Conserto Fanzeres
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Conserto Fanzeres
Conserto de
Aparelhos
Transistorizados
Apollon Fanzeres
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São Paulo - Brasil - 2020
Instituto NCB
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Autor: Apollon Fanzeres
São Paulo - Brasil - 2020
Palavras-chave: Eletrônica – aparelhos eletrônicos –
componentes – física - química
Copyright by
INTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição
4
Índice
Apresentação..............................................................................9
I — O Diodo ..............................................................................13
Utilização Inicial dos Semicondutores.................................13
Coesor de Branly.............................................................13
Galena...........................................................................13
A Válvula Eletrônica.........................................................14
O Primeiro Diodo.............................................................14
Símbolo..........................................................................15
Características Principais dos Diodos..................................16
Corrente Reversa.............................................................16
Diodos de Barreira (Schottky)...........................................17
Substituição dos Diodos....................................................17
Fluxo de Elétrons.............................................................17
Uso do V.O.M. no Diodo....................................................18
Manuais de Semicondutores..............................................18
Diodos Retificadores.........................................................19
Tiristores (SCR)...............................................................19
Tiristor (SCS)..................................................................20
Varactor (*) ou Diodo Capacitivo ......................................21
Diodo Zener....................................................................22
Diodos "Túnel"................................................................23
Fotodiodos......................................................................23
Fotocondutores...............................................................24
Fotossensíveis.................................................................24
LED Diodos Fotoemissores................................................25
Foto acopladores.............................................................25
Utilização dos Diodos.......................................................26
Como Retificador.............................................................26
Diodo Detector................................................................28
Limitadores.....................................................................29
Atenuador.......................................................................30
Compensação de Temperatura..........................................30
Proteção de Transistores..................................................31
Acoplamento Zener..........................................................31
5
Proteção de Alto-Falantes.................................................32
II - O Transistor........................................................................33
O que É o Transistor........................................................33
Símbolo Básico................................................................34
Disposições Básicas dos Transistores..................................35
Invólucro dos Transistores................................................37
Localização dos Terminais.................................................38
Material dos Transistores..................................................42
Transistores PNP e NPN....................................................42
Polarização dos Transistores.............................................43
Polarização.....................................................................45
Transistor de "Efeito de Campo"........................................51
Diversos Tipos de Transistores..........................................53
III - Amplificadores..................................................................55
Amplificadores Transistorizados.........................................55
Amplificação de "Sinais Pequenos".....................................58
Número de Estágios.........................................................58
Acoplamentos.................................................................59
Amplificadores de Potência...............................................61
Classificação dos Estágios de Saída....................................61
Disposição Complementar.................................................63
IV - Osciladores........................................................................65
Como Funcionam.............................................................65
Tipos de Osciladores........................................................65
Oscilador de Desvio de Fase..............................................65
Ponte de Wien.................................................................66
Multivibradores................................................................67
Oscilador de Bloqueio.......................................................68
Oscilador Hartley.............................................................69
Oscilador Colpitts.............................................................70
Oscilador com FET...........................................................71
Oscilador de Batimento (B.F.0) com FET.............................72
Uso dos Osciladores.........................................................73
V — Componentes.....................................................................74
Capacitor........................................................................74
O que é: ............................................................74
Símbolo..............................................................74
6
Unidade..............................................................75
Classificação........................................................76
Tensão de Trabalho..............................................76
Capacitores para RF.........................................................77
Capacitores Variáveis.......................................................77
Códigos de Classificação...................................................77
Resistor..........................................................................78
Símbolo..............................................................78
Código de Cores...................................................80
Tolerância...........................................................81
Confiabilidade......................................................81
Dissipação dos Resistores......................................82
Resistores Especiais.........................................................83
Varistor..........................................................................83
Termistores....................................................................83
Indutâncias (Bobinas ou Indutores)...................................84
Símbolos.............................................................84
Transformadores.............................................................85
Transformador de Audiofrequência.........................85
Transformador de Alimentação..............................85
Outros Componentes........................................................86
Lâmpadas Piloto...................................................86
Lâmpadas Néon...................................................88
VI —Instrumentos de Medida ...................................................89
Os Multitestes.................................................................89
Escala de Resistências em Ohms.......................................90
Escalas de Tensão Alternada.............................................91
Escalas de Correntes Alternadas........................................92
Injetor de Sinal...............................................................92
Traçador de Sinal............................................................93
Geradores de RF..............................................................94
Osciloscópio....................................................................97
Teste de Transistores.......................................................98
Pontes............................................................................99
Voltímetros Eletrônicos.....................................................99
Analógicos Versus Digitais...............................................100
Caixa de Décadas..........................................................102
Vobulador.....................................................................103
Gerador de Varredura e Marcador....................................103
7
Circuito de Polarização....................................................103
Gerador de FM Multiplex.................................................104
Geradores de Barras e Pontos.........................................104
VII — Local de Trabalho..........................................................105
Critérios de Escolha e Instalação da Oficina.......................105
Iluminação e Ventilação..................................................105
Bancada.......................................................................106
Fonte de Alimentação.....................................................106
Examinador de Transparência..........................................107
Aspirador de Solda.........................................................108
Soldadores....................................................................108
Ferramentas..................................................................109
Arquivo.........................................................................110
Umidade.......................................................................111
Ar Comprimido..............................................................111
VIII — Diagnóstico dos Defeitos .............................................112
Como Proceder..............................................................112
Consumo de Corrente na Fonte........................................114
Exame Prático de Circuito de Áudio..................................117
Medida de Polarização....................................................119
Verificação do Oscilador Local..........................................119
Verificação do Controle Automático de Ganho (C.A.G.).......120
Exame de Transistores Fora de Circuito............................121
Generalidades....................................................122
Pontos de Diagnóstico no Receptor...................................125
Exame "Força Bruta"......................................................128
Os outros mais de 160 livros de Eletrônica e Tecnologia do INCB
...............................................................................................130
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APOLLON FANZERES
Apresentação
Este é mais um livro que levamos gratuitamente aos
nossos leitores sob o patrocínio da MOUSER ELECTRONICS. Trata-
se de um livro publicado em 1985 por A. Fanzeres (*), mas que
aborda um assunto de grande interesse e que ainda é atual pela
sua parte teórica e para efeito de consulta por parte dos que
desejam saber como eram as tecnologias da época e precisam
recuperar ou reparar equipamentos antigos. A teoria não muda e
por esse motivo pode ser de grande importância na compressão
do princípio de funcionamento de componentes e circuitos e em
relação à parte prática existem circuitos que ainda podem ser
montados com os componentes originais ou ainda com
equivalentes modernos. Mesmo havendo tecnologias mais
modernas para a montagem de projetos com a mesma finalidade
os projetos apresentados são importantes pela sua finalidade
didática. Fizemos algumas melhorias, alterações e atualizações ao
republicar esse trabalho, esperando que seja do agrado de nossos
leitores. Para o aproveitamento prático tudo dependerá dos
recursos, necessidade e imaginação de cada um. A maioria dos
componentes citados pode ser adquirida na Mouser Electronics
(br.mouser.com). Enfim, mais um presente que damos aos
nossos leitores que desejam enriquecer sua biblioteca técnica e
aprender muito, e sem gastos.
