Roteiro Otelo Reformulado
Roteiro Otelo Reformulado
Roteiro Otelo Reformulado
OTELO
ATO I
CENA I
Narradora: Estamos na Veneza renascentista. Esta é a bela e dócil Desdêmona, filha do
senador Brabâncio. A jovem se apaixonou por Otelo, um mouro cristianizado que presta
serviços militares ao Estado veneziano. Apesar de prestigiado, o mouro sofre muito
preconceito por conta de sua origem. Temendo as represálias da sociedade, os apaixonados
decidem se casar secretamente, só não contavam que estavam sendo observados. (Desdêmona
foge da casa de Brabâncio e encontra Otelo. Os dois se abraçam. Yago e Rodrigo
presenciam a cena. Rodrigo fica transtornado.)
RODRIGO: você me disse que o odeia. Como pode trabalhar para ele?!
IAGO: e o odeio. Três grandes nomes da cidade foram falar com ele sobre a minha promoção
a tenente e ele diz que já escolheu seu oficial. E quem é? Um tal de Miguel Cássio, um
florentino, um sujeito que nunca liderou um esquadrão até o campo de batalha, enquanto eu já
provei minha capacidade militar em Rodes, em Chipre e em outros campos de batalha!
RODRIGO: preferiria ser carrasco dele.
IAGO: esta é a praga do serviço militar: as promoções acontecem por recomendação e
simpatia. Agora me responda: eu posso ser obrigado a gostar do mouro depois dessa injustiça?
RODRIGO: eu não seria seguidor dele.
IAGO: não se preocupe. continuo sendo seguidor dele apenas para lhe dar o troco!
RODRIGO: se conseguir sair ileso dessa, o lábios grossos vai ficar devendo sua sorte ao
destino. (Otelo e Desdêmona saem. Rodrigo tenta ir atrás, mas Iago o contém).
IAGO: chame o pai dela, acorde-o!(Os dois se dirigem à sacada da casa de Brabancio).
RODRIGO: esta aqui é a casa do pai dela. Vou gritar por ele.
IAGO: grite.
RODRIGO (gritando): Brabâncio! Ei, alô! Brabâncio!
IAGO: acorde-o! Ei, Brabâncio! Ladrões! Ladrões! Vigia sua casa, sua filha e seu dinheiro!
(entra Brabâncio)
BRABÂNCIO: qual é o problema aqui?
RODRIGO: me responda: suas portas estão trancadas? Toda sua família está em casa?
BRABÂNCIO: é da sua conta? Por quê você pergunta?
IAGO: sua filha e o mouro estão neste exato momento fazendo a figura da besta com duas
costas.
BRABÂNCIO: perdeu o juízo? E você? (apontando para Rodrigo) já falei para parar de
rondar a minha casa, minha filha não é para o seu bico.
RODRIGO: senhor, acredite em nós: sua filha fugiu com o mouro!
(Brabâncio sai da sacada irritado)
IAGO: agora vou ter que me retirar, minha posição não permite que eu me apresente contra o
mouro.
(Brabâncio aparece com tochas)
BRABÂNCIO: por Deus, ela se foi mesmo. Onde a viu, Rodrigo? vamos atrás daquele
cretino. (Brabâncio e Rodrigo saem.)
CENA II
(Otelo e Iago conversam no salão)
IAGO: então quer dizer que o senhor se casou? o seu sogro é um dos magníficos de Veneza,
ele conseguirá seu divórcio ou infernizará sua vida!
OTELO: ele que faça o que quiser, minhas contribuições ao estado falarão mais alto, amo
Desdêmona. (Otelo olha um pouco para frente e vê Brabancio, Graciano e Ludovico
furiosos) mas o que são aquelas luzes?
IAGO: seu sogro furioso. (Brabâncio entra com Graciano e Ludovico)
BRABÂNCIO: ladrão! Como minha filha, que já recusou proposta de homens melhores
escolheu se casar com um negro como você? Só pode ser feitiço!
OTELO: sim, eu a roubei! mas não joguei feitiço nenhum. Ela me amava pelos perigos por
que eu havia passado, e eu a amava por ter ela se compadecido de mim. Essa a única feitiçaria
que usei.
LUDOVICO: só tem um jeito de descobrir: tragam Desdêmona.
OTELO: Iago, vá buscá-la! (Enquanto Iago vai buscar Desdêmona, Ludovico e Graciano
seguram Otelo para que Brabancio o esmurre. Desdêmona chega com Iago e Emília e o
impede).
DESDÊMONA: papai, por favor pare. Otelo agora é meu marido.
BRABÂNCIO: Deus lhe proteja.
(Cássio chega e entrega uma mensagem a Otelo).
