Teoria Geral Do DTO Civil

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Tema: As vicissitudes das relações jurídicas.

-----------(Teoria Geral do Direito Civil)------------


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1 - O que entendes por vicissitudes das relações jurídicas?
R: De acordo com o exposto na obra do Dr Carlos Alberto B. Burity da Silva
(TGDC, pág 407), Corresponde ao conjunto de fenômenos que podem ocorrer na
vida das relações jurídicas.
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2 - Quais são as características das vicissitudes das relações jurídicas?
R: A matéria em causa é caracterizada por uma diversidade de opiniões
doutrinárias:
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_ Para Oliveira Ascensão as vicissitudes das situações jurídicas frequentemente
referidas são:
a) - A Constituição;
b) - A modificação;
c) - A transmissão e;
d) - A extinção.
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_ Para Carvalho Fernandes, distinguem-se vicissitudes, num plano objectivo sendo
estas caracterizadas pela:
a) - Constituição;
b) - Aquisição;
c) - Modificação;
d) - Extinção e;
e) - A perda.
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_ Para Manuel de Andrade, Mota Pinto, Orlando de Carvalho corroborando da
mesma ideia apresentam três características das vicissitudes das relações jurídicas
que são:
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a) - A constituição (este primeiro é pouco relevante na nossa realidade angolana);
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b) - A aquisição e;
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c) - A aquisição.
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3 - O que difere a constituição da aquisição?
R: A diferença entre constituição e aquisição é que, aquisição de direitos é a
ligação de um direito a uma pessoa. É, pois, o fenômeno pelo qual uma pessoa se
torna titular de um direito. Assim, um direito é adquirido por uma pessoa quando
esta se torna titular dele, e a constituição de um direito é o seu surgimento, é a
criação de um direito que não existia anteriormente.
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4 - Quais são modalidades da aquisição de direito?
R: A aquisição de direitos apresentam dois fundamentais tipos que são:
a) - A aquisição originária;
b) - A aquisição derivada.
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5 - O que é aquisição originária?
R: A aquisição originária é aquela em que surge um direito novo que não depende
jurídico-geneticamente de um direito anterior: não depende senão do facto
aquisitivo, do facto jurídico que o fez nascer. Ex: A ocupação de coisas imóveis
(artigos 1.1318. e ss), a usucapião (artigos 1.287. e ss), a aquisição de direitos de
autor pela criação literária, artística ou científica, etc.
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6 - O que é aquisição derivada?
R: Na visão de ORLANDO DE CARVALHO a aquisição derivada é aquela em
que o direito que se adquire, seja novo ou não, depende jurídico geneticamente de
um direito anterior. Ex: aquisição do direito de propriedade, ou de outro direito
real, por força de um contrato (venda, doação, troca, dação em pagamento, etc.), a
aquisição de um crédito ou de uma relação contratual por cessão; aquisição de
direitos por sucessão "mortis-causas"
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7 – Quais são as modalidades da aquisição derivada?
R: Dentro da aquisição derivada é comum distinguirmos tradicionalmente três
modalidades:
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 Aquisição derivada translativa. Nesta modalidade o direito adquirido é o mesmo
direito que já pertencia ao anterior titular. A relação jurídica transita de uma esfera
jurídica para outra, tal como existia na anterior. Ex: A cessão de créditos (artigos
577. ˚ e ss.) ou a aquisição da propriedade da coisa ou da titularidade do direito de
propriedade de compra e venda (artigo 879. ˚, al. a)
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 Aquisição derivada constitutiva. Trata-se aqui de um direito existente na
titularidade de certo indivíduo onde se destacam alguns poderes com os quais se
constitui um novo direito, de imediato atribuído a outra pessoa. Forma-se à custa
dele, limitando-o ou comprimindo-o. Mas não preexiste como entidade autônoma e
específica na esfera jurídica dessa pessoa. Ex: o proprietário dum prédio constituir
(por venda, etc) uma servidão (artigos 1543. ˚ e ss.) a favor de outrem. Podem
ainda extrair-se exemplos do usufruto (artigo 1439. ˚), do direito de superfície
(artigo 1524. ˚), etc.
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 Aquisição derivada restitutiva. Tem-se aqui em vista a hipótese de o titular de um
direito real limitado (servidão, etc) se demitir dele, unilateral ou contratualmente (a
tituo gratuíto ou a titulo oneroso), recuperando assim ipso facto o proprietário a
plenitude dos seus poderes, em virtude da conhecida elasticidade ou força
expansiva do direito de propriedade. Ex: se se extinguir o direito de usufruto
constituído por A a favor de B, o direito de propriedade de A, por efeito da
natureza expansiva dos direitos reais, readquirirá a sua plenitude.
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8 – Haverá alguma diferença entre aquisição derivada e sucessão?
R: É salutar dizer que há sim uma diferença entre aquisição derivada e sucessão.
Aquisição consiste apenas, portanto, com direitos sem contudo submeter-se à
dívidas ou obrigações do titular anterior.
Sucessão, é o subingresso de uma pessoa na titularidade de todas as relações
jurídicas de outrem. Em rigor coincide portanto com a aquisição derivada
