Texto de Apoio - Antropometria

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CAPÍTULO II

ANTROPOMETRIA
Andressa Ferreira da Silva7
Leandro Lima Borges8
Diego Augusto Santos Silva9

Introdução
A antropometria se constitui de procedimentos e processos científicos que
permitem medir, com o auxílio de equipamentos especializados, as dimensões
anatômicas de superfície do corpo humano como: comprimentos, diâmetros,
perímetros e dobras cutâneas (STEWART, 2010). E por meio das técnicas de
medidas antropométricas é possível desenvolver estudos da Composição Cor-
poral, Somatotipia e Proporcionalidade (PETROSKI, 2011). Essa ciência tem
origem pela união das seguintes palavras gregas (LOPES; RIBEIRO, 2014):

Anthopos (antropo) = “ser humano” + metrein (metria)


= “medição”

Esta técnica pode ser considerada tão antiga quanto a própria existência
humana, tendo referências à forma, proporções e estatura relatadas em obras
antigas como o Velho Testamento, Talmud Babilônico, Tratados da civilização
da Índia, no Midrashin e também por gregos e egípcios, trinta séculos antes
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de Cristo (MICHELS, 2000). Possivelmente, isso se deve a íntima relação


percebida entre a capacidade para o trabalho e exercício físico com a quanti-
dade e proporção entre os diferentes tecidos do organismo.
Assim, a utilização da antropometria para a classificação e o desen-
volvimento se deve a diversidade de grupos profissionais que utilizaram e
ainda utilizam os métodos, como educadores físicos, nutricionistas, médicos,
engenheiros, arquitetos, fisioterapeutas, estilistas, biólogos, artistas plásticos,
entre outros. Todavia, com a utilização dessa técnica pelas diferentes áreas
do conhecimento se percebeu a falta de padronização na identificação dos
pontos de medida e nas próprias técnicas de medição, dificultando compara-
ções e, consequentemente, a evolução dos estudos. Diante desse pressuposto,
surgiram os primeiros esforços na tentativa de padronizar internacionalmente

7 Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC. Brasil


8 Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC. Brasil
9 Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC. Brasil
Composição corporal humana na Educação Física
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as medidas antropométricas e paralelamente uma área mais abrangente sur-


giu, a Cineantropometria.
Conceituada como disciplina acadêmica que envolve o uso de medidas
antropométricas relacionadas a outros parâmetros científicos e/ou áreas
temáticas aplicadas à saúde, a Cineantropometria é a interface entre anatomia
e movimento pela qual se pode determinar aptidões e possibilidades funcio-
nais relativas aos movimentos do ser humano (STEWART et al., 2011). Tem
origem na união dos seguintes termos gregos (LOPES; RIBEIRO, 2014):

Kinein (cine) = “movimento” + Anthropos (antropo) = “ser humano”


+ Metrein (metria) = “medição”

Em 1986, o Grupo de Trabalho Internacional em Cineantropometria


fundou a Sociedade Internacional para o Avanço da Cineantropometria
(ISAK), que tem por missão desenvolver uma abordagem de “melhores
práticas” para a medição antropométrica e manter uma rede internacio-
nal de colaboradores de todas as disciplinas associadas (STEWART et
al., 2011). Com a padronização técnica de medidas elaborada pela ISAK
e o curso de certificação internacional de antropometristas foi possível
realizar comparações científicas concretas sobre os resultados de diferen-
tes pesquisas. Consequentemente, aumentou a credibilidade dessa ciência
e do método de avaliação que utiliza dobras cutâneas (DC), perímetros
corporais, comprimentos e diâmetros ósseos (LOPES; RIBEIRO, 2014).
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Princípios da técnica

Para que as mensurações tenham relevância é necessário conhecer a


finalidade para a qual estão sendo realizadas as medidas e compreender os
conceitos básicos que norteiam tais mensurações. Segue conceituação dos
principais termos utilizados.

Quadro 1 – Conceituações de termos


Termo Conceito
Teste Instrumento, procedimento ou técnica para se obter uma informação�
Processo para coletar as informações obtidas pelo teste, atribuindo um valor numérico aos
Medida
resultados�

Protocolo

Avaliação
vers
Conjunto de informações e regras de como a informação será coletada, para que possam ser
realizadas mensurações futuras seguindo um padrão�
Determina a importância ou o valor da informação coletada, avaliação do resultado�

ão Fonte: FONTOURA et al�, 2008�


Composição corporal humana na Educação Física
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As avaliações classificam-se em três tipos (LOPES; RIBEIRO, 2014):

Quadro 2 – Tipos de Avaliações


Tipo de
Conceito
Avaliação

Primeira avaliação realizada, para diagnosticar, identificar e caracterizar o avaliado. Ex.:


Diagnóstica
avaliação na pré temporada esportiva�

Vautor
Reavaliação, a segunda ou subsequente, para verificar o resultado do trabalho que vem sendo
Formativa realizado em determinado período, verificar evolução, dar feedback�
Ex.: avaliações de acompanhamento ao longo de um período.

Somatório de todas as avaliações realizadas, para demonstrar o resultado final de um


Somativa processo, de um planejamento�
Ex.: avaliação ao final de um período, somando as avaliações anteriores.

