difuso e coletivo pode ser usada pelo particular
(transporte in utilibus da coisa julgada). O particular utiliza a sentença coletiva e ajuíza uma ação
de execução.
Aqui, tem uma diferença do processo individual: Não basta provar o ‘quantum debeatur’
(quanto é devido); o indivíduo deve provar o ‘an debeatur’ (existência da dívida), ou seja, deve
demonstrar o nexo de causalidade entre o a ação danosa e o prejuízo por ele sofrido.
É uma liquidação bem mais complexa que no processo individual. É, por isso, que
Gajardoni entende que não deveria ser usado o termo liquidação. Deveríamos usar o termo
habilitação. Ou como diz Dinamarco: “liquidação imprópria”.
3) Competência: Foros concorrentes - juízo da condenação (art. 98, §2º, I do CDC) e juízo de
domicílio do lesado (art. 101, I do CDC).
Lembrando: ação coletiva que se preocupa com a pretensão individual. Ou ainda, direitos
acidentalmente coletivos.
Competência: Foros concorrentes: juízo da condenação (art. 98, §2º, I do CDC) e juízo de
domicílio do lesado (art. 101, I do CDC).
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados
de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram
sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de
outras execuções.
[...]
§ 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de
execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.
Em vez de cada mulher executar sua sentença (que já deve estar liquidada, trata-se de
condição de admissibilidade), elas se juntam e vão até um legitimado extraordinário do art. 82, a
fim de que esse promova a execução da pretensão individual coletiva.
Abelha Rodrigues: “pseudo-execução coletiva”. Isso porque serve esta execução para
beneficiar os indivíduos e não a coletividade.
11.2.3. Execução da pretensão coletiva residual: “fluid recovery” (reparação fluída) - (art.
100 do CDC)
1) Legitimados: Legitimados do art. 82 CDC (somente os que teriam legitimidade para ação
de conhecimento) e 5º LACP.
CDC Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados
concorrentemente:
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta,
ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa
dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que
incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas
ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse
social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido.
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados
de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram
sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de
outras execuções.
[...]
§ 2° É competente para a execução o juízo:
...
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.
O fluid recovery foi criado precipuamente para os casos onde o dano é relevante somente
se coletivamente considerado, mas individualmente não existe o menor interesse dos lesados em
exigir reparação.
Exemplo do leite vendido 0,1ml a menos (lembrar: uma das ondas renovatórias do
processo civil, proposta por Cappelletti é coletivização do processo. Aqui, seria tendo em conta as
pretensões que individualmente consideradas, em tese, não se teria interesse do ponto de vista
econômico. Na coletivização do processo ainda se encontra: defesa de bens de legitimidade
indeterminada e melhor prestação do ponto de vista do sistema judiciário. As outras ondas
renovatórias são: justiça aos pobres e efetividade do processo).
Critérios para estimativa do valor a ser liquidado e executado como ‘fluid recovery’:
b) Gravidade do dano
1) Se o dano for ao patrimônio público (que como regra é bem difuso) o destinatário do valor
devido é o poder público lesado.
a) Individuais;
b) Coletivos;
c) Difusos.
O art. 1º D da Lei 9.494/97 diz que a Fazenda NÃO paga honorários em execução, quando
não houver oposição de embargos.
Lei 9494/97 Art. 1o-D. Não serão devidos honorários advocatícios pela
Fazenda Pública nas execuções não embargadas. (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35, de 2001)
Resumindo:
• o art. 1º-D da Lei 9.494/97 é válido apenas para as execuções contra a Fazenda Pública
envolvendo a sistemática de precatórios (art. 100, caput);
• o art. 1º-D da Lei 9.494/97 NÃO se aplica no caso execuções contra a Fazenda Pública
cobrando dívidas de pequeno valor (§ 3º do art. 100 da CF/88), nas quais o precatório é
dispensado.
12.1. IMPRESCRITIBILIDADE
Há, pelo menos, duas hipóteses em que a ação civil pública pode ser proposta a qualquer
tempo. São elas:
Obs.: Há doutrinadores que entendem que o ato culposo de improbidade é imprescritível, não
seria o prazo de 5 anos.
O direito ao meio ambiente saudável é um Direito Humano, por isso, ação civil pública para
a tutela do meio ambiente é imprescritível.
1ªC: Edis Milaré. A ACP não tem caráter patrimonial, por isso não tem prazo prescricional.
