Ocupação Territorial Portuguesa
Ocupação Territorial Portuguesa
Ocupação Territorial Portuguesa
Verbete
América Portuguesa do século XVI ao XVIII:
Civilização do açúcar e expansão territorial
Expansão Marítima Portuguesa
A Europa era um continente nascido das ruínas do Império Romano com a
presença de povos bárbaros que começa a se modificar pela expansão agrícola e
do comércio. A expansão agrícola foi possível com a abertura de novas regiões
cultivadas (derrubada de florestas, secagem de pântanos) e o incentivo a
expansão comercial gerando com isso excedentes de produtos passíveis de
comércio, mais a especialização e o luxo crescente dos aristocratas.
Mas por que Portugal? Havia lá uma burguesia empreendedora acostumada com
o comércio de longa distância, a posição geográfica era um ponto forte contando
com correntes marítimas favoráveis, próximo as ilhas do Atlântico e da costa
Africana, já possuía uma política centralizada (os “Mestres de Avis”) podendo se
tornar grandes financiadores das viagens que eram muito caras, o gosto por
aventuras dos portugueses, a atração por ouro e pelas especiarias, explicado
pelos limites das técnicas de conservação existentes na época e também pelos
hábitos alimentares (o alto preço de mercado do sal), além do desenvolvimento
das técnicas de navegação, como o aprimoramento das cartas de navegação e da
arquitetura naval.
Um novo ciclo se formou com a criação das capitanias, o pau-brasil já era escasso
e a necessidade de um novo mercado surgiu. Começaram os cultivos de cana e,
da metade do século XVI até quase o final do século XVII, a maior parte de nossas
terras foram ocupadas com a monocultura do açúcar, com exceção de algumas
regiões que criavam gado (Nordeste) ou tabaco. A extensão territorial não era
problema, principalmente após o ano de 1580, no período de União Ibérica, onde
mesmo Portugal e Espanha mantendo personalidade jurídica distinta, a divisão
de seus territórios não era tão vigorosa. Como tinham terra disponível em
abundância, o que impedia os portugueses de avançarem ainda mais no
território? Segundo Rubens Ricupero (A Diplomacia na Construção do Brasil,
2017, p 43):
A ocupação do centro-oeste
A oeste do território brasileiro uma aventura, desbravada pelos Bandeirantes
paulistas, trouxe a corte portuguesa uma solução econômica. A descoberta das
minas nas regiões de Minas Gerais (bandeira de Antônio Rodriues Arzão, em
1695), e posteriormente em Goiás e Mato Grosso, iniciou o ciclo do ouro no
Brasil, tornando uma terra essencialmente agrícola em uma região de
exploração. O interesse lusitano pelo que Sergio Buarque de Holanda chamou
de: “colher o fruto, sem plantar a árvore”, atraiu centenas de milhares de
imigrantes a nossas terras, saltando de uma população estimada em 300 mil, para
cerca de 3 milhões. Nossos centros urbanos se expandiram, a capital, na época do
açúcar Salvador, foi mudada para o Rio de Janeiro, e a soberania Portuguesa
frente aos Espanhóis nunca foi tão grande
A ocupação do sul
Com o fim da União Ibérica, o aumento de concorrentes na produção de açúcar e
a balança comercial portuguesa cada vez mais desfavorável, em grande parte
devido a importação de tecidos e produtos manufaturados da Inglaterra,
Portugal se viu na necessidade de recorrer aos seus antigos hábitos
mercantilistas. Em uma desesperada ação em busca de ouro e prata resolveram
criar a Colônia de Sacramento, em 1680, à margem leste do Rio da Prata. O
território a oeste já era dominado por espanhóis desde 1580 quando da
fundação de Nuestra Señora del Buen Aire. Diferente do crescimento gradual da
região norte, a escalada no Sul foi drástica e a soberania espanhola na região era
evidente. Enquanto o porto espanhol mais próximo estava a apenas um dia de
navegação, atravessando o Rio da Prata, o centro lusitano de Santa Catarina
estava a sete dias de barco. Ao norte de Sacramento, onde hoje está localizado o
oeste gaúcho, foi fundada por padres jesuítas espanhóis a região do povo das
Sete Missões. Os dois territórios sofreram com disputas e mudaram de Coroa
diversas vezes, sendo sua posse definida pelos diversos tratados assinados ao
longo do século XVIII.
O Tratado de Madri foi o documento responsável por legalizar boa parte das
posses de territórios brasileiros que, atualmente, correspondem aos estados do
Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Amazônia, regiões situadas a ocidente da linha
de Tordesilhas; remarcou o meridiano de referência para a linha imaginária que
divida os dois territórios( Espanhol e Português), de 100 para 370 léguas a oeste
de Cabo Verde. Esse tratado dividiu um continente, uma situação sem
precedentes no Direito Internacional, fixando os limites do Brasil e as fronteiras
dos dez Estados vizinhos.
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A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750 – 2016 Rubens Ricupero
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