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PI #1

Rebecca Filgueiras Ramos

EXMO. SR. JUIZ DA _ª VARA DO TRABALHO DE CIDADE/UF

(10 linhas)

ZICA ANTONIA, nacionalidade, estado civil, analista de vendas, filha de (nome da mãe), RG nº
_, CPF nº _, CTPS nº _, PIS série _ e nº _, endereço eletrônico e endereço completo com CEP,
vem, por intermédio de seu advogado (procuração anexa), ajuizar

AÇÃO TRABALHISTA

A tramitar sob o rito _, com fulcro nos arts. 840, §1º da CLT e 319 do CPC, em face
COSMÉTICOS REDE LTDA, CNPJ nº_, endereço eletrônico e endereço completo com CEP,
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

1. DO CONTRATO DE TRABALHO

A autora foi admitida como empregada da ré no dia 17.12.2017, para trabalhar como analista de
vendas. Durante todo o contrato de trabalho recebeu contraprestação mediante depósito
bancário de R$ 3.200,00, por quinzena. Cumpria jornadas fixas de 08 as 18h, com 20 minutos
de intervalo, de segunda e sexta feira. Em 15.06.2019 foi comunicada de sua dispensa, tendo
sido aquele seu último dia trabalhado. Não houve acerto rescisório.

1.1. DO VÍNCULO DE EMPREGO

A parte autora foi compelida a constituir pessoa jurídica para ser contratada pela empresa ré.

Determina o artigo 9º da CLT que são nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo
de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na legislação trabalhistas.
Além disso, o 2º e 3º da CLT estabelecem os requisitos da relação de emprego, sendo eles:
pessoalidade, subordinação, não eventualidade e onerosidade.

Durante todo o contrato de trabalho a autora prestou serviço de forma PESSOAL, tendo em vista
que nunca se fez substituir; de forma SUBORDINADA, pois trabalhava de acordo com as
diretrizes passadas pelo gerente; de forma NÃO EVENTUAL, pois cumpria jornadas fixas, de
segunda a sexta-feira, das 8:00 às 18:00; e de forma ONEROSA, pois recebia R$3.200,00 por
quinzena, a título de remuneração.

Assim, presentes os pressupostos fáticos e jurídicos da relação de emprego, nos exatos termos
dos arts. 2º e 3º da CLT e por força do princípio da primazia da realidade, a autora tem direito ao
reconhecimento do vínculo empregatício formado com a ré e consequente anotação de sua
CTPS, fazendo constar a data de admissão em 17.12.2017 e de saída no dia 18.07.2019,
considerando a projeção do aviso prévio, função de analista de vendas e salário de R$ 6.400,00
mensais.

2. VERBAS CONTRATUAIS

2.1 DO FGTS
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Rebecca Filgueiras Ramos

Durante todo o contrato de trabalho o empregador deixou de recolher o fundo de garantia por
tempo de serviço.

Determina o art. 7º, III, da CF que é direito do empregado o fundo de garantia por tempo de
serviço. O art. 15 da Lei 8.36 de 1990, por sua vez, determina que todos os empregadores são
obrigados a depositar, até o dia 7 de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância
correspondente a 8% da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador.

Assim, é devida a regularização do depósito do FGTS referente à todo pacto laboral.

2.2 DO 13º SALÁRIO

Durante todo o contrato de trabalho, não houve o pagamento dos 13º salários.

Determina o art. 7º, III, da CF que é direito do empregado o décimo terceiro salário com base na
remuneração integral. O art. 1º da Lei 4.090 de 1962, por sua vez, determina que, no mês de
dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial,
correspondente a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano
correspondente.

Assim, é devido o pagamento dos 13º salários do ano de 2017, na proporção de 1/12; do ano de
2018, em sua integralidade (12/12); e do ano de 2019, na proporção de 7/12, conforme se
demonstrará no tópico próprio das verbas rescisórias.

2.3 DAS FÉRIAS

Durante todo o contrato de trabalho, a empregada nunca gozou de férias.

Determina o art. 7º, XVII, da CF e os arts. 129, 134 e 137 da CLT que é direito do empregado o
gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.

Assim, é devido o pagamento das férias do período aquisitivo de 2017/2018, de forma simples;
e do período aquisitivo de 2018/2019, na forma proporcional (7/12), ambas com adicional do
terço constitucional.

3. DA DURAÇÃO DO TRABALHO

3.1 DAS HORAS EXTRAS

A autora trabalhava das 8 às 18h, com 20 minutos de intervalo intrajornada, de segunda a sexta-
feira.

Dispõe o art. 7º, XIII da CF que a jornada padrão do trabalhador não deverá ser superior a 8
horas diárias e 44 horas semanais. Determina o art. XVI do mesmo artigo que a extrapolação do
limite legal será paga com adicional de 50% sobre a hora normal trabalhada.
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Assim, considerando que a autora trabalhava 9h40min por dia, conclui-se que é devido o
pagamento de 1h40min extras por dia, observado o adicional de 50%, e reflexos em RSR, férias
+ 1/3, 13º salário, FGTS, aviso prévio e indenização de 40% sobre o FGTS.

3.2 DO INTERVALO INTRAJORNADA

A autora realizava jornadas de 9h40min por dia e lhe era concedido intervalos de apenas 20
minutos.

Dispõe o caput do art. 71 da CLT que nas jornadas superiores a 6 horas, o intervalo concedido
deverá ser de no mínimo 1 hora e no máximo 2 horas, caso contrário o período suprimido deverá
ser pago com acréscimo de 50%, conforme determina o art. 71, parágrafo 4º da CLT.