Newton C. Braga
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
O Autor
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APOLLON FANZERES
I — O Diodo
Coesor de Branly
Pouco depois da aplicação prática das ondas de rádio,
efetuada por Popov e Marconi, surgiu o detector de Branly, que
consistia em um tubo contendo limalha de ferro oxidada e que
atuava como uma espécie de "diodo em pó". Porém o coesor de
Branly, como era designado, saturava-se rapidamente sendo
necessário agitar a limalha no tubo, para que readquirisse as
propriedades detetoras.
Galena
Quando foi descoberto que a galena permitia a detecção
das ondas de rádio efetuou-se uma rápida expansão no setor de
radiodifusão e radiocomunicações.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
A Válvula Eletrônica
A descoberta da válvula eletrônica colocou a detecção de
"cristal de galena" fora da atualidade e os semicondutores
ficariam na obscuridade até a descoberta do princípio que
determinava a ação dos semicondutores e a fabricação dos
primeiros "cristais de germânio”.
O Primeiro Diodo
O primeiro cristal de germânio a surgir, em bases
comerciais, foi da Sylvania, pelos idos de 1945. Era o 1N34. Seu
invólucro transparente, de vidro, permitia ver o fio fino, em forma
de "S” (anodo) que fazia contato com a superfície lisa do cristal
(catodo).
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APOLLON FANZERES
Símbolo
O símbolo então utilizado para indicar o diodo,
permaneceria basicamente o mesmo até os dias atuais.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Corrente Reversa
Um ponto que o leitor deve ter sempre presente é que os
diodos semicondutores, de modo diverso dos diodos valvulares (a
vácuo) têm uma tendência a permitir a passagem de corrente, na
direção reversa ou oposta àquela em que normalmente tem maior
condutividade. Esta condução de corrente é da ordem de fração
de miliamperes, mas existe. O tempo de condução desta corrente
pode causar problemas. Um tempo médio em que esta condução
reversa ocorre é da ordem de 2 nanossegundos, mas pode chegar
até algumas centenas de nanossegundos. Quando se trata de
diodos retificadores em frequências de corrente industrial (50-
60Hz) isto não tem muita importância, porque o período de
tempo equivalente a 1/2 onda de 60Hz, por exemplo, é da ordem
de 8,33 milissegundos que equivalem a 8.330.000 segundos e o
tempo de condução inversa não chega sequer a afetar o
desempenho do diodo.
Porém à proporção que a frequência aumenta, o tempo de
recuperação da condução em reverso começa a ficar importante.
Por exemplo: com um diodo que tem um tempo de recuperação
de 5 nanossegundos, mas está operando com uma tensão cuja
frequência é de 100 MHz, o desempenho será péssimo.
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APOLLON FANZERES
Fluxo de Elétrons
O fluxo de elétrons em um diodo pode ser apreciado pelas
setas na figura 4.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Manuais de Semicondutores
É recomendável que o leitor possua sempre à mão,
manuais e guias, de semicondutores, contendo os tipos de
diodos, suas características e indicações sobre os terminais.
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APOLLON FANZERES
Diodos Retificadores
Os diodos retificadores podem ser classificados em diodos
de pouca potência e diodos de alta potência. Os primeiros são
utilizados para retificar tensões e correntes de baixo valor, como
as encontradas em circuitos detectores, medidores etc. Os diodos
de potência são utilizados para retificação de correntes em fontes
de alimentação, redes elétricas, motores, etc.
Em uma tabela ao fim deste volume, daremos algumas
características de diodos mais atuais.
Tiristores (SCR)
O termo tiristor é às vezes pouco claro, quando utilizado
por certos autores. O tiristor, que também pode ser designado
com SCR (retificador de silício controlado), possui três eletrodos:
anodo, catodo e portal, indicados respectivamente pelas letras A,
K e G.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Tiristor (SCS)
A diferença entre o SCS e o SCR é que o primeiro tem um
segundo portal, o que permite ligá-lo e desligá-lo através de
tensões aplicadas aos terminais GA e GK.
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APOLLON FANZERES
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Diodo Zener
O diodo Zener, também chamado de "diodo de referência",
"diodo regulador", "diodo avalanche", tem seu nome em
homenagem a Carl Zener que já em 1934 pioneirava um trabalho
sobre a "avalanche ou ponto de ruptura nos sólidos". O diodo
Zener é um dos pontos altos da tecnologia dos diodos de silício.
Simplificando, poderíamos dizer que o diodo Zener, quando
inserido em um circuito onde a tensão excede um determinado
valor, entra em ação e como que "desvia" o excesso de tensão.
Assim, dependendo do tipo de diodo Zener utilizado, é
possível obter uma regulagem perfeita em uma fonte de
alimentação. Porém, notem os leitores, a posição ou a atuação do
diodo Zener é de manter uma tensão dentro de um valor
especificado. Se a tensão original está abaixo deste valor, o diodo
Zener não a elevará para que atinja o valor determinado. A fonte
de alimentação deve fornecer tensão acima do valor que será
regulável pelo diodo Zener. O símbolo utilizado para indicar o
diodo Zener pode ser apreciado na figura 11.
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APOLLON FANZERES
Diodos "Túnel"
O diodo denominado "túnel", em sua forma normal não
possui, ao contrário dos outros diodos, propriedades retificadoras.
Mas o diodo "túnel" pode amplificar sinais. Como pode amplificar,
pode oscilar ou efetuar comutações de alta velocidade em
sistemas de computação. O símbolo do diodo "túnel" é indicado
na figura 12.