Gajardoni: não é correto, só pensar nas ações do CDC que, geralmente, são patrimoniais, muito
embora seja um argumento interessante. Minoritária.
Ocorre que no 1º semestre de 2019 foi proferido julgado que propôs uma mudança do
entendimento acima explicado. Decidiu a 3ª Turma do STJ que:
Para a Min. Nancy Andrighi: “ainda que a ação popular e a ação coletiva de consumo
componham o microssistema de defesa de interesses coletivos em sentido amplo, substancial a
disparidade existente entre os objetos e causas de pedir de cada uma dessas ações, o que
demonstra a impossibilidade do emprego da analogia (...) É, assim, necessária a superação
(overruling) da atual orientação jurisprudencial desta Corte, pois não há razão para se limitar o uso
da ação coletiva ou desse especial procedimento coletivo de enfrentamento de interesses
individuais homogêneos, coletivos em sentido estrito e difusos, sobretudo porque o escopo desse
instrumento processual é o tratamento isonômico e concentrado de lides de massa relacionadas a
questões de direito material que afetem uma coletividade de consumidores, tendo como resultado
imediato beneficiar a economia processual”
De acordo com o art. 995, do CPC/2015, nas demandas individuais, os recursos não
impedem a eficácia da decisão.
Por sua vez, nos litígios coletivos, dispõe o art. 14, da LACP:
LACP Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para
evitar dano irreparável à parte.
Assim, como a norma confere tal poder ao juiz, muito embora não se trate de poder
discricionário, entende-se, a contrário sensu, que neste sistema os recursos têm efeito
devolutivo, como regra. Segundo Didier, é preciso que a parte interessada peça a concessão de
efeito suspensivo (em sentido contrário, Nelson Nery), podendo tal efeito ser deferido tanto pelo
juízo a quo, quanto pelo ad quem.
A norma do art. 14, da LACP recebeu interpretação restritiva junto ao STJ para o qual esta
norma destina-se apenas às instâncias ordinárias, não alcançando a interposição de recursos
especiais e extraordinários (AgRg nº 311.505).
Exceção: na AÇÃO POPULAR a apelação tem efeito suspensivo quando interposta contra
sentença que julgar procedente a demanda (efeitos suspensivo ope legis), nos termos do art. 19,
da LAP.
LAP Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência
da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito
senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação
PROCEDENTE caberá apelação, com efeito suspensivo. (Redação dada
pela Lei nº 6.014, de 1973)
CPC/2015 Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo
efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e
suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução
fiscal.
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo
legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o
presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal julgará a remessa
necessária.
§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o
proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
Quatro são as correntes que tratam acerca do regime jurídico do reexame necessário em
sede de ação coletiva:
3C) aplica-se, por analogia, a regra da lei de ação popular (Patrícia Mara dos Santos; Luiz
Manoel Gomes Júnior);
4C) aplicam-se ambos os regimes, porque não são incompatíveis (Didier). Para este
doutrinador, condenada a Fazenda Pública em ACP, há remessa necessária; julgada
improcedente a ACP ou extinto o processo por carência de ação, envolva ou não ente
público, há, também, remessa necessária (reexame invertido).
LAP Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência
da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito
senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente
caberá apelação, com efeito suspensivo.
b) pedido de suspensão de liminar, que só pode ser formulado por pessoa jurídica de direito
público interno ou MP.
O inquérito tem previsão legal em dois dispositivos da Lei de Ação Civil Pública: art. 8º, §1º
e art. 9º.
O CNMP editou a Resolução 23/07, que pretende disciplinar, de modo uniforme, para
todos os MPs, o inquérito civil. Sofreu atualizações pelas Resoluções 59/210, 161/2017 e
193/2018.
b) Arquivamento: No policial quem arquiva é o juiz (o Pacote Anticrime prevê que será do
MP, mas a eficácia ainda está suspensa); no civil é o próprio MP.
14.2. CARACTERÍSTICAS
O Ministério Público ajuizou ação civil pública contra o réu “A”, então Prefeito, pela suposta
prática de improbidade administrativa. As provas que embasaram a ação de improbidade proposta
pelo MP foram obtidas em inquérito civil. Ao se defender, o réu alegou, dentre outras questões,
que, antes da propositura da ação de improbidade, o MP deveria ter aberto um procedimento
administrativo prévio. Essa discussão chegou ao STJ, que não acolheu a tese de “A”. Segundo a
Primeira Turma, o inquérito civil, como peça informativa, pode embasar a propositura de ação civil
pública contra agente político, sem a necessidade de abertura de procedimento administrativo
prévio.
