Diario 3524 27 7 2022
Diario 3524 27 7 2022
Diario 3524 27 7 2022
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região Considerando as designações da juíza Maria Rafaela de Castro
Desembargadora FERNANDA MARIA UCHÔA DE Considerando novo pedido da Vara do Trabalho de Quixadá de
ALBUQUERQUE designação de juiz para funcionar em 17 processos (inclusive o
Vice-Presidente supracitado), em virtude das suspeições dos juízes Marcelo Lima
Ata da Correição Ordinária Presencial realizada no Centro 5912/20, 230/22 e 2363/22 / Atuação no processo constante do
1º Grau – CEJUSC de 1º Grau (Licença para tratamento de saúde da juíza Ana Paula Barroso
Período: 23 e 24 de junho de 2022 Sobreira Pinheiro nos dias 29 e 30.6.2022, e suas prorrogações até
27.6 a 26.7.2022)
14.7 a 2.8.2022)
PORTARIA SCR/TRT7 Nº 65, DE 26 DE JULHO DE 2022
(Demandas gratuitas solicitadas pelas seguintes Varas: 6ª e 13ª
O CORREGEDOR DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA
Varas do Trabalho de Fortaleza no PROAD 3315/22)
7ª REGIÃO EM EXERCÍCIO, no uso de suas atribuições legais,
(Férias da juíza Kelly Cristina Diniz Porto no período de 5 a
tendo em vista a Resolução TRT7 Nº 56/2015 e o artigo 36 do
24.5.2022, suspensas a partir de 23.5.2022, em virtude de licença
Regimento Interno deste Regional,
para tratamento de saúde no período de 23.5 a 21.6.2022, com (Funcionamento nos processos listados nos PROADs 4229/20,
prorrogação até 20.8.2022, Aviso de Licença, PROADs 82/22 e 3631/21, 6271/21, 75/22, 747/21 e 1284/22 / Atuação nos processos
(Férias da juíza Luciana Jereissati Nunes no período de 18.7 a 3076/21, 3331/21, 3821/21 e 4455/21, 4397/21, 5396/21, 6197/21,
6.8.2022, PROAD 1546/22) 231/22, 900/22, 826/22, 1137/22, 1264/22, 1287/22, 2265/22,
26.7.2022 / Designação fora da Escala de Titularidade sem (Demandas gratuitas solicitadas pelas seguintes Varas do Trabalho:
Audiência, Ato Corregedoria nº 1/2022 (7 dias)) 6ª, 10ª e 11ª de Fortaleza no PROAD 3315/22)
(Licença para tratamento de saúde da juíza Manuela Albuquerque (Licença para tratamento de saúde do juiz Antonio Teófilo Filho no
Viana, no período de 18 a 22.7.2022, PROAD 82/22) período de 27.6 a 1º.7.2022, PROAD 82/22)
(Decisão do Corregedor no PROAD 271/20) (Designação pelo Rodízio do Interior do juiz Ronaldo Solano Feitosa
(Suspeições dos juízes Marcelo Lima Guerra e Maria Rafaela de para presidir a 1ª Vara do Trabalho da Região do Cariri, no período
Castro nos processos constantes da certidão de doc. 10 do PROAD de 16.6 a 5.7.2022, em virtude de férias do juiz titular, Portaria SCR
3704/22) Nº 44/2022)
(Pedido da Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante no (Férias do juiz Marcelo Lima Guerra no período de 4.7 a 2.8.2022 /
(CEJUSC) - Coordenar no período de 1º a 31.7.2022. (Licença nojo do juiz Eliude dos Santos Oliveira no período de 4 a
período de 1º a 5.7.2022 e nos dias 9 e 10.7.2022; auxiliar nos dias (Licença para tratamento de saúde da juíza Ana Paula Barroso
2ª Vara do Trabalho de Caucaia – Substituir o juiz titular no dia 12.7.2022, PROAD 82/22)
Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante – Auxiliar no dia Especial de Trabalho das Execuções Coletivas (GETEC), Ato
18ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 15 a (Atuação nos processos 0000382-93.2022.5.07.0036 e 0000387-
Vara do Trabalho de Pacajus – Substituir a juíza titular nos dias 18 e às 9h e 9h20, respectivamente, PROAD 2753/22)
de 18 a 22.7.2022, sem prejuízo das atribuições vigentes, bem (Suspeições das juízas Laura Anísia Moreira de Sousa Pinto e
como das especificadas nesta portaria. Kaline Lewinter nos processos da empresa M DIAS BRANCO S. A.
4ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 20 a INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS, PROADs 8402/19 e
22.7.2022. 70/20)
6ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 23 a (Férias da juíza Kelly Cristina Diniz Porto no período de 5 a
Vara do Trabalho de Quixadá – Funcionar nos processos para tratamento de saúde no período de 23.5 a 21.6.2022, com
constantes da certidão de doc. 10 do PROAD 3962/22, sem prejuízo prorrogação até 20.8.2022, Aviso de Licença, PROADs 82/22 e
período de 28 a 31.7.2022. (Suspeições das juízas Maria Rosa de Araújo Mestres e Manuela de
12ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Substituir o juiz titular no dia 6.8.2022, PROAD 1546/22)
11ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 2 a Designação parcial / fora da Escala de Titularidade sem Audiência,
9ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Substituir o juiz titular no dia (Suspeições dos juízes Marcelo Lima Guerra e Maria Rafaela de
4 a 30.7.2022, sem prejuízo das atribuições vigentes, bem como (Férias no período de 20.6 a 19.7.2022)
processos 0000382-93.2022.5.07.0036 e 0000387- Vara do Trabalho de Pacajus – Substituir a juíza titular nos dias 26 e
às 9h e 9h20, respectivamente, sem prejuízo das atribuições 12ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no dia 27.7.2022 e no
3ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no dia 6.7.2022 e no Vara do Trabalho de Quixadá – Substituir o juiz titular no período de
período de 27 a 31.7.2022. 31.7 a 2.8.2022, bem como funcionar nos processos constantes da
3ª Vara do Trabalho da Região do Cariri – Substituir o juiz titular nos certidão de doc. 10 do PROAD 3962/22, sem prejuízo das
dias 7, 9 e 10.7.2022. atribuições vigentes, bem como das especificadas nesta portaria.
10ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar nos dias 8 e 26.7.2022. FILIPE BERNARDO DA SILVA
Vara do Trabalho de Eusébio – Funcionar, no período de 16 a 3885/21, 747/21, 771/22 e 1625/22 / Atuação nos processos
31.7.2022, impulsionando os processos em que a empresa M DIAS constantes dos PROADs 5838/21, 917/22, 2052/22 e 2633/22)
BRANCO S. A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS figura (Férias do juiz Lúcio Flávio Apoliano Ribeiro no período de 16.6 a
como parte, inclusive, para presidir as audiências dos processos da 3.7.2022, PROADs 5440/22 e 3433/22/ Designação pela Escala de
referida empresa no dia 18.6.2022. Titularidade sem Audiência, Ato Corregedoria nº 1/2022)
Vara do Trabalho de Pacajus – Substituir a juíza titular no período (Férias da juíza Kelly Cristina Diniz Porto no período de 5 a
4ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Funcionar nos processos para tratamento de saúde no período de 23.5 a 21.6.2022, com
relacionados no PROAD 4060/22, sem prejuízo das atribuições prorrogação até 20.8.2022, Aviso de Licença, PROADs 82/22 e
LIANA MARIA FREITAS DE SÁ CAVALCANTE (Férias da juíza Luciana Jereissati Nunes no período de 18.7 a
(Funcionamento nos processos constantes dos PROADs 2632/21, (Licença para tratamento de saúde da juíza Ana Paula Barroso
3535/21 e 2376/22) Sobreira Pinheiro nos dias 29 e 30.6.2022, e suas prorrogações até
Especial de Trabalho das Execuções Coletivas (GETEC), Ato (Férias do juiz Francisco Gerardo de Souza Júnior no período de
(Demanda gratuita solicitada pela 12ª Vara do Trabalho de (Participação da juíza Karla Yacy Carlos da Silva no Seminário
Fortaleza no PROAD 3315/22) “Combate ao Trabalho Infantil – Caminhos para o Resgate Social”,
(Férias da juíza Kelly Cristina Diniz Porto no período de 5 a nos dias 7 e 8.7.2022, em Foz do Iguaçu-PR, PROAD 3607/2022)
24.5.2022, suspensas a partir de 23.5.2022, em virtude de licença (Demandas gratuitas solicitadas pelas seguintes Varas do Trabalho:
para tratamento de saúde no período de 23.5 a 21.6.2022, com 10ª e 11ª de Fortaleza no PROAD 3315/22)
prorrogação até 20.8.2022, Aviso de Licença, PROADs 82/22 e (Suspeições das juízas Laura Anísia Moreira de Sousa Pinto e
(Férias da juíza Luciana Jereissati Nunes no período de 18.7 a INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS, PROADs 8402/19 e
70/20)
Processo Nº AR-0000043-48.2022.5.07.0000
(Participação do juiz Germano Silveira de Siqueira no Grupo Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Especial de Trabalho das Execuções Coletivas (GETEC), Ato AUTOR EMCEL EMPRESA CEARENSE DE
EVENTOS E LOCACOES LTDA - EPP
Conjunto GP. CORREG Nº 3/2021) ADVOGADO EMMANUEL FONTENELE DE
ARAUJO(OAB: 26688/CE)
(Pedido da Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante no
RÉU LAIANA SOUSA MENDES
PROAD 3407/22)
16.6 a 3.7.2022, sem prejuízo das atribuições vigentes, bem como INTIMAÇÃO
das especificadas nesta portaria. Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 5bcc995
Vara do Trabalho de Pacajus – Auxiliar nos períodos de 1º a proferida nos autos.
5.7.2022, de 9 a 12.7.2022 e de 14 a 17.7.2022. DECISÃO PJe-JT
9ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Substituir o juiz titular no dia Vistos, etc.
6.7.2022. Em apreciação a petição ID-8bfda02 em que o autor da presente
Vara do Trabalho de Eusébio – Funcionar, no período de 1º a ação rescisória requer a desistência do feito, em razão de
15.7.2022, impulsionando os processos em que a empresa M DIAS conciliação na reclamação que deu origem à rescisória, bem como
BRANCO S. A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS figura dos embargos declaratórios em processamento.
como parte, inclusive, para presidir as audiências dos processos da Nos termos do art. 485, § 5º, do CPC, a desistência da ação pode
referida empresa no dia 4.7.2022. ser apresentada até a sentença. No caso vertente, apreciada a ação
17ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar nos dias 7 e 8.7.2022. nos termos do Acórdão Id. f0fda26, incabível a desistência nesta
11ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no dia 13.7.2022. fase processual.
3ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar nos dias 18 e 19.7.2022. Observo que o autor da rescisória houvera ingressado com
Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante – Auxiliar no embargos de declaração ID-1878c86. Diante do pedido de
período de 20 a 24.7.2022. desistência apresentado, julgo prejudicado o apelo aclaratório em
14ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Funcionar, exclusivamente, no razão da perda de objeto decorrente do acordo celebrado.
processo 0000120-15.2022.5.07.0014, sem prejuízo das atribuições Após, considerando os termos do acordo envolvendo depósito
vigentes, bem como das especificadas nesta portaria. prévio ID- 79de5a2 como parte do pagamento, encaminhem-se os
Vara do Trabalho de Quixadá – Funcionar nos processos autos à Presidência para deliberação.
constantes da certidão de doc. 10 do PROAD 3704/22, a partir de Antes, porém, intimem-se as partes do inteiro teor desta decisão,
14.8.2022, sem prejuízo das atribuições vigentes, bem como das devendo a empresa autora comprovar o recolhimento das custas
especificadas nesta portaria. processuais do presente feito no importe de R$ 242,68, estipuladas
PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE. CUMPRA-SE. no acórdão ID-0fda26.
Desembargador JOSÉ ANTONIO PARENTE DA SILVA FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
CORREGEDOR REGIONAL EM EXERCÍCIO CLAUDIO SOARES PIRES
Processo Nº ROT-0001372-18.2021.5.07.0037
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
GABINETE DO DESEMBARGADOR CLÁUDIO RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE
SOARES PIRES RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
Notificação EIRELI
incabível.
Intimem-se.
Fica a parte FRANCISCO JANUÁRIO DOS SANTOS notificada FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
para tomar ciência da decisão Id. 529f1d4 a seguir, cujo inteiro teor
Vistos, etc.
Processo Nº ROT-0001349-72.2021.5.07.0037
Indeferido o pedido de gratuidade de justiça apresentado em Relator CLAUDIO SOARES PIRES
preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI
LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
Id. 7ce5795. NORTE
RECORRIDO FRANCISCO ALVES MENDES DA
Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo, SILVA
ingressou o recorrente com o Agravo Id. 5feafeb, buscando a ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE)
reforma de referida decisão monocrática, reiterando o pedido de ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE)
gratuidade da justiça. Sustenta que os benefícios da justiça gratuita
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos FILHO(OAB: 24306/CE)
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do NORTE
benefício, e apenas depois de intimação do requerente para RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI
comprovar a alegada hipossuficiência. ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
Decido.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
O apelo não prospera porque incabível. TRABALHO
de confirmação pelos demais integrantes, o então acórdão poderá Fica a parte MARIA RUBERLANDIA FERREIRA DA SILVA
ser impugnado manejando a parte interessada recurso de revista. notificada para tomar ciência da decisão Id. 529f1d4 a seguir, cujo
provimento pleiteado para a obtenção do bem da vida em litígio, ao Indeferido o pedido de gratuidade de justiça apresentado em
passo que a utilidade cuida da adequação da medida recursal preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E
alçada para atingir o fim colimado” (STJ, Resp nº 1732026/RJ, Rel. LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do
Min. Herman Benjamin, j.17/05/2018) preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão
recorrente MXM SERVIÇOS E LOCAÇÕES EIRELI porque Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo,
Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir. gratuidade da justiça. Sustenta que os benefícios da justiça gratuita
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos
CLAUDIO SOARES PIRES autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do
Decido.
provimento pleiteado para a obtenção do bem da vida em litígio, ao preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E
passo que a utilidade cuida da adequação da medida recursal LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do
alçada para atingir o fim colimado” (STJ, Resp nº 1732026/RJ, Rel. preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão
Diante do exposto, deixo de conhecer o Agravo apresentado pelo Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo,
recorrente MXM SERVIÇOS E LOCAÇÕES EIRELI porque ingressou o recorrente com o Agravo Id. 83540dd, buscando a
Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir. só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do
incabível.
Intimem-se.
- CICERO ROBERTO DA SILVA Diante do exposto, deixo de conhecer o Agravo apresentado pelo
incabível.
Intimem-se.
PODER JUDICIÁRIO
Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir.
JUSTIÇA DO
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
Fica o Recorrente INSTITUTO COMPARTILHA intimado para tomar (TRT1 - AIRO 01007494120175010013; 3ª Turma; Julgamento:
ciência do inteiro teor da Decisão que indeferiu o pedido de 03/12/2018; Publicação: 13/12/2018; Relatora: Carolina Rodrigues
concessão dos benefícios da justiça gratuita, cujo inteiro teor segue Bicalho). Diante do exposto, denego seguimento ao recurso
abaixo, devendo, no prazo de 05 (cinco) dias, comprovar o ordinário interposto pelo(a) primeira reclamada, por deserto, eis
recolhimento das custas processuais nos presentes autos, sob pena que ausente o pressuposto de admissibilidade extrínseco do
de não conhecimento do recurso ordinário, por deserção: preparo, uma vez que o instituto compartilha apenas alega que deve
"DECISÃO PJe-JT Vistos, etc. Indeferido o pleito de gratuidade ser dispensada do depósito recursal, por ser entidade filantrópica,
de justiça na sentença, o INSTITUTO COMPARTILHA, em sede de no entanto, não apresenta a comprovação desta condição e
recurso ordinário, pleiteou a concessão dos benefícios da justiça também não apresenta o comprovante de recolhimento das custas.
gratuita, alegando incapacidade econômico-financeira e Em face de referida decisão, o Instituto interpôs agravo de
impossibilidade de proceder com as despesas do processo, em instrumento renovando o pleito, sem a respectiva comprovação de
virtude de alegada condição de entidade filantrópica sem fins suas alegações. Examina-se. Nos termos do art. 99, § 7º, do
lucrativos. Registre-se que referido pedido foi indeferido, em sede CPC, "Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso,
sentença, nos seguintes termos: Denego o pedido de Justiça o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do
Gratuita apresentado pelo primeiro reclamado, pois a pessoa preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento
jurídica deve fazer prova da impossibilidade de arcar com as e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento". Com
despesas processuais, sem prejuízo do seu equilíbrio econômico, efeito, não restou evidenciada a alegada insuficiência econômica,
nada tendo sido demonstrado. Posteriormente, o juízo de origem porquanto não apresentado nenhum elemento capaz de demonstrar
deixou de receber o recurso ordinário, nos seguintes termos: tal estado, que não se presume, seja na oportunidade da
Quanto ao Recurso Ordinário interposto pelo Instituto Compartilha, contestação, quando apresentou inicialmente o pedido, seja no
verifico a ausência do devido preparo, a primeira reclamada apenas recurso ordinário ou no agravo de instrumento. Nesse sentido o
alega que, por ser entidade filantrópica, seria dispensada do item II da Súmula nº 463 do TST: "ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
depósito recursal, com base no artigo 899, parágrafo 10, da CLT. A GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação
prova da condição de entidade filantrópica cabe à recorrente, Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes do
conforme aponta a jurisprudência: RECURSO DA RECLAMADA CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e
1.1 ENTIDADE FILANTRÓPICA. PEDIDO DE CONCESSÃO DOS 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e14.07.2017
BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA A reclamada pede a (...) II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração:
reforma da sentença quanto ao indeferimento do pedido de justiça é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
gratuita. Argumenta, em síntese, que se trata de associação civil de arcar com as despesas do processo". Nesse contexto, não
fins não econômicos, na forma do Decreto 36.505/64, portadora da comprovada a insuficiência econômica, perfilhando o entendimento
Certificação de Entidade Beneficente....O fato de ser entidade adotado pelo juízo sentenciante, INDEFIRO o pedido de gratuidade
filantrópica e sem fins lucrativos não implica necessariamente a da justiça. Fixo prazo de 05 (cinco) dias para o recorrente realizar
impossibilidade da Reclamada arcar com as despesas do processo. o recolhimento e respectiva comprovação do preparo recursal
Não há comprovação de falência ou declaração de insolvência civil (custas processuais e depósito recursal) nos presentes autos, sob
da Reclamada, presumindo-se o seu regular funcionamento e que pena de não conhecimento do seu recurso ordinário, por deserção.
está auferindo receitas. Acerca do tema, transcrevo o seguinte Intime-se a recorrente INSTITUTO COMPARTILHA do inteiro teor
aresto: GRATUIDADE DE JUSTIÇA. ENTIDADE FILANTRÓPICA da presente decisão. Em prosseguimento, nos termos do art. 109,
SEM FINS LUCRATIVOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA DA inciso I, do Regimento Interno deste Regional, colha-se
RECORRENTE. CUSTAS. DEVIDAS....Consoante jurisprudência do prazo, retornem-me conclusos os autos para prosseguir.
Tribunal Superior do Trabalho, a pessoa jurídica com ou sem fins FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. CLAUDIO SOARES PIRES
lucrativos, ainda que entidade filantrópica ou beneficente, deve Desembargador Federal do Trabalho"
30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e14.07.2017 Ouça-se o Ministério Público do Trabalho sobre a petição ID-
(...) II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: 5415549 apresentada pelo SINDICATO DAS EMPRESAS DE
é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte SEGURANÇA PRIVADA DO ESTADO DO CEARÁ – SINDESP/CE.
arcar com as despesas do processo". Nesse contexto, não Relativamente a suspensão de prazo para contestação, observe o
comprovada a insuficiência econômica, perfilhando o entendimento SINDESP/CE que o prazo de contestação está suspenso desde a
adotado pelo juízo sentenciante, INDEFIRO o pedido de gratuidade data de prolação do despacho ID-b319b91, que presentemente
da justiça. Fixo prazo de 05 (cinco) dias para o recorrente realizar estendo igualmente ao SINDESP/CE.
o recolhimento e respectiva comprovação do preparo recursal Intime-se não só o MPT, mas todos os demais litigantes.
(custas processuais e depósito recursal) nos presentes autos, sob FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
pena de não conhecimento do seu recurso ordinário, por deserção. CLAUDIO SOARES PIRES
da presente decisão. Em prosseguimento, nos termos do art. 109, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
manifestação do Ministério Público do Trabalho. Decorrido o prazo, JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
INTIMAÇÃO PJe-JT
PODER JUDICIÁRIO ciência do Despacho Id. 3e36a0f, cujo inteiro teor transcreve-se a
JUSTIÇA DO seguir:
"DESPACHO PJe-JT
Vistos, etc.
INTIMAÇÃO PJe-JT
Ouça-se o Ministério Público do Trabalho sobre a petição ID-
Fica a parte Ré, através de seu patrono, notificado(a) para, tomar
5415549 apresentada pelo SINDICATO DAS EMPRESAS DE
ciência do Despacho Id. 3e36a0f, cujo inteiro teor transcreve-se a
SEGURANÇA PRIVADA DO ESTADO DO CEARÁ – SINDESP/CE.
seguir:
Relativamente a suspensão de prazo para contestação, observe o
"DESPACHO PJe-JT
SINDESP/CE que o prazo de contestação está suspenso desde a
Vistos, etc.
data de prolação do despacho ID-b319b91, que presentemente
INTIMAÇÃO PJe-JT
PODER JUDICIÁRIO
Fica a parte Impetrante, através de seu patrono, notificado(a) para,
JUSTIÇA DO
no prazo de 05 (cinco) dias, comprovar o recolhimento das custas
Fica a parte Autora, através de seu patrono, notificado(a) para, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Vistos, etc.
Processo Nº AR-0080536-80.2020.5.07.0000
Certificado, ID-70c1df1, que o autor desta ação rescisória não Relator REGINA GLAUCIA CAVALCANTE
NEPOMUCENO
efetuou o depósito prévio para conhecimento da ação, hei por bem AUTOR EMP DE ASSIST TEC E EXT RURAL
DO EST DO CE EMATERCE
INDEFERIR a inicial, com fundamento no Art. 968, § 3º, do Código
ADVOGADO JOAO PEDRO PONTES BRAGA
de Processo Civil e Art. 199, § 1º, do regimento interno deste AZEVEDO(OAB: 36359/CE)
RÉU JOAO LELIS JUNIOR
Tribunal.
ADVOGADO EDSON FLAVIO DOS SANTOS
Condeno o autor em custas processuais de R$ 524,55, calculadas LOPES(OAB: 14354/CE)
requerer o que entender de direito. decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA da empresa, também os demais atos processuais que demandem
ROSELI MENDES ALENCAR De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
Notificação reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 079ef7a arcar com as despesas do processo.”
proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
relação com a situação contábil e patrimonial da empresa Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma
contemporânea à interposição do apelo. que lhe impossibilita, além das condições de administração própria
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem
justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
Intimado(s)/Citado(s): verbis:
contemporânea à interposição do apelo. que lhe impossibilita, além das condições de administração própria
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem
justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
Intimado(s)/Citado(s): verbis:
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem
justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
Intimado(s)/Citado(s): verbis:
justiça gratuita formulado pela recorrente. decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma
comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), que lhe impossibilita, além das condições de administração própria
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de da empresa, também os demais atos processuais que demandem
não conhecimento de seu recurso. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
Desembargadora Federal do Trabalho reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 07a69ac arcar com as despesas do processo.”
proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
relação com a situação contábil e patrimonial da empresa Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma
contemporânea à interposição do apelo. que lhe impossibilita, além das condições de administração própria
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem
justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com
contemporânea à interposição do apelo. que lhe impossibilita, além das condições de administração própria
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem
justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
Intimado(s)/Citado(s): verbis:
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem
justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com
justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente que lhe impossibilita, além das condições de administração própria
comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), da empresa, também os demais atos processuais que demandem
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
não conhecimento de seu recurso. recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
Intime-se. Examina-se.
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
JUSTIÇA DO I - (...)
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem
justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
Intimado(s)/Citado(s): verbis:
Processo Nº AP-0000326-51.2021.5.07.0018
INTIMAÇÃO Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO
AGRAVANTE JOSUE LOPES MENDES CARNEIRO
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID c48bc4c
ADVOGADO DANIEL CIDRAO FROTA(OAB:
proferida nos autos. 19976/CE)
AGRAVANTE ROSANA VIEIRA MENDES
Cls. CARNEIRO
Do exame dos autos, verifica-se que o presente feito foi ADVOGADO DANIEL CIDRAO FROTA(OAB:
19976/CE)
previamente distribuído ao Desembargador do Trabalho AGRAVANTE CONQUISTA FORTALEZA
LANCHONETES LTDA
JEFFERSON QUESADO JUNIOR, consoante se infere do
ADVOGADO DANIEL CIDRAO FROTA(OAB:
documento de ID. 9190ffa. 19976/CE)
AGRAVADO FRANCISCO IVONILSON DA SILVA
Portanto, em observância ao instituto da prevenção, com arrimo no SOUSA
art. 930, “caput” e parágrafo único, do CPC, determina-se a ADVOGADO NATHALIA HERMANA SILVA
ROGERIO(OAB: 37598/CE)
redistribuição do processo ao mencionado Desembargador. ADVOGADO MONICA MARIA CAMPOS
PEIXOTO(OAB: 25510/CE)
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
ADVOGADO HARLEY XIMENES DOS
PLAUTO CARNEIRO PORTO SANTOS(OAB: 12397/CE)
gratuidade judiciária.
PODER JUDICIÁRIO Na forma do art. 1.007, § 2º, do CPC (OJ-SDBI2 140), assina-se o
JUSTIÇA DO prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente comprovar o pagamento
Vistos.
Processo Nº AIRO-0000344-60.2021.5.07.0022
A reclamada, TUTI QUATRO COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO
processo.
gratuidade judiciária.
INTIMAÇÃO Na forma do art. 1.007, § 2º, do CPC (OJ-SDBI2 140), assina-se o
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 7bdbc24 prazo de 5 (cinco) dias para o recorrente comprovar o pagamento
proferido nos autos. das custas e depósito recursal, sob pena de deserção do recurso.
Vistos. FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
No agravo de instrumento de ID. 54a39f0, o agravante, INSTITUTO PLAUTO CARNEIRO PORTO
COMPARTILHA – SAMEAC, requer a concessão da justiça gratuita, Desembargador Federal do Trabalho
em face da sua condição de entidade filantrópica.
no aguardo de decisão judicial que os dispensasse, entendo ser terceiro, confirmando a competência delineada no parágrafo retro:
possível oportunizar-se à recorrente, com fulcro nos artigos 99, §7º, RECURSO ORDINÁRIO NA FASE DE EXECUÇÃO. PRINCÍPIO DA
e 932, parágrafo único, todos do CPC/2015, a realização, no prazo FUNGIBILIDADE RECURSAL. APLICABILIDADE. A fungibilidade
de cinco dias, do depósito recursal, observado o limite da recursal é relevante mecanismo, oriundo do revogado art. 810, do
condenação, e o pagamento das custas, sob pena de deserção. CPC de 1939, que previa que, "salvo hipótese de má-fé ou erro
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. grosseiro, a parte não será prejudicada pela interposição de um
FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR recurso por outro, devendo os autos ser enviados à câmara, ou
Desembargador Federal do Trabalho turma, a que competir o julgamento." A despeito de não ter sido
PODER JUDICIÁRIO formas não são muito consideradas, pois irrelevantes, no processo
Intimado(s)/Citado(s):
seja entregue. Atualmente, ampara-se no art. 283, do CPC, aplicado
- REGIS PINHEIRO NOGUEIRA
subsidiariamente ao processo do trabalho, onde se justifica, até, em
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID e65e8d3 fungibilidade. (TRT-7 - AP: 00003852720205070001 CE, Relator:
proferida nos autos. FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR, Data de
Da análise dos autos, verifica-se que parte exequente interpôs Publicação: 18/11/2020)
“recurso ordinário” (Id 5828bbc) contra decisão terminativa, em fase Desse modo, determino que o presente feito seja redistribuído para
de liquidação, exarada pelo juízo de origem (Id 0fd1315). a Seção Especializada II deste Regional, por sorteio.
Por tal motivo, o processo foi distribuído para esta Turma julgadora. Caso seja necessário, altere-se o registro da classe processual
Ressalte-se que não cabe a este Relator analisar a recursal para “agravo de petição”, a fim de viabilizar, diante das
admissibilidade/fungibilidade recursal, haja vista que, em tese, o regras do sistema PJe, o cumprimento do parágrafo retro.
recurso cabível seria agravo de petição, na esteira do disposto no FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
art. 897, “a”, da CLT. FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR
Nesse contexto, apesar de o Regimento do TRT 7 ter delimitado a Desembargador Federal do Trabalho
da forma, que não deve ser usada para limitar, e/ou prejudicar, o
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 706050f Considerando que o RE-960429 – Tema 992, do STF, já se
proferido nos autos. encontra concluso para um segundo julgamento dos embargos de
Vistos, etc. declaração, já tendo, inclusive, o relator proferido o seu voto pelo
Em observância ao princípio do contraditório, corolário do devido improvimento dos aclaratórios, e a fim de evitar mais demora na
processo legal, notifiquem-se as partes contrárias, ora embargados entrega da prestação jurisdicional, determino o fim do
(reclamante e reclamado), para, querendo, no prazo legal, oferecer sobrestamento do feito e a retomada da marcha processual.
resposta aos embargos de declaração opostos pelos litigantes Trata-se de recurso ordinário interposto por BANCO DO BRASIL
embargantes (ID. d6e41ef - Pág. 1-9 e ID. 703b1aa - Pág. 1-5). SA (ID. d94e4db - Pág. 1-28), não se conformando com a decisão
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. da Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte (ID. 4984829 - Pág. 1-
JEFFERSON QUESADO JUNIOR 20), que, após rejeitar as preliminares julgou procedentes em parte
privado.
mérito tiver sido proferida antes de 6 de junho de 2018, situação em Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID adb87cf
que, até o trânsito em julgado e a sua execução, a competência proferida nos autos.
continuará a ser da Justiça do Trabalho.” Considerando que o RE-960429 – Tema 992, do STF, já se
Forçoso concluir, nesta conformidade e diante do caráter vinculante encontra concluso para um segundo julgamento dos embargos de
da decisão retrocitada, que esta especializada não detém declaração, já tendo, inclusive, o relator proferido o seu voto pelo
competência para conhecer e julgar a matéria, haja vista que a improvimento dos aclaratórios, e a fim de evitar mais demora na
sentença do caso em exame foi prolatada em data de 12/11/2018. entrega da prestação jurisdicional, determino o fim do
Assim sendo, declaro a incompetência da justiça do trabalho para sobrestamento do feito e a retomada da marcha processual.
conhecer e julgar os pedidos aduzidos na presente reclamatória, Trata-se de recurso ordinário interposto por BANCO DO BRASIL
determinando a remessa dos autos à justiça comum estadual, a SA (ID. d94e4db - Pág. 1-28), não se conformando com a decisão
quem compete o processamento do feito. da Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte (ID. 4984829 - Pág. 1-
Notifiquem-se os litigantes. 20), que, após rejeitar as preliminares julgou procedentes em parte
Após, remetam-se os autos à Justiça Comum Estadual. os pedidos objeto da reclamação trabalhista, reconhecendo aos
privado.
Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime FERNANDA MARIA UCHOA DE ALBUQUERQUE
que, até o trânsito em julgado e a sua execução, a competência GABINETE DO DESEMBARGADOR FRANCISCO
continuará a ser da Justiça do Trabalho.” JOSÉ GOMES DA SILVA
Forçoso concluir, nesta conformidade e diante do caráter vinculante Notificação
da decisão retrocitada, que esta especializada não detém
Processo Nº ROT-0000051-17.2021.5.07.0014
competência para conhecer e julgar a matéria, haja vista que a Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
sentença do caso em exame foi prolatada em data de 12/11/2018.
RECORRENTE ALEXANDRE LIMA DA SILVA
Assim sendo, declaro a incompetência da justiça do trabalho para ADVOGADO RAIMUNDO IDELFONSO DE
LIMA(OAB: 20526/CE)
conhecer e julgar os pedidos aduzidos na presente reclamatória,
ADVOGADO PAULO ROBERTO LUZ DE
determinando a remessa dos autos à justiça comum estadual, a OLIVEIRA(OAB: 40819/CE)
RECORRIDO EMPRESA DE TRANSPORTE SANTA
quem compete o processamento do feito. MARIA LTDA
Notifiquem-se os litigantes. ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE)
Após, remetam-se os autos à Justiça Comum Estadual.
JUSTIÇA DO
Processo Nº ROT-0000087-83.2021.5.07.0006
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
INTIMAÇÃO RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 26546bb PESSOA(OAB: 19503/BA)
proferida nos autos. RECORRENTE MARINA PAIVA DE AZEVEDO
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB:
Compulsando os autos, verifica-se que ocorreu equívoco na 19605/CE)
remessa do presente feito a este Tribunal, considerando que não há RECORRIDO MARINA PAIVA DE AZEVEDO
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB:
recurso a ser apreciado por esta instância. 19605/CE)
Assim sendo, após baixa na distribuição, devolva-se o processo à RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES
Vara de origem. PESSOA(OAB: 19503/BA)
À Secretaria da 3ª Turma para providenciar.
Intimado(s)/Citado(s):
face do acórdão de ID. 2cc93fe, em que a embargante alega
- BANCO BRADESCO S.A.
- MARINA PAIVA DE AZEVEDO omissão na decisão regional.
Processo Nº ROT-0000329-54.2021.5.07.0002
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
PODER JUDICIÁRIO
RECORRENTE JORGE ANDRE SALES PAULA
JUSTIÇA DO ADVOGADO ANA VIRGINIA PORTO DE
FREITAS(OAB: 9708/CE)
ADVOGADO ANTONIO SALOMON BRITO
LEITAO(OAB: 41085/CE)
INTIMAÇÃO RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ef2f648 ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA
RAMOS JUNIOR(OAB: 46111-B/CE)
proferido nos autos.
DESPACHO Intimado(s)/Citado(s):
Trata-se de Embargos Declaratórios, ID. 9a75e31, interposto em - JORGE ANDRE SALES PAULA
Processo Nº ROT-0000380-55.2019.5.07.0028
PODER JUDICIÁRIO Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
JUSTIÇA DO RECORRENTE INGRIDI DOURADO PINHEIRO
ADVOGADO SERGIO QUEZADO GURGEL E
SILVA(OAB: 28561/CE)
ADVOGADO MARCELA LEOPOLDINA QUEZADO
INTIMAÇÃO GURGEL E SILVA(OAB: 18971/CE)
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ca83bd8 RECORRIDO INSTITUTO DE SAUDE E GESTAO
HOSPITALAR
proferido nos autos. ADVOGADO MARIA IMACULADA GORDIANO
OLIVEIRA BARBOSA(OAB: 8667/CE)
DESPACHO
ADVOGADO ANA KATHARINE VASCONCELOS
Face o efeito modificativo pleiteado nos Embargos de Declaração, DE SOUSA(OAB: 29702/CE)
ADVOGADO EMANUELLY ARAUJO VIEIRA(OAB:
notifique-se a parte embargada para, querendo, apresentar 36216/CE)
manifestação no prazo de cinco dias, a teor do art. 1.023, § 2.º, do
Intimado(s)/Citado(s):
CPC/2015.
- INSTITUTO DE SAUDE E GESTAO HOSPITALAR
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Processo Nº ETCiv-0080474-11.2018.5.07.0000
PODER JUDICIÁRIO Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
JUSTIÇA DO EMBARGANTE V.J.D.C.
ADVOGADO FRANCISCO RERISSON OLIVEIRA
DE SOUSA(OAB: 9595/CE)
EMBARGADO L.A.P.N.
INTIMAÇÃO
ADVOGADO ISAAC ALCANTARA ALVES(OAB:
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ecab9dc 7961/RN)
EMBARGADO M.P.D.T.
proferido nos autos.
EMBARGADO J.A.A.
DESPACHO ADVOGADO ISAAC ALCANTARA ALVES(OAB:
7961/RN)
Considerando que a matéria articulada nos embargos pode alterar o
Processo Nº ETCiv-0080474-11.2018.5.07.0000
Regularmente intimada, a autora deixou fluir in albis o referido
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA prazo.
EMBARGANTE V.J.D.C.
Desta feita, indefiro a petição inicial com base no § 3° do art. 968 do
ADVOGADO FRANCISCO RERISSON OLIVEIRA
DE SOUSA(OAB: 9595/CE) Código de Processo Civil - CPC, de aplicação supletiva e
EMBARGADO L.A.P.N.
subsidiária ao Processo do Trabalho, e julgo extinta a ação sem
ADVOGADO ISAAC ALCANTARA ALVES(OAB:
7961/RN) resolução de mérito, nos termos dos incisos I e IV do art. 485 do
EMBARGADO M.P.D.T.
CPC.
EMBARGADO J.A.A.
ADVOGADO ISAAC ALCANTARA ALVES(OAB: Ciência à parte autora desta decisão.
7961/RN)
Custas processuais no importe de R$ 3.824,74 (três mil, oitocentos
Intimado(s)/Citado(s): e vinte e quatro reais e setenta e quatro centavos) pela autora,
- V.J.D.C. calculadas sobre R$ 191.237,02, valor atribuído à causa, devendo a
execução.
GABINETE DO DESEMBARGADOR PAULO RÉGIS FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
MACHADO BOTELHO
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
Notificação
Desembargador Federal do Trabalho
Processo Nº AR-0005013-91.2022.5.07.0000
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO Processo Nº MSCiv-0004832-90.2022.5.07.0000
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AUTOR EMPREITEIRA DE OBRAS DECON
LTDA IMPETRANTE ZUILA MARIA ALENCAR BARREIRA
BRAGA
ADVOGADO IANARA FONSECA COUTINHO(OAB:
291865/SP) ADVOGADO JAMILSON DE MORAIS VERAS(OAB:
16926-A/CE)
RÉU JOSE RONEY DE SOUSA
IMPETRADO Juízo da 6ª Vara do Trabalho de
Fortaleza
Intimado(s)/Citado(s): CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
- EMPREITEIRA DE OBRAS DECON LTDA TRABALHO
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGFN)
INTERESSADO
Intimado(s)/Citado(s):
PODER JUDICIÁRIO - ZUILA MARIA ALENCAR BARREIRA BRAGA
JUSTIÇA DO
Vistos etc.
INTIMAÇÃO
Trata-se de Ação Rescisória ajuizada pela EMPREITEIRA DE
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 1c81109
OBRAS DECON LTDA, a teor da qual visa desconstituir a Sentença
proferido nos autos.
de mérito proferida pela MM. Juíza Daniela Pinheiro Gomes
DESPACHO PJe-JT
Pessoa, Titular da Vara do Trabalho de Crateús (ID. 8ee724c), nos
Proceda-se ao registro das custas devidas e não pagas em campo
autos do processo nº 0000536-18.2025.07.0025, ajuizado por JOSÉ
próprio e após, nada mais havendo a providenciar, arquivem-se os
RONEY DE SOUSA, ora réu.
autos.
Inicialmente, a empresa autora requereu a concessão dos
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
benefícios da Justiça Gratuita, visando a dispensa do depósito
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
prévio de que trata o art. 836 da CLT, tendo sido o pleito indeferido
Desembargador Federal do Trabalho
por este Relator, nos termos da decisão de ID. 5fa4ff2, e, no mesmo
passo, concedido o prazo de cinco dias para a realização do retro Processo Nº MSCiv-0004332-24.2022.5.07.0000
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
mencionado depósito, sob pena de indeferimento da petição inicial.
Intimado(s)/Citado(s):
INTIMAÇÃO - H.L.N.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
INTIMAÇÃO
DECISÃO
documento de Id nº 5d0673a.
INTIMAÇÃO
Tendo em vista que os dissídios submetidos à apreciação da
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID fa87cf0
Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação e que é
proferido nos autos.
lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo,
DESPACHO
HOMOLOGO, POR DECISÃO, o acordo no qual a parte executada
Em cumprimento ao disposto no Acórdão de Id. 139676d,
pagará à parte autora, em troca da quitação do objeto da
encaminhem-se os autos à 17ª Vara do Trabalho de Fortaleza, a
execução, a quantia líquida de R$ 27.000,00, em uma única
quem compete processar e julgar o feito, bem como apreciar a
parcela, cujo demonstrativo de depósito já se encontra nos autos,
petição de Id. efc8aae .
conforme Id nº 5118b8e. O depósito foi efetuado na conta do
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
patrono do reclamante Leonardo Aragão Bernardo, para que surta
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
seus jurídicos e legais efeitos.
Desembargador Federal do Trabalho
PRESUNÇÃO - Presume-se o regular pagamento de cada parcela
Processo Nº ATSum-0001913-56.2017.5.07.0016 sobre o valor de cada parcela não adimplida ou paga em atraso
RECLAMANTE EDSON DE LIMA RODRIGUES deste acordo. Em caso de parcelamento, a execução pelo não
ADVOGADO IAGE FIGUEIREDO DE CASTRO
TEIXEIRA(OAB: 31545/CE) pagamento de uma parcela implica o vencimento antecipado das
ADVOGADO LEONARDO ARAGAO demais, conforme art. 891 da CLT.
BERNARDO(OAB: 26983/CE)
RECLAMADO CONDOMINIO DO CONJUNTO CUSTAS: dispensadas, consignando-se desde já a gratuidade
RESIDENCIAL MONTERREY
judiciária deferida ao condomínio executado face a sua atual
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA: A parte ré comprovará nos homologação do acordo, cujo termo foi juntado aos autos,
homologação, o recolhimento das contribuições previdenciárias Tendo em vista que os dissídios submetidos à apreciação da
incidentes, as quais deverão observar a discriminação das parcelas Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação e que é
que fundamentaram os cálculos homologados nos autos e a lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo,
proporcionalidade do valor acordado, sob pena de execução. HOMOLOGO, POR DECISÃO, o acordo no qual a parte executada
Notifiquem-se e, após, aguarde-se o cumprimento integral do pagará à parte autora, em troca da quitação do objeto da
Quitado integralmente o acordo, retire-se a restrição incidente nos parcela, cujo demonstrativo de depósito já se encontra nos autos,
autos de SISBAJUD, bem como fica desconstituída a penhora conforme Id nº 5118b8e. O depósito foi efetuado na conta do
realizada de Id nº 51a6cbb. patrono do reclamante Leonardo Aragão Bernardo, para que surta
Cumpridas as determinações acima, remetam-se os autos ao Juízo seus jurídicos e legais efeitos.
Juiz do Trabalho Titular MULTA - Não se verificando o pagamento no prazo ajustado, ficará
- EDSON DE LIMA RODRIGUES incidentes, as quais deverão observar a discriminação das parcelas
ADVOGADO Aline Rocha Sá(OAB: 19650/CE) RECLAMANTE PAULO SERGIO ANDRADE SILVA
TESTEMUNHA MARIA DAS DORES MENDES DOS ADVOGADO Filipe Siqueira Guerra(OAB: 25477-
SANTOS A/CE)
TESTEMUNHA JOSE NILTON PEREIRA SOUSA RECLAMADO MELISSA ONORIANA ANA
JOAQUINA AMARAL MACHADO
Intimado(s)/Citado(s): RECLAMADO M O ANA JOAQUINA AMARAL
MACHADO
- helio chaves bastos filho
Intimado(s)/Citado(s):
- PAULO SERGIO ANDRADE SILVA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Fica o(a) PARTE RECLAMADO: Helio Chaves Bastos Filho , por
Fica o(a) PARTE RECLAMANTE: Manoel Pacheco de Sousa, por Juiz do Trabalho Titular
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
INTIMAÇÃO
proferido nos autos. Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 936b61d
Certifico para os devidos fins, que o Sr. Pedro , diretor da Deulaj, CERTIDÃO
por varias vezes tentou entrar em contato com o reclamado através Certifico para os devidos fins, que o Sr. Pedro , diretor da Deulaj,
do fone:85-999094096, para tratar sobre os processos em trâmite por varias vezes tentou entrar em contato com o reclamado através
no regional e possível realização de pautas conciliatórias. do fone:85-999094096, para tratar sobre os processos em trâmite
Entretanto, todas as tentativas foram infrutíferas. no regional e possível realização de pautas conciliatórias.
DESPACHO
telefonia , atraves de mandado para informar sobre a existencia de Considerando a certidão acima , oficie-se as operadoras de
telefone em nome do Sr. Ricardo Jose de Oliveira Sales - CPF: telefonia , atraves de mandado para informar sobre a existencia de
245.712.703-30 ,
endereço da reclamada quando esta se encontra em lugar ATRIBUÍDO À CAUSA MERAMENTE ESTIMATIVO. AUSÊNCIA
incerto ou não sabido, sob pena de denegar ao mesmo o DE PREJUÍZO. CONVERSÃO PARA O RITO ORDINÁRIO. 1. Nos
devido acesso à justiça. termos do artigo 852-B da Consolidação das Leis do Trabalho,
Nesta premissa, em casos tais, ainda que o valor da causa não nas reclamações processadas sob o rito sumaríssimo, o
supere o limite de 40 salários mínimos e a redação do art. 852- pedido inicial deverá ser certo, determinado e líquido. Resulta
B, parágrafo 1º supracitado, deve o feito ser convertido em impróprio, assim, o processamento do feito sob tal rito especial
ordinário, para fins de citação editalícia, juntamente com a diante da atribuição de mero valor -estimado- à causa. 2. Daí
citação dos sócios da reclamada, para que seja atendido o não segue, todavia, como consequência necessária, a extinção
preceito constitucional que consagra a inafastabilidade da do feito. Afigurando-se possível a conversão para o rito
jurisdição e o acesso à justiça, a teor do disposto no artigo 5.º , ordinário, ante a inexistência de prejuízo manifesto às partes,
Sobre o tema, o Tribunal Superior do Trabalho já se processual, em observância aos princípios da celeridade, da
manifestou no sentido de que o não atendimento dos economia processual e da instrumentalidade das formas.
requisitos previstos no art. 852-B, I, da CLT não importa Interpretação conjunta dos artigos 852-B e 794 da
necessariamente o arquivamento do feito, podendo o julgador, Consolidação das Leis do Trabalho e 277 do Código de
por questão de economia e celeridade processual e desde que Processo Civil. 3. Agravo de instrumento a que se nega
não haja prejuízo às partes, determinar a conversão do rito provimento.(TST - AIRR: 12075020125050551, Relator: Lelio
Tal entendimento advém da interpretação do art. 794 da CLT, de Publicação: DEJT 29/08/2014).
segundo o qual "nos processos sujeitos à apreciação da 1. CONVERSÃO DO RITO SUMARÍSSIMO EM RITO
Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos ORDINÁRIO. NOTIFICAÇÃO POR EDITAL.1. Conquanto o valor
atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes" da causa não seja superior a quarenta salários mínimos,
No ponto, colaciona-se os seguintes arrestos: registre-se que não viola o artigo 852-B, II, § 1.º, da CLT a
RECURSO DE REVISTA. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. conversão do rito sumaríssimo em ordinário, a fim de que se
NULIDADE. CONVERSÃO DE RITO SUMARÍSSIMO EM proceda à citação por edital da primeira reclamada, em face da
ORDINÁRIO. I. Esta Corte Superior já se manifestou no sentido impossibilidade de sua localização e da necessidade de ser
de que o não atendimento dos requisitos previstos no art. 852- assegurada a prestação jurisdicional ao litigante de pequeno
B, I, da CLT não importa necessariamente o arquivamento do valor, a teor do disposto no artigo 5.º, XXXV, da Constituição da
feito, podendo o julgador, por questão de economia e República. 2. Recurso ordinário conhecido e provido. (TRT-10 -
celeridade processual e desde que não haja prejuízo às partes, RO: 01776201300510007 DF 01776-2013-005-10-00-7 RO,
determinar a conversão do rito sumaríssimo em ordinário. Tal Relator: Desembargador Brasilino Santos Ramos, Data de
entendimento advém da interpretação do art. 794 da CLT, Julgamento: 09/04/2014, 2ª Turma, Data de Publicação:
Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO.
atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes". FALTA DE CITAÇÃO DA RECLAMADA. POSSIBILIDADE DE
Precedentes. II. No presente caso, não consta das razões de CONVERSÃO DO RITO SUMARÍSSIMO EM RITO ORDINÁRIO E
recurso de revista a alegação de que houve prejuízo que possa CITAÇÃO POR EDITAL. Em que pese a literalidade do art. 852-
ter sido causado pela conversão do rito sumaríssimo em B, II, da CLT, cada caso deve ser analisado à luz dos princípios
ordinário. A Reclamada insiste no arquivamento do feito, constitucionais do processo, mormente no que tange à
entretanto não aponta nenhum prejuízo que pudesse justificar garantia constitucional do acesso à justiça. (TRT-15 - RO:
a declaração de nulidade da conversão do rito. III. Recurso de 2682220135150013 SP 069785/2013-PATR, Relator: HÉLIO
revista de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a GRASSELLI, Data de Publicação: 23/08/2013).
que se nega provimento. (TST - RR: 15002420105210008, Recurso ordinário provido para determinar o retorno dos autos
Relator: Fernando Eizo Ono, Data de Julgamento: 18/03/2015, 4ª para prosseguimento do feito, sob o rito ordinário.
Conhecer do recurso ordinário para, no mérito, dar-lhe opostos. Embargos conhecidos e improvidos.
ordinário.
DISPOSITIVO
mérito, dar-lhe provimento para, reformando a sentença, Trata-se de embargos de declaração opostos pelo reclamante A L
determinar o retorno dos autos à origem e prosseguimento do TEIXEIRA PINHEIRO, Id 2320bc7, enquanto inconformado com o
feito, sob o rito ordinário. acórdão de Id 679cedf, com o declarado intento de suprir supostas
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da O embargante alega que o acórdão foi omisso quanto à multa por
Silva (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) embargos declaratórios, concessão da justiça gratuita ao
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em reclamante, período sem anotação na CTPS, horas extras e danos
Relator
VOTOS FUNDAMENTAÇÃO
conhecidos.
Processo Nº ROT-0000236-20.2020.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR II - MÉRITO
RECORRENTE A L TEIXEIRA PINHEIRO Razão não assiste ao embargante.
ADVOGADO DANILO AUGUSTO GOMES DE
MIRANDA(OAB: 16359/CE) Compulsando os autos e examinando os argumentos do
RECORRIDO JOAO MESSIAS DA SILVA embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para
ADVOGADO VLADIMIR MACEDO CRUZ
CORDEIRO(OAB: 22761/CE) o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de
A da CLT.
EMENTA
Inexistiu omissão, contradição, ou obscuridade.
recorrente não significa ter havido omissão, contrariedade ou FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
obscuridade.
Por todo o exposto, vislumbra-se que as alegações do embargante ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Processo Nº ROT-0000236-20.2020.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE A L TEIXEIRA PINHEIRO
ADVOGADO DANILO AUGUSTO GOMES DE
CONCLUSÃO DO VOTO MIRANDA(OAB: 16359/CE)
RECORRIDO JOAO MESSIAS DA SILVA
ADVOGADO VLADIMIR MACEDO CRUZ
CORDEIRO(OAB: 22761/CE)
Conhecer dos embargos para negar-lhes provimento.
Intimado(s)/Citado(s):
- A L TEIXEIRA PINHEIRO
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
omissões.
JEFFERSON QUESADO
O embargante alega que o acórdão foi omisso quanto à multa por
Desembargador Relator
embargos declaratórios, concessão da justiça gratuita ao
morais.
FUNDAMENTAÇÃO DISPOSITIVO
I- ADMISSIBILIDADE
conhecidos.
II - MÉRITO
embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para negar-
obscuridades, inocorrentes neste caso concreto. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
recorrente não significa ter havido omissão. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Portanto, não vêm ao caso os esclarecimentos pretendidos, até Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
porque os embargos de declaração não se prestam para o reexame de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
da matéria, sendo incabível tal insurgência, nos termos do art. 897- Fortaleza, 11 de julho de 2022.
A da CLT.
básica do mês de agosto/2018, uma vez que modificou a sentença Desembargador Relator
recorrente não significa ter havido omissão, contrariedade ou FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
obscuridade.
Por todo o exposto, vislumbra-se que as alegações do embargante ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Processo Nº RORSum-0000320-90.2021.5.07.0035
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE F4 CONSTRUCOES E
ADMINISTRACAO DE OBRAS EIRELI
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO GUSTAVO REBELO DE
CAMPOS(OAB: 35289/CE)
nesta fase processual, pois, se existiam tais vícios, estes teriam tido
PODER JUDICIÁRIO
origem na própria sentença de primeiro grau, mantida, repita-se, na
JUSTIÇA DO
sua íntegra, pelo Tribunal, de sorte que a matéria objeto dos
Senão, vejamos:
caso, os declaratórios sequer merecem ser conhecidos, posto PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. OMISSÃO INEXISTENTE.
que, estando a lide submetida ao procedimento sumaríssimo e Tratando-se de lide sujeita ao procedimento sumaríssimo, cuja
tendo a sentença sido confirmada pelos próprios fundamentos, Sentença foi confirmada pelos próprios fundamentos, a
a Certidão de Julgamento, registrando mencionado fato, serve Certidão de Julgamento, registrando mencionado fato, serve de
de Acórdão, a teor do disposto, expressamente, no art. 895, §1º, Acórdão (Art. 895, § 1º, IV, da CLT). Tal circunstância não
IV, da CLT, não havendo, obviamente, como se cogitar de implica em omissão, máxime porque encerradas na Decisão de
omissão nesta fase processual, pois, se existiam tais vícios, 1º Grau as razões de decidir em torno de toda a matéria
estes teriam tido origem na própria sentença de primeiro grau, suscitada." (ED 1686006820085070006. CE 0168600-
mantida, repita-se, na sua íntegra, pelo Tribunal, de sorte que 6820085070006. Relator: Antônio Marques Cavalcante Filho.
deveriam ter sido objeto de embargos de declaração ainda na Julgamento: 24/01/2011. Órgão Julgador: Primeira Turma.
RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto sentença confirmada por seus próprios fundamentos em
no art. 895, § 1º, inciso IV da CLT. processo submetido ao rito sumaríssimo, a sentença equivale
19/11/2010 DEJT).
Embarga de declaração a reclamada, F4 CONSTRUÇÕES E Os presentes embargos, portanto, não podem prosperar.
6c95799.
Em suas razões, argumenta que este Tribunal não se manifestou, CONCLUSÃO DO VOTO
procedência de seus declaratórios. Não conhecer dos embargos de declaração, por incabível.
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - F4 CONSTRUCOES E ADMINISTRACAO DE OBRAS EIRELI
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
REGIÃO, por unanimidade, não conhecer dos embargos de caso, os declaratórios sequer merecem ser conhecidos, posto
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tendo a sentença sido confirmada pelos próprios fundamentos,
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior a Certidão de Julgamento, registrando mencionado fato, serve
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) de Acórdão, a teor do disposto, expressamente, no art. 895, §1º,
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo IV, da CLT, não havendo, obviamente, como se cogitar de
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. omissão nesta fase processual, pois, se existiam tais vícios,
Fortaleza, 11 de julho de 2022. estes teriam tido origem na própria sentença de primeiro grau,
instância a qua.
Desembargador Relator
VOTOS
FUNDAMENTAÇÃO
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART ADMINISTRAÇÃO DE OBRAS EIRELI, em face do acórdão de ID.
nesta fase processual, pois, se existiam tais vícios, estes teriam tido
presentes declaratórios deveriam ter sido suscitadas através de ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
Este, aliás, tem sido o entendimento adotado por este Regional. REGIÃO, por unanimidade, não conhecer dos embargos de
PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. OMISSÃO INEXISTENTE. Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
Tratando-se de lide sujeita ao procedimento sumaríssimo, cuja (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Sentença foi confirmada pelos próprios fundamentos, a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
Certidão de Julgamento, registrando mencionado fato, serve de de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Acórdão (Art. 895, § 1º, IV, da CLT). Tal circunstância não Fortaleza, 11 de julho de 2022.
Julgamento: 08/11/2010. Órgão Julgador: Turma I. Publicação: ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - SERGIO ALEFF DOS SANTOS SILVA
CONTRADIÇÕES OU DE OBSCURIDADES NO ACÓRDÃO Esclareça-se ao embargante que este remédio processual destina-
EMBARGADO. Inexistindo omissões, contradições ou obscuridades se a afastar contradição, omissão ou obscuridade, no próprio
no julgado embargado, devem ser rejeitados os aclaratórios julgado, em sua fundamentação, dispositivo ou ementa.
opostos. Embargos conhecidos e improvidos. Faz-se mister pontuar que o acórdão embargado deslindou a
DOS SANTOS SILVA, Id. c87e053, enquanto inconformado com o "No caso, o reclamante não produziu prova de que a reclamada
acórdão de ID. 8f355c3, com o declarado intento de suprir suposta tenha assegurado ao mesmo que, após os trâmites do processo
Em mesa. contratado.
contratação.
Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser précontratual que a empresa tenha gerado não apenas a
O reclamante alegou obscuridade no acórdão embargado, sob o atos concretos que causem prejuízo se a admissão não for
argumento que a fundamentação não está suficientemente clara realizada, não sendo suficiente apenas que o indivíduo faça parte
para sustentar o respectivo dispositivo, pois não informa se o do processo de seleção, que envolvem a entrega de documentos e
processo seletivo. Tenta o embargante mais uma vez justificar o Ademais, entendo que a empresa tem a faculdade de optar ou não
pedido de indenização por danos morais em face da sua não pela admissão de um candidato submetido à fase de seleção para
embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para De par com isso, o reclamante não se desvencilhou de comprovar
o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de prejuízos morais ou matérias que possa ter sofrido em face da sua
para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou Assim sendo, rejeito os embargos declaratórios, face à inexistência
Intimado(s)/Citado(s):
- UNIMED DO CARIRI - COOPERATIVA DE TRABALHO
MEDICO LTDA
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
VOTOS
FUNDAMENTAÇÃO
I- ADMISSIBILIDADE
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser
conhecidos.
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
II - MÉRITO
Diretor de Secretaria
O reclamante alegou obscuridade no acórdão embargado, sob o
argumento que a fundamentação não está suficientemente clara realizada, não sendo suficiente apenas que o indivíduo faça parte
para sustentar o respectivo dispositivo, pois não informa se o do processo de seleção, que envolvem a entrega de documentos e
processo seletivo. Tenta o embargante mais uma vez justificar o Ademais, entendo que a empresa tem a faculdade de optar ou não
pedido de indenização por danos morais em face da sua não pela admissão de um candidato submetido à fase de seleção para
embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para De par com isso, o reclamante não se desvencilhou de comprovar
o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de prejuízos morais ou matérias que possa ter sofrido em face da sua
para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou Assim sendo, rejeito os embargos declaratórios, face à inexistência
da matéria, sendo incabível tal insurgência, nos termos do art. 897- Conhecer dos embargos para lhes negar provimento.
A da CLT.
vejamos:
"No caso, o reclamante não produziu prova de que a reclamada ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
tenha assegurado ao mesmo que, após os trâmites do processo TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
seletivo ao qual se submeteu e foi selecionado, seria efetivamente REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para lhes
Registre-se, também, que a obediência aos trâmites do processo de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
seleção por parte do candidato, bem como a entrega da Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
documentação requerida pela empresa para viabilizar possível (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
contratação, não geram a obrigação da admissão do candidato à Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
vaga que este almeja, havendo apenas uma possibilidade de de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
admissional, de modo a fazer com que a parte envolvida realize JEFFERSON QUESADO
atos concretos que causem prejuízo se a admissão não for Desembargador Relator
prequestionamento.
Em mesa.
FUNDAMENTAÇÃO
Diretor de Secretaria
I- ADMISSIBILIDADE
Processo Nº ROT-0000406-65.2018.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser
RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE conhecidos.
INFRAESTRUTURA
AEROPORTUARIA - INFRAERO II - MÉRITO
ADVOGADO ALLAN WESLEY MOURA DOS
SANTOS(OAB: 551/SE) Razão não assiste ao embargante.
ADVOGADO JOILSON LUIZ DE OLIVEIRA(OAB: Compulsando os autos e examinando os argumentos do
11277/CE)
RECORRIDO EVALDO MOREIRA MAPURUNGA embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para
FILHO
o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de
ADVOGADO FILIPE SILVEIRA AGUIAR(OAB:
17899/CE) embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico
ADVOGADO CROACI AGUIAR(OAB: 5923/CE)
para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou
- EVALDO MOREIRA MAPURUNGA FILHO Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte
regular do empregado na Infraero, observada a categoria/padrão de prequestionar a matéria, quando na realidade anseia em ter sua
igual ou imediatamente superior ao resultado encontrado da reivindicação reformada por esta Egrégia Corte.
aplicação do percentual de 70,26% (setenta vírgula vinte e seis por Em manifestação, Id 400f547, o reclamante/embargado alega o
cento) no equivalente ao da remuneração global estabelecida para descumprimento da tutela de urgência concedida, por essa razão
a função de confiança de Gerente de Aeroporto Grupo Especial pede a notificação da demandada para que se dê cumprimento.
(atual Gerente II) nos termos, previstos no item 27 do Sistema de Defere-se o pleito, devendo a reclamada ser intimada para, no
Progressão Funcional da Infraero, vigente à época". prazo máximo de 5 (cinco) dias, cumpra a tutela de urgência
Desse modo, adotou este Tribunal as razões da sentença para concedida, sob pena de aplicação da penalidade, conforme
manter o julgado, denominada fundamentação "per relationem", determinado pelo juízo a quo e mantido por esse Tribunal.
omissão do julgado.
do embargante, uma vez que a análise da matéria decorre da Conhecer dos embargos para lhes negar provimento, determinando,
própria decisão recorrida, conforme entende o TST: ainda, que seja a embargante intimada para, no prazo máximo de 5
"OJ-SDI1-119. Prequestionamento inexigível. Violação nascida na (cinco) dias, providencie o cumprimento da tutela de urgência
própria decisão recorrida. Súmula 297/TST. Inaplicável. CLT, art. concedida, nos termos da sentença de mérito de 1º grau mantida
896. É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada por esse Tribunal e sob pena de aplicação da penalidade ali
297/TST."
Embargante, porquanto eventual ofensa, caso configurada, teria TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
surgido na própria decisão agravada, atraindo, assim, a incidência REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para lhes
da OJ n. 119 da SDI-I/TST, que assim preleciona: negar provimento, determinando, ainda, que seja a embargante
'PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA NA intimada para, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, providencie o
PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA. SÚMULA Nº 297 DO TST. cumprimento da tutela de urgência concedida, nos termos da
INAPLICÁVEL. É inexigível o prequestionamento quando a violação sentença de mérito de 1º grau mantida por esse Tribunal e sob pena
indicada houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a de aplicação da penalidade ali disposta.
Súmula n.º 297 do TST.' Embargos de declaração conhecidos e Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
rejeitados. (ED - 826200902223007 MT 00826.2009.022.23.00-7, Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
Relatora: DESEMBARGADOR LEILA CALVO, Data de Julgamento: (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
15/02/2012, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/02/2012)." Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
No caso dos presentes autos, o embargante equivoca-se com o ato de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
JEFFERSON QUESADO Id 5f0f5e3, com o declarado intento de suprir omissão e para fins de
referentes à prescrição.
Em mesa.
VOTOS
FUNDAMENTAÇÃO
Diretor de Secretaria
I- ADMISSIBILIDADE
Processo Nº ROT-0000406-65.2018.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser
RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE conhecidos.
INFRAESTRUTURA
AEROPORTUARIA - INFRAERO II - MÉRITO
ADVOGADO ALLAN WESLEY MOURA DOS
SANTOS(OAB: 551/SE) Razão não assiste ao embargante.
ADVOGADO JOILSON LUIZ DE OLIVEIRA(OAB: Compulsando os autos e examinando os argumentos do
11277/CE)
RECORRIDO EVALDO MOREIRA MAPURUNGA embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para
FILHO
o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de
ADVOGADO FILIPE SILVEIRA AGUIAR(OAB:
17899/CE) embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico
ADVOGADO CROACI AGUIAR(OAB: 5923/CE)
para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou
- EMPRESA BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte
AEROPORTUARIA - INFRAERO
recorrente não significa ter havido omissão.
desta ação trabalhista. Não se trata de alteração do pactuado, mas Súmula n.º 297 do TST.' Embargos de declaração conhecidos e
No mérito, restou mantida a procedência da ação reconhecendo o Relatora: DESEMBARGADOR LEILA CALVO, Data de Julgamento:
direito do reclamante à progressão especial e determinou o 15/02/2012, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/02/2012)."
reenquadramento "dentro da faixa salarial prevista para o cargo No caso dos presentes autos, o embargante equivoca-se com o ato
regular do empregado na Infraero, observada a categoria/padrão de prequestionar a matéria, quando na realidade anseia em ter sua
igual ou imediatamente superior ao resultado encontrado da reivindicação reformada por esta Egrégia Corte.
aplicação do percentual de 70,26% (setenta vírgula vinte e seis por Em manifestação, Id 400f547, o reclamante/embargado alega o
cento) no equivalente ao da remuneração global estabelecida para descumprimento da tutela de urgência concedida, por essa razão
a função de confiança de Gerente de Aeroporto Grupo Especial pede a notificação da demandada para que se dê cumprimento.
(atual Gerente II) nos termos, previstos no item 27 do Sistema de Defere-se o pleito, devendo a reclamada ser intimada para, no
Progressão Funcional da Infraero, vigente à época". prazo máximo de 5 (cinco) dias, cumpra a tutela de urgência
Desse modo, adotou este Tribunal as razões da sentença para concedida, sob pena de aplicação da penalidade, conforme
manter o julgado, denominada fundamentação "per relationem", determinado pelo juízo a quo e mantido por esse Tribunal.
omissão do julgado.
do embargante, uma vez que a análise da matéria decorre da Conhecer dos embargos para lhes negar provimento, determinando,
própria decisão recorrida, conforme entende o TST: ainda, que seja a embargante intimada para, no prazo máximo de 5
"OJ-SDI1-119. Prequestionamento inexigível. Violação nascida na (cinco) dias, providencie o cumprimento da tutela de urgência
própria decisão recorrida. Súmula 297/TST. Inaplicável. CLT, art. concedida, nos termos da sentença de mérito de 1º grau mantida
896. É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada por esse Tribunal e sob pena de aplicação da penalidade ali
297/TST."
Embargante, porquanto eventual ofensa, caso configurada, teria TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
surgido na própria decisão agravada, atraindo, assim, a incidência REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para lhes
da OJ n. 119 da SDI-I/TST, que assim preleciona: negar provimento, determinando, ainda, que seja a embargante
'PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA NA intimada para, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, providencie o
PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA. SÚMULA Nº 297 DO TST. cumprimento da tutela de urgência concedida, nos termos da
INAPLICÁVEL. É inexigível o prequestionamento quando a violação sentença de mérito de 1º grau mantida por esse Tribunal e sob pena
indicada houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a de aplicação da penalidade ali disposta.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. FRANCISCO JOSÉ RIBEIRO DE SOUSA ajuizou embargos de
É O RELATÓRIO
Processo Nº ROT-0000852-70.2021.5.07.0033
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE FRANCISCO JOSE RIBEIRO DE Não assiste razão à embargante.
SOUSA
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB: Isto porque, este Regional manteve a sentença quanto ao
20084/CE)
indeferimento de que indevida a concessão de horas extras, em
RECORRIDO M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS face de intervalos térmicos não concedidos que estariam previstos
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
PEREIRA(OAB: 10587/CE) na Norma Regulamentadora 15, anexo 3, quadro 1, tendo para
parte, desde que haja enfrentamento da pretensão deduzida no ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Processo Nº ROT-0000852-70.2021.5.07.0033
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE FRANCISCO JOSE RIBEIRO DE
SOUSA
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB:
20084/CE)
RECORRIDO M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
Conhecer e negar provimento aos embargos de declaração. PEREIRA(OAB: 10587/CE)
Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO JOSE RIBEIRO DE SOUSA
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
COMÉRCIO DE ALIMENTOS
VOTOS
É O RELATÓRIO
FUNDAMENTAÇÃO
ANTE O EXPOSTO:
Isto porque, este Regional manteve a sentença quanto ao REGIÃO, por unanimidade, conhecer e negar provimento aos
face de intervalos térmicos não concedidos que estariam previstos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
na Norma Regulamentadora 15, anexo 3, quadro 1, tendo para Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
tanto adotado a lúcida fundamentação erigida pelo d. Juiz Mateus (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Miranda de Moraes, nos autos da reclamação trabalhista 0000880- Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
38.2021.5.07.0033 , como razões de decidir, não havendo qualquer de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
ser sanada.
manifestar sobre todos os argumentos recursais e sobre todas as FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
parte, desde que haja enfrentamento da pretensão deduzida no ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Processo Nº ROT-0000940-72.2019.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE A.A.D.S.C.S.
ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
CONCLUSÃO DO VOTO SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE)
RECORRENTE C.S.C.F.E.I.
ADVOGADO ANA CLAUDIA COSTA
MORAES(OAB: 14992/PE)
Conhecer e negar provimento aos embargos de declaração. RECORRENTE G.S.N.
ADVOGADO ANTONIO MILLER MADEIRA(OAB:
90923/RS)
ADVOGADO ISAAC BERTOLINI AULER(OAB:
87670/RS)
ADVOGADO FELIPE MEINEM GARBIN(OAB:
86951/RS)
DISPOSITIVO
ADVOGADO RAPHAEL BERNARDES DA
SILVA(OAB: 84109/RS)
RECORRIDO G.S.N.
ADVOGADO ANTONIO MILLER MADEIRA(OAB:
90923/RS)
ADVOGADO ISAAC BERTOLINI AULER(OAB:
87670/RS)
ADVOGADO FELIPE MEINEM GARBIN(OAB:
86951/RS)
ADVOGADO RAPHAEL BERNARDES DA
SILVA(OAB: 84109/RS)
Intimado(s)/Citado(s):
- A.A.D.S.C.S.
Cuida-se de embargos de declaração (ID. cdfaf9e - Pág. 1 - 3) exclusão ,de ofício, da verba honorária a cargo do autor, enquanto
LTDA, alegando que o julgado de ID. a8f3e25 - Pág. 1-23 incorreu Com razão, no particular.
em omissão/contradição, consubstanciada na necessidade de que De fato, os pedidos aduzidos na reclamatória foram julgados
Alega que este órgão julgador equivocou-se ao apreciar o apelo, ele negou provimento, exceto pela retirada, de ofício, dos
concluindo pelo improvimento do apelo da reclamada, quando na honorários advocatícios a seu encargo, em razão de sua qualidade
verdade a reclamação teve todos os seus pedidos julgados de beneficiário da justiça gratuita, nos termos do entendimento
fito de modificar a sentença, por parte do reclamante. Nestes termos, deve-se proceder à correção do erro material
Prossegue apontando equívoco material no dispositivo do acórdão, constante da parte final fundamentação do acórdão, a fim de que
do qual consta que o recurso ordinário da reclamada foi provido onde se lê: "Nega-se provimento ao apelo da reclamada, e
para julgar a reclamação trabalhista improcedente, o que colide com determina-se de ofício, a exclusão da condenação da parte autora
a fundamentação e conclusão do voto, dos quais se depreende que no pagamento de honorários em favor do advogado da reclamada,
ao recurso do autor foi negado provimento, mantendo-se a com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF
improcedência em todos os seus termos, excetuando-se pela no julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo
exclusão ,de ofício, da verba honorária a cargo do autor, enquanto do reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da
A parte contrária, devidamente notificada, quedou-se silente de (ID. do advogado da reclamada, com base na declaração de
MÉRITO
pedidos julgados improcedentes, somente tendo havido interposição Voto pelo conhecimento e provimento dos embargos de declaração,
de apelo com o fito de modificar a sentença, por parte do a fim de, atribuindo efeito modificativo ao julgado, determinar a
Prossegue apontando equívoco material no dispositivo do acórdão, 1) Na parte final fundamentação do acórdão, onde se lê: "Nega-se
do qual consta que o recurso ordinário da reclamada foi provido provimento ao apelo da reclamada, e determina-se de ofício, a
para julgar a reclamação trabalhista improcedente, o que colide com exclusão da condenação da parte autora no pagamento de
a fundamentação e conclusão do voto, dos quais se depreende que honorários em favor do advogado da reclamada, com base na
ao recurso do autor foi negado provimento, mantendo-se a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no
julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo do inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da condenação da 5766. Mantido o valor arbitrado à causa".
parte autora no pagamento de honorários em favor do advogado da Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766"; (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
2) Na parte dispositiva, onde se lê "dar-lhe provimento, para Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
julgar a ação improcedente, com inversão sucumbencial, onde de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Desembargador Relator
DISPOSITIVO
VOTOS
Diretor de Secretaria
Processo Nº RORSum-0000782-38.2021.5.07.0038
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
RECORRENTE JOAO JOSE DE VASCONCELOS
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª FILHO
ADVOGADO FRANCISCO VAGNER DA
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração SILVA(OAB: 28164/CE)
e dar-lhes provimento, a fim de, atribuindo efeito modificativo ao RECORRIDO FRANCISCO THALES NASCIMENTO
XAVIER
julgado, determinar a correção dos seguintes erros materiais: ADVOGADO ANDRESA CECILIA MUNIZ(OAB:
34885/CE)
1) Na parte final fundamentação do acórdão, onde se lê: "Nega-se
houver", leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a PRELIMINAR. NULIDADE DA SENTENÇA. LAUDO PERICIAL.
ofício, a condenação do autor no pagamento de honorários em processo e destinatário final das provas, podendo e devendo
favor do advogado da reclamada, com base na declaração de indeferir diligências que considere inúteis ou protelatórias, a teor do
PEDIR. Nos termos do artigo 840, da CLT, na redação vigente à NULIDADE DA SENTENÇA. PROVA EMPRESTADA. PEDIDO DE
petição inicial deve conter "uma breve exposição dos fatos de que Alega a recorrente que não houve pronunciamento no julgado
resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou acerca da argumentação recursal de erro substancial do laudo
de seu representante". Esse requisito foi observado no caso em técnico, suscitado em razões finais.
tela, tendo em vista que o reclamante expôs de forma clara, na Afirma que não foi oportunizado ao perito manifestar-se acerca de
inicial, a sua pretensão. sua impugnação ao laudo técnico. Assim, requer a anulação da
IMPUGNAÇAO AO VALOR DA CAUSA. De acordo com o artigo sentença e o retorno dos autos à vara de origem para reabertura da
292, VI, do NCPC, o valor da causa na ação em que há cumulação instrução processual com a determinação de complementação do
de pedidos, que deverá constar da inicial, corresponde à soma dos parecer pelo expert.
caso dos autos. Rejeita-se. Em audiência datada de 25/10/2021 (id 8bbdab5), as partes
MÉRITO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. O ônus de comprovar a acordaram a utilização do laudo pericial produzido no processo N.
configuração da relação de emprego é, de início, do reclamante, 0000291-31.2021.5.07.0038 (id8873344), como prova emprestada.
contudo, havendo, em contrapartida, a alegação do reclamado de Oportunizada a parte reclamada manifestar-se sobre o referido
que o trabalho ocorreu de maneira eventual e autônoma, é invertido laudo por ocasião de suas razões finais.
tal ônus probatório. Desse ônus, entende-se, não se desonerou a Em razões finais (id 7864f71) a reclamada aponta divergências
CONCLUSIVO. Muito embora o juiz não esteja adstrito a conclusão Ora, é cediço que as pretensões de insalubridade/periculosidade
do laudo pericial (art. 436 do CPC), o fato é que nos presentes dependem de prova técnica (art. 195 da CLT), não tendo o
autos não restaram evidenciados a presença de elementos reclamada impugnado o laudo pericial de forma pertinente.
probantes aptos a infirmar a conclusão da referida prova técnica. A conclusão do perito foi firmada com base nas análises biológicas,
Portanto, constatado, por meio de laudo pericial, que a atividade físicas e químicas do meio ambiente de trabalho e das substancias
exercida pelo autor encontrava-se em condição insalubre, mantém- manipuladas pelo obreiro, sendo desnecessário esclarecimentos
Recurso conhecido e improvido, mantendo-se a sentença por seus Sabe-se que o Juiz é o condutor do processo e destinatário final das
próprios e jurídicos fundamentos. provas, podendo e devendo indeferir diligências que considere
PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. Fundamentando o julgador sua decisão, não há, portanto, que se
RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO falar em nulidade da instrução, a teor do art. 794 da CLT.
ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Preliminar que se rejeita.
FUNDAMENTAÇÃO "uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do (reconhecimento de vínculo empregatício, pagamento das verbas
O reclamante forneceu os elementos básicos e mínimos aptos a reclamante prestou-lhe serviços de forma "eventual" por mais de 04
delimitar seu pedido e causa de pedir, tanto que a pretensão foi anos (de junho de 2017 ao início de julho de 2021), fato este que,
especificamente impugnada pela reclamada, sem qualquer prejuízo de pronto, afasta a eventualidade alegada.
ao contraditório e à ampla defesa ou embaraço à correta prestação A única testemunha apresentada pelo reclamante confirmou que
jurisdicional. Plenamente satisfeito o art. 840, § 1º, da CLT. executavam as mesmas atividades na reclamada, cumprindo
De acordo com o artigo 292, VI, do NCPC, o valor da causa na ação sem justificativa ao trabalho seria chamado a atenção e se
em que há cumulação de pedidos, que deverá constar da inicial, reiterasse na falta poderia ser demitido; que o reclamante não
corresponde à soma dos valores de todos os pleitos individualmente poderia se fazer substituir na execução de suas atividades; a parte
considerados, sendo o caso dos autos. obreira recebia R$ 50,00 por dia de trabalho, depois disse que hoje
Insurge-se a reclamada contra o reconhecimento do vínculo períodos descontínuos, em razão do período chuvoso; que no ano
empregatício alegando que o reclamante nunca foi seu empregado, que chovia bastante a interrupção da prestação de serviço na
visto ter prestado apenas serviços de forma autônoma e eventual, Fazenda seria em torno de três meses e que o reclamante teria
em períodos descontínuos, dentro do interregno compreendido de laborado nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021 e, enquanto
junho de 2018 a 02 de julho de 2021. laborava, o labor ocorria em média cinco dias por semana.
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a revestiu-se dos elementos caracterizadores da relação de emprego,
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o consoante disposições contidas no art. 3º da CLT.
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência Presentes, assim, a pessoalidade, subordinação, onerosidade e não
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. eventualidade, impõe-se o reconhecimento do vínculo empregatício
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir à luz do princípio da primazia da realidade que informa o Direito do
expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do Trabalho e artigos 2º, 3º e 9º da CLT.
recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a Sentença mantida.
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. Sustenta a recorrente, em confusas razões, que "O juiz de primeiro
Para caracterização do vínculo de emprego, é necessário o grau julgou procedente o pedido de insalubridade fundamentando
cumprimento de requisitos cumulativos, quais sejam: ser pessoa em uma única prova, produzida de forma UNILATERAL, sem
física, que exerce atividades com pessoalidade, subordinação, não CONTRADITÓRIO ou AMPLA DEFESA. E ignorando todas as
Ausente algum dos referidos requisitos, não há que se falar no Em face da impugnação do laudo pericial, pugna pela reforma da
reconhecimento do liame empregatício. sentença, para que seja excluído o pagamento do adicional de
seu direito e ao reclamado a existência de fato impeditivo, Arguida em juízo pleito de adicional de insalubridade, o juiz
modificativo ou extintivo do direito do autor. designará perito habilitado, na forma do § 2º, do art. 195, da CLT.
Neste contexto, sabe-se que o ônus de comprovar a configuração "Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da
da relação de emprego é, de início, do reclamante, contudo, periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-
havendo, em contrapartida, a alegação do reclamado de que o se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou
trabalho ocorreu de maneira autônoma, é invertido tal ônus Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
Desse ônus, entende-se, não se desonerou a reclamada. empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o
juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou
houver, requisitará perícia ao órgão competente ao Ministério do procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade
Trabalho. não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a
No caso, diante do quadro fático delineado na exordial e tendo em ratuidade da justiça à parte autora. 02 DA NULIDADE DA PROVA
vista tratar-se de pedido de adicional de insalubridade, acordaram DOCUMENTAL A reclamada pugna pela nulidade da prova alusiva
as partes, em audiência (id 8bbdab5), a utilização do laudo pericial ao link do vídeo e fotos juntados após a propositura da reclamatória,
produzido no processo N. 0000291-31.2021.5.07.0038 (id873344), ante a impossibilidade de exercer o contraditório e ampla defesa,
como prova emprestada. visto não ter conseguido acesso o conteúdo da prova em alusão.
Face às constatações periciais, baseado nas entrevistas colhidas jogar no Google Firefox que mencionado link cai no PJEMídias,
durante a perícia, nos documentos apresentados nos autos e ainda clica em acessar que o link abre normalmente. Preliminar rejeitada,
no conjunto de premissas minuciosa, cuidadosa e criteriosamente portanto.03 DA INÉPCIA DA INICIALInépcia é a falta de aptidão da
relatadas no corpo deste laudo técnico pericial, considerando a petição inicial para permitir aoreclamado a apresentação de defesa
análise das condições de trabalho e como elas foram observadas útil e ao Juiz a prolação da decisão. O exame dosautos revela que
"in loco", com base na análise das atividades e condições de os pedidos da prefacial foram extensamente contestados pela
trabalho do Reclamante e a Legislação Trabalhista da Portaria reclamada, não havendo, portanto, inépcia a ser declarada.Além
Ministerial 3214/78, conclui-se para as condições laborais disso, a inicial não é inepta, visto não lhe faltar pedido oucausa de
desenvolvidas pela Reclamante, nos ambientes analisados, no pedir, da narração dos fatos decorrer conclusão lógica, os pedidos
período que laborou para a reclamada, conforme NR 15, ANEXO III seremjuridicamente possíveis e não haver pedidos incompatíveis
(Calor) e ANEXOS 11, 12 e 13 (Agentes Químicos), que: Em entre si.Se não bastasse, a inicial atende satisfatoriamente
relação ao Agente Calor: NÃO EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS aosrequisitos constantes do § 1° do art. 840 da CLT E no processo
DE INSALUBRIDADE; Em relação aos Agente Químicos (Anexo do trabalho, . prevalece o princípio da simplicidade, razão pela qual
13): EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE EM são perfeitamente dispensáveis os formalismos característicos do
GRAU MÉDIO, sendo o adicional de insalubridade incidente em processo comum. Necessário, apenas, uma sucintaexposição dos
20% sobre o salário mínimo da região." fatos que fundamentam o pedido, de forma que fique clara a
Muito embora o juiz não esteja adstrito a conclusão do laudo pericial pretensãoe possibilite o contraditório. Assim, não há nenhuma
(art. 371 do NCPC), o fato é que nos presentes autos não restaram irregularidade passível decorrigenda.Diante disso, não resta outra
evidenciados a presença de elementos probantes aptos a infirmar a alternativa ao Juízo senão afastar apreliminar em epígrafe, o que
A impugnação da reclamada sobre matérias técnicas, sem a devida haja vista que o valor atribuído à causa apresenta-secompatível
contraprova técnica, não é suficiente para suplantar as conclusões com a expressão monetária dos pedidos (art. 2º, da Lei 5.584/70 c/c
do perito oficial. art. 291do CPC), não sendo, ainda, apresentado o valor que
Considerando o poder de livre apreciação da prova pelo magistrado, supostamente entende correto.Ademais, se da alteração do valor da
através do qual o magistrado dispõe de ampla liberdade para causa não houver repercussão no valor da alçada recursal, no
analisar os elementos de convicção coligidos aos autos, desde que procedimento processual, nem no valordas custas e do depósito
fundamente sua decisão, mantém-se a sentença atacada, quanto recursal, falta interesse jurídico para a sua alteração,mantendo-se,
ao grau de insalubridade definido pelo laudo pericial, uma vez que em consequência, o valor da causa dado na exordial, que, aliás,
coerentes com o ambiente de trabalho e exposição aos agentes guardasintonia com o valor econômico dos pleitos na forma em que
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, alega que trabalhou para o reclamado, sem CTPS anotada, no
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: período de 01.06.2017 a 16.07.2021, na função de trabalhador rural,
Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da consolidação das Leis jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min e das 12h30min às
do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17 15h30min, de segunda à sexta-feira, sendodespedido sem justa
(remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência causa, estando pendentes de pagamento as verbas rescisórias e
trabalhistas que relaciona. Diante disso, pugna pelo reconhecimento de serviço pessoal gera a presunção de que seja derivada da
da relação de emprego e consequente condenação da reclamada existência de uma relação de emprego típica, pois tal relação
na anotação da CTPS e nopagamento das seguintes verbas: a) jurídica passou a integrar o ordenamento jurídico pátrio com o
aviso prévio; b) férias vencidas e proporcionais + 1/3; c) 13º salário escopo protecionista ao hipossuficiente. A prestação de serviços de
do período contratual; d) FGT+ 40%; e) multa rescisória; f) multa do natureza diversa (eventual, autônoma, empreitada etc.) deve ser
art.467 da CLT. A reclamada se insurgiu contra a pretensão autoral sobejamente comprovada nos autos da ação trabalhista. Tal ônus
aduzindo que o reclamante nunca foi seu empregado, visto ter cabe à reclamada quando esta, em suas razões contestatórias,
prestado apenas serviços de forma autônoma e eventual, em nega o liame empregatício, embora ateste a veracidade da
períodos descontínuos, dentro do interregno compreendido de junho prestação deserviços havida, consoante os termos dos artigos
de 2018 a 02 de julho de 2021, tendo nos períodos sazonais da 818/CLT e 373/CPC. (TRT da 10ª Região, RO 0000044-
descasca de coco do ano de 2020 laborado em tal atividade, 27.2018.5.10.0861, Rel.Dorival Borges de Souza Neto, em
mediante contraprestação a base de produção, recebendo nos 02.08.2018).Na hipótese dos autos, a reclamada negou a relação
outros períodos por diária, quando observava a jornada das 07h às de emprego, mas admitiu a prestação de serviço, atribuindo-lhe
15h30min, com intervalo de uma hora. Desse modo, bate pela conotação eventual e autônomo, atraindo, para si, o ônus da
improcedência dos pedidos deduzidos na peça de prova.A parte reclamada, entretanto, não conseguiu comprovar os
começo.Analiso.De acordo com a legislação pátria vigente, a prova fatos impeditivos sustentados na peça contestatória ou mesmo
das alegações incumbe a parte que as fizer, a parte autora cabe qualquer outra situação capaz de afastar a configuração da relação
comprovar os fatos constitutivos do direito reivindicado e a parte ré de emprego. Muito pelo contrário,o contexto probatório produzido no
os fatos impeditivos, modificativos e extintivos dodireito perseguido feito deixou evidenciado que o reclamante trabalhava pessoalmente
(arts. 818 da CLT e 373 do NCPC), sob pena de sucumbir na para o demandado, executando atividade de natureza ruralística,
demanda.Em sede de vínculo empregatício, negada a relação de pelo período ininterrupto de meados de 2017 até julho de 2018,
emprego o ônus da prova incumbe ao autor por se tratar de fato sujeitandose ao cumprimento de jornada de trabalho, mediante o
constitutivo. Entender o contrário, seria obrigar o réu a produzir recebimento de contraprestação, restando, assim, manifestos os
contestação sobre fato negativo, o que seria praticamente pressupostos caracterizadores da relação de emprego, a saber:
impossível. Mas uma vez constatada a prestação pessoal de pessoalidade, ineventualidade, subordinação e onerosidade. A
serviço,presume-se tratar de relação de emprego, cuja elisão decorre do simples fato do reclamante, pessoalidade ao longo da
constitui ônus do empregador,que deverá demonstrar, contratualidade não se fazer substituir por outras pessoas na
comprovadamente, que o vínculo havido entre as partes era execução de suas tarefas junto ao demandado. De fato, a despeito
puramente comercial, societário, ou de qualquer outra forma não da testemunha arregimentada pelo reclamado haver asseverado
subordinada. Isso se justifica porque o contrato de emprego é a que o autor poderia determinar que outra pessoa fosse laborar para
forma ordinária de contratação do trabalho humano, constituindo o demandado sem prévia comunicação, garantiu que não tem
formas extraordinárias aquelas em que não está presente o vínculo conhecimento se esta situação chegou a ocorrer (cf. do 06min20seg
da subordinação.Neste sentido, destacamos o posicionamento do ao 06min45seg da gravação). Se não bastasse, o único testigo
eminente Juiz César Pereira da Silva Machado Júnior, in arregimentado pela parte autora assegurou que o reclamante não
verbis:Inspirado no princípio protetor temos de considerar toda poderia se fazer substituir na execução de suas atividades sem
prestação de trabalho como presumidamente subordinada, em vista prévia comunicação à parte adversa (cf. 09min38 da gravação). A
da grande proteção ao trabalho humano em geral, que o direito do reside no simples fato de ineventualidade a parte reclamante ter
trabalho procura assegurar. Em decorrência: provado pelo laborado para a parte adversa, sem solução de continuidade, por
reclamante a prestação de serviço, é do reclamado a demonstração um período ininterrupto de mais de mais de quatro anos (de junho
de situação capaz de afastar a incidência da norma jurídica (O Ônus de 2017 ao início de julho de 2021), porquanto jamais pode ser
da Prova no processo do Trabalho, Ed. LTr, 1993, p. 346). considerado eventual o trabalho prestado de modo continuado, ao
jurisprudência dos pretórios pátrios trabalhistas não discrepa desse longo do período mencionado, na execução de serviços destinados
entendimento, conforme ementa jurisprudencial a seguir transcrita: a cobrir as exigências do cotidiano da entidade reclamada, como no
VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA caso de que se cuida. De fato, a despeito da testemunha
REALIDADE. Com a edição da Consolidação das Leis do arregimentada pelo reclamado haver asseverado que o autor teria
Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452, de 1943), toda e qualquer prestação laborado apenas em períodos descontínuos, visto que no período
invernoso não havia prestação laborativa, garantiu que no ano que semana, no mês ou no ano. A descontinuidade da prestação de
chovia bastante a interrupção da prestação de serviço na Fazenda serviços não é, portanto, fator predominante do trabalho eventual.
seria em torno de três meses e que o reclamante teria laborado nos Assim, ainda que o reclamante tivesse prestado serviço apenas em
anos de 2018,2019, 2020 e 2021 e, enquanto laborava, o labor alguns meses do ano, notadamente no período não chuvoso, tal
ocorria em média cinco dias por semana (cf. do 02min50seg ao circunstância não descaracteriza o elemento da não eventualidade,
05min39seg da gravação). Se não bastasse, o único testigo eis que, como já destacado acima, a legislação não exige o trabalho
arregimentado pela parte autora assegurou que o reclamante contínuo, mas sim aquele trabalho que tenha caráter de
começou a laborar em meados de 2017 e, quando depoente saiu permanência. E, no caso concreto, foram mais de dois quatro anos
em agosto de 2020, o autor ainda permaneceu trabalhando, ininterruptos de atividade laboral. Cabe, por fim, enfatizar que a não
destacando que o autor laborava de forma ininterrupta, eventualidade não mantém relação com duração determinada da
acrescentando que, mesmo no período chuvoso, havia prestação prestação do trabalho, mas sim com atividade essencial para o
laborativa (cf. 07min12seg ao 08min36seg da gravação). Com alcance dos fins econômicos da empresa.Ainda, quanto a não
efeito, mesmo que o reclamante tivesse laborado em período eventualidade, valiosa é a lição da Profª.Carmen Camino:"Serviços
descontínuo, ainda assim não estava configurada a eventualidade, não-eventuais são os serviços rotineiros da empresa, por isso,
uma vez que a descontinuidade da prestação de serviços não é necessários e permanentes,vinculados ao objeto da atividade
fator predominante do trabalho eventual. Note-se que a legislação econômica, independentemente do lapso de tempo em que
não exige o trabalho contínuo, mas sim aquele trabalho que tenha prestados, antítese dos serviços eventuais, circunstancialmente
caráter de permanência. E no caso concreto, a prestação laborativa necessários, destinados aoatendimento de emergência, quando
ocorreu dentro de um período superior a quatro anos, de modo que, interessa a obtenção do resultado ou a realização de determinado
ainda que fosse em períodos descontínuos, o que restou afastado serviço e não o ato de trabalhar" (Direito Individual do Trabalho, 3ª
pela prova testemunhal produzida pela autora, estaria afastada a ed. rev. e atual., Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 211). Desse modo,
eventualidade e, por conseguinte, configurada a ineventualidade da demonstrado o reclamante laborou por mais quatro anos
prestação laboral. O eminente Maurício Godinho Delgado adverte ininterruptos na execução de serviços rotineiros da fazenda e, por
que são elementos caracterizadores do trabalho de natureza isso,necessários e permanentes, inclusive vinculados ao objeto da
eventual: "a) descontinuidade da prestação do trabalho, entendida atividade econômica, tem-se por configurada a ineventualidade
como a não permanência em uma organização com ânimo como elemento caracterizador da relação de emprego.A , ponto de
definitivo; b) não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com distinção subordinação jurídica por excelência darelação de
pluralidade variável de tomadores de serviços; c) curta duração do emprego das demais relações de trabalho, restou também
trabalho prestado; d) natureza do trabalho tende a ser concernente evidenciada,tanto sob o aspecto objetivo quanto sob o aspecto
a evento certo, determinado e episódico no tocante regular dinâmica subjetivo.Sob o aspecto objetivo, tendo em vista que a atividade
do empreendimento tomador de serviços; e) em consequência, a executada pelo reclamante era exigível no dia a dia da entidade
natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, demandada e estava relacionada com o objeto social da fazenda
aos padrão dos fins do empreendimento" (Curso de Direito do onde desempenha suas atividades.Noutra vertente, sob a
Trabalho, LTr, 5ª ed., pág. 291). No caso sob exame, tais aspectos perspectiva objetiva, a subordinação restou demonstrada pela
não se amoldam aos serviços prestados pelo reclamante, pois, inserção do trabalhador "no giro total da empresa em movimento",
ainda que laborasse apenas alguns meses por ano, para fins conforme preceitua Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena (Relação de
celetistas, a intermitência não traduz eventualidade. Com efeito, a emprego:estrutura legal e supostos, 2ª ed. rev., atual. e aum., São
atividade exercida pelo autor em favor do reclamado não pode ser Paulo: LTr, 1999, p. 472). Nesse aspecto, a subordinação confunde-
reconhecida como eventual, porquanto está ligada a um serviço se com a não eventualidade, que diz respeito à essencialidade dos
necessariamente permanente e habitual à Fazenda onde laborava, serviços prestados pelo empregado para o empreendimento do
sendo a função por ele ocupada essencial para a parte demandada. empregador.Sob o aspecto subjetivo, uma vez que o reclamante,
A eventualidade se fixa pela necessidade da atividade laboral e não além de não poder se fazer substituir na execução de suas
pela intermitência na execução da tarefa. Desse modo, se a atividades por outra pessoa, estava sujeito ao cumprimento de
prestação é descontínua, mas permanente, deixa de haver jornada de trabalho e punição disciplinada. Sem embargo, a única
eventualidade. Eis que a jornada contratual pode ser inferior à testemunha arregimentada peloreclamante garantiu que ele
jornada legal, inclusive no que concerne aos dias laborados na desempenhava as mesmas atividades que eram executadas pelo
depoente e cumpria jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min princípio da continuidade, que a terminação do contrato decorreu de
edas 12h30min às 15h30min, de segunda à sexta-feira. Garantiu, iniciativa da empresa e sem justa causa. Em decorrência, e ante a
outrossim, que se o reclamante faltasse sem justificativa ao trabalho ausência de prova quitatória, impõe-se a condenação da reclamada
seria chamado a atenção e se reiterasse na falta poderia ser na anotação da CTPS da parte demandante, bem como no
demitido (cf. 08min03seg ao 09min27 da gravação). Garantiu, pagamento das seguintes parcelas: a) aviso prévio; b) três períodos
outrossim, que o reclamante não poderia se fazer substituir na de férias vencidas em dobro + 1/3; c) um período de férias vencidas
execução de suas atividades sem prévia comunicação à parte simples + 1/3; d) férias proporcionais (2/12) + 1/3; e) 13º salário do
adversa (cf. 09min38 da gravação). Aliás, a própria peça período contratual; f)recolhimento e liberação do FGTS do período
contestatória declina que a jornada de trabalho era cumprida das contratual; e) recolhimento e liberação damulta fundiária; g) multa
07h às 15h30min, com intervalo de uma hora. Vê-se, pois, que o rescisória. Descabe a condenação da parte reclamada no
reclamante não tinha inteira liberdade de ação na execução de suas pagamento da multa de que trata o artigo 467 da CLT, uma vez que
atividades, porquanto não atuava como patrão de si mesmo, já que a tese da negativa do vínculo,sustentada na peça defensiva, tornou
não tinha poderes jurídicos de organização própria para o incontroversa as verbas rescisórias. 06 DO ADICIONAL DE
desenvolvimento impulsivo da sua livre iniciativa, pelo menos não INSALUBRIDADE O reclamante alega que, no exercício da
restou demonstrado pelo demandado. Subordinação configurada, atividade detrabalhador rural, aplicava herbicidas/inseticidas, sem o
portanto.A também restou cristalina, onerosidade uma vez que a uso dos devidos EPIs capazesde neutralizar os efeitos causados
partereclamante não prestava serviços gratuitamente para a parte pelos venenos utilizados. Além disso, exercia suas funções a céu
adversa. Muito pelo contrário, era remunerada pelos serviços aberto, exposto a calor oriundo do sol escaldante. Em decorrência,
executados. Aliás, a própria testemunha ouvida a rogo do postula o pagamento do adicional de insalubridade.A reclamada
reclamante disse que a parte obreira recebia R$ 50,00 por dia de contesta aduzindo que o reclamante nunca prestou serviço exposto
trabalho (cf. 04mni45seg da gravação), depois disse que hoje a ao sol, já que trabalhava numa fazenda de coqueiros, sendo certo
diária custa R$ 50,00 e na época do reclamante importava R$ 40,00 que estes fazem muita sombra. Além disso, a mera execução de
ou R$ 45,00 (cf. 15mni45seg da gravação). Do mesmo modo, a atividade ao céu aberto com exposição ao sol não caracteriza, por si
testemunha arregimentada pelo autor assegurou que este, na época só, atividade insalubre. Já no tocante ao emprego de inseticidas,
da vigência do contrato do depoente, recebia R$ 450,00 por aduz que este é realizado apenas (no máximo) de uma a duas
quinzena, perfazendo um montante mensal de R$ 900,00 (cf. vezes por ano e, ainda assim, com a utilização dos equipamentos
08min18seg da gravação). Releva pontuar que a contraprestação de proteção - EPIs (máscara e luvas apropriadas). Desse modo,
salarial pode ser perfeitamente fixada por diária ou por inexiste labor exposto a agente insalubre, sendo, por isso,
produtividade. Desse modo, o mero fato de oreclamante receber descabida a pretensão autoral pertinente. Analiso.segundo o artigo
contraprestação com base na diária, mas, quando da descasca do 195 da CLT, a caracterização e a classificação da insalubridade e
coco, passar a receber por produtividade, conforme atesta a da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho,
testemunha da empresa,não tem o condão de afastar o requisito da far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou
onerosidade. Pelo contrário, apenas reafirma que o trabalho Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
executado pelo reclamante não era gratuito, mas remunerado. Conquanto a norma celetária acima destacada exija perícia para a
Assim, demonstrado que a parte autora, pessoalmente, prestou caracterização e a classificação da insalubridade e periculosidade, o
serviços para a parte contrária, na função de trabalhador rural, pelo dispositivo legal não impede a utilização de prova técnica elaborada
longo período de junho de 2017 a 02.07.2021, de forma contínua e em outro processo. Vale dizer que a prova técnica não tem que ser,
permanente (ineventualidade), sujeitando-se ao cumprimento de necessariamente, produzida no processo em análise, e sim que a
jornada de trabalho (subordinação), mediante contraprestação apuração da insalubridade e periculosidade far-se-á mediante
mensal de R$ 900,00 (onerosidade), tem-se por inafastável que o perícia,tornando, desse modo, admissível a produção de prova
vínculo mantido entre as partes era de emprego, ante a presença emprestada.A prova emprestada é criação doutrinária e
relação, conforme previstos no art. 3º do Estatuto Consolidado. processo, dos elementos de informação produzidos no âmbito de
Relação de emprego configurada. Configurada a relação de outros, conquanto sejam preenchidos certos requisitos. Segundo
emprego e não tendo a parte reclamada demonstrado que o distrato majoritário entendimento jurisprudencial, é cabível o aproveitamento
teria decorrido de iniciativa da parte autora, tem-se, em face do de prova emprestada quando a ação for movida entre as mesmas
partes, envolvendo situação fática semelhante, ou então quando que, nos termos do Anexo 14 da NR 15, o reclamante faz jus ao
houver concordância expressa dos litigantes. Nesse sentido, cito os adicional de insalubridade, cuja conclusão segue transcrita: 13
seguintes precedentes jurisprudenciais:[...]RECURSO ADESIVO CONCLUSÃO PERICIAL Face às constatações periciais, baseado
DO RECLAMANTE. PROVA EMPRESTADA. ADICIONAL DE nas entrevistas colhidas durante a perícia, nos documentos
INSALUBRIDADE. No direito do trabalho, admite-se a prova apresentados nos autos e ainda no conjunto de premissas
emprestada quando houver concordância das partes. No caso, a minuciosa, cuidadosa e criteriosamente relatadas no corpo deste
parte reclamada discordou da utilização do laudo pericial acostado laudo técnico pericial, considerando a análise das condições de
pelo autor como prova emprestada. Logo, correta a sentença que trabalho e como elas foram observadas "in loco", com base na
inadmitiu o documento como meio de prova. Apelo negado. TRT da análise das atividades e condições de trabalho do Reclamante e a
4ª Região, 8ª Turma, RO 0020515-27.2015.5.04.0541, Rel. Legislação Trabalhista da Portaria Ministerial 3214/78, conclui-se
ANGELA ROSI ALMEIDA CHAPPER, Data: 24/03/2017) para as condições laborais desenvolvidas pela Reclamante, nos
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PROVA Como as partes ambientes analisados, no período que laborou para a reclamada,
concordaram EMPRESTADA. com a utilização da prova conforme NR 15, ANEXO III (Calor) e ANEXOS 11, 12 e 13
emprestada e não veio aos autos contraprova específica para (Agentes Químicos), que: Em relação ao Agente Calor:NÃO
demonstrar que o reclamante não atuou nas mesmas condições EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE;Em
relatadas no laudo pericial destacado, nenhum reparo merece a r. relação aos Agente Químicos (Anexo 13):EXISTEM CONDIÇÕES
sentença recorrida, que corretamente condenou o reclamado ao TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÉDIO, sendo o
pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, com adicional de insalubridade incidente em 20% sobre o salário mínimo
fundamento na norma regulamentar pertinente ao caso concreto. da região.OBS: Constatada insalubridade pelo uso do agente
(TRT da 3.ª Região; PJe: 0011443-21.2016.5.03.0149 (RO); químico glifosato (ZAPP QI 620) como defensivo agrícola. Houve
Disponibilização: 27/09/2017, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 539; divergência entre as partes, durante as diligências periciais, em
Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator: Milton V.Thibau de relação ao período de exposição: de acordo com a reclamante uma
Almeida) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - PROVA PERICIAL ou duas pulverizações com defensivo agrícola ao mês; de acordo
EMPRESTADA - EXPRESSA CONCORDÂNCIA DAS PARTES. com a reclamada no máximo duas pulverizações com defensivo
Havendo concordância das partes com o uso de prova pericial agrícola ao ano. Veja-se que o laudo pericial não foi impugnado
emprestada, recai sobre a reclamada o ônus de provar que pela demandada, de maneira que não há como deixar de acolher as
oreclamante recebeu e utilizou corretamente os EPI's adequados conclusões expostas pelo Vistor Oficial para, de consequência,
para a neutralização ou a eliminação do contato permanente com o indeferir o adicional de insalubridade. Urge pontuar que a
agente insalubre hidrocarboneto, posto que o uso de Equipamentos testemunha, apesar de afirmar que a atividade de pulverização era
de Proteção Individual é fato impeditivo ao direito do realizada mensalmente (12:04min), explicita a situação informando
reclamante(artigo 818 da CLT e artigo 333, inciso II, do CPC). Não que a duração da pulverização era em torno de três meses
se desincumbindo de tal ônus, correto se afigura o deferimento do (16:27min), podendo ser realizada duas vezes por ano ou mais,
adicional de insalubridade caracterizado no laudo pericial, ainda que podendo chegar a ser três vezes por ano (17:05min). Assevera que
utilizado como prova emprestada. (TRT da 3.ª Região; a mesma era realizada sem a utilização de EPI (14:58min), situação
Processo:0001624-69.2011.5.03.0041 RO; Data de Publicação: que era submetido ao reclamante (15:56min). Pelas razões
15/04/2013;Disponibilização: 12/04/2013, DEJT, Página 82; Órgão expendidas, não resta outra alternativa a este Juízo senão condenar
Julgador:Terceira Turma; Relator: Cesar Machado; Revisor: Camilla o reclamado no pagamento do adicional de insalubridade no grau
G.Pereira Zeidler) No caso sob exame, a parte demandada médio, durante nove meses por ano."
demostrado que o serviço desempenhado pelo reclamante Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário,
apresenta condições insalubres, deixando o laudo pericial patente mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
Processo Nº ROT-0000992-92.2020.5.07.0016 para julgar a reclamação trabalhista improcedente, o que colide com
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR a fundamentação e conclusão do voto, dos quais se depreende que
RECORRENTE ANDRE LUIS DOS SANTOS SILVA
ao recurso do autor foi negado provimento, mantendo-se a
ADVOGADO PAULO FERREIRA RABELO(OAB:
40559/CE) improcedência em todos os seus termos, excetuando-se pela
ADVOGADO DOUGLAS MICHEL CAETANO(OAB:
41573-A/CE) exclusão ,de ofício, da verba honorária a cargo do autor, enquanto
RECORRIDO CERVEJARIA PETROPOLIS DA beneficiário da justiça gratuita.
BAHIA LTDA
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB: A parte contrária, devidamente notificada, quedou-se silente de (ID.
60284/SP)
25f7d06 - Pág. 1).
Intimado(s)/Citado(s): É o breve relatório.
MÉRITO
pedidos julgados improcedentes, somente tendo havido interposição Voto pelo conhecimento e provimento dos embargos de declaração,
de apelo com o fito de modificar a sentença, por parte do a fim de, atribuindo efeito modificativo ao julgado, determinar a
Prossegue apontando equívoco material no dispositivo do acórdão, 1) Na parte final fundamentação do acórdão, onde se lê: "Nega-se
do qual consta que o recurso ordinário da reclamada foi provido provimento ao apelo da reclamada, e determina-se de ofício, a
para julgar a reclamação trabalhista improcedente, o que colide com exclusão da condenação da parte autora no pagamento de
a fundamentação e conclusão do voto, dos quais se depreende que honorários em favor do advogado da reclamada, com base na
ao recurso do autor foi negado provimento, mantendo-se a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no
improcedência em todos os seus termos, excetuando-se pela julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo do
exclusão ,de ofício, da verba honorária a cargo do autor, enquanto reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da condenação da
De fato, os pedidos aduzidos na reclamatória foram julgados proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766";
O acórdão conheceu do apelo ordinário interposto pelo autor, mas a julgar a ação improcedente, com inversão sucumbencial, onde
ele negou provimento, exceto pela retirada, de ofício, dos houver", leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a
honorários advocatícios a seu encargo, em razão de sua qualidade improcedência em todos os seus termos, excluindo-se, de
de beneficiário da justiça gratuita, nos termos do entendimento ofício, a condenação do autor no pagamento de honorários em
Nestes termos, deve-se proceder à correção do erro material inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
constante da parte final fundamentação do acórdão, a fim de que 5766. Mantido o valor arbitrado à causa"
5766"
Processo Nº RORSum-0000782-38.2021.5.07.0038
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
RECORRENTE JOAO JOSE DE VASCONCELOS
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª FILHO
ADVOGADO FRANCISCO VAGNER DA
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração SILVA(OAB: 28164/CE)
e dar-lhes provimento, a fim de, atribuindo efeito modificativo ao RECORRIDO FRANCISCO THALES NASCIMENTO
XAVIER
julgado, determinar a correção dos seguintes erros materiais: ADVOGADO ANDRESA CECILIA MUNIZ(OAB:
34885/CE)
1) Na parte final fundamentação do acórdão, onde se lê: "Nega-se
houver", leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a PRELIMINAR. NULIDADE DA SENTENÇA. LAUDO PERICIAL.
ofício, a condenação do autor no pagamento de honorários em processo e destinatário final das provas, podendo e devendo
favor do advogado da reclamada, com base na declaração de indeferir diligências que considere inúteis ou protelatórias, a teor do
5766. Mantido o valor arbitrado à causa". INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DA CAUSA DE
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores PEDIR. Nos termos do artigo 840, da CLT, na redação vigente à
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior época do ajuizamento da ação, que ocorreu em 12/5/2017, a
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) petição inicial deve conter "uma breve exposição dos fatos de que
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. de seu representante". Esse requisito foi observado no caso em
Fortaleza, 11 de julho de 2022. tela, tendo em vista que o reclamante expôs de forma clara, na
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART CONCLUSIVO. Muito embora o juiz não esteja adstrito a conclusão
Diretor de Secretaria do laudo pericial (art. 436 do CPC), o fato é que nos presentes
autos não restaram evidenciados a presença de elementos reclamada impugnado o laudo pericial de forma pertinente.
probantes aptos a infirmar a conclusão da referida prova técnica. A conclusão do perito foi firmada com base nas análises biológicas,
Portanto, constatado, por meio de laudo pericial, que a atividade físicas e químicas do meio ambiente de trabalho e das substancias
exercida pelo autor encontrava-se em condição insalubre, mantém- manipuladas pelo obreiro, sendo desnecessário esclarecimentos
Recurso conhecido e improvido, mantendo-se a sentença por seus Sabe-se que o Juiz é o condutor do processo e destinatário final das
próprios e jurídicos fundamentos. provas, podendo e devendo indeferir diligências que considere
PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. Fundamentando o julgador sua decisão, não há, portanto, que se
RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO falar em nulidade da instrução, a teor do art. 794 da CLT.
ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Preliminar que se rejeita.
FUNDAMENTAÇÃO "uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do (reconhecimento de vínculo empregatício, pagamento das verbas
NULIDADE DA SENTENÇA. PROVA EMPRESTADA. PEDIDO DE delimitar seu pedido e causa de pedir, tanto que a pretensão foi
Alega a recorrente que não houve pronunciamento no julgado ao contraditório e à ampla defesa ou embaraço à correta prestação
acerca da argumentação recursal de erro substancial do laudo jurisdicional. Plenamente satisfeito o art. 840, § 1º, da CLT.
Afirma que não foi oportunizado ao perito manifestar-se acerca de IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA
sua impugnação ao laudo técnico. Assim, requer a anulação da De acordo com o artigo 292, VI, do NCPC, o valor da causa na ação
sentença e o retorno dos autos à vara de origem para reabertura da em que há cumulação de pedidos, que deverá constar da inicial,
instrução processual com a determinação de complementação do corresponde à soma dos valores de todos os pleitos individualmente
À análise. Rejeita-se.
0000291-31.2021.5.07.0038 (id8873344), como prova emprestada. Insurge-se a reclamada contra o reconhecimento do vínculo
Oportunizada a parte reclamada manifestar-se sobre o referido empregatício alegando que o reclamante nunca foi seu empregado,
laudo por ocasião de suas razões finais. visto ter prestado apenas serviços de forma autônoma e eventual,
Em razões finais (id 7864f71) a reclamada aponta divergências em períodos descontínuos, dentro do interregno compreendido de
Ora, é cediço que as pretensões de insalubridade/periculosidade Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a
dependem de prova técnica (art. 195 da CLT), não tendo o confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência Presentes, assim, a pessoalidade, subordinação, onerosidade e não
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. eventualidade, impõe-se o reconhecimento do vínculo empregatício
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir à luz do princípio da primazia da realidade que informa o Direito do
expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do Trabalho e artigos 2º, 3º e 9º da CLT.
recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a Sentença mantida.
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. Sustenta a recorrente, em confusas razões, que "O juiz de primeiro
Para caracterização do vínculo de emprego, é necessário o grau julgou procedente o pedido de insalubridade fundamentando
cumprimento de requisitos cumulativos, quais sejam: ser pessoa em uma única prova, produzida de forma UNILATERAL, sem
física, que exerce atividades com pessoalidade, subordinação, não CONTRADITÓRIO ou AMPLA DEFESA. E ignorando todas as
Ausente algum dos referidos requisitos, não há que se falar no Em face da impugnação do laudo pericial, pugna pela reforma da
reconhecimento do liame empregatício. sentença, para que seja excluído o pagamento do adicional de
seu direito e ao reclamado a existência de fato impeditivo, Arguida em juízo pleito de adicional de insalubridade, o juiz
modificativo ou extintivo do direito do autor. designará perito habilitado, na forma do § 2º, do art. 195, da CLT.
Neste contexto, sabe-se que o ônus de comprovar a configuração "Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da
da relação de emprego é, de início, do reclamante, contudo, periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-
havendo, em contrapartida, a alegação do reclamado de que o se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou
trabalho ocorreu de maneira autônoma, é invertido tal ônus Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
Desse ônus, entende-se, não se desonerou a reclamada. empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o
Registra-se, incialmente que a reclamada confirma que o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não
reclamante prestou-lhe serviços de forma "eventual" por mais de 04 houver, requisitará perícia ao órgão competente ao Ministério do
anos (de junho de 2017 ao início de julho de 2021), fato este que, Trabalho.
de pronto, afasta a eventualidade alegada. No caso, diante do quadro fático delineado na exordial e tendo em
A única testemunha apresentada pelo reclamante confirmou que vista tratar-se de pedido de adicional de insalubridade, acordaram
executavam as mesmas atividades na reclamada, cumprindo as partes, em audiência (id 8bbdab5), a utilização do laudo pericial
jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min e das 12h30min às produzido no processo N. 0000291-31.2021.5.07.0038 (id873344),
sem justificativa ao trabalho seria chamado a atenção e se O referido laudo pericial assim concluiu:
reiterasse na falta poderia ser demitido; que o reclamante não "13 CONCLUSÃO PERICIAL
poderia se fazer substituir na execução de suas atividades; a parte Face às constatações periciais, baseado nas entrevistas colhidas
obreira recebia R$ 50,00 por dia de trabalho, depois disse que hoje durante a perícia, nos documentos apresentados nos autos e ainda
a diária custa R$ 50,00 e na época do reclamante importava R$ no conjunto de premissas minuciosa, cuidadosa e criteriosamente
A testemunha da reclamada afirma que o autor laborava em análise das condições de trabalho e como elas foram observadas
períodos descontínuos, em razão do período chuvoso; que no ano "in loco", com base na análise das atividades e condições de
que chovia bastante a interrupção da prestação de serviço na trabalho do Reclamante e a Legislação Trabalhista da Portaria
Fazenda seria em torno de três meses e que o reclamante teria Ministerial 3214/78, conclui-se para as condições laborais
laborado nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021 e, enquanto desenvolvidas pela Reclamante, nos ambientes analisados, no
laborava, o labor ocorria em média cinco dias por semana. período que laborou para a reclamada, conforme NR 15, ANEXO III
O conjunto probatório revelou que a relação havida entre as partes (Calor) e ANEXOS 11, 12 e 13 (Agentes Químicos), que: Em
revestiu-se dos elementos caracterizadores da relação de emprego, relação ao Agente Calor: NÃO EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS
consoante disposições contidas no art. 3º da CLT. DE INSALUBRIDADE; Em relação aos Agente Químicos (Anexo
13): EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE EM são perfeitamente dispensáveis os formalismos característicos do
GRAU MÉDIO, sendo o adicional de insalubridade incidente em processo comum. Necessário, apenas, uma sucintaexposição dos
20% sobre o salário mínimo da região." fatos que fundamentam o pedido, de forma que fique clara a
Muito embora o juiz não esteja adstrito a conclusão do laudo pericial pretensãoe possibilite o contraditório. Assim, não há nenhuma
(art. 371 do NCPC), o fato é que nos presentes autos não restaram irregularidade passível decorrigenda.Diante disso, não resta outra
evidenciados a presença de elementos probantes aptos a infirmar a alternativa ao Juízo senão afastar apreliminar em epígrafe, o que
A impugnação da reclamada sobre matérias técnicas, sem a devida haja vista que o valor atribuído à causa apresenta-secompatível
contraprova técnica, não é suficiente para suplantar as conclusões com a expressão monetária dos pedidos (art. 2º, da Lei 5.584/70 c/c
do perito oficial. art. 291do CPC), não sendo, ainda, apresentado o valor que
Considerando o poder de livre apreciação da prova pelo magistrado, supostamente entende correto.Ademais, se da alteração do valor da
através do qual o magistrado dispõe de ampla liberdade para causa não houver repercussão no valor da alçada recursal, no
analisar os elementos de convicção coligidos aos autos, desde que procedimento processual, nem no valordas custas e do depósito
fundamente sua decisão, mantém-se a sentença atacada, quanto recursal, falta interesse jurídico para a sua alteração,mantendo-se,
ao grau de insalubridade definido pelo laudo pericial, uma vez que em consequência, o valor da causa dado na exordial, que, aliás,
coerentes com o ambiente de trabalho e exposição aos agentes guardasintonia com o valor econômico dos pleitos na forma em que
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, alega que trabalhou para o reclamado, sem CTPS anotada, no
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: período de 01.06.2017 a 16.07.2021, na função de trabalhador rural,
Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da consolidação das Leis jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min e das 12h30min às
do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17 15h30min, de segunda à sexta-feira, sendodespedido sem justa
(remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência causa, estando pendentes de pagamento as verbas rescisórias e
Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou trabalhistas que relaciona. Diante disso, pugna pelo reconhecimento
procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade da relação de emprego e consequente condenação da reclamada
não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a na anotação da CTPS e nopagamento das seguintes verbas: a)
ratuidade da justiça à parte autora. 02 DA NULIDADE DA PROVA aviso prévio; b) férias vencidas e proporcionais + 1/3; c) 13º salário
DOCUMENTAL A reclamada pugna pela nulidade da prova alusiva do período contratual; d) FGT+ 40%; e) multa rescisória; f) multa do
ao link do vídeo e fotos juntados após a propositura da reclamatória, art.467 da CLT. A reclamada se insurgiu contra a pretensão autoral
ante a impossibilidade de exercer o contraditório e ampla defesa, aduzindo que o reclamante nunca foi seu empregado, visto ter
visto não ter conseguido acesso o conteúdo da prova em alusão. prestado apenas serviços de forma autônoma e eventual, em
jogar no Google Firefox que mencionado link cai no PJEMídias, descasca de coco do ano de 2020 laborado em tal atividade,
clica em acessar que o link abre normalmente. Preliminar rejeitada, mediante contraprestação a base de produção, recebendo nos
portanto.03 DA INÉPCIA DA INICIALInépcia é a falta de aptidão da outros períodos por diária, quando observava a jornada das 07h às
petição inicial para permitir aoreclamado a apresentação de defesa 15h30min, com intervalo de uma hora. Desse modo, bate pela
útil e ao Juiz a prolação da decisão. O exame dosautos revela que improcedência dos pedidos deduzidos na peça de
os pedidos da prefacial foram extensamente contestados pela começo.Analiso.De acordo com a legislação pátria vigente, a prova
reclamada, não havendo, portanto, inépcia a ser declarada.Além das alegações incumbe a parte que as fizer, a parte autora cabe
disso, a inicial não é inepta, visto não lhe faltar pedido oucausa de comprovar os fatos constitutivos do direito reivindicado e a parte ré
pedir, da narração dos fatos decorrer conclusão lógica, os pedidos os fatos impeditivos, modificativos e extintivos dodireito perseguido
seremjuridicamente possíveis e não haver pedidos incompatíveis (arts. 818 da CLT e 373 do NCPC), sob pena de sucumbir na
entre si.Se não bastasse, a inicial atende satisfatoriamente demanda.Em sede de vínculo empregatício, negada a relação de
aosrequisitos constantes do § 1° do art. 840 da CLT E no processo emprego o ônus da prova incumbe ao autor por se tratar de fato
do trabalho, . prevalece o princípio da simplicidade, razão pela qual constitutivo. Entender o contrário, seria obrigar o réu a produzir
contestação sobre fato negativo, o que seria praticamente pressupostos caracterizadores da relação de emprego, a saber:
impossível. Mas uma vez constatada a prestação pessoal de pessoalidade, ineventualidade, subordinação e onerosidade. A
serviço,presume-se tratar de relação de emprego, cuja elisão decorre do simples fato do reclamante, pessoalidade ao longo da
constitui ônus do empregador,que deverá demonstrar, contratualidade não se fazer substituir por outras pessoas na
comprovadamente, que o vínculo havido entre as partes era execução de suas tarefas junto ao demandado. De fato, a despeito
puramente comercial, societário, ou de qualquer outra forma não da testemunha arregimentada pelo reclamado haver asseverado
subordinada. Isso se justifica porque o contrato de emprego é a que o autor poderia determinar que outra pessoa fosse laborar para
forma ordinária de contratação do trabalho humano, constituindo o demandado sem prévia comunicação, garantiu que não tem
formas extraordinárias aquelas em que não está presente o vínculo conhecimento se esta situação chegou a ocorrer (cf. do 06min20seg
da subordinação.Neste sentido, destacamos o posicionamento do ao 06min45seg da gravação). Se não bastasse, o único testigo
eminente Juiz César Pereira da Silva Machado Júnior, in arregimentado pela parte autora assegurou que o reclamante não
verbis:Inspirado no princípio protetor temos de considerar toda poderia se fazer substituir na execução de suas atividades sem
prestação de trabalho como presumidamente subordinada, em vista prévia comunicação à parte adversa (cf. 09min38 da gravação). A
da grande proteção ao trabalho humano em geral, que o direito do reside no simples fato de ineventualidade a parte reclamante ter
trabalho procura assegurar. Em decorrência: provado pelo laborado para a parte adversa, sem solução de continuidade, por
reclamante a prestação de serviço, é do reclamado a demonstração um período ininterrupto de mais de mais de quatro anos (de junho
de situação capaz de afastar a incidência da norma jurídica (O Ônus de 2017 ao início de julho de 2021), porquanto jamais pode ser
da Prova no processo do Trabalho, Ed. LTr, 1993, p. 346). considerado eventual o trabalho prestado de modo continuado, ao
jurisprudência dos pretórios pátrios trabalhistas não discrepa desse longo do período mencionado, na execução de serviços destinados
entendimento, conforme ementa jurisprudencial a seguir transcrita: a cobrir as exigências do cotidiano da entidade reclamada, como no
VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA caso de que se cuida. De fato, a despeito da testemunha
REALIDADE. Com a edição da Consolidação das Leis do arregimentada pelo reclamado haver asseverado que o autor teria
Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452, de 1943), toda e qualquer prestação laborado apenas em períodos descontínuos, visto que no período
de serviço pessoal gera a presunção de que seja derivada da invernoso não havia prestação laborativa, garantiu que no ano que
existência de uma relação de emprego típica, pois tal relação chovia bastante a interrupção da prestação de serviço na Fazenda
jurídica passou a integrar o ordenamento jurídico pátrio com o seria em torno de três meses e que o reclamante teria laborado nos
escopo protecionista ao hipossuficiente. A prestação de serviços de anos de 2018,2019, 2020 e 2021 e, enquanto laborava, o labor
natureza diversa (eventual, autônoma, empreitada etc.) deve ser ocorria em média cinco dias por semana (cf. do 02min50seg ao
sobejamente comprovada nos autos da ação trabalhista. Tal ônus 05min39seg da gravação). Se não bastasse, o único testigo
cabe à reclamada quando esta, em suas razões contestatórias, arregimentado pela parte autora assegurou que o reclamante
nega o liame empregatício, embora ateste a veracidade da começou a laborar em meados de 2017 e, quando depoente saiu
prestação deserviços havida, consoante os termos dos artigos em agosto de 2020, o autor ainda permaneceu trabalhando,
818/CLT e 373/CPC. (TRT da 10ª Região, RO 0000044- destacando que o autor laborava de forma ininterrupta,
27.2018.5.10.0861, Rel.Dorival Borges de Souza Neto, em acrescentando que, mesmo no período chuvoso, havia prestação
02.08.2018).Na hipótese dos autos, a reclamada negou a relação laborativa (cf. 07min12seg ao 08min36seg da gravação). Com
de emprego, mas admitiu a prestação de serviço, atribuindo-lhe efeito, mesmo que o reclamante tivesse laborado em período
conotação eventual e autônomo, atraindo, para si, o ônus da descontínuo, ainda assim não estava configurada a eventualidade,
prova.A parte reclamada, entretanto, não conseguiu comprovar os uma vez que a descontinuidade da prestação de serviços não é
fatos impeditivos sustentados na peça contestatória ou mesmo fator predominante do trabalho eventual. Note-se que a legislação
qualquer outra situação capaz de afastar a configuração da relação não exige o trabalho contínuo, mas sim aquele trabalho que tenha
de emprego. Muito pelo contrário,o contexto probatório produzido no caráter de permanência. E no caso concreto, a prestação laborativa
feito deixou evidenciado que o reclamante trabalhava pessoalmente ocorreu dentro de um período superior a quatro anos, de modo que,
para o demandado, executando atividade de natureza ruralística, ainda que fosse em períodos descontínuos, o que restou afastado
pelo período ininterrupto de meados de 2017 até julho de 2018, pela prova testemunhal produzida pela autora, estaria afastada a
sujeitandose ao cumprimento de jornada de trabalho, mediante o eventualidade e, por conseguinte, configurada a ineventualidade da
recebimento de contraprestação, restando, assim, manifestos os prestação laboral. O eminente Maurício Godinho Delgado adverte
que são elementos caracterizadores do trabalho de natureza isso,necessários e permanentes, inclusive vinculados ao objeto da
eventual: "a) descontinuidade da prestação do trabalho, entendida atividade econômica, tem-se por configurada a ineventualidade
como a não permanência em uma organização com ânimo como elemento caracterizador da relação de emprego.A , ponto de
definitivo; b) não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com distinção subordinação jurídica por excelência darelação de
pluralidade variável de tomadores de serviços; c) curta duração do emprego das demais relações de trabalho, restou também
trabalho prestado; d) natureza do trabalho tende a ser concernente evidenciada,tanto sob o aspecto objetivo quanto sob o aspecto
a evento certo, determinado e episódico no tocante regular dinâmica subjetivo.Sob o aspecto objetivo, tendo em vista que a atividade
do empreendimento tomador de serviços; e) em consequência, a executada pelo reclamante era exigível no dia a dia da entidade
natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, demandada e estava relacionada com o objeto social da fazenda
aos padrão dos fins do empreendimento" (Curso de Direito do onde desempenha suas atividades.Noutra vertente, sob a
Trabalho, LTr, 5ª ed., pág. 291). No caso sob exame, tais aspectos perspectiva objetiva, a subordinação restou demonstrada pela
não se amoldam aos serviços prestados pelo reclamante, pois, inserção do trabalhador "no giro total da empresa em movimento",
ainda que laborasse apenas alguns meses por ano, para fins conforme preceitua Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena (Relação de
celetistas, a intermitência não traduz eventualidade. Com efeito, a emprego:estrutura legal e supostos, 2ª ed. rev., atual. e aum., São
atividade exercida pelo autor em favor do reclamado não pode ser Paulo: LTr, 1999, p. 472). Nesse aspecto, a subordinação confunde-
reconhecida como eventual, porquanto está ligada a um serviço se com a não eventualidade, que diz respeito à essencialidade dos
necessariamente permanente e habitual à Fazenda onde laborava, serviços prestados pelo empregado para o empreendimento do
sendo a função por ele ocupada essencial para a parte demandada. empregador.Sob o aspecto subjetivo, uma vez que o reclamante,
A eventualidade se fixa pela necessidade da atividade laboral e não além de não poder se fazer substituir na execução de suas
pela intermitência na execução da tarefa. Desse modo, se a atividades por outra pessoa, estava sujeito ao cumprimento de
prestação é descontínua, mas permanente, deixa de haver jornada de trabalho e punição disciplinada. Sem embargo, a única
eventualidade. Eis que a jornada contratual pode ser inferior à testemunha arregimentada peloreclamante garantiu que ele
jornada legal, inclusive no que concerne aos dias laborados na desempenhava as mesmas atividades que eram executadas pelo
semana, no mês ou no ano. A descontinuidade da prestação de depoente e cumpria jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min
serviços não é, portanto, fator predominante do trabalho eventual. edas 12h30min às 15h30min, de segunda à sexta-feira. Garantiu,
Assim, ainda que o reclamante tivesse prestado serviço apenas em outrossim, que se o reclamante faltasse sem justificativa ao trabalho
alguns meses do ano, notadamente no período não chuvoso, tal seria chamado a atenção e se reiterasse na falta poderia ser
circunstância não descaracteriza o elemento da não eventualidade, demitido (cf. 08min03seg ao 09min27 da gravação). Garantiu,
eis que, como já destacado acima, a legislação não exige o trabalho outrossim, que o reclamante não poderia se fazer substituir na
contínuo, mas sim aquele trabalho que tenha caráter de execução de suas atividades sem prévia comunicação à parte
permanência. E, no caso concreto, foram mais de dois quatro anos adversa (cf. 09min38 da gravação). Aliás, a própria peça
ininterruptos de atividade laboral. Cabe, por fim, enfatizar que a não contestatória declina que a jornada de trabalho era cumprida das
eventualidade não mantém relação com duração determinada da 07h às 15h30min, com intervalo de uma hora. Vê-se, pois, que o
prestação do trabalho, mas sim com atividade essencial para o reclamante não tinha inteira liberdade de ação na execução de suas
alcance dos fins econômicos da empresa.Ainda, quanto a não atividades, porquanto não atuava como patrão de si mesmo, já que
eventualidade, valiosa é a lição da Profª.Carmen Camino:"Serviços não tinha poderes jurídicos de organização própria para o
não-eventuais são os serviços rotineiros da empresa, por isso, desenvolvimento impulsivo da sua livre iniciativa, pelo menos não
necessários e permanentes,vinculados ao objeto da atividade restou demonstrado pelo demandado. Subordinação configurada,
econômica, independentemente do lapso de tempo em que portanto.A também restou cristalina, onerosidade uma vez que a
prestados, antítese dos serviços eventuais, circunstancialmente partereclamante não prestava serviços gratuitamente para a parte
necessários, destinados aoatendimento de emergência, quando adversa. Muito pelo contrário, era remunerada pelos serviços
interessa a obtenção do resultado ou a realização de determinado executados. Aliás, a própria testemunha ouvida a rogo do
serviço e não o ato de trabalhar" (Direito Individual do Trabalho, 3ª reclamante disse que a parte obreira recebia R$ 50,00 por dia de
ed. rev. e atual., Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 211). Desse modo, trabalho (cf. 04mni45seg da gravação), depois disse que hoje a
demonstrado o reclamante laborou por mais quatro anos diária custa R$ 50,00 e na época do reclamante importava R$ 40,00
ininterruptos na execução de serviços rotineiros da fazenda e, por ou R$ 45,00 (cf. 15mni45seg da gravação). Do mesmo modo, a
testemunha arregimentada pelo autor assegurou que este, na época só, atividade insalubre. Já no tocante ao emprego de inseticidas,
da vigência do contrato do depoente, recebia R$ 450,00 por aduz que este é realizado apenas (no máximo) de uma a duas
quinzena, perfazendo um montante mensal de R$ 900,00 (cf. vezes por ano e, ainda assim, com a utilização dos equipamentos
08min18seg da gravação). Releva pontuar que a contraprestação de proteção - EPIs (máscara e luvas apropriadas). Desse modo,
salarial pode ser perfeitamente fixada por diária ou por inexiste labor exposto a agente insalubre, sendo, por isso,
produtividade. Desse modo, o mero fato de oreclamante receber descabida a pretensão autoral pertinente. Analiso.segundo o artigo
contraprestação com base na diária, mas, quando da descasca do 195 da CLT, a caracterização e a classificação da insalubridade e
coco, passar a receber por produtividade, conforme atesta a da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho,
testemunha da empresa,não tem o condão de afastar o requisito da far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou
onerosidade. Pelo contrário, apenas reafirma que o trabalho Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
executado pelo reclamante não era gratuito, mas remunerado. Conquanto a norma celetária acima destacada exija perícia para a
Assim, demonstrado que a parte autora, pessoalmente, prestou caracterização e a classificação da insalubridade e periculosidade, o
serviços para a parte contrária, na função de trabalhador rural, pelo dispositivo legal não impede a utilização de prova técnica elaborada
longo período de junho de 2017 a 02.07.2021, de forma contínua e em outro processo. Vale dizer que a prova técnica não tem que ser,
permanente (ineventualidade), sujeitando-se ao cumprimento de necessariamente, produzida no processo em análise, e sim que a
jornada de trabalho (subordinação), mediante contraprestação apuração da insalubridade e periculosidade far-se-á mediante
mensal de R$ 900,00 (onerosidade), tem-se por inafastável que o perícia,tornando, desse modo, admissível a produção de prova
vínculo mantido entre as partes era de emprego, ante a presença emprestada.A prova emprestada é criação doutrinária e
relação, conforme previstos no art. 3º do Estatuto Consolidado. processo, dos elementos de informação produzidos no âmbito de
Relação de emprego configurada. Configurada a relação de outros, conquanto sejam preenchidos certos requisitos. Segundo
emprego e não tendo a parte reclamada demonstrado que o distrato majoritário entendimento jurisprudencial, é cabível o aproveitamento
teria decorrido de iniciativa da parte autora, tem-se, em face do de prova emprestada quando a ação for movida entre as mesmas
princípio da continuidade, que a terminação do contrato decorreu de partes, envolvendo situação fática semelhante, ou então quando
iniciativa da empresa e sem justa causa. Em decorrência, e ante a houver concordância expressa dos litigantes. Nesse sentido, cito os
ausência de prova quitatória, impõe-se a condenação da reclamada seguintes precedentes jurisprudenciais:[...]RECURSO ADESIVO
na anotação da CTPS da parte demandante, bem como no DO RECLAMANTE. PROVA EMPRESTADA. ADICIONAL DE
pagamento das seguintes parcelas: a) aviso prévio; b) três períodos INSALUBRIDADE. No direito do trabalho, admite-se a prova
de férias vencidas em dobro + 1/3; c) um período de férias vencidas emprestada quando houver concordância das partes. No caso, a
simples + 1/3; d) férias proporcionais (2/12) + 1/3; e) 13º salário do parte reclamada discordou da utilização do laudo pericial acostado
período contratual; f)recolhimento e liberação do FGTS do período pelo autor como prova emprestada. Logo, correta a sentença que
contratual; e) recolhimento e liberação damulta fundiária; g) multa inadmitiu o documento como meio de prova. Apelo negado. TRT da
pagamento da multa de que trata o artigo 467 da CLT, uma vez que ANGELA ROSI ALMEIDA CHAPPER, Data: 24/03/2017)
a tese da negativa do vínculo,sustentada na peça defensiva, tornou ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PROVA Como as partes
INSALUBRIDADE O reclamante alega que, no exercício da emprestada e não veio aos autos contraprova específica para
atividade detrabalhador rural, aplicava herbicidas/inseticidas, sem o demonstrar que o reclamante não atuou nas mesmas condições
uso dos devidos EPIs capazesde neutralizar os efeitos causados relatadas no laudo pericial destacado, nenhum reparo merece a r.
pelos venenos utilizados. Além disso, exercia suas funções a céu sentença recorrida, que corretamente condenou o reclamado ao
aberto, exposto a calor oriundo do sol escaldante. Em decorrência, pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, com
postula o pagamento do adicional de insalubridade.A reclamada fundamento na norma regulamentar pertinente ao caso concreto.
contesta aduzindo que o reclamante nunca prestou serviço exposto (TRT da 3.ª Região; PJe: 0011443-21.2016.5.03.0149 (RO);
ao sol, já que trabalhava numa fazenda de coqueiros, sendo certo Disponibilização: 27/09/2017, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 539;
que estes fazem muita sombra. Além disso, a mera execução de Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator: Milton V.Thibau de
atividade ao céu aberto com exposição ao sol não caracteriza, por si Almeida) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - PROVA PERICIAL
EMPRESTADA - EXPRESSA CONCORDÂNCIA DAS PARTES. com a reclamada no máximo duas pulverizações com defensivo
Havendo concordância das partes com o uso de prova pericial agrícola ao ano. Veja-se que o laudo pericial não foi impugnado
emprestada, recai sobre a reclamada o ônus de provar que pela demandada, de maneira que não há como deixar de acolher as
oreclamante recebeu e utilizou corretamente os EPI's adequados conclusões expostas pelo Vistor Oficial para, de consequência,
para a neutralização ou a eliminação do contato permanente com o indeferir o adicional de insalubridade. Urge pontuar que a
agente insalubre hidrocarboneto, posto que o uso de Equipamentos testemunha, apesar de afirmar que a atividade de pulverização era
de Proteção Individual é fato impeditivo ao direito do realizada mensalmente (12:04min), explicita a situação informando
reclamante(artigo 818 da CLT e artigo 333, inciso II, do CPC). Não que a duração da pulverização era em torno de três meses
se desincumbindo de tal ônus, correto se afigura o deferimento do (16:27min), podendo ser realizada duas vezes por ano ou mais,
adicional de insalubridade caracterizado no laudo pericial, ainda que podendo chegar a ser três vezes por ano (17:05min). Assevera que
utilizado como prova emprestada. (TRT da 3.ª Região; a mesma era realizada sem a utilização de EPI (14:58min), situação
Processo:0001624-69.2011.5.03.0041 RO; Data de Publicação: que era submetido ao reclamante (15:56min). Pelas razões
15/04/2013;Disponibilização: 12/04/2013, DEJT, Página 82; Órgão expendidas, não resta outra alternativa a este Juízo senão condenar
Julgador:Terceira Turma; Relator: Cesar Machado; Revisor: Camilla o reclamado no pagamento do adicional de insalubridade no grau
G.Pereira Zeidler) No caso sob exame, a parte demandada médio, durante nove meses por ano."
demostrado que o serviço desempenhado pelo reclamante Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário,
apresenta condições insalubres, deixando o laudo pericial patente mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.
ambientes analisados, no período que laborou para a reclamada, ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
conforme NR 15, ANEXO III (Calor) e ANEXOS 11, 12 e 13 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
(Agentes Químicos), que: Em relação ao Agente Calor:NÃO unanimidade, conhecer do recurso, rejeitar as preliminares
relação aos Agente Químicos (Anexo 13):EXISTEM CONDIÇÕES sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.
TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÉDIO, sendo o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
adicional de insalubridade incidente em 20% sobre o salário mínimo Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
da região.OBS: Constatada insalubridade pelo uso do agente (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
químico glifosato (ZAPP QI 620) como defensivo agrícola. Houve Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
divergência entre as partes, durante as diligências periciais, em o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
relação ao período de exposição: de acordo com a reclamante uma Fortaleza, 11 de julho de 2022.
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA afastar das ilações alcançadas pelo "expert" quando houver,
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART lide fora protocolada após a Lei da 13.467/2017, aplica-se o art.
EMENTA RELATÓRIO
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.
DOENÇA OCUPACIONAL. NEXO CAUSAL ENTRE A RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO
ENFERMIDADE E O LABOR. Diante da conclusão do laudo ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº
pericial, é inarredável a constatação da existência de nexo de 9.957/2000.
causalidade entre o dano e o contrato de trabalho mantido FUNDAMENTAÇÃO
MÉRITO MÉRITO
MM.ª 8.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (idd72d598) para Por tratar-se de matéria suscitada em ambos os recursos passa
restituição de valores referentes ao desconto de EPI; a RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO. PEDIDO DE
danos morais em razão da perda parcial da audição. Aduz a recorrente que a reclamada, tendo conhecimento que a
RESTITUIÇÃO DE VALORES. PAGAMENTO DE EPI. obreira sofreu perda auditiva decorrente da doença que lhe
Pugna a recorrente pela restituição no valor de R$ 20,00 (vinte acometeu (otite) jamais tomou qualquer providência, mantendo
Razão não lhe assiste. A reclamada afirma que a obreira abandonou o emprego e,
Da prova dos autos, colhe-se que a reclamante autorizou o alternativamente, pugna seja reconhecida a modalidade
desconto em folha de pagamento dos valores referentes ao rescisória por abandono de emprego. .
dos referidos EPI's(id 8190929). De conformidade à legislação pátria vigente, a prova das
Nesse cenário, não vislumbro qualquer ilegalidade no alegações incumbe à parte que as fizer. Ao autor cabe
procedimento adotado pela reclamada. comprovar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PERDA DE AUDIÇÃO. extintivos do direito perseguido (art. 818 da CLT c/c. o art. 333
pagamento de indenização por danos morais decorrente de Em matéria de justa causa atribuída ao empregador, quando
perda parcial de audição, decorrente de doença ocupacional alegada em sede de petição inicial, a prova incumbe ao
Diante do quadro fático delineado na exordial o MM Juiz de verbas salariais e em decorrência do princípio da continuidade
O laudo pericial de id 491e572, assim concluiu: Destaque-se que para restar configurada a rescisão indireta do
Foi possível concluir, seguramente, levando-se em elencadas no art. 483, da CLT, é imprescindível que se
consideração documentação anexada aos autos, perícia comprove a falta grave praticada pelo empregador que torne
médica e ausência de exames complementares, que não ficou inviável a convivência profissional comum, já que a regra geral
provado a existência de perda auditiva devido sequela de otite é a presunção gerada pelo princípio de que a relação
Registra-se que o julgador, não está adstrito ao resultado da No caso, o laudo pericial (id 491e572) concluiu que a
perícia (art. 479 do CPC/2015), podendo afastar das ilações reclamante não sofreu perda auditiva.
alcançadas pelo "expert" quando houver, nos fólios, elementos A alegada falta grave do empregador não se fundamenta.
outros, suficientes para autorizar a formação do Isto posto, não comprovado o descumprimento das obrigações
convencimento em sentido contrário à conclusão do técnico. patronais, mormente no tocante às normas de segurança e
Entretanto, para infirmar o seu conteúdo, deve a parte produzir medicina do trabalho, entendo que não restou configurada a
prova de suas alegações, não servindo para tanto meras justa causa estatuída no art. 483, "d" da CLT.
Restando provado que a doença que acometeu a reclamante reclamda constitui falta grave, o que enseja a rescisão por justa
não ocasionou perda auditiva, indevida a condenação no causa do contrato de trabalho, conforme alínea "i" do art. 482
da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Tal falta é trabalho e que, tem o condão de resolver o contrato de trabalho
considerada grave, uma vez que a prestação de serviço é sem ônus para o empregador, deve ficar cabalmente provada,
elemento básico do contrato de trabalho, então a falta contínua estabelecendo-se um nexo causal entre a falta praticada e o
e sem motivo justificado é fator determinante de motivo da dispensa. Logo, tendo a trabalhadora se afastado do
Nesta senda, pelo princípio da continuidade da relação de tem-se que a vontade manifestada de não mais continuar
emprego, cabe ao empregador o ônus de provar a ocorrência trabalhando configura pedido de demissão, razão pela qual
da justa causa, por se tratar de fato obstativo à pretensão reconheço e declaro que a dispensa da autora foi a pedido.
vindicada na petição inicial. Contrato de Trabalho Não há controvérsia nos autos de que o
Ocorre que, no caso dos autos, não restou comprovada a vínculo de emprego entre as partes teve início em 16/10/2019,
ocorrência de qualquer dos elementos necessários à quando exercia a função de recuperação de crédito (operadora
Inexistiu a prova de ânimo da obreira de abandonar o emprego, Quanto à rescisão, conforme tópico anterior, tem-se que foi a
uma vez que, a presente reclamação foi interposta em pedido em 27/02/2020, devendo a reclamada proceder com a
03/03/2020 menos de 30 dias após a rescisão contratual, merecida anotação de baixa na CTPS da trabalhadora.De
Assim, conforme expresso na sentença recorrida, entendo que Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, "Para
não é caso de abandono de emprego, mas de pedido de fins do disposto no Decreto-Lei nº 5452/1943, a Carteira de
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a em meio físico". Assim, com vistas a estimular o isolamento
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o social e priorizar a saúde das partes envolvidas, determino que
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. as anotações na CTPS sejam efetuadas de forma
Inteligência do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. eletrônica.Desse modo, a parte autora deverá efetuar o
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na cadastro na CTPS Digital no prazo de 5 (cinco) dias após o
sentença, a qual confirmo por seus próprios e jurídicos trânsito em julgado, observando-se as instruções da página
fundamentos: https://empregabrasil.mte.gov.br/duvidas-frequentes-ctps-
A autora, em sua petição inicial, requer o reconhecimento da dias, comprovar a anotação de baixa da CTPS da reclamante,
rescisão indireta, em razão de ter contraído uma otite no conforme acima declarado, sendo certo que, em caso de
trabalho, e, consequentemente, uma perda auditiva de 25%, recalcitrância, fica a Secretaria da Vara desde já autorizada a
sem que a empresa custeasse qualquer medicamento ou a proceder com a merecida anotação, conforme art. 39, § 1º, da
transferisse para outro setor em que não precisasse usar CLT, expedindo-se ofício para o Ministério do Trabalho e
headset nos ouvidos. A ré, em sua contestação, requer o Previdência. Direitos Pleiteados Aviso Prévio Indenizado
reconhecimento do abandono de emprego ou, no caso de não Indevido, ante o reconhecimento da rescisão a pedido. 13º
reconhecimento do abandono, que seja reconhecida a Salário Reconhecida a existência de vínculo de emprego entre
demissão a pedido. Pois bem. A perícia judicial (Id. 491e572) as partes, bem como a rescisão a pedido da contratação, tem-
concluiu que a obreira não sofreu perda auditiva, razão pela se devida a gratificação natalina,nos termos do art. 1º, da Lei
qual não reconheço a falta grave da reclamada alegada para 4.090/62, sendo: 13º proporcional de 2020 à razão de 2/12, nos
incidir a rescisão indireta do contrato de trabalho. Quanto à limites do pedido.Férias acrescidas de 1/3 Reconhecida a
tese da reclamada, a continuidade da relação de emprego é existência de vínculo de emprego entre as partes, bem como a
presumível e, sendo o abandono de emprego forma anômala de rescisão a pedido da contratação, tem-se devido o descanso
extinção do contrato de trabalho, cabe à empregadora realizar a anual indenizado acrescido de 1/3 constitucional, nos termos
respectiva prova, encargo do qual não se desincumbiu. Em do art. 129 e seguintes da CLT, sendo férias proporcionais de
sendo a justa causa medida assaz aplicada ao empregado, que 2019/2020 à razão de 4/12, nos limites do pedido.Salário Retido
viola deveres e obrigações inerentes ao seu contrato de Não tendo a reclamada comprovado o repasse salarial
referente aos 27 dias do mês de fevereiro de 2020, mediante proporcionalmente entre os sucumbentes recíprocos, levando em
recibo ou comprovante de pagamento, conforme exigidos pelo consideração a parcela do objeto da pretensão que foi reconhecida
art. 464 da CLT, tem-se que a reclamante faz jus ao salário para cada um, importando, no presente caso, no qual a parte autora
retido, tal como pugnado.Dano moral por perda parcial da sucumbiu em 6 num universo de 9 pedidos principais, , em 33,33%
audição Requer a reclamante indenização por danos morais em do valor a favor de seus defensores, e 66,67%, para os defensores
razão de perda parcial da audição em 25%. Realizado o exame da reclamada.Os honorários devidos ao advogado do reclamante
médico pericial, cujo laudo dormita nos autos (Id. 491e572), a deverão ser pagos pela reclamada. Já os honorários devidos ao
perita concluiu o seguinte: 5. CONCLUSÃO Foi possível advogado da reclamada deverão ficar sob condição suspensiva de
concluir, seguramente, levando-se em consideração exigibilidade, pelo prazo de 02 anos, cabendo ao advogado credor
documentação anexada aos autos, perícia médica e ausência comprovar que o reclamante não faz mais jus aos benefícios da
de exames complementares, que não ficou provado a justiça gratuita para fins de execução. Ressalto que não se pode
existência de perda auditiva devido sequela de otite média retirar do proveito econômico de um beneficiário da Justiça Gratuita
aguda.Tendo em vista a conclusão do laudo pericial que qualquer valor a título de despesas processuais, gênero no qual se
informa que não há nexo causal ou relação de concausa entre incluem os honorários advocatícios sucumbenciais, a teor do art. 5º,
as atividades desenvolvidas na reclamada e a perda de audição inciso LXXIV, da Constituição Federal, sendo parcialmente
alegada pela reclamante, nada a deferir neste tópico. Não inconstitucional o art. 791-A, §4º, da CLT, inserido pela Lei
houve emissão de CAT ou afastamento previdenciário pelas 13.467/2017, exclusivamente na parte que impõe a retirada do valor
queixas alegadas no curso da contratualidade, não havendo dos honorários do proveito econômico do reclamante, neste ou em
elementos médico periciais que possam concluir pela presença outro processo."
pedido.Desconto dos EPIs A obreira requer o ressarcimento do Permissa venia ao douto sentenciante, a decisão de base merece
valor descontado pelo pedido de novos EPIs. Examino.A reparo neste aspecto.
reclamante assinou o Termo de Compromisso e Autorização de A condenação imposta ao reclamante esbarra na decisão do
Desconto em folha de pagamento, sendo os descontos Tribunal Pleno do E. STF no julgamento da ADI 5766, em sessão do
realizados com a anuência da obreira, o que se comprova pela dia 20.10.2021, que declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art.
sua assinatura (Id. 8190929). Portanto, indefiro o pedido de 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a condenação do
restituição dos valores descontados em razão de novos EPIs." beneficiário da justiça gratuita em honorários advocatícios de
(...) sucumbência.
Quanto aos honorários advocatícios, assim decidiu a sentença: imperativo excluir da sentença a condenação da obreira ao
Devidos, no percentual de 15% sobre o valor da condenação, a pagamento de honorários advocatícios. Nem se alegue que haveria
serem rateados proporcionalmente entre os sucumbentes, sem a decisão ultra ou extra petita, pois cuidando-se de obrigação
compensação de honorários, nos moldes do art. 791-A da CLT. O acessória da sentença, por força de lei e de decisão vinculante em
cálculo dos honorários deve ser feito da seguinte maneira: ação direta de inconstitucionalidade, pode e deve o juízo fazer tal
Considerando que os honorários advocatícios sucumbenciais são exclusão de ofício, sem que haja desrespeito aos limites da
despesas processuais, os mesmos não devem ser calculados sobre devolução recursal.
a parte da decisão cujos pedidos não foram reconhecidos.Na Por outro lado, excluída a obrigado que pendia sobre o obreiro, o
verdade, o cálculo deve se dar sobre o valor objeto da liquidação ou percentual de honorários advocatícios de 15% fixados pela
da condenação, tal como determinado em lei. Assim, deverá a sentença recorrida deverá reverter integralmente para o patrono do
este resultado, deverá fazer incidir sobre o mesmo os 15% dos De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários,
honorários advocatícios reconhecidos na decisão, levando em o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de
consideração os critérios estabelecidos no art. 791-A, § 2º, da CLT. prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
Posteriormente, o valor nominal obtido com a incidência do trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
advocatícios em benefício do patrono do autor, devendo o DOENÇA OCUPACIONAL. NEXO CAUSAL ENTRE A
percentual de 15% fixado pela sentença reverter integralmente ENFERMIDADE E O LABOR. Diante da conclusão do laudo
para o defensor do obreiro. Valor da condenação e custas pericial, é inarredável a constatação da existência de nexo de
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores entre as partes. De se pontuar que o julgador, não está adstrito
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da ao resultado da perícia (art. 479 do CPC/2015), podendo se
Silva (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) afastar das ilações alcançadas pelo "expert" quando houver,
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em nos fólios, elementos outros, suficientes para autorizar a
gozo de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo formação do convencimento em sentido contrário à conclusão
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA especialista, de resposta negativa acerca da relação de causa e
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Tendo em vista que a presente RESTITUIÇÃO DE VALORES. PAGAMENTO DE EPI.
lide fora protocolada após a Lei da 13.467/2017, aplica-se o art. Pugna a recorrente pela restituição no valor de R$ 20,00 (vinte
791-A, da CLT, que reconhece como devidos os honorários reais) indevidamente descontados, referente a troca de EPI.
MATÉRIA EM COMUM. RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE Da prova dos autos, colhe-se que a reclamante autorizou o
EMPREGO. PEDIDO DE DEMISSÃO TÁCITO. A autora não se desconto em folha de pagamento dos valores referentes ao
desincumbiu de seu ônus de comprovar o descumprimento das protetor auricular e tubo de voz em razão de dano e/ou perda
segurança e medicina do trabalho. Da mesma forma, inexistiu a Nesse cenário, não vislumbro qualquer ilegalidade no
prova, pela reclamada, de ânimo da obreira de abandonar o procedimento adotado pela reclamada.
em 03/03/2020 menos de 30 dias após a rescisão contratual, INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PERDA DE AUDIÇÃO.
ocorrida em 27/02/2020. Entendo que não é caso de rescisão Pugna a recorrente pela condenação da reclamada no
indireta e nem de abandono de emprego, mas de pedido de pagamento de indenização por danos morais decorrente de
DECISÃO DE OFÍCIO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Diante do quadro fático delineado na exordial o MM Juiz de
JUSTIÇA GRATUITA. EXCLUSÃO. No presente caso, a decisão O laudo pericial de id 491e572, assim concluiu:
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica Foi possível concluir, seguramente, levando-se em
(CLT, artigo 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, consideração documentação anexada aos autos, perícia
incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida médica e ausência de exames complementares, que não ficou
pelo STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do provado a existência de perda auditiva devido sequela de otite
artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). média aguda."
Destarte, imperativo excluir, de ofício, da sentença a Registra-se que o julgador, não está adstrito ao resultado da
condenação da obreira ao pagamento de honorários perícia (art. 479 do CPC/2015), podendo afastar das ilações
advocatícios sucumbenciais. alcançadas pelo "expert" quando houver, nos fólios, elementos
PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. Entretanto, para infirmar o seu conteúdo, deve a parte produzir
RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO prova de suas alegações, não servindo para tanto meras
MÉRITO MÉRITO
MM.ª 8.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (idd72d598) para Por tratar-se de matéria suscitada em ambos os recursos passa
restituição de valores referentes ao desconto de EPI; a RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO. PEDIDO DE
Aduz a recorrente que a reclamada, tendo conhecimento que a ocorrência de qualquer dos elementos necessários à
obreira sofreu perda auditiva decorrente da doença que lhe confirmação do abandono de emprego.
acometeu (otite) jamais tomou qualquer providência, mantendo Inexistiu a prova de ânimo da obreira de abandonar o emprego,
A reclamada afirma que a obreira abandonou o emprego e, 03/03/2020 menos de 30 dias após a rescisão contratual,
rescisória por abandono de emprego. . Assim, conforme expresso na sentença recorrida, entendo que
alegações incumbe à parte que as fizer. Ao autor cabe Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a
comprovar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o
compete comprovar os fatos impeditivos, modificativos e quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional.
extintivos do direito perseguido (art. 818 da CLT c/c. o art. 333 Inteligência do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.
Em matéria de justa causa atribuída ao empregador, quando sentença, a qual confirmo por seus próprios e jurídicos
Destaque-se que para restar configurada a rescisão indireta do rescisão indireta, em razão de ter contraído uma otite no
contrato de trabalho com base em qualquer das hipóteses trabalho, e, consequentemente, uma perda auditiva de 25%,
elencadas no art. 483, da CLT, é imprescindível que se sem que a empresa custeasse qualquer medicamento ou a
comprove a falta grave praticada pelo empregador que torne transferisse para outro setor em que não precisasse usar
inviável a convivência profissional comum, já que a regra geral headset nos ouvidos. A ré, em sua contestação, requer o
é a presunção gerada pelo princípio de que a relação reconhecimento do abandono de emprego ou, no caso de não
No caso, o laudo pericial (id 491e572) concluiu que a demissão a pedido. Pois bem. A perícia judicial (Id. 491e572)
reclamante não sofreu perda auditiva. concluiu que a obreira não sofreu perda auditiva, razão pela
A alegada falta grave do empregador não se fundamenta. qual não reconheço a falta grave da reclamada alegada para
Isto posto, não comprovado o descumprimento das obrigações incidir a rescisão indireta do contrato de trabalho. Quanto à
patronais, mormente no tocante às normas de segurança e tese da reclamada, a continuidade da relação de emprego é
medicina do trabalho, entendo que não restou configurada a presumível e, sendo o abandono de emprego forma anômala de
justa causa estatuída no art. 483, "d" da CLT. extinção do contrato de trabalho, cabe à empregadora realizar a
O abandono de emprego, na forma como suscitado pela respectiva prova, encargo do qual não se desincumbiu. Em
reclamda constitui falta grave, o que enseja a rescisão por justa sendo a justa causa medida assaz aplicada ao empregado, que
causa do contrato de trabalho, conforme alínea "i" do art. 482 viola deveres e obrigações inerentes ao seu contrato de
da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Tal falta é trabalho e que, tem o condão de resolver o contrato de trabalho
considerada grave, uma vez que a prestação de serviço é sem ônus para o empregador, deve ficar cabalmente provada,
elemento básico do contrato de trabalho, então a falta contínua estabelecendo-se um nexo causal entre a falta praticada e o
e sem motivo justificado é fator determinante de motivo da dispensa. Logo, tendo a trabalhadora se afastado do
Nesta senda, pelo princípio da continuidade da relação de tem-se que a vontade manifestada de não mais continuar
emprego, cabe ao empregador o ônus de provar a ocorrência trabalhando configura pedido de demissão, razão pela qual
da justa causa, por se tratar de fato obstativo à pretensão reconheço e declaro que a dispensa da autora foi a pedido.
vindicada na petição inicial. Contrato de Trabalho Não há controvérsia nos autos de que o
Ocorre que, no caso dos autos, não restou comprovada a vínculo de emprego entre as partes teve início em 16/10/2019,
quando exercia a função de recuperação de crédito (operadora de exames complementares, que não ficou provado a
de telemarketing) e recebia salário no valor de R$ 1.110,14. existência de perda auditiva devido sequela de otite média
Quanto à rescisão, conforme tópico anterior, tem-se que foi a aguda.Tendo em vista a conclusão do laudo pericial que
pedido em 27/02/2020, devendo a reclamada proceder com a informa que não há nexo causal ou relação de concausa entre
merecida anotação de baixa na CTPS da trabalhadora.De as atividades desenvolvidas na reclamada e a perda de audição
acordo com o artigo 2º da Portaria 1065/2019 do Ministério da alegada pela reclamante, nada a deferir neste tópico. Não
Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, "Para houve emissão de CAT ou afastamento previdenciário pelas
fins do disposto no Decreto-Lei nº 5452/1943, a Carteira de queixas alegadas no curso da contratualidade, não havendo
Trabalho Digital é equivalente à Carteira de Trabalho emitida elementos médico periciais que possam concluir pela presença
em meio físico". Assim, com vistas a estimular o isolamento de doença de cunho ocupacional no caso em tela. Indefiro o
social e priorizar a saúde das partes envolvidas, determino que pedido.Desconto dos EPIs A obreira requer o ressarcimento do
as anotações na CTPS sejam efetuadas de forma valor descontado pelo pedido de novos EPIs. Examino.A
eletrônica.Desse modo, a parte autora deverá efetuar o reclamante assinou o Termo de Compromisso e Autorização de
cadastro na CTPS Digital no prazo de 5 (cinco) dias após o Desconto em folha de pagamento, sendo os descontos
trânsito em julgado, observando-se as instruções da página realizados com a anuência da obreira, o que se comprova pela
digital/, informando nos autos o cumprimento da obrigação. Em restituição dos valores descontados em razão de novos EPIs."
conforme acima declarado, sendo certo que, em caso de DECISÃO DE OFÍCIO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
recalcitrância, fica a Secretaria da Vara desde já autorizada a Quanto aos honorários advocatícios, assim decidiu a sentença:
proceder com a merecida anotação, conforme art. 39, § 1º, da Devidos, no percentual de 15% sobre o valor da condenação, a
CLT, expedindo-se ofício para o Ministério do Trabalho e serem rateados proporcionalmente entre os sucumbentes, sem a
Previdência. Direitos Pleiteados Aviso Prévio Indenizado compensação de honorários, nos moldes do art. 791-A da CLT. O
Indevido, ante o reconhecimento da rescisão a pedido. 13º cálculo dos honorários deve ser feito da seguinte maneira:
Salário Reconhecida a existência de vínculo de emprego entre Considerando que os honorários advocatícios sucumbenciais são
as partes, bem como a rescisão a pedido da contratação, tem- despesas processuais, os mesmos não devem ser calculados sobre
se devida a gratificação natalina,nos termos do art. 1º, da Lei a parte da decisão cujos pedidos não foram reconhecidos.Na
4.090/62, sendo: 13º proporcional de 2020 à razão de 2/12, nos verdade, o cálculo deve se dar sobre o valor objeto da liquidação ou
limites do pedido.Férias acrescidas de 1/3 Reconhecida a da condenação, tal como determinado em lei. Assim, deverá a
existência de vínculo de emprego entre as partes, bem como a Secretaria da Vara proceder com a liquidação do valor e, após obter
rescisão a pedido da contratação, tem-se devido o descanso este resultado, deverá fazer incidir sobre o mesmo os 15% dos
anual indenizado acrescido de 1/3 constitucional, nos termos honorários advocatícios reconhecidos na decisão, levando em
do art. 129 e seguintes da CLT, sendo férias proporcionais de consideração os critérios estabelecidos no art. 791-A, § 2º, da CLT.
2019/2020 à razão de 4/12, nos limites do pedido.Salário Retido Posteriormente, o valor nominal obtido com a incidência do
Não tendo a reclamada comprovado o repasse salarial percentual sobre o valor apurado da liquidação deverá ser rateado
referente aos 27 dias do mês de fevereiro de 2020, mediante proporcionalmente entre os sucumbentes recíprocos, levando em
recibo ou comprovante de pagamento, conforme exigidos pelo consideração a parcela do objeto da pretensão que foi reconhecida
art. 464 da CLT, tem-se que a reclamante faz jus ao salário para cada um, importando, no presente caso, no qual a parte autora
retido, tal como pugnado.Dano moral por perda parcial da sucumbiu em 6 num universo de 9 pedidos principais, , em 33,33%
audição Requer a reclamante indenização por danos morais em do valor a favor de seus defensores, e 66,67%, para os defensores
razão de perda parcial da audição em 25%. Realizado o exame da reclamada.Os honorários devidos ao advogado do reclamante
médico pericial, cujo laudo dormita nos autos (Id. 491e572), a deverão ser pagos pela reclamada. Já os honorários devidos ao
perita concluiu o seguinte: 5. CONCLUSÃO Foi possível advogado da reclamada deverão ficar sob condição suspensiva de
concluir, seguramente, levando-se em consideração exigibilidade, pelo prazo de 02 anos, cabendo ao advogado credor
documentação anexada aos autos, perícia médica e ausência comprovar que o reclamante não faz mais jus aos benefícios da
justiça gratuita para fins de execução. Ressalto que não se pode da sentença a condenação da obreira ao pagamento de
retirar do proveito econômico de um beneficiário da Justiça Gratuita honorários advocatícios, o que ora se faz de ofício. Mantém-se
qualquer valor a título de despesas processuais, gênero no qual se a condenação da reclamada no pagamento de honorários
incluem os honorários advocatícios sucumbenciais, a teor do art. 5º, advocatícios em benefício do patrono do autor, devendo o
inciso LXXIV, da Constituição Federal, sendo parcialmente percentual de 15% fixado pela sentença reverter integralmente
inconstitucional o art. 791-A, §4º, da CLT, inserido pela Lei para o defensor do obreiro. Valor da condenação e custas
13.467/2017, exclusivamente na parte que impõe a retirada do valor processuais permanecem inalterados.
Permissa venia ao douto sentenciante, a decisão de base merece unanimidade, conhecer dos recursos ordinários e, no mérito,
A condenação imposta ao reclamante esbarra na decisão do próprios e jurídicos fundamentos, salvo em relação aos
Tribunal Pleno do E. STF no julgamento da ADI 5766, em sessão do honorários advocatícios devidos pelo reclamante, eis que,
dia 20.10.2021, que declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. conforme decisão do Tribunal Pleno do E. STF no julgamento
791-A da CLT, dispositivo que autorizava a condenação do da ADI 5766, em sessão do dia 20.10.2021, que declarou a
beneficiário da justiça gratuita em honorários advocatícios de inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, que
Logo, sendo inconstitucional a regra celetista que estabeleceu ônus honorários advocatícios de sucumbência, é imperativo excluir
imperativo excluir da sentença a condenação da obreira ao honorários advocatícios, o que ora se faz de ofício. Mantém-se
pagamento de honorários advocatícios. Nem se alegue que haveria a condenação da reclamada no pagamento de honorários
decisão ultra ou extra petita, pois cuidando-se de obrigação advocatícios em benefício do patrono do autor, devendo o
acessória da sentença, por força de lei e de decisão vinculante em percentual de 15% fixado pela sentença reverter integralmente
ação direta de inconstitucionalidade, pode e deve o juízo fazer tal para o defensor do obreiro. Valor da condenação e custas
exclusão de ofício, sem que haja desrespeito aos limites da processuais permanecem inalterados.
Por outro lado, excluída a obrigado que pendia sobre o obreiro, o Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da
percentual de honorários advocatícios de 15% fixados pela Silva (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
sentença recorrida deverá reverter integralmente para o patrono do Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em
serviço. VOTOS
provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
RELATÓRIO
N.º9.957/2000.
FUNDAMENTAÇÃO
EMENTA
ADMISSIBILIDADE
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. MASSA FALIDA.
Pugna a reclamada pela concessão dos benefícios da justiça
JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
gratuita, haja vista sua condição de massa falida.
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. A isenção do depósito recursal
Afirma que teve sua falência decretada em 18.05.2021, consoante
e das custas processuais assegurada à massa falida pela Súmula
se depreende da sentença proferida nos autos do processo nº.
86 do TST, a fim de exercer o duplo grau de jurisdição, não
0190373-84.2016.8.06.0001, em trâmite na 2ª Vara de
assegura automaticamente a concessão do benefício da justiça
Recuperação de Empresas e Falências da Comarca de
gratuita, o qual depende da comprovação da hipossuficiência
Fortaleza/CE (id 01dc33f).
econômica, sob pena de pagamento das custas ao final, mediante
Sem razão a recorrente.
expedição da certidão de habilitação de crédito na Falência, pois a
O § 10 do art. 899 da CLT isenta do depósito recursal os
condição falimentar da pessoa jurídica não indica necessariamente
beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as
a sua insuficiência financeira. Diante do exposto, não tendo a
empresas em recuperação Judicial.
recorrente comprovado a sua insuficiência financeira, mantenho o
Consoante a Súmula 86 do TST, "não ocorre deserção de recurso
indeferimento do benefício da justiça gratuita.
da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do
ENCAMINHAMENTO DO CRÉDITO AO JUÍZO FALIMENTAR. O
valor da condenação".
pedido de "encaminhamento do crédito para habilitação perante o
A isenção do depósito recursal e das custas processuais
foro universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei
assegurada à massa falida pela Súmula 86 do TST, a fim de
nº 11.101/05, em atendimento ao princípio da par condicio
exercer o duplo grau de jurisdição, não assegura automaticamente
creditorum e das cláusulas de indivisibilidade e universalidade do
a concessão do benefício da justiça gratuita, o qual depende da
juízo concursal", deverá ser dirigido ao Juiz que presidir a
comprovação da hipossuficiência econômica, sob pena de
liquidação/execução do julgado, observado o momento oportuno
pagamento das custas ao final, mediante expedição da certidão de
que a parte, por certo, deve conhecer.
habilitação de crédito na Falência, pois a condição falimentar da
MULTA DO ART. 477 DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA EM
pessoa jurídica não indica necessariamente a sua insuficiência
DATA POSTERIOR À DISPENSA DO EMPREGADO. SÚMULA Nº
financeira a ponto de não poder pagar as custas do processo.
388 DO C. TST. A Súmula nº 388 do C. TST estabelece que a
Nesse sentido, os seguintes julgados:
"massa falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa
econômicos para praticar os atos de defesa de seus interesses ou de Julgamento: 10/02/2021, 8ª Turma, Data de Publicação:
desta Corte vem admitindo a possibilidade de concessão dos Diante do exposto, não tendo a recorrente comprovado a sua
benefícios às pessoas jurídicas, sempre que houver prova insuficiência financeira, mantenho o indeferimento do benefício da
depósitos recursais (esse último incluído pela Lei Complementar Contudo, conheço do recurso ordinário porque presentes os
remetendo o pagamento respectivo ao final da liquidação. A reclamada MASSA FALIDA DE FIORI INDÚSTRIA E COMÉRCIO
Incidência da Súmula 126 do TST. Apesar de o art. 896-A da CLT DE CONFECÇÕES LTDA interpôs o recurso ordinário de id
estabelecer a necessidade de exame prévio da transcendência do 86b0e7b, requerendo, que "este digno juízo proceda o
recurso de revista, a jurisprudência desta Corte tem evoluído para encaminhamento do crédito para habilitação perante o foro
entender que esta análise fica prejudicada quando o apelo carece universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei nº
de pressupostos processuais extrínsecos ou intrínsecos que 11.101/05, em atendimento ao princípio da par condicio creditorum
impeçam o alcance do exame meritório do feito, como no caso em e das cláusulas de indivisibilidade e universalidade do juízo
tela. Destaque-se que esta Corte Superior apenas pode valorar os concursal." (grifos no original)
dados fáticos delineados de forma expressa no acórdão regional. O pedido de encaminhamento do crédito para habilitação perante o
Assim, se a pretensão recursal está frontalmente contrária às foro universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei
afirmações do Tribunal Regional acerca das questões probatórias, o nº 11.101/05, deverá ser dirigido ao Juiz que presidir a
recurso apenas se viabilizaria mediante o revolvimento de fatos e liquidação/execução do julgado, observado o momento oportuno
provas, circunstância que atrai o óbice da Súmula 126 do TST. que a parte, por certo, deve conhecer.
Prejudicado o exame dos critérios da transcendência. Agravo de Ademais, sobre a matéria, a sentença recorrida assim decidiu:
instrumento não provido." (TST - AIRR: 5076320195170141, "Considerando a solidariedade da obrigação ora decretada, após o
Relator: Augusto Cesar Leite De Carvalho, Data de Julgamento: trânsito em julgado EXPEÇA-SE ofício dirigido ao Juízo Falimentar
10/02/2021, 6ª Turma, Data de Publicação: 12/02/2021) das duas massas falidas, para que os créditos deferidos na
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. presente sentença sejam habilitados perante o foro universal da
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. JUSTIÇA GRATUITA. MASSA falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei nº 11.101/05, em
FALIDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA atendimento ao princípio da par condicio creditorum e das cláusulas
ECONÔMICA. O fato de a reclamada ser massa falida não lhe de indivisibilidade e universalidade do juízo concursal. O ofício
confere automaticamente o tratamento dispensado ao beneficiário deverá alertar para que qualquer adimplemento dos créditos em
da justiça gratuita, pois, na condição de pessoa jurídica de direito sede de juízo falimentar deverá ser informado a estes autos, para
privado e havendo interesse dos benefícios da gratuidade da que o valor adimplido seja abatido da execução em face das demais
hipossuficiência presumida, para fins de isenção do pagamento das MULTA DO ART. 477, DA CLT
custas, ao final, honorários periciais e advocatícios. Precedentes Pretende a recorrente a reforma da sentença para excluir da
desta Corte e incidência da Súmula nº 463 do TST. No caso, não condenação o pagamento da multa prevista no art. 477, § 8º, da
existem nos autos parâmetros suficientes que comprovem o estado CLT, ante a sua condição de massa falida.
de hipossuficiência econômica da reclamada. Ademais, não sendo Sobre a matéria, assim decidiu o juízo sentenciante:
concedidos os benefícios da justiça gratuita, não há falar em "Por fim, cumpre esclarecer ainda, quanto à multa do art. 477, § 8º,
aplicação da Súmula nº 457 do TST, quanto ao pagamento dos da CLT, que a análise dos autos demonstra que a dispensa ocorreu
honorários, e tampouco em contrariedade ao referido verbete antes do deferimento do processamento da falência, razão porque
sumular. Agravo de instrumento conhecido e não provido." (TST - não há se falar na aplicação do entendimento constante na Súmula
AIRR: 248915520185240101, Relator: Dora Maria Da Costa, Data nº 388 do Tribunal Superior do Trabalho. No mesmo sentido:
MULTA DO ART. 477 DA CLT. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA DA período posterior à rescisão do contrato da reclamante, ocorrida em
EMPREGADO. Decretada a falência da empregadora cerca de um 00003196220165070009, Relator: MARIA ROSELI MENDES
ano e meio depois da data da dispensa do empregado, não há falar ALENCAR, Data de Julgamento: 30/01/2019, Data de Publicação:
na aplicação do entendimento contido na Súmula nº 388 do TST, 30/01/2019)." (ID dfb185f - fls. 330/331)
que incide apenas quando a rescisão contratual ocorre após a Com efeito, a Súmula nº 388 do C. TST estabelece que a "massa
decretação da falência, por configurada indiscutível restrição à falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8,
00117694820155010059 RJ, Relator: VALMIR DE ARAUJO Entrementes, no caso concreto dos autos em que o empregado foi
CARVALHO, Data de Julgamento: 28/11 /2018, Segunda Turma, dispensado antes da decretação da falência, o C. TST firmou
Data de Publicação: 26/01/2019) ". entendimento de que é inaplicável o teor da Súmula nº 338 acima
Em que pese o inconformismo da recorrente, a sentença deve ser citada, conforme se verifica dos seguintes julgados:
Restou incontroverso nos autos que a rescisão contratual ocorreu SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE. Não obstante o teor da
em 19/04/2021, enquanto a falência da empresa demandada foi Súmula 388 do TST - "Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT.
decretada no dia 18.05.2021 (id 01dc33f). Inaplicabilidade (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs
Considerando que a demissão do Autor deu-se em data anterior à 201 e 314 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.05. A Massa Falida
decretação judicial da quebra, não se pode isentar a empresa do não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art.
pagamento das multas do art. 477 da CLT, não cabendo a alegação 477, ambos da CLT (ex-OJs no 201 - DJ 11.08.2003 e nº 314 - DJ
de que a falta de pagamento das verbas resilitórias deu-se por fato 08.11.2000)" -, o entendimento prevalecente nesta Corte é de que
alheio à vontade da empregadora. ela deve ser interpretada no sentido de que a massa falida não
Neste sentido é a jurisprudência pacífica de nossos Tribunais, pagará as referidas multas, desde que a rescisão contratual se dê
senão vejamos: após a falência, pois não teria sentido excluir o pagamento da multa
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RITO se a dispensa do empregado ocorreu antes da quebra. No caso dos
SUMARÍSSIMO. MASSA FALIDA. MULTAS DOS ARTIGOS 467 E autos, é fato incontroverso que a Via Uno S.A. teve sua falência
477 DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO decretada em 24/03/2015, momento posterior à rescisão contratual,
CONTRATUAL. Extrai-se do acórdão regional que a dispensa do que ocorreu em 10/09/2014, sendo inaplicável, portanto, o disposto
reclamante ocorreu em data anterior à decretação de falência da na Súmula 388/TST. Recurso de revista não conhecido no aspecto."
recorrente, razão pela qual não há como se afastar a condenação (RR-1240-62.2015.5.05.0251, 3ª Turma, Relator Ministro: Mauricio
às multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, uma vez que, no Godinho Delgado, Data de Julgamento: 07/03/2018, Data de
momento em que eram devidas as referidas multas, a falência da Publicação: DEJT 09/03/2018)
reclamada ainda não havia sido decretada. Assim, não se "FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO CONTRATUAL.
caracterizou a situação prevista na Súmula nº 388 do TST. SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE.Não obstante o teor da
Julgados. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (TST - Súmula 388 do TST - "Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT.
AIRR: 253525520175240006, Relator: Dora Maria da Costa, Data Inaplicabilidade (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs
de Julgamento: 10/06/2020, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 201 e 314 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.05. A Massa Falida
MASSA FALIDA. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA POSTERIOR À 477, ambos da CLT. (ex-OJs no 201 - DJ 11.08.2003 e nº 314 - DJ
RESCISÃO DO CONTRATO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA 08.11.2000)" -, o entendimento prevalecente nesta Corte é de que
CLT. APLICABILIDADE. A massa falida não se sujeita ao ela deve ser interpretada no sentido de que a massa falida não
pagamento da multa prevista no parágrafo 8º, do art. 477, da CLT, pagará as referidas multas, desde que a rescisão contratual se dê
conforme entendimento pacificado nos termos do verbete da após a falência, pois não teria sentido excluir o pagamento da multa
Súmula 388 do C.TST. Todavia, no caso dos autos não há de se se a dispensa do empregado ocorreu antes da quebra. No caso dos
aplicar à espécie o entendimento jurisprudencial plasmado na autos, é fato incontroverso que a Via Uno S.A. teve sua falência
referida Súmula, tendo em vista que a decretação de falência da decretada em 24/03/2015, momento posterior à rescisão contratual,
empresa recorrente somente se deu em 06/04/2016, portanto em que ocorreu em 10/09/2014, sendo inaplicável, portanto, o disposto
Requer a recorrente a exclusão dos juros de mora, ante a sua provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos
No tocante aos juros de mora, à massa falida não se aplica o Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, nos termos do (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa falida não são Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento Fortaleza, 11 de julho de 2022.
moratórios, cabendo ao Juízo Falimentar ponderar sobre seu FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Convergentes com o entendimento ora esposado, transcrevo ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
hipótese de o ativo ser insuficiente para o pagamento do valor RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. MASSA FALIDA.
principal, exceção que não restou demonstrada no presente caso. JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. A isenção do depósito recursal
2560000-67.2007.5.09.0028 - Rel. Min. Márcio Eurico Vitral Amaro - e das custas processuais assegurada à massa falida pela Súmula
DJe 10.05.2013 - p. 1617) 86 do TST, a fim de exercer o duplo grau de jurisdição, não
Mantém-se a decisão de base, neste tocante. assegura automaticamente a concessão do benefício da justiça
Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário da econômica, sob pena de pagamento das custas ao final, mediante
reclamada, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos expedição da certidão de habilitação de crédito na Falência, pois a
condição falimentar da pessoa jurídica não indica necessariamente O § 10 do art. 899 da CLT isenta do depósito recursal os
a sua insuficiência financeira. Diante do exposto, não tendo a beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as
indeferimento do benefício da justiça gratuita. Consoante a Súmula 86 do TST, "não ocorre deserção de recurso
ENCAMINHAMENTO DO CRÉDITO AO JUÍZO FALIMENTAR. O da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do
foro universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei A isenção do depósito recursal e das custas processuais
nº 11.101/05, em atendimento ao princípio da par condicio assegurada à massa falida pela Súmula 86 do TST, a fim de
creditorum e das cláusulas de indivisibilidade e universalidade do exercer o duplo grau de jurisdição, não assegura automaticamente
juízo concursal", deverá ser dirigido ao Juiz que presidir a a concessão do benefício da justiça gratuita, o qual depende da
liquidação/execução do julgado, observado o momento oportuno comprovação da hipossuficiência econômica, sob pena de
que a parte, por certo, deve conhecer. pagamento das custas ao final, mediante expedição da certidão de
MULTA DO ART. 477 DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA EM habilitação de crédito na Falência, pois a condição falimentar da
DATA POSTERIOR À DISPENSA DO EMPREGADO. SÚMULA Nº pessoa jurídica não indica necessariamente a sua insuficiência
388 DO C. TST. A Súmula nº 388 do C. TST estabelece que a financeira a ponto de não poder pagar as custas do processo.
"massa falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa Nesse sentido, os seguintes julgados:
em que o empregado foi demitido antes da decretação da falência, "(...) CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA.
a Corte Superior firmou entendimento no sentido de não aplicar a MASSA FALIDA. SÚMULA 126 DO TST. PREJUDICADO EXAME
MASSA FALIDA. JUROS DE MORA. À massa falida não se aplica acerca da concessão dos benefícios da justiça gratuita à massa
o disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, nos termos do falida. Não se discute deserção do recurso da massa falida, nos
art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa falida não são termos da Súmula 86 do TST, mas sim a concessão dos benefícios
exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em da justiça gratuita. A Lei 1.060/50 estabelece normas aplicáveis à
lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento concessão de assistência jurídica aos necessitados, ou seja, regra
dos credores subordinados". Por essa forma, compete a esta geral, às pessoas naturais que não disponham de meios
Especializada apurar os juros moratórios, cabendo ao Juízo econômicos para praticar os atos de defesa de seus interesses ou
Falimentar ponderar sobre seu eventual pagamento, à época direitos pela via judicial. Excepcionalmente, porém, a jurisprudência
Recurso conhecido e parcialmente provido. benefícios às pessoas jurídicas, sempre que houver prova
PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. depósitos recursais (esse último incluído pela Lei Complementar
RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO 132/2009). No caso concreto, o Regional consignou que a
ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI reclamada não comprovou, não obstante a decretação de falência,
Pugna a reclamada pela concessão dos benefícios da justiça estabelecer a necessidade de exame prévio da transcendência do
gratuita, haja vista sua condição de massa falida. recurso de revista, a jurisprudência desta Corte tem evoluído para
Afirma que teve sua falência decretada em 18.05.2021, consoante entender que esta análise fica prejudicada quando o apelo carece
se depreende da sentença proferida nos autos do processo nº. de pressupostos processuais extrínsecos ou intrínsecos que
0190373-84.2016.8.06.0001, em trâmite na 2ª Vara de impeçam o alcance do exame meritório do feito, como no caso em
Recuperação de Empresas e Falências da Comarca de tela. Destaque-se que esta Corte Superior apenas pode valorar os
Fortaleza/CE (id 01dc33f). dados fáticos delineados de forma expressa no acórdão regional.
afirmações do Tribunal Regional acerca das questões probatórias, o nº 11.101/05, deverá ser dirigido ao Juiz que presidir a
recurso apenas se viabilizaria mediante o revolvimento de fatos e liquidação/execução do julgado, observado o momento oportuno
provas, circunstância que atrai o óbice da Súmula 126 do TST. que a parte, por certo, deve conhecer.
Prejudicado o exame dos critérios da transcendência. Agravo de Ademais, sobre a matéria, a sentença recorrida assim decidiu:
instrumento não provido." (TST - AIRR: 5076320195170141, "Considerando a solidariedade da obrigação ora decretada, após o
Relator: Augusto Cesar Leite De Carvalho, Data de Julgamento: trânsito em julgado EXPEÇA-SE ofício dirigido ao Juízo Falimentar
10/02/2021, 6ª Turma, Data de Publicação: 12/02/2021) das duas massas falidas, para que os créditos deferidos na
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. presente sentença sejam habilitados perante o foro universal da
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. JUSTIÇA GRATUITA. MASSA falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei nº 11.101/05, em
FALIDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA atendimento ao princípio da par condicio creditorum e das cláusulas
ECONÔMICA. O fato de a reclamada ser massa falida não lhe de indivisibilidade e universalidade do juízo concursal. O ofício
confere automaticamente o tratamento dispensado ao beneficiário deverá alertar para que qualquer adimplemento dos créditos em
da justiça gratuita, pois, na condição de pessoa jurídica de direito sede de juízo falimentar deverá ser informado a estes autos, para
privado e havendo interesse dos benefícios da gratuidade da que o valor adimplido seja abatido da execução em face das demais
hipossuficiência presumida, para fins de isenção do pagamento das MULTA DO ART. 477, DA CLT
custas, ao final, honorários periciais e advocatícios. Precedentes Pretende a recorrente a reforma da sentença para excluir da
desta Corte e incidência da Súmula nº 463 do TST. No caso, não condenação o pagamento da multa prevista no art. 477, § 8º, da
existem nos autos parâmetros suficientes que comprovem o estado CLT, ante a sua condição de massa falida.
de hipossuficiência econômica da reclamada. Ademais, não sendo Sobre a matéria, assim decidiu o juízo sentenciante:
concedidos os benefícios da justiça gratuita, não há falar em "Por fim, cumpre esclarecer ainda, quanto à multa do art. 477, § 8º,
aplicação da Súmula nº 457 do TST, quanto ao pagamento dos da CLT, que a análise dos autos demonstra que a dispensa ocorreu
honorários, e tampouco em contrariedade ao referido verbete antes do deferimento do processamento da falência, razão porque
sumular. Agravo de instrumento conhecido e não provido." (TST - não há se falar na aplicação do entendimento constante na Súmula
AIRR: 248915520185240101, Relator: Dora Maria Da Costa, Data nº 388 do Tribunal Superior do Trabalho. No mesmo sentido:
de Julgamento: 10/02/2021, 8ª Turma, Data de Publicação: MULTA DO ART. 477 DA CLT. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA DA
Diante do exposto, não tendo a recorrente comprovado a sua EMPREGADO. Decretada a falência da empregadora cerca de um
insuficiência financeira, mantenho o indeferimento do benefício da ano e meio depois da data da dispensa do empregado, não há falar
Contudo, conheço do recurso ordinário porque presentes os decretação da falência, por configurada indiscutível restrição à
ENCAMINHAMENTO DO CRÉDITO AO JUÍZO FALIMENTAR. CARVALHO, Data de Julgamento: 28/11 /2018, Segunda Turma,
A reclamada MASSA FALIDA DE FIORI INDÚSTRIA E COMÉRCIO Data de Publicação: 26/01/2019) ".
DE CONFECÇÕES LTDA interpôs o recurso ordinário de id Em que pese o inconformismo da recorrente, a sentença deve ser
encaminhamento do crédito para habilitação perante o foro Restou incontroverso nos autos que a rescisão contratual ocorreu
universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei nº em 19/04/2021, enquanto a falência da empresa demandada foi
11.101/05, em atendimento ao princípio da par condicio creditorum decretada no dia 18.05.2021 (id 01dc33f).
e das cláusulas de indivisibilidade e universalidade do juízo Considerando que a demissão do Autor deu-se em data anterior à
concursal." (grifos no original) decretação judicial da quebra, não se pode isentar a empresa do
O pedido de encaminhamento do crédito para habilitação perante o pagamento das multas do art. 477 da CLT, não cabendo a alegação
foro universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei de que a falta de pagamento das verbas resilitórias deu-se por fato
alheio à vontade da empregadora. ela deve ser interpretada no sentido de que a massa falida não
Neste sentido é a jurisprudência pacífica de nossos Tribunais, pagará as referidas multas, desde que a rescisão contratual se dê
senão vejamos: após a falência, pois não teria sentido excluir o pagamento da multa
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RITO se a dispensa do empregado ocorreu antes da quebra. No caso dos
SUMARÍSSIMO. MASSA FALIDA. MULTAS DOS ARTIGOS 467 E autos, é fato incontroverso que a Via Uno S.A. teve sua falência
477 DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO decretada em 24/03/2015, momento posterior à rescisão contratual,
CONTRATUAL. Extrai-se do acórdão regional que a dispensa do que ocorreu em 10/09/2014, sendo inaplicável, portanto, o disposto
reclamante ocorreu em data anterior à decretação de falência da na Súmula 388/TST. Recurso de revista não conhecido no aspecto."
recorrente, razão pela qual não há como se afastar a condenação (RR-1240-62.2015.5.05.0251, 3ª Turma, Relator Ministro: Mauricio
às multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, uma vez que, no Godinho Delgado, Data de Julgamento: 07/03/2018, Data de
momento em que eram devidas as referidas multas, a falência da Publicação: DEJT 09/03/2018)
reclamada ainda não havia sido decretada. Assim, não se "FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO CONTRATUAL.
caracterizou a situação prevista na Súmula nº 388 do TST. SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE.Não obstante o teor da
Julgados. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (TST - Súmula 388 do TST - "Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT.
AIRR: 253525520175240006, Relator: Dora Maria da Costa, Data Inaplicabilidade (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs
de Julgamento: 10/06/2020, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 201 e 314 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.05. A Massa Falida
MASSA FALIDA. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA POSTERIOR À 477, ambos da CLT. (ex-OJs no 201 - DJ 11.08.2003 e nº 314 - DJ
RESCISÃO DO CONTRATO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA 08.11.2000)" -, o entendimento prevalecente nesta Corte é de que
CLT. APLICABILIDADE. A massa falida não se sujeita ao ela deve ser interpretada no sentido de que a massa falida não
pagamento da multa prevista no parágrafo 8º, do art. 477, da CLT, pagará as referidas multas, desde que a rescisão contratual se dê
conforme entendimento pacificado nos termos do verbete da após a falência, pois não teria sentido excluir o pagamento da multa
Súmula 388 do C.TST. Todavia, no caso dos autos não há de se se a dispensa do empregado ocorreu antes da quebra. No caso dos
aplicar à espécie o entendimento jurisprudencial plasmado na autos, é fato incontroverso que a Via Uno S.A. teve sua falência
referida Súmula, tendo em vista que a decretação de falência da decretada em 24/03/2015, momento posterior à rescisão contratual,
empresa recorrente somente se deu em 06/04/2016, portanto em que ocorreu em 10/09/2014, sendo inaplicável, portanto, o disposto
período posterior à rescisão do contrato da reclamante, ocorrida em na Súmula 388/TST. Recurso de revista não conhecido no aspecto."
23/04/2015. Recurso não provido. (TRT-7 - RO: (RR-1240-62.2015.5.05.0251, 3ª Turma, Relator Ministro: Mauricio
00003196220165070009, Relator: MARIA ROSELI MENDES Godinho Delgado, Data de Julgamento: 07/03/2018, Data de
Com efeito, a Súmula nº 388 do C. TST estabelece que a "massa JUROS DE MORA. EXCLUSÃO.
falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8, Requer a recorrente a exclusão dos juros de mora, ante a sua
do art. 477, ambos da CLT". condição de massa falida, conforme previsão do artigo 124 da Lei
dispensado antes da decretação da falência, o C. TST firmou No tocante aos juros de mora, à massa falida não se aplica o
entendimento de que é inaplicável o teor da Súmula nº 338 acima disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, nos termos do
citada, conforme se verifica dos seguintes julgados: art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa falida não são
"FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO CONTRATUAL. exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em
SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE. Não obstante o teor da lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento
Súmula 388 do TST - "Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT. dos credores subordinados".
Inaplicabilidade (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs Por essa forma, compete a esta Especializada apurar os juros
201 e 314 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.05. A Massa Falida moratórios, cabendo ao Juízo Falimentar ponderar sobre seu
não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art. eventual pagamento, à época própria.
477, ambos da CLT (ex-OJs no 201 - DJ 11.08.2003 e nº 314 - DJ Convergentes com o entendimento ora esposado, transcrevo
hipótese de o ativo ser insuficiente para o pagamento do valor GARANTIA PROVISÓRIA DO EMPREGO DA GESTANTE.
principal, exceção que não restou demonstrada no presente caso. INAPLICABILIDADE AO CONTRATO DE TRABALHO
Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR TEMPORÁRIO. JUÍZO DE ADEQUAÇÃO À TESE JURÍDICA
2560000-67.2007.5.09.0028 - Rel. Min. Márcio Eurico Vitral Amaro - FIXADA PELO COLENDO TST, EM SEDE DE INCIDENTE DE
Mantém-se a decisão de base, neste tocante. art. 927 do CPC e § 11, inciso II, do art. 896-C da CLT, o tema
Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário da alinhando-se o julgamento deste E. Regional à tese jurídica fixada
reclamada, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos pelo Colendo TST nos autos do Incidente de Assunção de
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus
provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT, por se tratar
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). Conheço do recurso eis que presentes todos os pressupostos
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade.
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA a reforma da sentença de id a41fce8, prolatada pela MMª Única
exordial, que fora contratada por prazo temporário em 24/05/2021, III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de
para laborar na função de alimentadora de linha de produção, sendo resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos
dispensada sem justa causa, no final do contrato, em 10/12/2021. extraordinário e especial repetitivos;"
Afirma, que no momento de sua dispensa, a empresa tinha pleno Portanto, as teses jurídicas firmadas em incidentes são dotadas de
conhecimento do seu estado gravídico, requerendo a condenação efeito vinculante, com aplicação a todos os demais processos que
da reclamada no pagamento de indenização substitutiva tratarem da mesma questão jurídica em todos os órgãos
Registra-se, inicialmente que o contrato de trabalho temporário da "RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A
reclamante respeitou os requisitos previstos na lei n.º 6.019/1974, ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTES DA LEI Nº 13.467/17.
razão pela qual considera-se perfeitamente válido. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE - CONTRATO DE
É incontroverso que a reclamante fora contratada em 24/05/2021, TRABALHO TEMPORÁRIO - LEI Nº 6.019/1974 -
para exercer a função de alimentadora de linha de produção, na IMPOSSIBILIDADE - TESE FIXADA NO JULGAMENTO DO IAC-
modalidade contrato temporário, sendo dispensada no final do 5639-31.2013.5.12.0051. (violação aos artigos 10, inciso II, alínea
contrato em 10/12/2021, com o conhecimento da reclamada de seu "b", do ADCT e 2º e 10 da Lei nº 6.019/74, contrariedade à Súmula
Cumpre destacar que o objetivo social da norma constitucional (art. Pleno do TST, em 18/11/2019, no julgamento do IAC-5639-
10, II, alínea "b" do Ato das Disposições Constitucionais 31.2013.5.12.0051, fixou tese no sentido de que "É inaplicável ao
Transitórias) é proteger a gestante contra a dispensa obstativa ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/1974,
exercício das prerrogativas inerentes à maternidade. Com efeito, a a garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista
garantia provisória ao emprego prevista para empregada gestante é no art. 10, II, "b", do Ato das Disposições Constitucionais
deflagrada no momento da confirmação da gravidez e assegurada Transitórias". Ao fixar a referida tese, consignou que o
até cinco meses após o parto. reconhecimento do direito à estabilidade provisória à empregada
Por sua vez, a Súmula n.º 244, item III, do c. TST, assim dispõe: gestante não é compatível com a finalidade da Lei nº 6.019/74, cujo
"GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. objetivo é atender a situações excepcionais, para as quais não haja
III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória expectativa de continuidade do vínculo empregatício. Recurso de
prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições revista conhecido e provido" (RR-707-82.2015.5.09.0125, 7ª Turma,
Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 25/06/2021).
mediante contrato por tempo determinado". "(...) RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. ESTABILIDADE
Ora, entendo que a aplicação da Súmula n.º 244 do TST, por cujo DA GESTANTE. CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. O
teor dispõe que a garantia no emprego é devida, ainda que debate relativo à garantia de estabilidade provisória da gestante
desconhecida a gravidez pelo empregador ou até mesmo pela contratada temporariamente, não comporta mais discussão nesta
empregada, quando do ato da dispensa. Além disso, não impõe Corte, visto que o Pleno, por meio do julgamento do TST - IAC -
restrição quanto à modalidade de contrato de trabalho, se por prazo 5639-31.2013.5.12.0051, decidiu que "é inaplicável ao regime de
determinado ou prazo indeterminado. trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/74, a garantia de
Entretanto, o julgamento do Colendo TST, proferido nos autos do estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II,
Incidente de Assunção de Competência nº 0005639- b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias". Recurso de
31.2013.5.12.0051, em 18/11/2019, restou fixada a seguinte tese revista não conhecido. (...) Recurso de revista conhecido e provido"
"É inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela César Leite de Carvalho, DEJT 14/02/2020).
Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade provisória à "RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017.
empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO
Nesse cenário, cumpre ressaltar o que se dispõe no art. 927, inciso TRANSCENDENCIA NÃO CARACTERIZADA. 1. De acordo com o
"Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: revista, deve examinar previamente se a causa oferece
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência
econômica, política, social ou jurídica. 2. Cinge-se a controvérsia do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.
dos autos ao direito à estabilidade provisória da empregada Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir
gestante contratada por prazo determinado, regido pela Lei expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do
assegurar à gestante a estabilidade provisória prevista no art. 10, II, Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença,
"b", do ADCT em caso de contrato por prazo determinado, conforme a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos:
a Súmula 244, III, do TST. Contudo, em 18/11/2019, o Tribunal 2.2 DA ESTABILIDADE À GESTANTE - CONTRATO
-31.2013.5.12.0051, fixou a tese de que " é inaplicável ao regime de Aduz a autora que foi admitida pela reclamada em 24/05/21, através
trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, a garantia de de contrato de trabalho por prazo determinado, com expiração em
estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, 10/12/21,na função de alimentadora de linha de produção, com
b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ", colocando remuneração de R$1.200,00; que está gestante desde
fim a antiga controvérsia doutrinária e jurisprudencial. 3. Nesse aproximadamente 28/08/21, conforme exame de ultrassonografia
cenário, o Tribunal Regional, ao manter a inaplicabilidade do item anexo; que tomou conhecimento de seu estado gravídico em
III, da Súmula 244 do TST, indeferindo a estabilidade da gestante meados de outubro/21, tendo comunicado ao seu empregador, que
submetida ao regime de contrato temporário, proferiu decisão em imediatamente tentou antecipar a rescisão do contrato antes do
conformidade com a atual e notória jurisprudência desta Corte termo final; que informou a Sra. Gracy Tauani, empregada do setor
uniformizadora. Recurso de revista não conhecido " (RR-1000552- de recursos humanos da empresa, que estava gestante e não
08.2018.5.02.0463, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar poderia ser desligada, com conforme conversa registrada no
"(...) Acerca da matéria em debate, a jurisprudência prevalente no anulação do término do contrato laboral, conforme documento
âmbito desta Corte é no sentido de que o reconhecimento da anexo; que em 10/12/21, ao final do contrato por prazo
garantia de emprego à empregada gestante não se coaduna com a determinado, a reclamada desligou a reclamante, mesmo sabendo
finalidade da Lei 6.019/74, que é a de atender a situações de seu estado gravídico. Requer o pagamento dos salários
excepcionalíssimas, para as quais não há expectativa de correspondentes ao período estabilitário, de 11/12/21 a 28/10/22 (5
continuidade da relação ou mesmo de prestação de serviços com meses após a data estimada do parto), além dos consectários
pessoalidade. Com efeito, ao julgamento do IAC-5639- legais. A reclamada alega que celebrou com a autora contrato de
31.2013.5.12.0051, foi fixada a seguinte tese jurídica: "é inaplicável trabalho temporário, o qual foi celebrado em total observância a Lei
ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, nº 6.019/74; que a validade de tal contrato é incontroversa, eis que
a garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista nada é postulado nesse sentido; que o contrato entre as partes
no art. 10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias" perdurou até 10/12/21, ocasião em que a reclamante recebeu todos
(Tribunal Pleno, Redatora Designada Ministra Maria Cristina os seus haveres rescisórios; que o TST, no julgamento do Incidente
Irigoyen Peduzzi, julgamento em 18.11.2019, acórdão pendente de de Assunção de Competência nº 5639-31.2013.5.12.0051, fixou a
publicação). (...)"(RR-973-51.2016.5.12.0028, 1ª Turma, Relator tese de que "é inaplicável ao regime de trabalho temporário,
Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 08/01/2020). disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade
Destarte, pacificada a questão pelo Tribunal Superior do Trabalho provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato
com efeitos vinculantes, no sentido de que as gestantes admitidas das Disposições Constitucionais Transitórias". Pois bem. O artigo
pelo regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 10, II, b, do ADCT estabelece a garantia provisória de emprego à
6.019/74, não possuem direito à estabilidade provisória, em que gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o
pese a existência de entendimento anterior, outra conclusão não se parto. Doutrina e jurisprudência já se consolidaram no sentido de
apresenta, senão a de confirmar o julgamento de origem que que a vedação contida no citado dispositivo decorre apenas do fato
indeferiu o pedido de salários correspondentes ao período objetivo da confirmação da gravidez na vigência do contrato de
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a provisória prescinde de prévio conhecimento do empregador,
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o quando da rescisão contratual, de seu estado gestacional. O C. TST
sepultou de vez qualquer cizânia ainda existente acerca do tema, 10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias".
através da edição da Súmula 244, I ("O desconhecimento do estado Confira-se a ementa do referido precedente: "I - INCIDENTE DE
gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA - INSTAURAÇÃO DO
indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b, do ADCT))". INCIDENTE -ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO
No caso em apreço, verifica-se que a reclamante fora contratada na TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI Nº 6.019/74 - NOVA
modalidade de contrato temporário, o qual fora firmado em INTERPRETAÇÃO DO TEMA A PARTIR DE JULGADOS DA 1ª
24/05/21, encontrandose gestante quando do encerramento do TURMA DESTA CORTE - No particular, prevaleceram os
pacto, em 10/12/21, conforme documentos anexos aos autos. fundamentos do Exmo. Ministro Relator para reconhecer
Assim, é incontroverso nos autos que a reclamante fora contratada contrariedade entre o entendimento firmado na Eg. 1ª Turma do
de forma temporária e que estava grávida quando da extinção Tribunal Superior do Trabalho e a jurisprudência tradicionalmente
normal do contrato, cabendo analisar, então, se ela detém ou não a adotada pelas demais Turmas desta Eg. Corte, motivo pelo qual foi
garantia de emprego prevista do art. 10, II, b, do ADCT. A Corte instaurado o Incidente de Assunção de Competência.
nascituro condições propícias de nascimento e de regular TRABALHO - LEI Nº 6.019/1974 - FIXAÇÃO DE TESE É inaplicável
desenvolvimento em seus primeiros meses de vida, alterou a ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º
Súmula nº 244, para incluir o direito à estabilidade gestante nos 6.019/1974, a garantia de estabilidade provisória à empregada
contratos a termo ("III - A empregada gestante tem direito à gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das Disposições
estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b, do Ato Constitucionais Transitórias. Tese fixada em Incidente de Assunção
das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de Competência. II - EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA -
de admissão mediante contrato por tempo determinado"). INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO
Entrementes, tal entendimento encontra- se superado pela tese CPC/2015 - ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO
firmada pelo C. STF, sob a sistemática da repercussão geral, no TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI Nº 6.019 /1974 O acórdão
Tema nº 497 (RE 629.053/SP, em 10/10/18), segundo o qual "a embargado decidiu em sintonia com a tese firmada no Incidente de
incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT, Assunção de Competência suscitado nos próprios autos, à luz do
somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa qual "é inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado
causa". Como se vê, de acordo com o E. STF, o reconhecimento da pela Lei n.º /74, a garantia de estabilidade provisória à empregada
estabilidade provisória da empregada gestante requer dois 6.019 gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das Disposições
pressupostos cumulativos: a anterioridade da gravidez e a dispensa Constitucionais Transitórias". Embargos conhecidos e desprovidos.
sem justa causa. Contudo, não há como ser reconhecida a dispensa (TST - Pleno - IAC 5639-31.2013.5.12.0051 - Redatora Ministra
sem justa causa em contratos por prazo determinado, já que as Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - 29/07/2020)". Nessa direção,
partes sabem, desde a pactuação, a duração do pacto, salientando- também vêm se posicionando os Tribunais Trabalhistas, em
se que a conversão em contrato por prazo indeterminado consiste recentes julgados: ESTABILIDADE DA GESTANTE - CONTRATO
apenas numa expectativa de direito, que pode ou não ocorrer. TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI nº 6.019/1974 - FIXAÇÃO DE
Nessa conjuntura, a compreensão que era atribuída ao item III, da TESE - IAC. É inaplicável ao regime de trabalho temporário,
Súmula nº 244, do TST, passou a ser incompatível com o disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade
entendimento firmado pelo E. STF, em relação ao mesmo objeto, provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, "b", do Ato
entendendo a Corte Maior que, sendo de conhecimento prévio das das Disposições Constitucionais Transitórias. (Tese fixada pelo
partes o termo final do contrato a prazo ou no caso de pedido de Tribunal Superior do Trabalho no julgamento do IAC-5639-
demissão ou justa causa imputada à empregada nos contratos por 31.2013.5.12.0051 - Tema 2) (TRT 3ª R - RO 0010045-
prazo indeterminado, não se configura dispensa sem justa causa a 93.2016.5.03.0131 - 01/10/2020) JUÍZO DE ADEQUAÇÃO.
ensejar a proteção contida no ADCT. No que tange, CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. ESTABILIDADE
especificamente, aos contratos temporários, o Pleno do TST, no GESTANTE. Diante da tese firmada pelo Pleno do Tribunal Superior
julgamento do Incidente de Assunção de Competência nº 5639- do Trabalho no IAC - 5639-31.2013.5.12.0051, não há falar no
31.2013.5.12.0051, fixou a tese de que "é inaplicável ao regime de reconhecimento da estabilidade da gestante admitida mediante
trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia contrato de trabalho temporário (TRT 4ª R - RO 0021519-
de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 80.2014.5.04.0009 - 15/07/2021)". Desta feita, ante as
considerações supra, ainda que a gestação tenha ocorrido antes do INAPLICABILIDADE AO CONTRATO DE TRABALHO
término do pacto laboral, forçoso é reconhecer que a reclamante TEMPORÁRIO. JUÍZO DE ADEQUAÇÃO À TESE JURÍDICA
não faz jus à proteção do art. 10, II, "b", do ADCT. Não reconhecido FIXADA PELO COLENDO TST, EM SEDE DE INCIDENTE DE
o direito à garantia de emprego, indeferem-se os consectários ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA. À luz do disposto no inciso III do
pleiteados, culminando na improcedência integral das pretensões art. 927 do CPC e § 11, inciso II, do art. 896-C da CLT, o tema
Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário, pelo Colendo TST nos autos do Incidente de Assunção de
mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos. Competência nº 0005639-31.2013.5.12.0051, segundo a qual esse
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus
provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT, por se tratar
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). Conheço do recurso eis que presentes todos os pressupostos
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade.
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA a reforma da sentença de id a41fce8, prolatada pela MMª Única
- RANDSTAD BRASIL RECURSOS HUMANOS LTDA. reclamante respeitou os requisitos previstos na lei n.º 6.019/1974,
estado gravídico.
EMENTA Cumpre destacar que o objetivo social da norma constitucional (art.
GARANTIA PROVISÓRIA DO EMPREGO DA GESTANTE. 10, II, alínea "b" do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias) é proteger a gestante contra a dispensa obstativa ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/1974,
exercício das prerrogativas inerentes à maternidade. Com efeito, a a garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista
garantia provisória ao emprego prevista para empregada gestante é no art. 10, II, "b", do Ato das Disposições Constitucionais
deflagrada no momento da confirmação da gravidez e assegurada Transitórias". Ao fixar a referida tese, consignou que o
até cinco meses após o parto. reconhecimento do direito à estabilidade provisória à empregada
Por sua vez, a Súmula n.º 244, item III, do c. TST, assim dispõe: gestante não é compatível com a finalidade da Lei nº 6.019/74, cujo
"GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. objetivo é atender a situações excepcionais, para as quais não haja
III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória expectativa de continuidade do vínculo empregatício. Recurso de
prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições revista conhecido e provido" (RR-707-82.2015.5.09.0125, 7ª Turma,
Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 25/06/2021).
mediante contrato por tempo determinado". "(...) RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. ESTABILIDADE
Ora, entendo que a aplicação da Súmula n.º 244 do TST, por cujo DA GESTANTE. CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. O
teor dispõe que a garantia no emprego é devida, ainda que debate relativo à garantia de estabilidade provisória da gestante
desconhecida a gravidez pelo empregador ou até mesmo pela contratada temporariamente, não comporta mais discussão nesta
empregada, quando do ato da dispensa. Além disso, não impõe Corte, visto que o Pleno, por meio do julgamento do TST - IAC -
restrição quanto à modalidade de contrato de trabalho, se por prazo 5639-31.2013.5.12.0051, decidiu que "é inaplicável ao regime de
determinado ou prazo indeterminado. trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/74, a garantia de
Entretanto, o julgamento do Colendo TST, proferido nos autos do estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II,
Incidente de Assunção de Competência nº 0005639- b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias". Recurso de
31.2013.5.12.0051, em 18/11/2019, restou fixada a seguinte tese revista não conhecido. (...) Recurso de revista conhecido e provido"
"É inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela César Leite de Carvalho, DEJT 14/02/2020).
Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade provisória à "RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017.
empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO
Nesse cenário, cumpre ressaltar o que se dispõe no art. 927, inciso TRANSCENDENCIA NÃO CARACTERIZADA. 1. De acordo com o
"Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: revista, deve examinar previamente se a causa oferece
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos econômica, política, social ou jurídica. 2. Cinge-se a controvérsia
Portanto, as teses jurídicas firmadas em incidentes são dotadas de gestante contratada por prazo determinado, regido pela Lei
efeito vinculante, com aplicação a todos os demais processos que 6.019/74. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de
tratarem da mesma questão jurídica em todos os órgãos assegurar à gestante a estabilidade provisória prevista no art. 10, II,
jurisdicionais da Justiça do Trabalho. "b", do ADCT em caso de contrato por prazo determinado, conforme
Neste sentido, cito os recentes precedentes do C. TST: a Súmula 244, III, do TST. Contudo, em 18/11/2019, o Tribunal
"RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, no julgamento do IAC-5639
ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTES DA LEI Nº 13.467/17. -31.2013.5.12.0051, fixou a tese de que " é inaplicável ao regime de
ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE - CONTRATO DE trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, a garantia de
TRABALHO TEMPORÁRIO - LEI Nº 6.019/1974 - estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II,
IMPOSSIBILIDADE - TESE FIXADA NO JULGAMENTO DO IAC- b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ", colocando
5639-31.2013.5.12.0051. (violação aos artigos 10, inciso II, alínea fim a antiga controvérsia doutrinária e jurisprudencial. 3. Nesse
"b", do ADCT e 2º e 10 da Lei nº 6.019/74, contrariedade à Súmula cenário, o Tribunal Regional, ao manter a inaplicabilidade do item
nº 244, item III, do TST e divergência jurisprudencial). O Tribunal III, da Súmula 244 do TST, indeferindo a estabilidade da gestante
Pleno do TST, em 18/11/2019, no julgamento do IAC-5639- submetida ao regime de contrato temporário, proferiu decisão em
31.2013.5.12.0051, fixou tese no sentido de que "É inaplicável ao conformidade com a atual e notória jurisprudência desta Corte
uniformizadora. Recurso de revista não conhecido " (RR-1000552- de recursos humanos da empresa, que estava gestante e não
08.2018.5.02.0463, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar poderia ser desligada, com conforme conversa registrada no
"(...) Acerca da matéria em debate, a jurisprudência prevalente no anulação do término do contrato laboral, conforme documento
âmbito desta Corte é no sentido de que o reconhecimento da anexo; que em 10/12/21, ao final do contrato por prazo
garantia de emprego à empregada gestante não se coaduna com a determinado, a reclamada desligou a reclamante, mesmo sabendo
finalidade da Lei 6.019/74, que é a de atender a situações de seu estado gravídico. Requer o pagamento dos salários
excepcionalíssimas, para as quais não há expectativa de correspondentes ao período estabilitário, de 11/12/21 a 28/10/22 (5
continuidade da relação ou mesmo de prestação de serviços com meses após a data estimada do parto), além dos consectários
pessoalidade. Com efeito, ao julgamento do IAC-5639- legais. A reclamada alega que celebrou com a autora contrato de
31.2013.5.12.0051, foi fixada a seguinte tese jurídica: "é inaplicável trabalho temporário, o qual foi celebrado em total observância a Lei
ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, nº 6.019/74; que a validade de tal contrato é incontroversa, eis que
a garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista nada é postulado nesse sentido; que o contrato entre as partes
no art. 10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias" perdurou até 10/12/21, ocasião em que a reclamante recebeu todos
(Tribunal Pleno, Redatora Designada Ministra Maria Cristina os seus haveres rescisórios; que o TST, no julgamento do Incidente
Irigoyen Peduzzi, julgamento em 18.11.2019, acórdão pendente de de Assunção de Competência nº 5639-31.2013.5.12.0051, fixou a
publicação). (...)"(RR-973-51.2016.5.12.0028, 1ª Turma, Relator tese de que "é inaplicável ao regime de trabalho temporário,
Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 08/01/2020). disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade
Destarte, pacificada a questão pelo Tribunal Superior do Trabalho provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato
com efeitos vinculantes, no sentido de que as gestantes admitidas das Disposições Constitucionais Transitórias". Pois bem. O artigo
pelo regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 10, II, b, do ADCT estabelece a garantia provisória de emprego à
6.019/74, não possuem direito à estabilidade provisória, em que gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o
pese a existência de entendimento anterior, outra conclusão não se parto. Doutrina e jurisprudência já se consolidaram no sentido de
apresenta, senão a de confirmar o julgamento de origem que que a vedação contida no citado dispositivo decorre apenas do fato
indeferiu o pedido de salários correspondentes ao período objetivo da confirmação da gravidez na vigência do contrato de
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a provisória prescinde de prévio conhecimento do empregador,
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o quando da rescisão contratual, de seu estado gestacional. O C. TST
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência sepultou de vez qualquer cizânia ainda existente acerca do tema,
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. através da edição da Súmula 244, I ("O desconhecimento do estado
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da
expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b, do ADCT))".
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, modalidade de contrato temporário, o qual fora firmado em
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: 24/05/21, encontrandose gestante quando do encerramento do
2.2 DA ESTABILIDADE À GESTANTE - CONTRATO pacto, em 10/12/21, conforme documentos anexos aos autos.
Aduz a autora que foi admitida pela reclamada em 24/05/21, através de forma temporária e que estava grávida quando da extinção
de contrato de trabalho por prazo determinado, com expiração em normal do contrato, cabendo analisar, então, se ela detém ou não a
10/12/21,na função de alimentadora de linha de produção, com garantia de emprego prevista do art. 10, II, b, do ADCT. A Corte
remuneração de R$1.200,00; que está gestante desde Maior Trabalhista, diante da necessidade de salvaguardar ao
aproximadamente 28/08/21, conforme exame de ultrassonografia nascituro condições propícias de nascimento e de regular
anexo; que tomou conhecimento de seu estado gravídico em desenvolvimento em seus primeiros meses de vida, alterou a
meados de outubro/21, tendo comunicado ao seu empregador, que Súmula nº 244, para incluir o direito à estabilidade gestante nos
imediatamente tentou antecipar a rescisão do contrato antes do contratos a termo ("III - A empregada gestante tem direito à
termo final; que informou a Sra. Gracy Tauani, empregada do setor estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b, do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de Competência. II - EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA -
de admissão mediante contrato por tempo determinado"). INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO
Entrementes, tal entendimento encontra- se superado pela tese CPC/2015 - ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO
firmada pelo C. STF, sob a sistemática da repercussão geral, no TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI Nº 6.019 /1974 O acórdão
Tema nº 497 (RE 629.053/SP, em 10/10/18), segundo o qual "a embargado decidiu em sintonia com a tese firmada no Incidente de
incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT, Assunção de Competência suscitado nos próprios autos, à luz do
somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa qual "é inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado
causa". Como se vê, de acordo com o E. STF, o reconhecimento da pela Lei n.º /74, a garantia de estabilidade provisória à empregada
estabilidade provisória da empregada gestante requer dois 6.019 gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das Disposições
pressupostos cumulativos: a anterioridade da gravidez e a dispensa Constitucionais Transitórias". Embargos conhecidos e desprovidos.
sem justa causa. Contudo, não há como ser reconhecida a dispensa (TST - Pleno - IAC 5639-31.2013.5.12.0051 - Redatora Ministra
sem justa causa em contratos por prazo determinado, já que as Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - 29/07/2020)". Nessa direção,
partes sabem, desde a pactuação, a duração do pacto, salientando- também vêm se posicionando os Tribunais Trabalhistas, em
se que a conversão em contrato por prazo indeterminado consiste recentes julgados: ESTABILIDADE DA GESTANTE - CONTRATO
apenas numa expectativa de direito, que pode ou não ocorrer. TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI nº 6.019/1974 - FIXAÇÃO DE
Nessa conjuntura, a compreensão que era atribuída ao item III, da TESE - IAC. É inaplicável ao regime de trabalho temporário,
Súmula nº 244, do TST, passou a ser incompatível com o disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade
entendimento firmado pelo E. STF, em relação ao mesmo objeto, provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, "b", do Ato
entendendo a Corte Maior que, sendo de conhecimento prévio das das Disposições Constitucionais Transitórias. (Tese fixada pelo
partes o termo final do contrato a prazo ou no caso de pedido de Tribunal Superior do Trabalho no julgamento do IAC-5639-
demissão ou justa causa imputada à empregada nos contratos por 31.2013.5.12.0051 - Tema 2) (TRT 3ª R - RO 0010045-
prazo indeterminado, não se configura dispensa sem justa causa a 93.2016.5.03.0131 - 01/10/2020) JUÍZO DE ADEQUAÇÃO.
ensejar a proteção contida no ADCT. No que tange, CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. ESTABILIDADE
especificamente, aos contratos temporários, o Pleno do TST, no GESTANTE. Diante da tese firmada pelo Pleno do Tribunal Superior
julgamento do Incidente de Assunção de Competência nº 5639- do Trabalho no IAC - 5639-31.2013.5.12.0051, não há falar no
31.2013.5.12.0051, fixou a tese de que "é inaplicável ao regime de reconhecimento da estabilidade da gestante admitida mediante
trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia contrato de trabalho temporário (TRT 4ª R - RO 0021519-
de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 80.2014.5.04.0009 - 15/07/2021)". Desta feita, ante as
10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias". considerações supra, ainda que a gestação tenha ocorrido antes do
Confira-se a ementa do referido precedente: "I - INCIDENTE DE término do pacto laboral, forçoso é reconhecer que a reclamante
ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA - INSTAURAÇÃO DO não faz jus à proteção do art. 10, II, "b", do ADCT. Não reconhecido
TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI Nº 6.019/74 - NOVA pleiteados, culminando na improcedência integral das pretensões
fundamentos do Exmo. Ministro Relator para reconhecer Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário,
contrariedade entre o entendimento firmado na Eg. 1ª Turma do mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.
adotada pelas demais Turmas desta Eg. Corte, motivo pelo qual foi
ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO TEMPORÁRIO DE TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
TRABALHO - LEI Nº 6.019/1974 - FIXAÇÃO DE TESE É inaplicável unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe
ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos
gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das Disposições Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Constitucionais Transitórias. Tese fixada em Incidente de Assunção Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). Recurso conhecido e negado provimento.
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. Rito Sumaríssimo. Relatório Dispensado na forma da Lei.
MÉRITO
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamante em
- SOCIEDADE UNIVERSITARIA DE DESENVOLVIMENTO anotação pela reclamada no prazo legal, fica a Secretaria
PROFISSIONALIZANTE S/S - SUDEP FATENE
autorizada a procedê-la. Dessa forma, julgou IMPROCEDENTES os
pela reclamada.