Fotodiodos
Sob esta designação genérica temos vários tipos de
semicondutores que agem ou reagem na presença de radiações
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Fotocondutores
Existem os componentes fotocondutores (células CdS) que
têm mais sensibilidade que os componentes de junção de silício
para a mesma função. Podem acionar diretamente relés, sendo
utilizados no comando de luzes de iluminação em locais onde se
deseja automatismo associado à luz diurna e escuridão. Também
são usados para controle de brilho dos cinescópios nos
televisores. O símbolo dos fotocondutores pode ser apreciado na
figura 13.
Fotossensíveis
Estes componentes são utilizados geralmente associados
com fontes luminosas, para leitura de cartões de processamento,
alarmes, contadores, indicadores de nível, etc.
Os símbolos dos componentes fotossensíveis também
diferem do símbolo geral dos diodos. O símbolo pode ser
apreciado na figura 14.
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APOLLON FANZERES
Foto acopladores
Os fotos-acopladores são o resultado da conjunção, em
um mesmo invólucro, de uma fonte luminosa e um elemento
fotossensível. Deste modo evita-se uma ligação direta entre a
fonte de comando e a fonte de ação.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Como Retificador
Talvez uma das aplicações mais comuns dos diodos de
estado sólido, seja a de "retificar" correntes alternadas. A maioria
dos equipamentos transistorizados, que não são portáteis, utiliza
a rede elétrica local, para alimentação de seus circuitos. A rede
elétrica local, no Brasil, é de 110 ou 220 volts, 60 Hz. Como os
transistores têm suas polarizações efetuadas com corrente
contínua, torna-se necessário a retificação da corrente alternada
da rede. Os diodos podem ser utilizados para esta retificação.
Esta retificação, quase sempre efetuada com diodos de
silício, permite uma construção compacta e confiável. As fontes
retificadoras de corrente alternada podem ser de meia onda,
onda completa, em ponte, dobradoras, triplicadoras etc.
Na figura 16 temos uma fonte retificadora simples, de 1/2
onda. Um só diodo é utilizado. Na figura 17 temos uma fonte
retificadora de onda completa. Dois diodos são utilizados. O
secundário do transformador T1 necessita ter uma derivação
central. Na disposição da figura 18 utilizam-se 4 diodos, em um
circuito denominado ponte. Neste caso é dispensável a derivação
central do transformador. Esta disposição permite, por exemplo,
aproveitar um transformador destinado a uma retificação 1/2
onda e, pelo uso da ponte obter-se uma retificação de onda
completa.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Diodo Detector
O diodo também pode ser utilizado como detector. Na
realidade o que ocorre no secundário de um transformador de
frequência intermediária (FI) de um receptor de FM ou AM é uma
autêntica retificação, onde a portadora (frequência de FI) é
despojada do conteúdo de áudio que contém (sinal) e este último
é levado aos circuitos de áudio.
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Limitadores
Os diodos podem ser usados como "limitadores" para
evitar picos de tensão.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Atenuador
Um circuito pouco comum é o que utiliza o diodo como
atenuador, e que tem sua ação comandada por uma tensão.
Compensação de Temperatura
Nos circuitos transistorizados é importante que a
polarização seja correta. Com a variação de temperatura há
tendência a modificações. Um diodo pode ser uma boa solução
para a compensação de temperatura.
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Proteção de Transistores
Os diodos podem ser utilizados para proteger os
transistores colocados em circuitos indutivos a fim de evitar que
as correntes transientes destruam estes. Um diodo em paralelo
com a bobina do relé (K), evita que o transistor seja destruído
pelas contracorrentes originadas na bobina de excitação do relé.
Acoplamento Zener
Os diodos Zener, além de reguladores de tensão, podem
ser utilizados como elemento de acoplamento como se vê na
figura 27.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Proteção de Alto-Falantes
Uma disposição útil do diodo Zener é para proteger os
alto-falantes a fim de evitar que um sinal mais forte destrua a
bobina móvel do mesmo. Na figura 28 podemos apreciar um
circuito destes.
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II - O Transistor
O que É o Transistor
Ao transistor é suposto fazer, basicamente, tudo que a
válvula fazia, ou seja: amplificar sinais. Hoje existem vários tipos
de transistores, mas todos, basicamente, originam-se do princípio
ativo que atua nos semicondutores.
Pode-se dizer, para simplificar, que um transistor de
junção, nada mais é que a conjunção de dois diodos (figura 29).
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Símbolo Básico
O símbolo básico do transistor é mostrado na figura 30.
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Polarização
Um aspecto importante nos circuitos transistorizados é o
que diz respeito à polarização, ou seja, o valor da tensão ou
corrente aplicada ao emissor e à base.
Esta polarização determina a característica ou
desempenho do transistor e pode tanto ser "tensão de
polarização" como "corrente de polarização" ou ambas, sendo
aplicadas as expressões acima de modo a melhor descrever o
circuito transistorizado em questão.
A corrente de polarização de um transistor pode ir desde
alguns microampères até centenas de miliamperes. A tensão de
polarização dificilmente atinge o valor de 1 volt.
A corrente, no sentido direto, na junção emissor-base, é
responsável pelo controle da corrente entre emissor/coletor. Ao
aumentar a corrente de base, ocorre o aumento da corrente entre
emissor e coletor; se a corrente de base diminui, também diminui
a corrente entre emissor/coletor.
O ponto de operação para um determinado tipo de
transistor é determinado pela corrente quiescente (corrente
contínua, sem sinal presente) do emissor e tensão do coletor.
Pode-se considerar o transistor como um componente que opera
em corrente, isto é, a corrente fluindo no circuito emissor-base
controla a corrente fluindo no circuito coletor. As tensões e
correntes, bem como a polarização, dependem das características
do transistor e do tipo da função que irá desempenhar.
As polarizações podem ser denominadas de diretas
(forward) ou inversas ou opostas (backward). Quando aplicadas
na junção base-emissor do transistor denominam-se de diretas e
quando aplicadas na junção coletor-base são chamadas de
inversas.
Na figura 42 temos um processo simplificado para
polarização de um circuito de configuração base-comum, tanto
para transistores PNP como para transistores NPN. A polarização,
tanto para a junção coletor-base como para a junção emissor-
base é obtida de uma bateria e um sistema divisor constituído
dos resistores R2 e R3. O transistor do circuito da figura (A) é de
polarização direta porque o emissor é negativo com relação à
base e a junção coletor-base é polarizada inversamente porque o
coletor é positivo com respeito à base.