4) Público: Por analogia ao art. 20 do CPP, o promotor pode decretar o sigilo. Entretanto, a
decretação desse sigilo é sujeita a mandado de segurança, para que o investigado tome
conhecimento da investigação.
Há vozes, na DPE, que defendem a possibilidade IQ pela DP, aplicando-se a teoria dos
poderes implícitos. Contudo, não prevalece.
É controvertido.
1ªC: Não. Autores oriundos do MP entendem que pode para qualquer assunto.
2ªC: Sim. Quando a CF trata do IC, ela trata junto com a ACP (129, III), assim, ela liga um
ao outro. Ou seja, o IC por suas regras só se presta a investigar problemas referentes a interesses
metaindividuais.
14.3.1. Instauração
- Se dá por meio de portaria do MP. Conforme a Resolução, a portaria deve ser numerada
e deve indicar (delimitar), fundamentadamente, o objeto da investigação. Essa portaria pode ser
instaurada de três formas distintas:
1-Ofício.
2-Representação.
3-Requisição do PGJ/PGR
- Presidência: A instauração é feita pelo membro do MP. Por conta dessa presidência, o
membro está sujeito às hipóteses de impedimento e de suspeição.
OBS: O fato de o promotor ter presidido o Inquérito não o impede de promover a ACP. Também
não impede o fato de o promotor estar incluso na coletividade atingida pelo fato investigado.
- Efeito da instauração nas relações de consumo (Art. 26, §2º, III do CDC): A instauração
do inquérito obsta a decadência nas relações de consumo.
- Denunciação caluniosa (Art. 339 do CP): É crime de denunciação caluniosa dar causa a
inquérito civil, imputando ao investigado a prática de crime, sabendo-o inocente.
O acusado pode ficar calado, ao abrigo do princípio do nemo tenetur se detegere? Sim. Ele
não precisa fornecer provas contra si mesmo.
E as testemunhas?
OBS: art. 342 do CP. Mentir para o promotor é crime de falso testemunho? A questão é
controvertida. Há quem entenda que sim, dentro da expressão processo administrativo.
LACP Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um –
cabe suspensão condicional do processo) a 3 (três) anos, mais multa de 10
(dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a
recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à
propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.
Obviamente, essa afirmação sofre uma restrição: O MP não pode ter acesso às
informações protegidas por sigilo constitucional, que dependem de ordem judicial (reserva de
jurisdição).
2ª C (dominante): O MP não pode quebrar diretamente o sigilo, pois embora não estejam
expressos, eles decorrem da garantia da privacidade e intimidade. STF: RMS 8716/GO.
Ambas convergem em um entendimento: as contas públicas não são protegidas por sigilo
nenhum. Nesses casos, portanto, o MP pode requisitar diretamente (ex: conta corrente da
prefeitura).
Mas a CF/88 expressamente menciona que o MP tem poder para investigar crimes? NÃO.
A CF/88 não fala isso de forma expressa. Adota-se aqui a teoria dos poderes implícitos. Segundo
essa doutrina, nascida nos EUA (Mc CulloCh vs. Maryland – 1819), se a Constituição outorga
Desse modo, não é inconstitucional a investigação realizada diretamente pelo MP. Esse é
o entendimento do STF e do STJ.
Além da doutrina dos poderes implícitos, podemos citar como fundamento constitucional
que autoriza, de forma implícita, o poder de investigação do MP:
Parâmetros que devem ser respeitados para que a investigação conduzida diretamente
pelo MP seja legítima
5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito do
defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”);
14.3.3. Prazo
Não há prazo previsto em lei, a Resolução do MP prevê o prazo de 01 ano, que pode ser
prorrogado.
14.3.4. Conclusão
Opções do MP:
Quando faz isso, o MP deve remeter esse arquivamento para seu órgão superior, no prazo
de 03 dias.
O órgão superior deverá designar uma sessão de julgamento (até aqui qualquer
interessado pode se manifestar ou juntar documentos).