PODER JUDICIÁRIO Em suas razões recursais de ID 6a2d71c requer o recorrente seja
JUSTIÇA DO declarada que a prescrição do FGTS do período de vínculo
No presente caso, tem-se que a sentença ora atacada decidiu por que seja convertido a forma de resilição contratual entre as partes,
declarar a existência do vínculo empregatício entre as partes a partir de pedido de demissão para rescisão indireta do contrato de
de 02/01/2013 a 1º/01/2015, condenando a 1ª reclamada a proceder trabalho por culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor
A presente ação trabalhista foi ajuizada em 29/11/2021, tendo a É que consta dos autos (vide ID 7205e5b) carta endereçada à
sentença declarada a prescrição quinquenal do direito de ação do reclamada, escrita de próprio punho e assinada pelo autor,
Na decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos do encerramento imediato do contrato de trabalho.
Recurso Extraordinário com Agravo - ARE nº 709.212, julgado em Registre-se que não há dos autos qualquer prova de coação da
13/11/2014, no sentido de invalidar a regra da prescrição trintenária, empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse macular o teor
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, foi Nesse sentido, não há que se falar em conversão da forma de como
modulada pela Corte Suprema de maneira a não atingir os se deu a resilição do contrato de trabalho havido entre as partes
processos em curso, em que a prescrição já está interrompida, como ora requer o recorrente.
"Súmula nº 362 do TST FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Diante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e, no
Res. 198/2015, republicada em razão de erro material - DEJT mérito, negar-lhe provimento.
contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
término do contrato; II - Para os casos em que o prazo prescricional unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe
que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)". Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
No presente caso, e como dito acima, busca o recorrente por meio (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
do presente apelo seja declarada a prescrição trintenária do FGTS, Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
a partir do início do liame empregatício reconhecido pela sentença. o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Nesse sentido, tem-se, conforme pleiteia o recorrente, que o prazo Fortaleza, 11 de julho de 2022.
02/01/2013, cuja a data para se consumar a prescrição trintenária FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
seria em 02/01/2043.
Ocorre que, conforme item II da Súmula nº 362, do TST, acima ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
pela reclamada.
PODER JUDICIÁRIO Em suas razões recursais de ID 6a2d71c requer o recorrente seja
JUSTIÇA DO declarada que a prescrição do FGTS do período de vínculo
Res. 198/2015, republicada em razão de erro material - DEJT mérito, negar-lhe provimento.
contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
término do contrato; II - Para os casos em que o prazo prescricional unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe
que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)". Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
No presente caso, e como dito acima, busca o recorrente por meio (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
do presente apelo seja declarada a prescrição trintenária do FGTS, Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
a partir do início do liame empregatício reconhecido pela sentença. o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Nesse sentido, tem-se, conforme pleiteia o recorrente, que o prazo Fortaleza, 11 de julho de 2022.
02/01/2013, cuja a data para se consumar a prescrição trintenária FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
seria em 02/01/2043.
Ocorre que, conforme item II da Súmula nº 362, do TST, acima ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
sem justa causa. Entretanto, no caso em análise, ainda que se tem natureza de ato jurídico perfeito devendo ser disciplinado pela
considere ter havido prejuízo econômico e financeiro decorrentes legislação em vigor no ato da extinção contratual.
das paralisações/suspensões implementadas pelos Decretos Na época da rescisão contratual do reclamante estava em vigor a
Estaduais editados, a reclamada fora considerada atividade Medida Provisória 927/2020, que expressamente previu como
essencial , bem como não foi extinta e, portanto, em não havendo hipótese de força maior as medidas de enfrentamento ao estado de
extinção da sociedade empresária e se esta mantém sua atividade calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo n.
econômica, não há se falar na incidência do art. 501 e 502 da CLT à 06/2020, nestes termos:
hipótese dos autos, eis que apenas em casos de extinção da "Art. 1º, parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória se
empresa é que resta autorizado o pagamento pela metade das aplica durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo
verbas rescisórias. Assim, condena-se a ré no pagamento das Decreto Legislativo nº 6, de 2020, e, para fins trabalhistas, constitui
verbas rescisórias decorrentes da dispensa imotivada. Sentença hipótese de força maior, nos termos do disposto no art. 501 da
modificada neste item. Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº
verbas rescisórias incontroversas não pagas na primeira audiência, Já a lei nº 14.020/2020, decorrente da conversão da Medida
indevida a aplicação da multa prevista no artigo 467, da CLT. Provisória 936/2020, também afastou qualquer arguição no sentido
Recurso conhecido e parcialmente provido. de se considerar as rescisões contratuais ocorridas durante estado
RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO Ademais, o art. 29, da Lei nº 14.020/2020, afastou a aplicação do
ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI art. 486, da CLT, no caso de paralisação ou suspensão de
ADMISSIBILIDADE termos:
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do "Art. 29. Não se aplica o disposto no art. 486 da CLT, aprovada pelo
Pretende o recorrente a reforma da sentença prolatada pela MM.ª enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo
15.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id b2c7182) que julgou Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência
parcialmente procedentes os pedidos formulados na reclamação de saúde pública de importância internacional decorrente do
trabalhista promovida contra SAO BENEDITO AUTO-VIA LTDA, coronavírus, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de
condenou a reclamada no pagamento: saldo de salário (5 dias); Outrossim, a Jurisprudência deste Regional tem se manifestado no
férias vencidas simples e proporcionais, acrescidas de 1/3, e 13ª sentido de que não há fato de príncipe no caso das paralisações
salário proporcional de 2021, diferença de FGTS, FGTS sobre das atividades empresariais decorrentes de decretos estaduais para
verbas rescisórias + 20% do FGTS de todo o pacto laboral e multa fins de reduzir o contágio da pandemia da Covid-19, nestes termos:
do art. 477 da CLT, além de honorários advocatícios no percentual "RECURSO ORDINÁRIO. PRELIMINAR DE CHAMAMENTO AO
de 10% sobre o valor total da liquidação. PROCESSO. FATO DO PRÍNCIPE. Os Decretos editados pela
Em suas razões (id b5be63e) pugna o reclamante pelo Administração Pública como forma de controlar a disseminação do
reconhecimento da dispensa sem justa causa, por iniciativa Coronavírus, apesar de haverem impactado negativamente em todo
patronal, ocorrido em 05/03/2021, ante a inexistência de força setor produtivo do Estado, não autorizam o reconhecimento da
As relações jurídicas devem ser tratadas pela lei em vigor à época coletividade, diante de uma situação de reconhecida calamidade
do exaurimento dos efeitos daquelas ou respectiva extinção. A pública. Além do mais, o art. 29 da Lei nº 14.020/2020 dispõe que o
rescisão do contrato de trabalho se operou em 05/03/2021, o qual art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho não se aplica no
caso da paralisação ou suspensão das atividades empresariais, que não é o caso dos autos, eis que os atos de enfrentamento à
determinada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal Pandemia de COVID-19 foram devidamente motivados, seguindo
para o enfrentamento do estado de calamidade pública em razão do orientações gerais, inclusive de âmbito internacional, de
novo coronavírus. Preliminar que se rejeita. PRELIMINAR DE salvaguarda da saúde e da vida da coletividade, as quais
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Não tendo sido recomendavam o isolamento social para combater a disseminação
reconhecida a ocorrência da teoria do factum principis,ante a do vírus na coletividade. Recurso conhecido e não provido". (TRT-7
expressa previsão legal de inaplicabilidade do art. 486 Consolidado, - RO: 00005234920205070015 CE, Relator: EMMANUEL TEÓFILO
não há de se falar em remessa dos autos à uma das Varas da FURTADO, Data de Julgamento: 02/03/2021, 2ª Turma, Data de
art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho. detendo esta Assim, ao presente caso, não se aplica o art. 486, da CLT, que
Especializada plena competência para conhecer a julgar a presente regulamenta o fato do príncipe, com fundamento no art. 29, da Lei
RECONHECIMENTO DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. Com efeito, resta indene de dúvida que a pandemia de Covid-19,
Estando cabalmente demonstrado nos autos que a relação laboral que afeta o mundo todo, trouxe, vem trazendo e trará prejuízos de
travada entre os litigantes não se rompeu em decorrência de toda ordem e, sequer, tem previsão de um controle definitivo,
quaisquer das medidas adotadas pela Administração Pública, haja estando toda a população mundial vulnerável aos possíveis e
vista que a própria empregadora consignou de forma expressa no desconhecidos desdobramentos de nefasto vírus.
Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (ID. 48e767e) que a Não é menos certo, porém, que os Decretos editados pelo Governo
empregador individual, cujas atividades empresariais não tiveram mitigação do livre direito de ir e vir do cidadão - sem aqui adentrar-
solução de continuidade, inexiste a possibilidade de reconhecimento se à eficácia ou não de tais medidas - teve por finalidade tentar
de caso fortuito ou força maior. Preliminar rejeitada. VALE enfrentar situação nunca antes vivenciada, com o único objetivo de
ALIMENTAÇÃO. MULTA CONVENCIONAL. Tratando-se o buscar conter a disseminação da contaminação da população pelo
pertencia à empresa demandada o encargo probatório de Ademais, e a despeito do notório prejuízo econômico e financeiro
demonstrar cabalmente a quitação do vale alimentação pertinente a decorrentes das paralisações/suspensões implementadas pelos
todo período contratual, conforme reza o inciso II do art. 818 da Decretos Estaduais editados, percebe-se que, no caso em análise,
Consolidação das Leis do Trabalho. na ausência de tais provas, a reclamada fora considerada atividade essencial , bem como não
forçosa a condenação na forma decidida na origem. foi extinta e, portanto, em não havendo extinção da sociedade
Consequentemente, tem-se como autorizada a aplicação da multa empresária e se esta mantém sua atividade econômica, não há se
pelo descumprimento da cláusula 25ª da Convenção Coletiva de falar na incidência do art. 501 e 502 da CLT à hipótese dos autos,
Trabalho 2019/2020. Nada a reformar. VERBAS RESILITÓRIAS. eis que apenas em casos de extinção da empresa é que resta
DEDUÇÃO DE VALORES PAGOS. Tendo a empresa recorrente autorizado o pagamento pela metade da multa rescisória ( 20% da
consignadas no Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, Portanto, entendo que factum principis, no plano trabalhista,
devida é a integral dedução dos valores quitados. Recurso pressupõe, além da ocorrência de um evento imprevisível e alheio a
parcialmente provimento, apenas para determinar a dedução de vontade do empregador, exige a prática de atos discricionários do
todos os valores comprovadamente pagos pela recorrente, inclusive Poder Público (conveniência e oportunidade), que afetem
o relativo à última parcela acordada (ID. Fffef86)". (TRT-7 - RO: substancialmente a própria existência da empresa.
00004589720205070033 CE, Relator: CLOVIS VALENCA ALVES No caso da crise do Covid-19, as medidas adotadas pelos
FILHO, Data de Julgamento: 07/02/2021, 3ª Turma, Data de Governos Federal, Estadual e Municipal, visaram o controle
"DISPENSA. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DAS ATIVIDADES. atos normativos visaram resguardar a saúde pública.
PANDEMIA DA COVID-19. FATO DO PRÍNCIPE. INOCORRÊNCIA. A conduta empresarial, portanto, não encontra amparo legal para
Para que se configure o fato do príncipe, disposto no art. 486, da eximir-se de sua responsabilidade.
CLT, é necessário que o ato do ente público seja discricionário, o Portanto, afasto a possibilidade de reconhecimento da força maior.
reflexos, e multa fundiária de 40%. Custas calculadas sobre o novo PODER JUDICIÁRIO
reais).
EMENTA
DISPOSITIVO
RESCISÃO INDIRETA. NÃO COMPROVADA. PEDIDO DE
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
DEMISSÃO CARACTERIZADO. MANTER SENTENÇA. No tocante
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
ao pedido do recorrente de reforma da sentença para que seja
unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento
convertido a forma de resilição contratual entre as partes, de pedido
para, reconhecendo a dispensa sem justa causa como resilição do
de demissão para rescisão indireta do contrato de trabalho por
contrato de trabalho, condenar a reclamada no pagamento das
culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor sorte não lhe
verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade, acrescendo à
assiste. É que consta dos autos carta endereçada à reclamada,
condenação pagamento do aviso prévio indenizado, com projeção e
escrita de próprio punho e assinada pelo autor, comunicando que o
reflexos, e multa fundiária de 40%. Custas calculadas sobre o novo
recorrente estava se desligando da empresa e solicitando que fosse
valor da condenação que ora arbitra-se em R$11.000,00 (onze mil
dispensado do aviso prévio, com encerramento imediato do contrato
reais).
de trabalho. Registre-se que não há dos autos qualquer prova de
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
coação da empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
macular o teor da aludida carta.
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
Recurso conhecido e negado provimento.
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
RELATÓRIO
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Rito Sumaríssimo. Relatório Dispensado na forma da Lei.
Fortaleza, 11 de julho de 2022.
FUNDAMENTAÇÃO
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
ADMISSIBILIDADE
Relator
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
ordinário interposto.
MÉRITO
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamante em
Diretor de Secretaria
face da sentença de b73f72b que decidiu: a) rejeitar a preliminar de
incompetência material da Justiça do Trabalho; b) deferir ao 13/11/2014, no sentido de invalidar a regra da prescrição trintenária,
reclamante os benefícios da justiça gratuita; c) acolher a prejudicial em razão da interpretação dada ao artigo inciso XXIX, do art. 7º da
de prescrição quinquenal para declarar prescrita a pretensão do Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, foi
reclamante quantos aos créditos prescritíveis e exigíveis pela via modulada pela Corte Suprema de maneira a não atingir os
acionária anteriormente a 29/11/2016, nos termos do art. 487, II, do processos em curso, em que a prescrição já está interrompida,
NCPC; d) julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos atribuindo, assim, efeitos ex nunc à decisão, o que ensejou a edição
desta ação formulados por CARLOS EDUARDO BRAGA CRUZ em da Súmula nº 362 pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, in
PROFISSIONALIZANTE - SUDEP - FATENE - (1ª Reclamada) e "Súmula nº 362 do TST FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) -
SOCIEDADE UNINORDESTE DE EDUCACAO UNIVERSITARIA Res. 198/2015, republicada em razão de erro material - DEJT
DECAUCAIA S /S LTDA (2ª reclamada) para: A) declarar a divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 I - Para os casos em que a
existência do vínculo empregatício a partir de 02/01/2013 a ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a
1º/01/2015, devendo a 1ª reclamada proceder às anotações, no prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento de
prazo de cinco dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o
diária de R$ 100,00, limitada a R$ 1.000,00. Em caso de não término do contrato; II - Para os casos em que o prazo prescricional
anotação pela reclamada no prazo legal, fica a Secretaria já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional
autorizada a procedê-la. Dessa forma, julgou IMPROCEDENTES os que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou
demais pedidos. Custas a recolher, no valor mínimo de R$ 10,64, cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)".
pela reclamada. No presente caso, e como dito acima, busca o recorrente por meio
Em suas razões recursais de ID 6a2d71c requer o recorrente seja do presente apelo seja declarada a prescrição trintenária do FGTS,
declarada que a prescrição do FGTS do período de vínculo a partir do início do liame empregatício reconhecido pela sentença.
reconhecido pela sentença seja a trintenária e não a quinquenal, Nesse sentido, tem-se, conforme pleiteia o recorrente, que o prazo
como constante da decisão ora guerreada. prescricional já estaria em curso na data do reconhecimento do
Requer, também a reforma da sentença no sentido de que seja liame empregatício havido entre as partes, qual seja, em
convertido a forma de resilição contratual de pedido de demissão 02/01/2013, cuja a data para se consumar a prescrição trintenária
empregador, com as consequências pecuniárias daí advindas. Ocorre que, conforme item II da Súmula nº 362, do TST, acima
Do exame dos autos forçoso reconhecer que não assiste razão ao transcrita, para os casos em que o prazo prescricional já estava em
Conforme disciplina o disposto no inciso XXIX, do art. 7º, da termo inicial - que corresponderia à data de 02/01/2043 ou cinco
Constituição Federal, incidem no processo do trabalho dois prazos anos, a partir de 13/11/2014, que seria em 13/11/2019.
prescricionais: 2 (dois) anos para ajuizamento da ação a partir do Nesse sentido, inconteste que a prescrição a ser aplicada às verbas
término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos fundiárias é a quinquenal, já que essa forma prescricional ocorrerá
5 (cinco) anos anteriores, ou de 5 (cinco) anos durante a vigência em primeiro lugar, como acertadamente entendeu o Juízo de base.
No presente caso, tem-se que a sentença ora atacada decidiu por que seja convertido a forma de resilição contratual entre as partes,
declarar a existência do vínculo empregatício entre as partes a partir de pedido de demissão para rescisão indireta do contrato de
de 02/01/2013 a 1º/01/2015, condenando a 1ª reclamada a proceder trabalho por culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor
A presente ação trabalhista foi ajuizada em 29/11/2021, tendo a É que consta dos autos (vide ID 7205e5b) carta endereçada à
sentença declarada a prescrição quinquenal do direito de ação do reclamada, escrita de próprio punho e assinada pelo autor,
Na decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos do encerramento imediato do contrato de trabalho.
Recurso Extraordinário com Agravo - ARE nº 709.212, julgado em Registre-se que não há dos autos qualquer prova de coação da
empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse macular o teor VERBAS RESCISÓRIAS. INDENIZAÇÃO FGTS. REDUÇÃO PELA
Nesse sentido, não há que se falar em conversão da forma de como EMPRESA. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 501 da CLT define como
se deu a resilição do contrato de trabalho havido entre as partes força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do
como ora requer o recorrente. empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta
Diante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e, no metade da indenização que lhe seria devida em caso de rescisão
mérito, negar-lhe provimento. sem justa causa. Entretanto, no caso em análise, ainda que se
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por essencial , bem como não foi extinta e, portanto, em não havendo
unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe extinção da sociedade empresária e se esta mantém sua atividade
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores hipótese dos autos, eis que apenas em casos de extinção da
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva empresa é que resta autorizado o pagamento pela metade das
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). verbas rescisórias. Assim, condena-se a ré no pagamento das
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias verbas rescisórias decorrentes da dispensa imotivada. Sentença
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA verbas rescisórias incontroversas não pagas na primeira audiência,
RELATÓRIO
CRISE SANITÁRIA COVID-19. MOTIVO DE FORÇA MAIOR. do art. 477 da CLT, além de honorários advocatícios no percentual
de 10% sobre o valor total da liquidação. PROCESSO. FATO DO PRÍNCIPE. Os Decretos editados pela
Em suas razões (id b5be63e) pugna o reclamante pelo Administração Pública como forma de controlar a disseminação do
reconhecimento da dispensa sem justa causa, por iniciativa Coronavírus, apesar de haverem impactado negativamente em todo
patronal, ocorrido em 05/03/2021, ante a inexistência de força setor produtivo do Estado, não autorizam o reconhecimento da
As relações jurídicas devem ser tratadas pela lei em vigor à época coletividade, diante de uma situação de reconhecida calamidade
do exaurimento dos efeitos daquelas ou respectiva extinção. A pública. Além do mais, o art. 29 da Lei nº 14.020/2020 dispõe que o
rescisão do contrato de trabalho se operou em 05/03/2021, o qual art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho não se aplica no
tem natureza de ato jurídico perfeito devendo ser disciplinado pela caso da paralisação ou suspensão das atividades empresariais,
legislação em vigor no ato da extinção contratual. determinada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal
Na época da rescisão contratual do reclamante estava em vigor a para o enfrentamento do estado de calamidade pública em razão do
Medida Provisória 927/2020, que expressamente previu como novo coronavírus. Preliminar que se rejeita. PRELIMINAR DE
hipótese de força maior as medidas de enfrentamento ao estado de INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Não tendo sido
calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo n. reconhecida a ocorrência da teoria do factum principis,ante a
06/2020, nestes termos: expressa previsão legal de inaplicabilidade do art. 486 Consolidado,
"Art. 1º, parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória se não há de se falar em remessa dos autos à uma das Varas da
aplica durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Fazenda Pública Estadual, nos moldes do que preceitua o § 3º do
Decreto Legislativo nº 6, de 2020, e, para fins trabalhistas, constitui art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho. detendo esta
hipótese de força maior, nos termos do disposto no art. 501 da Especializada plena competência para conhecer a julgar a presente
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº demanda. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR DE
Já a lei nº 14.020/2020, decorrente da conversão da Medida Estando cabalmente demonstrado nos autos que a relação laboral
Provisória 936/2020, também afastou qualquer arguição no sentido travada entre os litigantes não se rompeu em decorrência de
de se considerar as rescisões contratuais ocorridas durante estado quaisquer das medidas adotadas pela Administração Pública, haja
de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo n. vista que a própria empregadora consignou de forma expressa no
06/2020, como fato do príncipe. Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (ID. 48e767e) que a
Ademais, o art. 29, da Lei nº 14.020/2020, afastou a aplicação do extinção contratual ocorrera em razão do falecimento do
art. 486, da CLT, no caso de paralisação ou suspensão de empregador individual, cujas atividades empresariais não tiveram
emergência de saúde pública proveniente do coronavírus, nestes de caso fortuito ou força maior. Preliminar rejeitada. VALE
"Art. 29. Não se aplica o disposto no art. 486 da CLT, aprovada pelo pagamento de verba trabalhista de fato extintivo do direito alegado,
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, na hipótese de pertencia à empresa demandada o encargo probatório de
paralisação ou suspensão de atividades empresariais determinada demonstrar cabalmente a quitação do vale alimentação pertinente a
por ato de autoridade municipal, estadual ou federal para o todo período contratual, conforme reza o inciso II do art. 818 da
enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Consolidação das Leis do Trabalho. na ausência de tais provas,
Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência forçosa a condenação na forma decidida na origem.
de saúde pública de importância internacional decorrente do Consequentemente, tem-se como autorizada a aplicação da multa
coronavírus, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de pelo descumprimento da cláusula 25ª da Convenção Coletiva de
Outrossim, a Jurisprudência deste Regional tem se manifestado no DEDUÇÃO DE VALORES PAGOS. Tendo a empresa recorrente
sentido de que não há fato de príncipe no caso das paralisações comprovado o pagamento dos valores relativos às verbas
das atividades empresariais decorrentes de decretos estaduais para consignadas no Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho,
fins de reduzir o contágio da pandemia da Covid-19, nestes termos: devida é a integral dedução dos valores quitados. Recurso
"RECURSO ORDINÁRIO. PRELIMINAR DE CHAMAMENTO AO parcialmente provimento, apenas para determinar a dedução de
todos os valores comprovadamente pagos pela recorrente, inclusive Poder Público (conveniência e oportunidade), que afetem
o relativo à última parcela acordada (ID. Fffef86)". (TRT-7 - RO: substancialmente a própria existência da empresa.
00004589720205070033 CE, Relator: CLOVIS VALENCA ALVES No caso da crise do Covid-19, as medidas adotadas pelos
FILHO, Data de Julgamento: 07/02/2021, 3ª Turma, Data de Governos Federal, Estadual e Municipal, visaram o controle
"DISPENSA. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DAS ATIVIDADES. atos normativos visaram resguardar a saúde pública.
PANDEMIA DA COVID-19. FATO DO PRÍNCIPE. INOCORRÊNCIA. A conduta empresarial, portanto, não encontra amparo legal para
Para que se configure o fato do príncipe, disposto no art. 486, da eximir-se de sua responsabilidade.
CLT, é necessário que o ato do ente público seja discricionário, o Portanto, afasto a possibilidade de reconhecimento da força maior.
que não é o caso dos autos, eis que os atos de enfrentamento à Desta forma, reconhece-se a dispensa sem justa causa como
Pandemia de COVID-19 foram devidamente motivados, seguindo resilição do contrato de trabalho, e se condena a reclamada no
orientações gerais, inclusive de âmbito internacional, de pagamento das verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade,
salvaguarda da saúde e da vida da coletividade, as quais acrescendo à condenação o pagamento do aviso prévio indenizado,
recomendavam o isolamento social para combater a disseminação com projeção e reflexos, e multa fundiária de 40%
do vírus na coletividade. Recurso conhecido e não provido". (TRT-7 MULTA DO ART. 467, DA CLT
- RO: 00005234920205070015 CE, Relator: EMMANUEL TEÓFILO Da leitura da inicial e da contestação, entendo, data vênia do quanto
FURTADO, Data de Julgamento: 02/03/2021, 2ª Turma, Data de decidido na origem, que a pretensão relativa às verbas rescisórias
Assim, ao presente caso, não se aplica o art. 486, da CLT, que Assim, diante da inexistência de verbas rescisórias incontroversas
regulamenta o fato do príncipe, com fundamento no art. 29, da Lei não pagas na primeira audiência, indevida a aplicação da multa
que afeta o mundo todo, trouxe, vem trazendo e trará prejuízos de CONCLUSÃO DO VOTO
toda ordem e, sequer, tem previsão de um controle definitivo, Conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento para,
estando toda a população mundial vulnerável aos possíveis e reconhecendo a dispensa sem justa causa como resilição do
desconhecidos desdobramentos de nefasto vírus. contrato de trabalho, condenar a reclamada no pagamento das
Não é menos certo, porém, que os Decretos editados pelo Governo verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade, acrescendo à
do Estado do Ceará de fechamento de estabelecimentos e condenação pagamento do aviso prévio indenizado, com projeção e
mitigação do livre direito de ir e vir do cidadão - sem aqui adentrar- reflexos, e multa fundiária de 40%. Custas calculadas sobre o novo
se à eficácia ou não de tais medidas - teve por finalidade tentar valor da condenação que ora arbitra-se em R$11.000,00 (onze mil
Ademais, e a despeito do notório prejuízo econômico e financeiro ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
decorrentes das paralisações/suspensões implementadas pelos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
Decretos Estaduais editados, percebe-se que, no caso em análise, unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento
a reclamada fora considerada atividade essencial , bem como não para, reconhecendo a dispensa sem justa causa como resilição do
foi extinta e, portanto, em não havendo extinção da sociedade contrato de trabalho, condenar a reclamada no pagamento das
empresária e se esta mantém sua atividade econômica, não há se verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade, acrescendo à
falar na incidência do art. 501 e 502 da CLT à hipótese dos autos, condenação pagamento do aviso prévio indenizado, com projeção e
eis que apenas em casos de extinção da empresa é que resta reflexos, e multa fundiária de 40%. Custas calculadas sobre o novo
autorizado o pagamento pela metade da multa rescisória ( 20% da valor da condenação que ora arbitra-se em R$11.000,00 (onze mil
Portanto, entendo que factum principis, no plano trabalhista, Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
pressupõe, além da ocorrência de um evento imprevisível e alheio a Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
vontade do empregador, exige a prática de atos discricionários do (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
- FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA sob o argumento de que a testemunha é prima da esposa do titular
depoente de que, semanalmente, aos sábados, almoça juntamente face da ora reclamada, não consubstancia óbice processual a sua
com a esposa do titular da reclamada, na casa da mãe desta, a qual atuação como testemunha no presente feito, conforme
é tia da depoente. Tal proximidade associada ao parentesco entendimento sumulado pelo e. TST. A alegação de que o ora
indicado, indicam a ausência de isenção da depoente para autuar reclamante atuará como testemunha na ação ajuizada pelo ora
como testemunha no presente feito, razão pela qual defere este depoente trata-se de alegado fato futuro, o qual, por não ter ocorrido
Juízo o pedido de contradita ora formulado pela parte reclamante". não pode servir como fundamento fático para deferimento da
Consoante inteligência que deflui dos arts. 829 da CLT e 447, § 3º, contradita requestada. Ademais, a jurisprudência tem se voltado
I, do CPC, considera-se suspeita a testemunha que possuir para o entendimento de que a circunstância de que empregados
amizade íntima com qualquer das partes. No caso dos autos, este tenham autuado reciprocamente como testemunha nos respectivos
grau de intimidade restou demonstrado, diante das seguintes processos,, isoladamente considerados, não é motivo suficiente
declarações da testemunha: "que é prima da esposa do titular da para caracterizar interesse na causa. Quanto à alegação da
reclamada; que costuma frequentar a residência do titular da existência de amizade íntima entre o reclamante e o depoente, esta
reclamada por ocasião de eventos familiares, como não restou provada. Sendo assim, em face das razões expostas,
aniversários; que quase todos os sábados se encontra com a indefere-se o pedido de contradita formulado pela parte reclamada".
esposa do titular da reclamada, na residência da mãe desta, a Na sentença, parte reclamada foi condenada ao pagamento de
qual é tia da depoente; que costuma almoçar na casa da horas extras, consoante os seguintes fundamentos:
referida tia, na companhia da esposa do titular da reclamada "O Reclamante afirma que laborava " laborava jornada semanal
aos sábados; que além de tais encontros aos sábados, não entrando às 08hrs e saindo às 19hrs, com intervalo intrajornada de
costuma sair socialmente com a esposa do titular da reclamada" 02(duas)horas, em escala 6X1, com 1 folga na semana, contudo,
(destaquei). Como bem destacado pela sentença, restou nada recebia pelas horas extras laboradas"; e que "laborava 54hrs
configurada proximidade suficiente para indicar a ausência de por semana, ou seja, 10 horas extras por semana acima da jornada
isenção da depoente para atuar como testemunha. prevista no art. 61 da CLT, nada recebia a título de contra
Preliminar rejeitada. prestação, assim o autor faz jus ao pagamento das horas extras
O juízo de origem não acolheu a contradita da testemunha Reclamante"Laborava de segunda à sábado, das 9:00 às 18:00,
apresentada pelo reclamante. Eis o teor do assentado na ata de com intervalo das 13:00 às 14:40, perfazendo jornada semanal de
"O advogado da reclamada contraditou a testemunha apresentada empregados não tem a obrigatoriedade de manter registro de ponto.
sob o argumento de que esta ajuizou reclamação em face da ora Conforme razões anteriormente expendidas restou constatado que
reclamada, tendo sido designada audiência para oitiva do a a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo que
reclamante na condição de testemunha na referida ação, bem como estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. 74,
de que haveria amizade íntima entre o depoente e o reclamante. §2º, da CLT). Assim, permanece com o Reclamante o ônus de
Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado do comprovar a jornada de trabalho indicada na exordial. Corrobora
reclamante nos seguintes termos: "Inexiste qualquer razão de que o esse entendimento o disposto nas Súmulas 338 e 437, do TST.
reclamante será testemunha ou ouvido no processo alegado pela A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou
reclamada. Além disso, a Súmula 357 do TST determina em sua junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,
inteligência que o ora depoentes está apto para prestar exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram
compromisso e depor a este Juízo, como também é indevido o desempenhadas em âmbito externo"; " que trabalhava das 08:00h
pleito da reclamada sobre a alegação de amizade íntima, uma vez ás 19:00h com 2h de intervalo, de segunda à sábado, sendo que
que inexistente também a prova nos autos". Inquirido o depoente, aos sábados a jornada findava às 18:00h; que o início e término da
este respondeu que: "não tem o hábito de sair socialmente como jornada de trabalho ocorria no estabelecimento reclamado; que a
reclamante, que nunca esteve na residência do reclamante; que o partir de aproximadamente início de 2020 passou a registrar o
reclamante nunca esteve na residência do depoente". Sobre o horário de trabalho em ponto eletrônico; que o horário de trabalho
pedido de contradita decidiu este Juízo nos seguinte termos:" A do reclamante era o mesmo em que laborava o depoente"; "que os
circunstância de para depoente ter ajuizado ação trabalhista em horários registrado em ponto eletrônico correspondia aos horários
laborados; que o reclamante igualmente efetuava registro de ponto pedido referente ao período avulso, aspecto que não pode se
eletrônico; que o reclamante igualmente desempenhava suas restringir a tal questão. Requer seja admitida a parcialidade da
atividades laborais em âmbito externos; que depoente e reclamante testemunha, afastando-se a força probatória de seu depoimento e,
conduziam veículos distintos no desempenho de suas atividades por conseguinte, julgando-se improcedente a reclamação.
A testemunha é contundente ao afirmar que o Reclamante laborava Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a
no mesmo horário que o depoente, declinando os horários de confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o
entrada e saída. Entretanto, cumpre destacar que tais afirmações quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência
são limitadas até o final do período em que o depoente laborou para do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.
Reclamada, ocorrido em 26.03.21. Sopesada a prova, fica Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir
reconhecido por este Juízo que o Reclamante laborava das 8h às expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do
19h, com 2h(duas horas) de intervalo intrajornada, de segunda-feira recurso ordinário da parte reclamada.
à sexta-feira; e das 8h às 18h, com 2h(duas horas) de intervalo Com efeito, o fato de o depoente possuir reclamação trabalhista
intrajornada, aos sábados, no período de 09.10.20 a 26.03.21; e das contra a empresa, ainda que com objeto similar ao do presente
9h às 18h, com intervalo intrajornada das 13:00 às 14:40, de feito, não é suficiente para a acolhida da contradita arguida. A
segunda à sábado, no período de 27.03.21 a 09.06.21. suspeição em casos tais exige inequívoca demonstração de troca
A jornada de trabalho do Reclamante reconhecida nesta sentença, de favores, o que não ocorre por mera presunção decorrente do
em relação ao período de 27.03.21 a 09.06.21, encontra-se dentro ajuizamento de reclamação trabalhista pela testemunha. Logo,
dos limites legais da jornada diária e semanal, pelo que não são ausente a inequívoca demonstração de troca de favores, não há se
devidas horas extras em tal período. falar em contradita da testemunha. Inteligência da Súmula nº 357 do
Por outro lado, em relação ao período de 09.10.20 a 26.03.21, TST. Nesse sentido, ainda:
verifica-se que a jornada de trabalho ultrapassa os limites legais da "RECURSO DE REVISTA. (...) 6. CONTRADITA DE
jornada diária e semanal, na quantidade de 9 (nove) horas por TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Consoante o
semana, o que, considerado o mês integrado por 4,28 semanas, entendimento desta colenda Corte Superior, o simples fato de a
resulta na quantidade mensal média de 38,52 (trinta e oito vírgula testemunha litigar contra o mesmo empregador não a torna
cinquenta e duas) horas. Conforme cláusula sexta das convenções suspeita, ainda que haja ações com identidade de pedidos, movidas
coletivas de trabalho 2020/2020 e 2021/2021,o adicional de horas pela parte autora e por sua testemunha. Com efeito, o entendimento
extras será pago de segunda-feira a sábado, no percentual de 70% da egrégia SBDI-1 deste Tribunal é no sentido de que a existência
(setenta por cento) sobre a hora normal. Sendo assim, e de ações, movidas pela parte autora e por sua testemunha, contra o
observados os limites objetivos da lide, defere-se ao Reclamante o mesmo empregador, não afasta a incidência do entendimento
pagamento de remuneração de horas extras, na quantidade de contido na Súmula nº 357, sendo declarada a suspeição somente
38,52 (trinta e oito vírgula cinquenta e duas) horas extras por mês, quando comprovada a troca de favores, hipótese não reconhecida
com acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora no v. acórdão regional. Precedentes. Inteligência da Súmula nº 357.
normal, no período de 09.10.20 a 26.03.21, deduzidos os valores Recurso de revista de que não se conhece. (...)"(RR-63700-
pagos a mesmo título, consignados nas folhas de pagamento 49.2008.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto
acostadas aos autos (Ids 024345d - e 608b539), pertinentes ao Caputo Bastos, DEJT 19/03/2021).
Em seu recurso, a empresa argumenta, em resumo, que a sentença INTERPOSTO PELO RECLAMADO. (...) 2. CONTRADITA DA
se baseou unicamente em depoimento de testemunha que deveria TESTEMUNHA. Nos moldes delineados pela Súmula n° 357 desta
ter sido considerada suspeita, pois depôs em notória prestação de Corte Superior, " não torna suspeita a testemunha o simples fato de
favores, conforme contradita arguida em audiência. Relata que a estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador ". Por
testemunha move reclamação trabalhista (processo nº 0000560- outro lado, não autoriza a ilação de suspeição da testemunha o
72.2021.5.07.0005) com pedidos e causa de pedir idênticos ao do simples fato de ela ter movido ação com similaridade ou identidade
presente feito, o que tornaria o depoente parcial, com interesse em de pedidos, sob pena de se vedar à reclamante a utilização de outro
abrir precedente a seu favor. Destaca ainda que a própria sentença trabalhador como testemunha, restringindo o direito à tutela
reconheceu a precariedade da prova testemunhal ao analisar o jurisdicional justa, pois é evidente que aqueles trabalhadores que
presenciaram os fatos objeto da prova oral possivelmente passaram O depoimento testemunhal revela que o depoente, em relação aos
pela mesma situação da autora, razão da existência de reclamatória motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês
com o mesmo objeto. Assim, o fato de a testemunha ajuizar de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura
reclamatória trabalhista contra a mesma empresa e com precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,
similaridade ou identidade de objeto, por si só, não afasta a isenção isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente
de seu depoimento prestado em juízo. (...)"(RRAg-20978- para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa
71.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em
Finalmente, o fato de as declarações da testemunha não serem O reclamante alega, em síntese, que trabalhava na mesma função e
suficientes para elidir a presunção de veracidade da anotação da nas mesmas condições de trabalho da testemunha, o que torna
data do vínculo na CTPS não induz ao prejuízo da revelação aceitáveis as declarações do depoente quanto ao momento de sua
contida em seu depoimento acerca do labor prestado em jornada contratação. Entende que o fundamento utilizado pela sentença
extraordinária. Cuidam-se de trabalhadores que compartilhavam a contraria o princípio da primazia da realidade, pelo que "(...) requer
mesma rotina laboral, de modo a não causar espécie a revelação o reconhecimento do período clandestino e conseguinte pagamento
acerca da jornada de trabalho do autor, no período de labor de todas as verbas trabalhistas e rescisórias do contrato de
coincidente entre ambos. trabalho, tanto do período clandestino quanto o registrado, nos
Ante o exposto, não há como se acolher a tese recursal acerca da termos do art.2º e 3º da CLT, devendo ser abatido somente os
Vale destacar, por fim, que, ao contrário do exposto pela parte pelos seus próprios fundamentos.
reclamante em contrarrazões, embora improcedente, o recurso da À luz do artigo 818, I, da CLT, era do reclamante o ônus de
parte reclamada não se reveste de caráter protelatório, pois, de comprovar que o verdadeiro período do contrato de trabalho seria
forma legítima, submete ao juízo de segundo grau as teses que diverso daquele anotado na CTPS.
PERÍODO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Isto porque o depoimento da única testemunha ouvida, na fração
A sentença não reconheceu o período do vínculo apontado na pertinente ao momento da contratação do reclamante, deve ser
inicial, consoante os seguintes fundamentos: admitido com ressalva, diante do desconhecimento demonstrado
"O Reclamante aduz que foi admitido em 10.05.20, porém, o pelo depoente em relação à data de admissão de outros dois
registro formal na CTPS somente foi realizado em 09.10.20. A funcionários. Escorreita, portanto, a valoração probatória realizada
Reclamada contesta o período não anotado na CTPS. As anotações pela sentença, no sentido de "(...) que o depoente, em relação aos
apostas na carteira de trabalho do empregado geram presunção motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês
juris tantum (Súmula nº12, do TST), cabendo ao Reclamante de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura
produzir prova a fim de comprovar o alegado período de vínculo não precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,
A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa
junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021, forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em
desempenhadas em âmbito externo; que o reclamante foi admitido Para que se afaste a presunção de veracidade advinda da anotação
em maio/2020; que além do reclamante, após a admissão do da CTPS, seria imprescindível a presença de prova robusta do
depoente, foram contratados mais dois ou três motoristas, alegado período clandestino, o que não se deu no caso vertente,
lembrando os nomes de Cristiano e Diego como motoristas conforme examinado, do que resta incólume o princípio da primazia
HORAS EXTRAS. 74, §2º, da CLT). Portanto, não restou comprovado eventual
O reclamante, admitida a contratação em data anterior ao registro irregularidade cometida pela Reclamada, na concessão da redução
formal da CTPS, "(...) requer o reconhecimento de todas as horas da carga horária diária, durante o cumprimento do aviso prévio
extras de todo o contrato de trabalho, condenando a reclamada ao trabalhado, ônus processual do qual o Reclamante não se
pagamento das horas extras do período contratual de contratação desincumbiu. Sendo assim, fica reconhecida a legitimidade do aviso
inicial em 10.05.2020 até 09.06.2021, conforme a exordial, bem prévio trabalhado, e, por conseguinte, indefere-se o pleito para
como a condenação do pagamento dos reflexos das horas extras pagamento de aviso prévio indenizado."
uma vez que habitual e que devem integrar a remuneração do O recorrente afirma ter trabalhado em jornada superior à permitida
Novamente, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios demonstrado na instrução probatória por meio do depoimento de
Conforme examinado no tópico precedente, não restou reconhecido e concedido "(...) novo aviso na modalidade indenizado, com as
o vínculo empregatício no período anterior ao anotado na CTPS. devidas projeções no 13º salário proporcional, férias proporcionais
Além disso, a limitação das horas extras ao momento em que a acrescidas de 1/3 e FGTS mais a multa dos 40%".
primazia da realidade, mas sim se encontra em harmonia com o Conforme se vê do documento ID. 40124e2 - Pág. 4, o reclamante
acervo probatório dos autos, pois não há outros elementos capazes optou pela redução de duas horas diárias em sua jornada de
de autorizar o convencimento de que as horas extras seriam trabalho quando do aviso prévio. Ocorre que, possuindo a empresa
devidas para além do período deferido. menos de vinte funcionários, aspecto bem destacado pela sentença
NULIDADE DO AVISO PRÉVIO. e não infirmado pelas razões recursais, estava desobrigada da
Sobre o tema, assim se pronunciou o julgado de origem: apresentação dos controles de ponto, não havendo como se
"O Reclamante afirma que "foi comunicado de sua demissão no dia presumir o alegado descumprimento da redução de jornada no
10.05.2021, mediante aviso prévio trabalhado de 30(trinta dias) com período do aviso prévio. Vale reiterar, nos termos examinados em
término em 09.06.2021, último dia efetivamente trabalhado e item precedente, que o depoimento da única testemunha ouvida
suposta redução da jornada de 2(duas) horas, o que não ocorreu na não se mostra suficiente para admitir a tese de não concessão da
realidade". Aduz, ainda, que "a empregadora não lhe concedeu a jornada reduzida, pois à época da concessão do aviso prévio o
redução de 2 (duas horas) diárias na jornada de trabalho é também depoente não mais trabalhava na reclamada.
não a dispensou do trabalho por 7(sete) dias corridos". A Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos.
Reclamada, por sua vez, assevera que "o aviso foi cumprido na MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT.
modalidade trabalhado, tendo optado o autor pela redução da O juízo de origem indeferiu as multas em epígrafe nos seguintes
que o Reclamante "não comprova a suposta irregularidade "No caso sub judice, conforme razões anteriormente expendidas,
apontada, pelo que descabe seu pleito". Consta nos autos restou comprovado que a Reclamada pagou as verbas rescisórias
comunicação de aviso prévio trabalhado, datado de 10.05.21, com incontroversas, entendidas como tais aquelas consignadas no
opção pela redução de 2 horas diárias, o qual foi assinado pelo TRCT, o qual foi assinado em 09.06.21. Sendo assim, indefere-se o
Reclamante (ID 40124e2 - Pág. 4). A prova documental juntada pela pedido relativo à multa prevista no art. 477, §8o, da CLT.
Reclamada revela que esta possuía menos de 20(vinte) Ante a controvérsia acerca das verbas pleiteadas na exordial,
empregados. Competia ao Reclamante comprovar a alegação de indefere-se o pedido referente à multa prevista no art. 467, da CLT."
que a Reclamada possuía mais de 20 empregados. A testemunha O recorrente sustenta que, "(...) como as parcelas deferidas pelo
apresentada pelo Reclamante afirmou "que que havia Juízo a quo são todas rescisórias, incluindo as horas extras
aproximadamente 20 empregados laborando junto à reclamada", deferidas, sobre as mesmas incide a multa de 50% do artigo 467 da
não comprova que a Reclamada efetivamente possuísse 20 ou mais CLT, além disso revela-se que as verbas trabalhistas do período
empregados, ressaltando-se que esta, por ocasião da rescisão clandestino não foram pagas, portanto, índice sobre elas a multa".
contratual, não mais laborava para a Reclamada. Conclui-se, pois, Além disso, entende fazer jus à multa do art. 477, com base nas
que a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo horas extras deferidas e na Súmula nº 462 do TST.
que estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. Sem razão.
Perpassando a contestação, vê-se que todas as parcelas pleiteadas e seis centavos), piso estabelecido na CCT vigente à época da
pelo autor foram controvertidas, o que é suficiente para tornar rescisão (ID. 4f49187 - Pág. 1).
indevida a multa do art. 467 da CLT, pois não havia verba HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
incontroversa a ser paga na audiência. Acerca do tema, eis o teor do julgado de origem:
Além disso, em relação à multa do art. 477, § 8º, há de se perfilhar "Na presente Reclamação Trabalhista a sucumbência foi recíproca.
com o posicionamento desta Corte em sede de Incidente de Entende este Juízo que os honorários sucumbenciais trata-se de
Uniformização de Jurisprudência, no sentido de que "É indevida a verba única, a qual tem por base de cálculo as verbas
multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas condenatórias, enquanto benefício econômico decorrente do
diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT processo, a ser rateada entre os advogados de ambas as partes,
tenham sido pagas no prazo legal". (PROCESSO nº 0080374- observada a proporcionalidade entre as verbas deferidas e aquelas
90.2017.5.07.0000 (IUJ) TRT7, 11 de Dezembro de 2018, indeferidas com relação ao valor total do pedido formulado na
FRANCISCO TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Relator). exordial. Sendo assim, considerando os termos do art. 791-A, §§ 3º,
Portanto, a tese não desconstitui o fundamento da sentença, ora 4º, 5º da CLT, bem como o disposto no Incidente de Arguição de
A sentença julgou improcedente o pleito do reclamante alusivo à "desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro
multa por descumprimento de norma coletiva. Confira-se o teor da processo, créditos capazes de suportar a despesa", inserta no
"Entende este Juízo que multa prevista em convenção coletiva Reclamação não trata de matéria complexa e tramita no rito
somente deve ser aplicada com relação ao inadimplemento de sumaríssimo, deferem-se honorários advocatícios sucumbenciais,
obrigações especificamente estabelecidas pela norma coletiva, não calculados na base de 5% (cinco por cento) sobre o valor da
incidindo com relação às obrigações originariamente previstas em condenação, a serem rateados entre os advogados das partes, na
lei e tão somente repetidas na norma coletiva. A cláusula de proporção de 37% (trinta e sete por cento) em favor do advogado do
convenção coletiva tidas como violadas, qual seja, a cláusula sexta Reclamante, e de 63% (sessenta e três por cento), em favor do
tal obrigação, ainda que em percentual menor, originariamente O recorrente "(...) requer a majoração dos honorários advocatícios
prevista em artigo celetista. Sendo assim, indefere-se o pedido pra 15%(quinze por cento) em favor do advogado da reclamante e a
relativo à multa prevista em convenção coletiva." exclusão dos honorários de sucumbência recíproca".
6ª da CCT, que prevê o adicional de 70% para as horas extras, o De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários,
que torna devida a multa estabelecida na cláusula 48ª. o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de
Neste tocante, o recurso alcança provimento. prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
De fato, a CCT da categoria estabeleceu, em sua cláusula 6ª, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
lei. Além disso, a cláusula 48ª fixou a multa equivalente a um piso Dessa forma, cotejando-se os critérios expostos no citado
da categoria profissional em caso de descumprimento de quaisquer dispositivo da CLT, extrai-se que os honorários advocatícios devem
das cláusulas nela estabelecidas, sendo a referida multa revertida ser arbitrados em 15%, montante condizente com a complexidade
No caso dos autos, restou reconhecido o direito do autor às horas Além disso, a condenação imposta ao autor contraria o julgamento
extras no período deferido pela sentença, o que autoriza concluir ter do STF na ADI 5766, quando foi declarada a inconstitucionalidade
sido descumprida a cláusula que tratava do pagamento do adicional do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a
de 70%, parcela indevidamente suprimida do autor. Assim, violada condenação do beneficiário da justiça gratuita, caso do reclamante,
devendo ser provido o recurso, para incluí-la na condenação. Recurso conhecido e provido, neste tocante.
por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos CLAUDIO SOARES PIRES
e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para Desembargador Relator
15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro Diretor de Secretaria
e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para JUSTIÇA DO
Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para é tia da depoente. Tal proximidade associada ao parentesco
1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA. como testemunha no presente feito, razão pela qual defere este
NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE Consoante inteligência que deflui dos arts. 829 da CLT e 447, § 3º,
A parte recorrente argui a nulidade da sentença, sob o argumento amizade íntima com qualquer das partes. No caso dos autos, este
de ter havido cerceamento do direito de defesa a partir da acolhida grau de intimidade restou demonstrado, diante das seguintes
da contradita de sua testemunha. Afirma que "(...) apenas o declarações da testemunha: "que é prima da esposa do titular da
parentesco não seria suficiente à acolhida da contradita, visto que, reclamada; que costuma frequentar a residência do titular da
nos termos do art.829 da CLT, tal estende-se apenas até o terceiro reclamada por ocasião de eventos familiares, como
grau civil. Quanto à relação de proximidade apontada, de se ter que aniversários; que quase todos os sábados se encontra com a
o mero encontro semanal para almoço familiar não pode configurá- esposa do titular da reclamada, na residência da mãe desta, a
la, quanto mais quando a testemunha afirma não sair em outras qual é tia da depoente; que costuma almoçar na casa da
ocasiões com o cônjuge do titular da empresa. Destaque-se referida tia, na companhia da esposa do titular da reclamada
também não haver evidencias de proximidade entre o titular em aos sábados; que além de tais encontros aos sábados, não
questão e a testemunha, inexistindo menção ao comparecimento costuma sair socialmente com a esposa do titular da reclamada"
daquele às reuniões em questão". Requer seja anulada a sentença, (destaquei). Como bem destacado pela sentença, restou
com a realização de nova instrução. configurada proximidade suficiente para indicar a ausência de
sob o argumento de que a testemunha é prima da esposa do titular O juízo de origem não acolheu a contradita da testemunha
da reclamada, o que a tornaria suspeita para atuar no presente apresentada pelo reclamante. Eis o teor do assentado na ata de
reclamada nos seguintes termos: Requer a reclamada a "O advogado da reclamada contraditou a testemunha apresentada
improcedência do pleito, visto que a depoente seria parente de 4º sob o argumento de que esta ajuizou reclamação em face da ora
grau por afinidade, não estando impedida. Inquirida a depoente, reclamada, tendo sido designada audiência para oitiva do a
esta responde: que é prima da esposa do titular da reclamada; que reclamante na condição de testemunha na referida ação, bem como
costuma frequentar a residência do titular da reclamada por ocasião de que haveria amizade íntima entre o depoente e o reclamante.
de eventos familiares, como aniversários; que quase todos os Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado do
sábados se encontra com a esposa do titular da reclamada, na reclamante nos seguintes termos: "Inexiste qualquer razão de que o
residência da mãe desta, a qual é tia da depoente; que costuma reclamante será testemunha ou ouvido no processo alegado pela
almoçar na casa da referida tia, na companhia da esposa do titular reclamada. Além disso, a Súmula 357 do TST determina em sua
da reclamada aos sábados; que além de tais encontros aos inteligência que o ora depoentes está apto para prestar
sábados, não costuma sair socialmente com a esposa do titular da compromisso e depor a este Juízo, como também é indevido o
reclamada. Sobre o pedido de contradita decide este Juízo nos pleito da reclamada sobre a alegação de amizade íntima, uma vez
seguintes termos: "É certo que o impedimento, por razão de que inexistente também a prova nos autos". Inquirido o depoente,
parentesco se estende até parente de 3º grau de representantes da este respondeu que: "não tem o hábito de sair socialmente como
reclamante, que nunca esteve na residência do reclamante; que o partir de aproximadamente início de 2020 passou a registrar o
reclamante nunca esteve na residência do depoente". Sobre o horário de trabalho em ponto eletrônico; que o horário de trabalho
pedido de contradita decidiu este Juízo nos seguinte termos:" A do reclamante era o mesmo em que laborava o depoente"; "que os
circunstância de para depoente ter ajuizado ação trabalhista em horários registrado em ponto eletrônico correspondia aos horários
face da ora reclamada, não consubstancia óbice processual a sua laborados; que o reclamante igualmente efetuava registro de ponto
atuação como testemunha no presente feito, conforme eletrônico; que o reclamante igualmente desempenhava suas
entendimento sumulado pelo e. TST. A alegação de que o ora atividades laborais em âmbito externos; que depoente e reclamante
reclamante atuará como testemunha na ação ajuizada pelo ora conduziam veículos distintos no desempenho de suas atividades
depoente trata-se de alegado fato futuro, o qual, por não ter ocorrido laborais".
não pode servir como fundamento fático para deferimento da A testemunha é contundente ao afirmar que o Reclamante laborava
contradita requestada. Ademais, a jurisprudência tem se voltado no mesmo horário que o depoente, declinando os horários de
para o entendimento de que a circunstância de que empregados entrada e saída. Entretanto, cumpre destacar que tais afirmações
tenham autuado reciprocamente como testemunha nos respectivos são limitadas até o final do período em que o depoente laborou para
processos,, isoladamente considerados, não é motivo suficiente Reclamada, ocorrido em 26.03.21. Sopesada a prova, fica
para caracterizar interesse na causa. Quanto à alegação da reconhecido por este Juízo que o Reclamante laborava das 8h às
existência de amizade íntima entre o reclamante e o depoente, esta 19h, com 2h(duas horas) de intervalo intrajornada, de segunda-feira
não restou provada. Sendo assim, em face das razões expostas, à sexta-feira; e das 8h às 18h, com 2h(duas horas) de intervalo
indefere-se o pedido de contradita formulado pela parte reclamada". intrajornada, aos sábados, no período de 09.10.20 a 26.03.21; e das
Na sentença, parte reclamada foi condenada ao pagamento de 9h às 18h, com intervalo intrajornada das 13:00 às 14:40, de
horas extras, consoante os seguintes fundamentos: segunda à sábado, no período de 27.03.21 a 09.06.21.
"O Reclamante afirma que laborava " laborava jornada semanal A jornada de trabalho do Reclamante reconhecida nesta sentença,
entrando às 08hrs e saindo às 19hrs, com intervalo intrajornada de em relação ao período de 27.03.21 a 09.06.21, encontra-se dentro
02(duas)horas, em escala 6X1, com 1 folga na semana, contudo, dos limites legais da jornada diária e semanal, pelo que não são
nada recebia pelas horas extras laboradas"; e que "laborava 54hrs devidas horas extras em tal período.
por semana, ou seja, 10 horas extras por semana acima da jornada Por outro lado, em relação ao período de 09.10.20 a 26.03.21,
prevista no art. 61 da CLT, nada recebia a título de contra verifica-se que a jornada de trabalho ultrapassa os limites legais da
prestação, assim o autor faz jus ao pagamento das horas extras jornada diária e semanal, na quantidade de 9 (nove) horas por
com adicional de 70% nos moldes da Cl. 6ª das CCT's". A semana, o que, considerado o mês integrado por 4,28 semanas,
Reclamada contesta tais alegações aduzindo que o resulta na quantidade mensal média de 38,52 (trinta e oito vírgula
Reclamante"Laborava de segunda à sábado, das 9:00 às 18:00, cinquenta e duas) horas. Conforme cláusula sexta das convenções
com intervalo das 13:00 às 14:40, perfazendo jornada semanal de coletivas de trabalho 2020/2020 e 2021/2021,o adicional de horas
43h:20min semanais"; e que por ter menos de 20(vinte) extras será pago de segunda-feira a sábado, no percentual de 70%
empregados não tem a obrigatoriedade de manter registro de ponto. (setenta por cento) sobre a hora normal. Sendo assim, e
Conforme razões anteriormente expendidas restou constatado que observados os limites objetivos da lide, defere-se ao Reclamante o
a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo que pagamento de remuneração de horas extras, na quantidade de
estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. 74, 38,52 (trinta e oito vírgula cinquenta e duas) horas extras por mês,
§2º, da CLT). Assim, permanece com o Reclamante o ônus de com acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora
comprovar a jornada de trabalho indicada na exordial. Corrobora normal, no período de 09.10.20 a 26.03.21, deduzidos os valores
esse entendimento o disposto nas Súmulas 338 e 437, do TST. pagos a mesmo título, consignados nas folhas de pagamento
A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou acostadas aos autos (Ids 024345d - e 608b539), pertinentes ao
exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram Em seu recurso, a empresa argumenta, em resumo, que a sentença
desempenhadas em âmbito externo"; " que trabalhava das 08:00h se baseou unicamente em depoimento de testemunha que deveria
ás 19:00h com 2h de intervalo, de segunda à sábado, sendo que ter sido considerada suspeita, pois depôs em notória prestação de
aos sábados a jornada findava às 18:00h; que o início e término da favores, conforme contradita arguida em audiência. Relata que a
jornada de trabalho ocorria no estabelecimento reclamado; que a testemunha move reclamação trabalhista (processo nº 0000560-
72.2021.5.07.0005) com pedidos e causa de pedir idênticos ao do simples fato de ela ter movido ação com similaridade ou identidade
presente feito, o que tornaria o depoente parcial, com interesse em de pedidos, sob pena de se vedar à reclamante a utilização de outro
abrir precedente a seu favor. Destaca ainda que a própria sentença trabalhador como testemunha, restringindo o direito à tutela
reconheceu a precariedade da prova testemunhal ao analisar o jurisdicional justa, pois é evidente que aqueles trabalhadores que
pedido referente ao período avulso, aspecto que não pode se presenciaram os fatos objeto da prova oral possivelmente passaram
restringir a tal questão. Requer seja admitida a parcialidade da pela mesma situação da autora, razão da existência de reclamatória
testemunha, afastando-se a força probatória de seu depoimento e, com o mesmo objeto. Assim, o fato de a testemunha ajuizar
por conseguinte, julgando-se improcedente a reclamação. reclamatória trabalhista contra a mesma empresa e com
Sem razão. similaridade ou identidade de objeto, por si só, não afasta a isenção
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a de seu depoimento prestado em juízo. (...)"(RRAg-20978-
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o 71.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência Costa, DEJT 12/03/2021).
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. Finalmente, o fato de as declarações da testemunha não serem
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir suficientes para elidir a presunção de veracidade da anotação da
expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do data do vínculo na CTPS não induz ao prejuízo da revelação
recurso ordinário da parte reclamada. contida em seu depoimento acerca do labor prestado em jornada
Com efeito, o fato de o depoente possuir reclamação trabalhista extraordinária. Cuidam-se de trabalhadores que compartilhavam a
contra a empresa, ainda que com objeto similar ao do presente mesma rotina laboral, de modo a não causar espécie a revelação
feito, não é suficiente para a acolhida da contradita arguida. A acerca da jornada de trabalho do autor, no período de labor
suspeição em casos tais exige inequívoca demonstração de troca coincidente entre ambos.
de favores, o que não ocorre por mera presunção decorrente do Ante o exposto, não há como se acolher a tese recursal acerca da
ajuizamento de reclamação trabalhista pela testemunha. Logo, suspeição da testemunha, bem como sobre a precariedade do
falar em contradita da testemunha. Inteligência da Súmula nº 357 do Vale destacar, por fim, que, ao contrário do exposto pela parte
"RECURSO DE REVISTA. (...) 6. CONTRADITA DE parte reclamada não se reveste de caráter protelatório, pois, de
TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Consoante o forma legítima, submete ao juízo de segundo grau as teses que
suspeita, ainda que haja ações com identidade de pedidos, movidas 2 - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE
pela parte autora e por sua testemunha. Com efeito, o entendimento MÉRITO
da egrégia SBDI-1 deste Tribunal é no sentido de que a existência PERÍODO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO.
de ações, movidas pela parte autora e por sua testemunha, contra o A sentença não reconheceu o período do vínculo apontado na
mesmo empregador, não afasta a incidência do entendimento inicial, consoante os seguintes fundamentos:
contido na Súmula nº 357, sendo declarada a suspeição somente "O Reclamante aduz que foi admitido em 10.05.20, porém, o
quando comprovada a troca de favores, hipótese não reconhecida registro formal na CTPS somente foi realizado em 09.10.20. A
no v. acórdão regional. Precedentes. Inteligência da Súmula nº 357. Reclamada contesta o período não anotado na CTPS. As anotações
Recurso de revista de que não se conhece. (...)"(RR-63700- apostas na carteira de trabalho do empregado geram presunção
49.2008.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto juris tantum (Súmula nº12, do TST), cabendo ao Reclamante
Caputo Bastos, DEJT 19/03/2021). produzir prova a fim de comprovar o alegado período de vínculo não
INTERPOSTO PELO RECLAMADO. (...) 2. CONTRADITA DA A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou
TESTEMUNHA. Nos moldes delineados pela Súmula n° 357 desta junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,
Corte Superior, " não torna suspeita a testemunha o simples fato de exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram
estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador ". Por desempenhadas em âmbito externo; que o reclamante foi admitido
outro lado, não autoriza a ilação de suspeição da testemunha o em maio/2020; que além do reclamante, após a admissão do
depoente, foram contratados mais dois ou três motoristas, alegado período clandestino, o que não se deu no caso vertente,
lembrando os nomes de Cristiano e Diego como motoristas conforme examinado, do que resta incólume o princípio da primazia
motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês O reclamante, admitida a contratação em data anterior ao registro
de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura formal da CTPS, "(...) requer o reconhecimento de todas as horas
precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e, extras de todo o contrato de trabalho, condenando a reclamada ao
isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente pagamento das horas extras do período contratual de contratação
para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa inicial em 10.05.2020 até 09.06.2021, conforme a exordial, bem
forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em como a condenação do pagamento dos reflexos das horas extras
nas mesmas condições de trabalho da testemunha, o que torna Novamente, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios
contratação. Entende que o fundamento utilizado pela sentença Conforme examinado no tópico precedente, não restou reconhecido
contraria o princípio da primazia da realidade, pelo que "(...) requer o vínculo empregatício no período anterior ao anotado na CTPS.
o reconhecimento do período clandestino e conseguinte pagamento Além disso, a limitação das horas extras ao momento em que a
de todas as verbas trabalhistas e rescisórias do contrato de testemunha saiu da empresa não se mostra ofensiva ao princípio da
trabalho, tanto do período clandestino quanto o registrado, nos primazia da realidade, mas sim se encontra em harmonia com o
termos do art.2º e 3º da CLT, devendo ser abatido somente os acervo probatório dos autos, pois não há outros elementos capazes
O recurso não alcança provimento, devendo ser mantida a sentença devidas para além do período deferido.
À luz do artigo 818, I, da CLT, era do reclamante o ônus de Sobre o tema, assim se pronunciou o julgado de origem:
comprovar que o verdadeiro período do contrato de trabalho seria "O Reclamante afirma que "foi comunicado de sua demissão no dia
diverso daquele anotado na CTPS. 10.05.2021, mediante aviso prévio trabalhado de 30(trinta dias) com
Conforme inteligência da Súmula nº 12 do TST, os registros término em 09.06.2021, último dia efetivamente trabalhado e
efetuados em CTPS gozam de presunção relativa de veracidade. suposta redução da jornada de 2(duas) horas, o que não ocorreu na
Nesta esteira, reexaminando-se as provas produzidas, percebe-se realidade". Aduz, ainda, que "a empregadora não lhe concedeu a
que tal presunção não restou elidida. redução de 2 (duas horas) diárias na jornada de trabalho é também
Isto porque o depoimento da única testemunha ouvida, na fração não a dispensou do trabalho por 7(sete) dias corridos". A
pertinente ao momento da contratação do reclamante, deve ser Reclamada, por sua vez, assevera que "o aviso foi cumprido na
admitido com ressalva, diante do desconhecimento demonstrado modalidade trabalhado, tendo optado o autor pela redução da
pelo depoente em relação à data de admissão de outros dois jornada diária em 2 horas, tudo conforme determina a legislação"; e
funcionários. Escorreita, portanto, a valoração probatória realizada que o Reclamante "não comprova a suposta irregularidade
pela sentença, no sentido de "(...) que o depoente, em relação aos apontada, pelo que descabe seu pleito". Consta nos autos
motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês comunicação de aviso prévio trabalhado, datado de 10.05.21, com
de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura opção pela redução de 2 horas diárias, o qual foi assinado pelo
precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e, Reclamante (ID 40124e2 - Pág. 4). A prova documental juntada pela
isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente Reclamada revela que esta possuía menos de 20(vinte)
para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa empregados. Competia ao Reclamante comprovar a alegação de
forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em que a Reclamada possuía mais de 20 empregados. A testemunha
Para que se afaste a presunção de veracidade advinda da anotação aproximadamente 20 empregados laborando junto à reclamada",
da CTPS, seria imprescindível a presença de prova robusta do não comprova que a Reclamada efetivamente possuísse 20 ou mais
empregados, ressaltando-se que esta, por ocasião da rescisão clandestino não foram pagas, portanto, índice sobre elas a multa".
contratual, não mais laborava para a Reclamada. Conclui-se, pois, Além disso, entende fazer jus à multa do art. 477, com base nas
que a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo horas extras deferidas e na Súmula nº 462 do TST.
que estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. Sem razão.
74, §2º, da CLT). Portanto, não restou comprovado eventual Perpassando a contestação, vê-se que todas as parcelas pleiteadas
irregularidade cometida pela Reclamada, na concessão da redução pelo autor foram controvertidas, o que é suficiente para tornar
da carga horária diária, durante o cumprimento do aviso prévio indevida a multa do art. 467 da CLT, pois não havia verba
trabalhado, ônus processual do qual o Reclamante não se incontroversa a ser paga na audiência.
desincumbiu. Sendo assim, fica reconhecida a legitimidade do aviso Além disso, em relação à multa do art. 477, § 8º, há de se perfilhar
prévio trabalhado, e, por conseguinte, indefere-se o pleito para com o posicionamento desta Corte em sede de Incidente de
pagamento de aviso prévio indenizado." Uniformização de Jurisprudência, no sentido de que "É indevida a
O recorrente afirma ter trabalhado em jornada superior à permitida multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas
por lei, mesmo durante o período de aviso prévio, conforme diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT
demonstrado na instrução probatória por meio do depoimento de tenham sido pagas no prazo legal". (PROCESSO nº 0080374-
testemunha. Requer seja desconsiderado o aviso prévio trabalhado 90.2017.5.07.0000 (IUJ) TRT7, 11 de Dezembro de 2018,
e concedido "(...) novo aviso na modalidade indenizado, com as FRANCISCO TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Relator).
devidas projeções no 13º salário proporcional, férias proporcionais Portanto, a tese não desconstitui o fundamento da sentença, ora
Conforme se vê do documento ID. 40124e2 - Pág. 4, o reclamante A sentença julgou improcedente o pleito do reclamante alusivo à
optou pela redução de duas horas diárias em sua jornada de multa por descumprimento de norma coletiva. Confira-se o teor da
menos de vinte funcionários, aspecto bem destacado pela sentença "Entende este Juízo que multa prevista em convenção coletiva
e não infirmado pelas razões recursais, estava desobrigada da somente deve ser aplicada com relação ao inadimplemento de
apresentação dos controles de ponto, não havendo como se obrigações especificamente estabelecidas pela norma coletiva, não
presumir o alegado descumprimento da redução de jornada no incidindo com relação às obrigações originariamente previstas em
período do aviso prévio. Vale reiterar, nos termos examinados em lei e tão somente repetidas na norma coletiva. A cláusula de
item precedente, que o depoimento da única testemunha ouvida convenção coletiva tidas como violadas, qual seja, a cláusula sexta
não se mostra suficiente para admitir a tese de não concessão da da CCT 2021/2021 refere-se à remuneração de horas extras, sendo
jornada reduzida, pois à época da concessão do aviso prévio o tal obrigação, ainda que em percentual menor, originariamente
depoente não mais trabalhava na reclamada. prevista em artigo celetista. Sendo assim, indefere-se o pedido
Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos. relativo à multa prevista em convenção coletiva."
MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT. Alega o recorrente ter sido admitido o descumprimento da cláusula
O juízo de origem indeferiu as multas em epígrafe nos seguintes 6ª da CCT, que prevê o adicional de 70% para as horas extras, o
"No caso sub judice, conforme razões anteriormente expendidas, Neste tocante, o recurso alcança provimento.
restou comprovado que a Reclamada pagou as verbas rescisórias De fato, a CCT da categoria estabeleceu, em sua cláusula 6ª, o
incontroversas, entendidas como tais aquelas consignadas no adicional de horas extras de 70%, superior ao de 50% previsto pela
TRCT, o qual foi assinado em 09.06.21. Sendo assim, indefere-se o lei. Além disso, a cláusula 48ª fixou a multa equivalente a um piso
pedido relativo à multa prevista no art. 477, §8o, da CLT. da categoria profissional em caso de descumprimento de quaisquer
Ante a controvérsia acerca das verbas pleiteadas na exordial, das cláusulas nela estabelecidas, sendo a referida multa revertida
indefere-se o pedido referente à multa prevista no art. 467, da CLT." em favor do trabalhador e/ou parte prejudicada.
O recorrente sustenta que, "(...) como as parcelas deferidas pelo No caso dos autos, restou reconhecido o direito do autor às horas
Juízo a quo são todas rescisórias, incluindo as horas extras extras no período deferido pela sentença, o que autoriza concluir ter
deferidas, sobre as mesmas incide a multa de 50% do artigo 467 da sido descumprida a cláusula que tratava do pagamento do adicional
CLT, além disso revela-se que as verbas trabalhistas do período de 70%, parcela indevidamente suprimida do autor. Assim, violada
devendo ser provido o recurso, para incluí-la na condenação. Recurso conhecido e provido, neste tocante.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Acerca do tema, eis o teor do julgado de origem: Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por
"Na presente Reclamação Trabalhista a sucumbência foi recíproca. cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,
Entende este Juízo que os honorários sucumbenciais trata-se de no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial
verba única, a qual tem por base de cálculo as verbas provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa
condenatórias, enquanto benefício econômico decorrente do por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos
processo, a ser rateada entre os advogados de ambas as partes, e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para
observada a proporcionalidade entre as verbas deferidas e aquelas excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda,
indeferidas com relação ao valor total do pedido formulado na majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para
exordial. Sendo assim, considerando os termos do art. 791-A, §§ 3º, 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas
4º, 5º da CLT, bem como o disposto no Incidente de Arguição de alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro
Inconstitucionalidade (processo nº 0080026.04.2019.5.07.0000), no centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e
qual restou reconhecida a inconstitucionalidade da expressão setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor
"desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro arbitrado à condenação.
advogado da Reclamada."
De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por
o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,
prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa
Dessa forma, cotejando-se os critérios expostos no citado e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para
dispositivo da CLT, extrai-se que os honorários advocatícios devem excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda,
ser arbitrados em 15%, montante condizente com a complexidade majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para
Além disso, a condenação imposta ao autor contraria o julgamento alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro
do STF na ADI 5766, quando foi declarada a inconstitucionalidade centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e
do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor
Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo submetido ao rito sumaríssimo.
FUNDAMENTAÇÃO
ADMISSIBILIDADE
- FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA sob o argumento de que a testemunha é prima da esposa do titular
sábados, não costuma sair socialmente com a esposa do titular da compromisso e depor a este Juízo, como também é indevido o
reclamada. Sobre o pedido de contradita decide este Juízo nos pleito da reclamada sobre a alegação de amizade íntima, uma vez
seguintes termos: "É certo que o impedimento, por razão de que inexistente também a prova nos autos". Inquirido o depoente,
parentesco se estende até parente de 3º grau de representantes da este respondeu que: "não tem o hábito de sair socialmente como
reclamada. no entanto, no caos sub judice, entende este Juízo reclamante, que nunca esteve na residência do reclamante; que o
restar caracterizada a suspeição da depoente em razão de prova reclamante nunca esteve na residência do depoente". Sobre o
indiciária que revela a existência de amizade íntima entre esta e a pedido de contradita decidiu este Juízo nos seguinte termos:" A
esposa do titular da reclamada, consubstanciada na afirmação da circunstância de para depoente ter ajuizado ação trabalhista em
depoente de que, semanalmente, aos sábados, almoça juntamente face da ora reclamada, não consubstancia óbice processual a sua
com a esposa do titular da reclamada, na casa da mãe desta, a qual atuação como testemunha no presente feito, conforme
é tia da depoente. Tal proximidade associada ao parentesco entendimento sumulado pelo e. TST. A alegação de que o ora
indicado, indicam a ausência de isenção da depoente para autuar reclamante atuará como testemunha na ação ajuizada pelo ora
como testemunha no presente feito, razão pela qual defere este depoente trata-se de alegado fato futuro, o qual, por não ter ocorrido
Juízo o pedido de contradita ora formulado pela parte reclamante". não pode servir como fundamento fático para deferimento da
Consoante inteligência que deflui dos arts. 829 da CLT e 447, § 3º, contradita requestada. Ademais, a jurisprudência tem se voltado
I, do CPC, considera-se suspeita a testemunha que possuir para o entendimento de que a circunstância de que empregados
amizade íntima com qualquer das partes. No caso dos autos, este tenham autuado reciprocamente como testemunha nos respectivos
grau de intimidade restou demonstrado, diante das seguintes processos,, isoladamente considerados, não é motivo suficiente
declarações da testemunha: "que é prima da esposa do titular da para caracterizar interesse na causa. Quanto à alegação da
reclamada; que costuma frequentar a residência do titular da existência de amizade íntima entre o reclamante e o depoente, esta
reclamada por ocasião de eventos familiares, como não restou provada. Sendo assim, em face das razões expostas,
aniversários; que quase todos os sábados se encontra com a indefere-se o pedido de contradita formulado pela parte reclamada".
esposa do titular da reclamada, na residência da mãe desta, a Na sentença, parte reclamada foi condenada ao pagamento de
qual é tia da depoente; que costuma almoçar na casa da horas extras, consoante os seguintes fundamentos:
referida tia, na companhia da esposa do titular da reclamada "O Reclamante afirma que laborava " laborava jornada semanal
aos sábados; que além de tais encontros aos sábados, não entrando às 08hrs e saindo às 19hrs, com intervalo intrajornada de
costuma sair socialmente com a esposa do titular da reclamada" 02(duas)horas, em escala 6X1, com 1 folga na semana, contudo,
(destaquei). Como bem destacado pela sentença, restou nada recebia pelas horas extras laboradas"; e que "laborava 54hrs
configurada proximidade suficiente para indicar a ausência de por semana, ou seja, 10 horas extras por semana acima da jornada
isenção da depoente para atuar como testemunha. prevista no art. 61 da CLT, nada recebia a título de contra
Preliminar rejeitada. prestação, assim o autor faz jus ao pagamento das horas extras
O juízo de origem não acolheu a contradita da testemunha Reclamante"Laborava de segunda à sábado, das 9:00 às 18:00,
apresentada pelo reclamante. Eis o teor do assentado na ata de com intervalo das 13:00 às 14:40, perfazendo jornada semanal de
"O advogado da reclamada contraditou a testemunha apresentada empregados não tem a obrigatoriedade de manter registro de ponto.
sob o argumento de que esta ajuizou reclamação em face da ora Conforme razões anteriormente expendidas restou constatado que
reclamada, tendo sido designada audiência para oitiva do a a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo que
reclamante na condição de testemunha na referida ação, bem como estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. 74,
de que haveria amizade íntima entre o depoente e o reclamante. §2º, da CLT). Assim, permanece com o Reclamante o ônus de
Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado do comprovar a jornada de trabalho indicada na exordial. Corrobora
reclamante nos seguintes termos: "Inexiste qualquer razão de que o esse entendimento o disposto nas Súmulas 338 e 437, do TST.
reclamante será testemunha ou ouvido no processo alegado pela A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou
reclamada. Além disso, a Súmula 357 do TST determina em sua junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,
inteligência que o ora depoentes está apto para prestar exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram
desempenhadas em âmbito externo"; " que trabalhava das 08:00h se baseou unicamente em depoimento de testemunha que deveria
ás 19:00h com 2h de intervalo, de segunda à sábado, sendo que ter sido considerada suspeita, pois depôs em notória prestação de
aos sábados a jornada findava às 18:00h; que o início e término da favores, conforme contradita arguida em audiência. Relata que a
jornada de trabalho ocorria no estabelecimento reclamado; que a testemunha move reclamação trabalhista (processo nº 0000560-
partir de aproximadamente início de 2020 passou a registrar o 72.2021.5.07.0005) com pedidos e causa de pedir idênticos ao do
horário de trabalho em ponto eletrônico; que o horário de trabalho presente feito, o que tornaria o depoente parcial, com interesse em
do reclamante era o mesmo em que laborava o depoente"; "que os abrir precedente a seu favor. Destaca ainda que a própria sentença
horários registrado em ponto eletrônico correspondia aos horários reconheceu a precariedade da prova testemunhal ao analisar o
laborados; que o reclamante igualmente efetuava registro de ponto pedido referente ao período avulso, aspecto que não pode se
eletrônico; que o reclamante igualmente desempenhava suas restringir a tal questão. Requer seja admitida a parcialidade da
atividades laborais em âmbito externos; que depoente e reclamante testemunha, afastando-se a força probatória de seu depoimento e,
conduziam veículos distintos no desempenho de suas atividades por conseguinte, julgando-se improcedente a reclamação.
A testemunha é contundente ao afirmar que o Reclamante laborava Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a
no mesmo horário que o depoente, declinando os horários de confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o
entrada e saída. Entretanto, cumpre destacar que tais afirmações quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência
são limitadas até o final do período em que o depoente laborou para do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.
Reclamada, ocorrido em 26.03.21. Sopesada a prova, fica Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir
reconhecido por este Juízo que o Reclamante laborava das 8h às expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do
19h, com 2h(duas horas) de intervalo intrajornada, de segunda-feira recurso ordinário da parte reclamada.
à sexta-feira; e das 8h às 18h, com 2h(duas horas) de intervalo Com efeito, o fato de o depoente possuir reclamação trabalhista
intrajornada, aos sábados, no período de 09.10.20 a 26.03.21; e das contra a empresa, ainda que com objeto similar ao do presente
9h às 18h, com intervalo intrajornada das 13:00 às 14:40, de feito, não é suficiente para a acolhida da contradita arguida. A
segunda à sábado, no período de 27.03.21 a 09.06.21. suspeição em casos tais exige inequívoca demonstração de troca
A jornada de trabalho do Reclamante reconhecida nesta sentença, de favores, o que não ocorre por mera presunção decorrente do
em relação ao período de 27.03.21 a 09.06.21, encontra-se dentro ajuizamento de reclamação trabalhista pela testemunha. Logo,
dos limites legais da jornada diária e semanal, pelo que não são ausente a inequívoca demonstração de troca de favores, não há se
devidas horas extras em tal período. falar em contradita da testemunha. Inteligência da Súmula nº 357 do
Por outro lado, em relação ao período de 09.10.20 a 26.03.21, TST. Nesse sentido, ainda:
verifica-se que a jornada de trabalho ultrapassa os limites legais da "RECURSO DE REVISTA. (...) 6. CONTRADITA DE
jornada diária e semanal, na quantidade de 9 (nove) horas por TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Consoante o
semana, o que, considerado o mês integrado por 4,28 semanas, entendimento desta colenda Corte Superior, o simples fato de a
resulta na quantidade mensal média de 38,52 (trinta e oito vírgula testemunha litigar contra o mesmo empregador não a torna
cinquenta e duas) horas. Conforme cláusula sexta das convenções suspeita, ainda que haja ações com identidade de pedidos, movidas
coletivas de trabalho 2020/2020 e 2021/2021,o adicional de horas pela parte autora e por sua testemunha. Com efeito, o entendimento
extras será pago de segunda-feira a sábado, no percentual de 70% da egrégia SBDI-1 deste Tribunal é no sentido de que a existência
(setenta por cento) sobre a hora normal. Sendo assim, e de ações, movidas pela parte autora e por sua testemunha, contra o
observados os limites objetivos da lide, defere-se ao Reclamante o mesmo empregador, não afasta a incidência do entendimento
pagamento de remuneração de horas extras, na quantidade de contido na Súmula nº 357, sendo declarada a suspeição somente
38,52 (trinta e oito vírgula cinquenta e duas) horas extras por mês, quando comprovada a troca de favores, hipótese não reconhecida
com acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora no v. acórdão regional. Precedentes. Inteligência da Súmula nº 357.
normal, no período de 09.10.20 a 26.03.21, deduzidos os valores Recurso de revista de que não se conhece. (...)"(RR-63700-
pagos a mesmo título, consignados nas folhas de pagamento 49.2008.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto
acostadas aos autos (Ids 024345d - e 608b539), pertinentes ao Caputo Bastos, DEJT 19/03/2021).
Em seu recurso, a empresa argumenta, em resumo, que a sentença INTERPOSTO PELO RECLAMADO. (...) 2. CONTRADITA DA
TESTEMUNHA. Nos moldes delineados pela Súmula n° 357 desta junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,
Corte Superior, " não torna suspeita a testemunha o simples fato de exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram
estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador ". Por desempenhadas em âmbito externo; que o reclamante foi admitido
outro lado, não autoriza a ilação de suspeição da testemunha o em maio/2020; que além do reclamante, após a admissão do
simples fato de ela ter movido ação com similaridade ou identidade depoente, foram contratados mais dois ou três motoristas,
de pedidos, sob pena de se vedar à reclamante a utilização de outro lembrando os nomes de Cristiano e Diego como motoristas
trabalhador como testemunha, restringindo o direito à tutela contratados; que não lembra os meses de admissão dos senhores
jurisdicional justa, pois é evidente que aqueles trabalhadores que Cristiano e Diego".
presenciaram os fatos objeto da prova oral possivelmente passaram O depoimento testemunhal revela que o depoente, em relação aos
pela mesma situação da autora, razão da existência de reclamatória motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês
com o mesmo objeto. Assim, o fato de a testemunha ajuizar de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura
reclamatória trabalhista contra a mesma empresa e com precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,
similaridade ou identidade de objeto, por si só, não afasta a isenção isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente
de seu depoimento prestado em juízo. (...)"(RRAg-20978- para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa
71.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em
Finalmente, o fato de as declarações da testemunha não serem O reclamante alega, em síntese, que trabalhava na mesma função e
suficientes para elidir a presunção de veracidade da anotação da nas mesmas condições de trabalho da testemunha, o que torna
data do vínculo na CTPS não induz ao prejuízo da revelação aceitáveis as declarações do depoente quanto ao momento de sua
contida em seu depoimento acerca do labor prestado em jornada contratação. Entende que o fundamento utilizado pela sentença
extraordinária. Cuidam-se de trabalhadores que compartilhavam a contraria o princípio da primazia da realidade, pelo que "(...) requer
mesma rotina laboral, de modo a não causar espécie a revelação o reconhecimento do período clandestino e conseguinte pagamento
acerca da jornada de trabalho do autor, no período de labor de todas as verbas trabalhistas e rescisórias do contrato de
coincidente entre ambos. trabalho, tanto do período clandestino quanto o registrado, nos
Ante o exposto, não há como se acolher a tese recursal acerca da termos do art.2º e 3º da CLT, devendo ser abatido somente os
Vale destacar, por fim, que, ao contrário do exposto pela parte pelos seus próprios fundamentos.
reclamante em contrarrazões, embora improcedente, o recurso da À luz do artigo 818, I, da CLT, era do reclamante o ônus de
parte reclamada não se reveste de caráter protelatório, pois, de comprovar que o verdadeiro período do contrato de trabalho seria
forma legítima, submete ao juízo de segundo grau as teses que diverso daquele anotado na CTPS.
PERÍODO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Isto porque o depoimento da única testemunha ouvida, na fração
A sentença não reconheceu o período do vínculo apontado na pertinente ao momento da contratação do reclamante, deve ser
inicial, consoante os seguintes fundamentos: admitido com ressalva, diante do desconhecimento demonstrado
"O Reclamante aduz que foi admitido em 10.05.20, porém, o pelo depoente em relação à data de admissão de outros dois
registro formal na CTPS somente foi realizado em 09.10.20. A funcionários. Escorreita, portanto, a valoração probatória realizada
Reclamada contesta o período não anotado na CTPS. As anotações pela sentença, no sentido de "(...) que o depoente, em relação aos
apostas na carteira de trabalho do empregado geram presunção motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês
juris tantum (Súmula nº12, do TST), cabendo ao Reclamante de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura
produzir prova a fim de comprovar o alegado período de vínculo não precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,
A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa
forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em que a Reclamada possuía mais de 20 empregados. A testemunha
Para que se afaste a presunção de veracidade advinda da anotação aproximadamente 20 empregados laborando junto à reclamada",
da CTPS, seria imprescindível a presença de prova robusta do não comprova que a Reclamada efetivamente possuísse 20 ou mais
alegado período clandestino, o que não se deu no caso vertente, empregados, ressaltando-se que esta, por ocasião da rescisão
conforme examinado, do que resta incólume o princípio da primazia contratual, não mais laborava para a Reclamada. Conclui-se, pois,
Sentença mantida. que estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art.
HORAS EXTRAS. 74, §2º, da CLT). Portanto, não restou comprovado eventual
O reclamante, admitida a contratação em data anterior ao registro irregularidade cometida pela Reclamada, na concessão da redução
formal da CTPS, "(...) requer o reconhecimento de todas as horas da carga horária diária, durante o cumprimento do aviso prévio
extras de todo o contrato de trabalho, condenando a reclamada ao trabalhado, ônus processual do qual o Reclamante não se
pagamento das horas extras do período contratual de contratação desincumbiu. Sendo assim, fica reconhecida a legitimidade do aviso
inicial em 10.05.2020 até 09.06.2021, conforme a exordial, bem prévio trabalhado, e, por conseguinte, indefere-se o pleito para
como a condenação do pagamento dos reflexos das horas extras pagamento de aviso prévio indenizado."
uma vez que habitual e que devem integrar a remuneração do O recorrente afirma ter trabalhado em jornada superior à permitida
Novamente, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios demonstrado na instrução probatória por meio do depoimento de
Conforme examinado no tópico precedente, não restou reconhecido e concedido "(...) novo aviso na modalidade indenizado, com as
o vínculo empregatício no período anterior ao anotado na CTPS. devidas projeções no 13º salário proporcional, férias proporcionais
Além disso, a limitação das horas extras ao momento em que a acrescidas de 1/3 e FGTS mais a multa dos 40%".
primazia da realidade, mas sim se encontra em harmonia com o Conforme se vê do documento ID. 40124e2 - Pág. 4, o reclamante
acervo probatório dos autos, pois não há outros elementos capazes optou pela redução de duas horas diárias em sua jornada de
de autorizar o convencimento de que as horas extras seriam trabalho quando do aviso prévio. Ocorre que, possuindo a empresa
devidas para além do período deferido. menos de vinte funcionários, aspecto bem destacado pela sentença
NULIDADE DO AVISO PRÉVIO. e não infirmado pelas razões recursais, estava desobrigada da
Sobre o tema, assim se pronunciou o julgado de origem: apresentação dos controles de ponto, não havendo como se
"O Reclamante afirma que "foi comunicado de sua demissão no dia presumir o alegado descumprimento da redução de jornada no
10.05.2021, mediante aviso prévio trabalhado de 30(trinta dias) com período do aviso prévio. Vale reiterar, nos termos examinados em
término em 09.06.2021, último dia efetivamente trabalhado e item precedente, que o depoimento da única testemunha ouvida
suposta redução da jornada de 2(duas) horas, o que não ocorreu na não se mostra suficiente para admitir a tese de não concessão da
realidade". Aduz, ainda, que "a empregadora não lhe concedeu a jornada reduzida, pois à época da concessão do aviso prévio o
redução de 2 (duas horas) diárias na jornada de trabalho é também depoente não mais trabalhava na reclamada.
não a dispensou do trabalho por 7(sete) dias corridos". A Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos.
Reclamada, por sua vez, assevera que "o aviso foi cumprido na MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT.
modalidade trabalhado, tendo optado o autor pela redução da O juízo de origem indeferiu as multas em epígrafe nos seguintes
que o Reclamante "não comprova a suposta irregularidade "No caso sub judice, conforme razões anteriormente expendidas,
apontada, pelo que descabe seu pleito". Consta nos autos restou comprovado que a Reclamada pagou as verbas rescisórias
comunicação de aviso prévio trabalhado, datado de 10.05.21, com incontroversas, entendidas como tais aquelas consignadas no
opção pela redução de 2 horas diárias, o qual foi assinado pelo TRCT, o qual foi assinado em 09.06.21. Sendo assim, indefere-se o
Reclamante (ID 40124e2 - Pág. 4). A prova documental juntada pela pedido relativo à multa prevista no art. 477, §8o, da CLT.
Reclamada revela que esta possuía menos de 20(vinte) Ante a controvérsia acerca das verbas pleiteadas na exordial,
empregados. Competia ao Reclamante comprovar a alegação de indefere-se o pedido referente à multa prevista no art. 467, da CLT."
O recorrente sustenta que, "(...) como as parcelas deferidas pelo No caso dos autos, restou reconhecido o direito do autor às horas
Juízo a quo são todas rescisórias, incluindo as horas extras extras no período deferido pela sentença, o que autoriza concluir ter
deferidas, sobre as mesmas incide a multa de 50% do artigo 467 da sido descumprida a cláusula que tratava do pagamento do adicional
CLT, além disso revela-se que as verbas trabalhistas do período de 70%, parcela indevidamente suprimida do autor. Assim, violada
clandestino não foram pagas, portanto, índice sobre elas a multa". cláusula convencional, incide a hipótese da multa respectiva,
Além disso, entende fazer jus à multa do art. 477, com base nas devendo ser provido o recurso, para incluí-la na condenação.
horas extras deferidas e na Súmula nº 462 do TST. Recurso provido, para condenar a reclamada a pagar ao reclamante
Sem razão. a multa de R$ 1.233,46 (mil duzentos e trinta e três reais e quarenta
Perpassando a contestação, vê-se que todas as parcelas pleiteadas e seis centavos), piso estabelecido na CCT vigente à época da
pelo autor foram controvertidas, o que é suficiente para tornar rescisão (ID. 4f49187 - Pág. 1).
indevida a multa do art. 467 da CLT, pois não havia verba HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
incontroversa a ser paga na audiência. Acerca do tema, eis o teor do julgado de origem:
Além disso, em relação à multa do art. 477, § 8º, há de se perfilhar "Na presente Reclamação Trabalhista a sucumbência foi recíproca.
com o posicionamento desta Corte em sede de Incidente de Entende este Juízo que os honorários sucumbenciais trata-se de
Uniformização de Jurisprudência, no sentido de que "É indevida a verba única, a qual tem por base de cálculo as verbas
multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas condenatórias, enquanto benefício econômico decorrente do
diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT processo, a ser rateada entre os advogados de ambas as partes,
tenham sido pagas no prazo legal". (PROCESSO nº 0080374- observada a proporcionalidade entre as verbas deferidas e aquelas
90.2017.5.07.0000 (IUJ) TRT7, 11 de Dezembro de 2018, indeferidas com relação ao valor total do pedido formulado na
FRANCISCO TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Relator). exordial. Sendo assim, considerando os termos do art. 791-A, §§ 3º,
Portanto, a tese não desconstitui o fundamento da sentença, ora 4º, 5º da CLT, bem como o disposto no Incidente de Arguição de
A sentença julgou improcedente o pleito do reclamante alusivo à "desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro
multa por descumprimento de norma coletiva. Confira-se o teor da processo, créditos capazes de suportar a despesa", inserta no
"Entende este Juízo que multa prevista em convenção coletiva Reclamação não trata de matéria complexa e tramita no rito
somente deve ser aplicada com relação ao inadimplemento de sumaríssimo, deferem-se honorários advocatícios sucumbenciais,
obrigações especificamente estabelecidas pela norma coletiva, não calculados na base de 5% (cinco por cento) sobre o valor da
incidindo com relação às obrigações originariamente previstas em condenação, a serem rateados entre os advogados das partes, na
lei e tão somente repetidas na norma coletiva. A cláusula de proporção de 37% (trinta e sete por cento) em favor do advogado do
convenção coletiva tidas como violadas, qual seja, a cláusula sexta Reclamante, e de 63% (sessenta e três por cento), em favor do
tal obrigação, ainda que em percentual menor, originariamente O recorrente "(...) requer a majoração dos honorários advocatícios
prevista em artigo celetista. Sendo assim, indefere-se o pedido pra 15%(quinze por cento) em favor do advogado da reclamante e a
relativo à multa prevista em convenção coletiva." exclusão dos honorários de sucumbência recíproca".
6ª da CCT, que prevê o adicional de 70% para as horas extras, o De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários,
que torna devida a multa estabelecida na cláusula 48ª. o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de
Neste tocante, o recurso alcança provimento. prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o
De fato, a CCT da categoria estabeleceu, em sua cláusula 6ª, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
lei. Além disso, a cláusula 48ª fixou a multa equivalente a um piso Dessa forma, cotejando-se os critérios expostos no citado
da categoria profissional em caso de descumprimento de quaisquer dispositivo da CLT, extrai-se que os honorários advocatícios devem
das cláusulas nela estabelecidas, sendo a referida multa revertida ser arbitrados em 15%, montante condizente com a complexidade
Além disso, a condenação imposta ao autor contraria o julgamento alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro
do STF na ADI 5766, quando foi declarada a inconstitucionalidade centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e
do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor
Recurso conhecido e provido, neste tocante. Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos CLAUDIO SOARES PIRES
e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para Desembargador Relator
15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro Diretor de Secretaria
e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para JUSTIÇA DO
VARA DO TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, sábados se encontra com a esposa do titular da reclamada, na
FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO residência da mãe desta, a qual é tia da depoente; que costuma
PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI e recorridos, almoçar na casa da referida tia, na companhia da esposa do titular
FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO da reclamada aos sábados; que além de tais encontros aos
PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI. sábados, não costuma sair socialmente com a esposa do titular da
Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo reclamada. Sobre o pedido de contradita decide este Juízo nos
incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo seguintes termos: "É certo que o impedimento, por razão de
Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para é tia da depoente. Tal proximidade associada ao parentesco
1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA. como testemunha no presente feito, razão pela qual defere este
NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE Consoante inteligência que deflui dos arts. 829 da CLT e 447, § 3º,
A parte recorrente argui a nulidade da sentença, sob o argumento amizade íntima com qualquer das partes. No caso dos autos, este
de ter havido cerceamento do direito de defesa a partir da acolhida grau de intimidade restou demonstrado, diante das seguintes
da contradita de sua testemunha. Afirma que "(...) apenas o declarações da testemunha: "que é prima da esposa do titular da
parentesco não seria suficiente à acolhida da contradita, visto que, reclamada; que costuma frequentar a residência do titular da
nos termos do art.829 da CLT, tal estende-se apenas até o terceiro reclamada por ocasião de eventos familiares, como
grau civil. Quanto à relação de proximidade apontada, de se ter que aniversários; que quase todos os sábados se encontra com a
o mero encontro semanal para almoço familiar não pode configurá- esposa do titular da reclamada, na residência da mãe desta, a
la, quanto mais quando a testemunha afirma não sair em outras qual é tia da depoente; que costuma almoçar na casa da
ocasiões com o cônjuge do titular da empresa. Destaque-se referida tia, na companhia da esposa do titular da reclamada
também não haver evidencias de proximidade entre o titular em aos sábados; que além de tais encontros aos sábados, não
questão e a testemunha, inexistindo menção ao comparecimento costuma sair socialmente com a esposa do titular da reclamada"
daquele às reuniões em questão". Requer seja anulada a sentença, (destaquei). Como bem destacado pela sentença, restou
com a realização de nova instrução. configurada proximidade suficiente para indicar a ausência de
sob o argumento de que a testemunha é prima da esposa do titular O juízo de origem não acolheu a contradita da testemunha
da reclamada, o que a tornaria suspeita para atuar no presente apresentada pelo reclamante. Eis o teor do assentado na ata de
reclamada nos seguintes termos: Requer a reclamada a "O advogado da reclamada contraditou a testemunha apresentada
improcedência do pleito, visto que a depoente seria parente de 4º sob o argumento de que esta ajuizou reclamação em face da ora
grau por afinidade, não estando impedida. Inquirida a depoente, reclamada, tendo sido designada audiência para oitiva do a
esta responde: que é prima da esposa do titular da reclamada; que reclamante na condição de testemunha na referida ação, bem como
costuma frequentar a residência do titular da reclamada por ocasião de que haveria amizade íntima entre o depoente e o reclamante.
de eventos familiares, como aniversários; que quase todos os Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado do
reclamante nos seguintes termos: "Inexiste qualquer razão de que o esse entendimento o disposto nas Súmulas 338 e 437, do TST.
reclamante será testemunha ou ouvido no processo alegado pela A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou
reclamada. Além disso, a Súmula 357 do TST determina em sua junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,
inteligência que o ora depoentes está apto para prestar exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram
compromisso e depor a este Juízo, como também é indevido o desempenhadas em âmbito externo"; " que trabalhava das 08:00h
pleito da reclamada sobre a alegação de amizade íntima, uma vez ás 19:00h com 2h de intervalo, de segunda à sábado, sendo que
que inexistente também a prova nos autos". Inquirido o depoente, aos sábados a jornada findava às 18:00h; que o início e término da
este respondeu que: "não tem o hábito de sair socialmente como jornada de trabalho ocorria no estabelecimento reclamado; que a
reclamante, que nunca esteve na residência do reclamante; que o partir de aproximadamente início de 2020 passou a registrar o
reclamante nunca esteve na residência do depoente". Sobre o horário de trabalho em ponto eletrônico; que o horário de trabalho
pedido de contradita decidiu este Juízo nos seguinte termos:" A do reclamante era o mesmo em que laborava o depoente"; "que os
circunstância de para depoente ter ajuizado ação trabalhista em horários registrado em ponto eletrônico correspondia aos horários
face da ora reclamada, não consubstancia óbice processual a sua laborados; que o reclamante igualmente efetuava registro de ponto
atuação como testemunha no presente feito, conforme eletrônico; que o reclamante igualmente desempenhava suas
entendimento sumulado pelo e. TST. A alegação de que o ora atividades laborais em âmbito externos; que depoente e reclamante
reclamante atuará como testemunha na ação ajuizada pelo ora conduziam veículos distintos no desempenho de suas atividades
depoente trata-se de alegado fato futuro, o qual, por não ter ocorrido laborais".
não pode servir como fundamento fático para deferimento da A testemunha é contundente ao afirmar que o Reclamante laborava
contradita requestada. Ademais, a jurisprudência tem se voltado no mesmo horário que o depoente, declinando os horários de
para o entendimento de que a circunstância de que empregados entrada e saída. Entretanto, cumpre destacar que tais afirmações
tenham autuado reciprocamente como testemunha nos respectivos são limitadas até o final do período em que o depoente laborou para
processos,, isoladamente considerados, não é motivo suficiente Reclamada, ocorrido em 26.03.21. Sopesada a prova, fica
para caracterizar interesse na causa. Quanto à alegação da reconhecido por este Juízo que o Reclamante laborava das 8h às
existência de amizade íntima entre o reclamante e o depoente, esta 19h, com 2h(duas horas) de intervalo intrajornada, de segunda-feira
não restou provada. Sendo assim, em face das razões expostas, à sexta-feira; e das 8h às 18h, com 2h(duas horas) de intervalo
indefere-se o pedido de contradita formulado pela parte reclamada". intrajornada, aos sábados, no período de 09.10.20 a 26.03.21; e das
Na sentença, parte reclamada foi condenada ao pagamento de 9h às 18h, com intervalo intrajornada das 13:00 às 14:40, de
horas extras, consoante os seguintes fundamentos: segunda à sábado, no período de 27.03.21 a 09.06.21.
"O Reclamante afirma que laborava " laborava jornada semanal A jornada de trabalho do Reclamante reconhecida nesta sentença,
entrando às 08hrs e saindo às 19hrs, com intervalo intrajornada de em relação ao período de 27.03.21 a 09.06.21, encontra-se dentro
02(duas)horas, em escala 6X1, com 1 folga na semana, contudo, dos limites legais da jornada diária e semanal, pelo que não são
nada recebia pelas horas extras laboradas"; e que "laborava 54hrs devidas horas extras em tal período.
por semana, ou seja, 10 horas extras por semana acima da jornada Por outro lado, em relação ao período de 09.10.20 a 26.03.21,
prevista no art. 61 da CLT, nada recebia a título de contra verifica-se que a jornada de trabalho ultrapassa os limites legais da
prestação, assim o autor faz jus ao pagamento das horas extras jornada diária e semanal, na quantidade de 9 (nove) horas por
com adicional de 70% nos moldes da Cl. 6ª das CCT's". A semana, o que, considerado o mês integrado por 4,28 semanas,
Reclamada contesta tais alegações aduzindo que o resulta na quantidade mensal média de 38,52 (trinta e oito vírgula
Reclamante"Laborava de segunda à sábado, das 9:00 às 18:00, cinquenta e duas) horas. Conforme cláusula sexta das convenções
com intervalo das 13:00 às 14:40, perfazendo jornada semanal de coletivas de trabalho 2020/2020 e 2021/2021,o adicional de horas
43h:20min semanais"; e que por ter menos de 20(vinte) extras será pago de segunda-feira a sábado, no percentual de 70%
empregados não tem a obrigatoriedade de manter registro de ponto. (setenta por cento) sobre a hora normal. Sendo assim, e
Conforme razões anteriormente expendidas restou constatado que observados os limites objetivos da lide, defere-se ao Reclamante o
a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo que pagamento de remuneração de horas extras, na quantidade de
estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. 74, 38,52 (trinta e oito vírgula cinquenta e duas) horas extras por mês,
§2º, da CLT). Assim, permanece com o Reclamante o ônus de com acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora
comprovar a jornada de trabalho indicada na exordial. Corrobora normal, no período de 09.10.20 a 26.03.21, deduzidos os valores
pagos a mesmo título, consignados nas folhas de pagamento 49.2008.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto
acostadas aos autos (Ids 024345d - e 608b539), pertinentes ao Caputo Bastos, DEJT 19/03/2021).
Em seu recurso, a empresa argumenta, em resumo, que a sentença INTERPOSTO PELO RECLAMADO. (...) 2. CONTRADITA DA
se baseou unicamente em depoimento de testemunha que deveria TESTEMUNHA. Nos moldes delineados pela Súmula n° 357 desta
ter sido considerada suspeita, pois depôs em notória prestação de Corte Superior, " não torna suspeita a testemunha o simples fato de
favores, conforme contradita arguida em audiência. Relata que a estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador ". Por
testemunha move reclamação trabalhista (processo nº 0000560- outro lado, não autoriza a ilação de suspeição da testemunha o
72.2021.5.07.0005) com pedidos e causa de pedir idênticos ao do simples fato de ela ter movido ação com similaridade ou identidade
presente feito, o que tornaria o depoente parcial, com interesse em de pedidos, sob pena de se vedar à reclamante a utilização de outro
abrir precedente a seu favor. Destaca ainda que a própria sentença trabalhador como testemunha, restringindo o direito à tutela
reconheceu a precariedade da prova testemunhal ao analisar o jurisdicional justa, pois é evidente que aqueles trabalhadores que
pedido referente ao período avulso, aspecto que não pode se presenciaram os fatos objeto da prova oral possivelmente passaram
restringir a tal questão. Requer seja admitida a parcialidade da pela mesma situação da autora, razão da existência de reclamatória
testemunha, afastando-se a força probatória de seu depoimento e, com o mesmo objeto. Assim, o fato de a testemunha ajuizar
por conseguinte, julgando-se improcedente a reclamação. reclamatória trabalhista contra a mesma empresa e com
Sem razão. similaridade ou identidade de objeto, por si só, não afasta a isenção
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a de seu depoimento prestado em juízo. (...)"(RRAg-20978-
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o 71.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência Costa, DEJT 12/03/2021).
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. Finalmente, o fato de as declarações da testemunha não serem
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir suficientes para elidir a presunção de veracidade da anotação da
expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do data do vínculo na CTPS não induz ao prejuízo da revelação
recurso ordinário da parte reclamada. contida em seu depoimento acerca do labor prestado em jornada
Com efeito, o fato de o depoente possuir reclamação trabalhista extraordinária. Cuidam-se de trabalhadores que compartilhavam a
contra a empresa, ainda que com objeto similar ao do presente mesma rotina laboral, de modo a não causar espécie a revelação
feito, não é suficiente para a acolhida da contradita arguida. A acerca da jornada de trabalho do autor, no período de labor
suspeição em casos tais exige inequívoca demonstração de troca coincidente entre ambos.
de favores, o que não ocorre por mera presunção decorrente do Ante o exposto, não há como se acolher a tese recursal acerca da
ajuizamento de reclamação trabalhista pela testemunha. Logo, suspeição da testemunha, bem como sobre a precariedade do
falar em contradita da testemunha. Inteligência da Súmula nº 357 do Vale destacar, por fim, que, ao contrário do exposto pela parte
"RECURSO DE REVISTA. (...) 6. CONTRADITA DE parte reclamada não se reveste de caráter protelatório, pois, de
TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Consoante o forma legítima, submete ao juízo de segundo grau as teses que
suspeita, ainda que haja ações com identidade de pedidos, movidas 2 - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE
pela parte autora e por sua testemunha. Com efeito, o entendimento MÉRITO
da egrégia SBDI-1 deste Tribunal é no sentido de que a existência PERÍODO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO.
de ações, movidas pela parte autora e por sua testemunha, contra o A sentença não reconheceu o período do vínculo apontado na
mesmo empregador, não afasta a incidência do entendimento inicial, consoante os seguintes fundamentos:
contido na Súmula nº 357, sendo declarada a suspeição somente "O Reclamante aduz que foi admitido em 10.05.20, porém, o
quando comprovada a troca de favores, hipótese não reconhecida registro formal na CTPS somente foi realizado em 09.10.20. A
no v. acórdão regional. Precedentes. Inteligência da Súmula nº 357. Reclamada contesta o período não anotado na CTPS. As anotações
Recurso de revista de que não se conhece. (...)"(RR-63700- apostas na carteira de trabalho do empregado geram presunção
juris tantum (Súmula nº12, do TST), cabendo ao Reclamante de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura
produzir prova a fim de comprovar o alegado período de vínculo não precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,
A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa
junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021, forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em
desempenhadas em âmbito externo; que o reclamante foi admitido Para que se afaste a presunção de veracidade advinda da anotação
em maio/2020; que além do reclamante, após a admissão do da CTPS, seria imprescindível a presença de prova robusta do
depoente, foram contratados mais dois ou três motoristas, alegado período clandestino, o que não se deu no caso vertente,
lembrando os nomes de Cristiano e Diego como motoristas conforme examinado, do que resta incólume o princípio da primazia
motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês O reclamante, admitida a contratação em data anterior ao registro
de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura formal da CTPS, "(...) requer o reconhecimento de todas as horas
precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e, extras de todo o contrato de trabalho, condenando a reclamada ao
isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente pagamento das horas extras do período contratual de contratação
para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa inicial em 10.05.2020 até 09.06.2021, conforme a exordial, bem
forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em como a condenação do pagamento dos reflexos das horas extras
nas mesmas condições de trabalho da testemunha, o que torna Novamente, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios
contratação. Entende que o fundamento utilizado pela sentença Conforme examinado no tópico precedente, não restou reconhecido
contraria o princípio da primazia da realidade, pelo que "(...) requer o vínculo empregatício no período anterior ao anotado na CTPS.
o reconhecimento do período clandestino e conseguinte pagamento Além disso, a limitação das horas extras ao momento em que a
de todas as verbas trabalhistas e rescisórias do contrato de testemunha saiu da empresa não se mostra ofensiva ao princípio da
trabalho, tanto do período clandestino quanto o registrado, nos primazia da realidade, mas sim se encontra em harmonia com o
termos do art.2º e 3º da CLT, devendo ser abatido somente os acervo probatório dos autos, pois não há outros elementos capazes
O recurso não alcança provimento, devendo ser mantida a sentença devidas para além do período deferido.
À luz do artigo 818, I, da CLT, era do reclamante o ônus de Sobre o tema, assim se pronunciou o julgado de origem:
comprovar que o verdadeiro período do contrato de trabalho seria "O Reclamante afirma que "foi comunicado de sua demissão no dia
diverso daquele anotado na CTPS. 10.05.2021, mediante aviso prévio trabalhado de 30(trinta dias) com
Conforme inteligência da Súmula nº 12 do TST, os registros término em 09.06.2021, último dia efetivamente trabalhado e
efetuados em CTPS gozam de presunção relativa de veracidade. suposta redução da jornada de 2(duas) horas, o que não ocorreu na
Nesta esteira, reexaminando-se as provas produzidas, percebe-se realidade". Aduz, ainda, que "a empregadora não lhe concedeu a
que tal presunção não restou elidida. redução de 2 (duas horas) diárias na jornada de trabalho é também
Isto porque o depoimento da única testemunha ouvida, na fração não a dispensou do trabalho por 7(sete) dias corridos". A
pertinente ao momento da contratação do reclamante, deve ser Reclamada, por sua vez, assevera que "o aviso foi cumprido na
admitido com ressalva, diante do desconhecimento demonstrado modalidade trabalhado, tendo optado o autor pela redução da
pelo depoente em relação à data de admissão de outros dois jornada diária em 2 horas, tudo conforme determina a legislação"; e
funcionários. Escorreita, portanto, a valoração probatória realizada que o Reclamante "não comprova a suposta irregularidade
pela sentença, no sentido de "(...) que o depoente, em relação aos apontada, pelo que descabe seu pleito". Consta nos autos
motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês comunicação de aviso prévio trabalhado, datado de 10.05.21, com
opção pela redução de 2 horas diárias, o qual foi assinado pelo TRCT, o qual foi assinado em 09.06.21. Sendo assim, indefere-se o
Reclamante (ID 40124e2 - Pág. 4). A prova documental juntada pela pedido relativo à multa prevista no art. 477, §8o, da CLT.
Reclamada revela que esta possuía menos de 20(vinte) Ante a controvérsia acerca das verbas pleiteadas na exordial,
empregados. Competia ao Reclamante comprovar a alegação de indefere-se o pedido referente à multa prevista no art. 467, da CLT."
que a Reclamada possuía mais de 20 empregados. A testemunha O recorrente sustenta que, "(...) como as parcelas deferidas pelo
apresentada pelo Reclamante afirmou "que que havia Juízo a quo são todas rescisórias, incluindo as horas extras
aproximadamente 20 empregados laborando junto à reclamada", deferidas, sobre as mesmas incide a multa de 50% do artigo 467 da
não comprova que a Reclamada efetivamente possuísse 20 ou mais CLT, além disso revela-se que as verbas trabalhistas do período
empregados, ressaltando-se que esta, por ocasião da rescisão clandestino não foram pagas, portanto, índice sobre elas a multa".
contratual, não mais laborava para a Reclamada. Conclui-se, pois, Além disso, entende fazer jus à multa do art. 477, com base nas
que a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo horas extras deferidas e na Súmula nº 462 do TST.
que estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. Sem razão.
74, §2º, da CLT). Portanto, não restou comprovado eventual Perpassando a contestação, vê-se que todas as parcelas pleiteadas
irregularidade cometida pela Reclamada, na concessão da redução pelo autor foram controvertidas, o que é suficiente para tornar
da carga horária diária, durante o cumprimento do aviso prévio indevida a multa do art. 467 da CLT, pois não havia verba
trabalhado, ônus processual do qual o Reclamante não se incontroversa a ser paga na audiência.
desincumbiu. Sendo assim, fica reconhecida a legitimidade do aviso Além disso, em relação à multa do art. 477, § 8º, há de se perfilhar
prévio trabalhado, e, por conseguinte, indefere-se o pleito para com o posicionamento desta Corte em sede de Incidente de
pagamento de aviso prévio indenizado." Uniformização de Jurisprudência, no sentido de que "É indevida a
O recorrente afirma ter trabalhado em jornada superior à permitida multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas
por lei, mesmo durante o período de aviso prévio, conforme diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT
demonstrado na instrução probatória por meio do depoimento de tenham sido pagas no prazo legal". (PROCESSO nº 0080374-
testemunha. Requer seja desconsiderado o aviso prévio trabalhado 90.2017.5.07.0000 (IUJ) TRT7, 11 de Dezembro de 2018,
e concedido "(...) novo aviso na modalidade indenizado, com as FRANCISCO TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Relator).
devidas projeções no 13º salário proporcional, férias proporcionais Portanto, a tese não desconstitui o fundamento da sentença, ora
Conforme se vê do documento ID. 40124e2 - Pág. 4, o reclamante A sentença julgou improcedente o pleito do reclamante alusivo à
optou pela redução de duas horas diárias em sua jornada de multa por descumprimento de norma coletiva. Confira-se o teor da
menos de vinte funcionários, aspecto bem destacado pela sentença "Entende este Juízo que multa prevista em convenção coletiva
e não infirmado pelas razões recursais, estava desobrigada da somente deve ser aplicada com relação ao inadimplemento de
apresentação dos controles de ponto, não havendo como se obrigações especificamente estabelecidas pela norma coletiva, não
presumir o alegado descumprimento da redução de jornada no incidindo com relação às obrigações originariamente previstas em
período do aviso prévio. Vale reiterar, nos termos examinados em lei e tão somente repetidas na norma coletiva. A cláusula de
item precedente, que o depoimento da única testemunha ouvida convenção coletiva tidas como violadas, qual seja, a cláusula sexta
não se mostra suficiente para admitir a tese de não concessão da da CCT 2021/2021 refere-se à remuneração de horas extras, sendo
jornada reduzida, pois à época da concessão do aviso prévio o tal obrigação, ainda que em percentual menor, originariamente
depoente não mais trabalhava na reclamada. prevista em artigo celetista. Sendo assim, indefere-se o pedido
Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos. relativo à multa prevista em convenção coletiva."
MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT. Alega o recorrente ter sido admitido o descumprimento da cláusula
O juízo de origem indeferiu as multas em epígrafe nos seguintes 6ª da CCT, que prevê o adicional de 70% para as horas extras, o
"No caso sub judice, conforme razões anteriormente expendidas, Neste tocante, o recurso alcança provimento.
restou comprovado que a Reclamada pagou as verbas rescisórias De fato, a CCT da categoria estabeleceu, em sua cláusula 6ª, o
incontroversas, entendidas como tais aquelas consignadas no adicional de horas extras de 70%, superior ao de 50% previsto pela
lei. Além disso, a cláusula 48ª fixou a multa equivalente a um piso Dessa forma, cotejando-se os critérios expostos no citado
da categoria profissional em caso de descumprimento de quaisquer dispositivo da CLT, extrai-se que os honorários advocatícios devem
das cláusulas nela estabelecidas, sendo a referida multa revertida ser arbitrados em 15%, montante condizente com a complexidade
No caso dos autos, restou reconhecido o direito do autor às horas Além disso, a condenação imposta ao autor contraria o julgamento
extras no período deferido pela sentença, o que autoriza concluir ter do STF na ADI 5766, quando foi declarada a inconstitucionalidade
sido descumprida a cláusula que tratava do pagamento do adicional do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a
de 70%, parcela indevidamente suprimida do autor. Assim, violada condenação do beneficiário da justiça gratuita, caso do reclamante,
devendo ser provido o recurso, para incluí-la na condenação. Recurso conhecido e provido, neste tocante.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Acerca do tema, eis o teor do julgado de origem: Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por
"Na presente Reclamação Trabalhista a sucumbência foi recíproca. cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,
Entende este Juízo que os honorários sucumbenciais trata-se de no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial
verba única, a qual tem por base de cálculo as verbas provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa
condenatórias, enquanto benefício econômico decorrente do por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos
processo, a ser rateada entre os advogados de ambas as partes, e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para
observada a proporcionalidade entre as verbas deferidas e aquelas excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda,
indeferidas com relação ao valor total do pedido formulado na majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para
exordial. Sendo assim, considerando os termos do art. 791-A, §§ 3º, 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas
4º, 5º da CLT, bem como o disposto no Incidente de Arguição de alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro
Inconstitucionalidade (processo nº 0080026.04.2019.5.07.0000), no centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e
qual restou reconhecida a inconstitucionalidade da expressão setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor
"desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro arbitrado à condenação.
advogado da Reclamada."
De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por
o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,
prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa
15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas 1.HORAS EXTRAS. Verificando a sentença; divergência e
alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro multiplicidade de informações acerca dos horários de término da
centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e jornada de trabalho, reputa-se equânime e adequado o montante de
setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor horas extras fixado medianamente, considerando a distribuição do
arbitrado à condenação. ônus da prova, nos termos dos artigos 818 da CLT e 333, do CPC.
Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José NATUREZA INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17.
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Uma vez que julgado improcedente a pretensão de horas extras
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo intervalares (ID. 02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. recursal e, assim, irrespondível.
CLAUDIO SOARES PIRES satisfazem a prova que incumbia à recorrida, quanto à hipótese de
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. da prova, a teor dos artigos 818 da CLT e 373, do CPC, nada se
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART não logrou comprovar a eventualidade de alteração de metas de
RECURSO DA RECLAMADA.
deixando de ser alçada expressamente em contestação, o tema 1.JETSON TAVARES DE CARVALHO ajuizou ação trabalhista
inovado somente no recurso refoge a litis contestatio. contra CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA, sob
2.OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO fundamento de que ocupava as funções de supervisor de vendas,
ÀS REGRAS DO ARTIGO 492 DO CPC. De se entender que a com horários de trabalho das 07:00 às 20:00, até 22 horas nos dias
questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não de pico, com vinte minutos de intervalo, ao sábados das 07:00 às
acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na 14:00, sem intervalo; que não era permitido anotar a integralidade
reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além da jornada de trabalho, do que requereu o recebimento das horas
de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na extras realizadas e não pagas, inclusive as horas extras
peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação intervalares; que a remuneração era composta de salário fixo e
da norma processual aventada. comissões, em cujo pagamento viu-se prejudicado por alteração de
3.HORAS EXTRAS. Destaca-se que o juízo de origem valorou os metas, falta de produtos, não pagamento quanto aos pedidos
cartões de ponto, mas, na prova oral produzida no feito encontrou devolvidos, limitação do pagamento ao atingimento de um mínimo
razão o suficiente para deferir outras horas extras trabalhadas, de 80% e no máximo 120% da meta; descontos por pedidos
todavia, não anotadas ou remuneradas. De ser mantida, assim, a inadimplidos, alterações dos critérios de cálculo, do que pleiteou a
decisão equânime adotada pela sentença recorrida. fixação de R$ 2.000,00 mensais compensatórios.
Recurso patronal improvido. 2.Examinando os termas destacados, o juízo de origem decidiu (ID.
02e25cc):
"(...)
(...)
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO reclamada juntado cartões de ponto contendo a jornada por ela
ORDINÁRIO, provenientes da MM. 3ª VARA DO TRABALHO DE defendida, o ônus da prova quanto à discrepância entre as
FORTALEZA, em que são recorrentes, JETSON TAVARES DE informações em questão e o que se passava na realidade é do
CARVALHO e CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e reclamante, o qual dele se desincumbiu, como se observa no
recorridos, CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e depoimento da testemunha por ele trazida, merecendo destaque os
A parte reclamante (JETSON TAVARES DE CARVALHO) e a parte Verifica-se que no minuto 1 de seu depoimento a testemunha
reclamada (CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA) comprova a jornada declinada na petição inicial, inclusive que (no
interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença (ID. 02e25cc), início do minuto 4), na última semana do mês, em média, o horário
complementada pela sentença de embargos de declaração (ID. era extrapolado ainda mais, e que ele, testemunha, saía às
f3c3649), que julgou parcialmente procedentes os pedidos da 19:30/20:00, enquanto que o reclamante continuava a trabalhar.
Contrarrazões apresentadas (Ids, 82c3434; 8b8dc34 ). expressamente que havia meia hora antes e cerca de duas horas
noturnas.
Recebe-se os recursos interpostos, de vez que não certificado recebia irrisório valor de horas extras, que correspondiam apenas
qualquer irregularidade recursal (ID. 71a6ea7). àquelas que eram autorizadas, valor este que, portanto, deve ser
mesma equipe de trabalho do reclamante, dando confiabilidade ao cotidianamente prática fraudulenta, que esvazie o direito às
testemunho, enquanto que a do reclamado, por sua vez, informou parcelas contratuais pactuadas.
de forma reiterada que sequer fazia parte da mesa de atribuições do Mas assim não correu, tendo a testemunha chegado a falar sobre o
reclamante. assunto, mas de forma confusa, ou pelo menos não suficiente para
Por fim, para exaurir a análise das pretensões relacionadas à o julgamento de procedência da condenação almejada.
jornada de trabalho, no minuto 12 a testemunha relata que cabia Nessa ordem de ideias, resta improcedente o pedido de pagamento
aos empregados escolher o horário e o local de intervalo de diferenças de comissão e seus reflexos.
gozarem de pelo menos uma hora a tal título. 3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que
Tratando-se de trabalho externo, considero que, ao orientar o gozo a reclamada, em sua defesa, não impugnou a jornada informada,
escorreito de uma hora, a reclamada cumpriu sua obrigação legal, apenas fundamentando o indeferimento das horas extras por,
não podendo ser penalizada pelo gozo em tempo inferior, razão supostamente, o autor registrar corretamente sua jornada de
pela qual considero, para os fins desta sentença, que era gozado o trabalho nos pontos anexados aos autos; que recorre contra a
intervalo intrajornada de uma hora. jornada fixada na decisão recorrida, por que os cartões de pontos
Em suma, verifico que a jornada de trabalho declinada na petição são imprestáveis como prova; que cumpria extensa jornada de
inicial reflete com maior precisão a jornada praticada, a exceção do trabalho; que o preposto da empresa mostrou desconhecimento e
intervalo intrajornada e do horário de término, que fixo como 20h, contradição acerca dos fatos do processo, pelo que ser-lhe-ia
em média, que considero o depoimento da testemunha do próprio imputável a confissão ficta, a teor do artigo 843, § 1º, da CLT; que a
Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de possuindo conhecimento da jornada de trabalho; que não se aplica
informações acerca dos horários de término, reputo adequado ao recorrente a natureza indenizatória do pagamento compensatória
estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta- do intervalo intrajornada, após a Lei n° 13.467/17, porque anterior
feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o foi a contratação do recorrente, devem ser regida a contratualidade
reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada pelas normas de então; que a sentença recorrida não elucidou
findava às 14 horas. quanto aos reflexos das horas extras em RSR, conforme postulado
Tendo a média semanal sido delimitada em 22 horas extras, e na inicial; que no tocante às diferenças de comissões, competia a
utilizando-se do entendimento constante no tema 2 da Tabela de recorrida a apresentação dos relatórios solicitados na petição inicial,
Recursos Repetitivos do TST, que prevê que um mês contém ademais da melhor aptidão para a prova e do que dispõem os
4,2857, fixo a média de horas extras que compõe a condenação no artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC; que a sentença merece
total de 94 horas extras por mês, com reflexos em férias mais um reforma, ainda, quanto aos juros moratórios, de sorte a serem
terço, 13º salários, FGTS e multa de 40% respectiva, aviso prévio aplicados o § 1º do artigo 39 da Lei 8.177 de 1991 e o artigo 883, da
indenizado, mas sem repercussão em RSR (em razão de as horas CLT de sorte a ser deferida indenização suplementar; que requer
do intervalo interjornada, por entender que não fora violado, nos HORAS EXTRAS. O recurso não alcança provimento. Ao contrário
termos da jornada média acima adotada para os fins da do afirmado pelo recorrente, a contestação ID. 7173c0a - Págs. 8 a
Como se observa na leitura da petição inicial, a narrativa do impugnação. No tocante a qualidade da prova documental da
reclamante é no sentido de que a reclamada adotava diversos recorrida (anotações de ponto ao serviço) esta não foi
A respeito desta pretensão, este juízo entende que era ônus do equivocadamente afirma o recorrente, ao contrário, em juízo de
reclamante comprovar a ocorrência dos fatos por elencados, ainda ponderação quanto às provas coligidas no feito, a sentença
que parcialmente, mas de forma que se pudesse verificar prestigiou a jornada de trabalhado afirmada na inicial; "verifico que a
concretamente, de forma objetiva, que a reclamada implementa jornada de trabalho declinada na petição inicial reflete com maior
irreprochável a conclusão a que chegou a decisão vergastada, por MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A parte dos
si só esclarecedora e de absoluta justeza; "Nesse contexto, e honorários advocatícios sucumbenciais da recorrida foi arbitrada em
considerando a divergência e multiplicidade de informações acerca 15%, do que concluir que o recorrente não tem interesse recursal
dos horários de término, reputo adequado estipular uma média de 4 em pleitear a majoração. Entretanto, razão assiste quanto aos
horas extras diárias, de segunda a sexta-feira, e de duas horas, aos honorários devidos pelo recorrente. E. STF no julgamento da ADI
sábados, na medida em que o reclamante alegou (e comprovou), 5766, em sessão do dia 20.10.2021, declarou a
que aos sábados a jornada findava às 14 horas". Julgamento, inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que
portanto, que deve ser mantido por seus próprios fundamentos, autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em
considerando a distribuição do ônus da prova, artigos 818 da CLT e honorários advocatícios de sucumbência. Logo, o pleito recursal
333, do CPC). Por derradeiro, ouvindo o depoimento do preposto da encontra amparo na referida decisão, merecendo provimento.
recorrida, Sr. HANLEY FONTENELE SINDEAU, não se chega à 4.A reclamada igualmente recorreu ordinariamente, sustentando
hipótese de confissão por desconhecimento dos fatos ou que a reforma trabalhista da Lei nº 13.467/2017 de ser aplicada ao
contradição, tendo este relator por implausível a aplicação 843, § 1º, todo da contratualidade; que a indicação do valor do pedido como
da CLT com o viés interpretativo pretendido na peça recursal. regra advinda da mesma lei, importa limitar o valor condenatório
PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES. NATUREZA àquele atribuído à causa, ademais das normas inseridas nos artigos
INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17. Uma vez que 141 e 492 do CPC; que alusivamente às horas extras, restou
julgado improcedente a pretensão de horas extras intervalares (ID. evidenciado pelos espelhos de ponto coligidos ao feito que além de
02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse recursal e, assim, registros antes das 07h30, o recorrido poderia livremente efetuar
HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao que todas as horas extras eram registradas no espelho de ponto;
recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui que o obreiro sempre percebeu pelas horas extras laboradas, sendo
da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da esta devidamente computadas e quitadas no seu recibo de
Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949. pagamento,não havendo que se falar em diferenças de horas
Sentença reformada nesse ponto. extraordinárias; que deve ser aplicado em favor da recorrente,
DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios ID. quanto aos honorários advocatícios, o artigo 791-A, § 2º, da CLT.
905ffa8 - Págs. 1 a 26, com todas as vênias do recorrente, REFORMA TRABALHISTA. LEI Nº 13.467/2017. ALCANCE
satisfazem a prova que incumbia à recorrida, restando suportada QUANTO AOS CONTRATOS DE TRABALHO EXISTENTES.
convenientemente a hipótese de inexistência de diferença de Perpassando a contestação da recorrente ID. 7173c0a, não se
comissões. Sempre recorrendo ao ônus da prova, a teor dos artigos divisa impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao
818 da CLT e 373, do CPC, nada se apresenta que infirme a todo da contratualidade do recorrido. O fez, a bem da verdade,
conclusão sentenciante de que o obreiro não logrou comprovar a somente à questão da aplicação do artigo 791-A, da CLT,
eventualidade de alteração de metas de forma prejudicial, falta de alusivamente a questão dos honorários advocatícios. A hipótese
produtos impossibilitando o atingimento de metas, não pagamento recursal, portanto, é irrespondível porque deixando de ser alçada
de comissões aos pedidos devolvidos ou descontos por pedidos expressamente em contestação, o tema inovado somente no
inadimplidos, e alteração de critérios nos cálculos da comissão. recurso refoge a litis contestatio.
JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58, foi OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO ÀS
peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de condenação REGRAS DO CPC. Aduziu o recorrente que deve ser aplicado o
judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na artigo 492, da CPC, de sorte a limitar a eventual condenação aos
Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha valores apontados pelo recorrido na inicial. De se entender que a
solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices de correção questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não
monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na
geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além
partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na
Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento, atraindo construção peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação
HORAS EXTRAS. Recurso improvido. Destaca-se que o juízo de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
origem valorou os cartões de ponto, mas, na prova oral produzida Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
no feito encontrou razão o suficiente para deferir outras horas extras Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
trabalhadas, todavia, não anotadas ou remuneradas. Calha Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
reproduzir o teor da decisão equânime adotada pela sentença de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada CLAUDIO SOARES PIRES
Processo Nº ROT-0000782-80.2020.5.07.0003
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
CONCLUSÃO DO VOTO RECORRENTE JETSON TAVARES DE CARVALHO
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
45454/PE)
RECORRENTE CERVEJARIA PETROPOLIS DA
BAHIA LTDA
Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB:
60284/SP)
provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os
RECORRIDO JETSON TAVARES DE CARVALHO
reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
45454/PE)
horas extras deferidas; e para excluir da condenação em honorários
RECORRIDO CERVEJARIA PETROPOLIS DA
advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao apelo da BAHIA LTDA
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB:
reclamada, negar-lhe provimento. 60284/SP)
Intimado(s)/Citado(s):
- CERVEJARIA PETROPOLIS DA BAHIA LTDA
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
Uma vez que julgado improcedente a pretensão de horas extras 3.HORAS EXTRAS. Destaca-se que o juízo de origem valorou os
intervalares (ID. 02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse cartões de ponto, mas, na prova oral produzida no feito encontrou
recursal e, assim, irrespondível. razão o suficiente para deferir outras horas extras trabalhadas,
3.HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao todavia, não anotadas ou remuneradas. De ser mantida, assim, a
recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui decisão equânime adotada pela sentença recorrida.
da prova, a teor dos artigos 818 da CLT e 373, do CPC, nada se V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO
apresenta que infirme a conclusão sentenciante de que o obreiro ORDINÁRIO, provenientes da MM. 3ª VARA DO TRABALHO DE
não logrou comprovar a eventualidade de alteração de metas de FORTALEZA, em que são recorrentes, JETSON TAVARES DE
forma prejudicial, falta de produtos impossibilitando o atingimento de CARVALHO e CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e
metas, não pagamento de comissões aos pedidos devolvidos ou recorridos, CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e
descontos por pedidos inadimplidos, e alteração de critérios nos JETSON TAVARES DE CARVALHO.
5.JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58, reclamada (CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA)
foi peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença (ID. 02e25cc),
condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas complementada pela sentença de embargos de declaração (ID.
judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que f3c3649), que julgou parcialmente procedentes os pedidos da
de correção monetária e de juros que vigentes para as Contrarrazões apresentadas (Ids, 82c3434; 8b8dc34 ).
RECURSO DA RECLAMADA.
Perpassando a contestação da recorrente não se divisa Recebe-se os recursos interpostos, de vez que não certificado
impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao todo da qualquer irregularidade recursal (ID. 71a6ea7).
791-A, da CLT. A hipótese recursal, portanto, irrespondível porque HORAS EXTRAS. COMISSIONAMENTO.
deixando de ser alçada expressamente em contestação, o tema 1.JETSON TAVARES DE CARVALHO ajuizou ação trabalhista
inovado somente no recurso refoge a litis contestatio. contra CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA, sob
2.OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO fundamento de que ocupava as funções de supervisor de vendas,
ÀS REGRAS DO ARTIGO 492 DO CPC. De se entender que a com horários de trabalho das 07:00 às 20:00, até 22 horas nos dias
questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não de pico, com vinte minutos de intervalo, ao sábados das 07:00 às
acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na 14:00, sem intervalo; que não era permitido anotar a integralidade
reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além da jornada de trabalho, do que requereu o recebimento das horas
de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na extras realizadas e não pagas, inclusive as horas extras
peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação intervalares; que a remuneração era composta de salário fixo e
comissões, em cujo pagamento viu-se prejudicado por alteração de Tratando-se de trabalho externo, considero que, ao orientar o gozo
metas, falta de produtos, não pagamento quanto aos pedidos escorreito de uma hora, a reclamada cumpriu sua obrigação legal,
devolvidos, limitação do pagamento ao atingimento de um mínimo não podendo ser penalizada pelo gozo em tempo inferior, razão
de 80% e no máximo 120% da meta; descontos por pedidos pela qual considero, para os fins desta sentença, que era gozado o
inadimplidos, alterações dos critérios de cálculo, do que pleiteou a intervalo intrajornada de uma hora.
fixação de R$ 2.000,00 mensais compensatórios. Em suma, verifico que a jornada de trabalho declinada na petição
2.Examinando os termas destacados, o juízo de origem decidiu (ID. inicial reflete com maior precisão a jornada praticada, a exceção do
Dando início ao deslinde da controvérsia, verifico que, tendo a informações acerca dos horários de término, reputo adequado
reclamada juntado cartões de ponto contendo a jornada por ela estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta-
defendida, o ônus da prova quanto à discrepância entre as feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o
informações em questão e o que se passava na realidade é do reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada
depoimento da testemunha por ele trazida, merecendo destaque os Tendo a média semanal sido delimitada em 22 horas extras, e
Verifica-se que no minuto 1 de seu depoimento a testemunha Recursos Repetitivos do TST, que prevê que um mês contém
comprova a jornada declinada na petição inicial, inclusive que (no 4,2857, fixo a média de horas extras que compõe a condenação no
início do minuto 4), na última semana do mês, em média, o horário total de 94 horas extras por mês, com reflexos em férias mais um
era extrapolado ainda mais, e que ele, testemunha, saía às terço, 13º salários, FGTS e multa de 40% respectiva, aviso prévio
19:30/20:00, enquanto que o reclamante continuava a trabalhar. indenizado, mas sem repercussão em RSR (em razão de as horas
expressamente que havia meia hora antes e cerca de duas horas Por oportuno, ressalto ainda o julgamento de improcedência do
depois de trabalho prestado e não registrado nos cartões de ponto, pedido de pagamento de horas extras em decorrência da supressão
bem como que havia inclusive advertência em caso de registro de do intervalo interjornada, por entender que não fora violado, nos
horas extras sem autorização. termos da jornada média acima adotada para os fins da
por volta de 17:30 para realizar as atividades de fechamento das - DIFERENÇAS DE COMISSÕES
vendas, bem como que o reclamante participava de visitas Como se observa na leitura da petição inicial, a narrativa do
recebia irrisório valor de horas extras, que correspondiam apenas A respeito desta pretensão, este juízo entende que era ônus do
àquelas que eram autorizadas, valor este que, portanto, deve ser reclamante comprovar a ocorrência dos fatos por elencados, ainda
A testemunha em questão informou ainda que participava da concretamente, de forma objetiva, que a reclamada implementa
mesma equipe de trabalho do reclamante, dando confiabilidade ao cotidianamente prática fraudulenta, que esvazie o direito às
testemunho, enquanto que a do reclamado, por sua vez, informou parcelas contratuais pactuadas.
de forma reiterada que sequer fazia parte da mesa de atribuições do Mas assim não correu, tendo a testemunha chegado a falar sobre o
reclamante. assunto, mas de forma confusa, ou pelo menos não suficiente para
Por fim, para exaurir a análise das pretensões relacionadas à o julgamento de procedência da condenação almejada.
jornada de trabalho, no minuto 12 a testemunha relata que cabia Nessa ordem de ideias, resta improcedente o pedido de pagamento
aos empregados escolher o horário e o local de intervalo de diferenças de comissão e seus reflexos.
gozarem de pelo menos uma hora a tal título. 3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que
a reclamada, em sua defesa, não impugnou a jornada informada, considerando a distribuição do ônus da prova, artigos 818 da CLT e
apenas fundamentando o indeferimento das horas extras por, 333, do CPC). Por derradeiro, ouvindo o depoimento do preposto da
supostamente, o autor registrar corretamente sua jornada de recorrida, Sr. HANLEY FONTENELE SINDEAU, não se chega à
trabalho nos pontos anexados aos autos; que recorre contra a hipótese de confissão por desconhecimento dos fatos ou
jornada fixada na decisão recorrida, por que os cartões de pontos contradição, tendo este relator por implausível a aplicação 843, § 1º,
são imprestáveis como prova; que cumpria extensa jornada de da CLT com o viés interpretativo pretendido na peça recursal.
trabalho; que o preposto da empresa mostrou desconhecimento e PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES. NATUREZA
contradição acerca dos fatos do processo, pelo que ser-lhe-ia INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17. Uma vez que
imputável a confissão ficta, a teor do artigo 843, § 1º, da CLT; que a julgado improcedente a pretensão de horas extras intervalares (ID.
testemunha da recorrida não trabalhou com o recorrente, não 02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse recursal e, assim,
ao recorrente a natureza indenizatória do pagamento compensatória HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao
do intervalo intrajornada, após a Lei n° 13.467/17, porque anterior recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui
foi a contratação do recorrente, devem ser regida a contratualidade da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da
pelas normas de então; que a sentença recorrida não elucidou Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949.
quanto aos reflexos das horas extras em RSR, conforme postulado Sentença reformada nesse ponto.
na inicial; que no tocante às diferenças de comissões, competia a DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios ID.
recorrida a apresentação dos relatórios solicitados na petição inicial, 905ffa8 - Págs. 1 a 26, com todas as vênias do recorrente,
ademais da melhor aptidão para a prova e do que dispõem os satisfazem a prova que incumbia à recorrida, restando suportada
artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC; que a sentença merece convenientemente a hipótese de inexistência de diferença de
reforma, ainda, quanto aos juros moratórios, de sorte a serem comissões. Sempre recorrendo ao ônus da prova, a teor dos artigos
aplicados o § 1º do artigo 39 da Lei 8.177 de 1991 e o artigo 883, da 818 da CLT e 373, do CPC, nada se apresenta que infirme a
CLT de sorte a ser deferida indenização suplementar; que requer conclusão sentenciante de que o obreiro não logrou comprovar a
honorários advocatícios de 15% e a isenção de sucumbência em eventualidade de alteração de metas de forma prejudicial, falta de
HORAS EXTRAS. O recurso não alcança provimento. Ao contrário inadimplidos, e alteração de critérios nos cálculos da comissão.
do afirmado pelo recorrente, a contestação ID. 7173c0a - Págs. 8 a JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58, foi
12, ofereceu tese contestatória ao horário de trabalho vindicado na peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de condenação
inicial, arredando, assim, a eventualidade de ausência de judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na
impugnação. No tocante a qualidade da prova documental da Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha
recorrida (anotações de ponto ao serviço) esta não foi solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices de correção
irrestritamente abonada pelo juízo sentenciante, como monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em
equivocadamente afirma o recorrente, ao contrário, em juízo de geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a
ponderação quanto às provas coligidas no feito, a sentença partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código
prestigiou a jornada de trabalhado afirmada na inicial; "verifico que a Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento, atraindo construção
jornada de trabalho declinada na petição inicial reflete com maior jurídica que desague na aplicação de atualização monetária
irreprochável a conclusão a que chegou a decisão vergastada, por MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A parte dos
si só esclarecedora e de absoluta justeza; "Nesse contexto, e honorários advocatícios sucumbenciais da recorrida foi arbitrada em
considerando a divergência e multiplicidade de informações acerca 15%, do que concluir que o recorrente não tem interesse recursal
dos horários de término, reputo adequado estipular uma média de 4 em pleitear a majoração. Entretanto, razão assiste quanto aos
horas extras diárias, de segunda a sexta-feira, e de duas horas, aos honorários devidos pelo recorrente. E. STF no julgamento da ADI
sábados, na medida em que o reclamante alegou (e comprovou), 5766, em sessão do dia 20.10.2021, declarou a
que aos sábados a jornada findava às 14 horas". Julgamento, inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que
portanto, que deve ser mantido por seus próprios fundamentos, autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em
honorários advocatícios de sucumbência. Logo, o pleito recursal feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o
encontra amparo na referida decisão, merecendo provimento. reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada
que a reforma trabalhista da Lei nº 13.467/2017 de ser aplicada ao HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 791-A,
todo da contratualidade; que a indicação do valor do pedido como § 2º, CLT. Remete-se ao mesmo tema aflorado pelo obreiro em sua
regra advinda da mesma lei, importa limitar o valor condenatório peça recursal, conforme acima fundamentado.
àquele atribuído à causa, ademais das normas inseridas nos artigos Isto posto,
registros antes das 07h30, o recorrido poderia livremente efetuar CONCLUSÃO DO VOTO
que o obreiro sempre percebeu pelas horas extras laboradas, sendo Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial
esta devidamente computadas e quitadas no seu recibo de provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os
pagamento,não havendo que se falar em diferenças de horas reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das
extraordinárias; que deve ser aplicado em favor da recorrente, horas extras deferidas; e para excluir da condenação em honorários
quanto aos honorários advocatícios, o artigo 791-A, § 2º, da CLT. advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao apelo da
artigo 492, da CPC, de sorte a limitar a eventual condenação aos ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
valores apontados pelo recorrido na inicial. De se entender que a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial
acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os
reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das
de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na horas extras deferidas; e para excluir o da condenação em
peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação honorários advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao
HORAS EXTRAS. Recurso improvido. Destaca-se que o juízo de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
origem valorou os cartões de ponto, mas, na prova oral produzida Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
no feito encontrou razão o suficiente para deferir outras horas extras Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
trabalhadas, todavia, não anotadas ou remuneradas. Calha Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
reproduzir o teor da decisão equânime adotada pela sentença de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
CLAUDIO SOARES PIRES satisfazem a prova que incumbia à recorrida, quanto à hipótese de
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. da prova, a teor dos artigos 818 da CLT e 373, do CPC, nada se
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART não logrou comprovar a eventualidade de alteração de metas de
RECURSO DA RECLAMADA.
(...)
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO reclamada juntado cartões de ponto contendo a jornada por ela
ORDINÁRIO, provenientes da MM. 3ª VARA DO TRABALHO DE defendida, o ônus da prova quanto à discrepância entre as
FORTALEZA, em que são recorrentes, JETSON TAVARES DE informações em questão e o que se passava na realidade é do
CARVALHO e CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e reclamante, o qual dele se desincumbiu, como se observa no
recorridos, CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e depoimento da testemunha por ele trazida, merecendo destaque os
A parte reclamante (JETSON TAVARES DE CARVALHO) e a parte Verifica-se que no minuto 1 de seu depoimento a testemunha
reclamada (CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA) comprova a jornada declinada na petição inicial, inclusive que (no
interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença (ID. 02e25cc), início do minuto 4), na última semana do mês, em média, o horário
complementada pela sentença de embargos de declaração (ID. era extrapolado ainda mais, e que ele, testemunha, saía às
f3c3649), que julgou parcialmente procedentes os pedidos da 19:30/20:00, enquanto que o reclamante continuava a trabalhar.
Contrarrazões apresentadas (Ids, 82c3434; 8b8dc34 ). expressamente que havia meia hora antes e cerca de duas horas
noturnas.
Recebe-se os recursos interpostos, de vez que não certificado recebia irrisório valor de horas extras, que correspondiam apenas
qualquer irregularidade recursal (ID. 71a6ea7). àquelas que eram autorizadas, valor este que, portanto, deve ser
1.JETSON TAVARES DE CARVALHO ajuizou ação trabalhista mesma equipe de trabalho do reclamante, dando confiabilidade ao
contra CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA, sob testemunho, enquanto que a do reclamado, por sua vez, informou
fundamento de que ocupava as funções de supervisor de vendas, de forma reiterada que sequer fazia parte da mesa de atribuições do
com horários de trabalho das 07:00 às 20:00, até 22 horas nos dias reclamante.
de pico, com vinte minutos de intervalo, ao sábados das 07:00 às Por fim, para exaurir a análise das pretensões relacionadas à
14:00, sem intervalo; que não era permitido anotar a integralidade jornada de trabalho, no minuto 12 a testemunha relata que cabia
da jornada de trabalho, do que requereu o recebimento das horas aos empregados escolher o horário e o local de intervalo
extras realizadas e não pagas, inclusive as horas extras intrajornada, bem como que a empresa orientava os empregados a
intervalares; que a remuneração era composta de salário fixo e gozarem de pelo menos uma hora a tal título.
comissões, em cujo pagamento viu-se prejudicado por alteração de Tratando-se de trabalho externo, considero que, ao orientar o gozo
metas, falta de produtos, não pagamento quanto aos pedidos escorreito de uma hora, a reclamada cumpriu sua obrigação legal,
devolvidos, limitação do pagamento ao atingimento de um mínimo não podendo ser penalizada pelo gozo em tempo inferior, razão
de 80% e no máximo 120% da meta; descontos por pedidos pela qual considero, para os fins desta sentença, que era gozado o
inadimplidos, alterações dos critérios de cálculo, do que pleiteou a intervalo intrajornada de uma hora.
fixação de R$ 2.000,00 mensais compensatórios. Em suma, verifico que a jornada de trabalho declinada na petição
2.Examinando os termas destacados, o juízo de origem decidiu (ID. inicial reflete com maior precisão a jornada praticada, a exceção do
Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de possuindo conhecimento da jornada de trabalho; que não se aplica
informações acerca dos horários de término, reputo adequado ao recorrente a natureza indenizatória do pagamento compensatória
estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta- do intervalo intrajornada, após a Lei n° 13.467/17, porque anterior
feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o foi a contratação do recorrente, devem ser regida a contratualidade
reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada pelas normas de então; que a sentença recorrida não elucidou
findava às 14 horas. quanto aos reflexos das horas extras em RSR, conforme postulado
Tendo a média semanal sido delimitada em 22 horas extras, e na inicial; que no tocante às diferenças de comissões, competia a
utilizando-se do entendimento constante no tema 2 da Tabela de recorrida a apresentação dos relatórios solicitados na petição inicial,
Recursos Repetitivos do TST, que prevê que um mês contém ademais da melhor aptidão para a prova e do que dispõem os
4,2857, fixo a média de horas extras que compõe a condenação no artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC; que a sentença merece
total de 94 horas extras por mês, com reflexos em férias mais um reforma, ainda, quanto aos juros moratórios, de sorte a serem
terço, 13º salários, FGTS e multa de 40% respectiva, aviso prévio aplicados o § 1º do artigo 39 da Lei 8.177 de 1991 e o artigo 883, da
indenizado, mas sem repercussão em RSR (em razão de as horas CLT de sorte a ser deferida indenização suplementar; que requer
do intervalo interjornada, por entender que não fora violado, nos HORAS EXTRAS. O recurso não alcança provimento. Ao contrário
termos da jornada média acima adotada para os fins da do afirmado pelo recorrente, a contestação ID. 7173c0a - Págs. 8 a
Como se observa na leitura da petição inicial, a narrativa do impugnação. No tocante a qualidade da prova documental da
reclamante é no sentido de que a reclamada adotava diversos recorrida (anotações de ponto ao serviço) esta não foi
A respeito desta pretensão, este juízo entende que era ônus do equivocadamente afirma o recorrente, ao contrário, em juízo de
reclamante comprovar a ocorrência dos fatos por elencados, ainda ponderação quanto às provas coligidas no feito, a sentença
que parcialmente, mas de forma que se pudesse verificar prestigiou a jornada de trabalhado afirmada na inicial; "verifico que a
concretamente, de forma objetiva, que a reclamada implementa jornada de trabalho declinada na petição inicial reflete com maior
cotidianamente prática fraudulenta, que esvazie o direito às precisão a jornada praticada". Contudo, forço reconhecer
parcelas contratuais pactuadas. irreprochável a conclusão a que chegou a decisão vergastada, por
Mas assim não correu, tendo a testemunha chegado a falar sobre o si só esclarecedora e de absoluta justeza; "Nesse contexto, e
assunto, mas de forma confusa, ou pelo menos não suficiente para considerando a divergência e multiplicidade de informações acerca
o julgamento de procedência da condenação almejada. dos horários de término, reputo adequado estipular uma média de 4
Nessa ordem de ideias, resta improcedente o pedido de pagamento horas extras diárias, de segunda a sexta-feira, e de duas horas, aos
de diferenças de comissão e seus reflexos. sábados, na medida em que o reclamante alegou (e comprovou),
3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que portanto, que deve ser mantido por seus próprios fundamentos,
a reclamada, em sua defesa, não impugnou a jornada informada, considerando a distribuição do ônus da prova, artigos 818 da CLT e
apenas fundamentando o indeferimento das horas extras por, 333, do CPC). Por derradeiro, ouvindo o depoimento do preposto da
supostamente, o autor registrar corretamente sua jornada de recorrida, Sr. HANLEY FONTENELE SINDEAU, não se chega à
trabalho nos pontos anexados aos autos; que recorre contra a hipótese de confissão por desconhecimento dos fatos ou
jornada fixada na decisão recorrida, por que os cartões de pontos contradição, tendo este relator por implausível a aplicação 843, § 1º,
são imprestáveis como prova; que cumpria extensa jornada de da CLT com o viés interpretativo pretendido na peça recursal.
trabalho; que o preposto da empresa mostrou desconhecimento e PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES. NATUREZA
contradição acerca dos fatos do processo, pelo que ser-lhe-ia INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17. Uma vez que
imputável a confissão ficta, a teor do artigo 843, § 1º, da CLT; que a julgado improcedente a pretensão de horas extras intervalares (ID.
02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse recursal e, assim, registros antes das 07h30, o recorrido poderia livremente efetuar
HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao que todas as horas extras eram registradas no espelho de ponto;
recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui que o obreiro sempre percebeu pelas horas extras laboradas, sendo
da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da esta devidamente computadas e quitadas no seu recibo de
Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949. pagamento,não havendo que se falar em diferenças de horas
Sentença reformada nesse ponto. extraordinárias; que deve ser aplicado em favor da recorrente,
DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios ID. quanto aos honorários advocatícios, o artigo 791-A, § 2º, da CLT.
905ffa8 - Págs. 1 a 26, com todas as vênias do recorrente, REFORMA TRABALHISTA. LEI Nº 13.467/2017. ALCANCE
satisfazem a prova que incumbia à recorrida, restando suportada QUANTO AOS CONTRATOS DE TRABALHO EXISTENTES.
convenientemente a hipótese de inexistência de diferença de Perpassando a contestação da recorrente ID. 7173c0a, não se
comissões. Sempre recorrendo ao ônus da prova, a teor dos artigos divisa impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao
818 da CLT e 373, do CPC, nada se apresenta que infirme a todo da contratualidade do recorrido. O fez, a bem da verdade,
conclusão sentenciante de que o obreiro não logrou comprovar a somente à questão da aplicação do artigo 791-A, da CLT,
eventualidade de alteração de metas de forma prejudicial, falta de alusivamente a questão dos honorários advocatícios. A hipótese
produtos impossibilitando o atingimento de metas, não pagamento recursal, portanto, é irrespondível porque deixando de ser alçada
de comissões aos pedidos devolvidos ou descontos por pedidos expressamente em contestação, o tema inovado somente no
inadimplidos, e alteração de critérios nos cálculos da comissão. recurso refoge a litis contestatio.
JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58, foi OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO ÀS
peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de condenação REGRAS DO CPC. Aduziu o recorrente que deve ser aplicado o
judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na artigo 492, da CPC, de sorte a limitar a eventual condenação aos
Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha valores apontados pelo recorrido na inicial. De se entender que a
solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices de correção questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não
monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na
geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além
partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na
Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento, atraindo construção peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação
diferente. Sentença mantida. HORAS EXTRAS. Recurso improvido. Destaca-se que o juízo de
MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A parte dos origem valorou os cartões de ponto, mas, na prova oral produzida
honorários advocatícios sucumbenciais da recorrida foi arbitrada em no feito encontrou razão o suficiente para deferir outras horas extras
15%, do que concluir que o recorrente não tem interesse recursal trabalhadas, todavia, não anotadas ou remuneradas. Calha
em pleitear a majoração. Entretanto, razão assiste quanto aos reproduzir o teor da decisão equânime adotada pela sentença
honorários devidos pelo recorrente. E. STF no julgamento da ADI recorrida, diante das declarações da testemunha do recorrido:
5766, em sessão do dia 20.10.2021, declarou a "Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de
inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que informações acerca dos horários de término, reputo adequado
autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta-
honorários advocatícios de sucumbência. Logo, o pleito recursal feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o
encontra amparo na referida decisão, merecendo provimento. reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada
que a reforma trabalhista da Lei nº 13.467/2017 de ser aplicada ao HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 791-A,
todo da contratualidade; que a indicação do valor do pedido como § 2º, CLT. Remete-se ao mesmo tema aflorado pelo obreiro em sua
regra advinda da mesma lei, importa limitar o valor condenatório peça recursal, conforme acima fundamentado.
àquele atribuído à causa, ademais das normas inseridas nos artigos Isto posto,
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo
conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial submetido ao rito sumaríssimo.
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Recurso tempestivamente interposto, sem irregularidades para
CLAUDIO SOARES PIRES ingressou na reclamada em 04/05/2020 e foi demitido sem justa
Desembargador Relator causa em 10/12/2020; que laborava como vendedor, utilizando sua
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. motocicleta para realizar vendas da reclamada; que seu salário era
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART performance, que não compunha a base para fins de reflexo em 13º
Diretor de Secretaria salário, férias e FGTS; que trabalhava das 8h às 18h, com intervalo
horas extras mensais laboradas. Requereu a condenação do referente ao incorreto registro de jornada, no período não prescrito,
reclamado em horas extras e seus reflexos. de segundas às sextas-feiras, conforme a jornada de trabalho acima
2.Examinando o pleito, o juízo de origem sentenciou: informada. Para efeito de cálculo das horas extras, requer a adoção
"Observou esta magistrada que o autor, nos pedidos, não indicou a do adicional de 50% (cinquenta por cento)sobre as horas
quantidade de horas extras que persegue, nem muito menos suplementares pleiteadas, com base nos artigos 59 e 225 da CLT,
liquidou o pedido. Não há indicação de valores. bem como inciso XIII do artigo 7º da Constituição Federal. Pela
Assim, indefiro a petição inicial. habitualidade da prestação das horas extras, PEDE os devidos
Logo, impõe-se o arquivamento desta reclamação trabalhista, a teor reflexos sobre os repousos remunerados, incluídos os sábados e os
do art. 852-B, § 1º, da CLT, já que, por se tratar de demanda feriados (conforme Parágrafo Primeiro da Cláusula 8º das
enquadrada no rito sumaríssimo, caberia ao autor preencher todos Convenções Coletivas anexas), aviso prévio, férias com 1/3, 13º
os requisitos do art. 852-B da CLT, inclusive no que se refere à salários e FGTS + 40%.
indicação de todos os valore dos pedidos. Desta forma, não tendo a Ao final ratifica o pedido: "requer a condenação do reclamado ao
parte autora observado as determinações contidas nos pagamento das horas extras excedentes da oitava hora diária (e da
mencionados dispositivos consolidados, a extinção do presente feito 40ª hora semanal), em razão do registro incorreto do ponto
sem resolução do mérito é medida que se impõe, em face do eletrônico, de segunda a sexta no período não prescrito, com
disposto no §1º do art. 852-B da CLT, que assevera in verbis que: adicional de 50% e reflexos em repousos semanais remunerados,
"§1º. O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I incluídos os sábados e os feriados (conforme Parágrafo Primeiro da
e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e Cláusula 8º das Convenções Coletivas anexas), aviso prévio
condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa". indenizado, férias com 1/3, 13º salários, PLR e FGTS + 40%, nos
Em relação às custas processuais, verifica-se que o autor termos do desta peça e observados os critérios de cálculo indicados
comprovou a condição constante no § 4º do art. 790 da CLT, tendo acima, sendo que o cálculo e valores se encontram na tabela
tanto, nos termos do § 3º do art. 99 do CPC. Com efeito, a "tabela anexa" referida acima trata-se de planilha de
Desta forma, concedo ao reclamante os benefícios da Justiça cálculos elaborada pelo Sistema de Cálculos Trabalhista PJe Calc
Gratuita. Cidadão.
No que tange aos honorários advocatícios, uma vez que o feito foi Nos moldes assim apresentada a petição não há se falar em
DIANTE DO EXPOSTO, determino o ARQUIVAMENTO da presente defeitos sanáveis, necessário oportunizar à parte seu saneamento
reclamação trabalhista, na forma do art. 852-B, § 1º, da CLT." antes de indeferir a inicial, como se depreende da Súmula-263, do
Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário a esta Corte TST. O indeferimento da petição inicial, por encontrar-se
pela reforma da decisão alegando que, em sua petição inicial, desacompanhada de documento indispensável à propositura da
consta pedido nos molde da CLT; que o pedido encontra-se ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se,
liquidado nos termos da planilha anexada, Id. b381bd9, conforme após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias,
O recurso alcança provimento. extinguir o feito assim encontrado, sem antes permitir ao autor a
Na dicção do artigo 330, § 1º, do CPC, considera-se inepta a emenda que couber.
petição inicial quando lhe faltar o pedido ou a causa de pedir, a Assim tem decidido esta Corte:
pretensão for indeterminada ou impregnada de ilogismo ou contiver "DO RECURSO DA RECLAMADA. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL.
pedidos incompatíveis entre si. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista é regido pelo
A Reclamação visa a cobrança de horas extras que entende princípio da simplicidade das formas, consagrado no art. 840, § 1º,
devidos (pedido e causa de pedir), cujos valores foram apurados em da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição dos fatos para
planilha anexa conforme apontado petição inicial. Por tal angulação se considerar apta a exordial, sendo desnecessário apresentar
Extrai-se da petição inicial: "requer o pagamento de 1 hora extra princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
2019).
VALOR AOS PEDIDOS. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
LEI 13.467/2017. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA PARTE PARA conhecer do recurso interposto e, no mérito, dar-lhe provimento
SANAR A IRREGULARIDADE. Embora a novel redação do §1º do para afastar a hipótese de inépcia da inicial, determinando o retorno
art. 840 do Diploma Consolidado, dada pela Lei 13.467/17, dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito.
estabeleça que no bojo da reclamação trabalhista a parte autora Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
deve atribuir valor a cada um dos pedidos, tem-se que, nos termos Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
da Súmula 263 do C. TST, o indeferimento da petição inicial por Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
inobservância de requisito legal deve ser precedido de intimação da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
parte autora para fins de correção da irregularidade existente". de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Biblioteca Digital
por não preencher requisito legal, como é exemplo a exigência do ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
artigo 840/CLT, somente é cabível se, após intimada para suprir a Diretor de Secretaria
JUSTIÇA DO
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO disposto no §1º do art. 852-B da CLT, que assevera in verbis que:
ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. "§1º. O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I
VARA DO TRABALHO DE EUSÉBIO, em que é recorrente, e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e
ROBSON DE FREITAS SOUSA e recorrido DONIZETE condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa".
Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo comprovou a condição constante no § 4º do art. 790 da CLT, tendo
incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo apresentado declaração de hipossuficiência, sendo suficiente para
Gratuita.
No que tange aos honorários advocatícios, uma vez que o feito foi
sucumbência.
Recurso tempestivamente interposto, sem irregularidades para Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário a esta Corte
serem apontadas. pela reforma da decisão alegando que, em sua petição inicial,
HORAS EXTRAS. INÉPCIA DA INICIAL. PEDIDO E CAUSAR DE liquidado nos termos da planilha anexada, Id. b381bd9, conforme
Examino.
DONIZETE DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA, alegando que Na dicção do artigo 330, § 1º, do CPC, considera-se inepta a
ingressou na reclamada em 04/05/2020 e foi demitido sem justa petição inicial quando lhe faltar o pedido ou a causa de pedir, a
causa em 10/12/2020; que laborava como vendedor, utilizando sua pretensão for indeterminada ou impregnada de ilogismo ou contiver
motocicleta para realizar vendas da reclamada; que seu salário era pedidos incompatíveis entre si.
composto por salário base, periculosidade e uma comissão por A Reclamação visa a cobrança de horas extras que entende
performance, que não compunha a base para fins de reflexo em 13º devidos (pedido e causa de pedir), cujos valores foram apurados em
salário, férias e FGTS; que trabalhava das 8h às 18h, com intervalo planilha anexa conforme apontado petição inicial. Por tal angulação
de 1h para refeição e descanso, de segunda à sexta. Aos sábados não há cogitar inepta.
trabalhava das 8h às 12h, sem intervalo; que não recebeu pelas 28 Extrai-se da petição inicial: "requer o pagamento de 1 hora extra
horas extras mensais laboradas. Requereu a condenação do referente ao incorreto registro de jornada, no período não prescrito,
reclamado em horas extras e seus reflexos. de segundas às sextas-feiras, conforme a jornada de trabalho acima
2.Examinando o pleito, o juízo de origem sentenciou: informada. Para efeito de cálculo das horas extras, requer a adoção
"Observou esta magistrada que o autor, nos pedidos, não indicou a do adicional de 50% (cinquenta por cento)sobre as horas
quantidade de horas extras que persegue, nem muito menos suplementares pleiteadas, com base nos artigos 59 e 225 da CLT,
liquidou o pedido. Não há indicação de valores. bem como inciso XIII do artigo 7º da Constituição Federal. Pela
Assim, indefiro a petição inicial. habitualidade da prestação das horas extras, PEDE os devidos
Logo, impõe-se o arquivamento desta reclamação trabalhista, a teor reflexos sobre os repousos remunerados, incluídos os sábados e os
do art. 852-B, § 1º, da CLT, já que, por se tratar de demanda feriados (conforme Parágrafo Primeiro da Cláusula 8º das
enquadrada no rito sumaríssimo, caberia ao autor preencher todos Convenções Coletivas anexas), aviso prévio, férias com 1/3, 13º
os requisitos do art. 852-B da CLT, inclusive no que se refere à salários e FGTS + 40%.
indicação de todos os valore dos pedidos. Desta forma, não tendo a Ao final ratifica o pedido: "requer a condenação do reclamado ao
parte autora observado as determinações contidas nos pagamento das horas extras excedentes da oitava hora diária (e da
mencionados dispositivos consolidados, a extinção do presente feito 40ª hora semanal), em razão do registro incorreto do ponto
eletrônico, de segunda a sexta no período não prescrito, com art. 840 do Diploma Consolidado, dada pela Lei 13.467/17,
adicional de 50% e reflexos em repousos semanais remunerados, estabeleça que no bojo da reclamação trabalhista a parte autora
incluídos os sábados e os feriados (conforme Parágrafo Primeiro da deve atribuir valor a cada um dos pedidos, tem-se que, nos termos
Cláusula 8º das Convenções Coletivas anexas), aviso prévio da Súmula 263 do C. TST, o indeferimento da petição inicial por
indenizado, férias com 1/3, 13º salários, PLR e FGTS + 40%, nos inobservância de requisito legal deve ser precedido de intimação da
termos do desta peça e observados os critérios de cálculo indicados parte autora para fins de correção da irregularidade existente".
acima, sendo que o cálculo e valores se encontram na tabela (Acórdão. Processo: 0001914-41.2017.5.07.0016. Redator(a):
Com efeito, a "tabela anexa" referida acima trata-se de planilha de Incluído/Julgado em: 01 ago. 2019. Publicado em: 06 ago. 2019.)
cálculos elaborada pelo Sistema de Cálculos Trabalhista PJe Calc Biblioteca Digital
Nos moldes assim apresentada a petição não há se falar em EMENDAR A INICIAL. HARMONIZAÇÃO ENTRE OS ARTIGOS
Ademais, entendendo o juízo que a petição inicial apresenta petição inicial ou a extinção do processo sem resolução do mérito
defeitos sanáveis, necessário oportunizar à parte seu saneamento por não preencher requisito legal, como é exemplo a exigência do
antes de indeferir a inicial, como se depreende da Súmula-263, do artigo 840/CLT, somente é cabível se, após intimada para suprir a
TST. O indeferimento da petição inicial, por encontrar-se irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do
desacompanhada de documento indispensável à propositura da que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer, a teor do
ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, artigo 321 do CPC de 2015, de aplicação subsidiária. Súmula
após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, 263/TST e precedentes. Recurso parcialmente provido".
mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou (PROCESSO nº 0000946-04.2019.5.07.0028 (ROT). RELATOR:
completado, a parte não o fizer. Destarte, igualmente não há CLÁUDIO SOARES PIRES. 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL
extinguir o feito assim encontrado, sem antes permitir ao autor a DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO. Julgado em 28 de junho de 2021.)
da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição dos fatos para Conhecer do recurso interposto e, no mérito, dar-lhe provimento
se considerar apta a exordial, sendo desnecessário apresentar para afastar a hipótese de inépcia da inicial, determinando o retorno
expressamente o fundamento legal do pedido. Em decorrência do dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito.
2019).
VALOR AOS PEDIDOS. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
LEI 13.467/2017. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA PARTE PARA conhecer do recurso interposto e, no mérito, dar-lhe provimento
SANAR A IRREGULARIDADE. Embora a novel redação do §1º do para afastar a hipótese de inépcia da inicial, determinando o retorno
dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito. diferenças de horas extras pendentes de pagamento, mas deste
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores desiderato, todavia, não se desincumbiu. Recurso conhecido e
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. A parte reclamante (RAIAN DE OLIVEIRA SILVA) interpôs recurso
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART sentença de Embargos de Declaração (ID. 023cfb7), que julgou
Intimado(s)/Citado(s):
- RAIAN DE OLIVEIRA SILVA
ADMISSIBILIDADE
DE CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. ART.
Caracterizam a hipótese prevista no § 2º do art. 224 da CLT as 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO.
atividades desempenhadas pelo reclamante, por se tratarem de O juízo de origem enquadrou o reclamante na regra do § 2º do art.
atribuições com fidúcia especial, posicionando-o em cargo superior 224 da CLT, indeferindo o pleito relativo ao pagamento da 7ª e 8ª
ao de um bancário comum. HORAS EXTRAS ALÉM DA 8ª DIÁRIA. horas de trabalho como extras. Do julgado destacam-se os
nos autos pela reclamada demonstram o pagamento de horas "O reclamante pleiteia a condenação da reclamada em horas
extras, e tendo em vista que a reclamada juntou registros de ponto, extraordinárias a partir da 6ª hora diária ou 30ª semanal, além das
de onde se vê claramente que tais assentamentos indicam variação diferenças de horas extras marcadas nos cartões de ponto e não
de horários de entrada e saída de um dia para o outro, como é pagas corretamente, no que se refere à quantidade de horas
próprio do horário registrado de forma fidedigna, cumpria ao adimplidas, o divisor, a base de cálculo utilizada e os reflexos, em
recorrente deixar evidenciado sem a menor sombra de dúvida que parcelas vencidas e vincendas, considerando no cálculo todas as
outras horas foram trabalhadas e não registradas, ou apontar parcelas salariais, bem como os reflexos.
A reclamada refuta o direito autoral às horas extras, aduzindo, em O enquadramento do empregado na hipótese ventilada na defesa,
síntese: o enquadramento do reclamante no § 2º, art. 224, CLT, como está claro no texto legal acima reproduzido, constitui-se em
jornada de trabalho de 8 (oito) horas diárias, conforme itens II e IV, circunstância excepcional em que o trabalhador bancário não está
da Súmula 102 do TST; aceitação da assunção de cargo sujeito à jornada normal de seis horas e, como tal, exige a
comissionado ou função gratificada é ato exclusivo e espontâneo do comprovação de seus pressupostos, ônus que recai sobre o
reclamante; violação do princípio da boa-fé objetiva e vedação da empregador, nos termos do inciso I da Súmula 102 do E. TST,
excedente à 8ª hora diária; em caso de não enquadramento do BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. I - A configuração, ou não,
reclamante no § 2º, art. 224, CLT, deve haver a do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º,
dedução/compensação da gratificação recebida com as horas da CLT, dependente da prova das reais atribuições do empregado,
extras eventualmente deferidas, nos termos da OJT 70 da SBDI-1 é insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de
São fatos incontroversos que o reclamante foi admitido em 2º do art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a um terço
13/12/2010, permanece ativo nos quadros da CAIXA, tendo de seu salário já tem remuneradas as duas horas extraordinárias
13/03/2020 ao ajuizamento desta ação - GERENTE EXECUTIVO confiança previsto no artigo 224, § 2º, da CLT são devidas as 7ª e
24/07/2017 a 12/03/2020 - GER CANAIS E NEGOCIOS - SR a menor da gratificação de 1/3. IV - O bancário sujeito à regra do
NORTE E SUL DO CEARA art. 224, § 2º, da CLT cumpre jornada de trabalho de 8 (oito) horas,
12/07/2017 a 23/07/2017 2073 - GER CANAIS E NEGOCIOS - sendo extraordinárias as trabalhadas além da oitava. [...].
SOBRAL - CE A prova produzida nos autos nos leva à conclusão de que a razão
24/05/2013 a 15/03/2015 - SUPERVISOR ATENDIMENTO - progressivamente crescente que se distingue, segundo a doutrina,
Igualmente, não há controvérsia de que, durante os referidos contratos de trabalho e que exige um mínimo de fidúcia do
períodos, e no exercício das funções mencionadas, o autor cumpriu empregador; confiança específica, pertinente aos bancários;
jornada de 8 horas de trabalho e recebeu gratificação pelo exercício confiança estrita a que alude o art. 499 da CLT e confiança
das referidas funções em valor superior a 1/3 da remuneração para excepcional, na qual se enquadra o gerente (art. 62 da CLT).
o cumprimento da jornada comum de 06 horas, sobre o que não há Razão assiste à demandada em relação ao argumento de que, para
qualquer queixa por parte do obreiro, não tendo havido impugnação haver cargo comissionado não é necessária a outorga de poderes
especificada quanto a este ponto, conforme atestam os de mando e gestão. Tais poderes se incluem no art. 62 da CLT, cuja
Assim, para o efetivo enquadramento do autor na hipótese prescrita implica poderes de mando, como admitir, dispensar ou punir
no §2° do art. 224 da CLT, impõe-se a demonstração da existência empregados, poderes para representar a empresa nas suas
de fidúcia diferenciada, diversa da que naturalmente já se exige do relações com terceiros ou ainda poderes para alterar normas em
contrato de trabalho comum do bancário. Resta verificar a prova vigor na empresa no tocante à forma de produzir e trabalhar. Não é
produzida, em atenção ao disposto na Súmula 102,I do TST, sobre a hipótese dos autos. De fato, não se amolda o reclamante na
a configuração, ou não, do exercício de função de confiança, nos hipótese da fidúcia excepcional do art. 62, II da CLT.
termos do art. 224, § 2º. Avante! Já em relação à exceção prevista no § 2° do art. 224 da CLT, esta
O art. 224, § 2º, CLT diz o seguinte: Art. 224. [...]. § 2º As abrange todos os cargos que pressupõem atividades de direção,
disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções coordenação e supervisão ou fiscalização burocrática de serviços,
de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes ou que capazes de colocar seu ocupante acima do nível de outros colegas.
desempenhem outros cargos de confiança desde que o valor da Seria esta a condição do reclamante na Caixa Econômica Federal?
gratificação não seja inferior a um terço do salário do cargo efetivo. A prova produzida demonstra que sim. Avancemos!
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 754, de 1969) A questão não é saber se o reclamante tinha ou não subordinados,
mas saber se a gratificação recebida justifica o não pagamento da Descrição da função gratificada. Sumário. Responsável pela gestão
Todas as testemunhas ouvidas, da parte reclamante, FRANCISCO acompanhando a performance dos canais parceiros e eletrônicos,
HENRIQUE TEIXEIRA BARROSO, e da reclamada, MARCELO garantindo os padrões de qualidade exigidos para os serviços, de
ABREU VIANA e LENON ALCANTARA FERREIRA, link do Pje- forma a contribuir para a excelência do atendimento aos clientes e o
Mídias na ata de fls. 3448/3449, esclareceram que o reclamante alcance de resultados sustentáveis. Principais atribuições:
não tinha subordinados, nem ingerência sobre outros empregados, Supervisionar e acompanhar a performance e a qualidade do
mas todos realçaram que as atribuições do autor estavam atendimento e das operações realizadas nos canais parceiros e
vinculadas ao relacionamento do Banco com os canais parceiros, eletrônicos, efetuando ajustes, quando necessários; Supervisionar e
A primeira testemunha da Caixa, MARCELO ABREU VIANA, infraestrutura e segurança dos canais parceiros e eletrônicos
declarou ao Juiz que o reclamante estava subordinado diretamente vinculados; Representar a CAIXA junto à rede de canais parceiros
ao gerente geral da agência ou ao gerente regional; que o vinculados em seu âmbito de atuação e assegurar o cumprimento
reclamante era o representante da Caixa junto aos canais parceiros. das regras contratuais; Coordenar a disseminação das políticas e
A segunda testemunha da Caixa, LENON ALCANTARA FERREIRA, diretrizes aos canais parceiros; Garantir o funcionamento
declarou ao Juiz que como gerente de varejo o reclamante assinava ininterrupto dos equipamentos dos canais eletrônicos; Avaliar,
contratos representando a Caixa. prospectar e propor reposicionamento dos canais parceiros, canais
trabalhava fazendo uma assessoria às loterias, como orientações "MN RH183 052 - 6.1.37 - GER CANAIS E NEGOCIOS - 6.1.37.1
de vendas de produtos, como fazer atendimento via sistema, visitas Descrição da função gratificada. Sumário. Responsável pela gestão
às loterias, já como gerente executivo de varejo se assemelha, mas da equipe e das rotinas de trabalho, supervisionando e
a amplitude é maior, ele dá assessoria a, salvo engano, 14 acompanhando a conformidade e a performance dos canais
unidades vinculadas à superintendência a qual ele presta serviço, parceiros e PAE/SNC/Quiosque, garantindo os padrões de
ele não assessora às loterias, mas sim diretamente as agências". qualidade exigidos para os serviços, de forma a contribuir para a
Veja-se que a função do reclamante o coloca em lugar de destaque excelência do atendimento aos clientes e o alcance de resultados
ao estar diretamente subordinado ao gerente geral da agência ou sustentáveis. Principais atribuições: Supervisionar e acompanhar a
ao gerente regional. O depoimento da testemunha do próprio autor performance dos canais parceiros e PAE/SNC/Quiosque, primando
foi esclarecedor ao confirmar que o reclamante laborava pela qualidade do atendimento e das operações realizadas;
diretamente com os canais parceiros, dando assistência, fazendo Supervisionar e acompanhar a manutenção dos padrões de
visitas e acompanhando mais de uma dezena de unidades, sinalização, imagem, infraestrutura e segurança dos canais
prestando assessoria às lotéricas, ainda que predominantemente da parceiros e PAE/SNC/Quiosque vinculados; Representar a CAIXA
Vejo que o reclamante executava predominante as tarefas próprias atuação e assegurar o cumprimento das orientações operacionais,
das funções de confiança que assumiu, conforme descrito nos regras contratuais, regulamentações e legislações aplicáveis;
normativos internos da Instituição bancária, ANEXO II do MN RH Coordenar os programas de capacitação e a disseminação das
060, MN RH 183 040, MN RH183 052 e MN RH183 068, fls. políticas e diretrizes aos canais parceiros; Garantir o funcionamento
A testemunha do autor revelou que o reclamante poderia auxiliar em prospectar e propor expansão e reposicionamento dos canais
atividades diversas, mas a prova oral e documental indica que o parceiros e PAE/SNC/Quiosque."
reclamante estava predominantemente vinculado à execução de "MN RH183 068 - 6.1.40 - GERENTE EXECUTIVO VAREJO.
atividades de supervisão e acompanhamento aos canais parceiros, 6.1.40.1 Descrição da função gratificada. Sumário. Responsável
não havendo nos autos qualquer discussão sobre acúmulo ou pela gestão das rotinas de trabalho e da equipe, pela coordenação
"MN RH183 040 - 6.1.65 - SUPERVISOR DE CANAIS - 6.1.65.1 reposicionamento dos canais parceiros, a fim de contribuir para a
Principais atribuições: Controlar a execução do plano tático e Pela análise acima, exercendo o reclamante função com fidúcia
monitorar o desempenho da rede vinculada, mobilizando as equipes diferenciada e recebendo gratificação superior a 1/3 do salário,
para a entrega de resultados e qualificação do atendimento; aplica-se ao caso o teor da Súmula 102 do C. TST, inciso II, verbis:
Supervisionar a performance dos canais parceiros, padrões de Súmula nº 102 do TST - BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA
sinalização, imagem, infraestrutura e segurança no âmbito da rede (mantida) - II - O bancário que exerce a função a que se refere o §
vinculada, primando pela manutenção da qualidade do atendimento; 2º do art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a um terço
Garantir a implementação dos programas de capacitação dos de seu salário já tem remuneradas as duas horas extraordinárias
políticas e diretrizes para os canais parceiros, com base na Diante do exposto, reconheço válida a gratificação de função que o
estratégia definida pela CAIXA; Garantir o padrão visual e de reclamante fez jus no período abrangido por esta ação e julgo
atendimento das unidades vinculadas a sua Superintendência de improcedentes os pedidos relativos ao pagamento da 7ª e 8ª horas
atuação; Gerir equipe subordinada." de trabalho como extras e reflexos nas demais parcelas de natureza
De fato, ao analisar o caso dos autos à luz da excepcionalidade do salarial e FGTS, conforme postulado na inicial."
§ 2º, art. 224, CLT, verifica-se que o reclamante não exercia função O reclamante manifesta no presente recurso ordinário o seu
de direção, gerência e chefia, mas o teor da referida norma legal inconformismo, alegando, em síntese: que toda a fundamentação
não se exaure nesta tipologia, ali estando também referidas as da sentença recorrida para o indeferimento da 7ª e 8ª hora como
hipóteses de "fiscalização", e o reclamante exercia esta atividade extra foi em relação às funções de supervisor de canais, gerente de
com relação aos contratos com os canais parceiros, dispondo, canais e gerente executivo varejo, funções que abrangiam
inclusive, o diploma legal sobre atividades "equivalentes", ou ainda atividades perante parceiros (lotéricas), nada se reportando ao
"que desempenhem outros cargos de confiança desde que o valor período em que o obreiro exerceu a função de supervisor de
da gratificação não seja inferior a um terço do salário do cargo atendimento de 24/05/2013 a 15/03/2015; que nenhuma
O reclamante, no exercício de suas atribuições, executava tarefas função de supervisor de atendimento; que não houve demonstração
com certo grau de fidúcia e excepcionalidade, atuando junto a um de competências de supervisão, coordenação ou de representação,
segmento específico do Banco, se diferenciando pela maior aptas a enquadrar o autor na exceção do art. 224, §2º, CLT; que a
confiança em si depositada e por estar subordinado diretamente à simples descrição de cargos do autor nos normativos internos do
chefia superior na agência ou na gerência regional, representando a banco não é suficiente para enquadrá-lo na exceção do art. 224,
Caixa junto aos parceiros. §2º, CLT; que a prova testemunhal produzida demonstrou a
A prova documental (registro de empregados, ficha funcional, inexistência de fidúcia do cargo ou qualquer outro poder capaz de
quadro de funções, normativos da CEF etc) confirma que o enquadrar o reclamante na exceção do referido artigo.
reclamante realmente exerce função diferenciada, com fidúcia O recurso não alcança provimento.
específica. Suas atividades são diferenciadas, o que justifica a Ao editar a exceção da jornada de trabalho dos bancários prevista
gratificação de função pelas horas a mais laboradas, na 7ª e 8ª no artigo 224, § 2º, da CLT, elegeu o legislador um nível
horas. Vejo, inclusive, pelos contracheques juntados aos autos, que intermediário de confiança e atribuições, distinguindo certa
a gratificação recebida pelo obreiro sempre foi superior a 1/3 do categoria com encargos de maior responsabilidade e de cujo
salário básico, caindo o caso na hipótese prevista no parágrafo 2º desempenho é exigida a jornada de oito horas diárias de trabalho,
Ressalte-se que o fato do reclamante não deter maior poder de Em virtude do princípio da primazia da realidade, a investigação
mando, ou não possuir subordinados ou chefiados, não desnatura a acerca do regime ao qual pertence o reclamante deve se dar a partir
natureza da gratificação recebida em paridade com a jornada do exame das atividades concretamente desempenhadas no
atividades com exigência de maior fidúcia, preparo técnico e Nesta esteira, ao defender o enquadramento do autor no § 2º do art.
disponibilidade. Não se trata o caso de imposição ilegal de jornada 224 da CLT, atraiu a reclamada o ônus da prova, consoante
de 08 horas ao bancário/demandante, mas exigência de mais tempo inteligência do art. 818, II, da CLT. No entanto, dele se desvencilhou
laborado em razão de recebimento de gratificação de função para o a contento, seja pela prova documental (atividades previstas no
normativo interno do banco reclamado e gratificação superior a 1/3 estes que se denotam ademais pelo documento de ID 4495107 -
do salário do cargo efetivo), seja pela prova oral produzida. pág. 13, fl. 52 PDF. A primeira testemunha patronal, Sr. Marcelo
Com a devida vênia da parte recorrente, verifica-se que a valoração Abreu Viana, em depoimento gravado no sistema PJe Mídias,
probatória realizada pelo juízo de primeiro grau não merece declarou, de forma convicta, que trabalhou com o reclamante tanto
qualquer censura, porquanto espelha de forma fidedigna os na agência de Trairi (no final de 2014 e 2015) como na de Sobral de
elementos contidos na prova dos autos. (2018 a 2019). O controle de ponto eletrônico da referida
Como bem ressaltou o juízo de origem, em aspecto ora testemunha, referente ao mês de janeiro de 2015, dando conta de
corroborado: "Todas as testemunhas ouvidas, da parte reclamante, sua lotação na agência Trairi/Ce, anexado à fl. 1932 PDF, robustece
FRANCISCO HENRIQUE TEIXEIRA BARROSO, e da reclamada, ainda mais as suas declarações prestadas. Do referido depoimento,
MARCELO ABREU VIANA e LENON ALCANTARA FERREIRA, link soube-se, ainda, que "na época, este cargo gerente de canais era
do Pje-Mídias na ata de fls. 3448/3449, esclareceram que o chamado de supervisor de atendimento, mas que tratava da parte
reclamante não tinha subordinados, nem ingerência sobre outros de canais, então, ele [reclamante] já trabalhava com a gestão dos
empregados, mas todos realçaram que as atribuições do autor correspondentes bancários na agência Trairi (...)". Não será, por
estavam vinculadas ao relacionamento do Banco com os canais certo, despiciendo lembrar que importa constatar o conteúdo das
parceiros, lotéricas e correspondentes bancários. (...) Veja-se que a atividades prestadas pelo obreiro, independente da nomenclatura
função do reclamante o coloca em lugar de destaque ao estar do cargo. O fato de a testemunha em menção ter laborado
diretamente subordinado ao gerente geral da agência ou ao gerente juntamente com o recorrente, no que diz respeito à agência de
regional. O depoimento da testemunha do próprio autor foi Trairi/CE, apenas entre o final de 2014 a março de 2015, não
esclarecedor ao confirmar que o reclamante laborava diretamente impede que sejam consideradas suas declarações para o período
com os canais parceiros, dando assistência, fazendo visitas e anterior, ou seja, desde a data de 24/05/2013 (quando o reclamante
acompanhando mais de uma dezena de unidades, prestando começou a laborar na referida agência), por aplicação analógica do
assessoria às lotéricas, ainda que predominantemente da própria entendimento previsto na OJ 233 da SDI-1 do TST, sobretudo
agência. Vejo que o reclamante executava predominante as tarefas quando não há nos autos qualquer evidência que as atribuições
próprias das funções de confiança que assumiu, conforme descrito reais do obreiro, neste interregno, tenham sido alteradas.
nos normativos internos da Instituição bancária, ANEXO II do MN Em abono da sentença vergastada, cito, por pertinente, os
RH 060, MN RH 183 040, MN RH183 052 e MN RH183 068, fls. seguintes precedentes deste Regional:
3288/3401. (...) ao analisar o caso dos autos à luz da "(...) A meu sentir, salvo melhor juízo, o quadro probatório assim
excepcionalidade do § 2º, art. 224, CLT, verifica-se que o encontrado permite a conclusão de que o autor, enquanto
reclamante não exercia função de direção, gerência e chefia, mas o Supervisor de Canais, atuava com poderes capazes de excluí-lo do
teor da referida norma legal não se exaure nesta tipologia, ali regime do caput do art. 224 da CLT, desincumbindo-se a empresa
estando também referidas as hipóteses de "fiscalização", e o de seu encargo probatório. Importa constatar o conteúdo das
reclamante exercia esta atividade com relação aos contratos com os atividades prestadas pelo obreiro, independente da nomenclatura
canais parceiros, dispondo, inclusive, o diploma legal sobre do cargo. Restou demonstrado que o reclamante tinha dentre suas
atividades "equivalentes", ou ainda "que desempenhem outros atribuições diversas competências de supervisão, coordenação e
cargos de confiança desde que o valor da gratificação não seja mesmo de representação. Ainda que sem subordinados, o autor
inferior a um terço do salário do cargo efetivo". O reclamante, no desempenhava atividades com fidúcia superior a de um bancário
exercício de suas atribuições, executava tarefas com certo grau de submetido a jornada de seis horas diárias e trinta horas semanais."
fidúcia e excepcionalidade, atuando junto a um segmento específico (Processo nº 0000484-80.2020.5.07.0038: RECURSO ORDINÁRIO,
do Banco, se diferenciando pela maior confiança em si depositada e TRT 7ª Região - 2ª Turma, Relator Desembargador CLÁUDIO
por estar subordinado diretamente à chefia superior na agência ou SOARES PIRES, Data da Assinatura 04/05/2021).
na gerência regional, representando a Caixa junto aos parceiros." "CARGO DE SUPERVISOR DE CANAIS. JORNADA DE
A alegação recursal de que nenhuma testemunha laborou com o TRABALHO DE 08 (OITO) HORAS DIÁRIAS. ART. 224, § 2º, DA
reclamante, enquanto este exerceu a função de supervisor de CLT. 7ª (SÉTIMA) E 8ª (OITAVA) HORAS REMUNERADAS PELA
atendimento, não merece prosperar. Restou incontroverso nos GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Não
autos que o reclamante exerceu a referida função no período de é um bancário comum o "supervisor de canais" que recebe
24/05/2013 a 15/03/2015, sendo lotado na agência Trairi/CE, fatos gratificação de função em proporcionalidade bem superior ao
patamar de 1/3 (um terço) do salário do cargo efetivo e britanicamente, mostrando jornadas variáveis, com inúmeros
desempenha atividades que exigem uma maior confiança por parte registros de prorrogações, de forma compatível com a realidade de
da instituição financeira que o nível de fidúcia normal decorrente da trabalho do reclamante, o que presume uma marcação fidedigna da
própria existência do pacto laboral. Consequentemente, enquadra- jornada laborada, não tendo o autor produzido prova no sentido de
se na exceção do art. 224, § 2º, da CLT, sendo-lhe aplicável a corroborar suas afirmações contidas na exordial.
jornada de trabalho de 08 (oito) horas diárias, de tal modo que as A prova testemunhal também se mostra frágil, pelos mesmos
duas horas de trabalho, além da 6ª (sexta), ou seja, a 7ª (sétima) e fundamentos, para comprovar labor após a 8ª hora de trabalho além
8ª (oitava) horas prestadas em virtude da gratificação de função, já daquelas horas computadas como extras e pagas ao reclamante,
são remuneradas pelo valor desta, conforme entendimento conforme demonstram os contracheques de fls. 2122/2242.
jurisprudencial pacífico do colendo TST" (Processo nº 0000190- Ressalte-se que durante todo o período imprescrito, relativamente
63.2017.5.07.0028: RECURSO ORDINÁRIO, TRT 7ª Região - 1ª ao intervalo intrajornada, a partir de 02/12/2015, o autor registrou a
Turma, Relator Desembargador EMMANUEL TEOFILO FURTADO, sua jornada, não havendo nos autos prova satisfatória a invalidar os
Irretorquível, portanto, a decisão de primeiro grau que enquadrou, Ressalto que o depoimento destacado como prova emprestada,
com apoio nas provas produzidas nos autos, o recorrente na processo n. 0000235-32.2020.5.07.0038, do Sr. AFRÂNIO ALVES
hipótese prevista no art. 224, §2º, da CLT. FONTENELE, fls. 3450/3453, 3488/3489, não retrata a rotina de
HORAS EXTRAS EFETIVAS. INTERVALO INTRAJORNADA. do autor, seja quanto às atribuições da função, seja quanto à
"O reclamante postula o pagamento de horas intervalares e Assim, por tudo o que foi analisado, não resta outra alternativa a
reflexos, alegando que sempre usufruía somente de 30 minutos de este Juízo do Trabalho a não ser indeferir o pleito de horas extras
intervalo intrajornada, ocorrendo violação ao art. 71, § 4º, CLT. após a 8ª hora laborada e horas extras intervalares."
A reclamada, em sede de defesa, nega o pleito da parte autora, Sustenta o reclamante, em suas razões recursais, em resumo: que
assentando que o reclamante usufruía do intervalo intrajornada a prova testemunhal demonstrou que o autor registrava o ponto
previsto no art. 71 da CLT, aduzindo que nos períodos de controle somente no horário determinado pela empresa reclamada, bem
de jornada (SIPON) resta incontroverso que houve o cumprimento como a realização de atividades sem utilização do sistema; que não
Os registros de ponto do reclamante, fls. 1912/2086 e 2243/2363, documental se sobreponha à prova oral; que a testemunha autoral
indicam o gozo do intervalo intrajornada de 01 hora. As foi firme e convincente quanto à confirmação da invalidade dos
testemunhas da reclamada, nos períodos em que laboraram com cartões de ponto e da jornada declinada na exordial; que na ocasião
autor, declararam que o intervalo era de 01 hora. A testemunha do da instrução realizada no processo 0001182-96.2014.5.07.0038, o
reclamante, FRANCISCO HENRIQUE TEIXEIRA BARROSO, fls. próprio preposto da caixa econômica confessa a imprestabilidade
3448/3449, laborou com o autor apenas de 2015 a 2018, mas suas dos controles de frequência; que alguns registros não apresentam a
declarações não foram suficientemente convincentes quanto à assinatura do Autor; que o ônus de demonstrar a fruição do
ausência do intervalo intrajornada, levando em conta que a própria intervalo intrajornada mínimo é da parte reclamada quando não
testemunha esclareceu que o autor também executava atividades cumprida a exigência legal (artigo 74, § 2º, da CLT) de pré-
externas de visitas aos clientes, canais parceiros. Suas declarações assinalação do intervalo ou mesmo na hipótese de falta de
não são suficientes a invalidar a prova documental, ponto registrado apresentação de controles de ponto; que faz jus ao pagamento das
por empregado altamente qualificado e esclarecido, sendo certo que diferenças de horas extras registradas nos cartões ponto após a 8ª
a prova da jornada de trabalho é feita, em princípio, pelos registros hora diária e pagas nos contracheques.
de ponto, consoante disposto no parágrafo 2º do artigo 74 da CLT, O recurso não alcança provimento.
de modo que os registros contidos nos controles de ponto geram As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes
presunção relativa de veracidade, desconstituída somente por fortes para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos,
elementos de convicção, o que não se verificou no caso. verifica-se que a sentença recorrida não carece de nenhum reparo,
Verifica-se que os cartões de ponto referidos não estão marcados já que esquadrinhados todos os aspectos abordados pelo
recorrente. Assim, diante de tal circunstância, e verificando-se que a condenação a esse título, sobretudo por ter constado
valoração probatória realizada pelo juízo de origem não merece expressamente na audiência de ID 59d12f3, fls. 3403 PDF, in
qualquer reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os verbis: "Defiro à parte autora o prazo de 15 dias para manifestação
elementos contidos na prova dos autos, adota-se as razões de sobre a defesa e a documentação, independentemente de
decidir da sentença recorrida quanto ao tema em epígrafe, notificação, devendo apontar, no mesmo prazo, por amostragem,
mantendo-a pelos seus próprios e jurídicos fundamentos. eventuais diferenças que entenda devidas." (destaquei)
De toda sorte, cumpre destacar, por oportuno, que ao contrário do Rejeita-se, ainda, a tese recursal fundada em depoimento do
alegado pelo reclamante, os depoimentos das duas testemunhas preposto obtido na reclamação trabalhista 0001182-
patronais, Sr. Marcelo Abreu Viana e Sr. Lenon Alcântara Ferreira, 96.2014.5.07.0038, considerando-se que em nenhum momento
merecem credibilidade, pois prestaram depoimentos harmônicos e durante a instrução processual, tal elemento probatório fora
convincentes, conferindo consistência ao quanto narrado pela admitido como prova emprestada. A prova emprestada trazida por
reclamada na sua peça de defesa. empréstimo ao conjunto probatório, mediante autorização do juízo
Consigne-se que o depoimento da primeira testemunha ouvida a de origem na audiência ID ab4a5b1, diz respeito ao depoimento
convite da reclamada, Sr. Marcelo Abreu Viana, não merece prestado na reclamação trabalhista 0000235-32.2020.5.07.0038,
descrédito pelo fato de ter atuado como preposto da reclamada em mas referido elemento de prova não socorre a tese autoral.
outras ocasiões. Os artigos 447 do CPC e 829 da CLT não Comungo do entendimento do julgador de origem, que a este
consideram suspeitas para depor como testemunhas as pessoas respeito, consignou: "Ressalto que o depoimento destacado como
que mantém vínculo com o empregador, ainda que mediante prova emprestada, processo n. 0000235-32.2020.5.07.0038, do Sr.
exercício de cargo de confiança. Ressalte-se que o interesse no AFRÂNIO ALVES FONTENELE, fls. 3450/3453, 3488/3489, não
objeto do litígio para tornar a testemunha imprestável deve ser retrata a rotina de trabalho do reclamante, não se podendo presumir
concreto e amplamente demonstrado, o que não ocorreu no que as declarações ali levadas a efeito se encaixem ao contrato de
presente caso. trabalho do autor, seja quanto às atribuições da função, seja quanto
autos pela parte recorrida demonstram o pagamento de algumas Saliente-se, por fim, que a mera ausência da assinatura do obreiro
horas extras, razão pela qual, no caso vertente, não se trata de nos cartões de ponto não enseja a sua invalidade, de vez que o
examinar a hipótese de total ausência de pagamento de horas artigo 74, § 2o, da CLT, não condiciona a validade dos registros da
suplementares, mas o de perquirir a existência de jornada extra não hora de entrada e de saída à chancela do trabalhador. Nesse
remunerada. Saliente-se, também, que a reclamada juntou registros sentido, é firme a jurisprudência do TST:
de ponto, de onde se vê claramente que tais assentamentos "DECISÃO REGIONAL PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
indicam variação de horários de entrada e saída de um dia para o 13.467/2017. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
outro, como é próprio do horário registrado de forma fidedigna, PARTE RÉ. HORAS EXTRAS. INTERVALO INTRAJORNADA.
razão pela qual, cumpria ao recorrente deixar evidenciado sem a CARTÕES DE PONTO SEM ASSINATURA DO EMPREGADO.
menor sombra de dúvida que outras horas foram trabalhadas e não VALIDADE. ÔNUS DA PROVA. JURISPRUDÊNCIA PACIFICADA
registradas, ou apontar diferenças de horas extras pendentes de NO ÂMBITO DESTA CORTE SUPERIOR. PRECEDENTES.
pagamento, mas deste desiderato, todavia, não se desincumbiu, TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CONSTATADA. Segundo a
sendo certo que o depoimento da única testemunha autoral, como jurisprudência desta Corte Superior, a ausência de assinatura do
acertadamente anunciado na sentença, não trouxe convencimento o empregado nos cartões de ponto, por si só, não os torna inválidos,
suficiente para derruir os relatos das testemunhas auspiciadas pela ante a inexistência de previsão legal, caracterizando mera
reclamada e a prova documental apresentada pela empresa (folhas irregularidade administrativa. Diante disso, não há a transferência
de ponto), tampouco efetuou qualquer demonstração aritmética de do ônus da prova da jornada ao empregador. Precedentes.
que efetivamente faria jus a diferenças de horas extras. Ora, se é Ressalva de entendimento do Relator. Recurso de revista
certo que a existência de uma única diferença é suficiente para conhecido e provido" (RR-101450-03.2016.5.01.0024, 7ª Turma,
justificar a condenação no título correspondente, não menos certo Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 05/03/2021).
que compete à parte demonstrá-la, ainda que por amostragem. "RECURSO DE REVISTA - (...) HORAS EXTRAS. CARTÕES DE
Uma vez que o reclamante não se preocupou em fazê-lo em sede PONTO APÓCRIFOS. IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO
de réplica à contestação, fls. 3404/3440 PDF, impossível a AUTOMÁTICA DO ÔNUS DA PROVA. A mera ausência de
assinatura nos cartões de ponto não enseja a inversão do ônus da DA LEI Nº 13.015/2014. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO
prova para o empregador quanto à jornada de trabalho e, por APÓCRIFOS. VALIDADE. Esta Corte já se posicionou no sentido de
conseguinte, não autoriza a presunção de veracidade do horário de que a simples ausência de assinatura nos cartões de ponto
trabalho alegado na inicial, cabendo à reclamante comprovar a configura mera irregularidade administrativa, não tendo o condão de
invalidade dos registros. Julgados. Recurso de revista conhecido e torná-los inválidos como meio de prova, porquanto inexiste previsão
provido EQUIPARAÇÃO SALARIAL. (...)" (RR - 2511- legal que imponha o dever de assiná-los. Recurso de revista
54.2012.5.05.0561, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª conhecido e provido." (RR - 10623-97.2015.5.01.0082, Relator
"PROCESSO ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. RECURSO DE Mantém-se, portanto, o decidido na origem pelos próprios
PROVA. O TRT emitiu tese no sentido de que, por apócrifos, os NEGA-SE PROVIMENTO.
cartões de ponto juntados aos autos não podem ser considerados DAS HORAS EXTRAS ALÉM DA 8ª HORA DIÁRIA PELA
como meio de prova idônea. Todavia, o entendimento APLICAÇÃO DO PROTESTO ANTIPRECLUSIVO NO PERÍODO
jurisprudencial predominante nesta Corte é no sentido de que a EM QUE AUSENTE REGISTROS DE HORÁRIOS.
ausência de assinatura do empregado nos registros de ponto Alega o recorrente que "no período de 08/10/2012 a 23/07/2014,
configura mera irregularidade administrativa, ante a inexistência de deve prevalecer o entendimento previsto na Súmula nº 338, I e III do
previsão legal para tal exigência. Precedentes da SBDI-1 e de todas TST, que atrai a presunção de veracidade da jornada da inicial
as Turmas desta Corte. Afastada a tese de invalidade dos cartões quando não apresentados os controles de ponto ou quando
de ponto apócrifos, é de se determinar o retorno dos autos à Vara demonstrarem horários invariáveis de entrada e de saída." Defende
de origem para que reavalie a prova e prossiga no julgamento do que "no caso dos autos, no interregno em questão, sequer havia
mérito da questão controvertida, como entender de direito. Ressalva aposição da jornada e das horas de início e de término." Assevera
de entendimento do Relator. Recurso de revista conhecido por "que as horas extras excedentes da 8ª diária no período em questão
violação do artigo 74, § 2º, da CLT e provido." (RR - 394- também se encontram abrangidas pela interrupção da prescrição
23.2014.5.05.0011, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra ocorrida em face do protesto da CONTEC."
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. HORAS EXTRAS. ÔNUS DA Sobre a interrupção da prescrição pelo protesto da CONTEC, assim
regional parece violar os artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC, razão "O reclamante narrou na inicial que em 2015 a Confederação
pela qual deve ser provido o Agravo de Instrumento. Agravo de Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito - CONTEC
Instrumento de que se conhece e a que se dá provimento, para ajuizou Ação Cautelar de Protesto Interruptivo de Prazo
determinar o processamento do Recurso de Revista. RECURSO DE Prescricional (Proc. Nº 0000893-41.2015.5.10.0008), que tramitou
REVISTA. HORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. CARTÕES DE na 8ª Vara do Trabalho em Brasília-DF, tendo por objetivo a
PONTO SEM ASSINATURA. Conforme jurisprudência desta Corte, interrupção do lapso prescricional trabalhista para a propositura de
a falta de assinatura do empregado nos registros de frequência ações individuais que discutam o pagamento de horas extras, tendo
configura tão somente irregularidade administrativa, e não é a reclamada sido notificada, roga a imprescritibilidade das horas
suficiente, por si só, para tornar inválida a prova documental extras laboradas desde junho de 2010.
apresentada. Assim, a decisão do Tribunal Regional, ao considerar Em contestação, a reclamada arguiu: i) a impossibilidade de
inválidos os controles de frequência e, em decorrência, presumir interrupção da prescrição por ação de protesto, ante a incidência do
como verdadeira a jornada de trabalho indicada na petição inicial, § 3º, art. 11, CLT, redação dada pela Lei 13.467/2017; ii)
deferindo horas extraordinárias ao Reclamante, viola regra da inconstitucionalidade da interrupção mediante protesto; iii)
distribuição dos ônus da prova prevista nos arts. 818 da CLT e 373, ilegitimidade, de modo que a sentença proferida na ação de
I, do CPC. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá protesto não pode surtir efeitos na jurisdição do Estado do Ceará,
provimento." (RR - 10857-53.2015.5.01.0511, Relatora pois a competência da Vara do Trabalho de Brasília não se estende
Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro Santos, 6ª à juridição trabalhista do TRT da 7ª Região; iv) ausência de
Turma, DEJT 10/08/2018) identidade de causa de pedir entre o protesto ajuizado pela
Analisando o objeto da Ação de Protesto Antipreclusivo, vê-se a Constituição Federal, pronunciar a prescrição da pretensão do
seguinte descrição: "a) o pagamento de horas extras dos reclamante relativamente aos créditos pleiteados e anteriores a
empregados que não possuam poder efetivo de mando e gestão, de 02/12/2015 (considerando que a presente reclamação foi ajuizada
forma que não se enquadram nas hipóteses de que trata o art. 224, em 02/12/2020), com exceção do pedido de horas extras a partir da
§ 2º, da CLT; e, b) o pagamento de horas extras àqueles 6ª hora diária pelo enquadramento no caput do art. 224 da CLT,
empregados que, mesmo incluídos na hipótese de que trata o artigo conforme acima fundamentado. (...)"
224, § 2º, da CLT, tenham laborado além da 8ª hora diária". Como visto da transcrição acima, a sentença recorrida entendeu
Com efeito, o reclamante pleiteia o pagamento das horas que, apenas em relação ao pleito de pagamento das horas
excedentes à 6ª hora diária e 30ª semanal, em razão do não extraordinárias a partir da sexta hora (7ª e 8ª hora), pela alegada
enquadramento do autor na hipótese de função de confiança inexistência de função de confiança prevista no § 2º do artigo 224
prevista no § 2º do art. 224 da CLT. da CLT, não havia que se falar em prescrição.
No que tange aos argumentos da reclamada de impossibilidade de Ainda que o pleito do autor de pagamento de horas extras
aplicação do protesto antipreclusivo do prazo prescricional, refuto excedentes da 8ª diária, mesmo estando incluído na hipótese de
desde logo, porquanto a jurisprudência é uníssona em acolher o que trata o artigo 224, § 2º, da CLT, também se encontrasse
processamento de tal procedimento perante a Justiça Laboral, por abrangido pela interrupção da prescrição ocorrida em face do
força do art. 769, CLT. protesto da CONTEC, melhor sorte não teria o recorrente, pelas
De igual modo, reconheço a legitimidade da CONTEC, por tratar-se É certo que de 08/10/2012 a 23/07/2014 (fls. 2265/2286 PDF), não
de entidade sindical de grau superior, com ampla legitimidade, em houve marcação das horas de entrada e de saída, mas apenas o
nível nacional, para representar os empregados da reclamada, registro da ocorrência "FREQ. INTEGRAL. Por outro lado,
reconhecida inclusive perante Tribunal Superior do Trabalho. induvidoso também que o autor somente passou a laborar em
Vê-se, de plano, que a causa de pedir constante desta reclamação jornada de oito horas a partir de 24/05/2013, ao ser designado para
trabalhista coincide em parte com a causa de pedir da Ação de a função de supervisor de atendimento, com aposição da jornada de
Protesto Antipreclusivo, posto que em ambas a interrupção da 08h, marco inicial, portanto, para análise do pleito do recorrente, ora
prescrição tem por base o não enquadramento dos bancários na trazido para acertamento. Como já anunciado acima, por ocasião do
exceção disposta no § 2º, art. 224, CLT, para fins de adimplemento exame do tema "HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO DE
de horas excedentes à 6ª hora laborada. Portanto, idênticas no CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO",
tocante as causas de pedir, razão pela qual reconheço a interrupção restou incontroverso nos autos que o reclamante exerceu a referida
do prazo prescricional pela Ação nº 0000893-41.2015.5.10.0008. função no período de 24/05/2013 a 15/03/2015, sendo lotado na
Transcrevo posicionamento do C. TST nesse sentido: agência Trairi/CE, fatos estes que se denotam ademais pelo
Dessa forma, considerando que o protesto foi ajuizado em Não obstante, no interregno de relevo para o deslinde da questão,
08/06/2015 tem-se que houve a interrupção da prescrição naquela 24/05/2013 a 23/07/2014, sequer houve, de fato, aposição da
data, estariam prescritos os créditos anteriores a 08/06/2010 (marco jornada e das horas de início e de término, tal circunstância, a toda
para aplicação do quinquídio legal à data da propositura do protesto evidência, observada apenas em curto período do contrato de
judicial da CONTEC), mas vejo que o reclamante foi admitido em trabalho, contrato este vigente desde 13.12.2010, não conduz ao
13/12/2010, não havendo, portanto, que se falar em prescrição automático acolhimento da jornada descrita na inicial.
quanto aos direitos aqui postulados. Digno de registro, por pertinente, que a primeira testemunha
Saliento, entretanto, que interrupção da prescrição, acima patronal, Sr. Marcelo Abreu Viana, que trabalhou com o reclamante
reconhecida, não abrange outros requerimentos desta reclamatória tanto na agência de Trairi (no final de 2014 e 2015), como na de
(a exemplo dos reflexos das horas extras pretendidas e da Sobral (2018 a 2019), em depoimento gravado no sistema PJe
sobrejornada decorrente da supressão do intervalo previsto no art. Mídias, veio em socorro da tese de defesa da reclamada, quando
384 da CLT), cuja prescrição é quinquenal. declarou: (4:55) que o reclamante "normalmente fazia as 8h
Desse modo, considerando a inexistência de protesto interruptivo da diárias"; (...) (6:05) "que saía mais tarde que o Reclamante, porque
prescrição no que concerne aos demais pedidos constantes na eu sempre fazia o horário maior"; (6:24) que "nunca viu [o
exordial, incumbe a este Juízo, à luz do artigo 7o, inciso XXIX da reclamante] ficar na agência fora do horário das 18hs, em todos os
momentos"; (7:29) "que na qualidade de substituto do depoente na gratificação de função, à interrupção da prescrição parcial em
agência de Trairi, não havia a necessidade de o reclamante fazer relação aos reflexos das horas extras e aos honorários advocatícios
agência Trairi, o reclamante saía para fazer visitas às lotéricas e NEGA-SE PROVIMENTO.
(11:50) "que na agência de Trairi o reclamante ia para casa e tirava CONCLUSÃO DO VOTO
agência de Trairi/CE, apenas entre o final de 2014 a março de 2015, Ante o exposto, voto pelo conhecimento do Recurso Ordinário para
não impede que sejam consideradas suas declarações para o negar-lhe provimento.
os cartões de ponto não foram juntados em determinados períodos. ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
Isto porque, não há nos autos elementos que indicam que houve REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
uma mudança na rotina de trabalho da reclamante ou qualquer conhecer do Recurso Ordinário e, por maioria, negar-lhe
indício que pudesse indicar que a jornada prestada naquele período provimento. Vencido o Desembargador Jefferson Quesado Júnior,
em que os cartões de ponto não vieram aos autos era diversa, ou que dava provimento ao apelo, para determinar o pagamento da 7ª
seja, dissonante dos controles juntados. (TRT da 3ª Região, RO e 8ª horas, com todos os reflexos, por não se aplicar a regra contida
Desembargadora Maria Lúcia Cardoso de Magalhães, DEJT Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
"(...) A 1ª ré anexou os cartões de ponto de todo o período Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
contratual (fls. 207/239), à exceção dos referentes a outubro de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
2016 e ao período de janeiro a setembro de 2018. Contudo, de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
considerando que o contrato de trabalho do autor (fls. 162) vigeu Fortaleza, 18 de julho de 2022.
dos temas alusivos ao pagamento de horas extras em parcelas ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
vincendas, aos critérios de liquidação pretendidos, aos reflexos das Diretor de Secretaria
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO pedidos formulados na presente reclamação trabalhista".
ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. 3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que
VARA DO TRABALHO DE TIANGUÁ, em que é recorrente,JOSÉ a confissão ficta aplicada ao recorrente acarreta apenas presunção
IRANILDO SOARES LIMA, e recorrido, FORTALEZA relativa, podendo ser desconstituída por meio de prova, seja oral ou
DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA LTDA. documental; que cabe ao magistrado dar continuidade a instrução,
Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo nos termos da legislação vigente, colhendo as provas indicadas
incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo pelas partes; que o recorrente esteve presente na audiência de
submetido ao rito sumaríssimo. instrução, de forma virtual, conforme se verifica no próprio termo de
ADMISSIBILIDADE 4.Examina-se:
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do Perpassando a ata de audiência ID. ed8638e vê-se que,
VENDEDOR EXTERNO. RELAÇÃO DE TRABALHO. DIREITOS prestação dos serviços, determinando a remessa dos autos para a
RESCISÓRIOS. PENA DE CONFISSÃO APLICADA AO Vara de Trabalho de Tianguá-CE. Destaca-se que o recorrente
1.Cuida-se de reclamação trabalhista proposta por JOSE IRANILDO suscitou conflito de competência ID. 1932f6a. Uma vez mais o
LTDA. em que alegada a constância de relação de emprego nas Coube a SEÇÃO ESPECIALIZADA I desta Corte decidir o conflito,
funções de vendedor externo, sem registro na carteira de trabalho; declarando a competência da Vara do Trabalho de Tianguá-CE (ID.
2.Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante (ID. Na Vara do Trabalho de Tianguá-CE determinou-se a inclusão do
"DA AUSÊNCIA DO RECLAMANTE À AUDIÊNCIA DE intimação dirigida às partes consignou-se; "Ocorrendo a ausência
INSTRUÇÃO. CONFISSÃO FICTA. imotivada de qualquer das partes (reclamante ou reclamada) serão
O não comparecimento da parte reclamante à audiência de presumidos verdadeiros os fatos articulados pela parte contrária
ficta em seu desfavor (súmula 74, I, do TST). Retomada a instrução (ID. 6835f0b), presente o recorrente, deu-se
Deste modo, reconheço como verdadeiros os fatos trazidos na novo adiamento e novamente consignado; "objetivando a instrução
contestação, notadamente no que se refere à ausência de relação completado feito, com DEPOIMENTOS DAS PARTES, sob pena de
corrobora o entendimento de ausência de vínculo de emprego entre Entretanto, conforme despacho ID. 4b75c10 - Pág. 1, a audiência
as partes, notadamente em razão da ausência de subordinação que seria pela modalidade telepresencial, foi convertida em
jurídica do reclamante para com a reclamada. presencial, com a seguinte advertência; "O pedido de participação
Além disso, registre-se que o reclamante não apresentou provas da das partes e testemunhas por videoconferência (assim entendida
existência da alegada relação de emprego supostamente mantida aquela onde a oitiva é realizada nas dependências de outras
com a reclamada, não se desincumbindo de seu ônus probatório unidades judiciárias) deverá ser solicitado nos autos, com até 05
Com base no exposto, não reconheço a existência de relação de comprovando, por meio de documentos, a excepcionalidade
emprego entre as partes, motivo por que julgo improcedentes os alegada, sob pena de preclusão, para que a Secretaria da Vara
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, negar-
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência lhe provimento, mantendo a sentença recorrida pelos seus
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. Esta é a hipótese do presente próprios fundamentos.
feito, porquanto as razões de decidir expostas na sentença se Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
mostram suficientes para a rejeição do recurso interposto. Pela Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
análise dos autos, verifica-se que a sentença recorrida carece de Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
nenhum reparo, já que esquadrinhados todos os aspectos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
abordados pela parte recorrente. Assim, diante de tal circunstância, de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
e considerando-se a disposição legal supra aludida, pede-se vênia Fortaleza, 18 de julho de 2022.
fundamentos.
anteriores, não se sabendo o motivo da ausência que culminou com CLAUDIO SOARES PIRES
desatendeu o reclamante o prazo para requerer sua participação ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
Conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, negar-lhe
- FORTALEZA DISTRIBUICAO E LOGISTICA LTDA
provimento, mantendo a sentença recorrida pelos seus próprios
fundamentos.
unidades judiciárias) deverá ser solicitado nos autos, com até 05 Conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, negar-lhe
dias de antecedência da data da audiência, em petição específica, provimento, mantendo a sentença recorrida pelos seus próprios
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, negar-
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência lhe provimento, mantendo a sentença recorrida pelos seus
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. Esta é a hipótese do presente próprios fundamentos.
feito, porquanto as razões de decidir expostas na sentença se Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
mostram suficientes para a rejeição do recurso interposto. Pela Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
análise dos autos, verifica-se que a sentença recorrida carece de Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
nenhum reparo, já que esquadrinhados todos os aspectos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
abordados pela parte recorrente. Assim, diante de tal circunstância, de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
e considerando-se a disposição legal supra aludida, pede-se vênia Fortaleza, 18 de julho de 2022.
fundamentos.
anteriores, não se sabendo o motivo da ausência que culminou com CLAUDIO SOARES PIRES
desatendeu o reclamante o prazo para requerer sua participação ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- MAGAZINE LUIZA S/A
ADMISSIBILIDADE
EMENTA MÉRITO
FINANCIÁRIOS.
CATEGORIA DOS FINANCIÁRIOS. O Plenário do Supremo categoria profissional dos financiários, deferindo os pleitos
Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de formulados na inicial, consoante os seguintes fundamentos:
Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário "CAPÍTULO II - RECONHECIMENTO DE VÍNCULO
(RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é EMPREGATÍCIO PERANTE O 2º RECLAMADO -
seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis Aduz a reclamante que foi admitida pelo 1º reclamado em
mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, está a discussão 03.11.2015, para o exercício da função de assistente de vendas
de serem os serviços prestados para a segunda reclamada, pleno (caixa), laborando em prol do 1º réu, até 01.04.2016, quando
coincidentes com o objeto social da referida empresa; a foi promovida a função de assistente de vendas senior, momento a
terceirização aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de partir do qual passou a atuar preponderantemente em favor do 2º
razão para refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no reclamado, sendo imotivadamente dispensada em 28.01.2020.
moderno posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal, toma De seu turno, os réus afirmam que a reclamante manteve contrato
nova feição sem o viés da ilegalidade de então. Precedentes. de trabalho exclusivamente consigo durante todo o pacto laboral.
Recurso conhecido e provido. Asseveram não ter havido subordinação jurídica entre a reclamante
RELATÓRIO À análise.
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO teor julgamento da ADPF 324/DF, pelo Supremo Tribunal Federal,
ORDINÁRIO, provenientes da MM. 1 ª VARA DO TRABALHO DA que pacificou o tema no âmbito da Suprema Corte:
REGIÃO DO CARIRI, em que são partes: MAGAZINE LUIZA S/A, Ementa: DIREITO DO TRABALHO . ARGUIÇÃO DE
A parte reclamada (MAGAZINE LUIZA S/A, LUIZACRED S.A. de um modelo de produção específico, não impede o
interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença, Id 759f43b, veda a terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o
que julgou procedentes em parte os pedidos da reclamação tema tem sido oscilante e não estabelece critérios e condições
Contrarrazões apresentadas (Id. 97167a3). direito do trabalho e o sistema sindical precisam se adequar às
empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa jurídicos da relação de emprego permitirão afastar a relação formal
e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a de emprego havida entre o empregado e a prestadora dos serviços
liberdade de formular estratégias negociais indutoras de maior intermediados. In casu, o julgado afeta igualmente a pretensa
eficiência econômica e competitividade. aferição objetiva quanto à subordinação jurídica alegada pela autora
violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos Entretanto, muito embora a perquirição acerca da subordinação
previdenciários. É o exercício abusivo da sua contratação que pode jurídica deva se dar sob seu viés subjetivo, não se pode perder de
produzir tais violações. vista o disposto no art. 6º, §único, da CLT, in verbis:
4. Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no
com as normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à empregado e o realizado a distância, desde que estejam
contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação
terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento dada pela Lei nº 12.551, de 2011)
das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de
5. A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,
pressupõe a sua participação no processo judicial, bem como a sua controle e supervisão do trabalho alheio.
inclusão no título executivo judicial. Não se pode turvar a discussão sobre o presente caso olvidando-se
6. Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o da dinâmica atual das relações de trabalho, sobretudo no âmbito do
objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi sistema bancário e financeiro, tão permeados por instrumentos
revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o tecnológicos com vistas a dinamizar a circulação de riqueza,
indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Descabe imaginar o fenômeno da subordinação jurídica, ainda que
Supremo Tribunal Federal a respeito dos aspectos constitucionais em seu viés subjetivo, unicamente sob a figura da presença física
da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o do gestor, transmitindo ordens a seus subordinados, como se
pedido de inclusão do feito em pauta. constitui a imagem padrão da relação patrão-empregado. Tal
7. Firmo a seguinte tese: "1. É lícita a terceirização de toda e raciocínio não advém de convicções pessoais deste magistrado,
qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de mas sim do próprio legislador, como se percebe do art. 6º, §único,
terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a Pelo que emerge do conteúdo de prova relativa ao caso concreto, a
capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder reclamante, de fato, atuava no exercício de atividade de cunho
subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, financeiro, atinente à atividade econômica do 2º réu, ainda que
bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da tenha sido formalmente contratada pelo 1º reclamado. Entretanto,
8. ADPF julgada procedente para assentar a licitude da desempenhadas pela reclamante, é fato que a gestão de suas
terceirização de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela atividades, o controle e a fiscalização de seu trabalho, dava-se pela
maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões 2ª ré, ainda que tal fiscalização tenha se dado por meios
Com efeito, diante da tese firmada pelo Col. STF, valendo o registro Pode-se extrair dita conclusão de vários trechos dos depoimentos
veemente da discordância do presente magistrado, resta afastada a colhidos, como se vê abaixo, in litteris:
possibilidade de aferição objetiva da subordinação no contexto da "que a reclamante fazia empréstimos pessoais e empréstimos
relação trilateral de trabalho. Foi patente e expresso o Pretório consignados para os clientes da Magazine Luiza; que as atribuições
Excelso a afirmar a possibilidade de terceirização em qualquer da reclamante era preencher as propostas dos clientes e mandar
atividade do contratante, até mesmo aquelas pertencentes ao para análise na empresa Luizacred; que em caso de aprovação o
núcleo de sua atividade econômica. crédito era feito pela Luizacred diretamente na conta bancária do
Sendo assim, somente a aferição subjetiva dos elementos fático- cliente" (depoimento da preposta Márcia Campos, representante
das rés nos autos de nº 0000160-59.2021.5.07.0037, admitido como uníssono da prova oral.
prova emprestada no caso vertente) Merece relevo, ainda, no que concerne a tais elementos fático-
"que o sistema operacional utilizado pelas analistas era da jurídicos da relação de emprego, que as reclamadas compõem
Luizacred; que os empregados da magazine não tinham acesso ao grupo econômico, como reconhecido no capítulo I da presente
sistema da Luizacred; que os móveis e computadores usados pela decisão, havendo inequívoco aproveitamento recíproco do quadro
analista eram todos de propriedade da Luizacred; que as analistas de pessoal de ambas as empresas na execução da atividade
assinavam documentos em nome da Luizacred e em seguida econômica comum ou convergente das reclamadas. Tal
lançava esse documento no sistema; que as analistas atendiam característica, ao revés de servir ao rechaço da tese obreira, reforça
clientes da Magazine Luiza e também pessoas que não eram o caráter coligado das atividades da empresas, sem afastar, sequer
clientes da Magazine; que qualquer problema relacionado às minimamente, a efetiva subordinação da reclamante para com a 2ª
atividades funcionais as analistas se reportavam às coordenadora reclamada, no período da prestação laboral em prol dessa.
da Luizacred, Sra Fernanda e em seguida Sra Fabiana; que com a Visto o conteúdo dos depoimentos, parece induvidoso que a 1ª
mudança da nomenclatura dos cargos as condições funcionais de reclamada, empregadora formal da parte autora, ao menos em
trabalho continuaram as mesmas; que a analista lançava todas as parte, nada mais representou senão autêntico setor de
informações do cliente no sistema e ao final a mesma saberia se o funcionamento da atividade econômica financeira do 2º reclamado,
crédito era aprovado ou não" (depoimento da testemunha Aline emergindo patente que a reclamante atuava na comercialização e
Rafaely da Silva Sousa nos autos de nº 0000160- prospecção de clientes para produtos do 2º reclamado, inclusive
59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso com centralização das atividades e gestão da atuação da
"que as atividades da reclamante eram: fazer cartão de crédito, Portanto, intenta o 2o reclamado, cuja atividade econômica se volta
empréstimos, negociação de dívidas com cliente, análise de crédito, a comercialização de crédito pessoal, em várias modalidades
dentre outras [...] que a Loja da Magazine era frequentada por um comerciais, realizar parcela essencial de tal mister, qual seja, a
coordenador regional ao qual a reclamante estava subordinada; que própria oferta, negociação e formalização da operação, segundo
este coordenador era da Luizacred" (depoimento da testemunha normas de aprovação criadas por si, através de contratação
Paolla Layana Lima Gonçalves nos autos de nº 0000160- empregatícia interpostas, em odiosa fraude tencionada à redução
59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso de custos a todo e qualquer preço.