Em síntese, para realizar avaliação antropométrica é preciso se questionar:

O QUE Remete ao objetivo, para identificar o teste com a qual


AVALIAR? iremos realizar a medida�

Diagnóstico, acompanhamento da evolução,

POR QUE intervenção, classificação ou seleção de indivíduos,


AVALIAR? motivação, pesquisa, prescrição de exercícios ou
nutricional

COM O Instrumento adequado ao indivíduo e à população,


QUE
selecionado para medir a variável de interesse�
AVALIAR?

Equipamentos antropométricos
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Os equipamentos devem ser cuidados e limpos para proporcionar


durabilidade e condições de uso (LOPES; RIBEIRO, 2014). Com relação
às técnicas, verificar se os aparelhos são válidos, fidedignos e objetivos
ao que se propõe mensurar. Abaixo, seguem imagens dos instrumentos
antropométricos e a respectiva finalidade:
Balança Mecânica ou Digital: Mensurar a massa corporal
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Estadiômetro: Mensurar estatura

Trena: Mensurar perímetros Segmômetro: Medir


segmentos corporais

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Adipômetro Clínico ou Científico: Medir a espessura do tecido adiposo

o
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Paquímetros: Mensurar diâmetros ósseos pequenos e grandes

Além disso, é preciso se questionar (LOPES; RIBEIRO, 2014):

QUEM Essa resposta conduz aos instrumentos e protocolos�


AVALIAR?

É preciso atenção ao horário da avaliação, ao momento


QUANDO
AVALIAR? considerado adequado para os efeitos de uma intervenção
e ao período do ciclo menstrual, no caso do sexo feminino�

Deve-se cuidar o espaço em que será realizada a

ONDE avaliação, propiciando conforto para o avaliado, com


AVALIAR? temperatura agradável, ambiente iluminado, silencioso,
seguro, com piso em perfeitas condições e sem a presença
de outras pessoas no espaço.

Aplicação prática das medidas antropométricas


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As medidas antropométricas são importantes indicadores de desenvol-


vimento corporal, servem para acompanhar o crescimento e desenvolvi-
mento, de modo que algumas medidas são utilizadas para fins específicos
em caráter de importância. Segue quadro explicativo sobre medidas e
respectivas finalidades (PETROSKI, 2011; LOPES; RIBEIRO, 2014,
FONTOURA et al., 2008):

Quadro 3 – Medidas antropométricas e Finalidades/Propósitos


Medidas Finalidade/Propósito

Massa Indicador do processo de crescimento


Corporal Estado nutricional

Estatura
vers
Indicador de desenvolvimento corporal
Indicador de crescimento ósseo
Verificação de doenças
Estado nutricional

ão
Seleção de atletas
continua...
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continuação
Medidas Finalidade/Propósito
Acompanhar crescimento e desenvolvimento corporal
Proporcionalidade
Caracterização étnica
Estudos na engenharia
Alturas Concepção de maquinários
Criação de utensílios em geral
Materiais ortopédicos
Projetos ergonômicos
Confecção de roupas e calçados

Vautor
Acompanhar o crescimento e desenvolvimento corporal
Estudos na engenharia
Concepção de maquinários
Criação de utensílios em geral
Comprimentos Proporcionalidade
Confecção de vestuários
Confecção de luvas
Confecção de ferramentas manuais
Aparelhos de musculação
Estimar a composição corporal
Estimar o percentual de gordura corporal
Somatotipia
Dobras Verificar riscos à saúde associados com excesso ou déficit de gordura corporal
Controlar as mudanças corporais associadas aos efeitos de uma alimentação adequada e
Cutâneas exercícios físicos

do
CR
Estimar a massa corporal ideal
Acompanhar o crescimento, maturação, desenvolvimento e idade
Estabelecer recomendações nutricionais e um programa de exercícios físicos
Determinação do peso ósseo
Diâmetros Somatotipia
Fins ergonômicos
Ósseos Acompanhar o crescimento e proporcionalidade
Assimetria aplicada a área esportiva
Medida do crescimento
Perímetros
Estudos da engenharia e ergonomia
Índice do estado nutricional
evis
Estima densidade corporal de forma indireta

ão
Algumas medidas antropométricas são relacionadas entre si para pos-
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sibilitar maiores inferências. Os índices antropométricos como são conhe-


cidos, são recomendados por ser métodos de fácil aplicação, baixo custo e
por apresentarem correlação com as doenças, são eles (PETROSKI, 2011;
FONTOURA et al., 2008):

Massa corporal e Estatura

São relacionadas para avaliar o IMC, indicador nutricional e de risco


à saúde amplamente utilizado, principalmente entre idosos. É indicador da
composição corporal, todavia apresenta limitações pelo fato que a massa
corporal não diferencia os componentes corporais, tornando o IMC inapro-
priado para avaliação de algumas populações, como os atletas. Considera-se
para adultos, valores abaixo de 18,5 kg/m2 é considerado magro ou abaixo
do peso, entre 18,5 e 24,9 kg/m2 normal, de 25 a 29,9 kg/m2 em sobrepeso
ou pré-obeso e acima de 30 kg/m2 é considerado em obesidade (OMS, 1998).
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IMC (Kg/m²) = massa corporal / (estatura)²

Perímetros da cintura e quadril

A relação cintura/quadril (RCQ) é outra medida que se relaciona for-


temente com a predisposição às doenças, principalmente cardiovasculares e
diabetes, devido a relação da gordura visceral e intra-abdominal. Utiliza para o
cálculo as duas referências características das distribuições androide e ginoide.
São sugeridos como ponto de corte dos valores de 0,80 para mulheres e 0,95
para homens (BRAY; GRAY, 1988).

