Diario 3524 27 7 2022

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Caderno Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região

DIÁRIO ELETRÔNICO DA JUSTIÇA DO TRABALHO


PODER JUDICIÁRIO REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Nº3524/2022 Data da disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022. DEJT Nacional

Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região Considerando as designações da juíza Maria Rafaela de Castro

para responder pela titularidade da Vara do Trabalho de Quixadá,


Desembargadora REGINA GLÁUCIA CAVALCANTE
no período de 4 a 30.7.2022, bem como para funcionar no processo
NEPOMUCENO
0001168-53.2020.5.07.002, e a informação de sua suspeição
Presidente
nesses autos, Portarias SCR 55 e 61/2022, PROAD 3704/22;

Desembargadora FERNANDA MARIA UCHÔA DE Considerando novo pedido da Vara do Trabalho de Quixadá de
ALBUQUERQUE designação de juiz para funcionar em 17 processos (inclusive o
Vice-Presidente supracitado), em virtude das suspeições dos juízes Marcelo Lima

Guerra e Maria Rafaela de Castro, doc. 8 do PROAD 3704/22;


Desembargador PAULO RÉGIS MACHADO BOTELHO
Considerando que o juiz Filipe Bernardo da Silva se encontra de
Corregedor Regional
férias no período de 25.7.2022 a 13.8.2022, PROAD 1908/22;
Av. Santos Dumont, 3384 Considerando o pedido da 4ª Vara do Trabalho de Fortaleza de
Aldeota designação de juiz para funcionar nos processos relacionados no
Fortaleza/CE
PROAD 4060/22, em virtude das suspeições das juízas Maria Rosa
CEP: 60150162
de Araújo Mestres e Manuela de Albuquerque Viana,

Telefone(s) : (85) 3388.9400/3388.9300 RESOLVE:

ALTERAR, em parte, as Portarias SCR/TRT7 Nºs 55, 61 e 64/2022,

nos seguintes termos:

CORREGEDORIA ANDRÉ BRAGA BARRETO

Ata (Quadro Móvel/Atuação perante o CEJUSC-JT, Portaria nº

ATA DA CORREIÇÃO ORDINÁRIA PRESENCIAL 400/2017/PRES, de 31.8.2017)

(Funcionamento nos processos listados nos PROADs 1003/20,

Ata da Correição Ordinária Presencial realizada no Centro 5912/20, 230/22 e 2363/22 / Atuação no processo constante do

Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas de PROAD 2974/22)

1º Grau – CEJUSC de 1º Grau (Licença para tratamento de saúde da juíza Ana Paula Barroso

Período: 23 e 24 de junho de 2022 Sobreira Pinheiro nos dias 29 e 30.6.2022, e suas prorrogações até

12.7.2022, PROAD 82/22)

(Férias do juiz Francisco Gerardo de Souza Júnior no período de

27.6 a 26.7.2022)

(Licença para tratamento de saúde do juiz Hermano Queiroz Junior


Anexos no período de 4 a 8.7.2022, PROAD 82/22)
Anexo 1: ATA DE CORREIÇÃO DO CEJUSC - 2022
(Licença para tratamento de saúde da juíza Ivânia Silva Araújo no
Portaria
período de 4 a 11.7.2022, prorrogada até 15.7.2022, PROAD 82/22)
PORTARIA DA CORREGEDORIA
(Férias da juíza Raquel Carvalho Vasconcelos Sousa no período de

14.7 a 2.8.2022)
PORTARIA SCR/TRT7 Nº 65, DE 26 DE JULHO DE 2022
(Demandas gratuitas solicitadas pelas seguintes Varas: 6ª e 13ª
O CORREGEDOR DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA
Varas do Trabalho de Fortaleza no PROAD 3315/22)
7ª REGIÃO EM EXERCÍCIO, no uso de suas atribuições legais,
(Férias da juíza Kelly Cristina Diniz Porto no período de 5 a
tendo em vista a Resolução TRT7 Nº 56/2015 e o artigo 36 do
24.5.2022, suspensas a partir de 23.5.2022, em virtude de licença
Regimento Interno deste Regional,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 2
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

para tratamento de saúde no período de 23.5 a 21.6.2022, com (Funcionamento nos processos listados nos PROADs 4229/20,

prorrogação até 20.8.2022, Aviso de Licença, PROADs 82/22 e 3631/21, 6271/21, 75/22, 747/21 e 1284/22 / Atuação nos processos

833/22) listados nos PROADs 204/21, 874/21, 762/21, 2281/21, 1899/21,

(Férias da juíza Luciana Jereissati Nunes no período de 18.7 a 3076/21, 3331/21, 3821/21 e 4455/21, 4397/21, 5396/21, 6197/21,

6.8.2022, PROAD 1546/22) 231/22, 900/22, 826/22, 1137/22, 1264/22, 1287/22, 2265/22,

(Férias do juiz Antonio Gonçalves Pereira no período de 7 a 2577/22 e 2753/22)

26.7.2022 / Designação fora da Escala de Titularidade sem (Demandas gratuitas solicitadas pelas seguintes Varas do Trabalho:

Audiência, Ato Corregedoria nº 1/2022 (7 dias)) 6ª, 10ª e 11ª de Fortaleza no PROAD 3315/22)

(Licença para tratamento de saúde da juíza Manuela Albuquerque (Licença para tratamento de saúde do juiz Antonio Teófilo Filho no

Viana, no período de 18 a 22.7.2022, PROAD 82/22) período de 27.6 a 1º.7.2022, PROAD 82/22)

(Decisão do Corregedor no PROAD 271/20) (Designação pelo Rodízio do Interior do juiz Ronaldo Solano Feitosa

(Suspeições dos juízes Marcelo Lima Guerra e Maria Rafaela de para presidir a 1ª Vara do Trabalho da Região do Cariri, no período

Castro nos processos constantes da certidão de doc. 10 do PROAD de 16.6 a 5.7.2022, em virtude de férias do juiz titular, Portaria SCR

3704/22) Nº 44/2022)

(Pedido da Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante no (Férias do juiz Marcelo Lima Guerra no período de 4.7 a 2.8.2022 /

PROAD 3407/22) Designação pela Escala de Titularidade sem Audiência, Ato

Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas Corregedoria nº 1/2022)

(CEJUSC) - Coordenar no período de 1º a 31.7.2022. (Licença nojo do juiz Eliude dos Santos Oliveira no período de 4 a

9ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Substituir o juiz titular no 11.7.2022)

período de 1º a 5.7.2022 e nos dias 9 e 10.7.2022; auxiliar nos dias (Licença para tratamento de saúde da juíza Ana Paula Barroso

6 e 7.7.2022. Sobreira Pinheiro nos dias 29 e 30.6.2022, e suas prorrogações até

2ª Vara do Trabalho de Caucaia – Substituir o juiz titular no dia 12.7.2022, PROAD 82/22)

8.7.2022. (Férias do juiz Francisco Gerardo de Souza Júnior no período de

13ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 11 a 27.6 a 26.7.2022)

13.7.2022. (Participação do juiz Germano Silveira de Siqueira no Grupo

Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante – Auxiliar no dia Especial de Trabalho das Execuções Coletivas (GETEC), Ato

14.7.2022. Conjunto GP. CORREG Nº 3/2021)

18ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 15 a (Atuação nos processos 0000382-93.2022.5.07.0036 e 0000387-

17.7.2022. 18.2022.5.07.0036, com audiências marcadas para o dia 13.7.2022,

Vara do Trabalho de Pacajus – Substituir a juíza titular nos dias 18 e às 9h e 9h20, respectivamente, PROAD 2753/22)

19.7.2022. (Pedido da Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante no

1ª Vara do Trabalho de Caucaia – Substituir o juiz titular no período PROAD 3407/22)

de 18 a 22.7.2022, sem prejuízo das atribuições vigentes, bem (Suspeições das juízas Laura Anísia Moreira de Sousa Pinto e

como das especificadas nesta portaria. Kaline Lewinter nos processos da empresa M DIAS BRANCO S. A.

4ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 20 a INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS, PROADs 8402/19 e

22.7.2022. 70/20)

6ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 23 a (Férias da juíza Kelly Cristina Diniz Porto no período de 5 a

27.7.2022. 24.5.2022, suspensas a partir de 23.5.2022, em virtude de licença

Vara do Trabalho de Quixadá – Funcionar nos processos para tratamento de saúde no período de 23.5 a 21.6.2022, com

constantes da certidão de doc. 10 do PROAD 3962/22, sem prejuízo prorrogação até 20.8.2022, Aviso de Licença, PROADs 82/22 e

das atribuições vigentes, bem como das especificadas nesta 833/22)

portaria. (Férias da juíza Luciana Jereissati Nunes no período de 18.7 a

Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante – Auxiliar no 6.8.2022, PROAD 1546/22)

período de 28 a 31.7.2022. (Suspeições das juízas Maria Rosa de Araújo Mestres e Manuela de

MARIA RAFAELA DE CASTRO Albuquerque Viana nos processos relacionados no PROAD

(Quadro móvel/Corregedoria) 4060/22)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 3
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

12ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Substituir o juiz titular no dia 6.8.2022, PROAD 1546/22)

1º.7.2022. (Férias do juiz Marcelo Lima Guerra no período de 4.7 a 2.8.2022 /

11ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 2 a Designação parcial / fora da Escala de Titularidade sem Audiência,

5.7.2022 e no dia 12.7.2022. Ato Corregedoria nº 1/2022)

9ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Substituir o juiz titular no dia (Suspeições dos juízes Marcelo Lima Guerra e Maria Rafaela de

11.7.2022. Castro nos processos constantes da certidão de doc. 10 do PROAD

Vara do Trabalho de Quixadá – Substituir o juiz titular no período de 3704/22)

4 a 30.7.2022, sem prejuízo das atribuições vigentes, bem como (Férias no período de 20.6 a 19.7.2022)

das especificadas nesta portaria. 3ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no período de 20 a

2ª Vara do Trabalho de Caucaia – Funcionar, exclusivamente, nos 25.7.2022.

processos 0000382-93.2022.5.07.0036 e 0000387- Vara do Trabalho de Pacajus – Substituir a juíza titular nos dias 26 e

18.2022.5.07.0036, com audiências marcadas para o dia 13.7.2022, 28.7.2022.

às 9h e 9h20, respectivamente, sem prejuízo das atribuições 12ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no dia 27.7.2022 e no

vigentes, bem como das especificadas nesta portaria. período de 29 a 31.7.2022.

3ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no dia 6.7.2022 e no Vara do Trabalho de Quixadá – Substituir o juiz titular no período de

período de 27 a 31.7.2022. 31.7 a 2.8.2022, bem como funcionar nos processos constantes da

3ª Vara do Trabalho da Região do Cariri – Substituir o juiz titular nos certidão de doc. 10 do PROAD 3962/22, sem prejuízo das

dias 7, 9 e 10.7.2022. atribuições vigentes, bem como das especificadas nesta portaria.

10ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar nos dias 8 e 26.7.2022. FILIPE BERNARDO DA SILVA

Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante – Auxiliar no (Quadro móvel/Corregedoria)

período de 13 a 19.7.2022. (Funcionamento nos processos constantes dos PROADs 2512/21,

Vara do Trabalho de Eusébio – Funcionar, no período de 16 a 3885/21, 747/21, 771/22 e 1625/22 / Atuação nos processos

31.7.2022, impulsionando os processos em que a empresa M DIAS constantes dos PROADs 5838/21, 917/22, 2052/22 e 2633/22)

BRANCO S. A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS figura (Férias do juiz Lúcio Flávio Apoliano Ribeiro no período de 16.6 a

como parte, inclusive, para presidir as audiências dos processos da 3.7.2022, PROADs 5440/22 e 3433/22/ Designação pela Escala de

referida empresa no dia 18.6.2022. Titularidade sem Audiência, Ato Corregedoria nº 1/2022)

Vara do Trabalho de Pacajus – Substituir a juíza titular no período (Férias da juíza Kelly Cristina Diniz Porto no período de 5 a

de 20 a 25.7.2022. 24.5.2022, suspensas a partir de 23.5.2022, em virtude de licença

4ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Funcionar nos processos para tratamento de saúde no período de 23.5 a 21.6.2022, com

relacionados no PROAD 4060/22, sem prejuízo das atribuições prorrogação até 20.8.2022, Aviso de Licença, PROADs 82/22 e

vigentes, bem como das especificadas nesta portaria. 833/22)

LIANA MARIA FREITAS DE SÁ CAVALCANTE (Férias da juíza Luciana Jereissati Nunes no período de 18.7 a

(Quadro móvel/Corregedoria) 6.8.2022, PROAD 1546/22)

(Funcionamento nos processos constantes dos PROADs 2632/21, (Licença para tratamento de saúde da juíza Ana Paula Barroso

3535/21 e 2376/22) Sobreira Pinheiro nos dias 29 e 30.6.2022, e suas prorrogações até

(Participação do juiz Germano Silveira de Siqueira no Grupo 12.7.2022, PROAD 82/22)

Especial de Trabalho das Execuções Coletivas (GETEC), Ato (Férias do juiz Francisco Gerardo de Souza Júnior no período de

Conjunto GP. CORREG Nº 3/2021) 27.6 a 26.7.2022)

(Demanda gratuita solicitada pela 12ª Vara do Trabalho de (Participação da juíza Karla Yacy Carlos da Silva no Seminário

Fortaleza no PROAD 3315/22) “Combate ao Trabalho Infantil – Caminhos para o Resgate Social”,

(Férias da juíza Kelly Cristina Diniz Porto no período de 5 a nos dias 7 e 8.7.2022, em Foz do Iguaçu-PR, PROAD 3607/2022)

24.5.2022, suspensas a partir de 23.5.2022, em virtude de licença (Demandas gratuitas solicitadas pelas seguintes Varas do Trabalho:

para tratamento de saúde no período de 23.5 a 21.6.2022, com 10ª e 11ª de Fortaleza no PROAD 3315/22)

prorrogação até 20.8.2022, Aviso de Licença, PROADs 82/22 e (Suspeições das juízas Laura Anísia Moreira de Sousa Pinto e

833/22) Kaline Lewinter nos processos da empresa M DIAS BRANCO S. A.

(Férias da juíza Luciana Jereissati Nunes no período de 18.7 a INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS, PROADs 8402/19 e

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 4
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

70/20)
Processo Nº AR-0000043-48.2022.5.07.0000
(Participação do juiz Germano Silveira de Siqueira no Grupo Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Especial de Trabalho das Execuções Coletivas (GETEC), Ato AUTOR EMCEL EMPRESA CEARENSE DE
EVENTOS E LOCACOES LTDA - EPP
Conjunto GP. CORREG Nº 3/2021) ADVOGADO EMMANUEL FONTENELE DE
ARAUJO(OAB: 26688/CE)
(Pedido da Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante no
RÉU LAIANA SOUSA MENDES
PROAD 3407/22)

(Suspeição da juíza Suyane Belchior Paraíba de Aragão e do juiz Intimado(s)/Citado(s):


- EMCEL EMPRESA CEARENSE DE EVENTOS E LOCACOES
Carlos Leonardo Teixeira Carneiro no processo 0000120- LTDA - EPP
15.2022.5.07.0014, PROAD 3705/22)

(Suspeições dos juízes Marcelo Lima Guerra e Maria Rafaela de

Castro nos processos constantes da certidão de doc. 10 do PROAD


PODER JUDICIÁRIO
3704/22)
JUSTIÇA DO
(Férias no período de 25.7 a 13.8.2022, PROAD 1908/22)

Vara do Trabalho de Tianguá – Substituir o juiz titular no período de

16.6 a 3.7.2022, sem prejuízo das atribuições vigentes, bem como INTIMAÇÃO
das especificadas nesta portaria. Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 5bcc995
Vara do Trabalho de Pacajus – Auxiliar nos períodos de 1º a proferida nos autos.
5.7.2022, de 9 a 12.7.2022 e de 14 a 17.7.2022. DECISÃO PJe-JT
9ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Substituir o juiz titular no dia Vistos, etc.
6.7.2022. Em apreciação a petição ID-8bfda02 em que o autor da presente
Vara do Trabalho de Eusébio – Funcionar, no período de 1º a ação rescisória requer a desistência do feito, em razão de
15.7.2022, impulsionando os processos em que a empresa M DIAS conciliação na reclamação que deu origem à rescisória, bem como
BRANCO S. A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS figura dos embargos declaratórios em processamento.
como parte, inclusive, para presidir as audiências dos processos da Nos termos do art. 485, § 5º, do CPC, a desistência da ação pode
referida empresa no dia 4.7.2022. ser apresentada até a sentença. No caso vertente, apreciada a ação
17ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar nos dias 7 e 8.7.2022. nos termos do Acórdão Id. f0fda26, incabível a desistência nesta
11ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar no dia 13.7.2022. fase processual.
3ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Auxiliar nos dias 18 e 19.7.2022. Observo que o autor da rescisória houvera ingressado com
Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante – Auxiliar no embargos de declaração ID-1878c86. Diante do pedido de
período de 20 a 24.7.2022. desistência apresentado, julgo prejudicado o apelo aclaratório em
14ª Vara do Trabalho de Fortaleza – Funcionar, exclusivamente, no razão da perda de objeto decorrente do acordo celebrado.
processo 0000120-15.2022.5.07.0014, sem prejuízo das atribuições Após, considerando os termos do acordo envolvendo depósito
vigentes, bem como das especificadas nesta portaria. prévio ID- 79de5a2 como parte do pagamento, encaminhem-se os
Vara do Trabalho de Quixadá – Funcionar nos processos autos à Presidência para deliberação.
constantes da certidão de doc. 10 do PROAD 3704/22, a partir de Antes, porém, intimem-se as partes do inteiro teor desta decisão,
14.8.2022, sem prejuízo das atribuições vigentes, bem como das devendo a empresa autora comprovar o recolhimento das custas
especificadas nesta portaria. processuais do presente feito no importe de R$ 242,68, estipuladas
PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE. CUMPRA-SE. no acórdão ID-0fda26.
Desembargador JOSÉ ANTONIO PARENTE DA SILVA FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
CORREGEDOR REGIONAL EM EXERCÍCIO CLAUDIO SOARES PIRES

Desembargador Federal do Trabalho

Processo Nº ROT-0001372-18.2021.5.07.0037
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
GABINETE DO DESEMBARGADOR CLÁUDIO RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE
SOARES PIRES RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
Notificação EIRELI

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 5
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO


CARMO(OAB: 20944/CE) em face de referida decisão, que será submetida ao Órgão
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO Colegiado na oportunidade do julgamento do recurso e, na hipótese
NORTE
RECORRIDO CICERO ALVES DA SILVA de confirmação pelos demais integrantes, o então acórdão poderá
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR ser impugnado manejando a parte interessada recurso de revista.
LUNA(OAB: 27464/CE)
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO Não se denota, assim, interesse recursal.
DIAS(OAB: 26494/CE)
Com efeito, “o interesse recursal repousa no binômio necessidade e
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
FILHO(OAB: 24306/CE) utilidade. A necessidade se refere à imprescindibilidade do
RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI provimento pleiteado para a obtenção do bem da vida em litígio, ao
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO passo que a utilidade cuida da adequação da medida recursal
CARMO(OAB: 20944/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO alçada para atingir o fim colimado” (STJ, Resp nº 1732026/RJ, Rel.
TRABALHO
Min. Herman Benjamin, j.17/05/2018)
Intimado(s)/Citado(s): Diante do exposto, deixo de conhecer o Agravo apresentado pelo
- CICERO ALVES DA SILVA recorrente MXM SERVIÇOS E LOCAÇÕES EIRELI porque

incabível.

Intimem-se.

PODER JUDICIÁRIO Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir.

JUSTIÇA DO FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.

CLAUDIO SOARES PIRES

Desembargador Federal do Trabalho"


INTIMAÇÃO PJe-JT
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Fica a parte CÍCERO ALVES DA SILVA notificada para tomar

ciência da decisão Id. 529f1d4 a seguir, cujo inteiro teor é o


JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
seguinte:
Assessor
"DECISÃO PJe-JT

Vistos, etc. Processo Nº ROT-0001556-04.2021.5.07.0027


Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Indeferido o pedido de gratuidade de justiça apresentado em
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do EIRELI
preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
Id. 0006976. RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI
Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo,
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
ingressou o recorrente com o Agravo Id. 075a9dd, buscando a CARMO(OAB: 20944/CE)
RECORRIDO FRANCISCO JANUARIO DOS
reforma de referida decisão monocrática, reiterando o pedido de SANTOS
gratuidade da justiça. Sustenta que os benefícios da justiça gratuita ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE)
só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE)
autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
benefício, e apenas depois de intimação do requerente para FILHO(OAB: 24306/CE)
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
comprovar a alegada hipossuficiência. NORTE
Decido. CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
O apelo não prospera porque incabível.
Intimado(s)/Citado(s):
No âmbito da Justiça do Trabalho, as hipóteses de cabimento do
- FRANCISCO JANUARIO DOS SANTOS
Agravo cingem-se às decisões proferidas pelo relator nas hipóteses

dos incisos X e XI do art. 118 do RITRT7 (Art.192, RITRT7).Não é

a hipótese dos autos.

No caso vertente, a decisão do relator apreciou pedido de justiça PODER JUDICIÁRIO

gratuita apresentado em preliminar do apelo, nos termos do art. 99, JUSTIÇA DO

§ 7º do CPC c/c art. 101, § 2º do CPC. Incabível recurso imediato

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 6
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

CLAUDIO SOARES PIRES

INTIMAÇÃO Pje-JT Desembargador Federal do Trabalho"

Fica a parte FRANCISCO JANUÁRIO DOS SANTOS notificada FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

para tomar ciência da decisão Id. 529f1d4 a seguir, cujo inteiro teor

é o seguinte: JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA

"DECISÃO PJe-JT Assessor

Vistos, etc.
Processo Nº ROT-0001349-72.2021.5.07.0037
Indeferido o pedido de gratuidade de justiça apresentado em Relator CLAUDIO SOARES PIRES
preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI
LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
Id. 7ce5795. NORTE
RECORRIDO FRANCISCO ALVES MENDES DA
Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo, SILVA
ingressou o recorrente com o Agravo Id. 5feafeb, buscando a ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE)
reforma de referida decisão monocrática, reiterando o pedido de ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE)
gratuidade da justiça. Sustenta que os benefícios da justiça gratuita
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos FILHO(OAB: 24306/CE)
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do NORTE
benefício, e apenas depois de intimação do requerente para RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI
comprovar a alegada hipossuficiência. ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
Decido.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
O apelo não prospera porque incabível. TRABALHO

No âmbito da Justiça do Trabalho, as hipóteses de cabimento do


Intimado(s)/Citado(s):
Agravo cingem-se decisões proferidas pelo relator nas hipóteses - FRANCISCO ALVES MENDES DA SILVA
dos incisos X e XI do art. 118 do RITRT7 (Art.192, RITRT7).Não é

a hipótese dos autos.

No caso vertente, a decisão do relator apreciou pedido de justiça


PODER JUDICIÁRIO
gratuita apresentado em preliminar do apelo, nos termos do art. 99,
JUSTIÇA DO
§ 7º do CPC c/c art. 101, § 2º do CPC. Incabível recurso imediato

em face de referida decisão, que será submetida ao Órgão

Colegiado na oportunidade do julgamento do recurso e, na hipótese INTIMAÇÃO Pje-JT


de confirmação pelos demais integrantes, o então acórdão poderá Fica a parte FRANCISCO ALVES MENDES DA SILVA notificada
ser impugnado manejando a parte interessada recurso de revista. para tomar ciência da decisão Id. 529f1d4 a seguir, cujo inteiro teor
Não se denota, assim, interesse recursal. é o seguinte:
Com efeito, “o interesse recursal repousa no binômio necessidade e "DECISÃO PJe-JT
utilidade. A necessidade se refere à imprescindibilidade do Vistos, etc.
provimento pleiteado para a obtenção do bem da vida em litígio, ao Indeferido o pedido de gratuidade de justiça apresentado em
passo que a utilidade cuida da adequação da medida recursal preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E
alçada para atingir o fim colimado” (STJ, Resp nº 1732026/RJ, Rel. LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do
Min. Herman Benjamin, j.17/05/2018) preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão
Diante do exposto, deixo de conhecer o Agravo apresentado pelo Id. b9523f3.
recorrente MXM SERVIÇOS E LOCAÇÕES EIRELI porque Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo,
incabível. ingressou o recorrente com o Agravo Id. afd4ad0, buscando a
Intimem-se. reforma de referida decisão monocrática, reiterando o pedido de
Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir. gratuidade da justiça. Sustenta que os benefícios da justiça gratuita
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 7
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO


autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do NORTE
RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
benefício, e apenas depois de intimação do requerente para EIRELI
comprovar a alegada hipossuficiência. ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
Decido. CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
O apelo não prospera porque incabível.

No âmbito da Justiça do Trabalho, as hipóteses de cabimento do Intimado(s)/Citado(s):


Agravo cingem-se às decisões proferidas pelo relator nas hipóteses - MARIA RUBERLANDIA FERREIRA DA SILVA
dos incisos X e XI do art. 118 do RITRT7 (Art.192, RITRT7).Não é

a hipótese dos autos.

No caso vertente, a decisão do relator apreciou pedido de justiça


PODER JUDICIÁRIO
gratuita apresentado em preliminar do apelo, nos termos do art. 99,
JUSTIÇA DO
§ 7º do CPC c/c art. 101, § 2º do CPC. Incabível recurso imediato

em face de referida decisão, que será submetida ao Órgão

Colegiado na oportunidade do julgamento do recurso e, na hipótese INTIMAÇÃO Pje-JT

de confirmação pelos demais integrantes, o então acórdão poderá Fica a parte MARIA RUBERLANDIA FERREIRA DA SILVA

ser impugnado manejando a parte interessada recurso de revista. notificada para tomar ciência da decisão Id. 529f1d4 a seguir, cujo

Não se denota, assim, interesse recursal. inteiro teor é o seguinte:

Com efeito, “o interesse recursal repousa no binômio necessidade e "DECISÃO PJe-JT

utilidade. A necessidade se refere à imprescindibilidade do Vistos, etc.

provimento pleiteado para a obtenção do bem da vida em litígio, ao Indeferido o pedido de gratuidade de justiça apresentado em

passo que a utilidade cuida da adequação da medida recursal preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E

alçada para atingir o fim colimado” (STJ, Resp nº 1732026/RJ, Rel. LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do

Min. Herman Benjamin, j.17/05/2018) preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão

Diante do exposto, deixo de conhecer o Agravo apresentado pelo Id. b05b06f.

recorrente MXM SERVIÇOS E LOCAÇÕES EIRELI porque Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo,

incabível. ingressou o recorrente com o Agravo Id. 2c686be, buscando a

Intimem-se. reforma de referida decisão monocrática, reiterando o pedido de

Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir. gratuidade da justiça. Sustenta que os benefícios da justiça gratuita

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos

CLAUDIO SOARES PIRES autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do

Desembargador Federal do Trabalho" benefício, e apenas depois de intimação do requerente para

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. comprovar a alegada hipossuficiência.

Decido.

JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA O apelo não prospera porque incabível.

Assessor No âmbito da Justiça do Trabalho, as hipóteses de cabimento do

Agravo cingem-se decisões proferidas pelo relator nas hipóteses


Processo Nº ROT-0001597-68.2021.5.07.0027
dos incisos X e XI do art. 118 do RITRT7 (Art.192, RITRT7).Não é
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO a hipótese dos autos.
NORTE
No caso vertente, a decisão do relator apreciou pedido de justiça
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI gratuita apresentado em preliminar do apelo, nos termos do art. 99,
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) § 7º do CPC c/c art. 101, § 2º do CPC. Incabível recurso imediato
RECORRIDO MARIA RUBERLANDIA FERREIRA em face de referida decisão, que será submetida ao Órgão
DA SILVA
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO Colegiado na oportunidade do julgamento do recurso e, na hipótese
DIAS(OAB: 26494/CE)
de confirmação pelos demais integrantes, o então acórdão poderá
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
FILHO(OAB: 24306/CE) ser impugnado manejando a parte interessada recurso de revista.
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE) Não se denota, assim, interesse recursal.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 8
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Com efeito, “o interesse recursal repousa no binômio necessidade e Vistos, etc.

utilidade. A necessidade se refere à imprescindibilidade do Indeferido o pedido de gratuidade de justiça apresentado em

provimento pleiteado para a obtenção do bem da vida em litígio, ao preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E

passo que a utilidade cuida da adequação da medida recursal LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do

alçada para atingir o fim colimado” (STJ, Resp nº 1732026/RJ, Rel. preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão

Min. Herman Benjamin, j.17/05/2018) Id. 946ef6d.

Diante do exposto, deixo de conhecer o Agravo apresentado pelo Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo,

recorrente MXM SERVIÇOS E LOCAÇÕES EIRELI porque ingressou o recorrente com o Agravo Id. 83540dd, buscando a

incabível. reforma de referida decisão monocrática, reiterando o pedido de

Intimem-se. gratuidade da justiça. Sustenta que os benefícios da justiça gratuita

Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir. só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do

CLAUDIO SOARES PIRES benefício, e apenas depois de intimação do requerente para

Desembargador Federal do Trabalho" comprovar a alegada hipossuficiência.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Decido.

O apelo não prospera porque incabível.

JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA No âmbito da Justiça do Trabalho, as hipóteses de cabimento do

Assessor Agravo cingem-se às decisões proferidas pelo relator nas hipóteses

dos incisos X e XI do art. 118 do RITRT7 (Art.192, RITRT7).Não é


Processo Nº ROT-0001288-17.2021.5.07.0037
Relator CLAUDIO SOARES PIRES a hipótese dos autos.
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES No caso vertente, a decisão do relator apreciou pedido de justiça
EIRELI
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO gratuita apresentado em preliminar do apelo, nos termos do art. 99,
CARMO(OAB: 20944/CE)
§ 7º do CPC c/c art. 101, § 2º do CPC. Incabível recurso imediato
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE em face de referida decisão, que será submetida ao Órgão
RECORRIDO JOSE MIRANDA DA SILVA
Colegiado na oportunidade do julgamento do recurso e, na hipótese
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) de confirmação pelos demais integrantes, o então acórdão poderá
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE) ser impugnado manejando a parte interessada recurso de revista.
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA Não se denota, assim, interesse recursal.
FILHO(OAB: 24306/CE)
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO Com efeito, “o interesse recursal repousa no binômio necessidade e
NORTE
utilidade. A necessidade se refere à imprescindibilidade do
RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI provimento pleiteado para a obtenção do bem da vida em litígio, ao
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) passo que a utilidade cuida da adequação da medida recursal
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO alçada para atingir o fim colimado” (STJ, Resp nº 1732026/RJ, Rel.
TRABALHO
Min. Herman Benjamin, j.17/05/2018)
Intimado(s)/Citado(s): Diante do exposto, deixo de conhecer o Agravo apresentado pelo
- JOSE MIRANDA DA SILVA recorrente MXM SERVIÇOS E LOCAÇÕES EIRELI porque

incabível.

Intimem-se.

PODER JUDICIÁRIO Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir.

JUSTIÇA DO FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.

CLAUDIO SOARES PIRES

Desembargador Federal do Trabalho"


INTIMAÇÃO Pje-JT
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Fica a parte JOSE MIRANDA DA SILVA notificada para tomar

ciência da decisão Id. 5b85f01 a seguir, cujo inteiro teor é o


JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
seguinte:
Assessor
"DECISÃO PJe-JT

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 9
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

gratuita apresentado em preliminar do apelo, nos termos do art. 99,


Processo Nº ROT-0001440-65.2021.5.07.0037
Relator CLAUDIO SOARES PIRES § 7º do CPC c/c art. 101, § 2º do CPC. Incabível recurso imediato
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO em face de referida decisão, que será submetida ao Órgão
NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES Colegiado na oportunidade do julgamento do recurso e, na hipótese
EIRELI
de confirmação pelos demais integrantes, o então acórdão poderá
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) ser impugnado manejando a parte interessada recurso de revista.
RECORRIDO CICERO ROBERTO DA SILVA
Não se denota, assim, interesse recursal.
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
FILHO(OAB: 24306/CE) Com efeito, “o interesse recursal repousa no binômio necessidade e
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE) utilidade. A necessidade se refere à imprescindibilidade do
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO provimento pleiteado para a obtenção do bem da vida em litígio, ao
DIAS(OAB: 26494/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO passo que a utilidade cuida da adequação da medida recursal
TRABALHO
alçada para atingir o fim colimado” (STJ, Resp nº 1732026/RJ, Rel.

Intimado(s)/Citado(s): Min. Herman Benjamin, j.17/05/2018)

- CICERO ROBERTO DA SILVA Diante do exposto, deixo de conhecer o Agravo apresentado pelo

recorrente MXM SERVIÇOS E LOCAÇÕES EIRELI porque

incabível.

Intimem-se.
PODER JUDICIÁRIO
Após, retornem-me conclusos os autos para prosseguir.
JUSTIÇA DO
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.

CLAUDIO SOARES PIRES


INTIMAÇÃO Pje-JT Desembargador Federal do Trabalho"
Fica a parte CÍCERO ROBERTO DA SILVA notificada para tomar FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
ciência da decisão Id. 4560c6c a seguir, cujo inteiro teor é o

seguinte: JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA


"DECISÃO PJe-JT Assessor
Vistos, etc.
Processo Nº AIRO-0000507-40.2021.5.07.0022
Indeferido o pedido de gratuidade de justiça apresentado em
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
preliminar de Recurso Ordinário, ao Recorrente MXM SERVIÇOS E AGRAVANTE INSTITUTO COMPARTILHA
LOCAÇÕES EIRELI foi assinado prazo para comprovação do ADVOGADO JULIANA PEREIRA(OAB: 26713/CE)
ADVOGADO MARIA ERIVANIA PEREIRA
preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo, decisão BURITI(OAB: 23261/CE)
Id. cfa3f5d. AGRAVADO MUNICIPIO DE QUIXERAMOBIM
ADVOGADO CAMILO GONDIM SANTIAGO(OAB:
Transcorrido o prazo sem a comprovação de referido preparo, 28001/CE)
ingressou o recorrente com o Agravo Id. f93c7ee, buscando a ADVOGADO SU-HELEN TEIXEIRA DEDE E
PACHECO(OAB: 23901/CE)
reforma de referida decisão monocrática, reiterando o pedido de AGRAVADO ELENICY CELESTINO NUNES
gratuidade da justiça. Sustenta que os benefícios da justiça gratuita ADVOGADO Roberto Arruda Cavalcante(OAB:
15304/CE)
só poderia ser negada pelo magistrado se houver elementos nos ADVOGADO LARISSA LOPES RODRIGUES(OAB:
42327/CE)
autos que indiquem a falta de critérios legais para a concessão do
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
benefício, e apenas depois de intimação do requerente para TRABALHO

comprovar a alegada hipossuficiência.


Intimado(s)/Citado(s):
Decido. - INSTITUTO COMPARTILHA
O apelo não prospera porque incabível.

No âmbito da Justiça do Trabalho, as hipóteses de cabimento do

Agravo cingem-se às decisões proferidas pelo relator nas hipóteses


PODER JUDICIÁRIO
dos incisos X e XI do art. 118 do RITRT7 (Art.192, RITRT7).Não é
JUSTIÇA DO
a hipótese dos autos.

No caso vertente, a decisão do relator apreciou pedido de justiça

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 10
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

INTIMAÇÃO PJe-JT) não há como lhe conceder o benefício da gratuidade de justiça.

Fica o Recorrente INSTITUTO COMPARTILHA intimado para tomar (TRT1 - AIRO 01007494120175010013; 3ª Turma; Julgamento:

ciência do inteiro teor da Decisão que indeferiu o pedido de 03/12/2018; Publicação: 13/12/2018; Relatora: Carolina Rodrigues

concessão dos benefícios da justiça gratuita, cujo inteiro teor segue Bicalho). Diante do exposto, denego seguimento ao recurso

abaixo, devendo, no prazo de 05 (cinco) dias, comprovar o ordinário interposto pelo(a) primeira reclamada, por deserto, eis

recolhimento das custas processuais nos presentes autos, sob pena que ausente o pressuposto de admissibilidade extrínseco do

de não conhecimento do recurso ordinário, por deserção: preparo, uma vez que o instituto compartilha apenas alega que deve

"DECISÃO PJe-JT Vistos, etc. Indeferido o pleito de gratuidade ser dispensada do depósito recursal, por ser entidade filantrópica,

de justiça na sentença, o INSTITUTO COMPARTILHA, em sede de no entanto, não apresenta a comprovação desta condição e

recurso ordinário, pleiteou a concessão dos benefícios da justiça também não apresenta o comprovante de recolhimento das custas.

gratuita, alegando incapacidade econômico-financeira e Em face de referida decisão, o Instituto interpôs agravo de

impossibilidade de proceder com as despesas do processo, em instrumento renovando o pleito, sem a respectiva comprovação de

virtude de alegada condição de entidade filantrópica sem fins suas alegações. Examina-se. Nos termos do art. 99, § 7º, do

lucrativos. Registre-se que referido pedido foi indeferido, em sede CPC, "Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso,

sentença, nos seguintes termos: Denego o pedido de Justiça o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do

Gratuita apresentado pelo primeiro reclamado, pois a pessoa preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento

jurídica deve fazer prova da impossibilidade de arcar com as e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento". Com

despesas processuais, sem prejuízo do seu equilíbrio econômico, efeito, não restou evidenciada a alegada insuficiência econômica,

nada tendo sido demonstrado. Posteriormente, o juízo de origem porquanto não apresentado nenhum elemento capaz de demonstrar

deixou de receber o recurso ordinário, nos seguintes termos: tal estado, que não se presume, seja na oportunidade da

Quanto ao Recurso Ordinário interposto pelo Instituto Compartilha, contestação, quando apresentou inicialmente o pedido, seja no

verifico a ausência do devido preparo, a primeira reclamada apenas recurso ordinário ou no agravo de instrumento. Nesse sentido o

alega que, por ser entidade filantrópica, seria dispensada do item II da Súmula nº 463 do TST: "ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

depósito recursal, com base no artigo 899, parágrafo 10, da CLT. A GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação

prova da condição de entidade filantrópica cabe à recorrente, Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes do

conforme aponta a jurisprudência: RECURSO DA RECLAMADA CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e

1.1 ENTIDADE FILANTRÓPICA. PEDIDO DE CONCESSÃO DOS 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e14.07.2017

BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA A reclamada pede a (...) II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração:

reforma da sentença quanto ao indeferimento do pedido de justiça é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte

gratuita. Argumenta, em síntese, que se trata de associação civil de arcar com as despesas do processo". Nesse contexto, não

fins não econômicos, na forma do Decreto 36.505/64, portadora da comprovada a insuficiência econômica, perfilhando o entendimento

Certificação de Entidade Beneficente....O fato de ser entidade adotado pelo juízo sentenciante, INDEFIRO o pedido de gratuidade

filantrópica e sem fins lucrativos não implica necessariamente a da justiça. Fixo prazo de 05 (cinco) dias para o recorrente realizar

impossibilidade da Reclamada arcar com as despesas do processo. o recolhimento e respectiva comprovação do preparo recursal

Não há comprovação de falência ou declaração de insolvência civil (custas processuais e depósito recursal) nos presentes autos, sob

da Reclamada, presumindo-se o seu regular funcionamento e que pena de não conhecimento do seu recurso ordinário, por deserção.

está auferindo receitas. Acerca do tema, transcrevo o seguinte Intime-se a recorrente INSTITUTO COMPARTILHA do inteiro teor

aresto: GRATUIDADE DE JUSTIÇA. ENTIDADE FILANTRÓPICA da presente decisão. Em prosseguimento, nos termos do art. 109,

SEM FINS LUCRATIVOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA DA inciso I, do Regimento Interno deste Regional, colha-se

CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE ECONÔMICA DA manifestação do Ministério Público do Trabalho. Decorrido o

RECORRENTE. CUSTAS. DEVIDAS....Consoante jurisprudência do prazo, retornem-me conclusos os autos para prosseguir.

Tribunal Superior do Trabalho, a pessoa jurídica com ou sem fins FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. CLAUDIO SOARES PIRES

lucrativos, ainda que entidade filantrópica ou beneficente, deve Desembargador Federal do Trabalho"

comprovar sua hipossuficiência financeira para obtenção do FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

benefício de justiça gratuita. Inexistindo nos autos prova de que a

recorrente se encontra em condição de miserabilidade econômica, JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 11
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Assessor 1.1 ENTIDADE FILANTRÓPICA. PEDIDO DE CONCESSÃO DOS

BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA A reclamada pede a


Processo Nº AIRO-0000232-91.2021.5.07.0022
Relator CLAUDIO SOARES PIRES reforma da sentença quanto ao indeferimento do pedido de justiça
AGRAVANTE INSTITUTO COMPARTILHA gratuita. Argumenta, em síntese, que se trata de associação civil de
ADVOGADO JULIANA PEREIRA(OAB: 26713/CE)
fins não econômicos, na forma do Decreto 36.505/64, portadora da
ADVOGADO MARIA ERIVANIA PEREIRA
BURITI(OAB: 23261/CE) Certificação de Entidade Beneficente....O fato de ser entidade
AGRAVADO JOSE RICARDO RODRIGUES DA
SILVA filantrópica e sem fins lucrativos não implica necessariamente a
ADVOGADO FRANCISCO ERIVANDO SANTOS DE impossibilidade da Reclamada arcar com as despesas do processo.
SOUSA(OAB: 38146/CE)
AGRAVADO MUNICIPIO DE QUIXERAMOBIM Não há comprovação de falência ou declaração de insolvência civil
ADVOGADO CAMILO GONDIM SANTIAGO(OAB: da Reclamada, presumindo-se o seu regular funcionamento e que
28001/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO está auferindo receitas. Acerca do tema, transcrevo o seguinte
TRABALHO
aresto: GRATUIDADE DE JUSTIÇA. ENTIDADE FILANTRÓPICA

Intimado(s)/Citado(s): SEM FINS LUCRATIVOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA DA

- INSTITUTO COMPARTILHA CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE ECONÔMICA DA

RECORRENTE. CUSTAS. DEVIDAS....Consoante jurisprudência do

Tribunal Superior do Trabalho, a pessoa jurídica com ou sem fins

lucrativos, ainda que entidade filantrópica ou beneficente, deve


PODER JUDICIÁRIO
comprovar sua hipossuficiência financeira para obtenção do
JUSTIÇA DO
benefício de justiça gratuita. Inexistindo nos autos prova de que a

recorrente se encontra em condição de miserabilidade econômica,


INTIMAÇÃO PJe-JT) não há como lhe conceder o benefício da gratuidade de justiça.
Fica o Recorrente INSTITUTO COMPARTILHA intimado para tomar (TRT1 - AIRO 01007494120175010013; 3ª Turma; Julgamento:
ciência do inteiro teor da Decisão que indeferiu o pedido de 03/12/2018; Publicação: 13/12/2018; Relatora: Carolina Rodrigues
concessão dos benefícios da justiça gratuita, cujo inteiro teor segue Bicalho). Diante do exposto, denego seguimento ao recurso
abaixo, devendo, no prazo de 05 (cinco) dias, comprovar o ordinário interposto pelo(a) primeira reclamada, por deserto, eis
recolhimento das custas processuais nos presentes autos, sob pena que ausente o pressuposto de admissibilidade extrínseco do
de não conhecimento do recurso ordinário, por deserção: preparo, uma vez que o instituto compartilha apenas alega que deve
"DECISÃO PJe-JT Vistos, etc. Indeferido o pleito de gratuidade ser dispensada do depósito recursal, por ser entidade filantrópica,
de justiça na sentença, o INSTITUTO COMPARTILHA, em sede de no entanto, não apresenta a comprovação desta condição e
recurso ordinário, pleiteou a concessão dos benefícios da justiça também não apresenta o comprovante de recolhimento das custas.
gratuita, alegando incapacidade econômico-financeira e Em face de referida decisão, o Instituto interpôs agravo de
impossibilidade de proceder com as despesas do processo, em instrumento renovando o pleito, sem a respectiva comprovação de
virtude de alegada condição de entidade filantrópica sem fins suas alegações. Examina-se. Nos termos do art. 99, § 7º, do
lucrativos. Registre-se que referido pedido foi indeferido, em sede CPC, "Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso,
sentença, nos seguintes termos: Denego o pedido de Justiça o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do
Gratuita apresentado pelo primeiro reclamado, pois a pessoa preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento
jurídica deve fazer prova da impossibilidade de arcar com as e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento". Com
despesas processuais, sem prejuízo do seu equilíbrio econômico, efeito, não restou evidenciada a alegada insuficiência econômica,
nada tendo sido demonstrado. Posteriormente, o juízo de origem porquanto não apresentado nenhum elemento capaz de demonstrar
deixou de receber o recurso ordinário, nos seguintes termos: tal estado, que não se presume, seja na oportunidade da
Quanto ao Recurso Ordinário interposto pelo Instituto Compartilha, contestação, quando apresentou inicialmente o pedido, seja no
verifico a ausência do devido preparo, a primeira reclamada apenas recurso ordinário ou no agravo de instrumento. Nesse sentido o
alega que, por ser entidade filantrópica, seria dispensada do item II da Súmula nº 463 do TST: "ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
depósito recursal, com base no artigo 899, parágrafo 10, da CLT. GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação
A prova da condição de entidade filantrópica cabe à recorrente, Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes do
conforme aponta a jurisprudência: RECURSO DA RECLAMADA CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e14.07.2017 Ouça-se o Ministério Público do Trabalho sobre a petição ID-

(...) II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: 5415549 apresentada pelo SINDICATO DAS EMPRESAS DE

é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte SEGURANÇA PRIVADA DO ESTADO DO CEARÁ – SINDESP/CE.

arcar com as despesas do processo". Nesse contexto, não Relativamente a suspensão de prazo para contestação, observe o

comprovada a insuficiência econômica, perfilhando o entendimento SINDESP/CE que o prazo de contestação está suspenso desde a

adotado pelo juízo sentenciante, INDEFIRO o pedido de gratuidade data de prolação do despacho ID-b319b91, que presentemente

da justiça. Fixo prazo de 05 (cinco) dias para o recorrente realizar estendo igualmente ao SINDESP/CE.

o recolhimento e respectiva comprovação do preparo recursal Intime-se não só o MPT, mas todos os demais litigantes.

(custas processuais e depósito recursal) nos presentes autos, sob FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

pena de não conhecimento do seu recurso ordinário, por deserção. CLAUDIO SOARES PIRES

Intime-se a recorrente INSTITUTO COMPARTILHA do inteiro teor Desembargador Federal do Trabalho"

da presente decisão. Em prosseguimento, nos termos do art. 109, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

inciso I, do Regimento Interno deste Regional, colha-se

manifestação do Ministério Público do Trabalho. Decorrido o prazo, JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA

retornem-me conclusos os autos para prosseguir. Assessor

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. CLAUDIO SOARES


Processo Nº AACC-0005524-89.2022.5.07.0000
PIRES Desembargador Federal do Trabalho" Relator CLAUDIO SOARES PIRES
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. AUTOR MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
RÉU SINDESP-SINDICATO DAS
EMPRESAS DE SEGURANCA
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA PRIVADA DO ESTADO DO CEARA
Assessor ADVOGADO SERGIO SILVA COSTA SOUSA(OAB:
2756/CE)
RÉU SIND.DOS PROF.VIG.E EMPREG.EM
Processo Nº AACC-0005524-89.2022.5.07.0000 EMP.E SER.DE
Relator CLAUDIO SOARES PIRES SEG.,VIG.TRANSP.VAL.,C. DE
FORM. DE VIG.,SEG.PESSOAL,
AUTOR MINISTERIO PUBLICO DO CEN.,S.E AFINS CE
TRABALHO
ADVOGADO ROGER CID GOMES MIRANDA(OAB:
RÉU SINDESP-SINDICATO DAS 30857/CE)
EMPRESAS DE SEGURANCA
PRIVADA DO ESTADO DO CEARA
ADVOGADO SERGIO SILVA COSTA SOUSA(OAB: Intimado(s)/Citado(s):
2756/CE)
- SIND.DOS PROF.VIG.E EMPREG.EM EMP.E SER.DE
RÉU SIND.DOS PROF.VIG.E EMPREG.EM SEG.,VIG.TRANSP.VAL.,C. DE FORM. DE VIG.,SEG.PESSOAL,
EMP.E SER.DE CEN.,S.E AFINS CE
SEG.,VIG.TRANSP.VAL.,C. DE
FORM. DE VIG.,SEG.PESSOAL,
CEN.,S.E AFINS CE
ADVOGADO ROGER CID GOMES MIRANDA(OAB:
30857/CE)
PODER JUDICIÁRIO
Intimado(s)/Citado(s): JUSTIÇA DO
- SINDESP-SINDICATO DAS EMPRESAS DE SEGURANCA
PRIVADA DO ESTADO DO CEARA

INTIMAÇÃO PJe-JT

Fica a parte Ré, através de seu patrono, notificado(a) para, tomar

PODER JUDICIÁRIO ciência do Despacho Id. 3e36a0f, cujo inteiro teor transcreve-se a

JUSTIÇA DO seguir:

"DESPACHO PJe-JT

Vistos, etc.
INTIMAÇÃO PJe-JT
Ouça-se o Ministério Público do Trabalho sobre a petição ID-
Fica a parte Ré, através de seu patrono, notificado(a) para, tomar
5415549 apresentada pelo SINDICATO DAS EMPRESAS DE
ciência do Despacho Id. 3e36a0f, cujo inteiro teor transcreve-se a
SEGURANÇA PRIVADA DO ESTADO DO CEARÁ – SINDESP/CE.
seguir:
Relativamente a suspensão de prazo para contestação, observe o
"DESPACHO PJe-JT
SINDESP/CE que o prazo de contestação está suspenso desde a
Vistos, etc.
data de prolação do despacho ID-b319b91, que presentemente

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IMPETRANTE EMPRESA DE TECNOLOGIA E


estendo igualmente ao SINDESP/CE. INFORMACOES DA PREVIDENCIA
SOCIAL - DATAPREV
Intime-se não só o MPT, mas todos os demais litigantes. ADVOGADO MARCELO MARQUES LOPES(OAB:
47474/RJ)
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
ADVOGADO MARCELO AUGUSTO ALVES DA
CLAUDIO SOARES PIRES SILVA(OAB: 150810/RJ)
IMPETRADO Juízo da 17ª Vara do Trabalho de
Desembargador Federal do Trabalho" Fortaleza
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. IMPETRADO MARCELO GONCALVES PINHEIRO
QUIRINO
ADVOGADO ELISABETH RAMOS BATISTA(OAB:
26135/CE)
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
Assessor TRABALHO
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGFN)
INTERESSADO
Processo Nº AR-0005300-54.2022.5.07.0000
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Intimado(s)/Citado(s):
AUTOR REFRIER COMERCIO DE
ELETRODOMESTICOS LTDA - EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA
ADVOGADO JEAN MARQUES DE MORAIS(OAB: PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV
25825/CE)
RÉU FRANCISCO VICTOR DE PAULA
OLIVEIRA

Intimado(s)/Citado(s): PODER JUDICIÁRIO


- REFRIER COMERCIO DE ELETRODOMESTICOS LTDA JUSTIÇA DO

INTIMAÇÃO PJe-JT
PODER JUDICIÁRIO
Fica a parte Impetrante, através de seu patrono, notificado(a) para,
JUSTIÇA DO
no prazo de 05 (cinco) dias, comprovar o recolhimento das custas

processuais no valor de R$20,00 (vinte reais), impostas no Acórdão

INTIMAÇÃO PJe-JT Id. 5be8ea2.

Fica a parte Autora, através de seu patrono, notificado(a) para, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

tomar ciência do Decisão Id. 83b457e, cujo inteiro teor transcreve-

se a seguir: JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA

"DECISÃO PJe-JT Assessor

Vistos, etc.
Processo Nº AR-0080536-80.2020.5.07.0000
Certificado, ID-70c1df1, que o autor desta ação rescisória não Relator REGINA GLAUCIA CAVALCANTE
NEPOMUCENO
efetuou o depósito prévio para conhecimento da ação, hei por bem AUTOR EMP DE ASSIST TEC E EXT RURAL
DO EST DO CE EMATERCE
INDEFERIR a inicial, com fundamento no Art. 968, § 3º, do Código
ADVOGADO JOAO PEDRO PONTES BRAGA
de Processo Civil e Art. 199, § 1º, do regimento interno deste AZEVEDO(OAB: 36359/CE)
RÉU JOAO LELIS JUNIOR
Tribunal.
ADVOGADO EDSON FLAVIO DOS SANTOS
Condeno o autor em custas processuais de R$ 524,55, calculadas LOPES(OAB: 14354/CE)

sobre R$ 26.227, 54 atribuídos à causa.


Intimado(s)/Citado(s):
Intime-se.
- JOAO LELIS JUNIOR
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.

CLAUDIO SOARES PIRES

Desembargador Federal do Trabalho"


PODER JUDICIÁRIO
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
JUSTIÇA DO

JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA

Assessor INTIMAÇÃO PJe-JT

Fica a parte Ré, através de seu patrono, notificado(a) para, para


Processo Nº MSCiv-0000191-59.2022.5.07.0000
Relator CLAUDIO SOARES PIRES tomar ciência da Certidão Id. 150e0af e, no prazo de cinco dias,

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requerer o que entender de direito. decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma

que lhe impossibilita, além das condições de administração própria

JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA da empresa, também os demais atos processuais que demandem

Assessor garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

GABINETE DA DESEMBARGADORA MARIA Examina-se.

ROSELI MENDES ALENCAR De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira
Notificação reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

processuais e a realização do depósito recursal no final do presente


Processo Nº ROT-0001264-86.2021.5.07.0037
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR processo - por se ressentir de amparo legal.
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
EIRELI
redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
CARMO(OAB: 20944/CE)
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
NORTE
processo” (§ 4º).
RECORRIDO CICERO KLEYTON OLIVEIRA DE
CASTRO Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
FILHO(OAB: 24306/CE) de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
DIAS(OAB: 26494/CE)
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
LUNA(OAB: 27464/CE)
pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO
em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO
I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

INTIMAÇÃO necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 079ef7a arcar com as despesas do processo.”

proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa

DECISÃO jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita

Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar

Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua

MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do impossibilidade de arcar com as despesas processuais.

pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-

ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de

tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do

recursal. Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-

Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar

prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda

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relação com a situação contábil e patrimonial da empresa Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma

contemporânea à interposição do apelo. que lhe impossibilita, além das condições de administração própria

Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem

justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), Examina-se.

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Intime-se. processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. processo - por se ressentir de amparo legal.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,

Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a

redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é


Processo Nº ROT-0001696-38.2021.5.07.0027
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
EIRELI
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
CARMO(OAB: 20944/CE)
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
RECORRIDO CICERO DOS SANTOS
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR processo” (§ 4º).
LUNA(OAB: 27464/CE)
Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
FILHO(OAB: 24306/CE) de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
NORTE
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
TRABALHO
Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

Intimado(s)/Citado(s): verbis:

- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO
em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO
I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é


INTIMAÇÃO necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID f011fac arcar com as despesas do processo.”
proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
DECISÃO jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer a concessão dos impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
benefícios da justiça gratuita, ou caso negado, o diferimento do Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
ao tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
recursal. Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do relação com a situação contábil e patrimonial da empresa

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 16
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

contemporânea à interposição do apelo. que lhe impossibilita, além das condições de administração própria

Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem

justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), Examina-se.

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Intime-se. processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. processo - por se ressentir de amparo legal.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,

Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a

redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é


Processo Nº ROT-0001400-83.2021.5.07.0037
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
EIRELI
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) processo” (§ 4º).
RECORRIDO ALDERLANDIO MOREIRA BRITO
Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE) de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
FILHO(OAB: 24306/CE) demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
DIAS(OAB: 26494/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
TRABALHO
Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

Intimado(s)/Citado(s): verbis:

- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO
em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO
I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é


INTIMAÇÃO necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 4ae941f arcar com as despesas do processo.”
proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
DECISÃO jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer a concessão dos impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
benefícios da justiça gratuita, ou caso negado, o diferimento do Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
ao tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
recursal. Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do relação com a situação contábil e patrimonial da empresa
Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma contemporânea à interposição do apelo.

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem

justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), Examina-se.

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Intime-se. processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. processo - por se ressentir de amparo legal.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,

Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a

redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é


Processo Nº ROT-0001790-83.2021.5.07.0027
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
EIRELI
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
CARMO(OAB: 20944/CE)
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE processo” (§ 4º).
RECORRIDO JOAO MOREIRA DA SILVA
Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE) de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
FILHO(OAB: 24306/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
TRABALHO
Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

Intimado(s)/Citado(s): verbis:

- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO
em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO
I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é


INTIMAÇÃO necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 32f71ab arcar com as despesas do processo.”
proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
DECISÃO jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer a concessão dos impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
benefícios da justiça gratuita, ou caso negado, o diferimento do Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
ao tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
recursal. Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do relação com a situação contábil e patrimonial da empresa
Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma contemporânea à interposição do apelo.
que lhe impossibilita, além das condições de administração própria Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 18
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

justiça gratuita formulado pela recorrente. decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), que lhe impossibilita, além das condições de administração própria

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de da empresa, também os demais atos processuais que demandem

não conhecimento de seu recurso. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Intime-se. recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. Examina-se.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

Desembargadora Federal do Trabalho reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

processuais e a realização do depósito recursal no final do presente


Processo Nº ROT-0001268-26.2021.5.07.0037
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR processo - por se ressentir de amparo legal.
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
EIRELI
redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRIDO CICERO GABRIEL DA SILVA ALVES
SOARES (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
LUNA(OAB: 27464/CE)
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
FILHO(OAB: 24306/CE)
processo” (§ 4º).
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
EIRELI
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
CARMO(OAB: 20944/CE)
pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO
em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO
I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

INTIMAÇÃO necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 07a69ac arcar com as despesas do processo.”

proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa

DECISÃO jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita

Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar

Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua

MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do impossibilidade de arcar com as despesas processuais.

pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-

ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de

tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do

recursal. Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-

Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar

prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 19
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

relação com a situação contábil e patrimonial da empresa Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma

contemporânea à interposição do apelo. que lhe impossibilita, além das condições de administração própria

Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem

justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), Examina-se.

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Intime-se. processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. processo - por se ressentir de amparo legal.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,

Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a

redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é


Processo Nº ROT-0001675-62.2021.5.07.0027
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
EIRELI
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
CARMO(OAB: 20944/CE)
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE processo” (§ 4º).
RECORRIDO ANTONIO JEFFERSON PEREIRA
DOS SANTOS Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
LUNA(OAB: 27464/CE)
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
FILHO(OAB: 24306/CE)
medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte


INTIMAÇÃO
arcar com as despesas do processo.”
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID f4c526f
No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
proferida nos autos.
jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
DECISÃO
sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Vistos etc.
a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente
impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer a concessão dos
Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
benefícios da justiça gratuita, ou caso negado, o diferimento do
18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo,
prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
ao tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo
Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
recursal.
financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira
que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de
relação com a situação contábil e patrimonial da empresa
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 20
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

contemporânea à interposição do apelo. que lhe impossibilita, além das condições de administração própria

Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem

justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), Examina-se.

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Intime-se. processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. processo - por se ressentir de amparo legal.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,

Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a

redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é


Processo Nº ROT-0001303-13.2021.5.07.0028
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
EIRELI
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
CARMO(OAB: 20944/CE)
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE processo” (§ 4º).
RECORRIDO PEDRO DA SILVA GUEDES
Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE) de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
FILHO(OAB: 24306/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
TRABALHO
Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

Intimado(s)/Citado(s): verbis:

- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO
em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO
I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é


INTIMAÇÃO necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID c051d2e arcar com as despesas do processo.”
proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
DECISÃO jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
recursal. Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do relação com a situação contábil e patrimonial da empresa
Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma contemporânea à interposição do apelo.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 21
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem

justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), Examina-se.

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Intime-se. processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. processo - por se ressentir de amparo legal.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,

Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a

redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é


Processo Nº ROT-0001292-54.2021.5.07.0037
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
EIRELI
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
CARMO(OAB: 20944/CE)
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
RECORRIDO OSMAR FRANCISCO DO
NASCIMENTO processo” (§ 4º).
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE) Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
FILHO(OAB: 24306/CE)
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
DIAS(OAB: 26494/CE)
medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte


INTIMAÇÃO
arcar com as despesas do processo.”
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID a5007df
No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
proferida nos autos.
jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
DECISÃO
sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Vistos etc.
a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente
impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do
Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo,
18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao
prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo
Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
recursal.
financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira
que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de
relação com a situação contábil e patrimonial da empresa
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do
contemporânea à interposição do apelo.
Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da
que lhe impossibilita, além das condições de administração própria

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 22
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), Examina-se.

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Intime-se. processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. processo - por se ressentir de previsão legal.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,

Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a

redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é


Processo Nº ROT-0001375-70.2021.5.07.0037
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
EIRELI
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) processo” (§ 4º).
RECORRIDO JOSE MARCOS FRANCA DE
NEGREIRO Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
FILHO(OAB: 24306/CE)
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
LUNA(OAB: 27464/CE)
medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

verbis:
Intimado(s)/Citado(s):
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte


INTIMAÇÃO
arcar com as despesas do processo.”
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 989ee80
No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
proferida nos autos.
jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
DECISÃO
sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Vistos etc.
a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente
impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do
Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo,
18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao
prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do amparo
Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
recursal.
financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira
que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de
relação com a situação contábil e patrimonial da empresa
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do
contemporânea à interposição do apelo.
Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma
Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da
que lhe impossibilita, além das condições de administração própria
justiça gratuita formulado pela recorrente.
da empresa, também os demais atos processuais que demandem

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 23
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente que lhe impossibilita, além das condições de administração própria

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), da empresa, também os demais atos processuais que demandem

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

não conhecimento de seu recurso. recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

Intime-se. Examina-se.

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Desembargadora Federal do Trabalho processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

processo - por se ressentir de amparo legal.


Processo Nº ROT-0001740-57.2021.5.07.0027
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a
NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é
EIRELI
facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
CARMO(OAB: 20944/CE)
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO processo” (§ 4º).
NORTE
Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
RECORRIDO MARIA CICERA DA SILVA LEANDRO
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
LUNA(OAB: 27464/CE)
demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
FILHO(OAB: 24306/CE) medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,
TRABALHO
verbis:
Intimado(s)/Citado(s): “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado

PODER JUDICIÁRIO em 12, 13 e 14.07.2017

JUSTIÇA DO I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte


INTIMAÇÃO
arcar com as despesas do processo.”
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID b6abb70
No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
proferida nos autos.
jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
DECISÃO
sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Vistos etc.
a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente
impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do
Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo,
18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao
prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo
Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
recursal.
financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira
que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de
relação com a situação contábil e patrimonial da empresa
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do
contemporânea à interposição do apelo.
Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 24
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da da empresa, também os demais atos processuais que demandem

justiça gratuita formulado pela recorrente. garantia ou pagamento, como é o caso de custas e depósito

Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente recursal exigidos no caso em tela. (decisão em anexo).”.

comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), Examina-se.

ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de De saída, indefere-se o pedido alternativo formulado pela primeira

não conhecimento de seu recurso. reclamada - que lhe seja permitido o pagamento das custas

Intime-se. processuais e a realização do depósito recursal no final do presente

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. processo - por se ressentir de amparo legal.

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR Quanto ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita,

Desembargadora Federal do Trabalho de se aplicar as disposições contidas no art. 790 da CLT, com a

redação dada pela Lei nº 13.467/2017, de onde se infere que é


Processo Nº ROT-0001464-26.2021.5.07.0027
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR facultada “àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES Geral de Previdência Social” (§ 3º), ou “à parte que comprovar
EIRELI
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE) processo” (§ 4º).
RECORRIDO JALDIR SILVESTRE VIEIRA
Assim, tem-se que a alegada situação de insuficiência financeira há
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
FILHO(OAB: 24306/CE) de ser comprovada de forma irretorquível, por meio de
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE) demonstrativos contábeis ou outros documentos equivalentes, na
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR medida em que a presunção legal de pobreza não se estende à
LUNA(OAB: 27464/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO pessoa jurídica (art. 99, §3º, CPC).
TRABALHO
Esse é entendimento consolidado na Súmula 463, II, do C. TST,

Intimado(s)/Citado(s): verbis:

- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com

alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT

divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado


PODER JUDICIÁRIO
em 12, 13 e 14.07.2017
JUSTIÇA DO
I - (...)

II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é


INTIMAÇÃO necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 0bccf1a arcar com as despesas do processo.”
proferida nos autos. No caso tratado nos presentes autos, a parte recorrente, pessoa
DECISÃO jurídica, requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita
Vistos etc. sem, no entanto, juntar aos autos documentação apta a comprovar
Na petição de ingresso do Recurso Ordinário, a parte recorrente a alegada situação de insuficiência financeira, demonstrativa de sua
MXM SERVIÇOS E LOCAÇOES EIRELI requer o diferimento do impossibilidade de arcar com as despesas processuais.
pagamento das custas e depósito recursal para o final do processo, Pontue-se que o bloqueio judicial (nos autos da ACC 0000889-
ou caso negado, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, ao 18.2021.5.07.0027) de valores provenientes do contrato de
tempo em que deixa de comprovar o recolhimento do preparo prestação de serviços celebrado com o Município de Juazeiro do
recursal. Norte não é condição suficiente a comprovar a situação econômico-
Alega, para tanto, que se encontra com sua saúde financeira financeira da empresa, na medida em que, além de não se provar
prejudicada, “com seus valores de caixa bloqueados em razão de que a recorrente somente firmou esse único contrato, não guarda
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do relação com a situação contábil e patrimonial da empresa
Cariri, nos autos da ACC 0000889- 18.2021.5.07.0027, de forma contemporânea à interposição do apelo.
que lhe impossibilita, além das condições de administração própria Esse o quadro, indefiro o pedido de concessão dos benefícios da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 25
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO


justiça gratuita formulado pela recorrente. AGRAVANTE ANDRE CANDIDO MONTENEGRO
TAVARES
Fica concedido o prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente
ADVOGADO THIAGO PEREIRA
comprovar o recolhimento do preparo recursal (depósito e custas), FONTENELLE(OAB: 16060/CE)
AGRAVADO L M DE SOUSA IMOBILIARIA - ME
ex vi do § 7º do art. 99 do CPC (OJ-SDI1/TST 269), sob pena de
ADVOGADO DANIELLA CLAUDIA MONTEIRO DE
não conhecimento de seu recurso. LIMA(OAB: 25317/CE)
AGRAVADO LIGIA MARIA DE SOUSA
Intime-se.
ADVOGADO DANIELLA CLAUDIA MONTEIRO DE
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. LIMA(OAB: 25317/CE)

MARIA ROSELI MENDES ALENCAR


Intimado(s)/Citado(s):
Desembargadora Federal do Trabalho
- ANDRE CANDIDO MONTENEGRO TAVARES

GABINETE DO DESEMBARGADOR PLAUTO


CARNEIRO PORTO
PODER JUDICIÁRIO
Notificação
JUSTIÇA DO
Processo Nº AP-0001195-60.2015.5.07.0006
Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO
AGRAVANTE ANDRE CANDIDO MONTENEGRO INTIMAÇÃO
TAVARES
ADVOGADO THIAGO PEREIRA Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID c48bc4c
FONTENELLE(OAB: 16060/CE)
proferida nos autos.
AGRAVADO L M DE SOUSA IMOBILIARIA - ME
ADVOGADO DANIELLA CLAUDIA MONTEIRO DE Cls.
LIMA(OAB: 25317/CE)
Do exame dos autos, verifica-se que o presente feito foi
AGRAVADO LIGIA MARIA DE SOUSA
ADVOGADO DANIELLA CLAUDIA MONTEIRO DE previamente distribuído ao Desembargador do Trabalho
LIMA(OAB: 25317/CE)
JEFFERSON QUESADO JUNIOR, consoante se infere do
Intimado(s)/Citado(s): documento de ID. 9190ffa.
- L M DE SOUSA IMOBILIARIA - ME Portanto, em observância ao instituto da prevenção, com arrimo no
- LIGIA MARIA DE SOUSA
art. 930, “caput” e parágrafo único, do CPC, determina-se a

redistribuição do processo ao mencionado Desembargador.

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.


PODER JUDICIÁRIO PLAUTO CARNEIRO PORTO
JUSTIÇA DO Desembargador Federal do Trabalho

Processo Nº AP-0000326-51.2021.5.07.0018
INTIMAÇÃO Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO
AGRAVANTE JOSUE LOPES MENDES CARNEIRO
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID c48bc4c
ADVOGADO DANIEL CIDRAO FROTA(OAB:
proferida nos autos. 19976/CE)
AGRAVANTE ROSANA VIEIRA MENDES
Cls. CARNEIRO
Do exame dos autos, verifica-se que o presente feito foi ADVOGADO DANIEL CIDRAO FROTA(OAB:
19976/CE)
previamente distribuído ao Desembargador do Trabalho AGRAVANTE CONQUISTA FORTALEZA
LANCHONETES LTDA
JEFFERSON QUESADO JUNIOR, consoante se infere do
ADVOGADO DANIEL CIDRAO FROTA(OAB:
documento de ID. 9190ffa. 19976/CE)
AGRAVADO FRANCISCO IVONILSON DA SILVA
Portanto, em observância ao instituto da prevenção, com arrimo no SOUSA
art. 930, “caput” e parágrafo único, do CPC, determina-se a ADVOGADO NATHALIA HERMANA SILVA
ROGERIO(OAB: 37598/CE)
redistribuição do processo ao mencionado Desembargador. ADVOGADO MONICA MARIA CAMPOS
PEIXOTO(OAB: 25510/CE)
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
ADVOGADO HARLEY XIMENES DOS
PLAUTO CARNEIRO PORTO SANTOS(OAB: 12397/CE)

Desembargador Federal do Trabalho Intimado(s)/Citado(s):


- JOSUE LOPES MENDES CARNEIRO
Processo Nº AP-0001195-60.2015.5.07.0006
- ROSANA VIEIRA MENDES CARNEIRO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 26
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ARTIGOS DO VESTUÁRIO LTDA, requer, em recurso ordinário (ID

12533f6), a concessão do benefício da justiça gratuita, de modo a

PODER JUDICIÁRIO obter a dispensa do recolhimento das custas e do depósito recursal.

JUSTIÇA DO Nos termos do art. 98 do CPC, de aplicação subsidiária, a pessoa

natural ou jurídica com insuficiência de recursos para pagar as

custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem


INTIMAÇÃO
direito à gratuidade da justiça.
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 9e4a363
Entretanto, consoante dicção do art. 99, § 3º, do CPC, a presunção
proferido nos autos.
de insuficiência de recursos ocorre apenas quando alegada por
Vistos, etc.
pessoa natural.
Considerando-se o teor da certidão de ID 8de6d29, notifiquem-se os
Nesse sentido, caberia à recorrente, pessoa jurídica, a
agravantes nela referidos, acerca do acórdão de Id 4b4868c, por
demonstração inequívoca da condição de hipossuficiência
seu patrono, pelo DEJT.
econômico-financeira aduzida, sem a qual não é possível a
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
concessão do beneplácito postulado.
PLAUTO CARNEIRO PORTO
A esse respeito, calha reproduzir o teor da Súmula 463, do C. TST,
Desembargador Federal do Trabalho
verbis:

“SÚMULA 463. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.


Processo Nº ROT-0000446-97.2021.5.07.0017
Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO COMPROVAÇÃO(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304
RECORRENTE ISABEL MESSIAS DA SILVA
da SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res.
ADVOGADO ANA GABRIELLA GOMES
MENEZES(OAB: 25966/CE) 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e30.06.2017 – republicada -
ADVOGADO CRISTIANO MENEZES LIMA(OAB:
6065-B/CE) DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017I.
RECORRIDO TUTTI QUATRO COMERCIO E I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária
INDUSTRIA DE ARTIGOS DO
VESTUARIO LTDA gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência
ADVOGADO LARISSA MARIA LIMA LIRA(OAB:
41083/CE) econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que
RECORRIDO TRAJANO COLARES munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art.
PARTICIPACOES LTDA
RECORRIDO MYRA MAHY INDUSTRIA E 105 do CPC de 2015);
COMERCIO DE CONFECCOES LTDA
II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
RECORRIDO MASSA FALIDA DE RRT INDUSTRIA
E COMERCIO DE CONFECCOES necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
LTDA
ADVOGADO ADRIANO SILVA HULAND(OAB: arcar com as despesas do processo."
17038-A/CE)
Na espécie, contudo, não há demonstração cabal da existência de
RECORRIDO MASSA FALIDA DE FIORI
INDUSTRIA E COMERCIO DE dificuldades financeiras pela entidade privada recorrente a ponto de
CONFECCOES LTDA
ADVOGADO ADRIANO SILVA HULAND(OAB: impossibilitar sua capacidade de arcar com as despesas do
17038-A/CE)
processo.

Intimado(s)/Citado(s): Nenhum elemento de prova foi produzido nos autos capaz de


- TUTTI QUATRO COMERCIO E INDUSTRIA DE ARTIGOS DO configurar a alegada fragilidade financeira limitadora do
VESTUARIO LTDA
cumprimento de suas obrigações.

Em razão do exposto, decide-se INDEFERIR o pedido de

gratuidade judiciária.
PODER JUDICIÁRIO Na forma do art. 1.007, § 2º, do CPC (OJ-SDBI2 140), assina-se o
JUSTIÇA DO prazo de 5 (cinco) dias para a recorrente comprovar o pagamento

das custas e depósito recursal, sob pena de deserção do recurso.

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.


INTIMAÇÃO
PLAUTO CARNEIRO PORTO
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID b597e70
Desembargador Federal do Trabalho
proferido nos autos.

Vistos.
Processo Nº AIRO-0000344-60.2021.5.07.0022
A reclamada, TUTI QUATRO COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 27
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

AGRAVANTE INSTITUTO COMPARTILHA


munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art.
ADVOGADO JULIANA PEREIRA(OAB: 26713/CE)
ADVOGADO MARIA ERIVANIA PEREIRA 105 do CPC de 2015);
BURITI(OAB: 23261/CE)
II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
AGRAVADO SARAH MARIA VIEIRA DA SILVA
ADVOGADO SOLERIA GOES ALVES(OAB: necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
29892/CE)
arcar com as despesas do processo."
ADVOGADO PEDRO VICTOR PIMENTEL
AZEVEDO(OAB: 31392/CE) Na espécie, contudo, não há demonstração cabal da existência de

Intimado(s)/Citado(s): dificuldades financeiras pela entidade privada recorrente a ponto de

- INSTITUTO COMPARTILHA impossibilitar sua capacidade de arcar com as despesas do

processo.

Nenhum elemento de prova foi produzido nos autos capaz de

configurar a alegada fragilidade financeira limitadora do


PODER JUDICIÁRIO
cumprimento de suas obrigações.
JUSTIÇA DO
Em razão do exposto, decide-se INDEFERIR o pedido de

gratuidade judiciária.
INTIMAÇÃO Na forma do art. 1.007, § 2º, do CPC (OJ-SDBI2 140), assina-se o
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 7bdbc24 prazo de 5 (cinco) dias para o recorrente comprovar o pagamento
proferido nos autos. das custas e depósito recursal, sob pena de deserção do recurso.
Vistos. FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
No agravo de instrumento de ID. 54a39f0, o agravante, INSTITUTO PLAUTO CARNEIRO PORTO
COMPARTILHA – SAMEAC, requer a concessão da justiça gratuita, Desembargador Federal do Trabalho
em face da sua condição de entidade filantrópica.

Para comprovação da qualidade de entidade filantrópica, é GABINETE DO DESEMBARGADOR FRANCISCO


imprescindível que se tenha obtido o Certificado de Entidade TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JÚNIOR
Beneficente de Assistência Social - CEBAS, conforme previsto na Notificação
lei 12.101/2009 (Lei de Filantropia).
Processo Nº ROT-0001306-65.2021.5.07.0028
Registre-se que a certificação permite à entidade filantrópica a Relator FRANCISCO TARCISIO GUEDES
LIMA VERDE JUNIOR
isenção de pagamentos das contribuições para a seguridade social,
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
além de possibilitá-la celebrar convênios com o poder público, obter NORTE
RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
subvenções sociais (repasses para cobrir despesas de custeio), EIRELI
além de vários outros benefícios. ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
O agravante não apresentou nenhum documento que comprovasse RECORRIDO ADRIANO FERREIRA FURTADO
a condição de entidade filantrópica. ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE)
Tratando-se de pessoa jurídica é necessária a demonstração ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO
DIAS(OAB: 26494/CE)
inequívoca da condição de hipossuficiência econômico financeira
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA
aduzida, sem a qual não é possível a concessão do beneplácito FILHO(OAB: 24306/CE)
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
postulado. NORTE
A esse respeito, calha reproduzir o teor da Súmula 463, do C. TST, RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI
verbis: ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
“SÚMULA 463. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
COMPROVAÇÃO(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 TRABALHO

da SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res.


Intimado(s)/Citado(s):
219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e30.06.2017 – republicada -
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017I.

I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária

gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência

econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 28
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

com a pessoa física, não é suficiente a mera afirmação de que não


PODER JUDICIÁRIO
está em condições de pagar as custas do processo, e o
JUSTIÇA DO
impedimento de se arcar com essas despesas deve ser cabalmente

demonstrado.” (TST - AIRO: 10013443220145020000, Relator:


INTIMAÇÃO Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 14/12/2015, Seção
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 6ba80c0 Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT
proferido nos autos. 18/12/2015)
DESPACHO PJe-JT “AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO.

DESERÇÃO. JUSTIÇA GRATUITA PARA PESSOA JURÍDICA. Na


A parte reclamada MXM, SERVIÇOS E LOCAÇÕES LTDA. interpôs linha dos precedentes desta Corte, a condição de empregador é
recurso ordinário (fls. 974/986), no qual requereu, preliminarmente, óbice relativo para a concessão da gratuidade de justiça, impondo-
o diferimento do pagamento das custas e depósito recursal para o se a prova de dificuldades financeiras. Agravo de instrumento
fim do processo, sob o fundamento de que “encontra-se com seus conhecido e desprovido.” (AIRO 2100- 46.2011.5.17.0000, Relator
valores de caixa bloqueados em razão de decisão proferida pelo Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, SBDI- II, Data de
juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do Cariri , nos autos da Julgamento: 28/05/2013, Data de Publicação: 31/05/2013)
ACC 0000889-18.2021.5.07.0027, de forma que lhe impossibilita, A recorrente não apresentou qualquer prova, nos autos, de sua
além das condições de administração própria da empresa, também impossibilidade de arcar com os ônus do processo. A reclamada
os demais atos processuais que demandem garantia ou pagamento, também não apresenta seus extratos bancários, declaração de
como é o caso de custas e depósito recursal exigidos no caso em imposto de renda ou quaisquer documentos fiscais que comprovem
tela.” sua real hipossuficiência financeira, a justificar o não pagamento
Requer, ainda, caso indeferido tal pedido, que “seja concedido à das despesas processuais.
recorrente o benefício da Justiça Gratuita vez que, conforme já Sem tal comprovação, não lhe pode ser concedida a justiça
demonstrado nos autos, não possui condições de arcar com os gratuita, já que, como exposto, é exigida da pessoa jurídica a
custos das despesas processuais (custas e depósito) sem prejuízo demonstração de sua insuficiência econômica, nos termos do art.
de sua saúde financeira, já significativamente prejudicada.” (fls. 99, §3º, do CPC (“Presume-se verdadeira a alegação de
975/976) insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”) e da
Passa-se a analisar, nos termos do art. 99, §7º, e 932, do CPC. Súmula 463, II, do TST (“No caso de pessoa jurídica, não basta a
Presentes os seguintes pressupostos extrínsecos de mera declaração: é necessária a demonstração cabal de
admissibilidade recursal: tempestividade, regularidade formal e de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo”).
representação (fl. 65). Desse modo, não faz a recorrente jus à gratuidade da justiça.
Presentes, igualmente, os pressupostos intrínsecos de Diante do exposto, não tendo sido pagas as custas processuais e
admissibilidade recursal - legitimidade, interesse de agir e nem realizado o depósito recursal, mas estando a parte, até então,
cabimento. no aguardo de decisão judicial que os dispensasse, entendo ser
Primeiramente, cabe ressaltar que inexiste previsão legal para o possível oportunizar-se à recorrente, com fulcro nos artigos 99, §7º,
diferimento do preparo, negando-se tal pedido. e 932, parágrafo único, todos do CPC/2015, a realização, no prazo
Quanto aos benefícios da justiça gratuita, é indiscutível que o art. de cinco dias, do depósito recursal, observado o limite da
790 da CLT somente assegura gratuidade de justiça àqueles que condenação, e o pagamento das custas, sob pena de deserção.
comprovarem insuficiência de recursos, não bastando para esse fim FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
a mera alegação da reclamada de que não se encontra em FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR
condições de realizar o preparo, por se encontrar com valores Desembargador Federal do Trabalho
bloqueados. Nesse sentido, consolidada a jurisprudência do C. TST:
Processo Nº ROT-0001306-65.2021.5.07.0028
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO NÃO
Relator FRANCISCO TARCISIO GUEDES
ADMITIDO. DESERÇÃO. PESSOA JURÍDICA. CONCESSÃO DE LIMA VERDE JUNIOR
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
JUSTIÇA GRATUITA. Embora haja a possibilidade de se deferir à NORTE
pessoa jurídica o benefício da Justiça gratuita, faz-se necessária a RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI
devida comprovação de hipossuficiência. Ao contrário do que ocorre

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 29
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO


CARMO(OAB: 20944/CE) cabimento.
RECORRIDO ADRIANO FERREIRA FURTADO Primeiramente, cabe ressaltar que inexiste previsão legal para o
ADVOGADO TALES JESUM ARRAIS DE LAVOR
LUNA(OAB: 27464/CE) diferimento do preparo, negando-se tal pedido.
ADVOGADO GUSTAVO BARRETO MACHADO Quanto aos benefícios da justiça gratuita, é indiscutível que o art.
DIAS(OAB: 26494/CE)
ADVOGADO BENEVAL REMIGIO FEITOSA 790 da CLT somente assegura gratuidade de justiça àqueles que
FILHO(OAB: 24306/CE)
comprovarem insuficiência de recursos, não bastando para esse fim
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE a mera alegação da reclamada de que não se encontra em
RECORRIDO MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI condições de realizar o preparo, por se encontrar com valores
ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO bloqueados. Nesse sentido, consolidada a jurisprudência do C. TST:
CARMO(OAB: 20944/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO “AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO NÃO
TRABALHO
ADMITIDO. DESERÇÃO. PESSOA JURÍDICA. CONCESSÃO DE
Intimado(s)/Citado(s): JUSTIÇA GRATUITA. Embora haja a possibilidade de se deferir à
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI pessoa jurídica o benefício da Justiça gratuita, faz-se necessária a

devida comprovação de hipossuficiência. Ao contrário do que ocorre

com a pessoa física, não é suficiente a mera afirmação de que não

PODER JUDICIÁRIO está em condições de pagar as custas do processo, e o

JUSTIÇA DO impedimento de se arcar com essas despesas deve ser cabalmente

demonstrado.” (TST - AIRO: 10013443220145020000, Relator:

Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 14/12/2015, Seção


INTIMAÇÃO
Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 6ba80c0
18/12/2015)
proferido nos autos.
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO.
DESPACHO PJe-JT
DESERÇÃO. JUSTIÇA GRATUITA PARA PESSOA JURÍDICA. Na

linha dos precedentes desta Corte, a condição de empregador é


A parte reclamada MXM, SERVIÇOS E LOCAÇÕES LTDA. interpôs
óbice relativo para a concessão da gratuidade de justiça, impondo-
recurso ordinário (fls. 974/986), no qual requereu, preliminarmente,
se a prova de dificuldades financeiras. Agravo de instrumento
o diferimento do pagamento das custas e depósito recursal para o
conhecido e desprovido.” (AIRO 2100- 46.2011.5.17.0000, Relator
fim do processo, sob o fundamento de que “encontra-se com seus
Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, SBDI- II, Data de
valores de caixa bloqueados em razão de decisão proferida pelo
Julgamento: 28/05/2013, Data de Publicação: 31/05/2013)
juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do Cariri , nos autos da
A recorrente não apresentou qualquer prova, nos autos, de sua
ACC 0000889-18.2021.5.07.0027, de forma que lhe impossibilita,
impossibilidade de arcar com os ônus do processo. A reclamada
além das condições de administração própria da empresa, também
também não apresenta seus extratos bancários, declaração de
os demais atos processuais que demandem garantia ou pagamento,
imposto de renda ou quaisquer documentos fiscais que comprovem
como é o caso de custas e depósito recursal exigidos no caso em
sua real hipossuficiência financeira, a justificar o não pagamento
tela.”
das despesas processuais.
Requer, ainda, caso indeferido tal pedido, que “seja concedido à
Sem tal comprovação, não lhe pode ser concedida a justiça
recorrente o benefício da Justiça Gratuita vez que, conforme já
gratuita, já que, como exposto, é exigida da pessoa jurídica a
demonstrado nos autos, não possui condições de arcar com os
demonstração de sua insuficiência econômica, nos termos do art.
custos das despesas processuais (custas e depósito) sem prejuízo
99, §3º, do CPC (“Presume-se verdadeira a alegação de
de sua saúde financeira, já significativamente prejudicada.” (fls.
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”) e da
975/976)
Súmula 463, II, do TST (“No caso de pessoa jurídica, não basta a
Passa-se a analisar, nos termos do art. 99, §7º, e 932, do CPC.
mera declaração: é necessária a demonstração cabal de
Presentes os seguintes pressupostos extrínsecos de
impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo”).
admissibilidade recursal: tempestividade, regularidade formal e de
Desse modo, não faz a recorrente jus à gratuidade da justiça.
representação (fl. 65).
Diante do exposto, não tendo sido pagas as custas processuais e
Presentes, igualmente, os pressupostos intrínsecos de
nem realizado o depósito recursal, mas estando a parte, até então,
admissibilidade recursal - legitimidade, interesse de agir e

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 30
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

no aguardo de decisão judicial que os dispensasse, entendo ser terceiro, confirmando a competência delineada no parágrafo retro:

possível oportunizar-se à recorrente, com fulcro nos artigos 99, §7º, RECURSO ORDINÁRIO NA FASE DE EXECUÇÃO. PRINCÍPIO DA

e 932, parágrafo único, todos do CPC/2015, a realização, no prazo FUNGIBILIDADE RECURSAL. APLICABILIDADE. A fungibilidade

de cinco dias, do depósito recursal, observado o limite da recursal é relevante mecanismo, oriundo do revogado art. 810, do

condenação, e o pagamento das custas, sob pena de deserção. CPC de 1939, que previa que, "salvo hipótese de má-fé ou erro

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. grosseiro, a parte não será prejudicada pela interposição de um

FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR recurso por outro, devendo os autos ser enviados à câmara, ou

Desembargador Federal do Trabalho turma, a que competir o julgamento." A despeito de não ter sido

reproduzido pelos códigos que se seguiram - pelo menos não de


Processo Nº AP-0001190-45.2018.5.07.0002
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS forma tão expressa -, o princípio ficou e hoje é pacificamente
MAIA
admitido pela doutrina e pela jurisprudência, de modo a permitir que
AGRAVANTE REGIS PINHEIRO NOGUEIRA
ADVOGADO RONIZIA AUREA DE a prestação jurisdicional se torne efetiva, desapegada dos rigores
VASCONCELOS(OAB: 24162/CE)
da forma, que não deve ser usada para limitar, e/ou prejudicar, o
ADVOGADO MARCOS RIGONY MENEZES
COSTA(OAB: 12659/CE) pleno exercício do direito de ação. Por ele, portanto, admite-se a
AGRAVADO ASSOCIACAO DOS MERCEEIROS
DO ESTADO DO CEARA flexibilização da forma, em geral de dispositivos processuais,
ADVOGADO MICHEL RONNEY BARBOSA considerando-os apenas como meio de realização da atividade
LIMA(OAB: 38684/CE)
jurisdicional do Estado, a fim de que o direito material que se busca
Intimado(s)/Citado(s): seja entregue. Atualmente, ampara-se no art. 283, do CPC, aplicado
- ASSOCIACAO DOS MERCEEIROS DO ESTADO DO CEARA subsidiariamente ao processo do trabalho, onde se justifica, até, em

maior medida, pois é um processo que se caracteriza por uma aura

de informalidade, simplicidade e efetividade, sendo uníssono que as

PODER JUDICIÁRIO formas não são muito consideradas, pois irrelevantes, no processo

JUSTIÇA DO trabalhista. O mero erro na denominação do recurso - hipótese dos

autos - não impede o conhecimento do recurso. Recurso ordinário

que se conhece como agravo de petição, por força do princípio da


INTIMAÇÃO
fungibilidade. (TRT-7 - AP: 00003852720205070001 CE, Relator:
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID e65e8d3
FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR, Data de
proferida nos autos.
Julgamento: 18/11/2020, Seção Especializada II, Data de
DECISÃO
Publicação: 18/11/2020)
Da análise dos autos, verifica-se que parte exequente interpôs
Desse modo, determino que o presente feito seja redistribuído para
“recurso ordinário” (Id 5828bbc) contra decisão terminativa, em fase
a Seção Especializada II deste Regional, por sorteio.
de liquidação, exarada pelo juízo de origem (Id 0fd1315).
Caso seja necessário, altere-se o registro da classe processual
Por tal motivo, o processo foi distribuído para esta Turma julgadora.
recursal para “agravo de petição”, a fim de viabilizar, diante das
Ressalte-se que não cabe a este Relator analisar a
regras do sistema PJe, o cumprimento do parágrafo retro.
admissibilidade/fungibilidade recursal, haja vista que, em tese, o
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
recurso cabível seria agravo de petição, na esteira do disposto no
FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR
art. 897, “a”, da CLT.
Desembargador Federal do Trabalho
Nesse contexto, apesar de o Regimento do TRT 7 ter delimitado a

competência da Seção Especializada II para processar e julgar Processo Nº AP-0001190-45.2018.5.07.0002


Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
agravo de petição e agravo de instrumento em agravo de petição MAIA
(art. 14-I), deve-se entender que a competência da SE-II abrange, AGRAVANTE REGIS PINHEIRO NOGUEIRA
ADVOGADO RONIZIA AUREA DE
ressalvados os casos regimentais, todos os recursos manejados em VASCONCELOS(OAB: 24162/CE)
processos executivos ou que discutam atos de execução, ainda que ADVOGADO MARCOS RIGONY MENEZES
COSTA(OAB: 12659/CE)
a espécie recursal tenha sido eventualmente escolhida de forma AGRAVADO ASSOCIACAO DOS MERCEEIROS
DO ESTADO DO CEARA
equivocada.
ADVOGADO MICHEL RONNEY BARBOSA
Inclusive, a SE-II já teve a oportunidade de apreciar a LIMA(OAB: 38684/CE)

admissibilidade de “recurso ordinário” em caso de embargos de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 31
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Intimado(s)/Citado(s):
seja entregue. Atualmente, ampara-se no art. 283, do CPC, aplicado
- REGIS PINHEIRO NOGUEIRA
subsidiariamente ao processo do trabalho, onde se justifica, até, em

maior medida, pois é um processo que se caracteriza por uma aura

de informalidade, simplicidade e efetividade, sendo uníssono que as


PODER JUDICIÁRIO
formas não são muito consideradas, pois irrelevantes, no processo
JUSTIÇA DO
trabalhista. O mero erro na denominação do recurso - hipótese dos

autos - não impede o conhecimento do recurso. Recurso ordinário

INTIMAÇÃO que se conhece como agravo de petição, por força do princípio da

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID e65e8d3 fungibilidade. (TRT-7 - AP: 00003852720205070001 CE, Relator:

proferida nos autos. FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR, Data de

DECISÃO Julgamento: 18/11/2020, Seção Especializada II, Data de

Da análise dos autos, verifica-se que parte exequente interpôs Publicação: 18/11/2020)

“recurso ordinário” (Id 5828bbc) contra decisão terminativa, em fase Desse modo, determino que o presente feito seja redistribuído para

de liquidação, exarada pelo juízo de origem (Id 0fd1315). a Seção Especializada II deste Regional, por sorteio.

Por tal motivo, o processo foi distribuído para esta Turma julgadora. Caso seja necessário, altere-se o registro da classe processual

Ressalte-se que não cabe a este Relator analisar a recursal para “agravo de petição”, a fim de viabilizar, diante das

admissibilidade/fungibilidade recursal, haja vista que, em tese, o regras do sistema PJe, o cumprimento do parágrafo retro.

recurso cabível seria agravo de petição, na esteira do disposto no FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

art. 897, “a”, da CLT. FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR

Nesse contexto, apesar de o Regimento do TRT 7 ter delimitado a Desembargador Federal do Trabalho

competência da Seção Especializada II para processar e julgar

agravo de petição e agravo de instrumento em agravo de petição GABINETE DO DESEMBARGADOR JEFFERSON


(art. 14-I), deve-se entender que a competência da SE-II abrange, QUESADO JUNIOR
ressalvados os casos regimentais, todos os recursos manejados em Notificação

processos executivos ou que discutam atos de execução, ainda que


Processo Nº ROT-0000212-88.2021.5.07.0026
a espécie recursal tenha sido eventualmente escolhida de forma Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE AGUINALDO FRANCO ARAUJO
equivocada.
ADVOGADO MARIA CAROLINA OTONI
Inclusive, a SE-II já teve a oportunidade de apreciar a AMORIM(OAB: 43584/CE)
ADVOGADO FRANCISCA MARTA OTONI
admissibilidade de “recurso ordinário” em caso de embargos de MARINHEIRO RODRIGUES(OAB:
9254/CE)
terceiro, confirmando a competência delineada no parágrafo retro:
ADVOGADO IGOR OTONI AMORIM(OAB:
RECURSO ORDINÁRIO NA FASE DE EXECUÇÃO. PRINCÍPIO DA 35340/CE)
ADVOGADO MARIA ISADORA FELIX
FUNGIBILIDADE RECURSAL. APLICABILIDADE. A fungibilidade GOMES(OAB: 43669/CE)
recursal é relevante mecanismo, oriundo do revogado art. 810, do RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADO JOSE CLAUDIO CAVALCANTE
CPC de 1939, que previa que, "salvo hipótese de má-fé ou erro ARAUJO FILHO(OAB: 26684/CE)
grosseiro, a parte não será prejudicada pela interposição de um ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB:
23372-B/CE)
recurso por outro, devendo os autos ser enviados à câmara, ou ADVOGADO MARIO BARBOSA MACIEL(OAB:
25677/CE)
turma, a que competir o julgamento." A despeito de não ter sido
ADVOGADO ALINE SANTOS DA SILVA(OAB:
reproduzido pelos códigos que se seguiram - pelo menos não de 39921-B/CE)

forma tão expressa -, o princípio ficou e hoje é pacificamente


Intimado(s)/Citado(s):
admitido pela doutrina e pela jurisprudência, de modo a permitir que - BANCO DO BRASIL SA
a prestação jurisdicional se torne efetiva, desapegada dos rigores

da forma, que não deve ser usada para limitar, e/ou prejudicar, o

pleno exercício do direito de ação. Por ele, portanto, admite-se a


PODER JUDICIÁRIO
flexibilização da forma, em geral de dispositivos processuais,
JUSTIÇA DO
considerando-os apenas como meio de realização da atividade

jurisdicional do Estado, a fim de que o direito material que se busca

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 32
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

INTIMAÇÃO proferida nos autos.

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 706050f Considerando que o RE-960429 – Tema 992, do STF, já se

proferido nos autos. encontra concluso para um segundo julgamento dos embargos de

Vistos, etc. declaração, já tendo, inclusive, o relator proferido o seu voto pelo

Em observância ao princípio do contraditório, corolário do devido improvimento dos aclaratórios, e a fim de evitar mais demora na

processo legal, notifiquem-se as partes contrárias, ora embargados entrega da prestação jurisdicional, determino o fim do

(reclamante e reclamado), para, querendo, no prazo legal, oferecer sobrestamento do feito e a retomada da marcha processual.

resposta aos embargos de declaração opostos pelos litigantes Trata-se de recurso ordinário interposto por BANCO DO BRASIL

embargantes (ID. d6e41ef - Pág. 1-9 e ID. 703b1aa - Pág. 1-5). SA (ID. d94e4db - Pág. 1-28), não se conformando com a decisão

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. da Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte (ID. 4984829 - Pág. 1-

JEFFERSON QUESADO JUNIOR 20), que, após rejeitar as preliminares julgou procedentes em parte

Desembargador Federal do Trabalho os pedidos objeto da reclamação trabalhista, reconhecendo aos

reclamantes EMANUEL PIRES DA SILVA E OUTROS: “o direito à


Processo Nº ROT-0001462-10.2017.5.07.0023
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR nomeação e posse dos reclamantes, na condição de escriturário,
RECORRENTE BANCO DO BRASIL SA em qualquer agência do Ceará, na Macrorregião 01(Ceará),
ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB:
23372-B/CE) condenando o demandado a proceder à contratação dos
ADVOGADO MARIO BARBOSA MACIEL(OAB: reclamantes, mediante assinatura de contrato individual de trabalho,
25677/CE)
ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA após a apresentação dos documentos médicos exigidos, conforme
RAMOS JUNIOR(OAB: 46111-B/CE)
previsto no edital do concurso, necessários à comprovação dos
ADVOGADO ANDRESSA LICAR
FERNANDES(OAB: 9459/MA) requisitos para admissão no cargo, que devem ser exigidos no
ADVOGADO RICARDO FASSINA(OAB: 209984/SP)
prazo de 30 dias, ressalvado o direito de preferência entre si, dos
ADVOGADO GELTER THADEU MAIA
RODRIGUES(OAB: 15456/CE) beneficiários da presente demanda.”
RECORRIDO MARCOS SAMUEL DE OLIVEIRA
PINTO Pretende a recorrente/reclamada o não reconhecimento do direito à
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB: nomeação dos recorridos, em razão das imposições constitucionais
98425/MG)
RECORRIDO GYOVANY MONTYNY QUEIROZ insculpidas no art. 37, da CF/88.
RIBEIRO
Alega que o deferimento da tutela de urgência não encontra amparo
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB:
98425/MG) legal, em razão da ausência dos requisitos da verossimilhança das
RECORRIDO THIAGO LIMA DE CARVALHO
alegações e prova inequívoca dos fatos.
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB:
98425/MG) Instada a oferecer contrarrazões, a parte recorrida reclamante
RECORRIDO ROMARIO PINHEIRO NOBRE
FALCAO ofertou a resposta de ID. 70eba43 - Pág. 1-8, protocoladas no prazo
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB: legal (ID. 19282fd - Pág. 1).
98425/MG)
RECORRIDO EMANUEL PIRES DA SILVA Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB: para emissão de parecer.
98425/MG)
É o relatório.
Intimado(s)/Citado(s): O Recurso extraordinário 960429, Tema 992, discutiu, à luz do art.
- EMANUEL PIRES DA SILVA 114, inc. I, da Constituição da República, a competência para
- GYOVANY MONTYNY QUEIROZ RIBEIRO
processar e julgar controvérsias nas quais se pleiteiam questões
- MARCOS SAMUEL DE OLIVEIRA PINTO
- ROMARIO PINHEIRO NOBRE FALCAO afetas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e
- THIAGO LIMA DE CARVALHO eventual nulidade do certame, em face de pessoa jurídica de direito

privado.

Após julgamento do feito, bem como dos primeiros embargos de

PODER JUDICIÁRIO declaração manejados, restou fixada a seguinte tese:

JUSTIÇA DO “Compete à Justiça Comum processar e julgar controvérsias

relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de

pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração


INTIMAÇÃO
Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID adb87cf

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 33
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

celetista de contratação de pessoas, salvo quando a sentença de INTIMAÇÃO

mérito tiver sido proferida antes de 6 de junho de 2018, situação em Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID adb87cf

que, até o trânsito em julgado e a sua execução, a competência proferida nos autos.

continuará a ser da Justiça do Trabalho.” Considerando que o RE-960429 – Tema 992, do STF, já se

Forçoso concluir, nesta conformidade e diante do caráter vinculante encontra concluso para um segundo julgamento dos embargos de

da decisão retrocitada, que esta especializada não detém declaração, já tendo, inclusive, o relator proferido o seu voto pelo

competência para conhecer e julgar a matéria, haja vista que a improvimento dos aclaratórios, e a fim de evitar mais demora na

sentença do caso em exame foi prolatada em data de 12/11/2018. entrega da prestação jurisdicional, determino o fim do

Assim sendo, declaro a incompetência da justiça do trabalho para sobrestamento do feito e a retomada da marcha processual.

conhecer e julgar os pedidos aduzidos na presente reclamatória, Trata-se de recurso ordinário interposto por BANCO DO BRASIL

determinando a remessa dos autos à justiça comum estadual, a SA (ID. d94e4db - Pág. 1-28), não se conformando com a decisão

quem compete o processamento do feito. da Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte (ID. 4984829 - Pág. 1-

Notifiquem-se os litigantes. 20), que, após rejeitar as preliminares julgou procedentes em parte

Após, remetam-se os autos à Justiça Comum Estadual. os pedidos objeto da reclamação trabalhista, reconhecendo aos

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. reclamantes EMANUEL PIRES DA SILVA E OUTROS: “o direito à

JEFFERSON QUESADO JUNIOR nomeação e posse dos reclamantes, na condição de escriturário,

Desembargador Federal do Trabalho em qualquer agência do Ceará, na Macrorregião 01(Ceará),

condenando o demandado a proceder à contratação dos


Processo Nº ROT-0001462-10.2017.5.07.0023
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR reclamantes, mediante assinatura de contrato individual de trabalho,
RECORRENTE BANCO DO BRASIL SA após a apresentação dos documentos médicos exigidos, conforme
ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB:
23372-B/CE) previsto no edital do concurso, necessários à comprovação dos
ADVOGADO MARIO BARBOSA MACIEL(OAB: requisitos para admissão no cargo, que devem ser exigidos no
25677/CE)
ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA prazo de 30 dias, ressalvado o direito de preferência entre si, dos
RAMOS JUNIOR(OAB: 46111-B/CE)
beneficiários da presente demanda.”
ADVOGADO ANDRESSA LICAR
FERNANDES(OAB: 9459/MA) Pretende a recorrente/reclamada o não reconhecimento do direito à
ADVOGADO RICARDO FASSINA(OAB: 209984/SP)
nomeação dos recorridos, em razão das imposições constitucionais
ADVOGADO GELTER THADEU MAIA
RODRIGUES(OAB: 15456/CE) insculpidas no art. 37, da CF/88.
RECORRIDO MARCOS SAMUEL DE OLIVEIRA
PINTO Alega que o deferimento da tutela de urgência não encontra amparo
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB: legal, em razão da ausência dos requisitos da verossimilhança das
98425/MG)
RECORRIDO GYOVANY MONTYNY QUEIROZ alegações e prova inequívoca dos fatos.
RIBEIRO
Instada a oferecer contrarrazões, a parte recorrida reclamante
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB:
98425/MG) ofertou a resposta de ID. 70eba43 - Pág. 1-8, protocoladas no prazo
RECORRIDO THIAGO LIMA DE CARVALHO
legal (ID. 19282fd - Pág. 1).
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB:
98425/MG) Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
RECORRIDO ROMARIO PINHEIRO NOBRE
FALCAO para emissão de parecer.
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB: É o relatório.
98425/MG)
RECORRIDO EMANUEL PIRES DA SILVA O Recurso extraordinário 960429, Tema 992, discutiu, à luz do art.
ADVOGADO RENATO BRETAS RIBEIRO(OAB: 114, inc. I, da Constituição da República, a competência para
98425/MG)
processar e julgar controvérsias nas quais se pleiteiam questões
Intimado(s)/Citado(s): afetas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e
- BANCO DO BRASIL SA eventual nulidade do certame, em face de pessoa jurídica de direito

privado.

Após julgamento do feito, bem como dos primeiros embargos de

PODER JUDICIÁRIO declaração manejados, restou fixada a seguinte tese:

JUSTIÇA DO “Compete à Justiça Comum processar e julgar controvérsias

relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 34
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime FERNANDA MARIA UCHOA DE ALBUQUERQUE

celetista de contratação de pessoas, salvo quando a sentença de Desembargadora Federal do Trabalho

mérito tiver sido proferida antes de 6 de junho de 2018, situação em

que, até o trânsito em julgado e a sua execução, a competência GABINETE DO DESEMBARGADOR FRANCISCO
continuará a ser da Justiça do Trabalho.” JOSÉ GOMES DA SILVA
Forçoso concluir, nesta conformidade e diante do caráter vinculante Notificação
da decisão retrocitada, que esta especializada não detém
Processo Nº ROT-0000051-17.2021.5.07.0014
competência para conhecer e julgar a matéria, haja vista que a Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
sentença do caso em exame foi prolatada em data de 12/11/2018.
RECORRENTE ALEXANDRE LIMA DA SILVA
Assim sendo, declaro a incompetência da justiça do trabalho para ADVOGADO RAIMUNDO IDELFONSO DE
LIMA(OAB: 20526/CE)
conhecer e julgar os pedidos aduzidos na presente reclamatória,
ADVOGADO PAULO ROBERTO LUZ DE
determinando a remessa dos autos à justiça comum estadual, a OLIVEIRA(OAB: 40819/CE)
RECORRIDO EMPRESA DE TRANSPORTE SANTA
quem compete o processamento do feito. MARIA LTDA
Notifiquem-se os litigantes. ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE)
Após, remetam-se os autos à Justiça Comum Estadual.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Intimado(s)/Citado(s):


- EMPRESA DE TRANSPORTE SANTA MARIA LTDA
JEFFERSON QUESADO JUNIOR

Desembargador Federal do Trabalho

GABINETE DA DESEMBARGADORA FERNANDA PODER JUDICIÁRIO


MARIA UCHÔA DE ALBUQUERQUE JUSTIÇA DO
Notificação

Processo Nº ROT-0000509-83.2021.5.07.0030 INTIMAÇÃO


Relator FERNANDA MARIA UCHOA DE
ALBUQUERQUE Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 3ad6045
RECORRENTE CLEO BARBOSA DO NASCIMENTO proferido nos autos.
ADVOGADO LUANDA TEIXEIRA BASTOS(OAB:
33284/CE) DESPACHO
RECORRIDO EMPRESA BRASILEIRA DE Face ao efeito modificativo pleiteado nos Embargos de Declaração
CORREIOS E TELEGRAFOS
apresentados pela reclamada (vide ID 7f184ea), notifique-se a parte
Intimado(s)/Citado(s): contrária para, querendo, apresentar manifestação no prazo de
- CLEO BARBOSA DO NASCIMENTO
cinco dias, a teor do art. 1.023, § 2º, do CPC/2015.

FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

PODER JUDICIÁRIO Desembargador Federal do Trabalho

JUSTIÇA DO
Processo Nº ROT-0000087-83.2021.5.07.0006
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
INTIMAÇÃO RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 26546bb PESSOA(OAB: 19503/BA)
proferida nos autos. RECORRENTE MARINA PAIVA DE AZEVEDO
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB:
Compulsando os autos, verifica-se que ocorreu equívoco na 19605/CE)
remessa do presente feito a este Tribunal, considerando que não há RECORRIDO MARINA PAIVA DE AZEVEDO
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB:
recurso a ser apreciado por esta instância. 19605/CE)
Assim sendo, após baixa na distribuição, devolva-se o processo à RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES
Vara de origem. PESSOA(OAB: 19503/BA)
À Secretaria da 3ª Turma para providenciar.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 35
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Intimado(s)/Citado(s):
face do acórdão de ID. 2cc93fe, em que a embargante alega
- BANCO BRADESCO S.A.
- MARINA PAIVA DE AZEVEDO omissão na decisão regional.

Face o efeito modificativo pleiteado nos Embargos de Declaração,

notifique-se a parte embargada para, querendo, apresentar

manifestação no prazo de cinco dias, a teor do art. 1.023, § 2.º, do


PODER JUDICIÁRIO
CPC/2015.
JUSTIÇA DO
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA


INTIMAÇÃO Desembargador Federal do Trabalho
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ef2f648
Processo Nº ROT-0000329-54.2021.5.07.0002
proferido nos autos. Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
DESPACHO
RECORRENTE JORGE ANDRE SALES PAULA
Trata-se de Embargos Declaratórios, ID. 9a75e31, interposto em ADVOGADO ANA VIRGINIA PORTO DE
FREITAS(OAB: 9708/CE)
face do acórdão de ID. 2cc93fe, em que a embargante alega
ADVOGADO ANTONIO SALOMON BRITO
omissão na decisão regional. LEITAO(OAB: 41085/CE)
RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
Face o efeito modificativo pleiteado nos Embargos de Declaração,
ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA
notifique-se a parte embargada para, querendo, apresentar RAMOS JUNIOR(OAB: 46111-B/CE)

manifestação no prazo de cinco dias, a teor do art. 1.023, § 2.º, do


Intimado(s)/Citado(s):
CPC/2015.
- BANCO DO BRASIL SA
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

Desembargador Federal do Trabalho


PODER JUDICIÁRIO
Processo Nº ROT-0000087-83.2021.5.07.0006 JUSTIÇA DO
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES INTIMAÇÃO
PESSOA(OAB: 19503/BA)
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ca83bd8
RECORRENTE MARINA PAIVA DE AZEVEDO
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB: proferido nos autos.
19605/CE)
DESPACHO
RECORRIDO MARINA PAIVA DE AZEVEDO
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB: Face o efeito modificativo pleiteado nos Embargos de Declaração,
19605/CE)
notifique-se a parte embargada para, querendo, apresentar
RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES manifestação no prazo de cinco dias, a teor do art. 1.023, § 2.º, do
PESSOA(OAB: 19503/BA)
CPC/2015.

Intimado(s)/Citado(s): FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.


- BANCO BRADESCO S.A. FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
- MARINA PAIVA DE AZEVEDO
Desembargador Federal do Trabalho

Processo Nº ROT-0000329-54.2021.5.07.0002
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
PODER JUDICIÁRIO
RECORRENTE JORGE ANDRE SALES PAULA
JUSTIÇA DO ADVOGADO ANA VIRGINIA PORTO DE
FREITAS(OAB: 9708/CE)
ADVOGADO ANTONIO SALOMON BRITO
LEITAO(OAB: 41085/CE)
INTIMAÇÃO RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ef2f648 ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA
RAMOS JUNIOR(OAB: 46111-B/CE)
proferido nos autos.

DESPACHO Intimado(s)/Citado(s):

Trata-se de Embargos Declaratórios, ID. 9a75e31, interposto em - JORGE ANDRE SALES PAULA

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 36
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Desembargador Federal do Trabalho

Processo Nº ROT-0000380-55.2019.5.07.0028
PODER JUDICIÁRIO Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
JUSTIÇA DO RECORRENTE INGRIDI DOURADO PINHEIRO
ADVOGADO SERGIO QUEZADO GURGEL E
SILVA(OAB: 28561/CE)
ADVOGADO MARCELA LEOPOLDINA QUEZADO
INTIMAÇÃO GURGEL E SILVA(OAB: 18971/CE)
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ca83bd8 RECORRIDO INSTITUTO DE SAUDE E GESTAO
HOSPITALAR
proferido nos autos. ADVOGADO MARIA IMACULADA GORDIANO
OLIVEIRA BARBOSA(OAB: 8667/CE)
DESPACHO
ADVOGADO ANA KATHARINE VASCONCELOS
Face o efeito modificativo pleiteado nos Embargos de Declaração, DE SOUSA(OAB: 29702/CE)
ADVOGADO EMANUELLY ARAUJO VIEIRA(OAB:
notifique-se a parte embargada para, querendo, apresentar 36216/CE)
manifestação no prazo de cinco dias, a teor do art. 1.023, § 2.º, do
Intimado(s)/Citado(s):
CPC/2015.
- INSTITUTO DE SAUDE E GESTAO HOSPITALAR
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

Desembargador Federal do Trabalho


PODER JUDICIÁRIO
Processo Nº ROT-0000380-55.2019.5.07.0028
JUSTIÇA DO
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
RECORRENTE INGRIDI DOURADO PINHEIRO
ADVOGADO SERGIO QUEZADO GURGEL E INTIMAÇÃO
SILVA(OAB: 28561/CE)
ADVOGADO MARCELA LEOPOLDINA QUEZADO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ecab9dc
GURGEL E SILVA(OAB: 18971/CE)
proferido nos autos.
RECORRIDO INSTITUTO DE SAUDE E GESTAO
HOSPITALAR DESPACHO
ADVOGADO MARIA IMACULADA GORDIANO
OLIVEIRA BARBOSA(OAB: 8667/CE) Considerando que a matéria articulada nos embargos pode alterar o
ADVOGADO ANA KATHARINE VASCONCELOS julgado embargado e mudar a parte dispositiva do acórdão,
DE SOUSA(OAB: 29702/CE)
ADVOGADO EMANUELLY ARAUJO VIEIRA(OAB: notifique a parte embargada para, querendo, no prazo de 05 dias,
36216/CE)
se manifestar ou requerer o que entender de direito.

Intimado(s)/Citado(s): FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.


- INGRIDI DOURADO PINHEIRO FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

Desembargador Federal do Trabalho

Processo Nº ETCiv-0080474-11.2018.5.07.0000
PODER JUDICIÁRIO Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
JUSTIÇA DO EMBARGANTE V.J.D.C.
ADVOGADO FRANCISCO RERISSON OLIVEIRA
DE SOUSA(OAB: 9595/CE)
EMBARGADO L.A.P.N.
INTIMAÇÃO
ADVOGADO ISAAC ALCANTARA ALVES(OAB:
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ecab9dc 7961/RN)
EMBARGADO M.P.D.T.
proferido nos autos.
EMBARGADO J.A.A.
DESPACHO ADVOGADO ISAAC ALCANTARA ALVES(OAB:
7961/RN)
Considerando que a matéria articulada nos embargos pode alterar o

julgado embargado e mudar a parte dispositiva do acórdão, Intimado(s)/Citado(s):


notifique a parte embargada para, querendo, no prazo de 05 dias, - J.A.A.
se manifestar ou requerer o que entender de direito. - L.A.P.N.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.


Tomar ciência do(a) Intimação de ID ef03728.
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 37
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Processo Nº ETCiv-0080474-11.2018.5.07.0000
Regularmente intimada, a autora deixou fluir in albis o referido
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA prazo.
EMBARGANTE V.J.D.C.
Desta feita, indefiro a petição inicial com base no § 3° do art. 968 do
ADVOGADO FRANCISCO RERISSON OLIVEIRA
DE SOUSA(OAB: 9595/CE) Código de Processo Civil - CPC, de aplicação supletiva e
EMBARGADO L.A.P.N.
subsidiária ao Processo do Trabalho, e julgo extinta a ação sem
ADVOGADO ISAAC ALCANTARA ALVES(OAB:
7961/RN) resolução de mérito, nos termos dos incisos I e IV do art. 485 do
EMBARGADO M.P.D.T.
CPC.
EMBARGADO J.A.A.
ADVOGADO ISAAC ALCANTARA ALVES(OAB: Ciência à parte autora desta decisão.
7961/RN)
Custas processuais no importe de R$ 3.824,74 (três mil, oitocentos
Intimado(s)/Citado(s): e vinte e quatro reais e setenta e quatro centavos) pela autora,
- V.J.D.C. calculadas sobre R$ 191.237,02, valor atribuído à causa, devendo a

parte comprovar nos autos a respectiva quitação, no prazo de 5


Tomar ciência do(a) Intimação de ID ef03728.
(cinco) dias do trânsito em julgado da presente decisão,sob pena de

execução.
GABINETE DO DESEMBARGADOR PAULO RÉGIS FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
MACHADO BOTELHO
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
Notificação
Desembargador Federal do Trabalho

Processo Nº AR-0005013-91.2022.5.07.0000
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO Processo Nº MSCiv-0004832-90.2022.5.07.0000
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AUTOR EMPREITEIRA DE OBRAS DECON
LTDA IMPETRANTE ZUILA MARIA ALENCAR BARREIRA
BRAGA
ADVOGADO IANARA FONSECA COUTINHO(OAB:
291865/SP) ADVOGADO JAMILSON DE MORAIS VERAS(OAB:
16926-A/CE)
RÉU JOSE RONEY DE SOUSA
IMPETRADO Juízo da 6ª Vara do Trabalho de
Fortaleza
Intimado(s)/Citado(s): CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
- EMPREITEIRA DE OBRAS DECON LTDA TRABALHO
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGFN)
INTERESSADO

Intimado(s)/Citado(s):
PODER JUDICIÁRIO - ZUILA MARIA ALENCAR BARREIRA BRAGA
JUSTIÇA DO

INTIMAÇÃO PODER JUDICIÁRIO

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID c9e206e JUSTIÇA DO

proferida nos autos.

Vistos etc.
INTIMAÇÃO
Trata-se de Ação Rescisória ajuizada pela EMPREITEIRA DE
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 1c81109
OBRAS DECON LTDA, a teor da qual visa desconstituir a Sentença
proferido nos autos.
de mérito proferida pela MM. Juíza Daniela Pinheiro Gomes
DESPACHO PJe-JT
Pessoa, Titular da Vara do Trabalho de Crateús (ID. 8ee724c), nos
Proceda-se ao registro das custas devidas e não pagas em campo
autos do processo nº 0000536-18.2025.07.0025, ajuizado por JOSÉ
próprio e após, nada mais havendo a providenciar, arquivem-se os
RONEY DE SOUSA, ora réu.
autos.
Inicialmente, a empresa autora requereu a concessão dos
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
benefícios da Justiça Gratuita, visando a dispensa do depósito
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
prévio de que trata o art. 836 da CLT, tendo sido o pleito indeferido
Desembargador Federal do Trabalho
por este Relator, nos termos da decisão de ID. 5fa4ff2, e, no mesmo

passo, concedido o prazo de cinco dias para a realização do retro Processo Nº MSCiv-0004332-24.2022.5.07.0000
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
mencionado depósito, sob pena de indeferimento da petição inicial.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 38
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

IMPETRANTE FLAVIO FILOMENO FERREIRA


GOMES NETO Intime-se a parte autora para efetuar, no prazo de 05 dias, o
ADVOGADO LEONARDO ARAÚJO LOPES recolhimentos das custas processuais objeto de condenação por
VIEIRA(OAB: 26363/CE)
IMPETRADO Juízo da Única Vara do Trabalho de força da decisão Id. 4063773, sob pena de inscrição em registro
Eusébio
próprio.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGFN)
INTERESSADO PAULO REGIS MACHADO BOTELHO

Desembargador Federal do Trabalho


Intimado(s)/Citado(s):
- FLAVIO FILOMENO FERREIRA GOMES NETO Processo Nº MSCiv-0005380-18.2022.5.07.0000
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
IMPETRANTE H.L.N.
ADVOGADO AIRTON SIMOES DE ARAUJO(OAB:
11186/PE)
PODER JUDICIÁRIO
IMPETRADO J.d.2.V.d.T.d.R.d.C.
JUSTIÇA DO CUSTOS LEGIS M.P.D.T.

Intimado(s)/Citado(s):

INTIMAÇÃO - H.L.N.

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 7c4a7d6


Tomar ciência do(a) Intimação de ID bbfdd2d.
proferido nos autos.

DESPACHO PJe-JT Processo Nº AACC-0001220-98.2019.5.07.0017


Proceda-se ao registro das custas devidas e não pagas em campo Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AUTOR INSTITUTO DE ESTUDOS
próprio e após, nada mais havendo a providenciar, arquivem-se os PESQUISAS E PROJETOS DA UECE
IEPRO
autos.
ADVOGADO AKEMI TOMAZ HOLANDA(OAB:
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. 10013/CE)
ADVOGADO AMANDA NUNES BEZERRA(OAB:
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO 31197/CE)
Desembargador Federal do Trabalho RÉU SIND EMPREG ENTD CULT RECA
SOCIAL O FORM PROF EST DO CE
ADVOGADO DIANA DE LIMA MACHADO(OAB:
Processo Nº MSCol-0005314-38.2022.5.07.0000 15732/CE)
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO RÉU FEDERACAO NACIONAL DE
IMPETRANTE SINDICATO DOS EMPREGADOS NO CULTURA FENAC
COMERCIO VAREJISTA DE ADVOGADO CARLOS SCHUBERT DE
GENEROS ALIMENTICIOS DE OLIVEIRA(OAB: 70208/RJ)
FORTALEZA
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
ADVOGADO ROBERTO AUGUSTO FREITAS TRABALHO
ALENCAR FILHO(OAB: 34655/CE)
IMPETRADO Juízo da 12ª Vara do Trabalho de
Fortaleza Intimado(s)/Citado(s):
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO - FEDERACAO NACIONAL DE CULTURA FENAC
TRABALHO - SIND EMPREG ENTD CULT RECA SOCIAL O FORM PROF
EST DO CE
Intimado(s)/Citado(s):
- SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO VAREJISTA
DE GENEROS ALIMENTICIOS DE FORTALEZA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
INTIMAÇÃO

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID fa87cf0

INTIMAÇÃO proferido nos autos.

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID aabb557 DESPACHO

proferido nos autos. Em cumprimento ao disposto no Acórdão de Id. 139676d,

DESPACHO PJe-JT encaminhem-se os autos à 17ª Vara do Trabalho de Fortaleza, a

quem compete processar e julgar o feito, bem como apreciar a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 39
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO LEUNY PAULA CARNEIRO


petição de Id. efc8aae . REMIGIO(OAB: 10610/CE)
ADVOGADO VIRGILIO PAULINO SOARES(OAB:
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022. 6258/CE)
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO TERCEIRO Cartório de Registro de Imóveis da 1ª
INTERESSADO Zona de Maracanaú-CE,
Desembargador Federal do Trabalho
Intimado(s)/Citado(s):
Processo Nº AACC-0001220-98.2019.5.07.0017 - CONDOMINIO DO CONJUNTO RESIDENCIAL MONTERREY
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AUTOR INSTITUTO DE ESTUDOS
PESQUISAS E PROJETOS DA UECE
IEPRO
ADVOGADO AKEMI TOMAZ HOLANDA(OAB:
10013/CE) PODER JUDICIÁRIO
ADVOGADO AMANDA NUNES BEZERRA(OAB: JUSTIÇA DO
31197/CE)
RÉU SIND EMPREG ENTD CULT RECA
SOCIAL O FORM PROF EST DO CE
ADVOGADO DIANA DE LIMA MACHADO(OAB: INTIMAÇÃO
15732/CE)
RÉU FEDERACAO NACIONAL DE Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 5c0178d
CULTURA FENAC
proferida nos autos.
ADVOGADO CARLOS SCHUBERT DE
OLIVEIRA(OAB: 70208/RJ) CERTIDÃO/CONCLUSÃO
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Certifico, para os devidos fins, que foi juntado aos autos, Id nº

5d0673a, pedido de homologação de acordo.


Intimado(s)/Citado(s):
Nesta data, 26 de julho de 2022 , eu, YABETAMA FAHEINA
- INSTITUTO DE ESTUDOS PESQUISAS E PROJETOS DA
UECE IEPRO CHAVES LOPES, faço conclusos os presentes autos ao(à)

Exmo(a). Sr.(ª) Juiz(íza) do Trabalho desta Divisão.

DECISÃO

PODER JUDICIÁRIO Vistos etc.

JUSTIÇA DO Reclamante e reclamada requereram, conjuntamente, a

homologação do acordo, cujo termo foi juntado aos autos,

documento de Id nº 5d0673a.
INTIMAÇÃO
Tendo em vista que os dissídios submetidos à apreciação da
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID fa87cf0
Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação e que é
proferido nos autos.
lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo,
DESPACHO
HOMOLOGO, POR DECISÃO, o acordo no qual a parte executada
Em cumprimento ao disposto no Acórdão de Id. 139676d,
pagará à parte autora, em troca da quitação do objeto da
encaminhem-se os autos à 17ª Vara do Trabalho de Fortaleza, a
execução, a quantia líquida de R$ 27.000,00, em uma única
quem compete processar e julgar o feito, bem como apreciar a
parcela, cujo demonstrativo de depósito já se encontra nos autos,
petição de Id. efc8aae .
conforme Id nº 5118b8e. O depósito foi efetuado na conta do
FORTALEZA/CE, 26 de julho de 2022.
patrono do reclamante Leonardo Aragão Bernardo, para que surta
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
seus jurídicos e legais efeitos.
Desembargador Federal do Trabalho
PRESUNÇÃO - Presume-se o regular pagamento de cada parcela

caso o Reclamante não peticione informando o eventual


DIVISÃO DE EXECUÇÕES UNIFICADAS, LEILÕES inadimplemento no prazo de 10 dias do respectivo vencimento.
E ALIENAÇÕES JUDICIAIS MULTA - Não se verificando o pagamento no prazo ajustado, ficará
Notificação
o(a)reclamado(a) compelido(a) a pagar também multa de 100%

Processo Nº ATSum-0001913-56.2017.5.07.0016 sobre o valor de cada parcela não adimplida ou paga em atraso
RECLAMANTE EDSON DE LIMA RODRIGUES deste acordo. Em caso de parcelamento, a execução pelo não
ADVOGADO IAGE FIGUEIREDO DE CASTRO
TEIXEIRA(OAB: 31545/CE) pagamento de uma parcela implica o vencimento antecipado das
ADVOGADO LEONARDO ARAGAO demais, conforme art. 891 da CLT.
BERNARDO(OAB: 26983/CE)
RECLAMADO CONDOMINIO DO CONJUNTO CUSTAS: dispensadas, consignando-se desde já a gratuidade
RESIDENCIAL MONTERREY
judiciária deferida ao condomínio executado face a sua atual

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 40
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

situação de penúria financeira. Reclamante e reclamada requereram, conjuntamente, a

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA: A parte ré comprovará nos homologação do acordo, cujo termo foi juntado aos autos,

autos, no prazo de 30 dias após a notificação da presente documento de Id nº 5d0673a.

homologação, o recolhimento das contribuições previdenciárias Tendo em vista que os dissídios submetidos à apreciação da

incidentes, as quais deverão observar a discriminação das parcelas Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação e que é

que fundamentaram os cálculos homologados nos autos e a lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo,

proporcionalidade do valor acordado, sob pena de execução. HOMOLOGO, POR DECISÃO, o acordo no qual a parte executada

Notifiquem-se e, após, aguarde-se o cumprimento integral do pagará à parte autora, em troca da quitação do objeto da

acordo. execução, a quantia líquida de R$ 27.000,00, em uma única

Quitado integralmente o acordo, retire-se a restrição incidente nos parcela, cujo demonstrativo de depósito já se encontra nos autos,

autos de SISBAJUD, bem como fica desconstituída a penhora conforme Id nº 5118b8e. O depósito foi efetuado na conta do

realizada de Id nº 51a6cbb. patrono do reclamante Leonardo Aragão Bernardo, para que surta

Cumpridas as determinações acima, remetam-se os autos ao Juízo seus jurídicos e legais efeitos.

de origem. PRESUNÇÃO - Presume-se o regular pagamento de cada parcela

Fortaleza/CE, 27 de julho de 2022. caso o Reclamante não peticione informando o eventual

MAURO ELVAS FALCAO CARNEIRO inadimplemento no prazo de 10 dias do respectivo vencimento.

Juiz do Trabalho Titular MULTA - Não se verificando o pagamento no prazo ajustado, ficará

o(a)reclamado(a) compelido(a) a pagar também multa de 100%


Processo Nº ATSum-0001913-56.2017.5.07.0016
RECLAMANTE EDSON DE LIMA RODRIGUES sobre o valor de cada parcela não adimplida ou paga em atraso
ADVOGADO IAGE FIGUEIREDO DE CASTRO deste acordo. Em caso de parcelamento, a execução pelo não
TEIXEIRA(OAB: 31545/CE)
ADVOGADO LEONARDO ARAGAO pagamento de uma parcela implica o vencimento antecipado das
BERNARDO(OAB: 26983/CE)
demais, conforme art. 891 da CLT.
RECLAMADO CONDOMINIO DO CONJUNTO
RESIDENCIAL MONTERREY CUSTAS: dispensadas, consignando-se desde já a gratuidade
ADVOGADO LEUNY PAULA CARNEIRO
REMIGIO(OAB: 10610/CE) judiciária deferida ao condomínio executado face a sua atual
ADVOGADO VIRGILIO PAULINO SOARES(OAB: situação de penúria financeira.
6258/CE)
TERCEIRO Cartório de Registro de Imóveis da 1ª CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA: A parte ré comprovará nos
INTERESSADO Zona de Maracanaú-CE,
autos, no prazo de 30 dias após a notificação da presente

Intimado(s)/Citado(s): homologação, o recolhimento das contribuições previdenciárias

- EDSON DE LIMA RODRIGUES incidentes, as quais deverão observar a discriminação das parcelas

que fundamentaram os cálculos homologados nos autos e a

proporcionalidade do valor acordado, sob pena de execução.

Notifiquem-se e, após, aguarde-se o cumprimento integral do


PODER JUDICIÁRIO
acordo.
JUSTIÇA DO
Quitado integralmente o acordo, retire-se a restrição incidente nos

autos de SISBAJUD, bem como fica desconstituída a penhora


INTIMAÇÃO realizada de Id nº 51a6cbb.
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 5c0178d Cumpridas as determinações acima, remetam-se os autos ao Juízo
proferida nos autos. de origem.
CERTIDÃO/CONCLUSÃO Fortaleza/CE, 27 de julho de 2022.
Certifico, para os devidos fins, que foi juntado aos autos, Id nº MAURO ELVAS FALCAO CARNEIRO
5d0673a, pedido de homologação de acordo. Juiz do Trabalho Titular
Nesta data, 26 de julho de 2022 , eu, YABETAMA FAHEINA
Processo Nº ATOrd-0001594-53.2016.5.07.0039
CHAVES LOPES, faço conclusos os presentes autos ao(à)
RECLAMANTE MANOEL PACHECO DE SOUSA
Exmo(a). Sr.(ª) Juiz(íza) do Trabalho desta Divisão. ADVOGADO Alexandre Gaspar Albano Amora(OAB:
14891/CE)
DECISÃO
RECLAMADO HELIO CHAVES BASTOS FILHO
Vistos etc. RECLAMADO helio chaves bastos filho

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 41
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO Aline Rocha Sá(OAB: 19650/CE) RECLAMANTE PAULO SERGIO ANDRADE SILVA
TESTEMUNHA MARIA DAS DORES MENDES DOS ADVOGADO Filipe Siqueira Guerra(OAB: 25477-
SANTOS A/CE)
TESTEMUNHA JOSE NILTON PEREIRA SOUSA RECLAMADO MELISSA ONORIANA ANA
JOAQUINA AMARAL MACHADO
Intimado(s)/Citado(s): RECLAMADO M O ANA JOAQUINA AMARAL
MACHADO
- helio chaves bastos filho
Intimado(s)/Citado(s):
- PAULO SERGIO ANDRADE SILVA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
Fica o(a) PARTE RECLAMADO: Helio Chaves Bastos Filho , por

seu advogado, notificada acerca do DEFERIMENTO da venda dos


INTIMAÇÃO
bens por meio de ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR no
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID a1c2af6
DIA 22/07/2022 dos bem(ns): o(s) constante(s) no Auto de Penhora
proferido nos autos.
e pelo valor mínimo estipulado no despacho constante nos autos.
CERTIDÃO/CONCLUSÃO
Fortaleza/CE, 27 de julho de 2022.

Nesta data, 27 de julho de 2022, eu, ANTONIO SINESYO PEREIRA


SERGIO ADRIANO BANHOS DE MENEZES
CANDIDO, faço conclusos os presentes autos ao(à) Exmo(a). Sr.(ª)
Assessor
Juiz(íza) do Trabalho desta Vara.
Processo Nº ATOrd-0001594-53.2016.5.07.0039 DESPACHO
RECLAMANTE MANOEL PACHECO DE SOUSA
ADVOGADO Alexandre Gaspar Albano Amora(OAB: Vistos etc.
14891/CE)
Considerando que o presente feito é recém chegado a esta Divisão
RECLAMADO HELIO CHAVES BASTOS FILHO
RECLAMADO helio chaves bastos filho e portanto ainda não incluso em venda judicial e diante do
ADVOGADO Aline Rocha Sá(OAB: 19650/CE) requerimento de adjudicação formulado pelo exequente, determino
TESTEMUNHA MARIA DAS DORES MENDES DOS
SANTOS a devolução dos autos ao Juízo da execução, nos termos do § 3º do
TESTEMUNHA JOSE NILTON PEREIRA SOUSA art. 196 e inciso II do art. 192, tudo da Consolidação dos

Provimentos deste Regional, para as providências que entender


Intimado(s)/Citado(s):
necessárias. Fica esta Divisão no aguardo de eventual retorno dos
- MANOEL PACHECO DE SOUSA
autos.

*A autenticidade do presente expediente pode ser confirmada

através de consulta ao site https://pje.trt7.jus.br/pjekz/validacao,


PODER JUDICIÁRIO
digitando o númerodo documento que se encontra ao seu final.
JUSTIÇA DO
Fortaleza/CE, 27 de julho de 2022.

MAURO ELVAS FALCAO CARNEIRO

Fica o(a) PARTE RECLAMANTE: Manoel Pacheco de Sousa, por Juiz do Trabalho Titular

seu advogado, notificada acerca do DEFERIMENTO da venda dos


Processo Nº ATSum-0000753-69.2012.5.07.0016
bens por meio de ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR no RECLAMANTE MARCIO BARBOZA DOS SANTOS
DIA 22/07/2022 dos bem(ns): o(s) constante(s) no Auto de Penhora ADVOGADO Jorge Luiz Simões de Alcântara(OAB:
5648/CE)
e pelo valor mínimo estipulado no despacho constante nos autos. RECLAMADO R S MOVEIS PROJETADOS LTDA -
ME
Fortaleza/CE, 27 de julho de 2022.
ADVOGADO ROSEANE MACIEL BARBOSA
JUSTI(OAB: 12147/CE)
RECLAMADO MANUTTO INDUSTRIA E COMERCIO
SERGIO ADRIANO BANHOS DE MENEZES DE MOVEIS LTDA - ME
Assessor ADVOGADO THIAGO GOMES MENEZES(OAB:
21969/CE)
ADVOGADO ANA GABRIELLA GOMES
Processo Nº ATSum-0000145-82.2019.5.07.0030 MENEZES(OAB: 25966/CE)

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 42
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECLAMADO JOSE RENATO ALVES MACHADO ADVOGADO THIAGO GOMES MENEZES(OAB:


21969/CE)
ADVOGADO THIAGO GOMES MENEZES(OAB:
21969/CE) ADVOGADO ANA GABRIELLA GOMES
MENEZES(OAB: 25966/CE)
ADVOGADO ANA GABRIELLA GOMES
MENEZES(OAB: 25966/CE) RECLAMADO JOSE RENATO ALVES MACHADO
RECLAMADO RICARDO JOSE DE OLIVEIRA ADVOGADO THIAGO GOMES MENEZES(OAB:
SALES 21969/CE)
RECLAMADO SILVIO DE OLIVEIRA PESSOA ADVOGADO ANA GABRIELLA GOMES
MENEZES(OAB: 25966/CE)
TERCEIRO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL
INTERESSADO SA RECLAMADO RICARDO JOSE DE OLIVEIRA
SALES
ADVOGADO ISAEL BERNARDO DE
OLIVEIRA(OAB: 6814/CE) RECLAMADO SILVIO DE OLIVEIRA PESSOA
TERCEIRO BANCO DO BRASIL SA TERCEIRO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL
INTERESSADO INTERESSADO SA
ADVOGADO SEVERINO BARRETO FILHO(OAB: ADVOGADO ISAEL BERNARDO DE
24304-A/CE) OLIVEIRA(OAB: 6814/CE)
TERCEIRO BANCO DO BRASIL SA
Intimado(s)/Citado(s): INTERESSADO
ADVOGADO SEVERINO BARRETO FILHO(OAB:
- JOSE RENATO ALVES MACHADO 24304-A/CE)
- MANUTTO INDUSTRIA E COMERCIO DE MOVEIS LTDA - ME
- R S MOVEIS PROJETADOS LTDA - ME Intimado(s)/Citado(s):
- MARCIO BARBOZA DOS SANTOS

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

INTIMAÇÃO

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 936b61d INTIMAÇÃO

proferido nos autos. Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 936b61d

CERTIDÃO proferido nos autos.

Certifico para os devidos fins, que o Sr. Pedro , diretor da Deulaj, CERTIDÃO

por varias vezes tentou entrar em contato com o reclamado através Certifico para os devidos fins, que o Sr. Pedro , diretor da Deulaj,

do fone:85-999094096, para tratar sobre os processos em trâmite por varias vezes tentou entrar em contato com o reclamado através

no regional e possível realização de pautas conciliatórias. do fone:85-999094096, para tratar sobre os processos em trâmite

Entretanto, todas as tentativas foram infrutíferas. no regional e possível realização de pautas conciliatórias.

Entretanto, todas as tentativas foram infrutíferas.

DESPACHO

Considerando a certidão acima , oficie-se as operadoras de DESPACHO

telefonia , atraves de mandado para informar sobre a existencia de Considerando a certidão acima , oficie-se as operadoras de

telefone em nome do Sr. Ricardo Jose de Oliveira Sales - CPF: telefonia , atraves de mandado para informar sobre a existencia de

245.712.703-30 , telefone em nome do Sr. Ricardo Jose de Oliveira Sales - CPF:

245.712.703-30 ,

Fortaleza/CE, 27 de julho de 2022.

MAURO ELVAS FALCAO CARNEIRO Fortaleza/CE, 27 de julho de 2022.

Juiz do Trabalho Titular MAURO ELVAS FALCAO CARNEIRO

Juiz do Trabalho Titular


Processo Nº ATSum-0000753-69.2012.5.07.0016
RECLAMANTE MARCIO BARBOZA DOS SANTOS
ADVOGADO Jorge Luiz Simões de Alcântara(OAB: SECRETARIA DA 2ª TURMA
5648/CE)
RECLAMADO R S MOVEIS PROJETADOS LTDA - Acórdão
ME
ADVOGADO ROSEANE MACIEL BARBOSA Processo Nº RORSum-0001064-73.2021.5.07.0039
JUSTI(OAB: 12147/CE) Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
RECLAMADO MANUTTO INDUSTRIA E COMERCIO SILVA
DE MOVEIS LTDA - ME RECORRENTE LUIS CLESCIVAN FERREIRA NOBRE

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 43
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO JEFFERSON ROMULO GRANGEIRO


LEITE(OAB: 38379/CE) endereços, o quais constam no CNPJ da referida empresa, mas
RECORRIDO FARMACIA DO TRABALHADOR DO mesmo assim, o juízo extinguiu o feito sem resolução do
BRASIL CEARA LTDA.
mérito, uma vez que o feito corre sob o rito sumariíssimo, o
Intimado(s)/Citado(s):
que veda a citação por edital.
- LUIS CLESCIVAN FERREIRA NOBRE
Informa, também, que tentou ajuizar nova reclamação

trabalhista , desta feita , pelo rito ordinário, todavia o sistema

judicial "PJE" não admitiu o protocolo via rito ordinário em


PODER JUDICIÁRIO razão do valor da causa, obrigando a parte autora a realizar o
JUSTIÇA DO protocolo por meio do rito sumaríssimo.

Adiante, afirma que além da indicação de novo endereço,

também foi fornecido e-mail, telefone fixo e contato telefônico


EMENTA
com WhatsApp, elementos suficientes para localização da
RECURSO ORDINÁRIO. RITO SUMARÍSSIMO. EMPRESA EM
Recorrida, por meios virtuais, conforme previsto na Lei
LOCAL INCERTO OU NÃO SABIDO. CONVERSÃO EM RITO
11.419/2006, assim como artigo 7º, do ATO CONJUNTO
ORDINÁRIO. CITAÇÃO EDITALÍCIA. Ainda que o valor da causa
TRT7.GP.CORREG Nº 05/2020.
não supere o limite de 40 salários mínimos, deve o feito ser
Por fim, reitera que foi diligente no sentido de fornecer o
convertido em ordinário, para fins de citação editalícia em caso
máximo de meios possíveis para que a Recorrida fosse
em que restou comprovado o exaurimento dos meios hábeis
encontrada, devendo, pois, a sentença ser revista, tanto em
para a localização do endereço da parte ré, para que seja
razão da existência de informações suficientes para realização
atendido o preceito constitucional que consagra a
da citação, quanto pela afronta aos Princípios da
inafastabilidade da jurisdição e o acesso à justiça - art. 5º,
Razoabilidade, Proporcionalidade, e acesso à Justiça.
XXXV, da CF.
Com razão o recorrente.
RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO.
O caso em apreço refere-se a hipótese de rito sumaríssimo em

que a empresa reclamada não fora encontrada, tendo o autor


RELATÓRIO
informado todos os endereços disponíveis no cadastro
PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.
nacional de pessoa jurídica- CNPJ e os relativos ao local de
RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO
prestação de serviços do autor, encontrando-se a empresa em
ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº
local incerto e não sabido (ID. 104237e).
9.957/2000.
Calha, neste azo, a transcrição do teor do art. 852-B, II, e §1º,
FUNDAMENTAÇÃO
da CLT:
ADMISSIBILIDADE
"Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do
sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
recurso ordinário do reclamante.
(...)
MÉRITO
II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta
Cuida-se de recurso ordinário interposto em face da sentença
indicação do nome e endereço do reclamado; (Incluído pela Lei
proferida pelo ÚNICA VARA DO TRABALHO DE SÃO GONÇALO
nº 9.957, de 2000)
DO AMARANTE, que extinguiu o feito, sem resolução meritória,
(...)
nos termos do art. 485, I e IV do CPC c/c art. 852-B, §1º da CLT,
§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos
determinando o ARQUIVAMENTO do feito com as cautelas de
incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da
praxe.
reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o
Alega o reclamante/recorrente, que já envidou todos os
valor da causa. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)"
esforços para tentativa de localização da reclamada, inclusive,
De todo o exposto, conclui-se que o reclamante cumpriu a
com a interposição de reclamação trabalhista anterior sob o
determinação prevista no dispositivo legal do art. 852-B, II, da
número nº. 0000310-34.2021.5.07.0039, que também fora extinta
CLT, uma vez que restou comprovado o exaurimento dos
sem resolução do mérito.
meios hábeis para a localização do endereço da parte ré, de
Argumenta o recorrente que decidiu ingressar novamente com
sorte que não se poderá imputar ao autor o ônus fornecer o
reclamação trabalhista, fornecendo, inclusive, novos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 44
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

endereço da reclamada quando esta se encontra em lugar ATRIBUÍDO À CAUSA MERAMENTE ESTIMATIVO. AUSÊNCIA

incerto ou não sabido, sob pena de denegar ao mesmo o DE PREJUÍZO. CONVERSÃO PARA O RITO ORDINÁRIO. 1. Nos

devido acesso à justiça. termos do artigo 852-B da Consolidação das Leis do Trabalho,

Nesta premissa, em casos tais, ainda que o valor da causa não nas reclamações processadas sob o rito sumaríssimo, o

supere o limite de 40 salários mínimos e a redação do art. 852- pedido inicial deverá ser certo, determinado e líquido. Resulta

B, parágrafo 1º supracitado, deve o feito ser convertido em impróprio, assim, o processamento do feito sob tal rito especial

ordinário, para fins de citação editalícia, juntamente com a diante da atribuição de mero valor -estimado- à causa. 2. Daí

citação dos sócios da reclamada, para que seja atendido o não segue, todavia, como consequência necessária, a extinção

preceito constitucional que consagra a inafastabilidade da do feito. Afigurando-se possível a conversão para o rito

jurisdição e o acesso à justiça, a teor do disposto no artigo 5.º , ordinário, ante a inexistência de prejuízo manifesto às partes,

XXXV , da Constituição da República. afigura-se imperioso proceder, de ofício, à adequação do rito

Sobre o tema, o Tribunal Superior do Trabalho já se processual, em observância aos princípios da celeridade, da

manifestou no sentido de que o não atendimento dos economia processual e da instrumentalidade das formas.

requisitos previstos no art. 852-B, I, da CLT não importa Interpretação conjunta dos artigos 852-B e 794 da

necessariamente o arquivamento do feito, podendo o julgador, Consolidação das Leis do Trabalho e 277 do Código de

por questão de economia e celeridade processual e desde que Processo Civil. 3. Agravo de instrumento a que se nega

não haja prejuízo às partes, determinar a conversão do rito provimento.(TST - AIRR: 12075020125050551, Relator: Lelio

sumaríssimo em ordinário. Bentes Corrêa, Data de Julgamento: 27/08/2014, 1ª Turma, Data

Tal entendimento advém da interpretação do art. 794 da CLT, de Publicação: DEJT 29/08/2014).

segundo o qual "nos processos sujeitos à apreciação da 1. CONVERSÃO DO RITO SUMARÍSSIMO EM RITO

Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos ORDINÁRIO. NOTIFICAÇÃO POR EDITAL.1. Conquanto o valor

atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes" da causa não seja superior a quarenta salários mínimos,

No ponto, colaciona-se os seguintes arrestos: registre-se que não viola o artigo 852-B, II, § 1.º, da CLT a

RECURSO DE REVISTA. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. conversão do rito sumaríssimo em ordinário, a fim de que se

NULIDADE. CONVERSÃO DE RITO SUMARÍSSIMO EM proceda à citação por edital da primeira reclamada, em face da

ORDINÁRIO. I. Esta Corte Superior já se manifestou no sentido impossibilidade de sua localização e da necessidade de ser

de que o não atendimento dos requisitos previstos no art. 852- assegurada a prestação jurisdicional ao litigante de pequeno

B, I, da CLT não importa necessariamente o arquivamento do valor, a teor do disposto no artigo 5.º, XXXV, da Constituição da

feito, podendo o julgador, por questão de economia e República. 2. Recurso ordinário conhecido e provido. (TRT-10 -

celeridade processual e desde que não haja prejuízo às partes, RO: 01776201300510007 DF 01776-2013-005-10-00-7 RO,

determinar a conversão do rito sumaríssimo em ordinário. Tal Relator: Desembargador Brasilino Santos Ramos, Data de

entendimento advém da interpretação do art. 794 da CLT, Julgamento: 09/04/2014, 2ª Turma, Data de Publicação:

segundo o qual "nos processos sujeitos à apreciação da 25/04/2014 no DEJT)

Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO.

atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes". FALTA DE CITAÇÃO DA RECLAMADA. POSSIBILIDADE DE

Precedentes. II. No presente caso, não consta das razões de CONVERSÃO DO RITO SUMARÍSSIMO EM RITO ORDINÁRIO E

recurso de revista a alegação de que houve prejuízo que possa CITAÇÃO POR EDITAL. Em que pese a literalidade do art. 852-

ter sido causado pela conversão do rito sumaríssimo em B, II, da CLT, cada caso deve ser analisado à luz dos princípios

ordinário. A Reclamada insiste no arquivamento do feito, constitucionais do processo, mormente no que tange à

entretanto não aponta nenhum prejuízo que pudesse justificar garantia constitucional do acesso à justiça. (TRT-15 - RO:

a declaração de nulidade da conversão do rito. III. Recurso de 2682220135150013 SP 069785/2013-PATR, Relator: HÉLIO

revista de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a GRASSELLI, Data de Publicação: 23/08/2013).

que se nega provimento. (TST - RR: 15002420105210008, Recurso ordinário provido para determinar o retorno dos autos

Relator: Fernando Eizo Ono, Data de Julgamento: 18/03/2015, 4ª para prosseguimento do feito, sob o rito ordinário.

Turma, Data de Publicação: DEJT 31/03/2015).

EXTINÇÃO DO FEITO. RITO SUMARÍSSIMO. VALOR CONCLUSÃO DO VOTO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 45
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Conhecer do recurso ordinário para, no mérito, dar-lhe opostos. Embargos conhecidos e improvidos.

provimento para, reformando a sentença, determinar o retorno

dos autos à origem e prosseguimento do feito, sob o rito

ordinário.

DISPOSITIVO

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª RELATÓRIO

TURMA DO E. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, no

mérito, dar-lhe provimento para, reformando a sentença, Trata-se de embargos de declaração opostos pelo reclamante A L

determinar o retorno dos autos à origem e prosseguimento do TEIXEIRA PINHEIRO, Id 2320bc7, enquanto inconformado com o

feito, sob o rito ordinário. acórdão de Id 679cedf, com o declarado intento de suprir supostas

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores omissões.

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da O embargante alega que o acórdão foi omisso quanto à multa por

Silva (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) embargos declaratórios, concessão da justiça gratuita ao

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em reclamante, período sem anotação na CTPS, horas extras e danos

gozo de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo morais.

Furtado. É o que se relata.

Fortaleza, 11 de julho de 2022.

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

Relator

VOTOS FUNDAMENTAÇÃO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART I- ADMISSIBILIDADE

Diretor de Secretaria Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser

conhecidos.
Processo Nº ROT-0000236-20.2020.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR II - MÉRITO
RECORRENTE A L TEIXEIRA PINHEIRO Razão não assiste ao embargante.
ADVOGADO DANILO AUGUSTO GOMES DE
MIRANDA(OAB: 16359/CE) Compulsando os autos e examinando os argumentos do
RECORRIDO JOAO MESSIAS DA SILVA embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para
ADVOGADO VLADIMIR MACEDO CRUZ
CORDEIRO(OAB: 22761/CE) o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de

embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico


Intimado(s)/Citado(s):
para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou
- JOAO MESSIAS DA SILVA
obscuridades, inocorrentes neste caso concreto.

Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte

recorrente não significa ter havido omissão.


PODER JUDICIÁRIO Portanto, não vêm ao caso os esclarecimentos pretendidos, até
JUSTIÇA DO porque os embargos de declaração não se prestam para o reexame

da matéria, sendo incabível tal insurgência, nos termos do art. 897-

A da CLT.
EMENTA
Inexistiu omissão, contradição, ou obscuridade.

Entendeu este regional, a fim de equacionar os interesses

envolvidos, pela manutenção do decisum de 1º grau por seus


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÕES,
próprios e jurídicos fundamentos, com exceção da PLR e da cesta
CONTRADIÇÕES OU DE OBSCURIDADES NO ACÓRDÃO
básica do mês de agosto/2018, uma vez que modificou a sentença
EMBARGADO. Inexistindo omissões, contradições ou obscuridades
de primeiro grau para reduzir a participação nos lucros e resultados
no julgado embargado, devem ser rejeitados os aclaratórios

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 46
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

relacionado ao segundo semestre de 2018 para 30% e excluir da

condenação o pagamento da cesta básica referente a agosto/18.

Desse modo, adotou este Tribunal as razões da sentença para VOTOS

manter o julgado, denominada fundamentação "per relationem",

sendo admitido pelas jurisprudências das Cortes Superiores.

Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte

recorrente não significa ter havido omissão, contrariedade ou FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

obscuridade.

Por todo o exposto, vislumbra-se que as alegações do embargante ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

improcedem. Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000236-20.2020.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE A L TEIXEIRA PINHEIRO
ADVOGADO DANILO AUGUSTO GOMES DE
CONCLUSÃO DO VOTO MIRANDA(OAB: 16359/CE)
RECORRIDO JOAO MESSIAS DA SILVA
ADVOGADO VLADIMIR MACEDO CRUZ
CORDEIRO(OAB: 22761/CE)
Conhecer dos embargos para negar-lhes provimento.
Intimado(s)/Citado(s):
- A L TEIXEIRA PINHEIRO

DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÕES,

CONTRADIÇÕES OU DE OBSCURIDADES NO ACÓRDÃO


ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
EMBARGADO. Inexistindo omissões, contradições ou obscuridades
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
no julgado embargado, devem ser rejeitados os aclaratórios
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para negar-
opostos. Embargos conhecidos e improvidos.
lhes provimento.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo


RELATÓRIO
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Fortaleza, 11 de julho de 2022.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo reclamante A L

TEIXEIRA PINHEIRO, Id 2320bc7, enquanto inconformado com o

acórdão de Id 679cedf, com o declarado intento de suprir supostas

omissões.
JEFFERSON QUESADO
O embargante alega que o acórdão foi omisso quanto à multa por
Desembargador Relator
embargos declaratórios, concessão da justiça gratuita ao

reclamante, período sem anotação na CTPS, horas extras e danos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 47
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

morais.

É o que se relata. Conhecer dos embargos para negar-lhes provimento.

FUNDAMENTAÇÃO DISPOSITIVO

I- ADMISSIBILIDADE

Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser

conhecidos.

II - MÉRITO

Razão não assiste ao embargante.

Compulsando os autos e examinando os argumentos do

embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para negar-

para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou lhes provimento.

obscuridades, inocorrentes neste caso concreto. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

recorrente não significa ter havido omissão. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Portanto, não vêm ao caso os esclarecimentos pretendidos, até Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

porque os embargos de declaração não se prestam para o reexame de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

da matéria, sendo incabível tal insurgência, nos termos do art. 897- Fortaleza, 11 de julho de 2022.

A da CLT.

Inexistiu omissão, contradição, ou obscuridade.

Entendeu este regional, a fim de equacionar os interesses

envolvidos, pela manutenção do decisum de 1º grau por seus

próprios e jurídicos fundamentos, com exceção da PLR e da cesta JEFFERSON QUESADO

básica do mês de agosto/2018, uma vez que modificou a sentença Desembargador Relator

de primeiro grau para reduzir a participação nos lucros e resultados

relacionado ao segundo semestre de 2018 para 30% e excluir da

condenação o pagamento da cesta básica referente a agosto/18.

Desse modo, adotou este Tribunal as razões da sentença para VOTOS

manter o julgado, denominada fundamentação "per relationem",

sendo admitido pelas jurisprudências das Cortes Superiores.

Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte

recorrente não significa ter havido omissão, contrariedade ou FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

obscuridade.

Por todo o exposto, vislumbra-se que as alegações do embargante ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

improcedem. Diretor de Secretaria

Processo Nº RORSum-0000320-90.2021.5.07.0035
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE F4 CONSTRUCOES E
ADMINISTRACAO DE OBRAS EIRELI
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO GUSTAVO REBELO DE
CAMPOS(OAB: 35289/CE)

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 48
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRIDO JOSE XAVIER IDELFONSO


Examinando-se, porém, os autos, vê-se que os declaratórios sequer
ADVOGADO RUY MARQUES BARBOSA
FILHO(OAB: 22100/CE) merecem ser conhecidos, posto que, estando a lide submetida ao
ADVOGADO EUDES THIAGO SANTOS JALES
RODRIGUES(OAB: 23863/CE) procedimento sumaríssimo e tendo a sentença sido confirmada

pelos próprios fundamentos, a Certidão de Julgamento, registrando


Intimado(s)/Citado(s):
mencionado fato, serve de Acórdão, a teor do disposto,
- JOSE XAVIER IDELFONSO
expressamente, no art. 895, §1º, IV, da CLT.

Deste modo, não há, obviamente, como se cogitar de omissão

nesta fase processual, pois, se existiam tais vícios, estes teriam tido
PODER JUDICIÁRIO
origem na própria sentença de primeiro grau, mantida, repita-se, na
JUSTIÇA DO
sua íntegra, pelo Tribunal, de sorte que a matéria objeto dos

presentes declaratórios deveriam ter sido suscitadas através de

EMENTA embargos de declaração ainda na instância a qua.

Este, aliás, tem sido o entendimento adotado por este Regional.

Senão, vejamos:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO- NÃO CONHECIMENTO- No "EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SENTENÇA CONFIRMADA

caso, os declaratórios sequer merecem ser conhecidos, posto PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. OMISSÃO INEXISTENTE.

que, estando a lide submetida ao procedimento sumaríssimo e Tratando-se de lide sujeita ao procedimento sumaríssimo, cuja

tendo a sentença sido confirmada pelos próprios fundamentos, Sentença foi confirmada pelos próprios fundamentos, a

a Certidão de Julgamento, registrando mencionado fato, serve Certidão de Julgamento, registrando mencionado fato, serve de

de Acórdão, a teor do disposto, expressamente, no art. 895, §1º, Acórdão (Art. 895, § 1º, IV, da CLT). Tal circunstância não

IV, da CLT, não havendo, obviamente, como se cogitar de implica em omissão, máxime porque encerradas na Decisão de

omissão nesta fase processual, pois, se existiam tais vícios, 1º Grau as razões de decidir em torno de toda a matéria

estes teriam tido origem na própria sentença de primeiro grau, suscitada." (ED 1686006820085070006. CE 0168600-

mantida, repita-se, na sua íntegra, pelo Tribunal, de sorte que 6820085070006. Relator: Antônio Marques Cavalcante Filho.

deveriam ter sido objeto de embargos de declaração ainda na Julgamento: 24/01/2011. Órgão Julgador: Primeira Turma.

instância a qua. Publicação: 21/03/2011 DEJT).

"EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRÉ-QUESTIONAMENTO.

SENTENÇA CONFIRMADA POR SEUS PRÓPRIOS

RELATÓRIO FUNDAMENTOS. RITO SUMARÍSSIMO. MATÉRIA

DEVIDAMENTE APRECIADA NA SENTENÇA. OMISSÃO

INEXISTENTE. Para fins de prequestionamento, no caso de

RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto sentença confirmada por seus próprios fundamentos em

no art. 895, § 1º, inciso IV da CLT. processo submetido ao rito sumaríssimo, a sentença equivale

ao próprio acórdão. Embargos declaratórios parcialmente

conhecidos e improvidos." (ED 6323320105070009 CE 0000632-

FUNDAMENTAÇÃO 3320105070009. Relator: José Antônio Parente da Silva.

Julgamento: 08/11/2010. Órgão Julgador: Turma I. Publicação:

19/11/2010 DEJT).

Embarga de declaração a reclamada, F4 CONSTRUÇÕES E Os presentes embargos, portanto, não podem prosperar.

ADMINISTRAÇÃO DE OBRAS EIRELI, em face do acórdão de ID.

6c95799.

Em suas razões, argumenta que este Tribunal não se manifestou, CONCLUSÃO DO VOTO

como deveria, quanto a matéria pertinente ao vínculo empregatício.

Pede a manifestação acerca de dispositivos legais que aponta e a

procedência de seus declaratórios. Não conhecer dos embargos de declaração, por incabível.

Eis uma breve síntese do arrazoado.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 49
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - F4 CONSTRUCOES E ADMINISTRACAO DE OBRAS EIRELI

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª EMBARGOS DE DECLARAÇÃO- NÃO CONHECIMENTO- No

REGIÃO, por unanimidade, não conhecer dos embargos de caso, os declaratórios sequer merecem ser conhecidos, posto

declaração, por incabível. que, estando a lide submetida ao procedimento sumaríssimo e

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tendo a sentença sido confirmada pelos próprios fundamentos,

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior a Certidão de Julgamento, registrando mencionado fato, serve

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) de Acórdão, a teor do disposto, expressamente, no art. 895, §1º,

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo IV, da CLT, não havendo, obviamente, como se cogitar de

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. omissão nesta fase processual, pois, se existiam tais vícios,

Fortaleza, 11 de julho de 2022. estes teriam tido origem na própria sentença de primeiro grau,

mantida, repita-se, na sua íntegra, pelo Tribunal, de sorte que

deveriam ter sido objeto de embargos de declaração ainda na

instância a qua.

JEFFERSON QUESADO RELATÓRIO

Desembargador Relator

RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto

no art. 895, § 1º, inciso IV da CLT.

VOTOS

FUNDAMENTAÇÃO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.


Embarga de declaração a reclamada, F4 CONSTRUÇÕES E

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART ADMINISTRAÇÃO DE OBRAS EIRELI, em face do acórdão de ID.

Diretor de Secretaria 6c95799.

Em suas razões, argumenta que este Tribunal não se manifestou,


Processo Nº RORSum-0000320-90.2021.5.07.0035
como deveria, quanto a matéria pertinente ao vínculo empregatício.
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE F4 CONSTRUCOES E Pede a manifestação acerca de dispositivos legais que aponta e a
ADMINISTRACAO DE OBRAS EIRELI
procedência de seus declaratórios.
ADVOGADO GUSTAVO REBELO DE
CAMPOS(OAB: 35289/CE) Eis uma breve síntese do arrazoado.
RECORRIDO JOSE XAVIER IDELFONSO
Examinando-se, porém, os autos, vê-se que os declaratórios sequer
ADVOGADO RUY MARQUES BARBOSA
FILHO(OAB: 22100/CE) merecem ser conhecidos, posto que, estando a lide submetida ao
ADVOGADO EUDES THIAGO SANTOS JALES
RODRIGUES(OAB: 23863/CE) procedimento sumaríssimo e tendo a sentença sido confirmada

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 50
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pelos próprios fundamentos, a Certidão de Julgamento, registrando

mencionado fato, serve de Acórdão, a teor do disposto,

expressamente, no art. 895, §1º, IV, da CLT.

Deste modo, não há, obviamente, como se cogitar de omissão

nesta fase processual, pois, se existiam tais vícios, estes teriam tido

origem na própria sentença de primeiro grau, mantida, repita-se, na

sua íntegra, pelo Tribunal, de sorte que a matéria objeto dos

presentes declaratórios deveriam ter sido suscitadas através de ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

embargos de declaração ainda na instância a qua. TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

Este, aliás, tem sido o entendimento adotado por este Regional. REGIÃO, por unanimidade, não conhecer dos embargos de

Senão, vejamos: declaração, por incabível.

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SENTENÇA CONFIRMADA Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. OMISSÃO INEXISTENTE. Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

Tratando-se de lide sujeita ao procedimento sumaríssimo, cuja (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Sentença foi confirmada pelos próprios fundamentos, a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Certidão de Julgamento, registrando mencionado fato, serve de de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Acórdão (Art. 895, § 1º, IV, da CLT). Tal circunstância não Fortaleza, 11 de julho de 2022.

implica em omissão, máxime porque encerradas na Decisão de

1º Grau as razões de decidir em torno de toda a matéria

suscitada." (ED 1686006820085070006. CE 0168600-

6820085070006. Relator: Antônio Marques Cavalcante Filho.

Julgamento: 24/01/2011. Órgão Julgador: Primeira Turma.

Publicação: 21/03/2011 DEJT). JEFFERSON QUESADO

"EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRÉ-QUESTIONAMENTO. Desembargador Relator

SENTENÇA CONFIRMADA POR SEUS PRÓPRIOS

FUNDAMENTOS. RITO SUMARÍSSIMO. MATÉRIA

DEVIDAMENTE APRECIADA NA SENTENÇA. OMISSÃO

INEXISTENTE. Para fins de prequestionamento, no caso de VOTOS

sentença confirmada por seus próprios fundamentos em

processo submetido ao rito sumaríssimo, a sentença equivale

ao próprio acórdão. Embargos declaratórios parcialmente

conhecidos e improvidos." (ED 6323320105070009 CE 0000632- FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

3320105070009. Relator: José Antônio Parente da Silva.

Julgamento: 08/11/2010. Órgão Julgador: Turma I. Publicação: ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

19/11/2010 DEJT). Diretor de Secretaria

Os presentes embargos, portanto, não podem prosperar.


Processo Nº ROT-0000375-35.2021.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE UNIMED DO CARIRI - COOPERATIVA
DE TRABALHO MEDICO LTDA
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO SHALON MICHAELLI ANGELO
TAVARES(OAB: 24016/CE)
ADVOGADO MARILIA BARBOSA DE
OLIVEIRA(OAB: 34374/CE)
RECORRIDO SERGIO ALEFF DOS SANTOS SILVA
Não conhecer dos embargos de declaração, por incabível.
ADVOGADO SERGIO QUEZADO GURGEL E
SILVA(OAB: 28561/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - SERGIO ALEFF DOS SANTOS SILVA

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 51
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

obscuridades, inocorrentes neste caso concreto.

Esta Corte ofereceu tese explícita sobre as questões


PODER JUDICIÁRIO
imprescindíveis ao desate da lide.
JUSTIÇA DO
Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte

recorrente não significa ter havido omissão.

EMENTA Portanto, não vêm ao caso os esclarecimentos pretendidos, até

porque os embargos de declaração não se prestam para o reexame

da matéria, sendo incabível tal insurgência, nos termos do art. 897-

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÕES, A da CLT.

CONTRADIÇÕES OU DE OBSCURIDADES NO ACÓRDÃO Esclareça-se ao embargante que este remédio processual destina-

EMBARGADO. Inexistindo omissões, contradições ou obscuridades se a afastar contradição, omissão ou obscuridade, no próprio

no julgado embargado, devem ser rejeitados os aclaratórios julgado, em sua fundamentação, dispositivo ou ementa.

opostos. Embargos conhecidos e improvidos. Faz-se mister pontuar que o acórdão embargado deslindou a

controvérsia sob o fundamento que faculta à empresa optar ou não

pela contratação de um candidato submetido à prova de seleção

para a vaga de um emprego, sendo um direito potestativo da

RELATÓRIO reclamada, porquanto não há razões para indenizar o reclamante

em danos morais, ante a ausência de comprovação de prejuízos

morais ou materiais que o autor porventura tenha sofrido. Senão

Trata-se de embargos de declaração opostos por SÉRGIO ALEFF vejamos:

DOS SANTOS SILVA, Id. c87e053, enquanto inconformado com o "No caso, o reclamante não produziu prova de que a reclamada

acórdão de ID. 8f355c3, com o declarado intento de suprir suposta tenha assegurado ao mesmo que, após os trâmites do processo

obscuridade. seletivo ao qual se submeteu e foi selecionado, seria efetivamente

Em mesa. contratado.

Registre-se, também, que a obediência aos trâmites do processo de

seleção por parte do candidato, bem como a entrega da

documentação requerida pela empresa para viabilizar possível

FUNDAMENTAÇÃO contratação, não geram a obrigação da admissão do candidato à

vaga que este almeja, havendo apenas uma possibilidade de

contratação.

I- ADMISSIBILIDADE Na verdade, se faz necessário para configuração de uma lesão

Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser précontratual que a empresa tenha gerado não apenas a

conhecidos. expectativa de contratação, mas que esta tenha confirmado o ato

II - MÉRITO admissional, de modo a fazer com que a parte envolvida realize

O reclamante alegou obscuridade no acórdão embargado, sob o atos concretos que causem prejuízo se a admissão não for

argumento que a fundamentação não está suficientemente clara realizada, não sendo suficiente apenas que o indivíduo faça parte

para sustentar o respectivo dispositivo, pois não informa se o do processo de seleção, que envolvem a entrega de documentos e

reclamante teria ou não se classificado em primeiro lugar no exame admissional.

processo seletivo. Tenta o embargante mais uma vez justificar o Ademais, entendo que a empresa tem a faculdade de optar ou não

pedido de indenização por danos morais em face da sua não pela admissão de um candidato submetido à fase de seleção para

contratação. alguma vaga de emprego, a qual encontra-se dentro de seu poder

Compulsando os autos e examinando os argumentos do potestativo.

embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para De par com isso, o reclamante não se desvencilhou de comprovar

o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de prejuízos morais ou matérias que possa ter sofrido em face da sua

embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico não contratação."

para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou Assim sendo, rejeito os embargos declaratórios, face à inexistência

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 52
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

de omissão, contradição ou obscuridade.


Processo Nº ROT-0000375-35.2021.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE UNIMED DO CARIRI - COOPERATIVA
DE TRABALHO MEDICO LTDA
ADVOGADO SHALON MICHAELLI ANGELO
TAVARES(OAB: 24016/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO
ADVOGADO MARILIA BARBOSA DE
OLIVEIRA(OAB: 34374/CE)
RECORRIDO SERGIO ALEFF DOS SANTOS SILVA
ADVOGADO SERGIO QUEZADO GURGEL E
Conhecer dos embargos para lhes negar provimento. SILVA(OAB: 28561/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
- UNIMED DO CARIRI - COOPERATIVA DE TRABALHO
MEDICO LTDA

DISPOSITIVO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÕES,


ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
CONTRADIÇÕES OU DE OBSCURIDADES NO ACÓRDÃO
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
EMBARGADO. Inexistindo omissões, contradições ou obscuridades
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para lhes
no julgado embargado, devem ser rejeitados os aclaratórios
negar provimento.
opostos. Embargos conhecidos e improvidos.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo


RELATÓRIO
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Fortaleza, 11 de julho de 2022.

Trata-se de embargos de declaração opostos por SÉRGIO ALEFF

DOS SANTOS SILVA, Id. c87e053, enquanto inconformado com o

acórdão de ID. 8f355c3, com o declarado intento de suprir suposta


JEFFERSON QUESADO
obscuridade.
Desembargador Relator
Em mesa.

VOTOS
FUNDAMENTAÇÃO

I- ADMISSIBILIDADE
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser

conhecidos.
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
II - MÉRITO
Diretor de Secretaria
O reclamante alegou obscuridade no acórdão embargado, sob o

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 53
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

argumento que a fundamentação não está suficientemente clara realizada, não sendo suficiente apenas que o indivíduo faça parte

para sustentar o respectivo dispositivo, pois não informa se o do processo de seleção, que envolvem a entrega de documentos e

reclamante teria ou não se classificado em primeiro lugar no exame admissional.

processo seletivo. Tenta o embargante mais uma vez justificar o Ademais, entendo que a empresa tem a faculdade de optar ou não

pedido de indenização por danos morais em face da sua não pela admissão de um candidato submetido à fase de seleção para

contratação. alguma vaga de emprego, a qual encontra-se dentro de seu poder

Compulsando os autos e examinando os argumentos do potestativo.

embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para De par com isso, o reclamante não se desvencilhou de comprovar

o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de prejuízos morais ou matérias que possa ter sofrido em face da sua

embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico não contratação."

para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou Assim sendo, rejeito os embargos declaratórios, face à inexistência

obscuridades, inocorrentes neste caso concreto. de omissão, contradição ou obscuridade.

Esta Corte ofereceu tese explícita sobre as questões

imprescindíveis ao desate da lide.

Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte

recorrente não significa ter havido omissão. CONCLUSÃO DO VOTO

Portanto, não vêm ao caso os esclarecimentos pretendidos, até

porque os embargos de declaração não se prestam para o reexame

da matéria, sendo incabível tal insurgência, nos termos do art. 897- Conhecer dos embargos para lhes negar provimento.

A da CLT.

Esclareça-se ao embargante que este remédio processual destina-

se a afastar contradição, omissão ou obscuridade, no próprio

julgado, em sua fundamentação, dispositivo ou ementa. DISPOSITIVO

Faz-se mister pontuar que o acórdão embargado deslindou a

controvérsia sob o fundamento que faculta à empresa optar ou não

pela contratação de um candidato submetido à prova de seleção

para a vaga de um emprego, sendo um direito potestativo da

reclamada, porquanto não há razões para indenizar o reclamante

em danos morais, ante a ausência de comprovação de prejuízos

morais ou materiais que o autor porventura tenha sofrido. Senão

vejamos:

"No caso, o reclamante não produziu prova de que a reclamada ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

tenha assegurado ao mesmo que, após os trâmites do processo TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

seletivo ao qual se submeteu e foi selecionado, seria efetivamente REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para lhes

contratado. negar provimento.

Registre-se, também, que a obediência aos trâmites do processo de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

seleção por parte do candidato, bem como a entrega da Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

documentação requerida pela empresa para viabilizar possível (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

contratação, não geram a obrigação da admissão do candidato à Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

vaga que este almeja, havendo apenas uma possibilidade de de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

contratação. Fortaleza, 11 de julho de 2022.

Na verdade, se faz necessário para configuração de uma lesão

précontratual que a empresa tenha gerado não apenas a

expectativa de contratação, mas que esta tenha confirmado o ato

admissional, de modo a fazer com que a parte envolvida realize JEFFERSON QUESADO

atos concretos que causem prejuízo se a admissão não for Desembargador Relator

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 54
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Id 5f0f5e3, com o declarado intento de suprir omissão e para fins de

prequestionamento.

Aduz que o acórdão foi omisso ao não analisar as questões

VOTOS referentes à prescrição.

Em mesa.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

FUNDAMENTAÇÃO

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

I- ADMISSIBILIDADE
Processo Nº ROT-0000406-65.2018.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser
RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE conhecidos.
INFRAESTRUTURA
AEROPORTUARIA - INFRAERO II - MÉRITO
ADVOGADO ALLAN WESLEY MOURA DOS
SANTOS(OAB: 551/SE) Razão não assiste ao embargante.
ADVOGADO JOILSON LUIZ DE OLIVEIRA(OAB: Compulsando os autos e examinando os argumentos do
11277/CE)
RECORRIDO EVALDO MOREIRA MAPURUNGA embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para
FILHO
o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de
ADVOGADO FILIPE SILVEIRA AGUIAR(OAB:
17899/CE) embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico
ADVOGADO CROACI AGUIAR(OAB: 5923/CE)
para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou

Intimado(s)/Citado(s): obscuridades, inocorrentes neste caso concreto.

- EVALDO MOREIRA MAPURUNGA FILHO Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte

recorrente não significa ter havido omissão.

Portanto, não vêm ao caso os esclarecimentos pretendidos, até

porque os embargos de declaração não se prestam para o reexame


PODER JUDICIÁRIO
da matéria, sendo incabível tal insurgência, nos termos do art. 897-
JUSTIÇA DO
A da CLT.

Inexistiu omissão, contradição, ou obscuridade.


EMENTA Entendeu este regional, a fim de equacionar os interesses

envolvidos, pela manutenção do decisum de 1º grau pelos seus

próprios e jurídicos fundamentos, o qual não acolheu a prejudicial


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÕES, da prescrição total porquanto "a pretensão do demandante envolve
CONTRADIÇÕES OU DE OBSCURIDADES NO ACÓRDÃO suposta lesão de direito que se repete mês a mês, decorrente do
EMBARGADO. Inexistindo omissões, contradições ou obscuridades descumprimento do pactuado, operando-se a prescrição apenas
no julgado embargado, devem ser rejeitados os aclaratórios quanto às parcelas anteriores ao quinquênio, contado do
opostos. Embargos conhecidos e improvidos. ajuizamento desta ação trabalhista. É irrelevante, portanto, a

interrupção do exercício de função comissionada no período

indicado pela empresa, posto que a adesão da norma regulamentar

ao contrato de trabalho autoriza a postulação das parcelas vencidas


RELATÓRIO referentes aos últimos cinco anos, contados da data do ajuizamento

desta ação trabalhista. Não se trata de alteração do pactuado, mas

suposto descumprimento de norma regulamentar."


Trata-se de embargos de declaração oposto por EMPRESA No mérito, restou mantida a procedência da ação reconhecendo o
BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA - direito do reclamante à progressão especial e determinou o
INFRAERO, Id 0849839, enquanto inconformada com o acórdão de reenquadramento "dentro da faixa salarial prevista para o cargo

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 55
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

regular do empregado na Infraero, observada a categoria/padrão de prequestionar a matéria, quando na realidade anseia em ter sua

igual ou imediatamente superior ao resultado encontrado da reivindicação reformada por esta Egrégia Corte.

aplicação do percentual de 70,26% (setenta vírgula vinte e seis por Em manifestação, Id 400f547, o reclamante/embargado alega o

cento) no equivalente ao da remuneração global estabelecida para descumprimento da tutela de urgência concedida, por essa razão

a função de confiança de Gerente de Aeroporto Grupo Especial pede a notificação da demandada para que se dê cumprimento.

(atual Gerente II) nos termos, previstos no item 27 do Sistema de Defere-se o pleito, devendo a reclamada ser intimada para, no

Progressão Funcional da Infraero, vigente à época". prazo máximo de 5 (cinco) dias, cumpra a tutela de urgência

Desse modo, adotou este Tribunal as razões da sentença para concedida, sob pena de aplicação da penalidade, conforme

manter o julgado, denominada fundamentação "per relationem", determinado pelo juízo a quo e mantido por esse Tribunal.

sendo admitido pelas jurisprudências das Cortes Superiores.

Assim sendo, as alegações do embargante improcedem, inexistindo

omissão do julgado.

Rejeito os embargos declaratórios, face à não ocorrência de CONCLUSÃO DO VOTO

omissão, contradição ou obscuridade.

Quanto ao pré-questionamento da matéria, não cabe a insurgência

do embargante, uma vez que a análise da matéria decorre da Conhecer dos embargos para lhes negar provimento, determinando,

própria decisão recorrida, conforme entende o TST: ainda, que seja a embargante intimada para, no prazo máximo de 5

"OJ-SDI1-119. Prequestionamento inexigível. Violação nascida na (cinco) dias, providencie o cumprimento da tutela de urgência

própria decisão recorrida. Súmula 297/TST. Inaplicável. CLT, art. concedida, nos termos da sentença de mérito de 1º grau mantida

896. É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada por esse Tribunal e sob pena de aplicação da penalidade ali

houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a Súmula disposta.

297/TST."

Nesse sentido, vem se manifestando a jurisprudência:

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRÉ-QUESTIONAMENTO. Os

embargos de declaração não se constituem meio hábil para buscar DISPOSITIVO

o reexame da decisão embargada, vez que tal via está reservada

tão-somente para sanar vícios existentes na sentença ou acórdão

que apresente obscuridade, contradição ou omissão, nos termos do

art. 535, incisos I e II do CPC, ou que, de acordo com a parte final

do art. 897-A, da CLT, apresente manifesto equívoco no exame dos

pressupostos extrínsecos do recurso. Não há no acórdão

Embargado qualquer contradição a ser sanada. Neste caso

específico, mostra-se também desnecessário o pré-questionamento

dos dispositivos legais e constitucionais apontados pela ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

Embargante, porquanto eventual ofensa, caso configurada, teria TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

surgido na própria decisão agravada, atraindo, assim, a incidência REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para lhes

da OJ n. 119 da SDI-I/TST, que assim preleciona: negar provimento, determinando, ainda, que seja a embargante

'PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA NA intimada para, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, providencie o

PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA. SÚMULA Nº 297 DO TST. cumprimento da tutela de urgência concedida, nos termos da

INAPLICÁVEL. É inexigível o prequestionamento quando a violação sentença de mérito de 1º grau mantida por esse Tribunal e sob pena

indicada houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a de aplicação da penalidade ali disposta.

Súmula n.º 297 do TST.' Embargos de declaração conhecidos e Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

rejeitados. (ED - 826200902223007 MT 00826.2009.022.23.00-7, Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

Relatora: DESEMBARGADOR LEILA CALVO, Data de Julgamento: (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

15/02/2012, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/02/2012)." Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

No caso dos presentes autos, o embargante equivoca-se com o ato de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 56
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Fortaleza, 11 de julho de 2022.

Trata-se de embargos de declaração oposto por EMPRESA

BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA -

INFRAERO, Id 0849839, enquanto inconformada com o acórdão de

JEFFERSON QUESADO Id 5f0f5e3, com o declarado intento de suprir omissão e para fins de

Desembargador Relator prequestionamento.

Aduz que o acórdão foi omisso ao não analisar as questões

referentes à prescrição.

Em mesa.

VOTOS

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

FUNDAMENTAÇÃO

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

I- ADMISSIBILIDADE
Processo Nº ROT-0000406-65.2018.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR Os embargos foram interpostos no prazo, portanto merecem ser
RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE conhecidos.
INFRAESTRUTURA
AEROPORTUARIA - INFRAERO II - MÉRITO
ADVOGADO ALLAN WESLEY MOURA DOS
SANTOS(OAB: 551/SE) Razão não assiste ao embargante.
ADVOGADO JOILSON LUIZ DE OLIVEIRA(OAB: Compulsando os autos e examinando os argumentos do
11277/CE)
RECORRIDO EVALDO MOREIRA MAPURUNGA embargante, verifica-se que a pretensão ora deduzida se dirige para
FILHO
o possível reexame da matéria, o que é inviável em sede de
ADVOGADO FILIPE SILVEIRA AGUIAR(OAB:
17899/CE) embargos de declaração, visto que se trata de remédio específico
ADVOGADO CROACI AGUIAR(OAB: 5923/CE)
para que se supram omissões ou se esclareçam contradições ou

Intimado(s)/Citado(s): obscuridades, inocorrentes neste caso concreto.

- EMPRESA BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA Quando o julgado conclui de modo avesso ao pretendido pela parte
AEROPORTUARIA - INFRAERO
recorrente não significa ter havido omissão.

Portanto, não vêm ao caso os esclarecimentos pretendidos, até

porque os embargos de declaração não se prestam para o reexame


PODER JUDICIÁRIO da matéria, sendo incabível tal insurgência, nos termos do art. 897-
JUSTIÇA DO A da CLT.

Inexistiu omissão, contradição, ou obscuridade.

Entendeu este regional, a fim de equacionar os interesses


EMENTA
envolvidos, pela manutenção do decisum de 1º grau pelos seus

próprios e jurídicos fundamentos, o qual não acolheu a prejudicial

da prescrição total porquanto "a pretensão do demandante envolve


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÕES,
suposta lesão de direito que se repete mês a mês, decorrente do
CONTRADIÇÕES OU DE OBSCURIDADES NO ACÓRDÃO
descumprimento do pactuado, operando-se a prescrição apenas
EMBARGADO. Inexistindo omissões, contradições ou obscuridades
quanto às parcelas anteriores ao quinquênio, contado do
no julgado embargado, devem ser rejeitados os aclaratórios
ajuizamento desta ação trabalhista. É irrelevante, portanto, a
opostos. Embargos conhecidos e improvidos.
interrupção do exercício de função comissionada no período

indicado pela empresa, posto que a adesão da norma regulamentar

ao contrato de trabalho autoriza a postulação das parcelas vencidas

referentes aos últimos cinco anos, contados da data do ajuizamento


RELATÓRIO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 57
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

desta ação trabalhista. Não se trata de alteração do pactuado, mas Súmula n.º 297 do TST.' Embargos de declaração conhecidos e

suposto descumprimento de norma regulamentar." rejeitados. (ED - 826200902223007 MT 00826.2009.022.23.00-7,

No mérito, restou mantida a procedência da ação reconhecendo o Relatora: DESEMBARGADOR LEILA CALVO, Data de Julgamento:

direito do reclamante à progressão especial e determinou o 15/02/2012, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/02/2012)."

reenquadramento "dentro da faixa salarial prevista para o cargo No caso dos presentes autos, o embargante equivoca-se com o ato

regular do empregado na Infraero, observada a categoria/padrão de prequestionar a matéria, quando na realidade anseia em ter sua

igual ou imediatamente superior ao resultado encontrado da reivindicação reformada por esta Egrégia Corte.

aplicação do percentual de 70,26% (setenta vírgula vinte e seis por Em manifestação, Id 400f547, o reclamante/embargado alega o

cento) no equivalente ao da remuneração global estabelecida para descumprimento da tutela de urgência concedida, por essa razão

a função de confiança de Gerente de Aeroporto Grupo Especial pede a notificação da demandada para que se dê cumprimento.

(atual Gerente II) nos termos, previstos no item 27 do Sistema de Defere-se o pleito, devendo a reclamada ser intimada para, no

Progressão Funcional da Infraero, vigente à época". prazo máximo de 5 (cinco) dias, cumpra a tutela de urgência

Desse modo, adotou este Tribunal as razões da sentença para concedida, sob pena de aplicação da penalidade, conforme

manter o julgado, denominada fundamentação "per relationem", determinado pelo juízo a quo e mantido por esse Tribunal.

sendo admitido pelas jurisprudências das Cortes Superiores.

Assim sendo, as alegações do embargante improcedem, inexistindo

omissão do julgado.

Rejeito os embargos declaratórios, face à não ocorrência de CONCLUSÃO DO VOTO

omissão, contradição ou obscuridade.

Quanto ao pré-questionamento da matéria, não cabe a insurgência

do embargante, uma vez que a análise da matéria decorre da Conhecer dos embargos para lhes negar provimento, determinando,

própria decisão recorrida, conforme entende o TST: ainda, que seja a embargante intimada para, no prazo máximo de 5

"OJ-SDI1-119. Prequestionamento inexigível. Violação nascida na (cinco) dias, providencie o cumprimento da tutela de urgência

própria decisão recorrida. Súmula 297/TST. Inaplicável. CLT, art. concedida, nos termos da sentença de mérito de 1º grau mantida

896. É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada por esse Tribunal e sob pena de aplicação da penalidade ali

houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a Súmula disposta.

297/TST."

Nesse sentido, vem se manifestando a jurisprudência:

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRÉ-QUESTIONAMENTO. Os

embargos de declaração não se constituem meio hábil para buscar DISPOSITIVO

o reexame da decisão embargada, vez que tal via está reservada

tão-somente para sanar vícios existentes na sentença ou acórdão

que apresente obscuridade, contradição ou omissão, nos termos do

art. 535, incisos I e II do CPC, ou que, de acordo com a parte final

do art. 897-A, da CLT, apresente manifesto equívoco no exame dos

pressupostos extrínsecos do recurso. Não há no acórdão

Embargado qualquer contradição a ser sanada. Neste caso

específico, mostra-se também desnecessário o pré-questionamento

dos dispositivos legais e constitucionais apontados pela ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

Embargante, porquanto eventual ofensa, caso configurada, teria TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

surgido na própria decisão agravada, atraindo, assim, a incidência REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos para lhes

da OJ n. 119 da SDI-I/TST, que assim preleciona: negar provimento, determinando, ainda, que seja a embargante

'PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA NA intimada para, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, providencie o

PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA. SÚMULA Nº 297 DO TST. cumprimento da tutela de urgência concedida, nos termos da

INAPLICÁVEL. É inexigível o prequestionamento quando a violação sentença de mérito de 1º grau mantida por esse Tribunal e sob pena

indicada houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a de aplicação da penalidade ali disposta.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 58
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior RELATÓRIO

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. FRANCISCO JOSÉ RIBEIRO DE SOUSA ajuizou embargos de

Fortaleza, 11 de julho de 2022. declaração em face do acórdão de ID. a9d734b.

Em seus Embargos de declaração de ID. 7953bff sustenta o

embargante que o Acórdão impugnado possui evidente erro

material, fazendo menção acerca de outros julgados deste

Regional. Argumenta, ainda, que este Tribunal não se manifestou,

JEFFERSON QUESADO como deveria, acerca do adicional de insalubridade, tecendo várias

Desembargador Relator considerações sobre o tema. Pede a procedência de seus

declaratórios, inclusive, para fins de prequestionamento.

Manifestação de ID. 7854bf4, acerca dos declaratórios da parte

reclamante, pela empresa M DIAS BRANCO S.A. INDÚSTRIA E

VOTOS COMÉRCIO DE ALIMENTOS

É O RELATÓRIO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria FUNDAMENTAÇÃO

Processo Nº ROT-0000852-70.2021.5.07.0033
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE FRANCISCO JOSE RIBEIRO DE Não assiste razão à embargante.
SOUSA
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB: Isto porque, este Regional manteve a sentença quanto ao
20084/CE)
indeferimento de que indevida a concessão de horas extras, em
RECORRIDO M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS face de intervalos térmicos não concedidos que estariam previstos
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
PEREIRA(OAB: 10587/CE) na Norma Regulamentadora 15, anexo 3, quadro 1, tendo para

tanto adotado a lúcida fundamentação erigida pelo d. Juiz Mateus


Intimado(s)/Citado(s):
Miranda de Moraes, nos autos da reclamação trabalhista 0000880-
- M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE
ALIMENTOS 38.2021.5.07.0033 , como razões de decidir, não havendo qualquer

erro material a ser sanado.

Também se manifestou o acórdão embargado quanto a matéria

relativa a perícia e adicional de insalubridade, inexistindo omissão a


PODER JUDICIÁRIO
ser sanada.
JUSTIÇA DO
Registre-se, ainda, por oportuno, que a indicação de julgados com

tese contrária àquela do acórdão embargado não é matéria


EMENTA pertinente aos embargos de declaração.

Na verdade, o que se observa é o desejo do embargante de

ressuscitar discussão acerca de matérias sobre as quais já se


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - OMISSÃO - INEXISTÊNCIA - pronunciou expressamente o Tribunal com o intuito de reverter o
Não se verificando as omissões apontadas pela parte que, na entendimento ali consignado, o que não é possível através dos
verdade, deseja obter, através deste remédio processual, o embargos de declaração.
reexame de matéria já decidida por este Tribunal, impõe-se Ressalte-se, ainda, que o Órgão Julgador não está obrigado a se
sejam julgados improcedentes os embargos de declaração. manifestar sobre todos os argumentos recursais e sobre todas as

normas jurídicas, jurisprudência e questões fáticas abordadas pela

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 59
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

parte, desde que haja enfrentamento da pretensão deduzida no ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

processo e efetiva motivação, tal qual observado, no caso. Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000852-70.2021.5.07.0033
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE FRANCISCO JOSE RIBEIRO DE
SOUSA
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB:
20084/CE)
RECORRIDO M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
Conhecer e negar provimento aos embargos de declaração. PEREIRA(OAB: 10587/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO JOSE RIBEIRO DE SOUSA

DISPOSITIVO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - OMISSÃO - INEXISTÊNCIA -


ANTE O EXPOSTO:
Não se verificando as omissões apontadas pela parte que, na
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
verdade, deseja obter, através deste remédio processual, o
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
reexame de matéria já decidida por este Tribunal, impõe-se
REGIÃO, por unanimidade, conhecer e negar provimento aos
sejam julgados improcedentes os embargos de declaração.
embargos de declaração.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior


RELATÓRIO
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.


FRANCISCO JOSÉ RIBEIRO DE SOUSA ajuizou embargos de
Fortaleza, 11 de julho de 2022.
declaração em face do acórdão de ID. a9d734b.

Em seus Embargos de declaração de ID. 7953bff sustenta o

embargante que o Acórdão impugnado possui evidente erro

material, fazendo menção acerca de outros julgados deste

Regional. Argumenta, ainda, que este Tribunal não se manifestou,

como deveria, acerca do adicional de insalubridade, tecendo várias


JEFFERSON QUESADO
considerações sobre o tema. Pede a procedência de seus
Desembargador Relator
declaratórios, inclusive, para fins de prequestionamento.

Manifestação de ID. 7854bf4, acerca dos declaratórios da parte

reclamante, pela empresa M DIAS BRANCO S.A. INDÚSTRIA E

COMÉRCIO DE ALIMENTOS
VOTOS
É O RELATÓRIO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 60
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

FUNDAMENTAÇÃO

ANTE O EXPOSTO:

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

Não assiste razão à embargante. TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

Isto porque, este Regional manteve a sentença quanto ao REGIÃO, por unanimidade, conhecer e negar provimento aos

indeferimento de que indevida a concessão de horas extras, em embargos de declaração.

face de intervalos térmicos não concedidos que estariam previstos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

na Norma Regulamentadora 15, anexo 3, quadro 1, tendo para Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

tanto adotado a lúcida fundamentação erigida pelo d. Juiz Mateus (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Miranda de Moraes, nos autos da reclamação trabalhista 0000880- Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

38.2021.5.07.0033 , como razões de decidir, não havendo qualquer de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

erro material a ser sanado. Fortaleza, 11 de julho de 2022.

Também se manifestou o acórdão embargado quanto a matéria

relativa a perícia e adicional de insalubridade, inexistindo omissão a

ser sanada.

Registre-se, ainda, por oportuno, que a indicação de julgados com

tese contrária àquela do acórdão embargado não é matéria

pertinente aos embargos de declaração. JEFFERSON QUESADO

Na verdade, o que se observa é o desejo do embargante de Desembargador Relator

ressuscitar discussão acerca de matérias sobre as quais já se

pronunciou expressamente o Tribunal com o intuito de reverter o

entendimento ali consignado, o que não é possível através dos

embargos de declaração. VOTOS

Ressalte-se, ainda, que o Órgão Julgador não está obrigado a se

manifestar sobre todos os argumentos recursais e sobre todas as FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

normas jurídicas, jurisprudência e questões fáticas abordadas pela

parte, desde que haja enfrentamento da pretensão deduzida no ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

processo e efetiva motivação, tal qual observado, no caso. Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000940-72.2019.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE A.A.D.S.C.S.
ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
CONCLUSÃO DO VOTO SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE)
RECORRENTE C.S.C.F.E.I.
ADVOGADO ANA CLAUDIA COSTA
MORAES(OAB: 14992/PE)
Conhecer e negar provimento aos embargos de declaração. RECORRENTE G.S.N.
ADVOGADO ANTONIO MILLER MADEIRA(OAB:
90923/RS)
ADVOGADO ISAAC BERTOLINI AULER(OAB:
87670/RS)
ADVOGADO FELIPE MEINEM GARBIN(OAB:
86951/RS)
DISPOSITIVO
ADVOGADO RAPHAEL BERNARDES DA
SILVA(OAB: 84109/RS)
RECORRIDO G.S.N.
ADVOGADO ANTONIO MILLER MADEIRA(OAB:
90923/RS)
ADVOGADO ISAAC BERTOLINI AULER(OAB:
87670/RS)
ADVOGADO FELIPE MEINEM GARBIN(OAB:
86951/RS)
ADVOGADO RAPHAEL BERNARDES DA
SILVA(OAB: 84109/RS)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 61
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRIDO A.A.D.S.C.S. ADVOGADO ANTONIO MILLER MADEIRA(OAB:


90923/RS)
ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE) ADVOGADO ISAAC BERTOLINI AULER(OAB:
87670/RS)
RECORRIDO C.S.C.F.E.I.
ADVOGADO FELIPE MEINEM GARBIN(OAB:
ADVOGADO ANA CLAUDIA COSTA 86951/RS)
MORAES(OAB: 14992/PE)
ADVOGADO RAPHAEL BERNARDES DA
SILVA(OAB: 84109/RS)
Intimado(s)/Citado(s):
RECORRIDO A.A.D.S.C.S.
- G.S.N. ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE)
RECORRIDO C.S.C.F.E.I.
Tomar ciência do(a) Intimação de ID 4eddc40.
ADVOGADO ANA CLAUDIA COSTA
MORAES(OAB: 14992/PE)
Processo Nº ROT-0000940-72.2019.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR Intimado(s)/Citado(s):
RECORRENTE A.A.D.S.C.S. - C.S.C.F.E.I.
ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE)
RECORRENTE C.S.C.F.E.I. Tomar ciência do(a) Intimação de ID 43354e5.
ADVOGADO ANA CLAUDIA COSTA
MORAES(OAB: 14992/PE)
Processo Nº ROT-0000992-92.2020.5.07.0016
RECORRENTE G.S.N. Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
ADVOGADO ANTONIO MILLER MADEIRA(OAB: RECORRENTE ANDRE LUIS DOS SANTOS SILVA
90923/RS)
ADVOGADO PAULO FERREIRA RABELO(OAB:
ADVOGADO ISAAC BERTOLINI AULER(OAB: 40559/CE)
87670/RS)
ADVOGADO DOUGLAS MICHEL CAETANO(OAB:
ADVOGADO FELIPE MEINEM GARBIN(OAB: 41573-A/CE)
86951/RS)
RECORRIDO CERVEJARIA PETROPOLIS DA
ADVOGADO RAPHAEL BERNARDES DA BAHIA LTDA
SILVA(OAB: 84109/RS)
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB:
RECORRIDO G.S.N. 60284/SP)
ADVOGADO ANTONIO MILLER MADEIRA(OAB:
90923/RS)
Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO ISAAC BERTOLINI AULER(OAB:
87670/RS) - CERVEJARIA PETROPOLIS DA BAHIA LTDA
ADVOGADO FELIPE MEINEM GARBIN(OAB:
86951/RS)
ADVOGADO RAPHAEL BERNARDES DA
SILVA(OAB: 84109/RS)
RECORRIDO A.A.D.S.C.S. PODER JUDICIÁRIO
ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE) JUSTIÇA DO
RECORRIDO C.S.C.F.E.I.
ADVOGADO ANA CLAUDIA COSTA
MORAES(OAB: 14992/PE)
EMENTA

Intimado(s)/Citado(s):
- A.A.D.S.C.S.

EMBARGOS DECLARATÓRIOS - OMISSÃO E CONTRADIÇÃO.


Tomar ciência do(a) Intimação de ID 294ec91. Constatada omissão/contradição no Aresto Embargado,

merecem ser providos os Declaratórios, para eliminar a


Processo Nº ROT-0000940-72.2019.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR incongruência, corrigindo o erro material apontado,
RECORRENTE A.A.D.S.C.S.
acarretando efeito modificativo ao Julgado.
ADVOGADO LEONARDO HENRIQUE DE MELO
SILVA FERREIRA(OAB: 24570/PE) Embargos de declaração conhecidose providos, a fim de,
RECORRENTE C.S.C.F.E.I.
atribuindo efeito modificativo ao julgado, determinar a correção
ADVOGADO ANA CLAUDIA COSTA
MORAES(OAB: 14992/PE) dos erros materiais na fundamentação e no dispositivo do
RECORRENTE G.S.N.
acórdão.
ADVOGADO ANTONIO MILLER MADEIRA(OAB:
90923/RS)
ADVOGADO ISAAC BERTOLINI AULER(OAB:
87670/RS)
ADVOGADO FELIPE MEINEM GARBIN(OAB:
86951/RS)
ADVOGADO RAPHAEL BERNARDES DA RELATÓRIO
SILVA(OAB: 84109/RS)
RECORRIDO G.S.N.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 62
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

improcedência em todos os seus termos, excetuando-se pela

Cuida-se de embargos de declaração (ID. cdfaf9e - Pág. 1 - 3) exclusão ,de ofício, da verba honorária a cargo do autor, enquanto

opostos pela reclamada CERVEJARIA PETROPOLIS DA BAHIA beneficiário da justiça gratuita.

LTDA, alegando que o julgado de ID. a8f3e25 - Pág. 1-23 incorreu Com razão, no particular.

em omissão/contradição, consubstanciada na necessidade de que De fato, os pedidos aduzidos na reclamatória foram julgados

se corrija erro material na fundamentação e no dispositivo do improcedentes, em sua totalidade.

julgado. O acórdão conheceu do apelo ordinário interposto pelo autor, mas a

Alega que este órgão julgador equivocou-se ao apreciar o apelo, ele negou provimento, exceto pela retirada, de ofício, dos

concluindo pelo improvimento do apelo da reclamada, quando na honorários advocatícios a seu encargo, em razão de sua qualidade

verdade a reclamação teve todos os seus pedidos julgados de beneficiário da justiça gratuita, nos termos do entendimento

improcedentes, somente tendo havido interposição de apelo com o vinculante do STF.

fito de modificar a sentença, por parte do reclamante. Nestes termos, deve-se proceder à correção do erro material

Prossegue apontando equívoco material no dispositivo do acórdão, constante da parte final fundamentação do acórdão, a fim de que

do qual consta que o recurso ordinário da reclamada foi provido onde se lê: "Nega-se provimento ao apelo da reclamada, e

para julgar a reclamação trabalhista improcedente, o que colide com determina-se de ofício, a exclusão da condenação da parte autora

a fundamentação e conclusão do voto, dos quais se depreende que no pagamento de honorários em favor do advogado da reclamada,

ao recurso do autor foi negado provimento, mantendo-se a com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF

improcedência em todos os seus termos, excetuando-se pela no julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo

exclusão ,de ofício, da verba honorária a cargo do autor, enquanto do reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da

beneficiário da justiça gratuita. condenação da parte autora no pagamento de honorários em favor

A parte contrária, devidamente notificada, quedou-se silente de (ID. do advogado da reclamada, com base na declaração de

25f7d06 - Pág. 1). inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

É o breve relatório. 5766"

Em mesa. Os embargos comportam provimento, ainda, a fim de determinar

que na parte dispositiva, onde se lê "dar-lhe provimento, para julgar

a ação improcedente, com inversão sucumbencial, onde houver",

leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a improcedência em

FUNDAMENTAÇÃO todos os seus termos, excluindo-se, de ofício, a condenação do

autor no pagamento de honorários em favor do advogado da

reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade

ADMISSIBILIDADE proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Mantido o valor

Os embargos declaratórios estão em consonância com os arbitrado à causa"

pressupostos de admissibilidade, o que enseja o seu conhecimento.

MÉRITO

Alega a embargante que este órgão julgador equivocou-se ao CONCLUSÃO DO VOTO

apreciar o apelo, concluindo pelo improvimento do apelo da

reclamada, quando na verdade a reclamação teve todos os seus

pedidos julgados improcedentes, somente tendo havido interposição Voto pelo conhecimento e provimento dos embargos de declaração,

de apelo com o fito de modificar a sentença, por parte do a fim de, atribuindo efeito modificativo ao julgado, determinar a

reclamante. correção dos seguintes erros materiais:

Prossegue apontando equívoco material no dispositivo do acórdão, 1) Na parte final fundamentação do acórdão, onde se lê: "Nega-se

do qual consta que o recurso ordinário da reclamada foi provido provimento ao apelo da reclamada, e determina-se de ofício, a

para julgar a reclamação trabalhista improcedente, o que colide com exclusão da condenação da parte autora no pagamento de

a fundamentação e conclusão do voto, dos quais se depreende que honorários em favor do advogado da reclamada, com base na

ao recurso do autor foi negado provimento, mantendo-se a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no

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julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo do inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da condenação da 5766. Mantido o valor arbitrado à causa".

parte autora no pagamento de honorários em favor do advogado da Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766"; (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

2) Na parte dispositiva, onde se lê "dar-lhe provimento, para Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

julgar a ação improcedente, com inversão sucumbencial, onde de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

houver", leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a Fortaleza, 11 de julho de 2022.

improcedência em todos os seus termos, excluindo-se, de

ofício, a condenação do autor no pagamento de honorários em

favor do advogado da reclamada, com base na declaração de

inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

5766. Mantido o valor arbitrado à causa" JEFFERSON QUESADO

Desembargador Relator

DISPOSITIVO

VOTOS

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

Processo Nº RORSum-0000782-38.2021.5.07.0038
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
RECORRENTE JOAO JOSE DE VASCONCELOS
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª FILHO
ADVOGADO FRANCISCO VAGNER DA
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração SILVA(OAB: 28164/CE)
e dar-lhes provimento, a fim de, atribuindo efeito modificativo ao RECORRIDO FRANCISCO THALES NASCIMENTO
XAVIER
julgado, determinar a correção dos seguintes erros materiais: ADVOGADO ANDRESA CECILIA MUNIZ(OAB:
34885/CE)
1) Na parte final fundamentação do acórdão, onde se lê: "Nega-se

provimento ao apelo da reclamada, e determina-se de ofício, a Intimado(s)/Citado(s):


exclusão da condenação da parte autora no pagamento de - FRANCISCO THALES NASCIMENTO XAVIER

honorários em favor do advogado da reclamada, com base na

declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no

julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo do


PODER JUDICIÁRIO
reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da condenação da
JUSTIÇA DO
parte autora no pagamento de honorários em favor do advogado da

reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade

proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766"; EMENTA

2) Na parte dispositiva, onde se lê "dar-lhe provimento, para

julgar a ação improcedente, com inversão sucumbencial, onde

houver", leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a PRELIMINAR. NULIDADE DA SENTENÇA. LAUDO PERICIAL.

improcedência em todos os seus termos, excluindo-se, de PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS. O Juiz é o condutor do

ofício, a condenação do autor no pagamento de honorários em processo e destinatário final das provas, podendo e devendo

favor do advogado da reclamada, com base na declaração de indeferir diligências que considere inúteis ou protelatórias, a teor do

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art. 370 do NCPC. recurso ordinário.

INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DA CAUSA DE PRELIMINAR

PEDIR. Nos termos do artigo 840, da CLT, na redação vigente à NULIDADE DA SENTENÇA. PROVA EMPRESTADA. PEDIDO DE

época do ajuizamento da ação, que ocorreu em 12/5/2017, a ESCLARECIMENTOS INDEFERIDO.

petição inicial deve conter "uma breve exposição dos fatos de que Alega a recorrente que não houve pronunciamento no julgado

resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou acerca da argumentação recursal de erro substancial do laudo

de seu representante". Esse requisito foi observado no caso em técnico, suscitado em razões finais.

tela, tendo em vista que o reclamante expôs de forma clara, na Afirma que não foi oportunizado ao perito manifestar-se acerca de

inicial, a sua pretensão. sua impugnação ao laudo técnico. Assim, requer a anulação da

IMPUGNAÇAO AO VALOR DA CAUSA. De acordo com o artigo sentença e o retorno dos autos à vara de origem para reabertura da

292, VI, do NCPC, o valor da causa na ação em que há cumulação instrução processual com a determinação de complementação do

de pedidos, que deverá constar da inicial, corresponde à soma dos parecer pelo expert.

valores de todos os pleitos individualmente considerados, sendo o À análise.

caso dos autos. Rejeita-se. Em audiência datada de 25/10/2021 (id 8bbdab5), as partes

MÉRITO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. O ônus de comprovar a acordaram a utilização do laudo pericial produzido no processo N.

configuração da relação de emprego é, de início, do reclamante, 0000291-31.2021.5.07.0038 (id8873344), como prova emprestada.

contudo, havendo, em contrapartida, a alegação do reclamado de Oportunizada a parte reclamada manifestar-se sobre o referido

que o trabalho ocorreu de maneira eventual e autônoma, é invertido laudo por ocasião de suas razões finais.

tal ônus probatório. Desse ônus, entende-se, não se desonerou a Em razões finais (id 7864f71) a reclamada aponta divergências

reclamada. entre o laudo e o depoimento de testemunha, requerendo a

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LAUDO PERICIAL manifestação do perito para esclarecimentos.

CONCLUSIVO. Muito embora o juiz não esteja adstrito a conclusão Ora, é cediço que as pretensões de insalubridade/periculosidade

do laudo pericial (art. 436 do CPC), o fato é que nos presentes dependem de prova técnica (art. 195 da CLT), não tendo o

autos não restaram evidenciados a presença de elementos reclamada impugnado o laudo pericial de forma pertinente.

probantes aptos a infirmar a conclusão da referida prova técnica. A conclusão do perito foi firmada com base nas análises biológicas,

Portanto, constatado, por meio de laudo pericial, que a atividade físicas e químicas do meio ambiente de trabalho e das substancias

exercida pelo autor encontrava-se em condição insalubre, mantém- manipuladas pelo obreiro, sendo desnecessário esclarecimentos

se a sentença. sobre fornecimento ou uso de EPI's.

Recurso conhecido e improvido, mantendo-se a sentença por seus Sabe-se que o Juiz é o condutor do processo e destinatário final das

próprios e jurídicos fundamentos. provas, podendo e devendo indeferir diligências que considere

inúteis ou protelatórias, a teor do art. 370 do NCPC, "in verbis":

"Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,

RELATÓRIO determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.

Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as

diligências inúteis ou meramente protelatórias."

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. Fundamentando o julgador sua decisão, não há, portanto, que se

RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO falar em nulidade da instrução, a teor do art. 794 da CLT.

ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Preliminar que se rejeita.

N.º9.957/2000. INÉPCIA DA INICIAL

AUSÊNCIA DE CAUSA DE PEDIR

Nos termos do artigo 840, da CLT, a petição inicial deve conter

FUNDAMENTAÇÃO "uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,

a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante".

Esse requisito foi observado no caso em tela, tendo em vista que o

ADMISSIBILIDADE reclamante expôs de forma clara, na inicial, a sua pretensão

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do (reconhecimento de vínculo empregatício, pagamento das verbas

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rescisórias e adicional de insalubridade).. Registra-se, incialmente que a reclamada confirma que o

O reclamante forneceu os elementos básicos e mínimos aptos a reclamante prestou-lhe serviços de forma "eventual" por mais de 04

delimitar seu pedido e causa de pedir, tanto que a pretensão foi anos (de junho de 2017 ao início de julho de 2021), fato este que,

especificamente impugnada pela reclamada, sem qualquer prejuízo de pronto, afasta a eventualidade alegada.

ao contraditório e à ampla defesa ou embaraço à correta prestação A única testemunha apresentada pelo reclamante confirmou que

jurisdicional. Plenamente satisfeito o art. 840, § 1º, da CLT. executavam as mesmas atividades na reclamada, cumprindo

Rejeita-se. jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min e das 12h30min às

IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA 15h30min, de segunda à sexta-feira; que se o reclamante faltasse

De acordo com o artigo 292, VI, do NCPC, o valor da causa na ação sem justificativa ao trabalho seria chamado a atenção e se

em que há cumulação de pedidos, que deverá constar da inicial, reiterasse na falta poderia ser demitido; que o reclamante não

corresponde à soma dos valores de todos os pleitos individualmente poderia se fazer substituir na execução de suas atividades; a parte

considerados, sendo o caso dos autos. obreira recebia R$ 50,00 por dia de trabalho, depois disse que hoje

Rejeita-se. a diária custa R$ 50,00 e na época do reclamante importava R$

MÉRITO 40,00 ou R$ 45,00 .

VÍNCULO EMPREGATÍCIO A testemunha da reclamada afirma que o autor laborava em

Insurge-se a reclamada contra o reconhecimento do vínculo períodos descontínuos, em razão do período chuvoso; que no ano

empregatício alegando que o reclamante nunca foi seu empregado, que chovia bastante a interrupção da prestação de serviço na

visto ter prestado apenas serviços de forma autônoma e eventual, Fazenda seria em torno de três meses e que o reclamante teria

em períodos descontínuos, dentro do interregno compreendido de laborado nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021 e, enquanto

junho de 2018 a 02 de julho de 2021. laborava, o labor ocorria em média cinco dias por semana.

À análise. O conjunto probatório revelou que a relação havida entre as partes

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a revestiu-se dos elementos caracterizadores da relação de emprego,

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o consoante disposições contidas no art. 3º da CLT.

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência Presentes, assim, a pessoalidade, subordinação, onerosidade e não

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. eventualidade, impõe-se o reconhecimento do vínculo empregatício

Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir à luz do princípio da primazia da realidade que informa o Direito do

expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do Trabalho e artigos 2º, 3º e 9º da CLT.

recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a Sentença mantida.

sentença recorrida carece de nenhum reparo, já que ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. Sustenta a recorrente, em confusas razões, que "O juiz de primeiro

Para caracterização do vínculo de emprego, é necessário o grau julgou procedente o pedido de insalubridade fundamentando

cumprimento de requisitos cumulativos, quais sejam: ser pessoa em uma única prova, produzida de forma UNILATERAL, sem

física, que exerce atividades com pessoalidade, subordinação, não CONTRADITÓRIO ou AMPLA DEFESA. E ignorando todas as

eventualidade e onerosidade. demais provas do processo."

Ausente algum dos referidos requisitos, não há que se falar no Em face da impugnação do laudo pericial, pugna pela reforma da

reconhecimento do liame empregatício. sentença, para que seja excluído o pagamento do adicional de

Nos termos do artigo 818 incisos I e II da Consolidação das Leis insalubridade.

Trabalhistas incumbe ao reclamante demonstrar fato que constitua À análise.

seu direito e ao reclamado a existência de fato impeditivo, Arguida em juízo pleito de adicional de insalubridade, o juiz

modificativo ou extintivo do direito do autor. designará perito habilitado, na forma do § 2º, do art. 195, da CLT.

Neste contexto, sabe-se que o ônus de comprovar a configuração "Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da

da relação de emprego é, de início, do reclamante, contudo, periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-

havendo, em contrapartida, a alegação do reclamado de que o se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou

trabalho ocorreu de maneira autônoma, é invertido tal ônus Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.

probatório. § 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por

Desse ônus, entende-se, não se desonerou a reclamada. empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o

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juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou

houver, requisitará perícia ao órgão competente ao Ministério do procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade

Trabalho. não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a

No caso, diante do quadro fático delineado na exordial e tendo em ratuidade da justiça à parte autora. 02 DA NULIDADE DA PROVA

vista tratar-se de pedido de adicional de insalubridade, acordaram DOCUMENTAL A reclamada pugna pela nulidade da prova alusiva

as partes, em audiência (id 8bbdab5), a utilização do laudo pericial ao link do vídeo e fotos juntados após a propositura da reclamatória,

produzido no processo N. 0000291-31.2021.5.07.0038 (id873344), ante a impossibilidade de exercer o contraditório e ampla defesa,

como prova emprestada. visto não ter conseguido acesso o conteúdo da prova em alusão.

O referido laudo pericial assim concluiu: S e m r a z ã o . B a s t a c o p i a r o

"13 CONCLUSÃO PERICIAL "https://midias.pje.jus.br/midias/web/00007581020215070038" e

Face às constatações periciais, baseado nas entrevistas colhidas jogar no Google Firefox que mencionado link cai no PJEMídias,

durante a perícia, nos documentos apresentados nos autos e ainda clica em acessar que o link abre normalmente. Preliminar rejeitada,

no conjunto de premissas minuciosa, cuidadosa e criteriosamente portanto.03 DA INÉPCIA DA INICIALInépcia é a falta de aptidão da

relatadas no corpo deste laudo técnico pericial, considerando a petição inicial para permitir aoreclamado a apresentação de defesa

análise das condições de trabalho e como elas foram observadas útil e ao Juiz a prolação da decisão. O exame dosautos revela que

"in loco", com base na análise das atividades e condições de os pedidos da prefacial foram extensamente contestados pela

trabalho do Reclamante e a Legislação Trabalhista da Portaria reclamada, não havendo, portanto, inépcia a ser declarada.Além

Ministerial 3214/78, conclui-se para as condições laborais disso, a inicial não é inepta, visto não lhe faltar pedido oucausa de

desenvolvidas pela Reclamante, nos ambientes analisados, no pedir, da narração dos fatos decorrer conclusão lógica, os pedidos

período que laborou para a reclamada, conforme NR 15, ANEXO III seremjuridicamente possíveis e não haver pedidos incompatíveis

(Calor) e ANEXOS 11, 12 e 13 (Agentes Químicos), que: Em entre si.Se não bastasse, a inicial atende satisfatoriamente

relação ao Agente Calor: NÃO EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS aosrequisitos constantes do § 1° do art. 840 da CLT E no processo

DE INSALUBRIDADE; Em relação aos Agente Químicos (Anexo do trabalho, . prevalece o princípio da simplicidade, razão pela qual

13): EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE EM são perfeitamente dispensáveis os formalismos característicos do

GRAU MÉDIO, sendo o adicional de insalubridade incidente em processo comum. Necessário, apenas, uma sucintaexposição dos

20% sobre o salário mínimo da região." fatos que fundamentam o pedido, de forma que fique clara a

Muito embora o juiz não esteja adstrito a conclusão do laudo pericial pretensãoe possibilite o contraditório. Assim, não há nenhuma

(art. 371 do NCPC), o fato é que nos presentes autos não restaram irregularidade passível decorrigenda.Diante disso, não resta outra

evidenciados a presença de elementos probantes aptos a infirmar a alternativa ao Juízo senão afastar apreliminar em epígrafe, o que

conclusão da referida prova técnica. ora se faz.04 DA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSARejeito,

A impugnação da reclamada sobre matérias técnicas, sem a devida haja vista que o valor atribuído à causa apresenta-secompatível

contraprova técnica, não é suficiente para suplantar as conclusões com a expressão monetária dos pedidos (art. 2º, da Lei 5.584/70 c/c

do perito oficial. art. 291do CPC), não sendo, ainda, apresentado o valor que

Considerando o poder de livre apreciação da prova pelo magistrado, supostamente entende correto.Ademais, se da alteração do valor da

através do qual o magistrado dispõe de ampla liberdade para causa não houver repercussão no valor da alçada recursal, no

analisar os elementos de convicção coligidos aos autos, desde que procedimento processual, nem no valordas custas e do depósito

fundamente sua decisão, mantém-se a sentença atacada, quanto recursal, falta interesse jurídico para a sua alteração,mantendo-se,

ao grau de insalubridade definido pelo laudo pericial, uma vez que em consequência, o valor da causa dado na exordial, que, aliás,

coerentes com o ambiente de trabalho e exposição aos agentes guardasintonia com o valor econômico dos pleitos na forma em que

mencionados no laudo pericial. foram formulados.05 DA NATUREZA DO VÍNCULO O reclamante

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, alega que trabalhou para o reclamado, sem CTPS anotada, no

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: período de 01.06.2017 a 16.07.2021, na função de trabalhador rural,

"F U N D A M E N T A Ç Ã O 01 DA GRATUIDADE PROCESSUAL percebendo remuneração mensal de R$ 1.000,00, cumprindo

Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da consolidação das Leis jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min e das 12h30min às

do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17 15h30min, de segunda à sexta-feira, sendodespedido sem justa

(remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência causa, estando pendentes de pagamento as verbas rescisórias e

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trabalhistas que relaciona. Diante disso, pugna pelo reconhecimento de serviço pessoal gera a presunção de que seja derivada da

da relação de emprego e consequente condenação da reclamada existência de uma relação de emprego típica, pois tal relação

na anotação da CTPS e nopagamento das seguintes verbas: a) jurídica passou a integrar o ordenamento jurídico pátrio com o

aviso prévio; b) férias vencidas e proporcionais + 1/3; c) 13º salário escopo protecionista ao hipossuficiente. A prestação de serviços de

do período contratual; d) FGT+ 40%; e) multa rescisória; f) multa do natureza diversa (eventual, autônoma, empreitada etc.) deve ser

art.467 da CLT. A reclamada se insurgiu contra a pretensão autoral sobejamente comprovada nos autos da ação trabalhista. Tal ônus

aduzindo que o reclamante nunca foi seu empregado, visto ter cabe à reclamada quando esta, em suas razões contestatórias,

prestado apenas serviços de forma autônoma e eventual, em nega o liame empregatício, embora ateste a veracidade da

períodos descontínuos, dentro do interregno compreendido de junho prestação deserviços havida, consoante os termos dos artigos

de 2018 a 02 de julho de 2021, tendo nos períodos sazonais da 818/CLT e 373/CPC. (TRT da 10ª Região, RO 0000044-

descasca de coco do ano de 2020 laborado em tal atividade, 27.2018.5.10.0861, Rel.Dorival Borges de Souza Neto, em

mediante contraprestação a base de produção, recebendo nos 02.08.2018).Na hipótese dos autos, a reclamada negou a relação

outros períodos por diária, quando observava a jornada das 07h às de emprego, mas admitiu a prestação de serviço, atribuindo-lhe

15h30min, com intervalo de uma hora. Desse modo, bate pela conotação eventual e autônomo, atraindo, para si, o ônus da

improcedência dos pedidos deduzidos na peça de prova.A parte reclamada, entretanto, não conseguiu comprovar os

começo.Analiso.De acordo com a legislação pátria vigente, a prova fatos impeditivos sustentados na peça contestatória ou mesmo

das alegações incumbe a parte que as fizer, a parte autora cabe qualquer outra situação capaz de afastar a configuração da relação

comprovar os fatos constitutivos do direito reivindicado e a parte ré de emprego. Muito pelo contrário,o contexto probatório produzido no

os fatos impeditivos, modificativos e extintivos dodireito perseguido feito deixou evidenciado que o reclamante trabalhava pessoalmente

(arts. 818 da CLT e 373 do NCPC), sob pena de sucumbir na para o demandado, executando atividade de natureza ruralística,

demanda.Em sede de vínculo empregatício, negada a relação de pelo período ininterrupto de meados de 2017 até julho de 2018,

emprego o ônus da prova incumbe ao autor por se tratar de fato sujeitandose ao cumprimento de jornada de trabalho, mediante o

constitutivo. Entender o contrário, seria obrigar o réu a produzir recebimento de contraprestação, restando, assim, manifestos os

contestação sobre fato negativo, o que seria praticamente pressupostos caracterizadores da relação de emprego, a saber:

impossível. Mas uma vez constatada a prestação pessoal de pessoalidade, ineventualidade, subordinação e onerosidade. A

serviço,presume-se tratar de relação de emprego, cuja elisão decorre do simples fato do reclamante, pessoalidade ao longo da

constitui ônus do empregador,que deverá demonstrar, contratualidade não se fazer substituir por outras pessoas na

comprovadamente, que o vínculo havido entre as partes era execução de suas tarefas junto ao demandado. De fato, a despeito

puramente comercial, societário, ou de qualquer outra forma não da testemunha arregimentada pelo reclamado haver asseverado

subordinada. Isso se justifica porque o contrato de emprego é a que o autor poderia determinar que outra pessoa fosse laborar para

forma ordinária de contratação do trabalho humano, constituindo o demandado sem prévia comunicação, garantiu que não tem

formas extraordinárias aquelas em que não está presente o vínculo conhecimento se esta situação chegou a ocorrer (cf. do 06min20seg

da subordinação.Neste sentido, destacamos o posicionamento do ao 06min45seg da gravação). Se não bastasse, o único testigo

eminente Juiz César Pereira da Silva Machado Júnior, in arregimentado pela parte autora assegurou que o reclamante não

verbis:Inspirado no princípio protetor temos de considerar toda poderia se fazer substituir na execução de suas atividades sem

prestação de trabalho como presumidamente subordinada, em vista prévia comunicação à parte adversa (cf. 09min38 da gravação). A

da grande proteção ao trabalho humano em geral, que o direito do reside no simples fato de ineventualidade a parte reclamante ter

trabalho procura assegurar. Em decorrência: provado pelo laborado para a parte adversa, sem solução de continuidade, por

reclamante a prestação de serviço, é do reclamado a demonstração um período ininterrupto de mais de mais de quatro anos (de junho

de situação capaz de afastar a incidência da norma jurídica (O Ônus de 2017 ao início de julho de 2021), porquanto jamais pode ser

da Prova no processo do Trabalho, Ed. LTr, 1993, p. 346). considerado eventual o trabalho prestado de modo continuado, ao

jurisprudência dos pretórios pátrios trabalhistas não discrepa desse longo do período mencionado, na execução de serviços destinados

entendimento, conforme ementa jurisprudencial a seguir transcrita: a cobrir as exigências do cotidiano da entidade reclamada, como no

VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA caso de que se cuida. De fato, a despeito da testemunha

REALIDADE. Com a edição da Consolidação das Leis do arregimentada pelo reclamado haver asseverado que o autor teria

Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452, de 1943), toda e qualquer prestação laborado apenas em períodos descontínuos, visto que no período

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invernoso não havia prestação laborativa, garantiu que no ano que semana, no mês ou no ano. A descontinuidade da prestação de

chovia bastante a interrupção da prestação de serviço na Fazenda serviços não é, portanto, fator predominante do trabalho eventual.

seria em torno de três meses e que o reclamante teria laborado nos Assim, ainda que o reclamante tivesse prestado serviço apenas em

anos de 2018,2019, 2020 e 2021 e, enquanto laborava, o labor alguns meses do ano, notadamente no período não chuvoso, tal

ocorria em média cinco dias por semana (cf. do 02min50seg ao circunstância não descaracteriza o elemento da não eventualidade,

05min39seg da gravação). Se não bastasse, o único testigo eis que, como já destacado acima, a legislação não exige o trabalho

arregimentado pela parte autora assegurou que o reclamante contínuo, mas sim aquele trabalho que tenha caráter de

começou a laborar em meados de 2017 e, quando depoente saiu permanência. E, no caso concreto, foram mais de dois quatro anos

em agosto de 2020, o autor ainda permaneceu trabalhando, ininterruptos de atividade laboral. Cabe, por fim, enfatizar que a não

destacando que o autor laborava de forma ininterrupta, eventualidade não mantém relação com duração determinada da

acrescentando que, mesmo no período chuvoso, havia prestação prestação do trabalho, mas sim com atividade essencial para o

laborativa (cf. 07min12seg ao 08min36seg da gravação). Com alcance dos fins econômicos da empresa.Ainda, quanto a não

efeito, mesmo que o reclamante tivesse laborado em período eventualidade, valiosa é a lição da Profª.Carmen Camino:"Serviços

descontínuo, ainda assim não estava configurada a eventualidade, não-eventuais são os serviços rotineiros da empresa, por isso,

uma vez que a descontinuidade da prestação de serviços não é necessários e permanentes,vinculados ao objeto da atividade

fator predominante do trabalho eventual. Note-se que a legislação econômica, independentemente do lapso de tempo em que

não exige o trabalho contínuo, mas sim aquele trabalho que tenha prestados, antítese dos serviços eventuais, circunstancialmente

caráter de permanência. E no caso concreto, a prestação laborativa necessários, destinados aoatendimento de emergência, quando

ocorreu dentro de um período superior a quatro anos, de modo que, interessa a obtenção do resultado ou a realização de determinado

ainda que fosse em períodos descontínuos, o que restou afastado serviço e não o ato de trabalhar" (Direito Individual do Trabalho, 3ª

pela prova testemunhal produzida pela autora, estaria afastada a ed. rev. e atual., Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 211). Desse modo,

eventualidade e, por conseguinte, configurada a ineventualidade da demonstrado o reclamante laborou por mais quatro anos

prestação laboral. O eminente Maurício Godinho Delgado adverte ininterruptos na execução de serviços rotineiros da fazenda e, por

que são elementos caracterizadores do trabalho de natureza isso,necessários e permanentes, inclusive vinculados ao objeto da

eventual: "a) descontinuidade da prestação do trabalho, entendida atividade econômica, tem-se por configurada a ineventualidade

como a não permanência em uma organização com ânimo como elemento caracterizador da relação de emprego.A , ponto de

definitivo; b) não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com distinção subordinação jurídica por excelência darelação de

pluralidade variável de tomadores de serviços; c) curta duração do emprego das demais relações de trabalho, restou também

trabalho prestado; d) natureza do trabalho tende a ser concernente evidenciada,tanto sob o aspecto objetivo quanto sob o aspecto

a evento certo, determinado e episódico no tocante regular dinâmica subjetivo.Sob o aspecto objetivo, tendo em vista que a atividade

do empreendimento tomador de serviços; e) em consequência, a executada pelo reclamante era exigível no dia a dia da entidade

natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, demandada e estava relacionada com o objeto social da fazenda

aos padrão dos fins do empreendimento" (Curso de Direito do onde desempenha suas atividades.Noutra vertente, sob a

Trabalho, LTr, 5ª ed., pág. 291). No caso sob exame, tais aspectos perspectiva objetiva, a subordinação restou demonstrada pela

não se amoldam aos serviços prestados pelo reclamante, pois, inserção do trabalhador "no giro total da empresa em movimento",

ainda que laborasse apenas alguns meses por ano, para fins conforme preceitua Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena (Relação de

celetistas, a intermitência não traduz eventualidade. Com efeito, a emprego:estrutura legal e supostos, 2ª ed. rev., atual. e aum., São

atividade exercida pelo autor em favor do reclamado não pode ser Paulo: LTr, 1999, p. 472). Nesse aspecto, a subordinação confunde-

reconhecida como eventual, porquanto está ligada a um serviço se com a não eventualidade, que diz respeito à essencialidade dos

necessariamente permanente e habitual à Fazenda onde laborava, serviços prestados pelo empregado para o empreendimento do

sendo a função por ele ocupada essencial para a parte demandada. empregador.Sob o aspecto subjetivo, uma vez que o reclamante,

A eventualidade se fixa pela necessidade da atividade laboral e não além de não poder se fazer substituir na execução de suas

pela intermitência na execução da tarefa. Desse modo, se a atividades por outra pessoa, estava sujeito ao cumprimento de

prestação é descontínua, mas permanente, deixa de haver jornada de trabalho e punição disciplinada. Sem embargo, a única

eventualidade. Eis que a jornada contratual pode ser inferior à testemunha arregimentada peloreclamante garantiu que ele

jornada legal, inclusive no que concerne aos dias laborados na desempenhava as mesmas atividades que eram executadas pelo

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depoente e cumpria jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min princípio da continuidade, que a terminação do contrato decorreu de

edas 12h30min às 15h30min, de segunda à sexta-feira. Garantiu, iniciativa da empresa e sem justa causa. Em decorrência, e ante a

outrossim, que se o reclamante faltasse sem justificativa ao trabalho ausência de prova quitatória, impõe-se a condenação da reclamada

seria chamado a atenção e se reiterasse na falta poderia ser na anotação da CTPS da parte demandante, bem como no

demitido (cf. 08min03seg ao 09min27 da gravação). Garantiu, pagamento das seguintes parcelas: a) aviso prévio; b) três períodos

outrossim, que o reclamante não poderia se fazer substituir na de férias vencidas em dobro + 1/3; c) um período de férias vencidas

execução de suas atividades sem prévia comunicação à parte simples + 1/3; d) férias proporcionais (2/12) + 1/3; e) 13º salário do

adversa (cf. 09min38 da gravação). Aliás, a própria peça período contratual; f)recolhimento e liberação do FGTS do período

contestatória declina que a jornada de trabalho era cumprida das contratual; e) recolhimento e liberação damulta fundiária; g) multa

07h às 15h30min, com intervalo de uma hora. Vê-se, pois, que o rescisória. Descabe a condenação da parte reclamada no

reclamante não tinha inteira liberdade de ação na execução de suas pagamento da multa de que trata o artigo 467 da CLT, uma vez que

atividades, porquanto não atuava como patrão de si mesmo, já que a tese da negativa do vínculo,sustentada na peça defensiva, tornou

não tinha poderes jurídicos de organização própria para o incontroversa as verbas rescisórias. 06 DO ADICIONAL DE

desenvolvimento impulsivo da sua livre iniciativa, pelo menos não INSALUBRIDADE O reclamante alega que, no exercício da

restou demonstrado pelo demandado. Subordinação configurada, atividade detrabalhador rural, aplicava herbicidas/inseticidas, sem o

portanto.A também restou cristalina, onerosidade uma vez que a uso dos devidos EPIs capazesde neutralizar os efeitos causados

partereclamante não prestava serviços gratuitamente para a parte pelos venenos utilizados. Além disso, exercia suas funções a céu

adversa. Muito pelo contrário, era remunerada pelos serviços aberto, exposto a calor oriundo do sol escaldante. Em decorrência,

executados. Aliás, a própria testemunha ouvida a rogo do postula o pagamento do adicional de insalubridade.A reclamada

reclamante disse que a parte obreira recebia R$ 50,00 por dia de contesta aduzindo que o reclamante nunca prestou serviço exposto

trabalho (cf. 04mni45seg da gravação), depois disse que hoje a ao sol, já que trabalhava numa fazenda de coqueiros, sendo certo

diária custa R$ 50,00 e na época do reclamante importava R$ 40,00 que estes fazem muita sombra. Além disso, a mera execução de

ou R$ 45,00 (cf. 15mni45seg da gravação). Do mesmo modo, a atividade ao céu aberto com exposição ao sol não caracteriza, por si

testemunha arregimentada pelo autor assegurou que este, na época só, atividade insalubre. Já no tocante ao emprego de inseticidas,

da vigência do contrato do depoente, recebia R$ 450,00 por aduz que este é realizado apenas (no máximo) de uma a duas

quinzena, perfazendo um montante mensal de R$ 900,00 (cf. vezes por ano e, ainda assim, com a utilização dos equipamentos

08min18seg da gravação). Releva pontuar que a contraprestação de proteção - EPIs (máscara e luvas apropriadas). Desse modo,

salarial pode ser perfeitamente fixada por diária ou por inexiste labor exposto a agente insalubre, sendo, por isso,

produtividade. Desse modo, o mero fato de oreclamante receber descabida a pretensão autoral pertinente. Analiso.segundo o artigo

contraprestação com base na diária, mas, quando da descasca do 195 da CLT, a caracterização e a classificação da insalubridade e

coco, passar a receber por produtividade, conforme atesta a da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho,

testemunha da empresa,não tem o condão de afastar o requisito da far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou

onerosidade. Pelo contrário, apenas reafirma que o trabalho Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.

executado pelo reclamante não era gratuito, mas remunerado. Conquanto a norma celetária acima destacada exija perícia para a

Assim, demonstrado que a parte autora, pessoalmente, prestou caracterização e a classificação da insalubridade e periculosidade, o

serviços para a parte contrária, na função de trabalhador rural, pelo dispositivo legal não impede a utilização de prova técnica elaborada

longo período de junho de 2017 a 02.07.2021, de forma contínua e em outro processo. Vale dizer que a prova técnica não tem que ser,

permanente (ineventualidade), sujeitando-se ao cumprimento de necessariamente, produzida no processo em análise, e sim que a

jornada de trabalho (subordinação), mediante contraprestação apuração da insalubridade e periculosidade far-se-á mediante

mensal de R$ 900,00 (onerosidade), tem-se por inafastável que o perícia,tornando, desse modo, admissível a produção de prova

vínculo mantido entre as partes era de emprego, ante a presença emprestada.A prova emprestada é criação doutrinária e

manifesta dos requisitos e pressupostos caracterizadores de tal jurisprudencial,consistente no aproveitamento, em determinado

relação, conforme previstos no art. 3º do Estatuto Consolidado. processo, dos elementos de informação produzidos no âmbito de

Relação de emprego configurada. Configurada a relação de outros, conquanto sejam preenchidos certos requisitos. Segundo

emprego e não tendo a parte reclamada demonstrado que o distrato majoritário entendimento jurisprudencial, é cabível o aproveitamento

teria decorrido de iniciativa da parte autora, tem-se, em face do de prova emprestada quando a ação for movida entre as mesmas

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partes, envolvendo situação fática semelhante, ou então quando que, nos termos do Anexo 14 da NR 15, o reclamante faz jus ao

houver concordância expressa dos litigantes. Nesse sentido, cito os adicional de insalubridade, cuja conclusão segue transcrita: 13

seguintes precedentes jurisprudenciais:[...]RECURSO ADESIVO CONCLUSÃO PERICIAL Face às constatações periciais, baseado

DO RECLAMANTE. PROVA EMPRESTADA. ADICIONAL DE nas entrevistas colhidas durante a perícia, nos documentos

INSALUBRIDADE. No direito do trabalho, admite-se a prova apresentados nos autos e ainda no conjunto de premissas

emprestada quando houver concordância das partes. No caso, a minuciosa, cuidadosa e criteriosamente relatadas no corpo deste

parte reclamada discordou da utilização do laudo pericial acostado laudo técnico pericial, considerando a análise das condições de

pelo autor como prova emprestada. Logo, correta a sentença que trabalho e como elas foram observadas "in loco", com base na

inadmitiu o documento como meio de prova. Apelo negado. TRT da análise das atividades e condições de trabalho do Reclamante e a

4ª Região, 8ª Turma, RO 0020515-27.2015.5.04.0541, Rel. Legislação Trabalhista da Portaria Ministerial 3214/78, conclui-se

ANGELA ROSI ALMEIDA CHAPPER, Data: 24/03/2017) para as condições laborais desenvolvidas pela Reclamante, nos

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PROVA Como as partes ambientes analisados, no período que laborou para a reclamada,

concordaram EMPRESTADA. com a utilização da prova conforme NR 15, ANEXO III (Calor) e ANEXOS 11, 12 e 13

emprestada e não veio aos autos contraprova específica para (Agentes Químicos), que: Em relação ao Agente Calor:NÃO

demonstrar que o reclamante não atuou nas mesmas condições EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE;Em

relatadas no laudo pericial destacado, nenhum reparo merece a r. relação aos Agente Químicos (Anexo 13):EXISTEM CONDIÇÕES

sentença recorrida, que corretamente condenou o reclamado ao TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÉDIO, sendo o

pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, com adicional de insalubridade incidente em 20% sobre o salário mínimo

fundamento na norma regulamentar pertinente ao caso concreto. da região.OBS: Constatada insalubridade pelo uso do agente

(TRT da 3.ª Região; PJe: 0011443-21.2016.5.03.0149 (RO); químico glifosato (ZAPP QI 620) como defensivo agrícola. Houve

Disponibilização: 27/09/2017, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 539; divergência entre as partes, durante as diligências periciais, em

Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator: Milton V.Thibau de relação ao período de exposição: de acordo com a reclamante uma

Almeida) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - PROVA PERICIAL ou duas pulverizações com defensivo agrícola ao mês; de acordo

EMPRESTADA - EXPRESSA CONCORDÂNCIA DAS PARTES. com a reclamada no máximo duas pulverizações com defensivo

Havendo concordância das partes com o uso de prova pericial agrícola ao ano. Veja-se que o laudo pericial não foi impugnado

emprestada, recai sobre a reclamada o ônus de provar que pela demandada, de maneira que não há como deixar de acolher as

oreclamante recebeu e utilizou corretamente os EPI's adequados conclusões expostas pelo Vistor Oficial para, de consequência,

para a neutralização ou a eliminação do contato permanente com o indeferir o adicional de insalubridade. Urge pontuar que a

agente insalubre hidrocarboneto, posto que o uso de Equipamentos testemunha, apesar de afirmar que a atividade de pulverização era

de Proteção Individual é fato impeditivo ao direito do realizada mensalmente (12:04min), explicita a situação informando

reclamante(artigo 818 da CLT e artigo 333, inciso II, do CPC). Não que a duração da pulverização era em torno de três meses

se desincumbindo de tal ônus, correto se afigura o deferimento do (16:27min), podendo ser realizada duas vezes por ano ou mais,

adicional de insalubridade caracterizado no laudo pericial, ainda que podendo chegar a ser três vezes por ano (17:05min). Assevera que

utilizado como prova emprestada. (TRT da 3.ª Região; a mesma era realizada sem a utilização de EPI (14:58min), situação

Processo:0001624-69.2011.5.03.0041 RO; Data de Publicação: que era submetido ao reclamante (15:56min). Pelas razões

15/04/2013;Disponibilização: 12/04/2013, DEJT, Página 82; Órgão expendidas, não resta outra alternativa a este Juízo senão condenar

Julgador:Terceira Turma; Relator: Cesar Machado; Revisor: Camilla o reclamado no pagamento do adicional de insalubridade no grau

G.Pereira Zeidler) No caso sob exame, a parte demandada médio, durante nove meses por ano."

concordou com o requerimento da parte adversa de produção de

prova emprestada, conforme registro constante da ata de audiência,

com a juntada do laudo pericial produzido no processo nº 0000291-

31.2021.5.07.0038. O laudo pericial emprestado atesta que o CONCLUSÃO DO VOTO

trabalhador, no desempenho de suas atividades, ficava exposto à

influência de agentes nocivos à saúde, restando, desse modo,

demostrado que o serviço desempenhado pelo reclamante Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário,

apresenta condições insalubres, deixando o laudo pericial patente mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 71
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

- ANDRE LUIS DOS SANTOS SILVA

DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

EMBARGOS DECLARATÓRIOS - OMISSÃO E CONTRADIÇÃO.

