QUESTAO Sofistasesocrates

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SOFISTAS E SÓCRATES

1. (Enem 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam
que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas
acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da
sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.

RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.

O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava


que a correlação entre justiça e ética é resultado de
a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.

2. (Uea 2014) O sofista é um diálogo de Platão do qual participam Sócrates, um estrangeiro e


outros personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que
método ele gostaria de recorrer para definir o que é um sofista.
Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar,
numa longa exposição ou empregar o método interrogativo?
Estrangeiro: – Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil
é esse mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para
si mesmo.

(Platão. O sofista, 1970. Adaptado.)

É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista metodológico,


adotar
a) a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos.
b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores.
c) o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos.
d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão humana na prova de existência de Deus.
e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do saber humano.

3. (Ufmg 2013) Em um trecho do diálogo Eutidemo, Sócrates conta a Críton como discutiu com
Clínias a possibilidade de haver uma arte ou ciência que leve os homens à felicidade. Após
descartar diversas artes, eles dedicaram-se a considerar a “arte política”, identificada por eles
com a “arte real”, ou seja, com a arte do governo do rei. Todavia, o desdobramento do diálogo
mostra que também essa “arte política” ou “real” não pode exercer a função de levar os
homens à felicidade, porque sua ação não torna os homens melhores eticamente. Eles
constatam, assim, que chegaram a um impasse na argumentação, isto é, uma aporia.
A esse respeito, leia o fragmento:

[SÓCRATES] Mas que ciência então? De que maneira a usaremos? Pois é preciso que ela não
seja artífice de nenhuma das obras que não são nem boas nem más, mas sim que transmita
nenhuma outra ciência a não ser ela própria. Devemos dizer então que <ciência> é esta afinal,
e de que maneira a usaremos? Queres que digamos, Críton: é aquela com a qual faremos
bons os outros homens?
[CRÍTON] Perfeitamente.
[SÓCRATES] Os quais serão bons em quê? e, em quê, úteis? Ou diremos que farão bons
ainda outros, e esses outros <farão bons> outros? Mas em quê, afinal, são bons, não nos é
claro de maneira nenhuma, já que precisamente desprezamos as obras que se diz serem da
política [...]; e, é exatamente o que eu dizia, estamos igualmente carentes, ou ainda mais, no
que se refere ao saber qual é afinal aquela ciência que nos fará felizes.
[CRÍTON] Por Zeus, Sócrates! Chegastes a uma grande aporia, segundo parece.

(PLATÃO, Eutidemo, 292d-e)

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EXPLIQUE por que, segundo Sócrates e Críton, a mesma arte não pode ser responsável por
governar os homens e, simultaneamente, torná-los bons.

4. (Uem 2013) Protágoras de Abdera (480-410 a.C.) é considerado um dos mais importantes
sofistas. Ensinou por muito tempo em Atenas, sendo atribuída à sua autoria a seguinte máxima
da filosofia: “O homem é a medida de todas as coisas”. Sobre Protágoras e os sofistas,
assinale o que for correto.
01) De forma semelhante a pensadores contemporâneos, os sofistas problematizam a
multiplicidade de perspectivas do conhecimento.
02) O relativismo de Protágoras pode ser defendido filosoficamente a partir da percepção do
movimento, tese já defendida anteriormente por Heráclito.
04) Platão e Aristóteles contrapuseram-se aos sofistas, ao não defender o homem como
medida de todas as coisas.
08) Em razão de seu humanismo, atribui-se a Protágoras a inversão coperniciana, isto é, a tese
de que não é o sol que gira em torno da Terra, mas a Terra que gira em torno do sol.
16) O saber contido na frase de Protágoras é prático, além de teórico, ou seja, mobiliza o
campo da filosofia para a retórica.

5. (Unicentro 2012) Sobre o pensamento socrático, analise as afirmativas e marque com V, as


verdadeiras e com F, as falsas.

( ) Sócrates é autor da obra Ética a Nicômaco.


( ) O pensamento socrático está escrito em hebraico.
( ) A ironia e a maiêutica são as bases de sua filosofia.
( ) Sócrates não criticou o saber dogmático, sendo, por isso, conselheiro dos governantes de
Atenas.
( ) Os diálogos platônicos são importantes textos filosóficos que relatam, na maioria, o
pensamento de Sócrates.