"que as metas do setor de crédito eram passadas pelo gestor 1a reclamada executavam parcela essencial da atividade financeira
administrativo mediante planilhas enviadas pelo coordenador de exercida pelo 2o reclamada, qual seja, a própria conclusão de
crédito; que não sabe precisar qual a função exata do coordenador venda dos produtos desta entidade financeira, segundo seus
de crédito; que não sabe precisar a área de abrangência do parâmetros, e os consumidores. Na verdade, o que se vê é uma
coordenador regional mas afirma que a filial de Juazeiro do Norte tentativa de pulverizar a atividade financeira, de modo a diminuir o
está atrelada a regional de Petrolina" (oitiva da testemunha Vanilza valor da força de trabalho daqueles que realizam as atividades
Bezerra Campos, conduzida pelos réus) inerentes a este setor, o que vai de encontro ao Princípio
Com efeito, nota-se que a reclamante atuava em função atrelada à Fundamental da Valorização do Trabalho (art. 1ª, IV, CF).
dinâmica de venda de produtos financeiros da 2ª ré, claramente A se dar validade a tal pulverização, em pouco tempo teremos
subordinada a essa, ainda que por meios telemáticos, na linha do executando as atividades inerentes ao sistema financeiro apenas
que tem se dado no contexto da revolução tecnológica em curso, trabalhadores das empresas orbitais ao núcleo do Sistema
fenômeno já previsto pelo legislador, como acima explicitado. Financeiro, com patamar salarial inferior, e as efetivas financeiras
No que concerne aos elementos da não eventualidade, se resumirão a apenas aos diretores ou executivos, exercendo
pessoalidade, e onerosidade, esses emergem da própria natureza atividade econômica sem qualquer empregado! Tal conduta
das atividades desempenhadas pela autora, que laborava em vilipendia, claramente, a função social da propriedade, no caso, do
jornada fixa, mediante salário estipulado e sem qualquer indício de exercício empresarial, à luz do art. 170 do Texto Magno.
que poderia se fazer substituir por outrem, até mesmo diante da Agora trazendo a lume os próprios dispositivos legais e infralegais
necessidade de realização de capacitação específica para a atinentes à atividade financeira, e interpretando-os à luz do conjunto
prestação dos serviços, através da Febraban, como emergiu em do ordenamento jurídico-constitucional, cumpre dizer que o artigo
17 da lei 4.595/76, que regula o sistema financeiro nacional, dispõe atividades, para quem o legislador, no caso específico, dirigiu as
efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou Na hipótese mais flexível, registre-se, admitir-se-ia na qualidade de
privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a instituição financeira as tradicionais financeiras de crédito, sem que
coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios este fato, isoladamente, justificasse a intermediação de mão de
ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de obra entre bancos e financeiras. Matéria de cunho trabalhista não
valor de propriedade de terceiros". pode ser tratada lateralmente em lei destinada aos bancos e ao
somente se pode discorrer que, por seu caráter meramente Em uma típica esperteza dos verdadeiros "expertos protetores" dos
infralegal, cujo escopo precípuo deveria ser tão somente a interesses bancários e dos homens das finanças, o Conselho
regulação técnica das atividades financeiras, tais não são, nem ao Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, dos militares aos
longe, capazes de mitigar a incidência da legislação de proteção ao governos FHC e Lula, valem-se de comando previsto em lei que
trabalho, de caráter cogente, não sendo despiciendo lembrar que considera como instituição financeira entidade que trabalha com
incidência da norma trabalhista leva em conta a realidade da seus recursos ou de terceiros para, lamentavelmente,
prestação dos serviços, não importando os invólucros formais institucionalizar demasiada terceirização bancária, de repercussões
Análise percuciente acerca do conteúdo da "normatização" Também surpreende o fato de, quase 40 (quarenta) anos desde o
empreendida pelo Banco Central nesta temática pode ser colhida do primeiro ato do Banco Central, a apropriação indevida, por parte do
I. Magistrado Grijalbo Fernandes Coutinho, em obra específica, in representante dos bancos e banqueiros, de uma competência
"Ora, é inquestionável que a Lei n. 4.595/1964, aprovada para tratar político e judicial de maneira mais contundente. Ao contrário, o
da política e das instituições monetárias, bancárias e creditícias, silencio fez com que governos da época da democracia formal -
além de criar o Conselho Monetário Nacional, não poderia interferir FHC e Lula - ampliassem sobremaneira a terceirização bancária no
nas relações de trabalho entre bancários e seus empregadores, Brasil, tornando, assim, a intermediação de mão de obra autorizada
como de fato não o fez, segundo se verifica do art. 17 sempre pelos militares um "puxadinho"quando comparado ao gigantismo do
invocado pelo Banco Central para imiscuir-se de uma competência palácio erguido de 1995 a 2003 para acomodar lucros advindos da
jamais lhe atribuída, nem mesmo na época sombria do regime exploração de mão de obra dos trabalhadores bancários, formais e
militar. terceirizados.
Observado o teor do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, impõe-se concluir Não custa recordar que as resoluções do Banco Central, inclusive a
que a norma nele prescrita limita-se a definir o que seja instituição de n. 3.110, de 31 de julho de 2003, trazem em seu bojo, ao
financeira, considerando como tal, dentre outras, empresa disciplinar a atividade de correspondente bancário, matéria de
responsável pela coleta, intermediação e aplicação de recursos natureza eminentemente trabalhista, a ponto de permitir, na prática,
Ainda que seja o mais pobre entre os métodos de interpretação, a relação de trabalho entre bancos e trabalhadores que lhes prestam
literalidade do dispositivo objeto do presente debate não deixa serviços, de forma direta ou via intermediação de mão de obra
espaço para incluir a terceirização de mão de obra no conjunto das regulada por norma jurídica editada pelo Banco Central para
Ademais, qualquer interpretação minimamente comprometida com o Pouco importa o destino ou o título conferido no preâmbulo da lei.
sentido teleológico da norma legal jamais lhe daria o alcance visto Tem relevância o seu conteúdo materialmente analisado a partir das
pelos militares no poder e depois pelos governos FHC e Lula. A lei repercussões concretas criadas para as pessoas que ingressarem
de regência, repita-se, não [e uma lei de caráter trabalhista, em na seara regulada pela norma.
Inegavelmente, o art. 17 da Lei n. 4.595/1964 considera como terceirização em atividades bancárias e financeiras, não mais
instituição financeira a entidade que, entre as suas atribuições, faça remanescem dúvidas acerca do poder legiferante exercido pelo
a coleta, intermediação e aplicação dos recursos financeiros Banco Central, desde a ditadura militar até os governos FHC e Lula,
próprios ou de terceiros. Os bancos realizam todas essas no campo das relações de trabalho, cujo ato último, com este
propósito, se deu em 31 de julho de 2003, por intermédio da Em ordem a regularizar o histórico de relações de emprego da
Resolução n. 3.110, aqui transcrita e já comentada. reclamante, e em coerência com a dinâmica de compartilhamento
Usurpando competência própria do Congresso Nacional (CRFB, de mão de obra verificado pelas empresas no contexto do grupo
arts. 22, I e 48), ao legislar indevidamente sobre Direito do econômico, o registro da relação de emprego perante a 2ª
Trabalho, no tópico que trata da contratação de prestadoras de reclamada deverá ser lançado nas anotações gerais do pacto
serviços por bancos e entidades financeiras e das atividades inicialmente firmado com a 1ª reclamada, dado que claramente
delegáveis a empresas terceirizantes, o Banco Central pratica atos houve apenas um único pacto no qual a 2ª ré assumiu a condição
n. 3.110, de 31 de julho de 2010, por isso mesmo, ser atacado na Consequência lógica do reconhecimento do vínculo de emprego
esfera judicial, por meio de controle difuso nas diversas ações entre a parte autora e a 2ª reclamada, instituição financeira, e com
trabalhistas e do controle concentrado a ser exercido pela base no art. 511, §2o, da CLT, é declaração do enquadramento
propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo detentor de sindical da parte autora como financiária, a partir de 01.04.2016,
Trata-se, no caso da terceirização bancária no Brasil implantada por aplicando-se à espécie o regramento legal aplicável aos bancários,
atos do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional, da mais inclusive quanto à jornada de trabalho.
contundente usurpação de direitos sociais vista desde o surgimento Decorrente do exposto, condenam-se as rés no pagamento de
da legislação trabalhista no Brasil. Tudo isso acontecendo em terras diferenças salariais, tendo em conta a não observância do piso
tropicais há quase quarenta anos sem nenhum debate profundo a salarial da categoria dos financiários, à luz das sucessivas normas
respeito do tema, a ponto de esfacelar cotidianamente uma das coletivas aplicáveis à categoria profissional, com reflexos em horas
categorias de maior mobilização política durante a segunda metade extras pagas, aviso prévio, décimos terceiros, férias mais um terço,
do século XX. Outra consequência não menos nefasta resulta no depósitos do FGTS e respectiva indenização de 40% do FGTS.
oferecimento de condições de trabalho indignas a milhares de Condenam-se ainda as reclamadas no pagamento das parcelas
trabalhadores formais dos denominados 'correspondentes PLR, auxílio-refeição, ajuda alimentação, décima terceira cesta
bancários', cujos salários são reduzidíssimos e não têm mais eles alimentação e anuênios, esses com reflexos em aviso prévio,
outras garantias mínimas asseguradas aos bancários formais." décimos terceiros, férias mais um terço, depósitos do FGTS e
Com efeito, o que se tem no presente caso é o típico quadro de respectiva indenização de 40%, observadas as disposições
descentralização administrativa perpetrada por instituição financeira convencionadas acerca de cada rubrica, bem como a evolução do
em objeto absolutamente inserido em suas atividades essenciais, e valor dessas ao longo do pacto.
mediante subordinação direta dos empregados terceirizados, com Por óbvio, a condenações acima têm marco inicial em 01.04.2016,
nítido intuito de redução de custos operacionais através da início da relação de emprego perante a 2ª ré.
precarização de direitos trabalhistas, o que não pode ser admitido CAPÍTULO II - JORNADA DE TRABALHO
por nossa ordem constitucional, até mesmo diante dos Pleiteia a reclamante a condenação das rés no pagamento de horas
compromissos assumidos por nossa sociedade na promulgação da extras, considerada a jornada de seis horas diárias e 30 horas
Carta Política de 1988. semanais, nos termos do art. 224 da CLT, incidente à categoria dos
Neste ponto, a 2o reclamada, apesar de controlar claramente a financiários, consoante Súmula 55 do Col. TST.
atividade da reclamante, utilizava-se de seus serviços de maneira De sua parte, as reclamadas alegam não ser aplicável à espécie a
interposta, ancorado em regulamentação flagrantemente inteligência da Súmula 55 do Col. TST, dado que a autora não
inconstitucional do Banco Central, tão somente para precarizar os desempenhava atividades atinentes aos financiários. Alegam ter
direitos dos obreiros que lhe prestam serviços nesse "braço" de sua havido compensação ou pagamento das horas extras prestadas.
atividade, considerado o maior patamar de direitos dos financiários. Sem razão os réus.
Assim, caracterizada a subordinação direta da reclamante perante a De plano, rechaça-se a alegação de inaplicabilidade da Súmula 55
2ª reclamada, a partir de 01.04.2016, reconhece-se o vínculo de do Col. TST ao caso, uma vez que os fundamentos expostos no
emprego entre a autora e a 2o ré, mantidas as funções anotadas capítulo anterior explicitam, categoricamente, a relação de emprego
em sua CTPS, com os respectivos períodos de exercício, assim da autora perante o 2º reclamado, não somente pelo exercício de
como a data de terminação contratual já lançada formalmente pela atividades ligadas ao setor financiário, mas principalmente pela
Sequer se afigura viável a incidência, na espécie, do disposto no atividades completamente diversas, possuindo apenas parceria em
art. 224, §2o, da CLT, improvado o preenchimento do requisito alguns negócios, que, entretanto, não invadem o risco de cada de
quantitativo da figura, qual seja, a percepção de gratificação de pelo empresa na prestação de seus serviços específicos". Expõem que a
menos 1/3 do salário do cargo efetivo, a par de não se verificar que recorrida sempre trabalhou para a Magazine Luíza, a quem era
a parte autora desempenhasse atribuição que denotasse grau de subordinada, não possuindo a segunda reclamada, Luizacred S/A,
confiança destacado dos demais funcionários da empresa. qualquer controle sobre as atividades da obreira. Destacam "(...)
Quanto à dinâmica laboral, registre-se que a própria reclamante que o afastamento da relação existente entre a Magazine Luiza e a
reconheceu, em sede de depoimento pessoal, a fidedignidade dos Recorrida pretende, verdadeiramente, na declaração da existência
registros de jornada, pelo que tais serão utilizados como medida da de terceirização ilícita, o que é incompatível com a atual
intensidade de trabalho da obreira, e dos quais emerge claramente jurisprudência vinculante do STF. Isto porque ao julgar a Arguição
a conclusão de que a empresa exigia a prestação laboral mínima de de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 e o Recurso
8 horas diárias, incompatível com a jornada de trabalho aplicável ao Extraordinário nº 958.252, com repercussão geral, estabeleceu-se a
Tendo em vista a dinâmica de prestação contínua de labor em que "(...) não merece prosperar a fundamentação de que existiria
sobrejornada, em desrespeito à jornada legalmente aplicável à labor financeiro em favor da Luizacred, uma vez que, conforme
espécie, não cabe falar em compensação de jornada, que demonstrado em instrução processual, as atividades
pressupõe, por óbvio, efetiva contabilização e controle da desempenhadas pela obreira eram administrativas, não efetuando
quantidade de horas prestadas, o que não se verificou na espécie. análise de crédito, emissão de cartão de crédito ou quaisquer outras
Inteligência da Súmula 85, IV, da CLT. atividades inerentes ao trabalho de bancário/financiário". Requerem
Assim, condena-se a ré no pagamento das horas extras, seja provido o recurso, reformando-se a sentença para a
consideradas como tais aquelas laboradas além da 6a diária e 30a improcedência da reclamação.
enquadramento da parte autora como financiária, à luz da Define-se a categoria profissional do empregado não integrante de
fundamentação supra, bem como observado o disposto na Súmula categoria diferenciada, caso dos autos, a partir da atividade
55 do Col. TST. Para fins de cálculo, considere-se: econômica desempenhada pelo empregador. Sendo a autora
1. base de cálculo nas parcelas de natureza salarial, na forma da empregada da Magazine Luíza S/A (vide CTPS ID. 06f0446 - Pág.
Súmula 264 do TST; 3), seu enquadramento profissional deve ser realizado observando
3. divisor de 180 (súmula 124 Col. TST); Estatuto Social da referida empresa, ID. c533f9c - Pág. 13, verifica-
4. adicional de 50%, não cabendo a incidência de percentual de se que o objetivo da sociedade ali discriminado não guarda
100%, à míngua de disposição legal ou mesmo coletiva neste qualquer similitude com as regras estabelecidas pelo art. 17 da Lei
5. evolução salarial da autora, segundo normas coletivas da os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou
6. registros de jornada e dias efetivamente laborados; coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios
7. excluam-se, no cálculo semanal, as horas extras encontradas ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de
quando do cômputo diário, sob pena de bis in idem; valor de propriedade de terceiros."
8. reflexos, face à habitualidade, em repousos semanais Não fosse isso, mesmo considerando-se que os serviços prestados
remunerados, observado o sábado igualmente como dia de repouso pela autora beneficiavam a segunda reclamada, não há como se
semanal, a teor das normas coletivas aplicáveis, (Súmula 172 do acolher o pleito autoral, considerando-se que o Plenário do
Col. TST), o complexo repercutindo em aviso prévio, trezenos, Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento
férias mais um terço, depósitos do FGTS e multa de 40%, face à de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário
dispensa imotivada; (RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é
Recorrem ordinariamente as duas reclamadas, argumentando, em lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou
síntese, que as empresas do polo passivo "(...) são distintas, com seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis
mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, ao contrário do que funcionários da loja Magazine Luiza; que esclarece que os sistemas
quer fazer crer a parte reclamante, está a mesma discussão de eletrônicos de trabalho da Magazine Luiza e da Luizacred são
serem os serviços prestados para a segunda reclamada diversos; que caso precisasse se afastar do trabalho por motivo
(LUIZACRED S/A) inclusos no objeto social desta; a terceirização médico deveria solicitar a Sra. Fernanda; que os atestados médicos
aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de razão para eventualmente apresentados eram enviados a Sra. Fernanda; que
refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no moderno participava de reuniões matinais da loja todos os dias mas logo
posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal toma nova feição, após tinha uma reunião especifica com os funcionários da Luizacred
sem o viés da ilegalidade de então. com a Sra. Fernanda inclusive sendo ocasiões de passagem de
O panorama jurisprudencial moderno é, pois, o que aponta o metas desejadas; que as reuniões da loja eram conduzidas pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de gestor da loja; que inicialmente o seu uniforme constava o logo da
Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324, em sentido Luizacred mas depois foi alterado para constar Magazine Luiza; que
diametralmente oposto à compreensão sustentada até então: afirma que o equipamento de registro de jornada de único para
"O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, todos os funcionários da loja; que acredita que sua remuneração
julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a era paga pela Luizacred já que trabalhava lá; que afirma que tinha
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se acesso ao portal Luiza porque nele continha cursos para
configurando relação de emprego entre a contratante e o funcionários da Luizacred; que no dia de sua demissão o gerente da
empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à loja chamou a depoente e falou que tinha recebido papéis da
contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da coordenação relativos a sua dispensa; que acaso fosse promovida
terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento para cargo superior ocuparia cargo de coordenadora de loja como o
das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, da Sra. Fernanda; que não realizava venda de serviços como
na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson recarga de celular, garantia estendida e troca certa de produtos do
Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta Magazine Luiza porque isso era função dos caixas; que não
assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta acompanhava entrega de produtos porque isso era função do
automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido estoque; que realizava atividades de telemarketing mais para
coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Carmen Lúcia. realizar venda de produtos da Luizacred; que afirma que
Ademais, salienta-se que o depoimento pessoal da autora revelou o aprovasse o crédito a depoente poderia aprovar ou negar o
desempenho de atividades incapazes de enquadrá-la como cartão; que a negativa poderia se dar em caso de analise
financiária, de modo a tornar superado, neste tocante, o exame dos notadamente a documentação de clientes; que não podia
depoimentos das testemunhas ouvidas no presente feito e naquele alterar limite de cartão de crédito emitido pelo sistema; que
cuja ata audiência foi admitida como prova emprestada. Admitiu a poderia atuar na renegociação dos clientes de cartão de crédito
reclamante que "(...) atuava na vende de produtos da segunda mas não poderia alterar as taxas de juros; que não poderia
reclamada como cartão de crédito, parcelamento de fatura, seguro abrir conta corrente ou transferência bancária" (destaquei).
de cartão, habilitação de serviços de SMS; (...) que durante todo Extrai-se do depoimento que a autora atuava no recebimento e no
contrato trabalhou nas dependências do Magazine Luiza na filial encaminhamento da documentação dos clientes, relativos aos
984; que entretanto quando passou a vender produtos da Luizacred pedidos de cartão de crédito, sem envolvimento direto na aprovação
foi transferida para um setor da Luizacred; (...) que quando passou das propostas, nem mesmo na alteração dos limites de crédito ou
a vender produtos da Luizacred o seu superior era o coordenador alteração das taxas de juros, posto que tais atributos decorriam do
regional o Sr. Ivan, funcionário da Luizacred; que o Sr. Ivan sistema. Logo, as atividades desempenhadas pela recorrida se
comparecia uma vez por mês; que tinha contato com o Sr. Ivan caracterizavam como mero assessoramento na aquisição de cartão
todos os dias por telefone e periodicamente por e-mail e de crédito, o que é insuficiente para caracterizá-la como financiária.
conferências virtuais; que esclarece que o Sr. Ivan era o A prestação de serviços da reclamante, empregada da primeira
coordenador regional da Luizacred sendo que sua superior imediata reclamada, em benefício da segunda reclamada, não se afigura
era a Sra. Fernanda que era coordenadora da Luizacred da loja; como fraudulenta. Com efeito, do acervo probatório dos autos, não
que a Sra. Fernanda era funcionária da Luizacred; que enquanto é possível concluir que a obreira recebia ordens diretamente da
vendeu produtos da Luizacred não tinha qualquer contato com os segunda reclamada, pois, a despeito de suas atividades, continuou
Nesse sentido, a segunda testemunha obreira, ouvida no processo PRECEDENTES DO STF - INAPLICABILIDADE DA OJ 383 DA
nº 0000160-59.2021.5.07.0037, cuja ata de audiência foi admitida SBDI-I DO TST - CABIMENTO APENAS DA RESPONSABILIDADE
como prova emprestada, revelou "(...) que a Loja da Magazine era SUBSIDIÁRIA. 1. A Súmula 331 do TST constituiu, por mais de 2
frequentada por um coordenador regional ao qual a reclamante décadas, o marco regulatório por excelência do fenômeno da
estava subordinada; que este coordenador era da Luizacred; que terceirização na seara trabalhista, editada que foi em atenção a
quando a reclamante precisasse se ausentar do trabalho a mesma pedido formulado pelo MPT, em 1993, de revisão da Súmula 256,
comunicava para a gestora da loja; que as pessoas do crédito que era superlativamente restritiva da terceirização, limitando-a às
também são conhecidas como assistente de vendas sênior". A hipóteses de vigilância (Lei 7.102/83) e trabalho temporário (Lei
despeito da menção à subordinação a um coordenador da segunda 6.019/74). 2. Revisada por duas vezes (2000 e 2011), em função da
reclamada, era à gestora da primeira reclamada a quem se dirigia questão acessória da responsabilidade subsidiária da Administração
quando precisava se ausentar do trabalho, o que denota, no Pública nos casos de inadimplemento das obrigações trabalhistas
cotidiano laboral, subordinação direta à Magazine Luíza. por parte das empresas terceirizadas (incisos IV e V), o STF, ao
Tal subordinação foi confirmada pela primeira testemunha ouvida a pacificar tal questão periférica, deu também sinalização clara quanto
rogo da reclamada na referida prova emprestada, ao declarar "que a à fragilidade e imprecisão conceitual da distinção entre atividade-fim
reclamante estava subordinada à gerente da loja na unidade de e atividade-meio para efeito de fixação da licitude da terceirização
Juazeiro". Além disso, a segunda testemunha patronal ouvida de serviços (cfr. RE 760.931-DF, Red. Min. Luiz Fux, julgado em
naquele feito expôs "que não tinha nenhum empregado da segunda 30/03/17). 3. O que condenou finalmente a Súmula 331 do TST, em
reclamada trabalhando nas dependências da Magazine" e "que seu núcleo conceitual central do inciso III, sobre a licitude da
depoente e reclamante estavam subordinadas à gestora e a gerente terceirização apenas de atividades-meio das empresas tomadoras
Por fim, a única testemunha ouvida no presente feito, a rogo da das empresas, generalizando a ideia de atividade-fim,
reclamada, confirmou "(...) que seu superior imediato é o gestor especialmente quanto aos serviços de call center prestados para
administrativo; que o trabalho do gestor administrativo é voltado bancos (cfr. TST-RR-1785-39.2012.5.06.0016) e concessionárias de
para a venda dos produtos de crédito; que exemplifica como serviços de telecomunicações (cfr. TST-E-ED-RR-2707-
gestoras administrativo as Sras. Silvana, Lucicleuma e Maria 41.2010.5.12.0030) e energia elétrica (cfr. TST-RR-574-
Edilane; que afirma que o coordenador de crédito não permanece 78.2011.5.04.0332), ao arrepio das Leis 8.987/95 (art. 25, § 1º) e
nas dependências da filial aparecendo apenas esporadicamente; 9.472/97 (art. 94, II), além dos casos de cabistas (cfr. TST-E-ED-RR
que afirma não existir um coordenador direto na loja; que o gestor -234600-14.2009.5.09.0021), leituristas (cfr. TST-E-ED-RR-1521-
administrativo é do Magazine Luiza; que afirma não ter presenciado 87.2010.5.05.0511) e vendedores no ramo de transporte rodoviário
nenhum funcionário da Luizacred desde a sua admissão". (cfr. TST-E-RR-1419-44.2011.5.10.0009), apenas para citar os mais
No sentido ora abonado trilha a atual jurisprudência do TST, comuns. 4. No intuito de combater o fenômeno econômico da
conforme precedentes abaixo colacionados, todos eles envolvendo terceirização, caracterizado pela cadeia produtiva horizontal, para
as empresas reclamadas no presente feito: forçar o retorno ao modelo de empresa vertical, em que a quase
"I) AGRAVO DE INSTRUMENTO DAS RECLAMADAS MAGAZINE totalidade das atividades é exercida pelos seus empregados
LUIZA S/A E LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE- contratados diretamente e não por empresas terceirizadas e seus
FIM OU ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - empregados, a jurisprudência majoritária do TST levou o STF a
APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS reconhecer a repercussão geral dos Temas 725 e 739, sobre
PRECEDENTES DO STF - PROVIMENTO. Diante de possível terceirização, cujo deslinde em 30/08/18, com o julgamento do RE
violação do art. 3º da CLT, acerca da ilicitude da terceirização de 958.252 e da ADPF 324 resultou na fixação da seguinte tese
serviços financiários, dá-se provimento ao agravo de instrumento jurídica de caráter vinculante: " é lícita a terceirização ou qualquer
interposto pelas Reclamadas para determinar o processamento do outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
recurso de revista . Agravo de instrumento provido. II) RECURSO independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
DE REVISTA DAS RECLAMADAS MAGAZINE LUIZA S/A E mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". 5.
LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE-FIM OU Assim, a partir de 30/08/18, passou a ser de aplicação aos
ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - processos judiciais em que se discute a terceirização a tese jurídica
fixada pelo STF no precedente dos processos RE 958.252 e ADPF todo o Poder Judiciário, assim restou redigida: "É licita a
324, mormente em face da rejeição da questão de ordem relativa a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre
eventual perda de objeto dos processos, diante da edição da Lei pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das
13.429/17, uma vez que se reconheceu que esta passou a regular a empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
matéria para o futuro, enquanto o julgamento do STF dispôs sobre empresa contratante " destacamos. Do mesmo modo, no
os casos do passado. 6. Por outro lado, a par de não mais julgamento da ADPF n.º 324, o eminente Relator, Min. Roberto
subsistirem, para efeito do reconhecimento da licitude da Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se
terceirização , os conceitos de atividade-fim, atividade-meio e manifestou: "I. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade,
subordinação estrutural entre empresas, não há de se aguardar a meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a
revisão da Súmula 331 para apreciação dos casos pendentes, quer contratante e o empregado da contratada . 2. Na terceirização,
por depender da discussão prévia sobre a constitucionalidade do compete à tomadora do serviço: I) zelar pelo cumprimento de todas
art. 702, I, "f", e § 3º, da CLT, quer por ser possível decidir de pronto as normas trabalhistas, de seguridade social e de proteção à saúde
a matéria, sem tisnar a Súmula 331, quando se reconhecer o e segurança do trabalho incidentes na relação entre a empresa
caráter de atividade-meio desenvolvida pela prestadora de serviços terceirizada e o trabalhador terceirizado; II) assumir a
em relação à tomadora de serviços. 7. In casu , como se trata de responsabilidade subsidiária pelo descumprimento de obrigações
terceirização de serviços de " atendimento ao cliente, diretamente trabalhistas e pela indenização por acidente de trabalho, bem como
ligado a margem de crédito, fazendo lançamento de dados do a responsabilidade previdenciária, nos termos do art. 31 da Lei
cartão do cliente no sistema de cartão de credito da LuizaCred " 8.212/1993 " grifamos . Assim ficou assentado na certidão de
(pág. 643), sem que se tenha notícia de subordinação direta da julgamento: "Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos
Trabalhadora terceirizada à Tomadora dos serviços, tem-se que o termos do voto do Relator, julgou procedente a arguição de
recurso de revista merece conhecimento, por violação do art. 3º da descumprimento de preceito fundamental , vencidos os Ministros
CLT (arrimo dos Temas 725 e 739 de repercussão geral do STF), e Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio"
provimento, para, reformando o acórdão regional, no aspecto, (g.n) . Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o
afastar a ilicitude da terceirização e, por conseguinte, o entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência
reconhecimento do vínculo de emprego com a tomadora de (art. 170, IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente
serviços, LuizaCred S/A, bem como os benefícios legais e assentados na Constituição Federal de 1.988, asseguram às
convencionais concedidos especificamente aos seus empregados, empresas liberdade em busca de melhores resultados e maior
remanescendo, porém, a sua responsabilidade subsidiária quanto competitividade. Quanto à possível modulação dos efeitos da
às verbas da condenação que não decorreram exclusivamente do decisão exarada, resultou firmado, conforme decisão de julgamento
enquadramento da Autora como financiária. Recurso de revista da ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que: "(...) o Relator
conhecido e provido" (RR-10307-15.2015.5.05.0651, 4ª Turma, prestou esclarecimentos no sentido de que a decisão deste
Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 13/11/2020) julgamento não afeta os processos em relação aos quais tenha
"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA Lúcia. Plenário, 30.8.2018" . Nesse contexto, a partir de 30/8/2018,
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE- é de observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou
MEIO E ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO PROFERIDA PELO pendente de julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADPF N.º 324 E NO RE N.º n.º 958.252 e na ADPF n.º 324. Assim, não há mais espaço para o
958.252, COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA (TEMA reconhecimento do vínculo empregatício com o tomador de serviços
725) . TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. APLICAÇÃO DE MULTA. O sob o fundamento de que houve terceirização ilícita (ou seja,
Plenário do Supremo Tribunal Federal, no dia 30/8/2018, ao julgar a terceirização de atividade essencial, fim ou finalística), ou, ainda,
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º para a aplicação dos direitos previstos em legislação específica ou
324 e o Recurso Extraordinário (RE) n.º 958.252, com repercussão em normas coletivas da categoria profissional dos empregados da
geral reconhecida, decidiu que é lícita a terceirização em todas as empresa contratante, porque o e. STF, consoante exposto, firmou
etapas do processo produtivo, ou seja, na atividade-meio e na entendimento de que toda terceirização é sempre lícita , inclusive,
atividade-fim das empresas. A tese de repercussão geral aprovada repita-se, registrando a impossibilidade de reconhecimento de
no RE n.º 958.252 (Rel. Min. Luiz Fux), com efeito vinculante para vínculo empregatício do empregado da prestadora de serviços com
o tomador . Considerando a improcedência do recurso, aplica-se à da Reclamada, ou seja, categoria da atividade-meio da LUIZACRED
parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo S.A. Segundo os arts. 511 e 570,caput, da CLT,o
não provido, com aplicação de multa" (Ag-RRAg-11503- enquadramentosindicalé determinado, de fato, pela atividade
21.2017.5.15.0150, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, econômica predominante da empresa e pelo local da prestação de
"(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. categoria profissional diferenciada. Como complemento, o art. 581,
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º13.015/2014. § 2º, da CLT conceitua o que seria atividade preponderante. A
ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO. AUSÊNCIA DE Turma Regional, diante do rol de atribuições e de limitações do
COMPROVAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA cargo, constatou que o Reclamante desempenhava a função de
SÚMULA 126/TST. Hipótese em que o Tribunal Regional, amparado promotor de vendase que, por não ter permissão de conceder
no acervo fático-probatório delineado nos autos, sobretudo na prova crédito, não pertencia à categoria dos financiários. Com efeito, não
oral, reformou a sentença para afastar o reconhecimento da há como enquadrar o obreiro nas Convenções Coletivas de
condição de financiaria da autora. Assentou que, em razão da Trabalho de outra categoria, por não possuir relação com a
disparidade do sistema operacional utilizado pela autora (OX) e atividade econômica (atividade-fim) da empresa. Decidir de forma
pelos empregados contratados diretamente pela Luizacred diversa demandaria o revolvimento das provas produzidas nos
(CONSIGWEB), a atividade exercida pela reclamante era apenas o autos, diligência defesa pela Súmula nº 126 do TST. Agravo interno
de preenchimento da proposta, carregando o sistema com de que se conhece e a que se nega provimento" (Ag-AIRR-567-
informações dos clientes do Maganize Luíza captados no interior da 50.2015.5.09.0092, 7ª Turma, Relator Desembargador Convocado
loja, não havendo atribuição de aprovação do crédito. Consignou Roberto Nobrega de Almeida Filho, DEJT 17/05/2019).
que se aprovado o cartão pelos empregados vinculados diretamente "AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE
ao Luizacred, então a autora dava continuidade ao processo, REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO
conferindo a veracidade dos documentos no momento da proposta, DE SERVIÇOS. LABOR EM ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO
o que demonstra o enquadramento da autora como promotora de DO STF NO TEMA 725 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL,
vendas dos produtos da Luizacred , e não como financiária. ADPF 324 E RE 958.252. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST.
Registrou ainda que até o sistema de informática era diferenciado, PREJUDICADO O EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. O Supremo
pois, enquanto que os empregados da Luizacred tinham como Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de
suporte o sistema CONSIGWEB, a empregada trabalhava na Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE)
versão OX, funcionando como uma ponte entre os clientes do 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu pela licitude
Magazine Luíza, encaminhados pelos vendedores da loja ou da terceirização em todas as etapas do processo produtivo.
abordados pelos próprios analistas, e a atividade financeira da Naquele recurso, o STF firmou tese de repercussão geral, com
Luizacred, aprovada por funcionários diretamente contratados para efeito vinculante, no sentido de que "é lícita a terceirização ou
tal propósito. Concluiu que a função exercida era administrativa, qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
carregando o sistema com dados cadastrais e não de avaliação ou distintas, independentemente do objeto social das empresas
aprovação do crédito. A decisão está assente no conjunto fático- envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa
probatório, sobretudo na prova oral, cujo reexame se esgota nas contratante". Assim, não havendo alusão no acórdão regional
instâncias ordinárias. Adotar entendimento em sentido oposto acerca da efetiva existência de pessoalidade e subordinação
àquele formulado pelo Tribunal Regional implicaria o revolvimento jurídica direta com a tomadora de serviços, não há como se
de fatos e provas, inadmissível em sede de recurso de revista, a reconhecer o vínculo direto com a empresa tomadora de serviços.
teor da Súmula 126/TST. Recurso de revista não conhecido" (RR- Quanto a esse último aspecto, não se leva em conta a mera
645-12.2014.5.09.0017, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena subordinação estrutural ou indireta, que, aliás, é inerente à
"AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO já mencionados precedentes do STF -, sendo necessário estar
DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIO. comprovada nos autos a subordinação hierárquica direta, presencial
CATEGORIA SINDICAL DIFERENCIADA. PROMOTOR DE ou por via telemática, do trabalhador aos prepostos da tomadora.
VENDAS . O Tribunal Regional inferiu que o Reclamante não No caso concreto, o Tribunal Regional consignou não existir
exercia serviço de financiário, mas somente de promotor de vendas pessoalidade e subordinação direta com a tomadora, o que
inviabiliza o reconhecimento de vínculo de emprego pretendido. julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,
Ademais, não há na petição inicial o pedido sucessivo autônomo de porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.
Turma do TST tem evoluído para entender que esta análise fica
transcendência. Agravo de instrumento não provido. (...)" (AIRR-337 ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
-97.2018.5.06.0411, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
de Carvalho, DEJT 01/10/2021). conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para
Por todo o exposto, não faz jus à reclamante ao enquadramento julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,
como financiária, de modo a serem indevidas as verbas deferidas porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.
Dá-se provimento ao recurso das reclamadas, para julgar Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
improcedente a reclamação. Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
Custas pela reclamante, porém dispensadas, em face dos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
benefícios da justiça gratuita ora mantidos, eis que, ao contrário do de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
afirmado pelas recorrentes, a parte reclamante declarou no ID. Fortaleza, 18 de julho de 2022.
reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- LUIZACRED S.A. SOCIEDADE DE CREDITO,
FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
ADMISSIBILIDADE
JUSTIÇA DO PRELIMINAR
MÉRITO
EMENTA
ENQUADRAMENTO SINDICAL. CATEGORIA DOS
FINANCIÁRIOS.
À análise.
RELATÓRIO
No tema da terceirização, dos mais tormentosos e corriqueiros no
empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa jurídicos da relação de emprego permitirão afastar a relação formal
e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a de emprego havida entre o empregado e a prestadora dos serviços
liberdade de formular estratégias negociais indutoras de maior intermediados. In casu, o julgado afeta igualmente a pretensa
eficiência econômica e competitividade. aferição objetiva quanto à subordinação jurídica alegada pela autora
violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos Entretanto, muito embora a perquirição acerca da subordinação
previdenciários. É o exercício abusivo da sua contratação que pode jurídica deva se dar sob seu viés subjetivo, não se pode perder de
produzir tais violações. vista o disposto no art. 6º, §único, da CLT, in verbis:
4. Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no
com as normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à empregado e o realizado a distância, desde que estejam
contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação
terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento dada pela Lei nº 12.551, de 2011)
das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de
5. A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,
pressupõe a sua participação no processo judicial, bem como a sua controle e supervisão do trabalho alheio.
inclusão no título executivo judicial. Não se pode turvar a discussão sobre o presente caso olvidando-se
6. Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o da dinâmica atual das relações de trabalho, sobretudo no âmbito do
objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi sistema bancário e financeiro, tão permeados por instrumentos
revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o tecnológicos com vistas a dinamizar a circulação de riqueza,
indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Descabe imaginar o fenômeno da subordinação jurídica, ainda que
Supremo Tribunal Federal a respeito dos aspectos constitucionais em seu viés subjetivo, unicamente sob a figura da presença física
da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o do gestor, transmitindo ordens a seus subordinados, como se
pedido de inclusão do feito em pauta. constitui a imagem padrão da relação patrão-empregado. Tal
7. Firmo a seguinte tese: "1. É lícita a terceirização de toda e raciocínio não advém de convicções pessoais deste magistrado,
qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de mas sim do próprio legislador, como se percebe do art. 6º, §único,
terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a Pelo que emerge do conteúdo de prova relativa ao caso concreto, a
capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder reclamante, de fato, atuava no exercício de atividade de cunho
subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, financeiro, atinente à atividade econômica do 2º réu, ainda que
bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da tenha sido formalmente contratada pelo 1º reclamado. Entretanto,
8. ADPF julgada procedente para assentar a licitude da desempenhadas pela reclamante, é fato que a gestão de suas
terceirização de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela atividades, o controle e a fiscalização de seu trabalho, dava-se pela
maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões 2ª ré, ainda que tal fiscalização tenha se dado por meios
Com efeito, diante da tese firmada pelo Col. STF, valendo o registro Pode-se extrair dita conclusão de vários trechos dos depoimentos
veemente da discordância do presente magistrado, resta afastada a colhidos, como se vê abaixo, in litteris:
possibilidade de aferição objetiva da subordinação no contexto da "que a reclamante fazia empréstimos pessoais e empréstimos
relação trilateral de trabalho. Foi patente e expresso o Pretório consignados para os clientes da Magazine Luiza; que as atribuições
Excelso a afirmar a possibilidade de terceirização em qualquer da reclamante era preencher as propostas dos clientes e mandar
atividade do contratante, até mesmo aquelas pertencentes ao para análise na empresa Luizacred; que em caso de aprovação o
núcleo de sua atividade econômica. crédito era feito pela Luizacred diretamente na conta bancária do
Sendo assim, somente a aferição subjetiva dos elementos fático- cliente" (depoimento da preposta Márcia Campos, representante
das rés nos autos de nº 0000160-59.2021.5.07.0037, admitido como uníssono da prova oral.
prova emprestada no caso vertente) Merece relevo, ainda, no que concerne a tais elementos fático-
"que o sistema operacional utilizado pelas analistas era da jurídicos da relação de emprego, que as reclamadas compõem
Luizacred; que os empregados da magazine não tinham acesso ao grupo econômico, como reconhecido no capítulo I da presente
sistema da Luizacred; que os móveis e computadores usados pela decisão, havendo inequívoco aproveitamento recíproco do quadro
analista eram todos de propriedade da Luizacred; que as analistas de pessoal de ambas as empresas na execução da atividade
assinavam documentos em nome da Luizacred e em seguida econômica comum ou convergente das reclamadas. Tal
lançava esse documento no sistema; que as analistas atendiam característica, ao revés de servir ao rechaço da tese obreira, reforça
clientes da Magazine Luiza e também pessoas que não eram o caráter coligado das atividades da empresas, sem afastar, sequer
clientes da Magazine; que qualquer problema relacionado às minimamente, a efetiva subordinação da reclamante para com a 2ª
atividades funcionais as analistas se reportavam às coordenadora reclamada, no período da prestação laboral em prol dessa.
da Luizacred, Sra Fernanda e em seguida Sra Fabiana; que com a Visto o conteúdo dos depoimentos, parece induvidoso que a 1ª
mudança da nomenclatura dos cargos as condições funcionais de reclamada, empregadora formal da parte autora, ao menos em
trabalho continuaram as mesmas; que a analista lançava todas as parte, nada mais representou senão autêntico setor de
informações do cliente no sistema e ao final a mesma saberia se o funcionamento da atividade econômica financeira do 2º reclamado,
crédito era aprovado ou não" (depoimento da testemunha Aline emergindo patente que a reclamante atuava na comercialização e
Rafaely da Silva Sousa nos autos de nº 0000160- prospecção de clientes para produtos do 2º reclamado, inclusive
59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso com centralização das atividades e gestão da atuação da
"que as atividades da reclamante eram: fazer cartão de crédito, Portanto, intenta o 2o reclamado, cuja atividade econômica se volta
empréstimos, negociação de dívidas com cliente, análise de crédito, a comercialização de crédito pessoal, em várias modalidades
dentre outras [...] que a Loja da Magazine era frequentada por um comerciais, realizar parcela essencial de tal mister, qual seja, a
coordenador regional ao qual a reclamante estava subordinada; que própria oferta, negociação e formalização da operação, segundo
este coordenador era da Luizacred" (depoimento da testemunha normas de aprovação criadas por si, através de contratação
Paolla Layana Lima Gonçalves nos autos de nº 0000160- empregatícia interpostas, em odiosa fraude tencionada à redução
59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso de custos a todo e qualquer preço.
"que as metas do setor de crédito eram passadas pelo gestor 1a reclamada executavam parcela essencial da atividade financeira
administrativo mediante planilhas enviadas pelo coordenador de exercida pelo 2o reclamada, qual seja, a própria conclusão de
crédito; que não sabe precisar qual a função exata do coordenador venda dos produtos desta entidade financeira, segundo seus
de crédito; que não sabe precisar a área de abrangência do parâmetros, e os consumidores. Na verdade, o que se vê é uma
coordenador regional mas afirma que a filial de Juazeiro do Norte tentativa de pulverizar a atividade financeira, de modo a diminuir o
está atrelada a regional de Petrolina" (oitiva da testemunha Vanilza valor da força de trabalho daqueles que realizam as atividades
Bezerra Campos, conduzida pelos réus) inerentes a este setor, o que vai de encontro ao Princípio
Com efeito, nota-se que a reclamante atuava em função atrelada à Fundamental da Valorização do Trabalho (art. 1ª, IV, CF).
dinâmica de venda de produtos financeiros da 2ª ré, claramente A se dar validade a tal pulverização, em pouco tempo teremos
subordinada a essa, ainda que por meios telemáticos, na linha do executando as atividades inerentes ao sistema financeiro apenas
que tem se dado no contexto da revolução tecnológica em curso, trabalhadores das empresas orbitais ao núcleo do Sistema
fenômeno já previsto pelo legislador, como acima explicitado. Financeiro, com patamar salarial inferior, e as efetivas financeiras
No que concerne aos elementos da não eventualidade, se resumirão a apenas aos diretores ou executivos, exercendo
pessoalidade, e onerosidade, esses emergem da própria natureza atividade econômica sem qualquer empregado! Tal conduta
das atividades desempenhadas pela autora, que laborava em vilipendia, claramente, a função social da propriedade, no caso, do
jornada fixa, mediante salário estipulado e sem qualquer indício de exercício empresarial, à luz do art. 170 do Texto Magno.
que poderia se fazer substituir por outrem, até mesmo diante da Agora trazendo a lume os próprios dispositivos legais e infralegais
necessidade de realização de capacitação específica para a atinentes à atividade financeira, e interpretando-os à luz do conjunto
prestação dos serviços, através da Febraban, como emergiu em do ordenamento jurídico-constitucional, cumpre dizer que o artigo
17 da lei 4.595/76, que regula o sistema financeiro nacional, dispõe atividades, para quem o legislador, no caso específico, dirigiu as
efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou Na hipótese mais flexível, registre-se, admitir-se-ia na qualidade de
privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a instituição financeira as tradicionais financeiras de crédito, sem que
coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios este fato, isoladamente, justificasse a intermediação de mão de
ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de obra entre bancos e financeiras. Matéria de cunho trabalhista não
valor de propriedade de terceiros". pode ser tratada lateralmente em lei destinada aos bancos e ao
somente se pode discorrer que, por seu caráter meramente Em uma típica esperteza dos verdadeiros "expertos protetores" dos
infralegal, cujo escopo precípuo deveria ser tão somente a interesses bancários e dos homens das finanças, o Conselho
regulação técnica das atividades financeiras, tais não são, nem ao Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, dos militares aos
longe, capazes de mitigar a incidência da legislação de proteção ao governos FHC e Lula, valem-se de comando previsto em lei que
trabalho, de caráter cogente, não sendo despiciendo lembrar que considera como instituição financeira entidade que trabalha com
incidência da norma trabalhista leva em conta a realidade da seus recursos ou de terceiros para, lamentavelmente,
prestação dos serviços, não importando os invólucros formais institucionalizar demasiada terceirização bancária, de repercussões
Análise percuciente acerca do conteúdo da "normatização" Também surpreende o fato de, quase 40 (quarenta) anos desde o
empreendida pelo Banco Central nesta temática pode ser colhida do primeiro ato do Banco Central, a apropriação indevida, por parte do
I. Magistrado Grijalbo Fernandes Coutinho, em obra específica, in representante dos bancos e banqueiros, de uma competência
"Ora, é inquestionável que a Lei n. 4.595/1964, aprovada para tratar político e judicial de maneira mais contundente. Ao contrário, o
da política e das instituições monetárias, bancárias e creditícias, silencio fez com que governos da época da democracia formal -
além de criar o Conselho Monetário Nacional, não poderia interferir FHC e Lula - ampliassem sobremaneira a terceirização bancária no
nas relações de trabalho entre bancários e seus empregadores, Brasil, tornando, assim, a intermediação de mão de obra autorizada
como de fato não o fez, segundo se verifica do art. 17 sempre pelos militares um "puxadinho"quando comparado ao gigantismo do
invocado pelo Banco Central para imiscuir-se de uma competência palácio erguido de 1995 a 2003 para acomodar lucros advindos da
jamais lhe atribuída, nem mesmo na época sombria do regime exploração de mão de obra dos trabalhadores bancários, formais e
militar. terceirizados.
Observado o teor do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, impõe-se concluir Não custa recordar que as resoluções do Banco Central, inclusive a
que a norma nele prescrita limita-se a definir o que seja instituição de n. 3.110, de 31 de julho de 2003, trazem em seu bojo, ao
financeira, considerando como tal, dentre outras, empresa disciplinar a atividade de correspondente bancário, matéria de
responsável pela coleta, intermediação e aplicação de recursos natureza eminentemente trabalhista, a ponto de permitir, na prática,
Ainda que seja o mais pobre entre os métodos de interpretação, a relação de trabalho entre bancos e trabalhadores que lhes prestam
literalidade do dispositivo objeto do presente debate não deixa serviços, de forma direta ou via intermediação de mão de obra
espaço para incluir a terceirização de mão de obra no conjunto das regulada por norma jurídica editada pelo Banco Central para
Ademais, qualquer interpretação minimamente comprometida com o Pouco importa o destino ou o título conferido no preâmbulo da lei.
sentido teleológico da norma legal jamais lhe daria o alcance visto Tem relevância o seu conteúdo materialmente analisado a partir das
pelos militares no poder e depois pelos governos FHC e Lula. A lei repercussões concretas criadas para as pessoas que ingressarem
de regência, repita-se, não [e uma lei de caráter trabalhista, em na seara regulada pela norma.
Inegavelmente, o art. 17 da Lei n. 4.595/1964 considera como terceirização em atividades bancárias e financeiras, não mais
instituição financeira a entidade que, entre as suas atribuições, faça remanescem dúvidas acerca do poder legiferante exercido pelo
a coleta, intermediação e aplicação dos recursos financeiros Banco Central, desde a ditadura militar até os governos FHC e Lula,
próprios ou de terceiros. Os bancos realizam todas essas no campo das relações de trabalho, cujo ato último, com este
propósito, se deu em 31 de julho de 2003, por intermédio da Em ordem a regularizar o histórico de relações de emprego da
Resolução n. 3.110, aqui transcrita e já comentada. reclamante, e em coerência com a dinâmica de compartilhamento
Usurpando competência própria do Congresso Nacional (CRFB, de mão de obra verificado pelas empresas no contexto do grupo
arts. 22, I e 48), ao legislar indevidamente sobre Direito do econômico, o registro da relação de emprego perante a 2ª
Trabalho, no tópico que trata da contratação de prestadoras de reclamada deverá ser lançado nas anotações gerais do pacto
serviços por bancos e entidades financeiras e das atividades inicialmente firmado com a 1ª reclamada, dado que claramente
delegáveis a empresas terceirizantes, o Banco Central pratica atos houve apenas um único pacto no qual a 2ª ré assumiu a condição
n. 3.110, de 31 de julho de 2010, por isso mesmo, ser atacado na Consequência lógica do reconhecimento do vínculo de emprego
esfera judicial, por meio de controle difuso nas diversas ações entre a parte autora e a 2ª reclamada, instituição financeira, e com
trabalhistas e do controle concentrado a ser exercido pela base no art. 511, §2o, da CLT, é declaração do enquadramento
propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo detentor de sindical da parte autora como financiária, a partir de 01.04.2016,
Trata-se, no caso da terceirização bancária no Brasil implantada por aplicando-se à espécie o regramento legal aplicável aos bancários,
atos do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional, da mais inclusive quanto à jornada de trabalho.
contundente usurpação de direitos sociais vista desde o surgimento Decorrente do exposto, condenam-se as rés no pagamento de
da legislação trabalhista no Brasil. Tudo isso acontecendo em terras diferenças salariais, tendo em conta a não observância do piso
tropicais há quase quarenta anos sem nenhum debate profundo a salarial da categoria dos financiários, à luz das sucessivas normas
respeito do tema, a ponto de esfacelar cotidianamente uma das coletivas aplicáveis à categoria profissional, com reflexos em horas
categorias de maior mobilização política durante a segunda metade extras pagas, aviso prévio, décimos terceiros, férias mais um terço,
do século XX. Outra consequência não menos nefasta resulta no depósitos do FGTS e respectiva indenização de 40% do FGTS.
oferecimento de condições de trabalho indignas a milhares de Condenam-se ainda as reclamadas no pagamento das parcelas
trabalhadores formais dos denominados 'correspondentes PLR, auxílio-refeição, ajuda alimentação, décima terceira cesta
bancários', cujos salários são reduzidíssimos e não têm mais eles alimentação e anuênios, esses com reflexos em aviso prévio,
outras garantias mínimas asseguradas aos bancários formais." décimos terceiros, férias mais um terço, depósitos do FGTS e
Com efeito, o que se tem no presente caso é o típico quadro de respectiva indenização de 40%, observadas as disposições
descentralização administrativa perpetrada por instituição financeira convencionadas acerca de cada rubrica, bem como a evolução do
em objeto absolutamente inserido em suas atividades essenciais, e valor dessas ao longo do pacto.
mediante subordinação direta dos empregados terceirizados, com Por óbvio, a condenações acima têm marco inicial em 01.04.2016,
nítido intuito de redução de custos operacionais através da início da relação de emprego perante a 2ª ré.
precarização de direitos trabalhistas, o que não pode ser admitido CAPÍTULO II - JORNADA DE TRABALHO
por nossa ordem constitucional, até mesmo diante dos Pleiteia a reclamante a condenação das rés no pagamento de horas
compromissos assumidos por nossa sociedade na promulgação da extras, considerada a jornada de seis horas diárias e 30 horas
Carta Política de 1988. semanais, nos termos do art. 224 da CLT, incidente à categoria dos
Neste ponto, a 2o reclamada, apesar de controlar claramente a financiários, consoante Súmula 55 do Col. TST.
atividade da reclamante, utilizava-se de seus serviços de maneira De sua parte, as reclamadas alegam não ser aplicável à espécie a
interposta, ancorado em regulamentação flagrantemente inteligência da Súmula 55 do Col. TST, dado que a autora não
inconstitucional do Banco Central, tão somente para precarizar os desempenhava atividades atinentes aos financiários. Alegam ter
direitos dos obreiros que lhe prestam serviços nesse "braço" de sua havido compensação ou pagamento das horas extras prestadas.
atividade, considerado o maior patamar de direitos dos financiários. Sem razão os réus.
Assim, caracterizada a subordinação direta da reclamante perante a De plano, rechaça-se a alegação de inaplicabilidade da Súmula 55
2ª reclamada, a partir de 01.04.2016, reconhece-se o vínculo de do Col. TST ao caso, uma vez que os fundamentos expostos no
emprego entre a autora e a 2o ré, mantidas as funções anotadas capítulo anterior explicitam, categoricamente, a relação de emprego
em sua CTPS, com os respectivos períodos de exercício, assim da autora perante o 2º reclamado, não somente pelo exercício de
como a data de terminação contratual já lançada formalmente pela atividades ligadas ao setor financiário, mas principalmente pela
Sequer se afigura viável a incidência, na espécie, do disposto no atividades completamente diversas, possuindo apenas parceria em
art. 224, §2o, da CLT, improvado o preenchimento do requisito alguns negócios, que, entretanto, não invadem o risco de cada de
quantitativo da figura, qual seja, a percepção de gratificação de pelo empresa na prestação de seus serviços específicos". Expõem que a
menos 1/3 do salário do cargo efetivo, a par de não se verificar que recorrida sempre trabalhou para a Magazine Luíza, a quem era
a parte autora desempenhasse atribuição que denotasse grau de subordinada, não possuindo a segunda reclamada, Luizacred S/A,
confiança destacado dos demais funcionários da empresa. qualquer controle sobre as atividades da obreira. Destacam "(...)
Quanto à dinâmica laboral, registre-se que a própria reclamante que o afastamento da relação existente entre a Magazine Luiza e a
reconheceu, em sede de depoimento pessoal, a fidedignidade dos Recorrida pretende, verdadeiramente, na declaração da existência
registros de jornada, pelo que tais serão utilizados como medida da de terceirização ilícita, o que é incompatível com a atual
intensidade de trabalho da obreira, e dos quais emerge claramente jurisprudência vinculante do STF. Isto porque ao julgar a Arguição
a conclusão de que a empresa exigia a prestação laboral mínima de de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 e o Recurso
8 horas diárias, incompatível com a jornada de trabalho aplicável ao Extraordinário nº 958.252, com repercussão geral, estabeleceu-se a
Tendo em vista a dinâmica de prestação contínua de labor em que "(...) não merece prosperar a fundamentação de que existiria
sobrejornada, em desrespeito à jornada legalmente aplicável à labor financeiro em favor da Luizacred, uma vez que, conforme
espécie, não cabe falar em compensação de jornada, que demonstrado em instrução processual, as atividades
pressupõe, por óbvio, efetiva contabilização e controle da desempenhadas pela obreira eram administrativas, não efetuando
quantidade de horas prestadas, o que não se verificou na espécie. análise de crédito, emissão de cartão de crédito ou quaisquer outras
Inteligência da Súmula 85, IV, da CLT. atividades inerentes ao trabalho de bancário/financiário". Requerem
Assim, condena-se a ré no pagamento das horas extras, seja provido o recurso, reformando-se a sentença para a
consideradas como tais aquelas laboradas além da 6a diária e 30a improcedência da reclamação.
enquadramento da parte autora como financiária, à luz da Define-se a categoria profissional do empregado não integrante de
fundamentação supra, bem como observado o disposto na Súmula categoria diferenciada, caso dos autos, a partir da atividade
55 do Col. TST. Para fins de cálculo, considere-se: econômica desempenhada pelo empregador. Sendo a autora
1. base de cálculo nas parcelas de natureza salarial, na forma da empregada da Magazine Luíza S/A (vide CTPS ID. 06f0446 - Pág.
Súmula 264 do TST; 3), seu enquadramento profissional deve ser realizado observando
3. divisor de 180 (súmula 124 Col. TST); Estatuto Social da referida empresa, ID. c533f9c - Pág. 13, verifica-
4. adicional de 50%, não cabendo a incidência de percentual de se que o objetivo da sociedade ali discriminado não guarda
100%, à míngua de disposição legal ou mesmo coletiva neste qualquer similitude com as regras estabelecidas pelo art. 17 da Lei
5. evolução salarial da autora, segundo normas coletivas da os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou
6. registros de jornada e dias efetivamente laborados; coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios
7. excluam-se, no cálculo semanal, as horas extras encontradas ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de
quando do cômputo diário, sob pena de bis in idem; valor de propriedade de terceiros."
8. reflexos, face à habitualidade, em repousos semanais Não fosse isso, mesmo considerando-se que os serviços prestados
remunerados, observado o sábado igualmente como dia de repouso pela autora beneficiavam a segunda reclamada, não há como se
semanal, a teor das normas coletivas aplicáveis, (Súmula 172 do acolher o pleito autoral, considerando-se que o Plenário do
Col. TST), o complexo repercutindo em aviso prévio, trezenos, Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento
férias mais um terço, depósitos do FGTS e multa de 40%, face à de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário
dispensa imotivada; (RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é
Recorrem ordinariamente as duas reclamadas, argumentando, em lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou
síntese, que as empresas do polo passivo "(...) são distintas, com seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis
mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, ao contrário do que funcionários da loja Magazine Luiza; que esclarece que os sistemas
quer fazer crer a parte reclamante, está a mesma discussão de eletrônicos de trabalho da Magazine Luiza e da Luizacred são
serem os serviços prestados para a segunda reclamada diversos; que caso precisasse se afastar do trabalho por motivo
(LUIZACRED S/A) inclusos no objeto social desta; a terceirização médico deveria solicitar a Sra. Fernanda; que os atestados médicos
aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de razão para eventualmente apresentados eram enviados a Sra. Fernanda; que
refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no moderno participava de reuniões matinais da loja todos os dias mas logo
posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal toma nova feição, após tinha uma reunião especifica com os funcionários da Luizacred
sem o viés da ilegalidade de então. com a Sra. Fernanda inclusive sendo ocasiões de passagem de
O panorama jurisprudencial moderno é, pois, o que aponta o metas desejadas; que as reuniões da loja eram conduzidas pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de gestor da loja; que inicialmente o seu uniforme constava o logo da
Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324, em sentido Luizacred mas depois foi alterado para constar Magazine Luiza; que
diametralmente oposto à compreensão sustentada até então: afirma que o equipamento de registro de jornada de único para
"O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, todos os funcionários da loja; que acredita que sua remuneração
julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a era paga pela Luizacred já que trabalhava lá; que afirma que tinha
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se acesso ao portal Luiza porque nele continha cursos para
configurando relação de emprego entre a contratante e o funcionários da Luizacred; que no dia de sua demissão o gerente da
empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à loja chamou a depoente e falou que tinha recebido papéis da
contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da coordenação relativos a sua dispensa; que acaso fosse promovida
terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento para cargo superior ocuparia cargo de coordenadora de loja como o
das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, da Sra. Fernanda; que não realizava venda de serviços como
na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson recarga de celular, garantia estendida e troca certa de produtos do
Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta Magazine Luiza porque isso era função dos caixas; que não
assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta acompanhava entrega de produtos porque isso era função do
automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido estoque; que realizava atividades de telemarketing mais para
coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Carmen Lúcia. realizar venda de produtos da Luizacred; que afirma que
Ademais, salienta-se que o depoimento pessoal da autora revelou o aprovasse o crédito a depoente poderia aprovar ou negar o
desempenho de atividades incapazes de enquadrá-la como cartão; que a negativa poderia se dar em caso de analise
financiária, de modo a tornar superado, neste tocante, o exame dos notadamente a documentação de clientes; que não podia
depoimentos das testemunhas ouvidas no presente feito e naquele alterar limite de cartão de crédito emitido pelo sistema; que
cuja ata audiência foi admitida como prova emprestada. Admitiu a poderia atuar na renegociação dos clientes de cartão de crédito
reclamante que "(...) atuava na vende de produtos da segunda mas não poderia alterar as taxas de juros; que não poderia
reclamada como cartão de crédito, parcelamento de fatura, seguro abrir conta corrente ou transferência bancária" (destaquei).
de cartão, habilitação de serviços de SMS; (...) que durante todo Extrai-se do depoimento que a autora atuava no recebimento e no
contrato trabalhou nas dependências do Magazine Luiza na filial encaminhamento da documentação dos clientes, relativos aos
984; que entretanto quando passou a vender produtos da Luizacred pedidos de cartão de crédito, sem envolvimento direto na aprovação
foi transferida para um setor da Luizacred; (...) que quando passou das propostas, nem mesmo na alteração dos limites de crédito ou
a vender produtos da Luizacred o seu superior era o coordenador alteração das taxas de juros, posto que tais atributos decorriam do
regional o Sr. Ivan, funcionário da Luizacred; que o Sr. Ivan sistema. Logo, as atividades desempenhadas pela recorrida se
comparecia uma vez por mês; que tinha contato com o Sr. Ivan caracterizavam como mero assessoramento na aquisição de cartão
todos os dias por telefone e periodicamente por e-mail e de crédito, o que é insuficiente para caracterizá-la como financiária.
conferências virtuais; que esclarece que o Sr. Ivan era o A prestação de serviços da reclamante, empregada da primeira
coordenador regional da Luizacred sendo que sua superior imediata reclamada, em benefício da segunda reclamada, não se afigura
era a Sra. Fernanda que era coordenadora da Luizacred da loja; como fraudulenta. Com efeito, do acervo probatório dos autos, não
que a Sra. Fernanda era funcionária da Luizacred; que enquanto é possível concluir que a obreira recebia ordens diretamente da
vendeu produtos da Luizacred não tinha qualquer contato com os segunda reclamada, pois, a despeito de suas atividades, continuou
Nesse sentido, a segunda testemunha obreira, ouvida no processo PRECEDENTES DO STF - INAPLICABILIDADE DA OJ 383 DA
nº 0000160-59.2021.5.07.0037, cuja ata de audiência foi admitida SBDI-I DO TST - CABIMENTO APENAS DA RESPONSABILIDADE
como prova emprestada, revelou "(...) que a Loja da Magazine era SUBSIDIÁRIA. 1. A Súmula 331 do TST constituiu, por mais de 2
frequentada por um coordenador regional ao qual a reclamante décadas, o marco regulatório por excelência do fenômeno da
estava subordinada; que este coordenador era da Luizacred; que terceirização na seara trabalhista, editada que foi em atenção a
quando a reclamante precisasse se ausentar do trabalho a mesma pedido formulado pelo MPT, em 1993, de revisão da Súmula 256,
comunicava para a gestora da loja; que as pessoas do crédito que era superlativamente restritiva da terceirização, limitando-a às
também são conhecidas como assistente de vendas sênior". A hipóteses de vigilância (Lei 7.102/83) e trabalho temporário (Lei
despeito da menção à subordinação a um coordenador da segunda 6.019/74). 2. Revisada por duas vezes (2000 e 2011), em função da
reclamada, era à gestora da primeira reclamada a quem se dirigia questão acessória da responsabilidade subsidiária da Administração
quando precisava se ausentar do trabalho, o que denota, no Pública nos casos de inadimplemento das obrigações trabalhistas
cotidiano laboral, subordinação direta à Magazine Luíza. por parte das empresas terceirizadas (incisos IV e V), o STF, ao
Tal subordinação foi confirmada pela primeira testemunha ouvida a pacificar tal questão periférica, deu também sinalização clara quanto
rogo da reclamada na referida prova emprestada, ao declarar "que a à fragilidade e imprecisão conceitual da distinção entre atividade-fim
reclamante estava subordinada à gerente da loja na unidade de e atividade-meio para efeito de fixação da licitude da terceirização
Juazeiro". Além disso, a segunda testemunha patronal ouvida de serviços (cfr. RE 760.931-DF, Red. Min. Luiz Fux, julgado em
naquele feito expôs "que não tinha nenhum empregado da segunda 30/03/17). 3. O que condenou finalmente a Súmula 331 do TST, em
reclamada trabalhando nas dependências da Magazine" e "que seu núcleo conceitual central do inciso III, sobre a licitude da
depoente e reclamante estavam subordinadas à gestora e a gerente terceirização apenas de atividades-meio das empresas tomadoras
Por fim, a única testemunha ouvida no presente feito, a rogo da das empresas, generalizando a ideia de atividade-fim,
reclamada, confirmou "(...) que seu superior imediato é o gestor especialmente quanto aos serviços de call center prestados para
administrativo; que o trabalho do gestor administrativo é voltado bancos (cfr. TST-RR-1785-39.2012.5.06.0016) e concessionárias de
para a venda dos produtos de crédito; que exemplifica como serviços de telecomunicações (cfr. TST-E-ED-RR-2707-
gestoras administrativo as Sras. Silvana, Lucicleuma e Maria 41.2010.5.12.0030) e energia elétrica (cfr. TST-RR-574-
Edilane; que afirma que o coordenador de crédito não permanece 78.2011.5.04.0332), ao arrepio das Leis 8.987/95 (art. 25, § 1º) e
nas dependências da filial aparecendo apenas esporadicamente; 9.472/97 (art. 94, II), além dos casos de cabistas (cfr. TST-E-ED-RR
que afirma não existir um coordenador direto na loja; que o gestor -234600-14.2009.5.09.0021), leituristas (cfr. TST-E-ED-RR-1521-
administrativo é do Magazine Luiza; que afirma não ter presenciado 87.2010.5.05.0511) e vendedores no ramo de transporte rodoviário
nenhum funcionário da Luizacred desde a sua admissão". (cfr. TST-E-RR-1419-44.2011.5.10.0009), apenas para citar os mais
No sentido ora abonado trilha a atual jurisprudência do TST, comuns. 4. No intuito de combater o fenômeno econômico da
conforme precedentes abaixo colacionados, todos eles envolvendo terceirização, caracterizado pela cadeia produtiva horizontal, para
as empresas reclamadas no presente feito: forçar o retorno ao modelo de empresa vertical, em que a quase
"I) AGRAVO DE INSTRUMENTO DAS RECLAMADAS MAGAZINE totalidade das atividades é exercida pelos seus empregados
LUIZA S/A E LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE- contratados diretamente e não por empresas terceirizadas e seus
FIM OU ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - empregados, a jurisprudência majoritária do TST levou o STF a
APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS reconhecer a repercussão geral dos Temas 725 e 739, sobre
PRECEDENTES DO STF - PROVIMENTO. Diante de possível terceirização, cujo deslinde em 30/08/18, com o julgamento do RE
violação do art. 3º da CLT, acerca da ilicitude da terceirização de 958.252 e da ADPF 324 resultou na fixação da seguinte tese
serviços financiários, dá-se provimento ao agravo de instrumento jurídica de caráter vinculante: " é lícita a terceirização ou qualquer
interposto pelas Reclamadas para determinar o processamento do outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
recurso de revista . Agravo de instrumento provido. II) RECURSO independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
DE REVISTA DAS RECLAMADAS MAGAZINE LUIZA S/A E mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". 5.
LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE-FIM OU Assim, a partir de 30/08/18, passou a ser de aplicação aos
ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - processos judiciais em que se discute a terceirização a tese jurídica
fixada pelo STF no precedente dos processos RE 958.252 e ADPF todo o Poder Judiciário, assim restou redigida: "É licita a
324, mormente em face da rejeição da questão de ordem relativa a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre
eventual perda de objeto dos processos, diante da edição da Lei pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das
13.429/17, uma vez que se reconheceu que esta passou a regular a empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
matéria para o futuro, enquanto o julgamento do STF dispôs sobre empresa contratante " destacamos. Do mesmo modo, no
os casos do passado. 6. Por outro lado, a par de não mais julgamento da ADPF n.º 324, o eminente Relator, Min. Roberto
subsistirem, para efeito do reconhecimento da licitude da Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se
terceirização , os conceitos de atividade-fim, atividade-meio e manifestou: "I. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade,
subordinação estrutural entre empresas, não há de se aguardar a meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a
revisão da Súmula 331 para apreciação dos casos pendentes, quer contratante e o empregado da contratada . 2. Na terceirização,
por depender da discussão prévia sobre a constitucionalidade do compete à tomadora do serviço: I) zelar pelo cumprimento de todas
art. 702, I, "f", e § 3º, da CLT, quer por ser possível decidir de pronto as normas trabalhistas, de seguridade social e de proteção à saúde
a matéria, sem tisnar a Súmula 331, quando se reconhecer o e segurança do trabalho incidentes na relação entre a empresa
caráter de atividade-meio desenvolvida pela prestadora de serviços terceirizada e o trabalhador terceirizado; II) assumir a
em relação à tomadora de serviços. 7. In casu , como se trata de responsabilidade subsidiária pelo descumprimento de obrigações
terceirização de serviços de " atendimento ao cliente, diretamente trabalhistas e pela indenização por acidente de trabalho, bem como
ligado a margem de crédito, fazendo lançamento de dados do a responsabilidade previdenciária, nos termos do art. 31 da Lei
cartão do cliente no sistema de cartão de credito da LuizaCred " 8.212/1993 " grifamos . Assim ficou assentado na certidão de
(pág. 643), sem que se tenha notícia de subordinação direta da julgamento: "Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos
Trabalhadora terceirizada à Tomadora dos serviços, tem-se que o termos do voto do Relator, julgou procedente a arguição de
recurso de revista merece conhecimento, por violação do art. 3º da descumprimento de preceito fundamental , vencidos os Ministros
CLT (arrimo dos Temas 725 e 739 de repercussão geral do STF), e Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio"
provimento, para, reformando o acórdão regional, no aspecto, (g.n) . Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o
afastar a ilicitude da terceirização e, por conseguinte, o entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência
reconhecimento do vínculo de emprego com a tomadora de (art. 170, IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente
serviços, LuizaCred S/A, bem como os benefícios legais e assentados na Constituição Federal de 1.988, asseguram às
convencionais concedidos especificamente aos seus empregados, empresas liberdade em busca de melhores resultados e maior
remanescendo, porém, a sua responsabilidade subsidiária quanto competitividade. Quanto à possível modulação dos efeitos da
às verbas da condenação que não decorreram exclusivamente do decisão exarada, resultou firmado, conforme decisão de julgamento
enquadramento da Autora como financiária. Recurso de revista da ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que: "(...) o Relator
conhecido e provido" (RR-10307-15.2015.5.05.0651, 4ª Turma, prestou esclarecimentos no sentido de que a decisão deste
Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 13/11/2020) julgamento não afeta os processos em relação aos quais tenha
"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA Lúcia. Plenário, 30.8.2018" . Nesse contexto, a partir de 30/8/2018,
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE- é de observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou
MEIO E ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO PROFERIDA PELO pendente de julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADPF N.º 324 E NO RE N.º n.º 958.252 e na ADPF n.º 324. Assim, não há mais espaço para o
958.252, COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA (TEMA reconhecimento do vínculo empregatício com o tomador de serviços
725) . TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. APLICAÇÃO DE MULTA. O sob o fundamento de que houve terceirização ilícita (ou seja,
Plenário do Supremo Tribunal Federal, no dia 30/8/2018, ao julgar a terceirização de atividade essencial, fim ou finalística), ou, ainda,
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º para a aplicação dos direitos previstos em legislação específica ou
324 e o Recurso Extraordinário (RE) n.º 958.252, com repercussão em normas coletivas da categoria profissional dos empregados da
geral reconhecida, decidiu que é lícita a terceirização em todas as empresa contratante, porque o e. STF, consoante exposto, firmou
etapas do processo produtivo, ou seja, na atividade-meio e na entendimento de que toda terceirização é sempre lícita , inclusive,
atividade-fim das empresas. A tese de repercussão geral aprovada repita-se, registrando a impossibilidade de reconhecimento de
no RE n.º 958.252 (Rel. Min. Luiz Fux), com efeito vinculante para vínculo empregatício do empregado da prestadora de serviços com
o tomador . Considerando a improcedência do recurso, aplica-se à da Reclamada, ou seja, categoria da atividade-meio da LUIZACRED
parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo S.A. Segundo os arts. 511 e 570,caput, da CLT,o
não provido, com aplicação de multa" (Ag-RRAg-11503- enquadramentosindicalé determinado, de fato, pela atividade
21.2017.5.15.0150, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, econômica predominante da empresa e pelo local da prestação de
"(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. categoria profissional diferenciada. Como complemento, o art. 581,
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º13.015/2014. § 2º, da CLT conceitua o que seria atividade preponderante. A
ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO. AUSÊNCIA DE Turma Regional, diante do rol de atribuições e de limitações do
COMPROVAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA cargo, constatou que o Reclamante desempenhava a função de
SÚMULA 126/TST. Hipótese em que o Tribunal Regional, amparado promotor de vendase que, por não ter permissão de conceder
no acervo fático-probatório delineado nos autos, sobretudo na prova crédito, não pertencia à categoria dos financiários. Com efeito, não
oral, reformou a sentença para afastar o reconhecimento da há como enquadrar o obreiro nas Convenções Coletivas de
condição de financiaria da autora. Assentou que, em razão da Trabalho de outra categoria, por não possuir relação com a
disparidade do sistema operacional utilizado pela autora (OX) e atividade econômica (atividade-fim) da empresa. Decidir de forma
pelos empregados contratados diretamente pela Luizacred diversa demandaria o revolvimento das provas produzidas nos
(CONSIGWEB), a atividade exercida pela reclamante era apenas o autos, diligência defesa pela Súmula nº 126 do TST. Agravo interno
de preenchimento da proposta, carregando o sistema com de que se conhece e a que se nega provimento" (Ag-AIRR-567-
informações dos clientes do Maganize Luíza captados no interior da 50.2015.5.09.0092, 7ª Turma, Relator Desembargador Convocado
loja, não havendo atribuição de aprovação do crédito. Consignou Roberto Nobrega de Almeida Filho, DEJT 17/05/2019).
que se aprovado o cartão pelos empregados vinculados diretamente "AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE
ao Luizacred, então a autora dava continuidade ao processo, REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO
conferindo a veracidade dos documentos no momento da proposta, DE SERVIÇOS. LABOR EM ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO
o que demonstra o enquadramento da autora como promotora de DO STF NO TEMA 725 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL,
vendas dos produtos da Luizacred , e não como financiária. ADPF 324 E RE 958.252. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST.
Registrou ainda que até o sistema de informática era diferenciado, PREJUDICADO O EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. O Supremo
pois, enquanto que os empregados da Luizacred tinham como Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de
suporte o sistema CONSIGWEB, a empregada trabalhava na Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE)
versão OX, funcionando como uma ponte entre os clientes do 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu pela licitude
Magazine Luíza, encaminhados pelos vendedores da loja ou da terceirização em todas as etapas do processo produtivo.
abordados pelos próprios analistas, e a atividade financeira da Naquele recurso, o STF firmou tese de repercussão geral, com
Luizacred, aprovada por funcionários diretamente contratados para efeito vinculante, no sentido de que "é lícita a terceirização ou
tal propósito. Concluiu que a função exercida era administrativa, qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
carregando o sistema com dados cadastrais e não de avaliação ou distintas, independentemente do objeto social das empresas
aprovação do crédito. A decisão está assente no conjunto fático- envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa
probatório, sobretudo na prova oral, cujo reexame se esgota nas contratante". Assim, não havendo alusão no acórdão regional
instâncias ordinárias. Adotar entendimento em sentido oposto acerca da efetiva existência de pessoalidade e subordinação
àquele formulado pelo Tribunal Regional implicaria o revolvimento jurídica direta com a tomadora de serviços, não há como se
de fatos e provas, inadmissível em sede de recurso de revista, a reconhecer o vínculo direto com a empresa tomadora de serviços.
teor da Súmula 126/TST. Recurso de revista não conhecido" (RR- Quanto a esse último aspecto, não se leva em conta a mera
645-12.2014.5.09.0017, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena subordinação estrutural ou indireta, que, aliás, é inerente à
"AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO já mencionados precedentes do STF -, sendo necessário estar
DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIO. comprovada nos autos a subordinação hierárquica direta, presencial
CATEGORIA SINDICAL DIFERENCIADA. PROMOTOR DE ou por via telemática, do trabalhador aos prepostos da tomadora.
VENDAS . O Tribunal Regional inferiu que o Reclamante não No caso concreto, o Tribunal Regional consignou não existir
exercia serviço de financiário, mas somente de promotor de vendas pessoalidade e subordinação direta com a tomadora, o que
inviabiliza o reconhecimento de vínculo de emprego pretendido. julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,
Ademais, não há na petição inicial o pedido sucessivo autônomo de porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.
Turma do TST tem evoluído para entender que esta análise fica
transcendência. Agravo de instrumento não provido. (...)" (AIRR-337 ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
-97.2018.5.06.0411, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
de Carvalho, DEJT 01/10/2021). conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para
Por todo o exposto, não faz jus à reclamante ao enquadramento julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,
como financiária, de modo a serem indevidas as verbas deferidas porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.
Dá-se provimento ao recurso das reclamadas, para julgar Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
improcedente a reclamação. Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
Custas pela reclamante, porém dispensadas, em face dos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
benefícios da justiça gratuita ora mantidos, eis que, ao contrário do de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
afirmado pelas recorrentes, a parte reclamante declarou no ID. Fortaleza, 18 de julho de 2022.
reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- LUCIVANIA DOS SANTOS RODRIGUES GONCALVES
ADMISSIBILIDADE
EMENTA MÉRITO
FINANCIÁRIOS.
CATEGORIA DOS FINANCIÁRIOS. O Plenário do Supremo categoria profissional dos financiários, deferindo os pleitos
Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de formulados na inicial, consoante os seguintes fundamentos:
Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário "CAPÍTULO II - RECONHECIMENTO DE VÍNCULO
(RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é EMPREGATÍCIO PERANTE O 2º RECLAMADO -
seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis Aduz a reclamante que foi admitida pelo 1º reclamado em
mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, está a discussão 03.11.2015, para o exercício da função de assistente de vendas
de serem os serviços prestados para a segunda reclamada, pleno (caixa), laborando em prol do 1º réu, até 01.04.2016, quando
coincidentes com o objeto social da referida empresa; a foi promovida a função de assistente de vendas senior, momento a
terceirização aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de partir do qual passou a atuar preponderantemente em favor do 2º
razão para refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no reclamado, sendo imotivadamente dispensada em 28.01.2020.
moderno posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal, toma De seu turno, os réus afirmam que a reclamante manteve contrato
nova feição sem o viés da ilegalidade de então. Precedentes. de trabalho exclusivamente consigo durante todo o pacto laboral.
Recurso conhecido e provido. Asseveram não ter havido subordinação jurídica entre a reclamante
RELATÓRIO À análise.
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO teor julgamento da ADPF 324/DF, pelo Supremo Tribunal Federal,
ORDINÁRIO, provenientes da MM. 1 ª VARA DO TRABALHO DA que pacificou o tema no âmbito da Suprema Corte:
REGIÃO DO CARIRI, em que são partes: MAGAZINE LUIZA S/A, Ementa: DIREITO DO TRABALHO . ARGUIÇÃO DE
A parte reclamada (MAGAZINE LUIZA S/A, LUIZACRED S.A. de um modelo de produção específico, não impede o
interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença, Id 759f43b, veda a terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o
que julgou procedentes em parte os pedidos da reclamação tema tem sido oscilante e não estabelece critérios e condições
Contrarrazões apresentadas (Id. 97167a3). direito do trabalho e o sistema sindical precisam se adequar às
empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa jurídicos da relação de emprego permitirão afastar a relação formal
e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a de emprego havida entre o empregado e a prestadora dos serviços
liberdade de formular estratégias negociais indutoras de maior intermediados. In casu, o julgado afeta igualmente a pretensa
eficiência econômica e competitividade. aferição objetiva quanto à subordinação jurídica alegada pela autora
violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos Entretanto, muito embora a perquirição acerca da subordinação
previdenciários. É o exercício abusivo da sua contratação que pode jurídica deva se dar sob seu viés subjetivo, não se pode perder de
produzir tais violações. vista o disposto no art. 6º, §único, da CLT, in verbis:
4. Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no
com as normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à empregado e o realizado a distância, desde que estejam
contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação
terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento dada pela Lei nº 12.551, de 2011)
das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de
5. A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,
pressupõe a sua participação no processo judicial, bem como a sua controle e supervisão do trabalho alheio.
inclusão no título executivo judicial. Não se pode turvar a discussão sobre o presente caso olvidando-se
6. Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o da dinâmica atual das relações de trabalho, sobretudo no âmbito do
objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi sistema bancário e financeiro, tão permeados por instrumentos
revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o tecnológicos com vistas a dinamizar a circulação de riqueza,
indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Descabe imaginar o fenômeno da subordinação jurídica, ainda que
Supremo Tribunal Federal a respeito dos aspectos constitucionais em seu viés subjetivo, unicamente sob a figura da presença física
da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o do gestor, transmitindo ordens a seus subordinados, como se
pedido de inclusão do feito em pauta. constitui a imagem padrão da relação patrão-empregado. Tal
7. Firmo a seguinte tese: "1. É lícita a terceirização de toda e raciocínio não advém de convicções pessoais deste magistrado,
qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de mas sim do próprio legislador, como se percebe do art. 6º, §único,
terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a Pelo que emerge do conteúdo de prova relativa ao caso concreto, a
capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder reclamante, de fato, atuava no exercício de atividade de cunho
subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, financeiro, atinente à atividade econômica do 2º réu, ainda que
bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da tenha sido formalmente contratada pelo 1º reclamado. Entretanto,
8. ADPF julgada procedente para assentar a licitude da desempenhadas pela reclamante, é fato que a gestão de suas
terceirização de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela atividades, o controle e a fiscalização de seu trabalho, dava-se pela
maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões 2ª ré, ainda que tal fiscalização tenha se dado por meios
Com efeito, diante da tese firmada pelo Col. STF, valendo o registro Pode-se extrair dita conclusão de vários trechos dos depoimentos
veemente da discordância do presente magistrado, resta afastada a colhidos, como se vê abaixo, in litteris:
possibilidade de aferição objetiva da subordinação no contexto da "que a reclamante fazia empréstimos pessoais e empréstimos
relação trilateral de trabalho. Foi patente e expresso o Pretório consignados para os clientes da Magazine Luiza; que as atribuições
Excelso a afirmar a possibilidade de terceirização em qualquer da reclamante era preencher as propostas dos clientes e mandar
atividade do contratante, até mesmo aquelas pertencentes ao para análise na empresa Luizacred; que em caso de aprovação o
núcleo de sua atividade econômica. crédito era feito pela Luizacred diretamente na conta bancária do
Sendo assim, somente a aferição subjetiva dos elementos fático- cliente" (depoimento da preposta Márcia Campos, representante
das rés nos autos de nº 0000160-59.2021.5.07.0037, admitido como uníssono da prova oral.
prova emprestada no caso vertente) Merece relevo, ainda, no que concerne a tais elementos fático-
"que o sistema operacional utilizado pelas analistas era da jurídicos da relação de emprego, que as reclamadas compõem
Luizacred; que os empregados da magazine não tinham acesso ao grupo econômico, como reconhecido no capítulo I da presente
sistema da Luizacred; que os móveis e computadores usados pela decisão, havendo inequívoco aproveitamento recíproco do quadro
analista eram todos de propriedade da Luizacred; que as analistas de pessoal de ambas as empresas na execução da atividade
assinavam documentos em nome da Luizacred e em seguida econômica comum ou convergente das reclamadas. Tal
lançava esse documento no sistema; que as analistas atendiam característica, ao revés de servir ao rechaço da tese obreira, reforça
clientes da Magazine Luiza e também pessoas que não eram o caráter coligado das atividades da empresas, sem afastar, sequer
clientes da Magazine; que qualquer problema relacionado às minimamente, a efetiva subordinação da reclamante para com a 2ª
atividades funcionais as analistas se reportavam às coordenadora reclamada, no período da prestação laboral em prol dessa.
da Luizacred, Sra Fernanda e em seguida Sra Fabiana; que com a Visto o conteúdo dos depoimentos, parece induvidoso que a 1ª
mudança da nomenclatura dos cargos as condições funcionais de reclamada, empregadora formal da parte autora, ao menos em
trabalho continuaram as mesmas; que a analista lançava todas as parte, nada mais representou senão autêntico setor de
informações do cliente no sistema e ao final a mesma saberia se o funcionamento da atividade econômica financeira do 2º reclamado,
crédito era aprovado ou não" (depoimento da testemunha Aline emergindo patente que a reclamante atuava na comercialização e
Rafaely da Silva Sousa nos autos de nº 0000160- prospecção de clientes para produtos do 2º reclamado, inclusive
59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso com centralização das atividades e gestão da atuação da
"que as atividades da reclamante eram: fazer cartão de crédito, Portanto, intenta o 2o reclamado, cuja atividade econômica se volta
empréstimos, negociação de dívidas com cliente, análise de crédito, a comercialização de crédito pessoal, em várias modalidades
dentre outras [...] que a Loja da Magazine era frequentada por um comerciais, realizar parcela essencial de tal mister, qual seja, a
coordenador regional ao qual a reclamante estava subordinada; que própria oferta, negociação e formalização da operação, segundo
este coordenador era da Luizacred" (depoimento da testemunha normas de aprovação criadas por si, através de contratação
Paolla Layana Lima Gonçalves nos autos de nº 0000160- empregatícia interpostas, em odiosa fraude tencionada à redução
59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso de custos a todo e qualquer preço.
"que as metas do setor de crédito eram passadas pelo gestor 1a reclamada executavam parcela essencial da atividade financeira
administrativo mediante planilhas enviadas pelo coordenador de exercida pelo 2o reclamada, qual seja, a própria conclusão de
crédito; que não sabe precisar qual a função exata do coordenador venda dos produtos desta entidade financeira, segundo seus
de crédito; que não sabe precisar a área de abrangência do parâmetros, e os consumidores. Na verdade, o que se vê é uma
coordenador regional mas afirma que a filial de Juazeiro do Norte tentativa de pulverizar a atividade financeira, de modo a diminuir o
está atrelada a regional de Petrolina" (oitiva da testemunha Vanilza valor da força de trabalho daqueles que realizam as atividades
Bezerra Campos, conduzida pelos réus) inerentes a este setor, o que vai de encontro ao Princípio
Com efeito, nota-se que a reclamante atuava em função atrelada à Fundamental da Valorização do Trabalho (art. 1ª, IV, CF).
dinâmica de venda de produtos financeiros da 2ª ré, claramente A se dar validade a tal pulverização, em pouco tempo teremos
subordinada a essa, ainda que por meios telemáticos, na linha do executando as atividades inerentes ao sistema financeiro apenas
que tem se dado no contexto da revolução tecnológica em curso, trabalhadores das empresas orbitais ao núcleo do Sistema
fenômeno já previsto pelo legislador, como acima explicitado. Financeiro, com patamar salarial inferior, e as efetivas financeiras
No que concerne aos elementos da não eventualidade, se resumirão a apenas aos diretores ou executivos, exercendo
pessoalidade, e onerosidade, esses emergem da própria natureza atividade econômica sem qualquer empregado! Tal conduta
das atividades desempenhadas pela autora, que laborava em vilipendia, claramente, a função social da propriedade, no caso, do
jornada fixa, mediante salário estipulado e sem qualquer indício de exercício empresarial, à luz do art. 170 do Texto Magno.
que poderia se fazer substituir por outrem, até mesmo diante da Agora trazendo a lume os próprios dispositivos legais e infralegais
necessidade de realização de capacitação específica para a atinentes à atividade financeira, e interpretando-os à luz do conjunto
prestação dos serviços, através da Febraban, como emergiu em do ordenamento jurídico-constitucional, cumpre dizer que o artigo
17 da lei 4.595/76, que regula o sistema financeiro nacional, dispõe atividades, para quem o legislador, no caso específico, dirigiu as
efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou Na hipótese mais flexível, registre-se, admitir-se-ia na qualidade de
privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a instituição financeira as tradicionais financeiras de crédito, sem que
coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios este fato, isoladamente, justificasse a intermediação de mão de
ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de obra entre bancos e financeiras. Matéria de cunho trabalhista não
valor de propriedade de terceiros". pode ser tratada lateralmente em lei destinada aos bancos e ao
somente se pode discorrer que, por seu caráter meramente Em uma típica esperteza dos verdadeiros "expertos protetores" dos
infralegal, cujo escopo precípuo deveria ser tão somente a interesses bancários e dos homens das finanças, o Conselho
regulação técnica das atividades financeiras, tais não são, nem ao Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, dos militares aos
longe, capazes de mitigar a incidência da legislação de proteção ao governos FHC e Lula, valem-se de comando previsto em lei que
trabalho, de caráter cogente, não sendo despiciendo lembrar que considera como instituição financeira entidade que trabalha com
incidência da norma trabalhista leva em conta a realidade da seus recursos ou de terceiros para, lamentavelmente,
prestação dos serviços, não importando os invólucros formais institucionalizar demasiada terceirização bancária, de repercussões
Análise percuciente acerca do conteúdo da "normatização" Também surpreende o fato de, quase 40 (quarenta) anos desde o
empreendida pelo Banco Central nesta temática pode ser colhida do primeiro ato do Banco Central, a apropriação indevida, por parte do
I. Magistrado Grijalbo Fernandes Coutinho, em obra específica, in representante dos bancos e banqueiros, de uma competência
"Ora, é inquestionável que a Lei n. 4.595/1964, aprovada para tratar político e judicial de maneira mais contundente. Ao contrário, o
da política e das instituições monetárias, bancárias e creditícias, silencio fez com que governos da época da democracia formal -
além de criar o Conselho Monetário Nacional, não poderia interferir FHC e Lula - ampliassem sobremaneira a terceirização bancária no
nas relações de trabalho entre bancários e seus empregadores, Brasil, tornando, assim, a intermediação de mão de obra autorizada
como de fato não o fez, segundo se verifica do art. 17 sempre pelos militares um "puxadinho"quando comparado ao gigantismo do
invocado pelo Banco Central para imiscuir-se de uma competência palácio erguido de 1995 a 2003 para acomodar lucros advindos da
jamais lhe atribuída, nem mesmo na época sombria do regime exploração de mão de obra dos trabalhadores bancários, formais e
militar. terceirizados.
Observado o teor do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, impõe-se concluir Não custa recordar que as resoluções do Banco Central, inclusive a
que a norma nele prescrita limita-se a definir o que seja instituição de n. 3.110, de 31 de julho de 2003, trazem em seu bojo, ao
financeira, considerando como tal, dentre outras, empresa disciplinar a atividade de correspondente bancário, matéria de
responsável pela coleta, intermediação e aplicação de recursos natureza eminentemente trabalhista, a ponto de permitir, na prática,
Ainda que seja o mais pobre entre os métodos de interpretação, a relação de trabalho entre bancos e trabalhadores que lhes prestam
literalidade do dispositivo objeto do presente debate não deixa serviços, de forma direta ou via intermediação de mão de obra
espaço para incluir a terceirização de mão de obra no conjunto das regulada por norma jurídica editada pelo Banco Central para
Ademais, qualquer interpretação minimamente comprometida com o Pouco importa o destino ou o título conferido no preâmbulo da lei.
sentido teleológico da norma legal jamais lhe daria o alcance visto Tem relevância o seu conteúdo materialmente analisado a partir das
pelos militares no poder e depois pelos governos FHC e Lula. A lei repercussões concretas criadas para as pessoas que ingressarem
de regência, repita-se, não [e uma lei de caráter trabalhista, em na seara regulada pela norma.
Inegavelmente, o art. 17 da Lei n. 4.595/1964 considera como terceirização em atividades bancárias e financeiras, não mais
instituição financeira a entidade que, entre as suas atribuições, faça remanescem dúvidas acerca do poder legiferante exercido pelo
a coleta, intermediação e aplicação dos recursos financeiros Banco Central, desde a ditadura militar até os governos FHC e Lula,
próprios ou de terceiros. Os bancos realizam todas essas no campo das relações de trabalho, cujo ato último, com este
propósito, se deu em 31 de julho de 2003, por intermédio da Em ordem a regularizar o histórico de relações de emprego da
Resolução n. 3.110, aqui transcrita e já comentada. reclamante, e em coerência com a dinâmica de compartilhamento
Usurpando competência própria do Congresso Nacional (CRFB, de mão de obra verificado pelas empresas no contexto do grupo
arts. 22, I e 48), ao legislar indevidamente sobre Direito do econômico, o registro da relação de emprego perante a 2ª
Trabalho, no tópico que trata da contratação de prestadoras de reclamada deverá ser lançado nas anotações gerais do pacto
serviços por bancos e entidades financeiras e das atividades inicialmente firmado com a 1ª reclamada, dado que claramente
delegáveis a empresas terceirizantes, o Banco Central pratica atos houve apenas um único pacto no qual a 2ª ré assumiu a condição
n. 3.110, de 31 de julho de 2010, por isso mesmo, ser atacado na Consequência lógica do reconhecimento do vínculo de emprego
esfera judicial, por meio de controle difuso nas diversas ações entre a parte autora e a 2ª reclamada, instituição financeira, e com
trabalhistas e do controle concentrado a ser exercido pela base no art. 511, §2o, da CLT, é declaração do enquadramento
propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo detentor de sindical da parte autora como financiária, a partir de 01.04.2016,
Trata-se, no caso da terceirização bancária no Brasil implantada por aplicando-se à espécie o regramento legal aplicável aos bancários,
atos do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional, da mais inclusive quanto à jornada de trabalho.
contundente usurpação de direitos sociais vista desde o surgimento Decorrente do exposto, condenam-se as rés no pagamento de
da legislação trabalhista no Brasil. Tudo isso acontecendo em terras diferenças salariais, tendo em conta a não observância do piso
tropicais há quase quarenta anos sem nenhum debate profundo a salarial da categoria dos financiários, à luz das sucessivas normas
respeito do tema, a ponto de esfacelar cotidianamente uma das coletivas aplicáveis à categoria profissional, com reflexos em horas
categorias de maior mobilização política durante a segunda metade extras pagas, aviso prévio, décimos terceiros, férias mais um terço,
do século XX. Outra consequência não menos nefasta resulta no depósitos do FGTS e respectiva indenização de 40% do FGTS.
oferecimento de condições de trabalho indignas a milhares de Condenam-se ainda as reclamadas no pagamento das parcelas
trabalhadores formais dos denominados 'correspondentes PLR, auxílio-refeição, ajuda alimentação, décima terceira cesta
bancários', cujos salários são reduzidíssimos e não têm mais eles alimentação e anuênios, esses com reflexos em aviso prévio,
outras garantias mínimas asseguradas aos bancários formais." décimos terceiros, férias mais um terço, depósitos do FGTS e
Com efeito, o que se tem no presente caso é o típico quadro de respectiva indenização de 40%, observadas as disposições
descentralização administrativa perpetrada por instituição financeira convencionadas acerca de cada rubrica, bem como a evolução do
em objeto absolutamente inserido em suas atividades essenciais, e valor dessas ao longo do pacto.
mediante subordinação direta dos empregados terceirizados, com Por óbvio, a condenações acima têm marco inicial em 01.04.2016,
nítido intuito de redução de custos operacionais através da início da relação de emprego perante a 2ª ré.
precarização de direitos trabalhistas, o que não pode ser admitido CAPÍTULO II - JORNADA DE TRABALHO
por nossa ordem constitucional, até mesmo diante dos Pleiteia a reclamante a condenação das rés no pagamento de horas
compromissos assumidos por nossa sociedade na promulgação da extras, considerada a jornada de seis horas diárias e 30 horas
Carta Política de 1988. semanais, nos termos do art. 224 da CLT, incidente à categoria dos
Neste ponto, a 2o reclamada, apesar de controlar claramente a financiários, consoante Súmula 55 do Col. TST.
atividade da reclamante, utilizava-se de seus serviços de maneira De sua parte, as reclamadas alegam não ser aplicável à espécie a
interposta, ancorado em regulamentação flagrantemente inteligência da Súmula 55 do Col. TST, dado que a autora não
inconstitucional do Banco Central, tão somente para precarizar os desempenhava atividades atinentes aos financiários. Alegam ter
direitos dos obreiros que lhe prestam serviços nesse "braço" de sua havido compensação ou pagamento das horas extras prestadas.
atividade, considerado o maior patamar de direitos dos financiários. Sem razão os réus.
Assim, caracterizada a subordinação direta da reclamante perante a De plano, rechaça-se a alegação de inaplicabilidade da Súmula 55
2ª reclamada, a partir de 01.04.2016, reconhece-se o vínculo de do Col. TST ao caso, uma vez que os fundamentos expostos no
emprego entre a autora e a 2o ré, mantidas as funções anotadas capítulo anterior explicitam, categoricamente, a relação de emprego
em sua CTPS, com os respectivos períodos de exercício, assim da autora perante o 2º reclamado, não somente pelo exercício de
como a data de terminação contratual já lançada formalmente pela atividades ligadas ao setor financiário, mas principalmente pela
Sequer se afigura viável a incidência, na espécie, do disposto no atividades completamente diversas, possuindo apenas parceria em
art. 224, §2o, da CLT, improvado o preenchimento do requisito alguns negócios, que, entretanto, não invadem o risco de cada de
quantitativo da figura, qual seja, a percepção de gratificação de pelo empresa na prestação de seus serviços específicos". Expõem que a
menos 1/3 do salário do cargo efetivo, a par de não se verificar que recorrida sempre trabalhou para a Magazine Luíza, a quem era
a parte autora desempenhasse atribuição que denotasse grau de subordinada, não possuindo a segunda reclamada, Luizacred S/A,
confiança destacado dos demais funcionários da empresa. qualquer controle sobre as atividades da obreira. Destacam "(...)
Quanto à dinâmica laboral, registre-se que a própria reclamante que o afastamento da relação existente entre a Magazine Luiza e a
reconheceu, em sede de depoimento pessoal, a fidedignidade dos Recorrida pretende, verdadeiramente, na declaração da existência
registros de jornada, pelo que tais serão utilizados como medida da de terceirização ilícita, o que é incompatível com a atual
intensidade de trabalho da obreira, e dos quais emerge claramente jurisprudência vinculante do STF. Isto porque ao julgar a Arguição
a conclusão de que a empresa exigia a prestação laboral mínima de de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 e o Recurso
8 horas diárias, incompatível com a jornada de trabalho aplicável ao Extraordinário nº 958.252, com repercussão geral, estabeleceu-se a
Tendo em vista a dinâmica de prestação contínua de labor em que "(...) não merece prosperar a fundamentação de que existiria
sobrejornada, em desrespeito à jornada legalmente aplicável à labor financeiro em favor da Luizacred, uma vez que, conforme
espécie, não cabe falar em compensação de jornada, que demonstrado em instrução processual, as atividades
pressupõe, por óbvio, efetiva contabilização e controle da desempenhadas pela obreira eram administrativas, não efetuando
quantidade de horas prestadas, o que não se verificou na espécie. análise de crédito, emissão de cartão de crédito ou quaisquer outras
Inteligência da Súmula 85, IV, da CLT. atividades inerentes ao trabalho de bancário/financiário". Requerem
Assim, condena-se a ré no pagamento das horas extras, seja provido o recurso, reformando-se a sentença para a
consideradas como tais aquelas laboradas além da 6a diária e 30a improcedência da reclamação.
enquadramento da parte autora como financiária, à luz da Define-se a categoria profissional do empregado não integrante de
fundamentação supra, bem como observado o disposto na Súmula categoria diferenciada, caso dos autos, a partir da atividade
55 do Col. TST. Para fins de cálculo, considere-se: econômica desempenhada pelo empregador. Sendo a autora
1. base de cálculo nas parcelas de natureza salarial, na forma da empregada da Magazine Luíza S/A (vide CTPS ID. 06f0446 - Pág.
Súmula 264 do TST; 3), seu enquadramento profissional deve ser realizado observando
3. divisor de 180 (súmula 124 Col. TST); Estatuto Social da referida empresa, ID. c533f9c - Pág. 13, verifica-
4. adicional de 50%, não cabendo a incidência de percentual de se que o objetivo da sociedade ali discriminado não guarda
100%, à míngua de disposição legal ou mesmo coletiva neste qualquer similitude com as regras estabelecidas pelo art. 17 da Lei
5. evolução salarial da autora, segundo normas coletivas da os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou
6. registros de jornada e dias efetivamente laborados; coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios
7. excluam-se, no cálculo semanal, as horas extras encontradas ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de
quando do cômputo diário, sob pena de bis in idem; valor de propriedade de terceiros."
8. reflexos, face à habitualidade, em repousos semanais Não fosse isso, mesmo considerando-se que os serviços prestados
remunerados, observado o sábado igualmente como dia de repouso pela autora beneficiavam a segunda reclamada, não há como se
semanal, a teor das normas coletivas aplicáveis, (Súmula 172 do acolher o pleito autoral, considerando-se que o Plenário do
Col. TST), o complexo repercutindo em aviso prévio, trezenos, Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento
férias mais um terço, depósitos do FGTS e multa de 40%, face à de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário
dispensa imotivada; (RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é
Recorrem ordinariamente as duas reclamadas, argumentando, em lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou
síntese, que as empresas do polo passivo "(...) são distintas, com seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis
mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, ao contrário do que funcionários da loja Magazine Luiza; que esclarece que os sistemas
quer fazer crer a parte reclamante, está a mesma discussão de eletrônicos de trabalho da Magazine Luiza e da Luizacred são
serem os serviços prestados para a segunda reclamada diversos; que caso precisasse se afastar do trabalho por motivo
(LUIZACRED S/A) inclusos no objeto social desta; a terceirização médico deveria solicitar a Sra. Fernanda; que os atestados médicos
aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de razão para eventualmente apresentados eram enviados a Sra. Fernanda; que
refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no moderno participava de reuniões matinais da loja todos os dias mas logo
posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal toma nova feição, após tinha uma reunião especifica com os funcionários da Luizacred
sem o viés da ilegalidade de então. com a Sra. Fernanda inclusive sendo ocasiões de passagem de
O panorama jurisprudencial moderno é, pois, o que aponta o metas desejadas; que as reuniões da loja eram conduzidas pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de gestor da loja; que inicialmente o seu uniforme constava o logo da
Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324, em sentido Luizacred mas depois foi alterado para constar Magazine Luiza; que
diametralmente oposto à compreensão sustentada até então: afirma que o equipamento de registro de jornada de único para
"O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, todos os funcionários da loja; que acredita que sua remuneração
julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a era paga pela Luizacred já que trabalhava lá; que afirma que tinha
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se acesso ao portal Luiza porque nele continha cursos para
configurando relação de emprego entre a contratante e o funcionários da Luizacred; que no dia de sua demissão o gerente da
empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à loja chamou a depoente e falou que tinha recebido papéis da
contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da coordenação relativos a sua dispensa; que acaso fosse promovida
terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento para cargo superior ocuparia cargo de coordenadora de loja como o
das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, da Sra. Fernanda; que não realizava venda de serviços como
na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson recarga de celular, garantia estendida e troca certa de produtos do
Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta Magazine Luiza porque isso era função dos caixas; que não
assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta acompanhava entrega de produtos porque isso era função do
automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido estoque; que realizava atividades de telemarketing mais para
coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Carmen Lúcia. realizar venda de produtos da Luizacred; que afirma que
Ademais, salienta-se que o depoimento pessoal da autora revelou o aprovasse o crédito a depoente poderia aprovar ou negar o
desempenho de atividades incapazes de enquadrá-la como cartão; que a negativa poderia se dar em caso de analise
financiária, de modo a tornar superado, neste tocante, o exame dos notadamente a documentação de clientes; que não podia
depoimentos das testemunhas ouvidas no presente feito e naquele alterar limite de cartão de crédito emitido pelo sistema; que
cuja ata audiência foi admitida como prova emprestada. Admitiu a poderia atuar na renegociação dos clientes de cartão de crédito
reclamante que "(...) atuava na vende de produtos da segunda mas não poderia alterar as taxas de juros; que não poderia
reclamada como cartão de crédito, parcelamento de fatura, seguro abrir conta corrente ou transferência bancária" (destaquei).
de cartão, habilitação de serviços de SMS; (...) que durante todo Extrai-se do depoimento que a autora atuava no recebimento e no
contrato trabalhou nas dependências do Magazine Luiza na filial encaminhamento da documentação dos clientes, relativos aos
984; que entretanto quando passou a vender produtos da Luizacred pedidos de cartão de crédito, sem envolvimento direto na aprovação
foi transferida para um setor da Luizacred; (...) que quando passou das propostas, nem mesmo na alteração dos limites de crédito ou
a vender produtos da Luizacred o seu superior era o coordenador alteração das taxas de juros, posto que tais atributos decorriam do
regional o Sr. Ivan, funcionário da Luizacred; que o Sr. Ivan sistema. Logo, as atividades desempenhadas pela recorrida se
comparecia uma vez por mês; que tinha contato com o Sr. Ivan caracterizavam como mero assessoramento na aquisição de cartão
todos os dias por telefone e periodicamente por e-mail e de crédito, o que é insuficiente para caracterizá-la como financiária.
conferências virtuais; que esclarece que o Sr. Ivan era o A prestação de serviços da reclamante, empregada da primeira
coordenador regional da Luizacred sendo que sua superior imediata reclamada, em benefício da segunda reclamada, não se afigura
era a Sra. Fernanda que era coordenadora da Luizacred da loja; como fraudulenta. Com efeito, do acervo probatório dos autos, não
que a Sra. Fernanda era funcionária da Luizacred; que enquanto é possível concluir que a obreira recebia ordens diretamente da
vendeu produtos da Luizacred não tinha qualquer contato com os segunda reclamada, pois, a despeito de suas atividades, continuou
Nesse sentido, a segunda testemunha obreira, ouvida no processo PRECEDENTES DO STF - INAPLICABILIDADE DA OJ 383 DA
nº 0000160-59.2021.5.07.0037, cuja ata de audiência foi admitida SBDI-I DO TST - CABIMENTO APENAS DA RESPONSABILIDADE
como prova emprestada, revelou "(...) que a Loja da Magazine era SUBSIDIÁRIA. 1. A Súmula 331 do TST constituiu, por mais de 2
frequentada por um coordenador regional ao qual a reclamante décadas, o marco regulatório por excelência do fenômeno da
estava subordinada; que este coordenador era da Luizacred; que terceirização na seara trabalhista, editada que foi em atenção a
quando a reclamante precisasse se ausentar do trabalho a mesma pedido formulado pelo MPT, em 1993, de revisão da Súmula 256,
comunicava para a gestora da loja; que as pessoas do crédito que era superlativamente restritiva da terceirização, limitando-a às
também são conhecidas como assistente de vendas sênior". A hipóteses de vigilância (Lei 7.102/83) e trabalho temporário (Lei
despeito da menção à subordinação a um coordenador da segunda 6.019/74). 2. Revisada por duas vezes (2000 e 2011), em função da
reclamada, era à gestora da primeira reclamada a quem se dirigia questão acessória da responsabilidade subsidiária da Administração
quando precisava se ausentar do trabalho, o que denota, no Pública nos casos de inadimplemento das obrigações trabalhistas
cotidiano laboral, subordinação direta à Magazine Luíza. por parte das empresas terceirizadas (incisos IV e V), o STF, ao
Tal subordinação foi confirmada pela primeira testemunha ouvida a pacificar tal questão periférica, deu também sinalização clara quanto
rogo da reclamada na referida prova emprestada, ao declarar "que a à fragilidade e imprecisão conceitual da distinção entre atividade-fim
reclamante estava subordinada à gerente da loja na unidade de e atividade-meio para efeito de fixação da licitude da terceirização
Juazeiro". Além disso, a segunda testemunha patronal ouvida de serviços (cfr. RE 760.931-DF, Red. Min. Luiz Fux, julgado em
naquele feito expôs "que não tinha nenhum empregado da segunda 30/03/17). 3. O que condenou finalmente a Súmula 331 do TST, em
reclamada trabalhando nas dependências da Magazine" e "que seu núcleo conceitual central do inciso III, sobre a licitude da
depoente e reclamante estavam subordinadas à gestora e a gerente terceirização apenas de atividades-meio das empresas tomadoras
Por fim, a única testemunha ouvida no presente feito, a rogo da das empresas, generalizando a ideia de atividade-fim,
reclamada, confirmou "(...) que seu superior imediato é o gestor especialmente quanto aos serviços de call center prestados para
administrativo; que o trabalho do gestor administrativo é voltado bancos (cfr. TST-RR-1785-39.2012.5.06.0016) e concessionárias de
para a venda dos produtos de crédito; que exemplifica como serviços de telecomunicações (cfr. TST-E-ED-RR-2707-
gestoras administrativo as Sras. Silvana, Lucicleuma e Maria 41.2010.5.12.0030) e energia elétrica (cfr. TST-RR-574-
Edilane; que afirma que o coordenador de crédito não permanece 78.2011.5.04.0332), ao arrepio das Leis 8.987/95 (art. 25, § 1º) e
nas dependências da filial aparecendo apenas esporadicamente; 9.472/97 (art. 94, II), além dos casos de cabistas (cfr. TST-E-ED-RR
que afirma não existir um coordenador direto na loja; que o gestor -234600-14.2009.5.09.0021), leituristas (cfr. TST-E-ED-RR-1521-
administrativo é do Magazine Luiza; que afirma não ter presenciado 87.2010.5.05.0511) e vendedores no ramo de transporte rodoviário
nenhum funcionário da Luizacred desde a sua admissão". (cfr. TST-E-RR-1419-44.2011.5.10.0009), apenas para citar os mais
No sentido ora abonado trilha a atual jurisprudência do TST, comuns. 4. No intuito de combater o fenômeno econômico da
conforme precedentes abaixo colacionados, todos eles envolvendo terceirização, caracterizado pela cadeia produtiva horizontal, para
as empresas reclamadas no presente feito: forçar o retorno ao modelo de empresa vertical, em que a quase
"I) AGRAVO DE INSTRUMENTO DAS RECLAMADAS MAGAZINE totalidade das atividades é exercida pelos seus empregados
LUIZA S/A E LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE- contratados diretamente e não por empresas terceirizadas e seus
FIM OU ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - empregados, a jurisprudência majoritária do TST levou o STF a
APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS reconhecer a repercussão geral dos Temas 725 e 739, sobre
PRECEDENTES DO STF - PROVIMENTO. Diante de possível terceirização, cujo deslinde em 30/08/18, com o julgamento do RE
violação do art. 3º da CLT, acerca da ilicitude da terceirização de 958.252 e da ADPF 324 resultou na fixação da seguinte tese
serviços financiários, dá-se provimento ao agravo de instrumento jurídica de caráter vinculante: " é lícita a terceirização ou qualquer
interposto pelas Reclamadas para determinar o processamento do outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
recurso de revista . Agravo de instrumento provido. II) RECURSO independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
DE REVISTA DAS RECLAMADAS MAGAZINE LUIZA S/A E mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". 5.
LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE-FIM OU Assim, a partir de 30/08/18, passou a ser de aplicação aos
ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - processos judiciais em que se discute a terceirização a tese jurídica
fixada pelo STF no precedente dos processos RE 958.252 e ADPF todo o Poder Judiciário, assim restou redigida: "É licita a
324, mormente em face da rejeição da questão de ordem relativa a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre
eventual perda de objeto dos processos, diante da edição da Lei pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das
13.429/17, uma vez que se reconheceu que esta passou a regular a empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
matéria para o futuro, enquanto o julgamento do STF dispôs sobre empresa contratante " destacamos. Do mesmo modo, no
os casos do passado. 6. Por outro lado, a par de não mais julgamento da ADPF n.º 324, o eminente Relator, Min. Roberto
subsistirem, para efeito do reconhecimento da licitude da Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se
terceirização , os conceitos de atividade-fim, atividade-meio e manifestou: "I. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade,
subordinação estrutural entre empresas, não há de se aguardar a meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a
revisão da Súmula 331 para apreciação dos casos pendentes, quer contratante e o empregado da contratada . 2. Na terceirização,
por depender da discussão prévia sobre a constitucionalidade do compete à tomadora do serviço: I) zelar pelo cumprimento de todas
art. 702, I, "f", e § 3º, da CLT, quer por ser possível decidir de pronto as normas trabalhistas, de seguridade social e de proteção à saúde
a matéria, sem tisnar a Súmula 331, quando se reconhecer o e segurança do trabalho incidentes na relação entre a empresa
caráter de atividade-meio desenvolvida pela prestadora de serviços terceirizada e o trabalhador terceirizado; II) assumir a
em relação à tomadora de serviços. 7. In casu , como se trata de responsabilidade subsidiária pelo descumprimento de obrigações
terceirização de serviços de " atendimento ao cliente, diretamente trabalhistas e pela indenização por acidente de trabalho, bem como
ligado a margem de crédito, fazendo lançamento de dados do a responsabilidade previdenciária, nos termos do art. 31 da Lei
cartão do cliente no sistema de cartão de credito da LuizaCred " 8.212/1993 " grifamos . Assim ficou assentado na certidão de
(pág. 643), sem que se tenha notícia de subordinação direta da julgamento: "Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos
Trabalhadora terceirizada à Tomadora dos serviços, tem-se que o termos do voto do Relator, julgou procedente a arguição de
recurso de revista merece conhecimento, por violação do art. 3º da descumprimento de preceito fundamental , vencidos os Ministros
CLT (arrimo dos Temas 725 e 739 de repercussão geral do STF), e Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio"
provimento, para, reformando o acórdão regional, no aspecto, (g.n) . Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o
afastar a ilicitude da terceirização e, por conseguinte, o entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência
reconhecimento do vínculo de emprego com a tomadora de (art. 170, IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente
serviços, LuizaCred S/A, bem como os benefícios legais e assentados na Constituição Federal de 1.988, asseguram às
convencionais concedidos especificamente aos seus empregados, empresas liberdade em busca de melhores resultados e maior
remanescendo, porém, a sua responsabilidade subsidiária quanto competitividade. Quanto à possível modulação dos efeitos da
às verbas da condenação que não decorreram exclusivamente do decisão exarada, resultou firmado, conforme decisão de julgamento
enquadramento da Autora como financiária. Recurso de revista da ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que: "(...) o Relator
conhecido e provido" (RR-10307-15.2015.5.05.0651, 4ª Turma, prestou esclarecimentos no sentido de que a decisão deste
Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 13/11/2020) julgamento não afeta os processos em relação aos quais tenha
"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA Lúcia. Plenário, 30.8.2018" . Nesse contexto, a partir de 30/8/2018,
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE- é de observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou
MEIO E ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO PROFERIDA PELO pendente de julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADPF N.º 324 E NO RE N.º n.º 958.252 e na ADPF n.º 324. Assim, não há mais espaço para o
958.252, COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA (TEMA reconhecimento do vínculo empregatício com o tomador de serviços
725) . TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. APLICAÇÃO DE MULTA. O sob o fundamento de que houve terceirização ilícita (ou seja,
Plenário do Supremo Tribunal Federal, no dia 30/8/2018, ao julgar a terceirização de atividade essencial, fim ou finalística), ou, ainda,
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º para a aplicação dos direitos previstos em legislação específica ou
324 e o Recurso Extraordinário (RE) n.º 958.252, com repercussão em normas coletivas da categoria profissional dos empregados da
geral reconhecida, decidiu que é lícita a terceirização em todas as empresa contratante, porque o e. STF, consoante exposto, firmou
etapas do processo produtivo, ou seja, na atividade-meio e na entendimento de que toda terceirização é sempre lícita , inclusive,
atividade-fim das empresas. A tese de repercussão geral aprovada repita-se, registrando a impossibilidade de reconhecimento de
no RE n.º 958.252 (Rel. Min. Luiz Fux), com efeito vinculante para vínculo empregatício do empregado da prestadora de serviços com
o tomador . Considerando a improcedência do recurso, aplica-se à da Reclamada, ou seja, categoria da atividade-meio da LUIZACRED
parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo S.A. Segundo os arts. 511 e 570,caput, da CLT,o
não provido, com aplicação de multa" (Ag-RRAg-11503- enquadramentosindicalé determinado, de fato, pela atividade
21.2017.5.15.0150, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, econômica predominante da empresa e pelo local da prestação de
"(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. categoria profissional diferenciada. Como complemento, o art. 581,
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º13.015/2014. § 2º, da CLT conceitua o que seria atividade preponderante. A
ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO. AUSÊNCIA DE Turma Regional, diante do rol de atribuições e de limitações do
COMPROVAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA cargo, constatou que o Reclamante desempenhava a função de
SÚMULA 126/TST. Hipótese em que o Tribunal Regional, amparado promotor de vendase que, por não ter permissão de conceder
no acervo fático-probatório delineado nos autos, sobretudo na prova crédito, não pertencia à categoria dos financiários. Com efeito, não
oral, reformou a sentença para afastar o reconhecimento da há como enquadrar o obreiro nas Convenções Coletivas de
condição de financiaria da autora. Assentou que, em razão da Trabalho de outra categoria, por não possuir relação com a
disparidade do sistema operacional utilizado pela autora (OX) e atividade econômica (atividade-fim) da empresa. Decidir de forma
pelos empregados contratados diretamente pela Luizacred diversa demandaria o revolvimento das provas produzidas nos
(CONSIGWEB), a atividade exercida pela reclamante era apenas o autos, diligência defesa pela Súmula nº 126 do TST. Agravo interno
de preenchimento da proposta, carregando o sistema com de que se conhece e a que se nega provimento" (Ag-AIRR-567-
informações dos clientes do Maganize Luíza captados no interior da 50.2015.5.09.0092, 7ª Turma, Relator Desembargador Convocado
loja, não havendo atribuição de aprovação do crédito. Consignou Roberto Nobrega de Almeida Filho, DEJT 17/05/2019).
que se aprovado o cartão pelos empregados vinculados diretamente "AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE
ao Luizacred, então a autora dava continuidade ao processo, REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO
conferindo a veracidade dos documentos no momento da proposta, DE SERVIÇOS. LABOR EM ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO
o que demonstra o enquadramento da autora como promotora de DO STF NO TEMA 725 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL,
vendas dos produtos da Luizacred , e não como financiária. ADPF 324 E RE 958.252. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST.
Registrou ainda que até o sistema de informática era diferenciado, PREJUDICADO O EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. O Supremo
pois, enquanto que os empregados da Luizacred tinham como Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de
suporte o sistema CONSIGWEB, a empregada trabalhava na Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE)
versão OX, funcionando como uma ponte entre os clientes do 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu pela licitude
Magazine Luíza, encaminhados pelos vendedores da loja ou da terceirização em todas as etapas do processo produtivo.
abordados pelos próprios analistas, e a atividade financeira da Naquele recurso, o STF firmou tese de repercussão geral, com
Luizacred, aprovada por funcionários diretamente contratados para efeito vinculante, no sentido de que "é lícita a terceirização ou
tal propósito. Concluiu que a função exercida era administrativa, qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
carregando o sistema com dados cadastrais e não de avaliação ou distintas, independentemente do objeto social das empresas
aprovação do crédito. A decisão está assente no conjunto fático- envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa
probatório, sobretudo na prova oral, cujo reexame se esgota nas contratante". Assim, não havendo alusão no acórdão regional
instâncias ordinárias. Adotar entendimento em sentido oposto acerca da efetiva existência de pessoalidade e subordinação
àquele formulado pelo Tribunal Regional implicaria o revolvimento jurídica direta com a tomadora de serviços, não há como se
de fatos e provas, inadmissível em sede de recurso de revista, a reconhecer o vínculo direto com a empresa tomadora de serviços.
teor da Súmula 126/TST. Recurso de revista não conhecido" (RR- Quanto a esse último aspecto, não se leva em conta a mera
645-12.2014.5.09.0017, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena subordinação estrutural ou indireta, que, aliás, é inerente à
"AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO já mencionados precedentes do STF -, sendo necessário estar
DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIO. comprovada nos autos a subordinação hierárquica direta, presencial
CATEGORIA SINDICAL DIFERENCIADA. PROMOTOR DE ou por via telemática, do trabalhador aos prepostos da tomadora.
VENDAS . O Tribunal Regional inferiu que o Reclamante não No caso concreto, o Tribunal Regional consignou não existir
exercia serviço de financiário, mas somente de promotor de vendas pessoalidade e subordinação direta com a tomadora, o que
inviabiliza o reconhecimento de vínculo de emprego pretendido. julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,
Ademais, não há na petição inicial o pedido sucessivo autônomo de porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.
Turma do TST tem evoluído para entender que esta análise fica
transcendência. Agravo de instrumento não provido. (...)" (AIRR-337 ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
-97.2018.5.06.0411, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
de Carvalho, DEJT 01/10/2021). conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para
Por todo o exposto, não faz jus à reclamante ao enquadramento julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,
como financiária, de modo a serem indevidas as verbas deferidas porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.
Dá-se provimento ao recurso das reclamadas, para julgar Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
improcedente a reclamação. Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
Custas pela reclamante, porém dispensadas, em face dos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
benefícios da justiça gratuita ora mantidos, eis que, ao contrário do de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
afirmado pelas recorrentes, a parte reclamante declarou no ID. Fortaleza, 18 de julho de 2022.
reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
dos trabalhos nos dias feriados; que nunca gozou férias; que tem
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO direito a reparação por danos morais, decorrentes de descontos por
ORDINÁRIO (1009), provenientes da MM. 3ª VARA DO assaltos sofridos, transporte irregular de valores e ausência de
TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, ANTONIO concessão regular de férias; que eram descontados das comissões
SERVIÇOS LTDA, e recorridos, ANTONIO WILTON BRUNO DA 2.Examinando os temas destacados, concluiu o juízo sentenciante
anteriores a 10.08.201 julgou parcialmente procedentes os pedidos Alega a empresa que a petição inicial é inepta porque o reclamante
da reclamação trabalhista, o Reclamante (ANTONIO WILTON não teria declinado a causa de pedir que tornaria pertinente o
BRUNO DA SILVA) e a parte reclamada (REDEFONE COMERCIO pedido da parte reclamante, voltado a requerer os extratos
E SERVICÇOS LTDA) opuseram recursos ordinários. bancários das instituições pelas quais o reclamante recebia suas
reclamada (Id 2e7ef1d). Contudo, mera leitura do tópico em referência torna evidente o
8a201c1 e ID. 2f06bce), dá-se trânsito. A petição inicial trabalhista pode ser redigida de forma mais simples,
REMUNERAÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. ADICIONAL DE requerimento final e, nesse sentido, a peça produzida pelo autor,
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE do art.840 da CLT, não havendo prejuízo para a parte contrária
IRREGULAR DE VALORES. DESCONTOS DECORRENTES DE quanto ao entendimento dos pedidos e da causa de pedir, o que
ASSALTOS. DESCONTOS DE AUXÍLIO COMBUSTÍVEL E VALE propicia, de modo satisfatório, o acesso à ampla defesa.
1.Cuida-se de ação trabalhista proposta por ANTONIO WILTON bem da verdade, não evidencia efetiva hipótese de aplicação do
BRUNO DA SILVA contra REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS instituto da inépcia, bastando-se na defesa retórica, o que não é
LTDA, fundamentada nas alegações de que o reclamante foi suficiente para ensejar o seu acolhimento, restando, pois, rejeitada.
remuneração mista composta de piso salarial fixo previsto nas Rejeito a preliminar erigida pela reclamada nesse tocante, uma vez
CCT's e comissões; que a reclamada jamais fez constar que a parte reclamante trouxe cálculo estimado do valor que
oficialmente a remuneração integralizada do reclamante, somente o entende devido em decorrência dos pedidos iniciais, restando
fazendo a partir de 01.08.2016; que a partir de 2018 a reclamada suficiente a mera estimativa, para que reste satisfeito o requisito do
reduziu o percentual das comissões, com infringência aos artigos art. 840 da CLT.
468 da CLT e 7º, VI, da Constituição Federal; que a reclamada tem Por se tratar de mera estimativa, não há necessidade de que seja
a obrigação de retificar a CTPS do reclamante para fazer constar liquidada a diferença também decorrente das alterações promovidas
na emenda à inicial, uma vez que a lei não exige a liquidação do Conforme cópia dos contracheques que se juntam com a presente
julgado, mas, como já dito, a mera estimativa, razão pela qual defesa, bem como cópia da CTPS do reclamante, onde se verifica a
rejeito a preliminar em questão. evolução salarial deste, comprova-se que os valores que ele dizia
Sem necessidade de maiores aprofundamentos, reconheço a Ademais, informa média de comissões sem demonstrar a forma que
prescrição quinquenal prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição se chegou aos valores mencionados, claramente, em ato de má-fé.
Federal, conforme suscitado pela reclamada, em razão do que Neste ensejo, a reclamada afiança que o reclamante não fora
considero prescritas todas as verbas cuja exigibilidade seja anterior contratado para perceber nenhum pagamento sem consignação.
que recebia, mais precisamente sustentando que, entre a data de O pagamento sem consignação que o reclamante busca querer
corte prescricional (10.08.2015) e o dia 31.07.2016 recebeu as fazer crer ao d. Juízo não existe. Em verdade, observando os
comissões que lhe cabiam de forma clandestina, razão pela qual a contracheques colacionados a esta peça, o que ocorre é que havia
referida verba não foi considerada na base de cálculo das demais o pagamento de bonificações pagas aos funcionários.
Em seguida, a parte autora relata que a partir de 01.08.2016 a não havia pagamento "não pagos em folha" nos importes trazidos à
reclamada cessou o referido ilícito, passando a incluir na base de baila, porquanto se tratava de um valor fixo.
cálculo de férias, FGTS e 13º salários, as comissões mensalmente Ora, Excelência, como poderia haver pagamento por fora quando o
recebidas, que passaram a compor "oficialmente" a remuneração do próprio reclamante apresenta prova contraditória a seus pleitos,
Além disto, o reclamante alega também que a partir do ano de 2018 Note-se ainda que o extrato bancário acostado pelo reclamante é
em diante passou a sofrer alterações lesivas quanto ao pagamento decorrente de sua conta corrente, ou seja, a conta bancária permite
das comissões, trazendo causa de pedir nos seguintes termos: aplicações (débito automático ou depósito bancário) de contas de
""Relata ainda o reclamante que nos anos de 2018, 2019 e 2020 titularidades distintas sem qualquer relação com a reclamada.
passou a sofrer patente alteração contratual lesiva, ao ter reduzida Logo, as próprias provas apresentadas pelo reclamante não têm
unilateralmente pelo empregador o percentual de suas comissões qualquer condão de corroborar com o alegado, tumultuando o
as quais até e então eram fixas e no percentual de 1,40% sobre as processo muito mais do que sanando qualquer controvérsia.
vendas mensais até a competência 12 /2017, diminuídas para o Ora, cabe ao reclamante, se porventura existisse, a demonstração
patamar fixo de 1,25% sobre as vendas mensais a partir de 01/2018 dos supostos valores pagos extrafolha e não é só, deve demonstrar
e empós passou foi novamente reduzida para o patamar variável de que tais valores supostamente integram-se em sua remuneração e
0,85%, 0,70% ou 0,45% sobre as vendas mensais da competência não se tratam de bonificações, pois a simples alegação de existir
de 01/2019 até o deslinde contratual, assim sendo faz jus o obreiro pagamento "por fora" sem trazer as provas concretas de que
às diferenças de salários por comissões e DSR's sobre tais ocorrera, nada mais são do que meras palavras sem força
Assim foi disposta a causa de pedir, quanto a este objeto, sendo Portanto, numa remota hipótese de Vossa Excelência entender que
possível observar que foram relatados dois ilícitos. há pagamentos de valores além daqueles anotados na carteira,
Acerca do primeiro deles, qual seja, a não inclusão das comissões depreende-se que esses valores, no período afirmado pelo autor
recebidas na base de cálculo das demais parcelas remuneratórias, nada mais são do que PPR.
no período compreendido entre 10.08.2015 e 31.07.2016, apesar da O PPR é uma ferramenta de gestão que permite uma maior
natureza salarial da verba, a contestação apresenta confuso teor participação e empenho dos empregados na produtividade da
confuso, como se observa no trecho adiante transcrito: empresa, proporcionando a atração, a retenção, a motivação e o
""Em princípio, cumpre ressaltar que os valores remuneratórios comprometimento dos funcionários na busca de melhores
pagos "por fora" são totalmente inverídicos, uma vez que a resultados.
reclamada em seus documentos apensos comprova ter efetuado Dentre outras vantagens, mantém o trabalhador motivado, alinhado
TODOS OS PAGAMENTOS referente a remuneração fixa. com as metas e os objetivos da empresa e ciente do seu importante
papel no processo produtivo, produzindo resultados positivos e PA fica aberta de segunda a sábado das 7h às 18h e, dependendo
ampliando a competitividade da organização. da data do mês (isso do dia 01 ao dia 10), em domingos das 7h às
Tal instituto funcionava como um bônus, que é ofertado pelo 13h; que até agosto de 2016, a remuneração era composta de
empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores da salário fixo mais 1,4% fixos de tudo o que vendesse, recebendo as
Em suma, a base de cálculo da PPR não possui qualquer relação de 2016, as comissões ficaram sendo pagas em contracheque e,
com o salário percebido."" em data que não se recorda, a remuneração desceu para salário
Como se observa, nesse tocante, a contestação é substancialmente fixo mais 1,25% fixos de tudo o que vendesse; que a partir de
genérica, visto que se limita à afirmação de que o reclamante janeiro de 2019, passou a ser de salário fixo mais comissão
recebeu todas as verbas regularmente. escalonada conforme volume de vendas, sendo 0,45% a partir de
Após, o reclamado alega que o próprio autor teria comprovado, R$ 181.000,00, 0,75% a partir de R$ 251.000,00 e 0,80% a partir de
juntando documentos, que as comissões eram pagas nos R$ 301.000,00; que essa redução do percentual de comissões para
contracheques, parecendo não ter analisado atentamente a petição 0,45% foi a mais gravosa, porque se vendêssemos R$180.500,00,
inicial, a qual, a tal respeito, é expressa no sentido de que o ilícito ficávamos só com o salário fixo sem nada de comissão; que a
somente ocorreu até 31.07.2016. Ou seja, desde a petição inicial o comissão sobre a venda dos chips era de R$0,50 em cada chip; que
próprio autor já relata que a partir do dia seguinte à data a empresa controlava as vendas em geral por um aplicativo
mencionada a reclamada passou a não mais proceder de forma chamado TOP LINE, que tinha as datas e os horários em que
Em seguida, traz tese sucessiva, alegando que caso seja também tinha o aplicativo CIS, em que antes de começar a rota eu
reconhecido algum valor recebido "por fora", este se trataria de um pré-estabelecia qual o valor total de vendas que eu pretendia atingir,
bônus de uma tal ferramenta PPR, parecendo confusa quanto aos isso no início da jornada, antes de começar a rota, de modo que até
institutos de que trata, tese esta que, tal como a anterior, não se 8h da manhã eu tinha que fazer isso todos os dias de segunda a
sustenta, na medida em que não fora efetivamente explicado pela sábado e tinha que encerrar esse CIS até as 18h, dizendo todo o
parte reclamada a previsão legal ou regulamentar que afastasse a valor que eu vendi; que também havia o aplicativo AFV, que tinha
natureza salarial da verbas em questão, recebida de forma que alimentar dizendo quanto eu vendi para determinado cliente;
clandestina, ou mesmo como seria ao mesmo tempo bônus e que essa mesma sistemática de comissões e as alterações dos
participação nos lucros. percentuais acima descrita ocorreu também com o reclamante; que
Em depoimento, o preposto da reclamada alega que um programa o depoente tinha em média 120 clientes em carteira; que o
substituiu o outro, reforçando a identidade da natureza de ambos. reclamante tinha em média 240 a 250 clientes, já que a rota dele
A testemunha do reclamante, por sua vez, trouxe depoimento firme era maior que a minha; que a venda desses produtos se dava tanto
e elucidativo, por meio do qual confirma com precisão o estado de online como presencial; que as cobranças se davam de forma
coisas narrado na petição inicial, tanto quanto ao primeiro ilícito presencial, ou seja, o vendedor passava as recargas e logo depois
(comissões clandestinas) como quanto ao segundo, referente à ia buscar o dinheiro ou o cheque; que perguntado se o cliente não
redução gradativa do percentual das comissões recebidas, o que poderia fazer uma transferência bancária para o vendedor não ter
constitui flagrante alteração em prejuízo do trabalhador. que ir buscar o dinheiro, respondeu que não era assim que ocorria,
Reputo conveniente transcrever também o seguinte trecho do até porque a PA não aceitava transferência e sim dinheiro ou
depoimento em questão: cheque; que não havia nenhuma empresa terceirizada para efetuar
""1) que trabalhou na reclamada de 16/09 /2011 a 06/01/2020, na cobrança de inadimplentes "e a gente era quem levava o cano se
função de vendedor e cobrador externo; que depoente e reclamante não conseguisse receber do cliente"; que havia meta de prospecção
realizavam as mesmas funções; que "geralmente a gente se de novos clientes, ou seja, mais 10 clientes por mês; que havia
encontrava no mesmo PA01, tanto na parte da manhã como na reuniões feitas pelo gerente Mailson ou pelo supervisor da PA
parte da tarde"; que a prestação de contas era feita pelo depoente e Ricardo ou pela supervisora Vanessa, todas as quintas-feiras, com
reclamante diariamente, na parte da manhã e na parte da tarde; que imposição das regras, sem chance de contestação pelos
os produtos vendidos era: recarga física e recarga on line e chips vendedores; que a empresa não pagava o PPR, pois o depoente
das operadoras Tim, Oi e Vivo; que se encontrava com o sempre recebeu a remuneração como sendo salário mais comissão,
reclamante na PA, entre 7h e 9h da manhã e entre 16h e 17h; que a o mesmo ocorrendo com os demais vendedores, inclusive o
ou dos vendedores com e empresa Yellow Card; que os E) Reflexos das Diferenças salariais das Comissões reduzidas
supervisores recebiam comissionamento sobre as vendas da ilicitamente de 01 Janeiro de 2018 a 08 de Março 2020 e DSR's
equipe; que até agosto de 2016, o montante de remuneração do sobre comissões em: Aviso Prévio, FGTS, Multa de 40%, Férias +
depoente e dos demais (porque nessa época era quase todo mundo 1/3 Constitucional (2018 a 2020), 13º salários (2018 a 2020);
igual) girava em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, já incluso o F) Multas Convencionadas nas cláusulas 70ª CCT 2015/2015 e
salário fixo; que o depoente já chegou a receber tais valores, na 2016/2016, 71ª CCT 2017/2017, 67ª CCT 2018/2018 e 69ª CCT
época, no mesmo dia do reclamante, ambos na PA, ou seja, o 2019/2020, equivalente 01 (um) piso salarial previsto em cada
depoente tato recebeu como presenciou o reclamante recebendo, convenção coletiva (Cláusula 3ª das CCT's 2015 a 2020), por
na PA, tal valor remuneratório das mãos do Júnior, representante violação às Cláusulas 16ª CCT's 2015/2015, 2016/2016 e
financeiro da reclamada;"" 2017/2017, Cláusulas 15ª CCT's 2018/2018 e 2019/2020 (por não
A esse respeito, considero oportuno relembrar o conteúdo do art. anotação na CTPS do percentual das comissões + R.S.R) e
468 da CLT, segundo o qual: Cláusulas 46ª das CCT's 2015, 2016 e 2017; Cláusulas 44ª da CCT
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a 2018 e 45ª da CCT 2019/2020 (por não concessão do descanso
ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, -Adicional de periculosidade
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula O reclamante requer ainda o pagamento de adicional de
infringente desta garantia. periculosidade, justificando o pedido com narrativa segundo a qual
Nesse contexto, tendo sido comprovados os fatos narrados na realizava seu trabalho diariamente de motocicleta, pedido que faz
petição inicial, seja quanto à inclusão das comissões na base de com base no expresso conteúdo do art. 193, II, § 4º, da CLT.
cálculo de outras verbas no início do contrato, seja quanto à Em resposta, a reclamada alega limita-se a alegar que jamais exigiu
redução do percentual destas, julgo os pedidos constantes no que o reclamante laborasse em motocicleta, o que restou
presente tópico procedentes em sua integralidade. desconstruído no item 3 do depoimento da testemunha do autor,
Em virtude desta conclusão, condeno a reclamada inicialmente ao bem como que a Portaria do então MTE 05/2015 é materialmente
cumprimento de consistente na retificação obrigação de fazer da inconstitucional que, o que não se sustenta, na medida em que não
CTPS (física e digital) do reclamante, fazendo constar, junto às qualquer interesse, seja deste juízo, seja da sociedade, que uma
anotações gerais: "Retificação a remuneração contratual de fl. 12, norma, tão cara à segurança do trabalho, seja tida como letra morta.
para informar que o portador desta CTPS percebia mensalmente Se a própria reclamada estabeleceu o meio de locomoção a ser
remuneração mista composta de piso salarial fixo, comissões no utilizado como motocicleta, consoante expressamente comprovado
patamar de 1,4% por mês sobre as vendas + R.S.R. no item 3 do depoimento da testemunha do reclamante, resta
Igualmente, condeno a reclamada ao pagamento das seguintes evidente que não havia qualquer faculdade nesse sentido, mas
verbas (já constando no elenco de verbas abaixo a retificação de imposição nos termos em que comprovado pela prova testemunhal.
erro material relatada na emenda à petição inicial de id ff47c7d), Este juízo entende que, independente da quantidade de clientes
mas devendo o calculista atentar para a retificação de constante na que o reclamante visitava, a motocicleta constituía instrumento de
A) Reflexos dos salários por fora de 10.08.2015 a 31.07.2016 em: Em outras palavras, entendo que o ato de deslocar-se, entre
FGTS, Multa de 40%, Férias + 1/3 Constitucional (2015 a 2016), 13º diversos clientes, era inerente às atribuições do reclamante, razão
salários (2015 a 2016) e DSR's (2015 a 2016); porque o cenário fático ora reconhecido, sem necessidade de
B) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro e 2018 a 31 maiores digressões, atrai a aplicação do art. 193, § 4º, da CLT.
Dezembro de 2018 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de Não sendo a reclamada filiada à Associação Brasileira das
C) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro 2019 a 31 que os efeitos Portaria nº 1.565/2014 mantém-se vigentes, visto que
Dezembro de 2019 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de afastados pela de nº 5/2015, do então MTE, apenas para os filiados
D) Diferenças salariais Comissões de 01 Janeiro de 2020 a 08 de Procedente, pois, o pedido, restando a reclamada condenada ao
Março 2020 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de 1,40% pagamento de adicional de periculosidade, no percentual de 30% do
salário base do reclamante, durante todo o contrato de trabalho, em que, supostamente estaria de férias; que quando começava o
observado o corte prescricional, com todos reflexos nas demais período das férias "a gente trabalhava com um login alternativo que
parcelas remuneratórias. era criado com a finalidade de a gente deixar de usar o login comum
-Trabalho em feriados. Supressão do RSR. e passar a usar esse login das férias"; que esse login para usar nas
O reclamante alega ainda que trabalhava todos os dias, sem RSR férias ficava sob a responsabilidade do Sr. Júnior, representante
ou feriado, requerendo o pagamento destes em dobro. comercial da reclamada; que mesmo sem gozar férias, era exigido
O reclamado, por sua vez, centra sua tese de defesa na dos vendedores a assinatura dos recibos de férias; que o depoente
circunstância de ser o trabalho desempenhado externo, defendendo e demais vendedores sempre receberam o valor das férias, porém
que não controlava a jornada do autor. sempre em cima do valor do salário base e continuando a trabalhar,
Ocorre que resta incontroverso nos autos que o reclamante isso porque não existia um vendedor substituto que conhecesse a
desempenhava trabalho externo, não tendo sido comprovado, no rota para poder tirar as férias do outro; que outro motivo de o
entender deste juízo, de forma suficiente pelo reclamante que a vendedor não tirar férias e nem ser substituído, decorria do fato da
reclamada efetivamente controlava sua jornada. relação de fidúcia entre ele e os clientes nem ser substituído,
Nesse tocante, cumpre destacar o fato de existir aplicativo que decorria do fato da relação de fidúcia entre ele e os clientes daquela
registra o horário das vendas não se revela suficiente, no entender rota; que a rota do reclamante era Vila Peri, Bonsucesso e depois
deste juízo, para que se considere que havia controle de jornada. outro bairro que o reclamante ganhou antes de sair da empresa e
Com efeito, o fato de o aplicativo estar disponível para a efetivação cujo nome não se recorda;""
de transações em dias não úteis não implica necessariamente que o Como se observa, tendo o reclamante se desincumbido de seu
trabalho em referidos dias era imposto pela reclamada. ônus probatório quanto ao fato de que as férias não eram gozadas,
Nesse contexto, por entender que o reclamante se enquadra na a despeito da realidade formal arquitetada pela reclamada para
exceção prevista no art. 62, I, da CLT, julgo improcedentes os mascarar o que de fato se passava, a procedência do pedido é
pedidos relativos à jornada de trabalho, uma vez que comprovado o medida que se impõe, diante da necessidade de observância do
-Não concessão de Férias. Dano existencial decorrente. condenada ao pagamento das dobras das férias vencidas e não
O reclamante alega também que não gozava de férias, embora gozadas no período não prescritas: 2015/2016, 2016/2017,
A narrativa foi comprovada com objetividade pela testemunha do O reclamante realiza também pedido correlato a esse, de
reclamante, nos seguintes termos: indenização por dano existencial, relatando que, diante da não
""2) que o depoente sempre recebeu o valor das férias, mas nunca concessão reiterada de férias, viu-se impossibilitado do convívio
chegou a gozar um dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com a família e amigos, tendo aprofundado a causa de pedir nos
laborando em período em que, supostamente estaria de férias; que ""Conforme mencionado nos tópicos anteriores o trabalhador
quando começava o período das férias "a gente trabalhava com um durante toda a sua contratualidade (cerca de 16 anos) JAMAIS teve
login alternativo que era criado com a finalidade de a gente deixar concedido por parte do seu empregador o seu lídimo Direito as
de usar o login comum e passar a usar esse login das férias"; que férias (2004 a 2019) a fim de usufruir do convívio social junto a sua
esse login para usar nas férias ficava sob a responsabilidade do Sr. família e amigos, de igual modo praticava jornada extremamente
Júnior, representante comercial da reclamada; que mesmo sem extenuante de segunda à domingo (em regra de 07h00min às
gozar férias, era exigido dos vendedores a assinatura dos recibos 19h00min), entretanto ficava integralmente à disposição dos clientes
de férias; que o depoente e demais vendedores sempre receberam da reclamada para abastecê-los a qualquer hora dia ou da noite.
o valor das férias, porém sempre em cima do valor do salário base e Assim sendo tem-se que o dano existencial é espécie do gênero
continuando a trabalhar, isso porque não existia um vendedor dano imaterial cujo enfoque está em perquirir as lesões existenciais,
substituto que conhecesse a rota para poder tirar as férias do outro; ou seja, aquelas voltadas ao projeto de vida (autorrealização -
que outro motivo de o vendedor não tirar férias e2) que o depoente metas pessoais, desejos, objetivos etc) e de relações interpessoais
sempre recebeu o valor das férias, mas nunca chegou a gozar um do indivíduo.""
dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com todos os Com efeito, a concessão de férias constitui uma das mais
vendedores; que chegou a ver o reclamante laborando em período importantes medidas de saúde e segurança do trabalho, que
possibilita o essencial gozo de momentos de descanso e lazer com realizadas no respectivo dia, bem como que tais valores variavam
outros eventos tão caros a uma vida saudável. Sustenta ainda que sofria em média dois assaltos por ano, narrativa
Tendo sido comprovado pela testemunha do reclamante que, ao esta, que não fora comprovada pela parte reclamante, tendo a
longo dos anos, as férias não eram concedidas, de forma testemunha confirmado apenas que era transportados os valores
generalizada, reputo evidente a perturbação do estado de coisas fruto do trabalho prestado naquele dia, em montante bem inferior ao
Nesse contexto, verifica-se que a reprovável conduta da reclamada tornando evidente que o reclamante distorce a realidade nesse
espraiou efeitos deletérios à vida da reclamante com óbvio abalo tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão.
moral, apenas compreendido por aqueles que enfrentam tamanho Ademais, o próprio relatório de vendas juntado pelo reclamante,
percalço da obtenção de direitos básicos, após uma vida inteira através de prints de aplicativo, não deixa dúvidas de que os valores
dedicada à prestação de serviços na reclamada. das vendas era bastante reduzido, geralmente R$ 200,00 reais, com
Nessa ordem de ideias, entende este juízo que, tendo a conduta da apenas algumas vendas de valor mais elevado, o que retira ainda
reclamada imposto consequências nefastas na saúde do mais a credibilidade da narrativa inicial nesse tocante.
reclamante e de sua família, estão preenchidos os elementos da Por fim, ressalto que a testemunha do reclamado comprovou que a
responsabilidade civil, visto que a reclamada deu causa ao dano, orientação era para que os empregados transportassem no máximo
nos termos em que aqui explicitado. R$ 1.000,00, razão pela qual, diante da ausência de comprovação
Reconhecida a responsabilidade civil e o dever de reparação, este efetiva de transporte de elevados valores e da submissão a
juízo esclarece de logo que considera claramente inconstitucional a assaltos, julgo improcedente o pedido.
tarifação da indenização reparatória por dano moral estabelecida -Ressarcimento de descontos ilícitos
pela Lei nº 13.467/2017, com a introdução do art. 223-g, §§ 1º a 5º, O autor, trazendo nova pretensão, alega ainda que a reclamada,
na CLT, por afrontar os artigos 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos V e embora tenha passado a pagar valores relativos a auxílio
X e caput do artigo 7º da Constituição Federal, diante da ofensa ao combustível e vale alimentação a partir de 01.08.2016, os
princípio da dignidade da pessoa humana, ao admitir que a esfera descontava das comissões pagas "na fonte", sem retratar o
O desrespeito ao artigo 5º, V e X da Constituição é flagrante, na ""A reclamada a partir de 01.08.2016 a repassar instituiu a quantia
medida em que a alteração traz valores irrisórios frente ao potencial fixa de R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) por mês a título de
ofensivo da multiplicidade de situações que podem ocorrer, auxílio combustível e na mesma data, fixou a importância de R$
representando tratamento discriminatório ao trabalhador. 17,00 por dia laborado a título de vales alimentações, totalizando
Ofende ainda a isonomia, por destinar regulação diferenciada em esse último em média R$ 340,00 por mês.
relação a todas as demais relações jurídicas que envolvam Não obstante os valores acima passaram ilicitamente a serem
reparação civil, e justamente ao trabalhador, em regra descontados ilicitamente das comissões das vendas realizadas pelo
hipossuficiente e reivindicador de direitos básicos, relacionados à obreiro mensalmente, de modo que os valores repassados pela
subsistência própria e de sua família, como no presente caso reclamada ao trabalhador já refletiam a importância líquida (após os
Ofende a isonomia ainda o estabelecimento de indenização com contas mensais), entretanto, visando burlar os preceitos celetistas a
base na remuneração do ofendido, como se tal critério fosse reclamada não fazia constar tais descontos em contracheques ou
suficiente para tornar um ser humano mais digno que outro, pelo folhas de pagamentos.
simples fato de auferir remuneração superior. Diante do exposto requer a Vossa Excelência os ressarcimentos
Nessa linha, reputo razoável, com base na gravidade do ilícito e no dos descontos ilícitos feito na remuneração do trabalhador no
poder econômico do ofensor, estabelecer o quantum indenizatório importe de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio Combustível e R$
O reclamante alega ainda que transportava elevados valores A reclamada nega com veemência a narrativa inicial, tendo a
diariamente em espécie e em cheques, decorrentes das vendas testemunha do reclamante, contudo, comprovado-a, como se
""7) que até agosto de 2016, a empresa não repassava os vale atividade; que quanto ao deferimento de pagamento de danos
alimentação aos vendedores; que após essa data a empresa morais em razão da suposta não concessão de férias, não houve
camufladamente fazia esse repasse da seguinte forma: por qualquer razoabilidade na fixação do valor de reparatório de R$
exemplo, se eu ganhasse R$ 1.500,00, vinha descontado 100% dos 10.000,00; que a condenação em vale alimentação e auxílio
vales de alimentação (R$ 347,00) e vale de combustível (R$ combustível trouxe fundamentação deficiente e genérica, sendo
280,00) nessa comissão de R$ 1.500,00, de modo que eu só inválida; que na condenação de multa convencional não é possível
receberia a diferença, isso ocorrendo com o reclamante e com verificar a que acordo ou norma coletiva se refere, por ausência de
todos os demais vendedores; que a empresa não apontava esses juntada aos autos do respectivo instrumento normativo; que o
descontos no contracheque; que o pagamento da comissão já vinha recorrido não comprovou o alegado estado de miserabilidade.
Nesse contexto, julgo procedente também este pedido, condenando INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. Uma vez que a inicial, no
a reclamada ao pagamento de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio juízo deste relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da
Combustível e R$ 340,00 por mês a título de vales alimentações, CLT, a emenda à inicial ID. bae7e75 não a desnatura, eis que
totalizando um ressarcimento de R$ 620,00 por mês, no período de mantida a forma padrão de indicação de valores, como acentua a
-Não pagamento de vales alimentação no período que, assim como a reclamação vestibular, foi regulamente
Por fim, sem necessidade de aprofundadas digressões, verifica-se aplicação do artigo 840, § 3º, da CLT. Sob esse enfoque a sentença
pagamento dos vales alimentação no período mencionado no título TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula-
do presente tópico, ou seja, entre os dias trabalhados entre a data 357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a
do corte prescricional e 31.07.2016, razão porque compõe também testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra
a condenação a referida verba, no importe de R$ 6,50 por dia no o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é
período de 10.08.2015 a 31.12.2015 e R$ 7,50 por dia no período válido. Incidente que se rejeita.
de 01.01.2016 a 31.07.2016, a média de 28 dias por cada mês, COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Não houve por
consoante cláusulas 22ª da CCT 2015/2015 e 2016/2016. parte da sentença recorrida confusão entre as rubricas "comissões"
3. Irresignada, a reclamada interpôs recurso ordinário, alegando que parte recorrente ID. c07ec81 - Pág. 2 que uma rubrica substituiu a
a emenda a inicial apresentada pelo recorrido expressa ausência de outra, estando correta a decisão recorrida de que ambas possuíam
liquidação, não merecendo a ação regular processamento, a teor do a mesma natureza remuneratória, ilação que se acomoda no artigo
artigo 840, § 3º, da CLT; que a testemunha Francisco Rafael Lima 457, § 1º, da CLT.
dos Santos era suspeita para depor, de vez que autora de ação PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do
trabalhista contra a recorrente, ficando, com isso, patente o nítido pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a
interesse na presente contenda; que a sentença recorrida, empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR". Com
alusivamente a condenação da recorrente em comissões, confundiu efeito, o comissionamento constou dos contracheques do recorrido
tal parcela com a participação nos lucros, além de desconsiderar a até julho de 2016, conforme inicial, passando a condição de
natureza indenizatória dessa parcela; que não havia pagamento remuneração "por fora" a partir daquela data. Logo, evidenciado que
"por fora", nada tendo sido comprovado; que condenar sem o paga perdurou, mas revestida do nome de PPR, supostamente
considerar o contraditório, constitui ofensa ao artigo 93, IX, da indenizatória, todavia, corretamente rejeitada a hipótese no juízo
Constituição Federal; que não houve redução salarial, não sentenciante, tem-se por verdadeiramente comprovada a sua
comprovando o recorrido, em sua exordial, na instrução ou nos existência, carecendo da mais mínima procedência a alegação
documentos por ele acostados, quais os valores das supostas recursal de que a decisão vergastada, nessa questão, não teria
comissões que lhe seriam devidos; que no tema da periculosidade, observado o contraditório e, mais distante ainda, a hipótese de
de ser frisadoque a testemunha da reclamada informou que a não violação ao artigo artigo 93, IX, da Constituição Federal.
era exigido moto para realização da atividade, sendo escolha do REDUÇÃO SALARIAL. A redução salarial está relatada no
depoimento da testemunha FRANCISCO RAFAEL LIMA DOS Trabalho em que se vê, conferindo-lhe idoneidade a numeração de
SANTOS ID. c07ec81 - Pág. 4, reduzindo a empresa, de forma registro no MTE. Perfeito o pedido quanto à forma, nada se vê que
gravosa, os patamares a partir dos quais se dava o justifique sua exclusão da condenação.
comissionamento. A sentença invocou acertadamente a aplicação JUSTIÇA GRATUITA. A decisão vergastada não merece reforma.
do artigo 468, da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é Embora das regras do artigo 790, da CLT, A parte reclamante
lícita a alteração das respectivas condições por mútuo declarou no documentoID. f4ba818 - Pág. 3 não ter condições de
consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou arcar com os custos do processo. Dessa forma, a simples
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de que não
cláusula infringente desta garantia. Nada há, portanto, o que reúne condições econômicas para arcar com as despesas
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Desde logo se há ressaltar suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da
que a suposta não exigência do empregador para que fosse justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte
utilizada uma motocicleta no trabalho, não desnatura a aplicação do reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos
artigo193, § 4º, da CLT. A atividade perigosa ali definida não benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.
condiciona a uma condição contratual, mas a existência do fato. 99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT),
Ademais, do depoimento da mesma testemunha acima segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
referenciada, extrai-se a certeza de que o uso da motocicleta era deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,
exigido; "que no ato da contratação foi informado que o vendedor do item I da Súmula nº 463 do TST.
tinha que ter moto para ser contratado; que na PA01 havia 14 4.O reclamante igualmente se insurgiu contra a sentença de origem,
vendedores, todos eles utilizando moto para o trabalho; que nunca alegando que a decisão recorrida deve ser reformada para a
viu o reclamante trabalhar em outro veículo, senão moto, até porque condenação da empresa ao pagamento em dobro dos descansos
não tinha condições de a gente se locomover de carro com a semanais não concedidos e os alusivos ao trabalho em feriados;
quantidade de dinheiro que a gente transportava, pois era pedir que merece reparado os danos morais pelo transporte de valores, e
para ser assaltado". Logo, a sentença objurgada deve ser mantida. a obrigação de o recorrente arcar com o reembolso de assaltos e
da CLT, conjugado com a remuneração total do recorrido, o valor DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O
arbitrado de R$ 10.000,00 não denota irrazoabilidade, do que fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao
VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Embora a peça CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente
recursal aluda a fundamentação sentenciante genérica, não é, de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais
deveras, o que deflui da sentença de origem. A parte recorrente não das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase
comprovou o pagamento das parcelas, estando assim nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a
fundamentada a decisão recorrida, escorada em prova testemunhal, possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados
complessivo, posto que as rubricas eram descontadas no ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte de
comissionamento. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado na
importância ou percentagem para atender englobadamente vários inicial ID. 4e8ddc2 - Pág. 15, não se confirmou nas provas dos
direitos legais ou contratuais do trabalhador (Súmula-91/TST). autos. A ausência de verossimilhança foi captada com agudeza pelo
MULTA CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO nesse tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão". Nesse
NORMATIVO INDICADOR. O item Fda inicial indica as cláusulas termos, de se manter o julgamento recorrido por ausência de
normativas violadas pela parte recorrente. O documento alusivo vê- comprovação efetiva de transporte de elevados valores e da
que o recorrido tivesse pleiteado reparação com base em cláusula Isto posto,
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - REDEFONE COMERCIO E SERVICOS LTDA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da CLT. Não a
Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José desnatura eventual emenda, porque mantida a forma padrão de
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) indicação de valores, acrescentando meras corrigendas que, assim
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo como a reclamação vestibular, foi regulamente submetida ao
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de aplicação do artigo
válido.
CLAUDIO SOARES PIRES Se o preposto da parte recorrente admite que uma rubrica (Bônus
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. recorrida na conclusão de que ambas possuíam a mesma natureza
Diretor de Secretaria pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não dar tons de juridicidade a sua pretensão". De se manter, destarte, o
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob julgamento recorrido por ausência de comprovação efetiva de
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. transporte de elevados valores e da submissão a assaltos.
VALOR ARBITRADO. Não denota irrazoabilidade o valor arbitrado V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO
para reparação por danos morais (ausência reiterada de concessão ORDINÁRIO (1009), provenientes da MM. 3ª VARA DO
de férias), quando considerado o regramento do artigo 223-G, TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, ANTONIO
8.VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Se a parte SERVIÇOS LTDA, e recorridos, ANTONIO WILTON BRUNO DA
recorrente não comprova o pagamento das parcelas de cuja SILVA, REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA.
existência não se duvida, estando assim fundamentada a decisão Irresignados com a sentença ID 5159d94, que rejeitando as
recorrida, revelando a existência de espécie de salário complessivo, preliminares suscitadas e declarando prescritas as verbas
nada há o que reformar. Nula é a cláusula contratual que fixa anteriores a 10.08.201 julgou parcialmente procedentes os pedidos
determinada importância ou percentagem para atender da reclamação trabalhista, o Reclamante (ANTONIO WILTON
englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador. BRUNO DA SILVA) e a parte reclamada (REDEFONE COMERCIO
9.JUSTIÇA GRATUITA. A parte reclamante declarou em E SERVICÇOS LTDA) opuseram recursos ordinários.
documento não ter condições de arcar com os custos do processo. Contrarrazões ofertadas pelo Reclamante (Id 3bfb85c) e pela parte
Dessa forma, a simples declaração de que o postulante é pobre na reclamada (Id 2e7ef1d).
exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim, do item I Recurso de ambos os litigantes regularmente interpostos (ID.
fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao PERICULOSIDADE. FERIADOS TRABALHADOS. FÉRIAS.
enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE
CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente IRREGULAR DE VALORES. DESCONTOS DECORRENTES DE
de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais ASSALTOS. DESCONTOS DE AUXÍLIO COMBUSTÍVEL E VALE
possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados 1.Cuida-se de ação trabalhista proposta por ANTONIO WILTON
2.ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte LTDA, fundamentada nas alegações de que o reclamante foi
de elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado admitido em 01.03.2004, nas funções de vendedor, que auferia
na inicial, não se confirmou nas provas dos autos. A ausência de remuneração mista composta de piso salarial fixo previsto nas
verossimilhança foi captada com agudeza pelo juízo sentenciante; CCT's e comissões; que a reclamada jamais fez constar
"evidente que o reclamante distorce a realidade nesse tocante para oficialmente a remuneração integralizada do reclamante, somente o
fazendo a partir de 01.08.2016; que a partir de 2018 a reclamada suficiente a mera estimativa, para que reste satisfeito o requisito do
reduziu o percentual das comissões, com infringência aos artigos art. 840 da CLT.
468 da CLT e 7º, VI, da Constituição Federal; que a reclamada tem Por se tratar de mera estimativa, não há necessidade de que seja
a obrigação de retificar a CTPS do reclamante para fazer constar liquidada a diferença também decorrente das alterações promovidas
corretamente as comissões, e a de pagar diferenças salariais; que na emenda à inicial, uma vez que a lei não exige a liquidação do
exercia suas obrigações com o concurso de uma motocicleta, tendo julgado, mas, como já dito, a mera estimativa, razão pela qual
artigo 193, § 4º, da CLT; que não usufruía de descanso semanal e - Prescrição quinquenal
dos trabalhos nos dias feriados; que nunca gozou férias; que tem Sem necessidade de maiores aprofundamentos, reconheço a
direito a reparação por danos morais, decorrentes de descontos por prescrição quinquenal prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição
assaltos sofridos, transporte irregular de valores e ausência de Federal, conforme suscitado pela reclamada, em razão do que
concessão regular de férias; que eram descontados das comissões considero prescritas todas as verbas cuja exigibilidade seja anterior
(ID. 5159d94): O reclamante inicia seu elenco de pedidos tratando das comissões
Alega a empresa que a petição inicial é inepta porque o reclamante comissões que lhe cabiam de forma clandestina, razão pela qual a
não teria declinado a causa de pedir que tornaria pertinente o referida verba não foi considerada na base de cálculo das demais
bancários das instituições pelas quais o reclamante recebia suas Em seguida, a parte autora relata que a partir de 01.08.2016 a
Contudo, mera leitura do tópico em referência torna evidente o cálculo de férias, FGTS e 13º salários, as comissões mensalmente
caráter vazio e inconsistente da arguição, uma vez que se refere ao recebidas, que passaram a compor "oficialmente" a remuneração do
ou não do pedido em questão, discutindo a veracidade ou não da Além disto, o reclamante alega também que a partir do ano de 2018
narrativa do autor, de forma claramente descabida. em diante passou a sofrer alterações lesivas quanto ao pagamento
Ademais, resta por demais óbvia a pertinência, na medida em que das comissões, trazendo causa de pedir nos seguintes termos:
se acha controverso o valor das comissões pagas mensalmente ao ""Relata ainda o reclamante que nos anos de 2018, 2019 e 2020
A petição inicial trabalhista pode ser redigida de forma mais simples, unilateralmente pelo empregador o percentual de suas comissões
bastando a exposição dos fatos, a breve fundamentação e o as quais até e então eram fixas e no percentual de 1,40% sobre as
requerimento final e, nesse sentido, a peça produzida pelo autor, vendas mensais até a competência 12 /2017, diminuídas para o
concretamente considerada, cumpre os requisitos previstos no § 1º patamar fixo de 1,25% sobre as vendas mensais a partir de 01/2018
do art.840 da CLT, não havendo prejuízo para a parte contrária e empós passou foi novamente reduzida para o patamar variável de
quanto ao entendimento dos pedidos e da causa de pedir, o que 0,85%, 0,70% ou 0,45% sobre as vendas mensais da competência
propicia, de modo satisfatório, o acesso à ampla defesa. de 01/2019 até o deslinde contratual, assim sendo faz jus o obreiro
Na verdade, na espécie, a inicial não apresenta vício algum que às diferenças de salários por comissões e DSR's sobre tais
possa comprometer a boa compreensão da peça e a preliminar, a comissões, nos seguintes patamares:""
bem da verdade, não evidencia efetiva hipótese de aplicação do Assim foi disposta a causa de pedir, quanto a este objeto, sendo
instituto da inépcia, bastando-se na defesa retórica, o que não é possível observar que foram relatados dois ilícitos.
suficiente para ensejar o seu acolhimento, restando, pois, rejeitada. Acerca do primeiro deles, qual seja, a não inclusão das comissões
Rejeito a preliminar erigida pela reclamada nesse tocante, uma vez no período compreendido entre 10.08.2015 e 31.07.2016, apesar da
que a parte reclamante trouxe cálculo estimado do valor que natureza salarial da verba, a contestação apresenta confuso teor
entende devido em decorrência dos pedidos iniciais, restando confuso, como se observa no trecho adiante transcrito:
""Em princípio, cumpre ressaltar que os valores remuneratórios comprometimento dos funcionários na busca de melhores
pagos "por fora" são totalmente inverídicos, uma vez que a resultados.
reclamada em seus documentos apensos comprova ter efetuado Dentre outras vantagens, mantém o trabalhador motivado, alinhado
TODOS OS PAGAMENTOS referente a remuneração fixa. com as metas e os objetivos da empresa e ciente do seu importante
Conforme cópia dos contracheques que se juntam com a presente papel no processo produtivo, produzindo resultados positivos e
defesa, bem como cópia da CTPS do reclamante, onde se verifica a ampliando a competitividade da organização.
evolução salarial deste, comprova-se que os valores que ele dizia Tal instituto funcionava como um bônus, que é ofertado pelo
receber estão bem distantes da realidade. empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores da
se chegou aos valores mencionados, claramente, em ato de má-fé. Em suma, a base de cálculo da PPR não possui qualquer relação
Neste ensejo, a reclamada afiança que o reclamante não fora com o salário percebido.""
contratado para perceber nenhum pagamento sem consignação. Como se observa, nesse tocante, a contestação é substancialmente
Até porque, nos próprios comprovantes de pagamento acostados genérica, visto que se limita à afirmação de que o reclamante
pelo autor há o pagamento de DSR e comissões, além do salário recebeu todas as verbas regularmente.
O pagamento sem consignação que o reclamante busca querer juntando documentos, que as comissões eram pagas nos
fazer crer ao d. Juízo não existe. Em verdade, observando os contracheques, parecendo não ter analisado atentamente a petição
contracheques colacionados a esta peça, o que ocorre é que havia inicial, a qual, a tal respeito, é expressa no sentido de que o ilícito
o pagamento de bonificações pagas aos funcionários. somente ocorreu até 31.07.2016. Ou seja, desde a petição inicial o
Depara-se, outrossim, frente a um equívoco terminológico, visto que próprio autor já relata que a partir do dia seguinte à data
não havia pagamento "não pagos em folha" nos importes trazidos à mencionada a reclamada passou a não mais proceder de forma
Ora, Excelência, como poderia haver pagamento por fora quando o Em seguida, traz tese sucessiva, alegando que caso seja
próprio reclamante apresenta prova contraditória a seus pleitos, reconhecido algum valor recebido "por fora", este se trataria de um
demonstrando de forma inequívoca a rubrica de suas comissões? bônus de uma tal ferramenta PPR, parecendo confusa quanto aos
Note-se ainda que o extrato bancário acostado pelo reclamante é institutos de que trata, tese esta que, tal como a anterior, não se
decorrente de sua conta corrente, ou seja, a conta bancária permite sustenta, na medida em que não fora efetivamente explicado pela
aplicações (débito automático ou depósito bancário) de contas de parte reclamada a previsão legal ou regulamentar que afastasse a
titularidades distintas sem qualquer relação com a reclamada. natureza salarial da verbas em questão, recebida de forma
Logo, as próprias provas apresentadas pelo reclamante não têm clandestina, ou mesmo como seria ao mesmo tempo bônus e
processo muito mais do que sanando qualquer controvérsia. Em depoimento, o preposto da reclamada alega que um programa
Ora, cabe ao reclamante, se porventura existisse, a demonstração substituiu o outro, reforçando a identidade da natureza de ambos.
dos supostos valores pagos extrafolha e não é só, deve demonstrar A testemunha do reclamante, por sua vez, trouxe depoimento firme
que tais valores supostamente integram-se em sua remuneração e e elucidativo, por meio do qual confirma com precisão o estado de
não se tratam de bonificações, pois a simples alegação de existir coisas narrado na petição inicial, tanto quanto ao primeiro ilícito
pagamento "por fora" sem trazer as provas concretas de que (comissões clandestinas) como quanto ao segundo, referente à
ocorrera, nada mais são do que meras palavras sem força redução gradativa do percentual das comissões recebidas, o que
probatória, frutos de um inconformismo derivado de um dissabor. constitui flagrante alteração em prejuízo do trabalhador.
Portanto, numa remota hipótese de Vossa Excelência entender que Reputo conveniente transcrever também o seguinte trecho do
depreende-se que esses valores, no período afirmado pelo autor ""1) que trabalhou na reclamada de 16/09 /2011 a 06/01/2020, na
nada mais são do que PPR. função de vendedor e cobrador externo; que depoente e reclamante
O PPR é uma ferramenta de gestão que permite uma maior realizavam as mesmas funções; que "geralmente a gente se
participação e empenho dos empregados na produtividade da encontrava no mesmo PA01, tanto na parte da manhã como na
empresa, proporcionando a atração, a retenção, a motivação e o parte da tarde"; que a prestação de contas era feita pelo depoente e
reclamante diariamente, na parte da manhã e na parte da tarde; que imposição das regras, sem chance de contestação pelos
os produtos vendidos era: recarga física e recarga on line e chips vendedores; que a empresa não pagava o PPR, pois o depoente
das operadoras Tim, Oi e Vivo; que se encontrava com o sempre recebeu a remuneração como sendo salário mais comissão,
reclamante na PA, entre 7h e 9h da manhã e entre 16h e 17h; que a o mesmo ocorrendo com os demais vendedores, inclusive o
PA fica aberta de segunda a sábado das 7h às 18h e, dependendo reclamante; que desconhece a existência de contrato da reclamada
da data do mês (isso do dia 01 ao dia 10), em domingos das 7h às ou dos vendedores com e empresa Yellow Card; que os
13h; que até agosto de 2016, a remuneração era composta de supervisores recebiam comissionamento sobre as vendas da
salário fixo mais 1,4% fixos de tudo o que vendesse, recebendo as equipe; que até agosto de 2016, o montante de remuneração do
comissões pagas por fora na PA em espécie; que depois de agosto depoente e dos demais (porque nessa época era quase todo mundo
de 2016, as comissões ficaram sendo pagas em contracheque e, igual) girava em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, já incluso o
em data que não se recorda, a remuneração desceu para salário salário fixo; que o depoente já chegou a receber tais valores, na
fixo mais 1,25% fixos de tudo o que vendesse; que a partir de época, no mesmo dia do reclamante, ambos na PA, ou seja, o
janeiro de 2019, passou a ser de salário fixo mais comissão depoente tato recebeu como presenciou o reclamante recebendo,
escalonada conforme volume de vendas, sendo 0,45% a partir de na PA, tal valor remuneratório das mãos do Júnior, representante
R$ 301.000,00; que essa redução do percentual de comissões para A esse respeito, considero oportuno relembrar o conteúdo do art.
0,45% foi a mais gravosa, porque se vendêssemos R$180.500,00, 468 da CLT, segundo o qual:
ficávamos só com o salário fixo sem nada de comissão; que a Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a
comissão sobre a venda dos chips era de R$0,50 em cada chip; que alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e
a empresa controlava as vendas em geral por um aplicativo ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente,
chamado TOP LINE, que tinha as datas e os horários em que prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
prestava conta na PA e o total de vendas que fazia no mês; que infringente desta garantia.
também tinha o aplicativo CIS, em que antes de começar a rota eu Nesse contexto, tendo sido comprovados os fatos narrados na
pré-estabelecia qual o valor total de vendas que eu pretendia atingir, petição inicial, seja quanto à inclusão das comissões na base de
isso no início da jornada, antes de começar a rota, de modo que até cálculo de outras verbas no início do contrato, seja quanto à
8h da manhã eu tinha que fazer isso todos os dias de segunda a redução do percentual destas, julgo os pedidos constantes no
sábado e tinha que encerrar esse CIS até as 18h, dizendo todo o presente tópico procedentes em sua integralidade.
valor que eu vendi; que também havia o aplicativo AFV, que tinha Em virtude desta conclusão, condeno a reclamada inicialmente ao
que alimentar dizendo quanto eu vendi para determinado cliente; cumprimento de consistente na retificação obrigação de fazer da
que essa mesma sistemática de comissões e as alterações dos CTPS (física e digital) do reclamante, fazendo constar, junto às
percentuais acima descrita ocorreu também com o reclamante; que anotações gerais: "Retificação a remuneração contratual de fl. 12,
o depoente tinha em média 120 clientes em carteira; que o para informar que o portador desta CTPS percebia mensalmente
reclamante tinha em média 240 a 250 clientes, já que a rota dele remuneração mista composta de piso salarial fixo, comissões no
era maior que a minha; que a venda desses produtos se dava tanto patamar de 1,4% por mês sobre as vendas + R.S.R.
online como presencial; que as cobranças se davam de forma Igualmente, condeno a reclamada ao pagamento das seguintes
presencial, ou seja, o vendedor passava as recargas e logo depois verbas (já constando no elenco de verbas abaixo a retificação de
ia buscar o dinheiro ou o cheque; que perguntado se o cliente não erro material relatada na emenda à petição inicial de id ff47c7d),
poderia fazer uma transferência bancária para o vendedor não ter mas devendo o calculista atentar para a retificação de constante na
que ir buscar o dinheiro, respondeu que não era assim que ocorria, emenda de id bae7e75:
até porque a PA não aceitava transferência e sim dinheiro ou A) Reflexos dos salários por fora de 10.08.2015 a 31.07.2016 em:
cheque; que não havia nenhuma empresa terceirizada para efetuar FGTS, Multa de 40%, Férias + 1/3 Constitucional (2015 a 2016), 13º
cobrança de inadimplentes "e a gente era quem levava o cano se salários (2015 a 2016) e DSR's (2015 a 2016);
não conseguisse receber do cliente"; que havia meta de prospecção B) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro e 2018 a 31
de novos clientes, ou seja, mais 10 clientes por mês; que havia Dezembro de 2018 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de
reuniões feitas pelo gerente Mailson ou pelo supervisor da PA 1,4% para 1,25%);
Ricardo ou pela supervisora Vanessa, todas as quintas-feiras, com C) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro 2019 a 31
Dezembro de 2019 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de afastados pela de nº 5/2015, do então MTE, apenas para os filiados
D) Diferenças salariais Comissões de 01 Janeiro de 2020 a 08 de Procedente, pois, o pedido, restando a reclamada condenada ao
Março 2020 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de 1,40% pagamento de adicional de periculosidade, no percentual de 30% do
E) Reflexos das Diferenças salariais das Comissões reduzidas observado o corte prescricional, com todos reflexos nas demais
sobre comissões em: Aviso Prévio, FGTS, Multa de 40%, Férias + -Trabalho em feriados. Supressão do RSR.
1/3 Constitucional (2018 a 2020), 13º salários (2018 a 2020); O reclamante alega ainda que trabalhava todos os dias, sem RSR
F) Multas Convencionadas nas cláusulas 70ª CCT 2015/2015 e ou feriado, requerendo o pagamento destes em dobro.
2016/2016, 71ª CCT 2017/2017, 67ª CCT 2018/2018 e 69ª CCT O reclamado, por sua vez, centra sua tese de defesa na
2019/2020, equivalente 01 (um) piso salarial previsto em cada circunstância de ser o trabalho desempenhado externo, defendendo
convenção coletiva (Cláusula 3ª das CCT's 2015 a 2020), por que não controlava a jornada do autor.
violação às Cláusulas 16ª CCT's 2015/2015, 2016/2016 e Ocorre que resta incontroverso nos autos que o reclamante
2017/2017, Cláusulas 15ª CCT's 2018/2018 e 2019/2020 (por não desempenhava trabalho externo, não tendo sido comprovado, no
anotação na CTPS do percentual das comissões + R.S.R) e entender deste juízo, de forma suficiente pelo reclamante que a
Cláusulas 46ª das CCT's 2015, 2016 e 2017; Cláusulas 44ª da CCT reclamada efetivamente controlava sua jornada.
2018 e 45ª da CCT 2019/2020 (por não concessão do descanso Nesse tocante, cumpre destacar o fato de existir aplicativo que
Semanal remunerado). registra o horário das vendas não se revela suficiente, no entender
-Adicional de periculosidade deste juízo, para que se considere que havia controle de jornada.
O reclamante requer ainda o pagamento de adicional de Com efeito, o fato de o aplicativo estar disponível para a efetivação
periculosidade, justificando o pedido com narrativa segundo a qual de transações em dias não úteis não implica necessariamente que o
realizava seu trabalho diariamente de motocicleta, pedido que faz trabalho em referidos dias era imposto pela reclamada.
com base no expresso conteúdo do art. 193, II, § 4º, da CLT. Nesse contexto, por entender que o reclamante se enquadra na
Em resposta, a reclamada alega limita-se a alegar que jamais exigiu exceção prevista no art. 62, I, da CLT, julgo improcedentes os
que o reclamante laborasse em motocicleta, o que restou pedidos relativos à jornada de trabalho, uma vez que comprovado o
bem como que a Portaria do então MTE 05/2015 é materialmente -Não concessão de Férias. Dano existencial decorrente.
inconstitucional que, o que não se sustenta, na medida em que não O reclamante alega também que não gozava de férias, embora
qualquer interesse, seja deste juízo, seja da sociedade, que uma assinasse os recibos respectivos.
norma, tão cara à segurança do trabalho, seja tida como letra morta. A narrativa foi comprovada com objetividade pela testemunha do
Se a própria reclamada estabeleceu o meio de locomoção a ser reclamante, nos seguintes termos:
utilizado como motocicleta, consoante expressamente comprovado ""2) que o depoente sempre recebeu o valor das férias, mas nunca
no item 3 do depoimento da testemunha do reclamante, resta chegou a gozar um dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido
evidente que não havia qualquer faculdade nesse sentido, mas com todos os vendedores; que chegou a ver o reclamante
imposição nos termos em que comprovado pela prova testemunhal. laborando em período em que, supostamente estaria de férias; que
Este juízo entende que, independente da quantidade de clientes quando começava o período das férias "a gente trabalhava com um
que o reclamante visitava, a motocicleta constituía instrumento de login alternativo que era criado com a finalidade de a gente deixar
trabalho seu. de usar o login comum e passar a usar esse login das férias"; que
Em outras palavras, entendo que o ato de deslocar-se, entre esse login para usar nas férias ficava sob a responsabilidade do Sr.
diversos clientes, era inerente às atribuições do reclamante, razão Júnior, representante comercial da reclamada; que mesmo sem
porque o cenário fático ora reconhecido, sem necessidade de gozar férias, era exigido dos vendedores a assinatura dos recibos
maiores digressões, atrai a aplicação do art. 193, § 4º, da CLT. de férias; que o depoente e demais vendedores sempre receberam
Não sendo a reclamada filiada à Associação Brasileira das o valor das férias, porém sempre em cima do valor do salário base e
Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não alcoólicas, constata-se continuando a trabalhar, isso porque não existia um vendedor
que os efeitos Portaria nº 1.565/2014 mantém-se vigentes, visto que substituto que conhecesse a rota para poder tirar as férias do outro;
que outro motivo de o vendedor não tirar férias e2) que o depoente metas pessoais, desejos, objetivos etc) e de relações interpessoais
sempre recebeu o valor das férias, mas nunca chegou a gozar um do indivíduo.""
dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com todos os Com efeito, a concessão de férias constitui uma das mais
vendedores; que chegou a ver o reclamante laborando em período importantes medidas de saúde e segurança do trabalho, que
em que, supostamente estaria de férias; que quando começava o possibilita o essencial gozo de momentos de descanso e lazer com
período das férias "a gente trabalhava com um login alternativo que familiares e amigos, além de possibilitar a realização de viagens e
era criado com a finalidade de a gente deixar de usar o login comum outros eventos tão caros a uma vida saudável.
e passar a usar esse login das férias"; que esse login para usar nas Tendo sido comprovado pela testemunha do reclamante que, ao
férias ficava sob a responsabilidade do Sr. Júnior, representante longo dos anos, as férias não eram concedidas, de forma
comercial da reclamada; que mesmo sem gozar férias, era exigido generalizada, reputo evidente a perturbação do estado de coisas
dos vendedores a assinatura dos recibos de férias; que o depoente narrado no parágrafo anterior.
e demais vendedores sempre receberam o valor das férias, porém Nesse contexto, verifica-se que a reprovável conduta da reclamada
sempre em cima do valor do salário base e continuando a trabalhar, espraiou efeitos deletérios à vida da reclamante com óbvio abalo
isso porque não existia um vendedor substituto que conhecesse a moral, apenas compreendido por aqueles que enfrentam tamanho
rota para poder tirar as férias do outro; que outro motivo de o percalço da obtenção de direitos básicos, após uma vida inteira
vendedor não tirar férias e nem ser substituído, decorria do fato da dedicada à prestação de serviços na reclamada.
relação de fidúcia entre ele e os clientes nem ser substituído, Nessa ordem de ideias, entende este juízo que, tendo a conduta da
decorria do fato da relação de fidúcia entre ele e os clientes daquela reclamada imposto consequências nefastas na saúde do
rota; que a rota do reclamante era Vila Peri, Bonsucesso e depois reclamante e de sua família, estão preenchidos os elementos da
outro bairro que o reclamante ganhou antes de sair da empresa e responsabilidade civil, visto que a reclamada deu causa ao dano,
Como se observa, tendo o reclamante se desincumbido de seu Reconhecida a responsabilidade civil e o dever de reparação, este
ônus probatório quanto ao fato de que as férias não eram gozadas, juízo esclarece de logo que considera claramente inconstitucional a
a despeito da realidade formal arquitetada pela reclamada para tarifação da indenização reparatória por dano moral estabelecida
mascarar o que de fato se passava, a procedência do pedido é pela Lei nº 13.467/2017, com a introdução do art. 223-g, §§ 1º a 5º,
medida que se impõe, diante da necessidade de observância do na CLT, por afrontar os artigos 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos V e
princípio da primazia da realidade, restando a reclamada X e caput do artigo 7º da Constituição Federal, diante da ofensa ao
condenada ao pagamento das dobras das férias vencidas e não princípio da dignidade da pessoa humana, ao admitir que a esfera
gozadas no período não prescritas: 2015/2016, 2016/2017, personalíssima do ser humano, trabalhador ou dependente, pode
2017/2018 e 2018/2019, com o acréscimo de 1/3 constitucional. ser violada sem a reparação ampla e integral.
O reclamante realiza também pedido correlato a esse, de O desrespeito ao artigo 5º, V e X da Constituição é flagrante, na
indenização por dano existencial, relatando que, diante da não medida em que a alteração traz valores irrisórios frente ao potencial
concessão reiterada de férias, viu-se impossibilitado do convívio ofensivo da multiplicidade de situações que podem ocorrer,
com a família e amigos, tendo aprofundado a causa de pedir nos representando tratamento discriminatório ao trabalhador.
""Conforme mencionado nos tópicos anteriores o trabalhador relação a todas as demais relações jurídicas que envolvam
durante toda a sua contratualidade (cerca de 16 anos) JAMAIS teve reparação civil, e justamente ao trabalhador, em regra
concedido por parte do seu empregador o seu lídimo Direito as hipossuficiente e reivindicador de direitos básicos, relacionados à
férias (2004 a 2019) a fim de usufruir do convívio social junto a sua subsistência própria e de sua família, como no presente caso
extenuante de segunda à domingo (em regra de 07h00min às Ofende a isonomia ainda o estabelecimento de indenização com
19h00min), entretanto ficava integralmente à disposição dos clientes base na remuneração do ofendido, como se tal critério fosse
da reclamada para abastecê-los a qualquer hora dia ou da noite. suficiente para tornar um ser humano mais digno que outro, pelo
Assim sendo tem-se que o dano existencial é espécie do gênero simples fato de auferir remuneração superior.
dano imaterial cujo enfoque está em perquirir as lesões existenciais, Nessa linha, reputo razoável, com base na gravidade do ilícito e no
ou seja, aquelas voltadas ao projeto de vida (autorrealização - poder econômico do ofensor, estabelecer o quantum indenizatório
O reclamante alega ainda que transportava elevados valores A reclamada nega com veemência a narrativa inicial, tendo a
diariamente em espécie e em cheques, decorrentes das vendas testemunha do reclamante, contudo, comprovado-a, como se
realizadas no respectivo dia, bem como que tais valores variavam observa adiante:
entre R$ 10.000,00 e R$ 50.000,00. ""7) que até agosto de 2016, a empresa não repassava os vale
Sustenta ainda que sofria em média dois assaltos por ano, narrativa alimentação aos vendedores; que após essa data a empresa
esta, que não fora comprovada pela parte reclamante, tendo a camufladamente fazia esse repasse da seguinte forma: por
testemunha confirmado apenas que era transportados os valores exemplo, se eu ganhasse R$ 1.500,00, vinha descontado 100% dos
fruto do trabalho prestado naquele dia, em montante bem inferior ao vales de alimentação (R$ 347,00) e vale de combustível (R$
que o reclamante informou, de R$ 7.000,00 a R$ 10.000,00, 280,00) nessa comissão de R$ 1.500,00, de modo que eu só
tornando evidente que o reclamante distorce a realidade nesse receberia a diferença, isso ocorrendo com o reclamante e com
tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão. todos os demais vendedores; que a empresa não apontava esses
Ademais, o próprio relatório de vendas juntado pelo reclamante, descontos no contracheque; que o pagamento da comissão já vinha
através de prints de aplicativo, não deixa dúvidas de que os valores com o desconto;""
das vendas era bastante reduzido, geralmente R$ 200,00 reais, com Nesse contexto, julgo procedente também este pedido, condenando
apenas algumas vendas de valor mais elevado, o que retira ainda a reclamada ao pagamento de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio
mais a credibilidade da narrativa inicial nesse tocante. Combustível e R$ 340,00 por mês a título de vales alimentações,
Por fim, ressalto que a testemunha do reclamado comprovou que a totalizando um ressarcimento de R$ 620,00 por mês, no período de
R$ 1.000,00, razão pela qual, diante da ausência de comprovação -Não pagamento de vales alimentação no período
assaltos, julgo improcedente o pedido. Por fim, sem necessidade de aprofundadas digressões, verifica-se
-Ressarcimento de descontos ilícitos que também não há notícia ou comprovação nos autos do
O autor, trazendo nova pretensão, alega ainda que a reclamada, pagamento dos vales alimentação no período mencionado no título
embora tenha passado a pagar valores relativos a auxílio do presente tópico, ou seja, entre os dias trabalhados entre a data
combustível e vale alimentação a partir de 01.08.2016, os do corte prescricional e 31.07.2016, razão porque compõe também
descontava das comissões pagas "na fonte", sem retratar o a condenação a referida verba, no importe de R$ 6,50 por dia no
desconto em questão no contracheque. período de 10.08.2015 a 31.12.2015 e R$ 7,50 por dia no período
Assim informou a parte: de 01.01.2016 a 31.07.2016, a média de 28 dias por cada mês,
""A reclamada a partir de 01.08.2016 a repassar instituiu a quantia consoante cláusulas 22ª da CCT 2015/2015 e 2016/2016.
auxílio combustível e na mesma data, fixou a importância de R$ 3. Irresignada, a reclamada interpôs recurso ordinário, alegando que
17,00 por dia laborado a título de vales alimentações, totalizando a emenda a inicial apresentada pelo recorrido expressa ausência de
esse último em média R$ 340,00 por mês. liquidação, não merecendo a ação regular processamento, a teor do
Não obstante os valores acima passaram ilicitamente a serem artigo 840, § 3º, da CLT; que a testemunha Francisco Rafael Lima
descontados ilicitamente das comissões das vendas realizadas pelo dos Santos era suspeita para depor, de vez que autora de ação
obreiro mensalmente, de modo que os valores repassados pela trabalhista contra a recorrente, ficando, com isso, patente o nítido
reclamada ao trabalhador já refletiam a importância líquida (após os interesse na presente contenda; que a sentença recorrida,
valores acima mencionados serem descontados nas prestações de alusivamente a condenação da recorrente em comissões, confundiu
contas mensais), entretanto, visando burlar os preceitos celetistas a tal parcela com a participação nos lucros, além de desconsiderar a
reclamada não fazia constar tais descontos em contracheques ou natureza indenizatória dessa parcela; que não havia pagamento
folhas de pagamentos. "por fora", nada tendo sido comprovado; que condenar sem
Diante do exposto requer a Vossa Excelência os ressarcimentos considerar o contraditório, constitui ofensa ao artigo 93, IX, da
dos descontos ilícitos feito na remuneração do trabalhador no Constituição Federal; que não houve redução salarial, não
importe de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio Combustível e R$ comprovando o recorrido, em sua exordial, na instrução ou nos
documentos por ele acostados, quais os valores das supostas recursal de que a decisão vergastada, nessa questão, não teria
comissões que lhe seriam devidos; que no tema da periculosidade, observado o contraditório e, mais distante ainda, a hipótese de
de ser frisadoque a testemunha da reclamada informou que a não violação ao artigo artigo 93, IX, da Constituição Federal.
era exigido moto para realização da atividade, sendo escolha do REDUÇÃO SALARIAL. A redução salarial está relatada no
reclamante qual o método mais cômodo para realização da depoimento da testemunha FRANCISCO RAFAEL LIMA DOS
atividade; que quanto ao deferimento de pagamento de danos SANTOS ID. c07ec81 - Pág. 4, reduzindo a empresa, de forma
morais em razão da suposta não concessão de férias, não houve gravosa, os patamares a partir dos quais se dava o
qualquer razoabilidade na fixação do valor de reparatório de R$ comissionamento. A sentença invocou acertadamente a aplicação
10.000,00; que a condenação em vale alimentação e auxílio do artigo 468, da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é
combustível trouxe fundamentação deficiente e genérica, sendo lícita a alteração das respectivas condições por mútuo
inválida; que na condenação de multa convencional não é possível consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
verificar a que acordo ou norma coletiva se refere, por ausência de indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da
juntada aos autos do respectivo instrumento normativo; que o cláusula infringente desta garantia. Nada há, portanto, o que
INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. Uma vez que a inicial, no que a suposta não exigência do empregador para que fosse
juízo deste relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da utilizada uma motocicleta no trabalho, não desnatura a aplicação do
CLT, a emenda à inicial ID. bae7e75 não a desnatura, eis que artigo193, § 4º, da CLT. A atividade perigosa ali definida não
mantida a forma padrão de indicação de valores, como acentua a condiciona a uma condição contratual, mas a existência do fato.
norma celetista antes destacada e acrescenta meras corrigendas Ademais, do depoimento da mesma testemunha acima
que, assim como a reclamação vestibular, foi regulamente referenciada, extrai-se a certeza de que o uso da motocicleta era
submetida ao contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de exigido; "que no ato da contratação foi informado que o vendedor
aplicação do artigo 840, § 3º, da CLT. Sob esse enfoque a sentença tinha que ter moto para ser contratado; que na PA01 havia 14
é irreprochável. vendedores, todos eles utilizando moto para o trabalho; que nunca
TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula- viu o reclamante trabalhar em outro veículo, senão moto, até porque
357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a não tinha condições de a gente se locomover de carro com a
testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra quantidade de dinheiro que a gente transportava, pois era pedir
o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é para ser assaltado". Logo, a sentença objurgada deve ser mantida.
COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Não houve por VALOR ARBITRADO. Considerado o regramento do artigo 223-G,
parte da sentença recorrida confusão entre as rubricas "comissões" da CLT, conjugado com a remuneração total do recorrido, o valor
e o alegado "bônus PPR". Colhe-se do depoimento do preposto da arbitrado de R$ 10.000,00 não denota irrazoabilidade, do que
parte recorrente ID. c07ec81 - Pág. 2 que uma rubrica substituiu a confirmar o julgamento recorrido.
outra, estando correta a decisão recorrida de que ambas possuíam VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Embora a peça
a mesma natureza remuneratória, ilação que se acomoda no artigo recursal aluda a fundamentação sentenciante genérica, não é,
457, § 1º, da CLT. deveras, o que deflui da sentença de origem. A parte recorrente não
PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do comprovou o pagamento das parcelas, estando assim
pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a fundamentada a decisão recorrida, escorada em prova testemunhal,
empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR". Com ademais, que revelou a existência de espécie de salário
efeito, o comissionamento constou dos contracheques do recorrido complessivo, posto que as rubricas eram descontadas no
até julho de 2016, conforme inicial, passando a condição de comissionamento. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada
remuneração "por fora" a partir daquela data. Logo, evidenciado que importância ou percentagem para atender englobadamente vários
o paga perdurou, mas revestida do nome de PPR, supostamente direitos legais ou contratuais do trabalhador (Súmula-91/TST).
sentenciante, tem-se por verdadeiramente comprovada a sua MULTA CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO
existência, carecendo da mais mínima procedência a alegação NORMATIVO INDICADOR. O item Fda inicial indica as cláusulas
normativas violadas pela parte recorrente. O documento alusivo vê- comprovação efetiva de transporte de elevados valores e da
que o recorrido tivesse pleiteado reparação com base em cláusula Isto posto,
registro no MTE. Perfeito o pedido quanto à forma, nada se vê que CONCLUSÃO DO VOTO
Embora das regras do artigo 790, da CLT, A parte reclamante Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes
4.O reclamante igualmente se insurgiu contra a sentença de origem, REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
alegando que a decisão recorrida deve ser reformada para a conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes
semanais não concedidos e os alusivos ao trabalho em feriados; Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
que merece reparado os danos morais pelo transporte de valores, e Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
a obrigação de o recorrente arcar com o reembolso de assaltos e Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
valores de clientes inadimplentes. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
inicial ID. 4e8ddc2 - Pág. 15, não se confirmou nas provas dos ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
autos. A ausência de verossimilhança foi captada com agudeza pelo Diretor de Secretaria
na inicial, não se confirmou nas provas dos autos. A ausência de remuneração mista composta de piso salarial fixo previsto nas
verossimilhança foi captada com agudeza pelo juízo sentenciante; CCT's e comissões; que a reclamada jamais fez constar
"evidente que o reclamante distorce a realidade nesse tocante para oficialmente a remuneração integralizada do reclamante, somente o
dar tons de juridicidade a sua pretensão". De se manter, destarte, o fazendo a partir de 01.08.2016; que a partir de 2018 a reclamada
julgamento recorrido por ausência de comprovação efetiva de reduziu o percentual das comissões, com infringência aos artigos
transporte de elevados valores e da submissão a assaltos. 468 da CLT e 7º, VI, da Constituição Federal; que a reclamada tem
dos trabalhos nos dias feriados; que nunca gozou férias; que tem
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO direito a reparação por danos morais, decorrentes de descontos por
ORDINÁRIO (1009), provenientes da MM. 3ª VARA DO assaltos sofridos, transporte irregular de valores e ausência de
TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, ANTONIO concessão regular de férias; que eram descontados das comissões
SERVIÇOS LTDA, e recorridos, ANTONIO WILTON BRUNO DA 2.Examinando os temas destacados, concluiu o juízo sentenciante
anteriores a 10.08.201 julgou parcialmente procedentes os pedidos Alega a empresa que a petição inicial é inepta porque o reclamante
da reclamação trabalhista, o Reclamante (ANTONIO WILTON não teria declinado a causa de pedir que tornaria pertinente o
BRUNO DA SILVA) e a parte reclamada (REDEFONE COMERCIO pedido da parte reclamante, voltado a requerer os extratos
E SERVICÇOS LTDA) opuseram recursos ordinários. bancários das instituições pelas quais o reclamante recebia suas
reclamada (Id 2e7ef1d). Contudo, mera leitura do tópico em referência torna evidente o
8a201c1 e ID. 2f06bce), dá-se trânsito. A petição inicial trabalhista pode ser redigida de forma mais simples,
REMUNERAÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. ADICIONAL DE requerimento final e, nesse sentido, a peça produzida pelo autor,
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE do art.840 da CLT, não havendo prejuízo para a parte contrária
IRREGULAR DE VALORES. DESCONTOS DECORRENTES DE quanto ao entendimento dos pedidos e da causa de pedir, o que
ASSALTOS. DESCONTOS DE AUXÍLIO COMBUSTÍVEL E VALE propicia, de modo satisfatório, o acesso à ampla defesa.
1.Cuida-se de ação trabalhista proposta por ANTONIO WILTON bem da verdade, não evidencia efetiva hipótese de aplicação do
BRUNO DA SILVA contra REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS instituto da inépcia, bastando-se na defesa retórica, o que não é
LTDA, fundamentada nas alegações de que o reclamante foi suficiente para ensejar o seu acolhimento, restando, pois, rejeitada.
Rejeito a preliminar erigida pela reclamada nesse tocante, uma vez no período compreendido entre 10.08.2015 e 31.07.2016, apesar da
que a parte reclamante trouxe cálculo estimado do valor que natureza salarial da verba, a contestação apresenta confuso teor
entende devido em decorrência dos pedidos iniciais, restando confuso, como se observa no trecho adiante transcrito:
suficiente a mera estimativa, para que reste satisfeito o requisito do ""Em princípio, cumpre ressaltar que os valores remuneratórios
art. 840 da CLT. pagos "por fora" são totalmente inverídicos, uma vez que a
Por se tratar de mera estimativa, não há necessidade de que seja reclamada em seus documentos apensos comprova ter efetuado
liquidada a diferença também decorrente das alterações promovidas TODOS OS PAGAMENTOS referente a remuneração fixa.
na emenda à inicial, uma vez que a lei não exige a liquidação do Conforme cópia dos contracheques que se juntam com a presente
julgado, mas, como já dito, a mera estimativa, razão pela qual defesa, bem como cópia da CTPS do reclamante, onde se verifica a
rejeito a preliminar em questão. evolução salarial deste, comprova-se que os valores que ele dizia
Sem necessidade de maiores aprofundamentos, reconheço a Ademais, informa média de comissões sem demonstrar a forma que
prescrição quinquenal prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição se chegou aos valores mencionados, claramente, em ato de má-fé.
Federal, conforme suscitado pela reclamada, em razão do que Neste ensejo, a reclamada afiança que o reclamante não fora
considero prescritas todas as verbas cuja exigibilidade seja anterior contratado para perceber nenhum pagamento sem consignação.
que recebia, mais precisamente sustentando que, entre a data de O pagamento sem consignação que o reclamante busca querer
corte prescricional (10.08.2015) e o dia 31.07.2016 recebeu as fazer crer ao d. Juízo não existe. Em verdade, observando os
comissões que lhe cabiam de forma clandestina, razão pela qual a contracheques colacionados a esta peça, o que ocorre é que havia
referida verba não foi considerada na base de cálculo das demais o pagamento de bonificações pagas aos funcionários.
Em seguida, a parte autora relata que a partir de 01.08.2016 a não havia pagamento "não pagos em folha" nos importes trazidos à
reclamada cessou o referido ilícito, passando a incluir na base de baila, porquanto se tratava de um valor fixo.
cálculo de férias, FGTS e 13º salários, as comissões mensalmente Ora, Excelência, como poderia haver pagamento por fora quando o
recebidas, que passaram a compor "oficialmente" a remuneração do próprio reclamante apresenta prova contraditória a seus pleitos,
Além disto, o reclamante alega também que a partir do ano de 2018 Note-se ainda que o extrato bancário acostado pelo reclamante é
em diante passou a sofrer alterações lesivas quanto ao pagamento decorrente de sua conta corrente, ou seja, a conta bancária permite
das comissões, trazendo causa de pedir nos seguintes termos: aplicações (débito automático ou depósito bancário) de contas de
""Relata ainda o reclamante que nos anos de 2018, 2019 e 2020 titularidades distintas sem qualquer relação com a reclamada.
passou a sofrer patente alteração contratual lesiva, ao ter reduzida Logo, as próprias provas apresentadas pelo reclamante não têm
unilateralmente pelo empregador o percentual de suas comissões qualquer condão de corroborar com o alegado, tumultuando o
as quais até e então eram fixas e no percentual de 1,40% sobre as processo muito mais do que sanando qualquer controvérsia.
vendas mensais até a competência 12 /2017, diminuídas para o Ora, cabe ao reclamante, se porventura existisse, a demonstração
patamar fixo de 1,25% sobre as vendas mensais a partir de 01/2018 dos supostos valores pagos extrafolha e não é só, deve demonstrar
e empós passou foi novamente reduzida para o patamar variável de que tais valores supostamente integram-se em sua remuneração e
0,85%, 0,70% ou 0,45% sobre as vendas mensais da competência não se tratam de bonificações, pois a simples alegação de existir
de 01/2019 até o deslinde contratual, assim sendo faz jus o obreiro pagamento "por fora" sem trazer as provas concretas de que
às diferenças de salários por comissões e DSR's sobre tais ocorrera, nada mais são do que meras palavras sem força
Assim foi disposta a causa de pedir, quanto a este objeto, sendo Portanto, numa remota hipótese de Vossa Excelência entender que
possível observar que foram relatados dois ilícitos. há pagamentos de valores além daqueles anotados na carteira,
Acerca do primeiro deles, qual seja, a não inclusão das comissões depreende-se que esses valores, no período afirmado pelo autor
recebidas na base de cálculo das demais parcelas remuneratórias, nada mais são do que PPR.
O PPR é uma ferramenta de gestão que permite uma maior realizavam as mesmas funções; que "geralmente a gente se
participação e empenho dos empregados na produtividade da encontrava no mesmo PA01, tanto na parte da manhã como na
empresa, proporcionando a atração, a retenção, a motivação e o parte da tarde"; que a prestação de contas era feita pelo depoente e
comprometimento dos funcionários na busca de melhores reclamante diariamente, na parte da manhã e na parte da tarde; que
Dentre outras vantagens, mantém o trabalhador motivado, alinhado das operadoras Tim, Oi e Vivo; que se encontrava com o
com as metas e os objetivos da empresa e ciente do seu importante reclamante na PA, entre 7h e 9h da manhã e entre 16h e 17h; que a
papel no processo produtivo, produzindo resultados positivos e PA fica aberta de segunda a sábado das 7h às 18h e, dependendo
ampliando a competitividade da organização. da data do mês (isso do dia 01 ao dia 10), em domingos das 7h às
Tal instituto funcionava como um bônus, que é ofertado pelo 13h; que até agosto de 2016, a remuneração era composta de
empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores da salário fixo mais 1,4% fixos de tudo o que vendesse, recebendo as
Em suma, a base de cálculo da PPR não possui qualquer relação de 2016, as comissões ficaram sendo pagas em contracheque e,
com o salário percebido."" em data que não se recorda, a remuneração desceu para salário
Como se observa, nesse tocante, a contestação é substancialmente fixo mais 1,25% fixos de tudo o que vendesse; que a partir de
genérica, visto que se limita à afirmação de que o reclamante janeiro de 2019, passou a ser de salário fixo mais comissão
recebeu todas as verbas regularmente. escalonada conforme volume de vendas, sendo 0,45% a partir de
Após, o reclamado alega que o próprio autor teria comprovado, R$ 181.000,00, 0,75% a partir de R$ 251.000,00 e 0,80% a partir de
juntando documentos, que as comissões eram pagas nos R$ 301.000,00; que essa redução do percentual de comissões para
contracheques, parecendo não ter analisado atentamente a petição 0,45% foi a mais gravosa, porque se vendêssemos R$180.500,00,
inicial, a qual, a tal respeito, é expressa no sentido de que o ilícito ficávamos só com o salário fixo sem nada de comissão; que a
somente ocorreu até 31.07.2016. Ou seja, desde a petição inicial o comissão sobre a venda dos chips era de R$0,50 em cada chip; que
próprio autor já relata que a partir do dia seguinte à data a empresa controlava as vendas em geral por um aplicativo
mencionada a reclamada passou a não mais proceder de forma chamado TOP LINE, que tinha as datas e os horários em que
Em seguida, traz tese sucessiva, alegando que caso seja também tinha o aplicativo CIS, em que antes de começar a rota eu
reconhecido algum valor recebido "por fora", este se trataria de um pré-estabelecia qual o valor total de vendas que eu pretendia atingir,
bônus de uma tal ferramenta PPR, parecendo confusa quanto aos isso no início da jornada, antes de começar a rota, de modo que até
institutos de que trata, tese esta que, tal como a anterior, não se 8h da manhã eu tinha que fazer isso todos os dias de segunda a
sustenta, na medida em que não fora efetivamente explicado pela sábado e tinha que encerrar esse CIS até as 18h, dizendo todo o
parte reclamada a previsão legal ou regulamentar que afastasse a valor que eu vendi; que também havia o aplicativo AFV, que tinha
natureza salarial da verbas em questão, recebida de forma que alimentar dizendo quanto eu vendi para determinado cliente;
clandestina, ou mesmo como seria ao mesmo tempo bônus e que essa mesma sistemática de comissões e as alterações dos
participação nos lucros. percentuais acima descrita ocorreu também com o reclamante; que
Em depoimento, o preposto da reclamada alega que um programa o depoente tinha em média 120 clientes em carteira; que o
substituiu o outro, reforçando a identidade da natureza de ambos. reclamante tinha em média 240 a 250 clientes, já que a rota dele
A testemunha do reclamante, por sua vez, trouxe depoimento firme era maior que a minha; que a venda desses produtos se dava tanto
e elucidativo, por meio do qual confirma com precisão o estado de online como presencial; que as cobranças se davam de forma
coisas narrado na petição inicial, tanto quanto ao primeiro ilícito presencial, ou seja, o vendedor passava as recargas e logo depois
(comissões clandestinas) como quanto ao segundo, referente à ia buscar o dinheiro ou o cheque; que perguntado se o cliente não
redução gradativa do percentual das comissões recebidas, o que poderia fazer uma transferência bancária para o vendedor não ter
constitui flagrante alteração em prejuízo do trabalhador. que ir buscar o dinheiro, respondeu que não era assim que ocorria,
Reputo conveniente transcrever também o seguinte trecho do até porque a PA não aceitava transferência e sim dinheiro ou
depoimento em questão: cheque; que não havia nenhuma empresa terceirizada para efetuar
""1) que trabalhou na reclamada de 16/09 /2011 a 06/01/2020, na cobrança de inadimplentes "e a gente era quem levava o cano se
função de vendedor e cobrador externo; que depoente e reclamante não conseguisse receber do cliente"; que havia meta de prospecção
de novos clientes, ou seja, mais 10 clientes por mês; que havia Dezembro de 2018 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de
reuniões feitas pelo gerente Mailson ou pelo supervisor da PA 1,4% para 1,25%);
Ricardo ou pela supervisora Vanessa, todas as quintas-feiras, com C) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro 2019 a 31
imposição das regras, sem chance de contestação pelos Dezembro de 2019 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de
vendedores; que a empresa não pagava o PPR, pois o depoente 1,40% para 0,70%);
sempre recebeu a remuneração como sendo salário mais comissão, D) Diferenças salariais Comissões de 01 Janeiro de 2020 a 08 de
o mesmo ocorrendo com os demais vendedores, inclusive o Março 2020 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de 1,40%
ou dos vendedores com e empresa Yellow Card; que os E) Reflexos das Diferenças salariais das Comissões reduzidas
supervisores recebiam comissionamento sobre as vendas da ilicitamente de 01 Janeiro de 2018 a 08 de Março 2020 e DSR's
equipe; que até agosto de 2016, o montante de remuneração do sobre comissões em: Aviso Prévio, FGTS, Multa de 40%, Férias +
depoente e dos demais (porque nessa época era quase todo mundo 1/3 Constitucional (2018 a 2020), 13º salários (2018 a 2020);
igual) girava em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, já incluso o F) Multas Convencionadas nas cláusulas 70ª CCT 2015/2015 e
salário fixo; que o depoente já chegou a receber tais valores, na 2016/2016, 71ª CCT 2017/2017, 67ª CCT 2018/2018 e 69ª CCT
época, no mesmo dia do reclamante, ambos na PA, ou seja, o 2019/2020, equivalente 01 (um) piso salarial previsto em cada
depoente tato recebeu como presenciou o reclamante recebendo, convenção coletiva (Cláusula 3ª das CCT's 2015 a 2020), por
na PA, tal valor remuneratório das mãos do Júnior, representante violação às Cláusulas 16ª CCT's 2015/2015, 2016/2016 e
financeiro da reclamada;"" 2017/2017, Cláusulas 15ª CCT's 2018/2018 e 2019/2020 (por não
A esse respeito, considero oportuno relembrar o conteúdo do art. anotação na CTPS do percentual das comissões + R.S.R) e
468 da CLT, segundo o qual: Cláusulas 46ª das CCT's 2015, 2016 e 2017; Cláusulas 44ª da CCT
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a 2018 e 45ª da CCT 2019/2020 (por não concessão do descanso
ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, -Adicional de periculosidade
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula O reclamante requer ainda o pagamento de adicional de
infringente desta garantia. periculosidade, justificando o pedido com narrativa segundo a qual
Nesse contexto, tendo sido comprovados os fatos narrados na realizava seu trabalho diariamente de motocicleta, pedido que faz
petição inicial, seja quanto à inclusão das comissões na base de com base no expresso conteúdo do art. 193, II, § 4º, da CLT.
cálculo de outras verbas no início do contrato, seja quanto à Em resposta, a reclamada alega limita-se a alegar que jamais exigiu
redução do percentual destas, julgo os pedidos constantes no que o reclamante laborasse em motocicleta, o que restou
presente tópico procedentes em sua integralidade. desconstruído no item 3 do depoimento da testemunha do autor,
Em virtude desta conclusão, condeno a reclamada inicialmente ao bem como que a Portaria do então MTE 05/2015 é materialmente
cumprimento de consistente na retificação obrigação de fazer da inconstitucional que, o que não se sustenta, na medida em que não
CTPS (física e digital) do reclamante, fazendo constar, junto às qualquer interesse, seja deste juízo, seja da sociedade, que uma
anotações gerais: "Retificação a remuneração contratual de fl. 12, norma, tão cara à segurança do trabalho, seja tida como letra morta.
para informar que o portador desta CTPS percebia mensalmente Se a própria reclamada estabeleceu o meio de locomoção a ser
remuneração mista composta de piso salarial fixo, comissões no utilizado como motocicleta, consoante expressamente comprovado
patamar de 1,4% por mês sobre as vendas + R.S.R. no item 3 do depoimento da testemunha do reclamante, resta
Igualmente, condeno a reclamada ao pagamento das seguintes evidente que não havia qualquer faculdade nesse sentido, mas
verbas (já constando no elenco de verbas abaixo a retificação de imposição nos termos em que comprovado pela prova testemunhal.
erro material relatada na emenda à petição inicial de id ff47c7d), Este juízo entende que, independente da quantidade de clientes
mas devendo o calculista atentar para a retificação de constante na que o reclamante visitava, a motocicleta constituía instrumento de
A) Reflexos dos salários por fora de 10.08.2015 a 31.07.2016 em: Em outras palavras, entendo que o ato de deslocar-se, entre
FGTS, Multa de 40%, Férias + 1/3 Constitucional (2015 a 2016), 13º diversos clientes, era inerente às atribuições do reclamante, razão
salários (2015 a 2016) e DSR's (2015 a 2016); porque o cenário fático ora reconhecido, sem necessidade de
B) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro e 2018 a 31 maiores digressões, atrai a aplicação do art. 193, § 4º, da CLT.
Não sendo a reclamada filiada à Associação Brasileira das o valor das férias, porém sempre em cima do valor do salário base e
Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não alcoólicas, constata-se continuando a trabalhar, isso porque não existia um vendedor
que os efeitos Portaria nº 1.565/2014 mantém-se vigentes, visto que substituto que conhecesse a rota para poder tirar as férias do outro;
afastados pela de nº 5/2015, do então MTE, apenas para os filiados que outro motivo de o vendedor não tirar férias e2) que o depoente
à referida associação. sempre recebeu o valor das férias, mas nunca chegou a gozar um
Procedente, pois, o pedido, restando a reclamada condenada ao dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com todos os
pagamento de adicional de periculosidade, no percentual de 30% do vendedores; que chegou a ver o reclamante laborando em período
salário base do reclamante, durante todo o contrato de trabalho, em que, supostamente estaria de férias; que quando começava o
observado o corte prescricional, com todos reflexos nas demais período das férias "a gente trabalhava com um login alternativo que
parcelas remuneratórias. era criado com a finalidade de a gente deixar de usar o login comum
-Trabalho em feriados. Supressão do RSR. e passar a usar esse login das férias"; que esse login para usar nas
O reclamante alega ainda que trabalhava todos os dias, sem RSR férias ficava sob a responsabilidade do Sr. Júnior, representante
ou feriado, requerendo o pagamento destes em dobro. comercial da reclamada; que mesmo sem gozar férias, era exigido
O reclamado, por sua vez, centra sua tese de defesa na dos vendedores a assinatura dos recibos de férias; que o depoente
circunstância de ser o trabalho desempenhado externo, defendendo e demais vendedores sempre receberam o valor das férias, porém
que não controlava a jornada do autor. sempre em cima do valor do salário base e continuando a trabalhar,
Ocorre que resta incontroverso nos autos que o reclamante isso porque não existia um vendedor substituto que conhecesse a
desempenhava trabalho externo, não tendo sido comprovado, no rota para poder tirar as férias do outro; que outro motivo de o
entender deste juízo, de forma suficiente pelo reclamante que a vendedor não tirar férias e nem ser substituído, decorria do fato da
reclamada efetivamente controlava sua jornada. relação de fidúcia entre ele e os clientes nem ser substituído,
Nesse tocante, cumpre destacar o fato de existir aplicativo que decorria do fato da relação de fidúcia entre ele e os clientes daquela
registra o horário das vendas não se revela suficiente, no entender rota; que a rota do reclamante era Vila Peri, Bonsucesso e depois
deste juízo, para que se considere que havia controle de jornada. outro bairro que o reclamante ganhou antes de sair da empresa e
Com efeito, o fato de o aplicativo estar disponível para a efetivação cujo nome não se recorda;""
de transações em dias não úteis não implica necessariamente que o Como se observa, tendo o reclamante se desincumbido de seu
trabalho em referidos dias era imposto pela reclamada. ônus probatório quanto ao fato de que as férias não eram gozadas,
Nesse contexto, por entender que o reclamante se enquadra na a despeito da realidade formal arquitetada pela reclamada para
exceção prevista no art. 62, I, da CLT, julgo improcedentes os mascarar o que de fato se passava, a procedência do pedido é
pedidos relativos à jornada de trabalho, uma vez que comprovado o medida que se impõe, diante da necessidade de observância do
-Não concessão de Férias. Dano existencial decorrente. condenada ao pagamento das dobras das férias vencidas e não
O reclamante alega também que não gozava de férias, embora gozadas no período não prescritas: 2015/2016, 2016/2017,
A narrativa foi comprovada com objetividade pela testemunha do O reclamante realiza também pedido correlato a esse, de
reclamante, nos seguintes termos: indenização por dano existencial, relatando que, diante da não
""2) que o depoente sempre recebeu o valor das férias, mas nunca concessão reiterada de férias, viu-se impossibilitado do convívio
chegou a gozar um dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com a família e amigos, tendo aprofundado a causa de pedir nos
laborando em período em que, supostamente estaria de férias; que ""Conforme mencionado nos tópicos anteriores o trabalhador
quando começava o período das férias "a gente trabalhava com um durante toda a sua contratualidade (cerca de 16 anos) JAMAIS teve
login alternativo que era criado com a finalidade de a gente deixar concedido por parte do seu empregador o seu lídimo Direito as
de usar o login comum e passar a usar esse login das férias"; que férias (2004 a 2019) a fim de usufruir do convívio social junto a sua
esse login para usar nas férias ficava sob a responsabilidade do Sr. família e amigos, de igual modo praticava jornada extremamente
Júnior, representante comercial da reclamada; que mesmo sem extenuante de segunda à domingo (em regra de 07h00min às
gozar férias, era exigido dos vendedores a assinatura dos recibos 19h00min), entretanto ficava integralmente à disposição dos clientes
de férias; que o depoente e demais vendedores sempre receberam da reclamada para abastecê-los a qualquer hora dia ou da noite.