RCQ = perímetro cintura (cm) / perímetro quadril (cm)

Nos últimos anos, o perímetro da cintura está sendo adotado de forma


isolada como indicador de risco à saúde em vista da relação com o acúmulo
de gordura abdominal. Consequentemente se relaciona ao maior risco de
desenvolvimento de diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, quando
o valor é superior a 86,2cm para o sexo feminino e 89,5 cm para o sexo mas-
culino (SILVA; PETROSKI; PERES, 2013).

Perímetro da cintura e estatura


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A razão cintura/estatura (RCE) se caracteriza pelo risco associado ao acú-


mulo de gordura na região central do corpo, em que índices 0,49 e 0,50 são con-
siderados adequados para mulheres e homens respectivamente e índices maiores
do que esses valores são considerados inadequados, sugerem o aumento a inci-
dência de disfunções cardiometabólicas (SILVA; PETROSKI; PERES, 2013).

RCE = perímetro da cintura (cm) / estatura (cm)

Perímetro da cintura, estatura e massa corporal


Conhecido como índice de conicidade (Índice C), a relação entre essas
três medidas se caracteriza por ser mais uma opção antropométrica de veri-
ficação do perfil de distribuição da gordura corporal. Consiste na utilização
da seguinte fórmula:
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Índice C = Perímetro da Cintura (m)


0,109 x (√ MC (kg) / Estatura (m))
Nessa relação valores <1,15 e <1,18 são valores considerados adequa-
dos para mulheres e homens respectivamente, no entanto, valores >1,15
e >1,18 são considerados inadequados e sugerem elevados riscos para
o aparecimento de disfunções cardiovasculares e metabólicas (SILVA;
PETROSKI; PERES, 2013).

Reprodutibilidade, validade, Acurácia


Diante da extensa aplicação prática da Antropometria, pode ocorrer em
avaliações de um grupo grande de indivíduos, que elas não sejam realizadas por
apenas um avaliador, e sim por uma equipe, a qual possui antropometristas com
diferentes níveis de experiência (PETROSKI, 2011). Deste modo, as medidas
podem ser afetadas por erros de dois tipos, erro sistemático e erro aleatório.
O erro sistemático se origina da calibração do instrumento de medida,
erro para mais ou menos no valor real, sensibilidade para encontrar os pontos
de referência ou para destacar as dobras.
Enquanto o erro aleatório é o erro casual, como por exemplo a hora do
dia em que realiza a avaliação.
Marins e Giannichi (1998), também subdivide os erros nas medições em
dois tipos, erro de medida e erro sistemático.
O erro de medida está relacionado a três fatores:
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1. Erro do equipamento: quando o equipamento não é afe-
rido adequadamente.
2. Erro de medidor: quando o avaliador erra a leitura, erra a contagem,
a mensuração.
3. Erro administrativo: erro nos procedimentos metodológicos dos
testes, como por exemplo: realizar uma avaliação antropométrica
em uma sala escura, impossibilitando a visualização das dobras e
pontos anatômicos.
E o erro sistemático quando o avaliador não pode interferir, como por
exemplo: fatores climáticos.
Segundo Fontoura et al., (2008), para minimizar os erros, algumas atitu-
des podem ser tomadas, como: a exatidão dos instrumentos, aplicação correta
das técnicas, seleção de instrumentos e testes adequados, treinamento, entre
outros. Além dos erros já citados, as variações biológicas também podem
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afetar os resultados das avaliações, como por exemplo: a hidratação e desi-


dratação de um indivíduo, a variação da estatura durante o dia, nesse sentido
torna-se imprescindível tentar minimizar o máximo possível os erros para
que possam ser repetidos em outra oportunidade e tornarem-se confiáveis os
resultados (PETROSKI, 2011).
Uma das maneiras de tentar minimizar os erros e essa variabilidade
nas mensurações é fazer o controle de qualidade dos dados, através da pre-
cisão, fidedignidade (confiabilidade/credibilidade), exatidão e validade
(PETROSKI, 2011; PITANGA, 2005). Segundo Fontoura et al., (2008), na
escolha dos instrumentos de avaliação, é preciso se certificar de alguns crité-
rios conhecidos como critérios de autenticidade científica, são eles:

• Validade: conforme Norton, Olds e Albernaz (2005), Pitanga (2005) e


Fontoura et al., (2008) concordam em dizer que um teste, instrumento
é válido quando ele mede o que realmente está proposto a medir.
• Confiabilidade ou Fidedignidade: Segundo Petroski (2011), Fon-
toura et al., (2008) e Pitanga (2005) seria a reprodutibilidade das
medidas de um mesmo avaliador, produzir medidas semelhantes
em ocasiões diferentes.
• Objetividade: para Mathews (1980), Heyward e Stolarczyk (1996)
e Petroski (2011) é a consistência das medidas em produzir escores
similares quando administrada por diferentes avaliadores.

