Conserto Fanzeres

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1

Conserto de
Aparelhos
Transistorizados

Apollon Fanzeres

Patrocinado por

2
São Paulo - Brasil - 2020

Instituto NCB
www.newtoncbraga.com.br
leitor@newtoncbraga.com.br

Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Impressão: AgBook – Clube de Autores

Nossos Podcasts

3
Conserto de Aparelhos Transistorizados
Autor: Apollon Fanzeres
São Paulo - Brasil - 2020
Palavras-chave: Eletrônica – aparelhos eletrônicos –
componentes – física - química

Copyright by
INTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por


qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos,
fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou
que venham a ser inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou
parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético
atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido ou implantado no futuro.
Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua
editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e
parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e
multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos
122, 123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais).

4
Índice
Apresentação..............................................................................9

Prefácio da Edição Original........................................................11

I — O Diodo ..............................................................................13
Utilização Inicial dos Semicondutores.................................13
Coesor de Branly.............................................................13
Galena...........................................................................13
A Válvula Eletrônica.........................................................14
O Primeiro Diodo.............................................................14
Símbolo..........................................................................15
Características Principais dos Diodos..................................16
Corrente Reversa.............................................................16
Diodos de Barreira (Schottky)...........................................17
Substituição dos Diodos....................................................17
Fluxo de Elétrons.............................................................17
Uso do V.O.M. no Diodo....................................................18
Manuais de Semicondutores..............................................18
Diodos Retificadores.........................................................19
Tiristores (SCR)...............................................................19
Tiristor (SCS)..................................................................20
Varactor (*) ou Diodo Capacitivo ......................................21
Diodo Zener....................................................................22
Diodos "Túnel"................................................................23
Fotodiodos......................................................................23
Fotocondutores...............................................................24
Fotossensíveis.................................................................24
LED Diodos Fotoemissores................................................25
Foto acopladores.............................................................25
Utilização dos Diodos.......................................................26
Como Retificador.............................................................26
Diodo Detector................................................................28
Limitadores.....................................................................29
Atenuador.......................................................................30
Compensação de Temperatura..........................................30
Proteção de Transistores..................................................31
Acoplamento Zener..........................................................31

5
Proteção de Alto-Falantes.................................................32
II - O Transistor........................................................................33
O que É o Transistor........................................................33
Símbolo Básico................................................................34
Disposições Básicas dos Transistores..................................35
Invólucro dos Transistores................................................37
Localização dos Terminais.................................................38
Material dos Transistores..................................................42
Transistores PNP e NPN....................................................42
Polarização dos Transistores.............................................43
Polarização.....................................................................45
Transistor de "Efeito de Campo"........................................51
Diversos Tipos de Transistores..........................................53
III - Amplificadores..................................................................55
Amplificadores Transistorizados.........................................55
Amplificação de "Sinais Pequenos".....................................58
Número de Estágios.........................................................58
Acoplamentos.................................................................59
Amplificadores de Potência...............................................61
Classificação dos Estágios de Saída....................................61
Disposição Complementar.................................................63
IV - Osciladores........................................................................65
Como Funcionam.............................................................65
Tipos de Osciladores........................................................65
Oscilador de Desvio de Fase..............................................65
Ponte de Wien.................................................................66
Multivibradores................................................................67
Oscilador de Bloqueio.......................................................68
Oscilador Hartley.............................................................69
Oscilador Colpitts.............................................................70
Oscilador com FET...........................................................71
Oscilador de Batimento (B.F.0) com FET.............................72
Uso dos Osciladores.........................................................73
V — Componentes.....................................................................74
Capacitor........................................................................74
O que é: ............................................................74
Símbolo..............................................................74

6
Unidade..............................................................75
Classificação........................................................76
Tensão de Trabalho..............................................76
Capacitores para RF.........................................................77
Capacitores Variáveis.......................................................77
Códigos de Classificação...................................................77
Resistor..........................................................................78
Símbolo..............................................................78
Código de Cores...................................................80
Tolerância...........................................................81
Confiabilidade......................................................81
Dissipação dos Resistores......................................82
Resistores Especiais.........................................................83
Varistor..........................................................................83
Termistores....................................................................83
Indutâncias (Bobinas ou Indutores)...................................84
Símbolos.............................................................84
Transformadores.............................................................85
Transformador de Audiofrequência.........................85
Transformador de Alimentação..............................85
Outros Componentes........................................................86
Lâmpadas Piloto...................................................86
Lâmpadas Néon...................................................88
VI —Instrumentos de Medida ...................................................89
Os Multitestes.................................................................89
Escala de Resistências em Ohms.......................................90
Escalas de Tensão Alternada.............................................91
Escalas de Correntes Alternadas........................................92
Injetor de Sinal...............................................................92
Traçador de Sinal............................................................93
Geradores de RF..............................................................94
Osciloscópio....................................................................97
Teste de Transistores.......................................................98
Pontes............................................................................99
Voltímetros Eletrônicos.....................................................99
Analógicos Versus Digitais...............................................100
Caixa de Décadas..........................................................102
Vobulador.....................................................................103
Gerador de Varredura e Marcador....................................103

7
Circuito de Polarização....................................................103
Gerador de FM Multiplex.................................................104
Geradores de Barras e Pontos.........................................104
VII — Local de Trabalho..........................................................105
Critérios de Escolha e Instalação da Oficina.......................105
Iluminação e Ventilação..................................................105
Bancada.......................................................................106
Fonte de Alimentação.....................................................106
Examinador de Transparência..........................................107
Aspirador de Solda.........................................................108
Soldadores....................................................................108
Ferramentas..................................................................109
Arquivo.........................................................................110
Umidade.......................................................................111
Ar Comprimido..............................................................111
VIII — Diagnóstico dos Defeitos .............................................112
Como Proceder..............................................................112
Consumo de Corrente na Fonte........................................114
Exame Prático de Circuito de Áudio..................................117
Medida de Polarização....................................................119
Verificação do Oscilador Local..........................................119
Verificação do Controle Automático de Ganho (C.A.G.).......120
Exame de Transistores Fora de Circuito............................121
Generalidades....................................................122
Pontos de Diagnóstico no Receptor...................................125
Exame "Força Bruta"......................................................128
Os outros mais de 160 livros de Eletrônica e Tecnologia do INCB
...............................................................................................130

8
APOLLON FANZERES

Apresentação
Este é mais um livro que levamos gratuitamente aos
nossos leitores sob o patrocínio da MOUSER ELECTRONICS. Trata-
se de um livro publicado em 1985 por A. Fanzeres (*), mas que
aborda um assunto de grande interesse e que ainda é atual pela
sua parte teórica e para efeito de consulta por parte dos que
desejam saber como eram as tecnologias da época e precisam
recuperar ou reparar equipamentos antigos. A teoria não muda e
por esse motivo pode ser de grande importância na compressão
do princípio de funcionamento de componentes e circuitos e em
relação à parte prática existem circuitos que ainda podem ser
montados com os componentes originais ou ainda com
equivalentes modernos. Mesmo havendo tecnologias mais
modernas para a montagem de projetos com a mesma finalidade
os projetos apresentados são importantes pela sua finalidade
didática. Fizemos algumas melhorias, alterações e atualizações ao
republicar esse trabalho, esperando que seja do agrado de nossos
leitores. Para o aproveitamento prático tudo dependerá dos
recursos, necessidade e imaginação de cada um. A maioria dos
componentes citados pode ser adquirida na Mouser Electronics
(br.mouser.com). Enfim, mais um presente que damos aos
nossos leitores que desejam enriquecer sua biblioteca técnica e
aprender muito, e sem gastos.

Newton C. Braga

(*) Convivi com Apollon Fanzeres dos anos 70 aos anos


90, trabalhando na elaboração de artigos técnicos de
diversas publicações. O próprio Fanzeres, Uruguaio de
nascimento, mas vivendo no Rio de Janeiro antinha
diversas publicações como a revista Eletrotécnica e revista
Radiotécnico que fizeram muito sucesso desde os anos 50.
Os artigos de Apollon Fanzeres ajudaram muitos técnicos
da época e ensinando principalmente a parte prática.
Fanzeres escreveu artigos desde os anos 40. Com a

9
Conserto de Aparelhos Transistorizados

permissão de seu filho Apollon Fanzeres Jr. estamos


recuperando os artigos dele que passamos a colocar no
site e também muitos de seus livros que até hoje são de
grande importância tanto para estudantes e profissionais
como para professores e historiadores. Este é mais um
deles. Veja no nosso site outros artigos e livros dele,
digitando “Fanzeres” na nossa bisca. Fanzeres faleceu no
Rio de Janeiro nos anos 90, vítima de um acidente.

10
APOLLON FANZERES

Prefácio da Edição Original


A descoberta do transistor é, sem dúvida, um dos marcos
mais importantes da tecnologia aplicada da Física, no campo da
Eletrônica.
Graças aos semicondutores, entre os quais sobressai o
transistor, ocorreu uma "revolução" que se pode dizer foi tão
importante quanto a Revolução Industrial, a linguagem falada, a
descoberta da eletricidade, o voo do mais pesado que o ar, etc.,
etc.
Ainda não se escreveu a saga completa do semicondutor e
as consequências do mesmo sobre a Humanidade. Não é aqui o
lugar para tratar deste aspecto sócio histórico, pois nosso livro é
dedicado apenas ao lado prático dos circuitos transistorizados e
como consertá-los.
Os circuitos eletrônicos que utilizam semicondutores não
diferem, no princípio de funcionamento, dos circuitos que utilizam
válvulas. Há, porém, alguns pontos fundamentais distintos. Nas
válvulas, as tensões são elevadas nos circuitos anódicos e de
grades auxiliares, ao passo que nos transistores a tensão é muito
mais baixa. Os transistores dispensam o aquecimento, que nas
válvulas é essencial. Porém, tanto nos circuitos valvulares como
de semicondutores, são utilizados componentes e acessórios
comuns aos dois: capacitores, resistores, indutâncias etc.
Nas válvulas, os elétrons fluem do filamento ou catodo,
para a placa, através do vácuo. Nos transistores há um caminho
sólido por onde fluem os elétrons (esta é a razão por que são
chamados de "estado-sólido"). Também o número de eletrodos
nos transistores é apenas de três enquanto existem válvulas que
têm nove ou mais eletrodos.
E para terminar este enumeramento de pontos
comparativos devemos acrescentar que o transistor ou o diodo,
podem ser medidos, com um simples ohm-metro, sem
necessariamente estar inserido no circuito. O que aliás é uma
vantagem, que nos permite examinar o componente e saber se
funciona ou não.

11
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Aliás, o semicondutor, seja transistor ou diodo, tem esta


característica: ou funciona ou não funciona. Não há aquela
dubiedade que existe nas válvulas, que podem estar cansadas,
ionizadas, com curtos internos, etc.
Em nosso livro procuraremos abordar em linguagem
simples os aspectos objetivos do semicondutor. Como funciona,
circuitos básicos, componentes associados, etc. Sabendo-se como
funciona, é fácil determinar as causas possíveis do "não-
funcionamento" e efetuar a reparação.
Este livro é dedicado ao consertador, ao experimentador e
por que não o dizer, também aos professores de cursos técnicos e
seus alunos, para que aprendam a lidar com os aparelhos
transistorizados.
Não incorreremos no equívoco (assim nos parece) de
algumas obras ditas práticas que consomem capítulos e a
paciência do leitor, abordando a configuração do átomo, a
produção industrial do germânio e do silício puro, a estrutura
cristalina dos semicondutores e outras amenidades.
Pensamos que uma obra prática, destinada ao leitor de
"bancada", dispensa estes aspectos teóricos. O leitor não vai
poder alterar a disposição dos elementos inseridos no transistor.
O que interessa é utilizar o semicondutor adequadamente, aplicar
processos práticos de verificação do componente e efetuar um
diagnóstico rápido e correto dos prováveis defeitos.
Este livro tem este propósito. Esperamos ter êxito.
Na elaboração de qualquer livro várias são as fontes de
consulta, grande é o número de pessoas que opinam, etc. Seria
praticamente impossível citar todos os elementos consultados e
nomear as pessoas que nos ajudaram. A elas muito agradecemos
mas queremos deixar bem claro que erros, omissões e falhas, são
de nossa inteira responsabilidade.
Pedimos aos leitores que nos indiquem as falhas
percebidas e nos enviem sugestões para que nas próximas
edições, aquelas sejam sanadas e estas introduzidas.

O Autor

12
APOLLON FANZERES

I — O Diodo

Utilização Inicial dos Semicondutores


O diodo é a forma mais simples de semicondutor, mas tem
papel importante nos circuitos transistorizados. Por esta razão o
primeiro capítulo deste livro é dedicado ao mesmo. Foram os
diodos que permitiram de modo adequado a "detecção" das
ondas de rádio para a audição de sons. Eles estiveram presentes
desde a aurora do rádio, quando, sob a forma primitiva do "cristal
de galena" permitiam que as primeiras transmissões de rádio
fossem detectadas ou retificadas fazendo com que o sinal de
áudio que era transportado pela onda portadora fosse sensibilizar
os fones e alto-falantes dos primitivos receptores.

Coesor de Branly
Pouco depois da aplicação prática das ondas de rádio,
efetuada por Popov e Marconi, surgiu o detector de Branly, que
consistia em um tubo contendo limalha de ferro oxidada e que
atuava como uma espécie de "diodo em pó". Porém o coesor de
Branly, como era designado, saturava-se rapidamente sendo
necessário agitar a limalha no tubo, para que readquirisse as
propriedades detetoras.

Galena
Quando foi descoberto que a galena permitia a detecção
das ondas de rádio efetuou-se uma rápida expansão no setor de
radiodifusão e radiocomunicações.

13
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 1 — Pedra galena. Este mineral, de ocorrência natural, foi o


primeiro detector utilizado em radioeletricidade, como precursor dos
modernos diodos.

A Válvula Eletrônica
A descoberta da válvula eletrônica colocou a detecção de
"cristal de galena" fora da atualidade e os semicondutores
ficariam na obscuridade até a descoberta do princípio que
determinava a ação dos semicondutores e a fabricação dos
primeiros "cristais de germânio”.

O Primeiro Diodo
O primeiro cristal de germânio a surgir, em bases
comerciais, foi da Sylvania, pelos idos de 1945. Era o 1N34. Seu
invólucro transparente, de vidro, permitia ver o fio fino, em forma
de "S” (anodo) que fazia contato com a superfície lisa do cristal
(catodo).

14
APOLLON FANZERES

Figura 2 — Primeiros diodos manufaturados. Observe-se o fio, no interior,


em forma de "S", que era fixado manualmente durante a fabricação, razão
da lentidão e custo elevado.

Símbolo
O símbolo então utilizado para indicar o diodo,
permaneceria basicamente o mesmo até os dias atuais.

Figura 3 — Símbolo genérico de diodo.

15
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Características Principais dos Diodos


Com respeito ao diodo semicondutor, as características
básicas que mais devem interessar o leitor, são as seguintes:
a) todo semicondutor tem sua resistência diminuída
quando a temperatura que o envolve aumenta. Pode-se dizer que
o semicondutor é um componente com "coeficiente negativo de
temperatura"
b) todo semicondutor tem, em uma direção, baixa
resistência (alta condutividade) à passagem da corrente elétrica.
No sentido contrário, a resistência é mais elevada (baixa
condutividade). Porém a relação resistência/condutividade, em
um sentido e outro depende das tensões e correntes presentes,
mas sempre há, nitidamente, uma diferença apreciável entre os
dois valores, quando observados em um mesmo diodo.