Assim sendo tem-se que o dano existencial é espécie do gênero simples fato de auferir remuneração superior.
dano imaterial cujo enfoque está em perquirir as lesões existenciais, Nessa linha, reputo razoável, com base na gravidade do ilícito e no
ou seja, aquelas voltadas ao projeto de vida (autorrealização - poder econômico do ofensor, estabelecer o quantum indenizatório
Com efeito, a concessão de férias constitui uma das mais O reclamante alega ainda que transportava elevados valores
importantes medidas de saúde e segurança do trabalho, que diariamente em espécie e em cheques, decorrentes das vendas
possibilita o essencial gozo de momentos de descanso e lazer com realizadas no respectivo dia, bem como que tais valores variavam
outros eventos tão caros a uma vida saudável. Sustenta ainda que sofria em média dois assaltos por ano, narrativa
Tendo sido comprovado pela testemunha do reclamante que, ao esta, que não fora comprovada pela parte reclamante, tendo a
longo dos anos, as férias não eram concedidas, de forma testemunha confirmado apenas que era transportados os valores
generalizada, reputo evidente a perturbação do estado de coisas fruto do trabalho prestado naquele dia, em montante bem inferior ao
Nesse contexto, verifica-se que a reprovável conduta da reclamada tornando evidente que o reclamante distorce a realidade nesse
espraiou efeitos deletérios à vida da reclamante com óbvio abalo tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão.
moral, apenas compreendido por aqueles que enfrentam tamanho Ademais, o próprio relatório de vendas juntado pelo reclamante,
percalço da obtenção de direitos básicos, após uma vida inteira através de prints de aplicativo, não deixa dúvidas de que os valores
dedicada à prestação de serviços na reclamada. das vendas era bastante reduzido, geralmente R$ 200,00 reais, com
Nessa ordem de ideias, entende este juízo que, tendo a conduta da apenas algumas vendas de valor mais elevado, o que retira ainda
reclamada imposto consequências nefastas na saúde do mais a credibilidade da narrativa inicial nesse tocante.
reclamante e de sua família, estão preenchidos os elementos da Por fim, ressalto que a testemunha do reclamado comprovou que a
responsabilidade civil, visto que a reclamada deu causa ao dano, orientação era para que os empregados transportassem no máximo
nos termos em que aqui explicitado. R$ 1.000,00, razão pela qual, diante da ausência de comprovação
Reconhecida a responsabilidade civil e o dever de reparação, este efetiva de transporte de elevados valores e da submissão a
juízo esclarece de logo que considera claramente inconstitucional a assaltos, julgo improcedente o pedido.
tarifação da indenização reparatória por dano moral estabelecida -Ressarcimento de descontos ilícitos
pela Lei nº 13.467/2017, com a introdução do art. 223-g, §§ 1º a 5º, O autor, trazendo nova pretensão, alega ainda que a reclamada,
na CLT, por afrontar os artigos 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos V e embora tenha passado a pagar valores relativos a auxílio
X e caput do artigo 7º da Constituição Federal, diante da ofensa ao combustível e vale alimentação a partir de 01.08.2016, os
princípio da dignidade da pessoa humana, ao admitir que a esfera descontava das comissões pagas "na fonte", sem retratar o
O desrespeito ao artigo 5º, V e X da Constituição é flagrante, na ""A reclamada a partir de 01.08.2016 a repassar instituiu a quantia
medida em que a alteração traz valores irrisórios frente ao potencial fixa de R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) por mês a título de
ofensivo da multiplicidade de situações que podem ocorrer, auxílio combustível e na mesma data, fixou a importância de R$
representando tratamento discriminatório ao trabalhador. 17,00 por dia laborado a título de vales alimentações, totalizando
Ofende ainda a isonomia, por destinar regulação diferenciada em esse último em média R$ 340,00 por mês.
relação a todas as demais relações jurídicas que envolvam Não obstante os valores acima passaram ilicitamente a serem
reparação civil, e justamente ao trabalhador, em regra descontados ilicitamente das comissões das vendas realizadas pelo
hipossuficiente e reivindicador de direitos básicos, relacionados à obreiro mensalmente, de modo que os valores repassados pela
subsistência própria e de sua família, como no presente caso reclamada ao trabalhador já refletiam a importância líquida (após os
Ofende a isonomia ainda o estabelecimento de indenização com contas mensais), entretanto, visando burlar os preceitos celetistas a
base na remuneração do ofendido, como se tal critério fosse reclamada não fazia constar tais descontos em contracheques ou
suficiente para tornar um ser humano mais digno que outro, pelo folhas de pagamentos.
Diante do exposto requer a Vossa Excelência os ressarcimentos considerar o contraditório, constitui ofensa ao artigo 93, IX, da
dos descontos ilícitos feito na remuneração do trabalhador no Constituição Federal; que não houve redução salarial, não
importe de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio Combustível e R$ comprovando o recorrido, em sua exordial, na instrução ou nos
340,00 por mês a título de vales alimentações, no período de documentos por ele acostados, quais os valores das supostas
01.08.2016 a 08.03.2020. comissões que lhe seriam devidos; que no tema da periculosidade,
A reclamada nega com veemência a narrativa inicial, tendo a de ser frisadoque a testemunha da reclamada informou que a não
testemunha do reclamante, contudo, comprovado-a, como se era exigido moto para realização da atividade, sendo escolha do
""7) que até agosto de 2016, a empresa não repassava os vale atividade; que quanto ao deferimento de pagamento de danos
alimentação aos vendedores; que após essa data a empresa morais em razão da suposta não concessão de férias, não houve
camufladamente fazia esse repasse da seguinte forma: por qualquer razoabilidade na fixação do valor de reparatório de R$
exemplo, se eu ganhasse R$ 1.500,00, vinha descontado 100% dos 10.000,00; que a condenação em vale alimentação e auxílio
vales de alimentação (R$ 347,00) e vale de combustível (R$ combustível trouxe fundamentação deficiente e genérica, sendo
280,00) nessa comissão de R$ 1.500,00, de modo que eu só inválida; que na condenação de multa convencional não é possível
receberia a diferença, isso ocorrendo com o reclamante e com verificar a que acordo ou norma coletiva se refere, por ausência de
todos os demais vendedores; que a empresa não apontava esses juntada aos autos do respectivo instrumento normativo; que o
descontos no contracheque; que o pagamento da comissão já vinha recorrido não comprovou o alegado estado de miserabilidade.
Nesse contexto, julgo procedente também este pedido, condenando INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. Uma vez que a inicial, no
a reclamada ao pagamento de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio juízo deste relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da
Combustível e R$ 340,00 por mês a título de vales alimentações, CLT, a emenda à inicial ID. bae7e75 não a desnatura, eis que
totalizando um ressarcimento de R$ 620,00 por mês, no período de mantida a forma padrão de indicação de valores, como acentua a
-Não pagamento de vales alimentação no período que, assim como a reclamação vestibular, foi regulamente
Por fim, sem necessidade de aprofundadas digressões, verifica-se aplicação do artigo 840, § 3º, da CLT. Sob esse enfoque a sentença
pagamento dos vales alimentação no período mencionado no título TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula-
do presente tópico, ou seja, entre os dias trabalhados entre a data 357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a
do corte prescricional e 31.07.2016, razão porque compõe também testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra
a condenação a referida verba, no importe de R$ 6,50 por dia no o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é
período de 10.08.2015 a 31.12.2015 e R$ 7,50 por dia no período válido. Incidente que se rejeita.
de 01.01.2016 a 31.07.2016, a média de 28 dias por cada mês, COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Não houve por
consoante cláusulas 22ª da CCT 2015/2015 e 2016/2016. parte da sentença recorrida confusão entre as rubricas "comissões"
3. Irresignada, a reclamada interpôs recurso ordinário, alegando que parte recorrente ID. c07ec81 - Pág. 2 que uma rubrica substituiu a
a emenda a inicial apresentada pelo recorrido expressa ausência de outra, estando correta a decisão recorrida de que ambas possuíam
liquidação, não merecendo a ação regular processamento, a teor do a mesma natureza remuneratória, ilação que se acomoda no artigo
artigo 840, § 3º, da CLT; que a testemunha Francisco Rafael Lima 457, § 1º, da CLT.
dos Santos era suspeita para depor, de vez que autora de ação PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do
trabalhista contra a recorrente, ficando, com isso, patente o nítido pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a
interesse na presente contenda; que a sentença recorrida, empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR". Com
alusivamente a condenação da recorrente em comissões, confundiu efeito, o comissionamento constou dos contracheques do recorrido
tal parcela com a participação nos lucros, além de desconsiderar a até julho de 2016, conforme inicial, passando a condição de
natureza indenizatória dessa parcela; que não havia pagamento remuneração "por fora" a partir daquela data. Logo, evidenciado que
"por fora", nada tendo sido comprovado; que condenar sem o paga perdurou, mas revestida do nome de PPR, supostamente
sentenciante, tem-se por verdadeiramente comprovada a sua MULTA CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO
existência, carecendo da mais mínima procedência a alegação NORMATIVO INDICADOR. O item Fda inicial indica as cláusulas
recursal de que a decisão vergastada, nessa questão, não teria normativas violadas pela parte recorrente. O documento alusivo vê-
observado o contraditório e, mais distante ainda, a hipótese de se às fls. ID. 55c108a. Descartada, portanto, a eventualidade de
violação ao artigo artigo 93, IX, da Constituição Federal. que o recorrido tivesse pleiteado reparação com base em cláusula
REDUÇÃO SALARIAL. A redução salarial está relatada no normativa, sem apresentar a respectiva Convenção Coletiva de
depoimento da testemunha FRANCISCO RAFAEL LIMA DOS Trabalho em que se vê, conferindo-lhe idoneidade a numeração de
SANTOS ID. c07ec81 - Pág. 4, reduzindo a empresa, de forma registro no MTE. Perfeito o pedido quanto à forma, nada se vê que
gravosa, os patamares a partir dos quais se dava o justifique sua exclusão da condenação.
comissionamento. A sentença invocou acertadamente a aplicação JUSTIÇA GRATUITA. A decisão vergastada não merece reforma.
do artigo 468, da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é Embora das regras do artigo 790, da CLT, A parte reclamante
lícita a alteração das respectivas condições por mútuo declarou no documentoID. f4ba818 - Pág. 3 não ter condições de
consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou arcar com os custos do processo. Dessa forma, a simples
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de que não
cláusula infringente desta garantia. Nada há, portanto, o que reúne condições econômicas para arcar com as despesas
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Desde logo se há ressaltar suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da
que a suposta não exigência do empregador para que fosse justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte
utilizada uma motocicleta no trabalho, não desnatura a aplicação do reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos
artigo193, § 4º, da CLT. A atividade perigosa ali definida não benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.
condiciona a uma condição contratual, mas a existência do fato. 99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT),
Ademais, do depoimento da mesma testemunha acima segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
referenciada, extrai-se a certeza de que o uso da motocicleta era deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,
exigido; "que no ato da contratação foi informado que o vendedor do item I da Súmula nº 463 do TST.
tinha que ter moto para ser contratado; que na PA01 havia 14 4.O reclamante igualmente se insurgiu contra a sentença de origem,
vendedores, todos eles utilizando moto para o trabalho; que nunca alegando que a decisão recorrida deve ser reformada para a
viu o reclamante trabalhar em outro veículo, senão moto, até porque condenação da empresa ao pagamento em dobro dos descansos
não tinha condições de a gente se locomover de carro com a semanais não concedidos e os alusivos ao trabalho em feriados;
quantidade de dinheiro que a gente transportava, pois era pedir que merece reparado os danos morais pelo transporte de valores, e
para ser assaltado". Logo, a sentença objurgada deve ser mantida. a obrigação de o recorrente arcar com o reembolso de assaltos e
da CLT, conjugado com a remuneração total do recorrido, o valor DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O
arbitrado de R$ 10.000,00 não denota irrazoabilidade, do que fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao
VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Embora a peça CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente
recursal aluda a fundamentação sentenciante genérica, não é, de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais
deveras, o que deflui da sentença de origem. A parte recorrente não das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase
comprovou o pagamento das parcelas, estando assim nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a
fundamentada a decisão recorrida, escorada em prova testemunhal, possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados
complessivo, posto que as rubricas eram descontadas no ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte de
comissionamento. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado na
importância ou percentagem para atender englobadamente vários inicial ID. 4e8ddc2 - Pág. 15, não se confirmou nas provas dos
direitos legais ou contratuais do trabalhador (Súmula-91/TST). autos. A ausência de verossimilhança foi captada com agudeza pelo
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da CLT. Não a
Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José desnatura eventual emenda, porque mantida a forma padrão de
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) indicação de valores, acrescentando meras corrigendas que, assim
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo como a reclamação vestibular, foi regulamente submetida ao
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de aplicação do artigo
válido.
CLAUDIO SOARES PIRES Se o preposto da parte recorrente admite que uma rubrica (Bônus
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. recorrida na conclusão de que ambas possuíam a mesma natureza
Diretor de Secretaria pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a
empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR", parcela possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados
5.REDUÇÃO SALARIAL. Comprovada a redução de forma gravosa de elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado
dos patamares a partir dos quais se dava o comissionamento, a na inicial, não se confirmou nas provas dos autos. A ausência de
evidência atrai a aplicação do artigo 468, da CLT. Nos contratos verossimilhança foi captada com agudeza pelo juízo sentenciante;
individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas "evidente que o reclamante distorce a realidade nesse tocante para
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não dar tons de juridicidade a sua pretensão". De se manter, destarte, o
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob julgamento recorrido por ausência de comprovação efetiva de
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. transporte de elevados valores e da submissão a assaltos.
VALOR ARBITRADO. Não denota irrazoabilidade o valor arbitrado V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO
para reparação por danos morais (ausência reiterada de concessão ORDINÁRIO (1009), provenientes da MM. 3ª VARA DO
de férias), quando considerado o regramento do artigo 223-G, TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, ANTONIO
8.VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Se a parte SERVIÇOS LTDA, e recorridos, ANTONIO WILTON BRUNO DA
recorrente não comprova o pagamento das parcelas de cuja SILVA, REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA.
existência não se duvida, estando assim fundamentada a decisão Irresignados com a sentença ID 5159d94, que rejeitando as
recorrida, revelando a existência de espécie de salário complessivo, preliminares suscitadas e declarando prescritas as verbas
nada há o que reformar. Nula é a cláusula contratual que fixa anteriores a 10.08.201 julgou parcialmente procedentes os pedidos
determinada importância ou percentagem para atender da reclamação trabalhista, o Reclamante (ANTONIO WILTON
englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador. BRUNO DA SILVA) e a parte reclamada (REDEFONE COMERCIO
9.JUSTIÇA GRATUITA. A parte reclamante declarou em E SERVICÇOS LTDA) opuseram recursos ordinários.
documento não ter condições de arcar com os custos do processo. Contrarrazões ofertadas pelo Reclamante (Id 3bfb85c) e pela parte
Dessa forma, a simples declaração de que o postulante é pobre na reclamada (Id 2e7ef1d).
exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim, do item I Recurso de ambos os litigantes regularmente interpostos (ID.
fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao PERICULOSIDADE. FERIADOS TRABALHADOS. FÉRIAS.
enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE
CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente IRREGULAR DE VALORES. DESCONTOS DECORRENTES DE
de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais ASSALTOS. DESCONTOS DE AUXÍLIO COMBUSTÍVEL E VALE
1.Cuida-se de ação trabalhista proposta por ANTONIO WILTON bem da verdade, não evidencia efetiva hipótese de aplicação do
BRUNO DA SILVA contra REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS instituto da inépcia, bastando-se na defesa retórica, o que não é
LTDA, fundamentada nas alegações de que o reclamante foi suficiente para ensejar o seu acolhimento, restando, pois, rejeitada.
remuneração mista composta de piso salarial fixo previsto nas Rejeito a preliminar erigida pela reclamada nesse tocante, uma vez
CCT's e comissões; que a reclamada jamais fez constar que a parte reclamante trouxe cálculo estimado do valor que
oficialmente a remuneração integralizada do reclamante, somente o entende devido em decorrência dos pedidos iniciais, restando
fazendo a partir de 01.08.2016; que a partir de 2018 a reclamada suficiente a mera estimativa, para que reste satisfeito o requisito do
reduziu o percentual das comissões, com infringência aos artigos art. 840 da CLT.
468 da CLT e 7º, VI, da Constituição Federal; que a reclamada tem Por se tratar de mera estimativa, não há necessidade de que seja
a obrigação de retificar a CTPS do reclamante para fazer constar liquidada a diferença também decorrente das alterações promovidas
corretamente as comissões, e a de pagar diferenças salariais; que na emenda à inicial, uma vez que a lei não exige a liquidação do
exercia suas obrigações com o concurso de uma motocicleta, tendo julgado, mas, como já dito, a mera estimativa, razão pela qual
artigo 193, § 4º, da CLT; que não usufruía de descanso semanal e - Prescrição quinquenal
dos trabalhos nos dias feriados; que nunca gozou férias; que tem Sem necessidade de maiores aprofundamentos, reconheço a
direito a reparação por danos morais, decorrentes de descontos por prescrição quinquenal prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição
assaltos sofridos, transporte irregular de valores e ausência de Federal, conforme suscitado pela reclamada, em razão do que
concessão regular de férias; que eram descontados das comissões considero prescritas todas as verbas cuja exigibilidade seja anterior
(ID. 5159d94): O reclamante inicia seu elenco de pedidos tratando das comissões
Alega a empresa que a petição inicial é inepta porque o reclamante comissões que lhe cabiam de forma clandestina, razão pela qual a
não teria declinado a causa de pedir que tornaria pertinente o referida verba não foi considerada na base de cálculo das demais
bancários das instituições pelas quais o reclamante recebia suas Em seguida, a parte autora relata que a partir de 01.08.2016 a
Contudo, mera leitura do tópico em referência torna evidente o cálculo de férias, FGTS e 13º salários, as comissões mensalmente
caráter vazio e inconsistente da arguição, uma vez que se refere ao recebidas, que passaram a compor "oficialmente" a remuneração do
ou não do pedido em questão, discutindo a veracidade ou não da Além disto, o reclamante alega também que a partir do ano de 2018
narrativa do autor, de forma claramente descabida. em diante passou a sofrer alterações lesivas quanto ao pagamento
Ademais, resta por demais óbvia a pertinência, na medida em que das comissões, trazendo causa de pedir nos seguintes termos:
se acha controverso o valor das comissões pagas mensalmente ao ""Relata ainda o reclamante que nos anos de 2018, 2019 e 2020
A petição inicial trabalhista pode ser redigida de forma mais simples, unilateralmente pelo empregador o percentual de suas comissões
bastando a exposição dos fatos, a breve fundamentação e o as quais até e então eram fixas e no percentual de 1,40% sobre as
requerimento final e, nesse sentido, a peça produzida pelo autor, vendas mensais até a competência 12 /2017, diminuídas para o
concretamente considerada, cumpre os requisitos previstos no § 1º patamar fixo de 1,25% sobre as vendas mensais a partir de 01/2018
do art.840 da CLT, não havendo prejuízo para a parte contrária e empós passou foi novamente reduzida para o patamar variável de
quanto ao entendimento dos pedidos e da causa de pedir, o que 0,85%, 0,70% ou 0,45% sobre as vendas mensais da competência
propicia, de modo satisfatório, o acesso à ampla defesa. de 01/2019 até o deslinde contratual, assim sendo faz jus o obreiro
Na verdade, na espécie, a inicial não apresenta vício algum que às diferenças de salários por comissões e DSR's sobre tais
possa comprometer a boa compreensão da peça e a preliminar, a comissões, nos seguintes patamares:""
Assim foi disposta a causa de pedir, quanto a este objeto, sendo Portanto, numa remota hipótese de Vossa Excelência entender que
possível observar que foram relatados dois ilícitos. há pagamentos de valores além daqueles anotados na carteira,
Acerca do primeiro deles, qual seja, a não inclusão das comissões depreende-se que esses valores, no período afirmado pelo autor
recebidas na base de cálculo das demais parcelas remuneratórias, nada mais são do que PPR.
no período compreendido entre 10.08.2015 e 31.07.2016, apesar da O PPR é uma ferramenta de gestão que permite uma maior
natureza salarial da verba, a contestação apresenta confuso teor participação e empenho dos empregados na produtividade da
confuso, como se observa no trecho adiante transcrito: empresa, proporcionando a atração, a retenção, a motivação e o
""Em princípio, cumpre ressaltar que os valores remuneratórios comprometimento dos funcionários na busca de melhores
pagos "por fora" são totalmente inverídicos, uma vez que a resultados.
reclamada em seus documentos apensos comprova ter efetuado Dentre outras vantagens, mantém o trabalhador motivado, alinhado
TODOS OS PAGAMENTOS referente a remuneração fixa. com as metas e os objetivos da empresa e ciente do seu importante
Conforme cópia dos contracheques que se juntam com a presente papel no processo produtivo, produzindo resultados positivos e
defesa, bem como cópia da CTPS do reclamante, onde se verifica a ampliando a competitividade da organização.
evolução salarial deste, comprova-se que os valores que ele dizia Tal instituto funcionava como um bônus, que é ofertado pelo
receber estão bem distantes da realidade. empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores da
se chegou aos valores mencionados, claramente, em ato de má-fé. Em suma, a base de cálculo da PPR não possui qualquer relação
Neste ensejo, a reclamada afiança que o reclamante não fora com o salário percebido.""
contratado para perceber nenhum pagamento sem consignação. Como se observa, nesse tocante, a contestação é substancialmente
Até porque, nos próprios comprovantes de pagamento acostados genérica, visto que se limita à afirmação de que o reclamante
pelo autor há o pagamento de DSR e comissões, além do salário recebeu todas as verbas regularmente.
O pagamento sem consignação que o reclamante busca querer juntando documentos, que as comissões eram pagas nos
fazer crer ao d. Juízo não existe. Em verdade, observando os contracheques, parecendo não ter analisado atentamente a petição
contracheques colacionados a esta peça, o que ocorre é que havia inicial, a qual, a tal respeito, é expressa no sentido de que o ilícito
o pagamento de bonificações pagas aos funcionários. somente ocorreu até 31.07.2016. Ou seja, desde a petição inicial o
Depara-se, outrossim, frente a um equívoco terminológico, visto que próprio autor já relata que a partir do dia seguinte à data
não havia pagamento "não pagos em folha" nos importes trazidos à mencionada a reclamada passou a não mais proceder de forma
Ora, Excelência, como poderia haver pagamento por fora quando o Em seguida, traz tese sucessiva, alegando que caso seja
próprio reclamante apresenta prova contraditória a seus pleitos, reconhecido algum valor recebido "por fora", este se trataria de um
demonstrando de forma inequívoca a rubrica de suas comissões? bônus de uma tal ferramenta PPR, parecendo confusa quanto aos
Note-se ainda que o extrato bancário acostado pelo reclamante é institutos de que trata, tese esta que, tal como a anterior, não se
decorrente de sua conta corrente, ou seja, a conta bancária permite sustenta, na medida em que não fora efetivamente explicado pela
aplicações (débito automático ou depósito bancário) de contas de parte reclamada a previsão legal ou regulamentar que afastasse a
titularidades distintas sem qualquer relação com a reclamada. natureza salarial da verbas em questão, recebida de forma
Logo, as próprias provas apresentadas pelo reclamante não têm clandestina, ou mesmo como seria ao mesmo tempo bônus e
processo muito mais do que sanando qualquer controvérsia. Em depoimento, o preposto da reclamada alega que um programa
Ora, cabe ao reclamante, se porventura existisse, a demonstração substituiu o outro, reforçando a identidade da natureza de ambos.
dos supostos valores pagos extrafolha e não é só, deve demonstrar A testemunha do reclamante, por sua vez, trouxe depoimento firme
que tais valores supostamente integram-se em sua remuneração e e elucidativo, por meio do qual confirma com precisão o estado de
não se tratam de bonificações, pois a simples alegação de existir coisas narrado na petição inicial, tanto quanto ao primeiro ilícito
pagamento "por fora" sem trazer as provas concretas de que (comissões clandestinas) como quanto ao segundo, referente à
ocorrera, nada mais são do que meras palavras sem força redução gradativa do percentual das comissões recebidas, o que
probatória, frutos de um inconformismo derivado de um dissabor. constitui flagrante alteração em prejuízo do trabalhador.
Reputo conveniente transcrever também o seguinte trecho do até porque a PA não aceitava transferência e sim dinheiro ou
depoimento em questão: cheque; que não havia nenhuma empresa terceirizada para efetuar
""1) que trabalhou na reclamada de 16/09 /2011 a 06/01/2020, na cobrança de inadimplentes "e a gente era quem levava o cano se
função de vendedor e cobrador externo; que depoente e reclamante não conseguisse receber do cliente"; que havia meta de prospecção
realizavam as mesmas funções; que "geralmente a gente se de novos clientes, ou seja, mais 10 clientes por mês; que havia
encontrava no mesmo PA01, tanto na parte da manhã como na reuniões feitas pelo gerente Mailson ou pelo supervisor da PA
parte da tarde"; que a prestação de contas era feita pelo depoente e Ricardo ou pela supervisora Vanessa, todas as quintas-feiras, com
reclamante diariamente, na parte da manhã e na parte da tarde; que imposição das regras, sem chance de contestação pelos
os produtos vendidos era: recarga física e recarga on line e chips vendedores; que a empresa não pagava o PPR, pois o depoente
das operadoras Tim, Oi e Vivo; que se encontrava com o sempre recebeu a remuneração como sendo salário mais comissão,
reclamante na PA, entre 7h e 9h da manhã e entre 16h e 17h; que a o mesmo ocorrendo com os demais vendedores, inclusive o
PA fica aberta de segunda a sábado das 7h às 18h e, dependendo reclamante; que desconhece a existência de contrato da reclamada
da data do mês (isso do dia 01 ao dia 10), em domingos das 7h às ou dos vendedores com e empresa Yellow Card; que os
13h; que até agosto de 2016, a remuneração era composta de supervisores recebiam comissionamento sobre as vendas da
salário fixo mais 1,4% fixos de tudo o que vendesse, recebendo as equipe; que até agosto de 2016, o montante de remuneração do
comissões pagas por fora na PA em espécie; que depois de agosto depoente e dos demais (porque nessa época era quase todo mundo
de 2016, as comissões ficaram sendo pagas em contracheque e, igual) girava em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, já incluso o
em data que não se recorda, a remuneração desceu para salário salário fixo; que o depoente já chegou a receber tais valores, na
fixo mais 1,25% fixos de tudo o que vendesse; que a partir de época, no mesmo dia do reclamante, ambos na PA, ou seja, o
janeiro de 2019, passou a ser de salário fixo mais comissão depoente tato recebeu como presenciou o reclamante recebendo,
escalonada conforme volume de vendas, sendo 0,45% a partir de na PA, tal valor remuneratório das mãos do Júnior, representante
R$ 301.000,00; que essa redução do percentual de comissões para A esse respeito, considero oportuno relembrar o conteúdo do art.
0,45% foi a mais gravosa, porque se vendêssemos R$180.500,00, 468 da CLT, segundo o qual:
ficávamos só com o salário fixo sem nada de comissão; que a Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a
comissão sobre a venda dos chips era de R$0,50 em cada chip; que alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e
a empresa controlava as vendas em geral por um aplicativo ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente,
chamado TOP LINE, que tinha as datas e os horários em que prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
prestava conta na PA e o total de vendas que fazia no mês; que infringente desta garantia.
também tinha o aplicativo CIS, em que antes de começar a rota eu Nesse contexto, tendo sido comprovados os fatos narrados na
pré-estabelecia qual o valor total de vendas que eu pretendia atingir, petição inicial, seja quanto à inclusão das comissões na base de
isso no início da jornada, antes de começar a rota, de modo que até cálculo de outras verbas no início do contrato, seja quanto à
8h da manhã eu tinha que fazer isso todos os dias de segunda a redução do percentual destas, julgo os pedidos constantes no
sábado e tinha que encerrar esse CIS até as 18h, dizendo todo o presente tópico procedentes em sua integralidade.
valor que eu vendi; que também havia o aplicativo AFV, que tinha Em virtude desta conclusão, condeno a reclamada inicialmente ao
que alimentar dizendo quanto eu vendi para determinado cliente; cumprimento de consistente na retificação obrigação de fazer da
que essa mesma sistemática de comissões e as alterações dos CTPS (física e digital) do reclamante, fazendo constar, junto às
percentuais acima descrita ocorreu também com o reclamante; que anotações gerais: "Retificação a remuneração contratual de fl. 12,
o depoente tinha em média 120 clientes em carteira; que o para informar que o portador desta CTPS percebia mensalmente
reclamante tinha em média 240 a 250 clientes, já que a rota dele remuneração mista composta de piso salarial fixo, comissões no
era maior que a minha; que a venda desses produtos se dava tanto patamar de 1,4% por mês sobre as vendas + R.S.R.
online como presencial; que as cobranças se davam de forma Igualmente, condeno a reclamada ao pagamento das seguintes
presencial, ou seja, o vendedor passava as recargas e logo depois verbas (já constando no elenco de verbas abaixo a retificação de
ia buscar o dinheiro ou o cheque; que perguntado se o cliente não erro material relatada na emenda à petição inicial de id ff47c7d),
poderia fazer uma transferência bancária para o vendedor não ter mas devendo o calculista atentar para a retificação de constante na
que ir buscar o dinheiro, respondeu que não era assim que ocorria, emenda de id bae7e75:
A) Reflexos dos salários por fora de 10.08.2015 a 31.07.2016 em: Em outras palavras, entendo que o ato de deslocar-se, entre
FGTS, Multa de 40%, Férias + 1/3 Constitucional (2015 a 2016), 13º diversos clientes, era inerente às atribuições do reclamante, razão
salários (2015 a 2016) e DSR's (2015 a 2016); porque o cenário fático ora reconhecido, sem necessidade de
B) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro e 2018 a 31 maiores digressões, atrai a aplicação do art. 193, § 4º, da CLT.
Dezembro de 2018 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de Não sendo a reclamada filiada à Associação Brasileira das
C) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro 2019 a 31 que os efeitos Portaria nº 1.565/2014 mantém-se vigentes, visto que
Dezembro de 2019 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de afastados pela de nº 5/2015, do então MTE, apenas para os filiados
D) Diferenças salariais Comissões de 01 Janeiro de 2020 a 08 de Procedente, pois, o pedido, restando a reclamada condenada ao
Março 2020 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de 1,40% pagamento de adicional de periculosidade, no percentual de 30% do
E) Reflexos das Diferenças salariais das Comissões reduzidas observado o corte prescricional, com todos reflexos nas demais
sobre comissões em: Aviso Prévio, FGTS, Multa de 40%, Férias + -Trabalho em feriados. Supressão do RSR.
1/3 Constitucional (2018 a 2020), 13º salários (2018 a 2020); O reclamante alega ainda que trabalhava todos os dias, sem RSR
F) Multas Convencionadas nas cláusulas 70ª CCT 2015/2015 e ou feriado, requerendo o pagamento destes em dobro.
2016/2016, 71ª CCT 2017/2017, 67ª CCT 2018/2018 e 69ª CCT O reclamado, por sua vez, centra sua tese de defesa na
2019/2020, equivalente 01 (um) piso salarial previsto em cada circunstância de ser o trabalho desempenhado externo, defendendo
convenção coletiva (Cláusula 3ª das CCT's 2015 a 2020), por que não controlava a jornada do autor.
violação às Cláusulas 16ª CCT's 2015/2015, 2016/2016 e Ocorre que resta incontroverso nos autos que o reclamante
2017/2017, Cláusulas 15ª CCT's 2018/2018 e 2019/2020 (por não desempenhava trabalho externo, não tendo sido comprovado, no
anotação na CTPS do percentual das comissões + R.S.R) e entender deste juízo, de forma suficiente pelo reclamante que a
Cláusulas 46ª das CCT's 2015, 2016 e 2017; Cláusulas 44ª da CCT reclamada efetivamente controlava sua jornada.
2018 e 45ª da CCT 2019/2020 (por não concessão do descanso Nesse tocante, cumpre destacar o fato de existir aplicativo que
Semanal remunerado). registra o horário das vendas não se revela suficiente, no entender
-Adicional de periculosidade deste juízo, para que se considere que havia controle de jornada.
O reclamante requer ainda o pagamento de adicional de Com efeito, o fato de o aplicativo estar disponível para a efetivação
periculosidade, justificando o pedido com narrativa segundo a qual de transações em dias não úteis não implica necessariamente que o
realizava seu trabalho diariamente de motocicleta, pedido que faz trabalho em referidos dias era imposto pela reclamada.
com base no expresso conteúdo do art. 193, II, § 4º, da CLT. Nesse contexto, por entender que o reclamante se enquadra na
Em resposta, a reclamada alega limita-se a alegar que jamais exigiu exceção prevista no art. 62, I, da CLT, julgo improcedentes os
que o reclamante laborasse em motocicleta, o que restou pedidos relativos à jornada de trabalho, uma vez que comprovado o
bem como que a Portaria do então MTE 05/2015 é materialmente -Não concessão de Férias. Dano existencial decorrente.
inconstitucional que, o que não se sustenta, na medida em que não O reclamante alega também que não gozava de férias, embora
qualquer interesse, seja deste juízo, seja da sociedade, que uma assinasse os recibos respectivos.
norma, tão cara à segurança do trabalho, seja tida como letra morta. A narrativa foi comprovada com objetividade pela testemunha do
Se a própria reclamada estabeleceu o meio de locomoção a ser reclamante, nos seguintes termos:
utilizado como motocicleta, consoante expressamente comprovado ""2) que o depoente sempre recebeu o valor das férias, mas nunca
no item 3 do depoimento da testemunha do reclamante, resta chegou a gozar um dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido
evidente que não havia qualquer faculdade nesse sentido, mas com todos os vendedores; que chegou a ver o reclamante
imposição nos termos em que comprovado pela prova testemunhal. laborando em período em que, supostamente estaria de férias; que
Este juízo entende que, independente da quantidade de clientes quando começava o período das férias "a gente trabalhava com um
que o reclamante visitava, a motocicleta constituía instrumento de login alternativo que era criado com a finalidade de a gente deixar
trabalho seu. de usar o login comum e passar a usar esse login das férias"; que
esse login para usar nas férias ficava sob a responsabilidade do Sr. família e amigos, de igual modo praticava jornada extremamente
Júnior, representante comercial da reclamada; que mesmo sem extenuante de segunda à domingo (em regra de 07h00min às
gozar férias, era exigido dos vendedores a assinatura dos recibos 19h00min), entretanto ficava integralmente à disposição dos clientes
de férias; que o depoente e demais vendedores sempre receberam da reclamada para abastecê-los a qualquer hora dia ou da noite.
o valor das férias, porém sempre em cima do valor do salário base e Assim sendo tem-se que o dano existencial é espécie do gênero
continuando a trabalhar, isso porque não existia um vendedor dano imaterial cujo enfoque está em perquirir as lesões existenciais,
substituto que conhecesse a rota para poder tirar as férias do outro; ou seja, aquelas voltadas ao projeto de vida (autorrealização -
que outro motivo de o vendedor não tirar férias e2) que o depoente metas pessoais, desejos, objetivos etc) e de relações interpessoais
sempre recebeu o valor das férias, mas nunca chegou a gozar um do indivíduo.""
dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com todos os Com efeito, a concessão de férias constitui uma das mais
vendedores; que chegou a ver o reclamante laborando em período importantes medidas de saúde e segurança do trabalho, que
em que, supostamente estaria de férias; que quando começava o possibilita o essencial gozo de momentos de descanso e lazer com
período das férias "a gente trabalhava com um login alternativo que familiares e amigos, além de possibilitar a realização de viagens e
era criado com a finalidade de a gente deixar de usar o login comum outros eventos tão caros a uma vida saudável.
e passar a usar esse login das férias"; que esse login para usar nas Tendo sido comprovado pela testemunha do reclamante que, ao
férias ficava sob a responsabilidade do Sr. Júnior, representante longo dos anos, as férias não eram concedidas, de forma
comercial da reclamada; que mesmo sem gozar férias, era exigido generalizada, reputo evidente a perturbação do estado de coisas
dos vendedores a assinatura dos recibos de férias; que o depoente narrado no parágrafo anterior.
e demais vendedores sempre receberam o valor das férias, porém Nesse contexto, verifica-se que a reprovável conduta da reclamada
sempre em cima do valor do salário base e continuando a trabalhar, espraiou efeitos deletérios à vida da reclamante com óbvio abalo
isso porque não existia um vendedor substituto que conhecesse a moral, apenas compreendido por aqueles que enfrentam tamanho
rota para poder tirar as férias do outro; que outro motivo de o percalço da obtenção de direitos básicos, após uma vida inteira
vendedor não tirar férias e nem ser substituído, decorria do fato da dedicada à prestação de serviços na reclamada.
relação de fidúcia entre ele e os clientes nem ser substituído, Nessa ordem de ideias, entende este juízo que, tendo a conduta da
decorria do fato da relação de fidúcia entre ele e os clientes daquela reclamada imposto consequências nefastas na saúde do
rota; que a rota do reclamante era Vila Peri, Bonsucesso e depois reclamante e de sua família, estão preenchidos os elementos da
outro bairro que o reclamante ganhou antes de sair da empresa e responsabilidade civil, visto que a reclamada deu causa ao dano,
Como se observa, tendo o reclamante se desincumbido de seu Reconhecida a responsabilidade civil e o dever de reparação, este
ônus probatório quanto ao fato de que as férias não eram gozadas, juízo esclarece de logo que considera claramente inconstitucional a
a despeito da realidade formal arquitetada pela reclamada para tarifação da indenização reparatória por dano moral estabelecida
mascarar o que de fato se passava, a procedência do pedido é pela Lei nº 13.467/2017, com a introdução do art. 223-g, §§ 1º a 5º,
medida que se impõe, diante da necessidade de observância do na CLT, por afrontar os artigos 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos V e
princípio da primazia da realidade, restando a reclamada X e caput do artigo 7º da Constituição Federal, diante da ofensa ao
condenada ao pagamento das dobras das férias vencidas e não princípio da dignidade da pessoa humana, ao admitir que a esfera
gozadas no período não prescritas: 2015/2016, 2016/2017, personalíssima do ser humano, trabalhador ou dependente, pode
2017/2018 e 2018/2019, com o acréscimo de 1/3 constitucional. ser violada sem a reparação ampla e integral.
O reclamante realiza também pedido correlato a esse, de O desrespeito ao artigo 5º, V e X da Constituição é flagrante, na
indenização por dano existencial, relatando que, diante da não medida em que a alteração traz valores irrisórios frente ao potencial
concessão reiterada de férias, viu-se impossibilitado do convívio ofensivo da multiplicidade de situações que podem ocorrer,
com a família e amigos, tendo aprofundado a causa de pedir nos representando tratamento discriminatório ao trabalhador.
""Conforme mencionado nos tópicos anteriores o trabalhador relação a todas as demais relações jurídicas que envolvam
durante toda a sua contratualidade (cerca de 16 anos) JAMAIS teve reparação civil, e justamente ao trabalhador, em regra
concedido por parte do seu empregador o seu lídimo Direito as hipossuficiente e reivindicador de direitos básicos, relacionados à
férias (2004 a 2019) a fim de usufruir do convívio social junto a sua subsistência própria e de sua família, como no presente caso
Ofende a isonomia ainda o estabelecimento de indenização com contas mensais), entretanto, visando burlar os preceitos celetistas a
base na remuneração do ofendido, como se tal critério fosse reclamada não fazia constar tais descontos em contracheques ou
suficiente para tornar um ser humano mais digno que outro, pelo folhas de pagamentos.
simples fato de auferir remuneração superior. Diante do exposto requer a Vossa Excelência os ressarcimentos
Nessa linha, reputo razoável, com base na gravidade do ilícito e no dos descontos ilícitos feito na remuneração do trabalhador no
poder econômico do ofensor, estabelecer o quantum indenizatório importe de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio Combustível e R$
O reclamante alega ainda que transportava elevados valores A reclamada nega com veemência a narrativa inicial, tendo a
diariamente em espécie e em cheques, decorrentes das vendas testemunha do reclamante, contudo, comprovado-a, como se
realizadas no respectivo dia, bem como que tais valores variavam observa adiante:
entre R$ 10.000,00 e R$ 50.000,00. ""7) que até agosto de 2016, a empresa não repassava os vale
Sustenta ainda que sofria em média dois assaltos por ano, narrativa alimentação aos vendedores; que após essa data a empresa
esta, que não fora comprovada pela parte reclamante, tendo a camufladamente fazia esse repasse da seguinte forma: por
testemunha confirmado apenas que era transportados os valores exemplo, se eu ganhasse R$ 1.500,00, vinha descontado 100% dos
fruto do trabalho prestado naquele dia, em montante bem inferior ao vales de alimentação (R$ 347,00) e vale de combustível (R$
que o reclamante informou, de R$ 7.000,00 a R$ 10.000,00, 280,00) nessa comissão de R$ 1.500,00, de modo que eu só
tornando evidente que o reclamante distorce a realidade nesse receberia a diferença, isso ocorrendo com o reclamante e com
tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão. todos os demais vendedores; que a empresa não apontava esses
Ademais, o próprio relatório de vendas juntado pelo reclamante, descontos no contracheque; que o pagamento da comissão já vinha
através de prints de aplicativo, não deixa dúvidas de que os valores com o desconto;""
das vendas era bastante reduzido, geralmente R$ 200,00 reais, com Nesse contexto, julgo procedente também este pedido, condenando
apenas algumas vendas de valor mais elevado, o que retira ainda a reclamada ao pagamento de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio
mais a credibilidade da narrativa inicial nesse tocante. Combustível e R$ 340,00 por mês a título de vales alimentações,
Por fim, ressalto que a testemunha do reclamado comprovou que a totalizando um ressarcimento de R$ 620,00 por mês, no período de
R$ 1.000,00, razão pela qual, diante da ausência de comprovação -Não pagamento de vales alimentação no período
assaltos, julgo improcedente o pedido. Por fim, sem necessidade de aprofundadas digressões, verifica-se
-Ressarcimento de descontos ilícitos que também não há notícia ou comprovação nos autos do
O autor, trazendo nova pretensão, alega ainda que a reclamada, pagamento dos vales alimentação no período mencionado no título
embora tenha passado a pagar valores relativos a auxílio do presente tópico, ou seja, entre os dias trabalhados entre a data
combustível e vale alimentação a partir de 01.08.2016, os do corte prescricional e 31.07.2016, razão porque compõe também
descontava das comissões pagas "na fonte", sem retratar o a condenação a referida verba, no importe de R$ 6,50 por dia no
desconto em questão no contracheque. período de 10.08.2015 a 31.12.2015 e R$ 7,50 por dia no período
Assim informou a parte: de 01.01.2016 a 31.07.2016, a média de 28 dias por cada mês,
""A reclamada a partir de 01.08.2016 a repassar instituiu a quantia consoante cláusulas 22ª da CCT 2015/2015 e 2016/2016.
auxílio combustível e na mesma data, fixou a importância de R$ 3. Irresignada, a reclamada interpôs recurso ordinário, alegando que
17,00 por dia laborado a título de vales alimentações, totalizando a emenda a inicial apresentada pelo recorrido expressa ausência de
esse último em média R$ 340,00 por mês. liquidação, não merecendo a ação regular processamento, a teor do
Não obstante os valores acima passaram ilicitamente a serem artigo 840, § 3º, da CLT; que a testemunha Francisco Rafael Lima
descontados ilicitamente das comissões das vendas realizadas pelo dos Santos era suspeita para depor, de vez que autora de ação
obreiro mensalmente, de modo que os valores repassados pela trabalhista contra a recorrente, ficando, com isso, patente o nítido
reclamada ao trabalhador já refletiam a importância líquida (após os interesse na presente contenda; que a sentença recorrida,
alusivamente a condenação da recorrente em comissões, confundiu efeito, o comissionamento constou dos contracheques do recorrido
tal parcela com a participação nos lucros, além de desconsiderar a até julho de 2016, conforme inicial, passando a condição de
natureza indenizatória dessa parcela; que não havia pagamento remuneração "por fora" a partir daquela data. Logo, evidenciado que
"por fora", nada tendo sido comprovado; que condenar sem o paga perdurou, mas revestida do nome de PPR, supostamente
considerar o contraditório, constitui ofensa ao artigo 93, IX, da indenizatória, todavia, corretamente rejeitada a hipótese no juízo
Constituição Federal; que não houve redução salarial, não sentenciante, tem-se por verdadeiramente comprovada a sua
comprovando o recorrido, em sua exordial, na instrução ou nos existência, carecendo da mais mínima procedência a alegação
documentos por ele acostados, quais os valores das supostas recursal de que a decisão vergastada, nessa questão, não teria
comissões que lhe seriam devidos; que no tema da periculosidade, observado o contraditório e, mais distante ainda, a hipótese de
de ser frisadoque a testemunha da reclamada informou que a não violação ao artigo artigo 93, IX, da Constituição Federal.
era exigido moto para realização da atividade, sendo escolha do REDUÇÃO SALARIAL. A redução salarial está relatada no
reclamante qual o método mais cômodo para realização da depoimento da testemunha FRANCISCO RAFAEL LIMA DOS
atividade; que quanto ao deferimento de pagamento de danos SANTOS ID. c07ec81 - Pág. 4, reduzindo a empresa, de forma
morais em razão da suposta não concessão de férias, não houve gravosa, os patamares a partir dos quais se dava o
qualquer razoabilidade na fixação do valor de reparatório de R$ comissionamento. A sentença invocou acertadamente a aplicação
10.000,00; que a condenação em vale alimentação e auxílio do artigo 468, da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é
combustível trouxe fundamentação deficiente e genérica, sendo lícita a alteração das respectivas condições por mútuo
inválida; que na condenação de multa convencional não é possível consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
verificar a que acordo ou norma coletiva se refere, por ausência de indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da
juntada aos autos do respectivo instrumento normativo; que o cláusula infringente desta garantia. Nada há, portanto, o que
INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. Uma vez que a inicial, no que a suposta não exigência do empregador para que fosse
juízo deste relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da utilizada uma motocicleta no trabalho, não desnatura a aplicação do
CLT, a emenda à inicial ID. bae7e75 não a desnatura, eis que artigo193, § 4º, da CLT. A atividade perigosa ali definida não
mantida a forma padrão de indicação de valores, como acentua a condiciona a uma condição contratual, mas a existência do fato.
norma celetista antes destacada e acrescenta meras corrigendas Ademais, do depoimento da mesma testemunha acima
que, assim como a reclamação vestibular, foi regulamente referenciada, extrai-se a certeza de que o uso da motocicleta era
submetida ao contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de exigido; "que no ato da contratação foi informado que o vendedor
aplicação do artigo 840, § 3º, da CLT. Sob esse enfoque a sentença tinha que ter moto para ser contratado; que na PA01 havia 14
é irreprochável. vendedores, todos eles utilizando moto para o trabalho; que nunca
TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula- viu o reclamante trabalhar em outro veículo, senão moto, até porque
357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a não tinha condições de a gente se locomover de carro com a
testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra quantidade de dinheiro que a gente transportava, pois era pedir
o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é para ser assaltado". Logo, a sentença objurgada deve ser mantida.
COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Não houve por VALOR ARBITRADO. Considerado o regramento do artigo 223-G,
parte da sentença recorrida confusão entre as rubricas "comissões" da CLT, conjugado com a remuneração total do recorrido, o valor
e o alegado "bônus PPR". Colhe-se do depoimento do preposto da arbitrado de R$ 10.000,00 não denota irrazoabilidade, do que
parte recorrente ID. c07ec81 - Pág. 2 que uma rubrica substituiu a confirmar o julgamento recorrido.
outra, estando correta a decisão recorrida de que ambas possuíam VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Embora a peça
a mesma natureza remuneratória, ilação que se acomoda no artigo recursal aluda a fundamentação sentenciante genérica, não é,
457, § 1º, da CLT. deveras, o que deflui da sentença de origem. A parte recorrente não
PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do comprovou o pagamento das parcelas, estando assim
pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a fundamentada a decisão recorrida, escorada em prova testemunhal,
empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR". Com ademais, que revelou a existência de espécie de salário
complessivo, posto que as rubricas eram descontadas no ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte de
comissionamento. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado na
importância ou percentagem para atender englobadamente vários inicial ID. 4e8ddc2 - Pág. 15, não se confirmou nas provas dos
direitos legais ou contratuais do trabalhador (Súmula-91/TST). autos. A ausência de verossimilhança foi captada com agudeza pelo
MULTA CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO nesse tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão". Nesse
NORMATIVO INDICADOR. O item Fda inicial indica as cláusulas termos, de se manter o julgamento recorrido por ausência de
normativas violadas pela parte recorrente. O documento alusivo vê- comprovação efetiva de transporte de elevados valores e da
que o recorrido tivesse pleiteado reparação com base em cláusula Isto posto,
registro no MTE. Perfeito o pedido quanto à forma, nada se vê que CONCLUSÃO DO VOTO
Embora das regras do artigo 790, da CLT, A parte reclamante Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes
4.O reclamante igualmente se insurgiu contra a sentença de origem, REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
alegando que a decisão recorrida deve ser reformada para a conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes
semanais não concedidos e os alusivos ao trabalho em feriados; Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
que merece reparado os danos morais pelo transporte de valores, e Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
a obrigação de o recorrente arcar com o reembolso de assaltos e Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
valores de clientes inadimplentes. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. externo somente de forma excepcional está sob controle de horário,
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART término e quase nada do entremeio. Nessa condição impossível se
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
FUNDAMENTAÇÃO
de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". Assim, correta a
Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros
A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado
cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando
pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas
para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio
direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para
"seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é
inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer, sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado
ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença
primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.". tenha negado a tutela jurisdicional.
Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d, pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,
divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio
indeferimento do seguinte pedido: "A autora reitera o pedido de direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados
realização de pericia contábil em razão dos impactos financeiros por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,
que o incorreto pagamento das premiações ocasionaram na sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
remuneração da obreira, principalmente em função dos "NET1 e de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.".
NET2", além dos acordos comerciais cuja apuração só será Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser
fidedigna mediante a realização da aludida perícia". exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica
O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse
"Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova da ampla defesa e os da economia e celeridade processual.
técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova
causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a pericial contábil.
existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos Rejeita-se.
vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase 1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS.
O devido processo legal se constitui na mais importante garantia "HORAS EXTRAS (...)
assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese
é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às
judicial como na esfera administrativa. 19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas
Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados
todas as provas tendentes à demonstração de suas alegações. para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos
Contudo, o direito da parte em produzir provas que entende devidas e convenções da empresa em horários muito além do horário
está sujeito à aferição, pelo Magistrado, da sua necessidade ou regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas
não, de maneira que nem todo indeferimento de prova representa extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a
Para a aferição sobre a ocorrência do cerceamento ao direito de Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle
de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora.
equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de
indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de
excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT. controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário
Passo a análise. não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise
In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de
ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é sua jornada de trabalho.
aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o
Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não
a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente.
reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente
estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que
reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo.
Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor
de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os
atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer
pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada indício nos autos de sua ocorrência.
Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos
exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias que alega ter participado.
para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na
autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de
escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,
trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens
jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras
A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido
trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante
depoimentos das partes: ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a
"Depoimento pessoal da autora: (...) que iniciava a jornada às 8h, aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso
saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais
22h30min; que externamente trabalhava até as 19h e que depois atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim
executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da
possui sede física em Fortaleza (...)". decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária
A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras
visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas,
aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras
jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos
têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar comerciais e treinamentos.".
estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle O recurso não alcança provimento.
de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para
controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser
Também não considero forma de controle o acompanhamento do medida do seu interesse em justificar o direito material invocado.
Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo, apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se
tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010-
está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das 38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes
funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018).
apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na "(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo
maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu,
que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do
para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor
aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª-
voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis
quase nada do entremeio. Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT
mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser
coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora
dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos
recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,
trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens
se dava o preenchimento do expediente de trabalho. em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras
No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau, oriundas dos eventos.
"A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo 2. DIFERENÇAS NA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em Sobre o tema, assim se manifestou a sentença:
jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores Requer a autora o pagamento das diferenças de premiações em
têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da
estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle remuneração variável da reclamante.
de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que
controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos:
sem fiscalização.". "(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de
Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa
de estreitar o contato entre empregador e empregado, não promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a
desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração
externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária. variável diferentemente do que acontecia com as vendedoras de
No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a
vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse
"CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e
EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se
DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável;
laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes
partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de
reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido
condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de
pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos
produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do comerciais da empresa suportados pela reclamante.
exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação
genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais suspensão da exigibilidade do crédito relativo aos honorários
considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração." Sustenta a recorrente, em suma, que "havendo gratuidade de
Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a justiça os honorários advocatícios são indevidos.".
reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma O fundamento recursal procede.
variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios, A sentença recorrida concedeu à reclamante os benefícios da
atingimento de metas e comissões.". justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica
Sem razão, contudo. (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,
As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo
para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos, STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo
verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários
probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para
reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios.
contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
salariais pleiteadas. Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos
Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5% bem como majorar o percentual para 15% sobre o valor atualizado
sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas. da causa. Por fim, na improvável hipótese de não serem pagos os
À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "... valores devidos ou identificados créditos da parte Reclamante em
créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada outros processos, desde já as Reclamadas se resguardam ao
como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados
condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que créditos em favor da parte reclamante, conforme permite o já
tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários referido § 4º do artigo 791-A da CLT.".
advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá
Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não restam prejudicados todos os pedidos ora formulados pelas
deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente reclamadas sobre o tema em epígrafe.
(superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição Recurso prejudicado.
o benefício.
Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são CONCLUSÃO DO VOTO
partir da própria Constituição Federal, não há inconstitucionalidade Conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de
O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente mérito, dar parcial provimento ao seu apelo, para isentá-la do
para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restando
suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios. prejudicado o exame do recurso das reclamadas.
Intimado(s)/Citado(s):
- PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO ADVOGADOS
DISPOSITIVO ASSOCIADOS
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
prejudicados todos os pedidos formulados pelas reclamadas sobre Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d,
o tema em epígrafe. Recurso prejudicado. divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS fidedigna mediante a realização da aludida perícia".
ORDINÁRIOS, provenientes da MM. 4ª VARA DO TRABALHO DE O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes
MAGALHÃES CAMINHA e PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO "Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova
ADVOGADOS ASSOCIADOS; e recorridas: PROCTER & GAMBLE técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da
INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA, COTY BRASIL COMÉRCIO causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a
LTDA e SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA. existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos
A reclamante (SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA) e o financeiros apurados por ocasião da liquidação da sentença que
escritório de advocacia (PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase
ADVOGADOS ASSOCIADOS) interpuseram recursos ordinários em processual sob pena de tumultuar o feito e procrastinar seu
pedidos da reclamação trabalhista; e, em relação aos honorários O devido processo legal se constitui na mais importante garantia
advocatícios sucumbenciais pleiteados pelos advogados da parte assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal
reclamada, entendeu que aexigibilidadedeveria ficar sob condição é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera
suspensiva, nos termos do §4º do art. 791-A. judicial como na esfera administrativa.
Contrarrazões apresentadas (Id,s: 1984c15; 1d066ac). Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir
Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros
A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado
cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando
pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas
para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio
direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para
"seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é
inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer, sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado
ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença
primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.". tenha negado a tutela jurisdicional.
pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito, atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento
na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada
direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados da autora.
por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo, Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante
sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias
de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos
Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem
exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os
preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a
modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus
Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de
pericial contábil. trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos
1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até
Sobre o tema, eis o pronunciamento do juízo de primeiro grau: executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não
Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo
que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em
19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de
das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores
para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar
e convenções da empresa em horários muito além do horário estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle
regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um
extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre
Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle Também não considero forma de controle o acompanhamento do
de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora.
equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de
indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de
excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT. controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário
Passo a análise. não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise
In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de
ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é sua jornada de trabalho.
aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o
Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não
a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente.
reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente
estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que
reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo.
Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor
de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os
feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer se dava o preenchimento do expediente de trabalho.
indício nos autos de sua ocorrência. No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau,
Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho da autora na "A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo
exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em
que alega ter participado. aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de
Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores
exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar
pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho, estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle
intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um
em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre
Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes
de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante de estreitar o contato entre empregador e empregado, não
ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho
aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária.
porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para
atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda
como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da Turma de Julgamento:
decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária "CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS
lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I,
excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas, DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente
interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a
decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que
O recurso não alcança provimento. reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não
Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do
formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a
exigido daquele que alega a comprovação da jornada indicada, na produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do
medida do seu interesse em justificar o direito material invocado. exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas
Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo, apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se
tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010-
está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das 38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes
funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018).
apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na "(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo
maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu,
que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do
para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor
aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª-
voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis
quase nada do entremeio. Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT
mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser
coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora
dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos
recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,
trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens
em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras Portanto, de se manter a sentença que indeferiu as diferenças
razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5%
remuneração variável da reclamante. sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas.
Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "...
recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos: créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada
"(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da
remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que
promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários
empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à
clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não
depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente
momento que houve a promessa de pagamento de remuneração (superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição
variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e de pobreza do beneficiário e, assim, ainda que tacitamente, revogue
que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se o benefício.
recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável; Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são
que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes verbas não quitadas no curso do contrato de trabalho.
clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de Como é possível a interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT, a
Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido a ser declarada.
alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente
setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a
comerciais da empresa suportados pela reclamante. suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios.
Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação Determino a aplicação do § 4º do art. 791-A da CLT, no que tange à
genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais suspensão da exigibilidade do crédito relativo aos honorários
considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração." Sustenta a recorrente, em suma, que "havendo gratuidade de
Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a justiça os honorários advocatícios são indevidos.".
reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma O fundamento recursal procede.
variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios, A sentença recorrida concedeu à reclamante os benefícios da
atingimento de metas e comissões.". justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica
Sem razão, contudo. (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,
As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo
para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos, STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo
verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários
probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para
reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios.
contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
formulados pelo Recorrido foram julgados improcedentes, deverá Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
ser reformada a r. sentença para afastar a suspensão da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
exigibilidade dos honorários de sucumbência aos patronos da de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Recorrente, como estabelecido no caput do artigo 791-A da CLT, Fortaleza, 18 de julho de 2022.
direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados Desembargador Relator
Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
- PROCTER & GAMBLE INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e pedidos da reclamação trabalhista; e, em relação aos honorários
da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. No advocatícios sucumbenciais pleiteados pelos advogados da parte
caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o reclamada, entendeu que aexigibilidadedeveria ficar sob condição
pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito, suspensiva, nos termos do §4º do art. 791-A.
na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio Contrarrazões apresentadas (Id,s: 1984c15; 1d066ac).
direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados É o relatório.
sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
eis que, no mais das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para
revela a possibilidade do deferimento de paga por hora extra. 3. I - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE.
porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
§§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de
imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o
declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), impossibilitando, para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do
conseguintemente, condenação da autora em honorários direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer
advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente provido. "seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. Em razão do ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de
parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá-la do primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.".
prejudicados todos os pedidos formulados pelas reclamadas sobre Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d,
o tema em epígrafe. Recurso prejudicado. divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS fidedigna mediante a realização da aludida perícia".
ORDINÁRIOS, provenientes da MM. 4ª VARA DO TRABALHO DE O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes
MAGALHÃES CAMINHA e PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO "Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova
ADVOGADOS ASSOCIADOS; e recorridas: PROCTER & GAMBLE técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da
INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA, COTY BRASIL COMÉRCIO causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a
LTDA e SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA. existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos
A reclamante (SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA) e o financeiros apurados por ocasião da liquidação da sentença que
escritório de advocacia (PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase
ADVOGADOS ASSOCIADOS) interpuseram recursos ordinários em processual sob pena de tumultuar o feito e procrastinar seu
O devido processo legal se constitui na mais importante garantia "HORAS EXTRAS (...)
assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese
é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às
judicial como na esfera administrativa. 19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas
Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados
todas as provas tendentes à demonstração de suas alegações. para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos
Contudo, o direito da parte em produzir provas que entende devidas e convenções da empresa em horários muito além do horário
está sujeito à aferição, pelo Magistrado, da sua necessidade ou regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas
não, de maneira que nem todo indeferimento de prova representa extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a
Para a aferição sobre a ocorrência do cerceamento ao direito de Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle
defesa deve se perquirir sobre a real necessidade da prova e se a de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de
ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o
contrariamente àquele que a requereu. Contudo, ainda que o indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na
Magistrado indefira a produção de uma prova e julgue excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT.
não significa, por si só, cerceio do direito de defesa, porque o In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência
Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é
elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao
a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando presente caso.
se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que
motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª
do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no
se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a
sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro
diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença vendedor, que atendia clientes menores.
tenha negado a tutela jurisdicional. Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo
No caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme
pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito, atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento
na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada
direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados da autora.
por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo, Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante
sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias
de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos
Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem
exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os
preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a
modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus
Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de
pericial contábil. trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos
1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até
Sobre o tema, eis o pronunciamento do juízo de primeiro grau: executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não
possui sede física em Fortaleza (...)". decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária
A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras
visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas,
aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras
jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos
têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar comerciais e treinamentos.".
estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle O recurso não alcança provimento.
de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para
controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser
Também não considero forma de controle o acompanhamento do medida do seu interesse em justificar o direito material invocado.
supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora. Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo,
A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional
envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das
controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se
não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na
do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em
sua jornada de trabalho. que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada
Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa
envio de mensagens da autora em horários não comerciais. Não há aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento
comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e
comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente. quase nada do entremeio.
Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente O que deve ser perquirido, a bem de ver, é a existência de
cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova
alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo. coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se
Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do
aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como
feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer se dava o preenchimento do expediente de trabalho.
indício nos autos de sua ocorrência. No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau,
Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho da autora na "A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo
exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em
que alega ter participado. aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de
Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores
exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar
pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho, estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle
intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um
em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre
Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes
de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante de estreitar o contato entre empregador e empregado, não
ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho
aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária.
porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para
atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda
como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da Turma de Julgamento:
"CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e
EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se
DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável;
laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes
partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de
reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido
condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de
pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos
produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do comerciais da empresa suportados pela reclamante.
exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação
apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais
desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010- da empresa teriam lhe causado prejuízo de alguma forma,
38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração."
da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018). Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a
"(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma
externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu, variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios,
pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do atingimento de metas e comissões.".
empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor Sem razão, contudo.
da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª- As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes
RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos,
Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que
Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser Assim, diante de tal circunstância, verificando-se que a valoração
mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer
na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos
de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho, contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão
intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens vergastada por seus próprios e jurídicos fundamentos.
em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras Portanto, de se manter a sentença que indeferiu as diferenças
razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5%
remuneração variável da reclamante. sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas.
Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "...
recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos: créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada
"(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da
remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que
promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários
empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à
clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não
depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente
momento que houve a promessa de pagamento de remuneração (superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição
o benefício.
Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são CONCLUSÃO DO VOTO
partir da própria Constituição Federal, não há inconstitucionalidade Conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de
O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente mérito, dar parcial provimento ao seu apelo, para isentá-la do
para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restando
suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios. prejudicado o exame do recurso das reclamadas.
advocatícios." DISPOSITIVO
791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para cerceamento de defesa suscitada pela autora e, no mérito, dar
isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios. parcial provimento ao apelo da reclamante, para isentá-la do
Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
formulados pelo Recorrido foram julgados improcedentes, deverá Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
ser reformada a r. sentença para afastar a suspensão da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
exigibilidade dos honorários de sucumbência aos patronos da de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Recorrente, como estabelecido no caput do artigo 791-A da CLT, Fortaleza, 18 de julho de 2022.
direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados Desembargador Relator
Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros
A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado
cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando
pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas
para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio
direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para
"seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é
inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer, sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado
ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença
primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.". tenha negado a tutela jurisdicional.
Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d, pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,
divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio
indeferimento do seguinte pedido: "A autora reitera o pedido de direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados
realização de pericia contábil em razão dos impactos financeiros por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,
que o incorreto pagamento das premiações ocasionaram na sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
remuneração da obreira, principalmente em função dos "NET1 e de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.".
NET2", além dos acordos comerciais cuja apuração só será Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser
fidedigna mediante a realização da aludida perícia". exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica
O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse
"Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova da ampla defesa e os da economia e celeridade processual.
técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova
causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a pericial contábil.
existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos Rejeita-se.
vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase 1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS.
O devido processo legal se constitui na mais importante garantia "HORAS EXTRAS (...)
assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese
é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às
judicial como na esfera administrativa. 19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas
Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados
todas as provas tendentes à demonstração de suas alegações. para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos
Contudo, o direito da parte em produzir provas que entende devidas e convenções da empresa em horários muito além do horário
está sujeito à aferição, pelo Magistrado, da sua necessidade ou regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas
não, de maneira que nem todo indeferimento de prova representa extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a
Para a aferição sobre a ocorrência do cerceamento ao direito de Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle
defesa deve se perquirir sobre a real necessidade da prova e se a de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de
ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o
contrariamente àquele que a requereu. Contudo, ainda que o indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na
Magistrado indefira a produção de uma prova e julgue excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT.
não significa, por si só, cerceio do direito de defesa, porque o In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência
ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é sua jornada de trabalho.
aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o
Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não
a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente.
reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente
estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que
reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo.
Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor
de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os
atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer
pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada indício nos autos de sua ocorrência.
Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos
exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias que alega ter participado.
para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na
autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de
escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,
trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens
jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras
A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido
trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante
depoimentos das partes: ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a
"Depoimento pessoal da autora: (...) que iniciava a jornada às 8h, aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso
saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais
22h30min; que externamente trabalhava até as 19h e que depois atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim
executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da
possui sede física em Fortaleza (...)". decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária
A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras
visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas,
aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras
jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos
têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar comerciais e treinamentos.".
estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle O recurso não alcança provimento.
de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para
controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser
Também não considero forma de controle o acompanhamento do medida do seu interesse em justificar o direito material invocado.
supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora. Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo,
A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional
envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das
controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se
não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na
do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em
que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do
para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor
aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª-
voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis
quase nada do entremeio. Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT
mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser
coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora
dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos
recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,
trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens
se dava o preenchimento do expediente de trabalho. em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras
No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau, oriundas dos eventos.
"A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo 2. DIFERENÇAS NA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em Sobre o tema, assim se manifestou a sentença:
jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores Requer a autora o pagamento das diferenças de premiações em
têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da
estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle remuneração variável da reclamante.
de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que
controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos:
sem fiscalização.". "(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de
Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa
de estreitar o contato entre empregador e empregado, não promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a
desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração
externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária. variável diferentemente do que acontecia com as vendedoras de
No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a
vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse
"CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e
EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se
DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável;
laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes
partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de
reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido
condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de
pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos
produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do comerciais da empresa suportados pela reclamante.
exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação
apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais
desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010- da empresa teriam lhe causado prejuízo de alguma forma,
38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração."
da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018). Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a
"(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma
externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu, variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios,
atingimento de metas e comissões.". justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica
Sem razão, contudo. (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,
As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo
para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos, STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo
verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários
probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para
reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios.
contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
salariais pleiteadas. Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos
Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5% bem como majorar o percentual para 15% sobre o valor atualizado
sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas. da causa. Por fim, na improvável hipótese de não serem pagos os
À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "... valores devidos ou identificados créditos da parte Reclamante em
créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada outros processos, desde já as Reclamadas se resguardam ao
como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados
condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que créditos em favor da parte reclamante, conforme permite o já
tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários referido § 4º do artigo 791-A da CLT.".
advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá
Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não restam prejudicados todos os pedidos ora formulados pelas
deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente reclamadas sobre o tema em epígrafe.
(superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição Recurso prejudicado.
o benefício.
Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são CONCLUSÃO DO VOTO
partir da própria Constituição Federal, não há inconstitucionalidade Conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de
O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente mérito, dar parcial provimento ao seu apelo, para isentá-la do
para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restando
suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios. prejudicado o exame do recurso das reclamadas.
advocatícios." DISPOSITIVO
EMENTA
cerceamento de defesa suscitada pela autora e, no mérito, dar 1. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
parcial provimento ao apelo da reclamante, para isentá-la do REJEITA-SE. Não se desconhece que o direito de defesa deve ser
pagamento dos honorários advocatícios, restando prejudicado o exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica
exame do recurso das reclamadas. preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e
Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. No
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio
Fortaleza, 18 de julho de 2022. direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados
sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
CLAUDIO SOARES PIRES decisão que indeferiu a realização de prova pericial contábil. Rejeita
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. externo somente de forma excepcional está sob controle de horário,
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART término e quase nada do entremeio. Nessa condição impossível se
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS fidedigna mediante a realização da aludida perícia".
ORDINÁRIOS, provenientes da MM. 4ª VARA DO TRABALHO DE O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes
MAGALHÃES CAMINHA e PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO "Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova
ADVOGADOS ASSOCIADOS; e recorridas: PROCTER & GAMBLE técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da
INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA, COTY BRASIL COMÉRCIO causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a
LTDA e SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA. existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos
A reclamante (SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA) e o financeiros apurados por ocasião da liquidação da sentença que
escritório de advocacia (PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase
ADVOGADOS ASSOCIADOS) interpuseram recursos ordinários em processual sob pena de tumultuar o feito e procrastinar seu
pedidos da reclamação trabalhista; e, em relação aos honorários O devido processo legal se constitui na mais importante garantia
advocatícios sucumbenciais pleiteados pelos advogados da parte assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal
reclamada, entendeu que aexigibilidadedeveria ficar sob condição é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera
suspensiva, nos termos do §4º do art. 791-A. judicial como na esfera administrativa.
Contrarrazões apresentadas (Id,s: 1984c15; 1d066ac). Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir
Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros
A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado
cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando
pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas
para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio
direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para
"seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é
inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer, sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado
ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença
primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.". tenha negado a tutela jurisdicional.
Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d, pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,
divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio
indeferimento do seguinte pedido: "A autora reitera o pedido de direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados
realização de pericia contábil em razão dos impactos financeiros por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,
que o incorreto pagamento das premiações ocasionaram na sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
remuneração da obreira, principalmente em função dos "NET1 e de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.".
NET2", além dos acordos comerciais cuja apuração só será Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser
exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os
preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a
modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus
Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de
pericial contábil. trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos
1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até
Sobre o tema, eis o pronunciamento do juízo de primeiro grau: executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não
Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo
que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em
19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de
das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores
para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar
e convenções da empresa em horários muito além do horário estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle
regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um
extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre
Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle Também não considero forma de controle o acompanhamento do
de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora.
equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de
indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de
excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT. controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário
Passo a análise. não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise
In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de
ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é sua jornada de trabalho.
aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o
Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não
a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente.
reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente
estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que
reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo.
Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor
de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os
atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer
pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada indício nos autos de sua ocorrência.
Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos
exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias que alega ter participado.
para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na
autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de
pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho, estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle
intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um
em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre
Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes
de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante de estreitar o contato entre empregador e empregado, não
ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho
aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária.
porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para
atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda
como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da Turma de Julgamento:
decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária "CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS
lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I,
excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas, DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente
interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a
decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que
O recurso não alcança provimento. reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não
Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do
formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a
exigido daquele que alega a comprovação da jornada indicada, na produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do
medida do seu interesse em justificar o direito material invocado. exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas
Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo, apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se
tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010-
está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das 38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes
funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018).
apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na "(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo
maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu,
que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do
para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor
aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª-
voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis
quase nada do entremeio. Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT
mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser
coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora
dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos
recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,
trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens
se dava o preenchimento do expediente de trabalho. em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras
No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau, oriundas dos eventos.
"A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo 2. DIFERENÇAS NA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em Sobre o tema, assim se manifestou a sentença:
jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores Requer a autora o pagamento das diferenças de premiações em
têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da
remuneração variável da reclamante. sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas.
Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "...
recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos: créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada
"(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da
remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que
promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários
empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à
clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não
depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente
momento que houve a promessa de pagamento de remuneração (superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição
variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e de pobreza do beneficiário e, assim, ainda que tacitamente, revogue
que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se o benefício.
recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável; Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são
que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes verbas não quitadas no curso do contrato de trabalho.
clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de Como é possível a interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT, a
Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido a ser declarada.
alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente
setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a
comerciais da empresa suportados pela reclamante. suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios.
Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação Determino a aplicação do § 4º do art. 791-A da CLT, no que tange à
genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais suspensão da exigibilidade do crédito relativo aos honorários
considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração." Sustenta a recorrente, em suma, que "havendo gratuidade de
Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a justiça os honorários advocatícios são indevidos.".
reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma O fundamento recursal procede.
variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios, A sentença recorrida concedeu à reclamante os benefícios da
atingimento de metas e comissões.". justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica
Sem razão, contudo. (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,
As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo
para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos, STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo
verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários
probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para
reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios.
contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
salariais pleiteadas. Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos
Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5% bem como majorar o percentual para 15% sobre o valor atualizado
direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados Desembargador Relator
Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
EMENTA
CARIRI, em que é recorrente: MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA; e um instrumento voltado para a efetivação dos princípios da
recorrida: MARIA DO CARMO SANTOS DE ARAÚJO. impessoalidade e da isonomia no acesso aos cargos públicos.
Recorreu o MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA em face da r. sentença Qualquer cizânia sobre essa espécie de contratação ou sua
que rejeitou a preliminar de incompetência da Justiça do Trabalho e eventual nulidade é competência da Justiça comum, por se tratar de
condenando-o a pagar à reclamante as parcelas descritas no No caso sub oculis, não estamos diante do temporário, visto que a
Ofertadas contrarrazões, Id. af31962; apresentado parecer do (ID 8e57bc9 - Pág. 4): "Emérito Julgador, a relação a qual originou a
Ministério Público do Trabalho, Id. f2536d0. reclamação trabalhista em comento, ADVEIO DE UM CARGO EM
FUNDAMENTAÇÃO não há prova de lei municipal que teria instituído o regime jurídico
Recurso tempestivo, sem irregularidades para relatar, dá-se QUANTO À ADOÇÃO DE REGIME JURÍDICO ÚNICO PELO
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CARGO Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da
COMISSIONADO CELETISTA. CONSECTÁRIOS DEVIDOS. relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e
Versam os autos sobre a contratação deMARIA DO CARMO da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do
SANTOS DE ARAÚJO pelo MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA para Distrito Federal e dos Municípios". Inexiste dúvida de que a Justiça
ocupar os cargos comissionados indicados na inicial. Alega que do Trabalho é competente para apreciar e julgar os pedidos da
nunca recebeu as verbas devidas: férias, décimo terceiro salário e exordial ante a inexistência de indícios quanto à adoção de Regime
indenização compensatória quanto aos valores de FGTS não Jurídico Único pelo Município de Missão Velha. Recurso provido.
Examinando o feito, sentenciou o juízo de origem (Id. 3c0a507). GIRAO, Data de Julgamento: 31/03/2016, Data de Publicação:
"(...) 05/04/2016)"
É verdade que não cabe à Justiça do Trabalho o processamento e são regidos pelo regime CELETISTA da Consolidação das Leis do
julgamento de demandas que envolvam servidores públicos com Trabalho - CLT, conforme dispõe a Lei Orgânica Municipal, Capitulo
regime próprio, relação jurídico-administrativo. VI, Seção II, Art. 93 (ID c2b77d8 - Pág. 7).
Porém, a competência desta Especializada é estabelecida pela Não há, ainda, prova de alteração da lei orgânica, nos presentes
vínculo havido entre as partes era empregatício, atraindo a Diante dos argumentos supra, indefiro a preliminar de
competência para a Justiça do Trabalho. incompetência material absoluta para fixar este Juízo competente
Cabe esclarecermos a distinção de uma contratação por tempo para apreciação da demanda.
interesse público (Art. 37, IX, da CF/88) das nomeações para cargo Irresignado, o Município de Missão Velha interpôs recurso a esta
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração Corte, alegando que a Justiça do Trabalho seria incompetente na
(Art. 37, II, da CF/88). demanda; que o recorrido ocupou cargo comissionado; que o
Pois bem. A admissão do temporário aos quadros do município vínculo que se estabelece entre o empregador e o trabalhador
configura contrato administrativo, para atender a necessidade nomeado para cargo comissionado tem caráter precário e
temporária de excepcional interesse público, ou seja, a CF/88 transitório, sendo evidente que a relação em questão não se tratou
trouxe uma exceção da obrigatoriedade do concurso público, que é de uma relação empregatícia e, portanto, não merecendo prosperar
as alegações da parte autora, não sendo aplicável ao caso o regime mas, efetivados pelo regime celetista, submetem-se à competência
celetista de contratação, nem os direitos dele inerentes. da Justiça do Trabalho. Precedentes. Recurso conhecido e
Em parecer ministerial, a Procuradoria Regional do Trabalho opinou improvido." (TRT da 7ª Região; Processo: 0000462-
pela competência da Justiça do Trabalho, sendo que "Inicialmente, 25.2020.5.07.0037; Data: 05-11-2020; Órgão Julgador: Gab. Des.
importante destacar que,conforme dito na sentença,a Lei Orgânica Claudio Soares Pires - 2ª Turma; Relator(a): CLAUDIO SOARES
observa,não merece reforma a decisão uma vez que em "COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
consonância coma jurisprudência que tem se firmado no sentido de ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA. SERVIDOR PÚBLICO
que aos ocupantes de cargos comissionados celetistas são devidas SUBMETIDO AO REGIME CELETISTA. Nos termos do art. 114 da
verbas, assim como deferido na sentença." (NICODEMOS CF/88, é competente a Justiça do Trabalho para processar e julgar
O recurso não alcança provimento. da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, na
COMPETÊNCIA. Declarado em lei municipal (Lei Orgânica forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de
001/2017) que ao regime de trabalho dos servidores aplicável é a trabalho. No caso, a hipótese é de vínculo de natureza jurídica
CLT, compete à Justiça do Trabalho dirimir as controvérsias contratual trabalhista, em que a Administração Pública
"Art. 93 - O Regime Jurídico dos Servidores da Administração inclusive os ocupantes dos cargos comissionados (Lei
Pública direta, das autarquias e das fundações Públicas é o Municipal nº 1.773/08 - ID. d371277), inserindo-se na
CELETISTA, vedada qualquer outra vinculação de trabalho." competência material da Justiça do Trabalho, nos termos do
Com efeito, insere-se na competência material da Justiça do art. 114, da Constituição Federal de 1988. Sentença
Trabalho, nos termos do art. 114, I, da CF, a hipótese de vínculo de Reformada." (RO 0001636-07.2017.5.07. 0027, Relator: Des.
natureza jurídica contratual, em que a Administração Pública Francisco José Gomes da Silva, Data do Julgamento: 06/08/2018,
Municipal submete servidores públicos às normas da CLT. Data da Assinatura: 07/08/2018, Fonte: PJE-JT).(destaquei)
Portanto, sendo o cargo comissionado, mas o regime da relação de Cita-se, ainda, por pertinente, os seguintes precedentes do C.
trabalho sendo o da CLT, embora não haja dúvida quanto à Tribunal Superior do Trabalho:
natureza transitória dos cargos comissionados, mas, regidos pelo "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
regime celetista, submetem-se à competência da Justiça do INTERPOSTO PELA RECLAMADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
Precedentes desta 2ª Turma de Julgamento, envolvendo a mesma EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO RECEBIDO PELO
hipótese verificada no presente feito: REGIME CELETISTA. Na hipótese destes autos, constou,
"RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO expressamente, do acórdão regional que a relação existente entre
TRABALHO. ENTE PÚBLICO. REGIME JURÍDICO VINCULADO À as partes é empregatícia, situação esta que atrai a competência
CLT. CARGO COMISSIONADO. Mesmo se tratando de exercente desta Justiça especializada para o julgamento desta demanda, e
de cargo comissionado, é competente esta Justiça para processar e que foi rechaçada a tese da reclamada de que a controvérsia destes
julgar a presente lide, vez que o ente municipal aderiu às normas autos gira em torno de relação de cunho jurídico-administrativo.
celetistas para regular as relações entre ele e seus Com efeito, conforme registrado pelo Regional, "o regime jurídico
servidores.Recurso improvido." (TRT da 7ª Região; Processo: escolhido para reger o contrato, no caso concreto, foi o celetista,
0001525-18.2020.5.07.0027; Data: 27-10-2021; Órgão Julgador: conforme se depreende do contrato de trabalho de fl. 119" e "o fato
Gab. Des. Jefferson Quesado Júnior - 2ª Turma; Relator(a): de o ingresso nesse emprego não se submeter a processo seletivo
JEFFERSON QUESADO JUNIOR) não descaracteriza o vínculo celetista". Desse modo, a Corte de
"RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO origem, ao concluir pela competência desta Justiça do Trabalho
TRABALHO. RELAÇÃO DE TRABALHO. CARGO para dirimir o feito, em que se discute o contrato de trabalho firmado
COMISSIONADO. REGIME DA CLT. Se o cargo é comissionado, entre a reclamante, empregada contratada para o exercício de
mas o regime da relação de trabalho é o da CLT, embora não haja cargo em comissão mediante o regime celetista, decidiu em
dúvida quanto à natureza transitória dos cargos comissionados harmonia com a jurisprudência desta Corte. Agravo de instrumento
desprovido. (...)" (ARR - 418-19.2012.5.04.0021, Data de natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
Julgamento: 19/04/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/04/2017) declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Não obstante a
"COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CARGO EM denominação "cargo em comissão" aparentemente só diga respeito
COMISSÃO. VÍNCULO CELETISTA MANTIDO ENTRE O a quem ocupe cargo e não emprego, ou seja, àqueles não regidos
TRABALHADOR E O ENTE PÚBLICO. Definida pela Suprema pela CLT, tem-se que se dirige, na realidade, a todos aqueles que
Corte a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e ostentam ocupação transitória e são nomeados em função da
julgar os conflitos na relação jurídica de caráter administrativo relação de confiança que existe entre eles e a autoridade nomeante.
celebrada entre o Poder Público e seus servidores, bem como para Conjuga-se a exceção do inciso II com a previsão do inciso V
apreciar as ações propostas por trabalhadores contratados sob a ambos do art. 37 da Constituição Federal. No caso, o reclamante
égide da Lei 8.745/93 c/c o inciso IX do art. 37 da CF (RE foi contratado para ocupar cargo em comissão, exercendo a
573.202/AM, julgado em 21/8/2008), não há espaço para a adoção função de assistente da Presidência, sem a aprovação em
de posicionamento distinto por parte dos demais órgãos do Poder concurso público e, após o exercício por quase quatro anos, foi
Judiciário. Todavia, não necessariamente toda relação estabelecida exonerado ad nutum. Ora, diante da possibilidade de exercício
entre trabalhador e Administração Pública Direta será submetida à de função de confiança sem a prévia aprovação em concurso
apreciação da Justiça Comum, mas, tão somente, aquelas público e o atrelamento ao regime da CLT, o contrato firmado
tipicamente jurídico-administrativas, mantendo esta Justiça entre as partes não pode ser tido como nulo(...)" (PROCESSO
Especializada a competência para processar e julgar controvérsia Nº TST-RR-74000-08.2008.5.23.0007, 7ª Turma, Relatora Ministra
envolvendo pessoal contratado por ente público sob o regime da DELAÍDE MIRANDA ARANTES, 12 de fevereiro de 2014).
CLT. O presente caso difere da hipótese tratada pelo STF, pois (destaquei)
naqueles o regime de contratação era estatutário ou jurídico- Ausente a prova de quitação pela edilidade reclamada, o juízo
administrativo, enquanto neste o regime jurídico adotado foi o sentenciante acertadamente deferiu ao recorrido verbas impagas.
ocupante de cargo em comissão, inexiste dúvida acerca da Nesse sentido, colaciona-se o seguinte precedente do C. TST:
competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar "RECURSO DE REVISTA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CARGO
controvérsia envolvendo pessoal contratado por ente público sob o EM COMISSÃO DE LIVRE NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO.
regime celetista, restando inviável declarar a incompetência VERBAS RESCISÓRIAS. 1. O art. 37, II, da Constituição Federal,
absoluta desta Justiça Especializada. Recurso de revista não ao dispor que a investidura em cargo ou emprego público depende
conhecido.(...)", (RR - 1730-82.2012.5.15.0034 Data de Julgamento: de prévia aprovação em concurso, ressalvou as nomeações para
28/09/2016, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, 7ª Turma, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
Data de Publicação: DEJT 07/10/2016). exoneração. Nesse contexto, sedimentou-se nesta Corte o
Referindo-se, portanto, a ação à legislação prevista na contratação entendimento segundo o qual, em se tratando de servidor ou
pelo regime da CLT, a competência para examinar o pedido, a toda empregado público ocupante de cargo em comissão de livre
evidência, é da Justiça do Trabalho, pelo que rejeita-se a preliminar. nomeação e exoneração, porquanto submetido às regras inerentes
DIREITOS TRABALHISTAS. De início, cumpre ressaltar que não rescisórias típicas da dispensa imotivada, tais como aviso-prévio,
há se falar, no caso vertente, em nulidade contratual, tendo em vista depósitos e indenização de 40% de FGTS e multa prevista no art.
o vínculo celetista mantido entre as partes litigantes, como já, 477, § 8º, da CLT, em face de sua incompatibilidade com a
vigorosamente, anunciado acima, por ocasião do exame da instabilidade inerente ao cargo em comissão. 2. Na hipótese,
preliminar de incompetência da justiça do trabalho, e considerando todavia, infere-se dos autos que a condenação da reclamada se
a possibilidade de exercício de cargo em comissão sem a prévia a limitou a férias proporcionais e vencidas, acrescidas do terço
aprovação em concurso público (art. 37, II, da CF). constitucional; gratificação natalina; resíduo de FGTS sobre as
Nesta esteira decidiu o Tribunal Superior do Trabalho: parcelas deferidas em juízo; e tíquetes-alimentação atrasados.3.
"(...) na dicção do art. 37, II, da Constituição Federal, a investidura Nos termos do art. 39, § 3º, da Constituição da República, mesmo
em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em aos ocupantes de cargo público, são assegurados determinados
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a direitos conferidos aos trabalhadores, dentre eles as férias, inclusive
comissão de livre nomeação e exoneração, sob o regime da CLT, ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
tem direito aos depósitos de FGTS. Precedentes. 4. Desse modo, Diretor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s):
- VANDERLUCIO FELIX BERNARDINO
CONCLUSÃO DO VOTO
EMENTA
DISPOSITIVO
reconhecidas na sentença (Súmula 331, IV, do TST). pagamento das verbas trabalhistas e rescisórias objeto da
RELATÓRIO entre ela e o reclamante e ainda que ele não lhe prestou serviços,
sentença que julgou procedentes os pedidos vindicados na apenas da primeira reclamada, embora reconheça ter firmado
reclamação trabalhista movida por VANDERLUCIO FELIX contrato de representação comercial com a primeira reclamada.
BERNARDINO (reclamante) contra ONLINE SERVICOS EM Tem-se que o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da
TELECOMUNICACOES LTDA - ME (1ª reclamada) e improcedente tomadora de serviços, decorrente da terceirização, só é possível
a postulação em face da CLARO S/A (2ª reclamada), afastada sua diante da existência de prova efetivo de que os serviços prestados
responsabilização subsidiária pleiteada pelo autor. pelo empregado,no âmbito da empresa contratada, se davam em
Irresignado, o reclamante requer por meio do Recurso ordinário a prol da contratante. Trata-se, pois, de encargo probatório da parte
reforma da sentença de piso para que a segunda reclamada, autora, por se tratar de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I,
subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas decorrentes da No caso dos presentes autos, não há uma prova sequer neste
relação empregatícia havida entre obreiro e 1ª reclamada. sentido, nem documental, nem mesmo testemunha, na medida em
A 2ª reclamada, devidamente intimada, apresentou contrarrazões que ambas as partes declinaram da produção de prova
Dispensado o parecer prévio da Procuradoria Regional do Trabalho responsabilização da 2ª reclamada diante da inexistência de provas
(art. 109, do Regimento Interno). da efetiva prestação de serviços do obreiro em prol da segunda
Cumpridos todos os pressupostos de admissibilidade, admite-se o serviços, decorrente da terceirização, só é possível diante da
recurso ordinário veiculado pelo reclamante. existência de prova de que os serviços prestados pelo empregado,
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA SEGUNDA Nesse caso, o ônus da prova é atribuído ao reclamante por se tratar
RECLAMADA (CLARO S/A) de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I, CLT). Seria temerário
O reclamante não se resigna com a exclusão sentencial da reconhecer a responsabilização da 2ª reclamada, quando as únicas
responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada (CLARO S/A), provas dos autos são "manifestos de carga" contendo, tão somente,
aduzindo em sua razões recursais que os documentos juntados, o nome da segunda reclamada no cabeçalho, sem a identificação
demonstram a existência de prestação de serviços em prol da da fornecedora, e, ainda, alguns, com data anterior ao início da
Claro, tais como ordens de serviços, designação posto no crachá do vigência do contrato de trabalho autor. Recurso da segunda
obreiro "a serviço da net/claro", pelo que requer a reforma da reclamada ao qual se dá provimento. (TRT da 3.ª Região; PJe:
sentença para ter reconhecida a responsabilização subsidiária da 0011274-77.2016.5.03.0167 (RO); Disponibilização: 30/08/2021,
Acerca da temática, a decisão primária pronunciou o fundamento Redator: Sebastião Geraldo de Oliveira)
Não é possível presumir a utilização da mão de obra do autor no da ordem justrabalhista no que tange à temática da
cumprimento do contrato de prestação de serviços celebrado entre responsabilidade em contextos de terceirização, fixou que " o
as reclamadas, pois a empresa prestadora de serviços possui inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
liberdade contratual para designar os empregados que atendem a empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador
cada contratante. Desse modo, a ausência de controvérsia acerca dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que este tenha
da existência do contrato de prestação de serviços entre as participado da relação processual e conste também do título
reclamadas não implica ausência de controvérsia acerca da executivo judicial" (Súmula 331, IV). O entendimento jurisprudencial
utilização da mão de obra específica do reclamante no cumprimento sumulado claramente percebe a existência de responsabilidade do
do referido contrato,alegação que foi objeto de impugnação tomador de serviços por todas as obrigações laborais decorrentes
específica na contestação apresentada pela empresa contratante da da terceirização (ultrapassando a restrição de parcelas contida no
empregadora, mantendo, assim, com o autor o ônus de comprovar texto da Lei n. 6.019/74). Apreende também a súmula a incidência
o fato constitutivo do direito ao reconhecimento da responsabilidade da responsabilidade desde que verificado o inadimplemento
subsidiária. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010360- 54.2019.5.03.0087 trabalhista por parte do contratante formal do obreiro terceirizado.
(RO); Disponibilização: 14/07/2021, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página Saliente-se, ainda, que a reforma trabalhista de 2017 igualmente
865; Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Paulo Chaves Correa sufragou a existência da responsabilidade subsidiária da entidade
Assim, não resta outra solução senão julgar improcedente a pelas parcelas inadimplidas pela empresa prestadora de serviços no
postulação autoral em relação à segunda reclamada (CLARO S.A)". contexto de relação trilateral de terceirização trabalhista. É o que
À análise. resulta claro da regra especificada no art. 5º-A, § 5º, da Lei n. 6.019,
Vale ressaltar que, em sua contestação a segunda reclamada conforme redação implementada pela Lei n. 13.429/2017. O próprio
assevera que não existiu vínculo empregatício entre ela e o STF, no julgamento em que alargou as possibilidades da
reclamante e ainda que ele não lhe prestou serviços, não podendo terceirização de serviços no sistema socioeconômico do País
assim ser responsabilizada subsidiariamente pelo pagamento das (abrangendo, inclusive, as atividades-fim da empresa tomadora de
verbas postuladas que, no seu entender, são de responsabilidade serviços), enfatizou a presença da responsabilidade subsidiária
apenas da primeira reclamada. Embora reconheça ter firmado dessa entidade tomadora pelas obrigações trabalhistas da empresa
contrato de representação comercial com a primeira reclamada. terceirizante, em qualquer modalidade de terceirização , a par da
Mais relevante é que a contratação formal, tanto com a ONLINE responsabilidade pelas contribuições previdenciárias pertinentes
SERVICOS EM TELECOMUNICACOES LTDA - ME (1ª reclamada) (ADPF n. 324/MG: Rel. Min. Luis Roberto Barroso; RR n.
e CLARO S/A (2ª reclamada), não representa óbice ao 958.252/MG, Rel. Min. Luiz Fux - ambas com decisão prolatada na
reconhecimento da verdadeira condição de tomadora dos serviços e sessão de 30.08.2018). Em síntese, firmou-se a tese, pelo STF, por
de que esta, por força do proveito direto do trabalho do reclamante, maioria, no sentido de ser " lícita a terceirização ou qualquer outra
é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas não forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
adimplidas pela empregadora principal, a teor do item IV da Súmula independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
331 do TST, até porque a mencionada previsão sumular não mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ".
comporta qualquer exceção, incidindo a responsabilidade Não há dúvida de que a interpretação contida na Súmula 331, IV,
subsidiária do tomador em todas as modalidades de terceirização bem como do próprio STF sobre o tema da responsabilização do
vigentes na ordem jurídica, independentemente do objeto social das tomador dos serviços, abrange todas as hipóteses de terceirização
pessoas jurídicas envolvidas ou do título atribuído ao contrato por veiculadas na ordem sociojurídica brasileira. Nesse quadro,
Eis uma amostra jurisprudencial que exala o mesmo entendimento: serviços compreende também a Empresa que figure como
"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DE CLARO S.A. RECURSO DE contratante num contrato de transporte de mercadoria ou similar,
REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E desde que envolva a utilização da força de trabalho humano. No
ANTERIOR À LEI 13.467/17. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. caso concreto, o Tribunal Regional de origem reformou a sentença,
EMPRESA PRIVADA. SÚMULA 331, IV/TST. A Súmula 331 do TST que tinha reconhecido a responsabilidade subsidiária da 2ª
- elaborada na década de 1990, após longo enfrentamento dos Reclamada (BRACELL SP CELULOSE LTDA.), ao fundamento de
assuntos concernentes à terceirização -, ao tratar da interpretação que o contrato firmado com a 1ª Reclamada, empregadora do
Reclamante, não se confunde com a terceirização de serviços, eis resulta reconhecida na jurisprudência do TST e do STF, através da
que se trata de relação meramente comercial, não sendo aplicável à Súmula 331, IV, TST, e tese firmada pelo STF na ADPF 324, ponto
hipótese o disposto na Súmula 331 do TST. Contudo, ficou 2, item "ii", bem como com fulcro no art. 5º-A, §5º, da Lei
incontroverso nos autos que a 2ª Reclamada se beneficiou da 6.019/1974, com redação dada pela Lei 13.426/2017.
atividade da 1ª Ré e da força de trabalho despendida pelo Autor. Portanto, inexiste na lei e na jurisprudência exigência de
Assim, considera-se que a 2ª Reclamada é tomadora dos serviços demonstração de conduta culposa da tomadora de serviço para que
prestados pela 1ª Ré e deve ser responsabilizada, de forma seja possível sua responsabilização. Tratando-se de empresa
subsidiária, pelas verbas laborais devidas ao Reclamante, conforme privada, a exigência para sua responsabilização subsidiária é
Súmula 331, IV/TST. Repita-se: não se questiona a licitude do apenas a sua condição de tomadora de serviços do autor e sua
créditos pendentes dos trabalhadores que lhe serviram. Registre-se, CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE
mais uma vez, que a responsabilidade subsidiária do tomador dos (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) -
serviços pelas verbas laborais inadimplidas pelo empregador formal Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
abrange todas as hipóteses de terceirização veiculadas na ordem I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal,
jurídica brasileira, o que inclui, evidentemente, o contrato de formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços,
transporte de mercadorias e afins - quando envolver a utilização da salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
força de trabalho humano. Julgados desta Corte. Agravo de II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa
instrumento desprovido. B) AGRAVO DE INSTRUMENTO DE interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da
LÍDER TELECOM - COMÉRCIO E SERVIÇOS EM Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de
LEI 13.467/17. DESERÇÃO. DEPÓSITO RECURSAL. AUSÊNCIA serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de
DE RECOLHIMENTO. Segundo a jurisprudência firmada no TST, é conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados
possível a concessão da gratuidade de justiça às pessoas jurídicas ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a
de direito privado, desde que comprovada sua hipossuficiência pessoalidade e a subordinação direta.
econômica, nos termos da Súmula 463, II/TST, o que não foi IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
configurada na presente hipótese. Oportuno salientar que, nos empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
termos da atual redação da OJ 140/SBDI-1/TST, "em caso de serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito relação processual e conste também do título executivo judicial.
recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido", caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
o que não é o caso dos autos, tendo em vista a ausência do obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
recolhimento do valor do depósito recursal. Por fim, inaplicável, a fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
isenção prevista no § 10 do art. 899 da CLT, incluída pela Lei nº prestadora de serviço como empregadora. A aludida
13.467/2017, às empresas em recuperação judicial, por se tratar de responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
recurso interposto antes da vigência da referida lei. Agravo de obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
empresas privadas, falece a argumentação de que o decreto de Por fim, a condenação subsidiária alcança todas as parcelas não
responsabilidade da terceira reclamada ficaria condicionado à adimplidas pela devedora principal, independentemente da natureza
comprovação da culpa "in vigilando" ou "in eligendo". das verbas (salarial ou indenizatória), além de multas, indenizações,
Ora, tem-se que a responsabilidade da tomadora dos serviços honorários e o que mais constar da sentença condenatória, como
orienta o item VI da Súmula 331 do TST. item VI da Súmula 331 do TST, no sentido de que "a
Observa-se diante das provas acostadas nos autos, que o autor responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas
exercia a função de técnico de instalação, tendo tal condição as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da
anotada em sua CTPS e que prestava serviços em prol da CLARO, prestação laboral". Recurso de revista não conhecido." (TST - RR:
sendo incontroverso que a empresa ONLINE figurava como 19661920135100008, Relator: Delaide Alves Miranda Arantes, Data
terceirizada da CLARO, então tomadora de serviço. de Julgamento: 08/12/2021, 8ª Turma, Data de Publicação:
cc40d0d, 147ae7e, 6e87671, 0f9dbfd, b110bb7, af27cd9, Portanto, concede-se provimento ao recurso ordinário interposto
00a2d39,9ea2b8f, 61cf203) e o crachá do recorrente evidenciando pelo reclamante para condenar, subsidiariamente, a tomadora de
que trabalhava também para a ré (Claro S/A). serviço Claro S/A pelo pagamento de todas as verbas rescisórias
Frise-se, por oportuno, que os documentos colimados aos autos oriundas da condenação imposta à reclamada principal, os moldes
pelo obreiro demonstram que este prestava serviços em nome da da Súmula 331, III e IV, do TST, sem exclusão das multas dos
segunda reclamada, tendo este se beneficiado dos labor autoral, artigos 477, paragrafo oitavo, e 467 da CLT.
como é possível aferir a partir do documentos de Id. a26c9e2, Diante do exposto, reformada a sentença de 1º Grau, nesse
tratando-se de diversas ordens de serviços de instalações, o que é particular. Recurso obreiro provido no tocante.
subsidiária alcança, também, as de cunho indenizatório e punitivo, Conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no mérito, dar-lhe
inclusive as decorrentes da mora patronal e do descumprimento de provimento para condenar subsidiariamente a segunda reclamada
norma legal ou convencional, sendo, destarte, imponível o (CLARO S/A) pelo pagamento das parcelas reconhecidas na
nesse sentido:
tema. (...) (TST - RRAg: 1009923720175010222, Relator: Alexandre ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
De Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/02/2022, 3ª TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
"RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. LEI 13.015/2014. mérito, dar-lhe provimento para condenar subsidiariamente a
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA DA segunda (CLARO S/A) pelo pagamento das parcelas reconhecidas
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços inclui as multas Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
dos artigos 467 e 477 da CLT e a indenização equivalente a um Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
salário mínimo, devida pela ausência de inscrição da reclamante no (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
PIS, está em consonância com o entendimento consubstanciado no Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
Fortaleza, 18 de julho de 2022. segunda reclamada, tomadora dos serviços, ora participante da
Relator
EMENTA
FUNDAMENTAÇÃO
pagamento das verbas trabalhistas e rescisórias objeto da Não é possível presumir a utilização da mão de obra do autor no
condenação, por ter usufruído do seu labor. Em sua contestação, a cumprimento do contrato de prestação de serviços celebrado entre
segunda reclamada assevera que não existiu vínculo empregatício as reclamadas, pois a empresa prestadora de serviços possui
entre ela e o reclamante e ainda que ele não lhe prestou serviços, liberdade contratual para designar os empregados que atendem a
não podendo assim ser responsabilizada subsidiariamente, pelo cada contratante. Desse modo, a ausência de controvérsia acerca
pagamento das verbas postuladas, que, no seu entender, são de da existência do contrato de prestação de serviços entre as
apenas da primeira reclamada, embora reconheça ter firmado utilização da mão de obra específica do reclamante no cumprimento
contrato de representação comercial com a primeira reclamada. do referido contrato,alegação que foi objeto de impugnação
Tem-se que o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da específica na contestação apresentada pela empresa contratante da
tomadora de serviços, decorrente da terceirização, só é possível empregadora, mantendo, assim, com o autor o ônus de comprovar
diante da existência de prova efetivo de que os serviços prestados o fato constitutivo do direito ao reconhecimento da responsabilidade
pelo empregado,no âmbito da empresa contratada, se davam em subsidiária. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010360- 54.2019.5.03.0087
prol da contratante. Trata-se, pois, de encargo probatório da parte (RO); Disponibilização: 14/07/2021, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página
autora, por se tratar de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I, 865; Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Paulo Chaves Correa
CLT). Filho)
No caso dos presentes autos, não há uma prova sequer neste Assim, não resta outra solução senão julgar improcedente a
sentido, nem documental, nem mesmo testemunha, na medida em postulação autoral em relação à segunda reclamada (CLARO S.A)".
testemunhal. Seria mesmo temerário reconhecer a Vale ressaltar que, em sua contestação a segunda reclamada
responsabilização da 2ª reclamada diante da inexistência de provas assevera que não existiu vínculo empregatício entre ela e o
da efetiva prestação de serviços do obreiro em prol da segunda reclamante e ainda que ele não lhe prestou serviços, não podendo
reclamada (tomadora dos serviços). Corroborando o entendimento assim ser responsabilizada subsidiariamente pelo pagamento das
ora adotado, transcrevo os seguintes arestos: verbas postuladas que, no seu entender, são de responsabilidade
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. PRESTAÇÃO DE apenas da primeira reclamada. Embora reconheça ter firmado
SERVIÇOS EM PROL DA TOMADORA. ÔNUS DO RECLAMANTE. contrato de representação comercial com a primeira reclamada.
AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. Mais relevante é que a contratação formal, tanto com a ONLINE
serviços, decorrente da terceirização, só é possível diante da e CLARO S/A (2ª reclamada), não representa óbice ao
existência de prova de que os serviços prestados pelo empregado, reconhecimento da verdadeira condição de tomadora dos serviços e
no âmbito da empresa contratada, se davam em prol da contratante. de que esta, por força do proveito direto do trabalho do reclamante,
Nesse caso, o ônus da prova é atribuído ao reclamante por se tratar é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas não
de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I, CLT). Seria temerário adimplidas pela empregadora principal, a teor do item IV da Súmula
reconhecer a responsabilização da 2ª reclamada, quando as únicas 331 do TST, até porque a mencionada previsão sumular não
provas dos autos são "manifestos de carga" contendo, tão somente, comporta qualquer exceção, incidindo a responsabilidade
o nome da segunda reclamada no cabeçalho, sem a identificação subsidiária do tomador em todas as modalidades de terceirização
da fornecedora, e, ainda, alguns, com data anterior ao início da vigentes na ordem jurídica, independentemente do objeto social das
vigência do contrato de trabalho autor. Recurso da segunda pessoas jurídicas envolvidas ou do título atribuído ao contrato por
0011274-77.2016.5.03.0167 (RO); Disponibilização: 30/08/2021, Eis uma amostra jurisprudencial que exala o mesmo entendimento:
DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 175; Órgão Julgador: Segunda Turma; "A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DE CLARO S.A. RECURSO DE
Redator: Sebastião Geraldo de Oliveira) REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E
EMPRESA PRIVADA. SÚMULA 331, IV/TST. A Súmula 331 do TST que tinha reconhecido a responsabilidade subsidiária da 2ª
- elaborada na década de 1990, após longo enfrentamento dos Reclamada (BRACELL SP CELULOSE LTDA.), ao fundamento de
assuntos concernentes à terceirização -, ao tratar da interpretação que o contrato firmado com a 1ª Reclamada, empregadora do
da ordem justrabalhista no que tange à temática da Reclamante, não se confunde com a terceirização de serviços, eis
responsabilidade em contextos de terceirização, fixou que " o que se trata de relação meramente comercial, não sendo aplicável à
inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do hipótese o disposto na Súmula 331 do TST. Contudo, ficou
empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador incontroverso nos autos que a 2ª Reclamada se beneficiou da
dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que este tenha atividade da 1ª Ré e da força de trabalho despendida pelo Autor.
participado da relação processual e conste também do título Assim, considera-se que a 2ª Reclamada é tomadora dos serviços
executivo judicial" (Súmula 331, IV). O entendimento jurisprudencial prestados pela 1ª Ré e deve ser responsabilizada, de forma
sumulado claramente percebe a existência de responsabilidade do subsidiária, pelas verbas laborais devidas ao Reclamante, conforme
tomador de serviços por todas as obrigações laborais decorrentes Súmula 331, IV/TST. Repita-se: não se questiona a licitude do
da terceirização (ultrapassando a restrição de parcelas contida no contrato de prestação de serviço; porém, inadimplindo a contratada
texto da Lei n. 6.019/74). Apreende também a súmula a incidência as obrigações trabalhistas, deve responder a Reclamada pelos
da responsabilidade desde que verificado o inadimplemento créditos pendentes dos trabalhadores que lhe serviram. Registre-se,
trabalhista por parte do contratante formal do obreiro terceirizado. mais uma vez, que a responsabilidade subsidiária do tomador dos
Saliente-se, ainda, que a reforma trabalhista de 2017 igualmente serviços pelas verbas laborais inadimplidas pelo empregador formal
sufragou a existência da responsabilidade subsidiária da entidade abrange todas as hipóteses de terceirização veiculadas na ordem
tomadora de serviços (ora denominada de " empresa contratante ") jurídica brasileira, o que inclui, evidentemente, o contrato de
pelas parcelas inadimplidas pela empresa prestadora de serviços no transporte de mercadorias e afins - quando envolver a utilização da
contexto de relação trilateral de terceirização trabalhista. É o que força de trabalho humano. Julgados desta Corte. Agravo de
resulta claro da regra especificada no art. 5º-A, § 5º, da Lei n. 6.019, instrumento desprovido. B) AGRAVO DE INSTRUMENTO DE
conforme redação implementada pela Lei n. 13.429/2017. O próprio LÍDER TELECOM - COMÉRCIO E SERVIÇOS EM
terceirização de serviços no sistema socioeconômico do País PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
(abrangendo, inclusive, as atividades-fim da empresa tomadora de LEI 13.467/17. DESERÇÃO. DEPÓSITO RECURSAL. AUSÊNCIA
serviços), enfatizou a presença da responsabilidade subsidiária DE RECOLHIMENTO. Segundo a jurisprudência firmada no TST, é
dessa entidade tomadora pelas obrigações trabalhistas da empresa possível a concessão da gratuidade de justiça às pessoas jurídicas
terceirizante, em qualquer modalidade de terceirização , a par da de direito privado, desde que comprovada sua hipossuficiência
responsabilidade pelas contribuições previdenciárias pertinentes econômica, nos termos da Súmula 463, II/TST, o que não foi
(ADPF n. 324/MG: Rel. Min. Luis Roberto Barroso; RR n. configurada na presente hipótese. Oportuno salientar que, nos
958.252/MG, Rel. Min. Luiz Fux - ambas com decisão prolatada na termos da atual redação da OJ 140/SBDI-1/TST, "em caso de
sessão de 30.08.2018). Em síntese, firmou-se a tese, pelo STF, por recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito
maioria, no sentido de ser " lícita a terceirização ou qualquer outra recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o
forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de
independentemente do objeto social das empresas envolvidas, 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido",
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". o que não é o caso dos autos, tendo em vista a ausência do
Não há dúvida de que a interpretação contida na Súmula 331, IV, recolhimento do valor do depósito recursal. Por fim, inaplicável, a
bem como do próprio STF sobre o tema da responsabilização do isenção prevista no § 10 do art. 899 da CLT, incluída pela Lei nº
tomador dos serviços, abrange todas as hipóteses de terceirização 13.467/2017, às empresas em recuperação judicial, por se tratar de
veiculadas na ordem sociojurídica brasileira. Nesse quadro, recurso interposto antes da vigência da referida lei. Agravo de
serviços compreende também a Empresa que figure como Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT
desde que envolva a utilização da força de trabalho humano. No No mais, como se cuida de terceirização praticada no âmbito de
caso concreto, o Tribunal Regional de origem reformou a sentença, empresas privadas, falece a argumentação de que o decreto de
responsabilidade da terceira reclamada ficaria condicionado à adimplidas pela devedora principal, independentemente da natureza
comprovação da culpa "in vigilando" ou "in eligendo". das verbas (salarial ou indenizatória), além de multas, indenizações,
Ora, tem-se que a responsabilidade da tomadora dos serviços honorários e o que mais constar da sentença condenatória, como
resulta reconhecida na jurisprudência do TST e do STF, através da orienta o item VI da Súmula 331 do TST.
Súmula 331, IV, TST, e tese firmada pelo STF na ADPF 324, ponto Observa-se diante das provas acostadas nos autos, que o autor
2, item "ii", bem como com fulcro no art. 5º-A, §5º, da Lei exercia a função de técnico de instalação, tendo tal condição
6.019/1974, com redação dada pela Lei 13.426/2017. anotada em sua CTPS e que prestava serviços em prol da CLARO,
Portanto, inexiste na lei e na jurisprudência exigência de sendo incontroverso que a empresa ONLINE figurava como
demonstração de conduta culposa da tomadora de serviço para que terceirizada da CLARO, então tomadora de serviço.
seja possível sua responsabilização. Tratando-se de empresa Conforme,comprovam a ordem de serviços da Claro( id a26c9e2 e
privada, a exigência para sua responsabilização subsidiária é provas emprestadas IDS 19422c0, bda7c86, 1b1f76a, d58ccc1,
apenas a sua condição de tomadora de serviços do autor e sua cc40d0d, 147ae7e, 6e87671, 0f9dbfd, b110bb7, af27cd9,
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE Frise-se, por oportuno, que os documentos colimados aos autos
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - pelo obreiro demonstram que este prestava serviços em nome da
Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 segunda reclamada, tendo este se beneficiado dos labor autoral,
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, como é possível aferir a partir do documentos de Id. a26c9e2,
formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, tratando-se de diversas ordens de serviços de instalações, o que é
salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). reforçado pela identificação da Claro no crachá do autor como meio
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa de identificação ("a serviço da NET/CLARO"), pelo que não resta
interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da resquício de dúvida de que subsiste responsabilidade da tomadora
Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da de serviços por contrato do qual se beneficiou.
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de subsidiária alcança, também, as de cunho indenizatório e punitivo,
serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de inclusive as decorrentes da mora patronal e do descumprimento de
conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados norma legal ou convencional, sendo, destarte, imponível o
ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pagamento de todas as parcelas que sejam inicialmente de
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do Súmula nº 331 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho).
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos Segue jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da nesse sentido:
relação processual e conste também do título executivo judicial. "(...) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA DA
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta CONDENAÇÃO. De acordo com o entendimento cristalizado no
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, item VI da Súmula nº 331 deste Tribunal, a responsabilidade
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na decorrentes da condenação referentes ao período da prestação
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da laboral, tanto as de natureza salarial como as de cunho
prestadora de serviço como empregadora. A aludida indenizatório. Agravo de instrumento conhecido e desprovido no
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das tema. (...) (TST - RRAg: 1009923720175010222, Relator: Alexandre
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente De Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/02/2022, 3ª
VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange "RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. LEI 13.015/2014.
Por fim, a condenação subsidiária alcança todas as parcelas não responsabilidade subsidiária do tomador de serviços inclui as multas
dos artigos 467 e 477 da CLT e a indenização equivalente a um Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
salário mínimo, devida pela ausência de inscrição da reclamante no (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
PIS, está em consonância com o entendimento consubstanciado no Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
item VI da Súmula 331 do TST, no sentido de que "a Fortaleza, 18 de julho de 2022.
19661920135100008, Relator: Delaide Alves Miranda Arantes, Data Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
Portanto, concede-se provimento ao recurso ordinário interposto ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
Conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no mérito, dar-lhe - TRANSCIDADE SERVICOS AMBIENTAIS EIRELI
provimento para condenar subsidiariamente a segunda reclamada
sentença.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
EMENTA
que tange às verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16 do pagamento das verbas rescisórias aos herdeiros, ora
da Lei 1.046 /50, segundo o qual "Ocorrido o falecimento do reclamantes, a empresa procedeu ao desconto no valor de
consignante, ficará extinta a dívida do empréstimo feito mediante R$1.241,83, referente a empréstimo consignado firmado junto ao
obrigação, resta indevido o desconto a tal título das verbas A recorrente rechaça a sentença de piso ao argumento de que o
rescisórias do obreiro falecido. Sentença mantida. desconto encontra previsão na lei 10.820/2003, que autoriza os
4.840/2003.
CLEANE DOS SANTOS SILVA, e KAYLLANE MOUTA PAIVA, JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA, CLEANE DOS SANTOS SILVA
herdeiros de JOSÉ DA SILVA PAIVA contra TRANSCIDADE e KAYLLANE MOUTA PAIVA, qualificado nos autos, ajuizou
Irresignada, a reclamada apresentou Recurso Ordinário, pleiteando AMBIENTAIS EIRELI, alegando, em resumo, que são herdeiros
a reforma do julgado, a fim de ter afastada a condenação que legítimos do de cujos José da Silva Paiva. Afirmam que o falecido
determinou a restituição do desconto, realizado pela empresa, nas trabalhou para a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021,
verbas rescisórias do obreiro falecido, considerado desconto quando veio a óbito. Alegam que a reclamada, no ato do pagamento
indevido pelo juízo de piso. das verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de
Contrarrazões apresentadas tempestivamente pela reclamantes, Id. R$ 1.241,83 em consequência de um empréstimo compulsório
feb5291. realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Salientam que, até o
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho momento, a reclamante não liberou as guias para liberação do
para emissão de parecer. seguro desemprego, tampouco para o saque do FGTS e do PIS.
Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de Postulam, ainda, os benefícios da gratuidade processual (fls. 02/08).
admissibilidade, conheço do recurso ordinário interposto pela Juntou procurações e documentos (fls. 34/37).
DESCONTOS REALIZADOS SOBRE AS VERBAS PIS/PASEP devem ser feita perante a Caixa Econômica Federal, na
RESCISÓRIAS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PREVISÃO NA hipótese dos herdeiros estarem devidamente habilitados na
LEI 10.820/2003. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO Previdência Social, nos termos do art. 1º da Lei 6.858/80, o que não
CONTRATO BANCÁRIO DE EMPRÉSTIMO. ÔNUS DA ocorreu no presente caso. Afirma que a morte do funcionário não
RECLAMADA A QUEM CUMPRE OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE constitui fato gerador para liberação das guias do seguro. Por isso,
Inicialmente, cumpre esclarecer que o obreiro JOSÉ DA SILVA desemprego, mormente por se tratar de um direito pessoal e
PAIVA laborou para a reclamada de 03/06/2019, como auxiliar de intransferível do trabalhador, nos termos dos do arts. 6º e 8º, IV, da
produção, percebendo remuneração no valor de R$1.073,00, vindo Lei 7.998/90. Assevera que o desconto efetivado na rescisão no
a óbito em 17/10/2021, o que motivou a rescisão contratual. Quando importe de R$ 1.241,83, em consequência de empréstimo
consignado, tem amparo no art, 1º, § 1º, da Lei 10.820/2003, que 04 DA LEGITIMIDADE DOS SUCESSORES DO FALECIDO
permite seja efetuado o desconto de até 35% do valor das verbas Convém definir, antes da análise da questão de fundo, quem são os
rescisórias, o que foi observado pela empresa, já que o valor bruto legitimados legais para receber e dar quitação aos direitos
concessão da tutela, bem da verba honorária. Bate pelo É que, a sucessão processual das partes no Processo Laboral tem
acolhimento da preliminar e, se ultrapassada, pela improcedência tratamento diverso daquele dispensado ao Processo Civil. Assim, o
dos pedidos (fls. 68/78). Juntou procuração e documentos (fls. art. 75, VII, da Nova Lei Adjetiva Civil não tem aplicação supletiva
56/67 e 79/84). no Processo do Trabalho, pois temos lei específica que regula tão
Sobre a documentação juntada com a defesa, o patrono da parte somente o pagamento aos dependentes ou sucessores de valores
autora informou que nada tem a opor. decorrentes da relação empregatícia que não tenham sido
As partes disseram que não têm quaisquer outras provas a produzir, recebidos em vida pelo de cujus.
ficando encerrada a instrução probatória. Trata-se da Lei nº 6.858/1980 que, ao dispor sobre o pagamento
Razões finais remissivas pelas partes. aos dependentes ou sucessores de valores não recebidos em vida
Frustradas as propostas conciliatórias. pelos respectivos titulares, em seu art. 1°, determina, verbis:
De primórdio, determino a retificação no sistema do PJE, passando recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em
ali figurar o presente feito como reclamação trabalhista sujeita ao quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência
rito sumaríssimo, já que a pretensão deduzida na exordial não se Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e
restringe a expedição de alvarás, mas também a pedido de militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil,
Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da Consolidação das Leis Do mesmo modo, a Lei nº 8.036/90, em seu art. 20, VIII, dispõe que,
(remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser
Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou movimentada nas seguintes situações:
procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus
não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência
gratuidade da justiça à parte autora. social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por
A reclamada alega que, nos termos do art. 840 da CLT, a inicial da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil,
deve apresentar pedido certo, determinado e com valor líquido, sob indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do
pena de inépcia. Afirma que, no caso dos autos, a exordial deixou interessado, independentemente de inventário ou arrolamento.
de discriminar os valores referentes ao PIS/PASEP, devendo, desse Da análise dos dispositivos acima transcritos são legitimados para o
modo, ser extinto o presente processo, sem a resolução do mérito, recebimento de créditos trabalhistas do empregado falecido os
nos termos do artigo 840, §3º da CLT. dependentes arrolados junto ao INSS e, inexistindo estes, todos os
PIS/PASEP, não há como cogitar de inépcia da inicial, visto que a No caso sob exame, os reclamantes não anexaram ao feito nenhum
pretensão autoral, no tocante ao pleito em destaque, diz respeito a documento comprovando a condição ou qualidade de dependentes
mera expedição de alvará para liberação de eventuais valores do falecido perante a Previdência Social, ou mesmo documento
existentes em conta, de modo que, não existe nenhum pedido comprovando a percepção de pensão por morte.
condenatório no tocante ao benefício citado. Desse modo, inexistindo dependentes do falecido regularmente
Em assim sendo, não há necessidade da indicação de valores, habilitados perante ao INSS, legitimados serão todos os sucessores
sendo, por isso, afastada a preliminar de inépcia. do de cujus previstos na lei civil, independentemente de inventário
estabelece como ordem legítima na sucessão: A despeito da Lei nº 6.858/1980 dispor, em seu art. 1º, que o
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: montante do "Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma
universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará
herança não houver deixado bens particulares; judicial, independentemente de inventário ou arrolamento", os
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; reclamantes não anexaram ao feito nenhum documento
No caso sob exame, restou demonstrado que o falecido era solteiro expedição de alvará para levantamento do benefício em destaque.
(fl. 11) e possuía dois filhos: JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA (fl. 07 DO SEGURO DESEMPREGO
10) e KAYLLANE MOUTA PAIVA (fls. 18/19), tendo o primeiro como Impende, de logo, destacar que o pedido de expedição de alvará
mãe a Sra. Cleane dos Santos Silva e a segunda como genitora a para habilitação dos demandantes ao seguro-desemprego não tem
Sra. Maria Flaviana do Nascimento Moura. o menor cabimento, sendo, portanto, manifestamente improcedente,
Laudo outra, a reclamante CLEANE DOS SANTOS SILVA, além de já que o art. 2º, inciso II, da Lei 7.998/90 relacionada os fatos
solteira (fl. 16), não produziu nenhuma prova de que mantinha união geradores do direito ao referido benefício previdenciário, verbis:
Diante do exposto, reputo legitimados para o recebimento do crédito prover assistência financeira temporária ao trabalhador
consignado pela empresa os sucessores JOSÉ RYAN DOS desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a
SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, sendo o primeiro, indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime
por ser menor de idade, representado por sua genitora Cleane dos de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; (Redação
Santos Silva, tudo nos termos do art. 1º da Lei Lei nº 6.858/1980. dada pela Lei nº 10.608, de 20.12.2002)
É fato incontroverso no feito que José da Silva Paiva trabalhou para estão a dispensa sem justa causa, a rescisão indireta e quando o
a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021, quando o trabalhador é resgatado de regime de trabalho forçado ou em
O falecimento do trabalhador constitui uma das hipóteses para Vê-se que não há, nas hipóteses listadas acima, que ensejam a
movimentação do FGTS existente em conta vinculada. É o que percepção do seguro-desemprego, o falecimento do trabalhador, já
está, com clareza solar, no Inciso VIII do art. 20 da Lei nº 8.036/90, que, por óbvio, o benefício previdenciário aos dependentes, para a
Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser Aliás, o art. 6º da Lei 7.998/90 dispõe que o seguro-desemprego é
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus Art. 6º O seguro-desemprego é direito pessoal e intransferível do
dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência trabalhador, podendo ser requerido a partir do sétimo dia
social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por subseqüente à rescisão do contrato de trabalho.
morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo A Resolução nº 665/2011 do CODEFAT, em seu art. 1º, I, aponta
da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, que o seguro-desemprego será pago aos sucessores do segurado
indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do somente em relação às parcelas vencidas até o óbito:
interessado, independentemente de inventário ou arrolamento. Art. 1º. O art. 8º da Resolução nº 253, de 4 de outubro de 2000, o
Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão art. 11 da Resolução nº 467, de 21 de dezembro de 2005 e o art. 8º
determinar a expedição de alvará para a imediata liberação do da Resolução nº 657, de 16 de dezembro de 2010, passam a
FGTS existente na conta vinculada do falecido em favor de seus vigorar com a seguinte redação:
dos sucessores JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA e KAYLLANE "O benefício Seguro-Desemprego é direito pessoal e intransferível,
nos termos da Lei nº 7.998/1990, e será pago diretamente ao Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
beneficiário, salvo em caso de morte do segurado, ausência, de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o
moléstia contagiosa e beneficiário preso, observadas as seguintes desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração
I - morte do segurado, quando serão pagas parcelas vencidas até a financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento
data do óbito, aos sucessores, mediante apresentação de Alvará mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de
Pela redação acima, tem-se que o pagamento do seguro- (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
desemprego aos sucessores ocorrerá quando este já tenha sido § 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir
concedido ao segurado, e, durante o curso ou antes do início de seu sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim
recebimento, venha o segurado a falecer, o que implica dizer que o previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento,
fato ensejador do seguro-desemprego tenha sido os motivos cartão de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35%
elencados no inciso II, art. 2º, Lei 7.998/90, mas não o falecimento (trinta e cinco por cento), sendo 5% (cinco por cento) destinados
Nesse sentido, a decisão abaixo: I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. ALVARÁ PARA LIBERAÇÃO crédito; ou (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015)
DE SEGURO-DESEMPREGO. Segundo a legislação vigente - Lei II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de
nº 7.998/90 e Resolução do CODEFAT nº 467/2005 que disciplinam crédito. (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015)
a matéria - os dependentes do segurado falecido recebem apenas § 2º O regulamento disporá sobre os limites de valor do empréstimo,
as parcelas do seguro-desemprego que, na data do óbito, estiverem da prestação consignável para os fins do caput e do
vencidas. Recurso a que se nega provimento. (TRT20, RO comprometimento das verbas rescisórias para os fins do § 1º deste
Diante disso, não resta outra alternativa ao Juízo senão julgar O Decreto nº 4.840/03, que regulamenta os descontos de
improcedente o pedido alusivo ao seguro-desemprego. empréstimos consignados em folha de pagamento, dispõe no art.
Os reclamantes alegam que a reclamada, no ato do pagamento das que trata este Decreto poderão prever a incidência de desconto de
verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de R$ até trinta por cento das verbas rescisórias referidas no inciso V do
1.241,83 em consequência de um empréstimo compulsório art. 2º para a amortização total ou parcial do saldo devedor líquido
realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Diante disso, postulam a para quitação na data de rescisão do contrato de trabalho do
A reclamada, por sua vez, sustenta que o desconto efetivado na § 1º. Para os fins do caput, considera-se saldo devedor líquido para
rescisão no importe de R$ 1.241,83, em consequência de quitação o valor presente das prestações vincendas na data da
empréstimo consignado, tem amparo no art. 1º, § 1º, da Lei amortização, descontado à taxa de juros contratualmente fixada
10.820/2003, que permite seja efetuado o desconto de até 35% do referente ao período não utilizado em função da quitação
valor das verbas rescisórias, o que foi observado pela empresa, já antecipada.
que o valor bruto da rescisão era de R$ 5.667,57. Os valores contratados a título de empréstimo consignado, poderão
Analiso. ser descontados das verbas rescisórias, até o limite máximo de 30%
A rescisão do contrato de trabalho em razão do falecimento do (e mais 5% para despesas e saques com cartões de crédito), desde
empregado ocorreu em 17.10.2021, ocasião em que houve o que expressamente previsto no contrato de empréstimo, conforme
do valor total da rescisão do extinto que era de R$ 5.667,57 (fls. Neste sentido, destacamos os seguintes posicionamentos
31/32). jurisprudenciais:
A Lei nº 10.820/03, em redação dada pela Lei nº 13.172/15, dispõe EMPRÉSTIMO CONSIGNADO - DEVOLUÇÃO DE VALORES
Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do de 30% do valor total para os descontos efetuados a título de
empréstimo consignado na rescisão por morte do empregado, pagamento do empréstimo consignando. O total bruto recebido foi
conforme previsto no art. 1º, §1º, da Lei 10.820/03, vigente na de R$ 8.086,63. Diante da legislação em vigor, tem-se que a razão
época da rescisão, não há falar em irregularidade do procedimento está com o obreiro. Isso porque a Reclamada não trouxe aos autos
adotado. (TRT da 4ª Região, 5ª Turma, RO 0021768- o contrato celebrado entre o Reclamante e a Cooperativa (arts. 818
82.2015.5.04.0013, Rel. CLAUDIO ANTONIO CASSOU BARBOSA, da CLT e 373, II, CPC), autorizando o desconto na resilição
LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO gerais do Decreto-lei nº 4.840/2003, fixando que "serão mantidos os
CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores prazos e encargos originalmente previstos, cabendo ao mutuário
contratados a título de empréstimo consignado poderão ser efetuar o pagamento mensal das prestações diretamente à
descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%, instituição consignatária" não havendo, portanto, vencimento
desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No antecipado das parcelas pendentes. Outrossim, o desconto deveria
caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor se limitar a 30% do valor das verbas rescisórias, caso previsto em
no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas contrato, que não veio aos autos. Assim, deverá a Reclamada
rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor devolver ao Reclamante o valor de R$ 4.891,39 indevidamente
reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma, descontado de sua rescisão, informando a Cooperativa que a partir
RO 0020513-49.2017.5.04.0812, Rel. BEATRIZ RENCK, em daquele momento os valores pendentes de pagamento serão
No caso concreto dos autos, a reclamada não junta o contrato de pedido. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000234-46.2016.5.02.0317;
empréstimo que originou a operação financeira, devidamente Data: 26-05-2017; Órgão Julgador: 14ª Turma - Cadeira 1 - 14ª
firmado pelo autor, a autorizar os descontos. Desse modo, não resta Turma; Relator(a): FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO). Grifei.
outra alternativa senão impor a devolução do desconto efetuado na Pelas razões expendidas, impõe-se a condenação da reclamada no
LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO A correção monetária, entendida como meio econômico por meio do
CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores qual se objetiva preservar o poder aquisitivo da moeda, corroído no
contratados a título de empréstimo consignado poderão ser tempo em face da inflação verificada em dado período de tempo,
descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%, constitui mecanismo que corrige a expressão monetária das
desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No obrigações pecuniárias, inclusive aquelas de natureza trabalhista.
caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor Nas condenações trabalhistas, a lei previa a aplicação da TR como
no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas índice de correção monetária, na forma do art. 39, caput, da Lei
reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma, Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não
RO 0020513-49.2017.5.04.0812. Rel. BEATRIZ RENCK, Data: satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em
DESCONTOS INDEVIDOS. Assevera o Recorrente contraiu contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no
empréstimo consignado com a Cooperativa de crédito COMOLATTI, período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o
consoante doc. 7d9c5f3. Com a resilição contratual, houve o integral seu efetivo pagamento.
desconto dos valores devidos à Cooperativa, violando o art. 3º O Tribunal Superior do Trabalho, contudo, reconheceu a
inciso I e II do Decreto-lei nº 4.840/2003, que impõe a limitação de inadequação da TR como índice de correção monetária, seguindo a
30% da remuneração do obreiro. Aduz, ainda, que o desconto é mesma diretriz já traçada pelo Supremo Tribunal Federal quando
ilegal, pois realizado pela Reclamada, sendo que o valor é devido tratou da matéria de precatórios e do art. 1º-F da Lei 9.494/97.
para a Cooperativa de crédito COMOLATTI. Ademais, a De fato, o STF já havia fixado entendimento de que, nas ações
homologação sindical prevê a possibilidade de o empregado contra a Fazenda Pública, o índice correto seria o Índice de Preços
postular direitos perante o Poder Judiciário. O TRCT (doc. 653a6f2) ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), reconhecendo que a Taxa
aponta que houve o desconto de R$ 4.891,39 para efeitos de Referencial (TR) não combate a inflação. Veja um trecho da Tese
da Tema 810 da Lista de Repercussão Geral: Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Plenário, Sessão Virtual
[...] 2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei de 15.10.2021 a 22.10.2021.
nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária Destaco que a ementa da referida decisão, publicada em
das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a 07/04/2021 (DJE nº 63, divulgado em 06/04/2021) corrigiu a
remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se anomalia em relação à data de início da aplicação dos juros
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de (SELIC), que voltaram a ser calculados a partir do ajuizamento,
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica situação referendada no julgamento dos embargos declaratórios.
como medida adequada a capturar a variação de preços da De igual modo, acrescentou que além da indexação, serão
economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. aplicados os juros legais (art. 39, caput, §1º da Lei 8.177, de 1991)
Por outro lado, a reforma trabalhista inseriu, no art. 879, § 7º, da na fase pré-judicial. Esclareceu, igualmente, que a incidência de
CLT, a correção pela TR dos créditos trabalhistas reconhecidos pela juros moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser
Art. 879[...]§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de monetária, cumulação que representaria bis in idem.
condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão
pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1º de determinar que os créditos trabalhistas deferidos no corpo deste
março de 1991. julgado sejam apurados com base nos parâmetros definidos pela
Foi nesse contexto que o debate chegou ao Supremo Tribunal decisão de mérito das ADCs nºs 58 e 59 (IPCA-E na fase pré-
Federal por meio das ADC nº 58 e nº 59 e nas ADI 5867 e 6021. judicial e Taxa Selic a partir do ajuizamento)
Com efeito, ao julgar as ações acima destacadas, o STF decidiu Finalmente, aplicáveis, ainda, as definições da Súmula n.º 381, do
que, em razão da insuficiência da TR, até que haja lei tratando TST,bem como, quando for o caso (indenização por dano moral), da
sobre o tema, deve-se utilizar o IPCA-E na fase pré-judicial e, na Súmula n.º 439, TST. Ressalte-se que os juros e a correção
fase judicial a Taxa Selic, conforme dispositivo a seguir transcrito, monetária deverão ser incluídos nos cálculos de liquidação, ainda
complementado por decisão em embargos declaratórios: que omisso o pedido inicial (Súmula 211 do TST).
constitucionalidade, para conferir interpretação conforme a na seara trabalhista, ocorreu a partir da inclusão do art. 791-A no
Constituição ao artigo 879, §7º, e ao artigo 899, §4º, da CLT, na Estatuto Celetário, através da Lei nº 13.467, de 11 de novembro de
considerar que à atualização dos créditos decorrentes de Reza, pois, a norma celetária acima destacada:
condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de correção (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
monetária e de juros vigentes para as hipóteses de condenações valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré- obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio). § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
Decisão: (ED-terceiros)O Tribunal, por unanimidade, não conheceu de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
embargos de declaração opostos pela ANAMATRA, mas acolheu, § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
parcialmente, os embargos de declaração opostos pela AGU, tão obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
somente para sanar o erro material constante da decisão de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
julgamento e do resumo do acórdão, de modo a estabelecer "a ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", sem em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
conferir efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator. deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade
prazo, tais obrigações do beneficiário. na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das
Releva pontuar que o Sodalício Tribunal Superior do Trabalho, por causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao
entendimento de que o art. 791-A e parágrafos, da CLT, são Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo
plenamente aplicáveis às ações propostas após 11 de novembro de do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da
Acontece, porém, que o Supremo Tribunal Federal declarou por § 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido,
meio da ADI 5766, decisão de 20.10.2021, inconstitucional os arts. determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento.
790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do ENUNCIADO Nº 119/2018- EXECUÇÃO DE OFÍCIO. ART. 878 DA
Trabalho (CLT), conforme decisão de julgamento a seguir transcrita: CLT. INTERPRETAÇÃO. Caso exista sentença condenatória em
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o obrigação de pagar verbas de natureza salarial, considerando que a
pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os execução da contribuição previdenciária é de ofício, deve o juiz dar
arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis início, também de ofício, à execução das verbas reconhecidas na
do Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto sentença, de modo que o art. 878 da CLT somente deve ser
Barroso (Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar aplicado caso não exista contribuição previdenciária a ser
844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os Como se pode ver, os dispositivos supra transcritos autorizam o
Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. magistrado a fixar todas as condições de cumprimento da decisão,
Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, inclusive para fins de aplicação de multa, prazo para cumprimento
20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução da decisão e possibilidade de ser dispensada notificação
Desse modo, por questão de disciplina, a teor do art. 927, I, do Diante disso, este Juízo fixa o prazo de quinze (15) dias, contado do
Código de Processo Civil não resta outro caminho a este trânsito em julgado da sentença, para o pagamento da importância
magistrado senão seguir o entendimento proferido em sede de condenatória, implicando o inadimplemento na imediata contrição
Na hipótese dos autos, julgados procedentes apenas parte dos termos dos dispositivos celetários acima transcritos.
empresa reclamada no pagamento de honorários advocatícios ao Isto posto, e a luz do mais constante dos autos, decide esta 2ª Vara
patrono da parte reclamante, os quais fixo no percentual de 10% do Trabalho de Sobral afastar a preliminar de inépcia; reconhecer
sobre o valor da condenação (art. 791-A, § 2º da CLT). como legitimados para o recebimento dos créditos deferidos no
Incabível a condenação em honorários advocatícios pela parte corpo deste julgado apenas os reclamantes JOSÉ RYAN DOS
autora, em favor da parte demandada, ante a decisão proferida nos SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, na condição de
autos da ADI 5766 que declarou a inconstitucionalidade dos arts. sucessores do falecido; e julgar PROCEDENTES EM PARTE os
790-B, caput, parágrafo 4º, e 791-A, parágrafo 4º, da CLT. pedidos para condenar a reclamada, TRANSCIDADE SERVIÇOS
11 DAS CONDIÇÕES DE CUMPRIMENTO DA DECISÃO AMBIENTAIS EIRELI, a pagar aos reclamantes, JOSÉ RYAN DOS
As condições de cumprimento da decisão prolatada no feito deverão SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, com juros e
ser fixadas pelo Magistrado em estrita observância ao disposto nos correção monetária, no prazo de quinze (15) dias (artigos 652, d,
artigos 652, d, 765 e 832, § 1º, todos da Consolidação das Leis do 765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª
Trabalho, bem como do Enunciado nº 119 aprovado na 3ª Jornada Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª
de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região, Região), contado do trânsito em julgado da sentença, o valor
Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento: empréstimo consignado, no valor de R$ 1.351,11, na forma da
d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua Condena a reclamada, outrossim, no pagamento de honorários
SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA Conhecer do recurso ordinário interposto pelo reclamante e negar-
Região.
rescisórias até o limite de 30% (trinta por cento) em caso de TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
rescisão contratual, no caso para fins de quitação de empréstimo unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo
Entretanto, não se pode olvidar que não restou colimado aos autos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
efetivamente o contrato de empréstimo consignado, cuja Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
apresentação competia à reclamada, eis que a esta caiu a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
obrigação de proceder aos descontos mês a mês no contracheque Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito autoral postulado, Fortaleza, 18 de julho de 2022.
consignação em folha".
Ora, restando extinta a obrigação, resta indevido o desconto a tal ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s): feb5291.
- CLEANE DOS SANTOS SILVA Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
PODER JUDICIÁRIO
FUNDAMENTAÇÃO
JUSTIÇA DO
EMENTA ADMISSIBILIDADE
4.840/2003.
realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Salientam que, até o Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da Consolidação das Leis
momento, a reclamante não liberou as guias para liberação do do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17
seguro desemprego, tampouco para o saque do FGTS e do PIS. (remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência
Argumentam que a hipótese dos autos comporta a antecipação da Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou
tutela provisória em face da presença dos requisitos necessários a procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade
sua concessão. Diante disso, postulam: a) a habilitação no seguro não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a
desconto indevido; d) o pagamento dos honorários advocatícios. A reclamada alega que, nos termos do art. 840 da CLT, a inicial
Postulam, ainda, os benefícios da gratuidade processual (fls. 02/08). deve apresentar pedido certo, determinado e com valor líquido, sob
Juntou procurações e documentos (fls. 34/37). pena de inépcia. Afirma que, no caso dos autos, a exordial deixou
A reclamada apresentou contestação alegando, em preliminar, a de discriminar os valores referentes ao PIS/PASEP, devendo, desse
inépcia da inicial. No mérito, sustenta que a liberação do FGTS e do modo, ser extinto o presente processo, sem a resolução do mérito,
PIS/PASEP devem ser feita perante a Caixa Econômica Federal, na nos termos do artigo 840, §3º da CLT.
Previdência Social, nos termos do art. 1º da Lei 6.858/80, o que não A despeito da inicial não indicar valor específico em relação ao
ocorreu no presente caso. Afirma que a morte do funcionário não PIS/PASEP, não há como cogitar de inépcia da inicial, visto que a
constitui fato gerador para liberação das guias do seguro. Por isso, pretensão autoral, no tocante ao pleito em destaque, diz respeito a
os dependentes falecido não têm direito ao recebimento do seguro- mera expedição de alvará para liberação de eventuais valores
desemprego, mormente por se tratar de um direito pessoal e existentes em conta, de modo que, não existe nenhum pedido
intransferível do trabalhador, nos termos dos do arts. 6º e 8º, IV, da condenatório no tocante ao benefício citado.
Lei 7.998/90. Assevera que o desconto efetivado na rescisão no Em assim sendo, não há necessidade da indicação de valores,
importe de R$ 1.241,83, em consequência de empréstimo sendo, por isso, afastada a preliminar de inépcia.
consignado, tem amparo no art, 1º, § 1º, da Lei 10.820/2003, que 04 DA LEGITIMIDADE DOS SUCESSORES DO FALECIDO
permite seja efetuado o desconto de até 35% do valor das verbas Convém definir, antes da análise da questão de fundo, quem são os
rescisórias, o que foi observado pela empresa, já que o valor bruto legitimados legais para receber e dar quitação aos direitos
concessão da tutela, bem da verba honorária. Bate pelo É que, a sucessão processual das partes no Processo Laboral tem
acolhimento da preliminar e, se ultrapassada, pela improcedência tratamento diverso daquele dispensado ao Processo Civil. Assim, o
dos pedidos (fls. 68/78). Juntou procuração e documentos (fls. art. 75, VII, da Nova Lei Adjetiva Civil não tem aplicação supletiva
56/67 e 79/84). no Processo do Trabalho, pois temos lei específica que regula tão
Sobre a documentação juntada com a defesa, o patrono da parte somente o pagamento aos dependentes ou sucessores de valores
autora informou que nada tem a opor. decorrentes da relação empregatícia que não tenham sido
As partes disseram que não têm quaisquer outras provas a produzir, recebidos em vida pelo de cujus.
ficando encerrada a instrução probatória. Trata-se da Lei nº 6.858/1980 que, ao dispor sobre o pagamento
Razões finais remissivas pelas partes. aos dependentes ou sucessores de valores não recebidos em vida
Frustradas as propostas conciliatórias. pelos respectivos titulares, em seu art. 1°, determina, verbis:
De primórdio, determino a retificação no sistema do PJE, passando recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em
ali figurar o presente feito como reclamação trabalhista sujeita ao quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência
rito sumaríssimo, já que a pretensão deduzida na exordial não se Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e
restringe a expedição de alvarás, mas também a pedido de militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil,
Do mesmo modo, a Lei nº 8.036/90, em seu art. 20, VIII, dispõe que, por ser menor de idade, representado por sua genitora Cleane dos
verbis: Santos Silva, tudo nos termos do art. 1º da Lei Lei nº 6.858/1980.
movimentada nas seguintes situações: É fato incontroverso no feito que José da Silva Paiva trabalhou para
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021, quando o
dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência contrato teve o extinto em razão do seu falecimento.
social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por O falecimento do trabalhador constitui uma das hipóteses para
morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo movimentação do FGTS existente em conta vinculada. É o que
da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, está, com clareza solar, no Inciso VIII do art. 20 da Lei nº 8.036/90,
interessado, independentemente de inventário ou arrolamento. Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser
Da análise dos dispositivos acima transcritos são legitimados para o movimentada nas seguintes situações:
recebimento de créditos trabalhistas do empregado falecido os IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus
dependentes arrolados junto ao INSS e, inexistindo estes, todos os dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência
sucessores do de cujus previstos na lei civil, independentemente de social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por
No caso sob exame, os reclamantes não anexaram ao feito nenhum da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil,
documento comprovando a condição ou qualidade de dependentes indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do
do falecido perante a Previdência Social, ou mesmo documento interessado, independentemente de inventário ou arrolamento.
comprovando a percepção de pensão por morte. Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão
Desse modo, inexistindo dependentes do falecido regularmente determinar a expedição de alvará para a imediata liberação do
habilitados perante ao INSS, legitimados serão todos os sucessores FGTS existente na conta vinculada do falecido em favor de seus
do de cujus previstos na lei civil, independentemente de inventário dos sucessores JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA e KAYLLANE
estabelece como ordem legítima na sucessão: A despeito da Lei nº 6.858/1980 dispor, em seu art. 1º, que o
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: montante do "Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma
universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará
herança não houver deixado bens particulares; judicial, independentemente de inventário ou arrolamento", os
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; reclamantes não anexaram ao feito nenhum documento
No caso sob exame, restou demonstrado que o falecido era solteiro expedição de alvará para levantamento do benefício em destaque.
(fl. 11) e possuía dois filhos: JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA (fl. 07 DO SEGURO DESEMPREGO
10) e KAYLLANE MOUTA PAIVA (fls. 18/19), tendo o primeiro como Impende, de logo, destacar que o pedido de expedição de alvará
mãe a Sra. Cleane dos Santos Silva e a segunda como genitora a para habilitação dos demandantes ao seguro-desemprego não tem
Sra. Maria Flaviana do Nascimento Moura. o menor cabimento, sendo, portanto, manifestamente improcedente,
Laudo outra, a reclamante CLEANE DOS SANTOS SILVA, além de já que o art. 2º, inciso II, da Lei 7.998/90 relacionada os fatos
solteira (fl. 16), não produziu nenhuma prova de que mantinha união geradores do direito ao referido benefício previdenciário, verbis:
Diante do exposto, reputo legitimados para o recebimento do crédito prover assistência financeira temporária ao trabalhador
consignado pela empresa os sucessores JOSÉ RYAN DOS desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a
SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, sendo o primeiro, indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime
de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; (Redação improcedente o pedido alusivo ao seguro-desemprego.
estão a dispensa sem justa causa, a rescisão indireta e quando o Os reclamantes alegam que a reclamada, no ato do pagamento das
trabalhador é resgatado de regime de trabalho forçado ou em verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de R$
Vê-se que não há, nas hipóteses listadas acima, que ensejam a realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Diante disso, postulam a
que, por óbvio, o benefício previdenciário aos dependentes, para a A reclamada, por sua vez, sustenta que o desconto efetivado na
situação jurídica de falecimento, é a pensão por morte. rescisão no importe de R$ 1.241,83, em consequência de
Aliás, o art. 6º da Lei 7.998/90 dispõe que o seguro-desemprego é empréstimo consignado, tem amparo no art. 1º, § 1º, da Lei
pessoal e intransferível: 10.820/2003, que permite seja efetuado o desconto de até 35% do
Art. 6º O seguro-desemprego é direito pessoal e intransferível do valor das verbas rescisórias, o que foi observado pela empresa, já
trabalhador, podendo ser requerido a partir do sétimo dia que o valor bruto da rescisão era de R$ 5.667,57.
A Resolução nº 665/2011 do CODEFAT, em seu art. 1º, I, aponta A rescisão do contrato de trabalho em razão do falecimento do
que o seguro-desemprego será pago aos sucessores do segurado empregado ocorreu em 17.10.2021, ocasião em que houve o
somente em relação às parcelas vencidas até o óbito: desconto de R$ 1.241,83 a título de Empréstimo em Consignação,
Art. 1º. O art. 8º da Resolução nº 253, de 4 de outubro de 2000, o do valor total da rescisão do extinto que era de R$ 5.667,57 (fls.
da Resolução nº 657, de 16 de dezembro de 2010, passam a A Lei nº 10.820/03, em redação dada pela Lei nº 13.172/15, dispõe
"O benefício Seguro-Desemprego é direito pessoal e intransferível, Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do
nos termos da Lei nº 7.998/1990, e será pago diretamente ao Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
beneficiário, salvo em caso de morte do segurado, ausência, de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o
moléstia contagiosa e beneficiário preso, observadas as seguintes desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração
I - morte do segurado, quando serão pagas parcelas vencidas até a financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento
data do óbito, aos sucessores, mediante apresentação de Alvará mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de
Pela redação acima, tem-se que o pagamento do seguro- (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
desemprego aos sucessores ocorrerá quando este já tenha sido § 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir
concedido ao segurado, e, durante o curso ou antes do início de seu sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim
recebimento, venha o segurado a falecer, o que implica dizer que o previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento,
fato ensejador do seguro-desemprego tenha sido os motivos cartão de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35%
elencados no inciso II, art. 2º, Lei 7.998/90, mas não o falecimento (trinta e cinco por cento), sendo 5% (cinco por cento) destinados
Nesse sentido, a decisão abaixo: I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. ALVARÁ PARA LIBERAÇÃO crédito; ou (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015)
DE SEGURO-DESEMPREGO. Segundo a legislação vigente - Lei II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de
nº 7.998/90 e Resolução do CODEFAT nº 467/2005 que disciplinam crédito. (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015)
a matéria - os dependentes do segurado falecido recebem apenas § 2º O regulamento disporá sobre os limites de valor do empréstimo,
as parcelas do seguro-desemprego que, na data do óbito, estiverem da prestação consignável para os fins do caput e do
vencidas. Recurso a que se nega provimento. (TRT20, RO comprometimento das verbas rescisórias para os fins do § 1º deste
Diante disso, não resta outra alternativa ao Juízo senão julgar O Decreto nº 4.840/03, que regulamenta os descontos de
que trata este Decreto poderão prever a incidência de desconto de contratados a título de empréstimo consignado poderão ser
até trinta por cento das verbas rescisórias referidas no inciso V do descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%,
art. 2º para a amortização total ou parcial do saldo devedor líquido desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No
para quitação na data de rescisão do contrato de trabalho do caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor
§ 1º. Para os fins do caput, considera-se saldo devedor líquido para rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor
quitação o valor presente das prestações vincendas na data da reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma,
amortização, descontado à taxa de juros contratualmente fixada RO 0020513-49.2017.5.04.0812. Rel. BEATRIZ RENCK, Data:
Os valores contratados a título de empréstimo consignado, poderão empréstimo consignado com a Cooperativa de crédito COMOLATTI,
ser descontados das verbas rescisórias, até o limite máximo de 30% consoante doc. 7d9c5f3. Com a resilição contratual, houve o integral
(e mais 5% para despesas e saques com cartões de crédito), desde desconto dos valores devidos à Cooperativa, violando o art. 3º
que expressamente previsto no contrato de empréstimo, conforme inciso I e II do Decreto-lei nº 4.840/2003, que impõe a limitação de
legislação específica acima transcrita. 30% da remuneração do obreiro. Aduz, ainda, que o desconto é
Neste sentido, destacamos os seguintes posicionamentos ilegal, pois realizado pela Reclamada, sendo que o valor é devido
DESCONTADOS. Demonstrado que a reclamada observou o limite postular direitos perante o Poder Judiciário. O TRCT (doc. 653a6f2)
de 30% do valor total para os descontos efetuados a título de aponta que houve o desconto de R$ 4.891,39 para efeitos de
empréstimo consignado na rescisão por morte do empregado, pagamento do empréstimo consignando. O total bruto recebido foi
conforme previsto no art. 1º, §1º, da Lei 10.820/03, vigente na de R$ 8.086,63. Diante da legislação em vigor, tem-se que a razão
época da rescisão, não há falar em irregularidade do procedimento está com o obreiro. Isso porque a Reclamada não trouxe aos autos
adotado. (TRT da 4ª Região, 5ª Turma, RO 0021768- o contrato celebrado entre o Reclamante e a Cooperativa (arts. 818
82.2015.5.04.0013, Rel. CLAUDIO ANTONIO CASSOU BARBOSA, da CLT e 373, II, CPC), autorizando o desconto na resilição
LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO gerais do Decreto-lei nº 4.840/2003, fixando que "serão mantidos os
CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores prazos e encargos originalmente previstos, cabendo ao mutuário
contratados a título de empréstimo consignado poderão ser efetuar o pagamento mensal das prestações diretamente à
descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%, instituição consignatária" não havendo, portanto, vencimento
desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No antecipado das parcelas pendentes. Outrossim, o desconto deveria
caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor se limitar a 30% do valor das verbas rescisórias, caso previsto em
no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas contrato, que não veio aos autos. Assim, deverá a Reclamada
rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor devolver ao Reclamante o valor de R$ 4.891,39 indevidamente
reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma, descontado de sua rescisão, informando a Cooperativa que a partir
RO 0020513-49.2017.5.04.0812, Rel. BEATRIZ RENCK, em daquele momento os valores pendentes de pagamento serão
No caso concreto dos autos, a reclamada não junta o contrato de pedido. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000234-46.2016.5.02.0317;
empréstimo que originou a operação financeira, devidamente Data: 26-05-2017; Órgão Julgador: 14ª Turma - Cadeira 1 - 14ª
firmado pelo autor, a autorizar os descontos. Desse modo, não resta Turma; Relator(a): FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO). Grifei.
outra alternativa senão impor a devolução do desconto efetuado na Pelas razões expendidas, impõe-se a condenação da reclamada no
A correção monetária, entendida como meio econômico por meio do inconstitucionalidade e as ações declaratórias de
qual se objetiva preservar o poder aquisitivo da moeda, corroído no constitucionalidade, para conferir interpretação conforme a
tempo em face da inflação verificada em dado período de tempo, Constituição ao artigo 879, §7º, e ao artigo 899, §4º, da CLT, na
constitui mecanismo que corrige a expressão monetária das redação dada pela Lei 13.467, de 2017. Nesse sentido, há de se
obrigações pecuniárias, inclusive aquelas de natureza trabalhista. considerar que à atualização dos créditos decorrentes de
Nas condenações trabalhistas, a lei previa a aplicação da TR como condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
índice de correção monetária, na forma do art. 39, caput, da Lei judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que
Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não monetária e de juros vigentes para as hipóteses de condenações
satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-
lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa Selic (artigo 406
contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no do Código Civil) (julgado em 18/12/20, vencidos os ministros Edson
período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio).
seu efetivo pagamento. Decisão: (ED-terceiros)O Tribunal, por unanimidade, não conheceu
O Tribunal Superior do Trabalho, contudo, reconheceu a dos embargos de declaração opostos pelos amici curiae, rejeitou os
inadequação da TR como índice de correção monetária, seguindo a embargos de declaração opostos pela ANAMATRA, mas acolheu,
mesma diretriz já traçada pelo Supremo Tribunal Federal quando parcialmente, os embargos de declaração opostos pela AGU, tão
tratou da matéria de precatórios e do art. 1º-F da Lei 9.494/97. somente para sanar o erro material constante da decisão de
De fato, o STF já havia fixado entendimento de que, nas ações julgamento e do resumo do acórdão, de modo a estabelecer "a
contra a Fazenda Pública, o índice correto seria o Índice de Preços incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), reconhecendo que a Taxa da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", sem
Referencial (TR) não combate a inflação. Veja um trecho da Tese conferir efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator.
da Tema 810 da Lista de Repercussão Geral: Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Plenário, Sessão Virtual
[...] 2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei de 15.10.2021 a 22.10.2021.
nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária Destaco que a ementa da referida decisão, publicada em
das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a 07/04/2021 (DJE nº 63, divulgado em 06/04/2021) corrigiu a
remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se anomalia em relação à data de início da aplicação dos juros
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de (SELIC), que voltaram a ser calculados a partir do ajuizamento,
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica situação referendada no julgamento dos embargos declaratórios.
como medida adequada a capturar a variação de preços da De igual modo, acrescentou que além da indexação, serão
economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. aplicados os juros legais (art. 39, caput, §1º da Lei 8.177, de 1991)
Por outro lado, a reforma trabalhista inseriu, no art. 879, § 7º, da na fase pré-judicial. Esclareceu, igualmente, que a incidência de
CLT, a correção pela TR dos créditos trabalhistas reconhecidos pela juros moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser
Art. 879[...]§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de monetária, cumulação que representaria bis in idem.
condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão
pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1º de determinar que os créditos trabalhistas deferidos no corpo deste
março de 1991. julgado sejam apurados com base nos parâmetros definidos pela
Foi nesse contexto que o debate chegou ao Supremo Tribunal decisão de mérito das ADCs nºs 58 e 59 (IPCA-E na fase pré-
Federal por meio das ADC nº 58 e nº 59 e nas ADI 5867 e 6021. judicial e Taxa Selic a partir do ajuizamento)
Com efeito, ao julgar as ações acima destacadas, o STF decidiu Finalmente, aplicáveis, ainda, as definições da Súmula n.º 381, do
que, em razão da insuficiência da TR, até que haja lei tratando TST,bem como, quando for o caso (indenização por dano moral), da
sobre o tema, deve-se utilizar o IPCA-E na fase pré-judicial e, na Súmula n.º 439, TST. Ressalte-se que os juros e a correção
fase judicial a Taxa Selic, conforme dispositivo a seguir transcrito, monetária deverão ser incluídos nos cálculos de liquidação, ainda
complementado por decisão em embargos declaratórios: que omisso o pedido inicial (Súmula 211 do TST).
10 DA VERBA HONORÁRIA Código de Processo Civil não resta outro caminho a este
A previsão de honorários advocatícios sucumbenciais e recíprocos, magistrado senão seguir o entendimento proferido em sede de
na seara trabalhista, ocorreu a partir da inclusão do art. 791-A no controle concentrado de constitucionalidade.
Estatuto Celetário, através da Lei nº 13.467, de 11 de novembro de Na hipótese dos autos, julgados procedentes apenas parte dos
Reza, pois, a norma celetária acima destacada: empresa reclamada no pagamento de honorários advocatícios ao
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão patrono da parte reclamante, os quais fixo no percentual de 10%
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% sobre o valor da condenação (art. 791-A, § 2º da CLT).
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Incabível a condenação em honorários advocatícios pela parte
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico autora, em favor da parte demandada, ante a decisão proferida nos
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado autos da ADI 5766 que declarou a inconstitucionalidade dos arts.
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários As condições de cumprimento da decisão prolatada no feito deverão
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os ser fixadas pelo Magistrado em estrita observância ao disposto nos
honorários. artigos 652, d, 765 e 832, § 1º, todos da Consolidação das Leis do
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha Trabalho, bem como do Enunciado nº 119 aprovado na 3ª Jornada
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região,
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito [...]
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade
prazo, tais obrigações do beneficiário. na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das
Releva pontuar que o Sodalício Tribunal Superior do Trabalho, por causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao
entendimento de que o art. 791-A e parágrafos, da CLT, são Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo
plenamente aplicáveis às ações propostas após 11 de novembro de do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da
Acontece, porém, que o Supremo Tribunal Federal declarou por § 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido,
meio da ADI 5766, decisão de 20.10.2021, inconstitucional os arts. determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento.
790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do ENUNCIADO Nº 119/2018- EXECUÇÃO DE OFÍCIO. ART. 878 DA
Trabalho (CLT), conforme decisão de julgamento a seguir transcrita: CLT. INTERPRETAÇÃO. Caso exista sentença condenatória em
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o obrigação de pagar verbas de natureza salarial, considerando que a
pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os execução da contribuição previdenciária é de ofício, deve o juiz dar
arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis início, também de ofício, à execução das verbas reconhecidas na
do Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto sentença, de modo que o art. 878 da CLT somente deve ser
Barroso (Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar aplicado caso não exista contribuição previdenciária a ser
844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os Como se pode ver, os dispositivos supra transcritos autorizam o
Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. magistrado a fixar todas as condições de cumprimento da decisão,
Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, inclusive para fins de aplicação de multa, prazo para cumprimento
20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução da decisão e possibilidade de ser dispensada notificação
Desse modo, por questão de disciplina, a teor do art. 927, I, do Diante disso, este Juízo fixa o prazo de quinze (15) dias, contado do
trânsito em julgado da sentença, para o pagamento da importância efetivamente o contrato de empréstimo consignado, cuja
condenatória, implicando o inadimplemento na imediata contrição apresentação competia à reclamada, eis que a esta caiu a
de bens ou dinheiro, sem nova citação/intimação/notificação, nos obrigação de proceder aos descontos mês a mês no contracheque
termos dos dispositivos celetários acima transcritos. do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito autoral postulado,
Isto posto, e a luz do mais constante dos autos, decide esta 2ª Vara supracitada, que autoriza desconto percentual no que tange às
do Trabalho de Sobral afastar a preliminar de inépcia; reconhecer verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16 da Lei 1.046
corpo deste julgado apenas os reclamantes JOSÉ RYAN DOS "Art. 16. Ocorrido o falecimento do consignante, ficará extinta a
SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, na condição de dívida do empréstimo feito mediante simples garantia da
pedidos para condenar a reclamada, TRANSCIDADE SERVIÇOS Ora, restando extinta a obrigação, resta indevido o desconto a tal
AMBIENTAIS EIRELI, a pagar aos reclamantes, JOSÉ RYAN DOS título das verbas rescisórias do obreiro falecido.
SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, com juros e Cumpre registrar que o juízo de origem deferiu a restituição da
correção monetária, no prazo de quinze (15) dias (artigos 652, d, quantia de R$1.241,83, descontada pelo reclamado no pagamento
765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª das verbas rescisórias ao autor.
Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Não merece reproche a decisão de origem.
Região), contado do trânsito em julgado da sentença, o valor Merece destaque, ainda, que o fundamento da pretensão reside no
correspondente ao desconto efetuado na rescisão decorrente do lançamento indevido de descontos por ocasião da rescisão do
empréstimo consignado, no valor de R$ 1.351,11, na forma da contrato de trabalho, sendo recomposta através da determinação de
fundamentação que fica fazendo parte integrante desta decisão. ressarcimento da quantia indevidamente descontada.
Condena a reclamada, outrossim, no pagamento de honorários Ante o exposto, mantém-se incólume a sentença recorrida pelos
advocatícios de 10% sobre o valor da condenação, bem como no seus próprios fundamentos.
SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA Conhecer do recurso ordinário interposto pelo reclamante e negar-
Região.
rescisórias até o limite de 30% (trinta por cento) em caso de TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
rescisão contratual, no caso para fins de quitação de empréstimo unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo
Entretanto, não se pode olvidar que não restou colimado aos autos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado que tange às verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) da Lei 1.046 /50, segundo o qual "Ocorrido o falecimento do
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. consignante, ficará extinta a dívida do empréstimo feito mediante
Fortaleza, 18 de julho de 2022. simples garantia da consignação em fôlha." Ora, restando extinta a
Relator RELATÓRIO
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART O juízo da 2ª Vara do Trabalho do Sobral julgou parcialmente
feb5291.
Intimado(s)/Citado(s):
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
- KAYLLANE MOUTA PAIVA
para emissão de parecer.
PODER JUDICIÁRIO
FUNDAMENTAÇÃO
JUSTIÇA DO
EMENTA ADMISSIBILIDADE
Não restou colimado aos autos o contrato de empréstimo RECLAMADA A QUEM CUMPRE OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE
esta caiu a obrigação de proceder aos descontos mês a mês no Inicialmente, cumpre esclarecer que o obreiro JOSÉ DA SILVA
contracheque do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito PAIVA laborou para a reclamada de 03/06/2019, como auxiliar de
autoral postulado, ônus do qual não se desincumbiu. Ademais, a produção, percebendo remuneração no valor de R$1.073,00, vindo
vigência da norma supracitada, que autoriza desconto percentual no a óbito em 17/10/2021, o que motivou a rescisão contratual. Quando
do pagamento das verbas rescisórias aos herdeiros, ora consignado, tem amparo no art, 1º, § 1º, da Lei 10.820/2003, que
reclamantes, a empresa procedeu ao desconto no valor de permite seja efetuado o desconto de até 35% do valor das verbas
R$1.241,83, referente a empréstimo consignado firmado junto ao rescisórias, o que foi observado pela empresa, já que o valor bruto
A recorrente rechaça a sentença de piso ao argumento de que o concessão da tutela, bem da verba honorária. Bate pelo
desconto encontra previsão na lei 10.820/2003, que autoriza os acolhimento da preliminar e, se ultrapassada, pela improcedência
descontos em folha de pagamento de parcelas relativas a dos pedidos (fls. 68/78). Juntou procuração e documentos (fls.
empréstimos consignados, assim como nas verbas rescisórias. Tal 56/67 e 79/84).
desconto encontraria também previsão no art.16 do decreto nº Sobre a documentação juntada com a defesa, o patrono da parte
O juízo de origem proferiu sentença nos seguintes termos: As partes disseram que não têm quaisquer outras provas a produzir,
JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA, CLEANE DOS SANTOS SILVA É o relatório.
AMBIENTAIS EIRELI, alegando, em resumo, que são herdeiros De primórdio, determino a retificação no sistema do PJE, passando
legítimos do de cujos José da Silva Paiva. Afirmam que o falecido ali figurar o presente feito como reclamação trabalhista sujeita ao
trabalhou para a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021, rito sumaríssimo, já que a pretensão deduzida na exordial não se
quando veio a óbito. Alegam que a reclamada, no ato do pagamento restringe a expedição de alvarás, mas também a pedido de
das verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de restituição de desconto indevido.
realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Salientam que, até o Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da Consolidação das Leis
momento, a reclamante não liberou as guias para liberação do do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17
seguro desemprego, tampouco para o saque do FGTS e do PIS. (remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência
Argumentam que a hipótese dos autos comporta a antecipação da Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou
tutela provisória em face da presença dos requisitos necessários a procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade
sua concessão. Diante disso, postulam: a) a habilitação no seguro não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a
desconto indevido; d) o pagamento dos honorários advocatícios. A reclamada alega que, nos termos do art. 840 da CLT, a inicial
Postulam, ainda, os benefícios da gratuidade processual (fls. 02/08). deve apresentar pedido certo, determinado e com valor líquido, sob
Juntou procurações e documentos (fls. 34/37). pena de inépcia. Afirma que, no caso dos autos, a exordial deixou
A reclamada apresentou contestação alegando, em preliminar, a de discriminar os valores referentes ao PIS/PASEP, devendo, desse
inépcia da inicial. No mérito, sustenta que a liberação do FGTS e do modo, ser extinto o presente processo, sem a resolução do mérito,
PIS/PASEP devem ser feita perante a Caixa Econômica Federal, na nos termos do artigo 840, §3º da CLT.
Previdência Social, nos termos do art. 1º da Lei 6.858/80, o que não A despeito da inicial não indicar valor específico em relação ao
ocorreu no presente caso. Afirma que a morte do funcionário não PIS/PASEP, não há como cogitar de inépcia da inicial, visto que a
constitui fato gerador para liberação das guias do seguro. Por isso, pretensão autoral, no tocante ao pleito em destaque, diz respeito a
os dependentes falecido não têm direito ao recebimento do seguro- mera expedição de alvará para liberação de eventuais valores
desemprego, mormente por se tratar de um direito pessoal e existentes em conta, de modo que, não existe nenhum pedido
intransferível do trabalhador, nos termos dos do arts. 6º e 8º, IV, da condenatório no tocante ao benefício citado.
Lei 7.998/90. Assevera que o desconto efetivado na rescisão no Em assim sendo, não há necessidade da indicação de valores,
importe de R$ 1.241,83, em consequência de empréstimo sendo, por isso, afastada a preliminar de inépcia.
Convém definir, antes da análise da questão de fundo, quem são os Em se tratando de sucessão, o vigente Código Civil Brasileiro
legitimados legais para receber e dar quitação aos direitos estabelece como ordem legítima na sucessão:
trabalhistas do empregado falecido. Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
É que, a sucessão processual das partes no Processo Laboral tem I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,
tratamento diverso daquele dispensado ao Processo Civil. Assim, o salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão
art. 75, VII, da Nova Lei Adjetiva Civil não tem aplicação supletiva universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
no Processo do Trabalho, pois temos lei específica que regula tão parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
somente o pagamento aos dependentes ou sucessores de valores herança não houver deixado bens particulares;
decorrentes da relação empregatícia que não tenham sido II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
aos dependentes ou sucessores de valores não recebidos em vida No caso sob exame, restou demonstrado que o falecido era solteiro
pelos respectivos titulares, em seu art. 1°, determina, verbis: (fl. 11) e possuía dois filhos: JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA (fl.
Art. 1º - Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e 10) e KAYLLANE MOUTA PAIVA (fls. 18/19), tendo o primeiro como
os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do mãe a Sra. Cleane dos Santos Silva e a segunda como genitora a
Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não Sra. Maria Flaviana do Nascimento Moura.
recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em Laudo outra, a reclamante CLEANE DOS SANTOS SILVA, além de
quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência solteira (fl. 16), não produziu nenhuma prova de que mantinha união
Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e estável como o falecido.
militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, Diante do exposto, reputo legitimados para o recebimento do crédito
indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou consignado pela empresa os sucessores JOSÉ RYAN DOS
Do mesmo modo, a Lei nº 8.036/90, em seu art. 20, VIII, dispõe que, por ser menor de idade, representado por sua genitora Cleane dos
verbis: Santos Silva, tudo nos termos do art. 1º da Lei Lei nº 6.858/1980.
movimentada nas seguintes situações: É fato incontroverso no feito que José da Silva Paiva trabalhou para
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021, quando o
dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência contrato teve o extinto em razão do seu falecimento.
social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por O falecimento do trabalhador constitui uma das hipóteses para
morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo movimentação do FGTS existente em conta vinculada. É o que
da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, está, com clareza solar, no Inciso VIII do art. 20 da Lei nº 8.036/90,
interessado, independentemente de inventário ou arrolamento. Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser
Da análise dos dispositivos acima transcritos são legitimados para o movimentada nas seguintes situações:
recebimento de créditos trabalhistas do empregado falecido os IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus
dependentes arrolados junto ao INSS e, inexistindo estes, todos os dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência
sucessores do de cujus previstos na lei civil, independentemente de social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por
No caso sob exame, os reclamantes não anexaram ao feito nenhum da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil,
documento comprovando a condição ou qualidade de dependentes indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do
do falecido perante a Previdência Social, ou mesmo documento interessado, independentemente de inventário ou arrolamento.
comprovando a percepção de pensão por morte. Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão
Desse modo, inexistindo dependentes do falecido regularmente determinar a expedição de alvará para a imediata liberação do
habilitados perante ao INSS, legitimados serão todos os sucessores FGTS existente na conta vinculada do falecido em favor de seus
do de cujus previstos na lei civil, independentemente de inventário dos sucessores JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA e KAYLLANE
A despeito da Lei nº 6.858/1980 dispor, em seu art. 1º, que o moléstia contagiosa e beneficiário preso, observadas as seguintes
vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos I - morte do segurado, quando serão pagas parcelas vencidas até a
dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma data do óbito, aos sucessores, mediante apresentação de Alvará
falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará Pela redação acima, tem-se que o pagamento do seguro-
judicial, independentemente de inventário ou arrolamento", os desemprego aos sucessores ocorrerá quando este já tenha sido
reclamantes não anexaram ao feito nenhum documento concedido ao segurado, e, durante o curso ou antes do início de seu
comprovando a existência de eventual montante no Fundo de recebimento, venha o segurado a falecer, o que implica dizer que o
Participação PIS-PASEP. Diante disso, não há como o pedido de fato ensejador do seguro-desemprego tenha sido os motivos
expedição de alvará para levantamento do benefício em destaque. elencados no inciso II, art. 2º, Lei 7.998/90, mas não o falecimento
Impende, de logo, destacar que o pedido de expedição de alvará Nesse sentido, a decisão abaixo:
para habilitação dos demandantes ao seguro-desemprego não tem EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. ALVARÁ PARA LIBERAÇÃO
o menor cabimento, sendo, portanto, manifestamente improcedente, DE SEGURO-DESEMPREGO. Segundo a legislação vigente - Lei
já que o art. 2º, inciso II, da Lei 7.998/90 relacionada os fatos nº 7.998/90 e Resolução do CODEFAT nº 467/2005 que disciplinam
geradores do direito ao referido benefício previdenciário, verbis: a matéria - os dependentes do segurado falecido recebem apenas
Art. 2º O programa do seguro-desemprego tem por finalidade:I - as parcelas do seguro-desemprego que, na data do óbito, estiverem
prover assistência financeira temporária ao trabalhador vencidas. Recurso a que se nega provimento. (TRT20, RO
desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a 00011019220145200004, DEJT 03/08/2015).
indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime Diante disso, não resta outra alternativa ao Juízo senão julgar
de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; (Redação improcedente o pedido alusivo ao seguro-desemprego.
estão a dispensa sem justa causa, a rescisão indireta e quando o Os reclamantes alegam que a reclamada, no ato do pagamento das
trabalhador é resgatado de regime de trabalho forçado ou em verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de R$
Vê-se que não há, nas hipóteses listadas acima, que ensejam a realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Diante disso, postulam a
que, por óbvio, o benefício previdenciário aos dependentes, para a A reclamada, por sua vez, sustenta que o desconto efetivado na
situação jurídica de falecimento, é a pensão por morte. rescisão no importe de R$ 1.241,83, em consequência de
Aliás, o art. 6º da Lei 7.998/90 dispõe que o seguro-desemprego é empréstimo consignado, tem amparo no art. 1º, § 1º, da Lei
pessoal e intransferível: 10.820/2003, que permite seja efetuado o desconto de até 35% do
Art. 6º O seguro-desemprego é direito pessoal e intransferível do valor das verbas rescisórias, o que foi observado pela empresa, já
trabalhador, podendo ser requerido a partir do sétimo dia que o valor bruto da rescisão era de R$ 5.667,57.
A Resolução nº 665/2011 do CODEFAT, em seu art. 1º, I, aponta A rescisão do contrato de trabalho em razão do falecimento do
que o seguro-desemprego será pago aos sucessores do segurado empregado ocorreu em 17.10.2021, ocasião em que houve o
somente em relação às parcelas vencidas até o óbito: desconto de R$ 1.241,83 a título de Empréstimo em Consignação,
Art. 1º. O art. 8º da Resolução nº 253, de 4 de outubro de 2000, o do valor total da rescisão do extinto que era de R$ 5.667,57 (fls.
da Resolução nº 657, de 16 de dezembro de 2010, passam a A Lei nº 10.820/03, em redação dada pela Lei nº 13.172/15, dispõe
"O benefício Seguro-Desemprego é direito pessoal e intransferível, Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio empréstimo consignado na rescisão por morte do empregado,
de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o conforme previsto no art. 1º, §1º, da Lei 10.820/03, vigente na
desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração época da rescisão, não há falar em irregularidade do procedimento
disponível dos valores referentes ao pagamento de empréstimos, adotado. (TRT da 4ª Região, 5ª Turma, RO 0021768-
financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento 82.2015.5.04.0013, Rel. CLAUDIO ANTONIO CASSOU BARBOSA,
arrendamento mercantil, quando previsto nos respectivos contratos. LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO
(Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015) CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores
§ 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir contratados a título de empréstimo consignado poderão ser
sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%,
previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento, desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No
cartão de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35% caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor
(trinta e cinco por cento), sendo 5% (cinco por cento) destinados no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas
exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015) rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma,
crédito; ou (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015) RO 0020513-49.2017.5.04.0812, Rel. BEATRIZ RENCK, em
crédito. (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015) No caso concreto dos autos, a reclamada não junta o contrato de
§ 2º O regulamento disporá sobre os limites de valor do empréstimo, empréstimo que originou a operação financeira, devidamente
da prestação consignável para os fins do caput e do firmado pelo autor, a autorizar os descontos. Desse modo, não resta
comprometimento das verbas rescisórias para os fins do § 1º deste outra alternativa senão impor a devolução do desconto efetuado na
O Decreto nº 4.840/03, que regulamenta os descontos de Em abono a esse entendimento, destaco os seguintes precedentes
que trata este Decreto poderão prever a incidência de desconto de contratados a título de empréstimo consignado poderão ser
até trinta por cento das verbas rescisórias referidas no inciso V do descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%,
art. 2º para a amortização total ou parcial do saldo devedor líquido desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No
para quitação na data de rescisão do contrato de trabalho do caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor
§ 1º. Para os fins do caput, considera-se saldo devedor líquido para rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor
quitação o valor presente das prestações vincendas na data da reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma,
amortização, descontado à taxa de juros contratualmente fixada RO 0020513-49.2017.5.04.0812. Rel. BEATRIZ RENCK, Data:
Os valores contratados a título de empréstimo consignado, poderão empréstimo consignado com a Cooperativa de crédito COMOLATTI,
ser descontados das verbas rescisórias, até o limite máximo de 30% consoante doc. 7d9c5f3. Com a resilição contratual, houve o integral
(e mais 5% para despesas e saques com cartões de crédito), desde desconto dos valores devidos à Cooperativa, violando o art. 3º
que expressamente previsto no contrato de empréstimo, conforme inciso I e II do Decreto-lei nº 4.840/2003, que impõe a limitação de
legislação específica acima transcrita. 30% da remuneração do obreiro. Aduz, ainda, que o desconto é
Neste sentido, destacamos os seguintes posicionamentos ilegal, pois realizado pela Reclamada, sendo que o valor é devido
DESCONTADOS. Demonstrado que a reclamada observou o limite postular direitos perante o Poder Judiciário. O TRCT (doc. 653a6f2)
de 30% do valor total para os descontos efetuados a título de aponta que houve o desconto de R$ 4.891,39 para efeitos de
pagamento do empréstimo consignando. O total bruto recebido foi da Tema 810 da Lista de Repercussão Geral:
de R$ 8.086,63. Diante da legislação em vigor, tem-se que a razão [...] 2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei
está com o obreiro. Isso porque a Reclamada não trouxe aos autos nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária
o contrato celebrado entre o Reclamante e a Cooperativa (arts. 818 das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a
da CLT e 373, II, CPC), autorizando o desconto na resilição remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
contratual. Assim, tem-se que são aplicáveis ao contrato as regras inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de
gerais do Decreto-lei nº 4.840/2003, fixando que "serão mantidos os propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
prazos e encargos originalmente previstos, cabendo ao mutuário como medida adequada a capturar a variação de preços da
efetuar o pagamento mensal das prestações diretamente à economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina.
instituição consignatária" não havendo, portanto, vencimento Por outro lado, a reforma trabalhista inseriu, no art. 879, § 7º, da
antecipado das parcelas pendentes. Outrossim, o desconto deveria CLT, a correção pela TR dos créditos trabalhistas reconhecidos pela
se limitar a 30% do valor das verbas rescisórias, caso previsto em Justiça do Trabalho:
contrato, que não veio aos autos. Assim, deverá a Reclamada Art. 879[...]§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de
devolver ao Reclamante o valor de R$ 4.891,39 indevidamente condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada
descontado de sua rescisão, informando a Cooperativa que a partir pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1º de
quitados diretamente perante a instituição consignatária. Procede o Foi nesse contexto que o debate chegou ao Supremo Tribunal
pedido. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000234-46.2016.5.02.0317; Federal por meio das ADC nº 58 e nº 59 e nas ADI 5867 e 6021.
Data: 26-05-2017; Órgão Julgador: 14ª Turma - Cadeira 1 - 14ª Com efeito, ao julgar as ações acima destacadas, o STF decidiu
Turma; Relator(a): FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO). Grifei. que, em razão da insuficiência da TR, até que haja lei tratando
Pelas razões expendidas, impõe-se a condenação da reclamada no sobre o tema, deve-se utilizar o IPCA-E na fase pré-judicial e, na
reembolso do desconto efetuado na rescisão decorrente do fase judicial a Taxa Selic, conforme dispositivo a seguir transcrito,
A correção monetária, entendida como meio econômico por meio do inconstitucionalidade e as ações declaratórias de
qual se objetiva preservar o poder aquisitivo da moeda, corroído no constitucionalidade, para conferir interpretação conforme a
tempo em face da inflação verificada em dado período de tempo, Constituição ao artigo 879, §7º, e ao artigo 899, §4º, da CLT, na
constitui mecanismo que corrige a expressão monetária das redação dada pela Lei 13.467, de 2017. Nesse sentido, há de se
obrigações pecuniárias, inclusive aquelas de natureza trabalhista. considerar que à atualização dos créditos decorrentes de
Nas condenações trabalhistas, a lei previa a aplicação da TR como condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
índice de correção monetária, na forma do art. 39, caput, da Lei judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que
Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não monetária e de juros vigentes para as hipóteses de condenações
satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-
lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa Selic (artigo 406
contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no do Código Civil) (julgado em 18/12/20, vencidos os ministros Edson
período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio).
seu efetivo pagamento. Decisão: (ED-terceiros)O Tribunal, por unanimidade, não conheceu
O Tribunal Superior do Trabalho, contudo, reconheceu a dos embargos de declaração opostos pelos amici curiae, rejeitou os
inadequação da TR como índice de correção monetária, seguindo a embargos de declaração opostos pela ANAMATRA, mas acolheu,
mesma diretriz já traçada pelo Supremo Tribunal Federal quando parcialmente, os embargos de declaração opostos pela AGU, tão
tratou da matéria de precatórios e do art. 1º-F da Lei 9.494/97. somente para sanar o erro material constante da decisão de
De fato, o STF já havia fixado entendimento de que, nas ações julgamento e do resumo do acórdão, de modo a estabelecer "a
contra a Fazenda Pública, o índice correto seria o Índice de Preços incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), reconhecendo que a Taxa da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", sem
Referencial (TR) não combate a inflação. Veja um trecho da Tese conferir efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator.
Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Plenário, Sessão Virtual justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse
Destaco que a ementa da referida decisão, publicada em Releva pontuar que o Sodalício Tribunal Superior do Trabalho, por
07/04/2021 (DJE nº 63, divulgado em 06/04/2021) corrigiu a meio do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018, consolidou o
anomalia em relação à data de início da aplicação dos juros entendimento de que o art. 791-A e parágrafos, da CLT, são
(SELIC), que voltaram a ser calculados a partir do ajuizamento, plenamente aplicáveis às ações propostas após 11 de novembro de
De igual modo, acrescentou que além da indexação, serão Acontece, porém, que o Supremo Tribunal Federal declarou por
aplicados os juros legais (art. 39, caput, §1º da Lei 8.177, de 1991) meio da ADI 5766, decisão de 20.10.2021, inconstitucional os arts.
na fase pré-judicial. Esclareceu, igualmente, que a incidência de 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do
juros moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser Trabalho (CLT), conforme decisão de julgamento a seguir transcrita:
cumulada com a aplicação de outros índices de atualização Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o
monetária, cumulação que representaria bis in idem. pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os
Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis
determinar que os créditos trabalhistas deferidos no corpo deste do Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto
julgado sejam apurados com base nos parâmetros definidos pela Barroso (Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar
decisão de mérito das ADCs nºs 58 e 59 (IPCA-E na fase pré- Mendes. Por maioria, julgou improcedente a ação no tocante ao art.
judicial e Taxa Selic a partir do ajuizamento) 844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os
Finalmente, aplicáveis, ainda, as definições da Súmula n.º 381, do Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
TST,bem como, quando for o caso (indenização por dano moral), da Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário,
Súmula n.º 439, TST. Ressalte-se que os juros e a correção 20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução
que omisso o pedido inicial (Súmula 211 do TST). Desse modo, por questão de disciplina, a teor do art. 927, I, do
10 DA VERBA HONORÁRIA Código de Processo Civil não resta outro caminho a este
A previsão de honorários advocatícios sucumbenciais e recíprocos, magistrado senão seguir o entendimento proferido em sede de
na seara trabalhista, ocorreu a partir da inclusão do art. 791-A no controle concentrado de constitucionalidade.
Estatuto Celetário, através da Lei nº 13.467, de 11 de novembro de Na hipótese dos autos, julgados procedentes apenas parte dos
Reza, pois, a norma celetária acima destacada: empresa reclamada no pagamento de honorários advocatícios ao
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão patrono da parte reclamante, os quais fixo no percentual de 10%
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% sobre o valor da condenação (art. 791-A, § 2º da CLT).
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Incabível a condenação em honorários advocatícios pela parte
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico autora, em favor da parte demandada, ante a decisão proferida nos
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado autos da ADI 5766 que declarou a inconstitucionalidade dos arts.
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários As condições de cumprimento da decisão prolatada no feito deverão
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os ser fixadas pelo Magistrado em estrita observância ao disposto nos
honorários. artigos 652, d, 765 e 832, § 1º, todos da Consolidação das Leis do
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha Trabalho, bem como do Enunciado nº 119 aprovado na 3ª Jornada
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região,
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito [...]
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua
Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade pagamento das custas processuais no valor de R$ 27,02,
na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das calculadas sobre o montante condenatório de R$ 1.351,11.
causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao Determino, ainda, a expedição de alvará para liberação do saldo do
Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo constante de fl. 29, em prol dos reclamantes JOSÉ RYAN DOS
do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA
§ 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, importância líquida apurada dentro do prazo de 15 (quinze) dias
determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento. após o trânsito em julgado da sentença, implicando o
ENUNCIADO Nº 119/2018- EXECUÇÃO DE OFÍCIO. ART. 878 DA inadimplemento na imediata contrição de bens ou dinheiro, sem
CLT. INTERPRETAÇÃO. Caso exista sentença condenatória em nova citação/intimação/notificação, nos termos dos artigos 652, d,
obrigação de pagar verbas de natureza salarial, considerando que a 765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª
execução da contribuição previdenciária é de ofício, deve o juiz dar Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª
sentença, de modo que o art. 878 da CLT somente deve ser Intimem-se as partes desta decisão.".
aplicado caso não exista contribuição previdenciária a ser Embora o art. 462 da CLT vede qualquer desconto nos ganhos do
Como se pode ver, os dispositivos supra transcritos autorizam o legal ou de previsão contratual, subsiste previsão na Lei nº 10.820,
magistrado a fixar todas as condições de cumprimento da decisão, de 17/12/2003, que autoriza os descontos sobre as verbas
inclusive para fins de aplicação de multa, prazo para cumprimento rescisórias até o limite de 30% (trinta por cento) em caso de
da decisão e possibilidade de ser dispensada notificação rescisão contratual, no caso para fins de quitação de empréstimo
Diante disso, este Juízo fixa o prazo de quinze (15) dias, contado do Entretanto, não se pode olvidar que não restou colimado aos autos
trânsito em julgado da sentença, para o pagamento da importância efetivamente o contrato de empréstimo consignado, cuja
condenatória, implicando o inadimplemento na imediata contrição apresentação competia à reclamada, eis que a esta caiu a
de bens ou dinheiro, sem nova citação/intimação/notificação, nos obrigação de proceder aos descontos mês a mês no contracheque
termos dos dispositivos celetários acima transcritos. do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito autoral postulado,
Isto posto, e a luz do mais constante dos autos, decide esta 2ª Vara supracitada, que autoriza desconto percentual no que tange às
do Trabalho de Sobral afastar a preliminar de inépcia; reconhecer verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16 da Lei 1.046
corpo deste julgado apenas os reclamantes JOSÉ RYAN DOS "Art. 16. Ocorrido o falecimento do consignante, ficará extinta a
SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, na condição de dívida do empréstimo feito mediante simples garantia da
pedidos para condenar a reclamada, TRANSCIDADE SERVIÇOS Ora, restando extinta a obrigação, resta indevido o desconto a tal
AMBIENTAIS EIRELI, a pagar aos reclamantes, JOSÉ RYAN DOS título das verbas rescisórias do obreiro falecido.
SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, com juros e Cumpre registrar que o juízo de origem deferiu a restituição da
correção monetária, no prazo de quinze (15) dias (artigos 652, d, quantia de R$1.241,83, descontada pelo reclamado no pagamento
765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª das verbas rescisórias ao autor.
Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Não merece reproche a decisão de origem.
Região), contado do trânsito em julgado da sentença, o valor Merece destaque, ainda, que o fundamento da pretensão reside no
correspondente ao desconto efetuado na rescisão decorrente do lançamento indevido de descontos por ocasião da rescisão do
empréstimo consignado, no valor de R$ 1.351,11, na forma da contrato de trabalho, sendo recomposta através da determinação de
fundamentação que fica fazendo parte integrante desta decisão. ressarcimento da quantia indevidamente descontada.
Condena a reclamada, outrossim, no pagamento de honorários Ante o exposto, mantém-se incólume a sentença recorrida pelos
advocatícios de 10% sobre o valor da condenação, bem como no seus próprios fundamentos.
Intimado(s)/Citado(s):
- FLAUBERSON COSTA DE AQUINO
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Conhecer do recurso ordinário interposto pelo reclamante e negar-
lhe provimento.
EMENTA
DISPOSITIVO
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) Inexiste nos autos prova concreta de conluio com a finalidade de
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. obter as declarações mais favoráveis possíveis à parte reclamada.
Fortaleza, 18 de julho de 2022. Recurso obreiro não provimento no aspecto.
RELATÓRIO
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
Relator
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. O Juízo da 18ª vara do Trabalho de Fortaleza julgou totalmente
Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso normais da empresa. A onerosidade é caracterizada pela intenção
RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS somente o trabalhador contratado pode prestar os serviços, sem a
EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO faculdade de mandar substitutos. Cumpre ressaltar que a
O reclamante se insurge contra a sentença. Sustenta estarem subordinação caracterizadora da relação de emprego é a jurídica.
presentes os requisitos caracterizadores da relação de emprego Esta decorre do próprio contrato de trabalho, com o qual o
junto às reclamadas. Afirma que detinha a função de Baixista da empregador detém o poder de direção sobre a prestação pessoal
banda DANIEZE SANTIAGO, administrada pelas reclamadas, com dos serviços de seus empregados.
admissão em 23/02/2019 e rescisão em 11/08/2021, quando, Sobreleva destacar, por oportuno, que o Direito do Trabalho, por
espontaneamente, decidiu sair da banda. Percebia uma média de sua essência tuitiva, presume em prol do trabalhador que toda
R$1.800,00, sendo R$150,00 por show, cuja realização variava atividade remunerada que decorra de uma relação jurídica de
entre 12 a 16 shows por mês. Afirma, ainda, que comparecia aos subordinação é tipificada como contrato de emprego.
trabalhos externos e internos (ensaios, gravação de CD do grupo Assim, ao admitir a prestação de serviços e negar a existência de
A reclamada, por sua vez, não negou a prestação de serviços, pretensão autoral e, por isso, atraiu para si o ônus probatório (artigo
entretanto afirmou que o reclamante era "freelancer", realizando 818 da CLT c/c artigo 373, II, do CPC), devendo comprovar a
shows esporádicos, com cachê de R$150,00 ao final de cada show. existência de relação de trabalho diversa da relação de emprego.
O Juízo Primário fundamentou ser convincente a prova produzida A primeira testemunha indicada pelas reclamadas, EVANDRO
quanto à prestação de serviço do reclamante de modo autônomo CIEIRA DA SILVA, que é percussionista na banda desde
"RELAÇÃO JURÍDICA EXISTENTE ENTRE AS PARTES. precisasse faltar; que reclamante tocava na época, ressaltando
O reclamante afirma que foi contratado pelas reclamadas no dia também que se o reclamante precisasse faltar ia outra pessoa no
23/2/2019, na função de baixista, mas sem anotação em sua CTPS, seu lugar; que faltou 3 shows, e que não era penalizado; que o
e que no dia 11/8/2021 resolveu sair da banda. Aduz que recebia o Herculano fazia a convocação e o pagamento; que recebia o valor
valor de R$1.800,00 por mês. Sustenta que banda realizava uma de R$150,00 por show; que antes da pandemia fazia 1 a 2 por
média de 12 a 16 shows por mês. Requer reconhecimento de semana; que parou de tocar na pandemia entre o mês de março a
vínculo com a banda reclamada, declaração de rescisão indireta, dezembro/2020; que os horários os shows eram depois das 22h,
recebimento das verbas e anotação do contrato com baixa da com 1h30 de duração; que chegavam 30 minutos a uma hora antes
CTPS. Pleiteia ainda responsabilidade solidária das reclamadas. e não ficavam depois; que na semana do evento o Herculano
A reclamada nega o contrato de emprego, alega que o autor colocava no grupo de WhatsApp a agenda dos show do final de
prestava serviços de forma autônoma, como músico (baixista) semana; que caso alguém faltasse, o Herculano indicava outra
"freelancer", realizando shows esporádicos no qual se apresentava pessoa; que tem conhecimento que o reclamante tocava em
juntamente com a banda. Aduz que cada um, ao final de cada show, quadrilha; que recebia ordens do Herculano quem combinava tudo
recebia o cachê no valor de R$150,00 (cento e cinquenta reais), com "freenlancer"; que não recebia ordem da Danieze Santiago;
finalizando o pactuado, sempre ao final de cada show, e que o que a banda não pedia preferencia; que os show podiam ocorrer
reclamante não era músico exclusivo da banda, ressaltando que o tanto no estado Ceará como em outro estado; que esperavam 1h30
reclamante prestava serviços para outras bandas. Aduz que o autor no ônibus para o desmonte da banda; que em média de 8 a 9
nunca participou de ensaios da banda, tendo em vista que os shows shows por mês.
Para que seja caracterizada a relação jurídica de emprego, torna-se HERCULANO RIBEIRO DE CARVALHO, declarou: "Que é produtor
imperiosa a presença dos requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da da banda há 4 anos; que durante a pandemia parou de tocar; que
CLT, quais sejam: pessoalidade quanto ao empregado, recebia R$250,0 por evento/show; que antes da pandemia, faziam
subordinação, onerosidade e não eventualidade. A não 10 shows por mês, sendo 6 no Estado da Paraíba e 4 no Ceará;
eventualidade da prestação de serviços é caracterizada quando as que durante a pandemia faziam 2 a 3 shows; que os músicos
recebiam R$150,00 por show; que o show dura cerca de 1h40, pela reclamada.
chegando 30min antes, mas não ficando depois; que compraram A primeira testemunha convidada pela parte reclamada foi firme ao
ônibus 2 meses antes da pandemia e, por isso, o autor foi pra afirmar que, se o reclamante precisasse faltar, outra pessoa iria em
shows na Paraíba; que o reclamante chegou a tocar em outubro de seu lugar, tendo o reclamante faltado a três shows sem
2020 antes de decreto para novo fechamento; que quando termina penalização. Afirmando, inclusive, o depoente que, como
o pagamento repassa o restante do dinheiro ao dono da banda; que percussionista da banda, caso precisasse se ausentar, indicaria
presta serviços para outras bandas; que o valor que recebe é outra pessoa (02'04").
semelhante em outras bandas; que não tem agenda fixa; que não A segunda testemunha, por sua vez, confirmou a tese de defesa da
são obrigado aderir aos shows, e que não estivesse disponível era reclamada, afirmando ser produtor da banda, que montaria a equipe
substituído por outro; que citou um exemplo de um baixista que e que a banda sempre varia, que providencia músicos/artistas
faltou, e este indicou outro para seu lugar; que o reclamantes saiu substitutos caso alguém se fizesse ausente.
da banda porque passou no concurso; que o reclamante exercia Embora plenamente possível o reconhecimento de vínculo de
outras funções; que o reclamante tocava em outras bandas; que a emprego entre músico e a respectiva banda, é imprescindível a
equipe sempre varia; que os músicos tocam em "playback"; que não demonstração de que entre ambos havia subordinação,
há ensaio dos músicos; que o reclamante nunca participou de onerosidade, pessoalidade e habitualidade. Ausente qualquer dos
gravação de dvd da banda; que o reclamante nunca foi punido requisitos previstos no art. 3º da CLT, não se tem por caracterizada
casso faltasse; que não precisava apresentar atestado; que nunca a relação de emprego. O que se depreende da prova colhida nos
houve desconto por conta de atraso. autos é que o reclamante detinha certa autonomia de escolha,
Assim, percebe-se que as testemunhas indicadas pelas reclamadas podendo participar ou não dos shows, sem sofrer punições, de
confirmaram a autonomia na prestação de serviços e a ausência de modo que restou ausente a subordinação ao poder diretivo ou
pessoalidade em razão da possibilidade de indicar substituto, disciplinar dos demandados, inexistindo, assim, atendimento aos
mediante paga pelo dia trabalhado, nas ocasiões em que o requisitos contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do
Logo, julgo improcedente o pedido de reconhecimento do contrato constatado-se que as matérias devolvidas a exame resultaram
de emprego e, consequentemente, julgo improcedentes os demais suficiente e satisfatoriamente analisadas na origem, com
pedidos formulados decorrentes do vínculo empregatício não fundamentação erigida nos aspectos fáticos e jurídicos pertinentes
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. de acordo com as provas dos autos, a sentença recorrida há de ser
A presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº mantida pelos próprios fundamentos.
13.467/2017 (Reforma Trabalhista). Incide, portanto, o art. 791-A, Não vinga o apelo na espécie.
caput, da CLT. Porém, sendo a parte autora beneficiária da justiça DO SUPOSTO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO
gratuita e tendo em vista a recente declaração de Sustenta o reclamante que o depoimento da segunda testemunha
inconstitucionalidade do art. 791-A, §4º, da Consolidação das Leis convidada pela reclamada configurou falso testemunho por
do Trabalho (CLT), proferida em julgamento da ADI 5766/DF, deixo contradizer-se com depoimento da sócia da reclamada, eis que a
de condenar a parte autora ao pagamento de honorários testemunha teria afirmado que o autor não teria faltado.
sucumbenciais." À análise.
Com efeito, recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos ao prestar depoimento, foi devidamente advertida e
arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser compromissada. Destarte, pequenas discrepâncias ou
o reclamante mero prestador de serviços, ônus do qual se incongruências entre o depoimento da testemunha defensiva e o do
desincumbiu a contento. Explico. preposto da reclamada não torna falso ou criminoso o seu
Analisando todo o conjunto probatório colimado aos autos, tem-se depoimento, que pode ter advindo de percepção falível do ser
tese de sua defesa. Ao revés, o reclamante não foi capaz de Destarte, inexiste nos autos prova concreta de conluio com a
apresentar qualquer meio de prova que infirmasse a narrativa posta finalidade de obter as declarações mais favoráveis possíveis.
Nos termos do art. 458 do CPC/2015, a testemunha compromissada Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
falso testemunho tipificado no art. 342 do Código Penal. FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
falso testemunho, compulsando os autos, mormente quanto ao ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
- CARLOS AUGUSTO STUDART FONSECA NETO
03189564388
CONCLUSÃO DO VOTO
EMENTA
DISPOSITIVO
O Juízo da 18ª vara do Trabalho de Fortaleza julgou totalmente prestava serviços de forma autônoma, como músico (baixista)
improcedentes os pedidos aduzidos na inicial. "freelancer", realizando shows esporádicos no qual se apresentava
O reclamante rebate a sentença pretendendo sua reforma, com juntamente com a banda. Aduz que cada um, ao final de cada show,
reconhecimento do vínculo empregatício e pagamento de seus recebia o cachê no valor de R$150,00 (cento e cinquenta reais),
haveres rescisórios. Requereu, ainda, a apuração de crime de falso finalizando o pactuado, sempre ao final de cada show, e que o
A parte adversa ofereceu contrarrazões no Id. 81ec31c. reclamante prestava serviços para outras bandas. Aduz que o autor
Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria Regional do nunca participou de ensaios da banda, tendo em vista que os shows
Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso normais da empresa. A onerosidade é caracterizada pela intenção
RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS somente o trabalhador contratado pode prestar os serviços, sem a
EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO faculdade de mandar substitutos. Cumpre ressaltar que a
O reclamante se insurge contra a sentença. Sustenta estarem subordinação caracterizadora da relação de emprego é a jurídica.
presentes os requisitos caracterizadores da relação de emprego Esta decorre do próprio contrato de trabalho, com o qual o
junto às reclamadas. Afirma que detinha a função de Baixista da empregador detém o poder de direção sobre a prestação pessoal
banda DANIEZE SANTIAGO, administrada pelas reclamadas, com dos serviços de seus empregados.
admissão em 23/02/2019 e rescisão em 11/08/2021, quando, Sobreleva destacar, por oportuno, que o Direito do Trabalho, por
espontaneamente, decidiu sair da banda. Percebia uma média de sua essência tuitiva, presume em prol do trabalhador que toda
R$1.800,00, sendo R$150,00 por show, cuja realização variava atividade remunerada que decorra de uma relação jurídica de
entre 12 a 16 shows por mês. Afirma, ainda, que comparecia aos subordinação é tipificada como contrato de emprego.
trabalhos externos e internos (ensaios, gravação de CD do grupo Assim, ao admitir a prestação de serviços e negar a existência de
A reclamada, por sua vez, não negou a prestação de serviços, pretensão autoral e, por isso, atraiu para si o ônus probatório (artigo
entretanto afirmou que o reclamante era "freelancer", realizando 818 da CLT c/c artigo 373, II, do CPC), devendo comprovar a
shows esporádicos, com cachê de R$150,00 ao final de cada show. existência de relação de trabalho diversa da relação de emprego.
O Juízo Primário fundamentou ser convincente a prova produzida A primeira testemunha indicada pelas reclamadas, EVANDRO
quanto à prestação de serviço do reclamante de modo autônomo CIEIRA DA SILVA, que é percussionista na banda desde
"RELAÇÃO JURÍDICA EXISTENTE ENTRE AS PARTES. precisasse faltar; que reclamante tocava na época, ressaltando
O reclamante afirma que foi contratado pelas reclamadas no dia também que se o reclamante precisasse faltar ia outra pessoa no
23/2/2019, na função de baixista, mas sem anotação em sua CTPS, seu lugar; que faltou 3 shows, e que não era penalizado; que o
e que no dia 11/8/2021 resolveu sair da banda. Aduz que recebia o Herculano fazia a convocação e o pagamento; que recebia o valor
valor de R$1.800,00 por mês. Sustenta que banda realizava uma de R$150,00 por show; que antes da pandemia fazia 1 a 2 por
média de 12 a 16 shows por mês. Requer reconhecimento de semana; que parou de tocar na pandemia entre o mês de março a
dezembro/2020; que os horários os shows eram depois das 22h, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
com 1h30 de duração; que chegavam 30 minutos a uma hora antes A presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº
e não ficavam depois; que na semana do evento o Herculano 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). Incide, portanto, o art. 791-A,
colocava no grupo de WhatsApp a agenda dos show do final de caput, da CLT. Porém, sendo a parte autora beneficiária da justiça
semana; que caso alguém faltasse, o Herculano indicava outra gratuita e tendo em vista a recente declaração de
pessoa; que tem conhecimento que o reclamante tocava em inconstitucionalidade do art. 791-A, §4º, da Consolidação das Leis
quadrilha; que recebia ordens do Herculano quem combinava tudo do Trabalho (CLT), proferida em julgamento da ADI 5766/DF, deixo
com "freenlancer"; que não recebia ordem da Danieze Santiago; de condenar a parte autora ao pagamento de honorários
que a banda não pedia preferencia; que os show podiam ocorrer sucumbenciais."
tanto no estado Ceará como em outro estado; que esperavam 1h30 Analisa-se.
no ônibus para o desmonte da banda; que em média de 8 a 9 Com efeito, recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos
shows por mês. arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser
Já a segunda testemunha apresentada pelas reclamadas, o reclamante mero prestador de serviços, ônus do qual se
da banda há 4 anos; que durante a pandemia parou de tocar; que Analisando todo o conjunto probatório colimado aos autos, tem-se
recebia R$250,0 por evento/show; que antes da pandemia, faziam que a reclamada produziu prova testemunhal suficiente que ratificou
10 shows por mês, sendo 6 no Estado da Paraíba e 4 no Ceará; tese de sua defesa. Ao revés, o reclamante não foi capaz de
que durante a pandemia faziam 2 a 3 shows; que os músicos apresentar qualquer meio de prova que infirmasse a narrativa posta
recebiam R$150,00 por show; que o show dura cerca de 1h40, pela reclamada.
chegando 30min antes, mas não ficando depois; que compraram A primeira testemunha convidada pela parte reclamada foi firme ao
ônibus 2 meses antes da pandemia e, por isso, o autor foi pra afirmar que, se o reclamante precisasse faltar, outra pessoa iria em
shows na Paraíba; que o reclamante chegou a tocar em outubro de seu lugar, tendo o reclamante faltado a três shows sem
2020 antes de decreto para novo fechamento; que quando termina penalização. Afirmando, inclusive, o depoente que, como
o pagamento repassa o restante do dinheiro ao dono da banda; que percussionista da banda, caso precisasse se ausentar, indicaria
presta serviços para outras bandas; que o valor que recebe é outra pessoa (02'04").
semelhante em outras bandas; que não tem agenda fixa; que não A segunda testemunha, por sua vez, confirmou a tese de defesa da
são obrigado aderir aos shows, e que não estivesse disponível era reclamada, afirmando ser produtor da banda, que montaria a equipe
substituído por outro; que citou um exemplo de um baixista que e que a banda sempre varia, que providencia músicos/artistas
faltou, e este indicou outro para seu lugar; que o reclamantes saiu substitutos caso alguém se fizesse ausente.
da banda porque passou no concurso; que o reclamante exercia Embora plenamente possível o reconhecimento de vínculo de
outras funções; que o reclamante tocava em outras bandas; que a emprego entre músico e a respectiva banda, é imprescindível a
equipe sempre varia; que os músicos tocam em "playback"; que não demonstração de que entre ambos havia subordinação,
há ensaio dos músicos; que o reclamante nunca participou de onerosidade, pessoalidade e habitualidade. Ausente qualquer dos
gravação de dvd da banda; que o reclamante nunca foi punido requisitos previstos no art. 3º da CLT, não se tem por caracterizada
casso faltasse; que não precisava apresentar atestado; que nunca a relação de emprego. O que se depreende da prova colhida nos
houve desconto por conta de atraso. autos é que o reclamante detinha certa autonomia de escolha,
Assim, percebe-se que as testemunhas indicadas pelas reclamadas podendo participar ou não dos shows, sem sofrer punições, de
confirmaram a autonomia na prestação de serviços e a ausência de modo que restou ausente a subordinação ao poder diretivo ou
pessoalidade em razão da possibilidade de indicar substituto, disciplinar dos demandados, inexistindo, assim, atendimento aos
mediante paga pelo dia trabalhado, nas ocasiões em que o requisitos contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do
Logo, julgo improcedente o pedido de reconhecimento do contrato constatado-se que as matérias devolvidas a exame resultaram
de emprego e, consequentemente, julgo improcedentes os demais suficiente e satisfatoriamente analisadas na origem, com
pedidos formulados decorrentes do vínculo empregatício não fundamentação erigida nos aspectos fáticos e jurídicos pertinentes
testemunha teria afirmado que o autor não teria faltado. ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
Importante pontuar que a testemunha indicada pelas reclamadas, unanimidade, conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no
incongruências entre o depoimento da testemunha defensiva e o do Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
preposto da reclamada não torna falso ou criminoso o seu (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
depoimento, que pode ter advindo de percepção falível do ser Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
Nos termos do art. 458 do CPC/2015, a testemunha compromissada Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
falso testemunho tipificado no art. 342 do Código Penal. FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
falso testemunho, compulsando os autos, mormente quanto ao ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
- DANIEZE SANTIAGO.
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
Conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no mérito, negar-
JUSTIÇA DO
lhe provimento.
EMENTA
DISPOSITIVO
RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS admissão em 23/02/2019 e rescisão em 11/08/2021, quando,
EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO. espontaneamente, decidiu sair da banda. Percebia uma média de
Recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos arts. 818 da R$1.800,00, sendo R$150,00 por show, cuja realização variava
CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser o reclamante entre 12 a 16 shows por mês. Afirma, ainda, que comparecia aos
mero prestador de serviços, ônus do qual se desincumbiu a trabalhos externos e internos (ensaios, gravação de CD do grupo
reclamante detinha certa autonomia de escolha, podendo participar A reclamada, por sua vez, não negou a prestação de serviços,
ou não dos shows, sem sofrer punições, de modo que restou entretanto afirmou que o reclamante era "freelancer", realizando
ausente a subordinação ao poder diretivo ou disciplinar dos shows esporádicos, com cachê de R$150,00 ao final de cada show.
demandados, inexistindo, assim, atendimento aos requisitos O Juízo Primário fundamentou ser convincente a prova produzida
contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho. quanto à prestação de serviço do reclamante de modo autônomo
SUPOSTO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO. INOCORRÊNCIA. "RELAÇÃO JURÍDICA EXISTENTE ENTRE AS PARTES.
Inexiste nos autos prova concreta de conluio com a finalidade de 23/2/2019, na função de baixista, mas sem anotação em sua CTPS,
obter as declarações mais favoráveis possíveis à parte reclamada. e que no dia 11/8/2021 resolveu sair da banda. Aduz que recebia o
Recurso obreiro não provimento no aspecto. valor de R$1.800,00 por mês. Sustenta que banda realizava uma
O Juízo da 18ª vara do Trabalho de Fortaleza julgou totalmente prestava serviços de forma autônoma, como músico (baixista)
improcedentes os pedidos aduzidos na inicial. "freelancer", realizando shows esporádicos no qual se apresentava
O reclamante rebate a sentença pretendendo sua reforma, com juntamente com a banda. Aduz que cada um, ao final de cada show,
reconhecimento do vínculo empregatício e pagamento de seus recebia o cachê no valor de R$150,00 (cento e cinquenta reais),
haveres rescisórios. Requereu, ainda, a apuração de crime de falso finalizando o pactuado, sempre ao final de cada show, e que o
A parte adversa ofereceu contrarrazões no Id. 81ec31c. reclamante prestava serviços para outras bandas. Aduz que o autor
Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria Regional do nunca participou de ensaios da banda, tendo em vista que os shows
Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso normais da empresa. A onerosidade é caracterizada pela intenção
RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS somente o trabalhador contratado pode prestar os serviços, sem a
EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO faculdade de mandar substitutos. Cumpre ressaltar que a
O reclamante se insurge contra a sentença. Sustenta estarem subordinação caracterizadora da relação de emprego é a jurídica.
presentes os requisitos caracterizadores da relação de emprego Esta decorre do próprio contrato de trabalho, com o qual o
junto às reclamadas. Afirma que detinha a função de Baixista da empregador detém o poder de direção sobre a prestação pessoal
banda DANIEZE SANTIAGO, administrada pelas reclamadas, com dos serviços de seus empregados.
Sobreleva destacar, por oportuno, que o Direito do Trabalho, por faltou, e este indicou outro para seu lugar; que o reclamantes saiu
sua essência tuitiva, presume em prol do trabalhador que toda da banda porque passou no concurso; que o reclamante exercia
atividade remunerada que decorra de uma relação jurídica de outras funções; que o reclamante tocava em outras bandas; que a
subordinação é tipificada como contrato de emprego. equipe sempre varia; que os músicos tocam em "playback"; que não
Assim, ao admitir a prestação de serviços e negar a existência de há ensaio dos músicos; que o reclamante nunca participou de
contrato de emprego, a reclamada aduziu fato impeditivo à gravação de dvd da banda; que o reclamante nunca foi punido
pretensão autoral e, por isso, atraiu para si o ônus probatório (artigo casso faltasse; que não precisava apresentar atestado; que nunca
818 da CLT c/c artigo 373, II, do CPC), devendo comprovar a houve desconto por conta de atraso.
existência de relação de trabalho diversa da relação de emprego. Assim, percebe-se que as testemunhas indicadas pelas reclamadas
A primeira testemunha indicada pelas reclamadas, EVANDRO confirmaram a autonomia na prestação de serviços e a ausência de
CIEIRA DA SILVA, que é percussionista na banda desde pessoalidade em razão da possibilidade de indicar substituto,
junho/2019, DECLAROU: que indica outra pessoa quando mediante paga pelo dia trabalhado, nas ocasiões em que o
precisasse faltar; que reclamante tocava na época, ressaltando reclamante se encontrava disponível para atuar nas festas
também que se o reclamante precisasse faltar ia outra pessoa no realizadas pela demandada.
seu lugar; que faltou 3 shows, e que não era penalizado; que o Logo, julgo improcedente o pedido de reconhecimento do contrato
Herculano fazia a convocação e o pagamento; que recebia o valor de emprego e, consequentemente, julgo improcedentes os demais
de R$150,00 por show; que antes da pandemia fazia 1 a 2 por pedidos formulados decorrentes do vínculo empregatício não
dezembro/2020; que os horários os shows eram depois das 22h, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
com 1h30 de duração; que chegavam 30 minutos a uma hora antes A presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº
e não ficavam depois; que na semana do evento o Herculano 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). Incide, portanto, o art. 791-A,
colocava no grupo de WhatsApp a agenda dos show do final de caput, da CLT. Porém, sendo a parte autora beneficiária da justiça
semana; que caso alguém faltasse, o Herculano indicava outra gratuita e tendo em vista a recente declaração de
pessoa; que tem conhecimento que o reclamante tocava em inconstitucionalidade do art. 791-A, §4º, da Consolidação das Leis
quadrilha; que recebia ordens do Herculano quem combinava tudo do Trabalho (CLT), proferida em julgamento da ADI 5766/DF, deixo
com "freenlancer"; que não recebia ordem da Danieze Santiago; de condenar a parte autora ao pagamento de honorários
que a banda não pedia preferencia; que os show podiam ocorrer sucumbenciais."
tanto no estado Ceará como em outro estado; que esperavam 1h30 Analisa-se.
no ônibus para o desmonte da banda; que em média de 8 a 9 Com efeito, recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos
shows por mês. arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser
Já a segunda testemunha apresentada pelas reclamadas, o reclamante mero prestador de serviços, ônus do qual se
da banda há 4 anos; que durante a pandemia parou de tocar; que Analisando todo o conjunto probatório colimado aos autos, tem-se
recebia R$250,0 por evento/show; que antes da pandemia, faziam que a reclamada produziu prova testemunhal suficiente que ratificou
10 shows por mês, sendo 6 no Estado da Paraíba e 4 no Ceará; tese de sua defesa. Ao revés, o reclamante não foi capaz de
que durante a pandemia faziam 2 a 3 shows; que os músicos apresentar qualquer meio de prova que infirmasse a narrativa posta
recebiam R$150,00 por show; que o show dura cerca de 1h40, pela reclamada.
chegando 30min antes, mas não ficando depois; que compraram A primeira testemunha convidada pela parte reclamada foi firme ao
ônibus 2 meses antes da pandemia e, por isso, o autor foi pra afirmar que, se o reclamante precisasse faltar, outra pessoa iria em
shows na Paraíba; que o reclamante chegou a tocar em outubro de seu lugar, tendo o reclamante faltado a três shows sem
2020 antes de decreto para novo fechamento; que quando termina penalização. Afirmando, inclusive, o depoente que, como
o pagamento repassa o restante do dinheiro ao dono da banda; que percussionista da banda, caso precisasse se ausentar, indicaria
presta serviços para outras bandas; que o valor que recebe é outra pessoa (02'04").
semelhante em outras bandas; que não tem agenda fixa; que não A segunda testemunha, por sua vez, confirmou a tese de defesa da
são obrigado aderir aos shows, e que não estivesse disponível era reclamada, afirmando ser produtor da banda, que montaria a equipe
substituído por outro; que citou um exemplo de um baixista que e que a banda sempre varia, que providencia músicos/artistas
substitutos caso alguém se fizesse ausente. Ademais, ante ao princípio da imediatidade o Juiz que preside a
Embora plenamente possível o reconhecimento de vínculo de instrução, em contato pessoal com as partes e testemunhas, é o
emprego entre músico e a respectiva banda, é imprescindível a mais apto a valorar seus depoimentos, avaliando o grau de
demonstração de que entre ambos havia subordinação, confiabilidade das declarações que lhe são prestadas, pois o
onerosidade, pessoalidade e habitualidade. Ausente qualquer dos contato direto com os depoentes permite observá-los
requisitos previstos no art. 3º da CLT, não se tem por caracterizada psicologicamente, permitindo, assim, examinar melhor suas
testemunha teria afirmado que o autor não teria faltado. ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
Importante pontuar que a testemunha indicada pelas reclamadas, unanimidade, conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no
incongruências entre o depoimento da testemunha defensiva e o do Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
preposto da reclamada não torna falso ou criminoso o seu (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
depoimento, que pode ter advindo de percepção falível do ser Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
Nos termos do art. 458 do CPC/2015, a testemunha compromissada Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
falso testemunho tipificado no art. 342 do Código Penal. FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
falso testemunho, compulsando os autos, mormente quanto ao ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
cabal (arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC), visto que a justa causa é
TODAS AS DEMAIS ARGUMENTAÇÕES DA PETIÇÃO INICIAL E Requer a reversão da justa causa, com o consequente pagamento
DETERMINO QUE A SECRETARIA DA VARA PROCEDA ÀS Em tese defensiva, a empresa sustentou que a dispensa por justa
NOTIFICAÇÕES, INTIMAÇÕES E PUBLICAÇÕES EM NOME DOS causa ocorreu pela prática e concorrência desleal, hipótese prevista
ADVOGADOS INDICADOS PELAS PARTES, CONFORME na alínea e "c" do art. 482 da CLT.
REQUERIDO, COM O FIM DE SE EVITAR NULIDADES. INTIMAR Defendeu que : " (...) o Sr. João Fábio da Silva, de forma rotineira,
AS PARTES. NADA MAIS". procedia com atos de concorrência à empresa para a qual
Inconformado, o consignado/reconvinte interpôs recurso ordinário trabalhava, pois vendia e encaminhava hóspedes para
ventilando a necessidade de reversão do reconhecimento da justa concorrentes que exploram o mesmo condomínio.
causa e requerendo que lhe sejam deferidas as verbas suplicadas Para melhor entendimento, o Sr. Fábio trabalhava para a empresa
Contrarrazões da consignante/reconvinda pela manutenção da Residence. No mesmo condomínio existem outras empresas que
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho empregado da MCF, encaminhava hóspedes para outras empresas,
para emissão de parecer. tirando assim a clientela da própria empresa em que trabalhava.
Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de A controvérsia gira em torno da modalidade de dispensa e dos
interposto pelo consignado/reconvinte. A justa causa é conduta tipificada em lei, art. 482 da CLT que, se
RUPTURA DO CONTRATO DE TRABALHO. EXISTÊNCIA OU mútua entre as partes, possibilitando a resolução do contrato de
A sentença chancelou a justa causa atribuída ao É cediço, que a dispensa por justa causa, face à natureza do ato e
consignado/reconvinte (concorrência desleal - art.482, alínea "c", da suas consequências morais e financeiras prejudiciais ao obreiro,
CLT). Eis adiante o fundamento: merece prova irrefutável, por parte da empregadora, da causa de
Narra o reconvinte que foi dispensado por justa causa em Alegada em juízo, incumbe ao empregador comprovar que o obreiro
29/03/2020. incidiu numa das hipóteses elencadas no art. 482 consolidado, por
Pretende a reversão de sua dispensa por justa causa, com o ser fato impeditivo do direito às verbas rescisórias vindicadas, não
Sustenta o consignatário/reconvinte que não procede a tese de emprego, que gera presunção favorável ao empregado.
concorrência desleal apresentada pela consignante/reconvinda e Desse ônus se desincumbiu plenamente o empregador. Senão
convocado por sua gerente, Sra. Lidiane Moreira, para uma reunião Após bem observar as considerações e as provas apresentadas
na qual a mesma e o advogado da empresa Dirceu Antônio Brito pelas partes em cizânia, concluo que a consignante/ reconvinda
Jorge , tentaram coagir o reclamante a assinar sua demissão por conseguiu demonstrar elementos suficientes a propiciar a convicção
JUSTA CAUSA, alegando que o motivo do desligamento seria o desta magistrada quanto a alegada justa causa obreira.
desvio de sabonete é o desvio de hospedagem, intimidando e No caso, o acervo probatório evidencia que o empregado praticou
constrangendo o mesmo, o reclamante então se recusou a assinar concorrência desleal, uma vez que durante o horário de trabalho
quaisquer documentos, pois o mesmo não tem conhecimento de para a ré praticava negociação habitual por conta própria, sem o
tais alegações (...)". (sic, reconvenção, fl.38). conhecimento e permissão da empregadora, sendo prejudicial ao
Cumpre asseverar, que a consignante/reconvinda anexou aos autos Desta feita, diante do conjunto probatório sinalizando a
prints de diálogos de whatsapp, às fls. 59/65, comprovando que o responsabilização do consignado/reconvinte, e tendo em vista que o
consignado/ reconvinte encaminhava a um Sr. de nome "Davi", por empregado não produziu nenhuma prova de que a empresa sabia e
conta própria e sem permissão do empregadora, a estadia de autorizou que ele, no horário de trabalho dedicado à reclamada e
turistas que estavam na recepção da empregadora em busca de fazendo uso dos instrumentos e local de trabalho disponibilizado
hospedagem, de modo a resultar em ato de concorrência à empresa pela empresa, fizesse negócios no mesmo ramo de atividade da
para a qual trabalha, bem como prejuízos ao serviço. reclamada em benefício próprio, em detrimento do empregador,
A priori, ressalto que, embora o autor, em depoimento pessoal, reputo demonstrado a prática de ato de concorrência à empresa
tenho sustentado que " era proibido de falar com o Sr. Davi assim para a qual trabalha o empregado.
como todo mundo da consignante; que o SR. Davi não trabalhava Entendo que a reclamada empregou o poder disciplinar de modo
para a consignante, mas para outro hotel, que o reclamante não legítimo e idôneo na medida que a relação de trabalho dever ser
sabe qual é", na verdade, restou evidenciado que o obreiro e o Sr. pautada pela confiança e pelo respeito mútuos, incumbindo ao
Davi tinham uma verdadeira parceria comercial na qual o empregado portar-se de forma ética e profissional.
empregado, em horário de trabalho, repassava clientes ao aludido Logo, no presente caso, infiro não seria razoável o empregador
senhor para que o mesmo realizasse a venda de hospedagens manter o posto de serviço de um empregado em que ele não mais
iguais às comercializadas pela reclamada em detrimento do confia, conduta que também poderia incentivar aos colegas do
empregador que deixava de lucrar com os clientes que o obreiro reclamante a agir do mesmo modo.
repassava ao Sr. Davi. De outro giro, entendo tampouco seria justo reverter a justa causa
Com efeito, os "prints" das conversas anexadas aos autos, se não aplicada, impondo à reclamada todos os ônus dessa modalidade de
mau procedimento do empregado. Deveras, o mau proceder do Destarte, não posso deixar de concluir que a Reclamada aplicou
empregado, autoriza o empregador a realizar a sua dispensa por corretamente a justa causa ao Reclamante.