Constatada omissão/contradição no Aresto Embargado,


ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
merecem ser providos os Declaratórios, para eliminar a
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
incongruência, corrigindo o erro material apontado,
unanimidade, conhecer do recurso, rejeitar as preliminares
acarretando efeito modificativo ao Julgado.
suscitadas e, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo-se a
Embargos de declaração conhecidose providos, a fim de,
sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.
atribuindo efeito modificativo ao julgado, determinar a correção
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
dos erros materiais na fundamentação e no dispositivo do
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
acórdão.
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Fortaleza, 11 de julho de 2022.


RELATÓRIO

Cuida-se de embargos de declaração (ID. cdfaf9e - Pág. 1 - 3)


FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
opostos pela reclamada CERVEJARIA PETROPOLIS DA BAHIA
Relator
LTDA, alegando que o julgado de ID. a8f3e25 - Pág. 1-23 incorreu

em omissão/contradição, consubstanciada na necessidade de que

se corrija erro material na fundamentação e no dispositivo do


VOTOS
julgado.

Alega que este órgão julgador equivocou-se ao apreciar o apelo,

concluindo pelo improvimento do apelo da reclamada, quando na

verdade a reclamação teve todos os seus pedidos julgados


FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
improcedentes, somente tendo havido interposição de apelo com o

fito de modificar a sentença, por parte do reclamante.


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Prossegue apontando equívoco material no dispositivo do acórdão,
Diretor de Secretaria
do qual consta que o recurso ordinário da reclamada foi provido

Processo Nº ROT-0000992-92.2020.5.07.0016 para julgar a reclamação trabalhista improcedente, o que colide com
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR a fundamentação e conclusão do voto, dos quais se depreende que
RECORRENTE ANDRE LUIS DOS SANTOS SILVA
ao recurso do autor foi negado provimento, mantendo-se a
ADVOGADO PAULO FERREIRA RABELO(OAB:
40559/CE) improcedência em todos os seus termos, excetuando-se pela
ADVOGADO DOUGLAS MICHEL CAETANO(OAB:
41573-A/CE) exclusão ,de ofício, da verba honorária a cargo do autor, enquanto
RECORRIDO CERVEJARIA PETROPOLIS DA beneficiário da justiça gratuita.
BAHIA LTDA
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB: A parte contrária, devidamente notificada, quedou-se silente de (ID.
60284/SP)
25f7d06 - Pág. 1).
Intimado(s)/Citado(s): É o breve relatório.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 72
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Em mesa. Os embargos comportam provimento, ainda, a fim de determinar

que na parte dispositiva, onde se lê "dar-lhe provimento, para julgar

a ação improcedente, com inversão sucumbencial, onde houver",

leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a improcedência em

FUNDAMENTAÇÃO todos os seus termos, excluindo-se, de ofício, a condenação do

autor no pagamento de honorários em favor do advogado da

reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade

ADMISSIBILIDADE proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Mantido o valor

Os embargos declaratórios estão em consonância com os arbitrado à causa"

pressupostos de admissibilidade, o que enseja o seu conhecimento.

MÉRITO

Alega a embargante que este órgão julgador equivocou-se ao CONCLUSÃO DO VOTO

apreciar o apelo, concluindo pelo improvimento do apelo da

reclamada, quando na verdade a reclamação teve todos os seus

pedidos julgados improcedentes, somente tendo havido interposição Voto pelo conhecimento e provimento dos embargos de declaração,

de apelo com o fito de modificar a sentença, por parte do a fim de, atribuindo efeito modificativo ao julgado, determinar a

reclamante. correção dos seguintes erros materiais:

Prossegue apontando equívoco material no dispositivo do acórdão, 1) Na parte final fundamentação do acórdão, onde se lê: "Nega-se

do qual consta que o recurso ordinário da reclamada foi provido provimento ao apelo da reclamada, e determina-se de ofício, a

para julgar a reclamação trabalhista improcedente, o que colide com exclusão da condenação da parte autora no pagamento de

a fundamentação e conclusão do voto, dos quais se depreende que honorários em favor do advogado da reclamada, com base na

ao recurso do autor foi negado provimento, mantendo-se a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no

improcedência em todos os seus termos, excetuando-se pela julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo do

exclusão ,de ofício, da verba honorária a cargo do autor, enquanto reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da condenação da

beneficiário da justiça gratuita. parte autora no pagamento de honorários em favor do advogado da

Com razão, no particular. reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade

De fato, os pedidos aduzidos na reclamatória foram julgados proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766";

improcedentes, em sua totalidade. 2) Na parte dispositiva, onde se lê "dar-lhe provimento, para

O acórdão conheceu do apelo ordinário interposto pelo autor, mas a julgar a ação improcedente, com inversão sucumbencial, onde

ele negou provimento, exceto pela retirada, de ofício, dos houver", leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a

honorários advocatícios a seu encargo, em razão de sua qualidade improcedência em todos os seus termos, excluindo-se, de

de beneficiário da justiça gratuita, nos termos do entendimento ofício, a condenação do autor no pagamento de honorários em

vinculante do STF. favor do advogado da reclamada, com base na declaração de

Nestes termos, deve-se proceder à correção do erro material inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

constante da parte final fundamentação do acórdão, a fim de que 5766. Mantido o valor arbitrado à causa"

onde se lê: "Nega-se provimento ao apelo da reclamada, e

determina-se de ofício, a exclusão da condenação da parte autora

no pagamento de honorários em favor do advogado da reclamada,

com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF DISPOSITIVO

no julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo

do reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da

condenação da parte autora no pagamento de honorários em favor

do advogado da reclamada, com base na declaração de

inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

5766"

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 73
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Processo Nº RORSum-0000782-38.2021.5.07.0038
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
RECORRENTE JOAO JOSE DE VASCONCELOS
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª FILHO
ADVOGADO FRANCISCO VAGNER DA
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração SILVA(OAB: 28164/CE)
e dar-lhes provimento, a fim de, atribuindo efeito modificativo ao RECORRIDO FRANCISCO THALES NASCIMENTO
XAVIER
julgado, determinar a correção dos seguintes erros materiais: ADVOGADO ANDRESA CECILIA MUNIZ(OAB:
34885/CE)
1) Na parte final fundamentação do acórdão, onde se lê: "Nega-se

provimento ao apelo da reclamada, e determina-se de ofício, a Intimado(s)/Citado(s):


exclusão da condenação da parte autora no pagamento de - JOAO JOSE DE VASCONCELOS FILHO

honorários em favor do advogado da reclamada, com base na

declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no

julgamento da ADI 5766", leia-se: "Nega-se provimento ao apelo do


PODER JUDICIÁRIO
reclamante, e determina-se de ofício, a exclusão da condenação da
JUSTIÇA DO
parte autora no pagamento de honorários em favor do advogado da

reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade

proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766"; EMENTA

2) Na parte dispositiva, onde se lê "dar-lhe provimento, para

julgar a ação improcedente, com inversão sucumbencial, onde

houver", leia-se "negar-lhe provimento, mantendo-se a PRELIMINAR. NULIDADE DA SENTENÇA. LAUDO PERICIAL.

improcedência em todos os seus termos, excluindo-se, de PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS. O Juiz é o condutor do

ofício, a condenação do autor no pagamento de honorários em processo e destinatário final das provas, podendo e devendo

favor do advogado da reclamada, com base na declaração de indeferir diligências que considere inúteis ou protelatórias, a teor do

inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI art. 370 do NCPC.

5766. Mantido o valor arbitrado à causa". INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DA CAUSA DE

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores PEDIR. Nos termos do artigo 840, da CLT, na redação vigente à

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior época do ajuizamento da ação, que ocorreu em 12/5/2017, a

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) petição inicial deve conter "uma breve exposição dos fatos de que

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. de seu representante". Esse requisito foi observado no caso em

Fortaleza, 11 de julho de 2022. tela, tendo em vista que o reclamante expôs de forma clara, na

inicial, a sua pretensão.

IMPUGNAÇAO AO VALOR DA CAUSA. De acordo com o artigo

292, VI, do NCPC, o valor da causa na ação em que há cumulação

de pedidos, que deverá constar da inicial, corresponde à soma dos

JEFFERSON QUESADO valores de todos os pleitos individualmente considerados, sendo o

Desembargador Relator caso dos autos. Rejeita-se.

MÉRITO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. O ônus de comprovar a

configuração da relação de emprego é, de início, do reclamante,

contudo, havendo, em contrapartida, a alegação do reclamado de

VOTOS que o trabalho ocorreu de maneira eventual e autônoma, é invertido

tal ônus probatório. Desse ônus, entende-se, não se desonerou a

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. reclamada.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LAUDO PERICIAL

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART CONCLUSIVO. Muito embora o juiz não esteja adstrito a conclusão

Diretor de Secretaria do laudo pericial (art. 436 do CPC), o fato é que nos presentes

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autos não restaram evidenciados a presença de elementos reclamada impugnado o laudo pericial de forma pertinente.

probantes aptos a infirmar a conclusão da referida prova técnica. A conclusão do perito foi firmada com base nas análises biológicas,

Portanto, constatado, por meio de laudo pericial, que a atividade físicas e químicas do meio ambiente de trabalho e das substancias

exercida pelo autor encontrava-se em condição insalubre, mantém- manipuladas pelo obreiro, sendo desnecessário esclarecimentos

se a sentença. sobre fornecimento ou uso de EPI's.

Recurso conhecido e improvido, mantendo-se a sentença por seus Sabe-se que o Juiz é o condutor do processo e destinatário final das

próprios e jurídicos fundamentos. provas, podendo e devendo indeferir diligências que considere

inúteis ou protelatórias, a teor do art. 370 do NCPC, "in verbis":

"Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,

RELATÓRIO determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.

Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as

diligências inúteis ou meramente protelatórias."

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. Fundamentando o julgador sua decisão, não há, portanto, que se

RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO falar em nulidade da instrução, a teor do art. 794 da CLT.

ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Preliminar que se rejeita.

N.º9.957/2000. INÉPCIA DA INICIAL

AUSÊNCIA DE CAUSA DE PEDIR

Nos termos do artigo 840, da CLT, a petição inicial deve conter

FUNDAMENTAÇÃO "uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,

a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante".

Esse requisito foi observado no caso em tela, tendo em vista que o

ADMISSIBILIDADE reclamante expôs de forma clara, na inicial, a sua pretensão

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do (reconhecimento de vínculo empregatício, pagamento das verbas

recurso ordinário. rescisórias e adicional de insalubridade)..

PRELIMINAR O reclamante forneceu os elementos básicos e mínimos aptos a

NULIDADE DA SENTENÇA. PROVA EMPRESTADA. PEDIDO DE delimitar seu pedido e causa de pedir, tanto que a pretensão foi

ESCLARECIMENTOS INDEFERIDO. especificamente impugnada pela reclamada, sem qualquer prejuízo

Alega a recorrente que não houve pronunciamento no julgado ao contraditório e à ampla defesa ou embaraço à correta prestação

acerca da argumentação recursal de erro substancial do laudo jurisdicional. Plenamente satisfeito o art. 840, § 1º, da CLT.

técnico, suscitado em razões finais. Rejeita-se.

Afirma que não foi oportunizado ao perito manifestar-se acerca de IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

sua impugnação ao laudo técnico. Assim, requer a anulação da De acordo com o artigo 292, VI, do NCPC, o valor da causa na ação

sentença e o retorno dos autos à vara de origem para reabertura da em que há cumulação de pedidos, que deverá constar da inicial,

instrução processual com a determinação de complementação do corresponde à soma dos valores de todos os pleitos individualmente

parecer pelo expert. considerados, sendo o caso dos autos.

À análise. Rejeita-se.

Em audiência datada de 25/10/2021 (id 8bbdab5), as partes MÉRITO

acordaram a utilização do laudo pericial produzido no processo N. VÍNCULO EMPREGATÍCIO

0000291-31.2021.5.07.0038 (id8873344), como prova emprestada. Insurge-se a reclamada contra o reconhecimento do vínculo

Oportunizada a parte reclamada manifestar-se sobre o referido empregatício alegando que o reclamante nunca foi seu empregado,

laudo por ocasião de suas razões finais. visto ter prestado apenas serviços de forma autônoma e eventual,

Em razões finais (id 7864f71) a reclamada aponta divergências em períodos descontínuos, dentro do interregno compreendido de

entre o laudo e o depoimento de testemunha, requerendo a junho de 2018 a 02 de julho de 2021.

manifestação do perito para esclarecimentos. À análise.

Ora, é cediço que as pretensões de insalubridade/periculosidade Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a

dependem de prova técnica (art. 195 da CLT), não tendo o confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o

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quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência Presentes, assim, a pessoalidade, subordinação, onerosidade e não

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. eventualidade, impõe-se o reconhecimento do vínculo empregatício

Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir à luz do princípio da primazia da realidade que informa o Direito do

expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do Trabalho e artigos 2º, 3º e 9º da CLT.

recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a Sentença mantida.

sentença recorrida carece de nenhum reparo, já que ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. Sustenta a recorrente, em confusas razões, que "O juiz de primeiro

Para caracterização do vínculo de emprego, é necessário o grau julgou procedente o pedido de insalubridade fundamentando

cumprimento de requisitos cumulativos, quais sejam: ser pessoa em uma única prova, produzida de forma UNILATERAL, sem

física, que exerce atividades com pessoalidade, subordinação, não CONTRADITÓRIO ou AMPLA DEFESA. E ignorando todas as

eventualidade e onerosidade. demais provas do processo."

Ausente algum dos referidos requisitos, não há que se falar no Em face da impugnação do laudo pericial, pugna pela reforma da

reconhecimento do liame empregatício. sentença, para que seja excluído o pagamento do adicional de

Nos termos do artigo 818 incisos I e II da Consolidação das Leis insalubridade.

Trabalhistas incumbe ao reclamante demonstrar fato que constitua À análise.

seu direito e ao reclamado a existência de fato impeditivo, Arguida em juízo pleito de adicional de insalubridade, o juiz

modificativo ou extintivo do direito do autor. designará perito habilitado, na forma do § 2º, do art. 195, da CLT.

Neste contexto, sabe-se que o ônus de comprovar a configuração "Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da

da relação de emprego é, de início, do reclamante, contudo, periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-

havendo, em contrapartida, a alegação do reclamado de que o se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou

trabalho ocorreu de maneira autônoma, é invertido tal ônus Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.

probatório. § 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por

Desse ônus, entende-se, não se desonerou a reclamada. empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o

Registra-se, incialmente que a reclamada confirma que o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não

reclamante prestou-lhe serviços de forma "eventual" por mais de 04 houver, requisitará perícia ao órgão competente ao Ministério do

anos (de junho de 2017 ao início de julho de 2021), fato este que, Trabalho.

de pronto, afasta a eventualidade alegada. No caso, diante do quadro fático delineado na exordial e tendo em

A única testemunha apresentada pelo reclamante confirmou que vista tratar-se de pedido de adicional de insalubridade, acordaram

executavam as mesmas atividades na reclamada, cumprindo as partes, em audiência (id 8bbdab5), a utilização do laudo pericial

jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min e das 12h30min às produzido no processo N. 0000291-31.2021.5.07.0038 (id873344),

15h30min, de segunda à sexta-feira; que se o reclamante faltasse como prova emprestada.

sem justificativa ao trabalho seria chamado a atenção e se O referido laudo pericial assim concluiu:

reiterasse na falta poderia ser demitido; que o reclamante não "13 CONCLUSÃO PERICIAL

poderia se fazer substituir na execução de suas atividades; a parte Face às constatações periciais, baseado nas entrevistas colhidas

obreira recebia R$ 50,00 por dia de trabalho, depois disse que hoje durante a perícia, nos documentos apresentados nos autos e ainda

a diária custa R$ 50,00 e na época do reclamante importava R$ no conjunto de premissas minuciosa, cuidadosa e criteriosamente

40,00 ou R$ 45,00 . relatadas no corpo deste laudo técnico pericial, considerando a

A testemunha da reclamada afirma que o autor laborava em análise das condições de trabalho e como elas foram observadas

períodos descontínuos, em razão do período chuvoso; que no ano "in loco", com base na análise das atividades e condições de

que chovia bastante a interrupção da prestação de serviço na trabalho do Reclamante e a Legislação Trabalhista da Portaria

Fazenda seria em torno de três meses e que o reclamante teria Ministerial 3214/78, conclui-se para as condições laborais

laborado nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021 e, enquanto desenvolvidas pela Reclamante, nos ambientes analisados, no

laborava, o labor ocorria em média cinco dias por semana. período que laborou para a reclamada, conforme NR 15, ANEXO III

O conjunto probatório revelou que a relação havida entre as partes (Calor) e ANEXOS 11, 12 e 13 (Agentes Químicos), que: Em

revestiu-se dos elementos caracterizadores da relação de emprego, relação ao Agente Calor: NÃO EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS

consoante disposições contidas no art. 3º da CLT. DE INSALUBRIDADE; Em relação aos Agente Químicos (Anexo

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13): EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE EM são perfeitamente dispensáveis os formalismos característicos do

GRAU MÉDIO, sendo o adicional de insalubridade incidente em processo comum. Necessário, apenas, uma sucintaexposição dos

20% sobre o salário mínimo da região." fatos que fundamentam o pedido, de forma que fique clara a

Muito embora o juiz não esteja adstrito a conclusão do laudo pericial pretensãoe possibilite o contraditório. Assim, não há nenhuma

(art. 371 do NCPC), o fato é que nos presentes autos não restaram irregularidade passível decorrigenda.Diante disso, não resta outra

evidenciados a presença de elementos probantes aptos a infirmar a alternativa ao Juízo senão afastar apreliminar em epígrafe, o que

conclusão da referida prova técnica. ora se faz.04 DA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSARejeito,

A impugnação da reclamada sobre matérias técnicas, sem a devida haja vista que o valor atribuído à causa apresenta-secompatível

contraprova técnica, não é suficiente para suplantar as conclusões com a expressão monetária dos pedidos (art. 2º, da Lei 5.584/70 c/c

do perito oficial. art. 291do CPC), não sendo, ainda, apresentado o valor que

Considerando o poder de livre apreciação da prova pelo magistrado, supostamente entende correto.Ademais, se da alteração do valor da

através do qual o magistrado dispõe de ampla liberdade para causa não houver repercussão no valor da alçada recursal, no

analisar os elementos de convicção coligidos aos autos, desde que procedimento processual, nem no valordas custas e do depósito

fundamente sua decisão, mantém-se a sentença atacada, quanto recursal, falta interesse jurídico para a sua alteração,mantendo-se,

ao grau de insalubridade definido pelo laudo pericial, uma vez que em consequência, o valor da causa dado na exordial, que, aliás,

coerentes com o ambiente de trabalho e exposição aos agentes guardasintonia com o valor econômico dos pleitos na forma em que

mencionados no laudo pericial. foram formulados.05 DA NATUREZA DO VÍNCULO O reclamante

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, alega que trabalhou para o reclamado, sem CTPS anotada, no

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: período de 01.06.2017 a 16.07.2021, na função de trabalhador rural,

"F U N D A M E N T A Ç Ã O 01 DA GRATUIDADE PROCESSUAL percebendo remuneração mensal de R$ 1.000,00, cumprindo

Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da consolidação das Leis jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min e das 12h30min às

do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17 15h30min, de segunda à sexta-feira, sendodespedido sem justa

(remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência causa, estando pendentes de pagamento as verbas rescisórias e

Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou trabalhistas que relaciona. Diante disso, pugna pelo reconhecimento

procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade da relação de emprego e consequente condenação da reclamada

não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a na anotação da CTPS e nopagamento das seguintes verbas: a)

ratuidade da justiça à parte autora. 02 DA NULIDADE DA PROVA aviso prévio; b) férias vencidas e proporcionais + 1/3; c) 13º salário

DOCUMENTAL A reclamada pugna pela nulidade da prova alusiva do período contratual; d) FGT+ 40%; e) multa rescisória; f) multa do

ao link do vídeo e fotos juntados após a propositura da reclamatória, art.467 da CLT. A reclamada se insurgiu contra a pretensão autoral

ante a impossibilidade de exercer o contraditório e ampla defesa, aduzindo que o reclamante nunca foi seu empregado, visto ter

visto não ter conseguido acesso o conteúdo da prova em alusão. prestado apenas serviços de forma autônoma e eventual, em

S e m r a z ã o . B a s t a c o p i a r o períodos descontínuos, dentro do interregno compreendido de junho

"https://midias.pje.jus.br/midias/web/00007581020215070038" e de 2018 a 02 de julho de 2021, tendo nos períodos sazonais da

jogar no Google Firefox que mencionado link cai no PJEMídias, descasca de coco do ano de 2020 laborado em tal atividade,

clica em acessar que o link abre normalmente. Preliminar rejeitada, mediante contraprestação a base de produção, recebendo nos

portanto.03 DA INÉPCIA DA INICIALInépcia é a falta de aptidão da outros períodos por diária, quando observava a jornada das 07h às

petição inicial para permitir aoreclamado a apresentação de defesa 15h30min, com intervalo de uma hora. Desse modo, bate pela

útil e ao Juiz a prolação da decisão. O exame dosautos revela que improcedência dos pedidos deduzidos na peça de

os pedidos da prefacial foram extensamente contestados pela começo.Analiso.De acordo com a legislação pátria vigente, a prova

reclamada, não havendo, portanto, inépcia a ser declarada.Além das alegações incumbe a parte que as fizer, a parte autora cabe

disso, a inicial não é inepta, visto não lhe faltar pedido oucausa de comprovar os fatos constitutivos do direito reivindicado e a parte ré

pedir, da narração dos fatos decorrer conclusão lógica, os pedidos os fatos impeditivos, modificativos e extintivos dodireito perseguido

seremjuridicamente possíveis e não haver pedidos incompatíveis (arts. 818 da CLT e 373 do NCPC), sob pena de sucumbir na

entre si.Se não bastasse, a inicial atende satisfatoriamente demanda.Em sede de vínculo empregatício, negada a relação de

aosrequisitos constantes do § 1° do art. 840 da CLT E no processo emprego o ônus da prova incumbe ao autor por se tratar de fato

do trabalho, . prevalece o princípio da simplicidade, razão pela qual constitutivo. Entender o contrário, seria obrigar o réu a produzir

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contestação sobre fato negativo, o que seria praticamente pressupostos caracterizadores da relação de emprego, a saber:

impossível. Mas uma vez constatada a prestação pessoal de pessoalidade, ineventualidade, subordinação e onerosidade. A

serviço,presume-se tratar de relação de emprego, cuja elisão decorre do simples fato do reclamante, pessoalidade ao longo da

constitui ônus do empregador,que deverá demonstrar, contratualidade não se fazer substituir por outras pessoas na

comprovadamente, que o vínculo havido entre as partes era execução de suas tarefas junto ao demandado. De fato, a despeito

puramente comercial, societário, ou de qualquer outra forma não da testemunha arregimentada pelo reclamado haver asseverado

subordinada. Isso se justifica porque o contrato de emprego é a que o autor poderia determinar que outra pessoa fosse laborar para

forma ordinária de contratação do trabalho humano, constituindo o demandado sem prévia comunicação, garantiu que não tem

formas extraordinárias aquelas em que não está presente o vínculo conhecimento se esta situação chegou a ocorrer (cf. do 06min20seg

da subordinação.Neste sentido, destacamos o posicionamento do ao 06min45seg da gravação). Se não bastasse, o único testigo

eminente Juiz César Pereira da Silva Machado Júnior, in arregimentado pela parte autora assegurou que o reclamante não

verbis:Inspirado no princípio protetor temos de considerar toda poderia se fazer substituir na execução de suas atividades sem

prestação de trabalho como presumidamente subordinada, em vista prévia comunicação à parte adversa (cf. 09min38 da gravação). A

da grande proteção ao trabalho humano em geral, que o direito do reside no simples fato de ineventualidade a parte reclamante ter

trabalho procura assegurar. Em decorrência: provado pelo laborado para a parte adversa, sem solução de continuidade, por

reclamante a prestação de serviço, é do reclamado a demonstração um período ininterrupto de mais de mais de quatro anos (de junho

de situação capaz de afastar a incidência da norma jurídica (O Ônus de 2017 ao início de julho de 2021), porquanto jamais pode ser

da Prova no processo do Trabalho, Ed. LTr, 1993, p. 346). considerado eventual o trabalho prestado de modo continuado, ao

jurisprudência dos pretórios pátrios trabalhistas não discrepa desse longo do período mencionado, na execução de serviços destinados

entendimento, conforme ementa jurisprudencial a seguir transcrita: a cobrir as exigências do cotidiano da entidade reclamada, como no

VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA caso de que se cuida. De fato, a despeito da testemunha

REALIDADE. Com a edição da Consolidação das Leis do arregimentada pelo reclamado haver asseverado que o autor teria

Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452, de 1943), toda e qualquer prestação laborado apenas em períodos descontínuos, visto que no período

de serviço pessoal gera a presunção de que seja derivada da invernoso não havia prestação laborativa, garantiu que no ano que

existência de uma relação de emprego típica, pois tal relação chovia bastante a interrupção da prestação de serviço na Fazenda

jurídica passou a integrar o ordenamento jurídico pátrio com o seria em torno de três meses e que o reclamante teria laborado nos

escopo protecionista ao hipossuficiente. A prestação de serviços de anos de 2018,2019, 2020 e 2021 e, enquanto laborava, o labor

natureza diversa (eventual, autônoma, empreitada etc.) deve ser ocorria em média cinco dias por semana (cf. do 02min50seg ao

sobejamente comprovada nos autos da ação trabalhista. Tal ônus 05min39seg da gravação). Se não bastasse, o único testigo

cabe à reclamada quando esta, em suas razões contestatórias, arregimentado pela parte autora assegurou que o reclamante

nega o liame empregatício, embora ateste a veracidade da começou a laborar em meados de 2017 e, quando depoente saiu

prestação deserviços havida, consoante os termos dos artigos em agosto de 2020, o autor ainda permaneceu trabalhando,

818/CLT e 373/CPC. (TRT da 10ª Região, RO 0000044- destacando que o autor laborava de forma ininterrupta,

27.2018.5.10.0861, Rel.Dorival Borges de Souza Neto, em acrescentando que, mesmo no período chuvoso, havia prestação

02.08.2018).Na hipótese dos autos, a reclamada negou a relação laborativa (cf. 07min12seg ao 08min36seg da gravação). Com

de emprego, mas admitiu a prestação de serviço, atribuindo-lhe efeito, mesmo que o reclamante tivesse laborado em período

conotação eventual e autônomo, atraindo, para si, o ônus da descontínuo, ainda assim não estava configurada a eventualidade,

prova.A parte reclamada, entretanto, não conseguiu comprovar os uma vez que a descontinuidade da prestação de serviços não é

fatos impeditivos sustentados na peça contestatória ou mesmo fator predominante do trabalho eventual. Note-se que a legislação

qualquer outra situação capaz de afastar a configuração da relação não exige o trabalho contínuo, mas sim aquele trabalho que tenha

de emprego. Muito pelo contrário,o contexto probatório produzido no caráter de permanência. E no caso concreto, a prestação laborativa

feito deixou evidenciado que o reclamante trabalhava pessoalmente ocorreu dentro de um período superior a quatro anos, de modo que,

para o demandado, executando atividade de natureza ruralística, ainda que fosse em períodos descontínuos, o que restou afastado

pelo período ininterrupto de meados de 2017 até julho de 2018, pela prova testemunhal produzida pela autora, estaria afastada a

sujeitandose ao cumprimento de jornada de trabalho, mediante o eventualidade e, por conseguinte, configurada a ineventualidade da

recebimento de contraprestação, restando, assim, manifestos os prestação laboral. O eminente Maurício Godinho Delgado adverte

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que são elementos caracterizadores do trabalho de natureza isso,necessários e permanentes, inclusive vinculados ao objeto da

eventual: "a) descontinuidade da prestação do trabalho, entendida atividade econômica, tem-se por configurada a ineventualidade

como a não permanência em uma organização com ânimo como elemento caracterizador da relação de emprego.A , ponto de

definitivo; b) não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com distinção subordinação jurídica por excelência darelação de

pluralidade variável de tomadores de serviços; c) curta duração do emprego das demais relações de trabalho, restou também

trabalho prestado; d) natureza do trabalho tende a ser concernente evidenciada,tanto sob o aspecto objetivo quanto sob o aspecto

a evento certo, determinado e episódico no tocante regular dinâmica subjetivo.Sob o aspecto objetivo, tendo em vista que a atividade

do empreendimento tomador de serviços; e) em consequência, a executada pelo reclamante era exigível no dia a dia da entidade

natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, demandada e estava relacionada com o objeto social da fazenda

aos padrão dos fins do empreendimento" (Curso de Direito do onde desempenha suas atividades.Noutra vertente, sob a

Trabalho, LTr, 5ª ed., pág. 291). No caso sob exame, tais aspectos perspectiva objetiva, a subordinação restou demonstrada pela

não se amoldam aos serviços prestados pelo reclamante, pois, inserção do trabalhador "no giro total da empresa em movimento",

ainda que laborasse apenas alguns meses por ano, para fins conforme preceitua Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena (Relação de

celetistas, a intermitência não traduz eventualidade. Com efeito, a emprego:estrutura legal e supostos, 2ª ed. rev., atual. e aum., São

atividade exercida pelo autor em favor do reclamado não pode ser Paulo: LTr, 1999, p. 472). Nesse aspecto, a subordinação confunde-

reconhecida como eventual, porquanto está ligada a um serviço se com a não eventualidade, que diz respeito à essencialidade dos

necessariamente permanente e habitual à Fazenda onde laborava, serviços prestados pelo empregado para o empreendimento do

sendo a função por ele ocupada essencial para a parte demandada. empregador.Sob o aspecto subjetivo, uma vez que o reclamante,

A eventualidade se fixa pela necessidade da atividade laboral e não além de não poder se fazer substituir na execução de suas

pela intermitência na execução da tarefa. Desse modo, se a atividades por outra pessoa, estava sujeito ao cumprimento de

prestação é descontínua, mas permanente, deixa de haver jornada de trabalho e punição disciplinada. Sem embargo, a única

eventualidade. Eis que a jornada contratual pode ser inferior à testemunha arregimentada peloreclamante garantiu que ele

jornada legal, inclusive no que concerne aos dias laborados na desempenhava as mesmas atividades que eram executadas pelo

semana, no mês ou no ano. A descontinuidade da prestação de depoente e cumpria jornada de trabalho das 06h30min às 11h30min

serviços não é, portanto, fator predominante do trabalho eventual. edas 12h30min às 15h30min, de segunda à sexta-feira. Garantiu,

Assim, ainda que o reclamante tivesse prestado serviço apenas em outrossim, que se o reclamante faltasse sem justificativa ao trabalho

alguns meses do ano, notadamente no período não chuvoso, tal seria chamado a atenção e se reiterasse na falta poderia ser

circunstância não descaracteriza o elemento da não eventualidade, demitido (cf. 08min03seg ao 09min27 da gravação). Garantiu,

eis que, como já destacado acima, a legislação não exige o trabalho outrossim, que o reclamante não poderia se fazer substituir na

contínuo, mas sim aquele trabalho que tenha caráter de execução de suas atividades sem prévia comunicação à parte

permanência. E, no caso concreto, foram mais de dois quatro anos adversa (cf. 09min38 da gravação). Aliás, a própria peça

ininterruptos de atividade laboral. Cabe, por fim, enfatizar que a não contestatória declina que a jornada de trabalho era cumprida das

eventualidade não mantém relação com duração determinada da 07h às 15h30min, com intervalo de uma hora. Vê-se, pois, que o

prestação do trabalho, mas sim com atividade essencial para o reclamante não tinha inteira liberdade de ação na execução de suas

alcance dos fins econômicos da empresa.Ainda, quanto a não atividades, porquanto não atuava como patrão de si mesmo, já que

eventualidade, valiosa é a lição da Profª.Carmen Camino:"Serviços não tinha poderes jurídicos de organização própria para o

não-eventuais são os serviços rotineiros da empresa, por isso, desenvolvimento impulsivo da sua livre iniciativa, pelo menos não

necessários e permanentes,vinculados ao objeto da atividade restou demonstrado pelo demandado. Subordinação configurada,

econômica, independentemente do lapso de tempo em que portanto.A também restou cristalina, onerosidade uma vez que a

prestados, antítese dos serviços eventuais, circunstancialmente partereclamante não prestava serviços gratuitamente para a parte

necessários, destinados aoatendimento de emergência, quando adversa. Muito pelo contrário, era remunerada pelos serviços

interessa a obtenção do resultado ou a realização de determinado executados. Aliás, a própria testemunha ouvida a rogo do

serviço e não o ato de trabalhar" (Direito Individual do Trabalho, 3ª reclamante disse que a parte obreira recebia R$ 50,00 por dia de

ed. rev. e atual., Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 211). Desse modo, trabalho (cf. 04mni45seg da gravação), depois disse que hoje a

demonstrado o reclamante laborou por mais quatro anos diária custa R$ 50,00 e na época do reclamante importava R$ 40,00

ininterruptos na execução de serviços rotineiros da fazenda e, por ou R$ 45,00 (cf. 15mni45seg da gravação). Do mesmo modo, a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 79
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

testemunha arregimentada pelo autor assegurou que este, na época só, atividade insalubre. Já no tocante ao emprego de inseticidas,

da vigência do contrato do depoente, recebia R$ 450,00 por aduz que este é realizado apenas (no máximo) de uma a duas

quinzena, perfazendo um montante mensal de R$ 900,00 (cf. vezes por ano e, ainda assim, com a utilização dos equipamentos

08min18seg da gravação). Releva pontuar que a contraprestação de proteção - EPIs (máscara e luvas apropriadas). Desse modo,

salarial pode ser perfeitamente fixada por diária ou por inexiste labor exposto a agente insalubre, sendo, por isso,

produtividade. Desse modo, o mero fato de oreclamante receber descabida a pretensão autoral pertinente. Analiso.segundo o artigo

contraprestação com base na diária, mas, quando da descasca do 195 da CLT, a caracterização e a classificação da insalubridade e

coco, passar a receber por produtividade, conforme atesta a da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho,

testemunha da empresa,não tem o condão de afastar o requisito da far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou

onerosidade. Pelo contrário, apenas reafirma que o trabalho Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.

executado pelo reclamante não era gratuito, mas remunerado. Conquanto a norma celetária acima destacada exija perícia para a

Assim, demonstrado que a parte autora, pessoalmente, prestou caracterização e a classificação da insalubridade e periculosidade, o

serviços para a parte contrária, na função de trabalhador rural, pelo dispositivo legal não impede a utilização de prova técnica elaborada

longo período de junho de 2017 a 02.07.2021, de forma contínua e em outro processo. Vale dizer que a prova técnica não tem que ser,

permanente (ineventualidade), sujeitando-se ao cumprimento de necessariamente, produzida no processo em análise, e sim que a

jornada de trabalho (subordinação), mediante contraprestação apuração da insalubridade e periculosidade far-se-á mediante

mensal de R$ 900,00 (onerosidade), tem-se por inafastável que o perícia,tornando, desse modo, admissível a produção de prova

vínculo mantido entre as partes era de emprego, ante a presença emprestada.A prova emprestada é criação doutrinária e

manifesta dos requisitos e pressupostos caracterizadores de tal jurisprudencial,consistente no aproveitamento, em determinado

relação, conforme previstos no art. 3º do Estatuto Consolidado. processo, dos elementos de informação produzidos no âmbito de

Relação de emprego configurada. Configurada a relação de outros, conquanto sejam preenchidos certos requisitos. Segundo

emprego e não tendo a parte reclamada demonstrado que o distrato majoritário entendimento jurisprudencial, é cabível o aproveitamento

teria decorrido de iniciativa da parte autora, tem-se, em face do de prova emprestada quando a ação for movida entre as mesmas

princípio da continuidade, que a terminação do contrato decorreu de partes, envolvendo situação fática semelhante, ou então quando

iniciativa da empresa e sem justa causa. Em decorrência, e ante a houver concordância expressa dos litigantes. Nesse sentido, cito os

ausência de prova quitatória, impõe-se a condenação da reclamada seguintes precedentes jurisprudenciais:[...]RECURSO ADESIVO

na anotação da CTPS da parte demandante, bem como no DO RECLAMANTE. PROVA EMPRESTADA. ADICIONAL DE

pagamento das seguintes parcelas: a) aviso prévio; b) três períodos INSALUBRIDADE. No direito do trabalho, admite-se a prova

de férias vencidas em dobro + 1/3; c) um período de férias vencidas emprestada quando houver concordância das partes. No caso, a

simples + 1/3; d) férias proporcionais (2/12) + 1/3; e) 13º salário do parte reclamada discordou da utilização do laudo pericial acostado

período contratual; f)recolhimento e liberação do FGTS do período pelo autor como prova emprestada. Logo, correta a sentença que

contratual; e) recolhimento e liberação damulta fundiária; g) multa inadmitiu o documento como meio de prova. Apelo negado. TRT da

rescisória. Descabe a condenação da parte reclamada no 4ª Região, 8ª Turma, RO 0020515-27.2015.5.04.0541, Rel.

pagamento da multa de que trata o artigo 467 da CLT, uma vez que ANGELA ROSI ALMEIDA CHAPPER, Data: 24/03/2017)

a tese da negativa do vínculo,sustentada na peça defensiva, tornou ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PROVA Como as partes

incontroversa as verbas rescisórias. 06 DO ADICIONAL DE concordaram EMPRESTADA. com a utilização da prova

INSALUBRIDADE O reclamante alega que, no exercício da emprestada e não veio aos autos contraprova específica para

atividade detrabalhador rural, aplicava herbicidas/inseticidas, sem o demonstrar que o reclamante não atuou nas mesmas condições

uso dos devidos EPIs capazesde neutralizar os efeitos causados relatadas no laudo pericial destacado, nenhum reparo merece a r.

pelos venenos utilizados. Além disso, exercia suas funções a céu sentença recorrida, que corretamente condenou o reclamado ao

aberto, exposto a calor oriundo do sol escaldante. Em decorrência, pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, com

postula o pagamento do adicional de insalubridade.A reclamada fundamento na norma regulamentar pertinente ao caso concreto.

contesta aduzindo que o reclamante nunca prestou serviço exposto (TRT da 3.ª Região; PJe: 0011443-21.2016.5.03.0149 (RO);

ao sol, já que trabalhava numa fazenda de coqueiros, sendo certo Disponibilização: 27/09/2017, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 539;

que estes fazem muita sombra. Além disso, a mera execução de Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator: Milton V.Thibau de

atividade ao céu aberto com exposição ao sol não caracteriza, por si Almeida) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - PROVA PERICIAL

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 80
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EMPRESTADA - EXPRESSA CONCORDÂNCIA DAS PARTES. com a reclamada no máximo duas pulverizações com defensivo

Havendo concordância das partes com o uso de prova pericial agrícola ao ano. Veja-se que o laudo pericial não foi impugnado

emprestada, recai sobre a reclamada o ônus de provar que pela demandada, de maneira que não há como deixar de acolher as

oreclamante recebeu e utilizou corretamente os EPI's adequados conclusões expostas pelo Vistor Oficial para, de consequência,

para a neutralização ou a eliminação do contato permanente com o indeferir o adicional de insalubridade. Urge pontuar que a

agente insalubre hidrocarboneto, posto que o uso de Equipamentos testemunha, apesar de afirmar que a atividade de pulverização era

de Proteção Individual é fato impeditivo ao direito do realizada mensalmente (12:04min), explicita a situação informando

reclamante(artigo 818 da CLT e artigo 333, inciso II, do CPC). Não que a duração da pulverização era em torno de três meses

se desincumbindo de tal ônus, correto se afigura o deferimento do (16:27min), podendo ser realizada duas vezes por ano ou mais,

adicional de insalubridade caracterizado no laudo pericial, ainda que podendo chegar a ser três vezes por ano (17:05min). Assevera que

utilizado como prova emprestada. (TRT da 3.ª Região; a mesma era realizada sem a utilização de EPI (14:58min), situação

Processo:0001624-69.2011.5.03.0041 RO; Data de Publicação: que era submetido ao reclamante (15:56min). Pelas razões

15/04/2013;Disponibilização: 12/04/2013, DEJT, Página 82; Órgão expendidas, não resta outra alternativa a este Juízo senão condenar

Julgador:Terceira Turma; Relator: Cesar Machado; Revisor: Camilla o reclamado no pagamento do adicional de insalubridade no grau

G.Pereira Zeidler) No caso sob exame, a parte demandada médio, durante nove meses por ano."

concordou com o requerimento da parte adversa de produção de

prova emprestada, conforme registro constante da ata de audiência,

com a juntada do laudo pericial produzido no processo nº 0000291-

31.2021.5.07.0038. O laudo pericial emprestado atesta que o CONCLUSÃO DO VOTO

trabalhador, no desempenho de suas atividades, ficava exposto à

influência de agentes nocivos à saúde, restando, desse modo,

demostrado que o serviço desempenhado pelo reclamante Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário,

apresenta condições insalubres, deixando o laudo pericial patente mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.

que, nos termos do Anexo 14 da NR 15, o reclamante faz jus ao

adicional de insalubridade, cuja conclusão segue transcrita: 13

CONCLUSÃO PERICIAL Face às constatações periciais, baseado DISPOSITIVO

nas entrevistas colhidas durante a perícia, nos documentos

apresentados nos autos e ainda no conjunto de premissas

minuciosa, cuidadosa e criteriosamente relatadas no corpo deste

laudo técnico pericial, considerando a análise das condições de

trabalho e como elas foram observadas "in loco", com base na

análise das atividades e condições de trabalho do Reclamante e a

Legislação Trabalhista da Portaria Ministerial 3214/78, conclui-se

para as condições laborais desenvolvidas pela Reclamante, nos

ambientes analisados, no período que laborou para a reclamada, ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

conforme NR 15, ANEXO III (Calor) e ANEXOS 11, 12 e 13 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por

(Agentes Químicos), que: Em relação ao Agente Calor:NÃO unanimidade, conhecer do recurso, rejeitar as preliminares

EXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE;Em suscitadas e, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo-se a

relação aos Agente Químicos (Anexo 13):EXISTEM CONDIÇÕES sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.

TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÉDIO, sendo o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

adicional de insalubridade incidente em 20% sobre o salário mínimo Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

da região.OBS: Constatada insalubridade pelo uso do agente (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

químico glifosato (ZAPP QI 620) como defensivo agrícola. Houve Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

divergência entre as partes, durante as diligências periciais, em o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

relação ao período de exposição: de acordo com a reclamante uma Fortaleza, 11 de julho de 2022.

ou duas pulverizações com defensivo agrícola ao mês; de acordo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 81
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

entre as partes. De se pontuar que o julgador, não está adstrito

ao resultado da perícia (art. 479 do CPC/2015), podendo se

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA afastar das ilações alcançadas pelo "expert" quando houver,

Relator nos fólios, elementos outros, suficientes para autorizar a

formação do convencimento em sentido contrário à conclusão

do técnico. No caso dos autos, se verificam elementos que

VOTOS permitam o alcance, com a mesma propriedade de um

especialista, de resposta negativa acerca da relação de causa e

efeito entre o trabalho da autora e o dano constatado. Dessa

forma, a sentença deve ser confirmada.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Tendo em vista que a presente

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART lide fora protocolada após a Lei da 13.467/2017, aplica-se o art.

Diretor de Secretaria 791-A, da CLT, que reconhece como devidos os honorários

advocatícios em decorrência da mera sucumbência.


Processo Nº RORSum-0000193-73.2020.5.07.0008
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA MATÉRIA EM COMUM. RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE
SILVA
EMPREGO. PEDIDO DE DEMISSÃO TÁCITO. A autora não se
RECORRENTE MARIA JESSICA DE MORAIS
ADVOGADO DVANY KELLY NASCIMENTO desincumbiu de seu ônus de comprovar o descumprimento das
LOUREIRO ALCANTARA(OAB:
21776/CE) obrigações patronais, mormente no tocante às normas de
ADVOGADO CLAUDIO HENRIQUE PRUDENCIO segurança e medicina do trabalho. Da mesma forma, inexistiu a
DE MENDONCA(OAB: 24824/CE)
ADVOGADO BRUNA PRUDENCIO DE prova, pela reclamada, de ânimo da obreira de abandonar o
MENDONCA(OAB: 37163/CE)
emprego, uma vez que, a presente reclamação foi interposta
RECORRENTE CENTRAL DE RECUPERACAO DE
CREDITOS LTDA em 03/03/2020 menos de 30 dias após a rescisão contratual,
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE) ocorrida em 27/02/2020. Entendo que não é caso de rescisão
RECORRIDO MARIA JESSICA DE MORAIS indireta e nem de abandono de emprego, mas de pedido de
ADVOGADO DVANY KELLY NASCIMENTO
LOUREIRO ALCANTARA(OAB: demissão tácito.
21776/CE)
Recursos conhecidos e improvidos.
ADVOGADO CLAUDIO HENRIQUE PRUDENCIO
DE MENDONCA(OAB: 24824/CE) DECISÃO DE OFÍCIO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
ADVOGADO BRUNA PRUDENCIO DE
MENDONCA(OAB: 37163/CE) IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
RECORRIDO CENTRAL DE RECUPERACAO DE JUSTIÇA GRATUITA. EXCLUSÃO. No presente caso, a decisão
CREDITOS LTDA
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB: de origem concedeu à reclamante os benefícios da justiça
5864/CE)
gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica

Intimado(s)/Citado(s): (CLT, artigo 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,

- MARIA JESSICA DE MORAIS incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida

pelo STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do

artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Destarte, imperativo excluir, de ofício, da sentença a


PODER JUDICIÁRIO
condenação da obreira ao pagamento de honorários
JUSTIÇA DO
advocatícios sucumbenciais.

EMENTA RELATÓRIO
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.
DOENÇA OCUPACIONAL. NEXO CAUSAL ENTRE A RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO
ENFERMIDADE E O LABOR. Diante da conclusão do laudo ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº
pericial, é inarredável a constatação da existência de nexo de 9.957/2000.
causalidade entre o dano e o contrato de trabalho mantido FUNDAMENTAÇÃO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 82
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADMISSIBILIDADE pagamento de danos morais.

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se Recurso conhecido e improvido.Sentença mantida por seus

conhecer dos recursos ordinários. próprios fundamentos.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA

MÉRITO MÉRITO

Pretende a reclamante a reforma da sentença prolatada pela MATÉRIA EM COMUM.

MM.ª 8.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (idd72d598) para Por tratar-se de matéria suscitada em ambos os recursos passa

reconhecer a rescisão indireta do contrato de trabalho; a -se analisá-la em conjunto

restituição de valores referentes ao desconto de EPI; a RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO. PEDIDO DE

condenação da reclamada no pagamento de indenização por DEMISSÃO TÁCITO

danos morais em razão da perda parcial da audição. Aduz a recorrente que a reclamada, tendo conhecimento que a

RESTITUIÇÃO DE VALORES. PAGAMENTO DE EPI. obreira sofreu perda auditiva decorrente da doença que lhe

Pugna a recorrente pela restituição no valor de R$ 20,00 (vinte acometeu (otite) jamais tomou qualquer providência, mantendo

reais) indevidamente descontados, referente a troca de EPI. -a na mesma função.

Razão não lhe assiste. A reclamada afirma que a obreira abandonou o emprego e,

Da prova dos autos, colhe-se que a reclamante autorizou o alternativamente, pugna seja reconhecida a modalidade

desconto em folha de pagamento dos valores referentes ao rescisória por abandono de emprego. .

protetor auricular e tubo de voz em razão de dano e/ou perda À análise.

dos referidos EPI's(id 8190929). De conformidade à legislação pátria vigente, a prova das

Nesse cenário, não vislumbro qualquer ilegalidade no alegações incumbe à parte que as fizer. Ao autor cabe

procedimento adotado pela reclamada. comprovar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu

Mantém-se. compete comprovar os fatos impeditivos, modificativos e

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PERDA DE AUDIÇÃO. extintivos do direito perseguido (art. 818 da CLT c/c. o art. 333

Pugna a recorrente pela condenação da reclamada no do CPC).

pagamento de indenização por danos morais decorrente de Em matéria de justa causa atribuída ao empregador, quando

perda parcial de audição, decorrente de doença ocupacional alegada em sede de petição inicial, a prova incumbe ao

(otite). empregado, por se tratar de fato impeditivo da percepção das

Diante do quadro fático delineado na exordial o MM Juiz de verbas salariais e em decorrência do princípio da continuidade

primeiro grau, determinou a designação de perícia. da relação de emprego.

O laudo pericial de id 491e572, assim concluiu: Destaque-se que para restar configurada a rescisão indireta do

"5. CONCLUSÃO contrato de trabalho com base em qualquer das hipóteses

Foi possível concluir, seguramente, levando-se em elencadas no art. 483, da CLT, é imprescindível que se

consideração documentação anexada aos autos, perícia comprove a falta grave praticada pelo empregador que torne

médica e ausência de exames complementares, que não ficou inviável a convivência profissional comum, já que a regra geral

provado a existência de perda auditiva devido sequela de otite é a presunção gerada pelo princípio de que a relação

média aguda." empregatícia deve ser mantida.

Registra-se que o julgador, não está adstrito ao resultado da No caso, o laudo pericial (id 491e572) concluiu que a

perícia (art. 479 do CPC/2015), podendo afastar das ilações reclamante não sofreu perda auditiva.

alcançadas pelo "expert" quando houver, nos fólios, elementos A alegada falta grave do empregador não se fundamenta.

outros, suficientes para autorizar a formação do Isto posto, não comprovado o descumprimento das obrigações

convencimento em sentido contrário à conclusão do técnico. patronais, mormente no tocante às normas de segurança e

Entretanto, para infirmar o seu conteúdo, deve a parte produzir medicina do trabalho, entendo que não restou configurada a

prova de suas alegações, não servindo para tanto meras justa causa estatuída no art. 483, "d" da CLT.

conjecturas. O abandono de emprego, na forma como suscitado pela

Restando provado que a doença que acometeu a reclamante reclamda constitui falta grave, o que enseja a rescisão por justa

não ocasionou perda auditiva, indevida a condenação no causa do contrato de trabalho, conforme alínea "i" do art. 482

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 83
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Tal falta é trabalho e que, tem o condão de resolver o contrato de trabalho

considerada grave, uma vez que a prestação de serviço é sem ônus para o empregador, deve ficar cabalmente provada,

elemento básico do contrato de trabalho, então a falta contínua estabelecendo-se um nexo causal entre a falta praticada e o

e sem motivo justificado é fator determinante de motivo da dispensa. Logo, tendo a trabalhadora se afastado do

descumprimento da obrigação contratual. emprego sem reconhecimento de falta grave do empregador,

Nesta senda, pelo princípio da continuidade da relação de tem-se que a vontade manifestada de não mais continuar

emprego, cabe ao empregador o ônus de provar a ocorrência trabalhando configura pedido de demissão, razão pela qual

da justa causa, por se tratar de fato obstativo à pretensão reconheço e declaro que a dispensa da autora foi a pedido.

vindicada na petição inicial. Contrato de Trabalho Não há controvérsia nos autos de que o

Ocorre que, no caso dos autos, não restou comprovada a vínculo de emprego entre as partes teve início em 16/10/2019,

ocorrência de qualquer dos elementos necessários à quando exercia a função de recuperação de crédito (operadora

confirmação do abandono de emprego. de telemarketing) e recebia salário no valor de R$ 1.110,14.

Inexistiu a prova de ânimo da obreira de abandonar o emprego, Quanto à rescisão, conforme tópico anterior, tem-se que foi a

uma vez que, a presente reclamação foi interposta em pedido em 27/02/2020, devendo a reclamada proceder com a

03/03/2020 menos de 30 dias após a rescisão contratual, merecida anotação de baixa na CTPS da trabalhadora.De

ocorrida em 27/02/2020. acordo com o artigo 2º da Portaria 1065/2019 do Ministério da

Assim, conforme expresso na sentença recorrida, entendo que Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, "Para

não é caso de abandono de emprego, mas de pedido de fins do disposto no Decreto-Lei nº 5452/1943, a Carteira de

demissão tácito. Trabalho Digital é equivalente à Carteira de Trabalho emitida

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a em meio físico". Assim, com vistas a estimular o isolamento

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o social e priorizar a saúde das partes envolvidas, determino que

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. as anotações na CTPS sejam efetuadas de forma

Inteligência do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. eletrônica.Desse modo, a parte autora deverá efetuar o

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na cadastro na CTPS Digital no prazo de 5 (cinco) dias após o

sentença, a qual confirmo por seus próprios e jurídicos trânsito em julgado, observando-se as instruções da página

fundamentos: https://empregabrasil.mte.gov.br/duvidas-frequentes-ctps-

"Mérito digital/, informando nos autos o cumprimento da obrigação. Em

Pedido de demissão seguida, intime-se a reclamada, para, no prazo de 05 (cinco)

A autora, em sua petição inicial, requer o reconhecimento da dias, comprovar a anotação de baixa da CTPS da reclamante,

rescisão indireta, em razão de ter contraído uma otite no conforme acima declarado, sendo certo que, em caso de

trabalho, e, consequentemente, uma perda auditiva de 25%, recalcitrância, fica a Secretaria da Vara desde já autorizada a

sem que a empresa custeasse qualquer medicamento ou a proceder com a merecida anotação, conforme art. 39, § 1º, da

transferisse para outro setor em que não precisasse usar CLT, expedindo-se ofício para o Ministério do Trabalho e

headset nos ouvidos. A ré, em sua contestação, requer o Previdência. Direitos Pleiteados Aviso Prévio Indenizado

reconhecimento do abandono de emprego ou, no caso de não Indevido, ante o reconhecimento da rescisão a pedido. 13º

reconhecimento do abandono, que seja reconhecida a Salário Reconhecida a existência de vínculo de emprego entre

demissão a pedido. Pois bem. A perícia judicial (Id. 491e572) as partes, bem como a rescisão a pedido da contratação, tem-

concluiu que a obreira não sofreu perda auditiva, razão pela se devida a gratificação natalina,nos termos do art. 1º, da Lei

qual não reconheço a falta grave da reclamada alegada para 4.090/62, sendo: 13º proporcional de 2020 à razão de 2/12, nos

incidir a rescisão indireta do contrato de trabalho. Quanto à limites do pedido.Férias acrescidas de 1/3 Reconhecida a

tese da reclamada, a continuidade da relação de emprego é existência de vínculo de emprego entre as partes, bem como a

presumível e, sendo o abandono de emprego forma anômala de rescisão a pedido da contratação, tem-se devido o descanso

extinção do contrato de trabalho, cabe à empregadora realizar a anual indenizado acrescido de 1/3 constitucional, nos termos

respectiva prova, encargo do qual não se desincumbiu. Em do art. 129 e seguintes da CLT, sendo férias proporcionais de

sendo a justa causa medida assaz aplicada ao empregado, que 2019/2020 à razão de 4/12, nos limites do pedido.Salário Retido

viola deveres e obrigações inerentes ao seu contrato de Não tendo a reclamada comprovado o repasse salarial

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 84
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

referente aos 27 dias do mês de fevereiro de 2020, mediante proporcionalmente entre os sucumbentes recíprocos, levando em

recibo ou comprovante de pagamento, conforme exigidos pelo consideração a parcela do objeto da pretensão que foi reconhecida

art. 464 da CLT, tem-se que a reclamante faz jus ao salário para cada um, importando, no presente caso, no qual a parte autora

retido, tal como pugnado.Dano moral por perda parcial da sucumbiu em 6 num universo de 9 pedidos principais, , em 33,33%

audição Requer a reclamante indenização por danos morais em do valor a favor de seus defensores, e 66,67%, para os defensores

razão de perda parcial da audição em 25%. Realizado o exame da reclamada.Os honorários devidos ao advogado do reclamante

médico pericial, cujo laudo dormita nos autos (Id. 491e572), a deverão ser pagos pela reclamada. Já os honorários devidos ao

perita concluiu o seguinte: 5. CONCLUSÃO Foi possível advogado da reclamada deverão ficar sob condição suspensiva de

concluir, seguramente, levando-se em consideração exigibilidade, pelo prazo de 02 anos, cabendo ao advogado credor

documentação anexada aos autos, perícia médica e ausência comprovar que o reclamante não faz mais jus aos benefícios da

de exames complementares, que não ficou provado a justiça gratuita para fins de execução. Ressalto que não se pode

existência de perda auditiva devido sequela de otite média retirar do proveito econômico de um beneficiário da Justiça Gratuita

aguda.Tendo em vista a conclusão do laudo pericial que qualquer valor a título de despesas processuais, gênero no qual se

informa que não há nexo causal ou relação de concausa entre incluem os honorários advocatícios sucumbenciais, a teor do art. 5º,

as atividades desenvolvidas na reclamada e a perda de audição inciso LXXIV, da Constituição Federal, sendo parcialmente

alegada pela reclamante, nada a deferir neste tópico. Não inconstitucional o art. 791-A, §4º, da CLT, inserido pela Lei

houve emissão de CAT ou afastamento previdenciário pelas 13.467/2017, exclusivamente na parte que impõe a retirada do valor

queixas alegadas no curso da contratualidade, não havendo dos honorários do proveito econômico do reclamante, neste ou em

elementos médico periciais que possam concluir pela presença outro processo."

de doença de cunho ocupacional no caso em tela. Indefiro o

pedido.Desconto dos EPIs A obreira requer o ressarcimento do Permissa venia ao douto sentenciante, a decisão de base merece

valor descontado pelo pedido de novos EPIs. Examino.A reparo neste aspecto.

reclamante assinou o Termo de Compromisso e Autorização de A condenação imposta ao reclamante esbarra na decisão do

Desconto em folha de pagamento, sendo os descontos Tribunal Pleno do E. STF no julgamento da ADI 5766, em sessão do

realizados com a anuência da obreira, o que se comprova pela dia 20.10.2021, que declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art.

sua assinatura (Id. 8190929). Portanto, indefiro o pedido de 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a condenação do

restituição dos valores descontados em razão de novos EPIs." beneficiário da justiça gratuita em honorários advocatícios de

(...) sucumbência.

Logo, sendo inconstitucional a regra celetista que estabeleceu ônus

DECISÃO DE OFÍCIO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. de sucumbência ao trabalhador beneficiário da justiça gratuita, é

Quanto aos honorários advocatícios, assim decidiu a sentença: imperativo excluir da sentença a condenação da obreira ao

Devidos, no percentual de 15% sobre o valor da condenação, a pagamento de honorários advocatícios. Nem se alegue que haveria

serem rateados proporcionalmente entre os sucumbentes, sem a decisão ultra ou extra petita, pois cuidando-se de obrigação

compensação de honorários, nos moldes do art. 791-A da CLT. O acessória da sentença, por força de lei e de decisão vinculante em

cálculo dos honorários deve ser feito da seguinte maneira: ação direta de inconstitucionalidade, pode e deve o juízo fazer tal

Considerando que os honorários advocatícios sucumbenciais são exclusão de ofício, sem que haja desrespeito aos limites da

despesas processuais, os mesmos não devem ser calculados sobre devolução recursal.

a parte da decisão cujos pedidos não foram reconhecidos.Na Por outro lado, excluída a obrigado que pendia sobre o obreiro, o

verdade, o cálculo deve se dar sobre o valor objeto da liquidação ou percentual de honorários advocatícios de 15% fixados pela

da condenação, tal como determinado em lei. Assim, deverá a sentença recorrida deverá reverter integralmente para o patrono do

Secretaria da Vara proceder com a liquidação do valor e, após obter autor.

este resultado, deverá fazer incidir sobre o mesmo os 15% dos De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários,

honorários advocatícios reconhecidos na decisão, levando em o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de

consideração os critérios estabelecidos no art. 791-A, § 2º, da CLT. prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o

Posteriormente, o valor nominal obtido com a incidência do trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu

percentual sobre o valor apurado da liquidação deverá ser rateado serviço.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 85
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

CONCLUSÃO DO VOTO FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Conhecer dos recursos ordinários e, no mérito, negar-lhes

provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

jurídicos fundamentos, salvo em relação aos honorários Diretor de Secretaria

advocatícios devidos pelo reclamante, eis que, conforme


Processo Nº RORSum-0000193-73.2020.5.07.0008
decisão do Tribunal Pleno do E. STF no julgamento da ADI Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
5766, em sessão do dia 20.10.2021, que declarou a
RECORRENTE MARIA JESSICA DE MORAIS
inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, que ADVOGADO DVANY KELLY NASCIMENTO
LOUREIRO ALCANTARA(OAB:
autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em 21776/CE)
honorários advocatícios de sucumbência, é imperativo excluir ADVOGADO CLAUDIO HENRIQUE PRUDENCIO
DE MENDONCA(OAB: 24824/CE)
da sentença a condenação da obreira ao pagamento de ADVOGADO BRUNA PRUDENCIO DE
MENDONCA(OAB: 37163/CE)
honorários advocatícios, o que ora se faz de ofício. Mantém-se
RECORRENTE CENTRAL DE RECUPERACAO DE
a condenação da reclamada no pagamento de honorários CREDITOS LTDA
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
advocatícios em benefício do patrono do autor, devendo o 5864/CE)
percentual de 15% fixado pela sentença reverter integralmente RECORRIDO MARIA JESSICA DE MORAIS
ADVOGADO DVANY KELLY NASCIMENTO
para o defensor do obreiro. Valor da condenação e custas LOUREIRO ALCANTARA(OAB:
21776/CE)
processuais permanecem inalterados.
ADVOGADO CLAUDIO HENRIQUE PRUDENCIO
DISPOSITIVO DE MENDONCA(OAB: 24824/CE)
ADVOGADO BRUNA PRUDENCIO DE
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO MENDONCA(OAB: 37163/CE)
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por RECORRIDO CENTRAL DE RECUPERACAO DE
CREDITOS LTDA
unanimidade, conhecer dos recursos ordinários e, no mérito, ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE)
negar-lhes provimento, mantendo-se a sentença por seus

próprios e jurídicos fundamentos, salvo em relação aos Intimado(s)/Citado(s):


honorários advocatícios devidos pelo reclamante, eis que, - CENTRAL DE RECUPERACAO DE CREDITOS LTDA

conforme decisão do Tribunal Pleno do E. STF no julgamento

da ADI 5766, em sessão do dia 20.10.2021, que declarou a

inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, que


PODER JUDICIÁRIO
autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em
JUSTIÇA DO
honorários advocatícios de sucumbência, é imperativo excluir

da sentença a condenação da obreira ao pagamento de

honorários advocatícios, o que ora se faz de ofício. Mantém-se EMENTA

a condenação da reclamada no pagamento de honorários RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE

advocatícios em benefício do patrono do autor, devendo o DOENÇA OCUPACIONAL. NEXO CAUSAL ENTRE A

percentual de 15% fixado pela sentença reverter integralmente ENFERMIDADE E O LABOR. Diante da conclusão do laudo

para o defensor do obreiro. Valor da condenação e custas pericial, é inarredável a constatação da existência de nexo de

processuais permanecem inalterados. causalidade entre o dano e o contrato de trabalho mantido

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores entre as partes. De se pontuar que o julgador, não está adstrito

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da ao resultado da perícia (art. 479 do CPC/2015), podendo se

Silva (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) afastar das ilações alcançadas pelo "expert" quando houver,

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em nos fólios, elementos outros, suficientes para autorizar a

gozo de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo formação do convencimento em sentido contrário à conclusão

Furtado. do técnico. No caso dos autos, se verificam elementos que

Fortaleza, 11 de julho de 2022. permitam o alcance, com a mesma propriedade de um

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA especialista, de resposta negativa acerca da relação de causa e

Relator efeito entre o trabalho da autora e o dano constatado. Dessa

VOTOS forma, a sentença deve ser confirmada.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 86
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. danos morais em razão da perda parcial da audição.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Tendo em vista que a presente RESTITUIÇÃO DE VALORES. PAGAMENTO DE EPI.

lide fora protocolada após a Lei da 13.467/2017, aplica-se o art. Pugna a recorrente pela restituição no valor de R$ 20,00 (vinte

791-A, da CLT, que reconhece como devidos os honorários reais) indevidamente descontados, referente a troca de EPI.

advocatícios em decorrência da mera sucumbência. Razão não lhe assiste.

MATÉRIA EM COMUM. RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE Da prova dos autos, colhe-se que a reclamante autorizou o

EMPREGO. PEDIDO DE DEMISSÃO TÁCITO. A autora não se desconto em folha de pagamento dos valores referentes ao

desincumbiu de seu ônus de comprovar o descumprimento das protetor auricular e tubo de voz em razão de dano e/ou perda

obrigações patronais, mormente no tocante às normas de dos referidos EPI's(id 8190929).

segurança e medicina do trabalho. Da mesma forma, inexistiu a Nesse cenário, não vislumbro qualquer ilegalidade no

prova, pela reclamada, de ânimo da obreira de abandonar o procedimento adotado pela reclamada.

emprego, uma vez que, a presente reclamação foi interposta Mantém-se.

em 03/03/2020 menos de 30 dias após a rescisão contratual, INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PERDA DE AUDIÇÃO.

ocorrida em 27/02/2020. Entendo que não é caso de rescisão Pugna a recorrente pela condenação da reclamada no

indireta e nem de abandono de emprego, mas de pedido de pagamento de indenização por danos morais decorrente de

demissão tácito. perda parcial de audição, decorrente de doença ocupacional

Recursos conhecidos e improvidos. (otite).

DECISÃO DE OFÍCIO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Diante do quadro fático delineado na exordial o MM Juiz de

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA primeiro grau, determinou a designação de perícia.

JUSTIÇA GRATUITA. EXCLUSÃO. No presente caso, a decisão O laudo pericial de id 491e572, assim concluiu:

de origem concedeu à reclamante os benefícios da justiça "5. CONCLUSÃO

gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica Foi possível concluir, seguramente, levando-se em

(CLT, artigo 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, consideração documentação anexada aos autos, perícia

incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida médica e ausência de exames complementares, que não ficou

pelo STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do provado a existência de perda auditiva devido sequela de otite

artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). média aguda."

Destarte, imperativo excluir, de ofício, da sentença a Registra-se que o julgador, não está adstrito ao resultado da

condenação da obreira ao pagamento de honorários perícia (art. 479 do CPC/2015), podendo afastar das ilações

advocatícios sucumbenciais. alcançadas pelo "expert" quando houver, nos fólios, elementos

outros, suficientes para autorizar a formação do

RELATÓRIO convencimento em sentido contrário à conclusão do técnico.

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. Entretanto, para infirmar o seu conteúdo, deve a parte produzir

RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO prova de suas alegações, não servindo para tanto meras

ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº conjecturas.

9.957/2000. Restando provado que a doença que acometeu a reclamante

FUNDAMENTAÇÃO não ocasionou perda auditiva, indevida a condenação no

ADMISSIBILIDADE pagamento de danos morais.

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se Recurso conhecido e improvido.Sentença mantida por seus

conhecer dos recursos ordinários. próprios fundamentos.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA

MÉRITO MÉRITO

Pretende a reclamante a reforma da sentença prolatada pela MATÉRIA EM COMUM.

MM.ª 8.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (idd72d598) para Por tratar-se de matéria suscitada em ambos os recursos passa

reconhecer a rescisão indireta do contrato de trabalho; a -se analisá-la em conjunto

restituição de valores referentes ao desconto de EPI; a RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO. PEDIDO DE

condenação da reclamada no pagamento de indenização por DEMISSÃO TÁCITO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 87
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Aduz a recorrente que a reclamada, tendo conhecimento que a ocorrência de qualquer dos elementos necessários à

obreira sofreu perda auditiva decorrente da doença que lhe confirmação do abandono de emprego.

acometeu (otite) jamais tomou qualquer providência, mantendo Inexistiu a prova de ânimo da obreira de abandonar o emprego,

-a na mesma função. uma vez que, a presente reclamação foi interposta em

A reclamada afirma que a obreira abandonou o emprego e, 03/03/2020 menos de 30 dias após a rescisão contratual,

alternativamente, pugna seja reconhecida a modalidade ocorrida em 27/02/2020.

rescisória por abandono de emprego. . Assim, conforme expresso na sentença recorrida, entendo que

À análise. não é caso de abandono de emprego, mas de pedido de

De conformidade à legislação pátria vigente, a prova das demissão tácito.

alegações incumbe à parte que as fizer. Ao autor cabe Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a

comprovar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o

compete comprovar os fatos impeditivos, modificativos e quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional.

extintivos do direito perseguido (art. 818 da CLT c/c. o art. 333 Inteligência do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.

do CPC). Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na

Em matéria de justa causa atribuída ao empregador, quando sentença, a qual confirmo por seus próprios e jurídicos

alegada em sede de petição inicial, a prova incumbe ao fundamentos:

empregado, por se tratar de fato impeditivo da percepção das "Mérito

verbas salariais e em decorrência do princípio da continuidade Pedido de demissão

da relação de emprego. A autora, em sua petição inicial, requer o reconhecimento da

Destaque-se que para restar configurada a rescisão indireta do rescisão indireta, em razão de ter contraído uma otite no

contrato de trabalho com base em qualquer das hipóteses trabalho, e, consequentemente, uma perda auditiva de 25%,

elencadas no art. 483, da CLT, é imprescindível que se sem que a empresa custeasse qualquer medicamento ou a

comprove a falta grave praticada pelo empregador que torne transferisse para outro setor em que não precisasse usar

inviável a convivência profissional comum, já que a regra geral headset nos ouvidos. A ré, em sua contestação, requer o

é a presunção gerada pelo princípio de que a relação reconhecimento do abandono de emprego ou, no caso de não

empregatícia deve ser mantida. reconhecimento do abandono, que seja reconhecida a

No caso, o laudo pericial (id 491e572) concluiu que a demissão a pedido. Pois bem. A perícia judicial (Id. 491e572)

reclamante não sofreu perda auditiva. concluiu que a obreira não sofreu perda auditiva, razão pela

A alegada falta grave do empregador não se fundamenta. qual não reconheço a falta grave da reclamada alegada para

Isto posto, não comprovado o descumprimento das obrigações incidir a rescisão indireta do contrato de trabalho. Quanto à

patronais, mormente no tocante às normas de segurança e tese da reclamada, a continuidade da relação de emprego é

medicina do trabalho, entendo que não restou configurada a presumível e, sendo o abandono de emprego forma anômala de

justa causa estatuída no art. 483, "d" da CLT. extinção do contrato de trabalho, cabe à empregadora realizar a

O abandono de emprego, na forma como suscitado pela respectiva prova, encargo do qual não se desincumbiu. Em

reclamda constitui falta grave, o que enseja a rescisão por justa sendo a justa causa medida assaz aplicada ao empregado, que

causa do contrato de trabalho, conforme alínea "i" do art. 482 viola deveres e obrigações inerentes ao seu contrato de

da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Tal falta é trabalho e que, tem o condão de resolver o contrato de trabalho

considerada grave, uma vez que a prestação de serviço é sem ônus para o empregador, deve ficar cabalmente provada,

elemento básico do contrato de trabalho, então a falta contínua estabelecendo-se um nexo causal entre a falta praticada e o

e sem motivo justificado é fator determinante de motivo da dispensa. Logo, tendo a trabalhadora se afastado do

descumprimento da obrigação contratual. emprego sem reconhecimento de falta grave do empregador,

Nesta senda, pelo princípio da continuidade da relação de tem-se que a vontade manifestada de não mais continuar

emprego, cabe ao empregador o ônus de provar a ocorrência trabalhando configura pedido de demissão, razão pela qual

da justa causa, por se tratar de fato obstativo à pretensão reconheço e declaro que a dispensa da autora foi a pedido.

vindicada na petição inicial. Contrato de Trabalho Não há controvérsia nos autos de que o

Ocorre que, no caso dos autos, não restou comprovada a vínculo de emprego entre as partes teve início em 16/10/2019,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 88
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

quando exercia a função de recuperação de crédito (operadora de exames complementares, que não ficou provado a

de telemarketing) e recebia salário no valor de R$ 1.110,14. existência de perda auditiva devido sequela de otite média

Quanto à rescisão, conforme tópico anterior, tem-se que foi a aguda.Tendo em vista a conclusão do laudo pericial que

pedido em 27/02/2020, devendo a reclamada proceder com a informa que não há nexo causal ou relação de concausa entre

merecida anotação de baixa na CTPS da trabalhadora.De as atividades desenvolvidas na reclamada e a perda de audição

acordo com o artigo 2º da Portaria 1065/2019 do Ministério da alegada pela reclamante, nada a deferir neste tópico. Não

Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, "Para houve emissão de CAT ou afastamento previdenciário pelas

fins do disposto no Decreto-Lei nº 5452/1943, a Carteira de queixas alegadas no curso da contratualidade, não havendo

Trabalho Digital é equivalente à Carteira de Trabalho emitida elementos médico periciais que possam concluir pela presença

em meio físico". Assim, com vistas a estimular o isolamento de doença de cunho ocupacional no caso em tela. Indefiro o

social e priorizar a saúde das partes envolvidas, determino que pedido.Desconto dos EPIs A obreira requer o ressarcimento do

as anotações na CTPS sejam efetuadas de forma valor descontado pelo pedido de novos EPIs. Examino.A

eletrônica.Desse modo, a parte autora deverá efetuar o reclamante assinou o Termo de Compromisso e Autorização de

cadastro na CTPS Digital no prazo de 5 (cinco) dias após o Desconto em folha de pagamento, sendo os descontos

trânsito em julgado, observando-se as instruções da página realizados com a anuência da obreira, o que se comprova pela

https://empregabrasil.mte.gov.br/duvidas-frequentes-ctps- sua assinatura (Id. 8190929). Portanto, indefiro o pedido de

digital/, informando nos autos o cumprimento da obrigação. Em restituição dos valores descontados em razão de novos EPIs."

seguida, intime-se a reclamada, para, no prazo de 05 (cinco) (...)

dias, comprovar a anotação de baixa da CTPS da reclamante,

conforme acima declarado, sendo certo que, em caso de DECISÃO DE OFÍCIO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

recalcitrância, fica a Secretaria da Vara desde já autorizada a Quanto aos honorários advocatícios, assim decidiu a sentença:

proceder com a merecida anotação, conforme art. 39, § 1º, da Devidos, no percentual de 15% sobre o valor da condenação, a

CLT, expedindo-se ofício para o Ministério do Trabalho e serem rateados proporcionalmente entre os sucumbentes, sem a

Previdência. Direitos Pleiteados Aviso Prévio Indenizado compensação de honorários, nos moldes do art. 791-A da CLT. O

Indevido, ante o reconhecimento da rescisão a pedido. 13º cálculo dos honorários deve ser feito da seguinte maneira:

Salário Reconhecida a existência de vínculo de emprego entre Considerando que os honorários advocatícios sucumbenciais são

as partes, bem como a rescisão a pedido da contratação, tem- despesas processuais, os mesmos não devem ser calculados sobre

se devida a gratificação natalina,nos termos do art. 1º, da Lei a parte da decisão cujos pedidos não foram reconhecidos.Na

4.090/62, sendo: 13º proporcional de 2020 à razão de 2/12, nos verdade, o cálculo deve se dar sobre o valor objeto da liquidação ou

limites do pedido.Férias acrescidas de 1/3 Reconhecida a da condenação, tal como determinado em lei. Assim, deverá a

existência de vínculo de emprego entre as partes, bem como a Secretaria da Vara proceder com a liquidação do valor e, após obter

rescisão a pedido da contratação, tem-se devido o descanso este resultado, deverá fazer incidir sobre o mesmo os 15% dos

anual indenizado acrescido de 1/3 constitucional, nos termos honorários advocatícios reconhecidos na decisão, levando em

do art. 129 e seguintes da CLT, sendo férias proporcionais de consideração os critérios estabelecidos no art. 791-A, § 2º, da CLT.

2019/2020 à razão de 4/12, nos limites do pedido.Salário Retido Posteriormente, o valor nominal obtido com a incidência do

Não tendo a reclamada comprovado o repasse salarial percentual sobre o valor apurado da liquidação deverá ser rateado

referente aos 27 dias do mês de fevereiro de 2020, mediante proporcionalmente entre os sucumbentes recíprocos, levando em

recibo ou comprovante de pagamento, conforme exigidos pelo consideração a parcela do objeto da pretensão que foi reconhecida

art. 464 da CLT, tem-se que a reclamante faz jus ao salário para cada um, importando, no presente caso, no qual a parte autora

retido, tal como pugnado.Dano moral por perda parcial da sucumbiu em 6 num universo de 9 pedidos principais, , em 33,33%

audição Requer a reclamante indenização por danos morais em do valor a favor de seus defensores, e 66,67%, para os defensores

razão de perda parcial da audição em 25%. Realizado o exame da reclamada.Os honorários devidos ao advogado do reclamante

médico pericial, cujo laudo dormita nos autos (Id. 491e572), a deverão ser pagos pela reclamada. Já os honorários devidos ao

perita concluiu o seguinte: 5. CONCLUSÃO Foi possível advogado da reclamada deverão ficar sob condição suspensiva de

concluir, seguramente, levando-se em consideração exigibilidade, pelo prazo de 02 anos, cabendo ao advogado credor

documentação anexada aos autos, perícia médica e ausência comprovar que o reclamante não faz mais jus aos benefícios da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 89
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

justiça gratuita para fins de execução. Ressalto que não se pode da sentença a condenação da obreira ao pagamento de

retirar do proveito econômico de um beneficiário da Justiça Gratuita honorários advocatícios, o que ora se faz de ofício. Mantém-se

qualquer valor a título de despesas processuais, gênero no qual se a condenação da reclamada no pagamento de honorários

incluem os honorários advocatícios sucumbenciais, a teor do art. 5º, advocatícios em benefício do patrono do autor, devendo o

inciso LXXIV, da Constituição Federal, sendo parcialmente percentual de 15% fixado pela sentença reverter integralmente

inconstitucional o art. 791-A, §4º, da CLT, inserido pela Lei para o defensor do obreiro. Valor da condenação e custas

13.467/2017, exclusivamente na parte que impõe a retirada do valor processuais permanecem inalterados.

dos honorários do proveito econômico do reclamante, neste ou em DISPOSITIVO

outro processo." ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por

Permissa venia ao douto sentenciante, a decisão de base merece unanimidade, conhecer dos recursos ordinários e, no mérito,

reparo neste aspecto. negar-lhes provimento, mantendo-se a sentença por seus

A condenação imposta ao reclamante esbarra na decisão do próprios e jurídicos fundamentos, salvo em relação aos

Tribunal Pleno do E. STF no julgamento da ADI 5766, em sessão do honorários advocatícios devidos pelo reclamante, eis que,

dia 20.10.2021, que declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. conforme decisão do Tribunal Pleno do E. STF no julgamento

791-A da CLT, dispositivo que autorizava a condenação do da ADI 5766, em sessão do dia 20.10.2021, que declarou a

beneficiário da justiça gratuita em honorários advocatícios de inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, que

sucumbência. autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em

Logo, sendo inconstitucional a regra celetista que estabeleceu ônus honorários advocatícios de sucumbência, é imperativo excluir

de sucumbência ao trabalhador beneficiário da justiça gratuita, é da sentença a condenação da obreira ao pagamento de

imperativo excluir da sentença a condenação da obreira ao honorários advocatícios, o que ora se faz de ofício. Mantém-se

pagamento de honorários advocatícios. Nem se alegue que haveria a condenação da reclamada no pagamento de honorários

decisão ultra ou extra petita, pois cuidando-se de obrigação advocatícios em benefício do patrono do autor, devendo o

acessória da sentença, por força de lei e de decisão vinculante em percentual de 15% fixado pela sentença reverter integralmente

ação direta de inconstitucionalidade, pode e deve o juízo fazer tal para o defensor do obreiro. Valor da condenação e custas

exclusão de ofício, sem que haja desrespeito aos limites da processuais permanecem inalterados.

devolução recursal. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Por outro lado, excluída a obrigado que pendia sobre o obreiro, o Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da

percentual de honorários advocatícios de 15% fixados pela Silva (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

sentença recorrida deverá reverter integralmente para o patrono do Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em

autor. gozo de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo

De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, Furtado.

o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de Fortaleza, 11 de julho de 2022.

prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu Relator

serviço. VOTOS

CONCLUSÃO DO VOTO FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Conhecer dos recursos ordinários e, no mérito, negar-lhes

provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

jurídicos fundamentos, salvo em relação aos honorários Diretor de Secretaria

advocatícios devidos pelo reclamante, eis que, conforme


Processo Nº RORSum-0000621-36.2021.5.07.0003
decisão do Tribunal Pleno do E. STF no julgamento da ADI Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
5766, em sessão do dia 20.10.2021, que declarou a
RECORRENTE FIORI INDUSTRIA E COMERCIO DE
inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, que CONFECCOES LTDA
ADVOGADO ADRIANO SILVA HULAND(OAB:
autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em 17038-A/CE)
honorários advocatícios de sucumbência, é imperativo excluir

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 90
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRIDO DENISE SAMPAIO DE OLIVEIRA


DIAS Especializada apurar os juros moratórios, cabendo ao Juízo
ADVOGADO THIAGO ANDRADE DIAS(OAB: Falimentar ponderar sobre seu eventual pagamento, à época
33988/CE)
própria.
Intimado(s)/Citado(s):
Recurso conhecido e parcialmente provido.
- FIORI INDUSTRIA E COMERCIO DE CONFECCOES LTDA

RELATÓRIO

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.


PODER JUDICIÁRIO RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO
JUSTIÇA DO ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI

N.º9.957/2000.

FUNDAMENTAÇÃO
EMENTA
ADMISSIBILIDADE
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. MASSA FALIDA.
Pugna a reclamada pela concessão dos benefícios da justiça
JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
gratuita, haja vista sua condição de massa falida.
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. A isenção do depósito recursal
Afirma que teve sua falência decretada em 18.05.2021, consoante
e das custas processuais assegurada à massa falida pela Súmula
se depreende da sentença proferida nos autos do processo nº.
86 do TST, a fim de exercer o duplo grau de jurisdição, não
0190373-84.2016.8.06.0001, em trâmite na 2ª Vara de
assegura automaticamente a concessão do benefício da justiça
Recuperação de Empresas e Falências da Comarca de
gratuita, o qual depende da comprovação da hipossuficiência
Fortaleza/CE (id 01dc33f).
econômica, sob pena de pagamento das custas ao final, mediante
Sem razão a recorrente.
expedição da certidão de habilitação de crédito na Falência, pois a
O § 10 do art. 899 da CLT isenta do depósito recursal os
condição falimentar da pessoa jurídica não indica necessariamente
beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as
a sua insuficiência financeira. Diante do exposto, não tendo a
empresas em recuperação Judicial.
recorrente comprovado a sua insuficiência financeira, mantenho o
Consoante a Súmula 86 do TST, "não ocorre deserção de recurso
indeferimento do benefício da justiça gratuita.
da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do
ENCAMINHAMENTO DO CRÉDITO AO JUÍZO FALIMENTAR. O
valor da condenação".
pedido de "encaminhamento do crédito para habilitação perante o
A isenção do depósito recursal e das custas processuais
foro universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei
assegurada à massa falida pela Súmula 86 do TST, a fim de
nº 11.101/05, em atendimento ao princípio da par condicio
exercer o duplo grau de jurisdição, não assegura automaticamente
creditorum e das cláusulas de indivisibilidade e universalidade do
a concessão do benefício da justiça gratuita, o qual depende da
juízo concursal", deverá ser dirigido ao Juiz que presidir a
comprovação da hipossuficiência econômica, sob pena de
liquidação/execução do julgado, observado o momento oportuno
pagamento das custas ao final, mediante expedição da certidão de
que a parte, por certo, deve conhecer.
habilitação de crédito na Falência, pois a condição falimentar da
MULTA DO ART. 477 DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA EM
pessoa jurídica não indica necessariamente a sua insuficiência
DATA POSTERIOR À DISPENSA DO EMPREGADO. SÚMULA Nº
financeira a ponto de não poder pagar as custas do processo.
388 DO C. TST. A Súmula nº 388 do C. TST estabelece que a
Nesse sentido, os seguintes julgados:
"massa falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa

do § 8, do art. 477, ambos da CLT". Entrementes, no caso concreto,


"(...) CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA.
em que o empregado foi demitido antes da decretação da falência,
MASSA FALIDA. SÚMULA 126 DO TST. PREJUDICADO EXAME
a Corte Superior firmou entendimento no sentido de não aplicar a
DOS CRITÉRIOS DA TRANSCENDÊNCIA. A controvérsia gira
Súmula acima citada.
acerca da concessão dos benefícios da justiça gratuita à massa
MASSA FALIDA. JUROS DE MORA. À massa falida não se aplica
falida. Não se discute deserção do recurso da massa falida, nos
o disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, nos termos do
termos da Súmula 86 do TST, mas sim a concessão dos benefícios
art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa falida não são
da justiça gratuita. A Lei 1.060/50 estabelece normas aplicáveis à
exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em
concessão de assistência jurídica aos necessitados, ou seja, regra
lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento
geral, às pessoas naturais que não disponham de meios
dos credores subordinados". Por essa forma, compete a esta

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

econômicos para praticar os atos de defesa de seus interesses ou de Julgamento: 10/02/2021, 8ª Turma, Data de Publicação:

direitos pela via judicial. Excepcionalmente, porém, a jurisprudência 12/02/2021)

desta Corte vem admitindo a possibilidade de concessão dos Diante do exposto, não tendo a recorrente comprovado a sua

benefícios às pessoas jurídicas, sempre que houver prova insuficiência financeira, mantenho o indeferimento do benefício da

inequívoca de sua dificuldade econômica; é dizer, de não poderem justiça gratuita.

arcar com o custo do processo, tais como custas, honorários e

depósitos recursais (esse último incluído pela Lei Complementar Contudo, conheço do recurso ordinário porque presentes os

132/2009). No caso concreto, o Regional consignou que a pressupostos de admissibilidade.

reclamada não comprovou, não obstante a decretação de falência, MÉRITO

impossibilidade econômica quanto às custas processuais, ENCAMINHAMENTO DO CRÉDITO AO JUÍZO FALIMENTAR.

remetendo o pagamento respectivo ao final da liquidação. A reclamada MASSA FALIDA DE FIORI INDÚSTRIA E COMÉRCIO

Incidência da Súmula 126 do TST. Apesar de o art. 896-A da CLT DE CONFECÇÕES LTDA interpôs o recurso ordinário de id

estabelecer a necessidade de exame prévio da transcendência do 86b0e7b, requerendo, que "este digno juízo proceda o

recurso de revista, a jurisprudência desta Corte tem evoluído para encaminhamento do crédito para habilitação perante o foro

entender que esta análise fica prejudicada quando o apelo carece universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei nº

de pressupostos processuais extrínsecos ou intrínsecos que 11.101/05, em atendimento ao princípio da par condicio creditorum

impeçam o alcance do exame meritório do feito, como no caso em e das cláusulas de indivisibilidade e universalidade do juízo

tela. Destaque-se que esta Corte Superior apenas pode valorar os concursal." (grifos no original)

dados fáticos delineados de forma expressa no acórdão regional. O pedido de encaminhamento do crédito para habilitação perante o

Assim, se a pretensão recursal está frontalmente contrária às foro universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei

afirmações do Tribunal Regional acerca das questões probatórias, o nº 11.101/05, deverá ser dirigido ao Juiz que presidir a

recurso apenas se viabilizaria mediante o revolvimento de fatos e liquidação/execução do julgado, observado o momento oportuno

provas, circunstância que atrai o óbice da Súmula 126 do TST. que a parte, por certo, deve conhecer.

Prejudicado o exame dos critérios da transcendência. Agravo de Ademais, sobre a matéria, a sentença recorrida assim decidiu:

instrumento não provido." (TST - AIRR: 5076320195170141, "Considerando a solidariedade da obrigação ora decretada, após o

Relator: Augusto Cesar Leite De Carvalho, Data de Julgamento: trânsito em julgado EXPEÇA-SE ofício dirigido ao Juízo Falimentar

10/02/2021, 6ª Turma, Data de Publicação: 12/02/2021) das duas massas falidas, para que os créditos deferidos na

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. presente sentença sejam habilitados perante o foro universal da

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. JUSTIÇA GRATUITA. MASSA falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei nº 11.101/05, em

FALIDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA atendimento ao princípio da par condicio creditorum e das cláusulas

ECONÔMICA. O fato de a reclamada ser massa falida não lhe de indivisibilidade e universalidade do juízo concursal. O ofício

confere automaticamente o tratamento dispensado ao beneficiário deverá alertar para que qualquer adimplemento dos créditos em

da justiça gratuita, pois, na condição de pessoa jurídica de direito sede de juízo falimentar deverá ser informado a estes autos, para

privado e havendo interesse dos benefícios da gratuidade da que o valor adimplido seja abatido da execução em face das demais

justiça, deve comprovar nos autos a insuficiência financeira no Reclamadas."

momento da interposição do recurso, não havendo falar no caso de Mantém-se.

hipossuficiência presumida, para fins de isenção do pagamento das MULTA DO ART. 477, DA CLT

custas, ao final, honorários periciais e advocatícios. Precedentes Pretende a recorrente a reforma da sentença para excluir da

desta Corte e incidência da Súmula nº 463 do TST. No caso, não condenação o pagamento da multa prevista no art. 477, § 8º, da

existem nos autos parâmetros suficientes que comprovem o estado CLT, ante a sua condição de massa falida.

de hipossuficiência econômica da reclamada. Ademais, não sendo Sobre a matéria, assim decidiu o juízo sentenciante:

concedidos os benefícios da justiça gratuita, não há falar em "Por fim, cumpre esclarecer ainda, quanto à multa do art. 477, § 8º,

aplicação da Súmula nº 457 do TST, quanto ao pagamento dos da CLT, que a análise dos autos demonstra que a dispensa ocorreu

honorários, e tampouco em contrariedade ao referido verbete antes do deferimento do processamento da falência, razão porque

sumular. Agravo de instrumento conhecido e não provido." (TST - não há se falar na aplicação do entendimento constante na Súmula

AIRR: 248915520185240101, Relator: Dora Maria Da Costa, Data nº 388 do Tribunal Superior do Trabalho. No mesmo sentido:

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MULTA DO ART. 477 DA CLT. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA DA período posterior à rescisão do contrato da reclamante, ocorrida em

EMPREGADORA POSTERIORMENTE À DISPENSA DO 23/04/2015. Recurso não provido. (TRT-7 - RO:

EMPREGADO. Decretada a falência da empregadora cerca de um 00003196220165070009, Relator: MARIA ROSELI MENDES

ano e meio depois da data da dispensa do empregado, não há falar ALENCAR, Data de Julgamento: 30/01/2019, Data de Publicação:

na aplicação do entendimento contido na Súmula nº 388 do TST, 30/01/2019)." (ID dfb185f - fls. 330/331)

que incide apenas quando a rescisão contratual ocorre após a Com efeito, a Súmula nº 388 do C. TST estabelece que a "massa

decretação da falência, por configurada indiscutível restrição à falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8,

disponibilidade de bens da empresa. (TRT-1 - RO: do art. 477, ambos da CLT".

00117694820155010059 RJ, Relator: VALMIR DE ARAUJO Entrementes, no caso concreto dos autos em que o empregado foi

CARVALHO, Data de Julgamento: 28/11 /2018, Segunda Turma, dispensado antes da decretação da falência, o C. TST firmou

Data de Publicação: 26/01/2019) ". entendimento de que é inaplicável o teor da Súmula nº 338 acima

Em que pese o inconformismo da recorrente, a sentença deve ser citada, conforme se verifica dos seguintes julgados:

integralmente mantida. "FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO CONTRATUAL.

Restou incontroverso nos autos que a rescisão contratual ocorreu SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE. Não obstante o teor da

em 19/04/2021, enquanto a falência da empresa demandada foi Súmula 388 do TST - "Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT.

decretada no dia 18.05.2021 (id 01dc33f). Inaplicabilidade (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs

Considerando que a demissão do Autor deu-se em data anterior à 201 e 314 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.05. A Massa Falida

decretação judicial da quebra, não se pode isentar a empresa do não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art.

pagamento das multas do art. 477 da CLT, não cabendo a alegação 477, ambos da CLT (ex-OJs no 201 - DJ 11.08.2003 e nº 314 - DJ

de que a falta de pagamento das verbas resilitórias deu-se por fato 08.11.2000)" -, o entendimento prevalecente nesta Corte é de que

alheio à vontade da empregadora. ela deve ser interpretada no sentido de que a massa falida não

Neste sentido é a jurisprudência pacífica de nossos Tribunais, pagará as referidas multas, desde que a rescisão contratual se dê

senão vejamos: após a falência, pois não teria sentido excluir o pagamento da multa

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RITO se a dispensa do empregado ocorreu antes da quebra. No caso dos

SUMARÍSSIMO. MASSA FALIDA. MULTAS DOS ARTIGOS 467 E autos, é fato incontroverso que a Via Uno S.A. teve sua falência

477 DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO decretada em 24/03/2015, momento posterior à rescisão contratual,

CONTRATUAL. Extrai-se do acórdão regional que a dispensa do que ocorreu em 10/09/2014, sendo inaplicável, portanto, o disposto

reclamante ocorreu em data anterior à decretação de falência da na Súmula 388/TST. Recurso de revista não conhecido no aspecto."

recorrente, razão pela qual não há como se afastar a condenação (RR-1240-62.2015.5.05.0251, 3ª Turma, Relator Ministro: Mauricio

às multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, uma vez que, no Godinho Delgado, Data de Julgamento: 07/03/2018, Data de

momento em que eram devidas as referidas multas, a falência da Publicação: DEJT 09/03/2018)

reclamada ainda não havia sido decretada. Assim, não se "FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO CONTRATUAL.

caracterizou a situação prevista na Súmula nº 388 do TST. SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE.Não obstante o teor da

Julgados. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (TST - Súmula 388 do TST - "Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT.

AIRR: 253525520175240006, Relator: Dora Maria da Costa, Data Inaplicabilidade (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs

de Julgamento: 10/06/2020, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 201 e 314 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.05. A Massa Falida

16/06/2020). não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art.

MASSA FALIDA. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA POSTERIOR À 477, ambos da CLT. (ex-OJs no 201 - DJ 11.08.2003 e nº 314 - DJ

RESCISÃO DO CONTRATO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA 08.11.2000)" -, o entendimento prevalecente nesta Corte é de que

CLT. APLICABILIDADE. A massa falida não se sujeita ao ela deve ser interpretada no sentido de que a massa falida não

pagamento da multa prevista no parágrafo 8º, do art. 477, da CLT, pagará as referidas multas, desde que a rescisão contratual se dê

conforme entendimento pacificado nos termos do verbete da após a falência, pois não teria sentido excluir o pagamento da multa

Súmula 388 do C.TST. Todavia, no caso dos autos não há de se se a dispensa do empregado ocorreu antes da quebra. No caso dos

aplicar à espécie o entendimento jurisprudencial plasmado na autos, é fato incontroverso que a Via Uno S.A. teve sua falência

referida Súmula, tendo em vista que a decretação de falência da decretada em 24/03/2015, momento posterior à rescisão contratual,

empresa recorrente somente se deu em 06/04/2016, portanto em que ocorreu em 10/09/2014, sendo inaplicável, portanto, o disposto

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na Súmula 388/TST. Recurso de revista não conhecido no aspecto." fundamentos.

(RR-1240-62.2015.5.05.0251, 3ª Turma, Relator Ministro: Mauricio

Godinho Delgado, Data de Julgamento: 07/03/2018, Data de DISPOSITIVO

Publicação: DEJT 09/03/2018) ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

Mantém-se. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por

JUROS DE MORA. EXCLUSÃO. unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe

Requer a recorrente a exclusão dos juros de mora, ante a sua provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos

condição de massa falida, conforme previsão do artigo 124 da Lei fundamentos.

11.101/2005. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

No tocante aos juros de mora, à massa falida não se aplica o Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, nos termos do (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa falida não são Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento Fortaleza, 11 de julho de 2022.

dos credores subordinados". FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

Por essa forma, compete a esta Especializada apurar os juros Relator

moratórios, cabendo ao Juízo Falimentar ponderar sobre seu FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

eventual pagamento, à época própria.

Convergentes com o entendimento ora esposado, transcrevo ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

jurisprudência a seguir ementa: Diretor de Secretaria

"JUROS DE MORA. MASSA FALIDA. O art. 124 da Lei


Processo Nº RORSum-0000621-36.2021.5.07.0003
11.101/2005, dispõe que contra a massa falida não são exigíveis Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
juros de mora após a decretação da falência, se o ativo apurado
RECORRENTE FIORI INDUSTRIA E COMERCIO DE
não basta para o pagamento dos credores subordinados. Portanto, CONFECCOES LTDA
ADVOGADO ADRIANO SILVA HULAND(OAB:
o referido dispositivo não dispõe ser indevida a condenação da 17038-A/CE)
massa falida ao pagamento de juros em qualquer hipótese. Tal RECORRIDO DENISE SAMPAIO DE OLIVEIRA
DIAS
conclusão depende da ausência de ativos que bastem para o ADVOGADO THIAGO ANDRADE DIAS(OAB:
33988/CE)
pagamento do principal, circunstância ainda não aferida, conforme

assentou o Tribunal Regional. Logo, não se há falar, nesse Intimado(s)/Citado(s):


momento, em violação do art. 124 da Lei 11.101/2005. Precedentes. - DENISE SAMPAIO DE OLIVEIRA DIAS

Recurso de revista não conhecido." (ARR - 436700-

44.2009.5.12.0030, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data

de Julgamento: 11/05/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT


PODER JUDICIÁRIO
20/05/2016)"
JUSTIÇA DO
[...] MASSA FALIDA - INCIDÊNCIA - A jurisprudência desta Corte é

firme no sentido de que incide correção monetária sobre os débitos

da massa falida e de que são devidos os juros de mora, salvo na EMENTA

hipótese de o ativo ser insuficiente para o pagamento do valor RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. MASSA FALIDA.

principal, exceção que não restou demonstrada no presente caso. JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE

Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. A isenção do depósito recursal

2560000-67.2007.5.09.0028 - Rel. Min. Márcio Eurico Vitral Amaro - e das custas processuais assegurada à massa falida pela Súmula

DJe 10.05.2013 - p. 1617) 86 do TST, a fim de exercer o duplo grau de jurisdição, não

Mantém-se a decisão de base, neste tocante. assegura automaticamente a concessão do benefício da justiça

CONCLUSÃO DO VOTO gratuita, o qual depende da comprovação da hipossuficiência

Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário da econômica, sob pena de pagamento das custas ao final, mediante

reclamada, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos expedição da certidão de habilitação de crédito na Falência, pois a

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

condição falimentar da pessoa jurídica não indica necessariamente O § 10 do art. 899 da CLT isenta do depósito recursal os

a sua insuficiência financeira. Diante do exposto, não tendo a beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as

recorrente comprovado a sua insuficiência financeira, mantenho o empresas em recuperação Judicial.

indeferimento do benefício da justiça gratuita. Consoante a Súmula 86 do TST, "não ocorre deserção de recurso

ENCAMINHAMENTO DO CRÉDITO AO JUÍZO FALIMENTAR. O da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do

pedido de "encaminhamento do crédito para habilitação perante o valor da condenação".

foro universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei A isenção do depósito recursal e das custas processuais

nº 11.101/05, em atendimento ao princípio da par condicio assegurada à massa falida pela Súmula 86 do TST, a fim de

creditorum e das cláusulas de indivisibilidade e universalidade do exercer o duplo grau de jurisdição, não assegura automaticamente

juízo concursal", deverá ser dirigido ao Juiz que presidir a a concessão do benefício da justiça gratuita, o qual depende da

liquidação/execução do julgado, observado o momento oportuno comprovação da hipossuficiência econômica, sob pena de

que a parte, por certo, deve conhecer. pagamento das custas ao final, mediante expedição da certidão de

MULTA DO ART. 477 DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA EM habilitação de crédito na Falência, pois a condição falimentar da

DATA POSTERIOR À DISPENSA DO EMPREGADO. SÚMULA Nº pessoa jurídica não indica necessariamente a sua insuficiência

388 DO C. TST. A Súmula nº 388 do C. TST estabelece que a financeira a ponto de não poder pagar as custas do processo.

"massa falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa Nesse sentido, os seguintes julgados:

do § 8, do art. 477, ambos da CLT". Entrementes, no caso concreto,

em que o empregado foi demitido antes da decretação da falência, "(...) CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA.

a Corte Superior firmou entendimento no sentido de não aplicar a MASSA FALIDA. SÚMULA 126 DO TST. PREJUDICADO EXAME

Súmula acima citada. DOS CRITÉRIOS DA TRANSCENDÊNCIA. A controvérsia gira

MASSA FALIDA. JUROS DE MORA. À massa falida não se aplica acerca da concessão dos benefícios da justiça gratuita à massa

o disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, nos termos do falida. Não se discute deserção do recurso da massa falida, nos

art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa falida não são termos da Súmula 86 do TST, mas sim a concessão dos benefícios

exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em da justiça gratuita. A Lei 1.060/50 estabelece normas aplicáveis à

lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento concessão de assistência jurídica aos necessitados, ou seja, regra

dos credores subordinados". Por essa forma, compete a esta geral, às pessoas naturais que não disponham de meios

Especializada apurar os juros moratórios, cabendo ao Juízo econômicos para praticar os atos de defesa de seus interesses ou

Falimentar ponderar sobre seu eventual pagamento, à época direitos pela via judicial. Excepcionalmente, porém, a jurisprudência

própria. desta Corte vem admitindo a possibilidade de concessão dos

Recurso conhecido e parcialmente provido. benefícios às pessoas jurídicas, sempre que houver prova

inequívoca de sua dificuldade econômica; é dizer, de não poderem

RELATÓRIO arcar com o custo do processo, tais como custas, honorários e

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. depósitos recursais (esse último incluído pela Lei Complementar

RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO 132/2009). No caso concreto, o Regional consignou que a

ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI reclamada não comprovou, não obstante a decretação de falência,

N.º9.957/2000. impossibilidade econômica quanto às custas processuais,

FUNDAMENTAÇÃO remetendo o pagamento respectivo ao final da liquidação.

ADMISSIBILIDADE Incidência da Súmula 126 do TST. Apesar de o art. 896-A da CLT

Pugna a reclamada pela concessão dos benefícios da justiça estabelecer a necessidade de exame prévio da transcendência do

gratuita, haja vista sua condição de massa falida. recurso de revista, a jurisprudência desta Corte tem evoluído para

Afirma que teve sua falência decretada em 18.05.2021, consoante entender que esta análise fica prejudicada quando o apelo carece

se depreende da sentença proferida nos autos do processo nº. de pressupostos processuais extrínsecos ou intrínsecos que

0190373-84.2016.8.06.0001, em trâmite na 2ª Vara de impeçam o alcance do exame meritório do feito, como no caso em

Recuperação de Empresas e Falências da Comarca de tela. Destaque-se que esta Corte Superior apenas pode valorar os

Fortaleza/CE (id 01dc33f). dados fáticos delineados de forma expressa no acórdão regional.

Sem razão a recorrente. Assim, se a pretensão recursal está frontalmente contrária às

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 95
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

afirmações do Tribunal Regional acerca das questões probatórias, o nº 11.101/05, deverá ser dirigido ao Juiz que presidir a

recurso apenas se viabilizaria mediante o revolvimento de fatos e liquidação/execução do julgado, observado o momento oportuno

provas, circunstância que atrai o óbice da Súmula 126 do TST. que a parte, por certo, deve conhecer.

Prejudicado o exame dos critérios da transcendência. Agravo de Ademais, sobre a matéria, a sentença recorrida assim decidiu:

instrumento não provido." (TST - AIRR: 5076320195170141, "Considerando a solidariedade da obrigação ora decretada, após o

Relator: Augusto Cesar Leite De Carvalho, Data de Julgamento: trânsito em julgado EXPEÇA-SE ofício dirigido ao Juízo Falimentar

10/02/2021, 6ª Turma, Data de Publicação: 12/02/2021) das duas massas falidas, para que os créditos deferidos na

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. presente sentença sejam habilitados perante o foro universal da

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. JUSTIÇA GRATUITA. MASSA falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei nº 11.101/05, em

FALIDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA atendimento ao princípio da par condicio creditorum e das cláusulas

ECONÔMICA. O fato de a reclamada ser massa falida não lhe de indivisibilidade e universalidade do juízo concursal. O ofício

confere automaticamente o tratamento dispensado ao beneficiário deverá alertar para que qualquer adimplemento dos créditos em

da justiça gratuita, pois, na condição de pessoa jurídica de direito sede de juízo falimentar deverá ser informado a estes autos, para

privado e havendo interesse dos benefícios da gratuidade da que o valor adimplido seja abatido da execução em face das demais

justiça, deve comprovar nos autos a insuficiência financeira no Reclamadas."

momento da interposição do recurso, não havendo falar no caso de Mantém-se.

hipossuficiência presumida, para fins de isenção do pagamento das MULTA DO ART. 477, DA CLT

custas, ao final, honorários periciais e advocatícios. Precedentes Pretende a recorrente a reforma da sentença para excluir da

desta Corte e incidência da Súmula nº 463 do TST. No caso, não condenação o pagamento da multa prevista no art. 477, § 8º, da

existem nos autos parâmetros suficientes que comprovem o estado CLT, ante a sua condição de massa falida.

de hipossuficiência econômica da reclamada. Ademais, não sendo Sobre a matéria, assim decidiu o juízo sentenciante:

concedidos os benefícios da justiça gratuita, não há falar em "Por fim, cumpre esclarecer ainda, quanto à multa do art. 477, § 8º,

aplicação da Súmula nº 457 do TST, quanto ao pagamento dos da CLT, que a análise dos autos demonstra que a dispensa ocorreu

honorários, e tampouco em contrariedade ao referido verbete antes do deferimento do processamento da falência, razão porque

sumular. Agravo de instrumento conhecido e não provido." (TST - não há se falar na aplicação do entendimento constante na Súmula

AIRR: 248915520185240101, Relator: Dora Maria Da Costa, Data nº 388 do Tribunal Superior do Trabalho. No mesmo sentido:

de Julgamento: 10/02/2021, 8ª Turma, Data de Publicação: MULTA DO ART. 477 DA CLT. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA DA

12/02/2021) EMPREGADORA POSTERIORMENTE À DISPENSA DO

Diante do exposto, não tendo a recorrente comprovado a sua EMPREGADO. Decretada a falência da empregadora cerca de um

insuficiência financeira, mantenho o indeferimento do benefício da ano e meio depois da data da dispensa do empregado, não há falar

justiça gratuita. na aplicação do entendimento contido na Súmula nº 388 do TST,

que incide apenas quando a rescisão contratual ocorre após a

Contudo, conheço do recurso ordinário porque presentes os decretação da falência, por configurada indiscutível restrição à

pressupostos de admissibilidade. disponibilidade de bens da empresa. (TRT-1 - RO:

MÉRITO 00117694820155010059 RJ, Relator: VALMIR DE ARAUJO

ENCAMINHAMENTO DO CRÉDITO AO JUÍZO FALIMENTAR. CARVALHO, Data de Julgamento: 28/11 /2018, Segunda Turma,

A reclamada MASSA FALIDA DE FIORI INDÚSTRIA E COMÉRCIO Data de Publicação: 26/01/2019) ".

DE CONFECÇÕES LTDA interpôs o recurso ordinário de id Em que pese o inconformismo da recorrente, a sentença deve ser

86b0e7b, requerendo, que "este digno juízo proceda o integralmente mantida.

encaminhamento do crédito para habilitação perante o foro Restou incontroverso nos autos que a rescisão contratual ocorreu

universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei nº em 19/04/2021, enquanto a falência da empresa demandada foi

11.101/05, em atendimento ao princípio da par condicio creditorum decretada no dia 18.05.2021 (id 01dc33f).

e das cláusulas de indivisibilidade e universalidade do juízo Considerando que a demissão do Autor deu-se em data anterior à

concursal." (grifos no original) decretação judicial da quebra, não se pode isentar a empresa do

O pedido de encaminhamento do crédito para habilitação perante o pagamento das multas do art. 477 da CLT, não cabendo a alegação

foro universal da falência, na forma do art. 6º, art. 76, art. 83, da Lei de que a falta de pagamento das verbas resilitórias deu-se por fato

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alheio à vontade da empregadora. ela deve ser interpretada no sentido de que a massa falida não

Neste sentido é a jurisprudência pacífica de nossos Tribunais, pagará as referidas multas, desde que a rescisão contratual se dê

senão vejamos: após a falência, pois não teria sentido excluir o pagamento da multa

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RITO se a dispensa do empregado ocorreu antes da quebra. No caso dos

SUMARÍSSIMO. MASSA FALIDA. MULTAS DOS ARTIGOS 467 E autos, é fato incontroverso que a Via Uno S.A. teve sua falência

477 DA CLT. FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO decretada em 24/03/2015, momento posterior à rescisão contratual,

CONTRATUAL. Extrai-se do acórdão regional que a dispensa do que ocorreu em 10/09/2014, sendo inaplicável, portanto, o disposto

reclamante ocorreu em data anterior à decretação de falência da na Súmula 388/TST. Recurso de revista não conhecido no aspecto."

recorrente, razão pela qual não há como se afastar a condenação (RR-1240-62.2015.5.05.0251, 3ª Turma, Relator Ministro: Mauricio

às multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, uma vez que, no Godinho Delgado, Data de Julgamento: 07/03/2018, Data de

momento em que eram devidas as referidas multas, a falência da Publicação: DEJT 09/03/2018)

reclamada ainda não havia sido decretada. Assim, não se "FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO CONTRATUAL.

caracterizou a situação prevista na Súmula nº 388 do TST. SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE.Não obstante o teor da

Julgados. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (TST - Súmula 388 do TST - "Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT.

AIRR: 253525520175240006, Relator: Dora Maria da Costa, Data Inaplicabilidade (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs

de Julgamento: 10/06/2020, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 201 e 314 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.05. A Massa Falida

16/06/2020). não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art.

MASSA FALIDA. DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA POSTERIOR À 477, ambos da CLT. (ex-OJs no 201 - DJ 11.08.2003 e nº 314 - DJ

RESCISÃO DO CONTRATO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA 08.11.2000)" -, o entendimento prevalecente nesta Corte é de que

CLT. APLICABILIDADE. A massa falida não se sujeita ao ela deve ser interpretada no sentido de que a massa falida não

pagamento da multa prevista no parágrafo 8º, do art. 477, da CLT, pagará as referidas multas, desde que a rescisão contratual se dê

conforme entendimento pacificado nos termos do verbete da após a falência, pois não teria sentido excluir o pagamento da multa

Súmula 388 do C.TST. Todavia, no caso dos autos não há de se se a dispensa do empregado ocorreu antes da quebra. No caso dos

aplicar à espécie o entendimento jurisprudencial plasmado na autos, é fato incontroverso que a Via Uno S.A. teve sua falência

referida Súmula, tendo em vista que a decretação de falência da decretada em 24/03/2015, momento posterior à rescisão contratual,

empresa recorrente somente se deu em 06/04/2016, portanto em que ocorreu em 10/09/2014, sendo inaplicável, portanto, o disposto

período posterior à rescisão do contrato da reclamante, ocorrida em na Súmula 388/TST. Recurso de revista não conhecido no aspecto."

23/04/2015. Recurso não provido. (TRT-7 - RO: (RR-1240-62.2015.5.05.0251, 3ª Turma, Relator Ministro: Mauricio

00003196220165070009, Relator: MARIA ROSELI MENDES Godinho Delgado, Data de Julgamento: 07/03/2018, Data de

ALENCAR, Data de Julgamento: 30/01/2019, Data de Publicação: Publicação: DEJT 09/03/2018)

30/01/2019)." (ID dfb185f - fls. 330/331) Mantém-se.

Com efeito, a Súmula nº 388 do C. TST estabelece que a "massa JUROS DE MORA. EXCLUSÃO.

falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8, Requer a recorrente a exclusão dos juros de mora, ante a sua

do art. 477, ambos da CLT". condição de massa falida, conforme previsão do artigo 124 da Lei

Entrementes, no caso concreto dos autos em que o empregado foi 11.101/2005.

dispensado antes da decretação da falência, o C. TST firmou No tocante aos juros de mora, à massa falida não se aplica o

entendimento de que é inaplicável o teor da Súmula nº 338 acima disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, nos termos do

citada, conforme se verifica dos seguintes julgados: art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa falida não são

"FALÊNCIA DECRETADA APÓS A RESCISÃO CONTRATUAL. exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em

SÚMULA 388/TST. INAPLICABILIDADE. Não obstante o teor da lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento

Súmula 388 do TST - "Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT. dos credores subordinados".

Inaplicabilidade (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs Por essa forma, compete a esta Especializada apurar os juros

201 e 314 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.05. A Massa Falida moratórios, cabendo ao Juízo Falimentar ponderar sobre seu

não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art. eventual pagamento, à época própria.

477, ambos da CLT (ex-OJs no 201 - DJ 11.08.2003 e nº 314 - DJ Convergentes com o entendimento ora esposado, transcrevo

08.11.2000)" -, o entendimento prevalecente nesta Corte é de que jurisprudência a seguir ementa:

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"JUROS DE MORA. MASSA FALIDA. O art. 124 da Lei


Processo Nº RORSum-0001565-27.2021.5.07.0039
11.101/2005, dispõe que contra a massa falida não são exigíveis Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
juros de mora após a decretação da falência, se o ativo apurado
RECORRENTE FRANCISCA DAYANE GOMES DE
não basta para o pagamento dos credores subordinados. Portanto, ASSIS
ADVOGADO BRUNO CESAR MAGALHAES
o referido dispositivo não dispõe ser indevida a condenação da NUNES(OAB: 26448/CE)
massa falida ao pagamento de juros em qualquer hipótese. Tal RECORRIDO RANDSTAD BRASIL RECURSOS
HUMANOS LTDA.
conclusão depende da ausência de ativos que bastem para o ADVOGADO RYAN CARLOS BAGGIO
GUERSONI(OAB: 220142/SP)
pagamento do principal, circunstância ainda não aferida, conforme

assentou o Tribunal Regional. Logo, não se há falar, nesse Intimado(s)/Citado(s):


momento, em violação do art. 124 da Lei 11.101/2005. Precedentes. - FRANCISCA DAYANE GOMES DE ASSIS

Recurso de revista não conhecido." (ARR - 436700-

44.2009.5.12.0030, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data

de Julgamento: 11/05/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT


PODER JUDICIÁRIO
20/05/2016)"
JUSTIÇA DO
[...] MASSA FALIDA - INCIDÊNCIA - A jurisprudência desta Corte é

firme no sentido de que incide correção monetária sobre os débitos

da massa falida e de que são devidos os juros de mora, salvo na EMENTA

hipótese de o ativo ser insuficiente para o pagamento do valor GARANTIA PROVISÓRIA DO EMPREGO DA GESTANTE.

principal, exceção que não restou demonstrada no presente caso. INAPLICABILIDADE AO CONTRATO DE TRABALHO

Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR TEMPORÁRIO. JUÍZO DE ADEQUAÇÃO À TESE JURÍDICA

2560000-67.2007.5.09.0028 - Rel. Min. Márcio Eurico Vitral Amaro - FIXADA PELO COLENDO TST, EM SEDE DE INCIDENTE DE

DJe 10.05.2013 - p. 1617) ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA. À luz do disposto no inciso III do

Mantém-se a decisão de base, neste tocante. art. 927 do CPC e § 11, inciso II, do art. 896-C da CLT, o tema

CONCLUSÃO DO VOTO relativo à garantia provisória de emprego da trabalhadora gestante,

Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário da alinhando-se o julgamento deste E. Regional à tese jurídica fixada

reclamada, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos pelo Colendo TST nos autos do Incidente de Assunção de

fundamentos. Competência nº 0005639-31.2013.5.12.0051, segundo a qual esse

direito não se aplica na hipótese de contrato de trabalho temporário,

DISPOSITIVO regido pela Lei nº 6.019/74.

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por próprios e jurídicos fundamentos.

unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe RELATÓRIO

provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT, por se tratar

fundamentos. de processo submetido ao rito sumaríssimo.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores FUNDAMENTAÇÃO

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva ADMISSIBILIDADE

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). Conheço do recurso eis que presentes todos os pressupostos

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade.

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. MÉRITO

Fortaleza, 11 de julho de 2022. Pretende a reclamante, FRANCISCA DAYANE GOMES DE ASSIS,

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA a reforma da sentença de id a41fce8, prolatada pela MMª Única

Relator Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante, que julgou

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. improcedentes os pedidos formulados na reclamação trabalhista

promovida em face de RANDSTAD BRASIL RECURSOS

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART HUMANOS LTDA.

Diretor de Secretaria Em suas razões (id bab3c0a) reitera os mesmos argumentos da

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exordial, que fora contratada por prazo temporário em 24/05/2021, III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de

para laborar na função de alimentadora de linha de produção, sendo resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos

dispensada sem justa causa, no final do contrato, em 10/12/2021. extraordinário e especial repetitivos;"

Afirma, que no momento de sua dispensa, a empresa tinha pleno Portanto, as teses jurídicas firmadas em incidentes são dotadas de

conhecimento do seu estado gravídico, requerendo a condenação efeito vinculante, com aplicação a todos os demais processos que

da reclamada no pagamento de indenização substitutiva tratarem da mesma questão jurídica em todos os órgãos

correspondente ao período estabilitário, de 11/12/21 a 28/10/22. jurisdicionais da Justiça do Trabalho.

À análise. Neste sentido, cito os recentes precedentes do C. TST:

Registra-se, inicialmente que o contrato de trabalho temporário da "RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A

reclamante respeitou os requisitos previstos na lei n.º 6.019/1974, ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTES DA LEI Nº 13.467/17.

razão pela qual considera-se perfeitamente válido. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE - CONTRATO DE

É incontroverso que a reclamante fora contratada em 24/05/2021, TRABALHO TEMPORÁRIO - LEI Nº 6.019/1974 -

para exercer a função de alimentadora de linha de produção, na IMPOSSIBILIDADE - TESE FIXADA NO JULGAMENTO DO IAC-

modalidade contrato temporário, sendo dispensada no final do 5639-31.2013.5.12.0051. (violação aos artigos 10, inciso II, alínea

contrato em 10/12/2021, com o conhecimento da reclamada de seu "b", do ADCT e 2º e 10 da Lei nº 6.019/74, contrariedade à Súmula

estado gravídico. nº 244, item III, do TST e divergência jurisprudencial). O Tribunal

Cumpre destacar que o objetivo social da norma constitucional (art. Pleno do TST, em 18/11/2019, no julgamento do IAC-5639-

10, II, alínea "b" do Ato das Disposições Constitucionais 31.2013.5.12.0051, fixou tese no sentido de que "É inaplicável ao

Transitórias) é proteger a gestante contra a dispensa obstativa ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/1974,

exercício das prerrogativas inerentes à maternidade. Com efeito, a a garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista

garantia provisória ao emprego prevista para empregada gestante é no art. 10, II, "b", do Ato das Disposições Constitucionais

deflagrada no momento da confirmação da gravidez e assegurada Transitórias". Ao fixar a referida tese, consignou que o

até cinco meses após o parto. reconhecimento do direito à estabilidade provisória à empregada

Por sua vez, a Súmula n.º 244, item III, do c. TST, assim dispõe: gestante não é compatível com a finalidade da Lei nº 6.019/74, cujo

"GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. objetivo é atender a situações excepcionais, para as quais não haja

III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória expectativa de continuidade do vínculo empregatício. Recurso de

prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições revista conhecido e provido" (RR-707-82.2015.5.09.0125, 7ª Turma,

Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 25/06/2021).

mediante contrato por tempo determinado". "(...) RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. ESTABILIDADE

Ora, entendo que a aplicação da Súmula n.º 244 do TST, por cujo DA GESTANTE. CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. O

teor dispõe que a garantia no emprego é devida, ainda que debate relativo à garantia de estabilidade provisória da gestante

desconhecida a gravidez pelo empregador ou até mesmo pela contratada temporariamente, não comporta mais discussão nesta

empregada, quando do ato da dispensa. Além disso, não impõe Corte, visto que o Pleno, por meio do julgamento do TST - IAC -

restrição quanto à modalidade de contrato de trabalho, se por prazo 5639-31.2013.5.12.0051, decidiu que "é inaplicável ao regime de

determinado ou prazo indeterminado. trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/74, a garantia de

Entretanto, o julgamento do Colendo TST, proferido nos autos do estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II,

Incidente de Assunção de Competência nº 0005639- b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias". Recurso de

31.2013.5.12.0051, em 18/11/2019, restou fixada a seguinte tese revista não conhecido. (...) Recurso de revista conhecido e provido"

jurídica: (RR-3277-76.2013.5.02.0005, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto

"É inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela César Leite de Carvalho, DEJT 14/02/2020).

Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade provisória à "RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017.

empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO

Disposições Constitucionais Transitórias." TEMPORÁRIO. SÚMULA 244, III, DO TST. INAPLICABILIDADE.

Nesse cenário, cumpre ressaltar o que se dispõe no art. 927, inciso TRANSCENDENCIA NÃO CARACTERIZADA. 1. De acordo com o

III, do CPC: artigo 896-A da CLT, o Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de

"Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: revista, deve examinar previamente se a causa oferece

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transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência

econômica, política, social ou jurídica. 2. Cinge-se a controvérsia do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.

dos autos ao direito à estabilidade provisória da empregada Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir

gestante contratada por prazo determinado, regido pela Lei expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do

6.019/74. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de recurso interposto.

assegurar à gestante a estabilidade provisória prevista no art. 10, II, Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença,

"b", do ADCT em caso de contrato por prazo determinado, conforme a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos:

a Súmula 244, III, do TST. Contudo, em 18/11/2019, o Tribunal 2.2 DA ESTABILIDADE À GESTANTE - CONTRATO

Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, no julgamento do IAC-5639 TEMPORÁRIO

-31.2013.5.12.0051, fixou a tese de que " é inaplicável ao regime de Aduz a autora que foi admitida pela reclamada em 24/05/21, através

trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, a garantia de de contrato de trabalho por prazo determinado, com expiração em

estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, 10/12/21,na função de alimentadora de linha de produção, com

b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ", colocando remuneração de R$1.200,00; que está gestante desde

fim a antiga controvérsia doutrinária e jurisprudencial. 3. Nesse aproximadamente 28/08/21, conforme exame de ultrassonografia

cenário, o Tribunal Regional, ao manter a inaplicabilidade do item anexo; que tomou conhecimento de seu estado gravídico em

III, da Súmula 244 do TST, indeferindo a estabilidade da gestante meados de outubro/21, tendo comunicado ao seu empregador, que

submetida ao regime de contrato temporário, proferiu decisão em imediatamente tentou antecipar a rescisão do contrato antes do

conformidade com a atual e notória jurisprudência desta Corte termo final; que informou a Sra. Gracy Tauani, empregada do setor

uniformizadora. Recurso de revista não conhecido " (RR-1000552- de recursos humanos da empresa, que estava gestante e não

08.2018.5.02.0463, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar poderia ser desligada, com conforme conversa registrada no

Rodrigues, DEJT 14/02/2020). whatsapp, em anexo; que em 20/10/21, recebeu um comunicado da

"(...) Acerca da matéria em debate, a jurisprudência prevalente no anulação do término do contrato laboral, conforme documento

âmbito desta Corte é no sentido de que o reconhecimento da anexo; que em 10/12/21, ao final do contrato por prazo

garantia de emprego à empregada gestante não se coaduna com a determinado, a reclamada desligou a reclamante, mesmo sabendo

finalidade da Lei 6.019/74, que é a de atender a situações de seu estado gravídico. Requer o pagamento dos salários

excepcionalíssimas, para as quais não há expectativa de correspondentes ao período estabilitário, de 11/12/21 a 28/10/22 (5

continuidade da relação ou mesmo de prestação de serviços com meses após a data estimada do parto), além dos consectários

pessoalidade. Com efeito, ao julgamento do IAC-5639- legais. A reclamada alega que celebrou com a autora contrato de

31.2013.5.12.0051, foi fixada a seguinte tese jurídica: "é inaplicável trabalho temporário, o qual foi celebrado em total observância a Lei

ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, nº 6.019/74; que a validade de tal contrato é incontroversa, eis que

a garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista nada é postulado nesse sentido; que o contrato entre as partes

no art. 10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias" perdurou até 10/12/21, ocasião em que a reclamante recebeu todos

(Tribunal Pleno, Redatora Designada Ministra Maria Cristina os seus haveres rescisórios; que o TST, no julgamento do Incidente

Irigoyen Peduzzi, julgamento em 18.11.2019, acórdão pendente de de Assunção de Competência nº 5639-31.2013.5.12.0051, fixou a

publicação). (...)"(RR-973-51.2016.5.12.0028, 1ª Turma, Relator tese de que "é inaplicável ao regime de trabalho temporário,

Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 08/01/2020). disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade

Destarte, pacificada a questão pelo Tribunal Superior do Trabalho provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato

com efeitos vinculantes, no sentido de que as gestantes admitidas das Disposições Constitucionais Transitórias". Pois bem. O artigo

pelo regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 10, II, b, do ADCT estabelece a garantia provisória de emprego à

6.019/74, não possuem direito à estabilidade provisória, em que gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o

pese a existência de entendimento anterior, outra conclusão não se parto. Doutrina e jurisprudência já se consolidaram no sentido de

apresenta, senão a de confirmar o julgamento de origem que que a vedação contida no citado dispositivo decorre apenas do fato

indeferiu o pedido de salários correspondentes ao período objetivo da confirmação da gravidez na vigência do contrato de

estabilitário e seus reflexos. trabalho, de modo que o direito da empregada à estabilidade

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a provisória prescinde de prévio conhecimento do empregador,

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o quando da rescisão contratual, de seu estado gestacional. O C. TST

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 100
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sepultou de vez qualquer cizânia ainda existente acerca do tema, 10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias".

através da edição da Súmula 244, I ("O desconhecimento do estado Confira-se a ementa do referido precedente: "I - INCIDENTE DE

gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA - INSTAURAÇÃO DO

indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b, do ADCT))". INCIDENTE -ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO

No caso em apreço, verifica-se que a reclamante fora contratada na TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI Nº 6.019/74 - NOVA

modalidade de contrato temporário, o qual fora firmado em INTERPRETAÇÃO DO TEMA A PARTIR DE JULGADOS DA 1ª

24/05/21, encontrandose gestante quando do encerramento do TURMA DESTA CORTE - No particular, prevaleceram os

pacto, em 10/12/21, conforme documentos anexos aos autos. fundamentos do Exmo. Ministro Relator para reconhecer

Assim, é incontroverso nos autos que a reclamante fora contratada contrariedade entre o entendimento firmado na Eg. 1ª Turma do

de forma temporária e que estava grávida quando da extinção Tribunal Superior do Trabalho e a jurisprudência tradicionalmente

normal do contrato, cabendo analisar, então, se ela detém ou não a adotada pelas demais Turmas desta Eg. Corte, motivo pelo qual foi

garantia de emprego prevista do art. 10, II, b, do ADCT. A Corte instaurado o Incidente de Assunção de Competência.

Maior Trabalhista, diante da necessidade de salvaguardar ao ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO TEMPORÁRIO DE

nascituro condições propícias de nascimento e de regular TRABALHO - LEI Nº 6.019/1974 - FIXAÇÃO DE TESE É inaplicável

desenvolvimento em seus primeiros meses de vida, alterou a ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º

Súmula nº 244, para incluir o direito à estabilidade gestante nos 6.019/1974, a garantia de estabilidade provisória à empregada

contratos a termo ("III - A empregada gestante tem direito à gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das Disposições

estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b, do Ato Constitucionais Transitórias. Tese fixada em Incidente de Assunção

das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de Competência. II - EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA -

de admissão mediante contrato por tempo determinado"). INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO

Entrementes, tal entendimento encontra- se superado pela tese CPC/2015 - ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO

firmada pelo C. STF, sob a sistemática da repercussão geral, no TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI Nº 6.019 /1974 O acórdão

Tema nº 497 (RE 629.053/SP, em 10/10/18), segundo o qual "a embargado decidiu em sintonia com a tese firmada no Incidente de

incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT, Assunção de Competência suscitado nos próprios autos, à luz do

somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa qual "é inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado

causa". Como se vê, de acordo com o E. STF, o reconhecimento da pela Lei n.º /74, a garantia de estabilidade provisória à empregada

estabilidade provisória da empregada gestante requer dois 6.019 gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das Disposições

pressupostos cumulativos: a anterioridade da gravidez e a dispensa Constitucionais Transitórias". Embargos conhecidos e desprovidos.

sem justa causa. Contudo, não há como ser reconhecida a dispensa (TST - Pleno - IAC 5639-31.2013.5.12.0051 - Redatora Ministra

sem justa causa em contratos por prazo determinado, já que as Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - 29/07/2020)". Nessa direção,

partes sabem, desde a pactuação, a duração do pacto, salientando- também vêm se posicionando os Tribunais Trabalhistas, em

se que a conversão em contrato por prazo indeterminado consiste recentes julgados: ESTABILIDADE DA GESTANTE - CONTRATO

apenas numa expectativa de direito, que pode ou não ocorrer. TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI nº 6.019/1974 - FIXAÇÃO DE

Nessa conjuntura, a compreensão que era atribuída ao item III, da TESE - IAC. É inaplicável ao regime de trabalho temporário,

Súmula nº 244, do TST, passou a ser incompatível com o disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade

entendimento firmado pelo E. STF, em relação ao mesmo objeto, provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, "b", do Ato

entendendo a Corte Maior que, sendo de conhecimento prévio das das Disposições Constitucionais Transitórias. (Tese fixada pelo

partes o termo final do contrato a prazo ou no caso de pedido de Tribunal Superior do Trabalho no julgamento do IAC-5639-

demissão ou justa causa imputada à empregada nos contratos por 31.2013.5.12.0051 - Tema 2) (TRT 3ª R - RO 0010045-

prazo indeterminado, não se configura dispensa sem justa causa a 93.2016.5.03.0131 - 01/10/2020) JUÍZO DE ADEQUAÇÃO.

ensejar a proteção contida no ADCT. No que tange, CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. ESTABILIDADE

especificamente, aos contratos temporários, o Pleno do TST, no GESTANTE. Diante da tese firmada pelo Pleno do Tribunal Superior

julgamento do Incidente de Assunção de Competência nº 5639- do Trabalho no IAC - 5639-31.2013.5.12.0051, não há falar no

31.2013.5.12.0051, fixou a tese de que "é inaplicável ao regime de reconhecimento da estabilidade da gestante admitida mediante

trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia contrato de trabalho temporário (TRT 4ª R - RO 0021519-

de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 80.2014.5.04.0009 - 15/07/2021)". Desta feita, ante as

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considerações supra, ainda que a gestação tenha ocorrido antes do INAPLICABILIDADE AO CONTRATO DE TRABALHO

término do pacto laboral, forçoso é reconhecer que a reclamante TEMPORÁRIO. JUÍZO DE ADEQUAÇÃO À TESE JURÍDICA

não faz jus à proteção do art. 10, II, "b", do ADCT. Não reconhecido FIXADA PELO COLENDO TST, EM SEDE DE INCIDENTE DE

o direito à garantia de emprego, indeferem-se os consectários ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA. À luz do disposto no inciso III do

pleiteados, culminando na improcedência integral das pretensões art. 927 do CPC e § 11, inciso II, do art. 896-C da CLT, o tema

condenatórias iniciais." relativo à garantia provisória de emprego da trabalhadora gestante,

CONCLUSÃO DO VOTO alinhando-se o julgamento deste E. Regional à tese jurídica fixada

Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário, pelo Colendo TST nos autos do Incidente de Assunção de

mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos. Competência nº 0005639-31.2013.5.12.0051, segundo a qual esse

DISPOSITIVO direito não se aplica na hipótese de contrato de trabalho temporário,

regido pela Lei nº 6.019/74.

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por próprios e jurídicos fundamentos.

unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe RELATÓRIO

provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT, por se tratar

fundamentos. de processo submetido ao rito sumaríssimo.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores FUNDAMENTAÇÃO

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva ADMISSIBILIDADE

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). Conheço do recurso eis que presentes todos os pressupostos

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade.

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. MÉRITO

Fortaleza, 11 de julho de 2022. Pretende a reclamante, FRANCISCA DAYANE GOMES DE ASSIS,

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA a reforma da sentença de id a41fce8, prolatada pela MMª Única

Relator Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante, que julgou

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. improcedentes os pedidos formulados na reclamação trabalhista

promovida em face de RANDSTAD BRASIL RECURSOS

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART HUMANOS LTDA.

Diretor de Secretaria Em suas razões (id bab3c0a) reitera os mesmos argumentos da

exordial, que fora contratada por prazo temporário em 24/05/2021,


Processo Nº RORSum-0001565-27.2021.5.07.0039
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA para laborar na função de alimentadora de linha de produção, sendo
SILVA
dispensada sem justa causa, no final do contrato, em 10/12/2021.
RECORRENTE FRANCISCA DAYANE GOMES DE
ASSIS Afirma, que no momento de sua dispensa, a empresa tinha pleno
ADVOGADO BRUNO CESAR MAGALHAES
NUNES(OAB: 26448/CE) conhecimento do seu estado gravídico, requerendo a condenação
RECORRIDO RANDSTAD BRASIL RECURSOS da reclamada no pagamento de indenização substitutiva
HUMANOS LTDA.
ADVOGADO RYAN CARLOS BAGGIO correspondente ao período estabilitário, de 11/12/21 a 28/10/22.
GUERSONI(OAB: 220142/SP)
À análise.

Intimado(s)/Citado(s): Registra-se, inicialmente que o contrato de trabalho temporário da

- RANDSTAD BRASIL RECURSOS HUMANOS LTDA. reclamante respeitou os requisitos previstos na lei n.º 6.019/1974,

razão pela qual considera-se perfeitamente válido.

É incontroverso que a reclamante fora contratada em 24/05/2021,

para exercer a função de alimentadora de linha de produção, na


PODER JUDICIÁRIO
modalidade contrato temporário, sendo dispensada no final do
JUSTIÇA DO
contrato em 10/12/2021, com o conhecimento da reclamada de seu

estado gravídico.
EMENTA Cumpre destacar que o objetivo social da norma constitucional (art.
GARANTIA PROVISÓRIA DO EMPREGO DA GESTANTE. 10, II, alínea "b" do Ato das Disposições Constitucionais

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 102
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Transitórias) é proteger a gestante contra a dispensa obstativa ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/1974,

exercício das prerrogativas inerentes à maternidade. Com efeito, a a garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista

garantia provisória ao emprego prevista para empregada gestante é no art. 10, II, "b", do Ato das Disposições Constitucionais

deflagrada no momento da confirmação da gravidez e assegurada Transitórias". Ao fixar a referida tese, consignou que o

até cinco meses após o parto. reconhecimento do direito à estabilidade provisória à empregada

Por sua vez, a Súmula n.º 244, item III, do c. TST, assim dispõe: gestante não é compatível com a finalidade da Lei nº 6.019/74, cujo

"GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. objetivo é atender a situações excepcionais, para as quais não haja

III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória expectativa de continuidade do vínculo empregatício. Recurso de

prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições revista conhecido e provido" (RR-707-82.2015.5.09.0125, 7ª Turma,

Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 25/06/2021).

mediante contrato por tempo determinado". "(...) RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. ESTABILIDADE

Ora, entendo que a aplicação da Súmula n.º 244 do TST, por cujo DA GESTANTE. CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. O

teor dispõe que a garantia no emprego é devida, ainda que debate relativo à garantia de estabilidade provisória da gestante

desconhecida a gravidez pelo empregador ou até mesmo pela contratada temporariamente, não comporta mais discussão nesta

empregada, quando do ato da dispensa. Além disso, não impõe Corte, visto que o Pleno, por meio do julgamento do TST - IAC -

restrição quanto à modalidade de contrato de trabalho, se por prazo 5639-31.2013.5.12.0051, decidiu que "é inaplicável ao regime de

determinado ou prazo indeterminado. trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/74, a garantia de

Entretanto, o julgamento do Colendo TST, proferido nos autos do estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II,

Incidente de Assunção de Competência nº 0005639- b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias". Recurso de

31.2013.5.12.0051, em 18/11/2019, restou fixada a seguinte tese revista não conhecido. (...) Recurso de revista conhecido e provido"

jurídica: (RR-3277-76.2013.5.02.0005, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto

"É inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela César Leite de Carvalho, DEJT 14/02/2020).

Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade provisória à "RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017.

empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO

Disposições Constitucionais Transitórias." TEMPORÁRIO. SÚMULA 244, III, DO TST. INAPLICABILIDADE.

Nesse cenário, cumpre ressaltar o que se dispõe no art. 927, inciso TRANSCENDENCIA NÃO CARACTERIZADA. 1. De acordo com o

III, do CPC: artigo 896-A da CLT, o Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de

"Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: revista, deve examinar previamente se a causa oferece

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza

resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos econômica, política, social ou jurídica. 2. Cinge-se a controvérsia

extraordinário e especial repetitivos;" dos autos ao direito à estabilidade provisória da empregada

Portanto, as teses jurídicas firmadas em incidentes são dotadas de gestante contratada por prazo determinado, regido pela Lei

efeito vinculante, com aplicação a todos os demais processos que 6.019/74. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de

tratarem da mesma questão jurídica em todos os órgãos assegurar à gestante a estabilidade provisória prevista no art. 10, II,

jurisdicionais da Justiça do Trabalho. "b", do ADCT em caso de contrato por prazo determinado, conforme

Neste sentido, cito os recentes precedentes do C. TST: a Súmula 244, III, do TST. Contudo, em 18/11/2019, o Tribunal

"RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, no julgamento do IAC-5639

ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTES DA LEI Nº 13.467/17. -31.2013.5.12.0051, fixou a tese de que " é inaplicável ao regime de

ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE - CONTRATO DE trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, a garantia de

TRABALHO TEMPORÁRIO - LEI Nº 6.019/1974 - estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II,

IMPOSSIBILIDADE - TESE FIXADA NO JULGAMENTO DO IAC- b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ", colocando

5639-31.2013.5.12.0051. (violação aos artigos 10, inciso II, alínea fim a antiga controvérsia doutrinária e jurisprudencial. 3. Nesse

"b", do ADCT e 2º e 10 da Lei nº 6.019/74, contrariedade à Súmula cenário, o Tribunal Regional, ao manter a inaplicabilidade do item

nº 244, item III, do TST e divergência jurisprudencial). O Tribunal III, da Súmula 244 do TST, indeferindo a estabilidade da gestante

Pleno do TST, em 18/11/2019, no julgamento do IAC-5639- submetida ao regime de contrato temporário, proferiu decisão em

31.2013.5.12.0051, fixou tese no sentido de que "É inaplicável ao conformidade com a atual e notória jurisprudência desta Corte

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 103
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uniformizadora. Recurso de revista não conhecido " (RR-1000552- de recursos humanos da empresa, que estava gestante e não

08.2018.5.02.0463, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar poderia ser desligada, com conforme conversa registrada no

Rodrigues, DEJT 14/02/2020). whatsapp, em anexo; que em 20/10/21, recebeu um comunicado da

"(...) Acerca da matéria em debate, a jurisprudência prevalente no anulação do término do contrato laboral, conforme documento

âmbito desta Corte é no sentido de que o reconhecimento da anexo; que em 10/12/21, ao final do contrato por prazo

garantia de emprego à empregada gestante não se coaduna com a determinado, a reclamada desligou a reclamante, mesmo sabendo

finalidade da Lei 6.019/74, que é a de atender a situações de seu estado gravídico. Requer o pagamento dos salários

excepcionalíssimas, para as quais não há expectativa de correspondentes ao período estabilitário, de 11/12/21 a 28/10/22 (5

continuidade da relação ou mesmo de prestação de serviços com meses após a data estimada do parto), além dos consectários

pessoalidade. Com efeito, ao julgamento do IAC-5639- legais. A reclamada alega que celebrou com a autora contrato de

31.2013.5.12.0051, foi fixada a seguinte tese jurídica: "é inaplicável trabalho temporário, o qual foi celebrado em total observância a Lei

ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, nº 6.019/74; que a validade de tal contrato é incontroversa, eis que

a garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista nada é postulado nesse sentido; que o contrato entre as partes

no art. 10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias" perdurou até 10/12/21, ocasião em que a reclamante recebeu todos

(Tribunal Pleno, Redatora Designada Ministra Maria Cristina os seus haveres rescisórios; que o TST, no julgamento do Incidente

Irigoyen Peduzzi, julgamento em 18.11.2019, acórdão pendente de de Assunção de Competência nº 5639-31.2013.5.12.0051, fixou a

publicação). (...)"(RR-973-51.2016.5.12.0028, 1ª Turma, Relator tese de que "é inaplicável ao regime de trabalho temporário,

Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 08/01/2020). disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade

Destarte, pacificada a questão pelo Tribunal Superior do Trabalho provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato

com efeitos vinculantes, no sentido de que as gestantes admitidas das Disposições Constitucionais Transitórias". Pois bem. O artigo

pelo regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 10, II, b, do ADCT estabelece a garantia provisória de emprego à

6.019/74, não possuem direito à estabilidade provisória, em que gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o

pese a existência de entendimento anterior, outra conclusão não se parto. Doutrina e jurisprudência já se consolidaram no sentido de

apresenta, senão a de confirmar o julgamento de origem que que a vedação contida no citado dispositivo decorre apenas do fato

indeferiu o pedido de salários correspondentes ao período objetivo da confirmação da gravidez na vigência do contrato de

estabilitário e seus reflexos. trabalho, de modo que o direito da empregada à estabilidade

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a provisória prescinde de prévio conhecimento do empregador,

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o quando da rescisão contratual, de seu estado gestacional. O C. TST

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência sepultou de vez qualquer cizânia ainda existente acerca do tema,

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. através da edição da Súmula 244, I ("O desconhecimento do estado

Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da

expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b, do ADCT))".

recurso interposto. No caso em apreço, verifica-se que a reclamante fora contratada na

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, modalidade de contrato temporário, o qual fora firmado em

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: 24/05/21, encontrandose gestante quando do encerramento do

2.2 DA ESTABILIDADE À GESTANTE - CONTRATO pacto, em 10/12/21, conforme documentos anexos aos autos.

TEMPORÁRIO Assim, é incontroverso nos autos que a reclamante fora contratada

Aduz a autora que foi admitida pela reclamada em 24/05/21, através de forma temporária e que estava grávida quando da extinção

de contrato de trabalho por prazo determinado, com expiração em normal do contrato, cabendo analisar, então, se ela detém ou não a

10/12/21,na função de alimentadora de linha de produção, com garantia de emprego prevista do art. 10, II, b, do ADCT. A Corte

remuneração de R$1.200,00; que está gestante desde Maior Trabalhista, diante da necessidade de salvaguardar ao

aproximadamente 28/08/21, conforme exame de ultrassonografia nascituro condições propícias de nascimento e de regular

anexo; que tomou conhecimento de seu estado gravídico em desenvolvimento em seus primeiros meses de vida, alterou a

meados de outubro/21, tendo comunicado ao seu empregador, que Súmula nº 244, para incluir o direito à estabilidade gestante nos

imediatamente tentou antecipar a rescisão do contrato antes do contratos a termo ("III - A empregada gestante tem direito à

termo final; que informou a Sra. Gracy Tauani, empregada do setor estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b, do Ato

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das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de Competência. II - EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA -

de admissão mediante contrato por tempo determinado"). INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO

Entrementes, tal entendimento encontra- se superado pela tese CPC/2015 - ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO

firmada pelo C. STF, sob a sistemática da repercussão geral, no TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI Nº 6.019 /1974 O acórdão

Tema nº 497 (RE 629.053/SP, em 10/10/18), segundo o qual "a embargado decidiu em sintonia com a tese firmada no Incidente de

incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT, Assunção de Competência suscitado nos próprios autos, à luz do

somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa qual "é inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado

causa". Como se vê, de acordo com o E. STF, o reconhecimento da pela Lei n.º /74, a garantia de estabilidade provisória à empregada

estabilidade provisória da empregada gestante requer dois 6.019 gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das Disposições

pressupostos cumulativos: a anterioridade da gravidez e a dispensa Constitucionais Transitórias". Embargos conhecidos e desprovidos.

sem justa causa. Contudo, não há como ser reconhecida a dispensa (TST - Pleno - IAC 5639-31.2013.5.12.0051 - Redatora Ministra

sem justa causa em contratos por prazo determinado, já que as Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - 29/07/2020)". Nessa direção,

partes sabem, desde a pactuação, a duração do pacto, salientando- também vêm se posicionando os Tribunais Trabalhistas, em

se que a conversão em contrato por prazo indeterminado consiste recentes julgados: ESTABILIDADE DA GESTANTE - CONTRATO

apenas numa expectativa de direito, que pode ou não ocorrer. TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI nº 6.019/1974 - FIXAÇÃO DE

Nessa conjuntura, a compreensão que era atribuída ao item III, da TESE - IAC. É inaplicável ao regime de trabalho temporário,

Súmula nº 244, do TST, passou a ser incompatível com o disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia de estabilidade

entendimento firmado pelo E. STF, em relação ao mesmo objeto, provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, "b", do Ato

entendendo a Corte Maior que, sendo de conhecimento prévio das das Disposições Constitucionais Transitórias. (Tese fixada pelo

partes o termo final do contrato a prazo ou no caso de pedido de Tribunal Superior do Trabalho no julgamento do IAC-5639-

demissão ou justa causa imputada à empregada nos contratos por 31.2013.5.12.0051 - Tema 2) (TRT 3ª R - RO 0010045-

prazo indeterminado, não se configura dispensa sem justa causa a 93.2016.5.03.0131 - 01/10/2020) JUÍZO DE ADEQUAÇÃO.

ensejar a proteção contida no ADCT. No que tange, CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. ESTABILIDADE

especificamente, aos contratos temporários, o Pleno do TST, no GESTANTE. Diante da tese firmada pelo Pleno do Tribunal Superior

julgamento do Incidente de Assunção de Competência nº 5639- do Trabalho no IAC - 5639-31.2013.5.12.0051, não há falar no

31.2013.5.12.0051, fixou a tese de que "é inaplicável ao regime de reconhecimento da estabilidade da gestante admitida mediante

trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/1974, a garantia contrato de trabalho temporário (TRT 4ª R - RO 0021519-

de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 80.2014.5.04.0009 - 15/07/2021)". Desta feita, ante as

10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias". considerações supra, ainda que a gestação tenha ocorrido antes do

Confira-se a ementa do referido precedente: "I - INCIDENTE DE término do pacto laboral, forçoso é reconhecer que a reclamante

ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA - INSTAURAÇÃO DO não faz jus à proteção do art. 10, II, "b", do ADCT. Não reconhecido

INCIDENTE -ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO o direito à garantia de emprego, indeferem-se os consectários

TEMPORÁRIO DE TRABALHO - LEI Nº 6.019/74 - NOVA pleiteados, culminando na improcedência integral das pretensões

INTERPRETAÇÃO DO TEMA A PARTIR DE JULGADOS DA 1ª condenatórias iniciais."

TURMA DESTA CORTE - No particular, prevaleceram os CONCLUSÃO DO VOTO

fundamentos do Exmo. Ministro Relator para reconhecer Voto pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário,

contrariedade entre o entendimento firmado na Eg. 1ª Turma do mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.

Tribunal Superior do Trabalho e a jurisprudência tradicionalmente DISPOSITIVO

adotada pelas demais Turmas desta Eg. Corte, motivo pelo qual foi

instaurado o Incidente de Assunção de Competência. ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

ESTABILIDADE GESTANTE - CONTRATO TEMPORÁRIO DE TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por

TRABALHO - LEI Nº 6.019/1974 - FIXAÇÃO DE TESE É inaplicável unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe

ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º provimento, mantendo-se a sentença por seus próprios e jurídicos

6.019/1974, a garantia de estabilidade provisória à empregada fundamentos.

gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato das Disposições Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Constitucionais Transitórias. Tese fixada em Incidente de Assunção Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 105
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). Recurso conhecido e negado provimento.

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias RELATÓRIO

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. Rito Sumaríssimo. Relatório Dispensado na forma da Lei.

Fortaleza, 11 de julho de 2022. FUNDAMENTAÇÃO

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA ADMISSIBILIDADE

Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. ordinário interposto.

MÉRITO

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamante em

Diretor de Secretaria face da sentença de b73f72b que decidiu: a) rejeitar a preliminar de

incompetência material da Justiça do Trabalho; b) deferir ao


Processo Nº RORSum-0000618-97.2021.5.07.0030
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA reclamante os benefícios da justiça gratuita; c) acolher a prejudicial
SILVA
de prescrição quinquenal para declarar prescrita a pretensão do
RECORRENTE CARLOS EDUARDO BRAGA CRUZ
ADVOGADO JULIO ALCEU MOREIRA DE ASSIS reclamante quantos aos créditos prescritíveis e exigíveis pela via
FIGUEIREDO(OAB: 20974/CE)
acionária anteriormente a 29/11/2016, nos termos do art. 487, II, do
RECORRIDO SOCIEDADE UNIVERSITARIA DE
DESENVOLVIMENTO NCPC; d) julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos
PROFISSIONALIZANTE S/S - SUDEP
FATENE desta ação formulados por CARLOS EDUARDO BRAGA CRUZ em
ADVOGADO ITALO FARIAS BRAGA(OAB:
35020/CE) face de SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA DE DESENVOLVIMENTO
ADVOGADO FERNANDA HARUMI HIRATA(OAB: PROFISSIONALIZANTE - SUDEP - FATENE - (1ª Reclamada) e
24281/CE)
RECORRIDO SOCIEDADE UNINORDESTE DE SOCIEDADE UNINORDESTE DE EDUCACAO UNIVERSITARIA
EDUCACAO UNIVERSITARIA DE
CAUCAIA S/S LTDA DECAUCAIA S /S LTDA (2ª reclamada) para: A) declarar a
ADVOGADO ITALO FARIAS BRAGA(OAB: existência do vínculo empregatício a partir de 02/01/2013 a
35020/CE)
ADVOGADO FERNANDA HARUMI HIRATA(OAB: 1º/01/2015, devendo a 1ª reclamada proceder às anotações, no
24281/CE)
prazo de cinco dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa

Intimado(s)/Citado(s): diária de R$ 100,00, limitada a R$ 1.000,00. Em caso de não

- SOCIEDADE UNIVERSITARIA DE DESENVOLVIMENTO anotação pela reclamada no prazo legal, fica a Secretaria
PROFISSIONALIZANTE S/S - SUDEP FATENE
autorizada a procedê-la. Dessa forma, julgou IMPROCEDENTES os

demais pedidos. Custas a recolher, no valor mínimo de R$ 10,64,

pela reclamada.
PODER JUDICIÁRIO Em suas razões recursais de ID 6a2d71c requer o recorrente seja
JUSTIÇA DO declarada que a prescrição do FGTS do período de vínculo

reconhecido pela sentença seja a trintenária e não a quinquenal,

como constante da decisão ora guerreada.


EMENTA
Requer, também a reforma da sentença no sentido de que seja
RESCISÃO INDIRETA. NÃO COMPROVADA. PEDIDO DE
convertido a forma de resilição contratual de pedido de demissão
DEMISSÃO CARACTERIZADO. MANTER SENTENÇA. No tocante
para rescisão indireta do contrato de trabalho por culpa do
ao pedido do recorrente de reforma da sentença para que seja
empregador, com as consequências pecuniárias daí advindas.
convertido a forma de resilição contratual entre as partes, de pedido
Do exame dos autos forçoso reconhecer que não assiste razão ao
de demissão para rescisão indireta do contrato de trabalho por
recorrente.
culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor sorte não lhe
Explica-se.
assiste. É que consta dos autos carta endereçada à reclamada,
Conforme disciplina o disposto no inciso XXIX, do art. 7º, da
escrita de próprio punho e assinada pelo autor, comunicando que o
Constituição Federal, incidem no processo do trabalho dois prazos
recorrente estava se desligando da empresa e solicitando que fosse
prescricionais: 2 (dois) anos para ajuizamento da ação a partir do
dispensado do aviso prévio, com encerramento imediato do contrato
término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos
de trabalho. Registre-se que não há dos autos qualquer prova de
5 (cinco) anos anteriores, ou de 5 (cinco) anos durante a vigência
coação da empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse
do contrato de trabalho.
macular o teor da aludida carta.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 106
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

No presente caso, tem-se que a sentença ora atacada decidiu por que seja convertido a forma de resilição contratual entre as partes,

declarar a existência do vínculo empregatício entre as partes a partir de pedido de demissão para rescisão indireta do contrato de

de 02/01/2013 a 1º/01/2015, condenando a 1ª reclamada a proceder trabalho por culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor

às anotações na CTPS do autor. sorte não lhe assiste.

A presente ação trabalhista foi ajuizada em 29/11/2021, tendo a É que consta dos autos (vide ID 7205e5b) carta endereçada à

sentença declarada a prescrição quinquenal do direito de ação do reclamada, escrita de próprio punho e assinada pelo autor,

autor, anteriores a 29/11/2016. comunicando que o recorrente estava se desligando da empresa e

Pois bem. solicitando que fosse dispensado do aviso prévio, com

Na decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos do encerramento imediato do contrato de trabalho.

Recurso Extraordinário com Agravo - ARE nº 709.212, julgado em Registre-se que não há dos autos qualquer prova de coação da

13/11/2014, no sentido de invalidar a regra da prescrição trintenária, empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse macular o teor

em razão da interpretação dada ao artigo inciso XXIX, do art. 7º da da aludida carta.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, foi Nesse sentido, não há que se falar em conversão da forma de como

modulada pela Corte Suprema de maneira a não atingir os se deu a resilição do contrato de trabalho havido entre as partes

processos em curso, em que a prescrição já está interrompida, como ora requer o recorrente.

atribuindo, assim, efeitos ex nunc à decisão, o que ensejou a edição

da Súmula nº 362 pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, in

verbis: CONCLUSÃO DO VOTO

"Súmula nº 362 do TST FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Diante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e, no

Res. 198/2015, republicada em razão de erro material - DEJT mérito, negar-lhe provimento.

divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 I - Para os casos em que a

ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a DISPOSITIVO

prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento de ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

término do contrato; II - Para os casos em que o prazo prescricional unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe

já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional provimento.

que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)". Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

No presente caso, e como dito acima, busca o recorrente por meio (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

do presente apelo seja declarada a prescrição trintenária do FGTS, Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

a partir do início do liame empregatício reconhecido pela sentença. o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Nesse sentido, tem-se, conforme pleiteia o recorrente, que o prazo Fortaleza, 11 de julho de 2022.

prescricional já estaria em curso na data do reconhecimento do FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

liame empregatício havido entre as partes, qual seja, em Relator

02/01/2013, cuja a data para se consumar a prescrição trintenária FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

seria em 02/01/2043.

Ocorre que, conforme item II da Súmula nº 362, do TST, acima ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

transcrita, para os casos em que o prazo prescricional já estava em Diretor de Secretaria

curso em 13/11/2014 - caso dos autos - aplica-se o prazo


Processo Nº RORSum-0000618-97.2021.5.07.0030
prescricional que se consumar primeiro: trinta anos, contados do Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
termo inicial - que corresponderia à data de 02/01/2043 ou cinco
RECORRENTE CARLOS EDUARDO BRAGA CRUZ
anos, a partir de 13/11/2014, que seria em 13/11/2019. ADVOGADO JULIO ALCEU MOREIRA DE ASSIS
FIGUEIREDO(OAB: 20974/CE)
Nesse sentido, inconteste que a prescrição a ser aplicada às verbas
RECORRIDO SOCIEDADE UNIVERSITARIA DE
fundiárias é a quinquenal, já que essa forma prescricional ocorrerá DESENVOLVIMENTO
PROFISSIONALIZANTE S/S - SUDEP
em primeiro lugar, como acertadamente entendeu o Juízo de base. FATENE
ADVOGADO ITALO FARIAS BRAGA(OAB:
No tocante ao pedido do recorrente de reforma da sentença para 35020/CE)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 107
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO FERNANDA HARUMI HIRATA(OAB:


24281/CE) SOCIEDADE UNINORDESTE DE EDUCACAO UNIVERSITARIA
RECORRIDO SOCIEDADE UNINORDESTE DE DECAUCAIA S /S LTDA (2ª reclamada) para: A) declarar a
EDUCACAO UNIVERSITARIA DE
CAUCAIA S/S LTDA existência do vínculo empregatício a partir de 02/01/2013 a
ADVOGADO ITALO FARIAS BRAGA(OAB:
35020/CE) 1º/01/2015, devendo a 1ª reclamada proceder às anotações, no
ADVOGADO FERNANDA HARUMI HIRATA(OAB: prazo de cinco dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa
24281/CE)
diária de R$ 100,00, limitada a R$ 1.000,00. Em caso de não
Intimado(s)/Citado(s):
anotação pela reclamada no prazo legal, fica a Secretaria
- CARLOS EDUARDO BRAGA CRUZ
autorizada a procedê-la. Dessa forma, julgou IMPROCEDENTES os

demais pedidos. Custas a recolher, no valor mínimo de R$ 10,64,

pela reclamada.
PODER JUDICIÁRIO Em suas razões recursais de ID 6a2d71c requer o recorrente seja
JUSTIÇA DO declarada que a prescrição do FGTS do período de vínculo

reconhecido pela sentença seja a trintenária e não a quinquenal,

como constante da decisão ora guerreada.


EMENTA
Requer, também a reforma da sentença no sentido de que seja
RESCISÃO INDIRETA. NÃO COMPROVADA. PEDIDO DE
convertido a forma de resilição contratual de pedido de demissão
DEMISSÃO CARACTERIZADO. MANTER SENTENÇA. No tocante
para rescisão indireta do contrato de trabalho por culpa do
ao pedido do recorrente de reforma da sentença para que seja
empregador, com as consequências pecuniárias daí advindas.
convertido a forma de resilição contratual entre as partes, de pedido
Do exame dos autos forçoso reconhecer que não assiste razão ao
de demissão para rescisão indireta do contrato de trabalho por
recorrente.
culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor sorte não lhe
Explica-se.
assiste. É que consta dos autos carta endereçada à reclamada,
Conforme disciplina o disposto no inciso XXIX, do art. 7º, da
escrita de próprio punho e assinada pelo autor, comunicando que o
Constituição Federal, incidem no processo do trabalho dois prazos
recorrente estava se desligando da empresa e solicitando que fosse
prescricionais: 2 (dois) anos para ajuizamento da ação a partir do
dispensado do aviso prévio, com encerramento imediato do contrato
término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos
de trabalho. Registre-se que não há dos autos qualquer prova de
5 (cinco) anos anteriores, ou de 5 (cinco) anos durante a vigência
coação da empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse
do contrato de trabalho.
macular o teor da aludida carta.
No presente caso, tem-se que a sentença ora atacada decidiu por
Recurso conhecido e negado provimento.
declarar a existência do vínculo empregatício entre as partes a partir
RELATÓRIO
de 02/01/2013 a 1º/01/2015, condenando a 1ª reclamada a proceder
Rito Sumaríssimo. Relatório Dispensado na forma da Lei.
às anotações na CTPS do autor.
FUNDAMENTAÇÃO
A presente ação trabalhista foi ajuizada em 29/11/2021, tendo a
ADMISSIBILIDADE
sentença declarada a prescrição quinquenal do direito de ação do
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso
autor, anteriores a 29/11/2016.
ordinário interposto.
Pois bem.
MÉRITO
Na decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos do
Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamante em
Recurso Extraordinário com Agravo - ARE nº 709.212, julgado em
face da sentença de b73f72b que decidiu: a) rejeitar a preliminar de
13/11/2014, no sentido de invalidar a regra da prescrição trintenária,
incompetência material da Justiça do Trabalho; b) deferir ao
em razão da interpretação dada ao artigo inciso XXIX, do art. 7º da
reclamante os benefícios da justiça gratuita; c) acolher a prejudicial
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, foi
de prescrição quinquenal para declarar prescrita a pretensão do
modulada pela Corte Suprema de maneira a não atingir os
reclamante quantos aos créditos prescritíveis e exigíveis pela via
processos em curso, em que a prescrição já está interrompida,
acionária anteriormente a 29/11/2016, nos termos do art. 487, II, do
atribuindo, assim, efeitos ex nunc à decisão, o que ensejou a edição
NCPC; d) julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos
da Súmula nº 362 pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, in
desta ação formulados por CARLOS EDUARDO BRAGA CRUZ em
verbis:
face de SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA DE DESENVOLVIMENTO
"Súmula nº 362 do TST FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) -
PROFISSIONALIZANTE - SUDEP - FATENE - (1ª Reclamada) e

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Res. 198/2015, republicada em razão de erro material - DEJT mérito, negar-lhe provimento.

divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 I - Para os casos em que a

ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a DISPOSITIVO

prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento de ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

término do contrato; II - Para os casos em que o prazo prescricional unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe

já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional provimento.

que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)". Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

No presente caso, e como dito acima, busca o recorrente por meio (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

do presente apelo seja declarada a prescrição trintenária do FGTS, Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

a partir do início do liame empregatício reconhecido pela sentença. o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Nesse sentido, tem-se, conforme pleiteia o recorrente, que o prazo Fortaleza, 11 de julho de 2022.

prescricional já estaria em curso na data do reconhecimento do FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

liame empregatício havido entre as partes, qual seja, em Relator

02/01/2013, cuja a data para se consumar a prescrição trintenária FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

seria em 02/01/2043.

Ocorre que, conforme item II da Súmula nº 362, do TST, acima ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

transcrita, para os casos em que o prazo prescricional já estava em Diretor de Secretaria

curso em 13/11/2014 - caso dos autos - aplica-se o prazo


Processo Nº RORSum-0000004-06.2022.5.07.0015
prescricional que se consumar primeiro: trinta anos, contados do Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
termo inicial - que corresponderia à data de 02/01/2043 ou cinco
RECORRENTE TARCISIO ROMAO DE SOUSA FILHO
anos, a partir de 13/11/2014, que seria em 13/11/2019. ADVOGADO LUCAS MONTE CASTRO(OAB:
32852/CE)
Nesse sentido, inconteste que a prescrição a ser aplicada às verbas
ADVOGADO MARIA CLARA FREITAS DE
fundiárias é a quinquenal, já que essa forma prescricional ocorrerá MENDONCA(OAB: 22543/CE)
RECORRIDO SAO BENEDITO AUTO-VIA LTDA
em primeiro lugar, como acertadamente entendeu o Juízo de base.
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
No tocante ao pedido do recorrente de reforma da sentença para 5864/CE)

que seja convertido a forma de resilição contratual entre as partes,


Intimado(s)/Citado(s):
de pedido de demissão para rescisão indireta do contrato de - TARCISIO ROMAO DE SOUSA FILHO
trabalho por culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor

sorte não lhe assiste.

É que consta dos autos (vide ID 7205e5b) carta endereçada à


PODER JUDICIÁRIO
reclamada, escrita de próprio punho e assinada pelo autor,
JUSTIÇA DO
comunicando que o recorrente estava se desligando da empresa e

solicitando que fosse dispensado do aviso prévio, com

encerramento imediato do contrato de trabalho. EMENTA


Registre-se que não há dos autos qualquer prova de coação da CRISE SANITÁRIA COVID-19. MOTIVO DE FORÇA MAIOR.
empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse macular o teor VERBAS RESCISÓRIAS. INDENIZAÇÃO FGTS. REDUÇÃO PELA
da aludida carta. METADE. NÃO ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA
Nesse sentido, não há que se falar em conversão da forma de como EMPRESA. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 501 da CLT define como
se deu a resilição do contrato de trabalho havido entre as partes força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do
como ora requer o recorrente. empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta

ou indiretamente. Já o art. 502 da CLT prescreve que, ocorrendo

motivo de força maior que determine a extinção da empresa ou de


CONCLUSÃO DO VOTO um dos estabelecimentos, assegura-se ao empregado não estável
Diante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e, no metade da indenização que lhe seria devida em caso de rescisão

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 109
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

sem justa causa. Entretanto, no caso em análise, ainda que se tem natureza de ato jurídico perfeito devendo ser disciplinado pela

considere ter havido prejuízo econômico e financeiro decorrentes legislação em vigor no ato da extinção contratual.

das paralisações/suspensões implementadas pelos Decretos Na época da rescisão contratual do reclamante estava em vigor a

Estaduais editados, a reclamada fora considerada atividade Medida Provisória 927/2020, que expressamente previu como

essencial , bem como não foi extinta e, portanto, em não havendo hipótese de força maior as medidas de enfrentamento ao estado de

extinção da sociedade empresária e se esta mantém sua atividade calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo n.

econômica, não há se falar na incidência do art. 501 e 502 da CLT à 06/2020, nestes termos:

hipótese dos autos, eis que apenas em casos de extinção da "Art. 1º, parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória se

empresa é que resta autorizado o pagamento pela metade das aplica durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo

verbas rescisórias. Assim, condena-se a ré no pagamento das Decreto Legislativo nº 6, de 2020, e, para fins trabalhistas, constitui

verbas rescisórias decorrentes da dispensa imotivada. Sentença hipótese de força maior, nos termos do disposto no art. 501 da

modificada neste item. Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº

MULTA DO ARTIGO 467, DA CLT. Diante da inexistência de 5.452, de 1º de maio de 1943".

verbas rescisórias incontroversas não pagas na primeira audiência, Já a lei nº 14.020/2020, decorrente da conversão da Medida

indevida a aplicação da multa prevista no artigo 467, da CLT. Provisória 936/2020, também afastou qualquer arguição no sentido

Recurso conhecido e parcialmente provido. de se considerar as rescisões contratuais ocorridas durante estado

RELATÓRIO de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo n.

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. 06/2020, como fato do príncipe.

RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO Ademais, o art. 29, da Lei nº 14.020/2020, afastou a aplicação do

ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI art. 486, da CLT, no caso de paralisação ou suspensão de

N.º9.957/2000. atividades empresariais em decorrência do enfrentamento da

FUNDAMENTAÇÃO emergência de saúde pública proveniente do coronavírus, nestes

ADMISSIBILIDADE termos:

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do "Art. 29. Não se aplica o disposto no art. 486 da CLT, aprovada pelo

recurso ordinário. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, na hipótese de

MÉRITO paralisação ou suspensão de atividades empresariais determinada

FORÇA MAIOR por ato de autoridade municipal, estadual ou federal para o

Pretende o recorrente a reforma da sentença prolatada pela MM.ª enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo

15.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id b2c7182) que julgou Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência

parcialmente procedentes os pedidos formulados na reclamação de saúde pública de importância internacional decorrente do

trabalhista promovida contra SAO BENEDITO AUTO-VIA LTDA, coronavírus, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de

reconhecendo ocorrência de dispensa em face da força maior, 2020".

condenou a reclamada no pagamento: saldo de salário (5 dias); Outrossim, a Jurisprudência deste Regional tem se manifestado no

férias vencidas simples e proporcionais, acrescidas de 1/3, e 13ª sentido de que não há fato de príncipe no caso das paralisações

salário proporcional de 2021, diferença de FGTS, FGTS sobre das atividades empresariais decorrentes de decretos estaduais para

verbas rescisórias + 20% do FGTS de todo o pacto laboral e multa fins de reduzir o contágio da pandemia da Covid-19, nestes termos:

do art. 477 da CLT, além de honorários advocatícios no percentual "RECURSO ORDINÁRIO. PRELIMINAR DE CHAMAMENTO AO

de 10% sobre o valor total da liquidação. PROCESSO. FATO DO PRÍNCIPE. Os Decretos editados pela

Em suas razões (id b5be63e) pugna o reclamante pelo Administração Pública como forma de controlar a disseminação do

reconhecimento da dispensa sem justa causa, por iniciativa Coronavírus, apesar de haverem impactado negativamente em todo

patronal, ocorrido em 05/03/2021, ante a inexistência de força setor produtivo do Estado, não autorizam o reconhecimento da

maior. teoria do fato do príncipe, pois foram adotadas de forma

À análise. emergencial e temporária, em benefício da saúde pública e da

As relações jurídicas devem ser tratadas pela lei em vigor à época coletividade, diante de uma situação de reconhecida calamidade

do exaurimento dos efeitos daquelas ou respectiva extinção. A pública. Além do mais, o art. 29 da Lei nº 14.020/2020 dispõe que o

rescisão do contrato de trabalho se operou em 05/03/2021, o qual art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho não se aplica no

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 110
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

caso da paralisação ou suspensão das atividades empresariais, que não é o caso dos autos, eis que os atos de enfrentamento à

determinada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal Pandemia de COVID-19 foram devidamente motivados, seguindo

para o enfrentamento do estado de calamidade pública em razão do orientações gerais, inclusive de âmbito internacional, de

novo coronavírus. Preliminar que se rejeita. PRELIMINAR DE salvaguarda da saúde e da vida da coletividade, as quais

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Não tendo sido recomendavam o isolamento social para combater a disseminação

reconhecida a ocorrência da teoria do factum principis,ante a do vírus na coletividade. Recurso conhecido e não provido". (TRT-7

expressa previsão legal de inaplicabilidade do art. 486 Consolidado, - RO: 00005234920205070015 CE, Relator: EMMANUEL TEÓFILO

não há de se falar em remessa dos autos à uma das Varas da FURTADO, Data de Julgamento: 02/03/2021, 2ª Turma, Data de

Fazenda Pública Estadual, nos moldes do que preceitua o § 3º do Publicação: 02/03/2021).

art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho. detendo esta Assim, ao presente caso, não se aplica o art. 486, da CLT, que

Especializada plena competência para conhecer a julgar a presente regulamenta o fato do príncipe, com fundamento no art. 29, da Lei

demanda. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR DE 14.020/2020.

RECONHECIMENTO DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. Com efeito, resta indene de dúvida que a pandemia de Covid-19,

Estando cabalmente demonstrado nos autos que a relação laboral que afeta o mundo todo, trouxe, vem trazendo e trará prejuízos de

travada entre os litigantes não se rompeu em decorrência de toda ordem e, sequer, tem previsão de um controle definitivo,

quaisquer das medidas adotadas pela Administração Pública, haja estando toda a população mundial vulnerável aos possíveis e

vista que a própria empregadora consignou de forma expressa no desconhecidos desdobramentos de nefasto vírus.

Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (ID. 48e767e) que a Não é menos certo, porém, que os Decretos editados pelo Governo

extinção contratual ocorrera em razão do falecimento do do Estado do Ceará de fechamento de estabelecimentos e

empregador individual, cujas atividades empresariais não tiveram mitigação do livre direito de ir e vir do cidadão - sem aqui adentrar-

solução de continuidade, inexiste a possibilidade de reconhecimento se à eficácia ou não de tais medidas - teve por finalidade tentar

de caso fortuito ou força maior. Preliminar rejeitada. VALE enfrentar situação nunca antes vivenciada, com o único objetivo de

ALIMENTAÇÃO. MULTA CONVENCIONAL. Tratando-se o buscar conter a disseminação da contaminação da população pelo

pagamento de verba trabalhista de fato extintivo do direito alegado, corona vírus.

pertencia à empresa demandada o encargo probatório de Ademais, e a despeito do notório prejuízo econômico e financeiro

demonstrar cabalmente a quitação do vale alimentação pertinente a decorrentes das paralisações/suspensões implementadas pelos

todo período contratual, conforme reza o inciso II do art. 818 da Decretos Estaduais editados, percebe-se que, no caso em análise,

Consolidação das Leis do Trabalho. na ausência de tais provas, a reclamada fora considerada atividade essencial , bem como não

forçosa a condenação na forma decidida na origem. foi extinta e, portanto, em não havendo extinção da sociedade

Consequentemente, tem-se como autorizada a aplicação da multa empresária e se esta mantém sua atividade econômica, não há se

pelo descumprimento da cláusula 25ª da Convenção Coletiva de falar na incidência do art. 501 e 502 da CLT à hipótese dos autos,

Trabalho 2019/2020. Nada a reformar. VERBAS RESILITÓRIAS. eis que apenas em casos de extinção da empresa é que resta

DEDUÇÃO DE VALORES PAGOS. Tendo a empresa recorrente autorizado o pagamento pela metade da multa rescisória ( 20% da

comprovado o pagamento dos valores relativos às verbas multa do FGTS).

consignadas no Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, Portanto, entendo que factum principis, no plano trabalhista,

devida é a integral dedução dos valores quitados. Recurso pressupõe, além da ocorrência de um evento imprevisível e alheio a

parcialmente provimento, apenas para determinar a dedução de vontade do empregador, exige a prática de atos discricionários do

todos os valores comprovadamente pagos pela recorrente, inclusive Poder Público (conveniência e oportunidade), que afetem

o relativo à última parcela acordada (ID. Fffef86)". (TRT-7 - RO: substancialmente a própria existência da empresa.

00004589720205070033 CE, Relator: CLOVIS VALENCA ALVES No caso da crise do Covid-19, as medidas adotadas pelos

FILHO, Data de Julgamento: 07/02/2021, 3ª Turma, Data de Governos Federal, Estadual e Municipal, visaram o controle

Publicação: 07/02/2021). epidemiológico, tratando-se de crise sanitária a nível mundial, cujos

"DISPENSA. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DAS ATIVIDADES. atos normativos visaram resguardar a saúde pública.

PANDEMIA DA COVID-19. FATO DO PRÍNCIPE. INOCORRÊNCIA. A conduta empresarial, portanto, não encontra amparo legal para

Para que se configure o fato do príncipe, disposto no art. 486, da eximir-se de sua responsabilidade.

CLT, é necessário que o ato do ente público seja discricionário, o Portanto, afasto a possibilidade de reconhecimento da força maior.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 111
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Desta forma, reconhece-se a dispensa sem justa causa como


Processo Nº RORSum-0000618-97.2021.5.07.0030
resilição do contrato de trabalho, e se condena a reclamada no Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
pagamento das verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade,
RECORRENTE CARLOS EDUARDO BRAGA CRUZ
acrescendo à condenação o pagamento do aviso prévio indenizado, ADVOGADO JULIO ALCEU MOREIRA DE ASSIS
FIGUEIREDO(OAB: 20974/CE)
com projeção e reflexos, e multa fundiária de 40%
RECORRIDO SOCIEDADE UNIVERSITARIA DE
MULTA DO ART. 467, DA CLT DESENVOLVIMENTO
PROFISSIONALIZANTE S/S - SUDEP
Da leitura da inicial e da contestação, entendo, data vênia do quanto FATENE
ADVOGADO ITALO FARIAS BRAGA(OAB:
decidido na origem, que a pretensão relativa às verbas rescisórias 35020/CE)
foi totalmente impugnada pela ré. ADVOGADO FERNANDA HARUMI HIRATA(OAB:
24281/CE)
Assim, diante da inexistência de verbas rescisórias incontroversas RECORRIDO SOCIEDADE UNINORDESTE DE
EDUCACAO UNIVERSITARIA DE
não pagas na primeira audiência, indevida a aplicação da multa CAUCAIA S/S LTDA
prevista no artigo 467, da CLT. ADVOGADO ITALO FARIAS BRAGA(OAB:
35020/CE)
ADVOGADO FERNANDA HARUMI HIRATA(OAB:
24281/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO

Conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento para, Intimado(s)/Citado(s):


reconhecendo a dispensa sem justa causa como resilição do - SOCIEDADE UNINORDESTE DE EDUCACAO
UNIVERSITARIA DE CAUCAIA S/S LTDA
contrato de trabalho, condenar a reclamada no pagamento das

verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade, acrescendo à

condenação pagamento do aviso prévio indenizado, com projeção e

reflexos, e multa fundiária de 40%. Custas calculadas sobre o novo PODER JUDICIÁRIO

valor da condenação que ora arbitra-se em R$11.000,00 (onze mil JUSTIÇA DO

reais).

EMENTA
DISPOSITIVO
RESCISÃO INDIRETA. NÃO COMPROVADA. PEDIDO DE
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
DEMISSÃO CARACTERIZADO. MANTER SENTENÇA. No tocante
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
ao pedido do recorrente de reforma da sentença para que seja
unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento
convertido a forma de resilição contratual entre as partes, de pedido
para, reconhecendo a dispensa sem justa causa como resilição do
de demissão para rescisão indireta do contrato de trabalho por
contrato de trabalho, condenar a reclamada no pagamento das
culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor sorte não lhe
verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade, acrescendo à
assiste. É que consta dos autos carta endereçada à reclamada,
condenação pagamento do aviso prévio indenizado, com projeção e
escrita de próprio punho e assinada pelo autor, comunicando que o
reflexos, e multa fundiária de 40%. Custas calculadas sobre o novo
recorrente estava se desligando da empresa e solicitando que fosse
valor da condenação que ora arbitra-se em R$11.000,00 (onze mil
dispensado do aviso prévio, com encerramento imediato do contrato
reais).
de trabalho. Registre-se que não há dos autos qualquer prova de
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
coação da empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
macular o teor da aludida carta.
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
Recurso conhecido e negado provimento.
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
RELATÓRIO
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
Rito Sumaríssimo. Relatório Dispensado na forma da Lei.
Fortaleza, 11 de julho de 2022.
FUNDAMENTAÇÃO
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
ADMISSIBILIDADE
Relator
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
ordinário interposto.

MÉRITO
ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamante em
Diretor de Secretaria
face da sentença de b73f72b que decidiu: a) rejeitar a preliminar de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 112
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

incompetência material da Justiça do Trabalho; b) deferir ao 13/11/2014, no sentido de invalidar a regra da prescrição trintenária,

reclamante os benefícios da justiça gratuita; c) acolher a prejudicial em razão da interpretação dada ao artigo inciso XXIX, do art. 7º da

de prescrição quinquenal para declarar prescrita a pretensão do Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, foi

reclamante quantos aos créditos prescritíveis e exigíveis pela via modulada pela Corte Suprema de maneira a não atingir os

acionária anteriormente a 29/11/2016, nos termos do art. 487, II, do processos em curso, em que a prescrição já está interrompida,

NCPC; d) julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos atribuindo, assim, efeitos ex nunc à decisão, o que ensejou a edição

desta ação formulados por CARLOS EDUARDO BRAGA CRUZ em da Súmula nº 362 pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, in

face de SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA DE DESENVOLVIMENTO verbis:

PROFISSIONALIZANTE - SUDEP - FATENE - (1ª Reclamada) e "Súmula nº 362 do TST FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) -

SOCIEDADE UNINORDESTE DE EDUCACAO UNIVERSITARIA Res. 198/2015, republicada em razão de erro material - DEJT

DECAUCAIA S /S LTDA (2ª reclamada) para: A) declarar a divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 I - Para os casos em que a

existência do vínculo empregatício a partir de 02/01/2013 a ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a

1º/01/2015, devendo a 1ª reclamada proceder às anotações, no prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento de

prazo de cinco dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o

diária de R$ 100,00, limitada a R$ 1.000,00. Em caso de não término do contrato; II - Para os casos em que o prazo prescricional

anotação pela reclamada no prazo legal, fica a Secretaria já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional

autorizada a procedê-la. Dessa forma, julgou IMPROCEDENTES os que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou

demais pedidos. Custas a recolher, no valor mínimo de R$ 10,64, cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)".

pela reclamada. No presente caso, e como dito acima, busca o recorrente por meio

Em suas razões recursais de ID 6a2d71c requer o recorrente seja do presente apelo seja declarada a prescrição trintenária do FGTS,

declarada que a prescrição do FGTS do período de vínculo a partir do início do liame empregatício reconhecido pela sentença.

reconhecido pela sentença seja a trintenária e não a quinquenal, Nesse sentido, tem-se, conforme pleiteia o recorrente, que o prazo

como constante da decisão ora guerreada. prescricional já estaria em curso na data do reconhecimento do

Requer, também a reforma da sentença no sentido de que seja liame empregatício havido entre as partes, qual seja, em

convertido a forma de resilição contratual de pedido de demissão 02/01/2013, cuja a data para se consumar a prescrição trintenária

para rescisão indireta do contrato de trabalho por culpa do seria em 02/01/2043.

empregador, com as consequências pecuniárias daí advindas. Ocorre que, conforme item II da Súmula nº 362, do TST, acima

Do exame dos autos forçoso reconhecer que não assiste razão ao transcrita, para os casos em que o prazo prescricional já estava em

recorrente. curso em 13/11/2014 - caso dos autos - aplica-se o prazo

Explica-se. prescricional que se consumar primeiro: trinta anos, contados do

Conforme disciplina o disposto no inciso XXIX, do art. 7º, da termo inicial - que corresponderia à data de 02/01/2043 ou cinco

Constituição Federal, incidem no processo do trabalho dois prazos anos, a partir de 13/11/2014, que seria em 13/11/2019.

prescricionais: 2 (dois) anos para ajuizamento da ação a partir do Nesse sentido, inconteste que a prescrição a ser aplicada às verbas

término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos fundiárias é a quinquenal, já que essa forma prescricional ocorrerá

5 (cinco) anos anteriores, ou de 5 (cinco) anos durante a vigência em primeiro lugar, como acertadamente entendeu o Juízo de base.

do contrato de trabalho. No tocante ao pedido do recorrente de reforma da sentença para

No presente caso, tem-se que a sentença ora atacada decidiu por que seja convertido a forma de resilição contratual entre as partes,

declarar a existência do vínculo empregatício entre as partes a partir de pedido de demissão para rescisão indireta do contrato de

de 02/01/2013 a 1º/01/2015, condenando a 1ª reclamada a proceder trabalho por culpa do empregador, forçoso reconhecer que melhor

às anotações na CTPS do autor. sorte não lhe assiste.

A presente ação trabalhista foi ajuizada em 29/11/2021, tendo a É que consta dos autos (vide ID 7205e5b) carta endereçada à

sentença declarada a prescrição quinquenal do direito de ação do reclamada, escrita de próprio punho e assinada pelo autor,

autor, anteriores a 29/11/2016. comunicando que o recorrente estava se desligando da empresa e

Pois bem. solicitando que fosse dispensado do aviso prévio, com

Na decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos do encerramento imediato do contrato de trabalho.

Recurso Extraordinário com Agravo - ARE nº 709.212, julgado em Registre-se que não há dos autos qualquer prova de coação da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 113
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

empresa e/ou vício de vontade do autor que pudesse macular o teor VERBAS RESCISÓRIAS. INDENIZAÇÃO FGTS. REDUÇÃO PELA

da aludida carta. METADE. NÃO ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA

Nesse sentido, não há que se falar em conversão da forma de como EMPRESA. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 501 da CLT define como

se deu a resilição do contrato de trabalho havido entre as partes força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do

como ora requer o recorrente. empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta

ou indiretamente. Já o art. 502 da CLT prescreve que, ocorrendo

motivo de força maior que determine a extinção da empresa ou de

CONCLUSÃO DO VOTO um dos estabelecimentos, assegura-se ao empregado não estável

Diante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e, no metade da indenização que lhe seria devida em caso de rescisão

mérito, negar-lhe provimento. sem justa causa. Entretanto, no caso em análise, ainda que se

considere ter havido prejuízo econômico e financeiro decorrentes

DISPOSITIVO das paralisações/suspensões implementadas pelos Decretos

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO Estaduais editados, a reclamada fora considerada atividade

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por essencial , bem como não foi extinta e, portanto, em não havendo

unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe extinção da sociedade empresária e se esta mantém sua atividade

provimento. econômica, não há se falar na incidência do art. 501 e 502 da CLT à

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores hipótese dos autos, eis que apenas em casos de extinção da

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva empresa é que resta autorizado o pagamento pela metade das

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). verbas rescisórias. Assim, condena-se a ré no pagamento das

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias verbas rescisórias decorrentes da dispensa imotivada. Sentença

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. modificada neste item.

Fortaleza, 11 de julho de 2022. MULTA DO ARTIGO 467, DA CLT. Diante da inexistência de

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA verbas rescisórias incontroversas não pagas na primeira audiência,

Relator indevida a aplicação da multa prevista no artigo 467, da CLT.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Recurso conhecido e parcialmente provido.

RELATÓRIO

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.

Diretor de Secretaria RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO

ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI


Processo Nº RORSum-0000004-06.2022.5.07.0015
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA N.º9.957/2000.
SILVA
FUNDAMENTAÇÃO
RECORRENTE TARCISIO ROMAO DE SOUSA FILHO
ADVOGADO LUCAS MONTE CASTRO(OAB: ADMISSIBILIDADE
32852/CE)
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do
ADVOGADO MARIA CLARA FREITAS DE
MENDONCA(OAB: 22543/CE) recurso ordinário.
RECORRIDO SAO BENEDITO AUTO-VIA LTDA
MÉRITO
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE) FORÇA MAIOR

Pretende o recorrente a reforma da sentença prolatada pela MM.ª


Intimado(s)/Citado(s):
15.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id b2c7182) que julgou
- SAO BENEDITO AUTO-VIA LTDA
parcialmente procedentes os pedidos formulados na reclamação

trabalhista promovida contra SAO BENEDITO AUTO-VIA LTDA,

reconhecendo ocorrência de dispensa em face da força maior,


PODER JUDICIÁRIO
condenou a reclamada no pagamento: saldo de salário (5 dias);
JUSTIÇA DO
férias vencidas simples e proporcionais, acrescidas de 1/3, e 13ª

salário proporcional de 2021, diferença de FGTS, FGTS sobre

EMENTA verbas rescisórias + 20% do FGTS de todo o pacto laboral e multa

CRISE SANITÁRIA COVID-19. MOTIVO DE FORÇA MAIOR. do art. 477 da CLT, além de honorários advocatícios no percentual

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 114
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

de 10% sobre o valor total da liquidação. PROCESSO. FATO DO PRÍNCIPE. Os Decretos editados pela

Em suas razões (id b5be63e) pugna o reclamante pelo Administração Pública como forma de controlar a disseminação do

reconhecimento da dispensa sem justa causa, por iniciativa Coronavírus, apesar de haverem impactado negativamente em todo

patronal, ocorrido em 05/03/2021, ante a inexistência de força setor produtivo do Estado, não autorizam o reconhecimento da

maior. teoria do fato do príncipe, pois foram adotadas de forma

À análise. emergencial e temporária, em benefício da saúde pública e da

As relações jurídicas devem ser tratadas pela lei em vigor à época coletividade, diante de uma situação de reconhecida calamidade

do exaurimento dos efeitos daquelas ou respectiva extinção. A pública. Além do mais, o art. 29 da Lei nº 14.020/2020 dispõe que o

rescisão do contrato de trabalho se operou em 05/03/2021, o qual art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho não se aplica no

tem natureza de ato jurídico perfeito devendo ser disciplinado pela caso da paralisação ou suspensão das atividades empresariais,

legislação em vigor no ato da extinção contratual. determinada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal

Na época da rescisão contratual do reclamante estava em vigor a para o enfrentamento do estado de calamidade pública em razão do

Medida Provisória 927/2020, que expressamente previu como novo coronavírus. Preliminar que se rejeita. PRELIMINAR DE

hipótese de força maior as medidas de enfrentamento ao estado de INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Não tendo sido

calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo n. reconhecida a ocorrência da teoria do factum principis,ante a

06/2020, nestes termos: expressa previsão legal de inaplicabilidade do art. 486 Consolidado,

"Art. 1º, parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória se não há de se falar em remessa dos autos à uma das Varas da

aplica durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Fazenda Pública Estadual, nos moldes do que preceitua o § 3º do

Decreto Legislativo nº 6, de 2020, e, para fins trabalhistas, constitui art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho. detendo esta

hipótese de força maior, nos termos do disposto no art. 501 da Especializada plena competência para conhecer a julgar a presente

Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº demanda. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR DE

5.452, de 1º de maio de 1943". RECONHECIMENTO DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR.

Já a lei nº 14.020/2020, decorrente da conversão da Medida Estando cabalmente demonstrado nos autos que a relação laboral

Provisória 936/2020, também afastou qualquer arguição no sentido travada entre os litigantes não se rompeu em decorrência de

de se considerar as rescisões contratuais ocorridas durante estado quaisquer das medidas adotadas pela Administração Pública, haja

de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo n. vista que a própria empregadora consignou de forma expressa no

06/2020, como fato do príncipe. Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (ID. 48e767e) que a

Ademais, o art. 29, da Lei nº 14.020/2020, afastou a aplicação do extinção contratual ocorrera em razão do falecimento do

art. 486, da CLT, no caso de paralisação ou suspensão de empregador individual, cujas atividades empresariais não tiveram

atividades empresariais em decorrência do enfrentamento da solução de continuidade, inexiste a possibilidade de reconhecimento

emergência de saúde pública proveniente do coronavírus, nestes de caso fortuito ou força maior. Preliminar rejeitada. VALE

termos: ALIMENTAÇÃO. MULTA CONVENCIONAL. Tratando-se o

"Art. 29. Não se aplica o disposto no art. 486 da CLT, aprovada pelo pagamento de verba trabalhista de fato extintivo do direito alegado,

Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, na hipótese de pertencia à empresa demandada o encargo probatório de

paralisação ou suspensão de atividades empresariais determinada demonstrar cabalmente a quitação do vale alimentação pertinente a

por ato de autoridade municipal, estadual ou federal para o todo período contratual, conforme reza o inciso II do art. 818 da

enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Consolidação das Leis do Trabalho. na ausência de tais provas,

Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência forçosa a condenação na forma decidida na origem.

de saúde pública de importância internacional decorrente do Consequentemente, tem-se como autorizada a aplicação da multa

coronavírus, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de pelo descumprimento da cláusula 25ª da Convenção Coletiva de

2020". Trabalho 2019/2020. Nada a reformar. VERBAS RESILITÓRIAS.

Outrossim, a Jurisprudência deste Regional tem se manifestado no DEDUÇÃO DE VALORES PAGOS. Tendo a empresa recorrente

sentido de que não há fato de príncipe no caso das paralisações comprovado o pagamento dos valores relativos às verbas

das atividades empresariais decorrentes de decretos estaduais para consignadas no Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho,

fins de reduzir o contágio da pandemia da Covid-19, nestes termos: devida é a integral dedução dos valores quitados. Recurso

"RECURSO ORDINÁRIO. PRELIMINAR DE CHAMAMENTO AO parcialmente provimento, apenas para determinar a dedução de

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 115
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

todos os valores comprovadamente pagos pela recorrente, inclusive Poder Público (conveniência e oportunidade), que afetem

o relativo à última parcela acordada (ID. Fffef86)". (TRT-7 - RO: substancialmente a própria existência da empresa.

00004589720205070033 CE, Relator: CLOVIS VALENCA ALVES No caso da crise do Covid-19, as medidas adotadas pelos

FILHO, Data de Julgamento: 07/02/2021, 3ª Turma, Data de Governos Federal, Estadual e Municipal, visaram o controle

Publicação: 07/02/2021). epidemiológico, tratando-se de crise sanitária a nível mundial, cujos

"DISPENSA. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DAS ATIVIDADES. atos normativos visaram resguardar a saúde pública.

PANDEMIA DA COVID-19. FATO DO PRÍNCIPE. INOCORRÊNCIA. A conduta empresarial, portanto, não encontra amparo legal para

Para que se configure o fato do príncipe, disposto no art. 486, da eximir-se de sua responsabilidade.

CLT, é necessário que o ato do ente público seja discricionário, o Portanto, afasto a possibilidade de reconhecimento da força maior.

que não é o caso dos autos, eis que os atos de enfrentamento à Desta forma, reconhece-se a dispensa sem justa causa como

Pandemia de COVID-19 foram devidamente motivados, seguindo resilição do contrato de trabalho, e se condena a reclamada no

orientações gerais, inclusive de âmbito internacional, de pagamento das verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade,

salvaguarda da saúde e da vida da coletividade, as quais acrescendo à condenação o pagamento do aviso prévio indenizado,

recomendavam o isolamento social para combater a disseminação com projeção e reflexos, e multa fundiária de 40%

do vírus na coletividade. Recurso conhecido e não provido". (TRT-7 MULTA DO ART. 467, DA CLT

- RO: 00005234920205070015 CE, Relator: EMMANUEL TEÓFILO Da leitura da inicial e da contestação, entendo, data vênia do quanto

FURTADO, Data de Julgamento: 02/03/2021, 2ª Turma, Data de decidido na origem, que a pretensão relativa às verbas rescisórias

Publicação: 02/03/2021). foi totalmente impugnada pela ré.

Assim, ao presente caso, não se aplica o art. 486, da CLT, que Assim, diante da inexistência de verbas rescisórias incontroversas

regulamenta o fato do príncipe, com fundamento no art. 29, da Lei não pagas na primeira audiência, indevida a aplicação da multa

14.020/2020. prevista no artigo 467, da CLT.

Com efeito, resta indene de dúvida que a pandemia de Covid-19,

que afeta o mundo todo, trouxe, vem trazendo e trará prejuízos de CONCLUSÃO DO VOTO

toda ordem e, sequer, tem previsão de um controle definitivo, Conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento para,

estando toda a população mundial vulnerável aos possíveis e reconhecendo a dispensa sem justa causa como resilição do

desconhecidos desdobramentos de nefasto vírus. contrato de trabalho, condenar a reclamada no pagamento das

Não é menos certo, porém, que os Decretos editados pelo Governo verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade, acrescendo à

do Estado do Ceará de fechamento de estabelecimentos e condenação pagamento do aviso prévio indenizado, com projeção e

mitigação do livre direito de ir e vir do cidadão - sem aqui adentrar- reflexos, e multa fundiária de 40%. Custas calculadas sobre o novo

se à eficácia ou não de tais medidas - teve por finalidade tentar valor da condenação que ora arbitra-se em R$11.000,00 (onze mil

enfrentar situação nunca antes vivenciada, com o único objetivo de reais).

buscar conter a disseminação da contaminação da população pelo

corona vírus. DISPOSITIVO

Ademais, e a despeito do notório prejuízo econômico e financeiro ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

decorrentes das paralisações/suspensões implementadas pelos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por

Decretos Estaduais editados, percebe-se que, no caso em análise, unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento

a reclamada fora considerada atividade essencial , bem como não para, reconhecendo a dispensa sem justa causa como resilição do

foi extinta e, portanto, em não havendo extinção da sociedade contrato de trabalho, condenar a reclamada no pagamento das

empresária e se esta mantém sua atividade econômica, não há se verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade, acrescendo à

falar na incidência do art. 501 e 502 da CLT à hipótese dos autos, condenação pagamento do aviso prévio indenizado, com projeção e

eis que apenas em casos de extinção da empresa é que resta reflexos, e multa fundiária de 40%. Custas calculadas sobre o novo

autorizado o pagamento pela metade da multa rescisória ( 20% da valor da condenação que ora arbitra-se em R$11.000,00 (onze mil

multa do FGTS). reais).

Portanto, entendo que factum principis, no plano trabalhista, Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

pressupõe, além da ocorrência de um evento imprevisível e alheio a Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

vontade do empregador, exige a prática de atos discricionários do (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 116
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. ADMISSIBILIDADE

Fortaleza, 11 de julho de 2022. Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA serem apontadas.

Relator 1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. PRELIMINAR

NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART DEFESA.

Diretor de Secretaria A parte recorrente argui a nulidade da sentença, sob o argumento

de ter havido cerceamento do direito de defesa a partir da acolhida


Processo Nº RORSum-0000547-82.2021.5.07.0002
Relator CLAUDIO SOARES PIRES da contradita de sua testemunha. Afirma que "(...) apenas o
RECORRENTE FRANCISCO THIAGO MARQUES DE parentesco não seria suficiente à acolhida da contradita, visto que,
SOUZA
ADVOGADO MAILSON GURGEL BATISTA(OAB: nos termos do art.829 da CLT, tal estende-se apenas até o terceiro
34571/CE)
grau civil. Quanto à relação de proximidade apontada, de se ter que
RECORRENTE ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E
ENTREGAS RAPIDAS EIRELI o mero encontro semanal para almoço familiar não pode configurá-
ADVOGADO JORGE LEITE CHIANCA FILHO(OAB:
31177/CE) la, quanto mais quando a testemunha afirma não sair em outras
ADVOGADO GUSTAVO ALBANO AMORIM ocasiões com o cônjuge do titular da empresa. Destaque-se
SOBREIRA(OAB: 13552/CE)
RECORRIDO FRANCISCO THIAGO MARQUES DE também não haver evidencias de proximidade entre o titular em
SOUZA
questão e a testemunha, inexistindo menção ao comparecimento
ADVOGADO MAILSON GURGEL BATISTA(OAB:
34571/CE) daquele às reuniões em questão". Requer seja anulada a sentença,
RECORRIDO ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E
ENTREGAS RAPIDAS EIRELI com a realização de nova instrução.
ADVOGADO JORGE LEITE CHIANCA FILHO(OAB: Sem razão.
31177/CE)
ADVOGADO GUSTAVO ALBANO AMORIM Ao apreciar a contradita da testemunha, assim concluiu o juízo de
SOBREIRA(OAB: 13552/CE)
origem (ID a7f9d47):

Intimado(s)/Citado(s): "O advogado do reclamante contraditou a testemunha apresentada

- FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA sob o argumento de que a testemunha é prima da esposa do titular

da reclamada, o que a tornaria suspeita para atuar no presente

feito. Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado da

reclamada nos seguintes termos: Requer a reclamada a


PODER JUDICIÁRIO
improcedência do pleito, visto que a depoente seria parente de 4º
JUSTIÇA DO
grau por afinidade, não estando impedida. Inquirida a depoente,

esta responde: que é prima da esposa do titular da reclamada; que


V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO costuma frequentar a residência do titular da reclamada por ocasião
ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. 2ª de eventos familiares, como aniversários; que quase todos os
VARA DO TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, sábados se encontra com a esposa do titular da reclamada, na
FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO residência da mãe desta, a qual é tia da depoente; que costuma
PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI e recorridos, almoçar na casa da referida tia, na companhia da esposa do titular
FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO da reclamada aos sábados; que além de tais encontros aos
PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI. sábados, não costuma sair socialmente com a esposa do titular da
Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo reclamada. Sobre o pedido de contradita decide este Juízo nos
incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo seguintes termos: "É certo que o impedimento, por razão de
submetido ao rito sumaríssimo. parentesco se estende até parente de 3º grau de representantes da

reclamada. no entanto, no caos sub judice, entende este Juízo

restar caracterizada a suspeição da depoente em razão de prova


FUNDAMENTAÇÃO indiciária que revela a existência de amizade íntima entre esta e a

esposa do titular da reclamada, consubstanciada na afirmação da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 117
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

depoente de que, semanalmente, aos sábados, almoça juntamente face da ora reclamada, não consubstancia óbice processual a sua

com a esposa do titular da reclamada, na casa da mãe desta, a qual atuação como testemunha no presente feito, conforme

é tia da depoente. Tal proximidade associada ao parentesco entendimento sumulado pelo e. TST. A alegação de que o ora

indicado, indicam a ausência de isenção da depoente para autuar reclamante atuará como testemunha na ação ajuizada pelo ora

como testemunha no presente feito, razão pela qual defere este depoente trata-se de alegado fato futuro, o qual, por não ter ocorrido

Juízo o pedido de contradita ora formulado pela parte reclamante". não pode servir como fundamento fático para deferimento da

Consoante inteligência que deflui dos arts. 829 da CLT e 447, § 3º, contradita requestada. Ademais, a jurisprudência tem se voltado

I, do CPC, considera-se suspeita a testemunha que possuir para o entendimento de que a circunstância de que empregados

amizade íntima com qualquer das partes. No caso dos autos, este tenham autuado reciprocamente como testemunha nos respectivos

grau de intimidade restou demonstrado, diante das seguintes processos,, isoladamente considerados, não é motivo suficiente

declarações da testemunha: "que é prima da esposa do titular da para caracterizar interesse na causa. Quanto à alegação da

reclamada; que costuma frequentar a residência do titular da existência de amizade íntima entre o reclamante e o depoente, esta

reclamada por ocasião de eventos familiares, como não restou provada. Sendo assim, em face das razões expostas,

aniversários; que quase todos os sábados se encontra com a indefere-se o pedido de contradita formulado pela parte reclamada".

esposa do titular da reclamada, na residência da mãe desta, a Na sentença, parte reclamada foi condenada ao pagamento de

qual é tia da depoente; que costuma almoçar na casa da horas extras, consoante os seguintes fundamentos:

referida tia, na companhia da esposa do titular da reclamada "O Reclamante afirma que laborava " laborava jornada semanal

aos sábados; que além de tais encontros aos sábados, não entrando às 08hrs e saindo às 19hrs, com intervalo intrajornada de

costuma sair socialmente com a esposa do titular da reclamada" 02(duas)horas, em escala 6X1, com 1 folga na semana, contudo,

(destaquei). Como bem destacado pela sentença, restou nada recebia pelas horas extras laboradas"; e que "laborava 54hrs

configurada proximidade suficiente para indicar a ausência de por semana, ou seja, 10 horas extras por semana acima da jornada

isenção da depoente para atuar como testemunha. prevista no art. 61 da CLT, nada recebia a título de contra

Preliminar rejeitada. prestação, assim o autor faz jus ao pagamento das horas extras

MÉRITO com adicional de 70% nos moldes da Cl. 6ª das CCT's". A

HORAS EXTRAS. Reclamada contesta tais alegações aduzindo que o

O juízo de origem não acolheu a contradita da testemunha Reclamante"Laborava de segunda à sábado, das 9:00 às 18:00,

apresentada pelo reclamante. Eis o teor do assentado na ata de com intervalo das 13:00 às 14:40, perfazendo jornada semanal de

audiência: 43h:20min semanais"; e que por ter menos de 20(vinte)

"O advogado da reclamada contraditou a testemunha apresentada empregados não tem a obrigatoriedade de manter registro de ponto.

sob o argumento de que esta ajuizou reclamação em face da ora Conforme razões anteriormente expendidas restou constatado que

reclamada, tendo sido designada audiência para oitiva do a a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo que

reclamante na condição de testemunha na referida ação, bem como estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. 74,

de que haveria amizade íntima entre o depoente e o reclamante. §2º, da CLT). Assim, permanece com o Reclamante o ônus de

Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado do comprovar a jornada de trabalho indicada na exordial. Corrobora

reclamante nos seguintes termos: "Inexiste qualquer razão de que o esse entendimento o disposto nas Súmulas 338 e 437, do TST.

reclamante será testemunha ou ouvido no processo alegado pela A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou

reclamada. Além disso, a Súmula 357 do TST determina em sua junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,

inteligência que o ora depoentes está apto para prestar exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram

compromisso e depor a este Juízo, como também é indevido o desempenhadas em âmbito externo"; " que trabalhava das 08:00h

pleito da reclamada sobre a alegação de amizade íntima, uma vez ás 19:00h com 2h de intervalo, de segunda à sábado, sendo que

que inexistente também a prova nos autos". Inquirido o depoente, aos sábados a jornada findava às 18:00h; que o início e término da

este respondeu que: "não tem o hábito de sair socialmente como jornada de trabalho ocorria no estabelecimento reclamado; que a

reclamante, que nunca esteve na residência do reclamante; que o partir de aproximadamente início de 2020 passou a registrar o

reclamante nunca esteve na residência do depoente". Sobre o horário de trabalho em ponto eletrônico; que o horário de trabalho

pedido de contradita decidiu este Juízo nos seguinte termos:" A do reclamante era o mesmo em que laborava o depoente"; "que os

circunstância de para depoente ter ajuizado ação trabalhista em horários registrado em ponto eletrônico correspondia aos horários

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laborados; que o reclamante igualmente efetuava registro de ponto pedido referente ao período avulso, aspecto que não pode se

eletrônico; que o reclamante igualmente desempenhava suas restringir a tal questão. Requer seja admitida a parcialidade da

atividades laborais em âmbito externos; que depoente e reclamante testemunha, afastando-se a força probatória de seu depoimento e,

conduziam veículos distintos no desempenho de suas atividades por conseguinte, julgando-se improcedente a reclamação.

laborais". Sem razão.

A testemunha é contundente ao afirmar que o Reclamante laborava Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a

no mesmo horário que o depoente, declinando os horários de confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o

entrada e saída. Entretanto, cumpre destacar que tais afirmações quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência

são limitadas até o final do período em que o depoente laborou para do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.

Reclamada, ocorrido em 26.03.21. Sopesada a prova, fica Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir

reconhecido por este Juízo que o Reclamante laborava das 8h às expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do

19h, com 2h(duas horas) de intervalo intrajornada, de segunda-feira recurso ordinário da parte reclamada.

à sexta-feira; e das 8h às 18h, com 2h(duas horas) de intervalo Com efeito, o fato de o depoente possuir reclamação trabalhista

intrajornada, aos sábados, no período de 09.10.20 a 26.03.21; e das contra a empresa, ainda que com objeto similar ao do presente

9h às 18h, com intervalo intrajornada das 13:00 às 14:40, de feito, não é suficiente para a acolhida da contradita arguida. A

segunda à sábado, no período de 27.03.21 a 09.06.21. suspeição em casos tais exige inequívoca demonstração de troca

A jornada de trabalho do Reclamante reconhecida nesta sentença, de favores, o que não ocorre por mera presunção decorrente do

em relação ao período de 27.03.21 a 09.06.21, encontra-se dentro ajuizamento de reclamação trabalhista pela testemunha. Logo,

dos limites legais da jornada diária e semanal, pelo que não são ausente a inequívoca demonstração de troca de favores, não há se

devidas horas extras em tal período. falar em contradita da testemunha. Inteligência da Súmula nº 357 do

Por outro lado, em relação ao período de 09.10.20 a 26.03.21, TST. Nesse sentido, ainda:

verifica-se que a jornada de trabalho ultrapassa os limites legais da "RECURSO DE REVISTA. (...) 6. CONTRADITA DE

jornada diária e semanal, na quantidade de 9 (nove) horas por TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Consoante o

semana, o que, considerado o mês integrado por 4,28 semanas, entendimento desta colenda Corte Superior, o simples fato de a

resulta na quantidade mensal média de 38,52 (trinta e oito vírgula testemunha litigar contra o mesmo empregador não a torna

cinquenta e duas) horas. Conforme cláusula sexta das convenções suspeita, ainda que haja ações com identidade de pedidos, movidas

coletivas de trabalho 2020/2020 e 2021/2021,o adicional de horas pela parte autora e por sua testemunha. Com efeito, o entendimento

extras será pago de segunda-feira a sábado, no percentual de 70% da egrégia SBDI-1 deste Tribunal é no sentido de que a existência

(setenta por cento) sobre a hora normal. Sendo assim, e de ações, movidas pela parte autora e por sua testemunha, contra o

observados os limites objetivos da lide, defere-se ao Reclamante o mesmo empregador, não afasta a incidência do entendimento

pagamento de remuneração de horas extras, na quantidade de contido na Súmula nº 357, sendo declarada a suspeição somente

38,52 (trinta e oito vírgula cinquenta e duas) horas extras por mês, quando comprovada a troca de favores, hipótese não reconhecida

com acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora no v. acórdão regional. Precedentes. Inteligência da Súmula nº 357.

normal, no período de 09.10.20 a 26.03.21, deduzidos os valores Recurso de revista de que não se conhece. (...)"(RR-63700-

pagos a mesmo título, consignados nas folhas de pagamento 49.2008.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto

acostadas aos autos (Ids 024345d - e 608b539), pertinentes ao Caputo Bastos, DEJT 19/03/2021).

período da condenação." "A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

Em seu recurso, a empresa argumenta, em resumo, que a sentença INTERPOSTO PELO RECLAMADO. (...) 2. CONTRADITA DA

se baseou unicamente em depoimento de testemunha que deveria TESTEMUNHA. Nos moldes delineados pela Súmula n° 357 desta

ter sido considerada suspeita, pois depôs em notória prestação de Corte Superior, " não torna suspeita a testemunha o simples fato de

favores, conforme contradita arguida em audiência. Relata que a estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador ". Por

testemunha move reclamação trabalhista (processo nº 0000560- outro lado, não autoriza a ilação de suspeição da testemunha o

72.2021.5.07.0005) com pedidos e causa de pedir idênticos ao do simples fato de ela ter movido ação com similaridade ou identidade

presente feito, o que tornaria o depoente parcial, com interesse em de pedidos, sob pena de se vedar à reclamante a utilização de outro

abrir precedente a seu favor. Destaca ainda que a própria sentença trabalhador como testemunha, restringindo o direito à tutela

reconheceu a precariedade da prova testemunhal ao analisar o jurisdicional justa, pois é evidente que aqueles trabalhadores que

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 119
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

presenciaram os fatos objeto da prova oral possivelmente passaram O depoimento testemunhal revela que o depoente, em relação aos

pela mesma situação da autora, razão da existência de reclamatória motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês

com o mesmo objeto. Assim, o fato de a testemunha ajuizar de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura

reclamatória trabalhista contra a mesma empresa e com precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,

similaridade ou identidade de objeto, por si só, não afasta a isenção isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente

de seu depoimento prestado em juízo. (...)"(RRAg-20978- para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa

71.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em

Costa, DEJT 12/03/2021). 09.10.20."

Finalmente, o fato de as declarações da testemunha não serem O reclamante alega, em síntese, que trabalhava na mesma função e

suficientes para elidir a presunção de veracidade da anotação da nas mesmas condições de trabalho da testemunha, o que torna

data do vínculo na CTPS não induz ao prejuízo da revelação aceitáveis as declarações do depoente quanto ao momento de sua

contida em seu depoimento acerca do labor prestado em jornada contratação. Entende que o fundamento utilizado pela sentença

extraordinária. Cuidam-se de trabalhadores que compartilhavam a contraria o princípio da primazia da realidade, pelo que "(...) requer

mesma rotina laboral, de modo a não causar espécie a revelação o reconhecimento do período clandestino e conseguinte pagamento

acerca da jornada de trabalho do autor, no período de labor de todas as verbas trabalhistas e rescisórias do contrato de

coincidente entre ambos. trabalho, tanto do período clandestino quanto o registrado, nos

Ante o exposto, não há como se acolher a tese recursal acerca da termos do art.2º e 3º da CLT, devendo ser abatido somente os

suspeição da testemunha, bem como sobre a precariedade do valores realmente pagos".

depoimento. O recurso não alcança provimento, devendo ser mantida a sentença

Vale destacar, por fim, que, ao contrário do exposto pela parte pelos seus próprios fundamentos.

reclamante em contrarrazões, embora improcedente, o recurso da À luz do artigo 818, I, da CLT, era do reclamante o ônus de

parte reclamada não se reveste de caráter protelatório, pois, de comprovar que o verdadeiro período do contrato de trabalho seria

forma legítima, submete ao juízo de segundo grau as teses que diverso daquele anotado na CTPS.

entende pertinentes. Conforme inteligência da Súmula nº 12 do TST, os registros

Sentença mantida. efetuados em CTPS gozam de presunção relativa de veracidade.

2 - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE Nesta esteira, reexaminando-se as provas produzidas, percebe-se

MÉRITO que tal presunção não restou elidida.

PERÍODO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Isto porque o depoimento da única testemunha ouvida, na fração

A sentença não reconheceu o período do vínculo apontado na pertinente ao momento da contratação do reclamante, deve ser

inicial, consoante os seguintes fundamentos: admitido com ressalva, diante do desconhecimento demonstrado

"O Reclamante aduz que foi admitido em 10.05.20, porém, o pelo depoente em relação à data de admissão de outros dois

registro formal na CTPS somente foi realizado em 09.10.20. A funcionários. Escorreita, portanto, a valoração probatória realizada

Reclamada contesta o período não anotado na CTPS. As anotações pela sentença, no sentido de "(...) que o depoente, em relação aos

apostas na carteira de trabalho do empregado geram presunção motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês

juris tantum (Súmula nº12, do TST), cabendo ao Reclamante de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura

produzir prova a fim de comprovar o alegado período de vínculo não precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,

registrado em sua CTPS. isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente

A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa

junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021, forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em

exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram 09.10.20".

desempenhadas em âmbito externo; que o reclamante foi admitido Para que se afaste a presunção de veracidade advinda da anotação

em maio/2020; que além do reclamante, após a admissão do da CTPS, seria imprescindível a presença de prova robusta do

depoente, foram contratados mais dois ou três motoristas, alegado período clandestino, o que não se deu no caso vertente,

lembrando os nomes de Cristiano e Diego como motoristas conforme examinado, do que resta incólume o princípio da primazia

contratados; que não lembra os meses de admissão dos senhores da realidade.

Cristiano e Diego". Sentença mantida.

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HORAS EXTRAS. 74, §2º, da CLT). Portanto, não restou comprovado eventual

O reclamante, admitida a contratação em data anterior ao registro irregularidade cometida pela Reclamada, na concessão da redução

formal da CTPS, "(...) requer o reconhecimento de todas as horas da carga horária diária, durante o cumprimento do aviso prévio

extras de todo o contrato de trabalho, condenando a reclamada ao trabalhado, ônus processual do qual o Reclamante não se

pagamento das horas extras do período contratual de contratação desincumbiu. Sendo assim, fica reconhecida a legitimidade do aviso

inicial em 10.05.2020 até 09.06.2021, conforme a exordial, bem prévio trabalhado, e, por conseguinte, indefere-se o pleito para

como a condenação do pagamento dos reflexos das horas extras pagamento de aviso prévio indenizado."

uma vez que habitual e que devem integrar a remuneração do O recorrente afirma ter trabalhado em jornada superior à permitida

obreiro". por lei, mesmo durante o período de aviso prévio, conforme

Novamente, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios demonstrado na instrução probatória por meio do depoimento de

fundamentos. testemunha. Requer seja desconsiderado o aviso prévio trabalhado

Conforme examinado no tópico precedente, não restou reconhecido e concedido "(...) novo aviso na modalidade indenizado, com as

o vínculo empregatício no período anterior ao anotado na CTPS. devidas projeções no 13º salário proporcional, férias proporcionais

Além disso, a limitação das horas extras ao momento em que a acrescidas de 1/3 e FGTS mais a multa dos 40%".

testemunha saiu da empresa não se mostra ofensiva ao princípio da Sem razão.

primazia da realidade, mas sim se encontra em harmonia com o Conforme se vê do documento ID. 40124e2 - Pág. 4, o reclamante

acervo probatório dos autos, pois não há outros elementos capazes optou pela redução de duas horas diárias em sua jornada de

de autorizar o convencimento de que as horas extras seriam trabalho quando do aviso prévio. Ocorre que, possuindo a empresa

devidas para além do período deferido. menos de vinte funcionários, aspecto bem destacado pela sentença

NULIDADE DO AVISO PRÉVIO. e não infirmado pelas razões recursais, estava desobrigada da

Sobre o tema, assim se pronunciou o julgado de origem: apresentação dos controles de ponto, não havendo como se

"O Reclamante afirma que "foi comunicado de sua demissão no dia presumir o alegado descumprimento da redução de jornada no

10.05.2021, mediante aviso prévio trabalhado de 30(trinta dias) com período do aviso prévio. Vale reiterar, nos termos examinados em

término em 09.06.2021, último dia efetivamente trabalhado e item precedente, que o depoimento da única testemunha ouvida

suposta redução da jornada de 2(duas) horas, o que não ocorreu na não se mostra suficiente para admitir a tese de não concessão da

realidade". Aduz, ainda, que "a empregadora não lhe concedeu a jornada reduzida, pois à época da concessão do aviso prévio o

redução de 2 (duas horas) diárias na jornada de trabalho é também depoente não mais trabalhava na reclamada.

não a dispensou do trabalho por 7(sete) dias corridos". A Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos.

Reclamada, por sua vez, assevera que "o aviso foi cumprido na MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT.

modalidade trabalhado, tendo optado o autor pela redução da O juízo de origem indeferiu as multas em epígrafe nos seguintes

jornada diária em 2 horas, tudo conforme determina a legislação"; e termos:

que o Reclamante "não comprova a suposta irregularidade "No caso sub judice, conforme razões anteriormente expendidas,

apontada, pelo que descabe seu pleito". Consta nos autos restou comprovado que a Reclamada pagou as verbas rescisórias

comunicação de aviso prévio trabalhado, datado de 10.05.21, com incontroversas, entendidas como tais aquelas consignadas no

opção pela redução de 2 horas diárias, o qual foi assinado pelo TRCT, o qual foi assinado em 09.06.21. Sendo assim, indefere-se o

Reclamante (ID 40124e2 - Pág. 4). A prova documental juntada pela pedido relativo à multa prevista no art. 477, §8o, da CLT.

Reclamada revela que esta possuía menos de 20(vinte) Ante a controvérsia acerca das verbas pleiteadas na exordial,

empregados. Competia ao Reclamante comprovar a alegação de indefere-se o pedido referente à multa prevista no art. 467, da CLT."

que a Reclamada possuía mais de 20 empregados. A testemunha O recorrente sustenta que, "(...) como as parcelas deferidas pelo

apresentada pelo Reclamante afirmou "que que havia Juízo a quo são todas rescisórias, incluindo as horas extras

aproximadamente 20 empregados laborando junto à reclamada", deferidas, sobre as mesmas incide a multa de 50% do artigo 467 da

não comprova que a Reclamada efetivamente possuísse 20 ou mais CLT, além disso revela-se que as verbas trabalhistas do período

empregados, ressaltando-se que esta, por ocasião da rescisão clandestino não foram pagas, portanto, índice sobre elas a multa".

contratual, não mais laborava para a Reclamada. Conclui-se, pois, Além disso, entende fazer jus à multa do art. 477, com base nas

que a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo horas extras deferidas e na Súmula nº 462 do TST.

que estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. Sem razão.

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Perpassando a contestação, vê-se que todas as parcelas pleiteadas e seis centavos), piso estabelecido na CCT vigente à época da

pelo autor foram controvertidas, o que é suficiente para tornar rescisão (ID. 4f49187 - Pág. 1).

indevida a multa do art. 467 da CLT, pois não havia verba HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

incontroversa a ser paga na audiência. Acerca do tema, eis o teor do julgado de origem:

Além disso, em relação à multa do art. 477, § 8º, há de se perfilhar "Na presente Reclamação Trabalhista a sucumbência foi recíproca.

com o posicionamento desta Corte em sede de Incidente de Entende este Juízo que os honorários sucumbenciais trata-se de

Uniformização de Jurisprudência, no sentido de que "É indevida a verba única, a qual tem por base de cálculo as verbas

multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas condenatórias, enquanto benefício econômico decorrente do

diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT processo, a ser rateada entre os advogados de ambas as partes,

tenham sido pagas no prazo legal". (PROCESSO nº 0080374- observada a proporcionalidade entre as verbas deferidas e aquelas

90.2017.5.07.0000 (IUJ) TRT7, 11 de Dezembro de 2018, indeferidas com relação ao valor total do pedido formulado na

FRANCISCO TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Relator). exordial. Sendo assim, considerando os termos do art. 791-A, §§ 3º,

Portanto, a tese não desconstitui o fundamento da sentença, ora 4º, 5º da CLT, bem como o disposto no Incidente de Arguição de

mantida. Inconstitucionalidade (processo nº 0080026.04.2019.5.07.0000), no

MULTA NORMATIVA. qual restou reconhecida a inconstitucionalidade da expressão

A sentença julgou improcedente o pleito do reclamante alusivo à "desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro

multa por descumprimento de norma coletiva. Confira-se o teor da processo, créditos capazes de suportar a despesa", inserta no

decisão: parágrafo quarto acima citado; considerando, ainda, que esta

"Entende este Juízo que multa prevista em convenção coletiva Reclamação não trata de matéria complexa e tramita no rito

somente deve ser aplicada com relação ao inadimplemento de sumaríssimo, deferem-se honorários advocatícios sucumbenciais,

obrigações especificamente estabelecidas pela norma coletiva, não calculados na base de 5% (cinco por cento) sobre o valor da

incidindo com relação às obrigações originariamente previstas em condenação, a serem rateados entre os advogados das partes, na

lei e tão somente repetidas na norma coletiva. A cláusula de proporção de 37% (trinta e sete por cento) em favor do advogado do

convenção coletiva tidas como violadas, qual seja, a cláusula sexta Reclamante, e de 63% (sessenta e três por cento), em favor do

da CCT 2021/2021 refere-se à remuneração de horas extras, sendo advogado da Reclamada."

tal obrigação, ainda que em percentual menor, originariamente O recorrente "(...) requer a majoração dos honorários advocatícios

prevista em artigo celetista. Sendo assim, indefere-se o pedido pra 15%(quinze por cento) em favor do advogado da reclamante e a

relativo à multa prevista em convenção coletiva." exclusão dos honorários de sucumbência recíproca".

Alega o recorrente ter sido admitido o descumprimento da cláusula Com razão.

6ª da CCT, que prevê o adicional de 70% para as horas extras, o De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários,

que torna devida a multa estabelecida na cláusula 48ª. o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de

Neste tocante, o recurso alcança provimento. prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o

De fato, a CCT da categoria estabeleceu, em sua cláusula 6ª, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu

adicional de horas extras de 70%, superior ao de 50% previsto pela serviço.

lei. Além disso, a cláusula 48ª fixou a multa equivalente a um piso Dessa forma, cotejando-se os critérios expostos no citado

da categoria profissional em caso de descumprimento de quaisquer dispositivo da CLT, extrai-se que os honorários advocatícios devem

das cláusulas nela estabelecidas, sendo a referida multa revertida ser arbitrados em 15%, montante condizente com a complexidade

em favor do trabalhador e/ou parte prejudicada. da causa.

No caso dos autos, restou reconhecido o direito do autor às horas Além disso, a condenação imposta ao autor contraria o julgamento

extras no período deferido pela sentença, o que autoriza concluir ter do STF na ADI 5766, quando foi declarada a inconstitucionalidade

sido descumprida a cláusula que tratava do pagamento do adicional do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a

de 70%, parcela indevidamente suprimida do autor. Assim, violada condenação do beneficiário da justiça gratuita, caso do reclamante,

cláusula convencional, incide a hipótese da multa respectiva, em honorários advocatícios de sucumbência.

devendo ser provido o recurso, para incluí-la na condenação. Recurso conhecido e provido, neste tocante.

Recurso provido, para condenar a reclamada a pagar ao reclamante

a multa de R$ 1.233,46 (mil duzentos e trinta e três reais e quarenta

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CONCLUSÃO DO VOTO de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Fortaleza, 18 de julho de 2022.

Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por

cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,

no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial

provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa

por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos CLAUDIO SOARES PIRES

e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para Desembargador Relator

excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para

15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro Diretor de Secretaria

centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e


Processo Nº RORSum-0000547-82.2021.5.07.0002
setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor Relator CLAUDIO SOARES PIRES
arbitrado à condenação. RECORRENTE FRANCISCO THIAGO MARQUES DE
SOUZA
ADVOGADO MAILSON GURGEL BATISTA(OAB:
34571/CE)
RECORRENTE ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E
DISPOSITIVO ENTREGAS RAPIDAS EIRELI
ADVOGADO JORGE LEITE CHIANCA FILHO(OAB:
31177/CE)
ADVOGADO GUSTAVO ALBANO AMORIM
SOBREIRA(OAB: 13552/CE)
RECORRIDO FRANCISCO THIAGO MARQUES DE
SOUZA
ADVOGADO MAILSON GURGEL BATISTA(OAB:
34571/CE)
RECORRIDO ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E
ENTREGAS RAPIDAS EIRELI
ADVOGADO JORGE LEITE CHIANCA FILHO(OAB:
31177/CE)
ADVOGADO GUSTAVO ALBANO AMORIM
SOBREIRA(OAB: 13552/CE)
ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, Intimado(s)/Citado(s):


conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por - ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E ENTREGAS RAPIDAS
EIRELI
cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,

no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial

provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa

por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos PODER JUDICIÁRIO

e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para JUSTIÇA DO

excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda,

majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para


V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO
15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas
ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. 2ª
alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro
VARA DO TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes,
centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e
FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO
setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor
PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI e recorridos,
arbitrado à condenação.
FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI.
Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
submetido ao rito sumaríssimo.

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reclamada. no entanto, no caos sub judice, entende este Juízo

restar caracterizada a suspeição da depoente em razão de prova

FUNDAMENTAÇÃO indiciária que revela a existência de amizade íntima entre esta e a

esposa do titular da reclamada, consubstanciada na afirmação da

depoente de que, semanalmente, aos sábados, almoça juntamente

ADMISSIBILIDADE com a esposa do titular da reclamada, na casa da mãe desta, a qual

Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para é tia da depoente. Tal proximidade associada ao parentesco

serem apontadas. indicado, indicam a ausência de isenção da depoente para autuar

1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA. como testemunha no presente feito, razão pela qual defere este

PRELIMINAR Juízo o pedido de contradita ora formulado pela parte reclamante".

NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE Consoante inteligência que deflui dos arts. 829 da CLT e 447, § 3º,

DEFESA. I, do CPC, considera-se suspeita a testemunha que possuir

A parte recorrente argui a nulidade da sentença, sob o argumento amizade íntima com qualquer das partes. No caso dos autos, este

de ter havido cerceamento do direito de defesa a partir da acolhida grau de intimidade restou demonstrado, diante das seguintes

da contradita de sua testemunha. Afirma que "(...) apenas o declarações da testemunha: "que é prima da esposa do titular da

parentesco não seria suficiente à acolhida da contradita, visto que, reclamada; que costuma frequentar a residência do titular da

nos termos do art.829 da CLT, tal estende-se apenas até o terceiro reclamada por ocasião de eventos familiares, como

grau civil. Quanto à relação de proximidade apontada, de se ter que aniversários; que quase todos os sábados se encontra com a

o mero encontro semanal para almoço familiar não pode configurá- esposa do titular da reclamada, na residência da mãe desta, a

la, quanto mais quando a testemunha afirma não sair em outras qual é tia da depoente; que costuma almoçar na casa da

ocasiões com o cônjuge do titular da empresa. Destaque-se referida tia, na companhia da esposa do titular da reclamada

também não haver evidencias de proximidade entre o titular em aos sábados; que além de tais encontros aos sábados, não

questão e a testemunha, inexistindo menção ao comparecimento costuma sair socialmente com a esposa do titular da reclamada"

daquele às reuniões em questão". Requer seja anulada a sentença, (destaquei). Como bem destacado pela sentença, restou

com a realização de nova instrução. configurada proximidade suficiente para indicar a ausência de

Sem razão. isenção da depoente para atuar como testemunha.

Ao apreciar a contradita da testemunha, assim concluiu o juízo de Preliminar rejeitada.

origem (ID a7f9d47): MÉRITO

"O advogado do reclamante contraditou a testemunha apresentada HORAS EXTRAS.

sob o argumento de que a testemunha é prima da esposa do titular O juízo de origem não acolheu a contradita da testemunha

da reclamada, o que a tornaria suspeita para atuar no presente apresentada pelo reclamante. Eis o teor do assentado na ata de

feito. Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado da audiência:

reclamada nos seguintes termos: Requer a reclamada a "O advogado da reclamada contraditou a testemunha apresentada

improcedência do pleito, visto que a depoente seria parente de 4º sob o argumento de que esta ajuizou reclamação em face da ora

grau por afinidade, não estando impedida. Inquirida a depoente, reclamada, tendo sido designada audiência para oitiva do a

esta responde: que é prima da esposa do titular da reclamada; que reclamante na condição de testemunha na referida ação, bem como

costuma frequentar a residência do titular da reclamada por ocasião de que haveria amizade íntima entre o depoente e o reclamante.

de eventos familiares, como aniversários; que quase todos os Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado do

sábados se encontra com a esposa do titular da reclamada, na reclamante nos seguintes termos: "Inexiste qualquer razão de que o

residência da mãe desta, a qual é tia da depoente; que costuma reclamante será testemunha ou ouvido no processo alegado pela

almoçar na casa da referida tia, na companhia da esposa do titular reclamada. Além disso, a Súmula 357 do TST determina em sua

da reclamada aos sábados; que além de tais encontros aos inteligência que o ora depoentes está apto para prestar

sábados, não costuma sair socialmente com a esposa do titular da compromisso e depor a este Juízo, como também é indevido o

reclamada. Sobre o pedido de contradita decide este Juízo nos pleito da reclamada sobre a alegação de amizade íntima, uma vez

seguintes termos: "É certo que o impedimento, por razão de que inexistente também a prova nos autos". Inquirido o depoente,

parentesco se estende até parente de 3º grau de representantes da este respondeu que: "não tem o hábito de sair socialmente como

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reclamante, que nunca esteve na residência do reclamante; que o partir de aproximadamente início de 2020 passou a registrar o

reclamante nunca esteve na residência do depoente". Sobre o horário de trabalho em ponto eletrônico; que o horário de trabalho

pedido de contradita decidiu este Juízo nos seguinte termos:" A do reclamante era o mesmo em que laborava o depoente"; "que os

circunstância de para depoente ter ajuizado ação trabalhista em horários registrado em ponto eletrônico correspondia aos horários

face da ora reclamada, não consubstancia óbice processual a sua laborados; que o reclamante igualmente efetuava registro de ponto

atuação como testemunha no presente feito, conforme eletrônico; que o reclamante igualmente desempenhava suas

entendimento sumulado pelo e. TST. A alegação de que o ora atividades laborais em âmbito externos; que depoente e reclamante

reclamante atuará como testemunha na ação ajuizada pelo ora conduziam veículos distintos no desempenho de suas atividades

depoente trata-se de alegado fato futuro, o qual, por não ter ocorrido laborais".

não pode servir como fundamento fático para deferimento da A testemunha é contundente ao afirmar que o Reclamante laborava

contradita requestada. Ademais, a jurisprudência tem se voltado no mesmo horário que o depoente, declinando os horários de

para o entendimento de que a circunstância de que empregados entrada e saída. Entretanto, cumpre destacar que tais afirmações

tenham autuado reciprocamente como testemunha nos respectivos são limitadas até o final do período em que o depoente laborou para

processos,, isoladamente considerados, não é motivo suficiente Reclamada, ocorrido em 26.03.21. Sopesada a prova, fica

para caracterizar interesse na causa. Quanto à alegação da reconhecido por este Juízo que o Reclamante laborava das 8h às

existência de amizade íntima entre o reclamante e o depoente, esta 19h, com 2h(duas horas) de intervalo intrajornada, de segunda-feira

não restou provada. Sendo assim, em face das razões expostas, à sexta-feira; e das 8h às 18h, com 2h(duas horas) de intervalo

indefere-se o pedido de contradita formulado pela parte reclamada". intrajornada, aos sábados, no período de 09.10.20 a 26.03.21; e das

Na sentença, parte reclamada foi condenada ao pagamento de 9h às 18h, com intervalo intrajornada das 13:00 às 14:40, de

horas extras, consoante os seguintes fundamentos: segunda à sábado, no período de 27.03.21 a 09.06.21.

"O Reclamante afirma que laborava " laborava jornada semanal A jornada de trabalho do Reclamante reconhecida nesta sentença,

entrando às 08hrs e saindo às 19hrs, com intervalo intrajornada de em relação ao período de 27.03.21 a 09.06.21, encontra-se dentro

02(duas)horas, em escala 6X1, com 1 folga na semana, contudo, dos limites legais da jornada diária e semanal, pelo que não são

nada recebia pelas horas extras laboradas"; e que "laborava 54hrs devidas horas extras em tal período.

por semana, ou seja, 10 horas extras por semana acima da jornada Por outro lado, em relação ao período de 09.10.20 a 26.03.21,

prevista no art. 61 da CLT, nada recebia a título de contra verifica-se que a jornada de trabalho ultrapassa os limites legais da

prestação, assim o autor faz jus ao pagamento das horas extras jornada diária e semanal, na quantidade de 9 (nove) horas por

com adicional de 70% nos moldes da Cl. 6ª das CCT's". A semana, o que, considerado o mês integrado por 4,28 semanas,

Reclamada contesta tais alegações aduzindo que o resulta na quantidade mensal média de 38,52 (trinta e oito vírgula

Reclamante"Laborava de segunda à sábado, das 9:00 às 18:00, cinquenta e duas) horas. Conforme cláusula sexta das convenções

com intervalo das 13:00 às 14:40, perfazendo jornada semanal de coletivas de trabalho 2020/2020 e 2021/2021,o adicional de horas

43h:20min semanais"; e que por ter menos de 20(vinte) extras será pago de segunda-feira a sábado, no percentual de 70%

empregados não tem a obrigatoriedade de manter registro de ponto. (setenta por cento) sobre a hora normal. Sendo assim, e

Conforme razões anteriormente expendidas restou constatado que observados os limites objetivos da lide, defere-se ao Reclamante o

a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo que pagamento de remuneração de horas extras, na quantidade de

estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. 74, 38,52 (trinta e oito vírgula cinquenta e duas) horas extras por mês,

§2º, da CLT). Assim, permanece com o Reclamante o ônus de com acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora

comprovar a jornada de trabalho indicada na exordial. Corrobora normal, no período de 09.10.20 a 26.03.21, deduzidos os valores

esse entendimento o disposto nas Súmulas 338 e 437, do TST. pagos a mesmo título, consignados nas folhas de pagamento

A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou acostadas aos autos (Ids 024345d - e 608b539), pertinentes ao

junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021, período da condenação."

exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram Em seu recurso, a empresa argumenta, em resumo, que a sentença

desempenhadas em âmbito externo"; " que trabalhava das 08:00h se baseou unicamente em depoimento de testemunha que deveria

ás 19:00h com 2h de intervalo, de segunda à sábado, sendo que ter sido considerada suspeita, pois depôs em notória prestação de

aos sábados a jornada findava às 18:00h; que o início e término da favores, conforme contradita arguida em audiência. Relata que a

jornada de trabalho ocorria no estabelecimento reclamado; que a testemunha move reclamação trabalhista (processo nº 0000560-

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72.2021.5.07.0005) com pedidos e causa de pedir idênticos ao do simples fato de ela ter movido ação com similaridade ou identidade

presente feito, o que tornaria o depoente parcial, com interesse em de pedidos, sob pena de se vedar à reclamante a utilização de outro

abrir precedente a seu favor. Destaca ainda que a própria sentença trabalhador como testemunha, restringindo o direito à tutela

reconheceu a precariedade da prova testemunhal ao analisar o jurisdicional justa, pois é evidente que aqueles trabalhadores que

pedido referente ao período avulso, aspecto que não pode se presenciaram os fatos objeto da prova oral possivelmente passaram

restringir a tal questão. Requer seja admitida a parcialidade da pela mesma situação da autora, razão da existência de reclamatória

testemunha, afastando-se a força probatória de seu depoimento e, com o mesmo objeto. Assim, o fato de a testemunha ajuizar

por conseguinte, julgando-se improcedente a reclamação. reclamatória trabalhista contra a mesma empresa e com

Sem razão. similaridade ou identidade de objeto, por si só, não afasta a isenção

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a de seu depoimento prestado em juízo. (...)"(RRAg-20978-

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o 71.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência Costa, DEJT 12/03/2021).

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. Finalmente, o fato de as declarações da testemunha não serem

Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir suficientes para elidir a presunção de veracidade da anotação da

expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do data do vínculo na CTPS não induz ao prejuízo da revelação

recurso ordinário da parte reclamada. contida em seu depoimento acerca do labor prestado em jornada

Com efeito, o fato de o depoente possuir reclamação trabalhista extraordinária. Cuidam-se de trabalhadores que compartilhavam a

contra a empresa, ainda que com objeto similar ao do presente mesma rotina laboral, de modo a não causar espécie a revelação

feito, não é suficiente para a acolhida da contradita arguida. A acerca da jornada de trabalho do autor, no período de labor

suspeição em casos tais exige inequívoca demonstração de troca coincidente entre ambos.

de favores, o que não ocorre por mera presunção decorrente do Ante o exposto, não há como se acolher a tese recursal acerca da

ajuizamento de reclamação trabalhista pela testemunha. Logo, suspeição da testemunha, bem como sobre a precariedade do

ausente a inequívoca demonstração de troca de favores, não há se depoimento.

falar em contradita da testemunha. Inteligência da Súmula nº 357 do Vale destacar, por fim, que, ao contrário do exposto pela parte

TST. Nesse sentido, ainda: reclamante em contrarrazões, embora improcedente, o recurso da

"RECURSO DE REVISTA. (...) 6. CONTRADITA DE parte reclamada não se reveste de caráter protelatório, pois, de

TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Consoante o forma legítima, submete ao juízo de segundo grau as teses que

entendimento desta colenda Corte Superior, o simples fato de a entende pertinentes.

testemunha litigar contra o mesmo empregador não a torna Sentença mantida.

suspeita, ainda que haja ações com identidade de pedidos, movidas 2 - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE

pela parte autora e por sua testemunha. Com efeito, o entendimento MÉRITO

da egrégia SBDI-1 deste Tribunal é no sentido de que a existência PERÍODO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO.

de ações, movidas pela parte autora e por sua testemunha, contra o A sentença não reconheceu o período do vínculo apontado na

mesmo empregador, não afasta a incidência do entendimento inicial, consoante os seguintes fundamentos:

contido na Súmula nº 357, sendo declarada a suspeição somente "O Reclamante aduz que foi admitido em 10.05.20, porém, o

quando comprovada a troca de favores, hipótese não reconhecida registro formal na CTPS somente foi realizado em 09.10.20. A

no v. acórdão regional. Precedentes. Inteligência da Súmula nº 357. Reclamada contesta o período não anotado na CTPS. As anotações

Recurso de revista de que não se conhece. (...)"(RR-63700- apostas na carteira de trabalho do empregado geram presunção

49.2008.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto juris tantum (Súmula nº12, do TST), cabendo ao Reclamante

Caputo Bastos, DEJT 19/03/2021). produzir prova a fim de comprovar o alegado período de vínculo não

"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA registrado em sua CTPS.