Corrente Reversa
Um ponto que o leitor deve ter sempre presente é que os
diodos semicondutores, de modo diverso dos diodos valvulares (a
vácuo) têm uma tendência a permitir a passagem de corrente, na
direção reversa ou oposta àquela em que normalmente tem maior
condutividade. Esta condução de corrente é da ordem de fração
de miliamperes, mas existe. O tempo de condução desta corrente
pode causar problemas. Um tempo médio em que esta condução
reversa ocorre é da ordem de 2 nanossegundos, mas pode chegar
até algumas centenas de nanossegundos. Quando se trata de
diodos retificadores em frequências de corrente industrial (50-
60Hz) isto não tem muita importância, porque o período de
tempo equivalente a 1/2 onda de 60Hz, por exemplo, é da ordem
de 8,33 milissegundos que equivalem a 8.330.000 segundos e o
tempo de condução inversa não chega sequer a afetar o
desempenho do diodo.
Porém à proporção que a frequência aumenta, o tempo de
recuperação da condução em reverso começa a ficar importante.
Por exemplo: com um diodo que tem um tempo de recuperação
de 5 nanossegundos, mas está operando com uma tensão cuja
frequência é de 100 MHz, o desempenho será péssimo.

16
APOLLON FANZERES

Diodos de Barreira (Schottky)


Atualmente existem diodos cujo tempo de recuperação é
da ordem de 0,1 nanossegundos, sendo muito eficientes para
operar em frequências elevadas.

Substituição dos Diodos


Quando se efetua a substituição de um diodo, por outro
tipo equivalente ou similar, é preciso que se preste atenção a
alguns pontos:
O elemento do anodo é constituído de material positivo
(P), enquanto o material do catodo é constituído de material
negativo (N).
Além da polaridade correta é preciso que se coloque, na
substituição, um diodo de, pelo menos, condições básicas
idênticas ao diodo original.

Fluxo de Elétrons
O fluxo de elétrons em um diodo pode ser apreciado pelas
setas na figura 4.

Figura 4 — Sentido da corrente em um diodo.

Deve-se ter em mente que o fluxo de elétrons é inverso ao


sentido da corrente. Para evitar duvidas o leitor pode aplicar um
simples método de exame para determinar qual o catodo e qual o
anodo, como explicamos adiante.

17
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Uso do V.O.M. no Diodo


O V.O.M. (sigla do aparelho que mede valores elétricos —
Voltagem (*) -Ohms — Miliamperes) permite determinar a
polaridade do diodo ou seja, indicar qual o terminal do catodo e
qual o terminal do anodo. Em um sentido há baixa resistência e
no sentido oposto a resistência é elevada.

(*) Na época em que foi escrito o autor ainda usava o


termo voltagem em lugar de tensão.

Figura 5 — Um multímetro ou V.O.M. (voltímetro, ohmímetro e


miliamperímetro) para medição de valores elétricos.

Manuais de Semicondutores
É recomendável que o leitor possua sempre à mão,
manuais e guias, de semicondutores, contendo os tipos de
diodos, suas características e indicações sobre os terminais.

18
APOLLON FANZERES

Diodos Retificadores
Os diodos retificadores podem ser classificados em diodos
de pouca potência e diodos de alta potência. Os primeiros são
utilizados para retificar tensões e correntes de baixo valor, como
as encontradas em circuitos detectores, medidores etc. Os diodos
de potência são utilizados para retificação de correntes em fontes
de alimentação, redes elétricas, motores, etc.
Em uma tabela ao fim deste volume, daremos algumas
características de diodos mais atuais.

Tiristores (SCR)
O termo tiristor é às vezes pouco claro, quando utilizado
por certos autores. O tiristor, que também pode ser designado
com SCR (retificador de silício controlado), possui três eletrodos:
anodo, catodo e portal, indicados respectivamente pelas letras A,
K e G.

Figura 6 — Símbolo de tiristor SCR.

Quando não existe nenhuma tensão no eletrodo "G" (gate-


portal) estando, portanto, o seu circuito aberto, o diodo não
conduz, salvo se a tensão nos terminais A e K é tão positiva que
se produza uma avalanche. Se "G" é positivo, o diodo começa a
conduzir. Esta condução só cessará se for interrompida a ligação
em "A", "K" ou se a tensão presente nestes dois pontos for muito
reduzida.

19
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Tiristor (SCS)
A diferença entre o SCS e o SCR é que o primeiro tem um
segundo portal, o que permite ligá-lo e desligá-lo através de
tensões aplicadas aos terminais GA e GK.

Figura 7 — Símbolo de tiristor SCS.

Os tipos mais comuns de tiristores SCS são os


denominados de "DIAC" e "TRIAC", cujos símbolos podem ser
apreciados nas figuras 8 e 9.

20
APOLLON FANZERES

Varactor (*) ou Diodo Capacitivo


Um tipo de diodo que dia a dia assume mais importância é
o varactor ou diodo capacitivo. Quando uma polarização inversa é
aplicada nos extremos de um diodo "PN" a capacitância da junção
diminui. Os diodos varactor são especialmente fabricados com
material "PN", de modo que a capacitância pode ser variada pela
alteração da tensão aplicada.

(*) Atualmente também conhecido como varicap

Em circuitos de sintonia de televisores, receptores de


ondas curtas e FM e outros circuitos, utilizam-se, atualmente,
diodos varactores em lugar dos clássicos capacitores variáveis.
Outros nomes dados ao diodo varactor são: varicap e diodo de
capacitância variável. O símbolo indicativo dos varactores é
indicado na figura 10.

21
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 10 — Diodo varactor ou capacitivo.

Diodo Zener
O diodo Zener, também chamado de "diodo de referência",
"diodo regulador", "diodo avalanche", tem seu nome em
homenagem a Carl Zener que já em 1934 pioneirava um trabalho
sobre a "avalanche ou ponto de ruptura nos sólidos". O diodo
Zener é um dos pontos altos da tecnologia dos diodos de silício.
Simplificando, poderíamos dizer que o diodo Zener, quando
inserido em um circuito onde a tensão excede um determinado
valor, entra em ação e como que "desvia" o excesso de tensão.
Assim, dependendo do tipo de diodo Zener utilizado, é
possível obter uma regulagem perfeita em uma fonte de
alimentação. Porém, notem os leitores, a posição ou a atuação do
diodo Zener é de manter uma tensão dentro de um valor
especificado. Se a tensão original está abaixo deste valor, o diodo
Zener não a elevará para que atinja o valor determinado. A fonte
de alimentação deve fornecer tensão acima do valor que será
regulável pelo diodo Zener. O símbolo utilizado para indicar o
diodo Zener pode ser apreciado na figura 11.

22
APOLLON FANZERES

Diodos "Túnel"
O diodo denominado "túnel", em sua forma normal não
possui, ao contrário dos outros diodos, propriedades retificadoras.
Mas o diodo "túnel" pode amplificar sinais. Como pode amplificar,
pode oscilar ou efetuar comutações de alta velocidade em
sistemas de computação. O símbolo do diodo "túnel" é indicado
na figura 12.

O uso específico do diodo "túnel" é em comutadores,


sensores, osciladores de radiofrequência, etc.

Fotodiodos
Sob esta designação genérica temos vários tipos de
semicondutores que agem ou reagem na presença de radiações

23
Conserto de Aparelhos Transistorizados

desde o infravermelho até o ultravioleta, passando pela parte


visível do espectro eletromagnético.

Fotocondutores
Existem os componentes fotocondutores (células CdS) que
têm mais sensibilidade que os componentes de junção de silício
para a mesma função. Podem acionar diretamente relés, sendo
utilizados no comando de luzes de iluminação em locais onde se
deseja automatismo associado à luz diurna e escuridão. Também
são usados para controle de brilho dos cinescópios nos
televisores. O símbolo dos fotocondutores pode ser apreciado na
figura 13.

Figura 13 — Símbolo do fotodiodo condutor (observar a direção das setas).

Fotossensíveis
Estes componentes são utilizados geralmente associados
com fontes luminosas, para leitura de cartões de processamento,
alarmes, contadores, indicadores de nível, etc.
Os símbolos dos componentes fotossensíveis também
diferem do símbolo geral dos diodos. O símbolo pode ser
apreciado na figura 14.

Figura 14 — Símbolo de diodo fotossensível (observar a direção das setas).

24
APOLLON FANZERES

LED Diodos Fotoemissores


Os diodos emissores de luz (LED) são componentes que
produzem uma emissão luminosa quando por eles circula uma
corrente elétrica.
Existem inúmeros diodos LED e a todo o momento são
lançados novos tipos, com novas cores. Seria impossível, em
qualquer livro, colocar todos os tipos existentes na atualidade.
Voltamos a recomendar a nossos leitores que procurem estar
sempre atualizados com os lançamentos dos novos componentes.
Uma das maneiras mais fáceis de se obter isto é fazer
parte do cadastro que o autor organizou. O nome e endereço dos
que fazem parte do cadastro é colocado, sem compromisso, à
disposição dos fabricantes, que então enviam os catálogos de
seus últimos lançamentos. Basta enviar nome e endereço para
Caixa Postal 2483, 20.000 — Rio, para ser cadastrado (*).

(*) Nesta época em que o livro foi escrito. A Mouser


Electgronics vende uma infinidade de tipos de LEDs cujas
características podem ser acessadas em seu site em
www.mouser.com.

O símbolo dos LED pode ser apreciado na figura 15.

Figura 15 — Símbolo de diodo emissor LED de luz (LED).

Foto acopladores
Os fotos-acopladores são o resultado da conjunção, em
um mesmo invólucro, de uma fonte luminosa e um elemento
fotossensível. Deste modo evita-se uma ligação direta entre a
fonte de comando e a fonte de ação.

25
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Utilização dos Diodos


Na utilização dos diodos não existem as denominadas
"configurações básicas" que iremos encontrar nos transistores.
Porém existe uma série de circuitos básicos utilizando
diodos, que são interessantes para o leitor, pois fazem parte de
muitos circuitos transistorizados.

Como Retificador
Talvez uma das aplicações mais comuns dos diodos de
estado sólido, seja a de "retificar" correntes alternadas. A maioria
dos equipamentos transistorizados, que não são portáteis, utiliza
a rede elétrica local, para alimentação de seus circuitos. A rede
elétrica local, no Brasil, é de 110 ou 220 volts, 60 Hz. Como os
transistores têm suas polarizações efetuadas com corrente
contínua, torna-se necessário a retificação da corrente alternada
da rede. Os diodos podem ser utilizados para esta retificação.
Esta retificação, quase sempre efetuada com diodos de
silício, permite uma construção compacta e confiável. As fontes
retificadoras de corrente alternada podem ser de meia onda,
onda completa, em ponte, dobradoras, triplicadoras etc.
Na figura 16 temos uma fonte retificadora simples, de 1/2
onda. Um só diodo é utilizado. Na figura 17 temos uma fonte
retificadora de onda completa. Dois diodos são utilizados. O
secundário do transformador T1 necessita ter uma derivação
central. Na disposição da figura 18 utilizam-se 4 diodos, em um
circuito denominado ponte. Neste caso é dispensável a derivação
central do transformador. Esta disposição permite, por exemplo,
aproveitar um transformador destinado a uma retificação 1/2
onda e, pelo uso da ponte obter-se uma retificação de onda
completa.

26
APOLLON FANZERES

Figura 16 — Fonte retificadora com diodo e capacitor de filtro.

Figura 17 — Fonte retificadora de onda completa, com dois diodos.

Figura 18 — Circuito retificador "ponte" utilizando 4 diodos.

Existem atualmente blocos de 4 diodos incorporados, para


mais fácil instalação.
Os diodos podem ser em série (figura 19) ou em paralelo
(figura 20) para resistirem a maior tensão ou maior corrente,
respectivamente.

27
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 19 — Diodos ligados em série.

Deste modo, podem suportar o dobro da voltagem de uma


D2 simples unidade.

Figura 20 — Diodos ligados em paralelo. Deste modo, podem fornecer o


dobro da corrente de uma unidade.

A consulta às tabelas de características dos diodos


contidas em manuais e guias de semicondutores permite saber
quais as tensões e correntes que determinado componente pode
resistir.

Diodo Detector
O diodo também pode ser utilizado como detector. Na
realidade o que ocorre no secundário de um transformador de
frequência intermediária (FI) de um receptor de FM ou AM é uma
autêntica retificação, onde a portadora (frequência de FI) é
despojada do conteúdo de áudio que contém (sinal) e este último
é levado aos circuitos de áudio.

28
APOLLON FANZERES

Figura 21 — Diodo detector. Trata-se, na realidade, de uma retificação em


frequência elevada. O diodo deve ter um tempo de recuperação maior do
que o diodo comum de retificação.

Este processo é denominado de “detecção”, mas na


realidade é uma autêntica retificação. E, como a maioria dos
circuitos detectores utiliza o sistema 1/2 onda, é possível
melhorar um receptor só pelo simples expediente de utilizar no
circuito detector uma "retificação de onda completa".

Figura 22 — Disposição para aumentar a voltagem do sinal detectado.

Limitadores
Os diodos podem ser usados como "limitadores" para
evitar picos de tensão.

29
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 23 — Diodos utilizados como limitadores.

Atenuador
Um circuito pouco comum é o que utiliza o diodo como
atenuador, e que tem sua ação comandada por uma tensão.

Figura 24 — Atenuador do sinal de saída.

Compensação de Temperatura
Nos circuitos transistorizados é importante que a
polarização seja correta. Com a variação de temperatura há
tendência a modificações. Um diodo pode ser uma boa solução
para a compensação de temperatura.

30
APOLLON FANZERES

Figura 25 — Compensação para variação de temperatura.

Proteção de Transistores
Os diodos podem ser utilizados para proteger os
transistores colocados em circuitos indutivos a fim de evitar que
as correntes transientes destruam estes. Um diodo em paralelo
com a bobina do relé (K), evita que o transistor seja destruído
pelas contracorrentes originadas na bobina de excitação do relé.

Figura 26 — Diodo ligado em paralelo com bobina de relé, para evitar


transientes.

Acoplamento Zener
Os diodos Zener, além de reguladores de tensão, podem
ser utilizados como elemento de acoplamento como se vê na
figura 27.

31
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 27 — Diodo Zener utilizado como acoplamento.

Proteção de Alto-Falantes
Uma disposição útil do diodo Zener é para proteger os
alto-falantes a fim de evitar que um sinal mais forte destrua a
bobina móvel do mesmo. Na figura 28 podemos apreciar um
circuito destes.

Figura 28 — Utilização de dois diodos Zener para proteger o alto-falante


contra a sobrecarga.

32
APOLLON FANZERES

II - O Transistor

O que É o Transistor
Ao transistor é suposto fazer, basicamente, tudo que a
válvula fazia, ou seja: amplificar sinais. Hoje existem vários tipos
de transistores, mas todos, basicamente, originam-se do princípio
ativo que atua nos semicondutores.
Pode-se dizer, para simplificar, que um transistor de
junção, nada mais é que a conjunção de dois diodos (figura 29).

Figura 29 — Equivalência 2V de transistor de junção.

33
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Símbolo Básico
O símbolo básico do transistor é mostrado na figura 30.