Cabe ressaltar também que não prospera a alegação de invalidade que enseja a aplicação imediata de demissão por justa causa.
dos documentos juntados pela reclamada, pois o consignado Assim, caracterizada a concorrência desleal, na forma do artigo
/reconvinte não suscitou incidente de falsidade documental, nos 482, alínea "c", da CLT, fica mantida a dispensa por justa causa.
termos do art. 430 do CPC. No que se refere à alegação de que era tratado com rigor
Ademais, a testemunha ouvida a convite do autor esclareceu que: excessivo, destaco que o empregado não narrou, tampouco
"conhece o Sr. Davi, que é responsável pelo restaurante Manacá, comprovou qualquer situação em que foi tratado com rigor
localizado dentro do Kariri Beach e responsável pela locação de excessivo pela empregadora.
alguns apartamentos localizados dentro do Hotel Kariri Beach; que Por corolário, considerada subsistente a justa causa aplicada pela
essas locações feitas pelo Sr. Davi também chama Locações consignate/reconvinda, julgo improcedentes os pedidos de:
Manacá (...) " ( sic, ata de audiência, fls. 68/69). reversão da justa causa, aviso prévio indenizado e a sua projeção,
Destarte, prova dos autos demonstra, de fato, a prática do férias proporcionais com adicional de 1/3, 13º salário proporcional,
reclamante de, durante a jornada e trabalho e com uso dos multa rescisória de 40% sobre depósitos de FGTS, de expedição de
instrumentos do empregador, repassar clientes para a empresa alvará para soerguimento do FGTS já depositado, multas previstas
concorrente da ré reduzindo-lhe o faturamento e causando-lhe nos artigos art. 477 e 467, da CLT e de indenização substitutiva do
Decerto, feriu o obreiro o dever de lealdade e fidelidade, que devem Improcedente o pleito de saldo salarial, tendo em vista que tal verba
ser cumpridos pelas partes no cumprimento do contrato de trabalho. constou no TRCT de fls.12/13, não impugnado pelo reclamante.
Nesse sentido, entendo que a conduta do autor desestrutura a Outrossim, o aviso de dispensa do autor evidencia que o obreiro
fidúcia necessária de qualquer contrato laboral e torna insustentável laborou, de fato, apenas 26 dias no mês de março de 2021."
Demais disso, o obreiro não produziu provas capazes de alegada justa causa obreira, porquanto, nos "print's" de conversas
desconstituir a tese de sua ex-empregadora e as juntadas aos autos do whatsApp, que conduziram o juízo a acatar a tese patronal, não
haveria vinculação ou citação ao nome do consignado/reconvinte, administração, sendo de sua obrigação a manutenção, limpeza e
pelo que inexistiriam condições suficientes para reconhecer que abastecimentos tão somente daquelas unidades.
enviou referidas mensagens, as quais, no entender sentencial, Comprova-se que o Sr. Davi solicitava ao Sr. Fábio sabonetes para
demonstrariam a conduta de concorrência desleal. Suscita ainda a abastecimento de quartos que não pertencem à empresa MCF,
falta de produção de prova testemunhal pela parte adversa, o retirando o produto adquirido pela MCF de seu estoque para
art.225 do CC e o princípio do in dubio pro operario. utilização em uma unidade pertencente a outra empresa, pela qual
Na espécie, a consignante/reconvinda (empresa do ramo de Sendo asism, a empresa MCF, além de suportar perdas com o
hotelaria) sustenta que o consignado/reconvinte, na condição de "desvio" de hóspedes para concorrentes, atitude esta praticada pelo
seu empregado (recepcionista), incorreu na falta de concorrência proprio funcionário Fábio, a empresa estava também suportanto
desleal descrita no art.482, "c" da CLT, visto que teria, de forma prejuízo, ao perder material de sua propriedade.
rotineira, em conluio com representante de empresa concorrente As atitudes do Sr. Fábio, além de caracterizar atos de
(Sr. Davi), encaminhado hóspedes para esta, que também explora o concorrência à empresa para a qual trabalhava(art. 482, C, da
mesmo condomínio, recebendo comissões por tais atos e causando CLT), justificando a dispensa por justa causa, estava cuasando
perda de faturamento para a empregadora. Confira-se a íntegra dos grandes prejuízos financeiros à empresa MCF.
argumentos apresentados na contestação à reconvenção: Portanto, pelos fatos e provas acima citados, resta evidente a
"Conforme comprovado pelas provas ora anexadas aos autos, o Sr. legalidade da dispensa por justa causa, nos termos do artigo 842, C
João Fábio da Silva, de forma rotineira, procedia com atos de da CLT, estando assim caracterizado atos de concorrência à
concorrência à empresa para a qual trabalhava, pois vendia e empresa para a qual trabalhava."
encaminhava hóspedes para concorrentes que exploram o Consabido que o poder disciplinar patronal deriva do poder diretivo
Para melhor entendimento, o Sr. Fábio trabalhava para a empresa facultando ao empregador a aplicação de punições ao empregado
MCF, que explora a hotelaria no condomínio Kariri Beach que descumpre as obrigações do pacto laboral e compromete a
Residence. No mesmo condomínio existem outras empresas que fidúcia e a boa-fé da relação contratual.
também alugam seus quartos/apartamentos. O Sr. Fábio, Entretanto, não deve o poder disciplinar ser exercido de forma
empregado da MCF, encaminhava hóspedes para outras empresas, arbitrária pelo empregador, encontrando limites na própria
tirando assim a clientela da própria empresa em que trabalhava. legislação que lhe dá guarida, tanto que a aplicação de penalidades
Para isso, fechava comissões com as demais empresas que impõe a observância de requisitos como: a gravidade do ato, a
Como o Sr. Fábio trabalhava na recepção da empresa MCF, este imediatidade da punição, ausência de perdão tácito, singularidade
tinha fácil acesso aos hóspedes que buscavam hospedagens ou vedação da dupla punição, gradação de penalidades (vinculado
diretamente no balcão, ocasião em que o mesmo, "desviava" esse ao intuito pedagógico de ressocializar o empregado no ambiente
hóspede para outras empresas, causando perda de faturamento laboral), sendo evidente que este critério pedagógico da gradação
para a empresa MCF, como também caracterizando ato de não é absoluto, porquanto há falta que, por sua intensa gravidade,
Além disso, o Sr. Fábio, conforme ele mesmo narra em suas A justa causa insere-se no âmbito do poder disciplinar do
conversas, constituiu uma empresa (www.cearatour.com), na qual a empregador. Assim, entre os instrumentos de que dispõe o
mesma explora o receptive turístico, com venda de pacotes de empregador para punir seu empregado faltante, é a dispensa
hospedagem. motivada a medida mais severa para o obreiro, o qual vai ficar sem
conluio com representantes (Sr. Davi) de outra empresa que aluga Logo, o ato faltoso que a enseja deve ser demonstrado pelo
quartos no Condomínio Kariri Beach Residence, ao usar materiais empregador que a defende (arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC) à
de propriedade da empresa MCF para abastecer os quartos exaustão, de forma robusta e cabal, posto se tratar a justa causa da
pertencentes a outras empresas. penalidade extrema imposta ao empregado que envolve fatos
A MCF, que explora a hotelaria, tem todo um estoque de materiais extraordinários, conflitantes com o princípio da continuidade da
para abastecer os quartos de hóteis que estão sob sua relação de emprego, por conta do qual se pressupõe não ser de
iniciativa do trabalhador pôr fim à relação contratual de trabalho, e da CLT, art.1º da Lei nº 12.506/11); 13º salário sobre aviso; férias
que refletem na vida funcional, social, econômica e familiar do sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias proporcionais
trabalhador. mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre aviso prévio
Segundo o art.482, "c", da CLT, configura justa causa para quebra indenizado mais multa de 40%.
do pacto laboral a "negociação habitual por conta própria ou alheia Condena-se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação
sem permissão do empregador, e quando constituir ato de de baixa na CTPS do consignado/reconvinte, além de fornecer as
concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for guias necessárias à liberação do FGTS e habilitação junto ao
Ora, nada obstante a consignante/reconvinda denuncie prática de necessários, nos termos da lei, pena de se converter a obrigação
concorrência desleal do empregado, tenta demonstrá-la com em indenização substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do
conversas do aplicativo de WhatsApp, uma delas com teor ilegível Mantido, todavia, o indeferimento do saldo de salário, pois, como
(fl.63), as quais, apesar de indicar o perfil de "Davi Condomínio", dito na sentença: "tal verba constou no TRCT de fls.12/13, não
não trazem qualquer identificação do titular da outra conta ou do impugnado pelo reclamante. Outrossim, o aviso de dispensa do
consignado/reconvinte como um dos interlocutores do diálogo, o autor evidencia que o obreiro laborou, de fato, apenas 26 dias no
que denota a fragilidade do material ofertado como prova, o qual, mês de março de 2021."
inclusive, foi devidamente impugnado pela parte adversa, conforme Ante a controvérsia estabelecida nos autos, de se manter também o
produzido qualquer prova oral que corroborasse sua tese e/ou o Com relação aos(às) demais temas/verbas: reconhecimento de
conteúdo das aludidas conversas e, ao reverso, o vínculo de emprego no período anterior ao anotado na carteira
consignado/reconvinte ter conduzido testemunha que declarou: profissional, horas extras, intervalo intrajornada, adicional
"que não tem conhecimento do consignatário, Sr. Fábio ter passado noturno e diferenças salariais por desvio de função/acúmulo de
clientes para o Sr. Davi e nem para outro hotel; que não tem função, de fato o consignado/reconvinte não colacionou prova
conhecimento de que a consignante ter acusado o Sr. Fábio de ter satisfatória de suas alegações, não tendo sua testemunha sequer
se apropriado de amenidades do hotel, tais como: shampoos, comprovado a jornada declinada na reconvenção, de sorte que,
Assim, a única prova anexada aos autos pela atende as exigências legais de motivação das decisões judiciais e é
consignante/reconvinda não retrata segurança quanto à adoção da plenamente autorizada pela Corte Suprema, adotam-se, como
alegada conduta concorrencial do obreiro (art.482, "c", da CLT) nem razões de decidir, os fundamentos do juízo de origem, que,
de que sua possível ocorrência tenha sido persistente e contínua, analisando os elementos de prova constantes dos autos, imprimiu à
repetida durante tempo considerável na contratualidade, ou de que lide o desfecho juridicamente correto nos temas mencionados:
pelas partes e acarretado dolosamente relevante prejuízo à 3.1. DO VÍNCULO DE EMPREGO. PERÍODO CLANDESTINO.
consignante/reconvinda ou mudança em seu status patrimonial, ou Narra o consignado/ reconvinte que foi contratado pela reclamada
ainda prejudicado o desempenho funcional do trabalhador em favor em 18/09/2020 (com sua CTPS anotada somente em 22/12/2020),
Por corolário, dá-se parcial provimento ao recurso do Explica que: "Na verdade, Douto Julgador, os fatos narrados na
consignado/reconvinte para afastar a dispensa motivada, inicial não retratam a realidade, tendo em vista que o Reclamante
reconhecendo a rescisão sem justa causa do contrato de trabalho foi admitido pela reclamada no dia 18 de setembro de 2020, entanto
havido entre os litigantes, bem como, diante da falta de só teve sua CTPS anotada no dia 22 de dezembro 2020." (sic,
após o trânsito em julgado, no pagamento das seguintes verbas, Requer, em razão dos fatos narrados, o reconhecimento do vínculo
com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do período empregatício a partir de 18/09/2020, com o consequente pagamento
contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos limites do do 13º salário de todo o período laborado, férias + 1/3, depósitos de
pedidos: aviso prévio indenizado (art.7º, XXI, da CF/88, art.487, §1º, FGTS de todo o período e multa de 40%.
Analiso. horas extras, das quais essas repercutem nas demais verbas
Inicialmente, verifico que, no que concerne à alegação de que trabalhistas, devendo ser pagas com adicional de 50%." (sic
CTPS do obreiro, esclareço que, examinando o registro de Ressalta que não recebia pelo labor prestado em sobrejornada,
empregado do autor carreado aos autos pela empresa à fl.15, razão por que requer o pagamento das extras semanais com
constato que a admissão do consignado/reconvinte na empresa acréscimo de 50%, tanto pela extrapolação da jornada semanal,
reclamada se deu apenas em 22/12/2020 e não na data alegada na quanto pela não concessão do intervalo interjornada, além dos
reconvenção. reflexos sobre FGTS, multa de 40%, aviso prévio, férias, multa de
No presente caso, cabia ao empregado o ônus de demonstrar que Em tese defensiva, a empresa impugnou o horário de trabalho
foi admitido em 18/09/2020 e não na data constante na sua CTPS, a acima descrito e defendeu que: "O empregado labora na função de
teor do disposto no artigo 40 da CLT e no art. 818, I da CLT. recepcionista, no horário de 14h às 22;20, com intervalo de 1 hora,
Ocorre que meras alegações, sem provas ou evidências dos fatos, inexistindo hora extra." (sic, contestação, fl.56)
impingida às anotações constantes na CTPS, nos termos do artigo A testemunha ouvida a convite do autor afirmou: "(...) que a jornada
40 da CLT e da Súmula 12 do Eg. TST. do reclamante e depoente era diversa; que a do depoente era
Desse modo, presumem-se verdadeiras as anotações constantes cumprida 06h às 14h, com intervalo de uma hora mas que nem
na CTPS do obreiro. sempre era usufruído completamente, com uma folga semanal que
Com efeito, da análise do conjunto fático probatório produzido nos recaía uma vez por mês aos domingo e as demais folgas durante a
autos não há como presumir prestação de serviços pelo empregado semana e já a do consignatário 14h às 22h, com intervalo de uma
em período anterior à anotação na CTPS. hora mas que nem sempre era completamente, com uma folga
No caso em exame, o consignado/reconvinte não produziu semanal que recaía uma vez por mês aos domingo e as demais
nenhuma prova que amparasse a sua tese de labor em período folgas durante a semana(...)"(sic, ata de audiência, fl.69).
clandestino e elidisse a presunção de veracidade das anotações Sendo assim, concluo que é inverídica a jornada narrada pelo
constantes em sua CTPS, pelo que as tenho como verdadeiras. Reclamante e considero que o obreiro trabalhava de acordo com a
Assim, por se tratar de fato constitutivo do direito do empregado jornada sustentada pela empresa. Logo, diante do exposto, concluo
(artigo 818, I, da CLT), o fardo probatório é do obreiro. que não restou ratificada a jornada afirmada na reconvenção, em
Nessa toada, na medida em que o consignado/reconvinte não se razão do que, resta improcedente este pleito.
desincumbiu a contento de seu encargo (CLT, art. 818) e em face Nesse contexto, entendo que a prova oral afastou completamente a
da presunção relativa de veracidade das anotações da sua CTPS jornada declinada pelo obreiro, pelo que julgo improcedente o
(artigo 40 da CLT), julgo improcedente o pedido de reconhecimento pedido de horas extras e reflexos.
de Trabalho e Previdência Social do obreiro, bem como os demais Outrossim, a alegação do empregado de que laborava das 22:00 às
pedidos decorrentes. 07:30h não restou comprovada, uma vez que a prova produzida, foi
Em consequência, improcede o pedido de pagamento das verbas no sentido de que o consignado/reconvinte encerrava seu
referentes a esse período, tais como, férias acrescidas de 1/3, 13º expediente às 22 horas. Logo, julgo improcedente o pleito de
salários e FGTS e multa de 40 %." adicional noturno e reflexos por cogitarem de verbas acessórias.
(...) Por fim, julgo improcedente o pedido de horas extras e reflexos por
3.3. HORAS EXTRAS, EXTRAPOLAÇÃO DA JORNADA E NÃO suposto descumprimento do intervalo interjornada assegurado pelo
FRUIÇÃO DE INTERVALO INTERJORNADA. ADICIONAL artigo 66 da CLT, eis que sempre foi respeitado o período mínimo
Explica o obreiro que: (...) trabalhava de terça a domingo, no horário norma prevista naquele dispositivo.
de 14:00 as 22:00 e todas as quartas e quintas das 22:00 as 07:30, 3.4. DESVIO DE FUNÇÃO/ACÚMULO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS
portanto extrapolava em 10 horas, quando o correto seria somente O consignado/reconvinte alega, na sua inicial, que apesar de ter
44 horas semanais, desta forma faz jus a 52 horas e 40 minutos as sido contratado para exercer a função de recepcionista, era
compelida pela reclamada a realizar diariamente atividades de "ACÚMULO DE FUNÇÕES NÃO CONFIGURADO - DIFERENÇAS
zelador, camareiro, mensageiro, manobrista, eletricista e fazia a SALARIAIS INDEVIDAS I - Como leciona Maurício Godinho
A reclamada, por sua vez, explica que: "O empregado exercia tão outra função não traduz, automaticamente, a ocorrência de uma
somente a função de recepcionista, não existindo qualquer acumulo efetiva alteração funcional no tocante ao empregado. É preciso que
de funções. Improcedente as alegações do empregado." haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas
Em relação ao desvio de função, cumpre destacar que o desvio ou diversa àquela para a qual foi contratado o empregado, desde que
acúmulo de função ocorre quando o trabalhador, em vez de exercer de igual ou menor complexidade, e durante a mesma jornada de
as tarefas para as quais foi contratado, é direcionado para outros trabalho, já se encontra remunerado pelo salário contratual do
serviços, de maior volume, complexidade ou que exigem maior empregado, sendo indevido o pagamento de acréscimo salarial. III -
qualificação, o que justificaria, portanto, maior remuneração. Na presente hipótese, não há qualquer prova produzida pelo autor a
Quanto ao ônus da prova, a empresa negou o desvio /acúmulo de fim de comprovar suas alegações, ônus que lhe competia a teor do
função, razão pela qual é da parte autora o ônus probatório do art. 818 da CLT. (TRT-1 - RO: 00015932320125010024 RJ ,
exercício de função diversa daquela para qual fora contratada, por Relator: Evandro Pereira Valadao Lopes, Data de Julgamento:
se tratar de fato constitutivo do seu direito, a esteio dos regramentos 15/07/2014, Quinta Turma, Data de Publicação: 23/07/2014)"
inscritos nos artigos 818 da CLT c/c 373, I do CPC. "DESVIO DE FUNÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO. DIFERENÇAS
Como se sabe, o artigo 456, parágrafo único da CLT estabelece: "À SALARIAIS INDEVIDAS. Não estando demonstrado, nos autos, que
falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, houve uma concentração significativa do conjunto de tarefas
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer integrantes da enfocada função, eis que o simples exercício de
serviço compatível com a sua condição pessoal." algumas tarefas componentes de uma outra função não implica em
O consignado/ reconvinte não logrou demonstrar o alegado desvio uma efetiva alteração funcional, como decorreu in casu, deve ser
de função, não obstante fosse seu o ônus da prova quanto a este indeferido o pedido de diferença salarial, decorrente do desvio de
ponto, haja vista tratar-se de fato constitutivo de seu direito, funcional. RESPONSABILIDADE SUBISIDIÁRIA. Aplicação da
portanto, concluo que o obreiro desempenhava as funções para as Súmula n.º 331, IV, do TST. O inadimplemento das obrigações
quais fora contratado, não fazendo jus a qualquer adicional por trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade
Ademais, esclareço que o simples exercício de alguns serviços (TRT - 20ª REGIÃO, PROCESSO Nº 0191900-96.2008.5.20.0006,
associados a outras funções pertinentes com suas atribuições RELATOR DESEMBARGADOR CARLOS DE MENEZES FARO
contratuais (CLT, artigo 456, parágrafo único), estão no contexto do FILHO, PUBLICADO EM 18/06/2010)."
jus variandi, que concede ao empregador o poder de atribuir as Sendo assim, por não ter comprovado que desempenhou serviço
atividades a serem desempenhadas pelo empregado, não incompatível com a função de recepcionista para a qual foi
traduzindo, portanto, instintivamente, a ocorrência de uma alteração contratado, julgo improcedente o pedidos de desvio de
Com efeito, o Professor Maurício Godinho Delgado - Curso de Nada a reformar no tocante.
Direito do Trabalho 13ª ed. São Paulo: LTr, 2002, p. 1075 - ao falar DANOS MATERIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
do tema alteração de função, distingue, conceitualmente, tarefa e CONTRATUAIS. INDENIZAÇÃO DO ART. 404 DO CÓDIGO CIVIL
função, afirmando que a tarefa é "uma atividade laboral específica, Sustenta o consignado/reconvinte que: "É sabido que os
estrita e delimitada", ao passo que a função consiste na "reunião trabalhadores são obrigados a arcar com o pagamento de 20% do
coordenada e integrada de um conjunto de tarefas". Nessa toada, valor recebido para custear seu Advogado, o que lhe causa um
uma mesma função pode ser formada por várias tarefas. Significa evidente prejuízo, ficando o seu ex-empregador sem qualquer
dizer, para que se configure a alteração funcional objetiva "é preciso responsabilidade em ressarci-lo, numa manifesta injustiça, o que
que haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas resulta em recebimento pelo empregado de apenas 80% do que lhe
integrantes da enfocada função". era devido. Assente em direito de que quem causa prejuízo a
Por oportuno, colaciono os seguintes julgados: outrem deve ressarcir integralmente a parte contrária, à luz do que
dispõe os art. 389, 395 e art. 404, do Código Civil/2002.". perdas e danos, seja pela simples circunstância de a parte ser
correspondente ao ressarcimento por perdas e danos, em valor acarretou o pagamento de honorários advocatícios com base
equivalente aos honorários contratuais do advogado, não encontra unicamente no critério da sucumbência apenas com relação às lides
guarida na pacífica jurisprudência do c. TST, porquanto, no não decorrentes da relação de emprego, conforme sedimentado nos
julgamento do incidente de Recursos de Revista Repetitivos (IRR- itens III e IV da Súmula nº 219 do TST, por meio, respectivamente,
RR-341-06.2013.5.04.0011), o pleno daquele Tribunal, a fim de das Resoluções nos 174, de 24 de maio de 2011, e 204, de 15 de
uniformizar o entendimento da Corte Superior sobre a matéria, março de 2016, e no item 5 da Instrução Normativa nº 27, de 16 de
definiu tese de inaplicabilidade do art. 404 do CC ao processo do fevereiro de 2005; 3) Às demandas não decorrentes da relação de
trabalho. Confira-se: emprego, mas que já tramitavam na Justiça do Trabalho por força
"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO Nº 3. HONORÁRIOS de norma legal expressa, relativas aos trabalhadores avulsos e
ADVOCATÍCIOS EM RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS TÍPICAS. portuários, ex vi dos artigos 643, caput , e 652, alínea "a", inciso V,
REQUISITOS DO ARTIGO 14 DA LEI Nº 5.584/70 E DAS da CLT, são inaplicáveis o item 5 da Instrução Normativa nº 27/2005
SÚMULAS Nos 219 E 329 DO TST. EFEITOS DE DIREITO do Tribunal Superior do Trabalho e o item III da Súmula nº 219
INTERTEMPORAL DECORRENTES DA GENERALIZAÇÃO DO desta Corte, porquanto a Constituição Federal, em seu artigo 7º,
REGIME DE SUCUMBÊNCIA INTRODUZIDA PELA LEI Nº inciso XXXIV, equipara o avulso ao trabalhador com vínculo
13.467/2017. Discute-se, no caso, a possibilidade de deferimento de empregatício, sendo-lhe aplicável, portanto, o entendimento previsto
honorários advocatícios em reclamações trabalhistas típicas, no item I da Súmula nº 219 desta Corte; 4) Às lides decorrentes da
anteriores à edição e à vigência da Lei nº 13.467/2017, sem a relação de emprego, objeto de ações propostas antes do início da
observância de todos os requisitos constantes no artigo 14, caput e vigência da Lei nº 13.467/2017, não se aplica a Súmula nº 234 do
§§ 1º e 2º, da Lei nº 5.584/70, tal como hoje ainda está previsto nas STF, segundo a qual ' são devidos honorários de advogado em
Súmulas nos 219 e 329 do Tribunal Superior do Trabalho, em face ação de acidente de trabalho julgada procedente ' ; 5) Não houve
do disposto no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de derrogação tácita do artigo 14 da Lei nº 5.584/1970 em virtude do
l988, segundo o qual "o Estado prestará assistência jurídica integral advento da Lei nº 10.288/2001, que adicionou o § 10 ao artigo 789
e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos", inclusive a da CLT, reportando-se à assistência judiciária gratuita prestada
título de indenização por perdas e danos, nos termos dos artigos pelos sindicatos, e a superveniente revogação expressa desse
389 e 404 do Código Civil, definindo-se, ainda, as implicações de dispositivo da CLT pela Lei nº 10.537/2002 sem que esta
direito intertemporal decorrentes da introdução do artigo 791-A da disciplinasse novamente a matéria, pelo que a assistência judiciária
CLT pela referida Lei nº 13.467, promulgada em 13 de julho de 2017 prestada pela entidade sindical no âmbito da Justiça do Trabalho
e com vigência a partir de 11 de novembro de 2017. Fixam-se, com ainda permanece regulamentada pela referida lei especial; 6) São
força obrigatória (artigos 896-C da CLT, 927, inciso III, do CPC e 3º, inaplicáveis os artigos 389, 395 e 404 do Código Civil ao
inciso XXIII, da Instrução Normativa nº 39/2015 do TST), as Processo do Trabalho para fins de condenação ao pagamento
seguintes teses jurídicas: "1) Nas lides decorrentes da relação de de honorários advocatícios, nas lides decorrentes da relação
emprego, os honorários advocatícios, com relação às ações de emprego, objeto de ações ajuizadas antes do início da
ajuizadas no período anterior ao início de vigência da Lei nº vigência da Lei nº 13.467/2017, visto que, no âmbito da Justiça
13.467/2017, somente são cabíveis na hipótese prevista no artigo do Trabalho, essa condenação não se resolve pela ótica da
14 da Lei nº 5.584/70 e na Súmula nº 219, item I, do TST, tendo por responsabilidade civil, mas sim da sua legislação específica,
destinatário o sindicato assistente, conforme disposto no artigo 16 notadamente a Lei nº 5.584/70; 7) A condenação em honorários
do referido diploma legal, até então vigente (revogado advocatícios sucumbenciais prevista no artigo 791-A, caput e
expressamente pela Lei nº 13.725/2018) e no caso de assistência parágrafos, da CLT será aplicável apenas às ações propostas na
judiciária prestada pela Defensoria Pública da União ao beneficiário Justiça do Trabalho a partir de 11 de novembro de 2017, data do
da Justiça gratuita, consoante os artigos 17 da Lei nº 5.584/70 e 14 início da vigência da Lei nº 13.467/2017, promulgada em 13 de julho
da Lei Complementar nº 80/94, revelando-se incabível a de 2017, conforme já decidiu este Pleno, de forma unânime, por
condenação da parte vencida ao pagamento dessa verba honorária ocasião da aprovação do artigo 6º da Instrução Normativa nº
seja pela mera sucumbência, seja a título de indenização por 41/2018; 8) A deliberação neste incidente a respeito da Lei nº
13.467/2017 limita-se estritamente aos efeitos de direito STF no julgamento das ações declaratórias de constitucionalidade
intertemporal decorrentes das alterações introduzidas pela citada de nºs 58 e 59 e ações diretas de inconstitucionalidade de nºs 5867
lei, que generalizou a aplicação do princípio da sucumbência em e 6021 (acórdão publicado em 07/04/2021).
demais peculiaridades da nova disposição legislativa, tampouco Em relação à contribuição previdenciária, é devida apenas sobre as
acerca da inconstitucionalidade do artigo 791-A, caput e § 4º, da parcelas de natureza salarial, devendo se observarem os itens IV e
CLT". Ainda, à vista dos termos do artigo 927, § 3º, do CPC, V da Súmula 368 do c.TST que tratam do fato gerador das
aplicável ao Processo do Trabalho (artigo 769 da CLT c/c artigo 3º, contribuições previdenciárias e da incidência de juros de mora e
inciso XXIII, da Instrução Normativa nº 39/2015 do TST), como não multa a partir das previsões do art. 276, "caput", do Decreto nº
se está revisando ou alterando a jurisprudência anteriormente já 3.048/1999 e do art.43, §3º, da Lei nº 8.212/91, incluído pela Lei nº
modulação dos efeitos desta decisão. PROCESSO AFETADO Nº Observe-se que o fato gerador das contribuições previdenciárias
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULAS Nos 219 E 329 DO trabalho realizado, a contar de 05.3.2009, é a efetiva prestação dos
TST. AÇÃO AJUIZADA EM PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA serviços, incidindo os juros de mora a partir de então (regime de
LEI Nº 13.467, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2017. O Tribunal competência - item V da Súmula 368 do c. TST e Lei nº 8.212/91).
Regional, ao sufragar a tese de ser possível a condenação ao Quanto ao imposto de renda, o cálculo fiscal deve atender ao art. 12
pagamento dos honorários advocatícios assistenciais pela simples -A da Lei nº 7.713/1988, com a redação conferida pela Lei nº
circunstância de a reclamante ser beneficiária da Justiça gratuita, 13.149/2015, a teor do item VI do sumulado em realce.
Tribunal Pleno, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT Conhecer do recurso ordinário interposto pelo
Ademais, na hipótese, o recorrente sequer fez prova do alegado dispensa motivada, reconhecendo a rescisão sem justa causa do
contrato de prestação de serviços advocatícios. contrato de trabalho havido entre os litigantes, bem como, diante da
Ajuizada a presente ação na vigência da Lei nº 13.467/2017, verbas, com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do
imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, que autoriza a período contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos
condenação em honorários advocatícios pela simples sucumbência limites do pedidos: aviso prévio indenizado; 13º salário sobre aviso;
da parte. férias sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias
Logo, diante da sucumbência parcial da consignante/reconvinda, dá proporcionais mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre
-se parcial provimento ao recurso no particular para condená-la ao aviso prévio indenizado mais multa de 40% e honorários
pagamento da verba honorária, no percentual de 15% (quinze por advocatícios, no percentual de 15% (quinze) por cento do montante
cento) do montante liquidado, em favor do patrono do trabalhador liquidado, em favor do patrono do consignado/reconvinte. Condena-
(consignado/reconvinte), por representar patamar mais condizente se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação de baixa
com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. na CTPS, além de fornecer as guias necessárias à liberação do
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA DOS FGTS e habilitação junto ao seguro-desemprego, acaso o
CRÉDITOS TRABALHISTAS. PARÂMETROS FIXADOS PELO consignado/reconvinte perfaça os requisitos legais necessários, nos
Na liquidação, a apuração de juros de mora e correção monetária substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do TST). Atualização
deve observar a modulação estabelecida pela Corte Suprema do monetária e juros de mora consoante os parâmetros fixados pelo
STF no julgamento das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 e (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
6021. Contribuição previdenciária e imposto de renda, na forma da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
lei e da Súmula 368 do TST. Custas processuais invertidas a cargo Fortaleza, 18 de julho de 2022.
DISPOSITIVO Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000152-85.2021.5.07.0036
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
RECORRENTE JOAO FABIO DA SILVA
ADVOGADO Jose Lucio de Sousa(OAB: 9095-
D/CE)
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRIDO M C F DE SOUZA ADMINISTRACAO
EM HOTELARIA EIRELI - EPP
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO DIRCEU ANTONIO BRITO
JORGE(OAB: 21648/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo
CONTRATUAIS. INDENIZAÇÃO DO ART. 404 DO CÓDIGO CIVIL. SOBREIRA PINHEIRO - Juntado em: 09/12/2021 18:37:08 -
JURISPRUDÊNCIA UNIFORME DO TRIBUNAL SUPERIOR DO f16a4b5 Fls.: 16 EM FACE DE JOÃO FABIO DA SILVA
correspondente ao ressarcimento por perdas e danos, em valor OBRIGAÇÃO DO CONSIGNANTE QUANTO AO PAGAMENTO
equivalente aos honorários contratuais do advogado, não encontra DAS VERBAS RESCISÓRIAS DESCRITAS NO TRCT, NO LIMITE
guarida na pacífica jurisprudência do c. TST, porquanto, no DO VALOR DEPOSITADO. DEVENDO A SECRETARIA LIBERAR
julgamento do incidente de Recursos de Revista Repetitivos (IRR- O VALOR CONSIGNADO (DEPÓSITO À FL.20), EM FAVOR DO
uniformizar o entendimento da Corte Superior sobre a matéria, OS PEDIDOS DEDUZIDOS NA RECONVENÇÃO APRESENTADA
definiu tese de inaplicabilidade do art. 404 do Código Civil ao POR JOÃO FABIO DA SILVA EM FACE DA M C F DE SOUZA
processo do trabalho. Ademais, na hipótese, o recorrente sequer fez ADMINISTRAÇÃO EM HOTELARIA LTDA. TUDO NOS TERMOS
Ajuizada a presente ação na vigência da Lei nº 13.467/2017, TODAS AS DEMAIS ARGUMENTAÇÕES DA PETIÇÃO INICIAL E
imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, que autoriza a DA CONTESTAÇÃO EVENTUALMENTE NÃO ENFRENTADAS.
condenação em honorários advocatícios pela simples sucumbência DETERMINO QUE A SECRETARIA DA VARA PROCEDA ÀS
da parte. Logo, diante da sucumbência parcial da NOTIFICAÇÕES, INTIMAÇÕES E PUBLICAÇÕES EM NOME DOS
consignante/reconvinda, dá-se parcial provimento ao recurso no ADVOGADOS INDICADOS PELAS PARTES, CONFORME
particular para condená-la ao pagamento da verba honorária, no REQUERIDO, COM O FIM DE SE EVITAR NULIDADES. INTIMAR
percentual de 15% (quinze por cento) do montante liquidado, em AS PARTES. NADA MAIS".
favor do patrono do trabalhador (consignado/reconvinte), por Inconformado, o consignado/reconvinte interpôs recurso ordinário
representar patamar mais condizente com os critérios previstos no ventilando a necessidade de reversão do reconhecimento da justa
artigo 791-A, § 2º, da CLT. causa e requerendo que lhe sejam deferidas as verbas suplicadas
Na liquidação, a apuração de juros de mora e correção monetária Contrarrazões da consignante/reconvinda pela manutenção da
STF no julgamento das ações declaratórias de constitucionalidade Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho
ADMISSIBILIDADE
que: "ANTE O EXPOSTO E MAIS O QUE DOS AUTOS CONSTA, RUPTURA DO CONTRATO DE TRABALHO. EXISTÊNCIA OU
ADMINISTRAÇÃO EM HOTELARIA LTDA (Consignante) consignado/reconvinte (concorrência desleal - art.482, alínea "c", da
Assinado eletronicamente por: ANA PAULA BARROSO CLT). Eis adiante o fundamento:
Narra o reconvinte que foi dispensado por justa causa em Alegada em juízo, incumbe ao empregador comprovar que o obreiro
29/03/2020. incidiu numa das hipóteses elencadas no art. 482 consolidado, por
Pretende a reversão de sua dispensa por justa causa, com o ser fato impeditivo do direito às verbas rescisórias vindicadas, não
Sustenta o consignatário/reconvinte que não procede a tese de emprego, que gera presunção favorável ao empregado.
concorrência desleal apresentada pela consignante/reconvinda e Desse ônus se desincumbiu plenamente o empregador. Senão
convocado por sua gerente, Sra. Lidiane Moreira, para uma reunião Após bem observar as considerações e as provas apresentadas
na qual a mesma e o advogado da empresa Dirceu Antônio Brito pelas partes em cizânia, concluo que a consignante/ reconvinda
Jorge , tentaram coagir o reclamante a assinar sua demissão por conseguiu demonstrar elementos suficientes a propiciar a convicção
JUSTA CAUSA, alegando que o motivo do desligamento seria o desta magistrada quanto a alegada justa causa obreira.
desvio de sabonete é o desvio de hospedagem, intimidando e No caso, o acervo probatório evidencia que o empregado praticou
constrangendo o mesmo, o reclamante então se recusou a assinar concorrência desleal, uma vez que durante o horário de trabalho
quaisquer documentos, pois o mesmo não tem conhecimento de para a ré praticava negociação habitual por conta própria, sem o
tais alegações (...)". (sic, reconvenção, fl.38). conhecimento e permissão da empregadora, sendo prejudicial ao
Requer a reversão da justa causa, com o consequente pagamento serviço e reduzindo o faturamento da empresa.
das verbas atinente à dispensa injusta Cumpre asseverar, que a consignante/reconvinda anexou aos autos
Em tese defensiva, a empresa sustentou que a dispensa por justa prints de diálogos de whatsapp, às fls. 59/65, comprovando que o
causa ocorreu pela prática e concorrência desleal, hipótese prevista consignado/ reconvinte encaminhava a um Sr. de nome "Davi", por
na alínea e "c" do art. 482 da CLT. conta própria e sem permissão do empregadora, a estadia de
Defendeu que : " (...) o Sr. João Fábio da Silva, de forma rotineira, turistas que estavam na recepção da empregadora em busca de
procedia com atos de concorrência à empresa para a qual hospedagem, de modo a resultar em ato de concorrência à empresa
trabalhava, pois vendia e encaminhava hóspedes para para a qual trabalha, bem como prejuízos ao serviço.
concorrentes que exploram o mesmo condomínio. A priori, ressalto que, embora o autor, em depoimento pessoal,
Para melhor entendimento, o Sr. Fábio trabalhava para a empresa tenho sustentado que " era proibido de falar com o Sr. Davi assim
MCF, que explora a hotelaria no condomínio Kariri Beach como todo mundo da consignante; que o SR. Davi não trabalhava
Residence. No mesmo condomínio existem outras empresas que para a consignante, mas para outro hotel, que o reclamante não
também alugam seus quartos /apartamentos. O Sr. Fábio, sabe qual é", na verdade, restou evidenciado que o obreiro e o Sr.
empregado da MCF, encaminhava hóspedes para outras empresas, Davi tinham uma verdadeira parceria comercial na qual o
tirando assim a clientela da própria empresa em que trabalhava. empregado, em horário de trabalho, repassava clientes ao aludido
Para isso, fechava comissões com as demais empresas que senhor para que o mesmo realizasse a venda de hospedagens
receberiam o hóspede." (sic, contestação, fl.54). iguais às comercializadas pela reclamada em detrimento do
Dessa forma, sustenta que a dispensa atacada na exordial foi empregador que deixava de lucrar com os clientes que o obreiro
Pugna pela improcedência dos pedidos formulados na reconvenção. Com efeito, os "prints" das conversas anexadas aos autos, se não
A controvérsia gira em torno da modalidade de dispensa e dos mau procedimento do empregado. Deveras, o mau proceder do
valores correspondentes às verbas rescisórias. empregado, autoriza o empregador a realizar a sua dispensa por
A justa causa é conduta tipificada em lei, art. 482 da CLT que, se justa causa.
praticada, tem o condão de romper com a necessária confiança Cabe ressaltar também que não prospera a alegação de invalidade
mútua entre as partes, possibilitando a resolução do contrato de dos documentos juntados pela reclamada, pois o consignado
emprego com ônus para o obreiro. /reconvinte não suscitou incidente de falsidade documental, nos
É cediço, que a dispensa por justa causa, face à natureza do ato e termos do art. 430 do CPC.
suas consequências morais e financeiras prejudiciais ao obreiro, Ademais, a testemunha ouvida a convite do autor esclareceu que:
merece prova irrefutável, por parte da empregadora, da causa de "conhece o Sr. Davi, que é responsável pelo restaurante Manacá,
localizado dentro do Kariri Beach e responsável pela locação de excessivo pela empregadora.
alguns apartamentos localizados dentro do Hotel Kariri Beach; que Por corolário, considerada subsistente a justa causa aplicada pela
essas locações feitas pelo Sr. Davi também chama Locações consignate/reconvinda, julgo improcedentes os pedidos de:
Manacá (...) " ( sic, ata de audiência, fls. 68/69). reversão da justa causa, aviso prévio indenizado e a sua projeção,
Destarte, prova dos autos demonstra, de fato, a prática do férias proporcionais com adicional de 1/3, 13º salário proporcional,
reclamante de, durante a jornada e trabalho e com uso dos multa rescisória de 40% sobre depósitos de FGTS, de expedição de
instrumentos do empregador, repassar clientes para a empresa alvará para soerguimento do FGTS já depositado, multas previstas
concorrente da ré reduzindo-lhe o faturamento e causando-lhe nos artigos art. 477 e 467, da CLT e de indenização substitutiva do
Decerto, feriu o obreiro o dever de lealdade e fidelidade, que devem Improcedente o pleito de saldo salarial, tendo em vista que tal verba
ser cumpridos pelas partes no cumprimento do contrato de trabalho. constou no TRCT de fls.12/13, não impugnado pelo reclamante.
Nesse sentido, entendo que a conduta do autor desestrutura a Outrossim, o aviso de dispensa do autor evidencia que o obreiro
fidúcia necessária de qualquer contrato laboral e torna insustentável laborou, de fato, apenas 26 dias no mês de março de 2021."
Demais disso, o obreiro não produziu provas capazes de alegada justa causa obreira, porquanto, nos "print's" de conversas
desconstituir a tese de sua ex-empregadora e as juntadas aos autos do whatsApp, que conduziram o juízo a acatar a tese patronal, não
Desta feita, diante do conjunto probatório sinalizando a pelo que inexistiriam condições suficientes para reconhecer que
responsabilização do consignado/reconvinte, e tendo em vista que o enviou referidas mensagens, as quais, no entender sentencial,
empregado não produziu nenhuma prova de que a empresa sabia e demonstrariam a conduta de concorrência desleal. Suscita ainda a
autorizou que ele, no horário de trabalho dedicado à reclamada e falta de produção de prova testemunhal pela parte adversa, o
fazendo uso dos instrumentos e local de trabalho disponibilizado art.225 do CC e o princípio do in dubio pro operario.
reputo demonstrado a prática de ato de concorrência à empresa hotelaria) sustenta que o consignado/reconvinte, na condição de
para a qual trabalha o empregado. seu empregado (recepcionista), incorreu na falta de concorrência
Entendo que a reclamada empregou o poder disciplinar de modo desleal descrita no art.482, "c" da CLT, visto que teria, de forma
legítimo e idôneo na medida que a relação de trabalho dever ser rotineira, em conluio com representante de empresa concorrente
pautada pela confiança e pelo respeito mútuos, incumbindo ao (Sr. Davi), encaminhado hóspedes para esta, que também explora o
empregado portar-se de forma ética e profissional. mesmo condomínio, recebendo comissões por tais atos e causando
Logo, no presente caso, infiro não seria razoável o empregador perda de faturamento para a empregadora. Confira-se a íntegra dos
manter o posto de serviço de um empregado em que ele não mais argumentos apresentados na contestação à reconvenção:
confia, conduta que também poderia incentivar aos colegas do "Conforme comprovado pelas provas ora anexadas aos autos, o Sr.
reclamante a agir do mesmo modo. João Fábio da Silva, de forma rotineira, procedia com atos de
De outro giro, entendo tampouco seria justo reverter a justa causa concorrência à empresa para a qual trabalhava, pois vendia e
aplicada, impondo à reclamada todos os ônus dessa modalidade de encaminhava hóspedes para concorrentes que exploram o
Destarte, não posso deixar de concluir que a Reclamada aplicou Para melhor entendimento, o Sr. Fábio trabalhava para a empresa
corretamente a justa causa ao Reclamante. MCF, que explora a hotelaria no condomínio Kariri Beach
Sem dúvida, a prática de concorrência desleal é pena gravíssima Residence. No mesmo condomínio existem outras empresas que
que enseja a aplicação imediata de demissão por justa causa. também alugam seus quartos/apartamentos. O Sr. Fábio,
Assim, caracterizada a concorrência desleal, na forma do artigo empregado da MCF, encaminhava hóspedes para outras empresas,
482, alínea "c", da CLT, fica mantida a dispensa por justa causa. tirando assim a clientela da própria empresa em que trabalhava.
No que se refere à alegação de que era tratado com rigor Para isso, fechava comissões com as demais empresas que
comprovou qualquer situação em que foi tratado com rigor Como o Sr. Fábio trabalhava na recepção da empresa MCF, este
tinha fácil acesso aos hóspedes que buscavam hospedagens ou vedação da dupla punição, gradação de penalidades (vinculado
diretamente no balcão, ocasião em que o mesmo, "desviava" esse ao intuito pedagógico de ressocializar o empregado no ambiente
hóspede para outras empresas, causando perda de faturamento laboral), sendo evidente que este critério pedagógico da gradação
para a empresa MCF, como também caracterizando ato de não é absoluto, porquanto há falta que, por sua intensa gravidade,
Além disso, o Sr. Fábio, conforme ele mesmo narra em suas A justa causa insere-se no âmbito do poder disciplinar do
conversas, constituiu uma empresa (www.cearatour.com), na qual a empregador. Assim, entre os instrumentos de que dispõe o
mesma explora o receptive turístico, com venda de pacotes de empregador para punir seu empregado faltante, é a dispensa
hospedagem. motivada a medida mais severa para o obreiro, o qual vai ficar sem
conluio com representantes (Sr. Davi) de outra empresa que aluga Logo, o ato faltoso que a enseja deve ser demonstrado pelo
quartos no Condomínio Kariri Beach Residence, ao usar materiais empregador que a defende (arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC) à
de propriedade da empresa MCF para abastecer os quartos exaustão, de forma robusta e cabal, posto se tratar a justa causa da
pertencentes a outras empresas. penalidade extrema imposta ao empregado que envolve fatos
A MCF, que explora a hotelaria, tem todo um estoque de materiais extraordinários, conflitantes com o princípio da continuidade da
para abastecer os quartos de hóteis que estão sob sua relação de emprego, por conta do qual se pressupõe não ser de
administração, sendo de sua obrigação a manutenção, limpeza e iniciativa do trabalhador pôr fim à relação contratual de trabalho, e
abastecimentos tão somente daquelas unidades. que refletem na vida funcional, social, econômica e familiar do
Comprova-se que o Sr. Davi solicitava ao Sr. Fábio sabonetes para trabalhador.
abastecimento de quartos que não pertencem à empresa MCF, Segundo o art.482, "c", da CLT, configura justa causa para quebra
retirando o produto adquirido pela MCF de seu estoque para do pacto laboral a "negociação habitual por conta própria ou alheia
utilização em uma unidade pertencente a outra empresa, pela qual sem permissão do empregador, e quando constituir ato de
a MCF não tinha qualquer faturamento. concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for
Sendo asism, a empresa MCF, além de suportar perdas com o prejudicial ao serviço"
"desvio" de hóspedes para concorrentes, atitude esta praticada pelo Ora, nada obstante a consignante/reconvinda denuncie prática de
proprio funcionário Fábio, a empresa estava também suportanto concorrência desleal do empregado, tenta demonstrá-la com
prejuízo, ao perder material de sua propriedade. apresentação de prova apenas documental, consistente em fotos de
As atitudes do Sr. Fábio, além de caracterizar atos de conversas do aplicativo de WhatsApp, uma delas com teor ilegível
concorrência à empresa para a qual trabalhava(art. 482, C, da (fl.63), as quais, apesar de indicar o perfil de "Davi Condomínio",
CLT), justificando a dispensa por justa causa, estava cuasando não trazem qualquer identificação do titular da outra conta ou do
grandes prejuízos financeiros à empresa MCF. consignado/reconvinte como um dos interlocutores do diálogo, o
Portanto, pelos fatos e provas acima citados, resta evidente a que denota a fragilidade do material ofertado como prova, o qual,
legalidade da dispensa por justa causa, nos termos do artigo 842, C inclusive, foi devidamente impugnado pela parte adversa, conforme
empresa para a qual trabalhava." Sobressai-se ainda o fato de a consignante/reconvinda não haver
Consabido que o poder disciplinar patronal deriva do poder diretivo produzido qualquer prova oral que corroborasse sua tese e/ou o
e objetiva manter o organismo empresarial saudável e ordenado, conteúdo das aludidas conversas e, ao reverso, o
facultando ao empregador a aplicação de punições ao empregado consignado/reconvinte ter conduzido testemunha que declarou:
que descumpre as obrigações do pacto laboral e compromete a "que não tem conhecimento do consignatário, Sr. Fábio ter passado
fidúcia e a boa-fé da relação contratual. clientes para o Sr. Davi e nem para outro hotel; que não tem
Entretanto, não deve o poder disciplinar ser exercido de forma conhecimento de que a consignante ter acusado o Sr. Fábio de ter
arbitrária pelo empregador, encontrando limites na própria se apropriado de amenidades do hotel, tais como: shampoos,
legislação que lhe dá guarida, tanto que a aplicação de penalidades sabonetes, condicionadores;..."
impõe a observância de requisitos como: a gravidade do ato, a Assim, a única prova anexada aos autos pela
adequação e a proporcionalidade entre a falta e a pena cominada, a consignante/reconvinda não retrata segurança quanto à adoção da
imediatidade da punição, ausência de perdão tácito, singularidade alegada conduta concorrencial do obreiro (art.482, "c", da CLT) nem
de que sua possível ocorrência tenha sido persistente e contínua, analisando os elementos de prova constantes dos autos, imprimiu à
repetida durante tempo considerável na contratualidade, ou de que lide o desfecho juridicamente correto nos temas mencionados:
pelas partes e acarretado dolosamente relevante prejuízo à 3.1. DO VÍNCULO DE EMPREGO. PERÍODO CLANDESTINO.
consignante/reconvinda ou mudança em seu status patrimonial, ou Narra o consignado/ reconvinte que foi contratado pela reclamada
ainda prejudicado o desempenho funcional do trabalhador em favor em 18/09/2020 (com sua CTPS anotada somente em 22/12/2020),
Por corolário, dá-se parcial provimento ao recurso do Explica que: "Na verdade, Douto Julgador, os fatos narrados na
consignado/reconvinte para afastar a dispensa motivada, inicial não retratam a realidade, tendo em vista que o Reclamante
reconhecendo a rescisão sem justa causa do contrato de trabalho foi admitido pela reclamada no dia 18 de setembro de 2020, entanto
havido entre os litigantes, bem como, diante da falta de só teve sua CTPS anotada no dia 22 de dezembro 2020." (sic,
após o trânsito em julgado, no pagamento das seguintes verbas, Requer, em razão dos fatos narrados, o reconhecimento do vínculo
com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do período empregatício a partir de 18/09/2020, com o consequente pagamento
contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos limites do do 13º salário de todo o período laborado, férias + 1/3, depósitos de
pedidos: aviso prévio indenizado (art.7º, XXI, da CF/88, art.487, §1º, FGTS de todo o período e multa de 40%.
da CLT, art.1º da Lei nº 12.506/11); 13º salário sobre aviso; férias Analiso.
sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias proporcionais Inicialmente, verifico que, no que concerne à alegação de que
mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre aviso prévio houve prestação de serviços no período anterior ao anotado na
indenizado mais multa de 40%. CTPS do obreiro, esclareço que, examinando o registro de
Condena-se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação empregado do autor carreado aos autos pela empresa à fl.15,
de baixa na CTPS do consignado/reconvinte, além de fornecer as constato que a admissão do consignado/reconvinte na empresa
guias necessárias à liberação do FGTS e habilitação junto ao reclamada se deu apenas em 22/12/2020 e não na data alegada na
em indenização substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do No presente caso, cabia ao empregado o ônus de demonstrar que
Mantido, todavia, o indeferimento do saldo de salário, pois, como teor do disposto no artigo 40 da CLT e no art. 818, I da CLT.
dito na sentença: "tal verba constou no TRCT de fls.12/13, não Ocorre que meras alegações, sem provas ou evidências dos fatos,
impugnado pelo reclamante. Outrossim, o aviso de dispensa do são insuficientes para elidir a presunção relativa de veracidade
autor evidencia que o obreiro laborou, de fato, apenas 26 dias no impingida às anotações constantes na CTPS, nos termos do artigo
Ante a controvérsia estabelecida nos autos, de se manter também o Desse modo, presumem-se verdadeiras as anotações constantes
MATÉRIA REMANESCENTE Com efeito, da análise do conjunto fático probatório produzido nos
Com relação aos(às) demais temas/verbas: reconhecimento de autos não há como presumir prestação de serviços pelo empregado
vínculo de emprego no período anterior ao anotado na carteira em período anterior à anotação na CTPS.
profissional, horas extras, intervalo intrajornada, adicional No caso em exame, o consignado/reconvinte não produziu
noturno e diferenças salariais por desvio de função/acúmulo de nenhuma prova que amparasse a sua tese de labor em período
função, de fato o consignado/reconvinte não colacionou prova clandestino e elidisse a presunção de veracidade das anotações
satisfatória de suas alegações, não tendo sua testemunha sequer constantes em sua CTPS, pelo que as tenho como verdadeiras.
comprovado a jornada declinada na reconvenção, de sorte que, Assim, por se tratar de fato constitutivo do direito do empregado
com o uso da técnica de fundamentação per relationem, a qual (artigo 818, I, da CLT), o fardo probatório é do obreiro.
atende as exigências legais de motivação das decisões judiciais e é Nessa toada, na medida em que o consignado/reconvinte não se
plenamente autorizada pela Corte Suprema, adotam-se, como desincumbiu a contento de seu encargo (CLT, art. 818) e em face
razões de decidir, os fundamentos do juízo de origem, que, da presunção relativa de veracidade das anotações da sua CTPS
(artigo 40 da CLT), julgo improcedente o pedido de reconhecimento pedido de horas extras e reflexos.
de Trabalho e Previdência Social do obreiro, bem como os demais Outrossim, a alegação do empregado de que laborava das 22:00 às
pedidos decorrentes. 07:30h não restou comprovada, uma vez que a prova produzida, foi
Em consequência, improcede o pedido de pagamento das verbas no sentido de que o consignado/reconvinte encerrava seu
referentes a esse período, tais como, férias acrescidas de 1/3, 13º expediente às 22 horas. Logo, julgo improcedente o pleito de
salários e FGTS e multa de 40 %." adicional noturno e reflexos por cogitarem de verbas acessórias.
(...) Por fim, julgo improcedente o pedido de horas extras e reflexos por
3.3. HORAS EXTRAS, EXTRAPOLAÇÃO DA JORNADA E NÃO suposto descumprimento do intervalo interjornada assegurado pelo
FRUIÇÃO DE INTERVALO INTERJORNADA. ADICIONAL artigo 66 da CLT, eis que sempre foi respeitado o período mínimo
Explica o obreiro que: (...) trabalhava de terça a domingo, no horário norma prevista naquele dispositivo.
de 14:00 as 22:00 e todas as quartas e quintas das 22:00 as 07:30, 3.4. DESVIO DE FUNÇÃO/ACÚMULO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS
portanto extrapolava em 10 horas, quando o correto seria somente O consignado/reconvinte alega, na sua inicial, que apesar de ter
44 horas semanais, desta forma faz jus a 52 horas e 40 minutos as sido contratado para exercer a função de recepcionista, era
horas extras, das quais essas repercutem nas demais verbas compelida pela reclamada a realizar diariamente atividades de
trabalhistas, devendo ser pagas com adicional de 50%." (sic zelador, camareiro, mensageiro, manobrista, eletricista e fazia a
Ressalta que não recebia pelo labor prestado em sobrejornada, A reclamada, por sua vez, explica que: "O empregado exercia tão
razão por que requer o pagamento das extras semanais com somente a função de recepcionista, não existindo qualquer acumulo
acréscimo de 50%, tanto pela extrapolação da jornada semanal, de funções. Improcedente as alegações do empregado."
quanto pela não concessão do intervalo interjornada, além dos (contestação, fl.56).
reflexos sobre FGTS, multa de 40%, aviso prévio, férias, multa de Pois bem.
467 da CLT e multa do artigo 477 da CLT. Em relação ao desvio de função, cumpre destacar que o desvio ou
Em tese defensiva, a empresa impugnou o horário de trabalho acúmulo de função ocorre quando o trabalhador, em vez de exercer
acima descrito e defendeu que: "O empregado labora na função de as tarefas para as quais foi contratado, é direcionado para outros
recepcionista, no horário de 14h às 22;20, com intervalo de 1 hora, serviços, de maior volume, complexidade ou que exigem maior
inexistindo hora extra." (sic, contestação, fl.56) qualificação, o que justificaria, portanto, maior remuneração.
A testemunha ouvida a convite do autor afirmou: "(...) que a jornada função, razão pela qual é da parte autora o ônus probatório do
do reclamante e depoente era diversa; que a do depoente era exercício de função diversa daquela para qual fora contratada, por
cumprida 06h às 14h, com intervalo de uma hora mas que nem se tratar de fato constitutivo do seu direito, a esteio dos regramentos
sempre era usufruído completamente, com uma folga semanal que inscritos nos artigos 818 da CLT c/c 373, I do CPC.
recaía uma vez por mês aos domingo e as demais folgas durante a Como se sabe, o artigo 456, parágrafo único da CLT estabelece: "À
semana e já a do consignatário 14h às 22h, com intervalo de uma falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito,
hora mas que nem sempre era completamente, com uma folga entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer
semanal que recaía uma vez por mês aos domingo e as demais serviço compatível com a sua condição pessoal."
folgas durante a semana(...)"(sic, ata de audiência, fl.69). O consignado/ reconvinte não logrou demonstrar o alegado desvio
Sendo assim, concluo que é inverídica a jornada narrada pelo de função, não obstante fosse seu o ônus da prova quanto a este
Reclamante e considero que o obreiro trabalhava de acordo com a ponto, haja vista tratar-se de fato constitutivo de seu direito,
jornada sustentada pela empresa. Logo, diante do exposto, concluo portanto, concluo que o obreiro desempenhava as funções para as
que não restou ratificada a jornada afirmada na reconvenção, em quais fora contratado, não fazendo jus a qualquer adicional por
Nesse contexto, entendo que a prova oral afastou completamente a Ademais, esclareço que o simples exercício de alguns serviços
jornada declinada pelo obreiro, pelo que julgo improcedente o associados a outras funções pertinentes com suas atribuições
contratuais (CLT, artigo 456, parágrafo único), estão no contexto do FILHO, PUBLICADO EM 18/06/2010)."
jus variandi, que concede ao empregador o poder de atribuir as Sendo assim, por não ter comprovado que desempenhou serviço
atividades a serem desempenhadas pelo empregado, não incompatível com a função de recepcionista para a qual foi
traduzindo, portanto, instintivamente, a ocorrência de uma alteração contratado, julgo improcedente o pedidos de desvio de
Com efeito, o Professor Maurício Godinho Delgado - Curso de Nada a reformar no tocante.
Direito do Trabalho 13ª ed. São Paulo: LTr, 2002, p. 1075 - ao falar DANOS MATERIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
do tema alteração de função, distingue, conceitualmente, tarefa e CONTRATUAIS. INDENIZAÇÃO DO ART. 404 DO CÓDIGO CIVIL
função, afirmando que a tarefa é "uma atividade laboral específica, Sustenta o consignado/reconvinte que: "É sabido que os
estrita e delimitada", ao passo que a função consiste na "reunião trabalhadores são obrigados a arcar com o pagamento de 20% do
coordenada e integrada de um conjunto de tarefas". Nessa toada, valor recebido para custear seu Advogado, o que lhe causa um
uma mesma função pode ser formada por várias tarefas. Significa evidente prejuízo, ficando o seu ex-empregador sem qualquer
dizer, para que se configure a alteração funcional objetiva "é preciso responsabilidade em ressarci-lo, numa manifesta injustiça, o que
que haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas resulta em recebimento pelo empregado de apenas 80% do que lhe
integrantes da enfocada função". era devido. Assente em direito de que quem causa prejuízo a
Por oportuno, colaciono os seguintes julgados: outrem deve ressarcir integralmente a parte contrária, à luz do que
"ACÚMULO DE FUNÇÕES NÃO CONFIGURADO - DIFERENÇAS dispõe os art. 389, 395 e art. 404, do Código Civil/2002.".
outra função não traduz, automaticamente, a ocorrência de uma correspondente ao ressarcimento por perdas e danos, em valor
efetiva alteração funcional no tocante ao empregado. É preciso que equivalente aos honorários contratuais do advogado, não encontra
haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas guarida na pacífica jurisprudência do c. TST, porquanto, no
integrantes da enfocada função para que se configure a alteração julgamento do incidente de Recursos de Revista Repetitivos (IRR-
funcional objetivada- . II - Assim, o exercício esporádico de função RR-341-06.2013.5.04.0011), o pleno daquele Tribunal, a fim de
diversa àquela para a qual foi contratado o empregado, desde que uniformizar o entendimento da Corte Superior sobre a matéria,
de igual ou menor complexidade, e durante a mesma jornada de definiu tese de inaplicabilidade do art. 404 do CC ao processo do
empregado, sendo indevido o pagamento de acréscimo salarial. III - "INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO Nº 3. HONORÁRIOS
Na presente hipótese, não há qualquer prova produzida pelo autor a ADVOCATÍCIOS EM RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS TÍPICAS.
fim de comprovar suas alegações, ônus que lhe competia a teor do REQUISITOS DO ARTIGO 14 DA LEI Nº 5.584/70 E DAS
art. 818 da CLT. (TRT-1 - RO: 00015932320125010024 RJ , SÚMULAS Nos 219 E 329 DO TST. EFEITOS DE DIREITO
Relator: Evandro Pereira Valadao Lopes, Data de Julgamento: INTERTEMPORAL DECORRENTES DA GENERALIZAÇÃO DO
15/07/2014, Quinta Turma, Data de Publicação: 23/07/2014)" REGIME DE SUCUMBÊNCIA INTRODUZIDA PELA LEI Nº
"DESVIO DE FUNÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO. DIFERENÇAS 13.467/2017. Discute-se, no caso, a possibilidade de deferimento de
SALARIAIS INDEVIDAS. Não estando demonstrado, nos autos, que honorários advocatícios em reclamações trabalhistas típicas,
houve uma concentração significativa do conjunto de tarefas anteriores à edição e à vigência da Lei nº 13.467/2017, sem a
integrantes da enfocada função, eis que o simples exercício de observância de todos os requisitos constantes no artigo 14, caput e
algumas tarefas componentes de uma outra função não implica em §§ 1º e 2º, da Lei nº 5.584/70, tal como hoje ainda está previsto nas
uma efetiva alteração funcional, como decorreu in casu, deve ser Súmulas nos 219 e 329 do Tribunal Superior do Trabalho, em face
indeferido o pedido de diferença salarial, decorrente do desvio de do disposto no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de
funcional. RESPONSABILIDADE SUBISIDIÁRIA. Aplicação da l988, segundo o qual "o Estado prestará assistência jurídica integral
Súmula n.º 331, IV, do TST. O inadimplemento das obrigações e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos", inclusive a
trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade título de indenização por perdas e danos, nos termos dos artigos
subsidiária do tomador de serviços, quanto àquelas obrigações. 389 e 404 do Código Civil, definindo-se, ainda, as implicações de
(TRT - 20ª REGIÃO, PROCESSO Nº 0191900-96.2008.5.20.0006, direito intertemporal decorrentes da introdução do artigo 791-A da
RELATOR DESEMBARGADOR CARLOS DE MENEZES FARO CLT pela referida Lei nº 13.467, promulgada em 13 de julho de 2017
e com vigência a partir de 11 de novembro de 2017. Fixam-se, com ainda permanece regulamentada pela referida lei especial; 6) São
força obrigatória (artigos 896-C da CLT, 927, inciso III, do CPC e 3º, inaplicáveis os artigos 389, 395 e 404 do Código Civil ao
inciso XXIII, da Instrução Normativa nº 39/2015 do TST), as Processo do Trabalho para fins de condenação ao pagamento
seguintes teses jurídicas: "1) Nas lides decorrentes da relação de de honorários advocatícios, nas lides decorrentes da relação
emprego, os honorários advocatícios, com relação às ações de emprego, objeto de ações ajuizadas antes do início da
ajuizadas no período anterior ao início de vigência da Lei nº vigência da Lei nº 13.467/2017, visto que, no âmbito da Justiça
13.467/2017, somente são cabíveis na hipótese prevista no artigo do Trabalho, essa condenação não se resolve pela ótica da
14 da Lei nº 5.584/70 e na Súmula nº 219, item I, do TST, tendo por responsabilidade civil, mas sim da sua legislação específica,
destinatário o sindicato assistente, conforme disposto no artigo 16 notadamente a Lei nº 5.584/70; 7) A condenação em honorários
do referido diploma legal, até então vigente (revogado advocatícios sucumbenciais prevista no artigo 791-A, caput e
expressamente pela Lei nº 13.725/2018) e no caso de assistência parágrafos, da CLT será aplicável apenas às ações propostas na
judiciária prestada pela Defensoria Pública da União ao beneficiário Justiça do Trabalho a partir de 11 de novembro de 2017, data do
da Justiça gratuita, consoante os artigos 17 da Lei nº 5.584/70 e 14 início da vigência da Lei nº 13.467/2017, promulgada em 13 de julho
da Lei Complementar nº 80/94, revelando-se incabível a de 2017, conforme já decidiu este Pleno, de forma unânime, por
condenação da parte vencida ao pagamento dessa verba honorária ocasião da aprovação do artigo 6º da Instrução Normativa nº
seja pela mera sucumbência, seja a título de indenização por 41/2018; 8) A deliberação neste incidente a respeito da Lei nº
perdas e danos, seja pela simples circunstância de a parte ser 13.467/2017 limita-se estritamente aos efeitos de direito
beneficiária da Justiça gratuita; 2) A ampliação da competência da intertemporal decorrentes das alterações introduzidas pela citada
Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional nº 45/2004 lei, que generalizou a aplicação do princípio da sucumbência em
acarretou o pagamento de honorários advocatícios com base tema de honorários advocatícios no âmbito da Justiça do Trabalho,
unicamente no critério da sucumbência apenas com relação às lides não havendo emissão de tese jurídica sobre o conteúdo em si e as
não decorrentes da relação de emprego, conforme sedimentado nos demais peculiaridades da nova disposição legislativa, tampouco
itens III e IV da Súmula nº 219 do TST, por meio, respectivamente, acerca da inconstitucionalidade do artigo 791-A, caput e § 4º, da
das Resoluções nos 174, de 24 de maio de 2011, e 204, de 15 de CLT". Ainda, à vista dos termos do artigo 927, § 3º, do CPC,
março de 2016, e no item 5 da Instrução Normativa nº 27, de 16 de aplicável ao Processo do Trabalho (artigo 769 da CLT c/c artigo 3º,
fevereiro de 2005; 3) Às demandas não decorrentes da relação de inciso XXIII, da Instrução Normativa nº 39/2015 do TST), como não
emprego, mas que já tramitavam na Justiça do Trabalho por força se está revisando ou alterando a jurisprudência anteriormente já
de norma legal expressa, relativas aos trabalhadores avulsos e pacificada pelo Tribunal Superior do Trabalho, não cabe proceder à
portuários, ex vi dos artigos 643, caput , e 652, alínea "a", inciso V, modulação dos efeitos desta decisão. PROCESSO AFETADO Nº
da CLT, são inaplicáveis o item 5 da Instrução Normativa nº 27/2005 TST-RR-341-06.2013.5.04.0011. RECURSO DE REVISTA.
do Tribunal Superior do Trabalho e o item III da Súmula nº 219 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULAS Nos 219 E 329 DO
desta Corte, porquanto a Constituição Federal, em seu artigo 7º, TST. AÇÃO AJUIZADA EM PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
inciso XXXIV, equipara o avulso ao trabalhador com vínculo LEI Nº 13.467, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2017. O Tribunal
empregatício, sendo-lhe aplicável, portanto, o entendimento previsto Regional, ao sufragar a tese de ser possível a condenação ao
no item I da Súmula nº 219 desta Corte; 4) Às lides decorrentes da pagamento dos honorários advocatícios assistenciais pela simples
relação de emprego, objeto de ações propostas antes do início da circunstância de a reclamante ser beneficiária da Justiça gratuita,
vigência da Lei nº 13.467/2017, não se aplica a Súmula nº 234 do em virtude da declaração de pobreza firmada nos autos, malgrado
STF, segundo a qual ' são devidos honorários de advogado em esteja assistida por advogado particular, contrariou o precedente de
ação de acidente de trabalho julgada procedente ' ; 5) Não houve observância obrigatória, ora firmado neste julgamento de incidente
derrogação tácita do artigo 14 da Lei nº 5.584/1970 em virtude do de recursos repetitivos (IRR-341-06.2013.5.04.0011). Recurso de
advento da Lei nº 10.288/2001, que adicionou o § 10 ao artigo 789 revista conhecido e provido" (IRR-RR-341-06.2013.5.04.0011,
da CLT, reportando-se à assistência judiciária gratuita prestada Tribunal Pleno, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT
dispositivo da CLT pela Lei nº 10.537/2002 sem que esta Ademais, na hipótese, o recorrente sequer fez prova do alegado
disciplinasse novamente a matéria, pelo que a assistência judiciária contrato de prestação de serviços advocatícios.
prestada pela entidade sindical no âmbito da Justiça do Trabalho Recurso não provido no tocante.
Ajuizada a presente ação na vigência da Lei nº 13.467/2017, verbas, com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do
imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, que autoriza a período contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos
condenação em honorários advocatícios pela simples sucumbência limites do pedidos: aviso prévio indenizado; 13º salário sobre aviso;
da parte. férias sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias
Logo, diante da sucumbência parcial da consignante/reconvinda, dá proporcionais mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre
-se parcial provimento ao recurso no particular para condená-la ao aviso prévio indenizado mais multa de 40% e honorários
pagamento da verba honorária, no percentual de 15% (quinze por advocatícios, no percentual de 15% (quinze) por cento do montante
cento) do montante liquidado, em favor do patrono do trabalhador liquidado, em favor do patrono do consignado/reconvinte. Condena-
(consignado/reconvinte), por representar patamar mais condizente se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação de baixa
com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. na CTPS, além de fornecer as guias necessárias à liberação do
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA DOS FGTS e habilitação junto ao seguro-desemprego, acaso o
CRÉDITOS TRABALHISTAS. PARÂMETROS FIXADOS PELO consignado/reconvinte perfaça os requisitos legais necessários, nos
Na liquidação, a apuração de juros de mora e correção monetária substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do TST). Atualização
deve observar a modulação estabelecida pela Corte Suprema do monetária e juros de mora consoante os parâmetros fixados pelo
STF no julgamento das ações declaratórias de constitucionalidade STF no julgamento das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 e
de nºs 58 e 59 e ações diretas de inconstitucionalidade de nºs 5867 6021. Contribuição previdenciária e imposto de renda, na forma da
e 6021 (acórdão publicado em 07/04/2021). lei e da Súmula 368 do TST. Custas processuais invertidas a cargo
11.941/2009.
competência - item V da Súmula 368 do c. TST e Lei nº 8.212/91). ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
Quanto ao imposto de renda, o cálculo fiscal deve atender ao art. 12 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
-A da Lei nº 7.713/1988, com a redação conferida pela Lei nº unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo
13.149/2015, a teor do item VI do sumulado em realce. consignado/reconvinte e dar-lhe parcial provimento para afastar a
Conhecer do recurso ordinário interposto pelo período contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos
consignado/reconvinte e dar-lhe parcial provimento para afastar a limites do pedidos: aviso prévio indenizado; 13º salário sobre aviso;
dispensa motivada, reconhecendo a rescisão sem justa causa do férias sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias
contrato de trabalho havido entre os litigantes, bem como, diante da proporcionais mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre
falta de comprovação, condenar a consignante/reconvinda, no prazo aviso prévio indenizado mais multa de 40% e honorários
Intimado(s)/Citado(s):
advocatícios, no percentual de 15% (quinze) por cento do montante
- WN SERVICOS DE VIGILANCIA ARMADA EIRELI - ME
liquidado, em favor do patrono do consignado/reconvinte. Condena-
6021. Contribuição previdenciária e imposto de renda, na forma da DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO
lei e da Súmula 368 do TST. Custas processuais invertidas a cargo CABIMENTO.
da consignante/reconvinda, no importe de R$ 100,00, calculadas Incabível a denunciação da lide pretendida pela reclamada, uma
sobre o valor de R$ 5.000,00, novo importe arbitrado à condenação. vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho,
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais,
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
Fortaleza, 18 de julho de 2022. vislumbra que o instituto acarrete a desejada celeridade ao deslinde
Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido. terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso,
O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC
vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar: nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da
"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado: denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do
indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$ CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015):
66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na "Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por
fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo, qualquer das partes:
como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio
sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os
acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a direitos que da evicção lhe resultam;
fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita." II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a
A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido
fls.169/181. no processo.
Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho. Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do
O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na
denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente
requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em
Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo
edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227 852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui
da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da
processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00
seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o (cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da
motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus, pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o
episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE
norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE -
e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais. EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a
Razão, contudo, não lhe assiste. edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível,
A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129 em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a
do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em
que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das
ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além hipóteses previstas no art. 114 da CF/88.
desta Justiça Especializada não possuir competência para Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação
solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao
fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada,
beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde
processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida,
nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega consoante fl.42 do Pdf.
provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por
Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022). se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na
"EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E processualística laboral posta na presente ação.
ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA
intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva
regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode, prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu
posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro
elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha de vida devido aos dependentes do empregado falecido.
sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento
Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes
Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do
analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na pagamento da indenização por parte da seguradora.
celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos Não prospera o intento recursal.
trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com
controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha
entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em
a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela 25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição
Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,
aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento
para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos
vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na
previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a
da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação
manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em
denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da
apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do
dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto, valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou
o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita
contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a
desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte
Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto
Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.) ao dever de contratação correta da referida cobertura do
No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho
para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - EDDIE FARLEY MOREIRA BRAGA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho,
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais,
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na
Fortaleza, 18 de julho de 2022. ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do
e em condição grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de ordinário da reclamada merece conhecimento.
sorte que, conforme comprovado nos autos, o pagamento dos DENUNCIAÇÃO DA LIDE
valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de
dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o
regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte
cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta
plena atividade profissional. Portanto, estão configurados todos os Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a
elementos propulsores da obrigação de indenizar, pois o evento edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227
lesivo (não recebimento do valor do seguro de vida pelos da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o
dependentes do empregado) derivou de culpa da reclamada, a qual processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a
desrespeitou norma coletiva que prevê, para as empresas de seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o
vigilância, a obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus,
pessoais, de morte ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em
negligência quanto ao dever de contratação correta da referida norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa
cobertura do trabalhador. À vista do exposto, concebem-se e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais.
confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa Razão, contudo, não lhe assiste.
da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129
patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar. do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de
Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido. terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso,
O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC
vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar: nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da
"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado: denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do
indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$ CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015):
66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na "Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por
fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo, qualquer das partes:
como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio
sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os
acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a direitos que da evicção lhe resultam;
fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita." II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a
A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido
fls.169/181. no processo.
Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho. Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do
RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser
DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente
CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma
vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação
econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a
relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de
referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras
852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a
recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum
indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00 dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto,
(cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém
pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo
INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE - Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins
EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.)
em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente
Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada
que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das
ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além hipóteses previstas no art. 114 da CF/88.
desta Justiça Especializada não possuir competência para Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação
solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao
fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada,
beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde
processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida,
nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega consoante fl.42 do Pdf.
provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por
Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022). se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na
"EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E processualística laboral posta na presente ação.
ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA
intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva
regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode, prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu
posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro
elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha de vida devido aos dependentes do empregado falecido.
sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento
Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes
Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do
analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na pagamento da indenização por parte da seguradora.
celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos Não prospera o intento recursal.
trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com
controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha
entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em
a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela 25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição
dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-
cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
plena atividade profissional. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do Fortaleza, 18 de julho de 2022.
obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
trabalhador.
Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - V.L.B.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO 66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na
Incabível a denunciação da lide pretendida pela reclamada, uma como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de
vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação
se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho, acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a
prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais, fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita."
ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às
vislumbra que o instituto acarrete a desejada celeridade ao deslinde Contrarrazões da parte reclamante nos autos.
do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, há sim, Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho.
empregado, o fez somente quando este já se encontrava internado Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso
e em condição grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de ordinário da reclamada merece conhecimento.
sorte que, conforme comprovado nos autos, o pagamento dos DENUNCIAÇÃO DA LIDE
valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de
dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o
regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte
cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta
plena atividade profissional. Portanto, estão configurados todos os Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a
elementos propulsores da obrigação de indenizar, pois o evento edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227
lesivo (não recebimento do valor do seguro de vida pelos da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o
dependentes do empregado) derivou de culpa da reclamada, a qual processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a
desrespeitou norma coletiva que prevê, para as empresas de seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o
vigilância, a obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus,
pessoais, de morte ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em
negligência quanto ao dever de contratação correta da referida norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa
cobertura do trabalhador. À vista do exposto, concebem-se e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais.
confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa Razão, contudo, não lhe assiste.
da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129
patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar. do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de
Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido. terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso,
O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC
vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar: nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da
denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega
"Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022).
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO
foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os - INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de
direitos que da evicção lhe resultam; intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode,
indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses
Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação
Trabalho tem firmado posição de que a aplicação da denunciação Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser
da lide deve ser analisada caso a caso, considerando-se o interesse analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na
do trabalhador na celeridade processual, a natureza alimentar dos celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos
créditos trabalhistas, e a competência da Justiça do Trabalho para trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a
julgar a controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme
conforme se colhe das decisões abaixo: entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou
RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser
DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente
CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma
vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação
econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a
relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de
referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras
852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a
recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum
indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00 dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto,
(cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém
pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo
INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE - Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins
EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.)
em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente
Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada
que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das
ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além hipóteses previstas no art. 114 da CF/88.
desta Justiça Especializada não possuir competência para Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação
solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao
fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada,
beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde
processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida,
Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por Nada a reformar.
COLETIVA.
prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe
dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-
cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
plena atividade profissional. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do Fortaleza, 18 de julho de 2022.
obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
trabalhador.
Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227 852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui
da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da
processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00
seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o (cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da
motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus, pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o
episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE
norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE -
e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais. EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a
Razão, contudo, não lhe assiste. edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível,
A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129 em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a
do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em
terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso, que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial
através do qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo poderá, ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além
posteriormente, recorrer ao ressarcimento de terceiro. desta Justiça Especializada não possuir competência para
De se ressaltar que não há dúvida de que é incabível a denunciação solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal
da lide no processo do trabalho, quanto à hipótese elencada no como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático
inciso I do art.125 do CPC. fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como
Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao
nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se
denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega
"Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022).
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO
foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os - INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de
direitos que da evicção lhe resultam; intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode,
indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses
Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação
Trabalho tem firmado posição de que a aplicação da denunciação Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser
da lide deve ser analisada caso a caso, considerando-se o interesse analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na
do trabalhador na celeridade processual, a natureza alimentar dos celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos
créditos trabalhistas, e a competência da Justiça do Trabalho para trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a
julgar a controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme
conforme se colhe das decisões abaixo: entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou
RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser
DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente
CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma
vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação
econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a
relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de
referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras
denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da
apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do
dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto, valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou
o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita
contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a
desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte
Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto
Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.) ao dever de contratação correta da referida cobertura do
No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho
para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo
empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das empregado - dever de prestar o trabalho - e de dar - pelo
hipóteses previstas no art. 114 da CF/88. empregador - pagar a contraprestação da remuneração, mas, ao
Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação lado dessas, assumem os sujeitos obrigações acessórias relevantes
proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se de fazer e não-fazer, como a do empregador de implementar
vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao medidas preventivas de medicina, higiene e segurança do trabalho.
deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, À vista do exposto, concebem-se confirmadas a existência do dano
há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde de natureza patrimonial e a culpa da empresa (omissão) para sua
o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida, ocorrência, residindo aí o dever patronal de indenizá-lo nos termos
Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por Nada a reformar.
COLETIVA.
prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe
dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-
cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
plena atividade profissional. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na
Fortaleza, 18 de julho de 2022. ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido
fls.169/181. no processo.
Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho. Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do
O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na
denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente
requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em
Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo
edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227 852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui
da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da
processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00
seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o (cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da
motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus, pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o
episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE
norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE -
e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais. EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a
Razão, contudo, não lhe assiste. edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível,
A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129 em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a
do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em
terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso, que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial
através do qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo poderá, ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além
posteriormente, recorrer ao ressarcimento de terceiro. desta Justiça Especializada não possuir competência para
De se ressaltar que não há dúvida de que é incabível a denunciação solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal
da lide no processo do trabalho, quanto à hipótese elencada no como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático
inciso I do art.125 do CPC. fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como
Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao
nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se
denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega
"Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022).
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO
foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os - INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de
direitos que da evicção lhe resultam; intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode,
posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro
elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha de vida devido aos dependentes do empregado falecido.
sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento
Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes
Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do
analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na pagamento da indenização por parte da seguradora.
celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos Não prospera o intento recursal.
trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com
controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha
entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em
a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela 25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição
Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,
aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento
para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos
vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na
previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a
da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação
manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em
denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da
apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do
dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto, valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou
o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita
contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a
desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte
Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto
Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.) ao dever de contratação correta da referida cobertura do
No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho
para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo
empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das empregado - dever de prestar o trabalho - e de dar - pelo
hipóteses previstas no art. 114 da CF/88. empregador - pagar a contraprestação da remuneração, mas, ao
Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação lado dessas, assumem os sujeitos obrigações acessórias relevantes
proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se de fazer e não-fazer, como a do empregador de implementar
vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao medidas preventivas de medicina, higiene e segurança do trabalho.
deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, À vista do exposto, concebem-se confirmadas a existência do dano
há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde de natureza patrimonial e a culpa da empresa (omissão) para sua
o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida, ocorrência, residindo aí o dever patronal de indenizá-lo nos termos
Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por Nada a reformar.
COLETIVA.
prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - LIVIA LUZ BARBOSA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho,
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais,
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na
Fortaleza, 18 de julho de 2022. ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do
confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa Razão, contudo, não lhe assiste.
da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129
patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar. do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de
Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido. terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso,
O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC
vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar: nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da
"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado: denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do
indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$ CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015):
66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na "Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por
fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo, qualquer das partes:
como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio
sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os
acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a direitos que da evicção lhe resultam;
fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita." II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a
A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido
fls.169/181. no processo.
Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho. Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do
O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na
denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente
requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em
Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo
edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227 852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui
da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da
processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00
seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o (cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da
motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus, pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o
episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE
norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE -
e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais. EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a
em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente
Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada
que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das
ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além hipóteses previstas no art. 114 da CF/88.
desta Justiça Especializada não possuir competência para Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação
solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao
fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada,
beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde
processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida,
nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega consoante fl.42 do Pdf.
provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por
Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022). se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na
"EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E processualística laboral posta na presente ação.
ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA
intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva
regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode, prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu
posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro
elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha de vida devido aos dependentes do empregado falecido.
sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento
Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes
Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do
analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na pagamento da indenização por parte da seguradora.
celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos Não prospera o intento recursal.
trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com
controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha
entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em
a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela 25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição
Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,
aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento
para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos
vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na
previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a
da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação
manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em
denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da
apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do
dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto, valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou
o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita
contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a
desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte
Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto
Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.) ao dever de contratação correta da referida cobertura do
trabalhador.
Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
- SINDICATO DOS TRABALHADORES DOS CORREIOS E
TELEGRAFOS
CONCLUSÃO DO VOTO
provimento. JUSTIÇA DO
EMENTA
DISPOSITIVO
DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE PELO C.TST (PROC. 1001203-
A sentença proferida pelo MM. Juízo da 15ª Vara do Trabalho de apresentando suas razões de forma clara e convincente, pelo que
Fortaleza, Id 74a8c5b, julgou parcialmente procedente a ação merece ser mantida a sentença por seus próprios fundamentos à
popular ingressada por SINDICATO DOS TRABALHADORES DOS exceção dos honorários advocatícios devidos pelo autor, os quais
CORREIOS E TELÉGRAFOS em face de EMPRESA BRASILEIRA devem ser excluídos da condenação, motivo pelo qual se faz as
efetuar os descontos salariais de faltas injustificadas referentes aos HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS A CARGO DO AUTOR
dias 18.08 e 22.09 de 2020 (054002) e Repouso Semanal Em que pese não haver recurso interposto pelo autor pedindo a
Remunerado (054033), ou caso já tenha efetuado, que seja exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de
imediatamente restituído em contra cheque suplementar, referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo
fim de evitar o enriquecimento ilícito e determinando que se retire Ademais, referida obrigação é acessória da sentença e, por força de
dos registros funcionais os apontamentos das faltas injustificadas lei e de decisão vinculante em ação direta de inconstitucionalidade,
referentes aos dias 18.08 e 22.09/2020. Ratifica a tutela de urgência deve o juízo fazer a análise da matéria, de ofício, sem que haja
concedida. Condenou ambas as partes em 10% (dez por cento) de desrespeito aos limites do recurso.
honorários sucumbenciais, aplicando-se a condição suspensiva aos Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após
devidos pelo autor em face da gratuidade judiciária. a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e a sentença concedeu
Inconformada, recorre ordinariamente a reclamada, Id b3d9b00, ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se mantém
pugnando pela reforma do decisum para julgar improcedente a incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão
ação, sob o argumento que no tocante ao dia 22/09, essa era a data proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou a
para o retorno integral dos empregados ao trabalho, porquanto dia inconstitucionalidade do artigo 791-A, §4º, da Consolidação das Leis
18.08, houve uma falha no sistema da empresa que contabilizou A mencionada decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo
como falta, ocorre que não houve desconto nos salários dos 791-A, §4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e,
empregados, não gerando aos mesmos prejuízos financeiros. portanto, a regra celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência
Pugna, ainda, pelo indeferimento da tutela de urgência, uma vez recíproca ao trabalhador beneficiário da justiça gratuita, tornou-se
que "a Lei n° 9.494/97 consignou a impossibilidade de execução inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de
imediata, isto é, antes do trânsito em julgado, de "sentença que honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais
tenha por objeto a liberação de recurso". Pede a condenação do devem ser excluídos da condenação.
autor em litigância de má fé e o indeferimento da gratuidade No mais nenhum reparo merece a sentença recorrida.
Devidamente notificado, o réu apresentou contrarrazões, Id denominada fundamentação "per relationem", técnica segundo a
Parecer do Ministério Público do Trabalho opinando pelo parecer do Ministério Público, a precedente ou a decisão anterior
"conhecimento e improvimento do recurso da parte reclamada, nos autos do mesmo processo, porquanto atende a exigência
mantendo-se a sentença." constitucional da fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX,
FUNDAMENTAÇÃO da CF/88).
O recurso preenche as exigências processuais no que tange aos convencimento motivado, que o magistrado, a partir do caso
pressupostos, portanto merece ser conhecido. concreto que lhe foi posto e após a apresentação de provas e
Inicialmente, faz-se imprescindível ressaltar que, analisando os acerca de seu conteúdo da forma que considerar mais adequada -
autos, percebe-se que seu julgamento se mostra conforme seu convencimento - e dentro dos limites impostos pela lei
É incontestável que o MM. juízo "a quo" analisou corretamente os sentenciais em sua íntegra, no tocante aos pedidos ora
pleitos exordiais e bem apreciou a prova produzida nos autos, relacionados. Por conseguinte, adotam-se as razões da sentença
para manter o julgado, excetuando quanto aos honorários 70.2019.5.15.0000, Rel. Min. Dora Maria da Costa, DEJT de
sucumbenciais devidos pelo autor, conforme abaixo transcritos: 21/08/2020), de modo a não privar totalmente o trabalhador de seu
"O SINDICATO DOS TRABALHADORES EM CORREIOS E conduz à inarredável conclusão de que "o desconto de 50% dos
TELÉGRAFOS E SIMILARES NO ESTADO DO CEARÁ - dias parados" refere-se exclusivamente ao período em que
SINTECT/CE requer a condenação da EMPRESA BRASILEIRA DE estiveram os contratos de trabalho dos substituídos sob suspensão
CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT para que "se abstenha de em decorrência da greve, o que não coaduna com o registro de
efetuar os descontos salariais de faltas injustificadas referentes aos ausência injustificada ao labor, razão por que não caberia novo
dias 18.08 e 22.09 de 2020 (054002) e Repouso Semanal desconto a pretexto de ser em razão de ausência injustificada.
Remunerado (054033), ou caso já tenha efetuado, que seja Logo, indevido os descontos por ausência injustificada nos
imediatamente restituído em contra cheque suplementar." contracheques apresentados nos autos, nos termos da sentença
Como esteio de tal postulação, argumenta que o movimento normativa proferida em 21.09.2020 pelo C.TST.
paredista dos empregados da EBCT, ocorrido no período de Em face do exposto, julgo procedente o pedido do Sindicato autor
18.08.2020 a 21.09.2020, foi encerrado com o julgamento do para condenar a reclamada a se abster de efetuar os descontos
Dissídio Coletivo de Greve pelo C.TST (proc. 1001203- salariais de faltas injustificadas referentes aos dias 18.08 e 22.09 de
Acrescenta o autor que na sentença normativa constou a já tenha efetuado, que seja imediatamente restituído em
autorização de desconto de 50% (cinquenta por cento) dos dias contracheque suplementar.
parados e a compensação de 50% (cinquenta por cento) dos Determino ainda que a reclamada retire os registros funcionais os
demais dias de greve. apontamentos das faltas injustificadas referentes aos dias 18.08 e
Alega o ente sindical que, além disso, a ré "efetuou mais um 22.09 de 2020.
desconto no salário do mês de janeiro de 2020 dos seus O descumprimento de tais ordens importará na aplicação de multa
empregados, sob a rubrica de falta injustificada, descontando ainda mensal no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) por empregado
o repouso semanal remunerado e anotando na ficha cadastral dos prejudicado, por infração verificada, até o limite de 6
Aduz a reclamada que a falta registrada para alguns dos penal aplicáveis à espécie.
empregados que aderiram ao movimento paredista no dia Ratifica-se a tutela de urgência anteriormente concedida.
18/08/2020 foi causada por uma falha no sistema, mas que tal erro Deduzam-se os valores efetivamente devolvidos, a mesmo título,
não chegou a gerar impactos financeiros para os envolvidos. provados nos autos, para se evitar enriquecimento sem causa dos
fec80d9 e 68164ad (item 4) que demonstram que a empresa ré EQUIPARAÇÃO DA ECT COM OS PRIVILÉGIOS DA FAZENDA
exordial e considerando, ainda, que o pleito já foi analisado na Por força do art. 12 do Decreto-Lei n.º 509/69 e entendimento
antecipação dos efeitos da tutela (Id 1d1e706), adoto, por oportuno, jurisprudencial consubstanciado no item "2" da OJ 247 da SDI-I do
o que restou consignado na referida decisão de tutela de urgência: E. TST, entendo que goza a ECT dos privilégios concedidos à
No acórdão proferido no dissídio de greve citado acima, restou Fazenda Pública, quer em relação a imunidade tributária, direta ou
decidido, por maioria, a autorização para "o desconto de 50% dos indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer
dias parados e a compensação dos outros 50%". no concernente a foro, prazos e custas processuais.
O desconto parcial dos dias parados constam na sentença Vale ressaltar que a jurisprudência pacífica do Excelso Supremo
normativa nos seguintes termos: "A não abusividade da greve tem Tribunal Federal fixou o entendimento no sentido de que referido
como consequência a possibilidade de COMPENSAÇÃO DE 50% Decreto-lei não foi revogado pela Constituição Federal de 1988, de
DOS DIAS PARADOS, com DESCONTO DE APENAS 50% DOS modo que à reclamada é extensiva as prerrogativas da Fazenda
TST para greves de longa duração (v.g. RO 7199- Outrossim, ressalto que os juros de mora nas condenações
mesmo se aplicado na hipótese dos autos, para fins de liquidação Consoante anotado pela Procuradoria-Geral da República, na
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS "Reforma Trabalhista", o problema reside em que o art. 791-A, §4º,
No caso presente, conforme exposto acima, parte dos pleitos da CLT condiciona a própria suspensão de exigibilidade dos
apresentados pela parte autora não foram acolhidos, resultando, honorários advocatícios de sucumbência à inexistência de crédito
Assim, incide o disposto no art. 791-A, § 3º, da CLT, segundo o norma trabalhista relativa ao benefício da gratuidade judiciária seria
qual, "na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará mais restritiva que a norma processual civil.
honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação Também ressaltou a Procuradoria-Geral da República que "a norma
Em relação ao alcance da sucumbência recíproca, parece-me que justiça gratuita e subtrai do beneficiário, para pagar despesas
Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho da subsistência e à de sua família, em violação à garantia fundamental
ANAMATRA, segundo o qual "o juízo arbitrará honorários de de gratuidade judiciária (CR, art. 5º, LXXIV)".
sucumbência recíproca (art. 791-A, par.3º, da CLT) apenas em caso Portanto, declaro, incidentalmente, a inconstitucionalidade do trecho
de indeferimento total do pedido específico. O acolhimento do "[...] desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro
pedido, com quantificação inferior ao postulado, não caracteriza processo, créditos capazes de suportar a despesa[...]", contido no §
sucumbência parcial, pois a verba postulada restou acolhida. 4º do art. 791-A da CLT.
Quando o legislador mencionou 'sucumbência parcial', referiu-se ao Em consequência, deferida a gratuidade judiciária à parte autora, os
acolhimento de parte dos pedidos formulados na petição inicial". honorários advocatícios fixados em favor do(a) patrono(a) da parte
Assim, à vista dos critérios elencados no art. 791-A, §2º, da CLT, ré permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade, no
fixo, em favor do(a) advogado(a) da parte reclamante, os honorários prazo e forma discriminados no art. 791-A, § 4º, da CLT.
condenação. Ademais, fixo, em favor do(a) advogado(a) da parte Juros de mora e correção monetária na forma da Lei. Natureza das
reclamada, os honorários sucumbenciais de 10% sobre o valor verbas contempladas nesta decisão na forma do art. 28, § 9º da Lei
do(s) pedido(s) em que foi sucumbente a parte reclamante. 8.212/91, sendo os recolhimentos previdenciários de
Ressalto, ainda, ser vedada a compensação entre os honorários responsabilidade da parte empregadora, autorizada a dedução dos
acima fixados, conforme a parte final do art. 791-A, §3º, da CLT. valores cabíveis à parte empregada, bem como a retenção do
Outrossim, destaco que, a meu sentir, afigura-se afrontoso à Carta imposto de renda sobre o total da condenação das verbas de
Magna o seguinte trecho do § 4º do art. 791-A da CLT: "[...] desde natureza salarial (acrescido de juros e correção monetária) no
que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro momento de pagamento ao credor (fato gerador da obrigação), tudo
processo, créditos capazes de suportar a despesa [...]". De fato, a como já pacificado pela súmula 368 do TST e Lei 8.541/92, art. 46 e
norma, assim posta, resulta em limitação inadmissível à fruição do o Provimento 01/96 da Corregedoria do TST, devendo ser
benefício da gratuidade judiciária, violando, em última análise, o comprovados nos autos, tudo no prazo a ser estipulado por ocasião
próprio princípio de acesso à Justiça, ambos com assento no art. 5º da liquidação da sentença, sob pena de oficiar-se o órgão
situações absurdas, como a de que o trabalhador, geralmente pobre ISTO POSTO, e considerando o mais que dos autos consta, julgar
e hipossuficiente, viesse a ter todo o seu crédito objeto da DECIDO PARCIALMENTE PROCEDENTE EM PARTE o pedido
condenação consumido pelo pagamento de honorários formulado na presente Ação, para condenar a Reclamado
Na verdade, o acolhimento dessa restrição conduziria à abster de efetuar os descontos salariais de faltas injustificadas
contraditória conclusão de que os honorários advocatícios gozariam referentes aos dias 18.08 e 22.09 de 2020 (054002) e Repouso
de proteção mais ampla e privilegiada que o crédito do trabalhador Semanal Remunerado (054033), ou caso já tenha efetuado, que
reconhecidamente hipossuficiente (tanto que beneficiário da seja imediatamente restituído em contracheque suplementar.
Determino ainda que a reclamada retire os registros funcionais os devidos pelo autor, determinando, de ofício, a exclusão da
apontamentos das faltas injustificadas referentes aos dias 18.08 e condenação da parte autora no pagamento da verba honorária em
O descumprimento de tais ordens importará na aplicação de multa inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
Deduzam-se os valores efetivamente devolvidos, a mesmo título, REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, negar-
provados nos autos, para se evitar enriquecimento sem causa dos lhes provimento, mantendo-se a decisão de primeiro grau por seus
trabalhadores beneficiários da medida. próprios e jurídicos fundamentos, exceto no tocante aos honorários
Improcedente os demais pedidos. advocatícios devidos pelo autor, determinando, de ofício, a exclusão
Assim, à vista dos critérios elencados no art. 791-A, §2º, da CLT, da condenação da parte autora no pagamento da verba honorária
fixo, em favor do(a) advogado(a) da parte reclamante, os honorários em favor dos advogados do réu, com base na declaração de
sucumbenciais de 10% sobre o valor que resultar da liquidação da inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
reclamada, os honorários sucumbenciais de 10% sobre o valor Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
do(s) pedido(s) em que foi sucumbente a parte reclamante. Em Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
consequência, deferida a gratuidade judiciária à parte autora, os (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
honorários advocatícios fixados em favor do(a) patrono(a) da parte Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
ré permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade, no de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
prazo e forma discriminados no art. 791-A, § 4º, da CLT. Fortaleza, 18 de julho de 2022.
-I do TST.
Custas, pela Reclamada, sobre o valor arbitrado à condenação de FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
isento, em razão do disposto no art. 12 do Decreto-Lei nº 509/69, ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
fundamentos, exceto no tocante aos honorários advocatícios PESSOA JURÍDICA - AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO
DEPÓSITO RECURSAL - RECURSO ORDINÁRIO - DESERÇÃO. trabalhador, consoante se extraia do art. 14 da Lei 5.584/70, e que a
O benefício da justiça gratuita, consoante se extrai do art. 14 da Lei jurisprudência vinha, excepcionalmente, reconhecendo ao
não ao empregador, vem sendo reconhecido à pessoa jurídica, Posteriormente, o c. Tribunal Superior do Trabalho passou a admitir,
exigindo-se, contudo, como condição para a concessão da benesse, expressamente, a possibilidade de ser conferido à pessoa jurídica o
a demonstração cabal da alegada insuficiência de recursos. No referido benefício, exigindo, entretanto, como condição, a
presente caso a empresa, a despeito de devidamente notificada, demonstração cabal da alegada insuficiência de recursos,
não demonstrou a propalada impossibilidade de arcar com as consoante deixa ver o inciso II da Súmula nº 463 daquele Sodalício,
deserto e negado seguimento ao seu recurso ordinário. "Súmula nº 463 do TST - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
RELATÓRIO COMPROVAÇÃO
Trata-se de agravo de instrumento interposto por LA SUITE HOTEL I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária
E EVENTOS LTDA. face à decisão de ID 836bac8, que negou gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência
seguimento ao recurso ordinário com o qual desejavam reformar econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que
sentença de ID b359e20, que os condenou a pagar ao reclamante, munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art.
proporcionais, o 13º salário e o FGTS, todos em relação ao período II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
de 02.05.2018 a 04.10.2020, além da multa dos arts. 467 e 477, necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
§8º, ambos da CLT, e o saldo de salário dos meses de arcar com as despesas do processo."
Em seu apelo de ID. 440dd02 argumenta que é empresa de pessoa jurídica, o c. Tribunal Superior do Trabalho vinha
pequeno porte, tratando-se de um hotel em beira de praia e que faz reiteradamente entendendo que a parte ficava dispensada do
alguns eventos, sendo despiciendo, posto que é de conhecimento pagamento das custas processuais, mas não do recolhimento do
geral, que este tipo de comércio foi o mais prejudicado em razão da depósito recursal, sob o fundamento de que referido depósito não
Afirma que a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, incisos conforme inciso I da Instrução Normativa nº 03/93 do c. TST.
XXXIV e XXXV, garante a todos o direito de petição aos Poderes Nesse diapasão, inclusive, é o julgado daquela Corte, abaixo
Públicos em defesa de direitos, bem como o amplo e efetivo acesso reproduzido, in verbis:
mesmo ser concedido de ofício, a Reclamada, ora Agravante, pelo "EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
que deve ser dispensada do recolhimento das custas judiciais e REVISTA. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA.
depósito judicial para que seu recurso ordinário possa ser ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.Conforme o
conhecido, nos termos do parágrafo 3º, do artigo 790, da CLT, ou entendimento adotado por esta Corte, o benefício da justiça
concedido prazo para que cumpra com o pagamento e gratuita não alcança o depósito recursal, que ostenta a
comprovação deste das custas e do depósito recursal. natureza de garantia do juízo. Agravo de Instrumento
Requer, assim, a reforma da decisão, a fim de que seu apelo seja conhecido e não provido." (Processo: AIRR - 10500-
recebido e provido, com a reforma da sentença de primeiro grau. 65.2016.5.15.0053 Data de Julgamento: 20/06/2018, Relatora
A reclamante não apresentou contraminuta ao agravo de Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação:
É o relatório.
Examinando-se os autos, vê-se que o apelo sequer merece ser ao art. 899 da CLT, incluindo ali o §10, com o seguinte teor:
conhecido.
Sabe-se que o benefício da justiça gratuita era reservado apenas ao "Art.899. Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples
petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções REGIÃO, por unanimidade,não conhecer do recurso ordinário, por
§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o salário- Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
recuperação judicial."
2017". Intimado(s)/Citado(s):
No presente caso, observa-se que a sentença recorrida foi - LA SUITE HOTEL E EVENTOS LTDA
veio aos autos, nem mesmo quando este Relator, através do EMENTA
despacho de fl. 299 (ID 8ae760d ), concedeu à agravante prazo, PESSOA JURÍDICA - AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO
nos termos do §7º do art. 99 do CPC/2015, para realização do DEPÓSITO RECURSAL - RECURSO ORDINÁRIO - DESERÇÃO.
respectivo preparo, ou, então, que demonstrasse, mediante O benefício da justiça gratuita, consoante se extrai do art. 14 da Lei
documentos hábeis, a real situação financeira da empresa (art. 5.584/70, embora reservado originalmente apenas ao trabalhador e
790, §4º c/c art. 899, §10, ambos da CLT). não ao empregador, vem sendo reconhecido à pessoa jurídica,
Deste modo, não sendo a recorrente beneficiária da justiça gratuita exigindo-se, contudo, como condição para a concessão da benesse,
e considerando-se que o Juízo não foi garantido através do depósito a demonstração cabal da alegada insuficiência de recursos. No
recursal e tampouco foram recolhidas as custas processuais, impõe presente caso a empresa, a despeito de devidamente notificada,
-se seja declarado deserto e negado seguimento ao recurso não demonstrou a propalada impossibilidade de arcar com as
ordinário, não havendo que se falar em ofensa aos princípios despesas do processo e não garantiu o Juízo, de modo que, não
constitucionais do duplo grau de jurisdição e ampla defesa, os quais sendo beneficiária da justiça gratuita, impõe-se seja declarado
são exercidos de acordo com as normas processuais respectivas, deserto e negado seguimento ao seu recurso ordinário.
não conhecer do recurso ordinário, por deserto. Trata-se de agravo de instrumento interposto por LA SUITE HOTEL
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª seguimento ao recurso ordinário com o qual desejavam reformar
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª sentença de ID b359e20, que os condenou a pagar ao reclamante,
proporcionais, o 13º salário e o FGTS, todos em relação ao período II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
de 02.05.2018 a 04.10.2020, além da multa dos arts. 467 e 477, necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
§8º, ambos da CLT, e o saldo de salário dos meses de arcar com as despesas do processo."
Em seu apelo de ID. 440dd02 argumenta que é empresa de pessoa jurídica, o c. Tribunal Superior do Trabalho vinha
pequeno porte, tratando-se de um hotel em beira de praia e que faz reiteradamente entendendo que a parte ficava dispensada do
alguns eventos, sendo despiciendo, posto que é de conhecimento pagamento das custas processuais, mas não do recolhimento do
geral, que este tipo de comércio foi o mais prejudicado em razão da depósito recursal, sob o fundamento de que referido depósito não
Afirma que a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, incisos conforme inciso I da Instrução Normativa nº 03/93 do c. TST.
XXXIV e XXXV, garante a todos o direito de petição aos Poderes Nesse diapasão, inclusive, é o julgado daquela Corte, abaixo
Públicos em defesa de direitos, bem como o amplo e efetivo acesso reproduzido, in verbis:
mesmo ser concedido de ofício, a Reclamada, ora Agravante, pelo "EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
que deve ser dispensada do recolhimento das custas judiciais e REVISTA. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA.
depósito judicial para que seu recurso ordinário possa ser ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.Conforme o
conhecido, nos termos do parágrafo 3º, do artigo 790, da CLT, ou entendimento adotado por esta Corte, o benefício da justiça
concedido prazo para que cumpra com o pagamento e gratuita não alcança o depósito recursal, que ostenta a
comprovação deste das custas e do depósito recursal. natureza de garantia do juízo. Agravo de Instrumento
Requer, assim, a reforma da decisão, a fim de que seu apelo seja conhecido e não provido." (Processo: AIRR - 10500-
recebido e provido, com a reforma da sentença de primeiro grau. 65.2016.5.15.0053 Data de Julgamento: 20/06/2018, Relatora
A reclamante não apresentou contraminuta ao agravo de Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação:
É o relatório.
Examinando-se os autos, vê-se que o apelo sequer merece ser ao art. 899 da CLT, incluindo ali o §10, com o seguinte teor:
conhecido.
Sabe-se que o benefício da justiça gratuita era reservado apenas ao "Art.899. Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples
trabalhador, consoante se extraia do art. 14 da Lei 5.584/70, e que a petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções
jurisprudência vinha, excepcionalmente, reconhecendo ao previstas neste Título, permitida a execução provisória até a
Posteriormente, o c. Tribunal Superior do Trabalho passou a admitir, § 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o salário-
expressamente, a possibilidade de ser conferido à pessoa jurídica o mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o
referido benefício, exigindo, entretanto, como condição, a recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da
demonstração cabal da alegada insuficiência de recursos, respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida,
consoante deixa ver o inciso II da Súmula nº 463 daquele Sodalício, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito,
"Súmula nº 463 do TST - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em
gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência Ante o caráter processual da norma supra e as dificuldades
econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que surgidas quanto à sua eficácia temporal, o c. TST houve por bem
munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. editar, em 25.06.2018, a Instrução Normativa nº 41/2018, dispondo,
constitucionais do duplo grau de jurisdição e ampla defesa, os quais CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE
são exercidos de acordo com as normas processuais respectivas, CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL
dentre elas a que exige a garantia do Juízo. EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o
não conhecer do recurso ordinário, por deserto. reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª correta a decisão que reconheceu a incidência da legislação
REGIÃO, por unanimidade,não conhecer do recurso ordinário, por brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a demanda.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores trabalho do autor a legislação brasileira e não havendo o
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior pagamento das verbas rescisórias, devem as reclamadas ser
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) compelidas a efetuar o pagamento, pelo que nada a alterar na
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. DANOS MORAIS. NÃO CONHECIMENTO. Considerando que, na
Fortaleza, 18 de julho de 2022. inicial, o pedido de pagamento de indenização por danos morais foi
ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada da aplicação da legislação brasileira ao caso.
sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que Inconformado, recorre ordinariamente o reclamante (Id 82bc407),
ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos pugnando pela reforma da sentença, requerendo seja reconhecida a
da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a unicidade contratual, já que houve sucessivas contratações antes
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das do prazo de seis meses, contrariando os termos do art. 452 da CLT,
Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários o que afasta a possibilidade de os contratos serem por prazo
advocatícios a cargo do reclamante, pelo que resta determinado, de determinado. Aduz que as folhas de ponto demonstram o
ofício, a exclusão de referida verba da condenação. desrespeito ao intervalo interjornada, de no mínimo, 11 horas, pelo
Recurso das reclamadas conhecido, mas improvido. Recurso do que faz jus ao pagamento das horas extras daí decorrentes. Requer
reclamante conhecido em parte, mas improvido. o pagamento do adicional noturno, de indenização por danos
O MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maracanaú, por meio da a folgas, bem como de indenização por danos morais, considerando
sentença (Id eccc850), declarou a competência da Justiça do que, para ser contratado, foi exigida a realização de exames de
Trabalho para conhecer, processar e julgar a presente lide, com a álcool, HIV e drogas. Por fim, requer a majoração do percentual de
aplicação da legislação brasileira; declarou prescritos os créditos do honorários advocatícios a que as reclamadas foram condenadas.
reclamante relativos aos dois primeiros contratos, considerando o Contrarrazões das reclamadas (Id 57a35ae) e do reclamante (Id
determinado, já que a atividade desenvolvida pelas reclamadas Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para
determinou a assinatura da CTPS do obreiro com relação aos três Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, porque
contratos mantidos entre as partes; condenou a reclamada a pagar atendidos os pressupostos de admissibilidade.
as horas extras além das 44 horas semanais, além de condenar as No tocante ao recurso interposto pelo reclamante, deve o mesmo
partes a pagar honorários advocatícios em 10%. ser conhecido, mas apenas em parte.
(Id a2a2ddc), com sentença através do Id a6df626, sendo os Com relação ao tópico relativo ao pedido de pagamento de
embargos do reclamante providos em parte, para julgar indenização por danos morais do recurso ordinário interposto pelo
improcedente o pedido de pagamento de adicional noturno, bem reclamante, não deve o mesmo ser conhecido, considerando que,
como providos em parte os embargos das reclamadas, para deferir na inicial, o requerimento se deu em face de humilhações e
a dedução dos valores comprovadamente pagos sob o mesmo perseguições sofridas pelo autor, enquanto que no recurso
As reclamadas recorreram ordinariamente (Id 947d3df), alegando realização, como requisito para contratação, de exames de álcool,
ausência de jurisdição das autoridades brasileiras para o julgamento HIV e drogas. Vejamos os termos da inicial e do recurso ordinário:
podendo, dessa forma, ser aplicada ao caso a legislação brasileira. "O autor, durante sua prestação de serviços para as
Aduzem que o reclamante manteve uma relação de trabalho reclamadas, suportava situações de racismo, sendo chamado
internacional, pelo que deve ser aplicada a Convenção das Nações muitas vezes de macaco por seus superiores, de nacionalidade
Unidas sobre Direito do Mar, bem como o Código de Bustamante italiana. Além disso, sofria diversas perseguições por não
(lei do pavilhão do navio ou da bandeira). Informam que, no navio, saber se comunicar em inglês fluentemente, sendo
trabalham pessoas de várias nacionalidades e que os mesmos discriminado por ser de origem brasileira".
devem ser tratados da mesma forma, com a aplicação da mesma Recurso ordinário:
lei. Aduzem que foram firmados TACs com o MPT acerca da não "O dano moral em virtude a exigência da realização de exames
aplicação da legislação brasileira. Pleiteiam seja deferida a de álcool, HIV e drogas. A partir das provas produzidas nos
compensação das férias proporcionais já pagas. Por fim, aduzem autos, restou devidamente comprovado a exigência pelas
não ser devida a multa do art. 477 da CLT, já que há dúvida acerca reclamadas da realização de exames de álcool, HIV e
toxicológicos. A despeito disso, o magistrado de 1º grau probatório existente nos autos, deixou claro que a autora foi
indeferiu o pleito indenizatório autoral. Ora, Eméritos contratada no Brasil, tendo celebrado pré-contrato com uma
Desembargadores, é incontroverso que a realização dos das agências locais de recrutamento (Rosa dos Ventos) e
referidos exames é absolutamente dispensável para a contrato efetivo com a primeira reclamada (MSC Crociere S.A.)
realização do labor para qual o reclamante foi contratado." dentro do Brasil. 4. Considerando esse cenário fático
Constitui inovação recursal quando a parte introduz argumentos, em (contratação da reclamante dentro do território nacional), a
sede de recurso, que não fizeram parte da inicial e, por relação de trabalho mantida entre as partes deve ser regida
consequência, nem da análise do julgado recorrido. Assim, conheço pela legislação brasileira, mais favorável ao empregado.
do recurso ordinário interposto pelo reclamante, com exceção do Agravo desprovido. TST - Ag-AIRR: 1303826320145130015,
tópico relativo ao requerimento de pagamento de indenização por Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de
II - PRELIMINAR 07/02/2020)"
INCOMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da
Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado legislação nacional. Vejamos:
com o reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. TRIPULANTE DE NAVIO DE
Examinando-se, todavia, os autos, observa-se que o autor foi EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o
recrutado no Brasil através da empresa Rosa dos Ventos, o que não reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,
foi negado pelas empresas reclamadas, onde recebeu treinamento para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de
para trabalhar na função de auxiliar de cozinha, em navios de cruzeiro, e que no período do contrato laborou em águas
cruzeiro, tendo embarcado ou desembarcado no Brasil nos três nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da
contratos firmados (ver contrato Id 23fa479). Dessa forma, verifica- legislação brasileira e a competência desta Justiça para
se que o reclamante laborou, em parte, em águas nacionais, o que apreciar a demanda. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS.
foi, inclusive, confirmado pela preposta das reclamadas (Id Considerando que é aplicável ao contrato de trabalho do autor
O fato de o obreiro ter sido contratado no Brasil, como já rescisórias, nada a alterar na sentença de origem. MULTA ART.
reconhecido, por si só já é suficiente para a aplicação da Lei 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres rescisórios
7.064/82, que regula a situação dos empregados contratados no do autor não foram pagos no prazo legal, devem as reclamadas
Brasil para prestar serviços no exterior. serem condenadas no pagamento da multa respectiva.
Saliente-se que as normas aplicáveis são aquelas do local da Recursos conhecidos, sendo improvido o das reclamadas e
prestação dos serviços, desde que mais favoráveis, conforme provido o do reclamante. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001216
A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo Análise de Recurso - OJC de Análise de Recurso; Relator(a):
que o conflito de leis no espaço se resolve pela aplicação da JEFFERSON QUESADO JUNIOR)"
legislação brasileira. Senão, confira-se: Note-se, ainda, que o próprio Termo de Ajustamento de Conduta -
"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE TAC firmado pelas empresas com o Ministério Público do Trabalho
REVISTA - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST - CONFLITO (Ids 6b888c6 e 6560d8d), prevê que os brasileiros recrutados para
DE LEIS NO ESPAÇO - LEI DE REGÊNCIA - EMPREGADO trabalhar nos moldes do reclamante são vinculados à legislação
CONTRATADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS trabalhista brasileira, devendo ser registrados como empregados.
EMBARCADO EM NAVIO INTERNACIONAL. 1. Esta Corte, a No tocante à competência da jurisdição brasileira sobre o contrato
partir da interpretação das Leis nºs 7.064/1982 e 11.962/2009, de trabalho objeto de análise, resta incontroverso que a empresa
evoluiu o entendimento e cancelou a Súmula nº 207 do TST. 2. estrangeira com a qual o autor firmou o mesmo (MSC Crociere S/A)
O art. 3º, caput e II, da referida Lei nº 7.064/1982 determina a é sócia proprietária da segunda reclamada, MSC Cruzeiros do
aplicação da legislação brasileira aos empregados contratados Brasil Ltda., estabelecida em território nacional e sendo sua filial,
no Brasil para prestar serviços no exterior. 3. Na presente por esta razão aplica ao caso o parágrafo segundo do artigo 651 da
situação, o Tribunal Regional, com base no conjunto fático- CLT, conforme abaixo transcrito:
"Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é aos embargos de declaração das partes reclamadas para
determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou deferir, em sede de liquidação, a dedução de valores
reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido comprovadamente pagos sob mesmo título à parte
§2º A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, concedido. Portanto, nada a deferir no tocante.
estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em MULTA ART. 477 DA CLT
agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja A reclamada limita-se a dizer, na contestação e no recurso
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em ordinário, que as verbas rescisórias não são devidas ao reclamante,
Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça portanto, não se aplica ao caso a legislação nacional. No entanto,
Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. tendo restado certo que a legislação aplicável é a brasileira e não
Rejeita-se, pois, a preliminar. tendo a reclamada efetuado o pagamento das verbas devidas ao
III - MÉRITO autor, deve ser mantida a sentença que condenou as reclamadas
deve ser aplicada a CLT ao contrato de trabalho do obreiro, com Requer o reclamante seja reconhecida a unicidade contratual, haja
esteio na Lei nº 7.064/1982, que regulamenta a situação de vista que firmou três contratos com as reclamadas, sempre com
trabalhadores contratados por empresa estrangeira com sede no prazo entre eles inferior a seis meses.
Brasil para trabalhar no exterior. Dessa forma, não havendo Sem razão.
pagamento das verbas rescisórias do autor, confirma-se a sentença Restou incontroverso que o autor celebrou três contratos com as
que deferiu o pagamento de referidas verbas trabalhistas. reclamadas: de 18.11.2017 a 17.06.2018; de 24.09.2018 a
Quanto às horas extras, as provas documentais (Id f387ff3 e contratado e celebrado os pactos laborais por prazo determinado, o
1afb099) confirmam que o reclamante trabalhava mais que 44 horas reclamante sabia a data de início e término do seu contrato.
semanais. Além do mais, as próprias reclamadas admitem em De par com isso, o §2º do art. 443 da CLT prevê a possibilidade de
defesa e no recurso que a carga horária não observava os limites ser celebrado contrato por prazo determinado quando os serviços
previstos na CLT, pois seguia os padrões da legislação possuam natureza que justifiquem a predeterminação do prazo.
das normas de duração ao trabalho previstos na lei trabalhista "§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se
pagamento das horas extras e os respectivos reflexos (aquelas a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a
DEFERIDO NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE Revendo posicionamento anterior, entendo que a atividade
Requer a reclamada seja deferida a dedução da parcela de férias desenvolve durante todo o ano, mesmo levando-se em
proporcionais já pagas, as quais constam nos contracheques. consideração a temporada dentro ou fora do Brasil, o que justifica a
Por ocasião do julgamento dos embargos declaração interpostos inatividade, o próprio reclamante confessou que podia trabalhar
pelas partes (sentença Id a6df626), o juízo de origem assim se para outra empresa.
não concessão do intervalo interjornada de 11 horas. Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi
Razão não lhe assiste. ajuizada em 2021, ou seja, após entrar em vigor a lei 13.467/2017.
Conforme se vê dos cartões de ponto colacionados aos autos (Id O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:
f387ff3), o reclamante gozava mais de 11 horas de intervalo "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
interjornada, usufruindo, em média, de 13 horas de descanso. honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
Dessa forma, não há que se falar em pagamento de horas extras (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre
relativas a referido intervalo, já que o mesmo era corretamente o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
o pagamento do adicional respectivo, cabendo ao mesmo a prova, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
ônus do qual não se desincumbiu. Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida
Os cartões de ponto (Id f387ff3 e tradução Id 1afb099) são confusos ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela
jornada noturna. De par com isso, a testemunha arrolada pelo autor § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei
horas do dia seguinte. Assim, à falta de prova do trabalho em I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de
devendo, portanto, ser mantida a sentença que indeferiu o pleito. II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467,
Requer o reclamante sejam as reclamadas condenadas a pagar III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº
a que era imposto, a qual era fora dos limites de tolerância. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para
O cumprimento de extensa jornada de trabalho, por si só, não § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
enseja a indenização perseguida, posto que o próprio trabalho em honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
social, o que constitui a hipótese dos autos. Ademais, o trabalho em § 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não
sobrejornada além do permissivo legal, não demonstra que tal tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
jornada tenha, efetivamente, comprometido as relações sociais do capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de
reclamante, até porque restou provado que, quando o navio sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de
atracava, os tripulantes que não estivessem na escala naquele dia exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois
poderiam desembarcar, bem como que o autor podia participar das anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
atividades de lazer concedidas aos tripulantes dentro da certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
Ademais, a consequência da realização de horas extras é a gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS A CARGO DA RECLAMADA. reclamada a pagar 10% de honorários advocatícios, calculados
Requer o reclamante sejam majorados, para 15%, os percentuais sobre o montante devido na condenação, utilizando os parâmetros
de honorários a que foram condenadas as reclamadas. norteadores constantes da legislação vigente, pelo que nada a
A Corte Superior Trabalhista entendeu que as disposições da Lei HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO
13.467/2017 devem ser aplicadas nas ações propostas após 11 de RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO
Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, em que pese Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
não haver recurso ordinário interposto pelo obreiro visando a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo Fortaleza, 18 de julho de 2022.
sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta Jefferson Quesado
Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
concedeu ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
DISPOSITIVO JUSTIÇA DO
trabalho do autor a legislação brasileira e não havendo o As reclamadas recorreram ordinariamente (Id 947d3df), alegando
pagamento das verbas rescisórias, devem as reclamadas ser ausência de jurisdição das autoridades brasileiras para o julgamento
compelidas a efetuar o pagamento, pelo que nada a alterar na da presente lide, sendo incompetente esta especializada, não
sentença de origem. podendo, dessa forma, ser aplicada ao caso a legislação brasileira.
DANOS MORAIS. NÃO CONHECIMENTO. Considerando que, na Aduzem que o reclamante manteve uma relação de trabalho
inicial, o pedido de pagamento de indenização por danos morais foi internacional, pelo que deve ser aplicada a Convenção das Nações
em relação ao tratamento humilhante e discriminatório sofrido pelo Unidas sobre Direito do Mar, bem como o Código de Bustamante
autor no ambiente de trabalho, enquanto que no recurso ordinário (lei do pavilhão do navio ou da bandeira). Informam que, no navio,
se deu em relação à suposta exigência de realização de exames trabalham pessoas de várias nacionalidades e que os mesmos
para a contratação, não merece ser conhecido o recurso no tocante, devem ser tratados da mesma forma, com a aplicação da mesma
haja vista a inovação recursal. lei. Aduzem que foram firmados TACs com o MPT acerca da não
RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO compensação das férias proporcionais já pagas. Por fim, aduzem
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu não ser devida a multa do art. 477 da CLT, já que há dúvida acerca
ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada da aplicação da legislação brasileira ao caso.
sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que Inconformado, recorre ordinariamente o reclamante (Id 82bc407),
ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos pugnando pela reforma da sentença, requerendo seja reconhecida a
da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a unicidade contratual, já que houve sucessivas contratações antes
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das do prazo de seis meses, contrariando os termos do art. 452 da CLT,
Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários o que afasta a possibilidade de os contratos serem por prazo
advocatícios a cargo do reclamante, pelo que resta determinado, de determinado. Aduz que as folhas de ponto demonstram o
ofício, a exclusão de referida verba da condenação. desrespeito ao intervalo interjornada, de no mínimo, 11 horas, pelo
Recurso das reclamadas conhecido, mas improvido. Recurso do que faz jus ao pagamento das horas extras daí decorrentes. Requer
reclamante conhecido em parte, mas improvido. o pagamento do adicional noturno, de indenização por danos
O MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maracanaú, por meio da a folgas, bem como de indenização por danos morais, considerando
sentença (Id eccc850), declarou a competência da Justiça do que, para ser contratado, foi exigida a realização de exames de
Trabalho para conhecer, processar e julgar a presente lide, com a álcool, HIV e drogas. Por fim, requer a majoração do percentual de
aplicação da legislação brasileira; declarou prescritos os créditos do honorários advocatícios a que as reclamadas foram condenadas.
reclamante relativos aos dois primeiros contratos, considerando o Contrarrazões das reclamadas (Id 57a35ae) e do reclamante (Id
determinado, já que a atividade desenvolvida pelas reclamadas Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para
determinou a assinatura da CTPS do obreiro com relação aos três Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, porque
contratos mantidos entre as partes; condenou a reclamada a pagar atendidos os pressupostos de admissibilidade.
as horas extras além das 44 horas semanais, além de condenar as No tocante ao recurso interposto pelo reclamante, deve o mesmo
partes a pagar honorários advocatícios em 10%. ser conhecido, mas apenas em parte.
(Id a2a2ddc), com sentença através do Id a6df626, sendo os Com relação ao tópico relativo ao pedido de pagamento de
embargos do reclamante providos em parte, para julgar indenização por danos morais do recurso ordinário interposto pelo
improcedente o pedido de pagamento de adicional noturno, bem reclamante, não deve o mesmo ser conhecido, considerando que,
como providos em parte os embargos das reclamadas, para deferir na inicial, o requerimento se deu em face de humilhações e
a dedução dos valores comprovadamente pagos sob o mesmo perseguições sofridas pelo autor, enquanto que no recurso
realização, como requisito para contratação, de exames de álcool, A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo
HIV e drogas. Vejamos os termos da inicial e do recurso ordinário: que o conflito de leis no espaço se resolve pela aplicação da
"O autor, durante sua prestação de serviços para as "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
reclamadas, suportava situações de racismo, sendo chamado REVISTA - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST - CONFLITO
muitas vezes de macaco por seus superiores, de nacionalidade DE LEIS NO ESPAÇO - LEI DE REGÊNCIA - EMPREGADO
italiana. Além disso, sofria diversas perseguições por não CONTRATADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS
saber se comunicar em inglês fluentemente, sendo EMBARCADO EM NAVIO INTERNACIONAL. 1. Esta Corte, a
discriminado por ser de origem brasileira". partir da interpretação das Leis nºs 7.064/1982 e 11.962/2009,
"O dano moral em virtude a exigência da realização de exames O art. 3º, caput e II, da referida Lei nº 7.064/1982 determina a
de álcool, HIV e drogas. A partir das provas produzidas nos aplicação da legislação brasileira aos empregados contratados
autos, restou devidamente comprovado a exigência pelas no Brasil para prestar serviços no exterior. 3. Na presente
reclamadas da realização de exames de álcool, HIV e situação, o Tribunal Regional, com base no conjunto fático-
toxicológicos. A despeito disso, o magistrado de 1º grau probatório existente nos autos, deixou claro que a autora foi
indeferiu o pleito indenizatório autoral. Ora, Eméritos contratada no Brasil, tendo celebrado pré-contrato com uma
Desembargadores, é incontroverso que a realização dos das agências locais de recrutamento (Rosa dos Ventos) e
referidos exames é absolutamente dispensável para a contrato efetivo com a primeira reclamada (MSC Crociere S.A.)
realização do labor para qual o reclamante foi contratado." dentro do Brasil. 4. Considerando esse cenário fático
Constitui inovação recursal quando a parte introduz argumentos, em (contratação da reclamante dentro do território nacional), a
sede de recurso, que não fizeram parte da inicial e, por relação de trabalho mantida entre as partes deve ser regida
consequência, nem da análise do julgado recorrido. Assim, conheço pela legislação brasileira, mais favorável ao empregado.
do recurso ordinário interposto pelo reclamante, com exceção do Agravo desprovido. TST - Ag-AIRR: 1303826320145130015,
tópico relativo ao requerimento de pagamento de indenização por Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de
II - PRELIMINAR 07/02/2020)"
INCOMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da
Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado legislação nacional. Vejamos:
com o reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. TRIPULANTE DE NAVIO DE
Examinando-se, todavia, os autos, observa-se que o autor foi EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o
recrutado no Brasil através da empresa Rosa dos Ventos, o que não reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,
foi negado pelas empresas reclamadas, onde recebeu treinamento para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de
para trabalhar na função de auxiliar de cozinha, em navios de cruzeiro, e que no período do contrato laborou em águas
cruzeiro, tendo embarcado ou desembarcado no Brasil nos três nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da
contratos firmados (ver contrato Id 23fa479). Dessa forma, verifica- legislação brasileira e a competência desta Justiça para
se que o reclamante laborou, em parte, em águas nacionais, o que apreciar a demanda. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS.
foi, inclusive, confirmado pela preposta das reclamadas (Id Considerando que é aplicável ao contrato de trabalho do autor
O fato de o obreiro ter sido contratado no Brasil, como já rescisórias, nada a alterar na sentença de origem. MULTA ART.
reconhecido, por si só já é suficiente para a aplicação da Lei 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres rescisórios
7.064/82, que regula a situação dos empregados contratados no do autor não foram pagos no prazo legal, devem as reclamadas
Brasil para prestar serviços no exterior. serem condenadas no pagamento da multa respectiva.
Saliente-se que as normas aplicáveis são aquelas do local da Recursos conhecidos, sendo improvido o das reclamadas e
prestação dos serviços, desde que mais favoráveis, conforme provido o do reclamante. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001216
-58.2014.5.07.0010; Data: 01-10-2019; Órgão Julgador: OJ de brasileira, razão pela qual deve ser mantida a condenação no
Análise de Recurso - OJC de Análise de Recurso; Relator(a): pagamento das horas extras e os respectivos reflexos (aquelas
JEFFERSON QUESADO JUNIOR)" além das 44 horas semanais), observando-se os cartões de ponto
Note-se, ainda, que o próprio Termo de Ajustamento de Conduta - colacionados aos autos.
TAC firmado pelas empresas com o Ministério Público do Trabalho COMPENSAÇÃO DOS VALORES JÁ PAGOS. PEDIDO JÁ
(Ids 6b888c6 e 6560d8d), prevê que os brasileiros recrutados para DEFERIDO NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE
trabalhista brasileira, devendo ser registrados como empregados. Requer a reclamada seja deferida a dedução da parcela de férias
No tocante à competência da jurisdição brasileira sobre o contrato proporcionais já pagas, as quais constam nos contracheques.
estrangeira com a qual o autor firmou o mesmo (MSC Crociere S/A) Por ocasião do julgamento dos embargos declaração interpostos
é sócia proprietária da segunda reclamada, MSC Cruzeiros do pelas partes (sentença Id a6df626), o juízo de origem assim se
por esta razão aplica ao caso o parágrafo segundo do artigo 651 da "Contudo, no tópico em comento prevalece a vedação ao
CLT, conforme abaixo transcrito: enriquecimento injustificado, razão pela qual dou provimento
"Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é aos embargos de declaração das partes reclamadas para
determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou deferir, em sede de liquidação, a dedução de valores
reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido comprovadamente pagos sob mesmo título à parte
§2º A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, concedido. Portanto, nada a deferir no tocante.
estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em MULTA ART. 477 DA CLT
agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja A reclamada limita-se a dizer, na contestação e no recurso
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em ordinário, que as verbas rescisórias não são devidas ao reclamante,
Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça portanto, não se aplica ao caso a legislação nacional. No entanto,
Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. tendo restado certo que a legislação aplicável é a brasileira e não
Rejeita-se, pois, a preliminar. tendo a reclamada efetuado o pagamento das verbas devidas ao
III - MÉRITO autor, deve ser mantida a sentença que condenou as reclamadas
deve ser aplicada a CLT ao contrato de trabalho do obreiro, com Requer o reclamante seja reconhecida a unicidade contratual, haja
esteio na Lei nº 7.064/1982, que regulamenta a situação de vista que firmou três contratos com as reclamadas, sempre com
trabalhadores contratados por empresa estrangeira com sede no prazo entre eles inferior a seis meses.
Brasil para trabalhar no exterior. Dessa forma, não havendo Sem razão.
pagamento das verbas rescisórias do autor, confirma-se a sentença Restou incontroverso que o autor celebrou três contratos com as
que deferiu o pagamento de referidas verbas trabalhistas. reclamadas: de 18.11.2017 a 17.06.2018; de 24.09.2018 a
Quanto às horas extras, as provas documentais (Id f387ff3 e contratado e celebrado os pactos laborais por prazo determinado, o
1afb099) confirmam que o reclamante trabalhava mais que 44 horas reclamante sabia a data de início e término do seu contrato.
semanais. Além do mais, as próprias reclamadas admitem em De par com isso, o §2º do art. 443 da CLT prevê a possibilidade de
defesa e no recurso que a carga horária não observava os limites ser celebrado contrato por prazo determinado quando os serviços
previstos na CLT, pois seguia os padrões da legislação possuam natureza que justifiquem a predeterminação do prazo.
das normas de duração ao trabalho previstos na lei trabalhista "§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a atracava, os tripulantes que não estivessem na escala naquele dia
predeterminação do prazo; poderiam desembarcar, bem como que o autor podia participar das
b) de atividades empresariais de caráter transitório; atividades de lazer concedidas aos tripulantes dentro da
Revendo posicionamento anterior, entendo que a atividade Ademais, a consequência da realização de horas extras é a
desenvolvida pelas reclamadas (cruzeiros marítimos) não se reparação em pecúnia, estando longe de representar dano
consideração a temporada dentro ou fora do Brasil, o que justifica a Nada a alterar no tocante.
contratação por prazo determinado. Ademais, durante o período de MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS A CARGO DA RECLAMADA.
inatividade, o próprio reclamante confessou que podia trabalhar Requer o reclamante sejam majorados, para 15%, os percentuais
Assim, deve ser mantida a sentença de origem, que não Sem razão.
reconheceu a unicidade contratual. A Corte Superior Trabalhista entendeu que as disposições da Lei
INTERVALO INTERJORNADA 13.467/2017 devem ser aplicadas nas ações propostas após 11 de
não concessão do intervalo interjornada de 11 horas. Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi
Razão não lhe assiste. ajuizada em 2021, ou seja, após entrar em vigor a lei 13.467/2017.
Conforme se vê dos cartões de ponto colacionados aos autos (Id O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:
f387ff3), o reclamante gozava mais de 11 horas de intervalo "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
interjornada, usufruindo, em média, de 13 horas de descanso. honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
Dessa forma, não há que se falar em pagamento de horas extras (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre
relativas a referido intervalo, já que o mesmo era corretamente o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
o pagamento do adicional respectivo, cabendo ao mesmo a prova, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
ônus do qual não se desincumbiu. Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida
Os cartões de ponto (Id f387ff3 e tradução Id 1afb099) são confusos ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela
jornada noturna. De par com isso, a testemunha arrolada pelo autor § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei
horas do dia seguinte. Assim, à falta de prova do trabalho em I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de
devendo, portanto, ser mantida a sentença que indeferiu o pleito. II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467,
Requer o reclamante sejam as reclamadas condenadas a pagar III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº
a que era imposto, a qual era fora dos limites de tolerância. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para
O cumprimento de extensa jornada de trabalho, por si só, não § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
enseja a indenização perseguida, posto que o próprio trabalho em honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
social, o que constitui a hipótese dos autos. Ademais, o trabalho em § 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não
sobrejornada além do permissivo legal, não demonstra que tal tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
jornada tenha, efetivamente, comprometido as relações sociais do capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de favor do advogado da reclamada, com base na declaração de
exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção." REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, à exceção do
Portanto, conforme se vê acima, o juízo de origem condenou a tópico do recurso do reclamante relativo aos danos morais, por
reclamada a pagar 10% de honorários advocatícios, calculados inovação recursal; rejeitar a preliminar de incompetência arguida
sobre o montante devido na condenação, utilizando os parâmetros pelas reclamadas e, no mérito, negar-lhes provimento,
norteadores constantes da legislação vigente, pelo que nada a determinando, de ofício, a exclusão da condenação do reclamante
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF
Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, em que pese Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
não haver recurso ordinário interposto pelo obreiro visando a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo Fortaleza, 18 de julho de 2022.
sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta Jefferson Quesado
Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
concedeu ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para recrutado no Brasil através da empresa Rosa dos Ventos, o que não
emissão de parecer. foi negado pelas empresas reclamadas, onde recebeu treinamento
Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, porque contratos firmados (ver contrato Id 23fa479). Dessa forma, verifica-
atendidos os pressupostos de admissibilidade. se que o reclamante laborou, em parte, em águas nacionais, o que
No tocante ao recurso interposto pelo reclamante, deve o mesmo foi, inclusive, confirmado pela preposta das reclamadas (Id
Com relação ao tópico relativo ao pedido de pagamento de reconhecido, por si só já é suficiente para a aplicação da Lei
indenização por danos morais do recurso ordinário interposto pelo 7.064/82, que regula a situação dos empregados contratados no
reclamante, não deve o mesmo ser conhecido, considerando que, Brasil para prestar serviços no exterior.
na inicial, o requerimento se deu em face de humilhações e Saliente-se que as normas aplicáveis são aquelas do local da
perseguições sofridas pelo autor, enquanto que no recurso prestação dos serviços, desde que mais favoráveis, conforme
realização, como requisito para contratação, de exames de álcool, A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo
HIV e drogas. Vejamos os termos da inicial e do recurso ordinário: que o conflito de leis no espaço se resolve pela aplicação da
"O autor, durante sua prestação de serviços para as "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
reclamadas, suportava situações de racismo, sendo chamado REVISTA - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST - CONFLITO
muitas vezes de macaco por seus superiores, de nacionalidade DE LEIS NO ESPAÇO - LEI DE REGÊNCIA - EMPREGADO
italiana. Além disso, sofria diversas perseguições por não CONTRATADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS
saber se comunicar em inglês fluentemente, sendo EMBARCADO EM NAVIO INTERNACIONAL. 1. Esta Corte, a
discriminado por ser de origem brasileira". partir da interpretação das Leis nºs 7.064/1982 e 11.962/2009,
"O dano moral em virtude a exigência da realização de exames O art. 3º, caput e II, da referida Lei nº 7.064/1982 determina a
de álcool, HIV e drogas. A partir das provas produzidas nos aplicação da legislação brasileira aos empregados contratados
autos, restou devidamente comprovado a exigência pelas no Brasil para prestar serviços no exterior. 3. Na presente
reclamadas da realização de exames de álcool, HIV e situação, o Tribunal Regional, com base no conjunto fático-
toxicológicos. A despeito disso, o magistrado de 1º grau probatório existente nos autos, deixou claro que a autora foi
indeferiu o pleito indenizatório autoral. Ora, Eméritos contratada no Brasil, tendo celebrado pré-contrato com uma
Desembargadores, é incontroverso que a realização dos das agências locais de recrutamento (Rosa dos Ventos) e
referidos exames é absolutamente dispensável para a contrato efetivo com a primeira reclamada (MSC Crociere S.A.)
realização do labor para qual o reclamante foi contratado." dentro do Brasil. 4. Considerando esse cenário fático
Constitui inovação recursal quando a parte introduz argumentos, em (contratação da reclamante dentro do território nacional), a
sede de recurso, que não fizeram parte da inicial e, por relação de trabalho mantida entre as partes deve ser regida
consequência, nem da análise do julgado recorrido. Assim, conheço pela legislação brasileira, mais favorável ao empregado.
do recurso ordinário interposto pelo reclamante, com exceção do Agravo desprovido. TST - Ag-AIRR: 1303826320145130015,
tópico relativo ao requerimento de pagamento de indenização por Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de
II - PRELIMINAR 07/02/2020)"
INCOMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da
Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado legislação nacional. Vejamos:
com o reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. TRIPULANTE DE NAVIO DE
EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o Sendo reconhecido ser aplicável ao caso a legislação brasileira,
reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, deve ser aplicada a CLT ao contrato de trabalho do obreiro, com
para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de esteio na Lei nº 7.064/1982, que regulamenta a situação de
cruzeiro, e que no período do contrato laborou em águas trabalhadores contratados por empresa estrangeira com sede no
nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da Brasil para trabalhar no exterior. Dessa forma, não havendo
legislação brasileira e a competência desta Justiça para pagamento das verbas rescisórias do autor, confirma-se a sentença
apreciar a demanda. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS. que deferiu o pagamento de referidas verbas trabalhistas.
a legislação brasileira e não havendo o pagamento das verbas Quanto às horas extras, as provas documentais (Id f387ff3 e
rescisórias, nada a alterar na sentença de origem. MULTA ART. 1afb099) confirmam que o reclamante trabalhava mais que 44 horas
477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres rescisórios semanais. Além do mais, as próprias reclamadas admitem em
do autor não foram pagos no prazo legal, devem as reclamadas defesa e no recurso que a carga horária não observava os limites
serem condenadas no pagamento da multa respectiva. previstos na CLT, pois seguia os padrões da legislação
Recursos conhecidos, sendo improvido o das reclamadas e internacional, quando dizem que não há que se falar na aplicação
provido o do reclamante. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001216 das normas de duração ao trabalho previstos na lei trabalhista
-58.2014.5.07.0010; Data: 01-10-2019; Órgão Julgador: OJ de brasileira, razão pela qual deve ser mantida a condenação no
Análise de Recurso - OJC de Análise de Recurso; Relator(a): pagamento das horas extras e os respectivos reflexos (aquelas
JEFFERSON QUESADO JUNIOR)" além das 44 horas semanais), observando-se os cartões de ponto
Note-se, ainda, que o próprio Termo de Ajustamento de Conduta - colacionados aos autos.
TAC firmado pelas empresas com o Ministério Público do Trabalho COMPENSAÇÃO DOS VALORES JÁ PAGOS. PEDIDO JÁ
(Ids 6b888c6 e 6560d8d), prevê que os brasileiros recrutados para DEFERIDO NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE
trabalhista brasileira, devendo ser registrados como empregados. Requer a reclamada seja deferida a dedução da parcela de férias
No tocante à competência da jurisdição brasileira sobre o contrato proporcionais já pagas, as quais constam nos contracheques.
estrangeira com a qual o autor firmou o mesmo (MSC Crociere S/A) Por ocasião do julgamento dos embargos declaração interpostos
é sócia proprietária da segunda reclamada, MSC Cruzeiros do pelas partes (sentença Id a6df626), o juízo de origem assim se
por esta razão aplica ao caso o parágrafo segundo do artigo 651 da "Contudo, no tópico em comento prevalece a vedação ao
CLT, conforme abaixo transcrito: enriquecimento injustificado, razão pela qual dou provimento
"Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é aos embargos de declaração das partes reclamadas para
determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou deferir, em sede de liquidação, a dedução de valores
reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido comprovadamente pagos sob mesmo título à parte
§2º A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, concedido. Portanto, nada a deferir no tocante.
estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em MULTA ART. 477 DA CLT
agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja A reclamada limita-se a dizer, na contestação e no recurso
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em ordinário, que as verbas rescisórias não são devidas ao reclamante,
Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça portanto, não se aplica ao caso a legislação nacional. No entanto,
Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. tendo restado certo que a legislação aplicável é a brasileira e não
Rejeita-se, pois, a preliminar. tendo a reclamada efetuado o pagamento das verbas devidas ao
III - MÉRITO autor, deve ser mantida a sentença que condenou as reclamadas
Requer o reclamante seja reconhecida a unicidade contratual, haja horas do dia seguinte. Assim, à falta de prova do trabalho em
vista que firmou três contratos com as reclamadas, sempre com horário noturno, indevido o pagamento do adicional respectivo,
prazo entre eles inferior a seis meses. devendo, portanto, ser mantida a sentença que indeferiu o pleito.
Restou incontroverso que o autor celebrou três contratos com as Requer o reclamante sejam as reclamadas condenadas a pagar
reclamadas: de 18.11.2017 a 17.06.2018; de 24.09.2018 a danos existenciais em decorrência da exaustiva jornada de trabalho
24.03.2019 e de 27.05.2019 a 19.12.2019. Ademais, ao ser a que era imposto, a qual era fora dos limites de tolerância.
reclamante sabia a data de início e término do seu contrato. O cumprimento de extensa jornada de trabalho, por si só, não
De par com isso, o §2º do art. 443 da CLT prevê a possibilidade de enseja a indenização perseguida, posto que o próprio trabalho em
ser celebrado contrato por prazo determinado quando os serviços alto mar demonstra a efetiva impossibilidade de convívio familiar e
possuam natureza que justifiquem a predeterminação do prazo. social, o que constitui a hipótese dos autos. Ademais, o trabalho em
"§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se jornada tenha, efetivamente, comprometido as relações sociais do
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a atracava, os tripulantes que não estivessem na escala naquele dia
predeterminação do prazo; poderiam desembarcar, bem como que o autor podia participar das
b) de atividades empresariais de caráter transitório; atividades de lazer concedidas aos tripulantes dentro da
Revendo posicionamento anterior, entendo que a atividade Ademais, a consequência da realização de horas extras é a
desenvolvida pelas reclamadas (cruzeiros marítimos) não se reparação em pecúnia, estando longe de representar dano
consideração a temporada dentro ou fora do Brasil, o que justifica a Nada a alterar no tocante.
contratação por prazo determinado. Ademais, durante o período de MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS A CARGO DA RECLAMADA.
inatividade, o próprio reclamante confessou que podia trabalhar Requer o reclamante sejam majorados, para 15%, os percentuais
Assim, deve ser mantida a sentença de origem, que não Sem razão.
reconheceu a unicidade contratual. A Corte Superior Trabalhista entendeu que as disposições da Lei
INTERVALO INTERJORNADA 13.467/2017 devem ser aplicadas nas ações propostas após 11 de
não concessão do intervalo interjornada de 11 horas. Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi
Razão não lhe assiste. ajuizada em 2021, ou seja, após entrar em vigor a lei 13.467/2017.
Conforme se vê dos cartões de ponto colacionados aos autos (Id O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:
f387ff3), o reclamante gozava mais de 11 horas de intervalo "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
interjornada, usufruindo, em média, de 13 horas de descanso. honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
Dessa forma, não há que se falar em pagamento de horas extras (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre
relativas a referido intervalo, já que o mesmo era corretamente o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
o pagamento do adicional respectivo, cabendo ao mesmo a prova, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
ônus do qual não se desincumbiu. Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida
Os cartões de ponto (Id f387ff3 e tradução Id 1afb099) são confusos ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela
jornada noturna. De par com isso, a testemunha arrolada pelo autor § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei
I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra
II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467, trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se
III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais
honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação Conhecer dos recursos, à exceção do tópico do recurso do
entre os honorários. reclamante relativo aos danos morais, por inovação recursal; rejeitar
§ 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não a preliminar de incompetência arguida pelas reclamadas e, no
tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos mérito, negar-lhes provimento, determinando, de ofício, a exclusão
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de favor do advogado da reclamada, com base na declaração de
exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção." REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, à exceção do
Portanto, conforme se vê acima, o juízo de origem condenou a tópico do recurso do reclamante relativo aos danos morais, por
reclamada a pagar 10% de honorários advocatícios, calculados inovação recursal; rejeitar a preliminar de incompetência arguida
sobre o montante devido na condenação, utilizando os parâmetros pelas reclamadas e, no mérito, negar-lhes provimento,
norteadores constantes da legislação vigente, pelo que nada a determinando, de ofício, a exclusão da condenação do reclamante
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF
Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, em que pese Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
não haver recurso ordinário interposto pelo obreiro visando a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo Fortaleza, 18 de julho de 2022.
sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta Jefferson Quesado
Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
concedeu ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
É O RELATÓRIO.
FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
I- ADMISSIBILIDADE
JUSTIÇA DO
O recurso preenche as exigências processuais no que tange aos
Pois bem.
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por JOÃO JUSTINO A justa causa, em qualquer de suas modalidades como fato
NETO, não se conformando com a Sentença de ID. 9847f34, fls. ensejador da rescisão contratual, exige do empregador prova
781, proferida pelo juízo da 15ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que robusta, considerando-se a repercussão danosa que o
rejeitou a preliminar de inépcia da peça reconvencional, reconheceu reconhecimento precipitado causa ao trabalhador, seja na vida
a prejudicial de prescrição quanto às parcelas anteriores a profissional, seja no ambiente social. Cabia à reclamada a prova
02/04/2014, extinguindo o feito em relação a isso, e no mérito, dos fatos praticados pela reclamante, da qual, conforme bem
julgou procedente os pedidos formulados na Ação de Consignação analisou o magistrado sentenciante, se desincumbiu.
em Pagamento promovida por BANCO DO BRASIL SA, declarando A demissão por justa causa de empregados públicos, somente é
a extinção do contrato de trabalho havido com o reclamante, na possível ao final de processo administrativo individual, com as
data de 19/11/2018, bem como a quitação das obrigações patronais garantias da ampla defesa e do contraditório.
dele decorrentes. Julgou-se ainda improcedente a reconvenção O ato de improbidade cometido pelo autor foi devidamente
proposta pelo autor, com a condenação do consignado/reconvinte comprovado através de procedimento legal, imposto pelo
ao pagamento de honorários advocatícios de 5%. regramento jurídico, conforme análise do conjunto probatório
Em suas razões, aduz o recorrente que caracterizou-se perdão contido nos autos, já precisamente realizada pelo magistrado
tácito por parte da empresa tendo em vista o lapso temporal para sentenciante, de cuja decisão transcrevo abaixo:
aplicação da penalidade. MÉRITO
Demonstrou-se nos autos a incompatibilidade da conduta obreira Sobre a questão de fundo da consignatória, a extinção das
com a manutenção do liame empregatício. obrigações patronais e a quitação dos haveres resilitórios devidos
Segundo apurado em minucioso processo administrativo, ficou ao ex-empregado, sem que tenha havido contestação específica,
evidenciada a incursão do obreiro na alínea "a" do art. 482 da CLT, acolhe-se o valor constante do TRCT de Id. 40d767f, já
como sustentado na contestação à reconvenção, sendo ele disponibilizado ao obreiro através de cheque administrativo,
afastado de forma preventiva do emprego e ao qual foi garantido restando, tão-somente, diante da recusa obreira, ser providenciada
amplo direito de defesa, com possibilidade de recurso, ressalte-se. pela empresa a baixa de sua CTPS, com data de 19/11/2018.
Com efeito, o exame das peças constitutivas do indigitado Inteiramente sucumbente na demanda, condena-se o
procedimento interno instaurado pelo empregador, assim que se consignado/reconvinte ao pagamento de honorários advocatícios ao
teve notícia dos atos imputados ao bancário e o qual não padece de patrono da empresa reclamada, fixados em 5% sobre seu valor
nenhuma irregularidade, mas, pelo contrário, demonstra o cuidado atualizado (consignatória e reconvenção), tendo em conta seu
da instituição financeira, de acordo com seu regulamento, de ajuizamento na vigência da Lei Nº 13.467/2017, plenamente eficaz,
averiguar os fatos envolvendo o reclamante, onde este também foi por força do princípio da presunção da constitucionalidade das leis,
ouvido e cujo fato, ressalte-se, foi ocultado na reconvenção, em que até a decisão final da ADI 5766, e da IN 41/2018 do TST.
ele se diz dispensado sumariamente, aclaram, em especial, diante Importante demasiadamente a apuração dos fatos que viabilizam a
em juízo, no sentido de confirmar sua assinatura nos documentos Fica inviável a análise da defesa do autor quando alega infração ao
que o instruem, nos quais acaba por confessar sua conduta princípio da ampla defesa e do contraditório durante o procedimento
ímproba (fl. 410), ao asseverar que não tinha a intenção de administrativo disciplinar, diante do teor do documento de ID.
locupletar-se, sem, contudo, eximir-se de culpa pelos seus atos, à 01acb0a, fls. 432, no qual o empregado declara não ter interesse na
míngua de prova em sentido contrário nestes fólios processuais, consulta dos documentos disponibilizados pela instituição nos quais
evidenciam que este agiu de modo a quebrar, irremediavelmente, a contêm informações acerca da apuração em curso. Não obstante,
fidúcia inerente ao contrato de emprego. da leitura dos documentos juntados, fls. 311/659, constata-se um
Não bastasse isso, a segunda testemunha de indicação patronal foi andamento regular do procedimento administrativo realizado.
indene em afirmar que antes da tomada da decisão pela pena Carece também de amparo legal e razoabilidade a pretensão do
máxima o procedimento investigativo percorreu "três instâncias" na apelante, no sentido de questionar a penalidade a ele aplicada.
instituição bancária, sendo a ela conferido acesso ao reconvinte, e O princípio da gradação das penas não tem aplicabilidade no caso
que sua demora se justificou pela complexidade do caso, dizendo concreto, uma vez que, conforme consta do documento de fls.
ser rotineiro delongado tempo em apurações deste jaez, no 70/73, a apuração das irregularidades se deu em vista de não
particular, por recusa do empregado em colaborar com a elucidação somente um, mas vários procedimentos suspeitos de irregularidade.
dos fatos, tendo ele também se afastado por doença, situações Sendo que o mau procedimento caracteriza-se pela quebra de
estas demonstradas através de documentos, em especial o de fl. regras sociais de boa conduta, bem como quebra de regras da
Logo, tem-se por razoável a duração de tempo que levou a isolado para caracterizar o ilícito.
investigação patronal, em cujo normativo interno apenas prevê que, Sem razão também o autor quando insiste na ocorrência de perdão
preferencialmente, ultime-se em até 120 dias corridos (fl. 557), não tácito pelo banco empregador diante do lapso temporal para
havendo que se falar em vulneração ao princípio da imediatidade, aplicação da penalidade. Com razão a análise sentenciante quanto
menos ainda em perdão tácito, quando afastado do emprego por à razoável duração da investigação, tendo em vista tratar-se de um
todo o longo procedimental o consignado (fls. 299/310). procedimento de suma importância do ambiente laboral.
Nessa esteira, sem que haja nos autos nenhum elemento Impraticável alegação de perdão tácito diante do resultado da
promovida pelo exempregador, conducentes a infirmar a certeza e a Assim, sendo certo que o reclamante, efetivamente, praticou
dimensão do ato ímprobo imputado ao obreiro, soçobra a pugna conduta ilícita, enquadrável no art. 482, a, da CLT, correta a atitude
deste de reversão da pena capital, com sua reintegração ao da empresa em despedir o autor por justa causa.
emprego e o pagamento das parcelas disso consecatárias, ficando Não poderia deixar de registrar que, mesmo tendo ciência das
com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015)"
Intimado(s)/Citado(s):
Defiro, assim, ao reclamante, os benefícios da justiça gratuita, com
- MSC MALTA SEAFARERS COMPANY LIMITED
base no § 4º do art. 790 da CLT.
PODER JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO DO VOTO
JUSTIÇA DO
sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que Inconformado, recorre ordinariamente o reclamante (Id 82bc407),
ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos pugnando pela reforma da sentença, requerendo seja reconhecida a
da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a unicidade contratual, já que houve sucessivas contratações antes
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das do prazo de seis meses, contrariando os termos do art. 452 da CLT,
Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários o que afasta a possibilidade de os contratos serem por prazo
advocatícios a cargo do reclamante, pelo que resta determinado, de determinado. Aduz que as folhas de ponto demonstram o
ofício, a exclusão de referida verba da condenação. desrespeito ao intervalo interjornada, de no mínimo, 11 horas, pelo
Recurso das reclamadas conhecido, mas improvido. Recurso do que faz jus ao pagamento das horas extras daí decorrentes. Requer
reclamante conhecido em parte, mas improvido. o pagamento do adicional noturno, de indenização por danos
O MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maracanaú, por meio da a folgas, bem como de indenização por danos morais, considerando
sentença (Id eccc850), declarou a competência da Justiça do que, para ser contratado, foi exigida a realização de exames de
Trabalho para conhecer, processar e julgar a presente lide, com a álcool, HIV e drogas. Por fim, requer a majoração do percentual de
aplicação da legislação brasileira; declarou prescritos os créditos do honorários advocatícios a que as reclamadas foram condenadas.
reclamante relativos aos dois primeiros contratos, considerando o Contrarrazões das reclamadas (Id 57a35ae) e do reclamante (Id
determinado, já que a atividade desenvolvida pelas reclamadas Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para
determinou a assinatura da CTPS do obreiro com relação aos três Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, porque
contratos mantidos entre as partes; condenou a reclamada a pagar atendidos os pressupostos de admissibilidade.
as horas extras além das 44 horas semanais, além de condenar as No tocante ao recurso interposto pelo reclamante, deve o mesmo
partes a pagar honorários advocatícios em 10%. ser conhecido, mas apenas em parte.
(Id a2a2ddc), com sentença através do Id a6df626, sendo os Com relação ao tópico relativo ao pedido de pagamento de
embargos do reclamante providos em parte, para julgar indenização por danos morais do recurso ordinário interposto pelo
improcedente o pedido de pagamento de adicional noturno, bem reclamante, não deve o mesmo ser conhecido, considerando que,
como providos em parte os embargos das reclamadas, para deferir na inicial, o requerimento se deu em face de humilhações e
a dedução dos valores comprovadamente pagos sob o mesmo perseguições sofridas pelo autor, enquanto que no recurso
As reclamadas recorreram ordinariamente (Id 947d3df), alegando realização, como requisito para contratação, de exames de álcool,
ausência de jurisdição das autoridades brasileiras para o julgamento HIV e drogas. Vejamos os termos da inicial e do recurso ordinário:
podendo, dessa forma, ser aplicada ao caso a legislação brasileira. "O autor, durante sua prestação de serviços para as
Aduzem que o reclamante manteve uma relação de trabalho reclamadas, suportava situações de racismo, sendo chamado
internacional, pelo que deve ser aplicada a Convenção das Nações muitas vezes de macaco por seus superiores, de nacionalidade
Unidas sobre Direito do Mar, bem como o Código de Bustamante italiana. Além disso, sofria diversas perseguições por não
(lei do pavilhão do navio ou da bandeira). Informam que, no navio, saber se comunicar em inglês fluentemente, sendo
trabalham pessoas de várias nacionalidades e que os mesmos discriminado por ser de origem brasileira".
devem ser tratados da mesma forma, com a aplicação da mesma Recurso ordinário:
lei. Aduzem que foram firmados TACs com o MPT acerca da não "O dano moral em virtude a exigência da realização de exames
aplicação da legislação brasileira. Pleiteiam seja deferida a de álcool, HIV e drogas. A partir das provas produzidas nos
compensação das férias proporcionais já pagas. Por fim, aduzem autos, restou devidamente comprovado a exigência pelas
não ser devida a multa do art. 477 da CLT, já que há dúvida acerca reclamadas da realização de exames de álcool, HIV e
indeferiu o pleito indenizatório autoral. Ora, Eméritos contratada no Brasil, tendo celebrado pré-contrato com uma
Desembargadores, é incontroverso que a realização dos das agências locais de recrutamento (Rosa dos Ventos) e
referidos exames é absolutamente dispensável para a contrato efetivo com a primeira reclamada (MSC Crociere S.A.)
realização do labor para qual o reclamante foi contratado." dentro do Brasil. 4. Considerando esse cenário fático
Constitui inovação recursal quando a parte introduz argumentos, em (contratação da reclamante dentro do território nacional), a
sede de recurso, que não fizeram parte da inicial e, por relação de trabalho mantida entre as partes deve ser regida
consequência, nem da análise do julgado recorrido. Assim, conheço pela legislação brasileira, mais favorável ao empregado.
do recurso ordinário interposto pelo reclamante, com exceção do Agravo desprovido. TST - Ag-AIRR: 1303826320145130015,
tópico relativo ao requerimento de pagamento de indenização por Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de
II - PRELIMINAR 07/02/2020)"
INCOMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da
Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado legislação nacional. Vejamos:
com o reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. TRIPULANTE DE NAVIO DE
Examinando-se, todavia, os autos, observa-se que o autor foi EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o
recrutado no Brasil através da empresa Rosa dos Ventos, o que não reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,
foi negado pelas empresas reclamadas, onde recebeu treinamento para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de
para trabalhar na função de auxiliar de cozinha, em navios de cruzeiro, e que no período do contrato laborou em águas
cruzeiro, tendo embarcado ou desembarcado no Brasil nos três nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da
contratos firmados (ver contrato Id 23fa479). Dessa forma, verifica- legislação brasileira e a competência desta Justiça para
se que o reclamante laborou, em parte, em águas nacionais, o que apreciar a demanda. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS.
foi, inclusive, confirmado pela preposta das reclamadas (Id Considerando que é aplicável ao contrato de trabalho do autor
O fato de o obreiro ter sido contratado no Brasil, como já rescisórias, nada a alterar na sentença de origem. MULTA ART.
reconhecido, por si só já é suficiente para a aplicação da Lei 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres rescisórios
7.064/82, que regula a situação dos empregados contratados no do autor não foram pagos no prazo legal, devem as reclamadas
Brasil para prestar serviços no exterior. serem condenadas no pagamento da multa respectiva.
Saliente-se que as normas aplicáveis são aquelas do local da Recursos conhecidos, sendo improvido o das reclamadas e
prestação dos serviços, desde que mais favoráveis, conforme provido o do reclamante. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001216
A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo Análise de Recurso - OJC de Análise de Recurso; Relator(a):
que o conflito de leis no espaço se resolve pela aplicação da JEFFERSON QUESADO JUNIOR)"
legislação brasileira. Senão, confira-se: Note-se, ainda, que o próprio Termo de Ajustamento de Conduta -
"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE TAC firmado pelas empresas com o Ministério Público do Trabalho
REVISTA - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST - CONFLITO (Ids 6b888c6 e 6560d8d), prevê que os brasileiros recrutados para
DE LEIS NO ESPAÇO - LEI DE REGÊNCIA - EMPREGADO trabalhar nos moldes do reclamante são vinculados à legislação
CONTRATADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS trabalhista brasileira, devendo ser registrados como empregados.
EMBARCADO EM NAVIO INTERNACIONAL. 1. Esta Corte, a No tocante à competência da jurisdição brasileira sobre o contrato
partir da interpretação das Leis nºs 7.064/1982 e 11.962/2009, de trabalho objeto de análise, resta incontroverso que a empresa
evoluiu o entendimento e cancelou a Súmula nº 207 do TST. 2. estrangeira com a qual o autor firmou o mesmo (MSC Crociere S/A)
O art. 3º, caput e II, da referida Lei nº 7.064/1982 determina a é sócia proprietária da segunda reclamada, MSC Cruzeiros do
aplicação da legislação brasileira aos empregados contratados Brasil Ltda., estabelecida em território nacional e sendo sua filial,
no Brasil para prestar serviços no exterior. 3. Na presente por esta razão aplica ao caso o parágrafo segundo do artigo 651 da
situação, o Tribunal Regional, com base no conjunto fático- CLT, conforme abaixo transcrito:
probatório existente nos autos, deixou claro que a autora foi "Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é
determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou deferir, em sede de liquidação, a dedução de valores
reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido comprovadamente pagos sob mesmo título à parte
§2º A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, concedido. Portanto, nada a deferir no tocante.
estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em MULTA ART. 477 DA CLT
agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja A reclamada limita-se a dizer, na contestação e no recurso
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em ordinário, que as verbas rescisórias não são devidas ao reclamante,
Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça portanto, não se aplica ao caso a legislação nacional. No entanto,
Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. tendo restado certo que a legislação aplicável é a brasileira e não
Rejeita-se, pois, a preliminar. tendo a reclamada efetuado o pagamento das verbas devidas ao
III - MÉRITO autor, deve ser mantida a sentença que condenou as reclamadas
deve ser aplicada a CLT ao contrato de trabalho do obreiro, com Requer o reclamante seja reconhecida a unicidade contratual, haja
esteio na Lei nº 7.064/1982, que regulamenta a situação de vista que firmou três contratos com as reclamadas, sempre com
trabalhadores contratados por empresa estrangeira com sede no prazo entre eles inferior a seis meses.
Brasil para trabalhar no exterior. Dessa forma, não havendo Sem razão.
pagamento das verbas rescisórias do autor, confirma-se a sentença Restou incontroverso que o autor celebrou três contratos com as
que deferiu o pagamento de referidas verbas trabalhistas. reclamadas: de 18.11.2017 a 17.06.2018; de 24.09.2018 a
Quanto às horas extras, as provas documentais (Id f387ff3 e contratado e celebrado os pactos laborais por prazo determinado, o
1afb099) confirmam que o reclamante trabalhava mais que 44 horas reclamante sabia a data de início e término do seu contrato.
semanais. Além do mais, as próprias reclamadas admitem em De par com isso, o §2º do art. 443 da CLT prevê a possibilidade de
defesa e no recurso que a carga horária não observava os limites ser celebrado contrato por prazo determinado quando os serviços
previstos na CLT, pois seguia os padrões da legislação possuam natureza que justifiquem a predeterminação do prazo.
das normas de duração ao trabalho previstos na lei trabalhista "§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se
pagamento das horas extras e os respectivos reflexos (aquelas a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a
DEFERIDO NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE Revendo posicionamento anterior, entendo que a atividade
Requer a reclamada seja deferida a dedução da parcela de férias desenvolve durante todo o ano, mesmo levando-se em
proporcionais já pagas, as quais constam nos contracheques. consideração a temporada dentro ou fora do Brasil, o que justifica a
Por ocasião do julgamento dos embargos declaração interpostos inatividade, o próprio reclamante confessou que podia trabalhar
pelas partes (sentença Id a6df626), o juízo de origem assim se para outra empresa.
aos embargos de declaração das partes reclamadas para Requer o reclamante o pagamento das horas extras em razão da
não concessão do intervalo interjornada de 11 horas. Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi
Razão não lhe assiste. ajuizada em 2021, ou seja, após entrar em vigor a lei 13.467/2017.
Conforme se vê dos cartões de ponto colacionados aos autos (Id O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:
f387ff3), o reclamante gozava mais de 11 horas de intervalo "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
interjornada, usufruindo, em média, de 13 horas de descanso. honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
Dessa forma, não há que se falar em pagamento de horas extras (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre
relativas a referido intervalo, já que o mesmo era corretamente o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
o pagamento do adicional respectivo, cabendo ao mesmo a prova, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
ônus do qual não se desincumbiu. Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida
Os cartões de ponto (Id f387ff3 e tradução Id 1afb099) são confusos ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela
jornada noturna. De par com isso, a testemunha arrolada pelo autor § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei
horas do dia seguinte. Assim, à falta de prova do trabalho em I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de
devendo, portanto, ser mantida a sentença que indeferiu o pleito. II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467,
Requer o reclamante sejam as reclamadas condenadas a pagar III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº
a que era imposto, a qual era fora dos limites de tolerância. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para
O cumprimento de extensa jornada de trabalho, por si só, não § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
enseja a indenização perseguida, posto que o próprio trabalho em honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
social, o que constitui a hipótese dos autos. Ademais, o trabalho em § 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não
sobrejornada além do permissivo legal, não demonstra que tal tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
jornada tenha, efetivamente, comprometido as relações sociais do capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de
reclamante, até porque restou provado que, quando o navio sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de
atracava, os tripulantes que não estivessem na escala naquele dia exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois
poderiam desembarcar, bem como que o autor podia participar das anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
atividades de lazer concedidas aos tripulantes dentro da certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
Ademais, a consequência da realização de horas extras é a gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS A CARGO DA RECLAMADA. reclamada a pagar 10% de honorários advocatícios, calculados
Requer o reclamante sejam majorados, para 15%, os percentuais sobre o montante devido na condenação, utilizando os parâmetros
de honorários a que foram condenadas as reclamadas. norteadores constantes da legislação vigente, pelo que nada a
A Corte Superior Trabalhista entendeu que as disposições da Lei HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO
13.467/2017 devem ser aplicadas nas ações propostas após 11 de RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO
Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, em que pese Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
não haver recurso ordinário interposto pelo obreiro visando a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo Fortaleza, 18 de julho de 2022.
sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta Jefferson Quesado
Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
concedeu ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Intimado(s)/Citado(s):
Conhecer dos recursos, à exceção do tópico do recurso do - JOAO JUSTINO NETO
reclamante relativo aos danos morais, por inovação recursal; rejeitar
DISPOSITIVO
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores Trata-se de Recurso Ordinário interposto por JOÃO JUSTINO
NETO, não se conformando com a Sentença de ID. 9847f34, fls. ensejador da rescisão contratual, exige do empregador prova
781, proferida pelo juízo da 15ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que robusta, considerando-se a repercussão danosa que o
rejeitou a preliminar de inépcia da peça reconvencional, reconheceu reconhecimento precipitado causa ao trabalhador, seja na vida
a prejudicial de prescrição quanto às parcelas anteriores a profissional, seja no ambiente social. Cabia à reclamada a prova
02/04/2014, extinguindo o feito em relação a isso, e no mérito, dos fatos praticados pela reclamante, da qual, conforme bem
julgou procedente os pedidos formulados na Ação de Consignação analisou o magistrado sentenciante, se desincumbiu.
em Pagamento promovida por BANCO DO BRASIL SA, declarando A demissão por justa causa de empregados públicos, somente é
a extinção do contrato de trabalho havido com o reclamante, na possível ao final de processo administrativo individual, com as
data de 19/11/2018, bem como a quitação das obrigações patronais garantias da ampla defesa e do contraditório.
dele decorrentes. Julgou-se ainda improcedente a reconvenção O ato de improbidade cometido pelo autor foi devidamente
proposta pelo autor, com a condenação do consignado/reconvinte comprovado através de procedimento legal, imposto pelo
ao pagamento de honorários advocatícios de 5%. regramento jurídico, conforme análise do conjunto probatório
Em suas razões, aduz o recorrente que caracterizou-se perdão contido nos autos, já precisamente realizada pelo magistrado
tácito por parte da empresa tendo em vista o lapso temporal para sentenciante, de cuja decisão transcrevo abaixo:
Defende vício absoluto no procedimento disciplinar, com afronta aos Demonstrou-se nos autos a incompatibilidade da conduta obreira
Pleiteia a observância dos princípios da razoabilidade e Segundo apurado em minucioso processo administrativo, ficou
proporcionalidade na aplicação da penalidade pois entende evidenciada a incursão do obreiro na alínea "a" do art. 482 da CLT,
demasiadamente desproporcional à sua conduta. como sustentado na contestação à reconvenção, sendo ele
Por fim, defende a necessária concessão da justiça gratuita ao afastado de forma preventiva do emprego e ao qual foi garantido
Devidamente notificada, a recorrida ofertou contrarrazões, no prazo Com efeito, o exame das peças constitutivas do indigitado
legal, ID. 9fa109a, fls. 828. procedimento interno instaurado pelo empregador, assim que se
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, teve notícia dos atos imputados ao bancário e o qual não padece de
para emissão de parecer. nenhuma irregularidade, mas, pelo contrário, demonstra o cuidado
O recurso preenche as exigências processuais no que tange aos de seu depoimento pessoal
pressupostos, portanto merece ser conhecido. em juízo, no sentido de confirmar sua assinatura nos documentos
II- MÉRITO: que o instruem, nos quais acaba por confessar sua conduta
Inicialmente esclarece-se que é da reclamada o ônus da prova de ímproba (fl. 410), ao asseverar que não tinha a intenção de
demonstrar a prática do ato de improbidade que ensejou a dispensa locupletar-se, sem, contudo, eximir-se de culpa pelos seus atos, à
por justa causa do reclamante, por ser fato obstativo do direito do míngua de prova em sentido contrário nestes fólios processuais,
trabalhador (art. 818 da CLT c/c art. 373, inciso II, do CPC). evidenciam que este agiu de modo a quebrar, irremediavelmente, a
A justa causa foi aplicada pela empresa, e reconhecida pelo juízo a Não bastasse isso, a segunda testemunha de indicação patronal foi
quo, no fundamento do art. 482, alínea a, da CLT, que assim indene em afirmar que antes da tomada da decisão pela pena
"Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de instituição bancária, sendo a ela conferido acesso ao reconvinte, e
trabalho pelo empregador: que sua demora se justificou pela complexidade do caso, dizendo
A justa causa, em qualquer de suas modalidades como fato dos fatos, tendo ele também se afastado por doença, situações
estas demonstradas através de documentos, em especial o de fl. regras sociais de boa conduta, bem como quebra de regras da
Logo, tem-se por razoável a duração de tempo que levou a isolado para caracterizar o ilícito.
investigação patronal, em cujo normativo interno apenas prevê que, Sem razão também o autor quando insiste na ocorrência de perdão
preferencialmente, ultime-se em até 120 dias corridos (fl. 557), não tácito pelo banco empregador diante do lapso temporal para
havendo que se falar em vulneração ao princípio da imediatidade, aplicação da penalidade. Com razão a análise sentenciante quanto
menos ainda em perdão tácito, quando afastado do emprego por à razoável duração da investigação, tendo em vista tratar-se de um
todo o longo procedimental o consignado (fls. 299/310). procedimento de suma importância do ambiente laboral.
Nessa esteira, sem que haja nos autos nenhum elemento Impraticável alegação de perdão tácito diante do resultado da
promovida pelo exempregador, conducentes a infirmar a certeza e a Assim, sendo certo que o reclamante, efetivamente, praticou
dimensão do ato ímprobo imputado ao obreiro, soçobra a pugna conduta ilícita, enquadrável no art. 482, a, da CLT, correta a atitude
deste de reversão da pena capital, com sua reintegração ao da empresa em despedir o autor por justa causa.
emprego e o pagamento das parcelas disso consecatárias, ficando Não poderia deixar de registrar que, mesmo tendo ciência das
Sobre a questão de fundo da consignatória, a extinção das em várias oportunidades mencionadas nos autos, não há como
obrigações patronais e a quitação dos haveres resilitórios devidos incumbir irregularidade ao procedimento/apuração realizado pelo
acolhe-se o valor constante do TRCT de Id. 40d767f, já Ante o acima exposto, nada a alterar na sentença de origem, a qual
restando, tão-somente, diante da recusa obreira, ser providenciada ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
pela empresa a baixa de sua CTPS, com data de 19/11/2018. Há, nos autos, declaração pessoal de pobreza, fls. 50, razão pela
Inteiramente sucumbente na demanda, condena-se o qual conclui-se que o reclamante comprovou sua insuficiência de
consignado/reconvinte ao pagamento de honorários advocatícios ao recursos para o pagamento das custas do processo, conforme
patrono da empresa reclamada, fixados em 5% sobre seu valor determina os termos da Súmula 463 do C.TST:
atualizado (consignatória e reconvenção), tendo em conta seu "para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa
ajuizamento na vigência da Lei Nº 13.467/2017, plenamente eficaz, natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada
por força do princípio da presunção da constitucionalidade das leis, pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração
até a decisão final da ADI 5766, e da IN 41/2018 do TST. com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015)"
Importante demasiadamente a apuração dos fatos que viabilizam a Defiro, assim, ao reclamante, os benefícios da justiça gratuita, com
Fica inviável a análise da defesa do autor quando alega infração ao Dou provimento ao recurso neste tópico.
consulta dos documentos disponibilizados pela instituição nos quais Voto pelo conhecimento e provimento parcial do Recurso Ordinário
contêm informações acerca da apuração em curso. Não obstante, interposto para conceder ao reclamante os benefícios da gratuidade
O princípio da gradação das penas não tem aplicabilidade no caso TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
concreto, uma vez que, conforme consta do documento de fls. REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário, e, no
70/73, a apuração das irregularidades se deu em vista de não mérito, dar-lhe parcial provimento para conceder ao reclamante os
somente um, mas vários procedimentos suspeitos de irregularidade. benefícios da gratuidade processual.
Sendo que o mau procedimento caracteriza-se pela quebra de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA. A exigência de exames prévios
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) à admissão visa à proteção dos empregados e de todos os
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo passageiros do navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. de segurança da tripulação e dos passageiros, pelo que não
Fortaleza, 18 de julho de 2022. vislumbro ato ilícito que justifique a condenação em indenização por
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que
As empresas reclamadas MSC CRUISES S.A. e MSC CRUZEIROS JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS. ADICIONAL
reclamante foi contratada em embarcação estrangeira, devendo a "Ora, resta evidente que, no mínimo, a reclamante teria direito ao
competência ser declinada ao Panamá para apreciar eventuais percebimento das horas extras que extrapolassem a 8º (oitava) hora
violações ao contrato de internacional de trabalho. Salienta que as diária e a 44º (quadragésima quarta) hora semanal, eis que tal
legislações internacionais são mais benéficas à obreira do que a constatação decorre de fato incontroverso nos autos, inclusive
legislação brasileira e devem ser as regentes do contrato de reconhecida pelo insigne juiz, não exigindo, assim, a produção de
trabalho. Aduzem que os contratos de trabalho internacionais prova a respeito que ocorria o habitual registro de jornada superior à
firmados com demandante devem ser reconhecidos como de prazo oitava diária, razão pela qual a autora faz jus ao pagamento das
empregatício e improcedência total dos pedidos. Portanto, é devido o pagamento das horas extras que extrapolarem
A autora em sua peça recursal, ID f5ca0ed, persegue o deferimento a 8º (oitava) hora diária e a 44º (quadragésima quarta) hora
horas extras, adicional noturno e intervalo interjornada; indenização semanal sendo que as horas prestadas em períodos de domingos e
por danos existenciais; majoração dos danos morais; feriados devem ser pagas em dobro, bem como deve haver o
imprescritibilidade do reconhecimento de vinculo e majoração dos pagamento dos intervalos interjornada suprimidos e do valores
Contrarrazões da reclamante, ID. d8dca21, e das reclamadas, ID. correspondentes, na forma requerida na peça exordial."
Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para "Lado outro, as acionadas impugnaram a jornada da inicial e
emissão de parecer. apresentaram cartões de ponto que afastam o horário narrado pela
Pág. 1.
I - ADMISSIBILIDADE Por não ter a autora ultrapassado o seu ônus da prova, julgo
Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço improcedente o pedido de horas extras e adicional, bem como, seus
Inicialmente, ressalto que, conforme citado no julgamento de O labor noturno não foi demonstrado em diversas folhas de ponto
primeiro grau, esta justiça especializada já vem se debruçando como a de ID. 203020f - Pág. 8. Julgo improcedente o pedido de
meu entendimento, analisando-a de forma adequada e precisa. Corroboro com o entendimento exposto pelo juízo a quo, e ainda o
Acrescento, inclusive, mais um julgado, o processo de número reforço no sentido de que a própria autora se manifesta de forma
Segue abaixo relação de algumas demandas correlacionadas: Em sua manifestação, ID. 018befa, defende a reclamante que "os
RT 0000375-29.2020.5.07.0018 realidade dos fatos, o que restará comprovado a partir da oitiva das
RT 0000347-41.2019.5.07.0036 documentos.
autora laborava em jornada de trabalho extenuante, com mínimos "Conforme comprovado nos autos, a reclamante exerceu labor em
intervalos para descanso e alimentação, e sem direito a folgas, favor das empresas reclamadas de 27/07/2013 até 09/06/2019,
trabalhando em todos os dias do contrato de trabalho. tendo o juiz a quo se manifestado apenas sobre o período laborado
Importante ressaltar que, no presente caso, não se trata da prática de 10/12/2017 a 09/06/2019.
de sobrelabor dentro dos limites da tolerância, nem se trata de uma Entretanto, a despeito de ter aplicado a prescrição as verbas
conduta isolada da empregadora, mas sim de conduta reiterada em referentes a período de tempo anterior a 09/06/2014, esta não deve
que a parte reclamante trabalhou diariamente com jornada ser aplicada no que tange ao reconhecimento do vínculo
extenuante e sem direito a folgas, trabalhando durante todo o empregatício, visto que o pleito declaratório não se submete ao
O juízo a quo, assim decidiu sobre este pedido: Pede que seja declarado o vínculo empregatício entre a autora e as
"O dano existencial nas relações laborais ocorre quando o reclamadas durante todo o período trabalhado (27/07/2013 a
trabalho em razão de condutas ilícitas, por parte do empregador, Assim entendeu o juízo a quo:
impossibilitando-o de estabelecer a prática de um conjunto de "Segundo a reclamante, sem contestação da das demandadas, os
atividades culturais, sociais, recreativas, esportivas, afetivas, prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os
familiares, etc., ou de desenvolver seus projetos de vida nos seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até
âmbitos profissional, social e pessoal. Ocorre que não foi 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;
devidamente comprovada essa limitação em sua vida.Pelas fotos 07/11/2018 até 09/06/2019.
juntadas aos autos é possível constar uma situação distinta da A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,
narrada. Não houve comprovação da jornada narrada pela tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois
trabalhadora, afastando a tese autoral. Julgo improcedente." períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta
O MM. juízo "a quo" analisou corretamente o pleito, bem apreciou a reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao
prova produzida nos autos, apresentando suas razões de forma primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.
clara e convincente, com isso, no que pertine ao indeferimento da Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo
indenização por danos existenciais não comporta reforma o julgado empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os
A condenação em danos morais decorre da comprovação de que o Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito
obreiro, efetivamente, tenha sofrido qualquer abalo em sua honra, de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de
dignidade, personalidade, ou integridade psíquica. admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já
Por outro lado, a responsabilidade civil do empregador pela observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do
indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença de TST - matéria de ordem pública).
três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o Restou incontroverso nos autos que a reclamante trabalhou para as
dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo reclamadas nos períodos de 27/07/2013 a 26/04/2014, 10/12/2017 a
empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo 10/07/2018. Ou seja, não houve prestação de serviços ininterrupta
Sem a comprovação desses requisitos, não há como se reconhecer início do segundo (10/12/2017), decorrendo mais de 03 anos entre
o direito à indenização. os dois períodos sem a prestação de serviço pela autora, estando
No presente caso, não restou demonstrado o abalo sofrido pela correto o decisum que não reconheceu a unicidade contratual entre
autora, nem a prática de ato ilícito por parte da empresa o primeiro e segundo contratos e declarando a prescrição bienal dos
A decisão recorrida não merece qualquer reforma, visto que HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
prolatada em conformidade com o conjunto probatório produzido Pleiteia o patrono da reclamante a majoração do percentual de
O art. 791-A, da CLT é bem claro em seus parâmetros para INDEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA
patrono da demandante no percentual de 10%, nos termos do art. Suscitam as reclamadas que "a Autora firmou contrato de trabalho
Entendo como razoável o percentual reconhecido. Nada a alterar sendo certo, ainda, que competência da Justiça do Trabalho deve
RECURSO DAS RECLAMADAS serviços, a autoridade judiciária brasileira não detém jurisdição para
Já as empresas recorrentes, pautam seu recurso basicamente sob apreciar e julgar esta demanda".
um aspecto, o questionamento em relação à inaplicabilidade da Entretanto a contratação efetiva da reclamante ocorreu no Brasil, o
legislação brasileira ao caso. Seguem in verbis, os tópicos que atrai a competência da jurisdição brasileira para processar e
DA AUSÊNCIA DE JURISDIÇÃO DAS AUTORIDADES Não é porque as etapas iniciais da admissão ocorreram via internet
BRASILEIRAS. que podemos afirmar que a contratação ocorreu fora dos limites
INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. RESOLUÇÃO territoriais do Brasil, visto que inexiste comprovação de ter a obreira
71/2006 DO CONSELHO NACIONAL DE IMIGRAÇÃO: ART. 8º, realizado tais etapas em território estrangeiro. O fato modificativo foi
CAPUT. INTERPRETAÇÃO A CONTRARIO SENSU. apresentado pelas demandadas, atraindo, assim, o ônus da prova
DO CÓDIGO DE BUSTAMENTE (ARTS. 274, 279 E 281). NORMA contrato mantido entre o reclamante e as reclamadas, a fixação da
RATIFICADA PELO BRASIL. VIOLAÇÃO MANIFESTA. competência brasileira é mandatória, nos termos do CPC (art. 21,
DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO c/c parágrafo único), considerando que a 1ª reclamada é uma
APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DO ART. 8º DA CLT. As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas
APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como,
DA NÃO DISCRIMINAÇÃO ENTRE OS TRABALHADORES. conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo
CONVENÇÕES Nº 97 E 111 DA OIT. econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui
APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS TAC´S FIRMADOS COM O estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. EFICÁCIA VINCULANTE como exemplo o documento de ID. ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c -
DA TRANSAÇÃO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. Pág. 2. Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.
AFRONTA AO ARTS. 840 DO CÓDIGO CIVIL, 5º, §6º, LEI 7.347/85 O entendimento jurisprudencial pacificado no Colendo Tribunal
PARA TRABALHAR NO EXTERIOR À LUZ DA LEI 7.064/82. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 2. COMPETÊNCIA TERRITORIAL.
DA AUTONOMIA SINDICAL (ART. 8º, III, CF/88). 3. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DECISÃO
TRABALHO: ART. 7º, XXVI, CF/88. PREVALÊNCIA DO sensível ao processo de globalização da economia e de avanço das
NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO: ART. 611-A, CLT. empresas brasileiras para novos mercados no exterior, passou a
DA ALEGADA UNICIDADE CONTRATUAL. CONTRATOS POR perceber a insuficiência e inadequação do critério normativo
PRAZO DETERMINADO. PRESCRIÇÃO BIENAL. inserido na antiga Súmula 207 do TST (lex loci executionis) para
DA INAPLICABILIDADE DA MULTA DO ART. 477 DA CLT. regulação dos fatos congêneres multiplicados nas duas últimas
DA REMUNERAÇÃO. DA NECESSIDADE DE DEDUÇÃO DAS décadas. Nesse contexto, já vinha ajustando sua dinâmica
PARCELAS PAGAS NOS CONTRACHEQUES DO RECLAMANTE. interpretativa, de modo a atenuar o rigor da velha Súmula 207/TST,
restringido sua incidência, ao mesmo tempo em que passou a "I - DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS
alargar as hipóteses de aplicação das regras da Lei n. 7.064/1982. RECLAMADAS. DO TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO
Assim, vinha considerando que o critério da lex loci executionis ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. À
(Súmula 207) - até o advento da Lei n. 11.962/2009 - somente luz do princípio da boa-fé objetiva, a teor do disposto nos
prevalecia nos casos em que foi o trabalhador contratado no Brasil artigos 427 e 435 do Código Civil, conclui-se que o período pré-
para laborar especificamente no exterior, fora do segmento contratual produz efeitos jurídicos, tendo este juízo a
empresarial referido no texto primitivo da Lei n. 7064/82. Ou seja, convicção de que o início das tratativas (pré-contratação) do
contratado para laborar imediatamente no exterior, sem ter trabalho ocorreu no Brasil, em Fortaleza, no Estado do Ceará,
trabalhado no Brasil. Tratando-se, porém, de trabalhador contratado com empregada brasileira. No caso em apreço, verifica-se que
no País, que aqui tenha laborado para seu empregador, sofrendo a 17ª Alteração e Consolidação do Contrato Social da 1ª
subsequente remoção para país estrangeiro, já não estaria mais reclamada, MSC CROCIERE estabelece que as empresas MSC
submetido ao critério normativo da Convenção de Havana (Súmula CROCIERE S/A e MSC MEDITERRANEAN MSC CRUZEIROS DO
207), por já ter incorporado em seu patrimônio jurídico a proteção BRASIL LTDA são sócias titulares da totalidade do Capital
normativa da ordem jurídica trabalhista brasileira. Em consequência, Social da MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. Com efeito, a
seu contrato no exterior seria regido pelo critério da norma jurídica segunda reclamada, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, tem
mais favorável brasileira ou do país estrangeiro, respeitado o sede no Brasil, na Av. Ibirapuera nº 2.332, 6º andar, Torre II, na
conjunto de normas em relação a cada matéria. Mais firme ainda Cidade e Estado de São Paulo, caindo por terra a alegação de
ficou essa interpretação após o cancelamento da velha Súmula que a contratação ocorrera no estrangeiro. Iniludível, portanto,
207/TST. No caso concreto, ficou evidenciado que o Reclamante foi que a contratação ocorreu em solo pátrio. Demais disto, restara
contratado no Brasil e que parte do tempo de duração do contrato inconteste nos autos que a empresa ROSA DOS VENTOS
de trabalho desenvolveu-se em águas territoriais brasileiras. Não há seleciona brasileiros para um contrato internacional com a
como assegurar o processamento do recurso de revista quando o MSC Cruzeiros, que trabalha com navios de passageiros na
agravo de instrumento interposto não desconstitui os termos da costa do Brasil; e, para que possa navegar normalmente, é
decisão denegatória, que subsiste por seus próprios fundamentos. exigido, por parte das autoridades do Brasil, um limite mínimo
Agravo de instrumento desprovido. B) RECURSO DE REVISTA de 25% de tripulantes brasileiros). Presuntivamente, infere-se
ADESIVO DO RECLAMANTE. Em face da não admissibilidade do que a principal importância da mão de obra de brasileiros se dá
apelo principal, fica prejudicado o exame do recurso de revista na temporada brasileira, que, como se sabe, dura, em média,
adesivo interposto pelo Reclamante (500 do CPC). Recurso de cinco meses. Como o contrato teve duração de apenas quatro
revista cuja análise fica prejudicada". (TST AIRR-1789- meses (de 07/08/2012 a 07/12/2012), tem-se que a parte
04.2011.5.02.0443 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, contratada o cumpriu por inteiro na temporada brasileira. A
Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma, Data de Publicação: teor das informações supra, bem como do Termo de
O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região em processos Ministério Público do Trabalho e a empresa MSC Cruzeiros do
semelhantes ajuizados contra as reclamadas assim vem decidindo : Brasil), vislumbra-se, no caso em espécie, que o labor fora
"CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE contratado para ser prestado em embarcação privada
CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL estrangeira, em águas brasileiras e internacionais, e neste caso
EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA Provado que o aplicável a legislação brasileira enquanto ocorresse em águas
reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, nacionais. O critério da territorialidade ou da Lex Loci
para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de Executionis, reconhecido pela Convenção de Direito
cruzeiro, e que no período de 09 meses de contrato laborou Internacional Privado de Havana, ratificada pelo Brasil (Código
por, pelo menos, 05 meses em águas nacionais, na Bustamante, de 1928), posicionamento este expressamente
denominada "temporada brasileira de cruzeiros, correta a inserido na jurisprudência brasileira, por meio da Súmula 207
decisão que reconheceu a incidência da legislação brasileira e editada pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, a qual
a competência desta Justiça para apreciar a demanda". (TRT 7ª estabelecia o seguinte, até ser cancelada pela Resolução TST
Região - proc. 0000358-77.2012.5.07.0016 - Rel. Des. Jefferson nº 181, de 16.04.2012: "A relação jurídica trabalhista é regida
Quesado Júnior DEJT 13/05/2013). pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por
aquelas do local da contratação." Assim é que, amiúde, as Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.
relações empregatícias marítimas submetem-se a diretriz Ultrapassada a cizânia da competência, a legislação a ser aplicada
própria, regendo-se pela lei do Pavilhão do navio, que tende a deve ser averiguada e deliberada em sede de mérito propriamente
ser, normalmente, a do país de domicílio do dito, aplicando-se as técnicas de direito internacional privado.
armador/empregador. O Direito do Trabalho brasileiro possui Portando afasto as demais preliminares que dizem respeito, tão
diploma específico em matéria de regência das relações somente, às normas que devem aqui reger a matéria.
transferidos pela empresa para prestação de serviços no A reclamada aponta a prescrição quinquenal da pretensão autoral.
exterior. Trata-se da Lei n. 7.064 /82, que "regula a situação de Cabe esclarecer que prescrita a verba principal o pleito acessório
trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus não poderá mais ser pleiteado, portanto, nos pedidos de FGTS
empregadores para prestar serviço no exterior". A par de fixar acessórios (repercussão das diferenças salariais eventualmente
alguns direitos trabalhistas específicos (art. 3º, I), o précitado reconhecidas), não haverá a aplicação da modulação estabelecida
Diploma Legal estabelece critério distintivo no que se refere na súmula 362 do TST (súmula 206 do TST).
àaplicação normativa nos contratos cumpridos no exterior no No que pertine à prescrição do FGTS como pedido principal,
segmento empresarial que menciona - admitindo, em certos consoante decidido no ARE 709212, pelo E. STF, deve ser aplicada
aspectos, a aplicação da lei brasileira ou da lei territorial ao caso a modulação prevista para o curso prescricional já em
estrangeira, em exceção, portanto, ao princípio geral da curso, quando da prolação daquele julgado (em 13/11/2014).
territorialidade. Em assim, dispõe a referida Norma ser direito Desse modo e aplicando o entendimento firmado no inciso II, da
do empregado regido por suas normas a aplicação da súmula nº 362, do C. TST, tem-se que o prazo prescricional das
legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não pretensões do FGTS (pedido principal) será o que se consumar
for incompatível com o disposto na sobredita Lei n. 6.064/82, primeiro: trinta anos, contados do termo inicial (07/2013 caso exista
quando mais favorável do que a legislação territorial unicidade contratual), ou cinco anos, a partir de 13/11/2014.
estrangeira, no conjunto de normas em relação a cada matéria, Logo, não há prescrição a ser alegada para o pedido de FGTS,
conforme o Inciso II do artigo 3º. O critério da territorialidade sendo esse o pedido principal.
deixara de ser aplicado às transferências de trabalhadores Considerando que a presente demanda foi interposta em
contratados ou transferidos para fins de prestação de serviços 11/11/2019, prescritas encontram-se as parcelas anteriores a
no estrangeiro, pois que tais contratos passam a se submeter à 11/11/2014, devendo as mesmas, salvo com relação ao FGTS
legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não (pedido principal), serem extintas com resolução de mérito, nos
for incompatível com o disposto na Lei n. 7.064/82, quando termos do art. 487, II, CPC.
mais favorável do que a legislação territorial estrangeira, Considerando que a reclamante afirma a vigência de contrato único,
observado o conjunto de normas em relação a cada matéria, relego a apreciação da questão da prescrição bienal da ação para
conforme a dicção do Inciso II, do artigo 3º, da Lei n. 7.064/82. após a análise meritória pertinente a tal ponto. Isto porque, não há
Em assim, a legislação brasileira é a única aplicável ao como este Juízo decidir pela aplicação da prescrição bienal sem
presente caso, o que se faz com fundamento nos artigos 651 da antes definir se o contrato vigeu ininterruptamente por prazo
CLT, 9º e 12 da Lei de Introdução ao Código Civil, e arts. 88 e 89 indeterminado ou se tratam-se de diversos contratos diferenciados.
do Código de Processo Civil, e Súmula 207/TST, e o que mais DA LEGISLAÇÃO APLICADA AO CASO
consta dos autos. (...)". (TRT 7a. Região - proc. 0001046- O Código de Bustamante (Convenção de Havana, 1928), que foi
74.2014.5.07.0014 - Rel. Desª. Regina Gláucia Cavalcante internalizado no Brasil, pelo Decreto 5.647, em 8.1.1929, e
As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas aplicação da lei territorial sobre acidente do trabalho e proteção
provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como, social do trabalhador (princípio da lex loci execucionis). Esse
conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo princípio está insculpido no art. 198 do mencionado diploma de
econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui direito internacional: "Art. 198. Também é territorial a legislação
estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos sobre acidentes do trabalho e proteção social do trabalhador". Tal
como exemplo o documento de ID ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c - princípio, assim, constitui exceção à regra instituída posteriormente,
em que a obrigação se constituiu: "Art. 9º Para qualificar e reger as disposições do art.1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso
obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem". II, Lei nº 7.064/82,outrossim, o conflito de direito internacional
Diante desse caso, prevaleceu a tese de que deveria ser aplicado o privado no tocante à escolha da norma trabalhista a ser aplicada,
disposto no Código de Bustamante, por se tratar de norma especial. resolve-se pelo princípio da norma mais favorável, consideradas,
A partir da premissa supra o TST cancelou a súmula 207 e a própria instituto, adotando-se a teoria do conglobamento mitigado,
legislação passou a assim dispor. Nos termos do art. 3º, inciso II, da destacando-se, no caso, a legislação brasileira. Recurso das
Lei nº 7.064/82 (dispõe sobre a situação de trabalhadores reclamadas parcialmente conhecido e provido. Recurso da
contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior): "a reclamante conhecido e parcialmente provido. (TRT-7 - RO:
aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo 00010902020145070006,Relator: MARIA ROSELI MENDES
que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais ALENCAR, Data de Julgamento: 17/08/2016, Data de Publicação:
Aqui estamos diante da teoria do conglobamento mitigada onde a TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO ESTRANGEIRO.
norma mais favorável deve ser buscada por meio da comparação COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há que se
das diversas regras sobre cada instituto ou matéria, respeitando-se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre o
o critério de especialização. O que realmente devemos observar, contato mantido pelo autor, e a legislação aplicável a este mesmo
então, não seria o inteiro diploma legal, mas, sim, cada matéria ou contrato de trabalho. Isso porque a competência jurisdicional não
Pois bem, sendo a tese de defesa a utilização de norma distinta da confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é relativa à
estabelecido em nosso ordenamento jurídico, compete às competência territorial; a segunda, de direito material, é atinente ao
acionadas a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a aplicação da
Ocorre que não foram apresentadas as leis do locais onde legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo à parte que a
efetivamente ocorreram a prestação de serviço. invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). A
CRUZEIRO MARÍTIMO. TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT
ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC.
que se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre Portanto, a presente lide se submete à jurisdição nacional. Em
o contato mantido pela autora, e a legislação aplicável a este relação à legislação a ser adotada, aplica-se as disposições do art.
mesmo contrato de trabalho. Isso porque a competência 1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso II, Lei nº 7.064/82,
jurisdicional não exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões outrossim, o conflito de direito internacional privado no tocante à
não são confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é escolha da norma trabalhista a ser aplicada, resolve-se pelo
relativa à competência territorial; a segunda, de direito material, é princípio da norma mais favorável, consideradas, em conjunto, as
atinente ao conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a disposições reguladoras de cada matéria ou instituto, adotando-se
aplicação da legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo a teoria do conglobamento mitigado, destacando-se, no caso, a
à parte que a invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). legislação brasileira. Recurso das reclamadas não provido. (TRT-7 -
A competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB RO: 00009119820145070002, Relator: MARIA ROSELI MENDES
e 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT ALENCAR, Data de Julgamento: 13/03/2019, Data de Publicação:
Incontroverso que a empresa estrangeira com a qual a autora Logo, estabeleço a legislação brasileira para reger o caso sub
essa estabelecida em território brasileiro, pelo que é tida como sua DO CONTRATO DE TRABALHO
agência ou filial,atraindo a incidência do parágrafo segundo do art. A reclamante requer a declaração de nulidade dos supostos
651, da CLT.Portanto, a presente lide se submete à jurisdição contratos de trabalho por prazo determinado, reconhecendo-se o
nacional. Com relação à legislação a ser adotada, aplicação as prazo indeterminado de um único contrato.
Apesar de ser do conhecimento da autora, no momento de sua prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os
contratação, ser o contrato de trabalho por prazo determinado, a seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até
atividade empresarial das reclamadas não se encaixam nas 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;
disposições do art. 443 da CLT e lei 6.019/74 (redação à época). 07/11/2018 até 09/06/2019.
POR PRAZO DETERMINADO. AUSÊNCIA DE contrato de trabalho, em casos em que o lapso temporal entre a
TRANSITORIEDADE DO SERVIÇO. RECONHECIMENTO DE demissão e a readmissão, pela mesma empresa, é exíguo. Diante
DISPENSAS IMOTIVADAS NOS SUCESSIVOS PACTOS da omissão legislativa, considera-se fraudulenta a rescisão seguida
contratual à luz do § 1º do art. 443 da CLT, considerou que a quando ocorrida dentro dos noventa dias subsequentes à data em
atividade empresarial não ostenta caráter transitório, razão pela que formalmente a rescisão se operou, nos termos da portaria 384
qual concluiu que o contrato de trabalho do Autor não detinha prazo do MTE.
determinado, já que não dependia de termo prefixado para A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,
execução de serviços específicos, tampouco da realização de tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois
acontecimento certo e suscetível de previsão aproximada. períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta
Consignou, neste sentido, que o fato das embarcações das reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao
reclamadas somente navegarem na costa brasileira em alguns primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.
períodos do ano não demonstravam a transitoriedade de suas Com relação aos dois últimos contratos, sem qualquer cabimento a
atividades, até porque navegavam por águas internacionais nos tese de defesa. A tese do exercício da atividade empresarial por
demais períodos do ano. A conclusão adotada funda-se, pois, na temporada já foi devidamente ultrapassada nas linhas anteriores.
interpretação da ausência de transitoriedade das atividades das O prazo entre os contratos não é desproporcional, conforme as
reclamadas, o que não permite divisar ofensa literal aos artigos 443 normas aqui apresentadas como fundamento.
e 452 da CLT. O artigo 2º da Lei 6.019/74, que conceitua o trabalho Ademais, o obreiro é o hipossuficiente entre as partes que
temporário, não guarda pertinência temática com a controvérsia, celebraram os contratos de trabalho e, por vezes, tem que realizar
restando ileso. O recurso de revista igualmente não se credencia a formalidades requeridas pelos empregadores para não ser
transcritos revelam-se inespecíficos, atraindo a disciplina da Súmula Em respeito ao princípio da continuidade da relação de emprego
296, I, do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST - RR: (súmula 212 do TST), não há como visualizar que seu interesse na
102851920165090001, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data contratação era realmente o contrato por prazo estipulado.
de Julgamento: 04/09/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT A assinatura de qualquer contrato com cláusulas nesse sentido
A atividade empresarial das reclamadas ocorre durante todo o ano, civil, conforme reza o art. 157: "Ocorre a lesão quando uma pessoa,
não podendo existir a contratação e dispensa de trabalhadores a sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
depender dos pacotes de viagens firmados pelo empregador. O prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
de proteção do trabalho, independentemente de lucros, nos termos O procedimento realizado pelas demandadas caracteriza-se como
Ademais, conforme determinação do Art. 452 da CLT, considera-se emprego, mas também em decorrência da diminuição de recursos
por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o que determina
(seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a correspondente redução de importâncias a serem aplicadas na
expiração deste dependeu da execução de serviços especializados construção de habitações populares, obras de saneamento urbano
Reconheço, então, a regra geral, ou seja, contrato por prazo Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo
Segundo a reclamante, sem contestação das demandadas, os dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 -
Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito justificar-se em razão da natureza do ofício ou do grau especial de
de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de fidúcia exigido, a exemplo de empregados domésticos, cuidadores
admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já de menores, idosos ou deficientes (em creches, asilos ou
observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do instituições afins), motoristas rodoviários de carga, empregados que
TST - matéria de ordem pública). Para tanto, deverá a reclamante laboram no setor da agroindústria no manejo de ferramentas de
entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), no prazo de trabalho perfurocortantes, bancários e afins, trabalhadores que
cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Feito isso, as atuam com substâncias tóxicas, entorpecentes e armas,
reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às devidas trabalhadores que atuam com informações sigilosas; III. A exigência
anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 até o de Certidão de Antecedentes Criminais, quando ausente uma das
limite de dois salários mínimos revertida à parte autora, devendo justificativas de que trata o item II, supra, caracteriza dano moral in
então a Secretaria proceder às devidas anotações na CTPS (art. 39, re ipsa, passível de indenização, independentemente de o
parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e 537 do CPC, candidato ao emprego ter ou não sido admitido. Vencidos,
aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá noticiar o parcialmente, no item I, os Ministros João Oreste Dalazen,
descumprimento,em até 30 dias do Trânsito em julgado, sob pena Emmanoel Pereira e Guilherme Augusto Caputo Bastos; e, no item
de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer. II, os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, Aloysio
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELA EXIGÊNCIA DE Brandão. Quanto ao item III, restaram vencidos, parcialmente, os
A Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) Augusto Bastos e, totalmente, os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga,
decidiu, por maioria, que a exigência de certidão negativa de Renato de Lacerda Paiva e Ives Gandra Martins Filho. TST-IRR-
antecedentes criminais caracteriza dano moral passível de 243000- 58.2013.5.13.0023, SBDI-1, rel. Min. Augusto César Leite
indenização quando caracterizar tratamento discriminatório ou não de Carvalho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 20.4.2017.
se justificar em situações específicas. A exigência é considerada A atividade empresária das acionadas não consta no rol
legítima, no entanto, em atividades que envolvam, entre outros exemplificativo estabelecido pelo TST ao julgar o Incidente de
aspectos, o cuidado com idosos, crianças e incapazes, o manejo de Recursos de Revista Repetitivos (Tema nº 0001). As atividades
armas ou substâncias entorpecentes, o acesso a informações exercidas, aos olhos deste Julgador, não apresentam
Quarta Turma do TST à SDI-1, dentro da sistemática de recursos As testemunhas das provas emprestadas (ID. d7d9469 - Pág. 2 e
repetitivos, para a fixação de tese jurídica sobre as situações que ID. ad03e34 - Pág. 3) e os documentos juntados comprovam a
exigência do documento como condição indispensável para a O dano moral é (pela força in reipsa dos próprios fatos) conforme
Vejamos a tese fixada e publicada no Informativo 157 do TST: O tarifamento do dano moral não se aplica ao caso.
Dano moral. Exigência de Certidão Negativa de Antecedentes A lei 13.467/2017 não foi o primeiro diploma legal a determinar a
Criminais". A SBDI-I, por maioria, definiu as seguintes teses tarifação dos danos morais, por exemplo, citamos a lei 5250/67 (lei
jurídicas para o Tema Repetitivo nº 0001 - DANO MORAL. de imprensa). A jurisprudência à época já havia pronunciado-se em
EXIGÊNCIA DE CERTIDÃO NEGATIVA DE ANTECEDENTES favor da não recepção dessa tarifação do dano moral. Vejamos a
CRIMINAIS: I. Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência súmula 281, do STJ "a indenização por dano moral não está sujeita
quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em Houve pronunciamento expresso, ainda, do STF, através da ADPF
razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial 130/09, no sentido desta lei não ter sido recepcionada pela
de fidúcia exigido; II. A exigência de Certidão de Antecedentes Constituição Federal de 1988. Uma das questões abordadas pelos
Criminais de candidato a emprego é legítima e não caracteriza Ministros do Pretório Excelso foi a tarifação por danos morais, que
lesão moral quando amparada em expressa previsão legal ou era prevista nos artigos 51 e 52 da lei em exame.
De acordo com a maior Corte deste País, qualquer tentativa de mesma indenização.
tarifação ou restrição à reparação por danos morais, prevista em lei Além dos argumentos apresentados na ADF 130/09, o "Caput" do
ordinária, padeceria de inconstitucionalidade, por ofender o disposto art 5º da CF/88 também entra em choque em face dos parâmetros
na ementa:"estaríamos interpretando a Constituição no rumo da lei Esclareço. Dois acidentes que, por exemplo, tenham como
ordinária, quando é de sabença comum que as leis devem ser consequência a perda de um mesmo membro teriam indenizações
Para melhor entendermos a afirmação supra, as palavras do Estamos aqui diante da quebra de isonomia interna.
Ministro Ricardo Lewandowski, ao acompanhar o voto do Ministro Imaginemos agora que um empregador realize um mesmo ato
Celso de Mello, relator da ADPF 130/09: capaz de gerar danos morais em face de duas pessoas distintas,
"o princípio da proporcionalidade, tal como explicitado no referido um sendo seu empregado e outro um terceiro sem qualquer vínculo
dispositivo constitucional, somente pode materializar-se em face de empregatício. Pela interpretação literal da reforma trabalhista, a
um caso concreto. Quer dizer, não enseja uma disciplina legal indenização deferida pelo Juiz do trabalho não seguirá os mesmos
apriorística, que leve em conta modelos abstratos de conduta, visto parâmetros de outros Juízos. Agora podemos observar a quebra de
dinâmica e multifacetada, em constante evolução. Acredito que houve um equívoco técnico do legislador
"Já, a indenização por dano moral - depois de uma certa infraconstitucional, pois, a Medida Provisória (MP) 808/2017,
perplexidade inicial por parte dos magistrados - vem sendo publicada em 14/11/2017, tentou abrandar os problemas aqui
normalmente fixada pelos juízes e tribunais, sem quaisquer apresentados, todavia só solucionou, temporariamente, a quebra de
exageros, aliás, com muita parcimônia, tendo em vista os princípios isonomia interna, estabelecendo o valor do limite máximo dos
da equidade e da razoabilidade, além de outros critérios como o da benefícios do Regime Geral de Previdência Social em vez do salário
posição profissional e social do ofendido; e a condição financeira do Por todo o exposto, julgo procedente a indenização por danos
ofendido e do ofensor. Tais decisões, de resto, podem ser sempre morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00, declarando
submetidas ao crivo do sistema recursal. Esta Suprema Corte, no inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma incidenter
não foram recepcionados pela Constituição, com o que afastou a Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado
possibilidade do estabelecimento de qualquer tarifação, com a reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a
confirmando, nesse aspecto, a Súmula 281 do Superior Tribunal de competência da Justiça do Trabalho.
"Em outras palavras, penso que não se mostra possível ao contratada no Brasil, o que foi confirmado pelas reclamadas.
legislador ordinário graduar de antemão, de forma minudente, os Conforme já bem analisado na sentença, a jurisprudência do
limites materiais do direito de retorção, diante da miríade de Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo que o conflito de leis
expressões que podem apresentar, no dia-adia, os agravos no espaço se resolve pela aplicação da legislação brasileira. Senão,
veiculados pela mídia em seus vários aspectos". confira-se mais este julgado:
Ou seja, o legislador não tem como prever todas hipóteses de "EMENTA: I- AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA.
danos morais, ferindo a proporcionalidade estabelecida pela nossa RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI
Podemos observar isso no Art. 223-G, §1º, da CLT. O legislador PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO. NEGATIVA DE
pretendeu em somente quatro incisos apresentar todas as PRESTAÇÃO JURISDICIONAL 1- Não houve, no recurso de
gravidades possíveis de danos morais. Imaginemos que a revista, a transcrição dos trechos do acórdão de embargos de
gravidade da conduta seja bem simples, todavia, o primeiro grau de declaração opostos no TRT. Assim, a parte não demonstra que
ali estabelecido teria como indenização o valor de, no mínimo, R$ instou a Corte regional a se manifestar sobre a alegada nulidade,
2.994,00 (observando o salário mínimo em 2019). sendo inviável o confronto analítico com a fundamentação jurídica
Desse modo, fatos distintos poderiam ter como penalidade a invocada pela parte. Decisão da SBDI-1 na Sessão de 16/03/2017
(E-RR-1522-62.2013.5.15.0067) e da Sexta Turma na Sessão de a Corte Regional registrou que "não subsiste a alegação de que o
05/04/2017 (RR-927-58.2014.5.17.0007). Logo, não atendidas as recorrido apenas comercializava a venda de pacotes turísticos
exigências do art. 896, § 1º-A, I e III, da CLT. 2- O entendimento relativos à embarcação. Isso porque a testemunha ouvida nos autos
jurisprudencial foi positivado na Lei nº 13.467/2017 que inseriu o afirma que foram contratadas pela Ibero Cruzeiros sendo que '
inciso IV no art. 896, § 1º-A, segundo o qual é ônus da parte, sob todos os contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam
pena de não conhecimento: "transcrever na peça recursal, no caso uniforme e p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a
de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de Ibero posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e
prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que os detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível
foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no embarcar' ( f l . 573)." Ademais, do exame do contrato social da
recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os Ibero Cruzeiros Ltda., concluiu-se que um de seus núcleos de
embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da atuação é "atividade armatorial, através da realização de cruzeiro
ocorrência da omissão". 3- A Sexta Turma evoluiu para o marítimos". Nesses aspectos, para se chegar à conclusão diversa
entendimento de que, uma vez não atendidas as exigências da Lei da exposta pelo Tribunal Regional, seria necessário reexame de
nº 13.015/2014, fica prejudicada a análise da transcendência. 4- fatos e provas, a fim de constatar a ausência de controle e de
Agravo de instrumento a que se nega provimento. RELAÇÃO DE direção da Ibero Cruzeiros Ltda. pelas demais reclamadas, o que é
EMPREGO. RECONHECIMENTO. GRUPO ECONÔMICO 1- vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126
Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 2- Deve ser desta Corte. 5- Agravo de instrumento a que se nega provimento.
reconhecida a transcendência na forma autorizada pelo art. 896-A, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 1- Atendidos os requisitos do art.
§ 1º, parte final, da CLT (crit é rio " e outros " ) quando se mostra 896, § 1º-A, da CLT. 2- Exame de ofício da decisão recorrida: a
aconselh á vel o exame mais detido da controvérsia devido às Corte Regional constatou que a reclamante, além de ter declarado
peculiaridades do caso concreto. O enfoque exegético da aferição hipossuficiência, encontra-se assistida pelo sindicato da categoria
dos indicadores de transcendência em princípio deve ser positivo, profissional. No tocante à alegação patronal, no sentido de que o
especialmente nos casos de alguma complexidade, em que se torna SINDASP não representa a categoria profissional da reclamante, o
aconselhável o debate da matéria no âmbito próprio do TRT destacou que a reclamada "não comprova nada a esse
conhecimento, e não no âmbito prévio da transcendência. 3- O TRT, respeito, tampouco indica qual o sindicato que, de fato, representa
soberano na análise do conjunto fático-probatório, concluiu que a os interesses da recorrida, ônus que lhe incumbia (art. 373, II, do
reclamante desincumbiu-se do ônus de comprovar fato constitutivo CPC de 2015)". 3- Não há transcendência política, pois não
do seu direito e demonstrou a existência de relação de emprego. A constatado o desrespeito à jurisprudência sumulada do Tribunal
Corte Regional assentou, a propósito, que "a única testemunha Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal. 4- Não há
ouvida nos autos laborou com a autora e foi enfática ao dizer que transcendência social, pois não se trata de postulação, em recurso
foram contratadas pela Ibero Cruzeiros e ainda que ' todos os de reclamante, de direito social constitucionalmente assegurado. 5-
contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam uniforme e Não há transcendência jurídica, pois não se discute questão nova
p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a Ibero em torno de interpretação da legislação trabalhista. 6- Não se
posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e os reconhece a transcendência econômica quando, a despeito dos
detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível valores da causa e da condenação, não se constata a relevância do
embarcar' ( f l . 573)." Nesse contexto, para se chegar à conclusão caso concreto, pois a matéria probatória não pode ser revisada no
diversa da adotada no acórdão regional, de modo a perquirir a TST, e, sob o enfoque de direito, não se constata o desrespeito da
ausência de um ou alguns dos requisitos da relação de emprego e instância recorrida à jurisprudência desta Corte Superior. 7- Não há
rechaçar a tese de reconhecimento de vínculo empregatício, seria outros indicadores de relevância no caso concreto (art. 896-A, § 1º,
necessário reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta parte final, da CLT). 8- Agravo de instrumento a que se nega
instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126 do TST. 4- provimento. II- RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA.
No tocante à constatação de grupo econômico, o TRT, com amparo INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI Nos 13.015/2014 E
no conjunto fático probatório, notadamente nas provas testemunhal 13.467/2017 EMPREGADO CONTRATADO NO BRASIL. LABOR
e documental (contratos sociais), assentou que a Ibero Cruzeiros EM NAVIO DE CRUZEIRO INTERNACIONAL. COMPETÊNCIA DA
Ltda. estava sob controle e direção das demais reclamadas, com JUSTIÇA BRASILEIRA E LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
nítidas ingerência e afinidade socioeconômica entre elas. No ponto, APLICÁVEL 1- Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT.
2- Há transcendência jurídica quando se constata divergência entre para trabalhar no exterior, aplica-se a legislação brasileira de
as Turmas do TST sobre a matéria. 3- A controvérsia diz respeito a proteção ao trabalho naquilo que não for incompatível com o
viabilidade, ou não, de incidência da jurisdição brasileira e de diploma normativo especial, quando for mais favorável do que a
aplicação da legislação nacional no caso envolvendo trabalhadora legislação territorial estrangeira. 9 - O Pleno do TST cancelou a
brasileira, contratada no Brasil, e que prestou serviços em águas Súmula nº 207 porque a tese de que "A relação jurídica trabalhista é
nacionais e internacionais a bordo de embarcação de bandeira regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por
portuguesa. 4- Na espécie, depreende-se dos trechos do acórdão aquelas do local da contratação" não espelhava a evolução
transcritos que a reclamante trabalhou como camareira tanto em legislativa, doutrinária e jurisprudencial sobre a matéria. E após o
águas nacionais como internacionais. Além disso, o TRT registrou cancelamento da Súmula nº 207 do TST, a jurisprudência
que a testemunha ouvida disse "que trabalhou junto com a autora; majoritária se encaminhou para a conclusão de que somente em
foram contratadas pela Ibero Cruzeiros; a contratação foi em princípio, à luz do Código de Bustamante, também conhecido como
Curitiba; fizeram cursos e processo seletivo através da empresa "Lei do Pavilhão" (Convenção de Direito Internacional Privado em
ISMBR; foram os entrevistadores da Ibero Cruzeiros que fizeram a vigor no Brasil desde a promulgação do Decreto nº 18.871/29),
seleção". 5- Consignou também que houve comprovação da aplica-se às relações de trabalho desenvolvidas em alto mar a
realização do processo seletivo por uma agência de recrutamento e legislação do país de inscrição da embarcação. Isso porque, em
seleção de pessoas no Brasil, razão por que a Corte Regional decorrência da Teoria do Centro de Gravidade, (most significant
reputou existente aqui, no mínimo, a pré-contratação da reclamante. relationship), as normas de Direito Internacional Privado deixam de
À luz desse panorama, sobretudo ao sopesar a prova oral ser aplicadas quando, observadas as circunstâncias do caso,
mencionada, o TRT concluiu que a reclamante foi contratada no verificar-se que a relação de trabalho apresenta uma ligação
Brasil e, ainda que em curtos períodos, prestou serviços neste país, substancialmente mais forte com outro ordenamento jurídico. Trata-
de modo a atrair a incidência da jurisdição interna. 6- Portanto, se da denominada "válvula de escape", segundo a qual impende ao
evidenciada a contratação de trabalhadora brasileira, no Brasil, para juiz, para fins de aplicação da legislação brasileira, a análise de
trabalhar em navios de cruzeiro cuja navegação ocorreu tanto em elementos tais como o local das etapas do recrutamento e da
águas nacionais quanto internacionais, revela-se inarredável a contratação e a ocorrência ou não de labor também em águas
competência da autoridade brasileira para processar e julgar a nacionais. 10 - Nos termos do art. 3º da Lei n° 7.064/1982, a
ação, nos termos do artigo 21, III, do CPC/2015, porquanto se trata, antinomia aparente de normas de direito privado voltadas à
conjuntamente, de um ato (contratação) e de um fato sucedidos aplicação do direito trabalhista deve ser resolvida pelo princípio da
(prestação de labor) neste país. Outrossim, robustece a incidência norma mais favorável, considerando o conjunto de princípios, regras
da jurisdição nacional na hipótese em exame a ratio do artigo 651, § e disposições que dizem respeito a cada matéria (teoria do
2º, da CLT que estende a competência das Varas do Trabalho para conglobamento mitigado). 11 - Não se ignora a importância das
julgar os dissídios ocorrido no exterior, desde que, como no caso, o normas de Direito Internacional oriundas da ONU e da OIT sobre os
empregado litigante tenha nacionalidade brasileira e não exista trabalhadores marítimos (a exemplo da Convenção das Nações
convenção internacional estabelecendo o contrário. 7- Quanto à Unidas sobre o Direito do Mar, ratificada pelo Brasil por meio do
legislação aplicável, ressalta-se inicialmente que a tese vinculante Decreto n° 4.361/2002, e da Convenção n° 186 da OIT sobre Direito
do STF no julgamento do RE 636.331/RJ (Repercussão Geral - Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil). Contudo, deve-se aplicar
Tema 2010) não trata de Direito do Trabalho, e sim de extravio de a legislação brasileira em observância a Teoria do Centro de
bagagem de passageiro: "Nos termos do art. 178 da Constituição da Gravidade e ao princípio da norma mais favorável, que norteiam a
República, as normas e os tratados internacionais limitadores da solução jurídica quanto há concorrência entre normas no Direito
responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, Internacional Privado, na área trabalhista. Doutrina. 12 - Cumpre
especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm registrar que o próprio texto da Convenção n° 186 da OIT sobre
prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". 8- A Direito Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil, esclarece que sua
jurisprudência majoritária do TST, quanto à hipótese de trabalhador edição levou em conta "o parágrafo 8º do Artigo 19 da Constituição
brasileiro contratado para desenvolver suas atividades em navios da Organização Internacional do Trabalho, que determina que, de
estrangeiros em percursos em águas nacionais e internacionais, é modo algum a adoção de qualquer Convenção ou Recomendação
de que nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 7.064/82, aos pela Conferência ou a ratificação de qualquer Convenção por
trabalhadores nacionais contratados no País ou transferidos do País qualquer Membro poderá afetar lei, decisão, costume ou acordo que
assegure condições mais favoráveis aos trabalhadores do que as parcelas incontroversas, decidiu pela aplicação da multa prevista
condições previstas pela Convenção ou Recomendação". 13 - Não pelo art. 477, § 8º, da CLT. No entanto, tal entendimento não deve
afronta o princípio da isonomia a aplicação da legislação brasileira ser mantido, uma vez que somente houve o reconhecimento das
mais favorável aos trabalhadores brasileiros e a aplicação de outra verbas devidas em juízo.
legislação aos trabalhadores estrangeiros no mesmo navio. Nesse Sendo assim, não há que se falar em pagamento de multa por
caso há diferenciação entre trabalhadores baseada em critérios atraso nas verbas rescisórias, pois o eventual reconhecimento
objetivos (regência legislativa distinta), e não discriminação fundada posterior de certos direitos, mediante decisão judicial, não
pessoais dos trabalhadores. 14- No caso, o TRT de origem, tendo Pleiteiam a improcedência da multa do art. 477 da CLT.
nacional, concluiu que a legislação aplicável é a brasileira. Assim, o Referida multa incide quando não houver a quitação das parcelas
acórdão regional revela-se em consonância com a iterativa, notória constantes do instrumento de rescisão nos prazos estipulados no
e atual jurisprudência deste Tribunal Superior. Incidência do art. art. 477, §6º da norma consolidada, o que é o caso dos autos.