Padronização da técnica conforme a ISAK,


recomendações pré-avaliação
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Conforme visto anteriormente, há inúmeros procedimentos antes da


realização de uma avaliação antropométrica, desde a preparação do local de
realização, a escolha dos instrumentos e do treinamento do avaliador ou ava-
liadores. Tendo em vista que a padronização da ISAK foi elaborada em 1986
para uniformizar os métodos de medidas antropométricas e está sendo ampla-
mente utilizado, inclusive para pesquisas científicas, a seguir apresentaremos
os principais procedimentos e recomendações para avaliação das medidas do
Perfil Restrito. Esse perfil é constituído de 17 medições: massa corporal, esta-
tura, dobra cutânea tríceps, subescapular, bíceps, crista Ilíaca, supraespinhal,
abdominal, coxa anterior, panturrilha, perímetros do Braço (relaxado), braço
(flexionado e tensionado), cintura (mínima), glúteos (quadril), panturrilha
(máxima), diâmetro biepicondilar do úmero e biepicondilar do Fêmur.
Como procedimentos e recomendações pré-avaliação Stewart et al., (2011),
Fontoura et al., (2008), Pitanga (2005), Petroski (2011), citam o seguinte:
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• Todos os sujeitos avaliados devem consentir com a realização da


avaliação, para isso, deve-se ter em mão um Termo de Consenti-
mento Livre e Esclarecido (TCLE) o qual explicará todos os proce-
dimentos, se os dados forem publicados que a identidade não será
revelada, explicar que o sujeito é livre para desistir de realizar a
avaliação quando achar conveniente sem prejuízo para si e em caso
de menor de idade, os pais ou responsável deverão assinar o TCLE;
• Jamais exercer pressão sobre o sujeito para que ele seja avaliado;
• Em caso de dados utilizados para pesquisa, deverá haver a apro-
vação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição responsável;
• Todos os equipamentos devem estar limpos e calibrados, prontos
para serem utilizados antes mesmo do início da avaliação;
• O avaliador deverá estar vestido adequadamente, com as unhas
aparadas e adequadamente treinado para a realização da avaliação;
• O ambiente de avaliação deverá proporcionar conforto, privacidade e
também um espaço ao redor do sujeito avaliado para que o avaliador
possa movimentar-se adequadamente para todos os procedimentos;
• Se possível, que a avaliação seja realizada por pessoas do mesmo
sexo do avaliado, pois pode haver desconforto por parte do sujeito
avaliado com relação a ser avaliado por avaliador do sexo oposto;
• Sempre avisar com relação as roupas para a avaliação, mas, lem-
brar que sempre há algum avaliado com algumas crenças e tra-
dições culturais;
• As roupas do avaliado devem permitir acesso para algumas medi-
ções e cuidar para que essa roupa também contorne o corpo do
avaliado e não fique com “sobras”, preferencialmente traje de
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banho (mulheres biquíni ou calção e tops esportivos, homens sunga
ou calção esportivo);
• Alguns indivíduos não poderão ser avaliados com tanta acurácia,
como por exemplo: pele muito firme, muita adiposidade subcutânea
e alguma lesão que impedirão algumas medidas;
• Jamais o antropometrista deve realizar alguma medida que compro-
meta o bem-estar físico ou emocional do sujeito avaliado;
• Sempre que possível, deverá haver um anotador e que também
possua experiência em avaliação para que possa auxiliar quando
necessário o avaliador;
• A mensuração de alturas, comprimentos, dobras, circunferências e
diâmetros, são convencionadas no lado direito do corpo;
• É imprescindível registrar a hora de realização da medida e para
fins de pesquisas longitudinais elas devem ser realizadas preferen-
cialmente no mesmo período do dia, se possível no mesmo horário.
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Enfim, com tudo organizado, a avaliação pode ser iniciada. Em geral as


primeiras medidas realizadas são massa corporal e estatura, seguido da demar-
cação dos pontos anatômicos, os quais nortearão toda a avaliação e auxiliarão a
realização de todas as medidas. Há dentro dos pontos anatômicos de referência,
aqueles que são marcados, por caneta ou lápis dermográfico, e aqueles que não
são marcados, mas que servem como referência. Esses pontos são localizados
por meio de palpação ou medição e geralmente se utilizam os dedos indicador
e/ou polegar para encontrá-lo. Para que haja exatidão nas medidas o avaliador
precisa ter conhecimento da anatomia humana, principalmente Osteologia, pois,
todos os pontos utilizados são estruturas ósseas de fácil localização.
Após a localização do ponto se realiza a marcação e na sequência a
conferência se o mesmo foi marcado no local correto. Os pontos das dobras
cutâneas são demarcados com um “x”, em que o eixo longitudinal define
a direção da dobra e o eixo curto define o alinhamento entre o indicador
e polegar do antropometrista.

Massa Corporal

Figura 1 – Massa Corporal Definição: A massa corporal é definida como


a quantidade de matéria do corpo. Ela pode
ser estimada pesando-se a roupa do indivíduo
e subtraindo-se pelo valor da massa corporal
indicada na balança, mas conforme solicitado,
o uso de roupas mínimas para a avaliação,
já garante uma precisão suficiente da massa
corporal, conforme Figura 1. O avaliado deve
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subir na balança colocando um pé de cada


vez, centralizado e com o peso do corpo dis-
tribuído entre as duas pernas.