INTERPOSTO PELO RECLAMADO. (...) 2. CONTRADITA DA A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou

TESTEMUNHA. Nos moldes delineados pela Súmula n° 357 desta junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,

Corte Superior, " não torna suspeita a testemunha o simples fato de exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram

estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador ". Por desempenhadas em âmbito externo; que o reclamante foi admitido

outro lado, não autoriza a ilação de suspeição da testemunha o em maio/2020; que além do reclamante, após a admissão do

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depoente, foram contratados mais dois ou três motoristas, alegado período clandestino, o que não se deu no caso vertente,

lembrando os nomes de Cristiano e Diego como motoristas conforme examinado, do que resta incólume o princípio da primazia

contratados; que não lembra os meses de admissão dos senhores da realidade.

Cristiano e Diego". Sentença mantida.

O depoimento testemunhal revela que o depoente, em relação aos HORAS EXTRAS.

motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês O reclamante, admitida a contratação em data anterior ao registro

de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura formal da CTPS, "(...) requer o reconhecimento de todas as horas

precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e, extras de todo o contrato de trabalho, condenando a reclamada ao

isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente pagamento das horas extras do período contratual de contratação

para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa inicial em 10.05.2020 até 09.06.2021, conforme a exordial, bem

forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em como a condenação do pagamento dos reflexos das horas extras

09.10.20." uma vez que habitual e que devem integrar a remuneração do

O reclamante alega, em síntese, que trabalhava na mesma função e obreiro".

nas mesmas condições de trabalho da testemunha, o que torna Novamente, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios

aceitáveis as declarações do depoente quanto ao momento de sua fundamentos.

contratação. Entende que o fundamento utilizado pela sentença Conforme examinado no tópico precedente, não restou reconhecido

contraria o princípio da primazia da realidade, pelo que "(...) requer o vínculo empregatício no período anterior ao anotado na CTPS.

o reconhecimento do período clandestino e conseguinte pagamento Além disso, a limitação das horas extras ao momento em que a

de todas as verbas trabalhistas e rescisórias do contrato de testemunha saiu da empresa não se mostra ofensiva ao princípio da

trabalho, tanto do período clandestino quanto o registrado, nos primazia da realidade, mas sim se encontra em harmonia com o

termos do art.2º e 3º da CLT, devendo ser abatido somente os acervo probatório dos autos, pois não há outros elementos capazes

valores realmente pagos". de autorizar o convencimento de que as horas extras seriam

O recurso não alcança provimento, devendo ser mantida a sentença devidas para além do período deferido.

pelos seus próprios fundamentos. NULIDADE DO AVISO PRÉVIO.

À luz do artigo 818, I, da CLT, era do reclamante o ônus de Sobre o tema, assim se pronunciou o julgado de origem:

comprovar que o verdadeiro período do contrato de trabalho seria "O Reclamante afirma que "foi comunicado de sua demissão no dia

diverso daquele anotado na CTPS. 10.05.2021, mediante aviso prévio trabalhado de 30(trinta dias) com

Conforme inteligência da Súmula nº 12 do TST, os registros término em 09.06.2021, último dia efetivamente trabalhado e

efetuados em CTPS gozam de presunção relativa de veracidade. suposta redução da jornada de 2(duas) horas, o que não ocorreu na

Nesta esteira, reexaminando-se as provas produzidas, percebe-se realidade". Aduz, ainda, que "a empregadora não lhe concedeu a

que tal presunção não restou elidida. redução de 2 (duas horas) diárias na jornada de trabalho é também

Isto porque o depoimento da única testemunha ouvida, na fração não a dispensou do trabalho por 7(sete) dias corridos". A

pertinente ao momento da contratação do reclamante, deve ser Reclamada, por sua vez, assevera que "o aviso foi cumprido na

admitido com ressalva, diante do desconhecimento demonstrado modalidade trabalhado, tendo optado o autor pela redução da

pelo depoente em relação à data de admissão de outros dois jornada diária em 2 horas, tudo conforme determina a legislação"; e

funcionários. Escorreita, portanto, a valoração probatória realizada que o Reclamante "não comprova a suposta irregularidade

pela sentença, no sentido de "(...) que o depoente, em relação aos apontada, pelo que descabe seu pleito". Consta nos autos

motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês comunicação de aviso prévio trabalhado, datado de 10.05.21, com

de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura opção pela redução de 2 horas diárias, o qual foi assinado pelo

precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e, Reclamante (ID 40124e2 - Pág. 4). A prova documental juntada pela

isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente Reclamada revela que esta possuía menos de 20(vinte)

para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa empregados. Competia ao Reclamante comprovar a alegação de

forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em que a Reclamada possuía mais de 20 empregados. A testemunha

09.10.20". apresentada pelo Reclamante afirmou "que que havia

Para que se afaste a presunção de veracidade advinda da anotação aproximadamente 20 empregados laborando junto à reclamada",

da CTPS, seria imprescindível a presença de prova robusta do não comprova que a Reclamada efetivamente possuísse 20 ou mais

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 127
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empregados, ressaltando-se que esta, por ocasião da rescisão clandestino não foram pagas, portanto, índice sobre elas a multa".

contratual, não mais laborava para a Reclamada. Conclui-se, pois, Além disso, entende fazer jus à multa do art. 477, com base nas

que a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo horas extras deferidas e na Súmula nº 462 do TST.

que estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. Sem razão.

74, §2º, da CLT). Portanto, não restou comprovado eventual Perpassando a contestação, vê-se que todas as parcelas pleiteadas

irregularidade cometida pela Reclamada, na concessão da redução pelo autor foram controvertidas, o que é suficiente para tornar

da carga horária diária, durante o cumprimento do aviso prévio indevida a multa do art. 467 da CLT, pois não havia verba

trabalhado, ônus processual do qual o Reclamante não se incontroversa a ser paga na audiência.

desincumbiu. Sendo assim, fica reconhecida a legitimidade do aviso Além disso, em relação à multa do art. 477, § 8º, há de se perfilhar

prévio trabalhado, e, por conseguinte, indefere-se o pleito para com o posicionamento desta Corte em sede de Incidente de

pagamento de aviso prévio indenizado." Uniformização de Jurisprudência, no sentido de que "É indevida a

O recorrente afirma ter trabalhado em jornada superior à permitida multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas

por lei, mesmo durante o período de aviso prévio, conforme diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT

demonstrado na instrução probatória por meio do depoimento de tenham sido pagas no prazo legal". (PROCESSO nº 0080374-

testemunha. Requer seja desconsiderado o aviso prévio trabalhado 90.2017.5.07.0000 (IUJ) TRT7, 11 de Dezembro de 2018,

e concedido "(...) novo aviso na modalidade indenizado, com as FRANCISCO TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Relator).

devidas projeções no 13º salário proporcional, férias proporcionais Portanto, a tese não desconstitui o fundamento da sentença, ora

acrescidas de 1/3 e FGTS mais a multa dos 40%". mantida.

Sem razão. MULTA NORMATIVA.

Conforme se vê do documento ID. 40124e2 - Pág. 4, o reclamante A sentença julgou improcedente o pleito do reclamante alusivo à

optou pela redução de duas horas diárias em sua jornada de multa por descumprimento de norma coletiva. Confira-se o teor da

trabalho quando do aviso prévio. Ocorre que, possuindo a empresa decisão:

menos de vinte funcionários, aspecto bem destacado pela sentença "Entende este Juízo que multa prevista em convenção coletiva

e não infirmado pelas razões recursais, estava desobrigada da somente deve ser aplicada com relação ao inadimplemento de

apresentação dos controles de ponto, não havendo como se obrigações especificamente estabelecidas pela norma coletiva, não

presumir o alegado descumprimento da redução de jornada no incidindo com relação às obrigações originariamente previstas em

período do aviso prévio. Vale reiterar, nos termos examinados em lei e tão somente repetidas na norma coletiva. A cláusula de

item precedente, que o depoimento da única testemunha ouvida convenção coletiva tidas como violadas, qual seja, a cláusula sexta

não se mostra suficiente para admitir a tese de não concessão da da CCT 2021/2021 refere-se à remuneração de horas extras, sendo

jornada reduzida, pois à época da concessão do aviso prévio o tal obrigação, ainda que em percentual menor, originariamente

depoente não mais trabalhava na reclamada. prevista em artigo celetista. Sendo assim, indefere-se o pedido

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos. relativo à multa prevista em convenção coletiva."

MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT. Alega o recorrente ter sido admitido o descumprimento da cláusula

O juízo de origem indeferiu as multas em epígrafe nos seguintes 6ª da CCT, que prevê o adicional de 70% para as horas extras, o

termos: que torna devida a multa estabelecida na cláusula 48ª.

"No caso sub judice, conforme razões anteriormente expendidas, Neste tocante, o recurso alcança provimento.

restou comprovado que a Reclamada pagou as verbas rescisórias De fato, a CCT da categoria estabeleceu, em sua cláusula 6ª, o

incontroversas, entendidas como tais aquelas consignadas no adicional de horas extras de 70%, superior ao de 50% previsto pela

TRCT, o qual foi assinado em 09.06.21. Sendo assim, indefere-se o lei. Além disso, a cláusula 48ª fixou a multa equivalente a um piso

pedido relativo à multa prevista no art. 477, §8o, da CLT. da categoria profissional em caso de descumprimento de quaisquer

Ante a controvérsia acerca das verbas pleiteadas na exordial, das cláusulas nela estabelecidas, sendo a referida multa revertida

indefere-se o pedido referente à multa prevista no art. 467, da CLT." em favor do trabalhador e/ou parte prejudicada.

O recorrente sustenta que, "(...) como as parcelas deferidas pelo No caso dos autos, restou reconhecido o direito do autor às horas

Juízo a quo são todas rescisórias, incluindo as horas extras extras no período deferido pela sentença, o que autoriza concluir ter

deferidas, sobre as mesmas incide a multa de 50% do artigo 467 da sido descumprida a cláusula que tratava do pagamento do adicional

CLT, além disso revela-se que as verbas trabalhistas do período de 70%, parcela indevidamente suprimida do autor. Assim, violada

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 128
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

cláusula convencional, incide a hipótese da multa respectiva, em honorários advocatícios de sucumbência.

devendo ser provido o recurso, para incluí-la na condenação. Recurso conhecido e provido, neste tocante.

Recurso provido, para condenar a reclamada a pagar ao reclamante

a multa de R$ 1.233,46 (mil duzentos e trinta e três reais e quarenta

e seis centavos), piso estabelecido na CCT vigente à época da CONCLUSÃO DO VOTO

rescisão (ID. 4f49187 - Pág. 1).

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

Acerca do tema, eis o teor do julgado de origem: Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por

"Na presente Reclamação Trabalhista a sucumbência foi recíproca. cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,

Entende este Juízo que os honorários sucumbenciais trata-se de no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial

verba única, a qual tem por base de cálculo as verbas provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa

condenatórias, enquanto benefício econômico decorrente do por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos

processo, a ser rateada entre os advogados de ambas as partes, e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para

observada a proporcionalidade entre as verbas deferidas e aquelas excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda,

indeferidas com relação ao valor total do pedido formulado na majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para

exordial. Sendo assim, considerando os termos do art. 791-A, §§ 3º, 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas

4º, 5º da CLT, bem como o disposto no Incidente de Arguição de alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro

Inconstitucionalidade (processo nº 0080026.04.2019.5.07.0000), no centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e

qual restou reconhecida a inconstitucionalidade da expressão setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor

"desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro arbitrado à condenação.

processo, créditos capazes de suportar a despesa", inserta no

parágrafo quarto acima citado; considerando, ainda, que esta

Reclamação não trata de matéria complexa e tramita no rito DISPOSITIVO

sumaríssimo, deferem-se honorários advocatícios sucumbenciais,

calculados na base de 5% (cinco por cento) sobre o valor da

condenação, a serem rateados entre os advogados das partes, na

proporção de 37% (trinta e sete por cento) em favor do advogado do

Reclamante, e de 63% (sessenta e três por cento), em favor do

advogado da Reclamada."

O recorrente "(...) requer a majoração dos honorários advocatícios

pra 15%(quinze por cento) em favor do advogado da reclamante e a

exclusão dos honorários de sucumbência recíproca". ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

Com razão. REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por

o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,

prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial

trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa

serviço. por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos

Dessa forma, cotejando-se os critérios expostos no citado e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para

dispositivo da CLT, extrai-se que os honorários advocatícios devem excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda,

ser arbitrados em 15%, montante condizente com a complexidade majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para

da causa. 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas

Além disso, a condenação imposta ao autor contraria o julgamento alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro

do STF na ADI 5766, quando foi declarada a inconstitucionalidade centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e

do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor

condenação do beneficiário da justiça gratuita, caso do reclamante, arbitrado à condenação.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 129
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI.

Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo submetido ao rito sumaríssimo.

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Fortaleza, 18 de julho de 2022.

FUNDAMENTAÇÃO

ADMISSIBILIDADE

Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para

CLAUDIO SOARES PIRES serem apontadas.

Desembargador Relator 1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. PRELIMINAR

NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART DEFESA.

Diretor de Secretaria A parte recorrente argui a nulidade da sentença, sob o argumento

de ter havido cerceamento do direito de defesa a partir da acolhida


Processo Nº RORSum-0000547-82.2021.5.07.0002
Relator CLAUDIO SOARES PIRES da contradita de sua testemunha. Afirma que "(...) apenas o
RECORRENTE FRANCISCO THIAGO MARQUES DE parentesco não seria suficiente à acolhida da contradita, visto que,
SOUZA
ADVOGADO MAILSON GURGEL BATISTA(OAB: nos termos do art.829 da CLT, tal estende-se apenas até o terceiro
34571/CE)
grau civil. Quanto à relação de proximidade apontada, de se ter que
RECORRENTE ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E
ENTREGAS RAPIDAS EIRELI o mero encontro semanal para almoço familiar não pode configurá-
ADVOGADO JORGE LEITE CHIANCA FILHO(OAB:
31177/CE) la, quanto mais quando a testemunha afirma não sair em outras
ADVOGADO GUSTAVO ALBANO AMORIM ocasiões com o cônjuge do titular da empresa. Destaque-se
SOBREIRA(OAB: 13552/CE)
RECORRIDO FRANCISCO THIAGO MARQUES DE também não haver evidencias de proximidade entre o titular em
SOUZA
questão e a testemunha, inexistindo menção ao comparecimento
ADVOGADO MAILSON GURGEL BATISTA(OAB:
34571/CE) daquele às reuniões em questão". Requer seja anulada a sentença,
RECORRIDO ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E
ENTREGAS RAPIDAS EIRELI com a realização de nova instrução.
ADVOGADO JORGE LEITE CHIANCA FILHO(OAB: Sem razão.
31177/CE)
ADVOGADO GUSTAVO ALBANO AMORIM Ao apreciar a contradita da testemunha, assim concluiu o juízo de
SOBREIRA(OAB: 13552/CE)
origem (ID a7f9d47):

Intimado(s)/Citado(s): "O advogado do reclamante contraditou a testemunha apresentada

- FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA sob o argumento de que a testemunha é prima da esposa do titular

da reclamada, o que a tornaria suspeita para atuar no presente

feito. Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado da

reclamada nos seguintes termos: Requer a reclamada a


PODER JUDICIÁRIO
improcedência do pleito, visto que a depoente seria parente de 4º
JUSTIÇA DO
grau por afinidade, não estando impedida. Inquirida a depoente,

esta responde: que é prima da esposa do titular da reclamada; que


V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO costuma frequentar a residência do titular da reclamada por ocasião
ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. 2ª de eventos familiares, como aniversários; que quase todos os
VARA DO TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, sábados se encontra com a esposa do titular da reclamada, na
FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO residência da mãe desta, a qual é tia da depoente; que costuma
PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI e recorridos, almoçar na casa da referida tia, na companhia da esposa do titular
FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO da reclamada aos sábados; que além de tais encontros aos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 130
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

sábados, não costuma sair socialmente com a esposa do titular da compromisso e depor a este Juízo, como também é indevido o

reclamada. Sobre o pedido de contradita decide este Juízo nos pleito da reclamada sobre a alegação de amizade íntima, uma vez

seguintes termos: "É certo que o impedimento, por razão de que inexistente também a prova nos autos". Inquirido o depoente,

parentesco se estende até parente de 3º grau de representantes da este respondeu que: "não tem o hábito de sair socialmente como

reclamada. no entanto, no caos sub judice, entende este Juízo reclamante, que nunca esteve na residência do reclamante; que o

restar caracterizada a suspeição da depoente em razão de prova reclamante nunca esteve na residência do depoente". Sobre o

indiciária que revela a existência de amizade íntima entre esta e a pedido de contradita decidiu este Juízo nos seguinte termos:" A

esposa do titular da reclamada, consubstanciada na afirmação da circunstância de para depoente ter ajuizado ação trabalhista em

depoente de que, semanalmente, aos sábados, almoça juntamente face da ora reclamada, não consubstancia óbice processual a sua

com a esposa do titular da reclamada, na casa da mãe desta, a qual atuação como testemunha no presente feito, conforme

é tia da depoente. Tal proximidade associada ao parentesco entendimento sumulado pelo e. TST. A alegação de que o ora

indicado, indicam a ausência de isenção da depoente para autuar reclamante atuará como testemunha na ação ajuizada pelo ora

como testemunha no presente feito, razão pela qual defere este depoente trata-se de alegado fato futuro, o qual, por não ter ocorrido

Juízo o pedido de contradita ora formulado pela parte reclamante". não pode servir como fundamento fático para deferimento da

Consoante inteligência que deflui dos arts. 829 da CLT e 447, § 3º, contradita requestada. Ademais, a jurisprudência tem se voltado

I, do CPC, considera-se suspeita a testemunha que possuir para o entendimento de que a circunstância de que empregados

amizade íntima com qualquer das partes. No caso dos autos, este tenham autuado reciprocamente como testemunha nos respectivos

grau de intimidade restou demonstrado, diante das seguintes processos,, isoladamente considerados, não é motivo suficiente

declarações da testemunha: "que é prima da esposa do titular da para caracterizar interesse na causa. Quanto à alegação da

reclamada; que costuma frequentar a residência do titular da existência de amizade íntima entre o reclamante e o depoente, esta

reclamada por ocasião de eventos familiares, como não restou provada. Sendo assim, em face das razões expostas,

aniversários; que quase todos os sábados se encontra com a indefere-se o pedido de contradita formulado pela parte reclamada".

esposa do titular da reclamada, na residência da mãe desta, a Na sentença, parte reclamada foi condenada ao pagamento de

qual é tia da depoente; que costuma almoçar na casa da horas extras, consoante os seguintes fundamentos:

referida tia, na companhia da esposa do titular da reclamada "O Reclamante afirma que laborava " laborava jornada semanal

aos sábados; que além de tais encontros aos sábados, não entrando às 08hrs e saindo às 19hrs, com intervalo intrajornada de

costuma sair socialmente com a esposa do titular da reclamada" 02(duas)horas, em escala 6X1, com 1 folga na semana, contudo,

(destaquei). Como bem destacado pela sentença, restou nada recebia pelas horas extras laboradas"; e que "laborava 54hrs

configurada proximidade suficiente para indicar a ausência de por semana, ou seja, 10 horas extras por semana acima da jornada

isenção da depoente para atuar como testemunha. prevista no art. 61 da CLT, nada recebia a título de contra

Preliminar rejeitada. prestação, assim o autor faz jus ao pagamento das horas extras

MÉRITO com adicional de 70% nos moldes da Cl. 6ª das CCT's". A

HORAS EXTRAS. Reclamada contesta tais alegações aduzindo que o

O juízo de origem não acolheu a contradita da testemunha Reclamante"Laborava de segunda à sábado, das 9:00 às 18:00,

apresentada pelo reclamante. Eis o teor do assentado na ata de com intervalo das 13:00 às 14:40, perfazendo jornada semanal de

audiência: 43h:20min semanais"; e que por ter menos de 20(vinte)

"O advogado da reclamada contraditou a testemunha apresentada empregados não tem a obrigatoriedade de manter registro de ponto.

sob o argumento de que esta ajuizou reclamação em face da ora Conforme razões anteriormente expendidas restou constatado que

reclamada, tendo sido designada audiência para oitiva do a a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo que

reclamante na condição de testemunha na referida ação, bem como estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. 74,

de que haveria amizade íntima entre o depoente e o reclamante. §2º, da CLT). Assim, permanece com o Reclamante o ônus de

Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado do comprovar a jornada de trabalho indicada na exordial. Corrobora

reclamante nos seguintes termos: "Inexiste qualquer razão de que o esse entendimento o disposto nas Súmulas 338 e 437, do TST.

reclamante será testemunha ou ouvido no processo alegado pela A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou

reclamada. Além disso, a Súmula 357 do TST determina em sua junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,

inteligência que o ora depoentes está apto para prestar exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 131
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desempenhadas em âmbito externo"; " que trabalhava das 08:00h se baseou unicamente em depoimento de testemunha que deveria

ás 19:00h com 2h de intervalo, de segunda à sábado, sendo que ter sido considerada suspeita, pois depôs em notória prestação de

aos sábados a jornada findava às 18:00h; que o início e término da favores, conforme contradita arguida em audiência. Relata que a

jornada de trabalho ocorria no estabelecimento reclamado; que a testemunha move reclamação trabalhista (processo nº 0000560-

partir de aproximadamente início de 2020 passou a registrar o 72.2021.5.07.0005) com pedidos e causa de pedir idênticos ao do

horário de trabalho em ponto eletrônico; que o horário de trabalho presente feito, o que tornaria o depoente parcial, com interesse em

do reclamante era o mesmo em que laborava o depoente"; "que os abrir precedente a seu favor. Destaca ainda que a própria sentença

horários registrado em ponto eletrônico correspondia aos horários reconheceu a precariedade da prova testemunhal ao analisar o

laborados; que o reclamante igualmente efetuava registro de ponto pedido referente ao período avulso, aspecto que não pode se

eletrônico; que o reclamante igualmente desempenhava suas restringir a tal questão. Requer seja admitida a parcialidade da

atividades laborais em âmbito externos; que depoente e reclamante testemunha, afastando-se a força probatória de seu depoimento e,

conduziam veículos distintos no desempenho de suas atividades por conseguinte, julgando-se improcedente a reclamação.

laborais". Sem razão.

A testemunha é contundente ao afirmar que o Reclamante laborava Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a

no mesmo horário que o depoente, declinando os horários de confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o

entrada e saída. Entretanto, cumpre destacar que tais afirmações quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência

são limitadas até o final do período em que o depoente laborou para do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.

Reclamada, ocorrido em 26.03.21. Sopesada a prova, fica Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir

reconhecido por este Juízo que o Reclamante laborava das 8h às expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do

19h, com 2h(duas horas) de intervalo intrajornada, de segunda-feira recurso ordinário da parte reclamada.

à sexta-feira; e das 8h às 18h, com 2h(duas horas) de intervalo Com efeito, o fato de o depoente possuir reclamação trabalhista

intrajornada, aos sábados, no período de 09.10.20 a 26.03.21; e das contra a empresa, ainda que com objeto similar ao do presente

9h às 18h, com intervalo intrajornada das 13:00 às 14:40, de feito, não é suficiente para a acolhida da contradita arguida. A

segunda à sábado, no período de 27.03.21 a 09.06.21. suspeição em casos tais exige inequívoca demonstração de troca

A jornada de trabalho do Reclamante reconhecida nesta sentença, de favores, o que não ocorre por mera presunção decorrente do

em relação ao período de 27.03.21 a 09.06.21, encontra-se dentro ajuizamento de reclamação trabalhista pela testemunha. Logo,

dos limites legais da jornada diária e semanal, pelo que não são ausente a inequívoca demonstração de troca de favores, não há se

devidas horas extras em tal período. falar em contradita da testemunha. Inteligência da Súmula nº 357 do

Por outro lado, em relação ao período de 09.10.20 a 26.03.21, TST. Nesse sentido, ainda:

verifica-se que a jornada de trabalho ultrapassa os limites legais da "RECURSO DE REVISTA. (...) 6. CONTRADITA DE

jornada diária e semanal, na quantidade de 9 (nove) horas por TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Consoante o

semana, o que, considerado o mês integrado por 4,28 semanas, entendimento desta colenda Corte Superior, o simples fato de a

resulta na quantidade mensal média de 38,52 (trinta e oito vírgula testemunha litigar contra o mesmo empregador não a torna

cinquenta e duas) horas. Conforme cláusula sexta das convenções suspeita, ainda que haja ações com identidade de pedidos, movidas

coletivas de trabalho 2020/2020 e 2021/2021,o adicional de horas pela parte autora e por sua testemunha. Com efeito, o entendimento

extras será pago de segunda-feira a sábado, no percentual de 70% da egrégia SBDI-1 deste Tribunal é no sentido de que a existência

(setenta por cento) sobre a hora normal. Sendo assim, e de ações, movidas pela parte autora e por sua testemunha, contra o

observados os limites objetivos da lide, defere-se ao Reclamante o mesmo empregador, não afasta a incidência do entendimento

pagamento de remuneração de horas extras, na quantidade de contido na Súmula nº 357, sendo declarada a suspeição somente

38,52 (trinta e oito vírgula cinquenta e duas) horas extras por mês, quando comprovada a troca de favores, hipótese não reconhecida

com acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora no v. acórdão regional. Precedentes. Inteligência da Súmula nº 357.

normal, no período de 09.10.20 a 26.03.21, deduzidos os valores Recurso de revista de que não se conhece. (...)"(RR-63700-

pagos a mesmo título, consignados nas folhas de pagamento 49.2008.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto

acostadas aos autos (Ids 024345d - e 608b539), pertinentes ao Caputo Bastos, DEJT 19/03/2021).

período da condenação." "A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

Em seu recurso, a empresa argumenta, em resumo, que a sentença INTERPOSTO PELO RECLAMADO. (...) 2. CONTRADITA DA

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 132
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

TESTEMUNHA. Nos moldes delineados pela Súmula n° 357 desta junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,

Corte Superior, " não torna suspeita a testemunha o simples fato de exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram

estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador ". Por desempenhadas em âmbito externo; que o reclamante foi admitido

outro lado, não autoriza a ilação de suspeição da testemunha o em maio/2020; que além do reclamante, após a admissão do

simples fato de ela ter movido ação com similaridade ou identidade depoente, foram contratados mais dois ou três motoristas,

de pedidos, sob pena de se vedar à reclamante a utilização de outro lembrando os nomes de Cristiano e Diego como motoristas

trabalhador como testemunha, restringindo o direito à tutela contratados; que não lembra os meses de admissão dos senhores

jurisdicional justa, pois é evidente que aqueles trabalhadores que Cristiano e Diego".

presenciaram os fatos objeto da prova oral possivelmente passaram O depoimento testemunhal revela que o depoente, em relação aos

pela mesma situação da autora, razão da existência de reclamatória motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês

com o mesmo objeto. Assim, o fato de a testemunha ajuizar de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura

reclamatória trabalhista contra a mesma empresa e com precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,

similaridade ou identidade de objeto, por si só, não afasta a isenção isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente

de seu depoimento prestado em juízo. (...)"(RRAg-20978- para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa

71.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em

Costa, DEJT 12/03/2021). 09.10.20."

Finalmente, o fato de as declarações da testemunha não serem O reclamante alega, em síntese, que trabalhava na mesma função e

suficientes para elidir a presunção de veracidade da anotação da nas mesmas condições de trabalho da testemunha, o que torna

data do vínculo na CTPS não induz ao prejuízo da revelação aceitáveis as declarações do depoente quanto ao momento de sua

contida em seu depoimento acerca do labor prestado em jornada contratação. Entende que o fundamento utilizado pela sentença

extraordinária. Cuidam-se de trabalhadores que compartilhavam a contraria o princípio da primazia da realidade, pelo que "(...) requer

mesma rotina laboral, de modo a não causar espécie a revelação o reconhecimento do período clandestino e conseguinte pagamento

acerca da jornada de trabalho do autor, no período de labor de todas as verbas trabalhistas e rescisórias do contrato de

coincidente entre ambos. trabalho, tanto do período clandestino quanto o registrado, nos

Ante o exposto, não há como se acolher a tese recursal acerca da termos do art.2º e 3º da CLT, devendo ser abatido somente os

suspeição da testemunha, bem como sobre a precariedade do valores realmente pagos".

depoimento. O recurso não alcança provimento, devendo ser mantida a sentença

Vale destacar, por fim, que, ao contrário do exposto pela parte pelos seus próprios fundamentos.

reclamante em contrarrazões, embora improcedente, o recurso da À luz do artigo 818, I, da CLT, era do reclamante o ônus de

parte reclamada não se reveste de caráter protelatório, pois, de comprovar que o verdadeiro período do contrato de trabalho seria

forma legítima, submete ao juízo de segundo grau as teses que diverso daquele anotado na CTPS.

entende pertinentes. Conforme inteligência da Súmula nº 12 do TST, os registros

Sentença mantida. efetuados em CTPS gozam de presunção relativa de veracidade.

2 - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE Nesta esteira, reexaminando-se as provas produzidas, percebe-se

MÉRITO que tal presunção não restou elidida.

PERÍODO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Isto porque o depoimento da única testemunha ouvida, na fração

A sentença não reconheceu o período do vínculo apontado na pertinente ao momento da contratação do reclamante, deve ser

inicial, consoante os seguintes fundamentos: admitido com ressalva, diante do desconhecimento demonstrado

"O Reclamante aduz que foi admitido em 10.05.20, porém, o pelo depoente em relação à data de admissão de outros dois

registro formal na CTPS somente foi realizado em 09.10.20. A funcionários. Escorreita, portanto, a valoração probatória realizada

Reclamada contesta o período não anotado na CTPS. As anotações pela sentença, no sentido de "(...) que o depoente, em relação aos

apostas na carteira de trabalho do empregado geram presunção motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês

juris tantum (Súmula nº12, do TST), cabendo ao Reclamante de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura

produzir prova a fim de comprovar o alegado período de vínculo não precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,

registrado em sua CTPS. isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente

A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 133
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forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em que a Reclamada possuía mais de 20 empregados. A testemunha

09.10.20". apresentada pelo Reclamante afirmou "que que havia

Para que se afaste a presunção de veracidade advinda da anotação aproximadamente 20 empregados laborando junto à reclamada",

da CTPS, seria imprescindível a presença de prova robusta do não comprova que a Reclamada efetivamente possuísse 20 ou mais

alegado período clandestino, o que não se deu no caso vertente, empregados, ressaltando-se que esta, por ocasião da rescisão

conforme examinado, do que resta incólume o princípio da primazia contratual, não mais laborava para a Reclamada. Conclui-se, pois,

da realidade. que a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo

Sentença mantida. que estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art.

HORAS EXTRAS. 74, §2º, da CLT). Portanto, não restou comprovado eventual

O reclamante, admitida a contratação em data anterior ao registro irregularidade cometida pela Reclamada, na concessão da redução

formal da CTPS, "(...) requer o reconhecimento de todas as horas da carga horária diária, durante o cumprimento do aviso prévio

extras de todo o contrato de trabalho, condenando a reclamada ao trabalhado, ônus processual do qual o Reclamante não se

pagamento das horas extras do período contratual de contratação desincumbiu. Sendo assim, fica reconhecida a legitimidade do aviso

inicial em 10.05.2020 até 09.06.2021, conforme a exordial, bem prévio trabalhado, e, por conseguinte, indefere-se o pleito para

como a condenação do pagamento dos reflexos das horas extras pagamento de aviso prévio indenizado."

uma vez que habitual e que devem integrar a remuneração do O recorrente afirma ter trabalhado em jornada superior à permitida

obreiro". por lei, mesmo durante o período de aviso prévio, conforme

Novamente, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios demonstrado na instrução probatória por meio do depoimento de

fundamentos. testemunha. Requer seja desconsiderado o aviso prévio trabalhado

Conforme examinado no tópico precedente, não restou reconhecido e concedido "(...) novo aviso na modalidade indenizado, com as

o vínculo empregatício no período anterior ao anotado na CTPS. devidas projeções no 13º salário proporcional, férias proporcionais

Além disso, a limitação das horas extras ao momento em que a acrescidas de 1/3 e FGTS mais a multa dos 40%".

testemunha saiu da empresa não se mostra ofensiva ao princípio da Sem razão.

primazia da realidade, mas sim se encontra em harmonia com o Conforme se vê do documento ID. 40124e2 - Pág. 4, o reclamante

acervo probatório dos autos, pois não há outros elementos capazes optou pela redução de duas horas diárias em sua jornada de

de autorizar o convencimento de que as horas extras seriam trabalho quando do aviso prévio. Ocorre que, possuindo a empresa

devidas para além do período deferido. menos de vinte funcionários, aspecto bem destacado pela sentença

NULIDADE DO AVISO PRÉVIO. e não infirmado pelas razões recursais, estava desobrigada da

Sobre o tema, assim se pronunciou o julgado de origem: apresentação dos controles de ponto, não havendo como se

"O Reclamante afirma que "foi comunicado de sua demissão no dia presumir o alegado descumprimento da redução de jornada no

10.05.2021, mediante aviso prévio trabalhado de 30(trinta dias) com período do aviso prévio. Vale reiterar, nos termos examinados em

término em 09.06.2021, último dia efetivamente trabalhado e item precedente, que o depoimento da única testemunha ouvida

suposta redução da jornada de 2(duas) horas, o que não ocorreu na não se mostra suficiente para admitir a tese de não concessão da

realidade". Aduz, ainda, que "a empregadora não lhe concedeu a jornada reduzida, pois à época da concessão do aviso prévio o

redução de 2 (duas horas) diárias na jornada de trabalho é também depoente não mais trabalhava na reclamada.

não a dispensou do trabalho por 7(sete) dias corridos". A Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos.

Reclamada, por sua vez, assevera que "o aviso foi cumprido na MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT.

modalidade trabalhado, tendo optado o autor pela redução da O juízo de origem indeferiu as multas em epígrafe nos seguintes

jornada diária em 2 horas, tudo conforme determina a legislação"; e termos:

que o Reclamante "não comprova a suposta irregularidade "No caso sub judice, conforme razões anteriormente expendidas,

apontada, pelo que descabe seu pleito". Consta nos autos restou comprovado que a Reclamada pagou as verbas rescisórias

comunicação de aviso prévio trabalhado, datado de 10.05.21, com incontroversas, entendidas como tais aquelas consignadas no

opção pela redução de 2 horas diárias, o qual foi assinado pelo TRCT, o qual foi assinado em 09.06.21. Sendo assim, indefere-se o

Reclamante (ID 40124e2 - Pág. 4). A prova documental juntada pela pedido relativo à multa prevista no art. 477, §8o, da CLT.

Reclamada revela que esta possuía menos de 20(vinte) Ante a controvérsia acerca das verbas pleiteadas na exordial,

empregados. Competia ao Reclamante comprovar a alegação de indefere-se o pedido referente à multa prevista no art. 467, da CLT."

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 134
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O recorrente sustenta que, "(...) como as parcelas deferidas pelo No caso dos autos, restou reconhecido o direito do autor às horas

Juízo a quo são todas rescisórias, incluindo as horas extras extras no período deferido pela sentença, o que autoriza concluir ter

deferidas, sobre as mesmas incide a multa de 50% do artigo 467 da sido descumprida a cláusula que tratava do pagamento do adicional

CLT, além disso revela-se que as verbas trabalhistas do período de 70%, parcela indevidamente suprimida do autor. Assim, violada

clandestino não foram pagas, portanto, índice sobre elas a multa". cláusula convencional, incide a hipótese da multa respectiva,

Além disso, entende fazer jus à multa do art. 477, com base nas devendo ser provido o recurso, para incluí-la na condenação.

horas extras deferidas e na Súmula nº 462 do TST. Recurso provido, para condenar a reclamada a pagar ao reclamante

Sem razão. a multa de R$ 1.233,46 (mil duzentos e trinta e três reais e quarenta

Perpassando a contestação, vê-se que todas as parcelas pleiteadas e seis centavos), piso estabelecido na CCT vigente à época da

pelo autor foram controvertidas, o que é suficiente para tornar rescisão (ID. 4f49187 - Pág. 1).

indevida a multa do art. 467 da CLT, pois não havia verba HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

incontroversa a ser paga na audiência. Acerca do tema, eis o teor do julgado de origem:

Além disso, em relação à multa do art. 477, § 8º, há de se perfilhar "Na presente Reclamação Trabalhista a sucumbência foi recíproca.

com o posicionamento desta Corte em sede de Incidente de Entende este Juízo que os honorários sucumbenciais trata-se de

Uniformização de Jurisprudência, no sentido de que "É indevida a verba única, a qual tem por base de cálculo as verbas

multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas condenatórias, enquanto benefício econômico decorrente do

diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT processo, a ser rateada entre os advogados de ambas as partes,

tenham sido pagas no prazo legal". (PROCESSO nº 0080374- observada a proporcionalidade entre as verbas deferidas e aquelas

90.2017.5.07.0000 (IUJ) TRT7, 11 de Dezembro de 2018, indeferidas com relação ao valor total do pedido formulado na

FRANCISCO TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Relator). exordial. Sendo assim, considerando os termos do art. 791-A, §§ 3º,

Portanto, a tese não desconstitui o fundamento da sentença, ora 4º, 5º da CLT, bem como o disposto no Incidente de Arguição de

mantida. Inconstitucionalidade (processo nº 0080026.04.2019.5.07.0000), no

MULTA NORMATIVA. qual restou reconhecida a inconstitucionalidade da expressão

A sentença julgou improcedente o pleito do reclamante alusivo à "desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro

multa por descumprimento de norma coletiva. Confira-se o teor da processo, créditos capazes de suportar a despesa", inserta no

decisão: parágrafo quarto acima citado; considerando, ainda, que esta

"Entende este Juízo que multa prevista em convenção coletiva Reclamação não trata de matéria complexa e tramita no rito

somente deve ser aplicada com relação ao inadimplemento de sumaríssimo, deferem-se honorários advocatícios sucumbenciais,

obrigações especificamente estabelecidas pela norma coletiva, não calculados na base de 5% (cinco por cento) sobre o valor da

incidindo com relação às obrigações originariamente previstas em condenação, a serem rateados entre os advogados das partes, na

lei e tão somente repetidas na norma coletiva. A cláusula de proporção de 37% (trinta e sete por cento) em favor do advogado do

convenção coletiva tidas como violadas, qual seja, a cláusula sexta Reclamante, e de 63% (sessenta e três por cento), em favor do

da CCT 2021/2021 refere-se à remuneração de horas extras, sendo advogado da Reclamada."

tal obrigação, ainda que em percentual menor, originariamente O recorrente "(...) requer a majoração dos honorários advocatícios

prevista em artigo celetista. Sendo assim, indefere-se o pedido pra 15%(quinze por cento) em favor do advogado da reclamante e a

relativo à multa prevista em convenção coletiva." exclusão dos honorários de sucumbência recíproca".

Alega o recorrente ter sido admitido o descumprimento da cláusula Com razão.

6ª da CCT, que prevê o adicional de 70% para as horas extras, o De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários,

que torna devida a multa estabelecida na cláusula 48ª. o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de

Neste tocante, o recurso alcança provimento. prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o

De fato, a CCT da categoria estabeleceu, em sua cláusula 6ª, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu

adicional de horas extras de 70%, superior ao de 50% previsto pela serviço.

lei. Além disso, a cláusula 48ª fixou a multa equivalente a um piso Dessa forma, cotejando-se os critérios expostos no citado

da categoria profissional em caso de descumprimento de quaisquer dispositivo da CLT, extrai-se que os honorários advocatícios devem

das cláusulas nela estabelecidas, sendo a referida multa revertida ser arbitrados em 15%, montante condizente com a complexidade

em favor do trabalhador e/ou parte prejudicada. da causa.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 135
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Além disso, a condenação imposta ao autor contraria o julgamento alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro

do STF na ADI 5766, quando foi declarada a inconstitucionalidade centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e

do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor

condenação do beneficiário da justiça gratuita, caso do reclamante, arbitrado à condenação.

em honorários advocatícios de sucumbência. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Recurso conhecido e provido, neste tocante. Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

CONCLUSÃO DO VOTO de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Fortaleza, 18 de julho de 2022.

Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por

cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,

no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial

provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa

por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos CLAUDIO SOARES PIRES

e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para Desembargador Relator

excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para

15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro Diretor de Secretaria

centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e


Processo Nº RORSum-0000547-82.2021.5.07.0002
setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor Relator CLAUDIO SOARES PIRES
arbitrado à condenação. RECORRENTE FRANCISCO THIAGO MARQUES DE
SOUZA
ADVOGADO MAILSON GURGEL BATISTA(OAB:
34571/CE)
RECORRENTE ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E
DISPOSITIVO ENTREGAS RAPIDAS EIRELI
ADVOGADO JORGE LEITE CHIANCA FILHO(OAB:
31177/CE)
ADVOGADO GUSTAVO ALBANO AMORIM
SOBREIRA(OAB: 13552/CE)
RECORRIDO FRANCISCO THIAGO MARQUES DE
SOUZA
ADVOGADO MAILSON GURGEL BATISTA(OAB:
34571/CE)
RECORRIDO ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E
ENTREGAS RAPIDAS EIRELI
ADVOGADO JORGE LEITE CHIANCA FILHO(OAB:
31177/CE)
ADVOGADO GUSTAVO ALBANO AMORIM
SOBREIRA(OAB: 13552/CE)
ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, Intimado(s)/Citado(s):


conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por - ISRAEL BRANDAO PROMOTORES E ENTREGAS RAPIDAS
EIRELI
cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,

no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial

provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa

por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos PODER JUDICIÁRIO

e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para JUSTIÇA DO

excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda,

majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para


V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO
15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas
ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. 2ª

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 136
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VARA DO TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, sábados se encontra com a esposa do titular da reclamada, na

FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO residência da mãe desta, a qual é tia da depoente; que costuma

PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI e recorridos, almoçar na casa da referida tia, na companhia da esposa do titular

FRANCISCO THIAGO MARQUES DE SOUZA, ISRAEL BRANDÃO da reclamada aos sábados; que além de tais encontros aos

PROMOTORES E ENTREGAS RÁPIDAS EIRELI. sábados, não costuma sair socialmente com a esposa do titular da

Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo reclamada. Sobre o pedido de contradita decide este Juízo nos

incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo seguintes termos: "É certo que o impedimento, por razão de

submetido ao rito sumaríssimo. parentesco se estende até parente de 3º grau de representantes da

reclamada. no entanto, no caos sub judice, entende este Juízo

restar caracterizada a suspeição da depoente em razão de prova

FUNDAMENTAÇÃO indiciária que revela a existência de amizade íntima entre esta e a

esposa do titular da reclamada, consubstanciada na afirmação da

depoente de que, semanalmente, aos sábados, almoça juntamente

ADMISSIBILIDADE com a esposa do titular da reclamada, na casa da mãe desta, a qual

Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para é tia da depoente. Tal proximidade associada ao parentesco

serem apontadas. indicado, indicam a ausência de isenção da depoente para autuar

1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA. como testemunha no presente feito, razão pela qual defere este

PRELIMINAR Juízo o pedido de contradita ora formulado pela parte reclamante".

NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE Consoante inteligência que deflui dos arts. 829 da CLT e 447, § 3º,

DEFESA. I, do CPC, considera-se suspeita a testemunha que possuir

A parte recorrente argui a nulidade da sentença, sob o argumento amizade íntima com qualquer das partes. No caso dos autos, este

de ter havido cerceamento do direito de defesa a partir da acolhida grau de intimidade restou demonstrado, diante das seguintes

da contradita de sua testemunha. Afirma que "(...) apenas o declarações da testemunha: "que é prima da esposa do titular da

parentesco não seria suficiente à acolhida da contradita, visto que, reclamada; que costuma frequentar a residência do titular da

nos termos do art.829 da CLT, tal estende-se apenas até o terceiro reclamada por ocasião de eventos familiares, como

grau civil. Quanto à relação de proximidade apontada, de se ter que aniversários; que quase todos os sábados se encontra com a

o mero encontro semanal para almoço familiar não pode configurá- esposa do titular da reclamada, na residência da mãe desta, a

la, quanto mais quando a testemunha afirma não sair em outras qual é tia da depoente; que costuma almoçar na casa da

ocasiões com o cônjuge do titular da empresa. Destaque-se referida tia, na companhia da esposa do titular da reclamada

também não haver evidencias de proximidade entre o titular em aos sábados; que além de tais encontros aos sábados, não

questão e a testemunha, inexistindo menção ao comparecimento costuma sair socialmente com a esposa do titular da reclamada"

daquele às reuniões em questão". Requer seja anulada a sentença, (destaquei). Como bem destacado pela sentença, restou

com a realização de nova instrução. configurada proximidade suficiente para indicar a ausência de

Sem razão. isenção da depoente para atuar como testemunha.

Ao apreciar a contradita da testemunha, assim concluiu o juízo de Preliminar rejeitada.

origem (ID a7f9d47): MÉRITO

"O advogado do reclamante contraditou a testemunha apresentada HORAS EXTRAS.

sob o argumento de que a testemunha é prima da esposa do titular O juízo de origem não acolheu a contradita da testemunha

da reclamada, o que a tornaria suspeita para atuar no presente apresentada pelo reclamante. Eis o teor do assentado na ata de

feito. Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado da audiência:

reclamada nos seguintes termos: Requer a reclamada a "O advogado da reclamada contraditou a testemunha apresentada

improcedência do pleito, visto que a depoente seria parente de 4º sob o argumento de que esta ajuizou reclamação em face da ora

grau por afinidade, não estando impedida. Inquirida a depoente, reclamada, tendo sido designada audiência para oitiva do a

esta responde: que é prima da esposa do titular da reclamada; que reclamante na condição de testemunha na referida ação, bem como

costuma frequentar a residência do titular da reclamada por ocasião de que haveria amizade íntima entre o depoente e o reclamante.

de eventos familiares, como aniversários; que quase todos os Sobre o pedido de contradita manifestou-se o advogado do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 137
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reclamante nos seguintes termos: "Inexiste qualquer razão de que o esse entendimento o disposto nas Súmulas 338 e 437, do TST.

reclamante será testemunha ou ouvido no processo alegado pela A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou

reclamada. Além disso, a Súmula 357 do TST determina em sua junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021,

inteligência que o ora depoentes está apto para prestar exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram

compromisso e depor a este Juízo, como também é indevido o desempenhadas em âmbito externo"; " que trabalhava das 08:00h

pleito da reclamada sobre a alegação de amizade íntima, uma vez ás 19:00h com 2h de intervalo, de segunda à sábado, sendo que

que inexistente também a prova nos autos". Inquirido o depoente, aos sábados a jornada findava às 18:00h; que o início e término da

este respondeu que: "não tem o hábito de sair socialmente como jornada de trabalho ocorria no estabelecimento reclamado; que a

reclamante, que nunca esteve na residência do reclamante; que o partir de aproximadamente início de 2020 passou a registrar o

reclamante nunca esteve na residência do depoente". Sobre o horário de trabalho em ponto eletrônico; que o horário de trabalho

pedido de contradita decidiu este Juízo nos seguinte termos:" A do reclamante era o mesmo em que laborava o depoente"; "que os

circunstância de para depoente ter ajuizado ação trabalhista em horários registrado em ponto eletrônico correspondia aos horários

face da ora reclamada, não consubstancia óbice processual a sua laborados; que o reclamante igualmente efetuava registro de ponto

atuação como testemunha no presente feito, conforme eletrônico; que o reclamante igualmente desempenhava suas

entendimento sumulado pelo e. TST. A alegação de que o ora atividades laborais em âmbito externos; que depoente e reclamante

reclamante atuará como testemunha na ação ajuizada pelo ora conduziam veículos distintos no desempenho de suas atividades

depoente trata-se de alegado fato futuro, o qual, por não ter ocorrido laborais".

não pode servir como fundamento fático para deferimento da A testemunha é contundente ao afirmar que o Reclamante laborava

contradita requestada. Ademais, a jurisprudência tem se voltado no mesmo horário que o depoente, declinando os horários de

para o entendimento de que a circunstância de que empregados entrada e saída. Entretanto, cumpre destacar que tais afirmações

tenham autuado reciprocamente como testemunha nos respectivos são limitadas até o final do período em que o depoente laborou para

processos,, isoladamente considerados, não é motivo suficiente Reclamada, ocorrido em 26.03.21. Sopesada a prova, fica

para caracterizar interesse na causa. Quanto à alegação da reconhecido por este Juízo que o Reclamante laborava das 8h às

existência de amizade íntima entre o reclamante e o depoente, esta 19h, com 2h(duas horas) de intervalo intrajornada, de segunda-feira

não restou provada. Sendo assim, em face das razões expostas, à sexta-feira; e das 8h às 18h, com 2h(duas horas) de intervalo

indefere-se o pedido de contradita formulado pela parte reclamada". intrajornada, aos sábados, no período de 09.10.20 a 26.03.21; e das

Na sentença, parte reclamada foi condenada ao pagamento de 9h às 18h, com intervalo intrajornada das 13:00 às 14:40, de

horas extras, consoante os seguintes fundamentos: segunda à sábado, no período de 27.03.21 a 09.06.21.

"O Reclamante afirma que laborava " laborava jornada semanal A jornada de trabalho do Reclamante reconhecida nesta sentença,

entrando às 08hrs e saindo às 19hrs, com intervalo intrajornada de em relação ao período de 27.03.21 a 09.06.21, encontra-se dentro

02(duas)horas, em escala 6X1, com 1 folga na semana, contudo, dos limites legais da jornada diária e semanal, pelo que não são

nada recebia pelas horas extras laboradas"; e que "laborava 54hrs devidas horas extras em tal período.

por semana, ou seja, 10 horas extras por semana acima da jornada Por outro lado, em relação ao período de 09.10.20 a 26.03.21,

prevista no art. 61 da CLT, nada recebia a título de contra verifica-se que a jornada de trabalho ultrapassa os limites legais da

prestação, assim o autor faz jus ao pagamento das horas extras jornada diária e semanal, na quantidade de 9 (nove) horas por

com adicional de 70% nos moldes da Cl. 6ª das CCT's". A semana, o que, considerado o mês integrado por 4,28 semanas,

Reclamada contesta tais alegações aduzindo que o resulta na quantidade mensal média de 38,52 (trinta e oito vírgula

Reclamante"Laborava de segunda à sábado, das 9:00 às 18:00, cinquenta e duas) horas. Conforme cláusula sexta das convenções

com intervalo das 13:00 às 14:40, perfazendo jornada semanal de coletivas de trabalho 2020/2020 e 2021/2021,o adicional de horas

43h:20min semanais"; e que por ter menos de 20(vinte) extras será pago de segunda-feira a sábado, no percentual de 70%

empregados não tem a obrigatoriedade de manter registro de ponto. (setenta por cento) sobre a hora normal. Sendo assim, e

Conforme razões anteriormente expendidas restou constatado que observados os limites objetivos da lide, defere-se ao Reclamante o

a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo que pagamento de remuneração de horas extras, na quantidade de

estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. 74, 38,52 (trinta e oito vírgula cinquenta e duas) horas extras por mês,

§2º, da CLT). Assim, permanece com o Reclamante o ônus de com acréscimo de 70% (setenta por cento) sobre o valor da hora

comprovar a jornada de trabalho indicada na exordial. Corrobora normal, no período de 09.10.20 a 26.03.21, deduzidos os valores

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 138
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pagos a mesmo título, consignados nas folhas de pagamento 49.2008.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto

acostadas aos autos (Ids 024345d - e 608b539), pertinentes ao Caputo Bastos, DEJT 19/03/2021).

período da condenação." "A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

Em seu recurso, a empresa argumenta, em resumo, que a sentença INTERPOSTO PELO RECLAMADO. (...) 2. CONTRADITA DA

se baseou unicamente em depoimento de testemunha que deveria TESTEMUNHA. Nos moldes delineados pela Súmula n° 357 desta

ter sido considerada suspeita, pois depôs em notória prestação de Corte Superior, " não torna suspeita a testemunha o simples fato de

favores, conforme contradita arguida em audiência. Relata que a estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador ". Por

testemunha move reclamação trabalhista (processo nº 0000560- outro lado, não autoriza a ilação de suspeição da testemunha o

72.2021.5.07.0005) com pedidos e causa de pedir idênticos ao do simples fato de ela ter movido ação com similaridade ou identidade

presente feito, o que tornaria o depoente parcial, com interesse em de pedidos, sob pena de se vedar à reclamante a utilização de outro

abrir precedente a seu favor. Destaca ainda que a própria sentença trabalhador como testemunha, restringindo o direito à tutela

reconheceu a precariedade da prova testemunhal ao analisar o jurisdicional justa, pois é evidente que aqueles trabalhadores que

pedido referente ao período avulso, aspecto que não pode se presenciaram os fatos objeto da prova oral possivelmente passaram

restringir a tal questão. Requer seja admitida a parcialidade da pela mesma situação da autora, razão da existência de reclamatória

testemunha, afastando-se a força probatória de seu depoimento e, com o mesmo objeto. Assim, o fato de a testemunha ajuizar

por conseguinte, julgando-se improcedente a reclamação. reclamatória trabalhista contra a mesma empresa e com

Sem razão. similaridade ou identidade de objeto, por si só, não afasta a isenção

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a de seu depoimento prestado em juízo. (...)"(RRAg-20978-

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o 71.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência Costa, DEJT 12/03/2021).

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. Finalmente, o fato de as declarações da testemunha não serem

Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir suficientes para elidir a presunção de veracidade da anotação da

expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do data do vínculo na CTPS não induz ao prejuízo da revelação

recurso ordinário da parte reclamada. contida em seu depoimento acerca do labor prestado em jornada

Com efeito, o fato de o depoente possuir reclamação trabalhista extraordinária. Cuidam-se de trabalhadores que compartilhavam a

contra a empresa, ainda que com objeto similar ao do presente mesma rotina laboral, de modo a não causar espécie a revelação

feito, não é suficiente para a acolhida da contradita arguida. A acerca da jornada de trabalho do autor, no período de labor

suspeição em casos tais exige inequívoca demonstração de troca coincidente entre ambos.

de favores, o que não ocorre por mera presunção decorrente do Ante o exposto, não há como se acolher a tese recursal acerca da

ajuizamento de reclamação trabalhista pela testemunha. Logo, suspeição da testemunha, bem como sobre a precariedade do

ausente a inequívoca demonstração de troca de favores, não há se depoimento.

falar em contradita da testemunha. Inteligência da Súmula nº 357 do Vale destacar, por fim, que, ao contrário do exposto pela parte

TST. Nesse sentido, ainda: reclamante em contrarrazões, embora improcedente, o recurso da

"RECURSO DE REVISTA. (...) 6. CONTRADITA DE parte reclamada não se reveste de caráter protelatório, pois, de

TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Consoante o forma legítima, submete ao juízo de segundo grau as teses que

entendimento desta colenda Corte Superior, o simples fato de a entende pertinentes.

testemunha litigar contra o mesmo empregador não a torna Sentença mantida.

suspeita, ainda que haja ações com identidade de pedidos, movidas 2 - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE

pela parte autora e por sua testemunha. Com efeito, o entendimento MÉRITO

da egrégia SBDI-1 deste Tribunal é no sentido de que a existência PERÍODO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO.

de ações, movidas pela parte autora e por sua testemunha, contra o A sentença não reconheceu o período do vínculo apontado na

mesmo empregador, não afasta a incidência do entendimento inicial, consoante os seguintes fundamentos:

contido na Súmula nº 357, sendo declarada a suspeição somente "O Reclamante aduz que foi admitido em 10.05.20, porém, o

quando comprovada a troca de favores, hipótese não reconhecida registro formal na CTPS somente foi realizado em 09.10.20. A

no v. acórdão regional. Precedentes. Inteligência da Súmula nº 357. Reclamada contesta o período não anotado na CTPS. As anotações

Recurso de revista de que não se conhece. (...)"(RR-63700- apostas na carteira de trabalho do empregado geram presunção

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juris tantum (Súmula nº12, do TST), cabendo ao Reclamante de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura

produzir prova a fim de comprovar o alegado período de vínculo não precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e,

registrado em sua CTPS. isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente

A testemunha apresentada pelo Reclamante afirmou "que trabalhou para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa

junto à reclamada no período de 13/11/2019 a 26/03/2021, forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em

exercendo a função de motorista; que suas atividades laborais eram 09.10.20".

desempenhadas em âmbito externo; que o reclamante foi admitido Para que se afaste a presunção de veracidade advinda da anotação

em maio/2020; que além do reclamante, após a admissão do da CTPS, seria imprescindível a presença de prova robusta do

depoente, foram contratados mais dois ou três motoristas, alegado período clandestino, o que não se deu no caso vertente,

lembrando os nomes de Cristiano e Diego como motoristas conforme examinado, do que resta incólume o princípio da primazia

contratados; que não lembra os meses de admissão dos senhores da realidade.

Cristiano e Diego". Sentença mantida.

O depoimento testemunhal revela que o depoente, em relação aos HORAS EXTRAS.

motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês O reclamante, admitida a contratação em data anterior ao registro

de admissão do Reclamante. Tal circunstância configura formal da CTPS, "(...) requer o reconhecimento de todas as horas

precariedade da afirmação da testemunha acerca de tal ponto, e, extras de todo o contrato de trabalho, condenando a reclamada ao

isoladamente considerada, não se consubstancia prova suficiente pagamento das horas extras do período contratual de contratação

para comprovar o alegado período de vínculo sem registro. Dessa inicial em 10.05.2020 até 09.06.2021, conforme a exordial, bem

forma, fica reconhecido que o Reclamante foi admitido em como a condenação do pagamento dos reflexos das horas extras

09.10.20." uma vez que habitual e que devem integrar a remuneração do

O reclamante alega, em síntese, que trabalhava na mesma função e obreiro".

nas mesmas condições de trabalho da testemunha, o que torna Novamente, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios

aceitáveis as declarações do depoente quanto ao momento de sua fundamentos.

contratação. Entende que o fundamento utilizado pela sentença Conforme examinado no tópico precedente, não restou reconhecido

contraria o princípio da primazia da realidade, pelo que "(...) requer o vínculo empregatício no período anterior ao anotado na CTPS.

o reconhecimento do período clandestino e conseguinte pagamento Além disso, a limitação das horas extras ao momento em que a

de todas as verbas trabalhistas e rescisórias do contrato de testemunha saiu da empresa não se mostra ofensiva ao princípio da

trabalho, tanto do período clandestino quanto o registrado, nos primazia da realidade, mas sim se encontra em harmonia com o

termos do art.2º e 3º da CLT, devendo ser abatido somente os acervo probatório dos autos, pois não há outros elementos capazes

valores realmente pagos". de autorizar o convencimento de que as horas extras seriam

O recurso não alcança provimento, devendo ser mantida a sentença devidas para além do período deferido.

pelos seus próprios fundamentos. NULIDADE DO AVISO PRÉVIO.

À luz do artigo 818, I, da CLT, era do reclamante o ônus de Sobre o tema, assim se pronunciou o julgado de origem:

comprovar que o verdadeiro período do contrato de trabalho seria "O Reclamante afirma que "foi comunicado de sua demissão no dia

diverso daquele anotado na CTPS. 10.05.2021, mediante aviso prévio trabalhado de 30(trinta dias) com

Conforme inteligência da Súmula nº 12 do TST, os registros término em 09.06.2021, último dia efetivamente trabalhado e

efetuados em CTPS gozam de presunção relativa de veracidade. suposta redução da jornada de 2(duas) horas, o que não ocorreu na

Nesta esteira, reexaminando-se as provas produzidas, percebe-se realidade". Aduz, ainda, que "a empregadora não lhe concedeu a

que tal presunção não restou elidida. redução de 2 (duas horas) diárias na jornada de trabalho é também

Isto porque o depoimento da única testemunha ouvida, na fração não a dispensou do trabalho por 7(sete) dias corridos". A

pertinente ao momento da contratação do reclamante, deve ser Reclamada, por sua vez, assevera que "o aviso foi cumprido na

admitido com ressalva, diante do desconhecimento demonstrado modalidade trabalhado, tendo optado o autor pela redução da

pelo depoente em relação à data de admissão de outros dois jornada diária em 2 horas, tudo conforme determina a legislação"; e

funcionários. Escorreita, portanto, a valoração probatória realizada que o Reclamante "não comprova a suposta irregularidade

pela sentença, no sentido de "(...) que o depoente, em relação aos apontada, pelo que descabe seu pleito". Consta nos autos

motoristas admitidos após sua contratação, somente lembra do mês comunicação de aviso prévio trabalhado, datado de 10.05.21, com

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opção pela redução de 2 horas diárias, o qual foi assinado pelo TRCT, o qual foi assinado em 09.06.21. Sendo assim, indefere-se o

Reclamante (ID 40124e2 - Pág. 4). A prova documental juntada pela pedido relativo à multa prevista no art. 477, §8o, da CLT.

Reclamada revela que esta possuía menos de 20(vinte) Ante a controvérsia acerca das verbas pleiteadas na exordial,

empregados. Competia ao Reclamante comprovar a alegação de indefere-se o pedido referente à multa prevista no art. 467, da CLT."

que a Reclamada possuía mais de 20 empregados. A testemunha O recorrente sustenta que, "(...) como as parcelas deferidas pelo

apresentada pelo Reclamante afirmou "que que havia Juízo a quo são todas rescisórias, incluindo as horas extras

aproximadamente 20 empregados laborando junto à reclamada", deferidas, sobre as mesmas incide a multa de 50% do artigo 467 da

não comprova que a Reclamada efetivamente possuísse 20 ou mais CLT, além disso revela-se que as verbas trabalhistas do período

empregados, ressaltando-se que esta, por ocasião da rescisão clandestino não foram pagas, portanto, índice sobre elas a multa".

contratual, não mais laborava para a Reclamada. Conclui-se, pois, Além disso, entende fazer jus à multa do art. 477, com base nas

que a Reclamada possuía menos de 20 (vinte) empregados, pelo horas extras deferidas e na Súmula nº 462 do TST.

que estava desobrigada a manter sistema de controle de ponto (art. Sem razão.

74, §2º, da CLT). Portanto, não restou comprovado eventual Perpassando a contestação, vê-se que todas as parcelas pleiteadas

irregularidade cometida pela Reclamada, na concessão da redução pelo autor foram controvertidas, o que é suficiente para tornar

da carga horária diária, durante o cumprimento do aviso prévio indevida a multa do art. 467 da CLT, pois não havia verba

trabalhado, ônus processual do qual o Reclamante não se incontroversa a ser paga na audiência.

desincumbiu. Sendo assim, fica reconhecida a legitimidade do aviso Além disso, em relação à multa do art. 477, § 8º, há de se perfilhar

prévio trabalhado, e, por conseguinte, indefere-se o pleito para com o posicionamento desta Corte em sede de Incidente de

pagamento de aviso prévio indenizado." Uniformização de Jurisprudência, no sentido de que "É indevida a

O recorrente afirma ter trabalhado em jornada superior à permitida multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas

por lei, mesmo durante o período de aviso prévio, conforme diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT

demonstrado na instrução probatória por meio do depoimento de tenham sido pagas no prazo legal". (PROCESSO nº 0080374-

testemunha. Requer seja desconsiderado o aviso prévio trabalhado 90.2017.5.07.0000 (IUJ) TRT7, 11 de Dezembro de 2018,

e concedido "(...) novo aviso na modalidade indenizado, com as FRANCISCO TARCÍSIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Relator).

devidas projeções no 13º salário proporcional, férias proporcionais Portanto, a tese não desconstitui o fundamento da sentença, ora

acrescidas de 1/3 e FGTS mais a multa dos 40%". mantida.

Sem razão. MULTA NORMATIVA.

Conforme se vê do documento ID. 40124e2 - Pág. 4, o reclamante A sentença julgou improcedente o pleito do reclamante alusivo à

optou pela redução de duas horas diárias em sua jornada de multa por descumprimento de norma coletiva. Confira-se o teor da

trabalho quando do aviso prévio. Ocorre que, possuindo a empresa decisão:

menos de vinte funcionários, aspecto bem destacado pela sentença "Entende este Juízo que multa prevista em convenção coletiva

e não infirmado pelas razões recursais, estava desobrigada da somente deve ser aplicada com relação ao inadimplemento de

apresentação dos controles de ponto, não havendo como se obrigações especificamente estabelecidas pela norma coletiva, não

presumir o alegado descumprimento da redução de jornada no incidindo com relação às obrigações originariamente previstas em

período do aviso prévio. Vale reiterar, nos termos examinados em lei e tão somente repetidas na norma coletiva. A cláusula de

item precedente, que o depoimento da única testemunha ouvida convenção coletiva tidas como violadas, qual seja, a cláusula sexta

não se mostra suficiente para admitir a tese de não concessão da da CCT 2021/2021 refere-se à remuneração de horas extras, sendo

jornada reduzida, pois à época da concessão do aviso prévio o tal obrigação, ainda que em percentual menor, originariamente

depoente não mais trabalhava na reclamada. prevista em artigo celetista. Sendo assim, indefere-se o pedido

Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos. relativo à multa prevista em convenção coletiva."

MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT. Alega o recorrente ter sido admitido o descumprimento da cláusula

O juízo de origem indeferiu as multas em epígrafe nos seguintes 6ª da CCT, que prevê o adicional de 70% para as horas extras, o

termos: que torna devida a multa estabelecida na cláusula 48ª.

"No caso sub judice, conforme razões anteriormente expendidas, Neste tocante, o recurso alcança provimento.

restou comprovado que a Reclamada pagou as verbas rescisórias De fato, a CCT da categoria estabeleceu, em sua cláusula 6ª, o

incontroversas, entendidas como tais aquelas consignadas no adicional de horas extras de 70%, superior ao de 50% previsto pela

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lei. Além disso, a cláusula 48ª fixou a multa equivalente a um piso Dessa forma, cotejando-se os critérios expostos no citado

da categoria profissional em caso de descumprimento de quaisquer dispositivo da CLT, extrai-se que os honorários advocatícios devem

das cláusulas nela estabelecidas, sendo a referida multa revertida ser arbitrados em 15%, montante condizente com a complexidade

em favor do trabalhador e/ou parte prejudicada. da causa.

No caso dos autos, restou reconhecido o direito do autor às horas Além disso, a condenação imposta ao autor contraria o julgamento

extras no período deferido pela sentença, o que autoriza concluir ter do STF na ADI 5766, quando foi declarada a inconstitucionalidade

sido descumprida a cláusula que tratava do pagamento do adicional do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que autorizava a

de 70%, parcela indevidamente suprimida do autor. Assim, violada condenação do beneficiário da justiça gratuita, caso do reclamante,

cláusula convencional, incide a hipótese da multa respectiva, em honorários advocatícios de sucumbência.

devendo ser provido o recurso, para incluí-la na condenação. Recurso conhecido e provido, neste tocante.

Recurso provido, para condenar a reclamada a pagar ao reclamante

a multa de R$ 1.233,46 (mil duzentos e trinta e três reais e quarenta

e seis centavos), piso estabelecido na CCT vigente à época da CONCLUSÃO DO VOTO

rescisão (ID. 4f49187 - Pág. 1).

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

Acerca do tema, eis o teor do julgado de origem: Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por

"Na presente Reclamação Trabalhista a sucumbência foi recíproca. cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,

Entende este Juízo que os honorários sucumbenciais trata-se de no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial

verba única, a qual tem por base de cálculo as verbas provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa

condenatórias, enquanto benefício econômico decorrente do por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos

processo, a ser rateada entre os advogados de ambas as partes, e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para

observada a proporcionalidade entre as verbas deferidas e aquelas excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda,

indeferidas com relação ao valor total do pedido formulado na majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para

exordial. Sendo assim, considerando os termos do art. 791-A, §§ 3º, 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas

4º, 5º da CLT, bem como o disposto no Incidente de Arguição de alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro

Inconstitucionalidade (processo nº 0080026.04.2019.5.07.0000), no centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e

qual restou reconhecida a inconstitucionalidade da expressão setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor

"desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro arbitrado à condenação.

processo, créditos capazes de suportar a despesa", inserta no

parágrafo quarto acima citado; considerando, ainda, que esta

Reclamação não trata de matéria complexa e tramita no rito DISPOSITIVO

sumaríssimo, deferem-se honorários advocatícios sucumbenciais,

calculados na base de 5% (cinco por cento) sobre o valor da

condenação, a serem rateados entre os advogados das partes, na

proporção de 37% (trinta e sete por cento) em favor do advogado do

Reclamante, e de 63% (sessenta e três por cento), em favor do

advogado da Reclamada."

O recorrente "(...) requer a majoração dos honorários advocatícios

pra 15%(quinze por cento) em favor do advogado da reclamante e a

exclusão dos honorários de sucumbência recíproca". ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

Com razão. REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

De acordo com o § 2º do art. 791-A da CLT, ao fixar os honorários, conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade por

o juízo observará: o grau de zelo do profissional; o lugar de cerceamento do direito de defesa arguida pela parte reclamada e,

prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o no mérito, negar provimento ao apelo da reclamada e dar parcial

trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu provimento ao do reclamante, para incluir na condenação a multa

serviço. por descumprimento de CCT, no valor de R$ 1.233,46 (mil duzentos

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e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), bem como para

excluir os honorários de sucumbência impostos ao autor e, ainda, RECURSOS ORDINÁRIOS.

majorar os honorários advocatícios devidos pela reclamada para RECURSO DO RECLAMANTE.

15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. Custas 1.HORAS EXTRAS. Verificando a sentença; divergência e

alteradas para R$ 75,44 (setenta e cinco reais e quarenta e quatro multiplicidade de informações acerca dos horários de término da

centavos), calculadas sobre R$ 3.772,44 (três mil setecentos e jornada de trabalho, reputa-se equânime e adequado o montante de

setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos), novo valor horas extras fixado medianamente, considerando a distribuição do

arbitrado à condenação. ônus da prova, nos termos dos artigos 818 da CLT e 333, do CPC.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores 2.PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES.

Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José NATUREZA INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17.

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Uma vez que julgado improcedente a pretensão de horas extras

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo intervalares (ID. 02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. recursal e, assim, irrespondível.

Fortaleza, 18 de julho de 2022. 3.HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao

recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui

da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da

Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949.

Sentença reformada nesse ponto.

4.DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios

CLAUDIO SOARES PIRES satisfazem a prova que incumbia à recorrida, quanto à hipótese de

Desembargador Relator inexistência de diferença de comissões. Sempre recorrendo ao ônus

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. da prova, a teor dos artigos 818 da CLT e 373, do CPC, nada se

apresenta que infirme a conclusão sentenciante de que o obreiro

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART não logrou comprovar a eventualidade de alteração de metas de

Diretor de Secretaria forma prejudicial, falta de produtos impossibilitando o atingimento de

metas, não pagamento de comissões aos pedidos devolvidos ou


Processo Nº ROT-0000782-80.2020.5.07.0003
Relator CLAUDIO SOARES PIRES descontos por pedidos inadimplidos, e alteração de critérios nos
RECORRENTE JETSON TAVARES DE CARVALHO cálculos da comissão.
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
45454/PE) 5.JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58,
RECORRENTE CERVEJARIA PETROPOLIS DA foi peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de
BAHIA LTDA
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB: condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
60284/SP)
judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que
RECORRIDO JETSON TAVARES DE CARVALHO
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB: sobrevenha solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices
45454/PE)
de correção monetária e de juros que vigentes para as
RECORRIDO CERVEJARIA PETROPOLIS DA
BAHIA LTDA condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB:
60284/SP) na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa SELIC

(art. 406 do Código Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento,


Intimado(s)/Citado(s):
atraindo construção jurídica que desague na aplicação de
- JETSON TAVARES DE CARVALHO
atualização monetária diferente. Sentença mantida.

RECURSO DA RECLAMADA.

1.REFORMA TRABALHISTA. LEI Nº 13.467/2017. ALCANCE


PODER JUDICIÁRIO QUANTO AOS CONTRATOS DE TRABALHO EXISTENTES.
JUSTIÇA DO Perpassando a contestação da recorrente não se divisa

impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao todo da

contratualidade do recorrido, exceto quanto à aplicação do artigo


EMENTA
791-A, da CLT. A hipótese recursal, portanto, irrespondível porque

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 143
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

deixando de ser alçada expressamente em contestação, o tema 1.JETSON TAVARES DE CARVALHO ajuizou ação trabalhista

inovado somente no recurso refoge a litis contestatio. contra CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA, sob

2.OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO fundamento de que ocupava as funções de supervisor de vendas,

ÀS REGRAS DO ARTIGO 492 DO CPC. De se entender que a com horários de trabalho das 07:00 às 20:00, até 22 horas nos dias

questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não de pico, com vinte minutos de intervalo, ao sábados das 07:00 às

acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na 14:00, sem intervalo; que não era permitido anotar a integralidade

reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além da jornada de trabalho, do que requereu o recebimento das horas

de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na extras realizadas e não pagas, inclusive as horas extras

peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação intervalares; que a remuneração era composta de salário fixo e

da norma processual aventada. comissões, em cujo pagamento viu-se prejudicado por alteração de

3.HORAS EXTRAS. Destaca-se que o juízo de origem valorou os metas, falta de produtos, não pagamento quanto aos pedidos

cartões de ponto, mas, na prova oral produzida no feito encontrou devolvidos, limitação do pagamento ao atingimento de um mínimo

razão o suficiente para deferir outras horas extras trabalhadas, de 80% e no máximo 120% da meta; descontos por pedidos

todavia, não anotadas ou remuneradas. De ser mantida, assim, a inadimplidos, alterações dos critérios de cálculo, do que pleiteou a

decisão equânime adotada pela sentença recorrida. fixação de R$ 2.000,00 mensais compensatórios.

Recurso patronal improvido. 2.Examinando os termas destacados, o juízo de origem decidiu (ID.

02e25cc):

"(...)

RELATÓRIO - HORAS EXTRAS

(...)

Dando início ao deslinde da controvérsia, verifico que, tendo a

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO reclamada juntado cartões de ponto contendo a jornada por ela

ORDINÁRIO, provenientes da MM. 3ª VARA DO TRABALHO DE defendida, o ônus da prova quanto à discrepância entre as

FORTALEZA, em que são recorrentes, JETSON TAVARES DE informações em questão e o que se passava na realidade é do

CARVALHO e CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e reclamante, o qual dele se desincumbiu, como se observa no

recorridos, CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e depoimento da testemunha por ele trazida, merecendo destaque os

JETSON TAVARES DE CARVALHO. seguintes aspectos.

A parte reclamante (JETSON TAVARES DE CARVALHO) e a parte Verifica-se que no minuto 1 de seu depoimento a testemunha

reclamada (CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA) comprova a jornada declinada na petição inicial, inclusive que (no

interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença (ID. 02e25cc), início do minuto 4), na última semana do mês, em média, o horário

complementada pela sentença de embargos de declaração (ID. era extrapolado ainda mais, e que ele, testemunha, saía às

f3c3649), que julgou parcialmente procedentes os pedidos da 19:30/20:00, enquanto que o reclamante continuava a trabalhar.

reclamação trabalhista. Em seguida, no início do minuto 5, a testemunha comprova

Contrarrazões apresentadas (Ids, 82c3434; 8b8dc34 ). expressamente que havia meia hora antes e cerca de duas horas

É o relatório. depois de trabalho prestado e não registrado nos cartões de ponto,

bem como que havia inclusive advertência em caso de registro de

horas extras sem autorização.

Relata no final do minuto 9 que retornavam à sede da reclamada

FUNDAMENTAÇÃO por volta de 17:30 para realizar as atividades de fechamento das

vendas, bem como que o reclamante participava de visitas

noturnas.

ADMISSIBILIDADE Em meados do minuto 11, a testemunha esclarece ainda que

Recebe-se os recursos interpostos, de vez que não certificado recebia irrisório valor de horas extras, que correspondiam apenas

qualquer irregularidade recursal (ID. 71a6ea7). àquelas que eram autorizadas, valor este que, portanto, deve ser

MÉRITO deduzido da condenação.

HORAS EXTRAS. COMISSIONAMENTO. A testemunha em questão informou ainda que participava da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 144
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

mesma equipe de trabalho do reclamante, dando confiabilidade ao cotidianamente prática fraudulenta, que esvazie o direito às

testemunho, enquanto que a do reclamado, por sua vez, informou parcelas contratuais pactuadas.

de forma reiterada que sequer fazia parte da mesa de atribuições do Mas assim não correu, tendo a testemunha chegado a falar sobre o

reclamante. assunto, mas de forma confusa, ou pelo menos não suficiente para

Por fim, para exaurir a análise das pretensões relacionadas à o julgamento de procedência da condenação almejada.

jornada de trabalho, no minuto 12 a testemunha relata que cabia Nessa ordem de ideias, resta improcedente o pedido de pagamento

aos empregados escolher o horário e o local de intervalo de diferenças de comissão e seus reflexos.

intrajornada, bem como que a empresa orientava os empregados a (...)"

gozarem de pelo menos uma hora a tal título. 3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que

Tratando-se de trabalho externo, considero que, ao orientar o gozo a reclamada, em sua defesa, não impugnou a jornada informada,

escorreito de uma hora, a reclamada cumpriu sua obrigação legal, apenas fundamentando o indeferimento das horas extras por,

não podendo ser penalizada pelo gozo em tempo inferior, razão supostamente, o autor registrar corretamente sua jornada de

pela qual considero, para os fins desta sentença, que era gozado o trabalho nos pontos anexados aos autos; que recorre contra a

intervalo intrajornada de uma hora. jornada fixada na decisão recorrida, por que os cartões de pontos

Em suma, verifico que a jornada de trabalho declinada na petição são imprestáveis como prova; que cumpria extensa jornada de

inicial reflete com maior precisão a jornada praticada, a exceção do trabalho; que o preposto da empresa mostrou desconhecimento e

intervalo intrajornada e do horário de término, que fixo como 20h, contradição acerca dos fatos do processo, pelo que ser-lhe-ia

em média, que considero o depoimento da testemunha do próprio imputável a confissão ficta, a teor do artigo 843, § 1º, da CLT; que a

reclamante. testemunha da recorrida não trabalhou com o recorrente, não

Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de possuindo conhecimento da jornada de trabalho; que não se aplica

informações acerca dos horários de término, reputo adequado ao recorrente a natureza indenizatória do pagamento compensatória

estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta- do intervalo intrajornada, após a Lei n° 13.467/17, porque anterior

feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o foi a contratação do recorrente, devem ser regida a contratualidade

reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada pelas normas de então; que a sentença recorrida não elucidou

findava às 14 horas. quanto aos reflexos das horas extras em RSR, conforme postulado

Tendo a média semanal sido delimitada em 22 horas extras, e na inicial; que no tocante às diferenças de comissões, competia a

utilizando-se do entendimento constante no tema 2 da Tabela de recorrida a apresentação dos relatórios solicitados na petição inicial,

Recursos Repetitivos do TST, que prevê que um mês contém ademais da melhor aptidão para a prova e do que dispõem os

4,2857, fixo a média de horas extras que compõe a condenação no artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC; que a sentença merece

total de 94 horas extras por mês, com reflexos em férias mais um reforma, ainda, quanto aos juros moratórios, de sorte a serem

terço, 13º salários, FGTS e multa de 40% respectiva, aviso prévio aplicados o § 1º do artigo 39 da Lei 8.177 de 1991 e o artigo 883, da

indenizado, mas sem repercussão em RSR (em razão de as horas CLT de sorte a ser deferida indenização suplementar; que requer

extras serem pagas mensalmente). honorários advocatícios de 15% e a isenção de sucumbência em

Por oportuno, ressalto ainda o julgamento de improcedência do razão de decisão do STF.

pedido de pagamento de horas extras em decorrência da supressão Examina-se:

do intervalo interjornada, por entender que não fora violado, nos HORAS EXTRAS. O recurso não alcança provimento. Ao contrário

termos da jornada média acima adotada para os fins da do afirmado pelo recorrente, a contestação ID. 7173c0a - Págs. 8 a

condenação. 12, ofereceu tese contestatória ao horário de trabalho vindicado na

- DIFERENÇAS DE COMISSÕES inicial, arredando, assim, a eventualidade de ausência de

Como se observa na leitura da petição inicial, a narrativa do impugnação. No tocante a qualidade da prova documental da

reclamante é no sentido de que a reclamada adotava diversos recorrida (anotações de ponto ao serviço) esta não foi

critérios (...) irrestritamente abonada pelo juízo sentenciante, como

A respeito desta pretensão, este juízo entende que era ônus do equivocadamente afirma o recorrente, ao contrário, em juízo de

reclamante comprovar a ocorrência dos fatos por elencados, ainda ponderação quanto às provas coligidas no feito, a sentença

que parcialmente, mas de forma que se pudesse verificar prestigiou a jornada de trabalhado afirmada na inicial; "verifico que a

concretamente, de forma objetiva, que a reclamada implementa jornada de trabalho declinada na petição inicial reflete com maior

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 145
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

precisão a jornada praticada". Contudo, forço reconhecer diferente. Sentença mantida.

irreprochável a conclusão a que chegou a decisão vergastada, por MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A parte dos

si só esclarecedora e de absoluta justeza; "Nesse contexto, e honorários advocatícios sucumbenciais da recorrida foi arbitrada em

considerando a divergência e multiplicidade de informações acerca 15%, do que concluir que o recorrente não tem interesse recursal

dos horários de término, reputo adequado estipular uma média de 4 em pleitear a majoração. Entretanto, razão assiste quanto aos

horas extras diárias, de segunda a sexta-feira, e de duas horas, aos honorários devidos pelo recorrente. E. STF no julgamento da ADI

sábados, na medida em que o reclamante alegou (e comprovou), 5766, em sessão do dia 20.10.2021, declarou a

que aos sábados a jornada findava às 14 horas". Julgamento, inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que

portanto, que deve ser mantido por seus próprios fundamentos, autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em

considerando a distribuição do ônus da prova, artigos 818 da CLT e honorários advocatícios de sucumbência. Logo, o pleito recursal

333, do CPC). Por derradeiro, ouvindo o depoimento do preposto da encontra amparo na referida decisão, merecendo provimento.

recorrida, Sr. HANLEY FONTENELE SINDEAU, não se chega à 4.A reclamada igualmente recorreu ordinariamente, sustentando

hipótese de confissão por desconhecimento dos fatos ou que a reforma trabalhista da Lei nº 13.467/2017 de ser aplicada ao

contradição, tendo este relator por implausível a aplicação 843, § 1º, todo da contratualidade; que a indicação do valor do pedido como

da CLT com o viés interpretativo pretendido na peça recursal. regra advinda da mesma lei, importa limitar o valor condenatório

PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES. NATUREZA àquele atribuído à causa, ademais das normas inseridas nos artigos

INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17. Uma vez que 141 e 492 do CPC; que alusivamente às horas extras, restou

julgado improcedente a pretensão de horas extras intervalares (ID. evidenciado pelos espelhos de ponto coligidos ao feito que além de

02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse recursal e, assim, registros antes das 07h30, o recorrido poderia livremente efetuar

irrespondível. registros após às 17h30; asseverando a testemunha da recorrente

HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao que todas as horas extras eram registradas no espelho de ponto;

recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui que o obreiro sempre percebeu pelas horas extras laboradas, sendo

da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da esta devidamente computadas e quitadas no seu recibo de

Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949. pagamento,não havendo que se falar em diferenças de horas

Sentença reformada nesse ponto. extraordinárias; que deve ser aplicado em favor da recorrente,

DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios ID. quanto aos honorários advocatícios, o artigo 791-A, § 2º, da CLT.

905ffa8 - Págs. 1 a 26, com todas as vênias do recorrente, REFORMA TRABALHISTA. LEI Nº 13.467/2017. ALCANCE

satisfazem a prova que incumbia à recorrida, restando suportada QUANTO AOS CONTRATOS DE TRABALHO EXISTENTES.

convenientemente a hipótese de inexistência de diferença de Perpassando a contestação da recorrente ID. 7173c0a, não se

comissões. Sempre recorrendo ao ônus da prova, a teor dos artigos divisa impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao

818 da CLT e 373, do CPC, nada se apresenta que infirme a todo da contratualidade do recorrido. O fez, a bem da verdade,

conclusão sentenciante de que o obreiro não logrou comprovar a somente à questão da aplicação do artigo 791-A, da CLT,

eventualidade de alteração de metas de forma prejudicial, falta de alusivamente a questão dos honorários advocatícios. A hipótese

produtos impossibilitando o atingimento de metas, não pagamento recursal, portanto, é irrespondível porque deixando de ser alçada

de comissões aos pedidos devolvidos ou descontos por pedidos expressamente em contestação, o tema inovado somente no

inadimplidos, e alteração de critérios nos cálculos da comissão. recurso refoge a litis contestatio.

JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58, foi OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO ÀS

peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de condenação REGRAS DO CPC. Aduziu o recorrente que deve ser aplicado o

judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na artigo 492, da CPC, de sorte a limitar a eventual condenação aos

Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha valores apontados pelo recorrido na inicial. De se entender que a

solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices de correção questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não

monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na

geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além

partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na

Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento, atraindo construção peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação

jurídica que desague na aplicação de atualização monetária da norma processual aventada.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 146
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

HORAS EXTRAS. Recurso improvido. Destaca-se que o juízo de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

origem valorou os cartões de ponto, mas, na prova oral produzida Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

no feito encontrou razão o suficiente para deferir outras horas extras Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

trabalhadas, todavia, não anotadas ou remuneradas. Calha Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

reproduzir o teor da decisão equânime adotada pela sentença de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

recorrida, diante das declarações da testemunha do recorrido: Fortaleza, 18 de julho de 2022.

"Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de

informações acerca dos horários de término, reputo adequado

estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta-

feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o

reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada CLAUDIO SOARES PIRES

findava às 14 horas". Desembargador Relator

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 791-A, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

§ 2º, CLT. Remete-se ao mesmo tema aflorado pelo obreiro em sua

peça recursal, conforme acima fundamentado. ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Isto posto, Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000782-80.2020.5.07.0003
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
CONCLUSÃO DO VOTO RECORRENTE JETSON TAVARES DE CARVALHO
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
45454/PE)
RECORRENTE CERVEJARIA PETROPOLIS DA
BAHIA LTDA
Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB:
60284/SP)
provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os
RECORRIDO JETSON TAVARES DE CARVALHO
reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
45454/PE)
horas extras deferidas; e para excluir da condenação em honorários
RECORRIDO CERVEJARIA PETROPOLIS DA
advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao apelo da BAHIA LTDA
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB:
reclamada, negar-lhe provimento. 60284/SP)

Intimado(s)/Citado(s):
- CERVEJARIA PETROPOLIS DA BAHIA LTDA
DISPOSITIVO

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO

EMENTA

ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL


RECURSOS ORDINÁRIOS.
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
RECURSO DO RECLAMANTE.
conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial
1.HORAS EXTRAS. Verificando a sentença; divergência e
provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os
multiplicidade de informações acerca dos horários de término da
reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das
jornada de trabalho, reputa-se equânime e adequado o montante de
horas extras deferidas; e para excluir o da condenação em
horas extras fixado medianamente, considerando a distribuição do
honorários advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao
ônus da prova, nos termos dos artigos 818 da CLT e 333, do CPC.
apelo da reclamada, negar-lhe provimento.
2.PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 147
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

NATUREZA INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17. da norma processual aventada.

Uma vez que julgado improcedente a pretensão de horas extras 3.HORAS EXTRAS. Destaca-se que o juízo de origem valorou os

intervalares (ID. 02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse cartões de ponto, mas, na prova oral produzida no feito encontrou

recursal e, assim, irrespondível. razão o suficiente para deferir outras horas extras trabalhadas,

3.HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao todavia, não anotadas ou remuneradas. De ser mantida, assim, a

recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui decisão equânime adotada pela sentença recorrida.

da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da Recurso patronal improvido.

Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949.

Sentença reformada nesse ponto.

4.DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios RELATÓRIO

satisfazem a prova que incumbia à recorrida, quanto à hipótese de

inexistência de diferença de comissões. Sempre recorrendo ao ônus

da prova, a teor dos artigos 818 da CLT e 373, do CPC, nada se V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

apresenta que infirme a conclusão sentenciante de que o obreiro ORDINÁRIO, provenientes da MM. 3ª VARA DO TRABALHO DE

não logrou comprovar a eventualidade de alteração de metas de FORTALEZA, em que são recorrentes, JETSON TAVARES DE

forma prejudicial, falta de produtos impossibilitando o atingimento de CARVALHO e CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e

metas, não pagamento de comissões aos pedidos devolvidos ou recorridos, CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e

descontos por pedidos inadimplidos, e alteração de critérios nos JETSON TAVARES DE CARVALHO.

cálculos da comissão. A parte reclamante (JETSON TAVARES DE CARVALHO) e a parte

5.JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58, reclamada (CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA)

foi peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença (ID. 02e25cc),

condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas complementada pela sentença de embargos de declaração (ID.

judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que f3c3649), que julgou parcialmente procedentes os pedidos da

sobrevenha solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices reclamação trabalhista.

de correção monetária e de juros que vigentes para as Contrarrazões apresentadas (Ids, 82c3434; 8b8dc34 ).

condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E É o relatório.

na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa SELIC

(art. 406 do Código Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento,

atraindo construção jurídica que desague na aplicação de

atualização monetária diferente. Sentença mantida. FUNDAMENTAÇÃO

RECURSO DA RECLAMADA.

1.REFORMA TRABALHISTA. LEI Nº 13.467/2017. ALCANCE

QUANTO AOS CONTRATOS DE TRABALHO EXISTENTES. ADMISSIBILIDADE

Perpassando a contestação da recorrente não se divisa Recebe-se os recursos interpostos, de vez que não certificado

impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao todo da qualquer irregularidade recursal (ID. 71a6ea7).

contratualidade do recorrido, exceto quanto à aplicação do artigo MÉRITO

791-A, da CLT. A hipótese recursal, portanto, irrespondível porque HORAS EXTRAS. COMISSIONAMENTO.

deixando de ser alçada expressamente em contestação, o tema 1.JETSON TAVARES DE CARVALHO ajuizou ação trabalhista

inovado somente no recurso refoge a litis contestatio. contra CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA, sob

2.OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO fundamento de que ocupava as funções de supervisor de vendas,

ÀS REGRAS DO ARTIGO 492 DO CPC. De se entender que a com horários de trabalho das 07:00 às 20:00, até 22 horas nos dias

questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não de pico, com vinte minutos de intervalo, ao sábados das 07:00 às

acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na 14:00, sem intervalo; que não era permitido anotar a integralidade

reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além da jornada de trabalho, do que requereu o recebimento das horas

de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na extras realizadas e não pagas, inclusive as horas extras

peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação intervalares; que a remuneração era composta de salário fixo e

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 148
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

comissões, em cujo pagamento viu-se prejudicado por alteração de Tratando-se de trabalho externo, considero que, ao orientar o gozo

metas, falta de produtos, não pagamento quanto aos pedidos escorreito de uma hora, a reclamada cumpriu sua obrigação legal,

devolvidos, limitação do pagamento ao atingimento de um mínimo não podendo ser penalizada pelo gozo em tempo inferior, razão

de 80% e no máximo 120% da meta; descontos por pedidos pela qual considero, para os fins desta sentença, que era gozado o

inadimplidos, alterações dos critérios de cálculo, do que pleiteou a intervalo intrajornada de uma hora.

fixação de R$ 2.000,00 mensais compensatórios. Em suma, verifico que a jornada de trabalho declinada na petição

2.Examinando os termas destacados, o juízo de origem decidiu (ID. inicial reflete com maior precisão a jornada praticada, a exceção do

02e25cc): intervalo intrajornada e do horário de término, que fixo como 20h,

"(...) em média, que considero o depoimento da testemunha do próprio

- HORAS EXTRAS reclamante.

(...) Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de

Dando início ao deslinde da controvérsia, verifico que, tendo a informações acerca dos horários de término, reputo adequado

reclamada juntado cartões de ponto contendo a jornada por ela estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta-

defendida, o ônus da prova quanto à discrepância entre as feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o

informações em questão e o que se passava na realidade é do reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada

reclamante, o qual dele se desincumbiu, como se observa no findava às 14 horas.

depoimento da testemunha por ele trazida, merecendo destaque os Tendo a média semanal sido delimitada em 22 horas extras, e

seguintes aspectos. utilizando-se do entendimento constante no tema 2 da Tabela de

Verifica-se que no minuto 1 de seu depoimento a testemunha Recursos Repetitivos do TST, que prevê que um mês contém

comprova a jornada declinada na petição inicial, inclusive que (no 4,2857, fixo a média de horas extras que compõe a condenação no

início do minuto 4), na última semana do mês, em média, o horário total de 94 horas extras por mês, com reflexos em férias mais um

era extrapolado ainda mais, e que ele, testemunha, saía às terço, 13º salários, FGTS e multa de 40% respectiva, aviso prévio

19:30/20:00, enquanto que o reclamante continuava a trabalhar. indenizado, mas sem repercussão em RSR (em razão de as horas

Em seguida, no início do minuto 5, a testemunha comprova extras serem pagas mensalmente).

expressamente que havia meia hora antes e cerca de duas horas Por oportuno, ressalto ainda o julgamento de improcedência do

depois de trabalho prestado e não registrado nos cartões de ponto, pedido de pagamento de horas extras em decorrência da supressão

bem como que havia inclusive advertência em caso de registro de do intervalo interjornada, por entender que não fora violado, nos

horas extras sem autorização. termos da jornada média acima adotada para os fins da

Relata no final do minuto 9 que retornavam à sede da reclamada condenação.

por volta de 17:30 para realizar as atividades de fechamento das - DIFERENÇAS DE COMISSÕES

vendas, bem como que o reclamante participava de visitas Como se observa na leitura da petição inicial, a narrativa do

noturnas. reclamante é no sentido de que a reclamada adotava diversos

Em meados do minuto 11, a testemunha esclarece ainda que critérios (...)

recebia irrisório valor de horas extras, que correspondiam apenas A respeito desta pretensão, este juízo entende que era ônus do

àquelas que eram autorizadas, valor este que, portanto, deve ser reclamante comprovar a ocorrência dos fatos por elencados, ainda

deduzido da condenação. que parcialmente, mas de forma que se pudesse verificar

A testemunha em questão informou ainda que participava da concretamente, de forma objetiva, que a reclamada implementa

mesma equipe de trabalho do reclamante, dando confiabilidade ao cotidianamente prática fraudulenta, que esvazie o direito às

testemunho, enquanto que a do reclamado, por sua vez, informou parcelas contratuais pactuadas.

de forma reiterada que sequer fazia parte da mesa de atribuições do Mas assim não correu, tendo a testemunha chegado a falar sobre o

reclamante. assunto, mas de forma confusa, ou pelo menos não suficiente para

Por fim, para exaurir a análise das pretensões relacionadas à o julgamento de procedência da condenação almejada.

jornada de trabalho, no minuto 12 a testemunha relata que cabia Nessa ordem de ideias, resta improcedente o pedido de pagamento

aos empregados escolher o horário e o local de intervalo de diferenças de comissão e seus reflexos.

intrajornada, bem como que a empresa orientava os empregados a (...)"

gozarem de pelo menos uma hora a tal título. 3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que

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a reclamada, em sua defesa, não impugnou a jornada informada, considerando a distribuição do ônus da prova, artigos 818 da CLT e

apenas fundamentando o indeferimento das horas extras por, 333, do CPC). Por derradeiro, ouvindo o depoimento do preposto da

supostamente, o autor registrar corretamente sua jornada de recorrida, Sr. HANLEY FONTENELE SINDEAU, não se chega à

trabalho nos pontos anexados aos autos; que recorre contra a hipótese de confissão por desconhecimento dos fatos ou

jornada fixada na decisão recorrida, por que os cartões de pontos contradição, tendo este relator por implausível a aplicação 843, § 1º,

são imprestáveis como prova; que cumpria extensa jornada de da CLT com o viés interpretativo pretendido na peça recursal.

trabalho; que o preposto da empresa mostrou desconhecimento e PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES. NATUREZA

contradição acerca dos fatos do processo, pelo que ser-lhe-ia INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17. Uma vez que

imputável a confissão ficta, a teor do artigo 843, § 1º, da CLT; que a julgado improcedente a pretensão de horas extras intervalares (ID.

testemunha da recorrida não trabalhou com o recorrente, não 02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse recursal e, assim,

possuindo conhecimento da jornada de trabalho; que não se aplica irrespondível.

ao recorrente a natureza indenizatória do pagamento compensatória HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao

do intervalo intrajornada, após a Lei n° 13.467/17, porque anterior recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui

foi a contratação do recorrente, devem ser regida a contratualidade da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da

pelas normas de então; que a sentença recorrida não elucidou Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949.

quanto aos reflexos das horas extras em RSR, conforme postulado Sentença reformada nesse ponto.

na inicial; que no tocante às diferenças de comissões, competia a DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios ID.

recorrida a apresentação dos relatórios solicitados na petição inicial, 905ffa8 - Págs. 1 a 26, com todas as vênias do recorrente,

ademais da melhor aptidão para a prova e do que dispõem os satisfazem a prova que incumbia à recorrida, restando suportada

artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC; que a sentença merece convenientemente a hipótese de inexistência de diferença de

reforma, ainda, quanto aos juros moratórios, de sorte a serem comissões. Sempre recorrendo ao ônus da prova, a teor dos artigos

aplicados o § 1º do artigo 39 da Lei 8.177 de 1991 e o artigo 883, da 818 da CLT e 373, do CPC, nada se apresenta que infirme a

CLT de sorte a ser deferida indenização suplementar; que requer conclusão sentenciante de que o obreiro não logrou comprovar a

honorários advocatícios de 15% e a isenção de sucumbência em eventualidade de alteração de metas de forma prejudicial, falta de

razão de decisão do STF. produtos impossibilitando o atingimento de metas, não pagamento

Examina-se: de comissões aos pedidos devolvidos ou descontos por pedidos

HORAS EXTRAS. O recurso não alcança provimento. Ao contrário inadimplidos, e alteração de critérios nos cálculos da comissão.

do afirmado pelo recorrente, a contestação ID. 7173c0a - Págs. 8 a JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58, foi

12, ofereceu tese contestatória ao horário de trabalho vindicado na peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de condenação

inicial, arredando, assim, a eventualidade de ausência de judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na

impugnação. No tocante a qualidade da prova documental da Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha

recorrida (anotações de ponto ao serviço) esta não foi solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices de correção

irrestritamente abonada pelo juízo sentenciante, como monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em

equivocadamente afirma o recorrente, ao contrário, em juízo de geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a

ponderação quanto às provas coligidas no feito, a sentença partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código

prestigiou a jornada de trabalhado afirmada na inicial; "verifico que a Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento, atraindo construção

jornada de trabalho declinada na petição inicial reflete com maior jurídica que desague na aplicação de atualização monetária

precisão a jornada praticada". Contudo, forço reconhecer diferente. Sentença mantida.

irreprochável a conclusão a que chegou a decisão vergastada, por MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A parte dos

si só esclarecedora e de absoluta justeza; "Nesse contexto, e honorários advocatícios sucumbenciais da recorrida foi arbitrada em

considerando a divergência e multiplicidade de informações acerca 15%, do que concluir que o recorrente não tem interesse recursal

dos horários de término, reputo adequado estipular uma média de 4 em pleitear a majoração. Entretanto, razão assiste quanto aos

horas extras diárias, de segunda a sexta-feira, e de duas horas, aos honorários devidos pelo recorrente. E. STF no julgamento da ADI

sábados, na medida em que o reclamante alegou (e comprovou), 5766, em sessão do dia 20.10.2021, declarou a

que aos sábados a jornada findava às 14 horas". Julgamento, inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que

portanto, que deve ser mantido por seus próprios fundamentos, autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em

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honorários advocatícios de sucumbência. Logo, o pleito recursal feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o

encontra amparo na referida decisão, merecendo provimento. reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada

4.A reclamada igualmente recorreu ordinariamente, sustentando findava às 14 horas".

que a reforma trabalhista da Lei nº 13.467/2017 de ser aplicada ao HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 791-A,

todo da contratualidade; que a indicação do valor do pedido como § 2º, CLT. Remete-se ao mesmo tema aflorado pelo obreiro em sua

regra advinda da mesma lei, importa limitar o valor condenatório peça recursal, conforme acima fundamentado.

àquele atribuído à causa, ademais das normas inseridas nos artigos Isto posto,

141 e 492 do CPC; que alusivamente às horas extras, restou

evidenciado pelos espelhos de ponto coligidos ao feito que além de

registros antes das 07h30, o recorrido poderia livremente efetuar CONCLUSÃO DO VOTO

registros após às 17h30; asseverando a testemunha da recorrente

que todas as horas extras eram registradas no espelho de ponto;

que o obreiro sempre percebeu pelas horas extras laboradas, sendo Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial

esta devidamente computadas e quitadas no seu recibo de provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os

pagamento,não havendo que se falar em diferenças de horas reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das

extraordinárias; que deve ser aplicado em favor da recorrente, horas extras deferidas; e para excluir da condenação em honorários

quanto aos honorários advocatícios, o artigo 791-A, § 2º, da CLT. advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao apelo da

REFORMA TRABALHISTA. LEI Nº 13.467/2017. ALCANCE reclamada, negar-lhe provimento.

QUANTO AOS CONTRATOS DE TRABALHO EXISTENTES.

Perpassando a contestação da recorrente ID. 7173c0a, não se

divisa impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao DISPOSITIVO

todo da contratualidade do recorrido. O fez, a bem da verdade,

somente à questão da aplicação do artigo 791-A, da CLT,

alusivamente a questão dos honorários advocatícios. A hipótese

recursal, portanto, é irrespondível porque deixando de ser alçada

expressamente em contestação, o tema inovado somente no

recurso refoge a litis contestatio.

OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO ÀS

REGRAS DO CPC. Aduziu o recorrente que deve ser aplicado o

artigo 492, da CPC, de sorte a limitar a eventual condenação aos ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

valores apontados pelo recorrido na inicial. De se entender que a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial

acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os

reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das

de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na horas extras deferidas; e para excluir o da condenação em

peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação honorários advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao

da norma processual aventada. apelo da reclamada, negar-lhe provimento.

HORAS EXTRAS. Recurso improvido. Destaca-se que o juízo de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

origem valorou os cartões de ponto, mas, na prova oral produzida Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

no feito encontrou razão o suficiente para deferir outras horas extras Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

trabalhadas, todavia, não anotadas ou remuneradas. Calha Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

reproduzir o teor da decisão equânime adotada pela sentença de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

recorrida, diante das declarações da testemunha do recorrido: Fortaleza, 18 de julho de 2022.

"Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de

informações acerca dos horários de término, reputo adequado

estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta-

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

4.DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios

CLAUDIO SOARES PIRES satisfazem a prova que incumbia à recorrida, quanto à hipótese de

Desembargador Relator inexistência de diferença de comissões. Sempre recorrendo ao ônus

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. da prova, a teor dos artigos 818 da CLT e 373, do CPC, nada se

apresenta que infirme a conclusão sentenciante de que o obreiro

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART não logrou comprovar a eventualidade de alteração de metas de

Diretor de Secretaria forma prejudicial, falta de produtos impossibilitando o atingimento de

metas, não pagamento de comissões aos pedidos devolvidos ou


Processo Nº ROT-0000782-80.2020.5.07.0003
Relator CLAUDIO SOARES PIRES descontos por pedidos inadimplidos, e alteração de critérios nos
RECORRENTE JETSON TAVARES DE CARVALHO cálculos da comissão.
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
45454/PE) 5.JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58,
RECORRENTE CERVEJARIA PETROPOLIS DA foi peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de
BAHIA LTDA
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB: condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
60284/SP)
judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que
RECORRIDO JETSON TAVARES DE CARVALHO
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB: sobrevenha solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices
45454/PE)
de correção monetária e de juros que vigentes para as
RECORRIDO CERVEJARIA PETROPOLIS DA
BAHIA LTDA condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E
ADVOGADO PAULO SANCHES CAMPOI(OAB:
60284/SP) na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa SELIC

(art. 406 do Código Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento,


Intimado(s)/Citado(s):
atraindo construção jurídica que desague na aplicação de
- CERVEJARIA PETROPOLIS DA BAHIA LTDA
atualização monetária diferente. Sentença mantida.

RECURSO DA RECLAMADA.

1.REFORMA TRABALHISTA. LEI Nº 13.467/2017. ALCANCE


PODER JUDICIÁRIO QUANTO AOS CONTRATOS DE TRABALHO EXISTENTES.
JUSTIÇA DO Perpassando a contestação da recorrente não se divisa

impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao todo da

contratualidade do recorrido, exceto quanto à aplicação do artigo


EMENTA
791-A, da CLT. A hipótese recursal, portanto, irrespondível porque

deixando de ser alçada expressamente em contestação, o tema

inovado somente no recurso refoge a litis contestatio.


RECURSOS ORDINÁRIOS.
2.OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO
RECURSO DO RECLAMANTE.
ÀS REGRAS DO ARTIGO 492 DO CPC. De se entender que a
1.HORAS EXTRAS. Verificando a sentença; divergência e
questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não
multiplicidade de informações acerca dos horários de término da
acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na
jornada de trabalho, reputa-se equânime e adequado o montante de
reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além
horas extras fixado medianamente, considerando a distribuição do
de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na
ônus da prova, nos termos dos artigos 818 da CLT e 333, do CPC.
peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação
2.PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES.
da norma processual aventada.
NATUREZA INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17.
3.HORAS EXTRAS. Destaca-se que o juízo de origem valorou os
Uma vez que julgado improcedente a pretensão de horas extras
cartões de ponto, mas, na prova oral produzida no feito encontrou
intervalares (ID. 02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse
razão o suficiente para deferir outras horas extras trabalhadas,
recursal e, assim, irrespondível.
todavia, não anotadas ou remuneradas. De ser mantida, assim, a
3.HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao
decisão equânime adotada pela sentença recorrida.
recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui
Recurso patronal improvido.
da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da

Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949.

Sentença reformada nesse ponto.

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RELATÓRIO - HORAS EXTRAS

(...)

Dando início ao deslinde da controvérsia, verifico que, tendo a

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO reclamada juntado cartões de ponto contendo a jornada por ela

ORDINÁRIO, provenientes da MM. 3ª VARA DO TRABALHO DE defendida, o ônus da prova quanto à discrepância entre as

FORTALEZA, em que são recorrentes, JETSON TAVARES DE informações em questão e o que se passava na realidade é do

CARVALHO e CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e reclamante, o qual dele se desincumbiu, como se observa no

recorridos, CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA e depoimento da testemunha por ele trazida, merecendo destaque os

JETSON TAVARES DE CARVALHO. seguintes aspectos.

A parte reclamante (JETSON TAVARES DE CARVALHO) e a parte Verifica-se que no minuto 1 de seu depoimento a testemunha

reclamada (CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA) comprova a jornada declinada na petição inicial, inclusive que (no

interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença (ID. 02e25cc), início do minuto 4), na última semana do mês, em média, o horário

complementada pela sentença de embargos de declaração (ID. era extrapolado ainda mais, e que ele, testemunha, saía às

f3c3649), que julgou parcialmente procedentes os pedidos da 19:30/20:00, enquanto que o reclamante continuava a trabalhar.

reclamação trabalhista. Em seguida, no início do minuto 5, a testemunha comprova

Contrarrazões apresentadas (Ids, 82c3434; 8b8dc34 ). expressamente que havia meia hora antes e cerca de duas horas

É o relatório. depois de trabalho prestado e não registrado nos cartões de ponto,

bem como que havia inclusive advertência em caso de registro de

horas extras sem autorização.

Relata no final do minuto 9 que retornavam à sede da reclamada

FUNDAMENTAÇÃO por volta de 17:30 para realizar as atividades de fechamento das

vendas, bem como que o reclamante participava de visitas

noturnas.

ADMISSIBILIDADE Em meados do minuto 11, a testemunha esclarece ainda que

Recebe-se os recursos interpostos, de vez que não certificado recebia irrisório valor de horas extras, que correspondiam apenas

qualquer irregularidade recursal (ID. 71a6ea7). àquelas que eram autorizadas, valor este que, portanto, deve ser

MÉRITO deduzido da condenação.

HORAS EXTRAS. COMISSIONAMENTO. A testemunha em questão informou ainda que participava da

1.JETSON TAVARES DE CARVALHO ajuizou ação trabalhista mesma equipe de trabalho do reclamante, dando confiabilidade ao

contra CERVEJARIA PETRÓPOLIS DA BAHIA LTDA, sob testemunho, enquanto que a do reclamado, por sua vez, informou

fundamento de que ocupava as funções de supervisor de vendas, de forma reiterada que sequer fazia parte da mesa de atribuições do

com horários de trabalho das 07:00 às 20:00, até 22 horas nos dias reclamante.

de pico, com vinte minutos de intervalo, ao sábados das 07:00 às Por fim, para exaurir a análise das pretensões relacionadas à

14:00, sem intervalo; que não era permitido anotar a integralidade jornada de trabalho, no minuto 12 a testemunha relata que cabia

da jornada de trabalho, do que requereu o recebimento das horas aos empregados escolher o horário e o local de intervalo

extras realizadas e não pagas, inclusive as horas extras intrajornada, bem como que a empresa orientava os empregados a

intervalares; que a remuneração era composta de salário fixo e gozarem de pelo menos uma hora a tal título.

comissões, em cujo pagamento viu-se prejudicado por alteração de Tratando-se de trabalho externo, considero que, ao orientar o gozo

metas, falta de produtos, não pagamento quanto aos pedidos escorreito de uma hora, a reclamada cumpriu sua obrigação legal,

devolvidos, limitação do pagamento ao atingimento de um mínimo não podendo ser penalizada pelo gozo em tempo inferior, razão

de 80% e no máximo 120% da meta; descontos por pedidos pela qual considero, para os fins desta sentença, que era gozado o

inadimplidos, alterações dos critérios de cálculo, do que pleiteou a intervalo intrajornada de uma hora.

fixação de R$ 2.000,00 mensais compensatórios. Em suma, verifico que a jornada de trabalho declinada na petição

2.Examinando os termas destacados, o juízo de origem decidiu (ID. inicial reflete com maior precisão a jornada praticada, a exceção do

02e25cc): intervalo intrajornada e do horário de término, que fixo como 20h,

"(...) em média, que considero o depoimento da testemunha do próprio

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reclamante. testemunha da recorrida não trabalhou com o recorrente, não

Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de possuindo conhecimento da jornada de trabalho; que não se aplica

informações acerca dos horários de término, reputo adequado ao recorrente a natureza indenizatória do pagamento compensatória

estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta- do intervalo intrajornada, após a Lei n° 13.467/17, porque anterior

feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o foi a contratação do recorrente, devem ser regida a contratualidade

reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada pelas normas de então; que a sentença recorrida não elucidou

findava às 14 horas. quanto aos reflexos das horas extras em RSR, conforme postulado

Tendo a média semanal sido delimitada em 22 horas extras, e na inicial; que no tocante às diferenças de comissões, competia a

utilizando-se do entendimento constante no tema 2 da Tabela de recorrida a apresentação dos relatórios solicitados na petição inicial,

Recursos Repetitivos do TST, que prevê que um mês contém ademais da melhor aptidão para a prova e do que dispõem os

4,2857, fixo a média de horas extras que compõe a condenação no artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC; que a sentença merece

total de 94 horas extras por mês, com reflexos em férias mais um reforma, ainda, quanto aos juros moratórios, de sorte a serem

terço, 13º salários, FGTS e multa de 40% respectiva, aviso prévio aplicados o § 1º do artigo 39 da Lei 8.177 de 1991 e o artigo 883, da

indenizado, mas sem repercussão em RSR (em razão de as horas CLT de sorte a ser deferida indenização suplementar; que requer

extras serem pagas mensalmente). honorários advocatícios de 15% e a isenção de sucumbência em

Por oportuno, ressalto ainda o julgamento de improcedência do razão de decisão do STF.

pedido de pagamento de horas extras em decorrência da supressão Examina-se:

do intervalo interjornada, por entender que não fora violado, nos HORAS EXTRAS. O recurso não alcança provimento. Ao contrário

termos da jornada média acima adotada para os fins da do afirmado pelo recorrente, a contestação ID. 7173c0a - Págs. 8 a

condenação. 12, ofereceu tese contestatória ao horário de trabalho vindicado na

- DIFERENÇAS DE COMISSÕES inicial, arredando, assim, a eventualidade de ausência de

Como se observa na leitura da petição inicial, a narrativa do impugnação. No tocante a qualidade da prova documental da

reclamante é no sentido de que a reclamada adotava diversos recorrida (anotações de ponto ao serviço) esta não foi

critérios (...) irrestritamente abonada pelo juízo sentenciante, como

A respeito desta pretensão, este juízo entende que era ônus do equivocadamente afirma o recorrente, ao contrário, em juízo de

reclamante comprovar a ocorrência dos fatos por elencados, ainda ponderação quanto às provas coligidas no feito, a sentença

que parcialmente, mas de forma que se pudesse verificar prestigiou a jornada de trabalhado afirmada na inicial; "verifico que a

concretamente, de forma objetiva, que a reclamada implementa jornada de trabalho declinada na petição inicial reflete com maior

cotidianamente prática fraudulenta, que esvazie o direito às precisão a jornada praticada". Contudo, forço reconhecer

parcelas contratuais pactuadas. irreprochável a conclusão a que chegou a decisão vergastada, por

Mas assim não correu, tendo a testemunha chegado a falar sobre o si só esclarecedora e de absoluta justeza; "Nesse contexto, e

assunto, mas de forma confusa, ou pelo menos não suficiente para considerando a divergência e multiplicidade de informações acerca

o julgamento de procedência da condenação almejada. dos horários de término, reputo adequado estipular uma média de 4

Nessa ordem de ideias, resta improcedente o pedido de pagamento horas extras diárias, de segunda a sexta-feira, e de duas horas, aos

de diferenças de comissão e seus reflexos. sábados, na medida em que o reclamante alegou (e comprovou),

(...)" que aos sábados a jornada findava às 14 horas". Julgamento,

3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que portanto, que deve ser mantido por seus próprios fundamentos,

a reclamada, em sua defesa, não impugnou a jornada informada, considerando a distribuição do ônus da prova, artigos 818 da CLT e

apenas fundamentando o indeferimento das horas extras por, 333, do CPC). Por derradeiro, ouvindo o depoimento do preposto da

supostamente, o autor registrar corretamente sua jornada de recorrida, Sr. HANLEY FONTENELE SINDEAU, não se chega à

trabalho nos pontos anexados aos autos; que recorre contra a hipótese de confissão por desconhecimento dos fatos ou

jornada fixada na decisão recorrida, por que os cartões de pontos contradição, tendo este relator por implausível a aplicação 843, § 1º,

são imprestáveis como prova; que cumpria extensa jornada de da CLT com o viés interpretativo pretendido na peça recursal.

trabalho; que o preposto da empresa mostrou desconhecimento e PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS INTERVALARES. NATUREZA

contradição acerca dos fatos do processo, pelo que ser-lhe-ia INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 13.467/17. Uma vez que

imputável a confissão ficta, a teor do artigo 843, § 1º, da CLT; que a julgado improcedente a pretensão de horas extras intervalares (ID.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 154
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

02e25cc - Pág. 4), o tema deixa de ter interesse recursal e, assim, registros antes das 07h30, o recorrido poderia livremente efetuar

irrespondível. registros após às 17h30; asseverando a testemunha da recorrente

HORAS EXTRAS. REFLEXOS EM RSR. Assiste razão ao que todas as horas extras eram registradas no espelho de ponto;

recorrente, o RSR integra a remuneração da hora extra, como deflui que o obreiro sempre percebeu pelas horas extras laboradas, sendo

da inteligência da OJ-SDI1-394/TST, e do artigo 10, § 1º, da esta devidamente computadas e quitadas no seu recibo de

Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou a Lei nº 605/1949. pagamento,não havendo que se falar em diferenças de horas

Sentença reformada nesse ponto. extraordinárias; que deve ser aplicado em favor da recorrente,

DIFERENÇA DE COMISSÕES. Os documentos contestatórios ID. quanto aos honorários advocatícios, o artigo 791-A, § 2º, da CLT.

905ffa8 - Págs. 1 a 26, com todas as vênias do recorrente, REFORMA TRABALHISTA. LEI Nº 13.467/2017. ALCANCE

satisfazem a prova que incumbia à recorrida, restando suportada QUANTO AOS CONTRATOS DE TRABALHO EXISTENTES.

convenientemente a hipótese de inexistência de diferença de Perpassando a contestação da recorrente ID. 7173c0a, não se

comissões. Sempre recorrendo ao ônus da prova, a teor dos artigos divisa impugnação ao tema da aplicação da Lei n° 13.467/2017 ao

818 da CLT e 373, do CPC, nada se apresenta que infirme a todo da contratualidade do recorrido. O fez, a bem da verdade,

conclusão sentenciante de que o obreiro não logrou comprovar a somente à questão da aplicação do artigo 791-A, da CLT,

eventualidade de alteração de metas de forma prejudicial, falta de alusivamente a questão dos honorários advocatícios. A hipótese

produtos impossibilitando o atingimento de metas, não pagamento recursal, portanto, é irrespondível porque deixando de ser alçada

de comissões aos pedidos devolvidos ou descontos por pedidos expressamente em contestação, o tema inovado somente no

inadimplidos, e alteração de critérios nos cálculos da comissão. recurso refoge a litis contestatio.

JUROS DE MORA. A decisão do E. STF, apreciando a ADC 58, foi OBSERVAÇÃO AO VALOR DADO ÀS PARCELA. APLICAÇÃO ÀS

peremptória. A atualização dos créditos decorrentes de condenação REGRAS DO CPC. Aduziu o recorrente que deve ser aplicado o

judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na artigo 492, da CPC, de sorte a limitar a eventual condenação aos

Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha valores apontados pelo recorrido na inicial. De se entender que a

solução legislativa, exclusivamente os mesmos índices de correção questão perdeu interesse recursal. A sentença recorrida não

monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em acolheu a pretensão do montante de horas extras pretendido na

geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a reclamação, condenando o recorrente por quantitativo menor, além

partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código de julgar improcedente as diferenças de comissões pugnadas na

Civil). Não cabe tangenciar esse entendimento, atraindo construção peça inicial, perdendo-se, por conseguinte, o horizonte de aplicação

jurídica que desague na aplicação de atualização monetária da norma processual aventada.

diferente. Sentença mantida. HORAS EXTRAS. Recurso improvido. Destaca-se que o juízo de

MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A parte dos origem valorou os cartões de ponto, mas, na prova oral produzida

honorários advocatícios sucumbenciais da recorrida foi arbitrada em no feito encontrou razão o suficiente para deferir outras horas extras

15%, do que concluir que o recorrente não tem interesse recursal trabalhadas, todavia, não anotadas ou remuneradas. Calha

em pleitear a majoração. Entretanto, razão assiste quanto aos reproduzir o teor da decisão equânime adotada pela sentença

honorários devidos pelo recorrente. E. STF no julgamento da ADI recorrida, diante das declarações da testemunha do recorrido:

5766, em sessão do dia 20.10.2021, declarou a "Nesse contexto, e considerando a divergência e multiplicidade de

inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, dispositivo que informações acerca dos horários de término, reputo adequado

autorizava a condenação do beneficiário da justiça gratuita em estipular uma média de 4 horas extras diárias, de segunda a sexta-

honorários advocatícios de sucumbência. Logo, o pleito recursal feira, e de duas horas, aos sábados, na medida em que o

encontra amparo na referida decisão, merecendo provimento. reclamante alegou (e comprovou), que aos sábados a jornada

4.A reclamada igualmente recorreu ordinariamente, sustentando findava às 14 horas".

que a reforma trabalhista da Lei nº 13.467/2017 de ser aplicada ao HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 791-A,

todo da contratualidade; que a indicação do valor do pedido como § 2º, CLT. Remete-se ao mesmo tema aflorado pelo obreiro em sua

regra advinda da mesma lei, importa limitar o valor condenatório peça recursal, conforme acima fundamentado.

àquele atribuído à causa, ademais das normas inseridas nos artigos Isto posto,

141 e 492 do CPC; que alusivamente às horas extras, restou

evidenciado pelos espelhos de ponto coligidos ao feito que além de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 155
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRENTE ROBSON DE FREITAS SOUSA


CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO DAVID VALENTE FACO(OAB:
17071/CE)
ADVOGADO EDUARDO FONTENELE MOTA(OAB:
19970/CE)
RECORRIDO DONIZETE DISTRIBUIDORA DE
Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial ALIMENTOS LTDA
provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os ADVOGADO NELSON BRUNO DO REGO
VALENCA(OAB: 15783/CE)
reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das ADVOGADO DANIEL CIDRAO FROTA(OAB:
19976/CE)
horas extras deferidas; e para excluir da condenação em honorários

advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao apelo da Intimado(s)/Citado(s):


reclamada, negar-lhe provimento. - ROBSON DE FREITAS SOUSA

DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM.

VARA DO TRABALHO DE EUSÉBIO, em que é recorrente,

ROBSON DE FREITAS SOUSA e recorrido DONIZETE

DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA .

ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo

REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo

conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, dar parcial submetido ao rito sumaríssimo.

provimento ao recurso do reclamante para incluir na condenação os

reflexos de RSR (Repouso Semanal Remunerado) nos cálculos das

horas extras deferidas; e para excluir o da condenação em

honorários advocatícios que caberiam ao reclamante. No tocante ao FUNDAMENTAÇÃO

apelo da reclamada, negar-lhe provimento.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José ADMISSIBILIDADE.

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Recurso tempestivamente interposto, sem irregularidades para

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo serem apontadas.

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. MÉRITO.

Fortaleza, 18 de julho de 2022. HORAS EXTRAS. INÉPCIA DA INICIAL. PEDIDO E CAUSAR DE

PEDIR REGULARES. EXTINÇÃO DO FEITO AFASTADA.

1.ROBSON DE FREITAS SOUSA ajuizou reclamação contra

DONIZETE DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA, alegando que

CLAUDIO SOARES PIRES ingressou na reclamada em 04/05/2020 e foi demitido sem justa

Desembargador Relator causa em 10/12/2020; que laborava como vendedor, utilizando sua

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. motocicleta para realizar vendas da reclamada; que seu salário era

composto por salário base, periculosidade e uma comissão por

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART performance, que não compunha a base para fins de reflexo em 13º

Diretor de Secretaria salário, férias e FGTS; que trabalhava das 8h às 18h, com intervalo

de 1h para refeição e descanso, de segunda à sexta. Aos sábados


Processo Nº RORSum-0001453-73.2021.5.07.0034
trabalhava das 8h às 12h, sem intervalo; que não recebeu pelas 28
Relator CLAUDIO SOARES PIRES

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

horas extras mensais laboradas. Requereu a condenação do referente ao incorreto registro de jornada, no período não prescrito,

reclamado em horas extras e seus reflexos. de segundas às sextas-feiras, conforme a jornada de trabalho acima

2.Examinando o pleito, o juízo de origem sentenciou: informada. Para efeito de cálculo das horas extras, requer a adoção

"Observou esta magistrada que o autor, nos pedidos, não indicou a do adicional de 50% (cinquenta por cento)sobre as horas

quantidade de horas extras que persegue, nem muito menos suplementares pleiteadas, com base nos artigos 59 e 225 da CLT,

liquidou o pedido. Não há indicação de valores. bem como inciso XIII do artigo 7º da Constituição Federal. Pela

Assim, indefiro a petição inicial. habitualidade da prestação das horas extras, PEDE os devidos

Logo, impõe-se o arquivamento desta reclamação trabalhista, a teor reflexos sobre os repousos remunerados, incluídos os sábados e os

do art. 852-B, § 1º, da CLT, já que, por se tratar de demanda feriados (conforme Parágrafo Primeiro da Cláusula 8º das

enquadrada no rito sumaríssimo, caberia ao autor preencher todos Convenções Coletivas anexas), aviso prévio, férias com 1/3, 13º

os requisitos do art. 852-B da CLT, inclusive no que se refere à salários e FGTS + 40%.

indicação de todos os valore dos pedidos. Desta forma, não tendo a Ao final ratifica o pedido: "requer a condenação do reclamado ao

parte autora observado as determinações contidas nos pagamento das horas extras excedentes da oitava hora diária (e da

mencionados dispositivos consolidados, a extinção do presente feito 40ª hora semanal), em razão do registro incorreto do ponto

sem resolução do mérito é medida que se impõe, em face do eletrônico, de segunda a sexta no período não prescrito, com

disposto no §1º do art. 852-B da CLT, que assevera in verbis que: adicional de 50% e reflexos em repousos semanais remunerados,

"§1º. O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I incluídos os sábados e os feriados (conforme Parágrafo Primeiro da

e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e Cláusula 8º das Convenções Coletivas anexas), aviso prévio

condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa". indenizado, férias com 1/3, 13º salários, PLR e FGTS + 40%, nos

Em relação às custas processuais, verifica-se que o autor termos do desta peça e observados os critérios de cálculo indicados

comprovou a condição constante no § 4º do art. 790 da CLT, tendo acima, sendo que o cálculo e valores se encontram na tabela

apresentado declaração de hipossuficiência, sendo suficiente para anexa".

tanto, nos termos do § 3º do art. 99 do CPC. Com efeito, a "tabela anexa" referida acima trata-se de planilha de

Desta forma, concedo ao reclamante os benefícios da Justiça cálculos elaborada pelo Sistema de Cálculos Trabalhista PJe Calc

Gratuita. Cidadão.

No que tange aos honorários advocatícios, uma vez que o feito foi Nos moldes assim apresentada a petição não há se falar em

extinto sem resolução de mérito, não há que se falar em inépcia.

sucumbência. Ademais, entendendo o juízo que a petição inicial apresenta

DIANTE DO EXPOSTO, determino o ARQUIVAMENTO da presente defeitos sanáveis, necessário oportunizar à parte seu saneamento

reclamação trabalhista, na forma do art. 852-B, § 1º, da CLT." antes de indeferir a inicial, como se depreende da Súmula-263, do

Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário a esta Corte TST. O indeferimento da petição inicial, por encontrar-se

pela reforma da decisão alegando que, em sua petição inicial, desacompanhada de documento indispensável à propositura da

consta pedido nos molde da CLT; que o pedido encontra-se ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se,

liquidado nos termos da planilha anexada, Id. b381bd9, conforme após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias,

apontado no pedido. mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou

Examino. completado, a parte não o fizer. Destarte, igualmente não há

O recurso alcança provimento. extinguir o feito assim encontrado, sem antes permitir ao autor a

Na dicção do artigo 330, § 1º, do CPC, considera-se inepta a emenda que couber.

petição inicial quando lhe faltar o pedido ou a causa de pedir, a Assim tem decidido esta Corte:

pretensão for indeterminada ou impregnada de ilogismo ou contiver "DO RECURSO DA RECLAMADA. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL.

pedidos incompatíveis entre si. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista é regido pelo

A Reclamação visa a cobrança de horas extras que entende princípio da simplicidade das formas, consagrado no art. 840, § 1º,

devidos (pedido e causa de pedir), cujos valores foram apurados em da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição dos fatos para

planilha anexa conforme apontado petição inicial. Por tal angulação se considerar apta a exordial, sendo desnecessário apresentar

não há cogitar inepta. expressamente o fundamento legal do pedido. Em decorrência do

Extrai-se da petição inicial: "requer o pagamento de 1 hora extra princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 157
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, não torna

inepto os pedidos o fato de a tabela de liquidação dos pedidos não DISPOSITIVO

ter sido repetida ao final do rol de pedidos, mormente quando essa

disposição da tabela de valores não prejudicou o direito de ampla

defesa da empresa reclamada, que contestou os todos os pedidos,

afastando, por consequência, a hipótese de inépcia. Preliminar

rejeitada (...)". (Acórdão. Processo:0000514-22.2018.5.07.0027.

Redator(a): Silva, Francisco Jose Gomes da. Órgão Julgador:2ª

Turma. Incluído/Julgado em: 15 jul. 2019. Publicado em: 16 jul.

2019).

"INÉPCIA DA INICIAL EM VIRTUDE DA NÃO ATRIBUIÇÃO DE ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

VALOR AOS PEDIDOS. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

LEI 13.467/2017. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA PARTE PARA conhecer do recurso interposto e, no mérito, dar-lhe provimento

SANAR A IRREGULARIDADE. Embora a novel redação do §1º do para afastar a hipótese de inépcia da inicial, determinando o retorno

art. 840 do Diploma Consolidado, dada pela Lei 13.467/17, dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito.

estabeleça que no bojo da reclamação trabalhista a parte autora Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

deve atribuir valor a cada um dos pedidos, tem-se que, nos termos Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

da Súmula 263 do C. TST, o indeferimento da petição inicial por Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

inobservância de requisito legal deve ser precedido de intimação da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

parte autora para fins de correção da irregularidade existente". de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

(Acórdão. Processo: 0001914-41.2017.5.07.0016. Redator(a): Fortaleza, 18 de julho de 2022.

Albuquerque, Fernanda Maria Uchoa de. Órgão Julgador:3ª Turma.

Incluído/Julgado em: 01 ago. 2019. Publicado em: 06 ago. 2019.)

Biblioteca Digital

"EXTINÇÃO DA AÇÃO. AUSÊNCIA DE PRAZO PARA O AUTOR CLAUDIO SOARES PIRES

EMENDAR A INICIAL. HARMONIZAÇÃO ENTRE OS ARTIGOS Desembargador Relator

840/CLT E 321/CPC. SÚMULA 263/TST. O indeferimento da FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

petição inicial ou a extinção do processo sem resolução do mérito

por não preencher requisito legal, como é exemplo a exigência do ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

artigo 840/CLT, somente é cabível se, após intimada para suprir a Diretor de Secretaria

irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do


Processo Nº RORSum-0001453-73.2021.5.07.0034
que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer, a teor do Relator CLAUDIO SOARES PIRES
artigo 321 do CPC de 2015, de aplicação subsidiária. Súmula RECORRENTE ROBSON DE FREITAS SOUSA
ADVOGADO DAVID VALENTE FACO(OAB:
263/TST e precedentes. Recurso parcialmente provido". 17071/CE)
(PROCESSO nº 0000946-04.2019.5.07.0028 (ROT). RELATOR: ADVOGADO EDUARDO FONTENELE MOTA(OAB:
19970/CE)
CLÁUDIO SOARES PIRES. 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL RECORRIDO DONIZETE DISTRIBUIDORA DE
ALIMENTOS LTDA
DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO. Julgado em 28 de junho de 2021.)
ADVOGADO NELSON BRUNO DO REGO
VALENCA(OAB: 15783/CE)
ADVOGADO DANIEL CIDRAO FROTA(OAB:
19976/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO
Intimado(s)/Citado(s):
- DONIZETE DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA

Conhecer do recurso interposto e, no mérito, dar-lhe provimento

para afastar a hipótese de inépcia da inicial, determinando o retorno

dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito. PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 158
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

sem resolução do mérito é medida que se impõe, em face do

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO disposto no §1º do art. 852-B da CLT, que assevera in verbis que:

ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. "§1º. O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I

VARA DO TRABALHO DE EUSÉBIO, em que é recorrente, e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e

ROBSON DE FREITAS SOUSA e recorrido DONIZETE condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa".

DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA . Em relação às custas processuais, verifica-se que o autor

Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo comprovou a condição constante no § 4º do art. 790 da CLT, tendo

incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo apresentado declaração de hipossuficiência, sendo suficiente para

submetido ao rito sumaríssimo. tanto, nos termos do § 3º do art. 99 do CPC.

Desta forma, concedo ao reclamante os benefícios da Justiça

Gratuita.

No que tange aos honorários advocatícios, uma vez que o feito foi

FUNDAMENTAÇÃO extinto sem resolução de mérito, não há que se falar em

sucumbência.

DIANTE DO EXPOSTO, determino o ARQUIVAMENTO da presente

ADMISSIBILIDADE. reclamação trabalhista, na forma do art. 852-B, § 1º, da CLT."

Recurso tempestivamente interposto, sem irregularidades para Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário a esta Corte

serem apontadas. pela reforma da decisão alegando que, em sua petição inicial,

MÉRITO. consta pedido nos molde da CLT; que o pedido encontra-se

HORAS EXTRAS. INÉPCIA DA INICIAL. PEDIDO E CAUSAR DE liquidado nos termos da planilha anexada, Id. b381bd9, conforme

PEDIR REGULARES. EXTINÇÃO DO FEITO AFASTADA. apontado no pedido.

Examino.

1.ROBSON DE FREITAS SOUSA ajuizou reclamação contra O recurso alcança provimento.

DONIZETE DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA, alegando que Na dicção do artigo 330, § 1º, do CPC, considera-se inepta a

ingressou na reclamada em 04/05/2020 e foi demitido sem justa petição inicial quando lhe faltar o pedido ou a causa de pedir, a

causa em 10/12/2020; que laborava como vendedor, utilizando sua pretensão for indeterminada ou impregnada de ilogismo ou contiver

motocicleta para realizar vendas da reclamada; que seu salário era pedidos incompatíveis entre si.

composto por salário base, periculosidade e uma comissão por A Reclamação visa a cobrança de horas extras que entende

performance, que não compunha a base para fins de reflexo em 13º devidos (pedido e causa de pedir), cujos valores foram apurados em

salário, férias e FGTS; que trabalhava das 8h às 18h, com intervalo planilha anexa conforme apontado petição inicial. Por tal angulação

de 1h para refeição e descanso, de segunda à sexta. Aos sábados não há cogitar inepta.

trabalhava das 8h às 12h, sem intervalo; que não recebeu pelas 28 Extrai-se da petição inicial: "requer o pagamento de 1 hora extra

horas extras mensais laboradas. Requereu a condenação do referente ao incorreto registro de jornada, no período não prescrito,

reclamado em horas extras e seus reflexos. de segundas às sextas-feiras, conforme a jornada de trabalho acima

2.Examinando o pleito, o juízo de origem sentenciou: informada. Para efeito de cálculo das horas extras, requer a adoção

"Observou esta magistrada que o autor, nos pedidos, não indicou a do adicional de 50% (cinquenta por cento)sobre as horas

quantidade de horas extras que persegue, nem muito menos suplementares pleiteadas, com base nos artigos 59 e 225 da CLT,

liquidou o pedido. Não há indicação de valores. bem como inciso XIII do artigo 7º da Constituição Federal. Pela

Assim, indefiro a petição inicial. habitualidade da prestação das horas extras, PEDE os devidos

Logo, impõe-se o arquivamento desta reclamação trabalhista, a teor reflexos sobre os repousos remunerados, incluídos os sábados e os

do art. 852-B, § 1º, da CLT, já que, por se tratar de demanda feriados (conforme Parágrafo Primeiro da Cláusula 8º das

enquadrada no rito sumaríssimo, caberia ao autor preencher todos Convenções Coletivas anexas), aviso prévio, férias com 1/3, 13º

os requisitos do art. 852-B da CLT, inclusive no que se refere à salários e FGTS + 40%.

indicação de todos os valore dos pedidos. Desta forma, não tendo a Ao final ratifica o pedido: "requer a condenação do reclamado ao

parte autora observado as determinações contidas nos pagamento das horas extras excedentes da oitava hora diária (e da

mencionados dispositivos consolidados, a extinção do presente feito 40ª hora semanal), em razão do registro incorreto do ponto

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 159
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

eletrônico, de segunda a sexta no período não prescrito, com art. 840 do Diploma Consolidado, dada pela Lei 13.467/17,

adicional de 50% e reflexos em repousos semanais remunerados, estabeleça que no bojo da reclamação trabalhista a parte autora

incluídos os sábados e os feriados (conforme Parágrafo Primeiro da deve atribuir valor a cada um dos pedidos, tem-se que, nos termos

Cláusula 8º das Convenções Coletivas anexas), aviso prévio da Súmula 263 do C. TST, o indeferimento da petição inicial por

indenizado, férias com 1/3, 13º salários, PLR e FGTS + 40%, nos inobservância de requisito legal deve ser precedido de intimação da

termos do desta peça e observados os critérios de cálculo indicados parte autora para fins de correção da irregularidade existente".

acima, sendo que o cálculo e valores se encontram na tabela (Acórdão. Processo: 0001914-41.2017.5.07.0016. Redator(a):

anexa". Albuquerque, Fernanda Maria Uchoa de. Órgão Julgador:3ª Turma.

Com efeito, a "tabela anexa" referida acima trata-se de planilha de Incluído/Julgado em: 01 ago. 2019. Publicado em: 06 ago. 2019.)

cálculos elaborada pelo Sistema de Cálculos Trabalhista PJe Calc Biblioteca Digital

Cidadão. "EXTINÇÃO DA AÇÃO. AUSÊNCIA DE PRAZO PARA O AUTOR

Nos moldes assim apresentada a petição não há se falar em EMENDAR A INICIAL. HARMONIZAÇÃO ENTRE OS ARTIGOS

inépcia. 840/CLT E 321/CPC. SÚMULA 263/TST. O indeferimento da

Ademais, entendendo o juízo que a petição inicial apresenta petição inicial ou a extinção do processo sem resolução do mérito

defeitos sanáveis, necessário oportunizar à parte seu saneamento por não preencher requisito legal, como é exemplo a exigência do

antes de indeferir a inicial, como se depreende da Súmula-263, do artigo 840/CLT, somente é cabível se, após intimada para suprir a

TST. O indeferimento da petição inicial, por encontrar-se irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do

desacompanhada de documento indispensável à propositura da que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer, a teor do

ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, artigo 321 do CPC de 2015, de aplicação subsidiária. Súmula

após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, 263/TST e precedentes. Recurso parcialmente provido".

mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou (PROCESSO nº 0000946-04.2019.5.07.0028 (ROT). RELATOR:

completado, a parte não o fizer. Destarte, igualmente não há CLÁUDIO SOARES PIRES. 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL

extinguir o feito assim encontrado, sem antes permitir ao autor a DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO. Julgado em 28 de junho de 2021.)

emenda que couber.

Assim tem decidido esta Corte:

"DO RECURSO DA RECLAMADA. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. CONCLUSÃO DO VOTO

ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista é regido pelo

princípio da simplicidade das formas, consagrado no art. 840, § 1º,

da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição dos fatos para Conhecer do recurso interposto e, no mérito, dar-lhe provimento

se considerar apta a exordial, sendo desnecessário apresentar para afastar a hipótese de inépcia da inicial, determinando o retorno

expressamente o fundamento legal do pedido. Em decorrência do dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito.

princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual

não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, não torna

inepto os pedidos o fato de a tabela de liquidação dos pedidos não DISPOSITIVO

ter sido repetida ao final do rol de pedidos, mormente quando essa

disposição da tabela de valores não prejudicou o direito de ampla

defesa da empresa reclamada, que contestou os todos os pedidos,

afastando, por consequência, a hipótese de inépcia. Preliminar

rejeitada (...)". (Acórdão. Processo:0000514-22.2018.5.07.0027.

Redator(a): Silva, Francisco Jose Gomes da. Órgão Julgador:2ª

Turma. Incluído/Julgado em: 15 jul. 2019. Publicado em: 16 jul.

2019).

"INÉPCIA DA INICIAL EM VIRTUDE DA NÃO ATRIBUIÇÃO DE ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

VALOR AOS PEDIDOS. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

LEI 13.467/2017. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA PARTE PARA conhecer do recurso interposto e, no mérito, dar-lhe provimento

SANAR A IRREGULARIDADE. Embora a novel redação do §1º do para afastar a hipótese de inépcia da inicial, determinando o retorno

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 160
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito. diferenças de horas extras pendentes de pagamento, mas deste

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores desiderato, todavia, não se desincumbiu. Recurso conhecido e

Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José improvido.

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. RELATÓRIO

Fortaleza, 18 de julho de 2022.

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

ORDINÁRIO, provenientes da MM. 1ª VARA DO TRABALHO DE

CLAUDIO SOARES PIRES SOBRAL, em que é recorrente: RAIAN DE OLIVEIRA SILVA; e

Desembargador Relator recorrido: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. A parte reclamante (RAIAN DE OLIVEIRA SILVA) interpôs recurso

ordinário em face da r. sentença (ID. 3e76ca7) complementada pela

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART sentença de Embargos de Declaração (ID. 023cfb7), que julgou

Diretor de Secretaria improcedentes os pedidos da reclamação trabalhista.

Contrarrazões apresentadas (ID. da0dd8b).


Processo Nº ROT-0001160-70.2020.5.07.0024
Relator CLAUDIO SOARES PIRES É o relatório.
RECORRENTE RAIAN DE OLIVEIRA SILVA
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
45454/PE)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL FUNDAMENTAÇÃO

Intimado(s)/Citado(s):
- RAIAN DE OLIVEIRA SILVA
ADMISSIBILIDADE

Recurso tempestivamente interposto, contra-arrazoado, sem

irregularidades para serem apontadas.


PODER JUDICIÁRIO
PRELIMINAR
JUSTIÇA DO
A matéria arguida pelo reclamante em tópico preliminar, qual seja, a

desconsideração dos depoimentos das duas testemunhas

EMENTA patronais, em razão da alegação de claro intuito de beneficiar a

reclamada, confunde-se com o exame do próprio mérito da

demanda, momento em que será oportunamente apreciada.

RECURSO ORDINÁRIO. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO MÉRITO

DE CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. ART.

Caracterizam a hipótese prevista no § 2º do art. 224 da CLT as 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO.

atividades desempenhadas pelo reclamante, por se tratarem de O juízo de origem enquadrou o reclamante na regra do § 2º do art.

atribuições com fidúcia especial, posicionando-o em cargo superior 224 da CLT, indeferindo o pleito relativo ao pagamento da 7ª e 8ª

ao de um bancário comum. HORAS EXTRAS ALÉM DA 8ª DIÁRIA. horas de trabalho como extras. Do julgado destacam-se os

DIFERENÇAS. Considerando que os contracheques apresentados seguintes fundamentos:

nos autos pela reclamada demonstram o pagamento de horas "O reclamante pleiteia a condenação da reclamada em horas

extras, e tendo em vista que a reclamada juntou registros de ponto, extraordinárias a partir da 6ª hora diária ou 30ª semanal, além das

de onde se vê claramente que tais assentamentos indicam variação diferenças de horas extras marcadas nos cartões de ponto e não

de horários de entrada e saída de um dia para o outro, como é pagas corretamente, no que se refere à quantidade de horas

próprio do horário registrado de forma fidedigna, cumpria ao adimplidas, o divisor, a base de cálculo utilizada e os reflexos, em

recorrente deixar evidenciado sem a menor sombra de dúvida que parcelas vencidas e vincendas, considerando no cálculo todas as

outras horas foram trabalhadas e não registradas, ou apontar parcelas salariais, bem como os reflexos.

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A reclamada refuta o direito autoral às horas extras, aduzindo, em O enquadramento do empregado na hipótese ventilada na defesa,

síntese: o enquadramento do reclamante no § 2º, art. 224, CLT, como está claro no texto legal acima reproduzido, constitui-se em

jornada de trabalho de 8 (oito) horas diárias, conforme itens II e IV, circunstância excepcional em que o trabalhador bancário não está

da Súmula 102 do TST; aceitação da assunção de cargo sujeito à jornada normal de seis horas e, como tal, exige a

comissionado ou função gratificada é ato exclusivo e espontâneo do comprovação de seus pressupostos, ônus que recai sobre o

reclamante; violação do princípio da boa-fé objetiva e vedação da empregador, nos termos do inciso I da Súmula 102 do E. TST,

reserva mental; necessidade de prova robusta acerca do labor verbis:

excedente à 8ª hora diária; em caso de não enquadramento do BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. I - A configuração, ou não,

reclamante no § 2º, art. 224, CLT, deve haver a do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º,

dedução/compensação da gratificação recebida com as horas da CLT, dependente da prova das reais atribuições do empregado,

extras eventualmente deferidas, nos termos da OJT 70 da SBDI-1 é insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de

do TST. embargos. II - O bancário que exerce a função a que se refere o §

São fatos incontroversos que o reclamante foi admitido em 2º do art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a um terço

13/12/2010, permanece ativo nos quadros da CAIXA, tendo de seu salário já tem remuneradas as duas horas extraordinárias

exercido as seguintes funções: excedentes de seis. III - Ao bancário exercente de cargo de

13/03/2020 ao ajuizamento desta ação - GERENTE EXECUTIVO confiança previsto no artigo 224, § 2º, da CLT são devidas as 7ª e

VAREJO - SOBRAL 8ª horas, como extras, no período em que se verificar o pagamento

24/07/2017 a 12/03/2020 - GER CANAIS E NEGOCIOS - SR a menor da gratificação de 1/3. IV - O bancário sujeito à regra do

NORTE E SUL DO CEARA art. 224, § 2º, da CLT cumpre jornada de trabalho de 8 (oito) horas,

12/07/2017 a 23/07/2017 2073 - GER CANAIS E NEGOCIOS - sendo extraordinárias as trabalhadas além da oitava. [...].

SOBRAL - CE A prova produzida nos autos nos leva à conclusão de que a razão

16/03/2015 a 11/07/2017 - SUPERVISOR DE CANAIS - SOBRAL, está com a reclamada.

CE A legislação trabalhista brasileira realça a ideia de confiança

24/05/2013 a 15/03/2015 - SUPERVISOR ATENDIMENTO - progressivamente crescente que se distingue, segundo a doutrina,

TRAIRI, CE em quatro graus: confiança genérica, presente em todos os

Igualmente, não há controvérsia de que, durante os referidos contratos de trabalho e que exige um mínimo de fidúcia do

períodos, e no exercício das funções mencionadas, o autor cumpriu empregador; confiança específica, pertinente aos bancários;

jornada de 8 horas de trabalho e recebeu gratificação pelo exercício confiança estrita a que alude o art. 499 da CLT e confiança

das referidas funções em valor superior a 1/3 da remuneração para excepcional, na qual se enquadra o gerente (art. 62 da CLT).

o cumprimento da jornada comum de 06 horas, sobre o que não há Razão assiste à demandada em relação ao argumento de que, para

qualquer queixa por parte do obreiro, não tendo havido impugnação haver cargo comissionado não é necessária a outorga de poderes

especificada quanto a este ponto, conforme atestam os de mando e gestão. Tais poderes se incluem no art. 62 da CLT, cuja

contracheques juntados aos autos. caracterização de gerentes e chefes de departamento de filial

Assim, para o efetivo enquadramento do autor na hipótese prescrita implica poderes de mando, como admitir, dispensar ou punir

no §2° do art. 224 da CLT, impõe-se a demonstração da existência empregados, poderes para representar a empresa nas suas

de fidúcia diferenciada, diversa da que naturalmente já se exige do relações com terceiros ou ainda poderes para alterar normas em

contrato de trabalho comum do bancário. Resta verificar a prova vigor na empresa no tocante à forma de produzir e trabalhar. Não é

produzida, em atenção ao disposto na Súmula 102,I do TST, sobre a hipótese dos autos. De fato, não se amolda o reclamante na

a configuração, ou não, do exercício de função de confiança, nos hipótese da fidúcia excepcional do art. 62, II da CLT.

termos do art. 224, § 2º. Avante! Já em relação à exceção prevista no § 2° do art. 224 da CLT, esta

O art. 224, § 2º, CLT diz o seguinte: Art. 224. [...]. § 2º As abrange todos os cargos que pressupõem atividades de direção,

disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções coordenação e supervisão ou fiscalização burocrática de serviços,

de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes ou que capazes de colocar seu ocupante acima do nível de outros colegas.

desempenhem outros cargos de confiança desde que o valor da Seria esta a condição do reclamante na Caixa Econômica Federal?

gratificação não seja inferior a um terço do salário do cargo efetivo. A prova produzida demonstra que sim. Avancemos!

(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 754, de 1969) A questão não é saber se o reclamante tinha ou não subordinados,

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mas saber se a gratificação recebida justifica o não pagamento da Descrição da função gratificada. Sumário. Responsável pela gestão

7ª e 8ª horas de trabalho. da equipe e das rotinas de trabalho, supervisionando e

Todas as testemunhas ouvidas, da parte reclamante, FRANCISCO acompanhando a performance dos canais parceiros e eletrônicos,

HENRIQUE TEIXEIRA BARROSO, e da reclamada, MARCELO garantindo os padrões de qualidade exigidos para os serviços, de

ABREU VIANA e LENON ALCANTARA FERREIRA, link do Pje- forma a contribuir para a excelência do atendimento aos clientes e o

Mídias na ata de fls. 3448/3449, esclareceram que o reclamante alcance de resultados sustentáveis. Principais atribuições:

não tinha subordinados, nem ingerência sobre outros empregados, Supervisionar e acompanhar a performance e a qualidade do

mas todos realçaram que as atribuições do autor estavam atendimento e das operações realizadas nos canais parceiros e

vinculadas ao relacionamento do Banco com os canais parceiros, eletrônicos, efetuando ajustes, quando necessários; Supervisionar e

lotéricas e correspondentes bancários. acompanhar a manutenção dos padrões de sinalização, imagem,

A primeira testemunha da Caixa, MARCELO ABREU VIANA, infraestrutura e segurança dos canais parceiros e eletrônicos

declarou ao Juiz que o reclamante estava subordinado diretamente vinculados; Representar a CAIXA junto à rede de canais parceiros

ao gerente geral da agência ou ao gerente regional; que o vinculados em seu âmbito de atuação e assegurar o cumprimento

reclamante era o representante da Caixa junto aos canais parceiros. das regras contratuais; Coordenar a disseminação das políticas e

A segunda testemunha da Caixa, LENON ALCANTARA FERREIRA, diretrizes aos canais parceiros; Garantir o funcionamento

declarou ao Juiz que como gerente de varejo o reclamante assinava ininterrupto dos equipamentos dos canais eletrônicos; Avaliar,

contratos representando a Caixa. prospectar e propor reposicionamento dos canais parceiros, canais

A testemunha da reclamante, FRANCISCO HENRIQUE TEIXEIRA próprios e o dimensionamento dos equipamentos de

BARROSO, declarou ao Juiz que "como supervisor de canais ele autoatendimento.

trabalhava fazendo uma assessoria às loterias, como orientações "MN RH183 052 - 6.1.37 - GER CANAIS E NEGOCIOS - 6.1.37.1

de vendas de produtos, como fazer atendimento via sistema, visitas Descrição da função gratificada. Sumário. Responsável pela gestão

às loterias, já como gerente executivo de varejo se assemelha, mas da equipe e das rotinas de trabalho, supervisionando e

a amplitude é maior, ele dá assessoria a, salvo engano, 14 acompanhando a conformidade e a performance dos canais

unidades vinculadas à superintendência a qual ele presta serviço, parceiros e PAE/SNC/Quiosque, garantindo os padrões de

ele não assessora às loterias, mas sim diretamente as agências". qualidade exigidos para os serviços, de forma a contribuir para a

Veja-se que a função do reclamante o coloca em lugar de destaque excelência do atendimento aos clientes e o alcance de resultados

ao estar diretamente subordinado ao gerente geral da agência ou sustentáveis. Principais atribuições: Supervisionar e acompanhar a

ao gerente regional. O depoimento da testemunha do próprio autor performance dos canais parceiros e PAE/SNC/Quiosque, primando

foi esclarecedor ao confirmar que o reclamante laborava pela qualidade do atendimento e das operações realizadas;

diretamente com os canais parceiros, dando assistência, fazendo Supervisionar e acompanhar a manutenção dos padrões de

visitas e acompanhando mais de uma dezena de unidades, sinalização, imagem, infraestrutura e segurança dos canais

prestando assessoria às lotéricas, ainda que predominantemente da parceiros e PAE/SNC/Quiosque vinculados; Representar a CAIXA

própria agência. junto à rede de canais parceiros vinculados em seu âmbito de

Vejo que o reclamante executava predominante as tarefas próprias atuação e assegurar o cumprimento das orientações operacionais,

das funções de confiança que assumiu, conforme descrito nos regras contratuais, regulamentações e legislações aplicáveis;

normativos internos da Instituição bancária, ANEXO II do MN RH Coordenar os programas de capacitação e a disseminação das

060, MN RH 183 040, MN RH183 052 e MN RH183 068, fls. políticas e diretrizes aos canais parceiros; Garantir o funcionamento

3288/3401. ininterrupto dos equipamentos nos PAE/SNC/Quiosque; Avaliar,

A testemunha do autor revelou que o reclamante poderia auxiliar em prospectar e propor expansão e reposicionamento dos canais

atividades diversas, mas a prova oral e documental indica que o parceiros e PAE/SNC/Quiosque."

reclamante estava predominantemente vinculado à execução de "MN RH183 068 - 6.1.40 - GERENTE EXECUTIVO VAREJO.

atividades de supervisão e acompanhamento aos canais parceiros, 6.1.40.1 Descrição da função gratificada. Sumário. Responsável

não havendo nos autos qualquer discussão sobre acúmulo ou pela gestão das rotinas de trabalho e da equipe, pela coordenação

desvio de função. das atividades de gestão da rede vinculada, apoiando a

Os normativos descrevem as atribuições do reclamante: implementação das políticas, diretrizes, expansão e

"MN RH183 040 - 6.1.65 - SUPERVISOR DE CANAIS - 6.1.65.1 reposicionamento dos canais parceiros, a fim de contribuir para a

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excelência do atendimento e alcance de resultados sustentáveis. exercício de atividades especializadas.

Principais atribuições: Controlar a execução do plano tático e Pela análise acima, exercendo o reclamante função com fidúcia

monitorar o desempenho da rede vinculada, mobilizando as equipes diferenciada e recebendo gratificação superior a 1/3 do salário,

para a entrega de resultados e qualificação do atendimento; aplica-se ao caso o teor da Súmula 102 do C. TST, inciso II, verbis:

Supervisionar a performance dos canais parceiros, padrões de Súmula nº 102 do TST - BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA

sinalização, imagem, infraestrutura e segurança no âmbito da rede (mantida) - II - O bancário que exerce a função a que se refere o §

vinculada, primando pela manutenção da qualidade do atendimento; 2º do art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a um terço

Garantir a implementação dos programas de capacitação dos de seu salário já tem remuneradas as duas horas extraordinárias

canais parceiros, a expansão e reposicionamento, disseminando as excedentes de seis.

políticas e diretrizes para os canais parceiros, com base na Diante do exposto, reconheço válida a gratificação de função que o

estratégia definida pela CAIXA; Garantir o padrão visual e de reclamante fez jus no período abrangido por esta ação e julgo

atendimento das unidades vinculadas a sua Superintendência de improcedentes os pedidos relativos ao pagamento da 7ª e 8ª horas

atuação; Gerir equipe subordinada." de trabalho como extras e reflexos nas demais parcelas de natureza

De fato, ao analisar o caso dos autos à luz da excepcionalidade do salarial e FGTS, conforme postulado na inicial."

§ 2º, art. 224, CLT, verifica-se que o reclamante não exercia função O reclamante manifesta no presente recurso ordinário o seu

de direção, gerência e chefia, mas o teor da referida norma legal inconformismo, alegando, em síntese: que toda a fundamentação

não se exaure nesta tipologia, ali estando também referidas as da sentença recorrida para o indeferimento da 7ª e 8ª hora como

hipóteses de "fiscalização", e o reclamante exercia esta atividade extra foi em relação às funções de supervisor de canais, gerente de

com relação aos contratos com os canais parceiros, dispondo, canais e gerente executivo varejo, funções que abrangiam

inclusive, o diploma legal sobre atividades "equivalentes", ou ainda atividades perante parceiros (lotéricas), nada se reportando ao

"que desempenhem outros cargos de confiança desde que o valor período em que o obreiro exerceu a função de supervisor de

da gratificação não seja inferior a um terço do salário do cargo atendimento de 24/05/2013 a 15/03/2015; que nenhuma

efetivo". testemunha trabalhou com o reclamante enquanto este exerceu a

O reclamante, no exercício de suas atribuições, executava tarefas função de supervisor de atendimento; que não houve demonstração

com certo grau de fidúcia e excepcionalidade, atuando junto a um de competências de supervisão, coordenação ou de representação,

segmento específico do Banco, se diferenciando pela maior aptas a enquadrar o autor na exceção do art. 224, §2º, CLT; que a

confiança em si depositada e por estar subordinado diretamente à simples descrição de cargos do autor nos normativos internos do

chefia superior na agência ou na gerência regional, representando a banco não é suficiente para enquadrá-lo na exceção do art. 224,

Caixa junto aos parceiros. §2º, CLT; que a prova testemunhal produzida demonstrou a

A prova documental (registro de empregados, ficha funcional, inexistência de fidúcia do cargo ou qualquer outro poder capaz de

quadro de funções, normativos da CEF etc) confirma que o enquadrar o reclamante na exceção do referido artigo.

reclamante realmente exerce função diferenciada, com fidúcia O recurso não alcança provimento.

específica. Suas atividades são diferenciadas, o que justifica a Ao editar a exceção da jornada de trabalho dos bancários prevista

gratificação de função pelas horas a mais laboradas, na 7ª e 8ª no artigo 224, § 2º, da CLT, elegeu o legislador um nível

horas. Vejo, inclusive, pelos contracheques juntados aos autos, que intermediário de confiança e atribuições, distinguindo certa

a gratificação recebida pelo obreiro sempre foi superior a 1/3 do categoria com encargos de maior responsabilidade e de cujo

salário básico, caindo o caso na hipótese prevista no parágrafo 2º desempenho é exigida a jornada de oito horas diárias de trabalho,

do art. 224 da CLT. sem direito à paga extraordinária.

Ressalte-se que o fato do reclamante não deter maior poder de Em virtude do princípio da primazia da realidade, a investigação

mando, ou não possuir subordinados ou chefiados, não desnatura a acerca do regime ao qual pertence o reclamante deve se dar a partir

natureza da gratificação recebida em paridade com a jornada do exame das atividades concretamente desempenhadas no

exigida de 8 horas, pois concedida em razão do desempenho de cotidiano do trabalho.

atividades com exigência de maior fidúcia, preparo técnico e Nesta esteira, ao defender o enquadramento do autor no § 2º do art.

disponibilidade. Não se trata o caso de imposição ilegal de jornada 224 da CLT, atraiu a reclamada o ônus da prova, consoante

de 08 horas ao bancário/demandante, mas exigência de mais tempo inteligência do art. 818, II, da CLT. No entanto, dele se desvencilhou

laborado em razão de recebimento de gratificação de função para o a contento, seja pela prova documental (atividades previstas no

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normativo interno do banco reclamado e gratificação superior a 1/3 estes que se denotam ademais pelo documento de ID 4495107 -

do salário do cargo efetivo), seja pela prova oral produzida. pág. 13, fl. 52 PDF. A primeira testemunha patronal, Sr. Marcelo

Com a devida vênia da parte recorrente, verifica-se que a valoração Abreu Viana, em depoimento gravado no sistema PJe Mídias,

probatória realizada pelo juízo de primeiro grau não merece declarou, de forma convicta, que trabalhou com o reclamante tanto

qualquer censura, porquanto espelha de forma fidedigna os na agência de Trairi (no final de 2014 e 2015) como na de Sobral de

elementos contidos na prova dos autos. (2018 a 2019). O controle de ponto eletrônico da referida

Como bem ressaltou o juízo de origem, em aspecto ora testemunha, referente ao mês de janeiro de 2015, dando conta de

corroborado: "Todas as testemunhas ouvidas, da parte reclamante, sua lotação na agência Trairi/Ce, anexado à fl. 1932 PDF, robustece

FRANCISCO HENRIQUE TEIXEIRA BARROSO, e da reclamada, ainda mais as suas declarações prestadas. Do referido depoimento,

MARCELO ABREU VIANA e LENON ALCANTARA FERREIRA, link soube-se, ainda, que "na época, este cargo gerente de canais era

do Pje-Mídias na ata de fls. 3448/3449, esclareceram que o chamado de supervisor de atendimento, mas que tratava da parte

reclamante não tinha subordinados, nem ingerência sobre outros de canais, então, ele [reclamante] já trabalhava com a gestão dos

empregados, mas todos realçaram que as atribuições do autor correspondentes bancários na agência Trairi (...)". Não será, por

estavam vinculadas ao relacionamento do Banco com os canais certo, despiciendo lembrar que importa constatar o conteúdo das

parceiros, lotéricas e correspondentes bancários. (...) Veja-se que a atividades prestadas pelo obreiro, independente da nomenclatura

função do reclamante o coloca em lugar de destaque ao estar do cargo. O fato de a testemunha em menção ter laborado

diretamente subordinado ao gerente geral da agência ou ao gerente juntamente com o recorrente, no que diz respeito à agência de

regional. O depoimento da testemunha do próprio autor foi Trairi/CE, apenas entre o final de 2014 a março de 2015, não

esclarecedor ao confirmar que o reclamante laborava diretamente impede que sejam consideradas suas declarações para o período

com os canais parceiros, dando assistência, fazendo visitas e anterior, ou seja, desde a data de 24/05/2013 (quando o reclamante

acompanhando mais de uma dezena de unidades, prestando começou a laborar na referida agência), por aplicação analógica do

assessoria às lotéricas, ainda que predominantemente da própria entendimento previsto na OJ 233 da SDI-1 do TST, sobretudo

agência. Vejo que o reclamante executava predominante as tarefas quando não há nos autos qualquer evidência que as atribuições

próprias das funções de confiança que assumiu, conforme descrito reais do obreiro, neste interregno, tenham sido alteradas.

nos normativos internos da Instituição bancária, ANEXO II do MN Em abono da sentença vergastada, cito, por pertinente, os

RH 060, MN RH 183 040, MN RH183 052 e MN RH183 068, fls. seguintes precedentes deste Regional:

3288/3401. (...) ao analisar o caso dos autos à luz da "(...) A meu sentir, salvo melhor juízo, o quadro probatório assim

excepcionalidade do § 2º, art. 224, CLT, verifica-se que o encontrado permite a conclusão de que o autor, enquanto

reclamante não exercia função de direção, gerência e chefia, mas o Supervisor de Canais, atuava com poderes capazes de excluí-lo do

teor da referida norma legal não se exaure nesta tipologia, ali regime do caput do art. 224 da CLT, desincumbindo-se a empresa

estando também referidas as hipóteses de "fiscalização", e o de seu encargo probatório. Importa constatar o conteúdo das

reclamante exercia esta atividade com relação aos contratos com os atividades prestadas pelo obreiro, independente da nomenclatura

canais parceiros, dispondo, inclusive, o diploma legal sobre do cargo. Restou demonstrado que o reclamante tinha dentre suas

atividades "equivalentes", ou ainda "que desempenhem outros atribuições diversas competências de supervisão, coordenação e

cargos de confiança desde que o valor da gratificação não seja mesmo de representação. Ainda que sem subordinados, o autor

inferior a um terço do salário do cargo efetivo". O reclamante, no desempenhava atividades com fidúcia superior a de um bancário

exercício de suas atribuições, executava tarefas com certo grau de submetido a jornada de seis horas diárias e trinta horas semanais."

fidúcia e excepcionalidade, atuando junto a um segmento específico (Processo nº 0000484-80.2020.5.07.0038: RECURSO ORDINÁRIO,

do Banco, se diferenciando pela maior confiança em si depositada e TRT 7ª Região - 2ª Turma, Relator Desembargador CLÁUDIO

por estar subordinado diretamente à chefia superior na agência ou SOARES PIRES, Data da Assinatura 04/05/2021).

na gerência regional, representando a Caixa junto aos parceiros." "CARGO DE SUPERVISOR DE CANAIS. JORNADA DE

A alegação recursal de que nenhuma testemunha laborou com o TRABALHO DE 08 (OITO) HORAS DIÁRIAS. ART. 224, § 2º, DA

reclamante, enquanto este exerceu a função de supervisor de CLT. 7ª (SÉTIMA) E 8ª (OITAVA) HORAS REMUNERADAS PELA

atendimento, não merece prosperar. Restou incontroverso nos GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Não

autos que o reclamante exerceu a referida função no período de é um bancário comum o "supervisor de canais" que recebe

24/05/2013 a 15/03/2015, sendo lotado na agência Trairi/CE, fatos gratificação de função em proporcionalidade bem superior ao

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patamar de 1/3 (um terço) do salário do cargo efetivo e britanicamente, mostrando jornadas variáveis, com inúmeros

desempenha atividades que exigem uma maior confiança por parte registros de prorrogações, de forma compatível com a realidade de

da instituição financeira que o nível de fidúcia normal decorrente da trabalho do reclamante, o que presume uma marcação fidedigna da

própria existência do pacto laboral. Consequentemente, enquadra- jornada laborada, não tendo o autor produzido prova no sentido de

se na exceção do art. 224, § 2º, da CLT, sendo-lhe aplicável a corroborar suas afirmações contidas na exordial.

jornada de trabalho de 08 (oito) horas diárias, de tal modo que as A prova testemunhal também se mostra frágil, pelos mesmos

duas horas de trabalho, além da 6ª (sexta), ou seja, a 7ª (sétima) e fundamentos, para comprovar labor após a 8ª hora de trabalho além

8ª (oitava) horas prestadas em virtude da gratificação de função, já daquelas horas computadas como extras e pagas ao reclamante,

são remuneradas pelo valor desta, conforme entendimento conforme demonstram os contracheques de fls. 2122/2242.

jurisprudencial pacífico do colendo TST" (Processo nº 0000190- Ressalte-se que durante todo o período imprescrito, relativamente

63.2017.5.07.0028: RECURSO ORDINÁRIO, TRT 7ª Região - 1ª ao intervalo intrajornada, a partir de 02/12/2015, o autor registrou a

Turma, Relator Desembargador EMMANUEL TEOFILO FURTADO, sua jornada, não havendo nos autos prova satisfatória a invalidar os

Data da Assinatura 15/10/2018). referidos documentos.

Irretorquível, portanto, a decisão de primeiro grau que enquadrou, Ressalto que o depoimento destacado como prova emprestada,

com apoio nas provas produzidas nos autos, o recorrente na processo n. 0000235-32.2020.5.07.0038, do Sr. AFRÂNIO ALVES

hipótese prevista no art. 224, §2º, da CLT. FONTENELE, fls. 3450/3453, 3488/3489, não retrata a rotina de

Sentença mantida. trabalho do reclamante, não se podendo presumir que as

NEGA-SE PROVIMENTO declarações ali levadas a efeito se encaixem ao contrato de trabalho

HORAS EXTRAS EFETIVAS. INTERVALO INTRAJORNADA. do autor, seja quanto às atribuições da função, seja quanto à

Colhe-se do julgamento a seguinte decisão: jornada.

"O reclamante postula o pagamento de horas intervalares e Assim, por tudo o que foi analisado, não resta outra alternativa a

reflexos, alegando que sempre usufruía somente de 30 minutos de este Juízo do Trabalho a não ser indeferir o pleito de horas extras

intervalo intrajornada, ocorrendo violação ao art. 71, § 4º, CLT. após a 8ª hora laborada e horas extras intervalares."

A reclamada, em sede de defesa, nega o pleito da parte autora, Sustenta o reclamante, em suas razões recursais, em resumo: que

assentando que o reclamante usufruía do intervalo intrajornada a prova testemunhal demonstrou que o autor registrava o ponto

previsto no art. 71 da CLT, aduzindo que nos períodos de controle somente no horário determinado pela empresa reclamada, bem

de jornada (SIPON) resta incontroverso que houve o cumprimento como a realização de atividades sem utilização do sistema; que não

do intervalo integral. existe qualquer previsão legal no sentido de que a prova

Os registros de ponto do reclamante, fls. 1912/2086 e 2243/2363, documental se sobreponha à prova oral; que a testemunha autoral

indicam o gozo do intervalo intrajornada de 01 hora. As foi firme e convincente quanto à confirmação da invalidade dos

testemunhas da reclamada, nos períodos em que laboraram com cartões de ponto e da jornada declinada na exordial; que na ocasião

autor, declararam que o intervalo era de 01 hora. A testemunha do da instrução realizada no processo 0001182-96.2014.5.07.0038, o

reclamante, FRANCISCO HENRIQUE TEIXEIRA BARROSO, fls. próprio preposto da caixa econômica confessa a imprestabilidade

3448/3449, laborou com o autor apenas de 2015 a 2018, mas suas dos controles de frequência; que alguns registros não apresentam a

declarações não foram suficientemente convincentes quanto à assinatura do Autor; que o ônus de demonstrar a fruição do

ausência do intervalo intrajornada, levando em conta que a própria intervalo intrajornada mínimo é da parte reclamada quando não

testemunha esclareceu que o autor também executava atividades cumprida a exigência legal (artigo 74, § 2º, da CLT) de pré-

externas de visitas aos clientes, canais parceiros. Suas declarações assinalação do intervalo ou mesmo na hipótese de falta de

não são suficientes a invalidar a prova documental, ponto registrado apresentação de controles de ponto; que faz jus ao pagamento das

por empregado altamente qualificado e esclarecido, sendo certo que diferenças de horas extras registradas nos cartões ponto após a 8ª

a prova da jornada de trabalho é feita, em princípio, pelos registros hora diária e pagas nos contracheques.

de ponto, consoante disposto no parágrafo 2º do artigo 74 da CLT, O recurso não alcança provimento.

de modo que os registros contidos nos controles de ponto geram As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes

presunção relativa de veracidade, desconstituída somente por fortes para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos,

elementos de convicção, o que não se verificou no caso. verifica-se que a sentença recorrida não carece de nenhum reparo,

Verifica-se que os cartões de ponto referidos não estão marcados já que esquadrinhados todos os aspectos abordados pelo

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recorrente. Assim, diante de tal circunstância, e verificando-se que a condenação a esse título, sobretudo por ter constado

valoração probatória realizada pelo juízo de origem não merece expressamente na audiência de ID 59d12f3, fls. 3403 PDF, in

qualquer reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os verbis: "Defiro à parte autora o prazo de 15 dias para manifestação

elementos contidos na prova dos autos, adota-se as razões de sobre a defesa e a documentação, independentemente de

decidir da sentença recorrida quanto ao tema em epígrafe, notificação, devendo apontar, no mesmo prazo, por amostragem,

mantendo-a pelos seus próprios e jurídicos fundamentos. eventuais diferenças que entenda devidas." (destaquei)

De toda sorte, cumpre destacar, por oportuno, que ao contrário do Rejeita-se, ainda, a tese recursal fundada em depoimento do

alegado pelo reclamante, os depoimentos das duas testemunhas preposto obtido na reclamação trabalhista 0001182-

patronais, Sr. Marcelo Abreu Viana e Sr. Lenon Alcântara Ferreira, 96.2014.5.07.0038, considerando-se que em nenhum momento

merecem credibilidade, pois prestaram depoimentos harmônicos e durante a instrução processual, tal elemento probatório fora

convincentes, conferindo consistência ao quanto narrado pela admitido como prova emprestada. A prova emprestada trazida por

reclamada na sua peça de defesa. empréstimo ao conjunto probatório, mediante autorização do juízo

Consigne-se que o depoimento da primeira testemunha ouvida a de origem na audiência ID ab4a5b1, diz respeito ao depoimento

convite da reclamada, Sr. Marcelo Abreu Viana, não merece prestado na reclamação trabalhista 0000235-32.2020.5.07.0038,

descrédito pelo fato de ter atuado como preposto da reclamada em mas referido elemento de prova não socorre a tese autoral.

outras ocasiões. Os artigos 447 do CPC e 829 da CLT não Comungo do entendimento do julgador de origem, que a este

consideram suspeitas para depor como testemunhas as pessoas respeito, consignou: "Ressalto que o depoimento destacado como

que mantém vínculo com o empregador, ainda que mediante prova emprestada, processo n. 0000235-32.2020.5.07.0038, do Sr.

exercício de cargo de confiança. Ressalte-se que o interesse no AFRÂNIO ALVES FONTENELE, fls. 3450/3453, 3488/3489, não

objeto do litígio para tornar a testemunha imprestável deve ser retrata a rotina de trabalho do reclamante, não se podendo presumir

concreto e amplamente demonstrado, o que não ocorreu no que as declarações ali levadas a efeito se encaixem ao contrato de

presente caso. trabalho do autor, seja quanto às atribuições da função, seja quanto

Ressalte-se, também, que os contracheques apresentados nos à jornada."

autos pela parte recorrida demonstram o pagamento de algumas Saliente-se, por fim, que a mera ausência da assinatura do obreiro

horas extras, razão pela qual, no caso vertente, não se trata de nos cartões de ponto não enseja a sua invalidade, de vez que o

examinar a hipótese de total ausência de pagamento de horas artigo 74, § 2o, da CLT, não condiciona a validade dos registros da

suplementares, mas o de perquirir a existência de jornada extra não hora de entrada e de saída à chancela do trabalhador. Nesse

remunerada. Saliente-se, também, que a reclamada juntou registros sentido, é firme a jurisprudência do TST:

de ponto, de onde se vê claramente que tais assentamentos "DECISÃO REGIONAL PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº

indicam variação de horários de entrada e saída de um dia para o 13.467/2017. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA

outro, como é próprio do horário registrado de forma fidedigna, PARTE RÉ. HORAS EXTRAS. INTERVALO INTRAJORNADA.

razão pela qual, cumpria ao recorrente deixar evidenciado sem a CARTÕES DE PONTO SEM ASSINATURA DO EMPREGADO.

menor sombra de dúvida que outras horas foram trabalhadas e não VALIDADE. ÔNUS DA PROVA. JURISPRUDÊNCIA PACIFICADA

registradas, ou apontar diferenças de horas extras pendentes de NO ÂMBITO DESTA CORTE SUPERIOR. PRECEDENTES.

pagamento, mas deste desiderato, todavia, não se desincumbiu, TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CONSTATADA. Segundo a

sendo certo que o depoimento da única testemunha autoral, como jurisprudência desta Corte Superior, a ausência de assinatura do

acertadamente anunciado na sentença, não trouxe convencimento o empregado nos cartões de ponto, por si só, não os torna inválidos,

suficiente para derruir os relatos das testemunhas auspiciadas pela ante a inexistência de previsão legal, caracterizando mera

reclamada e a prova documental apresentada pela empresa (folhas irregularidade administrativa. Diante disso, não há a transferência

de ponto), tampouco efetuou qualquer demonstração aritmética de do ônus da prova da jornada ao empregador. Precedentes.

que efetivamente faria jus a diferenças de horas extras. Ora, se é Ressalva de entendimento do Relator. Recurso de revista

certo que a existência de uma única diferença é suficiente para conhecido e provido" (RR-101450-03.2016.5.01.0024, 7ª Turma,

justificar a condenação no título correspondente, não menos certo Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 05/03/2021).

que compete à parte demonstrá-la, ainda que por amostragem. "RECURSO DE REVISTA - (...) HORAS EXTRAS. CARTÕES DE

Uma vez que o reclamante não se preocupou em fazê-lo em sede PONTO APÓCRIFOS. IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO

de réplica à contestação, fls. 3404/3440 PDF, impossível a AUTOMÁTICA DO ÔNUS DA PROVA. A mera ausência de

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assinatura nos cartões de ponto não enseja a inversão do ônus da DA LEI Nº 13.015/2014. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO

prova para o empregador quanto à jornada de trabalho e, por APÓCRIFOS. VALIDADE. Esta Corte já se posicionou no sentido de

conseguinte, não autoriza a presunção de veracidade do horário de que a simples ausência de assinatura nos cartões de ponto

trabalho alegado na inicial, cabendo à reclamante comprovar a configura mera irregularidade administrativa, não tendo o condão de

invalidade dos registros. Julgados. Recurso de revista conhecido e torná-los inválidos como meio de prova, porquanto inexiste previsão

provido EQUIPARAÇÃO SALARIAL. (...)" (RR - 2511- legal que imponha o dever de assiná-los. Recurso de revista

54.2012.5.05.0561, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª conhecido e provido." (RR - 10623-97.2015.5.01.0082, Relator

Turma, DEJT 10/08/2018) Ministro: Breno Medeiros, 5ª Turma, DEJT 29/06/2018)

"PROCESSO ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. RECURSO DE Mantém-se, portanto, o decidido na origem pelos próprios

REVISTA. CARTÕES DE PONTO APÓCRIFOS. ÔNUS DA fundamentos, acrescentando os fundamentos supra.

PROVA. O TRT emitiu tese no sentido de que, por apócrifos, os NEGA-SE PROVIMENTO.

cartões de ponto juntados aos autos não podem ser considerados DAS HORAS EXTRAS ALÉM DA 8ª HORA DIÁRIA PELA

como meio de prova idônea. Todavia, o entendimento APLICAÇÃO DO PROTESTO ANTIPRECLUSIVO NO PERÍODO

jurisprudencial predominante nesta Corte é no sentido de que a EM QUE AUSENTE REGISTROS DE HORÁRIOS.

ausência de assinatura do empregado nos registros de ponto Alega o recorrente que "no período de 08/10/2012 a 23/07/2014,

configura mera irregularidade administrativa, ante a inexistência de deve prevalecer o entendimento previsto na Súmula nº 338, I e III do

previsão legal para tal exigência. Precedentes da SBDI-1 e de todas TST, que atrai a presunção de veracidade da jornada da inicial

as Turmas desta Corte. Afastada a tese de invalidade dos cartões quando não apresentados os controles de ponto ou quando

de ponto apócrifos, é de se determinar o retorno dos autos à Vara demonstrarem horários invariáveis de entrada e de saída." Defende

de origem para que reavalie a prova e prossiga no julgamento do que "no caso dos autos, no interregno em questão, sequer havia

mérito da questão controvertida, como entender de direito. Ressalva aposição da jornada e das horas de início e de término." Assevera

de entendimento do Relator. Recurso de revista conhecido por "que as horas extras excedentes da 8ª diária no período em questão

violação do artigo 74, § 2º, da CLT e provido." (RR - 394- também se encontram abrangidas pela interrupção da prescrição

23.2014.5.05.0011, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra ocorrida em face do protesto da CONTEC."

Belmonte, 3ª Turma, DEJT 10/08/2018) À análise.

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. HORAS EXTRAS. ÔNUS DA Sobre a interrupção da prescrição pelo protesto da CONTEC, assim

PROVA. CARTÕES DE PONTO SEM ASSINATURA. A decisão se manifestou o juízo de origem:

regional parece violar os artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC, razão "O reclamante narrou na inicial que em 2015 a Confederação

pela qual deve ser provido o Agravo de Instrumento. Agravo de Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito - CONTEC

Instrumento de que se conhece e a que se dá provimento, para ajuizou Ação Cautelar de Protesto Interruptivo de Prazo

determinar o processamento do Recurso de Revista. RECURSO DE Prescricional (Proc. Nº 0000893-41.2015.5.10.0008), que tramitou

REVISTA. HORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. CARTÕES DE na 8ª Vara do Trabalho em Brasília-DF, tendo por objetivo a

PONTO SEM ASSINATURA. Conforme jurisprudência desta Corte, interrupção do lapso prescricional trabalhista para a propositura de

a falta de assinatura do empregado nos registros de frequência ações individuais que discutam o pagamento de horas extras, tendo

configura tão somente irregularidade administrativa, e não é a reclamada sido notificada, roga a imprescritibilidade das horas

suficiente, por si só, para tornar inválida a prova documental extras laboradas desde junho de 2010.

apresentada. Assim, a decisão do Tribunal Regional, ao considerar Em contestação, a reclamada arguiu: i) a impossibilidade de

inválidos os controles de frequência e, em decorrência, presumir interrupção da prescrição por ação de protesto, ante a incidência do

como verdadeira a jornada de trabalho indicada na petição inicial, § 3º, art. 11, CLT, redação dada pela Lei 13.467/2017; ii)

deferindo horas extraordinárias ao Reclamante, viola regra da inconstitucionalidade da interrupção mediante protesto; iii)

distribuição dos ônus da prova prevista nos arts. 818 da CLT e 373, ilegitimidade, de modo que a sentença proferida na ação de

I, do CPC. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá protesto não pode surtir efeitos na jurisdição do Estado do Ceará,

provimento." (RR - 10857-53.2015.5.01.0511, Relatora pois a competência da Vara do Trabalho de Brasília não se estende

Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro Santos, 6ª à juridição trabalhista do TRT da 7ª Região; iv) ausência de

Turma, DEJT 10/08/2018) identidade de causa de pedir entre o protesto ajuizado pela

"RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA CONTEC e a presente reclamação trabalhista.

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Analisando o objeto da Ação de Protesto Antipreclusivo, vê-se a Constituição Federal, pronunciar a prescrição da pretensão do

seguinte descrição: "a) o pagamento de horas extras dos reclamante relativamente aos créditos pleiteados e anteriores a

empregados que não possuam poder efetivo de mando e gestão, de 02/12/2015 (considerando que a presente reclamação foi ajuizada

forma que não se enquadram nas hipóteses de que trata o art. 224, em 02/12/2020), com exceção do pedido de horas extras a partir da

§ 2º, da CLT; e, b) o pagamento de horas extras àqueles 6ª hora diária pelo enquadramento no caput do art. 224 da CLT,

empregados que, mesmo incluídos na hipótese de que trata o artigo conforme acima fundamentado. (...)"

224, § 2º, da CLT, tenham laborado além da 8ª hora diária". Como visto da transcrição acima, a sentença recorrida entendeu

Com efeito, o reclamante pleiteia o pagamento das horas que, apenas em relação ao pleito de pagamento das horas

excedentes à 6ª hora diária e 30ª semanal, em razão do não extraordinárias a partir da sexta hora (7ª e 8ª hora), pela alegada

enquadramento do autor na hipótese de função de confiança inexistência de função de confiança prevista no § 2º do artigo 224

prevista no § 2º do art. 224 da CLT. da CLT, não havia que se falar em prescrição.

No que tange aos argumentos da reclamada de impossibilidade de Ainda que o pleito do autor de pagamento de horas extras

aplicação do protesto antipreclusivo do prazo prescricional, refuto excedentes da 8ª diária, mesmo estando incluído na hipótese de

desde logo, porquanto a jurisprudência é uníssona em acolher o que trata o artigo 224, § 2º, da CLT, também se encontrasse

processamento de tal procedimento perante a Justiça Laboral, por abrangido pela interrupção da prescrição ocorrida em face do

força do art. 769, CLT. protesto da CONTEC, melhor sorte não teria o recorrente, pelas

(...) razões a seguir expostas.

De igual modo, reconheço a legitimidade da CONTEC, por tratar-se É certo que de 08/10/2012 a 23/07/2014 (fls. 2265/2286 PDF), não

de entidade sindical de grau superior, com ampla legitimidade, em houve marcação das horas de entrada e de saída, mas apenas o

nível nacional, para representar os empregados da reclamada, registro da ocorrência "FREQ. INTEGRAL. Por outro lado,

reconhecida inclusive perante Tribunal Superior do Trabalho. induvidoso também que o autor somente passou a laborar em

Vê-se, de plano, que a causa de pedir constante desta reclamação jornada de oito horas a partir de 24/05/2013, ao ser designado para

trabalhista coincide em parte com a causa de pedir da Ação de a função de supervisor de atendimento, com aposição da jornada de

Protesto Antipreclusivo, posto que em ambas a interrupção da 08h, marco inicial, portanto, para análise do pleito do recorrente, ora

prescrição tem por base o não enquadramento dos bancários na trazido para acertamento. Como já anunciado acima, por ocasião do

exceção disposta no § 2º, art. 224, CLT, para fins de adimplemento exame do tema "HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO DE

de horas excedentes à 6ª hora laborada. Portanto, idênticas no CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO",

tocante as causas de pedir, razão pela qual reconheço a interrupção restou incontroverso nos autos que o reclamante exerceu a referida

do prazo prescricional pela Ação nº 0000893-41.2015.5.10.0008. função no período de 24/05/2013 a 15/03/2015, sendo lotado na

Transcrevo posicionamento do C. TST nesse sentido: agência Trairi/CE, fatos estes que se denotam ademais pelo

(...) documento de ID 4495107 - Pág. 13, fl. 52 PDF.

Dessa forma, considerando que o protesto foi ajuizado em Não obstante, no interregno de relevo para o deslinde da questão,

08/06/2015 tem-se que houve a interrupção da prescrição naquela 24/05/2013 a 23/07/2014, sequer houve, de fato, aposição da

data, estariam prescritos os créditos anteriores a 08/06/2010 (marco jornada e das horas de início e de término, tal circunstância, a toda

para aplicação do quinquídio legal à data da propositura do protesto evidência, observada apenas em curto período do contrato de

judicial da CONTEC), mas vejo que o reclamante foi admitido em trabalho, contrato este vigente desde 13.12.2010, não conduz ao

13/12/2010, não havendo, portanto, que se falar em prescrição automático acolhimento da jornada descrita na inicial.

quanto aos direitos aqui postulados. Digno de registro, por pertinente, que a primeira testemunha

Saliento, entretanto, que interrupção da prescrição, acima patronal, Sr. Marcelo Abreu Viana, que trabalhou com o reclamante

reconhecida, não abrange outros requerimentos desta reclamatória tanto na agência de Trairi (no final de 2014 e 2015), como na de

(a exemplo dos reflexos das horas extras pretendidas e da Sobral (2018 a 2019), em depoimento gravado no sistema PJe

sobrejornada decorrente da supressão do intervalo previsto no art. Mídias, veio em socorro da tese de defesa da reclamada, quando

384 da CLT), cuja prescrição é quinquenal. declarou: (4:55) que o reclamante "normalmente fazia as 8h

Desse modo, considerando a inexistência de protesto interruptivo da diárias"; (...) (6:05) "que saía mais tarde que o Reclamante, porque

prescrição no que concerne aos demais pedidos constantes na eu sempre fazia o horário maior"; (6:24) que "nunca viu [o

exordial, incumbe a este Juízo, à luz do artigo 7o, inciso XXIX da reclamante] ficar na agência fora do horário das 18hs, em todos os

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 169
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momentos"; (7:29) "que na qualidade de substituto do depoente na gratificação de função, à interrupção da prescrição parcial em

agência de Trairi, não havia a necessidade de o reclamante fazer relação aos reflexos das horas extras e aos honorários advocatícios

hora extra"; (7:49) "que na condição de supervisor de canais da devidos ao autor.

agência Trairi, o reclamante saía para fazer visitas às lotéricas e NEGA-SE PROVIMENTO.

canais parceiros"; (8:04) "que o reclamante saía dentro do horário

de trabalho dele e voltava dentro do horário de trabalho dele" e

(11:50) "que na agência de Trairi o reclamante ia para casa e tirava CONCLUSÃO DO VOTO

o intervalo de 1 hora." O fato de a testemunha em menção ter

laborado juntamente com o recorrente, no que diz respeito à

agência de Trairi/CE, apenas entre o final de 2014 a março de 2015, Ante o exposto, voto pelo conhecimento do Recurso Ordinário para

não impede que sejam consideradas suas declarações para o negar-lhe provimento.

período anterior, ou seja, desde a data de 24/05/2013 (quando o

reclamante começou a laborar na referida agência), por aplicação

analógica do entendimento previsto na OJ 233 da SDI-1 do TST, DISPOSITIVO

sobretudo quando não há nos autos elementos probatórios que

indiquem que a rotina de trabalho do obreiro, neste interregno,

tenha sido alterada.

Neste sentido, cito os seguintes precedentes jurisprudenciais:

"CONTROLE DE PONTO. HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DOS

CARTÕES DE PONTO DE DETERMINADOS PERÍODOS. Entendo

que não há como condenar a reclamada ao pagamento de horas,

com base na jornada descrita na exordial, mesmo considerando que

os cartões de ponto não foram juntados em determinados períodos. ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

Isto porque, não há nos autos elementos que indicam que houve REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

uma mudança na rotina de trabalho da reclamante ou qualquer conhecer do Recurso Ordinário e, por maioria, negar-lhe

indício que pudesse indicar que a jornada prestada naquele período provimento. Vencido o Desembargador Jefferson Quesado Júnior,

em que os cartões de ponto não vieram aos autos era diversa, ou que dava provimento ao apelo, para determinar o pagamento da 7ª

seja, dissonante dos controles juntados. (TRT da 3ª Região, RO e 8ª horas, com todos os reflexos, por não se aplicar a regra contida

0010302-35.2013.5.03.0031, Quarta Turma, Relatora no §2º, do art. 224, da CLT.

Desembargadora Maria Lúcia Cardoso de Magalhães, DEJT Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

02/06/2014) Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

"(...) A 1ª ré anexou os cartões de ponto de todo o período Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

contratual (fls. 207/239), à exceção dos referentes a outubro de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

2016 e ao período de janeiro a setembro de 2018. Contudo, de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

considerando que o contrato de trabalho do autor (fls. 162) vigeu Fortaleza, 18 de julho de 2022.

por 37 meses (de 03.05.2016 até 03.06.2019), a ausência de

cartões de ponto relativos a apenas a 9 meses não conduz ao

automático acolhimento da jornada descrita na inicial. (...)"(TRT da

2ª Região, RO 1000086-02.2020.5.02.0315, 13ª Turma, Relator CLAUDIO SOARES PIRES

Desembargador Rafael Edson Pugliese Ribeiro, DEJT 24/09/2021) Desembargador Relator

Ante o exposto, impõe-se o improvimento do recurso. FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Mantida a improcedência da reclamação, resta prejudicado o exame

dos temas alusivos ao pagamento de horas extras em parcelas ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

vincendas, aos critérios de liquidação pretendidos, aos reflexos das Diretor de Secretaria

horas extras no RSR (e, após, nas demais verbas), à


Processo Nº ROT-0000555-87.2021.5.07.0025
impossibilidade de compensação das horas extras com a Relator CLAUDIO SOARES PIRES

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 170
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRENTE B.B.S. ADVOGADO JOSE AURELIO SILVA JUNIOR(OAB:


34981/CE)
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE) ADVOGADO VICTOR COELHO BARBOSA(OAB:
34958/CE)
RECORRENTE F.E.D.S.R.
ADVOGADO RONALDO MARCIO SOARES
ADVOGADO JOSE AURELIO SILVA JUNIOR(OAB: BRITO(OAB: 39086/CE)
34981/CE)
RECORRIDO B.B.S.
ADVOGADO VICTOR COELHO BARBOSA(OAB:
34958/CE) ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
ADVOGADO RONALDO MARCIO SOARES
BRITO(OAB: 39086/CE)
RECORRIDO F.E.D.S.R. Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO JOSE AURELIO SILVA JUNIOR(OAB: - B.B.S.
34981/CE)
ADVOGADO VICTOR COELHO BARBOSA(OAB:
34958/CE) Tomar ciência do(a) Intimação de ID faff7c8.
ADVOGADO RONALDO MARCIO SOARES
BRITO(OAB: 39086/CE)
Processo Nº ROT-0000555-87.2021.5.07.0025
RECORRIDO B.B.S.
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE) RECORRENTE B.B.S.
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
Intimado(s)/Citado(s):
RECORRENTE F.E.D.S.R.
- B.B.S. ADVOGADO JOSE AURELIO SILVA JUNIOR(OAB:
34981/CE)
ADVOGADO VICTOR COELHO BARBOSA(OAB:
Tomar ciência do(a) Intimação de ID 84db36c. 34958/CE)
ADVOGADO RONALDO MARCIO SOARES
Processo Nº ROT-0000555-87.2021.5.07.0025 BRITO(OAB: 39086/CE)
Relator CLAUDIO SOARES PIRES RECORRIDO F.E.D.S.R.
RECORRENTE B.B.S. ADVOGADO JOSE AURELIO SILVA JUNIOR(OAB:
34981/CE)
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE) ADVOGADO VICTOR COELHO BARBOSA(OAB:
34958/CE)
RECORRENTE F.E.D.S.R.
ADVOGADO RONALDO MARCIO SOARES
ADVOGADO JOSE AURELIO SILVA JUNIOR(OAB: BRITO(OAB: 39086/CE)
34981/CE)
RECORRIDO B.B.S.
ADVOGADO VICTOR COELHO BARBOSA(OAB:
34958/CE) ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
ADVOGADO RONALDO MARCIO SOARES
BRITO(OAB: 39086/CE)
RECORRIDO F.E.D.S.R. Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO JOSE AURELIO SILVA JUNIOR(OAB: - F.E.D.S.R.
34981/CE)
ADVOGADO VICTOR COELHO BARBOSA(OAB:
34958/CE) Tomar ciência do(a) Intimação de ID 374eadb.
ADVOGADO RONALDO MARCIO SOARES
BRITO(OAB: 39086/CE)
Processo Nº RORSum-0000397-66.2020.5.07.0025
RECORRIDO B.B.S.
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE) RECORRENTE JOSE IRANILDO SOARES LIMA
ADVOGADO RODRIGO AVELAR REIS SA(OAB:
10217/PI)
Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO RAUL DE SOUZA MARTINS(OAB:
- F.E.D.S.R. 29863/CE)
RECORRIDO FORTALEZA DISTRIBUICAO E
LOGISTICA LTDA
Tomar ciência do(a) Intimação de ID 2ecb579. ADVOGADO Sergio Luis Tavares Martins(OAB:
14259-A/CE)
Processo Nº ROT-0000555-87.2021.5.07.0025 ADVOGADO TARCIANO CAPIBARIBE
BARROS(OAB: 11208/CE)
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE B.B.S.
Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE) - JOSE IRANILDO SOARES LIMA
RECORRENTE F.E.D.S.R.
ADVOGADO JOSE AURELIO SILVA JUNIOR(OAB:
34981/CE)
ADVOGADO VICTOR COELHO BARBOSA(OAB:
34958/CE) PODER JUDICIÁRIO
ADVOGADO RONALDO MARCIO SOARES
BRITO(OAB: 39086/CE) JUSTIÇA DO
RECORRIDO F.E.D.S.R.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 171
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO pedidos formulados na presente reclamação trabalhista".

ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. 3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que

VARA DO TRABALHO DE TIANGUÁ, em que é recorrente,JOSÉ a confissão ficta aplicada ao recorrente acarreta apenas presunção

IRANILDO SOARES LIMA, e recorrido, FORTALEZA relativa, podendo ser desconstituída por meio de prova, seja oral ou

DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA LTDA. documental; que cabe ao magistrado dar continuidade a instrução,

Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo nos termos da legislação vigente, colhendo as provas indicadas

incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo pelas partes; que o recorrente esteve presente na audiência de

submetido ao rito sumaríssimo. instrução, de forma virtual, conforme se verifica no próprio termo de

audiência, pelo que não poderia o juízo da instrução ignorar a sua

presença; que recorrido em sua contestação confessa que o

FUNDAMENTAÇÃO reclamante trabalhou para recorrida; que houve decisão

interlocutória a qual indeferiu a oitiva de testemunhas deste

recorrente, do que requer a nulidade da sentença recorrida.

ADMISSIBILIDADE 4.Examina-se:

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do Perpassando a ata de audiência ID. ed8638e vê-se que,

recurso interposto. inicialmente, o juízo da instrução da Vara do Trabalho de Crateús-

MÉRITO. CE deu-se por incompetente em razão do suposto local da

VENDEDOR EXTERNO. RELAÇÃO DE TRABALHO. DIREITOS prestação dos serviços, determinando a remessa dos autos para a

RESCISÓRIOS. PENA DE CONFISSÃO APLICADA AO Vara de Trabalho de Tianguá-CE. Destaca-se que o recorrente

RECORRENTE POR AUSÊNCIA NA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO esteve presente por videoconferência.

DO FEITO. IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. Realizada audiência em Tianguá-CE, o magistrado que a instruiu

1.Cuida-se de reclamação trabalhista proposta por JOSE IRANILDO suscitou conflito de competência ID. 1932f6a. Uma vez mais o

SOARES LIMA contra FORTALEZA DISTRIBUIÇÃO E LOGISTICA reclamante se fez presente.

LTDA. em que alegada a constância de relação de emprego nas Coube a SEÇÃO ESPECIALIZADA I desta Corte decidir o conflito,

funções de vendedor externo, sem registro na carteira de trabalho; declarando a competência da Vara do Trabalho de Tianguá-CE (ID.

que foi dispensado sem receber seus direitos rescisórios. 4f1fdca).

2.Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante (ID. Na Vara do Trabalho de Tianguá-CE determinou-se a inclusão do

bb1b424): feito em pauta (ID. ab9921a), na modalidade presencial/híbrida. Na

"DA AUSÊNCIA DO RECLAMANTE À AUDIÊNCIA DE intimação dirigida às partes consignou-se; "Ocorrendo a ausência

INSTRUÇÃO. CONFISSÃO FICTA. imotivada de qualquer das partes (reclamante ou reclamada) serão

O não comparecimento da parte reclamante à audiência de presumidos verdadeiros os fatos articulados pela parte contrária

instrução teve por consequência a aplicação da pena de confissão (confissão ficta)".

ficta em seu desfavor (súmula 74, I, do TST). Retomada a instrução (ID. 6835f0b), presente o recorrente, deu-se

Deste modo, reconheço como verdadeiros os fatos trazidos na novo adiamento e novamente consignado; "objetivando a instrução

contestação, notadamente no que se refere à ausência de relação completado feito, com DEPOIMENTOS DAS PARTES, sob pena de

de emprego entre as partes. confissão (Súmula 74 do TST), e OITIVA DE TODAS AS

O contrato de representação comercial juntado pela reclamada TESTEMUNHAS".

corrobora o entendimento de ausência de vínculo de emprego entre Entretanto, conforme despacho ID. 4b75c10 - Pág. 1, a audiência

as partes, notadamente em razão da ausência de subordinação que seria pela modalidade telepresencial, foi convertida em

jurídica do reclamante para com a reclamada. presencial, com a seguinte advertência; "O pedido de participação

Além disso, registre-se que o reclamante não apresentou provas da das partes e testemunhas por videoconferência (assim entendida

existência da alegada relação de emprego supostamente mantida aquela onde a oitiva é realizada nas dependências de outras

com a reclamada, não se desincumbindo de seu ônus probatório unidades judiciárias) deverá ser solicitado nos autos, com até 05

(art. 818, I, da CLT). dias de antecedência da data da audiência, em petição específica,

Com base no exposto, não reconheço a existência de relação de comprovando, por meio de documentos, a excepcionalidade

emprego entre as partes, motivo por que julgo improcedentes os alegada, sob pena de preclusão, para que a Secretaria da Vara

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 172
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

adote as providências necessárias".

Na data aprazada (ID. 5480f70) o advogado do reclamante informou DISPOSITIVO

"que o reclamante iria participar da audiência de modo

telepresencial, uma vez que o mesmo reside na cidade de Ipu-CE".

Deu-se, então, a seguinte decisão interlocutória: "O Juiz considerou

injustificada a ausência do reclamante e aplicou-lhe a pena de

confissão, quanto à matéria de fato, por não ter atendido ao

determinado no despacho de ID ae9eda6, no sentido de requerer a

este Juízo, no prazo de até cinco dias antes da data da realização

da audiência, a sua participação por meio de videoconferência ou

de modo telepresencial". ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, negar-

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência lhe provimento, mantendo a sentença recorrida pelos seus

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. Esta é a hipótese do presente próprios fundamentos.

feito, porquanto as razões de decidir expostas na sentença se Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

mostram suficientes para a rejeição do recurso interposto. Pela Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

análise dos autos, verifica-se que a sentença recorrida carece de Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

nenhum reparo, já que esquadrinhados todos os aspectos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

abordados pela parte recorrente. Assim, diante de tal circunstância, de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

e considerando-se a disposição legal supra aludida, pede-se vênia Fortaleza, 18 de julho de 2022.

para manter a decisão vergastada por seus próprios e jurídicos

fundamentos.

Calha acrescentar; conhecidos os percalços acima no transcorrer

da instrução processual, contudo, há-se conferir justeza na decisão

vergastada. O recorrente esteve presente em atos processuais

anteriores, não se sabendo o motivo da ausência que culminou com CLAUDIO SOARES PIRES

a sua apenação, ademais de não ter se manifestado pelo Desembargador Relator

comparecimento telepresencial dentro do prazo de cinco dias, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

anteriormente concedido pelo juízo de origem. Assim como

desatendeu o reclamante o prazo para requerer sua participação ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

remota, o juízo do feito decidiu acertadamente quanto ao Diretor de Secretaria

indeferimento de intimação de testemunhas, porque igualmente


Processo Nº RORSum-0000397-66.2020.5.07.0025
formulado o pedido fora do prazo já mencionado. Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Destarte, por qualquer angulação que se aprecie o feito, nada há RECORRENTE JOSE IRANILDO SOARES LIMA
ADVOGADO RODRIGO AVELAR REIS SA(OAB:
que leve à conclusão de nulidade. 10217/PI)
Isto posto, ADVOGADO RAUL DE SOUZA MARTINS(OAB:
29863/CE)
RECORRIDO FORTALEZA DISTRIBUICAO E
LOGISTICA LTDA
ADVOGADO Sergio Luis Tavares Martins(OAB:
CONCLUSÃO DO VOTO 14259-A/CE)
ADVOGADO TARCIANO CAPIBARIBE
BARROS(OAB: 11208/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
Conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, negar-lhe
- FORTALEZA DISTRIBUICAO E LOGISTICA LTDA
provimento, mantendo a sentença recorrida pelos seus próprios

fundamentos.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 173
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

com a reclamada, não se desincumbindo de seu ônus probatório


PODER JUDICIÁRIO
(art. 818, I, da CLT).
JUSTIÇA DO
Com base no exposto, não reconheço a existência de relação de

emprego entre as partes, motivo por que julgo improcedentes os


V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO pedidos formulados na presente reclamação trabalhista".
ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM. 3.Irresignado, o reclamante interpôs recurso ordinário, alegando que
VARA DO TRABALHO DE TIANGUÁ, em que é recorrente,JOSÉ a confissão ficta aplicada ao recorrente acarreta apenas presunção
IRANILDO SOARES LIMA, e recorrido, FORTALEZA relativa, podendo ser desconstituída por meio de prova, seja oral ou
DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA LTDA. documental; que cabe ao magistrado dar continuidade a instrução,
Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT (artigo nos termos da legislação vigente, colhendo as provas indicadas
incluído pela Lei n.º 9.957, de 12.1.2000), por se tratar de processo pelas partes; que o recorrente esteve presente na audiência de
submetido ao rito sumaríssimo. instrução, de forma virtual, conforme se verifica no próprio termo de

audiência, pelo que não poderia o juízo da instrução ignorar a sua

presença; que recorrido em sua contestação confessa que o


FUNDAMENTAÇÃO reclamante trabalhou para recorrida; que houve decisão

interlocutória a qual indeferiu a oitiva de testemunhas deste

recorrente, do que requer a nulidade da sentença recorrida.


ADMISSIBILIDADE 4.Examina-se:
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do Perpassando a ata de audiência ID. ed8638e vê-se que,
recurso interposto. inicialmente, o juízo da instrução da Vara do Trabalho de Crateús-
MÉRITO. CE deu-se por incompetente em razão do suposto local da
VENDEDOR EXTERNO. RELAÇÃO DE TRABALHO. DIREITOS prestação dos serviços, determinando a remessa dos autos para a
RESCISÓRIOS. PENA DE CONFISSÃO APLICADA AO Vara de Trabalho de Tianguá-CE. Destaca-se que o recorrente
RECORRENTE POR AUSÊNCIA NA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO esteve presente por videoconferência.
DO FEITO. IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. Realizada audiência em Tianguá-CE, o magistrado que a instruiu
1.Cuida-se de reclamação trabalhista proposta por JOSE IRANILDO suscitou conflito de competência ID. 1932f6a. Uma vez mais o
SOARES LIMA contra FORTALEZA DISTRIBUIÇÃO E LOGISTICA reclamante se fez presente.
LTDA. em que alegada a constância de relação de emprego nas Coube a SEÇÃO ESPECIALIZADA I desta Corte decidir o conflito,
funções de vendedor externo, sem registro na carteira de trabalho; declarando a competência da Vara do Trabalho de Tianguá-CE (ID.
que foi dispensado sem receber seus direitos rescisórios. 4f1fdca).
2.Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante (ID. Na Vara do Trabalho de Tianguá-CE determinou-se a inclusão do
bb1b424): feito em pauta (ID. ab9921a), na modalidade presencial/híbrida. Na
"DA AUSÊNCIA DO RECLAMANTE À AUDIÊNCIA DE intimação dirigida às partes consignou-se; "Ocorrendo a ausência
INSTRUÇÃO. CONFISSÃO FICTA. imotivada de qualquer das partes (reclamante ou reclamada) serão
O não comparecimento da parte reclamante à audiência de presumidos verdadeiros os fatos articulados pela parte contrária
instrução teve por consequência a aplicação da pena de confissão (confissão ficta)".
ficta em seu desfavor (súmula 74, I, do TST). Retomada a instrução (ID. 6835f0b), presente o recorrente, deu-se
Deste modo, reconheço como verdadeiros os fatos trazidos na novo adiamento e novamente consignado; "objetivando a instrução
contestação, notadamente no que se refere à ausência de relação completado feito, com DEPOIMENTOS DAS PARTES, sob pena de
de emprego entre as partes. confissão (Súmula 74 do TST), e OITIVA DE TODAS AS
O contrato de representação comercial juntado pela reclamada TESTEMUNHAS".
corrobora o entendimento de ausência de vínculo de emprego entre Entretanto, conforme despacho ID. 4b75c10 - Pág. 1, a audiência
as partes, notadamente em razão da ausência de subordinação que seria pela modalidade telepresencial, foi convertida em
jurídica do reclamante para com a reclamada. presencial, com a seguinte advertência; "O pedido de participação
Além disso, registre-se que o reclamante não apresentou provas da das partes e testemunhas por videoconferência (assim entendida
existência da alegada relação de emprego supostamente mantida aquela onde a oitiva é realizada nas dependências de outras

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 174
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

unidades judiciárias) deverá ser solicitado nos autos, com até 05 Conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, negar-lhe

dias de antecedência da data da audiência, em petição específica, provimento, mantendo a sentença recorrida pelos seus próprios

comprovando, por meio de documentos, a excepcionalidade fundamentos.

alegada, sob pena de preclusão, para que a Secretaria da Vara

adote as providências necessárias".

Na data aprazada (ID. 5480f70) o advogado do reclamante informou DISPOSITIVO

"que o reclamante iria participar da audiência de modo

telepresencial, uma vez que o mesmo reside na cidade de Ipu-CE".

Deu-se, então, a seguinte decisão interlocutória: "O Juiz considerou

injustificada a ausência do reclamante e aplicou-lhe a pena de

confissão, quanto à matéria de fato, por não ter atendido ao

determinado no despacho de ID ae9eda6, no sentido de requerer a

este Juízo, no prazo de até cinco dias antes da data da realização

da audiência, a sua participação por meio de videoconferência ou

de modo telepresencial". ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, negar-

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência lhe provimento, mantendo a sentença recorrida pelos seus

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. Esta é a hipótese do presente próprios fundamentos.

feito, porquanto as razões de decidir expostas na sentença se Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

mostram suficientes para a rejeição do recurso interposto. Pela Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

análise dos autos, verifica-se que a sentença recorrida carece de Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

nenhum reparo, já que esquadrinhados todos os aspectos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

abordados pela parte recorrente. Assim, diante de tal circunstância, de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

e considerando-se a disposição legal supra aludida, pede-se vênia Fortaleza, 18 de julho de 2022.

para manter a decisão vergastada por seus próprios e jurídicos

fundamentos.

Calha acrescentar; conhecidos os percalços acima no transcorrer

da instrução processual, contudo, há-se conferir justeza na decisão

vergastada. O recorrente esteve presente em atos processuais

anteriores, não se sabendo o motivo da ausência que culminou com CLAUDIO SOARES PIRES

a sua apenação, ademais de não ter se manifestado pelo Desembargador Relator

comparecimento telepresencial dentro do prazo de cinco dias, FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

anteriormente concedido pelo juízo de origem. Assim como

desatendeu o reclamante o prazo para requerer sua participação ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

remota, o juízo do feito decidiu acertadamente quanto ao Diretor de Secretaria

indeferimento de intimação de testemunhas, porque igualmente


Processo Nº ROT-0001063-27.2021.5.07.0027
formulado o pedido fora do prazo já mencionado. Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Destarte, por qualquer angulação que se aprecie o feito, nada há RECORRENTE MAGAZINE LUIZA S/A
ADVOGADO WILSON SALES BELCHIOR(OAB:
que leve à conclusão de nulidade. 17314/CE)
Isto posto, RECORRENTE LUIZACRED S.A. SOCIEDADE DE
CREDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO
ADVOGADO WILSON SALES BELCHIOR(OAB:
17314/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO RECORRIDO LUCIVANIA DOS SANTOS
RODRIGUES GONCALVES
ADVOGADO RAMON CAETANO CELESTINO(OAB:
322878/SP)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 175
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO ANDREY LEMOS LEONEL(OAB:


321813/SP)

FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- MAGAZINE LUIZA S/A

ADMISSIBILIDADE

Recurso tempestivamente interposto, sem irregularidades para


PODER JUDICIÁRIO
serem apontadas.
JUSTIÇA DO
PRELIMINAR

Nada há para ser examinado.

EMENTA MÉRITO

ENQUADRAMENTO SINDICAL. CATEGORIA DOS

FINANCIÁRIOS.

RECURSO ORDINÁRIO - ENQUADRAMENTO SINDICAL. O juízo de origem reconheceu o enquadramento da reclamante na

CATEGORIA DOS FINANCIÁRIOS. O Plenário do Supremo categoria profissional dos financiários, deferindo os pleitos

Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de formulados na inicial, consoante os seguintes fundamentos:

Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário "CAPÍTULO II - RECONHECIMENTO DE VÍNCULO

(RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é EMPREGATÍCIO PERANTE O 2º RECLAMADO -

lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou ENQUADRAMENTO SINDICAL

seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis Aduz a reclamante que foi admitida pelo 1º reclamado em

mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, está a discussão 03.11.2015, para o exercício da função de assistente de vendas

de serem os serviços prestados para a segunda reclamada, pleno (caixa), laborando em prol do 1º réu, até 01.04.2016, quando

coincidentes com o objeto social da referida empresa; a foi promovida a função de assistente de vendas senior, momento a

terceirização aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de partir do qual passou a atuar preponderantemente em favor do 2º

razão para refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no reclamado, sendo imotivadamente dispensada em 28.01.2020.

moderno posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal, toma De seu turno, os réus afirmam que a reclamante manteve contrato

nova feição sem o viés da ilegalidade de então. Precedentes. de trabalho exclusivamente consigo durante todo o pacto laboral.

Recurso conhecido e provido. Asseveram não ter havido subordinação jurídica entre a reclamante

e o 2º reclamado, registrando que toda a remuneração da obreira foi

paga pelo 1º réu durante todo o pacto.

RELATÓRIO À análise.

No tema da terceirização, dos mais tormentosos e corriqueiros no

dia a dia da Justiça Laboral, impõe-se, desde logo, trazer à baila o

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO teor julgamento da ADPF 324/DF, pelo Supremo Tribunal Federal,

ORDINÁRIO, provenientes da MM. 1 ª VARA DO TRABALHO DA que pacificou o tema no âmbito da Suprema Corte:

REGIÃO DO CARIRI, em que são partes: MAGAZINE LUIZA S/A, Ementa: DIREITO DO TRABALHO . ARGUIÇÃO DE

LUIZACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.

INVESTIMENTO, recorrentes, e LUCIVANIA DOS SANTOS TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADE-FIM E DE ATIVIDADE -MEIO .

RODRIGUES GONÇALVES, recorrida. CONSTITUCIONALIDADE. 1. A Constituição não impõe a adoção

A parte reclamada (MAGAZINE LUIZA S/A, LUIZACRED S.A. de um modelo de produção específico, não impede o

SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO) desenvolvimento de estratégias empresariais flexíveis, tampouco

interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença, Id 759f43b, veda a terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o

que julgou procedentes em parte os pedidos da reclamação tema tem sido oscilante e não estabelece critérios e condições

trabalhista. claras e objetivas, que permitam sua adoção com segurança. O

Contrarrazões apresentadas (Id. 97167a3). direito do trabalho e o sistema sindical precisam se adequar às

É o relatório. transformações no mercado de trabalho e na sociedade.

2. A terceirização das atividades-meio ou das atividades-fim de uma

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 176
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa jurídicos da relação de emprego permitirão afastar a relação formal

e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a de emprego havida entre o empregado e a prestadora dos serviços

liberdade de formular estratégias negociais indutoras de maior intermediados. In casu, o julgado afeta igualmente a pretensa

eficiência econômica e competitividade. aferição objetiva quanto à subordinação jurídica alegada pela autora

3. A terceirização não enseja, por si só, precarização do trabalho, em relação ao 2º réu.

violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos Entretanto, muito embora a perquirição acerca da subordinação

previdenciários. É o exercício abusivo da sua contratação que pode jurídica deva se dar sob seu viés subjetivo, não se pode perder de

produzir tais violações. vista o disposto no art. 6º, §único, da CLT, in verbis:

4. Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no

constitucionalidade da terceirização devem ser compatibilizados estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do

com as normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à empregado e o realizado a distância, desde que estejam

contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação

terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento dada pela Lei nº 12.551, de 2011)

das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de

(art. 31 da Lei 8.212/1993). comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de

5. A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,

pressupõe a sua participação no processo judicial, bem como a sua controle e supervisão do trabalho alheio.

inclusão no título executivo judicial. Não se pode turvar a discussão sobre o presente caso olvidando-se

6. Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o da dinâmica atual das relações de trabalho, sobretudo no âmbito do

objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi sistema bancário e financeiro, tão permeados por instrumentos

revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o tecnológicos com vistas a dinamizar a circulação de riqueza,

conjunto de decisões da Justiça do Trabalho sobre a matéria, a informações e prospecção de clientes.

indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Descabe imaginar o fenômeno da subordinação jurídica, ainda que

Supremo Tribunal Federal a respeito dos aspectos constitucionais em seu viés subjetivo, unicamente sob a figura da presença física

da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o do gestor, transmitindo ordens a seus subordinados, como se

pedido de inclusão do feito em pauta. constitui a imagem padrão da relação patrão-empregado. Tal

7. Firmo a seguinte tese: "1. É lícita a terceirização de toda e raciocínio não advém de convicções pessoais deste magistrado,

qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de mas sim do próprio legislador, como se percebe do art. 6º, §único,

emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na da CLT, acima transcrito.

terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a Pelo que emerge do conteúdo de prova relativa ao caso concreto, a

capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder reclamante, de fato, atuava no exercício de atividade de cunho

subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, financeiro, atinente à atividade econômica do 2º réu, ainda que

bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da tenha sido formalmente contratada pelo 1º reclamado. Entretanto,

Lei 8.212/1993". para além do debate sobre a natureza das atribuições

8. ADPF julgada procedente para assentar a licitude da desempenhadas pela reclamante, é fato que a gestão de suas

terceirização de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela atividades, o controle e a fiscalização de seu trabalho, dava-se pela

maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões 2ª ré, ainda que tal fiscalização tenha se dado por meios

transitadas em julgado. telemáticos.

Com efeito, diante da tese firmada pelo Col. STF, valendo o registro Pode-se extrair dita conclusão de vários trechos dos depoimentos

veemente da discordância do presente magistrado, resta afastada a colhidos, como se vê abaixo, in litteris:

possibilidade de aferição objetiva da subordinação no contexto da "que a reclamante fazia empréstimos pessoais e empréstimos

relação trilateral de trabalho. Foi patente e expresso o Pretório consignados para os clientes da Magazine Luiza; que as atribuições

Excelso a afirmar a possibilidade de terceirização em qualquer da reclamante era preencher as propostas dos clientes e mandar

atividade do contratante, até mesmo aquelas pertencentes ao para análise na empresa Luizacred; que em caso de aprovação o

núcleo de sua atividade econômica. crédito era feito pela Luizacred diretamente na conta bancária do

Sendo assim, somente a aferição subjetiva dos elementos fático- cliente" (depoimento da preposta Márcia Campos, representante

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 177
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das rés nos autos de nº 0000160-59.2021.5.07.0037, admitido como uníssono da prova oral.

prova emprestada no caso vertente) Merece relevo, ainda, no que concerne a tais elementos fático-

"que o sistema operacional utilizado pelas analistas era da jurídicos da relação de emprego, que as reclamadas compõem

Luizacred; que os empregados da magazine não tinham acesso ao grupo econômico, como reconhecido no capítulo I da presente

sistema da Luizacred; que os móveis e computadores usados pela decisão, havendo inequívoco aproveitamento recíproco do quadro

analista eram todos de propriedade da Luizacred; que as analistas de pessoal de ambas as empresas na execução da atividade

assinavam documentos em nome da Luizacred e em seguida econômica comum ou convergente das reclamadas. Tal

lançava esse documento no sistema; que as analistas atendiam característica, ao revés de servir ao rechaço da tese obreira, reforça

clientes da Magazine Luiza e também pessoas que não eram o caráter coligado das atividades da empresas, sem afastar, sequer

clientes da Magazine; que qualquer problema relacionado às minimamente, a efetiva subordinação da reclamante para com a 2ª

atividades funcionais as analistas se reportavam às coordenadora reclamada, no período da prestação laboral em prol dessa.

da Luizacred, Sra Fernanda e em seguida Sra Fabiana; que com a Visto o conteúdo dos depoimentos, parece induvidoso que a 1ª

mudança da nomenclatura dos cargos as condições funcionais de reclamada, empregadora formal da parte autora, ao menos em

trabalho continuaram as mesmas; que a analista lançava todas as parte, nada mais representou senão autêntico setor de

informações do cliente no sistema e ao final a mesma saberia se o funcionamento da atividade econômica financeira do 2º reclamado,

crédito era aprovado ou não" (depoimento da testemunha Aline emergindo patente que a reclamante atuava na comercialização e

Rafaely da Silva Sousa nos autos de nº 0000160- prospecção de clientes para produtos do 2º reclamado, inclusive

59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso com centralização das atividades e gestão da atuação da

vertente) reclamante mediante sistema informatizado do 2º reclamado.

"que as atividades da reclamante eram: fazer cartão de crédito, Portanto, intenta o 2o reclamado, cuja atividade econômica se volta

empréstimos, negociação de dívidas com cliente, análise de crédito, a comercialização de crédito pessoal, em várias modalidades

dentre outras [...] que a Loja da Magazine era frequentada por um comerciais, realizar parcela essencial de tal mister, qual seja, a

coordenador regional ao qual a reclamante estava subordinada; que própria oferta, negociação e formalização da operação, segundo

este coordenador era da Luizacred" (depoimento da testemunha normas de aprovação criadas por si, através de contratação

Paolla Layana Lima Gonçalves nos autos de nº 0000160- empregatícia interpostas, em odiosa fraude tencionada à redução

59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso de custos a todo e qualquer preço.

vertente) Na verdade, tais elementos expõem que os funcionários formais da

"que as metas do setor de crédito eram passadas pelo gestor 1a reclamada executavam parcela essencial da atividade financeira

administrativo mediante planilhas enviadas pelo coordenador de exercida pelo 2o reclamada, qual seja, a própria conclusão de

crédito; que não sabe precisar qual a função exata do coordenador venda dos produtos desta entidade financeira, segundo seus

de crédito; que não sabe precisar a área de abrangência do parâmetros, e os consumidores. Na verdade, o que se vê é uma

coordenador regional mas afirma que a filial de Juazeiro do Norte tentativa de pulverizar a atividade financeira, de modo a diminuir o

está atrelada a regional de Petrolina" (oitiva da testemunha Vanilza valor da força de trabalho daqueles que realizam as atividades

Bezerra Campos, conduzida pelos réus) inerentes a este setor, o que vai de encontro ao Princípio

Com efeito, nota-se que a reclamante atuava em função atrelada à Fundamental da Valorização do Trabalho (art. 1ª, IV, CF).

dinâmica de venda de produtos financeiros da 2ª ré, claramente A se dar validade a tal pulverização, em pouco tempo teremos

subordinada a essa, ainda que por meios telemáticos, na linha do executando as atividades inerentes ao sistema financeiro apenas

que tem se dado no contexto da revolução tecnológica em curso, trabalhadores das empresas orbitais ao núcleo do Sistema

fenômeno já previsto pelo legislador, como acima explicitado. Financeiro, com patamar salarial inferior, e as efetivas financeiras

No que concerne aos elementos da não eventualidade, se resumirão a apenas aos diretores ou executivos, exercendo

pessoalidade, e onerosidade, esses emergem da própria natureza atividade econômica sem qualquer empregado! Tal conduta

das atividades desempenhadas pela autora, que laborava em vilipendia, claramente, a função social da propriedade, no caso, do

jornada fixa, mediante salário estipulado e sem qualquer indício de exercício empresarial, à luz do art. 170 do Texto Magno.

que poderia se fazer substituir por outrem, até mesmo diante da Agora trazendo a lume os próprios dispositivos legais e infralegais

necessidade de realização de capacitação específica para a atinentes à atividade financeira, e interpretando-os à luz do conjunto

prestação dos serviços, através da Febraban, como emergiu em do ordenamento jurídico-constitucional, cumpre dizer que o artigo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 178
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17 da lei 4.595/76, que regula o sistema financeiro nacional, dispõe atividades, para quem o legislador, no caso específico, dirigiu as

textualmente que "consideram-se instituições financeiras, para os suas atenções.

efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou Na hipótese mais flexível, registre-se, admitir-se-ia na qualidade de

privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a instituição financeira as tradicionais financeiras de crédito, sem que

coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios este fato, isoladamente, justificasse a intermediação de mão de

ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de obra entre bancos e financeiras. Matéria de cunho trabalhista não

valor de propriedade de terceiros". pode ser tratada lateralmente em lei destinada aos bancos e ao

Quanto às normas regulamentares oriundas do Banco Central, mercado financeiro.

somente se pode discorrer que, por seu caráter meramente Em uma típica esperteza dos verdadeiros "expertos protetores" dos

infralegal, cujo escopo precípuo deveria ser tão somente a interesses bancários e dos homens das finanças, o Conselho

regulação técnica das atividades financeiras, tais não são, nem ao Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, dos militares aos

longe, capazes de mitigar a incidência da legislação de proteção ao governos FHC e Lula, valem-se de comando previsto em lei que

trabalho, de caráter cogente, não sendo despiciendo lembrar que considera como instituição financeira entidade que trabalha com

incidência da norma trabalhista leva em conta a realidade da seus recursos ou de terceiros para, lamentavelmente,

prestação dos serviços, não importando os invólucros formais institucionalizar demasiada terceirização bancária, de repercussões

estipulados entre as partes. econômicas e sociais guardadas de notória gravidade.

Análise percuciente acerca do conteúdo da "normatização" Também surpreende o fato de, quase 40 (quarenta) anos desde o

empreendida pelo Banco Central nesta temática pode ser colhida do primeiro ato do Banco Central, a apropriação indevida, por parte do

I. Magistrado Grijalbo Fernandes Coutinho, em obra específica, in representante dos bancos e banqueiros, de uma competência

verbis: conferida ao Parlamento, jamais ter sido objeto de questionamento

"Ora, é inquestionável que a Lei n. 4.595/1964, aprovada para tratar político e judicial de maneira mais contundente. Ao contrário, o

da política e das instituições monetárias, bancárias e creditícias, silencio fez com que governos da época da democracia formal -

além de criar o Conselho Monetário Nacional, não poderia interferir FHC e Lula - ampliassem sobremaneira a terceirização bancária no

nas relações de trabalho entre bancários e seus empregadores, Brasil, tornando, assim, a intermediação de mão de obra autorizada

como de fato não o fez, segundo se verifica do art. 17 sempre pelos militares um "puxadinho"quando comparado ao gigantismo do

invocado pelo Banco Central para imiscuir-se de uma competência palácio erguido de 1995 a 2003 para acomodar lucros advindos da

jamais lhe atribuída, nem mesmo na época sombria do regime exploração de mão de obra dos trabalhadores bancários, formais e

militar. terceirizados.

Observado o teor do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, impõe-se concluir Não custa recordar que as resoluções do Banco Central, inclusive a

que a norma nele prescrita limita-se a definir o que seja instituição de n. 3.110, de 31 de julho de 2003, trazem em seu bojo, ao

financeira, considerando como tal, dentre outras, empresa disciplinar a atividade de correspondente bancário, matéria de

responsável pela coleta, intermediação e aplicação de recursos natureza eminentemente trabalhista, a ponto de permitir, na prática,

financeiros próprios ou de terceiros. escancarada terceirização nos serviços bancários, mudando a

Ainda que seja o mais pobre entre os métodos de interpretação, a relação de trabalho entre bancos e trabalhadores que lhes prestam

literalidade do dispositivo objeto do presente debate não deixa serviços, de forma direta ou via intermediação de mão de obra

espaço para incluir a terceirização de mão de obra no conjunto das regulada por norma jurídica editada pelo Banco Central para

matérias nele reguladas. atender a interesse de banqueiros e demais colaboradores.

Ademais, qualquer interpretação minimamente comprometida com o Pouco importa o destino ou o título conferido no preâmbulo da lei.

sentido teleológico da norma legal jamais lhe daria o alcance visto Tem relevância o seu conteúdo materialmente analisado a partir das

pelos militares no poder e depois pelos governos FHC e Lula. A lei repercussões concretas criadas para as pessoas que ingressarem

de regência, repita-se, não [e uma lei de caráter trabalhista, em na seara regulada pela norma.

propósito e conteúdo. Ausente norma legal, em qualquer época, apta a introduzir

Inegavelmente, o art. 17 da Lei n. 4.595/1964 considera como terceirização em atividades bancárias e financeiras, não mais

instituição financeira a entidade que, entre as suas atribuições, faça remanescem dúvidas acerca do poder legiferante exercido pelo

a coleta, intermediação e aplicação dos recursos financeiros Banco Central, desde a ditadura militar até os governos FHC e Lula,

próprios ou de terceiros. Os bancos realizam todas essas no campo das relações de trabalho, cujo ato último, com este

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propósito, se deu em 31 de julho de 2003, por intermédio da Em ordem a regularizar o histórico de relações de emprego da

Resolução n. 3.110, aqui transcrita e já comentada. reclamante, e em coerência com a dinâmica de compartilhamento

Usurpando competência própria do Congresso Nacional (CRFB, de mão de obra verificado pelas empresas no contexto do grupo

arts. 22, I e 48), ao legislar indevidamente sobre Direito do econômico, o registro da relação de emprego perante a 2ª

Trabalho, no tópico que trata da contratação de prestadoras de reclamada deverá ser lançado nas anotações gerais do pacto

serviços por bancos e entidades financeiras e das atividades inicialmente firmado com a 1ª reclamada, dado que claramente

delegáveis a empresas terceirizantes, o Banco Central pratica atos houve apenas um único pacto no qual a 2ª ré assumiu a condição

de visível inconstitucionalidade, merecendo o art. 1o da Resolução de empregador a partir de 01.04.2016.

n. 3.110, de 31 de julho de 2010, por isso mesmo, ser atacado na Consequência lógica do reconhecimento do vínculo de emprego

esfera judicial, por meio de controle difuso nas diversas ações entre a parte autora e a 2ª reclamada, instituição financeira, e com

trabalhistas e do controle concentrado a ser exercido pela base no art. 511, §2o, da CLT, é declaração do enquadramento

propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo detentor de sindical da parte autora como financiária, a partir de 01.04.2016,

legitimidade para tanto. dada a atividade econômica preponderante de seu empregador,

Trata-se, no caso da terceirização bancária no Brasil implantada por aplicando-se à espécie o regramento legal aplicável aos bancários,

atos do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional, da mais inclusive quanto à jornada de trabalho.

contundente usurpação de direitos sociais vista desde o surgimento Decorrente do exposto, condenam-se as rés no pagamento de

da legislação trabalhista no Brasil. Tudo isso acontecendo em terras diferenças salariais, tendo em conta a não observância do piso

tropicais há quase quarenta anos sem nenhum debate profundo a salarial da categoria dos financiários, à luz das sucessivas normas

respeito do tema, a ponto de esfacelar cotidianamente uma das coletivas aplicáveis à categoria profissional, com reflexos em horas

categorias de maior mobilização política durante a segunda metade extras pagas, aviso prévio, décimos terceiros, férias mais um terço,

do século XX. Outra consequência não menos nefasta resulta no depósitos do FGTS e respectiva indenização de 40% do FGTS.

oferecimento de condições de trabalho indignas a milhares de Condenam-se ainda as reclamadas no pagamento das parcelas

trabalhadores formais dos denominados 'correspondentes PLR, auxílio-refeição, ajuda alimentação, décima terceira cesta

bancários', cujos salários são reduzidíssimos e não têm mais eles alimentação e anuênios, esses com reflexos em aviso prévio,

outras garantias mínimas asseguradas aos bancários formais." décimos terceiros, férias mais um terço, depósitos do FGTS e

Com efeito, o que se tem no presente caso é o típico quadro de respectiva indenização de 40%, observadas as disposições

descentralização administrativa perpetrada por instituição financeira convencionadas acerca de cada rubrica, bem como a evolução do

em objeto absolutamente inserido em suas atividades essenciais, e valor dessas ao longo do pacto.

mediante subordinação direta dos empregados terceirizados, com Por óbvio, a condenações acima têm marco inicial em 01.04.2016,

nítido intuito de redução de custos operacionais através da início da relação de emprego perante a 2ª ré.

precarização de direitos trabalhistas, o que não pode ser admitido CAPÍTULO II - JORNADA DE TRABALHO

por nossa ordem constitucional, até mesmo diante dos Pleiteia a reclamante a condenação das rés no pagamento de horas

compromissos assumidos por nossa sociedade na promulgação da extras, considerada a jornada de seis horas diárias e 30 horas

Carta Política de 1988. semanais, nos termos do art. 224 da CLT, incidente à categoria dos

Neste ponto, a 2o reclamada, apesar de controlar claramente a financiários, consoante Súmula 55 do Col. TST.

atividade da reclamante, utilizava-se de seus serviços de maneira De sua parte, as reclamadas alegam não ser aplicável à espécie a

interposta, ancorado em regulamentação flagrantemente inteligência da Súmula 55 do Col. TST, dado que a autora não

inconstitucional do Banco Central, tão somente para precarizar os desempenhava atividades atinentes aos financiários. Alegam ter

direitos dos obreiros que lhe prestam serviços nesse "braço" de sua havido compensação ou pagamento das horas extras prestadas.

atividade, considerado o maior patamar de direitos dos financiários. Sem razão os réus.

Assim, caracterizada a subordinação direta da reclamante perante a De plano, rechaça-se a alegação de inaplicabilidade da Súmula 55

2ª reclamada, a partir de 01.04.2016, reconhece-se o vínculo de do Col. TST ao caso, uma vez que os fundamentos expostos no

emprego entre a autora e a 2o ré, mantidas as funções anotadas capítulo anterior explicitam, categoricamente, a relação de emprego

em sua CTPS, com os respectivos períodos de exercício, assim da autora perante o 2º reclamado, não somente pelo exercício de

como a data de terminação contratual já lançada formalmente pela atividades ligadas ao setor financiário, mas principalmente pela

1ª ré. subordinação direta caracterizada perante a 2ª ré, atuante no setor

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 180
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financeiro. personalidades jurídicas próprias, administração autônoma e

Sequer se afigura viável a incidência, na espécie, do disposto no atividades completamente diversas, possuindo apenas parceria em

art. 224, §2o, da CLT, improvado o preenchimento do requisito alguns negócios, que, entretanto, não invadem o risco de cada de

quantitativo da figura, qual seja, a percepção de gratificação de pelo empresa na prestação de seus serviços específicos". Expõem que a

menos 1/3 do salário do cargo efetivo, a par de não se verificar que recorrida sempre trabalhou para a Magazine Luíza, a quem era

a parte autora desempenhasse atribuição que denotasse grau de subordinada, não possuindo a segunda reclamada, Luizacred S/A,

confiança destacado dos demais funcionários da empresa. qualquer controle sobre as atividades da obreira. Destacam "(...)

Quanto à dinâmica laboral, registre-se que a própria reclamante que o afastamento da relação existente entre a Magazine Luiza e a

reconheceu, em sede de depoimento pessoal, a fidedignidade dos Recorrida pretende, verdadeiramente, na declaração da existência

registros de jornada, pelo que tais serão utilizados como medida da de terceirização ilícita, o que é incompatível com a atual

intensidade de trabalho da obreira, e dos quais emerge claramente jurisprudência vinculante do STF. Isto porque ao julgar a Arguição

a conclusão de que a empresa exigia a prestação laboral mínima de de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 e o Recurso

8 horas diárias, incompatível com a jornada de trabalho aplicável ao Extraordinário nº 958.252, com repercussão geral, estabeleceu-se a

caso. possibilidade da terceirização, de forma irrestrita (...)". Defendem

Tendo em vista a dinâmica de prestação contínua de labor em que "(...) não merece prosperar a fundamentação de que existiria

sobrejornada, em desrespeito à jornada legalmente aplicável à labor financeiro em favor da Luizacred, uma vez que, conforme

espécie, não cabe falar em compensação de jornada, que demonstrado em instrução processual, as atividades

pressupõe, por óbvio, efetiva contabilização e controle da desempenhadas pela obreira eram administrativas, não efetuando

quantidade de horas prestadas, o que não se verificou na espécie. análise de crédito, emissão de cartão de crédito ou quaisquer outras

Inteligência da Súmula 85, IV, da CLT. atividades inerentes ao trabalho de bancário/financiário". Requerem

Assim, condena-se a ré no pagamento das horas extras, seja provido o recurso, reformando-se a sentença para a

consideradas como tais aquelas laboradas além da 6a diária e 30a improcedência da reclamação.

semanal, nos termos do art. 224 da CLT, considerado o Ao exame.

enquadramento da parte autora como financiária, à luz da Define-se a categoria profissional do empregado não integrante de

fundamentação supra, bem como observado o disposto na Súmula categoria diferenciada, caso dos autos, a partir da atividade

55 do Col. TST. Para fins de cálculo, considere-se: econômica desempenhada pelo empregador. Sendo a autora

1. base de cálculo nas parcelas de natureza salarial, na forma da empregada da Magazine Luíza S/A (vide CTPS ID. 06f0446 - Pág.

Súmula 264 do TST; 3), seu enquadramento profissional deve ser realizado observando

2. adicional de 50%; a atividade preponderante da primeira reclamada. Analisando-se o

3. divisor de 180 (súmula 124 Col. TST); Estatuto Social da referida empresa, ID. c533f9c - Pág. 13, verifica-

4. adicional de 50%, não cabendo a incidência de percentual de se que o objetivo da sociedade ali discriminado não guarda

100%, à míngua de disposição legal ou mesmo coletiva neste qualquer similitude com as regras estabelecidas pelo art. 17 da Lei

sentido; 4.595/64, que dispõe: "Consideram-se instituições financeiras, para

5. evolução salarial da autora, segundo normas coletivas da os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou

categoria; privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a

6. registros de jornada e dias efetivamente laborados; coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios

7. excluam-se, no cálculo semanal, as horas extras encontradas ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de

quando do cômputo diário, sob pena de bis in idem; valor de propriedade de terceiros."