896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST. 15- Recurso de Ademais, o entendimento do TST, através da súmula 462, é no
revista de que não se conhece" (ARR-1370-79.2015.5.09.0012, 6ª sentido de que, mesmo que a relação de emprego tenha sido
Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT reconhecida em juízo, não afasta a incidência da multa. Vejamos:
Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO
"CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa
CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida
EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA. Provado que o apenas quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora
reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para no pagamento das verbas rescisórias."
trabalhar como "assistente de garçom" em navios de cruzeiro, e que Reporto-me ainda aqui ao julgado do processo supra citado,
no período de 09 meses de contrato laborou por, pelo menos, 05 0001997-66.2017.507.00013, no qual o juiz a quo bem analisa que
meses em águas nacionais, na denominada "temporada brasileira "A multa do art. 477 da CLT é devida porque a reclamada não
de cruzeiros, correta a decisão que reconheceu a incidência da efetuou o pagamento das verbas rescisórias devidas no prazo legal,
legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a preferindo assumir o risco de ver reconhecida essa obrigação em
JEFFERSON QUESADO JUNIOR. Data de Julgamento: Com isso, nego provimento ao apelo das reclamadas a fim de
06/05/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: 13/05/2013). manter o decisum no tocante à condenação das empresas no
Ademais, o TAC firmado perante o MPT não possui forma pagamento da referida multa.
vinculante perante o Judiciário, posto que prevê condutas para os DANOS MORAIS POR EXIGÊNCIA DE EXAMES ADMISSIONAIS
signatários, com aplicação das penalidades ali consignadas. As reclamadas aduzem que o dano moral não resta configurado,
Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça alegando que a exigência de exames prévios visa a adoção de
Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. cautelas necessárias face à peculiaridade do trabalho que era
E ainda, a recorrente, em seu apelo, limitou-se a ignorar o conteúdo desenvolvido em alto mar. Ademais, a exigência de exames pré-
da sentença e a repetir o mesmo arrazoado já apresentado, contratação, por si só, não gera ofensa à honra ou a qualquer outro
aptos a afastarem as conclusões alçadas pelo juízo de origem, o Razão lhes assiste.
que atrai a conclusão de que a decisão atacada, por seu Restou incontroverso que as reclamadas exigem, na pré-
detalhamento e qualidade, deve ser confirmada por esta Egrégia contratação, exames de HIVe toxicológico dos trabalhadores.
Corte, em relação aos pedidos ora discutidos e supra relacionados. A reclamação alberga aspectos jurídicos de grande monta, de que é
MULTA ART. 477 DA CLT exemplo o pedido de indenização por danos morais por terem as
Argumentam as reclamadas em suas razões recursais: reclamadas exigido à autora a realização de exames de HIVe
"O MM. Juízo a quo, apesar de reconhecer a inexistência de toxicológico, antes de sua contratação, cujo reconhecimento
depende de provas robustas de que tal exigência tenha causado próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta
A exigência desses exames, por si só, não caracteriza conduta Incumbia às reclamadas demonstrarem que a reclamante ostenta
discriminatória das reclamadas, nem mesmo é capaz de causar condição econômica diversa, desiderato do qual não se
da obreira, em cruzeiros marítimos, ficando diversos dias em alto Desse modo, mantém-se os benefícios da Justiça Gratuita à parte
mar, sem acesso a serviços médicos especializados ou mesmo reclamante, tendo em vista que há nos autos declaração de pobreza
hospitais e remédios específicos. Não se desconhece que haja de próprio punho, Id 772dafd, presumindo-se a sua incapacidade
serviço médico a bordo do navio, mas o mesmo é restrito, em razão financeira (art. 790, § 4º da CLT c/c art. 99, § 3º do CPC).
de ser bastante limitado, posto desenvolvido, repita-se, em alto mar, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA
Assim, vislumbro que a exigência de exames prévios à admissão No tocante aos honorários sucumbenciais a cargo da reclamante,
visa à proteção dos empregados e de todos os passageiros do em que pese não haver pedido de exclusão da condenação no
navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia de segurança da recurso ordinário interposto pela obreira, o art. 85 do CPC impõe a
tripulação e dos passageiros. Ademais, a autora deixou o trabalho análise de referida matéria, posto que seus ditames são
não porque se sentiu violada em sua honra por conta dos exames obrigatórios, devendoo juiz fazer a fixação.
prévios. Muito pelo contrário, firmou dois contratos com as Ademais, referida obrigação é acessória da sentença e, por força
reclamadas, o que demonstra a sua satisfação. de lei e de decisão vinculante em ação direta de
Ante o acima exposto, a conduta das reclamadas não constitui ato inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de
ilícito passivo de indenização, não fazendo jus a reclamante ao ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.
pagamento de qualquer indenização por dano moral, pelo que deve Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2019, ou seja, após
ser reformada a sentença de origem, para excluir da condenação a a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença
indenização por danos morais face à exigência de exames. concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se
No que pertine à concessão dos benefícios da justiça gratuita à decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou
A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: Leis do Trabalho (CLT).
"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos A mencionada decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a 791-A, §4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e,
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive portanto, a regra celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência
quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário recíproca ao trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos se inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento
benefícios do Regime Geral de Previdência Social." de honorários em favor dos advogados das reclamadas, os quais
Assim, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do devem ser excluídos da condenação.
RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor, Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso da reclamante e
deve provar sua condição. dá-se parcial provimento ao apelo das reclamadas para excluir da
No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou condenação a indenização por danos morais.
com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de incompetência e, no
concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40% mérito, negar provimento ao recurso da reclamante e dar parcial
do limite máximo dos benefícios do RGPS. provimento ao recurso das reclamadas, para excluir da condenação
Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a a indenização por danos morais, determinando, ainda, de ofício, a
reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à exclusão da condenação da autora no pagamento de honorários em
gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de favor do advogado dos reclamados, com base na declaração de
hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
DISPOSITIVO EMENTA
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA.Provado que a
preliminar de incompetência e, no mérito, negar provimento ao reclamante foi recrutada no Brasil para trabalhar em navios de
recurso da reclamante e dar parcial provimento ao recurso das cruzeiro, e que no período do contrato laborou também em águas
reclamadas, para excluir da condenação a indenização por danos nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da
morais, determinando, ainda, de ofício, a exclusão da condenação legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a
reclamados, com base na declaração de inconstitucionalidade MULTA ART. 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres
proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas. rescisórios da autora não foram pagos no prazo legal, devida a
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores condenação das reclamadas no pagamento da multa respectiva.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA. A exigência de exames prévios
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) à admissão visa à proteção dos empregados e de todos os
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo passageiros do navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. de segurança da tripulação e dos passageiros, pelo que não
Fortaleza, 18 de julho de 2022. vislumbro ato ilícito que justifique a condenação em indenização por
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que
TST). Determina-se a expedição de ofício pela Secretaria da Vara Inicialmente, ressalto que, conforme citado no julgamento de
para habilitação da reclamante no programa do seguro desemprego primeiro grau, esta justiça especializada já vem se debruçando
relativo ao período de vínculo aqui reconhecido. Deverá a sobre a matéria/controvérsia contida nestes autos, e sempre, no
reclamante entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), meu entendimento, analisando-a de forma adequada e precisa.
no prazo de cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Acrescento, inclusive, mais um julgado, o processo de número
Feito isso, as reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às 0001997-66.2017.507.00013, de minha relatoria.
devidas anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 Segue abaixo relação de algumas demandas correlacionadas:
As empresas reclamadas MSC CRUISES S.A. e MSC CRUZEIROS JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS. ADICIONAL
reclamante foi contratada em embarcação estrangeira, devendo a "Ora, resta evidente que, no mínimo, a reclamante teria direito ao
competência ser declinada ao Panamá para apreciar eventuais percebimento das horas extras que extrapolassem a 8º (oitava) hora
violações ao contrato de internacional de trabalho. Salienta que as diária e a 44º (quadragésima quarta) hora semanal, eis que tal
legislações internacionais são mais benéficas à obreira do que a constatação decorre de fato incontroverso nos autos, inclusive
legislação brasileira e devem ser as regentes do contrato de reconhecida pelo insigne juiz, não exigindo, assim, a produção de
trabalho. Aduzem que os contratos de trabalho internacionais prova a respeito que ocorria o habitual registro de jornada superior à
firmados com demandante devem ser reconhecidos como de prazo oitava diária, razão pela qual a autora faz jus ao pagamento das
empregatício e improcedência total dos pedidos. Portanto, é devido o pagamento das horas extras que extrapolarem
A autora em sua peça recursal, ID f5ca0ed, persegue o deferimento a 8º (oitava) hora diária e a 44º (quadragésima quarta) hora
horas extras, adicional noturno e intervalo interjornada; indenização semanal sendo que as horas prestadas em períodos de domingos e
por danos existenciais; majoração dos danos morais; feriados devem ser pagas em dobro, bem como deve haver o
imprescritibilidade do reconhecimento de vinculo e majoração dos pagamento dos intervalos interjornada suprimidos e do valores
Contrarrazões da reclamante, ID. d8dca21, e das reclamadas, ID. correspondentes, na forma requerida na peça exordial."
Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para "Lado outro, as acionadas impugnaram a jornada da inicial e
emissão de parecer. apresentaram cartões de ponto que afastam o horário narrado pela
Pág. 1.
I - ADMISSIBILIDADE Por não ter a autora ultrapassado o seu ônus da prova, julgo
Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço improcedente o pedido de horas extras e adicional, bem como, seus
O labor noturno não foi demonstrado em diversas folhas de ponto Por outro lado, a responsabilidade civil do empregador pela
como a de ID. 203020f - Pág. 8. Julgo improcedente o pedido de indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença de
pagamento de adicional noturno." três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o
Corroboro com o entendimento exposto pelo juízo a quo, e ainda o dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo
reforço no sentido de que a própria autora se manifesta de forma empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo
Em sua manifestação, ID. 018befa, defende a reclamante que "os Sem a comprovação desses requisitos, não há como se reconhecer
realidade dos fatos, o que restará comprovado a partir da oitiva das No presente caso, não restou demonstrado o abalo sofrido pela
testemunhas" e em seu apelo, conforme relatado acima, requer a autora, nem a prática de ato ilícito por parte da empresa
Diante do exposto, e com base no conjunto probatório juntado aos prolatada em conformidade com o conjunto probatório produzido
autora laborava em jornada de trabalho extenuante, com mínimos "Conforme comprovado nos autos, a reclamante exerceu labor em
intervalos para descanso e alimentação, e sem direito a folgas, favor das empresas reclamadas de 27/07/2013 até 09/06/2019,
trabalhando em todos os dias do contrato de trabalho. tendo o juiz a quo se manifestado apenas sobre o período laborado
Importante ressaltar que, no presente caso, não se trata da prática de 10/12/2017 a 09/06/2019.
de sobrelabor dentro dos limites da tolerância, nem se trata de uma Entretanto, a despeito de ter aplicado a prescrição as verbas
conduta isolada da empregadora, mas sim de conduta reiterada em referentes a período de tempo anterior a 09/06/2014, esta não deve
que a parte reclamante trabalhou diariamente com jornada ser aplicada no que tange ao reconhecimento do vínculo
extenuante e sem direito a folgas, trabalhando durante todo o empregatício, visto que o pleito declaratório não se submete ao
O juízo a quo, assim decidiu sobre este pedido: Pede que seja declarado o vínculo empregatício entre a autora e as
"O dano existencial nas relações laborais ocorre quando o reclamadas durante todo o período trabalhado (27/07/2013 a
trabalho em razão de condutas ilícitas, por parte do empregador, Assim entendeu o juízo a quo:
impossibilitando-o de estabelecer a prática de um conjunto de "Segundo a reclamante, sem contestação da das demandadas, os
atividades culturais, sociais, recreativas, esportivas, afetivas, prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os
familiares, etc., ou de desenvolver seus projetos de vida nos seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até
âmbitos profissional, social e pessoal. Ocorre que não foi 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;
devidamente comprovada essa limitação em sua vida.Pelas fotos 07/11/2018 até 09/06/2019.
juntadas aos autos é possível constar uma situação distinta da A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,
narrada. Não houve comprovação da jornada narrada pela tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois
trabalhadora, afastando a tese autoral. Julgo improcedente." períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta
O MM. juízo "a quo" analisou corretamente o pleito, bem apreciou a reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao
prova produzida nos autos, apresentando suas razões de forma primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.
clara e convincente, com isso, no que pertine ao indeferimento da Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo
indenização por danos existenciais não comporta reforma o julgado empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os
A condenação em danos morais decorre da comprovação de que o Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito
obreiro, efetivamente, tenha sofrido qualquer abalo em sua honra, de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de
dignidade, personalidade, ou integridade psíquica. admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já
observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do E 5º, XXXVI, CF/88.
Restou incontroverso nos autos que a reclamante trabalhou para as EMPRESAS ESTRANGEIRAS QUE CONTRATEM BRASILEIROS
reclamadas nos períodos de 27/07/2013 a 26/04/2014, 10/12/2017 a PARA TRABALHAR NO EXTERIOR À LUZ DA LEI 7.064/82.
10/07/2018. Ou seja, não houve prestação de serviços ininterrupta DA AUTONOMIA SINDICAL (ART. 8º, III, CF/88).
no interstício entre o final do primeiro contrato (26/04/2014) e o RECONHECIMENTO DOS ACORDOS COLETIVOS DE
início do segundo (10/12/2017), decorrendo mais de 03 anos entre TRABALHO: ART. 7º, XXVI, CF/88. PREVALÊNCIA DO
os dois períodos sem a prestação de serviço pela autora, estando NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO: ART. 611-A, CLT.
correto o decisum que não reconheceu a unicidade contratual entre DA ALEGADA UNICIDADE CONTRATUAL. CONTRATOS POR
o primeiro e segundo contratos e declarando a prescrição bienal dos PRAZO DETERMINADO. PRESCRIÇÃO BIENAL.
Pleiteia o patrono da reclamante a majoração do percentual de PARCELAS PAGAS NOS CONTRACHEQUES DO RECLAMANTE.
O art. 791-A, da CLT é bem claro em seus parâmetros para INDEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA
patrono da demandante no percentual de 10%, nos termos do art. Suscitam as reclamadas que "a Autora firmou contrato de trabalho
Entendo como razoável o percentual reconhecido. Nada a alterar sendo certo, ainda, que competência da Justiça do Trabalho deve
RECURSO DAS RECLAMADAS serviços, a autoridade judiciária brasileira não detém jurisdição para
Já as empresas recorrentes, pautam seu recurso basicamente sob apreciar e julgar esta demanda".
um aspecto, o questionamento em relação à inaplicabilidade da Entretanto a contratação efetiva da reclamante ocorreu no Brasil, o
legislação brasileira ao caso. Seguem in verbis, os tópicos que atrai a competência da jurisdição brasileira para processar e
DA AUSÊNCIA DE JURISDIÇÃO DAS AUTORIDADES Não é porque as etapas iniciais da admissão ocorreram via internet
BRASILEIRAS. que podemos afirmar que a contratação ocorreu fora dos limites
INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. RESOLUÇÃO territoriais do Brasil, visto que inexiste comprovação de ter a obreira
71/2006 DO CONSELHO NACIONAL DE IMIGRAÇÃO: ART. 8º, realizado tais etapas em território estrangeiro. O fato modificativo foi
CAPUT. INTERPRETAÇÃO A CONTRARIO SENSU. apresentado pelas demandadas, atraindo, assim, o ônus da prova
DO CÓDIGO DE BUSTAMENTE (ARTS. 274, 279 E 281). NORMA contrato mantido entre o reclamante e as reclamadas, a fixação da
RATIFICADA PELO BRASIL. VIOLAÇÃO MANIFESTA. competência brasileira é mandatória, nos termos do CPC (art. 21,
DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO c/c parágrafo único), considerando que a 1ª reclamada é uma
APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DO ART. 8º DA CLT. As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas
APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como,
DA NÃO DISCRIMINAÇÃO ENTRE OS TRABALHADORES. conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo
CONVENÇÕES Nº 97 E 111 DA OIT. econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui
APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS TAC´S FIRMADOS COM O estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. EFICÁCIA VINCULANTE como exemplo o documento de ID. ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c -
DA TRANSAÇÃO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. Pág. 2. Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.
AFRONTA AO ARTS. 840 DO CÓDIGO CIVIL, 5º, §6º, LEI 7.347/85 O entendimento jurisprudencial pacificado no Colendo Tribunal
Superior do Trabalho é no mesmo sentido: semelhantes ajuizados contra as reclamadas assim vem decidindo :
"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. RECURSO "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE
3. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DECISÃO reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,
DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. A jurisprudência trabalhista, para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de
sensível ao processo de globalização da economia e de avanço das cruzeiro, e que no período de 09 meses de contrato laborou
empresas brasileiras para novos mercados no exterior, passou a por, pelo menos, 05 meses em águas nacionais, na
perceber a insuficiência e inadequação do critério normativo denominada "temporada brasileira de cruzeiros, correta a
inserido na antiga Súmula 207 do TST (lex loci executionis) para decisão que reconheceu a incidência da legislação brasileira e
regulação dos fatos congêneres multiplicados nas duas últimas a competência desta Justiça para apreciar a demanda". (TRT 7ª
décadas. Nesse contexto, já vinha ajustando sua dinâmica Região - proc. 0000358-77.2012.5.07.0016 - Rel. Des. Jefferson
interpretativa, de modo a atenuar o rigor da velha Súmula 207/TST, Quesado Júnior DEJT 13/05/2013).
restringido sua incidência, ao mesmo tempo em que passou a "I - DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS
alargar as hipóteses de aplicação das regras da Lei n. 7.064/1982. RECLAMADAS. DO TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO
Assim, vinha considerando que o critério da lex loci executionis ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. À
(Súmula 207) - até o advento da Lei n. 11.962/2009 - somente luz do princípio da boa-fé objetiva, a teor do disposto nos
prevalecia nos casos em que foi o trabalhador contratado no Brasil artigos 427 e 435 do Código Civil, conclui-se que o período pré-
para laborar especificamente no exterior, fora do segmento contratual produz efeitos jurídicos, tendo este juízo a
empresarial referido no texto primitivo da Lei n. 7064/82. Ou seja, convicção de que o início das tratativas (pré-contratação) do
contratado para laborar imediatamente no exterior, sem ter trabalho ocorreu no Brasil, em Fortaleza, no Estado do Ceará,
trabalhado no Brasil. Tratando-se, porém, de trabalhador contratado com empregada brasileira. No caso em apreço, verifica-se que
no País, que aqui tenha laborado para seu empregador, sofrendo a 17ª Alteração e Consolidação do Contrato Social da 1ª
subsequente remoção para país estrangeiro, já não estaria mais reclamada, MSC CROCIERE estabelece que as empresas MSC
submetido ao critério normativo da Convenção de Havana (Súmula CROCIERE S/A e MSC MEDITERRANEAN MSC CRUZEIROS DO
207), por já ter incorporado em seu patrimônio jurídico a proteção BRASIL LTDA são sócias titulares da totalidade do Capital
normativa da ordem jurídica trabalhista brasileira. Em consequência, Social da MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. Com efeito, a
seu contrato no exterior seria regido pelo critério da norma jurídica segunda reclamada, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, tem
mais favorável brasileira ou do país estrangeiro, respeitado o sede no Brasil, na Av. Ibirapuera nº 2.332, 6º andar, Torre II, na
conjunto de normas em relação a cada matéria. Mais firme ainda Cidade e Estado de São Paulo, caindo por terra a alegação de
ficou essa interpretação após o cancelamento da velha Súmula que a contratação ocorrera no estrangeiro. Iniludível, portanto,
207/TST. No caso concreto, ficou evidenciado que o Reclamante foi que a contratação ocorreu em solo pátrio. Demais disto, restara
contratado no Brasil e que parte do tempo de duração do contrato inconteste nos autos que a empresa ROSA DOS VENTOS
de trabalho desenvolveu-se em águas territoriais brasileiras. Não há seleciona brasileiros para um contrato internacional com a
como assegurar o processamento do recurso de revista quando o MSC Cruzeiros, que trabalha com navios de passageiros na
agravo de instrumento interposto não desconstitui os termos da costa do Brasil; e, para que possa navegar normalmente, é
decisão denegatória, que subsiste por seus próprios fundamentos. exigido, por parte das autoridades do Brasil, um limite mínimo
Agravo de instrumento desprovido. B) RECURSO DE REVISTA de 25% de tripulantes brasileiros). Presuntivamente, infere-se
ADESIVO DO RECLAMANTE. Em face da não admissibilidade do que a principal importância da mão de obra de brasileiros se dá
apelo principal, fica prejudicado o exame do recurso de revista na temporada brasileira, que, como se sabe, dura, em média,
adesivo interposto pelo Reclamante (500 do CPC). Recurso de cinco meses. Como o contrato teve duração de apenas quatro
revista cuja análise fica prejudicada". (TST AIRR-1789- meses (de 07/08/2012 a 07/12/2012), tem-se que a parte
04.2011.5.02.0443 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, contratada o cumpriu por inteiro na temporada brasileira. A
Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma, Data de Publicação: teor das informações supra, bem como do Termo de
O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região em processos Ministério Público do Trabalho e a empresa MSC Cruzeiros do
Brasil), vislumbra-se, no caso em espécie, que o labor fora presente caso, o que se faz com fundamento nos artigos 651 da
contratado para ser prestado em embarcação privada CLT, 9º e 12 da Lei de Introdução ao Código Civil, e arts. 88 e 89
estrangeira, em águas brasileiras e internacionais, e neste caso do Código de Processo Civil, e Súmula 207/TST, e o que mais
aplicável a legislação brasileira enquanto ocorresse em águas consta dos autos. (...)". (TRT 7a. Região - proc. 0001046-
nacionais. O critério da territorialidade ou da Lex Loci 74.2014.5.07.0014 - Rel. Desª. Regina Gláucia Cavalcante
Internacional Privado de Havana, ratificada pelo Brasil (Código As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas
Bustamante, de 1928), posicionamento este expressamente provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como,
inserido na jurisprudência brasileira, por meio da Súmula 207 conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo
editada pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, a qual econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui
estabelecia o seguinte, até ser cancelada pela Resolução TST estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos
nº 181, de 16.04.2012: "A relação jurídica trabalhista é regida como exemplo o documento de ID ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c -
aquelas do local da contratação." Assim é que, amiúde, as Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.
relações empregatícias marítimas submetem-se a diretriz Ultrapassada a cizânia da competência, a legislação a ser aplicada
própria, regendo-se pela lei do Pavilhão do navio, que tende a deve ser averiguada e deliberada em sede de mérito propriamente
ser, normalmente, a do país de domicílio do dito, aplicando-se as técnicas de direito internacional privado.
armador/empregador. O Direito do Trabalho brasileiro possui Portando afasto as demais preliminares que dizem respeito, tão
diploma específico em matéria de regência das relações somente, às normas que devem aqui reger a matéria.
transferidos pela empresa para prestação de serviços no A reclamada aponta a prescrição quinquenal da pretensão autoral.
exterior. Trata-se da Lei n. 7.064 /82, que "regula a situação de Cabe esclarecer que prescrita a verba principal o pleito acessório
trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus não poderá mais ser pleiteado, portanto, nos pedidos de FGTS
empregadores para prestar serviço no exterior". A par de fixar acessórios (repercussão das diferenças salariais eventualmente
alguns direitos trabalhistas específicos (art. 3º, I), o précitado reconhecidas), não haverá a aplicação da modulação estabelecida
Diploma Legal estabelece critério distintivo no que se refere na súmula 362 do TST (súmula 206 do TST).
àaplicação normativa nos contratos cumpridos no exterior no No que pertine à prescrição do FGTS como pedido principal,
segmento empresarial que menciona - admitindo, em certos consoante decidido no ARE 709212, pelo E. STF, deve ser aplicada
aspectos, a aplicação da lei brasileira ou da lei territorial ao caso a modulação prevista para o curso prescricional já em
estrangeira, em exceção, portanto, ao princípio geral da curso, quando da prolação daquele julgado (em 13/11/2014).
territorialidade. Em assim, dispõe a referida Norma ser direito Desse modo e aplicando o entendimento firmado no inciso II, da
do empregado regido por suas normas a aplicação da súmula nº 362, do C. TST, tem-se que o prazo prescricional das
legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não pretensões do FGTS (pedido principal) será o que se consumar
for incompatível com o disposto na sobredita Lei n. 6.064/82, primeiro: trinta anos, contados do termo inicial (07/2013 caso exista
quando mais favorável do que a legislação territorial unicidade contratual), ou cinco anos, a partir de 13/11/2014.
estrangeira, no conjunto de normas em relação a cada matéria, Logo, não há prescrição a ser alegada para o pedido de FGTS,
conforme o Inciso II do artigo 3º. O critério da territorialidade sendo esse o pedido principal.
deixara de ser aplicado às transferências de trabalhadores Considerando que a presente demanda foi interposta em
contratados ou transferidos para fins de prestação de serviços 11/11/2019, prescritas encontram-se as parcelas anteriores a
no estrangeiro, pois que tais contratos passam a se submeter à 11/11/2014, devendo as mesmas, salvo com relação ao FGTS
legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não (pedido principal), serem extintas com resolução de mérito, nos
for incompatível com o disposto na Lei n. 7.064/82, quando termos do art. 487, II, CPC.
mais favorável do que a legislação territorial estrangeira, Considerando que a reclamante afirma a vigência de contrato único,
observado o conjunto de normas em relação a cada matéria, relego a apreciação da questão da prescrição bienal da ação para
conforme a dicção do Inciso II, do artigo 3º, da Lei n. 7.064/82. após a análise meritória pertinente a tal ponto. Isto porque, não há
Em assim, a legislação brasileira é a única aplicável ao como este Juízo decidir pela aplicação da prescrição bienal sem
antes definir se o contrato vigeu ininterruptamente por prazo atinente ao conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a
indeterminado ou se tratam-se de diversos contratos diferenciados. aplicação da legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo
DA LEGISLAÇÃO APLICADA AO CASO à parte que a invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB).
O Código de Bustamante (Convenção de Havana, 1928), que foi A competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB
internalizado no Brasil, pelo Decreto 5.647, em 8.1.1929, e e 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT
promulgado pelo Decreto 18.871, de 13.8.1929, determina a adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC.
aplicação da lei territorial sobre acidente do trabalho e proteção Incontroverso que a empresa estrangeira com a qual a autora
social do trabalhador (princípio da lex loci execucionis). Esse firmou o contrato de trabalho (MSC Crociere SA) é sócia-
princípio está insculpido no art. 198 do mencionado diploma de proprietária da segunda reclamada, a MSC Cruzeiros do Brasil,
direito internacional: "Art. 198. Também é territorial a legislação essa estabelecida em território brasileiro, pelo que é tida como sua
sobre acidentes do trabalho e proteção social do trabalhador". Tal agência ou filial,atraindo a incidência do parágrafo segundo do art.
princípio, assim, constitui exceção à regra instituída posteriormente, 651, da CLT.Portanto, a presente lide se submete à jurisdição
na LINDB, cujo art. 9º estabelece como norma a aplicação do país nacional. Com relação à legislação a ser adotada, aplicação as
em que a obrigação se constituiu: "Art. 9º Para qualificar e reger as disposições do art.1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso
obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem". II, Lei nº 7.064/82,outrossim, o conflito de direito internacional
Diante desse caso, prevaleceu a tese de que deveria ser aplicado o privado no tocante à escolha da norma trabalhista a ser aplicada,
disposto no Código de Bustamante, por se tratar de norma especial. resolve-se pelo princípio da norma mais favorável, consideradas,
A partir da premissa supra o TST cancelou a súmula 207 e a própria instituto, adotando-se a teoria do conglobamento mitigado,
legislação passou a assim dispor. Nos termos do art. 3º, inciso II, da destacando-se, no caso, a legislação brasileira. Recurso das
Lei nº 7.064/82 (dispõe sobre a situação de trabalhadores reclamadas parcialmente conhecido e provido. Recurso da
contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior): "a reclamante conhecido e parcialmente provido. (TRT-7 - RO:
aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo 00010902020145070006,Relator: MARIA ROSELI MENDES
que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais ALENCAR, Data de Julgamento: 17/08/2016, Data de Publicação:
Aqui estamos diante da teoria do conglobamento mitigada onde a TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO ESTRANGEIRO.
norma mais favorável deve ser buscada por meio da comparação COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há que se
das diversas regras sobre cada instituto ou matéria, respeitando-se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre o
o critério de especialização. O que realmente devemos observar, contato mantido pelo autor, e a legislação aplicável a este mesmo
então, não seria o inteiro diploma legal, mas, sim, cada matéria ou contrato de trabalho. Isso porque a competência jurisdicional não
Pois bem, sendo a tese de defesa a utilização de norma distinta da confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é relativa à
estabelecido em nosso ordenamento jurídico, compete às competência territorial; a segunda, de direito material, é atinente ao
acionadas a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a aplicação da
Ocorre que não foram apresentadas as leis do locais onde legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo à parte que a
efetivamente ocorreram a prestação de serviço. invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). A
CRUZEIRO MARÍTIMO. TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT
ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC.
que se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre Portanto, a presente lide se submete à jurisdição nacional. Em
o contato mantido pela autora, e a legislação aplicável a este relação à legislação a ser adotada, aplica-se as disposições do art.
mesmo contrato de trabalho. Isso porque a competência 1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso II, Lei nº 7.064/82,
jurisdicional não exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões outrossim, o conflito de direito internacional privado no tocante à
não são confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é escolha da norma trabalhista a ser aplicada, resolve-se pelo
relativa à competência territorial; a segunda, de direito material, é princípio da norma mais favorável, consideradas, em conjunto, as
disposições reguladoras de cada matéria ou instituto, adotando-se não podendo existir a contratação e dispensa de trabalhadores a
a teoria do conglobamento mitigado, destacando-se, no caso, a depender dos pacotes de viagens firmados pelo empregador. O
legislação brasileira. Recurso das reclamadas não provido. (TRT-7 - risco do negócio é do empregador e deve suportar as disposições
RO: 00009119820145070002, Relator: MARIA ROSELI MENDES de proteção do trabalho, independentemente de lucros, nos termos
Logo, estabeleço a legislação brasileira para reger o caso sub por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6
A reclamante requer a declaração de nulidade dos supostos Reconheço, então, a regra geral, ou seja, contrato por prazo
prazo indeterminado de um único contrato. Segundo a reclamante, sem contestação das demandadas, os
Apesar de ser do conhecimento da autora, no momento de sua prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os
contratação, ser o contrato de trabalho por prazo determinado, a seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até
atividade empresarial das reclamadas não se encaixam nas 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;
disposições do art. 443 da CLT e lei 6.019/74 (redação à época). 07/11/2018 até 09/06/2019.
POR PRAZO DETERMINADO. AUSÊNCIA DE contrato de trabalho, em casos em que o lapso temporal entre a
TRANSITORIEDADE DO SERVIÇO. RECONHECIMENTO DE demissão e a readmissão, pela mesma empresa, é exíguo. Diante
DISPENSAS IMOTIVADAS NOS SUCESSIVOS PACTOS da omissão legislativa, considera-se fraudulenta a rescisão seguida
contratual à luz do § 1º do art. 443 da CLT, considerou que a quando ocorrida dentro dos noventa dias subsequentes à data em
atividade empresarial não ostenta caráter transitório, razão pela que formalmente a rescisão se operou, nos termos da portaria 384
qual concluiu que o contrato de trabalho do Autor não detinha prazo do MTE.
determinado, já que não dependia de termo prefixado para A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,
execução de serviços específicos, tampouco da realização de tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois
acontecimento certo e suscetível de previsão aproximada. períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta
Consignou, neste sentido, que o fato das embarcações das reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao
reclamadas somente navegarem na costa brasileira em alguns primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.
períodos do ano não demonstravam a transitoriedade de suas Com relação aos dois últimos contratos, sem qualquer cabimento a
atividades, até porque navegavam por águas internacionais nos tese de defesa. A tese do exercício da atividade empresarial por
demais períodos do ano. A conclusão adotada funda-se, pois, na temporada já foi devidamente ultrapassada nas linhas anteriores.
interpretação da ausência de transitoriedade das atividades das O prazo entre os contratos não é desproporcional, conforme as
reclamadas, o que não permite divisar ofensa literal aos artigos 443 normas aqui apresentadas como fundamento.
e 452 da CLT. O artigo 2º da Lei 6.019/74, que conceitua o trabalho Ademais, o obreiro é o hipossuficiente entre as partes que
temporário, não guarda pertinência temática com a controvérsia, celebraram os contratos de trabalho e, por vezes, tem que realizar
restando ileso. O recurso de revista igualmente não se credencia a formalidades requeridas pelos empregadores para não ser
transcritos revelam-se inespecíficos, atraindo a disciplina da Súmula Em respeito ao princípio da continuidade da relação de emprego
296, I, do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST - RR: (súmula 212 do TST), não há como visualizar que seu interesse na
102851920165090001, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data contratação era realmente o contrato por prazo estipulado.
de Julgamento: 04/09/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT A assinatura de qualquer contrato com cláusulas nesse sentido
A atividade empresarial das reclamadas ocorre durante todo o ano, civil, conforme reza o art. 157: "Ocorre a lesão quando uma pessoa,
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a Vejamos a tese fixada e publicada no Informativo 157 do TST:
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação Incidente de Recursos de Revista Repetitivos. "Tema nº 0001 -
O procedimento realizado pelas demandadas caracteriza-se como Criminais". A SBDI-I, por maioria, definiu as seguintes teses
fraudulento, não só em razão do fracionamento do vínculo de jurídicas para o Tema Repetitivo nº 0001 - DANO MORAL.
emprego, mas também em decorrência da diminuição de recursos EXIGÊNCIA DE CERTIDÃO NEGATIVA DE ANTECEDENTES
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o que determina CRIMINAIS: I. Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência
correspondente redução de importâncias a serem aplicadas na de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego
construção de habitações populares, obras de saneamento urbano quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em
e infraestrutura (portaria 384 do MTE). razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial
Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo de fidúcia exigido; II. A exigência de Certidão de Antecedentes
empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os Criminais de candidato a emprego é legítima e não caracteriza
dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 - lesão moral quando amparada em expressa previsão legal ou
Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito justificar-se em razão da natureza do ofício ou do grau especial de
de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de fidúcia exigido, a exemplo de empregados domésticos, cuidadores
admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já de menores, idosos ou deficientes (em creches, asilos ou
observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do instituições afins), motoristas rodoviários de carga, empregados que
TST - matéria de ordem pública). Para tanto, deverá a reclamante laboram no setor da agroindústria no manejo de ferramentas de
entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), no prazo de trabalho perfurocortantes, bancários e afins, trabalhadores que
cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Feito isso, as atuam com substâncias tóxicas, entorpecentes e armas,
reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às devidas trabalhadores que atuam com informações sigilosas; III. A exigência
anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 até o de Certidão de Antecedentes Criminais, quando ausente uma das
limite de dois salários mínimos revertida à parte autora, devendo justificativas de que trata o item II, supra, caracteriza dano moral in
então a Secretaria proceder às devidas anotações na CTPS (art. 39, re ipsa, passível de indenização, independentemente de o
parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e 537 do CPC, candidato ao emprego ter ou não sido admitido. Vencidos,
aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá noticiar o parcialmente, no item I, os Ministros João Oreste Dalazen,
descumprimento,em até 30 dias do Trânsito em julgado, sob pena Emmanoel Pereira e Guilherme Augusto Caputo Bastos; e, no item
de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer. II, os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, Aloysio
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELA EXIGÊNCIA DE Brandão. Quanto ao item III, restaram vencidos, parcialmente, os
A Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) Augusto Bastos e, totalmente, os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga,
decidiu, por maioria, que a exigência de certidão negativa de Renato de Lacerda Paiva e Ives Gandra Martins Filho. TST-IRR-
antecedentes criminais caracteriza dano moral passível de 243000- 58.2013.5.13.0023, SBDI-1, rel. Min. Augusto César Leite
indenização quando caracterizar tratamento discriminatório ou não de Carvalho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 20.4.2017.
se justificar em situações específicas. A exigência é considerada A atividade empresária das acionadas não consta no rol
legítima, no entanto, em atividades que envolvam, entre outros exemplificativo estabelecido pelo TST ao julgar o Incidente de
aspectos, o cuidado com idosos, crianças e incapazes, o manejo de Recursos de Revista Repetitivos (Tema nº 0001). As atividades
armas ou substâncias entorpecentes, o acesso a informações exercidas, aos olhos deste Julgador, não apresentam
Quarta Turma do TST à SDI-1, dentro da sistemática de recursos As testemunhas das provas emprestadas (ID. d7d9469 - Pág. 2 e
repetitivos, para a fixação de tese jurídica sobre as situações que ID. ad03e34 - Pág. 3) e os documentos juntados comprovam a
exigência do documento como condição indispensável para a O dano moral é (pela força in reipsa dos próprios fatos) conforme
O tarifamento do dano moral não se aplica ao caso. limites materiais do direito de retorção, diante da miríade de
A lei 13.467/2017 não foi o primeiro diploma legal a determinar a veiculados pela mídia em seus vários aspectos".
tarifação dos danos morais, por exemplo, citamos a lei 5250/67 (lei Ou seja, o legislador não tem como prever todas hipóteses de
de imprensa). A jurisprudência à época já havia pronunciado-se em danos morais, ferindo a proporcionalidade estabelecida pela nossa
favor da não recepção dessa tarifação do dano moral. Vejamos a Carta Política.
súmula 281, do STJ "a indenização por dano moral não está sujeita Podemos observar isso no Art. 223-G, §1º, da CLT. O legislador
à tarifação prevista na Lei de Imprensa" pretendeu em somente quatro incisos apresentar todas as
Houve pronunciamento expresso, ainda, do STF, através da ADPF gravidades possíveis de danos morais. Imaginemos que a
130/09, no sentido desta lei não ter sido recepcionada pela gravidade da conduta seja bem simples, todavia, o primeiro grau de
Constituição Federal de 1988. Uma das questões abordadas pelos ali estabelecido teria como indenização o valor de, no mínimo, R$
Ministros do Pretório Excelso foi a tarifação por danos morais, que 2.994,00 (observando o salário mínimo em 2019).
era prevista nos artigos 51 e 52 da lei em exame. Desse modo, fatos distintos poderiam ter como penalidade a
De acordo com a maior Corte deste País, qualquer tentativa de mesma indenização.
tarifação ou restrição à reparação por danos morais, prevista em lei Além dos argumentos apresentados na ADF 130/09, o "Caput" do
ordinária, padeceria de inconstitucionalidade, por ofender o disposto art 5º da CF/88 também entra em choque em face dos parâmetros
na ementa:"estaríamos interpretando a Constituição no rumo da lei Esclareço. Dois acidentes que, por exemplo, tenham como
ordinária, quando é de sabença comum que as leis devem ser consequência a perda de um mesmo membro teriam indenizações
Para melhor entendermos a afirmação supra, as palavras do Estamos aqui diante da quebra de isonomia interna.
Ministro Ricardo Lewandowski, ao acompanhar o voto do Ministro Imaginemos agora que um empregador realize um mesmo ato
Celso de Mello, relator da ADPF 130/09: capaz de gerar danos morais em face de duas pessoas distintas,
"o princípio da proporcionalidade, tal como explicitado no referido um sendo seu empregado e outro um terceiro sem qualquer vínculo
dispositivo constitucional, somente pode materializar-se em face de empregatício. Pela interpretação literal da reforma trabalhista, a
um caso concreto. Quer dizer, não enseja uma disciplina legal indenização deferida pelo Juiz do trabalho não seguirá os mesmos
apriorística, que leve em conta modelos abstratos de conduta, visto parâmetros de outros Juízos. Agora podemos observar a quebra de
dinâmica e multifacetada, em constante evolução. Acredito que houve um equívoco técnico do legislador
"Já, a indenização por dano moral - depois de uma certa infraconstitucional, pois, a Medida Provisória (MP) 808/2017,
perplexidade inicial por parte dos magistrados - vem sendo publicada em 14/11/2017, tentou abrandar os problemas aqui
normalmente fixada pelos juízes e tribunais, sem quaisquer apresentados, todavia só solucionou, temporariamente, a quebra de
exageros, aliás, com muita parcimônia, tendo em vista os princípios isonomia interna, estabelecendo o valor do limite máximo dos
da equidade e da razoabilidade, além de outros critérios como o da benefícios do Regime Geral de Previdência Social em vez do salário
posição profissional e social do ofendido; e a condição financeira do Por todo o exposto, julgo procedente a indenização por danos
ofendido e do ofensor. Tais decisões, de resto, podem ser sempre morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00, declarando
submetidas ao crivo do sistema recursal. Esta Suprema Corte, no inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma incidenter
não foram recepcionados pela Constituição, com o que afastou a Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado
possibilidade do estabelecimento de qualquer tarifação, com a reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a
confirmando, nesse aspecto, a Súmula 281 do Superior Tribunal de competência da Justiça do Trabalho.
"Em outras palavras, penso que não se mostra possível ao contratada no Brasil, o que foi confirmado pelas reclamadas.
legislador ordinário graduar de antemão, de forma minudente, os Conforme já bem analisado na sentença, a jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo que o conflito de leis posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e os
no espaço se resolve pela aplicação da legislação brasileira. Senão, detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível
confira-se mais este julgado: embarcar' ( f l . 573)." Nesse contexto, para se chegar à conclusão
"EMENTA: I- AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. diversa da adotada no acórdão regional, de modo a perquirir a
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI ausência de um ou alguns dos requisitos da relação de emprego e
NOS 13.015/2014 E 13.467/2017. VIGÊNCIA DA IN Nº 40/TST rechaçar a tese de reconhecimento de vínculo empregatício, seria
PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO. NEGATIVA DE necessário reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL 1- Não houve, no recurso de instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126 do TST. 4-
revista, a transcrição dos trechos do acórdão de embargos de No tocante à constatação de grupo econômico, o TRT, com amparo
declaração opostos no TRT. Assim, a parte não demonstra que no conjunto fático probatório, notadamente nas provas testemunhal
instou a Corte regional a se manifestar sobre a alegada nulidade, e documental (contratos sociais), assentou que a Ibero Cruzeiros
sendo inviável o confronto analítico com a fundamentação jurídica Ltda. estava sob controle e direção das demais reclamadas, com
invocada pela parte. Decisão da SBDI-1 na Sessão de 16/03/2017 nítidas ingerência e afinidade socioeconômica entre elas. No ponto,
(E-RR-1522-62.2013.5.15.0067) e da Sexta Turma na Sessão de a Corte Regional registrou que "não subsiste a alegação de que o
05/04/2017 (RR-927-58.2014.5.17.0007). Logo, não atendidas as recorrido apenas comercializava a venda de pacotes turísticos
exigências do art. 896, § 1º-A, I e III, da CLT. 2- O entendimento relativos à embarcação. Isso porque a testemunha ouvida nos autos
jurisprudencial foi positivado na Lei nº 13.467/2017 que inseriu o afirma que foram contratadas pela Ibero Cruzeiros sendo que '
inciso IV no art. 896, § 1º-A, segundo o qual é ônus da parte, sob todos os contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam
pena de não conhecimento: "transcrever na peça recursal, no caso uniforme e p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a
de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de Ibero posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e
prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que os detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível
foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no embarcar' ( f l . 573)." Ademais, do exame do contrato social da
recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os Ibero Cruzeiros Ltda., concluiu-se que um de seus núcleos de
embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da atuação é "atividade armatorial, através da realização de cruzeiro
ocorrência da omissão". 3- A Sexta Turma evoluiu para o marítimos". Nesses aspectos, para se chegar à conclusão diversa
entendimento de que, uma vez não atendidas as exigências da Lei da exposta pelo Tribunal Regional, seria necessário reexame de
nº 13.015/2014, fica prejudicada a análise da transcendência. 4- fatos e provas, a fim de constatar a ausência de controle e de
Agravo de instrumento a que se nega provimento. RELAÇÃO DE direção da Ibero Cruzeiros Ltda. pelas demais reclamadas, o que é
EMPREGO. RECONHECIMENTO. GRUPO ECONÔMICO 1- vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126
Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 2- Deve ser desta Corte. 5- Agravo de instrumento a que se nega provimento.
reconhecida a transcendência na forma autorizada pelo art. 896-A, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 1- Atendidos os requisitos do art.
§ 1º, parte final, da CLT (crit é rio " e outros " ) quando se mostra 896, § 1º-A, da CLT. 2- Exame de ofício da decisão recorrida: a
aconselh á vel o exame mais detido da controvérsia devido às Corte Regional constatou que a reclamante, além de ter declarado
peculiaridades do caso concreto. O enfoque exegético da aferição hipossuficiência, encontra-se assistida pelo sindicato da categoria
dos indicadores de transcendência em princípio deve ser positivo, profissional. No tocante à alegação patronal, no sentido de que o
especialmente nos casos de alguma complexidade, em que se torna SINDASP não representa a categoria profissional da reclamante, o
aconselhável o debate da matéria no âmbito próprio do TRT destacou que a reclamada "não comprova nada a esse
conhecimento, e não no âmbito prévio da transcendência. 3- O TRT, respeito, tampouco indica qual o sindicato que, de fato, representa
soberano na análise do conjunto fático-probatório, concluiu que a os interesses da recorrida, ônus que lhe incumbia (art. 373, II, do
reclamante desincumbiu-se do ônus de comprovar fato constitutivo CPC de 2015)". 3- Não há transcendência política, pois não
do seu direito e demonstrou a existência de relação de emprego. A constatado o desrespeito à jurisprudência sumulada do Tribunal
Corte Regional assentou, a propósito, que "a única testemunha Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal. 4- Não há
ouvida nos autos laborou com a autora e foi enfática ao dizer que transcendência social, pois não se trata de postulação, em recurso
foram contratadas pela Ibero Cruzeiros e ainda que ' todos os de reclamante, de direito social constitucionalmente assegurado. 5-
contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam uniforme e Não há transcendência jurídica, pois não se discute questão nova
p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a Ibero em torno de interpretação da legislação trabalhista. 6- Não se
reconhece a transcendência econômica quando, a despeito dos legislação aplicável, ressalta-se inicialmente que a tese vinculante
valores da causa e da condenação, não se constata a relevância do do STF no julgamento do RE 636.331/RJ (Repercussão Geral -
caso concreto, pois a matéria probatória não pode ser revisada no Tema 2010) não trata de Direito do Trabalho, e sim de extravio de
TST, e, sob o enfoque de direito, não se constata o desrespeito da bagagem de passageiro: "Nos termos do art. 178 da Constituição da
instância recorrida à jurisprudência desta Corte Superior. 7- Não há República, as normas e os tratados internacionais limitadores da
outros indicadores de relevância no caso concreto (art. 896-A, § 1º, responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
parte final, da CLT). 8- Agravo de instrumento a que se nega especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm
provimento. II- RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". 8- A
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI Nos 13.015/2014 E jurisprudência majoritária do TST, quanto à hipótese de trabalhador
13.467/2017 EMPREGADO CONTRATADO NO BRASIL. LABOR brasileiro contratado para desenvolver suas atividades em navios
JUSTIÇA BRASILEIRA E LEGISLAÇÃO TRABALHISTA de que nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 7.064/82, aos
APLICÁVEL 1- Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. trabalhadores nacionais contratados no País ou transferidos do País
2- Há transcendência jurídica quando se constata divergência entre para trabalhar no exterior, aplica-se a legislação brasileira de
as Turmas do TST sobre a matéria. 3- A controvérsia diz respeito a proteção ao trabalho naquilo que não for incompatível com o
viabilidade, ou não, de incidência da jurisdição brasileira e de diploma normativo especial, quando for mais favorável do que a
aplicação da legislação nacional no caso envolvendo trabalhadora legislação territorial estrangeira. 9 - O Pleno do TST cancelou a
brasileira, contratada no Brasil, e que prestou serviços em águas Súmula nº 207 porque a tese de que "A relação jurídica trabalhista é
nacionais e internacionais a bordo de embarcação de bandeira regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por
portuguesa. 4- Na espécie, depreende-se dos trechos do acórdão aquelas do local da contratação" não espelhava a evolução
transcritos que a reclamante trabalhou como camareira tanto em legislativa, doutrinária e jurisprudencial sobre a matéria. E após o
águas nacionais como internacionais. Além disso, o TRT registrou cancelamento da Súmula nº 207 do TST, a jurisprudência
que a testemunha ouvida disse "que trabalhou junto com a autora; majoritária se encaminhou para a conclusão de que somente em
foram contratadas pela Ibero Cruzeiros; a contratação foi em princípio, à luz do Código de Bustamante, também conhecido como
Curitiba; fizeram cursos e processo seletivo através da empresa "Lei do Pavilhão" (Convenção de Direito Internacional Privado em
ISMBR; foram os entrevistadores da Ibero Cruzeiros que fizeram a vigor no Brasil desde a promulgação do Decreto nº 18.871/29),
seleção". 5- Consignou também que houve comprovação da aplica-se às relações de trabalho desenvolvidas em alto mar a
realização do processo seletivo por uma agência de recrutamento e legislação do país de inscrição da embarcação. Isso porque, em
seleção de pessoas no Brasil, razão por que a Corte Regional decorrência da Teoria do Centro de Gravidade, (most significant
reputou existente aqui, no mínimo, a pré-contratação da reclamante. relationship), as normas de Direito Internacional Privado deixam de
À luz desse panorama, sobretudo ao sopesar a prova oral ser aplicadas quando, observadas as circunstâncias do caso,
mencionada, o TRT concluiu que a reclamante foi contratada no verificar-se que a relação de trabalho apresenta uma ligação
Brasil e, ainda que em curtos períodos, prestou serviços neste país, substancialmente mais forte com outro ordenamento jurídico. Trata-
de modo a atrair a incidência da jurisdição interna. 6- Portanto, se da denominada "válvula de escape", segundo a qual impende ao
evidenciada a contratação de trabalhadora brasileira, no Brasil, para juiz, para fins de aplicação da legislação brasileira, a análise de
trabalhar em navios de cruzeiro cuja navegação ocorreu tanto em elementos tais como o local das etapas do recrutamento e da
águas nacionais quanto internacionais, revela-se inarredável a contratação e a ocorrência ou não de labor também em águas
competência da autoridade brasileira para processar e julgar a nacionais. 10 - Nos termos do art. 3º da Lei n° 7.064/1982, a
ação, nos termos do artigo 21, III, do CPC/2015, porquanto se trata, antinomia aparente de normas de direito privado voltadas à
conjuntamente, de um ato (contratação) e de um fato sucedidos aplicação do direito trabalhista deve ser resolvida pelo princípio da
(prestação de labor) neste país. Outrossim, robustece a incidência norma mais favorável, considerando o conjunto de princípios, regras
da jurisdição nacional na hipótese em exame a ratio do artigo 651, § e disposições que dizem respeito a cada matéria (teoria do
2º, da CLT que estende a competência das Varas do Trabalho para conglobamento mitigado). 11 - Não se ignora a importância das
julgar os dissídios ocorrido no exterior, desde que, como no caso, o normas de Direito Internacional oriundas da ONU e da OIT sobre os
empregado litigante tenha nacionalidade brasileira e não exista trabalhadores marítimos (a exemplo da Convenção das Nações
convenção internacional estabelecendo o contrário. 7- Quanto à Unidas sobre o Direito do Mar, ratificada pelo Brasil por meio do
Decreto n° 4.361/2002, e da Convenção n° 186 da OIT sobre Direito signatários, com aplicação das penalidades ali consignadas.
Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil). Contudo, deve-se aplicar Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça
a legislação brasileira em observância a Teoria do Centro de Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio.
Gravidade e ao princípio da norma mais favorável, que norteiam a E ainda, a recorrente, em seu apelo, limitou-se a ignorar o conteúdo
solução jurídica quanto há concorrência entre normas no Direito da sentença e a repetir o mesmo arrazoado já apresentado,
Internacional Privado, na área trabalhista. Doutrina. 12 - Cumpre restando manifesta a ausência de argumentos minimamente sólidos
registrar que o próprio texto da Convenção n° 186 da OIT sobre aptos a afastarem as conclusões alçadas pelo juízo de origem, o
Direito Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil, esclarece que sua que atrai a conclusão de que a decisão atacada, por seu
edição levou em conta "o parágrafo 8º do Artigo 19 da Constituição detalhamento e qualidade, deve ser confirmada por esta Egrégia
da Organização Internacional do Trabalho, que determina que, de Corte, em relação aos pedidos ora discutidos e supra relacionados.
modo algum a adoção de qualquer Convenção ou Recomendação MULTA ART. 477 DA CLT
pela Conferência ou a ratificação de qualquer Convenção por Argumentam as reclamadas em suas razões recursais:
qualquer Membro poderá afetar lei, decisão, costume ou acordo que "O MM. Juízo a quo, apesar de reconhecer a inexistência de
assegure condições mais favoráveis aos trabalhadores do que as parcelas incontroversas, decidiu pela aplicação da multa prevista
condições previstas pela Convenção ou Recomendação". 13 - Não pelo art. 477, § 8º, da CLT. No entanto, tal entendimento não deve
afronta o princípio da isonomia a aplicação da legislação brasileira ser mantido, uma vez que somente houve o reconhecimento das
mais favorável aos trabalhadores brasileiros e a aplicação de outra verbas devidas em juízo.
legislação aos trabalhadores estrangeiros no mesmo navio. Nesse Sendo assim, não há que se falar em pagamento de multa por
caso há diferenciação entre trabalhadores baseada em critérios atraso nas verbas rescisórias, pois o eventual reconhecimento
objetivos (regência legislativa distinta), e não discriminação fundada posterior de certos direitos, mediante decisão judicial, não
pessoais dos trabalhadores. 14- No caso, o TRT de origem, tendo Pleiteiam a improcedência da multa do art. 477 da CLT.
nacional, concluiu que a legislação aplicável é a brasileira. Assim, o Referida multa incide quando não houver a quitação das parcelas
acórdão regional revela-se em consonância com a iterativa, notória constantes do instrumento de rescisão nos prazos estipulados no
e atual jurisprudência deste Tribunal Superior. Incidência do art. art. 477, §6º da norma consolidada, o que é o caso dos autos.
896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST. 15- Recurso de Ademais, o entendimento do TST, através da súmula 462, é no
revista de que não se conhece" (ARR-1370-79.2015.5.09.0012, 6ª sentido de que, mesmo que a relação de emprego tenha sido
Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT reconhecida em juízo, não afasta a incidência da multa. Vejamos:
Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO
"CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa
CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida
EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA. Provado que o apenas quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora
reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para no pagamento das verbas rescisórias."
trabalhar como "assistente de garçom" em navios de cruzeiro, e que Reporto-me ainda aqui ao julgado do processo supra citado,
no período de 09 meses de contrato laborou por, pelo menos, 05 0001997-66.2017.507.00013, no qual o juiz a quo bem analisa que
meses em águas nacionais, na denominada "temporada brasileira "A multa do art. 477 da CLT é devida porque a reclamada não
de cruzeiros, correta a decisão que reconheceu a incidência da efetuou o pagamento das verbas rescisórias devidas no prazo legal,
legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a preferindo assumir o risco de ver reconhecida essa obrigação em
JEFFERSON QUESADO JUNIOR. Data de Julgamento: Com isso, nego provimento ao apelo das reclamadas a fim de
06/05/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: 13/05/2013). manter o decisum no tocante à condenação das empresas no
Ademais, o TAC firmado perante o MPT não possui forma pagamento da referida multa.
vinculante perante o Judiciário, posto que prevê condutas para os DANOS MORAIS POR EXIGÊNCIA DE EXAMES ADMISSIONAIS
As reclamadas aduzem que o dano moral não resta configurado, Assim, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do
alegando que a exigência de exames prévios visa a adoção de RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor,
cautelas necessárias face à peculiaridade do trabalho que era deve provar sua condição.
desenvolvido em alto mar. Ademais, a exigência de exames pré- No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou
contratação, por si só, não gera ofensa à honra ou a qualquer outro regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a
valor subjetivo do trabalhador. concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par
Razão lhes assiste. com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a
Restou incontroverso que as reclamadas exigem, na pré- concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40%
contratação, exames de HIVe toxicológico dos trabalhadores. do limite máximo dos benefícios do RGPS.
A reclamação alberga aspectos jurídicos de grande monta, de que é Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a
exemplo o pedido de indenização por danos morais por terem as reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à
reclamadas exigido à autora a realização de exames de HIVe gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de
toxicológico, antes de sua contratação, cujo reconhecimento hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu
depende de provas robustas de que tal exigência tenha causado próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta
A exigência desses exames, por si só, não caracteriza conduta Incumbia às reclamadas demonstrarem que a reclamante ostenta
discriminatória das reclamadas, nem mesmo é capaz de causar condição econômica diversa, desiderato do qual não se
da obreira, em cruzeiros marítimos, ficando diversos dias em alto Desse modo, mantém-se os benefícios da Justiça Gratuita à parte
mar, sem acesso a serviços médicos especializados ou mesmo reclamante, tendo em vista que há nos autos declaração de pobreza
hospitais e remédios específicos. Não se desconhece que haja de próprio punho, Id 772dafd, presumindo-se a sua incapacidade
serviço médico a bordo do navio, mas o mesmo é restrito, em razão financeira (art. 790, § 4º da CLT c/c art. 99, § 3º do CPC).
de ser bastante limitado, posto desenvolvido, repita-se, em alto mar, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA
Assim, vislumbro que a exigência de exames prévios à admissão No tocante aos honorários sucumbenciais a cargo da reclamante,
visa à proteção dos empregados e de todos os passageiros do em que pese não haver pedido de exclusão da condenação no
navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia de segurança da recurso ordinário interposto pela obreira, o art. 85 do CPC impõe a
tripulação e dos passageiros. Ademais, a autora deixou o trabalho análise de referida matéria, posto que seus ditames são
não porque se sentiu violada em sua honra por conta dos exames obrigatórios, devendoo juiz fazer a fixação.
prévios. Muito pelo contrário, firmou dois contratos com as Ademais, referida obrigação é acessória da sentença e, por força
reclamadas, o que demonstra a sua satisfação. de lei e de decisão vinculante em ação direta de
Ante o acima exposto, a conduta das reclamadas não constitui ato inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de
ilícito passivo de indenização, não fazendo jus a reclamante ao ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.
pagamento de qualquer indenização por dano moral, pelo que deve Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2019, ou seja, após
ser reformada a sentença de origem, para excluir da condenação a a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença
indenização por danos morais face à exigência de exames. concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se
No que pertine à concessão dos benefícios da justiça gratuita à decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou
A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: Leis do Trabalho (CLT).
"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos A mencionada decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a 791-A, §4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e,
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive portanto, a regra celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência
quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário recíproca ao trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos se inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento
benefícios do Regime Geral de Previdência Social." de honorários em favor dos advogados das reclamadas, os quais
DISPOSITIVO
EMENTA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a
EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA.Provado que a
preliminar de incompetência e, no mérito, negar provimento ao
reclamante foi recrutada no Brasil para trabalhar em navios de
recurso da reclamante e dar parcial provimento ao recurso das
cruzeiro, e que no período do contrato laborou também em águas
reclamadas, para excluir da condenação a indenização por danos
nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da
morais, determinando, ainda, de ofício, a exclusão da condenação
legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a
da autora no pagamento de honorários em favor do advogado dos
demanda.
reclamados, com base na declaração de inconstitucionalidade
MULTA ART. 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres
proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas.
rescisórios da autora não foram pagos no prazo legal, devida a
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
condenação das reclamadas no pagamento da multa respectiva.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA. A exigência de exames prévios
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
à admissão visa à proteção dos empregados e de todos os
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
passageiros do navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
de segurança da tripulação e dos passageiros, pelo que não
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
vislumbro ato ilícito que justifique a condenação em indenização por
Processo Nº ROT-0001197-55.2019.5.07.0017 da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
RECORRENTE MARIANA PINHEIRO DE SOUZA
Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE) advocatícios a cargo da reclamante.Recursos conhecidos e,
ADVOGADO ANATOLE NOGUEIRA SOUSA
GABRIELE(OAB: 22578/CE) improvido o da reclamante e parcialmente provido o das
ADVOGADO MAIRA CAMARA VELOSO DE reclamadas.
MAUPEOU(OAB: 39273/CE)
ADVOGADO ANA CAROLINA MEIRELES ROCHA RELATÓRIO
DANTAS(OAB: 21674/CE)
O MM. Juízo da 17ª Vara do Trabalho de Fortaleza, nos autos da
reclamação ajuizada por MARIANA PINHEIRO DE SOUZA em face Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para
danos morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00, Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço
TST). Determina-se a expedição de ofício pela Secretaria da Vara Inicialmente, ressalto que, conforme citado no julgamento de
para habilitação da reclamante no programa do seguro desemprego primeiro grau, esta justiça especializada já vem se debruçando
relativo ao período de vínculo aqui reconhecido. Deverá a sobre a matéria/controvérsia contida nestes autos, e sempre, no
reclamante entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), meu entendimento, analisando-a de forma adequada e precisa.
no prazo de cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Acrescento, inclusive, mais um julgado, o processo de número
Feito isso, as reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às 0001997-66.2017.507.00013, de minha relatoria.
devidas anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 Segue abaixo relação de algumas demandas correlacionadas:
As empresas reclamadas MSC CRUISES S.A. e MSC CRUZEIROS JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS. ADICIONAL
reclamante foi contratada em embarcação estrangeira, devendo a "Ora, resta evidente que, no mínimo, a reclamante teria direito ao
competência ser declinada ao Panamá para apreciar eventuais percebimento das horas extras que extrapolassem a 8º (oitava) hora
violações ao contrato de internacional de trabalho. Salienta que as diária e a 44º (quadragésima quarta) hora semanal, eis que tal
legislações internacionais são mais benéficas à obreira do que a constatação decorre de fato incontroverso nos autos, inclusive
legislação brasileira e devem ser as regentes do contrato de reconhecida pelo insigne juiz, não exigindo, assim, a produção de
trabalho. Aduzem que os contratos de trabalho internacionais prova a respeito que ocorria o habitual registro de jornada superior à
firmados com demandante devem ser reconhecidos como de prazo oitava diária, razão pela qual a autora faz jus ao pagamento das
empregatício e improcedência total dos pedidos. Portanto, é devido o pagamento das horas extras que extrapolarem
A autora em sua peça recursal, ID f5ca0ed, persegue o deferimento a 8º (oitava) hora diária e a 44º (quadragésima quarta) hora
horas extras, adicional noturno e intervalo interjornada; indenização semanal sendo que as horas prestadas em períodos de domingos e
por danos existenciais; majoração dos danos morais; feriados devem ser pagas em dobro, bem como deve haver o
imprescritibilidade do reconhecimento de vinculo e majoração dos pagamento dos intervalos interjornada suprimidos e do valores
Contrarrazões da reclamante, ID. d8dca21, e das reclamadas, ID. correspondentes, na forma requerida na peça exordial."
"Lado outro, as acionadas impugnaram a jornada da inicial e âmbitos profissional, social e pessoal. Ocorre que não foi
apresentaram cartões de ponto que afastam o horário narrado pela devidamente comprovada essa limitação em sua vida.Pelas fotos
autora. Citamos como exemplo a folha de ponto de ID. 203020f - juntadas aos autos é possível constar uma situação distinta da
As provas emprestadas não servem para comprovar a jornada da trabalhadora, afastando a tese autoral. Julgo improcedente."
autora, visto que empregados embarcados possuem horários O MM. juízo "a quo" analisou corretamente o pleito, bem apreciou a
distintos para o atendimento ser 24 horas. prova produzida nos autos, apresentando suas razões de forma
Não foram apresentadas testemunhas para fins de afastar a clara e convincente, com isso, no que pertine ao indeferimento da
presunção relativa de veracidade dos documentos aqui citados. indenização por danos existenciais não comporta reforma o julgado
Por não ter a autora ultrapassado o seu ônus da prova, julgo guerreado.
improcedente o pedido de horas extras e adicional, bem como, seus A condenação em danos morais decorre da comprovação de que o
reflexos (incluindo as horas extras pela supressão do intervalo obreiro, efetivamente, tenha sofrido qualquer abalo em sua honra,
O labor noturno não foi demonstrado em diversas folhas de ponto Por outro lado, a responsabilidade civil do empregador pela
como a de ID. 203020f - Pág. 8. Julgo improcedente o pedido de indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença de
pagamento de adicional noturno." três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o
Corroboro com o entendimento exposto pelo juízo a quo, e ainda o dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo
reforço no sentido de que a própria autora se manifesta de forma empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo
Em sua manifestação, ID. 018befa, defende a reclamante que "os Sem a comprovação desses requisitos, não há como se reconhecer
realidade dos fatos, o que restará comprovado a partir da oitiva das No presente caso, não restou demonstrado o abalo sofrido pela
testemunhas" e em seu apelo, conforme relatado acima, requer a autora, nem a prática de ato ilícito por parte da empresa
Diante do exposto, e com base no conjunto probatório juntado aos prolatada em conformidade com o conjunto probatório produzido
autora laborava em jornada de trabalho extenuante, com mínimos "Conforme comprovado nos autos, a reclamante exerceu labor em
intervalos para descanso e alimentação, e sem direito a folgas, favor das empresas reclamadas de 27/07/2013 até 09/06/2019,
trabalhando em todos os dias do contrato de trabalho. tendo o juiz a quo se manifestado apenas sobre o período laborado
Importante ressaltar que, no presente caso, não se trata da prática de 10/12/2017 a 09/06/2019.
de sobrelabor dentro dos limites da tolerância, nem se trata de uma Entretanto, a despeito de ter aplicado a prescrição as verbas
conduta isolada da empregadora, mas sim de conduta reiterada em referentes a período de tempo anterior a 09/06/2014, esta não deve
que a parte reclamante trabalhou diariamente com jornada ser aplicada no que tange ao reconhecimento do vínculo
extenuante e sem direito a folgas, trabalhando durante todo o empregatício, visto que o pleito declaratório não se submete ao
O juízo a quo, assim decidiu sobre este pedido: Pede que seja declarado o vínculo empregatício entre a autora e as
"O dano existencial nas relações laborais ocorre quando o reclamadas durante todo o período trabalhado (27/07/2013 a
trabalho em razão de condutas ilícitas, por parte do empregador, Assim entendeu o juízo a quo:
impossibilitando-o de estabelecer a prática de um conjunto de "Segundo a reclamante, sem contestação da das demandadas, os
atividades culturais, sociais, recreativas, esportivas, afetivas, prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os
familiares, etc., ou de desenvolver seus projetos de vida nos seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até
07/11/2018 até 09/06/2019. DO CÓDIGO DE BUSTAMENTE (ARTS. 274, 279 E 281). NORMA
A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável, RATIFICADA PELO BRASIL. VIOLAÇÃO MANIFESTA.
tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO
períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta MAR. ART. 178 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DO ART. 8º DA CLT.
primeiro contrato de trabalho por prazo determinado. APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E
Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo DA NÃO DISCRIMINAÇÃO ENTRE OS TRABALHADORES.
empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os CONVENÇÕES Nº 97 E 111 DA OIT.
dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 - APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS TAC´S FIRMADOS COM O
Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. EFICÁCIA VINCULANTE
de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de DA TRANSAÇÃO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA.
admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já AFRONTA AO ARTS. 840 DO CÓDIGO CIVIL, 5º, §6º, LEI 7.347/85
observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do E 5º, XXXVI, CF/88.
Restou incontroverso nos autos que a reclamante trabalhou para as EMPRESAS ESTRANGEIRAS QUE CONTRATEM BRASILEIROS
reclamadas nos períodos de 27/07/2013 a 26/04/2014, 10/12/2017 a PARA TRABALHAR NO EXTERIOR À LUZ DA LEI 7.064/82.
10/07/2018. Ou seja, não houve prestação de serviços ininterrupta DA AUTONOMIA SINDICAL (ART. 8º, III, CF/88).
no interstício entre o final do primeiro contrato (26/04/2014) e o RECONHECIMENTO DOS ACORDOS COLETIVOS DE
início do segundo (10/12/2017), decorrendo mais de 03 anos entre TRABALHO: ART. 7º, XXVI, CF/88. PREVALÊNCIA DO
os dois períodos sem a prestação de serviço pela autora, estando NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO: ART. 611-A, CLT.
correto o decisum que não reconheceu a unicidade contratual entre DA ALEGADA UNICIDADE CONTRATUAL. CONTRATOS POR
o primeiro e segundo contratos e declarando a prescrição bienal dos PRAZO DETERMINADO. PRESCRIÇÃO BIENAL.
Pleiteia o patrono da reclamante a majoração do percentual de PARCELAS PAGAS NOS CONTRACHEQUES DO RECLAMANTE.
O art. 791-A, da CLT é bem claro em seus parâmetros para INDEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA
patrono da demandante no percentual de 10%, nos termos do art. Suscitam as reclamadas que "a Autora firmou contrato de trabalho
Entendo como razoável o percentual reconhecido. Nada a alterar sendo certo, ainda, que competência da Justiça do Trabalho deve
RECURSO DAS RECLAMADAS serviços, a autoridade judiciária brasileira não detém jurisdição para
Já as empresas recorrentes, pautam seu recurso basicamente sob apreciar e julgar esta demanda".
um aspecto, o questionamento em relação à inaplicabilidade da Entretanto a contratação efetiva da reclamante ocorreu no Brasil, o
legislação brasileira ao caso. Seguem in verbis, os tópicos que atrai a competência da jurisdição brasileira para processar e
DA AUSÊNCIA DE JURISDIÇÃO DAS AUTORIDADES Não é porque as etapas iniciais da admissão ocorreram via internet
BRASILEIRAS. que podemos afirmar que a contratação ocorreu fora dos limites
INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. RESOLUÇÃO territoriais do Brasil, visto que inexiste comprovação de ter a obreira
71/2006 DO CONSELHO NACIONAL DE IMIGRAÇÃO: ART. 8º, realizado tais etapas em território estrangeiro. O fato modificativo foi
CAPUT. INTERPRETAÇÃO A CONTRARIO SENSU. apresentado pelas demandadas, atraindo, assim, o ônus da prova
Independentemente, da fixação sobre as regras aplicáveis ao de trabalho desenvolveu-se em águas territoriais brasileiras. Não há
contrato mantido entre o reclamante e as reclamadas, a fixação da como assegurar o processamento do recurso de revista quando o
competência brasileira é mandatória, nos termos do CPC (art. 21, agravo de instrumento interposto não desconstitui os termos da
c/c parágrafo único), considerando que a 1ª reclamada é uma decisão denegatória, que subsiste por seus próprios fundamentos.
As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas ADESIVO DO RECLAMANTE. Em face da não admissibilidade do
provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como, apelo principal, fica prejudicado o exame do recurso de revista
conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo adesivo interposto pelo Reclamante (500 do CPC). Recurso de
econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui revista cuja análise fica prejudicada". (TST AIRR-1789-
estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos 04.2011.5.02.0443 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
como exemplo o documento de ID. ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c - Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma, Data de Publicação:
O entendimento jurisprudencial pacificado no Colendo Tribunal O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região em processos
Superior do Trabalho é no mesmo sentido: semelhantes ajuizados contra as reclamadas assim vem decidindo :
"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. RECURSO "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE
3. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DECISÃO reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,
DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. A jurisprudência trabalhista, para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de
sensível ao processo de globalização da economia e de avanço das cruzeiro, e que no período de 09 meses de contrato laborou
empresas brasileiras para novos mercados no exterior, passou a por, pelo menos, 05 meses em águas nacionais, na
perceber a insuficiência e inadequação do critério normativo denominada "temporada brasileira de cruzeiros, correta a
inserido na antiga Súmula 207 do TST (lex loci executionis) para decisão que reconheceu a incidência da legislação brasileira e
regulação dos fatos congêneres multiplicados nas duas últimas a competência desta Justiça para apreciar a demanda". (TRT 7ª
décadas. Nesse contexto, já vinha ajustando sua dinâmica Região - proc. 0000358-77.2012.5.07.0016 - Rel. Des. Jefferson
interpretativa, de modo a atenuar o rigor da velha Súmula 207/TST, Quesado Júnior DEJT 13/05/2013).
restringido sua incidência, ao mesmo tempo em que passou a "I - DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS
alargar as hipóteses de aplicação das regras da Lei n. 7.064/1982. RECLAMADAS. DO TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO
Assim, vinha considerando que o critério da lex loci executionis ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. À
(Súmula 207) - até o advento da Lei n. 11.962/2009 - somente luz do princípio da boa-fé objetiva, a teor do disposto nos
prevalecia nos casos em que foi o trabalhador contratado no Brasil artigos 427 e 435 do Código Civil, conclui-se que o período pré-
para laborar especificamente no exterior, fora do segmento contratual produz efeitos jurídicos, tendo este juízo a
empresarial referido no texto primitivo da Lei n. 7064/82. Ou seja, convicção de que o início das tratativas (pré-contratação) do
contratado para laborar imediatamente no exterior, sem ter trabalho ocorreu no Brasil, em Fortaleza, no Estado do Ceará,
trabalhado no Brasil. Tratando-se, porém, de trabalhador contratado com empregada brasileira. No caso em apreço, verifica-se que
no País, que aqui tenha laborado para seu empregador, sofrendo a 17ª Alteração e Consolidação do Contrato Social da 1ª
subsequente remoção para país estrangeiro, já não estaria mais reclamada, MSC CROCIERE estabelece que as empresas MSC
submetido ao critério normativo da Convenção de Havana (Súmula CROCIERE S/A e MSC MEDITERRANEAN MSC CRUZEIROS DO
207), por já ter incorporado em seu patrimônio jurídico a proteção BRASIL LTDA são sócias titulares da totalidade do Capital
normativa da ordem jurídica trabalhista brasileira. Em consequência, Social da MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. Com efeito, a
seu contrato no exterior seria regido pelo critério da norma jurídica segunda reclamada, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, tem
mais favorável brasileira ou do país estrangeiro, respeitado o sede no Brasil, na Av. Ibirapuera nº 2.332, 6º andar, Torre II, na
conjunto de normas em relação a cada matéria. Mais firme ainda Cidade e Estado de São Paulo, caindo por terra a alegação de
ficou essa interpretação após o cancelamento da velha Súmula que a contratação ocorrera no estrangeiro. Iniludível, portanto,
207/TST. No caso concreto, ficou evidenciado que o Reclamante foi que a contratação ocorreu em solo pátrio. Demais disto, restara
contratado no Brasil e que parte do tempo de duração do contrato inconteste nos autos que a empresa ROSA DOS VENTOS
seleciona brasileiros para um contrato internacional com a for incompatível com o disposto na sobredita Lei n. 6.064/82,
MSC Cruzeiros, que trabalha com navios de passageiros na quando mais favorável do que a legislação territorial
costa do Brasil; e, para que possa navegar normalmente, é estrangeira, no conjunto de normas em relação a cada matéria,
exigido, por parte das autoridades do Brasil, um limite mínimo conforme o Inciso II do artigo 3º. O critério da territorialidade
de 25% de tripulantes brasileiros). Presuntivamente, infere-se deixara de ser aplicado às transferências de trabalhadores
que a principal importância da mão de obra de brasileiros se dá contratados ou transferidos para fins de prestação de serviços
na temporada brasileira, que, como se sabe, dura, em média, no estrangeiro, pois que tais contratos passam a se submeter à
cinco meses. Como o contrato teve duração de apenas quatro legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não
meses (de 07/08/2012 a 07/12/2012), tem-se que a parte for incompatível com o disposto na Lei n. 7.064/82, quando
contratada o cumpriu por inteiro na temporada brasileira. A mais favorável do que a legislação territorial estrangeira,
teor das informações supra, bem como do Termo de observado o conjunto de normas em relação a cada matéria,
Ajustamento de Conduta, e seus Aditivos, firmados entre o conforme a dicção do Inciso II, do artigo 3º, da Lei n. 7.064/82.
Ministério Público do Trabalho e a empresa MSC Cruzeiros do Em assim, a legislação brasileira é a única aplicável ao
Brasil), vislumbra-se, no caso em espécie, que o labor fora presente caso, o que se faz com fundamento nos artigos 651 da
contratado para ser prestado em embarcação privada CLT, 9º e 12 da Lei de Introdução ao Código Civil, e arts. 88 e 89
estrangeira, em águas brasileiras e internacionais, e neste caso do Código de Processo Civil, e Súmula 207/TST, e o que mais
aplicável a legislação brasileira enquanto ocorresse em águas consta dos autos. (...)". (TRT 7a. Região - proc. 0001046-
nacionais. O critério da territorialidade ou da Lex Loci 74.2014.5.07.0014 - Rel. Desª. Regina Gláucia Cavalcante
Internacional Privado de Havana, ratificada pelo Brasil (Código As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas
Bustamante, de 1928), posicionamento este expressamente provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como,
inserido na jurisprudência brasileira, por meio da Súmula 207 conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo
editada pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, a qual econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui
estabelecia o seguinte, até ser cancelada pela Resolução TST estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos
nº 181, de 16.04.2012: "A relação jurídica trabalhista é regida como exemplo o documento de ID ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c -
aquelas do local da contratação." Assim é que, amiúde, as Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.
relações empregatícias marítimas submetem-se a diretriz Ultrapassada a cizânia da competência, a legislação a ser aplicada
própria, regendo-se pela lei do Pavilhão do navio, que tende a deve ser averiguada e deliberada em sede de mérito propriamente
ser, normalmente, a do país de domicílio do dito, aplicando-se as técnicas de direito internacional privado.
armador/empregador. O Direito do Trabalho brasileiro possui Portando afasto as demais preliminares que dizem respeito, tão
diploma específico em matéria de regência das relações somente, às normas que devem aqui reger a matéria.
transferidos pela empresa para prestação de serviços no A reclamada aponta a prescrição quinquenal da pretensão autoral.
exterior. Trata-se da Lei n. 7.064 /82, que "regula a situação de Cabe esclarecer que prescrita a verba principal o pleito acessório
trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus não poderá mais ser pleiteado, portanto, nos pedidos de FGTS
empregadores para prestar serviço no exterior". A par de fixar acessórios (repercussão das diferenças salariais eventualmente
alguns direitos trabalhistas específicos (art. 3º, I), o précitado reconhecidas), não haverá a aplicação da modulação estabelecida
Diploma Legal estabelece critério distintivo no que se refere na súmula 362 do TST (súmula 206 do TST).
àaplicação normativa nos contratos cumpridos no exterior no No que pertine à prescrição do FGTS como pedido principal,
segmento empresarial que menciona - admitindo, em certos consoante decidido no ARE 709212, pelo E. STF, deve ser aplicada
aspectos, a aplicação da lei brasileira ou da lei territorial ao caso a modulação prevista para o curso prescricional já em
estrangeira, em exceção, portanto, ao princípio geral da curso, quando da prolação daquele julgado (em 13/11/2014).
territorialidade. Em assim, dispõe a referida Norma ser direito Desse modo e aplicando o entendimento firmado no inciso II, da
do empregado regido por suas normas a aplicação da súmula nº 362, do C. TST, tem-se que o prazo prescricional das
legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não pretensões do FGTS (pedido principal) será o que se consumar
primeiro: trinta anos, contados do termo inicial (07/2013 caso exista estabelecido em nosso ordenamento jurídico, compete às
unicidade contratual), ou cinco anos, a partir de 13/11/2014. acionadas a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB).
Logo, não há prescrição a ser alegada para o pedido de FGTS, Ocorre que não foram apresentadas as leis do locais onde
11/11/2019, prescritas encontram-se as parcelas anteriores a CRUZEIRO MARÍTIMO. TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO
11/11/2014, devendo as mesmas, salvo com relação ao FGTS ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há
(pedido principal), serem extintas com resolução de mérito, nos que se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre
termos do art. 487, II, CPC. o contato mantido pela autora, e a legislação aplicável a este
Considerando que a reclamante afirma a vigência de contrato único, mesmo contrato de trabalho. Isso porque a competência
relego a apreciação da questão da prescrição bienal da ação para jurisdicional não exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões
após a análise meritória pertinente a tal ponto. Isto porque, não há não são confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é
como este Juízo decidir pela aplicação da prescrição bienal sem relativa à competência territorial; a segunda, de direito material, é
antes definir se o contrato vigeu ininterruptamente por prazo atinente ao conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a
indeterminado ou se tratam-se de diversos contratos diferenciados. aplicação da legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo
DA LEGISLAÇÃO APLICADA AO CASO à parte que a invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB).
O Código de Bustamante (Convenção de Havana, 1928), que foi A competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB
internalizado no Brasil, pelo Decreto 5.647, em 8.1.1929, e e 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT
promulgado pelo Decreto 18.871, de 13.8.1929, determina a adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC.
aplicação da lei territorial sobre acidente do trabalho e proteção Incontroverso que a empresa estrangeira com a qual a autora
social do trabalhador (princípio da lex loci execucionis). Esse firmou o contrato de trabalho (MSC Crociere SA) é sócia-
princípio está insculpido no art. 198 do mencionado diploma de proprietária da segunda reclamada, a MSC Cruzeiros do Brasil,
direito internacional: "Art. 198. Também é territorial a legislação essa estabelecida em território brasileiro, pelo que é tida como sua
sobre acidentes do trabalho e proteção social do trabalhador". Tal agência ou filial,atraindo a incidência do parágrafo segundo do art.
princípio, assim, constitui exceção à regra instituída posteriormente, 651, da CLT.Portanto, a presente lide se submete à jurisdição
na LINDB, cujo art. 9º estabelece como norma a aplicação do país nacional. Com relação à legislação a ser adotada, aplicação as
em que a obrigação se constituiu: "Art. 9º Para qualificar e reger as disposições do art.1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso
obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem". II, Lei nº 7.064/82,outrossim, o conflito de direito internacional
Diante desse caso, prevaleceu a tese de que deveria ser aplicado o privado no tocante à escolha da norma trabalhista a ser aplicada,
disposto no Código de Bustamante, por se tratar de norma especial. resolve-se pelo princípio da norma mais favorável, consideradas,
A partir da premissa supra o TST cancelou a súmula 207 e a própria instituto, adotando-se a teoria do conglobamento mitigado,
legislação passou a assim dispor. Nos termos do art. 3º, inciso II, da destacando-se, no caso, a legislação brasileira. Recurso das
Lei nº 7.064/82 (dispõe sobre a situação de trabalhadores reclamadas parcialmente conhecido e provido. Recurso da
contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior): "a reclamante conhecido e parcialmente provido. (TRT-7 - RO:
aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo 00010902020145070006,Relator: MARIA ROSELI MENDES
que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais ALENCAR, Data de Julgamento: 17/08/2016, Data de Publicação:
Aqui estamos diante da teoria do conglobamento mitigada onde a TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO ESTRANGEIRO.
norma mais favorável deve ser buscada por meio da comparação COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há que se
das diversas regras sobre cada instituto ou matéria, respeitando-se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre o
o critério de especialização. O que realmente devemos observar, contato mantido pelo autor, e a legislação aplicável a este mesmo
então, não seria o inteiro diploma legal, mas, sim, cada matéria ou contrato de trabalho. Isso porque a competência jurisdicional não
Pois bem, sendo a tese de defesa a utilização de norma distinta da confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é relativa à
competência territorial; a segunda, de direito material, é atinente ao demais períodos do ano. A conclusão adotada funda-se, pois, na
conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a aplicação da interpretação da ausência de transitoriedade das atividades das
legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo à parte que a reclamadas, o que não permite divisar ofensa literal aos artigos 443
invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). A e 452 da CLT. O artigo 2º da Lei 6.019/74, que conceitua o trabalho
competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB e temporário, não guarda pertinência temática com a controvérsia,
21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT restando ileso. O recurso de revista igualmente não se credencia a
adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC. conhecimento por divergência jurisprudencial, pois os arestos
Portanto, a presente lide se submete à jurisdição nacional. Em transcritos revelam-se inespecíficos, atraindo a disciplina da Súmula
relação à legislação a ser adotada, aplica-se as disposições do art. 296, I, do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST - RR:
1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso II, Lei nº 7.064/82, 102851920165090001, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data
outrossim, o conflito de direito internacional privado no tocante à de Julgamento: 04/09/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
princípio da norma mais favorável, consideradas, em conjunto, as A atividade empresarial das reclamadas ocorre durante todo o ano,
disposições reguladoras de cada matéria ou instituto, adotando-se não podendo existir a contratação e dispensa de trabalhadores a
a teoria do conglobamento mitigado, destacando-se, no caso, a depender dos pacotes de viagens firmados pelo empregador. O
legislação brasileira. Recurso das reclamadas não provido. (TRT-7 - risco do negócio é do empregador e deve suportar as disposições
RO: 00009119820145070002, Relator: MARIA ROSELI MENDES de proteção do trabalho, independentemente de lucros, nos termos
Logo, estabeleço a legislação brasileira para reger o caso sub por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6
A reclamante requer a declaração de nulidade dos supostos Reconheço, então, a regra geral, ou seja, contrato por prazo
prazo indeterminado de um único contrato. Segundo a reclamante, sem contestação das demandadas, os
Apesar de ser do conhecimento da autora, no momento de sua prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os
contratação, ser o contrato de trabalho por prazo determinado, a seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até
atividade empresarial das reclamadas não se encaixam nas 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;
disposições do art. 443 da CLT e lei 6.019/74 (redação à época). 07/11/2018 até 09/06/2019.
POR PRAZO DETERMINADO. AUSÊNCIA DE contrato de trabalho, em casos em que o lapso temporal entre a
TRANSITORIEDADE DO SERVIÇO. RECONHECIMENTO DE demissão e a readmissão, pela mesma empresa, é exíguo. Diante
DISPENSAS IMOTIVADAS NOS SUCESSIVOS PACTOS da omissão legislativa, considera-se fraudulenta a rescisão seguida
contratual à luz do § 1º do art. 443 da CLT, considerou que a quando ocorrida dentro dos noventa dias subsequentes à data em
atividade empresarial não ostenta caráter transitório, razão pela que formalmente a rescisão se operou, nos termos da portaria 384
qual concluiu que o contrato de trabalho do Autor não detinha prazo do MTE.
determinado, já que não dependia de termo prefixado para A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,
execução de serviços específicos, tampouco da realização de tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois
acontecimento certo e suscetível de previsão aproximada. períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta
Consignou, neste sentido, que o fato das embarcações das reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao
reclamadas somente navegarem na costa brasileira em alguns primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.
períodos do ano não demonstravam a transitoriedade de suas Com relação aos dois últimos contratos, sem qualquer cabimento a
atividades, até porque navegavam por águas internacionais nos tese de defesa. A tese do exercício da atividade empresarial por
temporada já foi devidamente ultrapassada nas linhas anteriores. antecedentes criminais caracteriza dano moral passível de
O prazo entre os contratos não é desproporcional, conforme as indenização quando caracterizar tratamento discriminatório ou não
normas aqui apresentadas como fundamento. se justificar em situações específicas. A exigência é considerada
Ademais, o obreiro é o hipossuficiente entre as partes que legítima, no entanto, em atividades que envolvam, entre outros
celebraram os contratos de trabalho e, por vezes, tem que realizar aspectos, o cuidado com idosos, crianças e incapazes, o manejo de
formalidades requeridas pelos empregadores para não ser armas ou substâncias entorpecentes, o acesso a informações
Em respeito ao princípio da continuidade da relação de emprego O recurso julgado envolve a Alpargatas S.A. e foi afetado pela
(súmula 212 do TST), não há como visualizar que seu interesse na Quarta Turma do TST à SDI-1, dentro da sistemática de recursos
contratação era realmente o contrato por prazo estipulado. repetitivos, para a fixação de tese jurídica sobre as situações que
A assinatura de qualquer contrato com cláusulas nesse sentido ensejariam ou não o reconhecimento de dano moral devido à
nada mais revela que um vício de consentimento previsto no código exigência do documento como condição indispensável para a
civil, conforme reza o art. 157: "Ocorre a lesão quando uma pessoa, admissão ou a manutenção do emprego.
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a Vejamos a tese fixada e publicada no Informativo 157 do TST:
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação Incidente de Recursos de Revista Repetitivos. "Tema nº 0001 -
O procedimento realizado pelas demandadas caracteriza-se como Criminais". A SBDI-I, por maioria, definiu as seguintes teses
fraudulento, não só em razão do fracionamento do vínculo de jurídicas para o Tema Repetitivo nº 0001 - DANO MORAL.
emprego, mas também em decorrência da diminuição de recursos EXIGÊNCIA DE CERTIDÃO NEGATIVA DE ANTECEDENTES
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o que determina CRIMINAIS: I. Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência
correspondente redução de importâncias a serem aplicadas na de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego
construção de habitações populares, obras de saneamento urbano quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em
e infraestrutura (portaria 384 do MTE). razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial
Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo de fidúcia exigido; II. A exigência de Certidão de Antecedentes
empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os Criminais de candidato a emprego é legítima e não caracteriza
dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 - lesão moral quando amparada em expressa previsão legal ou
Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito justificar-se em razão da natureza do ofício ou do grau especial de
de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de fidúcia exigido, a exemplo de empregados domésticos, cuidadores
admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já de menores, idosos ou deficientes (em creches, asilos ou
observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do instituições afins), motoristas rodoviários de carga, empregados que
TST - matéria de ordem pública). Para tanto, deverá a reclamante laboram no setor da agroindústria no manejo de ferramentas de
entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), no prazo de trabalho perfurocortantes, bancários e afins, trabalhadores que
cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Feito isso, as atuam com substâncias tóxicas, entorpecentes e armas,
reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às devidas trabalhadores que atuam com informações sigilosas; III. A exigência
anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 até o de Certidão de Antecedentes Criminais, quando ausente uma das
limite de dois salários mínimos revertida à parte autora, devendo justificativas de que trata o item II, supra, caracteriza dano moral in
então a Secretaria proceder às devidas anotações na CTPS (art. 39, re ipsa, passível de indenização, independentemente de o
parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e 537 do CPC, candidato ao emprego ter ou não sido admitido. Vencidos,
aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá noticiar o parcialmente, no item I, os Ministros João Oreste Dalazen,
descumprimento,em até 30 dias do Trânsito em julgado, sob pena Emmanoel Pereira e Guilherme Augusto Caputo Bastos; e, no item
de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer. II, os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, Aloysio
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELA EXIGÊNCIA DE Brandão. Quanto ao item III, restaram vencidos, parcialmente, os
A Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) Augusto Bastos e, totalmente, os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga,
decidiu, por maioria, que a exigência de certidão negativa de Renato de Lacerda Paiva e Ives Gandra Martins Filho. TST-IRR-
243000- 58.2013.5.13.0023, SBDI-1, rel. Min. Augusto César Leite da equidade e da razoabilidade, além de outros critérios como o da
de Carvalho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 20.4.2017. gravidade e a extensão do dano; a reincidência do ofensor; a
A atividade empresária das acionadas não consta no rol posição profissional e social do ofendido; e a condição financeira do
exemplificativo estabelecido pelo TST ao julgar o Incidente de ofendido e do ofensor. Tais decisões, de resto, podem ser sempre
Recursos de Revista Repetitivos (Tema nº 0001). As atividades submetidas ao crivo do sistema recursal. Esta Suprema Corte, no
exercidas, aos olhos deste Julgador, não apresentam tocante à indenização por dano moral, de longa data, cristalizou
peculiaridades que exigem a apresentação de antecedentes jurisprudência no sentido de que o art. 52 e 56 da Lei de Imprensa
As testemunhas das provas emprestadas (ID. d7d9469 - Pág. 2 e possibilidade do estabelecimento de qualquer tarifação,
ID. ad03e34 - Pág. 3) e os documentos juntados comprovam a confirmando, nesse aspecto, a Súmula 281 do Superior Tribunal de
O dano moral é (pela força in reipsa dos próprios fatos) conforme "Em outras palavras, penso que não se mostra possível ao
O tarifamento do dano moral não se aplica ao caso. limites materiais do direito de retorção, diante da miríade de
A lei 13.467/2017 não foi o primeiro diploma legal a determinar a veiculados pela mídia em seus vários aspectos".
tarifação dos danos morais, por exemplo, citamos a lei 5250/67 (lei Ou seja, o legislador não tem como prever todas hipóteses de
de imprensa). A jurisprudência à época já havia pronunciado-se em danos morais, ferindo a proporcionalidade estabelecida pela nossa
favor da não recepção dessa tarifação do dano moral. Vejamos a Carta Política.
súmula 281, do STJ "a indenização por dano moral não está sujeita Podemos observar isso no Art. 223-G, §1º, da CLT. O legislador
à tarifação prevista na Lei de Imprensa" pretendeu em somente quatro incisos apresentar todas as
Houve pronunciamento expresso, ainda, do STF, através da ADPF gravidades possíveis de danos morais. Imaginemos que a
130/09, no sentido desta lei não ter sido recepcionada pela gravidade da conduta seja bem simples, todavia, o primeiro grau de
Constituição Federal de 1988. Uma das questões abordadas pelos ali estabelecido teria como indenização o valor de, no mínimo, R$
Ministros do Pretório Excelso foi a tarifação por danos morais, que 2.994,00 (observando o salário mínimo em 2019).
era prevista nos artigos 51 e 52 da lei em exame. Desse modo, fatos distintos poderiam ter como penalidade a
De acordo com a maior Corte deste País, qualquer tentativa de mesma indenização.
tarifação ou restrição à reparação por danos morais, prevista em lei Além dos argumentos apresentados na ADF 130/09, o "Caput" do
ordinária, padeceria de inconstitucionalidade, por ofender o disposto art 5º da CF/88 também entra em choque em face dos parâmetros
na ementa:"estaríamos interpretando a Constituição no rumo da lei Esclareço. Dois acidentes que, por exemplo, tenham como
ordinária, quando é de sabença comum que as leis devem ser consequência a perda de um mesmo membro teriam indenizações
Para melhor entendermos a afirmação supra, as palavras do Estamos aqui diante da quebra de isonomia interna.
Ministro Ricardo Lewandowski, ao acompanhar o voto do Ministro Imaginemos agora que um empregador realize um mesmo ato
Celso de Mello, relator da ADPF 130/09: capaz de gerar danos morais em face de duas pessoas distintas,
"o princípio da proporcionalidade, tal como explicitado no referido um sendo seu empregado e outro um terceiro sem qualquer vínculo
dispositivo constitucional, somente pode materializar-se em face de empregatício. Pela interpretação literal da reforma trabalhista, a
um caso concreto. Quer dizer, não enseja uma disciplina legal indenização deferida pelo Juiz do trabalho não seguirá os mesmos
apriorística, que leve em conta modelos abstratos de conduta, visto parâmetros de outros Juízos. Agora podemos observar a quebra de
dinâmica e multifacetada, em constante evolução. Acredito que houve um equívoco técnico do legislador
"Já, a indenização por dano moral - depois de uma certa infraconstitucional, pois, a Medida Provisória (MP) 808/2017,
perplexidade inicial por parte dos magistrados - vem sendo publicada em 14/11/2017, tentou abrandar os problemas aqui
normalmente fixada pelos juízes e tribunais, sem quaisquer apresentados, todavia só solucionou, temporariamente, a quebra de
exageros, aliás, com muita parcimônia, tendo em vista os princípios isonomia interna, estabelecendo o valor do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social em vez do salário peculiaridades do caso concreto. O enfoque exegético da aferição
Por todo o exposto, julgo procedente a indenização por danos especialmente nos casos de alguma complexidade, em que se torna
morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00, declarando aconselhável o debate da matéria no âmbito próprio do
inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma incidenter conhecimento, e não no âmbito prévio da transcendência. 3- O TRT,
Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado do seu direito e demonstrou a existência de relação de emprego. A
com a reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a Corte Regional assentou, a propósito, que "a única testemunha
competência da Justiça do Trabalho. ouvida nos autos laborou com a autora e foi enfática ao dizer que
Examinando-se os autos, observa-se que a autora foi recrutada e foram contratadas pela Ibero Cruzeiros e ainda que ' todos os
contratada no Brasil, o que foi confirmado pelas reclamadas. contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam uniforme e
Conforme já bem analisado na sentença, a jurisprudência do p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a Ibero
Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo que o conflito de leis posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e os
no espaço se resolve pela aplicação da legislação brasileira. Senão, detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível
confira-se mais este julgado: embarcar' ( f l . 573)." Nesse contexto, para se chegar à conclusão
"EMENTA: I- AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. diversa da adotada no acórdão regional, de modo a perquirir a
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI ausência de um ou alguns dos requisitos da relação de emprego e
NOS 13.015/2014 E 13.467/2017. VIGÊNCIA DA IN Nº 40/TST rechaçar a tese de reconhecimento de vínculo empregatício, seria
PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO. NEGATIVA DE necessário reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL 1- Não houve, no recurso de instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126 do TST. 4-
revista, a transcrição dos trechos do acórdão de embargos de No tocante à constatação de grupo econômico, o TRT, com amparo
declaração opostos no TRT. Assim, a parte não demonstra que no conjunto fático probatório, notadamente nas provas testemunhal
instou a Corte regional a se manifestar sobre a alegada nulidade, e documental (contratos sociais), assentou que a Ibero Cruzeiros
sendo inviável o confronto analítico com a fundamentação jurídica Ltda. estava sob controle e direção das demais reclamadas, com
invocada pela parte. Decisão da SBDI-1 na Sessão de 16/03/2017 nítidas ingerência e afinidade socioeconômica entre elas. No ponto,
(E-RR-1522-62.2013.5.15.0067) e da Sexta Turma na Sessão de a Corte Regional registrou que "não subsiste a alegação de que o
05/04/2017 (RR-927-58.2014.5.17.0007). Logo, não atendidas as recorrido apenas comercializava a venda de pacotes turísticos
exigências do art. 896, § 1º-A, I e III, da CLT. 2- O entendimento relativos à embarcação. Isso porque a testemunha ouvida nos autos
jurisprudencial foi positivado na Lei nº 13.467/2017 que inseriu o afirma que foram contratadas pela Ibero Cruzeiros sendo que '
inciso IV no art. 896, § 1º-A, segundo o qual é ônus da parte, sob todos os contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam
pena de não conhecimento: "transcrever na peça recursal, no caso uniforme e p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a
de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de Ibero posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e
prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que os detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível
foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no embarcar' ( f l . 573)." Ademais, do exame do contrato social da
recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os Ibero Cruzeiros Ltda., concluiu-se que um de seus núcleos de
embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da atuação é "atividade armatorial, através da realização de cruzeiro
ocorrência da omissão". 3- A Sexta Turma evoluiu para o marítimos". Nesses aspectos, para se chegar à conclusão diversa
entendimento de que, uma vez não atendidas as exigências da Lei da exposta pelo Tribunal Regional, seria necessário reexame de
nº 13.015/2014, fica prejudicada a análise da transcendência. 4- fatos e provas, a fim de constatar a ausência de controle e de
Agravo de instrumento a que se nega provimento. RELAÇÃO DE direção da Ibero Cruzeiros Ltda. pelas demais reclamadas, o que é
EMPREGO. RECONHECIMENTO. GRUPO ECONÔMICO 1- vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126
Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 2- Deve ser desta Corte. 5- Agravo de instrumento a que se nega provimento.
reconhecida a transcendência na forma autorizada pelo art. 896-A, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 1- Atendidos os requisitos do art.
§ 1º, parte final, da CLT (crit é rio " e outros " ) quando se mostra 896, § 1º-A, da CLT. 2- Exame de ofício da decisão recorrida: a
aconselh á vel o exame mais detido da controvérsia devido às Corte Regional constatou que a reclamante, além de ter declarado
hipossuficiência, encontra-se assistida pelo sindicato da categoria de modo a atrair a incidência da jurisdição interna. 6- Portanto,
profissional. No tocante à alegação patronal, no sentido de que o evidenciada a contratação de trabalhadora brasileira, no Brasil, para
SINDASP não representa a categoria profissional da reclamante, o trabalhar em navios de cruzeiro cuja navegação ocorreu tanto em
TRT destacou que a reclamada "não comprova nada a esse águas nacionais quanto internacionais, revela-se inarredável a
respeito, tampouco indica qual o sindicato que, de fato, representa competência da autoridade brasileira para processar e julgar a
os interesses da recorrida, ônus que lhe incumbia (art. 373, II, do ação, nos termos do artigo 21, III, do CPC/2015, porquanto se trata,
CPC de 2015)". 3- Não há transcendência política, pois não conjuntamente, de um ato (contratação) e de um fato sucedidos
constatado o desrespeito à jurisprudência sumulada do Tribunal (prestação de labor) neste país. Outrossim, robustece a incidência
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal. 4- Não há da jurisdição nacional na hipótese em exame a ratio do artigo 651, §
transcendência social, pois não se trata de postulação, em recurso 2º, da CLT que estende a competência das Varas do Trabalho para
de reclamante, de direito social constitucionalmente assegurado. 5- julgar os dissídios ocorrido no exterior, desde que, como no caso, o
Não há transcendência jurídica, pois não se discute questão nova empregado litigante tenha nacionalidade brasileira e não exista
em torno de interpretação da legislação trabalhista. 6- Não se convenção internacional estabelecendo o contrário. 7- Quanto à
reconhece a transcendência econômica quando, a despeito dos legislação aplicável, ressalta-se inicialmente que a tese vinculante
valores da causa e da condenação, não se constata a relevância do do STF no julgamento do RE 636.331/RJ (Repercussão Geral -
caso concreto, pois a matéria probatória não pode ser revisada no Tema 2010) não trata de Direito do Trabalho, e sim de extravio de
TST, e, sob o enfoque de direito, não se constata o desrespeito da bagagem de passageiro: "Nos termos do art. 178 da Constituição da
instância recorrida à jurisprudência desta Corte Superior. 7- Não há República, as normas e os tratados internacionais limitadores da
outros indicadores de relevância no caso concreto (art. 896-A, § 1º, responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
parte final, da CLT). 8- Agravo de instrumento a que se nega especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm
provimento. II- RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". 8- A
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI Nos 13.015/2014 E jurisprudência majoritária do TST, quanto à hipótese de trabalhador
13.467/2017 EMPREGADO CONTRATADO NO BRASIL. LABOR brasileiro contratado para desenvolver suas atividades em navios
JUSTIÇA BRASILEIRA E LEGISLAÇÃO TRABALHISTA de que nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 7.064/82, aos
APLICÁVEL 1- Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. trabalhadores nacionais contratados no País ou transferidos do País
2- Há transcendência jurídica quando se constata divergência entre para trabalhar no exterior, aplica-se a legislação brasileira de
as Turmas do TST sobre a matéria. 3- A controvérsia diz respeito a proteção ao trabalho naquilo que não for incompatível com o
viabilidade, ou não, de incidência da jurisdição brasileira e de diploma normativo especial, quando for mais favorável do que a
aplicação da legislação nacional no caso envolvendo trabalhadora legislação territorial estrangeira. 9 - O Pleno do TST cancelou a
brasileira, contratada no Brasil, e que prestou serviços em águas Súmula nº 207 porque a tese de que "A relação jurídica trabalhista é
nacionais e internacionais a bordo de embarcação de bandeira regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por
portuguesa. 4- Na espécie, depreende-se dos trechos do acórdão aquelas do local da contratação" não espelhava a evolução
transcritos que a reclamante trabalhou como camareira tanto em legislativa, doutrinária e jurisprudencial sobre a matéria. E após o
águas nacionais como internacionais. Além disso, o TRT registrou cancelamento da Súmula nº 207 do TST, a jurisprudência
que a testemunha ouvida disse "que trabalhou junto com a autora; majoritária se encaminhou para a conclusão de que somente em
foram contratadas pela Ibero Cruzeiros; a contratação foi em princípio, à luz do Código de Bustamante, também conhecido como
Curitiba; fizeram cursos e processo seletivo através da empresa "Lei do Pavilhão" (Convenção de Direito Internacional Privado em
ISMBR; foram os entrevistadores da Ibero Cruzeiros que fizeram a vigor no Brasil desde a promulgação do Decreto nº 18.871/29),
seleção". 5- Consignou também que houve comprovação da aplica-se às relações de trabalho desenvolvidas em alto mar a
realização do processo seletivo por uma agência de recrutamento e legislação do país de inscrição da embarcação. Isso porque, em
seleção de pessoas no Brasil, razão por que a Corte Regional decorrência da Teoria do Centro de Gravidade, (most significant
reputou existente aqui, no mínimo, a pré-contratação da reclamante. relationship), as normas de Direito Internacional Privado deixam de
À luz desse panorama, sobretudo ao sopesar a prova oral ser aplicadas quando, observadas as circunstâncias do caso,
mencionada, o TRT concluiu que a reclamante foi contratada no verificar-se que a relação de trabalho apresenta uma ligação
Brasil e, ainda que em curtos períodos, prestou serviços neste país, substancialmente mais forte com outro ordenamento jurídico. Trata-
se da denominada "válvula de escape", segundo a qual impende ao CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL
juiz, para fins de aplicação da legislação brasileira, a análise de EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA. Provado que o
elementos tais como o local das etapas do recrutamento e da reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para
contratação e a ocorrência ou não de labor também em águas trabalhar como "assistente de garçom" em navios de cruzeiro, e que
nacionais. 10 - Nos termos do art. 3º da Lei n° 7.064/1982, a no período de 09 meses de contrato laborou por, pelo menos, 05
antinomia aparente de normas de direito privado voltadas à meses em águas nacionais, na denominada "temporada brasileira
aplicação do direito trabalhista deve ser resolvida pelo princípio da de cruzeiros, correta a decisão que reconheceu a incidência da
norma mais favorável, considerando o conjunto de princípios, regras legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a
e disposições que dizem respeito a cada matéria (teoria do demanda." (TRT-7 - RO: 0000358-77.2012.5.07.0016. Relator:
conglobamento mitigado). 11 - Não se ignora a importância das JEFFERSON QUESADO JUNIOR. Data de Julgamento:
normas de Direito Internacional oriundas da ONU e da OIT sobre os 06/05/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: 13/05/2013).
trabalhadores marítimos (a exemplo da Convenção das Nações Ademais, o TAC firmado perante o MPT não possui forma
Unidas sobre o Direito do Mar, ratificada pelo Brasil por meio do vinculante perante o Judiciário, posto que prevê condutas para os
Decreto n° 4.361/2002, e da Convenção n° 186 da OIT sobre Direito signatários, com aplicação das penalidades ali consignadas.
Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil). Contudo, deve-se aplicar Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça
a legislação brasileira em observância a Teoria do Centro de Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio.
Gravidade e ao princípio da norma mais favorável, que norteiam a E ainda, a recorrente, em seu apelo, limitou-se a ignorar o conteúdo
solução jurídica quanto há concorrência entre normas no Direito da sentença e a repetir o mesmo arrazoado já apresentado,
Internacional Privado, na área trabalhista. Doutrina. 12 - Cumpre restando manifesta a ausência de argumentos minimamente sólidos
registrar que o próprio texto da Convenção n° 186 da OIT sobre aptos a afastarem as conclusões alçadas pelo juízo de origem, o
Direito Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil, esclarece que sua que atrai a conclusão de que a decisão atacada, por seu
edição levou em conta "o parágrafo 8º do Artigo 19 da Constituição detalhamento e qualidade, deve ser confirmada por esta Egrégia
da Organização Internacional do Trabalho, que determina que, de Corte, em relação aos pedidos ora discutidos e supra relacionados.
modo algum a adoção de qualquer Convenção ou Recomendação MULTA ART. 477 DA CLT
pela Conferência ou a ratificação de qualquer Convenção por Argumentam as reclamadas em suas razões recursais:
qualquer Membro poderá afetar lei, decisão, costume ou acordo que "O MM. Juízo a quo, apesar de reconhecer a inexistência de
assegure condições mais favoráveis aos trabalhadores do que as parcelas incontroversas, decidiu pela aplicação da multa prevista
condições previstas pela Convenção ou Recomendação". 13 - Não pelo art. 477, § 8º, da CLT. No entanto, tal entendimento não deve
afronta o princípio da isonomia a aplicação da legislação brasileira ser mantido, uma vez que somente houve o reconhecimento das
mais favorável aos trabalhadores brasileiros e a aplicação de outra verbas devidas em juízo.
legislação aos trabalhadores estrangeiros no mesmo navio. Nesse Sendo assim, não há que se falar em pagamento de multa por
caso há diferenciação entre trabalhadores baseada em critérios atraso nas verbas rescisórias, pois o eventual reconhecimento
objetivos (regência legislativa distinta), e não discriminação fundada posterior de certos direitos, mediante decisão judicial, não
pessoais dos trabalhadores. 14- No caso, o TRT de origem, tendo Pleiteiam a improcedência da multa do art. 477 da CLT.
nacional, concluiu que a legislação aplicável é a brasileira. Assim, o Referida multa incide quando não houver a quitação das parcelas
acórdão regional revela-se em consonância com a iterativa, notória constantes do instrumento de rescisão nos prazos estipulados no
e atual jurisprudência deste Tribunal Superior. Incidência do art. art. 477, §6º da norma consolidada, o que é o caso dos autos.
896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST. 15- Recurso de Ademais, o entendimento do TST, através da súmula 462, é no
revista de que não se conhece" (ARR-1370-79.2015.5.09.0012, 6ª sentido de que, mesmo que a relação de emprego tenha sido
Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT reconhecida em juízo, não afasta a incidência da multa. Vejamos:
Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO
"CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa
prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida pagamento de qualquer indenização por dano moral, pelo que deve
apenas quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora ser reformada a sentença de origem, para excluir da condenação a
no pagamento das verbas rescisórias." indenização por danos morais face à exigência de exames.
0001997-66.2017.507.00013, no qual o juiz a quo bem analisa que No que pertine à concessão dos benefícios da justiça gratuita à
"A multa do art. 477 da CLT é devida porque a reclamada não reclamante, correto o decisum.
efetuou o pagamento das verbas rescisórias devidas no prazo legal, A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe:
preferindo assumir o risco de ver reconhecida essa obrigação em "É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
Com isso, nego provimento ao apelo das reclamadas a fim de requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive
manter o decisum no tocante à condenação das empresas no quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário
pagamento da referida multa. igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
DANOS MORAIS POR EXIGÊNCIA DE EXAMES ADMISSIONAIS benefícios do Regime Geral de Previdência Social."
As reclamadas aduzem que o dano moral não resta configurado, Assim, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do
alegando que a exigência de exames prévios visa a adoção de RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor,
cautelas necessárias face à peculiaridade do trabalho que era deve provar sua condição.
desenvolvido em alto mar. Ademais, a exigência de exames pré- No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou
contratação, por si só, não gera ofensa à honra ou a qualquer outro regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a
valor subjetivo do trabalhador. concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par
Razão lhes assiste. com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a
Restou incontroverso que as reclamadas exigem, na pré- concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40%
contratação, exames de HIVe toxicológico dos trabalhadores. do limite máximo dos benefícios do RGPS.
A reclamação alberga aspectos jurídicos de grande monta, de que é Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a
exemplo o pedido de indenização por danos morais por terem as reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à
reclamadas exigido à autora a realização de exames de HIVe gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de
toxicológico, antes de sua contratação, cujo reconhecimento hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu
depende de provas robustas de que tal exigência tenha causado próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta
A exigência desses exames, por si só, não caracteriza conduta Incumbia às reclamadas demonstrarem que a reclamante ostenta
discriminatória das reclamadas, nem mesmo é capaz de causar condição econômica diversa, desiderato do qual não se
da obreira, em cruzeiros marítimos, ficando diversos dias em alto Desse modo, mantém-se os benefícios da Justiça Gratuita à parte
mar, sem acesso a serviços médicos especializados ou mesmo reclamante, tendo em vista que há nos autos declaração de pobreza
hospitais e remédios específicos. Não se desconhece que haja de próprio punho, Id 772dafd, presumindo-se a sua incapacidade
serviço médico a bordo do navio, mas o mesmo é restrito, em razão financeira (art. 790, § 4º da CLT c/c art. 99, § 3º do CPC).
de ser bastante limitado, posto desenvolvido, repita-se, em alto mar, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA
Assim, vislumbro que a exigência de exames prévios à admissão No tocante aos honorários sucumbenciais a cargo da reclamante,
visa à proteção dos empregados e de todos os passageiros do em que pese não haver pedido de exclusão da condenação no
navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia de segurança da recurso ordinário interposto pela obreira, o art. 85 do CPC impõe a
tripulação e dos passageiros. Ademais, a autora deixou o trabalho análise de referida matéria, posto que seus ditames são
não porque se sentiu violada em sua honra por conta dos exames obrigatórios, devendoo juiz fazer a fixação.
prévios. Muito pelo contrário, firmou dois contratos com as Ademais, referida obrigação é acessória da sentença e, por força
reclamadas, o que demonstra a sua satisfação. de lei e de decisão vinculante em ação direta de
Ante o acima exposto, a conduta das reclamadas não constitui ato inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de
ilícito passivo de indenização, não fazendo jus a reclamante ao ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.
Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2019, ou seja, após Desembargador Relator
mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou Diretor de Secretaria
CONCLUSÃO DO VOTO
discriminada.
JEFFERSON QUESADO
O reclamante interpôs embargos de declaração de ID. 4ff41f1e e o
reclamado de ID. 739be74 que foram julgados parcialmente líquida, o que foi atendido pela parte reclamante, possibilitando ao
procedentes nos termos da sentença de ID-3392cc5. reclamado sua compreensão e apresentação de ampla defesa.
Em seu recurso ordinário de ID. cae35e5, pede o reclamante o No caso dos autos, verifica-se que o reclamante afirmou que
deferimento das horas extras, na forma postulada na inicial. Insurge substituiu os empregados Rafael Silva e Suzane Pires durante os
-se, ainda, quanto a condenação de honorários advocatícios de respectivos períodos de férias (fl. 8).
Por sua vez o reclamado, em seu apelo de ID. 6eabee2, pede a banco reclamado tem exata ciência dos períodos de férias dos
nulidade da sentença dos embargos de declaração, bem como a colaboradores referidos na inicial, podendo contestar e exercer seu
inépcia da inicial, quanto ao pedido de substituição. No mérito, pede direito à ampla defesa com base nas informações que possui.
o indeferimento quanto aos pedidos de substituição e alega a Como se verá na análise meritória, o gerente Rafael Silva, um dos
existência de julgamento ultra petita quanto ao deferimento relativo empregados apontados na exordial, atuou como testemunha
as parcelas de "AGIR TRILHAS" E "PRÊMIO MENSAL TRILHAS". defensiva durante a instrução processual, indo de encontro à
Insurge-se, ainda, quanto a concessão dos benefícios da Justiça afirmação contida na contestação de que não há gerente de nome
Gratuita ao reclamante. Tece considerações acerca dos honorários Rafael Silva nas agências em que o reclamante trabalhou."
Contrarrazões ao recurso ordinário do reclamante de ID. 1313457 e substituições, nada a alterar na sentença, devendo ser mantida a
ao recurso ordinário da reclamada de ID. fde0386. decisão de ID-a0cb614, complementada com os esclarecimentos da
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho sentença proferida em razão dos embargos de declaração de ID-
DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO qual postula as correspondentes diferenças salariais, com reflexos
Inicialmente, recebo o recurso ordinário do reclamado, pois, em férias + 1/3, 13º salário, horas extras pagas e não pagas e
preenchidos os requisitos necessários a sua admissibilidade, em verbas rescisórias (décimo terceiro salário proporcional, férias
seu efeito devolutivo, na forma prevista no artigo 899 da CLT. proporcionais e terço constitucional de férias e FGTS).
Rejeita-se o pedido de nulidade da sentença proferida em sede A reclamada nega qualquer tipo de substituição com relação ao
embargos de declaração, tendo em vista que naquela ocasião, o empregado Rafael Silva, afirmando que não localizou registro do
Juízo "a quo" analisou os pedidos contidos nos declaratórios de referido empregado laborando nas mesmas agências em que o
ambas as partes, ali fazendo constar os esclarecimentos que reclamante prestou seus serviços.
entendeu necessários. No que tange à empregada Suzane Pires, aduz que esta não gozou
Inacolhe-se o pleito de julgamento ultra petita, quanto ao 30 (trinta) dias corridos de férias em 2019; que, na condição de
deferimento relativo as parcelas de "AGIR TRILHAS" E "PREMIO "gerente uniclass", não poderia ser substituída por empregado
MENSAL TRILHAS", vez que o juízo "a quo", analisou os autos ocupante do cargo do reclamante, sendo necessário possuir CPA
dentro dos limites contidos na inicial. 10 e procuração, o que não era o caso; que ambos os empregados
Melhor sorte não assiste ao reclamado, quanto ao pedido de não laboraram na mesma agência; e que o autor, quando muito,
inépcia, devendo ser mantida a decisão proferida pelo Juízo "a quo" auxiliou em parte das tarefas por ela deixadas, isso porque, durante
nos seguintes termos: eventual ausência por férias, licenças, realização de cursos, ou
" Argui o reclamado preliminar de inépcia da petição inicial, no que outras razões, as atribuições de um gerente uniclass eram divididas
tange ao pedido de salário substituição, por ausência de dentre os demais colaboradores com o mesmo cargo e até com os
especificação das datas e locais em que o reclamante alega ter superiores hierárquicos".
Nos termos do art. 840, §1º, da CLT, a petição inicial trabalhista O direito ao recebimento de salário igual ao do empregado
deve trazer uma breve exposição dos fatos e os pedidos de forma afastado, nos casos de substituição não eventual, é pacífico na
jurisprudência pátria através da Súmula nº 159 do TST, que fala, funcionários tanto da parte operacional quanto comercial, que são
expressamente, nas substituições ocorridas em razão de férias: designados para substituir em férias;"
"SUM-159 SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E Os fatos afirmados pela citada testemunha defensiva corroboram os
VACÂNCIA DO CARGO (incorporada a Orientação Jurisprudencial fatos narrados na inicial, estando, ainda, alinhados com as
nº 112 da SBDI-I) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 informações prestadas pela segunda testemunha do reclamante,
meramente eventual, inclusive nas férias, o empregado substituto "[...] que no período em que trabalhou com o reclamante havia um
fará jus ao salário contratual do substituído. (ex-Súmula nº 159 - gerente de nome Rafael e outra de cujo nome não se recorda; que o
alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) (...)" depoente trabalhava na área operacional, mas estava sempre em
No caso dos autos, verifico que o reclamante provou de maneira contato com o pessoal da área comercial; que quando o gerente
satisfatória os fatos constitutivos de seu direito, senão vejamos. Uniclass tirava férias, alguém era designado para ficar no lugar
Com relação à substituição do gerente Rafael Silva, o fato de este dele; que o reclamante chegou a substituir os 2 gerentes Uniclass
ter sido ouvido como testemunha defensiva desconstitui, por que estavam na agência durante as férias de ambos, não lembra
completo, as alegações do reclamado de que sequer localizou o exatamente a quantidade de dias de férias, mas tiravam entre 20 e
citado empregado nas agências onde o reclamante prestou 30 dias; que ninguém tinha alçada na agência, tudo era liberado
Ora, não só o empregado apontado como substituído compareceu a substituídos pelos agentes comerciais, mas não se recorda se a
Juízo para depor, como afirmou, categoricamente, que laborou com agente de nome Cíntia chegou a substituir algum gerente; que não
o reclamante e que as substituições , contrariando a tese defensiva se lembra qual dos dois gerentes tirou férias antes e nem quais os
e as dos gerentes se davam pelos agentes comerciais afirmações períodos de férias; (...) que o gerente Uniclass fazia atendimento e
da preposta do reclamado, conforme se vê do trecho do depoimento visita a clientes, abertura de contas, solicitação de empréstimos e o
abaixo colacionado (fl. 3.365): agente comercial tinha como atribuições solicitar a abertura de
"(...) que trabalhou com o reclamante na agencia 0667 - Centro, não contas, solicitava empréstimos, atendia clientes, vendia produtos,
lembrando exatamente o período que trabalhou com o reclamante, sendo a diferença entre eles é que o gerente Uniclass tinha uma
sabendo que foi até março de 2018, pois foi quando o depoente carteira de clientes própria para cuidar; que nas férias do gerente
saiu da agência, acreditando que trabalharam juntos por Uniclass, era o agente comercial quem substituía; [...]"
aproximadamente 6 meses, mas não lembra ao certo; que não se Sobre a testemunha em questão, importa destacar que, a princípio,
recorda se tirou algum período de férias enquanto trabalhava com o o depoimento prestado se mostrou um tanto frágil, visto que afirmou
reclamante; que quando tirava férias, normalmente o gerente geral com exatidão o período em que laborou com o reclamante, não
colocava um agente comercial para atender os clientes do depoente sabendo precisar a época em que trabalhou com outros colegas,
durante suas férias, para que o agente comercial pudesse se quando indagado por este Juízo.
aprimorar melhor e se qualificasse para uma eventual promoção; A reclamada, no entanto, não produziu contraprova neste tocante.
que além do atendimento aos clientes, as demais atribuições do Pelo contrário, as informações acerca da dinâmica dos cargos
gerente Uniclass iam para o agente comercial, pois não havia nada "gerente uniclass" e agente comercial, incluindo atribuições e
de excepcional nelas, todos faziam, com exceção do Pague e substituições durante os afastamentos dos primeiros, foram
Devolve, que é a compensação de cheques, isso era feito pelo prestadas em consonância com as afirmações da primeira
gerente geral; que geralmente é escolhido um agente comercial testemunha do reclamado (gerente Rafael Silva), conduzindo este
específico para substituir o gerente Uniclass (...)" Juízo a concluir pela veracidade dos fatos narrados na exordial.
O depoimento da testemunha da reclamada Rafael Silva contraria Verificando os afastamentos dos gerentes substituídos, verifico que
frontalmente as declarações da preposta, que afirmou: a gerente Suzana Pires não ficou 30 (trinta) dias em férias
" que nas férias do gerente Uniclass, suas alçadas vão para o contínuas, mas apenas 20 (vinte) dias, na forma apontada na
gerente geral da agencia (GGC) e os atendimentos são realizados contestação (fl. 3.275).
por outro gerente Uniclass e se o cliente for comprar um produto o Dessa forma, conforme consta acertadamente na sentença dos
gerente geral é quem autoriza no sistema; que dessa forma, as embargos de declaração mantém-se o deferimento das
atribuições do gerente são rateadas entre o GGC e outro gerente substituições pretendidas pelo autor, na forma a seguir transcrita:
Uniclass, mas o banco também tem a figura do USO, que são "O depoimento pessoal do reclamante exclui o direito à substituição
Dezembro de 2018, pois aquele afirmou que substituiu os gerentes Da leitura atenta da defesa do reclamado, verifica-se que este refuta
Rafael e Suzane no período compreendido entre junho de 2016 e as alegações de recebimento de comissões e afirma que a parcela
julho de 2018 (fl.1.909). O depoimento da testemunha defensiva prêmio foi paga com as devidas integrações sem, entretanto, fazer
Rafael (paradigma): afirmou que trabalhou com o reclamante por qualquer menção à rubrica "trilhas mensal" apontada pelo
aproximadamente 6 (seis) meses, até março de 2018. Não existem reclamante, deixando de esclarecer a natureza de tal parcela.
provas documentais comprobatórias dos períodos de férias do Os contracheques juntados pelo próprio reclamado demonstram o
gerente Rafael, por isso foi arbitrada a substituição por apenas um efetivo pagamento em diversos meses do contrato de trabalho, da
período, 30 (trinta) dias, referente ao período concessivo verba em questão, sob as rubricas "trilhas mensal", "agir trilhas" ou
2017/2018, e não 2019, como consta na sentença. "premio mensal trilhas", sempre desacompanhada da integração no
Desta forma, restam deferidas as substituições na forma abaixo repouso semanal remunerado, como alega o reclamado.
diferenças salariais decorrentes da substituição da gerente Suzane entretanto, os demonstrativos de pagamento juntados aos autos, a
Pires, ora arbitradas como ocorrendo em todos os períodos de exemplo do referente ao mês de outubro de 2016 (fl. 2.152),
férias gozados por esta no ano de 2018 (com exceção das férias de comprovam o pagamento regular da parcela, com as devidas
dez /18), totalizando 30 (trinta) dias - de 16/04/2018 a 30/04/2018 e repercussões no repouso semanal remunerado, conforme afirmado
durante o seu período de férias, ora arbitrado em 30 (trinta) dias (de Desta feita, defiro o pleito de integração ao salário das parcelas
01/10/2017 a 30/10/2017 - diante da ausência de juntada de variáveis pagas sob as rubricas "trilhas mensal", "agir trilhas" e
documentação alusiva às férias do funcionário em questão), em "premio mensal trilhas", condenando o reclamado ao pagamento
ambos os casos observado o valor do salário do "gerente uniclass", dos reflexos respectivos no repouso semanal remunerado, sábados
com reflexos em férias + 1/3, 13º salário e FGTS;" e feriados, férias + 1/3, 13º salários e FGTS, tudo a ser apurado em
Esclareço, ainda, que as diferenças salariais deverão levar em liquidação de sentença, conforme os contracheques de fls.
substituído, visto que reconhecido que o reclamante exercera a Indefiro os reflexos em PLR, visto que a remuneração do
função correlata durante a substituição, tendo o salário e a reclamante não serve de base de cálculo para a parcela em
Não deverão ser considerados nos cálculos eventuais prêmios, Mantém-se o deferimento dos benefícios da justiça gratuita , vez
adicionais por tempo de serviço e comissões, visto que se trata de que pela simples declaração de não estar em condições de custear
parcelas personalíssimas dos substituídos." a demanda sem prejuízo do próprio sustento ou de seus familiares,
Nada reformar,também, quanto a integração das comissões e o autor se torna credor da assistência judiciária gratuita, uma vez
prêmios, devendo ser mantida a decisão recorrida, na forma a que referida declaração faz prova (relativa) acerca de sua condição
seguir transcrita: de miserabilidade, tal qual exigido pelo §4º do art. 790 da CLT, com
Pugna o reclamante, ainda, pela integração das parcelas variáveis Para inviabilizar a concessão do benefício em comento, portanto,
recebidas em todos os meses do contrato de trabalho sob as caberia à reclamada produzir prova robusta em sentido contrário,
rubricas de comissões, prêmios e "trilhas mensal", em razão de sua capaz de esvaziar a presunção de veracidade da declaração de
O reclamado, por sua vez, impugna o pleito aduzindo que o As contribuições previdenciárias, juros e correção monetários
reclamante não recebia comissões e que "o pagamento da encontram-se todos estabelecidos na forma da legislação aplicável,
premiação é feito aos empregados elegíveis, no mês subsequente à nada havendo a ser reformado.
efetivação da venda, sendo que os valores sempre foram DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
discriminados nos contracheques, inclusive as integrações no RSR Em seu recurso ordinário de ID. cae35e5, pede o reclamante o
(repouso semanal remunerado), conforme exemplos a seguir: deferimento das horas extras, na forma postulada na inicial. Insurge
"prêmio seguro-RSR", "prem. previdência.-RSR", entre outros -se, ainda, quanto a condenação de honorários advocatícios de
tantos". sucumbência.
O Juízo "a quo", bem apreciou a questão pertinente ao pedido de ponto, se mostrou dividida.
horas extras, devendo se mantida, conforme a seguir transcrito: Isto porque as testemunhas autorais afirmaram que laboravam além
"Aduz a reclamante que laborou em prol do reclamado, de da jornada de 6 (seis) horas diárias, sem qualquer compensação de
02/03/2015 a 02/01/2019, na função de agente comercial, e que, jornada e marcando o ponto com horários distintos daqueles
inobstante o fato de ter sido contratada para prestar jornada de 6 efetivamente prestados (realizando atividades que não exigiam o
(seis) horas diárias, com 15 (quinze) minutos de intervalo uso do computador, já que este só era possível com o ponto batido,
intrajornada, na prática, laborava das 09h00min às 18h00, com 15 ou fazendo um acerto no ponto); ao passo que as testemunhas
(quinze) minutos de intervalo intrajornada, de segunda a sexta, defensivas informaram que os agentes comerciais prestavam
informando que referida jornada não era regularmente registrada jornada de 6 (seis) horas diárias, sendo compensado o labor além
Requer, portanto, a condenação do reclamado ao pagamento das (duas) horas diárias, sendo os acertos no ponto restritos a algumas
horas extraordinárias excedentes da 6ª hora diária e 30ª hora situações excepcionais, conforme afirmado de forma bastante
semanal, integradas aos DSR's (incluídos os dias de sábado e assertiva pela 1ª testemunha do reclamado.
feriados, nos termos do parágrafo 1º da Cláusula 8ª da Convenção Os cartões de ponto confirmam, ainda, a afirmativa da 2ª
Coletiva de Trabalho da categoria), com reflexos em 13º salários, testemunha da reclamada de que era praxe dos agentes comerciais
férias + 1/3, aviso prévio, PLR e FGTS . gozar intervalo intrajornada de 30 (trinta) minutos, com
Pugna, também, pelo pagamento das horas extras decorrentes da compensação dos 15 (quinze) minutos excedentes ao final da
redução do intervalo intrajornada, com natureza salarial, em razão jornada, fato que se observa em praticamente todos os dias de
(Reforma Trabalhista) Diante de tais fatos, ainda que a prova emprestada de fl. 32/33
Aduz a reclamada que os controles de ponto juntados aos autos traga depoimento pessoal de preposto da reclamada contendo
demonstram de maneira fidedigna os horários de trabalho, afirmações em conformidade com as alegações autorais, deve
constando, inclusive, eventuais horas extras laboradas além da 6ª prevalecer a prova produzida nos presentes autos, ante à sua
diária, labor este que era devidamente remunerado ou compensado. especificidade em relação ao caso concreto. Apenas seria razoável
Afirma, também, que o reclamante sempre gozou seu intervalo se socorrer da prova emprestada caso a prova oral aqui produzida
intrajornada de forma regular, sendo de 15 (quinze) minutos, em deixasse de versar sobre todos os aspectos debatidos de maneira
razão da jornada de 6 (seis) horas diárias prevista no do art. 224 da satisfatória, o que não ocorreu. Afasto, dessarte, as alegações
CLT, caput. trazidas pelo reclamante em sede de razões finais nas quais ratifica
necessária a apresentação dos registros de ponto que se Por fim, importante ressaltar que a amostragem apresentada pelo
Observo que, com a contestação, foram juntados aos autos os considerando diversos dias em que houve jornada inferior a 6 (seis)
cartões de ponto de fls. 1.861/1.920, abrangendo todo o contrato de horas diárias, com efetiva compensação de jornada regularmente
intrajornada de, no mínimo, 15 (quinze) minutos, além de acordo Assim, inexistindo prova robusta capaz de infirmar o conteúdo dos
individual de compensação de jornada de fl. 1.834, tendo se controles de ponto apresentados, indefiro os pleitos de horas extras
desincumbido a contento do ônus que lhe competia, a teor do item I excedentes à 6ª diária e intervalares e respectivos reflexos."
da Súmula nº 338 do TST. Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, verifica-se
Nesse passo, cabia à parte reclamante desconstituir as informações que a presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº
presentes nos controles de jornada, por meio de prova robusta, 13.467/2017, e que a sentença concedeu ao autor os benefícios da
ônus do qual não se desincumbiu a contento. justiça gratuita, o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de
Com efeito, em que pese a alegação autoral de que os horários imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766
constantes nos cartões de ponto não condiziam com a jornada (20.10.2021), que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A,
efetivamente laborada, a prova testemunhal produzida pelas partes, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
no que tange à validade dos registros contidos nos cartões de Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §
Processo Nº ROT-0000482-27.2020.5.07.0001
4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao RECORRENTE GEISIANE DO NASCIMENTO PIO
ADVOGADO LUIZ AUGUSTO GUIMARAES
trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se WLODARCZYK(OAB: 24064-B/CE)
inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de ADVOGADO Helen Luiza Korobinski Mendes(OAB:
24227/CE)
honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA
FILHO(OAB: 22155/CE)
devem ser excluídos da condenação.
ADVOGADO AMANDA MONTENEGRO
CARVALHO(OAB: 28800/CE)
RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
CONCLUSÃO DO VOTO
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar nulidade da sentença RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
dos embargos de declaração, inépcia da inicial e julgamento ultra JUNIOR(OAB: 9075/CE)
petita e, no mérito, negar provimento ao recurso do reclamado e dar RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
parcial provimento ao recurso do reclamante, determinando a RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
exclusão da condenação do autor no pagamento de honorários em ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
favor do advogado da reclamada, com base na declaração de RECORRIDO GEISIANE DO NASCIMENTO PIO
inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI ADVOGADO LUIZ AUGUSTO GUIMARAES
WLODARCZYK(OAB: 24064-B/CE)
5766. Mantido o valor da condenação ADVOGADO Helen Luiza Korobinski Mendes(OAB:
24227/CE)
ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA
DISPOSITIVO FILHO(OAB: 22155/CE)
ADVOGADO AMANDA MONTENEGRO
CARVALHO(OAB: 28800/CE)
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
Intimado(s)/Citado(s):
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
- GEISIANE DO NASCIMENTO PIO
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a
da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Contrarrazões da reclamada (Id 65696b3) e da reclamante (Id
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das cbfd622), onde alega que o recurso da ré não deve ser
Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários conhecimento, face à ausência de dialeticidade.
advocatícios a cargo da reclamante, os quais devem ser excluídos Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho
O MM. Juízo da1ª Vara do Trabalho de Fortaleza, por meio da PELA RECLAMANTE EM CONTRARRAZÕES
sentença (Id 6524beb), julgou procedentes em parte os pedidos Alega a reclamante que o recurso da reclamada não combate os
constantes na ação movida por GEISIANE DO NASCIMENTO PIO fundamentos da sentença, pelo que não deve ser conhecido.
pagar as diferenças salariais e reflexos decorrentes do desvio de O art. 1.010 do CPC prevê o seguinte:
função (acréscimo de 30% sobre o salário base), pagar 15 minutos "Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo
por dia pela não concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT, de primeiro grau, conterá:
horários constantes nos cartões de ponto, além de condenar ambas II - a exposição do fato e do direito;
as partes a pagar honorários advocatícios em 10%. III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de
Inconformado, recorre ordinariamente o reclamado (Id d471ac6), Compulsando os autos, verifica-se que o recurso da reclamada
alegando, preliminarmente, a inépcia da inicial, considerando que a preenche as exigências do artigo supratranscrito, tendo exposto os
reclamante não trouxe aos autos quais seriam as atividades de fatos e o direito, com as razões do pedido da reforma da decisão,
cada função as quais indicou que acumulava. No mérito, aduz que além de possuir o nome e a qualificação das partes.
não havia desvio de função e que a reclamante não exerceu Assim, constata-se que estão presentes todos os fundamentos de
qualquer atividade alheia à função de caixa. Aduz que o art. 384 foi fato e de direito necessários para eventual reforma da sentença
revogado pela reforma trabalhista e que, mesmo antes disso, era recorrida, não havendo que se falar em violação ao princípio da
entre homens e mulheres. Alega, ainda, que eventual Dessa forma, considerando que os recursos preenchem as
descumprimento do previsto no art. 384, geraria apenas uma exigências processuais no que tange aos pressupostos, merecem
justiça gratuita para a reclamante, posto que a mesma não fez Alega o reclamado que a inicial é inepta, haja vista que a
prova nesse sentido, bem como que a correção monetária seja reclamante não trouxe aos autos quais seriam as atividades de
aplicada com base no art. 459 da CLT e que os juros de mora sejam cada função e quais as que ela acumulava. Sem razão.
computados somente a partir da distribuição da ação. Por fim, O que se observa da simples leitura da petição inicial é uma
requer sejam descontados dos créditos da reclamante os valores pretensão coerente e fundamentada, onde existem todos os dados
previdenciários e fiscais, bem como que seja retido o Imposto de necessários ao exame do mérito e à ampla defesa da reclamada.
Renda devido pela obreira. Ademais, a mesma preenche os requisitos constantes no art. 840,
Também inconformado, recorre a reclamante (Id 9db8380), da CLT. De par com isso, a alegativa se confunde com o próprio
alegando que são devidas as horas extras além da 6ª, bem como as mérito e será abaixo examinada. Rejeita-se, pois.
que a prova testemunhal foi suficiente para demonstrar a invalidade RECURSO DA RECLAMADA
dos cartões de ponto, nos quais eram registradas apenas algumas JUSTIÇA GRATUITA
Deve ser registrado que a presente ação foi ajuizada em 2020, funções, entende-se que o mesmo se obrigou a todo e qualquer
portanto após a entrada em vigor da reforma trabalhista. serviço compatível com sua função. Vejamos:
A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: "Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita
"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos pelas anotações constantes da carteira profissional ou por
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) expressa e tal respeito, entender-se-á que o empregado se
do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua
Ou seja, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do Portanto, o empregado não está adstrito a apenas uma tarefa ou
deve provar sua condição. Dessa forma, vê-se que, para ser configurado o desvio de função, é
No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou necessário que ao trabalhador sejam impostas funções diferentes e
regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a incompatíveis com aquelas para as quais fora contratado.
concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par A primeira testemunha ouvida em juízo (Id 9a97dc6) informa que,
com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a como a agência era pequena, já viu a reclamante fazendo o
concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40% abastecimento de numerário das máquinas de autoatendimento e
do limite máximo dos benefícios do RGPS. que era a gerente geral que indicava quais as tarefas que os
Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a funcionários iriam fazer. Mas como podemos saber se a função da
reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à reclamante não englobava o abastecimento nas máquinas? Não se
gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de sabe, porque a reclamante não cuidou em juntar a especificação
próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta A segunda testemunha, por sua vez, indica que a reclamante
Assim, fica mantida a concessão à reclamante dos benefícios da também não tem como ser verificado se não estaria incluída na
DESVIO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS De parte com isso, não vejo qualquer incompatibilidade da função
Alega a reclamante que, apesar de ser caixa, também da reclamante (caixa), com o abastecimento das máquinas de
desempenhava as funções de supervisor de atendimento e de numerários e com o atendimento aos clientes na área de
Caberia à reclamante a prova dos fatos constitutivos de seu direito outras atividades realizadas pela obreira eram feitas de forma
contento. Dessa forma, entendo que nada de específico foi dito pelas
Inicialmente, diga-se que a obreira não cuidou de trazer aos autos, testemunhas acerca da execução de tarefas que sejam
especificamente, quais as atividades desenvolvidas por cada incompatíveis com a função de caixa. Assim, não há como
função: caixa, supervisor de atendimento e de assistente de reconhecer que a reclamante exercia funções estranhas ao cargo
gerente. Nem tampouco trouxe todas as atividades que ela mesma para o qual foi contratada, pelo que deve ser reformada a sentença
desenvolvia, apenas citando que era caixa e que acumulava as no tocante, excluindo da condenação as diferenças salariais pelo
funções supramencionadas. Assim, fica muito difícil a avaliação se a desvio de função e seus reflexos.
reclamante estaria ou não fazendo somente atividades inerentes à HORAS EXTRAS DO ART. 384 DA CLT
função de caixa, já que, repita-se, não consta nos autos o rol de Pugna o reclamado pelo indeferimento das horas extras relativas ao
atividades de cada função. intervalo previsto no art. 384 da CLT, visto que referido artigo foi
De acordo com o parágrafo único do art. 456 da CLT, quando revogado pela reforma trabalhista, além de ferir frontalmente o
inexistir prova de que o trabalhador tenha trabalhado acumulando princípio da igualdade. Aduz, ainda, que o eventual descumprimento
do intervalo, gera apenas sanção meramente administrativa. 4. Não é demais lembrar que as mulheres que trabalham fora
Razão não lhe assiste. do lar estão sujeitas a dupla jornada de trabalho, pois ainda
Inicialmente, diga-se que a sentença limitou a condenação ao realizam as atividades domésticas quando retornam à casa. Por
período de 05.01.2016 a 13.07.2017, apesar da reforma trabalhista mais que se dividam as tarefas domésticas entre o casal, o
só ter entrado em vigor em 11.11.2017. peso maior da administração da casa e da educação dos filhos
O art. 384 da CLT restou recepcionado pela CF/88, até mesmo acaba recaindo sobre a mulher.
porque a natureza não fez homens e mulheres iguais, devendo 5. Nesse diapasão, levando-se em consideração a máxima
haver tratamento desigual para os desiguais. A regra constante no albergada pelo princípio da isonomia, de tratar desigualmente
referido artigo é razoável, pois há uma diferenciação própria da os desiguais na medida das suas desigualdades, ao ônus da
mulher, em decorrência de suas naturais desigualdades físicas. O dupla missão, familiar e profissional, que desempenha a
TST, inclusive, já decidiu que o artigo 384 da CLT foi recepcionado mulher trabalhadora corresponde o bônus da jubilação
Transcrevo a ementa do citado incidente de inconstitucionalidade: função de suas circunstâncias próprias, como é o caso do
"MULHER - INTERVALO DE 15 MINUTOS ANTES DE LABOR EM intervalo de 15 minutos antes de iniciar uma jornada
CLT EM FACE DO ART. 5º, I, DA CF. inconstitucionalidade do art. 384 da CLT. Incidente de
1. O art. 384 da CLT impõe intervalo de 15 minutos antes de se inconstitucionalidade em recurso de revista rejeitado.- (IIN-RR-
começar a prestação de horas extras pela trabalhadora mulher. 1.540/2005-046-12-00.5, Relator Ministro Ives Gandra Martins
Pretende-se sua não-recepção pela Constituição Federal, dada Filho, Tribunal Pleno, DJ 13/02/2009)."
a plena igualdade de direitos e obrigações entre homens e Há de se considerar que o art. 384 da CLT encontra-se inserto no
mulheres decantada pela Carta Política de 1988 (art. 5º, I), como capítulo "Da Proteção do Trabalho da Mulher", bem como a patente
conquista feminina no campo jurídico. diferença física e psicológica entre os sexos masculino e feminino.
2. A igualdade jurídica e intelectual entre homens e mulheres Destarte, impõe-se a manutenção da sentença no tocante, no
não afasta a natural diferenciação fisiológica e psicológica dos período ali consignado.
sexos, não escapando ao senso comum a patente diferença de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA
art.384 da CLT em seu contexto, verifica-se que se trata de BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.
norma legal inserida no capítulo que cuida da proteção do Com relação aos honorários devidos pela reclamante, em que pese
trabalho da mulher e que, versando sobre intervalo não haver recurso ordinário interposto pela obreira visando a
intrajornada, possui natureza de norma afeta à medicina e exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de
segurança do trabalho, infensa à negociação coletiva, dada a referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo
sua indisponibilidade (cfr. Orientação Jurisprudencial 342 da o juiz fazer a fixação. Ademais, referida obrigação é acessória da
SBDI-1 do TST). sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta
3. O maior desgaste natural da mulher trabalhadora não foi de inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de
desconsiderado pelo Constituinte de 1988, que garantiu ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.
diferentes condições para a obtenção da aposentadoria, com Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2020, ou seja, após
menos idade e tempo de contribuição previdenciária para as a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença
mulheres (CF, art. 201, § 7º, I e II). A própria diferenciação concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se
temporal da licença-maternidade e paternidade (CF, art. 7º, XVIII mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da
e XIX; ADCT, art. 10, § 1º) deixa claro que o desgaste físico decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou
efetivo é da maternidade. A praxe generalizada, ademais, é a de a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
parto, o que leva a mulher, nos meses finais da gestação, a um Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §
desgaste físico cada vez maior, o que justifica o tratamento 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra
diferenciado em termos de jornada de trabalho e período de celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao
inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no
honorários em favor do advogado da parte reclamada. dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao
Com relação ao percentual de 10% de honorários advocatícios a mês; (ii) os processos em curso que estejam sobrestados na
cargo da reclamada fixados na sentença, deve ser mantido fase de conhecimento (independentemente de estarem com ou
incólume. A decisão de origem obedeceu aos parâmetros previstos sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação,
no art. 791-A da CLT, não havendo que se falar em exclusão da de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária),
Requer a reclamada que seja aplicado o art. 459 da CLT no tocante (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii)
ao marco inicial da correção monetária, bem como que os juros de igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a
mora sejam computados somente a partir da distribuição da ação. questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito
Razão não lhe assiste. vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados
O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18 de dezembro de em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa
2020, ao julgar, em definitivo, o mérito das Ações Declaratórias de quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros
Inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021, decidiu, que a atualização critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e
dos créditos trabalhistas, bem como do valor correspondente aos Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão.
depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, "até que sobrevenha Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o
solução legislativa", deve ser apurada mediante a incidência dos julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). Plenário,
"mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução
IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da Compulsando os autos, verifica-se que a sentença de origem (Id
taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", adotando, também, critérios 6524beb) determinou, exatamente, o constante no julgamento
de modulação para os feitos já transitados em julgado. Confira-se: supratranscrito, ou seja, aplicação do IPCA-E até o ajuizamento da
"Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente ação e, a partir de então, a taxa Selic, nos termos da decisão
procedente a ação, para conferir interpretação conforme à proferida nas ADCs 58 e 59 em curso perante o Supremo Tribunal
Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na Federal. Ademais, conforme se vê acima, a Selic já engloba os juros
redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de considerar e correção monetária.
judicial e à correção dos depósitos recursais em contas Quanto ao pedido da reclamada acerca do desconto das
judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que contribuições previdenciárias, fiscais e do imposto de renda, nada a
sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de deferir no tocante, já que a sentença determinou que sejam
correção monetária e de juros que vigentes para as obedecidos os dispositivos legais aplicáveis à espécie, bem como o
condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA pagamento, pela reclamante, do imposto de renda devido.
SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator, HORAS EXTRAS ALÉM DA 6ª E DO INTERVALO
Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou Alegou a autora que a prova testemunhal foi suficiente para
os efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são demonstrar a invalidade dos controles de ponto e que só era
reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na permitido registrar algumas horas extras, pois havia metas de horas
ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória) extras na agência. Aduz, ainda, que não gozava corretamente do
qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma Sem razão.
extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os Restou incontroverso que a reclamante foi contratada para trabalhar
e executadas as sentenças transitadas em julgado que Face sua natureza extraordinária, devem as horas extras ser
plenamente comprovadas. O ônus de provar o fato extraordinário pela reclamante, e, no mérito, negar provimento ao recurso da
(horas extras) incumbia à reclamante (art. 818, CLT c/ art. 373, I, reclamante e dar parcial provimento ao da reclamada, para excluir a
NCPC), do qual não se desincumbiu a contento. condenação no pagamento de diferenças salariais e reflexos
Inicialmente, diga-se que a reclamante não logrou êxito em decorrentes do desvio de função. Determino, de ofício, a exclusão
demonstrar que os controles de ponto (Id 05397b7) possuem da condenação da autora no pagamento de honorários em favor do
qualquer irregularidade e que não refletem a real jornada de advogado da reclamada, com base na declaração de
A primeira testemunha da reclamante (Id 9a97dc6) informa que ela 5766. Mantidas as demais condenações. Custas reduzidas para
própria (a testemunha) registrava o ponto nos horários que R$100,00, calculadas sobre o valor ora arbitrado de R$5.000,00.
efetivamente trabalhava, mas logo depois informa que a reclamante Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
não registrava nos reais horários, o que torna seu depoimento Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
contraditório e incoerente. O fato de o registro de ponto ser (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
realizado nos horários efetivamente trabalhados foi confirmado pela Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
Ademais, conforme se vê dos controles de ponto (Id 05397b7) e dos Fortaleza, 18 de julho de 2022.
Assim, a obreira não conseguiu demonstrar que trabalhava além Desembargador Relator
empresa, nem tampouco que não usufruía corretamente do FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Nessa ordem de fatos e considerando que a prestação de ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
qualquer atividade alheia à função de caixa. Aduz que o art. 384 foi
EMENTA revogado pela reforma trabalhista e que, mesmo antes disso, era
DESVIO DE FUNÇÃO NÃO CONFIGURADO. Não há nos autos inconstitucional, considerando que feria o princípio da igualdade
nenhuma prova específica acerca das atribuições que deveriam ser entre homens e mulheres. Alega, ainda, que eventual
desenvolvidas pelas funções de caixa, supervisor de atendimento e descumprimento do previsto no art. 384, geraria apenas uma
assistente de gerente, bem como de que a reclamante sanção administrativa. Requer a exclusão do pagamento de
desempenhasse qualquer atividade diferente daquela para a qual foi honorários advocatícios, considerando que não preenchidos os
contratada, portanto, indevidas as diferenças salariais e reflexos daí requisitos para concessão, que sejam indeferidos os benefícios da
decorrentes. justiça gratuita para a reclamante, posto que a mesma não fez
HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE PROVA. NÃO DEFERIMENTO. prova nesse sentido, bem como que a correção monetária seja
Não tendo a reclamante logrado êxito em demonstrar que os aplicada com base no art. 459 da CLT e que os juros de mora sejam
controles de ponto trazidos aos autos possuem qualquer computados somente a partir da distribuição da ação. Por fim,
irregularidade, de par com o fato de que as testemunhas requer sejam descontados dos créditos da reclamante os valores
informaram que batiam o cartão de ponto nos horários efetivamente previdenciários e fiscais, bem como que seja retido o Imposto de
RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO alegando que são devidas as horas extras além da 6ª, bem como as
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu à relativas à não concessão do intervalo intrajornada, considerando
reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada que a prova testemunhal foi suficiente para demonstrar a invalidade
sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que dos cartões de ponto, nos quais eram registradas apenas algumas
da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Contrarrazões da reclamada (Id 65696b3) e da reclamante (Id
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das cbfd622), onde alega que o recurso da ré não deve ser
Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários conhecimento, face à ausência de dialeticidade.
advocatícios a cargo da reclamante, os quais devem ser excluídos Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho
O MM. Juízo da1ª Vara do Trabalho de Fortaleza, por meio da PELA RECLAMANTE EM CONTRARRAZÕES
sentença (Id 6524beb), julgou procedentes em parte os pedidos Alega a reclamante que o recurso da reclamada não combate os
constantes na ação movida por GEISIANE DO NASCIMENTO PIO fundamentos da sentença, pelo que não deve ser conhecido.
pagar as diferenças salariais e reflexos decorrentes do desvio de O art. 1.010 do CPC prevê o seguinte:
função (acréscimo de 30% sobre o salário base), pagar 15 minutos "Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo
por dia pela não concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT, de primeiro grau, conterá:
horários constantes nos cartões de ponto, além de condenar ambas II - a exposição do fato e do direito;
as partes a pagar honorários advocatícios em 10%. III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de
Inconformado, recorre ordinariamente o reclamado (Id d471ac6), Compulsando os autos, verifica-se que o recurso da reclamada
preenche as exigências do artigo supratranscrito, tendo exposto os hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu
fatos e o direito, com as razões do pedido da reforma da decisão, próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta
Assim, constata-se que estão presentes todos os fundamentos de Assim, fica mantida a concessão à reclamante dos benefícios da
recorrida, não havendo que se falar em violação ao princípio da DESVIO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS
dialeticidade. Preliminar indeferida. Alega a reclamante que, apesar de ser caixa, também
Dessa forma, considerando que os recursos preenchem as desempenhava as funções de supervisor de atendimento e de
INÉPCIA DA INICIAL (art. 818, CLT e 373, I, CPC/2015), da qual não se desincumbiu a
reclamante não trouxe aos autos quais seriam as atividades de Inicialmente, diga-se que a obreira não cuidou de trazer aos autos,
cada função e quais as que ela acumulava. Sem razão. especificamente, quais as atividades desenvolvidas por cada
O que se observa da simples leitura da petição inicial é uma função: caixa, supervisor de atendimento e de assistente de
pretensão coerente e fundamentada, onde existem todos os dados gerente. Nem tampouco trouxe todas as atividades que ela mesma
necessários ao exame do mérito e à ampla defesa da reclamada. desenvolvia, apenas citando que era caixa e que acumulava as
Ademais, a mesma preenche os requisitos constantes no art. 840, funções supramencionadas. Assim, fica muito difícil a avaliação se a
da CLT. De par com isso, a alegativa se confunde com o próprio reclamante estaria ou não fazendo somente atividades inerentes à
mérito e será abaixo examinada. Rejeita-se, pois. função de caixa, já que, repita-se, não consta nos autos o rol de
RECURSO DA RECLAMADA De acordo com o parágrafo único do art. 456 da CLT, quando
Deve ser registrado que a presente ação foi ajuizada em 2020, funções, entende-se que o mesmo se obrigou a todo e qualquer
portanto após a entrada em vigor da reforma trabalhista. serviço compatível com sua função. Vejamos:
A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: "Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita
"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos pelas anotações constantes da carteira profissional ou por
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) expressa e tal respeito, entender-se-á que o empregado se
do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua
Ou seja, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do Portanto, o empregado não está adstrito a apenas uma tarefa ou
deve provar sua condição. Dessa forma, vê-se que, para ser configurado o desvio de função, é
No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou necessário que ao trabalhador sejam impostas funções diferentes e
regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a incompatíveis com aquelas para as quais fora contratado.
concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par A primeira testemunha ouvida em juízo (Id 9a97dc6) informa que,
com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a como a agência era pequena, já viu a reclamante fazendo o
concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40% abastecimento de numerário das máquinas de autoatendimento e
do limite máximo dos benefícios do RGPS. que era a gerente geral que indicava quais as tarefas que os
Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a funcionários iriam fazer. Mas como podemos saber se a função da
reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à reclamante não englobava o abastecimento nas máquinas? Não se
gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de sabe, porque a reclamante não cuidou em juntar a especificação
A segunda testemunha, por sua vez, indica que a reclamante não afasta a natural diferenciação fisiológica e psicológica dos
ajudava, em algumas ocasiões, no atendimento a clientes, mas sexos, não escapando ao senso comum a patente diferença de
também não tem como ser verificado se não estaria incluída na compleição física entre homens e mulheres. Analisando o
De parte com isso, não vejo qualquer incompatibilidade da função norma legal inserida no capítulo que cuida da proteção do
da reclamante (caixa), com o abastecimento das máquinas de trabalho da mulher e que, versando sobre intervalo
numerários e com o atendimento aos clientes na área de intrajornada, possui natureza de norma afeta à medicina e
Ademais, as próprias testemunhas deixam a entender que essas sua indisponibilidade (cfr. Orientação Jurisprudencial 342 da
outras atividades realizadas pela obreira eram feitas de forma SBDI-1 do TST).
Dessa forma, entendo que nada de específico foi dito pelas desconsiderado pelo Constituinte de 1988, que garantiu
testemunhas acerca da execução de tarefas que sejam diferentes condições para a obtenção da aposentadoria, com
incompatíveis com a função de caixa. Assim, não há como menos idade e tempo de contribuição previdenciária para as
reconhecer que a reclamante exercia funções estranhas ao cargo mulheres (CF, art. 201, § 7º, I e II). A própria diferenciação
para o qual foi contratada, pelo que deve ser reformada a sentença temporal da licença-maternidade e paternidade (CF, art. 7º, XVIII
no tocante, excluindo da condenação as diferenças salariais pelo e XIX; ADCT, art. 10, § 1º) deixa claro que o desgaste físico
HORAS EXTRAS DO ART. 384 DA CLT se postergar o gozo da licença-maternidade para depois do
Pugna o reclamado pelo indeferimento das horas extras relativas ao parto, o que leva a mulher, nos meses finais da gestação, a um
intervalo previsto no art. 384 da CLT, visto que referido artigo foi desgaste físico cada vez maior, o que justifica o tratamento
revogado pela reforma trabalhista, além de ferir frontalmente o diferenciado em termos de jornada de trabalho e período de
do intervalo, gera apenas sanção meramente administrativa. 4. Não é demais lembrar que as mulheres que trabalham fora
Razão não lhe assiste. do lar estão sujeitas a dupla jornada de trabalho, pois ainda
Inicialmente, diga-se que a sentença limitou a condenação ao realizam as atividades domésticas quando retornam à casa. Por
período de 05.01.2016 a 13.07.2017, apesar da reforma trabalhista mais que se dividam as tarefas domésticas entre o casal, o
só ter entrado em vigor em 11.11.2017. peso maior da administração da casa e da educação dos filhos
O art. 384 da CLT restou recepcionado pela CF/88, até mesmo acaba recaindo sobre a mulher.
porque a natureza não fez homens e mulheres iguais, devendo 5. Nesse diapasão, levando-se em consideração a máxima
haver tratamento desigual para os desiguais. A regra constante no albergada pelo princípio da isonomia, de tratar desigualmente
referido artigo é razoável, pois há uma diferenciação própria da os desiguais na medida das suas desigualdades, ao ônus da
mulher, em decorrência de suas naturais desigualdades físicas. O dupla missão, familiar e profissional, que desempenha a
TST, inclusive, já decidiu que o artigo 384 da CLT foi recepcionado mulher trabalhadora corresponde o bônus da jubilação
Transcrevo a ementa do citado incidente de inconstitucionalidade: função de suas circunstâncias próprias, como é o caso do
"MULHER - INTERVALO DE 15 MINUTOS ANTES DE LABOR EM intervalo de 15 minutos antes de iniciar uma jornada
CLT EM FACE DO ART. 5º, I, DA CF. inconstitucionalidade do art. 384 da CLT. Incidente de
1. O art. 384 da CLT impõe intervalo de 15 minutos antes de se inconstitucionalidade em recurso de revista rejeitado.- (IIN-RR-
começar a prestação de horas extras pela trabalhadora mulher. 1.540/2005-046-12-00.5, Relator Ministro Ives Gandra Martins
Pretende-se sua não-recepção pela Constituição Federal, dada Filho, Tribunal Pleno, DJ 13/02/2009)."
a plena igualdade de direitos e obrigações entre homens e Há de se considerar que o art. 384 da CLT encontra-se inserto no
mulheres decantada pela Carta Política de 1988 (art. 5º, I), como capítulo "Da Proteção do Trabalho da Mulher", bem como a patente
conquista feminina no campo jurídico. diferença física e psicológica entre os sexos masculino e feminino.
Destarte, impõe-se a manutenção da sentença no tocante, no taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", adotando, também, critérios
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na
Com relação aos honorários devidos pela reclamante, em que pese redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de considerar
não haver recurso ordinário interposto pela obreira visando a que à atualização dos créditos decorrentes de condenação
exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que
o juiz fazer a fixação. Ademais, referida obrigação é acessória da sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de
sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta correção monetária e de juros que vigentes para as
de inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA
ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso. -E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa
Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2020, ou seja, após SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator,
a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo
concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou
mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da os efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são
decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na
a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória)
Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma
4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os
celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas
trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se e executadas as sentenças transitadas em julgado que
inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no
honorários em favor do advogado da parte reclamada. dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao
Com relação ao percentual de 10% de honorários advocatícios a mês; (ii) os processos em curso que estejam sobrestados na
cargo da reclamada fixados na sentença, deve ser mantido fase de conhecimento (independentemente de estarem com ou
incólume. A decisão de origem obedeceu aos parâmetros previstos sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação,
no art. 791-A da CLT, não havendo que se falar em exclusão da de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária),
Requer a reclamada que seja aplicado o art. 459 da CLT no tocante (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii)
ao marco inicial da correção monetária, bem como que os juros de igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a
mora sejam computados somente a partir da distribuição da ação. questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito
Razão não lhe assiste. vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados
O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18 de dezembro de em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa
2020, ao julgar, em definitivo, o mérito das Ações Declaratórias de quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros
Inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021, decidiu, que a atualização critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e
dos créditos trabalhistas, bem como do valor correspondente aos Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão.
depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, "até que sobrevenha Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o
solução legislativa", deve ser apurada mediante a incidência dos julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). Plenário,
"mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução
IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da Compulsando os autos, verifica-se que a sentença de origem (Id
6524beb) determinou, exatamente, o constante no julgamento sobrejornada exige a produção de prova robusta e inconteste, cujo
supratranscrito, ou seja, aplicação do IPCA-E até o ajuizamento da ônus cabia à reclamante (art. 818, CLT c/ art. 373, I, NCPC),
ação e, a partir de então, a taxa Selic, nos termos da decisão encargo do qual, todavia, não se desincumbiu a contento, deve ser
proferida nas ADCs 58 e 59 em curso perante o Supremo Tribunal mantida a sentença que indeferiu o pagamento de horas extras,
Federal. Ademais, conforme se vê acima, a Selic já engloba os juros inclusive aquelas do intervalo intrajornada.
Nada a alterar no tocante. Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de inépcia arguida pela
Quanto ao pedido da reclamada acerca do desconto das reclamada e de não conhecimento do recurso da reclamada,
contribuições previdenciárias, fiscais e do imposto de renda, nada a arguida em contrarrazões pela reclamante, e no mérito, negar
deferir no tocante, já que a sentença determinou que sejam provimento ao recurso da reclamante e dar parcial provimento ao da
obedecidos os dispositivos legais aplicáveis à espécie, bem como o reclamada, para excluir a condenação no pagamento de diferenças
pagamento, pela reclamante, do imposto de renda devido. salariais e reflexos decorrentes do desvio de função. Determino, de
HORAS EXTRAS ALÉM DA 6ª E DO INTERVALO honorários em favor do advogado da reclamada, com base na
Alegou a autora que a prova testemunhal foi suficiente para julgamento da ADI 5766. Mantidas as demais condenações. Custas
demonstrar a invalidade dos controles de ponto e que só era reduzidas para R$100,00, calculadas sobre o valor ora arbitrado de
permitido registrar algumas horas extras, pois havia metas de horas R$5.000,00.
Restou incontroverso que a reclamante foi contratada para trabalhar REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a
Face sua natureza extraordinária, devem as horas extras ser conhecimento do recurso da reclamada, arguida em contrarrazões
plenamente comprovadas. O ônus de provar o fato extraordinário pela reclamante, e, no mérito, negar provimento ao recurso da
(horas extras) incumbia à reclamante (art. 818, CLT c/ art. 373, I, reclamante e dar parcial provimento ao da reclamada, para excluir a
NCPC), do qual não se desincumbiu a contento. condenação no pagamento de diferenças salariais e reflexos
Inicialmente, diga-se que a reclamante não logrou êxito em decorrentes do desvio de função. Determino, de ofício, a exclusão
demonstrar que os controles de ponto (Id 05397b7) possuem da condenação da autora no pagamento de honorários em favor do
qualquer irregularidade e que não refletem a real jornada de advogado da reclamada, com base na declaração de
A primeira testemunha da reclamante (Id 9a97dc6) informa que ela 5766. Mantidas as demais condenações. Custas reduzidas para
própria (a testemunha) registrava o ponto nos horários que R$100,00, calculadas sobre o valor ora arbitrado de R$5.000,00.
efetivamente trabalhava, mas logo depois informa que a reclamante Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
não registrava nos reais horários, o que torna seu depoimento Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
contraditório e incoerente. O fato de o registro de ponto ser (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
realizado nos horários efetivamente trabalhados foi confirmado pela Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
Ademais, conforme se vê dos controles de ponto (Id 05397b7) e dos Fortaleza, 18 de julho de 2022.
Assim, a obreira não conseguiu demonstrar que trabalhava além Desembargador Relator
empresa, nem tampouco que não usufruía corretamente do FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Nessa ordem de fatos e considerando que a prestação de ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
sucumbência.
Processo Nº ROT-0000300-32.2020.5.07.0004
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR Por sua vez o reclamado, em seu apelo de ID. 6eabee2, pede a
RECORRENTE LUCAS BERNARDO COSTA nulidade da sentença dos embargos de declaração, bem como a
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB:
19605/CE) inépcia da inicial, quanto ao pedido de substituição. No mérito, pede
RECORRIDO ITAU UNIBANCO S.A. o indeferimento quanto aos pedidos de substituição e alega a
ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB:
8736/AL) existência de julgamento ultra petita quanto ao deferimento relativo
previdenciárias.
PODER JUDICIÁRIO Contrarrazões ao recurso ordinário do reclamante de ID. 1313457 e
JUSTIÇA DO ao recurso ordinário da reclamada de ID. fde0386.
respectivos períodos de férias (fl. 8). nº 112 da SBDI-I) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
Nesse passo, não há o que se falar em inépcia, considerando que o - Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter
banco reclamado tem exata ciência dos períodos de férias dos meramente eventual, inclusive nas férias, o empregado substituto
colaboradores referidos na inicial, podendo contestar e exercer seu fará jus ao salário contratual do substituído. (ex-Súmula nº 159 -
direito à ampla defesa com base nas informações que possui. alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) (...)"
Como se verá na análise meritória, o gerente Rafael Silva, um dos No caso dos autos, verifico que o reclamante provou de maneira
empregados apontados na exordial, atuou como testemunha satisfatória os fatos constitutivos de seu direito, senão vejamos.
defensiva durante a instrução processual, indo de encontro à Com relação à substituição do gerente Rafael Silva, o fato de este
afirmação contida na contestação de que não há gerente de nome ter sido ouvido como testemunha defensiva desconstitui, por
Rafael Silva nas agências em que o reclamante trabalhou." completo, as alegações do reclamado de que sequer localizou o
substituições, nada a alterar na sentença, devendo ser mantida a Ora, não só o empregado apontado como substituído compareceu a
decisão de ID-a0cb614, complementada com os esclarecimentos da Juízo para depor, como afirmou, categoricamente, que laborou com
sentença proferida em razão dos embargos de declaração de ID- o reclamante e que as substituições , contrariando a tese defensiva
3392cc5, na forma a seguir transcrita: e as dos gerentes se davam pelos agentes comerciais afirmações
"Aduz o reclamante que atuou como substituto dos empregados da preposta do reclamado, conforme se vê do trecho do depoimento
Rafael Silva e Suzane Pires, ambos ocupantes do cargo "gerente abaixo colacionado (fl. 3.365):
uniclass", durante os respectivos períodos de férias, porém sem "(...) que trabalhou com o reclamante na agencia 0667 - Centro, não
perceber qualquer acréscimo salarial daí decorrente, razão pela lembrando exatamente o período que trabalhou com o reclamante,
qual postula as correspondentes diferenças salariais, com reflexos sabendo que foi até março de 2018, pois foi quando o depoente
em férias + 1/3, 13º salário, horas extras pagas e não pagas e saiu da agência, acreditando que trabalharam juntos por
verbas rescisórias (décimo terceiro salário proporcional, férias aproximadamente 6 meses, mas não lembra ao certo; que não se
proporcionais e terço constitucional de férias e FGTS). recorda se tirou algum período de férias enquanto trabalhava com o
A reclamada nega qualquer tipo de substituição com relação ao reclamante; que quando tirava férias, normalmente o gerente geral
empregado Rafael Silva, afirmando que não localizou registro do colocava um agente comercial para atender os clientes do depoente
referido empregado laborando nas mesmas agências em que o durante suas férias, para que o agente comercial pudesse se
reclamante prestou seus serviços. aprimorar melhor e se qualificasse para uma eventual promoção;
No que tange à empregada Suzane Pires, aduz que esta não gozou que além do atendimento aos clientes, as demais atribuições do
30 (trinta) dias corridos de férias em 2019; que, na condição de gerente Uniclass iam para o agente comercial, pois não havia nada
"gerente uniclass", não poderia ser substituída por empregado de excepcional nelas, todos faziam, com exceção do Pague e
ocupante do cargo do reclamante, sendo necessário possuir CPA Devolve, que é a compensação de cheques, isso era feito pelo
10 e procuração, o que não era o caso; que ambos os empregados gerente geral; que geralmente é escolhido um agente comercial
não laboraram na mesma agência; e que o autor, quando muito, específico para substituir o gerente Uniclass (...)"
auxiliou em parte das tarefas por ela deixadas, isso porque, durante O depoimento da testemunha da reclamada Rafael Silva contraria
eventual ausência por férias, licenças, realização de cursos, ou frontalmente as declarações da preposta, que afirmou:
outras razões, as atribuições de um gerente uniclass eram divididas " que nas férias do gerente Uniclass, suas alçadas vão para o
dentre os demais colaboradores com o mesmo cargo e até com os gerente geral da agencia (GGC) e os atendimentos são realizados
superiores hierárquicos". por outro gerente Uniclass e se o cliente for comprar um produto o
O direito ao recebimento de salário igual ao do empregado atribuições do gerente são rateadas entre o GGC e outro gerente
afastado, nos casos de substituição não eventual, é pacífico na Uniclass, mas o banco também tem a figura do USO, que são
jurisprudência pátria através da Súmula nº 159 do TST, que fala, funcionários tanto da parte operacional quanto comercial, que são
expressamente, nas substituições ocorridas em razão de férias: designados para substituir em férias;"
"SUM-159 SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E Os fatos afirmados pela citada testemunha defensiva corroboram os
VACÂNCIA DO CARGO (incorporada a Orientação Jurisprudencial fatos narrados na inicial, estando, ainda, alinhados com as
informações prestadas pela segunda testemunha do reclamante, Rafael (paradigma): afirmou que trabalhou com o reclamante por
senão vejamos: aproximadamente 6 (seis) meses, até março de 2018. Não existem
"[...] que no período em que trabalhou com o reclamante havia um provas documentais comprobatórias dos períodos de férias do
gerente de nome Rafael e outra de cujo nome não se recorda; que o gerente Rafael, por isso foi arbitrada a substituição por apenas um
depoente trabalhava na área operacional, mas estava sempre em período, 30 (trinta) dias, referente ao período concessivo
contato com o pessoal da área comercial; que quando o gerente 2017/2018, e não 2019, como consta na sentença.
Uniclass tirava férias, alguém era designado para ficar no lugar Desta forma, restam deferidas as substituições na forma abaixo
que estavam na agência durante as férias de ambos, não lembra diferenças salariais decorrentes da substituição da gerente Suzane
exatamente a quantidade de dias de férias, mas tiravam entre 20 e Pires, ora arbitradas como ocorrendo em todos os períodos de
30 dias; que ninguém tinha alçada na agência, tudo era liberado férias gozados por esta no ano de 2018 (com exceção das férias de
pela mesa de crédito; que normalmente os gerentes Uniclass eram dez /18), totalizando 30 (trinta) dias - de 16/04/2018 a 30/04/2018 e
substituídos pelos agentes comerciais, mas não se recorda se a de 16/07/2018 a 30/07/2018; e do gerente Rafael Sousa da Silva,
agente de nome Cíntia chegou a substituir algum gerente; que não durante o seu período de férias, ora arbitrado em 30 (trinta) dias (de
se lembra qual dos dois gerentes tirou férias antes e nem quais os 01/10/2017 a 30/10/2017 - diante da ausência de juntada de
períodos de férias; (...) que o gerente Uniclass fazia atendimento e documentação alusiva às férias do funcionário em questão), em
visita a clientes, abertura de contas, solicitação de empréstimos e o ambos os casos observado o valor do salário do "gerente uniclass",
agente comercial tinha como atribuições solicitar a abertura de com reflexos em férias + 1/3, 13º salário e FGTS;"
contas, solicitava empréstimos, atendia clientes, vendia produtos, Esclareço, ainda, que as diferenças salariais deverão levar em
sendo a diferença entre eles é que o gerente Uniclass tinha uma consideração o salário base e eventual gratificação de função do
carteira de clientes própria para cuidar; que nas férias do gerente substituído, visto que reconhecido que o reclamante exercera a
Uniclass, era o agente comercial quem substituía; [...]" função correlata durante a substituição, tendo o salário e a
Sobre a testemunha em questão, importa destacar que, a princípio, gratificação natureza jurídica salarial.
o depoimento prestado se mostrou um tanto frágil, visto que afirmou Não deverão ser considerados nos cálculos eventuais prêmios,
com exatidão o período em que laborou com o reclamante, não adicionais por tempo de serviço e comissões, visto que se trata de
sabendo precisar a época em que trabalhou com outros colegas, parcelas personalíssimas dos substituídos."
quando indagado por este Juízo. Nada reformar,também, quanto a integração das comissões e
A reclamada, no entanto, não produziu contraprova neste tocante. prêmios, devendo ser mantida a decisão recorrida, na forma a
"gerente uniclass" e agente comercial, incluindo atribuições e Das comissões e prêmios. Habitualidade.
substituições durante os afastamentos dos primeiros, foram Pugna o reclamante, ainda, pela integração das parcelas variáveis
prestadas em consonância com as afirmações da primeira recebidas em todos os meses do contrato de trabalho sob as
testemunha do reclamado (gerente Rafael Silva), conduzindo este rubricas de comissões, prêmios e "trilhas mensal", em razão de sua
Juízo a concluir pela veracidade dos fatos narrados na exordial. natureza salarial.
Verificando os afastamentos dos gerentes substituídos, verifico que O reclamado, por sua vez, impugna o pleito aduzindo que o
a gerente Suzana Pires não ficou 30 (trinta) dias em férias reclamante não recebia comissões e que "o pagamento da
contínuas, mas apenas 20 (vinte) dias, na forma apontada na premiação é feito aos empregados elegíveis, no mês subsequente à
contestação (fl. 3.275). efetivação da venda, sendo que os valores sempre foram
Dessa forma, conforme consta acertadamente na sentença dos discriminados nos contracheques, inclusive as integrações no RSR
embargos de declaração mantém-se o deferimento das (repouso semanal remunerado), conforme exemplos a seguir:
substituições pretendidas pelo autor, na forma a seguir transcrita: "prêmio seguro-RSR", "prem. previdência.-RSR", entre outros
Dezembro de 2018, pois aquele afirmou que substituiu os gerentes Da leitura atenta da defesa do reclamado, verifica-se que este refuta
Rafael e Suzane no período compreendido entre junho de 2016 e as alegações de recebimento de comissões e afirma que a parcela
julho de 2018 (fl.1.909). O depoimento da testemunha defensiva prêmio foi paga com as devidas integrações sem, entretanto, fazer
qualquer menção à rubrica "trilhas mensal" apontada pelo inobstante o fato de ter sido contratada para prestar jornada de 6
reclamante, deixando de esclarecer a natureza de tal parcela. (seis) horas diárias, com 15 (quinze) minutos de intervalo
Os contracheques juntados pelo próprio reclamado demonstram o intrajornada, na prática, laborava das 09h00min às 18h00, com 15
efetivo pagamento em diversos meses do contrato de trabalho, da (quinze) minutos de intervalo intrajornada, de segunda a sexta,
verba em questão, sob as rubricas "trilhas mensal", "agir trilhas" ou informando que referida jornada não era regularmente registrada
repouso semanal remunerado, como alega o reclamado. Requer, portanto, a condenação do reclamado ao pagamento das
Com relação às verbas pagas expressamente sob a rubrica prêmio, horas extraordinárias excedentes da 6ª hora diária e 30ª hora
entretanto, os demonstrativos de pagamento juntados aos autos, a semanal, integradas aos DSR's (incluídos os dias de sábado e
exemplo do referente ao mês de outubro de 2016 (fl. 2.152), feriados, nos termos do parágrafo 1º da Cláusula 8ª da Convenção
comprovam o pagamento regular da parcela, com as devidas Coletiva de Trabalho da categoria), com reflexos em 13º salários,
repercussões no repouso semanal remunerado, conforme afirmado férias + 1/3, aviso prévio, PLR e FGTS .
pelo reclamado. Pugna, também, pelo pagamento das horas extras decorrentes da
Desta feita, defiro o pleito de integração ao salário das parcelas redução do intervalo intrajornada, com natureza salarial, em razão
variáveis pagas sob as rubricas "trilhas mensal", "agir trilhas" e da irretroatividade das normas trazidas pela Lei nº 13.467/2017
dos reflexos respectivos no repouso semanal remunerado, sábados Aduz a reclamada que os controles de ponto juntados aos autos
e feriados, férias + 1/3, 13º salários e FGTS, tudo a ser apurado em demonstram de maneira fidedigna os horários de trabalho,
liquidação de sentença, conforme os contracheques de fls. constando, inclusive, eventuais horas extras laboradas além da 6ª
Indefiro os reflexos em PLR, visto que a remuneração do Afirma, também, que o reclamante sempre gozou seu intervalo
reclamante não serve de base de cálculo para a parcela em intrajornada de forma regular, sendo de 15 (quinze) minutos, em
a demanda sem prejuízo do próprio sustento ou de seus familiares, Para apreciação da controvérsia envolvendo a jornada de trabalho
o autor se torna credor da assistência judiciária gratuita, uma vez necessária a apresentação dos registros de ponto que se
que referida declaração faz prova (relativa) acerca de sua condição encontram em poder da demandada.
de miserabilidade, tal qual exigido pelo §4º do art. 790 da CLT, com Observo que, com a contestação, foram juntados aos autos os
redação pela Lei n. 13.467/17. cartões de ponto de fls. 1.861/1.920, abrangendo todo o contrato de
Para inviabilizar a concessão do benefício em comento, portanto, trabalho, com horários variáveis e marcação de intervalo
caberia à reclamada produzir prova robusta em sentido contrário, intrajornada de, no mínimo, 15 (quinze) minutos, além de acordo
capaz de esvaziar a presunção de veracidade da declaração de individual de compensação de jornada de fl. 1.834, tendo se
pobreza, o que não se verifica no caso concreto. desincumbido a contento do ônus que lhe competia, a teor do item I
encontram-se todos estabelecidos na forma da legislação aplicável, Nesse passo, cabia à parte reclamante desconstituir as informações
nada havendo a ser reformado. presentes nos controles de jornada, por meio de prova robusta,
Em seu recurso ordinário de ID. cae35e5, pede o reclamante o Com efeito, em que pese a alegação autoral de que os horários
deferimento das horas extras, na forma postulada na inicial. Insurge constantes nos cartões de ponto não condiziam com a jornada
-se, ainda, quanto a condenação de honorários advocatícios de efetivamente laborada, a prova testemunhal produzida pelas partes,
O Juízo "a quo", bem apreciou a questão pertinente ao pedido de ponto, se mostrou dividida.
horas extras, devendo se mantida, conforme a seguir transcrito: Isto porque as testemunhas autorais afirmaram que laboravam além
"Aduz a reclamante que laborou em prol do reclamado, de da jornada de 6 (seis) horas diárias, sem qualquer compensação de
02/03/2015 a 02/01/2019, na função de agente comercial, e que, jornada e marcando o ponto com horários distintos daqueles
efetivamente prestados (realizando atividades que não exigiam o honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais
uso do computador, já que este só era possível com o ponto batido, devem ser excluídos da condenação.
jornada de 6 (seis) horas diárias, sendo compensado o labor além Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar nulidade da sentença
da 6ª hora ou remuneradas as horas extras, respeitado o limite de 2 dos embargos de declaração, inépcia da inicial e julgamento ultra
(duas) horas diárias, sendo os acertos no ponto restritos a algumas petita e, no mérito, negar provimento ao recurso do reclamado e dar
situações excepcionais, conforme afirmado de forma bastante parcial provimento ao recurso do reclamante, determinando a
Os cartões de ponto confirmam, ainda, a afirmativa da 2ª favor do advogado da reclamada, com base na declaração de
testemunha da reclamada de que era praxe dos agentes comerciais inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
gozar intervalo intrajornada de 30 (trinta) minutos, com 5766. Mantido o valor da condenação
trabalho.
Diante de tais fatos, ainda que a prova emprestada de fl. 32/33 ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
traga depoimento pessoal de preposto da reclamada contendo TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
afirmações em conformidade com as alegações autorais, deve REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a
prevalecer a prova produzida nos presentes autos, ante à sua preliminar nulidade da sentença dos embargos de declaração,
especificidade em relação ao caso concreto. Apenas seria razoável inépcia da inicial e julgamento ultra petitae, no mérito, negar
se socorrer da prova emprestada caso a prova oral aqui produzida provimento ao recurso do reclamado e dar parcial provimento ao
deixasse de versar sobre todos os aspectos debatidos de maneira recurso do reclamante, determinando a exclusão da condenação do
satisfatória, o que não ocorreu. Afasto, dessarte, as alegações autor no pagamento de honorários em favor do advogado da
trazidas pelo reclamante em sede de razões finais nas quais ratifica reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade
o requerimento de utilização da prova emprestada acostada ao proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Mantido o valor da
feito. condenação.
Por fim, importante ressaltar que a amostragem apresentada pelo Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
reclamante só leva em conta os horários excedidos, não Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
considerando diversos dias em que houve jornada inferior a 6 (seis) (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
horas diárias, com efetiva compensação de jornada regularmente Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
convencionada entre as partes. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Assim, inexistindo prova robusta capaz de infirmar o conteúdo dos Fortaleza, 18 de julho de 2022.
Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, verifica-se JEFFERSON QUESADO
justiça gratuita, o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
(20.10.2021), que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
audiência, requereram que fossem ouvidas as partes, onde poderia -se a suficiência do conjunto probatório para a formação do
haver confissão acerca dos fatos, tendo o juízo indeferido. convencimento a respeito das matérias postas à sua análise. 2
Conforme se vê da ata Id 13f4fd1, foi dispensada, pelo juízo, a oitiva - Como consequência lógica, tem-se que, em situação inversa,
dos depoimentos pessoais das partes. Ato contínuo, reclamante e em que subsiste controvérsia acerca de fatos relevantes, o
reclamada protestaram em face dessa dispensa. indeferimento da oitiva de depoimento pessoal, mediante o
Em que pese ser lícito ao juiz indeferir diligências inúteis ou qual se pode alcançar confissão ou esclarecimentos de fatos,
protelatórias, tendo liberdade na direção do processo, com intuito da caracteriza cerceamento de defesa. 3 - A colheita de
celeridade processual, tal não se mostra no presente caso, vez que depoimento pessoal não se revela, assim, faculdade de livre
as partes requereram a oitiva do depoimento da outra parte, ocasião exercício pelo magistrado. De tal modo, sua dispensa, em
onde poderiam confessar acerca dos fatos controversos. especial quando requerido o ato pela parte, exige
Dessa forma, incorreu o juízo em manifesto cerceamento de defesa fundamentação jurídica pertinente. 4 - No caso concreto se
dos recorrentes, ferindo, também, o princípio do contraditório, vez discute a equiparação salarial. O TRT disse que o Juízo da Vara
que impediu a possível confissão real da parte contrária. formou o seu convencimento a partir da análise da prova oral
Esse, aliás, foi o entendimento recentíssimo do TST em caso conjugada com o exame das fichas de registros do reclamante
"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI defesa foi trazida a depor. 5 - Assim, o indeferimento do
DESPACHO DENEGATÓRIO DO SEGUIMENTO DO RECURSO direito de defesa da reclamada, razão pela qual se mostra
DE REVISTA POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. 1 - aconselhável o processamento do recurso de revista, a fim de
O juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista prevenir eventual violação do art. 5º, LV, da Constituição
exercido no TRT está previsto no § 1º do art. 896 da CLT, de Federal. 6 - Recurso de revista a que se dá provimento. 7 -
modo que não há cerceamento do direito de defesa quando o Prejudicada a análise do tema remanescente." (TST - RRAg:
recurso é denegado em decorrência do não preenchimento de 1836020185060191, Relator: Katia Magalhaes Arruda, Data de
pressupostos extrínsecos ou intrínsecos, procedimento que Julgamento: 16/02/2022, 6ª Turma, Data de Publicação:
configura violação dos artigos artigo 5º, II, V, X, XXXV, LIV e LV, Dessa forma, restando caracterizado o cerceamento de defesa da
da Constituição Federal. 2 - Agravo de instrumento a que se reclamante e do reclamado e a ofensa aos princípios garantidos
DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DO DEPOIMENTO DO preliminar arguida, para declarar nulos todos os atos processuais
RECLAMANTE. 1 - Deve ser reconhecida a transcendência perpetrados a partir da audiência de Id 13f4fd1, devendo os autos
jurídica quando se mostra aconselhável o exame mais detido retornarem ao Juízo de origem para reabertura da instrução
da controvérsia devido às peculiaridades do caso concreto. O processual, com a regular notificação das partes e designação de
enfoque exegético da aferição dos indicadores de audiência, oportunidade em que serão ouvidos os depoimentos
transcendência em princípio deve ser positivo, especialmente pessoais, caso requeridos, bem como as testemunhas. Prejudicada
nos casos de alguma complexidade, em que se torna a análise das demais matérias suscitadas nos recursos.
Aconselhável o provimento do agravo de instrumento, para Conhecer dos recursos, acolhendo a preliminar suscitada pelas
determinar o processamento do recurso de revista, em razão partes, declarando a nulidade de todos os atos processuais
da provável violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal. 3 - praticados a partir da audiência de Id 13f4fd1 (inclusive),
Agravo de instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO determinando o retorno dos autos para a Vara de origem, para
DE REVISTA DA RECLAMADA. LEI Nº 13.467/2017. reabertura da instrução processual, com a regular notificação das
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO partes e designação de audiência, oportunidade em que serão
DO DEPOIMENTO DO RECLAMANTE. 1 - A jurisprudência do ouvidos os depoimentos pessoais, caso requeridos, bem como as
TST tem se pronunciado no sentido de que a oitiva de testemunhas. Prejudicada a análise das demais matérias suscitadas
depoimento pessoal das partes pode ser dispensada pelo nos recursos.
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª depoimento pessoal da outra parte, onde poderia ocorrer a
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, acolhendo a confissão acerca dos fatos controversos, nulos são todos os atos
preliminar suscitada pelas partes, declarando a nulidade de todos processuais que ocorreram a partir daí. Assim, impõem-se a
os atos processuais praticados a partir da audiência de Id 13f4fd1 devolução dos autos para a Vara de origem, para reabertura da
origem, para reabertura da instrução processual, com a regular Recursos conhecidos, com o acolhimento da preliminar de nulidade
notificação das partes e designação de audiência, oportunidade em suscitada pelas partes. Prejudicada a análise das demais matérias
que serão ouvidos os depoimentos pessoais, caso requeridos, bem constantes dos recursos.
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo Recorrem ordinariamente reclamante GLEYCIANE LIMA DE
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. OLIVEIRA CORREIA (Id03d795b) e reclamado BANCO
Fortaleza, 18 de julho de 2022. BRADESCO S.A (Id 5b5829e) contra a sentença de Id df83579,
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. funções de gerente de pessoa física e gerente de pessoa jurídica III,
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Condenou, ainda, a pagar as diferenças salariais resultantes da
A reclamada alega, também, nulidade da sentença, por "I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI
cerceamento de defesa, considerando que o juízo indeferiu a oitiva Nº 13.467/2017. RECLAMADA. PRELIMINAR DE NULIDADE DO
do depoimento pessoal da reclamante, tendo protestado contra DESPACHO DENEGATÓRIO DO SEGUIMENTO DO RECURSO
referido indeferimento por ocasião da audiência. Dessa forma, DE REVISTA POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. 1 -
requer a nulidade de todos os atos processuais praticados a partir O juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista
do indeferimento, com a devolução dos autos para a vara de exercido no TRT está previsto no § 1º do art. 896 da CLT, de
origem, para reabertura da instrução. No mérito, aduz que não havia modo que não há cerceamento do direito de defesa quando o
desvio de função pela reclamante, não fazendo jus a mesma ao recurso é denegado em decorrência do não preenchimento de
pagamento das diferenças salariais daí decorrentes. Aduz que no pressupostos extrínsecos ou intrínsecos, procedimento que
período de férias do gerente geral, as funções dele eram não se confunde com juízo de mérito, e, portanto, não
fracionadas entre os funcionários hierarquicamente inferiores, não configura violação dos artigos artigo 5º, II, V, X, XXXV, LIV e LV,
havendo, portanto, como se falar em diferenças salariais pela da Constituição Federal. 2 - Agravo de instrumento a que se
pagamento de honorários advocatícios e que sejam indeferidos os DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DO DEPOIMENTO DO
benefícios da justiça gratuita à obreira, já que não houve produção RECLAMANTE. 1 - Deve ser reconhecida a transcendência
de prova nesse sentido. jurídica quando se mostra aconselhável o exame mais detido
Contrarrazões do reclamado (Id f9fb450) e da reclamante (Id da controvérsia devido às peculiaridades do caso concreto. O
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho transcendência em princípio deve ser positivo, especialmente
Os recursos preenchem as exigências processuais no que tange determinar o processamento do recurso de revista, em razão
aos pressupostos, portanto merecem ser conhecidos. da provável violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal. 3 -
II- PRELIMINAR DE NULIDADE ADUZIDA NO RECURSO DA Agravo de instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO
Reclamante e reclamado aduzem que são nulos todos os atos TST tem se pronunciado no sentido de que a oitiva de
processuais praticados a partir do indeferimento da oitiva dos depoimento pessoal das partes pode ser dispensada pelo
depoimentos pessoais (inclusive), considerando que, por ocasião da magistrado quando, da análise das provas produzidas, observa
audiência, requereram que fossem ouvidas as partes, onde poderia -se a suficiência do conjunto probatório para a formação do
haver confissão acerca dos fatos, tendo o juízo indeferido. convencimento a respeito das matérias postas à sua análise. 2
Conforme se vê da ata Id 13f4fd1, foi dispensada, pelo juízo, a oitiva - Como consequência lógica, tem-se que, em situação inversa,
dos depoimentos pessoais das partes. Ato contínuo, reclamante e em que subsiste controvérsia acerca de fatos relevantes, o
reclamada protestaram em face dessa dispensa. indeferimento da oitiva de depoimento pessoal, mediante o
Em que pese ser lícito ao juiz indeferir diligências inúteis ou qual se pode alcançar confissão ou esclarecimentos de fatos,
protelatórias, tendo liberdade na direção do processo, com intuito da caracteriza cerceamento de defesa. 3 - A colheita de
celeridade processual, tal não se mostra no presente caso, vez que depoimento pessoal não se revela, assim, faculdade de livre
as partes requereram a oitiva do depoimento da outra parte, ocasião exercício pelo magistrado. De tal modo, sua dispensa, em
onde poderiam confessar acerca dos fatos controversos. especial quando requerido o ato pela parte, exige
Dessa forma, incorreu o juízo em manifesto cerceamento de defesa fundamentação jurídica pertinente. 4 - No caso concreto se
dos recorrentes, ferindo, também, o princípio do contraditório, vez discute a equiparação salarial. O TRT disse que o Juízo da Vara
que impediu a possível confissão real da parte contrária. formou o seu convencimento a partir da análise da prova oral
Esse, aliás, foi o entendimento recentíssimo do TST em caso conjugada com o exame das fichas de registros do reclamante
defesa foi trazida a depor. 5 - Assim, o indeferimento do Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
depoimento pessoal do reclamante configurou cerceamento do de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
direito de defesa da reclamada, razão pela qual se mostra Fortaleza, 18 de julho de 2022.
A Procuradoria Regional do Trabalho manifestou-se pelo publicação da lei que instituiu o Regime Jurídico dos servidores da
conhecimento e desprovimento do recurso, conforme Parecer de ID edilidade em 14/03/2017, é a hipótese de se limitar a verba fundiária
O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos Incumbe ao município o ônus de demonstrar a regularidade dos
e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. depósitos fundiários, a teor do art. 333, inciso II, do CPC c/c o art.
DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA. Ocorre que inexiste prova nos autos de que o FGTS da reclamante
Inicialmente, o ente estatal levantou a tese de incompetência desta tenha sido integralmente depositado, já que não trouxe o ente
Justiça para apreciar a presente lide, a partir da data de 14/03/2017, público os comprovantes de recolhimentos respectivos, com a
por adotar regime jurídico estatutário, conforme promulgação da Lei individualização dos beneficiários, quando é sabido que ao
Municipal nº 955/2017, no mural da Prefeitura Municipal. empregador cabe comprovar o alegado recolhimento da verba
Assiste parcial razão à parte recorrente. fundiária, a partir da juntada de documentos específicos (GFIP -
No caso, a reclamante presta seus serviços para o Município desde Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência
FGTS depositado devidamente, conforme extrato de Id 3ecd372 De outra banda, mesmo que o Município tenha efetuado o
Na contestação de ID 3f8416b, o reclamado não se refutou o parcelamento do FGTS de seus empregados junto à Caixa
período laborado pela autora, antes da mudança de regime jurídico. Econômica Federal, isso não impede a propositura de ação
Assim, restou incontroverso que a reclamante trabalha para o ente individual, porquanto o FGTS constitui patrimônio do trabalhador e a
reclamado desde 05/02/1998. transação efetivada entre o ente público e a Caixa - mero órgão
DA DATA DA PUBLICAÇÃO DA LEI MUNICIPAL nº 955/2017. gestor do Fundo - não pode privar a reclamante das parcelas
O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 88d1f56, da própria fundiárias, consoante já teve oportunidade de se manifestar o
prefeita daquela municipalidade, afirmando que a citada lei Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
municipal foi afixada no mural municipal em data de 14/03/2017. "AGRAVO DE INSTRUMENTO. PARCELAMENTO DO FGTS.
A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública, DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO ADIMPLEMENTO
afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO RECOLHIDAS. Constatada a
oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural violação do artigo 25 da Lei N.º 8.036/90, dá-se provimento ao
da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da agravo de instrumento a fim de determinar o processamento do
população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. PARCELAMENTO DO
as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis: FGTS. DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO
"SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO. LEI OU ATO NORMATIVO ADIMPLEMENTO INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO
MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA RECOLHIDAS. O acordo firmado entre a empresa e a CEF não
PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE impede o empregado de exercer, a qualquer tempo, seu direito
ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da súmula potestativo de requerer, perante a Justiça do Trabalho, a
pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016, Caderno condenação da empregadora ao adimplemento direto e integral das
Judiciário do TRT da 7ª Região.É válida a publicação de lei ou parcelas não depositadas. Exegese que se extrai do disposto no
normativo municipal por afixação no átrio da Prefeitura ou da artigo 25, da Lei N.º 8.036/90. Recurso conhecido e provido.
Câmara Municipal, desde que o ente público não possua órgão (Processo: RR - 154240-10.2002.5.15.0106 Data de Julgamento:
oficial de imprensa. 26/08/2009, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data
Assim, considerando o tópico acima, em que se aceitou a devida de divulgação: DEJT 04/09/2009.".
JUSTIÇA DO
Assim, dar-se parcial provimento ao apelo para limitar as diferenças
f4e0bf4.
JEFFERSON QUESADO
Desembargador Relator
FUNDAMENTAÇÃO
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. depósitos fundiários, a teor do art. 333, inciso II, do CPC c/c o art.
DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA. Ocorre que inexiste prova nos autos de que o FGTS da reclamante
Inicialmente, o ente estatal levantou a tese de incompetência desta tenha sido integralmente depositado, já que não trouxe o ente
Justiça para apreciar a presente lide, a partir da data de 14/03/2017, público os comprovantes de recolhimentos respectivos, com a
por adotar regime jurídico estatutário, conforme promulgação da Lei individualização dos beneficiários, quando é sabido que ao
Municipal nº 955/2017, no mural da Prefeitura Municipal. empregador cabe comprovar o alegado recolhimento da verba
Assiste parcial razão à parte recorrente. fundiária, a partir da juntada de documentos específicos (GFIP -
No caso, a reclamante presta seus serviços para o Município desde Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência
FGTS depositado devidamente, conforme extrato de Id 3ecd372 De outra banda, mesmo que o Município tenha efetuado o
Na contestação de ID 3f8416b, o reclamado não se refutou o parcelamento do FGTS de seus empregados junto à Caixa
período laborado pela autora, antes da mudança de regime jurídico. Econômica Federal, isso não impede a propositura de ação
Assim, restou incontroverso que a reclamante trabalha para o ente individual, porquanto o FGTS constitui patrimônio do trabalhador e a
reclamado desde 05/02/1998. transação efetivada entre o ente público e a Caixa - mero órgão
DA DATA DA PUBLICAÇÃO DA LEI MUNICIPAL nº 955/2017. gestor do Fundo - não pode privar a reclamante das parcelas
O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 88d1f56, da própria fundiárias, consoante já teve oportunidade de se manifestar o
prefeita daquela municipalidade, afirmando que a citada lei Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
municipal foi afixada no mural municipal em data de 14/03/2017. "AGRAVO DE INSTRUMENTO. PARCELAMENTO DO FGTS.
A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública, DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO ADIMPLEMENTO
afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO RECOLHIDAS. Constatada a
oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural violação do artigo 25 da Lei N.º 8.036/90, dá-se provimento ao
da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da agravo de instrumento a fim de determinar o processamento do
população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. PARCELAMENTO DO
as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis: FGTS. DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO
"SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO. LEI OU ATO NORMATIVO ADIMPLEMENTO INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO
MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA RECOLHIDAS. O acordo firmado entre a empresa e a CEF não
PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE impede o empregado de exercer, a qualquer tempo, seu direito
ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da súmula potestativo de requerer, perante a Justiça do Trabalho, a
pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016, Caderno condenação da empregadora ao adimplemento direto e integral das
Judiciário do TRT da 7ª Região.É válida a publicação de lei ou parcelas não depositadas. Exegese que se extrai do disposto no
normativo municipal por afixação no átrio da Prefeitura ou da artigo 25, da Lei N.º 8.036/90. Recurso conhecido e provido.
Câmara Municipal, desde que o ente público não possua órgão (Processo: RR - 154240-10.2002.5.15.0106 Data de Julgamento:
oficial de imprensa. 26/08/2009, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data
Assim, considerando o tópico acima, em que se aceitou a devida de divulgação: DEJT 04/09/2009.".
publicação da lei que instituiu o Regime Jurídico dos servidores da Do extrato carreado (Id 3ecd372) pela parte recorrida, verifica-se a
edilidade em 14/03/2017, é a hipótese de se limitar a verba fundiária inexistência de muito depósitos e diversos efetivados em atraso.
até essa data, dando-se, portanto, parcial provimento ao apelo Relativamente ao parcelamento da verba fundiária, foi corretamente
nesse sentido, restando incompetente esta Justiça para apreciar deferida a compensação dos valores depositados nos seguintes
valores fundiários posteriores. termos: "... devendo a mesma ser instruída com os extratos
No mérito, alega o apelante que com o parcelamento da dívida as compensações e/ou exclusões de todos os valores do
fundiária junto Caixa Econômica Federal, estaria englobado o valor período laboral já recolhidos pelo município reclamado...".
cobrado nestes autos, o que resulta em bis in idem ao recorrente, o Mantém a sentença nesse particular.
que é legalmente vedado. Quanto ao pedido de ouvida da parte recorrente acerca da vigência
Incumbe ao município o ônus de demonstrar a regularidade dos da Lei Municipal nº 951 de 24/02/2017, entendo ser desnecessário
JUSTIÇA DO
Assim, dar-se parcial provimento ao apelo para limitar as diferenças
Conhecer e dar parcial provimento ao apelo. reclamante e o reclamado, Município de Mucambo, decorre de um
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª presente demanda, consoante previsão contida no art. 114 da
mérito, dar-lhe parcial provimento para limitar as diferenças de O MUNICÍPIO DE BREJO SANTO apresentou recurso ordinário de
FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi ID ba60017, dentro do prazo legal, conforme certidão ID 69b0189,
efetivamente depositado ou sacado ao título. buscando a reforma da sentença do juízo de origem (ID fea73a3),
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores que o condenou a pagar à reclamante as diferenças de FGTS.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior A reclamante, MARIA MARLENE MONTEIRO
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) CASIMIRO,apresentou contrarrazões de ID 66e5534,
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo tempestivamente, conforme certidão ID 39f3e1c.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. A Procuradoria Regional do Trabalho manifestou-se pelo
0b78a8a.
JEFFERSON QUESADO
ADMISSIBILIDADE
DO RECURSO DO RECLAMADO.
Processo Nº ROT-0001572-23.2019.5.07.0028
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA.
RECORRENTE MUNICIPIO DE BREJO SANTO Inicialmente, o ente estatal levantou a tese de incompetência desta
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE
VASCONCELOS(OAB: 29704/CE) Justiça para apreciar a presente lide, a partir da data de 14/03/2017,
RECORRIDO MARIA MARLENE MONTEIRO por adotar regime jurídico estatutário, conforme promulgação da Lei
CASIMIRO
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS Municipal nº 955/2017, no mural da Prefeitura Municipal.
SANTANA(OAB: 16257/CE)
Assiste parcial razão à parte recorrente.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO No caso, a reclamante presta seus serviços para o Município desde
Na contestação de ID 0f74daf, o reclamado não se refutou o parcelamento do FGTS de seus empregados junto à Caixa
período laborado pela autora, antes da mudança de regime jurídico. Econômica Federal, isso não impede a propositura de ação
Assim, restou incontroverso que a reclamante trabalha para o ente individual, porquanto o FGTS constitui patrimônio do trabalhador e a
reclamado desde 01/02/1978. transação efetivada entre o ente público e a Caixa - mero órgão
DA DATA DA PUBLICAÇAO DA LEI MUNICIPAL nº 955/2017. gestor do Fundo - não pode privar a reclamante das parcelas
O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 812d475, da própria fundiárias, consoante já teve oportunidade de se manifestar o
prefeita daquela municipalidade, afirmando que a citada lei Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
municipal foi afixada no mural municipal em data de 14/03/2017. "AGRAVO DE INSTRUMENTO. PARCELAMENTO DO FGTS.
A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública, DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO ADIMPLEMENTO
afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO RECOLHIDAS. Constatada a
oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural violação do artigo 25 da Lei N.º 8.036/90, dá-se provimento ao
da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da agravo de instrumento a fim de determinar o processamento do
população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. PARCELAMENTO DO
as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis: FGTS. DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO
"SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO. LEI OU ATO NORMATIVO ADIMPLEMENTO INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO
MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA RECOLHIDAS. O acordo firmado entre a empresa e a CEF não
PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE impede o empregado de exercer, a qualquer tempo, seu direito
ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da súmula potestativo de requerer, perante a Justiça do Trabalho, a
pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016, Caderno condenação da empregadora ao adimplemento direto e integral das
Judiciário do TRT da 7ª Região.É válida a publicação de lei ou parcelas não depositadas. Exegese que se extrai do disposto no
normativo municipal por afixação no átrio da Prefeitura ou da artigo 25, da Lei N.º 8.036/90. Recurso conhecido e provido.
Câmara Municipal, desde que o ente público não possua órgão (Processo: RR - 154240-10.2002.5.15.0106 Data de Julgamento:
oficial de imprensa. 26/08/2009, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data
Assim, considerando o tópico acima, em que se aceitou a devida de divulgação: DEJT 04/09/2009.".
publicação da lei que instituiu o Regime Jurídico dos servidores da Do extrato carreado (Id 3ecd372) pela parte recorrida, verifica-se a
edilidade em 14/03/2017, é a hipótese de se limitar a verba fundiária inexistência de muito depósitos e diversos efetivados em atraso.
até essa data, dando-se, portanto, parcial provimento ao apelo Relativamente ao parcelamento da verba fundiária, foi corretamente
nesse sentido, restando incompetente esta Justiça para apreciar deferida a compensação dos valores depositados nos seguintes
DAS DIFERENÇA DE FGTS. "... devendo a mesma ser instruída com os extratos analíticos do
No mérito, alega o apelante que com o parcelamento da dívida FGTS, constando na referida memória de cálculos as
fundiária junto Caixa Econômica Federal, estaria englobado o valor compensações e/ou exclusões de todos os valores do período
cobrado nestes autos, o que resulta em bis in idem ao recorrente, o laboral já recolhidos pelo município reclamado...".
Incumbe ao município o ônus de demonstrar a regularidade dos Quanto ao pedido de ouvida da parte recorrente acerca da vigência
depósitos fundiários, a teor do art. 333, inciso II, do CPC c/c o art. da Lei Municipal nº 951 de 24/02/2017, entendo ser desnecessário
818 da CLT. neste momento processual, considerando que tal fato sequer foi
Ocorre que inexiste prova nos autos de que o FGTS da reclamante objeto da sentença recorrida.
tenha sido integralmente depositado, já que não trouxe o ente Assim, dar-se parcial provimento ao apelo para limitar as diferenças
público os comprovantes de recolhimentos respectivos, com a de FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi
individualização dos beneficiários, quando é sabido que ao efetivamente depositado ou sacado ao título.
Social). DISPOSITIVO
De outra banda, mesmo que o Município tenha efetuado o ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
mérito, dar-lhe parcial provimento para limitar as diferenças de O MUNICÍPIO DE BREJO SANTO apresentou recurso ordinário de
FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi ID ba60017, dentro do prazo legal, conforme certidão ID 69b0189,
efetivamente depositado ou sacado ao título. buscando a reforma da sentença do juízo de origem (ID fea73a3),
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores que o condenou a pagar à reclamante as diferenças de FGTS.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior A reclamante, MARIA MARLENE MONTEIRO
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) CASIMIRO,apresentou contrarrazões de ID 66e5534,
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo tempestivamente, conforme certidão ID 39f3e1c.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. A Procuradoria Regional do Trabalho manifestou-se pelo
0b78a8a.
JEFFERSON QUESADO
ADMISSIBILIDADE
DO RECURSO DO RECLAMADO.
Processo Nº ROT-0001572-23.2019.5.07.0028
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA.
RECORRENTE MUNICIPIO DE BREJO SANTO Inicialmente, o ente estatal levantou a tese de incompetência desta
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE
VASCONCELOS(OAB: 29704/CE) Justiça para apreciar a presente lide, a partir da data de 14/03/2017,
RECORRIDO MARIA MARLENE MONTEIRO por adotar regime jurídico estatutário, conforme promulgação da Lei
CASIMIRO
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS Municipal nº 955/2017, no mural da Prefeitura Municipal.
SANTANA(OAB: 16257/CE)
Assiste parcial razão à parte recorrente.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO No caso, a reclamante presta seus serviços para o Município desde
RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA RESIDUAL DA prefeita daquela municipalidade, afirmando que a citada lei
JUSTIÇA DO TRABALHO. EMPREGADO PÚBLICO. A Justiça municipal foi afixada no mural municipal em data de 14/03/2017.
Trabalhista é competente para dirimir as questões postas em juízo, A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública,
tendo em vista que a relação de direito material havida entre a afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão
reclamante e o reclamado, Município de Mucambo, decorre de um oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural
contrato de trabalho regido pela CLT. Não há afronta, pois, ao da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da
julgamento preferido pelo STF na ADI nº 3.395-6. Assim, reconhece população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa
-se a competência residual da Justiça do Trabalho para apreciar a as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis:
presente demanda, consoante previsão contida no art. 114 da "SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO. LEI OU ATO NORMATIVO
MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA RECOLHIDAS. O acordo firmado entre a empresa e a CEF não
PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE impede o empregado de exercer, a qualquer tempo, seu direito
ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da súmula potestativo de requerer, perante a Justiça do Trabalho, a
pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016, Caderno condenação da empregadora ao adimplemento direto e integral das
Judiciário do TRT da 7ª Região.É válida a publicação de lei ou parcelas não depositadas. Exegese que se extrai do disposto no
normativo municipal por afixação no átrio da Prefeitura ou da artigo 25, da Lei N.º 8.036/90. Recurso conhecido e provido.
Câmara Municipal, desde que o ente público não possua órgão (Processo: RR - 154240-10.2002.5.15.0106 Data de Julgamento:
oficial de imprensa. 26/08/2009, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data
Assim, considerando o tópico acima, em que se aceitou a devida de divulgação: DEJT 04/09/2009.".
publicação da lei que instituiu o Regime Jurídico dos servidores da Do extrato carreado (Id 3ecd372) pela parte recorrida, verifica-se a
edilidade em 14/03/2017, é a hipótese de se limitar a verba fundiária inexistência de muito depósitos e diversos efetivados em atraso.
até essa data, dando-se, portanto, parcial provimento ao apelo Relativamente ao parcelamento da verba fundiária, foi corretamente
nesse sentido, restando incompetente esta Justiça para apreciar deferida a compensação dos valores depositados nos seguintes
DAS DIFERENÇA DE FGTS. "... devendo a mesma ser instruída com os extratos analíticos do
No mérito, alega o apelante que com o parcelamento da dívida FGTS, constando na referida memória de cálculos as
fundiária junto Caixa Econômica Federal, estaria englobado o valor compensações e/ou exclusões de todos os valores do período
cobrado nestes autos, o que resulta em bis in idem ao recorrente, o laboral já recolhidos pelo município reclamado...".
Incumbe ao município o ônus de demonstrar a regularidade dos Quanto ao pedido de ouvida da parte recorrente acerca da vigência
depósitos fundiários, a teor do art. 333, inciso II, do CPC c/c o art. da Lei Municipal nº 951 de 24/02/2017, entendo ser desnecessário
818 da CLT. neste momento processual, considerando que tal fato sequer foi
Ocorre que inexiste prova nos autos de que o FGTS da reclamante objeto da sentença recorrida.
tenha sido integralmente depositado, já que não trouxe o ente Assim, dar-se parcial provimento ao apelo para limitar as diferenças
público os comprovantes de recolhimentos respectivos, com a de FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi
individualização dos beneficiários, quando é sabido que ao efetivamente depositado ou sacado ao título.
Social). DISPOSITIVO
De outra banda, mesmo que o Município tenha efetuado o ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
parcelamento do FGTS de seus empregados junto à Caixa TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Econômica Federal, isso não impede a propositura de ação REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso interposto e, no
individual, porquanto o FGTS constitui patrimônio do trabalhador e a mérito, dar-lhe parcial provimento para limitar as diferenças de
transação efetivada entre o ente público e a Caixa - mero órgão FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi
gestor do Fundo - não pode privar a reclamante das parcelas efetivamente depositado ou sacado ao título.
fundiárias, consoante já teve oportunidade de se manifestar o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. PARCELAMENTO DO FGTS. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO ADIMPLEMENTO Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO RECOLHIDAS. Constatada a de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
violação do artigo 25 da Lei N.º 8.036/90, dá-se provimento ao Fortaleza, 18 de julho de 2022.
Diretor de Secretaria
FUNDAMENTAÇÃO
Processo Nº ROT-0001101-43.2020.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE INSTITUTO MEDICO DE GESTAO
INTEGRADA
ADVOGADO LAZARO BERNARDES SANTOS DE ADMISSIBILIDADE
ALMEIDA(OAB: 31354/BA)
Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE impondo-se, pois, o seu conhecimento.
RECORRIDO MARIA DO SOCORRO NOGUEIRA
DA SILVA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO DO INSTITUTO MEDICO DE
ADVOGADO LOWSTAEU LEMOS GESTÃO INTEGRADA - IMEGI
FIGUEIREDO(OAB: 25032/CE)
ADVOGADO FRANCISCO AURELIANO DE O reclamado principal, INSTITUTO MEDICO DE GESTÃO
ALENCAR SOUSA(OAB: 22975/CE)
INTEGRADA - IMEGI, apresentou Agravo de Instrumento
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO objetivando destrancar o recurso ordinário de ID 4a1bae2, que não
EMENTA Analiso.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM R.O. O Parágrafo 10º, do artigo O Parágrafo 10º, do artigo 899, celetizado, prevê, expressamente,
899, celetizado, prevê, expressamente, que as entidades que as entidades filantrópicas são isentas apenas do depósito
aplicando ao caso a isenção do recolhimento de custas "§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da
art. 997, III, do CPC, o recurso adesivo fica subordinado ao recurso O legislador pretendeu isentar as entidades filantrópicas, dentre
principal. No presente caso em que permaneceu inadmissível o outras, apenas do recolhimento do depósito recursal. Está claro que
recurso ordinário, não se conhece do recurso adesivo. Apelo não as custas processuais, de regra valor muito abaixo do depósito
conhecido. recursal, não foi objeto de isenção, não podendo, no meu entender,
O INSTITUTO MEDICO DE GESTÃO INTEGRADA apresentou gratuidade processual, fato que foi indeferido na sentença recorrida,
destrancar o RECURSO ORDINÁRIO de ID 4a1bae2 não recebido "A primeira reclamada INSTITUTO MÉDICO DE GESTÃO
no juízo de primeiro grau por deserção. INTEGRADA protocolou Recurso Ordinário sem o devido
O MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE apresentou RECURSO preparo (depósito judicial e custas), alegando que se trata de
Contrarrazões de IDs 51b9916, 9f74873,31092eb e 4927a47, decisão proferida na Ação nº 000802-93.2020.5.07.0028 em que
ajuizadas tempestivamente, conforme certidão de ID 118ff49. o Juízo da 2ª Vara da Região do Cariri recebeu RO impetrado e
a dispensou do recolhimento de custas processuais e de Nessa senda, sou pelo conhecimento e improvimento ao agravo de
efetuar o depósito recursal, afirmando ainda que possui instrumento, mantendo inadmissível o recurso ordinário.
Certificação CEBAS e faz referência aos Ids. 9b49672 e DO RECURSO ADESIVO.DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO
no Diário Oficial da União de 29/3/2018, lhe concedendo o A teor da Sumula 283, do cTST, somente cabe Recurso Adesivo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. nas hipóteses de Recurso Ordinário, de agravo de petição, de
Vale salientar que a Portaria retromencionada fixa o prazo de revista e de embargos, Portanto, não se vislumbra na citada súmula
validade de 3 anos para o certificado, ou seja, expirou em a ajuizamento desse tipo de apelo quando da interposição de
29/3/2021. Dessa forma, não há que se reconhecer o caráter Agravo de Instrumento, como no presente caso, veja-se.
filantrópico da reclamada, mormente porque tem ao longo dos "SÚMULA nº 283 do TST- RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA
anos celebrado contratos milionários com o poder público, o NO PROCESSO DO TRABALHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS
que descaracteriza totalmente o exercício filantrópico. (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.
De acordo com o site filantropia.ong, o conceito de entidade O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e
"Trata-se, também, de uma sociedade sem fins lucrativos de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de
(associação ou fundação), criada com o propósito de produzir embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada
o bem, tais como: assistir à família, à maternidade, à infância, à esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte
reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e integração Não obstante isso, o recurso adesivo, por sua natureza acessória,
ao mercado do trabalho. Para ser reconhecida como segue a sorte do recuso principal.
filantrópica pelos órgãos públicos, a entidade precisa Assim, com a manutenção da inadmissibilidade do apelo principal,
comprovar ter desenvolvido, no mínimo pelo período de três conforme explicitada acima, não há como ser conhecido o apelo
anos, atividades em prol aos mais desprovidos, sem distribuir adesivo, nos termos do § 2º, do art. 997, III, do CPC, verbis:
lucros e sem remunerar seus dirigentes. Os títulos que terá de "§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso
conquistar para ser reconhecida como filantrópica pelo Estado independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste
são: Declaração de Utilidade Pública (federal, estadual ou quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no
municipal) e o de Entidade Beneficente de Assistência Social, tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o
O pacto negocial de prestação de serviços que existiu entre as III - não será conhecido, se houver desistência do recurso
partes reclamadas não era de filantropia ou sem fins lucrativos, principal ou se for ele considerado inadmissível.".
tendo em vista que empresa reclamada empregadora explora De todo o exposto, sou pelo improvimento do Agravo de
atividade econômica extremamente rentável através de Instrumento e pelo não conhecimento do Recurso Adesivo.
esclarecer que, de acordo com o parágrafo 10 do artigo 899 da Não conhecer do recurso adesivo e negar provimento ao agravo de
benefício da gratuidade da justiça, cabe à parte proceder ao TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
recolhimento das custas processuais. REGIÃO, por unanimidade, não conhecer do Recurso Adesivo e
Por todo o exposto, DEIXO DE RECEBER o Recurso Ordinário conhecer e negar provimento ao Agravo de Instrumento.
interposto pela reclamada INSTITUTO MÉDICO DE GESTÃO Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
INTEGRADA - IMEGI, vez que deserto. ". Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) destrancar o RECURSO ORDINÁRIO de ID 4a1bae2 não recebido
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo no juízo de primeiro grau por deserção.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. O MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE apresentou RECURSO
certidão de ID 819ff00..
Diretor de Secretaria
FUNDAMENTAÇÃO
Processo Nº ROT-0001101-43.2020.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE INSTITUTO MEDICO DE GESTAO
INTEGRADA
ADVOGADO LAZARO BERNARDES SANTOS DE ADMISSIBILIDADE
ALMEIDA(OAB: 31354/BA)
Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE impondo-se, pois, o seu conhecimento.
RECORRIDO MARIA DO SOCORRO NOGUEIRA
DA SILVA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO DO INSTITUTO MEDICO DE
ADVOGADO LOWSTAEU LEMOS GESTÃO INTEGRADA - IMEGI
FIGUEIREDO(OAB: 25032/CE)
ADVOGADO FRANCISCO AURELIANO DE O reclamado principal, INSTITUTO MEDICO DE GESTÃO
ALENCAR SOUSA(OAB: 22975/CE)
INTEGRADA - IMEGI, apresentou Agravo de Instrumento
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO objetivando destrancar o recurso ordinário de ID 4a1bae2, que não
EMENTA Analiso.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM R.O. O Parágrafo 10º, do artigo O Parágrafo 10º, do artigo 899, celetizado, prevê, expressamente,
899, celetizado, prevê, expressamente, que as entidades que as entidades filantrópicas são isentas apenas do depósito
aplicando ao caso a isenção do recolhimento de custas "§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da
art. 997, III, do CPC, o recurso adesivo fica subordinado ao recurso O legislador pretendeu isentar as entidades filantrópicas, dentre
principal. No presente caso em que permaneceu inadmissível o outras, apenas do recolhimento do depósito recursal. Está claro que
recurso ordinário, não se conhece do recurso adesivo. Apelo não as custas processuais, de regra valor muito abaixo do depósito
conhecido. recursal, não foi objeto de isenção, não podendo, no meu entender,
O INSTITUTO MEDICO DE GESTÃO INTEGRADA apresentou gratuidade processual, fato que foi indeferido na sentença recorrida,
"A primeira reclamada INSTITUTO MÉDICO DE GESTÃO mesmo artigo, a entidade filantrópica está isenta apenas do
INTEGRADA protocolou Recurso Ordinário sem o devido depósito recursal. Em não sendo concedido, também, o
preparo (depósito judicial e custas), alegando que se trata de benefício da gratuidade da justiça, cabe à parte proceder ao
Na peça de interposição do recurso, a reclamada menciona Por todo o exposto, DEIXO DE RECEBER o Recurso Ordinário
decisão proferida na Ação nº 000802-93.2020.5.07.0028 em que interposto pela reclamada INSTITUTO MÉDICO DE GESTÃO
o Juízo da 2ª Vara da Região do Cariri recebeu RO impetrado e INTEGRADA - IMEGI, vez que deserto. ".
a dispensou do recolhimento de custas processuais e de Nessa senda, sou pelo conhecimento e improvimento ao agravo de
efetuar o depósito recursal, afirmando ainda que possui instrumento, mantendo inadmissível o recurso ordinário.