translativa, pois só nesta modalidade é que o direito adquirido é o mesmo do autor.
Em outra palavras, na sucessão ao contrário da aquisição, referem-se igualmente às
dívidas contraídas pelo titular anterior e não só os direitos.
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9 – Porquê é importante distinguir a aquisição derivada da aquisição originária?
R: É de suma importância distinguirmos a aquisição derivada da aquisição
originária por causa da regra “nemo Plus juris in alium transferre potest quam ipse
habet”:
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 Aquisição Originária. Nesta modalidade a extensão do direito adquirido depende
apenas do facto ou título aquisitivo. Neste sentido diz-se, quanto à usucapião,
“tantum possessum quantum praescriptum”.
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 Aquisição Derivada. Na aquisição derivada a extensão do direito do adquirente
depende do conteúdo do facto aquisitivo, mas não depende ainda da amplitude do
direito do transmitente, não podendo em regra geral ser maior que a deste direito
“Nemo Plus juris in alium transferre potest quam ipse habet” ninguém pode
transferir mais direitos do que aqueles que possui. Ex: um comprador só adquire
direitos sobre a coisa se o vendedor tinha esses direitos. Se ele não os possuia, não
os pode transmitir.
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10 – Quais são as condições para que a transmição de direitos de um titular a outro
seja válida?
R: As condições apresentadas para que a transmissão de direitos de um
determinado titular passe para outro são:
a) – Instituto do registo. O registo não é, portanto, meio de aquisição de direitos,
sendo o acto plenamente eficaz “inter partes”, seus herdeiros ou representantes,
mesmo na falta de registo. A consequência da falta de registo é a ineficácia do acto
em relação a terceiros (artigos 4.˚ e 5.˚ do Código de Registo Predial) Ex: vide
Teoria Geral do Direito Civil, página 417.
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b) – Inoponibilidade da simulação a terceiros de boa-fé. A par do instituto do
registo, viu-se desde cedo necessidade de proteger a terceiros de boa-fé contra a
declaração de nulidade em virtude de simulação dado o carácter retroactivo que
toda a invalidação do negócio jurídico implica (artigo 289.˚ do Código Civil).
Sendo a simulação uma divergência intencional entre o que se quer (a vontade) e o
que se diz (a declaração), decorrente de um acordo (acordo simulatório) entre
declarante e declaratário com intuíto de enganar terceiros (artigo 240.˚ Código
Civil), os que acreditam na declaração mentirosa (na validade do acto simulado) e
adquirem direitos com base nela, precisam de uma especial atenção quando a
simulação seja arguida e o negócio simulado se declare nulo. Os negócios
simulados são nulos e, como tal não produzem quaisquer efeitos.
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c) – Inoponibilidade das nulidades e anulabilidades a terceiro de boa-fe. Com base
na lição de outros sistemas jurídicos, em razões de bom senso e na lógica da lei
nestas excepções ao princípio “ nemo plus iuris...” só se visam proteger as pessoas
que por força da invalidade, vêem o seu direito em risco porque o seu causante ou
autor, em virtude dela, careceria de legitimidade para transmitir ou constituir. Se na
sua própria aquisição há outra causa de invalidade além dessa (causa directa), o
terceiro já não merece tutela.
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11 – O que entendes por modificação do direito?
R: Modificação do direito é a alteração ou mudança de um elemento de um direito,
permanecendo a identidade do referido direito, apesar da vicissitude ocorrida.
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12 – Como pode ser a modificação do direito?
R: A modificação do direito pode ser:
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 Modificação subjectiva das relações jurídicas. Resulta de uma multiplicação dos
sujeitos por adjunção. Ex: um novo devedor assume a obrigação para com o
credor, permanecendo o devedor vinculado (assunção cumulativa, co-assunção de
dívida ou adesão à dívida).
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 Modificação objectiva das relaçoes jurídicas. Se muda o conteúdo ou objecto do
direito, permanecendo este idêntico.
a) – muda-se o conteúdo se, por exemplo, é concedida pelo credor ao devedor uma
prorrogação do prazo para o cumprimento.
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b) – muda-se o objecto, se, por exemplo, não cumprindo o devedor culposamente a
obrigação, o seu dever de prestar é substituído por um dever de indemnizar.
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13 – O que é extinção de direito?
R: Traduz-se quando um direito deixa de existir na esfera jurídica de uma pessoa.
Quebra-se uma relação de pertinência entre um direito e a pessoa do seu titular. E
esta pode ser:
 Extinção Subjectiva ou perda de direito. Verifica-se sempre que tem lugar uma
sucessão na titularidade do direito e este extinguiu-se para o seu autor ou
transmitente (causante).
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 Extinção objectiva. Sucede na eventualidade de o direito desaparecer, deixando
de existir para o seu titular ou para qualquer outra pessoa.
A extinção também pode ser:
Extinção por prescrição – Sucede quando o titular de um direito não o exerce
durante certo tempo fixado na lei.
Extinção por caducidade – Desaparecimento de efeitos jurídicos em consequência
de um facto jurídico stricto sensu, sem necessidade, pois, de qualquer manifestação
da vontade tendente a esse resultado

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