Figura 30 — Símbolo básico do transistor.

Dependendo de que seja composto o material do


transistor, em seus três elementos básicos, ele pode ser do tipo
NPN ou PNP (negativo-positivo-negativo ou positivo-negativo-
positivo). O elemento com a seta é denominado de "emissor"
sendo representado juntamente com a letra "E". O elemento
comum ou central é a base (B) e o elemento de saída é o coletor
(C). Quando o emissor é positivo (P) o coletor do mesmo
transistor também é positivo e vice-versa, porém os dois
elementos não podem ter suas funções invertidas, isto é, o
coletor atuar como emissor e o emissor atuar como coletor, sob
pena de baixíssimo rendimento.
Existem, porém, transistores que podem funcionar nas
duas direções. O símbolo dos mesmos é diferente (figura 31).

34
APOLLON FANZERES

Figura 31 — Símbolo de transistor bidirecional.

Disposições Básicas dos Transistores


Os transistores possuem três disposições básicas. Neste
aspecto particular são muito mais simples que os antigos circuitos
valvulares.
a) base-comum — nesta disposição, a base é comum ao
circuito de entrada e de saída (figura 32).

35
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 32 — Disposição base-comum.

b) emissor-comum — o emissor é comum ao circuito de


entrada e ao circuito de saída (figura 33).

Figura 33 — Disposição emissor-comum.

c) coletor-comum — o coletor é comum ao circuito de


entrada e ao circuito de saída (figura 34).

36
APOLLON FANZERES

Figura 34 — Disposição coletor-comum.

Invólucro dos Transistores


O invólucro ou aspecto exterior dos transistores varia
bastante, em função do tipo e também do fabricante. Existem
transistores encapsulados em plástico, outros têm envoltório
metálico, alguns são menores que um grão de feijão, outros bem
maiores. Todos, basicamente, possuem três terminais, referentes
aos elementos base, emissor e coletor. Alguns transistores, com
envoltório metálico, utilizam este como terminal, e à primeira
vista pode parecer que apenas têm dois terminais.

37
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 35 — Vários tipos de transistores.

Figura 36 — Vários tipos de invólucros para semicondutores.

Localização dos Terminais


Nos manuais e guias de transistores, existem indicações
das ligações dos elementos do transistor. Não há uma regra fixa a

38
APOLLON FANZERES

ser seguida em relação à sequência dos três elementos (base,


emissor, coletor) com referência a um guia ou ponto indicativo.
Alguns têm os três terminais dispostos em sequência reta,
outros em disposição angular etc. É possível determinar-se o
elemento do transistor pela medição, com um multiteste, dos
seus eletrodos, porém o melhor método é ter um guia ou manual
à mão.

Figura 37 — Vários tipos de localização de terminais.

39
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 38 — Vários tipos de localização de terminais.

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APOLLON FANZERES

Figura 39 — Vários tipos de localização de terminais.

41
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 40 — Vários tipos de localização de terminais.

Material dos Transistores


Hoje, a maioria dos transistores é de silício, porém ainda
existe uma grande quantidade de transistores de germânio.
Externamente não existe nenhuma indicação sobre que material
constitui o transistor. Só a consulta a manuais ou guias poderá
esclarecer este particular. Os transistores constituídos de
germânio, têm nos guias e manuais a letra "G" e os constituídos
de silício têm a letra "S".

Transistores PNP e NPN


No transistor, a base é o elemento que normalmente
recebe o sinal ou tensão de entrada (sinal de comando). Os
outros dois elementos (emissor e coletor) dependendo de ser o
transistor NPN ou PNP, são polarizados positiva ou negativamente
para que o transistor funcione adequadamente.

42
APOLLON FANZERES

O transistor NPN deve ter o emissor polarizado


negativamente e o coletor polarizado positivamente. O transistor
PNP deve ter o emissor polarizado positivamente e o coletor
polarizado negativamente.

Polarização dos Transistores


Como regra, para se obter uma polarização correta do
transistor é necessário que a base seja polarizada diretamente
em relação ao emissor e inversamente em relação ao coletor.
Assim, tratando-se de um transistor PNP aplica-se à base uma
tensão mais negativa que a existente no emissor, porém positiva
em relação ao coletor.
No transistor tipo NPN acontece o inverso: a base é
positiva em relação ao emissor e negativa em relação ao coletor.
Para facilitar a memorização do enunciado acima, temos
na figura 41 a disposição de transistores PNP e NPN nas três
configurações e com a indicação da polaridade das tensões
aplicadas aos seus elementos.
Estas três disposições (para tipo NPN e PNP) são
basicamente utilizadas em todos os circuitos transistorizados
tornando extremamente fácil ao leitor verificar a polaridade das
tensões presentes e diagnosticar defeitos eventuais.
Não esquecer que nos desenhos da figura 41 as setas
semicirculares indicam a polaridade que deve estar presente em
um eletrodo, em relação ao outro, situado no extremo da mesma
seta.
Por exemplo, na posição 1, da figura 41 (PNP) a base deve
ser positiva em relação ao coletor. O coletor deve ser negativo
em relação ao emissor. O emissor, por sua vez, deve ser positivo
em relação à base.
Outro exemplo, na posição 2 da mesma figura (NPN). A
base deve ser positiva em relação ao emissor. Este deve ser
negativo em relação ao coletor. O coletor deve ser positivo em
relação à base.
Finalmente os leitores devem observar que as polaridades
nos terminais dos transistores NPN são invertidas quando
comparadas com a polaridade nos terminais PNP.

43
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Quando a seta no símbolo do transistor aponta para a


base, ele é do tipo PNP. Quando a ponta da seta aponta para o
círculo exterior, em oposição à direção da base, o transistor é
NPN. A ponta da seta do emissor aponta na direção positivo-para-
negativo.

Figura 41 — Indicação de polaridade das tensões nos eletrodos dos


transistores PNP e NPN.

44
APOLLON FANZERES

Polarização
Um aspecto importante nos circuitos transistorizados é o
que diz respeito à polarização, ou seja, o valor da tensão ou
corrente aplicada ao emissor e à base.
Esta polarização determina a característica ou
desempenho do transistor e pode tanto ser "tensão de
polarização" como "corrente de polarização" ou ambas, sendo
aplicadas as expressões acima de modo a melhor descrever o
circuito transistorizado em questão.
A corrente de polarização de um transistor pode ir desde
alguns microampères até centenas de miliamperes. A tensão de
polarização dificilmente atinge o valor de 1 volt.
A corrente, no sentido direto, na junção emissor-base, é
responsável pelo controle da corrente entre emissor/coletor. Ao
aumentar a corrente de base, ocorre o aumento da corrente entre
emissor e coletor; se a corrente de base diminui, também diminui
a corrente entre emissor/coletor.
O ponto de operação para um determinado tipo de
transistor é determinado pela corrente quiescente (corrente
contínua, sem sinal presente) do emissor e tensão do coletor.
Pode-se considerar o transistor como um componente que opera
em corrente, isto é, a corrente fluindo no circuito emissor-base
controla a corrente fluindo no circuito coletor. As tensões e
correntes, bem como a polarização, dependem das características
do transistor e do tipo da função que irá desempenhar.
As polarizações podem ser denominadas de diretas
(forward) ou inversas ou opostas (backward). Quando aplicadas
na junção base-emissor do transistor denominam-se de diretas e
quando aplicadas na junção coletor-base são chamadas de
inversas.
Na figura 42 temos um processo simplificado para
polarização de um circuito de configuração base-comum, tanto
para transistores PNP como para transistores NPN. A polarização,
tanto para a junção coletor-base como para a junção emissor-
base é obtida de uma bateria e um sistema divisor constituído
dos resistores R2 e R3. O transistor do circuito da figura (A) é de
polarização direta porque o emissor é negativo com relação à
base e a junção coletor-base é polarizada inversamente porque o
coletor é positivo com respeito à base.

45
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Já no circuito (B) da mesma figura no transistor PNP a


polaridade da bateria e do eletrolítico C1 são inversas. A corrente
(1), da bateria, ao passar através do divisor (R2 e R3) ocasiona
uma queda de tensão nos extremos de R2, que ocasiona a
polarização do emissor com relação à base. O resistor, tem em
paralelo, o capacitor C1, de modo que a base está efetivamente à
terra para sinais de corrente alternada.

Figura 42 — Processo simplificado de polarização.

No circuito emissor-comum da figura 43 também é


utilizada uma só bateria.

46
APOLLON FANZERES

Figura 43 — Uma só bateria para polarização.

Esta disposição é conhecida como "polarização fixa". Tanto


a base como o coletor são positivos em relação ao emissor devido
à disposição da bateria B1. O valor de R1 é de tal ordem que
fornece a necessária corrente à base do transistor, que por sua
vez estabelece a corrente do emissor. Mas este método não á
muito utilizado. Na figura 44 temos uma outra disposição em que
o resistor de base é ligado diretamente ao coletor.

47
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 44 — Polarização fixa típica.

Esta disposição ajuda a estabilizar o ponto operacional do


transistor, pois um aumento ou diminuição na corrente do coletor
ocasiona variação correspondente na polarização de base. A
desvantagem deste processo é que reduz o ganho efetivo do
circuito.
Uma terceira solução, denominada de "polarização fixa"
pode ser apreciada na figura 45.

Figura 45 — Polarização fixa.

Os resistores R1 e R2 fornecem a polarização direta


necessária, através da junção da base-emissor, sendo o valor de
polarização da base determinado pela corrente através do divisor
de tensão. Qualquer variação na corrente do emissor
automaticamente varia a polarização de base. Este circuito dá
menos ganho que o circuito da figura 44, porém é preferido por
sua estabilidade inerente.
Na figura 46 (A) e (B) temos dois circuitos que podem ser
utilizados em disposição emissor-comum com razoável
estabilidade e bom ganho.

48
APOLLON FANZERES

Figura 46 — Disposição de emissor-comum com boa estabilidade.

Na disposição (A) foi adicionado um resistor no circuito


emissor. O capacitor C1 é colocado para efeito de "passo" sendo
o valor habitual da ordem de 50 mfd (O mesmo que uF),
podendo, porém, ser mais elevado, dependendo da frequência
mais baixa que se deseja amplificar.
Na disposição (B) o divisor de tensão R2 e R3 permite,
através de C1, que toda a tensão de corrente alternada seja
levada à terra. O valor de R3 deve ser sempre maior do que R2,
devendo a soma de R2 + R3 ser igual ao valor de R1.

49
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Os diodos têm sua aplicação na compensação para


variações de temperatura ou de tensão. Na figura 47 temos a
aplicação de um diodo para estabilizar a polarização.

Figura 47 — Estabilização utilizando diodo.

Os termistores ou componentes de coeficiente negativo de


temperatura (NTC) também podem ser utilizados para
estabilização de tensão e prevenir variações devidas às mudanças
de temperatura (figura 48).

50
APOLLON FANZERES

Figura 48 — Estabilização utilizando termistor ou NTC.

Transistor de "Efeito de Campo"


Já o autor Rufus P. Turner havia dito que "se o transistor
baseado no 'efeito de campo' (FET) houvesse sido descoberto
antes dos transistores conhecidos como bipolares (que tratamos
nas páginas anteriores) os desenvolvimentos no campo de
aplicação do estado sólido teriam sido muito mais espetaculares."

51
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 49 — Símbolos dos FET.

Os transistores FET são relativamente novos, em


comparação com os transistores bipolares e apresentam em
relação a estes, algumas diferenças importantes. O transistor
convencional é operado na base de variação de corrente. O FET

52
APOLLON FANZERES

opera como as válvulas: na base de variação de tensão. O


símbolo do FET é diferente do símbolo do transistor tradicional
(figura 49).
A função do controle (g) é semelhante à grade das
válvulas eletrônicas. O FET também tem uma "fonte" que é
análoga ao catodo das válvulas e um "dreno" que se pode
comparar ao anodo ou placa das válvulas. A maior diferença,
além das apontadas acima, em comparação a um transistor
tradicional, é que o FET tem afta impedância de entrada e opera
em tensão, em vez de corrente.
No transistor convencional, denominado bipolar porque
dois elementos (N e P ou P e N) o FET só utiliza ou um ou outro
elemento, daí ter a designação canal-n ou canal-p, sendo a
posição da seta a que indica a característica, como se pode
apreciar na figura 49.
Como não poderia deixar de acontecer, tão logo foi
descoberto o FET, surgiram as variações e tipos diversos,
baseados no mesmo princípio.
JFET e MOSFET
A designação JFET é aplicada aos transistores FET tipo
junção, que por sua vez se subdividem em JFET, canal-n (com
semicondutor tipo N) e JFET, canal-p (com semicondutor tipo P).
Os MOSFET, ou seja, FET semicondutor-óxido de metal,
também possuem a classificação canal-n e canal-p. Além disto,
tanto os JFET como MOSFET podem ser classificados como de
entrada ou portal simples ou portal duplo. A maioria é de portal
(g) duplo.
Como dissemos no prefácio deste livro não é nosso intuito
tratar aqui dos detalhes de fabricação dos componentes. Apenas
abordamos, em detalhe especial, o transistor FET porque utiliza
uma técnica diferente do transistor bipolar e seu comportamento
é ligeiramente diferente deste.

Diversos Tipos de Transistores


No início eram os transistores de "contato" oriundos da
descoberta efetuada em 1948 pelos cientistas dos laboratórios da
Bell Telephones, nos EE UU da América do Norte. É interessante
destacar como surgiu a palavra transistor. Foi a amálgama das

53
Conserto de Aparelhos Transistorizados

palavras "transfer-resistor" pois o conceito básico do transistor


consistia em "transferir" uma corrente circulando em um circuito
de baixa resistência, para um circuito de alta resistência. Isto
nada mais é que o princípio básico da amplificação.
O transistor de contato demandava uma mão-de-obra
muito especializada e tinha vários inconvenientes. Foi quando
surgiu o transistor de junção. Em lugar de uma ponta fina de
metal para fazer os contatos na base, era a junção de dois
componentes ou materiais, de modo sólido. Este princípio deu
origem a vários processos de fabricação do qual resultam nomes
os mais variados: liga difusa, mesa difusa, epitaxial, planar,
planar-epitaxial, MOS etc., etc. Porém todos operam no princípio
descrito linhas antes e para o reparador de aparelhos e
instrumentos transistorizados é suficiente que tenha a noção
exata dos tipos a serem substituídos, para que execute um
conserto apropriado.

54
APOLLON FANZERES

III - Amplificadores

Amplificadores Transistorizados
A propriedade amplificadora dos transistores pode ser
utilizada em vários circuitos eletrônicos, dependendo dos
resultados que se deseja obter.
Podem ser utilizados em circuitos de audiofrequência (AF
ou BF), em circuitos de radiofrequência (RF), em circuitos de
frequência intermediária (Fl), etc.
Como vimos no capítulo anterior, os transistores têm três
configurações básicas. Será conveniente ter, de modo sucinto, as
propriedades básicas das três disposições.

Tabela I — Propriedades Básicas das Três Disposições de Aplicação dos


Transistores.

Na configuração base-comum o sinal a ser amplificado é


aplicado no circuito base-emissor e o sinal de saída é liberado no
circuito base-coletor.