Nesse julgamento, o órgão (CSMP ou CCR/MPF) pode tomar uma de três medidas:
1ª:Homologar o arquivamento;
Homologado o arquivamento, nada impede que qualquer outro legitimado, ou até mesmo
outro órgão do MP proponha a ACP (por exemplo, a Defensoria). Ou seja, o arquivamento não faz
nenhuma espécie de coisa julgada. É o fim do óbice ao prazo decadencial lá previsto no CDC (ver
acima).
Nesse caso, o PGJ nomeará outro membro do MP para propor a ACP. Não nomeia o
mesmo para preservar a independência funcional daquele que promoveu o arquivamento. Esse
nomeado agirá por delegação, de forma que estará obrigado a promover a ACP. Ele não atuará
em nome próprio, mas sim como longa manus do procurador geral. Qualquer legitimado pode
propor o arquivamento.
A recomendação não detém caráter vinculativo. Porém, uma vez não cumprida, não é lícito
a quem a recebeu alegar desconhecimento com o fito de escusar-se de futura ACP ajuizada.
Há doutrina que defende ser um reconhecimento jurídico do pedido. O que está sendo
discutida nessa apuração é o interesse coletivo. Se assim o é, ele não pertence ao órgão
celebrante do termo, mas sim à coletividade. Logo, é um interesse indisponível. Prova disso é que
o órgão celebrante não pode renunciar ao conteúdo da obrigação, mas apenas pode negociar a
forma de cumprimento.
14.4.3. Legitimação
Conforme o art. 5º, §6º, quem pode celebrar o TAC são os órgãos públicos (MP,
Defensoria Pública, Administração Pública Direta, autarquias e fundações de Direito Público). Ou
seja, as empresas públicas, sociedades de economia mista e associações (dentre as legitimadas
para propor ACP) não podem celebrar TAC.
14.4.4. Facultatividade
O STJ, no julgamento do Resp 596764, entendeu que inexiste um direito público subjetivo
de quem quer que seja à celebração de TAC com os órgãos públicos legitimados, em especial, o
MP.
Trata-se de uma faculdade de quem pode propor aceitar/recusar, celebrar ou não, o TAC.
Ocorre quando o TAC não é capaz de resolver todo o problema. Nesta circunstância, de
acordo com a doutrina, poderá ser realizado outro TAC em caráter complementar ou ser proposta
uma ACP, exclusivamente, para reparar o prejuízo não ajustado.
14.4.9. Objeto
A celebração é, geralmente, condicionada pela multa. Essa multa tem natureza muito
parecida com a astreinte, funciona como pressão para o acusado.
FRISE-SE, no entanto, que pode existir outro tipo de cominação (“castigo”). A multa não é,
necessariamente, uma condição para o TAC.
A celebração é condicionada pela multa. Essa multa tem natureza muito parecida com a
astreinte. A multa funciona como pressão para o acusado.
Aqui, o acordo não fica sujeito a controle do órgão superior do MP, mas sim do juiz.
Grosso modo, é um TAC parcial. Não impede a propositura da ACP contra outros
investigados, ou para alcançar outros pedidos. Em sendo o compromisso celebrado, não haverá o
arquivamento do IC ou extinção da ACP, pois o procedimento segue quanto às questões não
contempladas no compromisso.
De acordo com a redação originária do art. 17, §1º da LIA, era vedado a transação, o acordo
e a conciliação nas ações de improbidade administrativa.
Indaga-se: diante da vedação legal é possível fazer algum espécie de acordo nas ações de
improbidade?
b) Repressiva punitiva – em que se aplica sanções em sentindo estrito, ou seja, visa punir o
agente improbo. Aqui, há divergência, observe as duas correntes acerca do tema:
Na dimensão punitiva não cabe acordo. Assim, as sanções, necessariamente, devem ser
aplicadas no curso de uma ação de improbidade administrativa pela autoridade judiciária, tendo
em vista que:
Quando a LIA entrou em vigor (1992) não havia no Direito Penal nenhuma possibilidade de
transação. Por isso, o legislador originário vedou a possibilidade de autocomposição na esfera da
ação de improbidade administrativa.
Artigo 2º, §1º, LINDB – norma mais nova regula inteiramente uma lei anterior ou
sendo incompatível, haverá revogação. Assim, estamos diante de uma
revogação tácita do art. 17 §1º (Didier, Ermes Zanetti).
O Pacote Anticrime acabou com a discussão, tendo em vista que alterou a redação do art.
17 da LIA, permitindo a celebração de acordo de persecução civil.