Estatura
Caracteriza-se pela distância entre a borda inferior dos pés até o vértex
do crânio, com o indivíduo em pé e relaxado, conforme Figura 3 e demais
explicações. Salienta-se que o mesmo deve encontrar-se alinhado no Plano
de Frankfort, conforme Figura 2.
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Figura 2 – Plano Orbital: Margem óssea inferior da cavi- dade


de Frankfort orbitária.
Tragion: Ponto situado na margem superior
do Trago.
Vértex: Ponto mais superior do crânio quando
a cabeça está orientada no Plano de Frankfort.

Figura 3 – Estatura

do
R
C
resão Editora CRV -- Proibida a impressão
Definição: Distância perpendicular entre a borda inferior dos pés e o
vértex do crânio.

Procedimentos
- Posição do Avaliador c/ Auxílio: De frente para o avaliado com os
polegares sobre a Orbital e os indicadores sobre cada Tragion. O avaliador
deverá realizar uma leve pressão para cima no momento que o avaliado realiza
uma inspiração profunda.
- Posição do Auxiliar: Ao lado do avaliado com o esquadro na mão e
pronto para posicioná-lo no vértex do crânio do avaliado que deverá ser posi-
cionado enquanto o mesmo realiza uma inspiração profunda, pressionando o
cabelo o máximo possível e realizando a medição.
- Posição do Avaliador sem Auxílio: Ao lado do avaliado, posicionan-
do-o no Plano de Frankfort e solicitando que o mesmo realize uma inspiração
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profunda, nesse instante deverá colocar o esquadro no vértex do crânio, pres-


sionando o cabelo o máximo possível e realizando a medição.
- Posição do Avaliado: De costas para a escala, com braços relaxados ao
longo do corpo, com os pés unidos, calcanhares, glúteos e costas encostadas
na escala e a cabeça no Plano de Frankfort.
- Observação: A medição deve ser realizada antes que o avaliado expire.
Deve-se repetir no mínimo duas vezes, a medida será a média das medições.

Demarcação dos pontos anatômicos

Definição: Ponto na margem superior mais lateral


do Acrômio.
Procedimento/Localização: O antropometrista
posiciona-se atrás e do lado direito do avaliado,
apalpa ao longo da espinha da escápula até a con-
cavidade do acrômio e então marca o ponto na
parte mais lateral e superior.
Observação: Sujeito fica na posição em pé rela-
ACROMIALE xada com os braços soltos ao longo do corpo.

Definição: Ponto na margem proximal e lateral da


cabeça do rádio.
Procedimento/Localização: Pode ser verificada
por meio de uma leve rotação do antebraço que
ocasione a rotação da cabeça do rádio, sendo
marcada no espaço entre o capítulo do úmero e a
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cabeça do rádio.
Observação: O sujeito fica em posição relaxada
RADIALE com os braços soltos ao longo do tronco e mão
em semipronação.

Definição: Ponto médio da linha reta que une os


pontos acromial e radial.
Procedimento/Localização: Fazer uma pequena
marca ao nível do ponto médio entre os pontos
acromial e radial.
Observação: O sujeito fica em posição relaxada
com os braços soltos ao longo do corpo
ACROMIAL-RADIAL
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Definição: Ponto localizado imediatamente abaixo


do ângulo inferior da escápula.
Procedimento/Localização: Deve-se palpar
o ângulo inferior da escápula com o polegar
esquerdo, e realizar a marcação.
Observação: O sujeito fica em posição relaxada
com os braços soltos ao longo do corpo.
SUBESCAPULAR

Definição: Ponto mais superior da crista ilíaca,


onde uma linha é traçada a partir da linha axilar
média e encontra o ílio.
Procedimento/Localização: Localize com a palma
e dedos da mão esquerda o ponto mais superior da
crista para marcar o ponto.
Observação: O avaliado fica em posição relaxada
com o braço direito cruzado sobre o tronco.
ILIOCRISTAL

Definição: Ponto mais inferior da espinha ilíaca


ântero-superior.
Procedimento/Localização: Marcado na borda

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mais inferior da espinha ilíaca.
Observação: O avaliado fica em posição relaxada
com o braço direito cruzado sobre o tronco.
ILIOESPINAL

Definição: Ponto médio da margem superior-pos-


terior da patela.
Procedimento/Localização: Apalpar a patela
desde as porções laterais e mediais até chegar a
margem superior e realizar a marcação quando
o sujeito flexiona o joelho até 90º.
Observação: O avaliado deve sentar-se na borda
do banco com o joelho direito estendido e o cal-
PATELAR canhar apoiado no chão.
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Definição: ponto de intersecção entre a dobra


inguinal e a região superior da coxa.
Procedimento/Localização: Dobra que se
forma entre o ângulo do tronco e a parte proxi-
mal da região anterior da coxa.
Observação: Avaliado na posição sentado.
INGUINAL

Em seguida serão expostos os pontos anatômicos das dobras cutâneas,


definição, localização, mensuração e posição do avaliado.