55
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 50 — (A) Configuração base-comum PNP. (B) Configuração base-


comum NPN

O elemento comum é a base, daí o nome configuração


base-comum. Para a disposição base-comum com transistor tipo
NPN a polaridade do coletor é positiva com relação à base. Para
transistores PNP a polaridade do coletor é negativa com relação à
base.
Na configuração emissor-comum, que é mais utilizada em
circuitos transistorizados, o emissor é comum à entrada e saída
do circuito. Como na configuração anterior a polaridade é
invertida quando se trata de componente PNP em lugar de NPN.

56
APOLLON FANZERES

Figura 51 — (A) Configuração emissor-comum PNP. (8) Configuração


emissor-comum NPN.

A configuração coletor-comum, que também se chama


"emito-dino" tem características muito especiais, sendo utilizada
em determinados circuitos. Tem uma alta impedância de entrada
e uma impedância de saída muito baixa, amplificando somente
em "corrente" e sendo zero a amplificação em tensão.

57
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 52 — (A) Configuração coletor-comum PNP. (B) Configuração


coletor-comum NPN.

Amplificação de "Sinais Pequenos"


Os amplificadores de baixo nível, ou "sinal pequeno" em
audiofrequência, operam, normalmente, na faixa dos microvolts e
recebem o sinal de uma fonte: microfone, cabeça de gravação,
unidade de toca-discos, fotocélula, fotodiodos ou qualquer outra
fonte de sinal e amplificam até a um nível adequado a excitar um
amplificador. Em alguns casos estes amplificadores de baixo nível
são denominados de pré-amplificadores ou simplesmente "prés".
Como já dissemos, o circuito de emissor-comum é o mais
utilizado para amplificação de sinais de baixo nível.

Número de Estágios
O número de estágios (transistor e componentes formam
um estágio) depende do ganho total que se necessita. Se uma
disposição com um só transistor nos fornece a elevação ou ganho
do sinal de entrada, ao valor que se deseja obter à saída, é óbvio

58
APOLLON FANZERES

que se utilizará um só semicondutor. Às vezes é necessário


utilizar mais que um transistor, não só para fins de amplificação,
como para equilíbrio ou "casamento" das impedâncias de entrada
e saída dos circuitos.

Acoplamentos
Três são os processos de acoplar estágios:
a) transformador
b) resistor-capacitor (RC)
c) diretamente
ci)
O acoplamento a transformador está rapidamente se
tornando obsoleto. Em parte, pela existência de novos
transistores com alto ganho e em parte devido a dificuldade de se
obter (principalmente em nosso país) transformadores com
lâminas de núcleo de boa qualidade.
Uma disposição clássica de acoplamento a transformador
pode ser apreciada na figura 53.

Figura 53 — Acoplamento a transformador.

59
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Mesmo o uso de transformadores para acoplar os


transistores à bobina móvel dos alto-falantes, está se tornando
coisa do passado. Mas o leitor deve ficar atento, porque no
campo da manutenção e do conserto sempre surgem circuitos
que têm mais de 15 anos de funcionamento e provavelmente
utilizarão transformadores para ligações interestágios de áudio e
ligação do último estágio ou de saída, ao alto-falante.
O acoplamento "resistor-capacitor” (RC) é muito popular.
Oferece boa qualidade e baixo custo sendo muito popular em
circuitos de receptores, amplificadores, eletrolas e mesmo
circuitos de amplificação para sinais de equipamentos eletrônicos
industriais e eletrodomésticos. Na figura 54 podemos apreciar um
circuito muito simples de um amplificador de dois estágios,
utilizando transistores tipo 2N 338, de silício, operando com uma
tensão de entrada de 12 volts.

Figura 54 — Acoplamento resistor-capacitor.

O ganho total deste amplificador é da ordem de 880 em


tensão e de 1.437, aproximadamente, em corrente.
O acoplamento direto permite uma amplificação de sinais
de corrente alternada (c.a.) assim como sinais de corrente
contínua (c.c.). Na figura 55 temos um circuito típico de
acoplamento direto. Notem que entre os vários transistores não

60
APOLLON FANZERES

existe o clássico capacitor de acoplamento. Aliás, todo o circuito


não utiliza um só capacitor.

Figura 55 — Acoplamento direto.

Amplificadores de Potência
O aspecto mais importante em que um amplificador de
potência se diferencia de um amplificador de baixo nível é que a
amplitude do sinal pode se estender sobre uma ampla faixa da
carga dinâmica de saída e deste modo o transistor opera, em
geral, no nível máximo possível. Um amplificador pode ser de
"potência" não importa que a sua potência de saída seja de 0,5 W
ou 200 W.
A potência de saída de um amplificador transistorizado
será limitada por três fatores principais, associados aos
transistores de saída do circuito — a dissipação máxima possível
para o coletor, a voltagem máxima para o coletor e a corrente
máxima permitida ao coletor. A questão de dissipação pode ser
contornada, em certos limites, por um processo de dissipação
(dissipador metálico ou mesmo esfriamento forçado). Os outros
dois fatores dependem de construção e características inerentes
do transistor e não podem ser modificadas pelo usuário.

Classificação dos Estágios de Saída


Os estágios de saída dos circuitos amplificadores de
potência são classificados em quatro tipos. A, B, C e D.

61
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Em audiofrequência utilizam-se os circuitos amplificadores


em disposição classe A, classe B, classe AB e classe D.
Os circuitos em classe A são quase sempre constituídos de
um só transistor no circuito de saída, se bem possam existir
circuitos classe A em saída simétrica. Para saídas simétricas os
projetistas preferem os circuitos em classe B ou classe AB.
Em oposição à boa qualidade que se pode obter com um
circuito de saída em classe A os circuitos de saída em classe B
apresentam a vantagem de não consumir corrente quando não há
sinal presente para ser amplificado.
Na figura 56 temos uma saída classe A, simétrica.
Na figura 57 temos uma disposição classe B, simétrica.

Figura 56 — Saída classe A, simétrica.

Figura 57 — Saída classe 8, simétrica.

62
APOLLON FANZERES

Nos circuitos classe D, que foram desenvolvidos em 1960


e agora estão retornando, sendo ainda pouco conhecidos pela
grande maioria de técnicos, utiliza-se a técnica de amplificação
digital, que não deve ser confundida com a modulação por pulsos
codificados. Seu rendimento pode ser de 90%, o que é melhor
em 20% da melhor classe B e três vezes melhor que a mais
eficiente classe A. Pode-se dizer que o rendimento das classes D
se compara com os amplificadores classe C, só que estes últimos
se prestam apenas para circuitos de radiofrequência.
Os circuitos amplificadores classe C são utilizados em
circuitos de radiofrequência. Recomendamos aos leitores que só
façam experiências com transmissores, encerrando os mesmos
dentro de uma blindagem tipo "gaiola de Faraday" para que
nenhuma irradiação ultrapasse o local onde o equipamento está
sendo experimentado e o leitor não cometa nenhum ato ilegal,
possível de enquadrá-lo em ato delituoso ou criminal.

Disposição Complementar
Uma vantagem que se pode obter com transistores é a
utilização, à saída de um amplificador de potência, de dois
transistores, um PNP e outro NPN, em disposição
"complementar". Deste modo, com um circuito de saída simples,
pode-se obter uma saída amplificada simétrica (figura 58).

Figura 58 — Transistores em disposição "complementar".

63
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Para terminar este capítulo damos a nossos leitores o


circuito de um amplificador simples, utilizando alto-falante com
bobina móvel de 8 ohms e com uma potência de 20 W. Notem
que o segundo estágio é do tipo complementar (2G 384 e
2N696).

Figura 59 — Amplificador de 20 W.

64
APOLLON FANZERES

IV - Osciladores

Como Funcionam
Qualquer circuito amplificador pode ser transformado em
circuito oscilador, bastando para isto que parte do sinal
amplificado seja reinjetado à entrada, em fase com o sinal
original. Na realidade uma das "pragas" que perseguem os
montadores de circuitos, que se iniciam, é a oscilação parasita
que surge nos amplificadores.

Tipos de Osciladores
Existem inúmeros tipos de osciladores. Alguns mais
indicados para funcionar em audiofrequência, outros mais
apropriados para funcionar em radiofrequência e alguns que
funcionam bem tanto em áudio como em RF.

Oscilador de Desvio de Fase


Um circuito muito utilizado em áudio é o oscilador de
desvio de fase, que pode ser visto na figura 60.
O sinal é sinusoidal e a frequência é determinada pelo
valor dos capacitores CCC e resistores RR. Como há uma grande
atenuação no sinal produzido é importante que o transistor
utilizado tenha ganho elevado. O valor de R1 é aproximadamente
a média geométrica das impedâncias de entrada e saída, na
região entre 5.000 e 10.000 ohms.
Com os valores indicados a frequência obtida é de 1.200
Hz.

65
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 60 — Oscilador de desvio de fase (phase-shift).

Ponte de Wien
Outro oscilador muito utilizado em audiofrequência é o de
Wien. Utiliza dois transistores. Os componentes determinantes da
frequência de oscilação são os resistores RR e os capacitores CC.
Com os valores indicados no circuito a frequência de oscilação é
da ordem de 1.600 Hz.

66
APOLLON FANZERES

Figura 61 — Ponte de Wien.

Multivibradores
O multivibrador é um circuito de dois estágios em que um
estágio conduz ou funciona enquanto o outro está bloqueado ou
não conduzindo. Esta condição de alternância é determinada pela
constante de tempo de uma combinação de resistor-capacitor (R-
C). Na figura 62 temos um circuito típico. Os valores indicados
permitem uma oscilação de 10.000 Hz.
Na figura 63 temos outro circuito multivibrador que produz
uma frequência de 1 Hz. Com as lâmpadas inseridas, é possível
fazer uma demonstração de qual estágio está conduzindo, pois, a
baixa frequência de oscilação permite controlar visualmente as
oscilações.

67
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 62 — Multivibrador.

Figura 63 — Multivibrador para 1 Hz.

Oscilador de Bloqueio
Nos osciladores de bloqueio o transistor conduz por um
período curto, enquanto um capacitor carrega. Quando o
capacitor fica carregado, o transistor deixa de conduzir e o
capacitor descarrega lentamente através do resistor R. O ciclo se
repete e a frequência é determinada pelo valor de R e do
capacitor C.

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APOLLON FANZERES

Figura 64 — Oscilador de bloqueio.

Oscilador Hartley
Em radiofrequência, um dos osciladores mais populares é
o Hartley. A realimentação que produz as oscilações é obtida pela
derivação na bobina ou indutor L. Com os valores do circuito da
figura 65 a frequência de oscilação é de 100 KHz.

Figura 65 — Oscilador Hartley.

69
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Oscilador Colpitts
Este circuito também é muito popular em circuitos de
radiofrequência. O emissor é ligado a um ponto médio do circuito
de sintonia por meio de condensadores em série. A frequência,
com os valores indicados, é da ordem de 100 KHz. Na figura 66
temos o circuito completo do oscilador Colpitts.

Figura 66 — Oscilador Colpitts.

Oscilador com FET


Os transistores FET são muito fáceis de oscilarem. Na
figura 67 temos um circuito oscilador Pierce. Neste circuito o
cristal oscilará na frequência fundamental e não na frequência
final que conste na plaquinha dele. O transistor 2N3823 do
circuito possui invólucro de metal e possui um terminal separado
(C) para aterramento do invólucro.

70
APOLLON FANZERES

Figura 67 — Oscilador utilizando FET.

Oscilador de Batimento (B.F.0) com FET


Um oscilador de batimento (Beat Frequency Oscillator)
serve para permitir a recepção de sinais de telegrafia (C.W.) em
um receptor de AM. Também permite, havendo paciência no
ajuste, a recepção de sinais de banda lateral suprimida (SSB) em
um receptor de AM comum, desde que possua a faixa de
recepção para captar a onda emitida.
Na figura 68 temos um oscilador de batimento com FET. A
bobina L1 pode ser um enrolamento de bobina de frequência
intermediária ou um choque de RF de 2,5 mH. O sinal produzido é
acoplado ao transformador de FI do receptor. Este acoplamento
pode ser uma simples volta de fio, desde o condensador C5.

71
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 68 — Oscilador de batimento

Uso dos Osciladores


Os osciladores são utilizados tanto na recepção como na
transmissão, além de sua aplicação em instrumentos, geradores,
etc. É basicamente um circuito "amplificador" que é
transformado, propositadamente, em instável e daí oscilar. Em
TV, FM, recepção AM etc. os osciladores estão presentes e o leitor
deve estar preparado para efetuar as medidas necessárias a fim
de verificar se o mesmo está funcionando. Uma indicação prática
é que o oscilador, quando funcionando, tem suas condições de
corrente modificadas. Isto significa que, ao entrar em oscilação, o
consumo de corrente em alguns elementos diminui enquanto em
outros elementos pode subir.
A alteração dos valores de alguns componentes
(capacitores e resistores principalmente) pode fazer com que o
circuito funcione ou não. Se um instrumento de medidas estiver
ligado aos terminais será possível determinar quando e como as
oscilações principiam ou terminam, em função da alteração dos
valores dos componentes do circuito.

72
APOLLON FANZERES

V — Componentes

Capacitor
O capacitor (ou condensador) (*) é um dos componentes
mais utilizados, juntamente com os resistores, nos circuitos
eletrônicos.

(*) Na época em que o livro foi escrito a denominação


“condensador” ainda era usada entre alguns técnicos.

O que é:
O capacitor é um armazenador, temporário, de energia.
Teoricamente é constituído de duas placas ou barras metálicas,
situadas muito próximas, porém não se tocando, e que são
ligadas a uma fonte de tensão elétrica (figura 69).

Figura 69 — Detalhes de um capacitor.

Símbolo
O símbolo de representação do capacitor é mostrado na
figura 70; porém existem variações desta representação, para
indicar certos tipos de capacitores, tais como eletrolíticos, duplos,

73
Conserto de Aparelhos Transistorizados

variáveis, etc. Na figura 71 temos os símbolos relativos a estes


tipos de capacitores.

Figura 70 — Símbolo de um capacitor.

Figura 71 — Símbolo de capacitores variáveis e eletrolítico.

Unidade
A unidade de capacidade é o Farad (F) que é muito grande
para os fins práticos da eletrônica. Daí serem utilizados os
submúltiplos: microfarad, picofarad, nanofarad. O microfarad (µF)
equivale a um milionésimo de Farad. O picofarad equivale a um
milionésimo de milionésimo de Farad (ver Tabela II).

Classificação
Os capacitores podem ser classificados pelo material
utilizado na fabricação de suas placas e/ou pelo dielétrico. Assim
existem capacitores de mica, porque o material que constitui seu
dielétrico é de mica. Há os capacitores de cerâmica, porque seu
dielétrico é constituído de um material cerâmico. Os capacitores
eletrolíticos têm seu dielétrico constituído de uma fina camada
gasosa, produzida quando a corrente atua sobre uma pasta ou
líquido eletrolítico.

74
APOLLON FANZERES

Tabela II — Tabela de Equivalência Entre as Várias Grandezas.

Tensão de Trabalho
Outro fator de classificação dos capacitores, além do
material que os constitui, é a isolação que o dielétrico oferece às
tensões presentes nos terminais. Esta tensão é denominada de
"tensão de trabalho", indicando até que valor de tensão ele pode
resistir, sem que o dielétrico seja perfurado. Com a temperatura,
o capacitor pode ter sua capacidade ligeiramente alterada. Mas
certas técnicas de construção permitem obter capacitores com
coeficiente positivo ou negativo de temperatura. Isto quer dizer
que, quando a temperatura ambiente aumenta, a capacidade
pode aumentar ou descer conforme o coeficiente de compensação
seja positivo ou negativo.