8. reflexos, face à habitualidade, em repousos semanais Não fosse isso, mesmo considerando-se que os serviços prestados

remunerados, observado o sábado igualmente como dia de repouso pela autora beneficiavam a segunda reclamada, não há como se

semanal, a teor das normas coletivas aplicáveis, (Súmula 172 do acolher o pleito autoral, considerando-se que o Plenário do

Col. TST), o complexo repercutindo em aviso prévio, trezenos, Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento

férias mais um terço, depósitos do FGTS e multa de 40%, face à de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário

dispensa imotivada; (RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é

Recorrem ordinariamente as duas reclamadas, argumentando, em lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou

síntese, que as empresas do polo passivo "(...) são distintas, com seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 181
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mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, ao contrário do que funcionários da loja Magazine Luiza; que esclarece que os sistemas

quer fazer crer a parte reclamante, está a mesma discussão de eletrônicos de trabalho da Magazine Luiza e da Luizacred são

serem os serviços prestados para a segunda reclamada diversos; que caso precisasse se afastar do trabalho por motivo

(LUIZACRED S/A) inclusos no objeto social desta; a terceirização médico deveria solicitar a Sra. Fernanda; que os atestados médicos

aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de razão para eventualmente apresentados eram enviados a Sra. Fernanda; que

refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no moderno participava de reuniões matinais da loja todos os dias mas logo

posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal toma nova feição, após tinha uma reunião especifica com os funcionários da Luizacred

sem o viés da ilegalidade de então. com a Sra. Fernanda inclusive sendo ocasiões de passagem de

O panorama jurisprudencial moderno é, pois, o que aponta o metas desejadas; que as reuniões da loja eram conduzidas pelo

Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de gestor da loja; que inicialmente o seu uniforme constava o logo da

Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324, em sentido Luizacred mas depois foi alterado para constar Magazine Luiza; que

diametralmente oposto à compreensão sustentada até então: afirma que o equipamento de registro de jornada de único para

"O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, todos os funcionários da loja; que acredita que sua remuneração

julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a era paga pela Luizacred já que trabalhava lá; que afirma que tinha

terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se acesso ao portal Luiza porque nele continha cursos para

configurando relação de emprego entre a contratante e o funcionários da Luizacred; que no dia de sua demissão o gerente da

empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à loja chamou a depoente e falou que tinha recebido papéis da

contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da coordenação relativos a sua dispensa; que acaso fosse promovida

terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento para cargo superior ocuparia cargo de coordenadora de loja como o

das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, da Sra. Fernanda; que não realizava venda de serviços como

na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson recarga de celular, garantia estendida e troca certa de produtos do

Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta Magazine Luiza porque isso era função dos caixas; que não

assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta acompanhava entrega de produtos porque isso era função do

automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido estoque; que realizava atividades de telemarketing mais para

coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Carmen Lúcia. realizar venda de produtos da Luizacred; que afirma que

Plenário, 30.8.2018." preenchia os dados do cliente no sistema e caso o sistema pré-

Ademais, salienta-se que o depoimento pessoal da autora revelou o aprovasse o crédito a depoente poderia aprovar ou negar o

desempenho de atividades incapazes de enquadrá-la como cartão; que a negativa poderia se dar em caso de analise

financiária, de modo a tornar superado, neste tocante, o exame dos notadamente a documentação de clientes; que não podia

depoimentos das testemunhas ouvidas no presente feito e naquele alterar limite de cartão de crédito emitido pelo sistema; que

cuja ata audiência foi admitida como prova emprestada. Admitiu a poderia atuar na renegociação dos clientes de cartão de crédito

reclamante que "(...) atuava na vende de produtos da segunda mas não poderia alterar as taxas de juros; que não poderia

reclamada como cartão de crédito, parcelamento de fatura, seguro abrir conta corrente ou transferência bancária" (destaquei).

de cartão, habilitação de serviços de SMS; (...) que durante todo Extrai-se do depoimento que a autora atuava no recebimento e no

contrato trabalhou nas dependências do Magazine Luiza na filial encaminhamento da documentação dos clientes, relativos aos

984; que entretanto quando passou a vender produtos da Luizacred pedidos de cartão de crédito, sem envolvimento direto na aprovação

foi transferida para um setor da Luizacred; (...) que quando passou das propostas, nem mesmo na alteração dos limites de crédito ou

a vender produtos da Luizacred o seu superior era o coordenador alteração das taxas de juros, posto que tais atributos decorriam do

regional o Sr. Ivan, funcionário da Luizacred; que o Sr. Ivan sistema. Logo, as atividades desempenhadas pela recorrida se

comparecia uma vez por mês; que tinha contato com o Sr. Ivan caracterizavam como mero assessoramento na aquisição de cartão

todos os dias por telefone e periodicamente por e-mail e de crédito, o que é insuficiente para caracterizá-la como financiária.

conferências virtuais; que esclarece que o Sr. Ivan era o A prestação de serviços da reclamante, empregada da primeira

coordenador regional da Luizacred sendo que sua superior imediata reclamada, em benefício da segunda reclamada, não se afigura

era a Sra. Fernanda que era coordenadora da Luizacred da loja; como fraudulenta. Com efeito, do acervo probatório dos autos, não

que a Sra. Fernanda era funcionária da Luizacred; que enquanto é possível concluir que a obreira recebia ordens diretamente da

vendeu produtos da Luizacred não tinha qualquer contato com os segunda reclamada, pois, a despeito de suas atividades, continuou

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 182
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subordinada à primeira demandada. APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS

Nesse sentido, a segunda testemunha obreira, ouvida no processo PRECEDENTES DO STF - INAPLICABILIDADE DA OJ 383 DA

nº 0000160-59.2021.5.07.0037, cuja ata de audiência foi admitida SBDI-I DO TST - CABIMENTO APENAS DA RESPONSABILIDADE

como prova emprestada, revelou "(...) que a Loja da Magazine era SUBSIDIÁRIA. 1. A Súmula 331 do TST constituiu, por mais de 2

frequentada por um coordenador regional ao qual a reclamante décadas, o marco regulatório por excelência do fenômeno da

estava subordinada; que este coordenador era da Luizacred; que terceirização na seara trabalhista, editada que foi em atenção a

quando a reclamante precisasse se ausentar do trabalho a mesma pedido formulado pelo MPT, em 1993, de revisão da Súmula 256,

comunicava para a gestora da loja; que as pessoas do crédito que era superlativamente restritiva da terceirização, limitando-a às

também são conhecidas como assistente de vendas sênior". A hipóteses de vigilância (Lei 7.102/83) e trabalho temporário (Lei

despeito da menção à subordinação a um coordenador da segunda 6.019/74). 2. Revisada por duas vezes (2000 e 2011), em função da

reclamada, era à gestora da primeira reclamada a quem se dirigia questão acessória da responsabilidade subsidiária da Administração

quando precisava se ausentar do trabalho, o que denota, no Pública nos casos de inadimplemento das obrigações trabalhistas

cotidiano laboral, subordinação direta à Magazine Luíza. por parte das empresas terceirizadas (incisos IV e V), o STF, ao

Tal subordinação foi confirmada pela primeira testemunha ouvida a pacificar tal questão periférica, deu também sinalização clara quanto

rogo da reclamada na referida prova emprestada, ao declarar "que a à fragilidade e imprecisão conceitual da distinção entre atividade-fim

reclamante estava subordinada à gerente da loja na unidade de e atividade-meio para efeito de fixação da licitude da terceirização

Juazeiro". Além disso, a segunda testemunha patronal ouvida de serviços (cfr. RE 760.931-DF, Red. Min. Luiz Fux, julgado em

naquele feito expôs "que não tinha nenhum empregado da segunda 30/03/17). 3. O que condenou finalmente a Súmula 331 do TST, em

reclamada trabalhando nas dependências da Magazine" e "que seu núcleo conceitual central do inciso III, sobre a licitude da

depoente e reclamante estavam subordinadas à gestora e a gerente terceirização apenas de atividades-meio das empresas tomadoras

da loja". de serviços, foram os excessos no enquadramento das atividades

Por fim, a única testemunha ouvida no presente feito, a rogo da das empresas, generalizando a ideia de atividade-fim,

reclamada, confirmou "(...) que seu superior imediato é o gestor especialmente quanto aos serviços de call center prestados para

administrativo; que o trabalho do gestor administrativo é voltado bancos (cfr. TST-RR-1785-39.2012.5.06.0016) e concessionárias de

para a venda dos produtos de crédito; que exemplifica como serviços de telecomunicações (cfr. TST-E-ED-RR-2707-

gestoras administrativo as Sras. Silvana, Lucicleuma e Maria 41.2010.5.12.0030) e energia elétrica (cfr. TST-RR-574-

Edilane; que afirma que o coordenador de crédito não permanece 78.2011.5.04.0332), ao arrepio das Leis 8.987/95 (art. 25, § 1º) e

nas dependências da filial aparecendo apenas esporadicamente; 9.472/97 (art. 94, II), além dos casos de cabistas (cfr. TST-E-ED-RR

que afirma não existir um coordenador direto na loja; que o gestor -234600-14.2009.5.09.0021), leituristas (cfr. TST-E-ED-RR-1521-

administrativo é do Magazine Luiza; que afirma não ter presenciado 87.2010.5.05.0511) e vendedores no ramo de transporte rodoviário

nenhum funcionário da Luizacred desde a sua admissão". (cfr. TST-E-RR-1419-44.2011.5.10.0009), apenas para citar os mais

No sentido ora abonado trilha a atual jurisprudência do TST, comuns. 4. No intuito de combater o fenômeno econômico da

conforme precedentes abaixo colacionados, todos eles envolvendo terceirização, caracterizado pela cadeia produtiva horizontal, para

as empresas reclamadas no presente feito: forçar o retorno ao modelo de empresa vertical, em que a quase

"I) AGRAVO DE INSTRUMENTO DAS RECLAMADAS MAGAZINE totalidade das atividades é exercida pelos seus empregados

LUIZA S/A E LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE- contratados diretamente e não por empresas terceirizadas e seus

FIM OU ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - empregados, a jurisprudência majoritária do TST levou o STF a

APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS reconhecer a repercussão geral dos Temas 725 e 739, sobre

PRECEDENTES DO STF - PROVIMENTO. Diante de possível terceirização, cujo deslinde em 30/08/18, com o julgamento do RE

violação do art. 3º da CLT, acerca da ilicitude da terceirização de 958.252 e da ADPF 324 resultou na fixação da seguinte tese

serviços financiários, dá-se provimento ao agravo de instrumento jurídica de caráter vinculante: " é lícita a terceirização ou qualquer

interposto pelas Reclamadas para determinar o processamento do outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

recurso de revista . Agravo de instrumento provido. II) RECURSO independentemente do objeto social das empresas envolvidas,

DE REVISTA DAS RECLAMADAS MAGAZINE LUIZA S/A E mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". 5.

LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE-FIM OU Assim, a partir de 30/08/18, passou a ser de aplicação aos

ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - processos judiciais em que se discute a terceirização a tese jurídica

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fixada pelo STF no precedente dos processos RE 958.252 e ADPF todo o Poder Judiciário, assim restou redigida: "É licita a

324, mormente em face da rejeição da questão de ordem relativa a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre

eventual perda de objeto dos processos, diante da edição da Lei pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das

13.429/17, uma vez que se reconheceu que esta passou a regular a empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da

matéria para o futuro, enquanto o julgamento do STF dispôs sobre empresa contratante " destacamos. Do mesmo modo, no

os casos do passado. 6. Por outro lado, a par de não mais julgamento da ADPF n.º 324, o eminente Relator, Min. Roberto

subsistirem, para efeito do reconhecimento da licitude da Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se

terceirização , os conceitos de atividade-fim, atividade-meio e manifestou: "I. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade,

subordinação estrutural entre empresas, não há de se aguardar a meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a

revisão da Súmula 331 para apreciação dos casos pendentes, quer contratante e o empregado da contratada . 2. Na terceirização,

por depender da discussão prévia sobre a constitucionalidade do compete à tomadora do serviço: I) zelar pelo cumprimento de todas

art. 702, I, "f", e § 3º, da CLT, quer por ser possível decidir de pronto as normas trabalhistas, de seguridade social e de proteção à saúde

a matéria, sem tisnar a Súmula 331, quando se reconhecer o e segurança do trabalho incidentes na relação entre a empresa

caráter de atividade-meio desenvolvida pela prestadora de serviços terceirizada e o trabalhador terceirizado; II) assumir a

em relação à tomadora de serviços. 7. In casu , como se trata de responsabilidade subsidiária pelo descumprimento de obrigações

terceirização de serviços de " atendimento ao cliente, diretamente trabalhistas e pela indenização por acidente de trabalho, bem como

ligado a margem de crédito, fazendo lançamento de dados do a responsabilidade previdenciária, nos termos do art. 31 da Lei

cartão do cliente no sistema de cartão de credito da LuizaCred " 8.212/1993 " grifamos . Assim ficou assentado na certidão de

(pág. 643), sem que se tenha notícia de subordinação direta da julgamento: "Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos

Trabalhadora terceirizada à Tomadora dos serviços, tem-se que o termos do voto do Relator, julgou procedente a arguição de

recurso de revista merece conhecimento, por violação do art. 3º da descumprimento de preceito fundamental , vencidos os Ministros

CLT (arrimo dos Temas 725 e 739 de repercussão geral do STF), e Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio"

provimento, para, reformando o acórdão regional, no aspecto, (g.n) . Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o

afastar a ilicitude da terceirização e, por conseguinte, o entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência

reconhecimento do vínculo de emprego com a tomadora de (art. 170, IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente

serviços, LuizaCred S/A, bem como os benefícios legais e assentados na Constituição Federal de 1.988, asseguram às

convencionais concedidos especificamente aos seus empregados, empresas liberdade em busca de melhores resultados e maior

remanescendo, porém, a sua responsabilidade subsidiária quanto competitividade. Quanto à possível modulação dos efeitos da

às verbas da condenação que não decorreram exclusivamente do decisão exarada, resultou firmado, conforme decisão de julgamento

enquadramento da Autora como financiária. Recurso de revista da ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que: "(...) o Relator

conhecido e provido" (RR-10307-15.2015.5.05.0651, 4ª Turma, prestou esclarecimentos no sentido de que a decisão deste

Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 13/11/2020) julgamento não afeta os processos em relação aos quais tenha

(destaquei). havido coisa julgada . Presidiu o julgamento a Ministra Cármen

"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA Lúcia. Plenário, 30.8.2018" . Nesse contexto, a partir de 30/8/2018,

VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE- é de observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou

MEIO E ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO PROFERIDA PELO pendente de julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADPF N.º 324 E NO RE N.º n.º 958.252 e na ADPF n.º 324. Assim, não há mais espaço para o

958.252, COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA (TEMA reconhecimento do vínculo empregatício com o tomador de serviços

725) . TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. APLICAÇÃO DE MULTA. O sob o fundamento de que houve terceirização ilícita (ou seja,

Plenário do Supremo Tribunal Federal, no dia 30/8/2018, ao julgar a terceirização de atividade essencial, fim ou finalística), ou, ainda,

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º para a aplicação dos direitos previstos em legislação específica ou

324 e o Recurso Extraordinário (RE) n.º 958.252, com repercussão em normas coletivas da categoria profissional dos empregados da

geral reconhecida, decidiu que é lícita a terceirização em todas as empresa contratante, porque o e. STF, consoante exposto, firmou

etapas do processo produtivo, ou seja, na atividade-meio e na entendimento de que toda terceirização é sempre lícita , inclusive,

atividade-fim das empresas. A tese de repercussão geral aprovada repita-se, registrando a impossibilidade de reconhecimento de

no RE n.º 958.252 (Rel. Min. Luiz Fux), com efeito vinculante para vínculo empregatício do empregado da prestadora de serviços com

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o tomador . Considerando a improcedência do recurso, aplica-se à da Reclamada, ou seja, categoria da atividade-meio da LUIZACRED

parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo S.A. Segundo os arts. 511 e 570,caput, da CLT,o

não provido, com aplicação de multa" (Ag-RRAg-11503- enquadramentosindicalé determinado, de fato, pela atividade

21.2017.5.15.0150, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, econômica predominante da empresa e pelo local da prestação de

DEJT 12/03/2021). serviços, exceto em relação aos empregados integrantes de

"(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. categoria profissional diferenciada. Como complemento, o art. 581,

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º13.015/2014. § 2º, da CLT conceitua o que seria atividade preponderante. A

ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO. AUSÊNCIA DE Turma Regional, diante do rol de atribuições e de limitações do

COMPROVAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA cargo, constatou que o Reclamante desempenhava a função de

SÚMULA 126/TST. Hipótese em que o Tribunal Regional, amparado promotor de vendase que, por não ter permissão de conceder

no acervo fático-probatório delineado nos autos, sobretudo na prova crédito, não pertencia à categoria dos financiários. Com efeito, não

oral, reformou a sentença para afastar o reconhecimento da há como enquadrar o obreiro nas Convenções Coletivas de

condição de financiaria da autora. Assentou que, em razão da Trabalho de outra categoria, por não possuir relação com a

disparidade do sistema operacional utilizado pela autora (OX) e atividade econômica (atividade-fim) da empresa. Decidir de forma

pelos empregados contratados diretamente pela Luizacred diversa demandaria o revolvimento das provas produzidas nos

(CONSIGWEB), a atividade exercida pela reclamante era apenas o autos, diligência defesa pela Súmula nº 126 do TST. Agravo interno

de preenchimento da proposta, carregando o sistema com de que se conhece e a que se nega provimento" (Ag-AIRR-567-

informações dos clientes do Maganize Luíza captados no interior da 50.2015.5.09.0092, 7ª Turma, Relator Desembargador Convocado

loja, não havendo atribuição de aprovação do crédito. Consignou Roberto Nobrega de Almeida Filho, DEJT 17/05/2019).

que se aprovado o cartão pelos empregados vinculados diretamente "AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE

ao Luizacred, então a autora dava continuidade ao processo, REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO

conferindo a veracidade dos documentos no momento da proposta, DE SERVIÇOS. LABOR EM ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO

o que demonstra o enquadramento da autora como promotora de DO STF NO TEMA 725 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL,

vendas dos produtos da Luizacred , e não como financiária. ADPF 324 E RE 958.252. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST.

Registrou ainda que até o sistema de informática era diferenciado, PREJUDICADO O EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. O Supremo

pois, enquanto que os empregados da Luizacred tinham como Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de

suporte o sistema CONSIGWEB, a empregada trabalhava na Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE)

versão OX, funcionando como uma ponte entre os clientes do 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu pela licitude

Magazine Luíza, encaminhados pelos vendedores da loja ou da terceirização em todas as etapas do processo produtivo.

abordados pelos próprios analistas, e a atividade financeira da Naquele recurso, o STF firmou tese de repercussão geral, com

Luizacred, aprovada por funcionários diretamente contratados para efeito vinculante, no sentido de que "é lícita a terceirização ou

tal propósito. Concluiu que a função exercida era administrativa, qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas

carregando o sistema com dados cadastrais e não de avaliação ou distintas, independentemente do objeto social das empresas

aprovação do crédito. A decisão está assente no conjunto fático- envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa

probatório, sobretudo na prova oral, cujo reexame se esgota nas contratante". Assim, não havendo alusão no acórdão regional

instâncias ordinárias. Adotar entendimento em sentido oposto acerca da efetiva existência de pessoalidade e subordinação

àquele formulado pelo Tribunal Regional implicaria o revolvimento jurídica direta com a tomadora de serviços, não há como se

de fatos e provas, inadmissível em sede de recurso de revista, a reconhecer o vínculo direto com a empresa tomadora de serviços.

teor da Súmula 126/TST. Recurso de revista não conhecido" (RR- Quanto a esse último aspecto, não se leva em conta a mera

645-12.2014.5.09.0017, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena subordinação estrutural ou indireta, que, aliás, é inerente à

Mallmann, DEJT 26/02/2021). terceirização da atividade-fim - tal implicaria esvaziar de sentido os

"AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO já mencionados precedentes do STF -, sendo necessário estar

DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIO. comprovada nos autos a subordinação hierárquica direta, presencial

CATEGORIA SINDICAL DIFERENCIADA. PROMOTOR DE ou por via telemática, do trabalhador aos prepostos da tomadora.

VENDAS . O Tribunal Regional inferiu que o Reclamante não No caso concreto, o Tribunal Regional consignou não existir

exercia serviço de financiário, mas somente de promotor de vendas pessoalidade e subordinação direta com a tomadora, o que

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

inviabiliza o reconhecimento de vínculo de emprego pretendido. julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,

Ademais, não há na petição inicial o pedido sucessivo autônomo de porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.

isonomia salarial, com fundamento no art. 12 da Lei 6.019/1974.

Nesse contexto, a aferição das alegações recursais requereria novo

exame do quadro factual delineado na decisão regional, na medida DISPOSITIVO

em que se contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão

regional, caso que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Apesar

de o art. 896-A da CLT estabelecer a necessidade de exame prévio

da transcendência do recurso de revista, a jurisprudência da Sexta

Turma do TST tem evoluído para entender que esta análise fica

prejudicada quando o apelo carece de pressupostos processuais

extrínsecos ou intrínsecos que impedem o alcance do exame

meritório do feito, como no caso em tela. Prejudicado o exame da

transcendência. Agravo de instrumento não provido. (...)" (AIRR-337 ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

-97.2018.5.06.0411, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

de Carvalho, DEJT 01/10/2021). conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para

Por todo o exposto, não faz jus à reclamante ao enquadramento julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,

como financiária, de modo a serem indevidas as verbas deferidas porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.

pela sentença. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Dá-se provimento ao recurso das reclamadas, para julgar Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

improcedente a reclamação. Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

Custas pela reclamante, porém dispensadas, em face dos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

benefícios da justiça gratuita ora mantidos, eis que, ao contrário do de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

afirmado pelas recorrentes, a parte reclamante declarou no ID. Fortaleza, 18 de julho de 2022.

419d481 não ter condições de arcar com os custos do processo.

Reexaminando-se o acervo probatório dos autos, não há elementos

capazes de afastar a validade de tal declaração. Dessa forma, a

simples declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de

que não reúne condições econômicas para arcar com as despesas

processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, é

suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da CLAUDIO SOARES PIRES

justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte Desembargador Relator

reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.

99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência Diretor de Secretaria

deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,


Processo Nº ROT-0001063-27.2021.5.07.0027
do item I da Súmula nº 463 do TST. Relator CLAUDIO SOARES PIRES
9. deduzam-se os valores comprovadamente quitados a idêntico RECORRENTE MAGAZINE LUIZA S/A
ADVOGADO WILSON SALES BELCHIOR(OAB:
título, sob pena de enriquecimento sem causa." 17314/CE)
RECORRENTE LUIZACRED S.A. SOCIEDADE DE
CREDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO
ADVOGADO WILSON SALES BELCHIOR(OAB:
CONCLUSÃO DO VOTO 17314/CE)
RECORRIDO LUCIVANIA DOS SANTOS
RODRIGUES GONCALVES
ADVOGADO RAMON CAETANO CELESTINO(OAB:
322878/SP)
Conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO ANDREY LEMOS LEONEL(OAB:


321813/SP)

FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- LUIZACRED S.A. SOCIEDADE DE CREDITO,
FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

ADMISSIBILIDADE

Recurso tempestivamente interposto, sem irregularidades para

PODER JUDICIÁRIO serem apontadas.

JUSTIÇA DO PRELIMINAR

Nada há para ser examinado.

MÉRITO
EMENTA
ENQUADRAMENTO SINDICAL. CATEGORIA DOS

FINANCIÁRIOS.

O juízo de origem reconheceu o enquadramento da reclamante na


RECURSO ORDINÁRIO - ENQUADRAMENTO SINDICAL.
categoria profissional dos financiários, deferindo os pleitos
CATEGORIA DOS FINANCIÁRIOS. O Plenário do Supremo
formulados na inicial, consoante os seguintes fundamentos:
Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de
"CAPÍTULO II - RECONHECIMENTO DE VÍNCULO
Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário
EMPREGATÍCIO PERANTE O 2º RECLAMADO -
(RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é
ENQUADRAMENTO SINDICAL
lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou
Aduz a reclamante que foi admitida pelo 1º reclamado em
seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis
03.11.2015, para o exercício da função de assistente de vendas
mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, está a discussão
pleno (caixa), laborando em prol do 1º réu, até 01.04.2016, quando
de serem os serviços prestados para a segunda reclamada,
foi promovida a função de assistente de vendas senior, momento a
coincidentes com o objeto social da referida empresa; a
partir do qual passou a atuar preponderantemente em favor do 2º
terceirização aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de
reclamado, sendo imotivadamente dispensada em 28.01.2020.
razão para refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no
De seu turno, os réus afirmam que a reclamante manteve contrato
moderno posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal, toma
de trabalho exclusivamente consigo durante todo o pacto laboral.
nova feição sem o viés da ilegalidade de então. Precedentes.
Asseveram não ter havido subordinação jurídica entre a reclamante
Recurso conhecido e provido.
e o 2º reclamado, registrando que toda a remuneração da obreira foi

paga pelo 1º réu durante todo o pacto.

À análise.
RELATÓRIO
No tema da terceirização, dos mais tormentosos e corriqueiros no

dia a dia da Justiça Laboral, impõe-se, desde logo, trazer à baila o

teor julgamento da ADPF 324/DF, pelo Supremo Tribunal Federal,


V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO
que pacificou o tema no âmbito da Suprema Corte:
ORDINÁRIO, provenientes da MM. 1 ª VARA DO TRABALHO DA
Ementa: DIREITO DO TRABALHO . ARGUIÇÃO DE
REGIÃO DO CARIRI, em que são partes: MAGAZINE LUIZA S/A,
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.
LUIZACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADE-FIM E DE ATIVIDADE -MEIO .
INVESTIMENTO, recorrentes, e LUCIVANIA DOS SANTOS
CONSTITUCIONALIDADE. 1. A Constituição não impõe a adoção
RODRIGUES GONÇALVES, recorrida.
de um modelo de produção específico, não impede o
A parte reclamada (MAGAZINE LUIZA S/A, LUIZACRED S.A.
desenvolvimento de estratégias empresariais flexíveis, tampouco
SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO)
veda a terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o
interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença, Id 759f43b,
tema tem sido oscilante e não estabelece critérios e condições
que julgou procedentes em parte os pedidos da reclamação
claras e objetivas, que permitam sua adoção com segurança. O
trabalhista.
direito do trabalho e o sistema sindical precisam se adequar às
Contrarrazões apresentadas (Id. 97167a3).
transformações no mercado de trabalho e na sociedade.
É o relatório.
2. A terceirização das atividades-meio ou das atividades-fim de uma

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 187
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa jurídicos da relação de emprego permitirão afastar a relação formal

e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a de emprego havida entre o empregado e a prestadora dos serviços

liberdade de formular estratégias negociais indutoras de maior intermediados. In casu, o julgado afeta igualmente a pretensa

eficiência econômica e competitividade. aferição objetiva quanto à subordinação jurídica alegada pela autora

3. A terceirização não enseja, por si só, precarização do trabalho, em relação ao 2º réu.

violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos Entretanto, muito embora a perquirição acerca da subordinação

previdenciários. É o exercício abusivo da sua contratação que pode jurídica deva se dar sob seu viés subjetivo, não se pode perder de

produzir tais violações. vista o disposto no art. 6º, §único, da CLT, in verbis:

4. Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no

constitucionalidade da terceirização devem ser compatibilizados estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do

com as normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à empregado e o realizado a distância, desde que estejam

contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação

terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento dada pela Lei nº 12.551, de 2011)

das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de

(art. 31 da Lei 8.212/1993). comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de

5. A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,

pressupõe a sua participação no processo judicial, bem como a sua controle e supervisão do trabalho alheio.

inclusão no título executivo judicial. Não se pode turvar a discussão sobre o presente caso olvidando-se

6. Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o da dinâmica atual das relações de trabalho, sobretudo no âmbito do

objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi sistema bancário e financeiro, tão permeados por instrumentos

revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o tecnológicos com vistas a dinamizar a circulação de riqueza,

conjunto de decisões da Justiça do Trabalho sobre a matéria, a informações e prospecção de clientes.

indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Descabe imaginar o fenômeno da subordinação jurídica, ainda que

Supremo Tribunal Federal a respeito dos aspectos constitucionais em seu viés subjetivo, unicamente sob a figura da presença física

da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o do gestor, transmitindo ordens a seus subordinados, como se

pedido de inclusão do feito em pauta. constitui a imagem padrão da relação patrão-empregado. Tal

7. Firmo a seguinte tese: "1. É lícita a terceirização de toda e raciocínio não advém de convicções pessoais deste magistrado,

qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de mas sim do próprio legislador, como se percebe do art. 6º, §único,

emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na da CLT, acima transcrito.

terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a Pelo que emerge do conteúdo de prova relativa ao caso concreto, a

capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder reclamante, de fato, atuava no exercício de atividade de cunho

subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, financeiro, atinente à atividade econômica do 2º réu, ainda que

bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da tenha sido formalmente contratada pelo 1º reclamado. Entretanto,

Lei 8.212/1993". para além do debate sobre a natureza das atribuições

8. ADPF julgada procedente para assentar a licitude da desempenhadas pela reclamante, é fato que a gestão de suas

terceirização de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela atividades, o controle e a fiscalização de seu trabalho, dava-se pela

maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões 2ª ré, ainda que tal fiscalização tenha se dado por meios

transitadas em julgado. telemáticos.

Com efeito, diante da tese firmada pelo Col. STF, valendo o registro Pode-se extrair dita conclusão de vários trechos dos depoimentos

veemente da discordância do presente magistrado, resta afastada a colhidos, como se vê abaixo, in litteris:

possibilidade de aferição objetiva da subordinação no contexto da "que a reclamante fazia empréstimos pessoais e empréstimos

relação trilateral de trabalho. Foi patente e expresso o Pretório consignados para os clientes da Magazine Luiza; que as atribuições

Excelso a afirmar a possibilidade de terceirização em qualquer da reclamante era preencher as propostas dos clientes e mandar

atividade do contratante, até mesmo aquelas pertencentes ao para análise na empresa Luizacred; que em caso de aprovação o

núcleo de sua atividade econômica. crédito era feito pela Luizacred diretamente na conta bancária do

Sendo assim, somente a aferição subjetiva dos elementos fático- cliente" (depoimento da preposta Márcia Campos, representante

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das rés nos autos de nº 0000160-59.2021.5.07.0037, admitido como uníssono da prova oral.

prova emprestada no caso vertente) Merece relevo, ainda, no que concerne a tais elementos fático-

"que o sistema operacional utilizado pelas analistas era da jurídicos da relação de emprego, que as reclamadas compõem

Luizacred; que os empregados da magazine não tinham acesso ao grupo econômico, como reconhecido no capítulo I da presente

sistema da Luizacred; que os móveis e computadores usados pela decisão, havendo inequívoco aproveitamento recíproco do quadro

analista eram todos de propriedade da Luizacred; que as analistas de pessoal de ambas as empresas na execução da atividade

assinavam documentos em nome da Luizacred e em seguida econômica comum ou convergente das reclamadas. Tal

lançava esse documento no sistema; que as analistas atendiam característica, ao revés de servir ao rechaço da tese obreira, reforça

clientes da Magazine Luiza e também pessoas que não eram o caráter coligado das atividades da empresas, sem afastar, sequer

clientes da Magazine; que qualquer problema relacionado às minimamente, a efetiva subordinação da reclamante para com a 2ª

atividades funcionais as analistas se reportavam às coordenadora reclamada, no período da prestação laboral em prol dessa.

da Luizacred, Sra Fernanda e em seguida Sra Fabiana; que com a Visto o conteúdo dos depoimentos, parece induvidoso que a 1ª

mudança da nomenclatura dos cargos as condições funcionais de reclamada, empregadora formal da parte autora, ao menos em

trabalho continuaram as mesmas; que a analista lançava todas as parte, nada mais representou senão autêntico setor de

informações do cliente no sistema e ao final a mesma saberia se o funcionamento da atividade econômica financeira do 2º reclamado,

crédito era aprovado ou não" (depoimento da testemunha Aline emergindo patente que a reclamante atuava na comercialização e

Rafaely da Silva Sousa nos autos de nº 0000160- prospecção de clientes para produtos do 2º reclamado, inclusive

59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso com centralização das atividades e gestão da atuação da

vertente) reclamante mediante sistema informatizado do 2º reclamado.

"que as atividades da reclamante eram: fazer cartão de crédito, Portanto, intenta o 2o reclamado, cuja atividade econômica se volta

empréstimos, negociação de dívidas com cliente, análise de crédito, a comercialização de crédito pessoal, em várias modalidades

dentre outras [...] que a Loja da Magazine era frequentada por um comerciais, realizar parcela essencial de tal mister, qual seja, a

coordenador regional ao qual a reclamante estava subordinada; que própria oferta, negociação e formalização da operação, segundo

este coordenador era da Luizacred" (depoimento da testemunha normas de aprovação criadas por si, através de contratação

Paolla Layana Lima Gonçalves nos autos de nº 0000160- empregatícia interpostas, em odiosa fraude tencionada à redução

59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso de custos a todo e qualquer preço.

vertente) Na verdade, tais elementos expõem que os funcionários formais da

"que as metas do setor de crédito eram passadas pelo gestor 1a reclamada executavam parcela essencial da atividade financeira

administrativo mediante planilhas enviadas pelo coordenador de exercida pelo 2o reclamada, qual seja, a própria conclusão de

crédito; que não sabe precisar qual a função exata do coordenador venda dos produtos desta entidade financeira, segundo seus

de crédito; que não sabe precisar a área de abrangência do parâmetros, e os consumidores. Na verdade, o que se vê é uma

coordenador regional mas afirma que a filial de Juazeiro do Norte tentativa de pulverizar a atividade financeira, de modo a diminuir o

está atrelada a regional de Petrolina" (oitiva da testemunha Vanilza valor da força de trabalho daqueles que realizam as atividades

Bezerra Campos, conduzida pelos réus) inerentes a este setor, o que vai de encontro ao Princípio

Com efeito, nota-se que a reclamante atuava em função atrelada à Fundamental da Valorização do Trabalho (art. 1ª, IV, CF).

dinâmica de venda de produtos financeiros da 2ª ré, claramente A se dar validade a tal pulverização, em pouco tempo teremos

subordinada a essa, ainda que por meios telemáticos, na linha do executando as atividades inerentes ao sistema financeiro apenas

que tem se dado no contexto da revolução tecnológica em curso, trabalhadores das empresas orbitais ao núcleo do Sistema

fenômeno já previsto pelo legislador, como acima explicitado. Financeiro, com patamar salarial inferior, e as efetivas financeiras

No que concerne aos elementos da não eventualidade, se resumirão a apenas aos diretores ou executivos, exercendo

pessoalidade, e onerosidade, esses emergem da própria natureza atividade econômica sem qualquer empregado! Tal conduta

das atividades desempenhadas pela autora, que laborava em vilipendia, claramente, a função social da propriedade, no caso, do

jornada fixa, mediante salário estipulado e sem qualquer indício de exercício empresarial, à luz do art. 170 do Texto Magno.

que poderia se fazer substituir por outrem, até mesmo diante da Agora trazendo a lume os próprios dispositivos legais e infralegais

necessidade de realização de capacitação específica para a atinentes à atividade financeira, e interpretando-os à luz do conjunto

prestação dos serviços, através da Febraban, como emergiu em do ordenamento jurídico-constitucional, cumpre dizer que o artigo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 189
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17 da lei 4.595/76, que regula o sistema financeiro nacional, dispõe atividades, para quem o legislador, no caso específico, dirigiu as

textualmente que "consideram-se instituições financeiras, para os suas atenções.

efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou Na hipótese mais flexível, registre-se, admitir-se-ia na qualidade de

privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a instituição financeira as tradicionais financeiras de crédito, sem que

coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios este fato, isoladamente, justificasse a intermediação de mão de

ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de obra entre bancos e financeiras. Matéria de cunho trabalhista não

valor de propriedade de terceiros". pode ser tratada lateralmente em lei destinada aos bancos e ao

Quanto às normas regulamentares oriundas do Banco Central, mercado financeiro.

somente se pode discorrer que, por seu caráter meramente Em uma típica esperteza dos verdadeiros "expertos protetores" dos

infralegal, cujo escopo precípuo deveria ser tão somente a interesses bancários e dos homens das finanças, o Conselho

regulação técnica das atividades financeiras, tais não são, nem ao Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, dos militares aos

longe, capazes de mitigar a incidência da legislação de proteção ao governos FHC e Lula, valem-se de comando previsto em lei que

trabalho, de caráter cogente, não sendo despiciendo lembrar que considera como instituição financeira entidade que trabalha com

incidência da norma trabalhista leva em conta a realidade da seus recursos ou de terceiros para, lamentavelmente,

prestação dos serviços, não importando os invólucros formais institucionalizar demasiada terceirização bancária, de repercussões

estipulados entre as partes. econômicas e sociais guardadas de notória gravidade.

Análise percuciente acerca do conteúdo da "normatização" Também surpreende o fato de, quase 40 (quarenta) anos desde o

empreendida pelo Banco Central nesta temática pode ser colhida do primeiro ato do Banco Central, a apropriação indevida, por parte do

I. Magistrado Grijalbo Fernandes Coutinho, em obra específica, in representante dos bancos e banqueiros, de uma competência

verbis: conferida ao Parlamento, jamais ter sido objeto de questionamento

"Ora, é inquestionável que a Lei n. 4.595/1964, aprovada para tratar político e judicial de maneira mais contundente. Ao contrário, o

da política e das instituições monetárias, bancárias e creditícias, silencio fez com que governos da época da democracia formal -

além de criar o Conselho Monetário Nacional, não poderia interferir FHC e Lula - ampliassem sobremaneira a terceirização bancária no

nas relações de trabalho entre bancários e seus empregadores, Brasil, tornando, assim, a intermediação de mão de obra autorizada

como de fato não o fez, segundo se verifica do art. 17 sempre pelos militares um "puxadinho"quando comparado ao gigantismo do

invocado pelo Banco Central para imiscuir-se de uma competência palácio erguido de 1995 a 2003 para acomodar lucros advindos da

jamais lhe atribuída, nem mesmo na época sombria do regime exploração de mão de obra dos trabalhadores bancários, formais e

militar. terceirizados.

Observado o teor do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, impõe-se concluir Não custa recordar que as resoluções do Banco Central, inclusive a

que a norma nele prescrita limita-se a definir o que seja instituição de n. 3.110, de 31 de julho de 2003, trazem em seu bojo, ao

financeira, considerando como tal, dentre outras, empresa disciplinar a atividade de correspondente bancário, matéria de

responsável pela coleta, intermediação e aplicação de recursos natureza eminentemente trabalhista, a ponto de permitir, na prática,

financeiros próprios ou de terceiros. escancarada terceirização nos serviços bancários, mudando a

Ainda que seja o mais pobre entre os métodos de interpretação, a relação de trabalho entre bancos e trabalhadores que lhes prestam

literalidade do dispositivo objeto do presente debate não deixa serviços, de forma direta ou via intermediação de mão de obra

espaço para incluir a terceirização de mão de obra no conjunto das regulada por norma jurídica editada pelo Banco Central para

matérias nele reguladas. atender a interesse de banqueiros e demais colaboradores.

Ademais, qualquer interpretação minimamente comprometida com o Pouco importa o destino ou o título conferido no preâmbulo da lei.

sentido teleológico da norma legal jamais lhe daria o alcance visto Tem relevância o seu conteúdo materialmente analisado a partir das

pelos militares no poder e depois pelos governos FHC e Lula. A lei repercussões concretas criadas para as pessoas que ingressarem

de regência, repita-se, não [e uma lei de caráter trabalhista, em na seara regulada pela norma.

propósito e conteúdo. Ausente norma legal, em qualquer época, apta a introduzir

Inegavelmente, o art. 17 da Lei n. 4.595/1964 considera como terceirização em atividades bancárias e financeiras, não mais

instituição financeira a entidade que, entre as suas atribuições, faça remanescem dúvidas acerca do poder legiferante exercido pelo

a coleta, intermediação e aplicação dos recursos financeiros Banco Central, desde a ditadura militar até os governos FHC e Lula,

próprios ou de terceiros. Os bancos realizam todas essas no campo das relações de trabalho, cujo ato último, com este

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 190
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propósito, se deu em 31 de julho de 2003, por intermédio da Em ordem a regularizar o histórico de relações de emprego da

Resolução n. 3.110, aqui transcrita e já comentada. reclamante, e em coerência com a dinâmica de compartilhamento

Usurpando competência própria do Congresso Nacional (CRFB, de mão de obra verificado pelas empresas no contexto do grupo

arts. 22, I e 48), ao legislar indevidamente sobre Direito do econômico, o registro da relação de emprego perante a 2ª

Trabalho, no tópico que trata da contratação de prestadoras de reclamada deverá ser lançado nas anotações gerais do pacto

serviços por bancos e entidades financeiras e das atividades inicialmente firmado com a 1ª reclamada, dado que claramente

delegáveis a empresas terceirizantes, o Banco Central pratica atos houve apenas um único pacto no qual a 2ª ré assumiu a condição

de visível inconstitucionalidade, merecendo o art. 1o da Resolução de empregador a partir de 01.04.2016.

n. 3.110, de 31 de julho de 2010, por isso mesmo, ser atacado na Consequência lógica do reconhecimento do vínculo de emprego

esfera judicial, por meio de controle difuso nas diversas ações entre a parte autora e a 2ª reclamada, instituição financeira, e com

trabalhistas e do controle concentrado a ser exercido pela base no art. 511, §2o, da CLT, é declaração do enquadramento

propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo detentor de sindical da parte autora como financiária, a partir de 01.04.2016,

legitimidade para tanto. dada a atividade econômica preponderante de seu empregador,

Trata-se, no caso da terceirização bancária no Brasil implantada por aplicando-se à espécie o regramento legal aplicável aos bancários,

atos do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional, da mais inclusive quanto à jornada de trabalho.

contundente usurpação de direitos sociais vista desde o surgimento Decorrente do exposto, condenam-se as rés no pagamento de

da legislação trabalhista no Brasil. Tudo isso acontecendo em terras diferenças salariais, tendo em conta a não observância do piso

tropicais há quase quarenta anos sem nenhum debate profundo a salarial da categoria dos financiários, à luz das sucessivas normas

respeito do tema, a ponto de esfacelar cotidianamente uma das coletivas aplicáveis à categoria profissional, com reflexos em horas

categorias de maior mobilização política durante a segunda metade extras pagas, aviso prévio, décimos terceiros, férias mais um terço,

do século XX. Outra consequência não menos nefasta resulta no depósitos do FGTS e respectiva indenização de 40% do FGTS.

oferecimento de condições de trabalho indignas a milhares de Condenam-se ainda as reclamadas no pagamento das parcelas

trabalhadores formais dos denominados 'correspondentes PLR, auxílio-refeição, ajuda alimentação, décima terceira cesta

bancários', cujos salários são reduzidíssimos e não têm mais eles alimentação e anuênios, esses com reflexos em aviso prévio,

outras garantias mínimas asseguradas aos bancários formais." décimos terceiros, férias mais um terço, depósitos do FGTS e

Com efeito, o que se tem no presente caso é o típico quadro de respectiva indenização de 40%, observadas as disposições

descentralização administrativa perpetrada por instituição financeira convencionadas acerca de cada rubrica, bem como a evolução do

em objeto absolutamente inserido em suas atividades essenciais, e valor dessas ao longo do pacto.

mediante subordinação direta dos empregados terceirizados, com Por óbvio, a condenações acima têm marco inicial em 01.04.2016,

nítido intuito de redução de custos operacionais através da início da relação de emprego perante a 2ª ré.

precarização de direitos trabalhistas, o que não pode ser admitido CAPÍTULO II - JORNADA DE TRABALHO

por nossa ordem constitucional, até mesmo diante dos Pleiteia a reclamante a condenação das rés no pagamento de horas

compromissos assumidos por nossa sociedade na promulgação da extras, considerada a jornada de seis horas diárias e 30 horas

Carta Política de 1988. semanais, nos termos do art. 224 da CLT, incidente à categoria dos

Neste ponto, a 2o reclamada, apesar de controlar claramente a financiários, consoante Súmula 55 do Col. TST.

atividade da reclamante, utilizava-se de seus serviços de maneira De sua parte, as reclamadas alegam não ser aplicável à espécie a

interposta, ancorado em regulamentação flagrantemente inteligência da Súmula 55 do Col. TST, dado que a autora não

inconstitucional do Banco Central, tão somente para precarizar os desempenhava atividades atinentes aos financiários. Alegam ter

direitos dos obreiros que lhe prestam serviços nesse "braço" de sua havido compensação ou pagamento das horas extras prestadas.

atividade, considerado o maior patamar de direitos dos financiários. Sem razão os réus.

Assim, caracterizada a subordinação direta da reclamante perante a De plano, rechaça-se a alegação de inaplicabilidade da Súmula 55

2ª reclamada, a partir de 01.04.2016, reconhece-se o vínculo de do Col. TST ao caso, uma vez que os fundamentos expostos no

emprego entre a autora e a 2o ré, mantidas as funções anotadas capítulo anterior explicitam, categoricamente, a relação de emprego

em sua CTPS, com os respectivos períodos de exercício, assim da autora perante o 2º reclamado, não somente pelo exercício de

como a data de terminação contratual já lançada formalmente pela atividades ligadas ao setor financiário, mas principalmente pela

1ª ré. subordinação direta caracterizada perante a 2ª ré, atuante no setor

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financeiro. personalidades jurídicas próprias, administração autônoma e

Sequer se afigura viável a incidência, na espécie, do disposto no atividades completamente diversas, possuindo apenas parceria em

art. 224, §2o, da CLT, improvado o preenchimento do requisito alguns negócios, que, entretanto, não invadem o risco de cada de

quantitativo da figura, qual seja, a percepção de gratificação de pelo empresa na prestação de seus serviços específicos". Expõem que a

menos 1/3 do salário do cargo efetivo, a par de não se verificar que recorrida sempre trabalhou para a Magazine Luíza, a quem era

a parte autora desempenhasse atribuição que denotasse grau de subordinada, não possuindo a segunda reclamada, Luizacred S/A,

confiança destacado dos demais funcionários da empresa. qualquer controle sobre as atividades da obreira. Destacam "(...)

Quanto à dinâmica laboral, registre-se que a própria reclamante que o afastamento da relação existente entre a Magazine Luiza e a

reconheceu, em sede de depoimento pessoal, a fidedignidade dos Recorrida pretende, verdadeiramente, na declaração da existência

registros de jornada, pelo que tais serão utilizados como medida da de terceirização ilícita, o que é incompatível com a atual

intensidade de trabalho da obreira, e dos quais emerge claramente jurisprudência vinculante do STF. Isto porque ao julgar a Arguição

a conclusão de que a empresa exigia a prestação laboral mínima de de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 e o Recurso

8 horas diárias, incompatível com a jornada de trabalho aplicável ao Extraordinário nº 958.252, com repercussão geral, estabeleceu-se a

caso. possibilidade da terceirização, de forma irrestrita (...)". Defendem

Tendo em vista a dinâmica de prestação contínua de labor em que "(...) não merece prosperar a fundamentação de que existiria

sobrejornada, em desrespeito à jornada legalmente aplicável à labor financeiro em favor da Luizacred, uma vez que, conforme

espécie, não cabe falar em compensação de jornada, que demonstrado em instrução processual, as atividades

pressupõe, por óbvio, efetiva contabilização e controle da desempenhadas pela obreira eram administrativas, não efetuando

quantidade de horas prestadas, o que não se verificou na espécie. análise de crédito, emissão de cartão de crédito ou quaisquer outras

Inteligência da Súmula 85, IV, da CLT. atividades inerentes ao trabalho de bancário/financiário". Requerem

Assim, condena-se a ré no pagamento das horas extras, seja provido o recurso, reformando-se a sentença para a

consideradas como tais aquelas laboradas além da 6a diária e 30a improcedência da reclamação.

semanal, nos termos do art. 224 da CLT, considerado o Ao exame.

enquadramento da parte autora como financiária, à luz da Define-se a categoria profissional do empregado não integrante de

fundamentação supra, bem como observado o disposto na Súmula categoria diferenciada, caso dos autos, a partir da atividade

55 do Col. TST. Para fins de cálculo, considere-se: econômica desempenhada pelo empregador. Sendo a autora

1. base de cálculo nas parcelas de natureza salarial, na forma da empregada da Magazine Luíza S/A (vide CTPS ID. 06f0446 - Pág.

Súmula 264 do TST; 3), seu enquadramento profissional deve ser realizado observando

2. adicional de 50%; a atividade preponderante da primeira reclamada. Analisando-se o

3. divisor de 180 (súmula 124 Col. TST); Estatuto Social da referida empresa, ID. c533f9c - Pág. 13, verifica-

4. adicional de 50%, não cabendo a incidência de percentual de se que o objetivo da sociedade ali discriminado não guarda

100%, à míngua de disposição legal ou mesmo coletiva neste qualquer similitude com as regras estabelecidas pelo art. 17 da Lei

sentido; 4.595/64, que dispõe: "Consideram-se instituições financeiras, para

5. evolução salarial da autora, segundo normas coletivas da os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou

categoria; privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a

6. registros de jornada e dias efetivamente laborados; coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios

7. excluam-se, no cálculo semanal, as horas extras encontradas ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de

quando do cômputo diário, sob pena de bis in idem; valor de propriedade de terceiros."

8. reflexos, face à habitualidade, em repousos semanais Não fosse isso, mesmo considerando-se que os serviços prestados

remunerados, observado o sábado igualmente como dia de repouso pela autora beneficiavam a segunda reclamada, não há como se

semanal, a teor das normas coletivas aplicáveis, (Súmula 172 do acolher o pleito autoral, considerando-se que o Plenário do

Col. TST), o complexo repercutindo em aviso prévio, trezenos, Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento

férias mais um terço, depósitos do FGTS e multa de 40%, face à de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário

dispensa imotivada; (RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é

Recorrem ordinariamente as duas reclamadas, argumentando, em lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou

síntese, que as empresas do polo passivo "(...) são distintas, com seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 192
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mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, ao contrário do que funcionários da loja Magazine Luiza; que esclarece que os sistemas

quer fazer crer a parte reclamante, está a mesma discussão de eletrônicos de trabalho da Magazine Luiza e da Luizacred são

serem os serviços prestados para a segunda reclamada diversos; que caso precisasse se afastar do trabalho por motivo

(LUIZACRED S/A) inclusos no objeto social desta; a terceirização médico deveria solicitar a Sra. Fernanda; que os atestados médicos

aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de razão para eventualmente apresentados eram enviados a Sra. Fernanda; que

refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no moderno participava de reuniões matinais da loja todos os dias mas logo

posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal toma nova feição, após tinha uma reunião especifica com os funcionários da Luizacred

sem o viés da ilegalidade de então. com a Sra. Fernanda inclusive sendo ocasiões de passagem de

O panorama jurisprudencial moderno é, pois, o que aponta o metas desejadas; que as reuniões da loja eram conduzidas pelo

Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de gestor da loja; que inicialmente o seu uniforme constava o logo da

Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324, em sentido Luizacred mas depois foi alterado para constar Magazine Luiza; que

diametralmente oposto à compreensão sustentada até então: afirma que o equipamento de registro de jornada de único para

"O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, todos os funcionários da loja; que acredita que sua remuneração

julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a era paga pela Luizacred já que trabalhava lá; que afirma que tinha

terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se acesso ao portal Luiza porque nele continha cursos para

configurando relação de emprego entre a contratante e o funcionários da Luizacred; que no dia de sua demissão o gerente da

empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à loja chamou a depoente e falou que tinha recebido papéis da

contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da coordenação relativos a sua dispensa; que acaso fosse promovida

terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento para cargo superior ocuparia cargo de coordenadora de loja como o

das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, da Sra. Fernanda; que não realizava venda de serviços como

na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson recarga de celular, garantia estendida e troca certa de produtos do

Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta Magazine Luiza porque isso era função dos caixas; que não

assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta acompanhava entrega de produtos porque isso era função do

automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido estoque; que realizava atividades de telemarketing mais para

coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Carmen Lúcia. realizar venda de produtos da Luizacred; que afirma que

Plenário, 30.8.2018." preenchia os dados do cliente no sistema e caso o sistema pré-

Ademais, salienta-se que o depoimento pessoal da autora revelou o aprovasse o crédito a depoente poderia aprovar ou negar o

desempenho de atividades incapazes de enquadrá-la como cartão; que a negativa poderia se dar em caso de analise

financiária, de modo a tornar superado, neste tocante, o exame dos notadamente a documentação de clientes; que não podia

depoimentos das testemunhas ouvidas no presente feito e naquele alterar limite de cartão de crédito emitido pelo sistema; que

cuja ata audiência foi admitida como prova emprestada. Admitiu a poderia atuar na renegociação dos clientes de cartão de crédito

reclamante que "(...) atuava na vende de produtos da segunda mas não poderia alterar as taxas de juros; que não poderia

reclamada como cartão de crédito, parcelamento de fatura, seguro abrir conta corrente ou transferência bancária" (destaquei).

de cartão, habilitação de serviços de SMS; (...) que durante todo Extrai-se do depoimento que a autora atuava no recebimento e no

contrato trabalhou nas dependências do Magazine Luiza na filial encaminhamento da documentação dos clientes, relativos aos

984; que entretanto quando passou a vender produtos da Luizacred pedidos de cartão de crédito, sem envolvimento direto na aprovação

foi transferida para um setor da Luizacred; (...) que quando passou das propostas, nem mesmo na alteração dos limites de crédito ou

a vender produtos da Luizacred o seu superior era o coordenador alteração das taxas de juros, posto que tais atributos decorriam do

regional o Sr. Ivan, funcionário da Luizacred; que o Sr. Ivan sistema. Logo, as atividades desempenhadas pela recorrida se

comparecia uma vez por mês; que tinha contato com o Sr. Ivan caracterizavam como mero assessoramento na aquisição de cartão

todos os dias por telefone e periodicamente por e-mail e de crédito, o que é insuficiente para caracterizá-la como financiária.

conferências virtuais; que esclarece que o Sr. Ivan era o A prestação de serviços da reclamante, empregada da primeira

coordenador regional da Luizacred sendo que sua superior imediata reclamada, em benefício da segunda reclamada, não se afigura

era a Sra. Fernanda que era coordenadora da Luizacred da loja; como fraudulenta. Com efeito, do acervo probatório dos autos, não

que a Sra. Fernanda era funcionária da Luizacred; que enquanto é possível concluir que a obreira recebia ordens diretamente da

vendeu produtos da Luizacred não tinha qualquer contato com os segunda reclamada, pois, a despeito de suas atividades, continuou

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 193
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subordinada à primeira demandada. APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS

Nesse sentido, a segunda testemunha obreira, ouvida no processo PRECEDENTES DO STF - INAPLICABILIDADE DA OJ 383 DA

nº 0000160-59.2021.5.07.0037, cuja ata de audiência foi admitida SBDI-I DO TST - CABIMENTO APENAS DA RESPONSABILIDADE

como prova emprestada, revelou "(...) que a Loja da Magazine era SUBSIDIÁRIA. 1. A Súmula 331 do TST constituiu, por mais de 2

frequentada por um coordenador regional ao qual a reclamante décadas, o marco regulatório por excelência do fenômeno da

estava subordinada; que este coordenador era da Luizacred; que terceirização na seara trabalhista, editada que foi em atenção a

quando a reclamante precisasse se ausentar do trabalho a mesma pedido formulado pelo MPT, em 1993, de revisão da Súmula 256,

comunicava para a gestora da loja; que as pessoas do crédito que era superlativamente restritiva da terceirização, limitando-a às

também são conhecidas como assistente de vendas sênior". A hipóteses de vigilância (Lei 7.102/83) e trabalho temporário (Lei

despeito da menção à subordinação a um coordenador da segunda 6.019/74). 2. Revisada por duas vezes (2000 e 2011), em função da

reclamada, era à gestora da primeira reclamada a quem se dirigia questão acessória da responsabilidade subsidiária da Administração

quando precisava se ausentar do trabalho, o que denota, no Pública nos casos de inadimplemento das obrigações trabalhistas

cotidiano laboral, subordinação direta à Magazine Luíza. por parte das empresas terceirizadas (incisos IV e V), o STF, ao

Tal subordinação foi confirmada pela primeira testemunha ouvida a pacificar tal questão periférica, deu também sinalização clara quanto

rogo da reclamada na referida prova emprestada, ao declarar "que a à fragilidade e imprecisão conceitual da distinção entre atividade-fim

reclamante estava subordinada à gerente da loja na unidade de e atividade-meio para efeito de fixação da licitude da terceirização

Juazeiro". Além disso, a segunda testemunha patronal ouvida de serviços (cfr. RE 760.931-DF, Red. Min. Luiz Fux, julgado em

naquele feito expôs "que não tinha nenhum empregado da segunda 30/03/17). 3. O que condenou finalmente a Súmula 331 do TST, em

reclamada trabalhando nas dependências da Magazine" e "que seu núcleo conceitual central do inciso III, sobre a licitude da

depoente e reclamante estavam subordinadas à gestora e a gerente terceirização apenas de atividades-meio das empresas tomadoras

da loja". de serviços, foram os excessos no enquadramento das atividades

Por fim, a única testemunha ouvida no presente feito, a rogo da das empresas, generalizando a ideia de atividade-fim,

reclamada, confirmou "(...) que seu superior imediato é o gestor especialmente quanto aos serviços de call center prestados para

administrativo; que o trabalho do gestor administrativo é voltado bancos (cfr. TST-RR-1785-39.2012.5.06.0016) e concessionárias de

para a venda dos produtos de crédito; que exemplifica como serviços de telecomunicações (cfr. TST-E-ED-RR-2707-

gestoras administrativo as Sras. Silvana, Lucicleuma e Maria 41.2010.5.12.0030) e energia elétrica (cfr. TST-RR-574-

Edilane; que afirma que o coordenador de crédito não permanece 78.2011.5.04.0332), ao arrepio das Leis 8.987/95 (art. 25, § 1º) e

nas dependências da filial aparecendo apenas esporadicamente; 9.472/97 (art. 94, II), além dos casos de cabistas (cfr. TST-E-ED-RR

que afirma não existir um coordenador direto na loja; que o gestor -234600-14.2009.5.09.0021), leituristas (cfr. TST-E-ED-RR-1521-

administrativo é do Magazine Luiza; que afirma não ter presenciado 87.2010.5.05.0511) e vendedores no ramo de transporte rodoviário

nenhum funcionário da Luizacred desde a sua admissão". (cfr. TST-E-RR-1419-44.2011.5.10.0009), apenas para citar os mais

No sentido ora abonado trilha a atual jurisprudência do TST, comuns. 4. No intuito de combater o fenômeno econômico da

conforme precedentes abaixo colacionados, todos eles envolvendo terceirização, caracterizado pela cadeia produtiva horizontal, para

as empresas reclamadas no presente feito: forçar o retorno ao modelo de empresa vertical, em que a quase

"I) AGRAVO DE INSTRUMENTO DAS RECLAMADAS MAGAZINE totalidade das atividades é exercida pelos seus empregados

LUIZA S/A E LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE- contratados diretamente e não por empresas terceirizadas e seus

FIM OU ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - empregados, a jurisprudência majoritária do TST levou o STF a

APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS reconhecer a repercussão geral dos Temas 725 e 739, sobre

PRECEDENTES DO STF - PROVIMENTO. Diante de possível terceirização, cujo deslinde em 30/08/18, com o julgamento do RE

violação do art. 3º da CLT, acerca da ilicitude da terceirização de 958.252 e da ADPF 324 resultou na fixação da seguinte tese

serviços financiários, dá-se provimento ao agravo de instrumento jurídica de caráter vinculante: " é lícita a terceirização ou qualquer

interposto pelas Reclamadas para determinar o processamento do outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

recurso de revista . Agravo de instrumento provido. II) RECURSO independentemente do objeto social das empresas envolvidas,

DE REVISTA DAS RECLAMADAS MAGAZINE LUIZA S/A E mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". 5.

LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE-FIM OU Assim, a partir de 30/08/18, passou a ser de aplicação aos

ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - processos judiciais em que se discute a terceirização a tese jurídica

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fixada pelo STF no precedente dos processos RE 958.252 e ADPF todo o Poder Judiciário, assim restou redigida: "É licita a

324, mormente em face da rejeição da questão de ordem relativa a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre

eventual perda de objeto dos processos, diante da edição da Lei pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das

13.429/17, uma vez que se reconheceu que esta passou a regular a empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da

matéria para o futuro, enquanto o julgamento do STF dispôs sobre empresa contratante " destacamos. Do mesmo modo, no

os casos do passado. 6. Por outro lado, a par de não mais julgamento da ADPF n.º 324, o eminente Relator, Min. Roberto

subsistirem, para efeito do reconhecimento da licitude da Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se

terceirização , os conceitos de atividade-fim, atividade-meio e manifestou: "I. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade,

subordinação estrutural entre empresas, não há de se aguardar a meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a

revisão da Súmula 331 para apreciação dos casos pendentes, quer contratante e o empregado da contratada . 2. Na terceirização,

por depender da discussão prévia sobre a constitucionalidade do compete à tomadora do serviço: I) zelar pelo cumprimento de todas

art. 702, I, "f", e § 3º, da CLT, quer por ser possível decidir de pronto as normas trabalhistas, de seguridade social e de proteção à saúde

a matéria, sem tisnar a Súmula 331, quando se reconhecer o e segurança do trabalho incidentes na relação entre a empresa

caráter de atividade-meio desenvolvida pela prestadora de serviços terceirizada e o trabalhador terceirizado; II) assumir a

em relação à tomadora de serviços. 7. In casu , como se trata de responsabilidade subsidiária pelo descumprimento de obrigações

terceirização de serviços de " atendimento ao cliente, diretamente trabalhistas e pela indenização por acidente de trabalho, bem como

ligado a margem de crédito, fazendo lançamento de dados do a responsabilidade previdenciária, nos termos do art. 31 da Lei

cartão do cliente no sistema de cartão de credito da LuizaCred " 8.212/1993 " grifamos . Assim ficou assentado na certidão de

(pág. 643), sem que se tenha notícia de subordinação direta da julgamento: "Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos

Trabalhadora terceirizada à Tomadora dos serviços, tem-se que o termos do voto do Relator, julgou procedente a arguição de

recurso de revista merece conhecimento, por violação do art. 3º da descumprimento de preceito fundamental , vencidos os Ministros

CLT (arrimo dos Temas 725 e 739 de repercussão geral do STF), e Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio"

provimento, para, reformando o acórdão regional, no aspecto, (g.n) . Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o

afastar a ilicitude da terceirização e, por conseguinte, o entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência

reconhecimento do vínculo de emprego com a tomadora de (art. 170, IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente

serviços, LuizaCred S/A, bem como os benefícios legais e assentados na Constituição Federal de 1.988, asseguram às

convencionais concedidos especificamente aos seus empregados, empresas liberdade em busca de melhores resultados e maior

remanescendo, porém, a sua responsabilidade subsidiária quanto competitividade. Quanto à possível modulação dos efeitos da

às verbas da condenação que não decorreram exclusivamente do decisão exarada, resultou firmado, conforme decisão de julgamento

enquadramento da Autora como financiária. Recurso de revista da ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que: "(...) o Relator

conhecido e provido" (RR-10307-15.2015.5.05.0651, 4ª Turma, prestou esclarecimentos no sentido de que a decisão deste

Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 13/11/2020) julgamento não afeta os processos em relação aos quais tenha

(destaquei). havido coisa julgada . Presidiu o julgamento a Ministra Cármen

"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA Lúcia. Plenário, 30.8.2018" . Nesse contexto, a partir de 30/8/2018,

VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE- é de observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou

MEIO E ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO PROFERIDA PELO pendente de julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADPF N.º 324 E NO RE N.º n.º 958.252 e na ADPF n.º 324. Assim, não há mais espaço para o

958.252, COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA (TEMA reconhecimento do vínculo empregatício com o tomador de serviços

725) . TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. APLICAÇÃO DE MULTA. O sob o fundamento de que houve terceirização ilícita (ou seja,

Plenário do Supremo Tribunal Federal, no dia 30/8/2018, ao julgar a terceirização de atividade essencial, fim ou finalística), ou, ainda,

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º para a aplicação dos direitos previstos em legislação específica ou

324 e o Recurso Extraordinário (RE) n.º 958.252, com repercussão em normas coletivas da categoria profissional dos empregados da

geral reconhecida, decidiu que é lícita a terceirização em todas as empresa contratante, porque o e. STF, consoante exposto, firmou

etapas do processo produtivo, ou seja, na atividade-meio e na entendimento de que toda terceirização é sempre lícita , inclusive,

atividade-fim das empresas. A tese de repercussão geral aprovada repita-se, registrando a impossibilidade de reconhecimento de

no RE n.º 958.252 (Rel. Min. Luiz Fux), com efeito vinculante para vínculo empregatício do empregado da prestadora de serviços com

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o tomador . Considerando a improcedência do recurso, aplica-se à da Reclamada, ou seja, categoria da atividade-meio da LUIZACRED

parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo S.A. Segundo os arts. 511 e 570,caput, da CLT,o

não provido, com aplicação de multa" (Ag-RRAg-11503- enquadramentosindicalé determinado, de fato, pela atividade

21.2017.5.15.0150, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, econômica predominante da empresa e pelo local da prestação de

DEJT 12/03/2021). serviços, exceto em relação aos empregados integrantes de

"(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. categoria profissional diferenciada. Como complemento, o art. 581,

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º13.015/2014. § 2º, da CLT conceitua o que seria atividade preponderante. A

ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO. AUSÊNCIA DE Turma Regional, diante do rol de atribuições e de limitações do

COMPROVAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA cargo, constatou que o Reclamante desempenhava a função de

SÚMULA 126/TST. Hipótese em que o Tribunal Regional, amparado promotor de vendase que, por não ter permissão de conceder

no acervo fático-probatório delineado nos autos, sobretudo na prova crédito, não pertencia à categoria dos financiários. Com efeito, não

oral, reformou a sentença para afastar o reconhecimento da há como enquadrar o obreiro nas Convenções Coletivas de

condição de financiaria da autora. Assentou que, em razão da Trabalho de outra categoria, por não possuir relação com a

disparidade do sistema operacional utilizado pela autora (OX) e atividade econômica (atividade-fim) da empresa. Decidir de forma

pelos empregados contratados diretamente pela Luizacred diversa demandaria o revolvimento das provas produzidas nos

(CONSIGWEB), a atividade exercida pela reclamante era apenas o autos, diligência defesa pela Súmula nº 126 do TST. Agravo interno

de preenchimento da proposta, carregando o sistema com de que se conhece e a que se nega provimento" (Ag-AIRR-567-

informações dos clientes do Maganize Luíza captados no interior da 50.2015.5.09.0092, 7ª Turma, Relator Desembargador Convocado

loja, não havendo atribuição de aprovação do crédito. Consignou Roberto Nobrega de Almeida Filho, DEJT 17/05/2019).

que se aprovado o cartão pelos empregados vinculados diretamente "AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE

ao Luizacred, então a autora dava continuidade ao processo, REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO

conferindo a veracidade dos documentos no momento da proposta, DE SERVIÇOS. LABOR EM ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO

o que demonstra o enquadramento da autora como promotora de DO STF NO TEMA 725 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL,

vendas dos produtos da Luizacred , e não como financiária. ADPF 324 E RE 958.252. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST.

Registrou ainda que até o sistema de informática era diferenciado, PREJUDICADO O EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. O Supremo

pois, enquanto que os empregados da Luizacred tinham como Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de

suporte o sistema CONSIGWEB, a empregada trabalhava na Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE)

versão OX, funcionando como uma ponte entre os clientes do 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu pela licitude

Magazine Luíza, encaminhados pelos vendedores da loja ou da terceirização em todas as etapas do processo produtivo.

abordados pelos próprios analistas, e a atividade financeira da Naquele recurso, o STF firmou tese de repercussão geral, com

Luizacred, aprovada por funcionários diretamente contratados para efeito vinculante, no sentido de que "é lícita a terceirização ou

tal propósito. Concluiu que a função exercida era administrativa, qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas

carregando o sistema com dados cadastrais e não de avaliação ou distintas, independentemente do objeto social das empresas

aprovação do crédito. A decisão está assente no conjunto fático- envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa

probatório, sobretudo na prova oral, cujo reexame se esgota nas contratante". Assim, não havendo alusão no acórdão regional

instâncias ordinárias. Adotar entendimento em sentido oposto acerca da efetiva existência de pessoalidade e subordinação

àquele formulado pelo Tribunal Regional implicaria o revolvimento jurídica direta com a tomadora de serviços, não há como se

de fatos e provas, inadmissível em sede de recurso de revista, a reconhecer o vínculo direto com a empresa tomadora de serviços.

teor da Súmula 126/TST. Recurso de revista não conhecido" (RR- Quanto a esse último aspecto, não se leva em conta a mera

645-12.2014.5.09.0017, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena subordinação estrutural ou indireta, que, aliás, é inerente à

Mallmann, DEJT 26/02/2021). terceirização da atividade-fim - tal implicaria esvaziar de sentido os

"AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO já mencionados precedentes do STF -, sendo necessário estar

DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIO. comprovada nos autos a subordinação hierárquica direta, presencial

CATEGORIA SINDICAL DIFERENCIADA. PROMOTOR DE ou por via telemática, do trabalhador aos prepostos da tomadora.

VENDAS . O Tribunal Regional inferiu que o Reclamante não No caso concreto, o Tribunal Regional consignou não existir

exercia serviço de financiário, mas somente de promotor de vendas pessoalidade e subordinação direta com a tomadora, o que

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inviabiliza o reconhecimento de vínculo de emprego pretendido. julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,

Ademais, não há na petição inicial o pedido sucessivo autônomo de porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.

isonomia salarial, com fundamento no art. 12 da Lei 6.019/1974.

Nesse contexto, a aferição das alegações recursais requereria novo

exame do quadro factual delineado na decisão regional, na medida DISPOSITIVO

em que se contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão

regional, caso que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Apesar

de o art. 896-A da CLT estabelecer a necessidade de exame prévio

da transcendência do recurso de revista, a jurisprudência da Sexta

Turma do TST tem evoluído para entender que esta análise fica

prejudicada quando o apelo carece de pressupostos processuais

extrínsecos ou intrínsecos que impedem o alcance do exame

meritório do feito, como no caso em tela. Prejudicado o exame da

transcendência. Agravo de instrumento não provido. (...)" (AIRR-337 ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

-97.2018.5.06.0411, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

de Carvalho, DEJT 01/10/2021). conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para

Por todo o exposto, não faz jus à reclamante ao enquadramento julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,

como financiária, de modo a serem indevidas as verbas deferidas porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.

pela sentença. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Dá-se provimento ao recurso das reclamadas, para julgar Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

improcedente a reclamação. Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

Custas pela reclamante, porém dispensadas, em face dos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

benefícios da justiça gratuita ora mantidos, eis que, ao contrário do de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

afirmado pelas recorrentes, a parte reclamante declarou no ID. Fortaleza, 18 de julho de 2022.

419d481 não ter condições de arcar com os custos do processo.

Reexaminando-se o acervo probatório dos autos, não há elementos

capazes de afastar a validade de tal declaração. Dessa forma, a

simples declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de

que não reúne condições econômicas para arcar com as despesas

processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, é

suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da CLAUDIO SOARES PIRES

justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte Desembargador Relator

reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.

99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência Diretor de Secretaria

deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,


Processo Nº ROT-0001063-27.2021.5.07.0027
do item I da Súmula nº 463 do TST. Relator CLAUDIO SOARES PIRES
9. deduzam-se os valores comprovadamente quitados a idêntico RECORRENTE MAGAZINE LUIZA S/A
ADVOGADO WILSON SALES BELCHIOR(OAB:
título, sob pena de enriquecimento sem causa." 17314/CE)
RECORRENTE LUIZACRED S.A. SOCIEDADE DE
CREDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO
ADVOGADO WILSON SALES BELCHIOR(OAB:
CONCLUSÃO DO VOTO 17314/CE)
RECORRIDO LUCIVANIA DOS SANTOS
RODRIGUES GONCALVES
ADVOGADO RAMON CAETANO CELESTINO(OAB:
322878/SP)
Conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para

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ADVOGADO ANDREY LEMOS LEONEL(OAB:


321813/SP)

FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- LUCIVANIA DOS SANTOS RODRIGUES GONCALVES

ADMISSIBILIDADE

Recurso tempestivamente interposto, sem irregularidades para


PODER JUDICIÁRIO
serem apontadas.
JUSTIÇA DO
PRELIMINAR

Nada há para ser examinado.

EMENTA MÉRITO

ENQUADRAMENTO SINDICAL. CATEGORIA DOS

FINANCIÁRIOS.

RECURSO ORDINÁRIO - ENQUADRAMENTO SINDICAL. O juízo de origem reconheceu o enquadramento da reclamante na

CATEGORIA DOS FINANCIÁRIOS. O Plenário do Supremo categoria profissional dos financiários, deferindo os pleitos

Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de formulados na inicial, consoante os seguintes fundamentos:

Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário "CAPÍTULO II - RECONHECIMENTO DE VÍNCULO

(RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é EMPREGATÍCIO PERANTE O 2º RECLAMADO -

lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou ENQUADRAMENTO SINDICAL

seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis Aduz a reclamante que foi admitida pelo 1º reclamado em

mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, está a discussão 03.11.2015, para o exercício da função de assistente de vendas

de serem os serviços prestados para a segunda reclamada, pleno (caixa), laborando em prol do 1º réu, até 01.04.2016, quando

coincidentes com o objeto social da referida empresa; a foi promovida a função de assistente de vendas senior, momento a

terceirização aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de partir do qual passou a atuar preponderantemente em favor do 2º

razão para refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no reclamado, sendo imotivadamente dispensada em 28.01.2020.

moderno posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal, toma De seu turno, os réus afirmam que a reclamante manteve contrato

nova feição sem o viés da ilegalidade de então. Precedentes. de trabalho exclusivamente consigo durante todo o pacto laboral.

Recurso conhecido e provido. Asseveram não ter havido subordinação jurídica entre a reclamante

e o 2º reclamado, registrando que toda a remuneração da obreira foi

paga pelo 1º réu durante todo o pacto.

RELATÓRIO À análise.

No tema da terceirização, dos mais tormentosos e corriqueiros no

dia a dia da Justiça Laboral, impõe-se, desde logo, trazer à baila o

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO teor julgamento da ADPF 324/DF, pelo Supremo Tribunal Federal,

ORDINÁRIO, provenientes da MM. 1 ª VARA DO TRABALHO DA que pacificou o tema no âmbito da Suprema Corte:

REGIÃO DO CARIRI, em que são partes: MAGAZINE LUIZA S/A, Ementa: DIREITO DO TRABALHO . ARGUIÇÃO DE

LUIZACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.

INVESTIMENTO, recorrentes, e LUCIVANIA DOS SANTOS TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADE-FIM E DE ATIVIDADE -MEIO .

RODRIGUES GONÇALVES, recorrida. CONSTITUCIONALIDADE. 1. A Constituição não impõe a adoção

A parte reclamada (MAGAZINE LUIZA S/A, LUIZACRED S.A. de um modelo de produção específico, não impede o

SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO) desenvolvimento de estratégias empresariais flexíveis, tampouco

interpuseram recursos ordinários contra a r. sentença, Id 759f43b, veda a terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o

que julgou procedentes em parte os pedidos da reclamação tema tem sido oscilante e não estabelece critérios e condições

trabalhista. claras e objetivas, que permitam sua adoção com segurança. O

Contrarrazões apresentadas (Id. 97167a3). direito do trabalho e o sistema sindical precisam se adequar às

É o relatório. transformações no mercado de trabalho e na sociedade.

2. A terceirização das atividades-meio ou das atividades-fim de uma

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empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa jurídicos da relação de emprego permitirão afastar a relação formal

e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a de emprego havida entre o empregado e a prestadora dos serviços

liberdade de formular estratégias negociais indutoras de maior intermediados. In casu, o julgado afeta igualmente a pretensa

eficiência econômica e competitividade. aferição objetiva quanto à subordinação jurídica alegada pela autora

3. A terceirização não enseja, por si só, precarização do trabalho, em relação ao 2º réu.

violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos Entretanto, muito embora a perquirição acerca da subordinação

previdenciários. É o exercício abusivo da sua contratação que pode jurídica deva se dar sob seu viés subjetivo, não se pode perder de

produzir tais violações. vista o disposto no art. 6º, §único, da CLT, in verbis:

4. Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no

constitucionalidade da terceirização devem ser compatibilizados estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do

com as normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à empregado e o realizado a distância, desde que estejam

contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação

terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento dada pela Lei nº 12.551, de 2011)

das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de

(art. 31 da Lei 8.212/1993). comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de

5. A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,

pressupõe a sua participação no processo judicial, bem como a sua controle e supervisão do trabalho alheio.

inclusão no título executivo judicial. Não se pode turvar a discussão sobre o presente caso olvidando-se

6. Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o da dinâmica atual das relações de trabalho, sobretudo no âmbito do

objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi sistema bancário e financeiro, tão permeados por instrumentos

revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o tecnológicos com vistas a dinamizar a circulação de riqueza,

conjunto de decisões da Justiça do Trabalho sobre a matéria, a informações e prospecção de clientes.

indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Descabe imaginar o fenômeno da subordinação jurídica, ainda que

Supremo Tribunal Federal a respeito dos aspectos constitucionais em seu viés subjetivo, unicamente sob a figura da presença física

da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o do gestor, transmitindo ordens a seus subordinados, como se

pedido de inclusão do feito em pauta. constitui a imagem padrão da relação patrão-empregado. Tal

7. Firmo a seguinte tese: "1. É lícita a terceirização de toda e raciocínio não advém de convicções pessoais deste magistrado,

qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de mas sim do próprio legislador, como se percebe do art. 6º, §único,

emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na da CLT, acima transcrito.

terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a Pelo que emerge do conteúdo de prova relativa ao caso concreto, a

capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder reclamante, de fato, atuava no exercício de atividade de cunho

subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, financeiro, atinente à atividade econômica do 2º réu, ainda que

bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da tenha sido formalmente contratada pelo 1º reclamado. Entretanto,

Lei 8.212/1993". para além do debate sobre a natureza das atribuições

8. ADPF julgada procedente para assentar a licitude da desempenhadas pela reclamante, é fato que a gestão de suas

terceirização de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela atividades, o controle e a fiscalização de seu trabalho, dava-se pela

maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões 2ª ré, ainda que tal fiscalização tenha se dado por meios

transitadas em julgado. telemáticos.

Com efeito, diante da tese firmada pelo Col. STF, valendo o registro Pode-se extrair dita conclusão de vários trechos dos depoimentos

veemente da discordância do presente magistrado, resta afastada a colhidos, como se vê abaixo, in litteris:

possibilidade de aferição objetiva da subordinação no contexto da "que a reclamante fazia empréstimos pessoais e empréstimos

relação trilateral de trabalho. Foi patente e expresso o Pretório consignados para os clientes da Magazine Luiza; que as atribuições

Excelso a afirmar a possibilidade de terceirização em qualquer da reclamante era preencher as propostas dos clientes e mandar

atividade do contratante, até mesmo aquelas pertencentes ao para análise na empresa Luizacred; que em caso de aprovação o

núcleo de sua atividade econômica. crédito era feito pela Luizacred diretamente na conta bancária do

Sendo assim, somente a aferição subjetiva dos elementos fático- cliente" (depoimento da preposta Márcia Campos, representante

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 199
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das rés nos autos de nº 0000160-59.2021.5.07.0037, admitido como uníssono da prova oral.

prova emprestada no caso vertente) Merece relevo, ainda, no que concerne a tais elementos fático-

"que o sistema operacional utilizado pelas analistas era da jurídicos da relação de emprego, que as reclamadas compõem

Luizacred; que os empregados da magazine não tinham acesso ao grupo econômico, como reconhecido no capítulo I da presente

sistema da Luizacred; que os móveis e computadores usados pela decisão, havendo inequívoco aproveitamento recíproco do quadro

analista eram todos de propriedade da Luizacred; que as analistas de pessoal de ambas as empresas na execução da atividade

assinavam documentos em nome da Luizacred e em seguida econômica comum ou convergente das reclamadas. Tal

lançava esse documento no sistema; que as analistas atendiam característica, ao revés de servir ao rechaço da tese obreira, reforça

clientes da Magazine Luiza e também pessoas que não eram o caráter coligado das atividades da empresas, sem afastar, sequer

clientes da Magazine; que qualquer problema relacionado às minimamente, a efetiva subordinação da reclamante para com a 2ª

atividades funcionais as analistas se reportavam às coordenadora reclamada, no período da prestação laboral em prol dessa.

da Luizacred, Sra Fernanda e em seguida Sra Fabiana; que com a Visto o conteúdo dos depoimentos, parece induvidoso que a 1ª

mudança da nomenclatura dos cargos as condições funcionais de reclamada, empregadora formal da parte autora, ao menos em

trabalho continuaram as mesmas; que a analista lançava todas as parte, nada mais representou senão autêntico setor de

informações do cliente no sistema e ao final a mesma saberia se o funcionamento da atividade econômica financeira do 2º reclamado,

crédito era aprovado ou não" (depoimento da testemunha Aline emergindo patente que a reclamante atuava na comercialização e

Rafaely da Silva Sousa nos autos de nº 0000160- prospecção de clientes para produtos do 2º reclamado, inclusive

59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso com centralização das atividades e gestão da atuação da

vertente) reclamante mediante sistema informatizado do 2º reclamado.

"que as atividades da reclamante eram: fazer cartão de crédito, Portanto, intenta o 2o reclamado, cuja atividade econômica se volta

empréstimos, negociação de dívidas com cliente, análise de crédito, a comercialização de crédito pessoal, em várias modalidades

dentre outras [...] que a Loja da Magazine era frequentada por um comerciais, realizar parcela essencial de tal mister, qual seja, a

coordenador regional ao qual a reclamante estava subordinada; que própria oferta, negociação e formalização da operação, segundo

este coordenador era da Luizacred" (depoimento da testemunha normas de aprovação criadas por si, através de contratação

Paolla Layana Lima Gonçalves nos autos de nº 0000160- empregatícia interpostas, em odiosa fraude tencionada à redução

59.2021.5.07.0037, admitido como prova emprestada no caso de custos a todo e qualquer preço.

vertente) Na verdade, tais elementos expõem que os funcionários formais da

"que as metas do setor de crédito eram passadas pelo gestor 1a reclamada executavam parcela essencial da atividade financeira

administrativo mediante planilhas enviadas pelo coordenador de exercida pelo 2o reclamada, qual seja, a própria conclusão de

crédito; que não sabe precisar qual a função exata do coordenador venda dos produtos desta entidade financeira, segundo seus

de crédito; que não sabe precisar a área de abrangência do parâmetros, e os consumidores. Na verdade, o que se vê é uma

coordenador regional mas afirma que a filial de Juazeiro do Norte tentativa de pulverizar a atividade financeira, de modo a diminuir o

está atrelada a regional de Petrolina" (oitiva da testemunha Vanilza valor da força de trabalho daqueles que realizam as atividades

Bezerra Campos, conduzida pelos réus) inerentes a este setor, o que vai de encontro ao Princípio

Com efeito, nota-se que a reclamante atuava em função atrelada à Fundamental da Valorização do Trabalho (art. 1ª, IV, CF).

dinâmica de venda de produtos financeiros da 2ª ré, claramente A se dar validade a tal pulverização, em pouco tempo teremos

subordinada a essa, ainda que por meios telemáticos, na linha do executando as atividades inerentes ao sistema financeiro apenas

que tem se dado no contexto da revolução tecnológica em curso, trabalhadores das empresas orbitais ao núcleo do Sistema

fenômeno já previsto pelo legislador, como acima explicitado. Financeiro, com patamar salarial inferior, e as efetivas financeiras

No que concerne aos elementos da não eventualidade, se resumirão a apenas aos diretores ou executivos, exercendo

pessoalidade, e onerosidade, esses emergem da própria natureza atividade econômica sem qualquer empregado! Tal conduta

das atividades desempenhadas pela autora, que laborava em vilipendia, claramente, a função social da propriedade, no caso, do

jornada fixa, mediante salário estipulado e sem qualquer indício de exercício empresarial, à luz do art. 170 do Texto Magno.

que poderia se fazer substituir por outrem, até mesmo diante da Agora trazendo a lume os próprios dispositivos legais e infralegais

necessidade de realização de capacitação específica para a atinentes à atividade financeira, e interpretando-os à luz do conjunto

prestação dos serviços, através da Febraban, como emergiu em do ordenamento jurídico-constitucional, cumpre dizer que o artigo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 200
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17 da lei 4.595/76, que regula o sistema financeiro nacional, dispõe atividades, para quem o legislador, no caso específico, dirigiu as

textualmente que "consideram-se instituições financeiras, para os suas atenções.

efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou Na hipótese mais flexível, registre-se, admitir-se-ia na qualidade de

privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a instituição financeira as tradicionais financeiras de crédito, sem que

coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios este fato, isoladamente, justificasse a intermediação de mão de

ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de obra entre bancos e financeiras. Matéria de cunho trabalhista não

valor de propriedade de terceiros". pode ser tratada lateralmente em lei destinada aos bancos e ao

Quanto às normas regulamentares oriundas do Banco Central, mercado financeiro.

somente se pode discorrer que, por seu caráter meramente Em uma típica esperteza dos verdadeiros "expertos protetores" dos

infralegal, cujo escopo precípuo deveria ser tão somente a interesses bancários e dos homens das finanças, o Conselho

regulação técnica das atividades financeiras, tais não são, nem ao Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, dos militares aos

longe, capazes de mitigar a incidência da legislação de proteção ao governos FHC e Lula, valem-se de comando previsto em lei que

trabalho, de caráter cogente, não sendo despiciendo lembrar que considera como instituição financeira entidade que trabalha com

incidência da norma trabalhista leva em conta a realidade da seus recursos ou de terceiros para, lamentavelmente,

prestação dos serviços, não importando os invólucros formais institucionalizar demasiada terceirização bancária, de repercussões

estipulados entre as partes. econômicas e sociais guardadas de notória gravidade.

Análise percuciente acerca do conteúdo da "normatização" Também surpreende o fato de, quase 40 (quarenta) anos desde o

empreendida pelo Banco Central nesta temática pode ser colhida do primeiro ato do Banco Central, a apropriação indevida, por parte do

I. Magistrado Grijalbo Fernandes Coutinho, em obra específica, in representante dos bancos e banqueiros, de uma competência

verbis: conferida ao Parlamento, jamais ter sido objeto de questionamento

"Ora, é inquestionável que a Lei n. 4.595/1964, aprovada para tratar político e judicial de maneira mais contundente. Ao contrário, o

da política e das instituições monetárias, bancárias e creditícias, silencio fez com que governos da época da democracia formal -

além de criar o Conselho Monetário Nacional, não poderia interferir FHC e Lula - ampliassem sobremaneira a terceirização bancária no

nas relações de trabalho entre bancários e seus empregadores, Brasil, tornando, assim, a intermediação de mão de obra autorizada

como de fato não o fez, segundo se verifica do art. 17 sempre pelos militares um "puxadinho"quando comparado ao gigantismo do

invocado pelo Banco Central para imiscuir-se de uma competência palácio erguido de 1995 a 2003 para acomodar lucros advindos da

jamais lhe atribuída, nem mesmo na época sombria do regime exploração de mão de obra dos trabalhadores bancários, formais e

militar. terceirizados.

Observado o teor do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, impõe-se concluir Não custa recordar que as resoluções do Banco Central, inclusive a

que a norma nele prescrita limita-se a definir o que seja instituição de n. 3.110, de 31 de julho de 2003, trazem em seu bojo, ao

financeira, considerando como tal, dentre outras, empresa disciplinar a atividade de correspondente bancário, matéria de

responsável pela coleta, intermediação e aplicação de recursos natureza eminentemente trabalhista, a ponto de permitir, na prática,

financeiros próprios ou de terceiros. escancarada terceirização nos serviços bancários, mudando a

Ainda que seja o mais pobre entre os métodos de interpretação, a relação de trabalho entre bancos e trabalhadores que lhes prestam

literalidade do dispositivo objeto do presente debate não deixa serviços, de forma direta ou via intermediação de mão de obra

espaço para incluir a terceirização de mão de obra no conjunto das regulada por norma jurídica editada pelo Banco Central para

matérias nele reguladas. atender a interesse de banqueiros e demais colaboradores.

Ademais, qualquer interpretação minimamente comprometida com o Pouco importa o destino ou o título conferido no preâmbulo da lei.

sentido teleológico da norma legal jamais lhe daria o alcance visto Tem relevância o seu conteúdo materialmente analisado a partir das

pelos militares no poder e depois pelos governos FHC e Lula. A lei repercussões concretas criadas para as pessoas que ingressarem

de regência, repita-se, não [e uma lei de caráter trabalhista, em na seara regulada pela norma.

propósito e conteúdo. Ausente norma legal, em qualquer época, apta a introduzir

Inegavelmente, o art. 17 da Lei n. 4.595/1964 considera como terceirização em atividades bancárias e financeiras, não mais

instituição financeira a entidade que, entre as suas atribuições, faça remanescem dúvidas acerca do poder legiferante exercido pelo

a coleta, intermediação e aplicação dos recursos financeiros Banco Central, desde a ditadura militar até os governos FHC e Lula,

próprios ou de terceiros. Os bancos realizam todas essas no campo das relações de trabalho, cujo ato último, com este

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 201
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propósito, se deu em 31 de julho de 2003, por intermédio da Em ordem a regularizar o histórico de relações de emprego da

Resolução n. 3.110, aqui transcrita e já comentada. reclamante, e em coerência com a dinâmica de compartilhamento

Usurpando competência própria do Congresso Nacional (CRFB, de mão de obra verificado pelas empresas no contexto do grupo

arts. 22, I e 48), ao legislar indevidamente sobre Direito do econômico, o registro da relação de emprego perante a 2ª

Trabalho, no tópico que trata da contratação de prestadoras de reclamada deverá ser lançado nas anotações gerais do pacto

serviços por bancos e entidades financeiras e das atividades inicialmente firmado com a 1ª reclamada, dado que claramente

delegáveis a empresas terceirizantes, o Banco Central pratica atos houve apenas um único pacto no qual a 2ª ré assumiu a condição

de visível inconstitucionalidade, merecendo o art. 1o da Resolução de empregador a partir de 01.04.2016.

n. 3.110, de 31 de julho de 2010, por isso mesmo, ser atacado na Consequência lógica do reconhecimento do vínculo de emprego

esfera judicial, por meio de controle difuso nas diversas ações entre a parte autora e a 2ª reclamada, instituição financeira, e com

trabalhistas e do controle concentrado a ser exercido pela base no art. 511, §2o, da CLT, é declaração do enquadramento

propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo detentor de sindical da parte autora como financiária, a partir de 01.04.2016,

legitimidade para tanto. dada a atividade econômica preponderante de seu empregador,

Trata-se, no caso da terceirização bancária no Brasil implantada por aplicando-se à espécie o regramento legal aplicável aos bancários,

atos do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional, da mais inclusive quanto à jornada de trabalho.

contundente usurpação de direitos sociais vista desde o surgimento Decorrente do exposto, condenam-se as rés no pagamento de

da legislação trabalhista no Brasil. Tudo isso acontecendo em terras diferenças salariais, tendo em conta a não observância do piso

tropicais há quase quarenta anos sem nenhum debate profundo a salarial da categoria dos financiários, à luz das sucessivas normas

respeito do tema, a ponto de esfacelar cotidianamente uma das coletivas aplicáveis à categoria profissional, com reflexos em horas

categorias de maior mobilização política durante a segunda metade extras pagas, aviso prévio, décimos terceiros, férias mais um terço,

do século XX. Outra consequência não menos nefasta resulta no depósitos do FGTS e respectiva indenização de 40% do FGTS.

oferecimento de condições de trabalho indignas a milhares de Condenam-se ainda as reclamadas no pagamento das parcelas

trabalhadores formais dos denominados 'correspondentes PLR, auxílio-refeição, ajuda alimentação, décima terceira cesta

bancários', cujos salários são reduzidíssimos e não têm mais eles alimentação e anuênios, esses com reflexos em aviso prévio,

outras garantias mínimas asseguradas aos bancários formais." décimos terceiros, férias mais um terço, depósitos do FGTS e

Com efeito, o que se tem no presente caso é o típico quadro de respectiva indenização de 40%, observadas as disposições

descentralização administrativa perpetrada por instituição financeira convencionadas acerca de cada rubrica, bem como a evolução do

em objeto absolutamente inserido em suas atividades essenciais, e valor dessas ao longo do pacto.

mediante subordinação direta dos empregados terceirizados, com Por óbvio, a condenações acima têm marco inicial em 01.04.2016,

nítido intuito de redução de custos operacionais através da início da relação de emprego perante a 2ª ré.

precarização de direitos trabalhistas, o que não pode ser admitido CAPÍTULO II - JORNADA DE TRABALHO

por nossa ordem constitucional, até mesmo diante dos Pleiteia a reclamante a condenação das rés no pagamento de horas

compromissos assumidos por nossa sociedade na promulgação da extras, considerada a jornada de seis horas diárias e 30 horas

Carta Política de 1988. semanais, nos termos do art. 224 da CLT, incidente à categoria dos

Neste ponto, a 2o reclamada, apesar de controlar claramente a financiários, consoante Súmula 55 do Col. TST.

atividade da reclamante, utilizava-se de seus serviços de maneira De sua parte, as reclamadas alegam não ser aplicável à espécie a

interposta, ancorado em regulamentação flagrantemente inteligência da Súmula 55 do Col. TST, dado que a autora não

inconstitucional do Banco Central, tão somente para precarizar os desempenhava atividades atinentes aos financiários. Alegam ter

direitos dos obreiros que lhe prestam serviços nesse "braço" de sua havido compensação ou pagamento das horas extras prestadas.

atividade, considerado o maior patamar de direitos dos financiários. Sem razão os réus.

Assim, caracterizada a subordinação direta da reclamante perante a De plano, rechaça-se a alegação de inaplicabilidade da Súmula 55

2ª reclamada, a partir de 01.04.2016, reconhece-se o vínculo de do Col. TST ao caso, uma vez que os fundamentos expostos no

emprego entre a autora e a 2o ré, mantidas as funções anotadas capítulo anterior explicitam, categoricamente, a relação de emprego

em sua CTPS, com os respectivos períodos de exercício, assim da autora perante o 2º reclamado, não somente pelo exercício de

como a data de terminação contratual já lançada formalmente pela atividades ligadas ao setor financiário, mas principalmente pela

1ª ré. subordinação direta caracterizada perante a 2ª ré, atuante no setor

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 202
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financeiro. personalidades jurídicas próprias, administração autônoma e

Sequer se afigura viável a incidência, na espécie, do disposto no atividades completamente diversas, possuindo apenas parceria em

art. 224, §2o, da CLT, improvado o preenchimento do requisito alguns negócios, que, entretanto, não invadem o risco de cada de

quantitativo da figura, qual seja, a percepção de gratificação de pelo empresa na prestação de seus serviços específicos". Expõem que a

menos 1/3 do salário do cargo efetivo, a par de não se verificar que recorrida sempre trabalhou para a Magazine Luíza, a quem era

a parte autora desempenhasse atribuição que denotasse grau de subordinada, não possuindo a segunda reclamada, Luizacred S/A,

confiança destacado dos demais funcionários da empresa. qualquer controle sobre as atividades da obreira. Destacam "(...)

Quanto à dinâmica laboral, registre-se que a própria reclamante que o afastamento da relação existente entre a Magazine Luiza e a

reconheceu, em sede de depoimento pessoal, a fidedignidade dos Recorrida pretende, verdadeiramente, na declaração da existência

registros de jornada, pelo que tais serão utilizados como medida da de terceirização ilícita, o que é incompatível com a atual

intensidade de trabalho da obreira, e dos quais emerge claramente jurisprudência vinculante do STF. Isto porque ao julgar a Arguição

a conclusão de que a empresa exigia a prestação laboral mínima de de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 e o Recurso

8 horas diárias, incompatível com a jornada de trabalho aplicável ao Extraordinário nº 958.252, com repercussão geral, estabeleceu-se a

caso. possibilidade da terceirização, de forma irrestrita (...)". Defendem

Tendo em vista a dinâmica de prestação contínua de labor em que "(...) não merece prosperar a fundamentação de que existiria

sobrejornada, em desrespeito à jornada legalmente aplicável à labor financeiro em favor da Luizacred, uma vez que, conforme

espécie, não cabe falar em compensação de jornada, que demonstrado em instrução processual, as atividades

pressupõe, por óbvio, efetiva contabilização e controle da desempenhadas pela obreira eram administrativas, não efetuando

quantidade de horas prestadas, o que não se verificou na espécie. análise de crédito, emissão de cartão de crédito ou quaisquer outras

Inteligência da Súmula 85, IV, da CLT. atividades inerentes ao trabalho de bancário/financiário". Requerem

Assim, condena-se a ré no pagamento das horas extras, seja provido o recurso, reformando-se a sentença para a

consideradas como tais aquelas laboradas além da 6a diária e 30a improcedência da reclamação.

semanal, nos termos do art. 224 da CLT, considerado o Ao exame.

enquadramento da parte autora como financiária, à luz da Define-se a categoria profissional do empregado não integrante de

fundamentação supra, bem como observado o disposto na Súmula categoria diferenciada, caso dos autos, a partir da atividade

55 do Col. TST. Para fins de cálculo, considere-se: econômica desempenhada pelo empregador. Sendo a autora

1. base de cálculo nas parcelas de natureza salarial, na forma da empregada da Magazine Luíza S/A (vide CTPS ID. 06f0446 - Pág.

Súmula 264 do TST; 3), seu enquadramento profissional deve ser realizado observando

2. adicional de 50%; a atividade preponderante da primeira reclamada. Analisando-se o

3. divisor de 180 (súmula 124 Col. TST); Estatuto Social da referida empresa, ID. c533f9c - Pág. 13, verifica-

4. adicional de 50%, não cabendo a incidência de percentual de se que o objetivo da sociedade ali discriminado não guarda

100%, à míngua de disposição legal ou mesmo coletiva neste qualquer similitude com as regras estabelecidas pelo art. 17 da Lei

sentido; 4.595/64, que dispõe: "Consideram-se instituições financeiras, para

5. evolução salarial da autora, segundo normas coletivas da os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou

categoria; privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a

6. registros de jornada e dias efetivamente laborados; coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios

7. excluam-se, no cálculo semanal, as horas extras encontradas ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de

quando do cômputo diário, sob pena de bis in idem; valor de propriedade de terceiros."

8. reflexos, face à habitualidade, em repousos semanais Não fosse isso, mesmo considerando-se que os serviços prestados

remunerados, observado o sábado igualmente como dia de repouso pela autora beneficiavam a segunda reclamada, não há como se

semanal, a teor das normas coletivas aplicáveis, (Súmula 172 do acolher o pleito autoral, considerando-se que o Plenário do

Col. TST), o complexo repercutindo em aviso prévio, trezenos, Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento

férias mais um terço, depósitos do FGTS e multa de 40%, face à de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 324 e o Recurso Extraordinário

dispensa imotivada; (RE) n.º 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é

Recorrem ordinariamente as duas reclamadas, argumentando, em lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, ou

síntese, que as empresas do polo passivo "(...) são distintas, com seja, na atividade-meio e na atividade-fim das empresas. Mutatis

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 203
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mutandis, no âmago do feito ora em apreciação, ao contrário do que funcionários da loja Magazine Luiza; que esclarece que os sistemas

quer fazer crer a parte reclamante, está a mesma discussão de eletrônicos de trabalho da Magazine Luiza e da Luizacred são

serem os serviços prestados para a segunda reclamada diversos; que caso precisasse se afastar do trabalho por motivo

(LUIZACRED S/A) inclusos no objeto social desta; a terceirização médico deveria solicitar a Sra. Fernanda; que os atestados médicos

aludida no item I, da Súmula-331/TST, que serviu de razão para eventualmente apresentados eram enviados a Sra. Fernanda; que

refrear a chamada terceirização ilegítima, mas, no moderno participava de reuniões matinais da loja todos os dias mas logo

posicionamento do e. Supremo Tribunal Federal toma nova feição, após tinha uma reunião especifica com os funcionários da Luizacred

sem o viés da ilegalidade de então. com a Sra. Fernanda inclusive sendo ocasiões de passagem de

O panorama jurisprudencial moderno é, pois, o que aponta o metas desejadas; que as reuniões da loja eram conduzidas pelo

Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de gestor da loja; que inicialmente o seu uniforme constava o logo da

Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324, em sentido Luizacred mas depois foi alterado para constar Magazine Luiza; que

diametralmente oposto à compreensão sustentada até então: afirma que o equipamento de registro de jornada de único para

"O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, todos os funcionários da loja; que acredita que sua remuneração

julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a era paga pela Luizacred já que trabalhava lá; que afirma que tinha

terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se acesso ao portal Luiza porque nele continha cursos para

configurando relação de emprego entre a contratante e o funcionários da Luizacred; que no dia de sua demissão o gerente da

empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à loja chamou a depoente e falou que tinha recebido papéis da

contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da coordenação relativos a sua dispensa; que acaso fosse promovida

terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento para cargo superior ocuparia cargo de coordenadora de loja como o

das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, da Sra. Fernanda; que não realizava venda de serviços como

na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson recarga de celular, garantia estendida e troca certa de produtos do

Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta Magazine Luiza porque isso era função dos caixas; que não

assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta acompanhava entrega de produtos porque isso era função do

automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido estoque; que realizava atividades de telemarketing mais para

coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Carmen Lúcia. realizar venda de produtos da Luizacred; que afirma que

Plenário, 30.8.2018." preenchia os dados do cliente no sistema e caso o sistema pré-

Ademais, salienta-se que o depoimento pessoal da autora revelou o aprovasse o crédito a depoente poderia aprovar ou negar o

desempenho de atividades incapazes de enquadrá-la como cartão; que a negativa poderia se dar em caso de analise

financiária, de modo a tornar superado, neste tocante, o exame dos notadamente a documentação de clientes; que não podia

depoimentos das testemunhas ouvidas no presente feito e naquele alterar limite de cartão de crédito emitido pelo sistema; que

cuja ata audiência foi admitida como prova emprestada. Admitiu a poderia atuar na renegociação dos clientes de cartão de crédito

reclamante que "(...) atuava na vende de produtos da segunda mas não poderia alterar as taxas de juros; que não poderia

reclamada como cartão de crédito, parcelamento de fatura, seguro abrir conta corrente ou transferência bancária" (destaquei).

de cartão, habilitação de serviços de SMS; (...) que durante todo Extrai-se do depoimento que a autora atuava no recebimento e no

contrato trabalhou nas dependências do Magazine Luiza na filial encaminhamento da documentação dos clientes, relativos aos

984; que entretanto quando passou a vender produtos da Luizacred pedidos de cartão de crédito, sem envolvimento direto na aprovação

foi transferida para um setor da Luizacred; (...) que quando passou das propostas, nem mesmo na alteração dos limites de crédito ou

a vender produtos da Luizacred o seu superior era o coordenador alteração das taxas de juros, posto que tais atributos decorriam do

regional o Sr. Ivan, funcionário da Luizacred; que o Sr. Ivan sistema. Logo, as atividades desempenhadas pela recorrida se

comparecia uma vez por mês; que tinha contato com o Sr. Ivan caracterizavam como mero assessoramento na aquisição de cartão

todos os dias por telefone e periodicamente por e-mail e de crédito, o que é insuficiente para caracterizá-la como financiária.

conferências virtuais; que esclarece que o Sr. Ivan era o A prestação de serviços da reclamante, empregada da primeira

coordenador regional da Luizacred sendo que sua superior imediata reclamada, em benefício da segunda reclamada, não se afigura

era a Sra. Fernanda que era coordenadora da Luizacred da loja; como fraudulenta. Com efeito, do acervo probatório dos autos, não

que a Sra. Fernanda era funcionária da Luizacred; que enquanto é possível concluir que a obreira recebia ordens diretamente da

vendeu produtos da Luizacred não tinha qualquer contato com os segunda reclamada, pois, a despeito de suas atividades, continuou

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 204
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subordinada à primeira demandada. APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS

Nesse sentido, a segunda testemunha obreira, ouvida no processo PRECEDENTES DO STF - INAPLICABILIDADE DA OJ 383 DA

nº 0000160-59.2021.5.07.0037, cuja ata de audiência foi admitida SBDI-I DO TST - CABIMENTO APENAS DA RESPONSABILIDADE

como prova emprestada, revelou "(...) que a Loja da Magazine era SUBSIDIÁRIA. 1. A Súmula 331 do TST constituiu, por mais de 2

frequentada por um coordenador regional ao qual a reclamante décadas, o marco regulatório por excelência do fenômeno da

estava subordinada; que este coordenador era da Luizacred; que terceirização na seara trabalhista, editada que foi em atenção a

quando a reclamante precisasse se ausentar do trabalho a mesma pedido formulado pelo MPT, em 1993, de revisão da Súmula 256,

comunicava para a gestora da loja; que as pessoas do crédito que era superlativamente restritiva da terceirização, limitando-a às

também são conhecidas como assistente de vendas sênior". A hipóteses de vigilância (Lei 7.102/83) e trabalho temporário (Lei

despeito da menção à subordinação a um coordenador da segunda 6.019/74). 2. Revisada por duas vezes (2000 e 2011), em função da

reclamada, era à gestora da primeira reclamada a quem se dirigia questão acessória da responsabilidade subsidiária da Administração

quando precisava se ausentar do trabalho, o que denota, no Pública nos casos de inadimplemento das obrigações trabalhistas

cotidiano laboral, subordinação direta à Magazine Luíza. por parte das empresas terceirizadas (incisos IV e V), o STF, ao

Tal subordinação foi confirmada pela primeira testemunha ouvida a pacificar tal questão periférica, deu também sinalização clara quanto

rogo da reclamada na referida prova emprestada, ao declarar "que a à fragilidade e imprecisão conceitual da distinção entre atividade-fim

reclamante estava subordinada à gerente da loja na unidade de e atividade-meio para efeito de fixação da licitude da terceirização

Juazeiro". Além disso, a segunda testemunha patronal ouvida de serviços (cfr. RE 760.931-DF, Red. Min. Luiz Fux, julgado em

naquele feito expôs "que não tinha nenhum empregado da segunda 30/03/17). 3. O que condenou finalmente a Súmula 331 do TST, em

reclamada trabalhando nas dependências da Magazine" e "que seu núcleo conceitual central do inciso III, sobre a licitude da

depoente e reclamante estavam subordinadas à gestora e a gerente terceirização apenas de atividades-meio das empresas tomadoras

da loja". de serviços, foram os excessos no enquadramento das atividades

Por fim, a única testemunha ouvida no presente feito, a rogo da das empresas, generalizando a ideia de atividade-fim,

reclamada, confirmou "(...) que seu superior imediato é o gestor especialmente quanto aos serviços de call center prestados para

administrativo; que o trabalho do gestor administrativo é voltado bancos (cfr. TST-RR-1785-39.2012.5.06.0016) e concessionárias de

para a venda dos produtos de crédito; que exemplifica como serviços de telecomunicações (cfr. TST-E-ED-RR-2707-

gestoras administrativo as Sras. Silvana, Lucicleuma e Maria 41.2010.5.12.0030) e energia elétrica (cfr. TST-RR-574-

Edilane; que afirma que o coordenador de crédito não permanece 78.2011.5.04.0332), ao arrepio das Leis 8.987/95 (art. 25, § 1º) e

nas dependências da filial aparecendo apenas esporadicamente; 9.472/97 (art. 94, II), além dos casos de cabistas (cfr. TST-E-ED-RR

que afirma não existir um coordenador direto na loja; que o gestor -234600-14.2009.5.09.0021), leituristas (cfr. TST-E-ED-RR-1521-

administrativo é do Magazine Luiza; que afirma não ter presenciado 87.2010.5.05.0511) e vendedores no ramo de transporte rodoviário

nenhum funcionário da Luizacred desde a sua admissão". (cfr. TST-E-RR-1419-44.2011.5.10.0009), apenas para citar os mais

No sentido ora abonado trilha a atual jurisprudência do TST, comuns. 4. No intuito de combater o fenômeno econômico da

conforme precedentes abaixo colacionados, todos eles envolvendo terceirização, caracterizado pela cadeia produtiva horizontal, para

as empresas reclamadas no presente feito: forçar o retorno ao modelo de empresa vertical, em que a quase

"I) AGRAVO DE INSTRUMENTO DAS RECLAMADAS MAGAZINE totalidade das atividades é exercida pelos seus empregados

LUIZA S/A E LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE- contratados diretamente e não por empresas terceirizadas e seus

FIM OU ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - empregados, a jurisprudência majoritária do TST levou o STF a

APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO TST À LUZ DOS reconhecer a repercussão geral dos Temas 725 e 739, sobre

PRECEDENTES DO STF - PROVIMENTO. Diante de possível terceirização, cujo deslinde em 30/08/18, com o julgamento do RE

violação do art. 3º da CLT, acerca da ilicitude da terceirização de 958.252 e da ADPF 324 resultou na fixação da seguinte tese

serviços financiários, dá-se provimento ao agravo de instrumento jurídica de caráter vinculante: " é lícita a terceirização ou qualquer

interposto pelas Reclamadas para determinar o processamento do outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

recurso de revista . Agravo de instrumento provido. II) RECURSO independentemente do objeto social das empresas envolvidas,

DE REVISTA DAS RECLAMADAS MAGAZINE LUIZA S/A E mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". 5.

LUIZACRED S/A - TERCEIRIZAÇÃO - ATIVIDADE-FIM OU Assim, a partir de 30/08/18, passou a ser de aplicação aos

ATIVIDADE-MEIO - LICITUDE - ADPF 324 E RE 958.252 - processos judiciais em que se discute a terceirização a tese jurídica

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fixada pelo STF no precedente dos processos RE 958.252 e ADPF todo o Poder Judiciário, assim restou redigida: "É licita a

324, mormente em face da rejeição da questão de ordem relativa a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre

eventual perda de objeto dos processos, diante da edição da Lei pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das

13.429/17, uma vez que se reconheceu que esta passou a regular a empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da

matéria para o futuro, enquanto o julgamento do STF dispôs sobre empresa contratante " destacamos. Do mesmo modo, no

os casos do passado. 6. Por outro lado, a par de não mais julgamento da ADPF n.º 324, o eminente Relator, Min. Roberto

subsistirem, para efeito do reconhecimento da licitude da Barroso, ao proceder a leitura da ementa de seu voto, assim se

terceirização , os conceitos de atividade-fim, atividade-meio e manifestou: "I. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade,

subordinação estrutural entre empresas, não há de se aguardar a meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a

revisão da Súmula 331 para apreciação dos casos pendentes, quer contratante e o empregado da contratada . 2. Na terceirização,

por depender da discussão prévia sobre a constitucionalidade do compete à tomadora do serviço: I) zelar pelo cumprimento de todas

art. 702, I, "f", e § 3º, da CLT, quer por ser possível decidir de pronto as normas trabalhistas, de seguridade social e de proteção à saúde

a matéria, sem tisnar a Súmula 331, quando se reconhecer o e segurança do trabalho incidentes na relação entre a empresa

caráter de atividade-meio desenvolvida pela prestadora de serviços terceirizada e o trabalhador terceirizado; II) assumir a

em relação à tomadora de serviços. 7. In casu , como se trata de responsabilidade subsidiária pelo descumprimento de obrigações

terceirização de serviços de " atendimento ao cliente, diretamente trabalhistas e pela indenização por acidente de trabalho, bem como

ligado a margem de crédito, fazendo lançamento de dados do a responsabilidade previdenciária, nos termos do art. 31 da Lei

cartão do cliente no sistema de cartão de credito da LuizaCred " 8.212/1993 " grifamos . Assim ficou assentado na certidão de

(pág. 643), sem que se tenha notícia de subordinação direta da julgamento: "Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos

Trabalhadora terceirizada à Tomadora dos serviços, tem-se que o termos do voto do Relator, julgou procedente a arguição de

recurso de revista merece conhecimento, por violação do art. 3º da descumprimento de preceito fundamental , vencidos os Ministros

CLT (arrimo dos Temas 725 e 739 de repercussão geral do STF), e Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio"

provimento, para, reformando o acórdão regional, no aspecto, (g.n) . Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o

afastar a ilicitude da terceirização e, por conseguinte, o entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência

reconhecimento do vínculo de emprego com a tomadora de (art. 170, IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente

serviços, LuizaCred S/A, bem como os benefícios legais e assentados na Constituição Federal de 1.988, asseguram às

convencionais concedidos especificamente aos seus empregados, empresas liberdade em busca de melhores resultados e maior

remanescendo, porém, a sua responsabilidade subsidiária quanto competitividade. Quanto à possível modulação dos efeitos da

às verbas da condenação que não decorreram exclusivamente do decisão exarada, resultou firmado, conforme decisão de julgamento

enquadramento da Autora como financiária. Recurso de revista da ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que: "(...) o Relator

conhecido e provido" (RR-10307-15.2015.5.05.0651, 4ª Turma, prestou esclarecimentos no sentido de que a decisão deste

Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 13/11/2020) julgamento não afeta os processos em relação aos quais tenha

(destaquei). havido coisa julgada . Presidiu o julgamento a Ministra Cármen

"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA Lúcia. Plenário, 30.8.2018" . Nesse contexto, a partir de 30/8/2018,

VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE- é de observância obrigatória aos processos judiciais em curso ou

MEIO E ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO PROFERIDA PELO pendente de julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADPF N.º 324 E NO RE N.º n.º 958.252 e na ADPF n.º 324. Assim, não há mais espaço para o

958.252, COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA (TEMA reconhecimento do vínculo empregatício com o tomador de serviços

725) . TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. APLICAÇÃO DE MULTA. O sob o fundamento de que houve terceirização ilícita (ou seja,

Plenário do Supremo Tribunal Federal, no dia 30/8/2018, ao julgar a terceirização de atividade essencial, fim ou finalística), ou, ainda,

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º para a aplicação dos direitos previstos em legislação específica ou

324 e o Recurso Extraordinário (RE) n.º 958.252, com repercussão em normas coletivas da categoria profissional dos empregados da

geral reconhecida, decidiu que é lícita a terceirização em todas as empresa contratante, porque o e. STF, consoante exposto, firmou

etapas do processo produtivo, ou seja, na atividade-meio e na entendimento de que toda terceirização é sempre lícita , inclusive,

atividade-fim das empresas. A tese de repercussão geral aprovada repita-se, registrando a impossibilidade de reconhecimento de

no RE n.º 958.252 (Rel. Min. Luiz Fux), com efeito vinculante para vínculo empregatício do empregado da prestadora de serviços com

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 206
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o tomador . Considerando a improcedência do recurso, aplica-se à da Reclamada, ou seja, categoria da atividade-meio da LUIZACRED

parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo S.A. Segundo os arts. 511 e 570,caput, da CLT,o

não provido, com aplicação de multa" (Ag-RRAg-11503- enquadramentosindicalé determinado, de fato, pela atividade

21.2017.5.15.0150, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, econômica predominante da empresa e pelo local da prestação de

DEJT 12/03/2021). serviços, exceto em relação aos empregados integrantes de

"(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. categoria profissional diferenciada. Como complemento, o art. 581,

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º13.015/2014. § 2º, da CLT conceitua o que seria atividade preponderante. A

ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIO. AUSÊNCIA DE Turma Regional, diante do rol de atribuições e de limitações do

COMPROVAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA cargo, constatou que o Reclamante desempenhava a função de

SÚMULA 126/TST. Hipótese em que o Tribunal Regional, amparado promotor de vendase que, por não ter permissão de conceder

no acervo fático-probatório delineado nos autos, sobretudo na prova crédito, não pertencia à categoria dos financiários. Com efeito, não

oral, reformou a sentença para afastar o reconhecimento da há como enquadrar o obreiro nas Convenções Coletivas de

condição de financiaria da autora. Assentou que, em razão da Trabalho de outra categoria, por não possuir relação com a

disparidade do sistema operacional utilizado pela autora (OX) e atividade econômica (atividade-fim) da empresa. Decidir de forma

pelos empregados contratados diretamente pela Luizacred diversa demandaria o revolvimento das provas produzidas nos

(CONSIGWEB), a atividade exercida pela reclamante era apenas o autos, diligência defesa pela Súmula nº 126 do TST. Agravo interno

de preenchimento da proposta, carregando o sistema com de que se conhece e a que se nega provimento" (Ag-AIRR-567-

informações dos clientes do Maganize Luíza captados no interior da 50.2015.5.09.0092, 7ª Turma, Relator Desembargador Convocado

loja, não havendo atribuição de aprovação do crédito. Consignou Roberto Nobrega de Almeida Filho, DEJT 17/05/2019).

que se aprovado o cartão pelos empregados vinculados diretamente "AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE

ao Luizacred, então a autora dava continuidade ao processo, REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. TERCEIRIZAÇÃO

conferindo a veracidade dos documentos no momento da proposta, DE SERVIÇOS. LABOR EM ATIVIDADE-FIM. LICITUDE. DECISÃO

o que demonstra o enquadramento da autora como promotora de DO STF NO TEMA 725 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL,

vendas dos produtos da Luizacred , e não como financiária. ADPF 324 E RE 958.252. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST.

Registrou ainda que até o sistema de informática era diferenciado, PREJUDICADO O EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. O Supremo

pois, enquanto que os empregados da Luizacred tinham como Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de Descumprimento de

suporte o sistema CONSIGWEB, a empregada trabalhava na Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE)

versão OX, funcionando como uma ponte entre os clientes do 958.252, com repercussão geral reconhecida, decidiu pela licitude

Magazine Luíza, encaminhados pelos vendedores da loja ou da terceirização em todas as etapas do processo produtivo.

abordados pelos próprios analistas, e a atividade financeira da Naquele recurso, o STF firmou tese de repercussão geral, com

Luizacred, aprovada por funcionários diretamente contratados para efeito vinculante, no sentido de que "é lícita a terceirização ou

tal propósito. Concluiu que a função exercida era administrativa, qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas

carregando o sistema com dados cadastrais e não de avaliação ou distintas, independentemente do objeto social das empresas

aprovação do crédito. A decisão está assente no conjunto fático- envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa

probatório, sobretudo na prova oral, cujo reexame se esgota nas contratante". Assim, não havendo alusão no acórdão regional

instâncias ordinárias. Adotar entendimento em sentido oposto acerca da efetiva existência de pessoalidade e subordinação

àquele formulado pelo Tribunal Regional implicaria o revolvimento jurídica direta com a tomadora de serviços, não há como se

de fatos e provas, inadmissível em sede de recurso de revista, a reconhecer o vínculo direto com a empresa tomadora de serviços.

teor da Súmula 126/TST. Recurso de revista não conhecido" (RR- Quanto a esse último aspecto, não se leva em conta a mera

645-12.2014.5.09.0017, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena subordinação estrutural ou indireta, que, aliás, é inerente à

Mallmann, DEJT 26/02/2021). terceirização da atividade-fim - tal implicaria esvaziar de sentido os

"AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO já mencionados precedentes do STF -, sendo necessário estar

DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIO. comprovada nos autos a subordinação hierárquica direta, presencial

CATEGORIA SINDICAL DIFERENCIADA. PROMOTOR DE ou por via telemática, do trabalhador aos prepostos da tomadora.

VENDAS . O Tribunal Regional inferiu que o Reclamante não No caso concreto, o Tribunal Regional consignou não existir

exercia serviço de financiário, mas somente de promotor de vendas pessoalidade e subordinação direta com a tomadora, o que

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 207
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

inviabiliza o reconhecimento de vínculo de emprego pretendido. julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,

Ademais, não há na petição inicial o pedido sucessivo autônomo de porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.

isonomia salarial, com fundamento no art. 12 da Lei 6.019/1974.

Nesse contexto, a aferição das alegações recursais requereria novo

exame do quadro factual delineado na decisão regional, na medida DISPOSITIVO

em que se contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão

regional, caso que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Apesar

de o art. 896-A da CLT estabelecer a necessidade de exame prévio

da transcendência do recurso de revista, a jurisprudência da Sexta

Turma do TST tem evoluído para entender que esta análise fica

prejudicada quando o apelo carece de pressupostos processuais

extrínsecos ou intrínsecos que impedem o alcance do exame

meritório do feito, como no caso em tela. Prejudicado o exame da

transcendência. Agravo de instrumento não provido. (...)" (AIRR-337 ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

-97.2018.5.06.0411, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

de Carvalho, DEJT 01/10/2021). conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para

Por todo o exposto, não faz jus à reclamante ao enquadramento julgar improcedente a reclamação. Custas pela parte reclamante,

como financiária, de modo a serem indevidas as verbas deferidas porém dispensadas, em face dos benefícios da justiça gratuita.

pela sentença. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Dá-se provimento ao recurso das reclamadas, para julgar Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

improcedente a reclamação. Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

Custas pela reclamante, porém dispensadas, em face dos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

benefícios da justiça gratuita ora mantidos, eis que, ao contrário do de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

afirmado pelas recorrentes, a parte reclamante declarou no ID. Fortaleza, 18 de julho de 2022.

419d481 não ter condições de arcar com os custos do processo.

Reexaminando-se o acervo probatório dos autos, não há elementos

capazes de afastar a validade de tal declaração. Dessa forma, a

simples declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de

que não reúne condições econômicas para arcar com as despesas

processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, é

suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da CLAUDIO SOARES PIRES

justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte Desembargador Relator

reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.

99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência Diretor de Secretaria

deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,


Processo Nº ROT-0000640-76.2020.5.07.0003
do item I da Súmula nº 463 do TST. Relator CLAUDIO SOARES PIRES
9. deduzam-se os valores comprovadamente quitados a idêntico RECORRENTE ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA
ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA
título, sob pena de enriquecimento sem causa." MARIANO(OAB: 24605/CE)
ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO
MOTA(OAB: 24616/CE)
RECORRENTE REDEFONE COMERCIO E
SERVICOS LTDA
CONCLUSÃO DO VOTO
ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS
SANTOS(OAB: 16498/CE)
RECORRIDO ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA
ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO
Conhecer do recurso das reclamadas e dar-lhe provimento, para MOTA(OAB: 24616/CE)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 208
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA


MARIANO(OAB: 24605/CE) do empregador para que seja utilizada uma motocicleta no trabalho,
RECORRIDO REDEFONE COMERCIO E não desnatura a aplicação do artigo193, § 4º, da CLT. A atividade
SERVICOS LTDA
ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS perigosa ali definida não condiciona a uma condição contratual,
SANTOS(OAB: 16498/CE)
mas, a existência do fato.
Intimado(s)/Citado(s): 7.REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE DO
- ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA VALOR ARBITRADO. Não denota irrazoabilidade o valor arbitrado

para reparação por danos morais (ausência reiterada de concessão

de férias), quando considerado o regramento do artigo 223-G,

PODER JUDICIÁRIO conjugado com a remuneração total do obreiro.

JUSTIÇA DO 8.VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Se a parte

recorrente não comprova o pagamento das parcelas de cuja

existência não se duvida, estando assim fundamentada a decisão


EMENTA
recorrida, revelando a existência de espécie de salário complessivo,

nada há o que reformar. Nula é a cláusula contratual que fixa

determinada importância ou percentagem para atender


RECURSOS ORDINÁRIOS.
englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador.
RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
9.JUSTIÇA GRATUITA. A parte reclamante declarou em
1.INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. A inicial, no juízo deste
documento não ter condições de arcar com os custos do processo.
relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da CLT. Não a
Dessa forma, a simples declaração de que o postulante é pobre na
desnatura eventual emenda, porque mantida a forma padrão de
forma legal e de que não reúne condições econômicas para arcar
indicação de valores, acrescentando meras corrigendas que, assim
com as despesas processuais, sem grave prejuízo próprio ou de
como a reclamação vestibular, foi regulamente submetida ao
sua família, é suficiente e merecedora de fé para a concessão dos
contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de aplicação do artigo
benefícios da justiça gratuita. Nesse sentido o § 3º do art. 99 do
840, § 3º, da CLT.
CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), segundo o
2.TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula
qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
-357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a
exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim, do item I
testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra
da Súmula nº 463 do TST.
o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é
RECURSO DA PARTE RECLAMANTE.
válido.
1.DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O
3.COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS (BÔNUS PPR).
fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao
Se o preposto da parte recorrente admite que uma rubrica (Bônus
enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da
PPR) substituiu a outra (Comissões), está correta a decisão
CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente
recorrida na conclusão de que ambas possuíam a mesma natureza
de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais
remuneratória, ilação que se acomoda no artigo 457, § 1º, da CLT.
das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase
4.PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do
nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a
pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a
possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados
empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR", parcela
trabalhados.
supostamente indenizatória, todavia, hipótese corretamente
2.ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte
rejeitada no juízo sentenciante.
de elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado
5.REDUÇÃO SALARIAL. Comprovada a redução de forma gravosa
na inicial, não se confirmou nas provas dos autos. A ausência de
dos patamares a partir dos quais se dava o comissionamento, a
verossimilhança foi captada com agudeza pelo juízo sentenciante;
evidência atrai a aplicação do artigo 468, da CLT. Nos contratos
"evidente que o reclamante distorce a realidade nesse tocante para
individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
dar tons de juridicidade a sua pretensão". De se manter, destarte, o
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
julgamento recorrido por ausência de comprovação efetiva de
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob
transporte de elevados valores e da submissão a assaltos.
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Recursos improvidos.
6.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. A inexistência de obrigação

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 209
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

corretamente as comissões, e a de pagar diferenças salariais; que

exercia suas obrigações com o concurso de uma motocicleta, tendo

RELATÓRIO direito a adicional de periculosidade, a ter da Lei nº 12.997/2014 e

artigo 193, § 4º, da CLT; que não usufruía de descanso semanal e

dos trabalhos nos dias feriados; que nunca gozou férias; que tem

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO direito a reparação por danos morais, decorrentes de descontos por

ORDINÁRIO (1009), provenientes da MM. 3ª VARA DO assaltos sofridos, transporte irregular de valores e ausência de

TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, ANTONIO concessão regular de férias; que eram descontados das comissões

WILTON BRUNO DA SILVA,REDEFONE COMÉRCIO E os valores do auxílio combustível e vale alimentação.

SERVIÇOS LTDA, e recorridos, ANTONIO WILTON BRUNO DA 2.Examinando os temas destacados, concluiu o juízo sentenciante

SILVA, REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. (ID. 5159d94):

Irresignados com a sentença ID 5159d94, que rejeitando as "(...)

preliminares suscitadas e declarando prescritas as verbas -Inépcia da petição inicial

anteriores a 10.08.201 julgou parcialmente procedentes os pedidos Alega a empresa que a petição inicial é inepta porque o reclamante

da reclamação trabalhista, o Reclamante (ANTONIO WILTON não teria declinado a causa de pedir que tornaria pertinente o

BRUNO DA SILVA) e a parte reclamada (REDEFONE COMERCIO pedido da parte reclamante, voltado a requerer os extratos

E SERVICÇOS LTDA) opuseram recursos ordinários. bancários das instituições pelas quais o reclamante recebia suas

Contrarrazões ofertadas pelo Reclamante (Id 3bfb85c) e pela parte comissões.

reclamada (Id 2e7ef1d). Contudo, mera leitura do tópico em referência torna evidente o

caráter vazio e inconsistente da arguição, uma vez que se refere ao

próprio mérito da demanda, referente a procedência e pertinência

FUNDAMENTAÇÃO ou não do pedido em questão, discutindo a veracidade ou não da

narrativa do autor, de forma claramente descabida.

Ademais, resta por demais óbvia a pertinência, na medida em que

ADMISSIBILIDADE se acha controverso o valor das comissões pagas mensalmente ao

Recurso de ambos os litigantes regularmente interpostos (ID. reclamante.

8a201c1 e ID. 2f06bce), dá-se trânsito. A petição inicial trabalhista pode ser redigida de forma mais simples,

MÉRITO bastando a exposição dos fatos, a breve fundamentação e o

REMUNERAÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. ADICIONAL DE requerimento final e, nesse sentido, a peça produzida pelo autor,

PERICULOSIDADE. FERIADOS TRABALHADOS. FÉRIAS. concretamente considerada, cumpre os requisitos previstos no § 1º

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE do art.840 da CLT, não havendo prejuízo para a parte contrária

IRREGULAR DE VALORES. DESCONTOS DECORRENTES DE quanto ao entendimento dos pedidos e da causa de pedir, o que

ASSALTOS. DESCONTOS DE AUXÍLIO COMBUSTÍVEL E VALE propicia, de modo satisfatório, o acesso à ampla defesa.

ALIMENTAÇÃO. Na verdade, na espécie, a inicial não apresenta vício algum que

possa comprometer a boa compreensão da peça e a preliminar, a

1.Cuida-se de ação trabalhista proposta por ANTONIO WILTON bem da verdade, não evidencia efetiva hipótese de aplicação do

BRUNO DA SILVA contra REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS instituto da inépcia, bastando-se na defesa retórica, o que não é

LTDA, fundamentada nas alegações de que o reclamante foi suficiente para ensejar o seu acolhimento, restando, pois, rejeitada.

admitido em 01.03.2004, nas funções de vendedor, que auferia - Ausência de liquidação

remuneração mista composta de piso salarial fixo previsto nas Rejeito a preliminar erigida pela reclamada nesse tocante, uma vez

CCT's e comissões; que a reclamada jamais fez constar que a parte reclamante trouxe cálculo estimado do valor que

oficialmente a remuneração integralizada do reclamante, somente o entende devido em decorrência dos pedidos iniciais, restando

fazendo a partir de 01.08.2016; que a partir de 2018 a reclamada suficiente a mera estimativa, para que reste satisfeito o requisito do

reduziu o percentual das comissões, com infringência aos artigos art. 840 da CLT.

468 da CLT e 7º, VI, da Constituição Federal; que a reclamada tem Por se tratar de mera estimativa, não há necessidade de que seja

a obrigação de retificar a CTPS do reclamante para fazer constar liquidada a diferença também decorrente das alterações promovidas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 210
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

na emenda à inicial, uma vez que a lei não exige a liquidação do Conforme cópia dos contracheques que se juntam com a presente

julgado, mas, como já dito, a mera estimativa, razão pela qual defesa, bem como cópia da CTPS do reclamante, onde se verifica a

rejeito a preliminar em questão. evolução salarial deste, comprova-se que os valores que ele dizia

- Prescrição quinquenal receber estão bem distantes da realidade.

Sem necessidade de maiores aprofundamentos, reconheço a Ademais, informa média de comissões sem demonstrar a forma que

prescrição quinquenal prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição se chegou aos valores mencionados, claramente, em ato de má-fé.

Federal, conforme suscitado pela reclamada, em razão do que Neste ensejo, a reclamada afiança que o reclamante não fora

considero prescritas todas as verbas cuja exigibilidade seja anterior contratado para perceber nenhum pagamento sem consignação.

a 10.08.2015. Até porque, nos próprios comprovantes de pagamento acostados

- Comissões pelo autor há o pagamento de DSR e comissões, além do salário

O reclamante inicia seu elenco de pedidos tratando das comissões fixo.

que recebia, mais precisamente sustentando que, entre a data de O pagamento sem consignação que o reclamante busca querer

corte prescricional (10.08.2015) e o dia 31.07.2016 recebeu as fazer crer ao d. Juízo não existe. Em verdade, observando os

comissões que lhe cabiam de forma clandestina, razão pela qual a contracheques colacionados a esta peça, o que ocorre é que havia

referida verba não foi considerada na base de cálculo das demais o pagamento de bonificações pagas aos funcionários.

parcelas remuneratórias. Depara-se, outrossim, frente a um equívoco terminológico, visto que

Em seguida, a parte autora relata que a partir de 01.08.2016 a não havia pagamento "não pagos em folha" nos importes trazidos à

reclamada cessou o referido ilícito, passando a incluir na base de baila, porquanto se tratava de um valor fixo.

cálculo de férias, FGTS e 13º salários, as comissões mensalmente Ora, Excelência, como poderia haver pagamento por fora quando o

recebidas, que passaram a compor "oficialmente" a remuneração do próprio reclamante apresenta prova contraditória a seus pleitos,

empregado. demonstrando de forma inequívoca a rubrica de suas comissões?

Além disto, o reclamante alega também que a partir do ano de 2018 Note-se ainda que o extrato bancário acostado pelo reclamante é

em diante passou a sofrer alterações lesivas quanto ao pagamento decorrente de sua conta corrente, ou seja, a conta bancária permite

das comissões, trazendo causa de pedir nos seguintes termos: aplicações (débito automático ou depósito bancário) de contas de

""Relata ainda o reclamante que nos anos de 2018, 2019 e 2020 titularidades distintas sem qualquer relação com a reclamada.

passou a sofrer patente alteração contratual lesiva, ao ter reduzida Logo, as próprias provas apresentadas pelo reclamante não têm

unilateralmente pelo empregador o percentual de suas comissões qualquer condão de corroborar com o alegado, tumultuando o

as quais até e então eram fixas e no percentual de 1,40% sobre as processo muito mais do que sanando qualquer controvérsia.

vendas mensais até a competência 12 /2017, diminuídas para o Ora, cabe ao reclamante, se porventura existisse, a demonstração

patamar fixo de 1,25% sobre as vendas mensais a partir de 01/2018 dos supostos valores pagos extrafolha e não é só, deve demonstrar

e empós passou foi novamente reduzida para o patamar variável de que tais valores supostamente integram-se em sua remuneração e

0,85%, 0,70% ou 0,45% sobre as vendas mensais da competência não se tratam de bonificações, pois a simples alegação de existir

de 01/2019 até o deslinde contratual, assim sendo faz jus o obreiro pagamento "por fora" sem trazer as provas concretas de que

às diferenças de salários por comissões e DSR's sobre tais ocorrera, nada mais são do que meras palavras sem força

comissões, nos seguintes patamares:"" probatória, frutos de um inconformismo derivado de um dissabor.

Assim foi disposta a causa de pedir, quanto a este objeto, sendo Portanto, numa remota hipótese de Vossa Excelência entender que

possível observar que foram relatados dois ilícitos. há pagamentos de valores além daqueles anotados na carteira,

Acerca do primeiro deles, qual seja, a não inclusão das comissões depreende-se que esses valores, no período afirmado pelo autor

recebidas na base de cálculo das demais parcelas remuneratórias, nada mais são do que PPR.

no período compreendido entre 10.08.2015 e 31.07.2016, apesar da O PPR é uma ferramenta de gestão que permite uma maior

natureza salarial da verba, a contestação apresenta confuso teor participação e empenho dos empregados na produtividade da

confuso, como se observa no trecho adiante transcrito: empresa, proporcionando a atração, a retenção, a motivação e o

""Em princípio, cumpre ressaltar que os valores remuneratórios comprometimento dos funcionários na busca de melhores

pagos "por fora" são totalmente inverídicos, uma vez que a resultados.

reclamada em seus documentos apensos comprova ter efetuado Dentre outras vantagens, mantém o trabalhador motivado, alinhado

TODOS OS PAGAMENTOS referente a remuneração fixa. com as metas e os objetivos da empresa e ciente do seu importante

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 211
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

papel no processo produtivo, produzindo resultados positivos e PA fica aberta de segunda a sábado das 7h às 18h e, dependendo

ampliando a competitividade da organização. da data do mês (isso do dia 01 ao dia 10), em domingos das 7h às

Tal instituto funcionava como um bônus, que é ofertado pelo 13h; que até agosto de 2016, a remuneração era composta de

empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores da salário fixo mais 1,4% fixos de tudo o que vendesse, recebendo as

empresa. comissões pagas por fora na PA em espécie; que depois de agosto

Em suma, a base de cálculo da PPR não possui qualquer relação de 2016, as comissões ficaram sendo pagas em contracheque e,

com o salário percebido."" em data que não se recorda, a remuneração desceu para salário

Como se observa, nesse tocante, a contestação é substancialmente fixo mais 1,25% fixos de tudo o que vendesse; que a partir de

genérica, visto que se limita à afirmação de que o reclamante janeiro de 2019, passou a ser de salário fixo mais comissão

recebeu todas as verbas regularmente. escalonada conforme volume de vendas, sendo 0,45% a partir de

Após, o reclamado alega que o próprio autor teria comprovado, R$ 181.000,00, 0,75% a partir de R$ 251.000,00 e 0,80% a partir de

juntando documentos, que as comissões eram pagas nos R$ 301.000,00; que essa redução do percentual de comissões para

contracheques, parecendo não ter analisado atentamente a petição 0,45% foi a mais gravosa, porque se vendêssemos R$180.500,00,

inicial, a qual, a tal respeito, é expressa no sentido de que o ilícito ficávamos só com o salário fixo sem nada de comissão; que a

somente ocorreu até 31.07.2016. Ou seja, desde a petição inicial o comissão sobre a venda dos chips era de R$0,50 em cada chip; que

próprio autor já relata que a partir do dia seguinte à data a empresa controlava as vendas em geral por um aplicativo

mencionada a reclamada passou a não mais proceder de forma chamado TOP LINE, que tinha as datas e os horários em que

ilícita. prestava conta na PA e o total de vendas que fazia no mês; que

Em seguida, traz tese sucessiva, alegando que caso seja também tinha o aplicativo CIS, em que antes de começar a rota eu

reconhecido algum valor recebido "por fora", este se trataria de um pré-estabelecia qual o valor total de vendas que eu pretendia atingir,

bônus de uma tal ferramenta PPR, parecendo confusa quanto aos isso no início da jornada, antes de começar a rota, de modo que até

institutos de que trata, tese esta que, tal como a anterior, não se 8h da manhã eu tinha que fazer isso todos os dias de segunda a

sustenta, na medida em que não fora efetivamente explicado pela sábado e tinha que encerrar esse CIS até as 18h, dizendo todo o

parte reclamada a previsão legal ou regulamentar que afastasse a valor que eu vendi; que também havia o aplicativo AFV, que tinha

natureza salarial da verbas em questão, recebida de forma que alimentar dizendo quanto eu vendi para determinado cliente;

clandestina, ou mesmo como seria ao mesmo tempo bônus e que essa mesma sistemática de comissões e as alterações dos

participação nos lucros. percentuais acima descrita ocorreu também com o reclamante; que

Em depoimento, o preposto da reclamada alega que um programa o depoente tinha em média 120 clientes em carteira; que o

substituiu o outro, reforçando a identidade da natureza de ambos. reclamante tinha em média 240 a 250 clientes, já que a rota dele

A testemunha do reclamante, por sua vez, trouxe depoimento firme era maior que a minha; que a venda desses produtos se dava tanto

e elucidativo, por meio do qual confirma com precisão o estado de online como presencial; que as cobranças se davam de forma

coisas narrado na petição inicial, tanto quanto ao primeiro ilícito presencial, ou seja, o vendedor passava as recargas e logo depois

(comissões clandestinas) como quanto ao segundo, referente à ia buscar o dinheiro ou o cheque; que perguntado se o cliente não

redução gradativa do percentual das comissões recebidas, o que poderia fazer uma transferência bancária para o vendedor não ter

constitui flagrante alteração em prejuízo do trabalhador. que ir buscar o dinheiro, respondeu que não era assim que ocorria,

Reputo conveniente transcrever também o seguinte trecho do até porque a PA não aceitava transferência e sim dinheiro ou

depoimento em questão: cheque; que não havia nenhuma empresa terceirizada para efetuar

""1) que trabalhou na reclamada de 16/09 /2011 a 06/01/2020, na cobrança de inadimplentes "e a gente era quem levava o cano se

função de vendedor e cobrador externo; que depoente e reclamante não conseguisse receber do cliente"; que havia meta de prospecção

realizavam as mesmas funções; que "geralmente a gente se de novos clientes, ou seja, mais 10 clientes por mês; que havia

encontrava no mesmo PA01, tanto na parte da manhã como na reuniões feitas pelo gerente Mailson ou pelo supervisor da PA

parte da tarde"; que a prestação de contas era feita pelo depoente e Ricardo ou pela supervisora Vanessa, todas as quintas-feiras, com

reclamante diariamente, na parte da manhã e na parte da tarde; que imposição das regras, sem chance de contestação pelos

os produtos vendidos era: recarga física e recarga on line e chips vendedores; que a empresa não pagava o PPR, pois o depoente

das operadoras Tim, Oi e Vivo; que se encontrava com o sempre recebeu a remuneração como sendo salário mais comissão,

reclamante na PA, entre 7h e 9h da manhã e entre 16h e 17h; que a o mesmo ocorrendo com os demais vendedores, inclusive o

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 212
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reclamante; que desconhece a existência de contrato da reclamada para 0,85%);

ou dos vendedores com e empresa Yellow Card; que os E) Reflexos das Diferenças salariais das Comissões reduzidas

supervisores recebiam comissionamento sobre as vendas da ilicitamente de 01 Janeiro de 2018 a 08 de Março 2020 e DSR's

equipe; que até agosto de 2016, o montante de remuneração do sobre comissões em: Aviso Prévio, FGTS, Multa de 40%, Férias +

depoente e dos demais (porque nessa época era quase todo mundo 1/3 Constitucional (2018 a 2020), 13º salários (2018 a 2020);

igual) girava em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, já incluso o F) Multas Convencionadas nas cláusulas 70ª CCT 2015/2015 e

salário fixo; que o depoente já chegou a receber tais valores, na 2016/2016, 71ª CCT 2017/2017, 67ª CCT 2018/2018 e 69ª CCT

época, no mesmo dia do reclamante, ambos na PA, ou seja, o 2019/2020, equivalente 01 (um) piso salarial previsto em cada

depoente tato recebeu como presenciou o reclamante recebendo, convenção coletiva (Cláusula 3ª das CCT's 2015 a 2020), por

na PA, tal valor remuneratório das mãos do Júnior, representante violação às Cláusulas 16ª CCT's 2015/2015, 2016/2016 e

financeiro da reclamada;"" 2017/2017, Cláusulas 15ª CCT's 2018/2018 e 2019/2020 (por não

A esse respeito, considero oportuno relembrar o conteúdo do art. anotação na CTPS do percentual das comissões + R.S.R) e

468 da CLT, segundo o qual: Cláusulas 46ª das CCT's 2015, 2016 e 2017; Cláusulas 44ª da CCT

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a 2018 e 45ª da CCT 2019/2020 (por não concessão do descanso

alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e Semanal remunerado).

ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, -Adicional de periculosidade

prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula O reclamante requer ainda o pagamento de adicional de

infringente desta garantia. periculosidade, justificando o pedido com narrativa segundo a qual

Nesse contexto, tendo sido comprovados os fatos narrados na realizava seu trabalho diariamente de motocicleta, pedido que faz

petição inicial, seja quanto à inclusão das comissões na base de com base no expresso conteúdo do art. 193, II, § 4º, da CLT.

cálculo de outras verbas no início do contrato, seja quanto à Em resposta, a reclamada alega limita-se a alegar que jamais exigiu

redução do percentual destas, julgo os pedidos constantes no que o reclamante laborasse em motocicleta, o que restou

presente tópico procedentes em sua integralidade. desconstruído no item 3 do depoimento da testemunha do autor,

Em virtude desta conclusão, condeno a reclamada inicialmente ao bem como que a Portaria do então MTE 05/2015 é materialmente

cumprimento de consistente na retificação obrigação de fazer da inconstitucional que, o que não se sustenta, na medida em que não

CTPS (física e digital) do reclamante, fazendo constar, junto às qualquer interesse, seja deste juízo, seja da sociedade, que uma

anotações gerais: "Retificação a remuneração contratual de fl. 12, norma, tão cara à segurança do trabalho, seja tida como letra morta.

para informar que o portador desta CTPS percebia mensalmente Se a própria reclamada estabeleceu o meio de locomoção a ser

remuneração mista composta de piso salarial fixo, comissões no utilizado como motocicleta, consoante expressamente comprovado

patamar de 1,4% por mês sobre as vendas + R.S.R. no item 3 do depoimento da testemunha do reclamante, resta

Igualmente, condeno a reclamada ao pagamento das seguintes evidente que não havia qualquer faculdade nesse sentido, mas

verbas (já constando no elenco de verbas abaixo a retificação de imposição nos termos em que comprovado pela prova testemunhal.

erro material relatada na emenda à petição inicial de id ff47c7d), Este juízo entende que, independente da quantidade de clientes

mas devendo o calculista atentar para a retificação de constante na que o reclamante visitava, a motocicleta constituía instrumento de

emenda de id bae7e75: trabalho seu.

A) Reflexos dos salários por fora de 10.08.2015 a 31.07.2016 em: Em outras palavras, entendo que o ato de deslocar-se, entre

FGTS, Multa de 40%, Férias + 1/3 Constitucional (2015 a 2016), 13º diversos clientes, era inerente às atribuições do reclamante, razão

salários (2015 a 2016) e DSR's (2015 a 2016); porque o cenário fático ora reconhecido, sem necessidade de

B) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro e 2018 a 31 maiores digressões, atrai a aplicação do art. 193, § 4º, da CLT.

Dezembro de 2018 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de Não sendo a reclamada filiada à Associação Brasileira das

1,4% para 1,25%); Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não alcoólicas, constata-se

C) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro 2019 a 31 que os efeitos Portaria nº 1.565/2014 mantém-se vigentes, visto que

Dezembro de 2019 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de afastados pela de nº 5/2015, do então MTE, apenas para os filiados

1,40% para 0,70%); à referida associação.

D) Diferenças salariais Comissões de 01 Janeiro de 2020 a 08 de Procedente, pois, o pedido, restando a reclamada condenada ao

Março 2020 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de 1,40% pagamento de adicional de periculosidade, no percentual de 30% do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 213
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salário base do reclamante, durante todo o contrato de trabalho, em que, supostamente estaria de férias; que quando começava o

observado o corte prescricional, com todos reflexos nas demais período das férias "a gente trabalhava com um login alternativo que

parcelas remuneratórias. era criado com a finalidade de a gente deixar de usar o login comum

-Trabalho em feriados. Supressão do RSR. e passar a usar esse login das férias"; que esse login para usar nas

O reclamante alega ainda que trabalhava todos os dias, sem RSR férias ficava sob a responsabilidade do Sr. Júnior, representante

ou feriado, requerendo o pagamento destes em dobro. comercial da reclamada; que mesmo sem gozar férias, era exigido

O reclamado, por sua vez, centra sua tese de defesa na dos vendedores a assinatura dos recibos de férias; que o depoente

circunstância de ser o trabalho desempenhado externo, defendendo e demais vendedores sempre receberam o valor das férias, porém

que não controlava a jornada do autor. sempre em cima do valor do salário base e continuando a trabalhar,

Ocorre que resta incontroverso nos autos que o reclamante isso porque não existia um vendedor substituto que conhecesse a

desempenhava trabalho externo, não tendo sido comprovado, no rota para poder tirar as férias do outro; que outro motivo de o

entender deste juízo, de forma suficiente pelo reclamante que a vendedor não tirar férias e nem ser substituído, decorria do fato da

reclamada efetivamente controlava sua jornada. relação de fidúcia entre ele e os clientes nem ser substituído,

Nesse tocante, cumpre destacar o fato de existir aplicativo que decorria do fato da relação de fidúcia entre ele e os clientes daquela

registra o horário das vendas não se revela suficiente, no entender rota; que a rota do reclamante era Vila Peri, Bonsucesso e depois

deste juízo, para que se considere que havia controle de jornada. outro bairro que o reclamante ganhou antes de sair da empresa e

Com efeito, o fato de o aplicativo estar disponível para a efetivação cujo nome não se recorda;""

de transações em dias não úteis não implica necessariamente que o Como se observa, tendo o reclamante se desincumbido de seu

trabalho em referidos dias era imposto pela reclamada. ônus probatório quanto ao fato de que as férias não eram gozadas,

Nesse contexto, por entender que o reclamante se enquadra na a despeito da realidade formal arquitetada pela reclamada para

exceção prevista no art. 62, I, da CLT, julgo improcedentes os mascarar o que de fato se passava, a procedência do pedido é

pedidos relativos à jornada de trabalho, uma vez que comprovado o medida que se impõe, diante da necessidade de observância do

desempenho de trabalho externo. princípio da primazia da realidade, restando a reclamada

-Não concessão de Férias. Dano existencial decorrente. condenada ao pagamento das dobras das férias vencidas e não

O reclamante alega também que não gozava de férias, embora gozadas no período não prescritas: 2015/2016, 2016/2017,

assinasse os recibos respectivos. 2017/2018 e 2018/2019, com o acréscimo de 1/3 constitucional.

A narrativa foi comprovada com objetividade pela testemunha do O reclamante realiza também pedido correlato a esse, de

reclamante, nos seguintes termos: indenização por dano existencial, relatando que, diante da não

""2) que o depoente sempre recebeu o valor das férias, mas nunca concessão reiterada de férias, viu-se impossibilitado do convívio

chegou a gozar um dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com a família e amigos, tendo aprofundado a causa de pedir nos

com todos os vendedores; que chegou a ver o reclamante seguintes termos:

laborando em período em que, supostamente estaria de férias; que ""Conforme mencionado nos tópicos anteriores o trabalhador

quando começava o período das férias "a gente trabalhava com um durante toda a sua contratualidade (cerca de 16 anos) JAMAIS teve

login alternativo que era criado com a finalidade de a gente deixar concedido por parte do seu empregador o seu lídimo Direito as

de usar o login comum e passar a usar esse login das férias"; que férias (2004 a 2019) a fim de usufruir do convívio social junto a sua

esse login para usar nas férias ficava sob a responsabilidade do Sr. família e amigos, de igual modo praticava jornada extremamente

Júnior, representante comercial da reclamada; que mesmo sem extenuante de segunda à domingo (em regra de 07h00min às

gozar férias, era exigido dos vendedores a assinatura dos recibos 19h00min), entretanto ficava integralmente à disposição dos clientes

de férias; que o depoente e demais vendedores sempre receberam da reclamada para abastecê-los a qualquer hora dia ou da noite.

o valor das férias, porém sempre em cima do valor do salário base e Assim sendo tem-se que o dano existencial é espécie do gênero

continuando a trabalhar, isso porque não existia um vendedor dano imaterial cujo enfoque está em perquirir as lesões existenciais,

substituto que conhecesse a rota para poder tirar as férias do outro; ou seja, aquelas voltadas ao projeto de vida (autorrealização -

que outro motivo de o vendedor não tirar férias e2) que o depoente metas pessoais, desejos, objetivos etc) e de relações interpessoais

sempre recebeu o valor das férias, mas nunca chegou a gozar um do indivíduo.""

dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com todos os Com efeito, a concessão de férias constitui uma das mais

vendedores; que chegou a ver o reclamante laborando em período importantes medidas de saúde e segurança do trabalho, que

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possibilita o essencial gozo de momentos de descanso e lazer com realizadas no respectivo dia, bem como que tais valores variavam

familiares e amigos, além de possibilitar a realização de viagens e entre R$ 10.000,00 e R$ 50.000,00.

outros eventos tão caros a uma vida saudável. Sustenta ainda que sofria em média dois assaltos por ano, narrativa

Tendo sido comprovado pela testemunha do reclamante que, ao esta, que não fora comprovada pela parte reclamante, tendo a

longo dos anos, as férias não eram concedidas, de forma testemunha confirmado apenas que era transportados os valores

generalizada, reputo evidente a perturbação do estado de coisas fruto do trabalho prestado naquele dia, em montante bem inferior ao

narrado no parágrafo anterior. que o reclamante informou, de R$ 7.000,00 a R$ 10.000,00,

Nesse contexto, verifica-se que a reprovável conduta da reclamada tornando evidente que o reclamante distorce a realidade nesse

espraiou efeitos deletérios à vida da reclamante com óbvio abalo tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão.

moral, apenas compreendido por aqueles que enfrentam tamanho Ademais, o próprio relatório de vendas juntado pelo reclamante,

percalço da obtenção de direitos básicos, após uma vida inteira através de prints de aplicativo, não deixa dúvidas de que os valores

dedicada à prestação de serviços na reclamada. das vendas era bastante reduzido, geralmente R$ 200,00 reais, com

Nessa ordem de ideias, entende este juízo que, tendo a conduta da apenas algumas vendas de valor mais elevado, o que retira ainda

reclamada imposto consequências nefastas na saúde do mais a credibilidade da narrativa inicial nesse tocante.

reclamante e de sua família, estão preenchidos os elementos da Por fim, ressalto que a testemunha do reclamado comprovou que a

responsabilidade civil, visto que a reclamada deu causa ao dano, orientação era para que os empregados transportassem no máximo

nos termos em que aqui explicitado. R$ 1.000,00, razão pela qual, diante da ausência de comprovação

Reconhecida a responsabilidade civil e o dever de reparação, este efetiva de transporte de elevados valores e da submissão a

juízo esclarece de logo que considera claramente inconstitucional a assaltos, julgo improcedente o pedido.

tarifação da indenização reparatória por dano moral estabelecida -Ressarcimento de descontos ilícitos

pela Lei nº 13.467/2017, com a introdução do art. 223-g, §§ 1º a 5º, O autor, trazendo nova pretensão, alega ainda que a reclamada,

na CLT, por afrontar os artigos 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos V e embora tenha passado a pagar valores relativos a auxílio

X e caput do artigo 7º da Constituição Federal, diante da ofensa ao combustível e vale alimentação a partir de 01.08.2016, os

princípio da dignidade da pessoa humana, ao admitir que a esfera descontava das comissões pagas "na fonte", sem retratar o

personalíssima do ser humano, trabalhador ou dependente, pode desconto em questão no contracheque.

ser violada sem a reparação ampla e integral. Assim informou a parte:

O desrespeito ao artigo 5º, V e X da Constituição é flagrante, na ""A reclamada a partir de 01.08.2016 a repassar instituiu a quantia

medida em que a alteração traz valores irrisórios frente ao potencial fixa de R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) por mês a título de

ofensivo da multiplicidade de situações que podem ocorrer, auxílio combustível e na mesma data, fixou a importância de R$

representando tratamento discriminatório ao trabalhador. 17,00 por dia laborado a título de vales alimentações, totalizando

Ofende ainda a isonomia, por destinar regulação diferenciada em esse último em média R$ 340,00 por mês.

relação a todas as demais relações jurídicas que envolvam Não obstante os valores acima passaram ilicitamente a serem

reparação civil, e justamente ao trabalhador, em regra descontados ilicitamente das comissões das vendas realizadas pelo

hipossuficiente e reivindicador de direitos básicos, relacionados à obreiro mensalmente, de modo que os valores repassados pela

subsistência própria e de sua família, como no presente caso reclamada ao trabalhador já refletiam a importância líquida (após os

concreto. valores acima mencionados serem descontados nas prestações de

Ofende a isonomia ainda o estabelecimento de indenização com contas mensais), entretanto, visando burlar os preceitos celetistas a

base na remuneração do ofendido, como se tal critério fosse reclamada não fazia constar tais descontos em contracheques ou

suficiente para tornar um ser humano mais digno que outro, pelo folhas de pagamentos.

simples fato de auferir remuneração superior. Diante do exposto requer a Vossa Excelência os ressarcimentos

Nessa linha, reputo razoável, com base na gravidade do ilícito e no dos descontos ilícitos feito na remuneração do trabalhador no

poder econômico do ofensor, estabelecer o quantum indenizatório importe de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio Combustível e R$

no valor de R$ 10.000,00. 340,00 por mês a título de vales alimentações, no período de

-Dano moral. Transporte de valores. 01.08.2016 a 08.03.2020.

O reclamante alega ainda que transportava elevados valores A reclamada nega com veemência a narrativa inicial, tendo a

diariamente em espécie e em cheques, decorrentes das vendas testemunha do reclamante, contudo, comprovado-a, como se

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observa adiante: reclamante qual o método mais cômodo para realização da

""7) que até agosto de 2016, a empresa não repassava os vale atividade; que quanto ao deferimento de pagamento de danos

alimentação aos vendedores; que após essa data a empresa morais em razão da suposta não concessão de férias, não houve

camufladamente fazia esse repasse da seguinte forma: por qualquer razoabilidade na fixação do valor de reparatório de R$

exemplo, se eu ganhasse R$ 1.500,00, vinha descontado 100% dos 10.000,00; que a condenação em vale alimentação e auxílio

vales de alimentação (R$ 347,00) e vale de combustível (R$ combustível trouxe fundamentação deficiente e genérica, sendo

280,00) nessa comissão de R$ 1.500,00, de modo que eu só inválida; que na condenação de multa convencional não é possível

receberia a diferença, isso ocorrendo com o reclamante e com verificar a que acordo ou norma coletiva se refere, por ausência de

todos os demais vendedores; que a empresa não apontava esses juntada aos autos do respectivo instrumento normativo; que o

descontos no contracheque; que o pagamento da comissão já vinha recorrido não comprovou o alegado estado de miserabilidade.

com o desconto;"" Analisa-se:

Nesse contexto, julgo procedente também este pedido, condenando INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. Uma vez que a inicial, no

a reclamada ao pagamento de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio juízo deste relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da

Combustível e R$ 340,00 por mês a título de vales alimentações, CLT, a emenda à inicial ID. bae7e75 não a desnatura, eis que

totalizando um ressarcimento de R$ 620,00 por mês, no período de mantida a forma padrão de indicação de valores, como acentua a

01.08.2016 a 08.03.2020. norma celetista antes destacada e acrescenta meras corrigendas

-Não pagamento de vales alimentação no período que, assim como a reclamação vestibular, foi regulamente

compreendido entre 08/2015 07/2016 submetida ao contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de

Por fim, sem necessidade de aprofundadas digressões, verifica-se aplicação do artigo 840, § 3º, da CLT. Sob esse enfoque a sentença

que também não há notícia ou comprovação nos autos do é irreprochável.

pagamento dos vales alimentação no período mencionado no título TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula-

do presente tópico, ou seja, entre os dias trabalhados entre a data 357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a

do corte prescricional e 31.07.2016, razão porque compõe também testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra

a condenação a referida verba, no importe de R$ 6,50 por dia no o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é

período de 10.08.2015 a 31.12.2015 e R$ 7,50 por dia no período válido. Incidente que se rejeita.

de 01.01.2016 a 31.07.2016, a média de 28 dias por cada mês, COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Não houve por

consoante cláusulas 22ª da CCT 2015/2015 e 2016/2016. parte da sentença recorrida confusão entre as rubricas "comissões"

(...)" e o alegado "bônus PPR". Colhe-se do depoimento do preposto da

3. Irresignada, a reclamada interpôs recurso ordinário, alegando que parte recorrente ID. c07ec81 - Pág. 2 que uma rubrica substituiu a

a emenda a inicial apresentada pelo recorrido expressa ausência de outra, estando correta a decisão recorrida de que ambas possuíam

liquidação, não merecendo a ação regular processamento, a teor do a mesma natureza remuneratória, ilação que se acomoda no artigo

artigo 840, § 3º, da CLT; que a testemunha Francisco Rafael Lima 457, § 1º, da CLT.

dos Santos era suspeita para depor, de vez que autora de ação PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do

trabalhista contra a recorrente, ficando, com isso, patente o nítido pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a

interesse na presente contenda; que a sentença recorrida, empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR". Com

alusivamente a condenação da recorrente em comissões, confundiu efeito, o comissionamento constou dos contracheques do recorrido

tal parcela com a participação nos lucros, além de desconsiderar a até julho de 2016, conforme inicial, passando a condição de

natureza indenizatória dessa parcela; que não havia pagamento remuneração "por fora" a partir daquela data. Logo, evidenciado que

"por fora", nada tendo sido comprovado; que condenar sem o paga perdurou, mas revestida do nome de PPR, supostamente

considerar o contraditório, constitui ofensa ao artigo 93, IX, da indenizatória, todavia, corretamente rejeitada a hipótese no juízo

Constituição Federal; que não houve redução salarial, não sentenciante, tem-se por verdadeiramente comprovada a sua

comprovando o recorrido, em sua exordial, na instrução ou nos existência, carecendo da mais mínima procedência a alegação

documentos por ele acostados, quais os valores das supostas recursal de que a decisão vergastada, nessa questão, não teria

comissões que lhe seriam devidos; que no tema da periculosidade, observado o contraditório e, mais distante ainda, a hipótese de

de ser frisadoque a testemunha da reclamada informou que a não violação ao artigo artigo 93, IX, da Constituição Federal.

era exigido moto para realização da atividade, sendo escolha do REDUÇÃO SALARIAL. A redução salarial está relatada no

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depoimento da testemunha FRANCISCO RAFAEL LIMA DOS Trabalho em que se vê, conferindo-lhe idoneidade a numeração de

SANTOS ID. c07ec81 - Pág. 4, reduzindo a empresa, de forma registro no MTE. Perfeito o pedido quanto à forma, nada se vê que

gravosa, os patamares a partir dos quais se dava o justifique sua exclusão da condenação.

comissionamento. A sentença invocou acertadamente a aplicação JUSTIÇA GRATUITA. A decisão vergastada não merece reforma.

do artigo 468, da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é Embora das regras do artigo 790, da CLT, A parte reclamante

lícita a alteração das respectivas condições por mútuo declarou no documentoID. f4ba818 - Pág. 3 não ter condições de

consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou arcar com os custos do processo. Dessa forma, a simples

indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de que não

cláusula infringente desta garantia. Nada há, portanto, o que reúne condições econômicas para arcar com as despesas

reformar. processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, é

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Desde logo se há ressaltar suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da

que a suposta não exigência do empregador para que fosse justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte

utilizada uma motocicleta no trabalho, não desnatura a aplicação do reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos

artigo193, § 4º, da CLT. A atividade perigosa ali definida não benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.

condiciona a uma condição contratual, mas a existência do fato. 99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT),

Ademais, do depoimento da mesma testemunha acima segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência

referenciada, extrai-se a certeza de que o uso da motocicleta era deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,

exigido; "que no ato da contratação foi informado que o vendedor do item I da Súmula nº 463 do TST.

tinha que ter moto para ser contratado; que na PA01 havia 14 4.O reclamante igualmente se insurgiu contra a sentença de origem,

vendedores, todos eles utilizando moto para o trabalho; que nunca alegando que a decisão recorrida deve ser reformada para a

viu o reclamante trabalhar em outro veículo, senão moto, até porque condenação da empresa ao pagamento em dobro dos descansos

não tinha condições de a gente se locomover de carro com a semanais não concedidos e os alusivos ao trabalho em feriados;

quantidade de dinheiro que a gente transportava, pois era pedir que merece reparado os danos morais pelo transporte de valores, e

para ser assaltado". Logo, a sentença objurgada deve ser mantida. a obrigação de o recorrente arcar com o reembolso de assaltos e

REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE DO valores de clientes inadimplentes.

VALOR ARBITRADO. Considerado o regramento do artigo 223-G, Ao exame:

da CLT, conjugado com a remuneração total do recorrido, o valor DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O

arbitrado de R$ 10.000,00 não denota irrazoabilidade, do que fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao

confirmar o julgamento recorrido. enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da

VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Embora a peça CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente

recursal aluda a fundamentação sentenciante genérica, não é, de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais

deveras, o que deflui da sentença de origem. A parte recorrente não das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase

comprovou o pagamento das parcelas, estando assim nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a

fundamentada a decisão recorrida, escorada em prova testemunhal, possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados

ademais, que revelou a existência de espécie de salário trabalhados.

complessivo, posto que as rubricas eram descontadas no ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte de

comissionamento. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado na

importância ou percentagem para atender englobadamente vários inicial ID. 4e8ddc2 - Pág. 15, não se confirmou nas provas dos

direitos legais ou contratuais do trabalhador (Súmula-91/TST). autos. A ausência de verossimilhança foi captada com agudeza pelo

Condenação mantida. juízo sentenciante; "evidente que o reclamante distorce a realidade

MULTA CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO nesse tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão". Nesse

NORMATIVO INDICADOR. O item Fda inicial indica as cláusulas termos, de se manter o julgamento recorrido por ausência de

normativas violadas pela parte recorrente. O documento alusivo vê- comprovação efetiva de transporte de elevados valores e da

se às fls. ID. 55c108a. Descartada, portanto, a eventualidade de submissão a assaltos.

que o recorrido tivesse pleiteado reparação com base em cláusula Isto posto,

normativa, sem apresentar a respectiva Convenção Coletiva de

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ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS


SANTOS(OAB: 16498/CE)
RECORRIDO ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA
CONCLUSÃO DO VOTO
ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO
MOTA(OAB: 24616/CE)
ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA
MARIANO(OAB: 24605/CE)
Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes RECORRIDO REDEFONE COMERCIO E
SERVICOS LTDA
provimento. ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS
SANTOS(OAB: 16498/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - REDEFONE COMERCIO E SERVICOS LTDA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, RECURSOS ORDINÁRIOS.

conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes RECURSO DA PARTE RECLAMADA.

provimento. 1.INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. A inicial, no juízo deste

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da CLT. Não a

Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José desnatura eventual emenda, porque mantida a forma padrão de

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) indicação de valores, acrescentando meras corrigendas que, assim

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo como a reclamação vestibular, foi regulamente submetida ao

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de aplicação do artigo

Fortaleza, 18 de julho de 2022. 840, § 3º, da CLT.

2.TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula

-357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a

testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra

o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é

válido.

3.COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS (BÔNUS PPR).

CLAUDIO SOARES PIRES Se o preposto da parte recorrente admite que uma rubrica (Bônus

Desembargador Relator PPR) substituiu a outra (Comissões), está correta a decisão

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. recorrida na conclusão de que ambas possuíam a mesma natureza

remuneratória, ilação que se acomoda no artigo 457, § 1º, da CLT.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART 4.PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do

Diretor de Secretaria pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a

empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR", parcela


Processo Nº ROT-0000640-76.2020.5.07.0003
supostamente indenizatória, todavia, hipótese corretamente
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA rejeitada no juízo sentenciante.
ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA 5.REDUÇÃO SALARIAL. Comprovada a redução de forma gravosa
MARIANO(OAB: 24605/CE)
ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO dos patamares a partir dos quais se dava o comissionamento, a
MOTA(OAB: 24616/CE)
evidência atrai a aplicação do artigo 468, da CLT. Nos contratos
RECORRENTE REDEFONE COMERCIO E
SERVICOS LTDA individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não dar tons de juridicidade a sua pretensão". De se manter, destarte, o

resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob julgamento recorrido por ausência de comprovação efetiva de

pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. transporte de elevados valores e da submissão a assaltos.

6.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. A inexistência de obrigação Recursos improvidos.

do empregador para que seja utilizada uma motocicleta no trabalho,

não desnatura a aplicação do artigo193, § 4º, da CLT. A atividade

perigosa ali definida não condiciona a uma condição contratual, RELATÓRIO

mas, a existência do fato.

7.REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE DO

VALOR ARBITRADO. Não denota irrazoabilidade o valor arbitrado V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

para reparação por danos morais (ausência reiterada de concessão ORDINÁRIO (1009), provenientes da MM. 3ª VARA DO

de férias), quando considerado o regramento do artigo 223-G, TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, ANTONIO

conjugado com a remuneração total do obreiro. WILTON BRUNO DA SILVA,REDEFONE COMÉRCIO E

8.VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Se a parte SERVIÇOS LTDA, e recorridos, ANTONIO WILTON BRUNO DA

recorrente não comprova o pagamento das parcelas de cuja SILVA, REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA.

existência não se duvida, estando assim fundamentada a decisão Irresignados com a sentença ID 5159d94, que rejeitando as

recorrida, revelando a existência de espécie de salário complessivo, preliminares suscitadas e declarando prescritas as verbas

nada há o que reformar. Nula é a cláusula contratual que fixa anteriores a 10.08.201 julgou parcialmente procedentes os pedidos

determinada importância ou percentagem para atender da reclamação trabalhista, o Reclamante (ANTONIO WILTON

englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador. BRUNO DA SILVA) e a parte reclamada (REDEFONE COMERCIO

9.JUSTIÇA GRATUITA. A parte reclamante declarou em E SERVICÇOS LTDA) opuseram recursos ordinários.

documento não ter condições de arcar com os custos do processo. Contrarrazões ofertadas pelo Reclamante (Id 3bfb85c) e pela parte

Dessa forma, a simples declaração de que o postulante é pobre na reclamada (Id 2e7ef1d).

forma legal e de que não reúne condições econômicas para arcar

com as despesas processuais, sem grave prejuízo próprio ou de

sua família, é suficiente e merecedora de fé para a concessão dos FUNDAMENTAÇÃO

benefícios da justiça gratuita. Nesse sentido o § 3º do art. 99 do

CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), segundo o

qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida ADMISSIBILIDADE

exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim, do item I Recurso de ambos os litigantes regularmente interpostos (ID.

da Súmula nº 463 do TST. 8a201c1 e ID. 2f06bce), dá-se trânsito.

RECURSO DA PARTE RECLAMANTE. MÉRITO

1.DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O REMUNERAÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. ADICIONAL DE

fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao PERICULOSIDADE. FERIADOS TRABALHADOS. FÉRIAS.

enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE

CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente IRREGULAR DE VALORES. DESCONTOS DECORRENTES DE

de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais ASSALTOS. DESCONTOS DE AUXÍLIO COMBUSTÍVEL E VALE

das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase ALIMENTAÇÃO.

nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a

possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados 1.Cuida-se de ação trabalhista proposta por ANTONIO WILTON

trabalhados. BRUNO DA SILVA contra REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS

2.ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte LTDA, fundamentada nas alegações de que o reclamante foi

de elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado admitido em 01.03.2004, nas funções de vendedor, que auferia

na inicial, não se confirmou nas provas dos autos. A ausência de remuneração mista composta de piso salarial fixo previsto nas

verossimilhança foi captada com agudeza pelo juízo sentenciante; CCT's e comissões; que a reclamada jamais fez constar

"evidente que o reclamante distorce a realidade nesse tocante para oficialmente a remuneração integralizada do reclamante, somente o

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 219
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fazendo a partir de 01.08.2016; que a partir de 2018 a reclamada suficiente a mera estimativa, para que reste satisfeito o requisito do

reduziu o percentual das comissões, com infringência aos artigos art. 840 da CLT.

468 da CLT e 7º, VI, da Constituição Federal; que a reclamada tem Por se tratar de mera estimativa, não há necessidade de que seja

a obrigação de retificar a CTPS do reclamante para fazer constar liquidada a diferença também decorrente das alterações promovidas

corretamente as comissões, e a de pagar diferenças salariais; que na emenda à inicial, uma vez que a lei não exige a liquidação do

exercia suas obrigações com o concurso de uma motocicleta, tendo julgado, mas, como já dito, a mera estimativa, razão pela qual

direito a adicional de periculosidade, a ter da Lei nº 12.997/2014 e rejeito a preliminar em questão.

artigo 193, § 4º, da CLT; que não usufruía de descanso semanal e - Prescrição quinquenal

dos trabalhos nos dias feriados; que nunca gozou férias; que tem Sem necessidade de maiores aprofundamentos, reconheço a

direito a reparação por danos morais, decorrentes de descontos por prescrição quinquenal prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição

assaltos sofridos, transporte irregular de valores e ausência de Federal, conforme suscitado pela reclamada, em razão do que

concessão regular de férias; que eram descontados das comissões considero prescritas todas as verbas cuja exigibilidade seja anterior

os valores do auxílio combustível e vale alimentação. a 10.08.2015.

2.Examinando os temas destacados, concluiu o juízo sentenciante - Comissões

(ID. 5159d94): O reclamante inicia seu elenco de pedidos tratando das comissões

"(...) que recebia, mais precisamente sustentando que, entre a data de

-Inépcia da petição inicial corte prescricional (10.08.2015) e o dia 31.07.2016 recebeu as

Alega a empresa que a petição inicial é inepta porque o reclamante comissões que lhe cabiam de forma clandestina, razão pela qual a

não teria declinado a causa de pedir que tornaria pertinente o referida verba não foi considerada na base de cálculo das demais

pedido da parte reclamante, voltado a requerer os extratos parcelas remuneratórias.

bancários das instituições pelas quais o reclamante recebia suas Em seguida, a parte autora relata que a partir de 01.08.2016 a

comissões. reclamada cessou o referido ilícito, passando a incluir na base de

Contudo, mera leitura do tópico em referência torna evidente o cálculo de férias, FGTS e 13º salários, as comissões mensalmente

caráter vazio e inconsistente da arguição, uma vez que se refere ao recebidas, que passaram a compor "oficialmente" a remuneração do

próprio mérito da demanda, referente a procedência e pertinência empregado.

ou não do pedido em questão, discutindo a veracidade ou não da Além disto, o reclamante alega também que a partir do ano de 2018

narrativa do autor, de forma claramente descabida. em diante passou a sofrer alterações lesivas quanto ao pagamento

Ademais, resta por demais óbvia a pertinência, na medida em que das comissões, trazendo causa de pedir nos seguintes termos:

se acha controverso o valor das comissões pagas mensalmente ao ""Relata ainda o reclamante que nos anos de 2018, 2019 e 2020

reclamante. passou a sofrer patente alteração contratual lesiva, ao ter reduzida

A petição inicial trabalhista pode ser redigida de forma mais simples, unilateralmente pelo empregador o percentual de suas comissões

bastando a exposição dos fatos, a breve fundamentação e o as quais até e então eram fixas e no percentual de 1,40% sobre as

requerimento final e, nesse sentido, a peça produzida pelo autor, vendas mensais até a competência 12 /2017, diminuídas para o

concretamente considerada, cumpre os requisitos previstos no § 1º patamar fixo de 1,25% sobre as vendas mensais a partir de 01/2018

do art.840 da CLT, não havendo prejuízo para a parte contrária e empós passou foi novamente reduzida para o patamar variável de

quanto ao entendimento dos pedidos e da causa de pedir, o que 0,85%, 0,70% ou 0,45% sobre as vendas mensais da competência

propicia, de modo satisfatório, o acesso à ampla defesa. de 01/2019 até o deslinde contratual, assim sendo faz jus o obreiro

Na verdade, na espécie, a inicial não apresenta vício algum que às diferenças de salários por comissões e DSR's sobre tais

possa comprometer a boa compreensão da peça e a preliminar, a comissões, nos seguintes patamares:""

bem da verdade, não evidencia efetiva hipótese de aplicação do Assim foi disposta a causa de pedir, quanto a este objeto, sendo

instituto da inépcia, bastando-se na defesa retórica, o que não é possível observar que foram relatados dois ilícitos.

suficiente para ensejar o seu acolhimento, restando, pois, rejeitada. Acerca do primeiro deles, qual seja, a não inclusão das comissões

- Ausência de liquidação recebidas na base de cálculo das demais parcelas remuneratórias,

Rejeito a preliminar erigida pela reclamada nesse tocante, uma vez no período compreendido entre 10.08.2015 e 31.07.2016, apesar da

que a parte reclamante trouxe cálculo estimado do valor que natureza salarial da verba, a contestação apresenta confuso teor

entende devido em decorrência dos pedidos iniciais, restando confuso, como se observa no trecho adiante transcrito:

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 220
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

""Em princípio, cumpre ressaltar que os valores remuneratórios comprometimento dos funcionários na busca de melhores

pagos "por fora" são totalmente inverídicos, uma vez que a resultados.

reclamada em seus documentos apensos comprova ter efetuado Dentre outras vantagens, mantém o trabalhador motivado, alinhado

TODOS OS PAGAMENTOS referente a remuneração fixa. com as metas e os objetivos da empresa e ciente do seu importante

Conforme cópia dos contracheques que se juntam com a presente papel no processo produtivo, produzindo resultados positivos e

defesa, bem como cópia da CTPS do reclamante, onde se verifica a ampliando a competitividade da organização.

evolução salarial deste, comprova-se que os valores que ele dizia Tal instituto funcionava como um bônus, que é ofertado pelo

receber estão bem distantes da realidade. empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores da

Ademais, informa média de comissões sem demonstrar a forma que empresa.

se chegou aos valores mencionados, claramente, em ato de má-fé. Em suma, a base de cálculo da PPR não possui qualquer relação

Neste ensejo, a reclamada afiança que o reclamante não fora com o salário percebido.""

contratado para perceber nenhum pagamento sem consignação. Como se observa, nesse tocante, a contestação é substancialmente

Até porque, nos próprios comprovantes de pagamento acostados genérica, visto que se limita à afirmação de que o reclamante

pelo autor há o pagamento de DSR e comissões, além do salário recebeu todas as verbas regularmente.

fixo. Após, o reclamado alega que o próprio autor teria comprovado,

O pagamento sem consignação que o reclamante busca querer juntando documentos, que as comissões eram pagas nos

fazer crer ao d. Juízo não existe. Em verdade, observando os contracheques, parecendo não ter analisado atentamente a petição

contracheques colacionados a esta peça, o que ocorre é que havia inicial, a qual, a tal respeito, é expressa no sentido de que o ilícito

o pagamento de bonificações pagas aos funcionários. somente ocorreu até 31.07.2016. Ou seja, desde a petição inicial o

Depara-se, outrossim, frente a um equívoco terminológico, visto que próprio autor já relata que a partir do dia seguinte à data

não havia pagamento "não pagos em folha" nos importes trazidos à mencionada a reclamada passou a não mais proceder de forma

baila, porquanto se tratava de um valor fixo. ilícita.

Ora, Excelência, como poderia haver pagamento por fora quando o Em seguida, traz tese sucessiva, alegando que caso seja

próprio reclamante apresenta prova contraditória a seus pleitos, reconhecido algum valor recebido "por fora", este se trataria de um

demonstrando de forma inequívoca a rubrica de suas comissões? bônus de uma tal ferramenta PPR, parecendo confusa quanto aos

Note-se ainda que o extrato bancário acostado pelo reclamante é institutos de que trata, tese esta que, tal como a anterior, não se

decorrente de sua conta corrente, ou seja, a conta bancária permite sustenta, na medida em que não fora efetivamente explicado pela

aplicações (débito automático ou depósito bancário) de contas de parte reclamada a previsão legal ou regulamentar que afastasse a

titularidades distintas sem qualquer relação com a reclamada. natureza salarial da verbas em questão, recebida de forma

Logo, as próprias provas apresentadas pelo reclamante não têm clandestina, ou mesmo como seria ao mesmo tempo bônus e

qualquer condão de corroborar com o alegado, tumultuando o participação nos lucros.

processo muito mais do que sanando qualquer controvérsia. Em depoimento, o preposto da reclamada alega que um programa

Ora, cabe ao reclamante, se porventura existisse, a demonstração substituiu o outro, reforçando a identidade da natureza de ambos.

dos supostos valores pagos extrafolha e não é só, deve demonstrar A testemunha do reclamante, por sua vez, trouxe depoimento firme

que tais valores supostamente integram-se em sua remuneração e e elucidativo, por meio do qual confirma com precisão o estado de

não se tratam de bonificações, pois a simples alegação de existir coisas narrado na petição inicial, tanto quanto ao primeiro ilícito

pagamento "por fora" sem trazer as provas concretas de que (comissões clandestinas) como quanto ao segundo, referente à

ocorrera, nada mais são do que meras palavras sem força redução gradativa do percentual das comissões recebidas, o que

probatória, frutos de um inconformismo derivado de um dissabor. constitui flagrante alteração em prejuízo do trabalhador.

Portanto, numa remota hipótese de Vossa Excelência entender que Reputo conveniente transcrever também o seguinte trecho do

há pagamentos de valores além daqueles anotados na carteira, depoimento em questão:

depreende-se que esses valores, no período afirmado pelo autor ""1) que trabalhou na reclamada de 16/09 /2011 a 06/01/2020, na

nada mais são do que PPR. função de vendedor e cobrador externo; que depoente e reclamante

O PPR é uma ferramenta de gestão que permite uma maior realizavam as mesmas funções; que "geralmente a gente se

participação e empenho dos empregados na produtividade da encontrava no mesmo PA01, tanto na parte da manhã como na

empresa, proporcionando a atração, a retenção, a motivação e o parte da tarde"; que a prestação de contas era feita pelo depoente e

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reclamante diariamente, na parte da manhã e na parte da tarde; que imposição das regras, sem chance de contestação pelos

os produtos vendidos era: recarga física e recarga on line e chips vendedores; que a empresa não pagava o PPR, pois o depoente

das operadoras Tim, Oi e Vivo; que se encontrava com o sempre recebeu a remuneração como sendo salário mais comissão,

reclamante na PA, entre 7h e 9h da manhã e entre 16h e 17h; que a o mesmo ocorrendo com os demais vendedores, inclusive o

PA fica aberta de segunda a sábado das 7h às 18h e, dependendo reclamante; que desconhece a existência de contrato da reclamada

da data do mês (isso do dia 01 ao dia 10), em domingos das 7h às ou dos vendedores com e empresa Yellow Card; que os

13h; que até agosto de 2016, a remuneração era composta de supervisores recebiam comissionamento sobre as vendas da

salário fixo mais 1,4% fixos de tudo o que vendesse, recebendo as equipe; que até agosto de 2016, o montante de remuneração do

comissões pagas por fora na PA em espécie; que depois de agosto depoente e dos demais (porque nessa época era quase todo mundo

de 2016, as comissões ficaram sendo pagas em contracheque e, igual) girava em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, já incluso o

em data que não se recorda, a remuneração desceu para salário salário fixo; que o depoente já chegou a receber tais valores, na

fixo mais 1,25% fixos de tudo o que vendesse; que a partir de época, no mesmo dia do reclamante, ambos na PA, ou seja, o

janeiro de 2019, passou a ser de salário fixo mais comissão depoente tato recebeu como presenciou o reclamante recebendo,

escalonada conforme volume de vendas, sendo 0,45% a partir de na PA, tal valor remuneratório das mãos do Júnior, representante

R$ 181.000,00, 0,75% a partir de R$ 251.000,00 e 0,80% a partir de financeiro da reclamada;""

R$ 301.000,00; que essa redução do percentual de comissões para A esse respeito, considero oportuno relembrar o conteúdo do art.

0,45% foi a mais gravosa, porque se vendêssemos R$180.500,00, 468 da CLT, segundo o qual:

ficávamos só com o salário fixo sem nada de comissão; que a Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a

comissão sobre a venda dos chips era de R$0,50 em cada chip; que alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e

a empresa controlava as vendas em geral por um aplicativo ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente,

chamado TOP LINE, que tinha as datas e os horários em que prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula

prestava conta na PA e o total de vendas que fazia no mês; que infringente desta garantia.

também tinha o aplicativo CIS, em que antes de começar a rota eu Nesse contexto, tendo sido comprovados os fatos narrados na

pré-estabelecia qual o valor total de vendas que eu pretendia atingir, petição inicial, seja quanto à inclusão das comissões na base de

isso no início da jornada, antes de começar a rota, de modo que até cálculo de outras verbas no início do contrato, seja quanto à

8h da manhã eu tinha que fazer isso todos os dias de segunda a redução do percentual destas, julgo os pedidos constantes no

sábado e tinha que encerrar esse CIS até as 18h, dizendo todo o presente tópico procedentes em sua integralidade.

valor que eu vendi; que também havia o aplicativo AFV, que tinha Em virtude desta conclusão, condeno a reclamada inicialmente ao

que alimentar dizendo quanto eu vendi para determinado cliente; cumprimento de consistente na retificação obrigação de fazer da

que essa mesma sistemática de comissões e as alterações dos CTPS (física e digital) do reclamante, fazendo constar, junto às

percentuais acima descrita ocorreu também com o reclamante; que anotações gerais: "Retificação a remuneração contratual de fl. 12,

o depoente tinha em média 120 clientes em carteira; que o para informar que o portador desta CTPS percebia mensalmente

reclamante tinha em média 240 a 250 clientes, já que a rota dele remuneração mista composta de piso salarial fixo, comissões no

era maior que a minha; que a venda desses produtos se dava tanto patamar de 1,4% por mês sobre as vendas + R.S.R.

online como presencial; que as cobranças se davam de forma Igualmente, condeno a reclamada ao pagamento das seguintes

presencial, ou seja, o vendedor passava as recargas e logo depois verbas (já constando no elenco de verbas abaixo a retificação de

ia buscar o dinheiro ou o cheque; que perguntado se o cliente não erro material relatada na emenda à petição inicial de id ff47c7d),

poderia fazer uma transferência bancária para o vendedor não ter mas devendo o calculista atentar para a retificação de constante na

que ir buscar o dinheiro, respondeu que não era assim que ocorria, emenda de id bae7e75:

até porque a PA não aceitava transferência e sim dinheiro ou A) Reflexos dos salários por fora de 10.08.2015 a 31.07.2016 em:

cheque; que não havia nenhuma empresa terceirizada para efetuar FGTS, Multa de 40%, Férias + 1/3 Constitucional (2015 a 2016), 13º

cobrança de inadimplentes "e a gente era quem levava o cano se salários (2015 a 2016) e DSR's (2015 a 2016);

não conseguisse receber do cliente"; que havia meta de prospecção B) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro e 2018 a 31

de novos clientes, ou seja, mais 10 clientes por mês; que havia Dezembro de 2018 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de

reuniões feitas pelo gerente Mailson ou pelo supervisor da PA 1,4% para 1,25%);

Ricardo ou pela supervisora Vanessa, todas as quintas-feiras, com C) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro 2019 a 31

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Dezembro de 2019 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de afastados pela de nº 5/2015, do então MTE, apenas para os filiados

1,40% para 0,70%); à referida associação.

D) Diferenças salariais Comissões de 01 Janeiro de 2020 a 08 de Procedente, pois, o pedido, restando a reclamada condenada ao

Março 2020 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de 1,40% pagamento de adicional de periculosidade, no percentual de 30% do

para 0,85%); salário base do reclamante, durante todo o contrato de trabalho,

E) Reflexos das Diferenças salariais das Comissões reduzidas observado o corte prescricional, com todos reflexos nas demais

ilicitamente de 01 Janeiro de 2018 a 08 de Março 2020 e DSR's parcelas remuneratórias.

sobre comissões em: Aviso Prévio, FGTS, Multa de 40%, Férias + -Trabalho em feriados. Supressão do RSR.

1/3 Constitucional (2018 a 2020), 13º salários (2018 a 2020); O reclamante alega ainda que trabalhava todos os dias, sem RSR

F) Multas Convencionadas nas cláusulas 70ª CCT 2015/2015 e ou feriado, requerendo o pagamento destes em dobro.

2016/2016, 71ª CCT 2017/2017, 67ª CCT 2018/2018 e 69ª CCT O reclamado, por sua vez, centra sua tese de defesa na

2019/2020, equivalente 01 (um) piso salarial previsto em cada circunstância de ser o trabalho desempenhado externo, defendendo

convenção coletiva (Cláusula 3ª das CCT's 2015 a 2020), por que não controlava a jornada do autor.

violação às Cláusulas 16ª CCT's 2015/2015, 2016/2016 e Ocorre que resta incontroverso nos autos que o reclamante

2017/2017, Cláusulas 15ª CCT's 2018/2018 e 2019/2020 (por não desempenhava trabalho externo, não tendo sido comprovado, no

anotação na CTPS do percentual das comissões + R.S.R) e entender deste juízo, de forma suficiente pelo reclamante que a

Cláusulas 46ª das CCT's 2015, 2016 e 2017; Cláusulas 44ª da CCT reclamada efetivamente controlava sua jornada.

2018 e 45ª da CCT 2019/2020 (por não concessão do descanso Nesse tocante, cumpre destacar o fato de existir aplicativo que

Semanal remunerado). registra o horário das vendas não se revela suficiente, no entender

-Adicional de periculosidade deste juízo, para que se considere que havia controle de jornada.

O reclamante requer ainda o pagamento de adicional de Com efeito, o fato de o aplicativo estar disponível para a efetivação

periculosidade, justificando o pedido com narrativa segundo a qual de transações em dias não úteis não implica necessariamente que o

realizava seu trabalho diariamente de motocicleta, pedido que faz trabalho em referidos dias era imposto pela reclamada.

com base no expresso conteúdo do art. 193, II, § 4º, da CLT. Nesse contexto, por entender que o reclamante se enquadra na

Em resposta, a reclamada alega limita-se a alegar que jamais exigiu exceção prevista no art. 62, I, da CLT, julgo improcedentes os

que o reclamante laborasse em motocicleta, o que restou pedidos relativos à jornada de trabalho, uma vez que comprovado o

desconstruído no item 3 do depoimento da testemunha do autor, desempenho de trabalho externo.

bem como que a Portaria do então MTE 05/2015 é materialmente -Não concessão de Férias. Dano existencial decorrente.

inconstitucional que, o que não se sustenta, na medida em que não O reclamante alega também que não gozava de férias, embora

qualquer interesse, seja deste juízo, seja da sociedade, que uma assinasse os recibos respectivos.

norma, tão cara à segurança do trabalho, seja tida como letra morta. A narrativa foi comprovada com objetividade pela testemunha do

Se a própria reclamada estabeleceu o meio de locomoção a ser reclamante, nos seguintes termos:

utilizado como motocicleta, consoante expressamente comprovado ""2) que o depoente sempre recebeu o valor das férias, mas nunca

no item 3 do depoimento da testemunha do reclamante, resta chegou a gozar um dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido

evidente que não havia qualquer faculdade nesse sentido, mas com todos os vendedores; que chegou a ver o reclamante

imposição nos termos em que comprovado pela prova testemunhal. laborando em período em que, supostamente estaria de férias; que

Este juízo entende que, independente da quantidade de clientes quando começava o período das férias "a gente trabalhava com um

que o reclamante visitava, a motocicleta constituía instrumento de login alternativo que era criado com a finalidade de a gente deixar

trabalho seu. de usar o login comum e passar a usar esse login das férias"; que

Em outras palavras, entendo que o ato de deslocar-se, entre esse login para usar nas férias ficava sob a responsabilidade do Sr.

diversos clientes, era inerente às atribuições do reclamante, razão Júnior, representante comercial da reclamada; que mesmo sem

porque o cenário fático ora reconhecido, sem necessidade de gozar férias, era exigido dos vendedores a assinatura dos recibos

maiores digressões, atrai a aplicação do art. 193, § 4º, da CLT. de férias; que o depoente e demais vendedores sempre receberam

Não sendo a reclamada filiada à Associação Brasileira das o valor das férias, porém sempre em cima do valor do salário base e

Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não alcoólicas, constata-se continuando a trabalhar, isso porque não existia um vendedor

que os efeitos Portaria nº 1.565/2014 mantém-se vigentes, visto que substituto que conhecesse a rota para poder tirar as férias do outro;

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que outro motivo de o vendedor não tirar férias e2) que o depoente metas pessoais, desejos, objetivos etc) e de relações interpessoais

sempre recebeu o valor das férias, mas nunca chegou a gozar um do indivíduo.""

dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com todos os Com efeito, a concessão de férias constitui uma das mais

vendedores; que chegou a ver o reclamante laborando em período importantes medidas de saúde e segurança do trabalho, que

em que, supostamente estaria de férias; que quando começava o possibilita o essencial gozo de momentos de descanso e lazer com

período das férias "a gente trabalhava com um login alternativo que familiares e amigos, além de possibilitar a realização de viagens e

era criado com a finalidade de a gente deixar de usar o login comum outros eventos tão caros a uma vida saudável.

e passar a usar esse login das férias"; que esse login para usar nas Tendo sido comprovado pela testemunha do reclamante que, ao

férias ficava sob a responsabilidade do Sr. Júnior, representante longo dos anos, as férias não eram concedidas, de forma

comercial da reclamada; que mesmo sem gozar férias, era exigido generalizada, reputo evidente a perturbação do estado de coisas

dos vendedores a assinatura dos recibos de férias; que o depoente narrado no parágrafo anterior.

e demais vendedores sempre receberam o valor das férias, porém Nesse contexto, verifica-se que a reprovável conduta da reclamada

sempre em cima do valor do salário base e continuando a trabalhar, espraiou efeitos deletérios à vida da reclamante com óbvio abalo

isso porque não existia um vendedor substituto que conhecesse a moral, apenas compreendido por aqueles que enfrentam tamanho

rota para poder tirar as férias do outro; que outro motivo de o percalço da obtenção de direitos básicos, após uma vida inteira

vendedor não tirar férias e nem ser substituído, decorria do fato da dedicada à prestação de serviços na reclamada.

relação de fidúcia entre ele e os clientes nem ser substituído, Nessa ordem de ideias, entende este juízo que, tendo a conduta da

decorria do fato da relação de fidúcia entre ele e os clientes daquela reclamada imposto consequências nefastas na saúde do

rota; que a rota do reclamante era Vila Peri, Bonsucesso e depois reclamante e de sua família, estão preenchidos os elementos da

outro bairro que o reclamante ganhou antes de sair da empresa e responsabilidade civil, visto que a reclamada deu causa ao dano,

cujo nome não se recorda;"" nos termos em que aqui explicitado.

Como se observa, tendo o reclamante se desincumbido de seu Reconhecida a responsabilidade civil e o dever de reparação, este

ônus probatório quanto ao fato de que as férias não eram gozadas, juízo esclarece de logo que considera claramente inconstitucional a

a despeito da realidade formal arquitetada pela reclamada para tarifação da indenização reparatória por dano moral estabelecida

mascarar o que de fato se passava, a procedência do pedido é pela Lei nº 13.467/2017, com a introdução do art. 223-g, §§ 1º a 5º,

medida que se impõe, diante da necessidade de observância do na CLT, por afrontar os artigos 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos V e

princípio da primazia da realidade, restando a reclamada X e caput do artigo 7º da Constituição Federal, diante da ofensa ao

condenada ao pagamento das dobras das férias vencidas e não princípio da dignidade da pessoa humana, ao admitir que a esfera

gozadas no período não prescritas: 2015/2016, 2016/2017, personalíssima do ser humano, trabalhador ou dependente, pode

2017/2018 e 2018/2019, com o acréscimo de 1/3 constitucional. ser violada sem a reparação ampla e integral.

O reclamante realiza também pedido correlato a esse, de O desrespeito ao artigo 5º, V e X da Constituição é flagrante, na

indenização por dano existencial, relatando que, diante da não medida em que a alteração traz valores irrisórios frente ao potencial

concessão reiterada de férias, viu-se impossibilitado do convívio ofensivo da multiplicidade de situações que podem ocorrer,

com a família e amigos, tendo aprofundado a causa de pedir nos representando tratamento discriminatório ao trabalhador.

seguintes termos: Ofende ainda a isonomia, por destinar regulação diferenciada em

""Conforme mencionado nos tópicos anteriores o trabalhador relação a todas as demais relações jurídicas que envolvam

durante toda a sua contratualidade (cerca de 16 anos) JAMAIS teve reparação civil, e justamente ao trabalhador, em regra

concedido por parte do seu empregador o seu lídimo Direito as hipossuficiente e reivindicador de direitos básicos, relacionados à

férias (2004 a 2019) a fim de usufruir do convívio social junto a sua subsistência própria e de sua família, como no presente caso

família e amigos, de igual modo praticava jornada extremamente concreto.

extenuante de segunda à domingo (em regra de 07h00min às Ofende a isonomia ainda o estabelecimento de indenização com

19h00min), entretanto ficava integralmente à disposição dos clientes base na remuneração do ofendido, como se tal critério fosse

da reclamada para abastecê-los a qualquer hora dia ou da noite. suficiente para tornar um ser humano mais digno que outro, pelo

Assim sendo tem-se que o dano existencial é espécie do gênero simples fato de auferir remuneração superior.

dano imaterial cujo enfoque está em perquirir as lesões existenciais, Nessa linha, reputo razoável, com base na gravidade do ilícito e no

ou seja, aquelas voltadas ao projeto de vida (autorrealização - poder econômico do ofensor, estabelecer o quantum indenizatório

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 224
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no valor de R$ 10.000,00. 340,00 por mês a título de vales alimentações, no período de

-Dano moral. Transporte de valores. 01.08.2016 a 08.03.2020.

O reclamante alega ainda que transportava elevados valores A reclamada nega com veemência a narrativa inicial, tendo a

diariamente em espécie e em cheques, decorrentes das vendas testemunha do reclamante, contudo, comprovado-a, como se

realizadas no respectivo dia, bem como que tais valores variavam observa adiante:

entre R$ 10.000,00 e R$ 50.000,00. ""7) que até agosto de 2016, a empresa não repassava os vale

Sustenta ainda que sofria em média dois assaltos por ano, narrativa alimentação aos vendedores; que após essa data a empresa

esta, que não fora comprovada pela parte reclamante, tendo a camufladamente fazia esse repasse da seguinte forma: por

testemunha confirmado apenas que era transportados os valores exemplo, se eu ganhasse R$ 1.500,00, vinha descontado 100% dos

fruto do trabalho prestado naquele dia, em montante bem inferior ao vales de alimentação (R$ 347,00) e vale de combustível (R$

que o reclamante informou, de R$ 7.000,00 a R$ 10.000,00, 280,00) nessa comissão de R$ 1.500,00, de modo que eu só

tornando evidente que o reclamante distorce a realidade nesse receberia a diferença, isso ocorrendo com o reclamante e com

tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão. todos os demais vendedores; que a empresa não apontava esses

Ademais, o próprio relatório de vendas juntado pelo reclamante, descontos no contracheque; que o pagamento da comissão já vinha

através de prints de aplicativo, não deixa dúvidas de que os valores com o desconto;""

das vendas era bastante reduzido, geralmente R$ 200,00 reais, com Nesse contexto, julgo procedente também este pedido, condenando

apenas algumas vendas de valor mais elevado, o que retira ainda a reclamada ao pagamento de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio

mais a credibilidade da narrativa inicial nesse tocante. Combustível e R$ 340,00 por mês a título de vales alimentações,

Por fim, ressalto que a testemunha do reclamado comprovou que a totalizando um ressarcimento de R$ 620,00 por mês, no período de

orientação era para que os empregados transportassem no máximo 01.08.2016 a 08.03.2020.

R$ 1.000,00, razão pela qual, diante da ausência de comprovação -Não pagamento de vales alimentação no período

efetiva de transporte de elevados valores e da submissão a compreendido entre 08/2015 07/2016

assaltos, julgo improcedente o pedido. Por fim, sem necessidade de aprofundadas digressões, verifica-se

-Ressarcimento de descontos ilícitos que também não há notícia ou comprovação nos autos do

O autor, trazendo nova pretensão, alega ainda que a reclamada, pagamento dos vales alimentação no período mencionado no título

embora tenha passado a pagar valores relativos a auxílio do presente tópico, ou seja, entre os dias trabalhados entre a data

combustível e vale alimentação a partir de 01.08.2016, os do corte prescricional e 31.07.2016, razão porque compõe também

descontava das comissões pagas "na fonte", sem retratar o a condenação a referida verba, no importe de R$ 6,50 por dia no

desconto em questão no contracheque. período de 10.08.2015 a 31.12.2015 e R$ 7,50 por dia no período

Assim informou a parte: de 01.01.2016 a 31.07.2016, a média de 28 dias por cada mês,

""A reclamada a partir de 01.08.2016 a repassar instituiu a quantia consoante cláusulas 22ª da CCT 2015/2015 e 2016/2016.

fixa de R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) por mês a título de (...)"

auxílio combustível e na mesma data, fixou a importância de R$ 3. Irresignada, a reclamada interpôs recurso ordinário, alegando que

17,00 por dia laborado a título de vales alimentações, totalizando a emenda a inicial apresentada pelo recorrido expressa ausência de

esse último em média R$ 340,00 por mês. liquidação, não merecendo a ação regular processamento, a teor do

Não obstante os valores acima passaram ilicitamente a serem artigo 840, § 3º, da CLT; que a testemunha Francisco Rafael Lima

descontados ilicitamente das comissões das vendas realizadas pelo dos Santos era suspeita para depor, de vez que autora de ação

obreiro mensalmente, de modo que os valores repassados pela trabalhista contra a recorrente, ficando, com isso, patente o nítido

reclamada ao trabalhador já refletiam a importância líquida (após os interesse na presente contenda; que a sentença recorrida,

valores acima mencionados serem descontados nas prestações de alusivamente a condenação da recorrente em comissões, confundiu

contas mensais), entretanto, visando burlar os preceitos celetistas a tal parcela com a participação nos lucros, além de desconsiderar a

reclamada não fazia constar tais descontos em contracheques ou natureza indenizatória dessa parcela; que não havia pagamento

folhas de pagamentos. "por fora", nada tendo sido comprovado; que condenar sem

Diante do exposto requer a Vossa Excelência os ressarcimentos considerar o contraditório, constitui ofensa ao artigo 93, IX, da

dos descontos ilícitos feito na remuneração do trabalhador no Constituição Federal; que não houve redução salarial, não

importe de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio Combustível e R$ comprovando o recorrido, em sua exordial, na instrução ou nos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 225
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documentos por ele acostados, quais os valores das supostas recursal de que a decisão vergastada, nessa questão, não teria

comissões que lhe seriam devidos; que no tema da periculosidade, observado o contraditório e, mais distante ainda, a hipótese de

de ser frisadoque a testemunha da reclamada informou que a não violação ao artigo artigo 93, IX, da Constituição Federal.

era exigido moto para realização da atividade, sendo escolha do REDUÇÃO SALARIAL. A redução salarial está relatada no

reclamante qual o método mais cômodo para realização da depoimento da testemunha FRANCISCO RAFAEL LIMA DOS

atividade; que quanto ao deferimento de pagamento de danos SANTOS ID. c07ec81 - Pág. 4, reduzindo a empresa, de forma

morais em razão da suposta não concessão de férias, não houve gravosa, os patamares a partir dos quais se dava o

qualquer razoabilidade na fixação do valor de reparatório de R$ comissionamento. A sentença invocou acertadamente a aplicação

10.000,00; que a condenação em vale alimentação e auxílio do artigo 468, da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é

combustível trouxe fundamentação deficiente e genérica, sendo lícita a alteração das respectivas condições por mútuo

inválida; que na condenação de multa convencional não é possível consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou

verificar a que acordo ou norma coletiva se refere, por ausência de indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da

juntada aos autos do respectivo instrumento normativo; que o cláusula infringente desta garantia. Nada há, portanto, o que

recorrido não comprovou o alegado estado de miserabilidade. reformar.

Analisa-se: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Desde logo se há ressaltar

INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. Uma vez que a inicial, no que a suposta não exigência do empregador para que fosse

juízo deste relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da utilizada uma motocicleta no trabalho, não desnatura a aplicação do

CLT, a emenda à inicial ID. bae7e75 não a desnatura, eis que artigo193, § 4º, da CLT. A atividade perigosa ali definida não

mantida a forma padrão de indicação de valores, como acentua a condiciona a uma condição contratual, mas a existência do fato.

norma celetista antes destacada e acrescenta meras corrigendas Ademais, do depoimento da mesma testemunha acima

que, assim como a reclamação vestibular, foi regulamente referenciada, extrai-se a certeza de que o uso da motocicleta era

submetida ao contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de exigido; "que no ato da contratação foi informado que o vendedor

aplicação do artigo 840, § 3º, da CLT. Sob esse enfoque a sentença tinha que ter moto para ser contratado; que na PA01 havia 14

é irreprochável. vendedores, todos eles utilizando moto para o trabalho; que nunca

TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula- viu o reclamante trabalhar em outro veículo, senão moto, até porque

357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a não tinha condições de a gente se locomover de carro com a

testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra quantidade de dinheiro que a gente transportava, pois era pedir

o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é para ser assaltado". Logo, a sentença objurgada deve ser mantida.

válido. Incidente que se rejeita. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE DO

COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Não houve por VALOR ARBITRADO. Considerado o regramento do artigo 223-G,

parte da sentença recorrida confusão entre as rubricas "comissões" da CLT, conjugado com a remuneração total do recorrido, o valor

e o alegado "bônus PPR". Colhe-se do depoimento do preposto da arbitrado de R$ 10.000,00 não denota irrazoabilidade, do que

parte recorrente ID. c07ec81 - Pág. 2 que uma rubrica substituiu a confirmar o julgamento recorrido.

outra, estando correta a decisão recorrida de que ambas possuíam VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Embora a peça

a mesma natureza remuneratória, ilação que se acomoda no artigo recursal aluda a fundamentação sentenciante genérica, não é,

457, § 1º, da CLT. deveras, o que deflui da sentença de origem. A parte recorrente não

PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do comprovou o pagamento das parcelas, estando assim

pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a fundamentada a decisão recorrida, escorada em prova testemunhal,

empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR". Com ademais, que revelou a existência de espécie de salário

efeito, o comissionamento constou dos contracheques do recorrido complessivo, posto que as rubricas eram descontadas no

até julho de 2016, conforme inicial, passando a condição de comissionamento. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada

remuneração "por fora" a partir daquela data. Logo, evidenciado que importância ou percentagem para atender englobadamente vários

o paga perdurou, mas revestida do nome de PPR, supostamente direitos legais ou contratuais do trabalhador (Súmula-91/TST).

indenizatória, todavia, corretamente rejeitada a hipótese no juízo Condenação mantida.

sentenciante, tem-se por verdadeiramente comprovada a sua MULTA CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO

existência, carecendo da mais mínima procedência a alegação NORMATIVO INDICADOR. O item Fda inicial indica as cláusulas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 226
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

normativas violadas pela parte recorrente. O documento alusivo vê- comprovação efetiva de transporte de elevados valores e da

se às fls. ID. 55c108a. Descartada, portanto, a eventualidade de submissão a assaltos.

que o recorrido tivesse pleiteado reparação com base em cláusula Isto posto,

normativa, sem apresentar a respectiva Convenção Coletiva de

Trabalho em que se vê, conferindo-lhe idoneidade a numeração de

registro no MTE. Perfeito o pedido quanto à forma, nada se vê que CONCLUSÃO DO VOTO

justifique sua exclusão da condenação.

JUSTIÇA GRATUITA. A decisão vergastada não merece reforma.

Embora das regras do artigo 790, da CLT, A parte reclamante Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes

declarou no documentoID. f4ba818 - Pág. 3 não ter condições de provimento.

arcar com os custos do processo. Dessa forma, a simples

declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de que não

reúne condições econômicas para arcar com as despesas DISPOSITIVO

processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, é

suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da

justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte

reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos

benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.

99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT),

segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência

deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,

do item I da Súmula nº 463 do TST. ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

4.O reclamante igualmente se insurgiu contra a sentença de origem, REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

alegando que a decisão recorrida deve ser reformada para a conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes

condenação da empresa ao pagamento em dobro dos descansos provimento.

semanais não concedidos e os alusivos ao trabalho em feriados; Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

que merece reparado os danos morais pelo transporte de valores, e Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

a obrigação de o recorrente arcar com o reembolso de assaltos e Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

valores de clientes inadimplentes. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Ao exame: de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O Fortaleza, 18 de julho de 2022.

fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao

enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da

CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente

de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais

das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase

nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a

possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados CLAUDIO SOARES PIRES

trabalhados. Desembargador Relator

ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte de FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado na

inicial ID. 4e8ddc2 - Pág. 15, não se confirmou nas provas dos ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

autos. A ausência de verossimilhança foi captada com agudeza pelo Diretor de Secretaria

juízo sentenciante; "evidente que o reclamante distorce a realidade


Processo Nº ROT-0000640-76.2020.5.07.0003
nesse tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão". Nesse Relator CLAUDIO SOARES PIRES
termos, de se manter o julgamento recorrido por ausência de RECORRENTE ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 227
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA


MARIANO(OAB: 24605/CE) dos patamares a partir dos quais se dava o comissionamento, a
ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO evidência atrai a aplicação do artigo 468, da CLT. Nos contratos
MOTA(OAB: 24616/CE)
RECORRENTE REDEFONE COMERCIO E individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
SERVICOS LTDA
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS
SANTOS(OAB: 16498/CE) resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob
RECORRIDO ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO
MOTA(OAB: 24616/CE) 6.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. A inexistência de obrigação
ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA
MARIANO(OAB: 24605/CE) do empregador para que seja utilizada uma motocicleta no trabalho,
RECORRIDO REDEFONE COMERCIO E não desnatura a aplicação do artigo193, § 4º, da CLT. A atividade
SERVICOS LTDA
ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS perigosa ali definida não condiciona a uma condição contratual,
SANTOS(OAB: 16498/CE)
mas, a existência do fato.
Intimado(s)/Citado(s): 7.REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE DO
- REDEFONE COMERCIO E SERVICOS LTDA VALOR ARBITRADO. Não denota irrazoabilidade o valor arbitrado

para reparação por danos morais (ausência reiterada de concessão

de férias), quando considerado o regramento do artigo 223-G,

PODER JUDICIÁRIO conjugado com a remuneração total do obreiro.

JUSTIÇA DO 8.VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Se a parte

recorrente não comprova o pagamento das parcelas de cuja

existência não se duvida, estando assim fundamentada a decisão


EMENTA
recorrida, revelando a existência de espécie de salário complessivo,

nada há o que reformar. Nula é a cláusula contratual que fixa

determinada importância ou percentagem para atender


RECURSOS ORDINÁRIOS.
englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador.
RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
9.JUSTIÇA GRATUITA. A parte reclamante declarou em
1.INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. A inicial, no juízo deste
documento não ter condições de arcar com os custos do processo.
relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da CLT. Não a
Dessa forma, a simples declaração de que o postulante é pobre na
desnatura eventual emenda, porque mantida a forma padrão de
forma legal e de que não reúne condições econômicas para arcar
indicação de valores, acrescentando meras corrigendas que, assim
com as despesas processuais, sem grave prejuízo próprio ou de
como a reclamação vestibular, foi regulamente submetida ao
sua família, é suficiente e merecedora de fé para a concessão dos
contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de aplicação do artigo
benefícios da justiça gratuita. Nesse sentido o § 3º do art. 99 do
840, § 3º, da CLT.
CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), segundo o
2.TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula
qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
-357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a
exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim, do item I
testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra
da Súmula nº 463 do TST.
o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é
RECURSO DA PARTE RECLAMANTE.
válido.
1.DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O
3.COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS (BÔNUS PPR).
fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao
Se o preposto da parte recorrente admite que uma rubrica (Bônus
enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da
PPR) substituiu a outra (Comissões), está correta a decisão
CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente
recorrida na conclusão de que ambas possuíam a mesma natureza
de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais
remuneratória, ilação que se acomoda no artigo 457, § 1º, da CLT.
das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase
4.PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do
nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a
pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a
possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados
empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR", parcela
trabalhados.
supostamente indenizatória, todavia, hipótese corretamente
2.ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte
rejeitada no juízo sentenciante.
de elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado
5.REDUÇÃO SALARIAL. Comprovada a redução de forma gravosa

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 228
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

na inicial, não se confirmou nas provas dos autos. A ausência de remuneração mista composta de piso salarial fixo previsto nas

verossimilhança foi captada com agudeza pelo juízo sentenciante; CCT's e comissões; que a reclamada jamais fez constar

"evidente que o reclamante distorce a realidade nesse tocante para oficialmente a remuneração integralizada do reclamante, somente o

dar tons de juridicidade a sua pretensão". De se manter, destarte, o fazendo a partir de 01.08.2016; que a partir de 2018 a reclamada

julgamento recorrido por ausência de comprovação efetiva de reduziu o percentual das comissões, com infringência aos artigos

transporte de elevados valores e da submissão a assaltos. 468 da CLT e 7º, VI, da Constituição Federal; que a reclamada tem

Recursos improvidos. a obrigação de retificar a CTPS do reclamante para fazer constar

corretamente as comissões, e a de pagar diferenças salariais; que

exercia suas obrigações com o concurso de uma motocicleta, tendo

RELATÓRIO direito a adicional de periculosidade, a ter da Lei nº 12.997/2014 e

artigo 193, § 4º, da CLT; que não usufruía de descanso semanal e

dos trabalhos nos dias feriados; que nunca gozou férias; que tem

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO direito a reparação por danos morais, decorrentes de descontos por

ORDINÁRIO (1009), provenientes da MM. 3ª VARA DO assaltos sofridos, transporte irregular de valores e ausência de

TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, ANTONIO concessão regular de férias; que eram descontados das comissões

WILTON BRUNO DA SILVA,REDEFONE COMÉRCIO E os valores do auxílio combustível e vale alimentação.

SERVIÇOS LTDA, e recorridos, ANTONIO WILTON BRUNO DA 2.Examinando os temas destacados, concluiu o juízo sentenciante

SILVA, REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. (ID. 5159d94):

Irresignados com a sentença ID 5159d94, que rejeitando as "(...)

preliminares suscitadas e declarando prescritas as verbas -Inépcia da petição inicial

anteriores a 10.08.201 julgou parcialmente procedentes os pedidos Alega a empresa que a petição inicial é inepta porque o reclamante

da reclamação trabalhista, o Reclamante (ANTONIO WILTON não teria declinado a causa de pedir que tornaria pertinente o

BRUNO DA SILVA) e a parte reclamada (REDEFONE COMERCIO pedido da parte reclamante, voltado a requerer os extratos

E SERVICÇOS LTDA) opuseram recursos ordinários. bancários das instituições pelas quais o reclamante recebia suas

Contrarrazões ofertadas pelo Reclamante (Id 3bfb85c) e pela parte comissões.

reclamada (Id 2e7ef1d). Contudo, mera leitura do tópico em referência torna evidente o

caráter vazio e inconsistente da arguição, uma vez que se refere ao

próprio mérito da demanda, referente a procedência e pertinência

FUNDAMENTAÇÃO ou não do pedido em questão, discutindo a veracidade ou não da

narrativa do autor, de forma claramente descabida.

Ademais, resta por demais óbvia a pertinência, na medida em que

ADMISSIBILIDADE se acha controverso o valor das comissões pagas mensalmente ao

Recurso de ambos os litigantes regularmente interpostos (ID. reclamante.

8a201c1 e ID. 2f06bce), dá-se trânsito. A petição inicial trabalhista pode ser redigida de forma mais simples,

MÉRITO bastando a exposição dos fatos, a breve fundamentação e o

REMUNERAÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. ADICIONAL DE requerimento final e, nesse sentido, a peça produzida pelo autor,

PERICULOSIDADE. FERIADOS TRABALHADOS. FÉRIAS. concretamente considerada, cumpre os requisitos previstos no § 1º

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE do art.840 da CLT, não havendo prejuízo para a parte contrária

IRREGULAR DE VALORES. DESCONTOS DECORRENTES DE quanto ao entendimento dos pedidos e da causa de pedir, o que

ASSALTOS. DESCONTOS DE AUXÍLIO COMBUSTÍVEL E VALE propicia, de modo satisfatório, o acesso à ampla defesa.

ALIMENTAÇÃO. Na verdade, na espécie, a inicial não apresenta vício algum que

possa comprometer a boa compreensão da peça e a preliminar, a

1.Cuida-se de ação trabalhista proposta por ANTONIO WILTON bem da verdade, não evidencia efetiva hipótese de aplicação do

BRUNO DA SILVA contra REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS instituto da inépcia, bastando-se na defesa retórica, o que não é

LTDA, fundamentada nas alegações de que o reclamante foi suficiente para ensejar o seu acolhimento, restando, pois, rejeitada.

admitido em 01.03.2004, nas funções de vendedor, que auferia - Ausência de liquidação

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 229
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Rejeito a preliminar erigida pela reclamada nesse tocante, uma vez no período compreendido entre 10.08.2015 e 31.07.2016, apesar da

que a parte reclamante trouxe cálculo estimado do valor que natureza salarial da verba, a contestação apresenta confuso teor

entende devido em decorrência dos pedidos iniciais, restando confuso, como se observa no trecho adiante transcrito:

suficiente a mera estimativa, para que reste satisfeito o requisito do ""Em princípio, cumpre ressaltar que os valores remuneratórios

art. 840 da CLT. pagos "por fora" são totalmente inverídicos, uma vez que a

Por se tratar de mera estimativa, não há necessidade de que seja reclamada em seus documentos apensos comprova ter efetuado

liquidada a diferença também decorrente das alterações promovidas TODOS OS PAGAMENTOS referente a remuneração fixa.

na emenda à inicial, uma vez que a lei não exige a liquidação do Conforme cópia dos contracheques que se juntam com a presente

julgado, mas, como já dito, a mera estimativa, razão pela qual defesa, bem como cópia da CTPS do reclamante, onde se verifica a

rejeito a preliminar em questão. evolução salarial deste, comprova-se que os valores que ele dizia

- Prescrição quinquenal receber estão bem distantes da realidade.

Sem necessidade de maiores aprofundamentos, reconheço a Ademais, informa média de comissões sem demonstrar a forma que

prescrição quinquenal prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição se chegou aos valores mencionados, claramente, em ato de má-fé.

Federal, conforme suscitado pela reclamada, em razão do que Neste ensejo, a reclamada afiança que o reclamante não fora

considero prescritas todas as verbas cuja exigibilidade seja anterior contratado para perceber nenhum pagamento sem consignação.

a 10.08.2015. Até porque, nos próprios comprovantes de pagamento acostados

- Comissões pelo autor há o pagamento de DSR e comissões, além do salário

O reclamante inicia seu elenco de pedidos tratando das comissões fixo.

que recebia, mais precisamente sustentando que, entre a data de O pagamento sem consignação que o reclamante busca querer

corte prescricional (10.08.2015) e o dia 31.07.2016 recebeu as fazer crer ao d. Juízo não existe. Em verdade, observando os

comissões que lhe cabiam de forma clandestina, razão pela qual a contracheques colacionados a esta peça, o que ocorre é que havia

referida verba não foi considerada na base de cálculo das demais o pagamento de bonificações pagas aos funcionários.

parcelas remuneratórias. Depara-se, outrossim, frente a um equívoco terminológico, visto que

Em seguida, a parte autora relata que a partir de 01.08.2016 a não havia pagamento "não pagos em folha" nos importes trazidos à

reclamada cessou o referido ilícito, passando a incluir na base de baila, porquanto se tratava de um valor fixo.

cálculo de férias, FGTS e 13º salários, as comissões mensalmente Ora, Excelência, como poderia haver pagamento por fora quando o

recebidas, que passaram a compor "oficialmente" a remuneração do próprio reclamante apresenta prova contraditória a seus pleitos,

empregado. demonstrando de forma inequívoca a rubrica de suas comissões?

Além disto, o reclamante alega também que a partir do ano de 2018 Note-se ainda que o extrato bancário acostado pelo reclamante é

em diante passou a sofrer alterações lesivas quanto ao pagamento decorrente de sua conta corrente, ou seja, a conta bancária permite

das comissões, trazendo causa de pedir nos seguintes termos: aplicações (débito automático ou depósito bancário) de contas de

""Relata ainda o reclamante que nos anos de 2018, 2019 e 2020 titularidades distintas sem qualquer relação com a reclamada.

passou a sofrer patente alteração contratual lesiva, ao ter reduzida Logo, as próprias provas apresentadas pelo reclamante não têm

unilateralmente pelo empregador o percentual de suas comissões qualquer condão de corroborar com o alegado, tumultuando o

as quais até e então eram fixas e no percentual de 1,40% sobre as processo muito mais do que sanando qualquer controvérsia.

vendas mensais até a competência 12 /2017, diminuídas para o Ora, cabe ao reclamante, se porventura existisse, a demonstração

patamar fixo de 1,25% sobre as vendas mensais a partir de 01/2018 dos supostos valores pagos extrafolha e não é só, deve demonstrar

e empós passou foi novamente reduzida para o patamar variável de que tais valores supostamente integram-se em sua remuneração e

0,85%, 0,70% ou 0,45% sobre as vendas mensais da competência não se tratam de bonificações, pois a simples alegação de existir

de 01/2019 até o deslinde contratual, assim sendo faz jus o obreiro pagamento "por fora" sem trazer as provas concretas de que

às diferenças de salários por comissões e DSR's sobre tais ocorrera, nada mais são do que meras palavras sem força

comissões, nos seguintes patamares:"" probatória, frutos de um inconformismo derivado de um dissabor.

Assim foi disposta a causa de pedir, quanto a este objeto, sendo Portanto, numa remota hipótese de Vossa Excelência entender que

possível observar que foram relatados dois ilícitos. há pagamentos de valores além daqueles anotados na carteira,

Acerca do primeiro deles, qual seja, a não inclusão das comissões depreende-se que esses valores, no período afirmado pelo autor

recebidas na base de cálculo das demais parcelas remuneratórias, nada mais são do que PPR.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 230
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

O PPR é uma ferramenta de gestão que permite uma maior realizavam as mesmas funções; que "geralmente a gente se

participação e empenho dos empregados na produtividade da encontrava no mesmo PA01, tanto na parte da manhã como na

empresa, proporcionando a atração, a retenção, a motivação e o parte da tarde"; que a prestação de contas era feita pelo depoente e

comprometimento dos funcionários na busca de melhores reclamante diariamente, na parte da manhã e na parte da tarde; que

resultados. os produtos vendidos era: recarga física e recarga on line e chips

Dentre outras vantagens, mantém o trabalhador motivado, alinhado das operadoras Tim, Oi e Vivo; que se encontrava com o

com as metas e os objetivos da empresa e ciente do seu importante reclamante na PA, entre 7h e 9h da manhã e entre 16h e 17h; que a

papel no processo produtivo, produzindo resultados positivos e PA fica aberta de segunda a sábado das 7h às 18h e, dependendo

ampliando a competitividade da organização. da data do mês (isso do dia 01 ao dia 10), em domingos das 7h às

Tal instituto funcionava como um bônus, que é ofertado pelo 13h; que até agosto de 2016, a remuneração era composta de

empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores da salário fixo mais 1,4% fixos de tudo o que vendesse, recebendo as

empresa. comissões pagas por fora na PA em espécie; que depois de agosto

Em suma, a base de cálculo da PPR não possui qualquer relação de 2016, as comissões ficaram sendo pagas em contracheque e,

com o salário percebido."" em data que não se recorda, a remuneração desceu para salário

Como se observa, nesse tocante, a contestação é substancialmente fixo mais 1,25% fixos de tudo o que vendesse; que a partir de

genérica, visto que se limita à afirmação de que o reclamante janeiro de 2019, passou a ser de salário fixo mais comissão

recebeu todas as verbas regularmente. escalonada conforme volume de vendas, sendo 0,45% a partir de

Após, o reclamado alega que o próprio autor teria comprovado, R$ 181.000,00, 0,75% a partir de R$ 251.000,00 e 0,80% a partir de

juntando documentos, que as comissões eram pagas nos R$ 301.000,00; que essa redução do percentual de comissões para

contracheques, parecendo não ter analisado atentamente a petição 0,45% foi a mais gravosa, porque se vendêssemos R$180.500,00,

inicial, a qual, a tal respeito, é expressa no sentido de que o ilícito ficávamos só com o salário fixo sem nada de comissão; que a

somente ocorreu até 31.07.2016. Ou seja, desde a petição inicial o comissão sobre a venda dos chips era de R$0,50 em cada chip; que

próprio autor já relata que a partir do dia seguinte à data a empresa controlava as vendas em geral por um aplicativo

mencionada a reclamada passou a não mais proceder de forma chamado TOP LINE, que tinha as datas e os horários em que

ilícita. prestava conta na PA e o total de vendas que fazia no mês; que

Em seguida, traz tese sucessiva, alegando que caso seja também tinha o aplicativo CIS, em que antes de começar a rota eu

reconhecido algum valor recebido "por fora", este se trataria de um pré-estabelecia qual o valor total de vendas que eu pretendia atingir,

bônus de uma tal ferramenta PPR, parecendo confusa quanto aos isso no início da jornada, antes de começar a rota, de modo que até

institutos de que trata, tese esta que, tal como a anterior, não se 8h da manhã eu tinha que fazer isso todos os dias de segunda a

sustenta, na medida em que não fora efetivamente explicado pela sábado e tinha que encerrar esse CIS até as 18h, dizendo todo o

parte reclamada a previsão legal ou regulamentar que afastasse a valor que eu vendi; que também havia o aplicativo AFV, que tinha

natureza salarial da verbas em questão, recebida de forma que alimentar dizendo quanto eu vendi para determinado cliente;

clandestina, ou mesmo como seria ao mesmo tempo bônus e que essa mesma sistemática de comissões e as alterações dos

participação nos lucros. percentuais acima descrita ocorreu também com o reclamante; que

Em depoimento, o preposto da reclamada alega que um programa o depoente tinha em média 120 clientes em carteira; que o

substituiu o outro, reforçando a identidade da natureza de ambos. reclamante tinha em média 240 a 250 clientes, já que a rota dele

A testemunha do reclamante, por sua vez, trouxe depoimento firme era maior que a minha; que a venda desses produtos se dava tanto

e elucidativo, por meio do qual confirma com precisão o estado de online como presencial; que as cobranças se davam de forma

coisas narrado na petição inicial, tanto quanto ao primeiro ilícito presencial, ou seja, o vendedor passava as recargas e logo depois

(comissões clandestinas) como quanto ao segundo, referente à ia buscar o dinheiro ou o cheque; que perguntado se o cliente não

redução gradativa do percentual das comissões recebidas, o que poderia fazer uma transferência bancária para o vendedor não ter

constitui flagrante alteração em prejuízo do trabalhador. que ir buscar o dinheiro, respondeu que não era assim que ocorria,

Reputo conveniente transcrever também o seguinte trecho do até porque a PA não aceitava transferência e sim dinheiro ou

depoimento em questão: cheque; que não havia nenhuma empresa terceirizada para efetuar

""1) que trabalhou na reclamada de 16/09 /2011 a 06/01/2020, na cobrança de inadimplentes "e a gente era quem levava o cano se

função de vendedor e cobrador externo; que depoente e reclamante não conseguisse receber do cliente"; que havia meta de prospecção

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de novos clientes, ou seja, mais 10 clientes por mês; que havia Dezembro de 2018 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de

reuniões feitas pelo gerente Mailson ou pelo supervisor da PA 1,4% para 1,25%);

Ricardo ou pela supervisora Vanessa, todas as quintas-feiras, com C) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro 2019 a 31

imposição das regras, sem chance de contestação pelos Dezembro de 2019 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de

vendedores; que a empresa não pagava o PPR, pois o depoente 1,40% para 0,70%);

sempre recebeu a remuneração como sendo salário mais comissão, D) Diferenças salariais Comissões de 01 Janeiro de 2020 a 08 de

o mesmo ocorrendo com os demais vendedores, inclusive o Março 2020 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de 1,40%

reclamante; que desconhece a existência de contrato da reclamada para 0,85%);

ou dos vendedores com e empresa Yellow Card; que os E) Reflexos das Diferenças salariais das Comissões reduzidas

supervisores recebiam comissionamento sobre as vendas da ilicitamente de 01 Janeiro de 2018 a 08 de Março 2020 e DSR's

equipe; que até agosto de 2016, o montante de remuneração do sobre comissões em: Aviso Prévio, FGTS, Multa de 40%, Férias +

depoente e dos demais (porque nessa época era quase todo mundo 1/3 Constitucional (2018 a 2020), 13º salários (2018 a 2020);

igual) girava em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, já incluso o F) Multas Convencionadas nas cláusulas 70ª CCT 2015/2015 e

salário fixo; que o depoente já chegou a receber tais valores, na 2016/2016, 71ª CCT 2017/2017, 67ª CCT 2018/2018 e 69ª CCT

época, no mesmo dia do reclamante, ambos na PA, ou seja, o 2019/2020, equivalente 01 (um) piso salarial previsto em cada

depoente tato recebeu como presenciou o reclamante recebendo, convenção coletiva (Cláusula 3ª das CCT's 2015 a 2020), por

na PA, tal valor remuneratório das mãos do Júnior, representante violação às Cláusulas 16ª CCT's 2015/2015, 2016/2016 e

financeiro da reclamada;"" 2017/2017, Cláusulas 15ª CCT's 2018/2018 e 2019/2020 (por não

A esse respeito, considero oportuno relembrar o conteúdo do art. anotação na CTPS do percentual das comissões + R.S.R) e

468 da CLT, segundo o qual: Cláusulas 46ª das CCT's 2015, 2016 e 2017; Cláusulas 44ª da CCT

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a 2018 e 45ª da CCT 2019/2020 (por não concessão do descanso

alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e Semanal remunerado).

ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, -Adicional de periculosidade

prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula O reclamante requer ainda o pagamento de adicional de

infringente desta garantia. periculosidade, justificando o pedido com narrativa segundo a qual

Nesse contexto, tendo sido comprovados os fatos narrados na realizava seu trabalho diariamente de motocicleta, pedido que faz

petição inicial, seja quanto à inclusão das comissões na base de com base no expresso conteúdo do art. 193, II, § 4º, da CLT.

cálculo de outras verbas no início do contrato, seja quanto à Em resposta, a reclamada alega limita-se a alegar que jamais exigiu

redução do percentual destas, julgo os pedidos constantes no que o reclamante laborasse em motocicleta, o que restou

presente tópico procedentes em sua integralidade. desconstruído no item 3 do depoimento da testemunha do autor,

Em virtude desta conclusão, condeno a reclamada inicialmente ao bem como que a Portaria do então MTE 05/2015 é materialmente

cumprimento de consistente na retificação obrigação de fazer da inconstitucional que, o que não se sustenta, na medida em que não

CTPS (física e digital) do reclamante, fazendo constar, junto às qualquer interesse, seja deste juízo, seja da sociedade, que uma

anotações gerais: "Retificação a remuneração contratual de fl. 12, norma, tão cara à segurança do trabalho, seja tida como letra morta.

para informar que o portador desta CTPS percebia mensalmente Se a própria reclamada estabeleceu o meio de locomoção a ser

remuneração mista composta de piso salarial fixo, comissões no utilizado como motocicleta, consoante expressamente comprovado

patamar de 1,4% por mês sobre as vendas + R.S.R. no item 3 do depoimento da testemunha do reclamante, resta

Igualmente, condeno a reclamada ao pagamento das seguintes evidente que não havia qualquer faculdade nesse sentido, mas

verbas (já constando no elenco de verbas abaixo a retificação de imposição nos termos em que comprovado pela prova testemunhal.

erro material relatada na emenda à petição inicial de id ff47c7d), Este juízo entende que, independente da quantidade de clientes

mas devendo o calculista atentar para a retificação de constante na que o reclamante visitava, a motocicleta constituía instrumento de

emenda de id bae7e75: trabalho seu.

A) Reflexos dos salários por fora de 10.08.2015 a 31.07.2016 em: Em outras palavras, entendo que o ato de deslocar-se, entre

FGTS, Multa de 40%, Férias + 1/3 Constitucional (2015 a 2016), 13º diversos clientes, era inerente às atribuições do reclamante, razão

salários (2015 a 2016) e DSR's (2015 a 2016); porque o cenário fático ora reconhecido, sem necessidade de

B) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro e 2018 a 31 maiores digressões, atrai a aplicação do art. 193, § 4º, da CLT.

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Não sendo a reclamada filiada à Associação Brasileira das o valor das férias, porém sempre em cima do valor do salário base e

Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não alcoólicas, constata-se continuando a trabalhar, isso porque não existia um vendedor

que os efeitos Portaria nº 1.565/2014 mantém-se vigentes, visto que substituto que conhecesse a rota para poder tirar as férias do outro;

afastados pela de nº 5/2015, do então MTE, apenas para os filiados que outro motivo de o vendedor não tirar férias e2) que o depoente

à referida associação. sempre recebeu o valor das férias, mas nunca chegou a gozar um

Procedente, pois, o pedido, restando a reclamada condenada ao dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com todos os

pagamento de adicional de periculosidade, no percentual de 30% do vendedores; que chegou a ver o reclamante laborando em período

salário base do reclamante, durante todo o contrato de trabalho, em que, supostamente estaria de férias; que quando começava o

observado o corte prescricional, com todos reflexos nas demais período das férias "a gente trabalhava com um login alternativo que

parcelas remuneratórias. era criado com a finalidade de a gente deixar de usar o login comum

-Trabalho em feriados. Supressão do RSR. e passar a usar esse login das férias"; que esse login para usar nas

O reclamante alega ainda que trabalhava todos os dias, sem RSR férias ficava sob a responsabilidade do Sr. Júnior, representante

ou feriado, requerendo o pagamento destes em dobro. comercial da reclamada; que mesmo sem gozar férias, era exigido

O reclamado, por sua vez, centra sua tese de defesa na dos vendedores a assinatura dos recibos de férias; que o depoente

circunstância de ser o trabalho desempenhado externo, defendendo e demais vendedores sempre receberam o valor das férias, porém

que não controlava a jornada do autor. sempre em cima do valor do salário base e continuando a trabalhar,

Ocorre que resta incontroverso nos autos que o reclamante isso porque não existia um vendedor substituto que conhecesse a

desempenhava trabalho externo, não tendo sido comprovado, no rota para poder tirar as férias do outro; que outro motivo de o

entender deste juízo, de forma suficiente pelo reclamante que a vendedor não tirar férias e nem ser substituído, decorria do fato da

reclamada efetivamente controlava sua jornada. relação de fidúcia entre ele e os clientes nem ser substituído,

Nesse tocante, cumpre destacar o fato de existir aplicativo que decorria do fato da relação de fidúcia entre ele e os clientes daquela

registra o horário das vendas não se revela suficiente, no entender rota; que a rota do reclamante era Vila Peri, Bonsucesso e depois

deste juízo, para que se considere que havia controle de jornada. outro bairro que o reclamante ganhou antes de sair da empresa e

Com efeito, o fato de o aplicativo estar disponível para a efetivação cujo nome não se recorda;""

de transações em dias não úteis não implica necessariamente que o Como se observa, tendo o reclamante se desincumbido de seu

trabalho em referidos dias era imposto pela reclamada. ônus probatório quanto ao fato de que as férias não eram gozadas,

Nesse contexto, por entender que o reclamante se enquadra na a despeito da realidade formal arquitetada pela reclamada para

exceção prevista no art. 62, I, da CLT, julgo improcedentes os mascarar o que de fato se passava, a procedência do pedido é

pedidos relativos à jornada de trabalho, uma vez que comprovado o medida que se impõe, diante da necessidade de observância do

desempenho de trabalho externo. princípio da primazia da realidade, restando a reclamada

-Não concessão de Férias. Dano existencial decorrente. condenada ao pagamento das dobras das férias vencidas e não

O reclamante alega também que não gozava de férias, embora gozadas no período não prescritas: 2015/2016, 2016/2017,

assinasse os recibos respectivos. 2017/2018 e 2018/2019, com o acréscimo de 1/3 constitucional.

A narrativa foi comprovada com objetividade pela testemunha do O reclamante realiza também pedido correlato a esse, de

reclamante, nos seguintes termos: indenização por dano existencial, relatando que, diante da não

""2) que o depoente sempre recebeu o valor das férias, mas nunca concessão reiterada de férias, viu-se impossibilitado do convívio

chegou a gozar um dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com a família e amigos, tendo aprofundado a causa de pedir nos

com todos os vendedores; que chegou a ver o reclamante seguintes termos:

laborando em período em que, supostamente estaria de férias; que ""Conforme mencionado nos tópicos anteriores o trabalhador

quando começava o período das férias "a gente trabalhava com um durante toda a sua contratualidade (cerca de 16 anos) JAMAIS teve

login alternativo que era criado com a finalidade de a gente deixar concedido por parte do seu empregador o seu lídimo Direito as

de usar o login comum e passar a usar esse login das férias"; que férias (2004 a 2019) a fim de usufruir do convívio social junto a sua

esse login para usar nas férias ficava sob a responsabilidade do Sr. família e amigos, de igual modo praticava jornada extremamente

Júnior, representante comercial da reclamada; que mesmo sem extenuante de segunda à domingo (em regra de 07h00min às

gozar férias, era exigido dos vendedores a assinatura dos recibos 19h00min), entretanto ficava integralmente à disposição dos clientes

de férias; que o depoente e demais vendedores sempre receberam da reclamada para abastecê-los a qualquer hora dia ou da noite.

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Assim sendo tem-se que o dano existencial é espécie do gênero simples fato de auferir remuneração superior.

dano imaterial cujo enfoque está em perquirir as lesões existenciais, Nessa linha, reputo razoável, com base na gravidade do ilícito e no

ou seja, aquelas voltadas ao projeto de vida (autorrealização - poder econômico do ofensor, estabelecer o quantum indenizatório

metas pessoais, desejos, objetivos etc) e de relações interpessoais no valor de R$ 10.000,00.

do indivíduo."" -Dano moral. Transporte de valores.