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III - Amplificadores
Amplificadores Transistorizados
A propriedade amplificadora dos transistores pode ser
utilizada em vários circuitos eletrônicos, dependendo dos
resultados que se deseja obter.
Podem ser utilizados em circuitos de audiofrequência (AF
ou BF), em circuitos de radiofrequência (RF), em circuitos de
frequência intermediária (Fl), etc.
Como vimos no capítulo anterior, os transistores têm três
configurações básicas. Será conveniente ter, de modo sucinto, as
propriedades básicas das três disposições.
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Número de Estágios
O número de estágios (transistor e componentes formam
um estágio) depende do ganho total que se necessita. Se uma
disposição com um só transistor nos fornece a elevação ou ganho
do sinal de entrada, ao valor que se deseja obter à saída, é óbvio
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Acoplamentos
Três são os processos de acoplar estágios:
a) transformador
b) resistor-capacitor (RC)
c) diretamente
ci)
O acoplamento a transformador está rapidamente se
tornando obsoleto. Em parte, pela existência de novos
transistores com alto ganho e em parte devido a dificuldade de se
obter (principalmente em nosso país) transformadores com
lâminas de núcleo de boa qualidade.
Uma disposição clássica de acoplamento a transformador
pode ser apreciada na figura 53.
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Amplificadores de Potência
O aspecto mais importante em que um amplificador de
potência se diferencia de um amplificador de baixo nível é que a
amplitude do sinal pode se estender sobre uma ampla faixa da
carga dinâmica de saída e deste modo o transistor opera, em
geral, no nível máximo possível. Um amplificador pode ser de
"potência" não importa que a sua potência de saída seja de 0,5 W
ou 200 W.
A potência de saída de um amplificador transistorizado
será limitada por três fatores principais, associados aos
transistores de saída do circuito — a dissipação máxima possível
para o coletor, a voltagem máxima para o coletor e a corrente
máxima permitida ao coletor. A questão de dissipação pode ser
contornada, em certos limites, por um processo de dissipação
(dissipador metálico ou mesmo esfriamento forçado). Os outros
dois fatores dependem de construção e características inerentes
do transistor e não podem ser modificadas pelo usuário.
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Disposição Complementar
Uma vantagem que se pode obter com transistores é a
utilização, à saída de um amplificador de potência, de dois
transistores, um PNP e outro NPN, em disposição
"complementar". Deste modo, com um circuito de saída simples,
pode-se obter uma saída amplificada simétrica (figura 58).
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Figura 59 — Amplificador de 20 W.
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IV - Osciladores
Como Funcionam
Qualquer circuito amplificador pode ser transformado em
circuito oscilador, bastando para isto que parte do sinal
amplificado seja reinjetado à entrada, em fase com o sinal
original. Na realidade uma das "pragas" que perseguem os
montadores de circuitos, que se iniciam, é a oscilação parasita
que surge nos amplificadores.
Tipos de Osciladores
Existem inúmeros tipos de osciladores. Alguns mais
indicados para funcionar em audiofrequência, outros mais
apropriados para funcionar em radiofrequência e alguns que
funcionam bem tanto em áudio como em RF.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Ponte de Wien
Outro oscilador muito utilizado em audiofrequência é o de
Wien. Utiliza dois transistores. Os componentes determinantes da
frequência de oscilação são os resistores RR e os capacitores CC.
Com os valores indicados no circuito a frequência de oscilação é
da ordem de 1.600 Hz.
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Multivibradores
O multivibrador é um circuito de dois estágios em que um
estágio conduz ou funciona enquanto o outro está bloqueado ou
não conduzindo. Esta condição de alternância é determinada pela
constante de tempo de uma combinação de resistor-capacitor (R-
C). Na figura 62 temos um circuito típico. Os valores indicados
permitem uma oscilação de 10.000 Hz.
Na figura 63 temos outro circuito multivibrador que produz
uma frequência de 1 Hz. Com as lâmpadas inseridas, é possível
fazer uma demonstração de qual estágio está conduzindo, pois, a
baixa frequência de oscilação permite controlar visualmente as
oscilações.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Figura 62 — Multivibrador.
Oscilador de Bloqueio
Nos osciladores de bloqueio o transistor conduz por um
período curto, enquanto um capacitor carrega. Quando o
capacitor fica carregado, o transistor deixa de conduzir e o
capacitor descarrega lentamente através do resistor R. O ciclo se
repete e a frequência é determinada pelo valor de R e do
capacitor C.
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APOLLON FANZERES
Oscilador Hartley
Em radiofrequência, um dos osciladores mais populares é
o Hartley. A realimentação que produz as oscilações é obtida pela
derivação na bobina ou indutor L. Com os valores do circuito da
figura 65 a frequência de oscilação é de 100 KHz.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Oscilador Colpitts
Este circuito também é muito popular em circuitos de
radiofrequência. O emissor é ligado a um ponto médio do circuito
de sintonia por meio de condensadores em série. A frequência,
com os valores indicados, é da ordem de 100 KHz. Na figura 66
temos o circuito completo do oscilador Colpitts.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
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V — Componentes
Capacitor
O capacitor (ou condensador) (*) é um dos componentes
mais utilizados, juntamente com os resistores, nos circuitos
eletrônicos.
O que é:
O capacitor é um armazenador, temporário, de energia.
Teoricamente é constituído de duas placas ou barras metálicas,
situadas muito próximas, porém não se tocando, e que são
ligadas a uma fonte de tensão elétrica (figura 69).
Símbolo
O símbolo de representação do capacitor é mostrado na
figura 70; porém existem variações desta representação, para
indicar certos tipos de capacitores, tais como eletrolíticos, duplos,
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Unidade
A unidade de capacidade é o Farad (F) que é muito grande
para os fins práticos da eletrônica. Daí serem utilizados os
submúltiplos: microfarad, picofarad, nanofarad. O microfarad (µF)
equivale a um milionésimo de Farad. O picofarad equivale a um
milionésimo de milionésimo de Farad (ver Tabela II).
Classificação
Os capacitores podem ser classificados pelo material
utilizado na fabricação de suas placas e/ou pelo dielétrico. Assim
existem capacitores de mica, porque o material que constitui seu
dielétrico é de mica. Há os capacitores de cerâmica, porque seu
dielétrico é constituído de um material cerâmico. Os capacitores
eletrolíticos têm seu dielétrico constituído de uma fina camada
gasosa, produzida quando a corrente atua sobre uma pasta ou
líquido eletrolítico.