OTELO: meu tenente! O que faz aqui?
CÁSSIO: uma legião de turcos está se dirigindo a Chipre. Precisamos que o senhor nos
defenda
OTELO: (dirigindo-se a Brabancio) para ganhar sua simpatia, meu sogro, vou encarregar-me
de expulsar esses turcos de Chipre.
BRABANCIO: abre bem o seu olho, ela me enganou, pode muito bem fazer o mesmo com
você!(Saem Brabancio, Ludovico e Graciano).
OTELO: Desdêmona é fiel, aposto minha vida nisso! (Vira-se para Desdemona) Meu amor,
preciso combater os turcos. Vou deixar meu alferes, homem de confiança, cuidando de você.
CÁSSIO: boa ideia, muito obrigado. Por favor, dê um jeito para que eu consiga conversar
sozinho com Desdêmona, conceda-me um tempo com ela.
IAGO: obviamente que sim, meu caro Cássio. Farei com que a procurem enquanto eu distraio
Otelo para que vocês possam conversar livremente.
CÁSSIO: grato.
(Cássio sai)
IAGO(Para o público): agora minha esposa deve interceder por Cássio junto com sua patroa.
Assim, chamo o mouro na hora que Cássio estiver solicitando a ajuda de sua mulher. Que
deus me ajude.
(Iago sai.)
CENA II
( Desdêmona surge em sua casa com Emília quando ambas são surpreendidas pela chegada
de Cássio)
DESDÊMONA: pode ficar tranquilo, Cássio. o que eu puder fazer por você, eu irei fazer.
EMÍLIA: meu marido se afligiu tanto como se tivesse sido com ele…
DESDÊMONA: homem admirável, Emília! Cássio, você e Otelo hão de ser amigos como
antes. eu farei isso acontecer.
(Cássio se ajoelha aos pés de Desdêmona. entram Iago e Otelo e ficam a distância,
observando a cena)
DESDÊMONA: não. Espere para ouvir o que eu hei de dizer em sua defesa.
CÁSSIO: depois, Desdêmona. estou cansado e sou incapaz nesse momento de servir meu
próprio intuito (fala isso já se retirando).
OTELO: acaso era Cássio que estava conversando com minha esposa?
IAGO: Cássio, senhor? Ele teria essa ousadia de sair quando vos viu chegar? Não posso
acreditar.
DESDÊMONA: meu amado, marido. Eu estava conversando com Cássio, que tanto sofre
pelo seu desfavor. Eu te peço. Reconcilie com ele. Ele errou por um descuido, não de
propósito. Converse com ele.
DESDÊMONA: quando então? Marca a data. Otelo, ele está arrependido. Irá me negar um
pedido?
OTELO: pare, pare. não vou te recusar um pedido. Quando ele quiser vir, pode vir. Mas irei
conversar a sós com ele.
OTELO: (Olhando, encantado para a esposa) amo-te, Desdêmona! Que minha alma apanhe
a apanhe a perdição, se eu não te amar; e se não te amo, que este mundo volte de novo para o
caos.
OTELO: sim, Iago. serviu até de intermediário entre nós dois. Por quê? Vês algum problema
nisso? Ele não é honesto?
OTELO: Desdêmona é virtuosa, apesar disso. bom, mas retire-se agora, Iago. se souber de
algo, me diga.
DESDÊMONA: Otelo, a ceia está pronta. Sua voz está fraca? Está triste?
OTELO: não, seu lenço é muito pequeno. (Otelo empurra o lenço, deixando-o cair)
EMÍLIA: o que você vai me dar em troca? Já me pediu para roubar esse lenço várias vezes. 0
que vai fazer com ele?
(Emília sai)
IAGO: agora vou perder esse lenço no alojamento de Cássio e depois irei encontrá-lo. (Sai
com o lenço)
CÁSSIO: oh, doce Bianca, pegue,(lhe entrega o lenço de Desdêmona) faça uma réplica desse
lenço.
CÁSSIO: deixe de ciúmes, não sei de quem é, achei em meu alojamento. Achei o bordado
bonito, então antes de devolver ao dono gostaria de que fizesse um igual. Agora, me deixe só.
BIANCA: tudo bem, devo curvar-me às circunstâncias. Se ainda quiser jantar em minha casa,
pode ir.
OTELO: eu teria sido feliz se todo o quartel tivesse experimentado dela, desde que eu não
soubesse.
OTELO: me dê uma prova ocular de que ela é uma rameira (Otelo agarra Iago pelo
pescoço) se estiver me enganando...
IAGO: o senhor não viu que ela sempre anda com um lenço de moranguinhos?