Com efeito, a concessão de férias constitui uma das mais O reclamante alega ainda que transportava elevados valores

importantes medidas de saúde e segurança do trabalho, que diariamente em espécie e em cheques, decorrentes das vendas

possibilita o essencial gozo de momentos de descanso e lazer com realizadas no respectivo dia, bem como que tais valores variavam

familiares e amigos, além de possibilitar a realização de viagens e entre R$ 10.000,00 e R$ 50.000,00.

outros eventos tão caros a uma vida saudável. Sustenta ainda que sofria em média dois assaltos por ano, narrativa

Tendo sido comprovado pela testemunha do reclamante que, ao esta, que não fora comprovada pela parte reclamante, tendo a

longo dos anos, as férias não eram concedidas, de forma testemunha confirmado apenas que era transportados os valores

generalizada, reputo evidente a perturbação do estado de coisas fruto do trabalho prestado naquele dia, em montante bem inferior ao

narrado no parágrafo anterior. que o reclamante informou, de R$ 7.000,00 a R$ 10.000,00,

Nesse contexto, verifica-se que a reprovável conduta da reclamada tornando evidente que o reclamante distorce a realidade nesse

espraiou efeitos deletérios à vida da reclamante com óbvio abalo tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão.

moral, apenas compreendido por aqueles que enfrentam tamanho Ademais, o próprio relatório de vendas juntado pelo reclamante,

percalço da obtenção de direitos básicos, após uma vida inteira através de prints de aplicativo, não deixa dúvidas de que os valores

dedicada à prestação de serviços na reclamada. das vendas era bastante reduzido, geralmente R$ 200,00 reais, com

Nessa ordem de ideias, entende este juízo que, tendo a conduta da apenas algumas vendas de valor mais elevado, o que retira ainda

reclamada imposto consequências nefastas na saúde do mais a credibilidade da narrativa inicial nesse tocante.

reclamante e de sua família, estão preenchidos os elementos da Por fim, ressalto que a testemunha do reclamado comprovou que a

responsabilidade civil, visto que a reclamada deu causa ao dano, orientação era para que os empregados transportassem no máximo

nos termos em que aqui explicitado. R$ 1.000,00, razão pela qual, diante da ausência de comprovação

Reconhecida a responsabilidade civil e o dever de reparação, este efetiva de transporte de elevados valores e da submissão a

juízo esclarece de logo que considera claramente inconstitucional a assaltos, julgo improcedente o pedido.

tarifação da indenização reparatória por dano moral estabelecida -Ressarcimento de descontos ilícitos

pela Lei nº 13.467/2017, com a introdução do art. 223-g, §§ 1º a 5º, O autor, trazendo nova pretensão, alega ainda que a reclamada,

na CLT, por afrontar os artigos 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos V e embora tenha passado a pagar valores relativos a auxílio

X e caput do artigo 7º da Constituição Federal, diante da ofensa ao combustível e vale alimentação a partir de 01.08.2016, os

princípio da dignidade da pessoa humana, ao admitir que a esfera descontava das comissões pagas "na fonte", sem retratar o

personalíssima do ser humano, trabalhador ou dependente, pode desconto em questão no contracheque.

ser violada sem a reparação ampla e integral. Assim informou a parte:

O desrespeito ao artigo 5º, V e X da Constituição é flagrante, na ""A reclamada a partir de 01.08.2016 a repassar instituiu a quantia

medida em que a alteração traz valores irrisórios frente ao potencial fixa de R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) por mês a título de

ofensivo da multiplicidade de situações que podem ocorrer, auxílio combustível e na mesma data, fixou a importância de R$

representando tratamento discriminatório ao trabalhador. 17,00 por dia laborado a título de vales alimentações, totalizando

Ofende ainda a isonomia, por destinar regulação diferenciada em esse último em média R$ 340,00 por mês.

relação a todas as demais relações jurídicas que envolvam Não obstante os valores acima passaram ilicitamente a serem

reparação civil, e justamente ao trabalhador, em regra descontados ilicitamente das comissões das vendas realizadas pelo

hipossuficiente e reivindicador de direitos básicos, relacionados à obreiro mensalmente, de modo que os valores repassados pela

subsistência própria e de sua família, como no presente caso reclamada ao trabalhador já refletiam a importância líquida (após os

concreto. valores acima mencionados serem descontados nas prestações de

Ofende a isonomia ainda o estabelecimento de indenização com contas mensais), entretanto, visando burlar os preceitos celetistas a

base na remuneração do ofendido, como se tal critério fosse reclamada não fazia constar tais descontos em contracheques ou

suficiente para tornar um ser humano mais digno que outro, pelo folhas de pagamentos.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 234
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Diante do exposto requer a Vossa Excelência os ressarcimentos considerar o contraditório, constitui ofensa ao artigo 93, IX, da

dos descontos ilícitos feito na remuneração do trabalhador no Constituição Federal; que não houve redução salarial, não

importe de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio Combustível e R$ comprovando o recorrido, em sua exordial, na instrução ou nos

340,00 por mês a título de vales alimentações, no período de documentos por ele acostados, quais os valores das supostas

01.08.2016 a 08.03.2020. comissões que lhe seriam devidos; que no tema da periculosidade,

A reclamada nega com veemência a narrativa inicial, tendo a de ser frisadoque a testemunha da reclamada informou que a não

testemunha do reclamante, contudo, comprovado-a, como se era exigido moto para realização da atividade, sendo escolha do

observa adiante: reclamante qual o método mais cômodo para realização da

""7) que até agosto de 2016, a empresa não repassava os vale atividade; que quanto ao deferimento de pagamento de danos

alimentação aos vendedores; que após essa data a empresa morais em razão da suposta não concessão de férias, não houve

camufladamente fazia esse repasse da seguinte forma: por qualquer razoabilidade na fixação do valor de reparatório de R$

exemplo, se eu ganhasse R$ 1.500,00, vinha descontado 100% dos 10.000,00; que a condenação em vale alimentação e auxílio

vales de alimentação (R$ 347,00) e vale de combustível (R$ combustível trouxe fundamentação deficiente e genérica, sendo

280,00) nessa comissão de R$ 1.500,00, de modo que eu só inválida; que na condenação de multa convencional não é possível

receberia a diferença, isso ocorrendo com o reclamante e com verificar a que acordo ou norma coletiva se refere, por ausência de

todos os demais vendedores; que a empresa não apontava esses juntada aos autos do respectivo instrumento normativo; que o

descontos no contracheque; que o pagamento da comissão já vinha recorrido não comprovou o alegado estado de miserabilidade.

com o desconto;"" Analisa-se:

Nesse contexto, julgo procedente também este pedido, condenando INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. Uma vez que a inicial, no

a reclamada ao pagamento de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio juízo deste relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da

Combustível e R$ 340,00 por mês a título de vales alimentações, CLT, a emenda à inicial ID. bae7e75 não a desnatura, eis que

totalizando um ressarcimento de R$ 620,00 por mês, no período de mantida a forma padrão de indicação de valores, como acentua a

01.08.2016 a 08.03.2020. norma celetista antes destacada e acrescenta meras corrigendas

-Não pagamento de vales alimentação no período que, assim como a reclamação vestibular, foi regulamente

compreendido entre 08/2015 07/2016 submetida ao contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de

Por fim, sem necessidade de aprofundadas digressões, verifica-se aplicação do artigo 840, § 3º, da CLT. Sob esse enfoque a sentença

que também não há notícia ou comprovação nos autos do é irreprochável.

pagamento dos vales alimentação no período mencionado no título TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula-

do presente tópico, ou seja, entre os dias trabalhados entre a data 357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a

do corte prescricional e 31.07.2016, razão porque compõe também testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra

a condenação a referida verba, no importe de R$ 6,50 por dia no o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é

período de 10.08.2015 a 31.12.2015 e R$ 7,50 por dia no período válido. Incidente que se rejeita.

de 01.01.2016 a 31.07.2016, a média de 28 dias por cada mês, COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Não houve por

consoante cláusulas 22ª da CCT 2015/2015 e 2016/2016. parte da sentença recorrida confusão entre as rubricas "comissões"

(...)" e o alegado "bônus PPR". Colhe-se do depoimento do preposto da

3. Irresignada, a reclamada interpôs recurso ordinário, alegando que parte recorrente ID. c07ec81 - Pág. 2 que uma rubrica substituiu a

a emenda a inicial apresentada pelo recorrido expressa ausência de outra, estando correta a decisão recorrida de que ambas possuíam

liquidação, não merecendo a ação regular processamento, a teor do a mesma natureza remuneratória, ilação que se acomoda no artigo

artigo 840, § 3º, da CLT; que a testemunha Francisco Rafael Lima 457, § 1º, da CLT.

dos Santos era suspeita para depor, de vez que autora de ação PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do

trabalhista contra a recorrente, ficando, com isso, patente o nítido pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a

interesse na presente contenda; que a sentença recorrida, empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR". Com

alusivamente a condenação da recorrente em comissões, confundiu efeito, o comissionamento constou dos contracheques do recorrido

tal parcela com a participação nos lucros, além de desconsiderar a até julho de 2016, conforme inicial, passando a condição de

natureza indenizatória dessa parcela; que não havia pagamento remuneração "por fora" a partir daquela data. Logo, evidenciado que

"por fora", nada tendo sido comprovado; que condenar sem o paga perdurou, mas revestida do nome de PPR, supostamente

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indenizatória, todavia, corretamente rejeitada a hipótese no juízo Condenação mantida.

sentenciante, tem-se por verdadeiramente comprovada a sua MULTA CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO

existência, carecendo da mais mínima procedência a alegação NORMATIVO INDICADOR. O item Fda inicial indica as cláusulas

recursal de que a decisão vergastada, nessa questão, não teria normativas violadas pela parte recorrente. O documento alusivo vê-

observado o contraditório e, mais distante ainda, a hipótese de se às fls. ID. 55c108a. Descartada, portanto, a eventualidade de

violação ao artigo artigo 93, IX, da Constituição Federal. que o recorrido tivesse pleiteado reparação com base em cláusula

REDUÇÃO SALARIAL. A redução salarial está relatada no normativa, sem apresentar a respectiva Convenção Coletiva de

depoimento da testemunha FRANCISCO RAFAEL LIMA DOS Trabalho em que se vê, conferindo-lhe idoneidade a numeração de

SANTOS ID. c07ec81 - Pág. 4, reduzindo a empresa, de forma registro no MTE. Perfeito o pedido quanto à forma, nada se vê que

gravosa, os patamares a partir dos quais se dava o justifique sua exclusão da condenação.

comissionamento. A sentença invocou acertadamente a aplicação JUSTIÇA GRATUITA. A decisão vergastada não merece reforma.

do artigo 468, da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é Embora das regras do artigo 790, da CLT, A parte reclamante

lícita a alteração das respectivas condições por mútuo declarou no documentoID. f4ba818 - Pág. 3 não ter condições de

consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou arcar com os custos do processo. Dessa forma, a simples

indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de que não

cláusula infringente desta garantia. Nada há, portanto, o que reúne condições econômicas para arcar com as despesas

reformar. processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, é

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Desde logo se há ressaltar suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da

que a suposta não exigência do empregador para que fosse justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte

utilizada uma motocicleta no trabalho, não desnatura a aplicação do reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos

artigo193, § 4º, da CLT. A atividade perigosa ali definida não benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.

condiciona a uma condição contratual, mas a existência do fato. 99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT),

Ademais, do depoimento da mesma testemunha acima segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência

referenciada, extrai-se a certeza de que o uso da motocicleta era deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,

exigido; "que no ato da contratação foi informado que o vendedor do item I da Súmula nº 463 do TST.

tinha que ter moto para ser contratado; que na PA01 havia 14 4.O reclamante igualmente se insurgiu contra a sentença de origem,

vendedores, todos eles utilizando moto para o trabalho; que nunca alegando que a decisão recorrida deve ser reformada para a

viu o reclamante trabalhar em outro veículo, senão moto, até porque condenação da empresa ao pagamento em dobro dos descansos

não tinha condições de a gente se locomover de carro com a semanais não concedidos e os alusivos ao trabalho em feriados;

quantidade de dinheiro que a gente transportava, pois era pedir que merece reparado os danos morais pelo transporte de valores, e

para ser assaltado". Logo, a sentença objurgada deve ser mantida. a obrigação de o recorrente arcar com o reembolso de assaltos e

REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE DO valores de clientes inadimplentes.

VALOR ARBITRADO. Considerado o regramento do artigo 223-G, Ao exame:

da CLT, conjugado com a remuneração total do recorrido, o valor DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O

arbitrado de R$ 10.000,00 não denota irrazoabilidade, do que fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao

confirmar o julgamento recorrido. enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da

VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Embora a peça CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente

recursal aluda a fundamentação sentenciante genérica, não é, de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais

deveras, o que deflui da sentença de origem. A parte recorrente não das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase

comprovou o pagamento das parcelas, estando assim nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a

fundamentada a decisão recorrida, escorada em prova testemunhal, possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados

ademais, que revelou a existência de espécie de salário trabalhados.

complessivo, posto que as rubricas eram descontadas no ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte de

comissionamento. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado na

importância ou percentagem para atender englobadamente vários inicial ID. 4e8ddc2 - Pág. 15, não se confirmou nas provas dos

direitos legais ou contratuais do trabalhador (Súmula-91/TST). autos. A ausência de verossimilhança foi captada com agudeza pelo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 236
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juízo sentenciante; "evidente que o reclamante distorce a realidade


Processo Nº ROT-0000640-76.2020.5.07.0003
nesse tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão". Nesse Relator CLAUDIO SOARES PIRES
termos, de se manter o julgamento recorrido por ausência de RECORRENTE ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA
ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA
comprovação efetiva de transporte de elevados valores e da MARIANO(OAB: 24605/CE)
submissão a assaltos. ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO
MOTA(OAB: 24616/CE)
Isto posto, RECORRENTE REDEFONE COMERCIO E
SERVICOS LTDA
ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS
SANTOS(OAB: 16498/CE)
RECORRIDO ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA
CONCLUSÃO DO VOTO
ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO
MOTA(OAB: 24616/CE)
ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA
MARIANO(OAB: 24605/CE)
Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes RECORRIDO REDEFONE COMERCIO E
SERVICOS LTDA
provimento. ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS
SANTOS(OAB: 16498/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - ANTONIO WILTON BRUNO DA SILVA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, RECURSOS ORDINÁRIOS.

conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes RECURSO DA PARTE RECLAMADA.

provimento. 1.INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. A inicial, no juízo deste

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da CLT. Não a

Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José desnatura eventual emenda, porque mantida a forma padrão de

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) indicação de valores, acrescentando meras corrigendas que, assim

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo como a reclamação vestibular, foi regulamente submetida ao

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de aplicação do artigo

Fortaleza, 18 de julho de 2022. 840, § 3º, da CLT.

2.TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula

-357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a

testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra

o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é

válido.

3.COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS (BÔNUS PPR).

CLAUDIO SOARES PIRES Se o preposto da parte recorrente admite que uma rubrica (Bônus

Desembargador Relator PPR) substituiu a outra (Comissões), está correta a decisão

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. recorrida na conclusão de que ambas possuíam a mesma natureza

remuneratória, ilação que se acomoda no artigo 457, § 1º, da CLT.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART 4.PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do

Diretor de Secretaria pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 237
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empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR", parcela possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados

supostamente indenizatória, todavia, hipótese corretamente trabalhados.

rejeitada no juízo sentenciante. 2.ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte

5.REDUÇÃO SALARIAL. Comprovada a redução de forma gravosa de elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado

dos patamares a partir dos quais se dava o comissionamento, a na inicial, não se confirmou nas provas dos autos. A ausência de

evidência atrai a aplicação do artigo 468, da CLT. Nos contratos verossimilhança foi captada com agudeza pelo juízo sentenciante;

individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas "evidente que o reclamante distorce a realidade nesse tocante para

condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não dar tons de juridicidade a sua pretensão". De se manter, destarte, o

resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob julgamento recorrido por ausência de comprovação efetiva de

pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. transporte de elevados valores e da submissão a assaltos.

6.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. A inexistência de obrigação Recursos improvidos.

do empregador para que seja utilizada uma motocicleta no trabalho,

não desnatura a aplicação do artigo193, § 4º, da CLT. A atividade

perigosa ali definida não condiciona a uma condição contratual, RELATÓRIO

mas, a existência do fato.

7.REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE DO

VALOR ARBITRADO. Não denota irrazoabilidade o valor arbitrado V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

para reparação por danos morais (ausência reiterada de concessão ORDINÁRIO (1009), provenientes da MM. 3ª VARA DO

de férias), quando considerado o regramento do artigo 223-G, TRABALHO DE FORTALEZA, em que são recorrentes, ANTONIO

conjugado com a remuneração total do obreiro. WILTON BRUNO DA SILVA,REDEFONE COMÉRCIO E

8.VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Se a parte SERVIÇOS LTDA, e recorridos, ANTONIO WILTON BRUNO DA

recorrente não comprova o pagamento das parcelas de cuja SILVA, REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA.

existência não se duvida, estando assim fundamentada a decisão Irresignados com a sentença ID 5159d94, que rejeitando as

recorrida, revelando a existência de espécie de salário complessivo, preliminares suscitadas e declarando prescritas as verbas

nada há o que reformar. Nula é a cláusula contratual que fixa anteriores a 10.08.201 julgou parcialmente procedentes os pedidos

determinada importância ou percentagem para atender da reclamação trabalhista, o Reclamante (ANTONIO WILTON

englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador. BRUNO DA SILVA) e a parte reclamada (REDEFONE COMERCIO

9.JUSTIÇA GRATUITA. A parte reclamante declarou em E SERVICÇOS LTDA) opuseram recursos ordinários.

documento não ter condições de arcar com os custos do processo. Contrarrazões ofertadas pelo Reclamante (Id 3bfb85c) e pela parte

Dessa forma, a simples declaração de que o postulante é pobre na reclamada (Id 2e7ef1d).

forma legal e de que não reúne condições econômicas para arcar

com as despesas processuais, sem grave prejuízo próprio ou de

sua família, é suficiente e merecedora de fé para a concessão dos FUNDAMENTAÇÃO

benefícios da justiça gratuita. Nesse sentido o § 3º do art. 99 do

CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT), segundo o

qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida ADMISSIBILIDADE

exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim, do item I Recurso de ambos os litigantes regularmente interpostos (ID.

da Súmula nº 463 do TST. 8a201c1 e ID. 2f06bce), dá-se trânsito.

RECURSO DA PARTE RECLAMANTE. MÉRITO

1.DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O REMUNERAÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. ADICIONAL DE

fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao PERICULOSIDADE. FERIADOS TRABALHADOS. FÉRIAS.

enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE

CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente IRREGULAR DE VALORES. DESCONTOS DECORRENTES DE

de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais ASSALTOS. DESCONTOS DE AUXÍLIO COMBUSTÍVEL E VALE

das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase ALIMENTAÇÃO.

nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 238
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1.Cuida-se de ação trabalhista proposta por ANTONIO WILTON bem da verdade, não evidencia efetiva hipótese de aplicação do

BRUNO DA SILVA contra REDEFONE COMÉRCIO E SERVIÇOS instituto da inépcia, bastando-se na defesa retórica, o que não é

LTDA, fundamentada nas alegações de que o reclamante foi suficiente para ensejar o seu acolhimento, restando, pois, rejeitada.

admitido em 01.03.2004, nas funções de vendedor, que auferia - Ausência de liquidação

remuneração mista composta de piso salarial fixo previsto nas Rejeito a preliminar erigida pela reclamada nesse tocante, uma vez

CCT's e comissões; que a reclamada jamais fez constar que a parte reclamante trouxe cálculo estimado do valor que

oficialmente a remuneração integralizada do reclamante, somente o entende devido em decorrência dos pedidos iniciais, restando

fazendo a partir de 01.08.2016; que a partir de 2018 a reclamada suficiente a mera estimativa, para que reste satisfeito o requisito do

reduziu o percentual das comissões, com infringência aos artigos art. 840 da CLT.

468 da CLT e 7º, VI, da Constituição Federal; que a reclamada tem Por se tratar de mera estimativa, não há necessidade de que seja

a obrigação de retificar a CTPS do reclamante para fazer constar liquidada a diferença também decorrente das alterações promovidas

corretamente as comissões, e a de pagar diferenças salariais; que na emenda à inicial, uma vez que a lei não exige a liquidação do

exercia suas obrigações com o concurso de uma motocicleta, tendo julgado, mas, como já dito, a mera estimativa, razão pela qual

direito a adicional de periculosidade, a ter da Lei nº 12.997/2014 e rejeito a preliminar em questão.

artigo 193, § 4º, da CLT; que não usufruía de descanso semanal e - Prescrição quinquenal

dos trabalhos nos dias feriados; que nunca gozou férias; que tem Sem necessidade de maiores aprofundamentos, reconheço a

direito a reparação por danos morais, decorrentes de descontos por prescrição quinquenal prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição

assaltos sofridos, transporte irregular de valores e ausência de Federal, conforme suscitado pela reclamada, em razão do que

concessão regular de férias; que eram descontados das comissões considero prescritas todas as verbas cuja exigibilidade seja anterior

os valores do auxílio combustível e vale alimentação. a 10.08.2015.

2.Examinando os temas destacados, concluiu o juízo sentenciante - Comissões

(ID. 5159d94): O reclamante inicia seu elenco de pedidos tratando das comissões

"(...) que recebia, mais precisamente sustentando que, entre a data de

-Inépcia da petição inicial corte prescricional (10.08.2015) e o dia 31.07.2016 recebeu as

Alega a empresa que a petição inicial é inepta porque o reclamante comissões que lhe cabiam de forma clandestina, razão pela qual a

não teria declinado a causa de pedir que tornaria pertinente o referida verba não foi considerada na base de cálculo das demais

pedido da parte reclamante, voltado a requerer os extratos parcelas remuneratórias.

bancários das instituições pelas quais o reclamante recebia suas Em seguida, a parte autora relata que a partir de 01.08.2016 a

comissões. reclamada cessou o referido ilícito, passando a incluir na base de

Contudo, mera leitura do tópico em referência torna evidente o cálculo de férias, FGTS e 13º salários, as comissões mensalmente

caráter vazio e inconsistente da arguição, uma vez que se refere ao recebidas, que passaram a compor "oficialmente" a remuneração do

próprio mérito da demanda, referente a procedência e pertinência empregado.

ou não do pedido em questão, discutindo a veracidade ou não da Além disto, o reclamante alega também que a partir do ano de 2018

narrativa do autor, de forma claramente descabida. em diante passou a sofrer alterações lesivas quanto ao pagamento

Ademais, resta por demais óbvia a pertinência, na medida em que das comissões, trazendo causa de pedir nos seguintes termos:

se acha controverso o valor das comissões pagas mensalmente ao ""Relata ainda o reclamante que nos anos de 2018, 2019 e 2020

reclamante. passou a sofrer patente alteração contratual lesiva, ao ter reduzida

A petição inicial trabalhista pode ser redigida de forma mais simples, unilateralmente pelo empregador o percentual de suas comissões

bastando a exposição dos fatos, a breve fundamentação e o as quais até e então eram fixas e no percentual de 1,40% sobre as

requerimento final e, nesse sentido, a peça produzida pelo autor, vendas mensais até a competência 12 /2017, diminuídas para o

concretamente considerada, cumpre os requisitos previstos no § 1º patamar fixo de 1,25% sobre as vendas mensais a partir de 01/2018

do art.840 da CLT, não havendo prejuízo para a parte contrária e empós passou foi novamente reduzida para o patamar variável de

quanto ao entendimento dos pedidos e da causa de pedir, o que 0,85%, 0,70% ou 0,45% sobre as vendas mensais da competência

propicia, de modo satisfatório, o acesso à ampla defesa. de 01/2019 até o deslinde contratual, assim sendo faz jus o obreiro

Na verdade, na espécie, a inicial não apresenta vício algum que às diferenças de salários por comissões e DSR's sobre tais

possa comprometer a boa compreensão da peça e a preliminar, a comissões, nos seguintes patamares:""

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 239
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Assim foi disposta a causa de pedir, quanto a este objeto, sendo Portanto, numa remota hipótese de Vossa Excelência entender que

possível observar que foram relatados dois ilícitos. há pagamentos de valores além daqueles anotados na carteira,

Acerca do primeiro deles, qual seja, a não inclusão das comissões depreende-se que esses valores, no período afirmado pelo autor

recebidas na base de cálculo das demais parcelas remuneratórias, nada mais são do que PPR.

no período compreendido entre 10.08.2015 e 31.07.2016, apesar da O PPR é uma ferramenta de gestão que permite uma maior

natureza salarial da verba, a contestação apresenta confuso teor participação e empenho dos empregados na produtividade da

confuso, como se observa no trecho adiante transcrito: empresa, proporcionando a atração, a retenção, a motivação e o

""Em princípio, cumpre ressaltar que os valores remuneratórios comprometimento dos funcionários na busca de melhores

pagos "por fora" são totalmente inverídicos, uma vez que a resultados.

reclamada em seus documentos apensos comprova ter efetuado Dentre outras vantagens, mantém o trabalhador motivado, alinhado

TODOS OS PAGAMENTOS referente a remuneração fixa. com as metas e os objetivos da empresa e ciente do seu importante

Conforme cópia dos contracheques que se juntam com a presente papel no processo produtivo, produzindo resultados positivos e

defesa, bem como cópia da CTPS do reclamante, onde se verifica a ampliando a competitividade da organização.

evolução salarial deste, comprova-se que os valores que ele dizia Tal instituto funcionava como um bônus, que é ofertado pelo

receber estão bem distantes da realidade. empregador e negociado com uma comissão de trabalhadores da

Ademais, informa média de comissões sem demonstrar a forma que empresa.

se chegou aos valores mencionados, claramente, em ato de má-fé. Em suma, a base de cálculo da PPR não possui qualquer relação

Neste ensejo, a reclamada afiança que o reclamante não fora com o salário percebido.""

contratado para perceber nenhum pagamento sem consignação. Como se observa, nesse tocante, a contestação é substancialmente

Até porque, nos próprios comprovantes de pagamento acostados genérica, visto que se limita à afirmação de que o reclamante

pelo autor há o pagamento de DSR e comissões, além do salário recebeu todas as verbas regularmente.

fixo. Após, o reclamado alega que o próprio autor teria comprovado,

O pagamento sem consignação que o reclamante busca querer juntando documentos, que as comissões eram pagas nos

fazer crer ao d. Juízo não existe. Em verdade, observando os contracheques, parecendo não ter analisado atentamente a petição

contracheques colacionados a esta peça, o que ocorre é que havia inicial, a qual, a tal respeito, é expressa no sentido de que o ilícito

o pagamento de bonificações pagas aos funcionários. somente ocorreu até 31.07.2016. Ou seja, desde a petição inicial o

Depara-se, outrossim, frente a um equívoco terminológico, visto que próprio autor já relata que a partir do dia seguinte à data

não havia pagamento "não pagos em folha" nos importes trazidos à mencionada a reclamada passou a não mais proceder de forma

baila, porquanto se tratava de um valor fixo. ilícita.

Ora, Excelência, como poderia haver pagamento por fora quando o Em seguida, traz tese sucessiva, alegando que caso seja

próprio reclamante apresenta prova contraditória a seus pleitos, reconhecido algum valor recebido "por fora", este se trataria de um

demonstrando de forma inequívoca a rubrica de suas comissões? bônus de uma tal ferramenta PPR, parecendo confusa quanto aos

Note-se ainda que o extrato bancário acostado pelo reclamante é institutos de que trata, tese esta que, tal como a anterior, não se

decorrente de sua conta corrente, ou seja, a conta bancária permite sustenta, na medida em que não fora efetivamente explicado pela

aplicações (débito automático ou depósito bancário) de contas de parte reclamada a previsão legal ou regulamentar que afastasse a

titularidades distintas sem qualquer relação com a reclamada. natureza salarial da verbas em questão, recebida de forma

Logo, as próprias provas apresentadas pelo reclamante não têm clandestina, ou mesmo como seria ao mesmo tempo bônus e

qualquer condão de corroborar com o alegado, tumultuando o participação nos lucros.

processo muito mais do que sanando qualquer controvérsia. Em depoimento, o preposto da reclamada alega que um programa

Ora, cabe ao reclamante, se porventura existisse, a demonstração substituiu o outro, reforçando a identidade da natureza de ambos.

dos supostos valores pagos extrafolha e não é só, deve demonstrar A testemunha do reclamante, por sua vez, trouxe depoimento firme

que tais valores supostamente integram-se em sua remuneração e e elucidativo, por meio do qual confirma com precisão o estado de

não se tratam de bonificações, pois a simples alegação de existir coisas narrado na petição inicial, tanto quanto ao primeiro ilícito

pagamento "por fora" sem trazer as provas concretas de que (comissões clandestinas) como quanto ao segundo, referente à

ocorrera, nada mais são do que meras palavras sem força redução gradativa do percentual das comissões recebidas, o que

probatória, frutos de um inconformismo derivado de um dissabor. constitui flagrante alteração em prejuízo do trabalhador.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 240
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Reputo conveniente transcrever também o seguinte trecho do até porque a PA não aceitava transferência e sim dinheiro ou

depoimento em questão: cheque; que não havia nenhuma empresa terceirizada para efetuar

""1) que trabalhou na reclamada de 16/09 /2011 a 06/01/2020, na cobrança de inadimplentes "e a gente era quem levava o cano se

função de vendedor e cobrador externo; que depoente e reclamante não conseguisse receber do cliente"; que havia meta de prospecção

realizavam as mesmas funções; que "geralmente a gente se de novos clientes, ou seja, mais 10 clientes por mês; que havia

encontrava no mesmo PA01, tanto na parte da manhã como na reuniões feitas pelo gerente Mailson ou pelo supervisor da PA

parte da tarde"; que a prestação de contas era feita pelo depoente e Ricardo ou pela supervisora Vanessa, todas as quintas-feiras, com

reclamante diariamente, na parte da manhã e na parte da tarde; que imposição das regras, sem chance de contestação pelos

os produtos vendidos era: recarga física e recarga on line e chips vendedores; que a empresa não pagava o PPR, pois o depoente

das operadoras Tim, Oi e Vivo; que se encontrava com o sempre recebeu a remuneração como sendo salário mais comissão,

reclamante na PA, entre 7h e 9h da manhã e entre 16h e 17h; que a o mesmo ocorrendo com os demais vendedores, inclusive o

PA fica aberta de segunda a sábado das 7h às 18h e, dependendo reclamante; que desconhece a existência de contrato da reclamada

da data do mês (isso do dia 01 ao dia 10), em domingos das 7h às ou dos vendedores com e empresa Yellow Card; que os

13h; que até agosto de 2016, a remuneração era composta de supervisores recebiam comissionamento sobre as vendas da

salário fixo mais 1,4% fixos de tudo o que vendesse, recebendo as equipe; que até agosto de 2016, o montante de remuneração do

comissões pagas por fora na PA em espécie; que depois de agosto depoente e dos demais (porque nessa época era quase todo mundo

de 2016, as comissões ficaram sendo pagas em contracheque e, igual) girava em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, já incluso o

em data que não se recorda, a remuneração desceu para salário salário fixo; que o depoente já chegou a receber tais valores, na

fixo mais 1,25% fixos de tudo o que vendesse; que a partir de época, no mesmo dia do reclamante, ambos na PA, ou seja, o

janeiro de 2019, passou a ser de salário fixo mais comissão depoente tato recebeu como presenciou o reclamante recebendo,

escalonada conforme volume de vendas, sendo 0,45% a partir de na PA, tal valor remuneratório das mãos do Júnior, representante

R$ 181.000,00, 0,75% a partir de R$ 251.000,00 e 0,80% a partir de financeiro da reclamada;""

R$ 301.000,00; que essa redução do percentual de comissões para A esse respeito, considero oportuno relembrar o conteúdo do art.

0,45% foi a mais gravosa, porque se vendêssemos R$180.500,00, 468 da CLT, segundo o qual:

ficávamos só com o salário fixo sem nada de comissão; que a Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a

comissão sobre a venda dos chips era de R$0,50 em cada chip; que alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e

a empresa controlava as vendas em geral por um aplicativo ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente,

chamado TOP LINE, que tinha as datas e os horários em que prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula

prestava conta na PA e o total de vendas que fazia no mês; que infringente desta garantia.

também tinha o aplicativo CIS, em que antes de começar a rota eu Nesse contexto, tendo sido comprovados os fatos narrados na

pré-estabelecia qual o valor total de vendas que eu pretendia atingir, petição inicial, seja quanto à inclusão das comissões na base de

isso no início da jornada, antes de começar a rota, de modo que até cálculo de outras verbas no início do contrato, seja quanto à

8h da manhã eu tinha que fazer isso todos os dias de segunda a redução do percentual destas, julgo os pedidos constantes no

sábado e tinha que encerrar esse CIS até as 18h, dizendo todo o presente tópico procedentes em sua integralidade.

valor que eu vendi; que também havia o aplicativo AFV, que tinha Em virtude desta conclusão, condeno a reclamada inicialmente ao

que alimentar dizendo quanto eu vendi para determinado cliente; cumprimento de consistente na retificação obrigação de fazer da

que essa mesma sistemática de comissões e as alterações dos CTPS (física e digital) do reclamante, fazendo constar, junto às

percentuais acima descrita ocorreu também com o reclamante; que anotações gerais: "Retificação a remuneração contratual de fl. 12,

o depoente tinha em média 120 clientes em carteira; que o para informar que o portador desta CTPS percebia mensalmente

reclamante tinha em média 240 a 250 clientes, já que a rota dele remuneração mista composta de piso salarial fixo, comissões no

era maior que a minha; que a venda desses produtos se dava tanto patamar de 1,4% por mês sobre as vendas + R.S.R.

online como presencial; que as cobranças se davam de forma Igualmente, condeno a reclamada ao pagamento das seguintes

presencial, ou seja, o vendedor passava as recargas e logo depois verbas (já constando no elenco de verbas abaixo a retificação de

ia buscar o dinheiro ou o cheque; que perguntado se o cliente não erro material relatada na emenda à petição inicial de id ff47c7d),

poderia fazer uma transferência bancária para o vendedor não ter mas devendo o calculista atentar para a retificação de constante na

que ir buscar o dinheiro, respondeu que não era assim que ocorria, emenda de id bae7e75:

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 241
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

A) Reflexos dos salários por fora de 10.08.2015 a 31.07.2016 em: Em outras palavras, entendo que o ato de deslocar-se, entre

FGTS, Multa de 40%, Férias + 1/3 Constitucional (2015 a 2016), 13º diversos clientes, era inerente às atribuições do reclamante, razão

salários (2015 a 2016) e DSR's (2015 a 2016); porque o cenário fático ora reconhecido, sem necessidade de

B) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro e 2018 a 31 maiores digressões, atrai a aplicação do art. 193, § 4º, da CLT.

Dezembro de 2018 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de Não sendo a reclamada filiada à Associação Brasileira das

1,4% para 1,25%); Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não alcoólicas, constata-se

C) Diferenças salariais Comissões de 01 de Janeiro 2019 a 31 que os efeitos Portaria nº 1.565/2014 mantém-se vigentes, visto que

Dezembro de 2019 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de afastados pela de nº 5/2015, do então MTE, apenas para os filiados

1,40% para 0,70%); à referida associação.

D) Diferenças salariais Comissões de 01 Janeiro de 2020 a 08 de Procedente, pois, o pedido, restando a reclamada condenada ao

Março 2020 + DSR's sobre as comissões (redução ilícita de 1,40% pagamento de adicional de periculosidade, no percentual de 30% do

para 0,85%); salário base do reclamante, durante todo o contrato de trabalho,

E) Reflexos das Diferenças salariais das Comissões reduzidas observado o corte prescricional, com todos reflexos nas demais

ilicitamente de 01 Janeiro de 2018 a 08 de Março 2020 e DSR's parcelas remuneratórias.

sobre comissões em: Aviso Prévio, FGTS, Multa de 40%, Férias + -Trabalho em feriados. Supressão do RSR.

1/3 Constitucional (2018 a 2020), 13º salários (2018 a 2020); O reclamante alega ainda que trabalhava todos os dias, sem RSR

F) Multas Convencionadas nas cláusulas 70ª CCT 2015/2015 e ou feriado, requerendo o pagamento destes em dobro.

2016/2016, 71ª CCT 2017/2017, 67ª CCT 2018/2018 e 69ª CCT O reclamado, por sua vez, centra sua tese de defesa na

2019/2020, equivalente 01 (um) piso salarial previsto em cada circunstância de ser o trabalho desempenhado externo, defendendo

convenção coletiva (Cláusula 3ª das CCT's 2015 a 2020), por que não controlava a jornada do autor.

violação às Cláusulas 16ª CCT's 2015/2015, 2016/2016 e Ocorre que resta incontroverso nos autos que o reclamante

2017/2017, Cláusulas 15ª CCT's 2018/2018 e 2019/2020 (por não desempenhava trabalho externo, não tendo sido comprovado, no

anotação na CTPS do percentual das comissões + R.S.R) e entender deste juízo, de forma suficiente pelo reclamante que a

Cláusulas 46ª das CCT's 2015, 2016 e 2017; Cláusulas 44ª da CCT reclamada efetivamente controlava sua jornada.

2018 e 45ª da CCT 2019/2020 (por não concessão do descanso Nesse tocante, cumpre destacar o fato de existir aplicativo que

Semanal remunerado). registra o horário das vendas não se revela suficiente, no entender

-Adicional de periculosidade deste juízo, para que se considere que havia controle de jornada.

O reclamante requer ainda o pagamento de adicional de Com efeito, o fato de o aplicativo estar disponível para a efetivação

periculosidade, justificando o pedido com narrativa segundo a qual de transações em dias não úteis não implica necessariamente que o

realizava seu trabalho diariamente de motocicleta, pedido que faz trabalho em referidos dias era imposto pela reclamada.

com base no expresso conteúdo do art. 193, II, § 4º, da CLT. Nesse contexto, por entender que o reclamante se enquadra na

Em resposta, a reclamada alega limita-se a alegar que jamais exigiu exceção prevista no art. 62, I, da CLT, julgo improcedentes os

que o reclamante laborasse em motocicleta, o que restou pedidos relativos à jornada de trabalho, uma vez que comprovado o

desconstruído no item 3 do depoimento da testemunha do autor, desempenho de trabalho externo.

bem como que a Portaria do então MTE 05/2015 é materialmente -Não concessão de Férias. Dano existencial decorrente.

inconstitucional que, o que não se sustenta, na medida em que não O reclamante alega também que não gozava de férias, embora

qualquer interesse, seja deste juízo, seja da sociedade, que uma assinasse os recibos respectivos.

norma, tão cara à segurança do trabalho, seja tida como letra morta. A narrativa foi comprovada com objetividade pela testemunha do

Se a própria reclamada estabeleceu o meio de locomoção a ser reclamante, nos seguintes termos:

utilizado como motocicleta, consoante expressamente comprovado ""2) que o depoente sempre recebeu o valor das férias, mas nunca

no item 3 do depoimento da testemunha do reclamante, resta chegou a gozar um dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido

evidente que não havia qualquer faculdade nesse sentido, mas com todos os vendedores; que chegou a ver o reclamante

imposição nos termos em que comprovado pela prova testemunhal. laborando em período em que, supostamente estaria de férias; que

Este juízo entende que, independente da quantidade de clientes quando começava o período das férias "a gente trabalhava com um

que o reclamante visitava, a motocicleta constituía instrumento de login alternativo que era criado com a finalidade de a gente deixar

trabalho seu. de usar o login comum e passar a usar esse login das férias"; que

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 242
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esse login para usar nas férias ficava sob a responsabilidade do Sr. família e amigos, de igual modo praticava jornada extremamente

Júnior, representante comercial da reclamada; que mesmo sem extenuante de segunda à domingo (em regra de 07h00min às

gozar férias, era exigido dos vendedores a assinatura dos recibos 19h00min), entretanto ficava integralmente à disposição dos clientes

de férias; que o depoente e demais vendedores sempre receberam da reclamada para abastecê-los a qualquer hora dia ou da noite.

o valor das férias, porém sempre em cima do valor do salário base e Assim sendo tem-se que o dano existencial é espécie do gênero

continuando a trabalhar, isso porque não existia um vendedor dano imaterial cujo enfoque está em perquirir as lesões existenciais,

substituto que conhecesse a rota para poder tirar as férias do outro; ou seja, aquelas voltadas ao projeto de vida (autorrealização -

que outro motivo de o vendedor não tirar férias e2) que o depoente metas pessoais, desejos, objetivos etc) e de relações interpessoais

sempre recebeu o valor das férias, mas nunca chegou a gozar um do indivíduo.""

dia sequer de férias, o mesmo tendo ocorrido com todos os Com efeito, a concessão de férias constitui uma das mais

vendedores; que chegou a ver o reclamante laborando em período importantes medidas de saúde e segurança do trabalho, que

em que, supostamente estaria de férias; que quando começava o possibilita o essencial gozo de momentos de descanso e lazer com

período das férias "a gente trabalhava com um login alternativo que familiares e amigos, além de possibilitar a realização de viagens e

era criado com a finalidade de a gente deixar de usar o login comum outros eventos tão caros a uma vida saudável.

e passar a usar esse login das férias"; que esse login para usar nas Tendo sido comprovado pela testemunha do reclamante que, ao

férias ficava sob a responsabilidade do Sr. Júnior, representante longo dos anos, as férias não eram concedidas, de forma

comercial da reclamada; que mesmo sem gozar férias, era exigido generalizada, reputo evidente a perturbação do estado de coisas

dos vendedores a assinatura dos recibos de férias; que o depoente narrado no parágrafo anterior.

e demais vendedores sempre receberam o valor das férias, porém Nesse contexto, verifica-se que a reprovável conduta da reclamada

sempre em cima do valor do salário base e continuando a trabalhar, espraiou efeitos deletérios à vida da reclamante com óbvio abalo

isso porque não existia um vendedor substituto que conhecesse a moral, apenas compreendido por aqueles que enfrentam tamanho

rota para poder tirar as férias do outro; que outro motivo de o percalço da obtenção de direitos básicos, após uma vida inteira

vendedor não tirar férias e nem ser substituído, decorria do fato da dedicada à prestação de serviços na reclamada.

relação de fidúcia entre ele e os clientes nem ser substituído, Nessa ordem de ideias, entende este juízo que, tendo a conduta da

decorria do fato da relação de fidúcia entre ele e os clientes daquela reclamada imposto consequências nefastas na saúde do

rota; que a rota do reclamante era Vila Peri, Bonsucesso e depois reclamante e de sua família, estão preenchidos os elementos da

outro bairro que o reclamante ganhou antes de sair da empresa e responsabilidade civil, visto que a reclamada deu causa ao dano,

cujo nome não se recorda;"" nos termos em que aqui explicitado.

Como se observa, tendo o reclamante se desincumbido de seu Reconhecida a responsabilidade civil e o dever de reparação, este

ônus probatório quanto ao fato de que as férias não eram gozadas, juízo esclarece de logo que considera claramente inconstitucional a

a despeito da realidade formal arquitetada pela reclamada para tarifação da indenização reparatória por dano moral estabelecida

mascarar o que de fato se passava, a procedência do pedido é pela Lei nº 13.467/2017, com a introdução do art. 223-g, §§ 1º a 5º,

medida que se impõe, diante da necessidade de observância do na CLT, por afrontar os artigos 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos V e

princípio da primazia da realidade, restando a reclamada X e caput do artigo 7º da Constituição Federal, diante da ofensa ao

condenada ao pagamento das dobras das férias vencidas e não princípio da dignidade da pessoa humana, ao admitir que a esfera

gozadas no período não prescritas: 2015/2016, 2016/2017, personalíssima do ser humano, trabalhador ou dependente, pode

2017/2018 e 2018/2019, com o acréscimo de 1/3 constitucional. ser violada sem a reparação ampla e integral.

O reclamante realiza também pedido correlato a esse, de O desrespeito ao artigo 5º, V e X da Constituição é flagrante, na

indenização por dano existencial, relatando que, diante da não medida em que a alteração traz valores irrisórios frente ao potencial

concessão reiterada de férias, viu-se impossibilitado do convívio ofensivo da multiplicidade de situações que podem ocorrer,

com a família e amigos, tendo aprofundado a causa de pedir nos representando tratamento discriminatório ao trabalhador.

seguintes termos: Ofende ainda a isonomia, por destinar regulação diferenciada em

""Conforme mencionado nos tópicos anteriores o trabalhador relação a todas as demais relações jurídicas que envolvam

durante toda a sua contratualidade (cerca de 16 anos) JAMAIS teve reparação civil, e justamente ao trabalhador, em regra

concedido por parte do seu empregador o seu lídimo Direito as hipossuficiente e reivindicador de direitos básicos, relacionados à

férias (2004 a 2019) a fim de usufruir do convívio social junto a sua subsistência própria e de sua família, como no presente caso

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 243
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concreto. valores acima mencionados serem descontados nas prestações de

Ofende a isonomia ainda o estabelecimento de indenização com contas mensais), entretanto, visando burlar os preceitos celetistas a

base na remuneração do ofendido, como se tal critério fosse reclamada não fazia constar tais descontos em contracheques ou

suficiente para tornar um ser humano mais digno que outro, pelo folhas de pagamentos.

simples fato de auferir remuneração superior. Diante do exposto requer a Vossa Excelência os ressarcimentos

Nessa linha, reputo razoável, com base na gravidade do ilícito e no dos descontos ilícitos feito na remuneração do trabalhador no

poder econômico do ofensor, estabelecer o quantum indenizatório importe de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio Combustível e R$

no valor de R$ 10.000,00. 340,00 por mês a título de vales alimentações, no período de

-Dano moral. Transporte de valores. 01.08.2016 a 08.03.2020.

O reclamante alega ainda que transportava elevados valores A reclamada nega com veemência a narrativa inicial, tendo a

diariamente em espécie e em cheques, decorrentes das vendas testemunha do reclamante, contudo, comprovado-a, como se

realizadas no respectivo dia, bem como que tais valores variavam observa adiante:

entre R$ 10.000,00 e R$ 50.000,00. ""7) que até agosto de 2016, a empresa não repassava os vale

Sustenta ainda que sofria em média dois assaltos por ano, narrativa alimentação aos vendedores; que após essa data a empresa

esta, que não fora comprovada pela parte reclamante, tendo a camufladamente fazia esse repasse da seguinte forma: por

testemunha confirmado apenas que era transportados os valores exemplo, se eu ganhasse R$ 1.500,00, vinha descontado 100% dos

fruto do trabalho prestado naquele dia, em montante bem inferior ao vales de alimentação (R$ 347,00) e vale de combustível (R$

que o reclamante informou, de R$ 7.000,00 a R$ 10.000,00, 280,00) nessa comissão de R$ 1.500,00, de modo que eu só

tornando evidente que o reclamante distorce a realidade nesse receberia a diferença, isso ocorrendo com o reclamante e com

tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão. todos os demais vendedores; que a empresa não apontava esses

Ademais, o próprio relatório de vendas juntado pelo reclamante, descontos no contracheque; que o pagamento da comissão já vinha

através de prints de aplicativo, não deixa dúvidas de que os valores com o desconto;""

das vendas era bastante reduzido, geralmente R$ 200,00 reais, com Nesse contexto, julgo procedente também este pedido, condenando

apenas algumas vendas de valor mais elevado, o que retira ainda a reclamada ao pagamento de R$ 280,00 por mês a título de Auxílio

mais a credibilidade da narrativa inicial nesse tocante. Combustível e R$ 340,00 por mês a título de vales alimentações,

Por fim, ressalto que a testemunha do reclamado comprovou que a totalizando um ressarcimento de R$ 620,00 por mês, no período de

orientação era para que os empregados transportassem no máximo 01.08.2016 a 08.03.2020.

R$ 1.000,00, razão pela qual, diante da ausência de comprovação -Não pagamento de vales alimentação no período

efetiva de transporte de elevados valores e da submissão a compreendido entre 08/2015 07/2016

assaltos, julgo improcedente o pedido. Por fim, sem necessidade de aprofundadas digressões, verifica-se

-Ressarcimento de descontos ilícitos que também não há notícia ou comprovação nos autos do

O autor, trazendo nova pretensão, alega ainda que a reclamada, pagamento dos vales alimentação no período mencionado no título

embora tenha passado a pagar valores relativos a auxílio do presente tópico, ou seja, entre os dias trabalhados entre a data

combustível e vale alimentação a partir de 01.08.2016, os do corte prescricional e 31.07.2016, razão porque compõe também

descontava das comissões pagas "na fonte", sem retratar o a condenação a referida verba, no importe de R$ 6,50 por dia no

desconto em questão no contracheque. período de 10.08.2015 a 31.12.2015 e R$ 7,50 por dia no período

Assim informou a parte: de 01.01.2016 a 31.07.2016, a média de 28 dias por cada mês,

""A reclamada a partir de 01.08.2016 a repassar instituiu a quantia consoante cláusulas 22ª da CCT 2015/2015 e 2016/2016.

fixa de R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) por mês a título de (...)"

auxílio combustível e na mesma data, fixou a importância de R$ 3. Irresignada, a reclamada interpôs recurso ordinário, alegando que

17,00 por dia laborado a título de vales alimentações, totalizando a emenda a inicial apresentada pelo recorrido expressa ausência de

esse último em média R$ 340,00 por mês. liquidação, não merecendo a ação regular processamento, a teor do

Não obstante os valores acima passaram ilicitamente a serem artigo 840, § 3º, da CLT; que a testemunha Francisco Rafael Lima

descontados ilicitamente das comissões das vendas realizadas pelo dos Santos era suspeita para depor, de vez que autora de ação

obreiro mensalmente, de modo que os valores repassados pela trabalhista contra a recorrente, ficando, com isso, patente o nítido

reclamada ao trabalhador já refletiam a importância líquida (após os interesse na presente contenda; que a sentença recorrida,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 244
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alusivamente a condenação da recorrente em comissões, confundiu efeito, o comissionamento constou dos contracheques do recorrido

tal parcela com a participação nos lucros, além de desconsiderar a até julho de 2016, conforme inicial, passando a condição de

natureza indenizatória dessa parcela; que não havia pagamento remuneração "por fora" a partir daquela data. Logo, evidenciado que

"por fora", nada tendo sido comprovado; que condenar sem o paga perdurou, mas revestida do nome de PPR, supostamente

considerar o contraditório, constitui ofensa ao artigo 93, IX, da indenizatória, todavia, corretamente rejeitada a hipótese no juízo

Constituição Federal; que não houve redução salarial, não sentenciante, tem-se por verdadeiramente comprovada a sua

comprovando o recorrido, em sua exordial, na instrução ou nos existência, carecendo da mais mínima procedência a alegação

documentos por ele acostados, quais os valores das supostas recursal de que a decisão vergastada, nessa questão, não teria

comissões que lhe seriam devidos; que no tema da periculosidade, observado o contraditório e, mais distante ainda, a hipótese de

de ser frisadoque a testemunha da reclamada informou que a não violação ao artigo artigo 93, IX, da Constituição Federal.

era exigido moto para realização da atividade, sendo escolha do REDUÇÃO SALARIAL. A redução salarial está relatada no

reclamante qual o método mais cômodo para realização da depoimento da testemunha FRANCISCO RAFAEL LIMA DOS

atividade; que quanto ao deferimento de pagamento de danos SANTOS ID. c07ec81 - Pág. 4, reduzindo a empresa, de forma

morais em razão da suposta não concessão de férias, não houve gravosa, os patamares a partir dos quais se dava o

qualquer razoabilidade na fixação do valor de reparatório de R$ comissionamento. A sentença invocou acertadamente a aplicação

10.000,00; que a condenação em vale alimentação e auxílio do artigo 468, da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é

combustível trouxe fundamentação deficiente e genérica, sendo lícita a alteração das respectivas condições por mútuo

inválida; que na condenação de multa convencional não é possível consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou

verificar a que acordo ou norma coletiva se refere, por ausência de indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da

juntada aos autos do respectivo instrumento normativo; que o cláusula infringente desta garantia. Nada há, portanto, o que

recorrido não comprovou o alegado estado de miserabilidade. reformar.

Analisa-se: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Desde logo se há ressaltar

INICIAL. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO. Uma vez que a inicial, no que a suposta não exigência do empregador para que fosse

juízo deste relator, atende ao que preceitua o artigo 840, § 1º, da utilizada uma motocicleta no trabalho, não desnatura a aplicação do

CLT, a emenda à inicial ID. bae7e75 não a desnatura, eis que artigo193, § 4º, da CLT. A atividade perigosa ali definida não

mantida a forma padrão de indicação de valores, como acentua a condiciona a uma condição contratual, mas a existência do fato.

norma celetista antes destacada e acrescenta meras corrigendas Ademais, do depoimento da mesma testemunha acima

que, assim como a reclamação vestibular, foi regulamente referenciada, extrai-se a certeza de que o uso da motocicleta era

submetida ao contraditório. Não é, efetivamente, hipótese de exigido; "que no ato da contratação foi informado que o vendedor

aplicação do artigo 840, § 3º, da CLT. Sob esse enfoque a sentença tinha que ter moto para ser contratado; que na PA01 havia 14

é irreprochável. vendedores, todos eles utilizando moto para o trabalho; que nunca

TESTEMUNHA SUSPEITA. A questão está pacificada na Súmula- viu o reclamante trabalhar em outro veículo, senão moto, até porque

357, do E. Tribunal Superior do Trabalho. Não torna suspeita a não tinha condições de a gente se locomover de carro com a

testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra quantidade de dinheiro que a gente transportava, pois era pedir

o mesmo empregador. Logo, seu depoimento sob compromisso é para ser assaltado". Logo, a sentença objurgada deve ser mantida.

válido. Incidente que se rejeita. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE DO

COMISSÕES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Não houve por VALOR ARBITRADO. Considerado o regramento do artigo 223-G,

parte da sentença recorrida confusão entre as rubricas "comissões" da CLT, conjugado com a remuneração total do recorrido, o valor

e o alegado "bônus PPR". Colhe-se do depoimento do preposto da arbitrado de R$ 10.000,00 não denota irrazoabilidade, do que

parte recorrente ID. c07ec81 - Pág. 2 que uma rubrica substituiu a confirmar o julgamento recorrido.

outra, estando correta a decisão recorrida de que ambas possuíam VALE ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. Embora a peça

a mesma natureza remuneratória, ilação que se acomoda no artigo recursal aluda a fundamentação sentenciante genérica, não é,

457, § 1º, da CLT. deveras, o que deflui da sentença de origem. A parte recorrente não

PAGAMENTO REMUNERATÓRIO "POR FORA". A existência do comprovou o pagamento das parcelas, estando assim

pagamento "por fora" deflui da própria contestação, porque a ele a fundamentada a decisão recorrida, escorada em prova testemunhal,

empresa recorrente se refere na defesa a "bônus PPR". Com ademais, que revelou a existência de espécie de salário

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 245
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

complessivo, posto que as rubricas eram descontadas no ASSALTO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O transporte de

comissionamento. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada elevados valores (R$ 10.000,00 a R$ 50.000,00) como alegado na

importância ou percentagem para atender englobadamente vários inicial ID. 4e8ddc2 - Pág. 15, não se confirmou nas provas dos

direitos legais ou contratuais do trabalhador (Súmula-91/TST). autos. A ausência de verossimilhança foi captada com agudeza pelo

Condenação mantida. juízo sentenciante; "evidente que o reclamante distorce a realidade

MULTA CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO nesse tocante para dar tons de juridicidade a sua pretensão". Nesse

NORMATIVO INDICADOR. O item Fda inicial indica as cláusulas termos, de se manter o julgamento recorrido por ausência de

normativas violadas pela parte recorrente. O documento alusivo vê- comprovação efetiva de transporte de elevados valores e da

se às fls. ID. 55c108a. Descartada, portanto, a eventualidade de submissão a assaltos.

que o recorrido tivesse pleiteado reparação com base em cláusula Isto posto,

normativa, sem apresentar a respectiva Convenção Coletiva de

Trabalho em que se vê, conferindo-lhe idoneidade a numeração de

registro no MTE. Perfeito o pedido quanto à forma, nada se vê que CONCLUSÃO DO VOTO

justifique sua exclusão da condenação.

JUSTIÇA GRATUITA. A decisão vergastada não merece reforma.

Embora das regras do artigo 790, da CLT, A parte reclamante Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes

declarou no documentoID. f4ba818 - Pág. 3 não ter condições de provimento.

arcar com os custos do processo. Dessa forma, a simples

declaração de que o postulante é pobre na forma legal e de que não

reúne condições econômicas para arcar com as despesas DISPOSITIVO

processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, é

suficiente e merecedora de fé para a concessão do benefício da

justiça gratuita. Portanto, firmada a situação de pobreza da parte

reclamante, como no caso, é o quanto basta para o deferimento dos

benefícios da Justiça Gratuita. Nesse sentido, ainda, o § 3º do art.

99 do CPC, aplicável à seara trabalhista (art. 8º, § 1º, da CLT),

segundo o qual "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência

deduzida exclusivamente por pessoa natural". Inteligência, por fim,

do item I da Súmula nº 463 do TST. ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

4.O reclamante igualmente se insurgiu contra a sentença de origem, REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

alegando que a decisão recorrida deve ser reformada para a conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar-lhes

condenação da empresa ao pagamento em dobro dos descansos provimento.

semanais não concedidos e os alusivos ao trabalho em feriados; Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

que merece reparado os danos morais pelo transporte de valores, e Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

a obrigação de o recorrente arcar com o reembolso de assaltos e Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

valores de clientes inadimplentes. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Ao exame: de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

DESCANSOS SEMANAIS. TRABALHOS EM FERIADOS. O Fortaleza, 18 de julho de 2022.

fundamento decisório, ao julgar improcedente o pedido, alude ao

enquadramento do recorrente na exceção prevista no art. 62, I, da

CLT. A sentença não merece reforma. O trabalho externo somente

de forma excepcional está sob controle de horário, eis que, no mais

das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de término e quase

nada do entremeio. Nessa condição impossível se revela a

possibilidade do deferimento de RSR por alegados feriados CLAUDIO SOARES PIRES

trabalhados. Desembargador Relator

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 246
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. externo somente de forma excepcional está sob controle de horário,

eis que, no mais das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART término e quase nada do entremeio. Nessa condição impossível se

Diretor de Secretaria revela a possibilidade do deferimento de paga por hora extra. 3.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. A sentença


Processo Nº ROT-0000645-39.2019.5.07.0034
Relator CLAUDIO SOARES PIRES recorrida concedeu à reclamante os benefícios da justiça gratuita,
RECORRENTE PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790,
ADVOGADOS ASSOCIADOS
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB: §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de
157840/SP)
imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que
RECORRENTE SHIRLEY ROCHA MAGALHAES
CAMINHA declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS)
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), impossibilitando,
RECORRIDO SHIRLEY ROCHA MAGALHAES
CAMINHA conseguintemente, condenação da autora em honorários
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS)
advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente provido.
RECORRIDO PROCTER & GAMBLE INDUSTRIAL E
COMERCIAL LTDA II - RECURSO DAS RECLAMADAS.
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. Em razão do
RECORRIDO COTY BRASIL COMERCIO LTDA. parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá-la do
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP) pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restam

prejudicados todos os pedidos formulados pelas reclamadas sobre


Intimado(s)/Citado(s):
o tema em epígrafe. Recurso prejudicado.
- SHIRLEY ROCHA MAGALHAES CAMINHA

RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS

ORDINÁRIOS, provenientes da MM. 4ª VARA DO TRABALHO DE


EMENTA
FORTALEZA, em que são recorrentes: SHIRLEY ROCHA

MAGALHÃES CAMINHA e PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO

ADVOGADOS ASSOCIADOS; e recorridas: PROCTER & GAMBLE


RECURSOS ORDINÁRIOS
INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA, COTY BRASIL COMÉRCIO

LTDA e SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA.


I - RECURSO DA RECLAMANTE.
A reclamante (SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA) e o
1. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
escritório de advocacia (PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO
REJEITA-SE. Não se desconhece que o direito de defesa deve ser
ADVOGADOS ASSOCIADOS) interpuseram recursos ordinários em
exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica
face da r. sentença, Id. c6e490a, que julgou improcedentes os
preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse
pedidos da reclamação trabalhista; e, em relação aos honorários
modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e
advocatícios sucumbenciais pleiteados pelos advogados da parte
da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. No
reclamada, entendeu que aexigibilidadedeveria ficar sob condição
caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o
suspensiva, nos termos do §4º do art. 791-A.
pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,
Contrarrazões apresentadas (Id,s: 1984c15; 1d066ac).
na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio
É o relatório.
direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados

por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,

sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena
FUNDAMENTAÇÃO
de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". Assim, correta a

decisão que indeferiu a realização de prova pericial contábil. Rejeita

-se. 2. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. O trabalho

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 247
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADMISSIBILIDADE defesa deve se perquirir sobre a real necessidade da prova e se a

Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido

serem apontadas. contrariamente àquele que a requereu. Contudo, ainda que o

I - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE. Magistrado indefira a produção de uma prova e julgue

contrariamente ao interesse da parte que requereu a sua produção,

PRELIMINAR não significa, por si só, cerceio do direito de defesa, porque o

CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros

A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado

cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando

pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas

para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio

direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para

"seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é

inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer, sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado

ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença

primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.". tenha negado a tutela jurisdicional.

Ao exame. No caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o

Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d, pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,

divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio

indeferimento do seguinte pedido: "A autora reitera o pedido de direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados

realização de pericia contábil em razão dos impactos financeiros por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,

que o incorreto pagamento das premiações ocasionaram na sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena

remuneração da obreira, principalmente em função dos "NET1 e de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.".

NET2", além dos acordos comerciais cuja apuração só será Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser

fidedigna mediante a realização da aludida perícia". exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica

O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse

fundamentos: modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e

"Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova da ampla defesa e os da economia e celeridade processual.

técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova

causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a pericial contábil.

existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos Rejeita-se.

financeiros apurados por ocasião da liquidação da sentença que MÉRITO

vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase 1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS.

processual sob pena de tumultuar o feito e procrastinar seu

julgamento." Sobre o tema, eis o pronunciamento do juízo de primeiro grau:

O devido processo legal se constitui na mais importante garantia "HORAS EXTRAS (...)

assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese

é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às

judicial como na esfera administrativa. 19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas

Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados

todas as provas tendentes à demonstração de suas alegações. para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos

Contudo, o direito da parte em produzir provas que entende devidas e convenções da empresa em horários muito além do horário

está sujeito à aferição, pelo Magistrado, da sua necessidade ou regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas

não, de maneira que nem todo indeferimento de prova representa extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a

cerceio ao direito de defesa. sua jornada é a estabelecida no art. 58 da CLT.

Para a aferição sobre a ocorrência do cerceamento ao direito de Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle

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de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora.

equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de

indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de

excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT. controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário

Passo a análise. não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise

In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de

ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é sua jornada de trabalho.

aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o

presente caso. envio de mensagens da autora em horários não comerciais. Não há

Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não

a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente.

reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente

estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que

reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo.

vendedor, que atendia clientes menores. (...)

Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor

de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os

atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer

pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada indício nos autos de sua ocorrência.

da autora. Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho da autora na

Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos

exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias que alega ter participado.

para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na

autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de

escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,

trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens

jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras

superiores pelos meios virtuais. oriundas dos eventos."

A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido

trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante

depoimentos das partes: ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a

"Depoimento pessoal da autora: (...) que iniciava a jornada às 8h, aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso

saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais

22h30min; que externamente trabalhava até as 19h e que depois atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim

executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da

possui sede física em Fortaleza (...)". decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária

A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras

visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas,

aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras

jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos

têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar comerciais e treinamentos.".

estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle O recurso não alcança provimento.

de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para

controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser

sem fiscalização. exigido daquele que alega a comprovação da jornada indicada, na

Também não considero forma de controle o acompanhamento do medida do seu interesse em justificar o direito material invocado.

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Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo, apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se

tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010-

está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das 38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes

funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018).

apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na "(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo

maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu,

que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do

para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor

aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª-

voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis

quase nada do entremeio. Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT

O que deve ser perquirido, a bem de ver, é a existência de 02/10/2018).

mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser

coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora

dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos

recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,

trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens

se dava o preenchimento do expediente de trabalho. em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras

No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau, oriundas dos eventos.

"A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo 2. DIFERENÇAS NA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em Sobre o tema, assim se manifestou a sentença:

aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de "Das diferenças salariais

jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores Requer a autora o pagamento das diferenças de premiações em

têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da

estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle remuneração variável da reclamante.

de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que

controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos:

sem fiscalização.". "(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de

Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa

de estreitar o contato entre empregador e empregado, não promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a

desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração

externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária. variável diferentemente do que acontecia com as vendedoras de

No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a

vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse

Turma de Julgamento: momento que houve a promessa de pagamento de remuneração

"CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e

EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se

DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável;

laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes

partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de

possuía a tecnologia GPS e, portanto, poderia a empresa salário;"

reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido

condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de

pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos

produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do comerciais da empresa suportados pela reclamante.

exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação

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genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais suspensão da exigibilidade do crédito relativo aos honorários

da empresa teriam lhe causado prejuízo de alguma forma, advocatícios."

considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração." Sustenta a recorrente, em suma, que "havendo gratuidade de

Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a justiça os honorários advocatícios são indevidos.".

reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma O fundamento recursal procede.

variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios, A sentença recorrida concedeu à reclamante os benefícios da

atingimento de metas e comissões.". justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica

Sem razão, contudo. (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,

As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo

para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos, STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo

verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários

Assim, diante de tal circunstância, verificando-se que a valoração advocatícios.

probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para

reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios.

contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.

vergastada por seus próprios e jurídicos fundamentos. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.

Portanto, de se manter a sentença que indeferiu as diferenças

salariais pleiteadas. Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos

NEGA-SE PROVIMENTO. formulados pelo Recorrido foram julgados improcedentes, deverá

3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ser reformada a r. sentença para afastar a suspensão da

Consta da sentença: exigibilidade dos honorários de sucumbência aos patronos da

"Honorários advocatícios Recorrente, como estabelecido no caput do artigo 791-A da CLT,

Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5% bem como majorar o percentual para 15% sobre o valor atualizado

sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas. da causa. Por fim, na improvável hipótese de não serem pagos os

À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "... valores devidos ou identificados créditos da parte Reclamante em

créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada outros processos, desde já as Reclamadas se resguardam ao

como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados

condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que créditos em favor da parte reclamante, conforme permite o já

tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários referido § 4º do artigo 791-A da CLT.".

advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá

Constituição Federal. -la do pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais,

Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não restam prejudicados todos os pedidos ora formulados pelas

deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente reclamadas sobre o tema em epígrafe.

(superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição Recurso prejudicado.

de pobreza do beneficiário e, assim, ainda que tacitamente, revogue

o benefício.

Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são CONCLUSÃO DO VOTO

verbas não quitadas no curso do contrato de trabalho.

Como é possível a interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT, a

partir da própria Constituição Federal, não há inconstitucionalidade Conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de

a ser declarada. cerceamento do direito de defesa suscitada pela reclamante e, no

O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente mérito, dar parcial provimento ao seu apelo, para isentá-la do

para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restando

suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios. prejudicado o exame do recurso das reclamadas.

Determino a aplicação do § 4º do art. 791-A da CLT, no que tange à

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Intimado(s)/Citado(s):
- PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO ADVOGADOS
DISPOSITIVO ASSOCIADOS

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL


RECURSOS ORDINÁRIOS
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de


I - RECURSO DA RECLAMANTE.
cerceamento de defesa suscitada pela autora e, no mérito, dar
1. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
parcial provimento ao apelo da reclamante, para isentá-la do
REJEITA-SE. Não se desconhece que o direito de defesa deve ser
pagamento dos honorários advocatícios, restando prejudicado o
exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica
exame do recurso das reclamadas.
preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e
Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. No
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados

por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,

sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena

de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". Assim, correta a


CLAUDIO SOARES PIRES
decisão que indeferiu a realização de prova pericial contábil. Rejeita
Desembargador Relator
-se. 2. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. O trabalho
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
externo somente de forma excepcional está sob controle de horário,

eis que, no mais das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
término e quase nada do entremeio. Nessa condição impossível se
Diretor de Secretaria
revela a possibilidade do deferimento de paga por hora extra. 3.
Processo Nº ROT-0000645-39.2019.5.07.0034 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. A sentença
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
recorrida concedeu à reclamante os benefícios da justiça gratuita,
RECORRENTE PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO
ADVOGADOS ASSOCIADOS porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790,
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP) §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de
RECORRENTE SHIRLEY ROCHA MAGALHAES imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que
CAMINHA
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS) declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
RECORRIDO SHIRLEY ROCHA MAGALHAES Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), impossibilitando,
CAMINHA
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS) conseguintemente, condenação da autora em honorários
RECORRIDO PROCTER & GAMBLE INDUSTRIAL E advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente provido.
COMERCIAL LTDA
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB: II - RECURSO DAS RECLAMADAS.
157840/SP)
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. Em razão do
RECORRIDO COTY BRASIL COMERCIO LTDA.
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB: parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá-la do
157840/SP)
pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restam

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prejudicados todos os pedidos formulados pelas reclamadas sobre Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d,

o tema em epígrafe. Recurso prejudicado. divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do

indeferimento do seguinte pedido: "A autora reitera o pedido de

realização de pericia contábil em razão dos impactos financeiros

RELATÓRIO que o incorreto pagamento das premiações ocasionaram na

remuneração da obreira, principalmente em função dos "NET1 e

NET2", além dos acordos comerciais cuja apuração só será

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS fidedigna mediante a realização da aludida perícia".

ORDINÁRIOS, provenientes da MM. 4ª VARA DO TRABALHO DE O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes

FORTALEZA, em que são recorrentes: SHIRLEY ROCHA fundamentos:

MAGALHÃES CAMINHA e PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO "Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova

ADVOGADOS ASSOCIADOS; e recorridas: PROCTER & GAMBLE técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da

INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA, COTY BRASIL COMÉRCIO causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a

LTDA e SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA. existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos

A reclamante (SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA) e o financeiros apurados por ocasião da liquidação da sentença que

escritório de advocacia (PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase

ADVOGADOS ASSOCIADOS) interpuseram recursos ordinários em processual sob pena de tumultuar o feito e procrastinar seu

face da r. sentença, Id. c6e490a, que julgou improcedentes os julgamento."

pedidos da reclamação trabalhista; e, em relação aos honorários O devido processo legal se constitui na mais importante garantia

advocatícios sucumbenciais pleiteados pelos advogados da parte assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal

reclamada, entendeu que aexigibilidadedeveria ficar sob condição é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera

suspensiva, nos termos do §4º do art. 791-A. judicial como na esfera administrativa.

Contrarrazões apresentadas (Id,s: 1984c15; 1d066ac). Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir

É o relatório. todas as provas tendentes à demonstração de suas alegações.

Contudo, o direito da parte em produzir provas que entende devidas

está sujeito à aferição, pelo Magistrado, da sua necessidade ou

FUNDAMENTAÇÃO não, de maneira que nem todo indeferimento de prova representa

cerceio ao direito de defesa.

Para a aferição sobre a ocorrência do cerceamento ao direito de

ADMISSIBILIDADE defesa deve se perquirir sobre a real necessidade da prova e se a

Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido

serem apontadas. contrariamente àquele que a requereu. Contudo, ainda que o

I - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE. Magistrado indefira a produção de uma prova e julgue

contrariamente ao interesse da parte que requereu a sua produção,

PRELIMINAR não significa, por si só, cerceio do direito de defesa, porque o

CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros

A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado

cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando

pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas

para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio

direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para

"seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é

inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer, sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado

ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença

primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.". tenha negado a tutela jurisdicional.

Ao exame. No caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito, atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento

na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada

direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados da autora.

por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo, Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante

sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias

de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos

Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem

exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os

preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a

modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus

da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. superiores pelos meios virtuais.

Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de

pericial contábil. trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos

Rejeita-se. depoimentos das partes:

MÉRITO "Depoimento pessoal da autora: (...) que iniciava a jornada às 8h,

1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até

22h30min; que externamente trabalhava até as 19h e que depois

Sobre o tema, eis o pronunciamento do juízo de primeiro grau: executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não

"HORAS EXTRAS (...) possui sede física em Fortaleza (...)".

Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo

que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em

19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de

das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores

para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar

e convenções da empresa em horários muito além do horário estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle

regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um

extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre

sua jornada é a estabelecida no art. 58 da CLT. sem fiscalização.

Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle Também não considero forma de controle o acompanhamento do

de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora.

equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de

indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de

excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT. controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário

Passo a análise. não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise

In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de

ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é sua jornada de trabalho.

aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o

presente caso. envio de mensagens da autora em horários não comerciais. Não há

Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não

a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente.

reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente

estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que

reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo.

vendedor, que atendia clientes menores. (...)

Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor

de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 254
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer se dava o preenchimento do expediente de trabalho.

indício nos autos de sua ocorrência. No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau,

Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho da autora na "A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo

exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em

que alega ter participado. aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de

Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores

exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar

pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho, estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle

intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um

em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre

oriundas dos eventos." sem fiscalização.".

Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes

de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante de estreitar o contato entre empregador e empregado, não

ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho

aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária.

porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para

atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda

como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da Turma de Julgamento:

decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária "CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS

lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I,

excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas, DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente

interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a

decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que

comerciais e treinamentos.". possuía a tecnologia GPS e, portanto, poderia a empresa

O recurso não alcança provimento. reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não

Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do

formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a

exigido daquele que alega a comprovação da jornada indicada, na produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do

medida do seu interesse em justificar o direito material invocado. exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas

Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo, apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se

tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010-

está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das 38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes

funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018).

apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na "(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo

maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu,

que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do

para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor

aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª-

voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis

quase nada do entremeio. Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT

O que deve ser perquirido, a bem de ver, é a existência de 02/10/2018).

mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser

coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora

dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos

recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,

trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 255
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras Portanto, de se manter a sentença que indeferiu as diferenças

oriundas dos eventos. salariais pleiteadas.

2. DIFERENÇAS NA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL NEGA-SE PROVIMENTO.

Sobre o tema, assim se manifestou a sentença: 3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.

"Das diferenças salariais Consta da sentença:

Requer a autora o pagamento das diferenças de premiações em "Honorários advocatícios

razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5%

remuneração variável da reclamante. sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas.

Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "...

recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos: créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada

"(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da

remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que

promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários

empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à

variável diferentemente do que acontecia com as vendedoras de Constituição Federal.

clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não

depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente

momento que houve a promessa de pagamento de remuneração (superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição

variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e de pobreza do beneficiário e, assim, ainda que tacitamente, revogue

que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se o benefício.

recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável; Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são

que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes verbas não quitadas no curso do contrato de trabalho.

clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de Como é possível a interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT, a

salário;" partir da própria Constituição Federal, não há inconstitucionalidade

Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido a ser declarada.

alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente

setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a

comerciais da empresa suportados pela reclamante. suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios.

Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação Determino a aplicação do § 4º do art. 791-A da CLT, no que tange à

genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais suspensão da exigibilidade do crédito relativo aos honorários

da empresa teriam lhe causado prejuízo de alguma forma, advocatícios."

considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração." Sustenta a recorrente, em suma, que "havendo gratuidade de

Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a justiça os honorários advocatícios são indevidos.".

reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma O fundamento recursal procede.

variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios, A sentença recorrida concedeu à reclamante os benefícios da

atingimento de metas e comissões.". justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica

Sem razão, contudo. (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,

As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo

para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos, STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo

verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários

Assim, diante de tal circunstância, verificando-se que a valoração advocatícios.

probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para

reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios.

contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.

vergastada por seus próprios e jurídicos fundamentos. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 256
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

formulados pelo Recorrido foram julgados improcedentes, deverá Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

ser reformada a r. sentença para afastar a suspensão da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

exigibilidade dos honorários de sucumbência aos patronos da de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Recorrente, como estabelecido no caput do artigo 791-A da CLT, Fortaleza, 18 de julho de 2022.

bem como majorar o percentual para 15% sobre o valor atualizado

da causa. Por fim, na improvável hipótese de não serem pagos os

valores devidos ou identificados créditos da parte Reclamante em

outros processos, desde já as Reclamadas se resguardam ao CLAUDIO SOARES PIRES

direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados Desembargador Relator

créditos em favor da parte reclamante, conforme permite o já FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

referido § 4º do artigo 791-A da CLT.".

Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

-la do pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, Diretor de Secretaria

restam prejudicados todos os pedidos ora formulados pelas


Processo Nº ROT-0000645-39.2019.5.07.0034
reclamadas sobre o tema em epígrafe. Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Recurso prejudicado. RECORRENTE PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO
ADVOGADOS ASSOCIADOS
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP)
RECORRENTE SHIRLEY ROCHA MAGALHAES
CONCLUSÃO DO VOTO CAMINHA
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS)
RECORRIDO SHIRLEY ROCHA MAGALHAES
CAMINHA
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS)
Conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de
RECORRIDO PROCTER & GAMBLE INDUSTRIAL E
cerceamento do direito de defesa suscitada pela reclamante e, no COMERCIAL LTDA
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
mérito, dar parcial provimento ao seu apelo, para isentá-la do 157840/SP)
pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restando RECORRIDO COTY BRASIL COMERCIO LTDA.
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
prejudicado o exame do recurso das reclamadas. 157840/SP)

Intimado(s)/Citado(s):
- PROCTER & GAMBLE INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA
DISPOSITIVO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL


RECURSOS ORDINÁRIOS
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de


I - RECURSO DA RECLAMANTE.
cerceamento de defesa suscitada pela autora e, no mérito, dar
1. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
parcial provimento ao apelo da reclamante, para isentá-la do
REJEITA-SE. Não se desconhece que o direito de defesa deve ser
pagamento dos honorários advocatícios, restando prejudicado o
exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica
exame do recurso das reclamadas.
preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 257
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e pedidos da reclamação trabalhista; e, em relação aos honorários

da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. No advocatícios sucumbenciais pleiteados pelos advogados da parte

caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o reclamada, entendeu que aexigibilidadedeveria ficar sob condição

pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito, suspensiva, nos termos do §4º do art. 791-A.

na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio Contrarrazões apresentadas (Id,s: 1984c15; 1d066ac).

direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados É o relatório.

por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,

sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena

de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". Assim, correta a FUNDAMENTAÇÃO

decisão que indeferiu a realização de prova pericial contábil. Rejeita

-se. 2. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. O trabalho

externo somente de forma excepcional está sob controle de horário, ADMISSIBILIDADE

eis que, no mais das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para

término e quase nada do entremeio. Nessa condição impossível se serem apontadas.

revela a possibilidade do deferimento de paga por hora extra. 3. I - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. A sentença

recorrida concedeu à reclamante os benefícios da justiça gratuita, PRELIMINAR

porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.

§§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de

imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o

declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), impossibilitando, para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do

conseguintemente, condenação da autora em honorários direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer

advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente provido. "seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e

II - RECURSO DAS RECLAMADAS. inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. Em razão do ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de

parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá-la do primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.".

pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restam Ao exame.

prejudicados todos os pedidos formulados pelas reclamadas sobre Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d,

o tema em epígrafe. Recurso prejudicado. divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do

indeferimento do seguinte pedido: "A autora reitera o pedido de

realização de pericia contábil em razão dos impactos financeiros

RELATÓRIO que o incorreto pagamento das premiações ocasionaram na

remuneração da obreira, principalmente em função dos "NET1 e

NET2", além dos acordos comerciais cuja apuração só será

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS fidedigna mediante a realização da aludida perícia".

ORDINÁRIOS, provenientes da MM. 4ª VARA DO TRABALHO DE O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes

FORTALEZA, em que são recorrentes: SHIRLEY ROCHA fundamentos:

MAGALHÃES CAMINHA e PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO "Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova

ADVOGADOS ASSOCIADOS; e recorridas: PROCTER & GAMBLE técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da

INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA, COTY BRASIL COMÉRCIO causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a

LTDA e SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA. existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos

A reclamante (SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA) e o financeiros apurados por ocasião da liquidação da sentença que

escritório de advocacia (PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase

ADVOGADOS ASSOCIADOS) interpuseram recursos ordinários em processual sob pena de tumultuar o feito e procrastinar seu

face da r. sentença, Id. c6e490a, que julgou improcedentes os julgamento."

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 258
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

O devido processo legal se constitui na mais importante garantia "HORAS EXTRAS (...)

assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese

é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às

judicial como na esfera administrativa. 19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas

Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados

todas as provas tendentes à demonstração de suas alegações. para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos

Contudo, o direito da parte em produzir provas que entende devidas e convenções da empresa em horários muito além do horário

está sujeito à aferição, pelo Magistrado, da sua necessidade ou regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas

não, de maneira que nem todo indeferimento de prova representa extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a

cerceio ao direito de defesa. sua jornada é a estabelecida no art. 58 da CLT.

Para a aferição sobre a ocorrência do cerceamento ao direito de Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle

defesa deve se perquirir sobre a real necessidade da prova e se a de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de

ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o

contrariamente àquele que a requereu. Contudo, ainda que o indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na

Magistrado indefira a produção de uma prova e julgue excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT.

contrariamente ao interesse da parte que requereu a sua produção, Passo a análise.

não significa, por si só, cerceio do direito de defesa, porque o In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência

Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é

elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao

a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando presente caso.

se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que

motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª

do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no

se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a

sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro

diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença vendedor, que atendia clientes menores.

tenha negado a tutela jurisdicional. Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo

No caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme

pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito, atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento

na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada

direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados da autora.

por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo, Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante

sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias

de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos

Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem

exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os

preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a

modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus

da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. superiores pelos meios virtuais.

Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de

pericial contábil. trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos

Rejeita-se. depoimentos das partes:

MÉRITO "Depoimento pessoal da autora: (...) que iniciava a jornada às 8h,

1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até

22h30min; que externamente trabalhava até as 19h e que depois

Sobre o tema, eis o pronunciamento do juízo de primeiro grau: executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não

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possui sede física em Fortaleza (...)". decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária

A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras

visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas,

aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras

jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos

têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar comerciais e treinamentos.".

estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle O recurso não alcança provimento.

de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para

controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser

sem fiscalização. exigido daquele que alega a comprovação da jornada indicada, na

Também não considero forma de controle o acompanhamento do medida do seu interesse em justificar o direito material invocado.

supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora. Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo,

A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional

envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das

controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se

não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na

do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em

sua jornada de trabalho. que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada

Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa

envio de mensagens da autora em horários não comerciais. Não há aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento

comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e

comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente. quase nada do entremeio.

Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente O que deve ser perquirido, a bem de ver, é a existência de

cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova

alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo. coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se

(...) dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo

Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do

aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como

feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer se dava o preenchimento do expediente de trabalho.

indício nos autos de sua ocorrência. No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau,

Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho da autora na "A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo

exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em

que alega ter participado. aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de

Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores

exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar

pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho, estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle

intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um

em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre

oriundas dos eventos." sem fiscalização.".

Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes

de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante de estreitar o contato entre empregador e empregado, não

ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho

aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária.

porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para

atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda

como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da Turma de Julgamento:

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 260
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

"CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e

EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se

DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável;

laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes

partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de

possuía a tecnologia GPS e, portanto, poderia a empresa salário;"

reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido

condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de

pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos

produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do comerciais da empresa suportados pela reclamante.

exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação

apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais

desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010- da empresa teriam lhe causado prejuízo de alguma forma,

38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração."

da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018). Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a

"(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma

externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu, variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios,

pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do atingimento de metas e comissões.".

empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor Sem razão, contudo.

da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª- As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes

RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos,

Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que

02/10/2018). esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente.

Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser Assim, diante de tal circunstância, verificando-se que a valoração

mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer

na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos

de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho, contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão

intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens vergastada por seus próprios e jurídicos fundamentos.

em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras Portanto, de se manter a sentença que indeferiu as diferenças

oriundas dos eventos. salariais pleiteadas.

2. DIFERENÇAS NA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL NEGA-SE PROVIMENTO.

Sobre o tema, assim se manifestou a sentença: 3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.

"Das diferenças salariais Consta da sentença:

Requer a autora o pagamento das diferenças de premiações em "Honorários advocatícios

razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5%

remuneração variável da reclamante. sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas.

Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "...

recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos: créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada

"(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da

remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que

promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários

empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à

variável diferentemente do que acontecia com as vendedoras de Constituição Federal.

clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não

depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente

momento que houve a promessa de pagamento de remuneração (superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 261
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

de pobreza do beneficiário e, assim, ainda que tacitamente, revogue

o benefício.

Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são CONCLUSÃO DO VOTO

verbas não quitadas no curso do contrato de trabalho.

Como é possível a interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT, a

partir da própria Constituição Federal, não há inconstitucionalidade Conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de

a ser declarada. cerceamento do direito de defesa suscitada pela reclamante e, no

O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente mérito, dar parcial provimento ao seu apelo, para isentá-la do

para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restando

suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios. prejudicado o exame do recurso das reclamadas.

Determino a aplicação do § 4º do art. 791-A da CLT, no que tange à

suspensão da exigibilidade do crédito relativo aos honorários

advocatícios." DISPOSITIVO

Sustenta a recorrente, em suma, que "havendo gratuidade de

justiça os honorários advocatícios são indevidos.".

O fundamento recursal procede.

A sentença recorrida concedeu à reclamante os benefícios da

justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica

(CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,

incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo

STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo

791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

advocatícios. conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de

Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para cerceamento de defesa suscitada pela autora e, no mérito, dar

isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios. parcial provimento ao apelo da reclamante, para isentá-la do

II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA. pagamento dos honorários advocatícios, restando prejudicado o

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. exame do recurso das reclamadas.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

formulados pelo Recorrido foram julgados improcedentes, deverá Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

ser reformada a r. sentença para afastar a suspensão da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

exigibilidade dos honorários de sucumbência aos patronos da de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Recorrente, como estabelecido no caput do artigo 791-A da CLT, Fortaleza, 18 de julho de 2022.

bem como majorar o percentual para 15% sobre o valor atualizado

da causa. Por fim, na improvável hipótese de não serem pagos os

valores devidos ou identificados créditos da parte Reclamante em

outros processos, desde já as Reclamadas se resguardam ao CLAUDIO SOARES PIRES

direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados Desembargador Relator

créditos em favor da parte reclamante, conforme permite o já FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

referido § 4º do artigo 791-A da CLT.".

Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

-la do pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, Diretor de Secretaria

restam prejudicados todos os pedidos ora formulados pelas


Processo Nº ROT-0000645-39.2019.5.07.0034
reclamadas sobre o tema em epígrafe. Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Recurso prejudicado.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 262
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRENTE PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO


ADVOGADOS ASSOCIADOS porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790,
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB: §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de
157840/SP)
RECORRENTE SHIRLEY ROCHA MAGALHAES imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que
CAMINHA
declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS)
RECORRIDO SHIRLEY ROCHA MAGALHAES Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), impossibilitando,
CAMINHA
conseguintemente, condenação da autora em honorários
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS)
RECORRIDO PROCTER & GAMBLE INDUSTRIAL E advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente provido.
COMERCIAL LTDA
II - RECURSO DAS RECLAMADAS.
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. Em razão do
RECORRIDO COTY BRASIL COMERCIO LTDA.
parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá-la do
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP) pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restam

Intimado(s)/Citado(s): prejudicados todos os pedidos formulados pelas reclamadas sobre

- COTY BRASIL COMERCIO LTDA. o tema em epígrafe. Recurso prejudicado.

RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS


EMENTA ORDINÁRIOS, provenientes da MM. 4ª VARA DO TRABALHO DE

FORTALEZA, em que são recorrentes: SHIRLEY ROCHA

MAGALHÃES CAMINHA e PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO


RECURSOS ORDINÁRIOS ADVOGADOS ASSOCIADOS; e recorridas: PROCTER & GAMBLE

INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA, COTY BRASIL COMÉRCIO


I - RECURSO DA RECLAMANTE. LTDA e SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA.
1. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A reclamante (SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA) e o
REJEITA-SE. Não se desconhece que o direito de defesa deve ser escritório de advocacia (PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO
exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica ADVOGADOS ASSOCIADOS) interpuseram recursos ordinários em
preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse face da r. sentença, Id. c6e490a, que julgou improcedentes os
modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e pedidos da reclamação trabalhista; e, em relação aos honorários
da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. No advocatícios sucumbenciais pleiteados pelos advogados da parte
caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o reclamada, entendeu que aexigibilidadedeveria ficar sob condição
pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito, suspensiva, nos termos do §4º do art. 791-A.
na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio Contrarrazões apresentadas (Id,s: 1984c15; 1d066ac).
direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados É o relatório.
por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,

sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena

de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". Assim, correta a FUNDAMENTAÇÃO


decisão que indeferiu a realização de prova pericial contábil. Rejeita

-se. 2. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. O trabalho

externo somente de forma excepcional está sob controle de horário, ADMISSIBILIDADE


eis que, no mais das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para
término e quase nada do entremeio. Nessa condição impossível se serem apontadas.
revela a possibilidade do deferimento de paga por hora extra. 3. I - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. A sentença

recorrida concedeu à reclamante os benefícios da justiça gratuita, PRELIMINAR

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 263
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros

A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado

cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando

pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas

para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio

direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para

"seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é

inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer, sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado

ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença

primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.". tenha negado a tutela jurisdicional.

Ao exame. No caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o

Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d, pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,

divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio

indeferimento do seguinte pedido: "A autora reitera o pedido de direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados

realização de pericia contábil em razão dos impactos financeiros por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,

que o incorreto pagamento das premiações ocasionaram na sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena

remuneração da obreira, principalmente em função dos "NET1 e de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.".

NET2", além dos acordos comerciais cuja apuração só será Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser

fidedigna mediante a realização da aludida perícia". exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica

O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse

fundamentos: modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e

"Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova da ampla defesa e os da economia e celeridade processual.

técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova

causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a pericial contábil.

existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos Rejeita-se.

financeiros apurados por ocasião da liquidação da sentença que MÉRITO

vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase 1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS.

processual sob pena de tumultuar o feito e procrastinar seu

julgamento." Sobre o tema, eis o pronunciamento do juízo de primeiro grau:

O devido processo legal se constitui na mais importante garantia "HORAS EXTRAS (...)

assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese

é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às

judicial como na esfera administrativa. 19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas

Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados

todas as provas tendentes à demonstração de suas alegações. para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos

Contudo, o direito da parte em produzir provas que entende devidas e convenções da empresa em horários muito além do horário

está sujeito à aferição, pelo Magistrado, da sua necessidade ou regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas

não, de maneira que nem todo indeferimento de prova representa extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a

cerceio ao direito de defesa. sua jornada é a estabelecida no art. 58 da CLT.

Para a aferição sobre a ocorrência do cerceamento ao direito de Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle

defesa deve se perquirir sobre a real necessidade da prova e se a de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de

ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o

contrariamente àquele que a requereu. Contudo, ainda que o indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na

Magistrado indefira a produção de uma prova e julgue excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT.

contrariamente ao interesse da parte que requereu a sua produção, Passo a análise.

não significa, por si só, cerceio do direito de defesa, porque o In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 264
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é sua jornada de trabalho.

aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o

presente caso. envio de mensagens da autora em horários não comerciais. Não há

Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não

a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente.

reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente

estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que

reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo.

vendedor, que atendia clientes menores. (...)

Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor

de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os

atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer

pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada indício nos autos de sua ocorrência.

da autora. Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho da autora na

Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos

exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias que alega ter participado.

para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na

autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de

escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,

trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens

jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras

superiores pelos meios virtuais. oriundas dos eventos."

A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido

trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante

depoimentos das partes: ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a

"Depoimento pessoal da autora: (...) que iniciava a jornada às 8h, aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso

saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais

22h30min; que externamente trabalhava até as 19h e que depois atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim

executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da

possui sede física em Fortaleza (...)". decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária

A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras

visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas,

aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras

jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos

têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar comerciais e treinamentos.".

estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle O recurso não alcança provimento.

de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para

controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser

sem fiscalização. exigido daquele que alega a comprovação da jornada indicada, na

Também não considero forma de controle o acompanhamento do medida do seu interesse em justificar o direito material invocado.

supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora. Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo,

A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional

envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das

controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se

não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na

do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em

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que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do

para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor

aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª-

voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis

quase nada do entremeio. Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT

O que deve ser perquirido, a bem de ver, é a existência de 02/10/2018).

mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser

coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora

dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos

recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,

trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens

se dava o preenchimento do expediente de trabalho. em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras

No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau, oriundas dos eventos.

"A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo 2. DIFERENÇAS NA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em Sobre o tema, assim se manifestou a sentença:

aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de "Das diferenças salariais

jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores Requer a autora o pagamento das diferenças de premiações em

têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da

estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle remuneração variável da reclamante.

de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que

controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos:

sem fiscalização.". "(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de

Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa

de estreitar o contato entre empregador e empregado, não promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a

desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração

externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária. variável diferentemente do que acontecia com as vendedoras de

No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a

vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse

Turma de Julgamento: momento que houve a promessa de pagamento de remuneração

"CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e

EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se

DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável;

laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes

partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de

possuía a tecnologia GPS e, portanto, poderia a empresa salário;"

reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido

condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de

pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos

produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do comerciais da empresa suportados pela reclamante.

exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação

apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais

desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010- da empresa teriam lhe causado prejuízo de alguma forma,

38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração."

da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018). Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a

"(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma

externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu, variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios,

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

atingimento de metas e comissões.". justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica

Sem razão, contudo. (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,

As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo

para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos, STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo

verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários

Assim, diante de tal circunstância, verificando-se que a valoração advocatícios.

probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para

reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios.

contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.

vergastada por seus próprios e jurídicos fundamentos. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.

Portanto, de se manter a sentença que indeferiu as diferenças

salariais pleiteadas. Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos

NEGA-SE PROVIMENTO. formulados pelo Recorrido foram julgados improcedentes, deverá

3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ser reformada a r. sentença para afastar a suspensão da

Consta da sentença: exigibilidade dos honorários de sucumbência aos patronos da

"Honorários advocatícios Recorrente, como estabelecido no caput do artigo 791-A da CLT,

Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5% bem como majorar o percentual para 15% sobre o valor atualizado

sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas. da causa. Por fim, na improvável hipótese de não serem pagos os

À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "... valores devidos ou identificados créditos da parte Reclamante em

créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada outros processos, desde já as Reclamadas se resguardam ao

como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados

condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que créditos em favor da parte reclamante, conforme permite o já

tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários referido § 4º do artigo 791-A da CLT.".

advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá

Constituição Federal. -la do pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais,

Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não restam prejudicados todos os pedidos ora formulados pelas

deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente reclamadas sobre o tema em epígrafe.

(superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição Recurso prejudicado.

de pobreza do beneficiário e, assim, ainda que tacitamente, revogue

o benefício.

Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são CONCLUSÃO DO VOTO

verbas não quitadas no curso do contrato de trabalho.

Como é possível a interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT, a

partir da própria Constituição Federal, não há inconstitucionalidade Conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de

a ser declarada. cerceamento do direito de defesa suscitada pela reclamante e, no

O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente mérito, dar parcial provimento ao seu apelo, para isentá-la do

para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restando

suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios. prejudicado o exame do recurso das reclamadas.

Determino a aplicação do § 4º do art. 791-A da CLT, no que tange à

suspensão da exigibilidade do crédito relativo aos honorários

advocatícios." DISPOSITIVO

Sustenta a recorrente, em suma, que "havendo gratuidade de

justiça os honorários advocatícios são indevidos.".

O fundamento recursal procede.

A sentença recorrida concedeu à reclamante os benefícios da

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EMENTA

ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL RECURSOS ORDINÁRIOS

REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de I - RECURSO DA RECLAMANTE.

cerceamento de defesa suscitada pela autora e, no mérito, dar 1. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.

parcial provimento ao apelo da reclamante, para isentá-la do REJEITA-SE. Não se desconhece que o direito de defesa deve ser

pagamento dos honorários advocatícios, restando prejudicado o exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica

exame do recurso das reclamadas. preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e

Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. No

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio

Fortaleza, 18 de julho de 2022. direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados

por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,

sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena

de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.". Assim, correta a

CLAUDIO SOARES PIRES decisão que indeferiu a realização de prova pericial contábil. Rejeita

Desembargador Relator -se. 2. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. O trabalho

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. externo somente de forma excepcional está sob controle de horário,

eis que, no mais das vezes, sabe-se apenas a hora de início, de

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART término e quase nada do entremeio. Nessa condição impossível se

Diretor de Secretaria revela a possibilidade do deferimento de paga por hora extra. 3.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. A sentença


Processo Nº ROT-0000645-39.2019.5.07.0034
Relator CLAUDIO SOARES PIRES recorrida concedeu à reclamante os benefícios da justiça gratuita,
RECORRENTE PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790,
ADVOGADOS ASSOCIADOS
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB: §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de
157840/SP)
imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que
RECORRENTE SHIRLEY ROCHA MAGALHAES
CAMINHA declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS)
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), impossibilitando,
RECORRIDO SHIRLEY ROCHA MAGALHAES
CAMINHA conseguintemente, condenação da autora em honorários
ADVOGADO ERVINO ROLL(OAB: 9907/RS)
advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente provido.
RECORRIDO PROCTER & GAMBLE INDUSTRIAL E
COMERCIAL LTDA II - RECURSO DAS RECLAMADAS.
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. Em razão do
RECORRIDO COTY BRASIL COMERCIO LTDA. parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá-la do
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
157840/SP) pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restam

prejudicados todos os pedidos formulados pelas reclamadas sobre


Intimado(s)/Citado(s):
o tema em epígrafe. Recurso prejudicado.
- SHIRLEY ROCHA MAGALHAES CAMINHA

RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

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V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS fidedigna mediante a realização da aludida perícia".

ORDINÁRIOS, provenientes da MM. 4ª VARA DO TRABALHO DE O juiz de primeiro grau indeferiu tal pedido, sob os seguintes

FORTALEZA, em que são recorrentes: SHIRLEY ROCHA fundamentos:

MAGALHÃES CAMINHA e PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO "Indefiro o pedido da reclamante porquanto entendo que tal prova

ADVOGADOS ASSOCIADOS; e recorridas: PROCTER & GAMBLE técnica não é necessária no momento para o deslinde do mérito da

INDUSTRIAL E COMERCIAL LTDA, COTY BRASIL COMÉRCIO causa. Com efeito, na fase de conhecimento ainda será aferida a

LTDA e SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA. existência do próprio direito perseguido, que poderá ter seus efeitos

A reclamante (SHIRLEY ROCHA MAGALHÃES CAMINHA) e o financeiros apurados por ocasião da liquidação da sentença que

escritório de advocacia (PIPEK, PENTEADO E PAES MANSO vier a reconhecê-lo, sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase

ADVOGADOS ASSOCIADOS) interpuseram recursos ordinários em processual sob pena de tumultuar o feito e procrastinar seu

face da r. sentença, Id. c6e490a, que julgou improcedentes os julgamento."

pedidos da reclamação trabalhista; e, em relação aos honorários O devido processo legal se constitui na mais importante garantia

advocatícios sucumbenciais pleiteados pelos advogados da parte assegurado pelo sistema jurídico. Segundo o devido processo legal

reclamada, entendeu que aexigibilidadedeveria ficar sob condição é garantido a todos a ampla defesa e o contraditório, tanto na esfera

suspensiva, nos termos do §4º do art. 791-A. judicial como na esfera administrativa.

Contrarrazões apresentadas (Id,s: 1984c15; 1d066ac). Por ampla defesa, entende-se a possibilidade de a parte produzir

É o relatório. todas as provas tendentes à demonstração de suas alegações.

Contudo, o direito da parte em produzir provas que entende devidas

está sujeito à aferição, pelo Magistrado, da sua necessidade ou

FUNDAMENTAÇÃO não, de maneira que nem todo indeferimento de prova representa

cerceio ao direito de defesa.

Para a aferição sobre a ocorrência do cerceamento ao direito de

ADMISSIBILIDADE defesa deve se perquirir sobre a real necessidade da prova e se a

Recursos tempestivamente interpostos, sem irregularidades para ausência da prova indeferida levou ao julgamento do pedido

serem apontadas. contrariamente àquele que a requereu. Contudo, ainda que o

I - RECURSO DA PARTE RECLAMANTE. Magistrado indefira a produção de uma prova e julgue

contrariamente ao interesse da parte que requereu a sua produção,

PRELIMINAR não significa, por si só, cerceio do direito de defesa, porque o

CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Magistrado pode formar o seu convencimento em razão de outros

A parte recorrente argumenta que "é nítida a existência de elementos dos autos, pois, como dito, o Magistrado está autorizado

cerceamento de defesa, porquanto deveria ter sido deferido o a indeferir provas nas hipóteses arroladas no artigo do CPC quando

pedido de perícia, mormente face a relevância que tal pleito possuía se convencer das questões discutidas nos autos, bastando apenas

para o deslinde do feito. Decorre disso que houve a violação do motivar a razão do seu convencimento. É a incidência do princípio

direito ao contraditório e ampla defesa da reclamante." Requer do livre convencimento motivado do Magistrado. É o que basta para

"seja declarada nulidade processual, por cerceamento de defesa e se ter como prestada a tutela jurisdicional. Prestar tutela não é

inobservância ao direito ao contraditório e a ampla defesa". Requer, sinônimo de procedência dos pedidos, de modo que resultado

ainda, "seja determinado o retorno dos autos/processo ao juiz de diverso daquele esperado pela parte não significa que a sentença

primeiro grau, para que determine a realização de perícia contábil.". tenha negado a tutela jurisdicional.

Ao exame. No caso, como bem destacou o juízo de primeiro grau, ao indeferir o

Com efeito, examinando-se a ata de audiência de ID.423286d, pedido da reclamante de realização de perícia contábil: "Com efeito,

divisa-se o registro de protesto da parte recorrente diante do na fase de conhecimento ainda será aferida a existência do próprio

indeferimento do seguinte pedido: "A autora reitera o pedido de direito perseguido, que poderá ter seus efeitos financeiros apurados

realização de pericia contábil em razão dos impactos financeiros por ocasião da liquidação da sentença que vier a reconhecê-lo,

que o incorreto pagamento das premiações ocasionaram na sendo despiciendo realizar tal prova nesta fase processual sob pena

remuneração da obreira, principalmente em função dos "NET1 e de tumultuar o feito e procrastinar seu julgamento.".

NET2", além dos acordos comerciais cuja apuração só será Não se desconhece, outrossim, que o direito de defesa deve ser

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exercido dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica escritório ou sucursal neste Estado, executando a autora os

preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse trabalhos inteiramente de forma externa iniciando e encerrando a

modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e jornada em sua residência, sendo o contato da autora com os seus

da ampla defesa e os da economia e celeridade processual. superiores pelos meios virtuais.

Portanto, correta a decisão que indeferiu a realização de prova A prova dos autos demonstra que a ré não controlava a jornada de

pericial contábil. trabalho da autora, conforme se observa dos seguintes trechos dos

Rejeita-se. depoimentos das partes:

MÉRITO "Depoimento pessoal da autora: (...) que iniciava a jornada às 8h,

1. VENDEDOR EXTERNO. HORAS EXTRAS. saindo de sua casa e que trabalhava aproximadamente até

22h30min; que externamente trabalhava até as 19h e que depois

Sobre o tema, eis o pronunciamento do juízo de primeiro grau: executava atividades burocráticas em casa; (...) que a empresa não

"HORAS EXTRAS (...) possui sede física em Fortaleza (...)".

Requer a autora o pagamento de horas extras aduzindo em síntese A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo

que possuía jornada de trabalho de segunda à sexta das 08hs às visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em

19hs, sem intervalos intrajornadas, realizava tarefas administrativas aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de

das 20hs às 22hs, bem como trabalhar aos domingos e feriados jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores

para atender à demanda com a participação obrigatória em eventos têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar

e convenções da empresa em horários muito além do horário estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle

regular de trabalho, razão pela qual requer o pagamento de horas de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um

extras e intervalos interjornada e intrajornada, entendendo que a controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre

sua jornada é a estabelecida no art. 58 da CLT. sem fiscalização.

Em sua contestação a reclamada afirma que não possuía controle Também não considero forma de controle o acompanhamento do

de jornada por se tratar de vendedora externa e supervisora de supervisor de forma esporádica às visitas realizadas pela autora.

equipe de vendas, exercendo cargo de chefia, requerendo ao final o A circunstância de os e-mails possuírem a hora de confirmação de

indeferimento do pleito devido ao fato do autor estar incluído na envio e recebimento, ao meu sentir, não afasta tal ausência de

excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT. controle de jornada, na medida em que as mensagens em horário

Passo a análise. não comercial são pontuais, não se podendo, somente pela análise

In casu, o deslinde da controvérsia dos autos passa pela existência do seu registro, aferir como a autora utilizou o restante do tempo de

ou não de controle de jornada pela empresa, para aferir se é sua jornada de trabalho.

aplicável ou não a excepcionalidade do art. 62, I e II da CLT ao Ademais, nos e-mails colacionados aos autos não se verifica o

presente caso. envio de mensagens da autora em horários não comerciais. Não há

Primeiramente, ressalto que não restou comprovado nos autos que comprovação de que, ainda que enviada mensagem em horário não

a autora exerceu cargo de chefia de equipe de vendas da 3ª comercial, essa tivesse que ser respondida imediatamente.

reclamada. Conforme atestou a testemunha da autora, só havia no Por fim, a reclamante não fez prova da jornada efetivamente

estado do Ceará dois vendedores da empresa sendo um deles, a cumprida no período, principalmente para o caso em tela, em que

reclamante, que atendia os clientes maiores da empresa e, outro alega jornada extenuante de trabalho por longo período de tempo.

vendedor, que atendia clientes menores. (...)

Neste sentido, não restou configurado que a autora exercia cargo Acrescento ainda, que a autora não comprova a existência de labor

de chefia ou de supervisão de outros vendedores, conforme aos domingos e feriados, bem como não discrimina em quais os

atestaram as reclamadas em sua contestação e depoimento feriados teria trabalhado, formulando pedido genérico sem qualquer

pessoal, assim afasto a incidência do inciso II do art. 62 na jornada indício nos autos de sua ocorrência.

da autora. Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho da autora na

Por outro lado, restou incontroverso nos autos que a reclamante exceção do art. 62, I da CLT, aplicando-se também para os eventos

exercia trabalho externo na execução das suas atividades diárias que alega ter participado.

para a reclamada. Conforme se constata, não existe registro nos Ante o exposto, enquadro a jornada de trabalho do autor na

autos sequer de que as empresas reclamadas possuíssem exceção do art. 62, I da CLT e julgo improcedentes os pedidos de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 270
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho, estas no aplicativo, sendo o cadastro apenas para fins de controle

intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens de visitas, não significando que efetivamente foi realizado um

em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras controle de jornada no próprio, até mesmo porque o cadastro é livre

oriundas dos eventos." sem fiscalização.".

Sustenta a recorrente que "A prova dos autos é robusta no sentido Registre-se, também, que o advento de novas tecnologias, capazes

de que o simples fato da prestação de serviço do reclamante de estreitar o contato entre empregador e empregado, não

ocorrer fora das dependências da reclamada não justifica a desnatura necessariamente a impressão principal do trabalho

aplicação da exceção tratada pelo artigo 62, inciso I da CLT. Isso externo, que é a inexistência de mensuração da carga horária.

porque, além de não estarem preenchidos os requisitos formais No sentido ora abonado, acerca da ausência de horas extras para

atinentes a aplicação do artigo 62, I, também era possível assim vendedor externo, cito os seguintes precedentes desta Segunda

como existia o efetivo controle de jornada.". Requer "a reforma da Turma de Julgamento:

decisão de piso para que seja declarada válida a carga horária "CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS

lançada na peça portal, para fins de condenação em horas extras EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I,

excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, intervalos intrajornadas, DO ART. 62, DA CLT. Restou inconteste nos autos que a recorrente

interjornada, domingos e feriados, bem como horas extras laborava na função de vendedora externa. Entretanto, dizer que a

decorrentes do comparecimento em eventos, convenções, acordos partir do fato de a recorrente laborar com um aparelho celular que

comerciais e treinamentos.". possuía a tecnologia GPS e, portanto, poderia a empresa

O recurso não alcança provimento. reclamada, controlar a efetiva jornada de trabalho do autor, não

Em se tratando de jornada extraordinária de trabalho, para condiz com o senso comum. Ademais, para o deferimento do

formação do convencimento com fulcro na verdade real, deve ser pedido de horas extraordinárias e reflexos necessário se faz a

exigido daquele que alega a comprovação da jornada indicada, na produção de prova robusta do labor em jornada elastecida e, do

medida do seu interesse em justificar o direito material invocado. exame dos autos, mormente dos depoimentos das testemunhas

Tal princípio vê-se vigoroso na medida em que o trabalho externo, apresentadas em Juízo, percebe-se que a ora recorrente não se

tal como se dá no caso presente, somente de forma excepcional desonerou do ônus que lhe competia. (...)" (TRT7ª-RO0002010-

está sob controle de horário. Em especial quanto ao ocupante das 38.2016.5.07.0001, Desembargador Relator: Francisco José Gomes

funções de vendedor externo, eis que no mais das vezes sabe-se da Silva, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT 26/06/2018).

apenas a hora de início e de término do trabalho. A dificuldade, na "(...) TRABALHO EXTERNO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Sendo

maioria dos casos insuperável, está na determinação do período em externo o trabalho prestado e sem o acompanhamento, pari passu,

que o vendedor resolve parar por conta própria, deriva a jornada pelo empregador, do evolver diário das atividades funcionais do

para ser cumprida em outro horário e nuances que dão a enganosa empregado, não se há falar de pagamento de horas extras, a teor

aparência de muitas horas trabalhadas; sempre com o pensamento da regra emergente do inciso I do art. 62 da CLT.(...)" (TRT7ª-

voltado para questão de só se saber o início e o fim da jornada e RO0000903-26.2016.5.07.0011, Desembargador Relator: Clóvis

quase nada do entremeio. Valença Alves Filho, 2ª Turma, Data de publicação: PJe-JT

O que deve ser perquirido, a bem de ver, é a existência de 02/10/2018).

mecanismos de controle da jornada externa. Ocorre que, da prova Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao APELO, devendo ser

coligida aos autos, nada se infere a respeito de tanto, ainda que se mantida a sentença, que enquadrou a jornada de trabalho da autora

dê ao depoimento testemunhal o relevo atribuído pelo juízo na exceção do art. 62, I da CLT e julgou improcedentes os pedidos

recorrido. Nada obstante se tenha delineado a rotina ordinária do de pagamentos de horas extras pela jornada regular de trabalho,

trabalho prestado pela reclamante, revela-se inviável presumir como intervalos inter e intrajornada, tempo de deslocamento de viagens

se dava o preenchimento do expediente de trabalho. em horas extras, pagamento de domingos e feriados e horas extras

No caso sob exame, como bem ressaltou o juízo de primeiro grau, oriundas dos eventos.

"A autora iniciava e terminava sua jornada de sua casa, fazendo 2. DIFERENÇAS NA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

visitação de clientes. O fato de o vendedor registrar as visitas em Sobre o tema, assim se manifestou a sentença:

aplicativo da empresa não necessariamente indica controle de "Das diferenças salariais

jornada, visto que conforme restou demonstrado, os vendedores Requer a autora o pagamento das diferenças de premiações em

têm ampla liberdade para fazer a sua rota de visitas e cadastrar razão dos acordos comerciais, indevidamente descontadas da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 271
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

remuneração variável da reclamante. sobre o valor do proveito econômico das verbas indeferidas.

Contudo em sede de depoimento pessoal a autora confessa que À luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, a expressão "...

recebia remuneração fixa, e não variável, vejamos: créditos capazes de suportar a despesa..." deve ser interpretada

"(...) que recebia remuneração fixa; que houve uma promessa de como um valor apto a retirar o beneficiário da justiça gratuita da

remuneração variável, mas isso nunca aconteceu; que essa condição de pobreza, revogando o benefício (ainda que

promessa de remuneração variável foi feita em 2014; (...) que a tacitamente) e, assim, torná-lo apto a custear os honorários

empresa passou para a depoente que esta não teria remuneração advocatícios. Interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT conforme à

variável diferentemente do que acontecia com as vendedoras de Constituição Federal.

clientes menores porque quando houve a mudança de divisão a Para essa Magistrada, "crédito capaz" de pagar os honorários não

depoente já não tinha remuneração variável; que foi nesse deve ser entendido como crédito matematicamente suficiente

momento que houve a promessa de pagamento de remuneração (superior ao valor da despesa) e, sim, crédito que retire a condição

variável; que falaram para a depoente que estavam resolvendo e de pobreza do beneficiário e, assim, ainda que tacitamente, revogue

que dentro dos 6 meses seguintes iria acontecer; que não se o benefício.

recorda se chegaram a falar de percentual de remuneração variável; Não é essa a situação dos autos, já que os valores deferidos são

que a depoente já ingressou na empresa atendendo grandes verbas não quitadas no curso do contrato de trabalho.

clientes; que com a mudança de divisão não houve mudança de Como é possível a interpretação do § 4º do art. 791-A da CLT, a

salário;" partir da própria Constituição Federal, não há inconstitucionalidade

Assim, recebendo a autora remuneração fixa, e não tendo havido a ser declarada.

alteração salarial pelo sucessão de empregadores e alteração de O valor decorrente da condenação nestes autos não é suficiente

setor, não há o que se falar em prejuízo material pelos acordos para retirar o autor da condição de pobreza e, assim, fica mantida a

comerciais da empresa suportados pela reclamante. suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios.

Destaco que novamente a autora neste quesito fez alegação Determino a aplicação do § 4º do art. 791-A da CLT, no que tange à

genérica sem demonstrar de forma cabal que os acordos comerciais suspensão da exigibilidade do crédito relativo aos honorários

da empresa teriam lhe causado prejuízo de alguma forma, advocatícios."

considerando ainda que recebia quantia fixa como remuneração." Sustenta a recorrente, em suma, que "havendo gratuidade de

Sustenta a recorrente que "Apesar do fundamento do juiz de piso, a justiça os honorários advocatícios são indevidos.".

reclamante recebia, sim, parte de sua remuneração de forma O fundamento recursal procede.

variável. Isso decorre que parte do valor era a título de prêmios, A sentença recorrida concedeu à reclamante os benefícios da

atingimento de metas e comissões.". justiça gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica

Sem razão, contudo. (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume,

As razões de decidir expostas na sentença se mostram suficientes incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo

para a rejeição do recurso interposto. Pela análise dos autos, STF na ADI 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo

verifica-se que a sentença recorrida não carece de reparo, já que 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. impossibilitando, conseguintemente, sua condenação em honorários

Assim, diante de tal circunstância, verificando-se que a valoração advocatícios.

probatória realizada pelo juízo de origem não merece qualquer Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO ao apelo, para

reforma, porquanto espelha de forma fidedigna os elementos isentar a reclamante do pagamento dos honorários advocatícios.

contidos na prova dos autos, pede-se vênia para manter a decisão II - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.

vergastada por seus próprios e jurídicos fundamentos. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.

Portanto, de se manter a sentença que indeferiu as diferenças

salariais pleiteadas. Sustentam as recorrentes que "uma vez que todos os pedidos

NEGA-SE PROVIMENTO. formulados pelo Recorrido foram julgados improcedentes, deverá

3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ser reformada a r. sentença para afastar a suspensão da

Consta da sentença: exigibilidade dos honorários de sucumbência aos patronos da

"Honorários advocatícios Recorrente, como estabelecido no caput do artigo 791-A da CLT,

Fixo honorários advocatícios aos advogados da reclamada em 5% bem como majorar o percentual para 15% sobre o valor atualizado

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 272
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

da causa. Por fim, na improvável hipótese de não serem pagos os

valores devidos ou identificados créditos da parte Reclamante em

outros processos, desde já as Reclamadas se resguardam ao CLAUDIO SOARES PIRES

direito de executar os valores devidos tão logo sejam identificados Desembargador Relator

créditos em favor da parte reclamante, conforme permite o já FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

referido § 4º do artigo 791-A da CLT.".

Em razão do parcial provimento do apelo da reclamante, para isentá ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

-la do pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, Diretor de Secretaria

restam prejudicados todos os pedidos ora formulados pelas


Processo Nº ROT-0001049-40.2021.5.07.0028
reclamadas sobre o tema em epígrafe. Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Recurso prejudicado. RECORRENTE MUNICIPIO DE MISSAO VELHA
ADVOGADO RAUL ONOFRE DE PAIVA
NETO(OAB: 15903/CE)
RECORRIDO MARIA DO CARMO SANTOS DE
ARAUJO
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO ARTUR DA PAZ PEREIRA(OAB:
44555/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO

Conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de


Intimado(s)/Citado(s):
cerceamento do direito de defesa suscitada pela reclamante e, no - MARIA DO CARMO SANTOS DE ARAUJO
mérito, dar parcial provimento ao seu apelo, para isentá-la do

pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, restando

prejudicado o exame do recurso das reclamadas.


PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

DISPOSITIVO

EMENTA

RECURSO ORDINÁRIO. MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA.

RELAÇÃO DE TRABALHO. CARGO COMISSIONADO. REGIME

DA CLT. 1.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Se o

cargo é comissionado, mas o regime da relação de trabalho é o da

CLT, embora não haja dúvida quanto à natureza transitória dos


ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL cargos comissionados, mas, efetivados pelo regime celetista,
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, submetem-se à competência da Justiça do Trabalho. Precedentes.
conhecer dos recursos ordinários, rejeitar a preliminar de 2.DIREITOS TRABALHISTAS. A legislação do Município de Missão
cerceamento de defesa suscitada pela autora e, no mérito, dar Velha explicita a aplicação da CLT para disciplinar o regime jurídico
parcial provimento ao apelo da reclamante, para isentá-la do de seus servidores, não fazendo qualquer ressalva quanto aos
pagamento dos honorários advocatícios, restando prejudicado o ocupantes de cargos em comissão. A CLT confere direitos
exame do recurso das reclamadas. trabalhistas aos empregados, indistintamente. Recurso improvido.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) RELATÓRIO


Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Fortaleza, 18 de julho de 2022. V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

ORDINÁRIO, provenientes da MM. 2ª VARA DO TRABALHO DO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 273
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

CARIRI, em que é recorrente: MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA; e um instrumento voltado para a efetivação dos princípios da

recorrida: MARIA DO CARMO SANTOS DE ARAÚJO. impessoalidade e da isonomia no acesso aos cargos públicos.

Recorreu o MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA em face da r. sentença Qualquer cizânia sobre essa espécie de contratação ou sua

que rejeitou a preliminar de incompetência da Justiça do Trabalho e eventual nulidade é competência da Justiça comum, por se tratar de

julgou procedentes os pedidos da reclamação trabalhista, relação jurídico-administrativo.

condenando-o a pagar à reclamante as parcelas descritas no No caso sub oculis, não estamos diante do temporário, visto que a

julgado de Id. 3c0a507. municipalidade reconhece a contratação para cargo em comissão

Ofertadas contrarrazões, Id. af31962; apresentado parecer do (ID 8e57bc9 - Pág. 4): "Emérito Julgador, a relação a qual originou a

Ministério Público do Trabalho, Id. f2536d0. reclamação trabalhista em comento, ADVEIO DE UM CARGO EM

É o relatório. COMISSÃO (...)".

Portanto, neste específico caso, a competência é da Justiça Obreira

para dirimir a questão apresentada, porquanto, no caso dos autos,

FUNDAMENTAÇÃO não há prova de lei municipal que teria instituído o regime jurídico

único de natureza jurídico-administrativo.

Este juízo averiguou a jurisprudência aplicada ao caso:

ADMISSIBILIDADE "RECURSO ORDINÁRIO. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO

Recurso tempestivo, sem irregularidades para relatar, dá-se QUANTO À ADOÇÃO DE REGIME JURÍDICO ÚNICO PELO

trânsito. MUNICÍPIO. COMPETÊNCIA PLENA DA JUSTIÇA DO

PRELIMINAR TRABALHO. ART. 114, inciso I, da CF/88, que dispõe: "Compete à

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CARGO Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da

COMISSIONADO CELETISTA. CONSECTÁRIOS DEVIDOS. relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e

Versam os autos sobre a contratação deMARIA DO CARMO da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do

SANTOS DE ARAÚJO pelo MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA para Distrito Federal e dos Municípios". Inexiste dúvida de que a Justiça

ocupar os cargos comissionados indicados na inicial. Alega que do Trabalho é competente para apreciar e julgar os pedidos da

nunca recebeu as verbas devidas: férias, décimo terceiro salário e exordial ante a inexistência de indícios quanto à adoção de Regime

indenização compensatória quanto aos valores de FGTS não Jurídico Único pelo Município de Missão Velha. Recurso provido.

recolhidos. (TRT-7 - RO: 00101386820135070028, Relator: MARIA JOSE

Examinando o feito, sentenciou o juízo de origem (Id. 3c0a507). GIRAO, Data de Julgamento: 31/03/2016, Data de Publicação:

"(...) 05/04/2016)"

DA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Ao revés, os empregados públicos do Município de Missão Velha

É verdade que não cabe à Justiça do Trabalho o processamento e são regidos pelo regime CELETISTA da Consolidação das Leis do

julgamento de demandas que envolvam servidores públicos com Trabalho - CLT, conforme dispõe a Lei Orgânica Municipal, Capitulo

regime próprio, relação jurídico-administrativo. VI, Seção II, Art. 93 (ID c2b77d8 - Pág. 7).

Porém, a competência desta Especializada é estabelecida pela Não há, ainda, prova de alteração da lei orgânica, nos presentes

causa de pedir e o pedido, tendo a parte autora alegado que o autos.

vínculo havido entre as partes era empregatício, atraindo a Diante dos argumentos supra, indefiro a preliminar de

competência para a Justiça do Trabalho. incompetência material absoluta para fixar este Juízo competente

Cabe esclarecermos a distinção de uma contratação por tempo para apreciação da demanda.

determinado para atender a necessidade temporária de excepcional (...)"

interesse público (Art. 37, IX, da CF/88) das nomeações para cargo Irresignado, o Município de Missão Velha interpôs recurso a esta

em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração Corte, alegando que a Justiça do Trabalho seria incompetente na

(Art. 37, II, da CF/88). demanda; que o recorrido ocupou cargo comissionado; que o

Pois bem. A admissão do temporário aos quadros do município vínculo que se estabelece entre o empregador e o trabalhador

configura contrato administrativo, para atender a necessidade nomeado para cargo comissionado tem caráter precário e

temporária de excepcional interesse público, ou seja, a CF/88 transitório, sendo evidente que a relação em questão não se tratou

trouxe uma exceção da obrigatoriedade do concurso público, que é de uma relação empregatícia e, portanto, não merecendo prosperar

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 274
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

as alegações da parte autora, não sendo aplicável ao caso o regime mas, efetivados pelo regime celetista, submetem-se à competência

celetista de contratação, nem os direitos dele inerentes. da Justiça do Trabalho. Precedentes. Recurso conhecido e

Em parecer ministerial, a Procuradoria Regional do Trabalho opinou improvido." (TRT da 7ª Região; Processo: 0000462-

pela competência da Justiça do Trabalho, sendo que "Inicialmente, 25.2020.5.07.0037; Data: 05-11-2020; Órgão Julgador: Gab. Des.

importante destacar que,conforme dito na sentença,a Lei Orgânica Claudio Soares Pires - 2ª Turma; Relator(a): CLAUDIO SOARES

do Município o regime adotado é o da CLT. Dessa forma, ao que se PIRES)

observa,não merece reforma a decisão uma vez que em "COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

consonância coma jurisprudência que tem se firmado no sentido de ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA. SERVIDOR PÚBLICO

que aos ocupantes de cargos comissionados celetistas são devidas SUBMETIDO AO REGIME CELETISTA. Nos termos do art. 114 da

verbas, assim como deferido na sentença." (NICODEMOS CF/88, é competente a Justiça do Trabalho para processar e julgar

FABRICIO MAIA - 12/05/2022). as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de

Examina-se. direito público externo e da administração pública direta e indireta

O recurso não alcança provimento. da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, na

COMPETÊNCIA. Declarado em lei municipal (Lei Orgânica forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de

001/2017) que ao regime de trabalho dos servidores aplicável é a trabalho. No caso, a hipótese é de vínculo de natureza jurídica

CLT, compete à Justiça do Trabalho dirimir as controvérsias contratual trabalhista, em que a Administração Pública

decorrentes, in verbis: municipal submete servidores públicos às normas da CLT,

"Art. 93 - O Regime Jurídico dos Servidores da Administração inclusive os ocupantes dos cargos comissionados (Lei

Pública direta, das autarquias e das fundações Públicas é o Municipal nº 1.773/08 - ID. d371277), inserindo-se na

CELETISTA, vedada qualquer outra vinculação de trabalho." competência material da Justiça do Trabalho, nos termos do

Com efeito, insere-se na competência material da Justiça do art. 114, da Constituição Federal de 1988. Sentença

Trabalho, nos termos do art. 114, I, da CF, a hipótese de vínculo de Reformada." (RO 0001636-07.2017.5.07. 0027, Relator: Des.

natureza jurídica contratual, em que a Administração Pública Francisco José Gomes da Silva, Data do Julgamento: 06/08/2018,

Municipal submete servidores públicos às normas da CLT. Data da Assinatura: 07/08/2018, Fonte: PJE-JT).(destaquei)

Portanto, sendo o cargo comissionado, mas o regime da relação de Cita-se, ainda, por pertinente, os seguintes precedentes do C.

trabalho sendo o da CLT, embora não haja dúvida quanto à Tribunal Superior do Trabalho:

natureza transitória dos cargos comissionados, mas, regidos pelo "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

regime celetista, submetem-se à competência da Justiça do INTERPOSTO PELA RECLAMADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA

Trabalho. DO TRABALHO. EMPREGADA CONTRATADA PARA O

Precedentes desta 2ª Turma de Julgamento, envolvendo a mesma EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO RECEBIDO PELO

hipótese verificada no presente feito: REGIME CELETISTA. Na hipótese destes autos, constou,

"RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO expressamente, do acórdão regional que a relação existente entre

TRABALHO. ENTE PÚBLICO. REGIME JURÍDICO VINCULADO À as partes é empregatícia, situação esta que atrai a competência

CLT. CARGO COMISSIONADO. Mesmo se tratando de exercente desta Justiça especializada para o julgamento desta demanda, e

de cargo comissionado, é competente esta Justiça para processar e que foi rechaçada a tese da reclamada de que a controvérsia destes

julgar a presente lide, vez que o ente municipal aderiu às normas autos gira em torno de relação de cunho jurídico-administrativo.

celetistas para regular as relações entre ele e seus Com efeito, conforme registrado pelo Regional, "o regime jurídico

servidores.Recurso improvido." (TRT da 7ª Região; Processo: escolhido para reger o contrato, no caso concreto, foi o celetista,

0001525-18.2020.5.07.0027; Data: 27-10-2021; Órgão Julgador: conforme se depreende do contrato de trabalho de fl. 119" e "o fato

Gab. Des. Jefferson Quesado Júnior - 2ª Turma; Relator(a): de o ingresso nesse emprego não se submeter a processo seletivo

JEFFERSON QUESADO JUNIOR) não descaracteriza o vínculo celetista". Desse modo, a Corte de

"RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO origem, ao concluir pela competência desta Justiça do Trabalho

TRABALHO. RELAÇÃO DE TRABALHO. CARGO para dirimir o feito, em que se discute o contrato de trabalho firmado

COMISSIONADO. REGIME DA CLT. Se o cargo é comissionado, entre a reclamante, empregada contratada para o exercício de

mas o regime da relação de trabalho é o da CLT, embora não haja cargo em comissão mediante o regime celetista, decidiu em

dúvida quanto à natureza transitória dos cargos comissionados harmonia com a jurisprudência desta Corte. Agravo de instrumento

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 275
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

desprovido. (...)" (ARR - 418-19.2012.5.04.0021, Data de natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista

Julgamento: 19/04/2017, Relator Ministro: José Roberto Freire em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão

Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/04/2017) declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Não obstante a

"COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CARGO EM denominação "cargo em comissão" aparentemente só diga respeito

COMISSÃO. VÍNCULO CELETISTA MANTIDO ENTRE O a quem ocupe cargo e não emprego, ou seja, àqueles não regidos

TRABALHADOR E O ENTE PÚBLICO. Definida pela Suprema pela CLT, tem-se que se dirige, na realidade, a todos aqueles que

Corte a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e ostentam ocupação transitória e são nomeados em função da

julgar os conflitos na relação jurídica de caráter administrativo relação de confiança que existe entre eles e a autoridade nomeante.

celebrada entre o Poder Público e seus servidores, bem como para Conjuga-se a exceção do inciso II com a previsão do inciso V

apreciar as ações propostas por trabalhadores contratados sob a ambos do art. 37 da Constituição Federal. No caso, o reclamante

égide da Lei 8.745/93 c/c o inciso IX do art. 37 da CF (RE foi contratado para ocupar cargo em comissão, exercendo a

573.202/AM, julgado em 21/8/2008), não há espaço para a adoção função de assistente da Presidência, sem a aprovação em

de posicionamento distinto por parte dos demais órgãos do Poder concurso público e, após o exercício por quase quatro anos, foi

Judiciário. Todavia, não necessariamente toda relação estabelecida exonerado ad nutum. Ora, diante da possibilidade de exercício

entre trabalhador e Administração Pública Direta será submetida à de função de confiança sem a prévia aprovação em concurso

apreciação da Justiça Comum, mas, tão somente, aquelas público e o atrelamento ao regime da CLT, o contrato firmado

tipicamente jurídico-administrativas, mantendo esta Justiça entre as partes não pode ser tido como nulo(...)" (PROCESSO

Especializada a competência para processar e julgar controvérsia Nº TST-RR-74000-08.2008.5.23.0007, 7ª Turma, Relatora Ministra

envolvendo pessoal contratado por ente público sob o regime da DELAÍDE MIRANDA ARANTES, 12 de fevereiro de 2014).

CLT. O presente caso difere da hipótese tratada pelo STF, pois (destaquei)

naqueles o regime de contratação era estatutário ou jurídico- Ausente a prova de quitação pela edilidade reclamada, o juízo

administrativo, enquanto neste o regime jurídico adotado foi o sentenciante acertadamente deferiu ao recorrido verbas impagas.

celetista. Desse modo, mesmo se tratando o Reclamante de Correta, pois, a decisão.

ocupante de cargo em comissão, inexiste dúvida acerca da Nesse sentido, colaciona-se o seguinte precedente do C. TST:

competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar "RECURSO DE REVISTA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CARGO

controvérsia envolvendo pessoal contratado por ente público sob o EM COMISSÃO DE LIVRE NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO.

regime celetista, restando inviável declarar a incompetência VERBAS RESCISÓRIAS. 1. O art. 37, II, da Constituição Federal,

absoluta desta Justiça Especializada. Recurso de revista não ao dispor que a investidura em cargo ou emprego público depende

conhecido.(...)", (RR - 1730-82.2012.5.15.0034 Data de Julgamento: de prévia aprovação em concurso, ressalvou as nomeações para

28/09/2016, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, 7ª Turma, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e

Data de Publicação: DEJT 07/10/2016). exoneração. Nesse contexto, sedimentou-se nesta Corte o

Referindo-se, portanto, a ação à legislação prevista na contratação entendimento segundo o qual, em se tratando de servidor ou

pelo regime da CLT, a competência para examinar o pedido, a toda empregado público ocupante de cargo em comissão de livre

evidência, é da Justiça do Trabalho, pelo que rejeita-se a preliminar. nomeação e exoneração, porquanto submetido às regras inerentes

MÉRITO. ao regime jurídico administrativo, não há direito a parcelas

DIREITOS TRABALHISTAS. De início, cumpre ressaltar que não rescisórias típicas da dispensa imotivada, tais como aviso-prévio,

há se falar, no caso vertente, em nulidade contratual, tendo em vista depósitos e indenização de 40% de FGTS e multa prevista no art.

o vínculo celetista mantido entre as partes litigantes, como já, 477, § 8º, da CLT, em face de sua incompatibilidade com a

vigorosamente, anunciado acima, por ocasião do exame da instabilidade inerente ao cargo em comissão. 2. Na hipótese,

preliminar de incompetência da justiça do trabalho, e considerando todavia, infere-se dos autos que a condenação da reclamada se

a possibilidade de exercício de cargo em comissão sem a prévia a limitou a férias proporcionais e vencidas, acrescidas do terço

aprovação em concurso público (art. 37, II, da CF). constitucional; gratificação natalina; resíduo de FGTS sobre as

Nesta esteira decidiu o Tribunal Superior do Trabalho: parcelas deferidas em juízo; e tíquetes-alimentação atrasados.3.

"(...) na dicção do art. 37, II, da Constituição Federal, a investidura Nos termos do art. 39, § 3º, da Constituição da República, mesmo

em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em aos ocupantes de cargo público, são assegurados determinados

concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a direitos conferidos aos trabalhadores, dentre eles as férias, inclusive

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 276
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

com o acréscimo do terço, e o 13º salário. Ademais, no tocante ao

FGTS, a Subseção I Especializada em Dissídios Coletivos deste CLAUDIO SOARES PIRES

Tribunal, interpretando o disposto no art. 15, § 2º, da Lei nº Desembargador Relator

8.036/90, recentemente pacificou o entendimento no sentido de que FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

o empregado público nomeado para exercício de cargo em

comissão de livre nomeação e exoneração, sob o regime da CLT, ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

tem direito aos depósitos de FGTS. Precedentes. 4. Desse modo, Diretor de Secretaria

verifica-se inexistirem, no decreto condenatório, verbas a que não


Processo Nº RORSum-0000045-19.2021.5.07.0011
faça jus o ocupante de cargo em comissão de livre nomeação e Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
exoneração, o que afasta a alegada ofensa ao art. 37, II, da RECORRENTE VANDERLUCIO FELIX BERNARDINO
ADVOGADO LEONARDO CARVALHO
Constituição da República. Recurso de revista de que não se NOBRE(OAB: 39066/CE)
conhece." (RR-1642-72.2011.5.07.0011, Ac. 1ª Turma, Relator RECORRIDO ONLINE SERVICOS EM
TELECOMUNICACOES LTDA - ME
Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 19.12.2016). RECORRIDO CLARO S.A.
Isto posto, ADVOGADO LEONARDO SANTANA DA SILVA
COELHO(OAB: 17266/PE)

Intimado(s)/Citado(s):
- VANDERLUCIO FELIX BERNARDINO
CONCLUSÃO DO VOTO

Conhecer do Recurso Ordinário; rejeitar a preliminar de PODER JUDICIÁRIO


incompetência da Justiça do Trabalho e, no mérito, negar-lhe JUSTIÇA DO
provimento.

EMENTA

DISPOSITIVO

SEGUNDA RECLAMADA (CLARO S/A). CONTRATO DE

COMERCIALIZAÇÃO E SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES.

TOMADORA DE SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE

SUBSIDIÁRIA. SÚMULA 331, IV, DO C. TST.

A singular circunstância de a contratação formal da segunda

reclamada com a primeira reclamada estipular como objeto

serviços de telecomunicações não representa óbice ao

reconhecimento da verdadeira condição da segunda reclamada, a


ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
saber, tomadora dos serviços, e de que esta, por força do proveito
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
direto do trabalho do reclamante, é subsidiariamente responsável
conhecer do recurso ordinário; rejeitar a preliminar de
pelas obrigações trabalhistas não adimplidas pelas empregadoras
incompetência da Justiça do Trabalho e, no mérito, negar-lhe
principais, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, até porque a
provimento.
mencionada previsão sumular não comporta qualquer exceção,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
incidindo a responsabilidade subsidiária do tomador em todas as
Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José
modalidades de terceirização vigentes na ordem jurídica,
Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
independentemente do objeto social das pessoas jurídicas
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
envolvidas ou do título atribuído ao contrato por elas firmado. Assim,
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
demonstrada a prestação de serviços do reclamante em prol da
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
segunda reclamada, tomadora dos serviços, ora participante da

relação processual, dá-se provimento ao recurso obreiro para

condená-la subsidiariamente pelo pagamento das parcelas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 277
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

reconhecidas na sentença (Súmula 331, IV, do TST). pagamento das verbas trabalhistas e rescisórias objeto da

condenação, por ter usufruído do seu labor. Em sua contestação, a

segunda reclamada assevera que não existiu vínculo empregatício

RELATÓRIO entre ela e o reclamante e ainda que ele não lhe prestou serviços,

não podendo assim ser responsabilizada subsidiariamente, pelo

pagamento das verbas postuladas, que, no seu entender, são de

Trata-se de recurso ordinário em procedimento sumaríssimo contra responsabilidade

sentença que julgou procedentes os pedidos vindicados na apenas da primeira reclamada, embora reconheça ter firmado

reclamação trabalhista movida por VANDERLUCIO FELIX contrato de representação comercial com a primeira reclamada.

BERNARDINO (reclamante) contra ONLINE SERVICOS EM Tem-se que o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da

TELECOMUNICACOES LTDA - ME (1ª reclamada) e improcedente tomadora de serviços, decorrente da terceirização, só é possível

a postulação em face da CLARO S/A (2ª reclamada), afastada sua diante da existência de prova efetivo de que os serviços prestados

responsabilização subsidiária pleiteada pelo autor. pelo empregado,no âmbito da empresa contratada, se davam em

Irresignado, o reclamante requer por meio do Recurso ordinário a prol da contratante. Trata-se, pois, de encargo probatório da parte

reforma da sentença de piso para que a segunda reclamada, autora, por se tratar de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I,

integrante de polo passivo, CLARO S/A, seja responsabilizada CLT).

subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas decorrentes da No caso dos presentes autos, não há uma prova sequer neste

relação empregatícia havida entre obreiro e 1ª reclamada. sentido, nem documental, nem mesmo testemunha, na medida em

A 2ª reclamada, devidamente intimada, apresentou contrarrazões que ambas as partes declinaram da produção de prova

conforme Id. 69f1ed7. testemunhal. Seria mesmo temerário reconhecer a

Dispensado o parecer prévio da Procuradoria Regional do Trabalho responsabilização da 2ª reclamada diante da inexistência de provas

(art. 109, do Regimento Interno). da efetiva prestação de serviços do obreiro em prol da segunda

reclamada (tomadora dos serviços). Corroborando o entendimento

ora adotado, transcrevo os seguintes arestos:

FUNDAMENTAÇÃO RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. PRESTAÇÃO DE

SERVIÇOS EM PROL DA TOMADORA. ÔNUS DO RECLAMANTE.

AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.

ADMISSIBILIDADE O reconhecimento da responsabilidade subsidiária da tomadora de

Cumpridos todos os pressupostos de admissibilidade, admite-se o serviços, decorrente da terceirização, só é possível diante da

recurso ordinário veiculado pelo reclamante. existência de prova de que os serviços prestados pelo empregado,

MÉRITO no âmbito da empresa contratada, se davam em prol da contratante.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA SEGUNDA Nesse caso, o ônus da prova é atribuído ao reclamante por se tratar

RECLAMADA (CLARO S/A) de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I, CLT). Seria temerário

O reclamante não se resigna com a exclusão sentencial da reconhecer a responsabilização da 2ª reclamada, quando as únicas

responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada (CLARO S/A), provas dos autos são "manifestos de carga" contendo, tão somente,

aduzindo em sua razões recursais que os documentos juntados, o nome da segunda reclamada no cabeçalho, sem a identificação

demonstram a existência de prestação de serviços em prol da da fornecedora, e, ainda, alguns, com data anterior ao início da

Claro, tais como ordens de serviços, designação posto no crachá do vigência do contrato de trabalho autor. Recurso da segunda

obreiro "a serviço da net/claro", pelo que requer a reforma da reclamada ao qual se dá provimento. (TRT da 3.ª Região; PJe:

sentença para ter reconhecida a responsabilização subsidiária da 0011274-77.2016.5.03.0167 (RO); Disponibilização: 30/08/2021,

tomadora de serviços. DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 175; Órgão Julgador: Segunda Turma;

Acerca da temática, a decisão primária pronunciou o fundamento Redator: Sebastião Geraldo de Oliveira)

ora colacionado: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. NECESSIDADE DE

"DA RESPONSABILIDADE DA SEGUNDA RECLAMADA COMPROVAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA MÃO DE OBRA DO

O reclamante pede o reconhecimento da responsabilidade RECLAMANTE NA EXECUÇÃO DO CONTRATO CELEBRADO

subsidiária da segunda reclamada para que responda pelo ENTRE AS RECLAMADAS.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 278
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Não é possível presumir a utilização da mão de obra do autor no da ordem justrabalhista no que tange à temática da

cumprimento do contrato de prestação de serviços celebrado entre responsabilidade em contextos de terceirização, fixou que " o

as reclamadas, pois a empresa prestadora de serviços possui inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

liberdade contratual para designar os empregados que atendem a empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador

cada contratante. Desse modo, a ausência de controvérsia acerca dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que este tenha

da existência do contrato de prestação de serviços entre as participado da relação processual e conste também do título

reclamadas não implica ausência de controvérsia acerca da executivo judicial" (Súmula 331, IV). O entendimento jurisprudencial

utilização da mão de obra específica do reclamante no cumprimento sumulado claramente percebe a existência de responsabilidade do

do referido contrato,alegação que foi objeto de impugnação tomador de serviços por todas as obrigações laborais decorrentes

específica na contestação apresentada pela empresa contratante da da terceirização (ultrapassando a restrição de parcelas contida no

empregadora, mantendo, assim, com o autor o ônus de comprovar texto da Lei n. 6.019/74). Apreende também a súmula a incidência

o fato constitutivo do direito ao reconhecimento da responsabilidade da responsabilidade desde que verificado o inadimplemento

subsidiária. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010360- 54.2019.5.03.0087 trabalhista por parte do contratante formal do obreiro terceirizado.

(RO); Disponibilização: 14/07/2021, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página Saliente-se, ainda, que a reforma trabalhista de 2017 igualmente

865; Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Paulo Chaves Correa sufragou a existência da responsabilidade subsidiária da entidade

Filho) tomadora de serviços (ora denominada de " empresa contratante ")

Assim, não resta outra solução senão julgar improcedente a pelas parcelas inadimplidas pela empresa prestadora de serviços no

postulação autoral em relação à segunda reclamada (CLARO S.A)". contexto de relação trilateral de terceirização trabalhista. É o que

À análise. resulta claro da regra especificada no art. 5º-A, § 5º, da Lei n. 6.019,

Vale ressaltar que, em sua contestação a segunda reclamada conforme redação implementada pela Lei n. 13.429/2017. O próprio

assevera que não existiu vínculo empregatício entre ela e o STF, no julgamento em que alargou as possibilidades da

reclamante e ainda que ele não lhe prestou serviços, não podendo terceirização de serviços no sistema socioeconômico do País

assim ser responsabilizada subsidiariamente pelo pagamento das (abrangendo, inclusive, as atividades-fim da empresa tomadora de

verbas postuladas que, no seu entender, são de responsabilidade serviços), enfatizou a presença da responsabilidade subsidiária

apenas da primeira reclamada. Embora reconheça ter firmado dessa entidade tomadora pelas obrigações trabalhistas da empresa

contrato de representação comercial com a primeira reclamada. terceirizante, em qualquer modalidade de terceirização , a par da

Mais relevante é que a contratação formal, tanto com a ONLINE responsabilidade pelas contribuições previdenciárias pertinentes

SERVICOS EM TELECOMUNICACOES LTDA - ME (1ª reclamada) (ADPF n. 324/MG: Rel. Min. Luis Roberto Barroso; RR n.

e CLARO S/A (2ª reclamada), não representa óbice ao 958.252/MG, Rel. Min. Luiz Fux - ambas com decisão prolatada na

reconhecimento da verdadeira condição de tomadora dos serviços e sessão de 30.08.2018). Em síntese, firmou-se a tese, pelo STF, por

de que esta, por força do proveito direto do trabalho do reclamante, maioria, no sentido de ser " lícita a terceirização ou qualquer outra

é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas não forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,

adimplidas pela empregadora principal, a teor do item IV da Súmula independentemente do objeto social das empresas envolvidas,

331 do TST, até porque a mencionada previsão sumular não mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ".

comporta qualquer exceção, incidindo a responsabilidade Não há dúvida de que a interpretação contida na Súmula 331, IV,

subsidiária do tomador em todas as modalidades de terceirização bem como do próprio STF sobre o tema da responsabilização do

vigentes na ordem jurídica, independentemente do objeto social das tomador dos serviços, abrange todas as hipóteses de terceirização

pessoas jurídicas envolvidas ou do título atribuído ao contrato por veiculadas na ordem sociojurídica brasileira. Nesse quadro,

elas firmado. desponta claro que a responsabilidade subsidiária do tomador de

Eis uma amostra jurisprudencial que exala o mesmo entendimento: serviços compreende também a Empresa que figure como

"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DE CLARO S.A. RECURSO DE contratante num contrato de transporte de mercadoria ou similar,

REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E desde que envolva a utilização da força de trabalho humano. No

ANTERIOR À LEI 13.467/17. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. caso concreto, o Tribunal Regional de origem reformou a sentença,

EMPRESA PRIVADA. SÚMULA 331, IV/TST. A Súmula 331 do TST que tinha reconhecido a responsabilidade subsidiária da 2ª

- elaborada na década de 1990, após longo enfrentamento dos Reclamada (BRACELL SP CELULOSE LTDA.), ao fundamento de

assuntos concernentes à terceirização -, ao tratar da interpretação que o contrato firmado com a 1ª Reclamada, empregadora do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 279
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Reclamante, não se confunde com a terceirização de serviços, eis resulta reconhecida na jurisprudência do TST e do STF, através da

que se trata de relação meramente comercial, não sendo aplicável à Súmula 331, IV, TST, e tese firmada pelo STF na ADPF 324, ponto

hipótese o disposto na Súmula 331 do TST. Contudo, ficou 2, item "ii", bem como com fulcro no art. 5º-A, §5º, da Lei

incontroverso nos autos que a 2ª Reclamada se beneficiou da 6.019/1974, com redação dada pela Lei 13.426/2017.

atividade da 1ª Ré e da força de trabalho despendida pelo Autor. Portanto, inexiste na lei e na jurisprudência exigência de

Assim, considera-se que a 2ª Reclamada é tomadora dos serviços demonstração de conduta culposa da tomadora de serviço para que

prestados pela 1ª Ré e deve ser responsabilizada, de forma seja possível sua responsabilização. Tratando-se de empresa

subsidiária, pelas verbas laborais devidas ao Reclamante, conforme privada, a exigência para sua responsabilização subsidiária é

Súmula 331, IV/TST. Repita-se: não se questiona a licitude do apenas a sua condição de tomadora de serviços do autor e sua

contrato de prestação de serviço; porém, inadimplindo a contratada participação na relação processual:

as obrigações trabalhistas, deve responder a Reclamada pelos "Súmula nº 331 do TST

créditos pendentes dos trabalhadores que lhe serviram. Registre-se, CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE

mais uma vez, que a responsabilidade subsidiária do tomador dos (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) -

serviços pelas verbas laborais inadimplidas pelo empregador formal Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011

abrange todas as hipóteses de terceirização veiculadas na ordem I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal,

jurídica brasileira, o que inclui, evidentemente, o contrato de formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços,

transporte de mercadorias e afins - quando envolver a utilização da salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).

força de trabalho humano. Julgados desta Corte. Agravo de II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa

instrumento desprovido. B) AGRAVO DE INSTRUMENTO DE interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da

LÍDER TELECOM - COMÉRCIO E SERVIÇOS EM Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da

TELECOMUNICAÇÕES S.A. RECURSO DE REVISTA. CF/1988).

PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de

LEI 13.467/17. DESERÇÃO. DEPÓSITO RECURSAL. AUSÊNCIA serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de

DE RECOLHIMENTO. Segundo a jurisprudência firmada no TST, é conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados

possível a concessão da gratuidade de justiça às pessoas jurídicas ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a

de direito privado, desde que comprovada sua hipossuficiência pessoalidade e a subordinação direta.

econômica, nos termos da Súmula 463, II/TST, o que não foi IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

configurada na presente hipótese. Oportuno salientar que, nos empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

termos da atual redação da OJ 140/SBDI-1/TST, "em caso de serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da

recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito relação processual e conste também do título executivo judicial.

recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta

prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido", caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

o que não é o caso dos autos, tendo em vista a ausência do obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na

recolhimento do valor do depósito recursal. Por fim, inaplicável, a fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da

isenção prevista no § 10 do art. 899 da CLT, incluída pela Lei nº prestadora de serviço como empregadora. A aludida

13.467/2017, às empresas em recuperação judicial, por se tratar de responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das

recurso interposto antes da vigência da referida lei. Agravo de obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente

instrumento desprovido" (AIRR-10113-18.2013.5.06.0017, 3ª contratada.

Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange

16/04/2021). todas as verbas decorrentes da condenação referente ao período

No mais, como se cuida de terceirização praticada no âmbito de da prestação laboral."

empresas privadas, falece a argumentação de que o decreto de Por fim, a condenação subsidiária alcança todas as parcelas não

responsabilidade da terceira reclamada ficaria condicionado à adimplidas pela devedora principal, independentemente da natureza

comprovação da culpa "in vigilando" ou "in eligendo". das verbas (salarial ou indenizatória), além de multas, indenizações,

Ora, tem-se que a responsabilidade da tomadora dos serviços honorários e o que mais constar da sentença condenatória, como

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 280
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

orienta o item VI da Súmula 331 do TST. item VI da Súmula 331 do TST, no sentido de que "a

Observa-se diante das provas acostadas nos autos, que o autor responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas

exercia a função de técnico de instalação, tendo tal condição as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da

anotada em sua CTPS e que prestava serviços em prol da CLARO, prestação laboral". Recurso de revista não conhecido." (TST - RR:

sendo incontroverso que a empresa ONLINE figurava como 19661920135100008, Relator: Delaide Alves Miranda Arantes, Data

terceirizada da CLARO, então tomadora de serviço. de Julgamento: 08/12/2021, 8ª Turma, Data de Publicação:

Conforme,comprovam a ordem de serviços da Claro( id a26c9e2 e 10/12/2021)"

provas emprestadas IDS 19422c0, bda7c86, 1b1f76a, d58ccc1,

cc40d0d, 147ae7e, 6e87671, 0f9dbfd, b110bb7, af27cd9, Portanto, concede-se provimento ao recurso ordinário interposto

00a2d39,9ea2b8f, 61cf203) e o crachá do recorrente evidenciando pelo reclamante para condenar, subsidiariamente, a tomadora de

que trabalhava também para a ré (Claro S/A). serviço Claro S/A pelo pagamento de todas as verbas rescisórias

Frise-se, por oportuno, que os documentos colimados aos autos oriundas da condenação imposta à reclamada principal, os moldes

pelo obreiro demonstram que este prestava serviços em nome da da Súmula 331, III e IV, do TST, sem exclusão das multas dos

segunda reclamada, tendo este se beneficiado dos labor autoral, artigos 477, paragrafo oitavo, e 467 da CLT.

como é possível aferir a partir do documentos de Id. a26c9e2, Diante do exposto, reformada a sentença de 1º Grau, nesse

tratando-se de diversas ordens de serviços de instalações, o que é particular. Recurso obreiro provido no tocante.

reforçado pela identificação da Claro no crachá do autor como meio

de identificação ("a serviço da NET/CLARO"), pelo que não resta

resquício de dúvida de que subsiste responsabilidade da tomadora CONCLUSÃO DO VOTO

de serviços por contrato do qual se beneficiou.

Cumpre esclarecer que o reconhecimento da responsabilidade

subsidiária alcança, também, as de cunho indenizatório e punitivo, Conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no mérito, dar-lhe

inclusive as decorrentes da mora patronal e do descumprimento de provimento para condenar subsidiariamente a segunda reclamada

norma legal ou convencional, sendo, destarte, imponível o (CLARO S/A) pelo pagamento das parcelas reconhecidas na

pagamento de todas as parcelas que sejam inicialmente de sentença.

responsabilidade do devedor principal, sem exceção (item VI da

Súmula nº 331 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho).

Segue jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho DISPOSITIVO

nesse sentido:

"(...) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA DA

CONDENAÇÃO. De acordo com o entendimento cristalizado no

item VI da Súmula nº 331 deste Tribunal, a responsabilidade

subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas

decorrentes da condenação referentes ao período da prestação

laboral, tanto as de natureza salarial como as de cunho

indenizatório. Agravo de instrumento conhecido e desprovido no

tema. (...) (TST - RRAg: 1009923720175010222, Relator: Alexandre ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

De Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/02/2022, 3ª TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

Turma, Data de Publicação: 18/02/2022)" unanimidade, conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no

"RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. LEI 13.015/2014. mérito, dar-lhe provimento para condenar subsidiariamente a

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA DA segunda (CLARO S/A) pelo pagamento das parcelas reconhecidas

CONDENAÇÃO. A conclusão do Tribunal Regional de que a na sentença.

responsabilidade subsidiária do tomador de serviços inclui as multas Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

dos artigos 467 e 477 da CLT e a indenização equivalente a um Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

salário mínimo, devida pela ausência de inscrição da reclamante no (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

PIS, está em consonância com o entendimento consubstanciado no Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 281
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Fortaleza, 18 de julho de 2022. segunda reclamada, tomadora dos serviços, ora participante da

relação processual, dá-se provimento ao recurso obreiro para

condená-la subsidiariamente pelo pagamento das parcelas

reconhecidas na sentença (Súmula 331, IV, do TST).

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. RELATÓRIO

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria Trata-se de recurso ordinário em procedimento sumaríssimo contra

sentença que julgou procedentes os pedidos vindicados na


Processo Nº RORSum-0000045-19.2021.5.07.0011
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO reclamação trabalhista movida por VANDERLUCIO FELIX
RECORRENTE VANDERLUCIO FELIX BERNARDINO BERNARDINO (reclamante) contra ONLINE SERVICOS EM
ADVOGADO LEONARDO CARVALHO
NOBRE(OAB: 39066/CE) TELECOMUNICACOES LTDA - ME (1ª reclamada) e improcedente
RECORRIDO ONLINE SERVICOS EM a postulação em face da CLARO S/A (2ª reclamada), afastada sua
TELECOMUNICACOES LTDA - ME
RECORRIDO CLARO S.A. responsabilização subsidiária pleiteada pelo autor.
ADVOGADO LEONARDO SANTANA DA SILVA Irresignado, o reclamante requer por meio do Recurso ordinário a
COELHO(OAB: 17266/PE)
reforma da sentença de piso para que a segunda reclamada,
Intimado(s)/Citado(s): integrante de polo passivo, CLARO S/A, seja responsabilizada
- CLARO S.A. subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas decorrentes da

relação empregatícia havida entre obreiro e 1ª reclamada.

A 2ª reclamada, devidamente intimada, apresentou contrarrazões

PODER JUDICIÁRIO conforme Id. 69f1ed7.

JUSTIÇA DO Dispensado o parecer prévio da Procuradoria Regional do Trabalho

(art. 109, do Regimento Interno).

EMENTA

FUNDAMENTAÇÃO

SEGUNDA RECLAMADA (CLARO S/A). CONTRATO DE

COMERCIALIZAÇÃO E SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES.


ADMISSIBILIDADE
TOMADORA DE SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE
Cumpridos todos os pressupostos de admissibilidade, admite-se o
SUBSIDIÁRIA. SÚMULA 331, IV, DO C. TST.
recurso ordinário veiculado pelo reclamante.
A singular circunstância de a contratação formal da segunda
MÉRITO
reclamada com a primeira reclamada estipular como objeto
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA SEGUNDA
serviços de telecomunicações não representa óbice ao
RECLAMADA (CLARO S/A)
reconhecimento da verdadeira condição da segunda reclamada, a
O reclamante não se resigna com a exclusão sentencial da
saber, tomadora dos serviços, e de que esta, por força do proveito
responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada (CLARO S/A),
direto do trabalho do reclamante, é subsidiariamente responsável
aduzindo em sua razões recursais que os documentos juntados,
pelas obrigações trabalhistas não adimplidas pelas empregadoras
demonstram a existência de prestação de serviços em prol da
principais, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, até porque a
Claro, tais como ordens de serviços, designação posto no crachá do
mencionada previsão sumular não comporta qualquer exceção,
obreiro "a serviço da net/claro", pelo que requer a reforma da
incidindo a responsabilidade subsidiária do tomador em todas as
sentença para ter reconhecida a responsabilização subsidiária da
modalidades de terceirização vigentes na ordem jurídica,
tomadora de serviços.
independentemente do objeto social das pessoas jurídicas
Acerca da temática, a decisão primária pronunciou o fundamento
envolvidas ou do título atribuído ao contrato por elas firmado. Assim,
ora colacionado:
demonstrada a prestação de serviços do reclamante em prol da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 282
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

"DA RESPONSABILIDADE DA SEGUNDA RECLAMADA COMPROVAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA MÃO DE OBRA DO

O reclamante pede o reconhecimento da responsabilidade RECLAMANTE NA EXECUÇÃO DO CONTRATO CELEBRADO

subsidiária da segunda reclamada para que responda pelo ENTRE AS RECLAMADAS.

pagamento das verbas trabalhistas e rescisórias objeto da Não é possível presumir a utilização da mão de obra do autor no

condenação, por ter usufruído do seu labor. Em sua contestação, a cumprimento do contrato de prestação de serviços celebrado entre

segunda reclamada assevera que não existiu vínculo empregatício as reclamadas, pois a empresa prestadora de serviços possui

entre ela e o reclamante e ainda que ele não lhe prestou serviços, liberdade contratual para designar os empregados que atendem a

não podendo assim ser responsabilizada subsidiariamente, pelo cada contratante. Desse modo, a ausência de controvérsia acerca

pagamento das verbas postuladas, que, no seu entender, são de da existência do contrato de prestação de serviços entre as

responsabilidade reclamadas não implica ausência de controvérsia acerca da

apenas da primeira reclamada, embora reconheça ter firmado utilização da mão de obra específica do reclamante no cumprimento

contrato de representação comercial com a primeira reclamada. do referido contrato,alegação que foi objeto de impugnação

Tem-se que o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da específica na contestação apresentada pela empresa contratante da

tomadora de serviços, decorrente da terceirização, só é possível empregadora, mantendo, assim, com o autor o ônus de comprovar

diante da existência de prova efetivo de que os serviços prestados o fato constitutivo do direito ao reconhecimento da responsabilidade

pelo empregado,no âmbito da empresa contratada, se davam em subsidiária. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010360- 54.2019.5.03.0087

prol da contratante. Trata-se, pois, de encargo probatório da parte (RO); Disponibilização: 14/07/2021, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página

autora, por se tratar de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I, 865; Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Paulo Chaves Correa

CLT). Filho)

No caso dos presentes autos, não há uma prova sequer neste Assim, não resta outra solução senão julgar improcedente a

sentido, nem documental, nem mesmo testemunha, na medida em postulação autoral em relação à segunda reclamada (CLARO S.A)".

que ambas as partes declinaram da produção de prova À análise.

testemunhal. Seria mesmo temerário reconhecer a Vale ressaltar que, em sua contestação a segunda reclamada

responsabilização da 2ª reclamada diante da inexistência de provas assevera que não existiu vínculo empregatício entre ela e o

da efetiva prestação de serviços do obreiro em prol da segunda reclamante e ainda que ele não lhe prestou serviços, não podendo

reclamada (tomadora dos serviços). Corroborando o entendimento assim ser responsabilizada subsidiariamente pelo pagamento das

ora adotado, transcrevo os seguintes arestos: verbas postuladas que, no seu entender, são de responsabilidade

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. PRESTAÇÃO DE apenas da primeira reclamada. Embora reconheça ter firmado

SERVIÇOS EM PROL DA TOMADORA. ÔNUS DO RECLAMANTE. contrato de representação comercial com a primeira reclamada.

AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. Mais relevante é que a contratação formal, tanto com a ONLINE

O reconhecimento da responsabilidade subsidiária da tomadora de SERVICOS EM TELECOMUNICACOES LTDA - ME (1ª reclamada)

serviços, decorrente da terceirização, só é possível diante da e CLARO S/A (2ª reclamada), não representa óbice ao

existência de prova de que os serviços prestados pelo empregado, reconhecimento da verdadeira condição de tomadora dos serviços e

no âmbito da empresa contratada, se davam em prol da contratante. de que esta, por força do proveito direto do trabalho do reclamante,

Nesse caso, o ônus da prova é atribuído ao reclamante por se tratar é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas não

de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I, CLT). Seria temerário adimplidas pela empregadora principal, a teor do item IV da Súmula

reconhecer a responsabilização da 2ª reclamada, quando as únicas 331 do TST, até porque a mencionada previsão sumular não

provas dos autos são "manifestos de carga" contendo, tão somente, comporta qualquer exceção, incidindo a responsabilidade

o nome da segunda reclamada no cabeçalho, sem a identificação subsidiária do tomador em todas as modalidades de terceirização

da fornecedora, e, ainda, alguns, com data anterior ao início da vigentes na ordem jurídica, independentemente do objeto social das

vigência do contrato de trabalho autor. Recurso da segunda pessoas jurídicas envolvidas ou do título atribuído ao contrato por

reclamada ao qual se dá provimento. (TRT da 3.ª Região; PJe: elas firmado.

0011274-77.2016.5.03.0167 (RO); Disponibilização: 30/08/2021, Eis uma amostra jurisprudencial que exala o mesmo entendimento:

DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 175; Órgão Julgador: Segunda Turma; "A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DE CLARO S.A. RECURSO DE

Redator: Sebastião Geraldo de Oliveira) REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. NECESSIDADE DE ANTERIOR À LEI 13.467/17. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 283
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

EMPRESA PRIVADA. SÚMULA 331, IV/TST. A Súmula 331 do TST que tinha reconhecido a responsabilidade subsidiária da 2ª

- elaborada na década de 1990, após longo enfrentamento dos Reclamada (BRACELL SP CELULOSE LTDA.), ao fundamento de

assuntos concernentes à terceirização -, ao tratar da interpretação que o contrato firmado com a 1ª Reclamada, empregadora do

da ordem justrabalhista no que tange à temática da Reclamante, não se confunde com a terceirização de serviços, eis

responsabilidade em contextos de terceirização, fixou que " o que se trata de relação meramente comercial, não sendo aplicável à

inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do hipótese o disposto na Súmula 331 do TST. Contudo, ficou

empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador incontroverso nos autos que a 2ª Reclamada se beneficiou da

dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que este tenha atividade da 1ª Ré e da força de trabalho despendida pelo Autor.

participado da relação processual e conste também do título Assim, considera-se que a 2ª Reclamada é tomadora dos serviços

executivo judicial" (Súmula 331, IV). O entendimento jurisprudencial prestados pela 1ª Ré e deve ser responsabilizada, de forma

sumulado claramente percebe a existência de responsabilidade do subsidiária, pelas verbas laborais devidas ao Reclamante, conforme

tomador de serviços por todas as obrigações laborais decorrentes Súmula 331, IV/TST. Repita-se: não se questiona a licitude do

da terceirização (ultrapassando a restrição de parcelas contida no contrato de prestação de serviço; porém, inadimplindo a contratada

texto da Lei n. 6.019/74). Apreende também a súmula a incidência as obrigações trabalhistas, deve responder a Reclamada pelos

da responsabilidade desde que verificado o inadimplemento créditos pendentes dos trabalhadores que lhe serviram. Registre-se,

trabalhista por parte do contratante formal do obreiro terceirizado. mais uma vez, que a responsabilidade subsidiária do tomador dos

Saliente-se, ainda, que a reforma trabalhista de 2017 igualmente serviços pelas verbas laborais inadimplidas pelo empregador formal

sufragou a existência da responsabilidade subsidiária da entidade abrange todas as hipóteses de terceirização veiculadas na ordem

tomadora de serviços (ora denominada de " empresa contratante ") jurídica brasileira, o que inclui, evidentemente, o contrato de

pelas parcelas inadimplidas pela empresa prestadora de serviços no transporte de mercadorias e afins - quando envolver a utilização da

contexto de relação trilateral de terceirização trabalhista. É o que força de trabalho humano. Julgados desta Corte. Agravo de

resulta claro da regra especificada no art. 5º-A, § 5º, da Lei n. 6.019, instrumento desprovido. B) AGRAVO DE INSTRUMENTO DE

conforme redação implementada pela Lei n. 13.429/2017. O próprio LÍDER TELECOM - COMÉRCIO E SERVIÇOS EM

STF, no julgamento em que alargou as possibilidades da TELECOMUNICAÇÕES S.A. RECURSO DE REVISTA.

terceirização de serviços no sistema socioeconômico do País PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À

(abrangendo, inclusive, as atividades-fim da empresa tomadora de LEI 13.467/17. DESERÇÃO. DEPÓSITO RECURSAL. AUSÊNCIA

serviços), enfatizou a presença da responsabilidade subsidiária DE RECOLHIMENTO. Segundo a jurisprudência firmada no TST, é

dessa entidade tomadora pelas obrigações trabalhistas da empresa possível a concessão da gratuidade de justiça às pessoas jurídicas

terceirizante, em qualquer modalidade de terceirização , a par da de direito privado, desde que comprovada sua hipossuficiência

responsabilidade pelas contribuições previdenciárias pertinentes econômica, nos termos da Súmula 463, II/TST, o que não foi

(ADPF n. 324/MG: Rel. Min. Luis Roberto Barroso; RR n. configurada na presente hipótese. Oportuno salientar que, nos

958.252/MG, Rel. Min. Luiz Fux - ambas com decisão prolatada na termos da atual redação da OJ 140/SBDI-1/TST, "em caso de

sessão de 30.08.2018). Em síntese, firmou-se a tese, pelo STF, por recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito

maioria, no sentido de ser " lícita a terceirização ou qualquer outra recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o

forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de

independentemente do objeto social das empresas envolvidas, 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido",

mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". o que não é o caso dos autos, tendo em vista a ausência do

Não há dúvida de que a interpretação contida na Súmula 331, IV, recolhimento do valor do depósito recursal. Por fim, inaplicável, a

bem como do próprio STF sobre o tema da responsabilização do isenção prevista no § 10 do art. 899 da CLT, incluída pela Lei nº

tomador dos serviços, abrange todas as hipóteses de terceirização 13.467/2017, às empresas em recuperação judicial, por se tratar de

veiculadas na ordem sociojurídica brasileira. Nesse quadro, recurso interposto antes da vigência da referida lei. Agravo de

desponta claro que a responsabilidade subsidiária do tomador de instrumento desprovido" (AIRR-10113-18.2013.5.06.0017, 3ª

serviços compreende também a Empresa que figure como Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT

contratante num contrato de transporte de mercadoria ou similar, 16/04/2021).

desde que envolva a utilização da força de trabalho humano. No No mais, como se cuida de terceirização praticada no âmbito de

caso concreto, o Tribunal Regional de origem reformou a sentença, empresas privadas, falece a argumentação de que o decreto de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 284
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responsabilidade da terceira reclamada ficaria condicionado à adimplidas pela devedora principal, independentemente da natureza

comprovação da culpa "in vigilando" ou "in eligendo". das verbas (salarial ou indenizatória), além de multas, indenizações,

Ora, tem-se que a responsabilidade da tomadora dos serviços honorários e o que mais constar da sentença condenatória, como

resulta reconhecida na jurisprudência do TST e do STF, através da orienta o item VI da Súmula 331 do TST.

Súmula 331, IV, TST, e tese firmada pelo STF na ADPF 324, ponto Observa-se diante das provas acostadas nos autos, que o autor

2, item "ii", bem como com fulcro no art. 5º-A, §5º, da Lei exercia a função de técnico de instalação, tendo tal condição

6.019/1974, com redação dada pela Lei 13.426/2017. anotada em sua CTPS e que prestava serviços em prol da CLARO,

Portanto, inexiste na lei e na jurisprudência exigência de sendo incontroverso que a empresa ONLINE figurava como

demonstração de conduta culposa da tomadora de serviço para que terceirizada da CLARO, então tomadora de serviço.

seja possível sua responsabilização. Tratando-se de empresa Conforme,comprovam a ordem de serviços da Claro( id a26c9e2 e

privada, a exigência para sua responsabilização subsidiária é provas emprestadas IDS 19422c0, bda7c86, 1b1f76a, d58ccc1,

apenas a sua condição de tomadora de serviços do autor e sua cc40d0d, 147ae7e, 6e87671, 0f9dbfd, b110bb7, af27cd9,

participação na relação processual: 00a2d39,9ea2b8f, 61cf203) e o crachá do recorrente evidenciando

"Súmula nº 331 do TST que trabalhava também para a ré (Claro S/A).

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE Frise-se, por oportuno, que os documentos colimados aos autos

(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - pelo obreiro demonstram que este prestava serviços em nome da

Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 segunda reclamada, tendo este se beneficiado dos labor autoral,

I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, como é possível aferir a partir do documentos de Id. a26c9e2,

formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, tratando-se de diversas ordens de serviços de instalações, o que é

salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). reforçado pela identificação da Claro no crachá do autor como meio

II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa de identificação ("a serviço da NET/CLARO"), pelo que não resta

interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da resquício de dúvida de que subsiste responsabilidade da tomadora

Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da de serviços por contrato do qual se beneficiou.

CF/1988). Cumpre esclarecer que o reconhecimento da responsabilidade

III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de subsidiária alcança, também, as de cunho indenizatório e punitivo,

serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de inclusive as decorrentes da mora patronal e do descumprimento de

conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados norma legal ou convencional, sendo, destarte, imponível o

ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pagamento de todas as parcelas que sejam inicialmente de

pessoalidade e a subordinação direta. responsabilidade do devedor principal, sem exceção (item VI da

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do Súmula nº 331 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho).

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos Segue jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho

serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da nesse sentido:

relação processual e conste também do título executivo judicial. "(...) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA DA

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta CONDENAÇÃO. De acordo com o entendimento cristalizado no

respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, item VI da Súmula nº 331 deste Tribunal, a responsabilidade

caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas

obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na decorrentes da condenação referentes ao período da prestação

fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da laboral, tanto as de natureza salarial como as de cunho

prestadora de serviço como empregadora. A aludida indenizatório. Agravo de instrumento conhecido e desprovido no

responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das tema. (...) (TST - RRAg: 1009923720175010222, Relator: Alexandre

obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente De Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 09/02/2022, 3ª

contratada. Turma, Data de Publicação: 18/02/2022)"

VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange "RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. LEI 13.015/2014.

todas as verbas decorrentes da condenação referente ao período RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA DA

da prestação laboral." CONDENAÇÃO. A conclusão do Tribunal Regional de que a

Por fim, a condenação subsidiária alcança todas as parcelas não responsabilidade subsidiária do tomador de serviços inclui as multas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 285
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

dos artigos 467 e 477 da CLT e a indenização equivalente a um Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

salário mínimo, devida pela ausência de inscrição da reclamante no (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

PIS, está em consonância com o entendimento consubstanciado no Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

item VI da Súmula 331 do TST, no sentido de que "a Fortaleza, 18 de julho de 2022.

responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas

as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da

prestação laboral". Recurso de revista não conhecido." (TST - RR:

19661920135100008, Relator: Delaide Alves Miranda Arantes, Data Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

de Julgamento: 08/12/2021, 8ª Turma, Data de Publicação: Relator

10/12/2021)" FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Portanto, concede-se provimento ao recurso ordinário interposto ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

pelo reclamante para condenar, subsidiariamente, a tomadora de Diretor de Secretaria

serviço Claro S/A pelo pagamento de todas as verbas rescisórias


Processo Nº RORSum-0000091-87.2022.5.07.0038
oriundas da condenação imposta à reclamada principal, os moldes Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
da Súmula 331, III e IV, do TST, sem exclusão das multas dos RECORRENTE TRANSCIDADE SERVICOS
AMBIENTAIS EIRELI
artigos 477, paragrafo oitavo, e 467 da CLT. ADVOGADO ROSIANE NASCIMENTO
PEREIRA(OAB: 34153/CE)
Diante do exposto, reformada a sentença de 1º Grau, nesse
ADVOGADO RENATO PARENTE DE ANDRADE
particular. Recurso obreiro provido no tocante. FILHO(OAB: 32588/CE)
RECORRIDO CLEANE DOS SANTOS SILVA
ADVOGADO GLAUCIO PONTES CANUTO
ARAUJO(OAB: 43849/CE)
RECORRIDO KAYLLANE MOUTA PAIVA
CONCLUSÃO DO VOTO
ADVOGADO GLAUCIO PONTES CANUTO
ARAUJO(OAB: 43849/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
Conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no mérito, dar-lhe - TRANSCIDADE SERVICOS AMBIENTAIS EIRELI
provimento para condenar subsidiariamente a segunda reclamada

(CLARO S/A) pelo pagamento das parcelas reconhecidas na

sentença.
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

DISPOSITIVO

EMENTA

DESCONTOS REALIZADOS SOBRE AS VERBAS

RESCISÓRIAS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PREVISÃO DA

LEI 10.820/2003. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO

CONTRATO BANCÁRIO DE EMPRÉSTIMO. ÔNUS DA

RECLAMADA A QUEM CUMPRE OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE


ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RETENÇÃO SALARIAL.
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por Não restou colimado aos autos o contrato de empréstimo
unanimidade, conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no consignado, cuja apresentação competia à reclamada, eis que a
mérito, dar-lhe provimento para condenar subsidiariamente a esta caiu a obrigação de proceder aos descontos mês a mês no
segunda (CLARO S/A) pelo pagamento das parcelas reconhecidas contracheque do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito
na sentença. autoral postulado, ônus do qual não se desincumbiu. Ademais, a
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores vigência da norma supracitada, que autoriza desconto percentual no

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 286
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que tange às verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16 do pagamento das verbas rescisórias aos herdeiros, ora

da Lei 1.046 /50, segundo o qual "Ocorrido o falecimento do reclamantes, a empresa procedeu ao desconto no valor de

consignante, ficará extinta a dívida do empréstimo feito mediante R$1.241,83, referente a empréstimo consignado firmado junto ao

simples garantia da consignação em fôlha." Ora, restando extinta a Banco Itaú.

obrigação, resta indevido o desconto a tal título das verbas A recorrente rechaça a sentença de piso ao argumento de que o

rescisórias do obreiro falecido. Sentença mantida. desconto encontra previsão na lei 10.820/2003, que autoriza os

descontos em folha de pagamento de parcelas relativas a

empréstimos consignados, assim como nas verbas rescisórias. Tal

RELATÓRIO desconto encontraria também previsão no art.16 do decreto nº

4.840/2003.

O juízo de origem proferiu sentença nos seguintes termos:

O juízo da 2ª Vara do Trabalho do Sobral julgou parcialmente "S E N T E N Ç A

procedentes os pedidos da reclamação trabalhista ajuizada por Vistos, etc...

JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA, representado pela genitora RELATÓRIO

CLEANE DOS SANTOS SILVA, e KAYLLANE MOUTA PAIVA, JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA, CLEANE DOS SANTOS SILVA

herdeiros de JOSÉ DA SILVA PAIVA contra TRANSCIDADE e KAYLLANE MOUTA PAIVA, qualificado nos autos, ajuizou

SERVIÇOS AMBIENTAIS EIRELI. reclamatória trabalhista em face de TRANSCIDADE SERVIÇOS

Irresignada, a reclamada apresentou Recurso Ordinário, pleiteando AMBIENTAIS EIRELI, alegando, em resumo, que são herdeiros

a reforma do julgado, a fim de ter afastada a condenação que legítimos do de cujos José da Silva Paiva. Afirmam que o falecido

determinou a restituição do desconto, realizado pela empresa, nas trabalhou para a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021,

verbas rescisórias do obreiro falecido, considerado desconto quando veio a óbito. Alegam que a reclamada, no ato do pagamento

indevido pelo juízo de piso. das verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de

Contrarrazões apresentadas tempestivamente pela reclamantes, Id. R$ 1.241,83 em consequência de um empréstimo compulsório

feb5291. realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Salientam que, até o

Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho momento, a reclamante não liberou as guias para liberação do

para emissão de parecer. seguro desemprego, tampouco para o saque do FGTS e do PIS.

Argumentam que a hipótese dos autos comporta a antecipação da

tutela provisória em face da presença dos requisitos necessários a

FUNDAMENTAÇÃO sua concessão. Diante disso, postulam: a) a habilitação no seguro

desemprego ou indenização compensatória; b) a expedição de

alvarás para liberação do FGTS e do PIS/PASEP; c) a restituição do

ADMISSIBILIDADE desconto indevido; d) o pagamento dos honorários advocatícios.

Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de Postulam, ainda, os benefícios da gratuidade processual (fls. 02/08).

admissibilidade, conheço do recurso ordinário interposto pela Juntou procurações e documentos (fls. 34/37).

reclamada. A reclamada apresentou contestação alegando, em preliminar, a

MÉRITO inépcia da inicial. No mérito, sustenta que a liberação do FGTS e do

DESCONTOS REALIZADOS SOBRE AS VERBAS PIS/PASEP devem ser feita perante a Caixa Econômica Federal, na

RESCISÓRIAS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PREVISÃO NA hipótese dos herdeiros estarem devidamente habilitados na

LEI 10.820/2003. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO Previdência Social, nos termos do art. 1º da Lei 6.858/80, o que não

CONTRATO BANCÁRIO DE EMPRÉSTIMO. ÔNUS DA ocorreu no presente caso. Afirma que a morte do funcionário não

RECLAMADA A QUEM CUMPRE OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE constitui fato gerador para liberação das guias do seguro. Por isso,

RETENÇÃO SALARIAL os dependentes falecido não têm direito ao recebimento do seguro-

Inicialmente, cumpre esclarecer que o obreiro JOSÉ DA SILVA desemprego, mormente por se tratar de um direito pessoal e

PAIVA laborou para a reclamada de 03/06/2019, como auxiliar de intransferível do trabalhador, nos termos dos do arts. 6º e 8º, IV, da

produção, percebendo remuneração no valor de R$1.073,00, vindo Lei 7.998/90. Assevera que o desconto efetivado na rescisão no

a óbito em 17/10/2021, o que motivou a rescisão contratual. Quando importe de R$ 1.241,83, em consequência de empréstimo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 287
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consignado, tem amparo no art, 1º, § 1º, da Lei 10.820/2003, que 04 DA LEGITIMIDADE DOS SUCESSORES DO FALECIDO

permite seja efetuado o desconto de até 35% do valor das verbas Convém definir, antes da análise da questão de fundo, quem são os

rescisórias, o que foi observado pela empresa, já que o valor bruto legitimados legais para receber e dar quitação aos direitos

da rescisão era de R$ 5.667,57. Impugna o pedido alusivo à trabalhistas do empregado falecido.

concessão da tutela, bem da verba honorária. Bate pelo É que, a sucessão processual das partes no Processo Laboral tem

acolhimento da preliminar e, se ultrapassada, pela improcedência tratamento diverso daquele dispensado ao Processo Civil. Assim, o

dos pedidos (fls. 68/78). Juntou procuração e documentos (fls. art. 75, VII, da Nova Lei Adjetiva Civil não tem aplicação supletiva

56/67 e 79/84). no Processo do Trabalho, pois temos lei específica que regula tão

Sobre a documentação juntada com a defesa, o patrono da parte somente o pagamento aos dependentes ou sucessores de valores

autora informou que nada tem a opor. decorrentes da relação empregatícia que não tenham sido

As partes disseram que não têm quaisquer outras provas a produzir, recebidos em vida pelo de cujus.

ficando encerrada a instrução probatória. Trata-se da Lei nº 6.858/1980 que, ao dispor sobre o pagamento

Razões finais remissivas pelas partes. aos dependentes ou sucessores de valores não recebidos em vida

Frustradas as propostas conciliatórias. pelos respectivos titulares, em seu art. 1°, determina, verbis:

É o relatório. Art. 1º - Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e

FUNDAMENTAÇÃO os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do

01 DA PROLEGOMENAL Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não

De primórdio, determino a retificação no sistema do PJE, passando recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em

ali figurar o presente feito como reclamação trabalhista sujeita ao quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência

rito sumaríssimo, já que a pretensão deduzida na exordial não se Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e

restringe a expedição de alvarás, mas também a pedido de militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil,

restituição de desconto indevido. indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou

02 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA arrolamento.

Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da Consolidação das Leis Do mesmo modo, a Lei nº 8.036/90, em seu art. 20, VIII, dispõe que,

do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17 verbis:

(remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser

Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou movimentada nas seguintes situações:

procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus

não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência

gratuidade da justiça à parte autora. social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por

03 DA INÉPCIA DA INICIAL morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo

A reclamada alega que, nos termos do art. 840 da CLT, a inicial da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil,

deve apresentar pedido certo, determinado e com valor líquido, sob indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do

pena de inépcia. Afirma que, no caso dos autos, a exordial deixou interessado, independentemente de inventário ou arrolamento.

de discriminar os valores referentes ao PIS/PASEP, devendo, desse Da análise dos dispositivos acima transcritos são legitimados para o

modo, ser extinto o presente processo, sem a resolução do mérito, recebimento de créditos trabalhistas do empregado falecido os

nos termos do artigo 840, §3º da CLT. dependentes arrolados junto ao INSS e, inexistindo estes, todos os

Sem razão. sucessores do de cujus previstos na lei civil, independentemente de

A despeito da inicial não indicar valor específico em relação ao inventário ou arrolamento.

PIS/PASEP, não há como cogitar de inépcia da inicial, visto que a No caso sob exame, os reclamantes não anexaram ao feito nenhum

pretensão autoral, no tocante ao pleito em destaque, diz respeito a documento comprovando a condição ou qualidade de dependentes

mera expedição de alvará para liberação de eventuais valores do falecido perante a Previdência Social, ou mesmo documento

existentes em conta, de modo que, não existe nenhum pedido comprovando a percepção de pensão por morte.

condenatório no tocante ao benefício citado. Desse modo, inexistindo dependentes do falecido regularmente

Em assim sendo, não há necessidade da indicação de valores, habilitados perante ao INSS, legitimados serão todos os sucessores

sendo, por isso, afastada a preliminar de inépcia. do de cujus previstos na lei civil, independentemente de inventário

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 288
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ou arrolamento. MOUTA PAIVA.

Em se tratando de sucessão, o vigente Código Civil Brasileiro 06 DO PIS/PASEP

estabelece como ordem legítima na sucessão: A despeito da Lei nº 6.858/1980 dispor, em seu art. 1º, que o

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: montante do "Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos

salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma

universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua

parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará

herança não houver deixado bens particulares; judicial, independentemente de inventário ou arrolamento", os

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; reclamantes não anexaram ao feito nenhum documento

III - ao cônjuge sobrevivente; comprovando a existência de eventual montante no Fundo de

IV - aos colaterais. Participação PIS-PASEP. Diante disso, não há como o pedido de

No caso sob exame, restou demonstrado que o falecido era solteiro expedição de alvará para levantamento do benefício em destaque.

(fl. 11) e possuía dois filhos: JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA (fl. 07 DO SEGURO DESEMPREGO

10) e KAYLLANE MOUTA PAIVA (fls. 18/19), tendo o primeiro como Impende, de logo, destacar que o pedido de expedição de alvará

mãe a Sra. Cleane dos Santos Silva e a segunda como genitora a para habilitação dos demandantes ao seguro-desemprego não tem

Sra. Maria Flaviana do Nascimento Moura. o menor cabimento, sendo, portanto, manifestamente improcedente,

Laudo outra, a reclamante CLEANE DOS SANTOS SILVA, além de já que o art. 2º, inciso II, da Lei 7.998/90 relacionada os fatos

solteira (fl. 16), não produziu nenhuma prova de que mantinha união geradores do direito ao referido benefício previdenciário, verbis:

estável como o falecido. Art. 2º O programa do seguro-desemprego tem por finalidade:I -

Diante do exposto, reputo legitimados para o recebimento do crédito prover assistência financeira temporária ao trabalhador

consignado pela empresa os sucessores JOSÉ RYAN DOS desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a

SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, sendo o primeiro, indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime

por ser menor de idade, representado por sua genitora Cleane dos de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; (Redação

Santos Silva, tudo nos termos do art. 1º da Lei Lei nº 6.858/1980. dada pela Lei nº 10.608, de 20.12.2002)

05 DO FGTS Colhe-se que, dentre os fatos ensejadores do seguro-desemprego,

É fato incontroverso no feito que José da Silva Paiva trabalhou para estão a dispensa sem justa causa, a rescisão indireta e quando o

a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021, quando o trabalhador é resgatado de regime de trabalho forçado ou em

contrato teve o extinto em razão do seu falecimento. condição análoga à de escravo.

O falecimento do trabalhador constitui uma das hipóteses para Vê-se que não há, nas hipóteses listadas acima, que ensejam a

movimentação do FGTS existente em conta vinculada. É o que percepção do seguro-desemprego, o falecimento do trabalhador, já

está, com clareza solar, no Inciso VIII do art. 20 da Lei nº 8.036/90, que, por óbvio, o benefício previdenciário aos dependentes, para a

verbis: situação jurídica de falecimento, é a pensão por morte.

Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser Aliás, o art. 6º da Lei 7.998/90 dispõe que o seguro-desemprego é

movimentada nas seguintes situações: pessoal e intransferível:

IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus Art. 6º O seguro-desemprego é direito pessoal e intransferível do

dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência trabalhador, podendo ser requerido a partir do sétimo dia

social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por subseqüente à rescisão do contrato de trabalho.

morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo A Resolução nº 665/2011 do CODEFAT, em seu art. 1º, I, aponta

da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, que o seguro-desemprego será pago aos sucessores do segurado

indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do somente em relação às parcelas vencidas até o óbito:

interessado, independentemente de inventário ou arrolamento. Art. 1º. O art. 8º da Resolução nº 253, de 4 de outubro de 2000, o

Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão art. 11 da Resolução nº 467, de 21 de dezembro de 2005 e o art. 8º

determinar a expedição de alvará para a imediata liberação do da Resolução nº 657, de 16 de dezembro de 2010, passam a

FGTS existente na conta vinculada do falecido em favor de seus vigorar com a seguinte redação:

dos sucessores JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA e KAYLLANE "O benefício Seguro-Desemprego é direito pessoal e intransferível,

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nos termos da Lei nº 7.998/1990, e será pago diretamente ao Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio

beneficiário, salvo em caso de morte do segurado, ausência, de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o

moléstia contagiosa e beneficiário preso, observadas as seguintes desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração

condições: disponível dos valores referentes ao pagamento de empréstimos,

I - morte do segurado, quando serão pagas parcelas vencidas até a financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento

data do óbito, aos sucessores, mediante apresentação de Alvará mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de

Judicial; arrendamento mercantil, quando previsto nos respectivos contratos.

Pela redação acima, tem-se que o pagamento do seguro- (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)

desemprego aos sucessores ocorrerá quando este já tenha sido § 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir

concedido ao segurado, e, durante o curso ou antes do início de seu sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim

recebimento, venha o segurado a falecer, o que implica dizer que o previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento,

fato ensejador do seguro-desemprego tenha sido os motivos cartão de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35%

elencados no inciso II, art. 2º, Lei 7.998/90, mas não o falecimento (trinta e cinco por cento), sendo 5% (cinco por cento) destinados

do segurado. exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)

Nesse sentido, a decisão abaixo: I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. ALVARÁ PARA LIBERAÇÃO crédito; ou (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015)

DE SEGURO-DESEMPREGO. Segundo a legislação vigente - Lei II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de

nº 7.998/90 e Resolução do CODEFAT nº 467/2005 que disciplinam crédito. (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015)

a matéria - os dependentes do segurado falecido recebem apenas § 2º O regulamento disporá sobre os limites de valor do empréstimo,

as parcelas do seguro-desemprego que, na data do óbito, estiverem da prestação consignável para os fins do caput e do

vencidas. Recurso a que se nega provimento. (TRT20, RO comprometimento das verbas rescisórias para os fins do § 1º deste

00011019220145200004, DEJT 03/08/2015). artigo.

Diante disso, não resta outra alternativa ao Juízo senão julgar O Decreto nº 4.840/03, que regulamenta os descontos de

improcedente o pedido alusivo ao seguro-desemprego. empréstimos consignados em folha de pagamento, dispõe no art.

08 DO DESCONTO EFETUADO NA RESCISÃO DECORRENTE 16, §1º :

DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO Os contratos de empréstimo, financiamento ou arrendamento de

Os reclamantes alegam que a reclamada, no ato do pagamento das que trata este Decreto poderão prever a incidência de desconto de

verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de R$ até trinta por cento das verbas rescisórias referidas no inciso V do

1.241,83 em consequência de um empréstimo compulsório art. 2º para a amortização total ou parcial do saldo devedor líquido

realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Diante disso, postulam a para quitação na data de rescisão do contrato de trabalho do

restituição do desconto indevido. empregado.

A reclamada, por sua vez, sustenta que o desconto efetivado na § 1º. Para os fins do caput, considera-se saldo devedor líquido para

rescisão no importe de R$ 1.241,83, em consequência de quitação o valor presente das prestações vincendas na data da

empréstimo consignado, tem amparo no art. 1º, § 1º, da Lei amortização, descontado à taxa de juros contratualmente fixada

10.820/2003, que permite seja efetuado o desconto de até 35% do referente ao período não utilizado em função da quitação

valor das verbas rescisórias, o que foi observado pela empresa, já antecipada.

que o valor bruto da rescisão era de R$ 5.667,57. Os valores contratados a título de empréstimo consignado, poderão

Analiso. ser descontados das verbas rescisórias, até o limite máximo de 30%

A rescisão do contrato de trabalho em razão do falecimento do (e mais 5% para despesas e saques com cartões de crédito), desde

empregado ocorreu em 17.10.2021, ocasião em que houve o que expressamente previsto no contrato de empréstimo, conforme

desconto de R$ 1.241,83 a título de Empréstimo em Consignação, legislação específica acima transcrita.

do valor total da rescisão do extinto que era de R$ 5.667,57 (fls. Neste sentido, destacamos os seguintes posicionamentos

31/32). jurisprudenciais:

A Lei nº 10.820/03, em redação dada pela Lei nº 13.172/15, dispõe EMPRÉSTIMO CONSIGNADO - DEVOLUÇÃO DE VALORES

que: DESCONTADOS. Demonstrado que a reclamada observou o limite

Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do de 30% do valor total para os descontos efetuados a título de

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empréstimo consignado na rescisão por morte do empregado, pagamento do empréstimo consignando. O total bruto recebido foi

conforme previsto no art. 1º, §1º, da Lei 10.820/03, vigente na de R$ 8.086,63. Diante da legislação em vigor, tem-se que a razão

época da rescisão, não há falar em irregularidade do procedimento está com o obreiro. Isso porque a Reclamada não trouxe aos autos

adotado. (TRT da 4ª Região, 5ª Turma, RO 0021768- o contrato celebrado entre o Reclamante e a Cooperativa (arts. 818

82.2015.5.04.0013, Rel. CLAUDIO ANTONIO CASSOU BARBOSA, da CLT e 373, II, CPC), autorizando o desconto na resilição

em 11.12.2017). contratual. Assim, tem-se que são aplicáveis ao contrato as regras

LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO gerais do Decreto-lei nº 4.840/2003, fixando que "serão mantidos os

CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores prazos e encargos originalmente previstos, cabendo ao mutuário

contratados a título de empréstimo consignado poderão ser efetuar o pagamento mensal das prestações diretamente à

descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%, instituição consignatária" não havendo, portanto, vencimento

desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No antecipado das parcelas pendentes. Outrossim, o desconto deveria

caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor se limitar a 30% do valor das verbas rescisórias, caso previsto em

no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas contrato, que não veio aos autos. Assim, deverá a Reclamada

rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor devolver ao Reclamante o valor de R$ 4.891,39 indevidamente

reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma, descontado de sua rescisão, informando a Cooperativa que a partir

RO 0020513-49.2017.5.04.0812, Rel. BEATRIZ RENCK, em daquele momento os valores pendentes de pagamento serão

02.10.2018). quitados diretamente perante a instituição consignatária. Procede o

No caso concreto dos autos, a reclamada não junta o contrato de pedido. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000234-46.2016.5.02.0317;

empréstimo que originou a operação financeira, devidamente Data: 26-05-2017; Órgão Julgador: 14ª Turma - Cadeira 1 - 14ª

firmado pelo autor, a autorizar os descontos. Desse modo, não resta Turma; Relator(a): FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO). Grifei.

outra alternativa senão impor a devolução do desconto efetuado na Pelas razões expendidas, impõe-se a condenação da reclamada no

rescisão sob tal título. reembolso do desconto efetuado na rescisão decorrente do

Em abono a esse entendimento, destaco os seguintes precedentes empréstimo consignado.

jurisprudenciais: 09 DA CORREÇÃO MONETÁRIA

LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO A correção monetária, entendida como meio econômico por meio do

CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores qual se objetiva preservar o poder aquisitivo da moeda, corroído no

contratados a título de empréstimo consignado poderão ser tempo em face da inflação verificada em dado período de tempo,

descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%, constitui mecanismo que corrige a expressão monetária das

desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No obrigações pecuniárias, inclusive aquelas de natureza trabalhista.

caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor Nas condenações trabalhistas, a lei previa a aplicação da TR como

no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas índice de correção monetária, na forma do art. 39, caput, da Lei

rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor 8.177/91:

reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma, Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não

RO 0020513-49.2017.5.04.0812. Rel. BEATRIZ RENCK, Data: satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em

02/10/2018) lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula

DESCONTOS INDEVIDOS. Assevera o Recorrente contraiu contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no

empréstimo consignado com a Cooperativa de crédito COMOLATTI, período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o

consoante doc. 7d9c5f3. Com a resilição contratual, houve o integral seu efetivo pagamento.

desconto dos valores devidos à Cooperativa, violando o art. 3º O Tribunal Superior do Trabalho, contudo, reconheceu a

inciso I e II do Decreto-lei nº 4.840/2003, que impõe a limitação de inadequação da TR como índice de correção monetária, seguindo a

30% da remuneração do obreiro. Aduz, ainda, que o desconto é mesma diretriz já traçada pelo Supremo Tribunal Federal quando

ilegal, pois realizado pela Reclamada, sendo que o valor é devido tratou da matéria de precatórios e do art. 1º-F da Lei 9.494/97.

para a Cooperativa de crédito COMOLATTI. Ademais, a De fato, o STF já havia fixado entendimento de que, nas ações

homologação sindical prevê a possibilidade de o empregado contra a Fazenda Pública, o índice correto seria o Índice de Preços

postular direitos perante o Poder Judiciário. O TRCT (doc. 653a6f2) ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), reconhecendo que a Taxa

aponta que houve o desconto de R$ 4.891,39 para efeitos de Referencial (TR) não combate a inflação. Veja um trecho da Tese

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 291
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da Tema 810 da Lista de Repercussão Geral: Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Plenário, Sessão Virtual

[...] 2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei de 15.10.2021 a 22.10.2021.

nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária Destaco que a ementa da referida decisão, publicada em

das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a 07/04/2021 (DJE nº 63, divulgado em 06/04/2021) corrigiu a

remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se anomalia em relação à data de início da aplicação dos juros

inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de (SELIC), que voltaram a ser calculados a partir do ajuizamento,

propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica situação referendada no julgamento dos embargos declaratórios.

como medida adequada a capturar a variação de preços da De igual modo, acrescentou que além da indexação, serão

economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. aplicados os juros legais (art. 39, caput, §1º da Lei 8.177, de 1991)

Por outro lado, a reforma trabalhista inseriu, no art. 879, § 7º, da na fase pré-judicial. Esclareceu, igualmente, que a incidência de

CLT, a correção pela TR dos créditos trabalhistas reconhecidos pela juros moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser

Justiça do Trabalho: cumulada com a aplicação de outros índices de atualização

Art. 879[...]§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de monetária, cumulação que representaria bis in idem.

condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão

pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1º de determinar que os créditos trabalhistas deferidos no corpo deste

março de 1991. julgado sejam apurados com base nos parâmetros definidos pela

Foi nesse contexto que o debate chegou ao Supremo Tribunal decisão de mérito das ADCs nºs 58 e 59 (IPCA-E na fase pré-

Federal por meio das ADC nº 58 e nº 59 e nas ADI 5867 e 6021. judicial e Taxa Selic a partir do ajuizamento)

Com efeito, ao julgar as ações acima destacadas, o STF decidiu Finalmente, aplicáveis, ainda, as definições da Súmula n.º 381, do

que, em razão da insuficiência da TR, até que haja lei tratando TST,bem como, quando for o caso (indenização por dano moral), da

sobre o tema, deve-se utilizar o IPCA-E na fase pré-judicial e, na Súmula n.º 439, TST. Ressalte-se que os juros e a correção

fase judicial a Taxa Selic, conforme dispositivo a seguir transcrito, monetária deverão ser incluídos nos cálculos de liquidação, ainda

complementado por decisão em embargos declaratórios: que omisso o pedido inicial (Súmula 211 do TST).

Ante o exposto, julgo parcialmente procedentes as ações diretas de 10 DA VERBA HONORÁRIA

inconstitucionalidade e as ações declaratórias de A previsão de honorários advocatícios sucumbenciais e recíprocos,

constitucionalidade, para conferir interpretação conforme a na seara trabalhista, ocorreu a partir da inclusão do art. 791-A no

Constituição ao artigo 879, §7º, e ao artigo 899, §4º, da CLT, na Estatuto Celetário, através da Lei nº 13.467, de 11 de novembro de

redação dada pela Lei 13.467, de 2017. Nesse sentido, há de se 2017.

considerar que à atualização dos créditos decorrentes de Reza, pois, a norma celetária acima destacada:

condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão

judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de correção (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o

monetária e de juros vigentes para as hipóteses de condenações valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré- obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado

judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa Selic (artigo 406 da causa.

do Código Civil) (julgado em 18/12/20, vencidos os ministros Edson [...]

Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio). § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários

Decisão: (ED-terceiros)O Tribunal, por unanimidade, não conheceu de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os

dos embargos de declaração opostos pelos amici curiae, rejeitou os honorários.

embargos de declaração opostos pela ANAMATRA, mas acolheu, § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha

parcialmente, os embargos de declaração opostos pela AGU, tão obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de

somente para sanar o erro material constante da decisão de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

julgamento e do resumo do acórdão, de modo a estabelecer "a ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito

da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", sem em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que

conferir efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator. deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 292
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade

prazo, tais obrigações do beneficiário. na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das

Releva pontuar que o Sodalício Tribunal Superior do Trabalho, por causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao

meio do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018, consolidou o esclarecimento delas.

entendimento de que o art. 791-A e parágrafos, da CLT, são Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo

plenamente aplicáveis às ações propostas após 11 de novembro de do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da

2017. decisão e a respectiva conclusão.

Acontece, porém, que o Supremo Tribunal Federal declarou por § 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido,

meio da ADI 5766, decisão de 20.10.2021, inconstitucional os arts. determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento.

790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do ENUNCIADO Nº 119/2018- EXECUÇÃO DE OFÍCIO. ART. 878 DA

Trabalho (CLT), conforme decisão de julgamento a seguir transcrita: CLT. INTERPRETAÇÃO. Caso exista sentença condenatória em

Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o obrigação de pagar verbas de natureza salarial, considerando que a

pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os execução da contribuição previdenciária é de ofício, deve o juiz dar

arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis início, também de ofício, à execução das verbas reconhecidas na

do Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto sentença, de modo que o art. 878 da CLT somente deve ser

Barroso (Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar aplicado caso não exista contribuição previdenciária a ser

Mendes. Por maioria, julgou improcedente a ação no tocante ao art. executada.

844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os Como se pode ver, os dispositivos supra transcritos autorizam o

Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. magistrado a fixar todas as condições de cumprimento da decisão,

Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, inclusive para fins de aplicação de multa, prazo para cumprimento

20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução da decisão e possibilidade de ser dispensada notificação

672/2020/STF). específica/citação para o início dos procedimentos executórios.

Desse modo, por questão de disciplina, a teor do art. 927, I, do Diante disso, este Juízo fixa o prazo de quinze (15) dias, contado do

Código de Processo Civil não resta outro caminho a este trânsito em julgado da sentença, para o pagamento da importância

magistrado senão seguir o entendimento proferido em sede de condenatória, implicando o inadimplemento na imediata contrição

controle concentrado de constitucionalidade. de bens ou dinheiro, sem nova citação/intimação/notificação, nos

Na hipótese dos autos, julgados procedentes apenas parte dos termos dos dispositivos celetários acima transcritos.

pedidos deduzidos na exordial, cabível apenas a condenação da DISPOSITIVO

empresa reclamada no pagamento de honorários advocatícios ao Isto posto, e a luz do mais constante dos autos, decide esta 2ª Vara

patrono da parte reclamante, os quais fixo no percentual de 10% do Trabalho de Sobral afastar a preliminar de inépcia; reconhecer

sobre o valor da condenação (art. 791-A, § 2º da CLT). como legitimados para o recebimento dos créditos deferidos no

Incabível a condenação em honorários advocatícios pela parte corpo deste julgado apenas os reclamantes JOSÉ RYAN DOS

autora, em favor da parte demandada, ante a decisão proferida nos SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, na condição de

autos da ADI 5766 que declarou a inconstitucionalidade dos arts. sucessores do falecido; e julgar PROCEDENTES EM PARTE os

790-B, caput, parágrafo 4º, e 791-A, parágrafo 4º, da CLT. pedidos para condenar a reclamada, TRANSCIDADE SERVIÇOS

11 DAS CONDIÇÕES DE CUMPRIMENTO DA DECISÃO AMBIENTAIS EIRELI, a pagar aos reclamantes, JOSÉ RYAN DOS

As condições de cumprimento da decisão prolatada no feito deverão SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, com juros e

ser fixadas pelo Magistrado em estrita observância ao disposto nos correção monetária, no prazo de quinze (15) dias (artigos 652, d,

artigos 652, d, 765 e 832, § 1º, todos da Consolidação das Leis do 765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª

Trabalho, bem como do Enunciado nº 119 aprovado na 3ª Jornada Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª

de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região, Região), contado do trânsito em julgado da sentença, o valor

verbis: correspondente ao desconto efetuado na rescisão decorrente do

Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento: empréstimo consignado, no valor de R$ 1.351,11, na forma da

[...] fundamentação que fica fazendo parte integrante desta decisão.

d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua Condena a reclamada, outrossim, no pagamento de honorários

competência; advocatícios de 10% sobre o valor da condenação, bem como no

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 293
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pagamento das custas processuais no valor de R$ 27,02,

calculadas sobre o montante condenatório de R$ 1.351,11.

Determino, ainda, a expedição de alvará para liberação do saldo do CONCLUSÃO DO VOTO

FGTS existente na conta vinculada do falecido, conforme extrato

constante de fl. 29, em prol dos reclamantes JOSÉ RYAN DOS

SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA Conhecer do recurso ordinário interposto pelo reclamante e negar-

Desde já fica intimada a reclamada para o pagamento da lhe provimento.

importância líquida apurada dentro do prazo de 15 (quinze) dias

após o trânsito em julgado da sentença, implicando o

inadimplemento na imediata contrição de bens ou dinheiro, sem DISPOSITIVO

nova citação/intimação/notificação, nos termos dos artigos 652, d,

765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª

Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª

Região.

Intimem-se as partes desta decisão.".

Embora o art. 462 da CLT vede qualquer desconto nos ganhos do

empregado, salvo na hipótese de adiantamentos, de dispositivo

legal ou de previsão contratual, subsiste previsão na Lei nº 10.820,

de 17/12/2003, que autoriza os descontos sobre as verbas ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

rescisórias até o limite de 30% (trinta por cento) em caso de TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

rescisão contratual, no caso para fins de quitação de empréstimo unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

compulsório. reclamante e negar-lhe provimento.

Entretanto, não se pode olvidar que não restou colimado aos autos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

efetivamente o contrato de empréstimo consignado, cuja Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

apresentação competia à reclamada, eis que a esta caiu a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

obrigação de proceder aos descontos mês a mês no contracheque Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito autoral postulado, Fortaleza, 18 de julho de 2022.

ônus do qual não se desincumbiu. Ademais, a vigência da norma

supracitada, que autoriza desconto percentual no que tange às

verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16 da Lei 1.046

/50, in verbis: Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

"Art. 16. Ocorrido o falecimento do consignante, ficará extinta a Relator

dívida do empréstimo feito mediante simples garantia da FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

consignação em folha".

Ora, restando extinta a obrigação, resta indevido o desconto a tal ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

título das verbas rescisórias do obreiro falecido. Diretor de Secretaria

Cumpre registrar que o juízo de origem deferiu a restituição da


Processo Nº RORSum-0000091-87.2022.5.07.0038
quantia de R$1.241,83, descontada pelo reclamado no pagamento Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
das verbas rescisórias ao autor. RECORRENTE TRANSCIDADE SERVICOS
AMBIENTAIS EIRELI
Não merece reproche a decisão de origem. ADVOGADO ROSIANE NASCIMENTO
PEREIRA(OAB: 34153/CE)
Merece destaque, ainda, que o fundamento da pretensão reside no
ADVOGADO RENATO PARENTE DE ANDRADE
lançamento indevido de descontos por ocasião da rescisão do FILHO(OAB: 32588/CE)
RECORRIDO CLEANE DOS SANTOS SILVA
contrato de trabalho, sendo recomposta através da determinação de
ADVOGADO GLAUCIO PONTES CANUTO
ressarcimento da quantia indevidamente descontada. ARAUJO(OAB: 43849/CE)
RECORRIDO KAYLLANE MOUTA PAIVA
Ante o exposto, mantém-se incólume a sentença recorrida pelos
ADVOGADO GLAUCIO PONTES CANUTO
seus próprios fundamentos. ARAUJO(OAB: 43849/CE)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 294
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Intimado(s)/Citado(s): feb5291.

- CLEANE DOS SANTOS SILVA Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho

para emissão de parecer.

PODER JUDICIÁRIO
FUNDAMENTAÇÃO
JUSTIÇA DO

EMENTA ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de

admissibilidade, conheço do recurso ordinário interposto pela


DESCONTOS REALIZADOS SOBRE AS VERBAS reclamada.
RESCISÓRIAS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PREVISÃO DA MÉRITO
LEI 10.820/2003. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO DESCONTOS REALIZADOS SOBRE AS VERBAS
CONTRATO BANCÁRIO DE EMPRÉSTIMO. ÔNUS DA RESCISÓRIAS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PREVISÃO NA
RECLAMADA A QUEM CUMPRE OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE LEI 10.820/2003. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO
RETENÇÃO SALARIAL. CONTRATO BANCÁRIO DE EMPRÉSTIMO. ÔNUS DA
Não restou colimado aos autos o contrato de empréstimo RECLAMADA A QUEM CUMPRE OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE
consignado, cuja apresentação competia à reclamada, eis que a RETENÇÃO SALARIAL
esta caiu a obrigação de proceder aos descontos mês a mês no Inicialmente, cumpre esclarecer que o obreiro JOSÉ DA SILVA
contracheque do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito PAIVA laborou para a reclamada de 03/06/2019, como auxiliar de
autoral postulado, ônus do qual não se desincumbiu. Ademais, a produção, percebendo remuneração no valor de R$1.073,00, vindo
vigência da norma supracitada, que autoriza desconto percentual no a óbito em 17/10/2021, o que motivou a rescisão contratual. Quando
que tange às verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16 do pagamento das verbas rescisórias aos herdeiros, ora
da Lei 1.046 /50, segundo o qual "Ocorrido o falecimento do reclamantes, a empresa procedeu ao desconto no valor de
consignante, ficará extinta a dívida do empréstimo feito mediante R$1.241,83, referente a empréstimo consignado firmado junto ao
simples garantia da consignação em fôlha." Ora, restando extinta a Banco Itaú.
obrigação, resta indevido o desconto a tal título das verbas A recorrente rechaça a sentença de piso ao argumento de que o
rescisórias do obreiro falecido. Sentença mantida. desconto encontra previsão na lei 10.820/2003, que autoriza os

descontos em folha de pagamento de parcelas relativas a

empréstimos consignados, assim como nas verbas rescisórias. Tal


RELATÓRIO desconto encontraria também previsão no art.16 do decreto nº

4.840/2003.

O juízo de origem proferiu sentença nos seguintes termos:


O juízo da 2ª Vara do Trabalho do Sobral julgou parcialmente "S E N T E N Ç A
procedentes os pedidos da reclamação trabalhista ajuizada por Vistos, etc...
JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA, representado pela genitora RELATÓRIO
CLEANE DOS SANTOS SILVA, e KAYLLANE MOUTA PAIVA, JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA, CLEANE DOS SANTOS SILVA
herdeiros de JOSÉ DA SILVA PAIVA contra TRANSCIDADE e KAYLLANE MOUTA PAIVA, qualificado nos autos, ajuizou
SERVIÇOS AMBIENTAIS EIRELI. reclamatória trabalhista em face de TRANSCIDADE SERVIÇOS
Irresignada, a reclamada apresentou Recurso Ordinário, pleiteando AMBIENTAIS EIRELI, alegando, em resumo, que são herdeiros
a reforma do julgado, a fim de ter afastada a condenação que legítimos do de cujos José da Silva Paiva. Afirmam que o falecido
determinou a restituição do desconto, realizado pela empresa, nas trabalhou para a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021,
verbas rescisórias do obreiro falecido, considerado desconto quando veio a óbito. Alegam que a reclamada, no ato do pagamento
indevido pelo juízo de piso. das verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de
Contrarrazões apresentadas tempestivamente pela reclamantes, Id. R$ 1.241,83 em consequência de um empréstimo compulsório

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 295
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Salientam que, até o Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da Consolidação das Leis

momento, a reclamante não liberou as guias para liberação do do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17

seguro desemprego, tampouco para o saque do FGTS e do PIS. (remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência

Argumentam que a hipótese dos autos comporta a antecipação da Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou

tutela provisória em face da presença dos requisitos necessários a procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade

sua concessão. Diante disso, postulam: a) a habilitação no seguro não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a

desemprego ou indenização compensatória; b) a expedição de gratuidade da justiça à parte autora.

alvarás para liberação do FGTS e do PIS/PASEP; c) a restituição do 03 DA INÉPCIA DA INICIAL

desconto indevido; d) o pagamento dos honorários advocatícios. A reclamada alega que, nos termos do art. 840 da CLT, a inicial

Postulam, ainda, os benefícios da gratuidade processual (fls. 02/08). deve apresentar pedido certo, determinado e com valor líquido, sob

Juntou procurações e documentos (fls. 34/37). pena de inépcia. Afirma que, no caso dos autos, a exordial deixou

A reclamada apresentou contestação alegando, em preliminar, a de discriminar os valores referentes ao PIS/PASEP, devendo, desse

inépcia da inicial. No mérito, sustenta que a liberação do FGTS e do modo, ser extinto o presente processo, sem a resolução do mérito,

PIS/PASEP devem ser feita perante a Caixa Econômica Federal, na nos termos do artigo 840, §3º da CLT.

hipótese dos herdeiros estarem devidamente habilitados na Sem razão.

Previdência Social, nos termos do art. 1º da Lei 6.858/80, o que não A despeito da inicial não indicar valor específico em relação ao

ocorreu no presente caso. Afirma que a morte do funcionário não PIS/PASEP, não há como cogitar de inépcia da inicial, visto que a

constitui fato gerador para liberação das guias do seguro. Por isso, pretensão autoral, no tocante ao pleito em destaque, diz respeito a

os dependentes falecido não têm direito ao recebimento do seguro- mera expedição de alvará para liberação de eventuais valores

desemprego, mormente por se tratar de um direito pessoal e existentes em conta, de modo que, não existe nenhum pedido

intransferível do trabalhador, nos termos dos do arts. 6º e 8º, IV, da condenatório no tocante ao benefício citado.

Lei 7.998/90. Assevera que o desconto efetivado na rescisão no Em assim sendo, não há necessidade da indicação de valores,

importe de R$ 1.241,83, em consequência de empréstimo sendo, por isso, afastada a preliminar de inépcia.

consignado, tem amparo no art, 1º, § 1º, da Lei 10.820/2003, que 04 DA LEGITIMIDADE DOS SUCESSORES DO FALECIDO

permite seja efetuado o desconto de até 35% do valor das verbas Convém definir, antes da análise da questão de fundo, quem são os

rescisórias, o que foi observado pela empresa, já que o valor bruto legitimados legais para receber e dar quitação aos direitos

da rescisão era de R$ 5.667,57. Impugna o pedido alusivo à trabalhistas do empregado falecido.

concessão da tutela, bem da verba honorária. Bate pelo É que, a sucessão processual das partes no Processo Laboral tem

acolhimento da preliminar e, se ultrapassada, pela improcedência tratamento diverso daquele dispensado ao Processo Civil. Assim, o

dos pedidos (fls. 68/78). Juntou procuração e documentos (fls. art. 75, VII, da Nova Lei Adjetiva Civil não tem aplicação supletiva

56/67 e 79/84). no Processo do Trabalho, pois temos lei específica que regula tão

Sobre a documentação juntada com a defesa, o patrono da parte somente o pagamento aos dependentes ou sucessores de valores

autora informou que nada tem a opor. decorrentes da relação empregatícia que não tenham sido

As partes disseram que não têm quaisquer outras provas a produzir, recebidos em vida pelo de cujus.

ficando encerrada a instrução probatória. Trata-se da Lei nº 6.858/1980 que, ao dispor sobre o pagamento

Razões finais remissivas pelas partes. aos dependentes ou sucessores de valores não recebidos em vida

Frustradas as propostas conciliatórias. pelos respectivos titulares, em seu art. 1°, determina, verbis:

É o relatório. Art. 1º - Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e

FUNDAMENTAÇÃO os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do

01 DA PROLEGOMENAL Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não

De primórdio, determino a retificação no sistema do PJE, passando recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em

ali figurar o presente feito como reclamação trabalhista sujeita ao quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência

rito sumaríssimo, já que a pretensão deduzida na exordial não se Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e

restringe a expedição de alvarás, mas também a pedido de militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil,

restituição de desconto indevido. indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou

02 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA arrolamento.

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Do mesmo modo, a Lei nº 8.036/90, em seu art. 20, VIII, dispõe que, por ser menor de idade, representado por sua genitora Cleane dos

verbis: Santos Silva, tudo nos termos do art. 1º da Lei Lei nº 6.858/1980.

Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser 05 DO FGTS

movimentada nas seguintes situações: É fato incontroverso no feito que José da Silva Paiva trabalhou para

IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021, quando o

dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência contrato teve o extinto em razão do seu falecimento.

social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por O falecimento do trabalhador constitui uma das hipóteses para

morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo movimentação do FGTS existente em conta vinculada. É o que

da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, está, com clareza solar, no Inciso VIII do art. 20 da Lei nº 8.036/90,

indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do verbis:

interessado, independentemente de inventário ou arrolamento. Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser

Da análise dos dispositivos acima transcritos são legitimados para o movimentada nas seguintes situações:

recebimento de créditos trabalhistas do empregado falecido os IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus

dependentes arrolados junto ao INSS e, inexistindo estes, todos os dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência

sucessores do de cujus previstos na lei civil, independentemente de social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por

inventário ou arrolamento. morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo

No caso sob exame, os reclamantes não anexaram ao feito nenhum da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil,

documento comprovando a condição ou qualidade de dependentes indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do

do falecido perante a Previdência Social, ou mesmo documento interessado, independentemente de inventário ou arrolamento.

comprovando a percepção de pensão por morte. Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão

Desse modo, inexistindo dependentes do falecido regularmente determinar a expedição de alvará para a imediata liberação do

habilitados perante ao INSS, legitimados serão todos os sucessores FGTS existente na conta vinculada do falecido em favor de seus

do de cujus previstos na lei civil, independentemente de inventário dos sucessores JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA e KAYLLANE

ou arrolamento. MOUTA PAIVA.

Em se tratando de sucessão, o vigente Código Civil Brasileiro 06 DO PIS/PASEP

estabelece como ordem legítima na sucessão: A despeito da Lei nº 6.858/1980 dispor, em seu art. 1º, que o

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: montante do "Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos

salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma

universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua

parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará

herança não houver deixado bens particulares; judicial, independentemente de inventário ou arrolamento", os

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; reclamantes não anexaram ao feito nenhum documento

III - ao cônjuge sobrevivente; comprovando a existência de eventual montante no Fundo de

IV - aos colaterais. Participação PIS-PASEP. Diante disso, não há como o pedido de

No caso sob exame, restou demonstrado que o falecido era solteiro expedição de alvará para levantamento do benefício em destaque.

(fl. 11) e possuía dois filhos: JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA (fl. 07 DO SEGURO DESEMPREGO

10) e KAYLLANE MOUTA PAIVA (fls. 18/19), tendo o primeiro como Impende, de logo, destacar que o pedido de expedição de alvará

mãe a Sra. Cleane dos Santos Silva e a segunda como genitora a para habilitação dos demandantes ao seguro-desemprego não tem

Sra. Maria Flaviana do Nascimento Moura. o menor cabimento, sendo, portanto, manifestamente improcedente,

Laudo outra, a reclamante CLEANE DOS SANTOS SILVA, além de já que o art. 2º, inciso II, da Lei 7.998/90 relacionada os fatos

solteira (fl. 16), não produziu nenhuma prova de que mantinha união geradores do direito ao referido benefício previdenciário, verbis:

estável como o falecido. Art. 2º O programa do seguro-desemprego tem por finalidade:I -

Diante do exposto, reputo legitimados para o recebimento do crédito prover assistência financeira temporária ao trabalhador

consignado pela empresa os sucessores JOSÉ RYAN DOS desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a

SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, sendo o primeiro, indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 297
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; (Redação improcedente o pedido alusivo ao seguro-desemprego.

dada pela Lei nº 10.608, de 20.12.2002) 08 DO DESCONTO EFETUADO NA RESCISÃO DECORRENTE

Colhe-se que, dentre os fatos ensejadores do seguro-desemprego, DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO

estão a dispensa sem justa causa, a rescisão indireta e quando o Os reclamantes alegam que a reclamada, no ato do pagamento das

trabalhador é resgatado de regime de trabalho forçado ou em verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de R$

condição análoga à de escravo. 1.241,83 em consequência de um empréstimo compulsório

Vê-se que não há, nas hipóteses listadas acima, que ensejam a realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Diante disso, postulam a

percepção do seguro-desemprego, o falecimento do trabalhador, já restituição do desconto indevido.

que, por óbvio, o benefício previdenciário aos dependentes, para a A reclamada, por sua vez, sustenta que o desconto efetivado na

situação jurídica de falecimento, é a pensão por morte. rescisão no importe de R$ 1.241,83, em consequência de

Aliás, o art. 6º da Lei 7.998/90 dispõe que o seguro-desemprego é empréstimo consignado, tem amparo no art. 1º, § 1º, da Lei

pessoal e intransferível: 10.820/2003, que permite seja efetuado o desconto de até 35% do

Art. 6º O seguro-desemprego é direito pessoal e intransferível do valor das verbas rescisórias, o que foi observado pela empresa, já

trabalhador, podendo ser requerido a partir do sétimo dia que o valor bruto da rescisão era de R$ 5.667,57.

subseqüente à rescisão do contrato de trabalho. Analiso.

A Resolução nº 665/2011 do CODEFAT, em seu art. 1º, I, aponta A rescisão do contrato de trabalho em razão do falecimento do

que o seguro-desemprego será pago aos sucessores do segurado empregado ocorreu em 17.10.2021, ocasião em que houve o

somente em relação às parcelas vencidas até o óbito: desconto de R$ 1.241,83 a título de Empréstimo em Consignação,

Art. 1º. O art. 8º da Resolução nº 253, de 4 de outubro de 2000, o do valor total da rescisão do extinto que era de R$ 5.667,57 (fls.

art. 11 da Resolução nº 467, de 21 de dezembro de 2005 e o art. 8º 31/32).

da Resolução nº 657, de 16 de dezembro de 2010, passam a A Lei nº 10.820/03, em redação dada pela Lei nº 13.172/15, dispõe

vigorar com a seguinte redação: que:

"O benefício Seguro-Desemprego é direito pessoal e intransferível, Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do

nos termos da Lei nº 7.998/1990, e será pago diretamente ao Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio

beneficiário, salvo em caso de morte do segurado, ausência, de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o

moléstia contagiosa e beneficiário preso, observadas as seguintes desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração

condições: disponível dos valores referentes ao pagamento de empréstimos,

I - morte do segurado, quando serão pagas parcelas vencidas até a financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento

data do óbito, aos sucessores, mediante apresentação de Alvará mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de

Judicial; arrendamento mercantil, quando previsto nos respectivos contratos.

Pela redação acima, tem-se que o pagamento do seguro- (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)

desemprego aos sucessores ocorrerá quando este já tenha sido § 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir

concedido ao segurado, e, durante o curso ou antes do início de seu sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim

recebimento, venha o segurado a falecer, o que implica dizer que o previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento,

fato ensejador do seguro-desemprego tenha sido os motivos cartão de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35%

elencados no inciso II, art. 2º, Lei 7.998/90, mas não o falecimento (trinta e cinco por cento), sendo 5% (cinco por cento) destinados

do segurado. exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)

Nesse sentido, a decisão abaixo: I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. ALVARÁ PARA LIBERAÇÃO crédito; ou (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015)

DE SEGURO-DESEMPREGO. Segundo a legislação vigente - Lei II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de

nº 7.998/90 e Resolução do CODEFAT nº 467/2005 que disciplinam crédito. (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015)

a matéria - os dependentes do segurado falecido recebem apenas § 2º O regulamento disporá sobre os limites de valor do empréstimo,

as parcelas do seguro-desemprego que, na data do óbito, estiverem da prestação consignável para os fins do caput e do

vencidas. Recurso a que se nega provimento. (TRT20, RO comprometimento das verbas rescisórias para os fins do § 1º deste

00011019220145200004, DEJT 03/08/2015). artigo.

Diante disso, não resta outra alternativa ao Juízo senão julgar O Decreto nº 4.840/03, que regulamenta os descontos de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 298
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

empréstimos consignados em folha de pagamento, dispõe no art. jurisprudenciais:

16, §1º : LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO

Os contratos de empréstimo, financiamento ou arrendamento de CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores

que trata este Decreto poderão prever a incidência de desconto de contratados a título de empréstimo consignado poderão ser

até trinta por cento das verbas rescisórias referidas no inciso V do descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%,

art. 2º para a amortização total ou parcial do saldo devedor líquido desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No

para quitação na data de rescisão do contrato de trabalho do caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor

empregado. no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas

§ 1º. Para os fins do caput, considera-se saldo devedor líquido para rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor

quitação o valor presente das prestações vincendas na data da reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma,

amortização, descontado à taxa de juros contratualmente fixada RO 0020513-49.2017.5.04.0812. Rel. BEATRIZ RENCK, Data:

referente ao período não utilizado em função da quitação 02/10/2018)

antecipada. DESCONTOS INDEVIDOS. Assevera o Recorrente contraiu

Os valores contratados a título de empréstimo consignado, poderão empréstimo consignado com a Cooperativa de crédito COMOLATTI,

ser descontados das verbas rescisórias, até o limite máximo de 30% consoante doc. 7d9c5f3. Com a resilição contratual, houve o integral

(e mais 5% para despesas e saques com cartões de crédito), desde desconto dos valores devidos à Cooperativa, violando o art. 3º

que expressamente previsto no contrato de empréstimo, conforme inciso I e II do Decreto-lei nº 4.840/2003, que impõe a limitação de

legislação específica acima transcrita. 30% da remuneração do obreiro. Aduz, ainda, que o desconto é

Neste sentido, destacamos os seguintes posicionamentos ilegal, pois realizado pela Reclamada, sendo que o valor é devido

jurisprudenciais: para a Cooperativa de crédito COMOLATTI. Ademais, a

EMPRÉSTIMO CONSIGNADO - DEVOLUÇÃO DE VALORES homologação sindical prevê a possibilidade de o empregado

DESCONTADOS. Demonstrado que a reclamada observou o limite postular direitos perante o Poder Judiciário. O TRCT (doc. 653a6f2)

de 30% do valor total para os descontos efetuados a título de aponta que houve o desconto de R$ 4.891,39 para efeitos de

empréstimo consignado na rescisão por morte do empregado, pagamento do empréstimo consignando. O total bruto recebido foi

conforme previsto no art. 1º, §1º, da Lei 10.820/03, vigente na de R$ 8.086,63. Diante da legislação em vigor, tem-se que a razão

época da rescisão, não há falar em irregularidade do procedimento está com o obreiro. Isso porque a Reclamada não trouxe aos autos

adotado. (TRT da 4ª Região, 5ª Turma, RO 0021768- o contrato celebrado entre o Reclamante e a Cooperativa (arts. 818

82.2015.5.04.0013, Rel. CLAUDIO ANTONIO CASSOU BARBOSA, da CLT e 373, II, CPC), autorizando o desconto na resilição

em 11.12.2017). contratual. Assim, tem-se que são aplicáveis ao contrato as regras

LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO gerais do Decreto-lei nº 4.840/2003, fixando que "serão mantidos os

CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores prazos e encargos originalmente previstos, cabendo ao mutuário

contratados a título de empréstimo consignado poderão ser efetuar o pagamento mensal das prestações diretamente à

descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%, instituição consignatária" não havendo, portanto, vencimento

desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No antecipado das parcelas pendentes. Outrossim, o desconto deveria

caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor se limitar a 30% do valor das verbas rescisórias, caso previsto em

no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas contrato, que não veio aos autos. Assim, deverá a Reclamada

rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor devolver ao Reclamante o valor de R$ 4.891,39 indevidamente

reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma, descontado de sua rescisão, informando a Cooperativa que a partir

RO 0020513-49.2017.5.04.0812, Rel. BEATRIZ RENCK, em daquele momento os valores pendentes de pagamento serão

02.10.2018). quitados diretamente perante a instituição consignatária. Procede o

No caso concreto dos autos, a reclamada não junta o contrato de pedido. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000234-46.2016.5.02.0317;

empréstimo que originou a operação financeira, devidamente Data: 26-05-2017; Órgão Julgador: 14ª Turma - Cadeira 1 - 14ª

firmado pelo autor, a autorizar os descontos. Desse modo, não resta Turma; Relator(a): FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO). Grifei.

outra alternativa senão impor a devolução do desconto efetuado na Pelas razões expendidas, impõe-se a condenação da reclamada no

rescisão sob tal título. reembolso do desconto efetuado na rescisão decorrente do

Em abono a esse entendimento, destaco os seguintes precedentes empréstimo consignado.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 299
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

09 DA CORREÇÃO MONETÁRIA Ante o exposto, julgo parcialmente procedentes as ações diretas de

A correção monetária, entendida como meio econômico por meio do inconstitucionalidade e as ações declaratórias de

qual se objetiva preservar o poder aquisitivo da moeda, corroído no constitucionalidade, para conferir interpretação conforme a

tempo em face da inflação verificada em dado período de tempo, Constituição ao artigo 879, §7º, e ao artigo 899, §4º, da CLT, na

constitui mecanismo que corrige a expressão monetária das redação dada pela Lei 13.467, de 2017. Nesse sentido, há de se

obrigações pecuniárias, inclusive aquelas de natureza trabalhista. considerar que à atualização dos créditos decorrentes de

Nas condenações trabalhistas, a lei previa a aplicação da TR como condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas

índice de correção monetária, na forma do art. 39, caput, da Lei judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que

8.177/91: sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de correção

Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não monetária e de juros vigentes para as hipóteses de condenações

satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-

lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa Selic (artigo 406

contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no do Código Civil) (julgado em 18/12/20, vencidos os ministros Edson

período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio).

seu efetivo pagamento. Decisão: (ED-terceiros)O Tribunal, por unanimidade, não conheceu

O Tribunal Superior do Trabalho, contudo, reconheceu a dos embargos de declaração opostos pelos amici curiae, rejeitou os

inadequação da TR como índice de correção monetária, seguindo a embargos de declaração opostos pela ANAMATRA, mas acolheu,

mesma diretriz já traçada pelo Supremo Tribunal Federal quando parcialmente, os embargos de declaração opostos pela AGU, tão

tratou da matéria de precatórios e do art. 1º-F da Lei 9.494/97. somente para sanar o erro material constante da decisão de

De fato, o STF já havia fixado entendimento de que, nas ações julgamento e do resumo do acórdão, de modo a estabelecer "a

contra a Fazenda Pública, o índice correto seria o Índice de Preços incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento

ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), reconhecendo que a Taxa da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", sem

Referencial (TR) não combate a inflação. Veja um trecho da Tese conferir efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator.

da Tema 810 da Lista de Repercussão Geral: Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Plenário, Sessão Virtual

[...] 2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei de 15.10.2021 a 22.10.2021.

nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária Destaco que a ementa da referida decisão, publicada em

das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a 07/04/2021 (DJE nº 63, divulgado em 06/04/2021) corrigiu a

remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se anomalia em relação à data de início da aplicação dos juros

inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de (SELIC), que voltaram a ser calculados a partir do ajuizamento,

propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica situação referendada no julgamento dos embargos declaratórios.

como medida adequada a capturar a variação de preços da De igual modo, acrescentou que além da indexação, serão

economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. aplicados os juros legais (art. 39, caput, §1º da Lei 8.177, de 1991)

Por outro lado, a reforma trabalhista inseriu, no art. 879, § 7º, da na fase pré-judicial. Esclareceu, igualmente, que a incidência de

CLT, a correção pela TR dos créditos trabalhistas reconhecidos pela juros moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser

Justiça do Trabalho: cumulada com a aplicação de outros índices de atualização

Art. 879[...]§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de monetária, cumulação que representaria bis in idem.

condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão

pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1º de determinar que os créditos trabalhistas deferidos no corpo deste

março de 1991. julgado sejam apurados com base nos parâmetros definidos pela

Foi nesse contexto que o debate chegou ao Supremo Tribunal decisão de mérito das ADCs nºs 58 e 59 (IPCA-E na fase pré-

Federal por meio das ADC nº 58 e nº 59 e nas ADI 5867 e 6021. judicial e Taxa Selic a partir do ajuizamento)

Com efeito, ao julgar as ações acima destacadas, o STF decidiu Finalmente, aplicáveis, ainda, as definições da Súmula n.º 381, do

que, em razão da insuficiência da TR, até que haja lei tratando TST,bem como, quando for o caso (indenização por dano moral), da

sobre o tema, deve-se utilizar o IPCA-E na fase pré-judicial e, na Súmula n.º 439, TST. Ressalte-se que os juros e a correção

fase judicial a Taxa Selic, conforme dispositivo a seguir transcrito, monetária deverão ser incluídos nos cálculos de liquidação, ainda

complementado por decisão em embargos declaratórios: que omisso o pedido inicial (Súmula 211 do TST).

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 300
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10 DA VERBA HONORÁRIA Código de Processo Civil não resta outro caminho a este

A previsão de honorários advocatícios sucumbenciais e recíprocos, magistrado senão seguir o entendimento proferido em sede de

na seara trabalhista, ocorreu a partir da inclusão do art. 791-A no controle concentrado de constitucionalidade.

Estatuto Celetário, através da Lei nº 13.467, de 11 de novembro de Na hipótese dos autos, julgados procedentes apenas parte dos

2017. pedidos deduzidos na exordial, cabível apenas a condenação da

Reza, pois, a norma celetária acima destacada: empresa reclamada no pagamento de honorários advocatícios ao

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão patrono da parte reclamante, os quais fixo no percentual de 10%

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% sobre o valor da condenação (art. 791-A, § 2º da CLT).

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Incabível a condenação em honorários advocatícios pela parte

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico autora, em favor da parte demandada, ante a decisão proferida nos

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado autos da ADI 5766 que declarou a inconstitucionalidade dos arts.

da causa. 790-B, caput, parágrafo 4º, e 791-A, parágrafo 4º, da CLT.

[...] 11 DAS CONDIÇÕES DE CUMPRIMENTO DA DECISÃO

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários As condições de cumprimento da decisão prolatada no feito deverão

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os ser fixadas pelo Magistrado em estrita observância ao disposto nos

honorários. artigos 652, d, 765 e 832, § 1º, todos da Consolidação das Leis do

§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha Trabalho, bem como do Enunciado nº 119 aprovado na 3ª Jornada

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região,

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência verbis:

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito [...]

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que competência;

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade

prazo, tais obrigações do beneficiário. na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das

Releva pontuar que o Sodalício Tribunal Superior do Trabalho, por causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao

meio do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018, consolidou o esclarecimento delas.

entendimento de que o art. 791-A e parágrafos, da CLT, são Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo

plenamente aplicáveis às ações propostas após 11 de novembro de do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da

2017. decisão e a respectiva conclusão.

Acontece, porém, que o Supremo Tribunal Federal declarou por § 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido,

meio da ADI 5766, decisão de 20.10.2021, inconstitucional os arts. determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento.

790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do ENUNCIADO Nº 119/2018- EXECUÇÃO DE OFÍCIO. ART. 878 DA

Trabalho (CLT), conforme decisão de julgamento a seguir transcrita: CLT. INTERPRETAÇÃO. Caso exista sentença condenatória em

Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o obrigação de pagar verbas de natureza salarial, considerando que a

pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os execução da contribuição previdenciária é de ofício, deve o juiz dar

arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis início, também de ofício, à execução das verbas reconhecidas na

do Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto sentença, de modo que o art. 878 da CLT somente deve ser

Barroso (Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar aplicado caso não exista contribuição previdenciária a ser

Mendes. Por maioria, julgou improcedente a ação no tocante ao art. executada.

844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os Como se pode ver, os dispositivos supra transcritos autorizam o

Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. magistrado a fixar todas as condições de cumprimento da decisão,

Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, inclusive para fins de aplicação de multa, prazo para cumprimento

20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução da decisão e possibilidade de ser dispensada notificação

672/2020/STF). específica/citação para o início dos procedimentos executórios.

Desse modo, por questão de disciplina, a teor do art. 927, I, do Diante disso, este Juízo fixa o prazo de quinze (15) dias, contado do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 301
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

trânsito em julgado da sentença, para o pagamento da importância efetivamente o contrato de empréstimo consignado, cuja

condenatória, implicando o inadimplemento na imediata contrição apresentação competia à reclamada, eis que a esta caiu a

de bens ou dinheiro, sem nova citação/intimação/notificação, nos obrigação de proceder aos descontos mês a mês no contracheque

termos dos dispositivos celetários acima transcritos. do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito autoral postulado,

DISPOSITIVO ônus do qual não se desincumbiu. Ademais, a vigência da norma

Isto posto, e a luz do mais constante dos autos, decide esta 2ª Vara supracitada, que autoriza desconto percentual no que tange às

do Trabalho de Sobral afastar a preliminar de inépcia; reconhecer verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16 da Lei 1.046

como legitimados para o recebimento dos créditos deferidos no /50, in verbis:

corpo deste julgado apenas os reclamantes JOSÉ RYAN DOS "Art. 16. Ocorrido o falecimento do consignante, ficará extinta a

SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, na condição de dívida do empréstimo feito mediante simples garantia da

sucessores do falecido; e julgar PROCEDENTES EM PARTE os consignação em folha".

pedidos para condenar a reclamada, TRANSCIDADE SERVIÇOS Ora, restando extinta a obrigação, resta indevido o desconto a tal

AMBIENTAIS EIRELI, a pagar aos reclamantes, JOSÉ RYAN DOS título das verbas rescisórias do obreiro falecido.

SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, com juros e Cumpre registrar que o juízo de origem deferiu a restituição da

correção monetária, no prazo de quinze (15) dias (artigos 652, d, quantia de R$1.241,83, descontada pelo reclamado no pagamento

765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª das verbas rescisórias ao autor.

Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Não merece reproche a decisão de origem.

Região), contado do trânsito em julgado da sentença, o valor Merece destaque, ainda, que o fundamento da pretensão reside no

correspondente ao desconto efetuado na rescisão decorrente do lançamento indevido de descontos por ocasião da rescisão do

empréstimo consignado, no valor de R$ 1.351,11, na forma da contrato de trabalho, sendo recomposta através da determinação de

fundamentação que fica fazendo parte integrante desta decisão. ressarcimento da quantia indevidamente descontada.

Condena a reclamada, outrossim, no pagamento de honorários Ante o exposto, mantém-se incólume a sentença recorrida pelos

advocatícios de 10% sobre o valor da condenação, bem como no seus próprios fundamentos.

pagamento das custas processuais no valor de R$ 27,02,

calculadas sobre o montante condenatório de R$ 1.351,11.

Determino, ainda, a expedição de alvará para liberação do saldo do CONCLUSÃO DO VOTO

FGTS existente na conta vinculada do falecido, conforme extrato

constante de fl. 29, em prol dos reclamantes JOSÉ RYAN DOS

SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA Conhecer do recurso ordinário interposto pelo reclamante e negar-

Desde já fica intimada a reclamada para o pagamento da lhe provimento.

importância líquida apurada dentro do prazo de 15 (quinze) dias

após o trânsito em julgado da sentença, implicando o

inadimplemento na imediata contrição de bens ou dinheiro, sem DISPOSITIVO

nova citação/intimação/notificação, nos termos dos artigos 652, d,

765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª

Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª

Região.

Intimem-se as partes desta decisão.".

Embora o art. 462 da CLT vede qualquer desconto nos ganhos do

empregado, salvo na hipótese de adiantamentos, de dispositivo

legal ou de previsão contratual, subsiste previsão na Lei nº 10.820,

de 17/12/2003, que autoriza os descontos sobre as verbas ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

rescisórias até o limite de 30% (trinta por cento) em caso de TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

rescisão contratual, no caso para fins de quitação de empréstimo unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

compulsório. reclamante e negar-lhe provimento.