Dobras cutâneas

Definição: A medida dessa dobra


é obtida obliquamente de cima
para baixo no local marcado da
dobra subescapular.
Localização: É marcada a 2cm abaixo
do ponto subescapular, ao longo de
uma linha que se estende lateral e oblí-
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qua em ângulo de 45º.


Procedimento: Pontilhar uma linha a
partir do ponto subescapular, para o
lado direito e outra para baixo, for-
mando um ângulo de 90º. Trace uma
SUBESCAPULAR linha entre elas, dividindo em 45º
a 2cm do ponto subescapular.
Mensuração: A prega cutânea é deter-
minada pelas linhas das dobras natu-
rais da pele, uma dobra oblíqua.
Posição do Avaliado: Fica em posição
relaxada em pé com braço direito pen-
dente ao longo do tronco.
48

Definição: A medida da dobra é obtida para-


lelamente ao eixo longitudinal do braço no
local marcado da dobra do tríceps.
Localização: Ponto na face posterior do
braço, na linha média ao nível do ponto
acromial radial marcado.
Procedimento: É realizada a palpação do
local, onde a linha média da face posterior
do braço encontra a linha acromial radial
média projetada perpendicularmente ao
eixo longitudinal do braço para a marcação,
cruzando a linha projetada com uma linha
vertical no meio da face posterior do braço.
Mensuração: A prega cutânea é determi-
nada pelas linhas das dobras naturais da pele,
TRÍCEPS uma dobra vertical.
Posição do Avaliado: Fica em posição rela-
xada em pé com braço direito pendente ao
longo do tronco.

Definição: A medida dessa dobra é realizada


paralelamente ao eixo longitudinal do braço
no local marcado da dobra do bíceps.
Localização: Ponto na face anterior do
braço ao nível do ponto de referência acro-

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mial radial médio, no meio do ventre mus-
cular do bíceps braquial
Procedimento: É realizada a palpação, na
posição frontal do braço, projetando o local
acromial radial médio perpendicularmente

p ao eixo longitudinal do braço em torno da


face anterior do braço e cruzando a linha
projetada e uma linha vertical no meio do
ventre do músculo bíceps braquial
BÍCEPS Mensuração: A prega cutânea é determi-
nada pelas linhas das dobras naturais da pele,
uma dobra vertical.
Posição do Avaliado: Fica em posição rela-
xada em pé com braço direito pendente ao
longo do tronco.
49

Definição: A dobra é obtida quase horizon-


talmente no local da dobra da crista ilíaca.
Localização: O local do centro da dobra
cutânea que se forma imediatamente acima
do ponto iliocristal.
Procedimento: Posicione a ponta do polegar
esquerdo no local da marcação do ponto ilio-
cristal e destaque a dobra acima da marca,
entre o polegar e o indicador esquerdos, no
centro da dobra formada desenhe uma cruz.
Mensuração: A linha da dobra geralmente
estende-se ligeiramente de cima para baixo,
em orientação posterior-anterior, seguindo a
orientação das linhas das dobras naturais da
CRISTA ILÍACA pele, uma dobra oblíqua.
Posição do Avaliado: Fica em posição rela-
xada em pé com braço direito deve estar
em abdução.
Definição: A dobra é obtida oblíqua e
medialmente, de cima para baixo, no local
da dobra supra espinhal.
Localização: Ponto resultante da inter-
secção entre a linha marcada ilioespinal
e a margem axilar anterior, e a linha hori-
zontal ao nível do local de marcação do
ponto iliocristal.
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Procedimento: Fixe a trena na margem


axilar anterior até marcação ilioespinal,
trace uma linha curta aproximadamente ao
nível do iliocristal. Logo, marque horizon-
talmente em torno de marcação iliocristal
até cruzar com a primeira linha. No ponto

pa de intersecção entre essas linhas, desenhe


uma cruz obliquamente.

ar SUPRA ESPINHAL
Mensuração: A dobra estende-se medial-
mente, de cima para baixo à um ângulo
aproximado de 45º definido pela dobra
natural da pele, uma dobra oblíqua.
Posição do Avaliado: Fica em posição rela-
xada em pé com os braços soltos ao longo
do corpo.
50

Definição: A dobra é obtida verticalmente no


local marcado da dobra abdominal.
Localização: Esse ponto é marcado hori-
zontalmente 5cm a direita do ponto médio
do umbigo.
Procedimento: O local é identificado por
meio de uma medida horizontal de 5 cm a
direita do avaliado a partir do ponto médio
do umbigo.
Mensuração: O antropometrista inicialmente
certifica-se de que a dobra é firme e ampla para
não subestimar a espessura da camada subcutâ-
nea de tecido, é uma dobra vertical.
Posição do Avaliado: Fica em posição relaxada
ABDOMINAL em pé com os braços soltos ao longo do corpo.
Observação: Não colocar os dedos ou o pli-
cômetro dentro do umbigo.
Definição: A dobra é obtida paralelamente
ao eixo longitudinal do local da dobra da
coxa anterior.
Localização: Ponto médio de uma linha entre
os pontos patelar e inguinal.
Procedimento: Posiciona-se uma extremi-
dade da trena sobre o ponto inguinal e pro-
jeta-se a outra sobre o ponto patelar, então, no
ponto médio entre eles desenhe uma marca