Para Mazzilli, o acordo EXTRAJUDICIAL é uma garantia mínima, motivo pelo qual se
qualquer outro colegitimado coletivo não o aceitar poderá desconsiderá-lo e buscar diretamente os
remédios jurisdicionais cabíveis. Por esse motivo, o STJ já reconheceu a legitimidade do MP em
Na seara individual, há quem diga (Mazzilli) ser possível ao indivíduo recusar o acordo
(judicial ou extrajudicial) por meio de ações individuais (exceptio male gesti processus).
Por sua vez, José Marcelo Vigliar discorda ao afirmar que o terceiro titular de direito
individual que se sinta afetado com o acordo celebrado não poderá recorrer da sentença que
homologa acordo judicial em ação coletiva, por não possuir interesse recursal, na medida em que
a coisa julgada coletiva se estende às causas individuais in utilibus.
1.1. CONCEITO
Segundo Gajardoni, é possível ver na ação Popular uma forma de participação popular na
administração. Isto porque, em que pese o Brasil adotar um sistema de democracia indireta
(representativa), o próprio sistema abre certos poros, visando possibilitar que o cidadão participe
diretamente da administração.
Art. 5º
...
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Lei nº 4.717/65, e mais: integrando o microssistema, ela vai utilizar dispositivos da LACP e
do CDC também.
CF Art. 5º
...
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
1) Patrimônio público
2) Moral administrativa
3) Meio ambiente
Ou seja, cabe contra entidade de direito privado, desde que receba dinheiro público. Se o
poder público concorrer com menos de 50%, a Ação Popular se restringirá a repercussão nos
cofres públicos. O ataque sobre o ato lesivo só atinge o dinheiro público. (Isso se repete na lei de
improbidade administrativa)
Trata-se de padrões éticos e de boa fé no trato com a coisa pública. Exemplo: art. 37, §1º
CF.
Exemplo do Gajardoni: a candidata que se elegeu prefeita e pintou toda cidade de rosa. De
fato, as coisas precisavam ser preservadas, e não houve dano. Entretanto, houve violação da
moralidade, visto que ela estava se promovendo.
Cabe contra “ato ilegal lesivo” (conforme CF art. 5º LXXIII e Art. 1º da LAP).
CF Art. 5º
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LAP Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação
ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do
Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades
mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de
empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou
entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
3.1. “ATO”
1) Ato administrativo: A ação popular cabe contra ato administrativo. No sistema, a regra
geral, é que a AP cabe contra ato administrativo. 90% das ações populares são para
atacar contratos administrativos, nomeações, portarias, decretos.
Exceções: leis de efeitos concretos. Aquelas que, por si, só operacionalizam o ato
administrativo. Por exemplo: lei que concede anistia tributária. Quando isso acontece, pode-se
lesar o patrimônio público, portanto cabe AP.
3.2. “ILEGAL”
Esse rol é exemplificativo. Vide art. 3º da LAP. Ou seja, caberá o AP mesmo quando não
se violem os elementos do ato, mas tenham-se outros vícios.
3.3. “LESIVO”
Hermes Zaneti Jr. aponta, conforme julgados da 1ª e 2ª turma do STJ (4ª em sentido
contrário), assim como o STF, no sentido de a jurisprudência dispensar a comprovação de
prejuízo econômico ao erário público para o ajuizamento da AP. Como no caso de lesão à
moralidade administrativa.
O art. 4º traz um rol de atos que a LAP PRESUME sejam lesivos ao patrimônio público.
4. LEGITIMIDADE
1) Mas o que é cidadão? Cidadão é a qualidade daquele que pode votar, estão superadas
as discussões sobre “votar e ser votado”. O maior de 16 pode votar, portanto, pode
oferecer ação popular.
Art. 1º, § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o
título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.
Se o indivíduo não vota três vezes consecutivas e não justifica, ele não pode votar na
quarta, sem pagar multa etc. Não poderá também oferecer ação popular.
O estrangeiro pode ajuizar AP? Como regra, não podem ajuizar ação popular. Todavia,
existe uma exceção, qual seja, o português quando haja reciprocidade.
OBS: Não podem ajuizar os conscritos, pois também não podem votar.
3) Suspensão e cassação dos direitos políticos (art. 12 e 15 da CF). Não podem ajuizar.
Lembrar das posições na ACP (correntes: extraordinária, autônoma – dependendo etc. ver
acima).