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APOLLON FANZERES
Tensão de Trabalho
Outro fator de classificação dos capacitores, além do
material que os constitui, é a isolação que o dielétrico oferece às
tensões presentes nos terminais. Esta tensão é denominada de
"tensão de trabalho", indicando até que valor de tensão ele pode
resistir, sem que o dielétrico seja perfurado. Com a temperatura,
o capacitor pode ter sua capacidade ligeiramente alterada. Mas
certas técnicas de construção permitem obter capacitores com
coeficiente positivo ou negativo de temperatura. Isto quer dizer
que, quando a temperatura ambiente aumenta, a capacidade
pode aumentar ou descer conforme o coeficiente de compensação
seja positivo ou negativo.
Capacitores para RF
Há, ainda, capacitores cujo dielétrico é apropriado para
tensões de radiofrequência. A lista é extensa.
Capacitores Variáveis
Não devemos esquecer os capacitores variáveis ou
semivariáveis, utilizados em recepção, transmissão, para sintonia,
ajustes, etc. Estes capacitores também são classificados em
função do número de placas móveis e fixas (capacidade), isolação
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Códigos de Classificação
Devido aos inúmeros tipos de capacitores fixos, utilizados
em eletrônica, os fabricantes foram obrigados a recorrer a
códigos engenhosos, para poderem, mediante indicações
alfanuméricas e cores, indicar todas as características dos
capacitores. No Formulário de Eletrônica, editado por esta
editora, existem praticamente todos os códigos atuais aplicados
aos capacitores. Damos, mais adiante, uma síntese dos códigos
mais utilizados para capacitores.
Se os leitores enviarem seu nome e endereço para a Caixa
Postal 2483, 20.000 — Rio poderão receber, eventualmente, os
novos códigos que de tempos a tempos as fábricas distribuem
gratuitamente, para os que exercem atividades em eletrônica. (*)
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APOLLON FANZERES
Resistor
O resistor (ainda chamado por muitos de resistência) é um
componente, que assim como o capacitor, está presente em
quase todos os circuitos eletrônicos. A função básica de um
resistor é, por dissipação, reduzir uma tensão.
Símbolo
O símbolo do resistor pode ser apreciado na figura 73.
77
Conserto de Aparelhos Transistorizados
Código de Cores
O código de cores utiliza 10 cores:
Marrom= 1 Azul= 6
Vermelho = 2 Violeta = 7
Laranja= 3 Cinza= 8
Amarelo= 4 Branco = 9
Verde= 5 Preto= 0
Pela coloração das pintas ou bandas que possua o resistor
é possível saber o seu valor ôhmico. A leitura é realizada na
ordem indicada na figura 76. As duas primeiras faixas ou pintas
de cor, representam números. A terceira faixa ou pinta de cor,
indica a "quantidade" de zeros. Assim, um resistor que tenha as
seguintes cores, a partir da primeira faixa: vermelho-verde-
laranja é de 25.000 ohms (vermelho = 2; verde = 5; laranja =
quantidade de zeros = 000).
78
APOLLON FANZERES
Tolerância
Os resistores também utilizam o código de cores para
indicar a tolerância ou precisão do valor nominal do componente.
Temos na figura 77 um resistor que tem 4 cores de indicação. A
quarta cor é relativa à porcentagem de tolerância:
marrom = 1%
vermelho = 2%
laranja = 3%
amarelo = 4%
ouro = 5%
prata = 10%
Quando não existe a quarta cor isto indica que o resistor
tem uma tolerância de 20%.
79
Conserto de Aparelhos Transistorizados
Confiabilidade
Uma indicação pouco comum nos resistores comerciais
aqui encontrados é o da confiabilidade. Trata-se de uma quinta
faixa ou ponto de cor, que indica a possibilidade de falha do
componente por 1.000 horas de uso.
Assim teremos:
marrom = 1.0 por mil horas de uso
vermelho = 0,1 idem
laranja = 0,01 idem
amarelo = 0,001 idem
Valores Padrões dos Resistores
Os resistores são encontrados no comércio, em valores
padrões, conforme a tabela a seguir.
Tabela III - Valores Comerciais ou Padrões de Resistores.
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APOLLON FANZERES
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Resistores Especiais
Os resistores especiais, ou seja, que não obedecem à lei
de Ohm, quando por eles circula uma corrente, sob uma pressão
de uma tensão, têm lugar especial nos circuitos eletrônicos. A
seguir, damos alguns tipos.
Varistor
O varistor tem sua resistência alterada com a voltagem. A
resistência aumenta quando a tensão diminui. Também é
chamado de "resistor dependente de voltagem" (VDR).
Os varistores são muito utilizados em circuitos de
polarização e controle, pois agindo de forma oposta aos resistores
comuns, se constituem em ótimos elementos de equilíbrio.
Termistores
Trata-se de um resistor que é sensível às variações de
temperatura. Podem ter coeficiente positivo ou negativo de
temperatura. Assim, é possível obter um componente que
aumente sua resistência quando a temperatura sobe ou vice-
versa e também que atue na ordem inversa.
82
APOLLON FANZERES
Símbolos
Os símbolos das indutâncias podem ser apreciados na
figura 79.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Transformadores
A rigor deveria se chamar de transformador de
radiofrequência um conjunto de indutâncias (primário e
secundário), como se vê esquematizado na figura 79C, mas a
expressão transformadora é reservada para as bobinas que
utilizam núcleo e possuem um primário e um ou vários
secundários.
Transformador de Audiofrequência
Os transformadores de áudio, hoje caindo rapidamente em
desuso, eram utilizados para interligar estágios de áudio ou
transferir a energia do estágio final para o alto-falante.
Transformador de Alimentação
É um item ainda muito utilizado, pois para alimentar um
circuito transistorizado, do setor da rede elétrica local, há
necessidade de um transformador, rebaixador ou elevador. Para
esta finalidade, o transformador possui um primário e um ou mais
secundário (figura 80) que fornecem as tensões, que depois de
retificadas irão prover a alimentação dos circuitos
transistorizados.
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APOLLON FANZERES
Outros Componentes
Existem muitos outros componentes, que são utilizados
nos circuitos transistorizados.