Assim, a autora tem direito ao pagamento de 40 minutos extras fictos, por dia trabalhado, com
acréscimo de 50%.

4. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

A autora foi dispensada imotivadamente, não cumpriu aviso prévio e não recebeu seu acerto.
Assim, faz jus ao recebimento das seguintes parcelas

a) Aviso prévio de 33 dias, considerada a projeção do término do contrato para o dia


18.07.2019;
b) 13º salário proporcional de 7/12;
c) Férias proporcionais referentes ao período aquisitivo de 2019/2019, no importe de 7/12,
acrescidas do terço constitucional;
d) Recolhimento de FGTS sobre o aviso prévio e o 13º;
e) Indenização de 40% sobre o FGTS;

Deve ser determinado, ainda, a anotação da baixa na CTPS e a comprovação da comunicação


aos órgãos competentes para saque do FGTS, o recolhimento do seguro desemprego, sob pena
de indenização substitutiva.

5. DAS MULTAS

Considerando que as verbas rescisórias não foram pagas no prazo de 10 dias, previsto no art
477 §6º, é devida a multa do §8º do mesmo artigo no importe de 1 salário mensal.

Ainda, na hipótese das verbas incontroversas não serem pagas até a data da primeira assentada,
deverão ser acrescidas de 50%, na forma do art. 467 de CLT.

6. DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA


Estando o autor assistido por advogado, requer-se a condenação do empregador em honorários
de sucumbência no importe de 15%, na forma do art 791-A da CLT.

7. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


PI #1
Rebecca Filgueiras Ramos

Impossibilitada de ver as obrigações cumpridas espontaneamente pelo empregador, a autora


ajuizou a presente ação para ver cumpridos os seus direitos.

Ante o exposto, requer a citação da ré para comparecer à audiência a ser designada e, querendo,
apresentar defesa, acompanhando o feito até decisão final que julgará PROCEDENTES os
pedidos e reconhecerá o vínculo empregatício, determinando a anotação da baixa na CTPS e a
comprovação da comunicação aos órgãos competentes para saque do FGTS, o recolhimento do
seguro desemprego, sob pena de indenização substitutiva.

Além disso, requer seja condenada a ré ao pagamento das custas e das seguintes parcelas:

a) Recolhimento do FGTS durante todo o pacto laboral; – valor apurado


b) 13º salário do ano de 2017, na proporção de 1/12; – valor apurado
c) 13º salário do ano de 2018, em sua integralidade (12/12); – valor apurado
d) 13º salário do ano de 2019, na proporção de 7/12; – valor apurado
e) Férias do período aquisitivo de 2017/2018, de forma simples + 1/3; – valor apurado
f) Férias do período aquisitivo de 2018/2019, na forma proporcional (7/12) + 1/3; – valor
apurado
g) 1h40min extras por dia, observado o adicional de 50%, e reflexos em RSR, férias + 1/3,
13º salário, FGTS, aviso prévio e indenização de 40% sobre o FGTS; – valor apurado
h) 40 minutos extras fictos, por dia trabalhado, com acréscimo de 50%; – valor apurado
i) Aviso prévio de 33 dias, considerada a projeção do término do contrato para o dia
18.07.2019; – valor apurado
j) Recolhimento de FGTS sobre o aviso prévio e o 13º; – valor apurado
k) Indenização de 40% sobre o FGTS; – valor apurado
l) Multa dos art 477 §8º e 467 de CLT; – valor apurado

Tudo atualizado e com juros na forma da legislação trabalhista.

Requer o pagamento dos honorários de sucumbência no importe de 15%.

Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá à causa o valor de R$.


Nesses termos, pede deferimento

Local, data
Nome, assinatura, OAB e endereço do advogado para intimação
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Rebecca Filgueiras Ramos

DIREITO MATERIAL PERTINENTE

i) Vínculo de emprego

Requisitos: (1) PESSOALIDADE; (2) SUBORDINAÇÃO; (3) NÃO EVENTUALIDADE; (4)


ONEROSIDADE.

Obs: sempre que for caso de reconhecimento de vínculo de emprego, utilizar o PRINCÍPIO DA
PRIMAZIA DA REALIDADE na argumentação. Isso pq, embora na forma concreta não exista o
vínculo de emprego, a realidade demonstra que todos os requisitos estão preenchidos, o que
comprova a fraude por parte do empregador, e fere o art. 9º da CLT.

Obs2: sempre que for caso de reconhecimento de vínculo, obrigatoriamente você vai requerer
os 13º salários, férias e FGTS de todo o contrato de trabalho. A Fernanda faz em tópico separado,
com silogismo próprio para cada um – usar lei específica de cada verba. Não são as verbas
rescisórias (vamos tratar em tópico próprio), mas as verbas contratuais, que o empregado deixou
de receber pq não tinha sua carteira assinada e o vínculo de emprego reconhecido.

ii) Pegadinha

O 13º salário do ano de 2017 não vai deixar de ser pago porque ela entrou na empresa no dia
17 de dezembro. Isso significa que ela trabalhou 15 dias no ano de 2017, o que computa o mês
de dezembro para fins de 13º salário. (Cálculo = 31 dias no mês – 17 dias trabalhados = 15 dias
exatos). O dia 17 já conta como dia trabalhado, então entra na conta. Vamos pedir 13º
proporcional ao ano de 2017 = 1/12.

iii) Pegadinha 2

O saldo salário, nesse caso, não vai ser devido, porque a autora recebia quinzenalmente. Tendo
sido dispensada em 15.06.2019, ela já havia recebido o salário referente à última quinzena
trabalhada.

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