Climatologeografia Flavia

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Tema do Trabalho:
FORMAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO: PROCESSOS DE FORMAÇÃO, FORMAS DE
PRECIPITAÇÃO E TIPOS DE CHUVAS

Docente: Nome e Código do Estudante:


Trindade Filipe Chapare, PhD Flávia Bertil João Agostinho
708212079

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Climatogeografia
Ano de Frequência: 1º Ano

MILANGE, MAIO DE 2022


Folha de Feedback
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
Subtotal
máxima tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos gerais Formatação paragrafo, 1.0
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência das
Referências
edição em citações citações/referências 4.0
Bibliográficas
e bibliografia bibliográficas

ii
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

iii
Índice

1. Introdução ........................................................................................................................... 1

2. Formação de Precipitação ................................................................................................... 2

2.1. Conceito de precipitação .............................................................................................. 2

2.2. Processos de formação ................................................................................................. 2

2.3. Formas de Precipitação ................................................................................................ 5

2.4. Tipos de Precipitação ................................................................................................... 6

2.4.1. Precipitações Ciclônicas ....................................................................................... 6

2.4.2. Precipitações Convectivas .................................................................................... 8

2.4.3. Precipitações Orográficas ..................................................................................... 9

2.5. Tipos de Chuvas........................................................................................................... 9

2.5.1. Chuva frontal ........................................................................................................ 9

2.5.2. Chuva orográfica ou chuva de relevo ................................................................. 10

2.5.3. Chuvas convectivas ou chuvas de verão............................................................. 10

2.5.4. Chuva ácida ........................................................................................................ 10

3. Conclusão .......................................................................................................................... 11

4. Referências bibliográficas ................................................................................................. 12


1. Introdução
O fenómeno da precipitação é o elemento alimentador da fase terrestre do ciclo hidrológico e
constitui portanto factor importante para os processos de escoamento superficial directo,
infiltração, evaporação, transpiração, recarga de aquíferos, vazão básica dos rios e outros.
Neste sentido, Formação de Precipitação: processos de formação, formas de precipitação e
tipos de chuvas é o tema que será abordado nesse trabalho.

O presente trabalho está estruturado de forma a facilitar a fornecer bases sólidas para uma boa
percepção do tema em questão. O trabalho tem por objectivo compreender o processo de
precipitação; explicar o processo de formação de precipitação; identificar as formas de
precipitação e descrever os tipos de chuvas. Portanto, como o objectivo de alcançar os
objectivos traçados, no desenvolvimento do trabalho começaremos por analisar o conceito de
precipitação como o primeiro ponto da estrutura do trabalho, de seguida, analisaremos o
processo de precipitação no seu contexto geral.

O presente trabalho realizou-se com base nas regras de produção e publicação de trabalhos
científicos da Universidade Católica de Moçambique. Os conteúdos foram desenvolvidos
recorrendo-se a leitura de varias obras literárias, artigos, referências bibliográficas e manuais
que abordam assuntos relacionado com o tema em questão. Como não basta-se, recorreu-se
também ao uso da internet.

O trabalho terá como abordagem a qualitativa e obedecera a seguinte estruturada,


nomeadamente: capa; Folha de Feedback; Folha para recomendações de melhoria: A ser
preenchida pelo tutor; índice; introdução; objectivos; metodologia; análise e discussão
(desenvolvimento); considerações finais (conclusão); e referencias bibliográficas.

1
2. Formação de Precipitação
2.1.Conceito de precipitação
De acordo com Hipólito & Vaz (2011), entende-se por precipitação a água proveniente do
vapor de água da atmosfera depositada na superfície terrestre sob qualquer forma: chuva,
granizo, neblina, neve, orvalho ou geada. Representa o elo de ligação entre os demais
fenómenos hidrológicos e o fenómeno do escoamento superficial, sendo este último o que
mais interessa ao engenheiro. Ainda conforme o autor acima citado, refere-se que:

Para que haja condensação na atmosfera, há necessidade da presença de núcleos de


condensação, em torno dos quais se formam os elementos de nuvem (pequenas
gotículas de água que permanecem em suspensão no ar). O principal núcleo de
condensação é o NaCl. No entanto, em algumas regiões específicas, outras substâncias
podem actuar como núcleos de condensação, como é o caso do 2-metiltreitol, álcool
proveniente da reacção do isopreno emitido pela floresta com a radiação solar,
considerado o principal núcleo de condensação para formação das chuvas convectivas
na região Amazónica (p. 21).