Lâmpadas Piloto
São pequenas lâmpadas destinadas a indicar uma função.
Podem ser utilizadas para indicar que o aparelho está ligado;
podem servir para indicar funções, para atuar como termistores
etc. As lâmpadas piloto possuem filamentos de características
distintas. A pequena miçanga existente na base destas lâmpadas,
pela sua cor, indica a tensão ou corrente da mesma (figura 81).
85
Conserto de Aparelhos Transistorizados
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APOLLON FANZERES
Lâmpadas Néon
As lâmpadas néon são também muito utilizadas em
circuitos de semicondutores. Podem servir de indicadores ou
atuar como elemento de descarga para osciladores periódicos
(figura 82).
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
VI —Instrumentos de Medida
Os Multitestes
Na reparação e ajuste dos aparelhos transistorizados é
importante que se possua um mínimo de aparelhos ou
instrumentos, que nos permitam verificar as tensões, correntes e
resistências dos circuitos. Não desejamos, aqui, induzir o leitor a
possuir uma "caricatura" de laboratório. Os instrumentos que
recomendamos são todos de uso objetivo, de aplicação prática e,
a nosso ver, imprescindíveis para aqueles que desejam exercer
suas atividades de modo criterioso.
Um dos principais instrumentos para o técnico, o
experimentador é, sem dúvida, o multiteste ou V.O.M. (figura
83). Ele serve para medir as tensões, correntes e resistências.
Nos aparelhos transistorizados, as tensões são baixas
quando comparadas com as tensões existentes nos aparelhos que
utilizam válvulas. Já as correntes podem ser diminutas ou muito
mais elevadas das que habitualmente se encontram nos
aparelhos valvulares. Quanto às resistências, nos circuitos
transistorizados os valores quase sempre são mais baixos que
nos circuitos valvulares.
Assim, para possuir um multiteste ou V.O.M. que atenda
às necessidades dos circuitos transistorizados e que também não
despreze a possibilidade de ser utilizado para circuitos valvulares
é conveniente que ele possua escalas de alcance para ambos os
casos. Um multiteste desta natureza deverá possuir as seguintes
escalas, pelo menos: Tensões ou voltagens: 3-30-300-600 e
1.000 volts. Correntes: 50 microampères até 2 a 5 ampères.
Resistências: de décimos de ohms até 10, 20 ou 50 megohms.
No comércio são encontrados multitestes que atendem a
estas recomendações. A propósito: V.O.M. são as iniciais de
Volts, Ohms, Miliampères. Na figura 83 temos o desenho de um
multiteste de fabricação nacional muito sólido, e que possui os
alcances aqui recomendados
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
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Injetor de Sinal
Como segundo instrumento, na verificação de receptores,
um injetor de sinal é muito útil. Ele produz um sinal, que é
injetado nos vários estágios do receptor ou amplificador de áudio,
e, deste modo, permite localizar rapidamente qual o estágio que
não deixa "passar" o sinal injetado.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Traçador de Sinal
O traçador de sinal opera no princípio diametralmente
oposto do injetor. Enquanto este injeta um sinal que é acusado
pela parte de áudio do próprio receptor em exame, o traçador
procura captar o sinal, no estágio sob exame, possuindo seu
próprio circuito de áudio para registro do sinal captado. O
traçador não prescinde de uma fonte geradora de sinal que pode
ser até uma estação que esteja irradiando no momento. Pode-se,
também, conjugar a atividade de um injetor com um traçador,
tornando mais flexível a pesquisa e o diagnóstico do aparelho sob
inspeção. Os traçadores são encontrados no comércio
especializado, porém o leitor habilidoso pode transformar
facilmente um receptor em traçador de sinais. Basta que o
coloque em uma caixa metálica, bem fechada, para efeito de
blindagem, e utilize dois cabos blindados, um ligado à entrada da
antena e outro à entrada do áudio.
Colocando a ponta de prova do cabo de RF nos estágios de
RF do receptor em exame, poderá captar os sinais que
eventualmente estejam sendo recebidos no aparelho. Também
utilizando a ponta de prova de áudio com um diodo detector pode
captar os sinais de RF na frequência de Fl. E a ponta de prova do
áudio servirá também para traçar os sinais de áudio do aparelho
em inspeção.
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APOLLON FANZERES
Geradores de RF
O gerador de sinais de RF ou "oscilador de prova" é na
realidade, um pequeno emissor, capaz de irradiar sinais de RF em
uma extensa gama de frequências: de 100 ou 200 KHz até 25, 30
ou mais MHz. Estes sinais de RF são passíveis de serem
atenuados, permitindo que o nível de sinal aplicado ao receptor
em exame não exceda o ponto da saturação. Também a onda
portadora do gerador pode ser modulada por um sinal,
geralmente de 400 ou 1.000 Hz, em níveis que vão desde O até
50-70%.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Osciloscópio
O osciloscópio é um instrumento de grande versatilidade
que permite medir a quantidade e qualidade das tensões elétricas
presentes nos circuitos. Suas aplicações são múltiplas e relacioná-
las nos levaria a escrever outro livro.
Na aquisição de um osciloscópio, é importante determinar-
se para que fim o mesmo se destina. A banda passante de seus
amplificadores deve ser de acordo com o tipo de serviço a que é
destinado. Utilizar um osciloscópio com banda passante de 500
MHz para verificações de sinais e tensões de baixa frequência é
um exagero custoso. Tentar verificar um televisor com um
osciloscópio com banda passante de apenas 4 KHz é praticamente
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Teste de Transistores
Se bem seja possível verificar-se o transistor com a ajuda
de um multiteste comum ou V.O.M., um teste apropriado permite
medir todos os parâmetros de qualquer tipo de transistor sendo,
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Pontes
As pontes, quase sempre destinadas a medidas de maior
precisão de capacitores, resistores e indutâncias, podem ser
consideradas dispensáveis por aqueles que se dedicam a
consertos de rádios receptores, televisores etc., já que os
componentes costumam trazer as indicações de seus valores
nominais. Realmente, não é imprescindível possuir uma ponte de
L-C-R, ou seja, indutância (L), capacitor (C) e resistores (R). Por
outro lado, uma ponte pode permitir a medida exata de
componentes quando se faz experiências, se elabora novos
circuitos ou tenta-se identificar componentes cujas indicações
gravadas ou pintadas foram corroídas.