Capacitores para RF
Há, ainda, capacitores cujo dielétrico é apropriado para
tensões de radiofrequência. A lista é extensa.

Capacitores Variáveis
Não devemos esquecer os capacitores variáveis ou
semivariáveis, utilizados em recepção, transmissão, para sintonia,
ajustes, etc. Estes capacitores também são classificados em
função do número de placas móveis e fixas (capacidade), isolação

75
Conserto de Aparelhos Transistorizados

(espaçamento entre placas fixas e móveis) perfil das placas (tipo


linear, logaritmo, etc.).

Figura 72 — Capacitor variável, com dielétrico de ar e mica.

Códigos de Classificação
Devido aos inúmeros tipos de capacitores fixos, utilizados
em eletrônica, os fabricantes foram obrigados a recorrer a
códigos engenhosos, para poderem, mediante indicações
alfanuméricas e cores, indicar todas as características dos
capacitores. No Formulário de Eletrônica, editado por esta
editora, existem praticamente todos os códigos atuais aplicados
aos capacitores. Damos, mais adiante, uma síntese dos códigos
mais utilizados para capacitores.
Se os leitores enviarem seu nome e endereço para a Caixa
Postal 2483, 20.000 — Rio poderão receber, eventualmente, os
novos códigos que de tempos a tempos as fábricas distribuem
gratuitamente, para os que exercem atividades em eletrônica. (*)

(*) Na época em que o livro foi escrito. Hoje os leitores


podem contar com a seção Almanaque do site de Newton
C. Braga (www.newtoncbraga.com.br)

76
APOLLON FANZERES

Resistor
O resistor (ainda chamado por muitos de resistência) é um
componente, que assim como o capacitor, está presente em
quase todos os circuitos eletrônicos. A função básica de um
resistor é, por dissipação, reduzir uma tensão.

Símbolo
O símbolo do resistor pode ser apreciado na figura 73.

Figura 73 — Símbolo de resistor.

Mas os resistores podem ser fixos, como indicado na figura


73, ou semifixos e móveis. Nos resistores móveis, situam-se os
potenciômetros e reostatos (figura 74).

Figura 74 — Símbolo de resistores variáveis.

Os resistores semifixos (figura 75) têm utilização mais


limitada, mas nem por isto menos importante. À semelhança dos

77
Conserto de Aparelhos Transistorizados

capacitores, os resistores fixos têm várias características:


dissipação em watts, resistência em ohms, porcentagem ou
tolerância de erro. Para indicar estas características nos resistores
é hoje prática universal o código de cores.

Figura 75 — Resistor semifixo.

Código de Cores
O código de cores utiliza 10 cores:
Marrom= 1 Azul= 6
Vermelho = 2 Violeta = 7
Laranja= 3 Cinza= 8
Amarelo= 4 Branco = 9
Verde= 5 Preto= 0
Pela coloração das pintas ou bandas que possua o resistor
é possível saber o seu valor ôhmico. A leitura é realizada na
ordem indicada na figura 76. As duas primeiras faixas ou pintas
de cor, representam números. A terceira faixa ou pinta de cor,
indica a "quantidade" de zeros. Assim, um resistor que tenha as
seguintes cores, a partir da primeira faixa: vermelho-verde-
laranja é de 25.000 ohms (vermelho = 2; verde = 5; laranja =
quantidade de zeros = 000).

78
APOLLON FANZERES

Figura 76 — Cintas coloridas para código de valores.

O código de cores sofreu uma modificação há alguns anos.


Antes do advento de televisores em cor e dos rádios
transistorizados, os resistores tinham valores não decimais.
Porém, com o advento de certos circuitos modernos, surgiu a
necessidade de resistores com valores de 6,8 ohms, por exemplo.
Era impossível indicar este valor pelo código de cores
clássico. Foi, então, pensada uma solução engenhosa. As cores
ouro e prata, antes empregadas para indicar a tolerância dos
resistores, são utilizadas como 3° número para indicar a
multiplicação por 0,1 (ouro) ou 0,01 (prata). Um resistor de 6,8
ohms teria, então, como primeira cor o azul, como segunda cor o
cinza e na terceira cor estaria o ouro (multiplicação por 0,1 = 6,8
ohms).

Tolerância
Os resistores também utilizam o código de cores para
indicar a tolerância ou precisão do valor nominal do componente.
Temos na figura 77 um resistor que tem 4 cores de indicação. A
quarta cor é relativa à porcentagem de tolerância:
marrom = 1%
vermelho = 2%
laranja = 3%
amarelo = 4%
ouro = 5%
prata = 10%
Quando não existe a quarta cor isto indica que o resistor
tem uma tolerância de 20%.

79
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 77 — Resistores com 4 faixas de indicação, incluindo tolerância.

Confiabilidade
Uma indicação pouco comum nos resistores comerciais
aqui encontrados é o da confiabilidade. Trata-se de uma quinta
faixa ou ponto de cor, que indica a possibilidade de falha do
componente por 1.000 horas de uso.
Assim teremos:
marrom = 1.0 por mil horas de uso
vermelho = 0,1 idem
laranja = 0,01 idem
amarelo = 0,001 idem
Valores Padrões dos Resistores
Os resistores são encontrados no comércio, em valores
padrões, conforme a tabela a seguir.
Tabela III - Valores Comerciais ou Padrões de Resistores.

80
APOLLON FANZERES

Dissipação dos Resistores


Os resistores, como já foi dito, têm por função principal
dar queda de tensão, mediante dissipação do excesso, na forma
de calor. Por isto é importante que se saiba a dissipação do
circuito, para que se coloque um resistor com dissipação
adequada. Uma medida prática é utilizar um resistor cujo poder
de dissipação seja três vezes maior do que a dissipação (vátios)
do circuito.
Os resistores podem ser de fio ou de uma liga de cerâmica
e grafite, comumente chamados de resistores de "carvão". Nos
receptores, amplificadores e transmissores de pequena potência,
quase sempre os resistores são de carvão
Quando se trata de circuitos com dissipação acima de 3 a
5 W, é recomendável o uso de resistores de fio. Os resistores de
carvão são encontrados, no comércio, em tipos de 5, 3, 2, 1, 1/2,
1/4 e 1/8 de W. Na figura 78 temos alguns resistores de até 1/8
de W.

81
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 78 — Dimensão dos resistores de 1/8 w até 1 w.

Resistores Especiais
Os resistores especiais, ou seja, que não obedecem à lei
de Ohm, quando por eles circula uma corrente, sob uma pressão
de uma tensão, têm lugar especial nos circuitos eletrônicos. A
seguir, damos alguns tipos.

Varistor
O varistor tem sua resistência alterada com a voltagem. A
resistência aumenta quando a tensão diminui. Também é
chamado de "resistor dependente de voltagem" (VDR).
Os varistores são muito utilizados em circuitos de
polarização e controle, pois agindo de forma oposta aos resistores
comuns, se constituem em ótimos elementos de equilíbrio.

Termistores
Trata-se de um resistor que é sensível às variações de
temperatura. Podem ter coeficiente positivo ou negativo de
temperatura. Assim, é possível obter um componente que
aumente sua resistência quando a temperatura sobe ou vice-
versa e também que atue na ordem inversa.

82
APOLLON FANZERES

Indutâncias (Bobinas ou Indutores)


As indutâncias dos transmissores e receptores são
comumente denominadas de bobinas. Assim como os capacitores
e resistores, as indutâncias fazem parte do tripé de componentes
básicos essenciais para os circuitos eletrônicos.
As indutâncias têm vários aspectos. Há as indutâncias
simples, com núcleo de ar, há as indutâncias com núcleo de
material especial, indutâncias com derivações, com vários
enrolamentos, etc.

Símbolos
Os símbolos das indutâncias podem ser apreciados na
figura 79.

Figura 79 — Símbolos de indutâncias.

Hoje, raramente se reenrola uma bobina de receptor,


televisor e aparelhos congêneres. A substituição por uma unidade
nova se impõe, pela dificuldade de se encontrar pessoa habilidosa
e criteriosa que refaça o enrolamento original do componente
defeituoso, o que é uma lástima em muitos casos, porque nem
sempre se encontra no comércio a réplica exata do componente
defeituoso.
Mas é uma contingência com que todos os técnicos devem
se habituar. Aos poucos vão desaparecendo os habilidosos
artesãos, que no passado enrolavam bobinas, transformadores,
refaziam bobinas móveis de alto-falantes etc. Hoje, a febre é de
colocar o novo e jogar fora o antigo. Até onde isto será possível,
em uma sociedade que tem seus recursos básicos com prazo de
esgotamento, não sabemos.

83
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Transformadores
A rigor deveria se chamar de transformador de
radiofrequência um conjunto de indutâncias (primário e
secundário), como se vê esquematizado na figura 79C, mas a
expressão transformadora é reservada para as bobinas que
utilizam núcleo e possuem um primário e um ou vários
secundários.

Transformador de Audiofrequência
Os transformadores de áudio, hoje caindo rapidamente em
desuso, eram utilizados para interligar estágios de áudio ou
transferir a energia do estágio final para o alto-falante.

Transformador de Alimentação
É um item ainda muito utilizado, pois para alimentar um
circuito transistorizado, do setor da rede elétrica local, há
necessidade de um transformador, rebaixador ou elevador. Para
esta finalidade, o transformador possui um primário e um ou mais
secundário (figura 80) que fornecem as tensões, que depois de
retificadas irão prover a alimentação dos circuitos
transistorizados.

Figura 80 — Transformador de alimentação.

84
APOLLON FANZERES

Outros Componentes
Existem muitos outros componentes, que são utilizados
nos circuitos transistorizados.

Lâmpadas Piloto
São pequenas lâmpadas destinadas a indicar uma função.
Podem ser utilizadas para indicar que o aparelho está ligado;
podem servir para indicar funções, para atuar como termistores
etc. As lâmpadas piloto possuem filamentos de características
distintas. A pequena miçanga existente na base destas lâmpadas,
pela sua cor, indica a tensão ou corrente da mesma (figura 81).

85
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 81 — Pelo número e cor da miçanga, se classificam as lâmpadas


miniaturas.

86
APOLLON FANZERES

Lâmpadas Néon
As lâmpadas néon são também muito utilizadas em
circuitos de semicondutores. Podem servir de indicadores ou
atuar como elemento de descarga para osciladores periódicos
(figura 82).

Figura 82 — Oscilador periódico utilizando lâmpada néon.

87
Conserto de Aparelhos Transistorizados

VI —Instrumentos de Medida

Os Multitestes
Na reparação e ajuste dos aparelhos transistorizados é
importante que se possua um mínimo de aparelhos ou
instrumentos, que nos permitam verificar as tensões, correntes e
resistências dos circuitos. Não desejamos, aqui, induzir o leitor a
possuir uma "caricatura" de laboratório. Os instrumentos que
recomendamos são todos de uso objetivo, de aplicação prática e,
a nosso ver, imprescindíveis para aqueles que desejam exercer
suas atividades de modo criterioso.
Um dos principais instrumentos para o técnico, o
experimentador é, sem dúvida, o multiteste ou V.O.M. (figura
83). Ele serve para medir as tensões, correntes e resistências.
Nos aparelhos transistorizados, as tensões são baixas
quando comparadas com as tensões existentes nos aparelhos que
utilizam válvulas. Já as correntes podem ser diminutas ou muito
mais elevadas das que habitualmente se encontram nos
aparelhos valvulares. Quanto às resistências, nos circuitos
transistorizados os valores quase sempre são mais baixos que
nos circuitos valvulares.
Assim, para possuir um multiteste ou V.O.M. que atenda
às necessidades dos circuitos transistorizados e que também não
despreze a possibilidade de ser utilizado para circuitos valvulares
é conveniente que ele possua escalas de alcance para ambos os
casos. Um multiteste desta natureza deverá possuir as seguintes
escalas, pelo menos: Tensões ou voltagens: 3-30-300-600 e
1.000 volts. Correntes: 50 microampères até 2 a 5 ampères.
Resistências: de décimos de ohms até 10, 20 ou 50 megohms.
No comércio são encontrados multitestes que atendem a
estas recomendações. A propósito: V.O.M. são as iniciais de
Volts, Ohms, Miliampères. Na figura 83 temos o desenho de um
multiteste de fabricação nacional muito sólido, e que possui os
alcances aqui recomendados

88
APOLLON FANZERES

Figura 83 — Multiteste ou V.O.M.

Escala de Resistências em Ohms


Quando se adquire um rnultiteste, alguns pontos básicos
devem ser observados. Um deles diz respeito às escalas de
resistências. Havendo necessidade de medir valores de fração de
ohms, em circuitos transistorizados, é conveniente que a escala
mais baixa do V.O.M. ou multiteste permita que a leitura dos
valores fracionários se faça no terço médio da escala ou
mostrador (figura 84).
Se as indicações forem aglomeradas à esquerda, será
difícil distinguir entre 1 ohms, 0,5 ohms ou 0,1 ohms. Este
detalhe passa despercebido para a maioria dos leitores, por não
possuírem a necessária vivência de bancada.

89
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 84 — Detalhe de escala do V.O.M. ENGRO em comparação com


outro tipo comercial. Notem onde se situa o 5 ohms no ENGRO (meio da
escala) e no outro instrumento (canto direito da escala).

Escalas de Tensão Alternada


A medição de tensões em corrente alternada é importante.
Não só a verificação da tensão da rede elétrica do setor, como
também as tensões das fontes de alimentação e eventualmente
das medidas de sinais de áudio, tornam obrigatória uma série de
escalas para estas medidas. Porém estas escalas devem ser
racionais, evitando sobrecarregar o aparelho.
Dizemos isto porque alguns multitestes, principalmente de
origem do leste europeu, possuem escalas que necessitam ser
multiplicadas por 15, por 7,5 etc., tornando a leitura das
indicações muito mais demoradas do que se as escalas fossem

90
APOLLON FANZERES

decimais, quando a adição ou subtração mental dos zeros nos


permite a leitura rápida da tensão sob medida.

Escalas de Correntes Alternadas


A possibilidade de medição de correntes, seja nos alcances
de microampères, miliampères ou ampères, em corrente
alternada, não é muito comum em instrumentos de origem norte-
americana, japonesa etc., exceto nos de maior custo. Já os
instrumentos de origem europeia quase sempre possuem estes
alcances que são muito úteis para vários tipos de medidas.
Medidas de Tensões Contínuas
Neste caso, também é importante que o instrumento
permita observar facilmente as tensões de fração de voltas, pois
a polarização situa-se nesta área e um instrumento que não
permita ler prontamente estes valores, tornará muito difícil o
ajuste, diagnóstico e conserto dos aparelhos transistorizados.
Muita atenção, pois, para os dados acima, quando adquirir um
multiteste ou V.O.M., além, naturalmente, das verificações sobre
garantia, existência de pilhas e baterias, etc.

Injetor de Sinal
Como segundo instrumento, na verificação de receptores,
um injetor de sinal é muito útil. Ele produz um sinal, que é
injetado nos vários estágios do receptor ou amplificador de áudio,
e, deste modo, permite localizar rapidamente qual o estágio que
não deixa "passar" o sinal injetado.

91
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 85 — Traçador de sinal.