O autor citado anteriormente, expressa que para além dos núcleos de condensação, há
necessidade de que o ar fique saturado de vapor, o que ocorre por duas vias: aumento da
pressão de vapor d´água no ar e resfriamento do ar (mais eficiente e comum). Esse
resfriamento do ar se dá normalmente por processo adiabático, ou seja, a parcela de ar sobe e
se resfria devido à expansão interna, que se deve à redução de pressão. A taxa de decréscimo
da temperatura do ar com a elevação é denominada de Gradiente Adiabático (G):



Para o autor, a ascensão de uma parcela de ar irá depender das condições atmosféricas. Isso
explica por que em alguns dias ocorre formação intensa de nuvens pelo processo convectivo e
em outros dias não. Quando as condições atmosféricas favorecem a formação os movimentos
convectivos e, consequentemente, a formação de nuvens, a atmosfera é dita instável, ao passo
que sob condições desfavoráveis à formação de nuvens, a atmosfera é dita estável.

2.2.Processos de formação
Água meteórica, é aquela constituinte da chuva, chuvisco, aguaceiro, neve, granizo, orvalho e
geada. Pela sua importância no gerar do escoamento, a chuva é o tipo de precipitação mais
importante em hidrologia. De acordo com Lencastre & Franco (2003), refere-se que:

2
A precipitação é o retorno, à superfície terrestre, da água que passou da fase líquida à
fase gasosa, processo que recebe o nome de evaporação. Para tanto é necessário que a
água receba ao redor de 590 cal/g água, denominado calor latente de evaporação. Ao
retornar à fase líquida liberará essa quantidade de energia, ou ainda, se sofrer o
processo de solidificação haverá o despreendimento de algo em torno de 80 cal/g
água, valor este correspondente ao calor latente de liquefacção, ou seja referente à
passagem da água da fase sólida para fase líquida (p. 60).

Conforme os autores acima citados, para que haja precipitação, entretanto, é necessário que
não somente a água retorne à fase líquida, processo que recebe o nome de condensação, como
também que as gotas cresçam até um tamanho suficiente para que sob a acção da atracção
gravitacional vençam a resistência e as correntes de ar ascendentes. Os autores citados
anteriormente, expressam que:

O crescimento das gotículas formadas por condensação é chamado coalescência. Desta


maneira conclui-se que mesmo que haja condensação, não necessariamente ocorrerá a
precipitação, no caso de o processo de coalescência não ser intenso o suficiente para
promover um crescimento das gotículas até uma dimensão que vençam as resistências
do ar. Chuva é um tipo de precipitação que ocorre na forma líquida e em temperaturas
superiores a 0ºC (p. 61).

Segundo os autores, as chuvas podem ser caracterizadas a partir de critérios como intensidade,
acidez ou origem, esta é a forma mais comum de classificação. De acordo com a origem, as
chuvas podem ser orográficas, frontais e convectivas.

Fig. 1. Mecanismos de formação de precipitação

Fonte: Lencastre & Franco (2003)

3
Hipólito & Vaz (2011) afirma que, a quantidade de precipitação numa região é fundamental
para a determinação, entre outros, das necessidades de rega de culturas, ou do abastecimento
doméstico e industrial. A intensidade de precipitação é importante para a determinação das
pontas de cheia e determinante nos estudos de erosão. Os autores citados acima expressam
ainda que:
As características principais da precipitação são o seu total, a duração e a sua
distribuição no espaço e no tempo. A quantidade de precipitação só tem significado
quando associada a uma duração. Por exemplo, valores de 100 mm podem ser baixos
para um mês da estação húmida mas, é bastante num dia e uma excepcionalidade se
ocorrer numa hora. A ocorrência de precipitação é um fenómeno puramente aleatório
que não possibilita previsões com grande antecedência (p. 23).