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horizontal, depois trace uma linha perpendi-
cular que cruze esta linha.
Mensuração: O avaliado apoia os isquioti-
biais elevando a região femoral posterior para
então o antropometrista realizar a medição, é
uma dobra vertical.
Posição do Avaliado: O sujeito fica sentado na
borda do banco com o tronco ereto, as mãos
apoiam os isquiotibiais, fazendo leve pressão
COXA para cima, joelho estendido e calcanhar no chão.
Observação: Devido às dificuldades em
medir essa dobra cutânea, além do auxílio do
avaliado, pode-se contar com o auxílio de um
segundo avaliador que ficará em pé de frente
para o lado direito do avaliado e elevará o
local marcado para a medição.
51

Definição: A dobra é obtida verticalmente no


local da dobra da panturrilha.
Localização: O antropometrista posiciona-se
ao lado do avaliado, passa a trena em torno da
panturrilha e desliza para cima e para baixo a
fim de encontrar o maior volume da região.
Procedimento: Passa-se a trena em torno da
panturrilha e desliza para cima e para baixo
a fim de encontrar o maior volume da região,
traça-se uma linha horizontal e em seguida
uma linha vertical, em formato de cruz.
Mensuração: Com o pé direito do sujeito
posicionado sobre um banco mantendo a
PANTURRILHA panturrilha relaxada, a dobra é mensurada
paralelamente ao eixo longitudinal da perna,
uma dobra vertical.
Posição do Avaliado: O sujeito fica relaxado
em pé, mas com o pé direito posicionado
sobre o banco, estando o joelho direito fle-
xionado em um ângulo de 90º.
OBSERVAÇÃO GERAL: Para a mensuração da prega cutânea, deve-
-se pegar a dobra, pinçar o plicômetro, soltar o gatilho, fazer a leitura em
no máximo 4 segundos, abrir as hastes do plicômetro, retirá-lo e soltar a
dobra cutânea.
A seguir, serão expostas as circunferências corporais, definição, proce-
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dimentos para realização da medida e manuseio do equipamento e posição


do avaliado.

Perímetros

Definição/Localização: O perímetro é mensu-


rado ao nível do local do acromial radial médio,
perpendicular ao eixo longitudinal do braço.
Mensuração: A trena deve ser alinhada de forma
que o ponto acromial radial médio fique situado
centralmente entre as duas partes da trena, para
então realizar a leitura.
Posição do Avaliado: Braço direito deve estar em
leve abdução para permitir a colocação da trena
BRAÇO RELAXADO em torno do braço.
52

Definição/Localização: Perpendicular ao eixo longi-


tudinal do braço no nível do maior volume do bíceps
braquial contraído, estando o braço elevado anterior-
mente e na horizontal
Mensuração: A ponta da trena é passada por cima
do braço até abaixo, com a mão esquerda segura a
parte distal da trena e move-a para a posição da trena
cruzada. Solicita-se ao avaliado que contraia parcial-
mente o bíceps para identificar o volume máximo do
músculo, após o mesmo mantém contração máxima
para que a circunferência seja mensurada.
BRAÇO FLE- Posição do Avaliado: O braço direito elevado ante-
XIONADO E riormente para a horizontal, mantendo o antebraço
TENSIONADO em supinação e o cotovelo flexionado em 90º em
relação ao braço.
Definição/Localização: Mensurado no ponto mais
estreito entre a margem costal inferior (10ª costela)
e a parte superior da crista ilíaca, na região do abdô-
men perpendicular ao eixo longitudinal do tronco.
Mensuração: O antropometrista posiciona-se em
frente ou ao lado do sujeito, que abduz levemente
os braços, para a colocação da trena ao redor do
abdômen. Se segura com a mão direita a ponta da
trena e com a esquerda o invólucro, ajusta-se a posi-
ção da trena na região das costas do avaliado e após
usando a técnica de trena cruzada a posiciona no

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nível desejado. A medição é realizada ao final de
CINTURA uma expiração normal.
Posição do Avaliado: Fica relaxado, em pé, com os
braços cruzados sobre o tórax.

Definição/Localização: Mensurado no nível de


maior protuberância posterior dos glúteos, perpen-
dicular ao eixo longitudinal do tronco.
Mensuração: Posicionado ao lado do avaliado o antro-
pometrista deve passar a trena em torno dos quadris,
seguramente com a mão direita a ponta da trena e o
invólucro. A trena deve estar no plano horizontal para
que seja realizada a leitura da medida.
Posição do Avaliado: Fica relaxado, em pé, com os
GLÚTEOS/QUADRIL braços cruzados sobre o tórax.
53

Definição/Localização: Mensurada no
nível do local da dobra da panturrilha, per-
pendicular ao eixo longitudinal da coxa.
Mensuração: O antropometrista posiciona-
se ao lado do avaliado, passa a trena em
torno da panturrilha e desliza para cima
e para baixo a fim de encontrar o maior
volume da região.
Posição do Avaliado: Fica relaxado, em pé,
com os braços soltos ao longo do corpo. Os
PANTURRILHA pés devem estar separados e com o peso do
corpo igualmente distribuído.