Traçador de Sinal
O traçador de sinal opera no princípio diametralmente
oposto do injetor. Enquanto este injeta um sinal que é acusado
pela parte de áudio do próprio receptor em exame, o traçador
procura captar o sinal, no estágio sob exame, possuindo seu
próprio circuito de áudio para registro do sinal captado. O
traçador não prescinde de uma fonte geradora de sinal que pode
ser até uma estação que esteja irradiando no momento. Pode-se,
também, conjugar a atividade de um injetor com um traçador,
tornando mais flexível a pesquisa e o diagnóstico do aparelho sob
inspeção. Os traçadores são encontrados no comércio
especializado, porém o leitor habilidoso pode transformar
facilmente um receptor em traçador de sinais. Basta que o
coloque em uma caixa metálica, bem fechada, para efeito de
blindagem, e utilize dois cabos blindados, um ligado à entrada da
antena e outro à entrada do áudio.
Colocando a ponta de prova do cabo de RF nos estágios de
RF do receptor em exame, poderá captar os sinais que
eventualmente estejam sendo recebidos no aparelho. Também
utilizando a ponta de prova de áudio com um diodo detector pode
captar os sinais de RF na frequência de Fl. E a ponta de prova do
áudio servirá também para traçar os sinais de áudio do aparelho
em inspeção.

92
APOLLON FANZERES

É um recurso muito utilizado em oficinas, este de se ter


um receptor atuando como traçador. Há casos mesmo de técnicos
que aproveitam os receptores valvulares, denominados
excedentes de guerra, que possuem faixas de ondas longas,
médias e curtas, para o utilizarem como excelentes traçadores de
sinais.

Geradores de RF
O gerador de sinais de RF ou "oscilador de prova" é na
realidade, um pequeno emissor, capaz de irradiar sinais de RF em
uma extensa gama de frequências: de 100 ou 200 KHz até 25, 30
ou mais MHz. Estes sinais de RF são passíveis de serem
atenuados, permitindo que o nível de sinal aplicado ao receptor
em exame não exceda o ponto da saturação. Também a onda
portadora do gerador pode ser modulada por um sinal,
geralmente de 400 ou 1.000 Hz, em níveis que vão desde O até
50-70%.

Figura 86 — Gerador de sinais

Os geradores de RF podem ainda ter a sua onda portadora


modulada por um sinal de áudio externo. É, na realidade, um
pequeno emissor, que pode ser modulado por sinais de áudio.
Este ponto, aliás, ficou omisso nas regulamentações do DENTEL
(*) que proíbe a utilização de todo e qualquer aparelho
transmissor, não indicando um mínimo de potência que devam
possuir os geradores de RF utilizados por milhares e milhares de

93
Conserto de Aparelhos Transistorizados

técnicos em suas oficinas. À luz fria de uma interpretação legal,


estes técnicos, estariam ao produzir um sinal de RF, modulado,
para ajustar os aparelhos, praticando um ilícito penal, sujeitos à
prisão. E tem mais, até o fabricante poderia ser enquadrado nisto
por ter "fabricado" um emissor sem homologação do DENTEL.

(*)DENTEL – DEPARTAMENTO NACIONAL DE


TELECOMUNICAÇÕES era o órgão executivo do
Ministério das Comunicações e que foi extinto com a
criação do super Ministério da Infraestrutura, em 1990,
pelo Governo Collor. Resguardadas as devidas proporções,
no tempo e no espaço, o DENTEL era mais ou menos a
ANATEL “de antigamente” sem o poder regulatório que a
Agência, hoje, possui. A grande responsabilidade do
DENTEL, na época, era a fiscalização das
telecomunicações.

Este assunto já foi motivo de consulta escrita do autor ao


DENTEL, porém até agora não recebeu uma resposta satisfatória.
Nos Estados Unidos da América do Norte, na Inglaterra — onde a
legislação é tão ferrenha que proíbe o uso de localizadores de
metal sem licença! — Há permissão para o uso de emissores,
geradores de RF etc., que não alcancem um máximo de 150
milésimos de watt nos terminais de saída, por exemplo. Aqui
deveria haver algo semelhante.
Em um gerador de RF, o ponto principal a ser observado,
com relação a sua utilidade para ajustar aparelhos, é a exatidão
das frequências fornecidas. Este é um assunto delicado e aqui
tentaremos dar aos leitores algumas indicações de como verificar,
rapidamente, numa prova simples, se o gerador que pretendem
adquirir ou que estão utilizando, possui razoável exatidão de
frequência.
Esta verificação se faz utilizando um receptor (à válvula ou
transistorizado) que possua várias faixas de frequência. Coloca-se
o gerador de RF ligado à antena do receptor, mediante uma
chave que permita alternar a ligação do receptor, para o gerador
e para a antena (figura 87).

94
APOLLON FANZERES

Figura 87 — Verificação de gerador, utilizando estação de radiodifusão.

É simples verificar a exatidão da faixa de frequências mais


baixas do gerador de RF, que deve ser entre 100 e 400 KHz, se o
receptor possuir faixa de onda longa. Sintoniza-se uma estação
nesta faixa — quase sempre existem transmitindo estações da
Aeronáutica e Marinha, para efeitos de radiofarol. São sinais
telegráficos, do pré-fixo, seguidos de uma emissão mais ou
menos longa de um traçado permanente. Uma vez bem
sintonizado o receptor para uma destas frequências, passa-se a
chave para o gerador de RF e procura-se ajustar o mesmo para
que o sinal emitido faça batimento zero com o sinal que está
sendo recebido.
O batimento zero indicará que os dois sinais estão
superpostos. Quando o batimento zero está exato, há como que
uma espécie de silenciamento do receptor naquele ponto.
Verifica-se, então, qual a frequência em que o gerador de sinais
está ajustado. Se coincidir com a frequência da estação de
radiofarol, o gerador de RF está correto. As frequências das
estações de radiofarol são facilmente obtidas nos órgãos
especializados da Aeronáutica e Marinha.
Se o receptor não possuir faixa de ondas longas, o
processo é mais indireto. Na faixa de ondas médias, sintoniza-se
uma estação local, forte. Por exemplo, no Rio, a Rádio Ministério
da Educação e Cultura, em 800 KHz. Com o gerador de sinais na
faixa de frequências mais baixas procura-se, por exemplo, a
frequência de 200 KHz. Nesta posição deve haver um sinal do
gerador de RF no receptor que está sintonizado na Rádio MEC
(800 KHz) porque 800 KHz é o quarto harmônico de 200 KHz.

95
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Esta mesma verificação pode ser efetuada com o gerador


de RF em 400 KHz que produzirá 800 KHz no segundo harmônico.
Deste modo indireto é possível verificar toda a faixa de
frequências baixas do gerador, utilizando a faixa de ondas médias
do receptor, captando o 2° e 3° harmônico da frequência
fundamental do gerador e fazendo que entre em batimento zero
com a frequência de estações de ondas médias.
Este processo tem uma vantagem: um erro que exista na
frequência fundamental é duplicado no segundo harmônico e,
assim, se for constatado que o gerador de RF é preciso, nesta
verificação, o leitor pode ficar certo que o instrumento está muito
bom.
Outro fator importante no gerador de RF é a confiabilidade
com referência à estabilidade do sinal. Hoje, com as facilidades
de estabilização de tensões fornecidas pela utilização de diodos
Zener etc., isto não mais se constitui problema. Quanto à
aplicação do gerador de RF para ajuste e verificação de
receptores e outros aparelhos, veremos, mais adiante, no capítulo
relacionado com diagnóstico e conserto.
Uma palavra final. O gerador de RF pode ser utilizado
como injetor de sinais de RF e AF; sendo naturalmente mais
sofisticado, permite melhores diagnósticos. O sinal de RF injetado
tem frequência conhecida e permitirá um diagnóstico diferencial
dos possíveis defeitos.

Osciloscópio
O osciloscópio é um instrumento de grande versatilidade
que permite medir a quantidade e qualidade das tensões elétricas
presentes nos circuitos. Suas aplicações são múltiplas e relacioná-
las nos levaria a escrever outro livro.
Na aquisição de um osciloscópio, é importante determinar-
se para que fim o mesmo se destina. A banda passante de seus
amplificadores deve ser de acordo com o tipo de serviço a que é
destinado. Utilizar um osciloscópio com banda passante de 500
MHz para verificações de sinais e tensões de baixa frequência é
um exagero custoso. Tentar verificar um televisor com um
osciloscópio com banda passante de apenas 4 KHz é praticamente

96
APOLLON FANZERES

uma impossibilidade, pois a atenuação nos extremos da banda


passante irá distorcer a recepção do canal de vídeo.

Figura 88 — Osciloscópio de serviço

Deve haver equilíbrio no custo do equipamento e na sua


sofisticação com a objetividade do uso a que se destina. E mais
importante é que o leitor esteja realmente bem familiarizado com
o uso e aplicação do osciloscópio, senão teremos aquele caso
anedótico da pessoa que compra uma calculadora eletrônica
complexa para somar parcelas da compra na feira...
Alguns pontos além do custo e amplidão das faixas dos
amplificadores devem ser observados, quando na aquisição do
osciloscópio. Um deles é o dimensionamento do ponto. Por ponto
entende-se o efeito do feixe eletrônico, estacionário, na tela do
tubo de raios catódicos do osciloscópio. Quando bem focalizado e
o brilho adequadamente controlado, este ponto deve ser o mais
redondo possível. Esta prova deve ser efetuada rapidamente,
para não deixar o ponto estacionário em um só local, na tela, com
o risco de produzir-se uma "queimadura" no material
fosforescente da mesma. Esta observação com relação ao ponto é
cabível, porque existem tubos de raios catódicos que produzem
um "ponto" que é, na realidade, retangular...

Teste de Transistores
Se bem seja possível verificar-se o transistor com a ajuda
de um multiteste comum ou V.O.M., um teste apropriado permite
medir todos os parâmetros de qualquer tipo de transistor sendo,

97
Conserto de Aparelhos Transistorizados

portanto, útil na proporção em que se tenha um serviço muito


ativo de reparações.
Existem alguns multímetros que possuem uma seção
especial para medir transistores, como é o caso do VEGA, de
fabricação soviética e que tem representação já existente no
Brasil.
Em outra parte deste livro daremos os circuitos de alguns
testes destinados a medir diodos e transistores e o leitor fará a
opção entre construir seu próprio instrumento ou adquirir um já
confeccionado. De qualquer modo, é recomendável que possua
um teste para semicondutores na sua bancada, pois deste modo
evitará muita perda de tempo com dúvidas sobre a condição do
componente.

Pontes
As pontes, quase sempre destinadas a medidas de maior
precisão de capacitores, resistores e indutâncias, podem ser
consideradas dispensáveis por aqueles que se dedicam a
consertos de rádios receptores, televisores etc., já que os
componentes costumam trazer as indicações de seus valores
nominais. Realmente, não é imprescindível possuir uma ponte de
L-C-R, ou seja, indutância (L), capacitor (C) e resistores (R). Por
outro lado, uma ponte pode permitir a medida exata de
componentes quando se faz experiências, se elabora novos
circuitos ou tenta-se identificar componentes cujas indicações
gravadas ou pintadas foram corroídas.
É uma escolha que só o próprio interessado poderá fazer
adequadamente. Mas não comprem o instrumento só para tê-lo
na prateleira e servir como "chamariz" para provar que a oficina é
um "laboratório". Autenticidade e ética devem ser pontos altos na
profissão.

Voltímetros Eletrônicos
Os voltímetros eletrônicos têm seu lugar em uma oficina.
Se bem que seja possível medir tensões com um osciloscópio
(que é um "voltímetro eletrônico" ideal) a medida de tensões com
um voltímetro eletrônico não é desprezível. Com o advento dos

98
APOLLON FANZERES

semicondutores a expressão voltímetro eletrônico ficou um pouco


deslocada, porque utilizavam válvulas. Hoje, ainda se aplica a
expressão, porém os circuitos são todos transistorizados, nem por
isto de menor precisão ou flexibilidade de aplicação.
Quase sempre os voltímetros eletrônicos da atualidade
têm facilidades de medir correntes e resistências em amplas
faixas de alcance tornando-se, pois, um instrumento de grande
utilidade.

Figura 89 — Voltímetro eletrônico.

Analógicos Versus Digitais


Os instrumentos analógicos são aqueles que utilizam
medidores com bobina móvel (figura 90).

99
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 90 — Características básica de medidor analógico.

Os instrumentos digitais são os que utilizam indicadores


numéricos ou alfanuméricos (figura 91).

Figura 91 — Mostrador de instrumento digital.

A tendência é substituir os analógicos aos poucos, pelos


digitais, mas haverá ainda durante muito tempo, instrumentos
analógicos. Realmente um instrumento digital dá uma indicação
numérica ou alfanumérica que é de fácil leitura.

100
APOLLON FANZERES

O instrumento analógico, salvo quando possui múltiplas


escalas, obriga o usuário a fazer operações mentais de
multiplicação ou divisão, que nem sempre são fáceis, haja vista o
caso dos instrumentos do leste europeu, que utilizam fatores de
multiplicação pouco comuns aos usuários no Brasil. Mas um
instrumento digital tem que possuir condições de precisão que
tornem a indicação confiável (o mesmo se aplica ao analógico,
obviamente). Esta precisão é indicada pelo fabricante e pode ser
facilmente comprovada, na prática, pela comparação do
instrumento com outro de reconhecida confiabilidade.

Caixa de Décadas
É conveniente possuir, para uso na bancada, capacitores,
resistores e indutores. Uma ótima solução são as caixas de
décadas, onde capacitores, resistores e indutâncias de valores
conhecidos estão disponíveis mediante uma chave seletiva ou
outro processo prático.
Principalmente urna caixa de décadas para capacitores e
outra para resistores devem fazer parte do "instrumental" do
técnico (figura 92).

Figura 92 — Caixa de décadas de resistores e/ou capacitores.

101
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Vobulador
O vobulador (forma aportuguesada de “wobulator") é um
instrumento útil para ajuste de transformadores de Fl, tanto em
AM como FM. Deve ser utilizado associado com um osciloscópio,
se bem que seja possível a sua utilização com um voltímetro
eletrônico, porém, neste caso, há muita demora para obter os
ajustes.
O vobulador faz um -passeio" de alguns KHz no valor
central da frequência de Fl que está sendo aplicada ao aparelho
sob ajuste e isto resulta em urna curva, quando visto no
osciloscópio (figura 93).

Figura 93 — Imagem obtida com um vobulador, no ajuste dos


transformadores de Fl. A situação ideal é a da figura do meio.

Gerador de Varredura e Marcador


No ajuste dos televisores o gerador de varredura e
marcador é um excelente auxiliar para o diagnóstico de defeitos.
Para reparações em televisores, os geradores de varredura
devem atuar nas faixas de VHF e UHF e possuírem uma largura
de banda, na varredura, de pelo menos 8 MHz.

Circuito de Polarização
Para ajustes e diagnóstico em televisores e outros
equipamentos transistorizados faz-se necessário ter tensões de
corrente contínua, ajustáveis, na faixa de 0 a 65 volts. Com um
circuito que forneça duas ou mais destas tensões variáveis é

102
APOLLON FANZERES

possível alterar a polarização de vários circuitos,


simultaneamente, para ajustes e reparações.

Gerador de FM Multiplex
Para o perfeito ajuste de receptores de FM, estéreo, um
instrumento deste tipo é imprescindível.