Segundos os autores, podemos afirmar quer por esse motivo, o tratamento dos dados de
precipitação passa, na maioria dos casos, por aplicação de técnicas de inferência estatística no
sentido de estimar a magnitude dos eventos pluviosos em função de uma dada probabilidade
de ocorrência. De acordo com Hipólito & Vaz (2011), refere-se que:

Para que haja precipitação, é necessário que ocorra um desequilíbrio térmico ao nível
das nuvens provocado pela condensação do vapor de água, sempre que a temperatura
desça abaixo do ponto de saturação da massa de ar. A condensação, só por si, não
conduz a um aumento das gotas de água ao ponto de se verificar o seu desprendimento
e queda, pela acção da gravidade. É necessário que ocorra, em simultâneo, a fusão
sucessiva das micro gotas, que vão assim aumentando de tamanho, processo de
coalescência directa (p. 24).

Para que a chuvada se efective com uma duração determinada, é fundamental a convergência
horizontal do vapor de água no sentido das camadas atmosféricas sob as nuvens. Deste modo,
acumula-se água líquida junto à nuvem para posterior reposição das perdas de água, à medida
que esta vai precipitando. Quando o mecanismo de convergência horizontal diminui ou
eventualmente troca de sentido (divergência), a precipitação reduz-se ou cessa podendo, no
caso de haver divergência, levar à dissipação das nuvens (Hipólito & Vaz, 2011).

De acordo com Lapissone (2016), dois importantes mecanismos foram identificados para
explicar a formação de gotas de chuva: O processo de Bergeron e o processo de colisão -
coalescência. Segundo o autor, o processo de Bergeron aplica-se a nuvens frias, que estão em
temperaturas abaixo de 0° C. Ele se baseia sobre duas propriedades interessantes da água.
Ainda conforme o autor, refere-se que:

4
O processo de Bergeron depende da diferença entre a pressão de saturação do vapor
sobre a água e sobre o gelo. Consideremos uma nuvem na temperatura de -10o C,
onde cada cristal de gelo está rodeado por muitos milhares de gotículas líquidas. Se o
ar está inicialmente saturado em relação à água líquida, ele está supersaturado em
relação aos recém-formados cristais de gelo (p. 119).

Lapissone (2016) afirma ainda que, o processo de colisão-coalescência ocorre em algumas


nuvens quentes, isto é, nuvens com temperatura acima do ponto de congelamento da água
(0ºC). Essas nuvens são inteiramente compostas de gotículas de água líquida e precisam
conter gotículas. Segundo o autor citado anteriormente, refere-se que:

Estas gotículas maiores se formam quando núcleos de condensação gigantes estão


presentes e quando partículas higroscópicas, como sal marinho, existem. Estas
partículas higroscópicas começam a remover vapor d’água do ar em humidades
relativas abaixo de 100% e podem crescer muito. Como essas gotículas gigantes caem
rapidamente, elas colidem com as gotículas menores e mais lentas e coalescem
(combinam) com elas, tornando-se cada vez maiores. Tornando-se maiores, elas caem
mais rapidamente e aumentam suas chances de colisão e crescimento (p. 127).

De acordo com o autor acima citado, refere-se que, após um milhão de colisões, elas estão
suficientemente grandes para cair até a superfície sem se evaporar. Gotículas em nuvens com
grande profundidade e humidade abundante têm mais chance de atingir o tamanho necessário.
Correntes ascendentes também ajudam, porque permitem que as gotículas atravessem a
nuvem várias vezes.