Entretanto, não se pode olvidar que não restou colimado aos autos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 302
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado que tange às verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) da Lei 1.046 /50, segundo o qual "Ocorrido o falecimento do

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. consignante, ficará extinta a dívida do empréstimo feito mediante

Fortaleza, 18 de julho de 2022. simples garantia da consignação em fôlha." Ora, restando extinta a

obrigação, resta indevido o desconto a tal título das verbas

rescisórias do obreiro falecido. Sentença mantida.

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator RELATÓRIO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART O juízo da 2ª Vara do Trabalho do Sobral julgou parcialmente

Diretor de Secretaria procedentes os pedidos da reclamação trabalhista ajuizada por

JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA, representado pela genitora


Processo Nº RORSum-0000091-87.2022.5.07.0038
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO CLEANE DOS SANTOS SILVA, e KAYLLANE MOUTA PAIVA,
RECORRENTE TRANSCIDADE SERVICOS herdeiros de JOSÉ DA SILVA PAIVA contra TRANSCIDADE
AMBIENTAIS EIRELI
ADVOGADO ROSIANE NASCIMENTO SERVIÇOS AMBIENTAIS EIRELI.
PEREIRA(OAB: 34153/CE)
Irresignada, a reclamada apresentou Recurso Ordinário, pleiteando
ADVOGADO RENATO PARENTE DE ANDRADE
FILHO(OAB: 32588/CE) a reforma do julgado, a fim de ter afastada a condenação que
RECORRIDO CLEANE DOS SANTOS SILVA
determinou a restituição do desconto, realizado pela empresa, nas
ADVOGADO GLAUCIO PONTES CANUTO
ARAUJO(OAB: 43849/CE) verbas rescisórias do obreiro falecido, considerado desconto
RECORRIDO KAYLLANE MOUTA PAIVA
indevido pelo juízo de piso.
ADVOGADO GLAUCIO PONTES CANUTO
ARAUJO(OAB: 43849/CE) Contrarrazões apresentadas tempestivamente pela reclamantes, Id.

feb5291.
Intimado(s)/Citado(s):
Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho
- KAYLLANE MOUTA PAIVA
para emissão de parecer.

PODER JUDICIÁRIO
FUNDAMENTAÇÃO
JUSTIÇA DO

EMENTA ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de

admissibilidade, conheço do recurso ordinário interposto pela

DESCONTOS REALIZADOS SOBRE AS VERBAS reclamada.

RESCISÓRIAS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PREVISÃO DA MÉRITO

LEI 10.820/2003. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO DESCONTOS REALIZADOS SOBRE AS VERBAS

CONTRATO BANCÁRIO DE EMPRÉSTIMO. ÔNUS DA RESCISÓRIAS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PREVISÃO NA

RECLAMADA A QUEM CUMPRE OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE LEI 10.820/2003. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO

RETENÇÃO SALARIAL. CONTRATO BANCÁRIO DE EMPRÉSTIMO. ÔNUS DA

Não restou colimado aos autos o contrato de empréstimo RECLAMADA A QUEM CUMPRE OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE

consignado, cuja apresentação competia à reclamada, eis que a RETENÇÃO SALARIAL

esta caiu a obrigação de proceder aos descontos mês a mês no Inicialmente, cumpre esclarecer que o obreiro JOSÉ DA SILVA

contracheque do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito PAIVA laborou para a reclamada de 03/06/2019, como auxiliar de

autoral postulado, ônus do qual não se desincumbiu. Ademais, a produção, percebendo remuneração no valor de R$1.073,00, vindo

vigência da norma supracitada, que autoriza desconto percentual no a óbito em 17/10/2021, o que motivou a rescisão contratual. Quando

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 303
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

do pagamento das verbas rescisórias aos herdeiros, ora consignado, tem amparo no art, 1º, § 1º, da Lei 10.820/2003, que

reclamantes, a empresa procedeu ao desconto no valor de permite seja efetuado o desconto de até 35% do valor das verbas

R$1.241,83, referente a empréstimo consignado firmado junto ao rescisórias, o que foi observado pela empresa, já que o valor bruto

Banco Itaú. da rescisão era de R$ 5.667,57. Impugna o pedido alusivo à

A recorrente rechaça a sentença de piso ao argumento de que o concessão da tutela, bem da verba honorária. Bate pelo

desconto encontra previsão na lei 10.820/2003, que autoriza os acolhimento da preliminar e, se ultrapassada, pela improcedência

descontos em folha de pagamento de parcelas relativas a dos pedidos (fls. 68/78). Juntou procuração e documentos (fls.

empréstimos consignados, assim como nas verbas rescisórias. Tal 56/67 e 79/84).

desconto encontraria também previsão no art.16 do decreto nº Sobre a documentação juntada com a defesa, o patrono da parte

4.840/2003. autora informou que nada tem a opor.

O juízo de origem proferiu sentença nos seguintes termos: As partes disseram que não têm quaisquer outras provas a produzir,

"S E N T E N Ç A ficando encerrada a instrução probatória.

Vistos, etc... Razões finais remissivas pelas partes.

RELATÓRIO Frustradas as propostas conciliatórias.

JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA, CLEANE DOS SANTOS SILVA É o relatório.

e KAYLLANE MOUTA PAIVA, qualificado nos autos, ajuizou FUNDAMENTAÇÃO

reclamatória trabalhista em face de TRANSCIDADE SERVIÇOS 01 DA PROLEGOMENAL

AMBIENTAIS EIRELI, alegando, em resumo, que são herdeiros De primórdio, determino a retificação no sistema do PJE, passando

legítimos do de cujos José da Silva Paiva. Afirmam que o falecido ali figurar o presente feito como reclamação trabalhista sujeita ao

trabalhou para a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021, rito sumaríssimo, já que a pretensão deduzida na exordial não se

quando veio a óbito. Alegam que a reclamada, no ato do pagamento restringe a expedição de alvarás, mas também a pedido de

das verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de restituição de desconto indevido.

R$ 1.241,83 em consequência de um empréstimo compulsório 02 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Salientam que, até o Presentes os requisitos do art. 790, § 3.º da Consolidação das Leis

momento, a reclamante não liberou as guias para liberação do do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 13.467/17

seguro desemprego, tampouco para o saque do FGTS e do PIS. (remuneração inferior a 40% do teto de benefícios da Previdência

Argumentam que a hipótese dos autos comporta a antecipação da Social ou condição de miserabilidade declarada pela parte ou

tutela provisória em face da presença dos requisitos necessários a procurador com poderes especiais, com presunção de veracidade

sua concessão. Diante disso, postulam: a) a habilitação no seguro não infirmada por prova produzida pela parte adversa), defiro a

desemprego ou indenização compensatória; b) a expedição de gratuidade da justiça à parte autora.

alvarás para liberação do FGTS e do PIS/PASEP; c) a restituição do 03 DA INÉPCIA DA INICIAL

desconto indevido; d) o pagamento dos honorários advocatícios. A reclamada alega que, nos termos do art. 840 da CLT, a inicial

Postulam, ainda, os benefícios da gratuidade processual (fls. 02/08). deve apresentar pedido certo, determinado e com valor líquido, sob

Juntou procurações e documentos (fls. 34/37). pena de inépcia. Afirma que, no caso dos autos, a exordial deixou

A reclamada apresentou contestação alegando, em preliminar, a de discriminar os valores referentes ao PIS/PASEP, devendo, desse

inépcia da inicial. No mérito, sustenta que a liberação do FGTS e do modo, ser extinto o presente processo, sem a resolução do mérito,

PIS/PASEP devem ser feita perante a Caixa Econômica Federal, na nos termos do artigo 840, §3º da CLT.

hipótese dos herdeiros estarem devidamente habilitados na Sem razão.

Previdência Social, nos termos do art. 1º da Lei 6.858/80, o que não A despeito da inicial não indicar valor específico em relação ao

ocorreu no presente caso. Afirma que a morte do funcionário não PIS/PASEP, não há como cogitar de inépcia da inicial, visto que a

constitui fato gerador para liberação das guias do seguro. Por isso, pretensão autoral, no tocante ao pleito em destaque, diz respeito a

os dependentes falecido não têm direito ao recebimento do seguro- mera expedição de alvará para liberação de eventuais valores

desemprego, mormente por se tratar de um direito pessoal e existentes em conta, de modo que, não existe nenhum pedido

intransferível do trabalhador, nos termos dos do arts. 6º e 8º, IV, da condenatório no tocante ao benefício citado.

Lei 7.998/90. Assevera que o desconto efetivado na rescisão no Em assim sendo, não há necessidade da indicação de valores,

importe de R$ 1.241,83, em consequência de empréstimo sendo, por isso, afastada a preliminar de inépcia.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 304
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

04 DA LEGITIMIDADE DOS SUCESSORES DO FALECIDO ou arrolamento.

Convém definir, antes da análise da questão de fundo, quem são os Em se tratando de sucessão, o vigente Código Civil Brasileiro

legitimados legais para receber e dar quitação aos direitos estabelece como ordem legítima na sucessão:

trabalhistas do empregado falecido. Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

É que, a sucessão processual das partes no Processo Laboral tem I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,

tratamento diverso daquele dispensado ao Processo Civil. Assim, o salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão

art. 75, VII, da Nova Lei Adjetiva Civil não tem aplicação supletiva universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,

no Processo do Trabalho, pois temos lei específica que regula tão parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da

somente o pagamento aos dependentes ou sucessores de valores herança não houver deixado bens particulares;

decorrentes da relação empregatícia que não tenham sido II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

recebidos em vida pelo de cujus. III - ao cônjuge sobrevivente;

Trata-se da Lei nº 6.858/1980 que, ao dispor sobre o pagamento IV - aos colaterais.

aos dependentes ou sucessores de valores não recebidos em vida No caso sob exame, restou demonstrado que o falecido era solteiro

pelos respectivos titulares, em seu art. 1°, determina, verbis: (fl. 11) e possuía dois filhos: JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA (fl.

Art. 1º - Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e 10) e KAYLLANE MOUTA PAIVA (fls. 18/19), tendo o primeiro como

os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do mãe a Sra. Cleane dos Santos Silva e a segunda como genitora a

Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não Sra. Maria Flaviana do Nascimento Moura.

recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em Laudo outra, a reclamante CLEANE DOS SANTOS SILVA, além de

quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência solteira (fl. 16), não produziu nenhuma prova de que mantinha união

Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e estável como o falecido.

militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, Diante do exposto, reputo legitimados para o recebimento do crédito

indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou consignado pela empresa os sucessores JOSÉ RYAN DOS

arrolamento. SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, sendo o primeiro,

Do mesmo modo, a Lei nº 8.036/90, em seu art. 20, VIII, dispõe que, por ser menor de idade, representado por sua genitora Cleane dos

verbis: Santos Silva, tudo nos termos do art. 1º da Lei Lei nº 6.858/1980.

Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser 05 DO FGTS

movimentada nas seguintes situações: É fato incontroverso no feito que José da Silva Paiva trabalhou para

IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus a reclamada no período de 03.06.2019 a 17.10.2021, quando o

dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência contrato teve o extinto em razão do seu falecimento.

social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por O falecimento do trabalhador constitui uma das hipóteses para

morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo movimentação do FGTS existente em conta vinculada. É o que

da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, está, com clareza solar, no Inciso VIII do art. 20 da Lei nº 8.036/90,

indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do verbis:

interessado, independentemente de inventário ou arrolamento. Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser

Da análise dos dispositivos acima transcritos são legitimados para o movimentada nas seguintes situações:

recebimento de créditos trabalhistas do empregado falecido os IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus

dependentes arrolados junto ao INSS e, inexistindo estes, todos os dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência

sucessores do de cujus previstos na lei civil, independentemente de social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por

inventário ou arrolamento. morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo

No caso sob exame, os reclamantes não anexaram ao feito nenhum da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil,

documento comprovando a condição ou qualidade de dependentes indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do

do falecido perante a Previdência Social, ou mesmo documento interessado, independentemente de inventário ou arrolamento.

comprovando a percepção de pensão por morte. Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão

Desse modo, inexistindo dependentes do falecido regularmente determinar a expedição de alvará para a imediata liberação do

habilitados perante ao INSS, legitimados serão todos os sucessores FGTS existente na conta vinculada do falecido em favor de seus

do de cujus previstos na lei civil, independentemente de inventário dos sucessores JOSÉ RYAN DOS SANTOS SILVA e KAYLLANE

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 305
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

MOUTA PAIVA. nos termos da Lei nº 7.998/1990, e será pago diretamente ao

06 DO PIS/PASEP beneficiário, salvo em caso de morte do segurado, ausência,

A despeito da Lei nº 6.858/1980 dispor, em seu art. 1º, que o moléstia contagiosa e beneficiário preso, observadas as seguintes

montante do "Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em condições:

vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos I - morte do segurado, quando serão pagas parcelas vencidas até a

dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma data do óbito, aos sucessores, mediante apresentação de Alvará

da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua Judicial;

falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará Pela redação acima, tem-se que o pagamento do seguro-

judicial, independentemente de inventário ou arrolamento", os desemprego aos sucessores ocorrerá quando este já tenha sido

reclamantes não anexaram ao feito nenhum documento concedido ao segurado, e, durante o curso ou antes do início de seu

comprovando a existência de eventual montante no Fundo de recebimento, venha o segurado a falecer, o que implica dizer que o

Participação PIS-PASEP. Diante disso, não há como o pedido de fato ensejador do seguro-desemprego tenha sido os motivos

expedição de alvará para levantamento do benefício em destaque. elencados no inciso II, art. 2º, Lei 7.998/90, mas não o falecimento

07 DO SEGURO DESEMPREGO do segurado.

Impende, de logo, destacar que o pedido de expedição de alvará Nesse sentido, a decisão abaixo:

para habilitação dos demandantes ao seguro-desemprego não tem EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. ALVARÁ PARA LIBERAÇÃO

o menor cabimento, sendo, portanto, manifestamente improcedente, DE SEGURO-DESEMPREGO. Segundo a legislação vigente - Lei

já que o art. 2º, inciso II, da Lei 7.998/90 relacionada os fatos nº 7.998/90 e Resolução do CODEFAT nº 467/2005 que disciplinam

geradores do direito ao referido benefício previdenciário, verbis: a matéria - os dependentes do segurado falecido recebem apenas

Art. 2º O programa do seguro-desemprego tem por finalidade:I - as parcelas do seguro-desemprego que, na data do óbito, estiverem

prover assistência financeira temporária ao trabalhador vencidas. Recurso a que se nega provimento. (TRT20, RO

desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a 00011019220145200004, DEJT 03/08/2015).

indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime Diante disso, não resta outra alternativa ao Juízo senão julgar

de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; (Redação improcedente o pedido alusivo ao seguro-desemprego.

dada pela Lei nº 10.608, de 20.12.2002) 08 DO DESCONTO EFETUADO NA RESCISÃO DECORRENTE

Colhe-se que, dentre os fatos ensejadores do seguro-desemprego, DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO

estão a dispensa sem justa causa, a rescisão indireta e quando o Os reclamantes alegam que a reclamada, no ato do pagamento das

trabalhador é resgatado de regime de trabalho forçado ou em verbas rescisórias, efetuou um desconto indevido no importe de R$

condição análoga à de escravo. 1.241,83 em consequência de um empréstimo compulsório

Vê-se que não há, nas hipóteses listadas acima, que ensejam a realizado pelo falecido junto ao Banco Itaú. Diante disso, postulam a

percepção do seguro-desemprego, o falecimento do trabalhador, já restituição do desconto indevido.

que, por óbvio, o benefício previdenciário aos dependentes, para a A reclamada, por sua vez, sustenta que o desconto efetivado na

situação jurídica de falecimento, é a pensão por morte. rescisão no importe de R$ 1.241,83, em consequência de

Aliás, o art. 6º da Lei 7.998/90 dispõe que o seguro-desemprego é empréstimo consignado, tem amparo no art. 1º, § 1º, da Lei

pessoal e intransferível: 10.820/2003, que permite seja efetuado o desconto de até 35% do

Art. 6º O seguro-desemprego é direito pessoal e intransferível do valor das verbas rescisórias, o que foi observado pela empresa, já

trabalhador, podendo ser requerido a partir do sétimo dia que o valor bruto da rescisão era de R$ 5.667,57.

subseqüente à rescisão do contrato de trabalho. Analiso.

A Resolução nº 665/2011 do CODEFAT, em seu art. 1º, I, aponta A rescisão do contrato de trabalho em razão do falecimento do

que o seguro-desemprego será pago aos sucessores do segurado empregado ocorreu em 17.10.2021, ocasião em que houve o

somente em relação às parcelas vencidas até o óbito: desconto de R$ 1.241,83 a título de Empréstimo em Consignação,

Art. 1º. O art. 8º da Resolução nº 253, de 4 de outubro de 2000, o do valor total da rescisão do extinto que era de R$ 5.667,57 (fls.

art. 11 da Resolução nº 467, de 21 de dezembro de 2005 e o art. 8º 31/32).

da Resolução nº 657, de 16 de dezembro de 2010, passam a A Lei nº 10.820/03, em redação dada pela Lei nº 13.172/15, dispõe

vigorar com a seguinte redação: que:

"O benefício Seguro-Desemprego é direito pessoal e intransferível, Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 306
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio empréstimo consignado na rescisão por morte do empregado,

de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o conforme previsto no art. 1º, §1º, da Lei 10.820/03, vigente na

desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração época da rescisão, não há falar em irregularidade do procedimento

disponível dos valores referentes ao pagamento de empréstimos, adotado. (TRT da 4ª Região, 5ª Turma, RO 0021768-

financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento 82.2015.5.04.0013, Rel. CLAUDIO ANTONIO CASSOU BARBOSA,

mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de em 11.12.2017).

arrendamento mercantil, quando previsto nos respectivos contratos. LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO

(Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015) CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores

§ 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir contratados a título de empréstimo consignado poderão ser

sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%,

previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento, desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No

cartão de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35% caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor

(trinta e cinco por cento), sendo 5% (cinco por cento) destinados no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas

exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015) rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor

I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma,

crédito; ou (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015) RO 0020513-49.2017.5.04.0812, Rel. BEATRIZ RENCK, em

II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de 02.10.2018).

crédito. (Incluído pela pela Lei nº 13.172, de 2015) No caso concreto dos autos, a reclamada não junta o contrato de

§ 2º O regulamento disporá sobre os limites de valor do empréstimo, empréstimo que originou a operação financeira, devidamente

da prestação consignável para os fins do caput e do firmado pelo autor, a autorizar os descontos. Desse modo, não resta

comprometimento das verbas rescisórias para os fins do § 1º deste outra alternativa senão impor a devolução do desconto efetuado na

artigo. rescisão sob tal título.

O Decreto nº 4.840/03, que regulamenta os descontos de Em abono a esse entendimento, destaco os seguintes precedentes

empréstimos consignados em folha de pagamento, dispõe no art. jurisprudenciais:

16, §1º : LIMITE LEGAL PARA DESCONTO DE EMPRÉSTIMO

Os contratos de empréstimo, financiamento ou arrendamento de CONSIGNADO NAS VERBAS RESCISÓRIAS. Os valores

que trata este Decreto poderão prever a incidência de desconto de contratados a título de empréstimo consignado poderão ser

até trinta por cento das verbas rescisórias referidas no inciso V do descontados das verbas rescisórias até o limite máximo de 30%,

art. 2º para a amortização total ou parcial do saldo devedor líquido desde que expressamente previsto no contrato de empréstimo. No

para quitação na data de rescisão do contrato de trabalho do caso, o reclamado não apresenta o documento firmado pelo autor

empregado. no qual conste a cláusula pertinente ao desconto das verbas

§ 1º. Para os fins do caput, considera-se saldo devedor líquido para rescisórias, nos termos da Lei 10.820/2003, acolhendo-se o valor

quitação o valor presente das prestações vincendas na data da reconhecido na inicial para tais fins. (TRT da 4ª Região, 6ª Turma,

amortização, descontado à taxa de juros contratualmente fixada RO 0020513-49.2017.5.04.0812. Rel. BEATRIZ RENCK, Data:

referente ao período não utilizado em função da quitação 02/10/2018)

antecipada. DESCONTOS INDEVIDOS. Assevera o Recorrente contraiu

Os valores contratados a título de empréstimo consignado, poderão empréstimo consignado com a Cooperativa de crédito COMOLATTI,

ser descontados das verbas rescisórias, até o limite máximo de 30% consoante doc. 7d9c5f3. Com a resilição contratual, houve o integral

(e mais 5% para despesas e saques com cartões de crédito), desde desconto dos valores devidos à Cooperativa, violando o art. 3º

que expressamente previsto no contrato de empréstimo, conforme inciso I e II do Decreto-lei nº 4.840/2003, que impõe a limitação de

legislação específica acima transcrita. 30% da remuneração do obreiro. Aduz, ainda, que o desconto é

Neste sentido, destacamos os seguintes posicionamentos ilegal, pois realizado pela Reclamada, sendo que o valor é devido

jurisprudenciais: para a Cooperativa de crédito COMOLATTI. Ademais, a

EMPRÉSTIMO CONSIGNADO - DEVOLUÇÃO DE VALORES homologação sindical prevê a possibilidade de o empregado

DESCONTADOS. Demonstrado que a reclamada observou o limite postular direitos perante o Poder Judiciário. O TRCT (doc. 653a6f2)

de 30% do valor total para os descontos efetuados a título de aponta que houve o desconto de R$ 4.891,39 para efeitos de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 307
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pagamento do empréstimo consignando. O total bruto recebido foi da Tema 810 da Lista de Repercussão Geral:

de R$ 8.086,63. Diante da legislação em vigor, tem-se que a razão [...] 2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei

está com o obreiro. Isso porque a Reclamada não trouxe aos autos nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária

o contrato celebrado entre o Reclamante e a Cooperativa (arts. 818 das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a

da CLT e 373, II, CPC), autorizando o desconto na resilição remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se

contratual. Assim, tem-se que são aplicáveis ao contrato as regras inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de

gerais do Decreto-lei nº 4.840/2003, fixando que "serão mantidos os propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica

prazos e encargos originalmente previstos, cabendo ao mutuário como medida adequada a capturar a variação de preços da

efetuar o pagamento mensal das prestações diretamente à economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina.

instituição consignatária" não havendo, portanto, vencimento Por outro lado, a reforma trabalhista inseriu, no art. 879, § 7º, da

antecipado das parcelas pendentes. Outrossim, o desconto deveria CLT, a correção pela TR dos créditos trabalhistas reconhecidos pela

se limitar a 30% do valor das verbas rescisórias, caso previsto em Justiça do Trabalho:

contrato, que não veio aos autos. Assim, deverá a Reclamada Art. 879[...]§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de

devolver ao Reclamante o valor de R$ 4.891,39 indevidamente condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada

descontado de sua rescisão, informando a Cooperativa que a partir pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1º de

daquele momento os valores pendentes de pagamento serão março de 1991.

quitados diretamente perante a instituição consignatária. Procede o Foi nesse contexto que o debate chegou ao Supremo Tribunal

pedido. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000234-46.2016.5.02.0317; Federal por meio das ADC nº 58 e nº 59 e nas ADI 5867 e 6021.

Data: 26-05-2017; Órgão Julgador: 14ª Turma - Cadeira 1 - 14ª Com efeito, ao julgar as ações acima destacadas, o STF decidiu

Turma; Relator(a): FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO). Grifei. que, em razão da insuficiência da TR, até que haja lei tratando

Pelas razões expendidas, impõe-se a condenação da reclamada no sobre o tema, deve-se utilizar o IPCA-E na fase pré-judicial e, na

reembolso do desconto efetuado na rescisão decorrente do fase judicial a Taxa Selic, conforme dispositivo a seguir transcrito,

empréstimo consignado. complementado por decisão em embargos declaratórios:

09 DA CORREÇÃO MONETÁRIA Ante o exposto, julgo parcialmente procedentes as ações diretas de

A correção monetária, entendida como meio econômico por meio do inconstitucionalidade e as ações declaratórias de

qual se objetiva preservar o poder aquisitivo da moeda, corroído no constitucionalidade, para conferir interpretação conforme a

tempo em face da inflação verificada em dado período de tempo, Constituição ao artigo 879, §7º, e ao artigo 899, §4º, da CLT, na

constitui mecanismo que corrige a expressão monetária das redação dada pela Lei 13.467, de 2017. Nesse sentido, há de se

obrigações pecuniárias, inclusive aquelas de natureza trabalhista. considerar que à atualização dos créditos decorrentes de

Nas condenações trabalhistas, a lei previa a aplicação da TR como condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas

índice de correção monetária, na forma do art. 39, caput, da Lei judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que

8.177/91: sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de correção

Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não monetária e de juros vigentes para as hipóteses de condenações

satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-

lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa Selic (artigo 406

contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no do Código Civil) (julgado em 18/12/20, vencidos os ministros Edson

período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio).

seu efetivo pagamento. Decisão: (ED-terceiros)O Tribunal, por unanimidade, não conheceu

O Tribunal Superior do Trabalho, contudo, reconheceu a dos embargos de declaração opostos pelos amici curiae, rejeitou os

inadequação da TR como índice de correção monetária, seguindo a embargos de declaração opostos pela ANAMATRA, mas acolheu,

mesma diretriz já traçada pelo Supremo Tribunal Federal quando parcialmente, os embargos de declaração opostos pela AGU, tão

tratou da matéria de precatórios e do art. 1º-F da Lei 9.494/97. somente para sanar o erro material constante da decisão de

De fato, o STF já havia fixado entendimento de que, nas ações julgamento e do resumo do acórdão, de modo a estabelecer "a

contra a Fazenda Pública, o índice correto seria o Índice de Preços incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento

ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), reconhecendo que a Taxa da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", sem

Referencial (TR) não combate a inflação. Veja um trecho da Tese conferir efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 308
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Plenário, Sessão Virtual justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

de 15.10.2021 a 22.10.2021. prazo, tais obrigações do beneficiário.

Destaco que a ementa da referida decisão, publicada em Releva pontuar que o Sodalício Tribunal Superior do Trabalho, por

07/04/2021 (DJE nº 63, divulgado em 06/04/2021) corrigiu a meio do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018, consolidou o

anomalia em relação à data de início da aplicação dos juros entendimento de que o art. 791-A e parágrafos, da CLT, são

(SELIC), que voltaram a ser calculados a partir do ajuizamento, plenamente aplicáveis às ações propostas após 11 de novembro de

situação referendada no julgamento dos embargos declaratórios. 2017.

De igual modo, acrescentou que além da indexação, serão Acontece, porém, que o Supremo Tribunal Federal declarou por

aplicados os juros legais (art. 39, caput, §1º da Lei 8.177, de 1991) meio da ADI 5766, decisão de 20.10.2021, inconstitucional os arts.

na fase pré-judicial. Esclareceu, igualmente, que a incidência de 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do

juros moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser Trabalho (CLT), conforme decisão de julgamento a seguir transcrita:

cumulada com a aplicação de outros índices de atualização Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o

monetária, cumulação que representaria bis in idem. pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os

Diante disso, não resta outra alternativa a este Juízo senão arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis

determinar que os créditos trabalhistas deferidos no corpo deste do Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto

julgado sejam apurados com base nos parâmetros definidos pela Barroso (Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar

decisão de mérito das ADCs nºs 58 e 59 (IPCA-E na fase pré- Mendes. Por maioria, julgou improcedente a ação no tocante ao art.

judicial e Taxa Selic a partir do ajuizamento) 844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os

Finalmente, aplicáveis, ainda, as definições da Súmula n.º 381, do Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.

TST,bem como, quando for o caso (indenização por dano moral), da Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário,

Súmula n.º 439, TST. Ressalte-se que os juros e a correção 20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução

monetária deverão ser incluídos nos cálculos de liquidação, ainda 672/2020/STF).

que omisso o pedido inicial (Súmula 211 do TST). Desse modo, por questão de disciplina, a teor do art. 927, I, do

10 DA VERBA HONORÁRIA Código de Processo Civil não resta outro caminho a este

A previsão de honorários advocatícios sucumbenciais e recíprocos, magistrado senão seguir o entendimento proferido em sede de

na seara trabalhista, ocorreu a partir da inclusão do art. 791-A no controle concentrado de constitucionalidade.

Estatuto Celetário, através da Lei nº 13.467, de 11 de novembro de Na hipótese dos autos, julgados procedentes apenas parte dos

2017. pedidos deduzidos na exordial, cabível apenas a condenação da

Reza, pois, a norma celetária acima destacada: empresa reclamada no pagamento de honorários advocatícios ao

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão patrono da parte reclamante, os quais fixo no percentual de 10%

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% sobre o valor da condenação (art. 791-A, § 2º da CLT).

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Incabível a condenação em honorários advocatícios pela parte

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico autora, em favor da parte demandada, ante a decisão proferida nos

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado autos da ADI 5766 que declarou a inconstitucionalidade dos arts.

da causa. 790-B, caput, parágrafo 4º, e 791-A, parágrafo 4º, da CLT.

[...] 11 DAS CONDIÇÕES DE CUMPRIMENTO DA DECISÃO

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários As condições de cumprimento da decisão prolatada no feito deverão

de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os ser fixadas pelo Magistrado em estrita observância ao disposto nos

honorários. artigos 652, d, 765 e 832, § 1º, todos da Consolidação das Leis do

§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha Trabalho, bem como do Enunciado nº 119 aprovado na 3ª Jornada

obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região,

suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência verbis:

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito [...]

em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua

deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que competência;

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 309
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade pagamento das custas processuais no valor de R$ 27,02,

na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das calculadas sobre o montante condenatório de R$ 1.351,11.

causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao Determino, ainda, a expedição de alvará para liberação do saldo do

esclarecimento delas. FGTS existente na conta vinculada do falecido, conforme extrato

Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo constante de fl. 29, em prol dos reclamantes JOSÉ RYAN DOS

do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA

decisão e a respectiva conclusão. Desde já fica intimada a reclamada para o pagamento da

§ 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, importância líquida apurada dentro do prazo de 15 (quinze) dias

determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento. após o trânsito em julgado da sentença, implicando o

ENUNCIADO Nº 119/2018- EXECUÇÃO DE OFÍCIO. ART. 878 DA inadimplemento na imediata contrição de bens ou dinheiro, sem

CLT. INTERPRETAÇÃO. Caso exista sentença condenatória em nova citação/intimação/notificação, nos termos dos artigos 652, d,

obrigação de pagar verbas de natureza salarial, considerando que a 765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª

execução da contribuição previdenciária é de ofício, deve o juiz dar Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª

início, também de ofício, à execução das verbas reconhecidas na Região.

sentença, de modo que o art. 878 da CLT somente deve ser Intimem-se as partes desta decisão.".

aplicado caso não exista contribuição previdenciária a ser Embora o art. 462 da CLT vede qualquer desconto nos ganhos do

executada. empregado, salvo na hipótese de adiantamentos, de dispositivo

Como se pode ver, os dispositivos supra transcritos autorizam o legal ou de previsão contratual, subsiste previsão na Lei nº 10.820,

magistrado a fixar todas as condições de cumprimento da decisão, de 17/12/2003, que autoriza os descontos sobre as verbas

inclusive para fins de aplicação de multa, prazo para cumprimento rescisórias até o limite de 30% (trinta por cento) em caso de

da decisão e possibilidade de ser dispensada notificação rescisão contratual, no caso para fins de quitação de empréstimo

específica/citação para o início dos procedimentos executórios. compulsório.

Diante disso, este Juízo fixa o prazo de quinze (15) dias, contado do Entretanto, não se pode olvidar que não restou colimado aos autos

trânsito em julgado da sentença, para o pagamento da importância efetivamente o contrato de empréstimo consignado, cuja

condenatória, implicando o inadimplemento na imediata contrição apresentação competia à reclamada, eis que a esta caiu a

de bens ou dinheiro, sem nova citação/intimação/notificação, nos obrigação de proceder aos descontos mês a mês no contracheque

termos dos dispositivos celetários acima transcritos. do obreiro, além de ser fato impeditivo do direito autoral postulado,

DISPOSITIVO ônus do qual não se desincumbiu. Ademais, a vigência da norma

Isto posto, e a luz do mais constante dos autos, decide esta 2ª Vara supracitada, que autoriza desconto percentual no que tange às

do Trabalho de Sobral afastar a preliminar de inépcia; reconhecer verbas rescisórias, não revogou o disposto no art. 16 da Lei 1.046

como legitimados para o recebimento dos créditos deferidos no /50, in verbis:

corpo deste julgado apenas os reclamantes JOSÉ RYAN DOS "Art. 16. Ocorrido o falecimento do consignante, ficará extinta a

SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, na condição de dívida do empréstimo feito mediante simples garantia da

sucessores do falecido; e julgar PROCEDENTES EM PARTE os consignação em folha".

pedidos para condenar a reclamada, TRANSCIDADE SERVIÇOS Ora, restando extinta a obrigação, resta indevido o desconto a tal

AMBIENTAIS EIRELI, a pagar aos reclamantes, JOSÉ RYAN DOS título das verbas rescisórias do obreiro falecido.

SANTOS SILVA e KAYLLANE MOUTA PAIVA, com juros e Cumpre registrar que o juízo de origem deferiu a restituição da

correção monetária, no prazo de quinze (15) dias (artigos 652, d, quantia de R$1.241,83, descontada pelo reclamado no pagamento

765 e 832, § 1º, da CLT e Enunciado nº 119 aprovado na 3ª das verbas rescisórias ao autor.

Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Não merece reproche a decisão de origem.

Região), contado do trânsito em julgado da sentença, o valor Merece destaque, ainda, que o fundamento da pretensão reside no

correspondente ao desconto efetuado na rescisão decorrente do lançamento indevido de descontos por ocasião da rescisão do

empréstimo consignado, no valor de R$ 1.351,11, na forma da contrato de trabalho, sendo recomposta através da determinação de

fundamentação que fica fazendo parte integrante desta decisão. ressarcimento da quantia indevidamente descontada.

Condena a reclamada, outrossim, no pagamento de honorários Ante o exposto, mantém-se incólume a sentença recorrida pelos

advocatícios de 10% sobre o valor da condenação, bem como no seus próprios fundamentos.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 310
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Intimado(s)/Citado(s):
- FLAUBERSON COSTA DE AQUINO

CONCLUSÃO DO VOTO

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
Conhecer do recurso ordinário interposto pelo reclamante e negar-

lhe provimento.

EMENTA

DISPOSITIVO

RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS

EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO.

Recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos arts. 818 da

CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser o reclamante

mero prestador de serviços, ônus do qual se desincumbiu a

contento. O que se depreende da prova colhida nos autos é que o

reclamante detinha certa autonomia de escolha, podendo participar

ou não dos shows, sem sofrer punições, de modo que restou


ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO ausente a subordinação ao poder diretivo ou disciplinar dos
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por demandados, inexistindo, assim, atendimento aos requisitos
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho.
reclamante e negar-lhe provimento. Não vinga o apelo na espécie.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores SUPOSTO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO. INOCORRÊNCIA.
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) Inexiste nos autos prova concreta de conluio com a finalidade de
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. obter as declarações mais favoráveis possíveis à parte reclamada.
Fortaleza, 18 de julho de 2022. Recurso obreiro não provimento no aspecto.

RELATÓRIO
Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. O Juízo da 18ª vara do Trabalho de Fortaleza julgou totalmente

improcedentes os pedidos aduzidos na inicial.


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART O reclamante rebate a sentença pretendendo sua reforma, com
Diretor de Secretaria reconhecimento do vínculo empregatício e pagamento de seus

haveres rescisórios. Requereu, ainda, a apuração de crime de falso


Processo Nº RORSum-0000134-84.2022.5.07.0018
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO testemunho.
RECORRENTE FLAUBERSON COSTA DE AQUINO A parte adversa ofereceu contrarrazões no Id. 81ec31c.
ADVOGADO JOAO PAULO SILVA
MESQUITA(OAB: 28304/CE) Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria Regional do
RECORRIDO DANIEZE SANTIAGO. Trabalho.
ADVOGADO GIOVANNA BARROS OLIVEIRA DE
FREITAS ALBUQUERQUE(OAB:
24416/CE)
RECORRIDO CARLOS AUGUSTO STUDART
FONSECA NETO 03189564388 FUNDAMENTAÇÃO
ADVOGADO GIOVANNA BARROS OLIVEIRA DE
FREITAS ALBUQUERQUE(OAB:
24416/CE)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 311
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADMISSIBILIDADE atividades desempenhadas pelo trabalhador estão inseridas nos fins

Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso normais da empresa. A onerosidade é caracterizada pela intenção

ordinário do reclamante. de receber pagamento em razão da prestação dos serviços. A

MÉRITO pessoalidade é um requisito indispensável ao empregado, ou seja,

RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS somente o trabalhador contratado pode prestar os serviços, sem a

EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO faculdade de mandar substitutos. Cumpre ressaltar que a

O reclamante se insurge contra a sentença. Sustenta estarem subordinação caracterizadora da relação de emprego é a jurídica.

presentes os requisitos caracterizadores da relação de emprego Esta decorre do próprio contrato de trabalho, com o qual o

junto às reclamadas. Afirma que detinha a função de Baixista da empregador detém o poder de direção sobre a prestação pessoal

banda DANIEZE SANTIAGO, administrada pelas reclamadas, com dos serviços de seus empregados.

admissão em 23/02/2019 e rescisão em 11/08/2021, quando, Sobreleva destacar, por oportuno, que o Direito do Trabalho, por

espontaneamente, decidiu sair da banda. Percebia uma média de sua essência tuitiva, presume em prol do trabalhador que toda

R$1.800,00, sendo R$150,00 por show, cuja realização variava atividade remunerada que decorra de uma relação jurídica de

entre 12 a 16 shows por mês. Afirma, ainda, que comparecia aos subordinação é tipificada como contrato de emprego.

trabalhos externos e internos (ensaios, gravação de CD do grupo Assim, ao admitir a prestação de serviços e negar a existência de

musical). contrato de emprego, a reclamada aduziu fato impeditivo à

A reclamada, por sua vez, não negou a prestação de serviços, pretensão autoral e, por isso, atraiu para si o ônus probatório (artigo

entretanto afirmou que o reclamante era "freelancer", realizando 818 da CLT c/c artigo 373, II, do CPC), devendo comprovar a

shows esporádicos, com cachê de R$150,00 ao final de cada show. existência de relação de trabalho diversa da relação de emprego.

O Juízo Primário fundamentou ser convincente a prova produzida A primeira testemunha indicada pelas reclamadas, EVANDRO

quanto à prestação de serviço do reclamante de modo autônomo CIEIRA DA SILVA, que é percussionista na banda desde

("freelancer"). Veja-se: junho/2019, DECLAROU: que indica outra pessoa quando

"RELAÇÃO JURÍDICA EXISTENTE ENTRE AS PARTES. precisasse faltar; que reclamante tocava na época, ressaltando

O reclamante afirma que foi contratado pelas reclamadas no dia também que se o reclamante precisasse faltar ia outra pessoa no

23/2/2019, na função de baixista, mas sem anotação em sua CTPS, seu lugar; que faltou 3 shows, e que não era penalizado; que o

e que no dia 11/8/2021 resolveu sair da banda. Aduz que recebia o Herculano fazia a convocação e o pagamento; que recebia o valor

valor de R$1.800,00 por mês. Sustenta que banda realizava uma de R$150,00 por show; que antes da pandemia fazia 1 a 2 por

média de 12 a 16 shows por mês. Requer reconhecimento de semana; que parou de tocar na pandemia entre o mês de março a

vínculo com a banda reclamada, declaração de rescisão indireta, dezembro/2020; que os horários os shows eram depois das 22h,

recebimento das verbas e anotação do contrato com baixa da com 1h30 de duração; que chegavam 30 minutos a uma hora antes

CTPS. Pleiteia ainda responsabilidade solidária das reclamadas. e não ficavam depois; que na semana do evento o Herculano

A reclamada nega o contrato de emprego, alega que o autor colocava no grupo de WhatsApp a agenda dos show do final de

prestava serviços de forma autônoma, como músico (baixista) semana; que caso alguém faltasse, o Herculano indicava outra

"freelancer", realizando shows esporádicos no qual se apresentava pessoa; que tem conhecimento que o reclamante tocava em

juntamente com a banda. Aduz que cada um, ao final de cada show, quadrilha; que recebia ordens do Herculano quem combinava tudo

recebia o cachê no valor de R$150,00 (cento e cinquenta reais), com "freenlancer"; que não recebia ordem da Danieze Santiago;

finalizando o pactuado, sempre ao final de cada show, e que o que a banda não pedia preferencia; que os show podiam ocorrer

reclamante não era músico exclusivo da banda, ressaltando que o tanto no estado Ceará como em outro estado; que esperavam 1h30

reclamante prestava serviços para outras bandas. Aduz que o autor no ônibus para o desmonte da banda; que em média de 8 a 9

nunca participou de ensaios da banda, tendo em vista que os shows shows por mês.

são todos em "playback". Já a segunda testemunha apresentada pelas reclamadas,

Para que seja caracterizada a relação jurídica de emprego, torna-se HERCULANO RIBEIRO DE CARVALHO, declarou: "Que é produtor

imperiosa a presença dos requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da da banda há 4 anos; que durante a pandemia parou de tocar; que

CLT, quais sejam: pessoalidade quanto ao empregado, recebia R$250,0 por evento/show; que antes da pandemia, faziam

subordinação, onerosidade e não eventualidade. A não 10 shows por mês, sendo 6 no Estado da Paraíba e 4 no Ceará;

eventualidade da prestação de serviços é caracterizada quando as que durante a pandemia faziam 2 a 3 shows; que os músicos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 312
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

recebiam R$150,00 por show; que o show dura cerca de 1h40, pela reclamada.

chegando 30min antes, mas não ficando depois; que compraram A primeira testemunha convidada pela parte reclamada foi firme ao

ônibus 2 meses antes da pandemia e, por isso, o autor foi pra afirmar que, se o reclamante precisasse faltar, outra pessoa iria em

shows na Paraíba; que o reclamante chegou a tocar em outubro de seu lugar, tendo o reclamante faltado a três shows sem

2020 antes de decreto para novo fechamento; que quando termina penalização. Afirmando, inclusive, o depoente que, como

o pagamento repassa o restante do dinheiro ao dono da banda; que percussionista da banda, caso precisasse se ausentar, indicaria

presta serviços para outras bandas; que o valor que recebe é outra pessoa (02'04").

semelhante em outras bandas; que não tem agenda fixa; que não A segunda testemunha, por sua vez, confirmou a tese de defesa da

são obrigado aderir aos shows, e que não estivesse disponível era reclamada, afirmando ser produtor da banda, que montaria a equipe

substituído por outro; que citou um exemplo de um baixista que e que a banda sempre varia, que providencia músicos/artistas

faltou, e este indicou outro para seu lugar; que o reclamantes saiu substitutos caso alguém se fizesse ausente.

da banda porque passou no concurso; que o reclamante exercia Embora plenamente possível o reconhecimento de vínculo de

outras funções; que o reclamante tocava em outras bandas; que a emprego entre músico e a respectiva banda, é imprescindível a

equipe sempre varia; que os músicos tocam em "playback"; que não demonstração de que entre ambos havia subordinação,

há ensaio dos músicos; que o reclamante nunca participou de onerosidade, pessoalidade e habitualidade. Ausente qualquer dos

gravação de dvd da banda; que o reclamante nunca foi punido requisitos previstos no art. 3º da CLT, não se tem por caracterizada

casso faltasse; que não precisava apresentar atestado; que nunca a relação de emprego. O que se depreende da prova colhida nos

houve desconto por conta de atraso. autos é que o reclamante detinha certa autonomia de escolha,

Assim, percebe-se que as testemunhas indicadas pelas reclamadas podendo participar ou não dos shows, sem sofrer punições, de

confirmaram a autonomia na prestação de serviços e a ausência de modo que restou ausente a subordinação ao poder diretivo ou

pessoalidade em razão da possibilidade de indicar substituto, disciplinar dos demandados, inexistindo, assim, atendimento aos

mediante paga pelo dia trabalhado, nas ocasiões em que o requisitos contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do

reclamante se encontrava disponível para atuar nas festas Trabalho.

realizadas pela demandada. Tratando-se de recurso ordinário em procedimento sumaríssimo,

Logo, julgo improcedente o pedido de reconhecimento do contrato constatado-se que as matérias devolvidas a exame resultaram

de emprego e, consequentemente, julgo improcedentes os demais suficiente e satisfatoriamente analisadas na origem, com

pedidos formulados decorrentes do vínculo empregatício não fundamentação erigida nos aspectos fáticos e jurídicos pertinentes

reconhecido. ao caso, em harmonia com a legislação e jurisprudências pátrias e

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. de acordo com as provas dos autos, a sentença recorrida há de ser

A presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº mantida pelos próprios fundamentos.

13.467/2017 (Reforma Trabalhista). Incide, portanto, o art. 791-A, Não vinga o apelo na espécie.

caput, da CLT. Porém, sendo a parte autora beneficiária da justiça DO SUPOSTO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO

gratuita e tendo em vista a recente declaração de Sustenta o reclamante que o depoimento da segunda testemunha

inconstitucionalidade do art. 791-A, §4º, da Consolidação das Leis convidada pela reclamada configurou falso testemunho por

do Trabalho (CLT), proferida em julgamento da ADI 5766/DF, deixo contradizer-se com depoimento da sócia da reclamada, eis que a

de condenar a parte autora ao pagamento de honorários testemunha teria afirmado que o autor não teria faltado.

sucumbenciais." À análise.

Analisa-se. Importante pontuar que a testemunha indicada pelas reclamadas,

Com efeito, recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos ao prestar depoimento, foi devidamente advertida e

arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser compromissada. Destarte, pequenas discrepâncias ou

o reclamante mero prestador de serviços, ônus do qual se incongruências entre o depoimento da testemunha defensiva e o do

desincumbiu a contento. Explico. preposto da reclamada não torna falso ou criminoso o seu

Analisando todo o conjunto probatório colimado aos autos, tem-se depoimento, que pode ter advindo de percepção falível do ser

que a reclamada produziu prova testemunhal suficiente que ratificou humano.

tese de sua defesa. Ao revés, o reclamante não foi capaz de Destarte, inexiste nos autos prova concreta de conluio com a

apresentar qualquer meio de prova que infirmasse a narrativa posta finalidade de obter as declarações mais favoráveis possíveis.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 313
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Diante do exposto, nega-se provimento no aspecto.

Nos termos do art. 458 do CPC/2015, a testemunha compromissada Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

possui o dever de dizer a verdade, sob pena de praticar o crime de Relator

falso testemunho tipificado no art. 342 do Código Penal. FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Em que pese as incursões autorais quanto à apuração do crime de

falso testemunho, compulsando os autos, mormente quanto ao ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

depoimento testemunhal, não se vislumbra de forma cabal Diretor de Secretaria

cometimento ou mesmo indícios da referida transgressão penal.


Processo Nº RORSum-0000134-84.2022.5.07.0018
Saliente-se que todos os depoimentos foram objeto de análise e Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
confrontação entre si. RECORRENTE FLAUBERSON COSTA DE AQUINO
ADVOGADO JOAO PAULO SILVA
Ademais, ante ao princípio da imediatidade o Juiz que preside a MESQUITA(OAB: 28304/CE)
instrução, em contato pessoal com as partes e testemunhas, é o RECORRIDO DANIEZE SANTIAGO.
ADVOGADO GIOVANNA BARROS OLIVEIRA DE
mais apto a valorar seus depoimentos, avaliando o grau de FREITAS ALBUQUERQUE(OAB:
24416/CE)
confiabilidade das declarações que lhe são prestadas, pois o
RECORRIDO CARLOS AUGUSTO STUDART
contato direto com os depoentes permite observá-los FONSECA NETO 03189564388
ADVOGADO GIOVANNA BARROS OLIVEIRA DE
psicologicamente, permitindo, assim, examinar melhor suas FREITAS ALBUQUERQUE(OAB:
24416/CE)
respostas.

Intimado(s)/Citado(s):
- CARLOS AUGUSTO STUDART FONSECA NETO
03189564388
CONCLUSÃO DO VOTO

Conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no mérito, negar- PODER JUDICIÁRIO

lhe provimento. JUSTIÇA DO

EMENTA
DISPOSITIVO

RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS

EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO.

Recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos arts. 818 da

CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser o reclamante

mero prestador de serviços, ônus do qual se desincumbiu a

contento. O que se depreende da prova colhida nos autos é que o

reclamante detinha certa autonomia de escolha, podendo participar


ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
ou não dos shows, sem sofrer punições, de modo que restou
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
ausente a subordinação ao poder diretivo ou disciplinar dos
unanimidade, conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no
demandados, inexistindo, assim, atendimento aos requisitos
mérito, negar-lhe provimento.
contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Não vinga o apelo na espécie.
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
SUPOSTO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO. INOCORRÊNCIA.
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.


Inexiste nos autos prova concreta de conluio com a finalidade de
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
obter as declarações mais favoráveis possíveis à parte reclamada.

Recurso obreiro não provimento no aspecto.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 314
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

vínculo com a banda reclamada, declaração de rescisão indireta,

RELATÓRIO recebimento das verbas e anotação do contrato com baixa da

CTPS. Pleiteia ainda responsabilidade solidária das reclamadas.

A reclamada nega o contrato de emprego, alega que o autor

O Juízo da 18ª vara do Trabalho de Fortaleza julgou totalmente prestava serviços de forma autônoma, como músico (baixista)

improcedentes os pedidos aduzidos na inicial. "freelancer", realizando shows esporádicos no qual se apresentava

O reclamante rebate a sentença pretendendo sua reforma, com juntamente com a banda. Aduz que cada um, ao final de cada show,

reconhecimento do vínculo empregatício e pagamento de seus recebia o cachê no valor de R$150,00 (cento e cinquenta reais),

haveres rescisórios. Requereu, ainda, a apuração de crime de falso finalizando o pactuado, sempre ao final de cada show, e que o

testemunho. reclamante não era músico exclusivo da banda, ressaltando que o

A parte adversa ofereceu contrarrazões no Id. 81ec31c. reclamante prestava serviços para outras bandas. Aduz que o autor

Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria Regional do nunca participou de ensaios da banda, tendo em vista que os shows

Trabalho. são todos em "playback".

Para que seja caracterizada a relação jurídica de emprego, torna-se

imperiosa a presença dos requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da

FUNDAMENTAÇÃO CLT, quais sejam: pessoalidade quanto ao empregado,

subordinação, onerosidade e não eventualidade. A não

eventualidade da prestação de serviços é caracterizada quando as

ADMISSIBILIDADE atividades desempenhadas pelo trabalhador estão inseridas nos fins

Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso normais da empresa. A onerosidade é caracterizada pela intenção

ordinário do reclamante. de receber pagamento em razão da prestação dos serviços. A

MÉRITO pessoalidade é um requisito indispensável ao empregado, ou seja,

RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS somente o trabalhador contratado pode prestar os serviços, sem a

EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO faculdade de mandar substitutos. Cumpre ressaltar que a

O reclamante se insurge contra a sentença. Sustenta estarem subordinação caracterizadora da relação de emprego é a jurídica.

presentes os requisitos caracterizadores da relação de emprego Esta decorre do próprio contrato de trabalho, com o qual o

junto às reclamadas. Afirma que detinha a função de Baixista da empregador detém o poder de direção sobre a prestação pessoal

banda DANIEZE SANTIAGO, administrada pelas reclamadas, com dos serviços de seus empregados.

admissão em 23/02/2019 e rescisão em 11/08/2021, quando, Sobreleva destacar, por oportuno, que o Direito do Trabalho, por

espontaneamente, decidiu sair da banda. Percebia uma média de sua essência tuitiva, presume em prol do trabalhador que toda

R$1.800,00, sendo R$150,00 por show, cuja realização variava atividade remunerada que decorra de uma relação jurídica de

entre 12 a 16 shows por mês. Afirma, ainda, que comparecia aos subordinação é tipificada como contrato de emprego.

trabalhos externos e internos (ensaios, gravação de CD do grupo Assim, ao admitir a prestação de serviços e negar a existência de

musical). contrato de emprego, a reclamada aduziu fato impeditivo à

A reclamada, por sua vez, não negou a prestação de serviços, pretensão autoral e, por isso, atraiu para si o ônus probatório (artigo

entretanto afirmou que o reclamante era "freelancer", realizando 818 da CLT c/c artigo 373, II, do CPC), devendo comprovar a

shows esporádicos, com cachê de R$150,00 ao final de cada show. existência de relação de trabalho diversa da relação de emprego.

O Juízo Primário fundamentou ser convincente a prova produzida A primeira testemunha indicada pelas reclamadas, EVANDRO

quanto à prestação de serviço do reclamante de modo autônomo CIEIRA DA SILVA, que é percussionista na banda desde

("freelancer"). Veja-se: junho/2019, DECLAROU: que indica outra pessoa quando

"RELAÇÃO JURÍDICA EXISTENTE ENTRE AS PARTES. precisasse faltar; que reclamante tocava na época, ressaltando

O reclamante afirma que foi contratado pelas reclamadas no dia também que se o reclamante precisasse faltar ia outra pessoa no

23/2/2019, na função de baixista, mas sem anotação em sua CTPS, seu lugar; que faltou 3 shows, e que não era penalizado; que o

e que no dia 11/8/2021 resolveu sair da banda. Aduz que recebia o Herculano fazia a convocação e o pagamento; que recebia o valor

valor de R$1.800,00 por mês. Sustenta que banda realizava uma de R$150,00 por show; que antes da pandemia fazia 1 a 2 por

média de 12 a 16 shows por mês. Requer reconhecimento de semana; que parou de tocar na pandemia entre o mês de março a

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 315
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

dezembro/2020; que os horários os shows eram depois das 22h, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

com 1h30 de duração; que chegavam 30 minutos a uma hora antes A presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº

e não ficavam depois; que na semana do evento o Herculano 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). Incide, portanto, o art. 791-A,

colocava no grupo de WhatsApp a agenda dos show do final de caput, da CLT. Porém, sendo a parte autora beneficiária da justiça

semana; que caso alguém faltasse, o Herculano indicava outra gratuita e tendo em vista a recente declaração de

pessoa; que tem conhecimento que o reclamante tocava em inconstitucionalidade do art. 791-A, §4º, da Consolidação das Leis

quadrilha; que recebia ordens do Herculano quem combinava tudo do Trabalho (CLT), proferida em julgamento da ADI 5766/DF, deixo

com "freenlancer"; que não recebia ordem da Danieze Santiago; de condenar a parte autora ao pagamento de honorários

que a banda não pedia preferencia; que os show podiam ocorrer sucumbenciais."

tanto no estado Ceará como em outro estado; que esperavam 1h30 Analisa-se.

no ônibus para o desmonte da banda; que em média de 8 a 9 Com efeito, recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos

shows por mês. arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser

Já a segunda testemunha apresentada pelas reclamadas, o reclamante mero prestador de serviços, ônus do qual se

HERCULANO RIBEIRO DE CARVALHO, declarou: "Que é produtor desincumbiu a contento. Explico.

da banda há 4 anos; que durante a pandemia parou de tocar; que Analisando todo o conjunto probatório colimado aos autos, tem-se

recebia R$250,0 por evento/show; que antes da pandemia, faziam que a reclamada produziu prova testemunhal suficiente que ratificou

10 shows por mês, sendo 6 no Estado da Paraíba e 4 no Ceará; tese de sua defesa. Ao revés, o reclamante não foi capaz de

que durante a pandemia faziam 2 a 3 shows; que os músicos apresentar qualquer meio de prova que infirmasse a narrativa posta

recebiam R$150,00 por show; que o show dura cerca de 1h40, pela reclamada.

chegando 30min antes, mas não ficando depois; que compraram A primeira testemunha convidada pela parte reclamada foi firme ao

ônibus 2 meses antes da pandemia e, por isso, o autor foi pra afirmar que, se o reclamante precisasse faltar, outra pessoa iria em

shows na Paraíba; que o reclamante chegou a tocar em outubro de seu lugar, tendo o reclamante faltado a três shows sem

2020 antes de decreto para novo fechamento; que quando termina penalização. Afirmando, inclusive, o depoente que, como

o pagamento repassa o restante do dinheiro ao dono da banda; que percussionista da banda, caso precisasse se ausentar, indicaria

presta serviços para outras bandas; que o valor que recebe é outra pessoa (02'04").

semelhante em outras bandas; que não tem agenda fixa; que não A segunda testemunha, por sua vez, confirmou a tese de defesa da

são obrigado aderir aos shows, e que não estivesse disponível era reclamada, afirmando ser produtor da banda, que montaria a equipe

substituído por outro; que citou um exemplo de um baixista que e que a banda sempre varia, que providencia músicos/artistas

faltou, e este indicou outro para seu lugar; que o reclamantes saiu substitutos caso alguém se fizesse ausente.

da banda porque passou no concurso; que o reclamante exercia Embora plenamente possível o reconhecimento de vínculo de

outras funções; que o reclamante tocava em outras bandas; que a emprego entre músico e a respectiva banda, é imprescindível a

equipe sempre varia; que os músicos tocam em "playback"; que não demonstração de que entre ambos havia subordinação,

há ensaio dos músicos; que o reclamante nunca participou de onerosidade, pessoalidade e habitualidade. Ausente qualquer dos

gravação de dvd da banda; que o reclamante nunca foi punido requisitos previstos no art. 3º da CLT, não se tem por caracterizada

casso faltasse; que não precisava apresentar atestado; que nunca a relação de emprego. O que se depreende da prova colhida nos

houve desconto por conta de atraso. autos é que o reclamante detinha certa autonomia de escolha,

Assim, percebe-se que as testemunhas indicadas pelas reclamadas podendo participar ou não dos shows, sem sofrer punições, de

confirmaram a autonomia na prestação de serviços e a ausência de modo que restou ausente a subordinação ao poder diretivo ou

pessoalidade em razão da possibilidade de indicar substituto, disciplinar dos demandados, inexistindo, assim, atendimento aos

mediante paga pelo dia trabalhado, nas ocasiões em que o requisitos contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do

reclamante se encontrava disponível para atuar nas festas Trabalho.

realizadas pela demandada. Tratando-se de recurso ordinário em procedimento sumaríssimo,

Logo, julgo improcedente o pedido de reconhecimento do contrato constatado-se que as matérias devolvidas a exame resultaram

de emprego e, consequentemente, julgo improcedentes os demais suficiente e satisfatoriamente analisadas na origem, com

pedidos formulados decorrentes do vínculo empregatício não fundamentação erigida nos aspectos fáticos e jurídicos pertinentes

reconhecido. ao caso, em harmonia com a legislação e jurisprudências pátrias e

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 316
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

de acordo com as provas dos autos, a sentença recorrida há de ser

mantida pelos próprios fundamentos.

Não vinga o apelo na espécie.

DO SUPOSTO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO

Sustenta o reclamante que o depoimento da segunda testemunha

convidada pela reclamada configurou falso testemunho por

contradizer-se com depoimento da sócia da reclamada, eis que a

testemunha teria afirmado que o autor não teria faltado. ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

À análise. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

Importante pontuar que a testemunha indicada pelas reclamadas, unanimidade, conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no

ao prestar depoimento, foi devidamente advertida e mérito, negar-lhe provimento.

compromissada. Destarte, pequenas discrepâncias ou Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

incongruências entre o depoimento da testemunha defensiva e o do Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

preposto da reclamada não torna falso ou criminoso o seu (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

depoimento, que pode ter advindo de percepção falível do ser Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

humano. Fortaleza, 18 de julho de 2022.

Destarte, inexiste nos autos prova concreta de conluio com a

finalidade de obter as declarações mais favoráveis possíveis.

Diante do exposto, nega-se provimento no aspecto.

Nos termos do art. 458 do CPC/2015, a testemunha compromissada Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

possui o dever de dizer a verdade, sob pena de praticar o crime de Relator

falso testemunho tipificado no art. 342 do Código Penal. FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Em que pese as incursões autorais quanto à apuração do crime de

falso testemunho, compulsando os autos, mormente quanto ao ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

depoimento testemunhal, não se vislumbra de forma cabal Diretor de Secretaria

cometimento ou mesmo indícios da referida transgressão penal.


Processo Nº RORSum-0000134-84.2022.5.07.0018
Saliente-se que todos os depoimentos foram objeto de análise e Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
confrontação entre si. RECORRENTE FLAUBERSON COSTA DE AQUINO
ADVOGADO JOAO PAULO SILVA
Ademais, ante ao princípio da imediatidade o Juiz que preside a MESQUITA(OAB: 28304/CE)
instrução, em contato pessoal com as partes e testemunhas, é o RECORRIDO DANIEZE SANTIAGO.
ADVOGADO GIOVANNA BARROS OLIVEIRA DE
mais apto a valorar seus depoimentos, avaliando o grau de FREITAS ALBUQUERQUE(OAB:
24416/CE)
confiabilidade das declarações que lhe são prestadas, pois o
RECORRIDO CARLOS AUGUSTO STUDART
contato direto com os depoentes permite observá-los FONSECA NETO 03189564388
ADVOGADO GIOVANNA BARROS OLIVEIRA DE
psicologicamente, permitindo, assim, examinar melhor suas FREITAS ALBUQUERQUE(OAB:
24416/CE)
respostas.

Intimado(s)/Citado(s):
- DANIEZE SANTIAGO.

CONCLUSÃO DO VOTO

PODER JUDICIÁRIO
Conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no mérito, negar-
JUSTIÇA DO
lhe provimento.

EMENTA

DISPOSITIVO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 317
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS admissão em 23/02/2019 e rescisão em 11/08/2021, quando,

EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO. espontaneamente, decidiu sair da banda. Percebia uma média de

Recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos arts. 818 da R$1.800,00, sendo R$150,00 por show, cuja realização variava

CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser o reclamante entre 12 a 16 shows por mês. Afirma, ainda, que comparecia aos

mero prestador de serviços, ônus do qual se desincumbiu a trabalhos externos e internos (ensaios, gravação de CD do grupo

contento. O que se depreende da prova colhida nos autos é que o musical).

reclamante detinha certa autonomia de escolha, podendo participar A reclamada, por sua vez, não negou a prestação de serviços,

ou não dos shows, sem sofrer punições, de modo que restou entretanto afirmou que o reclamante era "freelancer", realizando

ausente a subordinação ao poder diretivo ou disciplinar dos shows esporádicos, com cachê de R$150,00 ao final de cada show.

demandados, inexistindo, assim, atendimento aos requisitos O Juízo Primário fundamentou ser convincente a prova produzida

contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho. quanto à prestação de serviço do reclamante de modo autônomo

Não vinga o apelo na espécie. ("freelancer"). Veja-se:

SUPOSTO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO. INOCORRÊNCIA. "RELAÇÃO JURÍDICA EXISTENTE ENTRE AS PARTES.

O reclamante afirma que foi contratado pelas reclamadas no dia

Inexiste nos autos prova concreta de conluio com a finalidade de 23/2/2019, na função de baixista, mas sem anotação em sua CTPS,

obter as declarações mais favoráveis possíveis à parte reclamada. e que no dia 11/8/2021 resolveu sair da banda. Aduz que recebia o

Recurso obreiro não provimento no aspecto. valor de R$1.800,00 por mês. Sustenta que banda realizava uma

média de 12 a 16 shows por mês. Requer reconhecimento de

vínculo com a banda reclamada, declaração de rescisão indireta,

RELATÓRIO recebimento das verbas e anotação do contrato com baixa da

CTPS. Pleiteia ainda responsabilidade solidária das reclamadas.

A reclamada nega o contrato de emprego, alega que o autor

O Juízo da 18ª vara do Trabalho de Fortaleza julgou totalmente prestava serviços de forma autônoma, como músico (baixista)

improcedentes os pedidos aduzidos na inicial. "freelancer", realizando shows esporádicos no qual se apresentava

O reclamante rebate a sentença pretendendo sua reforma, com juntamente com a banda. Aduz que cada um, ao final de cada show,

reconhecimento do vínculo empregatício e pagamento de seus recebia o cachê no valor de R$150,00 (cento e cinquenta reais),

haveres rescisórios. Requereu, ainda, a apuração de crime de falso finalizando o pactuado, sempre ao final de cada show, e que o

testemunho. reclamante não era músico exclusivo da banda, ressaltando que o

A parte adversa ofereceu contrarrazões no Id. 81ec31c. reclamante prestava serviços para outras bandas. Aduz que o autor

Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria Regional do nunca participou de ensaios da banda, tendo em vista que os shows

Trabalho. são todos em "playback".

Para que seja caracterizada a relação jurídica de emprego, torna-se

imperiosa a presença dos requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da

FUNDAMENTAÇÃO CLT, quais sejam: pessoalidade quanto ao empregado,

subordinação, onerosidade e não eventualidade. A não

eventualidade da prestação de serviços é caracterizada quando as

ADMISSIBILIDADE atividades desempenhadas pelo trabalhador estão inseridas nos fins

Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso normais da empresa. A onerosidade é caracterizada pela intenção

ordinário do reclamante. de receber pagamento em razão da prestação dos serviços. A

MÉRITO pessoalidade é um requisito indispensável ao empregado, ou seja,

RELAÇÃO JURÍDICA HAVIDA ENTRE AS PARTES E SEUS somente o trabalhador contratado pode prestar os serviços, sem a

EFEITOS: VÍNCULO DE EMPREGO x TRABALHO AUTÔNOMO faculdade de mandar substitutos. Cumpre ressaltar que a

O reclamante se insurge contra a sentença. Sustenta estarem subordinação caracterizadora da relação de emprego é a jurídica.

presentes os requisitos caracterizadores da relação de emprego Esta decorre do próprio contrato de trabalho, com o qual o

junto às reclamadas. Afirma que detinha a função de Baixista da empregador detém o poder de direção sobre a prestação pessoal

banda DANIEZE SANTIAGO, administrada pelas reclamadas, com dos serviços de seus empregados.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 318
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Sobreleva destacar, por oportuno, que o Direito do Trabalho, por faltou, e este indicou outro para seu lugar; que o reclamantes saiu

sua essência tuitiva, presume em prol do trabalhador que toda da banda porque passou no concurso; que o reclamante exercia

atividade remunerada que decorra de uma relação jurídica de outras funções; que o reclamante tocava em outras bandas; que a

subordinação é tipificada como contrato de emprego. equipe sempre varia; que os músicos tocam em "playback"; que não

Assim, ao admitir a prestação de serviços e negar a existência de há ensaio dos músicos; que o reclamante nunca participou de

contrato de emprego, a reclamada aduziu fato impeditivo à gravação de dvd da banda; que o reclamante nunca foi punido

pretensão autoral e, por isso, atraiu para si o ônus probatório (artigo casso faltasse; que não precisava apresentar atestado; que nunca

818 da CLT c/c artigo 373, II, do CPC), devendo comprovar a houve desconto por conta de atraso.

existência de relação de trabalho diversa da relação de emprego. Assim, percebe-se que as testemunhas indicadas pelas reclamadas

A primeira testemunha indicada pelas reclamadas, EVANDRO confirmaram a autonomia na prestação de serviços e a ausência de

CIEIRA DA SILVA, que é percussionista na banda desde pessoalidade em razão da possibilidade de indicar substituto,

junho/2019, DECLAROU: que indica outra pessoa quando mediante paga pelo dia trabalhado, nas ocasiões em que o

precisasse faltar; que reclamante tocava na época, ressaltando reclamante se encontrava disponível para atuar nas festas

também que se o reclamante precisasse faltar ia outra pessoa no realizadas pela demandada.

seu lugar; que faltou 3 shows, e que não era penalizado; que o Logo, julgo improcedente o pedido de reconhecimento do contrato

Herculano fazia a convocação e o pagamento; que recebia o valor de emprego e, consequentemente, julgo improcedentes os demais

de R$150,00 por show; que antes da pandemia fazia 1 a 2 por pedidos formulados decorrentes do vínculo empregatício não

semana; que parou de tocar na pandemia entre o mês de março a reconhecido.

dezembro/2020; que os horários os shows eram depois das 22h, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

com 1h30 de duração; que chegavam 30 minutos a uma hora antes A presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº

e não ficavam depois; que na semana do evento o Herculano 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). Incide, portanto, o art. 791-A,

colocava no grupo de WhatsApp a agenda dos show do final de caput, da CLT. Porém, sendo a parte autora beneficiária da justiça

semana; que caso alguém faltasse, o Herculano indicava outra gratuita e tendo em vista a recente declaração de

pessoa; que tem conhecimento que o reclamante tocava em inconstitucionalidade do art. 791-A, §4º, da Consolidação das Leis

quadrilha; que recebia ordens do Herculano quem combinava tudo do Trabalho (CLT), proferida em julgamento da ADI 5766/DF, deixo

com "freenlancer"; que não recebia ordem da Danieze Santiago; de condenar a parte autora ao pagamento de honorários

que a banda não pedia preferencia; que os show podiam ocorrer sucumbenciais."

tanto no estado Ceará como em outro estado; que esperavam 1h30 Analisa-se.

no ônibus para o desmonte da banda; que em média de 8 a 9 Com efeito, recaiu para a reclamada o ônus de provar, a teor dos

shows por mês. arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC, o fato obstativo alegado de ser

Já a segunda testemunha apresentada pelas reclamadas, o reclamante mero prestador de serviços, ônus do qual se

HERCULANO RIBEIRO DE CARVALHO, declarou: "Que é produtor desincumbiu a contento. Explico.

da banda há 4 anos; que durante a pandemia parou de tocar; que Analisando todo o conjunto probatório colimado aos autos, tem-se

recebia R$250,0 por evento/show; que antes da pandemia, faziam que a reclamada produziu prova testemunhal suficiente que ratificou

10 shows por mês, sendo 6 no Estado da Paraíba e 4 no Ceará; tese de sua defesa. Ao revés, o reclamante não foi capaz de

que durante a pandemia faziam 2 a 3 shows; que os músicos apresentar qualquer meio de prova que infirmasse a narrativa posta

recebiam R$150,00 por show; que o show dura cerca de 1h40, pela reclamada.

chegando 30min antes, mas não ficando depois; que compraram A primeira testemunha convidada pela parte reclamada foi firme ao

ônibus 2 meses antes da pandemia e, por isso, o autor foi pra afirmar que, se o reclamante precisasse faltar, outra pessoa iria em

shows na Paraíba; que o reclamante chegou a tocar em outubro de seu lugar, tendo o reclamante faltado a três shows sem

2020 antes de decreto para novo fechamento; que quando termina penalização. Afirmando, inclusive, o depoente que, como

o pagamento repassa o restante do dinheiro ao dono da banda; que percussionista da banda, caso precisasse se ausentar, indicaria

presta serviços para outras bandas; que o valor que recebe é outra pessoa (02'04").

semelhante em outras bandas; que não tem agenda fixa; que não A segunda testemunha, por sua vez, confirmou a tese de defesa da

são obrigado aderir aos shows, e que não estivesse disponível era reclamada, afirmando ser produtor da banda, que montaria a equipe

substituído por outro; que citou um exemplo de um baixista que e que a banda sempre varia, que providencia músicos/artistas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 319
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

substitutos caso alguém se fizesse ausente. Ademais, ante ao princípio da imediatidade o Juiz que preside a

Embora plenamente possível o reconhecimento de vínculo de instrução, em contato pessoal com as partes e testemunhas, é o

emprego entre músico e a respectiva banda, é imprescindível a mais apto a valorar seus depoimentos, avaliando o grau de

demonstração de que entre ambos havia subordinação, confiabilidade das declarações que lhe são prestadas, pois o

onerosidade, pessoalidade e habitualidade. Ausente qualquer dos contato direto com os depoentes permite observá-los

requisitos previstos no art. 3º da CLT, não se tem por caracterizada psicologicamente, permitindo, assim, examinar melhor suas

a relação de emprego. O que se depreende da prova colhida nos respostas.

autos é que o reclamante detinha certa autonomia de escolha,

podendo participar ou não dos shows, sem sofrer punições, de

modo que restou ausente a subordinação ao poder diretivo ou CONCLUSÃO DO VOTO

disciplinar dos demandados, inexistindo, assim, atendimento aos

requisitos contemplados no artigo 3º da Consolidação das Leis do

Trabalho. Conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no mérito, negar-

Tratando-se de recurso ordinário em procedimento sumaríssimo, lhe provimento.

constatado-se que as matérias devolvidas a exame resultaram

suficiente e satisfatoriamente analisadas na origem, com

fundamentação erigida nos aspectos fáticos e jurídicos pertinentes DISPOSITIVO

ao caso, em harmonia com a legislação e jurisprudências pátrias e

de acordo com as provas dos autos, a sentença recorrida há de ser

mantida pelos próprios fundamentos.

Não vinga o apelo na espécie.

DO SUPOSTO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO

Sustenta o reclamante que o depoimento da segunda testemunha

convidada pela reclamada configurou falso testemunho por

contradizer-se com depoimento da sócia da reclamada, eis que a

testemunha teria afirmado que o autor não teria faltado. ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

À análise. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

Importante pontuar que a testemunha indicada pelas reclamadas, unanimidade, conhecer do recurso ordinário do reclamante e, no

ao prestar depoimento, foi devidamente advertida e mérito, negar-lhe provimento.

compromissada. Destarte, pequenas discrepâncias ou Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

incongruências entre o depoimento da testemunha defensiva e o do Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

preposto da reclamada não torna falso ou criminoso o seu (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

depoimento, que pode ter advindo de percepção falível do ser Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

humano. Fortaleza, 18 de julho de 2022.

Destarte, inexiste nos autos prova concreta de conluio com a

finalidade de obter as declarações mais favoráveis possíveis.

Diante do exposto, nega-se provimento no aspecto.

Nos termos do art. 458 do CPC/2015, a testemunha compromissada Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

possui o dever de dizer a verdade, sob pena de praticar o crime de Relator

falso testemunho tipificado no art. 342 do Código Penal. FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Em que pese as incursões autorais quanto à apuração do crime de

falso testemunho, compulsando os autos, mormente quanto ao ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

depoimento testemunhal, não se vislumbra de forma cabal Diretor de Secretaria

cometimento ou mesmo indícios da referida transgressão penal.


Processo Nº ROT-0000152-85.2021.5.07.0036
Saliente-se que todos os depoimentos foram objeto de análise e Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
confrontação entre si. RECORRENTE JOAO FABIO DA SILVA

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 320
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO Jose Lucio de Sousa(OAB: 9095-


D/CE) Ajuizada a presente ação na vigência da Lei nº 13.467/2017,
RECORRIDO M C F DE SOUZA ADMINISTRACAO imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, que autoriza a
EM HOTELARIA EIRELI - EPP
ADVOGADO DIRCEU ANTONIO BRITO condenação em honorários advocatícios pela simples sucumbência
JORGE(OAB: 21648/CE)
da parte. Logo, diante da sucumbência parcial da
Intimado(s)/Citado(s): consignante/reconvinda, dá-se parcial provimento ao recurso no
- JOAO FABIO DA SILVA particular para condená-la ao pagamento da verba honorária, no

percentual de 15% (quinze por cento) do montante liquidado, em

favor do patrono do trabalhador (consignado/reconvinte), por

PODER JUDICIÁRIO representar patamar mais condizente com os critérios previstos no

JUSTIÇA DO artigo 791-A, § 2º, da CLT.

JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA.

Na liquidação, a apuração de juros de mora e correção monetária


EMENTA
deve observar a modulação estabelecida pela Corte Suprema do

STF no julgamento das ações declaratórias de constitucionalidade

de nºs 58 e 59 e ações diretas de inconstitucionalidade de nºs 5867


JUSTA CAUSA OBREIRA. CONCORRÊNCIA DESLEAL
e 6021 (acórdão publicado em 07/04/2021).
(ART.482, "C", DA CLT). AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA.
Recurso Ordinário do consignado/reconvinte conhecido e
REVERSÃO.
parcialmente provido.
O ato faltoso que enseja a dispensa motivada do obreiro deve ser

demonstrado pelo empregador à exaustão, de forma robusta e

cabal (arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC), visto que a justa causa é

a penalidade extrema imposta ao empregado e envolve fatos


RELATÓRIO
extraordinários, conflitantes com o princípio da continuidade da

relação de emprego. Considerando, na espécie, que a

consignante/reconvinda não produziu prova segura da denunciada


O Juízo de Origem proferiu sentença em cujo dispositivo concluiu
prática de concorrência desleal (art.482, "c", da CLT) pelo
que: "ANTE O EXPOSTO E MAIS O QUE DOS AUTOS CONSTA,
consignado/reconvinte, afasta-se a sanção imposta, com
DECIDO: 1.NA PRESENTE AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
convolação da ruptura contratual por justa causa para despedida
PAGAMENTO AJUIZADA POR M C F DE SOUZA
imotivada e reconhecimento de verbas rescisórias correspondentes,
ADMINISTRAÇÃO EM HOTELARIA LTDA (Consignante)
suplicadas na reconvenção. Sentença reformada no aspecto.
Assinado eletronicamente por: ANA PAULA BARROSO
DANOS MATERIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
SOBREIRA PINHEIRO - Juntado em: 09/12/2021 18:37:08 -
CONTRATUAIS. INDENIZAÇÃO DO ART. 404 DO CÓDIGO CIVIL.
f16a4b5 Fls.: 16 EM FACE DE JOÃO FABIO DA SILVA
JURISPRUDÊNCIA UNIFORME DO TRIBUNAL SUPERIOR DO
(Consignatário) JULGAR PROCEDENTES OS PEDIDOS
TRABALHO. PAGAMENTO INDEVIDO.
FORMULADOS NA AÇÃO CONSIGNATÓRIA, EXTINGUINDO A
A postulação indenizatória do consignado/reconvinte
OBRIGAÇÃO DO CONSIGNANTE QUANTO AO PAGAMENTO
correspondente ao ressarcimento por perdas e danos, em valor
DAS VERBAS RESCISÓRIAS DESCRITAS NO TRCT, NO LIMITE
equivalente aos honorários contratuais do advogado, não encontra
DO VALOR DEPOSITADO. DEVENDO A SECRETARIA LIBERAR
guarida na pacífica jurisprudência do c. TST, porquanto, no
O VALOR CONSIGNADO (DEPÓSITO À FL.20), EM FAVOR DO
julgamento do incidente de Recursos de Revista Repetitivos (IRR-
CONSIGNATÁRIO. 2. JULGAR TOTALMENTE IMPROCEDENTES
RR-341-06.2013.5.04.0011), o pleno daquele Tribunal, a fim de
OS PEDIDOS DEDUZIDOS NA RECONVENÇÃO APRESENTADA
uniformizar o entendimento da Corte Superior sobre a matéria,
POR JOÃO FABIO DA SILVA EM FACE DA M C F DE SOUZA
definiu tese de inaplicabilidade do art. 404 do Código Civil ao
ADMINISTRAÇÃO EM HOTELARIA LTDA. TUDO NOS TERMOS
processo do trabalho. Ademais, na hipótese, o recorrente sequer fez
E LIMITES DA FUNDAMENTAÇÃO. CONCEDO AO
prova do alegado contrato de prestação de serviços
CONSIGNADO/RECONVINTE OS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA
advocatícios.Recurso não provido no tocante.
GRATUITA. CUSTAS DE CONHECIMENTO PELO
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.
CONSIGNADO/RECONVINTE, DA QUAL FICA ISENTO. REJEITO
CONDENAÇÃO DA CONSIGNANTE/RECONVINDA.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 321
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

TODAS AS DEMAIS ARGUMENTAÇÕES DA PETIÇÃO INICIAL E Requer a reversão da justa causa, com o consequente pagamento

DA CONTESTAÇÃO EVENTUALMENTE NÃO ENFRENTADAS. das verbas atinente à dispensa injusta

DETERMINO QUE A SECRETARIA DA VARA PROCEDA ÀS Em tese defensiva, a empresa sustentou que a dispensa por justa

NOTIFICAÇÕES, INTIMAÇÕES E PUBLICAÇÕES EM NOME DOS causa ocorreu pela prática e concorrência desleal, hipótese prevista

ADVOGADOS INDICADOS PELAS PARTES, CONFORME na alínea e "c" do art. 482 da CLT.

REQUERIDO, COM O FIM DE SE EVITAR NULIDADES. INTIMAR Defendeu que : " (...) o Sr. João Fábio da Silva, de forma rotineira,

AS PARTES. NADA MAIS". procedia com atos de concorrência à empresa para a qual

Inconformado, o consignado/reconvinte interpôs recurso ordinário trabalhava, pois vendia e encaminhava hóspedes para

ventilando a necessidade de reversão do reconhecimento da justa concorrentes que exploram o mesmo condomínio.

causa e requerendo que lhe sejam deferidas as verbas suplicadas Para melhor entendimento, o Sr. Fábio trabalhava para a empresa

em sede de reconvenção. MCF, que explora a hotelaria no condomínio Kariri Beach

Contrarrazões da consignante/reconvinda pela manutenção da Residence. No mesmo condomínio existem outras empresas que

sentença. também alugam seus quartos /apartamentos. O Sr. Fábio,

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho empregado da MCF, encaminhava hóspedes para outras empresas,

para emissão de parecer. tirando assim a clientela da própria empresa em que trabalhava.

Para isso, fechava comissões com as demais empresas que

receberiam o hóspede." (sic, contestação, fl.54).

FUNDAMENTAÇÃO Dessa forma, sustenta que a dispensa atacada na exordial foi

motivada pela prática de concorrência desleal do empregado.

Pugna pela improcedência dos pedidos formulados na reconvenção.

ADMISSIBILIDADE Pois bem.

Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de A controvérsia gira em torno da modalidade de dispensa e dos

admissibilidade, digno de conhecimento o recurso ordinário valores correspondentes às verbas rescisórias.

interposto pelo consignado/reconvinte. A justa causa é conduta tipificada em lei, art. 482 da CLT que, se

MÉRITO praticada, tem o condão de romper com a necessária confiança

RUPTURA DO CONTRATO DE TRABALHO. EXISTÊNCIA OU mútua entre as partes, possibilitando a resolução do contrato de

NÃO DA JUSTA CAUSA emprego com ônus para o obreiro.

A sentença chancelou a justa causa atribuída ao É cediço, que a dispensa por justa causa, face à natureza do ato e

consignado/reconvinte (concorrência desleal - art.482, alínea "c", da suas consequências morais e financeiras prejudiciais ao obreiro,

CLT). Eis adiante o fundamento: merece prova irrefutável, por parte da empregadora, da causa de

"3.2. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. sua deflagração.

Narra o reconvinte que foi dispensado por justa causa em Alegada em juízo, incumbe ao empregador comprovar que o obreiro

29/03/2020. incidiu numa das hipóteses elencadas no art. 482 consolidado, por

Pretende a reversão de sua dispensa por justa causa, com o ser fato impeditivo do direito às verbas rescisórias vindicadas, não

deferimento dos direitos correlatos. se olvidando, ainda, do princípio da continuidade da relação de

Sustenta o consignatário/reconvinte que não procede a tese de emprego, que gera presunção favorável ao empregado.

concorrência desleal apresentada pela consignante/reconvinda e Desse ônus se desincumbiu plenamente o empregador. Senão

explica que "(...) no dia 29 de março de 2021, o Reclamante foi vejamos.

convocado por sua gerente, Sra. Lidiane Moreira, para uma reunião Após bem observar as considerações e as provas apresentadas

na qual a mesma e o advogado da empresa Dirceu Antônio Brito pelas partes em cizânia, concluo que a consignante/ reconvinda

Jorge , tentaram coagir o reclamante a assinar sua demissão por conseguiu demonstrar elementos suficientes a propiciar a convicção

JUSTA CAUSA, alegando que o motivo do desligamento seria o desta magistrada quanto a alegada justa causa obreira.

desvio de sabonete é o desvio de hospedagem, intimidando e No caso, o acervo probatório evidencia que o empregado praticou

constrangendo o mesmo, o reclamante então se recusou a assinar concorrência desleal, uma vez que durante o horário de trabalho

quaisquer documentos, pois o mesmo não tem conhecimento de para a ré praticava negociação habitual por conta própria, sem o

tais alegações (...)". (sic, reconvenção, fl.38). conhecimento e permissão da empregadora, sendo prejudicial ao

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serviço e reduzindo o faturamento da empresa. comprovaram a má-fé do obreiro.

Cumpre asseverar, que a consignante/reconvinda anexou aos autos Desta feita, diante do conjunto probatório sinalizando a

prints de diálogos de whatsapp, às fls. 59/65, comprovando que o responsabilização do consignado/reconvinte, e tendo em vista que o

consignado/ reconvinte encaminhava a um Sr. de nome "Davi", por empregado não produziu nenhuma prova de que a empresa sabia e

conta própria e sem permissão do empregadora, a estadia de autorizou que ele, no horário de trabalho dedicado à reclamada e

turistas que estavam na recepção da empregadora em busca de fazendo uso dos instrumentos e local de trabalho disponibilizado

hospedagem, de modo a resultar em ato de concorrência à empresa pela empresa, fizesse negócios no mesmo ramo de atividade da

para a qual trabalha, bem como prejuízos ao serviço. reclamada em benefício próprio, em detrimento do empregador,

A priori, ressalto que, embora o autor, em depoimento pessoal, reputo demonstrado a prática de ato de concorrência à empresa

tenho sustentado que " era proibido de falar com o Sr. Davi assim para a qual trabalha o empregado.

como todo mundo da consignante; que o SR. Davi não trabalhava Entendo que a reclamada empregou o poder disciplinar de modo

para a consignante, mas para outro hotel, que o reclamante não legítimo e idôneo na medida que a relação de trabalho dever ser

sabe qual é", na verdade, restou evidenciado que o obreiro e o Sr. pautada pela confiança e pelo respeito mútuos, incumbindo ao

Davi tinham uma verdadeira parceria comercial na qual o empregado portar-se de forma ética e profissional.

empregado, em horário de trabalho, repassava clientes ao aludido Logo, no presente caso, infiro não seria razoável o empregador

senhor para que o mesmo realizasse a venda de hospedagens manter o posto de serviço de um empregado em que ele não mais

iguais às comercializadas pela reclamada em detrimento do confia, conduta que também poderia incentivar aos colegas do

empregador que deixava de lucrar com os clientes que o obreiro reclamante a agir do mesmo modo.

repassava ao Sr. Davi. De outro giro, entendo tampouco seria justo reverter a justa causa

Com efeito, os "prints" das conversas anexadas aos autos, se não aplicada, impondo à reclamada todos os ônus dessa modalidade de

comprovam a negociação habitual, são indubitáveis no sentido de extinção do pacto laboral.

mau procedimento do empregado. Deveras, o mau proceder do Destarte, não posso deixar de concluir que a Reclamada aplicou

empregado, autoriza o empregador a realizar a sua dispensa por corretamente a justa causa ao Reclamante.

justa causa. Sem dúvida, a prática de concorrência desleal é pena gravíssima

Cabe ressaltar também que não prospera a alegação de invalidade que enseja a aplicação imediata de demissão por justa causa.

dos documentos juntados pela reclamada, pois o consignado Assim, caracterizada a concorrência desleal, na forma do artigo

/reconvinte não suscitou incidente de falsidade documental, nos 482, alínea "c", da CLT, fica mantida a dispensa por justa causa.

termos do art. 430 do CPC. No que se refere à alegação de que era tratado com rigor

Ademais, a testemunha ouvida a convite do autor esclareceu que: excessivo, destaco que o empregado não narrou, tampouco

"conhece o Sr. Davi, que é responsável pelo restaurante Manacá, comprovou qualquer situação em que foi tratado com rigor

localizado dentro do Kariri Beach e responsável pela locação de excessivo pela empregadora.

alguns apartamentos localizados dentro do Hotel Kariri Beach; que Por corolário, considerada subsistente a justa causa aplicada pela

essas locações feitas pelo Sr. Davi também chama Locações consignate/reconvinda, julgo improcedentes os pedidos de:

Manacá (...) " ( sic, ata de audiência, fls. 68/69). reversão da justa causa, aviso prévio indenizado e a sua projeção,

Destarte, prova dos autos demonstra, de fato, a prática do férias proporcionais com adicional de 1/3, 13º salário proporcional,

reclamante de, durante a jornada e trabalho e com uso dos multa rescisória de 40% sobre depósitos de FGTS, de expedição de

instrumentos do empregador, repassar clientes para a empresa alvará para soerguimento do FGTS já depositado, multas previstas

concorrente da ré reduzindo-lhe o faturamento e causando-lhe nos artigos art. 477 e 467, da CLT e de indenização substitutiva do

prejuízo. benefício do seguro desemprego.

Decerto, feriu o obreiro o dever de lealdade e fidelidade, que devem Improcedente o pleito de saldo salarial, tendo em vista que tal verba

ser cumpridos pelas partes no cumprimento do contrato de trabalho. constou no TRCT de fls.12/13, não impugnado pelo reclamante.

Nesse sentido, entendo que a conduta do autor desestrutura a Outrossim, o aviso de dispensa do autor evidencia que o obreiro

fidúcia necessária de qualquer contrato laboral e torna insustentável laborou, de fato, apenas 26 dias no mês de março de 2021."

a manutenção do contrato de trabalho. O recurso é enfático na consideração de que não há prova da

Demais disso, o obreiro não produziu provas capazes de alegada justa causa obreira, porquanto, nos "print's" de conversas

desconstituir a tese de sua ex-empregadora e as juntadas aos autos do whatsApp, que conduziram o juízo a acatar a tese patronal, não

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haveria vinculação ou citação ao nome do consignado/reconvinte, administração, sendo de sua obrigação a manutenção, limpeza e

pelo que inexistiriam condições suficientes para reconhecer que abastecimentos tão somente daquelas unidades.

enviou referidas mensagens, as quais, no entender sentencial, Comprova-se que o Sr. Davi solicitava ao Sr. Fábio sabonetes para

demonstrariam a conduta de concorrência desleal. Suscita ainda a abastecimento de quartos que não pertencem à empresa MCF,

falta de produção de prova testemunhal pela parte adversa, o retirando o produto adquirido pela MCF de seu estoque para

art.225 do CC e o princípio do in dubio pro operario. utilização em uma unidade pertencente a outra empresa, pela qual

Analisa-se. a MCF não tinha qualquer faturamento.

Na espécie, a consignante/reconvinda (empresa do ramo de Sendo asism, a empresa MCF, além de suportar perdas com o

hotelaria) sustenta que o consignado/reconvinte, na condição de "desvio" de hóspedes para concorrentes, atitude esta praticada pelo

seu empregado (recepcionista), incorreu na falta de concorrência proprio funcionário Fábio, a empresa estava também suportanto

desleal descrita no art.482, "c" da CLT, visto que teria, de forma prejuízo, ao perder material de sua propriedade.

rotineira, em conluio com representante de empresa concorrente As atitudes do Sr. Fábio, além de caracterizar atos de

(Sr. Davi), encaminhado hóspedes para esta, que também explora o concorrência à empresa para a qual trabalhava(art. 482, C, da

mesmo condomínio, recebendo comissões por tais atos e causando CLT), justificando a dispensa por justa causa, estava cuasando

perda de faturamento para a empregadora. Confira-se a íntegra dos grandes prejuízos financeiros à empresa MCF.

argumentos apresentados na contestação à reconvenção: Portanto, pelos fatos e provas acima citados, resta evidente a

"Conforme comprovado pelas provas ora anexadas aos autos, o Sr. legalidade da dispensa por justa causa, nos termos do artigo 842, C

João Fábio da Silva, de forma rotineira, procedia com atos de da CLT, estando assim caracterizado atos de concorrência à

concorrência à empresa para a qual trabalhava, pois vendia e empresa para a qual trabalhava."

encaminhava hóspedes para concorrentes que exploram o Consabido que o poder disciplinar patronal deriva do poder diretivo

mesmo condomínio. e objetiva manter o organismo empresarial saudável e ordenado,

Para melhor entendimento, o Sr. Fábio trabalhava para a empresa facultando ao empregador a aplicação de punições ao empregado

MCF, que explora a hotelaria no condomínio Kariri Beach que descumpre as obrigações do pacto laboral e compromete a

Residence. No mesmo condomínio existem outras empresas que fidúcia e a boa-fé da relação contratual.

também alugam seus quartos/apartamentos. O Sr. Fábio, Entretanto, não deve o poder disciplinar ser exercido de forma

empregado da MCF, encaminhava hóspedes para outras empresas, arbitrária pelo empregador, encontrando limites na própria

tirando assim a clientela da própria empresa em que trabalhava. legislação que lhe dá guarida, tanto que a aplicação de penalidades

Para isso, fechava comissões com as demais empresas que impõe a observância de requisitos como: a gravidade do ato, a

receberiam o hóspede. adequação e a proporcionalidade entre a falta e a pena cominada, a

Como o Sr. Fábio trabalhava na recepção da empresa MCF, este imediatidade da punição, ausência de perdão tácito, singularidade

tinha fácil acesso aos hóspedes que buscavam hospedagens ou vedação da dupla punição, gradação de penalidades (vinculado

diretamente no balcão, ocasião em que o mesmo, "desviava" esse ao intuito pedagógico de ressocializar o empregado no ambiente

hóspede para outras empresas, causando perda de faturamento laboral), sendo evidente que este critério pedagógico da gradação

para a empresa MCF, como também caracterizando ato de não é absoluto, porquanto há falta que, por sua intensa gravidade,

concorrência. enseja, de imediato, a aplicação da justa causa.

Além disso, o Sr. Fábio, conforme ele mesmo narra em suas A justa causa insere-se no âmbito do poder disciplinar do

conversas, constituiu uma empresa (www.cearatour.com), na qual a empregador. Assim, entre os instrumentos de que dispõe o

mesma explora o receptive turístico, com venda de pacotes de empregador para punir seu empregado faltante, é a dispensa

hospedagem. motivada a medida mais severa para o obreiro, o qual vai ficar sem

Verifica-se também nas conversas, que o Sr. Fábio atuava em o emprego.

conluio com representantes (Sr. Davi) de outra empresa que aluga Logo, o ato faltoso que a enseja deve ser demonstrado pelo

quartos no Condomínio Kariri Beach Residence, ao usar materiais empregador que a defende (arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC) à

de propriedade da empresa MCF para abastecer os quartos exaustão, de forma robusta e cabal, posto se tratar a justa causa da

pertencentes a outras empresas. penalidade extrema imposta ao empregado que envolve fatos

A MCF, que explora a hotelaria, tem todo um estoque de materiais extraordinários, conflitantes com o princípio da continuidade da

para abastecer os quartos de hóteis que estão sob sua relação de emprego, por conta do qual se pressupõe não ser de

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iniciativa do trabalhador pôr fim à relação contratual de trabalho, e da CLT, art.1º da Lei nº 12.506/11); 13º salário sobre aviso; férias

que refletem na vida funcional, social, econômica e familiar do sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias proporcionais

trabalhador. mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre aviso prévio

Segundo o art.482, "c", da CLT, configura justa causa para quebra indenizado mais multa de 40%.

do pacto laboral a "negociação habitual por conta própria ou alheia Condena-se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação

sem permissão do empregador, e quando constituir ato de de baixa na CTPS do consignado/reconvinte, além de fornecer as

concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for guias necessárias à liberação do FGTS e habilitação junto ao

prejudicial ao serviço" seguro-desemprego, acaso perfaça os requisitos legais

Ora, nada obstante a consignante/reconvinda denuncie prática de necessários, nos termos da lei, pena de se converter a obrigação

concorrência desleal do empregado, tenta demonstrá-la com em indenização substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do

apresentação de prova apenas documental, consistente em fotos de TST).

conversas do aplicativo de WhatsApp, uma delas com teor ilegível Mantido, todavia, o indeferimento do saldo de salário, pois, como

(fl.63), as quais, apesar de indicar o perfil de "Davi Condomínio", dito na sentença: "tal verba constou no TRCT de fls.12/13, não

não trazem qualquer identificação do titular da outra conta ou do impugnado pelo reclamante. Outrossim, o aviso de dispensa do

consignado/reconvinte como um dos interlocutores do diálogo, o autor evidencia que o obreiro laborou, de fato, apenas 26 dias no

que denota a fragilidade do material ofertado como prova, o qual, mês de março de 2021."

inclusive, foi devidamente impugnado pela parte adversa, conforme Ante a controvérsia estabelecida nos autos, de se manter também o

fl.72 do Pdf. indeferimento da multa do art.467 da CLT.

Sobressai-se ainda o fato de a consignante/reconvinda não haver MATÉRIA REMANESCENTE

produzido qualquer prova oral que corroborasse sua tese e/ou o Com relação aos(às) demais temas/verbas: reconhecimento de

conteúdo das aludidas conversas e, ao reverso, o vínculo de emprego no período anterior ao anotado na carteira

consignado/reconvinte ter conduzido testemunha que declarou: profissional, horas extras, intervalo intrajornada, adicional

"que não tem conhecimento do consignatário, Sr. Fábio ter passado noturno e diferenças salariais por desvio de função/acúmulo de

clientes para o Sr. Davi e nem para outro hotel; que não tem função, de fato o consignado/reconvinte não colacionou prova

conhecimento de que a consignante ter acusado o Sr. Fábio de ter satisfatória de suas alegações, não tendo sua testemunha sequer

se apropriado de amenidades do hotel, tais como: shampoos, comprovado a jornada declinada na reconvenção, de sorte que,

sabonetes, condicionadores;..." com o uso da técnica de fundamentação per relationem, a qual

Assim, a única prova anexada aos autos pela atende as exigências legais de motivação das decisões judiciais e é

consignante/reconvinda não retrata segurança quanto à adoção da plenamente autorizada pela Corte Suprema, adotam-se, como

alegada conduta concorrencial do obreiro (art.482, "c", da CLT) nem razões de decidir, os fundamentos do juízo de origem, que,

de que sua possível ocorrência tenha sido persistente e contínua, analisando os elementos de prova constantes dos autos, imprimiu à

repetida durante tempo considerável na contratualidade, ou de que lide o desfecho juridicamente correto nos temas mencionados:

tenha sido efetiva e potencialmente afrontosa ao contrato subscrito "3. DA RECONVENÇÃO

pelas partes e acarretado dolosamente relevante prejuízo à 3.1. DO VÍNCULO DE EMPREGO. PERÍODO CLANDESTINO.

consignante/reconvinda ou mudança em seu status patrimonial, ou Narra o consignado/ reconvinte que foi contratado pela reclamada

ainda prejudicado o desempenho funcional do trabalhador em favor em 18/09/2020 (com sua CTPS anotada somente em 22/12/2020),

da empregadora. para trabalhar na função de recepcionista.

Por corolário, dá-se parcial provimento ao recurso do Explica que: "Na verdade, Douto Julgador, os fatos narrados na

consignado/reconvinte para afastar a dispensa motivada, inicial não retratam a realidade, tendo em vista que o Reclamante

reconhecendo a rescisão sem justa causa do contrato de trabalho foi admitido pela reclamada no dia 18 de setembro de 2020, entanto

havido entre os litigantes, bem como, diante da falta de só teve sua CTPS anotada no dia 22 de dezembro 2020." (sic,

comprovação, condenar a consignante/reconvinda, no prazo de 48 inicial, fl.38).

após o trânsito em julgado, no pagamento das seguintes verbas, Requer, em razão dos fatos narrados, o reconhecimento do vínculo

com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do período empregatício a partir de 18/09/2020, com o consequente pagamento

contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos limites do do 13º salário de todo o período laborado, férias + 1/3, depósitos de

pedidos: aviso prévio indenizado (art.7º, XXI, da CF/88, art.487, §1º, FGTS de todo o período e multa de 40%.

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Analiso. horas extras, das quais essas repercutem nas demais verbas

Inicialmente, verifico que, no que concerne à alegação de que trabalhistas, devendo ser pagas com adicional de 50%." (sic

houve prestação de serviços no período anterior ao anotado na reconvenção, fl.40).

CTPS do obreiro, esclareço que, examinando o registro de Ressalta que não recebia pelo labor prestado em sobrejornada,

empregado do autor carreado aos autos pela empresa à fl.15, razão por que requer o pagamento das extras semanais com

constato que a admissão do consignado/reconvinte na empresa acréscimo de 50%, tanto pela extrapolação da jornada semanal,

reclamada se deu apenas em 22/12/2020 e não na data alegada na quanto pela não concessão do intervalo interjornada, além dos

reconvenção. reflexos sobre FGTS, multa de 40%, aviso prévio, férias, multa de

Pois bem. 467 da CLT e multa do artigo 477 da CLT.

No presente caso, cabia ao empregado o ônus de demonstrar que Em tese defensiva, a empresa impugnou o horário de trabalho

foi admitido em 18/09/2020 e não na data constante na sua CTPS, a acima descrito e defendeu que: "O empregado labora na função de

teor do disposto no artigo 40 da CLT e no art. 818, I da CLT. recepcionista, no horário de 14h às 22;20, com intervalo de 1 hora,

Ocorre que meras alegações, sem provas ou evidências dos fatos, inexistindo hora extra." (sic, contestação, fl.56)

são insuficientes para elidir a presunção relativa de veracidade Pois bem.

impingida às anotações constantes na CTPS, nos termos do artigo A testemunha ouvida a convite do autor afirmou: "(...) que a jornada

40 da CLT e da Súmula 12 do Eg. TST. do reclamante e depoente era diversa; que a do depoente era

Desse modo, presumem-se verdadeiras as anotações constantes cumprida 06h às 14h, com intervalo de uma hora mas que nem

na CTPS do obreiro. sempre era usufruído completamente, com uma folga semanal que

Com efeito, da análise do conjunto fático probatório produzido nos recaía uma vez por mês aos domingo e as demais folgas durante a

autos não há como presumir prestação de serviços pelo empregado semana e já a do consignatário 14h às 22h, com intervalo de uma

em período anterior à anotação na CTPS. hora mas que nem sempre era completamente, com uma folga

No caso em exame, o consignado/reconvinte não produziu semanal que recaía uma vez por mês aos domingo e as demais

nenhuma prova que amparasse a sua tese de labor em período folgas durante a semana(...)"(sic, ata de audiência, fl.69).

clandestino e elidisse a presunção de veracidade das anotações Sendo assim, concluo que é inverídica a jornada narrada pelo

constantes em sua CTPS, pelo que as tenho como verdadeiras. Reclamante e considero que o obreiro trabalhava de acordo com a

Assim, por se tratar de fato constitutivo do direito do empregado jornada sustentada pela empresa. Logo, diante do exposto, concluo

(artigo 818, I, da CLT), o fardo probatório é do obreiro. que não restou ratificada a jornada afirmada na reconvenção, em

Nessa toada, na medida em que o consignado/reconvinte não se razão do que, resta improcedente este pleito.

desincumbiu a contento de seu encargo (CLT, art. 818) e em face Nesse contexto, entendo que a prova oral afastou completamente a

da presunção relativa de veracidade das anotações da sua CTPS jornada declinada pelo obreiro, pelo que julgo improcedente o

(artigo 40 da CLT), julgo improcedente o pedido de reconhecimento pedido de horas extras e reflexos.

do vínculo de emprego no período anterior ao registrado na Carteira Avanço.

de Trabalho e Previdência Social do obreiro, bem como os demais Outrossim, a alegação do empregado de que laborava das 22:00 às

pedidos decorrentes. 07:30h não restou comprovada, uma vez que a prova produzida, foi

Em consequência, improcede o pedido de pagamento das verbas no sentido de que o consignado/reconvinte encerrava seu

referentes a esse período, tais como, férias acrescidas de 1/3, 13º expediente às 22 horas. Logo, julgo improcedente o pleito de

salários e FGTS e multa de 40 %." adicional noturno e reflexos por cogitarem de verbas acessórias.

(...) Por fim, julgo improcedente o pedido de horas extras e reflexos por

3.3. HORAS EXTRAS, EXTRAPOLAÇÃO DA JORNADA E NÃO suposto descumprimento do intervalo interjornada assegurado pelo

FRUIÇÃO DE INTERVALO INTERJORNADA. ADICIONAL artigo 66 da CLT, eis que sempre foi respeitado o período mínimo

NOTURNO. de onze horas consecutivas para descanso, restando incólume a

Explica o obreiro que: (...) trabalhava de terça a domingo, no horário norma prevista naquele dispositivo.

de 14:00 as 22:00 e todas as quartas e quintas das 22:00 as 07:30, 3.4. DESVIO DE FUNÇÃO/ACÚMULO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS

sem intervalo de repouso perfazendo assim 54 horas semanais, SALARIAIS.

portanto extrapolava em 10 horas, quando o correto seria somente O consignado/reconvinte alega, na sua inicial, que apesar de ter

44 horas semanais, desta forma faz jus a 52 horas e 40 minutos as sido contratado para exercer a função de recepcionista, era

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compelida pela reclamada a realizar diariamente atividades de "ACÚMULO DE FUNÇÕES NÃO CONFIGURADO - DIFERENÇAS

zelador, camareiro, mensageiro, manobrista, eletricista e fazia a SALARIAIS INDEVIDAS I - Como leciona Maurício Godinho

manutenção da informática. Delgado, -o simples exercício de algumas tarefas componentes de

A reclamada, por sua vez, explica que: "O empregado exercia tão outra função não traduz, automaticamente, a ocorrência de uma

somente a função de recepcionista, não existindo qualquer acumulo efetiva alteração funcional no tocante ao empregado. É preciso que

de funções. Improcedente as alegações do empregado." haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas

(contestação, fl.56). integrantes da enfocada função para que se configure a alteração

Pois bem. funcional objetivada- . II - Assim, o exercício esporádico de função

Em relação ao desvio de função, cumpre destacar que o desvio ou diversa àquela para a qual foi contratado o empregado, desde que

acúmulo de função ocorre quando o trabalhador, em vez de exercer de igual ou menor complexidade, e durante a mesma jornada de

as tarefas para as quais foi contratado, é direcionado para outros trabalho, já se encontra remunerado pelo salário contratual do

serviços, de maior volume, complexidade ou que exigem maior empregado, sendo indevido o pagamento de acréscimo salarial. III -

qualificação, o que justificaria, portanto, maior remuneração. Na presente hipótese, não há qualquer prova produzida pelo autor a

Quanto ao ônus da prova, a empresa negou o desvio /acúmulo de fim de comprovar suas alegações, ônus que lhe competia a teor do

função, razão pela qual é da parte autora o ônus probatório do art. 818 da CLT. (TRT-1 - RO: 00015932320125010024 RJ ,

exercício de função diversa daquela para qual fora contratada, por Relator: Evandro Pereira Valadao Lopes, Data de Julgamento:

se tratar de fato constitutivo do seu direito, a esteio dos regramentos 15/07/2014, Quinta Turma, Data de Publicação: 23/07/2014)"

inscritos nos artigos 818 da CLT c/c 373, I do CPC. "DESVIO DE FUNÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO. DIFERENÇAS

Como se sabe, o artigo 456, parágrafo único da CLT estabelece: "À SALARIAIS INDEVIDAS. Não estando demonstrado, nos autos, que

falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, houve uma concentração significativa do conjunto de tarefas

entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer integrantes da enfocada função, eis que o simples exercício de

serviço compatível com a sua condição pessoal." algumas tarefas componentes de uma outra função não implica em

O consignado/ reconvinte não logrou demonstrar o alegado desvio uma efetiva alteração funcional, como decorreu in casu, deve ser

de função, não obstante fosse seu o ônus da prova quanto a este indeferido o pedido de diferença salarial, decorrente do desvio de

ponto, haja vista tratar-se de fato constitutivo de seu direito, funcional. RESPONSABILIDADE SUBISIDIÁRIA. Aplicação da

portanto, concluo que o obreiro desempenhava as funções para as Súmula n.º 331, IV, do TST. O inadimplemento das obrigações

quais fora contratado, não fazendo jus a qualquer adicional por trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade

desvio de função. subsidiária do tomador de serviços, quanto àquelas obrigações.

Ademais, esclareço que o simples exercício de alguns serviços (TRT - 20ª REGIÃO, PROCESSO Nº 0191900-96.2008.5.20.0006,

associados a outras funções pertinentes com suas atribuições RELATOR DESEMBARGADOR CARLOS DE MENEZES FARO

contratuais (CLT, artigo 456, parágrafo único), estão no contexto do FILHO, PUBLICADO EM 18/06/2010)."

jus variandi, que concede ao empregador o poder de atribuir as Sendo assim, por não ter comprovado que desempenhou serviço

atividades a serem desempenhadas pelo empregado, não incompatível com a função de recepcionista para a qual foi

traduzindo, portanto, instintivamente, a ocorrência de uma alteração contratado, julgo improcedente o pedidos de desvio de

ou desvio de função. função/acúmulo de função."

Com efeito, o Professor Maurício Godinho Delgado - Curso de Nada a reformar no tocante.

Direito do Trabalho 13ª ed. São Paulo: LTr, 2002, p. 1075 - ao falar DANOS MATERIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

do tema alteração de função, distingue, conceitualmente, tarefa e CONTRATUAIS. INDENIZAÇÃO DO ART. 404 DO CÓDIGO CIVIL

função, afirmando que a tarefa é "uma atividade laboral específica, Sustenta o consignado/reconvinte que: "É sabido que os

estrita e delimitada", ao passo que a função consiste na "reunião trabalhadores são obrigados a arcar com o pagamento de 20% do

coordenada e integrada de um conjunto de tarefas". Nessa toada, valor recebido para custear seu Advogado, o que lhe causa um

uma mesma função pode ser formada por várias tarefas. Significa evidente prejuízo, ficando o seu ex-empregador sem qualquer

dizer, para que se configure a alteração funcional objetiva "é preciso responsabilidade em ressarci-lo, numa manifesta injustiça, o que

que haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas resulta em recebimento pelo empregado de apenas 80% do que lhe

integrantes da enfocada função". era devido. Assente em direito de que quem causa prejuízo a

Por oportuno, colaciono os seguintes julgados: outrem deve ressarcir integralmente a parte contrária, à luz do que

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dispõe os art. 389, 395 e art. 404, do Código Civil/2002.". perdas e danos, seja pela simples circunstância de a parte ser

Não procede. beneficiária da Justiça gratuita; 2) A ampliação da competência da

A postulação indenizatória do consignado/reconvinte Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional nº 45/2004

correspondente ao ressarcimento por perdas e danos, em valor acarretou o pagamento de honorários advocatícios com base

equivalente aos honorários contratuais do advogado, não encontra unicamente no critério da sucumbência apenas com relação às lides

guarida na pacífica jurisprudência do c. TST, porquanto, no não decorrentes da relação de emprego, conforme sedimentado nos

julgamento do incidente de Recursos de Revista Repetitivos (IRR- itens III e IV da Súmula nº 219 do TST, por meio, respectivamente,

RR-341-06.2013.5.04.0011), o pleno daquele Tribunal, a fim de das Resoluções nos 174, de 24 de maio de 2011, e 204, de 15 de

uniformizar o entendimento da Corte Superior sobre a matéria, março de 2016, e no item 5 da Instrução Normativa nº 27, de 16 de

definiu tese de inaplicabilidade do art. 404 do CC ao processo do fevereiro de 2005; 3) Às demandas não decorrentes da relação de

trabalho. Confira-se: emprego, mas que já tramitavam na Justiça do Trabalho por força

"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO Nº 3. HONORÁRIOS de norma legal expressa, relativas aos trabalhadores avulsos e

ADVOCATÍCIOS EM RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS TÍPICAS. portuários, ex vi dos artigos 643, caput , e 652, alínea "a", inciso V,

REQUISITOS DO ARTIGO 14 DA LEI Nº 5.584/70 E DAS da CLT, são inaplicáveis o item 5 da Instrução Normativa nº 27/2005

SÚMULAS Nos 219 E 329 DO TST. EFEITOS DE DIREITO do Tribunal Superior do Trabalho e o item III da Súmula nº 219

INTERTEMPORAL DECORRENTES DA GENERALIZAÇÃO DO desta Corte, porquanto a Constituição Federal, em seu artigo 7º,

REGIME DE SUCUMBÊNCIA INTRODUZIDA PELA LEI Nº inciso XXXIV, equipara o avulso ao trabalhador com vínculo

13.467/2017. Discute-se, no caso, a possibilidade de deferimento de empregatício, sendo-lhe aplicável, portanto, o entendimento previsto

honorários advocatícios em reclamações trabalhistas típicas, no item I da Súmula nº 219 desta Corte; 4) Às lides decorrentes da

anteriores à edição e à vigência da Lei nº 13.467/2017, sem a relação de emprego, objeto de ações propostas antes do início da

observância de todos os requisitos constantes no artigo 14, caput e vigência da Lei nº 13.467/2017, não se aplica a Súmula nº 234 do

§§ 1º e 2º, da Lei nº 5.584/70, tal como hoje ainda está previsto nas STF, segundo a qual ' são devidos honorários de advogado em

Súmulas nos 219 e 329 do Tribunal Superior do Trabalho, em face ação de acidente de trabalho julgada procedente ' ; 5) Não houve

do disposto no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de derrogação tácita do artigo 14 da Lei nº 5.584/1970 em virtude do

l988, segundo o qual "o Estado prestará assistência jurídica integral advento da Lei nº 10.288/2001, que adicionou o § 10 ao artigo 789

e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos", inclusive a da CLT, reportando-se à assistência judiciária gratuita prestada

título de indenização por perdas e danos, nos termos dos artigos pelos sindicatos, e a superveniente revogação expressa desse

389 e 404 do Código Civil, definindo-se, ainda, as implicações de dispositivo da CLT pela Lei nº 10.537/2002 sem que esta

direito intertemporal decorrentes da introdução do artigo 791-A da disciplinasse novamente a matéria, pelo que a assistência judiciária

CLT pela referida Lei nº 13.467, promulgada em 13 de julho de 2017 prestada pela entidade sindical no âmbito da Justiça do Trabalho

e com vigência a partir de 11 de novembro de 2017. Fixam-se, com ainda permanece regulamentada pela referida lei especial; 6) São

força obrigatória (artigos 896-C da CLT, 927, inciso III, do CPC e 3º, inaplicáveis os artigos 389, 395 e 404 do Código Civil ao

inciso XXIII, da Instrução Normativa nº 39/2015 do TST), as Processo do Trabalho para fins de condenação ao pagamento

seguintes teses jurídicas: "1) Nas lides decorrentes da relação de de honorários advocatícios, nas lides decorrentes da relação

emprego, os honorários advocatícios, com relação às ações de emprego, objeto de ações ajuizadas antes do início da

ajuizadas no período anterior ao início de vigência da Lei nº vigência da Lei nº 13.467/2017, visto que, no âmbito da Justiça

13.467/2017, somente são cabíveis na hipótese prevista no artigo do Trabalho, essa condenação não se resolve pela ótica da

14 da Lei nº 5.584/70 e na Súmula nº 219, item I, do TST, tendo por responsabilidade civil, mas sim da sua legislação específica,

destinatário o sindicato assistente, conforme disposto no artigo 16 notadamente a Lei nº 5.584/70; 7) A condenação em honorários

do referido diploma legal, até então vigente (revogado advocatícios sucumbenciais prevista no artigo 791-A, caput e

expressamente pela Lei nº 13.725/2018) e no caso de assistência parágrafos, da CLT será aplicável apenas às ações propostas na

judiciária prestada pela Defensoria Pública da União ao beneficiário Justiça do Trabalho a partir de 11 de novembro de 2017, data do

da Justiça gratuita, consoante os artigos 17 da Lei nº 5.584/70 e 14 início da vigência da Lei nº 13.467/2017, promulgada em 13 de julho

da Lei Complementar nº 80/94, revelando-se incabível a de 2017, conforme já decidiu este Pleno, de forma unânime, por

condenação da parte vencida ao pagamento dessa verba honorária ocasião da aprovação do artigo 6º da Instrução Normativa nº

seja pela mera sucumbência, seja a título de indenização por 41/2018; 8) A deliberação neste incidente a respeito da Lei nº

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13.467/2017 limita-se estritamente aos efeitos de direito STF no julgamento das ações declaratórias de constitucionalidade

intertemporal decorrentes das alterações introduzidas pela citada de nºs 58 e 59 e ações diretas de inconstitucionalidade de nºs 5867

lei, que generalizou a aplicação do princípio da sucumbência em e 6021 (acórdão publicado em 07/04/2021).

tema de honorários advocatícios no âmbito da Justiça do Trabalho, RECOLHIMENTOS DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DO

não havendo emissão de tese jurídica sobre o conteúdo em si e as IMPOSTO DE RENDA

demais peculiaridades da nova disposição legislativa, tampouco Em relação à contribuição previdenciária, é devida apenas sobre as

acerca da inconstitucionalidade do artigo 791-A, caput e § 4º, da parcelas de natureza salarial, devendo se observarem os itens IV e

CLT". Ainda, à vista dos termos do artigo 927, § 3º, do CPC, V da Súmula 368 do c.TST que tratam do fato gerador das

aplicável ao Processo do Trabalho (artigo 769 da CLT c/c artigo 3º, contribuições previdenciárias e da incidência de juros de mora e

inciso XXIII, da Instrução Normativa nº 39/2015 do TST), como não multa a partir das previsões do art. 276, "caput", do Decreto nº

se está revisando ou alterando a jurisprudência anteriormente já 3.048/1999 e do art.43, §3º, da Lei nº 8.212/91, incluído pela Lei nº

pacificada pelo Tribunal Superior do Trabalho, não cabe proceder à 11.941/2009.

modulação dos efeitos desta decisão. PROCESSO AFETADO Nº Observe-se que o fato gerador das contribuições previdenciárias

TST-RR-341-06.2013.5.04.0011. RECURSO DE REVISTA. decorrentes dos créditos trabalhistas reconhecidos em face do

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULAS Nos 219 E 329 DO trabalho realizado, a contar de 05.3.2009, é a efetiva prestação dos

TST. AÇÃO AJUIZADA EM PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA serviços, incidindo os juros de mora a partir de então (regime de

LEI Nº 13.467, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2017. O Tribunal competência - item V da Súmula 368 do c. TST e Lei nº 8.212/91).

Regional, ao sufragar a tese de ser possível a condenação ao Quanto ao imposto de renda, o cálculo fiscal deve atender ao art. 12

pagamento dos honorários advocatícios assistenciais pela simples -A da Lei nº 7.713/1988, com a redação conferida pela Lei nº

circunstância de a reclamante ser beneficiária da Justiça gratuita, 13.149/2015, a teor do item VI do sumulado em realce.

em virtude da declaração de pobreza firmada nos autos, malgrado

esteja assistida por advogado particular, contrariou o precedente de

observância obrigatória, ora firmado neste julgamento de incidente CONCLUSÃO DO VOTO

de recursos repetitivos (IRR-341-06.2013.5.04.0011). Recurso de

revista conhecido e provido" (IRR-RR-341-06.2013.5.04.0011,

Tribunal Pleno, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT Conhecer do recurso ordinário interposto pelo

01/10/2021). consignado/reconvinte e dar-lhe parcial provimento para afastar a

Ademais, na hipótese, o recorrente sequer fez prova do alegado dispensa motivada, reconhecendo a rescisão sem justa causa do

contrato de prestação de serviços advocatícios. contrato de trabalho havido entre os litigantes, bem como, diante da

Recurso não provido no tocante. falta de comprovação, condenar a consignante/reconvinda, no prazo

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS de 48 após o trânsito em julgado, no pagamento das seguintes

Ajuizada a presente ação na vigência da Lei nº 13.467/2017, verbas, com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do

imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, que autoriza a período contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos

condenação em honorários advocatícios pela simples sucumbência limites do pedidos: aviso prévio indenizado; 13º salário sobre aviso;

da parte. férias sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias

Logo, diante da sucumbência parcial da consignante/reconvinda, dá proporcionais mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre

-se parcial provimento ao recurso no particular para condená-la ao aviso prévio indenizado mais multa de 40% e honorários

pagamento da verba honorária, no percentual de 15% (quinze por advocatícios, no percentual de 15% (quinze) por cento do montante

cento) do montante liquidado, em favor do patrono do trabalhador liquidado, em favor do patrono do consignado/reconvinte. Condena-

(consignado/reconvinte), por representar patamar mais condizente se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação de baixa

com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. na CTPS, além de fornecer as guias necessárias à liberação do

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA DOS FGTS e habilitação junto ao seguro-desemprego, acaso o

CRÉDITOS TRABALHISTAS. PARÂMETROS FIXADOS PELO consignado/reconvinte perfaça os requisitos legais necessários, nos

STF termos da lei, pena de se converter a obrigação em indenização

Na liquidação, a apuração de juros de mora e correção monetária substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do TST). Atualização

deve observar a modulação estabelecida pela Corte Suprema do monetária e juros de mora consoante os parâmetros fixados pelo

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STF no julgamento das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 e (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

6021. Contribuição previdenciária e imposto de renda, na forma da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

lei e da Súmula 368 do TST. Custas processuais invertidas a cargo Fortaleza, 18 de julho de 2022.

da consignante/reconvinda, no importe de R$ 100,00, calculadas

sobre o valor de R$ 5.000,00, novo importe arbitrado à condenação.

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

DISPOSITIVO Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000152-85.2021.5.07.0036
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
RECORRENTE JOAO FABIO DA SILVA
ADVOGADO Jose Lucio de Sousa(OAB: 9095-
D/CE)
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRIDO M C F DE SOUZA ADMINISTRACAO
EM HOTELARIA EIRELI - EPP
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO DIRCEU ANTONIO BRITO
JORGE(OAB: 21648/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

consignado/reconvinte e dar-lhe parcial provimento para afastar a Intimado(s)/Citado(s):


dispensa motivada, reconhecendo a rescisão sem justa causa do - M C F DE SOUZA ADMINISTRACAO EM HOTELARIA EIRELI -
EPP
contrato de trabalho havido entre os litigantes, bem como, diante da

falta de comprovação, condenar a consignante/reconvinda, no prazo

de 48 após o trânsito em julgado, no pagamento das seguintes

verbas, com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do PODER JUDICIÁRIO

período contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos JUSTIÇA DO

limites do pedidos: aviso prévio indenizado; 13º salário sobre aviso;

férias sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias


EMENTA
proporcionais mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre

aviso prévio indenizado mais multa de 40% e honorários

advocatícios, no percentual de 15% (quinze) por cento do montante


JUSTA CAUSA OBREIRA. CONCORRÊNCIA DESLEAL
liquidado, em favor do patrono do consignado/reconvinte. Condena-
(ART.482, "C", DA CLT). AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA.
se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação de baixa
REVERSÃO.
na CTPS, além de fornecer as guias necessárias à liberação do
O ato faltoso que enseja a dispensa motivada do obreiro deve ser
FGTS e habilitação junto ao seguro-desemprego, acaso o
demonstrado pelo empregador à exaustão, de forma robusta e
consignado/reconvinte perfaça os requisitos legais necessários, nos
cabal (arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC), visto que a justa causa é
termos da lei, pena de se converter a obrigação em indenização
a penalidade extrema imposta ao empregado e envolve fatos
substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do TST). Atualização
extraordinários, conflitantes com o princípio da continuidade da
monetária e juros de mora consoante os parâmetros fixados pelo
relação de emprego. Considerando, na espécie, que a
STF no julgamento das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 e
consignante/reconvinda não produziu prova segura da denunciada
6021. Contribuição previdenciária e imposto de renda, na forma da
prática de concorrência desleal (art.482, "c", da CLT) pelo
lei e da Súmula 368 do TST. Custas processuais invertidas a cargo
consignado/reconvinte, afasta-se a sanção imposta, com
da consignante/reconvinda, no importe de R$ 100,00, calculadas
convolação da ruptura contratual por justa causa para despedida
sobre o valor de R$ 5.000,00, novo importe arbitrado à condenação.
imotivada e reconhecimento de verbas rescisórias correspondentes,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
suplicadas na reconvenção. Sentença reformada no aspecto.
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
DANOS MATERIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

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CONTRATUAIS. INDENIZAÇÃO DO ART. 404 DO CÓDIGO CIVIL. SOBREIRA PINHEIRO - Juntado em: 09/12/2021 18:37:08 -

JURISPRUDÊNCIA UNIFORME DO TRIBUNAL SUPERIOR DO f16a4b5 Fls.: 16 EM FACE DE JOÃO FABIO DA SILVA

TRABALHO. PAGAMENTO INDEVIDO. (Consignatário) JULGAR PROCEDENTES OS PEDIDOS

A postulação indenizatória do consignado/reconvinte FORMULADOS NA AÇÃO CONSIGNATÓRIA, EXTINGUINDO A

correspondente ao ressarcimento por perdas e danos, em valor OBRIGAÇÃO DO CONSIGNANTE QUANTO AO PAGAMENTO

equivalente aos honorários contratuais do advogado, não encontra DAS VERBAS RESCISÓRIAS DESCRITAS NO TRCT, NO LIMITE

guarida na pacífica jurisprudência do c. TST, porquanto, no DO VALOR DEPOSITADO. DEVENDO A SECRETARIA LIBERAR

julgamento do incidente de Recursos de Revista Repetitivos (IRR- O VALOR CONSIGNADO (DEPÓSITO À FL.20), EM FAVOR DO

RR-341-06.2013.5.04.0011), o pleno daquele Tribunal, a fim de CONSIGNATÁRIO. 2. JULGAR TOTALMENTE IMPROCEDENTES

uniformizar o entendimento da Corte Superior sobre a matéria, OS PEDIDOS DEDUZIDOS NA RECONVENÇÃO APRESENTADA

definiu tese de inaplicabilidade do art. 404 do Código Civil ao POR JOÃO FABIO DA SILVA EM FACE DA M C F DE SOUZA

processo do trabalho. Ademais, na hipótese, o recorrente sequer fez ADMINISTRAÇÃO EM HOTELARIA LTDA. TUDO NOS TERMOS

prova do alegado contrato de prestação de serviços E LIMITES DA FUNDAMENTAÇÃO. CONCEDO AO

advocatícios.Recurso não provido no tocante. CONSIGNADO/RECONVINTE OS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. GRATUITA. CUSTAS DE CONHECIMENTO PELO

CONDENAÇÃO DA CONSIGNANTE/RECONVINDA. CONSIGNADO/RECONVINTE, DA QUAL FICA ISENTO. REJEITO

Ajuizada a presente ação na vigência da Lei nº 13.467/2017, TODAS AS DEMAIS ARGUMENTAÇÕES DA PETIÇÃO INICIAL E

imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, que autoriza a DA CONTESTAÇÃO EVENTUALMENTE NÃO ENFRENTADAS.

condenação em honorários advocatícios pela simples sucumbência DETERMINO QUE A SECRETARIA DA VARA PROCEDA ÀS

da parte. Logo, diante da sucumbência parcial da NOTIFICAÇÕES, INTIMAÇÕES E PUBLICAÇÕES EM NOME DOS

consignante/reconvinda, dá-se parcial provimento ao recurso no ADVOGADOS INDICADOS PELAS PARTES, CONFORME

particular para condená-la ao pagamento da verba honorária, no REQUERIDO, COM O FIM DE SE EVITAR NULIDADES. INTIMAR

percentual de 15% (quinze por cento) do montante liquidado, em AS PARTES. NADA MAIS".

favor do patrono do trabalhador (consignado/reconvinte), por Inconformado, o consignado/reconvinte interpôs recurso ordinário

representar patamar mais condizente com os critérios previstos no ventilando a necessidade de reversão do reconhecimento da justa

artigo 791-A, § 2º, da CLT. causa e requerendo que lhe sejam deferidas as verbas suplicadas

JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. em sede de reconvenção.

Na liquidação, a apuração de juros de mora e correção monetária Contrarrazões da consignante/reconvinda pela manutenção da

deve observar a modulação estabelecida pela Corte Suprema do sentença.

STF no julgamento das ações declaratórias de constitucionalidade Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho

de nºs 58 e 59 e ações diretas de inconstitucionalidade de nºs 5867 para emissão de parecer.

e 6021 (acórdão publicado em 07/04/2021).

Recurso Ordinário do consignado/reconvinte conhecido e

parcialmente provido. FUNDAMENTAÇÃO

ADMISSIBILIDADE

RELATÓRIO Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de

admissibilidade, digno de conhecimento o recurso ordinário

interposto pelo consignado/reconvinte.

O Juízo de Origem proferiu sentença em cujo dispositivo concluiu MÉRITO

que: "ANTE O EXPOSTO E MAIS O QUE DOS AUTOS CONSTA, RUPTURA DO CONTRATO DE TRABALHO. EXISTÊNCIA OU

DECIDO: 1.NA PRESENTE AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM NÃO DA JUSTA CAUSA

PAGAMENTO AJUIZADA POR M C F DE SOUZA A sentença chancelou a justa causa atribuída ao

ADMINISTRAÇÃO EM HOTELARIA LTDA (Consignante) consignado/reconvinte (concorrência desleal - art.482, alínea "c", da

Assinado eletronicamente por: ANA PAULA BARROSO CLT). Eis adiante o fundamento:

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"3.2. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. sua deflagração.

Narra o reconvinte que foi dispensado por justa causa em Alegada em juízo, incumbe ao empregador comprovar que o obreiro

29/03/2020. incidiu numa das hipóteses elencadas no art. 482 consolidado, por

Pretende a reversão de sua dispensa por justa causa, com o ser fato impeditivo do direito às verbas rescisórias vindicadas, não

deferimento dos direitos correlatos. se olvidando, ainda, do princípio da continuidade da relação de

Sustenta o consignatário/reconvinte que não procede a tese de emprego, que gera presunção favorável ao empregado.

concorrência desleal apresentada pela consignante/reconvinda e Desse ônus se desincumbiu plenamente o empregador. Senão

explica que "(...) no dia 29 de março de 2021, o Reclamante foi vejamos.

convocado por sua gerente, Sra. Lidiane Moreira, para uma reunião Após bem observar as considerações e as provas apresentadas

na qual a mesma e o advogado da empresa Dirceu Antônio Brito pelas partes em cizânia, concluo que a consignante/ reconvinda

Jorge , tentaram coagir o reclamante a assinar sua demissão por conseguiu demonstrar elementos suficientes a propiciar a convicção

JUSTA CAUSA, alegando que o motivo do desligamento seria o desta magistrada quanto a alegada justa causa obreira.

desvio de sabonete é o desvio de hospedagem, intimidando e No caso, o acervo probatório evidencia que o empregado praticou

constrangendo o mesmo, o reclamante então se recusou a assinar concorrência desleal, uma vez que durante o horário de trabalho

quaisquer documentos, pois o mesmo não tem conhecimento de para a ré praticava negociação habitual por conta própria, sem o

tais alegações (...)". (sic, reconvenção, fl.38). conhecimento e permissão da empregadora, sendo prejudicial ao

Requer a reversão da justa causa, com o consequente pagamento serviço e reduzindo o faturamento da empresa.

das verbas atinente à dispensa injusta Cumpre asseverar, que a consignante/reconvinda anexou aos autos

Em tese defensiva, a empresa sustentou que a dispensa por justa prints de diálogos de whatsapp, às fls. 59/65, comprovando que o

causa ocorreu pela prática e concorrência desleal, hipótese prevista consignado/ reconvinte encaminhava a um Sr. de nome "Davi", por

na alínea e "c" do art. 482 da CLT. conta própria e sem permissão do empregadora, a estadia de

Defendeu que : " (...) o Sr. João Fábio da Silva, de forma rotineira, turistas que estavam na recepção da empregadora em busca de

procedia com atos de concorrência à empresa para a qual hospedagem, de modo a resultar em ato de concorrência à empresa

trabalhava, pois vendia e encaminhava hóspedes para para a qual trabalha, bem como prejuízos ao serviço.

concorrentes que exploram o mesmo condomínio. A priori, ressalto que, embora o autor, em depoimento pessoal,

Para melhor entendimento, o Sr. Fábio trabalhava para a empresa tenho sustentado que " era proibido de falar com o Sr. Davi assim

MCF, que explora a hotelaria no condomínio Kariri Beach como todo mundo da consignante; que o SR. Davi não trabalhava

Residence. No mesmo condomínio existem outras empresas que para a consignante, mas para outro hotel, que o reclamante não

também alugam seus quartos /apartamentos. O Sr. Fábio, sabe qual é", na verdade, restou evidenciado que o obreiro e o Sr.

empregado da MCF, encaminhava hóspedes para outras empresas, Davi tinham uma verdadeira parceria comercial na qual o

tirando assim a clientela da própria empresa em que trabalhava. empregado, em horário de trabalho, repassava clientes ao aludido

Para isso, fechava comissões com as demais empresas que senhor para que o mesmo realizasse a venda de hospedagens

receberiam o hóspede." (sic, contestação, fl.54). iguais às comercializadas pela reclamada em detrimento do

Dessa forma, sustenta que a dispensa atacada na exordial foi empregador que deixava de lucrar com os clientes que o obreiro

motivada pela prática de concorrência desleal do empregado. repassava ao Sr. Davi.

Pugna pela improcedência dos pedidos formulados na reconvenção. Com efeito, os "prints" das conversas anexadas aos autos, se não

Pois bem. comprovam a negociação habitual, são indubitáveis no sentido de

A controvérsia gira em torno da modalidade de dispensa e dos mau procedimento do empregado. Deveras, o mau proceder do

valores correspondentes às verbas rescisórias. empregado, autoriza o empregador a realizar a sua dispensa por

A justa causa é conduta tipificada em lei, art. 482 da CLT que, se justa causa.

praticada, tem o condão de romper com a necessária confiança Cabe ressaltar também que não prospera a alegação de invalidade

mútua entre as partes, possibilitando a resolução do contrato de dos documentos juntados pela reclamada, pois o consignado

emprego com ônus para o obreiro. /reconvinte não suscitou incidente de falsidade documental, nos

É cediço, que a dispensa por justa causa, face à natureza do ato e termos do art. 430 do CPC.

suas consequências morais e financeiras prejudiciais ao obreiro, Ademais, a testemunha ouvida a convite do autor esclareceu que:

merece prova irrefutável, por parte da empregadora, da causa de "conhece o Sr. Davi, que é responsável pelo restaurante Manacá,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 332
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localizado dentro do Kariri Beach e responsável pela locação de excessivo pela empregadora.

alguns apartamentos localizados dentro do Hotel Kariri Beach; que Por corolário, considerada subsistente a justa causa aplicada pela

essas locações feitas pelo Sr. Davi também chama Locações consignate/reconvinda, julgo improcedentes os pedidos de:

Manacá (...) " ( sic, ata de audiência, fls. 68/69). reversão da justa causa, aviso prévio indenizado e a sua projeção,

Destarte, prova dos autos demonstra, de fato, a prática do férias proporcionais com adicional de 1/3, 13º salário proporcional,

reclamante de, durante a jornada e trabalho e com uso dos multa rescisória de 40% sobre depósitos de FGTS, de expedição de

instrumentos do empregador, repassar clientes para a empresa alvará para soerguimento do FGTS já depositado, multas previstas

concorrente da ré reduzindo-lhe o faturamento e causando-lhe nos artigos art. 477 e 467, da CLT e de indenização substitutiva do

prejuízo. benefício do seguro desemprego.

Decerto, feriu o obreiro o dever de lealdade e fidelidade, que devem Improcedente o pleito de saldo salarial, tendo em vista que tal verba

ser cumpridos pelas partes no cumprimento do contrato de trabalho. constou no TRCT de fls.12/13, não impugnado pelo reclamante.

Nesse sentido, entendo que a conduta do autor desestrutura a Outrossim, o aviso de dispensa do autor evidencia que o obreiro

fidúcia necessária de qualquer contrato laboral e torna insustentável laborou, de fato, apenas 26 dias no mês de março de 2021."

a manutenção do contrato de trabalho. O recurso é enfático na consideração de que não há prova da

Demais disso, o obreiro não produziu provas capazes de alegada justa causa obreira, porquanto, nos "print's" de conversas

desconstituir a tese de sua ex-empregadora e as juntadas aos autos do whatsApp, que conduziram o juízo a acatar a tese patronal, não

comprovaram a má-fé do obreiro. haveria vinculação ou citação ao nome do consignado/reconvinte,

Desta feita, diante do conjunto probatório sinalizando a pelo que inexistiriam condições suficientes para reconhecer que

responsabilização do consignado/reconvinte, e tendo em vista que o enviou referidas mensagens, as quais, no entender sentencial,

empregado não produziu nenhuma prova de que a empresa sabia e demonstrariam a conduta de concorrência desleal. Suscita ainda a

autorizou que ele, no horário de trabalho dedicado à reclamada e falta de produção de prova testemunhal pela parte adversa, o

fazendo uso dos instrumentos e local de trabalho disponibilizado art.225 do CC e o princípio do in dubio pro operario.

pela empresa, fizesse negócios no mesmo ramo de atividade da Analisa-se.

reclamada em benefício próprio, em detrimento do empregador, Na espécie, a consignante/reconvinda (empresa do ramo de

reputo demonstrado a prática de ato de concorrência à empresa hotelaria) sustenta que o consignado/reconvinte, na condição de

para a qual trabalha o empregado. seu empregado (recepcionista), incorreu na falta de concorrência

Entendo que a reclamada empregou o poder disciplinar de modo desleal descrita no art.482, "c" da CLT, visto que teria, de forma

legítimo e idôneo na medida que a relação de trabalho dever ser rotineira, em conluio com representante de empresa concorrente

pautada pela confiança e pelo respeito mútuos, incumbindo ao (Sr. Davi), encaminhado hóspedes para esta, que também explora o

empregado portar-se de forma ética e profissional. mesmo condomínio, recebendo comissões por tais atos e causando

Logo, no presente caso, infiro não seria razoável o empregador perda de faturamento para a empregadora. Confira-se a íntegra dos

manter o posto de serviço de um empregado em que ele não mais argumentos apresentados na contestação à reconvenção:

confia, conduta que também poderia incentivar aos colegas do "Conforme comprovado pelas provas ora anexadas aos autos, o Sr.

reclamante a agir do mesmo modo. João Fábio da Silva, de forma rotineira, procedia com atos de

De outro giro, entendo tampouco seria justo reverter a justa causa concorrência à empresa para a qual trabalhava, pois vendia e

aplicada, impondo à reclamada todos os ônus dessa modalidade de encaminhava hóspedes para concorrentes que exploram o

extinção do pacto laboral. mesmo condomínio.

Destarte, não posso deixar de concluir que a Reclamada aplicou Para melhor entendimento, o Sr. Fábio trabalhava para a empresa

corretamente a justa causa ao Reclamante. MCF, que explora a hotelaria no condomínio Kariri Beach

Sem dúvida, a prática de concorrência desleal é pena gravíssima Residence. No mesmo condomínio existem outras empresas que

que enseja a aplicação imediata de demissão por justa causa. também alugam seus quartos/apartamentos. O Sr. Fábio,

Assim, caracterizada a concorrência desleal, na forma do artigo empregado da MCF, encaminhava hóspedes para outras empresas,

482, alínea "c", da CLT, fica mantida a dispensa por justa causa. tirando assim a clientela da própria empresa em que trabalhava.

No que se refere à alegação de que era tratado com rigor Para isso, fechava comissões com as demais empresas que

excessivo, destaco que o empregado não narrou, tampouco receberiam o hóspede.

comprovou qualquer situação em que foi tratado com rigor Como o Sr. Fábio trabalhava na recepção da empresa MCF, este

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tinha fácil acesso aos hóspedes que buscavam hospedagens ou vedação da dupla punição, gradação de penalidades (vinculado

diretamente no balcão, ocasião em que o mesmo, "desviava" esse ao intuito pedagógico de ressocializar o empregado no ambiente

hóspede para outras empresas, causando perda de faturamento laboral), sendo evidente que este critério pedagógico da gradação

para a empresa MCF, como também caracterizando ato de não é absoluto, porquanto há falta que, por sua intensa gravidade,

concorrência. enseja, de imediato, a aplicação da justa causa.

Além disso, o Sr. Fábio, conforme ele mesmo narra em suas A justa causa insere-se no âmbito do poder disciplinar do

conversas, constituiu uma empresa (www.cearatour.com), na qual a empregador. Assim, entre os instrumentos de que dispõe o

mesma explora o receptive turístico, com venda de pacotes de empregador para punir seu empregado faltante, é a dispensa

hospedagem. motivada a medida mais severa para o obreiro, o qual vai ficar sem

Verifica-se também nas conversas, que o Sr. Fábio atuava em o emprego.

conluio com representantes (Sr. Davi) de outra empresa que aluga Logo, o ato faltoso que a enseja deve ser demonstrado pelo

quartos no Condomínio Kariri Beach Residence, ao usar materiais empregador que a defende (arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC) à

de propriedade da empresa MCF para abastecer os quartos exaustão, de forma robusta e cabal, posto se tratar a justa causa da

pertencentes a outras empresas. penalidade extrema imposta ao empregado que envolve fatos

A MCF, que explora a hotelaria, tem todo um estoque de materiais extraordinários, conflitantes com o princípio da continuidade da

para abastecer os quartos de hóteis que estão sob sua relação de emprego, por conta do qual se pressupõe não ser de

administração, sendo de sua obrigação a manutenção, limpeza e iniciativa do trabalhador pôr fim à relação contratual de trabalho, e

abastecimentos tão somente daquelas unidades. que refletem na vida funcional, social, econômica e familiar do

Comprova-se que o Sr. Davi solicitava ao Sr. Fábio sabonetes para trabalhador.

abastecimento de quartos que não pertencem à empresa MCF, Segundo o art.482, "c", da CLT, configura justa causa para quebra

retirando o produto adquirido pela MCF de seu estoque para do pacto laboral a "negociação habitual por conta própria ou alheia

utilização em uma unidade pertencente a outra empresa, pela qual sem permissão do empregador, e quando constituir ato de

a MCF não tinha qualquer faturamento. concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for

Sendo asism, a empresa MCF, além de suportar perdas com o prejudicial ao serviço"

"desvio" de hóspedes para concorrentes, atitude esta praticada pelo Ora, nada obstante a consignante/reconvinda denuncie prática de

proprio funcionário Fábio, a empresa estava também suportanto concorrência desleal do empregado, tenta demonstrá-la com

prejuízo, ao perder material de sua propriedade. apresentação de prova apenas documental, consistente em fotos de

As atitudes do Sr. Fábio, além de caracterizar atos de conversas do aplicativo de WhatsApp, uma delas com teor ilegível

concorrência à empresa para a qual trabalhava(art. 482, C, da (fl.63), as quais, apesar de indicar o perfil de "Davi Condomínio",

CLT), justificando a dispensa por justa causa, estava cuasando não trazem qualquer identificação do titular da outra conta ou do

grandes prejuízos financeiros à empresa MCF. consignado/reconvinte como um dos interlocutores do diálogo, o

Portanto, pelos fatos e provas acima citados, resta evidente a que denota a fragilidade do material ofertado como prova, o qual,

legalidade da dispensa por justa causa, nos termos do artigo 842, C inclusive, foi devidamente impugnado pela parte adversa, conforme

da CLT, estando assim caracterizado atos de concorrência à fl.72 do Pdf.

empresa para a qual trabalhava." Sobressai-se ainda o fato de a consignante/reconvinda não haver

Consabido que o poder disciplinar patronal deriva do poder diretivo produzido qualquer prova oral que corroborasse sua tese e/ou o

e objetiva manter o organismo empresarial saudável e ordenado, conteúdo das aludidas conversas e, ao reverso, o

facultando ao empregador a aplicação de punições ao empregado consignado/reconvinte ter conduzido testemunha que declarou:

que descumpre as obrigações do pacto laboral e compromete a "que não tem conhecimento do consignatário, Sr. Fábio ter passado

fidúcia e a boa-fé da relação contratual. clientes para o Sr. Davi e nem para outro hotel; que não tem

Entretanto, não deve o poder disciplinar ser exercido de forma conhecimento de que a consignante ter acusado o Sr. Fábio de ter

arbitrária pelo empregador, encontrando limites na própria se apropriado de amenidades do hotel, tais como: shampoos,

legislação que lhe dá guarida, tanto que a aplicação de penalidades sabonetes, condicionadores;..."

impõe a observância de requisitos como: a gravidade do ato, a Assim, a única prova anexada aos autos pela

adequação e a proporcionalidade entre a falta e a pena cominada, a consignante/reconvinda não retrata segurança quanto à adoção da

imediatidade da punição, ausência de perdão tácito, singularidade alegada conduta concorrencial do obreiro (art.482, "c", da CLT) nem

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 334
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de que sua possível ocorrência tenha sido persistente e contínua, analisando os elementos de prova constantes dos autos, imprimiu à

repetida durante tempo considerável na contratualidade, ou de que lide o desfecho juridicamente correto nos temas mencionados:

tenha sido efetiva e potencialmente afrontosa ao contrato subscrito "3. DA RECONVENÇÃO

pelas partes e acarretado dolosamente relevante prejuízo à 3.1. DO VÍNCULO DE EMPREGO. PERÍODO CLANDESTINO.

consignante/reconvinda ou mudança em seu status patrimonial, ou Narra o consignado/ reconvinte que foi contratado pela reclamada

ainda prejudicado o desempenho funcional do trabalhador em favor em 18/09/2020 (com sua CTPS anotada somente em 22/12/2020),

da empregadora. para trabalhar na função de recepcionista.

Por corolário, dá-se parcial provimento ao recurso do Explica que: "Na verdade, Douto Julgador, os fatos narrados na

consignado/reconvinte para afastar a dispensa motivada, inicial não retratam a realidade, tendo em vista que o Reclamante

reconhecendo a rescisão sem justa causa do contrato de trabalho foi admitido pela reclamada no dia 18 de setembro de 2020, entanto

havido entre os litigantes, bem como, diante da falta de só teve sua CTPS anotada no dia 22 de dezembro 2020." (sic,

comprovação, condenar a consignante/reconvinda, no prazo de 48 inicial, fl.38).

após o trânsito em julgado, no pagamento das seguintes verbas, Requer, em razão dos fatos narrados, o reconhecimento do vínculo

com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do período empregatício a partir de 18/09/2020, com o consequente pagamento

contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos limites do do 13º salário de todo o período laborado, férias + 1/3, depósitos de

pedidos: aviso prévio indenizado (art.7º, XXI, da CF/88, art.487, §1º, FGTS de todo o período e multa de 40%.

da CLT, art.1º da Lei nº 12.506/11); 13º salário sobre aviso; férias Analiso.

sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias proporcionais Inicialmente, verifico que, no que concerne à alegação de que

mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre aviso prévio houve prestação de serviços no período anterior ao anotado na

indenizado mais multa de 40%. CTPS do obreiro, esclareço que, examinando o registro de

Condena-se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação empregado do autor carreado aos autos pela empresa à fl.15,

de baixa na CTPS do consignado/reconvinte, além de fornecer as constato que a admissão do consignado/reconvinte na empresa

guias necessárias à liberação do FGTS e habilitação junto ao reclamada se deu apenas em 22/12/2020 e não na data alegada na

seguro-desemprego, acaso perfaça os requisitos legais reconvenção.

necessários, nos termos da lei, pena de se converter a obrigação Pois bem.

em indenização substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do No presente caso, cabia ao empregado o ônus de demonstrar que

TST). foi admitido em 18/09/2020 e não na data constante na sua CTPS, a

Mantido, todavia, o indeferimento do saldo de salário, pois, como teor do disposto no artigo 40 da CLT e no art. 818, I da CLT.

dito na sentença: "tal verba constou no TRCT de fls.12/13, não Ocorre que meras alegações, sem provas ou evidências dos fatos,

impugnado pelo reclamante. Outrossim, o aviso de dispensa do são insuficientes para elidir a presunção relativa de veracidade

autor evidencia que o obreiro laborou, de fato, apenas 26 dias no impingida às anotações constantes na CTPS, nos termos do artigo

mês de março de 2021." 40 da CLT e da Súmula 12 do Eg. TST.

Ante a controvérsia estabelecida nos autos, de se manter também o Desse modo, presumem-se verdadeiras as anotações constantes

indeferimento da multa do art.467 da CLT. na CTPS do obreiro.

MATÉRIA REMANESCENTE Com efeito, da análise do conjunto fático probatório produzido nos

Com relação aos(às) demais temas/verbas: reconhecimento de autos não há como presumir prestação de serviços pelo empregado

vínculo de emprego no período anterior ao anotado na carteira em período anterior à anotação na CTPS.

profissional, horas extras, intervalo intrajornada, adicional No caso em exame, o consignado/reconvinte não produziu

noturno e diferenças salariais por desvio de função/acúmulo de nenhuma prova que amparasse a sua tese de labor em período

função, de fato o consignado/reconvinte não colacionou prova clandestino e elidisse a presunção de veracidade das anotações

satisfatória de suas alegações, não tendo sua testemunha sequer constantes em sua CTPS, pelo que as tenho como verdadeiras.

comprovado a jornada declinada na reconvenção, de sorte que, Assim, por se tratar de fato constitutivo do direito do empregado

com o uso da técnica de fundamentação per relationem, a qual (artigo 818, I, da CLT), o fardo probatório é do obreiro.

atende as exigências legais de motivação das decisões judiciais e é Nessa toada, na medida em que o consignado/reconvinte não se

plenamente autorizada pela Corte Suprema, adotam-se, como desincumbiu a contento de seu encargo (CLT, art. 818) e em face

razões de decidir, os fundamentos do juízo de origem, que, da presunção relativa de veracidade das anotações da sua CTPS

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 335
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(artigo 40 da CLT), julgo improcedente o pedido de reconhecimento pedido de horas extras e reflexos.

do vínculo de emprego no período anterior ao registrado na Carteira Avanço.

de Trabalho e Previdência Social do obreiro, bem como os demais Outrossim, a alegação do empregado de que laborava das 22:00 às

pedidos decorrentes. 07:30h não restou comprovada, uma vez que a prova produzida, foi

Em consequência, improcede o pedido de pagamento das verbas no sentido de que o consignado/reconvinte encerrava seu

referentes a esse período, tais como, férias acrescidas de 1/3, 13º expediente às 22 horas. Logo, julgo improcedente o pleito de

salários e FGTS e multa de 40 %." adicional noturno e reflexos por cogitarem de verbas acessórias.

(...) Por fim, julgo improcedente o pedido de horas extras e reflexos por

3.3. HORAS EXTRAS, EXTRAPOLAÇÃO DA JORNADA E NÃO suposto descumprimento do intervalo interjornada assegurado pelo

FRUIÇÃO DE INTERVALO INTERJORNADA. ADICIONAL artigo 66 da CLT, eis que sempre foi respeitado o período mínimo

NOTURNO. de onze horas consecutivas para descanso, restando incólume a

Explica o obreiro que: (...) trabalhava de terça a domingo, no horário norma prevista naquele dispositivo.

de 14:00 as 22:00 e todas as quartas e quintas das 22:00 as 07:30, 3.4. DESVIO DE FUNÇÃO/ACÚMULO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS

sem intervalo de repouso perfazendo assim 54 horas semanais, SALARIAIS.

portanto extrapolava em 10 horas, quando o correto seria somente O consignado/reconvinte alega, na sua inicial, que apesar de ter

44 horas semanais, desta forma faz jus a 52 horas e 40 minutos as sido contratado para exercer a função de recepcionista, era

horas extras, das quais essas repercutem nas demais verbas compelida pela reclamada a realizar diariamente atividades de

trabalhistas, devendo ser pagas com adicional de 50%." (sic zelador, camareiro, mensageiro, manobrista, eletricista e fazia a

reconvenção, fl.40). manutenção da informática.

Ressalta que não recebia pelo labor prestado em sobrejornada, A reclamada, por sua vez, explica que: "O empregado exercia tão

razão por que requer o pagamento das extras semanais com somente a função de recepcionista, não existindo qualquer acumulo

acréscimo de 50%, tanto pela extrapolação da jornada semanal, de funções. Improcedente as alegações do empregado."

quanto pela não concessão do intervalo interjornada, além dos (contestação, fl.56).

reflexos sobre FGTS, multa de 40%, aviso prévio, férias, multa de Pois bem.

467 da CLT e multa do artigo 477 da CLT. Em relação ao desvio de função, cumpre destacar que o desvio ou

Em tese defensiva, a empresa impugnou o horário de trabalho acúmulo de função ocorre quando o trabalhador, em vez de exercer

acima descrito e defendeu que: "O empregado labora na função de as tarefas para as quais foi contratado, é direcionado para outros

recepcionista, no horário de 14h às 22;20, com intervalo de 1 hora, serviços, de maior volume, complexidade ou que exigem maior

inexistindo hora extra." (sic, contestação, fl.56) qualificação, o que justificaria, portanto, maior remuneração.

Pois bem. Quanto ao ônus da prova, a empresa negou o desvio /acúmulo de

A testemunha ouvida a convite do autor afirmou: "(...) que a jornada função, razão pela qual é da parte autora o ônus probatório do

do reclamante e depoente era diversa; que a do depoente era exercício de função diversa daquela para qual fora contratada, por

cumprida 06h às 14h, com intervalo de uma hora mas que nem se tratar de fato constitutivo do seu direito, a esteio dos regramentos

sempre era usufruído completamente, com uma folga semanal que inscritos nos artigos 818 da CLT c/c 373, I do CPC.

recaía uma vez por mês aos domingo e as demais folgas durante a Como se sabe, o artigo 456, parágrafo único da CLT estabelece: "À

semana e já a do consignatário 14h às 22h, com intervalo de uma falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito,

hora mas que nem sempre era completamente, com uma folga entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer

semanal que recaía uma vez por mês aos domingo e as demais serviço compatível com a sua condição pessoal."

folgas durante a semana(...)"(sic, ata de audiência, fl.69). O consignado/ reconvinte não logrou demonstrar o alegado desvio

Sendo assim, concluo que é inverídica a jornada narrada pelo de função, não obstante fosse seu o ônus da prova quanto a este

Reclamante e considero que o obreiro trabalhava de acordo com a ponto, haja vista tratar-se de fato constitutivo de seu direito,

jornada sustentada pela empresa. Logo, diante do exposto, concluo portanto, concluo que o obreiro desempenhava as funções para as

que não restou ratificada a jornada afirmada na reconvenção, em quais fora contratado, não fazendo jus a qualquer adicional por

razão do que, resta improcedente este pleito. desvio de função.

Nesse contexto, entendo que a prova oral afastou completamente a Ademais, esclareço que o simples exercício de alguns serviços

jornada declinada pelo obreiro, pelo que julgo improcedente o associados a outras funções pertinentes com suas atribuições

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 336
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contratuais (CLT, artigo 456, parágrafo único), estão no contexto do FILHO, PUBLICADO EM 18/06/2010)."

jus variandi, que concede ao empregador o poder de atribuir as Sendo assim, por não ter comprovado que desempenhou serviço

atividades a serem desempenhadas pelo empregado, não incompatível com a função de recepcionista para a qual foi

traduzindo, portanto, instintivamente, a ocorrência de uma alteração contratado, julgo improcedente o pedidos de desvio de

ou desvio de função. função/acúmulo de função."

Com efeito, o Professor Maurício Godinho Delgado - Curso de Nada a reformar no tocante.

Direito do Trabalho 13ª ed. São Paulo: LTr, 2002, p. 1075 - ao falar DANOS MATERIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

do tema alteração de função, distingue, conceitualmente, tarefa e CONTRATUAIS. INDENIZAÇÃO DO ART. 404 DO CÓDIGO CIVIL

função, afirmando que a tarefa é "uma atividade laboral específica, Sustenta o consignado/reconvinte que: "É sabido que os

estrita e delimitada", ao passo que a função consiste na "reunião trabalhadores são obrigados a arcar com o pagamento de 20% do

coordenada e integrada de um conjunto de tarefas". Nessa toada, valor recebido para custear seu Advogado, o que lhe causa um

uma mesma função pode ser formada por várias tarefas. Significa evidente prejuízo, ficando o seu ex-empregador sem qualquer

dizer, para que se configure a alteração funcional objetiva "é preciso responsabilidade em ressarci-lo, numa manifesta injustiça, o que

que haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas resulta em recebimento pelo empregado de apenas 80% do que lhe

integrantes da enfocada função". era devido. Assente em direito de que quem causa prejuízo a

Por oportuno, colaciono os seguintes julgados: outrem deve ressarcir integralmente a parte contrária, à luz do que

"ACÚMULO DE FUNÇÕES NÃO CONFIGURADO - DIFERENÇAS dispõe os art. 389, 395 e art. 404, do Código Civil/2002.".

SALARIAIS INDEVIDAS I - Como leciona Maurício Godinho Não procede.

Delgado, -o simples exercício de algumas tarefas componentes de A postulação indenizatória do consignado/reconvinte

outra função não traduz, automaticamente, a ocorrência de uma correspondente ao ressarcimento por perdas e danos, em valor

efetiva alteração funcional no tocante ao empregado. É preciso que equivalente aos honorários contratuais do advogado, não encontra

haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas guarida na pacífica jurisprudência do c. TST, porquanto, no

integrantes da enfocada função para que se configure a alteração julgamento do incidente de Recursos de Revista Repetitivos (IRR-

funcional objetivada- . II - Assim, o exercício esporádico de função RR-341-06.2013.5.04.0011), o pleno daquele Tribunal, a fim de

diversa àquela para a qual foi contratado o empregado, desde que uniformizar o entendimento da Corte Superior sobre a matéria,

de igual ou menor complexidade, e durante a mesma jornada de definiu tese de inaplicabilidade do art. 404 do CC ao processo do

trabalho, já se encontra remunerado pelo salário contratual do trabalho. Confira-se:

empregado, sendo indevido o pagamento de acréscimo salarial. III - "INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO Nº 3. HONORÁRIOS

Na presente hipótese, não há qualquer prova produzida pelo autor a ADVOCATÍCIOS EM RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS TÍPICAS.

fim de comprovar suas alegações, ônus que lhe competia a teor do REQUISITOS DO ARTIGO 14 DA LEI Nº 5.584/70 E DAS

art. 818 da CLT. (TRT-1 - RO: 00015932320125010024 RJ , SÚMULAS Nos 219 E 329 DO TST. EFEITOS DE DIREITO

Relator: Evandro Pereira Valadao Lopes, Data de Julgamento: INTERTEMPORAL DECORRENTES DA GENERALIZAÇÃO DO

15/07/2014, Quinta Turma, Data de Publicação: 23/07/2014)" REGIME DE SUCUMBÊNCIA INTRODUZIDA PELA LEI Nº

"DESVIO DE FUNÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO. DIFERENÇAS 13.467/2017. Discute-se, no caso, a possibilidade de deferimento de

SALARIAIS INDEVIDAS. Não estando demonstrado, nos autos, que honorários advocatícios em reclamações trabalhistas típicas,

houve uma concentração significativa do conjunto de tarefas anteriores à edição e à vigência da Lei nº 13.467/2017, sem a

integrantes da enfocada função, eis que o simples exercício de observância de todos os requisitos constantes no artigo 14, caput e

algumas tarefas componentes de uma outra função não implica em §§ 1º e 2º, da Lei nº 5.584/70, tal como hoje ainda está previsto nas

uma efetiva alteração funcional, como decorreu in casu, deve ser Súmulas nos 219 e 329 do Tribunal Superior do Trabalho, em face

indeferido o pedido de diferença salarial, decorrente do desvio de do disposto no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de

funcional. RESPONSABILIDADE SUBISIDIÁRIA. Aplicação da l988, segundo o qual "o Estado prestará assistência jurídica integral

Súmula n.º 331, IV, do TST. O inadimplemento das obrigações e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos", inclusive a

trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade título de indenização por perdas e danos, nos termos dos artigos

subsidiária do tomador de serviços, quanto àquelas obrigações. 389 e 404 do Código Civil, definindo-se, ainda, as implicações de

(TRT - 20ª REGIÃO, PROCESSO Nº 0191900-96.2008.5.20.0006, direito intertemporal decorrentes da introdução do artigo 791-A da

RELATOR DESEMBARGADOR CARLOS DE MENEZES FARO CLT pela referida Lei nº 13.467, promulgada em 13 de julho de 2017

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e com vigência a partir de 11 de novembro de 2017. Fixam-se, com ainda permanece regulamentada pela referida lei especial; 6) São

força obrigatória (artigos 896-C da CLT, 927, inciso III, do CPC e 3º, inaplicáveis os artigos 389, 395 e 404 do Código Civil ao

inciso XXIII, da Instrução Normativa nº 39/2015 do TST), as Processo do Trabalho para fins de condenação ao pagamento

seguintes teses jurídicas: "1) Nas lides decorrentes da relação de de honorários advocatícios, nas lides decorrentes da relação

emprego, os honorários advocatícios, com relação às ações de emprego, objeto de ações ajuizadas antes do início da

ajuizadas no período anterior ao início de vigência da Lei nº vigência da Lei nº 13.467/2017, visto que, no âmbito da Justiça

13.467/2017, somente são cabíveis na hipótese prevista no artigo do Trabalho, essa condenação não se resolve pela ótica da

14 da Lei nº 5.584/70 e na Súmula nº 219, item I, do TST, tendo por responsabilidade civil, mas sim da sua legislação específica,

destinatário o sindicato assistente, conforme disposto no artigo 16 notadamente a Lei nº 5.584/70; 7) A condenação em honorários

do referido diploma legal, até então vigente (revogado advocatícios sucumbenciais prevista no artigo 791-A, caput e

expressamente pela Lei nº 13.725/2018) e no caso de assistência parágrafos, da CLT será aplicável apenas às ações propostas na

judiciária prestada pela Defensoria Pública da União ao beneficiário Justiça do Trabalho a partir de 11 de novembro de 2017, data do

da Justiça gratuita, consoante os artigos 17 da Lei nº 5.584/70 e 14 início da vigência da Lei nº 13.467/2017, promulgada em 13 de julho

da Lei Complementar nº 80/94, revelando-se incabível a de 2017, conforme já decidiu este Pleno, de forma unânime, por

condenação da parte vencida ao pagamento dessa verba honorária ocasião da aprovação do artigo 6º da Instrução Normativa nº

seja pela mera sucumbência, seja a título de indenização por 41/2018; 8) A deliberação neste incidente a respeito da Lei nº

perdas e danos, seja pela simples circunstância de a parte ser 13.467/2017 limita-se estritamente aos efeitos de direito

beneficiária da Justiça gratuita; 2) A ampliação da competência da intertemporal decorrentes das alterações introduzidas pela citada

Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional nº 45/2004 lei, que generalizou a aplicação do princípio da sucumbência em

acarretou o pagamento de honorários advocatícios com base tema de honorários advocatícios no âmbito da Justiça do Trabalho,

unicamente no critério da sucumbência apenas com relação às lides não havendo emissão de tese jurídica sobre o conteúdo em si e as

não decorrentes da relação de emprego, conforme sedimentado nos demais peculiaridades da nova disposição legislativa, tampouco

itens III e IV da Súmula nº 219 do TST, por meio, respectivamente, acerca da inconstitucionalidade do artigo 791-A, caput e § 4º, da

das Resoluções nos 174, de 24 de maio de 2011, e 204, de 15 de CLT". Ainda, à vista dos termos do artigo 927, § 3º, do CPC,

março de 2016, e no item 5 da Instrução Normativa nº 27, de 16 de aplicável ao Processo do Trabalho (artigo 769 da CLT c/c artigo 3º,

fevereiro de 2005; 3) Às demandas não decorrentes da relação de inciso XXIII, da Instrução Normativa nº 39/2015 do TST), como não

emprego, mas que já tramitavam na Justiça do Trabalho por força se está revisando ou alterando a jurisprudência anteriormente já

de norma legal expressa, relativas aos trabalhadores avulsos e pacificada pelo Tribunal Superior do Trabalho, não cabe proceder à

portuários, ex vi dos artigos 643, caput , e 652, alínea "a", inciso V, modulação dos efeitos desta decisão. PROCESSO AFETADO Nº

da CLT, são inaplicáveis o item 5 da Instrução Normativa nº 27/2005 TST-RR-341-06.2013.5.04.0011. RECURSO DE REVISTA.

do Tribunal Superior do Trabalho e o item III da Súmula nº 219 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULAS Nos 219 E 329 DO

desta Corte, porquanto a Constituição Federal, em seu artigo 7º, TST. AÇÃO AJUIZADA EM PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA

inciso XXXIV, equipara o avulso ao trabalhador com vínculo LEI Nº 13.467, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2017. O Tribunal

empregatício, sendo-lhe aplicável, portanto, o entendimento previsto Regional, ao sufragar a tese de ser possível a condenação ao

no item I da Súmula nº 219 desta Corte; 4) Às lides decorrentes da pagamento dos honorários advocatícios assistenciais pela simples

relação de emprego, objeto de ações propostas antes do início da circunstância de a reclamante ser beneficiária da Justiça gratuita,

vigência da Lei nº 13.467/2017, não se aplica a Súmula nº 234 do em virtude da declaração de pobreza firmada nos autos, malgrado

STF, segundo a qual ' são devidos honorários de advogado em esteja assistida por advogado particular, contrariou o precedente de

ação de acidente de trabalho julgada procedente ' ; 5) Não houve observância obrigatória, ora firmado neste julgamento de incidente

derrogação tácita do artigo 14 da Lei nº 5.584/1970 em virtude do de recursos repetitivos (IRR-341-06.2013.5.04.0011). Recurso de

advento da Lei nº 10.288/2001, que adicionou o § 10 ao artigo 789 revista conhecido e provido" (IRR-RR-341-06.2013.5.04.0011,

da CLT, reportando-se à assistência judiciária gratuita prestada Tribunal Pleno, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT

pelos sindicatos, e a superveniente revogação expressa desse 01/10/2021).

dispositivo da CLT pela Lei nº 10.537/2002 sem que esta Ademais, na hipótese, o recorrente sequer fez prova do alegado

disciplinasse novamente a matéria, pelo que a assistência judiciária contrato de prestação de serviços advocatícios.

prestada pela entidade sindical no âmbito da Justiça do Trabalho Recurso não provido no tocante.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 338
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS de 48 após o trânsito em julgado, no pagamento das seguintes

Ajuizada a presente ação na vigência da Lei nº 13.467/2017, verbas, com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do

imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, que autoriza a período contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos

condenação em honorários advocatícios pela simples sucumbência limites do pedidos: aviso prévio indenizado; 13º salário sobre aviso;

da parte. férias sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias

Logo, diante da sucumbência parcial da consignante/reconvinda, dá proporcionais mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre

-se parcial provimento ao recurso no particular para condená-la ao aviso prévio indenizado mais multa de 40% e honorários

pagamento da verba honorária, no percentual de 15% (quinze por advocatícios, no percentual de 15% (quinze) por cento do montante

cento) do montante liquidado, em favor do patrono do trabalhador liquidado, em favor do patrono do consignado/reconvinte. Condena-

(consignado/reconvinte), por representar patamar mais condizente se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação de baixa

com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. na CTPS, além de fornecer as guias necessárias à liberação do

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA DOS FGTS e habilitação junto ao seguro-desemprego, acaso o

CRÉDITOS TRABALHISTAS. PARÂMETROS FIXADOS PELO consignado/reconvinte perfaça os requisitos legais necessários, nos

STF termos da lei, pena de se converter a obrigação em indenização

Na liquidação, a apuração de juros de mora e correção monetária substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do TST). Atualização

deve observar a modulação estabelecida pela Corte Suprema do monetária e juros de mora consoante os parâmetros fixados pelo

STF no julgamento das ações declaratórias de constitucionalidade STF no julgamento das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 e

de nºs 58 e 59 e ações diretas de inconstitucionalidade de nºs 5867 6021. Contribuição previdenciária e imposto de renda, na forma da

e 6021 (acórdão publicado em 07/04/2021). lei e da Súmula 368 do TST. Custas processuais invertidas a cargo

RECOLHIMENTOS DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DO da consignante/reconvinda, no importe de R$ 100,00, calculadas

IMPOSTO DE RENDA sobre o valor de R$ 5.000,00, novo importe arbitrado à condenação.

Em relação à contribuição previdenciária, é devida apenas sobre as

parcelas de natureza salarial, devendo se observarem os itens IV e

V da Súmula 368 do c.TST que tratam do fato gerador das DISPOSITIVO

contribuições previdenciárias e da incidência de juros de mora e

multa a partir das previsões do art. 276, "caput", do Decreto nº

3.048/1999 e do art.43, §3º, da Lei nº 8.212/91, incluído pela Lei nº

11.941/2009.

Observe-se que o fato gerador das contribuições previdenciárias

decorrentes dos créditos trabalhistas reconhecidos em face do

trabalho realizado, a contar de 05.3.2009, é a efetiva prestação dos

serviços, incidindo os juros de mora a partir de então (regime de

competência - item V da Súmula 368 do c. TST e Lei nº 8.212/91). ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

Quanto ao imposto de renda, o cálculo fiscal deve atender ao art. 12 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

-A da Lei nº 7.713/1988, com a redação conferida pela Lei nº unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo

13.149/2015, a teor do item VI do sumulado em realce. consignado/reconvinte e dar-lhe parcial provimento para afastar a

dispensa motivada, reconhecendo a rescisão sem justa causa do

contrato de trabalho havido entre os litigantes, bem como, diante da

CONCLUSÃO DO VOTO falta de comprovação, condenar a consignante/reconvinda, no prazo

de 48 após o trânsito em julgado, no pagamento das seguintes

verbas, com observância do valor remuneratório de R$ 1.347,27, do

Conhecer do recurso ordinário interposto pelo período contratual (considerada a projeção do aviso prévio) e dos

consignado/reconvinte e dar-lhe parcial provimento para afastar a limites do pedidos: aviso prévio indenizado; 13º salário sobre aviso;

dispensa motivada, reconhecendo a rescisão sem justa causa do férias sobre o aviso mais 1/3; 13º salário proporcional; férias

contrato de trabalho havido entre os litigantes, bem como, diante da proporcionais mais 1/3, multa do art.477, §8º, da CLT; FGTS sobre

falta de comprovação, condenar a consignante/reconvinda, no prazo aviso prévio indenizado mais multa de 40% e honorários

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 339
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Intimado(s)/Citado(s):
advocatícios, no percentual de 15% (quinze) por cento do montante
- WN SERVICOS DE VIGILANCIA ARMADA EIRELI - ME
liquidado, em favor do patrono do consignado/reconvinte. Condena-

se, ainda, no mesmo prazo, a proceder à correta anotação de baixa

na CTPS, além de fornecer as guias necessárias à liberação do


PODER JUDICIÁRIO
FGTS e habilitação junto ao seguro-desemprego, acaso o
JUSTIÇA DO
consignado/reconvinte perfaça os requisitos legais necessários, nos

termos da lei, pena de se converter a obrigação em indenização

substitutiva (art.186 do CC e Súmula 389, II, do TST). Atualização EMENTA


monetária e juros de mora consoante os parâmetros fixados pelo

STF no julgamento das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 e

6021. Contribuição previdenciária e imposto de renda, na forma da DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO
lei e da Súmula 368 do TST. Custas processuais invertidas a cargo CABIMENTO.
da consignante/reconvinda, no importe de R$ 100,00, calculadas Incabível a denunciação da lide pretendida pela reclamada, uma
sobre o valor de R$ 5.000,00, novo importe arbitrado à condenação. vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho,
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais,
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se
Fortaleza, 18 de julho de 2022. vislumbra que o instituto acarrete a desejada celeridade ao deslinde

do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, há sim,

nos autos, documento da seguradora em que esta responde o

motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida


Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO vindicado pela autoria.
Relator INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. PREVISÃO
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. EM NORMA COLETIVA. DEFERIMENTO.

Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART empregado, o fez somente quando este já se encontrava internado
Diretor de Secretaria e em condição grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de

sorte que, conforme comprovado nos autos, o pagamento dos


Processo Nº ROT-0000364-27.2021.5.07.0030
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos
RECORRENTE WN SERVICOS DE VIGILANCIA dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na
ARMADA EIRELI - ME
ADVOGADO FRANCIMAR MAPURUNGA RIBEIRO regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a
MAGALHAES JUNIOR(OAB:
17629/CE) cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação
ADVOGADO CAMILA PONTES EGYDIO(OAB: do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em
26515/CE)
ADVOGADO PRISCILLA DA SILVEIRA FONSECA plena atividade profissional. Portanto, estão configurados todos os
RIBEIRO(OAB: 24060/CE)
elementos propulsores da obrigação de indenizar, pois o evento
RECORRIDO EDDIE FARLEY MOREIRA BRAGA
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: lesivo (não recebimento do valor do seguro de vida pelos
24882/CE)
dependentes do empregado) derivou de culpa da reclamada, a qual
RECORRIDO V.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: desrespeitou norma coletiva que prevê, para as empresas de
24882/CE)
vigilância, a obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes
RECORRIDO R.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: pessoais, de morte ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve
24882/CE)
negligência quanto ao dever de contratação correta da referida
RECORRIDO R.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: cobertura do trabalhador. À vista do exposto, concebem-se
24882/CE)
confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa
RECORRIDO LIVIA LUZ BARBOSA
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever
24882/CE)
patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 340
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido. terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso,

através do qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo poderá,

posteriormente, recorrer ao ressarcimento de terceiro.

RELATÓRIO De se ressaltar que não há dúvida de que é incabível a denunciação

da lide no processo do trabalho, quanto à hipótese elencada no

inciso I do art.125 do CPC.

O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC

vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar: nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da

"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado: denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do

indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$ CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015):

66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na "Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por

fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo, qualquer das partes:

como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio

sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os

acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a direitos que da evicção lhe resultam;

fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita." II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a

A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido

fls.169/181. no processo.

Contrarrazões da parte reclamante nos autos. (...)" (Grifado)

Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho. Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do

Trabalho tem firmado posição de que a aplicação da denunciação

da lide deve ser analisada caso a caso, considerando-se o interesse

FUNDAMENTAÇÃO do trabalhador na celeridade processual, a natureza alimentar dos

créditos trabalhistas, e a competência da Justiça do Trabalho para

julgar a controvérsia firmada entre denunciante e denunciado,

ADMISSIBILIDADE conforme se colhe das decisões abaixo:

Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso "AGRAVOS DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE E

ordinário da reclamada merece conhecimento. RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA

DENUNCIAÇÃO DA LIDE DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA

O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na

denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente

requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza

reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em

o mesmo indeferido." relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como

Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo

edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227 852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui

da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da

processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00

seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o (cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da

motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus, pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o

episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE

norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE -

e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais. EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a

Razão, contudo, não lhe assiste. edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível,

A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129 em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a

do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 341
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das

ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além hipóteses previstas no art. 114 da CF/88.

desta Justiça Especializada não possuir competência para Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação

solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se

como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao

fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada,

beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde

processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida,

nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega consoante fl.42 do Pdf.

provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por

Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022). se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na

"EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E processualística laboral posta na presente ação.

ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA

- INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de COLETIVA.

intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva

regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode, prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu

posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro

elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha de vida devido aos dependentes do empregado falecido.

sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento

Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes

Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do

analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na pagamento da indenização por parte da seguradora.

celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos Não prospera o intento recursal.

trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com

controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha

entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em

a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela 25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição

Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,

aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento

para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos

vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na

previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a

da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação

manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em

seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras plena atividade profissional.

denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da

apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do

dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto, valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou

o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita

contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a

desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte

Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto

Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.) ao dever de contratação correta da referida cobertura do

Pois bem. trabalhador.

No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho

para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 342
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

empregado - dever de prestar o trabalho - e de dar - pelo


Processo Nº ROT-0000364-27.2021.5.07.0030
empregador - pagar a contraprestação da remuneração, mas, ao Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
lado dessas, assumem os sujeitos obrigações acessórias relevantes RECORRENTE WN SERVICOS DE VIGILANCIA
ARMADA EIRELI - ME
de fazer e não-fazer, como a do empregador de implementar ADVOGADO FRANCIMAR MAPURUNGA RIBEIRO
MAGALHAES JUNIOR(OAB:
medidas preventivas de medicina, higiene e segurança do trabalho. 17629/CE)
À vista do exposto, concebem-se confirmadas a existência do dano ADVOGADO CAMILA PONTES EGYDIO(OAB:
26515/CE)
de natureza patrimonial e a culpa da empresa (omissão) para sua ADVOGADO PRISCILLA DA SILVEIRA FONSECA
RIBEIRO(OAB: 24060/CE)
ocorrência, residindo aí o dever patronal de indenizá-lo nos termos
RECORRIDO EDDIE FARLEY MOREIRA BRAGA
da CCT. ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)
Nada a reformar.
RECORRIDO V.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)
RECORRIDO R.L.B.
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)
RECORRIDO R.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)
Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe
RECORRIDO LIVIA LUZ BARBOSA
provimento. ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - EDDIE FARLEY MOREIRA BRAGA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO

unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar- CABIMENTO.

lhe provimento. Incabível a denunciação da lide pretendida pela reclamada, uma

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não

Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho,

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais,

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na

Fortaleza, 18 de julho de 2022. ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se

vislumbra que o instituto acarrete a desejada celeridade ao deslinde

do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, há sim,

nos autos, documento da seguradora em que esta responde o

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida

Relator vindicado pela autoria.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. PREVISÃO

EM NORMA COLETIVA. DEFERIMENTO.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do

Diretor de Secretaria empregado, o fez somente quando este já se encontrava internado

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 343
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

e em condição grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de ordinário da reclamada merece conhecimento.

sorte que, conforme comprovado nos autos, o pagamento dos DENUNCIAÇÃO DA LIDE

valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de

dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o

regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte

cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta

do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em o mesmo indeferido."

plena atividade profissional. Portanto, estão configurados todos os Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a

elementos propulsores da obrigação de indenizar, pois o evento edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227

lesivo (não recebimento do valor do seguro de vida pelos da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o

dependentes do empregado) derivou de culpa da reclamada, a qual processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a

desrespeitou norma coletiva que prevê, para as empresas de seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o

vigilância, a obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus,

pessoais, de morte ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em

negligência quanto ao dever de contratação correta da referida norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa

cobertura do trabalhador. À vista do exposto, concebem-se e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais.

confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa Razão, contudo, não lhe assiste.

da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129

patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar. do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de

Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido. terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso,

através do qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo poderá,

posteriormente, recorrer ao ressarcimento de terceiro.

RELATÓRIO De se ressaltar que não há dúvida de que é incabível a denunciação

da lide no processo do trabalho, quanto à hipótese elencada no

inciso I do art.125 do CPC.

O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC

vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar: nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da

"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado: denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do

indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$ CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015):

66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na "Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por

fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo, qualquer das partes:

como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio

sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os

acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a direitos que da evicção lhe resultam;

fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita." II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a

A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido

fls.169/181. no processo.

Contrarrazões da parte reclamante nos autos. (...)" (Grifado)

Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho. Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do

Trabalho tem firmado posição de que a aplicação da denunciação

da lide deve ser analisada caso a caso, considerando-se o interesse

FUNDAMENTAÇÃO do trabalhador na celeridade processual, a natureza alimentar dos

créditos trabalhistas, e a competência da Justiça do Trabalho para

julgar a controvérsia firmada entre denunciante e denunciado,

ADMISSIBILIDADE conforme se colhe das decisões abaixo:

Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso "AGRAVOS DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE E

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 344
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser

DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente

CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma

vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a

transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação

econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a

relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de

referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras

852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a

recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum

indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00 dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto,

(cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém

pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo

reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de

INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE - Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins

EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.)

edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível, Pois bem.

em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente

Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada

que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das

ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além hipóteses previstas no art. 114 da CF/88.

desta Justiça Especializada não possuir competência para Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação

solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se

como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao

fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada,

beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde

processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida,

nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega consoante fl.42 do Pdf.

provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por

Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022). se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na

"EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E processualística laboral posta na presente ação.

ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA

- INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de COLETIVA.

intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva

regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode, prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu

posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro

elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha de vida devido aos dependentes do empregado falecido.

sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento

Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes

Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do

analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na pagamento da indenização por parte da seguradora.

celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos Não prospera o intento recursal.

trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com

controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha

entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em

a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela 25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 345
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,

conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-

regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a lhe provimento.

cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

plena atividade profissional. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do Fortaleza, 18 de julho de 2022.

valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou

de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita

na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a

obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto Relator

ao dever de contratação correta da referida cobertura do FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

trabalhador.

Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo Diretor de Secretaria

empregado - dever de prestar o trabalho - e de dar - pelo


Processo Nº ROT-0000364-27.2021.5.07.0030
empregador - pagar a contraprestação da remuneração, mas, ao Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
lado dessas, assumem os sujeitos obrigações acessórias relevantes RECORRENTE WN SERVICOS DE VIGILANCIA
ARMADA EIRELI - ME
de fazer e não-fazer, como a do empregador de implementar ADVOGADO FRANCIMAR MAPURUNGA RIBEIRO
MAGALHAES JUNIOR(OAB:
medidas preventivas de medicina, higiene e segurança do trabalho. 17629/CE)
À vista do exposto, concebem-se confirmadas a existência do dano ADVOGADO CAMILA PONTES EGYDIO(OAB:
26515/CE)
de natureza patrimonial e a culpa da empresa (omissão) para sua ADVOGADO PRISCILLA DA SILVEIRA FONSECA
RIBEIRO(OAB: 24060/CE)
ocorrência, residindo aí o dever patronal de indenizá-lo nos termos
RECORRIDO EDDIE FARLEY MOREIRA BRAGA
da CCT. ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)
Nada a reformar.
RECORRIDO V.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)
RECORRIDO R.L.B.
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)
RECORRIDO R.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)
Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe
RECORRIDO LIVIA LUZ BARBOSA
provimento. ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - V.L.B.

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 346
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado:

indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$

DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO 66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na

CABIMENTO. fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo,

Incabível a denunciação da lide pretendida pela reclamada, uma como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de

vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação

se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho, acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a

prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais, fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita."

ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às

ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se fls.169/181.

vislumbra que o instituto acarrete a desejada celeridade ao deslinde Contrarrazões da parte reclamante nos autos.

do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, há sim, Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho.

nos autos, documento da seguradora em que esta responde o

motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida

vindicado pela autoria. FUNDAMENTAÇÃO

INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. PREVISÃO

EM NORMA COLETIVA. DEFERIMENTO.

Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do ADMISSIBILIDADE

empregado, o fez somente quando este já se encontrava internado Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso

e em condição grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de ordinário da reclamada merece conhecimento.

sorte que, conforme comprovado nos autos, o pagamento dos DENUNCIAÇÃO DA LIDE

valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de

dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o

regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte

cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta

do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em o mesmo indeferido."

plena atividade profissional. Portanto, estão configurados todos os Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a

elementos propulsores da obrigação de indenizar, pois o evento edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227

lesivo (não recebimento do valor do seguro de vida pelos da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o

dependentes do empregado) derivou de culpa da reclamada, a qual processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a

desrespeitou norma coletiva que prevê, para as empresas de seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o

vigilância, a obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus,

pessoais, de morte ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em

negligência quanto ao dever de contratação correta da referida norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa

cobertura do trabalhador. À vista do exposto, concebem-se e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais.

confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa Razão, contudo, não lhe assiste.

da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129

patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar. do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de

Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido. terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso,

através do qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo poderá,

posteriormente, recorrer ao ressarcimento de terceiro.

RELATÓRIO De se ressaltar que não há dúvida de que é incabível a denunciação

da lide no processo do trabalho, quanto à hipótese elencada no

inciso I do art.125 do CPC.

O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC

vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar: nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 347
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega

CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015): provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator

"Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022).

qualquer das partes: "EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO

foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os - INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de

direitos que da evicção lhe resultam; intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode,

indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses

no processo. elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha

(...)" (Grifado) sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no

Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação

Trabalho tem firmado posição de que a aplicação da denunciação Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser

da lide deve ser analisada caso a caso, considerando-se o interesse analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na

do trabalhador na celeridade processual, a natureza alimentar dos celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos

créditos trabalhistas, e a competência da Justiça do Trabalho para trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a

julgar a controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme

conforme se colhe das decisões abaixo: entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou

"AGRAVOS DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE E a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela

RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser

DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente

CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma

vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a

transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação

econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a

relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de

referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras

852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a

recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum

indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00 dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto,

(cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém

pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo

reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de

INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE - Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins

EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.)

edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível, Pois bem.

em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente

Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada

que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das

ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além hipóteses previstas no art. 114 da CF/88.

desta Justiça Especializada não possuir competência para Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação

solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se

como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao

fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada,

beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde

processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 348
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

consoante fl.42 do Pdf. da CCT.

Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por Nada a reformar.

se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na

processualística laboral posta na presente ação.

INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA CONCLUSÃO DO VOTO

COLETIVA.

A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva

prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe

ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro provimento.

de vida devido aos dependentes do empregado falecido.

A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento

da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes DISPOSITIVO

do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do

pagamento da indenização por parte da seguradora.

Não prospera o intento recursal.

Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com

base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha

contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em

25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição

grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,

conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-

regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a lhe provimento.

cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

plena atividade profissional. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do Fortaleza, 18 de julho de 2022.

valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou

de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita

na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a

obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto Relator

ao dever de contratação correta da referida cobertura do FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

trabalhador.

Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo Diretor de Secretaria

empregado - dever de prestar o trabalho - e de dar - pelo


Processo Nº ROT-0000364-27.2021.5.07.0030
empregador - pagar a contraprestação da remuneração, mas, ao Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
lado dessas, assumem os sujeitos obrigações acessórias relevantes RECORRENTE WN SERVICOS DE VIGILANCIA
ARMADA EIRELI - ME
de fazer e não-fazer, como a do empregador de implementar ADVOGADO FRANCIMAR MAPURUNGA RIBEIRO
MAGALHAES JUNIOR(OAB:
medidas preventivas de medicina, higiene e segurança do trabalho. 17629/CE)
À vista do exposto, concebem-se confirmadas a existência do dano ADVOGADO CAMILA PONTES EGYDIO(OAB:
26515/CE)
de natureza patrimonial e a culpa da empresa (omissão) para sua ADVOGADO PRISCILLA DA SILVEIRA FONSECA
RIBEIRO(OAB: 24060/CE)
ocorrência, residindo aí o dever patronal de indenizá-lo nos termos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 349
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRIDO EDDIE FARLEY MOREIRA BRAGA


elementos propulsores da obrigação de indenizar, pois o evento
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) lesivo (não recebimento do valor do seguro de vida pelos
RECORRIDO V.L.B.
dependentes do empregado) derivou de culpa da reclamada, a qual
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) desrespeitou norma coletiva que prevê, para as empresas de
RECORRIDO R.L.B.
vigilância, a obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) pessoais, de morte ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve
RECORRIDO R.L.B.
negligência quanto ao dever de contratação correta da referida
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) cobertura do trabalhador. À vista do exposto, concebem-se
RECORRIDO LIVIA LUZ BARBOSA
confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever

Intimado(s)/Citado(s): patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar.

- R.L.B. Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido.

RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos


EMENTA vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar:

"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado:

indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$


DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO 66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na
CABIMENTO. fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo,
Incabível a denunciação da lide pretendida pela reclamada, uma como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de
vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação
se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho, acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a
prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais, fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita."
ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às
ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se fls.169/181.
vislumbra que o instituto acarrete a desejada celeridade ao deslinde Contrarrazões da parte reclamante nos autos.
do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, há sim, Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho.
nos autos, documento da seguradora em que esta responde o

motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida

vindicado pela autoria. FUNDAMENTAÇÃO


INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. PREVISÃO

EM NORMA COLETIVA. DEFERIMENTO.

Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do ADMISSIBILIDADE


empregado, o fez somente quando este já se encontrava internado Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso
e em condição grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de ordinário da reclamada merece conhecimento.
sorte que, conforme comprovado nos autos, o pagamento dos DENUNCIAÇÃO DA LIDE
valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de
dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o
regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte
cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta
do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em o mesmo indeferido."
plena atividade profissional. Portanto, estão configurados todos os Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a

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edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227 852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui

da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da

processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00

seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o (cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da

motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus, pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o

episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE

norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE -

e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais. EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a

Razão, contudo, não lhe assiste. edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível,

A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129 em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a

do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em

terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso, que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial

através do qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo poderá, ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além

posteriormente, recorrer ao ressarcimento de terceiro. desta Justiça Especializada não possuir competência para

De se ressaltar que não há dúvida de que é incabível a denunciação solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal

da lide no processo do trabalho, quanto à hipótese elencada no como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático

inciso I do art.125 do CPC. fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como

Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao

nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se

denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega

CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015): provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator

"Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022).

qualquer das partes: "EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO

foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os - INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de

direitos que da evicção lhe resultam; intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode,

indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses

no processo. elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha

(...)" (Grifado) sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no

Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação

Trabalho tem firmado posição de que a aplicação da denunciação Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser

da lide deve ser analisada caso a caso, considerando-se o interesse analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na

do trabalhador na celeridade processual, a natureza alimentar dos celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos

créditos trabalhistas, e a competência da Justiça do Trabalho para trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a

julgar a controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme

conforme se colhe das decisões abaixo: entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou

"AGRAVOS DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE E a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela

RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser

DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente

CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma

vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a

transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação

econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a

relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de

referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras

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denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da

apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do

dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto, valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou

o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita

contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a

desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte

Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto

Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.) ao dever de contratação correta da referida cobertura do

Pois bem. trabalhador.

No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho

para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo

empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das empregado - dever de prestar o trabalho - e de dar - pelo

hipóteses previstas no art. 114 da CF/88. empregador - pagar a contraprestação da remuneração, mas, ao

Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação lado dessas, assumem os sujeitos obrigações acessórias relevantes

proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se de fazer e não-fazer, como a do empregador de implementar

vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao medidas preventivas de medicina, higiene e segurança do trabalho.

deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, À vista do exposto, concebem-se confirmadas a existência do dano

há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde de natureza patrimonial e a culpa da empresa (omissão) para sua

o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida, ocorrência, residindo aí o dever patronal de indenizá-lo nos termos

consoante fl.42 do Pdf. da CCT.

Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por Nada a reformar.

se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na

processualística laboral posta na presente ação.

INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA CONCLUSÃO DO VOTO

COLETIVA.

A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva

prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe

ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro provimento.

de vida devido aos dependentes do empregado falecido.

A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento

da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes DISPOSITIVO

do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do

pagamento da indenização por parte da seguradora.

Não prospera o intento recursal.

Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com

base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha

contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em

25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição

grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,

conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-

regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a lhe provimento.

cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado

plena atividade profissional. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

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Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na

Fortaleza, 18 de julho de 2022. ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se

vislumbra que o instituto acarrete a desejada celeridade ao deslinde

do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, há sim,

nos autos, documento da seguradora em que esta responde o

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida

Relator vindicado pela autoria.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. PREVISÃO

EM NORMA COLETIVA. DEFERIMENTO.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do

Diretor de Secretaria empregado, o fez somente quando este já se encontrava internado

e em condição grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de


Processo Nº ROT-0000364-27.2021.5.07.0030
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO sorte que, conforme comprovado nos autos, o pagamento dos
RECORRENTE WN SERVICOS DE VIGILANCIA valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos
ARMADA EIRELI - ME
ADVOGADO FRANCIMAR MAPURUNGA RIBEIRO dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na
MAGALHAES JUNIOR(OAB:
17629/CE) regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a
ADVOGADO CAMILA PONTES EGYDIO(OAB: cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação
26515/CE)
ADVOGADO PRISCILLA DA SILVEIRA FONSECA do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em
RIBEIRO(OAB: 24060/CE)
plena atividade profissional. Portanto, estão configurados todos os
RECORRIDO EDDIE FARLEY MOREIRA BRAGA
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: elementos propulsores da obrigação de indenizar, pois o evento
24882/CE)
lesivo (não recebimento do valor do seguro de vida pelos
RECORRIDO V.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: dependentes do empregado) derivou de culpa da reclamada, a qual
24882/CE)
desrespeitou norma coletiva que prevê, para as empresas de
RECORRIDO R.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: vigilância, a obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes
24882/CE)
pessoais, de morte ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve
RECORRIDO R.L.B.
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: negligência quanto ao dever de contratação correta da referida
24882/CE)
cobertura do trabalhador. À vista do exposto, concebem-se
RECORRIDO LIVIA LUZ BARBOSA
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB: confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa
24882/CE)
da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever

Intimado(s)/Citado(s): patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar.

- R.L.B. Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido.

RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos


EMENTA vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar:

"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado:

indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$


DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO 66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na
CABIMENTO. fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo,
Incabível a denunciação da lide pretendida pela reclamada, uma como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de
vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação
se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho, acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a
prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais, fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita."

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido

fls.169/181. no processo.

Contrarrazões da parte reclamante nos autos. (...)" (Grifado)

Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho. Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do

Trabalho tem firmado posição de que a aplicação da denunciação

da lide deve ser analisada caso a caso, considerando-se o interesse

FUNDAMENTAÇÃO do trabalhador na celeridade processual, a natureza alimentar dos

créditos trabalhistas, e a competência da Justiça do Trabalho para

julgar a controvérsia firmada entre denunciante e denunciado,

ADMISSIBILIDADE conforme se colhe das decisões abaixo:

Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso "AGRAVOS DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE E

ordinário da reclamada merece conhecimento. RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA

DENUNCIAÇÃO DA LIDE DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA

O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na

denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente

requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza

reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em

o mesmo indeferido." relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como

Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo

edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227 852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui

da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da

processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00

seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o (cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da

motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus, pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o

episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE

norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE -

e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais. EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a

Razão, contudo, não lhe assiste. edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível,

A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129 em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a

do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em

terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso, que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial

através do qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo poderá, ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além

posteriormente, recorrer ao ressarcimento de terceiro. desta Justiça Especializada não possuir competência para

De se ressaltar que não há dúvida de que é incabível a denunciação solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal

da lide no processo do trabalho, quanto à hipótese elencada no como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático

inciso I do art.125 do CPC. fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como

Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao

nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se

denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega

CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015): provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator

"Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022).

qualquer das partes: "EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO

foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os - INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de

direitos que da evicção lhe resultam; intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode,

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro

elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha de vida devido aos dependentes do empregado falecido.

sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento

Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes

Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do

analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na pagamento da indenização por parte da seguradora.

celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos Não prospera o intento recursal.

trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com

controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha

entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em

a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela 25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição

Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,

aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento

para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos

vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na

previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a

da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação

manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em

seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras plena atividade profissional.

denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da

apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do

dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto, valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou

o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita

contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a

desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte

Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto

Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.) ao dever de contratação correta da referida cobertura do

Pois bem. trabalhador.

No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho

para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo

empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das empregado - dever de prestar o trabalho - e de dar - pelo

hipóteses previstas no art. 114 da CF/88. empregador - pagar a contraprestação da remuneração, mas, ao

Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação lado dessas, assumem os sujeitos obrigações acessórias relevantes

proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se de fazer e não-fazer, como a do empregador de implementar

vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao medidas preventivas de medicina, higiene e segurança do trabalho.

deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, À vista do exposto, concebem-se confirmadas a existência do dano

há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde de natureza patrimonial e a culpa da empresa (omissão) para sua

o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida, ocorrência, residindo aí o dever patronal de indenizá-lo nos termos

consoante fl.42 do Pdf. da CCT.

Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por Nada a reformar.

se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na

processualística laboral posta na presente ação.

INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA CONCLUSÃO DO VOTO

COLETIVA.

A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva

prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe

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RECORRIDO LIVIA LUZ BARBOSA


provimento. ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - LIVIA LUZ BARBOSA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

EMENTA

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PROCESSO DO TRABALHO. NÃO

unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar- CABIMENTO.

lhe provimento. Incabível a denunciação da lide pretendida pela reclamada, uma

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores vez que o conflito existente entre a denunciante e a denunciada não

Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado se afigura dentro da esfera de competência da Justiça do Trabalho,

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) prevista no art. 114, caput, da Constituição Federal/88. Ademais,

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. ainda que se admitisse tal modalidade de intervenção de terceiro na

Fortaleza, 18 de julho de 2022. ação proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se

vislumbra que o instituto acarrete a desejada celeridade ao deslinde

do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada, há sim,

nos autos, documento da seguradora em que esta responde o

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida

Relator vindicado pela autoria.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. PREVISÃO

EM NORMA COLETIVA. DEFERIMENTO.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Embora a reclamada tenha contratado seguro de vida em prol do

Diretor de Secretaria empregado, o fez somente quando este já se encontrava internado

e em condição grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de


Processo Nº ROT-0000364-27.2021.5.07.0030
sorte que, conforme comprovado nos autos, o pagamento dos
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
RECORRENTE WN SERVICOS DE VIGILANCIA valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos
ARMADA EIRELI - ME
dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na
ADVOGADO FRANCIMAR MAPURUNGA RIBEIRO
MAGALHAES JUNIOR(OAB: regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a
17629/CE)
ADVOGADO CAMILA PONTES EGYDIO(OAB: cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação
26515/CE)
do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em
ADVOGADO PRISCILLA DA SILVEIRA FONSECA
RIBEIRO(OAB: 24060/CE) plena atividade profissional. Portanto, estão configurados todos os
RECORRIDO EDDIE FARLEY MOREIRA BRAGA
elementos propulsores da obrigação de indenizar, pois o evento
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) lesivo (não recebimento do valor do seguro de vida pelos
RECORRIDO V.L.B.
dependentes do empregado) derivou de culpa da reclamada, a qual
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) desrespeitou norma coletiva que prevê, para as empresas de
RECORRIDO R.L.B.
vigilância, a obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) pessoais, de morte ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve
RECORRIDO R.L.B.
negligência quanto ao dever de contratação correta da referida
ADVOGADO NIELTON LOURENÇO ARAUJO(OAB:
24882/CE) cobertura do trabalhador. À vista do exposto, concebem-se

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 356
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

confirmadas a existência do dano de natureza patrimonial e a culpa Razão, contudo, não lhe assiste.

da empresa (omissão) para sua ocorrência, residindo aí o dever A denunciação da lide encontra-se disciplinada nos arts. 125 a 129

patronal de indenizá-lo nos termos da CCT. Nada a reformar. do CPC, constituindo uma forma provocada de intervenção de

Recurso Ordinário da reclamada conhecido e não provido. terceiros, que se funda, basicamente, no direito de regresso,

através do qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo poderá,

posteriormente, recorrer ao ressarcimento de terceiro.

RELATÓRIO De se ressaltar que não há dúvida de que é incabível a denunciação

da lide no processo do trabalho, quanto à hipótese elencada no

inciso I do art.125 do CPC.

O Juízo de Origem julgou parcialmente procedentes os pedidos Todavia, com a nova redação do art. 114, da CF/88, através da EC

vindicados na reclamatória para condenar a reclamada a pagar: nº 45/2004, retornou-se a polêmica sobre o cabimento da

"...no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após trânsito em julgado: denunciação da lide na situação do inciso III, do art. 70, do

indenização substitutiva ao seguro de vida, no valor de R$ CPC/1973 (atual inciso II do art.125 do CPC/2015):

66.370,80, título deferido segundo os argumentos expendidos na "Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por

fundamentação supra, que passa a fazer parte deste dispositivo, qualquer das partes:

como se nele estivesse transcrita. Honorários advocatícios de I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio

sucumbência, fixados na forma e condições da fundamentação foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os

acima. Sentença líquida nos termos da planilha anexa, que passa a direitos que da evicção lhe resultam;

fazer parte desta decisão, como se nela estivesse transcrita." II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a

A reclamada oferece recurso conforme termos da peça constante às indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido

fls.169/181. no processo.

Contrarrazões da parte reclamante nos autos. (...)" (Grifado)

Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho. Quanto ao entendimento jurisprudencial, o Tribunal Superior do

Trabalho tem firmado posição de que a aplicação da denunciação

da lide deve ser analisada caso a caso, considerando-se o interesse

FUNDAMENTAÇÃO do trabalhador na celeridade processual, a natureza alimentar dos

créditos trabalhistas, e a competência da Justiça do Trabalho para

julgar a controvérsia firmada entre denunciante e denunciado,

ADMISSIBILIDADE conforme se colhe das decisões abaixo:

Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, o recurso "AGRAVOS DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE E

ordinário da reclamada merece conhecimento. RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA

DENUNCIAÇÃO DA LIDE DA LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA DA

O Juízo "a quo" rejeitou, em audiência de instrução, o pedido de CAUSA EVIDENCIADA. O processamento do recurso de revista na

denunciação à lide, sob os seguintes fundamentos: "Sobre o vigência da Lei nº 13.467/2017 exige que a causa apresente

requerimento de denunciação à lide da seguradora, pela parte transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza

reclamante foi dito que não concorda com o pedido, pelo que resta econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Em

o mesmo indeferido." relação à transcendência econômica, esta Turma estabeleceu como

Em suas razões recursais, argumenta a recorrente que, após a referência, para o recurso do reclamante, o valor fixado no artigo

edição da EC 45/2004 e o consequente cancelamento da OJ nº 227 852-A da CLT. No caso, tendo por norte que a demanda inclui

da SBDI-1 do TST, a denunciação à lide é compatível com o recurso do reclamante no qual pugna pela ampliação do valor da

processo do trabalho, sendo necessária, na hipótese, para que a indenização por danos morais, fixada no TRT em R$ 50.000,00

seguradora (Tokio Marine Seguradora S.A) venha responder o (cinquenta mil reais), é de se concluir que a expressão monetária da

motivo do não deferimento do valor do seguro de vida do de cujus, pretensão recursal supera 40 salários mínimos, impondo-se o

episódio que ensejou o pleito autoral da indenização prevista em reconhecimento da transcendência econômica. AGRAVO DE

norma coletiva, pelo que requer que a seguradora apresente defesa INSTRUMENTO DA RECLAMADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE -

e seja condenada ao pagamento de obrigações contratuais. EMPRESA SEGURADORA - INVIABILIDADE. É sabido que após a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 357
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

edição da Emenda Constitucional nº 45/2004 passou a ser possível, Pois bem.

em tese, a denunciação da lide nas ações propostas perante a No entender deste Relator, a Justiça do Trabalho não é competente

Justiça do Trabalho. Porém, não se verifica, in casu, contexto em para dirimir demanda regressiva entre a reclamada e a mencionada

que essa modalidade de intervenção de terceiro revele-se essencial empresa seguradora, uma vez que não se trata de nenhuma das

ou positiva ao célere deslinde da controvérsia. Isso porque além hipóteses previstas no art. 114 da CF/88.

desta Justiça Especializada não possuir competência para Ademais, ainda que se admitisse a denunciação à lide na ação

solucionar conflitos de interesses alheios à relação de trabalho, tal proposta perante a Justiça do Trabalho, na espécie, não se

como o existente entre empregador e seguradora, o quadro fático vislumbra que tal instituto acarrete a desejada celeridade ao

fixado na origem revela que o reclamante sequer figura como deslinde do feito, porquanto, ao reverso do alegado pela reclamada,

beneficiário na apólice indicada como motivo da chamada ao há sim, nos autos, documento da seguradora em que esta responde

processo do Itaú Seguros S/A. Agravo de instrumento a que se o motivo do não pagamento da indenização do seguro de vida,

nega provimento. (...). Agravo de instrumento a que se nega consoante fl.42 do Pdf.

provimento" (AIRR-16758-78.2016.5.16.0016, 7ª Turma, Relator Portanto, não merece guarida o pedido de denunciação da lide, por

Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 06/05/2022). se revelar incabível tal modalidade de intervenção de terceiro na

"EMENTA: I) DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DANOS MORAIS E processualística laboral posta na presente ação.

ESTÉTICOS - LUCROS CESSANTES - CONTRATO DE SEGURO INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. SEGURO DE VIDA. NORMA

- INCABÍVEL. 1. A denunciação da lide constitui modalidade de COLETIVA.

intervenção de terceiros que se funda, basicamente, no direito de A sentença condenou a reclamada a pagar indenização substitutiva

regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer algum prejuízo pode, prevista em norma coletiva por considerar que a empresa deu

posteriormente, buscar ressarcimento de terceiro, nas hipóteses ensejo, culposamente, ao indeferimento do pagamento de seguro

elencadas no art. 70 do CPC.2. Embora a SBDI-1 desta Corte tenha de vida devido aos dependentes do empregado falecido.

sinalizado no sentido do cabimento da denunciação da lide no A reclamada pretende afastar sua responsabilidade pelo pagamento

Processo do Trabalho, com o cancelamento da Orientação da referida indenização, aduzindo que contratou a seguradora antes

Jurisprudencial 227, a aplicação dessa modalidade deve ser do óbito do empregado e que sequer houve prova da negativa do

analisada caso a caso, considerando o interesse do trabalhador na pagamento da indenização por parte da seguradora.

celeridade processual, a natureza alimentar dos créditos Não prospera o intento recursal.

trabalhistas e a competência da Justiça do Trabalho para julgar a Com efeito, o Juízo de origem apurou, de forma escorreita, com

controvérsia firmada entre denunciante e denunciado, conforme base na documentação dos autos, que, embora a reclamada tenha

entendimento da SBDI-1.3. No caso dos autos, o Regional rechaçou contratado seguro de vida em prol do empregado, o fez somente em

a denunciação da lide às empresas seguradoras apontadas pela 25.5.2020, quando este já se encontrava internado e em condição

Reclamada, sob o fundamento de que este instituto só pode ser grave de saúde, poucos dias antes de seu óbito, de sorte que,

aplicado na Justiça do Trabalho quando esse juízo for competente conforme visto na manifestação da seguradora (fl.42), o pagamento

para julgar a ação de regresso, hipótese que não se configura, uma dos valores do seguro de vida e do auxílio-funeral foi indeferido aos

vez que o contrato de seguro possui natureza civil, extrapolando a dependentes por força do não enquadramento do trabalhador na

previsão do art. 114 da CF.4. Assim, é inadmissível a denunciação regra de aceitação da seguradora, a qual demanda, para a

da lide no presente caso, pois importaria, necessariamente, a cobertura de morte natural, dentre outros requisitos, a comprovação

manifestação desta Especializada acerca do contrato civil de do perfeito estado de saúde do segurado e que este esteja em

seguro, celebrado entre a denunciante e as seguradoras plena atividade profissional.

denunciadas, refugindo à competência da Justiça do Trabalho a Portanto, estão configurados todos os elementos propulsores da

apreciação de tal questão, que não encontra amparo em nenhum obrigação de indenizar, pois o evento lesivo (não recebimento do

dos incisos do art. 114 da CF, assistindo à Reclamada, no entanto, valor do seguro de vida pelos dependentes do empregado) derivou

o direito de regresso em face das seguradoras com que mantém de culpa da reclamada, a qual desrespeitou norma coletiva (descrita

contrato de seguro, perante a Justiça Comum.II- (...) Agravo na sentença), que prevê, para as empresas de vigilância, a

desprovido. (Processo: A-RR - 96900-84.2005.5.12.0010, Data de obrigação de fazer seguro de vida, de acidentes pessoais, de morte

Julgamento: 11/02/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins ou doenças para seus vigilantes. Assim, houve negligência quanto

Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/02/2009.) ao dever de contratação correta da referida cobertura do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 358
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

trabalhador.

Ademais, não se pode olvidar que o contrato de trabalho ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

sinalagmático dá origem a obrigações principais de fazer - pelo Diretor de Secretaria

empregado - dever de prestar o trabalho - e de dar - pelo


Processo Nº ROT-0000074-57.2021.5.07.0015
empregador - pagar a contraprestação da remuneração, mas, ao Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
lado dessas, assumem os sujeitos obrigações acessórias relevantes RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELEGRAFOS
de fazer e não-fazer, como a do empregador de implementar RECORRIDO SINDICATO DOS TRABALHADORES
DOS CORREIOS E TELEGRAFOS
medidas preventivas de medicina, higiene e segurança do trabalho.
ADVOGADO SAMIA MARIA RIBEIRO LEITAO(OAB:
À vista do exposto, concebem-se confirmadas a existência do dano 7585/CE)
ADVOGADO TICIANO CORDEIRO AGUIAR(OAB:
de natureza patrimonial e a culpa da empresa (omissão) para sua 19255/CE)
ocorrência, residindo aí o dever patronal de indenizá-lo nos termos ADVOGADO MARCOS MARTINS DOS SANTOS
NETO(OAB: 20087-A/CE)
da CCT. CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
Nada a reformar.

Intimado(s)/Citado(s):
- SINDICATO DOS TRABALHADORES DOS CORREIOS E
TELEGRAFOS
CONCLUSÃO DO VOTO

Conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-lhe PODER JUDICIÁRIO

provimento. JUSTIÇA DO

EMENTA
DISPOSITIVO
DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE PELO C.TST (PROC. 1001203-

57.2020.5.00.0000). FALTAS INJUSTIFICADAS. DESCONTO

INDEVIDO. Admite a empresa ré que cometeu erro nos controles de

frequência ao colocar "falta injustificada" aos empregados. Ademais,

as folhas de pagamento também comprovam as respectivas

deduções, em desobediência ao julgamento do Dissídio Coletivo de

Greve (Proc. 1001203-57.2020.5.07.00.000). Desse modo, correto o

decisum de 1º grau que condenou a reclamada a se abster de

efetuar os descontos salariais das faltas justificadas referentes aos


ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO
dias 18.08.2020, 22.09.2020 e Repouso Semanal Remunerado, e
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
caso já tenha efetuado, seja imediatamente restituído aos
unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-
empregados, devendo ainda retirar dos registros funcionais as
lhe provimento.
respectivas faltas injustificadas dos dias 18.08 e 22.08.2020.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO
Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado
RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.A sentença concedeu ao
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
autor os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

inconstitucionalidade do artigo 791-A, §4º, da Consolidação das Leis


Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários advocatícios a
Relator
cargo da parte autora..
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
RELATÓRIO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 359
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

A sentença proferida pelo MM. Juízo da 15ª Vara do Trabalho de apresentando suas razões de forma clara e convincente, pelo que

Fortaleza, Id 74a8c5b, julgou parcialmente procedente a ação merece ser mantida a sentença por seus próprios fundamentos à

popular ingressada por SINDICATO DOS TRABALHADORES DOS exceção dos honorários advocatícios devidos pelo autor, os quais

CORREIOS E TELÉGRAFOS em face de EMPRESA BRASILEIRA devem ser excluídos da condenação, motivo pelo qual se faz as

DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, condenando o réu a se abster de ponderações a seguir.

efetuar os descontos salariais de faltas injustificadas referentes aos HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS A CARGO DO AUTOR

dias 18.08 e 22.09 de 2020 (054002) e Repouso Semanal Em que pese não haver recurso interposto pelo autor pedindo a

Remunerado (054033), ou caso já tenha efetuado, que seja exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de

imediatamente restituído em contra cheque suplementar, referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo

observando-se as deduções dos valores efetivamente devolvidos a o juiz fazer a fixação.

fim de evitar o enriquecimento ilícito e determinando que se retire Ademais, referida obrigação é acessória da sentença e, por força de

dos registros funcionais os apontamentos das faltas injustificadas lei e de decisão vinculante em ação direta de inconstitucionalidade,

referentes aos dias 18.08 e 22.09/2020. Ratifica a tutela de urgência deve o juízo fazer a análise da matéria, de ofício, sem que haja

concedida. Condenou ambas as partes em 10% (dez por cento) de desrespeito aos limites do recurso.

honorários sucumbenciais, aplicando-se a condição suspensiva aos Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após

devidos pelo autor em face da gratuidade judiciária. a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e a sentença concedeu

Inconformada, recorre ordinariamente a reclamada, Id b3d9b00, ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se mantém

pugnando pela reforma do decisum para julgar improcedente a incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da decisão

ação, sob o argumento que no tocante ao dia 22/09, essa era a data proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou a

para o retorno integral dos empregados ao trabalho, porquanto dia inconstitucionalidade do artigo 791-A, §4º, da Consolidação das Leis

em que se encerrava o movimento grevista. Em relação ao dia do Trabalho (CLT).

18.08, houve uma falha no sistema da empresa que contabilizou A mencionada decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo

como falta, ocorre que não houve desconto nos salários dos 791-A, §4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e,

empregados, não gerando aos mesmos prejuízos financeiros. portanto, a regra celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência

Pugna, ainda, pelo indeferimento da tutela de urgência, uma vez recíproca ao trabalhador beneficiário da justiça gratuita, tornou-se

que "a Lei n° 9.494/97 consignou a impossibilidade de execução inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de

imediata, isto é, antes do trânsito em julgado, de "sentença que honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais

tenha por objeto a liberação de recurso". Pede a condenação do devem ser excluídos da condenação.

autor em litigância de má fé e o indeferimento da gratuidade No mais nenhum reparo merece a sentença recorrida.

judiciária. Vale ressaltar que a jurisprudência das Cortes Superiores admite a

Devidamente notificado, o réu apresentou contrarrazões, Id denominada fundamentação "per relationem", técnica segundo a

0de5ce8. qual se faz referência ou remissão às alegações de uma das partes,

Parecer do Ministério Público do Trabalho opinando pelo parecer do Ministério Público, a precedente ou a decisão anterior

"conhecimento e improvimento do recurso da parte reclamada, nos autos do mesmo processo, porquanto atende a exigência

mantendo-se a sentença." constitucional da fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX,

FUNDAMENTAÇÃO da CF/88).

1- ADMISSIBILIDADE Destaque-se, ainda, segundo autoriza o princípio do livre

O recurso preenche as exigências processuais no que tange aos convencimento motivado, que o magistrado, a partir do caso

pressupostos, portanto merece ser conhecido. concreto que lhe foi posto e após a apresentação de provas e

2- MÉRITO argumentos dispostos pelas partes, possui liberdade para decidir

Inicialmente, faz-se imprescindível ressaltar que, analisando os acerca de seu conteúdo da forma que considerar mais adequada -

autos, percebe-se que seu julgamento se mostra conforme seu convencimento - e dentro dos limites impostos pela lei

consubstancialmente baseado na análise do conjunto probatório e pela Constituição, motivando a decisão.

juntado e produzido nos autos. Destarte, conjuga-se o presente entendimento às assertivas

É incontestável que o MM. juízo "a quo" analisou corretamente os sentenciais em sua íntegra, no tocante aos pedidos ora

pleitos exordiais e bem apreciou a prova produzida nos autos, relacionados. Por conseguinte, adotam-se as razões da sentença

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 360
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

para manter o julgado, excetuando quanto aos honorários 70.2019.5.15.0000, Rel. Min. Dora Maria da Costa, DEJT de

sucumbenciais devidos pelo autor, conforme abaixo transcritos: 21/08/2020), de modo a não privar totalmente o trabalhador de seu

SENTENÇA DE MÉRITO sustento."

... Com efeito, a interpretação sistemática da sentença normativa

"O SINDICATO DOS TRABALHADORES EM CORREIOS E conduz à inarredável conclusão de que "o desconto de 50% dos

TELÉGRAFOS E SIMILARES NO ESTADO DO CEARÁ - dias parados" refere-se exclusivamente ao período em que

SINTECT/CE requer a condenação da EMPRESA BRASILEIRA DE estiveram os contratos de trabalho dos substituídos sob suspensão

CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT para que "se abstenha de em decorrência da greve, o que não coaduna com o registro de

efetuar os descontos salariais de faltas injustificadas referentes aos ausência injustificada ao labor, razão por que não caberia novo

dias 18.08 e 22.09 de 2020 (054002) e Repouso Semanal desconto a pretexto de ser em razão de ausência injustificada.

Remunerado (054033), ou caso já tenha efetuado, que seja Logo, indevido os descontos por ausência injustificada nos

imediatamente restituído em contra cheque suplementar." contracheques apresentados nos autos, nos termos da sentença

Como esteio de tal postulação, argumenta que o movimento normativa proferida em 21.09.2020 pelo C.TST.

paredista dos empregados da EBCT, ocorrido no período de Em face do exposto, julgo procedente o pedido do Sindicato autor

18.08.2020 a 21.09.2020, foi encerrado com o julgamento do para condenar a reclamada a se abster de efetuar os descontos

Dissídio Coletivo de Greve pelo C.TST (proc. 1001203- salariais de faltas injustificadas referentes aos dias 18.08 e 22.09 de

57.2020.5.00.0000). 2020 (054002) e Repouso Semanal Remunerado (054033), ou caso

Acrescenta o autor que na sentença normativa constou a já tenha efetuado, que seja imediatamente restituído em

autorização de desconto de 50% (cinquenta por cento) dos dias contracheque suplementar.

parados e a compensação de 50% (cinquenta por cento) dos Determino ainda que a reclamada retire os registros funcionais os

demais dias de greve. apontamentos das faltas injustificadas referentes aos dias 18.08 e

Alega o ente sindical que, além disso, a ré "efetuou mais um 22.09 de 2020.

desconto no salário do mês de janeiro de 2020 dos seus O descumprimento de tais ordens importará na aplicação de multa

empregados, sob a rubrica de falta injustificada, descontando ainda mensal no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) por empregado

o repouso semanal remunerado e anotando na ficha cadastral dos prejudicado, por infração verificada, até o limite de 6

empregados". (seis) meses, sem prejuízo das sanções de ordem administrativa e

Aduz a reclamada que a falta registrada para alguns dos penal aplicáveis à espécie.

empregados que aderiram ao movimento paredista no dia Ratifica-se a tutela de urgência anteriormente concedida.

18/08/2020 foi causada por uma falha no sistema, mas que tal erro Deduzam-se os valores efetivamente devolvidos, a mesmo título,

não chegou a gerar impactos financeiros para os envolvidos. provados nos autos, para se evitar enriquecimento sem causa dos

Tendo em vista a confissão da reclamada quanto ao erro no trabalhadores beneficiários da medida.

controle de frequência dos empregados e os documentos de ID ...

fec80d9 e 68164ad (item 4) que demonstram que a empresa ré EQUIPARAÇÃO DA ECT COM OS PRIVILÉGIOS DA FAZENDA

procedeu indevidamente com descontos nas datas informadas na PÚBLICA

exordial e considerando, ainda, que o pleito já foi analisado na Por força do art. 12 do Decreto-Lei n.º 509/69 e entendimento

antecipação dos efeitos da tutela (Id 1d1e706), adoto, por oportuno, jurisprudencial consubstanciado no item "2" da OJ 247 da SDI-I do

o que restou consignado na referida decisão de tutela de urgência: E. TST, entendo que goza a ECT dos privilégios concedidos à

No acórdão proferido no dissídio de greve citado acima, restou Fazenda Pública, quer em relação a imunidade tributária, direta ou

decidido, por maioria, a autorização para "o desconto de 50% dos indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer

dias parados e a compensação dos outros 50%". no concernente a foro, prazos e custas processuais.

O desconto parcial dos dias parados constam na sentença Vale ressaltar que a jurisprudência pacífica do Excelso Supremo

normativa nos seguintes termos: "A não abusividade da greve tem Tribunal Federal fixou o entendimento no sentido de que referido

como consequência a possibilidade de COMPENSAÇÃO DE 50% Decreto-lei não foi revogado pela Constituição Federal de 1988, de

DOS DIAS PARADOS, com DESCONTO DE APENAS 50% DOS modo que à reclamada é extensiva as prerrogativas da Fazenda

DIAS PARADOS, conforme jurisprudência já pacificada da SDC do Pública.

TST para greves de longa duração (v.g. RO 7199- Outrossim, ressalto que os juros de mora nas condenações

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 361
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

impostas à Fazenda Pública não poderão ultrapassar 6% ao ano, o gratuidade judiciária).

mesmo se aplicado na hipótese dos autos, para fins de liquidação Consoante anotado pela Procuradoria-Geral da República, na

do julgado. petição inicial da ADI nº 5766, que impugna alguns dispositivos da

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS "Reforma Trabalhista", o problema reside em que o art. 791-A, §4º,

No caso presente, conforme exposto acima, parte dos pleitos da CLT condiciona a própria suspensão de exigibilidade dos

apresentados pela parte autora não foram acolhidos, resultando, honorários advocatícios de sucumbência à inexistência de crédito

então, na sucumbência recíproca. trabalhista capaz de suportar a despesa. De forma contraditória, a

Assim, incide o disposto no art. 791-A, § 3º, da CLT, segundo o norma trabalhista relativa ao benefício da gratuidade judiciária seria

qual, "na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará mais restritiva que a norma processual civil.

honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação Também ressaltou a Procuradoria-Geral da República que "a norma

entre os honorários". desconsidera a condição econômica que determinou concessão da

Em relação ao alcance da sucumbência recíproca, parece-me que justiça gratuita e subtrai do beneficiário, para pagar despesas

há de prevalecer o entendimento trazido no Enunciado nº 99 da 2ª processuais, recursos econômicos indispensáveis à sua

Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho da subsistência e à de sua família, em violação à garantia fundamental

ANAMATRA, segundo o qual "o juízo arbitrará honorários de de gratuidade judiciária (CR, art. 5º, LXXIV)".

sucumbência recíproca (art. 791-A, par.3º, da CLT) apenas em caso Portanto, declaro, incidentalmente, a inconstitucionalidade do trecho

de indeferimento total do pedido específico. O acolhimento do "[...] desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro

pedido, com quantificação inferior ao postulado, não caracteriza processo, créditos capazes de suportar a despesa[...]", contido no §

sucumbência parcial, pois a verba postulada restou acolhida. 4º do art. 791-A da CLT.

Quando o legislador mencionou 'sucumbência parcial', referiu-se ao Em consequência, deferida a gratuidade judiciária à parte autora, os

acolhimento de parte dos pedidos formulados na petição inicial". honorários advocatícios fixados em favor do(a) patrono(a) da parte

Assim, à vista dos critérios elencados no art. 791-A, §2º, da CLT, ré permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade, no

fixo, em favor do(a) advogado(a) da parte reclamante, os honorários prazo e forma discriminados no art. 791-A, § 4º, da CLT.

sucumbenciais de 10% sobre o valor que resultar da liquidação da TÓPICOS FINAIS

condenação. Ademais, fixo, em favor do(a) advogado(a) da parte Juros de mora e correção monetária na forma da Lei. Natureza das

reclamada, os honorários sucumbenciais de 10% sobre o valor verbas contempladas nesta decisão na forma do art. 28, § 9º da Lei

do(s) pedido(s) em que foi sucumbente a parte reclamante. 8.212/91, sendo os recolhimentos previdenciários de

Ressalto, ainda, ser vedada a compensação entre os honorários responsabilidade da parte empregadora, autorizada a dedução dos

acima fixados, conforme a parte final do art. 791-A, §3º, da CLT. valores cabíveis à parte empregada, bem como a retenção do

Outrossim, destaco que, a meu sentir, afigura-se afrontoso à Carta imposto de renda sobre o total da condenação das verbas de

Magna o seguinte trecho do § 4º do art. 791-A da CLT: "[...] desde natureza salarial (acrescido de juros e correção monetária) no

que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro momento de pagamento ao credor (fato gerador da obrigação), tudo

processo, créditos capazes de suportar a despesa [...]". De fato, a como já pacificado pela súmula 368 do TST e Lei 8.541/92, art. 46 e

norma, assim posta, resulta em limitação inadmissível à fruição do o Provimento 01/96 da Corregedoria do TST, devendo ser

benefício da gratuidade judiciária, violando, em última análise, o comprovados nos autos, tudo no prazo a ser estipulado por ocasião

próprio princípio de acesso à Justiça, ambos com assento no art. 5º da liquidação da sentença, sob pena de oficiar-se o órgão

da Constituição Federal (incisos XXXV e LXXIV). competente.

Além disso, a aplicação dessa condicionante resultaria em DISPOSITIVO

situações absurdas, como a de que o trabalhador, geralmente pobre ISTO POSTO, e considerando o mais que dos autos consta, julgar

e hipossuficiente, viesse a ter todo o seu crédito objeto da DECIDO PARCIALMENTE PROCEDENTE EM PARTE o pedido

condenação consumido pelo pagamento de honorários formulado na presente Ação, para condenar a Reclamado

advocatícios. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS, a se

Na verdade, o acolhimento dessa restrição conduziria à abster de efetuar os descontos salariais de faltas injustificadas

contraditória conclusão de que os honorários advocatícios gozariam referentes aos dias 18.08 e 22.09 de 2020 (054002) e Repouso

de proteção mais ampla e privilegiada que o crédito do trabalhador Semanal Remunerado (054033), ou caso já tenha efetuado, que

reconhecidamente hipossuficiente (tanto que beneficiário da seja imediatamente restituído em contracheque suplementar.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 362
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Determino ainda que a reclamada retire os registros funcionais os devidos pelo autor, determinando, de ofício, a exclusão da

apontamentos das faltas injustificadas referentes aos dias 18.08 e condenação da parte autora no pagamento da verba honorária em

22.09 de 2020. favor dos advogados do réu, com base na declaração de

O descumprimento de tais ordens importará na aplicação de multa inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

mensal no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) por empregado 5766.

prejudicado, por infração verificada, até o limite de 6 (seis) meses,

sem prejuízo das sanções de ordem administrativa e penal DISPOSITIVO

aplicáveis à espécie. ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

Ratifica-se a tutela de urgência anteriormente concedida. TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

Deduzam-se os valores efetivamente devolvidos, a mesmo título, REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, negar-

provados nos autos, para se evitar enriquecimento sem causa dos lhes provimento, mantendo-se a decisão de primeiro grau por seus

trabalhadores beneficiários da medida. próprios e jurídicos fundamentos, exceto no tocante aos honorários

Improcedente os demais pedidos. advocatícios devidos pelo autor, determinando, de ofício, a exclusão

Assim, à vista dos critérios elencados no art. 791-A, §2º, da CLT, da condenação da parte autora no pagamento da verba honorária

fixo, em favor do(a) advogado(a) da parte reclamante, os honorários em favor dos advogados do réu, com base na declaração de

sucumbenciais de 10% sobre o valor que resultar da liquidação da inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

condenação. Ademais, fixo, em favor do(a) advogado(a) da parte 5766.

reclamada, os honorários sucumbenciais de 10% sobre o valor Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

do(s) pedido(s) em que foi sucumbente a parte reclamante. Em Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

consequência, deferida a gratuidade judiciária à parte autora, os (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

honorários advocatícios fixados em favor do(a) patrono(a) da parte Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

ré permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade, no de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

prazo e forma discriminados no art. 791-A, § 4º, da CLT. Fortaleza, 18 de julho de 2022.

A Acionada usufrui dos privilégios legais concedidos à Fazenda JEFFERSON QUESADO

Pública, consoante Orientação Jurisprudencial n. 247, item II da SDI Desembargador Relator

-I do TST.

Custas, pela Reclamada, sobre o valor arbitrado à condenação de FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

R$2.000,00, no importe de R$40,00, de cujo recolhimento fica

isento, em razão do disposto no art. 12 do Decreto-Lei nº 509/69, ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Diretor de Secretaria

Partes cientes, nos termos da Súmula nº 197 do TST.


Processo Nº AIRO-0000023-80.2021.5.07.0036
Nada mais. Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
Fortaleza/CE, 24 de maio de 2021. AGRAVANTE LA SUITE HOTEL E EVENTOS LTDA
ADVOGADO adahil rocha lima(OAB: 6843/CE)
NAIRA PINHEIRO RABELO DE ALENCAR
AGRAVADO RAIMUNDA RIBEIRO DE ARAUJO
Juíza do Trabalho Substituta" ADVOGADO RENATA BEZERRA PARAHYBA(OAB:
19699/CE)
Diante do exposto, sentença mantida em sua íntegra, exceto quanto

aos honorários advocatícios devidos pelo autor, determinando, de Intimado(s)/Citado(s):


ofício, a exclusão da condenação do mesmo no pagamento da - RAIMUNDA RIBEIRO DE ARAUJO

verba honorária em favor dos advogados do réu, com base na

declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no

julgamento da ADI 5766. Mantido o valor da condenação.


PODER JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO DO VOTO
JUSTIÇA DO

Conhecer do recurso ordinário e, negar-lhes provimento, mantendo-

se a decisão de primeiro grau por seus próprios e jurídicos EMENTA

fundamentos, exceto no tocante aos honorários advocatícios PESSOA JURÍDICA - AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 363
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

DEPÓSITO RECURSAL - RECURSO ORDINÁRIO - DESERÇÃO. trabalhador, consoante se extraia do art. 14 da Lei 5.584/70, e que a

O benefício da justiça gratuita, consoante se extrai do art. 14 da Lei jurisprudência vinha, excepcionalmente, reconhecendo ao

5.584/70, embora reservado originalmente apenas ao trabalhador e empregador tal benefício.

não ao empregador, vem sendo reconhecido à pessoa jurídica, Posteriormente, o c. Tribunal Superior do Trabalho passou a admitir,

exigindo-se, contudo, como condição para a concessão da benesse, expressamente, a possibilidade de ser conferido à pessoa jurídica o

a demonstração cabal da alegada insuficiência de recursos. No referido benefício, exigindo, entretanto, como condição, a

presente caso a empresa, a despeito de devidamente notificada, demonstração cabal da alegada insuficiência de recursos,

não demonstrou a propalada impossibilidade de arcar com as consoante deixa ver o inciso II da Súmula nº 463 daquele Sodalício,

despesas do processo e não garantiu o Juízo, de modo que, não in verbis:

sendo beneficiária da justiça gratuita, impõe-se seja declarado

deserto e negado seguimento ao seu recurso ordinário. "Súmula nº 463 do TST - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

RELATÓRIO COMPROVAÇÃO

Trata-se de agravo de instrumento interposto por LA SUITE HOTEL I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária

E EVENTOS LTDA. face à decisão de ID 836bac8, que negou gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência

seguimento ao recurso ordinário com o qual desejavam reformar econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que

sentença de ID b359e20, que os condenou a pagar ao reclamante, munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art.

RAIMUNDA RIBEIRO DE ARAÚJO, as férias dobradas, simples e 105 do CPC de 2015);

proporcionais, o 13º salário e o FGTS, todos em relação ao período II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

de 02.05.2018 a 04.10.2020, além da multa dos arts. 467 e 477, necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte

§8º, ambos da CLT, e o saldo de salário dos meses de arcar com as despesas do processo."

setembro(integral) e outubro(04 dias) de 2020, além de Honorários

advocatícios de sucumbência. A despeito, porém, da possibilidade de concessão do benefício à

Em seu apelo de ID. 440dd02 argumenta que é empresa de pessoa jurídica, o c. Tribunal Superior do Trabalho vinha

pequeno porte, tratando-se de um hotel em beira de praia e que faz reiteradamente entendendo que a parte ficava dispensada do

alguns eventos, sendo despiciendo, posto que é de conhecimento pagamento das custas processuais, mas não do recolhimento do

geral, que este tipo de comércio foi o mais prejudicado em razão da depósito recursal, sob o fundamento de que referido depósito não

COVID-19. ostentava a natureza de taxa, mas sim de garantia do Juízo,

Afirma que a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, incisos conforme inciso I da Instrução Normativa nº 03/93 do c. TST.

XXXIV e XXXV, garante a todos o direito de petição aos Poderes Nesse diapasão, inclusive, é o julgado daquela Corte, abaixo

Públicos em defesa de direitos, bem como o amplo e efetivo acesso reproduzido, in verbis:

ao Poder Judiciário e que o benefício da Justiça Gratuita poderia até

mesmo ser concedido de ofício, a Reclamada, ora Agravante, pelo "EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

que deve ser dispensada do recolhimento das custas judiciais e REVISTA. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA.

depósito judicial para que seu recurso ordinário possa ser ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.Conforme o

conhecido, nos termos do parágrafo 3º, do artigo 790, da CLT, ou entendimento adotado por esta Corte, o benefício da justiça

concedido prazo para que cumpra com o pagamento e gratuita não alcança o depósito recursal, que ostenta a

comprovação deste das custas e do depósito recursal. natureza de garantia do juízo. Agravo de Instrumento

Requer, assim, a reforma da decisão, a fim de que seu apelo seja conhecido e não provido." (Processo: AIRR - 10500-

recebido e provido, com a reforma da sentença de primeiro grau. 65.2016.5.15.0053 Data de Julgamento: 20/06/2018, Relatora

A reclamante não apresentou contraminuta ao agravo de Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação:

instrumento ou contrarrazões ao apelo ordinário. DEJT 29/06/2018)

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO A Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) porém, deu nova redação

Examinando-se os autos, vê-se que o apelo sequer merece ser ao art. 899 da CLT, incluindo ali o §10, com o seguinte teor:

conhecido.

Sabe-se que o benefício da justiça gratuita era reservado apenas ao "Art.899. Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 364
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções REGIÃO, por unanimidade,não conhecer do recurso ordinário, por

previstas neste Título, permitida a execução provisória até a deserto.

penhora. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o salário- Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito, Fortaleza, 18 de julho de 2022.

em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.... JEFFERSON QUESADO

§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da Desembargador Relator

justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

recuperação judicial."

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Ante o caráter processual da norma supra e as dificuldades Diretor de Secretaria

surgidas quanto à sua eficácia temporal, o c. TST houve por bem


Processo Nº AIRO-0000023-80.2021.5.07.0036
editar, em 25.06.2018, a Instrução Normativa nº 41/2018, dispondo, Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
em seu art. 20, que "As disposições contidas nos §§ 4º, 9º, 10 e AGRAVANTE LA SUITE HOTEL E EVENTOS LTDA
ADVOGADO adahil rocha lima(OAB: 6843/CE)
11 do artigo 899 da CLT, com a redação dada pela Lei nº
AGRAVADO RAIMUNDA RIBEIRO DE ARAUJO
13.467/2017, serão observadas para os recursos interpostos ADVOGADO RENATA BEZERRA PARAHYBA(OAB:
19699/CE)
contra as decisões proferidas a partir de 11 de novembro de

2017". Intimado(s)/Citado(s):
No presente caso, observa-se que a sentença recorrida foi - LA SUITE HOTEL E EVENTOS LTDA

prolatada já sob os auspícios da novel disposição inserta no art. 899

Celetário, de sorte que a agravante, em princípio, poderia, acaso

beneficiária da gratuidade judiciária, ficar dispensada do próprio


PODER JUDICIÁRIO
depósito recursal.
JUSTIÇA DO
Entretanto, nenhum documento para demonstrar a propalada

impossibilidade da empresa de arcar com as despesas do processo

veio aos autos, nem mesmo quando este Relator, através do EMENTA

despacho de fl. 299 (ID 8ae760d ), concedeu à agravante prazo, PESSOA JURÍDICA - AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO

nos termos do §7º do art. 99 do CPC/2015, para realização do DEPÓSITO RECURSAL - RECURSO ORDINÁRIO - DESERÇÃO.

respectivo preparo, ou, então, que demonstrasse, mediante O benefício da justiça gratuita, consoante se extrai do art. 14 da Lei

documentos hábeis, a real situação financeira da empresa (art. 5.584/70, embora reservado originalmente apenas ao trabalhador e

790, §4º c/c art. 899, §10, ambos da CLT). não ao empregador, vem sendo reconhecido à pessoa jurídica,

Deste modo, não sendo a recorrente beneficiária da justiça gratuita exigindo-se, contudo, como condição para a concessão da benesse,

e considerando-se que o Juízo não foi garantido através do depósito a demonstração cabal da alegada insuficiência de recursos. No

recursal e tampouco foram recolhidas as custas processuais, impõe presente caso a empresa, a despeito de devidamente notificada,

-se seja declarado deserto e negado seguimento ao recurso não demonstrou a propalada impossibilidade de arcar com as

ordinário, não havendo que se falar em ofensa aos princípios despesas do processo e não garantiu o Juízo, de modo que, não

constitucionais do duplo grau de jurisdição e ampla defesa, os quais sendo beneficiária da justiça gratuita, impõe-se seja declarado

são exercidos de acordo com as normas processuais respectivas, deserto e negado seguimento ao seu recurso ordinário.

dentre elas a que exige a garantia do Juízo. RELATÓRIO

não conhecer do recurso ordinário, por deserto. Trata-se de agravo de instrumento interposto por LA SUITE HOTEL

DISPOSITIVO E EVENTOS LTDA. face à decisão de ID 836bac8, que negou

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª seguimento ao recurso ordinário com o qual desejavam reformar

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª sentença de ID b359e20, que os condenou a pagar ao reclamante,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 365
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RAIMUNDA RIBEIRO DE ARAÚJO, as férias dobradas, simples e 105 do CPC de 2015);

proporcionais, o 13º salário e o FGTS, todos em relação ao período II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é

de 02.05.2018 a 04.10.2020, além da multa dos arts. 467 e 477, necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte

§8º, ambos da CLT, e o saldo de salário dos meses de arcar com as despesas do processo."

setembro(integral) e outubro(04 dias) de 2020, além de Honorários

advocatícios de sucumbência. A despeito, porém, da possibilidade de concessão do benefício à

Em seu apelo de ID. 440dd02 argumenta que é empresa de pessoa jurídica, o c. Tribunal Superior do Trabalho vinha

pequeno porte, tratando-se de um hotel em beira de praia e que faz reiteradamente entendendo que a parte ficava dispensada do

alguns eventos, sendo despiciendo, posto que é de conhecimento pagamento das custas processuais, mas não do recolhimento do

geral, que este tipo de comércio foi o mais prejudicado em razão da depósito recursal, sob o fundamento de que referido depósito não

COVID-19. ostentava a natureza de taxa, mas sim de garantia do Juízo,

Afirma que a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, incisos conforme inciso I da Instrução Normativa nº 03/93 do c. TST.