Geradores de Barras e Pontos


Seja para o ajuste ou verificação, tanto de televisores
preto e branco (monocromático) como de televisores a cores
(TVC), um gerador de barras e pontos é instrumento que ajuda
não só no diagnóstico como no ajuste, eliminando também a
maneira pouco prática de aguardar que as estações funcionem
para que forneçam um sinal que será utilizado para verificação do
comportamento do televisor.

103
Conserto de Aparelhos Transistorizados

VII — Local de Trabalho

Critérios de Escolha e Instalação da Oficina


Importante para quem trabalha, seja qual for a profissão,
é a adequação do local de trabalho. Especificamente no caso de
conserto, reparação e manutenção de aparelhagem eletrônica
(transistorizada no caso deste livro) é importante que o técnico
possua um local com um mínimo de requisitos para que possa ter
uma produção adequada e não venha a sofrer da "fadiga
profissional".

Iluminação e Ventilação
Um fato que passa despercebido à grande maioria das
pessoas que trabalha em eletrônica é que a soldagem dos
componentes e fios exige o emprego de uma liga de estanho-
chumbo. E o chumbo aquecido desprende gases tóxicos que
podem causar sérias lesões no organismo. Haja vista que os
linotipistas, entre outras profissões, recebem uma compensação
no salário por operarem com chumbo derretido. Nunca soubemos
que os técnicos de rádio, os montadores de fábricas de aparelhos
eletrônicos etc., recebessem qualquer compensação financeira,
sequer o clássico litro de leite diário para desintoxicação...
Assim, quando o técnico se instala, deve procurar ter um
local em que haja ampla circulação do ar ou, pelo menos, uma
ventilação adequada.
O segundo fator é a iluminação. Quanto mais luz solar
direta obtiver, melhor. Não sendo possível há que recorrer à
iluminação artificial e, neste caso, é bom que conjugue a
iluminação fluorescente com lâmpada de incandescência. Entre
outras razões podemos citar que as cores de código, sob a luz
fluorescente "mudam" de tonalidade. A segunda é que em caso
de peças móveis, a luz fluorescente pode dar um efeito
estroboscópico que perturba bastante. Isto para não falar da
interferência causada pelos reatores...

104
APOLLON FANZERES

Bancada
A bancada ou mesa onde se processarão os diagnósticos e
consertos também é importante. Ideal seria que houvesse
facilidades para ter os equipamentos em uma espécie de bandeja,
que seria colocada sobre a bancada para o diagnóstico e depois
removida enquanto se aguardasse a aprovação do orçamento.
Enquanto isto, outros equipamentos seriam colocados em outras
tantas bandejas e levados à bancada. É uma ideia interessante,
porém nem sempre possível de ser efetuada na prática.
O leitor deve raciocinar que com aparelhos
transistorizados, que na sua maioria são de dimensões ou peso
reduzidos (quando comparados aos valvulares), a filosofia a ser
aplicada é que os mesmos sejam levados à oficina em lugar do
técnico ir à casa do cliente, transportando uma imensa mala com
todos os instrumentos, ferramentas e componentes. Assim, a
bancada assume um aspecto importante.

Fonte de Alimentação
Para a reparação de aparelhos transistorizados, a bancada
deve possuir uma boa fonte de alimentação que, além de
fornecer a corrente elétrica do setor, deve poder fornecer
qualquer tensão contínua, para efeito de alimentação dos
aparelhos transistorizados.

Figura 94 — Fonte regulada, para utilização em bancada.

105
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Os aparelhos transistorizados têm tensões de alimentação


que podem ir desde 1,5 volts até 30, 50 ou mais volts com
demandas de correntes de até 10 ampères ou mais. É importante
uma fonte regulável e estabilizada que possa fornecer qualquer
destas tensões e correntes e, se possível, com instrumentos
indicadores. Por uma questão de economia, a utilização de pilhas
e baterias deve ser evitada enquanto se faz o diagnóstico e
conserto do aparelho.

Examinador de Transparência
Uma placa de vidro fosco, grosso, iluminada pela parte
inferior (figura 95) é um acessório importante. Permite que a
placa do circuito impresso seja examinada, com o lado dos
componentes voltado para o técnico e o lado oposto iluminado
através do vidro. Deste modo, certas interrupções dos circuitos
impressos e localizações de componentes são facilmente
realizadas.

Figura 95 - Examinador de transparência, para verificação de circuitos


impressos.

106
APOLLON FANZERES

Aspirador de Solda
Quando se trabalha com circuitos impressos o uso de
aspirador de solda é importante. Existem vários tipos, alguns bem
sofisticados com bomba aspiradora elétrica.
Outros possuem bombas aspiradoras manuais que se pode
recomendar para o técnico que não trabalhe em regime de linha
de produção.

Soldadores
O soldador ou ferro de soldar é outro item da bancada
muito importante. O calor excessivo é um desastre para o
semicondutor. Deste modo, os soldadores devem ser de potência
adequada e nunca excessiva. O uso da "pistola" é muito
recomendável (figura 96) ou, então, de soldadores de baixa
potência e, se possível, isolados da rede local por um
transformador, que tenha inclusive uma blindagem eletrostática
(figura 97). Isto é para evitar que, ao se tocar com a ponta do
soldador um transistor (FET, por exemplo), a carga eletrostática
danifique o componente.

Figura 96 — Pistola de soldar.

107
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 97 — Transformador de isolação- com blindagem eletrostática.

Ferramentas
Ferramentas adequadas em uma bancada, é desnecessário
dizer, representam o auxiliar inestimável do técnico. Alicates,
chaves de fenda. Philips, hexagonal, etc., pinças e outras
ferramentas devem existir, sempre em ordem, sempre limpas,
para permitir ao técnico a extração, instalação e fixação dos
componentes, caixas, invólucros, etc., dos aparelhos
transistorizados.

Figura 98 — Ferramentas

108
APOLLON FANZERES

Figura 99 — Ferramentas

Arquivo
A oficina organizada deve possuir um arquivo de
esquemas, diagramas e outras informações úteis a respeito de
aparelhos. E também um fichário ou qualquer outro processo de
registro, dos serviços, das modificações, consertos, etc.,
efetuados nos aparelhos que aportaram à oficina. Fazer sempre o
diagrama correto da peça ou componente retirado de modo a
permitir que outro técnico o reponha é prática salutar em
qualquer oficina.
Anotar as tensões, corrente, valores resistivos etc., do
aparelho consertado é ótima referência para futuras consultas.

109
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Umidade
A umidade, que no Brasil é um dos fatores que mais
contribui para produzir defeitos em aparelhos eletrônicos, pode
ser reduzida com o simples expediente de colocar, dentro de cada
aparelho, um pequeno saco de pano (algodão, de preferência)
contendo sílica gel. Este produto, quando está seco, tem uma
intensa cor azul. À proporção que vai absorvendo umidade, vai se
tornando cor-de-rosa.
Quando os grãos da sílica gel estão totalmente rosas, o
produto está saturado e não absorve umidade. É preciso, então,
que seja retirado e colocado em local que tenha 40 a 60° graus
de calor. Após algum tempo a umidade é expelida e o produto
volta a ter a cor azul. Estará em condições de absorver,
novamente, a umidade. Assim, colocando-se saquinhos de sílica
gel nos aparelhos e instrumentos mais delicados, é possível livrá-
los da umidade.
A simples prática de colocar os instrumentos em locais
aquecidos não é suficiente para remover a umidade. O que se faz
é "aquecer a umidade" e submeter o aparelho a um discreto
banho de vapor...

Ar Comprimido
A utilização do ar comprimido para limpeza, mesmo com
baixa pressão, é muito importante, pois torna possível a remoção
de partículas impossíveis de serem retiradas com panos, pincéis,
esponjas, etc. Um pequeno compressor ou mesmo uma "bala" de
ar comprimido, do tipo utilizado para dar pressão aos barris de
chope, é uma boa solução e permite ter a oficina equipada com
recursos que aceleram o serviço.

110
APOLLON FANZERES

VIII — Diagnóstico dos Defeitos

Como Proceder
Como deve proceder o técnico perante um aparelho que,
segundo informação do usuário, não funciona ou funciona de
modo insatisfatório?
Em primeiro lugar é preciso enfatizar que este livro, como
qualquer outro livro do gênero, não transforma um leigo, só pela
leitura, em um técnico capaz de consertar um aparelho
eletrônico.
É necessário que o técnico tenha alguns conhecimentos
básicos essenciais, caso contrário, ficará apenas confuso ao ler
um livro que, como este, parte do pressuposto que o leitor sabe
os símbolos, conhece os efeitos básicos das correntes e tensões
nos componentes, enfim, já passou da fase de "principiante".
O diagnóstico de um aparelho pode ser efetuado, se em
primeiro lugar o técnico sabe a que se destina o aparelho e qual
possível desempenho dele. É lógico que não poderá fazer um
diagnóstico adequado se colocar-se frente a um aparelho, do qual
desconheça o funcionamento e a finalidade.
Vejamos um exemplo: se recebe para conserto um
aparelho (um rádio de ondas médias, ondas curtas e FM) e não
sabe o que se pode obter de um receptor, quando está
funcionando, sem dúvida que não poderá sequer fazer um
exame, pois não sabe o que o aparelho deveria permitir ou
fornecer. Se, então, recebe um aparelho ou instrumento mais
complexo (um aparelho industrial, por exemplo) e nada sabe
sobre ele, o desastre é completo.
Assim, nossa primeira recomendação é que não se tornem
"aventureiros" aceitando para conserto aparelhos dos quais não
conhecem nem função, nem desempenho. É recomendável obter
o esquema ou diagrama antes de iniciar o diagnóstico (figura
100).

111
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 100 — Diagrama típico de amplificador.

Qualquer aparelho transistorizado deve ter uma fonte de


alimentação, seja a pilhas e baterias, seja através da
transformação e posterior retificação da rede elétrica do setor.
E uma das primeiras medidas para iniciar o diagnóstico, é
determinar se o consumo de corrente do aparelho é normal,
excessivo ou baixo.
Para examinar um aparelho alimentado por pilhas ou
baterias, a fonte de alimentação existente na bancada permitirá
uma rápida verificação do consumo, pela observação dos
medidores existentes (voltímetro e amperímetro).

Figura 101 — Colocação de voltímetro e amperímetro para exame de


consumo.

112
APOLLON FANZERES

Consumo de Corrente na Fonte


Se o consumo de corrente é excessivo, isto é uma
indicação segura de que um ou mais semicondutores estão em
curto, ou que o mesmo ocorra com os capacitores do circuito.
Hipótese mais remota, porém, não improvável, seria de um
curto-circuito acidental entre componentes e massa.
Se o consumo de corrente é abaixo do normal, isto pode
indicar que algum componente está interrompido, possivelmente
um enrolamento ou resistor e/ou algum transistor está sem
funcionar.
O consumo normal e o não funcionamento do aparelho
podem indicar que, apesar de não haver curto entre os
componentes, há, todavia, uma disfunção em algum estágio que
impede o funcionamento do aparelho, apesar do consumo ser
normal.
Assim, observando a figura 102 teríamos três hipóteses
para o caso de não funcionamento do aparelho transistorizado,
observando-se a fonte de alimentação. O item 1 é para o caso em
que o aparelho não funciona e a corrente de alimentação está
abaixo do normal. O item 2 é para quando a corrente é normal,
mas o aparelho não funciona e, finalmente, o item 3 é para
quando a corrente é alta e o aparelho não funciona.
Vejamos primeiro o item 1 da figura 102. Se a corrente
está abaixo do valor normal, em mais de 10%, e a tensão está
correta, devem ser medidas as tensões de coletor para emissor
de todos os estágios. Se a tensão coletor-emissor é baixa em
todos os estágios é provável que o defeito esteja nos resistores
de desacoplamento da filtragem do aparelho. Uma das causas do
defeito do resistor poderá ser o capacitor de filtragem,
eletrolítico, que teve sua resistência interna diminuída (maior
escape) e com isto acarretou excesso de corrente que, por sua
vez, danificou o resistor aumentando seu valor. Ao aumentar seu
valor a tensão diminuiu de modo geral e a corrente, apesar da
fuga do capacitor, ficou muito baixa.

113
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 102 — Pontos básicos de exame, por observação do consumo de


corrente.

Se, porém, somente um estágio mostra tensão baixa de


coletor-emissor, provavelmente será devido a um componente
dos circuitos deste estágio. Quando a corrente é baixa, é provável
que a culpa não resida no circuito de polarização de base, porque
falhas na polarização, que reduzem a tensão coletor-emissor,
aumentam a corrente.
Se for falha no transistor, poderá ser atribuída a um curto
interno, que causa corrente excessiva ou ligações abertas que
produzem tensão alta entre coletor-emissor. Mas se a tensão e a
corrente estão baixas não deve ser falha do transistor o sintoma
do item 1.
Se não há falhas no circuito de desacoplamento e um dos
estágios tem tensão coletor-emissor muito alta, isto pode
significar que este estágio não está "conduzindo". Deve-se
pesquisar o circuito de resistores que fornecem a polarização do
referido estágio. Alguns técnicos preferem medir a tensão base-
emissor, porém nos parece ser mais fácil medir altos valores de
resistores do que tensões da ordem de décimo de volt.
Quando não há sinal e a corrente de alimentação é normal
(item 2, da figura 102) deve-se verificar, em primeiro lugar, se
existe sinal do circuito de áudio. Para isto aplica-se um sinal de
áudio, no cursor do controle de volume. Se surge o sinal no alto-

114
APOLLON FANZERES

falante é prova que o defeito reside, provavelmente, nos estágios


de RF e Fl.
Não surgindo sinal no alto-falante, é preciso verificá-lo,
além de examinar o seu transformador (se possuir), e medir as
tensões coletor-emissor no transistor de comando ou excitação
de áudio (drive) enquanto se faz um curto momentâneo entre a
base e o emissor.
Com um V.O.M. ou multiteste comum, na escala de
resistência R x 100 efetuam-se as medições nos transistores,
conforme se vê na figura 103.
Os valores indicados são aproximados e gerais, e podem
diferir de um V.O.M. para outro. Também deve-se ter em conta
que alguns transistores podem apresentar defeito depois de certo
tempo, quando ficam mais aquecidos.

Figura 103 — Polaridade das tensões em um transistor.

Notar que quando é PNP, os símbolos são todos inversos,


em relação ao tipo NPN.
Se não há sinal e o consumo da corrente é intenso (item 3
da figura 103) deve-se desligar, sucessivamente, os capacitores
eletrolíticos dos estágios (de acoplamento) para tentar definir
qual deles está com passagem excessiva. Curto circuitando-se o
emissor para base, a polarização é aplicada à base do transistor e
nestas condições o semicondutor está “cortado”, isto é, não
conduzindo.
Se ao se fazer isto a corrente de entrada reduz-se, é
provável que o estágio em que se realizou a operação seja o
responsável pelo alto consumo de corrente. Além do mais,
quando um transistor normal corta quando a polarização é

115
Conserto de Aparelhos Transistorizados

removida, torna-se óbvio que o defeito está no circuito de


polarização e não no transistor.
Aqui, uma observação. Quando utilizando o V.O.M., nas
escalas de resistência para medir resistores inseridos no circuito,
mesmo que o aparelho esteja desligado, é conveniente efetuar a
medida duas vezes: uma com as pontas de prova em uma
posição e a outra com as pontas de prova invertidas, para evitar
possíveis erros, pois, nos circuitos transistorizados, apesar de
desligados da alimentação, os transistores podem ser -ativados"
pela tensão do V.O.M. e dar uma falsa indicação. Com o processo
de inverter as pontas, elimina-se esta dúvida.