2.3.Formas de Precipitação
De acordo com Oliveira et al (2010), dependendo do mecanismo que condiciona a elevação
do ar húmido até às camadas mais frias da atmosfera, assim as precipitações pode ocorrer sob
diversas formas:

 Chuva: precipitação em forma líquida, com diâmetros variando entre 200 milésimos
de milímetros e alguns milímetros; A chuva formada por gotículas cujos diâmetros são
inferiores a 0,5 milímetros é conhecida como garoa ou chuvisco;
 Neve: quando a condensação do vapor d’água ocorre em temperaturas muito baixas
(sublimação), formam-se cristais de gelo que coagulam e se precipitam em forma de
flocos;
 Granizo: precipitação em forma de pedras de gelo. Tal precipitação pode ocorrer pelo
congelamento da gota d’água ao atravessar camadas atmosféricas mais frias ou pela
recirculação de cristais de gelo no interior das nuvens;

5
 Nevoeiro: o nevoeiro é uma nuvem ao nível do solo, com gotículas de diâmetro médio
em torno de 0,02 milímetros, conhecido também como cerração;
 Orvalho: deposição de água sobre superfícies frias, à noite, como resultado do
esfriamento do solo e do ar atmosférico adjacente, por efeito de irradiação de calor;
 Geada: deposição de uma finíssima camada de gelo decorrente de processo de
irradiação térmica, ocorrendo em temperaturas muito baixas (sublimação do vapor da
água).

2.4.Tipos de Precipitação
De acordo com Carvalho et al (2010), processo de condensação por si só não é capaz de
promover a ocorrência de precipitação, pois nesse processo são formadas gotículas muito
pequenas, denominadas de elementos de nuvem, que permanecem em suspensão na
atmosfera, não tendo massa suficiente para vencer a força de flutuação térmica.

Segundo o autor acima citado, refere-se que, para que haja a precipitação deve haver a
formação de gotas maiores, denominadas de elementos de precipitação, resultantes da
coalescência das gotas menores, que ocorre devido a diferenças de temperatura, tamanho,
cargas eléctricas e também devido ao próprio movimento turbulento.

2.4.1. Precipitações Ciclônicas


Conforme Carvalho et al (2010), refere-se que as precipitações ciclônicas estão associadas
com o movimento de massas de ar de regiões de alta pressão para regiões de baixa pressão.
Essas diferenças de pressão são causadas por aquecimento desigual da superfície terrestre
(Figura a seguir).

Para o autor, é a precipitação do tipo mais comum e resulta da ascensão do ar quente sobre o
ar frio na zona de contacto entre duas massas de ar de características diferentes. Se a massa de
ar se move de tal forma que o ar frio é substituído por ar mais quente, a frente é conhecida
como frente quente, e se por outro lado, o ar quente é substituído por ar frio, a frente é fria.

6
Fig. 2. Processo frontal de precipitações.

Fonte: Carvalho et al (2010)

Conforme o ponto de vista do autor acima citado, podemos afirmar que as precipitações
ciclônicas são precipitações associadas à passagem de uma perturbação ciclónica podendo a
ascensão do ar ser provocada por uma depressão barométrica ou pelo contacto entre duas
massas de ar, uma quente e outra fria. As chuvas de origem ciclónica ou frontal são de grande
duração, com intensidades médias, mas afectando grandes áreas. Por vezes são acompanhadas
por ventos fortes de circulação ciclónica.

A sua grande duração acaba por conduzir, muitas vezes, à formação de cheias em grandes
bacias. As precipitações ciclônicas são de longa duração e apresentam intensidades de baixa a
moderada, espalhando-se por grandes áreas. Por isso são importantes, principalmente no
desenvolvimento e manejo de projectos em grandes bacias hidrográficas.

7
2.4.2. Precipitações Convectivas
Precipitações conectivas são típicas das regiões tropicais. O aquecimento desigual da
superfície terrestre provoca o aparecimento de camadas de ar com densidades diferentes, o
que gera uma estratificação térmica da atmosfera em equilíbrio instável. Se esse equilíbrio,
por qualquer motivo (vento, superaquecimento), for quebrado, provoca uma ascensão brusca e
violenta do ar menos denso, capaz de atingir grandes altitudes. Essas precipitações são de
grande intensidade e curta duração, concentradas em pequenas áreas (chuvas de verão). São
importantes para projectos em pequenas bacias (Carvalho et al, 2010).

Fig. 3. Processo convectivo da precipitação.