É uma escolha que só o próprio interessado poderá fazer
adequadamente. Mas não comprem o instrumento só para tê-lo
na prateleira e servir como "chamariz" para provar que a oficina é
um "laboratório". Autenticidade e ética devem ser pontos altos na
profissão.
Voltímetros Eletrônicos
Os voltímetros eletrônicos têm seu lugar em uma oficina.
Se bem que seja possível medir tensões com um osciloscópio
(que é um "voltímetro eletrônico" ideal) a medida de tensões com
um voltímetro eletrônico não é desprezível. Com o advento dos
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
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Caixa de Décadas
É conveniente possuir, para uso na bancada, capacitores,
resistores e indutores. Uma ótima solução são as caixas de
décadas, onde capacitores, resistores e indutâncias de valores
conhecidos estão disponíveis mediante uma chave seletiva ou
outro processo prático.
Principalmente urna caixa de décadas para capacitores e
outra para resistores devem fazer parte do "instrumental" do
técnico (figura 92).
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Vobulador
O vobulador (forma aportuguesada de “wobulator") é um
instrumento útil para ajuste de transformadores de Fl, tanto em
AM como FM. Deve ser utilizado associado com um osciloscópio,
se bem que seja possível a sua utilização com um voltímetro
eletrônico, porém, neste caso, há muita demora para obter os
ajustes.
O vobulador faz um -passeio" de alguns KHz no valor
central da frequência de Fl que está sendo aplicada ao aparelho
sob ajuste e isto resulta em urna curva, quando visto no
osciloscópio (figura 93).
Circuito de Polarização
Para ajustes e diagnóstico em televisores e outros
equipamentos transistorizados faz-se necessário ter tensões de
corrente contínua, ajustáveis, na faixa de 0 a 65 volts. Com um
circuito que forneça duas ou mais destas tensões variáveis é
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Gerador de FM Multiplex
Para o perfeito ajuste de receptores de FM, estéreo, um
instrumento deste tipo é imprescindível.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Iluminação e Ventilação
Um fato que passa despercebido à grande maioria das
pessoas que trabalha em eletrônica é que a soldagem dos
componentes e fios exige o emprego de uma liga de estanho-
chumbo. E o chumbo aquecido desprende gases tóxicos que
podem causar sérias lesões no organismo. Haja vista que os
linotipistas, entre outras profissões, recebem uma compensação
no salário por operarem com chumbo derretido. Nunca soubemos
que os técnicos de rádio, os montadores de fábricas de aparelhos
eletrônicos etc., recebessem qualquer compensação financeira,
sequer o clássico litro de leite diário para desintoxicação...
Assim, quando o técnico se instala, deve procurar ter um
local em que haja ampla circulação do ar ou, pelo menos, uma
ventilação adequada.
O segundo fator é a iluminação. Quanto mais luz solar
direta obtiver, melhor. Não sendo possível há que recorrer à
iluminação artificial e, neste caso, é bom que conjugue a
iluminação fluorescente com lâmpada de incandescência. Entre
outras razões podemos citar que as cores de código, sob a luz
fluorescente "mudam" de tonalidade. A segunda é que em caso
de peças móveis, a luz fluorescente pode dar um efeito
estroboscópico que perturba bastante. Isto para não falar da
interferência causada pelos reatores...
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APOLLON FANZERES
Bancada
A bancada ou mesa onde se processarão os diagnósticos e
consertos também é importante. Ideal seria que houvesse
facilidades para ter os equipamentos em uma espécie de bandeja,
que seria colocada sobre a bancada para o diagnóstico e depois
removida enquanto se aguardasse a aprovação do orçamento.
Enquanto isto, outros equipamentos seriam colocados em outras
tantas bandejas e levados à bancada. É uma ideia interessante,
porém nem sempre possível de ser efetuada na prática.
O leitor deve raciocinar que com aparelhos
transistorizados, que na sua maioria são de dimensões ou peso
reduzidos (quando comparados aos valvulares), a filosofia a ser
aplicada é que os mesmos sejam levados à oficina em lugar do
técnico ir à casa do cliente, transportando uma imensa mala com
todos os instrumentos, ferramentas e componentes. Assim, a
bancada assume um aspecto importante.
Fonte de Alimentação
Para a reparação de aparelhos transistorizados, a bancada
deve possuir uma boa fonte de alimentação que, além de
fornecer a corrente elétrica do setor, deve poder fornecer
qualquer tensão contínua, para efeito de alimentação dos
aparelhos transistorizados.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Examinador de Transparência
Uma placa de vidro fosco, grosso, iluminada pela parte
inferior (figura 95) é um acessório importante. Permite que a
placa do circuito impresso seja examinada, com o lado dos
componentes voltado para o técnico e o lado oposto iluminado
através do vidro. Deste modo, certas interrupções dos circuitos
impressos e localizações de componentes são facilmente
realizadas.
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Aspirador de Solda
Quando se trabalha com circuitos impressos o uso de
aspirador de solda é importante. Existem vários tipos, alguns bem
sofisticados com bomba aspiradora elétrica.
Outros possuem bombas aspiradoras manuais que se pode
recomendar para o técnico que não trabalhe em regime de linha
de produção.
Soldadores
O soldador ou ferro de soldar é outro item da bancada
muito importante. O calor excessivo é um desastre para o
semicondutor. Deste modo, os soldadores devem ser de potência
adequada e nunca excessiva. O uso da "pistola" é muito
recomendável (figura 96) ou, então, de soldadores de baixa
potência e, se possível, isolados da rede local por um
transformador, que tenha inclusive uma blindagem eletrostática
(figura 97). Isto é para evitar que, ao se tocar com a ponta do
soldador um transistor (FET, por exemplo), a carga eletrostática
danifique o componente.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Ferramentas
Ferramentas adequadas em uma bancada, é desnecessário
dizer, representam o auxiliar inestimável do técnico. Alicates,
chaves de fenda. Philips, hexagonal, etc., pinças e outras
ferramentas devem existir, sempre em ordem, sempre limpas,
para permitir ao técnico a extração, instalação e fixação dos
componentes, caixas, invólucros, etc., dos aparelhos
transistorizados.
Figura 98 — Ferramentas
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Figura 99 — Ferramentas
Arquivo
A oficina organizada deve possuir um arquivo de
esquemas, diagramas e outras informações úteis a respeito de
aparelhos. E também um fichário ou qualquer outro processo de
registro, dos serviços, das modificações, consertos, etc.,
efetuados nos aparelhos que aportaram à oficina. Fazer sempre o
diagrama correto da peça ou componente retirado de modo a
permitir que outro técnico o reponha é prática salutar em
qualquer oficina.