XXXIV e XXXV, garante a todos o direito de petição aos Poderes Nesse diapasão, inclusive, é o julgado daquela Corte, abaixo

Públicos em defesa de direitos, bem como o amplo e efetivo acesso reproduzido, in verbis:

ao Poder Judiciário e que o benefício da Justiça Gratuita poderia até

mesmo ser concedido de ofício, a Reclamada, ora Agravante, pelo "EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

que deve ser dispensada do recolhimento das custas judiciais e REVISTA. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA.

depósito judicial para que seu recurso ordinário possa ser ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.Conforme o

conhecido, nos termos do parágrafo 3º, do artigo 790, da CLT, ou entendimento adotado por esta Corte, o benefício da justiça

concedido prazo para que cumpra com o pagamento e gratuita não alcança o depósito recursal, que ostenta a

comprovação deste das custas e do depósito recursal. natureza de garantia do juízo. Agravo de Instrumento

Requer, assim, a reforma da decisão, a fim de que seu apelo seja conhecido e não provido." (Processo: AIRR - 10500-

recebido e provido, com a reforma da sentença de primeiro grau. 65.2016.5.15.0053 Data de Julgamento: 20/06/2018, Relatora

A reclamante não apresentou contraminuta ao agravo de Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação:

instrumento ou contrarrazões ao apelo ordinário. DEJT 29/06/2018)

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO A Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) porém, deu nova redação

Examinando-se os autos, vê-se que o apelo sequer merece ser ao art. 899 da CLT, incluindo ali o §10, com o seguinte teor:

conhecido.

Sabe-se que o benefício da justiça gratuita era reservado apenas ao "Art.899. Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples

trabalhador, consoante se extraia do art. 14 da Lei 5.584/70, e que a petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções

jurisprudência vinha, excepcionalmente, reconhecendo ao previstas neste Título, permitida a execução provisória até a

empregador tal benefício. penhora.

Posteriormente, o c. Tribunal Superior do Trabalho passou a admitir, § 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o salário-

expressamente, a possibilidade de ser conferido à pessoa jurídica o mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o

referido benefício, exigindo, entretanto, como condição, a recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da

demonstração cabal da alegada insuficiência de recursos, respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida,

consoante deixa ver o inciso II da Súmula nº 463 daquele Sodalício, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito,

in verbis: em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz....

§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da

"Súmula nº 463 do TST - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em

COMPROVAÇÃO recuperação judicial."

I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária

gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência Ante o caráter processual da norma supra e as dificuldades

econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que surgidas quanto à sua eficácia temporal, o c. TST houve por bem

munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. editar, em 25.06.2018, a Instrução Normativa nº 41/2018, dispondo,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 366
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRENTE MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.


em seu art. 20, que "As disposições contidas nos §§ 4º, 9º, 10 e ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
11 do artigo 899 da CLT, com a redação dada pela Lei nº RECORRENTE MSC CRUISES S.A.
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
13.467/2017, serão observadas para os recursos interpostos
RECORRENTE MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
contra as decisões proferidas a partir de 11 de novembro de LIMITED
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
2017".
RECORRENTE WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
No presente caso, observa-se que a sentença recorrida foi ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE)
prolatada já sob os auspícios da novel disposição inserta no art. 899
RECORRIDO WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
Celetário, de sorte que a agravante, em princípio, poderia, acaso ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE)
beneficiária da gratuidade judiciária, ficar dispensada do próprio
RECORRIDO MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
depósito recursal. ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
Entretanto, nenhum documento para demonstrar a propalada RECORRIDO MSC CRUISES S.A.
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
impossibilidade da empresa de arcar com as despesas do processo
RECORRIDO MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
veio aos autos, nem mesmo quando este Relator, através do LIMITED
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
despacho de fl. 299 (ID 8ae760d ), concedeu à agravante prazo,

nos termos do §7º do art. 99 do CPC/2015, para realização do Intimado(s)/Citado(s):


respectivo preparo, ou, então, que demonstrasse, mediante - MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
documentos hábeis, a real situação financeira da empresa (art.

790, §4º c/c art. 899, §10, ambos da CLT).

Deste modo, não sendo a recorrente beneficiária da justiça gratuita


PODER JUDICIÁRIO
e considerando-se que o Juízo não foi garantido através do depósito
JUSTIÇA DO
recursal e tampouco foram recolhidas as custas processuais, impõe

-se seja declarado deserto e negado seguimento ao recurso

ordinário, não havendo que se falar em ofensa aos princípios EMENTA

constitucionais do duplo grau de jurisdição e ampla defesa, os quais CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE

são exercidos de acordo com as normas processuais respectivas, CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL

dentre elas a que exige a garantia do Juízo. EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o

não conhecer do recurso ordinário, por deserto. reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para

DISPOSITIVO trabalhar como "auxiliar de cozinha" em navios de cruzeiro, e que

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª no período do contrato laborou, também, em águas nacionais,

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª correta a decisão que reconheceu a incidência da legislação

REGIÃO, por unanimidade,não conhecer do recurso ordinário, por brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a demanda.

deserto. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS. Sendo aplicável ao contrato de

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores trabalho do autor a legislação brasileira e não havendo o

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior pagamento das verbas rescisórias, devem as reclamadas ser

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) compelidas a efetuar o pagamento, pelo que nada a alterar na

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo sentença de origem.

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. DANOS MORAIS. NÃO CONHECIMENTO. Considerando que, na

Fortaleza, 18 de julho de 2022. inicial, o pedido de pagamento de indenização por danos morais foi

JEFFERSON QUESADO em relação ao tratamento humilhante e discriminatório sofrido pelo

Desembargador Relator autor no ambiente de trabalho, enquanto que no recurso ordinário

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. se deu em relação à suposta exigência de realização de exames

para a contratação, não merece ser conhecido o recurso no tocante,

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART haja vista a inovação recursal.

Diretor de Secretaria HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO

RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO


Processo Nº ROT-0000356-41.2021.5.07.0033
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 367
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada da aplicação da legislação brasileira ao caso.

sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que Inconformado, recorre ordinariamente o reclamante (Id 82bc407),

ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos pugnando pela reforma da sentença, requerendo seja reconhecida a

da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a unicidade contratual, já que houve sucessivas contratações antes

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das do prazo de seis meses, contrariando os termos do art. 452 da CLT,

Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários o que afasta a possibilidade de os contratos serem por prazo

advocatícios a cargo do reclamante, pelo que resta determinado, de determinado. Aduz que as folhas de ponto demonstram o

ofício, a exclusão de referida verba da condenação. desrespeito ao intervalo interjornada, de no mínimo, 11 horas, pelo

Recurso das reclamadas conhecido, mas improvido. Recurso do que faz jus ao pagamento das horas extras daí decorrentes. Requer

reclamante conhecido em parte, mas improvido. o pagamento do adicional noturno, de indenização por danos

RELATÓRIO existenciais, já que trabalhava em jornada extenuante e sem direito

O MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maracanaú, por meio da a folgas, bem como de indenização por danos morais, considerando

sentença (Id eccc850), declarou a competência da Justiça do que, para ser contratado, foi exigida a realização de exames de

Trabalho para conhecer, processar e julgar a presente lide, com a álcool, HIV e drogas. Por fim, requer a majoração do percentual de

aplicação da legislação brasileira; declarou prescritos os créditos do honorários advocatícios a que as reclamadas foram condenadas.

reclamante relativos aos dois primeiros contratos, considerando o Contrarrazões das reclamadas (Id 57a35ae) e do reclamante (Id

reconhecimento de que os contratos firmados são por prazo 32c327c).

determinado, já que a atividade desenvolvida pelas reclamadas Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para

justifica a predeterminação do prazo. No mérito, condenou as emissão de parecer.

reclamadas, de forma solidária, a pagar as verbas rescisórias do FUNDAMENTAÇÃO

reclamante relativas ao último contrato (27.05.2019 a 19.12.2019); I - ADMISSIBILIDADE

determinou a assinatura da CTPS do obreiro com relação aos três Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, porque

contratos mantidos entre as partes; condenou a reclamada a pagar atendidos os pressupostos de admissibilidade.

as horas extras além das 44 horas semanais, além de condenar as No tocante ao recurso interposto pelo reclamante, deve o mesmo

partes a pagar honorários advocatícios em 10%. ser conhecido, mas apenas em parte.

Embargaram de declaração reclamante (Id c012cac) e reclamadas Vejamos.

(Id a2a2ddc), com sentença através do Id a6df626, sendo os Com relação ao tópico relativo ao pedido de pagamento de

embargos do reclamante providos em parte, para julgar indenização por danos morais do recurso ordinário interposto pelo

improcedente o pedido de pagamento de adicional noturno, bem reclamante, não deve o mesmo ser conhecido, considerando que,

como providos em parte os embargos das reclamadas, para deferir na inicial, o requerimento se deu em face de humilhações e

a dedução dos valores comprovadamente pagos sob o mesmo perseguições sofridas pelo autor, enquanto que no recurso

título. ordinário, o pedido se deu em face da exigência da empresa na

As reclamadas recorreram ordinariamente (Id 947d3df), alegando realização, como requisito para contratação, de exames de álcool,

ausência de jurisdição das autoridades brasileiras para o julgamento HIV e drogas. Vejamos os termos da inicial e do recurso ordinário:

da presente lide, sendo incompetente esta especializada, não Petição Inicial:

podendo, dessa forma, ser aplicada ao caso a legislação brasileira. "O autor, durante sua prestação de serviços para as

Aduzem que o reclamante manteve uma relação de trabalho reclamadas, suportava situações de racismo, sendo chamado

internacional, pelo que deve ser aplicada a Convenção das Nações muitas vezes de macaco por seus superiores, de nacionalidade

Unidas sobre Direito do Mar, bem como o Código de Bustamante italiana. Além disso, sofria diversas perseguições por não

(lei do pavilhão do navio ou da bandeira). Informam que, no navio, saber se comunicar em inglês fluentemente, sendo

trabalham pessoas de várias nacionalidades e que os mesmos discriminado por ser de origem brasileira".

devem ser tratados da mesma forma, com a aplicação da mesma Recurso ordinário:

lei. Aduzem que foram firmados TACs com o MPT acerca da não "O dano moral em virtude a exigência da realização de exames

aplicação da legislação brasileira. Pleiteiam seja deferida a de álcool, HIV e drogas. A partir das provas produzidas nos

compensação das férias proporcionais já pagas. Por fim, aduzem autos, restou devidamente comprovado a exigência pelas

não ser devida a multa do art. 477 da CLT, já que há dúvida acerca reclamadas da realização de exames de álcool, HIV e

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 368
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

toxicológicos. A despeito disso, o magistrado de 1º grau probatório existente nos autos, deixou claro que a autora foi

indeferiu o pleito indenizatório autoral. Ora, Eméritos contratada no Brasil, tendo celebrado pré-contrato com uma

Desembargadores, é incontroverso que a realização dos das agências locais de recrutamento (Rosa dos Ventos) e

referidos exames é absolutamente dispensável para a contrato efetivo com a primeira reclamada (MSC Crociere S.A.)

realização do labor para qual o reclamante foi contratado." dentro do Brasil. 4. Considerando esse cenário fático

Constitui inovação recursal quando a parte introduz argumentos, em (contratação da reclamante dentro do território nacional), a

sede de recurso, que não fizeram parte da inicial e, por relação de trabalho mantida entre as partes deve ser regida

consequência, nem da análise do julgado recorrido. Assim, conheço pela legislação brasileira, mais favorável ao empregado.

do recurso ordinário interposto pelo reclamante, com exceção do Agravo desprovido. TST - Ag-AIRR: 1303826320145130015,

tópico relativo ao requerimento de pagamento de indenização por Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de

danos morais. Julgamento: 05/02/2020, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT

II - PRELIMINAR 07/02/2020)"

INCOMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da

Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado legislação nacional. Vejamos:

com o reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. TRIPULANTE DE NAVIO DE

competência da Justiça do Trabalho. CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL

Examinando-se, todavia, os autos, observa-se que o autor foi EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o

recrutado no Brasil através da empresa Rosa dos Ventos, o que não reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,

foi negado pelas empresas reclamadas, onde recebeu treinamento para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de

para trabalhar na função de auxiliar de cozinha, em navios de cruzeiro, e que no período do contrato laborou em águas

cruzeiro, tendo embarcado ou desembarcado no Brasil nos três nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da

contratos firmados (ver contrato Id 23fa479). Dessa forma, verifica- legislação brasileira e a competência desta Justiça para

se que o reclamante laborou, em parte, em águas nacionais, o que apreciar a demanda. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS.

foi, inclusive, confirmado pela preposta das reclamadas (Id Considerando que é aplicável ao contrato de trabalho do autor

becdacd). a legislação brasileira e não havendo o pagamento das verbas

O fato de o obreiro ter sido contratado no Brasil, como já rescisórias, nada a alterar na sentença de origem. MULTA ART.

reconhecido, por si só já é suficiente para a aplicação da Lei 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres rescisórios

7.064/82, que regula a situação dos empregados contratados no do autor não foram pagos no prazo legal, devem as reclamadas

Brasil para prestar serviços no exterior. serem condenadas no pagamento da multa respectiva.

Saliente-se que as normas aplicáveis são aquelas do local da Recursos conhecidos, sendo improvido o das reclamadas e

prestação dos serviços, desde que mais favoráveis, conforme provido o do reclamante. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001216

disciplina a teoria do conglobamento. -58.2014.5.07.0010; Data: 01-10-2019; Órgão Julgador: OJ de

A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo Análise de Recurso - OJC de Análise de Recurso; Relator(a):

que o conflito de leis no espaço se resolve pela aplicação da JEFFERSON QUESADO JUNIOR)"

legislação brasileira. Senão, confira-se: Note-se, ainda, que o próprio Termo de Ajustamento de Conduta -

"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE TAC firmado pelas empresas com o Ministério Público do Trabalho

REVISTA - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST - CONFLITO (Ids 6b888c6 e 6560d8d), prevê que os brasileiros recrutados para

DE LEIS NO ESPAÇO - LEI DE REGÊNCIA - EMPREGADO trabalhar nos moldes do reclamante são vinculados à legislação

CONTRATADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS trabalhista brasileira, devendo ser registrados como empregados.

EMBARCADO EM NAVIO INTERNACIONAL. 1. Esta Corte, a No tocante à competência da jurisdição brasileira sobre o contrato

partir da interpretação das Leis nºs 7.064/1982 e 11.962/2009, de trabalho objeto de análise, resta incontroverso que a empresa

evoluiu o entendimento e cancelou a Súmula nº 207 do TST. 2. estrangeira com a qual o autor firmou o mesmo (MSC Crociere S/A)

O art. 3º, caput e II, da referida Lei nº 7.064/1982 determina a é sócia proprietária da segunda reclamada, MSC Cruzeiros do

aplicação da legislação brasileira aos empregados contratados Brasil Ltda., estabelecida em território nacional e sendo sua filial,

no Brasil para prestar serviços no exterior. 3. Na presente por esta razão aplica ao caso o parágrafo segundo do artigo 651 da

situação, o Tribunal Regional, com base no conjunto fático- CLT, conforme abaixo transcrito:

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 369
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

"Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é aos embargos de declaração das partes reclamadas para

determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou deferir, em sede de liquidação, a dedução de valores

reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido comprovadamente pagos sob mesmo título à parte

contratado noutro local ou no estrangeiro. reclamante."

... Dessa forma, observa-se que o pedido da reclamada já foi

§2º A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, concedido. Portanto, nada a deferir no tocante.

estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em MULTA ART. 477 DA CLT

agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja A reclamada limita-se a dizer, na contestação e no recurso

brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em ordinário, que as verbas rescisórias não são devidas ao reclamante,

contrário." porque as autoridades brasileiras não têm jurisdição e que,

Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça portanto, não se aplica ao caso a legislação nacional. No entanto,

Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. tendo restado certo que a legislação aplicável é a brasileira e não

Rejeita-se, pois, a preliminar. tendo a reclamada efetuado o pagamento das verbas devidas ao

III - MÉRITO autor, deve ser mantida a sentença que condenou as reclamadas

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS no pagamento da multa do art. 477 da CLT.

VERBAS RESCISÓRIAS RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

Sendo reconhecido ser aplicável ao caso a legislação brasileira, UNICIDADE CONTRATUAL

deve ser aplicada a CLT ao contrato de trabalho do obreiro, com Requer o reclamante seja reconhecida a unicidade contratual, haja

esteio na Lei nº 7.064/1982, que regulamenta a situação de vista que firmou três contratos com as reclamadas, sempre com

trabalhadores contratados por empresa estrangeira com sede no prazo entre eles inferior a seis meses.

Brasil para trabalhar no exterior. Dessa forma, não havendo Sem razão.

pagamento das verbas rescisórias do autor, confirma-se a sentença Restou incontroverso que o autor celebrou três contratos com as

que deferiu o pagamento de referidas verbas trabalhistas. reclamadas: de 18.11.2017 a 17.06.2018; de 24.09.2018 a

HORAS EXTRAS 24.03.2019 e de 27.05.2019 a 19.12.2019. Ademais, ao ser

Quanto às horas extras, as provas documentais (Id f387ff3 e contratado e celebrado os pactos laborais por prazo determinado, o

1afb099) confirmam que o reclamante trabalhava mais que 44 horas reclamante sabia a data de início e término do seu contrato.

semanais. Além do mais, as próprias reclamadas admitem em De par com isso, o §2º do art. 443 da CLT prevê a possibilidade de

defesa e no recurso que a carga horária não observava os limites ser celebrado contrato por prazo determinado quando os serviços

previstos na CLT, pois seguia os padrões da legislação possuam natureza que justifiquem a predeterminação do prazo.

internacional, quando dizem que não há que se falar na aplicação Vejamos:

das normas de duração ao trabalho previstos na lei trabalhista "§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se

brasileira, razão pela qual deve ser mantida a condenação no tratando:

pagamento das horas extras e os respectivos reflexos (aquelas a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a

além das 44 horas semanais), observando-se os cartões de ponto predeterminação do prazo;

colacionados aos autos. b) de atividades empresariais de caráter transitório;

COMPENSAÇÃO DOS VALORES JÁ PAGOS. PEDIDO JÁ c) de contrato de experiência."

DEFERIDO NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE Revendo posicionamento anterior, entendo que a atividade

DECLARAÇÃO desenvolvida pelas reclamadas (cruzeiros marítimos) não se

Requer a reclamada seja deferida a dedução da parcela de férias desenvolve durante todo o ano, mesmo levando-se em

proporcionais já pagas, as quais constam nos contracheques. consideração a temporada dentro ou fora do Brasil, o que justifica a

À análise. contratação por prazo determinado. Ademais, durante o período de

Por ocasião do julgamento dos embargos declaração interpostos inatividade, o próprio reclamante confessou que podia trabalhar

pelas partes (sentença Id a6df626), o juízo de origem assim se para outra empresa.

manifestou: Assim, deve ser mantida a sentença de origem, que não

"Contudo, no tópico em comento prevalece a vedação ao reconheceu a unicidade contratual.

enriquecimento injustificado, razão pela qual dou provimento INTERVALO INTERJORNADA

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 370
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Requer o reclamante o pagamento das horas extras em razão da novembro de 2017.

não concessão do intervalo interjornada de 11 horas. Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi

Razão não lhe assiste. ajuizada em 2021, ou seja, após entrar em vigor a lei 13.467/2017.

Conforme se vê dos cartões de ponto colacionados aos autos (Id O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:

f387ff3), o reclamante gozava mais de 11 horas de intervalo "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos

interjornada, usufruindo, em média, de 13 horas de descanso. honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Dessa forma, não há que se falar em pagamento de horas extras (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre

relativas a referido intervalo, já que o mesmo era corretamente o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito

usufruído. econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o

ADICIONAL NOTURNO valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de

O reclamante aduz que trabalhava em jornada noturna, requerendo 13.7.2017)

o pagamento do adicional respectivo, cabendo ao mesmo a prova, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a

ônus do qual não se desincumbiu. Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida

Os cartões de ponto (Id f387ff3 e tradução Id 1afb099) são confusos ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela

e não conseguem demonstrar que o reclamante trabalhava em Lei nº 13.467, de 13.7.2017)

jornada noturna. De par com isso, a testemunha arrolada pelo autor § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei

também não conseguiu demonstrar o trabalho entre 22 horas e 05 nº 13.467, de 13.7.2017)

horas do dia seguinte. Assim, à falta de prova do trabalho em I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de

horário noturno, indevido o pagamento do adicional respectivo, 13.7.2017)

devendo, portanto, ser mantida a sentença que indeferiu o pleito. II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467,

DANOS EXISTENCIAIS PELA JORNADA EXTENUANTE de 13.7.2017)

Requer o reclamante sejam as reclamadas condenadas a pagar III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº

danos existenciais em decorrência da exaustiva jornada de trabalho 13.467, de 13.7.2017)

a que era imposto, a qual era fora dos limites de tolerância. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para

Sem razão. o seu serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017)

O cumprimento de extensa jornada de trabalho, por si só, não § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará

enseja a indenização perseguida, posto que o próprio trabalho em honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação

alto mar demonstra a efetiva impossibilidade de convívio familiar e entre os honorários.

social, o que constitui a hipótese dos autos. Ademais, o trabalho em § 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não

sobrejornada além do permissivo legal, não demonstra que tal tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos

jornada tenha, efetivamente, comprometido as relações sociais do capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de

reclamante, até porque restou provado que, quando o navio sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de

atracava, os tripulantes que não estivessem na escala naquele dia exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois

poderiam desembarcar, bem como que o autor podia participar das anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as

atividades de lazer concedidas aos tripulantes dentro da certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação

embarcação. de insuficiência de recursos que justificou a concessão de

Ademais, a consequência da realização de horas extras é a gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais

reparação em pecúnia, estando longe de representar dano obrigações do beneficiário.

existencial. § 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção."

Nada a alterar no tocante. Portanto, conforme se vê acima, o juízo de origem condenou a

MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS A CARGO DA RECLAMADA. reclamada a pagar 10% de honorários advocatícios, calculados

Requer o reclamante sejam majorados, para 15%, os percentuais sobre o montante devido na condenação, utilizando os parâmetros

de honorários a que foram condenadas as reclamadas. norteadores constantes da legislação vigente, pelo que nada a

Sem razão. alterar.

A Corte Superior Trabalhista entendeu que as disposições da Lei HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO

13.467/2017 devem ser aplicadas nas ações propostas após 11 de RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 371
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, em que pese Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

não haver recurso ordinário interposto pelo obreiro visando a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo Fortaleza, 18 de julho de 2022.

o juiz fazer a fixação. Ademais, referida obrigação é acessória da

sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta Jefferson Quesado

de inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de Desembargador Relator

ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.

Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença

concedeu ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da Diretor de Secretaria

decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou


Processo Nº ROT-0000356-41.2021.5.07.0033
a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
Leis do Trabalho (CLT). RECORRENTE MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §
RECORRENTE MSC CRUISES S.A.
4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao RECORRENTE MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
LIMITED
trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de RECORRENTE WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais 6560/CE)
devem ser excluídos da condenação. RECORRIDO WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO RECORRIDO MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
RECORRIDO MSC CRUISES S.A.
Conhecer dos recursos, à exceção do tópico do recurso do ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
reclamante relativo aos danos morais, por inovação recursal; rejeitar RECORRIDO MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
LIMITED
a preliminar de incompetência arguida pelas reclamadas e, no ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
mérito, negar-lhes provimento, determinando, de ofício, a exclusão
Intimado(s)/Citado(s):
da condenação do reclamante no pagamento de honorários em
- WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
favor do advogado da reclamada, com base na declaração de

inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

5766. Custas inalteradas.


PODER JUDICIÁRIO

DISPOSITIVO JUSTIÇA DO

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª


EMENTA
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, à exceção do
CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE
tópico do recurso do reclamante relativo aos danos morais, por
CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL
inovação recursal; rejeitar a preliminar de incompetência arguida
EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o
pelas reclamadas e, no mérito, negar-lhes provimento,
reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para
determinando, de ofício, a exclusão da condenação do reclamante
trabalhar como "auxiliar de cozinha" em navios de cruzeiro, e que
no pagamento de honorários em favor do advogado da reclamada,
no período do contrato laborou, também, em águas nacionais,
com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF
correta a decisão que reconheceu a incidência da legislação
no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas.
brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a demanda.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 372
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS. Sendo aplicável ao contrato de título.

trabalho do autor a legislação brasileira e não havendo o As reclamadas recorreram ordinariamente (Id 947d3df), alegando

pagamento das verbas rescisórias, devem as reclamadas ser ausência de jurisdição das autoridades brasileiras para o julgamento

compelidas a efetuar o pagamento, pelo que nada a alterar na da presente lide, sendo incompetente esta especializada, não

sentença de origem. podendo, dessa forma, ser aplicada ao caso a legislação brasileira.

DANOS MORAIS. NÃO CONHECIMENTO. Considerando que, na Aduzem que o reclamante manteve uma relação de trabalho

inicial, o pedido de pagamento de indenização por danos morais foi internacional, pelo que deve ser aplicada a Convenção das Nações

em relação ao tratamento humilhante e discriminatório sofrido pelo Unidas sobre Direito do Mar, bem como o Código de Bustamante

autor no ambiente de trabalho, enquanto que no recurso ordinário (lei do pavilhão do navio ou da bandeira). Informam que, no navio,

se deu em relação à suposta exigência de realização de exames trabalham pessoas de várias nacionalidades e que os mesmos

para a contratação, não merece ser conhecido o recurso no tocante, devem ser tratados da mesma forma, com a aplicação da mesma

haja vista a inovação recursal. lei. Aduzem que foram firmados TACs com o MPT acerca da não

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO aplicação da legislação brasileira. Pleiteiam seja deferida a

RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO compensação das férias proporcionais já pagas. Por fim, aduzem

BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu não ser devida a multa do art. 477 da CLT, já que há dúvida acerca

ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada da aplicação da legislação brasileira ao caso.

sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que Inconformado, recorre ordinariamente o reclamante (Id 82bc407),

ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos pugnando pela reforma da sentença, requerendo seja reconhecida a

da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a unicidade contratual, já que houve sucessivas contratações antes

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das do prazo de seis meses, contrariando os termos do art. 452 da CLT,

Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários o que afasta a possibilidade de os contratos serem por prazo

advocatícios a cargo do reclamante, pelo que resta determinado, de determinado. Aduz que as folhas de ponto demonstram o

ofício, a exclusão de referida verba da condenação. desrespeito ao intervalo interjornada, de no mínimo, 11 horas, pelo

Recurso das reclamadas conhecido, mas improvido. Recurso do que faz jus ao pagamento das horas extras daí decorrentes. Requer

reclamante conhecido em parte, mas improvido. o pagamento do adicional noturno, de indenização por danos

RELATÓRIO existenciais, já que trabalhava em jornada extenuante e sem direito

O MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maracanaú, por meio da a folgas, bem como de indenização por danos morais, considerando

sentença (Id eccc850), declarou a competência da Justiça do que, para ser contratado, foi exigida a realização de exames de

Trabalho para conhecer, processar e julgar a presente lide, com a álcool, HIV e drogas. Por fim, requer a majoração do percentual de

aplicação da legislação brasileira; declarou prescritos os créditos do honorários advocatícios a que as reclamadas foram condenadas.

reclamante relativos aos dois primeiros contratos, considerando o Contrarrazões das reclamadas (Id 57a35ae) e do reclamante (Id

reconhecimento de que os contratos firmados são por prazo 32c327c).

determinado, já que a atividade desenvolvida pelas reclamadas Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para

justifica a predeterminação do prazo. No mérito, condenou as emissão de parecer.

reclamadas, de forma solidária, a pagar as verbas rescisórias do FUNDAMENTAÇÃO

reclamante relativas ao último contrato (27.05.2019 a 19.12.2019); I - ADMISSIBILIDADE

determinou a assinatura da CTPS do obreiro com relação aos três Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, porque

contratos mantidos entre as partes; condenou a reclamada a pagar atendidos os pressupostos de admissibilidade.

as horas extras além das 44 horas semanais, além de condenar as No tocante ao recurso interposto pelo reclamante, deve o mesmo

partes a pagar honorários advocatícios em 10%. ser conhecido, mas apenas em parte.

Embargaram de declaração reclamante (Id c012cac) e reclamadas Vejamos.

(Id a2a2ddc), com sentença através do Id a6df626, sendo os Com relação ao tópico relativo ao pedido de pagamento de

embargos do reclamante providos em parte, para julgar indenização por danos morais do recurso ordinário interposto pelo

improcedente o pedido de pagamento de adicional noturno, bem reclamante, não deve o mesmo ser conhecido, considerando que,

como providos em parte os embargos das reclamadas, para deferir na inicial, o requerimento se deu em face de humilhações e

a dedução dos valores comprovadamente pagos sob o mesmo perseguições sofridas pelo autor, enquanto que no recurso

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 373
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ordinário, o pedido se deu em face da exigência da empresa na disciplina a teoria do conglobamento.

realização, como requisito para contratação, de exames de álcool, A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo

HIV e drogas. Vejamos os termos da inicial e do recurso ordinário: que o conflito de leis no espaço se resolve pela aplicação da

Petição Inicial: legislação brasileira. Senão, confira-se:

"O autor, durante sua prestação de serviços para as "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

reclamadas, suportava situações de racismo, sendo chamado REVISTA - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST - CONFLITO

muitas vezes de macaco por seus superiores, de nacionalidade DE LEIS NO ESPAÇO - LEI DE REGÊNCIA - EMPREGADO

italiana. Além disso, sofria diversas perseguições por não CONTRATADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS

saber se comunicar em inglês fluentemente, sendo EMBARCADO EM NAVIO INTERNACIONAL. 1. Esta Corte, a

discriminado por ser de origem brasileira". partir da interpretação das Leis nºs 7.064/1982 e 11.962/2009,

Recurso ordinário: evoluiu o entendimento e cancelou a Súmula nº 207 do TST. 2.

"O dano moral em virtude a exigência da realização de exames O art. 3º, caput e II, da referida Lei nº 7.064/1982 determina a

de álcool, HIV e drogas. A partir das provas produzidas nos aplicação da legislação brasileira aos empregados contratados

autos, restou devidamente comprovado a exigência pelas no Brasil para prestar serviços no exterior. 3. Na presente

reclamadas da realização de exames de álcool, HIV e situação, o Tribunal Regional, com base no conjunto fático-

toxicológicos. A despeito disso, o magistrado de 1º grau probatório existente nos autos, deixou claro que a autora foi

indeferiu o pleito indenizatório autoral. Ora, Eméritos contratada no Brasil, tendo celebrado pré-contrato com uma

Desembargadores, é incontroverso que a realização dos das agências locais de recrutamento (Rosa dos Ventos) e

referidos exames é absolutamente dispensável para a contrato efetivo com a primeira reclamada (MSC Crociere S.A.)

realização do labor para qual o reclamante foi contratado." dentro do Brasil. 4. Considerando esse cenário fático

Constitui inovação recursal quando a parte introduz argumentos, em (contratação da reclamante dentro do território nacional), a

sede de recurso, que não fizeram parte da inicial e, por relação de trabalho mantida entre as partes deve ser regida

consequência, nem da análise do julgado recorrido. Assim, conheço pela legislação brasileira, mais favorável ao empregado.

do recurso ordinário interposto pelo reclamante, com exceção do Agravo desprovido. TST - Ag-AIRR: 1303826320145130015,

tópico relativo ao requerimento de pagamento de indenização por Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de

danos morais. Julgamento: 05/02/2020, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT

II - PRELIMINAR 07/02/2020)"

INCOMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da

Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado legislação nacional. Vejamos:

com o reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. TRIPULANTE DE NAVIO DE

competência da Justiça do Trabalho. CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL

Examinando-se, todavia, os autos, observa-se que o autor foi EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o

recrutado no Brasil através da empresa Rosa dos Ventos, o que não reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,

foi negado pelas empresas reclamadas, onde recebeu treinamento para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de

para trabalhar na função de auxiliar de cozinha, em navios de cruzeiro, e que no período do contrato laborou em águas

cruzeiro, tendo embarcado ou desembarcado no Brasil nos três nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da

contratos firmados (ver contrato Id 23fa479). Dessa forma, verifica- legislação brasileira e a competência desta Justiça para

se que o reclamante laborou, em parte, em águas nacionais, o que apreciar a demanda. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS.

foi, inclusive, confirmado pela preposta das reclamadas (Id Considerando que é aplicável ao contrato de trabalho do autor

becdacd). a legislação brasileira e não havendo o pagamento das verbas

O fato de o obreiro ter sido contratado no Brasil, como já rescisórias, nada a alterar na sentença de origem. MULTA ART.

reconhecido, por si só já é suficiente para a aplicação da Lei 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres rescisórios

7.064/82, que regula a situação dos empregados contratados no do autor não foram pagos no prazo legal, devem as reclamadas

Brasil para prestar serviços no exterior. serem condenadas no pagamento da multa respectiva.

Saliente-se que as normas aplicáveis são aquelas do local da Recursos conhecidos, sendo improvido o das reclamadas e

prestação dos serviços, desde que mais favoráveis, conforme provido o do reclamante. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001216

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 374
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

-58.2014.5.07.0010; Data: 01-10-2019; Órgão Julgador: OJ de brasileira, razão pela qual deve ser mantida a condenação no

Análise de Recurso - OJC de Análise de Recurso; Relator(a): pagamento das horas extras e os respectivos reflexos (aquelas

JEFFERSON QUESADO JUNIOR)" além das 44 horas semanais), observando-se os cartões de ponto

Note-se, ainda, que o próprio Termo de Ajustamento de Conduta - colacionados aos autos.

TAC firmado pelas empresas com o Ministério Público do Trabalho COMPENSAÇÃO DOS VALORES JÁ PAGOS. PEDIDO JÁ

(Ids 6b888c6 e 6560d8d), prevê que os brasileiros recrutados para DEFERIDO NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE

trabalhar nos moldes do reclamante são vinculados à legislação DECLARAÇÃO

trabalhista brasileira, devendo ser registrados como empregados. Requer a reclamada seja deferida a dedução da parcela de férias

No tocante à competência da jurisdição brasileira sobre o contrato proporcionais já pagas, as quais constam nos contracheques.

de trabalho objeto de análise, resta incontroverso que a empresa À análise.

estrangeira com a qual o autor firmou o mesmo (MSC Crociere S/A) Por ocasião do julgamento dos embargos declaração interpostos

é sócia proprietária da segunda reclamada, MSC Cruzeiros do pelas partes (sentença Id a6df626), o juízo de origem assim se

Brasil Ltda., estabelecida em território nacional e sendo sua filial, manifestou:

por esta razão aplica ao caso o parágrafo segundo do artigo 651 da "Contudo, no tópico em comento prevalece a vedação ao

CLT, conforme abaixo transcrito: enriquecimento injustificado, razão pela qual dou provimento

"Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é aos embargos de declaração das partes reclamadas para

determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou deferir, em sede de liquidação, a dedução de valores

reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido comprovadamente pagos sob mesmo título à parte

contratado noutro local ou no estrangeiro. reclamante."

... Dessa forma, observa-se que o pedido da reclamada já foi

§2º A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, concedido. Portanto, nada a deferir no tocante.

estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em MULTA ART. 477 DA CLT

agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja A reclamada limita-se a dizer, na contestação e no recurso

brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em ordinário, que as verbas rescisórias não são devidas ao reclamante,

contrário." porque as autoridades brasileiras não têm jurisdição e que,

Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça portanto, não se aplica ao caso a legislação nacional. No entanto,

Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. tendo restado certo que a legislação aplicável é a brasileira e não

Rejeita-se, pois, a preliminar. tendo a reclamada efetuado o pagamento das verbas devidas ao

III - MÉRITO autor, deve ser mantida a sentença que condenou as reclamadas

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS no pagamento da multa do art. 477 da CLT.

VERBAS RESCISÓRIAS RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

Sendo reconhecido ser aplicável ao caso a legislação brasileira, UNICIDADE CONTRATUAL

deve ser aplicada a CLT ao contrato de trabalho do obreiro, com Requer o reclamante seja reconhecida a unicidade contratual, haja

esteio na Lei nº 7.064/1982, que regulamenta a situação de vista que firmou três contratos com as reclamadas, sempre com

trabalhadores contratados por empresa estrangeira com sede no prazo entre eles inferior a seis meses.

Brasil para trabalhar no exterior. Dessa forma, não havendo Sem razão.

pagamento das verbas rescisórias do autor, confirma-se a sentença Restou incontroverso que o autor celebrou três contratos com as

que deferiu o pagamento de referidas verbas trabalhistas. reclamadas: de 18.11.2017 a 17.06.2018; de 24.09.2018 a

HORAS EXTRAS 24.03.2019 e de 27.05.2019 a 19.12.2019. Ademais, ao ser

Quanto às horas extras, as provas documentais (Id f387ff3 e contratado e celebrado os pactos laborais por prazo determinado, o

1afb099) confirmam que o reclamante trabalhava mais que 44 horas reclamante sabia a data de início e término do seu contrato.

semanais. Além do mais, as próprias reclamadas admitem em De par com isso, o §2º do art. 443 da CLT prevê a possibilidade de

defesa e no recurso que a carga horária não observava os limites ser celebrado contrato por prazo determinado quando os serviços

previstos na CLT, pois seguia os padrões da legislação possuam natureza que justifiquem a predeterminação do prazo.

internacional, quando dizem que não há que se falar na aplicação Vejamos:

das normas de duração ao trabalho previstos na lei trabalhista "§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 375
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

tratando: reclamante, até porque restou provado que, quando o navio

a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a atracava, os tripulantes que não estivessem na escala naquele dia

predeterminação do prazo; poderiam desembarcar, bem como que o autor podia participar das

b) de atividades empresariais de caráter transitório; atividades de lazer concedidas aos tripulantes dentro da

c) de contrato de experiência." embarcação.

Revendo posicionamento anterior, entendo que a atividade Ademais, a consequência da realização de horas extras é a

desenvolvida pelas reclamadas (cruzeiros marítimos) não se reparação em pecúnia, estando longe de representar dano

desenvolve durante todo o ano, mesmo levando-se em existencial.

consideração a temporada dentro ou fora do Brasil, o que justifica a Nada a alterar no tocante.

contratação por prazo determinado. Ademais, durante o período de MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS A CARGO DA RECLAMADA.

inatividade, o próprio reclamante confessou que podia trabalhar Requer o reclamante sejam majorados, para 15%, os percentuais

para outra empresa. de honorários a que foram condenadas as reclamadas.

Assim, deve ser mantida a sentença de origem, que não Sem razão.

reconheceu a unicidade contratual. A Corte Superior Trabalhista entendeu que as disposições da Lei

INTERVALO INTERJORNADA 13.467/2017 devem ser aplicadas nas ações propostas após 11 de

Requer o reclamante o pagamento das horas extras em razão da novembro de 2017.

não concessão do intervalo interjornada de 11 horas. Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi

Razão não lhe assiste. ajuizada em 2021, ou seja, após entrar em vigor a lei 13.467/2017.

Conforme se vê dos cartões de ponto colacionados aos autos (Id O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:

f387ff3), o reclamante gozava mais de 11 horas de intervalo "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos

interjornada, usufruindo, em média, de 13 horas de descanso. honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Dessa forma, não há que se falar em pagamento de horas extras (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre

relativas a referido intervalo, já que o mesmo era corretamente o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito

usufruído. econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o

ADICIONAL NOTURNO valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de

O reclamante aduz que trabalhava em jornada noturna, requerendo 13.7.2017)

o pagamento do adicional respectivo, cabendo ao mesmo a prova, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a

ônus do qual não se desincumbiu. Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida

Os cartões de ponto (Id f387ff3 e tradução Id 1afb099) são confusos ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela

e não conseguem demonstrar que o reclamante trabalhava em Lei nº 13.467, de 13.7.2017)

jornada noturna. De par com isso, a testemunha arrolada pelo autor § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei

também não conseguiu demonstrar o trabalho entre 22 horas e 05 nº 13.467, de 13.7.2017)

horas do dia seguinte. Assim, à falta de prova do trabalho em I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de

horário noturno, indevido o pagamento do adicional respectivo, 13.7.2017)

devendo, portanto, ser mantida a sentença que indeferiu o pleito. II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467,

DANOS EXISTENCIAIS PELA JORNADA EXTENUANTE de 13.7.2017)

Requer o reclamante sejam as reclamadas condenadas a pagar III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº

danos existenciais em decorrência da exaustiva jornada de trabalho 13.467, de 13.7.2017)

a que era imposto, a qual era fora dos limites de tolerância. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para

Sem razão. o seu serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017)

O cumprimento de extensa jornada de trabalho, por si só, não § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará

enseja a indenização perseguida, posto que o próprio trabalho em honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação

alto mar demonstra a efetiva impossibilidade de convívio familiar e entre os honorários.

social, o que constitui a hipótese dos autos. Ademais, o trabalho em § 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não

sobrejornada além do permissivo legal, não demonstra que tal tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos

jornada tenha, efetivamente, comprometido as relações sociais do capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 376
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de favor do advogado da reclamada, com base na declaração de

exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as 5766. Custas inalteradas.

certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação

de insuficiência de recursos que justificou a concessão de DISPOSITIVO

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

obrigações do beneficiário. TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção." REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, à exceção do

Portanto, conforme se vê acima, o juízo de origem condenou a tópico do recurso do reclamante relativo aos danos morais, por

reclamada a pagar 10% de honorários advocatícios, calculados inovação recursal; rejeitar a preliminar de incompetência arguida

sobre o montante devido na condenação, utilizando os parâmetros pelas reclamadas e, no mérito, negar-lhes provimento,

norteadores constantes da legislação vigente, pelo que nada a determinando, de ofício, a exclusão da condenação do reclamante

alterar. no pagamento de honorários em favor do advogado da reclamada,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF

RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas.

BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, em que pese Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

não haver recurso ordinário interposto pelo obreiro visando a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo Fortaleza, 18 de julho de 2022.

o juiz fazer a fixação. Ademais, referida obrigação é acessória da

sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta Jefferson Quesado

de inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de Desembargador Relator

ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.

Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença

concedeu ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da Diretor de Secretaria

decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou


Processo Nº ROT-0000356-41.2021.5.07.0033
a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
Leis do Trabalho (CLT). RECORRENTE MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §
RECORRENTE MSC CRUISES S.A.
4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao RECORRENTE MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
LIMITED
trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de RECORRENTE WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais 6560/CE)
devem ser excluídos da condenação. RECORRIDO WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO RECORRIDO MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
RECORRIDO MSC CRUISES S.A.
Conhecer dos recursos, à exceção do tópico do recurso do ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
reclamante relativo aos danos morais, por inovação recursal; rejeitar RECORRIDO MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
LIMITED
a preliminar de incompetência arguida pelas reclamadas e, no ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
mérito, negar-lhes provimento, determinando, de ofício, a exclusão
Intimado(s)/Citado(s):
da condenação do reclamante no pagamento de honorários em
- MSC CRUISES S.A.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 377
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

reconhecimento de que os contratos firmados são por prazo

determinado, já que a atividade desenvolvida pelas reclamadas

PODER JUDICIÁRIO justifica a predeterminação do prazo. No mérito, condenou as

JUSTIÇA DO reclamadas, de forma solidária, a pagar as verbas rescisórias do

reclamante relativas ao último contrato (27.05.2019 a 19.12.2019);

determinou a assinatura da CTPS do obreiro com relação aos três


EMENTA
contratos mantidos entre as partes; condenou a reclamada a pagar
CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE
as horas extras além das 44 horas semanais, além de condenar as
CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL
partes a pagar honorários advocatícios em 10%.
EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o
Embargaram de declaração reclamante (Id c012cac) e reclamadas
reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para
(Id a2a2ddc), com sentença através do Id a6df626, sendo os
trabalhar como "auxiliar de cozinha" em navios de cruzeiro, e que
embargos do reclamante providos em parte, para julgar
no período do contrato laborou, também, em águas nacionais,
improcedente o pedido de pagamento de adicional noturno, bem
correta a decisão que reconheceu a incidência da legislação
como providos em parte os embargos das reclamadas, para deferir
brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a demanda.
a dedução dos valores comprovadamente pagos sob o mesmo
VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS. Sendo aplicável ao contrato de
título.
trabalho do autor a legislação brasileira e não havendo o
As reclamadas recorreram ordinariamente (Id 947d3df), alegando
pagamento das verbas rescisórias, devem as reclamadas ser
ausência de jurisdição das autoridades brasileiras para o julgamento
compelidas a efetuar o pagamento, pelo que nada a alterar na
da presente lide, sendo incompetente esta especializada, não
sentença de origem.
podendo, dessa forma, ser aplicada ao caso a legislação brasileira.
DANOS MORAIS. NÃO CONHECIMENTO. Considerando que, na
Aduzem que o reclamante manteve uma relação de trabalho
inicial, o pedido de pagamento de indenização por danos morais foi
internacional, pelo que deve ser aplicada a Convenção das Nações
em relação ao tratamento humilhante e discriminatório sofrido pelo
Unidas sobre Direito do Mar, bem como o Código de Bustamante
autor no ambiente de trabalho, enquanto que no recurso ordinário
(lei do pavilhão do navio ou da bandeira). Informam que, no navio,
se deu em relação à suposta exigência de realização de exames
trabalham pessoas de várias nacionalidades e que os mesmos
para a contratação, não merece ser conhecido o recurso no tocante,
devem ser tratados da mesma forma, com a aplicação da mesma
haja vista a inovação recursal.
lei. Aduzem que foram firmados TACs com o MPT acerca da não
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO
aplicação da legislação brasileira. Pleiteiam seja deferida a
RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO
compensação das férias proporcionais já pagas. Por fim, aduzem
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu
não ser devida a multa do art. 477 da CLT, já que há dúvida acerca
ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada
da aplicação da legislação brasileira ao caso.
sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que
Inconformado, recorre ordinariamente o reclamante (Id 82bc407),
ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos
pugnando pela reforma da sentença, requerendo seja reconhecida a
da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
unicidade contratual, já que houve sucessivas contratações antes
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
do prazo de seis meses, contrariando os termos do art. 452 da CLT,
Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários
o que afasta a possibilidade de os contratos serem por prazo
advocatícios a cargo do reclamante, pelo que resta determinado, de
determinado. Aduz que as folhas de ponto demonstram o
ofício, a exclusão de referida verba da condenação.
desrespeito ao intervalo interjornada, de no mínimo, 11 horas, pelo
Recurso das reclamadas conhecido, mas improvido. Recurso do
que faz jus ao pagamento das horas extras daí decorrentes. Requer
reclamante conhecido em parte, mas improvido.
o pagamento do adicional noturno, de indenização por danos
RELATÓRIO
existenciais, já que trabalhava em jornada extenuante e sem direito
O MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maracanaú, por meio da
a folgas, bem como de indenização por danos morais, considerando
sentença (Id eccc850), declarou a competência da Justiça do
que, para ser contratado, foi exigida a realização de exames de
Trabalho para conhecer, processar e julgar a presente lide, com a
álcool, HIV e drogas. Por fim, requer a majoração do percentual de
aplicação da legislação brasileira; declarou prescritos os créditos do
honorários advocatícios a que as reclamadas foram condenadas.
reclamante relativos aos dois primeiros contratos, considerando o
Contrarrazões das reclamadas (Id 57a35ae) e do reclamante (Id

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 378
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32c327c). Examinando-se, todavia, os autos, observa-se que o autor foi

Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para recrutado no Brasil através da empresa Rosa dos Ventos, o que não

emissão de parecer. foi negado pelas empresas reclamadas, onde recebeu treinamento

FUNDAMENTAÇÃO para trabalhar na função de auxiliar de cozinha, em navios de

I - ADMISSIBILIDADE cruzeiro, tendo embarcado ou desembarcado no Brasil nos três

Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, porque contratos firmados (ver contrato Id 23fa479). Dessa forma, verifica-

atendidos os pressupostos de admissibilidade. se que o reclamante laborou, em parte, em águas nacionais, o que

No tocante ao recurso interposto pelo reclamante, deve o mesmo foi, inclusive, confirmado pela preposta das reclamadas (Id

ser conhecido, mas apenas em parte. becdacd).

Vejamos. O fato de o obreiro ter sido contratado no Brasil, como já

Com relação ao tópico relativo ao pedido de pagamento de reconhecido, por si só já é suficiente para a aplicação da Lei

indenização por danos morais do recurso ordinário interposto pelo 7.064/82, que regula a situação dos empregados contratados no

reclamante, não deve o mesmo ser conhecido, considerando que, Brasil para prestar serviços no exterior.

na inicial, o requerimento se deu em face de humilhações e Saliente-se que as normas aplicáveis são aquelas do local da

perseguições sofridas pelo autor, enquanto que no recurso prestação dos serviços, desde que mais favoráveis, conforme

ordinário, o pedido se deu em face da exigência da empresa na disciplina a teoria do conglobamento.

realização, como requisito para contratação, de exames de álcool, A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo

HIV e drogas. Vejamos os termos da inicial e do recurso ordinário: que o conflito de leis no espaço se resolve pela aplicação da

Petição Inicial: legislação brasileira. Senão, confira-se:

"O autor, durante sua prestação de serviços para as "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

reclamadas, suportava situações de racismo, sendo chamado REVISTA - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST - CONFLITO

muitas vezes de macaco por seus superiores, de nacionalidade DE LEIS NO ESPAÇO - LEI DE REGÊNCIA - EMPREGADO

italiana. Além disso, sofria diversas perseguições por não CONTRATADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS

saber se comunicar em inglês fluentemente, sendo EMBARCADO EM NAVIO INTERNACIONAL. 1. Esta Corte, a

discriminado por ser de origem brasileira". partir da interpretação das Leis nºs 7.064/1982 e 11.962/2009,

Recurso ordinário: evoluiu o entendimento e cancelou a Súmula nº 207 do TST. 2.

"O dano moral em virtude a exigência da realização de exames O art. 3º, caput e II, da referida Lei nº 7.064/1982 determina a

de álcool, HIV e drogas. A partir das provas produzidas nos aplicação da legislação brasileira aos empregados contratados

autos, restou devidamente comprovado a exigência pelas no Brasil para prestar serviços no exterior. 3. Na presente

reclamadas da realização de exames de álcool, HIV e situação, o Tribunal Regional, com base no conjunto fático-

toxicológicos. A despeito disso, o magistrado de 1º grau probatório existente nos autos, deixou claro que a autora foi

indeferiu o pleito indenizatório autoral. Ora, Eméritos contratada no Brasil, tendo celebrado pré-contrato com uma

Desembargadores, é incontroverso que a realização dos das agências locais de recrutamento (Rosa dos Ventos) e

referidos exames é absolutamente dispensável para a contrato efetivo com a primeira reclamada (MSC Crociere S.A.)

realização do labor para qual o reclamante foi contratado." dentro do Brasil. 4. Considerando esse cenário fático

Constitui inovação recursal quando a parte introduz argumentos, em (contratação da reclamante dentro do território nacional), a

sede de recurso, que não fizeram parte da inicial e, por relação de trabalho mantida entre as partes deve ser regida

consequência, nem da análise do julgado recorrido. Assim, conheço pela legislação brasileira, mais favorável ao empregado.

do recurso ordinário interposto pelo reclamante, com exceção do Agravo desprovido. TST - Ag-AIRR: 1303826320145130015,

tópico relativo ao requerimento de pagamento de indenização por Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de

danos morais. Julgamento: 05/02/2020, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT

II - PRELIMINAR 07/02/2020)"

INCOMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da

Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado legislação nacional. Vejamos:

com o reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. TRIPULANTE DE NAVIO DE

competência da Justiça do Trabalho. CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 379
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EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o Sendo reconhecido ser aplicável ao caso a legislação brasileira,

reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, deve ser aplicada a CLT ao contrato de trabalho do obreiro, com

para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de esteio na Lei nº 7.064/1982, que regulamenta a situação de

cruzeiro, e que no período do contrato laborou em águas trabalhadores contratados por empresa estrangeira com sede no

nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da Brasil para trabalhar no exterior. Dessa forma, não havendo

legislação brasileira e a competência desta Justiça para pagamento das verbas rescisórias do autor, confirma-se a sentença

apreciar a demanda. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS. que deferiu o pagamento de referidas verbas trabalhistas.

Considerando que é aplicável ao contrato de trabalho do autor HORAS EXTRAS

a legislação brasileira e não havendo o pagamento das verbas Quanto às horas extras, as provas documentais (Id f387ff3 e

rescisórias, nada a alterar na sentença de origem. MULTA ART. 1afb099) confirmam que o reclamante trabalhava mais que 44 horas

477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres rescisórios semanais. Além do mais, as próprias reclamadas admitem em

do autor não foram pagos no prazo legal, devem as reclamadas defesa e no recurso que a carga horária não observava os limites

serem condenadas no pagamento da multa respectiva. previstos na CLT, pois seguia os padrões da legislação

Recursos conhecidos, sendo improvido o das reclamadas e internacional, quando dizem que não há que se falar na aplicação

provido o do reclamante. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001216 das normas de duração ao trabalho previstos na lei trabalhista

-58.2014.5.07.0010; Data: 01-10-2019; Órgão Julgador: OJ de brasileira, razão pela qual deve ser mantida a condenação no

Análise de Recurso - OJC de Análise de Recurso; Relator(a): pagamento das horas extras e os respectivos reflexos (aquelas

JEFFERSON QUESADO JUNIOR)" além das 44 horas semanais), observando-se os cartões de ponto

Note-se, ainda, que o próprio Termo de Ajustamento de Conduta - colacionados aos autos.

TAC firmado pelas empresas com o Ministério Público do Trabalho COMPENSAÇÃO DOS VALORES JÁ PAGOS. PEDIDO JÁ

(Ids 6b888c6 e 6560d8d), prevê que os brasileiros recrutados para DEFERIDO NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE

trabalhar nos moldes do reclamante são vinculados à legislação DECLARAÇÃO

trabalhista brasileira, devendo ser registrados como empregados. Requer a reclamada seja deferida a dedução da parcela de férias

No tocante à competência da jurisdição brasileira sobre o contrato proporcionais já pagas, as quais constam nos contracheques.

de trabalho objeto de análise, resta incontroverso que a empresa À análise.

estrangeira com a qual o autor firmou o mesmo (MSC Crociere S/A) Por ocasião do julgamento dos embargos declaração interpostos

é sócia proprietária da segunda reclamada, MSC Cruzeiros do pelas partes (sentença Id a6df626), o juízo de origem assim se

Brasil Ltda., estabelecida em território nacional e sendo sua filial, manifestou:

por esta razão aplica ao caso o parágrafo segundo do artigo 651 da "Contudo, no tópico em comento prevalece a vedação ao

CLT, conforme abaixo transcrito: enriquecimento injustificado, razão pela qual dou provimento

"Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é aos embargos de declaração das partes reclamadas para

determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou deferir, em sede de liquidação, a dedução de valores

reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido comprovadamente pagos sob mesmo título à parte

contratado noutro local ou no estrangeiro. reclamante."

... Dessa forma, observa-se que o pedido da reclamada já foi

§2º A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, concedido. Portanto, nada a deferir no tocante.

estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em MULTA ART. 477 DA CLT

agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja A reclamada limita-se a dizer, na contestação e no recurso

brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em ordinário, que as verbas rescisórias não são devidas ao reclamante,

contrário." porque as autoridades brasileiras não têm jurisdição e que,

Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça portanto, não se aplica ao caso a legislação nacional. No entanto,

Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. tendo restado certo que a legislação aplicável é a brasileira e não

Rejeita-se, pois, a preliminar. tendo a reclamada efetuado o pagamento das verbas devidas ao

III - MÉRITO autor, deve ser mantida a sentença que condenou as reclamadas

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS no pagamento da multa do art. 477 da CLT.

VERBAS RESCISÓRIAS RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 380
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UNICIDADE CONTRATUAL também não conseguiu demonstrar o trabalho entre 22 horas e 05

Requer o reclamante seja reconhecida a unicidade contratual, haja horas do dia seguinte. Assim, à falta de prova do trabalho em

vista que firmou três contratos com as reclamadas, sempre com horário noturno, indevido o pagamento do adicional respectivo,

prazo entre eles inferior a seis meses. devendo, portanto, ser mantida a sentença que indeferiu o pleito.

Sem razão. DANOS EXISTENCIAIS PELA JORNADA EXTENUANTE

Restou incontroverso que o autor celebrou três contratos com as Requer o reclamante sejam as reclamadas condenadas a pagar

reclamadas: de 18.11.2017 a 17.06.2018; de 24.09.2018 a danos existenciais em decorrência da exaustiva jornada de trabalho

24.03.2019 e de 27.05.2019 a 19.12.2019. Ademais, ao ser a que era imposto, a qual era fora dos limites de tolerância.

contratado e celebrado os pactos laborais por prazo determinado, o Sem razão.

reclamante sabia a data de início e término do seu contrato. O cumprimento de extensa jornada de trabalho, por si só, não

De par com isso, o §2º do art. 443 da CLT prevê a possibilidade de enseja a indenização perseguida, posto que o próprio trabalho em

ser celebrado contrato por prazo determinado quando os serviços alto mar demonstra a efetiva impossibilidade de convívio familiar e

possuam natureza que justifiquem a predeterminação do prazo. social, o que constitui a hipótese dos autos. Ademais, o trabalho em

Vejamos: sobrejornada além do permissivo legal, não demonstra que tal

"§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se jornada tenha, efetivamente, comprometido as relações sociais do

tratando: reclamante, até porque restou provado que, quando o navio

a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a atracava, os tripulantes que não estivessem na escala naquele dia

predeterminação do prazo; poderiam desembarcar, bem como que o autor podia participar das

b) de atividades empresariais de caráter transitório; atividades de lazer concedidas aos tripulantes dentro da

c) de contrato de experiência." embarcação.

Revendo posicionamento anterior, entendo que a atividade Ademais, a consequência da realização de horas extras é a

desenvolvida pelas reclamadas (cruzeiros marítimos) não se reparação em pecúnia, estando longe de representar dano

desenvolve durante todo o ano, mesmo levando-se em existencial.

consideração a temporada dentro ou fora do Brasil, o que justifica a Nada a alterar no tocante.

contratação por prazo determinado. Ademais, durante o período de MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS A CARGO DA RECLAMADA.

inatividade, o próprio reclamante confessou que podia trabalhar Requer o reclamante sejam majorados, para 15%, os percentuais

para outra empresa. de honorários a que foram condenadas as reclamadas.

Assim, deve ser mantida a sentença de origem, que não Sem razão.

reconheceu a unicidade contratual. A Corte Superior Trabalhista entendeu que as disposições da Lei

INTERVALO INTERJORNADA 13.467/2017 devem ser aplicadas nas ações propostas após 11 de

Requer o reclamante o pagamento das horas extras em razão da novembro de 2017.

não concessão do intervalo interjornada de 11 horas. Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi

Razão não lhe assiste. ajuizada em 2021, ou seja, após entrar em vigor a lei 13.467/2017.

Conforme se vê dos cartões de ponto colacionados aos autos (Id O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:

f387ff3), o reclamante gozava mais de 11 horas de intervalo "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos

interjornada, usufruindo, em média, de 13 horas de descanso. honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Dessa forma, não há que se falar em pagamento de horas extras (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre

relativas a referido intervalo, já que o mesmo era corretamente o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito

usufruído. econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o

ADICIONAL NOTURNO valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de

O reclamante aduz que trabalhava em jornada noturna, requerendo 13.7.2017)

o pagamento do adicional respectivo, cabendo ao mesmo a prova, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a

ônus do qual não se desincumbiu. Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida

Os cartões de ponto (Id f387ff3 e tradução Id 1afb099) são confusos ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela

e não conseguem demonstrar que o reclamante trabalhava em Lei nº 13.467, de 13.7.2017)

jornada noturna. De par com isso, a testemunha arrolada pelo autor § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 381
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nº 13.467, de 13.7.2017) Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §

I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra

13.7.2017) celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao

II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467, trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se

de 13.7.2017) inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de

III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais

13.467, de 13.7.2017) devem ser excluídos da condenação.

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para

o seu serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017) CONCLUSÃO DO VOTO

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará

honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação Conhecer dos recursos, à exceção do tópico do recurso do

entre os honorários. reclamante relativo aos danos morais, por inovação recursal; rejeitar

§ 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não a preliminar de incompetência arguida pelas reclamadas e, no

tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos mérito, negar-lhes provimento, determinando, de ofício, a exclusão

capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de da condenação do reclamante no pagamento de honorários em

sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de favor do advogado da reclamada, com base na declaração de

exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as 5766. Custas inalteradas.

certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação

de insuficiência de recursos que justificou a concessão de DISPOSITIVO

gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

obrigações do beneficiário. TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção." REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, à exceção do

Portanto, conforme se vê acima, o juízo de origem condenou a tópico do recurso do reclamante relativo aos danos morais, por

reclamada a pagar 10% de honorários advocatícios, calculados inovação recursal; rejeitar a preliminar de incompetência arguida

sobre o montante devido na condenação, utilizando os parâmetros pelas reclamadas e, no mérito, negar-lhes provimento,

norteadores constantes da legislação vigente, pelo que nada a determinando, de ofício, a exclusão da condenação do reclamante

alterar. no pagamento de honorários em favor do advogado da reclamada,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF

RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas.

BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, em que pese Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

não haver recurso ordinário interposto pelo obreiro visando a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo Fortaleza, 18 de julho de 2022.

o juiz fazer a fixação. Ademais, referida obrigação é acessória da

sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta Jefferson Quesado

de inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de Desembargador Relator

ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.

Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença

concedeu ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da Diretor de Secretaria

decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou


Processo Nº ROT-0001405-79.2018.5.07.0015
a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
Leis do Trabalho (CLT). RECORRENTE BANCO DO BRASIL SA

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ADVOGADO MARIO BARBOSA MACIEL(OAB:


25677/CE) Defende vício absoluto no procedimento disciplinar, com afronta aos
ADVOGADO GELTER THADEU MAIA princípios do contraditório a ampla defesa.
RODRIGUES(OAB: 15456/CE)
ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB: Pleiteia a observância dos princípios da razoabilidade e
23372-B/CE)
proporcionalidade na aplicação da penalidade pois entende
ADVOGADO RICARDO FASSINA(OAB: 209984/SP)
ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA demasiadamente desproporcional à sua conduta.
RAMOS JUNIOR(OAB: 46111-B/CE)
Por fim, defende a necessária concessão da justiça gratuita ao
RECORRIDO JOAO JUSTINO NETO
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB: recorrente.
6560/CE)
Devidamente notificada, a recorrida ofertou contrarrazões, no prazo
ADVOGADO ALINE SANTOS DA SILVA(OAB:
39921-B/CE) legal, ID. 9fa109a, fls. 828.

Intimado(s)/Citado(s): Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,

- BANCO DO BRASIL SA para emissão de parecer.

É O RELATÓRIO.

FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
I- ADMISSIBILIDADE
JUSTIÇA DO
O recurso preenche as exigências processuais no que tange aos

pressupostos, portanto merece ser conhecido.


EMENTA II- MÉRITO:

Inicialmente esclarece-se que é da reclamada o ônus da prova de

demonstrar a prática do ato de improbidade que ensejou a dispensa


JUSTA CAUSA CONFIGURADA. A reclamada/consignante por justa causa do reclamante, por ser fato obstativo do direito do
desvencilhou-se do ônus processual que lhe competia a contento, trabalhador (art. 818 da CLT c/c art. 373, inciso II, do CPC).
nos termos do art. 818, CLT c/ art. 373, I, NCPC, relativo à Esse é o entendimento sedimentado do TST.
comprovação de que o consignado/reclamante incorreu em mau A justa causa foi aplicada pela empresa, e reconhecida pelo juízo a
procedimento, conduta elencada como passível de aplicação da quo, no fundamento do art. 482, alínea a, da CLT, que assim
penalidade de justa causa, pelo que se impõe o improvimento do dispõe:
recurso do obreiro, mantendo-se a sentença. "Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de
Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. trabalho pelo empregador:
RELATÓRIO a) ato de improbidade;

Pois bem.
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por JOÃO JUSTINO A justa causa, em qualquer de suas modalidades como fato
NETO, não se conformando com a Sentença de ID. 9847f34, fls. ensejador da rescisão contratual, exige do empregador prova
781, proferida pelo juízo da 15ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que robusta, considerando-se a repercussão danosa que o
rejeitou a preliminar de inépcia da peça reconvencional, reconheceu reconhecimento precipitado causa ao trabalhador, seja na vida
a prejudicial de prescrição quanto às parcelas anteriores a profissional, seja no ambiente social. Cabia à reclamada a prova
02/04/2014, extinguindo o feito em relação a isso, e no mérito, dos fatos praticados pela reclamante, da qual, conforme bem
julgou procedente os pedidos formulados na Ação de Consignação analisou o magistrado sentenciante, se desincumbiu.
em Pagamento promovida por BANCO DO BRASIL SA, declarando A demissão por justa causa de empregados públicos, somente é
a extinção do contrato de trabalho havido com o reclamante, na possível ao final de processo administrativo individual, com as
data de 19/11/2018, bem como a quitação das obrigações patronais garantias da ampla defesa e do contraditório.
dele decorrentes. Julgou-se ainda improcedente a reconvenção O ato de improbidade cometido pelo autor foi devidamente
proposta pelo autor, com a condenação do consignado/reconvinte comprovado através de procedimento legal, imposto pelo
ao pagamento de honorários advocatícios de 5%. regramento jurídico, conforme análise do conjunto probatório
Em suas razões, aduz o recorrente que caracterizou-se perdão contido nos autos, já precisamente realizada pelo magistrado
tácito por parte da empresa tendo em vista o lapso temporal para sentenciante, de cuja decisão transcrevo abaixo:
aplicação da penalidade. MÉRITO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 383
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Demonstrou-se nos autos a incompatibilidade da conduta obreira Sobre a questão de fundo da consignatória, a extinção das

com a manutenção do liame empregatício. obrigações patronais e a quitação dos haveres resilitórios devidos

Segundo apurado em minucioso processo administrativo, ficou ao ex-empregado, sem que tenha havido contestação específica,

evidenciada a incursão do obreiro na alínea "a" do art. 482 da CLT, acolhe-se o valor constante do TRCT de Id. 40d767f, já

como sustentado na contestação à reconvenção, sendo ele disponibilizado ao obreiro através de cheque administrativo,

afastado de forma preventiva do emprego e ao qual foi garantido restando, tão-somente, diante da recusa obreira, ser providenciada

amplo direito de defesa, com possibilidade de recurso, ressalte-se. pela empresa a baixa de sua CTPS, com data de 19/11/2018.

Com efeito, o exame das peças constitutivas do indigitado Inteiramente sucumbente na demanda, condena-se o

procedimento interno instaurado pelo empregador, assim que se consignado/reconvinte ao pagamento de honorários advocatícios ao

teve notícia dos atos imputados ao bancário e o qual não padece de patrono da empresa reclamada, fixados em 5% sobre seu valor

nenhuma irregularidade, mas, pelo contrário, demonstra o cuidado atualizado (consignatória e reconvenção), tendo em conta seu

da instituição financeira, de acordo com seu regulamento, de ajuizamento na vigência da Lei Nº 13.467/2017, plenamente eficaz,

averiguar os fatos envolvendo o reclamante, onde este também foi por força do princípio da presunção da constitucionalidade das leis,

ouvido e cujo fato, ressalte-se, foi ocultado na reconvenção, em que até a decisão final da ADI 5766, e da IN 41/2018 do TST.

ele se diz dispensado sumariamente, aclaram, em especial, diante Importante demasiadamente a apuração dos fatos que viabilizam a

de seu depoimento pessoal justificativa para a aplicação da aludida penalidade.

em juízo, no sentido de confirmar sua assinatura nos documentos Fica inviável a análise da defesa do autor quando alega infração ao

que o instruem, nos quais acaba por confessar sua conduta princípio da ampla defesa e do contraditório durante o procedimento

ímproba (fl. 410), ao asseverar que não tinha a intenção de administrativo disciplinar, diante do teor do documento de ID.

locupletar-se, sem, contudo, eximir-se de culpa pelos seus atos, à 01acb0a, fls. 432, no qual o empregado declara não ter interesse na

míngua de prova em sentido contrário nestes fólios processuais, consulta dos documentos disponibilizados pela instituição nos quais

evidenciam que este agiu de modo a quebrar, irremediavelmente, a contêm informações acerca da apuração em curso. Não obstante,

fidúcia inerente ao contrato de emprego. da leitura dos documentos juntados, fls. 311/659, constata-se um

Não bastasse isso, a segunda testemunha de indicação patronal foi andamento regular do procedimento administrativo realizado.

indene em afirmar que antes da tomada da decisão pela pena Carece também de amparo legal e razoabilidade a pretensão do

máxima o procedimento investigativo percorreu "três instâncias" na apelante, no sentido de questionar a penalidade a ele aplicada.

instituição bancária, sendo a ela conferido acesso ao reconvinte, e O princípio da gradação das penas não tem aplicabilidade no caso

que sua demora se justificou pela complexidade do caso, dizendo concreto, uma vez que, conforme consta do documento de fls.

ser rotineiro delongado tempo em apurações deste jaez, no 70/73, a apuração das irregularidades se deu em vista de não

particular, por recusa do empregado em colaborar com a elucidação somente um, mas vários procedimentos suspeitos de irregularidade.

dos fatos, tendo ele também se afastado por doença, situações Sendo que o mau procedimento caracteriza-se pela quebra de

estas demonstradas através de documentos, em especial o de fl. regras sociais de boa conduta, bem como quebra de regras da

432. empresa. Não se exige, para tanto, habitualidade, bastando um ato

Logo, tem-se por razoável a duração de tempo que levou a isolado para caracterizar o ilícito.

investigação patronal, em cujo normativo interno apenas prevê que, Sem razão também o autor quando insiste na ocorrência de perdão

preferencialmente, ultime-se em até 120 dias corridos (fl. 557), não tácito pelo banco empregador diante do lapso temporal para

havendo que se falar em vulneração ao princípio da imediatidade, aplicação da penalidade. Com razão a análise sentenciante quanto

menos ainda em perdão tácito, quando afastado do emprego por à razoável duração da investigação, tendo em vista tratar-se de um

todo o longo procedimental o consignado (fls. 299/310). procedimento de suma importância do ambiente laboral.

Nessa esteira, sem que haja nos autos nenhum elemento Impraticável alegação de perdão tácito diante do resultado da

comprometedor das conclusões emanadas de investigação interna apuração dos fatos.

promovida pelo exempregador, conducentes a infirmar a certeza e a Assim, sendo certo que o reclamante, efetivamente, praticou

dimensão do ato ímprobo imputado ao obreiro, soçobra a pugna conduta ilícita, enquadrável no art. 482, a, da CLT, correta a atitude

deste de reversão da pena capital, com sua reintegração ao da empresa em despedir o autor por justa causa.

emprego e o pagamento das parcelas disso consecatárias, ficando Não poderia deixar de registrar que, mesmo tendo ciência das

prejudicado o pedido de tutela de urgência. peculiaridades relacionadas às condições de saúde do reclamante,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 384
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)


em várias oportunidades mencionadas nos autos, não há como RECORRENTE MSC CRUISES S.A.
incumbir irregularidade ao procedimento/apuração realizado pelo ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
RECORRENTE MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
banco empregador. LIMITED
Ante o acima exposto, nada a alterar na sentença de origem, a qual ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
RECORRENTE WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
deve ser mantida irretocável.
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA 6560/CE)
RECORRIDO WASHINGTON ALVES DOS SANTOS
Há, nos autos, declaração pessoal de pobreza, fls. 50, razão pela
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
qual conclui-se que o reclamante comprovou sua insuficiência de 6560/CE)
RECORRIDO MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
recursos para o pagamento das custas do processo, conforme
ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
determina os termos da Súmula 463 do C.TST: RECORRIDO MSC CRUISES S.A.
"para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)
RECORRIDO MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada LIMITED
pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração ADVOGADO RENATA LINS AZI(OAB: 19074/BA)

com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015)"
Intimado(s)/Citado(s):
Defiro, assim, ao reclamante, os benefícios da justiça gratuita, com
- MSC MALTA SEAFARERS COMPANY LIMITED
base no § 4º do art. 790 da CLT.

Dou provimento ao recurso neste tópico.

PODER JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO DO VOTO
JUSTIÇA DO

Voto pelo conhecimento e provimento parcial do Recurso Ordinário

interposto para conceder ao reclamante os benefícios da gratuidade EMENTA


processual. CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE

CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL


DISPOSITIVO EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª trabalhar como "auxiliar de cozinha" em navios de cruzeiro, e que
REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário, e, no no período do contrato laborou, também, em águas nacionais,
mérito, dar-lhe parcial provimento para conceder ao reclamante os correta a decisão que reconheceu a incidência da legislação
benefícios da gratuidade processual. brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a demanda.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS. Sendo aplicável ao contrato de
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior trabalho do autor a legislação brasileira e não havendo o
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) pagamento das verbas rescisórias, devem as reclamadas ser
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo compelidas a efetuar o pagamento, pelo que nada a alterar na
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. sentença de origem.
Fortaleza, 18 de julho de 2022. DANOS MORAIS. NÃO CONHECIMENTO. Considerando que, na

inicial, o pedido de pagamento de indenização por danos morais foi


JEFFERSON QUESADO em relação ao tratamento humilhante e discriminatório sofrido pelo
Desembargador Relator autor no ambiente de trabalho, enquanto que no recurso ordinário
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. se deu em relação à suposta exigência de realização de exames

para a contratação, não merece ser conhecido o recurso no tocante,


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART haja vista a inovação recursal.
Diretor de Secretaria HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO

RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO


Processo Nº ROT-0000356-41.2021.5.07.0033
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu
RECORRENTE MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 385
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sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que Inconformado, recorre ordinariamente o reclamante (Id 82bc407),

ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos pugnando pela reforma da sentença, requerendo seja reconhecida a

da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a unicidade contratual, já que houve sucessivas contratações antes

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das do prazo de seis meses, contrariando os termos do art. 452 da CLT,

Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários o que afasta a possibilidade de os contratos serem por prazo

advocatícios a cargo do reclamante, pelo que resta determinado, de determinado. Aduz que as folhas de ponto demonstram o

ofício, a exclusão de referida verba da condenação. desrespeito ao intervalo interjornada, de no mínimo, 11 horas, pelo

Recurso das reclamadas conhecido, mas improvido. Recurso do que faz jus ao pagamento das horas extras daí decorrentes. Requer

reclamante conhecido em parte, mas improvido. o pagamento do adicional noturno, de indenização por danos

RELATÓRIO existenciais, já que trabalhava em jornada extenuante e sem direito

O MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maracanaú, por meio da a folgas, bem como de indenização por danos morais, considerando

sentença (Id eccc850), declarou a competência da Justiça do que, para ser contratado, foi exigida a realização de exames de

Trabalho para conhecer, processar e julgar a presente lide, com a álcool, HIV e drogas. Por fim, requer a majoração do percentual de

aplicação da legislação brasileira; declarou prescritos os créditos do honorários advocatícios a que as reclamadas foram condenadas.

reclamante relativos aos dois primeiros contratos, considerando o Contrarrazões das reclamadas (Id 57a35ae) e do reclamante (Id

reconhecimento de que os contratos firmados são por prazo 32c327c).

determinado, já que a atividade desenvolvida pelas reclamadas Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para

justifica a predeterminação do prazo. No mérito, condenou as emissão de parecer.

reclamadas, de forma solidária, a pagar as verbas rescisórias do FUNDAMENTAÇÃO

reclamante relativas ao último contrato (27.05.2019 a 19.12.2019); I - ADMISSIBILIDADE

determinou a assinatura da CTPS do obreiro com relação aos três Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, porque

contratos mantidos entre as partes; condenou a reclamada a pagar atendidos os pressupostos de admissibilidade.

as horas extras além das 44 horas semanais, além de condenar as No tocante ao recurso interposto pelo reclamante, deve o mesmo

partes a pagar honorários advocatícios em 10%. ser conhecido, mas apenas em parte.

Embargaram de declaração reclamante (Id c012cac) e reclamadas Vejamos.

(Id a2a2ddc), com sentença através do Id a6df626, sendo os Com relação ao tópico relativo ao pedido de pagamento de

embargos do reclamante providos em parte, para julgar indenização por danos morais do recurso ordinário interposto pelo

improcedente o pedido de pagamento de adicional noturno, bem reclamante, não deve o mesmo ser conhecido, considerando que,

como providos em parte os embargos das reclamadas, para deferir na inicial, o requerimento se deu em face de humilhações e

a dedução dos valores comprovadamente pagos sob o mesmo perseguições sofridas pelo autor, enquanto que no recurso

título. ordinário, o pedido se deu em face da exigência da empresa na

As reclamadas recorreram ordinariamente (Id 947d3df), alegando realização, como requisito para contratação, de exames de álcool,

ausência de jurisdição das autoridades brasileiras para o julgamento HIV e drogas. Vejamos os termos da inicial e do recurso ordinário:

da presente lide, sendo incompetente esta especializada, não Petição Inicial:

podendo, dessa forma, ser aplicada ao caso a legislação brasileira. "O autor, durante sua prestação de serviços para as

Aduzem que o reclamante manteve uma relação de trabalho reclamadas, suportava situações de racismo, sendo chamado

internacional, pelo que deve ser aplicada a Convenção das Nações muitas vezes de macaco por seus superiores, de nacionalidade

Unidas sobre Direito do Mar, bem como o Código de Bustamante italiana. Além disso, sofria diversas perseguições por não

(lei do pavilhão do navio ou da bandeira). Informam que, no navio, saber se comunicar em inglês fluentemente, sendo

trabalham pessoas de várias nacionalidades e que os mesmos discriminado por ser de origem brasileira".

devem ser tratados da mesma forma, com a aplicação da mesma Recurso ordinário:

lei. Aduzem que foram firmados TACs com o MPT acerca da não "O dano moral em virtude a exigência da realização de exames

aplicação da legislação brasileira. Pleiteiam seja deferida a de álcool, HIV e drogas. A partir das provas produzidas nos

compensação das férias proporcionais já pagas. Por fim, aduzem autos, restou devidamente comprovado a exigência pelas

não ser devida a multa do art. 477 da CLT, já que há dúvida acerca reclamadas da realização de exames de álcool, HIV e

da aplicação da legislação brasileira ao caso. toxicológicos. A despeito disso, o magistrado de 1º grau

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 386
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indeferiu o pleito indenizatório autoral. Ora, Eméritos contratada no Brasil, tendo celebrado pré-contrato com uma

Desembargadores, é incontroverso que a realização dos das agências locais de recrutamento (Rosa dos Ventos) e

referidos exames é absolutamente dispensável para a contrato efetivo com a primeira reclamada (MSC Crociere S.A.)

realização do labor para qual o reclamante foi contratado." dentro do Brasil. 4. Considerando esse cenário fático

Constitui inovação recursal quando a parte introduz argumentos, em (contratação da reclamante dentro do território nacional), a

sede de recurso, que não fizeram parte da inicial e, por relação de trabalho mantida entre as partes deve ser regida

consequência, nem da análise do julgado recorrido. Assim, conheço pela legislação brasileira, mais favorável ao empregado.

do recurso ordinário interposto pelo reclamante, com exceção do Agravo desprovido. TST - Ag-AIRR: 1303826320145130015,

tópico relativo ao requerimento de pagamento de indenização por Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de

danos morais. Julgamento: 05/02/2020, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT

II - PRELIMINAR 07/02/2020)"

INCOMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da

Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado legislação nacional. Vejamos:

com o reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. TRIPULANTE DE NAVIO DE

competência da Justiça do Trabalho. CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL

Examinando-se, todavia, os autos, observa-se que o autor foi EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA. Provado que o

recrutado no Brasil através da empresa Rosa dos Ventos, o que não reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,

foi negado pelas empresas reclamadas, onde recebeu treinamento para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de

para trabalhar na função de auxiliar de cozinha, em navios de cruzeiro, e que no período do contrato laborou em águas

cruzeiro, tendo embarcado ou desembarcado no Brasil nos três nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da

contratos firmados (ver contrato Id 23fa479). Dessa forma, verifica- legislação brasileira e a competência desta Justiça para

se que o reclamante laborou, em parte, em águas nacionais, o que apreciar a demanda. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS.

foi, inclusive, confirmado pela preposta das reclamadas (Id Considerando que é aplicável ao contrato de trabalho do autor

becdacd). a legislação brasileira e não havendo o pagamento das verbas

O fato de o obreiro ter sido contratado no Brasil, como já rescisórias, nada a alterar na sentença de origem. MULTA ART.

reconhecido, por si só já é suficiente para a aplicação da Lei 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres rescisórios

7.064/82, que regula a situação dos empregados contratados no do autor não foram pagos no prazo legal, devem as reclamadas

Brasil para prestar serviços no exterior. serem condenadas no pagamento da multa respectiva.

Saliente-se que as normas aplicáveis são aquelas do local da Recursos conhecidos, sendo improvido o das reclamadas e

prestação dos serviços, desde que mais favoráveis, conforme provido o do reclamante. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001216

disciplina a teoria do conglobamento. -58.2014.5.07.0010; Data: 01-10-2019; Órgão Julgador: OJ de

A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo Análise de Recurso - OJC de Análise de Recurso; Relator(a):

que o conflito de leis no espaço se resolve pela aplicação da JEFFERSON QUESADO JUNIOR)"

legislação brasileira. Senão, confira-se: Note-se, ainda, que o próprio Termo de Ajustamento de Conduta -

"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE TAC firmado pelas empresas com o Ministério Público do Trabalho

REVISTA - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST - CONFLITO (Ids 6b888c6 e 6560d8d), prevê que os brasileiros recrutados para

DE LEIS NO ESPAÇO - LEI DE REGÊNCIA - EMPREGADO trabalhar nos moldes do reclamante são vinculados à legislação

CONTRATADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS trabalhista brasileira, devendo ser registrados como empregados.

EMBARCADO EM NAVIO INTERNACIONAL. 1. Esta Corte, a No tocante à competência da jurisdição brasileira sobre o contrato

partir da interpretação das Leis nºs 7.064/1982 e 11.962/2009, de trabalho objeto de análise, resta incontroverso que a empresa

evoluiu o entendimento e cancelou a Súmula nº 207 do TST. 2. estrangeira com a qual o autor firmou o mesmo (MSC Crociere S/A)

O art. 3º, caput e II, da referida Lei nº 7.064/1982 determina a é sócia proprietária da segunda reclamada, MSC Cruzeiros do

aplicação da legislação brasileira aos empregados contratados Brasil Ltda., estabelecida em território nacional e sendo sua filial,

no Brasil para prestar serviços no exterior. 3. Na presente por esta razão aplica ao caso o parágrafo segundo do artigo 651 da

situação, o Tribunal Regional, com base no conjunto fático- CLT, conforme abaixo transcrito:

probatório existente nos autos, deixou claro que a autora foi "Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 387
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determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou deferir, em sede de liquidação, a dedução de valores

reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido comprovadamente pagos sob mesmo título à parte

contratado noutro local ou no estrangeiro. reclamante."

... Dessa forma, observa-se que o pedido da reclamada já foi

§2º A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, concedido. Portanto, nada a deferir no tocante.

estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em MULTA ART. 477 DA CLT

agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja A reclamada limita-se a dizer, na contestação e no recurso

brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em ordinário, que as verbas rescisórias não são devidas ao reclamante,

contrário." porque as autoridades brasileiras não têm jurisdição e que,

Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça portanto, não se aplica ao caso a legislação nacional. No entanto,

Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. tendo restado certo que a legislação aplicável é a brasileira e não

Rejeita-se, pois, a preliminar. tendo a reclamada efetuado o pagamento das verbas devidas ao

III - MÉRITO autor, deve ser mantida a sentença que condenou as reclamadas

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS no pagamento da multa do art. 477 da CLT.

VERBAS RESCISÓRIAS RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

Sendo reconhecido ser aplicável ao caso a legislação brasileira, UNICIDADE CONTRATUAL

deve ser aplicada a CLT ao contrato de trabalho do obreiro, com Requer o reclamante seja reconhecida a unicidade contratual, haja

esteio na Lei nº 7.064/1982, que regulamenta a situação de vista que firmou três contratos com as reclamadas, sempre com

trabalhadores contratados por empresa estrangeira com sede no prazo entre eles inferior a seis meses.

Brasil para trabalhar no exterior. Dessa forma, não havendo Sem razão.

pagamento das verbas rescisórias do autor, confirma-se a sentença Restou incontroverso que o autor celebrou três contratos com as

que deferiu o pagamento de referidas verbas trabalhistas. reclamadas: de 18.11.2017 a 17.06.2018; de 24.09.2018 a

HORAS EXTRAS 24.03.2019 e de 27.05.2019 a 19.12.2019. Ademais, ao ser

Quanto às horas extras, as provas documentais (Id f387ff3 e contratado e celebrado os pactos laborais por prazo determinado, o

1afb099) confirmam que o reclamante trabalhava mais que 44 horas reclamante sabia a data de início e término do seu contrato.

semanais. Além do mais, as próprias reclamadas admitem em De par com isso, o §2º do art. 443 da CLT prevê a possibilidade de

defesa e no recurso que a carga horária não observava os limites ser celebrado contrato por prazo determinado quando os serviços

previstos na CLT, pois seguia os padrões da legislação possuam natureza que justifiquem a predeterminação do prazo.

internacional, quando dizem que não há que se falar na aplicação Vejamos:

das normas de duração ao trabalho previstos na lei trabalhista "§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se

brasileira, razão pela qual deve ser mantida a condenação no tratando:

pagamento das horas extras e os respectivos reflexos (aquelas a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a

além das 44 horas semanais), observando-se os cartões de ponto predeterminação do prazo;

colacionados aos autos. b) de atividades empresariais de caráter transitório;

COMPENSAÇÃO DOS VALORES JÁ PAGOS. PEDIDO JÁ c) de contrato de experiência."

DEFERIDO NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE Revendo posicionamento anterior, entendo que a atividade

DECLARAÇÃO desenvolvida pelas reclamadas (cruzeiros marítimos) não se

Requer a reclamada seja deferida a dedução da parcela de férias desenvolve durante todo o ano, mesmo levando-se em

proporcionais já pagas, as quais constam nos contracheques. consideração a temporada dentro ou fora do Brasil, o que justifica a

À análise. contratação por prazo determinado. Ademais, durante o período de

Por ocasião do julgamento dos embargos declaração interpostos inatividade, o próprio reclamante confessou que podia trabalhar

pelas partes (sentença Id a6df626), o juízo de origem assim se para outra empresa.

manifestou: Assim, deve ser mantida a sentença de origem, que não

"Contudo, no tópico em comento prevalece a vedação ao reconheceu a unicidade contratual.

enriquecimento injustificado, razão pela qual dou provimento INTERVALO INTERJORNADA

aos embargos de declaração das partes reclamadas para Requer o reclamante o pagamento das horas extras em razão da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 388
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não concessão do intervalo interjornada de 11 horas. Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi

Razão não lhe assiste. ajuizada em 2021, ou seja, após entrar em vigor a lei 13.467/2017.

Conforme se vê dos cartões de ponto colacionados aos autos (Id O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:

f387ff3), o reclamante gozava mais de 11 horas de intervalo "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos

interjornada, usufruindo, em média, de 13 horas de descanso. honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%

Dessa forma, não há que se falar em pagamento de horas extras (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre

relativas a referido intervalo, já que o mesmo era corretamente o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito

usufruído. econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o

ADICIONAL NOTURNO valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de

O reclamante aduz que trabalhava em jornada noturna, requerendo 13.7.2017)

o pagamento do adicional respectivo, cabendo ao mesmo a prova, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a

ônus do qual não se desincumbiu. Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida

Os cartões de ponto (Id f387ff3 e tradução Id 1afb099) são confusos ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela

e não conseguem demonstrar que o reclamante trabalhava em Lei nº 13.467, de 13.7.2017)

jornada noturna. De par com isso, a testemunha arrolada pelo autor § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei

também não conseguiu demonstrar o trabalho entre 22 horas e 05 nº 13.467, de 13.7.2017)

horas do dia seguinte. Assim, à falta de prova do trabalho em I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de

horário noturno, indevido o pagamento do adicional respectivo, 13.7.2017)

devendo, portanto, ser mantida a sentença que indeferiu o pleito. II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467,

DANOS EXISTENCIAIS PELA JORNADA EXTENUANTE de 13.7.2017)

Requer o reclamante sejam as reclamadas condenadas a pagar III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº

danos existenciais em decorrência da exaustiva jornada de trabalho 13.467, de 13.7.2017)

a que era imposto, a qual era fora dos limites de tolerância. IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para

Sem razão. o seu serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017)

O cumprimento de extensa jornada de trabalho, por si só, não § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará

enseja a indenização perseguida, posto que o próprio trabalho em honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação

alto mar demonstra a efetiva impossibilidade de convívio familiar e entre os honorários.

social, o que constitui a hipótese dos autos. Ademais, o trabalho em § 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não

sobrejornada além do permissivo legal, não demonstra que tal tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos

jornada tenha, efetivamente, comprometido as relações sociais do capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de

reclamante, até porque restou provado que, quando o navio sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de

atracava, os tripulantes que não estivessem na escala naquele dia exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois

poderiam desembarcar, bem como que o autor podia participar das anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as

atividades de lazer concedidas aos tripulantes dentro da certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação

embarcação. de insuficiência de recursos que justificou a concessão de

Ademais, a consequência da realização de horas extras é a gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais

reparação em pecúnia, estando longe de representar dano obrigações do beneficiário.

existencial. § 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção."

Nada a alterar no tocante. Portanto, conforme se vê acima, o juízo de origem condenou a

MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS A CARGO DA RECLAMADA. reclamada a pagar 10% de honorários advocatícios, calculados

Requer o reclamante sejam majorados, para 15%, os percentuais sobre o montante devido na condenação, utilizando os parâmetros

de honorários a que foram condenadas as reclamadas. norteadores constantes da legislação vigente, pelo que nada a

Sem razão. alterar.

A Corte Superior Trabalhista entendeu que as disposições da Lei HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO

13.467/2017 devem ser aplicadas nas ações propostas após 11 de RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO

novembro de 2017. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 389
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, em que pese Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

não haver recurso ordinário interposto pelo obreiro visando a (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.

referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo Fortaleza, 18 de julho de 2022.

o juiz fazer a fixação. Ademais, referida obrigação é acessória da

sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta Jefferson Quesado

de inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de Desembargador Relator

ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.

Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2021, ou seja, após FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença

concedeu ao autor os benefícios da justiça gratuita, o que ora se ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da Diretor de Secretaria

decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou


Processo Nº ROT-0001405-79.2018.5.07.0015
a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
Leis do Trabalho (CLT). RECORRENTE BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADO MARIO BARBOSA MACIEL(OAB:
Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 25677/CE)
4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra ADVOGADO GELTER THADEU MAIA
RODRIGUES(OAB: 15456/CE)
celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB:
23372-B/CE)
trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se
ADVOGADO RICARDO FASSINA(OAB: 209984/SP)
inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA
RAMOS JUNIOR(OAB: 46111-B/CE)
honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais
RECORRIDO JOAO JUSTINO NETO
devem ser excluídos da condenação. ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE)
ADVOGADO ALINE SANTOS DA SILVA(OAB:
CONCLUSÃO DO VOTO 39921-B/CE)

Intimado(s)/Citado(s):
Conhecer dos recursos, à exceção do tópico do recurso do - JOAO JUSTINO NETO
reclamante relativo aos danos morais, por inovação recursal; rejeitar

a preliminar de incompetência arguida pelas reclamadas e, no

mérito, negar-lhes provimento, determinando, de ofício, a exclusão


PODER JUDICIÁRIO
da condenação do reclamante no pagamento de honorários em
JUSTIÇA DO
favor do advogado da reclamada, com base na declaração de

inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

5766. Custas inalteradas. EMENTA

DISPOSITIVO

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª JUSTA CAUSA CONFIGURADA. A reclamada/consignante


TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª desvencilhou-se do ônus processual que lhe competia a contento,
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, à exceção do nos termos do art. 818, CLT c/ art. 373, I, NCPC, relativo à
tópico do recurso do reclamante relativo aos danos morais, por comprovação de que o consignado/reclamante incorreu em mau
inovação recursal; rejeitar a preliminar de incompetência arguida procedimento, conduta elencada como passível de aplicação da
pelas reclamadas e, no mérito, negar-lhes provimento, penalidade de justa causa, pelo que se impõe o improvimento do
determinando, de ofício, a exclusão da condenação do reclamante recurso do obreiro, mantendo-se a sentença.
no pagamento de honorários em favor do advogado da reclamada, Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido.
com base na declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF RELATÓRIO
no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores Trata-se de Recurso Ordinário interposto por JOÃO JUSTINO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 390
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

NETO, não se conformando com a Sentença de ID. 9847f34, fls. ensejador da rescisão contratual, exige do empregador prova

781, proferida pelo juízo da 15ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que robusta, considerando-se a repercussão danosa que o

rejeitou a preliminar de inépcia da peça reconvencional, reconheceu reconhecimento precipitado causa ao trabalhador, seja na vida

a prejudicial de prescrição quanto às parcelas anteriores a profissional, seja no ambiente social. Cabia à reclamada a prova

02/04/2014, extinguindo o feito em relação a isso, e no mérito, dos fatos praticados pela reclamante, da qual, conforme bem

julgou procedente os pedidos formulados na Ação de Consignação analisou o magistrado sentenciante, se desincumbiu.

em Pagamento promovida por BANCO DO BRASIL SA, declarando A demissão por justa causa de empregados públicos, somente é

a extinção do contrato de trabalho havido com o reclamante, na possível ao final de processo administrativo individual, com as

data de 19/11/2018, bem como a quitação das obrigações patronais garantias da ampla defesa e do contraditório.

dele decorrentes. Julgou-se ainda improcedente a reconvenção O ato de improbidade cometido pelo autor foi devidamente

proposta pelo autor, com a condenação do consignado/reconvinte comprovado através de procedimento legal, imposto pelo

ao pagamento de honorários advocatícios de 5%. regramento jurídico, conforme análise do conjunto probatório

Em suas razões, aduz o recorrente que caracterizou-se perdão contido nos autos, já precisamente realizada pelo magistrado

tácito por parte da empresa tendo em vista o lapso temporal para sentenciante, de cuja decisão transcrevo abaixo:

aplicação da penalidade. MÉRITO

Defende vício absoluto no procedimento disciplinar, com afronta aos Demonstrou-se nos autos a incompatibilidade da conduta obreira

princípios do contraditório a ampla defesa. com a manutenção do liame empregatício.

Pleiteia a observância dos princípios da razoabilidade e Segundo apurado em minucioso processo administrativo, ficou

proporcionalidade na aplicação da penalidade pois entende evidenciada a incursão do obreiro na alínea "a" do art. 482 da CLT,

demasiadamente desproporcional à sua conduta. como sustentado na contestação à reconvenção, sendo ele

Por fim, defende a necessária concessão da justiça gratuita ao afastado de forma preventiva do emprego e ao qual foi garantido

recorrente. amplo direito de defesa, com possibilidade de recurso, ressalte-se.

Devidamente notificada, a recorrida ofertou contrarrazões, no prazo Com efeito, o exame das peças constitutivas do indigitado

legal, ID. 9fa109a, fls. 828. procedimento interno instaurado pelo empregador, assim que se

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, teve notícia dos atos imputados ao bancário e o qual não padece de

para emissão de parecer. nenhuma irregularidade, mas, pelo contrário, demonstra o cuidado

É O RELATÓRIO. da instituição financeira, de acordo com seu regulamento, de

averiguar os fatos envolvendo o reclamante, onde este também foi

FUNDAMENTAÇÃO ouvido e cujo fato, ressalte-se, foi ocultado na reconvenção, em que

I- ADMISSIBILIDADE ele se diz dispensado sumariamente, aclaram, em especial, diante

O recurso preenche as exigências processuais no que tange aos de seu depoimento pessoal

pressupostos, portanto merece ser conhecido. em juízo, no sentido de confirmar sua assinatura nos documentos

II- MÉRITO: que o instruem, nos quais acaba por confessar sua conduta

Inicialmente esclarece-se que é da reclamada o ônus da prova de ímproba (fl. 410), ao asseverar que não tinha a intenção de

demonstrar a prática do ato de improbidade que ensejou a dispensa locupletar-se, sem, contudo, eximir-se de culpa pelos seus atos, à

por justa causa do reclamante, por ser fato obstativo do direito do míngua de prova em sentido contrário nestes fólios processuais,

trabalhador (art. 818 da CLT c/c art. 373, inciso II, do CPC). evidenciam que este agiu de modo a quebrar, irremediavelmente, a

Esse é o entendimento sedimentado do TST. fidúcia inerente ao contrato de emprego.

A justa causa foi aplicada pela empresa, e reconhecida pelo juízo a Não bastasse isso, a segunda testemunha de indicação patronal foi

quo, no fundamento do art. 482, alínea a, da CLT, que assim indene em afirmar que antes da tomada da decisão pela pena

dispõe: máxima o procedimento investigativo percorreu "três instâncias" na

"Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de instituição bancária, sendo a ela conferido acesso ao reconvinte, e

trabalho pelo empregador: que sua demora se justificou pela complexidade do caso, dizendo

a) ato de improbidade; ser rotineiro delongado tempo em apurações deste jaez, no

Pois bem. particular, por recusa do empregado em colaborar com a elucidação

A justa causa, em qualquer de suas modalidades como fato dos fatos, tendo ele também se afastado por doença, situações

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 391
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

estas demonstradas através de documentos, em especial o de fl. regras sociais de boa conduta, bem como quebra de regras da

432. empresa. Não se exige, para tanto, habitualidade, bastando um ato

Logo, tem-se por razoável a duração de tempo que levou a isolado para caracterizar o ilícito.

investigação patronal, em cujo normativo interno apenas prevê que, Sem razão também o autor quando insiste na ocorrência de perdão

preferencialmente, ultime-se em até 120 dias corridos (fl. 557), não tácito pelo banco empregador diante do lapso temporal para

havendo que se falar em vulneração ao princípio da imediatidade, aplicação da penalidade. Com razão a análise sentenciante quanto

menos ainda em perdão tácito, quando afastado do emprego por à razoável duração da investigação, tendo em vista tratar-se de um

todo o longo procedimental o consignado (fls. 299/310). procedimento de suma importância do ambiente laboral.

Nessa esteira, sem que haja nos autos nenhum elemento Impraticável alegação de perdão tácito diante do resultado da

comprometedor das conclusões emanadas de investigação interna apuração dos fatos.

promovida pelo exempregador, conducentes a infirmar a certeza e a Assim, sendo certo que o reclamante, efetivamente, praticou

dimensão do ato ímprobo imputado ao obreiro, soçobra a pugna conduta ilícita, enquadrável no art. 482, a, da CLT, correta a atitude

deste de reversão da pena capital, com sua reintegração ao da empresa em despedir o autor por justa causa.

emprego e o pagamento das parcelas disso consecatárias, ficando Não poderia deixar de registrar que, mesmo tendo ciência das

prejudicado o pedido de tutela de urgência. peculiaridades relacionadas às condições de saúde do reclamante,

Sobre a questão de fundo da consignatória, a extinção das em várias oportunidades mencionadas nos autos, não há como

obrigações patronais e a quitação dos haveres resilitórios devidos incumbir irregularidade ao procedimento/apuração realizado pelo

ao ex-empregado, sem que tenha havido contestação específica, banco empregador.

acolhe-se o valor constante do TRCT de Id. 40d767f, já Ante o acima exposto, nada a alterar na sentença de origem, a qual

disponibilizado ao obreiro através de cheque administrativo, deve ser mantida irretocável.

restando, tão-somente, diante da recusa obreira, ser providenciada ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

pela empresa a baixa de sua CTPS, com data de 19/11/2018. Há, nos autos, declaração pessoal de pobreza, fls. 50, razão pela

Inteiramente sucumbente na demanda, condena-se o qual conclui-se que o reclamante comprovou sua insuficiência de

consignado/reconvinte ao pagamento de honorários advocatícios ao recursos para o pagamento das custas do processo, conforme

patrono da empresa reclamada, fixados em 5% sobre seu valor determina os termos da Súmula 463 do C.TST:

atualizado (consignatória e reconvenção), tendo em conta seu "para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa

ajuizamento na vigência da Lei Nº 13.467/2017, plenamente eficaz, natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada

por força do princípio da presunção da constitucionalidade das leis, pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração

até a decisão final da ADI 5766, e da IN 41/2018 do TST. com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015)"

Importante demasiadamente a apuração dos fatos que viabilizam a Defiro, assim, ao reclamante, os benefícios da justiça gratuita, com

justificativa para a aplicação da aludida penalidade. base no § 4º do art. 790 da CLT.

Fica inviável a análise da defesa do autor quando alega infração ao Dou provimento ao recurso neste tópico.

princípio da ampla defesa e do contraditório durante o procedimento

administrativo disciplinar, diante do teor do documento de ID. CONCLUSÃO DO VOTO

01acb0a, fls. 432, no qual o empregado declara não ter interesse na

consulta dos documentos disponibilizados pela instituição nos quais Voto pelo conhecimento e provimento parcial do Recurso Ordinário

contêm informações acerca da apuração em curso. Não obstante, interposto para conceder ao reclamante os benefícios da gratuidade

da leitura dos documentos juntados, fls. 311/659, constata-se um processual.

andamento regular do procedimento administrativo realizado.

Carece também de amparo legal e razoabilidade a pretensão do DISPOSITIVO

apelante, no sentido de questionar a penalidade a ele aplicada. ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

O princípio da gradação das penas não tem aplicabilidade no caso TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

concreto, uma vez que, conforme consta do documento de fls. REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário, e, no

70/73, a apuração das irregularidades se deu em vista de não mérito, dar-lhe parcial provimento para conceder ao reclamante os

somente um, mas vários procedimentos suspeitos de irregularidade. benefícios da gratuidade processual.

Sendo que o mau procedimento caracteriza-se pela quebra de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 392
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA. A exigência de exames prévios

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) à admissão visa à proteção dos empregados e de todos os

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo passageiros do navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. de segurança da tripulação e dos passageiros, pelo que não

Fortaleza, 18 de julho de 2022. vislumbro ato ilícito que justifique a condenação em indenização por

danos morais, pelo que deve ser reformada a sentença no tocante.

JEFFERSON QUESADO HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO

Desembargador Relator RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DA

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu à

reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que

Diretor de Secretaria ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos

da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a


Processo Nº ROT-0001197-55.2019.5.07.0017
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
RECORRENTE MARIANA PINHEIRO DE SOUZA Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE) advocatícios a cargo da reclamante.Recursos conhecidos e,
ADVOGADO ANATOLE NOGUEIRA SOUSA improvido o da reclamante e parcialmente provido o das
GABRIELE(OAB: 22578/CE)
ADVOGADO MAIRA CAMARA VELOSO DE reclamadas.
MAUPEOU(OAB: 39273/CE)
RELATÓRIO
ADVOGADO ANA CAROLINA MEIRELES ROCHA
DANTAS(OAB: 21674/CE) O MM. Juízo da 17ª Vara do Trabalho de Fortaleza, nos autos da
ADVOGADO LUCAS PEREIRA MITRE(OAB:
38421/CE) reclamação ajuizada por MARIANA PINHEIRO DE SOUZA em face
ADVOGADO NUREDIN AHMAD ALLAN(OAB: de MSC CRUISES S.A., MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
16346/SC)
RECORRIDO MSC CRUISES S.A. LIMITED, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, através da
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA sentença de ID. fa3eb5e, decidiu: "condenando as reclamadas, de
RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
RECORRIDO MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. forma solidária, a pagarem à reclamante, em 48h após o trânsito em
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA julgado desta decisão os seguintes pleitos: FGTS de todo o período
RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
do contrato de trabalho, bem como, multa de 40% do FGTS; férias
Intimado(s)/Citado(s): simples 2017/2018 + 1/3; férias proporcionais 2018/2019 no total de
- MARIANA PINHEIRO DE SOUZA 7/12 + 1/3; 13º proporcional de 2017 (1/12); 13º salário integral de

2018; 13º proporcional de 2019 (6/12 ); aviso prévio de 33 dias;

danos morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00,

PODER JUDICIÁRIO declarando inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma

JUSTIÇA DO incidente tantum e a multa do art 477, §8º, da CLT (SUM-462 do

TST). Determina-se a expedição de ofício pela Secretaria da Vara

para habilitação da reclamante no programa do seguro desemprego


EMENTA
relativo ao período de vínculo aqui reconhecido. Deverá a
CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE
reclamante entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo),
CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL
no prazo de cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença.
EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA.Provado que a
Feito isso, as reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às
reclamante foi recrutada no Brasil para trabalhar em navios de
devidas anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00
cruzeiro, e que no período do contrato laborou também em águas
até o limite de dois salários mínimos revertida à parte autora,
nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da
devendo então a Secretaria proceder às devidas anotações na
legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a
CTPS (art. 39, parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e
demanda.
537 do CPC, aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá
MULTA ART. 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres
noticiar o descumprimento, em até 30 dias do Trânsito em julgado,
rescisórios da autora não foram pagos no prazo legal, devida a
sob pena de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer."
condenação das reclamadas no pagamento da multa respectiva.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 393
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Inconformadas, recorrem as partes. RECURSO DA RECLAMANTE

As empresas reclamadas MSC CRUISES S.A. e MSC CRUZEIROS JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS. ADICIONAL

DO BRASIL LTDA, ID. 17a4f11, arguem, preliminarmente, a NOTURNO, INTERVALO INTERJORNADA.

incompetência da justiça do Trabalho, sob o fundamento que a Pugna a autora:

reclamante foi contratada em embarcação estrangeira, devendo a "Ora, resta evidente que, no mínimo, a reclamante teria direito ao

competência ser declinada ao Panamá para apreciar eventuais percebimento das horas extras que extrapolassem a 8º (oitava) hora

violações ao contrato de internacional de trabalho. Salienta que as diária e a 44º (quadragésima quarta) hora semanal, eis que tal

legislações internacionais são mais benéficas à obreira do que a constatação decorre de fato incontroverso nos autos, inclusive

legislação brasileira e devem ser as regentes do contrato de reconhecida pelo insigne juiz, não exigindo, assim, a produção de

trabalho. Aduzem que os contratos de trabalho internacionais prova a respeito que ocorria o habitual registro de jornada superior à

firmados com demandante devem ser reconhecidos como de prazo oitava diária, razão pela qual a autora faz jus ao pagamento das

determinado. Pugnam pelo não reconhecimento do vínculo diferenças pleiteadas na exordial.

empregatício e improcedência total dos pedidos. Portanto, é devido o pagamento das horas extras que extrapolarem

A autora em sua peça recursal, ID f5ca0ed, persegue o deferimento a 8º (oitava) hora diária e a 44º (quadragésima quarta) hora

horas extras, adicional noturno e intervalo interjornada; indenização semanal sendo que as horas prestadas em períodos de domingos e

por danos existenciais; majoração dos danos morais; feriados devem ser pagas em dobro, bem como deve haver o

imprescritibilidade do reconhecimento de vinculo e majoração dos pagamento dos intervalos interjornada suprimidos e do valores

honorários advocatícios. referente ao adicional noturno, tudo com os reflexos

Contrarrazões da reclamante, ID. d8dca21, e das reclamadas, ID. correspondentes, na forma requerida na peça exordial."

4ee6753. A sentença decidiu sobre o tema:

Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para "Lado outro, as acionadas impugnaram a jornada da inicial e

emissão de parecer. apresentaram cartões de ponto que afastam o horário narrado pela

É O RELATÓRIO. autora. Citamos como exemplo a folha de ponto de ID. 203020f -

Pág. 1.

As provas emprestadas não servem para comprovar a jornada da

autora, visto que empregados embarcados possuem horários

FUNDAMENTAÇÃO distintos para o atendimento ser 24 horas.

Não foram apresentadas testemunhas para fins de afastar a

presunção relativa de veracidade dos documentos aqui citados.

I - ADMISSIBILIDADE Por não ter a autora ultrapassado o seu ônus da prova, julgo

Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço improcedente o pedido de horas extras e adicional, bem como, seus

dos apelos. reflexos (incluindo as horas extras pela supressão do intervalo

II - MÉRITO intrajornada e interjornada).

Inicialmente, ressalto que, conforme citado no julgamento de O labor noturno não foi demonstrado em diversas folhas de ponto

primeiro grau, esta justiça especializada já vem se debruçando como a de ID. 203020f - Pág. 8. Julgo improcedente o pedido de

sobre a matéria/controvérsia contida nestes autos, e sempre, no pagamento de adicional noturno."

meu entendimento, analisando-a de forma adequada e precisa. Corroboro com o entendimento exposto pelo juízo a quo, e ainda o

Acrescento, inclusive, mais um julgado, o processo de número reforço no sentido de que a própria autora se manifesta de forma

0001997-66.2017.507.00013, de minha relatoria. contraditória em relação à documentação apresentada nos autos.

Segue abaixo relação de algumas demandas correlacionadas: Em sua manifestação, ID. 018befa, defende a reclamante que "os

RT 0000922-18.2019.5.07.0014 controles de ponto apresentados pelas reclamadas não traduzem a

RT 0000375-29.2020.5.07.0018 realidade dos fatos, o que restará comprovado a partir da oitiva das

RT 0000366-47.2019.5.07.0036 testemunhas" e em seu apelo, conforme relatado acima, requer a

RT 0000237-05.2019.5.07.0016 estipulação de sua jornada laboral com base nos aludidos

RT 0000347-41.2019.5.07.0036 documentos.

RT 0000271-47.2018.5.07.0005 Diante do exposto, e com base no conjunto probatório juntado aos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 394
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

autos, indefiro o pedido. nos autos e a legislação aplicável à matéria.

INDENIZAÇÃO POR DANOS EXISTENCIAIS. IMPRESCRITIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO

Neste tocante, argumenta a autora: EMPREGATÍCIO

"Restou devidamente comprovado nos presentes autos que a Afirma a demandante:

autora laborava em jornada de trabalho extenuante, com mínimos "Conforme comprovado nos autos, a reclamante exerceu labor em

intervalos para descanso e alimentação, e sem direito a folgas, favor das empresas reclamadas de 27/07/2013 até 09/06/2019,

trabalhando em todos os dias do contrato de trabalho. tendo o juiz a quo se manifestado apenas sobre o período laborado

Importante ressaltar que, no presente caso, não se trata da prática de 10/12/2017 a 09/06/2019.

de sobrelabor dentro dos limites da tolerância, nem se trata de uma Entretanto, a despeito de ter aplicado a prescrição as verbas

conduta isolada da empregadora, mas sim de conduta reiterada em referentes a período de tempo anterior a 09/06/2014, esta não deve

que a parte reclamante trabalhou diariamente com jornada ser aplicada no que tange ao reconhecimento do vínculo

extenuante e sem direito a folgas, trabalhando durante todo o empregatício, visto que o pleito declaratório não se submete ao

interregno contratual, em clara afronta aos direitos do trabalhador." corte prescricional".

O juízo a quo, assim decidiu sobre este pedido: Pede que seja declarado o vínculo empregatício entre a autora e as

"O dano existencial nas relações laborais ocorre quando o reclamadas durante todo o período trabalhado (27/07/2013 a

trabalhador sofre dano/limitações em sua vida fora do ambiente de 09/06/2019).

trabalho em razão de condutas ilícitas, por parte do empregador, Assim entendeu o juízo a quo:

impossibilitando-o de estabelecer a prática de um conjunto de "Segundo a reclamante, sem contestação da das demandadas, os

atividades culturais, sociais, recreativas, esportivas, afetivas, prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os

familiares, etc., ou de desenvolver seus projetos de vida nos seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até

âmbitos profissional, social e pessoal. Ocorre que não foi 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;

devidamente comprovada essa limitação em sua vida.Pelas fotos 07/11/2018 até 09/06/2019.

juntadas aos autos é possível constar uma situação distinta da A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,

narrada. Não houve comprovação da jornada narrada pela tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois

trabalhadora, afastando a tese autoral. Julgo improcedente." períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta

O MM. juízo "a quo" analisou corretamente o pleito, bem apreciou a reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao

prova produzida nos autos, apresentando suas razões de forma primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.

clara e convincente, com isso, no que pertine ao indeferimento da Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo

indenização por danos existenciais não comporta reforma o julgado empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os

guerreado. dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 -

A condenação em danos morais decorre da comprovação de que o Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito

obreiro, efetivamente, tenha sofrido qualquer abalo em sua honra, de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de

dignidade, personalidade, ou integridade psíquica. admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já

Por outro lado, a responsabilidade civil do empregador pela observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do

indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença de TST - matéria de ordem pública).

três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o Restou incontroverso nos autos que a reclamante trabalhou para as

dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo reclamadas nos períodos de 27/07/2013 a 26/04/2014, 10/12/2017 a

empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo 10/07/2018. Ou seja, não houve prestação de serviços ininterrupta

trabalhador. no interstício entre o final do primeiro contrato (26/04/2014) e o

Sem a comprovação desses requisitos, não há como se reconhecer início do segundo (10/12/2017), decorrendo mais de 03 anos entre

o direito à indenização. os dois períodos sem a prestação de serviço pela autora, estando

No presente caso, não restou demonstrado o abalo sofrido pela correto o decisum que não reconheceu a unicidade contratual entre

autora, nem a prática de ato ilícito por parte da empresa o primeiro e segundo contratos e declarando a prescrição bienal dos

demandada. pedidos relacionados ao primeiro contrato.

A decisão recorrida não merece qualquer reforma, visto que HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

prolatada em conformidade com o conjunto probatório produzido Pleiteia o patrono da reclamante a majoração do percentual de

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honorários advocatícios concedido. BIS IN IDEM CONFIGURADO. DA CONVERSÃO DA MOEDA.

Sem razão. DANOS MORAIS. EXIGÊNCIA DE EXAME HIV.

O art. 791-A, da CLT é bem claro em seus parâmetros para INDEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA

definição do aludido percentual. Sobre os temas decidiu o magistrado sentenciante:

Na sentença foi definido honorários sucumbenciais em favor do "2.2.1-DA INCOMPETÊNCIA NACIONAL:

patrono da demandante no percentual de 10%, nos termos do art. Suscitam as reclamadas que "a Autora firmou contrato de trabalho

791-A da CLT. no exterior em todos os períodos firmados desde 2013 a 2019,

Entendo como razoável o percentual reconhecido. Nada a alterar sendo certo, ainda, que competência da Justiça do Trabalho deve

neste sentido. ser determinada pela localidade onde o trabalhador prestou

RECURSO DAS RECLAMADAS serviços, a autoridade judiciária brasileira não detém jurisdição para

Já as empresas recorrentes, pautam seu recurso basicamente sob apreciar e julgar esta demanda".

um aspecto, o questionamento em relação à inaplicabilidade da Entretanto a contratação efetiva da reclamante ocorreu no Brasil, o

legislação brasileira ao caso. Seguem in verbis, os tópicos que atrai a competência da jurisdição brasileira para processar e

elencados em suas razões recursais: julgar o caso sub oculis. Esclareço.

DA AUSÊNCIA DE JURISDIÇÃO DAS AUTORIDADES Não é porque as etapas iniciais da admissão ocorreram via internet

BRASILEIRAS. que podemos afirmar que a contratação ocorreu fora dos limites

INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. RESOLUÇÃO territoriais do Brasil, visto que inexiste comprovação de ter a obreira

71/2006 DO CONSELHO NACIONAL DE IMIGRAÇÃO: ART. 8º, realizado tais etapas em território estrangeiro. O fato modificativo foi

CAPUT. INTERPRETAÇÃO A CONTRARIO SENSU. apresentado pelas demandadas, atraindo, assim, o ônus da prova

DA FASE PRÉ-CONTRATUAL E LOCAL DA EFETIVA (art. 818, II da CLT).

CONTRATAÇÃO. Independentemente, da fixação sobre as regras aplicáveis ao

DO CÓDIGO DE BUSTAMENTE (ARTS. 274, 279 E 281). NORMA contrato mantido entre o reclamante e as reclamadas, a fixação da

RATIFICADA PELO BRASIL. VIOLAÇÃO MANIFESTA. competência brasileira é mandatória, nos termos do CPC (art. 21,

DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO c/c parágrafo único), considerando que a 1ª reclamada é uma

MAR. ART. 178 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. espécie de filial da 3ª em território nacional.

APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DO ART. 8º DA CLT. As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas

APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como,

DA NÃO DISCRIMINAÇÃO ENTRE OS TRABALHADORES. conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo

CONVENÇÕES Nº 97 E 111 DA OIT. econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui

APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS TAC´S FIRMADOS COM O estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. EFICÁCIA VINCULANTE como exemplo o documento de ID. ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c -

DA TRANSAÇÃO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. Pág. 2. Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.

AFRONTA AO ARTS. 840 DO CÓDIGO CIVIL, 5º, §6º, LEI 7.347/85 O entendimento jurisprudencial pacificado no Colendo Tribunal

E 5º, XXXVI, CF/88. Superior do Trabalho é no mesmo sentido:

INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA "A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. RECURSO

EMPRESAS ESTRANGEIRAS QUE CONTRATEM BRASILEIROS DE REVISTA. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE. NEGATIVA DE

PARA TRABALHAR NO EXTERIOR À LUZ DA LEI 7.064/82. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 2. COMPETÊNCIA TERRITORIAL.

DA AUTONOMIA SINDICAL (ART. 8º, III, CF/88). 3. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DECISÃO

RECONHECIMENTO DOS ACORDOS COLETIVOS DE DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. A jurisprudência trabalhista,

TRABALHO: ART. 7º, XXVI, CF/88. PREVALÊNCIA DO sensível ao processo de globalização da economia e de avanço das

NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO: ART. 611-A, CLT. empresas brasileiras para novos mercados no exterior, passou a

DA ALEGADA UNICIDADE CONTRATUAL. CONTRATOS POR perceber a insuficiência e inadequação do critério normativo

PRAZO DETERMINADO. PRESCRIÇÃO BIENAL. inserido na antiga Súmula 207 do TST (lex loci executionis) para

DA INAPLICABILIDADE DA MULTA DO ART. 477 DA CLT. regulação dos fatos congêneres multiplicados nas duas últimas

DA REMUNERAÇÃO. DA NECESSIDADE DE DEDUÇÃO DAS décadas. Nesse contexto, já vinha ajustando sua dinâmica

PARCELAS PAGAS NOS CONTRACHEQUES DO RECLAMANTE. interpretativa, de modo a atenuar o rigor da velha Súmula 207/TST,

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restringido sua incidência, ao mesmo tempo em que passou a "I - DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

alargar as hipóteses de aplicação das regras da Lei n. 7.064/1982. RECLAMADAS. DO TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO

Assim, vinha considerando que o critério da lex loci executionis ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. À

(Súmula 207) - até o advento da Lei n. 11.962/2009 - somente luz do princípio da boa-fé objetiva, a teor do disposto nos

prevalecia nos casos em que foi o trabalhador contratado no Brasil artigos 427 e 435 do Código Civil, conclui-se que o período pré-

para laborar especificamente no exterior, fora do segmento contratual produz efeitos jurídicos, tendo este juízo a

empresarial referido no texto primitivo da Lei n. 7064/82. Ou seja, convicção de que o início das tratativas (pré-contratação) do

contratado para laborar imediatamente no exterior, sem ter trabalho ocorreu no Brasil, em Fortaleza, no Estado do Ceará,

trabalhado no Brasil. Tratando-se, porém, de trabalhador contratado com empregada brasileira. No caso em apreço, verifica-se que

no País, que aqui tenha laborado para seu empregador, sofrendo a 17ª Alteração e Consolidação do Contrato Social da 1ª

subsequente remoção para país estrangeiro, já não estaria mais reclamada, MSC CROCIERE estabelece que as empresas MSC

submetido ao critério normativo da Convenção de Havana (Súmula CROCIERE S/A e MSC MEDITERRANEAN MSC CRUZEIROS DO

207), por já ter incorporado em seu patrimônio jurídico a proteção BRASIL LTDA são sócias titulares da totalidade do Capital

normativa da ordem jurídica trabalhista brasileira. Em consequência, Social da MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. Com efeito, a

seu contrato no exterior seria regido pelo critério da norma jurídica segunda reclamada, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, tem

mais favorável brasileira ou do país estrangeiro, respeitado o sede no Brasil, na Av. Ibirapuera nº 2.332, 6º andar, Torre II, na

conjunto de normas em relação a cada matéria. Mais firme ainda Cidade e Estado de São Paulo, caindo por terra a alegação de

ficou essa interpretação após o cancelamento da velha Súmula que a contratação ocorrera no estrangeiro. Iniludível, portanto,

207/TST. No caso concreto, ficou evidenciado que o Reclamante foi que a contratação ocorreu em solo pátrio. Demais disto, restara

contratado no Brasil e que parte do tempo de duração do contrato inconteste nos autos que a empresa ROSA DOS VENTOS

de trabalho desenvolveu-se em águas territoriais brasileiras. Não há seleciona brasileiros para um contrato internacional com a

como assegurar o processamento do recurso de revista quando o MSC Cruzeiros, que trabalha com navios de passageiros na

agravo de instrumento interposto não desconstitui os termos da costa do Brasil; e, para que possa navegar normalmente, é

decisão denegatória, que subsiste por seus próprios fundamentos. exigido, por parte das autoridades do Brasil, um limite mínimo

Agravo de instrumento desprovido. B) RECURSO DE REVISTA de 25% de tripulantes brasileiros). Presuntivamente, infere-se

ADESIVO DO RECLAMANTE. Em face da não admissibilidade do que a principal importância da mão de obra de brasileiros se dá

apelo principal, fica prejudicado o exame do recurso de revista na temporada brasileira, que, como se sabe, dura, em média,

adesivo interposto pelo Reclamante (500 do CPC). Recurso de cinco meses. Como o contrato teve duração de apenas quatro

revista cuja análise fica prejudicada". (TST AIRR-1789- meses (de 07/08/2012 a 07/12/2012), tem-se que a parte

04.2011.5.02.0443 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, contratada o cumpriu por inteiro na temporada brasileira. A

Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma, Data de Publicação: teor das informações supra, bem como do Termo de

DEJT 12/12/2014)". Ajustamento de Conduta, e seus Aditivos, firmados entre o

O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região em processos Ministério Público do Trabalho e a empresa MSC Cruzeiros do

semelhantes ajuizados contra as reclamadas assim vem decidindo : Brasil), vislumbra-se, no caso em espécie, que o labor fora

"CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE contratado para ser prestado em embarcação privada

CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL estrangeira, em águas brasileiras e internacionais, e neste caso

EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA Provado que o aplicável a legislação brasileira enquanto ocorresse em águas

reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, nacionais. O critério da territorialidade ou da Lex Loci

para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de Executionis, reconhecido pela Convenção de Direito

cruzeiro, e que no período de 09 meses de contrato laborou Internacional Privado de Havana, ratificada pelo Brasil (Código

por, pelo menos, 05 meses em águas nacionais, na Bustamante, de 1928), posicionamento este expressamente

denominada "temporada brasileira de cruzeiros, correta a inserido na jurisprudência brasileira, por meio da Súmula 207

decisão que reconheceu a incidência da legislação brasileira e editada pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, a qual

a competência desta Justiça para apreciar a demanda". (TRT 7ª estabelecia o seguinte, até ser cancelada pela Resolução TST

Região - proc. 0000358-77.2012.5.07.0016 - Rel. Des. Jefferson nº 181, de 16.04.2012: "A relação jurídica trabalhista é regida

Quesado Júnior DEJT 13/05/2013). pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 397
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aquelas do local da contratação." Assim é que, amiúde, as Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.

relações empregatícias marítimas submetem-se a diretriz Ultrapassada a cizânia da competência, a legislação a ser aplicada

própria, regendo-se pela lei do Pavilhão do navio, que tende a deve ser averiguada e deliberada em sede de mérito propriamente

ser, normalmente, a do país de domicílio do dito, aplicando-se as técnicas de direito internacional privado.

armador/empregador. O Direito do Trabalho brasileiro possui Portando afasto as demais preliminares que dizem respeito, tão

diploma específico em matéria de regência das relações somente, às normas que devem aqui reger a matéria.

jurídicas envolvendo trabalhadores brasileiros contratados ou PREJUDICIAL DE MÉRITO

transferidos pela empresa para prestação de serviços no A reclamada aponta a prescrição quinquenal da pretensão autoral.

exterior. Trata-se da Lei n. 7.064 /82, que "regula a situação de Cabe esclarecer que prescrita a verba principal o pleito acessório

trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus não poderá mais ser pleiteado, portanto, nos pedidos de FGTS

empregadores para prestar serviço no exterior". A par de fixar acessórios (repercussão das diferenças salariais eventualmente

alguns direitos trabalhistas específicos (art. 3º, I), o précitado reconhecidas), não haverá a aplicação da modulação estabelecida

Diploma Legal estabelece critério distintivo no que se refere na súmula 362 do TST (súmula 206 do TST).

àaplicação normativa nos contratos cumpridos no exterior no No que pertine à prescrição do FGTS como pedido principal,

segmento empresarial que menciona - admitindo, em certos consoante decidido no ARE 709212, pelo E. STF, deve ser aplicada

aspectos, a aplicação da lei brasileira ou da lei territorial ao caso a modulação prevista para o curso prescricional já em

estrangeira, em exceção, portanto, ao princípio geral da curso, quando da prolação daquele julgado (em 13/11/2014).

territorialidade. Em assim, dispõe a referida Norma ser direito Desse modo e aplicando o entendimento firmado no inciso II, da

do empregado regido por suas normas a aplicação da súmula nº 362, do C. TST, tem-se que o prazo prescricional das

legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não pretensões do FGTS (pedido principal) será o que se consumar

for incompatível com o disposto na sobredita Lei n. 6.064/82, primeiro: trinta anos, contados do termo inicial (07/2013 caso exista

quando mais favorável do que a legislação territorial unicidade contratual), ou cinco anos, a partir de 13/11/2014.

estrangeira, no conjunto de normas em relação a cada matéria, Logo, não há prescrição a ser alegada para o pedido de FGTS,

conforme o Inciso II do artigo 3º. O critério da territorialidade sendo esse o pedido principal.

deixara de ser aplicado às transferências de trabalhadores Considerando que a presente demanda foi interposta em

contratados ou transferidos para fins de prestação de serviços 11/11/2019, prescritas encontram-se as parcelas anteriores a

no estrangeiro, pois que tais contratos passam a se submeter à 11/11/2014, devendo as mesmas, salvo com relação ao FGTS

legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não (pedido principal), serem extintas com resolução de mérito, nos

for incompatível com o disposto na Lei n. 7.064/82, quando termos do art. 487, II, CPC.

mais favorável do que a legislação territorial estrangeira, Considerando que a reclamante afirma a vigência de contrato único,

observado o conjunto de normas em relação a cada matéria, relego a apreciação da questão da prescrição bienal da ação para

conforme a dicção do Inciso II, do artigo 3º, da Lei n. 7.064/82. após a análise meritória pertinente a tal ponto. Isto porque, não há

Em assim, a legislação brasileira é a única aplicável ao como este Juízo decidir pela aplicação da prescrição bienal sem

presente caso, o que se faz com fundamento nos artigos 651 da antes definir se o contrato vigeu ininterruptamente por prazo

CLT, 9º e 12 da Lei de Introdução ao Código Civil, e arts. 88 e 89 indeterminado ou se tratam-se de diversos contratos diferenciados.

do Código de Processo Civil, e Súmula 207/TST, e o que mais DA LEGISLAÇÃO APLICADA AO CASO

consta dos autos. (...)". (TRT 7a. Região - proc. 0001046- O Código de Bustamante (Convenção de Havana, 1928), que foi

74.2014.5.07.0014 - Rel. Desª. Regina Gláucia Cavalcante internalizado no Brasil, pelo Decreto 5.647, em 8.1.1929, e

Nepomuceno - DEJT 18/12/2015). promulgado pelo Decreto 18.871, de 13.8.1929, determina a

As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas aplicação da lei territorial sobre acidente do trabalho e proteção

provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como, social do trabalhador (princípio da lex loci execucionis). Esse

conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo princípio está insculpido no art. 198 do mencionado diploma de

econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui direito internacional: "Art. 198. Também é territorial a legislação

estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos sobre acidentes do trabalho e proteção social do trabalhador". Tal

como exemplo o documento de ID ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c - princípio, assim, constitui exceção à regra instituída posteriormente,

Pág. 2. na LINDB, cujo art. 9º estabelece como norma a aplicação do país

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 398
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em que a obrigação se constituiu: "Art. 9º Para qualificar e reger as disposições do art.1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso

obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem". II, Lei nº 7.064/82,outrossim, o conflito de direito internacional

Diante desse caso, prevaleceu a tese de que deveria ser aplicado o privado no tocante à escolha da norma trabalhista a ser aplicada,

disposto no Código de Bustamante, por se tratar de norma especial. resolve-se pelo princípio da norma mais favorável, consideradas,

... em conjunto, as disposições reguladoras de cada matéria ou

A partir da premissa supra o TST cancelou a súmula 207 e a própria instituto, adotando-se a teoria do conglobamento mitigado,

legislação passou a assim dispor. Nos termos do art. 3º, inciso II, da destacando-se, no caso, a legislação brasileira. Recurso das

Lei nº 7.064/82 (dispõe sobre a situação de trabalhadores reclamadas parcialmente conhecido e provido. Recurso da

contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior): "a reclamante conhecido e parcialmente provido. (TRT-7 - RO:

aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo 00010902020145070006,Relator: MARIA ROSELI MENDES

que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais ALENCAR, Data de Julgamento: 17/08/2016, Data de Publicação:

favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em 22/08/2016);

relação a cada matéria". RECURSO DAS RECLAMADAS: CRUZEIRO MARÍTIMO.

Aqui estamos diante da teoria do conglobamento mitigada onde a TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO ESTRANGEIRO.

norma mais favorável deve ser buscada por meio da comparação COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há que se

das diversas regras sobre cada instituto ou matéria, respeitando-se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre o

o critério de especialização. O que realmente devemos observar, contato mantido pelo autor, e a legislação aplicável a este mesmo

então, não seria o inteiro diploma legal, mas, sim, cada matéria ou contrato de trabalho. Isso porque a competência jurisdicional não

instituto. exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões não são

Pois bem, sendo a tese de defesa a utilização de norma distinta da confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é relativa à

estabelecido em nosso ordenamento jurídico, compete às competência territorial; a segunda, de direito material, é atinente ao

acionadas a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a aplicação da

Ocorre que não foram apresentadas as leis do locais onde legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo à parte que a

efetivamente ocorreram a prestação de serviço. invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). A

Vejamos a jurisprudência: competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB e

CRUZEIRO MARÍTIMO. TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT

ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC.

que se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre Portanto, a presente lide se submete à jurisdição nacional. Em

o contato mantido pela autora, e a legislação aplicável a este relação à legislação a ser adotada, aplica-se as disposições do art.

mesmo contrato de trabalho. Isso porque a competência 1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso II, Lei nº 7.064/82,

jurisdicional não exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões outrossim, o conflito de direito internacional privado no tocante à

não são confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é escolha da norma trabalhista a ser aplicada, resolve-se pelo

relativa à competência territorial; a segunda, de direito material, é princípio da norma mais favorável, consideradas, em conjunto, as

atinente ao conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a disposições reguladoras de cada matéria ou instituto, adotando-se

aplicação da legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo a teoria do conglobamento mitigado, destacando-se, no caso, a

à parte que a invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). legislação brasileira. Recurso das reclamadas não provido. (TRT-7 -

A competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB RO: 00009119820145070002, Relator: MARIA ROSELI MENDES

e 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT ALENCAR, Data de Julgamento: 13/03/2019, Data de Publicação:

adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC. 15/03/2019).

Incontroverso que a empresa estrangeira com a qual a autora Logo, estabeleço a legislação brasileira para reger o caso sub

firmou o contrato de trabalho (MSC Crociere SA) é sócia- oculis.

proprietária da segunda reclamada, a MSC Cruzeiros do Brasil, ...

essa estabelecida em território brasileiro, pelo que é tida como sua DO CONTRATO DE TRABALHO

agência ou filial,atraindo a incidência do parágrafo segundo do art. A reclamante requer a declaração de nulidade dos supostos

651, da CLT.Portanto, a presente lide se submete à jurisdição contratos de trabalho por prazo determinado, reconhecendo-se o

nacional. Com relação à legislação a ser adotada, aplicação as prazo indeterminado de um único contrato.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 399
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Apesar de ser do conhecimento da autora, no momento de sua prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os

contratação, ser o contrato de trabalho por prazo determinado, a seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até

atividade empresarial das reclamadas não se encaixam nas 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;

disposições do art. 443 da CLT e lei 6.019/74 (redação à época). 07/11/2018 até 09/06/2019.

Vejamos a jurisprudência: Resta averiguarmos a unicidade contratual.

SUCESSIVOS CONTRATOS DE TRABALHO Unicidade do contrato de trabalho é o reconhecimento de um único

POR PRAZO DETERMINADO. AUSÊNCIA DE contrato de trabalho, em casos em que o lapso temporal entre a

TRANSITORIEDADE DO SERVIÇO. RECONHECIMENTO DE demissão e a readmissão, pela mesma empresa, é exíguo. Diante

DISPENSAS IMOTIVADAS NOS SUCESSIVOS PACTOS da omissão legislativa, considera-se fraudulenta a rescisão seguida

LABORAIS. A Corte Regional, interpretando a modalidade de recontratação ou de permanência do trabalhador em serviço

contratual à luz do § 1º do art. 443 da CLT, considerou que a quando ocorrida dentro dos noventa dias subsequentes à data em

atividade empresarial não ostenta caráter transitório, razão pela que formalmente a rescisão se operou, nos termos da portaria 384

qual concluiu que o contrato de trabalho do Autor não detinha prazo do MTE.

determinado, já que não dependia de termo prefixado para A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,

execução de serviços específicos, tampouco da realização de tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois

acontecimento certo e suscetível de previsão aproximada. períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta

Consignou, neste sentido, que o fato das embarcações das reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao

reclamadas somente navegarem na costa brasileira em alguns primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.

períodos do ano não demonstravam a transitoriedade de suas Com relação aos dois últimos contratos, sem qualquer cabimento a

atividades, até porque navegavam por águas internacionais nos tese de defesa. A tese do exercício da atividade empresarial por

demais períodos do ano. A conclusão adotada funda-se, pois, na temporada já foi devidamente ultrapassada nas linhas anteriores.

interpretação da ausência de transitoriedade das atividades das O prazo entre os contratos não é desproporcional, conforme as

reclamadas, o que não permite divisar ofensa literal aos artigos 443 normas aqui apresentadas como fundamento.

e 452 da CLT. O artigo 2º da Lei 6.019/74, que conceitua o trabalho Ademais, o obreiro é o hipossuficiente entre as partes que

temporário, não guarda pertinência temática com a controvérsia, celebraram os contratos de trabalho e, por vezes, tem que realizar

restando ileso. O recurso de revista igualmente não se credencia a formalidades requeridas pelos empregadores para não ser

conhecimento por divergência jurisprudencial, pois os arestos dispensado.

transcritos revelam-se inespecíficos, atraindo a disciplina da Súmula Em respeito ao princípio da continuidade da relação de emprego

296, I, do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST - RR: (súmula 212 do TST), não há como visualizar que seu interesse na

102851920165090001, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data contratação era realmente o contrato por prazo estipulado.

de Julgamento: 04/09/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT A assinatura de qualquer contrato com cláusulas nesse sentido

20/09/2019). nada mais revela que um vício de consentimento previsto no código

A atividade empresarial das reclamadas ocorre durante todo o ano, civil, conforme reza o art. 157: "Ocorre a lesão quando uma pessoa,

não podendo existir a contratação e dispensa de trabalhadores a sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a

depender dos pacotes de viagens firmados pelo empregador. O prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação

risco do negócio é do empregador e deve suportar as disposições oposta".

de proteção do trabalho, independentemente de lucros, nos termos O procedimento realizado pelas demandadas caracteriza-se como

do art. 2 da CLT. fraudulento, não só em razão do fracionamento do vínculo de

Ademais, conforme determinação do Art. 452 da CLT, considera-se emprego, mas também em decorrência da diminuição de recursos

por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o que determina

(seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a correspondente redução de importâncias a serem aplicadas na

expiração deste dependeu da execução de serviços especializados construção de habitações populares, obras de saneamento urbano

ou da realização de certos acontecimentos. e infraestrutura (portaria 384 do MTE).

Reconheço, então, a regra geral, ou seja, contrato por prazo Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo

indeterminado. empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os

Segundo a reclamante, sem contestação das demandadas, os dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 -

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 400
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito justificar-se em razão da natureza do ofício ou do grau especial de

de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de fidúcia exigido, a exemplo de empregados domésticos, cuidadores

admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já de menores, idosos ou deficientes (em creches, asilos ou

observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do instituições afins), motoristas rodoviários de carga, empregados que

TST - matéria de ordem pública). Para tanto, deverá a reclamante laboram no setor da agroindústria no manejo de ferramentas de

entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), no prazo de trabalho perfurocortantes, bancários e afins, trabalhadores que

cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Feito isso, as atuam com substâncias tóxicas, entorpecentes e armas,

reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às devidas trabalhadores que atuam com informações sigilosas; III. A exigência

anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 até o de Certidão de Antecedentes Criminais, quando ausente uma das

limite de dois salários mínimos revertida à parte autora, devendo justificativas de que trata o item II, supra, caracteriza dano moral in

então a Secretaria proceder às devidas anotações na CTPS (art. 39, re ipsa, passível de indenização, independentemente de o

parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e 537 do CPC, candidato ao emprego ter ou não sido admitido. Vencidos,

aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá noticiar o parcialmente, no item I, os Ministros João Oreste Dalazen,

descumprimento,em até 30 dias do Trânsito em julgado, sob pena Emmanoel Pereira e Guilherme Augusto Caputo Bastos; e, no item

de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer. II, os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, Aloysio

... Corrêa da Veiga, Walmir Oliveira da Costa e Cláudio Mascarenhas

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELA EXIGÊNCIA DE Brandão. Quanto ao item III, restaram vencidos, parcialmente, os

EXAMES Ministros João Oreste Dalazen, Emmanoel Pereira e Guilherme

A Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) Augusto Bastos e, totalmente, os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga,

decidiu, por maioria, que a exigência de certidão negativa de Renato de Lacerda Paiva e Ives Gandra Martins Filho. TST-IRR-

antecedentes criminais caracteriza dano moral passível de 243000- 58.2013.5.13.0023, SBDI-1, rel. Min. Augusto César Leite

indenização quando caracterizar tratamento discriminatório ou não de Carvalho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 20.4.2017.

se justificar em situações específicas. A exigência é considerada A atividade empresária das acionadas não consta no rol

legítima, no entanto, em atividades que envolvam, entre outros exemplificativo estabelecido pelo TST ao julgar o Incidente de

aspectos, o cuidado com idosos, crianças e incapazes, o manejo de Recursos de Revista Repetitivos (Tema nº 0001). As atividades

armas ou substâncias entorpecentes, o acesso a informações exercidas, aos olhos deste Julgador, não apresentam

sigilosas e transporte de carga. peculiaridades que exigem a apresentação de antecedentes

O recurso julgado envolve a Alpargatas S.A. e foi afetado pela criminais.

Quarta Turma do TST à SDI-1, dentro da sistemática de recursos As testemunhas das provas emprestadas (ID. d7d9469 - Pág. 2 e

repetitivos, para a fixação de tese jurídica sobre as situações que ID. ad03e34 - Pág. 3) e os documentos juntados comprovam a

ensejariam ou não o reconhecimento de dano moral devido à exigência de exames.

exigência do documento como condição indispensável para a O dano moral é (pela força in reipsa dos próprios fatos) conforme

admissão ou a manutenção do emprego. fundamentação do precedente supra.

Vejamos a tese fixada e publicada no Informativo 157 do TST: O tarifamento do dano moral não se aplica ao caso.

Incidente de Recursos de Revista Repetitivos. "Tema nº 0001 - Esclareço.

Dano moral. Exigência de Certidão Negativa de Antecedentes A lei 13.467/2017 não foi o primeiro diploma legal a determinar a

Criminais". A SBDI-I, por maioria, definiu as seguintes teses tarifação dos danos morais, por exemplo, citamos a lei 5250/67 (lei

jurídicas para o Tema Repetitivo nº 0001 - DANO MORAL. de imprensa). A jurisprudência à época já havia pronunciado-se em

EXIGÊNCIA DE CERTIDÃO NEGATIVA DE ANTECEDENTES favor da não recepção dessa tarifação do dano moral. Vejamos a

CRIMINAIS: I. Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência súmula 281, do STJ "a indenização por dano moral não está sujeita

de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego à tarifação prevista na Lei de Imprensa"

quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em Houve pronunciamento expresso, ainda, do STF, através da ADPF

razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial 130/09, no sentido desta lei não ter sido recepcionada pela

de fidúcia exigido; II. A exigência de Certidão de Antecedentes Constituição Federal de 1988. Uma das questões abordadas pelos

Criminais de candidato a emprego é legítima e não caracteriza Ministros do Pretório Excelso foi a tarifação por danos morais, que

lesão moral quando amparada em expressa previsão legal ou era prevista nos artigos 51 e 52 da lei em exame.

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De acordo com a maior Corte deste País, qualquer tentativa de mesma indenização.

tarifação ou restrição à reparação por danos morais, prevista em lei Além dos argumentos apresentados na ADF 130/09, o "Caput" do

ordinária, padeceria de inconstitucionalidade, por ofender o disposto art 5º da CF/88 também entra em choque em face dos parâmetros

no art. 5º, V e X, sendo bastante contundente a afirmação contida ali estabelecidos.

na ementa:"estaríamos interpretando a Constituição no rumo da lei Esclareço. Dois acidentes que, por exemplo, tenham como

ordinária, quando é de sabença comum que as leis devem ser consequência a perda de um mesmo membro teriam indenizações

interpretadas no rumo da Constituição". distintas a depender do salário contratual.

Para melhor entendermos a afirmação supra, as palavras do Estamos aqui diante da quebra de isonomia interna.

Ministro Ricardo Lewandowski, ao acompanhar o voto do Ministro Imaginemos agora que um empregador realize um mesmo ato

Celso de Mello, relator da ADPF 130/09: capaz de gerar danos morais em face de duas pessoas distintas,

"o princípio da proporcionalidade, tal como explicitado no referido um sendo seu empregado e outro um terceiro sem qualquer vínculo

dispositivo constitucional, somente pode materializar-se em face de empregatício. Pela interpretação literal da reforma trabalhista, a

um caso concreto. Quer dizer, não enseja uma disciplina legal indenização deferida pelo Juiz do trabalho não seguirá os mesmos

apriorística, que leve em conta modelos abstratos de conduta, visto parâmetros de outros Juízos. Agora podemos observar a quebra de

que o universo da comunicação social constitui uma realidade isonomia externa.

dinâmica e multifacetada, em constante evolução. Acredito que houve um equívoco técnico do legislador

"Já, a indenização por dano moral - depois de uma certa infraconstitucional, pois, a Medida Provisória (MP) 808/2017,

perplexidade inicial por parte dos magistrados - vem sendo publicada em 14/11/2017, tentou abrandar os problemas aqui

normalmente fixada pelos juízes e tribunais, sem quaisquer apresentados, todavia só solucionou, temporariamente, a quebra de

exageros, aliás, com muita parcimônia, tendo em vista os princípios isonomia interna, estabelecendo o valor do limite máximo dos

da equidade e da razoabilidade, além de outros critérios como o da benefícios do Regime Geral de Previdência Social em vez do salário

gravidade e a extensão do dano; a reincidência do ofensor; a contratual.

posição profissional e social do ofendido; e a condição financeira do Por todo o exposto, julgo procedente a indenização por danos

ofendido e do ofensor. Tais decisões, de resto, podem ser sempre morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00, declarando

submetidas ao crivo do sistema recursal. Esta Suprema Corte, no inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma incidenter

tocante à indenização por dano moral, de longa data, cristalizou tantum.

jurisprudência no sentido de que o art. 52 e 56 da Lei de Imprensa ...

não foram recepcionados pela Constituição, com o que afastou a Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado

possibilidade do estabelecimento de qualquer tarifação, com a reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a

confirmando, nesse aspecto, a Súmula 281 do Superior Tribunal de competência da Justiça do Trabalho.

Justiça.". Examinando-se os autos, observa-se que a autora foi recrutada e

"Em outras palavras, penso que não se mostra possível ao contratada no Brasil, o que foi confirmado pelas reclamadas.

legislador ordinário graduar de antemão, de forma minudente, os Conforme já bem analisado na sentença, a jurisprudência do

limites materiais do direito de retorção, diante da miríade de Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo que o conflito de leis

expressões que podem apresentar, no dia-adia, os agravos no espaço se resolve pela aplicação da legislação brasileira. Senão,

veiculados pela mídia em seus vários aspectos". confira-se mais este julgado:

Ou seja, o legislador não tem como prever todas hipóteses de "EMENTA: I- AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA.

danos morais, ferindo a proporcionalidade estabelecida pela nossa RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI

Carta Política. NOS 13.015/2014 E 13.467/2017. VIGÊNCIA DA IN Nº 40/TST

Podemos observar isso no Art. 223-G, §1º, da CLT. O legislador PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO. NEGATIVA DE

pretendeu em somente quatro incisos apresentar todas as PRESTAÇÃO JURISDICIONAL 1- Não houve, no recurso de

gravidades possíveis de danos morais. Imaginemos que a revista, a transcrição dos trechos do acórdão de embargos de

gravidade da conduta seja bem simples, todavia, o primeiro grau de declaração opostos no TRT. Assim, a parte não demonstra que

ali estabelecido teria como indenização o valor de, no mínimo, R$ instou a Corte regional a se manifestar sobre a alegada nulidade,

2.994,00 (observando o salário mínimo em 2019). sendo inviável o confronto analítico com a fundamentação jurídica

Desse modo, fatos distintos poderiam ter como penalidade a invocada pela parte. Decisão da SBDI-1 na Sessão de 16/03/2017

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(E-RR-1522-62.2013.5.15.0067) e da Sexta Turma na Sessão de a Corte Regional registrou que "não subsiste a alegação de que o

05/04/2017 (RR-927-58.2014.5.17.0007). Logo, não atendidas as recorrido apenas comercializava a venda de pacotes turísticos

exigências do art. 896, § 1º-A, I e III, da CLT. 2- O entendimento relativos à embarcação. Isso porque a testemunha ouvida nos autos

jurisprudencial foi positivado na Lei nº 13.467/2017 que inseriu o afirma que foram contratadas pela Ibero Cruzeiros sendo que '

inciso IV no art. 896, § 1º-A, segundo o qual é ônus da parte, sob todos os contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam

pena de não conhecimento: "transcrever na peça recursal, no caso uniforme e p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a

de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de Ibero posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e

prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que os detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível

foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no embarcar' ( f l . 573)." Ademais, do exame do contrato social da

recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os Ibero Cruzeiros Ltda., concluiu-se que um de seus núcleos de

embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da atuação é "atividade armatorial, através da realização de cruzeiro

ocorrência da omissão". 3- A Sexta Turma evoluiu para o marítimos". Nesses aspectos, para se chegar à conclusão diversa

entendimento de que, uma vez não atendidas as exigências da Lei da exposta pelo Tribunal Regional, seria necessário reexame de

nº 13.015/2014, fica prejudicada a análise da transcendência. 4- fatos e provas, a fim de constatar a ausência de controle e de

Agravo de instrumento a que se nega provimento. RELAÇÃO DE direção da Ibero Cruzeiros Ltda. pelas demais reclamadas, o que é

EMPREGO. RECONHECIMENTO. GRUPO ECONÔMICO 1- vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126

Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 2- Deve ser desta Corte. 5- Agravo de instrumento a que se nega provimento.

reconhecida a transcendência na forma autorizada pelo art. 896-A, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 1- Atendidos os requisitos do art.

§ 1º, parte final, da CLT (crit é rio " e outros " ) quando se mostra 896, § 1º-A, da CLT. 2- Exame de ofício da decisão recorrida: a

aconselh á vel o exame mais detido da controvérsia devido às Corte Regional constatou que a reclamante, além de ter declarado

peculiaridades do caso concreto. O enfoque exegético da aferição hipossuficiência, encontra-se assistida pelo sindicato da categoria

dos indicadores de transcendência em princípio deve ser positivo, profissional. No tocante à alegação patronal, no sentido de que o

especialmente nos casos de alguma complexidade, em que se torna SINDASP não representa a categoria profissional da reclamante, o

aconselhável o debate da matéria no âmbito próprio do TRT destacou que a reclamada "não comprova nada a esse

conhecimento, e não no âmbito prévio da transcendência. 3- O TRT, respeito, tampouco indica qual o sindicato que, de fato, representa

soberano na análise do conjunto fático-probatório, concluiu que a os interesses da recorrida, ônus que lhe incumbia (art. 373, II, do

reclamante desincumbiu-se do ônus de comprovar fato constitutivo CPC de 2015)". 3- Não há transcendência política, pois não

do seu direito e demonstrou a existência de relação de emprego. A constatado o desrespeito à jurisprudência sumulada do Tribunal

Corte Regional assentou, a propósito, que "a única testemunha Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal. 4- Não há

ouvida nos autos laborou com a autora e foi enfática ao dizer que transcendência social, pois não se trata de postulação, em recurso

foram contratadas pela Ibero Cruzeiros e ainda que ' todos os de reclamante, de direito social constitucionalmente assegurado. 5-

contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam uniforme e Não há transcendência jurídica, pois não se discute questão nova

p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a Ibero em torno de interpretação da legislação trabalhista. 6- Não se

posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e os reconhece a transcendência econômica quando, a despeito dos

detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível valores da causa e da condenação, não se constata a relevância do

embarcar' ( f l . 573)." Nesse contexto, para se chegar à conclusão caso concreto, pois a matéria probatória não pode ser revisada no

diversa da adotada no acórdão regional, de modo a perquirir a TST, e, sob o enfoque de direito, não se constata o desrespeito da

ausência de um ou alguns dos requisitos da relação de emprego e instância recorrida à jurisprudência desta Corte Superior. 7- Não há

rechaçar a tese de reconhecimento de vínculo empregatício, seria outros indicadores de relevância no caso concreto (art. 896-A, § 1º,

necessário reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta parte final, da CLT). 8- Agravo de instrumento a que se nega

instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126 do TST. 4- provimento. II- RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA.

No tocante à constatação de grupo econômico, o TRT, com amparo INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI Nos 13.015/2014 E

no conjunto fático probatório, notadamente nas provas testemunhal 13.467/2017 EMPREGADO CONTRATADO NO BRASIL. LABOR

e documental (contratos sociais), assentou que a Ibero Cruzeiros EM NAVIO DE CRUZEIRO INTERNACIONAL. COMPETÊNCIA DA

Ltda. estava sob controle e direção das demais reclamadas, com JUSTIÇA BRASILEIRA E LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

nítidas ingerência e afinidade socioeconômica entre elas. No ponto, APLICÁVEL 1- Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT.

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2- Há transcendência jurídica quando se constata divergência entre para trabalhar no exterior, aplica-se a legislação brasileira de

as Turmas do TST sobre a matéria. 3- A controvérsia diz respeito a proteção ao trabalho naquilo que não for incompatível com o

viabilidade, ou não, de incidência da jurisdição brasileira e de diploma normativo especial, quando for mais favorável do que a

aplicação da legislação nacional no caso envolvendo trabalhadora legislação territorial estrangeira. 9 - O Pleno do TST cancelou a

brasileira, contratada no Brasil, e que prestou serviços em águas Súmula nº 207 porque a tese de que "A relação jurídica trabalhista é

nacionais e internacionais a bordo de embarcação de bandeira regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por

portuguesa. 4- Na espécie, depreende-se dos trechos do acórdão aquelas do local da contratação" não espelhava a evolução

transcritos que a reclamante trabalhou como camareira tanto em legislativa, doutrinária e jurisprudencial sobre a matéria. E após o

águas nacionais como internacionais. Além disso, o TRT registrou cancelamento da Súmula nº 207 do TST, a jurisprudência

que a testemunha ouvida disse "que trabalhou junto com a autora; majoritária se encaminhou para a conclusão de que somente em

foram contratadas pela Ibero Cruzeiros; a contratação foi em princípio, à luz do Código de Bustamante, também conhecido como

Curitiba; fizeram cursos e processo seletivo através da empresa "Lei do Pavilhão" (Convenção de Direito Internacional Privado em

ISMBR; foram os entrevistadores da Ibero Cruzeiros que fizeram a vigor no Brasil desde a promulgação do Decreto nº 18.871/29),

seleção". 5- Consignou também que houve comprovação da aplica-se às relações de trabalho desenvolvidas em alto mar a

realização do processo seletivo por uma agência de recrutamento e legislação do país de inscrição da embarcação. Isso porque, em

seleção de pessoas no Brasil, razão por que a Corte Regional decorrência da Teoria do Centro de Gravidade, (most significant

reputou existente aqui, no mínimo, a pré-contratação da reclamante. relationship), as normas de Direito Internacional Privado deixam de

À luz desse panorama, sobretudo ao sopesar a prova oral ser aplicadas quando, observadas as circunstâncias do caso,

mencionada, o TRT concluiu que a reclamante foi contratada no verificar-se que a relação de trabalho apresenta uma ligação

Brasil e, ainda que em curtos períodos, prestou serviços neste país, substancialmente mais forte com outro ordenamento jurídico. Trata-

de modo a atrair a incidência da jurisdição interna. 6- Portanto, se da denominada "válvula de escape", segundo a qual impende ao

evidenciada a contratação de trabalhadora brasileira, no Brasil, para juiz, para fins de aplicação da legislação brasileira, a análise de

trabalhar em navios de cruzeiro cuja navegação ocorreu tanto em elementos tais como o local das etapas do recrutamento e da

águas nacionais quanto internacionais, revela-se inarredável a contratação e a ocorrência ou não de labor também em águas

competência da autoridade brasileira para processar e julgar a nacionais. 10 - Nos termos do art. 3º da Lei n° 7.064/1982, a

ação, nos termos do artigo 21, III, do CPC/2015, porquanto se trata, antinomia aparente de normas de direito privado voltadas à

conjuntamente, de um ato (contratação) e de um fato sucedidos aplicação do direito trabalhista deve ser resolvida pelo princípio da

(prestação de labor) neste país. Outrossim, robustece a incidência norma mais favorável, considerando o conjunto de princípios, regras

da jurisdição nacional na hipótese em exame a ratio do artigo 651, § e disposições que dizem respeito a cada matéria (teoria do

2º, da CLT que estende a competência das Varas do Trabalho para conglobamento mitigado). 11 - Não se ignora a importância das

julgar os dissídios ocorrido no exterior, desde que, como no caso, o normas de Direito Internacional oriundas da ONU e da OIT sobre os

empregado litigante tenha nacionalidade brasileira e não exista trabalhadores marítimos (a exemplo da Convenção das Nações

convenção internacional estabelecendo o contrário. 7- Quanto à Unidas sobre o Direito do Mar, ratificada pelo Brasil por meio do

legislação aplicável, ressalta-se inicialmente que a tese vinculante Decreto n° 4.361/2002, e da Convenção n° 186 da OIT sobre Direito

do STF no julgamento do RE 636.331/RJ (Repercussão Geral - Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil). Contudo, deve-se aplicar

Tema 2010) não trata de Direito do Trabalho, e sim de extravio de a legislação brasileira em observância a Teoria do Centro de

bagagem de passageiro: "Nos termos do art. 178 da Constituição da Gravidade e ao princípio da norma mais favorável, que norteiam a

República, as normas e os tratados internacionais limitadores da solução jurídica quanto há concorrência entre normas no Direito

responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, Internacional Privado, na área trabalhista. Doutrina. 12 - Cumpre

especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm registrar que o próprio texto da Convenção n° 186 da OIT sobre

prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". 8- A Direito Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil, esclarece que sua

jurisprudência majoritária do TST, quanto à hipótese de trabalhador edição levou em conta "o parágrafo 8º do Artigo 19 da Constituição

brasileiro contratado para desenvolver suas atividades em navios da Organização Internacional do Trabalho, que determina que, de

estrangeiros em percursos em águas nacionais e internacionais, é modo algum a adoção de qualquer Convenção ou Recomendação

de que nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 7.064/82, aos pela Conferência ou a ratificação de qualquer Convenção por

trabalhadores nacionais contratados no País ou transferidos do País qualquer Membro poderá afetar lei, decisão, costume ou acordo que

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 404
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assegure condições mais favoráveis aos trabalhadores do que as parcelas incontroversas, decidiu pela aplicação da multa prevista

condições previstas pela Convenção ou Recomendação". 13 - Não pelo art. 477, § 8º, da CLT. No entanto, tal entendimento não deve

afronta o princípio da isonomia a aplicação da legislação brasileira ser mantido, uma vez que somente houve o reconhecimento das

mais favorável aos trabalhadores brasileiros e a aplicação de outra verbas devidas em juízo.

legislação aos trabalhadores estrangeiros no mesmo navio. Nesse Sendo assim, não há que se falar em pagamento de multa por

caso há diferenciação entre trabalhadores baseada em critérios atraso nas verbas rescisórias, pois o eventual reconhecimento

objetivos (regência legislativa distinta), e não discriminação fundada posterior de certos direitos, mediante decisão judicial, não

em critérios subjetivos oriundos de condições e/ou características autorizaria a imposição da penalidade."

pessoais dos trabalhadores. 14- No caso, o TRT de origem, tendo Pleiteiam a improcedência da multa do art. 477 da CLT.

em vista que a prestação de trabalho ocorreu também em solo Sem razão.

nacional, concluiu que a legislação aplicável é a brasileira. Assim, o Referida multa incide quando não houver a quitação das parcelas

acórdão regional revela-se em consonância com a iterativa, notória constantes do instrumento de rescisão nos prazos estipulados no

e atual jurisprudência deste Tribunal Superior. Incidência do art. art. 477, §6º da norma consolidada, o que é o caso dos autos.

896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST. 15- Recurso de Ademais, o entendimento do TST, através da súmula 462, é no

revista de que não se conhece" (ARR-1370-79.2015.5.09.0012, 6ª sentido de que, mesmo que a relação de emprego tenha sido

Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT reconhecida em juízo, não afasta a incidência da multa. Vejamos:

14/02/2020)." "MULTA DO ART. 477, §8º DA CLT. INCIDÊNCIA.

Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO

legislação nacional. Vejamos: A circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida

"CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa

CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida

EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA. Provado que o apenas quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora

reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para no pagamento das verbas rescisórias."

trabalhar como "assistente de garçom" em navios de cruzeiro, e que Reporto-me ainda aqui ao julgado do processo supra citado,

no período de 09 meses de contrato laborou por, pelo menos, 05 0001997-66.2017.507.00013, no qual o juiz a quo bem analisa que

meses em águas nacionais, na denominada "temporada brasileira "A multa do art. 477 da CLT é devida porque a reclamada não

de cruzeiros, correta a decisão que reconheceu a incidência da efetuou o pagamento das verbas rescisórias devidas no prazo legal,

legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a preferindo assumir o risco de ver reconhecida essa obrigação em

demanda." (TRT-7 - RO: 0000358-77.2012.5.07.0016. Relator: juízo."

JEFFERSON QUESADO JUNIOR. Data de Julgamento: Com isso, nego provimento ao apelo das reclamadas a fim de

06/05/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: 13/05/2013). manter o decisum no tocante à condenação das empresas no

Ademais, o TAC firmado perante o MPT não possui forma pagamento da referida multa.

vinculante perante o Judiciário, posto que prevê condutas para os DANOS MORAIS POR EXIGÊNCIA DE EXAMES ADMISSIONAIS

signatários, com aplicação das penalidades ali consignadas. As reclamadas aduzem que o dano moral não resta configurado,

Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça alegando que a exigência de exames prévios visa a adoção de

Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio. cautelas necessárias face à peculiaridade do trabalho que era

E ainda, a recorrente, em seu apelo, limitou-se a ignorar o conteúdo desenvolvido em alto mar. Ademais, a exigência de exames pré-

da sentença e a repetir o mesmo arrazoado já apresentado, contratação, por si só, não gera ofensa à honra ou a qualquer outro

restando manifesta a ausência de argumentos minimamente sólidos valor subjetivo do trabalhador.

aptos a afastarem as conclusões alçadas pelo juízo de origem, o Razão lhes assiste.

que atrai a conclusão de que a decisão atacada, por seu Restou incontroverso que as reclamadas exigem, na pré-

detalhamento e qualidade, deve ser confirmada por esta Egrégia contratação, exames de HIVe toxicológico dos trabalhadores.

Corte, em relação aos pedidos ora discutidos e supra relacionados. A reclamação alberga aspectos jurídicos de grande monta, de que é

MULTA ART. 477 DA CLT exemplo o pedido de indenização por danos morais por terem as

Argumentam as reclamadas em suas razões recursais: reclamadas exigido à autora a realização de exames de HIVe

"O MM. Juízo a quo, apesar de reconhecer a inexistência de toxicológico, antes de sua contratação, cujo reconhecimento

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 405
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depende de provas robustas de que tal exigência tenha causado próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta

efetivo abalo moral na autora (dano efetivo). em contrário.

A exigência desses exames, por si só, não caracteriza conduta Incumbia às reclamadas demonstrarem que a reclamante ostenta

discriminatória das reclamadas, nem mesmo é capaz de causar condição econômica diversa, desiderato do qual não se

ofensa à honra da reclamante, haja vista a peculiaridade do trabalho desvencilhou.

da obreira, em cruzeiros marítimos, ficando diversos dias em alto Desse modo, mantém-se os benefícios da Justiça Gratuita à parte

mar, sem acesso a serviços médicos especializados ou mesmo reclamante, tendo em vista que há nos autos declaração de pobreza

hospitais e remédios específicos. Não se desconhece que haja de próprio punho, Id 772dafd, presumindo-se a sua incapacidade

serviço médico a bordo do navio, mas o mesmo é restrito, em razão financeira (art. 790, § 4º da CLT c/c art. 99, § 3º do CPC).

de ser bastante limitado, posto desenvolvido, repita-se, em alto mar, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA

sem estrutura para realização de exames específicos. RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE.

Assim, vislumbro que a exigência de exames prévios à admissão No tocante aos honorários sucumbenciais a cargo da reclamante,

visa à proteção dos empregados e de todos os passageiros do em que pese não haver pedido de exclusão da condenação no

navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia de segurança da recurso ordinário interposto pela obreira, o art. 85 do CPC impõe a

tripulação e dos passageiros. Ademais, a autora deixou o trabalho análise de referida matéria, posto que seus ditames são

não porque se sentiu violada em sua honra por conta dos exames obrigatórios, devendoo juiz fazer a fixação.

prévios. Muito pelo contrário, firmou dois contratos com as Ademais, referida obrigação é acessória da sentença e, por força

reclamadas, o que demonstra a sua satisfação. de lei e de decisão vinculante em ação direta de

Ante o acima exposto, a conduta das reclamadas não constitui ato inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de

ilícito passivo de indenização, não fazendo jus a reclamante ao ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.

pagamento de qualquer indenização por dano moral, pelo que deve Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2019, ou seja, após

ser reformada a sentença de origem, para excluir da condenação a a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença

indenização por danos morais face à exigência de exames. concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se

JUSTIÇA GRATUITA mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

No que pertine à concessão dos benefícios da justiça gratuita à decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou

reclamante, correto o decisum. a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §4º, da Consolidação das

A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: Leis do Trabalho (CLT).

"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos A mencionada decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a 791-A, §4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e,

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive portanto, a regra celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário recíproca ao trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos se inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento

benefícios do Regime Geral de Previdência Social." de honorários em favor dos advogados das reclamadas, os quais

Assim, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do devem ser excluídos da condenação.

RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor, Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso da reclamante e

deve provar sua condição. dá-se parcial provimento ao apelo das reclamadas para excluir da

No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou condenação a indenização por danos morais.

regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a

concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par CONCLUSÃO DO VOTO

com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de incompetência e, no

concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40% mérito, negar provimento ao recurso da reclamante e dar parcial

do limite máximo dos benefícios do RGPS. provimento ao recurso das reclamadas, para excluir da condenação

Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a a indenização por danos morais, determinando, ainda, de ofício, a

reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à exclusão da condenação da autora no pagamento de honorários em

gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de favor do advogado dos reclamados, com base na declaração de

hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 406
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

5766. Custas inalteradas.

DISPOSITIVO EMENTA

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL

REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA.Provado que a

preliminar de incompetência e, no mérito, negar provimento ao reclamante foi recrutada no Brasil para trabalhar em navios de

recurso da reclamante e dar parcial provimento ao recurso das cruzeiro, e que no período do contrato laborou também em águas

reclamadas, para excluir da condenação a indenização por danos nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da

morais, determinando, ainda, de ofício, a exclusão da condenação legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a

da autora no pagamento de honorários em favor do advogado dos demanda.

reclamados, com base na declaração de inconstitucionalidade MULTA ART. 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres

proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas. rescisórios da autora não foram pagos no prazo legal, devida a

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores condenação das reclamadas no pagamento da multa respectiva.

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA. A exigência de exames prévios

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) à admissão visa à proteção dos empregados e de todos os

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo passageiros do navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. de segurança da tripulação e dos passageiros, pelo que não

Fortaleza, 18 de julho de 2022. vislumbro ato ilícito que justifique a condenação em indenização por

danos morais, pelo que deve ser reformada a sentença no tocante.

JEFFERSON QUESADO HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO

Desembargador Relator RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DA

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu à

reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que

Diretor de Secretaria ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos

da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a


Processo Nº ROT-0001197-55.2019.5.07.0017
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
RECORRENTE MARIANA PINHEIRO DE SOUZA Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE) advocatícios a cargo da reclamante.Recursos conhecidos e,
ADVOGADO ANATOLE NOGUEIRA SOUSA improvido o da reclamante e parcialmente provido o das
GABRIELE(OAB: 22578/CE)
ADVOGADO MAIRA CAMARA VELOSO DE reclamadas.
MAUPEOU(OAB: 39273/CE)
RELATÓRIO
ADVOGADO ANA CAROLINA MEIRELES ROCHA
DANTAS(OAB: 21674/CE) O MM. Juízo da 17ª Vara do Trabalho de Fortaleza, nos autos da
ADVOGADO LUCAS PEREIRA MITRE(OAB:
38421/CE) reclamação ajuizada por MARIANA PINHEIRO DE SOUZA em face
ADVOGADO NUREDIN AHMAD ALLAN(OAB: de MSC CRUISES S.A., MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
16346/SC)
RECORRIDO MSC CRUISES S.A. LIMITED, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, através da
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA sentença de ID. fa3eb5e, decidiu: "condenando as reclamadas, de
RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
RECORRIDO MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. forma solidária, a pagarem à reclamante, em 48h após o trânsito em
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA julgado desta decisão os seguintes pleitos: FGTS de todo o período
RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
do contrato de trabalho, bem como, multa de 40% do FGTS; férias
Intimado(s)/Citado(s): simples 2017/2018 + 1/3; férias proporcionais 2018/2019 no total de
- MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. 7/12 + 1/3; 13º proporcional de 2017 (1/12); 13º salário integral de

2018; 13º proporcional de 2019 (6/12 ); aviso prévio de 33 dias;

danos morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00,

PODER JUDICIÁRIO declarando inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma

JUSTIÇA DO incidente tantum e a multa do art 477, §8º, da CLT (SUM-462 do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 407
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TST). Determina-se a expedição de ofício pela Secretaria da Vara Inicialmente, ressalto que, conforme citado no julgamento de

para habilitação da reclamante no programa do seguro desemprego primeiro grau, esta justiça especializada já vem se debruçando

relativo ao período de vínculo aqui reconhecido. Deverá a sobre a matéria/controvérsia contida nestes autos, e sempre, no

reclamante entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), meu entendimento, analisando-a de forma adequada e precisa.

no prazo de cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Acrescento, inclusive, mais um julgado, o processo de número

Feito isso, as reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às 0001997-66.2017.507.00013, de minha relatoria.

devidas anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 Segue abaixo relação de algumas demandas correlacionadas:

até o limite de dois salários mínimos revertida à parte autora, RT 0000922-18.2019.5.07.0014

devendo então a Secretaria proceder às devidas anotações na RT 0000375-29.2020.5.07.0018

CTPS (art. 39, parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e RT 0000366-47.2019.5.07.0036

537 do CPC, aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá RT 0000237-05.2019.5.07.0016

noticiar o descumprimento, em até 30 dias do Trânsito em julgado, RT 0000347-41.2019.5.07.0036

sob pena de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer." RT 0000271-47.2018.5.07.0005

Inconformadas, recorrem as partes. RECURSO DA RECLAMANTE

As empresas reclamadas MSC CRUISES S.A. e MSC CRUZEIROS JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS. ADICIONAL

DO BRASIL LTDA, ID. 17a4f11, arguem, preliminarmente, a NOTURNO, INTERVALO INTERJORNADA.

incompetência da justiça do Trabalho, sob o fundamento que a Pugna a autora:

reclamante foi contratada em embarcação estrangeira, devendo a "Ora, resta evidente que, no mínimo, a reclamante teria direito ao

competência ser declinada ao Panamá para apreciar eventuais percebimento das horas extras que extrapolassem a 8º (oitava) hora

violações ao contrato de internacional de trabalho. Salienta que as diária e a 44º (quadragésima quarta) hora semanal, eis que tal

legislações internacionais são mais benéficas à obreira do que a constatação decorre de fato incontroverso nos autos, inclusive

legislação brasileira e devem ser as regentes do contrato de reconhecida pelo insigne juiz, não exigindo, assim, a produção de

trabalho. Aduzem que os contratos de trabalho internacionais prova a respeito que ocorria o habitual registro de jornada superior à

firmados com demandante devem ser reconhecidos como de prazo oitava diária, razão pela qual a autora faz jus ao pagamento das

determinado. Pugnam pelo não reconhecimento do vínculo diferenças pleiteadas na exordial.

empregatício e improcedência total dos pedidos. Portanto, é devido o pagamento das horas extras que extrapolarem

A autora em sua peça recursal, ID f5ca0ed, persegue o deferimento a 8º (oitava) hora diária e a 44º (quadragésima quarta) hora

horas extras, adicional noturno e intervalo interjornada; indenização semanal sendo que as horas prestadas em períodos de domingos e

por danos existenciais; majoração dos danos morais; feriados devem ser pagas em dobro, bem como deve haver o

imprescritibilidade do reconhecimento de vinculo e majoração dos pagamento dos intervalos interjornada suprimidos e do valores

honorários advocatícios. referente ao adicional noturno, tudo com os reflexos

Contrarrazões da reclamante, ID. d8dca21, e das reclamadas, ID. correspondentes, na forma requerida na peça exordial."

4ee6753. A sentença decidiu sobre o tema:

Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para "Lado outro, as acionadas impugnaram a jornada da inicial e

emissão de parecer. apresentaram cartões de ponto que afastam o horário narrado pela

É O RELATÓRIO. autora. Citamos como exemplo a folha de ponto de ID. 203020f -

Pág. 1.

As provas emprestadas não servem para comprovar a jornada da

autora, visto que empregados embarcados possuem horários

FUNDAMENTAÇÃO distintos para o atendimento ser 24 horas.

Não foram apresentadas testemunhas para fins de afastar a

presunção relativa de veracidade dos documentos aqui citados.

I - ADMISSIBILIDADE Por não ter a autora ultrapassado o seu ônus da prova, julgo

Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço improcedente o pedido de horas extras e adicional, bem como, seus

dos apelos. reflexos (incluindo as horas extras pela supressão do intervalo

II - MÉRITO intrajornada e interjornada).

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 408
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

O labor noturno não foi demonstrado em diversas folhas de ponto Por outro lado, a responsabilidade civil do empregador pela

como a de ID. 203020f - Pág. 8. Julgo improcedente o pedido de indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença de

pagamento de adicional noturno." três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o

Corroboro com o entendimento exposto pelo juízo a quo, e ainda o dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo

reforço no sentido de que a própria autora se manifesta de forma empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo

contraditória em relação à documentação apresentada nos autos. trabalhador.

Em sua manifestação, ID. 018befa, defende a reclamante que "os Sem a comprovação desses requisitos, não há como se reconhecer

controles de ponto apresentados pelas reclamadas não traduzem a o direito à indenização.

realidade dos fatos, o que restará comprovado a partir da oitiva das No presente caso, não restou demonstrado o abalo sofrido pela

testemunhas" e em seu apelo, conforme relatado acima, requer a autora, nem a prática de ato ilícito por parte da empresa

estipulação de sua jornada laboral com base nos aludidos demandada.

documentos. A decisão recorrida não merece qualquer reforma, visto que

Diante do exposto, e com base no conjunto probatório juntado aos prolatada em conformidade com o conjunto probatório produzido

autos, indefiro o pedido. nos autos e a legislação aplicável à matéria.

INDENIZAÇÃO POR DANOS EXISTENCIAIS. IMPRESCRITIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO

Neste tocante, argumenta a autora: EMPREGATÍCIO

"Restou devidamente comprovado nos presentes autos que a Afirma a demandante:

autora laborava em jornada de trabalho extenuante, com mínimos "Conforme comprovado nos autos, a reclamante exerceu labor em

intervalos para descanso e alimentação, e sem direito a folgas, favor das empresas reclamadas de 27/07/2013 até 09/06/2019,

trabalhando em todos os dias do contrato de trabalho. tendo o juiz a quo se manifestado apenas sobre o período laborado

Importante ressaltar que, no presente caso, não se trata da prática de 10/12/2017 a 09/06/2019.

de sobrelabor dentro dos limites da tolerância, nem se trata de uma Entretanto, a despeito de ter aplicado a prescrição as verbas

conduta isolada da empregadora, mas sim de conduta reiterada em referentes a período de tempo anterior a 09/06/2014, esta não deve

que a parte reclamante trabalhou diariamente com jornada ser aplicada no que tange ao reconhecimento do vínculo

extenuante e sem direito a folgas, trabalhando durante todo o empregatício, visto que o pleito declaratório não se submete ao

interregno contratual, em clara afronta aos direitos do trabalhador." corte prescricional".

O juízo a quo, assim decidiu sobre este pedido: Pede que seja declarado o vínculo empregatício entre a autora e as

"O dano existencial nas relações laborais ocorre quando o reclamadas durante todo o período trabalhado (27/07/2013 a

trabalhador sofre dano/limitações em sua vida fora do ambiente de 09/06/2019).

trabalho em razão de condutas ilícitas, por parte do empregador, Assim entendeu o juízo a quo:

impossibilitando-o de estabelecer a prática de um conjunto de "Segundo a reclamante, sem contestação da das demandadas, os

atividades culturais, sociais, recreativas, esportivas, afetivas, prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os

familiares, etc., ou de desenvolver seus projetos de vida nos seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até

âmbitos profissional, social e pessoal. Ocorre que não foi 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;

devidamente comprovada essa limitação em sua vida.Pelas fotos 07/11/2018 até 09/06/2019.

juntadas aos autos é possível constar uma situação distinta da A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,

narrada. Não houve comprovação da jornada narrada pela tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois

trabalhadora, afastando a tese autoral. Julgo improcedente." períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta

O MM. juízo "a quo" analisou corretamente o pleito, bem apreciou a reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao

prova produzida nos autos, apresentando suas razões de forma primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.

clara e convincente, com isso, no que pertine ao indeferimento da Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo

indenização por danos existenciais não comporta reforma o julgado empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os

guerreado. dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 -

A condenação em danos morais decorre da comprovação de que o Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito

obreiro, efetivamente, tenha sofrido qualquer abalo em sua honra, de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de

dignidade, personalidade, ou integridade psíquica. admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 409
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do E 5º, XXXVI, CF/88.

TST - matéria de ordem pública). INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA

Restou incontroverso nos autos que a reclamante trabalhou para as EMPRESAS ESTRANGEIRAS QUE CONTRATEM BRASILEIROS

reclamadas nos períodos de 27/07/2013 a 26/04/2014, 10/12/2017 a PARA TRABALHAR NO EXTERIOR À LUZ DA LEI 7.064/82.

10/07/2018. Ou seja, não houve prestação de serviços ininterrupta DA AUTONOMIA SINDICAL (ART. 8º, III, CF/88).

no interstício entre o final do primeiro contrato (26/04/2014) e o RECONHECIMENTO DOS ACORDOS COLETIVOS DE

início do segundo (10/12/2017), decorrendo mais de 03 anos entre TRABALHO: ART. 7º, XXVI, CF/88. PREVALÊNCIA DO

os dois períodos sem a prestação de serviço pela autora, estando NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO: ART. 611-A, CLT.

correto o decisum que não reconheceu a unicidade contratual entre DA ALEGADA UNICIDADE CONTRATUAL. CONTRATOS POR

o primeiro e segundo contratos e declarando a prescrição bienal dos PRAZO DETERMINADO. PRESCRIÇÃO BIENAL.

pedidos relacionados ao primeiro contrato. DA INAPLICABILIDADE DA MULTA DO ART. 477 DA CLT.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DA REMUNERAÇÃO. DA NECESSIDADE DE DEDUÇÃO DAS

Pleiteia o patrono da reclamante a majoração do percentual de PARCELAS PAGAS NOS CONTRACHEQUES DO RECLAMANTE.

honorários advocatícios concedido. BIS IN IDEM CONFIGURADO. DA CONVERSÃO DA MOEDA.

Sem razão. DANOS MORAIS. EXIGÊNCIA DE EXAME HIV.

O art. 791-A, da CLT é bem claro em seus parâmetros para INDEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA

definição do aludido percentual. Sobre os temas decidiu o magistrado sentenciante:

Na sentença foi definido honorários sucumbenciais em favor do "2.2.1-DA INCOMPETÊNCIA NACIONAL:

patrono da demandante no percentual de 10%, nos termos do art. Suscitam as reclamadas que "a Autora firmou contrato de trabalho

791-A da CLT. no exterior em todos os períodos firmados desde 2013 a 2019,

Entendo como razoável o percentual reconhecido. Nada a alterar sendo certo, ainda, que competência da Justiça do Trabalho deve

neste sentido. ser determinada pela localidade onde o trabalhador prestou

RECURSO DAS RECLAMADAS serviços, a autoridade judiciária brasileira não detém jurisdição para

Já as empresas recorrentes, pautam seu recurso basicamente sob apreciar e julgar esta demanda".

um aspecto, o questionamento em relação à inaplicabilidade da Entretanto a contratação efetiva da reclamante ocorreu no Brasil, o

legislação brasileira ao caso. Seguem in verbis, os tópicos que atrai a competência da jurisdição brasileira para processar e

elencados em suas razões recursais: julgar o caso sub oculis. Esclareço.

DA AUSÊNCIA DE JURISDIÇÃO DAS AUTORIDADES Não é porque as etapas iniciais da admissão ocorreram via internet

BRASILEIRAS. que podemos afirmar que a contratação ocorreu fora dos limites

INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. RESOLUÇÃO territoriais do Brasil, visto que inexiste comprovação de ter a obreira

71/2006 DO CONSELHO NACIONAL DE IMIGRAÇÃO: ART. 8º, realizado tais etapas em território estrangeiro. O fato modificativo foi

CAPUT. INTERPRETAÇÃO A CONTRARIO SENSU. apresentado pelas demandadas, atraindo, assim, o ônus da prova

DA FASE PRÉ-CONTRATUAL E LOCAL DA EFETIVA (art. 818, II da CLT).

CONTRATAÇÃO. Independentemente, da fixação sobre as regras aplicáveis ao

DO CÓDIGO DE BUSTAMENTE (ARTS. 274, 279 E 281). NORMA contrato mantido entre o reclamante e as reclamadas, a fixação da

RATIFICADA PELO BRASIL. VIOLAÇÃO MANIFESTA. competência brasileira é mandatória, nos termos do CPC (art. 21,

DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO c/c parágrafo único), considerando que a 1ª reclamada é uma

MAR. ART. 178 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. espécie de filial da 3ª em território nacional.

APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DO ART. 8º DA CLT. As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas

APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como,

DA NÃO DISCRIMINAÇÃO ENTRE OS TRABALHADORES. conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo

CONVENÇÕES Nº 97 E 111 DA OIT. econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui

APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS TAC´S FIRMADOS COM O estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. EFICÁCIA VINCULANTE como exemplo o documento de ID. ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c -

DA TRANSAÇÃO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. Pág. 2. Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.

AFRONTA AO ARTS. 840 DO CÓDIGO CIVIL, 5º, §6º, LEI 7.347/85 O entendimento jurisprudencial pacificado no Colendo Tribunal

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 410
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Superior do Trabalho é no mesmo sentido: semelhantes ajuizados contra as reclamadas assim vem decidindo :

"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. RECURSO "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE

DE REVISTA. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE. NEGATIVA DE CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 2. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA Provado que o

3. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DECISÃO reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,

DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. A jurisprudência trabalhista, para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de

sensível ao processo de globalização da economia e de avanço das cruzeiro, e que no período de 09 meses de contrato laborou

empresas brasileiras para novos mercados no exterior, passou a por, pelo menos, 05 meses em águas nacionais, na

perceber a insuficiência e inadequação do critério normativo denominada "temporada brasileira de cruzeiros, correta a

inserido na antiga Súmula 207 do TST (lex loci executionis) para decisão que reconheceu a incidência da legislação brasileira e

regulação dos fatos congêneres multiplicados nas duas últimas a competência desta Justiça para apreciar a demanda". (TRT 7ª

décadas. Nesse contexto, já vinha ajustando sua dinâmica Região - proc. 0000358-77.2012.5.07.0016 - Rel. Des. Jefferson

interpretativa, de modo a atenuar o rigor da velha Súmula 207/TST, Quesado Júnior DEJT 13/05/2013).

restringido sua incidência, ao mesmo tempo em que passou a "I - DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

alargar as hipóteses de aplicação das regras da Lei n. 7.064/1982. RECLAMADAS. DO TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO

Assim, vinha considerando que o critério da lex loci executionis ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. À

(Súmula 207) - até o advento da Lei n. 11.962/2009 - somente luz do princípio da boa-fé objetiva, a teor do disposto nos

prevalecia nos casos em que foi o trabalhador contratado no Brasil artigos 427 e 435 do Código Civil, conclui-se que o período pré-

para laborar especificamente no exterior, fora do segmento contratual produz efeitos jurídicos, tendo este juízo a

empresarial referido no texto primitivo da Lei n. 7064/82. Ou seja, convicção de que o início das tratativas (pré-contratação) do

contratado para laborar imediatamente no exterior, sem ter trabalho ocorreu no Brasil, em Fortaleza, no Estado do Ceará,

trabalhado no Brasil. Tratando-se, porém, de trabalhador contratado com empregada brasileira. No caso em apreço, verifica-se que

no País, que aqui tenha laborado para seu empregador, sofrendo a 17ª Alteração e Consolidação do Contrato Social da 1ª

subsequente remoção para país estrangeiro, já não estaria mais reclamada, MSC CROCIERE estabelece que as empresas MSC

submetido ao critério normativo da Convenção de Havana (Súmula CROCIERE S/A e MSC MEDITERRANEAN MSC CRUZEIROS DO

207), por já ter incorporado em seu patrimônio jurídico a proteção BRASIL LTDA são sócias titulares da totalidade do Capital

normativa da ordem jurídica trabalhista brasileira. Em consequência, Social da MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. Com efeito, a

seu contrato no exterior seria regido pelo critério da norma jurídica segunda reclamada, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, tem

mais favorável brasileira ou do país estrangeiro, respeitado o sede no Brasil, na Av. Ibirapuera nº 2.332, 6º andar, Torre II, na

conjunto de normas em relação a cada matéria. Mais firme ainda Cidade e Estado de São Paulo, caindo por terra a alegação de

ficou essa interpretação após o cancelamento da velha Súmula que a contratação ocorrera no estrangeiro. Iniludível, portanto,

207/TST. No caso concreto, ficou evidenciado que o Reclamante foi que a contratação ocorreu em solo pátrio. Demais disto, restara

contratado no Brasil e que parte do tempo de duração do contrato inconteste nos autos que a empresa ROSA DOS VENTOS

de trabalho desenvolveu-se em águas territoriais brasileiras. Não há seleciona brasileiros para um contrato internacional com a

como assegurar o processamento do recurso de revista quando o MSC Cruzeiros, que trabalha com navios de passageiros na

agravo de instrumento interposto não desconstitui os termos da costa do Brasil; e, para que possa navegar normalmente, é

decisão denegatória, que subsiste por seus próprios fundamentos. exigido, por parte das autoridades do Brasil, um limite mínimo

Agravo de instrumento desprovido. B) RECURSO DE REVISTA de 25% de tripulantes brasileiros). Presuntivamente, infere-se

ADESIVO DO RECLAMANTE. Em face da não admissibilidade do que a principal importância da mão de obra de brasileiros se dá

apelo principal, fica prejudicado o exame do recurso de revista na temporada brasileira, que, como se sabe, dura, em média,

adesivo interposto pelo Reclamante (500 do CPC). Recurso de cinco meses. Como o contrato teve duração de apenas quatro

revista cuja análise fica prejudicada". (TST AIRR-1789- meses (de 07/08/2012 a 07/12/2012), tem-se que a parte

04.2011.5.02.0443 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, contratada o cumpriu por inteiro na temporada brasileira. A

Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma, Data de Publicação: teor das informações supra, bem como do Termo de

DEJT 12/12/2014)". Ajustamento de Conduta, e seus Aditivos, firmados entre o

O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região em processos Ministério Público do Trabalho e a empresa MSC Cruzeiros do

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Brasil), vislumbra-se, no caso em espécie, que o labor fora presente caso, o que se faz com fundamento nos artigos 651 da

contratado para ser prestado em embarcação privada CLT, 9º e 12 da Lei de Introdução ao Código Civil, e arts. 88 e 89

estrangeira, em águas brasileiras e internacionais, e neste caso do Código de Processo Civil, e Súmula 207/TST, e o que mais

aplicável a legislação brasileira enquanto ocorresse em águas consta dos autos. (...)". (TRT 7a. Região - proc. 0001046-

nacionais. O critério da territorialidade ou da Lex Loci 74.2014.5.07.0014 - Rel. Desª. Regina Gláucia Cavalcante

Executionis, reconhecido pela Convenção de Direito Nepomuceno - DEJT 18/12/2015).

Internacional Privado de Havana, ratificada pelo Brasil (Código As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas

Bustamante, de 1928), posicionamento este expressamente provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como,

inserido na jurisprudência brasileira, por meio da Súmula 207 conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo

editada pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, a qual econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui

estabelecia o seguinte, até ser cancelada pela Resolução TST estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos

nº 181, de 16.04.2012: "A relação jurídica trabalhista é regida como exemplo o documento de ID ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c -

pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por Pág. 2.

aquelas do local da contratação." Assim é que, amiúde, as Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.

relações empregatícias marítimas submetem-se a diretriz Ultrapassada a cizânia da competência, a legislação a ser aplicada

própria, regendo-se pela lei do Pavilhão do navio, que tende a deve ser averiguada e deliberada em sede de mérito propriamente

ser, normalmente, a do país de domicílio do dito, aplicando-se as técnicas de direito internacional privado.

armador/empregador. O Direito do Trabalho brasileiro possui Portando afasto as demais preliminares que dizem respeito, tão

diploma específico em matéria de regência das relações somente, às normas que devem aqui reger a matéria.

jurídicas envolvendo trabalhadores brasileiros contratados ou PREJUDICIAL DE MÉRITO

transferidos pela empresa para prestação de serviços no A reclamada aponta a prescrição quinquenal da pretensão autoral.

exterior. Trata-se da Lei n. 7.064 /82, que "regula a situação de Cabe esclarecer que prescrita a verba principal o pleito acessório

trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus não poderá mais ser pleiteado, portanto, nos pedidos de FGTS

empregadores para prestar serviço no exterior". A par de fixar acessórios (repercussão das diferenças salariais eventualmente

alguns direitos trabalhistas específicos (art. 3º, I), o précitado reconhecidas), não haverá a aplicação da modulação estabelecida

Diploma Legal estabelece critério distintivo no que se refere na súmula 362 do TST (súmula 206 do TST).

àaplicação normativa nos contratos cumpridos no exterior no No que pertine à prescrição do FGTS como pedido principal,

segmento empresarial que menciona - admitindo, em certos consoante decidido no ARE 709212, pelo E. STF, deve ser aplicada

aspectos, a aplicação da lei brasileira ou da lei territorial ao caso a modulação prevista para o curso prescricional já em

estrangeira, em exceção, portanto, ao princípio geral da curso, quando da prolação daquele julgado (em 13/11/2014).

territorialidade. Em assim, dispõe a referida Norma ser direito Desse modo e aplicando o entendimento firmado no inciso II, da

do empregado regido por suas normas a aplicação da súmula nº 362, do C. TST, tem-se que o prazo prescricional das

legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não pretensões do FGTS (pedido principal) será o que se consumar

for incompatível com o disposto na sobredita Lei n. 6.064/82, primeiro: trinta anos, contados do termo inicial (07/2013 caso exista

quando mais favorável do que a legislação territorial unicidade contratual), ou cinco anos, a partir de 13/11/2014.

estrangeira, no conjunto de normas em relação a cada matéria, Logo, não há prescrição a ser alegada para o pedido de FGTS,

conforme o Inciso II do artigo 3º. O critério da territorialidade sendo esse o pedido principal.

deixara de ser aplicado às transferências de trabalhadores Considerando que a presente demanda foi interposta em

contratados ou transferidos para fins de prestação de serviços 11/11/2019, prescritas encontram-se as parcelas anteriores a

no estrangeiro, pois que tais contratos passam a se submeter à 11/11/2014, devendo as mesmas, salvo com relação ao FGTS

legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não (pedido principal), serem extintas com resolução de mérito, nos

for incompatível com o disposto na Lei n. 7.064/82, quando termos do art. 487, II, CPC.

mais favorável do que a legislação territorial estrangeira, Considerando que a reclamante afirma a vigência de contrato único,

observado o conjunto de normas em relação a cada matéria, relego a apreciação da questão da prescrição bienal da ação para

conforme a dicção do Inciso II, do artigo 3º, da Lei n. 7.064/82. após a análise meritória pertinente a tal ponto. Isto porque, não há

Em assim, a legislação brasileira é a única aplicável ao como este Juízo decidir pela aplicação da prescrição bienal sem

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antes definir se o contrato vigeu ininterruptamente por prazo atinente ao conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a

indeterminado ou se tratam-se de diversos contratos diferenciados. aplicação da legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo

DA LEGISLAÇÃO APLICADA AO CASO à parte que a invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB).

O Código de Bustamante (Convenção de Havana, 1928), que foi A competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB

internalizado no Brasil, pelo Decreto 5.647, em 8.1.1929, e e 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT

promulgado pelo Decreto 18.871, de 13.8.1929, determina a adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC.

aplicação da lei territorial sobre acidente do trabalho e proteção Incontroverso que a empresa estrangeira com a qual a autora

social do trabalhador (princípio da lex loci execucionis). Esse firmou o contrato de trabalho (MSC Crociere SA) é sócia-

princípio está insculpido no art. 198 do mencionado diploma de proprietária da segunda reclamada, a MSC Cruzeiros do Brasil,

direito internacional: "Art. 198. Também é territorial a legislação essa estabelecida em território brasileiro, pelo que é tida como sua

sobre acidentes do trabalho e proteção social do trabalhador". Tal agência ou filial,atraindo a incidência do parágrafo segundo do art.

princípio, assim, constitui exceção à regra instituída posteriormente, 651, da CLT.Portanto, a presente lide se submete à jurisdição

na LINDB, cujo art. 9º estabelece como norma a aplicação do país nacional. Com relação à legislação a ser adotada, aplicação as

em que a obrigação se constituiu: "Art. 9º Para qualificar e reger as disposições do art.1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso

obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem". II, Lei nº 7.064/82,outrossim, o conflito de direito internacional

Diante desse caso, prevaleceu a tese de que deveria ser aplicado o privado no tocante à escolha da norma trabalhista a ser aplicada,

disposto no Código de Bustamante, por se tratar de norma especial. resolve-se pelo princípio da norma mais favorável, consideradas,

... em conjunto, as disposições reguladoras de cada matéria ou

A partir da premissa supra o TST cancelou a súmula 207 e a própria instituto, adotando-se a teoria do conglobamento mitigado,

legislação passou a assim dispor. Nos termos do art. 3º, inciso II, da destacando-se, no caso, a legislação brasileira. Recurso das

Lei nº 7.064/82 (dispõe sobre a situação de trabalhadores reclamadas parcialmente conhecido e provido. Recurso da

contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior): "a reclamante conhecido e parcialmente provido. (TRT-7 - RO:

aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo 00010902020145070006,Relator: MARIA ROSELI MENDES

que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais ALENCAR, Data de Julgamento: 17/08/2016, Data de Publicação:

favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em 22/08/2016);

relação a cada matéria". RECURSO DAS RECLAMADAS: CRUZEIRO MARÍTIMO.

Aqui estamos diante da teoria do conglobamento mitigada onde a TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO ESTRANGEIRO.

norma mais favorável deve ser buscada por meio da comparação COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há que se

das diversas regras sobre cada instituto ou matéria, respeitando-se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre o

o critério de especialização. O que realmente devemos observar, contato mantido pelo autor, e a legislação aplicável a este mesmo

então, não seria o inteiro diploma legal, mas, sim, cada matéria ou contrato de trabalho. Isso porque a competência jurisdicional não

instituto. exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões não são

Pois bem, sendo a tese de defesa a utilização de norma distinta da confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é relativa à

estabelecido em nosso ordenamento jurídico, compete às competência territorial; a segunda, de direito material, é atinente ao

acionadas a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a aplicação da

Ocorre que não foram apresentadas as leis do locais onde legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo à parte que a

efetivamente ocorreram a prestação de serviço. invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). A

Vejamos a jurisprudência: competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB e

CRUZEIRO MARÍTIMO. TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT

ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC.

que se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre Portanto, a presente lide se submete à jurisdição nacional. Em

o contato mantido pela autora, e a legislação aplicável a este relação à legislação a ser adotada, aplica-se as disposições do art.

mesmo contrato de trabalho. Isso porque a competência 1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso II, Lei nº 7.064/82,

jurisdicional não exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões outrossim, o conflito de direito internacional privado no tocante à

não são confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é escolha da norma trabalhista a ser aplicada, resolve-se pelo

relativa à competência territorial; a segunda, de direito material, é princípio da norma mais favorável, consideradas, em conjunto, as

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disposições reguladoras de cada matéria ou instituto, adotando-se não podendo existir a contratação e dispensa de trabalhadores a

a teoria do conglobamento mitigado, destacando-se, no caso, a depender dos pacotes de viagens firmados pelo empregador. O

legislação brasileira. Recurso das reclamadas não provido. (TRT-7 - risco do negócio é do empregador e deve suportar as disposições

RO: 00009119820145070002, Relator: MARIA ROSELI MENDES de proteção do trabalho, independentemente de lucros, nos termos

ALENCAR, Data de Julgamento: 13/03/2019, Data de Publicação: do art. 2 da CLT.

15/03/2019). Ademais, conforme determinação do Art. 452 da CLT, considera-se

Logo, estabeleço a legislação brasileira para reger o caso sub por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6

oculis. (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a

... expiração deste dependeu da execução de serviços especializados

DO CONTRATO DE TRABALHO ou da realização de certos acontecimentos.

A reclamante requer a declaração de nulidade dos supostos Reconheço, então, a regra geral, ou seja, contrato por prazo

contratos de trabalho por prazo determinado, reconhecendo-se o indeterminado.

prazo indeterminado de um único contrato. Segundo a reclamante, sem contestação das demandadas, os

Apesar de ser do conhecimento da autora, no momento de sua prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os

contratação, ser o contrato de trabalho por prazo determinado, a seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até

atividade empresarial das reclamadas não se encaixam nas 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;

disposições do art. 443 da CLT e lei 6.019/74 (redação à época). 07/11/2018 até 09/06/2019.

Vejamos a jurisprudência: Resta averiguarmos a unicidade contratual.

SUCESSIVOS CONTRATOS DE TRABALHO Unicidade do contrato de trabalho é o reconhecimento de um único

POR PRAZO DETERMINADO. AUSÊNCIA DE contrato de trabalho, em casos em que o lapso temporal entre a

TRANSITORIEDADE DO SERVIÇO. RECONHECIMENTO DE demissão e a readmissão, pela mesma empresa, é exíguo. Diante

DISPENSAS IMOTIVADAS NOS SUCESSIVOS PACTOS da omissão legislativa, considera-se fraudulenta a rescisão seguida

LABORAIS. A Corte Regional, interpretando a modalidade de recontratação ou de permanência do trabalhador em serviço

contratual à luz do § 1º do art. 443 da CLT, considerou que a quando ocorrida dentro dos noventa dias subsequentes à data em

atividade empresarial não ostenta caráter transitório, razão pela que formalmente a rescisão se operou, nos termos da portaria 384

qual concluiu que o contrato de trabalho do Autor não detinha prazo do MTE.

determinado, já que não dependia de termo prefixado para A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,

execução de serviços específicos, tampouco da realização de tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois

acontecimento certo e suscetível de previsão aproximada. períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta

Consignou, neste sentido, que o fato das embarcações das reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao

reclamadas somente navegarem na costa brasileira em alguns primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.

períodos do ano não demonstravam a transitoriedade de suas Com relação aos dois últimos contratos, sem qualquer cabimento a

atividades, até porque navegavam por águas internacionais nos tese de defesa. A tese do exercício da atividade empresarial por

demais períodos do ano. A conclusão adotada funda-se, pois, na temporada já foi devidamente ultrapassada nas linhas anteriores.

interpretação da ausência de transitoriedade das atividades das O prazo entre os contratos não é desproporcional, conforme as

reclamadas, o que não permite divisar ofensa literal aos artigos 443 normas aqui apresentadas como fundamento.

e 452 da CLT. O artigo 2º da Lei 6.019/74, que conceitua o trabalho Ademais, o obreiro é o hipossuficiente entre as partes que

temporário, não guarda pertinência temática com a controvérsia, celebraram os contratos de trabalho e, por vezes, tem que realizar

restando ileso. O recurso de revista igualmente não se credencia a formalidades requeridas pelos empregadores para não ser

conhecimento por divergência jurisprudencial, pois os arestos dispensado.

transcritos revelam-se inespecíficos, atraindo a disciplina da Súmula Em respeito ao princípio da continuidade da relação de emprego

296, I, do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST - RR: (súmula 212 do TST), não há como visualizar que seu interesse na

102851920165090001, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data contratação era realmente o contrato por prazo estipulado.

de Julgamento: 04/09/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT A assinatura de qualquer contrato com cláusulas nesse sentido

20/09/2019). nada mais revela que um vício de consentimento previsto no código

A atividade empresarial das reclamadas ocorre durante todo o ano, civil, conforme reza o art. 157: "Ocorre a lesão quando uma pessoa,

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sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a Vejamos a tese fixada e publicada no Informativo 157 do TST:

prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação Incidente de Recursos de Revista Repetitivos. "Tema nº 0001 -

oposta". Dano moral. Exigência de Certidão Negativa de Antecedentes

O procedimento realizado pelas demandadas caracteriza-se como Criminais". A SBDI-I, por maioria, definiu as seguintes teses

fraudulento, não só em razão do fracionamento do vínculo de jurídicas para o Tema Repetitivo nº 0001 - DANO MORAL.

emprego, mas também em decorrência da diminuição de recursos EXIGÊNCIA DE CERTIDÃO NEGATIVA DE ANTECEDENTES

do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o que determina CRIMINAIS: I. Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência

correspondente redução de importâncias a serem aplicadas na de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego

construção de habitações populares, obras de saneamento urbano quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em

e infraestrutura (portaria 384 do MTE). razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial

Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo de fidúcia exigido; II. A exigência de Certidão de Antecedentes

empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os Criminais de candidato a emprego é legítima e não caracteriza

dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 - lesão moral quando amparada em expressa previsão legal ou

Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito justificar-se em razão da natureza do ofício ou do grau especial de

de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de fidúcia exigido, a exemplo de empregados domésticos, cuidadores

admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já de menores, idosos ou deficientes (em creches, asilos ou

observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do instituições afins), motoristas rodoviários de carga, empregados que

TST - matéria de ordem pública). Para tanto, deverá a reclamante laboram no setor da agroindústria no manejo de ferramentas de

entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), no prazo de trabalho perfurocortantes, bancários e afins, trabalhadores que

cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Feito isso, as atuam com substâncias tóxicas, entorpecentes e armas,

reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às devidas trabalhadores que atuam com informações sigilosas; III. A exigência

anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 até o de Certidão de Antecedentes Criminais, quando ausente uma das

limite de dois salários mínimos revertida à parte autora, devendo justificativas de que trata o item II, supra, caracteriza dano moral in

então a Secretaria proceder às devidas anotações na CTPS (art. 39, re ipsa, passível de indenização, independentemente de o

parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e 537 do CPC, candidato ao emprego ter ou não sido admitido. Vencidos,

aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá noticiar o parcialmente, no item I, os Ministros João Oreste Dalazen,

descumprimento,em até 30 dias do Trânsito em julgado, sob pena Emmanoel Pereira e Guilherme Augusto Caputo Bastos; e, no item

de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer. II, os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, Aloysio

... Corrêa da Veiga, Walmir Oliveira da Costa e Cláudio Mascarenhas

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELA EXIGÊNCIA DE Brandão. Quanto ao item III, restaram vencidos, parcialmente, os

EXAMES Ministros João Oreste Dalazen, Emmanoel Pereira e Guilherme

A Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) Augusto Bastos e, totalmente, os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga,

decidiu, por maioria, que a exigência de certidão negativa de Renato de Lacerda Paiva e Ives Gandra Martins Filho. TST-IRR-

antecedentes criminais caracteriza dano moral passível de 243000- 58.2013.5.13.0023, SBDI-1, rel. Min. Augusto César Leite

indenização quando caracterizar tratamento discriminatório ou não de Carvalho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 20.4.2017.

se justificar em situações específicas. A exigência é considerada A atividade empresária das acionadas não consta no rol

legítima, no entanto, em atividades que envolvam, entre outros exemplificativo estabelecido pelo TST ao julgar o Incidente de

aspectos, o cuidado com idosos, crianças e incapazes, o manejo de Recursos de Revista Repetitivos (Tema nº 0001). As atividades

armas ou substâncias entorpecentes, o acesso a informações exercidas, aos olhos deste Julgador, não apresentam

sigilosas e transporte de carga. peculiaridades que exigem a apresentação de antecedentes

O recurso julgado envolve a Alpargatas S.A. e foi afetado pela criminais.

Quarta Turma do TST à SDI-1, dentro da sistemática de recursos As testemunhas das provas emprestadas (ID. d7d9469 - Pág. 2 e

repetitivos, para a fixação de tese jurídica sobre as situações que ID. ad03e34 - Pág. 3) e os documentos juntados comprovam a

ensejariam ou não o reconhecimento de dano moral devido à exigência de exames.

exigência do documento como condição indispensável para a O dano moral é (pela força in reipsa dos próprios fatos) conforme

admissão ou a manutenção do emprego. fundamentação do precedente supra.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 415
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O tarifamento do dano moral não se aplica ao caso. limites materiais do direito de retorção, diante da miríade de

Esclareço. expressões que podem apresentar, no dia-adia, os agravos

A lei 13.467/2017 não foi o primeiro diploma legal a determinar a veiculados pela mídia em seus vários aspectos".

tarifação dos danos morais, por exemplo, citamos a lei 5250/67 (lei Ou seja, o legislador não tem como prever todas hipóteses de

de imprensa). A jurisprudência à época já havia pronunciado-se em danos morais, ferindo a proporcionalidade estabelecida pela nossa

favor da não recepção dessa tarifação do dano moral. Vejamos a Carta Política.

súmula 281, do STJ "a indenização por dano moral não está sujeita Podemos observar isso no Art. 223-G, §1º, da CLT. O legislador

à tarifação prevista na Lei de Imprensa" pretendeu em somente quatro incisos apresentar todas as

Houve pronunciamento expresso, ainda, do STF, através da ADPF gravidades possíveis de danos morais. Imaginemos que a

130/09, no sentido desta lei não ter sido recepcionada pela gravidade da conduta seja bem simples, todavia, o primeiro grau de

Constituição Federal de 1988. Uma das questões abordadas pelos ali estabelecido teria como indenização o valor de, no mínimo, R$

Ministros do Pretório Excelso foi a tarifação por danos morais, que 2.994,00 (observando o salário mínimo em 2019).

era prevista nos artigos 51 e 52 da lei em exame. Desse modo, fatos distintos poderiam ter como penalidade a

De acordo com a maior Corte deste País, qualquer tentativa de mesma indenização.

tarifação ou restrição à reparação por danos morais, prevista em lei Além dos argumentos apresentados na ADF 130/09, o "Caput" do

ordinária, padeceria de inconstitucionalidade, por ofender o disposto art 5º da CF/88 também entra em choque em face dos parâmetros

no art. 5º, V e X, sendo bastante contundente a afirmação contida ali estabelecidos.

na ementa:"estaríamos interpretando a Constituição no rumo da lei Esclareço. Dois acidentes que, por exemplo, tenham como

ordinária, quando é de sabença comum que as leis devem ser consequência a perda de um mesmo membro teriam indenizações

interpretadas no rumo da Constituição". distintas a depender do salário contratual.

Para melhor entendermos a afirmação supra, as palavras do Estamos aqui diante da quebra de isonomia interna.

Ministro Ricardo Lewandowski, ao acompanhar o voto do Ministro Imaginemos agora que um empregador realize um mesmo ato

Celso de Mello, relator da ADPF 130/09: capaz de gerar danos morais em face de duas pessoas distintas,

"o princípio da proporcionalidade, tal como explicitado no referido um sendo seu empregado e outro um terceiro sem qualquer vínculo

dispositivo constitucional, somente pode materializar-se em face de empregatício. Pela interpretação literal da reforma trabalhista, a

um caso concreto. Quer dizer, não enseja uma disciplina legal indenização deferida pelo Juiz do trabalho não seguirá os mesmos

apriorística, que leve em conta modelos abstratos de conduta, visto parâmetros de outros Juízos. Agora podemos observar a quebra de

que o universo da comunicação social constitui uma realidade isonomia externa.

dinâmica e multifacetada, em constante evolução. Acredito que houve um equívoco técnico do legislador

"Já, a indenização por dano moral - depois de uma certa infraconstitucional, pois, a Medida Provisória (MP) 808/2017,

perplexidade inicial por parte dos magistrados - vem sendo publicada em 14/11/2017, tentou abrandar os problemas aqui

normalmente fixada pelos juízes e tribunais, sem quaisquer apresentados, todavia só solucionou, temporariamente, a quebra de

exageros, aliás, com muita parcimônia, tendo em vista os princípios isonomia interna, estabelecendo o valor do limite máximo dos

da equidade e da razoabilidade, além de outros critérios como o da benefícios do Regime Geral de Previdência Social em vez do salário

gravidade e a extensão do dano; a reincidência do ofensor; a contratual.

posição profissional e social do ofendido; e a condição financeira do Por todo o exposto, julgo procedente a indenização por danos

ofendido e do ofensor. Tais decisões, de resto, podem ser sempre morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00, declarando

submetidas ao crivo do sistema recursal. Esta Suprema Corte, no inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma incidenter

tocante à indenização por dano moral, de longa data, cristalizou tantum.

jurisprudência no sentido de que o art. 52 e 56 da Lei de Imprensa ...

não foram recepcionados pela Constituição, com o que afastou a Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado

possibilidade do estabelecimento de qualquer tarifação, com a reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a

confirmando, nesse aspecto, a Súmula 281 do Superior Tribunal de competência da Justiça do Trabalho.

Justiça.". Examinando-se os autos, observa-se que a autora foi recrutada e

"Em outras palavras, penso que não se mostra possível ao contratada no Brasil, o que foi confirmado pelas reclamadas.

legislador ordinário graduar de antemão, de forma minudente, os Conforme já bem analisado na sentença, a jurisprudência do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 416
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo que o conflito de leis posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e os

no espaço se resolve pela aplicação da legislação brasileira. Senão, detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível

confira-se mais este julgado: embarcar' ( f l . 573)." Nesse contexto, para se chegar à conclusão

"EMENTA: I- AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. diversa da adotada no acórdão regional, de modo a perquirir a

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI ausência de um ou alguns dos requisitos da relação de emprego e

NOS 13.015/2014 E 13.467/2017. VIGÊNCIA DA IN Nº 40/TST rechaçar a tese de reconhecimento de vínculo empregatício, seria

PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO. NEGATIVA DE necessário reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL 1- Não houve, no recurso de instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126 do TST. 4-

revista, a transcrição dos trechos do acórdão de embargos de No tocante à constatação de grupo econômico, o TRT, com amparo

declaração opostos no TRT. Assim, a parte não demonstra que no conjunto fático probatório, notadamente nas provas testemunhal

instou a Corte regional a se manifestar sobre a alegada nulidade, e documental (contratos sociais), assentou que a Ibero Cruzeiros

sendo inviável o confronto analítico com a fundamentação jurídica Ltda. estava sob controle e direção das demais reclamadas, com

invocada pela parte. Decisão da SBDI-1 na Sessão de 16/03/2017 nítidas ingerência e afinidade socioeconômica entre elas. No ponto,

(E-RR-1522-62.2013.5.15.0067) e da Sexta Turma na Sessão de a Corte Regional registrou que "não subsiste a alegação de que o

05/04/2017 (RR-927-58.2014.5.17.0007). Logo, não atendidas as recorrido apenas comercializava a venda de pacotes turísticos

exigências do art. 896, § 1º-A, I e III, da CLT. 2- O entendimento relativos à embarcação. Isso porque a testemunha ouvida nos autos

jurisprudencial foi positivado na Lei nº 13.467/2017 que inseriu o afirma que foram contratadas pela Ibero Cruzeiros sendo que '

inciso IV no art. 896, § 1º-A, segundo o qual é ônus da parte, sob todos os contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam

pena de não conhecimento: "transcrever na peça recursal, no caso uniforme e p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a

de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de Ibero posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e

prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que os detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível

foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no embarcar' ( f l . 573)." Ademais, do exame do contrato social da

recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os Ibero Cruzeiros Ltda., concluiu-se que um de seus núcleos de

embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da atuação é "atividade armatorial, através da realização de cruzeiro

ocorrência da omissão". 3- A Sexta Turma evoluiu para o marítimos". Nesses aspectos, para se chegar à conclusão diversa

entendimento de que, uma vez não atendidas as exigências da Lei da exposta pelo Tribunal Regional, seria necessário reexame de

nº 13.015/2014, fica prejudicada a análise da transcendência. 4- fatos e provas, a fim de constatar a ausência de controle e de

Agravo de instrumento a que se nega provimento. RELAÇÃO DE direção da Ibero Cruzeiros Ltda. pelas demais reclamadas, o que é

EMPREGO. RECONHECIMENTO. GRUPO ECONÔMICO 1- vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126

Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 2- Deve ser desta Corte. 5- Agravo de instrumento a que se nega provimento.

reconhecida a transcendência na forma autorizada pelo art. 896-A, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 1- Atendidos os requisitos do art.

§ 1º, parte final, da CLT (crit é rio " e outros " ) quando se mostra 896, § 1º-A, da CLT. 2- Exame de ofício da decisão recorrida: a

aconselh á vel o exame mais detido da controvérsia devido às Corte Regional constatou que a reclamante, além de ter declarado

peculiaridades do caso concreto. O enfoque exegético da aferição hipossuficiência, encontra-se assistida pelo sindicato da categoria

dos indicadores de transcendência em princípio deve ser positivo, profissional. No tocante à alegação patronal, no sentido de que o

especialmente nos casos de alguma complexidade, em que se torna SINDASP não representa a categoria profissional da reclamante, o

aconselhável o debate da matéria no âmbito próprio do TRT destacou que a reclamada "não comprova nada a esse

conhecimento, e não no âmbito prévio da transcendência. 3- O TRT, respeito, tampouco indica qual o sindicato que, de fato, representa

soberano na análise do conjunto fático-probatório, concluiu que a os interesses da recorrida, ônus que lhe incumbia (art. 373, II, do

reclamante desincumbiu-se do ônus de comprovar fato constitutivo CPC de 2015)". 3- Não há transcendência política, pois não

do seu direito e demonstrou a existência de relação de emprego. A constatado o desrespeito à jurisprudência sumulada do Tribunal

Corte Regional assentou, a propósito, que "a única testemunha Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal. 4- Não há

ouvida nos autos laborou com a autora e foi enfática ao dizer que transcendência social, pois não se trata de postulação, em recurso

foram contratadas pela Ibero Cruzeiros e ainda que ' todos os de reclamante, de direito social constitucionalmente assegurado. 5-

contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam uniforme e Não há transcendência jurídica, pois não se discute questão nova

p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a Ibero em torno de interpretação da legislação trabalhista. 6- Não se

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 417
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reconhece a transcendência econômica quando, a despeito dos legislação aplicável, ressalta-se inicialmente que a tese vinculante

valores da causa e da condenação, não se constata a relevância do do STF no julgamento do RE 636.331/RJ (Repercussão Geral -

caso concreto, pois a matéria probatória não pode ser revisada no Tema 2010) não trata de Direito do Trabalho, e sim de extravio de

TST, e, sob o enfoque de direito, não se constata o desrespeito da bagagem de passageiro: "Nos termos do art. 178 da Constituição da

instância recorrida à jurisprudência desta Corte Superior. 7- Não há República, as normas e os tratados internacionais limitadores da

outros indicadores de relevância no caso concreto (art. 896-A, § 1º, responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,

parte final, da CLT). 8- Agravo de instrumento a que se nega especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm

provimento. II- RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". 8- A

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI Nos 13.015/2014 E jurisprudência majoritária do TST, quanto à hipótese de trabalhador

13.467/2017 EMPREGADO CONTRATADO NO BRASIL. LABOR brasileiro contratado para desenvolver suas atividades em navios

EM NAVIO DE CRUZEIRO INTERNACIONAL. COMPETÊNCIA DA estrangeiros em percursos em águas nacionais e internacionais, é

JUSTIÇA BRASILEIRA E LEGISLAÇÃO TRABALHISTA de que nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 7.064/82, aos

APLICÁVEL 1- Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. trabalhadores nacionais contratados no País ou transferidos do País

2- Há transcendência jurídica quando se constata divergência entre para trabalhar no exterior, aplica-se a legislação brasileira de

as Turmas do TST sobre a matéria. 3- A controvérsia diz respeito a proteção ao trabalho naquilo que não for incompatível com o

viabilidade, ou não, de incidência da jurisdição brasileira e de diploma normativo especial, quando for mais favorável do que a

aplicação da legislação nacional no caso envolvendo trabalhadora legislação territorial estrangeira. 9 - O Pleno do TST cancelou a

brasileira, contratada no Brasil, e que prestou serviços em águas Súmula nº 207 porque a tese de que "A relação jurídica trabalhista é

nacionais e internacionais a bordo de embarcação de bandeira regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por

portuguesa. 4- Na espécie, depreende-se dos trechos do acórdão aquelas do local da contratação" não espelhava a evolução

transcritos que a reclamante trabalhou como camareira tanto em legislativa, doutrinária e jurisprudencial sobre a matéria. E após o

águas nacionais como internacionais. Além disso, o TRT registrou cancelamento da Súmula nº 207 do TST, a jurisprudência

que a testemunha ouvida disse "que trabalhou junto com a autora; majoritária se encaminhou para a conclusão de que somente em

foram contratadas pela Ibero Cruzeiros; a contratação foi em princípio, à luz do Código de Bustamante, também conhecido como

Curitiba; fizeram cursos e processo seletivo através da empresa "Lei do Pavilhão" (Convenção de Direito Internacional Privado em

ISMBR; foram os entrevistadores da Ibero Cruzeiros que fizeram a vigor no Brasil desde a promulgação do Decreto nº 18.871/29),

seleção". 5- Consignou também que houve comprovação da aplica-se às relações de trabalho desenvolvidas em alto mar a

realização do processo seletivo por uma agência de recrutamento e legislação do país de inscrição da embarcação. Isso porque, em

seleção de pessoas no Brasil, razão por que a Corte Regional decorrência da Teoria do Centro de Gravidade, (most significant

reputou existente aqui, no mínimo, a pré-contratação da reclamante. relationship), as normas de Direito Internacional Privado deixam de

À luz desse panorama, sobretudo ao sopesar a prova oral ser aplicadas quando, observadas as circunstâncias do caso,

mencionada, o TRT concluiu que a reclamante foi contratada no verificar-se que a relação de trabalho apresenta uma ligação

Brasil e, ainda que em curtos períodos, prestou serviços neste país, substancialmente mais forte com outro ordenamento jurídico. Trata-

de modo a atrair a incidência da jurisdição interna. 6- Portanto, se da denominada "válvula de escape", segundo a qual impende ao

evidenciada a contratação de trabalhadora brasileira, no Brasil, para juiz, para fins de aplicação da legislação brasileira, a análise de

trabalhar em navios de cruzeiro cuja navegação ocorreu tanto em elementos tais como o local das etapas do recrutamento e da

águas nacionais quanto internacionais, revela-se inarredável a contratação e a ocorrência ou não de labor também em águas

competência da autoridade brasileira para processar e julgar a nacionais. 10 - Nos termos do art. 3º da Lei n° 7.064/1982, a

ação, nos termos do artigo 21, III, do CPC/2015, porquanto se trata, antinomia aparente de normas de direito privado voltadas à

conjuntamente, de um ato (contratação) e de um fato sucedidos aplicação do direito trabalhista deve ser resolvida pelo princípio da

(prestação de labor) neste país. Outrossim, robustece a incidência norma mais favorável, considerando o conjunto de princípios, regras

da jurisdição nacional na hipótese em exame a ratio do artigo 651, § e disposições que dizem respeito a cada matéria (teoria do

2º, da CLT que estende a competência das Varas do Trabalho para conglobamento mitigado). 11 - Não se ignora a importância das

julgar os dissídios ocorrido no exterior, desde que, como no caso, o normas de Direito Internacional oriundas da ONU e da OIT sobre os

empregado litigante tenha nacionalidade brasileira e não exista trabalhadores marítimos (a exemplo da Convenção das Nações

convenção internacional estabelecendo o contrário. 7- Quanto à Unidas sobre o Direito do Mar, ratificada pelo Brasil por meio do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 418
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Decreto n° 4.361/2002, e da Convenção n° 186 da OIT sobre Direito signatários, com aplicação das penalidades ali consignadas.

Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil). Contudo, deve-se aplicar Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça

a legislação brasileira em observância a Teoria do Centro de Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio.

Gravidade e ao princípio da norma mais favorável, que norteiam a E ainda, a recorrente, em seu apelo, limitou-se a ignorar o conteúdo

solução jurídica quanto há concorrência entre normas no Direito da sentença e a repetir o mesmo arrazoado já apresentado,

Internacional Privado, na área trabalhista. Doutrina. 12 - Cumpre restando manifesta a ausência de argumentos minimamente sólidos

registrar que o próprio texto da Convenção n° 186 da OIT sobre aptos a afastarem as conclusões alçadas pelo juízo de origem, o

Direito Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil, esclarece que sua que atrai a conclusão de que a decisão atacada, por seu

edição levou em conta "o parágrafo 8º do Artigo 19 da Constituição detalhamento e qualidade, deve ser confirmada por esta Egrégia

da Organização Internacional do Trabalho, que determina que, de Corte, em relação aos pedidos ora discutidos e supra relacionados.

modo algum a adoção de qualquer Convenção ou Recomendação MULTA ART. 477 DA CLT

pela Conferência ou a ratificação de qualquer Convenção por Argumentam as reclamadas em suas razões recursais:

qualquer Membro poderá afetar lei, decisão, costume ou acordo que "O MM. Juízo a quo, apesar de reconhecer a inexistência de

assegure condições mais favoráveis aos trabalhadores do que as parcelas incontroversas, decidiu pela aplicação da multa prevista

condições previstas pela Convenção ou Recomendação". 13 - Não pelo art. 477, § 8º, da CLT. No entanto, tal entendimento não deve

afronta o princípio da isonomia a aplicação da legislação brasileira ser mantido, uma vez que somente houve o reconhecimento das

mais favorável aos trabalhadores brasileiros e a aplicação de outra verbas devidas em juízo.

legislação aos trabalhadores estrangeiros no mesmo navio. Nesse Sendo assim, não há que se falar em pagamento de multa por

caso há diferenciação entre trabalhadores baseada em critérios atraso nas verbas rescisórias, pois o eventual reconhecimento

objetivos (regência legislativa distinta), e não discriminação fundada posterior de certos direitos, mediante decisão judicial, não

em critérios subjetivos oriundos de condições e/ou características autorizaria a imposição da penalidade."

pessoais dos trabalhadores. 14- No caso, o TRT de origem, tendo Pleiteiam a improcedência da multa do art. 477 da CLT.

em vista que a prestação de trabalho ocorreu também em solo Sem razão.

nacional, concluiu que a legislação aplicável é a brasileira. Assim, o Referida multa incide quando não houver a quitação das parcelas

acórdão regional revela-se em consonância com a iterativa, notória constantes do instrumento de rescisão nos prazos estipulados no

e atual jurisprudência deste Tribunal Superior. Incidência do art. art. 477, §6º da norma consolidada, o que é o caso dos autos.

896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST. 15- Recurso de Ademais, o entendimento do TST, através da súmula 462, é no

revista de que não se conhece" (ARR-1370-79.2015.5.09.0012, 6ª sentido de que, mesmo que a relação de emprego tenha sido

Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT reconhecida em juízo, não afasta a incidência da multa. Vejamos:

14/02/2020)." "MULTA DO ART. 477, §8º DA CLT. INCIDÊNCIA.

Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO

legislação nacional. Vejamos: A circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida

"CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa

CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida

EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA. Provado que o apenas quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora

reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para no pagamento das verbas rescisórias."

trabalhar como "assistente de garçom" em navios de cruzeiro, e que Reporto-me ainda aqui ao julgado do processo supra citado,

no período de 09 meses de contrato laborou por, pelo menos, 05 0001997-66.2017.507.00013, no qual o juiz a quo bem analisa que

meses em águas nacionais, na denominada "temporada brasileira "A multa do art. 477 da CLT é devida porque a reclamada não

de cruzeiros, correta a decisão que reconheceu a incidência da efetuou o pagamento das verbas rescisórias devidas no prazo legal,

legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a preferindo assumir o risco de ver reconhecida essa obrigação em

demanda." (TRT-7 - RO: 0000358-77.2012.5.07.0016. Relator: juízo."

JEFFERSON QUESADO JUNIOR. Data de Julgamento: Com isso, nego provimento ao apelo das reclamadas a fim de

06/05/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: 13/05/2013). manter o decisum no tocante à condenação das empresas no

Ademais, o TAC firmado perante o MPT não possui forma pagamento da referida multa.

vinculante perante o Judiciário, posto que prevê condutas para os DANOS MORAIS POR EXIGÊNCIA DE EXAMES ADMISSIONAIS

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 419
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As reclamadas aduzem que o dano moral não resta configurado, Assim, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do

alegando que a exigência de exames prévios visa a adoção de RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor,

cautelas necessárias face à peculiaridade do trabalho que era deve provar sua condição.

desenvolvido em alto mar. Ademais, a exigência de exames pré- No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou

contratação, por si só, não gera ofensa à honra ou a qualquer outro regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a

valor subjetivo do trabalhador. concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par

Razão lhes assiste. com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a

Restou incontroverso que as reclamadas exigem, na pré- concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40%

contratação, exames de HIVe toxicológico dos trabalhadores. do limite máximo dos benefícios do RGPS.

A reclamação alberga aspectos jurídicos de grande monta, de que é Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a

exemplo o pedido de indenização por danos morais por terem as reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à

reclamadas exigido à autora a realização de exames de HIVe gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de

toxicológico, antes de sua contratação, cujo reconhecimento hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu

depende de provas robustas de que tal exigência tenha causado próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta

efetivo abalo moral na autora (dano efetivo). em contrário.

A exigência desses exames, por si só, não caracteriza conduta Incumbia às reclamadas demonstrarem que a reclamante ostenta

discriminatória das reclamadas, nem mesmo é capaz de causar condição econômica diversa, desiderato do qual não se

ofensa à honra da reclamante, haja vista a peculiaridade do trabalho desvencilhou.

da obreira, em cruzeiros marítimos, ficando diversos dias em alto Desse modo, mantém-se os benefícios da Justiça Gratuita à parte

mar, sem acesso a serviços médicos especializados ou mesmo reclamante, tendo em vista que há nos autos declaração de pobreza

hospitais e remédios específicos. Não se desconhece que haja de próprio punho, Id 772dafd, presumindo-se a sua incapacidade

serviço médico a bordo do navio, mas o mesmo é restrito, em razão financeira (art. 790, § 4º da CLT c/c art. 99, § 3º do CPC).

de ser bastante limitado, posto desenvolvido, repita-se, em alto mar, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA

sem estrutura para realização de exames específicos. RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE.

Assim, vislumbro que a exigência de exames prévios à admissão No tocante aos honorários sucumbenciais a cargo da reclamante,

visa à proteção dos empregados e de todos os passageiros do em que pese não haver pedido de exclusão da condenação no

navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia de segurança da recurso ordinário interposto pela obreira, o art. 85 do CPC impõe a

tripulação e dos passageiros. Ademais, a autora deixou o trabalho análise de referida matéria, posto que seus ditames são

não porque se sentiu violada em sua honra por conta dos exames obrigatórios, devendoo juiz fazer a fixação.

prévios. Muito pelo contrário, firmou dois contratos com as Ademais, referida obrigação é acessória da sentença e, por força

reclamadas, o que demonstra a sua satisfação. de lei e de decisão vinculante em ação direta de

Ante o acima exposto, a conduta das reclamadas não constitui ato inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de

ilícito passivo de indenização, não fazendo jus a reclamante ao ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.

pagamento de qualquer indenização por dano moral, pelo que deve Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2019, ou seja, após

ser reformada a sentença de origem, para excluir da condenação a a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença

indenização por danos morais face à exigência de exames. concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se

JUSTIÇA GRATUITA mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

No que pertine à concessão dos benefícios da justiça gratuita à decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou

reclamante, correto o decisum. a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §4º, da Consolidação das

A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: Leis do Trabalho (CLT).

"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos A mencionada decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a 791-A, §4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e,

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive portanto, a regra celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário recíproca ao trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-

igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos se inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento

benefícios do Regime Geral de Previdência Social." de honorários em favor dos advogados das reclamadas, os quais

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 420
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO LUCAS PEREIRA MITRE(OAB:


devem ser excluídos da condenação. 38421/CE)
ADVOGADO NUREDIN AHMAD ALLAN(OAB:
Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso da reclamante e 16346/SC)
dá-se parcial provimento ao apelo das reclamadas para excluir da RECORRIDO MSC CRUISES S.A.
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA
condenação a indenização por danos morais. RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
RECORRIDO MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA
CONCLUSÃO DO VOTO RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de incompetência e, no
Intimado(s)/Citado(s):
mérito, negar provimento ao recurso da reclamante e dar parcial
- MSC CRUISES S.A.
provimento ao recurso das reclamadas, para excluir da condenação

a indenização por danos morais, determinando, ainda, de ofício, a

exclusão da condenação da autora no pagamento de honorários em

favor do advogado dos reclamados, com base na declaração de PODER JUDICIÁRIO

inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI JUSTIÇA DO

5766. Custas inalteradas.

DISPOSITIVO
EMENTA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA. LABOR PARCIAL
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a
EM ÁGUAS NACIONAIS. COMPETÊNCIA.Provado que a
preliminar de incompetência e, no mérito, negar provimento ao
reclamante foi recrutada no Brasil para trabalhar em navios de
recurso da reclamante e dar parcial provimento ao recurso das
cruzeiro, e que no período do contrato laborou também em águas
reclamadas, para excluir da condenação a indenização por danos
nacionais, correta a decisão que reconheceu a incidência da
morais, determinando, ainda, de ofício, a exclusão da condenação
legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a
da autora no pagamento de honorários em favor do advogado dos
demanda.
reclamados, com base na declaração de inconstitucionalidade
MULTA ART. 477 DA CLT. DEVIDA. Considerando que os haveres
proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas.
rescisórios da autora não foram pagos no prazo legal, devida a
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
condenação das reclamadas no pagamento da multa respectiva.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA. A exigência de exames prévios
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
à admissão visa à proteção dos empregados e de todos os
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
passageiros do navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
de segurança da tripulação e dos passageiros, pelo que não
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
vislumbro ato ilícito que justifique a condenação em indenização por

danos morais, pelo que deve ser reformada a sentença no tocante.


JEFFERSON QUESADO
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO
Desembargador Relator
RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DA
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu à

reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que
Diretor de Secretaria
ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos

Processo Nº ROT-0001197-55.2019.5.07.0017 da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
RECORRENTE MARIANA PINHEIRO DE SOUZA
Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários
ADVOGADO CARLOS ANTONIO CHAGAS(OAB:
6560/CE) advocatícios a cargo da reclamante.Recursos conhecidos e,
ADVOGADO ANATOLE NOGUEIRA SOUSA
GABRIELE(OAB: 22578/CE) improvido o da reclamante e parcialmente provido o das
ADVOGADO MAIRA CAMARA VELOSO DE reclamadas.
MAUPEOU(OAB: 39273/CE)
ADVOGADO ANA CAROLINA MEIRELES ROCHA RELATÓRIO
DANTAS(OAB: 21674/CE)
O MM. Juízo da 17ª Vara do Trabalho de Fortaleza, nos autos da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 421
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

reclamação ajuizada por MARIANA PINHEIRO DE SOUZA em face Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para

de MSC CRUISES S.A., MSC MALTA SEAFARERS COMPANY emissão de parecer.

LIMITED, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, através da É O RELATÓRIO.

sentença de ID. fa3eb5e, decidiu: "condenando as reclamadas, de

forma solidária, a pagarem à reclamante, em 48h após o trânsito em

julgado desta decisão os seguintes pleitos: FGTS de todo o período

do contrato de trabalho, bem como, multa de 40% do FGTS; férias FUNDAMENTAÇÃO

simples 2017/2018 + 1/3; férias proporcionais 2018/2019 no total de

7/12 + 1/3; 13º proporcional de 2017 (1/12); 13º salário integral de

2018; 13º proporcional de 2019 (6/12 ); aviso prévio de 33 dias; I - ADMISSIBILIDADE

danos morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00, Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço

declarando inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma dos apelos.

incidente tantum e a multa do art 477, §8º, da CLT (SUM-462 do II - MÉRITO

TST). Determina-se a expedição de ofício pela Secretaria da Vara Inicialmente, ressalto que, conforme citado no julgamento de

para habilitação da reclamante no programa do seguro desemprego primeiro grau, esta justiça especializada já vem se debruçando

relativo ao período de vínculo aqui reconhecido. Deverá a sobre a matéria/controvérsia contida nestes autos, e sempre, no

reclamante entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), meu entendimento, analisando-a de forma adequada e precisa.

no prazo de cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Acrescento, inclusive, mais um julgado, o processo de número

Feito isso, as reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às 0001997-66.2017.507.00013, de minha relatoria.

devidas anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 Segue abaixo relação de algumas demandas correlacionadas:

até o limite de dois salários mínimos revertida à parte autora, RT 0000922-18.2019.5.07.0014

devendo então a Secretaria proceder às devidas anotações na RT 0000375-29.2020.5.07.0018

CTPS (art. 39, parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e RT 0000366-47.2019.5.07.0036

537 do CPC, aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá RT 0000237-05.2019.5.07.0016

noticiar o descumprimento, em até 30 dias do Trânsito em julgado, RT 0000347-41.2019.5.07.0036

sob pena de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer." RT 0000271-47.2018.5.07.0005

Inconformadas, recorrem as partes. RECURSO DA RECLAMANTE

As empresas reclamadas MSC CRUISES S.A. e MSC CRUZEIROS JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS. ADICIONAL

DO BRASIL LTDA, ID. 17a4f11, arguem, preliminarmente, a NOTURNO, INTERVALO INTERJORNADA.

incompetência da justiça do Trabalho, sob o fundamento que a Pugna a autora:

reclamante foi contratada em embarcação estrangeira, devendo a "Ora, resta evidente que, no mínimo, a reclamante teria direito ao

competência ser declinada ao Panamá para apreciar eventuais percebimento das horas extras que extrapolassem a 8º (oitava) hora

violações ao contrato de internacional de trabalho. Salienta que as diária e a 44º (quadragésima quarta) hora semanal, eis que tal

legislações internacionais são mais benéficas à obreira do que a constatação decorre de fato incontroverso nos autos, inclusive

legislação brasileira e devem ser as regentes do contrato de reconhecida pelo insigne juiz, não exigindo, assim, a produção de

trabalho. Aduzem que os contratos de trabalho internacionais prova a respeito que ocorria o habitual registro de jornada superior à

firmados com demandante devem ser reconhecidos como de prazo oitava diária, razão pela qual a autora faz jus ao pagamento das

determinado. Pugnam pelo não reconhecimento do vínculo diferenças pleiteadas na exordial.

empregatício e improcedência total dos pedidos. Portanto, é devido o pagamento das horas extras que extrapolarem

A autora em sua peça recursal, ID f5ca0ed, persegue o deferimento a 8º (oitava) hora diária e a 44º (quadragésima quarta) hora

horas extras, adicional noturno e intervalo interjornada; indenização semanal sendo que as horas prestadas em períodos de domingos e

por danos existenciais; majoração dos danos morais; feriados devem ser pagas em dobro, bem como deve haver o

imprescritibilidade do reconhecimento de vinculo e majoração dos pagamento dos intervalos interjornada suprimidos e do valores

honorários advocatícios. referente ao adicional noturno, tudo com os reflexos

Contrarrazões da reclamante, ID. d8dca21, e das reclamadas, ID. correspondentes, na forma requerida na peça exordial."

4ee6753. A sentença decidiu sobre o tema:

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 422
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

"Lado outro, as acionadas impugnaram a jornada da inicial e âmbitos profissional, social e pessoal. Ocorre que não foi

apresentaram cartões de ponto que afastam o horário narrado pela devidamente comprovada essa limitação em sua vida.Pelas fotos

autora. Citamos como exemplo a folha de ponto de ID. 203020f - juntadas aos autos é possível constar uma situação distinta da

Pág. 1. narrada. Não houve comprovação da jornada narrada pela

As provas emprestadas não servem para comprovar a jornada da trabalhadora, afastando a tese autoral. Julgo improcedente."

autora, visto que empregados embarcados possuem horários O MM. juízo "a quo" analisou corretamente o pleito, bem apreciou a

distintos para o atendimento ser 24 horas. prova produzida nos autos, apresentando suas razões de forma

Não foram apresentadas testemunhas para fins de afastar a clara e convincente, com isso, no que pertine ao indeferimento da

presunção relativa de veracidade dos documentos aqui citados. indenização por danos existenciais não comporta reforma o julgado

Por não ter a autora ultrapassado o seu ônus da prova, julgo guerreado.

improcedente o pedido de horas extras e adicional, bem como, seus A condenação em danos morais decorre da comprovação de que o

reflexos (incluindo as horas extras pela supressão do intervalo obreiro, efetivamente, tenha sofrido qualquer abalo em sua honra,

intrajornada e interjornada). dignidade, personalidade, ou integridade psíquica.

O labor noturno não foi demonstrado em diversas folhas de ponto Por outro lado, a responsabilidade civil do empregador pela

como a de ID. 203020f - Pág. 8. Julgo improcedente o pedido de indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença de

pagamento de adicional noturno." três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o

Corroboro com o entendimento exposto pelo juízo a quo, e ainda o dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo

reforço no sentido de que a própria autora se manifesta de forma empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo

contraditória em relação à documentação apresentada nos autos. trabalhador.

Em sua manifestação, ID. 018befa, defende a reclamante que "os Sem a comprovação desses requisitos, não há como se reconhecer

controles de ponto apresentados pelas reclamadas não traduzem a o direito à indenização.

realidade dos fatos, o que restará comprovado a partir da oitiva das No presente caso, não restou demonstrado o abalo sofrido pela

testemunhas" e em seu apelo, conforme relatado acima, requer a autora, nem a prática de ato ilícito por parte da empresa

estipulação de sua jornada laboral com base nos aludidos demandada.

documentos. A decisão recorrida não merece qualquer reforma, visto que

Diante do exposto, e com base no conjunto probatório juntado aos prolatada em conformidade com o conjunto probatório produzido

autos, indefiro o pedido. nos autos e a legislação aplicável à matéria.