Fonte: Carvalho et al (2010)

Segundo o autor citado anteriormente, podemos afirmar que as precipitações convectivas são
aquelas que têm origem no aquecimento directo de uma massa de ar sobre a superfície
terrestre. Regista-se então, uma brusca ascensão de ar menos denso que atinge a sua
temperatura de condensação com a consequente formação das nuvens e, muitas vezes,
originando precipitação como ilustra a imagem acima (fig. 3).

Entretanto, as chuvadas convectivas são características das regiões equatoriais embora possam
ocorrer também nas nossas condições durante o Verão. São geralmente chuvas de grande
intensidade e reduzida duração, muito localizadas e normalmente acompanhadas de
trovoadas. A sua ocorrência conduz a inundações nas bacias hidrográficas de menor
dimensão.

8
2.4.3. Precipitações Orográficas
As precipitações orográficas são aquelas que Resultam da ascensão mecânica de correntes de
ar húmido horizontal sobre barreiras naturais, tais como montanhas. As precipitações da Serra
do Mar são exemplos típicos. De acordo com Carvalho et al (2010), refere-se que:

Tal como o seu próprio nome induz, a orografia tem acção preponderante na sua
génese. Ocorrem quando, impelida pelo vento, uma massa de ar encontra uma cadeia
montanhosa que a obriga a ascender, por deslizamento sobre as vertentes, até arrefecer
abaixo do ponto de saturação formando as nuvens e posteriormente, dando origem à
precipitação. As encostas orientadas a barlavento acabam por registar valores de
precipitação bastante elevados quando comparados com as encostas de sotavento,
porque a maior parte da humidade é descarregada durante a ascensão (p. 86).

Segundo o autor acima citado, este facto leva a que a sotavento se criem, em certos casos,
zonas semiáridas, efeito da chamada sombra pluviométrica, porque ao chegarem a tais zonas,
as massas de ar encontram-se já exauridas da humidade. As precipitações de origem
orográfica traduzem-se por chuvadas de reduzida intensidade embora possam prevalecer por
largos períodos de tempo.

Fig. 4. Processo orográfico da precipitação.

Fonte: Carvalho et al (2010)

2.5.Tipos de Chuvas
2.5.1. Chuva frontal
As chuvas frontais ocorrem quando uma massa de ar quente e húmido encontra-se com uma
massa de ar frio e seco. A massa de ar frio, por ser mais densa, eleva a massa de ar quente a
pontos mais altos da atmosfera, ocorrendo então o processo de condensação (passa do estado
9
gasoso para o estado líquido), que resulta em precipitação na forma líquida (chuva). Esse tipo
de chuva é caracterizado por ser contínuo e ter baixa intensidade. A chuva frontal caracteriza-
se pelo encontro de duas massas de ar (Machado, 2008).

2.5.2. Chuva orográfica ou chuva de relevo


Também conhecida como chuva de relevo, acontece quando as nuvens encontram obstáculos,
como serras e montanhas. Uma massa de ar húmido vinda do oceano, ao encontrar uma
elevação de terra, é forçada a subir grandes altitudes. Ao elevar-se, a nuvem resfria-se e
ocorre o processo de condensação seguido de precipitação. As chuvas orográficas geralmente
possuem maior duração e baixa intensidade. Chuva orográfica ocorre quando uma nuvem
encontra um obstáculo, como as montanhas (Machado, 2008).

2.5.3. Chuvas convectivas ou chuvas de verão


As chuvas convectivas são frequentes em regiões de clima tropical, ou seja, são típicas de
regiões com altas temperaturas. Conhecidas também como chuvas de verão, ocorrem em
razão da diferença de temperatura nas camadas próximas à atmosfera terrestre. É uma chuva
de abrangência local (áreas pequenas) e ocorre quando há a movimentação do ar, isto é, o ar
frio desce, por ser mais denso, e o ar quente eleva-se, por ser mais leve. Ao subir, o ar quente
carrega toda a humidade, inicia-se o processo de condensação e, depois, ocorre a precipitação.
São geralmente chuvas de pouca duração, contudo possuem alta intensidade. As chuvas
convectivas também são conhecidas como chuvas de verão (Machado, 2008).