OBSERVAÇÃO GERAL: Realizar as circunferências sempre sobre a


pele nua, ou seja, diretamente sobre a pele, salvo em alguns casos já citados e
cuidar para que a trena não pressione a pele, pois a mesma deve ficar apenas
tocando a pele firmemente.
Em seguida, será explicado a respeito dos diâmetros ósseos do Perfil
Restrito, a definição, procedimentos para realização da medida e manuseio
do equipamento, bem como a posição do avaliado.

Diâmetros
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Definição/Localização: Distância linear


entre a borda mais lateral do epicôndilo
lateral do úmero e borda mais medial do
epicôndilo medial do úmero.
Mensuração: Segurando corretamente o
paquímetro, usando-se os dedos médios
para apalpar os epicôndilos e então posi-
ciona-se as hastes do paquímetro sobre eles,
mantendo forte pressão com os dedos indi-
cadores e realiza-se a leitura.
BIEPICONDILAR
Posição do Avaliado: Fica relaxado, em pé
DO ÚMERO
ou sentado, com o braço direito levantado
anteriormente na horizontal e cotovelo fle-
xionado em um ângulo reto.
54

Definição/Localização: Distância linear entre


a borda mais lateral do epicôndilo lateral do
fêmur e a borda mais medial do epicôndilo
medial do fêmur.
Mensuração: Mede-se a distância entre os
epicôndilos com o sujeito sentado, e o paquí-
metro inclinado para baixo. Utiliza-se os
dedos médios para apalpar os epicôndilos do
BIEPICONDILAR fêmur e posiciona-se as hastes do paquímetro
DO FÊMUR com forte pressão para realizar a leitura.
Posição do Avaliado: Fica relaxado, sentado,
com o joelho direito flexionado formando um
ângulo reto com a coxa.

Considerações finais

Diante do contexto da importância da composição corporal, enquanto


indicador de saúde e desempenho humano, a técnica de antropometria se
desenvolveu e evoluiu por meio de estudos científicos, padronizações e criação
de instrumentos especializados para cada medida (ACKLAND et al., 2012;
STEWART, 2010). Atualmente, a antropometria propicia o uso de um método
simples, de baixo custo, portátil e não invasivo para estimar a composição
corporal (ACKLAND et al., 2012).
Os parâmetros antropométricos e de composição corporal desempenham
importantes papéis, por exemplo, o percentual de gordura, a circunferência do
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braço, a circunferência da cintura e a relação cintura/quadril são bons predito-
res de alterações de triglicerídeos no sexo masculino (BARBOSA; CHAVES;
RIBEIRO, 2012). Além disso, o índice de massa corporal, a circunferência da
cintura e a razão cintura estatura são indicadores antropométricos com alto
poder para identificar gordura corporal elevada em crianças e adolescentes
de ambos os sexos (ALVES JÚNIOR et al., 2017). A relação cintura/quadril
apresenta moderado poder discriminatório para gordura corporal em homens
e baixo poder discriminatório em mulheres (ALVES JÚNIOR et al., 2017).
As medidas antropométricas têm ampla utilidade para monitorar a com-
posição corporal de atletas, para identificar diferenças físicas entre eles, para
selecionar e detectar talentos em categorias de base, e também possibilita
desenvolver programas de treinamento específicos para as características
físicas necessárias em cada esporte (ACKLAND et al., 2012). Devido a faci-
lidade de aplicação podem ser utilizadas em grandes populações, e assim é
55

utiliza-se para o monitoramento do estado nutricional, crescimento e saúde


de crianças e adolescentes (PELEGRINI et al., 2015).
Todavia, é importante ressaltar que a mensuração de dobras cutâneas
não é indicada para indivíduos obesos devido à dificuldade de realização da
medida (espessura das dobras cutâneas) (SILVA et al., 2013). Outra fragilidade
do uso da antropometria é a necessidade de utilizar equações para predizer a
quantidade de massa livre de gordura, pois tende a diferir entre etnias e modi-
ficar com a idade (SILVA et al., 2013). Além de que equações desenvolvidas
para grupos populacionais tendem a ser pouco precisas, enquanto equações
específicas devem ser utilizadas apenas com populações muito semelhantes
a qual foram validadas (SILVA et al., 2013).
Ressalta-se que é fundamental para esse método que o avaliador seja
treinado e siga um protocolo padrão de modo que os locais de medição sejam
bem definidos, para minimizar erros (ACKLAND et al., 2012). O erro em
medidas antropométricas é inevitável, mas o uso de uma padronização e o
efetivo treinamento do avaliador podem minimizá-los e reportar valores mais
próximos do real (SILVA et al., 2011). Nesse intuito, os cursos de instrução
ISAK ao padronizar as técnicas de medida possibilitam a redução de sete
vezes o erro intra-avaliador (ACKLAND et al., 2012).
Por fim, essa padronização da ISAK vem sendo amplamente utilizada
no meio científico o que possibilita comparabilidade científica entre estu-
dos, e consequentemente aumenta a credibilidade dessa ciência (LOPES;
RIBEIRO, 2014). Além do mais é de fácil acesso para profissionais de
todas as áreas do conhecimento e de suma importância para o desenvol-
vimento humano.
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56

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