O litisconsórcio é ativo, facultativo, inicial ou ulterior e unitário, porque a decisão deve ser
idêntica, o objeto é indivisível.
O art. 6º coloca todo mundo que participou do ato lesivo como réu. São todos aqueles,
pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que de qualquer forma participaram do
ato ou se beneficiaram diretamente dele.
Como a legitimidade passiva é muito grande, permite-se essa correção, o que vem a
coadunar com a natureza do processo, isto porque dificilmente estariam desde o início todos os
litisconsortes passivos integrados à lide, como se disse, devido a amplitude da legitimidade
passiva.
O que define o que a PJ irá fazer é a gestão política da PJ. Exemplo: Se é ajuizada uma
AP sobre atos praticados no governo Lula. Dilma (sucessora) no poder, a União irá defender o
ato, ou seja, contestar. No caso de vitória do Aécio, este iria ir para o polo ativo da ação. No caso
de um aliado político que não do PT, provavelmente iria abster-se.
1º: órgão opinativo. Custus legis. (Gajardoni: captio diminutio do MP, tem papel muito mais
relevante).
6. COMPETÊNCIA
LAP
Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de
Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas:
...
IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20
(vinte), a requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção
de prova documental, e será comum a todos os interessados, correndo da
entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do
decurso do prazo assinado em edital.
8. SENTENÇA
Cuidado com a regra do Art. 7º, VI, parágrafo único. Há uma sanção maior do que em outros
processos, ou seja, se ele não obedecer ao prazo ele não é promovido.
Será sempre DESCONSTITUTIVA. O ato jurídico vai ser extinto pela sentença. Entretanto,
pode ter também eficácia CONDENATÓRIA. Art. 11.
Não há nenhum outro tipo de sanção na sentença da popular, isso significa que o juiz tira o
ato do mundo jurídico, desconstitui o ato. Fora isso, se ele percebe que o indivíduo se apropriou
de patrimônio púbico e etc. descobre que o cara é um ladrão e tal, não pode fazer nada, deve
encaminhar para o MP (não é possível aplicação de sanções da Ação de Improbidade em sede de
AP).
9. REEXAME NECESSÁRIO
Na LACP vimos que o juiz que dá o efeito que achar pertinente. Aqui não.
ACP AP
Amplitude Mais ampla: direitos coletivos lato Mais restrita: direitos difusos.
sensu (direitos difusos, coletivos,
individuais homogêneos)
l - ao meio-ambiente; Art. 5º CF
Temos como certo que a impenhorabilidade salarial tem como exceção a dívida alimentar.
Temos aqui outra exceção: art. 14, §3º
LAP Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será
indicado na sentença; se depender de avaliação ou perícia, será apurado na
execução.
§ 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos, a execução
far-se-á por desconto em folha até o integral ressarcimento do dano
causado, se assim mais convier ao interesse público.
13. SUCUMBÊNCIA
Se o autor popular perder, de acordo com o art. 10 e 13 da LAP e art. 5º, LXXIII CF, haverá
isenção de sucumbência, salvo má-fé (será condenado no décuplo das custas).
Se houver vitória do cidadão, ou seja, procedência, haverá sucumbência normal (do réu no
caso).
- Disciplinar dois temas que até então não tinham previsão legal, embora existentes na
prática, quais sejam, o MS originário (MS que começa nos tribunais superiores) art. 16 e art. 18 e
o MSC (art. 21 e art. 22).
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido
político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus
interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária,
ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
Sustentou-se durante muitos anos que não cabia a aplicação do CPC ao MS.
Nos últimos anos, entretanto, este quadro mudou e passou-se a admitir a aplicação
subsidiária do CPC em praticamente todos os temas (embargos infringentes, intervenção de
terceiros).
d) Súmulas:
STF - 101; 266 a 272; 304; 392; 405; 429; 430; 433; 474; 506; 510 a 512; 597; 622 a 632;
701.
STJ – 41; 105; 169; 177; 202; 206; 212; 213; 333; 376; 460.
2. CONCEITO
Fato: deve ser incontroverso, ou seja, provado de plano. Não depende de dilação
probatória, uma vez que este fato está comprovado através de uma prova pré-constituída (direito
líquido e certo)
Paralelo entre MS e ação monitória: ambos são processos documentais, pois dependem
de prova pré-constituída.
Fundamentos jurídicos: pode ser controverso, ou seja, pode ser um direito intrincado (não
é pacífico)
Art. 6º, §§ 1º e 2º da Lei do MS, uma vez que a prova está em poder da autoridade
coatora, deve ser alegado em sede de preliminar.