Certificação CEBAS e faz referência aos Ids. 9b49672 e DO RECURSO ADESIVO.DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO
no Diário Oficial da União de 29/3/2018, lhe concedendo o A teor da Sumula 283, do cTST, somente cabe Recurso Adesivo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. nas hipóteses de Recurso Ordinário, de agravo de petição, de
Vale salientar que a Portaria retromencionada fixa o prazo de revista e de embargos, Portanto, não se vislumbra na citada súmula
validade de 3 anos para o certificado, ou seja, expirou em a ajuizamento desse tipo de apelo quando da interposição de
29/3/2021. Dessa forma, não há que se reconhecer o caráter Agravo de Instrumento, como no presente caso, veja-se.
filantrópico da reclamada, mormente porque tem ao longo dos "SÚMULA nº 283 do TST- RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA
anos celebrado contratos milionários com o poder público, o NO PROCESSO DO TRABALHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS
que descaracteriza totalmente o exercício filantrópico. (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.
De acordo com o site filantropia.ong, o conceito de entidade O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e
"Trata-se, também, de uma sociedade sem fins lucrativos de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de
(associação ou fundação), criada com o propósito de produzir embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada
o bem, tais como: assistir à família, à maternidade, à infância, à esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte
reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e integração Não obstante isso, o recurso adesivo, por sua natureza acessória,
ao mercado do trabalho. Para ser reconhecida como segue a sorte do recuso principal.
filantrópica pelos órgãos públicos, a entidade precisa Assim, com a manutenção da inadmissibilidade do apelo principal,
comprovar ter desenvolvido, no mínimo pelo período de três conforme explicitada acima, não há como ser conhecido o apelo
anos, atividades em prol aos mais desprovidos, sem distribuir adesivo, nos termos do § 2º, do art. 997, III, do CPC, verbis:
lucros e sem remunerar seus dirigentes. Os títulos que terá de "§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso
conquistar para ser reconhecida como filantrópica pelo Estado independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste
são: Declaração de Utilidade Pública (federal, estadual ou quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no
municipal) e o de Entidade Beneficente de Assistência Social, tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o
O pacto negocial de prestação de serviços que existiu entre as III - não será conhecido, se houver desistência do recurso
partes reclamadas não era de filantropia ou sem fins lucrativos, principal ou se for ele considerado inadmissível.".
tendo em vista que empresa reclamada empregadora explora De todo o exposto, sou pelo improvimento do Agravo de
atividade econômica extremamente rentável através de Instrumento e pelo não conhecimento do Recurso Adesivo.
esclarecer que, de acordo com o parágrafo 10 do artigo 899 da Não conhecer do recurso adesivo e negar provimento ao agravo de
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª com resolução de mérito a reclamação ajuizada por FRANCISCO
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª IRISVAN ALVES DIAS em face de CONSTRUTORA MARQUISE S
REGIÃO, por unanimidade, não conhecer do Recurso Adesivo e A (Id 57a079b), com fulcro nos arts. 7º, XXIX, da CF e art. 487, II,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores Interpõe a parte reclamante o recurso ordinário (ID. 5120397 - Pág.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior 1-11), pleiteando o afastamento da prejudicial de mérito alusiva à
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) prescrição total, bem como pugnando pela procedência dos pleitos
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. Alega que o marco inicial da prescrição não ocorreu quando do
Fortaleza, 18 de julho de 2022. início doença, haja vista o seu caráter progressivo e degenerativo,
JEFFERSON QUESADO Argumenta que não seria razoável exigir do trabalhador que ele
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. que ele tenha a exata noção da gravidade da moléstia que o
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Devidamente notificada, a parte recorrida, no prazo legal, ofereceu
acórdão."
"S E N T E N Ç A
FUNDAMENTAÇÃO.
Dispensado o Relatório pela submissão da demanda ao
RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto
procedimento sumaríssimo (art. 852, inc. I da CLT).
no art. 895,§ 1º, inciso IV da CLT.
DA FUNDAMENTAÇÃO
Delgado (2002) ensina que a prescrição: Na mesma linha de entendimento vêm se pronunciando a
"Conceitua-se, pois, como a perda da ação (no sentido jurisprudência, conforme jurisprudências abaixo colacionadas:
para seu exercício. Ou: a perda da exigibilidade judicial de um Tendo o reclamante ciência das graves lesões sofridas já no
direito em consequência de não ter sido exigido pelo credor ao momento do acidente sofrido durante o trabalho, com a
devedor durante certo lapso de tempo (...)". percepção de auxílio-doença acidentário, a actio nata
No caso das relações trabalhistas, a Constituição Federal prescricional aí se estabelece, definindo-se a prescrição total".
tratou de estabelecer, em seu art. 7º, inciso XXIX, a prescrição (TRT-3 - RO: 00115292820165030137 MG 0011529-
do direito de ação quanto aos créditos resultantes das relações 28.2016.5.03.0137, Relator: Luis Felipe Lopes Boson, Data de
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além 20/02 /2018.)
de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) "ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de MARCO INICIAL.CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO APÓS A EC
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os 45/2004. O prazo prescricional para ajuizamento de ação de
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a indenização por danos materiais e morais decorrentes de lesão
extinção do contrato de trabalho; (...)". ocorrida em virtude de acidente de trabalho começa a fluir a
É certo que a pretensão de reparação do titular nasce com a partir da data da ciência inequívoca da extensão dos danos.
violação do direito. O direito de propor a ação de indenização Aplica-se a prescrição quinquenal quando a ciência inequívoca
apenas surge, contudo, da ciência da lesão, pois antes não há da lesão ocorrer após a vigência da EC 45/2004, ante a
que se falar em direito subjetivo violado. jurisprudência do col. TST". (TRT-10 - RO:
Esse é o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça 00014183820175100821 DF, Data de Julgamento: 16/09/2020,
incapacidade STJ laboral, conforme Súmula nº 278, que afirma: "ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. DATA DA CIÊNCIA
"Súmula nº 278 do STJ. Termo Inicial - Prazo Prescricional - INEQUÍVOCA DA LESÃO. A prescrição aplicável às pretensões
Ação de Indenização - Incapacidade Laboral. O termo inicial do decorrentes de acidente do trabalho ou doença ocupacional a
prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o ele equiparado, após a promulgação da Emenda Constitucional
segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. (DJ n. 45/2004, é a prescrição trabalhista prevista no art. 7º, inc.
Na exordial, O Autor informa nos seguintes termos: "O GARIBALDI TADEU PEREIRA FERREIRA , 4ª Câmara , Data de
Cervical (CID 10.M50.0) desde 2015, bem como Epicondilite Desta feita, o Reclamante teve ciência inequívoca do acidente
lateral (CID10 M77.1), CID 10 - M50.1 Transtorno do disco de trabalho sofrido em 20/08/2015, data que considero como
cervical com Radiculopatia e CID 10 - M54.2 Cervicalgia, CID 10 termo inicial para fins de contagem do prazo prescricional, já
- S83.2 Ruptura do menisco e atual, conforme laudos médicos que fora a data em que iniciou a percepção do auxílio doença
Como prova de suas alegações, o Reclamante acostou aos cinco anos para ajuizar a demanda, com o pedido de
autos, o documento do auxílio-doença recebido pelo INSS, em indenização por danos morais decorrentes do acidente do
que consta como motivo do benefício o código 91 (acidente de trabalho (em sentido amplo), prazo este que se encerrou em
informação de que o início da vigência se deu em 20/08/2015, O Reclamante apenas propôs a presente ação visando a
data do seu primeiro auxílio doença acidentário. indenização por danos morais em 29/01/2021 (data da
Justiça, o dies ad quo (termo inicial) do prazo prescricional na Diante do exposto, aplica-se, ao caso dos autos, a regra
ação de indenização é o dia em que o titular do direito teve prescricional do art. 7º, XXIX, CF, tendo por irremediavelmente
"ciência inequívoca da incapacidade laboral". prescrita a pretensão autoral de indenização por danos morais,
pelo que ACOLHO a prescrição quinquenal para extinguir a resolução do mérito, resta-se prejudicado o laudo pericial
artigo 487, II, do CPC. Considerando a segurança demonstrada pelo Perito em seu
Em face da data do ajuizamento desta ação (após 11/11/2017), em torno das condições de trabalho do empregado; o conjunto
aplica-se a essa lide as alterações normativas trazidas pela de material fático examinado; e as horas trabalhadas por
Reforma Trabalhista. Sendo os dispositivos legais aqui estimativa, arbitro os honorários definitivos do Perito Oficial
utilizados, conforme sua redação após às alterações trazidas responsável pela perícia em R$ 1.000,00 (um mil reais).
pela Lei 13.467/2017. Em face da gratuidade da justiça deferida ao Autor e tendo sido
Os §3° e §4°, do art. 790, CLT inseridos pela Reforma prejudicada a perícia pelas razões supra, cabe à União a
Trabalhista relacionam dois requisitos para concessão da responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais
justiça gratuita: a) o requerente perceber salário igual ou definitivos (§4º do art. 790-B da CLT).
Geral de Previdência Social e b) comprovar que não tem Pelo exposto, e por tudo o mais que dos autos consta, resolvo
condições de arcar com as despesas do processo. extinguir com resolução do mérito, com fulcro nos arts. 7º,
O artigo 99, §3°, CPC dispõe sobre a presunção legal de que XXIX, da CF e art. 487, II, do o processo ajuizado CPC
"verdadeira a alegação de insuficiência deduzida (prescrição), por FRANCISCO IRISVAN ALVES DIAS contra
exclusivamente por pessoa natural", aplicado supletivamente CONSTRUTORA MARQUISE S.A. Defiro ao Reclamante o
In casu, o Reclamante declarou não possuir condição sucumbenciais no percentual de 5% a favor do advogado da
econômica de arcar com as despesas processuais sem Reclamada, observando-se as disposições do art. art. 791-A,
prejuízo do sustento próprio e de sua família, portanto, eficaz §4º, CLT. Honorários periciais a cargo da União. Custas a cargo
De acordo com o artigo 374, IV, CPC temos que os fatos importe de R$ 812,60, porém dispensadas, em razão dos
presumidos independem de prova, de modo que não há benefícios da justiça gratuita que ora lhe defiro (art. 790, § 3º,
No caso sub judice, ante a extinção com julgamento do mérito, Assim, nega-se provimento ao recurso ordinário interposto,
e por último, considerando os critérios para fixação de mantendo-se a sentença de primeiro grau por seus próprios e
Nos termos do art. 791-A, §4º, CLT, as obrigações decorrentes ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita ficarão sob TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Ademais, tendo em vista a extinção do processo com mantendo-se a sentença de primeiro grau por seus próprios e
jurídicos fundamentos. Interpõe a parte reclamante o recurso ordinário (ID. 5120397 - Pág.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores 1-11), pleiteando o afastamento da prejudicial de mérito alusiva à
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior prescrição total, bem como pugnando pela procedência dos pleitos
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) aduzidos na reclamatória.
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo Alega que o marco inicial da prescrição não ocorreu quando do
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. início doença, haja vista o seu caráter progressivo e degenerativo,
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. que ele tenha a exata noção da gravidade da moléstia que o
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Devidamente notificada, a parte recorrida, no prazo legal, ofereceu
acórdão."
"S E N T E N Ç A
FUNDAMENTAÇÃO.
Dispensado o Relatório pela submissão da demanda ao
RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto
procedimento sumaríssimo (art. 852, inc. I da CLT).
no art. 895,§ 1º, inciso IV da CLT.
DA FUNDAMENTAÇÃO
devedor durante certo lapso de tempo (...)". percepção de auxílio-doença acidentário, a actio nata
No caso das relações trabalhistas, a Constituição Federal prescricional aí se estabelece, definindo-se a prescrição total".
tratou de estabelecer, em seu art. 7º, inciso XXIX, a prescrição (TRT-3 - RO: 00115292820165030137 MG 0011529-
do direito de ação quanto aos créditos resultantes das relações 28.2016.5.03.0137, Relator: Luis Felipe Lopes Boson, Data de
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além 20/02 /2018.)
de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) "ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de MARCO INICIAL.CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO APÓS A EC
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os 45/2004. O prazo prescricional para ajuizamento de ação de
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a indenização por danos materiais e morais decorrentes de lesão
extinção do contrato de trabalho; (...)". ocorrida em virtude de acidente de trabalho começa a fluir a
É certo que a pretensão de reparação do titular nasce com a partir da data da ciência inequívoca da extensão dos danos.
violação do direito. O direito de propor a ação de indenização Aplica-se a prescrição quinquenal quando a ciência inequívoca
apenas surge, contudo, da ciência da lesão, pois antes não há da lesão ocorrer após a vigência da EC 45/2004, ante a
que se falar em direito subjetivo violado. jurisprudência do col. TST". (TRT-10 - RO:
Esse é o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça 00014183820175100821 DF, Data de Julgamento: 16/09/2020,
incapacidade STJ laboral, conforme Súmula nº 278, que afirma: "ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. DATA DA CIÊNCIA
"Súmula nº 278 do STJ. Termo Inicial - Prazo Prescricional - INEQUÍVOCA DA LESÃO. A prescrição aplicável às pretensões
Ação de Indenização - Incapacidade Laboral. O termo inicial do decorrentes de acidente do trabalho ou doença ocupacional a
prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o ele equiparado, após a promulgação da Emenda Constitucional
segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. (DJ n. 45/2004, é a prescrição trabalhista prevista no art. 7º, inc.
Na exordial, O Autor informa nos seguintes termos: "O GARIBALDI TADEU PEREIRA FERREIRA , 4ª Câmara , Data de
Cervical (CID 10.M50.0) desde 2015, bem como Epicondilite Desta feita, o Reclamante teve ciência inequívoca do acidente
lateral (CID10 M77.1), CID 10 - M50.1 Transtorno do disco de trabalho sofrido em 20/08/2015, data que considero como
cervical com Radiculopatia e CID 10 - M54.2 Cervicalgia, CID 10 termo inicial para fins de contagem do prazo prescricional, já
- S83.2 Ruptura do menisco e atual, conforme laudos médicos que fora a data em que iniciou a percepção do auxílio doença
Como prova de suas alegações, o Reclamante acostou aos cinco anos para ajuizar a demanda, com o pedido de
autos, o documento do auxílio-doença recebido pelo INSS, em indenização por danos morais decorrentes do acidente do
que consta como motivo do benefício o código 91 (acidente de trabalho (em sentido amplo), prazo este que se encerrou em
informação de que o início da vigência se deu em 20/08/2015, O Reclamante apenas propôs a presente ação visando a
data do seu primeiro auxílio doença acidentário. indenização por danos morais em 29/01/2021 (data da
Justiça, o dies ad quo (termo inicial) do prazo prescricional na Diante do exposto, aplica-se, ao caso dos autos, a regra
ação de indenização é o dia em que o titular do direito teve prescricional do art. 7º, XXIX, CF, tendo por irremediavelmente
"ciência inequívoca da incapacidade laboral". prescrita a pretensão autoral de indenização por danos morais,
Na mesma linha de entendimento vêm se pronunciando a pelo que ACOLHO a prescrição quinquenal para extinguir a
jurisprudência, conforme jurisprudências abaixo colacionadas: pretensão formulada com resolução de mérito, na forma do
Tendo o reclamante ciência das graves lesões sofridas já no 2. Da justiça gratuita e dos honorários.
momento do acidente sofrido durante o trabalho, com a Em face da data do ajuizamento desta ação (após 11/11/2017),
aplica-se a essa lide as alterações normativas trazidas pela de material fático examinado; e as horas trabalhadas por
Reforma Trabalhista. Sendo os dispositivos legais aqui estimativa, arbitro os honorários definitivos do Perito Oficial
utilizados, conforme sua redação após às alterações trazidas responsável pela perícia em R$ 1.000,00 (um mil reais).
pela Lei 13.467/2017. Em face da gratuidade da justiça deferida ao Autor e tendo sido
Os §3° e §4°, do art. 790, CLT inseridos pela Reforma prejudicada a perícia pelas razões supra, cabe à União a
Trabalhista relacionam dois requisitos para concessão da responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais
justiça gratuita: a) o requerente perceber salário igual ou definitivos (§4º do art. 790-B da CLT).
Geral de Previdência Social e b) comprovar que não tem Pelo exposto, e por tudo o mais que dos autos consta, resolvo
condições de arcar com as despesas do processo. extinguir com resolução do mérito, com fulcro nos arts. 7º,
O artigo 99, §3°, CPC dispõe sobre a presunção legal de que XXIX, da CF e art. 487, II, do o processo ajuizado CPC
"verdadeira a alegação de insuficiência deduzida (prescrição), por FRANCISCO IRISVAN ALVES DIAS contra
exclusivamente por pessoa natural", aplicado supletivamente CONSTRUTORA MARQUISE S.A. Defiro ao Reclamante o
In casu, o Reclamante declarou não possuir condição sucumbenciais no percentual de 5% a favor do advogado da
econômica de arcar com as despesas processuais sem Reclamada, observando-se as disposições do art. art. 791-A,
prejuízo do sustento próprio e de sua família, portanto, eficaz §4º, CLT. Honorários periciais a cargo da União. Custas a cargo
De acordo com o artigo 374, IV, CPC temos que os fatos importe de R$ 812,60, porém dispensadas, em razão dos
presumidos independem de prova, de modo que não há benefícios da justiça gratuita que ora lhe defiro (art. 790, § 3º,
No caso sub judice, ante a extinção com julgamento do mérito, Assim, nega-se provimento ao recurso ordinário interposto,
e por último, considerando os critérios para fixação de mantendo-se a sentença de primeiro grau por seus próprios e
Nos termos do art. 791-A, §4º, CLT, as obrigações decorrentes ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita ficarão sob TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Ademais, tendo em vista a extinção do processo com mantendo-se a sentença de primeiro grau por seus próprios e
Considerando a segurança demonstrada pelo Perito em seu Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
mister; a complexidade da matéria envolvida; a investigação (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
em torno das condições de trabalho do empregado; o conjunto Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. reclamação trabalhista, para condenar o reclamado na obrigação de
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. referente aos dois cargos de professora da educação básica
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Contrarrazões ofertadas, Id. 467d2f6; Manifestação do Ministério
É o relatório.
Processo Nº ROT-0001908-53.2021.5.07.0029
Relator CLAUDIO SOARES PIRES FUNDAMENTAÇÃO
RECORRENTE MUNICIPIO DE CROATA ADMISSIBILIDADE
ADVOGADO JOSE MARQUES JUNIOR(OAB:
17257/CE) Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso
RECORRIDO RAIMUNDA FARIAS BEZERRA ordinário interposto pelo Município de Croatá.
ABREU
ADVOGADO ANTONIO RODRIGUES DE PRELIMINAR
SOUZA(OAB: 39497/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Nada há para ser examinado.
Intimado(s)/Citado(s):
DO MÉRITO
- RAIMUNDA FARIAS BEZERRA ABREU
RECURSO ORDINÁRIO. MUNICÍPIO DE CROATÁ. PROFESSOR.
RECURSO ORDINÁRIO. MUNICÍPIO DE CROATÁ. PROFESSOR. de nº 0002417-52.2019.5.07.0029, teve reconhecido o seu direito a
PLANO DE CARGOS. DIREITO À PROGRESSÃO ocupar, desde março de 2018, a referência 14, em razão de
RECONHECIDO EM RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ANTERIOR. progressão funcional, conforme previsto na lei municipal nº
DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS. 1. O arcabouço jurídico, o 298/2009 - Plano de cargos, carreiras e salários do magistério de
conteúdo expresso da lei, exprime a vontade do legislador no Croatá/CE. Pleiteia diferenças salariais, com reflexos sobre outras
momento da aprovação do texto legal. 2. Ex vi da Lei Municipal nº verbas, que lhe são devidas entre março de 2018 e agosto de 2021,
298/09, ao professor é dada progressão salarial a cada três anos de advindas da aludida progressão horizontal.
serviço (artigo 20, § 1º). 3. Reconhecido o direito à progressão Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante (ID.
jus a reclamante a diferenças salariais, com reflexos, advindas de "DAS DIRETRIZES CONSTANTES NA LEI 298/2009 - PLANO DE
aludida progressão, cuja quitação não foi comprovada nos autos. CARGOS, CARREIRAS E SALÁRIOS DO MAGISTÉRIO DE
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO Segundo o art. 20, da lei 298/2009 - Plano de cargos, carreiras e
ORDINÁRIO, provenientes da MM. VARA DO TRABALHO DE salários do magistério de Croatá/CE, cada profissional do magistério
TIANGUÁ, em que é recorrente, MUNICÍPIO DE CROATÁ e do município reclamado tem a possibilidade de obter progressão
recorrida, RAIMUNDA FARIAS BEZERRA ABREU. funcional, dentro da mesma classe (progressão horizontal), fazendo
Opôs o Município de Croatá Recurso Ordinário em face da jus a um acréscimo remuneratório de 3% sobre o valor de sua
Art. 20 - a progressão é a passagem do profissional do magistério Reconhecido o direito à progressão funcional em Reclamação
de uma referência para outra imediatamente superior, dentro das Trabalhista anteriormente ajuizada, faz jus a reclamante a
faixas salariais da mesma classe, obedecidos os critérios de diferenças salariais, com reflexos, advindas de aludida progressão,
merecimento, mediante avaliação de indicadores de desempenho e cuja quitação não foi comprovada nos autos.
§1° - os profissionais poderão se beneficiar com a progressão por PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº 298-2009.
merecimento, a cada 36 (trinta e seis) meses, com base na DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS. A teor do que dispõe o art.
avaliação de desempenho a ser realizada, anualmente, de forma 818, II, da CLT, não havendo o reclamado se desincumbido de seu
§3° - o intervalo entre referências será de 3,0% (três). inadimplência comprovada nos autos. (TRT da 7ª Região; Processo:
Conforme restou decidido nos autos do processo nº 0002417- 0001548-21.2021.5.07.0029; Data: 20-05-2022; Órgão Julgador:
52.2019.5.07.0029, desde março de 2018, a reclamante passou a Gab. Des. Fernanda Maria Uchoa de Albuquerque - 3ª Turma;
ser enquadrada na referência 14 de sua carreira, em razão de Relator(a): FERNANDA MARIA UCHOA DE ALBUQUERQUE)
progressão funcional, conforme previsto na lei municipal nº MUNICÍPIO DE CROATÁ. DIFERENÇAS SALARIAIS.
298/2009 - Plano de cargos, carreiras e salários do magistério de PROGRESSÃO FUNCIONAL. DIREITO RECONHECIDO EM
Croatá/CE, não cabendo mais discussão a respeito desta questão, PROCESSO JUDICIAL TRANSITADO EM JULGADO. Verificado o
em face do trânsito em julgado do aludido processo. reconhecimento do direito da reclamante à progressão horizontal da
Assim, desde março de 2018, a reclamante faz jus ao pagamento referência 13 (treze) para 14 (quatorze) do Plano de Cargos,
de um acréscimo salarial na ordem de 3% sobre o valor de sua Carreiras e Salários do Magistério de Croatá/CE, a partir de março
remuneração, advindo da aludida progressão funcional obtida. de 2018, em processo judicial transitado em julgado, e não
Não houve impugnação válida aos valores dos pedidos. comprovada a quitação dos valores decorrentes do aumento salarial
Diante do exposto, julgo procedente o pedido de pagamento da relativo ao período retroativo, deve ser mantida a sentença que
quantia de R$8.047,00, a título de diferenças salariais, com reflexos condenou o ente público ao pagamento das diferenças salariais,
sobre o FGTS e o terço constitucional de férias, relativa ao período com reflexos sobre o FGTS e o terço constitucional de férias.
de março de 2018 a agosto de 2021, referente aos dois cargos de Recurso improvido. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001543-
professora exercidos pela reclamante (matrículas 00100803 e 96.2021.5.07.0029; Data: 14-05-2022; Órgão Julgador: Gab. Des.
O arcabouço jurídico, o conteúdo expresso da lei, exprime a Conhecer do recurso do Município de Croatá e, no mérito, negar-lhe
salarial a cada três anos de serviço (artigo 20, § 1º). A efetivação DISPOSITIVO
desse progredimento ocorre a cada dois anos (artigo 24). Não há, ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
portanto, o que refutar na conclusão do juízo recorrido. A REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
Administração está obrigada a promover a progressão de servidores conhecer do recurso do Município de Croatá e, no mérito, negar-lhe
Entrementes, constata-se que o direito à evolução funcional da Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
recorrida restou reconhecido na ação 0002417-52.2019.5.07.0029, Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
havendo a decisão transitado em julgado em 12/02/2021, após Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
confirmação da sentença em segunda instância, conforme registra o Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
FUNDAMENTAÇÃO
Desembargador Relator
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART recurso ordinário veiculado pela parte reclamante.
edital".
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. RITO exceções legais, ficam obrigatoriamente enquadrados procedimento
ENDEREÇO DA EMPRESA RECLAMADA. ARTIGO 852-B DA Trata-se de norma de ordem pública, imperativa (conforme se
CLT. MUDANÇA DE RITO. POSSIBILIDADE. NOTIFICAÇÃO POR observa do artigo 852-A), em razão do próprio interesse público na
EDITAL. sua adoção, que objetiva buscar solução mais rápida e eficaz para
A parte reclamante não pode ser apenada pela mudança no os litígios de pequeno valor.
endereço da reclamada no curso do processo. Caberia ao Juízo de É cediço que ao Magistrado cabe realizar o juízo de admissibilidade
Origem ter concedido prazo ao recorrente para que indicasse o da causa, inclusive a observância das regras atinentes ao rito
atual endereço da ré ou, no caso de impossibilidade de localização aplicável, verificando a satisfação, ou não, dos requisitos legais
da empregadora, que fosse promovida a conversão do Rito exigidos da parte autora, com vistas a se aplicar as regras
notificação patronal pela via editalícia. No caso sub oculi, percebe-se, inequivocadamente, que a parte
Recurso ordinário da reclamante conhecido e provido. autora não observou um dos requisitos exigidos para a adoção do
Processo submetido ao Rito Sumaríssimo. Relatório dispensado seja, o arquivamento da ação (art. 852-B, §1º/CLT), o que equivale
(artigo 852-I, da CLT). à sua extinção sem resolução do mérito, por indeferimento da
Há de se evidenciar, por fim, que a norma inserta no artigo 852-B, II, Agrava-se, se o juiz, antes da audiência, chama os autos à
da CLT, atribuiu ao autor - interessado maior na efetiva prestação conclusão e decreta a sua extinção, por suposto descumprimento
jurisdicional de modo célere - a responsabilidade de apontar, de ao que dispõe o art. 852, da CLT. Tratando-se de irregularidade
plano, o endereço correta da parte reclamada. Destarte, deve o sanável, cumpre ao juiz conceder oportunidade, ainda que em
autor, antes do ajuizamento da ação trabalhista sob o rito curtíssimo prazo, para o reclamante apresentar novo endereço do
sumaríssimo, certificar-se do local da prestação dos serviços, ante a reclamado. Se informada que o reclamado cria embaraços ao
possibilidade de mudança de domicílio ou endereço da parte a ser recebimento ou não sendo encontrado (1º, art. 841 da CLT), a
Isto posto, declaro, de ofício, a ausência de pressuposto de por edital garantido-se, assim, o direito constitucional de ação. A
constituição e desenvolvimento válido e regular do processo, na extinção só tem cabimento em caso de absoluta inércia do autor,
forma do art. 852-B, inciso II e no parágrafo 1º do da CLT c/c o art. sob pena de caracterizar negativa de prestação jurisdicional, em
485, inciso IV, do novo CPC subsidiário, determinando, como ofensa ao art. 5º, XXXV da CF/88. (Proc. 035543/2000- ROS-2 - Ac.
consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito" 533/2001 - Relator Desembargador José Antonio Pancotti - TRT
Com efeito, verifica-se que a reclamante indicou, na inicial, o encontrava-se em local incerto e não sabido, restaria a possibilidade
endereço da reclamada constante em seu CNPJ (fl. 36 DO PDF). da mudança do rito sumaríssimo para o rito ordinário, que permite a
"não ter localizado a numeração 18 da empresa "H & J INDUSTRIA Coaduna-se com esse entendimento a jurisprudência abaixo
ser enquadrado automaticamente na hipótese do § 1.º, do artigo "EMENTA: EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO
852-B, da CLT, por entender que o reclamante não apresentou o MÉRITO. RITO SUMARÍSSIMO. RECLAMADA NÃO
correto endereço da reclamada, sendo-lhe imposta a extinção do ENCONTRADA EM SEU ENDEREÇO. CONVERSÃO DO RITO.
Nesse diapasão, entende-se que o reclamante não pode ser a conversão do rito sumaríssimo para ordinário, nos casos em que o
apenado pela não localização do endereço da reclamada. Com autor desconhece o endereço atual da reclamada, não causa
efeito, o Juízo de Origem deveria ter concedido prazo ao recorrente prejuízo às partes, em homenagem aos princípios da efetividade, da
para que indicasse o atual endereço da empresa ou, ainda, ter celeridade, da economia e da razoabilidade. Recurso obreiro
De se destacar que o rito sumaríssimo tem por objetivo a celeridade GERALDO RODRIGUES DO NASCIMENTO, 2ª TURMA,
complexas, cujo pedido não exceda o valor de quarenta vezes o Portanto, diante de todo o exposto, de se dar provimento ao recurso
salário mínimo vigente na data do ajuizamento, tenham seu trâmite autoral, para que ocorra a nulidade da decisão de primeiro grau,
priorizado. Nesse sentido, a decisão que determina a extinção do que os autos retornem à vara de origem para que seja oportunizado
feito por conta da tentativa frustrada de notificação da reclamada à parte reclamante apresentar novo endereço da parte reclamada
não se mostra condizente com os princípios que norteiam o ou, diante da impossibilidade de localização da empresa, que seja
Assim sendo, diante da informação do oficial de justiça de que não notificação patronal pela via editalícia.
"A devolução da notificação inicial, em virtude da alteração de Conhecer do recurso autoral e dar-lhe provimento para, anulando-
Intimado(s)/Citado(s):
- JOAO NAZARENO FONSECA PEREIRA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
para, anulando-se a sentença recorrida, determinar o retorno dos RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE
autos à Vara de Origem para que seja oportunizado à parte CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
reclamante apresentar novo endereço da parte reclamada ou, (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
diante da impossibilidade de localização da empresa, que seja DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
convertido o rito sumaríssimo para ordinário, procedendo-se à DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos
Fortaleza, 18 de julho de 2022. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de
Diretor de Secretaria devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda
condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI
subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui
solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios
de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,
veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em
da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no
Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações
verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na
CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e
rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com
matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser
das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de
VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos
tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.
sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.
2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais
O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.
julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por João Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,
Nazareno Fonseca Pereira em face de G&E Manutenção e Serviços havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art.
LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS. 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos
Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da
O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada
para emissão de parecer. um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-
Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade
dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa
AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova
QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da
Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos
reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"
ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do
apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do
precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se
Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado
se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "
345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro
antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que
DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou
SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e
DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a
DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra
sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual
litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a
jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não
aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do
dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da
pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.
magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da
dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar
serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial
petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),
conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e
emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela
jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da
empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante
à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.
Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467
observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê
lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador
legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira
concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à
reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,
subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).
não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas
agentes passivas da obrigação. incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,
Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a
defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência
RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua
19, 20 e 21.11.2003 hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se
A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da
contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Leis do Trabalho (CLT).
50% (cinqüenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do
"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o
confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono
Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os
pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A
devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.
EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento
tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação
Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora
que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento
Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,
13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."
"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de
da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E
nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores
para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.
sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que
Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da
em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:
prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:
tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,
impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."
culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da
Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.
ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever
se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por
8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no
Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual
afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o
interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para
Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da
pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do
inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado
consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi
Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão
trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações
empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-
de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A
Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes
reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de
Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a
de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de
sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no
rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o
Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.
enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em
Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.
de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.
ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei
925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais
Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a
de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de
público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos
de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a
julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a
distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão
cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas
infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de
concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,
que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de
das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a
lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando
subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".
óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de
conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal
Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera
se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente
da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos
que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não
contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a
oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.
contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso
sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a
tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:
suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por
por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".
caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº
direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do
Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta
previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre
comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites
Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18
sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo
do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação
julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua
Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em
função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária
responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o
nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em
produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não
No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já
revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na
desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de
obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é
relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos
Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal
omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de
gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso
sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de
configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído
de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.
entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é
Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia
indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão
apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a
verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora
execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser
principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar
da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.
acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência
multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o
devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de
Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o
BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,
para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o
outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.
deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de
decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-
reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal
resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o
contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa
Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das
obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,
Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa
jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses
Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão
"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias
E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que
CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante
VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a
NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força
INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado
DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula
CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011
E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de
DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e
NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:
DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações
Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade
da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,
Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também
de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da
Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente
inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de
Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos
julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto
concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é
nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a
preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos
infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento
(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE
caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A
trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios
possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em
omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado
satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o
cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares
passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
o tomador dos serviços do exequente, como responsável não se limite aos valores estimados na petição inicial;
subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, favor do patrono do trabalhador;
ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero Leis do Trabalho (CLT).
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
o dever de fiscalização.
durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
de serviços);
Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
no mérito, dar-lhe provimento para: de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
46.000,00, valor ora arbitrado à condenação. DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) QUANTO À MATÉRIA DE FATO.
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior. jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos
Fortaleza, 13 de junho de 2022. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda
MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no
Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações
verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na
CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e
rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com
matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser
das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de
VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos
tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.
sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.
2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais
art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.
Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por João
entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em Nazareno Fonseca Pereira em face de G&E Manutenção e Serviços
favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.
condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso
O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada
para emissão de parecer. um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-
Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade
dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa
AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova
QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da
Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos
reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"
ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do
apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do
precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se
Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado
se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "
345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro
antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).
Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS
reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE
1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA
demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos
PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de
Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a
havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão
345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso
dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar
serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial
petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),
conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e
emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela
jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da
empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante
à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.
Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467
observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê
lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador
legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira
concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à
reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,
subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).
não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas
agentes passivas da obrigação. incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,
Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a
defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência
serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que Súmula nº 69 do TST
comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ
condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do
ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de
devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas
entendimento de litisconsórcio necessário. rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de
Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a 50% (cinqüenta por cento).
de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.
responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda
persecução executória dos sócios da reclamada principal. reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e
No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.
Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os
pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A
devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.
EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento
tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação
Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora
que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento
Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,
13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."
"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de
da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E
nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores
para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.
sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que
No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.
benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam
hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços
mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.
decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como
Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só
reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do
sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,
Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos
percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de
culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da
Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.
ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever
se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por
8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no
Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual
afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o
interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para
Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da
pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do
inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado
consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi
Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão
trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações
empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-
de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A
Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes
reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de
Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a
de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de
sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no
rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o
Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.
enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em
Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.
de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.
pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-
No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo
Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais
III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a
Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do
"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,
informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento
das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a
lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando
subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".
óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de
conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal
Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera
se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente
da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos
que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não
contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a
oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.
contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso
sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a
tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:
suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por
por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".
caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº
direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do
Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta
previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre
comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."
N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da
assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete
culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial
responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no
Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda
incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de
Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do
demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a
uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.
especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços
revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na
desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de
obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é
relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos
Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal
omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de
gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso
sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de
configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído
de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.
entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é
Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia
indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão
apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a
verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora
execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser
principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar
da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.
acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência
multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o
devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de
Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o
BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,
para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o
outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.
deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de
decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-
reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal
resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o
contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa
Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das
appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.
da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa
legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os
do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no
reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:
direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA
vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93
julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO
da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR
limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN
Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO
tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR
INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado
DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula
CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011
E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de
DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e
NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:
DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações
Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade
da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,
Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também
de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da
Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente
inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de
Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos
julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto
concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é
nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a
preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos
infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento
(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE
caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A
trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios
possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em
omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado
satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o
cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares
como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada
no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais
nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e
(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o
casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens
proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá
STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável
fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo
regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente
extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,
autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -
responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire
alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de
Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero Leis do Trabalho (CLT).
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
o dever de fiscalização.
durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
de serviços);
Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
no mérito, dar-lhe provimento para: de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido favor do patrono do trabalhador;
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
não se limite aos valores estimados na petição inicial; inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) QUANTO À MATÉRIA DE FATO.
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior. jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos
Fortaleza, 13 de junho de 2022. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda
JUSTIÇA DO Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e
rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com
matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser
das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de
VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos
tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.
sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.
2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais
art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.
Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por João
entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em Nazareno Fonseca Pereira em face de G&E Manutenção e Serviços
favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.
condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso
JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito, Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço
subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa
AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova
QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da
Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos
reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"
ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do
apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do
precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se
Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado
se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "
345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro
antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).
Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS
reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE
1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA
demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos
PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de
Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a
havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão
345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.
"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-
PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,
EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto
TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,
ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da
subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável
litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado
na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.
Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467
observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê
lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador
legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira
concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à
reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,
subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).
não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas
agentes passivas da obrigação. incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,
Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a
defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência
serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que Súmula nº 69 do TST
comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ
condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do
ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de
devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas
entendimento de litisconsórcio necessário. rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de
Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a 50% (cinqüenta por cento).
de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.
responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda
persecução executória dos sócios da reclamada principal. reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e
No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.
2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o
ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender
em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento
uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista
rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,
sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41
de serviços). DO TST
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento
tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação
Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora
que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento
Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,
13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."
"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de
da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E
nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores
para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.
sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que
No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.
benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam
hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços
mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.
decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como
Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só
reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do
sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,
Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos
percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de
do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da
BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a
SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,
Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa
PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à
responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade
condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo
Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da
inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado
consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi
Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão
trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações
empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-
de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A
Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes
reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de
Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a
de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de
sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no
rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o
Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.
enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em
Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.
de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.
pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-
No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo
Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais
III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a
Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do
"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,
informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento
Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que
Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação
contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra
Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não
de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora
força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).
presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para
moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte
ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar
produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e
prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a
processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a
contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso
sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a
tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:
suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por
por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".
caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº
direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do
Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta
previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre
comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."
N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da
assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete
culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial
responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no
Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda
incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de
Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do
demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a
uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.
especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços
Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo
imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das
comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em
Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.
reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta
A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de
inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que
à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente
encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o
significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.
obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e
recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão
apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a
verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora
execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser
principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar
da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.
acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência
multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o
devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de
Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o
BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,
para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o
outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.
deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de
decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-
reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal
resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o
contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa
Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das
appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.
da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa
legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os
do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no
reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:
direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA
vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93
julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO
da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR
limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN
Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO
tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR
transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,
relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,
devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL
facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA
demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR
ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal
ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,
contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de
Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei
facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da
ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero
inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de
Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos
julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto
concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é
nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a
preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos
infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento
(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE
caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A
trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios
possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em
omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado
satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o
cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares
como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada
no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais
nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e
(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o
casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens
proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá
STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável
fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo
regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente
extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,
autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -
responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire
alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de
de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)
pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero
nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador
(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador
27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do
inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração
"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa
LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da
trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal
desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto
Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,
cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
o dever de fiscalização.
durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
de serviços);
Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
no mérito, dar-lhe provimento para: de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido favor do patrono do trabalhador;
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
não se limite aos valores estimados na petição inicial; inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Leis do Trabalho (CLT). Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ Fortaleza, 13 de junho de 2022.
DISPOSITIVO
Relator
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda
JUSTIÇA DO Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais
art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante
entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo
favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços
condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.
BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.
FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço
fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e
empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO
artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a
ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do
apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do
precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se
Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado
se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "
345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro
antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).
Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS
reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE
1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA
demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos
PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de
Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a
havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão
345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.
"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-
PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,
EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto
TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,
ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da
subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável
litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado
de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.
de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro
presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).
além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se
processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da
IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para
pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial
constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se
revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou
elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª
reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).
subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas
não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,
agentes passivas da obrigação. FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a
forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência
serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ
seja, condenação direta contra a empregadora principal e A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do
condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de
ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas
devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de
Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.
responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda
de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e
responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.
persecução executória dos sócios da reclamada principal. Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o
No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender
2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento
ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista
em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,
uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque
responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em
Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA
para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos DO TST
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,
da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da
no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de
que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor
Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto
do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores
para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.
sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que
No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.
benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam
hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços
mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.
decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como
Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só
reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do
sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,
Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos
percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de
do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da
BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a
SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,
Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa
PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à
responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade
condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo
Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da
prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma
transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à
norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos
do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua
acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora
dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.
das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se
prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,
De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência
trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de
MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser
serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz
Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.
enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em
Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.
de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.
pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-
No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo
Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais
III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a
Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do
"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,
informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento
Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que
Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação
contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra
Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não
de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora
força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).
presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para
moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte
ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar
produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e
prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a
processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a
Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no
ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,
postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são
integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza
trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de
PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,
à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas
fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas
Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente
falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os
prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.
ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da
Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta
previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre
comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."
N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da
assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete
culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial
responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no
Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda
incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de
Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do
demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a
uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.
especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços
Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo
imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das
comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em
Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.
reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta
A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de
inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que
à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente
encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o
significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.
obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e
Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta
extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais
seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de
"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,
Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI
Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO
331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico
outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.
deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de
decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-
reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal
resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o
contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa
Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das
appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.
da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa
legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os
do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no
reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:
direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA
vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93
julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO
da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR
limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN
Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO
tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR
transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,
relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,
devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL
facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA
demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR
ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal
ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,
contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de
Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei
facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da
ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero
serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo
condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela
empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar
de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma
decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal
definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo
Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de
pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso
entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados
serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele
imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas
que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia
adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,
caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A
trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios
possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em
omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado
satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o
cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares
como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada
no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais
nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e
(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o
casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens
proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá
STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável
fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo
regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente
extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,
autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -
responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire
alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de
de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)
pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero
nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador
(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador
27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do
inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração
"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa
LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da
trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal
desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto
Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,
nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho
empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária
autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega
probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.
de serviços);
Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
no mérito, dar-lhe provimento para: inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência não se limite aos valores estimados na petição inicial;
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na favor do patrono do trabalhador;
condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
não se limite aos valores estimados na petição inicial; proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.
DISPOSITIVO
Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000623-92.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à
QUANTO À MATÉRIA DE FATO. matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento
O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com
jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST.
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.
relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.
pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça
para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,
condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI
subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante
entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo
favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços
condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.
BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.
FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço
fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e
empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO
artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a
A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma
ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes precisa das verbas rescisórias e demais direitos.
acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-
Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.
previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo
deferidas na sentença. antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar
a ação.
1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA
demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos
PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de
Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a
havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão
345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.
"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-
PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,
EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto
TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,
ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da
subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável
litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado
de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.
de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro
presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).
além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se
processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da
IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para
pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial
constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se
revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou
elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª
no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação
inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia
quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos
hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura
o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual
(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao
"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que
DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou
seja, condenação direta contra a empregadora principal e A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do
condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de
ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas
devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de
Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.
responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda
de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e
responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.
persecução executória dos sócios da reclamada principal. Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o
No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender
2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento
ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista
em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,
uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque
responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em
Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA
para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos DO TST
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,
da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da
no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de
que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor
Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto
do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro
No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na
incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.
FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência DEVIDA PELA EMPRESA
RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se
decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como
Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só
reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do
sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,
Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos
percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de
do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da
BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a
SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,
Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa
PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à
responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade
condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo
Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da
prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma
transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à
norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos
do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua
acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora
dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.
das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se
prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,
De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência
trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de
MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser
serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz
dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.
Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com
acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e
prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se
defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora
estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização
Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da
em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:
prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais
III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a
Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do
"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,
informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento
Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que
Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação
contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra
Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não
de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora
força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).
presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para
moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte
ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar
produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e
prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a
processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a
Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no
ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,
postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são
integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza
trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de
PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,
à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas
fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas
Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente
falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os
prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.
ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da
dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente
verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de
Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A
SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não
SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta
ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei
925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais
Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a
de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de
responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no
Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda
incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de
Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do
demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a
uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.
especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços
Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo
imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das
comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em
Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.
reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta
A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de
inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que
à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente
encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o
significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.
obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e
Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta
extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais
seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de
"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,
Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI
Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO
331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico
"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os
obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.
de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum
pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites
Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18
sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo
reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:
direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA
vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93
julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO
da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR
limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN
Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO
tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR
transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,
relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,
devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL
facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA
demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR
ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal
ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,
contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de
Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei
facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da
ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero
serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo
condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela
empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar
de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma
decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal
definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo
Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de
pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso
entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados
serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele
imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas
que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia
adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,
mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e
O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito
pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se
lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta
(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir
ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal
com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,
obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,
Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa
jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses
casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens
proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá
STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável
fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo
regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente
extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,
autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -
responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire
alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de
de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)
pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero
nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador
(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador
27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do
inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração
"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa
LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da
trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal
desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto
Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,
nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho
empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária
autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega
probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.
exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,
terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na favor do patrono do trabalhador;
condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
não se limite aos valores estimados na petição inicial; proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.
DISPOSITIVO
Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000623-92.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos RECORRIDO PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
de serviços);
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo MORAIS(OAB: 500/SE)
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço
fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e
empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO
artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a
A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma
ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes precisa das verbas rescisórias e demais direitos.
acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-
Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.
previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo
deferidas na sentença. antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar
a ação.
O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA
julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.
Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,
LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS. havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art.
Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos
Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.
"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-
PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,
EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto
TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,
ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da
subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável
litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado
de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.
de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro
presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).
além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se
processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da
IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para
pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial
constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se
revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou
elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª
no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação
inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia
quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos
hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura
o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual
(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao
"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que
DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou
SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e
DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a
DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra
sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual
litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a
jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não
aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do
dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da
pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.
No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender
2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento
ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista
em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,
uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque
responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em
Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA
para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos DO TST
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,
da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da
no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de
que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor
Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto
do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro
No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na
incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.
FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência DEVIDA PELA EMPRESA
RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se
A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas Leis do Trabalho (CLT).
rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do
50% (cinqüenta por cento). reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários
"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o
confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono
Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da
BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a
SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,
Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa
PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à
responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade
condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo
Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da
prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma
transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à
norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos
do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua
acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora
dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.
das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se
prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,
De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência
trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de
MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser
serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz
dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.
Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com
acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e
prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se
defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora
estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização
Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da
em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:
prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:
tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,
impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."
culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da
Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação
contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra
Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não
de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora
força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).
presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para
moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte
ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar
produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e
prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a
processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a
Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no
ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,
postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são
integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza
trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de
PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,
à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas
fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas
Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente
falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os
prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.
ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da
dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente
verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de
Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A
SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não
SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta
ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei
925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais
Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a
de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de
público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos
de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a
julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a
distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão
cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas
infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de
concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,
que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de
das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a
imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das
comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em
Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.
reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta
A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de
inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que
à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente
encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o
significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.
obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e
Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta
extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais
seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de
"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,
Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI
Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO
331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico
"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os
obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.
de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum
pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites
Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18
sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo
do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação
julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua
Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em
função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária
responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o
nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em
produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não
No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já
revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na
relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,
devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL
facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA
demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR
ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal
ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,
contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de
Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei
facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da
ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero
serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo
condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela
empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar
de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma
decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal
definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo
Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de
pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso
entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados
serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele
imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas
que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia
adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,
mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e
O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito
pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se
lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta
(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir
ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal
com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,
obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,
Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa
jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses
Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão
"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias
E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que
CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante
VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a
NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força
INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado
pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero
nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador
(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador
27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do
inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração
"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa
LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da
trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal
desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto
Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,
nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho
empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária
autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega
probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.
exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,
terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;
-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;
162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.
DISPOSITIVO
Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000623-92.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos RECORRIDO PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
de serviços);
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo MORAIS(OAB: 500/SE)
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à
QUANTO À MATÉRIA DE FATO. matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento
O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com
jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST.
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.
relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.
pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça
para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,
condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI
subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui
solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios
de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,
veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em
da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no
Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações
verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na
fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e
empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO
artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a
A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma
ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes precisa das verbas rescisórias e demais direitos.
acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-
Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.
previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo
deferidas na sentença. antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar
a ação.
O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA
julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.
Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,
LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS. havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art.
Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos
Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,
para emissão de parecer. justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada
Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade
subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável
litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado
de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.
de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro
presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).
além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se
processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da
IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para
pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial
constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se
revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou
elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª
no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação
inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia
quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos
hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura
o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual
(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao
"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que
DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou
SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e
DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a
DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra
sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual
litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a
jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não
aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do
dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da
pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.
magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da
dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar
serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial
petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),
conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e
emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela
jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da
empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante
à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,
da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da
no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de
que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor
Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto
do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro
No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na
incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.
FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência DEVIDA PELA EMPRESA
RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se
A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas Leis do Trabalho (CLT).
rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do
50% (cinqüenta por cento). reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários
"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o
confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono
Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os
pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A
devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.
EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da
prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma
transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à
norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos
do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua
acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora
dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.
das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se
prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,
De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência
trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de
MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser
serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz
dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.
Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com
acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e
prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se
defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora
estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização
Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da
em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:
prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:
tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,
impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."
culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da
Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.
ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever
se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por
8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no
Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual
afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o
interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para
Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da
pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do
Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no
ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,
postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são
integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza
trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de
PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,
à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas
fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas
Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente
falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os
prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.
ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da
dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente
verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de
Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A
SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não
SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta
ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei
925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais
Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a
de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de
público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos
de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a
julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a
distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão
cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas
infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de
concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,
que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de
das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a
lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando
subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".
óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de
conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal
Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera
se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente
da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos
que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não
contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a
oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.
Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta
extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais
seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de
"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,
Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI
Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO
331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico
"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os
obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.
de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum
pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites
Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18
sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo
do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação
julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua
Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em
função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária
responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o
nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em
produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não
No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já
revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na
desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de
obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é
relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos
Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal
omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de
gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso
sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de
configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído
de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.
entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é
Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia
indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo
condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela
empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar
de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma
decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal
definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo
Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de
pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso
entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados
serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele
imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas
que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia
adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,
mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e
O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito
pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se
lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta
(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir
ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal
com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,
obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,
Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa
jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses
Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão
"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias
E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que
CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante
VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a
NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força
INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado
DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula
CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011
E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de
DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e
NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:
DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações
Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade
da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,
Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também
de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da
Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente
nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho
empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária
autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega
probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.
exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,
terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;
-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;
162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Leis do Trabalho (CLT).
de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000632-54.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE CARLOS ROBERTO TORRES
FERREIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços);
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência LTDA
RECORRIDO CARLOS ROBERTO TORRES
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo FERREIRA
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.
relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.
pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça
para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,
condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI
subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui
solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios
de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,
veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em
da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no
Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações
verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na
CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e
rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com
matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser
das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de
VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos
tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a
A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada,
ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma
da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente precisa das verbas rescisórias e demais direitos.
Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-
previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.
a ação.
O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante demonstrado pelas ementas a seguir transcritas:
julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA
porCARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA em face de G&E PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.
Manutenção e Serviços LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,
Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos
Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,
para emissão de parecer. justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada
Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade
dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa
AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova
QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da
revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou
elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª
no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação
inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia
quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos
hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura
o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual
(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao
"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que
DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou
SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e
DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a
DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra
sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual
litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a
jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não
aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do
dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da
pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.
magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da
dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar
serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial
petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),
conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e
emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela
jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da
empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante
à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019). Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467
Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê
observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador
lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira
(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Instrução Normativa nº 41/2018)".
No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro
incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na
FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua
19, 20 e 21.11.2003 hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se
A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da
contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Leis do Trabalho (CLT).
50% (cinqüenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do
"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o
confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono
Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os
pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A
devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.
EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento
tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação
Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora
que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento
Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,
13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."
"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de
trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de
MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser
serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz
dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.
Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com
acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e
prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se
defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora
estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização
Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da
em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:
prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:
tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,
impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."
culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da
Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.
ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever
se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por
8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no
Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual
afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o
interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para
Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da
pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do
inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado
consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi
Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão
trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações
empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-
de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A
Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes
reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de
Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a
falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os
prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.
ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da
dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente
verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de
Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A
SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não
SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta
ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei
925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais
Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a
de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de
público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos
de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a
julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a
distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão
cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas
infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de
concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,
que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de
das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a
lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando
subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".
óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de
conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal
Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera
se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente
da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos
que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não
contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a
oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.
contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso
sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a
tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:
suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por
por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".
Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO
331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico
"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os
obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.
de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum
pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites
Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18
sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo
do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação
julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua
Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em
função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária
responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o
nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em
produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não
No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já
revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na
desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de
obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é
relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos
Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal
omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de
gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso
sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de
configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído
de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.
entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é
Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia
indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão
apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a
verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora
execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser
principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar
da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.
acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência
multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o
devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de
imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas
que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia
adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,
mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e
O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito
pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se
lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta
(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir
ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal
com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,
obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,
Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa
jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses
Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão
"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias
E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que
CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante
VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a
NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força
INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado
DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula
CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011
E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de
DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e
NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:
DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações
Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade
da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,
Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também
de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da
Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente
inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de
Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos
julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto
concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é
nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a
exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,
terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;
-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;
162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Leis do Trabalho (CLT).
de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
o dever de fiscalização.
da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença - PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui
solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios
de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,
veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em
da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no
Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações
verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na
CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e
rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com
matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser
das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de
VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos
tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.
sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.
2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais
art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.
a ação.
O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante demonstrado pelas ementas a seguir transcritas:
julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA
porCARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA em face de G&E PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.
Manutenção e Serviços LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,
Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos
Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,
para emissão de parecer. justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada
Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade
dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa
AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova
QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da
Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos
reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"
ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do
apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do
precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se
Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado
se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "
345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro
antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).
"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que
DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou
SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e
DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a
DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra
sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual
litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a
jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não
aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do
dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da
pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.
magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da
dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar
serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial
petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),
conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e
emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela
jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da
empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante
à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019). Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467
Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê
observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador
lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira
(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à
facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,
reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).
subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas
não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,
agentes passivas da obrigação. FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a
forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência
RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua
19, 20 e 21.11.2003 hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se
A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da
contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Leis do Trabalho (CLT).
50% (cinqüenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do
"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o
confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono
Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os
pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A
devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.
EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento
tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação
Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora
que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento
Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,
13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."
"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de
da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E
nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores
para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.
sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que
Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da
em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:
prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:
tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,
impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."
culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da
Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.
ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever
se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por
8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no
Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual
afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o
interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para
Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da
pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do
inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado
consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi
Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão
trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações
empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-
de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A
Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes
reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de
Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a
de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de
sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no
rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o
Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.
enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em
Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.
de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.
ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei
925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais
Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a
de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de
público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos
de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a
julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a
distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão
cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas
infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de
concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,
que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de
das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a
lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando
subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".
óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de
conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal
Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera
se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente
da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos
que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não
contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a
oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.
contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso
sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a
tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:
suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por
por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".
caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº
direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do
Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta
previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre
comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites
Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18
sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo
do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação
julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua
Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em
função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária
responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o
nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em
produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não
No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já
revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na
desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de
obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é
relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos
Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal
omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de
gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso
sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de
configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído
de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.
entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é
Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia
indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão
apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a
verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora
execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser
principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar
da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.
acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência
multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o
devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de
Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o
BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,
para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o
outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.
deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de
decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-
reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal
resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o
contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa
Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das
obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,
Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa
jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses
Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão
"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias
E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que
CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante
VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a
NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força
INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado
DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula
CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011
E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de
DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e
NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:
DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações
Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade
da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,
Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também
de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da
Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente
inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de
Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos
julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto
concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é
nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a
preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos
infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento
(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE
caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A
trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios
possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em
omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado
satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o
cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares
e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;
-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;
162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Leis do Trabalho (CLT).
de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
o dever de fiscalização.
da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
CONCLUSÃO DO VOTO de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
de serviços);
Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
no mérito, dar-lhe provimento para: inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no
Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações
verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na
CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e
rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com
matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser
das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de
VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos
tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.
sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.
2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais
art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante
entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados
favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais porCARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA em face de G&E
condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. Manutenção e Serviços LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A
Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos
Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,
para emissão de parecer. justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada
Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade
dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa
AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova
QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da
Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos
reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"
ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do
apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do
precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se
Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado
se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "
345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro
antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).
Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS
reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE
1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA
demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos
PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de
Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a
havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão
aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do
dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da
pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.
magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da
dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar
serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial
petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),
conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e
emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela
jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da
empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante
à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019). Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467
Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê
observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador
lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira
(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à
facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,
reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).
subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas
não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,
agentes passivas da obrigação. FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a
forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência
serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ
seja, condenação direta contra a empregadora principal e A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do
condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de
ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas
devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de
responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.
896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o
confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono
Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os
pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A
devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.
EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento
tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação
Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora
que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento
Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,
13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."
"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de
da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E
nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores
para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.
sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que
No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.
benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam
hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços
mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.
decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como
Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só
reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do
sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,
eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,
impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."
culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da
Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.
ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever
se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por
8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no
Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual
afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o
interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para
Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da
pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do
inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado
consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi
Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão
trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações
empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-
de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A
Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes
reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de
Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a
de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de
sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no
rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o
Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.
enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em
Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.
de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.
pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-
No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo
Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais
III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a
Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do
"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza
infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de
concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,
que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de
das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a
lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando
subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".
óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de
conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal
Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera
se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente
da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos
que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não
contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a
oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.
contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso
sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a
tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:
suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por
por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".
caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº
direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do
Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta
previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre
comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."
N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da
assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete
culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial
responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no
Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda
incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de
Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do
produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não
No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já
revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na
desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de
obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é
relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos
Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal
omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de
gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso
sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de
configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído
de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.
entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é
Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia
indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão
apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a
verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora
execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser
principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar
da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.
acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência
multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o
devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de
Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o
BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,
para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o
outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.
deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de
decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-
reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal
resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o
contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa
Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das
appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.
da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa
legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os
do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no
reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:
direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA
vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93
julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO
da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR
limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN
VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a
NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força
INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado
DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula
CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011
E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de
DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e
NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:
DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações
Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade
da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,
Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também
de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da
Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente
inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de
Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos
julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto
concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é
nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a
preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos
infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento
(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE
caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A
trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios
possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em
omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado
satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o
cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares
como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada
no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais
nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e
(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o
casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens
proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá
STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável
fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo
regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente
extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,
ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;
162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Leis do Trabalho (CLT).
de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
o dever de fiscalização.
da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
CONCLUSÃO DO VOTO de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
de serviços);
Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
no mérito, dar-lhe provimento para: inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência não se limite aos valores estimados na petição inicial;
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na favor do patrono do trabalhador;
condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
não se limite aos valores estimados na petição inicial; proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado QUANTO À MATÉRIA DE FATO.
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda
JUSTIÇA DO Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na
CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e
rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com
matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser
das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de
VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos
tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.
sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.
2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais
art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante
entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados
favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais porCARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA em face de G&E
condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. Manutenção e Serviços LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A
BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso
JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À O reclamante também apresentou Recurso Ordinário.
DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA. Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a para emissão de parecer.
Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade
dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa
AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova
QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da
Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos
reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"
ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do
apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do
precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se
Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado
se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "
345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro
antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).
Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS
reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE
1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA
demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos
PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de
Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a
havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão
345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da
empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante
à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019). Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467
Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê
observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador
lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira
(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever
concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à
facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,
reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).
subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas
não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,
agentes passivas da obrigação. FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a
forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência
serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ
seja, condenação direta contra a empregadora principal e A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do
condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de
ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas
devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de
responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.
de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda
responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e
persecução executória dos sócios da reclamada principal. confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.
No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o
2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender
ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento
em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista
uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,
rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A
devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.
EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento
tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação
Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora
que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento
Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,
13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."
"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de
da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E
nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores
para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.
sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a
JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que
No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.
benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam
hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços
mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.
decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como
Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,
Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só
reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do
sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,
Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos
percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de
do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da
BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a
SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,
afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o
interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para
Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da
pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do
inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado
consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi
Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão
trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações
empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-
de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A
Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes
reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de
Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a
de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de
sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no
rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o
Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.
enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em
Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.
de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.
pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-
No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo
Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais
III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a
Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do
"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,
informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento
Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que
Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação
contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra
Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não
de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora
força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).
presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para
se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente
da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos
que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não
contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a
oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.
contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso
sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a
tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:
suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por
por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".
caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº
direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do
Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta
previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre
comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."
N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da
assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete
culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial
responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no
Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda
incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de
Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do
demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a
uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.
especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços
Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo
imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das
comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em
Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.
reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta
A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de
sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de
configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído
de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.
entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é
Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia
indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão
apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a
verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora
execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser
principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar
da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.
acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência
multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o
devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de
Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o
BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,
para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o
outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.
deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de
decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-
reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal
resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o
contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa
Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das
appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.
da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa
legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os
do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no
reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:
direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA
vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93
julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO
da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR
limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN
Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO
tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR
transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,
relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,
devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL
facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA
demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR
DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações
Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade
da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,
Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também
de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da
Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente
inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de
Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos
julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto
concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é
nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a
preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos
infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento
(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE
caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A
trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios
possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em
omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado
satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o
cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares
como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada
no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais
nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e
(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o
casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens
proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá
STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável
fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo
regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente
extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,
autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -
responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire
alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de
de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)
pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero
nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador
(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador
27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do
inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração
"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa
do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
o dever de fiscalização.
da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
CONCLUSÃO DO VOTO de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
de serviços);
Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
no mérito, dar-lhe provimento para: inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência não se limite aos valores estimados na petição inicial;
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na favor do patrono do trabalhador;
condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
não se limite aos valores estimados na petição inicial; proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.
Fortaleza, 13 de junho de 2022. consumou-se a prescrição total do direito de ação. Assim, declara-
Relator RELATÓRIO
condenação..
JUSTIÇA DO É o relatório.
EMENTA
FUNDAMENTAÇÃO
autos. transcrito:
Ao analisar detidamente os autos da demanda, constata-se que o "O recorrente se insurge contra a decisão que o condenou a pagar o
descrédito da suposta publicação da referida norma legal no "mural FGTS do período laboral, alegando, inicialmente, que a Lei
da Prefeitura Municipal" foi motivado pela própria administração Municipal nº 955/2017 foi publicada em 14/03/2017 e não em
municipal, na medida em que decidiu publicar a referida lei no Diário 22/03/2018, considerando que a citada lei foi fixada no flanelógrafo
Oficial dos Municípios do Estado do Ceará em 22/03/2018, municipal, por não dispor de imprensa oficial. Destarte, alega que a
conforme consta nos autos. Aliás, a decisão para publicar a referida recorrida é estatutária desde março de 2017, não subsistindo a
lei no Diário Oficial atende a determinação legal contida no artigo 27 obrigação de pagar o FGTS após essa data. Aduz a prescrição
da Lei Orgânica do Município reclamado anexada nos autos, a qual quinquenal, já que o direito pleiteado remota ao ano de 2013 e
determina que as publicações das leis e dos atos municipais alega ainda a prescrição bienal relativamente à transmudação do
deverão ser feitas em órgão oficial ou, não havendo, em órgão da regime celetista para estatutário. Pondera, por fim, que fez o
imprensa, o que certamente não tinha ocorrido com a lei do RJU parcelamento do FGTS em atraso (de 1971 a 2007) com a CEF e
que transformou o regime celetista em estatutário até o mês de que vem mantendo em dias os valores pactuados, fato que
Por tais razões fica reconhecido como inicio da vigência da lei Da data da publicação da Lei Municipal nº 955/2017.
municipal nº 955/2017 que transformou os contratos de trabalho O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 128db93, da própria
regidos pela CLT em contratos administrativos (estatutários), a data prefeita da quela municipalidade, afirmando que a citada lei
da publicação da referida lei no Diário Oficial dos Municípios do municipal foi afixada no flanelógrafo municipal em data de
legais da presente demanda, ficando, por via de consequência, A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública,
afastada também a incidência de prescrição bienal." afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão
Sustenta o recorrente que, diversamente do que decidiu o juízo de oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural
origem, a Justiça do Trabalho é incompetente para processar e da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da
julgar a demanda em relação ao período posterior à instituição do população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa
Regime Jurídico Único - Lei Municipal 955/2017, publicada por as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis:
afixação em flanelógrafo (certidão Id. 59582fc), com vigência a partir "SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO.LEI OU ATO NORMATIVO
de 14/03/2017. Juntou jurisprudência sobre a matéria. MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA
Tratando-se de relação de trabalho originalmente concebida pela ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da
edilidade na forma celetista, a comprovação da instituição de súmula pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016,
Regime Jurídico Único se há admitir como marco divisor da Caderno Judiciário do TRT da 7ª Região.".
competência da Justiça do Trabalho. É válida a publicação de lei ou normativo municipal por afixação no
Compulsando-se os autos, constato a existência de certidão de átrio da Prefeitura ou da Câmara Municipal, desde que o ente
publicação da Lei Municipal nº 955/2017, publicada por afixação em público não possua órgão oficial de imprensa." (RO 0000458-
flanelógrafo (certidão Id. 59582fc), com vigência a partir de 52.2019.5.07.0027, 2ª Turma, Relator: Des. JEFFERSON
Calha acrescentar, por oportuno, que idêntica situação, envolvendo Publicação: 17/09/2019, Fonte: PJE-JT).
o mesmo recorrente, foi recentemente apreciada nesta 2ª Turma de Com efeito, resta limitada a competência residual para a apreciação
Julgamento, por exemplo, nos processos nº,s 0000458- dos pedidos trabalhistas surgidos anteriormente à vigência da Lei nº
consagrou o entendimento de que a instituição do RJU pelo reclamado, consoante inteligência da OJ nº 138 da SBDI-1, do TST,
cuja publicação se efetivou, por afixação no mural da prefeitura, em "COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO.
Como se trata de situação, absolutamente idêntica, clama a razão incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 249 da SBDI-1).
pela reprodução do mesmo entendimento, cujo teor vai a seguir Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e
vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período o não-recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o
anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada prazo de dois anos após o término do contrato;
após a edição da referida lei. A superveniência de regime II - Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso
estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se consumar
limita a execução ao período celetista." (1ª parte - ex-OJ nº 138 da primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a
SDI-1 - inserida em 27.11.98; 2ª parte - ex-OJ nº 249 - inserida em partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)."
Neste contexto, reforma-se a sentença para concluir que esta o reclamado foi extinto em 14/03/2017 e a presente ação ajuizada
Justiça Especializada é incompetente para processar e julgar os em 07 de novembro de 2019, resta fulminado pela prescrição bienal
pedidos posteriores a 14/03/2017, momento a partir do qual o direito de a obreira reclamar as verbas postuladas nos presentes
âmbito do município recorrente. Dessa forma, acolhe-se a prescrição arguida (Id. 9a0d889 - Fls.: 8),
Por fim, diversamente da instrução do município, que ao juntar a Lei para extinguir o processo com resolução de mérito, nos termos do
955/17, trouxe a comprovação de sua publicação; a recorrida artigo 487, inciso II, do CPC.
PRESCRIÇÃO BIENAL.
ajuizada a ação em 07 de novembro de 2019, quando já decorridos Conhecer do recurso e dar-lhe provimento para considerar instituído
mais de dois anos da extinção do contrato de trabalho, ocorrida em o regime jurídico de direito administrativo no âmbito do município
14 de março de 2017, ante a conversão do regime celetista para recorrente a partir de 14/03/2017; acolher a prescrição arguida, para
Com efeito, nos termos da Súmula 382 do TST, a transformação do 487, inciso II, do CPC.
bienal.
da Orientação Jurisprudencial nº 128 da SBDI-1) - Res. 129/2005, ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário conhecer do recurso e dar-lhe provimento para considerar instituído
implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da o regime jurídico de direito administrativo no âmbito do município
prescrição bienal a partir da mudança de regime". recorrente a partir de 14/03/2017; acolher a prescrição arguida (Id.
Em relação à prescrição do FGTS, assim dispõe a Súmula nº 362, 9a0d889 - Fls.: 8), para extinguir o processo com resolução de
do c. TST: mérito, nos termos do artigo 487, inciso II, do CPC. Custas
em razão de erro material - DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
I - Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo único, e a presente ação ajuizada em 07/11/2019, portanto
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. consumou-se a prescrição total do direito de ação. Assim, declara-
Fortaleza, 18 de julho de 2022. se a prescrição bienal, para extinguir o processo com resolução de
condenação..
JUSTIÇA DO É o relatório.
EMENTA
FUNDAMENTAÇÃO
no "mural da Prefeitura Municipal", conforme certidão anexada nos pela reprodução do mesmo entendimento, cujo teor vai a seguir
autos. transcrito:
Ao analisar detidamente os autos da demanda, constata-se que o "O recorrente se insurge contra a decisão que o condenou a pagar o
descrédito da suposta publicação da referida norma legal no "mural FGTS do período laboral, alegando, inicialmente, que a Lei
da Prefeitura Municipal" foi motivado pela própria administração Municipal nº 955/2017 foi publicada em 14/03/2017 e não em
municipal, na medida em que decidiu publicar a referida lei no Diário 22/03/2018, considerando que a citada lei foi fixada no flanelógrafo
Oficial dos Municípios do Estado do Ceará em 22/03/2018, municipal, por não dispor de imprensa oficial. Destarte, alega que a
conforme consta nos autos. Aliás, a decisão para publicar a referida recorrida é estatutária desde março de 2017, não subsistindo a
lei no Diário Oficial atende a determinação legal contida no artigo 27 obrigação de pagar o FGTS após essa data. Aduz a prescrição
da Lei Orgânica do Município reclamado anexada nos autos, a qual quinquenal, já que o direito pleiteado remota ao ano de 2013 e
determina que as publicações das leis e dos atos municipais alega ainda a prescrição bienal relativamente à transmudação do
deverão ser feitas em órgão oficial ou, não havendo, em órgão da regime celetista para estatutário. Pondera, por fim, que fez o
imprensa, o que certamente não tinha ocorrido com a lei do RJU parcelamento do FGTS em atraso (de 1971 a 2007) com a CEF e
que transformou o regime celetista em estatutário até o mês de que vem mantendo em dias os valores pactuados, fato que
Por tais razões fica reconhecido como inicio da vigência da lei Da data da publicação da Lei Municipal nº 955/2017.
municipal nº 955/2017 que transformou os contratos de trabalho O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 128db93, da própria
regidos pela CLT em contratos administrativos (estatutários), a data prefeita da quela municipalidade, afirmando que a citada lei
da publicação da referida lei no Diário Oficial dos Municípios do municipal foi afixada no flanelógrafo municipal em data de
legais da presente demanda, ficando, por via de consequência, A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública,
afastada também a incidência de prescrição bienal." afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão
Sustenta o recorrente que, diversamente do que decidiu o juízo de oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural
origem, a Justiça do Trabalho é incompetente para processar e da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da
julgar a demanda em relação ao período posterior à instituição do população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa
Regime Jurídico Único - Lei Municipal 955/2017, publicada por as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis:
afixação em flanelógrafo (certidão Id. 59582fc), com vigência a partir "SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO.LEI OU ATO NORMATIVO
de 14/03/2017. Juntou jurisprudência sobre a matéria. MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA
Tratando-se de relação de trabalho originalmente concebida pela ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da
edilidade na forma celetista, a comprovação da instituição de súmula pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016,
Regime Jurídico Único se há admitir como marco divisor da Caderno Judiciário do TRT da 7ª Região.".
competência da Justiça do Trabalho. É válida a publicação de lei ou normativo municipal por afixação no
Compulsando-se os autos, constato a existência de certidão de átrio da Prefeitura ou da Câmara Municipal, desde que o ente
publicação da Lei Municipal nº 955/2017, publicada por afixação em público não possua órgão oficial de imprensa." (RO 0000458-
flanelógrafo (certidão Id. 59582fc), com vigência a partir de 52.2019.5.07.0027, 2ª Turma, Relator: Des. JEFFERSON
Calha acrescentar, por oportuno, que idêntica situação, envolvendo Publicação: 17/09/2019, Fonte: PJE-JT).
o mesmo recorrente, foi recentemente apreciada nesta 2ª Turma de Com efeito, resta limitada a competência residual para a apreciação
Julgamento, por exemplo, nos processos nº,s 0000458- dos pedidos trabalhistas surgidos anteriormente à vigência da Lei nº
consagrou o entendimento de que a instituição do RJU pelo reclamado, consoante inteligência da OJ nº 138 da SBDI-1, do TST,
cuja publicação se efetivou, por afixação no mural da prefeitura, em "COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO.
Como se trata de situação, absolutamente idêntica, clama a razão incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 249 da SBDI-1).
Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra
vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período o não-recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o
anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada prazo de dois anos após o término do contrato;
após a edição da referida lei. A superveniência de regime II - Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso
estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se consumar
limita a execução ao período celetista." (1ª parte - ex-OJ nº 138 da primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a
SDI-1 - inserida em 27.11.98; 2ª parte - ex-OJ nº 249 - inserida em partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)."
Neste contexto, reforma-se a sentença para concluir que esta o reclamado foi extinto em 14/03/2017 e a presente ação ajuizada
Justiça Especializada é incompetente para processar e julgar os em 07 de novembro de 2019, resta fulminado pela prescrição bienal
pedidos posteriores a 14/03/2017, momento a partir do qual o direito de a obreira reclamar as verbas postuladas nos presentes
âmbito do município recorrente. Dessa forma, acolhe-se a prescrição arguida (Id. 9a0d889 - Fls.: 8),
Por fim, diversamente da instrução do município, que ao juntar a Lei para extinguir o processo com resolução de mérito, nos termos do
955/17, trouxe a comprovação de sua publicação; a recorrida artigo 487, inciso II, do CPC.
PRESCRIÇÃO BIENAL.
ajuizada a ação em 07 de novembro de 2019, quando já decorridos Conhecer do recurso e dar-lhe provimento para considerar instituído
mais de dois anos da extinção do contrato de trabalho, ocorrida em o regime jurídico de direito administrativo no âmbito do município
14 de março de 2017, ante a conversão do regime celetista para recorrente a partir de 14/03/2017; acolher a prescrição arguida, para
Com efeito, nos termos da Súmula 382 do TST, a transformação do 487, inciso II, do CPC.
bienal.
da Orientação Jurisprudencial nº 128 da SBDI-1) - Res. 129/2005, ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário conhecer do recurso e dar-lhe provimento para considerar instituído
implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da o regime jurídico de direito administrativo no âmbito do município
prescrição bienal a partir da mudança de regime". recorrente a partir de 14/03/2017; acolher a prescrição arguida (Id.
Em relação à prescrição do FGTS, assim dispõe a Súmula nº 362, 9a0d889 - Fls.: 8), para extinguir o processo com resolução de
do c. TST: mérito, nos termos do artigo 487, inciso II, do CPC. Custas
em razão de erro material - DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
I - Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) O INSTITUTO DR JOSE FROTA interpôs Recurso Ordinário (ID
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo a4d4f34) tempestivamente (certidão Id 949bdbe) para este Regional
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. com o intuito de obter a reforma da sentença (ID 0da7be2) que o
LTDA.
Desembargador Relator "...a matéria relativa à responsabilidade deve ser prevista em lei.
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Esta, no caso, preceitua, inequivocamente, que o ente público não
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART pelo contratado, resultantes da execução do contrato. Não é dado
Diretor de Secretaria ao juiz, fazendo tabula rasa da lei, julgar em sentido adverso."
Intimado(s)/Citado(s): de Id 04a46bf.
- PCA - REFEIÇÕES COLETIVAS E HOSPITALARES LTDA - EM A douta PRT manifestou-se pelo conhecimento e provimento do
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
recurso, nos termos do parecer de ID 2548c10.
FUNDAMENTAÇÃO
ADMISSIBILIDADE
PODER JUDICIÁRIO O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos
JUSTIÇA DO e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.
afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida
da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da
inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a
dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes
que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano
Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico
dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da
entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de
não adimplidos pelo contratado. qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a
Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e
excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se
STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços
Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa. honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei
Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do
constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as
responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação,
público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a
que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV).
e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de
Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos". fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do
Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos
consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que,
julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis: via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação
"V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público
indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal
do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga
cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67).
especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo
contratuais e legais da prestadora de serviço como probatório que dos autos consta não há provas do
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da
Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura
no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no
prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67 Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para
e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo
subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma
pela empresa contratada. regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a
Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.
Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".
responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta, Este Regional tem inúmeros precedentes tendo o ora recorrente
das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e como parte, veja-se:
das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO.
empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os TERCEIRIZAÇÃO. SÚMULA Nº 331/TST. Os entes integrantes da
referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na Administração Pública direta e indireta respondem
escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso
respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações
Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis: das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO. empresa regularmente contratada. Entendimento da Súmula 331, V,
Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo do c. TST. Verifica-se, no caso concreto, a omissão do ente público
Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na tomador dos serviços quanto ao poder-dever de fiscalizar as
Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização obrigações contratuais da empresa prestadora de serviços, com a
subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados adoção das medidas imprescindíveis à garantia do cumprimento
à execução de contrato administrativo quando configurada a dos direitos laborais dos trabalhadores terceirizados.
omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na Responsabilidade subsidiária que se confirma. (TRT da 7ª Região;
qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição Processo: 0000518-63.2020.5.07.0003; Data: 27-05-2022; Órgão
dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição Julgador: Gab. Des. Fernanda Maria Uchoa de Albuquerque - 3ª
da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel. Turma; Relator(a): FERNANDA MARIA UCHOA DE
Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011). ALBUQUERQUE)
O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de ILEGITIMIDADE PASSIVA. O caráter abstrato do direito de ação
ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a independe do direito material pleiteado, de sorte que a simples
responsabilização do poder público deveria ser examinada diante indicação da apelante como responsável subsidiária pela satisfação
de cada caso concreto, nos seguintes termos: das parcelas almejadas na peça exordial justifica sua legitimidade
"O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC para figurar no polo passivo da demanda, não merecendo reforma a
n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a sentença de piso.RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. O
constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93, entendimento jurisprudencial mais recente do Tribunal Superior do
tendo observado que eventual responsabilização do poder Trabalho, calcado na decisão do Supremo Tribunal Federal que
público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de declarou a constitucionalidade do art. 71, da Lei N.º 8.666/93 (ADC
responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no 16/DF), é o de que remanesce a responsabilidade subsidiária dos
descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações
administração pública, devidamente comprovado no caso públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia
concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado mista pelos direitos trabalhistas do empregado locado e não
em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe- adimplidos pelo empregador, sempre que os referidos entes
050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)" públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na escolha da
No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das empresa prestadora e/ou na fiscalização das obrigações do
culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no respectivo contrato (Súmula 331, inciso I V, do Tribunal Superior do
chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento Trabalho).RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS. (TRT da 7ª
constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas Região; Processo: 0000184-93.2020.5.07.0014; Data: 07-12-2021;
legalidade.".
Apenas a recorrida, FRANCISCA MACIEL DA SILVA, apresentou Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".
contrarrazões de ID 63cc227, tempestivamente, conforme certidão Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento
A douta PRT manifestou-se pelo conhecimento e provimento do julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:
recurso, nos termos do parecer de ID 2548c10. "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e
O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
É fato que houve contrato de prestação de serviços entre o empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
recorrente e o primeiro reclamado e daí nasceu a responsabilidade inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
subsidiária do ente estatal, que se tornou exequível quando do empresa regularmente contratada."
inadimplemento das obrigações contratuais entre a prestadora de Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública
serviços e seus empregados. Frise-se que a responsabilidade no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,
subsidiária não nasceu automaticamente com inadimplemento das inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de
obrigações por parte da prestadora, mas pelo fato de faltar prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67
fiscalização do ente estatal no cumprimento das obrigações sociais, e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das
trabalhistas, previdenciárias e fiscais pela citada prestadora, aliás, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto
por imposição do art.67, da Lei nº 8.666/93, que impõe inspeção empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade
serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do
afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida
da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da
inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a
dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes
que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano
Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico
dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da
entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de
não adimplidos pelo contratado. qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a
Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e
excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se
STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços
Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa. honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei
Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do
constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as
responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação,
público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a
que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV).
e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de
fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição
contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.
direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011).
triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de
melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a
mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga responsabilização do poder público deveria ser examinada diante
a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). de cada caso concreto, nos seguintes termos:
Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC
probatório que dos autos consta não há provas do n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a
acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,
daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da tendo observado que eventual responsabilização do poder
idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de
do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no
mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela
Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado
comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"
Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no
regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento
fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública. constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas
Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".
responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta, Este Regional tem inúmeros precedentes tendo o ora recorrente
das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e como parte, veja-se:
das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO.
empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os TERCEIRIZAÇÃO. SÚMULA Nº 331/TST. Os entes integrantes da
referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na Administração Pública direta e indireta respondem
escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso
respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações
Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis: das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO. empresa regularmente contratada. Entendimento da Súmula 331, V,
Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo do c. TST. Verifica-se, no caso concreto, a omissão do ente público
Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na tomador dos serviços quanto ao poder-dever de fiscalizar as
Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização obrigações contratuais da empresa prestadora de serviços, com a
subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados adoção das medidas imprescindíveis à garantia do cumprimento
à execução de contrato administrativo quando configurada a dos direitos laborais dos trabalhadores terceirizados.
omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na Responsabilidade subsidiária que se confirma. (TRT da 7ª Região;
qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição Processo: 0000518-63.2020.5.07.0003; Data: 27-05-2022; Órgão
Julgador: Gab. Des. Fernanda Maria Uchoa de Albuquerque - 3ª Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
Turma; Relator(a): FERNANDA MARIA UCHOA DE (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
RECURSO ORDINÁRIO DO 2ª RECLAMADO. PRELIMINAR DE de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
para figurar no polo passivo da demanda, não merecendo reforma a Desembargador Relator
Trabalho, calcado na decisão do Supremo Tribunal Federal que ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
declarou a constitucionalidade do art. 71, da Lei N.º 8.666/93 (ADC Diretor de Secretaria
Contrarrazões da reclamada (Id f189784). depoimento, informa que usufruía de 30 minutos de intervalo no
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho refeitório da empresa e que demorava 20/25 minutos no
É o breve relatório. intervalo era de uma hora. Além disso, os horários indicados pelo
Pela análise dos autos, verifica-se que nenhum reparo merece a reclamante e pela testemunha em audiência são totalmente
sentença recorrida, ante à ausência de prova do assédio moral e diferentes daqueles indicados na inicial e no recurso ordinário.
das horas extras. Dessa forma, nada a alterar na sentença de origem, que indeferiu o
"É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações Ante todo o acima exposto, deve ser mantida incólume a sentença
mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), Conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento.
Deve ser de tal monta que cause ao trabalhador um terror ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
psicológico que impossibilite o retorno ao trabalho. O assédio busca TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
desestabilizar a sua vítima. Por isso mesmo, o processo deve ser REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso, mas negar-lhe
O objetivo principal do assédio moral é o de criar uma prolongada Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
situação artificial para excluir a vítima, guardando assim flagrantes Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
traços discriminatórios e ilícitos. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Deve ser ressaltado que a exigência de metas e a fiscalização do Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
trabalho, por si só, não constituem rigor excessivo, posto estar de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
dentro do poder diretivo do empregador. Nada mais natural que o Fortaleza, 18 de julho de 2022.
refazimento das atividades quando assim entender necessário, ou FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
depoimento pessoal (Id 69c6182), informa que seu superior ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à
QUANTO À MATÉRIA DE FATO. matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento
O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com
jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST.
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.
relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.
pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça
para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,
condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI
subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui
solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios
de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,
veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em
favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços
condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.
BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.
FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço
fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e
empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO
artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a
A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma
ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes precisa das verbas rescisórias e demais direitos.
acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-
Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.
previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo
deferidas na sentença. antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar
a ação.
O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA
julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.
Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a
havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão
345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.
"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-
PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,
EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto
TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,
ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da
subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável
litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado
de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.
de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro
presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).
além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se
processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da
IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para
pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial
constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se
revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou
elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª
no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação
inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia
quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos
hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura
o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual
(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao
"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que
DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou
SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e
DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a
DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra
sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual
Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.
responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda
de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e
responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.
persecução executória dos sócios da reclamada principal. Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o
No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender
2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento
ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista
em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,
uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque
responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em
Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA
para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos DO TST
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,
da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da
no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de
que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor
Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto
do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro
No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na
incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.
FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência DEVIDA PELA EMPRESA
RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se
A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas Leis do Trabalho (CLT).
rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do
50% (cinqüenta por cento). reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários
sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,
Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido
condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos
percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de
do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da
BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a
SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,
Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa
PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à
responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade
condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo
Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da
prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma
transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à
norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos
do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua
acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora
dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.
das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se
prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,
De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência
trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de
MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser
serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz
dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.
Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com
acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e
prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se
defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora
estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização
Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da
em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:
prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:
"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,
informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento
Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que
Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação
contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra
Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não
de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora
força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).
presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para
moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte
ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar
produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e
prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a
processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a
Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no
ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,
postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são
integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza
trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de
PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,
à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas
fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas
Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente
falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os
prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.
ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da
dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente
verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de
Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a
"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A
SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não
SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta
ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei
925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais
Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a
de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de
público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos
de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a
julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a
distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do
demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a
uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.
especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços
Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo
imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das
comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em
Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.
reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta
A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de
inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que
à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente
encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o
significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.
obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e
Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta
extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais
seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de
"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,
Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI
Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO
331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico
"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os
obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.
de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum
pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites
Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a
Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18
sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo
do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação
julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua
Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em
função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária
responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o
limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN
Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO
tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR
transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,
relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,
devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL
facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA
demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR
ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal
ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,
contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de
Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei
facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da
ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero
serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo
condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela
empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar
de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma
decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal
definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo
Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de
pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso
entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados
serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele
imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas
que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia
adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,
mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e
O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito
pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se
lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta
(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir
ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal
com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,
obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,
Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa
jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses
Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão
"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias
E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que
extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,
autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -
responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire
alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de
de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)
pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero
nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador
(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador
27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do
inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração
"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa
LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da
trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal
desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a
do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto
Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,
nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas
culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho
empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária
autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega
probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.
exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,
terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora
hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora
e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência
compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo
com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na
suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença
subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;
-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da
e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.
DISPOSITIVO
Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001986-70.2017.5.07.0002
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE IDES - INSTITUTO DE
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por CIDADANIA
ADVOGADO LUIS NARCISO COELHO DE
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte OLIVEIRA(OAB: 20967-A/CE)
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: RECORRENTE GLEYVANILDO DOS SANTOS
PAIXÃO
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
27524/CE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
RECORRIDO ESTADO DO CEARA
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora RECORRIDO IDES - INSTITUTO DE
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA
de serviços); CIDADANIA
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência ADVOGADO LUIS NARCISO COELHO DE
OLIVEIRA(OAB: 20967-A/CE)
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo RECORRIDO GLEYVANILDO DOS SANTOS
PAIXÃO
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na 27524/CE)
PERITO EVELINE CUNHA LIMA
condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença TRABALHO
EMENTA Reclamante
responsabilidade do tomador dos serviços pelas consequências Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,
jurídicas da contratação, inclusive em face dos empregados da intrínsecos e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.
prestadores de serviços, conquanto não foram criteriosos na Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente
escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde 16/04/2020, no
pertinentes ao respectivo contrato, produzindo dano em decorrência aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo
da própria atuação pública. Assim, evidenciada a conduta culposa autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por
da administração estadual, no cumprimento das obrigações consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de
dispostas na Lei nº 8.666/1993, é a hipótese sobre o contratante periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a
responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos
JUSTIÇA GRATUITA. DEFERIDO. Comprovada a situação aguardo da decisão a ser proferida no processo TST-RR-1001796-
financeira precária do recorrente, é a hipótese de lhe deferir os 60.2014.5.02.0382, de relatoria do Ministro Hugo Carlos
benefícios da Justiça Gratuita. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. Scheuermann, c. TST, em Incidente do Recurso de Revista
Tendo em vista o deferimento do pedido de desistência do citado Repetitivo, que trata da hipótese de concessão de adicional de
adicional de insalubridade, após ouvida a parte adversa, resta periculosidade para socioeducadores. Solicita a alteração da
prejudicado o apelo nesse particular. sentença no tocante ao pedido de justiça gratuita, afirmando estar
O IDES - INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL dos profissionais de segurança privada, nenhuma relação
interpôs recurso ordinário (ID 41b0e36), tempestivamente (certidão possuindo com as atividades exercidas pela Reclamante que foi de
ID 10aa2a1), objetivando reformar a sentença que deferiu sócio educador.". Alega que o recorrido não faz jus ao aviso prévio,
parcialmente os pleitos exordiais. porquanto ele cumpriu o aviso prévio trabalhado. Pleiteia a isenção
O reclamante,GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO, também do pagamento dos honorários periciais, com o deferimento da
manejou recurso ordinário adesivo de ID b694d10, concessão da justiça gratuita acima pedida e, por fim, requer a
reverter parte da sentença que lhe foi desfavorável. DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA
As partes apresentaram contrarrazões de IDs 41373f3 e 6cd8521, Pleiteia o recorrente em seu apelo os benefícios da Justiça Gratuita
tempestivamente, conforme certidão de ID 143a1b7. alegando estar em péssima condição financeira, conforme
46ee85d, opinando pelo conhecimento e provimento do apelo do O apelante realmente demonstrou se encontrar em situação
financeira precária, conforme "prints" no corpo do apelo, entre os este Tribunal uniformizou entendimento acerca da aplicação da
quais balanços patrimoniais e aviso de corte de energia elétrica e multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, assentando que "É indevida
telefones, o que embasa o deferimento do pedido de justiça gratuita. a multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas
A propósito, esta 2ª Turma já deferiu esses benefícios ao diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT
recorrente, conforme julgado, cuja ementa a seguir transcrevo. tenham sido pagas no prazo legal."Portanto, aplicada a
"PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. PROVA DA jurisprudência uniforme deste Tribunal, nada há a reformar na
SITUAÇÃO FINANCEIRA PRECÁRIA. CONCESSÃO DOS sentença, que deferiu apenas o pagamento de uma hora extra por
BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ISENÇÃO DO violação do intervalo intrajornada, após análise fático-probatória e
PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS. O reclamado jurídica exauriente da controvérsia, que inclusive persiste em fase
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA CIDADANIA - recursal, de modo que a situação em apreço não autoriza a
IDESC anexou provas robustas e incontestes da alegada situação incidência da multa pretendida na via recursal, já que os valores
financeira insuficiente, a exemplo do balanço patrimonial e constantes do TRCT foram quitados tempestivamente.
demonstrações contábeis deficitárias, o que respalda o deferimento HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. VERBA
do pedido de justiça gratuita, ensejando a isenção do pagamento e DEVIDA PELA EMPRESA. Ajuizada a presente ação na vigência da
comprovação de custas processuais, nos termos como artigo 790-A Lei nº 13.467/2017, imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT,
da CLT. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. JURISPRUDÊNCIA DO STF. que autoriza a condenação em honorários advocatícios pela simples
CULPA "IN VIGILANDO". ÔNUS PROBATÓRIO DO TOMADOR DE sucumbência da parte. Logo, diante da sucumbência da parte
SERVIÇOS QUANTO À FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES reclamada, impõe-se a obrigação de pagamento da verba honorária
TRABALHISTAS DO PRESTADOR. PROVAS EFICIENTES. em favor do patrono do trabalhador, no montante de 15% sobre o
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA AFASTADA.A averiguação da valor da liquidação, por representar patamar condizente com os
responsabilidade subsidiária da Administração Pública nos casos de critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. (TRT da 7ª Região;
terceirização de serviços deverá ser realizada na instrução Processo: 0001928-64.2017.5.07.0003; Data: 11-05-2022; Órgão
processual perante o juízo de primeiro grau (culpa subjetiva), Julgador: Gab. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - 2ª Turma;
julgamento da ADC nº 16. Nesse sentido, por força do princípio da Recurso provido nesse particular.
aptidão para a prova, é ônus do Ente Público tomador dos serviços DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu Sobre o tema, assim se referiu o juízo sentenciante de primeiro
trabalhistas assumidas pelo prestador. No caso, o Estado do Ceará "O Reclamante aduz que, de fato, exercia funções típicas de agente
trouxe em sua defesa provas documentais da fiscalização e das prisional; e que as atividades desempenhadas configuram-se como
medidas administrativas tomadas em relação à prestadora periculosas ou insalubres, pelo que pleiteia o pagamento de
inadimplente, como certidões de regularidade fiscal municipal, adicional de periculosidade e, de forma subsidiária, adicional de
estadual e federal, além da regularidade do recolhimento do FGTS, insalubridade. A Reclamada contesta tal pleito, aduzindo, em
do INSS e de ações trabalhistas em face da empresa prestadora, síntese, que o Reclamante não desempenhava atividades
seu ônus probatório do dever legal de fiscalização da Administração Dispõe o art. 193 da CLT que "serão consideradas atividades ou
Pública, de modo eficiente a afastar a pretensa responsabilidade operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo
subsidiária por conduta omissa e culposa. Todas essas provas hão Ministério aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho,
de ser acolhidas pelo julgador, reconhecendo-se que o tomador de impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em
serviços realizou com desvelo as providências a seu alcance com o condições de risco acentuado". O trabalho em condições de
fim de cumprir o mister legal de fiscalização das obrigações periculosidade assegura ao empregado adicional de 30% (trinta por
assumidas pela empresa prestadora. Recurso Ordinário provido, cento) sobre o salário, nos termos do §1º, do art. 193 da CLT. A
porque provado que o tomador não agiu com culpa "in vigilando". caracterização da atividade perigosa depende de prova pericial,
MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. VERBA CONTROVERTIDA conforme previsto no art. 195, caput e §2º, da CLT.
RECONHECIDA EM JUÍZO.No julgamento do Incidente de Acerca do adicional de insalubridade, o art. 189 da CLT estabelece
Uniformização de Jurisprudência nº. 0080374-90.2017.5.07.0000, que "serão consideradas atividades ou operações insalubres
aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, RECLAMANTE NÃO SÃO INSALUBRES, conforme NR 15 da
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos Portaria 3214/78, durante todo o período que laborou pela
limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade reclamada. 12.2 Periculosidade Face aos pedidos da parte do
do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.". O trabalho reclamante, as constatações periciais e a Legislação Trabalhista,
em condições insalubres assegura ao empregado a percepção de concluo que as condições laborais desenvolvidas pelo
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte RECLAMANTE, conforme NR 16 ANEXO 03 da Portaria 3214/78,
por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, CONSIDERA-SE COMO OPERAÇÃO E ATIVIDADE PERIGOSA,
segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo (art. durante todo o período que laborou pela reclamada (fls. 627).
192, da CLT). A caracterização da atividade depende igualmente de O exame pericial revela que as atividades desempenhadas pelo
prova pericial, conforme previsto no art. 195, caput e §2º, da CLT. Reclamante na condição de instrutor educacional, acima citadas, o
A perita judicial, após exame pericial, afirmou: " Após a inspeção deixava exposto a determinadas espécies de violência,
pericial no posto de trabalho do reclamante, conforme registros notadamente, "zelar pela segurança e bem-estar do adolescente,
fotográficos do item 7 deste documento, constatou-se indícios de observando-o e acompanhando-o em todos os locais de atividades
ambiente agressivo e perigoso, com identificações em paredes de diurnas e noturnas", o que configura atividade de segurança
facções e áreas depreciadas por contas das rebeliões existentes no pessoal, nos termos da NR 16 anexo 3, da Portaria 3214/78. A
local. Na própria descrição de atividades inerentes da função de afirmação da testemunha apresentada pela Reclamada de "que nas
Instrutor Educacional conforme regimento interno das unidades revistas ocorridas nos alojamentos já foram encontradas armas de
socioeducativas do estado do Ceará, indicam a exposição ao risco e fabricação artesanal, bem como fósforos e isqueiros; que já
a necessidade de alerta constante, como podemos destacar os ocorreram várias rebeliões no Centro Socioeducativo Passaré" (fls.
itens abaixo: 'III...Zelar pela segurança e bem-estar do adolescente, 733/734) corrobora a periculosidade identificada na prova pericial.
observando-o e acompanhando-o em todos os locais de atividades Outrossim, os laudos periciais, decorrentes de outras Reclamações
diurnas e noturnas. XI Acompanhar o adolescente em seu Trabalhistas acostados aos autos, como prova emprestada (fls.
deslocamento na comunidade, não descuidando da vigilância e 647/670 e 673/712), não se mostram suficientes para desconstituir o
segurança. XII Inspecionar as instalações físicas da Unidade, disposto no laudo pericial, o qual analisa especificamente as
recolhendo objetos que possam comprometer a segurança. XIII condições de trabalho do Reclamante no desempenho de suas
Efetuar rondas periódicas para verificar portas, janelas e portões, atividades. Lado outro, não restou configurado que o Reclamante
assegurando-se de que estão devidamente fechados, atentando laborasse em ambiente insalubre. Portanto há fundamentação legal
para eventuais anormalidades. XVII Realizar revistas pessoais nos para caracterizar as atividades executadas pelo Reclamante como
sempre que se fizer necessário, impedindo que mantenham a posse Sendo assim, sopesada a prova produzida nos autos, defere-se ao
de objetos e substâncias não autorizadas. XVIII Acompanhar o Reclamante adicional de periculosidade, calculado na base de 30%
processo de entrada das visitas dos adolescentes, registrando-as (trinta por cento) do salário mensal do Reclamante, durante o
outros itens trazidos por elas. XIX Comunicar, de imediato, ao Considerada a natureza salarial do adicional de periculosidade,
coordenador de disciplina as ocorrências relevantes que possam enquanto contraprestação pecuniária pelo trabalho realizado pelo
colocar em risco a segurança da Unidade, dos adolescentes e dos empregado em condições de periculosidade, este deve integrar a
funcionários. A Norma Regulamentadora nº 16, da PORTARIA base dos créditos trabalhistas que tenha por base de cálculo o
3.214/78 em seu anexo 3, especifica as operações ou atividades salário mensal. Sendo assim, e consideradas, inclusive, as verbas
com exposições a roubos ou outras espécies de violência física nas rescisórias consignadas no TRCT, o qual não foi, especificamente,
atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, e não impugnado, defere-se ao Reclamante repercussão do adicional de
cita o cargo exercido pela reclamada, porém o mesmo estava periculosidade, nos termos deferidos nesta sentença, sobre aviso
exposto aos mesmos riscos e exerciam atividades semelhantes as prévio indenizado, sobre 13º salário proporcional, na razão de 6/12
citadas no anexo 3 desta portaria." ( fls. 624/625). Concluiu a perita (seis doze avos), relativo ao ano de 2016, sobre 13º salário
judicial: " 12.1 Insalubridade Face aos pedidos da parte do proporcional, na razão de 1/12 (um doze avos), relativo ao ano de
reclamante, as constatações periciais e a Legislação Trabalhista, 2017, e sobre férias proporcionais na razão de 7/12 (sete doze
Indefere-se o pleito de reflexos do adicional de periculosidade sobre dos educadores e educandos através de monitoramento,
repouso semanal remunerado, haja vista que tal adicional é pago observação, vigilância e contenção" (fl. 175). Assim, extrai-se da
mensalmente, portanto, englobando a respectiva remuneração do decisão recorrida que o autor exercia a segurança pessoal dos
repouso semanal, nos termos do art. 7º, §2º, da Lei nº 605/49." menores infratores e educadores, constatando-se submissão a um
Concordo, adoto e compartilho essa decisão, que passa a integrar o ambiente de trabalho hostil e perigoso, sujeito a violência física,
presente feito. enquadrando-se, dessa forma, no artigo 193, II, da CLT e no Anexo
Embargos de declaração foram rejeitados (sentença de ID 3 da NR 16 da Portaria 1.885/MT, haja vista a exposição a
É inquestionável que a parte reclamante prestou serviços no interior devido aos empregados que exercem atividades profissionais em
infratores, por intermédio do primeiro reclamado. infratores, como no caso dos autos. Precedentes. Recurso de
A perícia anexada aos autos (Laudo ID cf1a789) concluiu que a revista conhecido por violação do art. 193, II, da CLT e provido. (
parte reclamante exercia trabalho diário em condições periculosas, RR - 2622-57.2014.5.02.0074 , Relator Ministro: Alexandre de
"Face aos pedidos da parte do reclamante, as constatações Data de Publicação: DEJT 22/09/2017)Foi determinada a realização
periciais e a Legislação Trabalhista, concluo que as condições de perícia técnica, tendo sido obtida a seguinte conclusão pelo
laborais desenvolvidas pelo RECLAMANTE, conforme NR 16 perito nomeado "(...)Baseados nos dados coletados, nos autos do e
ANEXO 03 da Portaria 3214/78, CONSIDERA-SE COMO no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR16, Anexo 3
OPERAÇÃO E ATIVIDADE PERIGOSA, durante todo o período (Atividades e operações perigosas com exposição a roubos e outras
que laborou pela reclamada" espécies de violência física nas atividades profissionais de
Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o segurança pessoal e patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de
adicional de periculosidade para os empregados que trabalham 02.12.2013 e é de nosso parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE
sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de violência física nas PERICULOSIDADE, pois o obreiro estava em situação análoga as
atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. das apontadas em norma e em situação de RISCO GRAVE E
O anexo III da NR-16 regulamenta que o artigo 193, II da CLT e EMINENTE, já que o risco não foi neutralizado pelas medidas
estabelece que o adicional somente é devido para os empregados coletivas e individuais de Segurança e Saúde do Trabalho(...)".
de empresas prestadoras de serviços nas atividades de segurança Observa-se que, embora não se trate de trabalho em presídio, o
privada (Lei nº7.102) e empregados que exercem atividade de ambiente laboral do reclamante consiste em centro educacional que
segurança patrimonial em instalações metroviárias etc. abriga menores em conflito com a lei, configurando a hipótese de
No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com periculosidade prevista no art. 193, II, da CLT e no Anexo n° 3 da
O TST vem decidindo ser devido o adicional de periculosidade condições que a jurisprudência do TST reconhece em relação aos
nessa situação, por ser possível enquadrá-la na alínea "b" do item agentes de apoio socioeducativo.
02, do Anexo III, da NR-16, veja-se Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796-
PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO CASA. decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-
do artigo 193, II, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de "INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO
instrumento para o regular processamento do recurso de revista. SOCIOEDUCATIVO DA FUNDAÇÃO CASA. ADICIONAL DE
Agravo de instrumento conhecido e provido. II- RECURSO DE PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de
REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de
CLT. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova
SOCIOEDUCATIVO. No caso concreto, as atividades do autor, nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do
agente de apoio socioeducativo, foram assim descritas pelo acórdão cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis
do Regional: "Os agentes têm como atribuição prestar atendimento pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a
em situação de conflito e garantir as condições de segurança física integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais,
contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a exatamente no mesmo ambiente hostil e perigoso que os agentes
execução da medida socioeducativa. "São profissionais de apoio socioeducativo, e, ainda com mais razão, atuando em
responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações contato direto com os internos que promoviam brigas e rebeliões,
preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e como o caso descrito pelas defesas dos reclamados, do qual
auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e resultou o episódio narrado de tortura contra os menores e a prisão
intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e do reclamante e de outros nove agentes socioeducadores por
mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" determinação da autoridade judicial responsável pela apuração
(Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e criminal. Nesse contexto, é inequívoco que o ambiente laboral do
atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de reclamante, no qual suportava ofensas e ameaças físicas e morais,
Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio configurava sim a hipótese de periculosidade prevista no art. 193, II,
Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por da CLT e no Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n°
sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em 1.885/2013, nas mesmas condições que a jurisprudência do TST
virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física reconhece em relação aos agentes de apoio socioeducativo, razão
nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial pela qual faz jus, em idênticas condições, ao pagamento de
(art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.) adicional de periculosidade, no importe de 30% sobre a
4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de remuneração do período prescricional quinquenal. Recurso adesivo
segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação provido nesse aspecto". (RO 0000186-90.2016.5.07.0018: TRT 7 -
pública estadual, contratados diretamente pela administração 1ªT - rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - Data de Julgamento
segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio QUANTO À MATÉRIA DE FATO. ENTE PÚBLICO. Conforme
(...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento disposto no artigo 844 da CLT, Súmula n. 74 do C. TST e OJ n. 152
e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos, da SDI-1-TST, aplica-se à parte a pena de confissão quanto à
empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no matéria de fato, mesmo que se trate de ente público, quando ela for
quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho, devidamente intimada a comparecer à audiência de instrução, com
que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do a cominação expressa de que sua ausência implicará pena de
presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio confissão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO
Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do PÚBLICA. CULPA "IN VIGILANDO". SÚMULA 331, V, DO TST.
Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos Cabe ao ente público, quando postulada em juízo sua
cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz responsabilização pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pelo
jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o prestador de serviços, carrear aos autos os elementos necessários
exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco à formação do convencimento (arts. 373, II, do CPC e 818 da CLT),
acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no ou seja, provas suficientes à comprovação de que cumpriu o dever
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e disposto em lei de fiscalizar a execução do contrato administrativo.
patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários Não se desincumbindo desse ônus,como no caso dos autos,
decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio forçoso reconhecer a culpa "in vigilando" do ente público, fazendo
Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir da incidir a sua responsabilidade subsidiária, nos termos da Súmula
regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da 331, V, do TST.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
entrada em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do DEFERIMENTO. PROVA TÉCNICA CONCLUSIVA. A teor do
Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16". disposto no art. 195, da CLT, a caracterização do trabalho
Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se: periculoso faz-se mediante a imprescindível realização de perícia
"AGENTE SOCIOEDUCADOR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE técnica. Concluindo o laudo pericial que "Baseados nos dados
POR ATIVIDADE EXERCIDA COM MENORES INFRATORES. coletados, nos autos do e no conteúdo da Portaria Ministerial
AMBIENTE LABORAL PERIGOSO. DEFERIMENTO. Ficou provado 3.214/78, NR15 anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), anexo 14
nos autos que o reclamante, no trabalho diário de instrutor (agentes biológicos) e NR16 anexo 3 (Atividades e operações
educacional/agente socioeducador, exercia suas atividades perigosas com exposição a roubos e outras espécies de violência
física nas atividades profissionais de segurança pessoal e decisão está baseada nos fatos narrados pelas partes e na prova
patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso produzida nos autos, a sentença foi proferida dentro dos limites da
parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE PERICULOSIDADE, pois lide. No ordenamento pátrio, vige o princípio do "iura novit curia",
o obreiro estava em situação análoga as das apontadas nas normas segundo o qual o magistrado, por ser conhecedor do ordenamento
e em situação de RISCO GRAVE E IMINENTE, e que os riscos não jurídico, não está limitado às regras indicadas pelos litigantes.
foram neutralizados ou atenuados pelas medidas coletivas e Preliminar rejeitada. QUESTÃO PREJUDICIAL. TERCEIRIZAÇÃO
individuais de Segurança e Saúde do Trabalho", e inexistindo nos ILÍCITA RECONHECIDA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE LASTRO
autos elementos outros que formem a convicção necessária para PROBATÓRIO. DECISÃO REFORMADA. O Juízo singular concluiu
derruir a prova técnica, não merece ser alterada a decisão que pela ilegalidade da terceirização de serviços, pela nulidade da
deferiu o adicional de periculosidade. RECURSO ADESIVO DA contratação empregatícia com o 1º reclamado, bem assim pela
RECLAMANTEDO INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS contratação do reclamante com a própria Administração Pública
EXTRAS. Corretos os fundamentos de origem, os quais se (Estado do Ceará) e considerando, ainda, que a contratação
escudaram na prova testemunhal produzida. De se ressaltar que, fraudulenta tem efeitos mínimos (Súmula n. 363, do C. TST),
conquanto inexista, no ordenamento jurídico, hierarquia entre a restritos a salários e FGTS, parcelas estas que foram adimplidas,
prova documental e testemunhal, em decorrência do princípio da julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial. A sentença
persuasão racional para valoração da prova, certa é a prevalência merece reforma, no particular, eis que não exsurge dos autos
da prova testemunhal quando demonstradas robustez e segurança qualquer elemento que indique a existência de fraude à
no depoimento, apta a demover a situação documentada. terceirização havida entre os reclamados, razão pela qual mostra-se
unicidade contratual postulada está condicionado à demonstração contratação afastada. Sentença reformada. MÉRITO.
ocorrência de fraude na celebração do contrato posterior, com a PERIGOSAS. ADEQUAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESCRITAS NO
finalidade de aviltar os direitos trabalhistas, o que não se verificou ART. 193, II, DA CLT. REGULAMENTAÇÃO DEFINIDA PELA
na hipótese vertente. Além disso, como constou da decisão PORTARIA Nº1.885/2013. ITEM 1, ANEXO 3, DA NR-16.
recorrida, constata-se que a reclamante recebeu as verbas ADICIONAL DE PERICULOSIDADE DEVIDO. ENTENDIMENTO
rescisórias pertinentes ao término do primeiro contrato, o que afasta DO TST NO IRR Nº1001796-60.2014.5.02.0382 (TEMA 16).
a pretensão autoral, à luz do disposto no art. 453 da CLT.Recursos Segundo o disposto no anexo 3, da NR 16, editado por força da
(TRT da 7ª Região; Processo: 0001657-49.2017.5.07.0005; Data: atividades ou operações que impliquem em exposição dos
21-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Plauto Carneiro Porto - 1ª profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou
Turma; Relator(a): PLAUTO CARNEIRO PORTO) outras espécies de violência física são consideradas perigosas."
RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. PRELIMINARES. Constatado, portanto, que os socioeducadores ou instrutores
NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. educacionais, que trabalham nos Centros de Ressocialização do
PROVA ORAL EMPRESTADA. IDENTIDADE FÁTICA. Compete ao Estado do Ceará, mantêm contato direto com jovens infratores,
magistrado apreciar livremente as provas produzidas nos autos, sujeitando-se a toda espécie de violência física e a risco da própria
bem como indeferir as diligências que se revelam inúteis ou vida, forçoso reconhecer a inclusão de sua atividade no rol previsto
meramente protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015. no citado Anexo 3, da NR 16, para os fins do direito ao adicional de
Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova oral, por si só, periculosidade a que se refere o art. 193, II, da CLT. Nesse sentido,
não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando o Juízo decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do
monocrático entendeu desnecessária a produção de prova oral, colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao analisar o Tema 16, nos
tendo em conta a repetição excessiva de demandas análogas no autos do IRR - 1001796-60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14
foro, incluindo região metropolitana, bem como a realização de de outubro de 2021, que "I. O Agente de Apoio Socioeducativo
várias audiências de instrução sobre a mesma matéria controvertida (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do
dos presentes autos. Preliminar rejeitada. JULGAMENTO "EXTRA Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de
PETITA". Tendo o Magistrado aplicado a norma que, sob a sua Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à
ótica, melhor se adequa ao caso concreto e considerando que a percepção de adicional de periculosidade, considerado o exercício
de atividades e operações perigosas, que implicam risco acentuado obrigações trabalhistas não adimplidas pelo empregador, aplicando-
em virtude de exposição permanente a violência física no se, in casu, o entendimento expresso nos itens IV, V e VI, da
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista a
patrimonial em fundação pública estadual." Vigora, portanto, absoluta ausência de provas da fiscalização do cumprimento do
pacificado, no âmbito da Justiça do Trabalho, a partir do novel contrato de trabalho, considerando-se, para esse fim, as obrigações
julgamento da SBDI-1, do TST, o entendimento no sentido de que contratuais e legais. Nesse sentido, o entendimento reiterado dos
os socieducadores ou instrutores educacionais que trabalham nas Tribunais do Trabalho, como se vê da ementa seguinte:
instituições estaduais de custódia de menores em conflito com a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERMO DE CONVÊNIO. CULPA "IN
Lei, têm direito ao adicional de periculosidade, por força do que VIGILANDO". RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO.
resta previsto no art. 193, caput e inciso II, da CLT, e item 1, do POSSIBILIDADE. Conforme entendimento jurisprudencial do TST,
Anexo 3, da NR 16, aprovado pela Portaria nº1.885/2013, do MTE, calcado na decisão do STF que declarou a constitucionalidade do
de 03/12/2013. Sentença reformada, no tópico. SUPRESSÃO DO art. 71 da Lei nº 8.666/93 (ADC 16/DF), remanesce a
INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE responsabilidade subsidiária da administração pública direta e
PONTO CONSIDERADOS INVÁLIDOS. INCIDÊNCIA DO indireta pelos direitos trabalhistas não adimplidos pelo empregador,
ENTENDIMENTO FIRMADO NA SÚMULA 338, DO TST. Tendo em sempre que os referidos entes públicos, tomadores dos serviços,
vista que os controles de ponto colacionados pelo 1º reclamado são sejam omissos na fiscalização das obrigações do respectivo
imprestáveis como meio de prova, já que trazem horários de contrato (Súmula 331, inciso IV, do TST). Portanto, não provada a
trabalho britânicos, aplicando-se à hipótese, portanto, o item III, da fiscalização efetiva de tais obrigações, procede o pedido de
Súmula nº 338, do TST, e considerando que o réu não se responsabilização subsidiária. Recurso conhecido e parcialmente
desincumbiu de demonstrar a fruição regular da pausa para repouso provido. (Processo nº0000289-35.2018.5.07.0016, 1ª Turma,
e alimentação, devido o pagamento, nos termos do art. 71, § 4º, da Relatora: Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante
CLT, de uma hora extra diária pela supressão do intervalo em Nepomuceno, julgado em 15 de maio de 2019). Sentença mantida.
referência, com reflexos, dada a habitualidade da verba, no período HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA
anterior à Reforma Trabalhista. Posteriormente à Reforma DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação ajuizada após
Trabalhista, é devido apenas o lapso suprimido do intervalo 11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento trazido pela
intrajornada, sem reflexos. Sentença reformada, no particular. Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos honorários
ADICIONAL NOTURNO. Considerando a imprestabilidade dos advocatícios. Nessa situação, havendo sucumbência da parte
controles de ponto como meio de prova, aplica-se à hipótese, o item reclamada, impõe-se razoável a sua condenação em honorários
III, da Súmula nº 338, do TST. Assim, tendo em vista a inexistência advocatícios, na forma prevista no art. 791-A, da CLT. Ademais,
de prova em sentido contrário, tem-se por correta a jornada alegada considerando o que restou decidido pelo Excelso STF, quando do
na inicial, de 19h às 7h, em escalada de 12x36, sendo devido, pois, julgamento da ADI 5766, de 20.10.2021, em que se declarou a
adicional noturno, relativamente aos meses em que não há inconstitucionalidade da regra prevista no art. 791-A, §4º, da CLT, já
comprovação do respectivo pagamento. Sentença reformada. não existe base jurídica para se condenar o beneficiário da justiça
SOCIAL PARA EXERCER ATRIBUIÇÕES E/OU PARA PRESTAR Sentença reformada.Recurso ordinário do reclamante conhecido;
SERVIÇOS PRÓPRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. rejeitadas as preliminares de nulidade processual por cerceamento
TERCEIRIZAÇÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE de defesa e por julgamento extra petita e, no mérito, apelo
INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO CONSTANTE DOS ITENS IV, V (TRT da 7ª Região; Processo: 0000789-34.2018.5.07.0006; Data:
e VI, DA SÚMULA 331, DO TST. O deferimento à instituição privada 10-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Durval Cesar de
das prerrogativas próprias da Administração Pública, consistente no Vasconcelos Maia - 1ª Turma; Relator(a): DURVAL CESAR DE
infratores, internados nos Centros de Ressocialização do Estado do Portanto, o conjunto probatório deixa patente que a parte
Ceará, de que é exemplo o Centro Sócio Educativo Dom Bosco, reclamante, efetivamente, estava submetida a risco considerável,
sem dúvida, constitui terceirização de serviços que atrai a justificando o pagamento do adicional de periculosidade deferido na
Recurso improvido nesse tópico. verifica-se que o Reclamante cumpria jornada de trabalho em
DO RECURSO ORDINÁRIO DE GLEYVANILDO DOS SANTOS regime de escala corresponde a dois dias trabalhados, com carga
O apelante se insurge contra a sentença que indeferiu o pedido de registro, em alguns deles, de 1(uma) hora de intervalo intrajornada,
intervalo intrajornada, horas extras, requerendo a aplicação da o que é confirmado pela prova testemunhal. Ressalte-se que na
revelia e confissão ficta ao ente estatal e que seja condenado ficha de registro de empregado assinada pelo Reclamante resta
subsidiariamente pelo pagamento das verbas da condenação, no assinalado o intervalo de 1(uma) hora. O Reclamante não produziu
caso de inadimplemento por parte do reclamado principal. prova oral ou documental que comprovasse suas alegações.
DAS VERBAS QUESTIONADAS. Sopesada a prova produzida nos autos, fica reconhecido por este
Sobre o tema assim decidiu o juízo a quo: Juízo que o Reclamante trabalhava em regime de dois dias
"Afirma o Reclamante que cumpria jornada de trabalho, em regime trabalhados seguidos de dois dias de descanso, em jornada diária
de escala de dois dias trabalhados, seguidos de dois dias de de doze horas, no horário das 07:00 às 19:00h, com intervalo
descanso, das 07:00h às 19:00h, com 15 (quinze) minutos de intrajornada de 1 (uma) hora.
intervalo intrajornada. A Reclamada contesta tal alegação aduzindo, A cláusula décima quinta do ACT 2016/2017, vigente durante o
em síntese, que o Reclamante cumpria jornada de trabalho período do pacto laboral, estabelece jornada de trabalho de 44
correspondente a 2 (dois) plantões de 12h, com descanso de 2 (quarenta e quatro) semanais, com carga horária mensal de 176
(dois) dias, perfazendo uma carga horária de 192h mensais; e que horas (fls. 79), pelo que a jornada de trabalho do Reclamante em
ao Reclamante era concedido intervalo intrajornada de 1(uma) hora. regime de plantão não encontra respaldo em dito instrumento
Considerada a documentação juntada aos autos referente à coletivo. O horário de trabalho do Reclamante reconhecido nesta
frequência de seus empregados (fls. 204/209), constata-se que esta sentença resulta em que o Reclamante, no mês, trabalhava em
possuía mais de 10 (dez) empregados, laborando no mesmo local média duas semanas, com carga horária de 44 horas cada, e outras
que o Reclamante. Assim sendo, tem a Reclamada o dever de duas semanas, com carga horária de 33 horas cada. No contrato de
registrar, por meio dos controles de frequência, os horários de trabalho do Reclamante há previsão para compensação de jornada
entrada e saída do empregado, inexistindo determinação legal para dentro da mesma semana (fls. 210). Outrossim, restou reconhecido
que se proceda aos registros diários dos intervalos intrajornada, que a Reclamada concedia o intervalo intrajornada, com duração de
desde que a Reclamada comprove que havia préassinalação de 1(uma) hora, o que atende ao disposto no art. 71, caput, da CLT.
referidos intervalos (art. 74, § 2ª da CLT), observado o disposto nas Dessa forma, a extrapolação da oitava hora compensa-se com os
Súmulas 338 e 437, do TST. A Reclamada juntou aos autos os dias que não houve labor, não havendo, pois, configuração de
registradas e assinadas pelo Reclamante, pelo que permanece com No tocante ao intervalo intrajornada, a sentença não merece
o Reclamante o ônus de comprovar a jornada de trabalho indicada reforma, sobretudo quando o reclamante não fez prova de que
A testemunha apresentada pela Reclamada afirmou "que havia Dos controles de frequência juntados com a defesa, percebe-se que
intervalo para almoço dos socioeducadores no Centro havia mês que o autor apontava o gozo de uma hora de intervalo
Socioeducativo Passaré; que os socioeducadores que atuavam no para repouso e havia mês que nada registrava. Em seu depoimento
referido centro gozavam de uma hora de intervalo intrajornada, (ata ID 625c117) afirmou que usufruía um intervalo de 30 minutos e
sendo divididos em dois grupos, os quais revezavam o horário de nos controles de frequência esse período já era de uma hora. O
intervalo de forma que metade estivesse em atividade enquanto a depoimento da testemunha do reclamado (ata ID 625c117), foi
outra metade estivesse no gozo do intervalo; que já ocorreu de o enfático e elucidativo para afirmar que "...havia intervalo para
depoente almoçar com os socioeducadores durante o intervalo almoço dos sócio educadores no Centro Socioeducativo Passaré;
intrajornada no Centro Socioeducativo do Passaré" (fls. 733/734). que os socioeducadores que atuavam no referido centro gozavam
Em sede de depoimento pessoal o Reclamante afirmou "que de uma hora de intervalo intrajornada, sendo divididos em dois
trabalhava das 07:00 às 19:00 horas, com 30 minutos de intervalo, grupos, os quais revezavam o horário de intervalo de forma que
em escala de dois dias trabalhados seguidos de dois dias de folga" metade estivesse em atividade enquanto a outra metade estivesse
(fls. 733), o que diverge da carga horária indicada na exordial em no gozo do intervalo...".
relação ao intervalo intrajornada. Nos controles de frequência, Destarte, mantêm a sentença recorrida nessa questão.
Quanto às horas extras, o autor afirmou que laborava 02 plantões "Art. 1º Recomendar aos Senhores Juízes Titulares e Substitutos
de 12 horas e folgava 48 horas, o que equivalia a 192 horas vinculados ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região que nos
mensais, tal fato não foi objeto de contestação por parte do processos em que são partes os entes incluídos na definição legal
reclamado principal. Contudo, essa jornada não estava prevista na de Fazenda Pública:
Desse modo, não provada a previsão em norma coletiva quanto ao requerimento de quaisquer dos litigantes, restar demonstrado
labor em regime especial no período de 06/07/2016 até 22/01/2017 inequívoco interesse na celebração de acordo;
(extinção do contrato), é fato que o reclamante trabalhava, em II - seja(m) citado(s) o(s) reclamado(s) para, no prazo de 20 (vinte)
média duas semanas, com carga horária de 48 horas semanais, e dias, apresentar defesa escrita perante a Secretaria da Vara do
outras duas semanas, com carga horária de 36 horas cada. Assim, Trabalho ou na forma prevista no Processo Judicial Eletrônico (PJe-
considerando a Cláusula Décima Quinta do ACT 2016/2017 (Grupo JT), que deverá ser acompanhada dos documentos que a instruem,
I), que dispõe uma carga honorária semanal de 44 horas, conclui-se sob pena de revelia e confissão em relação à matéria de fato."
que o recorrente laborava, em excesso, 4 horas em duas semanas Nesse contexto, ocorreria a revelia se o ente estatal não tivesse
no mês. Em assim sendo, impõe-se o deferimento das horas extras atendido ao que prevê o Inciso II, do Provimento acima prescrito.
excedentes de 4 horas em duas semanas por mês, com adicional Ademais, registre-se que na contestação foi requerida a adoção da
de 50% sobre o valor da hora normal, considerando o aviso prévio recomendação adotada por este Regional.
indenização de 40% do FGTS e RSR, tudo com base no salário DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
indicado na sentença recorrida. Alega o recorrente que o ente estatal como tomadora de serviços
Recurso provido nesse particular. não cumpria com as suas obrigações previstas na Lei nº 8.666/93,
DA REVELIA E CONFISSÃO FICTA DO ESTADO DO CEARÁ. aplicáveis ao convênio por forçada Lei nº 9.637/98. Ressalta que o
Quanto ao tema, entendo que o Decreto-Lei 779/1969, que dispõe convênio afirmado pelo ente público não afasta sua
sobre as prerrogativas da Administração Pública no processo do responsabilidade pelos haveres trabalhistas inadimplidos pela
trabalho, não veda a aplicação da revelia às pessoas jurídicas de primeira ré. Aduz ainda, entre outras pronunciações jurídicas, que o
direito público. E o artigo 844 da CLT não faz distinção em relação Estado do Ceará foi omisso na sua obrigação de fiscalizar o
aos destinatários da norma, não estabelecendo nenhum privilégio à cumprimento das obrigações trabalhistas da empregadora, devendo
Nessa linha de raciocínio, a jurisprudência do TST firmou-se no Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira reclamada e
sentido de que a revelia aplica-se à pessoa jurídica de direito da responsabilidade subsidiária do ente estatal.
público. Para o c.TST, entender de forma diversa seria negar Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os
vigência aos princípios constitucionais da igualdade das partes, do promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público
contraditório, bem como o da ampla defesa. Portanto, se o ente contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal
público deixa de praticar o ato processual, mesmo diante de todas contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado,
as prerrogativas legais de que dispõe, não há como afastar a não se admitindo queira o poder público eximir-se de
aplicação do disposto no artigo 844 da CLT. responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores
A propósito, nesse sentido é a Orientação Jurisprudencial nº 152, da de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da
"OJ 152. SDI - 1, do TST. REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que
DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL. (ART. 844 DA CLT) (inserido decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST,
dispositivo) - DJ 20.04.2005. Pessoa jurídica de direito público cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no
sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.". art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas
Contudo, no presente caso, não houve desídia do ente estatal, trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos
porquanto atentou ao teor da Resolução No. 2/CGT, de 23 de julho serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem
de 2013, do Tribunal Superior do Trabalho, e à recomendação do órgãos da Administração Direta, Indireta, autarquias, fundações
Provimento Conjunto nº 02/2017, deste Regional, que assim públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas.
proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de
art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia, prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67
que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das
responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto
permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade
fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos
serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do
afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida
da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da
inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a
dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes
que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano
Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico
dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da
entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de
não adimplidos pelo contratado. qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a
Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e
excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se
STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços
Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa. honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei
Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do
constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as
responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação,
público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a
que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV).
e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de
Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos". fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do
Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos
consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que,
julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis: via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação
"V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público
indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal
do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga
cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67).
especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo
contratuais e legais da prestadora de serviço como probatório que dos autos consta não há provas do
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da
Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura
no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no
Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de
prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no
estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela
negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento administração pública, devidamente comprovado no caso
jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado
para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"
se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das
como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC). culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no
Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento
regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas
fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública. de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".
71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a Portanto, reforma-se a sentença recorrida para condenar o ente
das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e De todo o exposto, dá-se parcial provimento ao apelo do primeiro
das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do reclamado para excluir da condenação a multa do § 8º, do art.477,
empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os da CLT e dar provimento ao apelo do reclamante para incluir o
referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na ESTADO DO CEARÁ como responsável subsidiário no pagamento
escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do das verbas da condenação, acaso não adimplidas pelo reclamado
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. Conhecer de ambos os apelos e dar-lhes parcial provimento.
Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, porque
subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados tempestivos, e, no mérito, dar-lhes parcial provimento para deferir
qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição benefícios da Justiça Gratuita e quanto ao apelo do reclamante,
dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO, defere-se 04 horas extras
da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel. em duas semanas por mês, com adicional de 50% sobre o valor da
Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011)." hora normal, durante o período de labor e considerando o aviso
O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de prévio trabalhado, tudo com reflexos sobre férias, 13º salário, FGTS,
ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a indenização de 40% do FGTS e RSR, tudo com base no salário
responsabilização do poder público deveria ser examinada diante indicado na sentença recorrida e defere-se ainda a inclusão do
de cada caso concreto, nos seguintes termos: ESTADO DO CEARÁ, como responsável subsidiário.
"O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93, (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo empresa contratada, não se admitindo queira o poder público eximir
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. -se de responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas
Reclamante
EMENTA
Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente demonstrações contábeis deficitárias, o que respalda o deferimento
litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde 16/04/2020, no do pedido de justiça gratuita, ensejando a isenção do pagamento e
aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo comprovação de custas processuais, nos termos como artigo 790-A
autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por da CLT. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. JURISPRUDÊNCIA DO STF.
consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de CULPA "IN VIGILANDO". ÔNUS PROBATÓRIO DO TOMADOR DE
periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a SERVIÇOS QUANTO À FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos TRABALHISTAS DO PRESTADOR. PROVAS EFICIENTES.
DO RECURSO ORDINÁRIO DO IDES - INSTITUTO DE responsabilidade subsidiária da Administração Pública nos casos de
Preliminarmente, o recorrente pleiteia a suspensão do feito no processual perante o juízo de primeiro grau (culpa subjetiva),
aguardo da decisão a ser proferida no processo TST-RR-1001796- conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal no
60.2014.5.02.0382, de relatoria do Ministro Hugo Carlos julgamento da ADC nº 16. Nesse sentido, por força do princípio da
Scheuermann, c. TST, em Incidente do Recurso de Revista aptidão para a prova, é ônus do Ente Público tomador dos serviços
Repetitivo, que trata da hipótese de concessão de adicional de trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu
periculosidade para socioeducadores. Solicita a alteração da com desvelo e eficiência o dever de fiscalização das obrigações
sentença no tocante ao pedido de justiça gratuita, afirmando estar trabalhistas assumidas pelo prestador. No caso, o Estado do Ceará
em dificuldades financeiras para garantir a sobrevivência do trouxe em sua defesa provas documentais da fiscalização e das
instituto, pleiteando a concessão da gratuidade processual, nos medidas administrativas tomadas em relação à prestadora
termos do art.899, da CLT. No mérito, aduz que o reclamante não inadimplente, como certidões de regularidade fiscal municipal,
faz jus ao adicional de periculosidade, em razão do Anexo III da NR estadual e federal, além da regularidade do recolhimento do FGTS,
16 complementando que "...o dispositivo diz respeito às atividades do INSS e de ações trabalhistas em face da empresa prestadora,
dos profissionais de segurança privada, nenhuma relação evidenciando, assim, o acompanhamento do contrato, satisfazendo
possuindo com as atividades exercidas pela Reclamante que foi de seu ônus probatório do dever legal de fiscalização da Administração
sócio educador.". Alega que o recorrido não faz jus ao aviso prévio, Pública, de modo eficiente a afastar a pretensa responsabilidade
porquanto ele cumpriu o aviso prévio trabalhado. Pleiteia a isenção subsidiária por conduta omissa e culposa. Todas essas provas hão
do pagamento dos honorários periciais, com o deferimento da de ser acolhidas pelo julgador, reconhecendo-se que o tomador de
concessão da justiça gratuita acima pedida e, por fim, requer a serviços realizou com desvelo as providências a seu alcance com o
condenação do recorrido na sucumbência recíproca. fim de cumprir o mister legal de fiscalização das obrigações
DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA assumidas pela empresa prestadora. Recurso Ordinário provido,
Pleiteia o recorrente em seu apelo os benefícios da Justiça Gratuita porque provado que o tomador não agiu com culpa "in vigilando".
alegando estar em péssima condição financeira, conforme MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. VERBA CONTROVERTIDA
financeira precária, conforme "prints" no corpo do apelo, entre os este Tribunal uniformizou entendimento acerca da aplicação da
quais balanços patrimoniais e aviso de corte de energia elétrica e multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, assentando que "É indevida
telefones, o que embasa o deferimento do pedido de justiça gratuita. a multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas
A propósito, esta 2ª Turma já deferiu esses benefícios ao diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT
recorrente, conforme julgado, cuja ementa a seguir transcrevo. tenham sido pagas no prazo legal."Portanto, aplicada a
"PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. PROVA DA jurisprudência uniforme deste Tribunal, nada há a reformar na
SITUAÇÃO FINANCEIRA PRECÁRIA. CONCESSÃO DOS sentença, que deferiu apenas o pagamento de uma hora extra por
BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ISENÇÃO DO violação do intervalo intrajornada, após análise fático-probatória e
PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS. O reclamado jurídica exauriente da controvérsia, que inclusive persiste em fase
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA CIDADANIA - recursal, de modo que a situação em apreço não autoriza a
incidência da multa pretendida na via recursal, já que os valores A perita judicial, após exame pericial, afirmou: " Após a inspeção
constantes do TRCT foram quitados tempestivamente. pericial no posto de trabalho do reclamante, conforme registros
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. VERBA fotográficos do item 7 deste documento, constatou-se indícios de
DEVIDA PELA EMPRESA. Ajuizada a presente ação na vigência da ambiente agressivo e perigoso, com identificações em paredes de
Lei nº 13.467/2017, imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, facções e áreas depreciadas por contas das rebeliões existentes no
que autoriza a condenação em honorários advocatícios pela simples local. Na própria descrição de atividades inerentes da função de
sucumbência da parte. Logo, diante da sucumbência da parte Instrutor Educacional conforme regimento interno das unidades
reclamada, impõe-se a obrigação de pagamento da verba honorária socioeducativas do estado do Ceará, indicam a exposição ao risco e
em favor do patrono do trabalhador, no montante de 15% sobre o a necessidade de alerta constante, como podemos destacar os
valor da liquidação, por representar patamar condizente com os itens abaixo: 'III...Zelar pela segurança e bem-estar do adolescente,
critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. (TRT da 7ª Região; observando-o e acompanhando-o em todos os locais de atividades
Processo: 0001928-64.2017.5.07.0003; Data: 11-05-2022; Órgão diurnas e noturnas. XI Acompanhar o adolescente em seu
Julgador: Gab. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - 2ª Turma; deslocamento na comunidade, não descuidando da vigilância e
Relator(a): EMMANUEL TEOFILO FURTADO) segurança. XII Inspecionar as instalações físicas da Unidade,
Recurso provido nesse particular. recolhendo objetos que possam comprometer a segurança. XIII
DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Efetuar rondas periódicas para verificar portas, janelas e portões,
Sobre o tema, assim se referiu o juízo sentenciante de primeiro assegurando-se de que estão devidamente fechados, atentando
"O Reclamante aduz que, de fato, exercia funções típicas de agente adolescentes nos momentos de recepção, final das atividades e
prisional; e que as atividades desempenhadas configuram-se como sempre que se fizer necessário, impedindo que mantenham a posse
periculosas ou insalubres, pelo que pleiteia o pagamento de de objetos e substâncias não autorizadas. XVIII Acompanhar o
adicional de periculosidade e, de forma subsidiária, adicional de processo de entrada das visitas dos adolescentes, registrando-as
insalubridade. A Reclamada contesta tal pleito, aduzindo, em em livro, fazendo revistas e verificação de alimentos, bebidas ou
síntese, que o Reclamante não desempenhava atividades outros itens trazidos por elas. XIX Comunicar, de imediato, ao
Dispõe o art. 193 da CLT que "serão consideradas atividades ou colocar em risco a segurança da Unidade, dos adolescentes e dos
operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo funcionários. A Norma Regulamentadora nº 16, da PORTARIA
Ministério aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, 3.214/78 em seu anexo 3, especifica as operações ou atividades
impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em com exposições a roubos ou outras espécies de violência física nas
condições de risco acentuado". O trabalho em condições de atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, e não
periculosidade assegura ao empregado adicional de 30% (trinta por cita o cargo exercido pela reclamada, porém o mesmo estava
cento) sobre o salário, nos termos do §1º, do art. 193 da CLT. A exposto aos mesmos riscos e exerciam atividades semelhantes as
caracterização da atividade perigosa depende de prova pericial, citadas no anexo 3 desta portaria." ( fls. 624/625). Concluiu a perita
conforme previsto no art. 195, caput e §2º, da CLT. judicial: " 12.1 Insalubridade Face aos pedidos da parte do
Acerca do adicional de insalubridade, o art. 189 da CLT estabelece reclamante, as constatações periciais e a Legislação Trabalhista,
que "serão consideradas atividades ou operações insalubres concluo que as atividades laborais desenvolvidas pelo
aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, RECLAMANTE NÃO SÃO INSALUBRES, conforme NR 15 da
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos Portaria 3214/78, durante todo o período que laborou pela
limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade reclamada. 12.2 Periculosidade Face aos pedidos da parte do
do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.". O trabalho reclamante, as constatações periciais e a Legislação Trabalhista,
em condições insalubres assegura ao empregado a percepção de concluo que as condições laborais desenvolvidas pelo
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte RECLAMANTE, conforme NR 16 ANEXO 03 da Portaria 3214/78,
por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, CONSIDERA-SE COMO OPERAÇÃO E ATIVIDADE PERIGOSA,
segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo (art. durante todo o período que laborou pela reclamada (fls. 627).
192, da CLT). A caracterização da atividade depende igualmente de O exame pericial revela que as atividades desempenhadas pelo
prova pericial, conforme previsto no art. 195, caput e §2º, da CLT. Reclamante na condição de instrutor educacional, acima citadas, o
deixava exposto a determinadas espécies de violência, infratores, por intermédio do primeiro reclamado.
notadamente, "zelar pela segurança e bem-estar do adolescente, A perícia anexada aos autos (Laudo ID cf1a789) concluiu que a
observando-o e acompanhando-o em todos os locais de atividades parte reclamante exercia trabalho diário em condições periculosas,
pessoal, nos termos da NR 16 anexo 3, da Portaria 3214/78. A "Face aos pedidos da parte do reclamante, as constatações
afirmação da testemunha apresentada pela Reclamada de "que nas periciais e a Legislação Trabalhista, concluo que as condições
revistas ocorridas nos alojamentos já foram encontradas armas de laborais desenvolvidas pelo RECLAMANTE, conforme NR 16
fabricação artesanal, bem como fósforos e isqueiros; que já ANEXO 03 da Portaria 3214/78, CONSIDERA-SE COMO
ocorreram várias rebeliões no Centro Socioeducativo Passaré" (fls. OPERAÇÃO E ATIVIDADE PERIGOSA, durante todo o período
733/734) corrobora a periculosidade identificada na prova pericial. que laborou pela reclamada"
Outrossim, os laudos periciais, decorrentes de outras Reclamações Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o
Trabalhistas acostados aos autos, como prova emprestada (fls. adicional de periculosidade para os empregados que trabalham
647/670 e 673/712), não se mostram suficientes para desconstituir o sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de violência física nas
disposto no laudo pericial, o qual analisa especificamente as atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
condições de trabalho do Reclamante no desempenho de suas O anexo III da NR-16 regulamenta que o artigo 193, II da CLT e
atividades. Lado outro, não restou configurado que o Reclamante estabelece que o adicional somente é devido para os empregados
laborasse em ambiente insalubre. Portanto há fundamentação legal de empresas prestadoras de serviços nas atividades de segurança
para caracterizar as atividades executadas pelo Reclamante como privada (Lei nº7.102) e empregados que exercem atividade de
Sendo assim, sopesada a prova produzida nos autos, defere-se ao No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com
(trinta por cento) do salário mensal do Reclamante, durante o O TST vem decidindo ser devido o adicional de periculosidade
período de 06.07.16 a 22.01.17. nessa situação, por ser possível enquadrá-la na alínea "b" do item
Considerada a natureza salarial do adicional de periculosidade, 02, do Anexo III, da NR-16, veja-se
enquanto contraprestação pecuniária pelo trabalho realizado pelo "I- AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADICIONAL DE
empregado em condições de periculosidade, este deve integrar a PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO CASA.
base dos créditos trabalhistas que tenha por base de cálculo o AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Ante a provável violação
salário mensal. Sendo assim, e consideradas, inclusive, as verbas do artigo 193, II, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de
rescisórias consignadas no TRCT, o qual não foi, especificamente, instrumento para o regular processamento do recurso de revista.
impugnado, defere-se ao Reclamante repercussão do adicional de Agravo de instrumento conhecido e provido. II- RECURSO DE
periculosidade, nos termos deferidos nesta sentença, sobre aviso REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA
prévio indenizado, sobre 13º salário proporcional, na razão de 6/12 CLT. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO
(seis doze avos), relativo ao ano de 2016, sobre 13º salário SOCIOEDUCATIVO. No caso concreto, as atividades do autor,
proporcional, na razão de 1/12 (um doze avos), relativo ao ano de agente de apoio socioeducativo, foram assim descritas pelo acórdão
2017, e sobre férias proporcionais na razão de 7/12 (sete doze do Regional: "Os agentes têm como atribuição prestar atendimento
Indefere-se o pleito de reflexos do adicional de periculosidade sobre dos educadores e educandos através de monitoramento,
repouso semanal remunerado, haja vista que tal adicional é pago observação, vigilância e contenção" (fl. 175). Assim, extrai-se da
mensalmente, portanto, englobando a respectiva remuneração do decisão recorrida que o autor exercia a segurança pessoal dos
repouso semanal, nos termos do art. 7º, §2º, da Lei nº 605/49." menores infratores e educadores, constatando-se submissão a um
Concordo, adoto e compartilho essa decisão, que passa a integrar o ambiente de trabalho hostil e perigoso, sujeito a violência física,
presente feito. enquadrando-se, dessa forma, no artigo 193, II, da CLT e no Anexo
Embargos de declaração foram rejeitados (sentença de ID 3 da NR 16 da Portaria 1.885/MT, haja vista a exposição a
É inquestionável que a parte reclamante prestou serviços no interior devido aos empregados que exercem atividades profissionais em
infratores, como no caso dos autos. Precedentes. Recurso de Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por
revista conhecido por violação do art. 193, II, da CLT e provido. ( sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em
RR - 2622-57.2014.5.02.0074 , Relator Ministro: Alexandre de virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física
Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/09/2017, 3ª Turma, nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial
Data de Publicação: DEJT 22/09/2017)Foi determinada a realização (art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.)
de perícia técnica, tendo sido obtida a seguinte conclusão pelo 4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de
perito nomeado "(...)Baseados nos dados coletados, nos autos do e segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação
no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR16, Anexo 3 pública estadual, contratados diretamente pela administração
(Atividades e operações perigosas com exposição a roubos e outras pública indireta - hipótese prevista no item 2, letra 'b', do Anexo 3 da
espécies de violência física nas atividades profissionais de NR 16. 5. Os Agentes de Apoio Socioeducativo desempenham
segurança pessoal e patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio
02.12.2013 e é de nosso parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE (...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento
PERICULOSIDADE, pois o obreiro estava em situação análoga as e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos,
das apontadas em norma e em situação de RISCO GRAVE E empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no
EMINENTE, já que o risco não foi neutralizado pelas medidas quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho,
coletivas e individuais de Segurança e Saúde do Trabalho(...)". que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do
Observa-se que, embora não se trate de trabalho em presídio, o presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio
ambiente laboral do reclamante consiste em centro educacional que Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do
abriga menores em conflito com a lei, configurando a hipótese de Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos
periculosidade prevista no art. 193, II, da CLT e no Anexo n° 3 da cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz
NR 16, aprovado pela Portaria n° 1.885/2013, nas mesmas jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o
condições que a jurisprudência do TST reconhece em relação aos exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco
Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796- desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e
60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021, patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários
decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI- decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio
"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da
PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16".
São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se:
segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova "AGENTE SOCIOEDUCADOR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do POR ATIVIDADE EXERCIDA COM MENORES INFRATORES.
cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis AMBIENTE LABORAL PERIGOSO. DEFERIMENTO. Ficou provado
pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a nos autos que o reclamante, no trabalho diário de instrutor
integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais, educacional/agente socioeducador, exercia suas atividades
contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a exatamente no mesmo ambiente hostil e perigoso que os agentes
execução da medida socioeducativa. "São profissionais de apoio socioeducativo, e, ainda com mais razão, atuando em
responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações contato direto com os internos que promoviam brigas e rebeliões,
preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e como o caso descrito pelas defesas dos reclamados, do qual
auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e resultou o episódio narrado de tortura contra os menores e a prisão
intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e do reclamante e de outros nove agentes socioeducadores por
mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" determinação da autoridade judicial responsável pela apuração
(Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e criminal. Nesse contexto, é inequívoco que o ambiente laboral do
atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de reclamante, no qual suportava ofensas e ameaças físicas e morais,
Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio configurava sim a hipótese de periculosidade prevista no art. 193, II,
da CLT e no Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n° RECLAMANTEDO INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS
1.885/2013, nas mesmas condições que a jurisprudência do TST EXTRAS. Corretos os fundamentos de origem, os quais se
reconhece em relação aos agentes de apoio socioeducativo, razão escudaram na prova testemunhal produzida. De se ressaltar que,
pela qual faz jus, em idênticas condições, ao pagamento de conquanto inexista, no ordenamento jurídico, hierarquia entre a
adicional de periculosidade, no importe de 30% sobre a prova documental e testemunhal, em decorrência do princípio da
remuneração do período prescricional quinquenal. Recurso adesivo persuasão racional para valoração da prova, certa é a prevalência
provido nesse aspecto". (RO 0000186-90.2016.5.07.0018: TRT 7 - da prova testemunhal quando demonstradas robustez e segurança
1ªT - rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - Data de Julgamento no depoimento, apta a demover a situação documentada.
RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ.CONFISSÃO unicidade contratual postulada está condicionado à demonstração
QUANTO À MATÉRIA DE FATO. ENTE PÚBLICO. Conforme de que o empregado prestou serviços ininterruptamente ou da
disposto no artigo 844 da CLT, Súmula n. 74 do C. TST e OJ n. 152 ocorrência de fraude na celebração do contrato posterior, com a
da SDI-1-TST, aplica-se à parte a pena de confissão quanto à finalidade de aviltar os direitos trabalhistas, o que não se verificou
matéria de fato, mesmo que se trate de ente público, quando ela for na hipótese vertente. Além disso, como constou da decisão
devidamente intimada a comparecer à audiência de instrução, com recorrida, constata-se que a reclamante recebeu as verbas
a cominação expressa de que sua ausência implicará pena de rescisórias pertinentes ao término do primeiro contrato, o que afasta
confissão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO a pretensão autoral, à luz do disposto no art. 453 da CLT.Recursos
PÚBLICA. CULPA "IN VIGILANDO". SÚMULA 331, V, DO TST. conhecidos, mas desprovidos.
Cabe ao ente público, quando postulada em juízo sua (TRT da 7ª Região; Processo: 0001657-49.2017.5.07.0005; Data:
responsabilização pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pelo 21-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Plauto Carneiro Porto - 1ª
prestador de serviços, carrear aos autos os elementos necessários Turma; Relator(a): PLAUTO CARNEIRO PORTO)
à formação do convencimento (arts. 373, II, do CPC e 818 da CLT), RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. PRELIMINARES.
ou seja, provas suficientes à comprovação de que cumpriu o dever NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.
disposto em lei de fiscalizar a execução do contrato administrativo. PROVA ORAL EMPRESTADA. IDENTIDADE FÁTICA. Compete ao
Não se desincumbindo desse ônus,como no caso dos autos, magistrado apreciar livremente as provas produzidas nos autos,
forçoso reconhecer a culpa "in vigilando" do ente público, fazendo bem como indeferir as diligências que se revelam inúteis ou
incidir a sua responsabilidade subsidiária, nos termos da Súmula meramente protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015.
331, V, do TST.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova oral, por si só,
DEFERIMENTO. PROVA TÉCNICA CONCLUSIVA. A teor do não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando o Juízo
disposto no art. 195, da CLT, a caracterização do trabalho monocrático entendeu desnecessária a produção de prova oral,
periculoso faz-se mediante a imprescindível realização de perícia tendo em conta a repetição excessiva de demandas análogas no
técnica. Concluindo o laudo pericial que "Baseados nos dados foro, incluindo região metropolitana, bem como a realização de
coletados, nos autos do e no conteúdo da Portaria Ministerial várias audiências de instrução sobre a mesma matéria controvertida
3.214/78, NR15 anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), anexo 14 dos presentes autos. Preliminar rejeitada. JULGAMENTO "EXTRA
(agentes biológicos) e NR16 anexo 3 (Atividades e operações PETITA". Tendo o Magistrado aplicado a norma que, sob a sua
perigosas com exposição a roubos e outras espécies de violência ótica, melhor se adequa ao caso concreto e considerando que a
física nas atividades profissionais de segurança pessoal e decisão está baseada nos fatos narrados pelas partes e na prova
patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso produzida nos autos, a sentença foi proferida dentro dos limites da
parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE PERICULOSIDADE, pois lide. No ordenamento pátrio, vige o princípio do "iura novit curia",
o obreiro estava em situação análoga as das apontadas nas normas segundo o qual o magistrado, por ser conhecedor do ordenamento
e em situação de RISCO GRAVE E IMINENTE, e que os riscos não jurídico, não está limitado às regras indicadas pelos litigantes.
foram neutralizados ou atenuados pelas medidas coletivas e Preliminar rejeitada. QUESTÃO PREJUDICIAL. TERCEIRIZAÇÃO
individuais de Segurança e Saúde do Trabalho", e inexistindo nos ILÍCITA RECONHECIDA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE LASTRO
autos elementos outros que formem a convicção necessária para PROBATÓRIO. DECISÃO REFORMADA. O Juízo singular concluiu
derruir a prova técnica, não merece ser alterada a decisão que pela ilegalidade da terceirização de serviços, pela nulidade da
deferiu o adicional de periculosidade. RECURSO ADESIVO DA contratação empregatícia com o 1º reclamado, bem assim pela
contratação do reclamante com a própria Administração Pública Anexo 3, da NR 16, aprovado pela Portaria nº1.885/2013, do MTE,
(Estado do Ceará) e considerando, ainda, que a contratação de 03/12/2013. Sentença reformada, no tópico. SUPRESSÃO DO
fraudulenta tem efeitos mínimos (Súmula n. 363, do C. TST), INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE
restritos a salários e FGTS, parcelas estas que foram adimplidas, PONTO CONSIDERADOS INVÁLIDOS. INCIDÊNCIA DO
julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial. A sentença ENTENDIMENTO FIRMADO NA SÚMULA 338, DO TST. Tendo em
merece reforma, no particular, eis que não exsurge dos autos vista que os controles de ponto colacionados pelo 1º reclamado são
qualquer elemento que indique a existência de fraude à imprestáveis como meio de prova, já que trazem horários de
terceirização havida entre os reclamados, razão pela qual mostra-se trabalho britânicos, aplicando-se à hipótese, portanto, o item III, da
inviável a conclusão do magistrado sentenciante. Nulidade da Súmula nº 338, do TST, e considerando que o réu não se
contratação afastada. Sentença reformada. MÉRITO. desincumbiu de demonstrar a fruição regular da pausa para repouso
SOCIOEDUCADORES. CONDIÇÕES DE TRABALHO e alimentação, devido o pagamento, nos termos do art. 71, § 4º, da
PERIGOSAS. ADEQUAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESCRITAS NO CLT, de uma hora extra diária pela supressão do intervalo em
ART. 193, II, DA CLT. REGULAMENTAÇÃO DEFINIDA PELA referência, com reflexos, dada a habitualidade da verba, no período
PORTARIA Nº1.885/2013. ITEM 1, ANEXO 3, DA NR-16. anterior à Reforma Trabalhista. Posteriormente à Reforma
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE DEVIDO. ENTENDIMENTO Trabalhista, é devido apenas o lapso suprimido do intervalo
DO TST NO IRR Nº1001796-60.2014.5.02.0382 (TEMA 16). intrajornada, sem reflexos. Sentença reformada, no particular.
Segundo o disposto no anexo 3, da NR 16, editado por força da ADICIONAL NOTURNO. Considerando a imprestabilidade dos
Portaria nº1.885/2013, publicada em 3 de dezembro de 2013, "As controles de ponto como meio de prova, aplica-se à hipótese, o item
atividades ou operações que impliquem em exposição dos III, da Súmula nº 338, do TST. Assim, tendo em vista a inexistência
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou de prova em sentido contrário, tem-se por correta a jornada alegada
outras espécies de violência física são consideradas perigosas." na inicial, de 19h às 7h, em escalada de 12x36, sendo devido, pois,
Constatado, portanto, que os socioeducadores ou instrutores adicional noturno, relativamente aos meses em que não há
educacionais, que trabalham nos Centros de Ressocialização do comprovação do respectivo pagamento. Sentença reformada.
Estado do Ceará, mantêm contato direto com jovens infratores, ESTADO DO CEARÁ. CONTRATAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO
sujeitando-se a toda espécie de violência física e a risco da própria SOCIAL PARA EXERCER ATRIBUIÇÕES E/OU PARA PRESTAR
vida, forçoso reconhecer a inclusão de sua atividade no rol previsto SERVIÇOS PRÓPRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
no citado Anexo 3, da NR 16, para os fins do direito ao adicional de TERCEIRIZAÇÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE
periculosidade a que se refere o art. 193, II, da CLT. Nesse sentido, FISCALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO CONSTANTE DOS ITENS IV, V
colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao analisar o Tema 16, nos e VI, DA SÚMULA 331, DO TST. O deferimento à instituição privada
autos do IRR - 1001796-60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 das prerrogativas próprias da Administração Pública, consistente no
de outubro de 2021, que "I. O Agente de Apoio Socioeducativo acompanhamento, vigilância ou custódia, e segurança dos jovens
(nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do infratores, internados nos Centros de Ressocialização do Estado do
Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de Ceará, de que é exemplo o Centro Sócio Educativo Dom Bosco,
Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à sem dúvida, constitui terceirização de serviços que atrai a
percepção de adicional de periculosidade, considerado o exercício responsabilidade civil subsidiária do tomador dos serviços pelas
de atividades e operações perigosas, que implicam risco acentuado obrigações trabalhistas não adimplidas pelo empregador, aplicando-
em virtude de exposição permanente a violência física no se, in casu, o entendimento expresso nos itens IV, V e VI, da
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista a
patrimonial em fundação pública estadual." Vigora, portanto, absoluta ausência de provas da fiscalização do cumprimento do
pacificado, no âmbito da Justiça do Trabalho, a partir do novel contrato de trabalho, considerando-se, para esse fim, as obrigações
julgamento da SBDI-1, do TST, o entendimento no sentido de que contratuais e legais. Nesse sentido, o entendimento reiterado dos
os socieducadores ou instrutores educacionais que trabalham nas Tribunais do Trabalho, como se vê da ementa seguinte:
instituições estaduais de custódia de menores em conflito com a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERMO DE CONVÊNIO. CULPA "IN
Lei, têm direito ao adicional de periculosidade, por força do que VIGILANDO". RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO.
resta previsto no art. 193, caput e inciso II, da CLT, e item 1, do POSSIBILIDADE. Conforme entendimento jurisprudencial do TST,
calcado na decisão do STF que declarou a constitucionalidade do "Afirma o Reclamante que cumpria jornada de trabalho, em regime
art. 71 da Lei nº 8.666/93 (ADC 16/DF), remanesce a de escala de dois dias trabalhados, seguidos de dois dias de
responsabilidade subsidiária da administração pública direta e descanso, das 07:00h às 19:00h, com 15 (quinze) minutos de
indireta pelos direitos trabalhistas não adimplidos pelo empregador, intervalo intrajornada. A Reclamada contesta tal alegação aduzindo,
sempre que os referidos entes públicos, tomadores dos serviços, em síntese, que o Reclamante cumpria jornada de trabalho
sejam omissos na fiscalização das obrigações do respectivo correspondente a 2 (dois) plantões de 12h, com descanso de 2
contrato (Súmula 331, inciso IV, do TST). Portanto, não provada a (dois) dias, perfazendo uma carga horária de 192h mensais; e que
fiscalização efetiva de tais obrigações, procede o pedido de ao Reclamante era concedido intervalo intrajornada de 1(uma) hora.
responsabilização subsidiária. Recurso conhecido e parcialmente Considerada a documentação juntada aos autos referente à
provido. (Processo nº0000289-35.2018.5.07.0016, 1ª Turma, frequência de seus empregados (fls. 204/209), constata-se que esta
Relatora: Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante possuía mais de 10 (dez) empregados, laborando no mesmo local
Nepomuceno, julgado em 15 de maio de 2019). Sentença mantida. que o Reclamante. Assim sendo, tem a Reclamada o dever de
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA registrar, por meio dos controles de frequência, os horários de
DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação ajuizada após entrada e saída do empregado, inexistindo determinação legal para
11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento trazido pela que se proceda aos registros diários dos intervalos intrajornada,
Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos honorários desde que a Reclamada comprove que havia préassinalação de
advocatícios. Nessa situação, havendo sucumbência da parte referidos intervalos (art. 74, § 2ª da CLT), observado o disposto nas
reclamada, impõe-se razoável a sua condenação em honorários Súmulas 338 e 437, do TST. A Reclamada juntou aos autos os
advocatícios, na forma prevista no art. 791-A, da CLT. Ademais, controles de frequência (fls. 194/201), cujas anotações eram
considerando o que restou decidido pelo Excelso STF, quando do registradas e assinadas pelo Reclamante, pelo que permanece com
julgamento da ADI 5766, de 20.10.2021, em que se declarou a o Reclamante o ônus de comprovar a jornada de trabalho indicada
não existe base jurídica para se condenar o beneficiário da justiça A testemunha apresentada pela Reclamada afirmou "que havia
gratuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. intervalo para almoço dos socioeducadores no Centro
Sentença reformada.Recurso ordinário do reclamante conhecido; Socioeducativo Passaré; que os socioeducadores que atuavam no
rejeitadas as preliminares de nulidade processual por cerceamento referido centro gozavam de uma hora de intervalo intrajornada,
de defesa e por julgamento extra petita e, no mérito, apelo sendo divididos em dois grupos, os quais revezavam o horário de
(TRT da 7ª Região; Processo: 0000789-34.2018.5.07.0006; Data: outra metade estivesse no gozo do intervalo; que já ocorreu de o
10-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Durval Cesar de depoente almoçar com os socioeducadores durante o intervalo
Vasconcelos Maia - 1ª Turma; Relator(a): DURVAL CESAR DE intrajornada no Centro Socioeducativo do Passaré" (fls. 733/734).
Portanto, o conjunto probatório deixa patente que a parte trabalhava das 07:00 às 19:00 horas, com 30 minutos de intervalo,
reclamante, efetivamente, estava submetida a risco considerável, em escala de dois dias trabalhados seguidos de dois dias de folga"
justificando o pagamento do adicional de periculosidade deferido na (fls. 733), o que diverge da carga horária indicada na exordial em
Recurso improvido nesse tópico. verifica-se que o Reclamante cumpria jornada de trabalho em
DO RECURSO ORDINÁRIO DE GLEYVANILDO DOS SANTOS regime de escala corresponde a dois dias trabalhados, com carga
O apelante se insurge contra a sentença que indeferiu o pedido de registro, em alguns deles, de 1(uma) hora de intervalo intrajornada,
intervalo intrajornada, horas extras, requerendo a aplicação da o que é confirmado pela prova testemunhal. Ressalte-se que na
revelia e confissão ficta ao ente estatal e que seja condenado ficha de registro de empregado assinada pelo Reclamante resta
subsidiariamente pelo pagamento das verbas da condenação, no assinalado o intervalo de 1(uma) hora. O Reclamante não produziu
caso de inadimplemento por parte do reclamado principal. prova oral ou documental que comprovasse suas alegações.
DAS VERBAS QUESTIONADAS. Sopesada a prova produzida nos autos, fica reconhecido por este
Sobre o tema assim decidiu o juízo a quo: Juízo que o Reclamante trabalhava em regime de dois dias
trabalhados seguidos de dois dias de descanso, em jornada diária considerando a Cláusula Décima Quinta do ACT 2016/2017 (Grupo
de doze horas, no horário das 07:00 às 19:00h, com intervalo I), que dispõe uma carga honorária semanal de 44 horas, conclui-se
intrajornada de 1 (uma) hora. que o recorrente laborava, em excesso, 4 horas em duas semanas
A cláusula décima quinta do ACT 2016/2017, vigente durante o no mês. Em assim sendo, impõe-se o deferimento das horas extras
período do pacto laboral, estabelece jornada de trabalho de 44 excedentes de 4 horas em duas semanas por mês, com adicional
(quarenta e quatro) semanais, com carga horária mensal de 176 de 50% sobre o valor da hora normal, considerando o aviso prévio
horas (fls. 79), pelo que a jornada de trabalho do Reclamante em trabalhado, com reflexos sobre férias, 13º salário, FGTS,
regime de plantão não encontra respaldo em dito instrumento indenização de 40% do FGTS e RSR, tudo com base no salário
sentença resulta em que o Reclamante, no mês, trabalhava em Recurso provido nesse particular.
média duas semanas, com carga horária de 44 horas cada, e outras DA REVELIA E CONFISSÃO FICTA DO ESTADO DO CEARÁ.
duas semanas, com carga horária de 33 horas cada. No contrato de Quanto ao tema, entendo que o Decreto-Lei 779/1969, que dispõe
trabalho do Reclamante há previsão para compensação de jornada sobre as prerrogativas da Administração Pública no processo do
dentro da mesma semana (fls. 210). Outrossim, restou reconhecido trabalho, não veda a aplicação da revelia às pessoas jurídicas de
que a Reclamada concedia o intervalo intrajornada, com duração de direito público. E o artigo 844 da CLT não faz distinção em relação
1(uma) hora, o que atende ao disposto no art. 71, caput, da CLT. aos destinatários da norma, não estabelecendo nenhum privilégio à
dias que não houve labor, não havendo, pois, configuração de Nessa linha de raciocínio, a jurisprudência do TST firmou-se no
No tocante ao intervalo intrajornada, a sentença não merece público. Para o c.TST, entender de forma diversa seria negar
reforma, sobretudo quando o reclamante não fez prova de que vigência aos princípios constitucionais da igualdade das partes, do
fizesse jus à hora intervalar. contraditório, bem como o da ampla defesa. Portanto, se o ente
Dos controles de frequência juntados com a defesa, percebe-se que público deixa de praticar o ato processual, mesmo diante de todas
havia mês que o autor apontava o gozo de uma hora de intervalo as prerrogativas legais de que dispõe, não há como afastar a
para repouso e havia mês que nada registrava. Em seu depoimento aplicação do disposto no artigo 844 da CLT.
(ata ID 625c117) afirmou que usufruía um intervalo de 30 minutos e A propósito, nesse sentido é a Orientação Jurisprudencial nº 152, da
nos controles de frequência esse período já era de uma hora. O SDI-1, do TST, verbis:
depoimento da testemunha do reclamado (ata ID 625c117), foi "OJ 152. SDI - 1, do TST. REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE
enfático e elucidativo para afirmar que "...havia intervalo para DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL. (ART. 844 DA CLT) (inserido
almoço dos sócio educadores no Centro Socioeducativo Passaré; dispositivo) - DJ 20.04.2005. Pessoa jurídica de direito público
que os socioeducadores que atuavam no referido centro gozavam sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.".
de uma hora de intervalo intrajornada, sendo divididos em dois Contudo, no presente caso, não houve desídia do ente estatal,
grupos, os quais revezavam o horário de intervalo de forma que porquanto atentou ao teor da Resolução No. 2/CGT, de 23 de julho
metade estivesse em atividade enquanto a outra metade estivesse de 2013, do Tribunal Superior do Trabalho, e à recomendação do
Quanto às horas extras, o autor afirmou que laborava 02 plantões "Art. 1º Recomendar aos Senhores Juízes Titulares e Substitutos
de 12 horas e folgava 48 horas, o que equivalia a 192 horas vinculados ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região que nos
mensais, tal fato não foi objeto de contestação por parte do processos em que são partes os entes incluídos na definição legal
reclamado principal. Contudo, essa jornada não estava prevista na de Fazenda Pública:
Desse modo, não provada a previsão em norma coletiva quanto ao requerimento de quaisquer dos litigantes, restar demonstrado
labor em regime especial no período de 06/07/2016 até 22/01/2017 inequívoco interesse na celebração de acordo;
(extinção do contrato), é fato que o reclamante trabalhava, em II - seja(m) citado(s) o(s) reclamado(s) para, no prazo de 20 (vinte)
média duas semanas, com carga horária de 48 horas semanais, e dias, apresentar defesa escrita perante a Secretaria da Vara do
outras duas semanas, com carga horária de 36 horas cada. Assim, Trabalho ou na forma prevista no Processo Judicial Eletrônico (PJe-
JT), que deverá ser acompanhada dos documentos que a instruem, da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de
sob pena de revelia e confissão em relação à matéria de fato." inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade
Nesse contexto, ocorreria a revelia se o ente estatal não tivesse dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas
atendido ao que prevê o Inciso II, do Provimento acima prescrito. que lhes prestam serviço.
Ademais, registre-se que na contestação foi requerida a adoção da Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o
recomendação adotada por este Regional. dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se
Alega o recorrente que o ente estatal como tomadora de serviços trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando
não cumpria com as suas obrigações previstas na Lei nº 8.666/93, não adimplidos pelo contratado.
aplicáveis ao convênio por forçada Lei nº 9.637/98. Ressalta que o Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi
convênio afirmado pelo ente público não afasta sua excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do
responsabilidade pelos haveres trabalhistas inadimplidos pela STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração
primeira ré. Aduz ainda, entre outras pronunciações jurídicas, que o Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.
Estado do Ceará foi omisso na sua obrigação de fiscalizar o Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a
cumprimento das obrigações trabalhistas da empregadora, devendo constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a
portanto ser responsabilizado subsidiariamente na presente lide. transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da
Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira reclamada e responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente
da responsabilidade subsidiária do ente estatal. público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá
Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais
promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da
contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".
contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado, Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento
não se admitindo queira o poder público eximir-se de consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o
responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:
de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e
O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no
decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST, cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações
art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas contratuais e legais da prestadora de serviço como
trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas. Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública
Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,
proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de
art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia, prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67
que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das
responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto
permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade
fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos
serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do
afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida
Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma
responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a
qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.
elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento
a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do
imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art.
combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. 71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a
A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e
qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do
Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os
cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na
estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do
honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do
Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Trabalho).
contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.
regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo
Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na
fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização
contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados
direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, à execução de contrato administrativo quando configurada a
via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na
triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição
melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição
mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.
a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011)."
Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de
probatório que dos autos consta não há provas do ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a
acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento responsabilização do poder público deveria ser examinada diante
daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da de cada caso concreto, nos seguintes termos:
idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC
do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a
mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,
Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de
prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no
estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela
negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento administração pública, devidamente comprovado no caso
jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado
para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"
se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das
como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC). culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no
chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas Diretor de Secretaria
prévio trabalhado, tudo com reflexos sobre férias, 13º salário, FGTS, PODER JUDICIÁRIO
indenização de 40% do FGTS e RSR, tudo com base no salário JUSTIÇA DO
indicado na sentença recorrida e defere-se ainda a inclusão do
prestadores de serviços, conquanto não foram criteriosos na Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,
escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações intrínsecos e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.
da administração estadual, no cumprimento das obrigações Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente
dispostas na Lei nº 8.666/1993, é a hipótese sobre o contratante litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde16/04/2020, no
responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo
inadimplidos pela contratada, consoante o entendimento plasmado autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por
no item V da Súmula 331 do TST. Recurso conhecido e improvido. consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de
RECURSO ADESIVO DE JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a
SOUZA FILHO. PRORROGAÇÃO DA HORA NOTURNA PARA A ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos
entre 19h e 7h, a teor da Súmula 60, do c.TST (artigo 73 e §§ 4º e DO RECURSO ORDINÁRIO DO M. C. J . - MOVIMENTO
5º, da CLT, faz jus o recorrente ao acréscimo de 20% da hora CONSCIÊNCIA JOVEM
normal. Recurso conhecido e parcialmente provido. DO INTERVALO INTRAJORNADA E DAS HORAS EXTRAS.
RELATÓRIO citadas verbas. Afirmando que "Recorrido contava com uma hora de
O M. C. J . - MOVIMENTO CONSCIENCIA JOVEM interpôs recurso intervalo para refeição e descanso. Para corroborar com esse
ordinário (ID 92da623), tempestivamente (certidão ID 35f4506), entendimento, acrescente-se que a jornada de trabalho do
pleiteando, preliminarmente, a suspensão do feito no aguardo da Recorrido estava autorizada por acordo coletivo de trabalho vigente
decisão a ser proferida no processo TST-RR-1001796- à época" e no que se refere às horas extras assim se manifestou
60.2014.5.02.0382, de relatoria do Ministro Hugo Carlos "...o trabalho extraordinário após a oitava hora diária é
Scheuermann, c. TST, em Incidente do Recurso de Revista imediatamente compensado nos dois dias subsequentes, com
Repetitivo, que trata da hipótese de concessão de adicional de folgas, motivo pelo qual, não podem ser consideradas como horas
o pedido de horas extras, intervalo intrajornada, adicional de Sobre tema assim constou na sentença a quo:
periculosidade e honorários sucumbência recíproca. "O reclamante afirma que laborava em jornada dupla, das 19:00hs
O ESTADO DO CEARÁ também manejou recurso ordinário de ID às 07:00hs. A primeira reclamada aduz que não houve
f842508, no prazo legal, conforme certidão de ID 35f4506, sobrejornada, e que realmente o reclamante trabalhava em jornada
pretendendo reformar a sentença na parte em que foi sucumbente. dupla, das 19:00hs às 07:00hs, e que a partir de janeiro de 2016 até
O reclamante, JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE SOUZA FILHO, o encerramento do último contrato, passou a trabalhar na jornada
manejou recurso adesivo de ID 62044fa, tempestivamente, de 12x36. Informa, ainda, que as jornadas estavam autorizadas por
que lhe indeferiu parte dos pedidos exordiais. A primeira reclamada juntou aos autos Convenções Coletivas de
As partes apresentaram contrarrazões de Ids 652243b, 8138ef2, Trabalho. Observa-se que a jornada dupla de trabalho foi autorizada
83c6f50, 1dfcf8f ), no prazo legal. por norma coletiva. Entretanto, verifica-se que o Acordo Coletivo
O Ministério Público do Trabalho apresentou Parecer de ID 33f2ddd, 2016/2017, fls.626, em sua cláusula décima quinta não estabeleceu
opinando pelo conhecimento e desprovimento dos apelos dos a jornada dupla, mas sim jornadas de trabalho de 44,40 e 30 horas
que laborava na escala de dois plantões e folgava dois. Restou 19hs às 07hs. Trata-se de jornada mista compreendendo hora
demonstrado nos autos que o reclamante durante o período noturna e hora diurna. No período compreendido na hora noturna
contratual sempre trabalhou em jornada dupla. O acordo coletivo faz jus o reclamante o recebimento da hora noturna acrescida do
2016/2017 alcançou o contrato de trabalho do reclamante a partir de adicional de 20%, o que o próprio reclamante reconheceu que era
Assim sendo, considerando que referido Acordo Coletivo não compreendido na hora diurna faz jus ao reclamante a hora normal
estabeleceu jornada dupla, restam devidas as horas extras que (prorrogação de jornada noturna para a diurna - período de 05hs às
ultrapassarem a 44ª semanal, considerando a jornada de 12h de 07hs), devendo ser remunerado a hora normal com o acréscimo de
trabalho em dois dias consecutivos, seguido de dois dias de folga, 20% conforme entendimento consolidado na súmula 60 do TST
com adicional de 50%, a partir de 01.02.2016 até a dispensa do (artigo 73 e parágrafos quarto e quinta da CLT).".
reclamante 23.01.2017 (já com aviso prévio trabalhado),com Comungo, adoto e compartilho dessa decisão, que passa a integrar
FGTS + multa de 40%; bem com apenas o adicional de 50% sobre Como bem definiu o juiz sentenciante, o recorrente não logrou êxito
as horas excedentes a oitava diária, conforme entendimento em prova que o reclamante gozava do intervalo intrajornada, com a
apresentado na súmula 85, IV do TST : "IV. A prestação de horas juntada dos controles de ponto, assim, merece ser mantida a
jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada Quanto às horas extras, o magistrado de piso bem concluiu ao
semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, deferir às horas excedentes.
quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais É que, deliberadamente, o recorrente descumpriu a ACT que não
apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ nº 220 da previa esse tipo de jornada dupla (12 horas por 2 dias de
SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)". descanso), assim, uma vez comprovado nos autos que o autor
O reclamante alegou, ainda, que não tinha o intervalo intrajornada cumpria jornada além daquela prevista na ACT (2016/2017), tem
de 01 hora em cada 12 horas. Em sua defesa a primeira reclamada direito a receber o excedente às 44 horas semanais.
afirma que era concedido o intervalo de 01 hora para refeição e Recurso improvido quanto aos temas.
A testemunha convidada pelo autor disse que somente havia Sobre o tema, assim se referiu o juízo sentenciante de primeiro
fl.807. Outrossim a primeira reclamada não apresentou o controle "2.7 Adicional de periculosidade. Repercussões.
Em razão da reclamada não ter juntado aos autos os controles de de estabelecimento destinado à internação de adolescentes
ponto assinados pelo reclamante, julgo que deverá prevalecer a infratores (estabelecimento do Estado do Ceará), por intermédio da
versão apresentada pelo autor (não tinha o intervalo de 01 hora), primeira reclamada.
por força do disposto no artigo 74, paragrafo 2º da CLT, Com relação ao pedido do adicional de periculosidade, observo que
entendimento apresentado na súmula 338 do TST e ainda com depois da entrada em vigor da Lei n. 12.740/2012 passou a ser
base no depoimento da testemunha convidada pelo reclamante. devido o adicional de periculosidade para os empregados que
Com base no exposto, julgo procedente o pedido de uma hora de trabalham sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de
intervalo por dia de serviço na escala de trabalho de 12 x 36 horas, violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal
A verba deferida, por ter natureza jurídica salarial na época da estabelece que o adicional de periculosidade somente é devido para
prestação dos serviços repercute nos cálculos das férias mais 1/3, os empregados de empresas prestadoras de serviços nas
gratificações natalinas, FGTS + 40% e aviso prévio indenizado e atividades de segurança privada (lei 7.102) e empregados que
horário noturno ao diurno, julgo procedente o pedido. Verifico que a Observo que a prova pericial constante nos autos, laudo de
jornada de trabalho normal de 12hs do reclamante estendia-se das fls.748/772, concluiu que as atividades realizadas pelo reclamante
não são consideradas periculosas. No entanto, O Juiz não está atendimento socioeducativo destinado a adolescentes infratores,
adstrito à prova pericial, podendo firmar seu convencimento por como no caso em apreço. Recurso de revista conhecido e provido.
outros meios de prova. Apesar da conclusão do laudo pericial, este Com base no exposto, e devido ao risco da atividade profissional
magistrado vem se posicionando no sentido de deferir o adicional, exercida pelo reclamante, sujeito a risco de agressões e as
conforme entendimento abaixo: rebeliões dos internos que acontece com alguma frequência no
No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com estabelecimento, conforme prova testemunhal, mantenho meu
adolescentes infratores, sendo possível interpretar que a situação posicionamento, e julgo procedente o pedido do adicional de
do reclamante fica enquadrada nos itens 02. "b" e 03 do anexo III da periculosidade, durante todo o contrato, no percentual de 30% sobre
NR-16. Isso porque o reclamante fiscalizava e tinha contato direto o salário básico, observada a prescrição quinquenal. ".
com jovens infratores, com evidente possibilidade de sofrer É inquestionável que a parte reclamante prestou serviços no interior
violência física por parte dos internos. de estabelecimento destinado à internação de adolescentes
A Lei 12.594/2012 instituiu o Sistema Nacional de Atendimento infratores, por intermédio do primeiro reclamado.
Socioeducativo (Sinase) que vem a ser "o conjunto ordenado de A perícia anexada aos autos (Laudo ID 2e4deb5) concluiu que as
princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas atividades realizadas pelo reclamante não são consideradas
estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o
políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em adicional de periculosidade para os empregados que trabalham
conflito com a lei". sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de violência física nas
O Decreto 6.170/2007 autoriza celebração de convênio com atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
entidade sem fins lucrativos para desempenhar determinadas O anexo III da NR-16 regulamenta que o artigo 193, II da CLT e
atividades (artigo 1º). estabelece que o adicional somente é devido para os empregados
Apesar da autorização conferida pela norma jurídica mencionada de empresas prestadoras de serviços nas atividades de segurança
para celebração de convênios entre o Estado e entidade sem fins privada (Lei nº7.102) e empregados que exercem atividade de
lucrativos, o TST vem decidindo ser devido o adicional de segurança patrimonial em instalações metroviárias etc.
periculosidade nessa situação, por ser possível enquadrá-la na No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com
Transcrevo ementa de decisão judicial. O TST vem decidindo ser devido o adicional de periculosidade
Ementa: RECURSO DE REVISTA. INTERPOSTO SOB A ÉGIDE nessa situação, por ser possível enquadrá-la na alínea "b" do item
DESTINADO A ADOLESCENTES INFRATORES. 1. O adicional de PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO CASA.
periculosidade previsto no artigo 193, inciso II, da CLT, incluído pela AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Ante a provável violação
Lei nº 12.740/2012, deve ser pago ao trabalhador que se exponha do artigo 193, II, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de
permanentemente a "roubos ou outras espécies de violência física instrumento para o regular processamento do recurso de revista.
nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial". Agravo de instrumento conhecido e provido. II- RECURSO DE
2. Nesse contexto, em 2.12.2013, foi aprovada a Portaria nº 1.885 REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA
do MTE, que acrescentou o Anexo 3 à NR-16 e definiu as atividades CLT. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO
e operações que se enquadram na situação de periculosidade SOCIOEDUCATIVO. No caso concreto, as atividades do autor,
descrita na CLT. 3. O reclamante, na função de agente de apoio agente de apoio socioeducativo, foram assim descritas pelo acórdão
socioeducativo, ajusta-se à situação prevista no item 2, "b", do do Regional: "Os agentes têm como atribuição prestar atendimento
mencionado anexo: "empregados que exercem a atividade de em situação de conflito e garantir as condições de segurança física
segurança patrimonial ou pessoal em instalações metroviárias, dos educadores e educandos através de monitoramento,
ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e de bens observação, vigilância e contenção" (fl. 175). Assim, extrai-se da
públicos, contratados diretamente pela administração pública direta decisão recorrida que o autor exercia a segurança pessoal dos
ou indireta". 4. Portanto, o adicional de periculosidade é devido aos menores infratores e educadores, constatando-se submissão a um
empregados que exercem atividades profissionais em centro de ambiente de trabalho hostil e perigoso, sujeito a violência física,
enquadrando-se, dessa forma, no artigo 193, II, da CLT e no Anexo intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e
3 da NR 16 da Portaria 1.885/MT, haja vista a exposição a mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas"
situações de risco. Dessa forma, o adicional de periculosidade é (Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e
devido aos empregados que exercem atividades profissionais em atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de
centro de atendimento socioeducativo destinado a adolescentes Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio
infratores, como no caso dos autos. Precedentes. Recurso de Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por
revista conhecido por violação do art. 193, II, da CLT e provido. ( sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em
RR - 2622-57.2014.5.02.0074 , Relator Ministro: Alexandre de virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física
Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/09/2017, 3ª Turma, nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial
Data de Publicação: DEJT 22/09/2017)Foi determinada a realização (art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.)
de perícia técnica, tendo sido obtida a seguinte conclusão pelo 4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de
perito nomeado "(...)Baseados nos dados coletados, nos autos do e segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação
no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR16, Anexo 3 pública estadual, contratados diretamente pela administração
(Atividades e operações perigosas com exposição a roubos e outras pública indireta - hipótese prevista no item 2, letra 'b', do Anexo 3 da
espécies de violência física nas atividades profissionais de NR 16. 5. Os Agentes de Apoio Socioeducativo desempenham
segurança pessoal e patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio
02.12.2013 e é de nosso parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE (...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento
PERICULOSIDADE, pois o obreiro estava em situação análoga as e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos,
das apontadas em norma e em situação de RISCO GRAVE E empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no
EMINENTE, já que o risco não foi neutralizado pelas medidas quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho,
coletivas e individuais de Segurança e Saúde do Trabalho(...)". que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do
Observa-se que, embora não se trate de trabalho em presídio, o presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio
ambiente laboral do reclamante consiste em centro educacional que Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do
abriga menores em conflito com a lei, configurando a hipótese de Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos
periculosidade prevista no art. 193, II, da CLT e no Anexo n° 3 da cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz
NR 16, aprovado pela Portaria n° 1.885/2013, nas mesmas jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o
condições que a jurisprudência do TST reconhece em relação aos exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco
Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796- desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e
60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021, patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários
decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI- decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio
"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da
PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16".
São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se:
segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova "AGENTE SOCIOEDUCADOR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do POR ATIVIDADE EXERCIDA COM MENORES INFRATORES.
cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis AMBIENTE LABORAL PERIGOSO. DEFERIMENTO. Ficou provado
pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a nos autos que o reclamante, no trabalho diário de instrutor
integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais, educacional/agente socioeducador, exercia suas atividades
contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a exatamente no mesmo ambiente hostil e perigoso que os agentes
execução da medida socioeducativa. "São profissionais de apoio socioeducativo, e, ainda com mais razão, atuando em
responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações contato direto com os internos que promoviam brigas e rebeliões,
preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e como o caso descrito pelas defesas dos reclamados, do qual
auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e resultou o episódio narrado de tortura contra os menores e a prisão
do reclamante e de outros nove agentes socioeducadores por foram neutralizados ou atenuados pelas medidas coletivas e
determinação da autoridade judicial responsável pela apuração individuais de Segurança e Saúde do Trabalho", e inexistindo nos
criminal. Nesse contexto, é inequívoco que o ambiente laboral do autos elementos outros que formem a convicção necessária para
reclamante, no qual suportava ofensas e ameaças físicas e morais, derruir a prova técnica, não merece ser alterada a decisão que
configurava sim a hipótese de periculosidade prevista no art. 193, II, deferiu o adicional de periculosidade. RECURSO ADESIVO DA
da CLT e no Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n° RECLAMANTEDO INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS
1.885/2013, nas mesmas condições que a jurisprudência do TST EXTRAS. Corretos os fundamentos de origem, os quais se
reconhece em relação aos agentes de apoio socioeducativo, razão escudaram na prova testemunhal produzida. De se ressaltar que,
pela qual faz jus, em idênticas condições, ao pagamento de conquanto inexista, no ordenamento jurídico, hierarquia entre a
adicional de periculosidade, no importe de 30% sobre a prova documental e testemunhal, em decorrência do princípio da
remuneração do período prescricional quinquenal. Recurso adesivo persuasão racional para valoração da prova, certa é a prevalência
provido nesse aspecto". (RO 0000186-90.2016.5.07.0018: TRT 7 - da prova testemunhal quando demonstradas robustez e segurança
1ªT - rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - Data de Julgamento no depoimento, apta a demover a situação documentada.
RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ.CONFISSÃO unicidade contratual postulada está condicionado à demonstração
QUANTO À MATÉRIA DE FATO. ENTE PÚBLICO. Conforme de que o empregado prestou serviços ininterruptamente ou da
disposto no artigo 844 da CLT, Súmula n. 74 do C. TST e OJ n. 152 ocorrência de fraude na celebração do contrato posterior, com a
da SDI-1-TST, aplica-se à parte a pena de confissão quanto à finalidade de aviltar os direitos trabalhistas, o que não se verificou
matéria de fato, mesmo que se trate de ente público, quando ela for na hipótese vertente. Além disso, como constou da decisão
devidamente intimada a comparecer à audiência de instrução, com recorrida, constata-se que a reclamante recebeu as verbas
a cominação expressa de que sua ausência implicará pena de rescisórias pertinentes ao término do primeiro contrato, o que afasta
confissão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO a pretensão autoral, à luz do disposto no art. 453 da CLT. Recursos
PÚBLICA. CULPA "IN VIGILANDO". SÚMULA 331, V, DO TST. conhecidos, mas desprovidos.
Cabe ao ente público, quando postulada em juízo sua (TRT da 7ª Região; Processo: 0001657-49.2017.5.07.0005; Data:
responsabilização pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pelo 21-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Plauto Carneiro Porto - 1ª
prestador de serviços, carrear aos autos os elementos necessários Turma; Relator(a): PLAUTO CARNEIRO PORTO)
à formação do convencimento (arts. 373, II, do CPC e 818 da CLT), RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. PRELIMINARES.
ou seja, provas suficientes à comprovação de que cumpriu o dever NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.
disposto em lei de fiscalizar a execução do contrato administrativo. PROVA ORAL EMPRESTADA. IDENTIDADE FÁTICA. Compete ao
Não se desincumbindo desse ônus,como no caso dos autos, magistrado apreciar livremente as provas produzidas nos autos,
forçoso reconhecer a culpa "in vigilando" do ente público, fazendo bem como indeferir as diligências que se revelam inúteis ou
incidir a sua responsabilidade subsidiária, nos termos da Súmula meramente protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015.
331, V, do TST.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova oral, por si só,
DEFERIMENTO. PROVA TÉCNICA CONCLUSIVA. A teor do não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando o Juízo
disposto no art. 195, da CLT, a caracterização do trabalho monocrático entendeu desnecessária a produção de prova oral,
periculoso faz-se mediante a imprescindível realização de perícia tendo em conta a repetição excessiva de demandas análogas no
técnica. Concluindo o laudo pericial que "Baseados nos dados foro, incluindo região metropolitana, bem como a realização de
coletados, nos autos do e no conteúdo da Portaria Ministerial várias audiências de instrução sobre a mesma matéria controvertida
3.214/78, NR15 anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), anexo 14 dos presentes autos. Preliminar rejeitada. JULGAMENTO "EXTRA
(agentes biológicos) e NR16 anexo 3 (Atividades e operações PETITA". Tendo o Magistrado aplicado a norma que, sob a sua
perigosas com exposição a roubos e outras espécies de violência ótica, melhor se adequa ao caso concreto e considerando que a
física nas atividades profissionais de segurança pessoal e decisão está baseada nos fatos narrados pelas partes e na prova
patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso produzida nos autos, a sentença foi proferida dentro dos limites da
parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE PERICULOSIDADE, pois lide. No ordenamento pátrio, vige o princípio do "iura novit curia",
o obreiro estava em situação análoga as das apontadas nas normas segundo o qual o magistrado, por ser conhecedor do ordenamento
e em situação de RISCO GRAVE E IMINENTE, e que os riscos não jurídico, não está limitado às regras indicadas pelos litigantes.
Preliminar rejeitada. QUESTÃO PREJUDICIAL. TERCEIRIZAÇÃO julgamento da SBDI-1, do TST, o entendimento no sentido de que
ILÍCITA RECONHECIDA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE LASTRO os socieducadores ou instrutores educacionais que trabalham nas
PROBATÓRIO. DECISÃO REFORMADA. O Juízo singular concluiu instituições estaduais de custódia de menores em conflito com a
pela ilegalidade da terceirização de serviços, pela nulidade da Lei, têm direito ao adicional de periculosidade, por força do que
contratação empregatícia com o 1º reclamado, bem assim pela resta previsto no art. 193, caput e inciso II, da CLT, e item 1, do
contratação do reclamante com a própria Administração Pública Anexo 3, da NR 16, aprovado pela Portaria nº1.885/2013, do MTE,
(Estado do Ceará) e considerando, ainda, que a contratação de 03/12/2013. Sentença reformada, no tópico. SUPRESSÃO DO
fraudulenta tem efeitos mínimos (Súmula n. 363, do C. TST), INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE
restritos a salários e FGTS, parcelas estas que foram adimplidas, PONTO CONSIDERADOS INVÁLIDOS. INCIDÊNCIA DO
julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial. A sentença ENTENDIMENTO FIRMADO NA SÚMULA 338, DO TST. Tendo em
merece reforma, no particular, eis que não exsurge dos autos vista que os controles de ponto colacionados pelo 1º reclamado são
qualquer elemento que indique a existência de fraude à imprestáveis como meio de prova, já que trazem horários de
terceirização havida entre os reclamados, razão pela qual mostra-se trabalho britânicos, aplicando-se à hipótese, portanto, o item III, da
inviável a conclusão do magistrado sentenciante. Nulidade da Súmula nº 338, do TST, e considerando que o réu não se
contratação afastada. Sentença reformada. MÉRITO. desincumbiu de demonstrar a fruição regular da pausa para repouso
SOCIOEDUCADORES. CONDIÇÕES DE TRABALHO e alimentação, devido o pagamento, nos termos do art. 71, § 4º, da
PERIGOSAS. ADEQUAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESCRITAS NO CLT, de uma hora extra diária pela supressão do intervalo em
ART. 193, II, DA CLT. REGULAMENTAÇÃO DEFINIDA PELA referência, com reflexos, dada a habitualidade da verba, no período
PORTARIA Nº1.885/2013. ITEM 1, ANEXO 3, DA NR-16. anterior à Reforma Trabalhista. Posteriormente à Reforma
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE DEVIDO. ENTENDIMENTO Trabalhista, é devido apenas o lapso suprimido do intervalo
DO TST NO IRR Nº1001796-60.2014.5.02.0382 (TEMA 16). intrajornada, sem reflexos. Sentença reformada, no particular.
Segundo o disposto no anexo 3, da NR 16, editado por força da ADICIONAL NOTURNO. Considerando a imprestabilidade dos
Portaria nº1.885/2013, publicada em 3 de dezembro de 2013, "As controles de ponto como meio de prova, aplica-se à hipótese, o item
atividades ou operações que impliquem em exposição dos III, da Súmula nº 338, do TST. Assim, tendo em vista a inexistência
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou de prova em sentido contrário, tem-se por correta a jornada alegada
outras espécies de violência física são consideradas perigosas." na inicial, de 19h às 7h, em escalada de 12x36, sendo devido, pois,
Constatado, portanto, que os socioeducadores ou instrutores adicional noturno, relativamente aos meses em que não há
educacionais, que trabalham nos Centros de Ressocialização do comprovação do respectivo pagamento. Sentença reformada.
Estado do Ceará, mantêm contato direto com jovens infratores, ESTADO DO CEARÁ. CONTRATAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO
sujeitando-se a toda espécie de violência física e a risco da própria SOCIAL PARA EXERCER ATRIBUIÇÕES E/OU PARA PRESTAR
vida, forçoso reconhecer a inclusão de sua atividade no rol previsto SERVIÇOS PRÓPRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
no citado Anexo 3, da NR 16, para os fins do direito ao adicional de TERCEIRIZAÇÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE
periculosidade a que se refere o art. 193, II, da CLT. Nesse sentido, FISCALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO CONSTANTE DOS ITENS IV, V
colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao analisar o Tema 16, nos e VI, DA SÚMULA 331, DO TST. O deferimento à instituição privada
autos do IRR - 1001796-60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 das prerrogativas próprias da Administração Pública, consistente no
de outubro de 2021, que "I. O Agente de Apoio Socioeducativo acompanhamento, vigilância ou custódia, e segurança dos jovens
(nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do infratores, internados nos Centros de Ressocialização do Estado do
Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de Ceará, de que é exemplo o Centro Sócio Educativo Dom Bosco,
Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à sem dúvida, constitui terceirização de serviços que atrai a
percepção de adicional de periculosidade, considerado o exercício responsabilidade civil subsidiária do tomador dos serviços pelas
de atividades e operações perigosas, que implicam risco acentuado obrigações trabalhistas não adimplidas pelo empregador, aplicando-
em virtude de exposição permanente a violência física no se, in casu, o entendimento expresso nos itens IV, V e VI, da
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista a
patrimonial em fundação pública estadual." Vigora, portanto, absoluta ausência de provas da fiscalização do cumprimento do
pacificado, no âmbito da Justiça do Trabalho, a partir do novel contrato de trabalho, considerando-se, para esse fim, as obrigações
contratuais e legais. Nesse sentido, o entendimento reiterado dos situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do
Tribunais do Trabalho, como se vê da ementa seguinte: próprio sustento ou da respectiva família", fundamento da
VIGILANDO". RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO. A sucumbência deferida nos autos está amparada no art. 791-A, da
POSSIBILIDADE. Conforme entendimento jurisprudencial do TST, CLT. Portanto, sem amparo legal a manifestação ao título.
calcado na decisão do STF que declarou a constitucionalidade do DO RECURSO ORDINÁRIO DE JOSÉ CARLOS EVANGELISTA
indireta pelos direitos trabalhistas não adimplidos pelo empregador, Aduz o recorrente faz jus à prorrogação da jornada noturna (das 5h
sempre que os referidos entes públicos, tomadores dos serviços, às 7h), por ser incontroverso que laborava das 19h às 7h e que na
sejam omissos na fiscalização das obrigações do respectivo sentença recorrida houve o deferimento da matéria na
contrato (Súmula 331, inciso IV, do TST). Portanto, não provada a fundamentação e inexplicavelmente não deferiu o pleito na parte
responsabilização subsidiária. Recurso conhecido e parcialmente Sobre o tema assim foi exposto:
provido. (Processo nº0000289-35.2018.5.07.0016, 1ª Turma, "Com relação ao pedido de adicional noturno pela prorrogação do
Relatora: Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante horário noturno ao diurno, julgo procedente o pedido. Verifico que a
Nepomuceno, julgado em 15 de maio de 2019). Sentença mantida. jornada de trabalho normal de 12hs do reclamante estendia-se das
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA 19hs às 07hs. Trata-se de jornada mista compreendendo hora
DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação ajuizada após noturna e hora diurna. No período compreendido na hora noturna
11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento trazido pela faz jus o reclamante o recebimento da hora noturna acrescida do
Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos honorários adicional de 20%, o que o próprio reclamante reconheceu que era
advocatícios. Nessa situação, havendo sucumbência da parte pago, conforme depoimento em audiência. No período
reclamada, impõe-se razoável a sua condenação em honorários compreendido na hora diurna faz jus ao reclamante a hora normal
advocatícios, na forma prevista no art. 791-A, da CLT. Ademais, (prorrogação de jornada noturna para a diurna - período de 05hs às
considerando o que restou decidido pelo Excelso STF, quando do 07hs), devendo ser remunerado a hora normal com o acréscimo de
julgamento da ADI 5766, de 20.10.2021, em que se declarou a 20% conforme entendimento consolidado na súmula 60 do TST
inconstitucionalidade da regra prevista no art. 791-A, §4º, da CLT, já (artigo 73 e parágrafos quarto e quinta da CLT)."
não existe base jurídica para se condenar o beneficiário da justiça As horas em que o autor trabalhou em jornada diurna, depois das
gratuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. 05h00, em regime de prorrogação de jornada, entendo ser aplicável
Sentença reformada.Recurso ordinário do reclamante conhecido; o entendimento da Súmula 60, II, do Colendo TST e artigo 73, §,5 º,
rejeitadas as preliminares de nulidade processual por cerceamento da CLT, sendo devida a prorrogação da jornada noturna para todos
(TRT da 7ª Região; Processo: 0000789-34.2018.5.07.0006; Data: fundamentação do apelo e não constou no dispositivo da sentença.
10-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Durval Cesar de DO RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ.
estava submetida a risco considerável, justificando o pagamento do Não há porque se falar em incompetência desta Justiça na presente
adicional de periculosidade deferido na sentença recorrida. lide, uma vez que não se está a apreciar eventual irregularidade do
Recurso improvido nessa questão. convênio firmado entre a primeira reclamada e o recorrente, mas de
DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. reclamação trabalhista entre empregado e seu empregador, onde o
Alega o recorrente que somente é devido a verba honorária Estado do Ceará foi responsabilizado subsidiariamente, não
sucumbencial apenas quando "...a parte estar assistida por havendo pedido de reconhecimento de vínculo direto com o órgão
salário inferior ao dobro do salário-mínimo ou encontrar-se em Também não se trata da hipótese de ilegitimidade de parte, já que o
recorrente foi corretamente relacionado no polo passivo da responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos
demanda, na condição de litisconsorte, por ser o destinatário e trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando
DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE, DAS HORAS EXTRAS E Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.
As matérias já foram analisadas acima. constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a
Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente
reclamada e da responsabilidade subsidiária do ente estatal. público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá
Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais
promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da
contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".
contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado, Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento
não se admitindo queira o poder público eximir-se de consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o
responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:
de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e
O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no
decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST, cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações
art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas contratuais e legais da prestadora de serviço como
trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas. Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública
Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,
proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de
art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia, prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67
que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das
responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto
permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade
fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos
serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do
afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida
da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da
inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a
dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes
que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano
Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico
dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da
entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.
A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e
qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do
Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os
cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na
estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do
honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do
Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Trabalho).
contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.
regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo
Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na
fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização
contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados
direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, à execução de contrato administrativo quando configurada a
via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na
triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição
melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição
mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.
a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011)."
Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de
probatório que dos autos consta não há provas do ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a
acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento responsabilização do poder público deveria ser examinada diante
daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da de cada caso concreto, nos seguintes termos:
idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC
do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a
mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,
Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de
prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no
estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela
negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento administração pública, devidamente comprovado no caso
jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado
para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"
se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das
como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC). culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no
Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento
regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas
fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública. de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".
71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a Portanto, não prospera o apelo estatal.
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE SOUZA FILHO - CPF
957.835.393-68
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
5º, da CLT, faz jus o recorrente ao acréscimo de 20% da hora CONSCIÊNCIA JOVEM
normal. Recurso conhecido e parcialmente provido. DO INTERVALO INTRAJORNADA E DAS HORAS EXTRAS.
RELATÓRIO citadas verbas. Afirmando que "Recorrido contava com uma hora de
O M. C. J . - MOVIMENTO CONSCIENCIA JOVEM interpôs recurso intervalo para refeição e descanso. Para corroborar com esse
ordinário (ID 92da623), tempestivamente (certidão ID 35f4506), entendimento, acrescente-se que a jornada de trabalho do
pleiteando, preliminarmente, a suspensão do feito no aguardo da Recorrido estava autorizada por acordo coletivo de trabalho vigente
decisão a ser proferida no processo TST-RR-1001796- à época" e no que se refere às horas extras assim se manifestou
60.2014.5.02.0382, de relatoria do Ministro Hugo Carlos "...o trabalho extraordinário após a oitava hora diária é
Scheuermann, c. TST, em Incidente do Recurso de Revista imediatamente compensado nos dois dias subsequentes, com
Repetitivo, que trata da hipótese de concessão de adicional de folgas, motivo pelo qual, não podem ser consideradas como horas
o pedido de horas extras, intervalo intrajornada, adicional de Sobre tema assim constou na sentença a quo:
periculosidade e honorários sucumbência recíproca. "O reclamante afirma que laborava em jornada dupla, das 19:00hs
O ESTADO DO CEARÁ também manejou recurso ordinário de ID às 07:00hs. A primeira reclamada aduz que não houve
f842508, no prazo legal, conforme certidão de ID 35f4506, sobrejornada, e que realmente o reclamante trabalhava em jornada
pretendendo reformar a sentença na parte em que foi sucumbente. dupla, das 19:00hs às 07:00hs, e que a partir de janeiro de 2016 até
O reclamante, JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE SOUZA FILHO, o encerramento do último contrato, passou a trabalhar na jornada
manejou recurso adesivo de ID 62044fa, tempestivamente, de 12x36. Informa, ainda, que as jornadas estavam autorizadas por
que lhe indeferiu parte dos pedidos exordiais. A primeira reclamada juntou aos autos Convenções Coletivas de
As partes apresentaram contrarrazões de Ids 652243b, 8138ef2, Trabalho. Observa-se que a jornada dupla de trabalho foi autorizada
83c6f50, 1dfcf8f ), no prazo legal. por norma coletiva. Entretanto, verifica-se que o Acordo Coletivo
O Ministério Público do Trabalho apresentou Parecer de ID 33f2ddd, 2016/2017, fls.626, em sua cláusula décima quinta não estabeleceu
opinando pelo conhecimento e desprovimento dos apelos dos a jornada dupla, mas sim jornadas de trabalho de 44,40 e 30 horas
intrínsecos e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. Assim sendo, considerando que referido Acordo Coletivo não
Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente trabalho em dois dias consecutivos, seguido de dois dias de folga,
litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde16/04/2020, no com adicional de 50%, a partir de 01.02.2016 até a dispensa do
aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo reclamante 23.01.2017 (já com aviso prévio trabalhado),com
autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por reflexos no repouso semanal remunerado, 13º salário, férias e
consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de FGTS + multa de 40%; bem com apenas o adicional de 50% sobre
periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a as horas excedentes a oitava diária, conforme entendimento
ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos apresentado na súmula 85, IV do TST : "IV. A prestação de horas
DO RECURSO ORDINÁRIO DO M. C. J . - MOVIMENTO jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada
semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, deferir às horas excedentes.
quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais É que, deliberadamente, o recorrente descumpriu a ACT que não
apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ nº 220 da previa esse tipo de jornada dupla (12 horas por 2 dias de
SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)". descanso), assim, uma vez comprovado nos autos que o autor
O reclamante alegou, ainda, que não tinha o intervalo intrajornada cumpria jornada além daquela prevista na ACT (2016/2017), tem
de 01 hora em cada 12 horas. Em sua defesa a primeira reclamada direito a receber o excedente às 44 horas semanais.
afirma que era concedido o intervalo de 01 hora para refeição e Recurso improvido quanto aos temas.
A testemunha convidada pelo autor disse que somente havia Sobre o tema, assim se referiu o juízo sentenciante de primeiro
fl.807. Outrossim a primeira reclamada não apresentou o controle "2.7 Adicional de periculosidade. Repercussões.
Em razão da reclamada não ter juntado aos autos os controles de de estabelecimento destinado à internação de adolescentes
ponto assinados pelo reclamante, julgo que deverá prevalecer a infratores (estabelecimento do Estado do Ceará), por intermédio da
versão apresentada pelo autor (não tinha o intervalo de 01 hora), primeira reclamada.
por força do disposto no artigo 74, paragrafo 2º da CLT, Com relação ao pedido do adicional de periculosidade, observo que
entendimento apresentado na súmula 338 do TST e ainda com depois da entrada em vigor da Lei n. 12.740/2012 passou a ser
base no depoimento da testemunha convidada pelo reclamante. devido o adicional de periculosidade para os empregados que
Com base no exposto, julgo procedente o pedido de uma hora de trabalham sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de
intervalo por dia de serviço na escala de trabalho de 12 x 36 horas, violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal
A verba deferida, por ter natureza jurídica salarial na época da estabelece que o adicional de periculosidade somente é devido para
prestação dos serviços repercute nos cálculos das férias mais 1/3, os empregados de empresas prestadoras de serviços nas
gratificações natalinas, FGTS + 40% e aviso prévio indenizado e atividades de segurança privada (lei 7.102) e empregados que
horário noturno ao diurno, julgo procedente o pedido. Verifico que a Observo que a prova pericial constante nos autos, laudo de
jornada de trabalho normal de 12hs do reclamante estendia-se das fls.748/772, concluiu que as atividades realizadas pelo reclamante
19hs às 07hs. Trata-se de jornada mista compreendendo hora não são consideradas periculosas. No entanto, O Juiz não está
noturna e hora diurna. No período compreendido na hora noturna adstrito à prova pericial, podendo firmar seu convencimento por
faz jus o reclamante o recebimento da hora noturna acrescida do outros meios de prova. Apesar da conclusão do laudo pericial, este
adicional de 20%, o que o próprio reclamante reconheceu que era magistrado vem se posicionando no sentido de deferir o adicional,
compreendido na hora diurna faz jus ao reclamante a hora normal No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com
(prorrogação de jornada noturna para a diurna - período de 05hs às adolescentes infratores, sendo possível interpretar que a situação
07hs), devendo ser remunerado a hora normal com o acréscimo de do reclamante fica enquadrada nos itens 02. "b" e 03 do anexo III da
20% conforme entendimento consolidado na súmula 60 do TST NR-16. Isso porque o reclamante fiscalizava e tinha contato direto
(artigo 73 e parágrafos quarto e quinta da CLT).". com jovens infratores, com evidente possibilidade de sofrer
Comungo, adoto e compartilho dessa decisão, que passa a integrar violência física por parte dos internos.
Como bem definiu o juiz sentenciante, o recorrente não logrou êxito Socioeducativo (Sinase) que vem a ser "o conjunto ordenado de
em prova que o reclamante gozava do intervalo intrajornada, com a princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas
juntada dos controles de ponto, assim, merece ser mantida a socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas
sentença nesse particular. estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos,
Quanto às horas extras, o magistrado de piso bem concluiu ao políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em
conflito com a lei". sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de violência física nas
O Decreto 6.170/2007 autoriza celebração de convênio com atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
entidade sem fins lucrativos para desempenhar determinadas O anexo III da NR-16 regulamenta que o artigo 193, II da CLT e
atividades (artigo 1º). estabelece que o adicional somente é devido para os empregados
Apesar da autorização conferida pela norma jurídica mencionada de empresas prestadoras de serviços nas atividades de segurança
para celebração de convênios entre o Estado e entidade sem fins privada (Lei nº7.102) e empregados que exercem atividade de
lucrativos, o TST vem decidindo ser devido o adicional de segurança patrimonial em instalações metroviárias etc.
periculosidade nessa situação, por ser possível enquadrá-la na No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com
Transcrevo ementa de decisão judicial. O TST vem decidindo ser devido o adicional de periculosidade
Ementa: RECURSO DE REVISTA. INTERPOSTO SOB A ÉGIDE nessa situação, por ser possível enquadrá-la na alínea "b" do item
DESTINADO A ADOLESCENTES INFRATORES. 1. O adicional de PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO CASA.
periculosidade previsto no artigo 193, inciso II, da CLT, incluído pela AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Ante a provável violação
Lei nº 12.740/2012, deve ser pago ao trabalhador que se exponha do artigo 193, II, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de
permanentemente a "roubos ou outras espécies de violência física instrumento para o regular processamento do recurso de revista.
nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial". Agravo de instrumento conhecido e provido. II- RECURSO DE
2. Nesse contexto, em 2.12.2013, foi aprovada a Portaria nº 1.885 REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA
do MTE, que acrescentou o Anexo 3 à NR-16 e definiu as atividades CLT. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO
e operações que se enquadram na situação de periculosidade SOCIOEDUCATIVO. No caso concreto, as atividades do autor,
descrita na CLT. 3. O reclamante, na função de agente de apoio agente de apoio socioeducativo, foram assim descritas pelo acórdão
socioeducativo, ajusta-se à situação prevista no item 2, "b", do do Regional: "Os agentes têm como atribuição prestar atendimento
mencionado anexo: "empregados que exercem a atividade de em situação de conflito e garantir as condições de segurança física
segurança patrimonial ou pessoal em instalações metroviárias, dos educadores e educandos através de monitoramento,
ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e de bens observação, vigilância e contenção" (fl. 175). Assim, extrai-se da
públicos, contratados diretamente pela administração pública direta decisão recorrida que o autor exercia a segurança pessoal dos
ou indireta". 4. Portanto, o adicional de periculosidade é devido aos menores infratores e educadores, constatando-se submissão a um
empregados que exercem atividades profissionais em centro de ambiente de trabalho hostil e perigoso, sujeito a violência física,
atendimento socioeducativo destinado a adolescentes infratores, enquadrando-se, dessa forma, no artigo 193, II, da CLT e no Anexo
como no caso em apreço. Recurso de revista conhecido e provido. 3 da NR 16 da Portaria 1.885/MT, haja vista a exposição a
Com base no exposto, e devido ao risco da atividade profissional situações de risco. Dessa forma, o adicional de periculosidade é
exercida pelo reclamante, sujeito a risco de agressões e as devido aos empregados que exercem atividades profissionais em
rebeliões dos internos que acontece com alguma frequência no centro de atendimento socioeducativo destinado a adolescentes
estabelecimento, conforme prova testemunhal, mantenho meu infratores, como no caso dos autos. Precedentes. Recurso de
posicionamento, e julgo procedente o pedido do adicional de revista conhecido por violação do art. 193, II, da CLT e provido. (
periculosidade, durante todo o contrato, no percentual de 30% sobre RR - 2622-57.2014.5.02.0074 , Relator Ministro: Alexandre de
o salário básico, observada a prescrição quinquenal. ". Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/09/2017, 3ª Turma,
É inquestionável que a parte reclamante prestou serviços no interior Data de Publicação: DEJT 22/09/2017)Foi determinada a realização
de estabelecimento destinado à internação de adolescentes de perícia técnica, tendo sido obtida a seguinte conclusão pelo
infratores, por intermédio do primeiro reclamado. perito nomeado "(...)Baseados nos dados coletados, nos autos do e
A perícia anexada aos autos (Laudo ID 2e4deb5) concluiu que as no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR16, Anexo 3
atividades realizadas pelo reclamante não são consideradas (Atividades e operações perigosas com exposição a roubos e outras
Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o segurança pessoal e patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de
adicional de periculosidade para os empregados que trabalham 02.12.2013 e é de nosso parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE
PERICULOSIDADE, pois o obreiro estava em situação análoga as e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos,
das apontadas em norma e em situação de RISCO GRAVE E empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no
EMINENTE, já que o risco não foi neutralizado pelas medidas quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho,
coletivas e individuais de Segurança e Saúde do Trabalho(...)". que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do
Observa-se que, embora não se trate de trabalho em presídio, o presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio
ambiente laboral do reclamante consiste em centro educacional que Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do
abriga menores em conflito com a lei, configurando a hipótese de Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos
periculosidade prevista no art. 193, II, da CLT e no Anexo n° 3 da cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz
NR 16, aprovado pela Portaria n° 1.885/2013, nas mesmas jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o
condições que a jurisprudência do TST reconhece em relação aos exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco
Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796- desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e
60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021, patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários
decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI- decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio
"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da
PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16".
São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se:
segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova "AGENTE SOCIOEDUCADOR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do POR ATIVIDADE EXERCIDA COM MENORES INFRATORES.
cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis AMBIENTE LABORAL PERIGOSO. DEFERIMENTO. Ficou provado
pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a nos autos que o reclamante, no trabalho diário de instrutor
integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais, educacional/agente socioeducador, exercia suas atividades
contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a exatamente no mesmo ambiente hostil e perigoso que os agentes
execução da medida socioeducativa. "São profissionais de apoio socioeducativo, e, ainda com mais razão, atuando em
responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações contato direto com os internos que promoviam brigas e rebeliões,
preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e como o caso descrito pelas defesas dos reclamados, do qual
auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e resultou o episódio narrado de tortura contra os menores e a prisão
intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e do reclamante e de outros nove agentes socioeducadores por
mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" determinação da autoridade judicial responsável pela apuração
(Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e criminal. Nesse contexto, é inequívoco que o ambiente laboral do
atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de reclamante, no qual suportava ofensas e ameaças físicas e morais,
Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio configurava sim a hipótese de periculosidade prevista no art. 193, II,
Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por da CLT e no Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n°
sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em 1.885/2013, nas mesmas condições que a jurisprudência do TST
virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física reconhece em relação aos agentes de apoio socioeducativo, razão
nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial pela qual faz jus, em idênticas condições, ao pagamento de
(art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.) adicional de periculosidade, no importe de 30% sobre a
4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de remuneração do período prescricional quinquenal. Recurso adesivo
segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação provido nesse aspecto". (RO 0000186-90.2016.5.07.0018: TRT 7 -
pública estadual, contratados diretamente pela administração 1ªT - rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - Data de Julgamento
segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio QUANTO À MATÉRIA DE FATO. ENTE PÚBLICO. Conforme
(...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento disposto no artigo 844 da CLT, Súmula n. 74 do C. TST e OJ n. 152
da SDI-1-TST, aplica-se à parte a pena de confissão quanto à finalidade de aviltar os direitos trabalhistas, o que não se verificou
matéria de fato, mesmo que se trate de ente público, quando ela for na hipótese vertente. Além disso, como constou da decisão
devidamente intimada a comparecer à audiência de instrução, com recorrida, constata-se que a reclamante recebeu as verbas
a cominação expressa de que sua ausência implicará pena de rescisórias pertinentes ao término do primeiro contrato, o que afasta
confissão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO a pretensão autoral, à luz do disposto no art. 453 da CLT. Recursos
PÚBLICA. CULPA "IN VIGILANDO". SÚMULA 331, V, DO TST. conhecidos, mas desprovidos.
Cabe ao ente público, quando postulada em juízo sua (TRT da 7ª Região; Processo: 0001657-49.2017.5.07.0005; Data:
responsabilização pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pelo 21-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Plauto Carneiro Porto - 1ª
prestador de serviços, carrear aos autos os elementos necessários Turma; Relator(a): PLAUTO CARNEIRO PORTO)
à formação do convencimento (arts. 373, II, do CPC e 818 da CLT), RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. PRELIMINARES.
ou seja, provas suficientes à comprovação de que cumpriu o dever NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.
disposto em lei de fiscalizar a execução do contrato administrativo. PROVA ORAL EMPRESTADA. IDENTIDADE FÁTICA. Compete ao
Não se desincumbindo desse ônus,como no caso dos autos, magistrado apreciar livremente as provas produzidas nos autos,
forçoso reconhecer a culpa "in vigilando" do ente público, fazendo bem como indeferir as diligências que se revelam inúteis ou
incidir a sua responsabilidade subsidiária, nos termos da Súmula meramente protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015.
331, V, do TST.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova oral, por si só,
DEFERIMENTO. PROVA TÉCNICA CONCLUSIVA. A teor do não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando o Juízo
disposto no art. 195, da CLT, a caracterização do trabalho monocrático entendeu desnecessária a produção de prova oral,
periculoso faz-se mediante a imprescindível realização de perícia tendo em conta a repetição excessiva de demandas análogas no
técnica. Concluindo o laudo pericial que "Baseados nos dados foro, incluindo região metropolitana, bem como a realização de
coletados, nos autos do e no conteúdo da Portaria Ministerial várias audiências de instrução sobre a mesma matéria controvertida
3.214/78, NR15 anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), anexo 14 dos presentes autos. Preliminar rejeitada. JULGAMENTO "EXTRA
(agentes biológicos) e NR16 anexo 3 (Atividades e operações PETITA". Tendo o Magistrado aplicado a norma que, sob a sua
perigosas com exposição a roubos e outras espécies de violência ótica, melhor se adequa ao caso concreto e considerando que a
física nas atividades profissionais de segurança pessoal e decisão está baseada nos fatos narrados pelas partes e na prova
patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso produzida nos autos, a sentença foi proferida dentro dos limites da
parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE PERICULOSIDADE, pois lide. No ordenamento pátrio, vige o princípio do "iura novit curia",
o obreiro estava em situação análoga as das apontadas nas normas segundo o qual o magistrado, por ser conhecedor do ordenamento
e em situação de RISCO GRAVE E IMINENTE, e que os riscos não jurídico, não está limitado às regras indicadas pelos litigantes.
foram neutralizados ou atenuados pelas medidas coletivas e Preliminar rejeitada. QUESTÃO PREJUDICIAL. TERCEIRIZAÇÃO
individuais de Segurança e Saúde do Trabalho", e inexistindo nos ILÍCITA RECONHECIDA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE LASTRO
autos elementos outros que formem a convicção necessária para PROBATÓRIO. DECISÃO REFORMADA. O Juízo singular concluiu
derruir a prova técnica, não merece ser alterada a decisão que pela ilegalidade da terceirização de serviços, pela nulidade da
deferiu o adicional de periculosidade. RECURSO ADESIVO DA contratação empregatícia com o 1º reclamado, bem assim pela
RECLAMANTEDO INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS contratação do reclamante com a própria Administração Pública
EXTRAS. Corretos os fundamentos de origem, os quais se (Estado do Ceará) e considerando, ainda, que a contratação
escudaram na prova testemunhal produzida. De se ressaltar que, fraudulenta tem efeitos mínimos (Súmula n. 363, do C. TST),
conquanto inexista, no ordenamento jurídico, hierarquia entre a restritos a salários e FGTS, parcelas estas que foram adimplidas,
prova documental e testemunhal, em decorrência do princípio da julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial. A sentença
persuasão racional para valoração da prova, certa é a prevalência merece reforma, no particular, eis que não exsurge dos autos
da prova testemunhal quando demonstradas robustez e segurança qualquer elemento que indique a existência de fraude à
no depoimento, apta a demover a situação documentada. terceirização havida entre os reclamados, razão pela qual mostra-se
unicidade contratual postulada está condicionado à demonstração contratação afastada. Sentença reformada. MÉRITO.
ocorrência de fraude na celebração do contrato posterior, com a PERIGOSAS. ADEQUAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESCRITAS NO
ART. 193, II, DA CLT. REGULAMENTAÇÃO DEFINIDA PELA referência, com reflexos, dada a habitualidade da verba, no período
PORTARIA Nº1.885/2013. ITEM 1, ANEXO 3, DA NR-16. anterior à Reforma Trabalhista. Posteriormente à Reforma
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE DEVIDO. ENTENDIMENTO Trabalhista, é devido apenas o lapso suprimido do intervalo
DO TST NO IRR Nº1001796-60.2014.5.02.0382 (TEMA 16). intrajornada, sem reflexos. Sentença reformada, no particular.