2.5.4. Chuva ácida


Toda chuva apresenta um certo de grau de acidez. O pH normal da chuva (pH é uma escala
que indica a acidez ou a basicidade de uma solução) geralmente está em torno de 5,6. Quando
ele está abaixo de 4,5, há uma acidez anormal, configurando a chuva ácida. Nesse tipo de
chuva, é possível encontrar ácido sulfúrico e ácido nítrico. A chuva ácida é considerada um
problema atmosférico e ocorre por causa das acções humanas (Machado, 2008).

A queima de combustíveis fósseis, por exemplo, lança na atmosfera óxidos de enxofre e


nitrogénio, que acabam reagindo com o vapor d'água e originando esse problema. As
principais consequências da chuva ácida são danos às plantações, contaminação de lençóis
freáticos e ameaças à saúde dos seres vivos, desencadeando problemas respiratórios. O termo
chuva ácida ficou conhecido por intermédio do químico e climatologista Robert Angus Smith,
que descreveu uma chuva ácida que atingiu a cidade de Manchester, na Inglaterra.
10
3. Conclusão
Conclui-se que, a precipitação é a água proveniente do vapor de água da atmosfera depositada
na superfície terrestre sob qualquer forma: chuva, granizo, neblina, neve, orvalho ou geada.
Representa o elo de ligação entre os demais fenómenos hidrológicos e o fenómeno do
escoamento superficial, sendo este último o que mais interessa ao engenheiro.

Para que haja precipitação, é necessário que ocorra um desequilíbrio térmico ao nível das
nuvens provocado pela condensação do vapor de água, sempre que a temperatura desça
abaixo do ponto de saturação da massa de ar. A condensação, só por si, não conduz a um
aumento das gotas de água ao ponto de se verificar o seu desprendimento e queda, pela acção
da gravidade. É necessário que ocorra, em simultâneo, a fusão sucessiva das micro gotas, que
vão assim aumentando de tamanho, processo de coalescência directa

Dois importantes mecanismos foram identificados para explicar a formação de gotas de


chuva: O processo de Bergeron e o processo de colisão - coalescência. O processo de
Bergeron aplica-se a nuvens frias, que estão em temperaturas abaixo de 0° C. Ele se baseia
sobre duas propriedades interessantes da água. O processo de colisão-coalescência ocorre em
algumas nuvens quentes, isto é, nuvens com temperatura acima do ponto de congelamento da
água (0ºC). Essas nuvens são inteiramente compostas de gotículas de água líquida e precisam
conter gotículas.

11
4. Referências bibliográficas
Carvalho, D. F.; Machado, R. L.; Evangelista, A. W. P ; Khoury Júnior, J. K.; Silva, L. D. B.
(2010). Distribuição, probabilidade de ocorrência e período de retorno dos índices de
erosividade EI30 e KE>25 em Seropédica - RJ. Engenharia Agrícola, v. 30, p. 245-
252.

Hipólito J. R. e Vaz A. C. (2011). Hidrologia e Recursos Hídricos, IST Press, Lisboa.

Lapissone, A. (2016). Climatogeografia: Manual de Curso de licenciatura em Ensino de


Geografia – 1º ano. Universidade Católica de Moçambique – Centro de Ensino a
Distância. Mocambique – Beira.

Lencastre A. e Franco F. M. (2003). Lições de Hidrologia, Fundação Armando Lencastre,


Lisboa.

Machado, R. L.; Carvalho, D. F.; Costa, J. R.; Oliveira Neto, D. H.; Pinto, M. P. (2008).
Análise da erosividade das chuvas associada aos padrões de precipitação pluvial na
região de Ribeirão das Lajes (RJ). Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, p.
2113-2123.

Oliveira, J. R.; Pinto, M. F.; Souza, W. J. ; Guerra, J. G. M. ; Carvalho, D. F. (2010). Erosão


hídrica em um Argissolo Vermelho-Amarelo, sob diferentes padrões de chuva
simulada. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 14, p. 140-147.

12

Você também pode gostar