Art. 6o (...)
§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache
em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que
se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará,
preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em
cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10
O MS é uma medida residual, por isso só cabe em casos em que não é possível HC e HD.
O HC foi forjado para o cabimento de concessão liberdade (ir e vir). Está previsto no CPP.
O habeas data é regulamentado pela Lei 9.507/97, art. 7º, é concedido para garantia ao
direito de informação própria. Portanto, é utilizado para obter informação própria. Caso queira
informação de terceiro deve ser impetrado MS.
Divide-se em:
Entende-se que a parte pode renunciar à via administrativa, expressamente, para impetrar
MS, vez que o ato é exequível.
Há exceção da exceção, ou seja, há uma hipótese em que mesmo que tenha recurso
administrativo com efeito suspensivo e sem caução caberá MS. É a hipótese do ato omissivo,
entendimento sumulado (429 STF)
Ato legislativo: em regra, não cabe MS contra ato legislativo (Súmula 266 STF).
- Leis de efeitos concretos: são leis que por si só já operalizam prejuízo, ou seja, não
precisam de um ato administrativo posterior para causar prejuízo, a exemplo de leis proibitivas
(Lei do Fumo);
Ato judicial: em regra, não cabe MS contra ato judicial (art. 5º, II e III, súmula 267 e 268
STF)
Súmula 267 STF - Não cabe mandado de segurança contra ato judicial
passível de recurso ou correição.
Súmula 268 STF - Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial
com trânsito em julgado.
Contra decisão que não possui recurso previsto em lei (sucedâneo recursal), antes do
trânsito em julgado. São exemplos: JEC e JEF
No caso de decisão do STF, mesmo que não exista recurso previsto em lei, não cabe MS.
Contra decisão teratológica (monstruosa), não possui substrato material, cabe, inclusive,
após o trânsito em julgado. Por exemplo, no caso de petição inicial em que o juiz sentencia e
manda citar o réu depois.
Abuso de poder (direito): refere-se aos atos discricionários, deve escolher dentro daquilo
que protege o interesse público. Quando faz a opção que não atende ao interesse público
caracteriza ato abuso de poder, cabendo MS contra ela.
3. LEGITIMIDADE
A) Partido Político
Partido Político nada mais é do que uma associação que tem seus estatutos depositados
perante o TSE, cujo objeto social é a conquista do poder (art. 17, §2º, da CF/88).
Para que possa propor MS coletivo, deve possuir pelo menos 01 (um) representante no
Congresso Nacional, seja deputado, seja senador. Cumprido o requisito, poderá fazê-lo nas três
esferas da federação.
À luz desse entendimento, o STJ já negou (RE n. 196184) que o partido político pudesse
entrar com MS em matéria tributária, in verbis:
Igualmente, não é necessária a autorização dos filiados (súmula 629 do STF). Tanto é
verdade que é perfeitamente possível a impetração de MS coletivo para beneficiar apenas parcela
da categoria (súmula 630 do STF).
b) Entende-se que o MS é uma ação personalíssima, por isso a morte do autor gera a
extinção do processo;
e) Art. 3º
Toda previsão da legitimidade passiva (MSI e MSC) está no art. 1º, §§ 1º e 2º, da Lei do
MS.
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os
representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de
entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as
pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no
que disser respeito a essas atribuições.
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de
economia mista e de concessionárias de serviço público.
Indica os dois porque o art. 7º, II, manda notificar o coator e deve avisar o órgão de
representação da pessoa jurídica.
Tecnicamente, a autoridade coatora é qualquer um dos dois casos acima, mas desde que
seja capaz de desfazer o ato.
• Ato coator praticado diversas vezes em áreas distintas, inclusive por executores
distintos. O prejudicado, se quiser, pode impetrar um MS contra cada ato ou
apenas um MS contra o superior hierárquico de todos os outros;
• Ato composto: uma pessoa pratica o ato e outra homologa (autoridade coatora), a
exemplo de demissão de servidor público;
II Grupo
III Grupo
Em princípio, não cabe MS contra bancos privados, pois a atividade não é delegada, mas
sim autorizada, entretanto, se a discussão for sobre o sistema financeiro de habitação o banco
age exercendo atribuição do poder público. Neste caso, cabe MS.