Anotar as tensões, corrente, valores resistivos etc., do
aparelho consertado é ótima referência para futuras consultas.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Umidade
A umidade, que no Brasil é um dos fatores que mais
contribui para produzir defeitos em aparelhos eletrônicos, pode
ser reduzida com o simples expediente de colocar, dentro de cada
aparelho, um pequeno saco de pano (algodão, de preferência)
contendo sílica gel. Este produto, quando está seco, tem uma
intensa cor azul. À proporção que vai absorvendo umidade, vai se
tornando cor-de-rosa.
Quando os grãos da sílica gel estão totalmente rosas, o
produto está saturado e não absorve umidade. É preciso, então,
que seja retirado e colocado em local que tenha 40 a 60° graus
de calor. Após algum tempo a umidade é expelida e o produto
volta a ter a cor azul. Estará em condições de absorver,
novamente, a umidade. Assim, colocando-se saquinhos de sílica
gel nos aparelhos e instrumentos mais delicados, é possível livrá-
los da umidade.
A simples prática de colocar os instrumentos em locais
aquecidos não é suficiente para remover a umidade. O que se faz
é "aquecer a umidade" e submeter o aparelho a um discreto
banho de vapor...
Ar Comprimido
A utilização do ar comprimido para limpeza, mesmo com
baixa pressão, é muito importante, pois torna possível a remoção
de partículas impossíveis de serem retiradas com panos, pincéis,
esponjas, etc. Um pequeno compressor ou mesmo uma "bala" de
ar comprimido, do tipo utilizado para dar pressão aos barris de
chope, é uma boa solução e permite ter a oficina equipada com
recursos que aceleram o serviço.
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Como Proceder
Como deve proceder o técnico perante um aparelho que,
segundo informação do usuário, não funciona ou funciona de
modo insatisfatório?
Em primeiro lugar é preciso enfatizar que este livro, como
qualquer outro livro do gênero, não transforma um leigo, só pela
leitura, em um técnico capaz de consertar um aparelho
eletrônico.
É necessário que o técnico tenha alguns conhecimentos
básicos essenciais, caso contrário, ficará apenas confuso ao ler
um livro que, como este, parte do pressuposto que o leitor sabe
os símbolos, conhece os efeitos básicos das correntes e tensões
nos componentes, enfim, já passou da fase de "principiante".
O diagnóstico de um aparelho pode ser efetuado, se em
primeiro lugar o técnico sabe a que se destina o aparelho e qual
possível desempenho dele. É lógico que não poderá fazer um
diagnóstico adequado se colocar-se frente a um aparelho, do qual
desconheça o funcionamento e a finalidade.
Vejamos um exemplo: se recebe para conserto um
aparelho (um rádio de ondas médias, ondas curtas e FM) e não
sabe o que se pode obter de um receptor, quando está
funcionando, sem dúvida que não poderá sequer fazer um
exame, pois não sabe o que o aparelho deveria permitir ou
fornecer. Se, então, recebe um aparelho ou instrumento mais
complexo (um aparelho industrial, por exemplo) e nada sabe
sobre ele, o desastre é completo.
Assim, nossa primeira recomendação é que não se tornem
"aventureiros" aceitando para conserto aparelhos dos quais não
conhecem nem função, nem desempenho. É recomendável obter
o esquema ou diagrama antes de iniciar o diagnóstico (figura
100).
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
toca a base deve ser mais forte de que quando se toca o coletor.
Se em um dos casos não se escuta o "clique" é sinal de que o
estágio está defeituoso.
Medida de Polarização
Para se medir a polarização base-para-emissor: com um
voltímetro bem sensível se mede a tensão entre base e emissor
como se vê na figura 107. A tensão deve situar-se entre 0.1 e 0.2
volts.
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Generalidades
No que concerne ao exame de circuitos transistorizados
alguns pontos merecem ser enfatizados. Por exemplo, o
transistor, ao contrário das válvulas, não fica cansado ou fraco.
Funciona ou não funciona. Também só possui (geralmente) três
configurações básicas e três eletrodos, de modo que é muito fácil
determinar os eletrodos e compreender o circuito.
Naturalmente, quando dizemos que o transistor só tem
três eletrodos, nos referimos ao componente individual (discreto),
singular. Os circuitos integrados não estão nesta categoria,
porque são, na realidade, uma reunião de vários transistores,
diodos e resistores, formando um conjunto compacto contido em
um só invólucro.
Transistores de efeito de campo (FET) devem ser tratados
com muito cuidado. A simples aplicação de um soldador, do tipo
ligado diretamente à rede elétrica, pode causar sua destruição
devido a presença de carga eletrostática.
Para examinar os FET devem ser utilizados testes
eletrônicos ou que possuam uma resistência de entrada superior
a 50.000 ohms/volt. Na figura 111 temos um teste simples para
examinar o FET quando o mesmo está inserido em um circuito. O
voltímetro é ligado entre o dreno (D) e o chassi ou terra. Um fio
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Sintoma Causa
Pouca sensibilidade na faixa Transistor conversor com defeito. Defeito no
de frequências baixas do circuito oscilador local.
receptor Transistor misturador, oscilador ou conversor,
Pouca sensibilidade na faixa com defeito. Bobina de antena com defeito.
de frequências altas do Desajuste no circuito de sintonia.
receptor
Capacitor de passo do emissor aberto.
Transistor oscilador ou conversor com defeito.
Desajuste circuito-antena. Idem FI. Placas do
Nenhuma recepção no lado condensador variável produzindo curto.
de frequências altas do
receptor Oscilador ou conversor não funcionando.
Desajuste nos estágios FI.
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Conserto de Aparelhos Transistorizados
Nota:
Na edição original, a partir deste ponto foram dados
diversos circuitos práticos com transistores que omitimos
por estarem recuperados em nossa seção “Banco de
Circuitos”. Os leitores poderão acessá-los de CIR13701 a
CIR13708 e de CIR14965 a CIR14996,
Também foram fornecidas s características de diversos
componentes da época, alguns de fabricação nacional
como Ibrape e Icotron e que hoje não mais existem e por
isso, deixamos de incluir nessa publicação.
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Ou fotografe o QR abaixo:
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