OTELO: ah meu Deus! (sai apressado da cena com as mãos na cabeça) um homem com
chifres, é um monstro, um animal! (diz Otelo com as mãos na cabeça). Ele confessou?
IAGO: preste atenção: Cássio esteve aqui e o chamei para retornar, se esconda e apenas ouça
a zombaria, o tom de escárnio, farei ele contar tudo.
IAGO: agora questionarei Cássio sobre Bianca e farei Otelo pensar que seu tenente está
falando de Desdêmona.
IAGO: assedie Desdêmona sem descanso, e o senhor pode ter sua questão resolvida. Agora
se a questão fosse defendida por Bianca a questão teria sido resolvida rapidamente!
CÁSSIO: ai de mim! aquela pobre infeliz! (Cássio fala rindo e Otelo fica escutando.
ATENÇÃO! CÁSSIO TIRA O LENÇO DO BOLSO E OTELO VÊ)
CÁSSIO: pobre coitada, penso que ela me ama mesmo (fala rindo novamente)
CÁSSIO: ela esteve aqui ainda agora, me persegue como se fosse minha sombra, se pendura
em mim, estremece o corpo e me afasta dela! bem, preciso deixar de vê-la. (fala rindo
novamente) Agora preciso ir, meu amigo, tenho que falar com Desdêmona sobre minha
situação (Cássio sai, Otelo sai de seu esconderijo e tenta correr atrás dele, mas Iago o
segura)
OTELO: aquele era o meu? Eu poderia passar nove anos assassinando Cássio!
OTELO: que seja enforcada! Eu digo o que ela é: uma meretriz! Vou cortá-la em pedacinhos
por fazer de mim um corno! Me arranje algum veneno.
IAGO: veneno, não! Estrangule-a em sua cama. Do desaparecimento de Cássio, cuido eu. O
senhor terá notícias meia-noite. (Saem Otelo e Iago)
CENA III
NARRADORA: Enquanto isso, Desdêmona procura, sem sucesso, o lenço com que o marido
lhe presenteara, sem sequer suspeitar da terrível trama de que estava sendo vítima (Em casa,
estão Emília e Desdêmona, que procuram o lenço)
DESDÊMONA: como está agora, meu bem? (tenta abraçar o marido que se esquiva)
DESDÊMONA: já pedi para avisarem Cássio que quer falar com ele.
OTELO (suspirando): que pena, minha mãe ao morrer me deu e disse que eu deveria dar a
minha esposa. por isso te peço, cuida bem dele.
DESDÊMONA: um homem que valoriza sua amizade mais do que tudo, e...
OTELO: já chega!
(Otelo sai)
EMÍLIA: e a senhora diz que ele não é ciumento? Olhe, senhora, Cássio está vindo conversar
com a senhora
(entra Cássio)
CÁSSIO: venho falar com a senhora porque não gostaria que a minha questão fosse adiada.
DESDÊMONA: também não gostaria que fosse adiada, mas meu marido anda muito estranho
ultimamente.
DESDÊMONA: ele saiu ainda agora muito inquieto. Ele deve estar zangado por causa do
trabalho. Mas falarei com ele em defesa de sua causa.
CÁSSIO: muito obrigada, minha senhora.(Cássio se retira na mesma hora em que Otelo está
chegando com Iago)
LUDOVICO: general, trago notícias do Doge. Ele manda avisar que o senhor deve retornar
para Veneza, que Cássio irá lhe substituir como governador de Chipre.
DESDÊMONA: ora, meu doce Otelo. (Otelo dá uma bofetada em Desdêmona, deixando
Ludovico horrorizado. Chorando muito, Desdêmona vai para seu quarto)
LUDOVICO: é esse quem chamam de nobre mouro? Bater na esposa? Estou pensando que
me enganei sobre ele. (Ludovico sai).
(Entra Emília)
OTELO: Emília, me responda: já vi algo suspeito entre Cássio e Desdêmona?
(Emília sai)
DESDÊNOMA: sou uma mulher cristã! Uma alma que encontrará salvação!
OTELO: nossas relações estão terminadas! Peço a senhora que guarde em segredo o que fez
comigo. Agora se recolha agora, está na hora de dormir, só irei caminhar um pouco. Dispense
sua empregada quando estiver pronta.
CENA IV
NARRADORA: Enquanto isso, Iago manipulava Rodrigo para concretizar seu plano de
vingança contra Cássio (na rua, conversam Cássio e Rodrigo)
RODRIGO: quando terei Desdêmona? Gastei todo meu dinheiro comprando joias para ela e
você me disse que ela recebeu e nada de encontro até agora.
IAGO: ponha em prática o plano. Eles vão se mudar logo, mas eles permanecerão se
acontecer algo com Cássio que o impeça de assumir o cargo de governador.