IV Grupo
4. OBJETO DO MS COLETIVO
2ª (restritiva – lei e STF): coletivos (strictu sensu) e individuais homogêneos (art. 21,
§único, da LMS).
5. COMPETÊNCIA
5.1. FUNCIONAL/HIERÁRQUICO
Observações:
A regra geral do sistema é que não haja foro privilegiado em processo civil. Porém, o MS é
uma exceção.
MS contra ato do colégio recursal, para atacar sua competência RMS 17524/BA, será o TJ
ou TRF da região.
5.2. MATERIAL
b) Justiça Eleitoral – julga desde que a matéria seja a do art. 121, CF. Basicamente, o MS
de matéria eleitoral será julgado pela JE.
c) Justiça Federal e Justiça Estadual – o que define a competência entre elas é o status da
autoridade, ou seja, se a autoridade coatora for federal (JF); se autoridade coatora for estadual
(JE).
Para definir quem é competente nestes casos, verifica-se o status não da autoridade, mas
sim de quem autoriza à atividade.
Por exemplo, MS contra energia elétrica – União autoriza – Justiça Federal; porém, se
resolver entrar com qualquer outra ação (cautelar, tutela antecipada, obrigação de fazer ou não
fazer), o réu será a concessionária (particular), portanto, a competência será da justiça estadual.
Ex2: MS em matéria de ensino superior – pode ser explorado pela União, Estados/DF e
Municípios, bem como particulares (pede autorização para o MEC – União).
MS Outras ações
Universidade Federal Justiça federal Justiça federal
Universidade Estadual Justiça estadual Justiça estadual
Universidade Municipal Justiça estadual Justiça estadual
Universidade Particular Justiça federal Justiça estadual
5.3. VALORATIVO
Nem a Lei 9.099/95 (art. 8º), nem a Lei 10.059 (art. 3º, § 1º), tão pouco a Lei 12.153 (art.
2º), admite MS nos juizados em 1ª Grau
5.4. TERRITORIAL
6. PROCEDIMENTO
MP (10 dias)
Sentença
6.1. LIMINAR NO MS
Art. 7º, III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido (liminar),
quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a
ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir
do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o
ressarcimento à pessoa jurídica.
Antes da nova Lei do MS, era pacífico o entendimento de que era vetado a exigência de
caução para conceder a liminar.
Art. 7º, § 2o Não será concedida medida liminar (cabe MS) que tenha por
objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e
bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza.
O STF, no julgamento da ADC 4, entendeu que estas limitações são constitucionais, salvo
em matéria previdenciária.
6.2. INFORMAÇÕES
b) Não há revelia pela falta de apresentação, eis que a presunção de legitimidade do ato
administrativo se sobrepõe a presunção de veracidade da revelia.
c) Natureza
6.3. SENTENÇA
6.4. RECURSOS
b) Em 1º grau cabe: agravo - liminar (art. 7º, §1º), apelação (sem efeito suspensivo, salvo
no caso do art. 14, § 3º, casos em que não cabe liminar contra o poder público) e embargos de
declaração.
d) MS originário (foro privilegiado) já começa nos tribunais, cabe: agravo para o colegiado
(agravo interno) em duas situações:
Cabe ROC (art. 18 LMS): é julgado pelo STJ ou pelo STF, depende da origem do MS
originário.
Ordem denegada
7. DESISTÊNCIA
8. DECADÊNCIA
O art. 23, LMS, é claro no sentido de que o MS só pode ser impetrado no prazo de 120
dias.
Natureza jurídica:
2ªC – (Leonardo Carneiro da Cunha) prazo extintivo com natureza própria (minoritária). É
melhor porque a decadência do MS não acarreta a perda do direito, mas apenas da via, nada
impedindo que a parte postule o mesmo direito pela via comum.
O prazo é constitucional.
Termo inicial:
d) Ato preventivo – não há prazo, eis que o ato ainda não foi praticado;
Por esta teoria entende-se que o juiz extinguirá o processo, sem o julgamento do mérito
toda vez que, já concedida a liminar, for observado, ao tempo do julgamento da ação, que a
concessão ou não da ordem não alterará a situação de fato, já consumada. Nestes casos,
extingue-se o MS sem análise do mérito. Por exemplo, a criança que cursou a primeira série por
força de liminar.
Obs.: O STJ, não aceita a aplicação desta teoria, em caso de candidato que participou de
fase de concurso por força de liminar.