Segundo o disposto no anexo 3, da NR 16, editado por força da ADICIONAL NOTURNO. Considerando a imprestabilidade dos
Portaria nº1.885/2013, publicada em 3 de dezembro de 2013, "As controles de ponto como meio de prova, aplica-se à hipótese, o item
atividades ou operações que impliquem em exposição dos III, da Súmula nº 338, do TST. Assim, tendo em vista a inexistência
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou de prova em sentido contrário, tem-se por correta a jornada alegada
outras espécies de violência física são consideradas perigosas." na inicial, de 19h às 7h, em escalada de 12x36, sendo devido, pois,
Constatado, portanto, que os socioeducadores ou instrutores adicional noturno, relativamente aos meses em que não há
educacionais, que trabalham nos Centros de Ressocialização do comprovação do respectivo pagamento. Sentença reformada.
Estado do Ceará, mantêm contato direto com jovens infratores, ESTADO DO CEARÁ. CONTRATAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO
sujeitando-se a toda espécie de violência física e a risco da própria SOCIAL PARA EXERCER ATRIBUIÇÕES E/OU PARA PRESTAR
vida, forçoso reconhecer a inclusão de sua atividade no rol previsto SERVIÇOS PRÓPRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
no citado Anexo 3, da NR 16, para os fins do direito ao adicional de TERCEIRIZAÇÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE
periculosidade a que se refere o art. 193, II, da CLT. Nesse sentido, FISCALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO CONSTANTE DOS ITENS IV, V
colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao analisar o Tema 16, nos e VI, DA SÚMULA 331, DO TST. O deferimento à instituição privada
autos do IRR - 1001796-60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 das prerrogativas próprias da Administração Pública, consistente no
de outubro de 2021, que "I. O Agente de Apoio Socioeducativo acompanhamento, vigilância ou custódia, e segurança dos jovens
(nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do infratores, internados nos Centros de Ressocialização do Estado do
Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de Ceará, de que é exemplo o Centro Sócio Educativo Dom Bosco,
Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à sem dúvida, constitui terceirização de serviços que atrai a
percepção de adicional de periculosidade, considerado o exercício responsabilidade civil subsidiária do tomador dos serviços pelas
de atividades e operações perigosas, que implicam risco acentuado obrigações trabalhistas não adimplidas pelo empregador, aplicando-
em virtude de exposição permanente a violência física no se, in casu, o entendimento expresso nos itens IV, V e VI, da
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista a
patrimonial em fundação pública estadual." Vigora, portanto, absoluta ausência de provas da fiscalização do cumprimento do
pacificado, no âmbito da Justiça do Trabalho, a partir do novel contrato de trabalho, considerando-se, para esse fim, as obrigações
julgamento da SBDI-1, do TST, o entendimento no sentido de que contratuais e legais. Nesse sentido, o entendimento reiterado dos
os socieducadores ou instrutores educacionais que trabalham nas Tribunais do Trabalho, como se vê da ementa seguinte:
instituições estaduais de custódia de menores em conflito com a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERMO DE CONVÊNIO. CULPA "IN
Lei, têm direito ao adicional de periculosidade, por força do que VIGILANDO". RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO.
resta previsto no art. 193, caput e inciso II, da CLT, e item 1, do POSSIBILIDADE. Conforme entendimento jurisprudencial do TST,
Anexo 3, da NR 16, aprovado pela Portaria nº1.885/2013, do MTE, calcado na decisão do STF que declarou a constitucionalidade do
de 03/12/2013. Sentença reformada, no tópico. SUPRESSÃO DO art. 71 da Lei nº 8.666/93 (ADC 16/DF), remanesce a
INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE responsabilidade subsidiária da administração pública direta e
PONTO CONSIDERADOS INVÁLIDOS. INCIDÊNCIA DO indireta pelos direitos trabalhistas não adimplidos pelo empregador,
ENTENDIMENTO FIRMADO NA SÚMULA 338, DO TST. Tendo em sempre que os referidos entes públicos, tomadores dos serviços,
vista que os controles de ponto colacionados pelo 1º reclamado são sejam omissos na fiscalização das obrigações do respectivo
imprestáveis como meio de prova, já que trazem horários de contrato (Súmula 331, inciso IV, do TST). Portanto, não provada a
trabalho britânicos, aplicando-se à hipótese, portanto, o item III, da fiscalização efetiva de tais obrigações, procede o pedido de
Súmula nº 338, do TST, e considerando que o réu não se responsabilização subsidiária. Recurso conhecido e parcialmente
desincumbiu de demonstrar a fruição regular da pausa para repouso provido. (Processo nº0000289-35.2018.5.07.0016, 1ª Turma,
e alimentação, devido o pagamento, nos termos do art. 71, § 4º, da Relatora: Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante
CLT, de uma hora extra diária pela supressão do intervalo em Nepomuceno, julgado em 15 de maio de 2019). Sentença mantida.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA 19hs às 07hs. Trata-se de jornada mista compreendendo hora
DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação ajuizada após noturna e hora diurna. No período compreendido na hora noturna
11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento trazido pela faz jus o reclamante o recebimento da hora noturna acrescida do
Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos honorários adicional de 20%, o que o próprio reclamante reconheceu que era
advocatícios. Nessa situação, havendo sucumbência da parte pago, conforme depoimento em audiência. No período
reclamada, impõe-se razoável a sua condenação em honorários compreendido na hora diurna faz jus ao reclamante a hora normal
advocatícios, na forma prevista no art. 791-A, da CLT. Ademais, (prorrogação de jornada noturna para a diurna - período de 05hs às
considerando o que restou decidido pelo Excelso STF, quando do 07hs), devendo ser remunerado a hora normal com o acréscimo de
julgamento da ADI 5766, de 20.10.2021, em que se declarou a 20% conforme entendimento consolidado na súmula 60 do TST
inconstitucionalidade da regra prevista no art. 791-A, §4º, da CLT, já (artigo 73 e parágrafos quarto e quinta da CLT)."
não existe base jurídica para se condenar o beneficiário da justiça As horas em que o autor trabalhou em jornada diurna, depois das
gratuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. 05h00, em regime de prorrogação de jornada, entendo ser aplicável
Sentença reformada.Recurso ordinário do reclamante conhecido; o entendimento da Súmula 60, II, do Colendo TST e artigo 73, §,5 º,
rejeitadas as preliminares de nulidade processual por cerceamento da CLT, sendo devida a prorrogação da jornada noturna para todos
(TRT da 7ª Região; Processo: 0000789-34.2018.5.07.0006; Data: fundamentação do apelo e não constou no dispositivo da sentença.
10-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Durval Cesar de DO RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ.
estava submetida a risco considerável, justificando o pagamento do Não há porque se falar em incompetência desta Justiça na presente
adicional de periculosidade deferido na sentença recorrida. lide, uma vez que não se está a apreciar eventual irregularidade do
Recurso improvido nessa questão. convênio firmado entre a primeira reclamada e o recorrente, mas de
DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. reclamação trabalhista entre empregado e seu empregador, onde o
Alega o recorrente que somente é devido a verba honorária Estado do Ceará foi responsabilizado subsidiariamente, não
sucumbencial apenas quando "...a parte estar assistida por havendo pedido de reconhecimento de vínculo direto com o órgão
salário inferior ao dobro do salário-mínimo ou encontrar-se em Também não se trata da hipótese de ilegitimidade de parte, já que o
situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do recorrente foi corretamente relacionado no polo passivo da
próprio sustento ou da respectiva família", fundamento da demanda, na condição de litisconsorte, por ser o destinatário e
A sucumbência deferida nos autos está amparada no art. 791-A, da Preliminares improvidas.
Aduz o recorrente faz jus à prorrogação da jornada noturna (das 5h As matérias já foram analisadas acima.
às 7h), por ser incontroverso que laborava das 19h às 7h e que na DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
sentença recorrida houve o deferimento da matéria na Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira
fundamentação e inexplicavelmente não deferiu o pleito na parte reclamada e da responsabilidade subsidiária do ente estatal.
Sobre o tema assim foi exposto: promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público
"Com relação ao pedido de adicional noturno pela prorrogação do contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal
horário noturno ao diurno, julgo procedente o pedido. Verifico que a contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado,
jornada de trabalho normal de 12hs do reclamante estendia-se das não se admitindo queira o poder público eximir-se de
responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:
de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e
O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no
decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST, cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações
art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas contratuais e legais da prestadora de serviço como
trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas. Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública
Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,
proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de
art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia, prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67
que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das
responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto
permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade
fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos
serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do
afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida
da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da
inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a
dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes
que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano
Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico
dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da
entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de
não adimplidos pelo contratado. qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a
Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e
excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se
STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços
Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa. honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei
Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do
constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as
responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação,
público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a
que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV).
e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de
Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos". fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do
Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos
consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que,
via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na
triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição
melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição
mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.
a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011)."
Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de
probatório que dos autos consta não há provas do ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a
acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento responsabilização do poder público deveria ser examinada diante
daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da de cada caso concreto, nos seguintes termos:
idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC
do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a
mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,
Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de
prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no
estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela
negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento administração pública, devidamente comprovado no caso
jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado
para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"
se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das
como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC). culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no
Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento
regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas
fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública. de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".
71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a Portanto, não prospera o apelo estatal.
responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta, De todo o exposto, dá-se parcial provimento ao apelo adesivo do
das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e reclamante para incluir na condenação a prorrogação de jornada
das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do noturna para a diurna - período de 05hs às 07hs, devendo ser
empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os remunerado a hora normal com o acréscimo de 20%.
referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na CONCLUSÃO DO VOTO
escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do Conhecer dos apelos e dar parcial provimento apenas ao adesivo
Trabalho).
SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO. REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, porque
Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo tempestivos, e, no mérito, dar parcial provimento apenas ao recurso
Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na adesivo do reclamante para incluir na condenação a prorrogação de
Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização jornada noturna para a diurna - período de 05h às 07h, devendo ser
subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados remunerado a hora normal com o acréscimo de 20%.
à execução de contrato administrativo quando configurada a Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior decorrência da própria atuação pública. Assim, evidenciada a
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) conduta culposa da administração estadual, no cumprimento das
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, é a hipótese sobre o
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. contratante responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. trabalham sujeitos a risco de violência física nas atividades
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART dos autos, tratando-se de Instrutor Educacional. Recurso conhecido
RELATÓRIO
Processo Nº ROT-0001715-58.2017.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR O ESTADO DO CEARÁ interpôs recurso ordinário (ID 37d4109),
RECORRENTE ESTADO DO CEARA tempestivamente, conforme certidão de ID 85ccf6f, para este
RECORRENTE CONSELHO COMUNITARIO DO
PARQUE SAO JOSE Regional, com o intuito de obter a reforma da sentença de mérito de
ADVOGADO ELVIRA MARIA DE LIMA(OAB: ID 64f8371, que julgou parcialmente procedente a ação de
33374/CE)
ADVOGADO DANIELE BARBOSA DE EGBERTO MONTE E SILVA em face de CONSELHO
OLIVEIRA(OAB: 24401/CE)
COMUNITÁRIO DO PARQUE SÃO JOSÉ E ESTADO DO CEARA,
RECORRIDO EGBERTO MONTE E SILVA
ADVOGADO MARCOS VINICIUS RODRIGUES condenado subsidiariamente o ESTADO DO CEARA.
EUGENIO(OAB: 35997/CE)
O estado recorrente requer, preliminarmente, suspensão da
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO tramitação do feito, ante a admissão do Incidente de Recurso
TERCEIRO CENTRO EDUCACIONAL SÃO
INTERESSADO MIGUEL Repetitivo de nº TST-RR-1001796-60.2014.5.02.0382, alega
O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão
ESCLARECIMENTOS INICIAIS. art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia,
Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a
litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde16/04/2020, no responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços,
aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias
autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial.
consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de
periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia
ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade
DO RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ. da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de
Da incompetência da Justiça do Trabalho e da ilegitimidade de dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas
Não há porque se falar em incompetência desta Justiça na presente Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o
lide, uma vez que não se está a apreciar eventual irregularidade do dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se
convênio firmado entre a primeira reclamada e o recorrente, mas de entender que não se pode transferir para a Administração Pública a
reclamação trabalhista entre empregado e seu empregador, onde o responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos
Estado do Ceará foi responsabilizado subsidiariamente, não trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando
havendo pedido de reconhecimento de vínculo direto com o órgão não adimplidos pelo contratado.
Também não se trata da hipótese de ilegitimidade de parte, já que o excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do
recorrente foi corretamente relacionado no polo passivo da STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração
demanda, na condição de litisconsorte, por ser o destinatário e Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.
Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente
reclamada e da responsabilidade subsidiária do ente estatal. público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá
Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais
promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da
contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".
contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado, Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento
não se admitindo queira o poder público eximir-se de consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o
responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:
de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
própria atuação pública. respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST, obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas prestadora de serviço como empregadora. A aludida
trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas. Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública
no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no
prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67 Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a
e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato
empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento
subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão
pela empresa contratada. para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na
Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também
art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois,
pelo Excelso Pretório. como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC).
Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da Aliás, cabe ao recorrente acionar a citada empresa, de forma
responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a
qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.
elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento
a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do
imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art.
combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. 71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a
A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e
qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do
Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os
cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na
estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do
honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do
Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Trabalho).
contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.
regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo
Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na
fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização
contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados
direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, à execução de contrato administrativo quando configurada a
via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na
triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição
melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição
mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.
a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011).
probatório que dos autos consta não há provas do O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de
acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a
daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da responsabilização do poder público deveria ser examinada diante
idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas de cada caso concreto, nos seguintes termos:
do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC
n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a de rebelião envolvendo os menores infratores.
constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93, O reclamado principal, por sua vez, nega a sujeição do reclamante
tendo observado que eventual responsabilização do poder às situações que ensejam o direito à percepção da verba,
público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de sustentando que, na condição de socioeducador, o trabalho
responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no desempenhado não se enquadra na descrição constante no art.
descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela 193, II, da CLT, que confere direito ao adicional de periculosidade
administração pública, devidamente comprovado no caso aos empregados que laborem com exposição permanente a "roubos
concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais
050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)" Na tarefa de auxílio deste juízo na resolução da controvérsia, o
No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das laudo pericial juntado aos autos revela a seguinte realidade:
culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no - ESTUDO DE FUNÇÃO E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento Conforme foi constatado nas entrevistas realizadas e na avaliação
constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas amostral realizadas na diligência, o reclamante desenvolveu, no
de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços desempenho da função relacionada em 2.1 durante o período
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa prescricional, a recepção, atendimento e acompanhamento dos
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso internos, (higiene pessoal, disciplina, vigilância do menores e etc.)
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa". quanto fora dela (condução e acompanhamento em ambulâncias,
Portanto, não merece censura a decisão que concluiu pela hospitais, Fóruns, IML, etc., com escolta policial quando disponível),
Quanto ao tema, assim se referiu o sentenciante de primeiro grau: internos, manuseando roupas e outros objetos de seu uso;
Inicialmente, a parte reclamante pleiteia a condenação da paradigma, por muitas vezes sofrem agressões provenientes do
reclamada ao pagamento de adicional de periculosidade, narrando internos, esses menores de 18 anos, repetia o ciclo de atividades e
a exposição do reclamante a situação de perigo nos seguintes operações durante toda a jornada de trabalho, sob supervisão do
As atividades do Reclamante consistiam na condução de quaisquer anormalidades. Inclusive o reclamante participou de uma
acompanhamento no horário de banho de sol e lazer, dentre outros. A partir das características do local de trabalho e atividades
O Reclamante trabalhava sujeito a situações de iminente perigo, profissionais efetivamente desenvolvidas pelo reclamante, conforme
inicialmente pela inata condição de rebeldia e agressividade dos exposto nos itens 3.0 e 4.0 do presente Laudo, a existência ou não
adolescentes infratores, acrescentando-se o fato que por inúmeras da periculosidade, durante o pacto laboral, foi avaliada
vezes estes se encontravam sob o efeito de sustâncias tecnicamente a partir dos parâmetros coletados "in loco" e pelos
Dentre os principais atos infracionais praticados pelos menores realizada segundo o critério legal descrito no item 6.1, e
podemos destacar: tráfico, roubo de veículos, sequestro relâmpago, considerando ainda os parâmetros técnicos acima listados, foi
latrocínio, homicídios e etc, o qual demonstra o mais elevado grau constatado que o reclamante desenvolveu suas atividades
de periculosidade dos menores. [SITUAÇÃO DE REAL RISCO DO profissionais em periculosidade, em virtude da execução de
RECLAMANTE ENSEJA ADICIONAL DE PERICULOSIDADE]. atividades junto aos internos da reclamada, sujeito a diversas
O Reclamante não possuía escolta policial, visto que os militares espécies de violência física.
eram proibidos de acessar os centros educacionais, ao desenvolver Em virtude do exposto, são tipificadas como PERIGOSAS as
suas atividades e por inúmeras vezes teve que contornar situações atividades desenvolvidas pelo reclamante durante seu pacto laboral,
a partir da plena vigência da Lei nº 12.470 de 08/12/12 e pública direta ou indireta". 4.Dentro desse contexto, tem-se que o
8.0 - CONCLUSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS Após a análise dos supramencionados, pois os agentes de apoio socioeducativo, em
autos e a diligência pericial realizada, tendo sido levantados os suas funções diárias de segurança e vigilância de menores
dados existentes e efetuadas a vistoria e a avaliação técnica infratores, exercem atividade de segurança pessoal, em ambiente
necessárias, concluímos que: hostil e perigoso, sujeitos à violência física, a exemplo dos casos de
O reclamante DESENVOLVEU suas atividades a serviço da ameaças, bem como de brigas entre os internos e rebeliões. Com
reclamada em condições de PERICULOSIDADE, conforme o efeito, os referidos agentes têm como atribuição garantir as
seguinte enquadramento legal: condições de segurança e proteção dos menores infratores, por
(i) PERICULOSIDADE por exposição a roubos ou outras espécies meio de acompanhamento, observação e contenção, caso
de violência física nas atividades profissionais de segurança necessário, razão pela qual fazem jus ao adicional de
pessoal ou patrimonial, a partir da plena vigência do estabelecido periculosidade, porquanto exercem funções análogas às dos
pela Lei nº 12.470 de 08/12/12, conforme o referido ANEXO 3 profissionais de segurança pessoal ou patrimonial em fundação
(Aprovado pela Portaria MTE n.º 1.885, de 02 de dezembro de 2013 pública estadual. Recurso de revista não conhecido. [PROCESSO
da NR-16.na forma do art. 193 da Consolidação das Leis do Nº TST-RR-12277-88.2015.5.15.0031. 8ª Turma. Relatora: min Dora
Considerando que não foram apresentados quesitos pelas partes, Outro caminho não resta senão o julgamento de procedência parcial
os trechos acima transcritos constituem a substância do laudo do pedido, em razão do que condeno a reclamada ao pagamento de
pericial, com o qual este juízo manifesta concordância, mais adicional de periculosidade no percentual de 30% do salário base
especificamente acerca do enquadramento do reclamante na do reclamante, durante todo o enlace contratual, bem como os
hipótese normativa já citada, constante no art. 193, II, da CLT, na respectivos reflexos legais em férias, 13º salário e FGTS e multa de
medida em que isto ocorria, zelar pela integridade física dos Concordo, adoto e compartilho dessa decisão, que passa a integrar
Instada a se manifestar, a jurisprudência tem trilhado este Acertadamente, o juiz de piso concedeu o adicional de
entendimento, como se observa no recente acórdão adiante periculosidade ao recorrido pelo fato de trabalhar em situação de
FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Nesse sentido foi a conclusão da perícia (Laudo ID 92ba7da) no
MENORES INFRATORES. 1. O inciso XXIII do art. 7° da CF local onde o recorrido exercia suas funções, veja-se:
garante o direito ao adicional de remuneração para as atividades "Após a análise dos autos e a diligência pericial realizada, tendo
perigosas, na formada lei. 2.Já o art. 193, II, da CLT determina que sido levantados os dados existentes e efetuadas a vistoria e a
"São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da avaliação técnica necessárias, concluímos que:
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, O reclamante DESENVOLVEU suas atividades a serviço da
aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem reclamada em condições de PERICULOSIDADE, conforme o
trabalhador a: (...) II -roubos ou outras espécies de violência física (i) PERICULOSIDADE por exposição a roubos ou outras espécies
nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial". de violência física nas atividades profissionais de segurança
3.Por sua vez, o Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n° pessoal ou patrimonial, a partir da plena vigência do estabelecido
1.885/2013, regulamenta que "são considerados profissionais de pela Lei nº 12.470 de 08/12/12, conforme o referido ANEXO 3
segurança pessoal ou patrimonial os trabalhadores que atendam a (Aprovado pela Portaria MTE n.º 1.885, de 02 de dezembro de
uma das seguintes condições: (...) b) empregados que exercem a 2013 da NR-16.na forma do art. 193 da Consolidação das Leis do
metroviárias, ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796-
de bens públicos, contratados diretamente pela administração 60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021,
decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI- decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio
"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da
PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16".
São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se:
segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova "NULIDADE PROCESSUAL. SENTENÇA EXTRA PETITA. A
nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do petição inicial não contemplou qualquer pretensão referente à
cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis terceirização ilícita/contrato nulo, nem houve qualquer menção a
pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a vínculo direto com o Estado do Ceará. E ao magistrado é
integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais, inteiramente vedado decidir com base em pedido ou causa de pedir
contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a que não tenha sido trazido com a petição inicial. Logo, padece a
execução da medida socioeducativa. "São profissionais sentença da pecha de extra petita, razão pela qual inexorável
responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações decretar-se a nulidade da sentença, ocasião em que se passa, na
preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e forma do art. 1013, § 3º, II, do CPC, a apreciar, desde logo, o
auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e mérito, por estar o processo em condições de pronto julgamento
intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e (teoria da causa madura). HORAS EXTRAS. INTERVALO
mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" INTRAJORNADA. Os cartões de ponto anexados aos autos pelo
(Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e empregador não indicam o registro do intervalo, nem discriminam a
atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de adoção do sistema de pré-assinalação, não tendo a parte
Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio reclamada logrado comprovar a concessão regular do intervalo
Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por intrajornada ao empregado nos termos previstos no art. 71 da CLT.
sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em JORNADA DE TRABALHO. 12 HORAS DIÁRIAS EM REGIME 2X2.
virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. HORAS EXTRAS
nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial DEVIDAS. A jurisprudência trabalhista é firme no sentido de
(art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.) somente conferir validade ao regime de trabalho 2x2 quando for
4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de firmado mediante norma coletiva ou quando for previsto em lei, nos
segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação termos da Súmula 444. Comprovado que o autor laborava em
pública estadual, contratados diretamente pela administração jornada de 12h, em regime dois dias de trabalho seguidos de dois
pública indireta - hipótese prevista no item 2, letra 'b', do Anexo 3 da dias de folgas, sem previsão normativa, impositiva é a reforma da
NR 16. 5. Os Agentes de Apoio Socioeducativo desempenham sentença, para julgar procedentes os pedidos de horas extras
segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio excedentes à 8ª (oitava) diária com respectivos reflexos.
(...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INSTRUTOR EDUCACIONAL
e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos, EM INSTITUIÇÃO DE ABRIGO DE MENORES INFRATORES. IRR
quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho, socioeducativo se insere nas hipóteses do art. 193, II da CLT, na
que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do medida em que os instrutores socioeducativos, na execução de
presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio suas funções diárias de acompanhamento da rotina dos menores
Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do infratores, estão sujeitos à violência física na tentativa de conter
Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos tumultos e tentativas de fugas, restando, pois, devido o pagamento
cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz de adicional de periculosidade. Decisão em consonância com a tese
jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o jurídica definida pelo C. TST no julgamento do IRR nº 1001796-
exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco 60.2014.5.02.0382. AVISO PRÉVIO. REDUÇÃO DE JORNADA.
acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no Não observada a redução da jornada durante o cumprimento do
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e aviso prévio, tem-se que não se pode considerá-lo como
patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários devidamente concedido, impondo-se declará-lo inválido, com a
consequente condenação da parte ré ao pagamento respectivo, de empresa contratada, não se admitindo queira o poder público eximir
forma indenizada. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE -se de responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos
PÚBLICO. CONTRATO DE CONVÊNIO. Constata-se que a prestadores de serviços, contratados pelo primeiro reclamado,
contratação do primeiro reclamado pelo Estado do Ceará restou produzindo dano em decorrência da própria atuação pública.
formalizada mediante contrato de convênio, e que este, por RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E PARCIALMENTE
guarda íntima semelhança com o instituto da terceirização de (TRT da 7ª Região; Processo: 0000213-41.2018.5.07.0006; Data:
serviços, fato que atrai a incidência de responsabilidade do tomador 23-06-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes
dos serviços pelas consequências jurídicas da contratação, Alencar - 1ª Turma; Relator(a): MARIA ROSELI MENDES
admitindo queira o poder público eximir-se de responsabilidade RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. ADICIONAL DE
quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores de serviços, PERICULOSIDADE. INSTRUTOR EDUCACIONAL EM
contratados pelo primeiro reclamado, produzindo dano em INSTITUIÇÃO DE ABRIGO DE MENORES INFRATORES. IRR
decorrência da própria atuação pública. Recurso conhecido e 1001796-60.2014.5.02.0382. O desempenho de atividades de apoio
(TRT da 7ª Região; Processo: 0001697-04.2017.5.07.0014; Data: medida em que os instrutores socioeducativos, na execução de
23-06-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes suas funções diárias de acompanhamento da rotina dos menores
Alencar - 1ª Turma; Relator(a): MARIA ROSELI MENDES infratores, estão sujeitos à violência física na tentativa de conter
INTERVALO INTRAJORNADA. AUSÊNCIA DE REGISTRO NOS de adicional de periculosidade. Decisão em consonância com a tese
CARTÕES DE PONTO. HORAS EXTRAS DEVIDAS. Não jurídica definida pelo C. TST no julgamento do IRR nº 1001796-
conseguindo a reclamada demonstrar em juízo a concessão regular 60.2014.5.02.0382. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DE
do intervalo intrajornada ao empregado nos termos previstos no art. TRABALHO. O C. TST, em seu verbete sumular nº 378, estabelece
71 da CLT, de se deferir o pedido de pagamento de hora extra. como pressupostos para o reconhecimento da estabilidade
EM INSTITUIÇÃO DE ABRIGO DE MENORES INFRATORES. IRR percepção do auxílio doença acidentário, o que, todavia, não se
socioeducativo se insere nas hipóteses do art. 193, II da CLT, na ESTADO DO CEARÁ. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE
medida em que os instrutores socioeducativos, na execução de PÚBLICO. CONVÊNIO. É assente a jurisprudência de que os
suas funções diárias de acompanhamento da rotina dos menores convênios administrativos para prestação de serviços a ente
infratores, estão sujeitos à violência física na tentativa de conter público, mediante pessoal celetista, não isenta a responsabilidade
tumultos e tentativas de fugas, restando, pois, devido o pagamento subsidiária, porque o ente público atua como verdadeiro tomador de
de adicional de periculosidade. Decisão em consonância com a tese mão de obra mediante contratação de pessoa jurídica interposta.
jurídica definida pelo C. TST no julgamento do IRR nº 1001796- Assim, evidenciada a conduta culposa do Estado do Ceará no
60.2014.5.02.0382. DESVIO DE FUNÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666/1993, especialmente
Considerando que o reclamante não produziu prova do alegado na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais
desvio funcional, ônus que lhe competia, descabe o deferimento das da prestadora de serviço como empregadora, responde o ente
diferenças salariais postuladas. RESPONSABILIDADE público subsidiariamente pelos títulos trabalhistas inadimplidos,
SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. CONTRATO DE CONVÊNIO. consoante entendimento contido na Súmula 331, V, do C. TST.
Constata-se que a contratação do primeiro reclamado pelo Estado Recurso não provido.
do Ceará restou formalizada mediante contrato de convênio, e que (TRT da 7ª Região; Processo: 0000806-64.2018.5.07.0008; Data:
este, por proceder autêntico fornecimento de mão-de-obra ao 13-05-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes
contratante, guarda íntima semelhança com o instituto da Alencar - 1ª Turma; Relator(a): MARIA ROSELI MENDES
responsabilidade do tomador dos serviços pelas consequências É certo que as hipóteses tratadas na jurisprudência transcrita se
jurídicas da contratação, inclusive em face dos empregados da referem a agentes socioeducadores, entretanto, evidencia-se que,
instituições, como a hipótese dos autos, Instrutor Educacional, O regime diferenciado de horas de trabalho e horas de descanso,
também mantém contato permanente com menores infratores, adotado em hospitais e entidades que necessitem de atendimento
interagindo, por vezes, de modo ainda mais crítico, correndo os diferenciado, não encontra óbice legal e não implica o pagamento
mesmos riscos que tais agentes. de horas extras, quando há norma coletiva prevendo a sua adoção -
Por outro lado, conforme ficou comprovado nos autos, a parte inteligência do artigo 7º, inciso XIII, da Constituição Federal.
reclamante, efetivamente, mantinha contato diário com menores Portanto REGIME 24 X 48 = Se amparado em ACT ou CCT, não
infratores, sofrendo, inclusive, ameaças, conforme depoimento a haverá hora extra. Sem ACT ou CCT, é devido o adicional de horas
"...tanto a depoente como o reclamante sofriam violência, ou seja, " Sendo ônus da reclamada, e não tendo ela dele se desincumbido,
a gente era ameaçado"; que outra vez jogaram leite quente na reconheço a jornada relatada na petição inicial como a praticada.
depoente, ameaça de familiares durante as visitas, fatos esses que A jornada reconhecida, contudo, não enseja a condenação tal como
aconteceram com a depoente; que perguntada sobre fatos pleiteado pelo reclamante, restando evidente que a jornada
concretos que aconteceram com o reclamante, respondeu que não reconhecida (dois dias trabalhados e dois dias de folga,
lembra no momento, mas informa que as adolescentes ofereciam alternadamente), implica o trabalho em quatro dias por semana, em
risco à integridade física tanto da depoente como do reclamante e algumas, e 3, em outras, em razão do que nas semanas em que se
demais empregados, haja vista que "a gente já passou por motim lá laborou apenas 3 dias, não há se falar em extrapolação da jornada
e além disso elas usavam cossoco, umas armas que elas faziam e semanal de 44 horas.
também proferiam ameaças quando eram repreendidas ou Contudo, nas semanas em que o reclamante laborou quatro dias,
orientadas pela gente a não fazer algo de errado"; que só as vezes com jornada de 12 horas diárias, verifica-se que a jornada ordinária
tinha escolta policial para cursos, para médicos, pois só havia 2 semanal foi extrapolada em 4 horas, em razão do que, sem
policiais e quando tinham duas audiência, por exemplo, uma ficava necessidade de maiores digressões, condeno a reclamada ao
sem escolta"; que os crimes que tais menores tinham cometido pagamento de horas extras, durante todo o contrato de trabalho, no
eram de homicídio, latrocínio, tráfico de drogas, lesão corporal etc." quantitativo de 4 horas extras por semana mas apenas naquelas em
Portanto, o conjunto probatório deixa patente que a parte que o reclamante laborou 4 dias, tudo com reflexos em aviso prévio,
reclamante, efetivamente, estava submetida a risco considerável, 13º salário, férias acrescidas de um terço.
justificando o pagamento do adicional de periculosidade deferido na Condeno a reclamada ainda ao pagamento do acréscimo de 50%
sentença recorrida. sobre as quatro horas (por dia trabalhado) que extrapolaram a
DAS VERBAS QUESTIONADAS. jornada diária de 8 horas, no total de 12 adicionais por semana, nas
Sobre o tema assim decidiu o juízo a quo: semanas em que se laborou 3 dias, e de 16 adicionais por semana,
"- HORAS EXTRAS naquelas em que se laborou 4 dias, nos termos da Súmula nº 85,
O reclamante inicia o tópico referente a horas extras sustentando IV, do Tribunal Superior do Trabalho, com os mesmos reflexos
que a jornada desempenhada extrapola os limites diário e semanal, mencionados no parágrafo supra, devendo o adicional ser de 100%
constitucionalmente previstos, diante da não existência de previsão nos domingos e feriados, sendo estes os listados abaixo:
em convenção ou acordo coletivo de trabalho que tornasse ordinária a) 15/06/2017 - Corpus christi;
a jornada por plantões relatada. b) 15/08/2016 - Dia de Nossa senhora da Assunção - Padroeira de
Para tanto, sustenta que laborava 12 horas por dia, durante dois Fortaleza;
dias consecutivos, após o que gozava de folga de 48 horas e, em c) 07/09/2016 - Independência do Brasil;
seguida, laborava-se novamente dois dias seguidos, 12 horas em d) 12/10/2016 - Dia de Nossa Senhora Aparecida - Padroeira do
cada. Brasil;
Em sua defesa, o reclamado principal não nega a jornada relatada, e) 02/11/2016 - Dia de Finados;
chegando até a defender sua regularidade, defendendo existir f) 15/11/2016 - Proclamação da República;
convenção coletiva que viabilize sua prática, instrumento normativo g) 24/12/2016 - Natal;
este que, como se observa, não foi juntado, não se sabendo sequer h) 25/12/2016 - Natal;
se de fato existe, vez que a reclamada sequer mencionou o ano ou i) 31/12/2016 - Ano Novo;
mesmo as entidades que teriam celebrado a dita convenção j) 01/01/2017 - Ano Novo;
Por fim, com relação ao intervalo intrajornada, constato que os dois Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
parágrafos que constituem este tópico da defesa da reclamada (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
principal não trazem qualquer negativa de que o intervalo fora Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
suprimido, limitando-se a defesa genérica que reverbera de forma de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
cansativa que o ônus da prova é o do reclamante quanto a este Fortaleza, 18 de julho de 2022.
direito, sem negar, como relatado, o fato constitutivo: o não gozo do JEFFERSON QUESADO
ao reclamante neste dia, alternadamente, de acordo com sua ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
I), que dispõe uma carga honorária semanal de 44 horas, conclui-se PODER JUDICIÁRIO
sentença recorrida.
de ADNALVA BARBOSA FERREIRA, não adimplidas pela outra recorrente e o primeiro reclamado e daí nasceu a responsabilidade
reclamada ACENI - INSTITUTO DE ATENÇÃO A SAÚDE E subsidiária do ente estatal, que se tornou exequível quando do
O recorrente se insurge contra a responsabilidade subsidiária que serviços e seus empregados. Frise-se que a responsabilidade
lhe foi atribuída, argumentando não houve um contrato de subsidiária não nasceu automaticamente com inadimplemento das
terceirização, mas um Contrato de Gestão, não incidindo assim os obrigações por parte da prestadora, mas pelo fato de faltar
efeitos da Súmula 331, do TST, sobre o ora recorrente. Reforça a fiscalização do ente estatal no cumprimento das obrigações sociais,
tese de que não houve relação de emprego da recorrida com o ente trabalhistas, previdenciárias e fiscais pela citada prestadora, aliás,
estatal. Alega que a autora não fez prova dos direitos pleiteados e por imposição do art.67, da Lei nº 8.666/93, que impõe inspeção
das multas do art. 477 e 467 da CLT, por não ter dado causa à Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de
situação e por ser inaplicável à Fazenda Pública. serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia
Apenas a recorrida, ADNALVA BARBOSA FERREIRA, apresentou afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade
contrarrazões de ID 4a7cd28, dentro do prazo legal, conforme secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato
A douta PRT manifestou-se pelo conhecimento e desprovimento do inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade
recurso do ente estatal, nos termos do parecer de ID e540a6c. dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas
O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos entender que não se pode transferir para a Administração Pública a
e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos
Não procede a alegação do recorrente de que não seria parte não adimplidos pelo contratado.
legítima para figurar no polo passivo da reclamatória, tendo em vista Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi
que não existiria vinculo empregatício entre este e o recorrido, eis excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do
que sua condenação não decorre de tal fato e, sim, encontra STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração
amparo no fato de existir entre os reclamados contrato de prestação Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.
de serviços, que pretende chamar de "Contrato de Gestão", Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a
tentando assim, sem sucesso, levantar tese de que seria um constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a
contrato diverso daquele figurado no Enunciado 331 do C.TST. transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da
Convênio, Contrato de gestão, e/ou parceria são termos utilizadas responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente
para tentar desqualificar a verdadeira prestação de serviços público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá
existente o ente estatal e empresas privadas. que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais
O fato de ter empregados do primeiro demandado trabalhando no e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da
Município de Juazeiro do Norte já comprova a existência de Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".
terceirização de mão de obra, contudo, alega que se trata de um Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento
"contrato de gestão" apenas objetivando não responder consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o
subsidiariamente pelo inadimplemento das verbas trabalhistas da julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:
Inexplicavelmente, o ente estatal, que deveria ser e dar exemplo de indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições
respeito às normas jurídicas e boas práticas na administração do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no
pública, é o primeiro a desacatar essas normas, utilizando-se de cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
ardis com o propósito mesquinho, repita-se, de não responder pelo especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações
É fato que houve contrato de prestação de serviços entre o empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da
Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura
no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no
prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67 Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para
e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo
subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma
pela empresa contratada. regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a
Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.
art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento
Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art.
responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a 71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a
qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta,
elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e
a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do
imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os
combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na
A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do
Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:
cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS
honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.
Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo
contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização
condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados
estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a à execução de contrato administrativo quando configurada a
regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na
Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição
fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição
contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.
direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011).
triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de
melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a
mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga responsabilização do poder público deveria ser examinada diante
a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). de cada caso concreto, nos seguintes termos:
Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC
probatório que dos autos consta não há provas do n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a
acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,
concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
São devidas as multas dos artigos 467 e 477, da CLT, uma vez que, PODER JUDICIÁRIO
lhe foi atribuída, argumentando não houve um contrato de subsidiária não nasceu automaticamente com inadimplemento das
terceirização, mas um Contrato de Gestão, não incidindo assim os obrigações por parte da prestadora, mas pelo fato de faltar
efeitos da Súmula 331, do TST, sobre o ora recorrente. Reforça a fiscalização do ente estatal no cumprimento das obrigações sociais,
tese de que não houve relação de emprego da recorrida com o ente trabalhistas, previdenciárias e fiscais pela citada prestadora, aliás,
estatal. Alega que a autora não fez prova dos direitos pleiteados e por imposição do art.67, da Lei nº 8.666/93, que impõe inspeção
das multas do art. 477 e 467 da CLT, por não ter dado causa à Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de
situação e por ser inaplicável à Fazenda Pública. serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia
Apenas a recorrida, ADNALVA BARBOSA FERREIRA, apresentou afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade
contrarrazões de ID 4a7cd28, dentro do prazo legal, conforme secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato
A douta PRT manifestou-se pelo conhecimento e desprovimento do inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade
recurso do ente estatal, nos termos do parecer de ID e540a6c. dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas
O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos entender que não se pode transferir para a Administração Pública a
e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos
Não procede a alegação do recorrente de que não seria parte não adimplidos pelo contratado.
legítima para figurar no polo passivo da reclamatória, tendo em vista Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi
que não existiria vinculo empregatício entre este e o recorrido, eis excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do
que sua condenação não decorre de tal fato e, sim, encontra STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração
amparo no fato de existir entre os reclamados contrato de prestação Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.
de serviços, que pretende chamar de "Contrato de Gestão", Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a
tentando assim, sem sucesso, levantar tese de que seria um constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a
contrato diverso daquele figurado no Enunciado 331 do C.TST. transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da
Convênio, Contrato de gestão, e/ou parceria são termos utilizadas responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente
para tentar desqualificar a verdadeira prestação de serviços público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá
existente o ente estatal e empresas privadas. que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais
O fato de ter empregados do primeiro demandado trabalhando no e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da
Município de Juazeiro do Norte já comprova a existência de Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".
terceirização de mão de obra, contudo, alega que se trata de um Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento
"contrato de gestão" apenas objetivando não responder consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o
subsidiariamente pelo inadimplemento das verbas trabalhistas da julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:
Inexplicavelmente, o ente estatal, que deveria ser e dar exemplo de indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições
respeito às normas jurídicas e boas práticas na administração do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no
pública, é o primeiro a desacatar essas normas, utilizando-se de cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
ardis com o propósito mesquinho, repita-se, de não responder pelo especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações
É fato que houve contrato de prestação de serviços entre o empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
recorrente e o primeiro reclamado e daí nasceu a responsabilidade inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
subsidiária do ente estatal, que se tornou exequível quando do empresa regularmente contratada."
inadimplemento das obrigações contratuais entre a prestadora de Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública
serviços e seus empregados. Frise-se que a responsabilidade no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,
prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67 Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para
e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo
subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma
pela empresa contratada. regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a
Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.
art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento
Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art.
responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a 71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a
qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta,
elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e
a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do
imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os
combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na
A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do
Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:
cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS
honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.
Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo
contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização
condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados
estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a à execução de contrato administrativo quando configurada a
regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na
Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição
fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição
contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.
direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011).
triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de
melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a
mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga responsabilização do poder público deveria ser examinada diante
a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). de cada caso concreto, nos seguintes termos:
Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC
probatório que dos autos consta não há provas do n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a
acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,
daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da tendo observado que eventual responsabilização do poder
idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de
do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no
mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela
concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO.
Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 IMEDIATIDADE. A justa causa atribuída ao empregador, hábil a
VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços fundamentar o pedido de rescisão indireta, trata-se de medida
abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes extrema, a qual, de modo análogo à falta grave praticada pelo
ao período da prestação laboral. " empregado, somente pode ser reconhecida quando restar
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª reação que só veio a ser praticada depois de mais de 10 anos,
REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário,. porque contados do momento em que o trabalhador começou a sofrer
presentes os pressupostos de admissibilidade, e, no mérito, negar- prejuízos. Afinal, a falta cometida pelo empregador, a ensejar o
lhe provimento. acolhimento dessa rescisão, há de ser tal, que torne impossível
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores a manutenção da relação de emprego. Deste modo, tendo em
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior vista a não configuração da rescisão indireta pleiteada pelo
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) autor, deve ser mantida a decisão do juízo de origem que
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo afastou a ocorrência da rescisão indireta, mantendo-se a
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. continuidade da relação de emprego.
Fortaleza, 18 de julho de 2022. FÉRIAS NÃO GOZADAS. ÔNUS DA PROVA. Era do reclamante
(art. 818, CLT), faz jus o promovente ao valor das férias não dos apelos.
RELATÓRIO
A sentença de Id. 7f4a411, proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do RECURSO DO RECLAMANTE
Trabalho de Sobral, julgou procedentes em parte os pedidos Aduz o recorrente reclamante que seu empregador incorreu na
formulados na reclamação trabalhista ajuizada por MANOEL FABIO seguinte conduta, a qual reputa grave o suficiente para que se
DE MIRANDA em face de SERVIS SEGURANCA LTDA, reconheça a justa causa a cargo do reclamado: ausência de gozo
trabalhou em todos os períodos em que deveria gozar férias no Persegue, portanto, a procedência do pedido relativo ao
período imprescrito, condenando a reclamada a pagar ao autor, no reconhecimento da rescisão indireta, a fim de que lhe sejam
prazo de 10 dias, a dobra das férias mais 1/3 em 20 dias deferidas as verbas rescisórias respectivas.
reclamante) relativamente às férias gozadas em 2015 (R$ 1.621,64 A justa causa atribuída ao empregador, hábil a fundamentar o
- fl. 224/225), 2016 (R$ 1.804,48 - 228/229), 2017 (R$2.018,52 - pedido de rescisão indireta, trata-se de medida extrema, a qual, de
232/233) e 2018 (R$ 2.449,40 - fls. 236/237) e 30 dias das férias modo análogo à falta grave praticada pelo empregado, somente
gozadas em 2019 (R$ 3.072,56 - fls. 239/240). pode ser reconhecida quando restar devidamente comprovada.
Inconformados, interpõem reclamante e reclamada os recursos Embora a imediatidade, na análise de contexto em que configurada
ordinários de ID. 05bc60a - Pág. 1-9 e ID. f465834 - Pág. 1-14, a rescisão indireta, deva ser razoavelmente atenuada, porquanto a
respectivamente, pretendendo a modificação da sentença prolatada. reação do empregado tende a ser restringida pelo seu estado de
O obreiro alega, em suma, que o juízo prolator do julgado objurgado subordinação e pela necessidade de preservação do liame,
incorreu em equívoco, ao desconsiderar que a não concessão das vislumbra-se desproporcional e desarrazoado classificar como
férias a que fazia jus daria ensejo à configuração da rescisão imediata uma reação que só veio a ser praticada depois de mais de
Pugna, ainda, pelo deferimento de indenização por danos morais, sofrer prejuízos.
em decorrência da não concessão das férias ao obreiro no tempo Afinal, a falta cometida pelo empregador, a ensejar o acolhimento
O reclamado, por sua vez, aduz que nada é devido a título de férias da relação de emprego.
ao recorrido promovente, uma vez que constaria dos autos Colho da jurisprudência acerca da matéria:
documentação comprobatória do efetivo gozo das férias pelo "EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. RESCISÃO INDIRETA DO
Pretende, por fim, a exclusão da verba honorária a seu encargo, dos requisitos da rescisão indireta do contrato de trabalho é a
sob o fundamento de que somente na hipótese de procedência imediatidade. Segundo esse requisito a insurgência do
parcial caberia o arbitramento de honorários de sucumbência trabalhador deve ser contemporânea à infração do empregador,
recíproca, sendo veda a compensação entre as verbas honorárias. pois do contrário pode ser configurado o perdão tácito quanto
Devidamente notificados, somente o recorrido reclamado ofereceu à falta do empregador. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
contrarrazões, no prazo legal (Id. 59f357f - Pág. 1-13), quedando-se DA 2ª REGIÃO PROCESSO 0002607-40.2013.5.02.0069.
Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade
I - ADMISSIBILIDADE origem.
Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço Ademais, como bem pontuou o julgado a quo, deve-se privilegiar a
"Na falta da concessão das férias no tempo devido, ou efetivamente laborava durante os períodos em que deveria estar em
pagamento sem gozo, deve o empregador ser apenado com o gozo de férias:
pagamento da dobra do valor devido, o que acima já foi "Verifico, assim, que os registros de ponto juntados pela
deferido, restando sem razoabilidade findar o contrato de reclamada, fls. 232/288, quanto ao período imprescrito, não
trabalho por justa causa do empregador, ainda mais em tempos indicam registros nos períodos indicados nos avisos de férias,
de desemprego e pandemia, interessando mais ao trabalhador mas os pagamentos de salário que constam nos
a preservação do posto de trabalho, pois não há motivo contracheques dos meses de férias evidenciam que o
relevante à cessação da continuidade da relação de emprego. reclamante recebia os valores das férias e também o salário do
Do contrário, caso o obreiro não mais se interesse pelo posto mês, confirmando que trabalhava nos períodos em que deveria
demissão. Indefiro o pedido e as verbas decorrentes da Os depoimentos das testemunhas ouvidas confirmam que nos
rescisão indireta, mantendo-se a continuidade do vínculo de postos de trabalho havia o livro de registro de ocorrências
emprego entre as partes. " diárias, o que também foi confirmado pela testemunha de
Quanto aos danos morais, a responsabilidade civil do empregador defesa. Cabia à empregadora ter trazido aos autos o referido
pela indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença documento relativo aos postos de trabalho do reclamante no
de três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o período imprescrito, e como não o fez, reputo válidos os
dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo documentos de fls. 17/54, que evidenciam labor do reclamante
empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo mesmo nos períodos em que deveria estar em gozo de férias,
Não se desincumbindo o reclamante do ônus processual que lhe Desvencilhando-se o obreiro do encargo probatório que sobre si
incumbia, qual seja o de comprovar a ocorrência dos pressupostos recaia (art. 818, CLT), faz jus o promovente ao valor das férias não
supracitados, impõe-se rechaçar o direito à indenização por danos concedidas de modo regular, a serem pagas em dobro, como
A não concessão das férias em seus períodos regulares já restou Os honorários advocatícios devem ser mantidos incólumes, em
devidamente compensada através da condenação da reclamada na razão das disposições do art. 791-A, da CLT.
obrigação alusiva ao pagamento da dobra da parcela, conforme Descabe a verba honorária de sucumbência a cargo do autor,
definido em lei, e como acertadamente decidiu o juízo de primeiro enquanto beneficiário da justiça gratuita, por força dos efeitos da
grau. decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou
A sentença não comporta reforma, portanto, pelo que se impõe o a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
O reclamado, por sua vez, aduz que nada é devido a título de férias Voto pelo improvimento dos recursos, mantendo-se incólume a
ao recorrido promovente, uma vez que constaria dos autos sentença recorrida.
Pretende, por fim, a exclusão da verba honorária a seu encargo, TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
sob o fundamento de que somente na hipótese de procedência REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários
recíproca, sendo veda a compensação entre as verbas honorárias. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Razão não lhe assiste. Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
Era do reclamante o ônus da prova alusivo à demonstração de que (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
não gozava os períodos de férias a que fazia jus, inobstante conste Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
documentação produzida pela reclamada comprovando o regular de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Fortaleza, 18 de julho de 2022. FÉRIAS NÃO GOZADAS. ÔNUS DA PROVA. Era do reclamante
(art. 818, CLT), faz jus o promovente ao valor das férias não
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART concedidas de modo regular, a serem pagas em dobro.
RELATÓRIO
Processo Nº ROT-0001489-19.2019.5.07.0024
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR A sentença de Id. 7f4a411, proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do
RECORRENTE MANOEL FABIO DE MIRANDA Trabalho de Sobral, julgou procedentes em parte os pedidos
ADVOGADO MARCOS RIGONY MENEZES
COSTA(OAB: 12659/CE) formulados na reclamação trabalhista ajuizada por MANOEL FABIO
ADVOGADO RONIZIA AUREA DE DE MIRANDA em face de SERVIS SEGURANCA LTDA,
VASCONCELOS(OAB: 24162/CE)
RECORRIDO SERVIS SEGURANCA LTDA reconhecendo e declarando por sentença que o reclamante
ADVOGADO LIVIA EFFTING CABRAL(OAB: trabalhou em todos os períodos em que deveria gozar férias no
28472/CE)
ADVOGADO MANUEL LUIS DA ROCHA período imprescrito, condenando a reclamada a pagar ao autor, no
NETO(OAB: 7479/CE)
prazo de 10 dias, a dobra das férias mais 1/3 em 20 dias
- SERVIS SEGURANCA LTDA reclamante) relativamente às férias gozadas em 2015 (R$ 1.621,64
I - ADMISSIBILIDADE origem.
Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço Ademais, como bem pontuou o julgado a quo, deve-se privilegiar a
cenário pandêmico:
Aduz o recorrente reclamante que seu empregador incorreu na deferido, restando sem razoabilidade findar o contrato de
seguinte conduta, a qual reputa grave o suficiente para que se trabalho por justa causa do empregador, ainda mais em tempos
reconheça a justa causa a cargo do reclamado: ausência de gozo de desemprego e pandemia, interessando mais ao trabalhador
Persegue, portanto, a procedência do pedido relativo ao relevante à cessação da continuidade da relação de emprego.
reconhecimento da rescisão indireta, a fim de que lhe sejam Do contrário, caso o obreiro não mais se interesse pelo posto
deferidas as verbas rescisórias respectivas. de trabalho, poderá de livre e espontânea vontade pedir
A justa causa atribuída ao empregador, hábil a fundamentar o rescisão indireta, mantendo-se a continuidade do vínculo de
pedido de rescisão indireta, trata-se de medida extrema, a qual, de emprego entre as partes. "
modo análogo à falta grave praticada pelo empregado, somente Quanto aos danos morais, a responsabilidade civil do empregador
pode ser reconhecida quando restar devidamente comprovada. pela indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença
Embora a imediatidade, na análise de contexto em que configurada de três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o
a rescisão indireta, deva ser razoavelmente atenuada, porquanto a dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo
reação do empregado tende a ser restringida pelo seu estado de empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo
vislumbra-se desproporcional e desarrazoado classificar como Não se desincumbindo o reclamante do ônus processual que lhe
imediata uma reação que só veio a ser praticada depois de mais de incumbia, qual seja o de comprovar a ocorrência dos pressupostos
10 anos, contados do momento em que o trabalhador começou a supracitados, impõe-se rechaçar o direito à indenização por danos
Afinal, a falta cometida pelo empregador, a ensejar o acolhimento A não concessão das férias em seus períodos regulares já restou
dessa rescisão, há de ser tal, que torne impossível a manutenção devidamente compensada através da condenação da reclamada na
Colho da jurisprudência acerca da matéria: definido em lei, e como acertadamente decidiu o juízo de primeiro
CONTRATO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE IMEDIATIDADE. Um A sentença não comporta reforma, portanto, pelo que se impõe o
dos requisitos da rescisão indireta do contrato de trabalho é a improvimento do recurso ordinário do reclamante.
pois do contrário pode ser configurado o perdão tácito quanto O reclamado, por sua vez, aduz que nada é devido a título de férias
à falta do empregador. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO ao recorrido promovente, uma vez que constaria dos autos
DA 2ª REGIÃO PROCESSO 0002607-40.2013.5.02.0069. documentação comprobatória do efetivo gozo das férias pelo
Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade Pretende, por fim, a exclusão da verba honorária a seu encargo,
legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e sob o fundamento de que somente na hipótese de procedência
verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código parcial caberia o arbitramento de honorários de sucumbência
recíproca, sendo veda a compensação entre as verbas honorárias. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Razão não lhe assiste. Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
Era do reclamante o ônus da prova alusivo à demonstração de que (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
não gozava os períodos de férias a que fazia jus, inobstante conste Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
documentação produzida pela reclamada comprovando o regular de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
"Verifico, assim, que os registros de ponto juntados pela FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
indicam registros nos períodos indicados nos avisos de férias, ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
recaia (art. 818, CLT), faz jus o promovente ao valor das férias não PODER JUDICIÁRIO
do STF, que possui efeitos "erga omnes" e "ex tunc", e que declarou Versa o presente apelo somente sobre adicional de periculosidade
que o § 4o, do art. 791-A, da CLT, é inconstitucional, visto que viola dentro de um lapso de tempo determinado. A condenação em
o princípio de acesso à justiça previsto no art. 5o, XXXV, da honorários advocatícios e verba pericial não foram objeto de
honorários advocatícios devidos pelo obreiro por ser este A sentença condenou em adicional de periculosidade, no percentual
beneficiário da justiça gratuita. Sentença modificada neste aspecto. de 30% sobre o salário base, no período de 09/09/2015 a
Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamada, em face da a receber tal adicional.
sentença prolatada pela 14ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que A função do demandante era de eletricista, que não se contesta a
apreciando a reclamação em que são litigantes as partes acima periculosidade, mas o argumento é que antes de março de 2017, o
citadas, declarou prescritos os pedidos anteriores a 30/04/2014 e reclamante trabalhava com "linha morta", ou seja, em rede de fiação
julgou parcialmente procedente a ação, condenando a demandada onde não havia eletricidade, e por isso não se justifica a
de 30% sobre o salário base, no período de 09/09/2015 a Assim, esse é o ponto a ser examinado.
31/03/2017, com reflexos em férias + 1/3, 13ª salário e FGTS + Na inicial, o autor disse que "sempre desempenhou as suas funções
40%. Condenou também a reclamada em pagar honorários laborativas em condições de periculosidade, exposto ao perigo de
honorários advocatícios de 10% sobre o valor da liquidação, cuja Com a contestação, a reclamada apresentou a ficha de registros de
quantia dividida, sendo 50% desse valor a ser pago pela reclamada EPIs entregues ao autor, nela contendo, nos anos de 2014, 2015,
ao advogado do reclamante e 50% devido pelo reclamante ao 2016 e 2017 recebimentos de EPIs próprios para eletricista que
advogado da reclamada, id nº 673da99. trabalha no ramo, como botina, bota, e ferramentas específicas, id
o reclamante não trabalhava em área de risco antes de receber o No laudo pericial estão registradas as funções do reclamante: a)
adicional de periculosidade; que o laudo pericial não pode Verificar o estado dos equipamentos inoperantes ou em mau
prevalecer, nesse campo de prova; registra o seguinte: "Sem funcionamento; b) Realizar a manutenção dos equipamentos
embargo, conforma narrado por ocasião da sentença meritória e, elétricos em mau funcionamento; c) Realizar a trocas de disjuntores,
ressalta-se, não impugnado pela parte autora - dado sua confissão tomadas e plugues elétricos;
ficta sobre a matéria, antes do mês de abril de 2017, o demandante, d) Realizar a troca de lâmpadas, luminárias e outros; e) Realizar
enquanto Eletricista, trabalhava com as chamadas linhas mortas, ajustes finos dos aparelhos de ar condicionados; f) Verificação
que são instalações elétricas onde não há mais eletricidade"; que diária das ordens de serviço/ocorrências com supervisor; g)
entrada em subestação era eventual; que somente a exposição Acompanhamento das manutenções realizadas pelas terceirizadas
sentença deve ser reforma e a ação julgada improcedente. Além das atividades acima mencionadas, há registros também que
O recorrido apresentou contrarrazões, id nº 9153d98, defendendo o o autor entrava em subestação da reclamada, onde havia alta
Dispensado parecer prévio do Ministério Público do Trabalho, por Ressalte-se que essas entradas em subestação são confessadas
norma interna deste Regional. até na peça de recurso, id nº b577a55, com a ressalva de isso
I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto reclamada, em área de risco, era habitual e permanente.
permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a Neste contexto, resta confirmar a sentença, negando provimento ao
habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI- Registre-se que a sentença condenou o reclamante a pagar
1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003)". horários advocatícios ao advogado da reclamada, em sucumbência
Registre-se esse exame é apenas sobre as entradas na subestação reciproca, e que esse tipo de condenação deixou de existe, por
de eletricidade de alta tensão. Ainda há que se analisar o serviço ordem do Supremo Tribunal Federal.
diário, na função de eletricista, do autor. Quanto ao tema dos honorários advocatícios devidos pela
Voltando ao ponto principal da questão, qual seja, que o reclamante reclamante beneficiária da justiça gratuita, o STF, por meio da ADI
teria trabalhado em "linha morta", antes de março de 2017, a No 5.766 do Distrito Federal, declarou que o § 4º, do art. 791-A, da
reclamada não apresentou prova disso. CLT, é inconstitucional, e, portanto, com efeitos "erga omnes",
A reclamada, ora recorrente, não apresentou prova documental de vinculante e "ex tunc", devendo ser aplicado de imediato aos
que o reclamante só havia trabalho em linha morta, antes de março processos em curso.
de 2017 e, além disso, na audiência id nº 0ff7749, dispensou o seu No caso em tela, a sentença condenou o reclamante a pagar
depoimento pessoal, que não serve de prova, mas poderia honorários advocatícios ao advogado da reclamada, sendo o autor
esclarecedor dos fatos, que levaria o Juiz de piso buscar prova dos beneficiário da Justiça gratuita.
fatos alegados, mas isso não aconteceu. E por derradeiro, na A decisão do Supremo data de 20/10/2021, mas a ação vinha
mesma audiência, a demandada declinou da oitiva de testemunhas, tramitando desde 2017, portanto, a sentença é alcança por ela.
ficando, assim, sem provar o fazia o demandante em tal lapso de Assim, tendo o STF declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B,
tempo. caput e seu § 4º, bem como do art. 791-A, § 4º, ambos da CLT, na
No recurso ainda há o argumento de que o reclamante teria parte em autorizava a condenação do beneficiário da Justiça
confessado tal fato, de haver trabalhado em linha morta, de sua gratuita em pagar honorários ao advogado do reclamado, em
admissão até março de 2017. percentual sobre os pedidos indeferidos, e ainda sendo o
Ocorre que na audiência acima registrada o reclamante esteve reclamante pobre, na forma da lei, e não sucumbente na ação, não
ausente, e não registro de outro depoimento pessoal deve. há se falar em condenação de verba honorária em favor do
sempre desenvolveu atividades exposto a rede energizada, e se Nesse sentido, tem se manifestado a Jurisprudencial Pátria,
conclusão do laudo", e na conclusão disse o seguinte: "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI No
"Baseado na entrevista colhida na diligencia pericial com o 13.467/17 - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA -
reclamante, foram coletadas também informações dos documentos HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA
constantes no PJE, Em conclusão com o conjunto de fatos, GRATUITA. ARTIGO 791-A, § 4o, DA CLT. AÇÃO PROPOSTA
cuidadosa e criteriosamente relatadas no corpo deste laudo técnico APÓS 11 DE NOVEMBRO DE 2017. O art. 791-A, § 4o, introduzido
pericial e considerando as condições de trabalho e como elas foram na Consolidação das Leis do Trabalho pela Lei no 13.467/2017,
observadas na execução da perícia e em conformidade com a dispõe que "Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que
Portaria MTE nº 3.214/78, NR 16 - Atividades e operações não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
Perigosas, anexo 4 (ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
COM ENERGIA ELÉTRICA): é de meu parecer que nas atividades sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
realizadas pelo reclamante enquanto trabalhava na reclamada, somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes
de forma habitual e permanente seu período laboral, EXISTE A ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DA PERICULOSIDADE (30%), pois demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
o reclamado não seguiu as orientações da NR 10 itens 10.2.8 e recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
10.2.9 e seus respectivos subitens". (O destaque não consta do passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário". Ocorre que o
Assim, a conclusão da perícia é que o trabalho do autor na declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT, razão
pela qual é indevido o pagamento de honorários advocatícios Inconstitucionalidade no 5.766/DF, o Pleno do E. Supremo Tribunal
sucumbenciais por beneficiário da justiça gratuita, ainda que, em Federal, na Sessão de 20/10/2021, decidiu, com eficácia vinculante
outro processo, obtenha créditos suficientes para suportar as e efeitos erga omnes (art. 102, § 2o, da Constituição Federal), pela
obrigações decorrentes de sua sucumbência. Recurso de revista de inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT. Considerando os
que se conhece e a que se dá provimento". (TST - RR: efeitos produzidos pela decisão do E. STF na citada ADI no
10015671420185020042, Relator: Alberto Bastos Balazeiro, Data 5.766/DF, de imediata incidência no caso dos autos e aplicáveis de
de Julgamento: 27/10/2021, 5a Turma, Data de Publicação: ofício, declara-se isento o reclamante do pagamento de honorários
"BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. OBRIGAÇÃO DE justiça gratuita. Apelo conhecido e provido, no particular". (TRT-2
SUCUMBENCIAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791, § DA SILVA, 6a Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: 26/10/2021).
4o, DA CLT. O E. STF, nos autos da ADI 5766 e por maioria de (Grifo nosso).
votos, declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT, Assim, no presente caso, afasta-se a condenação em honorários
que impunha ao beneficiário da justiça gratuita que obteve crédito advocatícios devidos pelo obreiro por ser este beneficiário da justiça
nenhum valor fosse recebido em juízo pelo trabalhador. À vista Conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. E de ofício,
disso, e considerando os efeitos vinculantes da decisão (art. 102, § determinar a exclusão da condenação imposta ao reclamante para
2o, da CF) e a sua aplicação imediata aos processos em curso, não pagar honorários advocatícios ao advogado da reclamada.
"I - RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA FIVE ENGENHARIA REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
S.A. Jornada de trabalho. Sonegação injustificada dos controles de conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. E de ofício,
ponto. Inversão do ônus probatório. Horas extras devidas. De modo determinar a exclusão da condenação imposta ao reclamante para
absolutamente injustificado, a ex-empregadora não colacionou aos pagar honorários advocatícios ao advogado da reclamada.
autos os controles de ponto do autor, os quais efetivamente Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
deveriam existir, por força do comando inserido no artigo 74, Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
parágrafo 2o, da CLT. Assim, existindo prova documental e pré- (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
constituída em poder da ex-empregadora e tendo a empresa Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
omitido tal instrumento da apreciação judicial, trouxe para si o "onus o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
pode deixar ao alvedrio de uma das partes a apresentação ao Juízo FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Mas diversamente, na busca pela verdade real, deve o Juízo JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ELETRICISTA. LAPSO DE permanente garantia o direito ao adicional respectivo; que a
TEMPO EM QUE O TRABALHO TERIA SIDO EM "REDE sentença deve ser reforma e a ação julgada improcedente.
MORTA". No caso presente, não se discute que o reclamante havia O recorrido apresentou contrarrazões, id nº 9153d98, defendendo o
exercido a função de eletricista e que tem direito ao adicional de desprovimento do recurso da demandada.
periculosidade. O argumento do recurso é que teria havido um lapso Dispensado parecer prévio do Ministério Público do Trabalho, por
de tempo em que o obreiro tinha trabalho em "rede morta", onde norma interna deste Regional.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DEVIDOS POR BENEFICIÁRIO Recurso conhecido porque presentes os pressupostos de
do STF, que possui efeitos "erga omnes" e "ex tunc", e que declarou Versa o presente apelo somente sobre adicional de periculosidade
que o § 4o, do art. 791-A, da CLT, é inconstitucional, visto que viola dentro de um lapso de tempo determinado. A condenação em
o princípio de acesso à justiça previsto no art. 5o, XXXV, da honorários advocatícios e verba pericial não foram objeto de
honorários advocatícios devidos pelo obreiro por ser este A sentença condenou em adicional de periculosidade, no percentual
beneficiário da justiça gratuita. Sentença modificada neste aspecto. de 30% sobre o salário base, no período de 09/09/2015 a
Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamada, em face da a receber tal adicional.
sentença prolatada pela 14ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que A função do demandante era de eletricista, que não se contesta a
apreciando a reclamação em que são litigantes as partes acima periculosidade, mas o argumento é que antes de março de 2017, o
citadas, declarou prescritos os pedidos anteriores a 30/04/2014 e reclamante trabalhava com "linha morta", ou seja, em rede de fiação
julgou parcialmente procedente a ação, condenando a demandada onde não havia eletricidade, e por isso não se justifica a
de 30% sobre o salário base, no período de 09/09/2015 a Assim, esse é o ponto a ser examinado.
31/03/2017, com reflexos em férias + 1/3, 13ª salário e FGTS + Na inicial, o autor disse que "sempre desempenhou as suas funções
40%. Condenou também a reclamada em pagar honorários laborativas em condições de periculosidade, exposto ao perigo de
honorários advocatícios de 10% sobre o valor da liquidação, cuja Com a contestação, a reclamada apresentou a ficha de registros de
quantia dividida, sendo 50% desse valor a ser pago pela reclamada EPIs entregues ao autor, nela contendo, nos anos de 2014, 2015,
2016 e 2017 recebimentos de EPIs próprios para eletricista que ficando, assim, sem provar o fazia o demandante em tal lapso de
No laudo pericial estão registradas as funções do reclamante: a) confessado tal fato, de haver trabalhado em linha morta, de sua
Verificar o estado dos equipamentos inoperantes ou em mau admissão até março de 2017.
funcionamento; b) Realizar a manutenção dos equipamentos Ocorre que na audiência acima registrada o reclamante esteve
elétricos em mau funcionamento; c) Realizar a trocas de disjuntores, ausente, e não registro de outro depoimento pessoal deve.
tomadas e plugues elétricos; Em última análise, no laudo pericial foi indagado se o reclamante
d) Realizar a troca de lâmpadas, luminárias e outros; e) Realizar sempre desenvolveu atividades exposto a rede energizada, e se
ajustes finos dos aparelhos de ar condicionados; f) Verificação recebia o adicional em todo o período, e o perito disse "vide
diária das ordens de serviço/ocorrências com supervisor; g) conclusão do laudo", e na conclusão disse o seguinte:
Acompanhamento das manutenções realizadas pelas terceirizadas "Baseado na entrevista colhida na diligencia pericial com o
Além das atividades acima mencionadas, há registros também que constantes no PJE, Em conclusão com o conjunto de fatos,
o autor entrava em subestação da reclamada, onde havia alta cuidadosa e criteriosamente relatadas no corpo deste laudo técnico
tensão, embora eventualmente. pericial e considerando as condições de trabalho e como elas foram
Ressalte-se que essas entradas em subestação são confessadas observadas na execução da perícia e em conformidade com a
até na peça de recurso, id nº b577a55, com a ressalva de isso Portaria MTE nº 3.214/78, NR 16 - Atividades e operações
Compulsando os autos, conforme as tarefas do autor, acima COM ENERGIA ELÉTRICA): é de meu parecer que nas atividades
mencionadas, os EPIs recebidos, o máximo que poderia acontecer, realizadas pelo reclamante enquanto trabalhava na reclamada,
nas entradas na subestação seria a forma intermitente, qual seja, de forma habitual e permanente seu período laboral, EXISTE A
que ocorre com intervalado, descontínuo. E nesse caso, há a CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DA PERICULOSIDADE (30%), pois
periculosidade, conforme Súmula nº 364, do TST, que assim reza: o reclamado não seguiu as orientações da NR 10 itens 10.2.8 e
"ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, 10.2.9 e seus respectivos subitens". (O destaque não consta do
209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016 Assim, a conclusão da perícia é que o trabalho do autor na
I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto reclamada, em área de risco, era habitual e permanente.
permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a Neste contexto, resta confirmar a sentença, negando provimento ao
habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI- Registre-se que a sentença condenou o reclamante a pagar
1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003)". horários advocatícios ao advogado da reclamada, em sucumbência
Registre-se esse exame é apenas sobre as entradas na subestação reciproca, e que esse tipo de condenação deixou de existe, por
de eletricidade de alta tensão. Ainda há que se analisar o serviço ordem do Supremo Tribunal Federal.
diário, na função de eletricista, do autor. Quanto ao tema dos honorários advocatícios devidos pela
Voltando ao ponto principal da questão, qual seja, que o reclamante reclamante beneficiária da justiça gratuita, o STF, por meio da ADI
teria trabalhado em "linha morta", antes de março de 2017, a No 5.766 do Distrito Federal, declarou que o § 4º, do art. 791-A, da
reclamada não apresentou prova disso. CLT, é inconstitucional, e, portanto, com efeitos "erga omnes",
A reclamada, ora recorrente, não apresentou prova documental de vinculante e "ex tunc", devendo ser aplicado de imediato aos
que o reclamante só havia trabalho em linha morta, antes de março processos em curso.
de 2017 e, além disso, na audiência id nº 0ff7749, dispensou o seu No caso em tela, a sentença condenou o reclamante a pagar
depoimento pessoal, que não serve de prova, mas poderia honorários advocatícios ao advogado da reclamada, sendo o autor
esclarecedor dos fatos, que levaria o Juiz de piso buscar prova dos beneficiário da Justiça gratuita.
fatos alegados, mas isso não aconteceu. E por derradeiro, na A decisão do Supremo data de 20/10/2021, mas a ação vinha
mesma audiência, a demandada declinou da oitiva de testemunhas, tramitando desde 2017, portanto, a sentença é alcança por ela.
Assim, tendo o STF declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B, 2o, da CF) e a sua aplicação imediata aos processos em curso, não
caput e seu § 4º, bem como do art. 791-A, § 4º, ambos da CLT, na há como subsistir a condenação imposta na origem". (TRT-2
parte em autorizava a condenação do beneficiário da Justiça 10002589820215020511 SP, Relator: SERGIO ROBERTO
gratuita em pagar honorários ao advogado do reclamado, em RODRIGUES, 11a Turma - Cadeira 5, Data de Publicação:
reclamante pobre, na forma da lei, e não sucumbente na ação, não "I - RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA FIVE ENGENHARIA
há se falar em condenação de verba honorária em favor do S.A. Jornada de trabalho. Sonegação injustificada dos controles de
advogado da reclamada. ponto. Inversão do ônus probatório. Horas extras devidas. De modo
Nesse sentido, tem se manifestado a Jurisprudencial Pátria, absolutamente injustificado, a ex-empregadora não colacionou aos
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI No deveriam existir, por força do comando inserido no artigo 74,
13.467/17 - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA - parágrafo 2o, da CLT. Assim, existindo prova documental e pré-
GRATUITA. ARTIGO 791-A, § 4o, DA CLT. AÇÃO PROPOSTA omitido tal instrumento da apreciação judicial, trouxe para si o "onus
APÓS 11 DE NOVEMBRO DE 2017. O art. 791-A, § 4o, introduzido probandi", do qual não se desvencilhou a contento, com
na Consolidação das Leis do Trabalho pela Lei no 13.467/2017, consequente presunção de veracidade da jornada indicada na
dispõe que "Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que prefacial, à luz do artigo 400, do CPC, na medida em que não se
não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos pode deixar ao alvedrio de uma das partes a apresentação ao Juízo
capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua apenas da parcela do instrumento probatório que melhor lhe apraz.
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e Mas diversamente, na busca pela verdade real, deve o Juízo
somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes diligenciar quanto ao conhecimento da realidade fática, tendo
ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor ambas as partes a obrigação processual precípua de demonstrá-la
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de fielmente, nos exatos termos da Súmula 338, item I, do C. TST.
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, Recurso ordinário conhecido e não provido, nesse aspecto. II -
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário". Ocorre que o RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. Honorários
Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 5766/DF, em 20/10/2021, advocatícios sucumbenciais. Inconstitucionalidade do artigo 791-A,
declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT, razão parágrafo 4o, da CLT. No julgamento da Ação Direta de
pela qual é indevido o pagamento de honorários advocatícios Inconstitucionalidade no 5.766/DF, o Pleno do E. Supremo Tribunal
sucumbenciais por beneficiário da justiça gratuita, ainda que, em Federal, na Sessão de 20/10/2021, decidiu, com eficácia vinculante
outro processo, obtenha créditos suficientes para suportar as e efeitos erga omnes (art. 102, § 2o, da Constituição Federal), pela
obrigações decorrentes de sua sucumbência. Recurso de revista de inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT. Considerando os
que se conhece e a que se dá provimento". (TST - RR: efeitos produzidos pela decisão do E. STF na citada ADI no
10015671420185020042, Relator: Alberto Bastos Balazeiro, Data 5.766/DF, de imediata incidência no caso dos autos e aplicáveis de
de Julgamento: 27/10/2021, 5a Turma, Data de Publicação: ofício, declara-se isento o reclamante do pagamento de honorários
"BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. OBRIGAÇÃO DE justiça gratuita. Apelo conhecido e provido, no particular". (TRT-2
SUCUMBENCIAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791, § DA SILVA, 6a Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: 26/10/2021).
4o, DA CLT. O E. STF, nos autos da ADI 5766 e por maioria de (Grifo nosso).
votos, declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT, Assim, no presente caso, afasta-se a condenação em honorários
que impunha ao beneficiário da justiça gratuita que obteve crédito advocatícios devidos pelo obreiro por ser este beneficiário da justiça
nenhum valor fosse recebido em juízo pelo trabalhador. À vista Conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. E de ofício,
disso, e considerando os efeitos vinculantes da decisão (art. 102, § determinar a exclusão da condenação imposta ao reclamante para
pagar honorários advocatícios ao advogado da reclamada. depósito recursal, não há como conhecer do seu apelo, por deserto.
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, SÚMULA Nº 331, IV, DO TST. Restando comprovado nos autos
conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. E de ofício, que a empresa prestadora de serviços foi contratada pela recorrente
determinar a exclusão da condenação imposta ao reclamante para e que descumpriu as obrigações trabalhistas em relação ao
pagar honorários advocatícios ao advogado da reclamada. reclamante, não há como afastar da tomadora do serviço a
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores responsabilidade pelo pagamento, de forma subsidiária, das verbas
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva devidas à obreira, tendo em vista o disposto na Súmula nº 331, IV,
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias MULTA POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. MANUTENÇÃO.
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. Não padecendo a sentença vergastada de omissão ou contradição,
Fortaleza, 11 de julho de 2022. nem tampouco carecendo de quaisquer esclarecimentos, vez que o
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA Juízo apreciara de forma clara e objetiva toda a matéria levada ao
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. fundamentado convencimento ali exposto, tem-se que os embargos
JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR destinam, pelo que há de se manter a multa aplicada pelo Juízo de
- IMAGINE TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA sentença prolatada pela MM.ª 3.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id
depósito recursal e as custas processuais, com a determinação do presente feito, atrai, diante dos pedidos formulados, a
regular processamento do recurso ordinário e, na sequência, o seu responsabilidade em caráter subsidiário, pela terceirização de mão
Alega, em apertada síntese, "queda acentuada de faturamento, a Isso porque, nem a legalidade quanto à contratação de sociedades
existência de débito elevado e a ausência de pagamento dos prestadoras de serviços, nem a função desenvolvida pelo
créditos que lhe seriam devidos pela segunda reclamada.", não reclamante (se atividade meio ou fim) têm o condão de afastar a
podendo arcar com as despesas e preparo do recurso sem responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços que se
Em um primeiro Juízo de admissibilidade recursal, o juízo Na mesma esteira, importante ressaltar que tal responsabilização
monocrático, recebeu o recurso ordinário em seu efeito devolutivo, não decorre da relação de subordinação direta com o obreiro, mas
com fulcro nos art. 893, inciso II, e 895, inciso I da CLT, deixando a sim de sua incúria (culpa "in vigilando") em velar pelo fiel
apreciação do requerimento da gratuidade de justiça para o cumprimento dos direitos trabalhistas pela empresa contratada.
Colendo TRT da 7ª Região conforme art 99 § 7º do CPC e OJ -SDI1 Portanto, a responsabilidade subsidiária dos tomadores de serviço
- 269 do TST (id 9310db3). encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro, onde as
O juízo de admissibilidade do 2.ª grau indeferiu o pedido de empresas contratantes têm o dever de fiscalizar eficazmente os
concessão dos benefícios da gratuidade da justiça à agravante (id contratos trabalhistas, no que concerne ao seu adimplemento e,
No despacho, foi concedido prazo de 05 (cinco) dias para que a permanece plenamente possível a imputação da responsabilidade
recorrente realizasse o recolhimento das custas e do depósito subsidiária ao tomador do serviço terceirizado, ante a configuração
recursal, nos termos da OJ nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do da culpa "in elegendo" ou "in vigilando".
CPC/2015, sob pena de, não o fazendo, se manter a decisão ora Por outro lado, o inadimplemento dos direitos trabalhistas da
atacada, deixando a reclamada transcorrer o prazo legal sem empregada, por si só, demonstra a ausência da devida fiscalização
apresentar manifestação, conforme certidão de id. 9785785. por parte do tomador dos serviços dos trabalhadores em questão,
Portanto, cabia à parte interessada velar pela adequada que incorreu, assim, na chamada "culpa in vigilando".
formalização do seu recurso, o que não ocorreu na hipótese dos No processo em tela, não restou demonstrado que a prestadora de
Recurso ordinário que não se conhece, por deserto. com o reclamante, nem que a tomadora dos serviços, tenha
RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO adotado qualquer forma de fiscalização neste sentido.
CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS A proteção aos direitos do trabalhador, funda-se, outrossim, na
MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA. própria importância atribuída ao trabalho pela atual Constituição
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do do Estado Democrático de Direito (art. 1.º, inciso IV). Assim, não
recurso ordinário da 2.ª reclamada. pode cláusula contratual privada celebrada entre as partes afastar a
Requer a 2ª reclamada que seja afastada a sua responsabilidade Na hipótese, portanto, restou provado que a recorrente incorreu na
Da análise das provas dos autos, conclui-se que, efetivamente, a prestadora de serviços.
autora trabalhou em benefício da segunda reclamada. Assim, nos moldes da diretriz consubstanciada na Súmula nº 331,
Nesse sentido, a segunda reclamada tinha o dever, como IV, do TST, a qual preconiza o seguinte:
beneficiária dos serviços do reclamante, de fiscalizar a regularidade "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
das relações trabalhistas havidas entre a 1ª reclamada e a obreira. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
A omissão fiscalizatória da 2ª reclamada, demonstrada pela serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
ausência de qualquer prova em sentido contrário e pelas próprias relação processual e conste também do título executivo judicial".
irregularidades trabalhistas que foram objeto de condenação no Desta forma, configurada a terceirização de mão de obra, por meio
de contrato de prestação de serviços, na qual a segunda reclamada legislação trabalhista prevê a responsabilidade do tomador dos
se beneficiou dos serviços prestados pela reclamante, é aplicável o serviços, ou seja, aquele que efetivamente foi beneficiado pela
entendimento consubstanciado na Súmula n.º 331, IV, do col. TST, prestação dos serviços pelo trabalhador. Aliás, a CLT, em seu artigo
impondo a responsabilização subsidiária à tomadora de serviços 455, permite até mesmo que o trabalhador demande em face do
pelos créditos trabalhistas deferidos em primeiro grau. empreiteiro principal. Ressalto que o entendimento consubstanciado
Ante o exposto, confirma-se a sentença quanto à responsabilidade na súmula do enunciado 331 do C. TST, quanto à responsabilização
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a jurídicos o princípio de proteção ao empregado, bem como a
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o natureza alimentar dos créditos trabalhistas. Assim, comprovada a
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência celebração de contrato com o objetivo específico de prestação de
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. serviços para beneficiários de plano de saúde da segunda ré,
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir declaro a sua responsabilidade subsidiária pela quitação do crédito
expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do da autora, em caso de inadimplemento pela primeira reclamada. Por
recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a fim, diante das informações da primeira ré acerca do bloqueio de
sentença recorrida carece de nenhum reparo, já que crédito pertencente à empresa, determino que a segunda ré coloque
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. à disposição deste processo, no prazo de oito dias, crédito da
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, primeira ré que seja suficiente à satisfação das parcelas acima
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: deferidas. Eventual descumprimento injustificado desta
A parte autora afirma que atendia pacientes que eram clientes da atentatório ao exercício da jurisdição. Cabe ressaltar que tal
segunda reclamada UNIMED Ceará, o que demonstraria que, ainda determinação não significa inversão da ordem de responsabilidade
que indiretamente, havia prestação de serviços para a UNIMED. pelo cumprimento da condenação, pois mantida a responsabilidade
Esclarece que, em 2016, foi iniciada a prestação de serviços da subsidiária da segunda ré. Porém, tendo a segunda ré bloqueado
Imagine para os pacientes da UNIMED; que, em 2018, a Imagine já créditos da primeira ré, pode a segunda ré colocar à disposição do
atendia mais de 100 clientes da Unimed e o faturamento com estes presente processo valor suficiente à satisfação desta ação."
clientes já ultrapassava os 98% do total da primeira reclamada; que, MULTA. EMBARGOS PROTELATÓRIOS.
em março de 2020, aparentemente, a UNIMED suspendeu o Ao final opõe-se o recorrente à multa imposta por ocasião do
pagamento para a primeira reclamada e, por este motivo, não foram julgamento dos embargos declaratórios.
serviços terceirizados para UNIMED, que assumiu os riscos desse De uma simples leitura das razões de recurso manejadas nos
contrato de prestação de serviços. A documentação apresentada embargos de declaração opostos pelo recorrente (id 8fd5aa6),
pela segunda reclamada comprova que as rés firmaram contrato observa-se que estes almejavam, por via transversal, a rediscussão
para a prestação de serviços específicos de psicologia, do mérito da lide, apontando a embargante contradições na
fonoaudiologia, terapia ocupacional e supervisão de terapia ABA sentença quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício e a
contrato. Não se trata, portanto, de mero credenciamento, mas de Entretanto, não padece a sentença vergastada de omissão ou
efetivo deslocamento da prestação de serviços de responsabilidade contradição, nem tampouco carece de quaisquer esclarecimentos,
da segunda reclamada para a primeira demandada. Com a vez que o Juízo apreciou de forma clara e objetiva toda a matéria
terceirização, a tomadora dos serviços passa a atribuir parte de levada ao seu conhecimento, valorando as provas segundo o livre e
suas atividades para outras empresas (prestadoras de serviços). fundamentado convencimento ali exposto.
Por meio de tal instituto, há uma diminuição dos custos Assim, tem-se que os embargos declaratórios foram utilizados com
empresariais, mormente quanto aos decorrentes das relações de propósito diverso do fim a que se destinam, pelo que há de se
emprego. A tomadora deve fiscalizar o cumprimento das obrigações manter a multa aplicada pelo juízo "a quo".
responsabilidade civil decorrente das culpas in vigilando, in Voto pelo não conhecimento do recurso ordinário da 1.ª reclamada,
contrahendo e in eligendo (artigo 942 do CC). Ademais, a própria por deserto; pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário
jurídicos fundamentos.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
unanimidade, não conhecer do recurso ordinário interposto pela 1.ª RECURSO ORDINÁRIO DA 1.ª RECLAMADA. IMAGINE
por deserto; conhecer do recurso ordinário da 2.ª reclamada CONHECIMENTO. DESERÇÃO. Não tendo a recorrente efetuado o
(UNIMED DO CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES depósito recursal, não há como conhecer do seu apelo, por deserto.
COOPERATIVAS MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA) e, no RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO
mérito, por maioria, negar-lhe provimento, mantendo-se a sentença CEARA - FEDERAÇÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS
por seus próprios e jurídicos fundamentos. Vencido o MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA.
improcedente a ação, em razão da súmula 331 do TST, só SÚMULA Nº 331, IV, DO TST. Restando comprovado nos autos
condenando subsidiariamente em caso de relação de emprego, e que a empresa prestadora de serviços foi contratada pela recorrente
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores reclamante, não há como afastar da tomadora do serviço a
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva responsabilidade pelo pagamento, de forma subsidiária, das verbas
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). devidas à obreira, tendo em vista o disposto na Súmula nº 331, IV,
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. MULTA POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. MANUTENÇÃO.
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA Juízo apreciara de forma clara e objetiva toda a matéria levada ao
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. fundamentado convencimento ali exposto, tem-se que os embargos
JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR destinam, pelo que há de se manter a multa aplicada pelo Juízo de
- UNIMED DO CE FED DAS COOP DE TRAB MED DO EST DO sentença prolatada pela MM.ª 3.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id
CE LTDA
f46612d) que julgando parcialmente procedentes os pedidos
CASTELO BRANCO RAMOS, condenou-a, subsidiariamente com a Da análise das provas dos autos, conclui-se que, efetivamente, a
2.ª reclamada, no pagamento de bolsa de estágio de fevereiro e autora trabalhou em benefício da segunda reclamada.
março de 2020, no valor total de R$1.200,00; e honorários Nesse sentido, a segunda reclamada tinha o dever, como
advocatícios sucumbenciais no montante de 15% (quinze por beneficiária dos serviços do reclamante, de fiscalizar a regularidade
cento), sobre o valor crédito autoral (R$1.200,00), ou seja, das relações trabalhistas havidas entre a 1ª reclamada e a obreira.
Em suas razões (id da383fd ) pugna, preliminarmente lhe seja ausência de qualquer prova em sentido contrário e pelas próprias
concedido o benefício da justiça gratuita com o fito de a isentar do irregularidades trabalhistas que foram objeto de condenação no
depósito recursal e as custas processuais, com a determinação do presente feito, atrai, diante dos pedidos formulados, a
regular processamento do recurso ordinário e, na sequência, o seu responsabilidade em caráter subsidiário, pela terceirização de mão
Alega, em apertada síntese, "queda acentuada de faturamento, a Isso porque, nem a legalidade quanto à contratação de sociedades
existência de débito elevado e a ausência de pagamento dos prestadoras de serviços, nem a função desenvolvida pelo
créditos que lhe seriam devidos pela segunda reclamada.", não reclamante (se atividade meio ou fim) têm o condão de afastar a
podendo arcar com as despesas e preparo do recurso sem responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços que se
Em um primeiro Juízo de admissibilidade recursal, o juízo Na mesma esteira, importante ressaltar que tal responsabilização
monocrático, recebeu o recurso ordinário em seu efeito devolutivo, não decorre da relação de subordinação direta com o obreiro, mas
com fulcro nos art. 893, inciso II, e 895, inciso I da CLT, deixando a sim de sua incúria (culpa "in vigilando") em velar pelo fiel
apreciação do requerimento da gratuidade de justiça para o cumprimento dos direitos trabalhistas pela empresa contratada.
Colendo TRT da 7ª Região conforme art 99 § 7º do CPC e OJ -SDI1 Portanto, a responsabilidade subsidiária dos tomadores de serviço
- 269 do TST (id 9310db3). encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro, onde as
O juízo de admissibilidade do 2.ª grau indeferiu o pedido de empresas contratantes têm o dever de fiscalizar eficazmente os
concessão dos benefícios da gratuidade da justiça à agravante (id contratos trabalhistas, no que concerne ao seu adimplemento e,
No despacho, foi concedido prazo de 05 (cinco) dias para que a permanece plenamente possível a imputação da responsabilidade
recorrente realizasse o recolhimento das custas e do depósito subsidiária ao tomador do serviço terceirizado, ante a configuração
recursal, nos termos da OJ nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do da culpa "in elegendo" ou "in vigilando".
CPC/2015, sob pena de, não o fazendo, se manter a decisão ora Por outro lado, o inadimplemento dos direitos trabalhistas da
atacada, deixando a reclamada transcorrer o prazo legal sem empregada, por si só, demonstra a ausência da devida fiscalização
apresentar manifestação, conforme certidão de id. 9785785. por parte do tomador dos serviços dos trabalhadores em questão,
Portanto, cabia à parte interessada velar pela adequada que incorreu, assim, na chamada "culpa in vigilando".
formalização do seu recurso, o que não ocorreu na hipótese dos No processo em tela, não restou demonstrado que a prestadora de
Recurso ordinário que não se conhece, por deserto. com o reclamante, nem que a tomadora dos serviços, tenha
RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO adotado qualquer forma de fiscalização neste sentido.
CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS A proteção aos direitos do trabalhador, funda-se, outrossim, na
MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA. própria importância atribuída ao trabalho pela atual Constituição
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do do Estado Democrático de Direito (art. 1.º, inciso IV). Assim, não
recurso ordinário da 2.ª reclamada. pode cláusula contratual privada celebrada entre as partes afastar a
Requer a 2ª reclamada que seja afastada a sua responsabilidade Na hipótese, portanto, restou provado que a recorrente incorreu na
cumprimento das obrigações contratuais e legais da empresa da segunda reclamada para a primeira demandada. Com a
Assim, nos moldes da diretriz consubstanciada na Súmula nº 331, suas atividades para outras empresas (prestadoras de serviços).
IV, do TST, a qual preconiza o seguinte: Por meio de tal instituto, há uma diminuição dos custos
"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empresariais, mormente quanto aos decorrentes das relações de
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos emprego. A tomadora deve fiscalizar o cumprimento das obrigações
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da trabalhistas pela empresa prestadora. Tal dever decorre da
relação processual e conste também do título executivo judicial". responsabilidade civil decorrente das culpas in vigilando, in
Desta forma, configurada a terceirização de mão de obra, por meio contrahendo e in eligendo (artigo 942 do CC). Ademais, a própria
de contrato de prestação de serviços, na qual a segunda reclamada legislação trabalhista prevê a responsabilidade do tomador dos
se beneficiou dos serviços prestados pela reclamante, é aplicável o serviços, ou seja, aquele que efetivamente foi beneficiado pela
entendimento consubstanciado na Súmula n.º 331, IV, do col. TST, prestação dos serviços pelo trabalhador. Aliás, a CLT, em seu artigo
impondo a responsabilização subsidiária à tomadora de serviços 455, permite até mesmo que o trabalhador demande em face do
pelos créditos trabalhistas deferidos em primeiro grau. empreiteiro principal. Ressalto que o entendimento consubstanciado
Ante o exposto, confirma-se a sentença quanto à responsabilidade na súmula do enunciado 331 do C. TST, quanto à responsabilização
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a jurídicos o princípio de proteção ao empregado, bem como a
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o natureza alimentar dos créditos trabalhistas. Assim, comprovada a
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência celebração de contrato com o objetivo específico de prestação de
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. serviços para beneficiários de plano de saúde da segunda ré,
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir declaro a sua responsabilidade subsidiária pela quitação do crédito
expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do da autora, em caso de inadimplemento pela primeira reclamada. Por
recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a fim, diante das informações da primeira ré acerca do bloqueio de
sentença recorrida carece de nenhum reparo, já que crédito pertencente à empresa, determino que a segunda ré coloque
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. à disposição deste processo, no prazo de oito dias, crédito da
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, primeira ré que seja suficiente à satisfação das parcelas acima
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: deferidas. Eventual descumprimento injustificado desta
A parte autora afirma que atendia pacientes que eram clientes da atentatório ao exercício da jurisdição. Cabe ressaltar que tal
segunda reclamada UNIMED Ceará, o que demonstraria que, ainda determinação não significa inversão da ordem de responsabilidade
que indiretamente, havia prestação de serviços para a UNIMED. pelo cumprimento da condenação, pois mantida a responsabilidade
Esclarece que, em 2016, foi iniciada a prestação de serviços da subsidiária da segunda ré. Porém, tendo a segunda ré bloqueado
Imagine para os pacientes da UNIMED; que, em 2018, a Imagine já créditos da primeira ré, pode a segunda ré colocar à disposição do
atendia mais de 100 clientes da Unimed e o faturamento com estes presente processo valor suficiente à satisfação desta ação."
clientes já ultrapassava os 98% do total da primeira reclamada; que, MULTA. EMBARGOS PROTELATÓRIOS.
em março de 2020, aparentemente, a UNIMED suspendeu o Ao final opõe-se o recorrente à multa imposta por ocasião do
pagamento para a primeira reclamada e, por este motivo, não foram julgamento dos embargos declaratórios.
serviços terceirizados para UNIMED, que assumiu os riscos desse De uma simples leitura das razões de recurso manejadas nos
contrato de prestação de serviços. A documentação apresentada embargos de declaração opostos pelo recorrente (id 8fd5aa6),
pela segunda reclamada comprova que as rés firmaram contrato observa-se que estes almejavam, por via transversal, a rediscussão
para a prestação de serviços específicos de psicologia, do mérito da lide, apontando a embargante contradições na
fonoaudiologia, terapia ocupacional e supervisão de terapia ABA sentença quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício e a
contrato. Não se trata, portanto, de mero credenciamento, mas de Entretanto, não padece a sentença vergastada de omissão ou
efetivo deslocamento da prestação de serviços de responsabilidade contradição, nem tampouco carece de quaisquer esclarecimentos,
CONCLUSÃO DO VOTO
Intimado(s)/Citado(s):
Voto pelo não conhecimento do recurso ordinário da 1.ª reclamada,
- LETICIA CASTELO BRANCO RAMOS
por deserto; pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário
jurídicos fundamentos.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
sentença prolatada pela MM.ª 3.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id Requer a 2ª reclamada que seja afastada a sua responsabilidade
CASTELO BRANCO RAMOS, condenou-a, subsidiariamente com a Da análise das provas dos autos, conclui-se que, efetivamente, a
2.ª reclamada, no pagamento de bolsa de estágio de fevereiro e autora trabalhou em benefício da segunda reclamada.
março de 2020, no valor total de R$1.200,00; e honorários Nesse sentido, a segunda reclamada tinha o dever, como
advocatícios sucumbenciais no montante de 15% (quinze por beneficiária dos serviços do reclamante, de fiscalizar a regularidade
cento), sobre o valor crédito autoral (R$1.200,00), ou seja, das relações trabalhistas havidas entre a 1ª reclamada e a obreira.
Em suas razões (id da383fd ) pugna, preliminarmente lhe seja ausência de qualquer prova em sentido contrário e pelas próprias
concedido o benefício da justiça gratuita com o fito de a isentar do irregularidades trabalhistas que foram objeto de condenação no
depósito recursal e as custas processuais, com a determinação do presente feito, atrai, diante dos pedidos formulados, a
regular processamento do recurso ordinário e, na sequência, o seu responsabilidade em caráter subsidiário, pela terceirização de mão
Alega, em apertada síntese, "queda acentuada de faturamento, a Isso porque, nem a legalidade quanto à contratação de sociedades
existência de débito elevado e a ausência de pagamento dos prestadoras de serviços, nem a função desenvolvida pelo
créditos que lhe seriam devidos pela segunda reclamada.", não reclamante (se atividade meio ou fim) têm o condão de afastar a
podendo arcar com as despesas e preparo do recurso sem responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços que se
Em um primeiro Juízo de admissibilidade recursal, o juízo Na mesma esteira, importante ressaltar que tal responsabilização
monocrático, recebeu o recurso ordinário em seu efeito devolutivo, não decorre da relação de subordinação direta com o obreiro, mas
com fulcro nos art. 893, inciso II, e 895, inciso I da CLT, deixando a sim de sua incúria (culpa "in vigilando") em velar pelo fiel
apreciação do requerimento da gratuidade de justiça para o cumprimento dos direitos trabalhistas pela empresa contratada.
Colendo TRT da 7ª Região conforme art 99 § 7º do CPC e OJ -SDI1 Portanto, a responsabilidade subsidiária dos tomadores de serviço
- 269 do TST (id 9310db3). encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro, onde as
O juízo de admissibilidade do 2.ª grau indeferiu o pedido de empresas contratantes têm o dever de fiscalizar eficazmente os
concessão dos benefícios da gratuidade da justiça à agravante (id contratos trabalhistas, no que concerne ao seu adimplemento e,
No despacho, foi concedido prazo de 05 (cinco) dias para que a permanece plenamente possível a imputação da responsabilidade
recorrente realizasse o recolhimento das custas e do depósito subsidiária ao tomador do serviço terceirizado, ante a configuração
recursal, nos termos da OJ nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do da culpa "in elegendo" ou "in vigilando".
CPC/2015, sob pena de, não o fazendo, se manter a decisão ora Por outro lado, o inadimplemento dos direitos trabalhistas da
atacada, deixando a reclamada transcorrer o prazo legal sem empregada, por si só, demonstra a ausência da devida fiscalização
apresentar manifestação, conforme certidão de id. 9785785. por parte do tomador dos serviços dos trabalhadores em questão,
Portanto, cabia à parte interessada velar pela adequada que incorreu, assim, na chamada "culpa in vigilando".
formalização do seu recurso, o que não ocorreu na hipótese dos No processo em tela, não restou demonstrado que a prestadora de
Recurso ordinário que não se conhece, por deserto. com o reclamante, nem que a tomadora dos serviços, tenha
RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO adotado qualquer forma de fiscalização neste sentido.
A proteção aos direitos do trabalhador, funda-se, outrossim, na pagas as rescisões contratuais. Argumenta que a Imagine prestava
própria importância atribuída ao trabalho pela atual Constituição serviços terceirizados para UNIMED, que assumiu os riscos desse
Federal de 1988, elevando-o ao patamar de um dos fundamentos contrato de prestação de serviços. A documentação apresentada
do Estado Democrático de Direito (art. 1.º, inciso IV). Assim, não pela segunda reclamada comprova que as rés firmaram contrato
pode cláusula contratual privada celebrada entre as partes afastar a para a prestação de serviços específicos de psicologia,
responsabilidade subsidiária da tomadora dos serviços, visto que é fonoaudiologia, terapia ocupacional e supervisão de terapia ABA
matéria de ordem pública de âmbito constitucional. aos beneficiários da Unimed do Ceará, indicados no anexo do
Na hipótese, portanto, restou provado que a recorrente incorreu na contrato. Não se trata, portanto, de mero credenciamento, mas de
culpa "in vigilando", já que fora omissa na fiscalização do efetivo deslocamento da prestação de serviços de responsabilidade
cumprimento das obrigações contratuais e legais da empresa da segunda reclamada para a primeira demandada. Com a
Assim, nos moldes da diretriz consubstanciada na Súmula nº 331, suas atividades para outras empresas (prestadoras de serviços).
IV, do TST, a qual preconiza o seguinte: Por meio de tal instituto, há uma diminuição dos custos
"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empresariais, mormente quanto aos decorrentes das relações de
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos emprego. A tomadora deve fiscalizar o cumprimento das obrigações
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da trabalhistas pela empresa prestadora. Tal dever decorre da
relação processual e conste também do título executivo judicial". responsabilidade civil decorrente das culpas in vigilando, in
Desta forma, configurada a terceirização de mão de obra, por meio contrahendo e in eligendo (artigo 942 do CC). Ademais, a própria
de contrato de prestação de serviços, na qual a segunda reclamada legislação trabalhista prevê a responsabilidade do tomador dos
se beneficiou dos serviços prestados pela reclamante, é aplicável o serviços, ou seja, aquele que efetivamente foi beneficiado pela
entendimento consubstanciado na Súmula n.º 331, IV, do col. TST, prestação dos serviços pelo trabalhador. Aliás, a CLT, em seu artigo
impondo a responsabilização subsidiária à tomadora de serviços 455, permite até mesmo que o trabalhador demande em face do
pelos créditos trabalhistas deferidos em primeiro grau. empreiteiro principal. Ressalto que o entendimento consubstanciado
Ante o exposto, confirma-se a sentença quanto à responsabilidade na súmula do enunciado 331 do C. TST, quanto à responsabilização
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a jurídicos o princípio de proteção ao empregado, bem como a
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o natureza alimentar dos créditos trabalhistas. Assim, comprovada a
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência celebração de contrato com o objetivo específico de prestação de
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. serviços para beneficiários de plano de saúde da segunda ré,
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir declaro a sua responsabilidade subsidiária pela quitação do crédito
expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do da autora, em caso de inadimplemento pela primeira reclamada. Por
recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a fim, diante das informações da primeira ré acerca do bloqueio de
sentença recorrida carece de nenhum reparo, já que crédito pertencente à empresa, determino que a segunda ré coloque
esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. à disposição deste processo, no prazo de oito dias, crédito da
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, primeira ré que seja suficiente à satisfação das parcelas acima
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: deferidas. Eventual descumprimento injustificado desta
A parte autora afirma que atendia pacientes que eram clientes da atentatório ao exercício da jurisdição. Cabe ressaltar que tal
segunda reclamada UNIMED Ceará, o que demonstraria que, ainda determinação não significa inversão da ordem de responsabilidade
que indiretamente, havia prestação de serviços para a UNIMED. pelo cumprimento da condenação, pois mantida a responsabilidade
Esclarece que, em 2016, foi iniciada a prestação de serviços da subsidiária da segunda ré. Porém, tendo a segunda ré bloqueado
Imagine para os pacientes da UNIMED; que, em 2018, a Imagine já créditos da primeira ré, pode a segunda ré colocar à disposição do
atendia mais de 100 clientes da Unimed e o faturamento com estes presente processo valor suficiente à satisfação desta ação."
clientes já ultrapassava os 98% do total da primeira reclamada; que, MULTA. EMBARGOS PROTELATÓRIOS.
em março de 2020, aparentemente, a UNIMED suspendeu o Ao final opõe-se o recorrente à multa imposta por ocasião do
pagamento para a primeira reclamada e, por este motivo, não foram julgamento dos embargos declaratórios.
De uma simples leitura das razões de recurso manejadas nos Diretor de Secretaria
CONCLUSÃO DO VOTO
Intimado(s)/Citado(s):
Voto pelo não conhecimento do recurso ordinário da 1.ª reclamada, - JUDERLINO OLIVEIRA DE SOUSA
por deserto; pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário
jurídicos fundamentos.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do pleito nos termos do referido artigo 295, parágrafo único, inciso I, do
Requer ainda o recorrente sejam as rés condenadas no pagamento extras laboradas em face do labor em sobrejornada e de alegada
da indenização pelo seu veículo em face de utilização do mesmo supressão do intervalo intrajornada, destinado ao descanso e
em benefício das reclamadas, pelo que pugna seja devidamente refeição e, de igual sorte, nada há a alterar na decisão de 1º grau.
Requer, também, seja a 2ª reclamada condenada na exerçam atividade externa incompatível com a fixação de horário de
responsabilização pelo pagamento dos créditos perseguidos, de trabalho não estão abrangidos pelo regime de duração do trabalho.
forma subsidiária, tendo em vista que era beneficiada em face de Pois bem.
ser a tomadora dos serviços da 1ª reclamada, contratante do autor. Do exame dos autos restou indene de dúvidas que o autor laborava
Por fim, requer sejam as rés condenadas no pagamento dos para a 1ª reclamada em favor da 2ª demandada, como montador
honorários advocatícios sucumbenciais. externo, cumprindo rota diária, o que se coaduna perfeitamente com
Contrarrazões pela 1ª recorrida, conforme ID. 40d496d e pela 2ª o disposto no art. 62, I, da CLT.
recorrida, conforme ID 6fc8e72. Registre-se, que diversamente do que defende o autor, o fato de o
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade trabalhador laborar com o uso de equipamentos telemáticos
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno). (tablet/celular) de se dizer que tais equipamentos não têm, por si só,
Conheço do recurso porque presentes os pressupostos de Ademais, e como bem exposto na sentença ora atacada:
Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente trabalhador, ao ser obrigado a prestar conta da execução de cada
inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e serviço, não está, necessariamente, tendo controlado o seu horário
pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art. de trabalho, mas apenas a sua produção. Tanto é que, no mesmo
62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios sentido, depuseram as testemunhas informando que eram
eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle repassadas aos montadores as montagens que deveriam cumprir,
de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés não necessariamente atrelando-as a um horário determinando,
condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em podendo o autor, inclusive, alterar a ordem do dia, desde que
sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do cumprisse os serviços designados para aquele dia. O mesmo se
intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para diga quanto à necessidade de autorização junto à empregadora
descanso em refeição. para o reclamante se ausentar do trabalho, o que, por óbvio, era
Reza o art. 840, da CLT, que o pedido, deverá ser certo, realizado para fins de controle do trabalho (produção e entrega dos
determinado e com indicação de seu valor, sob pena de ser serviços aos clientes), e não para fins de controle de ponto. Ambas
Pois bem. certo que, acaso concluídas as montagens do dia ainda em horário
O autor, quando de sua inicial, pleiteia a condenação das rés no comercial, os montadores entravam em contato para saber se havia
pagamento de valores devidos em face do alegado labor aos algum novo serviço a cumprir, embora não fossem obrigados a
No entanto, o ora recorrente sequer indicou na peça vestibular a bonificação. Quanto ao intervalo, os depoimentos restaram
quantidade de dias trabalhados aos domingos e feriados, nem inconclusivos, pelo que, considerando o ônus probatório do autor
sequer aponta as datas laboradas, o que impossibilita à parte ré o também nesse tocante, entendo não demonstrada a supressão do
Nessa perspectiva, de se manter a sentença que entendeu, Conclui-se, portanto, que o empregado ao realizar seu labor como
acertadamente, diga-se, pela inepta da inicial, em relação a tal montador externo, sem submissão de controle de jornada e com
DO ART. 62, DA CLT. As notas fiscais e os resumos de vendas, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe
empregado, uma vez que não conferem exatidão quanto aos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
horários de início e término da jornada de trabalho, quando muito Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
registram o horário da venda ou da emissão da nota. O autor (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
também nunca foi advertido ou chamado atenção em razão do Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
horário de trabalho e entrava em contato com o supervisor apenas o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
semana, fatos esses que inviabilizam o controle de jornada e FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
Órgão Julgador:2ª Turma. Incluído/Julgado em: 04 jun. 2018. JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR
Processo Nº ROT-0000877-68.2020.5.07.0017
Nesse prisma, este Regional tem firmado o entendimento de que, Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
para afastar a exceção do inciso I do art. 62 da CLT e determinar o
RECORRENTE JUDERLINO OLIVEIRA DE SOUSA
pagamento de horas extras, é imprescindível a existência de meios ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
144802/MG)
hábeis para controlar, com exatidão, a jornada do empregado.
ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
No presente caso, inexistindo elementos probatórios capazes de SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)
ADVOGADO MARCOS ROBERTO DIAS(OAB:
viabilizar a condenação no pagamento de pagamento de horas 87946/MG)
extras e reflexos, de se manter a decisão ora atacada em sua RECORRIDO L AUTO CARGO TRANSPORTE
RODOVIARIO S/A
inteireza. ADVOGADO PATRÍCIO DE SOUSA
ALMEIDA(OAB: 3380/CE)
No que se refere ao pedido de condenação das rés no pagamento
RECORRIDO VIA VAREJO S/A
das despesas com combustível e manutenção de veículo do autor, ADVOGADO TATIANE DE CICCO NASCIMBEM
CHADID(OAB: 201296/SP)
utilizado em favor das rés, melhor sorte não assiste ao recorrente, à
ADVOGADO LEONARDO SANTINI
míngua de efetivas provas nos autos de realização de tais despesas ECHENIQUE(OAB: 249651/SP)
pelo obreiro.
Intimado(s)/Citado(s):
Ademais, de se registrar, conforme bem salientado na sentença ora - L AUTO CARGO TRANSPORTE RODOVIARIO S/A
atacada que, dos depoimentos colhidos, restou demonstrado que a
como montador externo, sem submissão de controle de jornada e eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle
com total autonomia quanto aos seus horários, se enquadra na de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés
exceção do inciso I, do art. 62, da CLT e, portanto, indevida a condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em
condenação da ora recorrida no pagamento das horas sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do
RELATÓRIO Reza o art. 840, da CLT, que o pedido, deverá ser certo,
Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da determinado e com indicação de seu valor, sob pena de ser
OLIVEIRA DE SOUSA em desfavor de L. Auto Transporte O autor, quando de sua inicial, pleiteia a condenação das rés no
Rodoviário S/A e Via Varejo S/A. pagamento de valores devidos em face do alegado labor aos
inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e No entanto, o ora recorrente sequer indicou na peça vestibular a
pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art. quantidade de dias trabalhados aos domingos e feriados, nem
62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios sequer aponta as datas laboradas, o que impossibilita à parte ré o
eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa.
de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés Nessa perspectiva, de se manter a sentença que entendeu,
condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em acertadamente, diga-se, pela inepta da inicial, em relação a tal
sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do pleito nos termos do referido artigo 295, parágrafo único, inciso I, do
Requer ainda o recorrente sejam as rés condenadas no pagamento extras laboradas em face do labor em sobrejornada e de alegada
da indenização pelo seu veículo em face de utilização do mesmo supressão do intervalo intrajornada, destinado ao descanso e
em benefício das reclamadas, pelo que pugna seja devidamente refeição e, de igual sorte, nada há a alterar na decisão de 1º grau.
Requer, também, seja a 2ª reclamada condenada na exerçam atividade externa incompatível com a fixação de horário de
responsabilização pelo pagamento dos créditos perseguidos, de trabalho não estão abrangidos pelo regime de duração do trabalho.
forma subsidiária, tendo em vista que era beneficiada em face de Pois bem.
ser a tomadora dos serviços da 1ª reclamada, contratante do autor. Do exame dos autos restou indene de dúvidas que o autor laborava
Por fim, requer sejam as rés condenadas no pagamento dos para a 1ª reclamada em favor da 2ª demandada, como montador
honorários advocatícios sucumbenciais. externo, cumprindo rota diária, o que se coaduna perfeitamente com
Contrarrazões pela 1ª recorrida, conforme ID. 40d496d e pela 2ª o disposto no art. 62, I, da CLT.
recorrida, conforme ID 6fc8e72. Registre-se, que diversamente do que defende o autor, o fato de o
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade trabalhador laborar com o uso de equipamentos telemáticos
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno). (tablet/celular) de se dizer que tais equipamentos não têm, por si só,
Conheço do recurso porque presentes os pressupostos de Ademais, e como bem exposto na sentença ora atacada:
Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente trabalhador, ao ser obrigado a prestar conta da execução de cada
inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e serviço, não está, necessariamente, tendo controlado o seu horário
pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art. de trabalho, mas apenas a sua produção. Tanto é que, no mesmo
62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios sentido, depuseram as testemunhas informando que eram
repassadas aos montadores as montagens que deveriam cumprir, viabilizar a condenação no pagamento de pagamento de horas
não necessariamente atrelando-as a um horário determinando, extras e reflexos, de se manter a decisão ora atacada em sua
cumprisse os serviços designados para aquele dia. O mesmo se No que se refere ao pedido de condenação das rés no pagamento
diga quanto à necessidade de autorização junto à empregadora das despesas com combustível e manutenção de veículo do autor,
para o reclamante se ausentar do trabalho, o que, por óbvio, era utilizado em favor das rés, melhor sorte não assiste ao recorrente, à
realizado para fins de controle do trabalho (produção e entrega dos míngua de efetivas provas nos autos de realização de tais despesas
serviços aos clientes), e não para fins de controle de ponto. Ambas pelo obreiro.
as testemunhas ouvidas a pedido da reclamada, por fim, deixaram Ademais, de se registrar, conforme bem salientado na sentença ora
certo que, acaso concluídas as montagens do dia ainda em horário atacada que, dos depoimentos colhidos, restou demonstrado que a
comercial, os montadores entravam em contato para saber se havia reclamada procedia ao pagamento de ajuda de custo, bem como de
algum novo serviço a cumprir, embora não fossem obrigados a auxílio para custeio do combustível utilizado.
tanto, mas sim por interesse em cumprimento de metas e Quanto ao pedido de honorários advocatícios e ao pleito de
bonificação. Quanto ao intervalo, os depoimentos restaram responsabilização subsidiária da 2ª reclamada tem-se por
inconclusivos, pelo que, considerando o ônus probatório do autor prejudicados diante da manutenção da sentença que julgou
também nesse tocante, entendo não demonstrada a supressão do improcedentes os pedidos elencados na presente ação.
tempo de repouso.
Conclui-se, portanto, que o empregado ao realizar seu labor como CONCLUSÃO DO VOTO
montador externo, sem submissão de controle de jornada e com Ante o exposto, conheço do apelo e, no mérito, nego-lhe
DO ART. 62, DA CLT. As notas fiscais e os resumos de vendas, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe
empregado, uma vez que não conferem exatidão quanto aos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
horários de início e término da jornada de trabalho, quando muito Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
registram o horário da venda ou da emissão da nota. O autor (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
também nunca foi advertido ou chamado atenção em razão do Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
horário de trabalho e entrava em contato com o supervisor apenas o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
semana, fatos esses que inviabilizam o controle de jornada e FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
Órgão Julgador:2ª Turma. Incluído/Julgado em: 04 jun. 2018. JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR
Processo Nº ROT-0000877-68.2020.5.07.0017
Nesse prisma, este Regional tem firmado o entendimento de que, Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
para afastar a exceção do inciso I do art. 62 da CLT e determinar o
RECORRENTE JUDERLINO OLIVEIRA DE SOUSA
pagamento de horas extras, é imprescindível a existência de meios ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
144802/MG)
hábeis para controlar, com exatidão, a jornada do empregado.
ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
No presente caso, inexistindo elementos probatórios capazes de SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)
FUNDAMENTAÇÃO
ADMISSIBILIDADE
PODER JUDICIÁRIO
Conheço do recurso porque presentes os pressupostos de
JUSTIÇA DO
admissibilidade.
MÉRITO
EMENTA Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente
CONTROLE DE JORNADA DE TRABALHADOR EXTERNO. inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e
HORAS EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art.
INCISO I, DO ART. 62, DA CLT. O empregado ao realizar seu labor 62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios
como montador externo, sem submissão de controle de jornada e eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle
com total autonomia quanto aos seus horários, se enquadra na de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés
exceção do inciso I, do art. 62, da CLT e, portanto, indevida a condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em
condenação da ora recorrida no pagamento das horas sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do
extraordinárias e reflexos. intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para
Recurso ordinário conhecido e improvido. descanso em refeição.
RELATÓRIO Reza o art. 840, da CLT, que o pedido, deverá ser certo,
Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da determinado e com indicação de seu valor, sob pena de ser
decisão de ID. 7533109 que julgou improcedentes os pedidos declarado inepto.
constantes da Reclamação Trabalhista movida por JUDERLINO Pois bem.
OLIVEIRA DE SOUSA em desfavor de L. Auto Transporte O autor, quando de sua inicial, pleiteia a condenação das rés no
Rodoviário S/A e Via Varejo S/A. pagamento de valores devidos em face do alegado labor aos
Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente domingos e feriados.
inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e No entanto, o ora recorrente sequer indicou na peça vestibular a
pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art. quantidade de dias trabalhados aos domingos e feriados, nem
62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios sequer aponta as datas laboradas, o que impossibilita à parte ré o
eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa.
de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés Nessa perspectiva, de se manter a sentença que entendeu,
condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em acertadamente, diga-se, pela inepta da inicial, em relação a tal
sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do pleito nos termos do referido artigo 295, parágrafo único, inciso I, do
intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para CPC.
descanso em refeição. No que se refere ao pedido de pagamento por supostas horas
Requer ainda o recorrente sejam as rés condenadas no pagamento extras laboradas em face do labor em sobrejornada e de alegada
da indenização pelo seu veículo em face de utilização do mesmo supressão do intervalo intrajornada, destinado ao descanso e
em benefício das reclamadas, pelo que pugna seja devidamente refeição e, de igual sorte, nada há a alterar na decisão de 1º grau.
indenizado pelos gastos com combustível e manutenção do seu Explica-se.
bem. A teor do disposto no art. 62, I, da CLT, os empregados que
exerçam atividade externa incompatível com a fixação de horário de empregado, uma vez que não conferem exatidão quanto aos
trabalho não estão abrangidos pelo regime de duração do trabalho. horários de início e término da jornada de trabalho, quando muito
Do exame dos autos restou indene de dúvidas que o autor laborava também nunca foi advertido ou chamado atenção em razão do
para a 1ª reclamada em favor da 2ª demandada, como montador horário de trabalho e entrava em contato com o supervisor apenas
externo, cumprindo rota diária, o que se coaduna perfeitamente com quando necessário durante as viagens, comparecendo às
o disposto no art. 62, I, da CLT. dependências físicas do empregador por 02 (duas) vezes na
Registre-se, que diversamente do que defende o autor, o fato de o semana, fatos esses que inviabilizam o controle de jornada e
trabalhador laborar com o uso de equipamentos telemáticos reclamam a aplicação do inciso I, do art. 62, da CLT. Recurso
(tablet/celular) de se dizer que tais equipamentos não têm, por si só, ordinário conhecido e improvido. (Acórdão. Processo:0000067-
o condão de controlar a jornada de trabalho do obreiro, mas tão-só, 47.2017.5.07.0034. Redator(a): Silva, Francisco Jose Gomes da.
acompanhar a efetivação das ordens de serviços ali consignadas. Órgão Julgador:2ª Turma. Incluído/Julgado em: 04 jun. 2018.
Ademais, e como bem exposto na sentença ora atacada: Publicado em: 06 jun. 2018.)
de serviços não traduz efetivo controle de jornada. Note-se que o Nesse prisma, este Regional tem firmado o entendimento de que,
trabalhador, ao ser obrigado a prestar conta da execução de cada para afastar a exceção do inciso I do art. 62 da CLT e determinar o
serviço, não está, necessariamente, tendo controlado o seu horário pagamento de horas extras, é imprescindível a existência de meios
de trabalho, mas apenas a sua produção. Tanto é que, no mesmo hábeis para controlar, com exatidão, a jornada do empregado.
sentido, depuseram as testemunhas informando que eram No presente caso, inexistindo elementos probatórios capazes de
repassadas aos montadores as montagens que deveriam cumprir, viabilizar a condenação no pagamento de pagamento de horas
não necessariamente atrelando-as a um horário determinando, extras e reflexos, de se manter a decisão ora atacada em sua
cumprisse os serviços designados para aquele dia. O mesmo se No que se refere ao pedido de condenação das rés no pagamento
diga quanto à necessidade de autorização junto à empregadora das despesas com combustível e manutenção de veículo do autor,
para o reclamante se ausentar do trabalho, o que, por óbvio, era utilizado em favor das rés, melhor sorte não assiste ao recorrente, à
realizado para fins de controle do trabalho (produção e entrega dos míngua de efetivas provas nos autos de realização de tais despesas
serviços aos clientes), e não para fins de controle de ponto. Ambas pelo obreiro.
as testemunhas ouvidas a pedido da reclamada, por fim, deixaram Ademais, de se registrar, conforme bem salientado na sentença ora
certo que, acaso concluídas as montagens do dia ainda em horário atacada que, dos depoimentos colhidos, restou demonstrado que a
comercial, os montadores entravam em contato para saber se havia reclamada procedia ao pagamento de ajuda de custo, bem como de
algum novo serviço a cumprir, embora não fossem obrigados a auxílio para custeio do combustível utilizado.
tanto, mas sim por interesse em cumprimento de metas e Quanto ao pedido de honorários advocatícios e ao pleito de
bonificação. Quanto ao intervalo, os depoimentos restaram responsabilização subsidiária da 2ª reclamada tem-se por
inconclusivos, pelo que, considerando o ônus probatório do autor prejudicados diante da manutenção da sentença que julgou
também nesse tocante, entendo não demonstrada a supressão do improcedentes os pedidos elencados na presente ação.
tempo de repouso.
Conclui-se, portanto, que o empregado ao realizar seu labor como CONCLUSÃO DO VOTO
montador externo, sem submissão de controle de jornada e com Ante o exposto, conheço do apelo e, no mérito, nego-lhe
DO ART. 62, DA CLT. As notas fiscais e os resumos de vendas, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores se razoável e compatível com o trabalho desempenhado pelo
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva patrono do reclamante, a natureza e a importância da causa, razão
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). pela qual improcede o pleito de minoração.
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias Recurso ordinário conhecido e improvido.
Fortaleza, 11 de julho de 2022. A sentença prolatada pela MM.ª 2.ª Vara do Trabalho de Maracanaú
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA formulados na reclamação trabalhista promovida por RONDINELLE
JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR percentual de 30% sobre o salário-base, devido mês a mês, durante
emissão de parecer.
PODER JUDICIÁRIO
É o relatório.
JUSTIÇA DO
FUNDAMENTAÇÃO
EMENTA ADMISSIBILIDADE
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR DE Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do
EMPILHADEIRA. EXPOSIÇÃO A PRODUTO INFLAMÁVEL. recurso ordinário.
CONTATO HABITUAL. LAUDO PERICIAL CONCLUSIVO. Muito MÉRITO
embora o juiz não esteja adstrito a conclusão do laudo pericial (art. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
436 do CPC), o fato é que nos presentes autos não restaram Pugna a reclamada pelo indeferimento do adicional de
evidenciados a presença de elementos probantes aptos a infirmar a periculosidade alegando, em apertada síntese, que o contato do
conclusão da referida prova técnica. Portanto, constatado, por meio reclamante com o agente perigoso era esporádico e em tempo
de laudo pericial, que a atividade exercida pelo autor encontrava-se reduzido, por essa razão não existia risco de explosão.
em condição de periculosidade, em desobediência a NR 16, Anexo - Ressalta, ainda, que a troca dos vasilhames ocorria em local aberto,
2 - Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis, mantém-se sendo retirados os cilindros da gaiola e levados à empilhadeira
a sentença. localizada em ambiente externo, portanto não havia risco eminente,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Diante da sucumbência da já que a exposição se daria apenas eventualmente, não justificando
reclamada, forçoso manter-se a verba honorária advocatícia, a qual o pagamento do adicional.
é devida pela mera sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT, Afirma inconsistências no laudo pericial em relação ao tempo de
introduzido pela Lei nº 13.467/2017. O percentual de 10% está exposição do obreiro aos produtos inflamáveis.
dentro dos limites fixados pela lei (art.791-A da CLT) e demonstra- À análise.
Arguida em juízo pleito de adicional de periculosidade, o juiz Outrossim, o entendimento esposado pelo Tribunal Superior do
designará perito habilitado, na forma do § 2º, do art. 195, da CLT. Trabalho sobre a matéria, à luz do enunciado na Súmula nº 364 e
"Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da do disposto no art. 193, da CLT, é no sentido de que a espécie de
periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far- perigo a que se submete o operador de empilhadeira no
se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou abastecimento da máquina com gás GLP, de forma habitual, como
Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. no caso, independe de gradação temporal, tendo em vista o agente
§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por ao qual está exposto. Confira-se:
empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não 13.015/2014 . ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR
houver, requisitará perícia ao órgão competente ao Ministério do DE EMPILHADEIRA. CONTATO HABITUAL COM AGENTE
No caso, diante do quadro fático delineado na exordial e tendo em consignou, na decisão recorrida, que, ao contrário do alegado pela
vista tratar-se de pedido de adicional de periculosidade, o MM Juiz reclamada em suas razões recursais, "o RECLAMANTE realizava o
de primeiro grau, determinou a designação de perícia, facultando às abastecimento da empilhadeira que operava, no Pit Stop, uma vez
partes a indicação de assistente técnico e a apresentação de ao dia ou no mínimo três vezes por semana de modo habitual" .
quesitos, no prazo comum de 10 ( dez) dias (id 4ab0b99). Diante da prova dos autos, a Corte regional apontou que "o
O laudo pericial da lavra do Dr. RODRIGO MOREIRA BEZERRA, reclamante realizar o abastecimento da empilhadeira mediante a
Engenheiro de Produção- Mecânica e especialista em Engenharia troca do cilindro com gás GLP (diga-se, operação de risco) 3 (três)
de Segurança do Trabalho, inscrito no CREA/CE sob nº327290, foi vezes por semana, durante 5 (cinco) a 15 (quinze) minutos (que
conclusivo no sentido de que o reclamante trabalhava com implica a média semanal de exposição de 30 minutos), não
operações de transporte de matérias-primas inflamáveis líquidos ou configura o contato eventual capaz de descaracterizar o direito à
gasosos liquefeitos, conduzindo uma empilhadeira que possuía um percepção do adicional de periculosidade" . A presença do obreiro
cilindro de GLP de 20KG. Aduz, ainda, que o autor realizava as nas proximidades da operação de abastecimento, ainda que por
atividades em área de risco, em desobediência a NR 16, Anexo - 2 - tempo reduzido, traduz exposição intermitente, que justifica a
Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis, concluindo (id concessão do direito ao adicional de periculosidade, em face do
Com base na análise das atividades e condições de trabalho do o contato com os produtos inflamáveis não era fortuito, casual, mas
Reclamante e no conteúdo Portaria Ministerial nº 3.214/78, NR 16, realizado todos os dias, ou ao menos 3 (três) vezes por semana.
anexo 02, é de nosso parecer que EXISTEM CONDIÇÕES Com efeito, a parte final da súmula esclarece que o contato
TÉCNICAS DE PERICULOSIDADE." eventual ao risco ocorre quando, sendo habitual, dá-se por tempo
Assim sendo, ao contrário do que afirma a recorrente, o reclamante extremamente reduzido. No caso, o reclamante expunha-se
exercia sua atividade em local próximo ao pátio de abastecimento diariamente ao risco com inflamáveis, por cerca de 5 a 15 minutos,
de combustível tendo contato com produtos inflamáveis, dentro da durante o abastecimento da empilhadeira. Como o risco de
área de risco, fazendo jus, portanto, ao respectivo adicional de explosão com inflamáveis pode ocorrer numa fração de segundos, o
Quanto ao tempo de exposição, os minutos durante os quais o extremamente reduzido para retirar do reclamante o direito ao
reclamante ficava exposto ao risco são suficientes para configurar o adicional. Assim, pautando-se na premissa incontroversa de que o
potencial lesivo, especialmente considerando o alto grau de reclamante realizava operações de abastecimento de empilhadeira
periculosidade nas operações de abastecimento, motivo pelo qual de forma habitual e, portanto, estava exposto a agentes inflamáveis
os minutos não configuram tempo extremamente reduzido, em condições de risco acentuado, tem-se que o Regional, ao
mormente quando o próprio autor realizava o abastecimento da condenar a reclamada ao pagamento do adicional de
Registre-se, ainda, que o Anexo II, letra q, da NR 16 do MTE não TST. Recurso de revista não conhecido. (...)" (TST - RR:
estabelece tempo para exposição, refere apenas se o colaborador 10001527120155020342, Relator: José Roberto Freire Pimenta,
está ou não associado aos fatores relacionados ao risco imediato. Data de Julgamento: 04/04/2018, 2ª Turma, Data de Publicação:
OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO COM GÁS Vasconcelos Maia - 2ª Turma - Data de Julgamento: 30/11/2015)
jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que a exposição EMPILHADEIRA. Comprovada a existência de risco nas atividades
por minutos não pode ser tida por extremamente reduzida a ponto de Operador de Empilhadeira, e havendo nos autos laudo pericial
de minimizar substancialmente o risco e afastar o direito ao conclusivo quanto à existência de periculosidade, devido o referido
adicional de periculosidade. Assim, o Tribunal Regional, ao excluir adicional, nos termos do art. 193, da CLT e da Súmula 364, do
reflexos por considerar que o contato com as condições periculosas, José Girão- 3ªTurma- Data de Julgamento: 30/07/2012- Data da
GLP, efetuado pelo reclamante, pelo tempo de exposição Ressalte-se que, muito embora o Juiz não esteja adstrito às
compreendido entre 10 a 15 minutos diários, não caracteriza risco conclusões do laudo pericial (art. 479 do CPC), não restaram
potencial de dano à vida, incorreu em contrariedade à Súmula 364, evidenciados no presente caso outros elementos ou provas capazes
item I, desta Corte. Recurso de Revista de que se conhece e a que de infirmar a conclusão emanada da citada prova técnica.
se dá provimento." (TST - RR: 19458920115150132, Relator: João A impugnação da reclamada sobre matérias técnicas, sem a devida
Batista Brito Pereira, Data de Julgamento: 28/06/2017, 5ª Turma, contraprova técnica, não é suficiente para suplantar as conclusões
"RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso da reclamada,
OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO. GLP. Este mantendo-se a decisão que julgou procedente o pedido de
Tribunal Superior tem entendido que o conceito jurídico de tempo pagamento do adicional de periculosidade.
não apenas a quantidade de minutos considerada em si mesma, Conforme supra fundamentado, o laudo pericial detectou a
mas também o tipo de perigo ao qual o empregado é exposto, presença periculosidade na atividade exercida pelo obreiro.
sendo que a exposição ao gás GLP, independe de qualquer Portanto, houve sucumbência da reclamada na matéria objeto da
gradação temporal, pois passível de explosão a qualquer momento. perícia, inclusive no valor arbitrado, posto que razoável para o labor
Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá prestado pelo expert e compatível com o que vem sendo pago em
provimento." (TST-RR- 212400-43.2009.5.02.0462 Data de trabalhos de igual valor, não merecendo reforma a sentença de
Esse Tribunal Regional também já se manifestou sobre a questão, A reclamada requer a exclusão da condenação em honorários
como se verifica do julgado abaixo colacionado: advocatícios e, alternativamente, a minoração para o percentual de
OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO. TEMPO DE A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2021, quando já
EXPOSIÇÃO. FATOR DE RISCO. O moderno entendimento do estava em vigor a Lei nº 13.467 de 14/01/2017, conhecida como
Tribunal Superior do Trabalho dá-se no sentido de que o reforma trabalhista. Assim sendo, considerando a procedência do
trabalhador que permanece em área de risco durante a ação de pedido autoral, aplica-se ao caso, o art. 791-A, da CLT.
abastecimento de empilhadeira, ainda que por poucos minutos, não Restando sucumbente a reclamada, não merece reparo a decisão
configura situação que se enquadra no conceito jurídico de tempo de origem que a condenou ao pagamento de honorários
extremamente reduzido de que trata a Súmula 364 daquela Corte, advocatícios sucumbenciais.
que compreende não somente a quantidade de minutos observada Quanto ao percentual fixado pelo magistrado a quo, estende este
isoladamente, mas, por igual, o tipo de agente perigoso a que é Relator que o percentual de 10% está dentro dos limites fixados
exposto o trabalhador. Na espécie, trata-se de contato diário do pela lei (art.791-A da CLT) e demonstra-se razoável e compatível
autor com gás GLP, inflamável com grande potencial de explosão e com o trabalho desempenhado pelo patrono do reclamante, a
que submete o trabalhador ao imprevisto, podendo vir a lhe causar natureza e a importância da causa, razão pela qual improcede o
danos à integridade física a qualquer instante, inclusive até lhe pleito de minoração.
Conhecer do recurso e negar-lhe provimento. reclamada, forçoso manter-se a verba honorária advocatícia, a qual
DISPOSITIVO é devida pela mera sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT,
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO introduzido pela Lei nº 13.467/2017. O percentual de 10% está
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por dentro dos limites fixados pela lei (art.791-A da CLT) e demonstra-
unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe se razoável e compatível com o trabalho desempenhado pelo
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores pela qual improcede o pleito de minoração.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva Recurso ordinário conhecido e improvido.
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias A sentença prolatada pela MM.ª 2.ª Vara do Trabalho de Maracanaú
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. (id9e110bf) julgando parcialmente procedentes os pedidos
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA FELIX DOS SANTOS em face de M DIAS BRANCO S.A.
emissão de parecer.
PODER JUDICIÁRIO É o relatório.
JUSTIÇA DO
FUNDAMENTAÇÃO
ADMISSIBILIDADE
EMENTA
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR DE
recurso ordinário.
EMPILHADEIRA. EXPOSIÇÃO A PRODUTO INFLAMÁVEL.
MÉRITO
CONTATO HABITUAL. LAUDO PERICIAL CONCLUSIVO. Muito
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
embora o juiz não esteja adstrito a conclusão do laudo pericial (art.
Pugna a reclamada pelo indeferimento do adicional de
436 do CPC), o fato é que nos presentes autos não restaram
periculosidade alegando, em apertada síntese, que o contato do
evidenciados a presença de elementos probantes aptos a infirmar a
reclamante com o agente perigoso era esporádico e em tempo
conclusão da referida prova técnica. Portanto, constatado, por meio
reduzido, por essa razão não existia risco de explosão.
de laudo pericial, que a atividade exercida pelo autor encontrava-se
Ressalta, ainda, que a troca dos vasilhames ocorria em local aberto,
em condição de periculosidade, em desobediência a NR 16, Anexo -
sendo retirados os cilindros da gaiola e levados à empilhadeira
2 - Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis, mantém-se
localizada em ambiente externo, portanto não havia risco eminente,
a sentença.
já que a exposição se daria apenas eventualmente, não justificando mormente quando o próprio autor realizava o abastecimento da
Afirma inconsistências no laudo pericial em relação ao tempo de Registre-se, ainda, que o Anexo II, letra q, da NR 16 do MTE não
exposição do obreiro aos produtos inflamáveis. estabelece tempo para exposição, refere apenas se o colaborador
Arguida em juízo pleito de adicional de periculosidade, o juiz Outrossim, o entendimento esposado pelo Tribunal Superior do
designará perito habilitado, na forma do § 2º, do art. 195, da CLT. Trabalho sobre a matéria, à luz do enunciado na Súmula nº 364 e
"Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da do disposto no art. 193, da CLT, é no sentido de que a espécie de
periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far- perigo a que se submete o operador de empilhadeira no
se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou abastecimento da máquina com gás GLP, de forma habitual, como
Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. no caso, independe de gradação temporal, tendo em vista o agente
§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por ao qual está exposto. Confira-se:
empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não 13.015/2014 . ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR
houver, requisitará perícia ao órgão competente ao Ministério do DE EMPILHADEIRA. CONTATO HABITUAL COM AGENTE
No caso, diante do quadro fático delineado na exordial e tendo em consignou, na decisão recorrida, que, ao contrário do alegado pela
vista tratar-se de pedido de adicional de periculosidade, o MM Juiz reclamada em suas razões recursais, "o RECLAMANTE realizava o
de primeiro grau, determinou a designação de perícia, facultando às abastecimento da empilhadeira que operava, no Pit Stop, uma vez
partes a indicação de assistente técnico e a apresentação de ao dia ou no mínimo três vezes por semana de modo habitual" .
quesitos, no prazo comum de 10 ( dez) dias (id 4ab0b99). Diante da prova dos autos, a Corte regional apontou que "o
O laudo pericial da lavra do Dr. RODRIGO MOREIRA BEZERRA, reclamante realizar o abastecimento da empilhadeira mediante a
Engenheiro de Produção- Mecânica e especialista em Engenharia troca do cilindro com gás GLP (diga-se, operação de risco) 3 (três)
de Segurança do Trabalho, inscrito no CREA/CE sob nº327290, foi vezes por semana, durante 5 (cinco) a 15 (quinze) minutos (que
conclusivo no sentido de que o reclamante trabalhava com implica a média semanal de exposição de 30 minutos), não
operações de transporte de matérias-primas inflamáveis líquidos ou configura o contato eventual capaz de descaracterizar o direito à
gasosos liquefeitos, conduzindo uma empilhadeira que possuía um percepção do adicional de periculosidade" . A presença do obreiro
cilindro de GLP de 20KG. Aduz, ainda, que o autor realizava as nas proximidades da operação de abastecimento, ainda que por
atividades em área de risco, em desobediência a NR 16, Anexo - 2 - tempo reduzido, traduz exposição intermitente, que justifica a
Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis, concluindo (id concessão do direito ao adicional de periculosidade, em face do
Com base na análise das atividades e condições de trabalho do o contato com os produtos inflamáveis não era fortuito, casual, mas
Reclamante e no conteúdo Portaria Ministerial nº 3.214/78, NR 16, realizado todos os dias, ou ao menos 3 (três) vezes por semana.
anexo 02, é de nosso parecer que EXISTEM CONDIÇÕES Com efeito, a parte final da súmula esclarece que o contato
TÉCNICAS DE PERICULOSIDADE." eventual ao risco ocorre quando, sendo habitual, dá-se por tempo
Assim sendo, ao contrário do que afirma a recorrente, o reclamante extremamente reduzido. No caso, o reclamante expunha-se
exercia sua atividade em local próximo ao pátio de abastecimento diariamente ao risco com inflamáveis, por cerca de 5 a 15 minutos,
de combustível tendo contato com produtos inflamáveis, dentro da durante o abastecimento da empilhadeira. Como o risco de
área de risco, fazendo jus, portanto, ao respectivo adicional de explosão com inflamáveis pode ocorrer numa fração de segundos, o
Quanto ao tempo de exposição, os minutos durante os quais o extremamente reduzido para retirar do reclamante o direito ao
reclamante ficava exposto ao risco são suficientes para configurar o adicional. Assim, pautando-se na premissa incontroversa de que o
potencial lesivo, especialmente considerando o alto grau de reclamante realizava operações de abastecimento de empilhadeira
periculosidade nas operações de abastecimento, motivo pelo qual de forma habitual e, portanto, estava exposto a agentes inflamáveis
os minutos não configuram tempo extremamente reduzido, em condições de risco acentuado, tem-se que o Regional, ao
condenar a reclamada ao pagamento do adicional de isoladamente, mas, por igual, o tipo de agente perigoso a que é
periculosidade, decidiu em consonância com a Súmula nº 364 do exposto o trabalhador. Na espécie, trata-se de contato diário do
TST. Recurso de revista não conhecido. (...)" (TST - RR: autor com gás GLP, inflamável com grande potencial de explosão e
10001527120155020342, Relator: José Roberto Freire Pimenta, que submete o trabalhador ao imprevisto, podendo vir a lhe causar
Data de Julgamento: 04/04/2018, 2ª Turma, Data de Publicação: danos à integridade física a qualquer instante, inclusive até lhe
OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO COM GÁS Vasconcelos Maia - 2ª Turma - Data de Julgamento: 30/11/2015)
jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que a exposição EMPILHADEIRA. Comprovada a existência de risco nas atividades
por minutos não pode ser tida por extremamente reduzida a ponto de Operador de Empilhadeira, e havendo nos autos laudo pericial
de minimizar substancialmente o risco e afastar o direito ao conclusivo quanto à existência de periculosidade, devido o referido
adicional de periculosidade. Assim, o Tribunal Regional, ao excluir adicional, nos termos do art. 193, da CLT e da Súmula 364, do
reflexos por considerar que o contato com as condições periculosas, José Girão- 3ªTurma- Data de Julgamento: 30/07/2012- Data da
GLP, efetuado pelo reclamante, pelo tempo de exposição Ressalte-se que, muito embora o Juiz não esteja adstrito às
compreendido entre 10 a 15 minutos diários, não caracteriza risco conclusões do laudo pericial (art. 479 do CPC), não restaram
potencial de dano à vida, incorreu em contrariedade à Súmula 364, evidenciados no presente caso outros elementos ou provas capazes
item I, desta Corte. Recurso de Revista de que se conhece e a que de infirmar a conclusão emanada da citada prova técnica.
se dá provimento." (TST - RR: 19458920115150132, Relator: João A impugnação da reclamada sobre matérias técnicas, sem a devida
Batista Brito Pereira, Data de Julgamento: 28/06/2017, 5ª Turma, contraprova técnica, não é suficiente para suplantar as conclusões
"RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso da reclamada,
OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO. GLP. Este mantendo-se a decisão que julgou procedente o pedido de
Tribunal Superior tem entendido que o conceito jurídico de tempo pagamento do adicional de periculosidade.
não apenas a quantidade de minutos considerada em si mesma, Conforme supra fundamentado, o laudo pericial detectou a
mas também o tipo de perigo ao qual o empregado é exposto, presença periculosidade na atividade exercida pelo obreiro.
sendo que a exposição ao gás GLP, independe de qualquer Portanto, houve sucumbência da reclamada na matéria objeto da
gradação temporal, pois passível de explosão a qualquer momento. perícia, inclusive no valor arbitrado, posto que razoável para o labor
Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá prestado pelo expert e compatível com o que vem sendo pago em
provimento." (TST-RR- 212400-43.2009.5.02.0462 Data de trabalhos de igual valor, não merecendo reforma a sentença de
Esse Tribunal Regional também já se manifestou sobre a questão, A reclamada requer a exclusão da condenação em honorários
como se verifica do julgado abaixo colacionado: advocatícios e, alternativamente, a minoração para o percentual de
OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO. TEMPO DE A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2021, quando já
EXPOSIÇÃO. FATOR DE RISCO. O moderno entendimento do estava em vigor a Lei nº 13.467 de 14/01/2017, conhecida como
Tribunal Superior do Trabalho dá-se no sentido de que o reforma trabalhista. Assim sendo, considerando a procedência do
trabalhador que permanece em área de risco durante a ação de pedido autoral, aplica-se ao caso, o art. 791-A, da CLT.
abastecimento de empilhadeira, ainda que por poucos minutos, não Restando sucumbente a reclamada, não merece reparo a decisão
configura situação que se enquadra no conceito jurídico de tempo de origem que a condenou ao pagamento de honorários
extremamente reduzido de que trata a Súmula 364 daquela Corte, advocatícios sucumbenciais.
que compreende não somente a quantidade de minutos observada Quanto ao percentual fixado pelo magistrado a quo, estende este
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por necessária a demonstração cabal da insuficiência de recursos, não
unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe bastando para tanto a mera alegação de se encontrar em tal
provimento. condição.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Forçoso manter-se a verba
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva honorária advocatícia, a qual é devida pela mera sucumbência, nos
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017.
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias Recurso conhecido e provido.
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ABANDONO DE
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. sejam: ausência imotivada e sem aviso do empregado ao trabalho
JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR romper o contrato (elemento subjetivo). No presente caso, cumpria
FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE MAURICIO DE LIMA GOMES RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
ADMISSIBILIDADE
recursos ordinários.
MÉRITO.
JUSTIÇA GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. tempestivamente, comprovante de recolhimento das custas
O reclamante insurge-se contra a sentença que deferiu o benefício processuais (id 94d742c), conforme certidão de id 3ae0c9d.
Em suas razões (id 3e1f192) afirma que "o mero processamento de conhecer do recurso ordinário da reclamada.
insuficiência de recursos a ensejar a concessão dos benefícios da RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO.
gratuidade judiciária". Ao final, requer a condenação da reclamada O Juízo de origem reconheceu a rescisão indireta do contrato de
no pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% trabalho entre as partes por culpa do empregador em razão de
Para a concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa A recorrente não refuta a existência da relação de emprego, se
jurídica, mesmo em se tratando de empresa em recuperação insurgindo somente quanto à modalidade do término, sustentando a
judicial, faz-se necessária a demonstração cabal da insuficiência de ocorrência de justa causa por abandono de emprego, pugnando
recursos, não bastando para tanto a mera alegação de se encontrar pela exclusão do pagamento das verbas rescisórias.
Nessa linha, e não tendo a empresa recorrente comprovado a Controvertem os litigantes sobre os motivos determinantes para a
despacho de id a4ada28, merece reparo a sentença para reverter o Tal qual deliberou o juízo de origem, entendo que não há elementos
benefício deferido à reclamada quanto à gratuidade de justiça. probatórios suficientes para abonar a tese patronal de que o
Registre-se, entretanto, que a reclamada goza da isenção do reclamante teria abandonado o emprego.
depósito recursal, "ex vi" do disposto no parágrafo 10 do art. 899 da A reclamada, ao afirmar que o reclamante abandonou o emprego,
CLT. atrai para si o ônus da prova, por força do art. 818, da CLT e 373, II,
A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2020, quando já Esse é o entendimento da Súmula N.º 212, do TST:
estava em vigor a Lei nº 13.467 de 13.07.2017, conhecida como "DESPEDIMENTO.ÔNUS DA PROVA. O ônus de provar o término
Assim, havendo procedência parcial do pedido e considerando o o despedimento é do empregador, pois o princípio da continuidade
grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a da relação de emprego constitui presunção favorável ao
advogado e o tempo exigido para o seu serviço, condena-se a O princípio da continuidade da relação de emprego constitui
reclamada no pagamento de honorários advocatícios em 15% do presunção favorável ao empregado. Daí se faz indispensável prova
valor total da liquidação. clara e robusta da reclamada, sob pena de se considerar injusta a
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. No entanto, para que seja configurado o abandono de emprego é
O juízo de 1.ª grau, em sentença (id7c2503f) concedeu os objetivo, configurado pela ausência continuada e injusta por um
benefícios da Justiça gratuita à recorrente, formando a convicção de período de trinta dias consecutivos (Súmula N.º 32, do TST); outro
que o decreto da recuperação judicial seria prova suficiente para a subjetivo, sendo um ato intencional, traduzido no ânimo de o
O juízo de admissibilidade do 2.ª grau reformou a sentença, A ausência de um só deles, "animus abandonandi", é suficiente
indeferindo os benefícios da gratuidade da justiça à recorrente (id para descaracterizar a figura do abandono de emprego como causa
a4ada28), determinando prazo de 05 (cinco) dias para que a justificadora de rescisão motivada do contrato.
reclamada realizasse o recolhimento das custas, nos termos da OJ Na hipótese dos autos, restaram afastados, tendo em vista que o
nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do CPC/2015, sob pena de, não reclamante logo que deixou o emprego tratou de recorrer ao
o fazendo, se manter a decisão ora atacada. judiciário para solicitar rescisão indireta do contrato.
A recorrente, em cumprimento ao despacho supra, apresentou, Registra-se, que o fato de o reclamante ter postulado o
reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho na para a primeira reclamada em benefício da segunda reclamada.
presente reclamatória, já é o bastante para afastar a configuração A contratação feita através de terceiros, embora seja legal, não
do abandono de emprego, haja vista que com a propositura da ação afasta a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços.
o obreiro comunicou judicialmente ao empregador a sua intenção de Nesse sentido, a Súmula 331 do C. TST:
pôr fim ao contrato de trabalho, pelos fatos e motivos ali narrados. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE
O pedido de rescisão indireta denota que o empregado não (Revisão da Súmula nº 256 - Res. 23/1993, DJ 21.12.1993. Inciso IV
desejava perder seu emprego, mas que se viu obrigado a rescindir alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000. Nova redação do item
o contrato de trabalho por culpa do empregador, sendo-lhe IV e inseridos os itens V e VI - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)
facultado deixar de comparecer ao serviço até a decisão transitada IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
em julgado sobre o pedido de rescisão indireta (parágrafo 3º do art. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
483 da CLT). serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
Reitere-se que, para a configuração da rescisão indireta, a relação processual e conste também do título executivo judicial.
reclamante alegou na exordial o não cumprimento de várias (Nova Redação -Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011).
obrigações contratuais, tal como: pagamento de férias e VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
Isto posto, além de não restar comprovado o abandono de da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)"
emprego, in casu, observa-se que, na verdade, foi a parte O debate sobre a existência ou não de culpa da contratante é
reclamada quem não cumpriu as obrigações contratuais. irrelevante na resolução do feito, mormente porque para a
Reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, devidas as configuração da responsabilidade subsidiária são necessários, tão-
verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade (aviso prévio, 13º somente, o inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo
salários, férias e FGTS com a multa fundiária e multa do art. 477, prestador de serviços e bem assim que o tomador tenha participado
Correta a sentença. direito privado. As culpas "in elegendo" e "in vigilando" são
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2.ª RECLAMADA especificas das entidades de direito público, na formula do art. 71,
No tocante ao pedido de afastamento da condenação de forma De mais a mais, é indisfarçável que, para atingir seu objetivo social,
subsidiária da 2ª ré, sorte não assiste à recorrente. a 2.ª reclamada utilizou-se de empresa prestadora de serviços ( 1.ª
Explica-se. reclamada) que se revelou sem idoneidade, tanto assim que não
Embora a sentença não tenha reconhecido o vínculo de emprego do cumpriu as obrigações emergentes do contrato de trabalho com o
obreiro diretamente com a 2.ª reclamada (RESIDENCIAL CARMEL reclamante, aflorando aqui a responsabilidade da tomadora, que
ATLÂNTICO) , tomadora dos serviços, permanece a sua não velou para que os direitos dos trabalhadores fossem
trabalhistas por parte da empregadora prestadora dos serviços, Assim, a 2.ª reclamada deve ser mantida no polo passivo da
mesmo sendo lícita a terceirização, como solução para se "conferir demanda, como garantia da satisfação do crédito trabalhista
eficácia jurídica e social aos direitos laborais oriundos da atribuído ao obreiro, na possibilidade de por eventual motivo, restar
terceirização" (Maurício Godinho Delgado, in Curso de Direito do inviabilizada a cobrança contra o empregador (1.ª reclamada).
Trabalho, LTr, 2006). A Súmula Nº 331, do TST, foi editada com a Mantém-se.
finalidade de uniformizar o entendimento do Tribunal Superior do Inexistem equívocos nos cálculos de liquidação.
Trabalho no que diz respeito às situações em que seria admitida a Uma vez reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho,
terceirização de mão de obra, bem assim o limite da devido o pagamento de FGTS e multa, bem como sobre esses
responsabilidade pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas. valores incidem juros e correção monetária.
Restou evidenciado nos autos que a 2.ª reclamada, como tomadora A reclamada roga que os cálculos de juros e correção monetária
dos serviços da primeira reclamada, se beneficiou dos serviços sejam efetuados conforme o art. 9º, § 1º, II, da Lei 11.101/2005,
prestados pelos empregados da empresa BRASILEIRO SERVICOS incidindo até 07/07/2021 - data do pedido de recuperação judicial,
Dos autos, conclui-se que, efetivamente, o reclamante trabalhava Na apuração do débito trabalhista, incidem juros e correção
monetária na forma do art. 39 da Lei nº 8.177/91, que determina a aduziu que o autor abandonou o emprego, restando configurada a
incidência de juros e correção monetária até a data do efetivo justa causa prevista no art. 482, "i", da CLT. Cumpre destacar que
pagamento ao credor. Logo, não há que se falar em limitação do recai sobre o reclamante o ônus de demonstrar que a reclamada
cômputo de juros e correção monetária até a data em que foi descumpriu as obrigações contratuais, gerando a rescisão
amparo legal que viabilize referido pleito. Por outro lado, para a configuração do abandono de emprego
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a requisitos fundamentais: objetivo - relacionado à convocação formal
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o de retorno ao emprego, por meio de carta registrada ou telegrama,
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência ou qualquer outro meio de comunicação que comprove formalmente
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. a solicitação de retorno ao emprego; e subjetivo - referente a
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, intenção do trabalhador em não mais retornar ao emprego, bem
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: como a intenção da reclamada que ele volte ao trabalho,
RESCISÃO CONTRATUAL a este tipo de rescisão contratual, recai sobre a reclamada o ônus
reclamada em 01/03/2016, na função de vigilante, recebendo última No que tange à rescisão indireta, entendo que o reclamante logrou
remuneração mensal no importe de R$ 1.949,32, composta de êxito em comprovar os descumprimentos narrados na inicial.
salário-base de R$ 1.342,92 e adicionais de periculosidade e Com efeito, restou incontroverso que o autor usufruiu as férias do
noturno. Aduziu que a primeira reclamada não recolheu período aquisitivo 2019/2020 no período de 12/08/2020 a
corretamente os depósitos do FGTS no curso do pacto 10/09/2020. Nesse sentido, inclusive, o aviso de férias c15c64c.
(recolhimento tão somente da quantia de R$ 1.749,48, com último Ademais, de acordo com o mesmo documento, o autor tomou
depósito efetivado em outubro/2019, sem embargo do ciência das referidas férias apenas em 27/07/2020, não sendo
inadimplemento de meses pretéritos, a exemplo de agosto a observada, contudo, a antecedência mínima de 30 dias prevista no
dezembro/2018), bem como não efetuou o pagamento das férias do art. 135 da CLT.
período aquisitivo 2019/2020 (embora gozadas no período de Ainda, conforme o comprovante de pagamento ID 58b617d, as
12/08/2020 a 10/09/2020), razão pela qual requereu o referidas férias somente foram pagas ao autor em 23/11/2020, já no
reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, nos curso da presente ação, ajuizada em 25/10/2020, e mais de dois
moldes do art. 483, alínea "d", da CLT, com o pagamento das meses após o término do período de repouso, em 10/09/2020.
parcelas rescisórias correspondentes. Saliente-se que o pagamento superveniente das férias não retroage
Em defesa, a primeira reclamada negou os descumprimentos para tornar a pretensão de rescisão indireta improcedente.
contratuais narrados na inicial, aduzindo que as férias alusivas ao Aliado a isso, o extrato da conta vinculada do autor (ID 0085c38)
período aquisitivo 2019/2020 foram devidamente pagas ao autor. ratifica a ausência de recolhimento de diversas parcelas do FGTS
Quanto ao FGTS, alegou que as parcelas pleiteadas na inicial estão ao longo do pacto (recolhimento apenas das parcelas relativas aos
inseridas no acordo de parcelamento firmado junto à Caixa meses de julho/2018; janeiro a março /2019 e maio a outubro/2019),
Econômica Federal, o qual vem sendo devidamente cumprido. inexistindo nos autos outro extrato atualizado demonstrando a
Aduziu que o autor, após o gozo das férias no período de regularização dos depósitos, conforme relatado na peça defensiva.
12/08/2020 a 10/09/2020, deixou de comparecer ao trabalho, Destaque-se que o parcelamento dos valores devidos ao FGTS
tampouco comunicou sobre a alegada rescisão indireta, perante o órgão gestor (ID e863aea) não tem o condão de afastar o
acrescentando que ele sequer atendeu ao telegrama de retorno ao direito do reclamante, uma vez já implementado o descumprimento
trabalho, recebido em 08/10/2020, razão pela qual lhe foi aplicada contratual. Além disso, trata-se de negócio jurídico realizado pelo
em 11/10/2020 a justa causa por abandono de emprego. empregador na esfera administrativa, não sendo oponível ao
Dos termos da inicial e da defesa, verifica-se que a controvérsia empregado. Ademais, sequer há prova nos autos de que os valores
reside na forma de extinção contratual. De um lado, o reclamante devidos ao reclamante estivessem em perspectiva de pagamento
aduziu que o contrato deve ser extinto por rescisão indireta, em através do acordo administrativo.
razão das faltas graves relatadas na inicial. De outro, a reclamada Saliente-se que os descumprimentos contratuais relatados,
sobretudo o inadimplemento reiterado dos depósitos do FGTS, nos autos, indefere-se o pagamento da multa do art. 467 da CLT.
inviabilizam o recebimento do benefício pelo empregado mesmo no Defere-se, ainda, em razão da dispensa imotivada, as seguintes
curso do contrato de trabalho, em situações de necessidade obrigações de fazer, a cargo da reclamada: a) proceder à entrega
premente, como aquelas previstas no art. 20 da Lei 8.036 /90, das guias de seguro desemprego ao reclamante, no prazo de 5
dando ensejo ao acolhimento da rescisão indireta pretendida, como dias após o trânsito em julgado da presente decisão, sob pena de
tem decidido o C. TST: tal obrigação de fazer ser convertida em obrigação de pagar
RECOLHIMENTO DO FGTS. O Tribunal Regional registrou a TRCT no cód. 01 e chave de conectividade para saque do FGTS,
existência de atrasos no recolhimento do FGTS. A jurisprudência no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa de
desta Corte Superior é no sentido de que a ausência de R$ 1.949,32 e de expedição de alvará judicial para saque do FGTS
ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos da RESPONSABILIDADE DO SEGUNDO RECLAMADO
alínea d do art. 483 da CLT. Precedentes. Recurso de revista Restou incontroverso nos autos o fenômeno da terceirização, em
conhecido e provido" (TST-RR-1000776-56.2018.5.02.0491, que o segundo reclamado, buscando se desonerar dos encargos
Relatora: Maria Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 02/02/2020). trabalhistas e sociais advindos de um contrato de trabalho, utilizou-
Por outro lado, no que tange à justa causa invocada pela se de uma empresa prestadora de serviços determinados e
empregadora, cumpre destacar que inexiste o elemento subjetivo específicos - primeira reclamada - para contratação do reclamante.
(animus ) apto a configurar o abandono de emprego, sobretudo Por se tratar de pessoa jurídica de direito privado que não integra a
abandonandi em razão do curto lapso temporal entre o afastamento Administração Pública, reconhecida a terceirização dos serviços, a
do empregado (11/09/2020) e o ajuizamento da ação trabalhista tomadora responde subsidiariamente pelos créditos deferidos nos
(25/10/2020), denotando, portanto, que não havia a intenção do moldes do §5º do art. 5º-A da Lei 6.019/74, independentemente de
trabalhador de abandonar o emprego. Ademais, sequer há prova culpa, a qual deve ser analisada apenas nos casos de terceirização
nos autos de que o reclamante tenha sido notificado, antes do envolvendo ente público (Súmula 331, V, TST e art. 71, §1º, da Lei
ajuizamento da presente ação, da aplicação da justa causa por 8.666 Ressalte-se que o fato de ter inexistido vínculo empregatício
Portanto, reconhece-se a rescisão indireta do contrato de trabalho, eventual responsabilidade, por força do §5º do art. 5º-A da Lei
"d", da CLT, com data de saída em 11/09/2020. Diante do acima exposto, condena-se subsidiariamente o segundo
Por consequência, considerando-se o período contratual de 01 reclamado ao pagamento das parcelas deferidas no presente
autor as seguintes parcelas: aviso prévio indenizado 42 dias; férias Liquidação por cálculos, conforme arquivo em anexo.
em dobro 2019/2020 + 1/3 (deduzido o valor já pago ao autor - ID A teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas
58b617d); férias proporcionais 7/12 + 1/3; 13º salário proporcional ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e 6021 (com posteriores
com projeção do aviso 10/12; FGTS do período contratual acrescido esclarecimentos prestados em Embargos de Declaração, cuja
da multa de 40% (deduzido o saldo da conta vinculada - ID Decisão de julgamento foi publicada em 25/10/2021), a atualização
0085c38). Tendo em vista o descumprimento do prazo celetista monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do vencimento de
para pagamento das verbas rescisórias, defere-se o pagamento da cada parcela até a véspera do ajuizamento da ação (fase pré-
multa do §8º do art. 477 da CLT no importe de R$ 1.949,32, judicial), pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
correspondente ao salário mensal do autor. Urge frisar que o fato de (IPCA-E), sendo os juros de mora da referida fase equivalentes à
a rescisão indireta ter sido reconhecida apenas em Juízo não afasta TRD (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991). A partir do ajuizamento
a aplicação da penalidade em tela, porquanto esta somente deve da ação até o efetivo pagamento da obrigação, a atualização
ser excluída quando o empregado, comprovadamente, der causa à monetária e os juros de mora serão, juntos, fixados pelo índice do
mora (Súmula 462/TST), o que não ocorreu na hipótese. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), de acordo
Tendo em vista a ausência de parcelas rescisórias incontroversas com o artigo 406 do Código Civil.
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
EMENTA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. JUSTIÇA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Para a
unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar provimento
concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa jurídica,
ao recurso ordinário do reclamante para: a) indeferir os benefícios
mesmo em se tratando de empresa em recuperação judicial, faz-se
da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à condenação o
necessária a demonstração cabal da insuficiência de recursos, não
pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15%
bastando para tanto a mera alegação de se encontrar em tal
calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar provimento
condição.
ao recurso ordinário da 1ª reclamada, mantendo a sentença por
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Forçoso manter-se a verba
seus próprios e jurídicos fundamentos.
honorária advocatícia, a qual é devida pela mera sucumbência, nos
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
Recurso conhecido e provido.
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ABANDONO DE
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
EMPREGO. NÃO CONFIGURAÇÃO. MANUTENÇÃO DA
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
SENTENÇA DE ORIGEM. Para a configuração do abandono de
Fortaleza, 11 de julho de 2022.
emprego, faz-se necessária a existência de dois elementos, quais
Relatório dispensado na forma da lei. O juízo de admissibilidade do 2.ª grau reformou a sentença,
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE a4ada28), determinando prazo de 05 (cinco) dias para que a
Preenchidos os pressuposto de admissibilidade de se conhecer dos nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do CPC/2015, sob pena de, não
JUSTIÇA GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. tempestivamente, comprovante de recolhimento das custas
O reclamante insurge-se contra a sentença que deferiu o benefício processuais (id 94d742c), conforme certidão de id 3ae0c9d.
Em suas razões (id 3e1f192) afirma que "o mero processamento de conhecer do recurso ordinário da reclamada.
insuficiência de recursos a ensejar a concessão dos benefícios da RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO.
gratuidade judiciária". Ao final, requer a condenação da reclamada O Juízo de origem reconheceu a rescisão indireta do contrato de
no pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% trabalho entre as partes por culpa do empregador em razão de
Para a concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa A recorrente não refuta a existência da relação de emprego, se
jurídica, mesmo em se tratando de empresa em recuperação insurgindo somente quanto à modalidade do término, sustentando a
judicial, faz-se necessária a demonstração cabal da insuficiência de ocorrência de justa causa por abandono de emprego, pugnando
recursos, não bastando para tanto a mera alegação de se encontrar pela exclusão do pagamento das verbas rescisórias.
Nessa linha, e não tendo a empresa recorrente comprovado a Controvertem os litigantes sobre os motivos determinantes para a
despacho de id a4ada28, merece reparo a sentença para reverter o Tal qual deliberou o juízo de origem, entendo que não há elementos
benefício deferido à reclamada quanto à gratuidade de justiça. probatórios suficientes para abonar a tese patronal de que o
Registre-se, entretanto, que a reclamada goza da isenção do reclamante teria abandonado o emprego.
depósito recursal, "ex vi" do disposto no parágrafo 10 do art. 899 da A reclamada, ao afirmar que o reclamante abandonou o emprego,
CLT. atrai para si o ônus da prova, por força do art. 818, da CLT e 373, II,
A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2020, quando já Esse é o entendimento da Súmula N.º 212, do TST:
estava em vigor a Lei nº 13.467 de 13.07.2017, conhecida como "DESPEDIMENTO.ÔNUS DA PROVA. O ônus de provar o término
Assim, havendo procedência parcial do pedido e considerando o o despedimento é do empregador, pois o princípio da continuidade
grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a da relação de emprego constitui presunção favorável ao
advogado e o tempo exigido para o seu serviço, condena-se a O princípio da continuidade da relação de emprego constitui
reclamada no pagamento de honorários advocatícios em 15% do presunção favorável ao empregado. Daí se faz indispensável prova
valor total da liquidação. clara e robusta da reclamada, sob pena de se considerar injusta a
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. No entanto, para que seja configurado o abandono de emprego é
necessária a ocorrência concomitante de dois elementos: um eficácia jurídica e social aos direitos laborais oriundos da
objetivo, configurado pela ausência continuada e injusta por um terceirização" (Maurício Godinho Delgado, in Curso de Direito do
período de trinta dias consecutivos (Súmula N.º 32, do TST); outro Trabalho, LTr, 2006). A Súmula Nº 331, do TST, foi editada com a
subjetivo, sendo um ato intencional, traduzido no ânimo de o finalidade de uniformizar o entendimento do Tribunal Superior do
empregado não mais retornar ao serviço. Trabalho no que diz respeito às situações em que seria admitida a
A ausência de um só deles, "animus abandonandi", é suficiente terceirização de mão de obra, bem assim o limite da
para descaracterizar a figura do abandono de emprego como causa responsabilidade pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas.
justificadora de rescisão motivada do contrato. Restou evidenciado nos autos que a 2.ª reclamada, como tomadora
Na hipótese dos autos, restaram afastados, tendo em vista que o dos serviços da primeira reclamada, se beneficiou dos serviços
reclamante logo que deixou o emprego tratou de recorrer ao prestados pelos empregados da empresa BRASILEIRO SERVICOS
Registra-se, que o fato de o reclamante ter postulado o Dos autos, conclui-se que, efetivamente, o reclamante trabalhava
reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho na para a primeira reclamada em benefício da segunda reclamada.
presente reclamatória, já é o bastante para afastar a configuração A contratação feita através de terceiros, embora seja legal, não
do abandono de emprego, haja vista que com a propositura da ação afasta a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços.
o obreiro comunicou judicialmente ao empregador a sua intenção de Nesse sentido, a Súmula 331 do C. TST:
pôr fim ao contrato de trabalho, pelos fatos e motivos ali narrados. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE
O pedido de rescisão indireta denota que o empregado não (Revisão da Súmula nº 256 - Res. 23/1993, DJ 21.12.1993. Inciso IV
desejava perder seu emprego, mas que se viu obrigado a rescindir alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000. Nova redação do item
o contrato de trabalho por culpa do empregador, sendo-lhe IV e inseridos os itens V e VI - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)
facultado deixar de comparecer ao serviço até a decisão transitada IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
em julgado sobre o pedido de rescisão indireta (parágrafo 3º do art. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
483 da CLT). serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
Reitere-se que, para a configuração da rescisão indireta, a relação processual e conste também do título executivo judicial.
reclamante alegou na exordial o não cumprimento de várias (Nova Redação -Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011).
obrigações contratuais, tal como: pagamento de férias e VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
Isto posto, além de não restar comprovado o abandono de da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)"
emprego, in casu, observa-se que, na verdade, foi a parte O debate sobre a existência ou não de culpa da contratante é
reclamada quem não cumpriu as obrigações contratuais. irrelevante na resolução do feito, mormente porque para a
Reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, devidas as configuração da responsabilidade subsidiária são necessários, tão-
verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade (aviso prévio, 13º somente, o inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo
salários, férias e FGTS com a multa fundiária e multa do art. 477, prestador de serviços e bem assim que o tomador tenha participado
Correta a sentença. direito privado. As culpas "in elegendo" e "in vigilando" são
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2.ª RECLAMADA especificas das entidades de direito público, na formula do art. 71,
No tocante ao pedido de afastamento da condenação de forma De mais a mais, é indisfarçável que, para atingir seu objetivo social,
subsidiária da 2ª ré, sorte não assiste à recorrente. a 2.ª reclamada utilizou-se de empresa prestadora de serviços ( 1.ª
Explica-se. reclamada) que se revelou sem idoneidade, tanto assim que não
Embora a sentença não tenha reconhecido o vínculo de emprego do cumpriu as obrigações emergentes do contrato de trabalho com o
obreiro diretamente com a 2.ª reclamada (RESIDENCIAL CARMEL reclamante, aflorando aqui a responsabilidade da tomadora, que
ATLÂNTICO) , tomadora dos serviços, permanece a sua não velou para que os direitos dos trabalhadores fossem
trabalhistas por parte da empregadora prestadora dos serviços, Assim, a 2.ª reclamada deve ser mantida no polo passivo da
mesmo sendo lícita a terceirização, como solução para se "conferir demanda, como garantia da satisfação do crédito trabalhista
atribuído ao obreiro, na possibilidade de por eventual motivo, restar inseridas no acordo de parcelamento firmado junto à Caixa
inviabilizada a cobrança contra o empregador (1.ª reclamada). Econômica Federal, o qual vem sendo devidamente cumprido.
Inexistem equívocos nos cálculos de liquidação. 12/08/2020 a 10/09/2020, deixou de comparecer ao trabalho,
Uma vez reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, tampouco comunicou sobre a alegada rescisão indireta,
devido o pagamento de FGTS e multa, bem como sobre esses acrescentando que ele sequer atendeu ao telegrama de retorno ao
valores incidem juros e correção monetária. trabalho, recebido em 08/10/2020, razão pela qual lhe foi aplicada
A reclamada roga que os cálculos de juros e correção monetária em 11/10/2020 a justa causa por abandono de emprego.
sejam efetuados conforme o art. 9º, § 1º, II, da Lei 11.101/2005, Dos termos da inicial e da defesa, verifica-se que a controvérsia
incidindo até 07/07/2021 - data do pedido de recuperação judicial, reside na forma de extinção contratual. De um lado, o reclamante
Razão não lhe assiste. aduziu que o contrato deve ser extinto por rescisão indireta, em
Na apuração do débito trabalhista, incidem juros e correção razão das faltas graves relatadas na inicial. De outro, a reclamada
monetária na forma do art. 39 da Lei nº 8.177/91, que determina a aduziu que o autor abandonou o emprego, restando configurada a
incidência de juros e correção monetária até a data do efetivo justa causa prevista no art. 482, "i", da CLT. Cumpre destacar que
pagamento ao credor. Logo, não há que se falar em limitação do recai sobre o reclamante o ônus de demonstrar que a reclamada
cômputo de juros e correção monetária até a data em que foi descumpriu as obrigações contratuais, gerando a rescisão
amparo legal que viabilize referido pleito. Por outro lado, para a configuração do abandono de emprego
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a requisitos fundamentais: objetivo - relacionado à convocação formal
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o de retorno ao emprego, por meio de carta registrada ou telegrama,
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência ou qualquer outro meio de comunicação que comprove formalmente
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. a solicitação de retorno ao emprego; e subjetivo - referente a
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, intenção do trabalhador em não mais retornar ao emprego, bem
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: como a intenção da reclamada que ele volte ao trabalho,
RESCISÃO CONTRATUAL a este tipo de rescisão contratual, recai sobre a reclamada o ônus
reclamada em 01/03/2016, na função de vigilante, recebendo última No que tange à rescisão indireta, entendo que o reclamante logrou
remuneração mensal no importe de R$ 1.949,32, composta de êxito em comprovar os descumprimentos narrados na inicial.
salário-base de R$ 1.342,92 e adicionais de periculosidade e Com efeito, restou incontroverso que o autor usufruiu as férias do
noturno. Aduziu que a primeira reclamada não recolheu período aquisitivo 2019/2020 no período de 12/08/2020 a
corretamente os depósitos do FGTS no curso do pacto 10/09/2020. Nesse sentido, inclusive, o aviso de férias c15c64c.
(recolhimento tão somente da quantia de R$ 1.749,48, com último Ademais, de acordo com o mesmo documento, o autor tomou
depósito efetivado em outubro/2019, sem embargo do ciência das referidas férias apenas em 27/07/2020, não sendo
inadimplemento de meses pretéritos, a exemplo de agosto a observada, contudo, a antecedência mínima de 30 dias prevista no
dezembro/2018), bem como não efetuou o pagamento das férias do art. 135 da CLT.
período aquisitivo 2019/2020 (embora gozadas no período de Ainda, conforme o comprovante de pagamento ID 58b617d, as
12/08/2020 a 10/09/2020), razão pela qual requereu o referidas férias somente foram pagas ao autor em 23/11/2020, já no
reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, nos curso da presente ação, ajuizada em 25/10/2020, e mais de dois
moldes do art. 483, alínea "d", da CLT, com o pagamento das meses após o término do período de repouso, em 10/09/2020.
parcelas rescisórias correspondentes. Saliente-se que o pagamento superveniente das férias não retroage
Em defesa, a primeira reclamada negou os descumprimentos para tornar a pretensão de rescisão indireta improcedente.
contratuais narrados na inicial, aduzindo que as férias alusivas ao Aliado a isso, o extrato da conta vinculada do autor (ID 0085c38)
período aquisitivo 2019/2020 foram devidamente pagas ao autor. ratifica a ausência de recolhimento de diversas parcelas do FGTS
Quanto ao FGTS, alegou que as parcelas pleiteadas na inicial estão ao longo do pacto (recolhimento apenas das parcelas relativas aos
meses de julho/2018; janeiro a março /2019 e maio a outubro/2019), 58b617d); férias proporcionais 7/12 + 1/3; 13º salário proporcional
inexistindo nos autos outro extrato atualizado demonstrando a com projeção do aviso 10/12; FGTS do período contratual acrescido
regularização dos depósitos, conforme relatado na peça defensiva. da multa de 40% (deduzido o saldo da conta vinculada - ID
Destaque-se que o parcelamento dos valores devidos ao FGTS 0085c38). Tendo em vista o descumprimento do prazo celetista
perante o órgão gestor (ID e863aea) não tem o condão de afastar o para pagamento das verbas rescisórias, defere-se o pagamento da
direito do reclamante, uma vez já implementado o descumprimento multa do §8º do art. 477 da CLT no importe de R$ 1.949,32,
contratual. Além disso, trata-se de negócio jurídico realizado pelo correspondente ao salário mensal do autor. Urge frisar que o fato de
empregador na esfera administrativa, não sendo oponível ao a rescisão indireta ter sido reconhecida apenas em Juízo não afasta
empregado. Ademais, sequer há prova nos autos de que os valores a aplicação da penalidade em tela, porquanto esta somente deve
devidos ao reclamante estivessem em perspectiva de pagamento ser excluída quando o empregado, comprovadamente, der causa à
através do acordo administrativo. mora (Súmula 462/TST), o que não ocorreu na hipótese.
Saliente-se que os descumprimentos contratuais relatados, Tendo em vista a ausência de parcelas rescisórias incontroversas
sobretudo o inadimplemento reiterado dos depósitos do FGTS, nos autos, indefere-se o pagamento da multa do art. 467 da CLT.
inviabilizam o recebimento do benefício pelo empregado mesmo no Defere-se, ainda, em razão da dispensa imotivada, as seguintes
curso do contrato de trabalho, em situações de necessidade obrigações de fazer, a cargo da reclamada: a) proceder à entrega
premente, como aquelas previstas no art. 20 da Lei 8.036 /90, das guias de seguro desemprego ao reclamante, no prazo de 5
dando ensejo ao acolhimento da rescisão indireta pretendida, como dias após o trânsito em julgado da presente decisão, sob pena de
tem decidido o C. TST: tal obrigação de fazer ser convertida em obrigação de pagar
RECOLHIMENTO DO FGTS. O Tribunal Regional registrou a TRCT no cód. 01 e chave de conectividade para saque do FGTS,
existência de atrasos no recolhimento do FGTS. A jurisprudência no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa de
desta Corte Superior é no sentido de que a ausência de R$ 1.949,32 e de expedição de alvará judicial para saque do FGTS
ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos da RESPONSABILIDADE DO SEGUNDO RECLAMADO
alínea d do art. 483 da CLT. Precedentes. Recurso de revista Restou incontroverso nos autos o fenômeno da terceirização, em
conhecido e provido" (TST-RR-1000776-56.2018.5.02.0491, que o segundo reclamado, buscando se desonerar dos encargos
Relatora: Maria Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 02/02/2020). trabalhistas e sociais advindos de um contrato de trabalho, utilizou-
Por outro lado, no que tange à justa causa invocada pela se de uma empresa prestadora de serviços determinados e
empregadora, cumpre destacar que inexiste o elemento subjetivo específicos - primeira reclamada - para contratação do reclamante.
(animus ) apto a configurar o abandono de emprego, sobretudo Por se tratar de pessoa jurídica de direito privado que não integra a
abandonandi em razão do curto lapso temporal entre o afastamento Administração Pública, reconhecida a terceirização dos serviços, a
do empregado (11/09/2020) e o ajuizamento da ação trabalhista tomadora responde subsidiariamente pelos créditos deferidos nos
(25/10/2020), denotando, portanto, que não havia a intenção do moldes do §5º do art. 5º-A da Lei 6.019/74, independentemente de
trabalhador de abandonar o emprego. Ademais, sequer há prova culpa, a qual deve ser analisada apenas nos casos de terceirização
nos autos de que o reclamante tenha sido notificado, antes do envolvendo ente público (Súmula 331, V, TST e art. 71, §1º, da Lei
ajuizamento da presente ação, da aplicação da justa causa por 8.666 Ressalte-se que o fato de ter inexistido vínculo empregatício
Portanto, reconhece-se a rescisão indireta do contrato de trabalho, eventual responsabilidade, por força do §5º do art. 5º-A da Lei
"d", da CLT, com data de saída em 11/09/2020. Diante do acima exposto, condena-se subsidiariamente o segundo
Por consequência, considerando-se o período contratual de 01 reclamado ao pagamento das parcelas deferidas no presente
autor as seguintes parcelas: aviso prévio indenizado 42 dias; férias Liquidação por cálculos, conforme arquivo em anexo.
em dobro 2019/2020 + 1/3 (deduzido o valor já pago ao autor - ID A teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas
monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do vencimento de JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR
cada parcela até a véspera do ajuizamento da ação (fase pré- Diretor de Secretaria
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. JUSTIÇA
unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar provimento GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Para a
ao recurso ordinário do reclamante para: a) indeferir os benefícios concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa jurídica,
da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à condenação o mesmo em se tratando de empresa em recuperação judicial, faz-se
pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% necessária a demonstração cabal da insuficiência de recursos, não
calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar provimento bastando para tanto a mera alegação de se encontrar em tal
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores honorária advocatícia, a qual é devida pela mera sucumbência, nos
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017.
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). Recurso conhecido e provido.
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ABANDONO DE
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. EMPREGO. NÃO CONFIGURAÇÃO. MANUTENÇÃO DA
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA sejam: ausência imotivada e sem aviso do empregado ao trabalho
ao demandado, já que fez alegação de que a demandante A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2020, quando já
abandonara o emprego, comprovar a sua efetiva ocorrência. Não estava em vigor a Lei nº 13.467 de 13.07.2017, conhecida como
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS. grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a
SÚMULA 331, IV, TST. O tomador dos serviços é responsável natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo
subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pela advogado e o tempo exigido para o seu serviço, condena-se a
empresa prestadora dos serviços, desde que tenha participado da reclamada no pagamento de honorários advocatícios em 15% do
relação processual e conste do título executivo judicial, conforme valor total da liquidação.
Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.
Relatório dispensado na forma da lei. O juízo de admissibilidade do 2.ª grau reformou a sentença,
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE a4ada28), determinando prazo de 05 (cinco) dias para que a
Preenchidos os pressuposto de admissibilidade de se conhecer dos nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do CPC/2015, sob pena de, não
JUSTIÇA GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. tempestivamente, comprovante de recolhimento das custas
O reclamante insurge-se contra a sentença que deferiu o benefício processuais (id 94d742c), conforme certidão de id 3ae0c9d.
Em suas razões (id 3e1f192) afirma que "o mero processamento de conhecer do recurso ordinário da reclamada.
insuficiência de recursos a ensejar a concessão dos benefícios da RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO.
gratuidade judiciária". Ao final, requer a condenação da reclamada O Juízo de origem reconheceu a rescisão indireta do contrato de
no pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% trabalho entre as partes por culpa do empregador em razão de
Para a concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa A recorrente não refuta a existência da relação de emprego, se
jurídica, mesmo em se tratando de empresa em recuperação insurgindo somente quanto à modalidade do término, sustentando a
judicial, faz-se necessária a demonstração cabal da insuficiência de ocorrência de justa causa por abandono de emprego, pugnando
recursos, não bastando para tanto a mera alegação de se encontrar pela exclusão do pagamento das verbas rescisórias.
Nessa linha, e não tendo a empresa recorrente comprovado a Controvertem os litigantes sobre os motivos determinantes para a
despacho de id a4ada28, merece reparo a sentença para reverter o Tal qual deliberou o juízo de origem, entendo que não há elementos
benefício deferido à reclamada quanto à gratuidade de justiça. probatórios suficientes para abonar a tese patronal de que o
Registre-se, entretanto, que a reclamada goza da isenção do reclamante teria abandonado o emprego.
depósito recursal, "ex vi" do disposto no parágrafo 10 do art. 899 da A reclamada, ao afirmar que o reclamante abandonou o emprego,
atrai para si o ônus da prova, por força do art. 818, da CLT e 373, II, §8.º, daCLT).
Esse é o entendimento da Súmula N.º 212, do TST: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2.ª RECLAMADA
do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviços e No tocante ao pedido de afastamento da condenação de forma
o despedimento é do empregador, pois o princípio da continuidade subsidiária da 2ª ré, sorte não assiste à recorrente.
empregado.(Res. 14/1985 Dj 19.09.1985)" Embora a sentença não tenha reconhecido o vínculo de emprego do
O princípio da continuidade da relação de emprego constitui obreiro diretamente com a 2.ª reclamada (RESIDENCIAL CARMEL
presunção favorável ao empregado. Daí se faz indispensável prova ATLÂNTICO) , tomadora dos serviços, permanece a sua
clara e robusta da reclamada, sob pena de se considerar injusta a responsabilidade subsidiária pelo inadimplemento das obrigações
dispensa, inteligência da Súmula Nº 212 do TST. trabalhistas por parte da empregadora prestadora dos serviços,
No entanto, para que seja configurado o abandono de emprego é mesmo sendo lícita a terceirização, como solução para se "conferir
necessária a ocorrência concomitante de dois elementos: um eficácia jurídica e social aos direitos laborais oriundos da
objetivo, configurado pela ausência continuada e injusta por um terceirização" (Maurício Godinho Delgado, in Curso de Direito do
período de trinta dias consecutivos (Súmula N.º 32, do TST); outro Trabalho, LTr, 2006). A Súmula Nº 331, do TST, foi editada com a
subjetivo, sendo um ato intencional, traduzido no ânimo de o finalidade de uniformizar o entendimento do Tribunal Superior do
empregado não mais retornar ao serviço. Trabalho no que diz respeito às situações em que seria admitida a
A ausência de um só deles, "animus abandonandi", é suficiente terceirização de mão de obra, bem assim o limite da
para descaracterizar a figura do abandono de emprego como causa responsabilidade pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas.
justificadora de rescisão motivada do contrato. Restou evidenciado nos autos que a 2.ª reclamada, como tomadora
Na hipótese dos autos, restaram afastados, tendo em vista que o dos serviços da primeira reclamada, se beneficiou dos serviços
reclamante logo que deixou o emprego tratou de recorrer ao prestados pelos empregados da empresa BRASILEIRO SERVICOS
Registra-se, que o fato de o reclamante ter postulado o Dos autos, conclui-se que, efetivamente, o reclamante trabalhava
reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho na para a primeira reclamada em benefício da segunda reclamada.
presente reclamatória, já é o bastante para afastar a configuração A contratação feita através de terceiros, embora seja legal, não
do abandono de emprego, haja vista que com a propositura da ação afasta a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços.
o obreiro comunicou judicialmente ao empregador a sua intenção de Nesse sentido, a Súmula 331 do C. TST:
pôr fim ao contrato de trabalho, pelos fatos e motivos ali narrados. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE
O pedido de rescisão indireta denota que o empregado não (Revisão da Súmula nº 256 - Res. 23/1993, DJ 21.12.1993. Inciso IV
desejava perder seu emprego, mas que se viu obrigado a rescindir alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000. Nova redação do item
o contrato de trabalho por culpa do empregador, sendo-lhe IV e inseridos os itens V e VI - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)
facultado deixar de comparecer ao serviço até a decisão transitada IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
em julgado sobre o pedido de rescisão indireta (parágrafo 3º do art. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
483 da CLT). serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
Reitere-se que, para a configuração da rescisão indireta, a relação processual e conste também do título executivo judicial.
reclamante alegou na exordial o não cumprimento de várias (Nova Redação -Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011).
obrigações contratuais, tal como: pagamento de férias e VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
Isto posto, além de não restar comprovado o abandono de da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)"
emprego, in casu, observa-se que, na verdade, foi a parte O debate sobre a existência ou não de culpa da contratante é
reclamada quem não cumpriu as obrigações contratuais. irrelevante na resolução do feito, mormente porque para a
Reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, devidas as configuração da responsabilidade subsidiária são necessários, tão-
verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade (aviso prévio, 13º somente, o inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo
salários, férias e FGTS com a multa fundiária e multa do art. 477, prestador de serviços e bem assim que o tomador tenha participado
da relação processual. Isso porque ser a tomadora empresa de (recolhimento tão somente da quantia de R$ 1.749,48, com último
direito privado. As culpas "in elegendo" e "in vigilando" são depósito efetivado em outubro/2019, sem embargo do
especificas das entidades de direito público, na formula do art. 71, inadimplemento de meses pretéritos, a exemplo de agosto a
da Lei 8666/93. dezembro/2018), bem como não efetuou o pagamento das férias do
De mais a mais, é indisfarçável que, para atingir seu objetivo social, período aquisitivo 2019/2020 (embora gozadas no período de
a 2.ª reclamada utilizou-se de empresa prestadora de serviços ( 1.ª 12/08/2020 a 10/09/2020), razão pela qual requereu o
reclamada) que se revelou sem idoneidade, tanto assim que não reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, nos
cumpriu as obrigações emergentes do contrato de trabalho com o moldes do art. 483, alínea "d", da CLT, com o pagamento das
não velou para que os direitos dos trabalhadores fossem Em defesa, a primeira reclamada negou os descumprimentos
Assim, a 2.ª reclamada deve ser mantida no polo passivo da período aquisitivo 2019/2020 foram devidamente pagas ao autor.
demanda, como garantia da satisfação do crédito trabalhista Quanto ao FGTS, alegou que as parcelas pleiteadas na inicial estão
atribuído ao obreiro, na possibilidade de por eventual motivo, restar inseridas no acordo de parcelamento firmado junto à Caixa
inviabilizada a cobrança contra o empregador (1.ª reclamada). Econômica Federal, o qual vem sendo devidamente cumprido.
Inexistem equívocos nos cálculos de liquidação. 12/08/2020 a 10/09/2020, deixou de comparecer ao trabalho,
Uma vez reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, tampouco comunicou sobre a alegada rescisão indireta,
devido o pagamento de FGTS e multa, bem como sobre esses acrescentando que ele sequer atendeu ao telegrama de retorno ao
valores incidem juros e correção monetária. trabalho, recebido em 08/10/2020, razão pela qual lhe foi aplicada
A reclamada roga que os cálculos de juros e correção monetária em 11/10/2020 a justa causa por abandono de emprego.
sejam efetuados conforme o art. 9º, § 1º, II, da Lei 11.101/2005, Dos termos da inicial e da defesa, verifica-se que a controvérsia
incidindo até 07/07/2021 - data do pedido de recuperação judicial, reside na forma de extinção contratual. De um lado, o reclamante
Razão não lhe assiste. aduziu que o contrato deve ser extinto por rescisão indireta, em
Na apuração do débito trabalhista, incidem juros e correção razão das faltas graves relatadas na inicial. De outro, a reclamada
monetária na forma do art. 39 da Lei nº 8.177/91, que determina a aduziu que o autor abandonou o emprego, restando configurada a
incidência de juros e correção monetária até a data do efetivo justa causa prevista no art. 482, "i", da CLT. Cumpre destacar que
pagamento ao credor. Logo, não há que se falar em limitação do recai sobre o reclamante o ônus de demonstrar que a reclamada
cômputo de juros e correção monetária até a data em que foi descumpriu as obrigações contratuais, gerando a rescisão
amparo legal que viabilize referido pleito. Por outro lado, para a configuração do abandono de emprego
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a requisitos fundamentais: objetivo - relacionado à convocação formal
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o de retorno ao emprego, por meio de carta registrada ou telegrama,
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência ou qualquer outro meio de comunicação que comprove formalmente
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. a solicitação de retorno ao emprego; e subjetivo - referente a
Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, intenção do trabalhador em não mais retornar ao emprego, bem
a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: como a intenção da reclamada que ele volte ao trabalho,
RESCISÃO CONTRATUAL a este tipo de rescisão contratual, recai sobre a reclamada o ônus
reclamada em 01/03/2016, na função de vigilante, recebendo última No que tange à rescisão indireta, entendo que o reclamante logrou
remuneração mensal no importe de R$ 1.949,32, composta de êxito em comprovar os descumprimentos narrados na inicial.
salário-base de R$ 1.342,92 e adicionais de periculosidade e Com efeito, restou incontroverso que o autor usufruiu as férias do
noturno. Aduziu que a primeira reclamada não recolheu período aquisitivo 2019/2020 no período de 12/08/2020 a
corretamente os depósitos do FGTS no curso do pacto 10/09/2020. Nesse sentido, inclusive, o aviso de férias c15c64c.
Ademais, de acordo com o mesmo documento, o autor tomou (25/10/2020), denotando, portanto, que não havia a intenção do
ciência das referidas férias apenas em 27/07/2020, não sendo trabalhador de abandonar o emprego. Ademais, sequer há prova
observada, contudo, a antecedência mínima de 30 dias prevista no nos autos de que o reclamante tenha sido notificado, antes do
art. 135 da CLT. ajuizamento da presente ação, da aplicação da justa causa por
referidas férias somente foram pagas ao autor em 23/11/2020, já no Portanto, reconhece-se a rescisão indireta do contrato de trabalho,
curso da presente ação, ajuizada em 25/10/2020, e mais de dois em razão do cometimento da falta grave indicada no art. 483, alínea
meses após o término do período de repouso, em 10/09/2020. "d", da CLT, com data de saída em 11/09/2020.
Saliente-se que o pagamento superveniente das férias não retroage Por consequência, considerando-se o período contratual de 01
para tornar a pretensão de rescisão indireta improcedente. /03/2016 a 11/09/2020, o salário mensal de R$ 1.949,32, a rescisão
Aliado a isso, o extrato da conta vinculada do autor (ID 0085c38) indireta acima reconhecida e os limites do pedido, defere-se ao
ratifica a ausência de recolhimento de diversas parcelas do FGTS autor as seguintes parcelas: aviso prévio indenizado 42 dias; férias
ao longo do pacto (recolhimento apenas das parcelas relativas aos em dobro 2019/2020 + 1/3 (deduzido o valor já pago ao autor - ID
meses de julho/2018; janeiro a março /2019 e maio a outubro/2019), 58b617d); férias proporcionais 7/12 + 1/3; 13º salário proporcional
inexistindo nos autos outro extrato atualizado demonstrando a com projeção do aviso 10/12; FGTS do período contratual acrescido
regularização dos depósitos, conforme relatado na peça defensiva. da multa de 40% (deduzido o saldo da conta vinculada - ID
Destaque-se que o parcelamento dos valores devidos ao FGTS 0085c38). Tendo em vista o descumprimento do prazo celetista
perante o órgão gestor (ID e863aea) não tem o condão de afastar o para pagamento das verbas rescisórias, defere-se o pagamento da
direito do reclamante, uma vez já implementado o descumprimento multa do §8º do art. 477 da CLT no importe de R$ 1.949,32,
contratual. Além disso, trata-se de negócio jurídico realizado pelo correspondente ao salário mensal do autor. Urge frisar que o fato de
empregador na esfera administrativa, não sendo oponível ao a rescisão indireta ter sido reconhecida apenas em Juízo não afasta
empregado. Ademais, sequer há prova nos autos de que os valores a aplicação da penalidade em tela, porquanto esta somente deve
devidos ao reclamante estivessem em perspectiva de pagamento ser excluída quando o empregado, comprovadamente, der causa à
através do acordo administrativo. mora (Súmula 462/TST), o que não ocorreu na hipótese.
Saliente-se que os descumprimentos contratuais relatados, Tendo em vista a ausência de parcelas rescisórias incontroversas
sobretudo o inadimplemento reiterado dos depósitos do FGTS, nos autos, indefere-se o pagamento da multa do art. 467 da CLT.
inviabilizam o recebimento do benefício pelo empregado mesmo no Defere-se, ainda, em razão da dispensa imotivada, as seguintes
curso do contrato de trabalho, em situações de necessidade obrigações de fazer, a cargo da reclamada: a) proceder à entrega
premente, como aquelas previstas no art. 20 da Lei 8.036 /90, das guias de seguro desemprego ao reclamante, no prazo de 5
dando ensejo ao acolhimento da rescisão indireta pretendida, como dias após o trânsito em julgado da presente decisão, sob pena de
tem decidido o C. TST: tal obrigação de fazer ser convertida em obrigação de pagar
RECOLHIMENTO DO FGTS. O Tribunal Regional registrou a TRCT no cód. 01 e chave de conectividade para saque do FGTS,
existência de atrasos no recolhimento do FGTS. A jurisprudência no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa de
desta Corte Superior é no sentido de que a ausência de R$ 1.949,32 e de expedição de alvará judicial para saque do FGTS
ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos da RESPONSABILIDADE DO SEGUNDO RECLAMADO
alínea d do art. 483 da CLT. Precedentes. Recurso de revista Restou incontroverso nos autos o fenômeno da terceirização, em
conhecido e provido" (TST-RR-1000776-56.2018.5.02.0491, que o segundo reclamado, buscando se desonerar dos encargos
Relatora: Maria Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 02/02/2020). trabalhistas e sociais advindos de um contrato de trabalho, utilizou-
Por outro lado, no que tange à justa causa invocada pela se de uma empresa prestadora de serviços determinados e
empregadora, cumpre destacar que inexiste o elemento subjetivo específicos - primeira reclamada - para contratação do reclamante.
(animus ) apto a configurar o abandono de emprego, sobretudo Por se tratar de pessoa jurídica de direito privado que não integra a
abandonandi em razão do curto lapso temporal entre o afastamento Administração Pública, reconhecida a terceirização dos serviços, a
do empregado (11/09/2020) e o ajuizamento da ação trabalhista tomadora responde subsidiariamente pelos créditos deferidos nos
moldes do §5º do art. 5º-A da Lei 6.019/74, independentemente de da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à condenação o
culpa, a qual deve ser analisada apenas nos casos de terceirização pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15%
envolvendo ente público (Súmula 331, V, TST e art. 71, §1º, da Lei calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar provimento
8.666 Ressalte-se que o fato de ter inexistido vínculo empregatício ao recurso ordinário da 1ª reclamada, mantendo a sentença por
entre /93). o reclamante e o segundo reclamado não o exime de seus próprios e jurídicos fundamentos.
eventual responsabilidade, por força do §5º do art. 5º-A da Lei Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Diante do acima exposto, condena-se subsidiariamente o segundo (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
reclamado ao pagamento das parcelas deferidas no presente Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
A teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do vencimento de JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR
cada parcela até a véspera do ajuizamento da ação (fase pré- Diretor de Secretaria
Trabalho). PRELIMINARMENTE
Trata-se de recurso ordinário interposto pelo 2º reclamado processar e julgar o feito, porquanto a primeira reclamada firmou
MUNICÍPIO DE CAUCAIA, em face da sentença prolatada pela 2ª compromisso arbitral com o reclamante, devendo a lide ser
trabalhista ajuizada por FRANCISCO SÉRGIO LIMA DOS De acordo com o art. 507-A, da CLT, os contratos individuais de
SANTOS em face de INSTITUTO NACIONAL DE GESTAO. trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite
EDUCAÇÃO,TECNOLOGIA EINOVAÇÃO - INGET e MUNICÍPIO máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
DE CAUCAIA, reconhecendo o vínculo empregatício no tocante ao Previdência Social, poderão firmar cláusula compromissórias de
período contratual de 13/03/2018 a 6/2/2021, dada a projeção do arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a
aviso prévio, para condenar a empresa e, subsidiariamente, o sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei nº 9.307,
MUNICIPIO DE CAUCAIA no pagamento ao reclamante com juros e de 23 de setembro de 1996. Não é esse o caso.
correção monetária, as verbas ali elencadas. Honorários O sistema de arbitragem é alternativo a jurisdição estatal, no qual o
advocatícios de 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação. árbitro é escolhido pelas partes para solucionar os conflitos a que
Inconformado, o Município recorrente pugna pela reforma da foram submetidos. Ocorre que para tal, os contratos sujeitos a
sentença ora atacada, suscitando, inicialmente, a incompetência da arbitragem devem atender os requisitos do art. 507-A da CLT. Isso
No mérito alega inexistência de vínculo empregatício com o Constata-se nos autos que o reclamante foi contratado por salario
reclamante, que a primeira reclamada, iINGETI, firmou equivalente ao mínimo, o que afasta, de per si, qualquer
compromisso arbitral com o obreiro, tendo esse juízo ignorado. possibilidade de arbitragem.
Questiona a prova emprestada aos autos, bem como, a Logo, não de se falar em incompetência desta Justiça
responsabilidade subsidiaria, aduzindo a inexistência de omissão na Especializada, pois esta está firmada nos termos do art. 114 da
pode responder subsidiariamente pelo pagamento das verbas Alega o segundo reclamado, MUNICÍPIO DE CAUCAIA, que não
rescisórias inadimplidas pela contratada. deve figurar no polo passivo desta demanda, uma vez que não é
Requer que o recorrido seja condenado em litigância de má-fé, e lhe parte da relação de emprego questionada pelo recorrido.
condenação em honorários advocatícios do demandante, porquanto O caráter abstrato do direito de ação independe do direito material
não está representado por sindicato da categoria. pleiteado, de sorte que a simples indicação da apelante como
Contrarrazões do reclamante, ID. d239c11 ,. responsável subsidiária pela satisfação das parcelas almejadas na
Apresentado parecer pelo Ministério Público do Trabalho pelo peça exordial justifica sua legitimidade para figurar no polo passivo
conhecimento e improvimento do recurso do município. (ID. da demanda, não merecendo reforma a sentença vergastada.
MÉRITO
Tempestivo, regular a representação e isento de preparo, conheço 2019. Diz que antes desse período a reclamada não mantinha
[...] A novidade atual, levada a efeito por uma entidade de pagamento de ID. c1328a5 - Pág. 1, cujo objeto era a concessão de
espectro amplo e irrestrito, denominada INGETI, Instituto Nacional bolsa de estudo e pesquisa para desenvolvimento das atividades
e Gestão, Educação,Tecnologia e Inovação, que se utiliza de ardil, previstas no plano de trabalho do Convênio 01/2018.
com propósito de contratar mão de obra dos mais variados campos Saliente-se, ainda, que o referido documento nada esclarece
da atividade humana, para emprestá-los, colocá-los às serventias em relação à presença ou não dos elementos caracterizadores da
do Município de Caucaia que, por esta fuga, submeteu, se não todo, relação de emprego, tais como subordinação.
mas quase todo o seu quadro de servidores da Secretaria de Ademais, face ao princípio da primazia da realidade, diante da
Educação do Município, a um sistema de contratação por uma discrepância entre o envoltório formal e a efetiva prática executiva
faceta denominada bolsa. Não mais que de repente, os servidores do contrato, a preferência deve ser dada ao que ocorre no terreno
inúmeros, de fora, ingressaram no quadro por esta interposta Importante, no mais, frisar que, conforme relatório elaborado pelo
empresa, para prestarem desde os mais relevantes aos mais Ministério Público do Trabalho, ID. 2a82249 - Pág. 2, em
No transcorrer da instrução de alguns processos, dentre tantos teóricas aconteciam aos sábados, enquanto que as atividades
que já foram lançados em pauta para instrução e julgamento, práticas aconteciam cinco dias por semana. ...
apresentam-se as categorias de merendeira, porteiro, pessoal de Tem-se, portanto, que o alegado programa de qualificação
recursos humanos e, pela confissão da empresa, via representante profissional voltado ao desenvolvimento do ensino e da gestão
legal, todas as categorias necessárias e possíveis para a Secretaria municipal trata-se de mero subterfúgio com objetivo de mascarar a
de Educação do Município foram contratadas e passaram a exercer relação de emprego havida entre as partes, configurando verdadeira
suas funções sob a batuta da condição de bolsistas. fraude aos direitos trabalhistas.
Há duas fronteiriças ilegalidades. A primeira se comunica com Conforme art. 9º da CLT, serão nulos de pleno direito os atos
a forma de contratação que a empresa procede. É uma autêntica praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
contratação de trabalhador visando burlar a legislação trabalhista, aplicação dos preceitos celetistas.
sonegando, por esta mão, todos os direitos previstos na CLT e Portanto, com fulcro no dispositivo celetista acima indicado,
Constituição Federal, afastando, por último, o trabalhador do declaro nulos de pleno direito o termo de compromisso de bolsista
suporte da Previdência e Assistência Social. firmado entre as partes ID. 7463d0e - Pág. 1- 2, assinado em
A engenharia de burla proposta pela INGETI é trabalhosa, não 13/03/2018, quanto à natureza do vínculo, reconhecendo-se como
deixando de ser uma escancarada, grosseira e atentatória empregatício corroborado com a planilha de pagamento de
articulação para não ID.c1328a5 - Pág. 1 o vínculo entre reclamante e reclamada a partir
configurar ou afastar os requisitos que definem a relação jurídica de daquela data . [...]
emprego, previstos no art. 3o, da CLT. Com efeito, a decisão foi acertada.
A outra ilegalidade, já avaliada, é a forma generalizada, sem critério Compulsando os autos verifica-se o desvirtuamento do instituto do
e respeito à lei, à Constituição Federal, com que o Município termo de compromisso de bolsista. Este tem por finalidade a
engendrou para contratar, por interposta empresa, contingente tão capacitação do estudante no desenvolvimento de suas atividades
obrigatoriedade do concurso público. Consigne,inclusive, a O que se observou nos autos foi que a contratação do bolsista
plenitude de não atendimento aos princípios comezinhos que regem (estagiário) ocorreu de forma desvirtuada. Quisesse o ente publico
à Administração Pública. Ausentes, pois, a legalidade, adotar o programa de estágio , adotasse a legislação especifica
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. É o para contratar o demandante, a lei do Estágio. Isso não aconteceu.
desmantelamento proposital, senão criminoso, dado que A Lei nº 11.788/2008, disciplina a contratação de estudantes para
os objetivos claros são um ataque ao erário público, dos fins últimos desenvolver atividades direcionadas a melhor capacitação do
da Administração Pública que a prestação de serviços à população estudante e concede garantias ao empregador que adota o
deve obedecer. ... programa de estágio. Entendo que a reclamada foi de encontro com
No que se refere à prova documental juntada aos autos, as os ditames da legislação especial.
partes assinaram Termo de Compromisso de Bolsista, ID. 7463d0e Logo, a decisão está irretorquível. O vínculo empregatício existe.
Questiona o ente publico a utilização indiscriminada da prova ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DECISÃO DO STF EM RELAÇÃO
emprestada. Diz que a medida afronta a natureza jurídica probatória AO ART. 71, § 1º, DA LEI 8.666/83. A decisão do STF, que
e ignora a primazia da realidade. considerou constitucional o disposto no art. 71, § 1º, da Lei
A finalidade da prova emprestada é dar celeridade a instrução quando esta se omitir na fiscalização do contrato (arts. 58, III e IV,
processual a fim de que a prestação jurisdicional seja a mais breve 66 e 67, do mesmo Diploma), causando dano a outrem. Ilicitude que
possível. A admissão da prova emprestada, é evitar a repetição da leva à aplicação dos artigos 37, § 6º, da CF/88 e artigos 927 e 186,
produção da prova. Até porque no caso em análise a matéria era do C. Civil".(TRT-7 - RO: 00002614120175070036, Relator:
Demais disso, não se observou nos autos qualquer tipo de Julgamento: 19/02/2019, Data de Publicação: 21/02/2019)
contestação a ela, como se pode ver na ata de instrução id. "RECURSO ORDINÁRIO. ENTE PÚBLICO. TERCEIRIZAÇÃO DE
Logo, nada há para acrescer ou modificar nesse aspecto. responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração
Alega o Município recorrente inexistir qualquer fundamento a dar trabalhistas do empregado locado, não adimplidos pelo
azo à responsabilização subsidiária a si imputada pelo Juízo de 1º empregador, sempre que os referidos entes públicos,
grau, sob a argumentação de que caberia à parte reclamante à luz tomadores dos serviços, sejam omissos na escolha da
do disposto no art. 373, I, do Código de Processo Civil, o ônus de empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do
provar que a edilidade tenha agido com culpa, a ensejar a tal respectivo contrato (Súmula 331, inciso V, do Tribunal Superior
condenação, corroborado com o fato de que teria firmado com a 1ª do Trabalho). Sentença mantida. DA REVELIA.
reclamada contrato de gestão e, portanto, Súmula Nº 331, do TST. RECOMENDAÇÃO CGJT Nº 2/2013. Se na espécie, o juízo de
Assim, aduz o recorrente que diante de tais circunstâncias, urge piso, de fato, deixou de observar a Recomendação CGJT nº
evidenciar que a natureza do aludido vínculo enseja a manifesta 2/2013, todavia não aplicou a pena de confissão ficta, não se
impossibilidade de caracterização de qualquer responsabilidade cogita de qualquer prejuízo à parte recorrente, sendo de efeito
(quer solidária, quer subsidiária) do ente público pelos créditos prático algum a reversão da revelia decretada em desfavor da
trabalhistas dos empregados contratados pelo primeiro reclamado. 2ª ré. Sentença mantida. Recurso ordinário conhecido e não
Nesta perspectiva, alega que restou provado nos autos que a provido."(TRT-7 - RO: 00001505620175070004, Relator:
reclamante fora contratada pela primeira reclamada para prestar DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA, Data de
serviços para o MUNICÍPIO DE CAUCAIA, figurando assim, Julgamento: 20/02/2019, Data de Publicação: 20/02/2019)
terceirização de mão de obra, nos termos da Súmula 331 do TST. Com efeito, os Entes Públicos contratantes têm o dever de
O entendimento jurisprudencial mais recente do Tribunal Superior concerne ao seu adimplemento e, sempre que for verificada a
do Trabalho, calcado na decisão do Supremo Tribunal Federal que ausência desse dever fiscalizatório, permanece plenamente
declarou a constitucionalidade do art. 71, da Lei Nº 8.666/93 (ADC possível a imputação da responsabilidade subsidiária ao ente
16/DF), tem-se que remanesce a responsabilidade subsidiária dos público tomador do serviço terceirizado, ante a configuração
órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações da culpa "in elegendo" ou "in vigilando".
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia No caso, não foi demonstrado que a prestadora de serviços tivesse
mista pelos direitos trabalhistas do empregado locado e não cumprido com suas obrigações trabalhistas para com os
adimplidos pelo empregador, sempre que os referidos entes substituídos e nem que o Município reclamado, tomador dos
públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na escolha da serviços, tenha adotado qualquer forma de fiscalização neste
empresa prestadora e/ou na fiscalização das obrigações do sentido, o que, aliás, lhe era imposto pelos artigos 58, III, e 67,
respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do ambos da Lei Nº 8.666/93, permitindo que a prestadora deixasse de
Por outro lado, o inadimplemento dos direitos trabalhistas do INOVACAO - INGET, o que acarretou vários prejuízos ao
tomador dos serviços da autora, que incorreu, assim, na chamada Quanto ao pleito para condenar o recorrido em litigância de má-fé
"culpa in vigilando". sob o argumento de que alterara a verdade dos fatos, entendo ser
Ora, o multicitado art. 71 da Lei Nº 8.666/93 somente afasta a uma falácia. Na verdade a litigância de má-fé se caracteriza pela
transferência, à Administração Pública, da responsabilidade pelo forma abusiva de se exercitar os direitos processuais. Não se
pagamento dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e percebe isso nos autos, a não ser o exercício do direito do
comerciais resultantes da execução do contrato nas hipóteses em demandante buscar resgatar direitos trabalhistas antes sonegados.
que o contratou pautou-se nos estritos limites e padrões da Aduz o ente público que o reclamante não apresenta provas para
normatividade pertinente", o que, como visto, não é o caso. ser beneficiário da justiça gratuita. Requer seja indeferido o pedido
dito, das culpas "in eligendo" e "in vigilando" e encontra esteio, Equivoca-se em seu entendimento.
ainda, no chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento No que diz respeito às normas de acesso do trabalhador à Justiça
constitucional (art. 37, § 6.º, da CF/88), segundo o qual "as pessoas do Trabalho, a Lei 13.467/17 alterou e introduziu modificações à
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de CLT, como estampam os parágrafos 3º e 4º do art. 790 da CLT,
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, assim redigidos:
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa". § 3º. É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
Funda-se, outrossim, na própria importância atribuída ao trabalho tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
pela atual Constituição Federal de 1988, elevando-o ao patamar de requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive
um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito (art. 1º, quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário
inciso V). igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
Nesse esteio, e conforme entendimento reiterado desta Corte, a benefícios do Regime Geral de Previdência Social;
responsabilidade subsidiária decorre da culpa "in vigilando" e "in § 4º. O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
eligendo", devendo o tomador do serviço, sob pena de suportar os comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas
fim de impedir a violação dos direitos daqueles que lhes prestam A comprovação da ausência de condições de litigar em Juízo sem
serviços, sobretudo porque esses direitos envolvem parcelas prejuízo do sustento do trabalhador ou de sua família, como
De igual modo, não merece acolhimento o argumento recursal de de simples declaração, a qual se presumirá verdadeira salvo prova
ser ônus do recorrido/reclamante a prova de suas alegações, no em contrário, entendimento que se harmoniza, inclusive, com o art.
importaria em exigência da prova de fato negativo, o que não Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na
encontra acolhida no nosso ordenamento jurídico. petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo § 3º. Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, como falar em exclusivamente por pessoa natural.
Não obstante, percebe-se no caso concreto, que está devidamente Isentar a parte autora do ônus processual - por exemplo, custas e
comprovado nos autos, a flagrante omissão do ente público em honorários periciais -, na espécie, é medida que converge para a
fiscalizar a execução do contrato celebrado com o INSTITUTO concretização da norma ínsita no art. 5º, inciso LXXIV, da
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem prazo, tais obrigações do beneficiário.
Se o trabalhador declara nos autos, ( na exordial, e há procuração Desse modo, sendo a Fazenda Pública sucumbente, mister o
com poderes para o advogado requerer o benefício da justiça pagamento da verba honorária, em estrita obediência ao citado
gratuita(ID 91d480e, f597cd4) que não possui condições de artigo. Decisão mantida.
demandar em Juízo sem prejuízo de seu sustento ou de sua família, CONCLUSÃO DO VOTO
e se a parte demandada não apresenta elementos de prova a Ante o exposto, voto pelo conhecimento e não provimento do
infirmar tal conclusão, tenho por impositiva a concessão do Recurso interposto pelo MUNICÍPIO DE CAUCAIA.
benefício postulado.
Aduz o ente público que o demandante tem sindicato de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
representação de sua categoria, e por isso, seria incabível a Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
condenação do municipio recorrente. (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
O art. 791-A da CLT é categórico quanto aos honorários o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR
não se aplica o disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, Em suas razões recursais (id c6d5a38) apresenta a 1ª reclamada
nos termos do art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa impugnação aos cálculos de liquidação, apontando excessos nos
falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da cálculos de FGTS, requerendo, ainda, a limitação da liquidação dos
falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não cálculos até a data da falência (18/05/2021).
forma, compete a esta Especializada apurar os juros moratórios até Sobre a matéria, assim determinou a sentença recorrida:
a liquidação da sentença, cabendo ao Juízo Falimentar ponderar "7. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS
sobre seu eventual pagamento, à época própria. Decisão definitiva do STF de 18.12.2020 (com efeito erga omnes e
CORREÇÃO MONETÁRIA. No que tange à correção monetária, a com força vinculante) ao analisar o mérito das Ações Declaratórias
decretação de falência do devedor não faz cessar a sua contagem de Constitucionalidade de nºs 58 e 59, definiu que a atualização dos
quanto aos créditos trabalhistas, por se tratar de mera atualização créditos trabalhistas, bem como do valor correspondente aos
do poder aquisitivo da moeda, e não de acréscimo à condenação ou depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, "até que sobrevenha
penalidade decorrente de mora. A não incidência da correção solução legislativa", deve ser apurada mediante a incidência dos
monetária sobre o crédito do autor conduziria ao pagamento de "mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes
valor inferior ao efetivamente devido. para as condenações cíveis em geral, quais sejam, a incidência do
ATUALIZAÇÃO DO CRÉDITO TRABALHISTA. ÍNDICE IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da data da notificação até o
APLICÁVEL. O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18 de efetivo pagamento da obrigação, a atualização monetária e os juros
dezembro de 2020, ao julgar, em definitivo, o mérito das Ações de mora estarão refletidos no índice do Sistema Especial de
Declaratórias de Constitucionalidade 58 e 59, decidiu que a Liquidação e de Custódia (Selic), de acordo com artigo 406 do
atualização dos créditos trabalhistas, bem como do valor Código Civil. Assim, em respeito à decisão superior, determino seja
correspondente aos depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, aplicado, para fins de correção monetária e juros, o índice IPCA-E
"até que sobrevenha solução legislativa", deve ser apurada até a data anterior a da notificação inicial prevista no artigo 841 da
mediante a incidência dos "mesmos índices de correção monetária CLT, passando, a partir de então, a adotar se a SELIC para
e de juros que vigentes para as condenações cíveis em geral, quais atualização de todos os créditos de competência desta Justiça
citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)". No que tange à correção monetária, a decretação de falência do
FGTS. DEDUÇÃO. De acordo com a planilha de cálculos que devedor não faz cessar a sua contagem quanto aos créditos
integram a sentença recorrida (id 19d643b) com relação ao FGTS trabalhistas, por se tratar de mera atualização do poder aquisitivo da
observa-se que não foram deduzidos os valores depositados pela moeda, e não de acréscimo à condenação ou penalidade
reclamada, conforme extratos acostados aos autos pela reclamante decorrente de mora.
(id's812347ª e f9b24f7) e determinado no comando sentencial. A não incidência da correção monetária sobre o crédito do autor
Recurso conhecido e parcialmente provido. conduziria ao pagamento de valor inferior ao efetivamente devido.
PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. mencionado no agravo, deve ser interpretado em consonância com
RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO todo o ordenamento jurídico, em especial o art. 46 do ADCT, que,
ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI em seu caput, estabelece:
N.º9.957/2000.
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do liquidação extrajudicial, mesmo quando esses regimes sejam
MÉRITO
IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS DA SENTENÇA Como anteriormente aduzido, a correção monetária não tem como
escopo punir o devedor em mora, consistindo apenas na tentativa sendo irrecorrível a decisão denegatória do agravo de instrumento
de se manter o valor efetivo da moeda. no âmbito desta Corte (art. 896-A, § 5º da CLT e art. 248 do RITST),
A respeito da matéria, cite-se o seguinte precedente do Tribunal insuscetível inclusive de embargos de declaração dada a sua
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM lógica é a baixa imediata dos autos à origem. Agravo de instrumento
FACE DE DECISÃO PUBLICADA APÓS A VIGÊNCIA DAS LEIS Nº conhecido e desprovido, com determinação de baixa imediata dos
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO DÉBITO TRABALHISTA APÓS A Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
Regional foi publicado na vigência da Lei nº 13.467/2017, o recurso Quantos aos juros de mora, impede registrar que o artigo 124 da Lei
de revista submete-se ao crivo da transcendência, nos termos do nº 11.101 /2005 dispõe que "contra a massa falida não são exigíveis
art. 896-A da CLT, que deve ser analisada de ofício e previamente, juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou
independentemente de alegação pela parte. 2. Examinando as em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos
razões recursais, constata-se que o recurso de revista não detém credores subordinados."
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza Dessa forma, mencionado preceito não estabelece ser indevida a
econômica, política, social ou jurídica. 3. A ré afirma que 'o artigo 9º, condenação da massa falida ao pagamento de juros, apenas
inciso II da Lei 11.101/2005, que trata dos institutos da falência e condiciona tal fato à ausência de ativos que bastem para o
recuperação judicial, notadamente quanto a aplicação da correção pagamento do principal, o que será apurado no Juízo Falimentar.
monetária, que após o decreto de quebra, além da exclusão dos Convergentes com o entendimento ora esposado, transcrevo
juros de mora, também não serão computadas nos cálculos de jurisprudência a seguir ementa:
liquidação a atualização monetária' e que 'não pode esta Justiça "JUROS DE MORA. MASSA FALIDA. O art. 124 da Lei
Especializada, em que pese o privilégio dos créditos trabalhistas, 11.101/2005, dispõe que contra a massa falida não são exigíveis
permitir o prosseguimento da execução sem a exclusão da correção juros de mora após a decretação da falência, se o ativo apurado
monetária das contas de liquidação, vez que à margem da não basta para o pagamento dos credores subordinados. Portanto,
legislação.' Indica afronta ao art. 5º, II, XXXV e LV, da Constituição o referido dispositivo não dispõe ser indevida a condenação da
Federal. A Corte Regional firmou tese no sentido de que não há massa falida ao pagamento de juros em qualquer hipótese. Tal
óbice no art. 9º, II, da Lei nº 11.101/05 em relação à incidência de conclusão depende da ausência de ativos que bastem para o
atualização monetária sobre os débitos trabalhistas, após a pagamento do principal, circunstância ainda não aferida, conforme
decretação da falência. Escorreito o acórdão prolatado pelo Tribunal assentou o Tribunal Regional. Logo, não se há falar, nesse
Regional. Não há amparo em lei para a exclusão da correção momento, em violação do art. 124 da Lei 11.101/2005. Precedentes.
monetária sobre os débitos trabalhistas, após a decretação da Recurso de revista não conhecido." (ARR - 436700-
falência. Inteligência dos arts. 46 do ADCT e 9º, II, e 124 da Lei 44.2009.5.12.0030, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data
11.101/05 Nessa linha, é firme a orientação do c. TST de que incide de Julgamento: 11/05/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
recorrida está de acordo com a jurisprudência desta Corte. [...] MASSA FALIDA - INCIDÊNCIA - A jurisprudência desta Corte é
Precedentes. 4. Estando a decisão em consonância com a firme no sentido de que incide correção monetária sobre os débitos
jurisprudência desta Corte, não há como se reconhecer a da massa falida e de que são devidos os juros de mora, salvo na
transcendência política e jurídica do recurso de revista, e hipótese de o ativo ser insuficiente para o pagamento do valor
considerando os valores atribuídos à causa e à condenação, os principal, exceção que não restou demonstrada no presente caso.
quais, associados ao fato de a decisão recorrida estar em Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR
consonância com a jurisprudência desta Corte, não se considera 2560000-67.2007.5.09.0028 - Rel. Min. Márcio Eurico Vitral Amaro -
não se viabiliza porque não ultrapassa o óbice da transcendência, e, Por fim, e no que se refere à atualização das verbas trabalhistas
de 18 de dezembro de 2020, ao julgar, em definitivo, o mérito das JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR
CONCLUSÃO DO VOTO
EMENTA
Voto pelo conhecimento e parcial provimento do recurso ordinário
MASSA FALIDA. JUROS DE MORA. LIMITAÇÃO. À massa falida
para determinar que os cálculos de liquidação sejam refeitos para
não se aplica o disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que,
deduzir os valores comprovadamente recolhidos a título de FGTS,
nos termos do art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa
constantes dos extratos de id's 812347ª e f9b24f7.
falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da