IAGO: sim, ele ainda não sabe de sua promoção. Irei encontrar-me com ele e depois ajudo
você.
RODRIGO: ainda quero escutar mais motivos sobre o por que de estarmos fazendo isso.
(Sae Iago)
(Rodrigo sai)
FIM DO ATO II
ATO III
CENA I
NARRADOR: DO LADO DE FORA DA CASA DE BIANCA, IAGO SE PREPARA PARA
A EXECUÇÃO DE SEU PLANO JUNTO COM RODRIGO
IAGO: se esconda, logo ele aparecerá. Empunhe o seu bom espadim e o acerte em cheio. Não
tenha medo, estarei ao alcance do seu braço. (Cássio e Rodrigo se escondem).
RODRIGO: conheço esses passos, agora você morre. (dá uma estocada em Cássio)
CÁSSIO: meu casaco é melhor do que pensava, testemos o seu agora. (Cássio dá uma
estocada em Rodrigo, que morre, Iago chega por trás e dá um golpe nas pernas de Cássio e
foge. Otelo entra rapidamente)
OTELO: oh, meu leal Iago! cumpriste sua tarefa em matar este traidor, agora me
encarregarei da outra víbora. (Otelo sai, Cássio grita por socorro)
CÁSSIO: Socorro, alguém me ajude. Minha perna está muito machucada (entram Ludovico e
Graciano que o ajudam)
CENA II
OTELO: me parte o coração, mas ela deve morrer, para que não traia mais homens. contudo,
não derramarei sangue, nem deixarei marcas em sua pele. (aproxima-se de Desdêmona e
beija-a)
OTELO: o lenço que lhe dei, entregaste para Cássio, e por isso morre.
DESDÊMONA: por Deus, eu nunca amei Cássio! Nem dei nada a ele!
DESDÊMONA: ele deve ter encontrado, eu o tinha perdido. Deixe que ele fale a verdade.
EMÍLIA: Cássio não morreu, está vivo. Onde está minha ama? (Emília chega perto de
Desdêmona) ah ,meu Deus! Ela está morrendo! Quem teve a coragem de fazer algo tão sujo?
OTELO: demônio é ela, se não tivesse me traído com Cássio, ainda estaria viva. Iago foi o
único honesto, me falando sobre a deslealdade de Desdêmona.
EMÍLIA: ele mentiu do fundo de seu coração nojento. Desdêmona amou apenas você. És
indigno de tua esposa e indigno de merecer o céu.
EMÍLIA: Ajudem, socorro! Esse monstro preto acabou de matar sua sobrinha! e tudo por
culpa de meu marido! (Entram Iago, Graciano e Ludovico, que trazem Cássio, que está
manco)
OTELO: é uma pena, no entanto, Iago sabe o que Desdêmona fez com Cássio, deu até meu
primeiro presente para ele como recompensa.
EMÍLIA: ah! o lenço! então por isso você ficava me pedindo o lenço! para espalhar essa
mentira!
EMÍLIA: ela não presenteou Cássio com o lenço, eu o encontrei mas Iago tomou de mim.
OTELO: seu mentiroso! Se tu fosses o diabo, não teria como matá-lo. (fere Iago, mas não
gravemente). Prefiro que vivas, para você a morte é motivo de felicidade.
OTELO: sou um assassino honrado, nada fiz por ódio, fiz por minha honra.
LUDOVICO: vocês planejaram juntos a morte de Cássio?
OTELO: sim.
LUDOVICO: encontramos duas cartas nos bolsos de rodrigo, uma delas disse que ele ficou
responsável pela morte de Cássio, a outra diz que Iago o instigou a provocar Cássio naquela
noite que ele foi destituído de seu posto.
OTELO: maldito seja! Então Cássio, como estava com o lenço de Desdêmona?
CÁSSIO: encontrei-o em meu alojamento, e o próprio Iago confessou que colocá-lo lá fazia
parte de seu plano.
LUDOVICO: você deve nos acompanhar agora, você foi destituído de seu cargo e agora
Cássio governa Chipre.
OTELO: esperem: Tenho uma outra arma neste quarto, só me resta usá-la. Não esqueçam de
falar sobre o homem que amou demais, com sabedoria de menos. Beijei-a antes de matá-la,
agora, morro depois de beijá-la. (Otelo se apunhala)
LUDOVICO (para Iago): olha o que você fez, seu maldito! Olhe bem para essa cama! Isso é
tudo culpa sua!
NARRADOR: depois da tragédia, Graciano ficou com a casa do mouro e seus bens. A
punição de Iago ficou como responsabilidade do novo governador de Chipre, Cássio, tenente
do mouro de Veneza, que, como já dito, amou demais com sabedoria de menos.