Exame Prático de Circuito de Áudio


Na figura 104 temos um método bem prático de examinar
um circuito de áudio. Um fio, possuindo em um extremo uma
garra "jacaré" e na outra um capacitor de 0,05 uF é ligado
momentaneamente entre o terra (ou chassi) e o coletor do
transistor que antecede o transistor final. Se tudo estiver normal,
no alto-falante se fará ouvir um pequeno "clique" ou estalido.
-

Figura 104 — Exame prático de circuito de áudio.

Na figura 105 temos a repetição do teste anterior, porém,


já agora no transistor de saída. Se, ao tocarmos com o capacitor
no coletor, se escuta o "clique", o alto-falante e o respectivo

116
APOLLON FANZERES

transformador estão bons. Se, ao tocar-se a base, o ruído não se


repete é quase certo que o transistor está defeituoso.

Figura 105 — Exame de áudio, no transistor de salda.

Na figura 106 temos um teste rápido para determinar se o


estágio de frequência intermediária (FI) do receptor está bom.
Tocando-se o coletor com uma tensão positiva, pequena (de uma
pilha, por exemplo), no caso de ser o transistor PNP e tensão
negativa no caso de ser NPN, no alto-falante deve ser ouvido um
"clique".

Figura 106 — Exame de estágio de Fl no receptor.

O mesmo procedimento se faz com a base do transistor,


observando as polaridades para PNP e NPN. O clique' quando se

117
Conserto de Aparelhos Transistorizados

toca a base deve ser mais forte de que quando se toca o coletor.
Se em um dos casos não se escuta o "clique" é sinal de que o
estágio está defeituoso.

Medida de Polarização
Para se medir a polarização base-para-emissor: com um
voltímetro bem sensível se mede a tensão entre base e emissor
como se vê na figura 107. A tensão deve situar-se entre 0.1 e 0.2
volts.

Figura 107 — Medição da polarização.

Verificação do Oscilador Local


Na figura 108 temos um processo prático para examinar
se o oscilador local de um receptor está funcionando. Mede-se a
tensão presente no emissor. Com um fio faz-se um curto
temporário à seção do condensador variável da bobina osciladora.
Se com o curto a tensão não se modifica é sinal de que o circuito
oscilador não está funcionando.

118
APOLLON FANZERES

Figura 108 — Verificação do oscilador local.

Verificação do Controle Automático de Ganho


(C.A.G.)
Para se examinar o controle automático de ganho de um
receptor o procedimento é o indicado na figura 109. Liga-se o
voltímetro à base e ao emissor do transistor amplificador de F.I.
Observar que para transistores NPN a polaridade das pontas de
prova deve ser inversa à indicada na figura.
Se o receptor não estiver sintonizado para nenhuma
estação haverá uma tensão positiva de 0.1 a 0.2 volts. Quando se
sintoniza uma estação esta tensão cai para valores entre 0.05 e
0.15 volts. Se não houver alteração na tensão, quando se
sintoniza uma estação, o sistema C.A.G. não está operando
corretamente.

119
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Figura 109 — Verificação do C.A.G.

Exame de Transistores Fora de Circuito


Os transistores podem ser examinados, preliminarmente,
fora de circuito, com a disposição que se vê na figura 110, para
transistores NPN e PNP respectivamente.
As letras (A) e (B) significam respectivamente: alto e
baixo. Os valores altos (A) são da ordem de 50.000 ohms a 5
Megohms. Os valores baixos (B) são da ordem de 50 a 500 ohms.
Assim, referindo-se à figura, temos que entre coletor e base os
valores ôhmicos indicados são baixos, quando o positivo do
multiteste está ligado à base.
Quando o inverso se observa, a leitura ôhmica é alta. Uma
observação atenta da figura permitirá ao leitor observar todas as
possibilidades e memorizá-las, pois, serão de muita utilidade na
verificação preliminar de transistores. Naturalmente é muito
melhor examinar os transistores com testes apropriados.

120
APOLLON FANZERES

Figura 110 — Exame de transistores fora de circuito.

Generalidades
No que concerne ao exame de circuitos transistorizados
alguns pontos merecem ser enfatizados. Por exemplo, o
transistor, ao contrário das válvulas, não fica cansado ou fraco.
Funciona ou não funciona. Também só possui (geralmente) três
configurações básicas e três eletrodos, de modo que é muito fácil
determinar os eletrodos e compreender o circuito.
Naturalmente, quando dizemos que o transistor só tem
três eletrodos, nos referimos ao componente individual (discreto),
singular. Os circuitos integrados não estão nesta categoria,
porque são, na realidade, uma reunião de vários transistores,
diodos e resistores, formando um conjunto compacto contido em
um só invólucro.
Transistores de efeito de campo (FET) devem ser tratados
com muito cuidado. A simples aplicação de um soldador, do tipo
ligado diretamente à rede elétrica, pode causar sua destruição
devido a presença de carga eletrostática.
Para examinar os FET devem ser utilizados testes
eletrônicos ou que possuam uma resistência de entrada superior
a 50.000 ohms/volt. Na figura 111 temos um teste simples para
examinar o FET quando o mesmo está inserido em um circuito. O
voltímetro é ligado entre o dreno (D) e o chassi ou terra. Um fio

121
Conserto de Aparelhos Transistorizados

liga a fonte (S) à terra, temporariamente. Observa-se, então, a


tensão indicada no medidor.

Figura 111 — Exame de transistor de efeito de campo (FET), inserido no


circuito.

Para medir um FET fora de circuito é recomendável a


disposição da figura 112. Quando a chave é fechada a polarização
da porta (G) é reduzida, a corrente entre (S) e (D) diminui e a
tensão entre (S) e (D) aumenta.

Figura 112 — Exame de FET fora de circuito.

A relação entre a tensão quando a chave está aberta e


fechada dá uma indicação de ganho do FET e pode, para
componentes do mesmo tipo, servir para indicar qual o de maior
ganho. A corrente de fuga da porta (G) pode ser determinada

122
APOLLON FANZERES

pela medida de tensão nos extremos de Rg com a chave fechada.


A tensão deve ser próxima a zero.
Um transistor com tensão elevada nos extremos de Rg
indica uma corrente de fuga elevada, e, portanto, baixo ganho.
Quando se examina MOSFET com mais de uma porta, este teste
deve ser repetido em cada um dos (G), separadamente.
Os transistores de junção podem ser examinados sem que
haja necessidade de removê-los dos circuitos. Este teste consiste
em aumentar ou diminuir a condução do transistor, pela
modificação da polarização. Se o transistor obedece a estas
modificações, está basicamente bom. Na figura 113 temos o
método indicado. Aplicam-se as pontas de prova de um V.O.M.
entre o emissor e terra do semicondutor que se deseja examinar
ou, então, entre coletor e emissor e observa-se a leitura da
tensão indicada.

Figura 113 — Exame de transistores de junção.

Coloca-se, temporariamente, um resistor de 10.000 ohms


entre o coletor e a base, para aumentar a polarização. O V.O.M.
ligado no emissor e no fio terra indicará um aumento de tensão.
O V.O.M. ligado entre o coletor e o emissor indicará uma
diminuição de tensão. Em ambos os casos o semicondutor estará
bom.

123
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Pontos de Diagnóstico no Receptor


Na figura 114 temos os pontos lógicos para exame de um
receptor. Incidentalmente estes mesmos pontos, com ligeiras
variações, podem ser adaptados para exame de outros circuitos.
Ilustramos com o exemplo de um receptor por ser o aparelho
mais comum com que se defrontará o leitor.
Utilizando um traçador de sinais ou o processo de injetar o
sinal, é fácil ao leitor determinar rapidamente a área que está
causando problemas. Uma pesquisa mais acurada dará, então, a
localização do componente responsável pelo defeito.
Um bom ponto para começar a pesquisa é, na figura 114,
o indicado pela letra (A) que tanto servirá para receptores como
amplificadores. Um sinal injetado em (A) e que não provoque
nenhuma resposta no alto-falante é indicativo que o defeito
reside entre (A) e o falante. Se o sinal injetado em (A) provoca
uma resposta no alto-falante é sinal de que o defeito está situado
entre a antena e o ponto (A). Na primeira hipótese, do sinal
aplicado em (A) sem resposta no alto-falante, os pontos (B) e (C)
servirão para definir ainda mais a localização do defeito.
Com a injeção de sinal em (G), depois de examinado o
ponto (A), é possível saber se o defeito reside na região
compreendida entre o transistor (emissor) T3 e o diodo D1.
Estando tudo correto injeta-se ou traça-se o sinal no ponto
(F), depois (E). O sinal injetado ou traçado em (E, F, G) deve ser
de valor da Frequência Intermediária. É possível que a seção
osciladora do receptor (D) esteja defeituosa. Uma boa solução é
colocar o mostrador do receptor em uma estação ao redor dos
800-900 KHz. Depois injeta-se um sinal de frequência igual à
frequência da estação mais o valor da frequência intermediária do
receptor. Por exemplo, se a frequência intermediária do receptor
é de 455 kHz o sinal injetado em (D) deveria ser de: frequência
da estação + 455 kHz. Suponhamos que a estação é de 800 kHz.
A frequência em (D) deveria ser de 800 + 455 KHz = 1255 kHz.
Se a estação estiver funcionando, e o defeito realmente for na
seção osciladora, com a injeção de sinal, o receptor deveria
funcionar. Às vezes é necessário um pequeníssimo ajuste no valor
da frequência de Fl ou na sintonia do receptor, para captar a
estação. Isto inclusive indicará que o ajuste ou a calibragem do
receptor precisa de revisão, pois é suposto a frequência da

124
APOLLON FANZERES

estação estar correta assim como a do gerador de sinais utilizado


para a injeção de sinal em (D).

Figura 114 — Diagrama de bloco de um receptor.

Nos pontos (A, B, C) utilizam-se frequências de áudio (400


ou 1.000 Hz). Nos pontos (E, F, G) utilizam-se a frequência
intermediária do receptor, modulada por 400 ou 1.000 Hz e na
antena utiliza-se a frequência, livre de interferência de estações,
de preferência de ondas médias. Para examinar se o controle
automático de volume (CAV) ou controle automático de ganho
(CAG) está funcionando, aplica-se a ponta de prova de um
voltímetro eletrônico ou V.O.M. bem sensível, no ponto marcado
CAG e a outra ponta de prova no chassi ou terra.
Sintonizando as estações na faixa de ondas médias, de um
extremo ao outro, será percebido que a tensão em CAG sofre
variações. Isto é indicativo que o controle automático de ganho
está operando.
Se após a injeção ou acompanhamento do sinal se
encontra um estágio ou etapa que não deixa passar o sinal, deve-
se, então, examinar a etapa com mais cuidado, procurando, pelos
processos já descritos, verificar se os semicondutores estão em
ordem, se os resistores não estão abertos com os valores muito
acima da indicação de código que possua, se os capacitores não
estão dando "passagem" ou interrompidos. Uma prova fácil para
verificar se o capacitor está interrompido é colocar em paralelo

125
Conserto de Aparelhos Transistorizados

com seus terminais um outro componente reconhecidamente em


bom estado.

Sintoma Causa
Pouca sensibilidade na faixa Transistor conversor com defeito. Defeito no
de frequências baixas do circuito oscilador local.
receptor Transistor misturador, oscilador ou conversor,
Pouca sensibilidade na faixa com defeito. Bobina de antena com defeito.
de frequências altas do Desajuste no circuito de sintonia.
receptor
Capacitor de passo do emissor aberto.
Transistor oscilador ou conversor com defeito.
Desajuste circuito-antena. Idem FI. Placas do
Nenhuma recepção no lado condensador variável produzindo curto.
de frequências altas do
receptor Oscilador ou conversor não funcionando.
Desajuste nos estágios FI.

Placas do condensador variável em curto.


Desajuste no oscilador local.

Recepção de uma só estação Sujeira entre as placas do condensador variável.


em toda a faixa Curto entre as placas do condensador variável.
Transistor conversor ou misturador, com
defeito.
Não recepção no lado de
baixa frequência do receptor Curto devido a capacitores. Capacitor do
conversor ou oscilador em curto. Transistor
Ruído em todas as estações conversor ou oscilador defeituoso. Bobina
osciladora com defeito. Bobina da antena
(primário e secundário) com defeito.
Sem funcionar
Assovio quando sintoniza Bobina da antena defeituosa. Desajuste FI e RF.
Alimentação abaixo do normal.

Capacitor de base ou coletor do transistor de FI


Sinal fraco aberto. Desajuste FI. Transistor defeituoso.
Excesso de tensão no CAG.

Enrolamento da base do transistor de FI,


aberto. Enrolamento do coletor aberto.
Sem sinal Transformador FI aberto. Condensador de passo
de base ou coletor aberto. Transistor defeituoso.

Tensão de CAG baixa ou inexistente. Transistor


Distorção com sinais fortes defeituoso. Alteração nos resistores de
polarização das bases dos transistores.

126
APOLLON FANZERES

Corrosão ou interrupção parcial nos


Ruído enrolamentos dos transformadores de Fl.
Transistor defeituoso.
Capacitor de neutralização aberto.

Assobios ou uivos Alteração de valores nos componentes do


circuito de neutralização. Capacitor CAG aberto.

Além destes pontos o leitor deve examinar os diodos, o


transformador de saída (se o receptor possuir), o alto-falante,
etc.
Sendo os componentes, em espécie, relativamente poucos
em um circuito eletrônico de um receptor ou qualquer outro
aparelho (capacitores, resistores, enrolamentos e os
semicondutores) é fácil ao leitor, quando não localiza um defeito
óbvio de componente defeituoso, iniciar o que se denomina -teste
ponto-a-ponto" e que consiste em, paulatinamente, examinar os
componentes, em circuito, começando pelos transistores e
diodos, depois capacitores e finalmente resistores e
enrolamentos. Antes que tenha examinado 15% do circuito, o
defeito será localizado.

Exame "Força Bruta"


Este exame é recomendável para a localização de defeitos
difíceis. Às vezes, na linha de montagem, a soldagem dos
componentes, principalmente transistores e diodos, não é perfeita
e aparentemente parece estar bem. No entanto, com o passar do
tempo, com a oxidação e a vibração, o contato se torna
imperfeito e o aparelho apresenta defeito.
Com o aparelho ligado, toma-se cuidadosamente com uma
pinça o componente e faz-se um pequeno movimento, para um
lado e para o outro. Se houver contato imperfeito o mesmo é logo
localizado.
Lavar os contatos e a superfície dos circuitos impressos,
com benzina também é uma boa prática, só que deve ser feito
com o aparelho desligado, por razões óbvias.

127
Conserto de Aparelhos Transistorizados

Nota:
Na edição original, a partir deste ponto foram dados
diversos circuitos práticos com transistores que omitimos
por estarem recuperados em nossa seção “Banco de
Circuitos”. Os leitores poderão acessá-los de CIR13701 a
CIR13708 e de CIR14965 a CIR14996,
Também foram fornecidas s características de diversos
componentes da época, alguns de fabricação nacional
como Ibrape e Icotron e que hoje não mais existem e por
isso, deixamos de incluir nessa publicação.

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APOLLON FANZERES

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