A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa que indica a sequência correta, de cima
para baixo, é a
a) F V F V V
b) V F V V F
c) F F V F V
d) V F F F V
e) F V V V F

6. (Unimontes 2010) Via de regra, os sofistas eram homens que tinham feito longas viagens e,
por isso mesmo, tinham conhecido diferentes sistemas de governo. Usos, costumes e leis das
cidades-estados podiam variar enormemente. Sob esse pano de fundo, os sofistas iniciaram
em Atenas uma discussão sobre o que seria natural e o que seria criado pela sociedade.

(GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995).

Sobre os sofistas, é incorreto afirmar que


a) eles tiveram papel fundamental nas transformações culturais de Atenas.
b) eles se dedicaram à questão do homem e de seu lugar na sociedade.
c) eles eram mercenários e só visavam ao lucro na arte de ensinar.
d) eles foram os primeiros a compreender que o “homem é medida de todas as coisas”.

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Gabarito:

Resposta da questão 1:
[D]

O sofista Trasímaco defendia a ideia de que não haveria uma concepção ideal de justiça nos
homens. Para ele, a justiça não seria, portanto, algo universal, mas resultado de regras
aprendidas socialmente pelos homens. Tal visão é diametralmente diferente da concepção
platônica de justiça.

Resposta da questão 2:
[A]

Platão, influenciado fortemente por Sócrates, apresenta em seus diálogos a metodologia de


seu mestre para empreender a busca da verdade. O método socrático constrói-se a partir de
perguntas e respostas (dialética) que levam o interlocutor, que não possua conhecimento e
coerência sobre o que está falando, a contradizer-se e acabar por revelar sua ignorância. A
partir deste momento inicia-se outra construção que conduz o interlocutor a descobrir a
verdade de forma gradativa e coerente. Este método que busca a construção da verdade por
meio da contraposição de argumentos é conhecido como maiêutica.

Resposta da questão 3:
Segundo o enunciado da questão, a explicação para o fato de a arte de governar, ou a “arte
política”, ou a “real”, não ser capaz de tornar os homens bons, ou levá-los à felicidade, decorre
da ação política de não tornar os homens melhores eticamente.
Todavia, a péssima transcrição do diálogo, que apresenta um recorte muito pouco elucidativo
sobre a obra e não permite a compreensão do raciocínio ali desenvolvido, nos dá a entender
que a questão geral é: “que ciência e modo de utilidade dessa ciência nos fará homens bons,
homens felizes?”. Essa questão geral não é ética, mas sim apenas uma questão que poderá
adquirir caráter ético se resolvermos sua problemática através de uma configuração racional
dos hábitos dos indivíduos; ela poderá, também, adquirir um caráter político se resolvermos
sua problemática através de uma configuração racional da cidade; e por aí vai.

Resposta da questão 4:
01 + 02 + 04 + 16 = 23.

Platão e Aristóteles também problematizaram uma multiplicidade de perspectivas do


conhecimento, afinal conhecemos parte do pensamento do próprio Protágoras porque Platão
escreveu diálogos como o homônimo Protágoras e o Teeteto – neste último a tese “o homem é
a medida de todas as coisas” é questionada; além disso, Aristóteles, como sabemos, foi um
bom doxógrafo.
O relativismo de Protágoras não é filosófico, ele é meramente retórico. O interesse do sofista
ao transmitir suas teses era adquirir fama e seguidores, e não problematizar questões relativas
ao conhecimento. E, apesar de Heráclito se manter firme em uma perspectiva do vir a ser, o
pré-socrático não era um relativista. Ele mantinha a existência de um conhecimento verdadeiro
sobre o mundo e estabelecia relações profundas entre física e logos.

Resposta da questão 5:
[C]

A sequência correta está apresentada na alternativa [C]. Quem escreveu Ética a Nicômaco foi
Aristóteles e não Sócrates. O pensamento socrático está escrito em grego, língua dos filósofos
do período. Sócrates criticou sim o saber dogmático. Ele o fez através da sua prática de
indagar as pessoas a respeito de suas certezas. Sendo assim, as afirmativas falsas são a
primeira, a segunda e a quarta.

Resposta da questão 6:

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[C]

Os sofistas foram muito mal vistos devido aos escritos de Platão. Entretanto, ainda que
lucrassem com sua atividade de ensino, esses filósofos desenvolveram importantes teorias.
Hoje sua importância é reconhecida principalmente em relação ao relativismo cultural e às
contribuições ao espírito democrático.

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