INDENIZAÇÃO POR DANOS EXISTENCIAIS. IMPRESCRITIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO

Neste tocante, argumenta a autora: EMPREGATÍCIO

"Restou devidamente comprovado nos presentes autos que a Afirma a demandante:

autora laborava em jornada de trabalho extenuante, com mínimos "Conforme comprovado nos autos, a reclamante exerceu labor em

intervalos para descanso e alimentação, e sem direito a folgas, favor das empresas reclamadas de 27/07/2013 até 09/06/2019,

trabalhando em todos os dias do contrato de trabalho. tendo o juiz a quo se manifestado apenas sobre o período laborado

Importante ressaltar que, no presente caso, não se trata da prática de 10/12/2017 a 09/06/2019.

de sobrelabor dentro dos limites da tolerância, nem se trata de uma Entretanto, a despeito de ter aplicado a prescrição as verbas

conduta isolada da empregadora, mas sim de conduta reiterada em referentes a período de tempo anterior a 09/06/2014, esta não deve

que a parte reclamante trabalhou diariamente com jornada ser aplicada no que tange ao reconhecimento do vínculo

extenuante e sem direito a folgas, trabalhando durante todo o empregatício, visto que o pleito declaratório não se submete ao

interregno contratual, em clara afronta aos direitos do trabalhador." corte prescricional".

O juízo a quo, assim decidiu sobre este pedido: Pede que seja declarado o vínculo empregatício entre a autora e as

"O dano existencial nas relações laborais ocorre quando o reclamadas durante todo o período trabalhado (27/07/2013 a

trabalhador sofre dano/limitações em sua vida fora do ambiente de 09/06/2019).

trabalho em razão de condutas ilícitas, por parte do empregador, Assim entendeu o juízo a quo:

impossibilitando-o de estabelecer a prática de um conjunto de "Segundo a reclamante, sem contestação da das demandadas, os

atividades culturais, sociais, recreativas, esportivas, afetivas, prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os

familiares, etc., ou de desenvolver seus projetos de vida nos seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 423
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e; CONTRATAÇÃO.

07/11/2018 até 09/06/2019. DO CÓDIGO DE BUSTAMENTE (ARTS. 274, 279 E 281). NORMA

A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável, RATIFICADA PELO BRASIL. VIOLAÇÃO MANIFESTA.

tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO

períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta MAR. ART. 178 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DO ART. 8º DA CLT.

primeiro contrato de trabalho por prazo determinado. APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E

Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo DA NÃO DISCRIMINAÇÃO ENTRE OS TRABALHADORES.

empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os CONVENÇÕES Nº 97 E 111 DA OIT.

dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 - APLICAÇÃO DA MLC À LUZ DOS TAC´S FIRMADOS COM O

Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. EFICÁCIA VINCULANTE

de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de DA TRANSAÇÃO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA.

admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já AFRONTA AO ARTS. 840 DO CÓDIGO CIVIL, 5º, §6º, LEI 7.347/85

observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do E 5º, XXXVI, CF/88.

TST - matéria de ordem pública). INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA

Restou incontroverso nos autos que a reclamante trabalhou para as EMPRESAS ESTRANGEIRAS QUE CONTRATEM BRASILEIROS

reclamadas nos períodos de 27/07/2013 a 26/04/2014, 10/12/2017 a PARA TRABALHAR NO EXTERIOR À LUZ DA LEI 7.064/82.

10/07/2018. Ou seja, não houve prestação de serviços ininterrupta DA AUTONOMIA SINDICAL (ART. 8º, III, CF/88).

no interstício entre o final do primeiro contrato (26/04/2014) e o RECONHECIMENTO DOS ACORDOS COLETIVOS DE

início do segundo (10/12/2017), decorrendo mais de 03 anos entre TRABALHO: ART. 7º, XXVI, CF/88. PREVALÊNCIA DO

os dois períodos sem a prestação de serviço pela autora, estando NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO: ART. 611-A, CLT.

correto o decisum que não reconheceu a unicidade contratual entre DA ALEGADA UNICIDADE CONTRATUAL. CONTRATOS POR

o primeiro e segundo contratos e declarando a prescrição bienal dos PRAZO DETERMINADO. PRESCRIÇÃO BIENAL.

pedidos relacionados ao primeiro contrato. DA INAPLICABILIDADE DA MULTA DO ART. 477 DA CLT.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DA REMUNERAÇÃO. DA NECESSIDADE DE DEDUÇÃO DAS

Pleiteia o patrono da reclamante a majoração do percentual de PARCELAS PAGAS NOS CONTRACHEQUES DO RECLAMANTE.

honorários advocatícios concedido. BIS IN IDEM CONFIGURADO. DA CONVERSÃO DA MOEDA.

Sem razão. DANOS MORAIS. EXIGÊNCIA DE EXAME HIV.

O art. 791-A, da CLT é bem claro em seus parâmetros para INDEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA

definição do aludido percentual. Sobre os temas decidiu o magistrado sentenciante:

Na sentença foi definido honorários sucumbenciais em favor do "2.2.1-DA INCOMPETÊNCIA NACIONAL:

patrono da demandante no percentual de 10%, nos termos do art. Suscitam as reclamadas que "a Autora firmou contrato de trabalho

791-A da CLT. no exterior em todos os períodos firmados desde 2013 a 2019,

Entendo como razoável o percentual reconhecido. Nada a alterar sendo certo, ainda, que competência da Justiça do Trabalho deve

neste sentido. ser determinada pela localidade onde o trabalhador prestou

RECURSO DAS RECLAMADAS serviços, a autoridade judiciária brasileira não detém jurisdição para

Já as empresas recorrentes, pautam seu recurso basicamente sob apreciar e julgar esta demanda".

um aspecto, o questionamento em relação à inaplicabilidade da Entretanto a contratação efetiva da reclamante ocorreu no Brasil, o

legislação brasileira ao caso. Seguem in verbis, os tópicos que atrai a competência da jurisdição brasileira para processar e

elencados em suas razões recursais: julgar o caso sub oculis. Esclareço.

DA AUSÊNCIA DE JURISDIÇÃO DAS AUTORIDADES Não é porque as etapas iniciais da admissão ocorreram via internet

BRASILEIRAS. que podemos afirmar que a contratação ocorreu fora dos limites

INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. RESOLUÇÃO territoriais do Brasil, visto que inexiste comprovação de ter a obreira

71/2006 DO CONSELHO NACIONAL DE IMIGRAÇÃO: ART. 8º, realizado tais etapas em território estrangeiro. O fato modificativo foi

CAPUT. INTERPRETAÇÃO A CONTRARIO SENSU. apresentado pelas demandadas, atraindo, assim, o ônus da prova

DA FASE PRÉ-CONTRATUAL E LOCAL DA EFETIVA (art. 818, II da CLT).

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 424
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Independentemente, da fixação sobre as regras aplicáveis ao de trabalho desenvolveu-se em águas territoriais brasileiras. Não há

contrato mantido entre o reclamante e as reclamadas, a fixação da como assegurar o processamento do recurso de revista quando o

competência brasileira é mandatória, nos termos do CPC (art. 21, agravo de instrumento interposto não desconstitui os termos da

c/c parágrafo único), considerando que a 1ª reclamada é uma decisão denegatória, que subsiste por seus próprios fundamentos.

espécie de filial da 3ª em território nacional. Agravo de instrumento desprovido. B) RECURSO DE REVISTA

As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas ADESIVO DO RECLAMANTE. Em face da não admissibilidade do

provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como, apelo principal, fica prejudicado o exame do recurso de revista

conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo adesivo interposto pelo Reclamante (500 do CPC). Recurso de

econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui revista cuja análise fica prejudicada". (TST AIRR-1789-

estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos 04.2011.5.02.0443 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,

como exemplo o documento de ID. ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c - Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma, Data de Publicação:

Pág. 2. Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada. DEJT 12/12/2014)".

O entendimento jurisprudencial pacificado no Colendo Tribunal O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região em processos

Superior do Trabalho é no mesmo sentido: semelhantes ajuizados contra as reclamadas assim vem decidindo :

"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. RECURSO "CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE

DE REVISTA. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE. NEGATIVA DE CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 2. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA Provado que o

3. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DECISÃO reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento,

DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. A jurisprudência trabalhista, para trabalhar como "assistente de garçom" em navios de

sensível ao processo de globalização da economia e de avanço das cruzeiro, e que no período de 09 meses de contrato laborou

empresas brasileiras para novos mercados no exterior, passou a por, pelo menos, 05 meses em águas nacionais, na

perceber a insuficiência e inadequação do critério normativo denominada "temporada brasileira de cruzeiros, correta a

inserido na antiga Súmula 207 do TST (lex loci executionis) para decisão que reconheceu a incidência da legislação brasileira e

regulação dos fatos congêneres multiplicados nas duas últimas a competência desta Justiça para apreciar a demanda". (TRT 7ª

décadas. Nesse contexto, já vinha ajustando sua dinâmica Região - proc. 0000358-77.2012.5.07.0016 - Rel. Des. Jefferson

interpretativa, de modo a atenuar o rigor da velha Súmula 207/TST, Quesado Júnior DEJT 13/05/2013).

restringido sua incidência, ao mesmo tempo em que passou a "I - DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS

alargar as hipóteses de aplicação das regras da Lei n. 7.064/1982. RECLAMADAS. DO TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO

Assim, vinha considerando que o critério da lex loci executionis ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. À

(Súmula 207) - até o advento da Lei n. 11.962/2009 - somente luz do princípio da boa-fé objetiva, a teor do disposto nos

prevalecia nos casos em que foi o trabalhador contratado no Brasil artigos 427 e 435 do Código Civil, conclui-se que o período pré-

para laborar especificamente no exterior, fora do segmento contratual produz efeitos jurídicos, tendo este juízo a

empresarial referido no texto primitivo da Lei n. 7064/82. Ou seja, convicção de que o início das tratativas (pré-contratação) do

contratado para laborar imediatamente no exterior, sem ter trabalho ocorreu no Brasil, em Fortaleza, no Estado do Ceará,

trabalhado no Brasil. Tratando-se, porém, de trabalhador contratado com empregada brasileira. No caso em apreço, verifica-se que

no País, que aqui tenha laborado para seu empregador, sofrendo a 17ª Alteração e Consolidação do Contrato Social da 1ª

subsequente remoção para país estrangeiro, já não estaria mais reclamada, MSC CROCIERE estabelece que as empresas MSC

submetido ao critério normativo da Convenção de Havana (Súmula CROCIERE S/A e MSC MEDITERRANEAN MSC CRUZEIROS DO

207), por já ter incorporado em seu patrimônio jurídico a proteção BRASIL LTDA são sócias titulares da totalidade do Capital

normativa da ordem jurídica trabalhista brasileira. Em consequência, Social da MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. Com efeito, a

seu contrato no exterior seria regido pelo critério da norma jurídica segunda reclamada, MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA, tem

mais favorável brasileira ou do país estrangeiro, respeitado o sede no Brasil, na Av. Ibirapuera nº 2.332, 6º andar, Torre II, na

conjunto de normas em relação a cada matéria. Mais firme ainda Cidade e Estado de São Paulo, caindo por terra a alegação de

ficou essa interpretação após o cancelamento da velha Súmula que a contratação ocorrera no estrangeiro. Iniludível, portanto,

207/TST. No caso concreto, ficou evidenciado que o Reclamante foi que a contratação ocorreu em solo pátrio. Demais disto, restara

contratado no Brasil e que parte do tempo de duração do contrato inconteste nos autos que a empresa ROSA DOS VENTOS

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 425
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

seleciona brasileiros para um contrato internacional com a for incompatível com o disposto na sobredita Lei n. 6.064/82,

MSC Cruzeiros, que trabalha com navios de passageiros na quando mais favorável do que a legislação territorial

costa do Brasil; e, para que possa navegar normalmente, é estrangeira, no conjunto de normas em relação a cada matéria,

exigido, por parte das autoridades do Brasil, um limite mínimo conforme o Inciso II do artigo 3º. O critério da territorialidade

de 25% de tripulantes brasileiros). Presuntivamente, infere-se deixara de ser aplicado às transferências de trabalhadores

que a principal importância da mão de obra de brasileiros se dá contratados ou transferidos para fins de prestação de serviços

na temporada brasileira, que, como se sabe, dura, em média, no estrangeiro, pois que tais contratos passam a se submeter à

cinco meses. Como o contrato teve duração de apenas quatro legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não

meses (de 07/08/2012 a 07/12/2012), tem-se que a parte for incompatível com o disposto na Lei n. 7.064/82, quando

contratada o cumpriu por inteiro na temporada brasileira. A mais favorável do que a legislação territorial estrangeira,

teor das informações supra, bem como do Termo de observado o conjunto de normas em relação a cada matéria,

Ajustamento de Conduta, e seus Aditivos, firmados entre o conforme a dicção do Inciso II, do artigo 3º, da Lei n. 7.064/82.

Ministério Público do Trabalho e a empresa MSC Cruzeiros do Em assim, a legislação brasileira é a única aplicável ao

Brasil), vislumbra-se, no caso em espécie, que o labor fora presente caso, o que se faz com fundamento nos artigos 651 da

contratado para ser prestado em embarcação privada CLT, 9º e 12 da Lei de Introdução ao Código Civil, e arts. 88 e 89

estrangeira, em águas brasileiras e internacionais, e neste caso do Código de Processo Civil, e Súmula 207/TST, e o que mais

aplicável a legislação brasileira enquanto ocorresse em águas consta dos autos. (...)". (TRT 7a. Região - proc. 0001046-

nacionais. O critério da territorialidade ou da Lex Loci 74.2014.5.07.0014 - Rel. Desª. Regina Gláucia Cavalcante

Executionis, reconhecido pela Convenção de Direito Nepomuceno - DEJT 18/12/2015).

Internacional Privado de Havana, ratificada pelo Brasil (Código As questões fáticas aqui expostas encontram-se em diversas

Bustamante, de 1928), posicionamento este expressamente provas emprestadas juntadas por ambas as partes, bem como,

inserido na jurisprudência brasileira, por meio da Súmula 207 conforme diversas ações que este juízo julgou envolvendo o grupo

editada pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, a qual econômico demandado. É possível verificar que os fatos aqui

estabelecia o seguinte, até ser cancelada pela Resolução TST estabelecidos foram narrados por diversas testemunhas. Citamos

nº 181, de 16.04.2012: "A relação jurídica trabalhista é regida como exemplo o documento de ID ad03e34 - Pág. 2 e ID. ff5248c -

pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por Pág. 2.

aquelas do local da contratação." Assim é que, amiúde, as Logo, rejeito a incompetência absoluta alegada.

relações empregatícias marítimas submetem-se a diretriz Ultrapassada a cizânia da competência, a legislação a ser aplicada

própria, regendo-se pela lei do Pavilhão do navio, que tende a deve ser averiguada e deliberada em sede de mérito propriamente

ser, normalmente, a do país de domicílio do dito, aplicando-se as técnicas de direito internacional privado.

armador/empregador. O Direito do Trabalho brasileiro possui Portando afasto as demais preliminares que dizem respeito, tão

diploma específico em matéria de regência das relações somente, às normas que devem aqui reger a matéria.

jurídicas envolvendo trabalhadores brasileiros contratados ou PREJUDICIAL DE MÉRITO

transferidos pela empresa para prestação de serviços no A reclamada aponta a prescrição quinquenal da pretensão autoral.

exterior. Trata-se da Lei n. 7.064 /82, que "regula a situação de Cabe esclarecer que prescrita a verba principal o pleito acessório

trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus não poderá mais ser pleiteado, portanto, nos pedidos de FGTS

empregadores para prestar serviço no exterior". A par de fixar acessórios (repercussão das diferenças salariais eventualmente

alguns direitos trabalhistas específicos (art. 3º, I), o précitado reconhecidas), não haverá a aplicação da modulação estabelecida

Diploma Legal estabelece critério distintivo no que se refere na súmula 362 do TST (súmula 206 do TST).

àaplicação normativa nos contratos cumpridos no exterior no No que pertine à prescrição do FGTS como pedido principal,

segmento empresarial que menciona - admitindo, em certos consoante decidido no ARE 709212, pelo E. STF, deve ser aplicada

aspectos, a aplicação da lei brasileira ou da lei territorial ao caso a modulação prevista para o curso prescricional já em

estrangeira, em exceção, portanto, ao princípio geral da curso, quando da prolação daquele julgado (em 13/11/2014).

territorialidade. Em assim, dispõe a referida Norma ser direito Desse modo e aplicando o entendimento firmado no inciso II, da

do empregado regido por suas normas a aplicação da súmula nº 362, do C. TST, tem-se que o prazo prescricional das

legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não pretensões do FGTS (pedido principal) será o que se consumar

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 426
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

primeiro: trinta anos, contados do termo inicial (07/2013 caso exista estabelecido em nosso ordenamento jurídico, compete às

unicidade contratual), ou cinco anos, a partir de 13/11/2014. acionadas a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB).

Logo, não há prescrição a ser alegada para o pedido de FGTS, Ocorre que não foram apresentadas as leis do locais onde

sendo esse o pedido principal. efetivamente ocorreram a prestação de serviço.

Considerando que a presente demanda foi interposta em Vejamos a jurisprudência:

11/11/2019, prescritas encontram-se as parcelas anteriores a CRUZEIRO MARÍTIMO. TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO

11/11/2014, devendo as mesmas, salvo com relação ao FGTS ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há

(pedido principal), serem extintas com resolução de mérito, nos que se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre

termos do art. 487, II, CPC. o contato mantido pela autora, e a legislação aplicável a este

Considerando que a reclamante afirma a vigência de contrato único, mesmo contrato de trabalho. Isso porque a competência

relego a apreciação da questão da prescrição bienal da ação para jurisdicional não exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões

após a análise meritória pertinente a tal ponto. Isto porque, não há não são confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é

como este Juízo decidir pela aplicação da prescrição bienal sem relativa à competência territorial; a segunda, de direito material, é

antes definir se o contrato vigeu ininterruptamente por prazo atinente ao conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a

indeterminado ou se tratam-se de diversos contratos diferenciados. aplicação da legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo

DA LEGISLAÇÃO APLICADA AO CASO à parte que a invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB).

O Código de Bustamante (Convenção de Havana, 1928), que foi A competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB

internalizado no Brasil, pelo Decreto 5.647, em 8.1.1929, e e 21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT

promulgado pelo Decreto 18.871, de 13.8.1929, determina a adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC.

aplicação da lei territorial sobre acidente do trabalho e proteção Incontroverso que a empresa estrangeira com a qual a autora

social do trabalhador (princípio da lex loci execucionis). Esse firmou o contrato de trabalho (MSC Crociere SA) é sócia-

princípio está insculpido no art. 198 do mencionado diploma de proprietária da segunda reclamada, a MSC Cruzeiros do Brasil,

direito internacional: "Art. 198. Também é territorial a legislação essa estabelecida em território brasileiro, pelo que é tida como sua

sobre acidentes do trabalho e proteção social do trabalhador". Tal agência ou filial,atraindo a incidência do parágrafo segundo do art.

princípio, assim, constitui exceção à regra instituída posteriormente, 651, da CLT.Portanto, a presente lide se submete à jurisdição

na LINDB, cujo art. 9º estabelece como norma a aplicação do país nacional. Com relação à legislação a ser adotada, aplicação as

em que a obrigação se constituiu: "Art. 9º Para qualificar e reger as disposições do art.1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso

obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem". II, Lei nº 7.064/82,outrossim, o conflito de direito internacional

Diante desse caso, prevaleceu a tese de que deveria ser aplicado o privado no tocante à escolha da norma trabalhista a ser aplicada,

disposto no Código de Bustamante, por se tratar de norma especial. resolve-se pelo princípio da norma mais favorável, consideradas,

... em conjunto, as disposições reguladoras de cada matéria ou

A partir da premissa supra o TST cancelou a súmula 207 e a própria instituto, adotando-se a teoria do conglobamento mitigado,

legislação passou a assim dispor. Nos termos do art. 3º, inciso II, da destacando-se, no caso, a legislação brasileira. Recurso das

Lei nº 7.064/82 (dispõe sobre a situação de trabalhadores reclamadas parcialmente conhecido e provido. Recurso da

contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior): "a reclamante conhecido e parcialmente provido. (TRT-7 - RO:

aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo 00010902020145070006,Relator: MARIA ROSELI MENDES

que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais ALENCAR, Data de Julgamento: 17/08/2016, Data de Publicação:

favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em 22/08/2016);

relação a cada matéria". RECURSO DAS RECLAMADAS: CRUZEIRO MARÍTIMO.

Aqui estamos diante da teoria do conglobamento mitigada onde a TRABALHADOR EMBARCADO. NAVIO ESTRANGEIRO.

norma mais favorável deve ser buscada por meio da comparação COMPETÊNCIA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Há que se

das diversas regras sobre cada instituto ou matéria, respeitando-se diferenciar entre a competência da jurisdição brasileira sobre o

o critério de especialização. O que realmente devemos observar, contato mantido pelo autor, e a legislação aplicável a este mesmo

então, não seria o inteiro diploma legal, mas, sim, cada matéria ou contrato de trabalho. Isso porque a competência jurisdicional não

instituto. exclui a aplicação da lei estrangeira e as questões não são

Pois bem, sendo a tese de defesa a utilização de norma distinta da confundíveis, pois, a primeira, de ordem processual, é relativa à

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 427
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competência territorial; a segunda, de direito material, é atinente ao demais períodos do ano. A conclusão adotada funda-se, pois, na

conflito de lei no espaço. Desse modo, possível é a aplicação da interpretação da ausência de transitoriedade das atividades das

legislação estrangeira pelo juiz brasileiro, competindo à parte que a reclamadas, o que não permite divisar ofensa literal aos artigos 443

invoca a prova do texto e da vigência (art. 14, LINDB). A e 452 da CLT. O artigo 2º da Lei 6.019/74, que conceitua o trabalho

competência territorial encontra-se regida pelos arts. 12 da LINDB e temporário, não guarda pertinência temática com a controvérsia,

21 do NCPC. Em matéria trabalhista, o § 2º do art. 651 da CLT restando ileso. O recurso de revista igualmente não se credencia a

adota regra que amplifica o disposto no inciso I do 21 do NCPC. conhecimento por divergência jurisprudencial, pois os arestos

Portanto, a presente lide se submete à jurisdição nacional. Em transcritos revelam-se inespecíficos, atraindo a disciplina da Súmula

relação à legislação a ser adotada, aplica-se as disposições do art. 296, I, do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST - RR:

1º da Lei nº 7.064/82. Na forma do art. 3º, inciso II, Lei nº 7.064/82, 102851920165090001, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data

outrossim, o conflito de direito internacional privado no tocante à de Julgamento: 04/09/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT

escolha da norma trabalhista a ser aplicada, resolve-se pelo 20/09/2019).

princípio da norma mais favorável, consideradas, em conjunto, as A atividade empresarial das reclamadas ocorre durante todo o ano,

disposições reguladoras de cada matéria ou instituto, adotando-se não podendo existir a contratação e dispensa de trabalhadores a

a teoria do conglobamento mitigado, destacando-se, no caso, a depender dos pacotes de viagens firmados pelo empregador. O

legislação brasileira. Recurso das reclamadas não provido. (TRT-7 - risco do negócio é do empregador e deve suportar as disposições

RO: 00009119820145070002, Relator: MARIA ROSELI MENDES de proteção do trabalho, independentemente de lucros, nos termos

ALENCAR, Data de Julgamento: 13/03/2019, Data de Publicação: do art. 2 da CLT.

15/03/2019). Ademais, conforme determinação do Art. 452 da CLT, considera-se

Logo, estabeleço a legislação brasileira para reger o caso sub por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6

oculis. (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a

... expiração deste dependeu da execução de serviços especializados

DO CONTRATO DE TRABALHO ou da realização de certos acontecimentos.

A reclamante requer a declaração de nulidade dos supostos Reconheço, então, a regra geral, ou seja, contrato por prazo

contratos de trabalho por prazo determinado, reconhecendo-se o indeterminado.

prazo indeterminado de um único contrato. Segundo a reclamante, sem contestação das demandadas, os

Apesar de ser do conhecimento da autora, no momento de sua prazos determinados dos contratos de trabalho compreendem os

contratação, ser o contrato de trabalho por prazo determinado, a seguintes períodos: 27/07/2013 até 26/04/2014; 10/12/2017 até

atividade empresarial das reclamadas não se encaixam nas 10/07/2018 (com transferência de navio em 29.03.2018) e;

disposições do art. 443 da CLT e lei 6.019/74 (redação à época). 07/11/2018 até 09/06/2019.

Vejamos a jurisprudência: Resta averiguarmos a unicidade contratual.

SUCESSIVOS CONTRATOS DE TRABALHO Unicidade do contrato de trabalho é o reconhecimento de um único

POR PRAZO DETERMINADO. AUSÊNCIA DE contrato de trabalho, em casos em que o lapso temporal entre a

TRANSITORIEDADE DO SERVIÇO. RECONHECIMENTO DE demissão e a readmissão, pela mesma empresa, é exíguo. Diante

DISPENSAS IMOTIVADAS NOS SUCESSIVOS PACTOS da omissão legislativa, considera-se fraudulenta a rescisão seguida

LABORAIS. A Corte Regional, interpretando a modalidade de recontratação ou de permanência do trabalhador em serviço

contratual à luz do § 1º do art. 443 da CLT, considerou que a quando ocorrida dentro dos noventa dias subsequentes à data em

atividade empresarial não ostenta caráter transitório, razão pela que formalmente a rescisão se operou, nos termos da portaria 384

qual concluiu que o contrato de trabalho do Autor não detinha prazo do MTE.

determinado, já que não dependia de termo prefixado para A unicidade entre o primeiro contrato e o segundo resta inviável,

execução de serviços específicos, tampouco da realização de tendo em vista que decorreu mais de três anos entre os dois

acontecimento certo e suscetível de previsão aproximada. períodos em que houve a prestação de serviços embarcada. Resta

Consignou, neste sentido, que o fato das embarcações das reconhecida, portanto, a prescrição bienal dos pedidos relativos ao

reclamadas somente navegarem na costa brasileira em alguns primeiro contrato de trabalho por prazo determinado.

períodos do ano não demonstravam a transitoriedade de suas Com relação aos dois últimos contratos, sem qualquer cabimento a

atividades, até porque navegavam por águas internacionais nos tese de defesa. A tese do exercício da atividade empresarial por

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 428
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temporada já foi devidamente ultrapassada nas linhas anteriores. antecedentes criminais caracteriza dano moral passível de

O prazo entre os contratos não é desproporcional, conforme as indenização quando caracterizar tratamento discriminatório ou não

normas aqui apresentadas como fundamento. se justificar em situações específicas. A exigência é considerada

Ademais, o obreiro é o hipossuficiente entre as partes que legítima, no entanto, em atividades que envolvam, entre outros

celebraram os contratos de trabalho e, por vezes, tem que realizar aspectos, o cuidado com idosos, crianças e incapazes, o manejo de

formalidades requeridas pelos empregadores para não ser armas ou substâncias entorpecentes, o acesso a informações

dispensado. sigilosas e transporte de carga.

Em respeito ao princípio da continuidade da relação de emprego O recurso julgado envolve a Alpargatas S.A. e foi afetado pela

(súmula 212 do TST), não há como visualizar que seu interesse na Quarta Turma do TST à SDI-1, dentro da sistemática de recursos

contratação era realmente o contrato por prazo estipulado. repetitivos, para a fixação de tese jurídica sobre as situações que

A assinatura de qualquer contrato com cláusulas nesse sentido ensejariam ou não o reconhecimento de dano moral devido à

nada mais revela que um vício de consentimento previsto no código exigência do documento como condição indispensável para a

civil, conforme reza o art. 157: "Ocorre a lesão quando uma pessoa, admissão ou a manutenção do emprego.

sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a Vejamos a tese fixada e publicada no Informativo 157 do TST:

prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação Incidente de Recursos de Revista Repetitivos. "Tema nº 0001 -

oposta". Dano moral. Exigência de Certidão Negativa de Antecedentes

O procedimento realizado pelas demandadas caracteriza-se como Criminais". A SBDI-I, por maioria, definiu as seguintes teses

fraudulento, não só em razão do fracionamento do vínculo de jurídicas para o Tema Repetitivo nº 0001 - DANO MORAL.

emprego, mas também em decorrência da diminuição de recursos EXIGÊNCIA DE CERTIDÃO NEGATIVA DE ANTECEDENTES

do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o que determina CRIMINAIS: I. Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência

correspondente redução de importâncias a serem aplicadas na de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego

construção de habitações populares, obras de saneamento urbano quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em

e infraestrutura (portaria 384 do MTE). razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial

Logo, pelo conjunto fático probatório, reconheço o vínculo de fidúcia exigido; II. A exigência de Certidão de Antecedentes

empregatício entre as partes litigantes e o período laborado entre os Criminais de candidato a emprego é legítima e não caracteriza

dias 10/12/2017 (ID. f5c76fe - Pág. 1) a 09/06/2019 (ID. 32376d6 - lesão moral quando amparada em expressa previsão legal ou

Pág. 8), motivo pelo qual procede, como obrigação de fazer, o pleito justificar-se em razão da natureza do ofício ou do grau especial de

de anotação da CTPS da autora para fazer constar como data de fidúcia exigido, a exemplo de empregados domésticos, cuidadores

admissão o dia 10/12/2017 e dispensa o dia 12/07/2019, já de menores, idosos ou deficientes (em creches, asilos ou

observada a projeção do aviso prévio de 33 dias (OJ 82 da SDI-1 do instituições afins), motoristas rodoviários de carga, empregados que

TST - matéria de ordem pública). Para tanto, deverá a reclamante laboram no setor da agroindústria no manejo de ferramentas de

entregar às demandadas sua CTPS (mediante recibo), no prazo de trabalho perfurocortantes, bancários e afins, trabalhadores que

cinco dias após o trânsito em julgado desta sentença. Feito isso, as atuam com substâncias tóxicas, entorpecentes e armas,

reclamadas deverão, em igual prazo, proceder às devidas trabalhadores que atuam com informações sigilosas; III. A exigência

anotações, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 até o de Certidão de Antecedentes Criminais, quando ausente uma das

limite de dois salários mínimos revertida à parte autora, devendo justificativas de que trata o item II, supra, caracteriza dano moral in

então a Secretaria proceder às devidas anotações na CTPS (art. 39, re ipsa, passível de indenização, independentemente de o

parágrafo segundo da CLT e os artigos 536, § 1 e 537 do CPC, candidato ao emprego ter ou não sido admitido. Vencidos,

aplicados subsidiariamente). A parte autora deverá noticiar o parcialmente, no item I, os Ministros João Oreste Dalazen,

descumprimento,em até 30 dias do Trânsito em julgado, sob pena Emmanoel Pereira e Guilherme Augusto Caputo Bastos; e, no item

de ser interpretado como cumprida a obrigação de fazer. II, os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, Aloysio

... Corrêa da Veiga, Walmir Oliveira da Costa e Cláudio Mascarenhas

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELA EXIGÊNCIA DE Brandão. Quanto ao item III, restaram vencidos, parcialmente, os

EXAMES Ministros João Oreste Dalazen, Emmanoel Pereira e Guilherme

A Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) Augusto Bastos e, totalmente, os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga,

decidiu, por maioria, que a exigência de certidão negativa de Renato de Lacerda Paiva e Ives Gandra Martins Filho. TST-IRR-

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 429
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

243000- 58.2013.5.13.0023, SBDI-1, rel. Min. Augusto César Leite da equidade e da razoabilidade, além de outros critérios como o da

de Carvalho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 20.4.2017. gravidade e a extensão do dano; a reincidência do ofensor; a

A atividade empresária das acionadas não consta no rol posição profissional e social do ofendido; e a condição financeira do

exemplificativo estabelecido pelo TST ao julgar o Incidente de ofendido e do ofensor. Tais decisões, de resto, podem ser sempre

Recursos de Revista Repetitivos (Tema nº 0001). As atividades submetidas ao crivo do sistema recursal. Esta Suprema Corte, no

exercidas, aos olhos deste Julgador, não apresentam tocante à indenização por dano moral, de longa data, cristalizou

peculiaridades que exigem a apresentação de antecedentes jurisprudência no sentido de que o art. 52 e 56 da Lei de Imprensa

criminais. não foram recepcionados pela Constituição, com o que afastou a

As testemunhas das provas emprestadas (ID. d7d9469 - Pág. 2 e possibilidade do estabelecimento de qualquer tarifação,

ID. ad03e34 - Pág. 3) e os documentos juntados comprovam a confirmando, nesse aspecto, a Súmula 281 do Superior Tribunal de

exigência de exames. Justiça.".

O dano moral é (pela força in reipsa dos próprios fatos) conforme "Em outras palavras, penso que não se mostra possível ao

fundamentação do precedente supra. legislador ordinário graduar de antemão, de forma minudente, os

O tarifamento do dano moral não se aplica ao caso. limites materiais do direito de retorção, diante da miríade de

Esclareço. expressões que podem apresentar, no dia-adia, os agravos

A lei 13.467/2017 não foi o primeiro diploma legal a determinar a veiculados pela mídia em seus vários aspectos".

tarifação dos danos morais, por exemplo, citamos a lei 5250/67 (lei Ou seja, o legislador não tem como prever todas hipóteses de

de imprensa). A jurisprudência à época já havia pronunciado-se em danos morais, ferindo a proporcionalidade estabelecida pela nossa

favor da não recepção dessa tarifação do dano moral. Vejamos a Carta Política.

súmula 281, do STJ "a indenização por dano moral não está sujeita Podemos observar isso no Art. 223-G, §1º, da CLT. O legislador

à tarifação prevista na Lei de Imprensa" pretendeu em somente quatro incisos apresentar todas as

Houve pronunciamento expresso, ainda, do STF, através da ADPF gravidades possíveis de danos morais. Imaginemos que a

130/09, no sentido desta lei não ter sido recepcionada pela gravidade da conduta seja bem simples, todavia, o primeiro grau de

Constituição Federal de 1988. Uma das questões abordadas pelos ali estabelecido teria como indenização o valor de, no mínimo, R$

Ministros do Pretório Excelso foi a tarifação por danos morais, que 2.994,00 (observando o salário mínimo em 2019).

era prevista nos artigos 51 e 52 da lei em exame. Desse modo, fatos distintos poderiam ter como penalidade a

De acordo com a maior Corte deste País, qualquer tentativa de mesma indenização.

tarifação ou restrição à reparação por danos morais, prevista em lei Além dos argumentos apresentados na ADF 130/09, o "Caput" do

ordinária, padeceria de inconstitucionalidade, por ofender o disposto art 5º da CF/88 também entra em choque em face dos parâmetros

no art. 5º, V e X, sendo bastante contundente a afirmação contida ali estabelecidos.

na ementa:"estaríamos interpretando a Constituição no rumo da lei Esclareço. Dois acidentes que, por exemplo, tenham como

ordinária, quando é de sabença comum que as leis devem ser consequência a perda de um mesmo membro teriam indenizações

interpretadas no rumo da Constituição". distintas a depender do salário contratual.

Para melhor entendermos a afirmação supra, as palavras do Estamos aqui diante da quebra de isonomia interna.

Ministro Ricardo Lewandowski, ao acompanhar o voto do Ministro Imaginemos agora que um empregador realize um mesmo ato

Celso de Mello, relator da ADPF 130/09: capaz de gerar danos morais em face de duas pessoas distintas,

"o princípio da proporcionalidade, tal como explicitado no referido um sendo seu empregado e outro um terceiro sem qualquer vínculo

dispositivo constitucional, somente pode materializar-se em face de empregatício. Pela interpretação literal da reforma trabalhista, a

um caso concreto. Quer dizer, não enseja uma disciplina legal indenização deferida pelo Juiz do trabalho não seguirá os mesmos

apriorística, que leve em conta modelos abstratos de conduta, visto parâmetros de outros Juízos. Agora podemos observar a quebra de

que o universo da comunicação social constitui uma realidade isonomia externa.

dinâmica e multifacetada, em constante evolução. Acredito que houve um equívoco técnico do legislador

"Já, a indenização por dano moral - depois de uma certa infraconstitucional, pois, a Medida Provisória (MP) 808/2017,

perplexidade inicial por parte dos magistrados - vem sendo publicada em 14/11/2017, tentou abrandar os problemas aqui

normalmente fixada pelos juízes e tribunais, sem quaisquer apresentados, todavia só solucionou, temporariamente, a quebra de

exageros, aliás, com muita parcimônia, tendo em vista os princípios isonomia interna, estabelecendo o valor do limite máximo dos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 430
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

benefícios do Regime Geral de Previdência Social em vez do salário peculiaridades do caso concreto. O enfoque exegético da aferição

contratual. dos indicadores de transcendência em princípio deve ser positivo,

Por todo o exposto, julgo procedente a indenização por danos especialmente nos casos de alguma complexidade, em que se torna

morais em favor da reclamante no valor de R$ 1.000,00, declarando aconselhável o debate da matéria no âmbito próprio do

inconstitucional o Art. 223-G, §1º, da CLT, de forma incidenter conhecimento, e não no âmbito prévio da transcendência. 3- O TRT,

tantum. soberano na análise do conjunto fático-probatório, concluiu que a

... reclamante desincumbiu-se do ônus de comprovar fato constitutivo

Sustentam as empresas, em seu apelo, que o contrato celebrado do seu direito e demonstrou a existência de relação de emprego. A

com a reclamante era regido por legislação alienígena, afastando a Corte Regional assentou, a propósito, que "a única testemunha

competência da Justiça do Trabalho. ouvida nos autos laborou com a autora e foi enfática ao dizer que

Examinando-se os autos, observa-se que a autora foi recrutada e foram contratadas pela Ibero Cruzeiros e ainda que ' todos os

contratada no Brasil, o que foi confirmado pelas reclamadas. contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam uniforme e

Conforme já bem analisado na sentença, a jurisprudência do p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a Ibero

Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo que o conflito de leis posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e os

no espaço se resolve pela aplicação da legislação brasileira. Senão, detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível

confira-se mais este julgado: embarcar' ( f l . 573)." Nesse contexto, para se chegar à conclusão

"EMENTA: I- AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. diversa da adotada no acórdão regional, de modo a perquirir a

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI ausência de um ou alguns dos requisitos da relação de emprego e

NOS 13.015/2014 E 13.467/2017. VIGÊNCIA DA IN Nº 40/TST rechaçar a tese de reconhecimento de vínculo empregatício, seria

PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO. NEGATIVA DE necessário reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL 1- Não houve, no recurso de instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126 do TST. 4-

revista, a transcrição dos trechos do acórdão de embargos de No tocante à constatação de grupo econômico, o TRT, com amparo

declaração opostos no TRT. Assim, a parte não demonstra que no conjunto fático probatório, notadamente nas provas testemunhal

instou a Corte regional a se manifestar sobre a alegada nulidade, e documental (contratos sociais), assentou que a Ibero Cruzeiros

sendo inviável o confronto analítico com a fundamentação jurídica Ltda. estava sob controle e direção das demais reclamadas, com

invocada pela parte. Decisão da SBDI-1 na Sessão de 16/03/2017 nítidas ingerência e afinidade socioeconômica entre elas. No ponto,

(E-RR-1522-62.2013.5.15.0067) e da Sexta Turma na Sessão de a Corte Regional registrou que "não subsiste a alegação de que o

05/04/2017 (RR-927-58.2014.5.17.0007). Logo, não atendidas as recorrido apenas comercializava a venda de pacotes turísticos

exigências do art. 896, § 1º-A, I e III, da CLT. 2- O entendimento relativos à embarcação. Isso porque a testemunha ouvida nos autos

jurisprudencial foi positivado na Lei nº 13.467/2017 que inseriu o afirma que foram contratadas pela Ibero Cruzeiros sendo que '

inciso IV no art. 896, § 1º-A, segundo o qual é ônus da parte, sob todos os contratados no navios era da Ibero Cruzeiros e usavam

pena de não conhecimento: "transcrever na peça recursal, no caso uniforme e p i n ; a Costa Crociere foi a empresa que incorporou a

de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de Ibero posteriormente; Ibero Cruzeiros definia a data de embarque e

prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que os detalhes do contrato; sem a carta de embarque, não era possível

foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no embarcar' ( f l . 573)." Ademais, do exame do contrato social da

recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os Ibero Cruzeiros Ltda., concluiu-se que um de seus núcleos de

embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da atuação é "atividade armatorial, através da realização de cruzeiro

ocorrência da omissão". 3- A Sexta Turma evoluiu para o marítimos". Nesses aspectos, para se chegar à conclusão diversa

entendimento de que, uma vez não atendidas as exigências da Lei da exposta pelo Tribunal Regional, seria necessário reexame de

nº 13.015/2014, fica prejudicada a análise da transcendência. 4- fatos e provas, a fim de constatar a ausência de controle e de

Agravo de instrumento a que se nega provimento. RELAÇÃO DE direção da Ibero Cruzeiros Ltda. pelas demais reclamadas, o que é

EMPREGO. RECONHECIMENTO. GRUPO ECONÔMICO 1- vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126

Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 2- Deve ser desta Corte. 5- Agravo de instrumento a que se nega provimento.

reconhecida a transcendência na forma autorizada pelo art. 896-A, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 1- Atendidos os requisitos do art.

§ 1º, parte final, da CLT (crit é rio " e outros " ) quando se mostra 896, § 1º-A, da CLT. 2- Exame de ofício da decisão recorrida: a

aconselh á vel o exame mais detido da controvérsia devido às Corte Regional constatou que a reclamante, além de ter declarado

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 431
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

hipossuficiência, encontra-se assistida pelo sindicato da categoria de modo a atrair a incidência da jurisdição interna. 6- Portanto,

profissional. No tocante à alegação patronal, no sentido de que o evidenciada a contratação de trabalhadora brasileira, no Brasil, para

SINDASP não representa a categoria profissional da reclamante, o trabalhar em navios de cruzeiro cuja navegação ocorreu tanto em

TRT destacou que a reclamada "não comprova nada a esse águas nacionais quanto internacionais, revela-se inarredável a

respeito, tampouco indica qual o sindicato que, de fato, representa competência da autoridade brasileira para processar e julgar a

os interesses da recorrida, ônus que lhe incumbia (art. 373, II, do ação, nos termos do artigo 21, III, do CPC/2015, porquanto se trata,

CPC de 2015)". 3- Não há transcendência política, pois não conjuntamente, de um ato (contratação) e de um fato sucedidos

constatado o desrespeito à jurisprudência sumulada do Tribunal (prestação de labor) neste país. Outrossim, robustece a incidência

Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal. 4- Não há da jurisdição nacional na hipótese em exame a ratio do artigo 651, §

transcendência social, pois não se trata de postulação, em recurso 2º, da CLT que estende a competência das Varas do Trabalho para

de reclamante, de direito social constitucionalmente assegurado. 5- julgar os dissídios ocorrido no exterior, desde que, como no caso, o

Não há transcendência jurídica, pois não se discute questão nova empregado litigante tenha nacionalidade brasileira e não exista

em torno de interpretação da legislação trabalhista. 6- Não se convenção internacional estabelecendo o contrário. 7- Quanto à

reconhece a transcendência econômica quando, a despeito dos legislação aplicável, ressalta-se inicialmente que a tese vinculante

valores da causa e da condenação, não se constata a relevância do do STF no julgamento do RE 636.331/RJ (Repercussão Geral -

caso concreto, pois a matéria probatória não pode ser revisada no Tema 2010) não trata de Direito do Trabalho, e sim de extravio de

TST, e, sob o enfoque de direito, não se constata o desrespeito da bagagem de passageiro: "Nos termos do art. 178 da Constituição da

instância recorrida à jurisprudência desta Corte Superior. 7- Não há República, as normas e os tratados internacionais limitadores da

outros indicadores de relevância no caso concreto (art. 896-A, § 1º, responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,

parte final, da CLT). 8- Agravo de instrumento a que se nega especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm

provimento. II- RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". 8- A

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEI Nos 13.015/2014 E jurisprudência majoritária do TST, quanto à hipótese de trabalhador

13.467/2017 EMPREGADO CONTRATADO NO BRASIL. LABOR brasileiro contratado para desenvolver suas atividades em navios

EM NAVIO DE CRUZEIRO INTERNACIONAL. COMPETÊNCIA DA estrangeiros em percursos em águas nacionais e internacionais, é

JUSTIÇA BRASILEIRA E LEGISLAÇÃO TRABALHISTA de que nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 7.064/82, aos

APLICÁVEL 1- Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. trabalhadores nacionais contratados no País ou transferidos do País

2- Há transcendência jurídica quando se constata divergência entre para trabalhar no exterior, aplica-se a legislação brasileira de

as Turmas do TST sobre a matéria. 3- A controvérsia diz respeito a proteção ao trabalho naquilo que não for incompatível com o

viabilidade, ou não, de incidência da jurisdição brasileira e de diploma normativo especial, quando for mais favorável do que a

aplicação da legislação nacional no caso envolvendo trabalhadora legislação territorial estrangeira. 9 - O Pleno do TST cancelou a

brasileira, contratada no Brasil, e que prestou serviços em águas Súmula nº 207 porque a tese de que "A relação jurídica trabalhista é

nacionais e internacionais a bordo de embarcação de bandeira regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por

portuguesa. 4- Na espécie, depreende-se dos trechos do acórdão aquelas do local da contratação" não espelhava a evolução

transcritos que a reclamante trabalhou como camareira tanto em legislativa, doutrinária e jurisprudencial sobre a matéria. E após o

águas nacionais como internacionais. Além disso, o TRT registrou cancelamento da Súmula nº 207 do TST, a jurisprudência

que a testemunha ouvida disse "que trabalhou junto com a autora; majoritária se encaminhou para a conclusão de que somente em

foram contratadas pela Ibero Cruzeiros; a contratação foi em princípio, à luz do Código de Bustamante, também conhecido como

Curitiba; fizeram cursos e processo seletivo através da empresa "Lei do Pavilhão" (Convenção de Direito Internacional Privado em

ISMBR; foram os entrevistadores da Ibero Cruzeiros que fizeram a vigor no Brasil desde a promulgação do Decreto nº 18.871/29),

seleção". 5- Consignou também que houve comprovação da aplica-se às relações de trabalho desenvolvidas em alto mar a

realização do processo seletivo por uma agência de recrutamento e legislação do país de inscrição da embarcação. Isso porque, em

seleção de pessoas no Brasil, razão por que a Corte Regional decorrência da Teoria do Centro de Gravidade, (most significant

reputou existente aqui, no mínimo, a pré-contratação da reclamante. relationship), as normas de Direito Internacional Privado deixam de

À luz desse panorama, sobretudo ao sopesar a prova oral ser aplicadas quando, observadas as circunstâncias do caso,

mencionada, o TRT concluiu que a reclamante foi contratada no verificar-se que a relação de trabalho apresenta uma ligação

Brasil e, ainda que em curtos períodos, prestou serviços neste país, substancialmente mais forte com outro ordenamento jurídico. Trata-

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 432
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

se da denominada "válvula de escape", segundo a qual impende ao CRUZEIROS DE BANDEIRA ESTRANGEIRA - LABOR PARCIAL

juiz, para fins de aplicação da legislação brasileira, a análise de EM ÁGUAS NACIONAIS - COMPETÊNCIA. Provado que o

elementos tais como o local das etapas do recrutamento e da reclamante foi recrutado no Brasil, onde recebeu treinamento, para

contratação e a ocorrência ou não de labor também em águas trabalhar como "assistente de garçom" em navios de cruzeiro, e que

nacionais. 10 - Nos termos do art. 3º da Lei n° 7.064/1982, a no período de 09 meses de contrato laborou por, pelo menos, 05

antinomia aparente de normas de direito privado voltadas à meses em águas nacionais, na denominada "temporada brasileira

aplicação do direito trabalhista deve ser resolvida pelo princípio da de cruzeiros, correta a decisão que reconheceu a incidência da

norma mais favorável, considerando o conjunto de princípios, regras legislação brasileira e a competência desta Justiça para apreciar a

e disposições que dizem respeito a cada matéria (teoria do demanda." (TRT-7 - RO: 0000358-77.2012.5.07.0016. Relator:

conglobamento mitigado). 11 - Não se ignora a importância das JEFFERSON QUESADO JUNIOR. Data de Julgamento:

normas de Direito Internacional oriundas da ONU e da OIT sobre os 06/05/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: 13/05/2013).

trabalhadores marítimos (a exemplo da Convenção das Nações Ademais, o TAC firmado perante o MPT não possui forma

Unidas sobre o Direito do Mar, ratificada pelo Brasil por meio do vinculante perante o Judiciário, posto que prevê condutas para os

Decreto n° 4.361/2002, e da Convenção n° 186 da OIT sobre Direito signatários, com aplicação das penalidades ali consignadas.

Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil). Contudo, deve-se aplicar Desse modo, não há que se falar em incompetência da Justiça

a legislação brasileira em observância a Teoria do Centro de Trabalhista Brasileira e nem a incidência da lei do pavilhão do navio.

Gravidade e ao princípio da norma mais favorável, que norteiam a E ainda, a recorrente, em seu apelo, limitou-se a ignorar o conteúdo

solução jurídica quanto há concorrência entre normas no Direito da sentença e a repetir o mesmo arrazoado já apresentado,

Internacional Privado, na área trabalhista. Doutrina. 12 - Cumpre restando manifesta a ausência de argumentos minimamente sólidos

registrar que o próprio texto da Convenção n° 186 da OIT sobre aptos a afastarem as conclusões alçadas pelo juízo de origem, o

Direito Marítimo - MLC, não ratificada pelo Brasil, esclarece que sua que atrai a conclusão de que a decisão atacada, por seu

edição levou em conta "o parágrafo 8º do Artigo 19 da Constituição detalhamento e qualidade, deve ser confirmada por esta Egrégia

da Organização Internacional do Trabalho, que determina que, de Corte, em relação aos pedidos ora discutidos e supra relacionados.

modo algum a adoção de qualquer Convenção ou Recomendação MULTA ART. 477 DA CLT

pela Conferência ou a ratificação de qualquer Convenção por Argumentam as reclamadas em suas razões recursais:

qualquer Membro poderá afetar lei, decisão, costume ou acordo que "O MM. Juízo a quo, apesar de reconhecer a inexistência de

assegure condições mais favoráveis aos trabalhadores do que as parcelas incontroversas, decidiu pela aplicação da multa prevista

condições previstas pela Convenção ou Recomendação". 13 - Não pelo art. 477, § 8º, da CLT. No entanto, tal entendimento não deve

afronta o princípio da isonomia a aplicação da legislação brasileira ser mantido, uma vez que somente houve o reconhecimento das

mais favorável aos trabalhadores brasileiros e a aplicação de outra verbas devidas em juízo.

legislação aos trabalhadores estrangeiros no mesmo navio. Nesse Sendo assim, não há que se falar em pagamento de multa por

caso há diferenciação entre trabalhadores baseada em critérios atraso nas verbas rescisórias, pois o eventual reconhecimento

objetivos (regência legislativa distinta), e não discriminação fundada posterior de certos direitos, mediante decisão judicial, não

em critérios subjetivos oriundos de condições e/ou características autorizaria a imposição da penalidade."

pessoais dos trabalhadores. 14- No caso, o TRT de origem, tendo Pleiteiam a improcedência da multa do art. 477 da CLT.

em vista que a prestação de trabalho ocorreu também em solo Sem razão.

nacional, concluiu que a legislação aplicável é a brasileira. Assim, o Referida multa incide quando não houver a quitação das parcelas

acórdão regional revela-se em consonância com a iterativa, notória constantes do instrumento de rescisão nos prazos estipulados no

e atual jurisprudência deste Tribunal Superior. Incidência do art. art. 477, §6º da norma consolidada, o que é o caso dos autos.

896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST. 15- Recurso de Ademais, o entendimento do TST, através da súmula 462, é no

revista de que não se conhece" (ARR-1370-79.2015.5.09.0012, 6ª sentido de que, mesmo que a relação de emprego tenha sido

Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT reconhecida em juízo, não afasta a incidência da multa. Vejamos:

14/02/2020)." "MULTA DO ART. 477, §8º DA CLT. INCIDÊNCIA.

Este relator já entendeu em processos anteriores pela aplicação da RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO

legislação nacional. Vejamos: A circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida

"CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO TRIPULANTE DE NAVIO DE apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 433
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida pagamento de qualquer indenização por dano moral, pelo que deve

apenas quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora ser reformada a sentença de origem, para excluir da condenação a

no pagamento das verbas rescisórias." indenização por danos morais face à exigência de exames.

Reporto-me ainda aqui ao julgado do processo supra citado, JUSTIÇA GRATUITA

0001997-66.2017.507.00013, no qual o juiz a quo bem analisa que No que pertine à concessão dos benefícios da justiça gratuita à

"A multa do art. 477 da CLT é devida porque a reclamada não reclamante, correto o decisum.

efetuou o pagamento das verbas rescisórias devidas no prazo legal, A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe:

preferindo assumir o risco de ver reconhecida essa obrigação em "É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

juízo." tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

Com isso, nego provimento ao apelo das reclamadas a fim de requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

manter o decisum no tocante à condenação das empresas no quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

pagamento da referida multa. igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

DANOS MORAIS POR EXIGÊNCIA DE EXAMES ADMISSIONAIS benefícios do Regime Geral de Previdência Social."

As reclamadas aduzem que o dano moral não resta configurado, Assim, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do

alegando que a exigência de exames prévios visa a adoção de RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor,

cautelas necessárias face à peculiaridade do trabalho que era deve provar sua condição.

desenvolvido em alto mar. Ademais, a exigência de exames pré- No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou

contratação, por si só, não gera ofensa à honra ou a qualquer outro regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a

valor subjetivo do trabalhador. concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par

Razão lhes assiste. com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a

Restou incontroverso que as reclamadas exigem, na pré- concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40%

contratação, exames de HIVe toxicológico dos trabalhadores. do limite máximo dos benefícios do RGPS.

A reclamação alberga aspectos jurídicos de grande monta, de que é Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a

exemplo o pedido de indenização por danos morais por terem as reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à

reclamadas exigido à autora a realização de exames de HIVe gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de

toxicológico, antes de sua contratação, cujo reconhecimento hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu

depende de provas robustas de que tal exigência tenha causado próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta

efetivo abalo moral na autora (dano efetivo). em contrário.

A exigência desses exames, por si só, não caracteriza conduta Incumbia às reclamadas demonstrarem que a reclamante ostenta

discriminatória das reclamadas, nem mesmo é capaz de causar condição econômica diversa, desiderato do qual não se

ofensa à honra da reclamante, haja vista a peculiaridade do trabalho desvencilhou.

da obreira, em cruzeiros marítimos, ficando diversos dias em alto Desse modo, mantém-se os benefícios da Justiça Gratuita à parte

mar, sem acesso a serviços médicos especializados ou mesmo reclamante, tendo em vista que há nos autos declaração de pobreza

hospitais e remédios específicos. Não se desconhece que haja de próprio punho, Id 772dafd, presumindo-se a sua incapacidade

serviço médico a bordo do navio, mas o mesmo é restrito, em razão financeira (art. 790, § 4º da CLT c/c art. 99, § 3º do CPC).

de ser bastante limitado, posto desenvolvido, repita-se, em alto mar, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA

sem estrutura para realização de exames específicos. RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE.

Assim, vislumbro que a exigência de exames prévios à admissão No tocante aos honorários sucumbenciais a cargo da reclamante,

visa à proteção dos empregados e de todos os passageiros do em que pese não haver pedido de exclusão da condenação no

navio, sendo obrigação das reclamadas a garantia de segurança da recurso ordinário interposto pela obreira, o art. 85 do CPC impõe a

tripulação e dos passageiros. Ademais, a autora deixou o trabalho análise de referida matéria, posto que seus ditames são

não porque se sentiu violada em sua honra por conta dos exames obrigatórios, devendoo juiz fazer a fixação.

prévios. Muito pelo contrário, firmou dois contratos com as Ademais, referida obrigação é acessória da sentença e, por força

reclamadas, o que demonstra a sua satisfação. de lei e de decisão vinculante em ação direta de

Ante o acima exposto, a conduta das reclamadas não constitui ato inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de

ilícito passivo de indenização, não fazendo jus a reclamante ao ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 434
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2019, ou seja, após Desembargador Relator

a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou Diretor de Secretaria

a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §4º, da Consolidação das


Processo Nº ROT-0000300-32.2020.5.07.0004
Leis do Trabalho (CLT). Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
A mencionada decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo RECORRENTE LUCAS BERNARDO COSTA
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB:
791-A, §4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, 19605/CE)
portanto, a regra celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência RECORRIDO ITAU UNIBANCO S.A.
ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB:
recíproca ao trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou- 8736/AL)
se inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento
Intimado(s)/Citado(s):
de honorários em favor dos advogados das reclamadas, os quais
- LUCAS BERNARDO COSTA
devem ser excluídos da condenação.

Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso da reclamante e

dá-se parcial provimento ao apelo das reclamadas para excluir da

condenação a indenização por danos morais. PODER JUDICIÁRIO


JUSTIÇA DO

CONCLUSÃO DO VOTO

Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de incompetência e, no


EMENTA
mérito, negar provimento ao recurso da reclamante e dar parcial

provimento ao recurso das reclamadas, para excluir da condenação


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO
a indenização por danos morais, determinando, ainda, de ofício, a
RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO
exclusão da condenação da autora no pagamento de honorários em
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu
favor do advogado dos reclamados, com base na declaração de
ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque
inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI
comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§
5766. Custas inalteradas.
3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de
DISPOSITIVO
imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766,
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a
os honorários advocatícios a cargo do reclamante.
preliminar de incompetência e, no mérito, negar provimento ao
RECLAMANTE- SUBSTITUIÇÕES- DEFERIMENTO. Restando
recurso da reclamante e dar parcial provimento ao recurso das
evidenciado nos autos, que o reclamante substituiu colegas de
reclamadas, para excluir da condenação a indenização por danos
trabalho, recebendo outras atribuições, sem ter percebido o
morais, determinando, ainda, de ofício, a exclusão da condenação
valor devido para tanto, correta a sentença ao deferir as
da autora no pagamento de honorários em favor do advogado dos
diferenças salariais postuladas pelo mesmo.
reclamados, com base na declaração de inconstitucionalidade

proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Custas inalteradas.


RELATÓRIO
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
O MM Juízo da 4ª Vara do Trabalho de Fortaleza julgou procedente
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
em parte a reclamação trabalhista ajuizada por LUCAS
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
BERNARDO COSTA, condenando o reclamado, ITAÚ UNIBANCO
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
S.A., no pagamento de diferenças salariais decorrentes da
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
substituição da gerente Suzane Pires e do gerente Rafael Sousa da
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
Silva, além de honorários sucumbenciais, tudo na forma ali

discriminada.
JEFFERSON QUESADO
O reclamante interpôs embargos de declaração de ID. 4ff41f1e e o

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 435
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

reclamado de ID. 739be74 que foram julgados parcialmente líquida, o que foi atendido pela parte reclamante, possibilitando ao

procedentes nos termos da sentença de ID-3392cc5. reclamado sua compreensão e apresentação de ampla defesa.

Em seu recurso ordinário de ID. cae35e5, pede o reclamante o No caso dos autos, verifica-se que o reclamante afirmou que

deferimento das horas extras, na forma postulada na inicial. Insurge substituiu os empregados Rafael Silva e Suzane Pires durante os

-se, ainda, quanto a condenação de honorários advocatícios de respectivos períodos de férias (fl. 8).

sucumbência. Nesse passo, não há o que se falar em inépcia, considerando que o

Por sua vez o reclamado, em seu apelo de ID. 6eabee2, pede a banco reclamado tem exata ciência dos períodos de férias dos

nulidade da sentença dos embargos de declaração, bem como a colaboradores referidos na inicial, podendo contestar e exercer seu

inépcia da inicial, quanto ao pedido de substituição. No mérito, pede direito à ampla defesa com base nas informações que possui.

o indeferimento quanto aos pedidos de substituição e alega a Como se verá na análise meritória, o gerente Rafael Silva, um dos

existência de julgamento ultra petita quanto ao deferimento relativo empregados apontados na exordial, atuou como testemunha

as parcelas de "AGIR TRILHAS" E "PRÊMIO MENSAL TRILHAS". defensiva durante a instrução processual, indo de encontro à

Insurge-se, ainda, quanto a concessão dos benefícios da Justiça afirmação contida na contestação de que não há gerente de nome

Gratuita ao reclamante. Tece considerações acerca dos honorários Rafael Silva nas agências em que o reclamante trabalhou."

advocatícios, juros , correção monetária, contribuições MÉRITO

previdenciárias. No tocante ao pedido de reforma quanto ao deferimento das

Contrarrazões ao recurso ordinário do reclamante de ID. 1313457 e substituições, nada a alterar na sentença, devendo ser mantida a

ao recurso ordinário da reclamada de ID. fde0386. decisão de ID-a0cb614, complementada com os esclarecimentos da

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho sentença proferida em razão dos embargos de declaração de ID-

para emissão de parecer. 3392cc5, na forma a seguir transcrita:

É O RELATÓRIO. "Aduz o reclamante que atuou como substituto dos empregados

Rafael Silva e Suzane Pires, ambos ocupantes do cargo "gerente

FUNDAMENTAÇÃO uniclass", durante os respectivos períodos de férias, porém sem

perceber qualquer acréscimo salarial daí decorrente, razão pela

DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO qual postula as correspondentes diferenças salariais, com reflexos

Inicialmente, recebo o recurso ordinário do reclamado, pois, em férias + 1/3, 13º salário, horas extras pagas e não pagas e

preenchidos os requisitos necessários a sua admissibilidade, em verbas rescisórias (décimo terceiro salário proporcional, férias

seu efeito devolutivo, na forma prevista no artigo 899 da CLT. proporcionais e terço constitucional de férias e FGTS).

Rejeita-se o pedido de nulidade da sentença proferida em sede A reclamada nega qualquer tipo de substituição com relação ao

embargos de declaração, tendo em vista que naquela ocasião, o empregado Rafael Silva, afirmando que não localizou registro do

Juízo "a quo" analisou os pedidos contidos nos declaratórios de referido empregado laborando nas mesmas agências em que o

ambas as partes, ali fazendo constar os esclarecimentos que reclamante prestou seus serviços.

entendeu necessários. No que tange à empregada Suzane Pires, aduz que esta não gozou

Inacolhe-se o pleito de julgamento ultra petita, quanto ao 30 (trinta) dias corridos de férias em 2019; que, na condição de

deferimento relativo as parcelas de "AGIR TRILHAS" E "PREMIO "gerente uniclass", não poderia ser substituída por empregado

MENSAL TRILHAS", vez que o juízo "a quo", analisou os autos ocupante do cargo do reclamante, sendo necessário possuir CPA

dentro dos limites contidos na inicial. 10 e procuração, o que não era o caso; que ambos os empregados

Melhor sorte não assiste ao reclamado, quanto ao pedido de não laboraram na mesma agência; e que o autor, quando muito,

inépcia, devendo ser mantida a decisão proferida pelo Juízo "a quo" auxiliou em parte das tarefas por ela deixadas, isso porque, durante

nos seguintes termos: eventual ausência por férias, licenças, realização de cursos, ou

" Argui o reclamado preliminar de inépcia da petição inicial, no que outras razões, as atribuições de um gerente uniclass eram divididas

tange ao pedido de salário substituição, por ausência de dentre os demais colaboradores com o mesmo cargo e até com os

especificação das datas e locais em que o reclamante alega ter superiores hierárquicos".

substituído os empregados citados na exordial. Analiso.

Nos termos do art. 840, §1º, da CLT, a petição inicial trabalhista O direito ao recebimento de salário igual ao do empregado

deve trazer uma breve exposição dos fatos e os pedidos de forma afastado, nos casos de substituição não eventual, é pacífico na

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 436
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

jurisprudência pátria através da Súmula nº 159 do TST, que fala, funcionários tanto da parte operacional quanto comercial, que são

expressamente, nas substituições ocorridas em razão de férias: designados para substituir em férias;"

"SUM-159 SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E Os fatos afirmados pela citada testemunha defensiva corroboram os

VACÂNCIA DO CARGO (incorporada a Orientação Jurisprudencial fatos narrados na inicial, estando, ainda, alinhados com as

nº 112 da SBDI-I) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 informações prestadas pela segunda testemunha do reclamante,

- Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter senão vejamos:

meramente eventual, inclusive nas férias, o empregado substituto "[...] que no período em que trabalhou com o reclamante havia um

fará jus ao salário contratual do substituído. (ex-Súmula nº 159 - gerente de nome Rafael e outra de cujo nome não se recorda; que o

alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) (...)" depoente trabalhava na área operacional, mas estava sempre em

No caso dos autos, verifico que o reclamante provou de maneira contato com o pessoal da área comercial; que quando o gerente

satisfatória os fatos constitutivos de seu direito, senão vejamos. Uniclass tirava férias, alguém era designado para ficar no lugar

Com relação à substituição do gerente Rafael Silva, o fato de este dele; que o reclamante chegou a substituir os 2 gerentes Uniclass

ter sido ouvido como testemunha defensiva desconstitui, por que estavam na agência durante as férias de ambos, não lembra

completo, as alegações do reclamado de que sequer localizou o exatamente a quantidade de dias de férias, mas tiravam entre 20 e

citado empregado nas agências onde o reclamante prestou 30 dias; que ninguém tinha alçada na agência, tudo era liberado

serviços. pela mesa de crédito; que normalmente os gerentes Uniclass eram

Ora, não só o empregado apontado como substituído compareceu a substituídos pelos agentes comerciais, mas não se recorda se a

Juízo para depor, como afirmou, categoricamente, que laborou com agente de nome Cíntia chegou a substituir algum gerente; que não

o reclamante e que as substituições , contrariando a tese defensiva se lembra qual dos dois gerentes tirou férias antes e nem quais os

e as dos gerentes se davam pelos agentes comerciais afirmações períodos de férias; (...) que o gerente Uniclass fazia atendimento e

da preposta do reclamado, conforme se vê do trecho do depoimento visita a clientes, abertura de contas, solicitação de empréstimos e o

abaixo colacionado (fl. 3.365): agente comercial tinha como atribuições solicitar a abertura de

"(...) que trabalhou com o reclamante na agencia 0667 - Centro, não contas, solicitava empréstimos, atendia clientes, vendia produtos,

lembrando exatamente o período que trabalhou com o reclamante, sendo a diferença entre eles é que o gerente Uniclass tinha uma

sabendo que foi até março de 2018, pois foi quando o depoente carteira de clientes própria para cuidar; que nas férias do gerente

saiu da agência, acreditando que trabalharam juntos por Uniclass, era o agente comercial quem substituía; [...]"

aproximadamente 6 meses, mas não lembra ao certo; que não se Sobre a testemunha em questão, importa destacar que, a princípio,

recorda se tirou algum período de férias enquanto trabalhava com o o depoimento prestado se mostrou um tanto frágil, visto que afirmou

reclamante; que quando tirava férias, normalmente o gerente geral com exatidão o período em que laborou com o reclamante, não

colocava um agente comercial para atender os clientes do depoente sabendo precisar a época em que trabalhou com outros colegas,

durante suas férias, para que o agente comercial pudesse se quando indagado por este Juízo.

aprimorar melhor e se qualificasse para uma eventual promoção; A reclamada, no entanto, não produziu contraprova neste tocante.

que além do atendimento aos clientes, as demais atribuições do Pelo contrário, as informações acerca da dinâmica dos cargos

gerente Uniclass iam para o agente comercial, pois não havia nada "gerente uniclass" e agente comercial, incluindo atribuições e

de excepcional nelas, todos faziam, com exceção do Pague e substituições durante os afastamentos dos primeiros, foram

Devolve, que é a compensação de cheques, isso era feito pelo prestadas em consonância com as afirmações da primeira

gerente geral; que geralmente é escolhido um agente comercial testemunha do reclamado (gerente Rafael Silva), conduzindo este

específico para substituir o gerente Uniclass (...)" Juízo a concluir pela veracidade dos fatos narrados na exordial.

O depoimento da testemunha da reclamada Rafael Silva contraria Verificando os afastamentos dos gerentes substituídos, verifico que

frontalmente as declarações da preposta, que afirmou: a gerente Suzana Pires não ficou 30 (trinta) dias em férias

" que nas férias do gerente Uniclass, suas alçadas vão para o contínuas, mas apenas 20 (vinte) dias, na forma apontada na

gerente geral da agencia (GGC) e os atendimentos são realizados contestação (fl. 3.275).

por outro gerente Uniclass e se o cliente for comprar um produto o Dessa forma, conforme consta acertadamente na sentença dos

gerente geral é quem autoriza no sistema; que dessa forma, as embargos de declaração mantém-se o deferimento das

atribuições do gerente são rateadas entre o GGC e outro gerente substituições pretendidas pelo autor, na forma a seguir transcrita:

Uniclass, mas o banco também tem a figura do USO, que são "O depoimento pessoal do reclamante exclui o direito à substituição

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 437
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da gerente Suzane no período de férias desta gozado em Analiso.

Dezembro de 2018, pois aquele afirmou que substituiu os gerentes Da leitura atenta da defesa do reclamado, verifica-se que este refuta

Rafael e Suzane no período compreendido entre junho de 2016 e as alegações de recebimento de comissões e afirma que a parcela

julho de 2018 (fl.1.909). O depoimento da testemunha defensiva prêmio foi paga com as devidas integrações sem, entretanto, fazer

Rafael (paradigma): afirmou que trabalhou com o reclamante por qualquer menção à rubrica "trilhas mensal" apontada pelo

aproximadamente 6 (seis) meses, até março de 2018. Não existem reclamante, deixando de esclarecer a natureza de tal parcela.

provas documentais comprobatórias dos períodos de férias do Os contracheques juntados pelo próprio reclamado demonstram o

gerente Rafael, por isso foi arbitrada a substituição por apenas um efetivo pagamento em diversos meses do contrato de trabalho, da

período, 30 (trinta) dias, referente ao período concessivo verba em questão, sob as rubricas "trilhas mensal", "agir trilhas" ou

2017/2018, e não 2019, como consta na sentença. "premio mensal trilhas", sempre desacompanhada da integração no

Desta forma, restam deferidas as substituições na forma abaixo repouso semanal remunerado, como alega o reclamado.

discriminada: Com relação às verbas pagas expressamente sob a rubrica prêmio,

diferenças salariais decorrentes da substituição da gerente Suzane entretanto, os demonstrativos de pagamento juntados aos autos, a

Pires, ora arbitradas como ocorrendo em todos os períodos de exemplo do referente ao mês de outubro de 2016 (fl. 2.152),

férias gozados por esta no ano de 2018 (com exceção das férias de comprovam o pagamento regular da parcela, com as devidas

dez /18), totalizando 30 (trinta) dias - de 16/04/2018 a 30/04/2018 e repercussões no repouso semanal remunerado, conforme afirmado

de 16/07/2018 a 30/07/2018; e do gerente Rafael Sousa da Silva, pelo reclamado.

durante o seu período de férias, ora arbitrado em 30 (trinta) dias (de Desta feita, defiro o pleito de integração ao salário das parcelas

01/10/2017 a 30/10/2017 - diante da ausência de juntada de variáveis pagas sob as rubricas "trilhas mensal", "agir trilhas" e

documentação alusiva às férias do funcionário em questão), em "premio mensal trilhas", condenando o reclamado ao pagamento

ambos os casos observado o valor do salário do "gerente uniclass", dos reflexos respectivos no repouso semanal remunerado, sábados

com reflexos em férias + 1/3, 13º salário e FGTS;" e feriados, férias + 1/3, 13º salários e FGTS, tudo a ser apurado em

Esclareço, ainda, que as diferenças salariais deverão levar em liquidação de sentença, conforme os contracheques de fls.

consideração o salário base e eventual gratificação de função do 2.125/2.190.

substituído, visto que reconhecido que o reclamante exercera a Indefiro os reflexos em PLR, visto que a remuneração do

função correlata durante a substituição, tendo o salário e a reclamante não serve de base de cálculo para a parcela em

gratificação natureza jurídica salarial. questão."

Não deverão ser considerados nos cálculos eventuais prêmios, Mantém-se o deferimento dos benefícios da justiça gratuita , vez

adicionais por tempo de serviço e comissões, visto que se trata de que pela simples declaração de não estar em condições de custear

parcelas personalíssimas dos substituídos." a demanda sem prejuízo do próprio sustento ou de seus familiares,

Nada reformar,também, quanto a integração das comissões e o autor se torna credor da assistência judiciária gratuita, uma vez

prêmios, devendo ser mantida a decisão recorrida, na forma a que referida declaração faz prova (relativa) acerca de sua condição

seguir transcrita: de miserabilidade, tal qual exigido pelo §4º do art. 790 da CLT, com

Das comissões e prêmios. Habitualidade. redação pela Lei n. 13.467/17.

Pugna o reclamante, ainda, pela integração das parcelas variáveis Para inviabilizar a concessão do benefício em comento, portanto,

recebidas em todos os meses do contrato de trabalho sob as caberia à reclamada produzir prova robusta em sentido contrário,

rubricas de comissões, prêmios e "trilhas mensal", em razão de sua capaz de esvaziar a presunção de veracidade da declaração de

natureza salarial. pobreza, o que não se verifica no caso concreto.

O reclamado, por sua vez, impugna o pleito aduzindo que o As contribuições previdenciárias, juros e correção monetários

reclamante não recebia comissões e que "o pagamento da encontram-se todos estabelecidos na forma da legislação aplicável,

premiação é feito aos empregados elegíveis, no mês subsequente à nada havendo a ser reformado.

efetivação da venda, sendo que os valores sempre foram DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

discriminados nos contracheques, inclusive as integrações no RSR Em seu recurso ordinário de ID. cae35e5, pede o reclamante o

(repouso semanal remunerado), conforme exemplos a seguir: deferimento das horas extras, na forma postulada na inicial. Insurge

"prêmio seguro-RSR", "prem. previdência.-RSR", entre outros -se, ainda, quanto a condenação de honorários advocatícios de

tantos". sucumbência.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 438
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

O Juízo "a quo", bem apreciou a questão pertinente ao pedido de ponto, se mostrou dividida.

horas extras, devendo se mantida, conforme a seguir transcrito: Isto porque as testemunhas autorais afirmaram que laboravam além

"Aduz a reclamante que laborou em prol do reclamado, de da jornada de 6 (seis) horas diárias, sem qualquer compensação de

02/03/2015 a 02/01/2019, na função de agente comercial, e que, jornada e marcando o ponto com horários distintos daqueles

inobstante o fato de ter sido contratada para prestar jornada de 6 efetivamente prestados (realizando atividades que não exigiam o

(seis) horas diárias, com 15 (quinze) minutos de intervalo uso do computador, já que este só era possível com o ponto batido,

intrajornada, na prática, laborava das 09h00min às 18h00, com 15 ou fazendo um acerto no ponto); ao passo que as testemunhas

(quinze) minutos de intervalo intrajornada, de segunda a sexta, defensivas informaram que os agentes comerciais prestavam

informando que referida jornada não era regularmente registrada jornada de 6 (seis) horas diárias, sendo compensado o labor além

nos cartões de ponto. da 6ª hora ou remuneradas as horas extras, respeitado o limite de 2

Requer, portanto, a condenação do reclamado ao pagamento das (duas) horas diárias, sendo os acertos no ponto restritos a algumas

horas extraordinárias excedentes da 6ª hora diária e 30ª hora situações excepcionais, conforme afirmado de forma bastante

semanal, integradas aos DSR's (incluídos os dias de sábado e assertiva pela 1ª testemunha do reclamado.

feriados, nos termos do parágrafo 1º da Cláusula 8ª da Convenção Os cartões de ponto confirmam, ainda, a afirmativa da 2ª

Coletiva de Trabalho da categoria), com reflexos em 13º salários, testemunha da reclamada de que era praxe dos agentes comerciais

férias + 1/3, aviso prévio, PLR e FGTS . gozar intervalo intrajornada de 30 (trinta) minutos, com

Pugna, também, pelo pagamento das horas extras decorrentes da compensação dos 15 (quinze) minutos excedentes ao final da

redução do intervalo intrajornada, com natureza salarial, em razão jornada, fato que se observa em praticamente todos os dias de

da irretroatividade das normas trazidas pela Lei nº 13.467/2017 trabalho.

(Reforma Trabalhista) Diante de tais fatos, ainda que a prova emprestada de fl. 32/33

Aduz a reclamada que os controles de ponto juntados aos autos traga depoimento pessoal de preposto da reclamada contendo

demonstram de maneira fidedigna os horários de trabalho, afirmações em conformidade com as alegações autorais, deve

constando, inclusive, eventuais horas extras laboradas além da 6ª prevalecer a prova produzida nos presentes autos, ante à sua

diária, labor este que era devidamente remunerado ou compensado. especificidade em relação ao caso concreto. Apenas seria razoável

Afirma, também, que o reclamante sempre gozou seu intervalo se socorrer da prova emprestada caso a prova oral aqui produzida

intrajornada de forma regular, sendo de 15 (quinze) minutos, em deixasse de versar sobre todos os aspectos debatidos de maneira

razão da jornada de 6 (seis) horas diárias prevista no do art. 224 da satisfatória, o que não ocorreu. Afasto, dessarte, as alegações

CLT, caput. trazidas pelo reclamante em sede de razões finais nas quais ratifica

Analiso. o requerimento de utilização da prova emprestada acostada ao

Para apreciação da controvérsia envolvendo a jornada de trabalho feito.

necessária a apresentação dos registros de ponto que se Por fim, importante ressaltar que a amostragem apresentada pelo

encontram em poder da demandada. reclamante só leva em conta os horários excedidos, não

Observo que, com a contestação, foram juntados aos autos os considerando diversos dias em que houve jornada inferior a 6 (seis)

cartões de ponto de fls. 1.861/1.920, abrangendo todo o contrato de horas diárias, com efetiva compensação de jornada regularmente

trabalho, com horários variáveis e marcação de intervalo convencionada entre as partes.

intrajornada de, no mínimo, 15 (quinze) minutos, além de acordo Assim, inexistindo prova robusta capaz de infirmar o conteúdo dos

individual de compensação de jornada de fl. 1.834, tendo se controles de ponto apresentados, indefiro os pleitos de horas extras

desincumbido a contento do ônus que lhe competia, a teor do item I excedentes à 6ª diária e intervalares e respectivos reflexos."

da Súmula nº 338 do TST. Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, verifica-se

Nesse passo, cabia à parte reclamante desconstituir as informações que a presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº

presentes nos controles de jornada, por meio de prova robusta, 13.467/2017, e que a sentença concedeu ao autor os benefícios da

ônus do qual não se desincumbiu a contento. justiça gratuita, o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de

Com efeito, em que pese a alegação autoral de que os horários imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766

constantes nos cartões de ponto não condiziam com a jornada (20.10.2021), que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A,

efetivamente laborada, a prova testemunhal produzida pelas partes, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

no que tange à validade dos registros contidos nos cartões de Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 439
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Processo Nº ROT-0000482-27.2020.5.07.0001
4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao RECORRENTE GEISIANE DO NASCIMENTO PIO
ADVOGADO LUIZ AUGUSTO GUIMARAES
trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se WLODARCZYK(OAB: 24064-B/CE)
inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de ADVOGADO Helen Luiza Korobinski Mendes(OAB:
24227/CE)
honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA
FILHO(OAB: 22155/CE)
devem ser excluídos da condenação.
ADVOGADO AMANDA MONTENEGRO
CARVALHO(OAB: 28800/CE)
RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
CONCLUSÃO DO VOTO
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar nulidade da sentença RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
dos embargos de declaração, inépcia da inicial e julgamento ultra JUNIOR(OAB: 9075/CE)
petita e, no mérito, negar provimento ao recurso do reclamado e dar RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
parcial provimento ao recurso do reclamante, determinando a RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
exclusão da condenação do autor no pagamento de honorários em ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
favor do advogado da reclamada, com base na declaração de RECORRIDO GEISIANE DO NASCIMENTO PIO
inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI ADVOGADO LUIZ AUGUSTO GUIMARAES
WLODARCZYK(OAB: 24064-B/CE)
5766. Mantido o valor da condenação ADVOGADO Helen Luiza Korobinski Mendes(OAB:
24227/CE)
ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA
DISPOSITIVO FILHO(OAB: 22155/CE)
ADVOGADO AMANDA MONTENEGRO
CARVALHO(OAB: 28800/CE)
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
Intimado(s)/Citado(s):
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
- GEISIANE DO NASCIMENTO PIO
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a

preliminar nulidade da sentença dos embargos de declaração,

inépcia da inicial e julgamento ultra petitae, no mérito, negar

provimento ao recurso do reclamado e dar parcial provimento ao PODER JUDICIÁRIO

recurso do reclamante, determinando a exclusão da condenação do JUSTIÇA DO

autor no pagamento de honorários em favor do advogado da

reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade


EMENTA
proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Mantido o valor da
DESVIO DE FUNÇÃO NÃO CONFIGURADO. Não há nos autos
condenação.
nenhuma prova específica acerca das atribuições que deveriam ser
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
desenvolvidas pelas funções de caixa, supervisor de atendimento e
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
assistente de gerente, bem como de que a reclamante
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
desempenhasse qualquer atividade diferente daquela para a qual foi
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
contratada, portanto, indevidas as diferenças salariais e reflexos daí
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
decorrentes.
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE PROVA. NÃO DEFERIMENTO.

Não tendo a reclamante logrado êxito em demonstrar que os

controles de ponto trazidos aos autos possuem qualquer


JEFFERSON QUESADO
irregularidade, de par com o fato de que as testemunhas

informaram que batiam o cartão de ponto nos horários efetivamente


Desembargador Relator
trabalhados, indevidas as horas extras pleiteadas.
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA

RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu à
Diretor de Secretaria
reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada

sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 440
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ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos horas extras.

da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Contrarrazões da reclamada (Id 65696b3) e da reclamante (Id

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das cbfd622), onde alega que o recurso da ré não deve ser

Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários conhecimento, face à ausência de dialeticidade.

advocatícios a cargo da reclamante, os quais devem ser excluídos Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho

da condenação. para emissão de parecer.

Recursos conhecidos, sendo improvido o da reclamante e FUNDAMENTAÇÃO

parcialmente provido o da reclamada. I- ADMISSIBILIDADE

RELATÓRIO PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE ARGUIDA

O MM. Juízo da1ª Vara do Trabalho de Fortaleza, por meio da PELA RECLAMANTE EM CONTRARRAZÕES

sentença (Id 6524beb), julgou procedentes em parte os pedidos Alega a reclamante que o recurso da reclamada não combate os

constantes na ação movida por GEISIANE DO NASCIMENTO PIO fundamentos da sentença, pelo que não deve ser conhecido.

em face de BANCO BRADESCO S.A., condenando o reclamado a Sem razão.

pagar as diferenças salariais e reflexos decorrentes do desvio de O art. 1.010 do CPC prevê o seguinte:

função (acréscimo de 30% sobre o salário base), pagar 15 minutos "Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo

por dia pela não concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT, de primeiro grau, conterá:

no período de 05.01.2016 a 13.07.2017, levando-se em conta os I - os nomes e a qualificação das partes;

horários constantes nos cartões de ponto, além de condenar ambas II - a exposição do fato e do direito;

as partes a pagar honorários advocatícios em 10%. III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de

Embargou de declaração a reclamante (Id 440c180), os quais foram nulidade;

julgados improcedentes (Id 89cd065). IV - o pedido de nova decisão. "

Inconformado, recorre ordinariamente o reclamado (Id d471ac6), Compulsando os autos, verifica-se que o recurso da reclamada

alegando, preliminarmente, a inépcia da inicial, considerando que a preenche as exigências do artigo supratranscrito, tendo exposto os

reclamante não trouxe aos autos quais seriam as atividades de fatos e o direito, com as razões do pedido da reforma da decisão,

cada função as quais indicou que acumulava. No mérito, aduz que além de possuir o nome e a qualificação das partes.

não havia desvio de função e que a reclamante não exerceu Assim, constata-se que estão presentes todos os fundamentos de

qualquer atividade alheia à função de caixa. Aduz que o art. 384 foi fato e de direito necessários para eventual reforma da sentença

revogado pela reforma trabalhista e que, mesmo antes disso, era recorrida, não havendo que se falar em violação ao princípio da

inconstitucional, considerando que feria o princípio da igualdade dialeticidade. Preliminar indeferida.

entre homens e mulheres. Alega, ainda, que eventual Dessa forma, considerando que os recursos preenchem as

descumprimento do previsto no art. 384, geraria apenas uma exigências processuais no que tange aos pressupostos, merecem

sanção administrativa. Requer a exclusão do pagamento de os mesmos ser conhecidos.

honorários advocatícios, considerando que não preenchidos os II - PRELIMINAR

requisitos para concessão, que sejam indeferidos os benefícios da INÉPCIA DA INICIAL

justiça gratuita para a reclamante, posto que a mesma não fez Alega o reclamado que a inicial é inepta, haja vista que a

prova nesse sentido, bem como que a correção monetária seja reclamante não trouxe aos autos quais seriam as atividades de

aplicada com base no art. 459 da CLT e que os juros de mora sejam cada função e quais as que ela acumulava. Sem razão.

computados somente a partir da distribuição da ação. Por fim, O que se observa da simples leitura da petição inicial é uma

requer sejam descontados dos créditos da reclamante os valores pretensão coerente e fundamentada, onde existem todos os dados

previdenciários e fiscais, bem como que seja retido o Imposto de necessários ao exame do mérito e à ampla defesa da reclamada.

Renda devido pela obreira. Ademais, a mesma preenche os requisitos constantes no art. 840,

Também inconformado, recorre a reclamante (Id 9db8380), da CLT. De par com isso, a alegativa se confunde com o próprio

alegando que são devidas as horas extras além da 6ª, bem como as mérito e será abaixo examinada. Rejeita-se, pois.

relativas à não concessão do intervalo intrajornada, considerando III - MÉRITO

que a prova testemunhal foi suficiente para demonstrar a invalidade RECURSO DA RECLAMADA

dos cartões de ponto, nos quais eram registradas apenas algumas JUSTIÇA GRATUITA

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 441
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Deve ser registrado que a presente ação foi ajuizada em 2020, funções, entende-se que o mesmo se obrigou a todo e qualquer

portanto após a entrada em vigor da reforma trabalhista. serviço compatível com sua função. Vejamos:

A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: "Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita

"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos pelas anotações constantes da carteira profissional ou por

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, em direito.

inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula

perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) expressa e tal respeito, entender-se-á que o empregado se

do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua

Previdência Social." condição pessoal." (grifo nosso)

Ou seja, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do Portanto, o empregado não está adstrito a apenas uma tarefa ou

RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor, função.

deve provar sua condição. Dessa forma, vê-se que, para ser configurado o desvio de função, é

No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou necessário que ao trabalhador sejam impostas funções diferentes e

regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a incompatíveis com aquelas para as quais fora contratado.

concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par A primeira testemunha ouvida em juízo (Id 9a97dc6) informa que,

com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a como a agência era pequena, já viu a reclamante fazendo o

concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40% abastecimento de numerário das máquinas de autoatendimento e

do limite máximo dos benefícios do RGPS. que era a gerente geral que indicava quais as tarefas que os

Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a funcionários iriam fazer. Mas como podemos saber se a função da

reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à reclamante não englobava o abastecimento nas máquinas? Não se

gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de sabe, porque a reclamante não cuidou em juntar a especificação

hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu das tarefas.

próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta A segunda testemunha, por sua vez, indica que a reclamante

em contrário. ajudava, em algumas ocasiões, no atendimento a clientes, mas

Assim, fica mantida a concessão à reclamante dos benefícios da também não tem como ser verificado se não estaria incluída na

justiça gratuita. função da obreira.

DESVIO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS De parte com isso, não vejo qualquer incompatibilidade da função

Alega a reclamante que, apesar de ser caixa, também da reclamante (caixa), com o abastecimento das máquinas de

desempenhava as funções de supervisor de atendimento e de numerários e com o atendimento aos clientes na área de

assistente de gerente. autoatendimento.

À análise. Ademais, as próprias testemunhas deixam a entender que essas

Caberia à reclamante a prova dos fatos constitutivos de seu direito outras atividades realizadas pela obreira eram feitas de forma

(art. 818, CLT e 373, I, CPC/2015), da qual não se desincumbiu a esporádica.

contento. Dessa forma, entendo que nada de específico foi dito pelas

Inicialmente, diga-se que a obreira não cuidou de trazer aos autos, testemunhas acerca da execução de tarefas que sejam

especificamente, quais as atividades desenvolvidas por cada incompatíveis com a função de caixa. Assim, não há como

função: caixa, supervisor de atendimento e de assistente de reconhecer que a reclamante exercia funções estranhas ao cargo

gerente. Nem tampouco trouxe todas as atividades que ela mesma para o qual foi contratada, pelo que deve ser reformada a sentença

desenvolvia, apenas citando que era caixa e que acumulava as no tocante, excluindo da condenação as diferenças salariais pelo

funções supramencionadas. Assim, fica muito difícil a avaliação se a desvio de função e seus reflexos.

reclamante estaria ou não fazendo somente atividades inerentes à HORAS EXTRAS DO ART. 384 DA CLT

função de caixa, já que, repita-se, não consta nos autos o rol de Pugna o reclamado pelo indeferimento das horas extras relativas ao

atividades de cada função. intervalo previsto no art. 384 da CLT, visto que referido artigo foi

De acordo com o parágrafo único do art. 456 da CLT, quando revogado pela reforma trabalhista, além de ferir frontalmente o

inexistir prova de que o trabalhador tenha trabalhado acumulando princípio da igualdade. Aduz, ainda, que o eventual descumprimento

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 442
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

do intervalo, gera apenas sanção meramente administrativa. 4. Não é demais lembrar que as mulheres que trabalham fora

Razão não lhe assiste. do lar estão sujeitas a dupla jornada de trabalho, pois ainda

Inicialmente, diga-se que a sentença limitou a condenação ao realizam as atividades domésticas quando retornam à casa. Por

período de 05.01.2016 a 13.07.2017, apesar da reforma trabalhista mais que se dividam as tarefas domésticas entre o casal, o

só ter entrado em vigor em 11.11.2017. peso maior da administração da casa e da educação dos filhos

O art. 384 da CLT restou recepcionado pela CF/88, até mesmo acaba recaindo sobre a mulher.

porque a natureza não fez homens e mulheres iguais, devendo 5. Nesse diapasão, levando-se em consideração a máxima

haver tratamento desigual para os desiguais. A regra constante no albergada pelo princípio da isonomia, de tratar desigualmente

referido artigo é razoável, pois há uma diferenciação própria da os desiguais na medida das suas desigualdades, ao ônus da

mulher, em decorrência de suas naturais desigualdades físicas. O dupla missão, familiar e profissional, que desempenha a

TST, inclusive, já decidiu que o artigo 384 da CLT foi recepcionado mulher trabalhadora corresponde o bônus da jubilação

pela Constituição da República. antecipada e da concessão de vantagens específicas, em

Transcrevo a ementa do citado incidente de inconstitucionalidade: função de suas circunstâncias próprias, como é o caso do

"MULHER - INTERVALO DE 15 MINUTOS ANTES DE LABOR EM intervalo de 15 minutos antes de iniciar uma jornada

SOBREJORNADA - CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 384 DA extraordinária, sendo de se rejeitar a pretensa

CLT EM FACE DO ART. 5º, I, DA CF. inconstitucionalidade do art. 384 da CLT. Incidente de

1. O art. 384 da CLT impõe intervalo de 15 minutos antes de se inconstitucionalidade em recurso de revista rejeitado.- (IIN-RR-

começar a prestação de horas extras pela trabalhadora mulher. 1.540/2005-046-12-00.5, Relator Ministro Ives Gandra Martins

Pretende-se sua não-recepção pela Constituição Federal, dada Filho, Tribunal Pleno, DJ 13/02/2009)."

a plena igualdade de direitos e obrigações entre homens e Há de se considerar que o art. 384 da CLT encontra-se inserto no

mulheres decantada pela Carta Política de 1988 (art. 5º, I), como capítulo "Da Proteção do Trabalho da Mulher", bem como a patente

conquista feminina no campo jurídico. diferença física e psicológica entre os sexos masculino e feminino.

2. A igualdade jurídica e intelectual entre homens e mulheres Destarte, impõe-se a manutenção da sentença no tocante, no

não afasta a natural diferenciação fisiológica e psicológica dos período ali consignado.

sexos, não escapando ao senso comum a patente diferença de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA

compleição física entre homens e mulheres. Analisando o RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO

art.384 da CLT em seu contexto, verifica-se que se trata de BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

norma legal inserida no capítulo que cuida da proteção do Com relação aos honorários devidos pela reclamante, em que pese

trabalho da mulher e que, versando sobre intervalo não haver recurso ordinário interposto pela obreira visando a

intrajornada, possui natureza de norma afeta à medicina e exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de

segurança do trabalho, infensa à negociação coletiva, dada a referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo

sua indisponibilidade (cfr. Orientação Jurisprudencial 342 da o juiz fazer a fixação. Ademais, referida obrigação é acessória da

SBDI-1 do TST). sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta

3. O maior desgaste natural da mulher trabalhadora não foi de inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de

desconsiderado pelo Constituinte de 1988, que garantiu ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso.

diferentes condições para a obtenção da aposentadoria, com Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2020, ou seja, após

menos idade e tempo de contribuição previdenciária para as a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença

mulheres (CF, art. 201, § 7º, I e II). A própria diferenciação concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se

temporal da licença-maternidade e paternidade (CF, art. 7º, XVIII mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

e XIX; ADCT, art. 10, § 1º) deixa claro que o desgaste físico decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou

efetivo é da maternidade. A praxe generalizada, ademais, é a de a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

se postergar o gozo da licença-maternidade para depois do Leis do Trabalho (CLT).

parto, o que leva a mulher, nos meses finais da gestação, a um Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §

desgaste físico cada vez maior, o que justifica o tratamento 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra

diferenciado em termos de jornada de trabalho e período de celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao

descanso. trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 443
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no

honorários em favor do advogado da parte reclamada. dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao

Com relação ao percentual de 10% de honorários advocatícios a mês; (ii) os processos em curso que estejam sobrestados na

cargo da reclamada fixados na sentença, deve ser mantido fase de conhecimento (independentemente de estarem com ou

incólume. A decisão de origem obedeceu aos parâmetros previstos sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação,

no art. 791-A da CLT, não havendo que se falar em exclusão da de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária),

condenação. sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial

JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA fundado em interpretação contrária ao posicionamento do STF

Requer a reclamada que seja aplicado o art. 459 da CLT no tocante (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii)

ao marco inicial da correção monetária, bem como que os juros de igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a

mora sejam computados somente a partir da distribuição da ação. questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito

Razão não lhe assiste. vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados

O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18 de dezembro de em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa

2020, ao julgar, em definitivo, o mérito das Ações Declaratórias de quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros

Constitucionalidade de nºs 58 e 59 e Ações Diretas de (omissão expressa ou simples consideração de seguir os

Inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021, decidiu, que a atualização critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e

dos créditos trabalhistas, bem como do valor correspondente aos Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão.

depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, "até que sobrevenha Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o

solução legislativa", deve ser apurada mediante a incidência dos julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). Plenário,

"mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução

para as condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do 672/2020/STF)." (grifou-se)

IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da Compulsando os autos, verifica-se que a sentença de origem (Id

taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", adotando, também, critérios 6524beb) determinou, exatamente, o constante no julgamento

de modulação para os feitos já transitados em julgado. Confira-se: supratranscrito, ou seja, aplicação do IPCA-E até o ajuizamento da

"Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente ação e, a partir de então, a taxa Selic, nos termos da decisão

procedente a ação, para conferir interpretação conforme à proferida nas ADCs 58 e 59 em curso perante o Supremo Tribunal

Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na Federal. Ademais, conforme se vê acima, a Selic já engloba os juros

redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de considerar e correção monetária.

que à atualização dos créditos decorrentes de condenação Nada a alterar no tocante.

judicial e à correção dos depósitos recursais em contas Quanto ao pedido da reclamada acerca do desconto das

judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que contribuições previdenciárias, fiscais e do imposto de renda, nada a

sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de deferir no tocante, já que a sentença determinou que sejam

correção monetária e de juros que vigentes para as obedecidos os dispositivos legais aplicáveis à espécie, bem como o

condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA pagamento, pela reclamante, do imposto de renda devido.

-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa RECURSO DA RECLAMANTE

SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator, HORAS EXTRAS ALÉM DA 6ª E DO INTERVALO

vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo INTRAJORNADA

Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou Alegou a autora que a prova testemunhal foi suficiente para

os efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são demonstrar a invalidade dos controles de ponto e que só era

reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na permitido registrar algumas horas extras, pois havia metas de horas

ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória) extras na agência. Aduz, ainda, que não gozava corretamente do

todos os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou intervalo intrajornada, só gozando de 10 minutos.

qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma Sem razão.

extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os Restou incontroverso que a reclamante foi contratada para trabalhar

juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas 6 horas.

e executadas as sentenças transitadas em julgado que Face sua natureza extraordinária, devem as horas extras ser

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 444
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

plenamente comprovadas. O ônus de provar o fato extraordinário pela reclamante, e, no mérito, negar provimento ao recurso da

(horas extras) incumbia à reclamante (art. 818, CLT c/ art. 373, I, reclamante e dar parcial provimento ao da reclamada, para excluir a

NCPC), do qual não se desincumbiu a contento. condenação no pagamento de diferenças salariais e reflexos

Inicialmente, diga-se que a reclamante não logrou êxito em decorrentes do desvio de função. Determino, de ofício, a exclusão

demonstrar que os controles de ponto (Id 05397b7) possuem da condenação da autora no pagamento de honorários em favor do

qualquer irregularidade e que não refletem a real jornada de advogado da reclamada, com base na declaração de

trabalho. inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

A primeira testemunha da reclamante (Id 9a97dc6) informa que ela 5766. Mantidas as demais condenações. Custas reduzidas para

própria (a testemunha) registrava o ponto nos horários que R$100,00, calculadas sobre o valor ora arbitrado de R$5.000,00.

efetivamente trabalhava, mas logo depois informa que a reclamante Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

não registrava nos reais horários, o que torna seu depoimento Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

contraditório e incoerente. O fato de o registro de ponto ser (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

realizado nos horários efetivamente trabalhados foi confirmado pela Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

testemunha do reclamado. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Ademais, conforme se vê dos controles de ponto (Id 05397b7) e dos Fortaleza, 18 de julho de 2022.

contracheques (Id c8e84af), havia o pagamento de diversas horas

extras. JEFFERSON QUESADO

Assim, a obreira não conseguiu demonstrar que trabalhava além Desembargador Relator

das horas extras constantes nos controles de ponto e pagas pela

empresa, nem tampouco que não usufruía corretamente do FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

intervalo intrajornada, já que sua jornada era de seis horas.

Nessa ordem de fatos e considerando que a prestação de ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

sobrejornada exige a produção de prova robusta e inconteste, cujo Diretor de Secretaria

ônus cabia à reclamante (art. 818, CLT c/ art. 373, I, NCPC),


Processo Nº ROT-0000482-27.2020.5.07.0001
encargo do qual, todavia, não se desincumbiu a contento, deve ser Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
mantida a sentença que indeferiu o pagamento de horas extras, RECORRENTE GEISIANE DO NASCIMENTO PIO
ADVOGADO LUIZ AUGUSTO GUIMARAES
inclusive aquelas do intervalo intrajornada. WLODARCZYK(OAB: 24064-B/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO Helen Luiza Korobinski Mendes(OAB:
24227/CE)
Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de inépcia arguida pela ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA
FILHO(OAB: 22155/CE)
reclamada e de não conhecimento do recurso da reclamada,
ADVOGADO AMANDA MONTENEGRO
arguida em contrarrazões pela reclamante, e no mérito, negar CARVALHO(OAB: 28800/CE)
RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
provimento ao recurso da reclamante e dar parcial provimento ao da
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
reclamada, para excluir a condenação no pagamento de diferenças RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
salariais e reflexos decorrentes do desvio de função. Determino, de JUNIOR(OAB: 9075/CE)
ofício, a exclusão da condenação da autora no pagamento de RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
honorários em favor do advogado da reclamada, com base na RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
julgamento da ADI 5766. Mantidas as demais condenações. Custas RECORRIDO GEISIANE DO NASCIMENTO PIO
reduzidas para R$100,00, calculadas sobre o valor ora arbitrado de ADVOGADO LUIZ AUGUSTO GUIMARAES
WLODARCZYK(OAB: 24064-B/CE)
R$5.000,00. ADVOGADO Helen Luiza Korobinski Mendes(OAB:
24227/CE)
DISPOSITIVO
ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª FILHO(OAB: 22155/CE)
ADVOGADO AMANDA MONTENEGRO
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª CARVALHO(OAB: 28800/CE)
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a
Intimado(s)/Citado(s):
preliminar de inépcia arguida pela reclamada e de não
- BANCO BRADESCO S.A.
conhecimento do recurso da reclamada, arguida em contrarrazões

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 445
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

alegando, preliminarmente, a inépcia da inicial, considerando que a

reclamante não trouxe aos autos quais seriam as atividades de


PODER JUDICIÁRIO
cada função as quais indicou que acumulava. No mérito, aduz que
JUSTIÇA DO
não havia desvio de função e que a reclamante não exerceu

qualquer atividade alheia à função de caixa. Aduz que o art. 384 foi

EMENTA revogado pela reforma trabalhista e que, mesmo antes disso, era

DESVIO DE FUNÇÃO NÃO CONFIGURADO. Não há nos autos inconstitucional, considerando que feria o princípio da igualdade

nenhuma prova específica acerca das atribuições que deveriam ser entre homens e mulheres. Alega, ainda, que eventual

desenvolvidas pelas funções de caixa, supervisor de atendimento e descumprimento do previsto no art. 384, geraria apenas uma

assistente de gerente, bem como de que a reclamante sanção administrativa. Requer a exclusão do pagamento de

desempenhasse qualquer atividade diferente daquela para a qual foi honorários advocatícios, considerando que não preenchidos os

contratada, portanto, indevidas as diferenças salariais e reflexos daí requisitos para concessão, que sejam indeferidos os benefícios da

decorrentes. justiça gratuita para a reclamante, posto que a mesma não fez

HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE PROVA. NÃO DEFERIMENTO. prova nesse sentido, bem como que a correção monetária seja

Não tendo a reclamante logrado êxito em demonstrar que os aplicada com base no art. 459 da CLT e que os juros de mora sejam

controles de ponto trazidos aos autos possuem qualquer computados somente a partir da distribuição da ação. Por fim,

irregularidade, de par com o fato de que as testemunhas requer sejam descontados dos créditos da reclamante os valores

informaram que batiam o cartão de ponto nos horários efetivamente previdenciários e fiscais, bem como que seja retido o Imposto de

trabalhados, indevidas as horas extras pleiteadas. Renda devido pela obreira.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA Também inconformado, recorre a reclamante (Id 9db8380),

RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO alegando que são devidas as horas extras além da 6ª, bem como as

BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu à relativas à não concessão do intervalo intrajornada, considerando

reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque comprovada que a prova testemunhal foi suficiente para demonstrar a invalidade

sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que dos cartões de ponto, nos quais eram registradas apenas algumas

ora se mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos horas extras.

da decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Contrarrazões da reclamada (Id 65696b3) e da reclamante (Id

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das cbfd622), onde alega que o recurso da ré não deve ser

Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos os honorários conhecimento, face à ausência de dialeticidade.

advocatícios a cargo da reclamante, os quais devem ser excluídos Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho

da condenação. para emissão de parecer.

Recursos conhecidos, sendo improvido o da reclamante e FUNDAMENTAÇÃO

parcialmente provido o da reclamada. I- ADMISSIBILIDADE

RELATÓRIO PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE ARGUIDA

O MM. Juízo da1ª Vara do Trabalho de Fortaleza, por meio da PELA RECLAMANTE EM CONTRARRAZÕES

sentença (Id 6524beb), julgou procedentes em parte os pedidos Alega a reclamante que o recurso da reclamada não combate os

constantes na ação movida por GEISIANE DO NASCIMENTO PIO fundamentos da sentença, pelo que não deve ser conhecido.

em face de BANCO BRADESCO S.A., condenando o reclamado a Sem razão.

pagar as diferenças salariais e reflexos decorrentes do desvio de O art. 1.010 do CPC prevê o seguinte:

função (acréscimo de 30% sobre o salário base), pagar 15 minutos "Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo

por dia pela não concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT, de primeiro grau, conterá:

no período de 05.01.2016 a 13.07.2017, levando-se em conta os I - os nomes e a qualificação das partes;

horários constantes nos cartões de ponto, além de condenar ambas II - a exposição do fato e do direito;

as partes a pagar honorários advocatícios em 10%. III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de

Embargou de declaração a reclamante (Id 440c180), os quais foram nulidade;

julgados improcedentes (Id 89cd065). IV - o pedido de nova decisão. "

Inconformado, recorre ordinariamente o reclamado (Id d471ac6), Compulsando os autos, verifica-se que o recurso da reclamada

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 446
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

preenche as exigências do artigo supratranscrito, tendo exposto os hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu

fatos e o direito, com as razões do pedido da reforma da decisão, próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta

além de possuir o nome e a qualificação das partes. em contrário.

Assim, constata-se que estão presentes todos os fundamentos de Assim, fica mantida a concessão à reclamante dos benefícios da

fato e de direito necessários para eventual reforma da sentença justiça gratuita.

recorrida, não havendo que se falar em violação ao princípio da DESVIO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS

dialeticidade. Preliminar indeferida. Alega a reclamante que, apesar de ser caixa, também

Dessa forma, considerando que os recursos preenchem as desempenhava as funções de supervisor de atendimento e de

exigências processuais no que tange aos pressupostos, merecem assistente de gerente.

os mesmos ser conhecidos. À análise.

II - PRELIMINAR Caberia à reclamante a prova dos fatos constitutivos de seu direito

INÉPCIA DA INICIAL (art. 818, CLT e 373, I, CPC/2015), da qual não se desincumbiu a

Alega o reclamado que a inicial é inepta, haja vista que a contento.

reclamante não trouxe aos autos quais seriam as atividades de Inicialmente, diga-se que a obreira não cuidou de trazer aos autos,

cada função e quais as que ela acumulava. Sem razão. especificamente, quais as atividades desenvolvidas por cada

O que se observa da simples leitura da petição inicial é uma função: caixa, supervisor de atendimento e de assistente de

pretensão coerente e fundamentada, onde existem todos os dados gerente. Nem tampouco trouxe todas as atividades que ela mesma

necessários ao exame do mérito e à ampla defesa da reclamada. desenvolvia, apenas citando que era caixa e que acumulava as

Ademais, a mesma preenche os requisitos constantes no art. 840, funções supramencionadas. Assim, fica muito difícil a avaliação se a

da CLT. De par com isso, a alegativa se confunde com o próprio reclamante estaria ou não fazendo somente atividades inerentes à

mérito e será abaixo examinada. Rejeita-se, pois. função de caixa, já que, repita-se, não consta nos autos o rol de

III - MÉRITO atividades de cada função.

RECURSO DA RECLAMADA De acordo com o parágrafo único do art. 456 da CLT, quando

JUSTIÇA GRATUITA inexistir prova de que o trabalhador tenha trabalhado acumulando

Deve ser registrado que a presente ação foi ajuizada em 2020, funções, entende-se que o mesmo se obrigou a todo e qualquer

portanto após a entrada em vigor da reforma trabalhista. serviço compatível com sua função. Vejamos:

A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: "Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita

"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos pelas anotações constantes da carteira profissional ou por

tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos

requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, em direito.

inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula

perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) expressa e tal respeito, entender-se-á que o empregado se

do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua

Previdência Social." condição pessoal." (grifo nosso)

Ou seja, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do Portanto, o empregado não está adstrito a apenas uma tarefa ou

RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor, função.

deve provar sua condição. Dessa forma, vê-se que, para ser configurado o desvio de função, é

No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou necessário que ao trabalhador sejam impostas funções diferentes e

regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a incompatíveis com aquelas para as quais fora contratado.

concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par A primeira testemunha ouvida em juízo (Id 9a97dc6) informa que,

com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a como a agência era pequena, já viu a reclamante fazendo o

concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40% abastecimento de numerário das máquinas de autoatendimento e

do limite máximo dos benefícios do RGPS. que era a gerente geral que indicava quais as tarefas que os

Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a funcionários iriam fazer. Mas como podemos saber se a função da

reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à reclamante não englobava o abastecimento nas máquinas? Não se

gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de sabe, porque a reclamante não cuidou em juntar a especificação

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 447
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

das tarefas. 2. A igualdade jurídica e intelectual entre homens e mulheres

A segunda testemunha, por sua vez, indica que a reclamante não afasta a natural diferenciação fisiológica e psicológica dos

ajudava, em algumas ocasiões, no atendimento a clientes, mas sexos, não escapando ao senso comum a patente diferença de

também não tem como ser verificado se não estaria incluída na compleição física entre homens e mulheres. Analisando o

função da obreira. art.384 da CLT em seu contexto, verifica-se que se trata de

De parte com isso, não vejo qualquer incompatibilidade da função norma legal inserida no capítulo que cuida da proteção do

da reclamante (caixa), com o abastecimento das máquinas de trabalho da mulher e que, versando sobre intervalo

numerários e com o atendimento aos clientes na área de intrajornada, possui natureza de norma afeta à medicina e

autoatendimento. segurança do trabalho, infensa à negociação coletiva, dada a

Ademais, as próprias testemunhas deixam a entender que essas sua indisponibilidade (cfr. Orientação Jurisprudencial 342 da

outras atividades realizadas pela obreira eram feitas de forma SBDI-1 do TST).

esporádica. 3. O maior desgaste natural da mulher trabalhadora não foi

Dessa forma, entendo que nada de específico foi dito pelas desconsiderado pelo Constituinte de 1988, que garantiu

testemunhas acerca da execução de tarefas que sejam diferentes condições para a obtenção da aposentadoria, com

incompatíveis com a função de caixa. Assim, não há como menos idade e tempo de contribuição previdenciária para as

reconhecer que a reclamante exercia funções estranhas ao cargo mulheres (CF, art. 201, § 7º, I e II). A própria diferenciação

para o qual foi contratada, pelo que deve ser reformada a sentença temporal da licença-maternidade e paternidade (CF, art. 7º, XVIII

no tocante, excluindo da condenação as diferenças salariais pelo e XIX; ADCT, art. 10, § 1º) deixa claro que o desgaste físico

desvio de função e seus reflexos. efetivo é da maternidade. A praxe generalizada, ademais, é a de

HORAS EXTRAS DO ART. 384 DA CLT se postergar o gozo da licença-maternidade para depois do

Pugna o reclamado pelo indeferimento das horas extras relativas ao parto, o que leva a mulher, nos meses finais da gestação, a um

intervalo previsto no art. 384 da CLT, visto que referido artigo foi desgaste físico cada vez maior, o que justifica o tratamento

revogado pela reforma trabalhista, além de ferir frontalmente o diferenciado em termos de jornada de trabalho e período de

princípio da igualdade. Aduz, ainda, que o eventual descumprimento descanso.

do intervalo, gera apenas sanção meramente administrativa. 4. Não é demais lembrar que as mulheres que trabalham fora

Razão não lhe assiste. do lar estão sujeitas a dupla jornada de trabalho, pois ainda

Inicialmente, diga-se que a sentença limitou a condenação ao realizam as atividades domésticas quando retornam à casa. Por

período de 05.01.2016 a 13.07.2017, apesar da reforma trabalhista mais que se dividam as tarefas domésticas entre o casal, o

só ter entrado em vigor em 11.11.2017. peso maior da administração da casa e da educação dos filhos

O art. 384 da CLT restou recepcionado pela CF/88, até mesmo acaba recaindo sobre a mulher.

porque a natureza não fez homens e mulheres iguais, devendo 5. Nesse diapasão, levando-se em consideração a máxima

haver tratamento desigual para os desiguais. A regra constante no albergada pelo princípio da isonomia, de tratar desigualmente

referido artigo é razoável, pois há uma diferenciação própria da os desiguais na medida das suas desigualdades, ao ônus da

mulher, em decorrência de suas naturais desigualdades físicas. O dupla missão, familiar e profissional, que desempenha a

TST, inclusive, já decidiu que o artigo 384 da CLT foi recepcionado mulher trabalhadora corresponde o bônus da jubilação

pela Constituição da República. antecipada e da concessão de vantagens específicas, em

Transcrevo a ementa do citado incidente de inconstitucionalidade: função de suas circunstâncias próprias, como é o caso do

"MULHER - INTERVALO DE 15 MINUTOS ANTES DE LABOR EM intervalo de 15 minutos antes de iniciar uma jornada

SOBREJORNADA - CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 384 DA extraordinária, sendo de se rejeitar a pretensa

CLT EM FACE DO ART. 5º, I, DA CF. inconstitucionalidade do art. 384 da CLT. Incidente de

1. O art. 384 da CLT impõe intervalo de 15 minutos antes de se inconstitucionalidade em recurso de revista rejeitado.- (IIN-RR-

começar a prestação de horas extras pela trabalhadora mulher. 1.540/2005-046-12-00.5, Relator Ministro Ives Gandra Martins

Pretende-se sua não-recepção pela Constituição Federal, dada Filho, Tribunal Pleno, DJ 13/02/2009)."

a plena igualdade de direitos e obrigações entre homens e Há de se considerar que o art. 384 da CLT encontra-se inserto no

mulheres decantada pela Carta Política de 1988 (art. 5º, I), como capítulo "Da Proteção do Trabalho da Mulher", bem como a patente

conquista feminina no campo jurídico. diferença física e psicológica entre os sexos masculino e feminino.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 448
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Destarte, impõe-se a manutenção da sentença no tocante, no taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", adotando, também, critérios

período ali consignado. de modulação para os feitos já transitados em julgado. Confira-se:

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DA "Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente

RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO procedente a ação, para conferir interpretação conforme à

BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na

Com relação aos honorários devidos pela reclamante, em que pese redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de considerar

não haver recurso ordinário interposto pela obreira visando a que à atualização dos créditos decorrentes de condenação

exclusão da condenação, o art. 85 do CPC impõe a análise de judicial e à correção dos depósitos recursais em contas

referida matéria, posto que seus ditames são obrigatórios, devendo judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que

o juiz fazer a fixação. Ademais, referida obrigação é acessória da sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de

sentença e, por força de lei e de decisão vinculante em ação direta correção monetária e de juros que vigentes para as

de inconstitucionalidade, deve o juízo fazer a análise da matéria, de condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA

ofício, sem que haja desrespeito aos limites do recurso. -E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa

Verifica-se que a presente ação foi ajuizada em 2020, ou seja, após SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator,

a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, e que a sentença vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo

concedeu à autora os benefícios da justiça gratuita, o que ora se Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da os efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são

decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na

a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória)

Leis do Trabalho (CLT). todos os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou

Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma

4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os

celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas

trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se e executadas as sentenças transitadas em julgado que

inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no

honorários em favor do advogado da parte reclamada. dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao

Com relação ao percentual de 10% de honorários advocatícios a mês; (ii) os processos em curso que estejam sobrestados na

cargo da reclamada fixados na sentença, deve ser mantido fase de conhecimento (independentemente de estarem com ou

incólume. A decisão de origem obedeceu aos parâmetros previstos sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação,

no art. 791-A da CLT, não havendo que se falar em exclusão da de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária),

condenação. sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial

JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA fundado em interpretação contrária ao posicionamento do STF

Requer a reclamada que seja aplicado o art. 459 da CLT no tocante (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii)

ao marco inicial da correção monetária, bem como que os juros de igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a

mora sejam computados somente a partir da distribuição da ação. questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito

Razão não lhe assiste. vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados

O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18 de dezembro de em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa

2020, ao julgar, em definitivo, o mérito das Ações Declaratórias de quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros

Constitucionalidade de nºs 58 e 59 e Ações Diretas de (omissão expressa ou simples consideração de seguir os

Inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021, decidiu, que a atualização critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e

dos créditos trabalhistas, bem como do valor correspondente aos Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão.

depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, "até que sobrevenha Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o

solução legislativa", deve ser apurada mediante a incidência dos julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). Plenário,

"mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução

para as condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do 672/2020/STF)." (grifou-se)

IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da Compulsando os autos, verifica-se que a sentença de origem (Id

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6524beb) determinou, exatamente, o constante no julgamento sobrejornada exige a produção de prova robusta e inconteste, cujo

supratranscrito, ou seja, aplicação do IPCA-E até o ajuizamento da ônus cabia à reclamante (art. 818, CLT c/ art. 373, I, NCPC),

ação e, a partir de então, a taxa Selic, nos termos da decisão encargo do qual, todavia, não se desincumbiu a contento, deve ser

proferida nas ADCs 58 e 59 em curso perante o Supremo Tribunal mantida a sentença que indeferiu o pagamento de horas extras,

Federal. Ademais, conforme se vê acima, a Selic já engloba os juros inclusive aquelas do intervalo intrajornada.

e correção monetária. CONCLUSÃO DO VOTO

Nada a alterar no tocante. Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de inépcia arguida pela

Quanto ao pedido da reclamada acerca do desconto das reclamada e de não conhecimento do recurso da reclamada,

contribuições previdenciárias, fiscais e do imposto de renda, nada a arguida em contrarrazões pela reclamante, e no mérito, negar

deferir no tocante, já que a sentença determinou que sejam provimento ao recurso da reclamante e dar parcial provimento ao da

obedecidos os dispositivos legais aplicáveis à espécie, bem como o reclamada, para excluir a condenação no pagamento de diferenças

pagamento, pela reclamante, do imposto de renda devido. salariais e reflexos decorrentes do desvio de função. Determino, de

RECURSO DA RECLAMANTE ofício, a exclusão da condenação da autora no pagamento de

HORAS EXTRAS ALÉM DA 6ª E DO INTERVALO honorários em favor do advogado da reclamada, com base na

INTRAJORNADA declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no

Alegou a autora que a prova testemunhal foi suficiente para julgamento da ADI 5766. Mantidas as demais condenações. Custas

demonstrar a invalidade dos controles de ponto e que só era reduzidas para R$100,00, calculadas sobre o valor ora arbitrado de

permitido registrar algumas horas extras, pois havia metas de horas R$5.000,00.

extras na agência. Aduz, ainda, que não gozava corretamente do DISPOSITIVO

intervalo intrajornada, só gozando de 10 minutos. ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

Sem razão. TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

Restou incontroverso que a reclamante foi contratada para trabalhar REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a

6 horas. preliminar de inépcia arguida pela reclamada e de não

Face sua natureza extraordinária, devem as horas extras ser conhecimento do recurso da reclamada, arguida em contrarrazões

plenamente comprovadas. O ônus de provar o fato extraordinário pela reclamante, e, no mérito, negar provimento ao recurso da

(horas extras) incumbia à reclamante (art. 818, CLT c/ art. 373, I, reclamante e dar parcial provimento ao da reclamada, para excluir a

NCPC), do qual não se desincumbiu a contento. condenação no pagamento de diferenças salariais e reflexos

Inicialmente, diga-se que a reclamante não logrou êxito em decorrentes do desvio de função. Determino, de ofício, a exclusão

demonstrar que os controles de ponto (Id 05397b7) possuem da condenação da autora no pagamento de honorários em favor do

qualquer irregularidade e que não refletem a real jornada de advogado da reclamada, com base na declaração de

trabalho. inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

A primeira testemunha da reclamante (Id 9a97dc6) informa que ela 5766. Mantidas as demais condenações. Custas reduzidas para

própria (a testemunha) registrava o ponto nos horários que R$100,00, calculadas sobre o valor ora arbitrado de R$5.000,00.

efetivamente trabalhava, mas logo depois informa que a reclamante Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

não registrava nos reais horários, o que torna seu depoimento Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

contraditório e incoerente. O fato de o registro de ponto ser (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

realizado nos horários efetivamente trabalhados foi confirmado pela Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

testemunha do reclamado. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Ademais, conforme se vê dos controles de ponto (Id 05397b7) e dos Fortaleza, 18 de julho de 2022.

contracheques (Id c8e84af), havia o pagamento de diversas horas

extras. JEFFERSON QUESADO

Assim, a obreira não conseguiu demonstrar que trabalhava além Desembargador Relator

das horas extras constantes nos controles de ponto e pagas pela

empresa, nem tampouco que não usufruía corretamente do FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

intervalo intrajornada, já que sua jornada era de seis horas.

Nessa ordem de fatos e considerando que a prestação de ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

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Diretor de Secretaria -se, ainda, quanto a condenação de honorários advocatícios de

sucumbência.
Processo Nº ROT-0000300-32.2020.5.07.0004
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR Por sua vez o reclamado, em seu apelo de ID. 6eabee2, pede a
RECORRENTE LUCAS BERNARDO COSTA nulidade da sentença dos embargos de declaração, bem como a
ADVOGADO ARTUR RIBEIRO DE OLIVEIRA(OAB:
19605/CE) inépcia da inicial, quanto ao pedido de substituição. No mérito, pede
RECORRIDO ITAU UNIBANCO S.A. o indeferimento quanto aos pedidos de substituição e alega a
ADVOGADO ANTONIO BRAZ DA SILVA(OAB:
8736/AL) existência de julgamento ultra petita quanto ao deferimento relativo

as parcelas de "AGIR TRILHAS" E "PRÊMIO MENSAL TRILHAS".


Intimado(s)/Citado(s):
Insurge-se, ainda, quanto a concessão dos benefícios da Justiça
- ITAU UNIBANCO S.A.
Gratuita ao reclamante. Tece considerações acerca dos honorários

advocatícios, juros , correção monetária, contribuições

previdenciárias.
PODER JUDICIÁRIO Contrarrazões ao recurso ordinário do reclamante de ID. 1313457 e
JUSTIÇA DO ao recurso ordinário da reclamada de ID. fde0386.

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho

para emissão de parecer.


EMENTA
É O RELATÓRIO.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA DO


FUNDAMENTAÇÃO
RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO

BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. A sentença concedeu


DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO
ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, porque
Inicialmente, recebo o recurso ordinário do reclamado, pois,
comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§
preenchidos os requisitos necessários a sua admissibilidade, em
3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de
seu efeito devolutivo, na forma prevista no artigo 899 da CLT.
imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766,
Rejeita-se o pedido de nulidade da sentença proferida em sede
que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
embargos de declaração, tendo em vista que naquela ocasião, o
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Portanto, indevidos
Juízo "a quo" analisou os pedidos contidos nos declaratórios de
os honorários advocatícios a cargo do reclamante.
ambas as partes, ali fazendo constar os esclarecimentos que
RECLAMANTE- SUBSTITUIÇÕES- DEFERIMENTO. Restando
entendeu necessários.
evidenciado nos autos, que o reclamante substituiu colegas de
Inacolhe-se o pleito de julgamento ultra petita, quanto ao
trabalho, recebendo outras atribuições, sem ter percebido o
deferimento relativo as parcelas de "AGIR TRILHAS" E "PREMIO
valor devido para tanto, correta a sentença ao deferir as
MENSAL TRILHAS", vez que o juízo "a quo", analisou os autos
diferenças salariais postuladas pelo mesmo.
dentro dos limites contidos na inicial.

Melhor sorte não assiste ao reclamado, quanto ao pedido de


RELATÓRIO
inépcia, devendo ser mantida a decisão proferida pelo Juízo "a quo"
O MM Juízo da 4ª Vara do Trabalho de Fortaleza julgou procedente
nos seguintes termos:
em parte a reclamação trabalhista ajuizada por LUCAS
" Argui o reclamado preliminar de inépcia da petição inicial, no que
BERNARDO COSTA, condenando o reclamado, ITAÚ UNIBANCO
tange ao pedido de salário substituição, por ausência de
S.A., no pagamento de diferenças salariais decorrentes da
especificação das datas e locais em que o reclamante alega ter
substituição da gerente Suzane Pires e do gerente Rafael Sousa da
substituído os empregados citados na exordial.
Silva, além de honorários sucumbenciais, tudo na forma ali
Nos termos do art. 840, §1º, da CLT, a petição inicial trabalhista
discriminada.
deve trazer uma breve exposição dos fatos e os pedidos de forma
O reclamante interpôs embargos de declaração de ID. 4ff41f1e e o
líquida, o que foi atendido pela parte reclamante, possibilitando ao
reclamado de ID. 739be74 que foram julgados parcialmente
reclamado sua compreensão e apresentação de ampla defesa.
procedentes nos termos da sentença de ID-3392cc5.
No caso dos autos, verifica-se que o reclamante afirmou que
Em seu recurso ordinário de ID. cae35e5, pede o reclamante o
substituiu os empregados Rafael Silva e Suzane Pires durante os
deferimento das horas extras, na forma postulada na inicial. Insurge

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respectivos períodos de férias (fl. 8). nº 112 da SBDI-I) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

Nesse passo, não há o que se falar em inépcia, considerando que o - Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter

banco reclamado tem exata ciência dos períodos de férias dos meramente eventual, inclusive nas férias, o empregado substituto

colaboradores referidos na inicial, podendo contestar e exercer seu fará jus ao salário contratual do substituído. (ex-Súmula nº 159 -

direito à ampla defesa com base nas informações que possui. alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) (...)"

Como se verá na análise meritória, o gerente Rafael Silva, um dos No caso dos autos, verifico que o reclamante provou de maneira

empregados apontados na exordial, atuou como testemunha satisfatória os fatos constitutivos de seu direito, senão vejamos.

defensiva durante a instrução processual, indo de encontro à Com relação à substituição do gerente Rafael Silva, o fato de este

afirmação contida na contestação de que não há gerente de nome ter sido ouvido como testemunha defensiva desconstitui, por

Rafael Silva nas agências em que o reclamante trabalhou." completo, as alegações do reclamado de que sequer localizou o

MÉRITO citado empregado nas agências onde o reclamante prestou

No tocante ao pedido de reforma quanto ao deferimento das serviços.

substituições, nada a alterar na sentença, devendo ser mantida a Ora, não só o empregado apontado como substituído compareceu a

decisão de ID-a0cb614, complementada com os esclarecimentos da Juízo para depor, como afirmou, categoricamente, que laborou com

sentença proferida em razão dos embargos de declaração de ID- o reclamante e que as substituições , contrariando a tese defensiva

3392cc5, na forma a seguir transcrita: e as dos gerentes se davam pelos agentes comerciais afirmações

"Aduz o reclamante que atuou como substituto dos empregados da preposta do reclamado, conforme se vê do trecho do depoimento

Rafael Silva e Suzane Pires, ambos ocupantes do cargo "gerente abaixo colacionado (fl. 3.365):

uniclass", durante os respectivos períodos de férias, porém sem "(...) que trabalhou com o reclamante na agencia 0667 - Centro, não

perceber qualquer acréscimo salarial daí decorrente, razão pela lembrando exatamente o período que trabalhou com o reclamante,

qual postula as correspondentes diferenças salariais, com reflexos sabendo que foi até março de 2018, pois foi quando o depoente

em férias + 1/3, 13º salário, horas extras pagas e não pagas e saiu da agência, acreditando que trabalharam juntos por

verbas rescisórias (décimo terceiro salário proporcional, férias aproximadamente 6 meses, mas não lembra ao certo; que não se

proporcionais e terço constitucional de férias e FGTS). recorda se tirou algum período de férias enquanto trabalhava com o

A reclamada nega qualquer tipo de substituição com relação ao reclamante; que quando tirava férias, normalmente o gerente geral

empregado Rafael Silva, afirmando que não localizou registro do colocava um agente comercial para atender os clientes do depoente

referido empregado laborando nas mesmas agências em que o durante suas férias, para que o agente comercial pudesse se

reclamante prestou seus serviços. aprimorar melhor e se qualificasse para uma eventual promoção;

No que tange à empregada Suzane Pires, aduz que esta não gozou que além do atendimento aos clientes, as demais atribuições do

30 (trinta) dias corridos de férias em 2019; que, na condição de gerente Uniclass iam para o agente comercial, pois não havia nada

"gerente uniclass", não poderia ser substituída por empregado de excepcional nelas, todos faziam, com exceção do Pague e

ocupante do cargo do reclamante, sendo necessário possuir CPA Devolve, que é a compensação de cheques, isso era feito pelo

10 e procuração, o que não era o caso; que ambos os empregados gerente geral; que geralmente é escolhido um agente comercial

não laboraram na mesma agência; e que o autor, quando muito, específico para substituir o gerente Uniclass (...)"

auxiliou em parte das tarefas por ela deixadas, isso porque, durante O depoimento da testemunha da reclamada Rafael Silva contraria

eventual ausência por férias, licenças, realização de cursos, ou frontalmente as declarações da preposta, que afirmou:

outras razões, as atribuições de um gerente uniclass eram divididas " que nas férias do gerente Uniclass, suas alçadas vão para o

dentre os demais colaboradores com o mesmo cargo e até com os gerente geral da agencia (GGC) e os atendimentos são realizados

superiores hierárquicos". por outro gerente Uniclass e se o cliente for comprar um produto o

Analiso. gerente geral é quem autoriza no sistema; que dessa forma, as

O direito ao recebimento de salário igual ao do empregado atribuições do gerente são rateadas entre o GGC e outro gerente

afastado, nos casos de substituição não eventual, é pacífico na Uniclass, mas o banco também tem a figura do USO, que são

jurisprudência pátria através da Súmula nº 159 do TST, que fala, funcionários tanto da parte operacional quanto comercial, que são

expressamente, nas substituições ocorridas em razão de férias: designados para substituir em férias;"

"SUM-159 SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E Os fatos afirmados pela citada testemunha defensiva corroboram os

VACÂNCIA DO CARGO (incorporada a Orientação Jurisprudencial fatos narrados na inicial, estando, ainda, alinhados com as

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informações prestadas pela segunda testemunha do reclamante, Rafael (paradigma): afirmou que trabalhou com o reclamante por

senão vejamos: aproximadamente 6 (seis) meses, até março de 2018. Não existem

"[...] que no período em que trabalhou com o reclamante havia um provas documentais comprobatórias dos períodos de férias do

gerente de nome Rafael e outra de cujo nome não se recorda; que o gerente Rafael, por isso foi arbitrada a substituição por apenas um

depoente trabalhava na área operacional, mas estava sempre em período, 30 (trinta) dias, referente ao período concessivo

contato com o pessoal da área comercial; que quando o gerente 2017/2018, e não 2019, como consta na sentença.

Uniclass tirava férias, alguém era designado para ficar no lugar Desta forma, restam deferidas as substituições na forma abaixo

dele; que o reclamante chegou a substituir os 2 gerentes Uniclass discriminada:

que estavam na agência durante as férias de ambos, não lembra diferenças salariais decorrentes da substituição da gerente Suzane

exatamente a quantidade de dias de férias, mas tiravam entre 20 e Pires, ora arbitradas como ocorrendo em todos os períodos de

30 dias; que ninguém tinha alçada na agência, tudo era liberado férias gozados por esta no ano de 2018 (com exceção das férias de

pela mesa de crédito; que normalmente os gerentes Uniclass eram dez /18), totalizando 30 (trinta) dias - de 16/04/2018 a 30/04/2018 e

substituídos pelos agentes comerciais, mas não se recorda se a de 16/07/2018 a 30/07/2018; e do gerente Rafael Sousa da Silva,

agente de nome Cíntia chegou a substituir algum gerente; que não durante o seu período de férias, ora arbitrado em 30 (trinta) dias (de

se lembra qual dos dois gerentes tirou férias antes e nem quais os 01/10/2017 a 30/10/2017 - diante da ausência de juntada de

períodos de férias; (...) que o gerente Uniclass fazia atendimento e documentação alusiva às férias do funcionário em questão), em

visita a clientes, abertura de contas, solicitação de empréstimos e o ambos os casos observado o valor do salário do "gerente uniclass",

agente comercial tinha como atribuições solicitar a abertura de com reflexos em férias + 1/3, 13º salário e FGTS;"

contas, solicitava empréstimos, atendia clientes, vendia produtos, Esclareço, ainda, que as diferenças salariais deverão levar em

sendo a diferença entre eles é que o gerente Uniclass tinha uma consideração o salário base e eventual gratificação de função do

carteira de clientes própria para cuidar; que nas férias do gerente substituído, visto que reconhecido que o reclamante exercera a

Uniclass, era o agente comercial quem substituía; [...]" função correlata durante a substituição, tendo o salário e a

Sobre a testemunha em questão, importa destacar que, a princípio, gratificação natureza jurídica salarial.

o depoimento prestado se mostrou um tanto frágil, visto que afirmou Não deverão ser considerados nos cálculos eventuais prêmios,

com exatidão o período em que laborou com o reclamante, não adicionais por tempo de serviço e comissões, visto que se trata de

sabendo precisar a época em que trabalhou com outros colegas, parcelas personalíssimas dos substituídos."

quando indagado por este Juízo. Nada reformar,também, quanto a integração das comissões e

A reclamada, no entanto, não produziu contraprova neste tocante. prêmios, devendo ser mantida a decisão recorrida, na forma a

Pelo contrário, as informações acerca da dinâmica dos cargos seguir transcrita:

"gerente uniclass" e agente comercial, incluindo atribuições e Das comissões e prêmios. Habitualidade.

substituições durante os afastamentos dos primeiros, foram Pugna o reclamante, ainda, pela integração das parcelas variáveis

prestadas em consonância com as afirmações da primeira recebidas em todos os meses do contrato de trabalho sob as

testemunha do reclamado (gerente Rafael Silva), conduzindo este rubricas de comissões, prêmios e "trilhas mensal", em razão de sua

Juízo a concluir pela veracidade dos fatos narrados na exordial. natureza salarial.

Verificando os afastamentos dos gerentes substituídos, verifico que O reclamado, por sua vez, impugna o pleito aduzindo que o

a gerente Suzana Pires não ficou 30 (trinta) dias em férias reclamante não recebia comissões e que "o pagamento da

contínuas, mas apenas 20 (vinte) dias, na forma apontada na premiação é feito aos empregados elegíveis, no mês subsequente à

contestação (fl. 3.275). efetivação da venda, sendo que os valores sempre foram

Dessa forma, conforme consta acertadamente na sentença dos discriminados nos contracheques, inclusive as integrações no RSR

embargos de declaração mantém-se o deferimento das (repouso semanal remunerado), conforme exemplos a seguir:

substituições pretendidas pelo autor, na forma a seguir transcrita: "prêmio seguro-RSR", "prem. previdência.-RSR", entre outros

"O depoimento pessoal do reclamante exclui o direito à substituição tantos".

da gerente Suzane no período de férias desta gozado em Analiso.

Dezembro de 2018, pois aquele afirmou que substituiu os gerentes Da leitura atenta da defesa do reclamado, verifica-se que este refuta

Rafael e Suzane no período compreendido entre junho de 2016 e as alegações de recebimento de comissões e afirma que a parcela

julho de 2018 (fl.1.909). O depoimento da testemunha defensiva prêmio foi paga com as devidas integrações sem, entretanto, fazer

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qualquer menção à rubrica "trilhas mensal" apontada pelo inobstante o fato de ter sido contratada para prestar jornada de 6

reclamante, deixando de esclarecer a natureza de tal parcela. (seis) horas diárias, com 15 (quinze) minutos de intervalo

Os contracheques juntados pelo próprio reclamado demonstram o intrajornada, na prática, laborava das 09h00min às 18h00, com 15

efetivo pagamento em diversos meses do contrato de trabalho, da (quinze) minutos de intervalo intrajornada, de segunda a sexta,

verba em questão, sob as rubricas "trilhas mensal", "agir trilhas" ou informando que referida jornada não era regularmente registrada

"premio mensal trilhas", sempre desacompanhada da integração no nos cartões de ponto.

repouso semanal remunerado, como alega o reclamado. Requer, portanto, a condenação do reclamado ao pagamento das

Com relação às verbas pagas expressamente sob a rubrica prêmio, horas extraordinárias excedentes da 6ª hora diária e 30ª hora

entretanto, os demonstrativos de pagamento juntados aos autos, a semanal, integradas aos DSR's (incluídos os dias de sábado e

exemplo do referente ao mês de outubro de 2016 (fl. 2.152), feriados, nos termos do parágrafo 1º da Cláusula 8ª da Convenção

comprovam o pagamento regular da parcela, com as devidas Coletiva de Trabalho da categoria), com reflexos em 13º salários,

repercussões no repouso semanal remunerado, conforme afirmado férias + 1/3, aviso prévio, PLR e FGTS .

pelo reclamado. Pugna, também, pelo pagamento das horas extras decorrentes da

Desta feita, defiro o pleito de integração ao salário das parcelas redução do intervalo intrajornada, com natureza salarial, em razão

variáveis pagas sob as rubricas "trilhas mensal", "agir trilhas" e da irretroatividade das normas trazidas pela Lei nº 13.467/2017

"premio mensal trilhas", condenando o reclamado ao pagamento (Reforma Trabalhista)

dos reflexos respectivos no repouso semanal remunerado, sábados Aduz a reclamada que os controles de ponto juntados aos autos

e feriados, férias + 1/3, 13º salários e FGTS, tudo a ser apurado em demonstram de maneira fidedigna os horários de trabalho,

liquidação de sentença, conforme os contracheques de fls. constando, inclusive, eventuais horas extras laboradas além da 6ª

2.125/2.190. diária, labor este que era devidamente remunerado ou compensado.

Indefiro os reflexos em PLR, visto que a remuneração do Afirma, também, que o reclamante sempre gozou seu intervalo

reclamante não serve de base de cálculo para a parcela em intrajornada de forma regular, sendo de 15 (quinze) minutos, em

questão." razão da jornada de 6 (seis) horas diárias prevista no do art. 224 da

Mantém-se o deferimento dos benefícios da justiça gratuita , vez CLT, caput.

que pela simples declaração de não estar em condições de custear Analiso.

a demanda sem prejuízo do próprio sustento ou de seus familiares, Para apreciação da controvérsia envolvendo a jornada de trabalho

o autor se torna credor da assistência judiciária gratuita, uma vez necessária a apresentação dos registros de ponto que se

que referida declaração faz prova (relativa) acerca de sua condição encontram em poder da demandada.

de miserabilidade, tal qual exigido pelo §4º do art. 790 da CLT, com Observo que, com a contestação, foram juntados aos autos os

redação pela Lei n. 13.467/17. cartões de ponto de fls. 1.861/1.920, abrangendo todo o contrato de

Para inviabilizar a concessão do benefício em comento, portanto, trabalho, com horários variáveis e marcação de intervalo

caberia à reclamada produzir prova robusta em sentido contrário, intrajornada de, no mínimo, 15 (quinze) minutos, além de acordo

capaz de esvaziar a presunção de veracidade da declaração de individual de compensação de jornada de fl. 1.834, tendo se

pobreza, o que não se verifica no caso concreto. desincumbido a contento do ônus que lhe competia, a teor do item I

As contribuições previdenciárias, juros e correção monetários da Súmula nº 338 do TST.

encontram-se todos estabelecidos na forma da legislação aplicável, Nesse passo, cabia à parte reclamante desconstituir as informações

nada havendo a ser reformado. presentes nos controles de jornada, por meio de prova robusta,

DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE ônus do qual não se desincumbiu a contento.

Em seu recurso ordinário de ID. cae35e5, pede o reclamante o Com efeito, em que pese a alegação autoral de que os horários

deferimento das horas extras, na forma postulada na inicial. Insurge constantes nos cartões de ponto não condiziam com a jornada

-se, ainda, quanto a condenação de honorários advocatícios de efetivamente laborada, a prova testemunhal produzida pelas partes,

sucumbência. no que tange à validade dos registros contidos nos cartões de

O Juízo "a quo", bem apreciou a questão pertinente ao pedido de ponto, se mostrou dividida.

horas extras, devendo se mantida, conforme a seguir transcrito: Isto porque as testemunhas autorais afirmaram que laboravam além

"Aduz a reclamante que laborou em prol do reclamado, de da jornada de 6 (seis) horas diárias, sem qualquer compensação de

02/03/2015 a 02/01/2019, na função de agente comercial, e que, jornada e marcando o ponto com horários distintos daqueles

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 454
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

efetivamente prestados (realizando atividades que não exigiam o honorários em favor do advogado da parte reclamada, os quais

uso do computador, já que este só era possível com o ponto batido, devem ser excluídos da condenação.

ou fazendo um acerto no ponto); ao passo que as testemunhas

defensivas informaram que os agentes comerciais prestavam CONCLUSÃO DO VOTO

jornada de 6 (seis) horas diárias, sendo compensado o labor além Conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar nulidade da sentença

da 6ª hora ou remuneradas as horas extras, respeitado o limite de 2 dos embargos de declaração, inépcia da inicial e julgamento ultra

(duas) horas diárias, sendo os acertos no ponto restritos a algumas petita e, no mérito, negar provimento ao recurso do reclamado e dar

situações excepcionais, conforme afirmado de forma bastante parcial provimento ao recurso do reclamante, determinando a

assertiva pela 1ª testemunha do reclamado. exclusão da condenação do autor no pagamento de honorários em

Os cartões de ponto confirmam, ainda, a afirmativa da 2ª favor do advogado da reclamada, com base na declaração de

testemunha da reclamada de que era praxe dos agentes comerciais inconstitucionalidade proferida pelo STF no julgamento da ADI

gozar intervalo intrajornada de 30 (trinta) minutos, com 5766. Mantido o valor da condenação

compensação dos 15 (quinze) minutos excedentes ao final da

jornada, fato que se observa em praticamente todos os dias de DISPOSITIVO

trabalho.

Diante de tais fatos, ainda que a prova emprestada de fl. 32/33 ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

traga depoimento pessoal de preposto da reclamada contendo TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

afirmações em conformidade com as alegações autorais, deve REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, rejeitar a

prevalecer a prova produzida nos presentes autos, ante à sua preliminar nulidade da sentença dos embargos de declaração,

especificidade em relação ao caso concreto. Apenas seria razoável inépcia da inicial e julgamento ultra petitae, no mérito, negar

se socorrer da prova emprestada caso a prova oral aqui produzida provimento ao recurso do reclamado e dar parcial provimento ao

deixasse de versar sobre todos os aspectos debatidos de maneira recurso do reclamante, determinando a exclusão da condenação do

satisfatória, o que não ocorreu. Afasto, dessarte, as alegações autor no pagamento de honorários em favor do advogado da

trazidas pelo reclamante em sede de razões finais nas quais ratifica reclamada, com base na declaração de inconstitucionalidade

o requerimento de utilização da prova emprestada acostada ao proferida pelo STF no julgamento da ADI 5766. Mantido o valor da

feito. condenação.

Por fim, importante ressaltar que a amostragem apresentada pelo Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

reclamante só leva em conta os horários excedidos, não Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

considerando diversos dias em que houve jornada inferior a 6 (seis) (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

horas diárias, com efetiva compensação de jornada regularmente Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

convencionada entre as partes. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

Assim, inexistindo prova robusta capaz de infirmar o conteúdo dos Fortaleza, 18 de julho de 2022.

controles de ponto apresentados, indefiro os pleitos de horas extras

excedentes à 6ª diária e intervalares e respectivos reflexos."

Com relação aos honorários devidos pelo reclamante, verifica-se JEFFERSON QUESADO

que a presente ação foi ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº

13.467/2017, e que a sentença concedeu ao autor os benefícios da Desembargador Relator

justiça gratuita, o que ora se mantém incólume, incidindo, assim, de FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI 5766

(20.10.2021), que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

§ 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diretor de Secretaria

Referida decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, §


Processo Nº ROT-0000251-54.2021.5.07.0004
4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, portanto, a regra Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
celetista, que estabeleceu ônus de sucumbência recíproca ao RECORRENTE GLEYCIANE LIMA DE OLIVEIRA
CORREIA
trabalhador beneficiário da justiça do gratuita, tornou-se ADVOGADO ADRIANA EMANUELLI DE OLIVEIRA
MELO(OAB: 18902/BA)
inconstitucional, não sendo devidos, dessa forma, o pagamento de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 455
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO CINTIA DE ALMEIDA PARENTE(OAB:


24026/CE) questões fática, dependendo, assim, da produção de prova oral,
ADVOGADO EDUARDO MENELEU GONCALVES requerendo a nulidade de todos os atos processuais praticados a
MORENO(OAB: 23833/CE)
RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A. partir do indeferimento da oitiva dos depoimentos pessoais
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI (inclusive), com a devolução dos autos para a Vara de origem, para
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE)
reabertura da instrução processual. No mérito, aduz fazer jus ao
Intimado(s)/Citado(s):
pagamento da 7ª e 8ª horas como extra, já que não estava
- BANCO BRADESCO S.A.
enquadrada na exceção contida no art. 224 da CLT, vez que não

tinha qualquer poder de mando, direção, chefia, fiscalização e

equivalentes, não possuía subordinados, exercendo função


PODER JUDICIÁRIO eminentemente técnica. Ademais, a reclamada não logrou êxito em
JUSTIÇA DO provar que a reclamante tinha assinatura autorizada e alçada maior.

Requer, ainda, o pagamento das horas extras decorrentes da não

concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT. Por fim, pleiteia


EMENTA
a majoração do percentual de honorários advocatícios em prol do
NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS A PARTIR
advogado da reclamante.
DO INDEFERIMENTO DA OITIVA DOS DEPOIMENTOS
A reclamada alega, também, nulidade da sentença, por
PESSOAIS. Em que pese seja lícito ao juiz indeferir diligências
cerceamento de defesa, considerando que o juízo indeferiu a oitiva
inúteis e protelatórias, em tendo a parte requerido a oitiva do
do depoimento pessoal da reclamante, tendo protestado contra
depoimento pessoal da outra parte, onde poderia ocorrer a
referido indeferimento por ocasião da audiência. Dessa forma,
confissão acerca dos fatos controversos, nulos são todos os atos
requer a nulidade de todos os atos processuais praticados a partir
processuais que ocorreram a partir daí. Assim, impõem-se a
do indeferimento, com a devolução dos autos para a vara de
devolução dos autos para a Vara de origem, para reabertura da
origem, para reabertura da instrução. No mérito, aduz que não havia
instrução.
desvio de função pela reclamante, não fazendo jus a mesma ao
Recursos conhecidos, com o acolhimento da preliminar de nulidade
pagamento das diferenças salariais daí decorrentes. Aduz que no
suscitada pelas partes. Prejudicada a análise das demais matérias
período de férias do gerente geral, as funções dele eram
constantes dos recursos.
fracionadas entre os funcionários hierarquicamente inferiores, não

havendo, portanto, como se falar em diferenças salariais pela

substituição do gerente. Requer a condenação da reclamante no


RELATÓRIO
pagamento de honorários advocatícios e que sejam indeferidos os

benefícios da justiça gratuita à obreira, já que não houve produção

de prova nesse sentido.


Recorrem ordinariamente reclamante GLEYCIANE LIMA DE
Contrarrazões do reclamado (Id f9fb450) e da reclamante (Id
OLIVEIRA CORREIA (Id03d795b) e reclamado BANCO
f251c75).
BRADESCO S.A (Id 5b5829e) contra a sentença de Id df83579,
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho
que, inicialmente, declarou prescritos os créditos anteriores a
para emissão do parecer.
29.03.2016 e, no mérito, julgou parcialmente procedentes os
FUNDAMENTAÇÃO
pedidos constantes na presente reclamatória,condenando a
I- ADMISSIBILIDADE
reclamada a pagar à reclamante as diferenças salariais entre as
Os recursos preenchem as exigências processuais no que tange
funções de gerente de pessoa física e gerente de pessoa jurídica III,
aos pressupostos, portanto merecem ser conhecidos.
no período de maio a novembro de 2017 mais os reflexos.
II- PRELIMINAR DE NULIDADE ADUZIDA NO RECURSO DA
Condenou, ainda, a pagar as diferenças salariais resultantes da
RECLAMANTE E DA RECLAMADA. AUSÊNCIA DA OITIVA DO
substituição, pela reclamante, do gerente geral Luiz Cleidson da
DEPOIMENTO PESSOAL REQUERIDO PELA PARTE
Silva Araújo, em 2019, com os reflexos daí decorrentes, bem como
Razão assiste aos recorrentes.
a pagar honorários advocatícios em 10% do apurado.
Reclamante e reclamado aduzem que são nulos todos os atos
Em suas razões, alega a reclamante, preliminarmente, que o juízo a
processuais praticados a partir do indeferimento da oitiva dos
quo teria violado seu direito de defesa ao não realizar a oitiva do
depoimentos pessoais (inclusive), considerando que, por ocasião da
preposto da empresa, vez que a totalidade dos pedidos versa sobre

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audiência, requereram que fossem ouvidas as partes, onde poderia -se a suficiência do conjunto probatório para a formação do

haver confissão acerca dos fatos, tendo o juízo indeferido. convencimento a respeito das matérias postas à sua análise. 2

Conforme se vê da ata Id 13f4fd1, foi dispensada, pelo juízo, a oitiva - Como consequência lógica, tem-se que, em situação inversa,

dos depoimentos pessoais das partes. Ato contínuo, reclamante e em que subsiste controvérsia acerca de fatos relevantes, o

reclamada protestaram em face dessa dispensa. indeferimento da oitiva de depoimento pessoal, mediante o

Em que pese ser lícito ao juiz indeferir diligências inúteis ou qual se pode alcançar confissão ou esclarecimentos de fatos,

protelatórias, tendo liberdade na direção do processo, com intuito da caracteriza cerceamento de defesa. 3 - A colheita de

celeridade processual, tal não se mostra no presente caso, vez que depoimento pessoal não se revela, assim, faculdade de livre

as partes requereram a oitiva do depoimento da outra parte, ocasião exercício pelo magistrado. De tal modo, sua dispensa, em

onde poderiam confessar acerca dos fatos controversos. especial quando requerido o ato pela parte, exige

Dessa forma, incorreu o juízo em manifesto cerceamento de defesa fundamentação jurídica pertinente. 4 - No caso concreto se

dos recorrentes, ferindo, também, o princípio do contraditório, vez discute a equiparação salarial. O TRT disse que o Juízo da Vara

que impediu a possível confissão real da parte contrária. formou o seu convencimento a partir da análise da prova oral

Esse, aliás, foi o entendimento recentíssimo do TST em caso conjugada com o exame das fichas de registros do reclamante

análogo: e do paradigma e destacou que nenhuma testemunha de

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI defesa foi trazida a depor. 5 - Assim, o indeferimento do

Nº 13.467/2017. RECLAMADA. PRELIMINAR DE NULIDADE DO depoimento pessoal do reclamante configurou cerceamento do

DESPACHO DENEGATÓRIO DO SEGUIMENTO DO RECURSO direito de defesa da reclamada, razão pela qual se mostra

DE REVISTA POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. 1 - aconselhável o processamento do recurso de revista, a fim de

O juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista prevenir eventual violação do art. 5º, LV, da Constituição

exercido no TRT está previsto no § 1º do art. 896 da CLT, de Federal. 6 - Recurso de revista a que se dá provimento. 7 -

modo que não há cerceamento do direito de defesa quando o Prejudicada a análise do tema remanescente." (TST - RRAg:

recurso é denegado em decorrência do não preenchimento de 1836020185060191, Relator: Katia Magalhaes Arruda, Data de

pressupostos extrínsecos ou intrínsecos, procedimento que Julgamento: 16/02/2022, 6ª Turma, Data de Publicação:

não se confunde com juízo de mérito, e, portanto, não 18/02/2022)

configura violação dos artigos artigo 5º, II, V, X, XXXV, LIV e LV, Dessa forma, restando caracterizado o cerceamento de defesa da

da Constituição Federal. 2 - Agravo de instrumento a que se reclamante e do reclamado e a ofensa aos princípios garantidos

nega provimento. TRANSCENDÊNCIA CERCEAMENTO DO constitucionalmente do contraditório e da ampla defesa, acolho a

DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DO DEPOIMENTO DO preliminar arguida, para declarar nulos todos os atos processuais

RECLAMANTE. 1 - Deve ser reconhecida a transcendência perpetrados a partir da audiência de Id 13f4fd1, devendo os autos

jurídica quando se mostra aconselhável o exame mais detido retornarem ao Juízo de origem para reabertura da instrução

da controvérsia devido às peculiaridades do caso concreto. O processual, com a regular notificação das partes e designação de

enfoque exegético da aferição dos indicadores de audiência, oportunidade em que serão ouvidos os depoimentos

transcendência em princípio deve ser positivo, especialmente pessoais, caso requeridos, bem como as testemunhas. Prejudicada

nos casos de alguma complexidade, em que se torna a análise das demais matérias suscitadas nos recursos.

aconselhável o debate mais aprofundado da matéria. 2 - CONCLUSÃO DO VOTO

Aconselhável o provimento do agravo de instrumento, para Conhecer dos recursos, acolhendo a preliminar suscitada pelas

determinar o processamento do recurso de revista, em razão partes, declarando a nulidade de todos os atos processuais

da provável violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal. 3 - praticados a partir da audiência de Id 13f4fd1 (inclusive),

Agravo de instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO determinando o retorno dos autos para a Vara de origem, para

DE REVISTA DA RECLAMADA. LEI Nº 13.467/2017. reabertura da instrução processual, com a regular notificação das

CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO partes e designação de audiência, oportunidade em que serão

DO DEPOIMENTO DO RECLAMANTE. 1 - A jurisprudência do ouvidos os depoimentos pessoais, caso requeridos, bem como as

TST tem se pronunciado no sentido de que a oitiva de testemunhas. Prejudicada a análise das demais matérias suscitadas

depoimento pessoal das partes pode ser dispensada pelo nos recursos.

magistrado quando, da análise das provas produzidas, observa DISPOSITIVO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 457
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PESSOAIS. Em que pese seja lícito ao juiz indeferir diligências

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª inúteis e protelatórias, em tendo a parte requerido a oitiva do

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª depoimento pessoal da outra parte, onde poderia ocorrer a

REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, acolhendo a confissão acerca dos fatos controversos, nulos são todos os atos

preliminar suscitada pelas partes, declarando a nulidade de todos processuais que ocorreram a partir daí. Assim, impõem-se a

os atos processuais praticados a partir da audiência de Id 13f4fd1 devolução dos autos para a Vara de origem, para reabertura da

(inclusive), determinando o retorno dos autos para a Vara de instrução.

origem, para reabertura da instrução processual, com a regular Recursos conhecidos, com o acolhimento da preliminar de nulidade

notificação das partes e designação de audiência, oportunidade em suscitada pelas partes. Prejudicada a análise das demais matérias

que serão ouvidos os depoimentos pessoais, caso requeridos, bem constantes dos recursos.

como as testemunhas. Prejudicada a análise das demais matérias

suscitadas nos recursos.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores RELATÓRIO

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo Recorrem ordinariamente reclamante GLEYCIANE LIMA DE

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. OLIVEIRA CORREIA (Id03d795b) e reclamado BANCO

Fortaleza, 18 de julho de 2022. BRADESCO S.A (Id 5b5829e) contra a sentença de Id df83579,

que, inicialmente, declarou prescritos os créditos anteriores a

JEFFERSON QUESADO 29.03.2016 e, no mérito, julgou parcialmente procedentes os

Desembargador Relator pedidos constantes na presente reclamatória,condenando a

reclamada a pagar à reclamante as diferenças salariais entre as

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. funções de gerente de pessoa física e gerente de pessoa jurídica III,

no período de maio a novembro de 2017 mais os reflexos.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Condenou, ainda, a pagar as diferenças salariais resultantes da

Diretor de Secretaria substituição, pela reclamante, do gerente geral Luiz Cleidson da

Silva Araújo, em 2019, com os reflexos daí decorrentes, bem como


Processo Nº ROT-0000251-54.2021.5.07.0004
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR a pagar honorários advocatícios em 10% do apurado.
RECORRENTE GLEYCIANE LIMA DE OLIVEIRA Em suas razões, alega a reclamante, preliminarmente, que o juízo a
CORREIA
ADVOGADO ADRIANA EMANUELLI DE OLIVEIRA quo teria violado seu direito de defesa ao não realizar a oitiva do
MELO(OAB: 18902/BA)
preposto da empresa, vez que a totalidade dos pedidos versa sobre
ADVOGADO CINTIA DE ALMEIDA PARENTE(OAB:
24026/CE) questões fática, dependendo, assim, da produção de prova oral,
ADVOGADO EDUARDO MENELEU GONCALVES
MORENO(OAB: 23833/CE) requerendo a nulidade de todos os atos processuais praticados a
RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A. partir do indeferimento da oitiva dos depoimentos pessoais
ADVOGADO NELSON WILIANS FRATONI
RODRIGUES(OAB: 16599-A/CE) (inclusive), com a devolução dos autos para a Vara de origem, para

reabertura da instrução processual. No mérito, aduz fazer jus ao


Intimado(s)/Citado(s):
pagamento da 7ª e 8ª horas como extra, já que não estava
- GLEYCIANE LIMA DE OLIVEIRA CORREIA
enquadrada na exceção contida no art. 224 da CLT, vez que não

tinha qualquer poder de mando, direção, chefia, fiscalização e

equivalentes, não possuía subordinados, exercendo função


PODER JUDICIÁRIO eminentemente técnica. Ademais, a reclamada não logrou êxito em
JUSTIÇA DO provar que a reclamante tinha assinatura autorizada e alçada maior.

Requer, ainda, o pagamento das horas extras decorrentes da não

concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT. Por fim, pleiteia


EMENTA
a majoração do percentual de honorários advocatícios em prol do
NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS A PARTIR
advogado da reclamante.
DO INDEFERIMENTO DA OITIVA DOS DEPOIMENTOS

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 458
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

A reclamada alega, também, nulidade da sentença, por "I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI

cerceamento de defesa, considerando que o juízo indeferiu a oitiva Nº 13.467/2017. RECLAMADA. PRELIMINAR DE NULIDADE DO

do depoimento pessoal da reclamante, tendo protestado contra DESPACHO DENEGATÓRIO DO SEGUIMENTO DO RECURSO

referido indeferimento por ocasião da audiência. Dessa forma, DE REVISTA POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. 1 -

requer a nulidade de todos os atos processuais praticados a partir O juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista

do indeferimento, com a devolução dos autos para a vara de exercido no TRT está previsto no § 1º do art. 896 da CLT, de

origem, para reabertura da instrução. No mérito, aduz que não havia modo que não há cerceamento do direito de defesa quando o

desvio de função pela reclamante, não fazendo jus a mesma ao recurso é denegado em decorrência do não preenchimento de

pagamento das diferenças salariais daí decorrentes. Aduz que no pressupostos extrínsecos ou intrínsecos, procedimento que

período de férias do gerente geral, as funções dele eram não se confunde com juízo de mérito, e, portanto, não

fracionadas entre os funcionários hierarquicamente inferiores, não configura violação dos artigos artigo 5º, II, V, X, XXXV, LIV e LV,

havendo, portanto, como se falar em diferenças salariais pela da Constituição Federal. 2 - Agravo de instrumento a que se

substituição do gerente. Requer a condenação da reclamante no nega provimento. TRANSCENDÊNCIA CERCEAMENTO DO

pagamento de honorários advocatícios e que sejam indeferidos os DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DO DEPOIMENTO DO

benefícios da justiça gratuita à obreira, já que não houve produção RECLAMANTE. 1 - Deve ser reconhecida a transcendência

de prova nesse sentido. jurídica quando se mostra aconselhável o exame mais detido

Contrarrazões do reclamado (Id f9fb450) e da reclamante (Id da controvérsia devido às peculiaridades do caso concreto. O

f251c75). enfoque exegético da aferição dos indicadores de

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho transcendência em princípio deve ser positivo, especialmente

para emissão do parecer. nos casos de alguma complexidade, em que se torna

FUNDAMENTAÇÃO aconselhável o debate mais aprofundado da matéria. 2 -

I- ADMISSIBILIDADE Aconselhável o provimento do agravo de instrumento, para

Os recursos preenchem as exigências processuais no que tange determinar o processamento do recurso de revista, em razão

aos pressupostos, portanto merecem ser conhecidos. da provável violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal. 3 -

II- PRELIMINAR DE NULIDADE ADUZIDA NO RECURSO DA Agravo de instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO

RECLAMANTE E DA RECLAMADA. AUSÊNCIA DA OITIVA DO DE REVISTA DA RECLAMADA. LEI Nº 13.467/2017.

DEPOIMENTO PESSOAL REQUERIDO PELA PARTE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO

Razão assiste aos recorrentes. DO DEPOIMENTO DO RECLAMANTE. 1 - A jurisprudência do

Reclamante e reclamado aduzem que são nulos todos os atos TST tem se pronunciado no sentido de que a oitiva de

processuais praticados a partir do indeferimento da oitiva dos depoimento pessoal das partes pode ser dispensada pelo

depoimentos pessoais (inclusive), considerando que, por ocasião da magistrado quando, da análise das provas produzidas, observa

audiência, requereram que fossem ouvidas as partes, onde poderia -se a suficiência do conjunto probatório para a formação do

haver confissão acerca dos fatos, tendo o juízo indeferido. convencimento a respeito das matérias postas à sua análise. 2

Conforme se vê da ata Id 13f4fd1, foi dispensada, pelo juízo, a oitiva - Como consequência lógica, tem-se que, em situação inversa,

dos depoimentos pessoais das partes. Ato contínuo, reclamante e em que subsiste controvérsia acerca de fatos relevantes, o

reclamada protestaram em face dessa dispensa. indeferimento da oitiva de depoimento pessoal, mediante o

Em que pese ser lícito ao juiz indeferir diligências inúteis ou qual se pode alcançar confissão ou esclarecimentos de fatos,

protelatórias, tendo liberdade na direção do processo, com intuito da caracteriza cerceamento de defesa. 3 - A colheita de

celeridade processual, tal não se mostra no presente caso, vez que depoimento pessoal não se revela, assim, faculdade de livre

as partes requereram a oitiva do depoimento da outra parte, ocasião exercício pelo magistrado. De tal modo, sua dispensa, em

onde poderiam confessar acerca dos fatos controversos. especial quando requerido o ato pela parte, exige

Dessa forma, incorreu o juízo em manifesto cerceamento de defesa fundamentação jurídica pertinente. 4 - No caso concreto se

dos recorrentes, ferindo, também, o princípio do contraditório, vez discute a equiparação salarial. O TRT disse que o Juízo da Vara

que impediu a possível confissão real da parte contrária. formou o seu convencimento a partir da análise da prova oral

Esse, aliás, foi o entendimento recentíssimo do TST em caso conjugada com o exame das fichas de registros do reclamante

análogo: e do paradigma e destacou que nenhuma testemunha de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 459
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

defesa foi trazida a depor. 5 - Assim, o indeferimento do Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

depoimento pessoal do reclamante configurou cerceamento do de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

direito de defesa da reclamada, razão pela qual se mostra Fortaleza, 18 de julho de 2022.

aconselhável o processamento do recurso de revista, a fim de

prevenir eventual violação do art. 5º, LV, da Constituição JEFFERSON QUESADO

Federal. 6 - Recurso de revista a que se dá provimento. 7 - Desembargador Relator

Prejudicada a análise do tema remanescente." (TST - RRAg:

1836020185060191, Relator: Katia Magalhaes Arruda, Data de FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Julgamento: 16/02/2022, 6ª Turma, Data de Publicação:

18/02/2022) ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Dessa forma, restando caracterizado o cerceamento de defesa da Diretor de Secretaria

reclamante e do reclamado e a ofensa aos princípios garantidos


Processo Nº ROT-0000411-75.2019.5.07.0028
constitucionalmente do contraditório e da ampla defesa, acolho a Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
preliminar arguida, para declarar nulos todos os atos processuais RECORRENTE MUNICIPIO DE BREJO SANTO
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE
perpetrados a partir da audiência de Id 13f4fd1, devendo os autos VASCONCELOS(OAB: 29704/CE)
retornarem ao Juízo de origem para reabertura da instrução RECORRIDO MARIA SELMA SILVA DE OLIVEIRA
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS
processual, com a regular notificação das partes e designação de SANTANA(OAB: 16257/CE)
audiência, oportunidade em que serão ouvidos os depoimentos CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
pessoais, caso requeridos, bem como as testemunhas. Prejudicada

a análise das demais matérias suscitadas nos recursos. Intimado(s)/Citado(s):


- MUNICIPIO DE BREJO SANTO
CONCLUSÃO DO VOTO

Conhecer dos recursos, acolhendo a preliminar suscitada pelas

partes, declarando a nulidade de todos os atos processuais

praticados a partir da audiência de Id 13f4fd1 (inclusive), PODER JUDICIÁRIO


determinando o retorno dos autos para a Vara de origem, para JUSTIÇA DO
reabertura da instrução processual, com a regular notificação das

partes e designação de audiência, oportunidade em que serão


EMENTA
ouvidos os depoimentos pessoais, caso requeridos, bem como as
RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA RESIDUAL DA
testemunhas. Prejudicada a análise das demais matérias suscitadas
JUSTIÇA DO TRABALHO. EMPREGADO PÚBLICO. A Justiça
nos recursos.
Trabalhista é competente para dirimir as questões postas em juízo,
DISPOSITIVO
tendo em vista que a relação de direito material havida entre a

reclamante e o reclamado, Município de Brejo Santo, decorre de um


ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
contrato de trabalho regido pela CLT. Não há afronta, pois, ao
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
julgamento preferido pelo STF na ADI nº 3.395-6. Assim, reconhece
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, acolhendo a
-se a competência residual da Justiça do Trabalho para apreciar a
preliminar suscitada pelas partes, declarando a nulidade de todos
presente demanda, consoante previsão contida no art. 114 da
os atos processuais praticados a partir da audiência de Id 13f4fd1
Constituição Federal.
(inclusive), determinando o retorno dos autos para a Vara de

origem, para reabertura da instrução processual, com a regular


RELATÓRIO
notificação das partes e designação de audiência, oportunidade em
O MUNICÍPIO DE BREJO SANTO apresentou recurso ordinário de
que serão ouvidos os depoimentos pessoais, caso requeridos, bem
ID a805d94, dentro do prazo legal, conforme certidão ID 9ee186d,
como as testemunhas. Prejudicada a análise das demais matérias
buscando a reforma da sentença do juízo de origem (ID 8586627),
suscitadas nos recursos.
que o condenou a pagar à reclamante as diferenças de FGTS.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
A reclamante, MARIA SELMA SILVA DE OLIVEIRA, apresentou
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
contrarrazões de ID e4af684, tempestivamente, conforme certidão
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
ID cffa8b7.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 460
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

A Procuradoria Regional do Trabalho manifestou-se pelo publicação da lei que instituiu o Regime Jurídico dos servidores da

conhecimento e desprovimento do recurso, conforme Parecer de ID edilidade em 14/03/2017, é a hipótese de se limitar a verba fundiária

f4e0bf4. até essa data, dando-se, portanto, parcial provimento ao apelo

nesse sentido, restando incompetente esta Justiça para apreciar

valores fundiários posteriores.

DAS DIFERENÇA DE FGTS.

FUNDAMENTAÇÃO No mérito, alega o apelante que com o parcelamento da dívida

fundiária junto Caixa Econômica Federal, estaria englobado o valor

cobrado nestes autos, o que resulta em bis in idem ao recorrente, o

ADMISSIBILIDADE que é legalmente vedado.

O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos Incumbe ao município o ônus de demonstrar a regularidade dos

e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. depósitos fundiários, a teor do art. 333, inciso II, do CPC c/c o art.

DO RECURSO DO RECLAMADO. 818 da CLT.

DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA. Ocorre que inexiste prova nos autos de que o FGTS da reclamante

Inicialmente, o ente estatal levantou a tese de incompetência desta tenha sido integralmente depositado, já que não trouxe o ente

Justiça para apreciar a presente lide, a partir da data de 14/03/2017, público os comprovantes de recolhimentos respectivos, com a

por adotar regime jurídico estatutário, conforme promulgação da Lei individualização dos beneficiários, quando é sabido que ao

Municipal nº 955/2017, no mural da Prefeitura Municipal. empregador cabe comprovar o alegado recolhimento da verba

Assiste parcial razão à parte recorrente. fundiária, a partir da juntada de documentos específicos (GFIP -

No caso, a reclamante presta seus serviços para o Município desde Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência

05/02/1998, exercendo a função de professora, porém, não teve seu Social).

FGTS depositado devidamente, conforme extrato de Id 3ecd372 De outra banda, mesmo que o Município tenha efetuado o

Na contestação de ID 3f8416b, o reclamado não se refutou o parcelamento do FGTS de seus empregados junto à Caixa

período laborado pela autora, antes da mudança de regime jurídico. Econômica Federal, isso não impede a propositura de ação

Assim, restou incontroverso que a reclamante trabalha para o ente individual, porquanto o FGTS constitui patrimônio do trabalhador e a

reclamado desde 05/02/1998. transação efetivada entre o ente público e a Caixa - mero órgão

DA DATA DA PUBLICAÇÃO DA LEI MUNICIPAL nº 955/2017. gestor do Fundo - não pode privar a reclamante das parcelas

O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 88d1f56, da própria fundiárias, consoante já teve oportunidade de se manifestar o

prefeita daquela municipalidade, afirmando que a citada lei Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:

municipal foi afixada no mural municipal em data de 14/03/2017. "AGRAVO DE INSTRUMENTO. PARCELAMENTO DO FGTS.

A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública, DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO ADIMPLEMENTO

afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO RECOLHIDAS. Constatada a

oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural violação do artigo 25 da Lei N.º 8.036/90, dá-se provimento ao

da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da agravo de instrumento a fim de determinar o processamento do

população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. PARCELAMENTO DO

as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis: FGTS. DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO

"SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO. LEI OU ATO NORMATIVO ADIMPLEMENTO INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO

MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA RECOLHIDAS. O acordo firmado entre a empresa e a CEF não

PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE impede o empregado de exercer, a qualquer tempo, seu direito

ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da súmula potestativo de requerer, perante a Justiça do Trabalho, a

pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016, Caderno condenação da empregadora ao adimplemento direto e integral das

Judiciário do TRT da 7ª Região.É válida a publicação de lei ou parcelas não depositadas. Exegese que se extrai do disposto no

normativo municipal por afixação no átrio da Prefeitura ou da artigo 25, da Lei N.º 8.036/90. Recurso conhecido e provido.

Câmara Municipal, desde que o ente público não possua órgão (Processo: RR - 154240-10.2002.5.15.0106 Data de Julgamento:

oficial de imprensa. 26/08/2009, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data

Assim, considerando o tópico acima, em que se aceitou a devida de divulgação: DEJT 04/09/2009.".

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 461
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Do extrato carreado (Id 3ecd372) pela parte recorrida, verifica-se a


Processo Nº ROT-0000411-75.2019.5.07.0028
inexistência de muito depósitos e diversos efetivados em atraso. Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
Relativamente ao parcelamento da verba fundiária, foi corretamente RECORRENTE MUNICIPIO DE BREJO SANTO
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE
deferida a compensação dos valores depositados nos seguintes VASCONCELOS(OAB: 29704/CE)
termos: "... devendo a mesma ser instruída com os extratos RECORRIDO MARIA SELMA SILVA DE OLIVEIRA
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS
analíticos do FGTS, constando na referida memória de cálculos SANTANA(OAB: 16257/CE)
as compensações e/ou exclusões de todos os valores do CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
período laboral já recolhidos pelo município reclamado...".

Mantém a sentença nesse particular. Intimado(s)/Citado(s):


- MARIA SELMA SILVA DE OLIVEIRA
Quanto ao pedido de ouvida da parte recorrente acerca da vigência

da Lei Municipal nº 951 de 24/02/2017, entendo ser desnecessário

neste momento processual, considerando que tal fato sequer foi

objeto da sentença recorrida. PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
Assim, dar-se parcial provimento ao apelo para limitar as diferenças

de FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi


EMENTA
efetivamente depositado ou sacado ao título.
RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA RESIDUAL DA

JUSTIÇA DO TRABALHO. EMPREGADO PÚBLICO. A Justiça

Trabalhista é competente para dirimir as questões postas em juízo,


CONCLUSÃO DO VOTO
tendo em vista que a relação de direito material havida entre a

reclamante e o reclamado, Município de Brejo Santo, decorre de um


Conhecer e dar parcial provimento ao apelo.
contrato de trabalho regido pela CLT. Não há afronta, pois, ao

julgamento preferido pelo STF na ADI nº 3.395-6. Assim, reconhece


DISPOSITIVO
-se a competência residual da Justiça do Trabalho para apreciar a

presente demanda, consoante previsão contida no art. 114 da


ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
Constituição Federal.
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso interposto e, no


RELATÓRIO
mérito, dar-lhe parcial provimento para limitar as diferenças de
O MUNICÍPIO DE BREJO SANTO apresentou recurso ordinário de
FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi
ID a805d94, dentro do prazo legal, conforme certidão ID 9ee186d,
efetivamente depositado ou sacado ao título.
buscando a reforma da sentença do juízo de origem (ID 8586627),
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
que o condenou a pagar à reclamante as diferenças de FGTS.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
A reclamante, MARIA SELMA SILVA DE OLIVEIRA, apresentou
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
contrarrazões de ID e4af684, tempestivamente, conforme certidão
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
ID cffa8b7.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
A Procuradoria Regional do Trabalho manifestou-se pelo
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
conhecimento e desprovimento do recurso, conforme Parecer de ID

f4e0bf4.
JEFFERSON QUESADO

Desembargador Relator

FUNDAMENTAÇÃO
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART


ADMISSIBILIDADE
Diretor de Secretaria
O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 462
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. depósitos fundiários, a teor do art. 333, inciso II, do CPC c/c o art.

DO RECURSO DO RECLAMADO. 818 da CLT.

DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA. Ocorre que inexiste prova nos autos de que o FGTS da reclamante

Inicialmente, o ente estatal levantou a tese de incompetência desta tenha sido integralmente depositado, já que não trouxe o ente

Justiça para apreciar a presente lide, a partir da data de 14/03/2017, público os comprovantes de recolhimentos respectivos, com a

por adotar regime jurídico estatutário, conforme promulgação da Lei individualização dos beneficiários, quando é sabido que ao

Municipal nº 955/2017, no mural da Prefeitura Municipal. empregador cabe comprovar o alegado recolhimento da verba

Assiste parcial razão à parte recorrente. fundiária, a partir da juntada de documentos específicos (GFIP -

No caso, a reclamante presta seus serviços para o Município desde Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência

05/02/1998, exercendo a função de professora, porém, não teve seu Social).

FGTS depositado devidamente, conforme extrato de Id 3ecd372 De outra banda, mesmo que o Município tenha efetuado o

Na contestação de ID 3f8416b, o reclamado não se refutou o parcelamento do FGTS de seus empregados junto à Caixa

período laborado pela autora, antes da mudança de regime jurídico. Econômica Federal, isso não impede a propositura de ação

Assim, restou incontroverso que a reclamante trabalha para o ente individual, porquanto o FGTS constitui patrimônio do trabalhador e a

reclamado desde 05/02/1998. transação efetivada entre o ente público e a Caixa - mero órgão

DA DATA DA PUBLICAÇÃO DA LEI MUNICIPAL nº 955/2017. gestor do Fundo - não pode privar a reclamante das parcelas

O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 88d1f56, da própria fundiárias, consoante já teve oportunidade de se manifestar o

prefeita daquela municipalidade, afirmando que a citada lei Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:

municipal foi afixada no mural municipal em data de 14/03/2017. "AGRAVO DE INSTRUMENTO. PARCELAMENTO DO FGTS.

A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública, DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO ADIMPLEMENTO

afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO RECOLHIDAS. Constatada a

oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural violação do artigo 25 da Lei N.º 8.036/90, dá-se provimento ao

da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da agravo de instrumento a fim de determinar o processamento do

população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. PARCELAMENTO DO

as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis: FGTS. DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO

"SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO. LEI OU ATO NORMATIVO ADIMPLEMENTO INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO

MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA RECOLHIDAS. O acordo firmado entre a empresa e a CEF não

PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE impede o empregado de exercer, a qualquer tempo, seu direito

ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da súmula potestativo de requerer, perante a Justiça do Trabalho, a

pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016, Caderno condenação da empregadora ao adimplemento direto e integral das

Judiciário do TRT da 7ª Região.É válida a publicação de lei ou parcelas não depositadas. Exegese que se extrai do disposto no

normativo municipal por afixação no átrio da Prefeitura ou da artigo 25, da Lei N.º 8.036/90. Recurso conhecido e provido.

Câmara Municipal, desde que o ente público não possua órgão (Processo: RR - 154240-10.2002.5.15.0106 Data de Julgamento:

oficial de imprensa. 26/08/2009, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data

Assim, considerando o tópico acima, em que se aceitou a devida de divulgação: DEJT 04/09/2009.".

publicação da lei que instituiu o Regime Jurídico dos servidores da Do extrato carreado (Id 3ecd372) pela parte recorrida, verifica-se a

edilidade em 14/03/2017, é a hipótese de se limitar a verba fundiária inexistência de muito depósitos e diversos efetivados em atraso.

até essa data, dando-se, portanto, parcial provimento ao apelo Relativamente ao parcelamento da verba fundiária, foi corretamente

nesse sentido, restando incompetente esta Justiça para apreciar deferida a compensação dos valores depositados nos seguintes

valores fundiários posteriores. termos: "... devendo a mesma ser instruída com os extratos

DAS DIFERENÇA DE FGTS. analíticos do FGTS, constando na referida memória de cálculos

No mérito, alega o apelante que com o parcelamento da dívida as compensações e/ou exclusões de todos os valores do

fundiária junto Caixa Econômica Federal, estaria englobado o valor período laboral já recolhidos pelo município reclamado...".

cobrado nestes autos, o que resulta em bis in idem ao recorrente, o Mantém a sentença nesse particular.

que é legalmente vedado. Quanto ao pedido de ouvida da parte recorrente acerca da vigência

Incumbe ao município o ônus de demonstrar a regularidade dos da Lei Municipal nº 951 de 24/02/2017, entendo ser desnecessário

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 463
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

neste momento processual, considerando que tal fato sequer foi

objeto da sentença recorrida.


PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
Assim, dar-se parcial provimento ao apelo para limitar as diferenças

de FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi

efetivamente depositado ou sacado ao título. EMENTA

RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA RESIDUAL DA

JUSTIÇA DO TRABALHO. EMPREGADO PÚBLICO. A Justiça

CONCLUSÃO DO VOTO Trabalhista é competente para dirimir as questões postas em juízo,

tendo em vista que a relação de direito material havida entre a

Conhecer e dar parcial provimento ao apelo. reclamante e o reclamado, Município de Mucambo, decorre de um

contrato de trabalho regido pela CLT. Não há afronta, pois, ao

DISPOSITIVO julgamento preferido pelo STF na ADI nº 3.395-6. Assim, reconhece

-se a competência residual da Justiça do Trabalho para apreciar a

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª presente demanda, consoante previsão contida no art. 114 da

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª Constituição Federal.

REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso interposto e, no RELATÓRIO

mérito, dar-lhe parcial provimento para limitar as diferenças de O MUNICÍPIO DE BREJO SANTO apresentou recurso ordinário de

FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi ID ba60017, dentro do prazo legal, conforme certidão ID 69b0189,

efetivamente depositado ou sacado ao título. buscando a reforma da sentença do juízo de origem (ID fea73a3),

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores que o condenou a pagar à reclamante as diferenças de FGTS.

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior A reclamante, MARIA MARLENE MONTEIRO

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) CASIMIRO,apresentou contrarrazões de ID 66e5534,

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo tempestivamente, conforme certidão ID 39f3e1c.

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. A Procuradoria Regional do Trabalho manifestou-se pelo

Fortaleza, 18 de julho de 2022. conhecimento e desprovimento do recurso, conforme Parecer de ID

0b78a8a.

JEFFERSON QUESADO

Desembargador Relator FUNDAMENTAÇÃO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ADMISSIBILIDADE

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos

Diretor de Secretaria e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.

DO RECURSO DO RECLAMADO.
Processo Nº ROT-0001572-23.2019.5.07.0028
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA.
RECORRENTE MUNICIPIO DE BREJO SANTO Inicialmente, o ente estatal levantou a tese de incompetência desta
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE
VASCONCELOS(OAB: 29704/CE) Justiça para apreciar a presente lide, a partir da data de 14/03/2017,
RECORRIDO MARIA MARLENE MONTEIRO por adotar regime jurídico estatutário, conforme promulgação da Lei
CASIMIRO
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS Municipal nº 955/2017, no mural da Prefeitura Municipal.
SANTANA(OAB: 16257/CE)
Assiste parcial razão à parte recorrente.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO No caso, a reclamante presta seus serviços para o Município desde

01/02/1978, exercendo a função de professora, porém, não teve seu


Intimado(s)/Citado(s):
FGTS depositado devidamente, conforme extratos de Ids 4ede34e,
- MARIA MARLENE MONTEIRO CASIMIRO
9ae615a e674e9c 9c9eb51 e 9a86ba8.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 464
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Na contestação de ID 0f74daf, o reclamado não se refutou o parcelamento do FGTS de seus empregados junto à Caixa

período laborado pela autora, antes da mudança de regime jurídico. Econômica Federal, isso não impede a propositura de ação

Assim, restou incontroverso que a reclamante trabalha para o ente individual, porquanto o FGTS constitui patrimônio do trabalhador e a

reclamado desde 01/02/1978. transação efetivada entre o ente público e a Caixa - mero órgão

DA DATA DA PUBLICAÇAO DA LEI MUNICIPAL nº 955/2017. gestor do Fundo - não pode privar a reclamante das parcelas

O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 812d475, da própria fundiárias, consoante já teve oportunidade de se manifestar o

prefeita daquela municipalidade, afirmando que a citada lei Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:

municipal foi afixada no mural municipal em data de 14/03/2017. "AGRAVO DE INSTRUMENTO. PARCELAMENTO DO FGTS.

A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública, DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO ADIMPLEMENTO

afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO RECOLHIDAS. Constatada a

oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural violação do artigo 25 da Lei N.º 8.036/90, dá-se provimento ao

da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da agravo de instrumento a fim de determinar o processamento do

população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. PARCELAMENTO DO

as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis: FGTS. DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO

"SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO. LEI OU ATO NORMATIVO ADIMPLEMENTO INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO

MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA RECOLHIDAS. O acordo firmado entre a empresa e a CEF não

PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE impede o empregado de exercer, a qualquer tempo, seu direito

ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da súmula potestativo de requerer, perante a Justiça do Trabalho, a

pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016, Caderno condenação da empregadora ao adimplemento direto e integral das

Judiciário do TRT da 7ª Região.É válida a publicação de lei ou parcelas não depositadas. Exegese que se extrai do disposto no

normativo municipal por afixação no átrio da Prefeitura ou da artigo 25, da Lei N.º 8.036/90. Recurso conhecido e provido.

Câmara Municipal, desde que o ente público não possua órgão (Processo: RR - 154240-10.2002.5.15.0106 Data de Julgamento:

oficial de imprensa. 26/08/2009, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data

Assim, considerando o tópico acima, em que se aceitou a devida de divulgação: DEJT 04/09/2009.".

publicação da lei que instituiu o Regime Jurídico dos servidores da Do extrato carreado (Id 3ecd372) pela parte recorrida, verifica-se a

edilidade em 14/03/2017, é a hipótese de se limitar a verba fundiária inexistência de muito depósitos e diversos efetivados em atraso.

até essa data, dando-se, portanto, parcial provimento ao apelo Relativamente ao parcelamento da verba fundiária, foi corretamente

nesse sentido, restando incompetente esta Justiça para apreciar deferida a compensação dos valores depositados nos seguintes

valores fundiários posteriores. termos:

DAS DIFERENÇA DE FGTS. "... devendo a mesma ser instruída com os extratos analíticos do

No mérito, alega o apelante que com o parcelamento da dívida FGTS, constando na referida memória de cálculos as

fundiária junto Caixa Econômica Federal, estaria englobado o valor compensações e/ou exclusões de todos os valores do período

cobrado nestes autos, o que resulta em bis in idem ao recorrente, o laboral já recolhidos pelo município reclamado...".

que é legalmente vedado. Mantém a sentença nesse particular.

Incumbe ao município o ônus de demonstrar a regularidade dos Quanto ao pedido de ouvida da parte recorrente acerca da vigência

depósitos fundiários, a teor do art. 333, inciso II, do CPC c/c o art. da Lei Municipal nº 951 de 24/02/2017, entendo ser desnecessário

818 da CLT. neste momento processual, considerando que tal fato sequer foi

Ocorre que inexiste prova nos autos de que o FGTS da reclamante objeto da sentença recorrida.

tenha sido integralmente depositado, já que não trouxe o ente Assim, dar-se parcial provimento ao apelo para limitar as diferenças

público os comprovantes de recolhimentos respectivos, com a de FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi

individualização dos beneficiários, quando é sabido que ao efetivamente depositado ou sacado ao título.

empregador cabe comprovar o alegado recolhimento da verba

fundiária, a partir da juntada de documentos específicos (GFIP - CONCLUSÃO DO VOTO

Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência

Social). DISPOSITIVO

De outra banda, mesmo que o Município tenha efetuado o ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 465
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª Constituição Federal.

REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso interposto e, no RELATÓRIO

mérito, dar-lhe parcial provimento para limitar as diferenças de O MUNICÍPIO DE BREJO SANTO apresentou recurso ordinário de

FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi ID ba60017, dentro do prazo legal, conforme certidão ID 69b0189,

efetivamente depositado ou sacado ao título. buscando a reforma da sentença do juízo de origem (ID fea73a3),

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores que o condenou a pagar à reclamante as diferenças de FGTS.

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior A reclamante, MARIA MARLENE MONTEIRO

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) CASIMIRO,apresentou contrarrazões de ID 66e5534,

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo tempestivamente, conforme certidão ID 39f3e1c.

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. A Procuradoria Regional do Trabalho manifestou-se pelo

Fortaleza, 18 de julho de 2022. conhecimento e desprovimento do recurso, conforme Parecer de ID

0b78a8a.

JEFFERSON QUESADO

Desembargador Relator FUNDAMENTAÇÃO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ADMISSIBILIDADE

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos

Diretor de Secretaria e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.

DO RECURSO DO RECLAMADO.
Processo Nº ROT-0001572-23.2019.5.07.0028
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA.
RECORRENTE MUNICIPIO DE BREJO SANTO Inicialmente, o ente estatal levantou a tese de incompetência desta
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE
VASCONCELOS(OAB: 29704/CE) Justiça para apreciar a presente lide, a partir da data de 14/03/2017,
RECORRIDO MARIA MARLENE MONTEIRO por adotar regime jurídico estatutário, conforme promulgação da Lei
CASIMIRO
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS Municipal nº 955/2017, no mural da Prefeitura Municipal.
SANTANA(OAB: 16257/CE)
Assiste parcial razão à parte recorrente.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO No caso, a reclamante presta seus serviços para o Município desde

01/02/1978, exercendo a função de professora, porém, não teve seu


Intimado(s)/Citado(s):
FGTS depositado devidamente, conforme extratos de Ids 4ede34e,
- MUNICIPIO DE BREJO SANTO
9ae615a e674e9c 9c9eb51 e 9a86ba8.

Na contestação de ID 0f74daf, o reclamado não se refutou o

período laborado pela autora, antes da mudança de regime jurídico.


PODER JUDICIÁRIO
Assim, restou incontroverso que a reclamante trabalha para o ente
JUSTIÇA DO
reclamado desde 01/02/1978.

DA DATA DA PUBLICAÇAO DA LEI MUNICIPAL nº 955/2017.

EMENTA O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 812d475, da própria

RECURSO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA RESIDUAL DA prefeita daquela municipalidade, afirmando que a citada lei

JUSTIÇA DO TRABALHO. EMPREGADO PÚBLICO. A Justiça municipal foi afixada no mural municipal em data de 14/03/2017.

Trabalhista é competente para dirimir as questões postas em juízo, A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública,

tendo em vista que a relação de direito material havida entre a afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão

reclamante e o reclamado, Município de Mucambo, decorre de um oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural

contrato de trabalho regido pela CLT. Não há afronta, pois, ao da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da

julgamento preferido pelo STF na ADI nº 3.395-6. Assim, reconhece população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa

-se a competência residual da Justiça do Trabalho para apreciar a as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis:

presente demanda, consoante previsão contida no art. 114 da "SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO. LEI OU ATO NORMATIVO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 466
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA RECOLHIDAS. O acordo firmado entre a empresa e a CEF não

PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE impede o empregado de exercer, a qualquer tempo, seu direito

ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da súmula potestativo de requerer, perante a Justiça do Trabalho, a

pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016, Caderno condenação da empregadora ao adimplemento direto e integral das

Judiciário do TRT da 7ª Região.É válida a publicação de lei ou parcelas não depositadas. Exegese que se extrai do disposto no

normativo municipal por afixação no átrio da Prefeitura ou da artigo 25, da Lei N.º 8.036/90. Recurso conhecido e provido.

Câmara Municipal, desde que o ente público não possua órgão (Processo: RR - 154240-10.2002.5.15.0106 Data de Julgamento:

oficial de imprensa. 26/08/2009, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data

Assim, considerando o tópico acima, em que se aceitou a devida de divulgação: DEJT 04/09/2009.".

publicação da lei que instituiu o Regime Jurídico dos servidores da Do extrato carreado (Id 3ecd372) pela parte recorrida, verifica-se a

edilidade em 14/03/2017, é a hipótese de se limitar a verba fundiária inexistência de muito depósitos e diversos efetivados em atraso.

até essa data, dando-se, portanto, parcial provimento ao apelo Relativamente ao parcelamento da verba fundiária, foi corretamente

nesse sentido, restando incompetente esta Justiça para apreciar deferida a compensação dos valores depositados nos seguintes

valores fundiários posteriores. termos:

DAS DIFERENÇA DE FGTS. "... devendo a mesma ser instruída com os extratos analíticos do

No mérito, alega o apelante que com o parcelamento da dívida FGTS, constando na referida memória de cálculos as

fundiária junto Caixa Econômica Federal, estaria englobado o valor compensações e/ou exclusões de todos os valores do período

cobrado nestes autos, o que resulta em bis in idem ao recorrente, o laboral já recolhidos pelo município reclamado...".

que é legalmente vedado. Mantém a sentença nesse particular.

Incumbe ao município o ônus de demonstrar a regularidade dos Quanto ao pedido de ouvida da parte recorrente acerca da vigência

depósitos fundiários, a teor do art. 333, inciso II, do CPC c/c o art. da Lei Municipal nº 951 de 24/02/2017, entendo ser desnecessário

818 da CLT. neste momento processual, considerando que tal fato sequer foi

Ocorre que inexiste prova nos autos de que o FGTS da reclamante objeto da sentença recorrida.

tenha sido integralmente depositado, já que não trouxe o ente Assim, dar-se parcial provimento ao apelo para limitar as diferenças

público os comprovantes de recolhimentos respectivos, com a de FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi

individualização dos beneficiários, quando é sabido que ao efetivamente depositado ou sacado ao título.

empregador cabe comprovar o alegado recolhimento da verba

fundiária, a partir da juntada de documentos específicos (GFIP - CONCLUSÃO DO VOTO

Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência

Social). DISPOSITIVO

De outra banda, mesmo que o Município tenha efetuado o ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

parcelamento do FGTS de seus empregados junto à Caixa TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

Econômica Federal, isso não impede a propositura de ação REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso interposto e, no

individual, porquanto o FGTS constitui patrimônio do trabalhador e a mérito, dar-lhe parcial provimento para limitar as diferenças de

transação efetivada entre o ente público e a Caixa - mero órgão FGTS à data de 14/03/2017, compensando-se o que foi

gestor do Fundo - não pode privar a reclamante das parcelas efetivamente depositado ou sacado ao título.

fundiárias, consoante já teve oportunidade de se manifestar o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. PARCELAMENTO DO FGTS. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO ADIMPLEMENTO Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO RECOLHIDAS. Constatada a de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

violação do artigo 25 da Lei N.º 8.036/90, dá-se provimento ao Fortaleza, 18 de julho de 2022.

agravo de instrumento a fim de determinar o processamento do

recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. PARCELAMENTO DO JEFFERSON QUESADO

FGTS. DIREITO POTESTATIVO DO EMPREGADO AO

ADIMPLEMENTO INTEGRAL DAS PARCELAS NÃO Desembargador Relator

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 467
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

A d.PRT apresentou Parecer de ID 26ae7df, opinando pelo

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. conhecimento e improvimento dos recursos.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

FUNDAMENTAÇÃO
Processo Nº ROT-0001101-43.2020.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE INSTITUTO MEDICO DE GESTAO
INTEGRADA
ADVOGADO LAZARO BERNARDES SANTOS DE ADMISSIBILIDADE
ALMEIDA(OAB: 31354/BA)
Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE impondo-se, pois, o seu conhecimento.
RECORRIDO MARIA DO SOCORRO NOGUEIRA
DA SILVA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO DO INSTITUTO MEDICO DE
ADVOGADO LOWSTAEU LEMOS GESTÃO INTEGRADA - IMEGI
FIGUEIREDO(OAB: 25032/CE)
ADVOGADO FRANCISCO AURELIANO DE O reclamado principal, INSTITUTO MEDICO DE GESTÃO
ALENCAR SOUSA(OAB: 22975/CE)
INTEGRADA - IMEGI, apresentou Agravo de Instrumento
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO objetivando destrancar o recurso ordinário de ID 4a1bae2, que não

foi admitido pelo juízo a quo (decisão de ID 639b337), em razão do


Intimado(s)/Citado(s):
não pagamento das custas processuais.
- INSTITUTO MEDICO DE GESTAO INTEGRADA
Alega o agravante que por ser entidade sem fins lucrativos é

beneficiária do § 10º, do artigo 899, da CLT, conforme vem

apoiando a moderna jurisprudência dos tribunais. Requer a


PODER JUDICIÁRIO
concessão da assistência judiciária gratuita, com dispensa do
JUSTIÇA DO
pagamento de depósito judicial ou deferir o pagamento de no

máximo 50% do valor de custas e depósito recursal.

EMENTA Analiso.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM R.O. O Parágrafo 10º, do artigo O Parágrafo 10º, do artigo 899, celetizado, prevê, expressamente,

899, celetizado, prevê, expressamente, que as entidades que as entidades filantrópicas são isentas apenas do depósito

filantrópicas são isentas apenas do depósito recursal, não se recursal, veja-se:

aplicando ao caso a isenção do recolhimento de custas "§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da

processuais. Agravo conhecido e improvido. justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em

RECURSO ADESIVO. NÃO CONHECIMENTO. A teor do § 2º, do recuperação judicial.".

art. 997, III, do CPC, o recurso adesivo fica subordinado ao recurso O legislador pretendeu isentar as entidades filantrópicas, dentre

principal. No presente caso em que permaneceu inadmissível o outras, apenas do recolhimento do depósito recursal. Está claro que

recurso ordinário, não se conhece do recurso adesivo. Apelo não as custas processuais, de regra valor muito abaixo do depósito

conhecido. recursal, não foi objeto de isenção, não podendo, no meu entender,

o juízo fazê-lo, sob pena de conceder beneficio ao arrepio da lei.

RELATÓRIO Registre-se que a agravante também não é beneficiaria da

O INSTITUTO MEDICO DE GESTÃO INTEGRADA apresentou gratuidade processual, fato que foi indeferido na sentença recorrida,

AGRAVO DE INSTRUMENTO de ID 22b0868, objetivando tendo o magistrado corretamente assim decidido:

destrancar o RECURSO ORDINÁRIO de ID 4a1bae2 não recebido "A primeira reclamada INSTITUTO MÉDICO DE GESTÃO

no juízo de primeiro grau por deserção. INTEGRADA protocolou Recurso Ordinário sem o devido

O MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE apresentou RECURSO preparo (depósito judicial e custas), alegando que se trata de

ADESIVO de ID 57970b9, interposto no prazo legal, conforme entidade filantrópica.

certidão de ID 819ff00.. Na peça de interposição do recurso, a reclamada menciona

Contrarrazões de IDs 51b9916, 9f74873,31092eb e 4927a47, decisão proferida na Ação nº 000802-93.2020.5.07.0028 em que

ajuizadas tempestivamente, conforme certidão de ID 118ff49. o Juízo da 2ª Vara da Região do Cariri recebeu RO impetrado e

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 468
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

a dispensou do recolhimento de custas processuais e de Nessa senda, sou pelo conhecimento e improvimento ao agravo de

efetuar o depósito recursal, afirmando ainda que possui instrumento, mantendo inadmissível o recurso ordinário.

Certificação CEBAS e faz referência aos Ids. 9b49672 e DO RECURSO ADESIVO.DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO

a6e8202, em que consta Portaria datada de 26/3/2018, publicada NORTE

no Diário Oficial da União de 29/3/2018, lhe concedendo o A teor da Sumula 283, do cTST, somente cabe Recurso Adesivo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. nas hipóteses de Recurso Ordinário, de agravo de petição, de

Vale salientar que a Portaria retromencionada fixa o prazo de revista e de embargos, Portanto, não se vislumbra na citada súmula

validade de 3 anos para o certificado, ou seja, expirou em a ajuizamento desse tipo de apelo quando da interposição de

29/3/2021. Dessa forma, não há que se reconhecer o caráter Agravo de Instrumento, como no presente caso, veja-se.

filantrópico da reclamada, mormente porque tem ao longo dos "SÚMULA nº 283 do TST- RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA

anos celebrado contratos milionários com o poder público, o NO PROCESSO DO TRABALHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS

que descaracteriza totalmente o exercício filantrópico. (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.

De acordo com o site filantropia.ong, o conceito de entidade O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e

filantrópica é: cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição

"Trata-se, também, de uma sociedade sem fins lucrativos de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de

(associação ou fundação), criada com o propósito de produzir embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada

o bem, tais como: assistir à família, à maternidade, à infância, à esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte

adolescência, à velhice, promovendo ainda a habilitação e contrária.".

reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e integração Não obstante isso, o recurso adesivo, por sua natureza acessória,

ao mercado do trabalho. Para ser reconhecida como segue a sorte do recuso principal.

filantrópica pelos órgãos públicos, a entidade precisa Assim, com a manutenção da inadmissibilidade do apelo principal,

comprovar ter desenvolvido, no mínimo pelo período de três conforme explicitada acima, não há como ser conhecido o apelo

anos, atividades em prol aos mais desprovidos, sem distribuir adesivo, nos termos do § 2º, do art. 997, III, do CPC, verbis:

lucros e sem remunerar seus dirigentes. Os títulos que terá de "§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso

conquistar para ser reconhecida como filantrópica pelo Estado independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste

são: Declaração de Utilidade Pública (federal, estadual ou quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no

municipal) e o de Entidade Beneficente de Assistência Social, tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o

adquirido no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)." seguinte:

- Original sem grifos ...

O pacto negocial de prestação de serviços que existiu entre as III - não será conhecido, se houver desistência do recurso

partes reclamadas não era de filantropia ou sem fins lucrativos, principal ou se for ele considerado inadmissível.".

tendo em vista que empresa reclamada empregadora explora De todo o exposto, sou pelo improvimento do Agravo de

atividade econômica extremamente rentável através de Instrumento e pelo não conhecimento do Recurso Adesivo.

contratos públicos mediante processo licitatório. CONCLUSÃO DO VOTO

Quanto ao recolhimento das custas processuais, cumpre

esclarecer que, de acordo com o parágrafo 10 do artigo 899 da Não conhecer do recurso adesivo e negar provimento ao agravo de

CLT, incluído pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), são instrumento.

beneficiárias da justiça gratuita as entidades filantrópicas e as

empresas em recuperação judicial e, nos termos do § 10 do DISPOSITIVO

mesmo artigo, a entidade filantrópica está isenta apenas do

depósito recursal. Em não sendo concedido, também, o ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

benefício da gratuidade da justiça, cabe à parte proceder ao TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

recolhimento das custas processuais. REGIÃO, por unanimidade, não conhecer do Recurso Adesivo e

Por todo o exposto, DEIXO DE RECEBER o Recurso Ordinário conhecer e negar provimento ao Agravo de Instrumento.

interposto pela reclamada INSTITUTO MÉDICO DE GESTÃO Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

INTEGRADA - IMEGI, vez que deserto. ". Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 469
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) destrancar o RECURSO ORDINÁRIO de ID 4a1bae2 não recebido

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo no juízo de primeiro grau por deserção.

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. O MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE apresentou RECURSO

Fortaleza, 18 de julho de 2022. ADESIVO de ID 57970b9, interposto no prazo legal, conforme

certidão de ID 819ff00..

JEFFERSON QUESADO Contrarrazões de IDs 51b9916, 9f74873,31092eb e 4927a47,

ajuizadas tempestivamente, conforme certidão de ID 118ff49.

Desembargador Relator A d.PRT apresentou Parecer de ID 26ae7df, opinando pelo

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. conhecimento e improvimento dos recursos.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

FUNDAMENTAÇÃO
Processo Nº ROT-0001101-43.2020.5.07.0037
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE INSTITUTO MEDICO DE GESTAO
INTEGRADA
ADVOGADO LAZARO BERNARDES SANTOS DE ADMISSIBILIDADE
ALMEIDA(OAB: 31354/BA)
Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE impondo-se, pois, o seu conhecimento.
RECORRIDO MARIA DO SOCORRO NOGUEIRA
DA SILVA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO DO INSTITUTO MEDICO DE
ADVOGADO LOWSTAEU LEMOS GESTÃO INTEGRADA - IMEGI
FIGUEIREDO(OAB: 25032/CE)
ADVOGADO FRANCISCO AURELIANO DE O reclamado principal, INSTITUTO MEDICO DE GESTÃO
ALENCAR SOUSA(OAB: 22975/CE)
INTEGRADA - IMEGI, apresentou Agravo de Instrumento
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO objetivando destrancar o recurso ordinário de ID 4a1bae2, que não

foi admitido pelo juízo a quo (decisão de ID 639b337), em razão do


Intimado(s)/Citado(s):
não pagamento das custas processuais.
- MARIA DO SOCORRO NOGUEIRA DA SILVA
Alega o agravante que por ser entidade sem fins lucrativos é

beneficiária do § 10º, do artigo 899, da CLT, conforme vem

apoiando a moderna jurisprudência dos tribunais. Requer a


PODER JUDICIÁRIO
concessão da assistência judiciária gratuita, com dispensa do
JUSTIÇA DO
pagamento de depósito judicial ou deferir o pagamento de no

máximo 50% do valor de custas e depósito recursal.

EMENTA Analiso.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM R.O. O Parágrafo 10º, do artigo O Parágrafo 10º, do artigo 899, celetizado, prevê, expressamente,

899, celetizado, prevê, expressamente, que as entidades que as entidades filantrópicas são isentas apenas do depósito

filantrópicas são isentas apenas do depósito recursal, não se recursal, veja-se:

aplicando ao caso a isenção do recolhimento de custas "§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da

processuais. Agravo conhecido e improvido. justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em

RECURSO ADESIVO. NÃO CONHECIMENTO. A teor do § 2º, do recuperação judicial.".

art. 997, III, do CPC, o recurso adesivo fica subordinado ao recurso O legislador pretendeu isentar as entidades filantrópicas, dentre

principal. No presente caso em que permaneceu inadmissível o outras, apenas do recolhimento do depósito recursal. Está claro que

recurso ordinário, não se conhece do recurso adesivo. Apelo não as custas processuais, de regra valor muito abaixo do depósito

conhecido. recursal, não foi objeto de isenção, não podendo, no meu entender,

o juízo fazê-lo, sob pena de conceder beneficio ao arrepio da lei.

RELATÓRIO Registre-se que a agravante também não é beneficiaria da

O INSTITUTO MEDICO DE GESTÃO INTEGRADA apresentou gratuidade processual, fato que foi indeferido na sentença recorrida,

AGRAVO DE INSTRUMENTO de ID 22b0868, objetivando tendo o magistrado corretamente assim decidido:

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 470
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

"A primeira reclamada INSTITUTO MÉDICO DE GESTÃO mesmo artigo, a entidade filantrópica está isenta apenas do

INTEGRADA protocolou Recurso Ordinário sem o devido depósito recursal. Em não sendo concedido, também, o

preparo (depósito judicial e custas), alegando que se trata de benefício da gratuidade da justiça, cabe à parte proceder ao

entidade filantrópica. recolhimento das custas processuais.

Na peça de interposição do recurso, a reclamada menciona Por todo o exposto, DEIXO DE RECEBER o Recurso Ordinário

decisão proferida na Ação nº 000802-93.2020.5.07.0028 em que interposto pela reclamada INSTITUTO MÉDICO DE GESTÃO

o Juízo da 2ª Vara da Região do Cariri recebeu RO impetrado e INTEGRADA - IMEGI, vez que deserto. ".

a dispensou do recolhimento de custas processuais e de Nessa senda, sou pelo conhecimento e improvimento ao agravo de

efetuar o depósito recursal, afirmando ainda que possui instrumento, mantendo inadmissível o recurso ordinário.

Certificação CEBAS e faz referência aos Ids. 9b49672 e DO RECURSO ADESIVO.DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO

a6e8202, em que consta Portaria datada de 26/3/2018, publicada NORTE

no Diário Oficial da União de 29/3/2018, lhe concedendo o A teor da Sumula 283, do cTST, somente cabe Recurso Adesivo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. nas hipóteses de Recurso Ordinário, de agravo de petição, de

Vale salientar que a Portaria retromencionada fixa o prazo de revista e de embargos, Portanto, não se vislumbra na citada súmula

validade de 3 anos para o certificado, ou seja, expirou em a ajuizamento desse tipo de apelo quando da interposição de

29/3/2021. Dessa forma, não há que se reconhecer o caráter Agravo de Instrumento, como no presente caso, veja-se.

filantrópico da reclamada, mormente porque tem ao longo dos "SÚMULA nº 283 do TST- RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA

anos celebrado contratos milionários com o poder público, o NO PROCESSO DO TRABALHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS

que descaracteriza totalmente o exercício filantrópico. (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.

De acordo com o site filantropia.ong, o conceito de entidade O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e

filantrópica é: cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição

"Trata-se, também, de uma sociedade sem fins lucrativos de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de

(associação ou fundação), criada com o propósito de produzir embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada

o bem, tais como: assistir à família, à maternidade, à infância, à esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte

adolescência, à velhice, promovendo ainda a habilitação e contrária.".

reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e integração Não obstante isso, o recurso adesivo, por sua natureza acessória,

ao mercado do trabalho. Para ser reconhecida como segue a sorte do recuso principal.

filantrópica pelos órgãos públicos, a entidade precisa Assim, com a manutenção da inadmissibilidade do apelo principal,

comprovar ter desenvolvido, no mínimo pelo período de três conforme explicitada acima, não há como ser conhecido o apelo

anos, atividades em prol aos mais desprovidos, sem distribuir adesivo, nos termos do § 2º, do art. 997, III, do CPC, verbis:

lucros e sem remunerar seus dirigentes. Os títulos que terá de "§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso

conquistar para ser reconhecida como filantrópica pelo Estado independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste

são: Declaração de Utilidade Pública (federal, estadual ou quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no

municipal) e o de Entidade Beneficente de Assistência Social, tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o

adquirido no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)." seguinte:

- Original sem grifos ...

O pacto negocial de prestação de serviços que existiu entre as III - não será conhecido, se houver desistência do recurso

partes reclamadas não era de filantropia ou sem fins lucrativos, principal ou se for ele considerado inadmissível.".

tendo em vista que empresa reclamada empregadora explora De todo o exposto, sou pelo improvimento do Agravo de

atividade econômica extremamente rentável através de Instrumento e pelo não conhecimento do Recurso Adesivo.

contratos públicos mediante processo licitatório. CONCLUSÃO DO VOTO

Quanto ao recolhimento das custas processuais, cumpre

esclarecer que, de acordo com o parágrafo 10 do artigo 899 da Não conhecer do recurso adesivo e negar provimento ao agravo de

CLT, incluído pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), são instrumento.

beneficiárias da justiça gratuita as entidades filantrópicas e as

empresas em recuperação judicial e, nos termos do § 10 do DISPOSITIVO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 471
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

O MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do Cariri extinguiu

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª com resolução de mérito a reclamação ajuizada por FRANCISCO

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª IRISVAN ALVES DIAS em face de CONSTRUTORA MARQUISE S

REGIÃO, por unanimidade, não conhecer do Recurso Adesivo e A (Id 57a079b), com fulcro nos arts. 7º, XXIX, da CF e art. 487, II,

conhecer e negar provimento ao Agravo de Instrumento. do o processo ajuizado CPC (prescrição).

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores Interpõe a parte reclamante o recurso ordinário (ID. 5120397 - Pág.

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior 1-11), pleiteando o afastamento da prejudicial de mérito alusiva à

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) prescrição total, bem como pugnando pela procedência dos pleitos

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo aduzidos na reclamatória.

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. Alega que o marco inicial da prescrição não ocorreu quando do

Fortaleza, 18 de julho de 2022. início doença, haja vista o seu caráter progressivo e degenerativo,

agravando-se com o transcurso do tempo.

JEFFERSON QUESADO Argumenta que não seria razoável exigir do trabalhador que ele

proponha a ação em que pretenda o pagamento de indenização por

Desembargador Relator danos morais e materiais decorrentes de doença ocupacional antes

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. que ele tenha a exata noção da gravidade da moléstia que o

acometeu e da extensão dos efeitos danosos da lesão.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Devidamente notificada, a parte recorrida, no prazo legal, ofereceu

Diretor de Secretaria contrarrazões (ID. 334a375 - Pág. 1-12).

No mérito do apelo, vislumbra-se não assistir razão ao recorrente


Processo Nº RORSum-0000136-61.2021.5.07.0027
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR reclamado.
RECORRENTE FRANCISCO IRISVAN ALVES DIAS A presente lide, em virtude do seu valor e nos termos do art. 852 da
ADVOGADO JOSE LAIR DE SOUSA
MANGUEIRA(OAB: 12467/CE) CLT, submete-se ao rito sumaríssimo, cujo recurso ordinário é
ADVOGADO MARCIO ANDRETTI QUESADO regido pelos ditames do art. 895, § 1º da CLT, o qual dispõe:
BESERRA(OAB: 32565/CE)
RECORRIDO CONSTRUTORA MARQUISE S A "Terá acórdão consistente unicamente na certidão de
ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS julgamento com a indicação suficiente do processo e parte
SANTOS(OAB: 16498/CE)
dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a
Intimado(s)/Citado(s): sentença for confirmada pelo próprios fundamentos, a certidão
- CONSTRUTORA MARQUISE S A de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de

acórdão."

Pela análise dos autos, verifica-se que não merece reparo a

PODER JUDICIÁRIO sentença recorrida.

JUSTIÇA DO Assim, diante de tal constatação e das disposições acima

elencadas, pede-se vênia para transcrever a decisão de primeiro

grau, a qual será mantida pelos seus próprios e jurídicos


FUNDAMENTAÇÃO
fundamentos.

"S E N T E N Ç A
FUNDAMENTAÇÃO.
Dispensado o Relatório pela submissão da demanda ao
RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto
procedimento sumaríssimo (art. 852, inc. I da CLT).
no art. 895,§ 1º, inciso IV da CLT.
DA FUNDAMENTAÇÃO

1.Da prejudicial de mérito. Da arguição da prescrição


I - ADMISSIBILIDADE
quinquenal.
Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço do
Em sede de preliminar de mérito, a Reclamada requereu a
recurso ordinário.
prescrição da pretensão autoral, em virtude do transcurso do

prazo prescricional em 14/08/2020.


II - MÉRITO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 472
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Delgado (2002) ensina que a prescrição: Na mesma linha de entendimento vêm se pronunciando a

"Conceitua-se, pois, como a perda da ação (no sentido jurisprudência, conforme jurisprudências abaixo colacionadas:

material) de um direito em virtude do esgotamento do prazo "ACIDENTE DO TRABALHO - PRESCRIÇÃO QUINQUENAL -

para seu exercício. Ou: a perda da exigibilidade judicial de um Tendo o reclamante ciência das graves lesões sofridas já no

direito em consequência de não ter sido exigido pelo credor ao momento do acidente sofrido durante o trabalho, com a

devedor durante certo lapso de tempo (...)". percepção de auxílio-doença acidentário, a actio nata

No caso das relações trabalhistas, a Constituição Federal prescricional aí se estabelece, definindo-se a prescrição total".

tratou de estabelecer, em seu art. 7º, inciso XXIX, a prescrição (TRT-3 - RO: 00115292820165030137 MG 0011529-

do direito de ação quanto aos créditos resultantes das relações 28.2016.5.03.0137, Relator: Luis Felipe Lopes Boson, Data de

de trabalho: Julgamento: 15/02/2018, Terceira Turma, Data de Publicação:

"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além 20/02 /2018.)

de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) "ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de MARCO INICIAL.CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO APÓS A EC

trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os 45/2004. O prazo prescricional para ajuizamento de ação de

trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a indenização por danos materiais e morais decorrentes de lesão

extinção do contrato de trabalho; (...)". ocorrida em virtude de acidente de trabalho começa a fluir a

É certo que a pretensão de reparação do titular nasce com a partir da data da ciência inequívoca da extensão dos danos.

violação do direito. O direito de propor a ação de indenização Aplica-se a prescrição quinquenal quando a ciência inequívoca

apenas surge, contudo, da ciência da lesão, pois antes não há da lesão ocorrer após a vigência da EC 45/2004, ante a

que se falar em direito subjetivo violado. jurisprudência do col. TST". (TRT-10 - RO:

Esse é o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça 00014183820175100821 DF, Data de Julgamento: 16/09/2020,

- , quanto à sua aplicabilidade a pretensões reparatórias por Data de Publicação: 23/09/2020).

incapacidade STJ laboral, conforme Súmula nº 278, que afirma: "ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. DATA DA CIÊNCIA

"Súmula nº 278 do STJ. Termo Inicial - Prazo Prescricional - INEQUÍVOCA DA LESÃO. A prescrição aplicável às pretensões

Ação de Indenização - Incapacidade Laboral. O termo inicial do decorrentes de acidente do trabalho ou doença ocupacional a

prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o ele equiparado, após a promulgação da Emenda Constitucional

segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. (DJ n. 45/2004, é a prescrição trabalhista prevista no art. 7º, inc.

16/6/2003)". XXIX". (TRT12 - ROT - 0000606-72.2018.5.12.0055 , Rel.

Na exordial, O Autor informa nos seguintes termos: "O GARIBALDI TADEU PEREIRA FERREIRA , 4ª Câmara , Data de

trabalhador ora reclamante sofre problemas de Hérnia Discal Assinatura: 02/03/2020).

Cervical (CID 10.M50.0) desde 2015, bem como Epicondilite Desta feita, o Reclamante teve ciência inequívoca do acidente

lateral (CID10 M77.1), CID 10 - M50.1 Transtorno do disco de trabalho sofrido em 20/08/2015, data que considero como

cervical com Radiculopatia e CID 10 - M54.2 Cervicalgia, CID 10 termo inicial para fins de contagem do prazo prescricional, já

- S83.2 Ruptura do menisco e atual, conforme laudos médicos que fora a data em que iniciou a percepção do auxílio doença

acostados". acidentário pelo INSS. Assim, o trabalhador teria o prazo de

Como prova de suas alegações, o Reclamante acostou aos cinco anos para ajuizar a demanda, com o pedido de

autos, o documento do auxílio-doença recebido pelo INSS, em indenização por danos morais decorrentes do acidente do

que consta como motivo do benefício o código 91 (acidente de trabalho (em sentido amplo), prazo este que se encerrou em

trabalho), conforme fls.14. No referido documento obtém-se a 20/08/2020.

informação de que o início da vigência se deu em 20/08/2015, O Reclamante apenas propôs a presente ação visando a

data do seu primeiro auxílio doença acidentário. indenização por danos morais em 29/01/2021 (data da

Pois bem. autuação), ou seja, já decorrido o prazo prescricional

De acordo com entendimento sumular do Superior Tribunal de (20/08/2020).

Justiça, o dies ad quo (termo inicial) do prazo prescricional na Diante do exposto, aplica-se, ao caso dos autos, a regra

ação de indenização é o dia em que o titular do direito teve prescricional do art. 7º, XXIX, CF, tendo por irremediavelmente

"ciência inequívoca da incapacidade laboral". prescrita a pretensão autoral de indenização por danos morais,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 473
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pelo que ACOLHO a prescrição quinquenal para extinguir a resolução do mérito, resta-se prejudicado o laudo pericial

pretensão formulada com resolução de mérito, na forma do produzido.

artigo 487, II, do CPC. Considerando a segurança demonstrada pelo Perito em seu

2. Da justiça gratuita e dos honorários. mister; a complexidade da matéria envolvida; a investigação

Em face da data do ajuizamento desta ação (após 11/11/2017), em torno das condições de trabalho do empregado; o conjunto

aplica-se a essa lide as alterações normativas trazidas pela de material fático examinado; e as horas trabalhadas por

Reforma Trabalhista. Sendo os dispositivos legais aqui estimativa, arbitro os honorários definitivos do Perito Oficial

utilizados, conforme sua redação após às alterações trazidas responsável pela perícia em R$ 1.000,00 (um mil reais).

pela Lei 13.467/2017. Em face da gratuidade da justiça deferida ao Autor e tendo sido

Os §3° e §4°, do art. 790, CLT inseridos pela Reforma prejudicada a perícia pelas razões supra, cabe à União a

Trabalhista relacionam dois requisitos para concessão da responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais

justiça gratuita: a) o requerente perceber salário igual ou definitivos (§4º do art. 790-B da CLT).

inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime DO DISPOSITIVO

Geral de Previdência Social e b) comprovar que não tem Pelo exposto, e por tudo o mais que dos autos consta, resolvo

condições de arcar com as despesas do processo. extinguir com resolução do mérito, com fulcro nos arts. 7º,

O artigo 99, §3°, CPC dispõe sobre a presunção legal de que XXIX, da CF e art. 487, II, do o processo ajuizado CPC

"verdadeira a alegação de insuficiência deduzida (prescrição), por FRANCISCO IRISVAN ALVES DIAS contra

exclusivamente por pessoa natural", aplicado supletivamente CONSTRUTORA MARQUISE S.A. Defiro ao Reclamante o

ao processo do trabalho. benefício da justiça gratuita. Honorários advocatícios

In casu, o Reclamante declarou não possuir condição sucumbenciais no percentual de 5% a favor do advogado da

econômica de arcar com as despesas processuais sem Reclamada, observando-se as disposições do art. art. 791-A,

prejuízo do sustento próprio e de sua família, portanto, eficaz §4º, CLT. Honorários periciais a cargo da União. Custas a cargo

para incidir a presunção legal. do Reclamante sobre o valor da causa de R$40.630,19, no

De acordo com o artigo 374, IV, CPC temos que os fatos importe de R$ 812,60, porém dispensadas, em razão dos

presumidos independem de prova, de modo que não há benefícios da justiça gratuita que ora lhe defiro (art. 790, § 3º,

exigência de se comprovar a incapacidade financeira, CLT). Nada mais. Encerrou-se.

incumbindo à parte contrária o ônus de desconstituir referida Intimem-se as partes.

declaração de insuficiência de recursos. A Reclamada não Juazeiro do Norte/CE, 12 de janeiro de 2022.

produziu prova em contrário. FABRICIO AUGUSTO BEZERRA E SILVA

Defiro a gratuidade da justiça ao Reclamante. Juiz do Trabalho Titular"

Com o advento da Lei 13.467/2017, os honorários advocatícios

sucumbenciais passaram a ser disciplinados expressamente

pelo artigo 791-A, CLT, alterando consideravelmente a

sistemática anterior (súmula 219, C.TST). CONCLUSÃO DO VOTO

Dessa forma, os honorários passam a ser devidos com base no

princípio da causalidade, ou seja, pelo fato objetivo da derrota.

No caso sub judice, ante a extinção com julgamento do mérito, Assim, nega-se provimento ao recurso ordinário interposto,

e por último, considerando os critérios para fixação de mantendo-se a sentença de primeiro grau por seus próprios e

honorários advocatícios (§2º, do artigo 791-A, da CLT), defiro jurídicos fundamentos.

honorários sucumbenciais no percentual fixado de 5%. Os

honorários serão calculados, em favor do advogado da DISPOSITIVO

Reclamada, sobre o valor da causa.

Nos termos do art. 791-A, §4º, CLT, as obrigações decorrentes ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita ficarão sob TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

condição suspensiva de exigibilidade. unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento,

Ademais, tendo em vista a extinção do processo com mantendo-se a sentença de primeiro grau por seus próprios e

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 474
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

jurídicos fundamentos. Interpõe a parte reclamante o recurso ordinário (ID. 5120397 - Pág.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores 1-11), pleiteando o afastamento da prejudicial de mérito alusiva à

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior prescrição total, bem como pugnando pela procedência dos pleitos

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) aduzidos na reclamatória.

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo Alega que o marco inicial da prescrição não ocorreu quando do

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. início doença, haja vista o seu caráter progressivo e degenerativo,

Fortaleza, 18 de julho de 2022. agravando-se com o transcurso do tempo.

Argumenta que não seria razoável exigir do trabalhador que ele

JEFFERSON QUESADO proponha a ação em que pretenda o pagamento de indenização por

Desembargador Relator danos morais e materiais decorrentes de doença ocupacional antes

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. que ele tenha a exata noção da gravidade da moléstia que o

acometeu e da extensão dos efeitos danosos da lesão.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Devidamente notificada, a parte recorrida, no prazo legal, ofereceu

Diretor de Secretaria contrarrazões (ID. 334a375 - Pág. 1-12).

No mérito do apelo, vislumbra-se não assistir razão ao recorrente


Processo Nº RORSum-0000136-61.2021.5.07.0027
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR reclamado.
RECORRENTE FRANCISCO IRISVAN ALVES DIAS A presente lide, em virtude do seu valor e nos termos do art. 852 da
ADVOGADO JOSE LAIR DE SOUSA
MANGUEIRA(OAB: 12467/CE) CLT, submete-se ao rito sumaríssimo, cujo recurso ordinário é
ADVOGADO MARCIO ANDRETTI QUESADO regido pelos ditames do art. 895, § 1º da CLT, o qual dispõe:
BESERRA(OAB: 32565/CE)
RECORRIDO CONSTRUTORA MARQUISE S A "Terá acórdão consistente unicamente na certidão de
ADVOGADO ROMULO MARCEL SOUTO DOS julgamento com a indicação suficiente do processo e parte
SANTOS(OAB: 16498/CE)
dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a
Intimado(s)/Citado(s): sentença for confirmada pelo próprios fundamentos, a certidão
- FRANCISCO IRISVAN ALVES DIAS de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de

acórdão."

Pela análise dos autos, verifica-se que não merece reparo a

PODER JUDICIÁRIO sentença recorrida.

JUSTIÇA DO Assim, diante de tal constatação e das disposições acima

elencadas, pede-se vênia para transcrever a decisão de primeiro

grau, a qual será mantida pelos seus próprios e jurídicos


FUNDAMENTAÇÃO
fundamentos.

"S E N T E N Ç A
FUNDAMENTAÇÃO.
Dispensado o Relatório pela submissão da demanda ao
RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto
procedimento sumaríssimo (art. 852, inc. I da CLT).
no art. 895,§ 1º, inciso IV da CLT.
DA FUNDAMENTAÇÃO

1.Da prejudicial de mérito. Da arguição da prescrição


I - ADMISSIBILIDADE
quinquenal.
Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço do
Em sede de preliminar de mérito, a Reclamada requereu a
recurso ordinário.
prescrição da pretensão autoral, em virtude do transcurso do

prazo prescricional em 14/08/2020.


II - MÉRITO
Delgado (2002) ensina que a prescrição:
O MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho da Região do Cariri extinguiu
"Conceitua-se, pois, como a perda da ação (no sentido
com resolução de mérito a reclamação ajuizada por FRANCISCO
material) de um direito em virtude do esgotamento do prazo
IRISVAN ALVES DIAS em face de CONSTRUTORA MARQUISE S
para seu exercício. Ou: a perda da exigibilidade judicial de um
A (Id 57a079b), com fulcro nos arts. 7º, XXIX, da CF e art. 487, II,
direito em consequência de não ter sido exigido pelo credor ao
do o processo ajuizado CPC (prescrição).

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 475
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

devedor durante certo lapso de tempo (...)". percepção de auxílio-doença acidentário, a actio nata

No caso das relações trabalhistas, a Constituição Federal prescricional aí se estabelece, definindo-se a prescrição total".

tratou de estabelecer, em seu art. 7º, inciso XXIX, a prescrição (TRT-3 - RO: 00115292820165030137 MG 0011529-

do direito de ação quanto aos créditos resultantes das relações 28.2016.5.03.0137, Relator: Luis Felipe Lopes Boson, Data de

de trabalho: Julgamento: 15/02/2018, Terceira Turma, Data de Publicação:

"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além 20/02 /2018.)

de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) "ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de MARCO INICIAL.CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO APÓS A EC

trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os 45/2004. O prazo prescricional para ajuizamento de ação de

trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a indenização por danos materiais e morais decorrentes de lesão

extinção do contrato de trabalho; (...)". ocorrida em virtude de acidente de trabalho começa a fluir a

É certo que a pretensão de reparação do titular nasce com a partir da data da ciência inequívoca da extensão dos danos.

violação do direito. O direito de propor a ação de indenização Aplica-se a prescrição quinquenal quando a ciência inequívoca

apenas surge, contudo, da ciência da lesão, pois antes não há da lesão ocorrer após a vigência da EC 45/2004, ante a

que se falar em direito subjetivo violado. jurisprudência do col. TST". (TRT-10 - RO:

Esse é o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça 00014183820175100821 DF, Data de Julgamento: 16/09/2020,

- , quanto à sua aplicabilidade a pretensões reparatórias por Data de Publicação: 23/09/2020).

incapacidade STJ laboral, conforme Súmula nº 278, que afirma: "ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. DATA DA CIÊNCIA

"Súmula nº 278 do STJ. Termo Inicial - Prazo Prescricional - INEQUÍVOCA DA LESÃO. A prescrição aplicável às pretensões

Ação de Indenização - Incapacidade Laboral. O termo inicial do decorrentes de acidente do trabalho ou doença ocupacional a

prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o ele equiparado, após a promulgação da Emenda Constitucional

segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. (DJ n. 45/2004, é a prescrição trabalhista prevista no art. 7º, inc.

16/6/2003)". XXIX". (TRT12 - ROT - 0000606-72.2018.5.12.0055 , Rel.

Na exordial, O Autor informa nos seguintes termos: "O GARIBALDI TADEU PEREIRA FERREIRA , 4ª Câmara , Data de

trabalhador ora reclamante sofre problemas de Hérnia Discal Assinatura: 02/03/2020).

Cervical (CID 10.M50.0) desde 2015, bem como Epicondilite Desta feita, o Reclamante teve ciência inequívoca do acidente

lateral (CID10 M77.1), CID 10 - M50.1 Transtorno do disco de trabalho sofrido em 20/08/2015, data que considero como

cervical com Radiculopatia e CID 10 - M54.2 Cervicalgia, CID 10 termo inicial para fins de contagem do prazo prescricional, já

- S83.2 Ruptura do menisco e atual, conforme laudos médicos que fora a data em que iniciou a percepção do auxílio doença

acostados". acidentário pelo INSS. Assim, o trabalhador teria o prazo de

Como prova de suas alegações, o Reclamante acostou aos cinco anos para ajuizar a demanda, com o pedido de

autos, o documento do auxílio-doença recebido pelo INSS, em indenização por danos morais decorrentes do acidente do

que consta como motivo do benefício o código 91 (acidente de trabalho (em sentido amplo), prazo este que se encerrou em

trabalho), conforme fls.14. No referido documento obtém-se a 20/08/2020.

informação de que o início da vigência se deu em 20/08/2015, O Reclamante apenas propôs a presente ação visando a

data do seu primeiro auxílio doença acidentário. indenização por danos morais em 29/01/2021 (data da

Pois bem. autuação), ou seja, já decorrido o prazo prescricional

De acordo com entendimento sumular do Superior Tribunal de (20/08/2020).

Justiça, o dies ad quo (termo inicial) do prazo prescricional na Diante do exposto, aplica-se, ao caso dos autos, a regra

ação de indenização é o dia em que o titular do direito teve prescricional do art. 7º, XXIX, CF, tendo por irremediavelmente

"ciência inequívoca da incapacidade laboral". prescrita a pretensão autoral de indenização por danos morais,

Na mesma linha de entendimento vêm se pronunciando a pelo que ACOLHO a prescrição quinquenal para extinguir a

jurisprudência, conforme jurisprudências abaixo colacionadas: pretensão formulada com resolução de mérito, na forma do

"ACIDENTE DO TRABALHO - PRESCRIÇÃO QUINQUENAL - artigo 487, II, do CPC.

Tendo o reclamante ciência das graves lesões sofridas já no 2. Da justiça gratuita e dos honorários.

momento do acidente sofrido durante o trabalho, com a Em face da data do ajuizamento desta ação (após 11/11/2017),

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 476
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

aplica-se a essa lide as alterações normativas trazidas pela de material fático examinado; e as horas trabalhadas por

Reforma Trabalhista. Sendo os dispositivos legais aqui estimativa, arbitro os honorários definitivos do Perito Oficial

utilizados, conforme sua redação após às alterações trazidas responsável pela perícia em R$ 1.000,00 (um mil reais).

pela Lei 13.467/2017. Em face da gratuidade da justiça deferida ao Autor e tendo sido

Os §3° e §4°, do art. 790, CLT inseridos pela Reforma prejudicada a perícia pelas razões supra, cabe à União a

Trabalhista relacionam dois requisitos para concessão da responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais

justiça gratuita: a) o requerente perceber salário igual ou definitivos (§4º do art. 790-B da CLT).

inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime DO DISPOSITIVO

Geral de Previdência Social e b) comprovar que não tem Pelo exposto, e por tudo o mais que dos autos consta, resolvo

condições de arcar com as despesas do processo. extinguir com resolução do mérito, com fulcro nos arts. 7º,

O artigo 99, §3°, CPC dispõe sobre a presunção legal de que XXIX, da CF e art. 487, II, do o processo ajuizado CPC

"verdadeira a alegação de insuficiência deduzida (prescrição), por FRANCISCO IRISVAN ALVES DIAS contra

exclusivamente por pessoa natural", aplicado supletivamente CONSTRUTORA MARQUISE S.A. Defiro ao Reclamante o

ao processo do trabalho. benefício da justiça gratuita. Honorários advocatícios

In casu, o Reclamante declarou não possuir condição sucumbenciais no percentual de 5% a favor do advogado da

econômica de arcar com as despesas processuais sem Reclamada, observando-se as disposições do art. art. 791-A,

prejuízo do sustento próprio e de sua família, portanto, eficaz §4º, CLT. Honorários periciais a cargo da União. Custas a cargo

para incidir a presunção legal. do Reclamante sobre o valor da causa de R$40.630,19, no

De acordo com o artigo 374, IV, CPC temos que os fatos importe de R$ 812,60, porém dispensadas, em razão dos

presumidos independem de prova, de modo que não há benefícios da justiça gratuita que ora lhe defiro (art. 790, § 3º,

exigência de se comprovar a incapacidade financeira, CLT). Nada mais. Encerrou-se.

incumbindo à parte contrária o ônus de desconstituir referida Intimem-se as partes.

declaração de insuficiência de recursos. A Reclamada não Juazeiro do Norte/CE, 12 de janeiro de 2022.

produziu prova em contrário. FABRICIO AUGUSTO BEZERRA E SILVA

Defiro a gratuidade da justiça ao Reclamante. Juiz do Trabalho Titular"

Com o advento da Lei 13.467/2017, os honorários advocatícios

sucumbenciais passaram a ser disciplinados expressamente

pelo artigo 791-A, CLT, alterando consideravelmente a

sistemática anterior (súmula 219, C.TST). CONCLUSÃO DO VOTO

Dessa forma, os honorários passam a ser devidos com base no

princípio da causalidade, ou seja, pelo fato objetivo da derrota.

No caso sub judice, ante a extinção com julgamento do mérito, Assim, nega-se provimento ao recurso ordinário interposto,

e por último, considerando os critérios para fixação de mantendo-se a sentença de primeiro grau por seus próprios e

honorários advocatícios (§2º, do artigo 791-A, da CLT), defiro jurídicos fundamentos.

honorários sucumbenciais no percentual fixado de 5%. Os

honorários serão calculados, em favor do advogado da DISPOSITIVO

Reclamada, sobre o valor da causa.

Nos termos do art. 791-A, §4º, CLT, as obrigações decorrentes ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

da sucumbência do beneficiário da justiça gratuita ficarão sob TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

condição suspensiva de exigibilidade. unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento,

Ademais, tendo em vista a extinção do processo com mantendo-se a sentença de primeiro grau por seus próprios e

resolução do mérito, resta-se prejudicado o laudo pericial jurídicos fundamentos.

produzido. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Considerando a segurança demonstrada pelo Perito em seu Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

mister; a complexidade da matéria envolvida; a investigação (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

em torno das condições de trabalho do empregado; o conjunto Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 477
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. reclamação trabalhista, para condenar o reclamado na obrigação de

Fortaleza, 18 de julho de 2022. pagar a quantia relativa às diferenças salariais retroativas

decorrente de progressão reconhecida em sentença anteriormente

JEFFERSON QUESADO ajuizada, com reflexos sobre o FGTS e o terço constitucional de

Desembargador Relator férias, relativa ao período de março de 2018 a agosto de 2021,

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. referente aos dois cargos de professora da educação básica

exercidos pela reclamante.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART Contrarrazões ofertadas, Id. 467d2f6; Manifestação do Ministério

Diretor de Secretaria Público do Trabalho Id. 4886c61.

É o relatório.
Processo Nº ROT-0001908-53.2021.5.07.0029
Relator CLAUDIO SOARES PIRES FUNDAMENTAÇÃO
RECORRENTE MUNICIPIO DE CROATA ADMISSIBILIDADE
ADVOGADO JOSE MARQUES JUNIOR(OAB:
17257/CE) Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso
RECORRIDO RAIMUNDA FARIAS BEZERRA ordinário interposto pelo Município de Croatá.
ABREU
ADVOGADO ANTONIO RODRIGUES DE PRELIMINAR
SOUZA(OAB: 39497/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Nada há para ser examinado.

Intimado(s)/Citado(s):
DO MÉRITO
- RAIMUNDA FARIAS BEZERRA ABREU
RECURSO ORDINÁRIO. MUNICÍPIO DE CROATÁ. PROFESSOR.

PLANO DE CARGOS. DIREITO À PROGRESSÃO

RECONHECIDO EM RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ANTERIOR.


PODER JUDICIÁRIO
DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS.
JUSTIÇA DO

Cuida-se de reclamação trabalhista em face de MUNICÍPIO DE

EMENTA CROATÁ em que se alega que nos autos da reclamação trabalhista

RECURSO ORDINÁRIO. MUNICÍPIO DE CROATÁ. PROFESSOR. de nº 0002417-52.2019.5.07.0029, teve reconhecido o seu direito a

PLANO DE CARGOS. DIREITO À PROGRESSÃO ocupar, desde março de 2018, a referência 14, em razão de

RECONHECIDO EM RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ANTERIOR. progressão funcional, conforme previsto na lei municipal nº

DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS. 1. O arcabouço jurídico, o 298/2009 - Plano de cargos, carreiras e salários do magistério de

conteúdo expresso da lei, exprime a vontade do legislador no Croatá/CE. Pleiteia diferenças salariais, com reflexos sobre outras

momento da aprovação do texto legal. 2. Ex vi da Lei Municipal nº verbas, que lhe são devidas entre março de 2018 e agosto de 2021,

298/09, ao professor é dada progressão salarial a cada três anos de advindas da aludida progressão horizontal.

serviço (artigo 20, § 1º). 3. Reconhecido o direito à progressão Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante (ID.

funcional em Reclamação Trabalhista anteriormente ajuizada, faz d578c93):

jus a reclamante a diferenças salariais, com reflexos, advindas de "DAS DIRETRIZES CONSTANTES NA LEI 298/2009 - PLANO DE

aludida progressão, cuja quitação não foi comprovada nos autos. CARGOS, CARREIRAS E SALÁRIOS DO MAGISTÉRIO DE

Recurso conhecido e improvido. CROATÁ/CE, NO TOCANTE À PROGRESSÃO FUNCIONAL DOS

PROFESSORES DO MUNICÍPIO RECLAMADO (ART. 20, §1º C.C

RELATÓRIO ART. 24).

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO Segundo o art. 20, da lei 298/2009 - Plano de cargos, carreiras e

ORDINÁRIO, provenientes da MM. VARA DO TRABALHO DE salários do magistério de Croatá/CE, cada profissional do magistério

TIANGUÁ, em que é recorrente, MUNICÍPIO DE CROATÁ e do município reclamado tem a possibilidade de obter progressão

recorrida, RAIMUNDA FARIAS BEZERRA ABREU. funcional, dentro da mesma classe (progressão horizontal), fazendo

Opôs o Município de Croatá Recurso Ordinário em face da jus a um acréscimo remuneratório de 3% sobre o valor de sua

Sentença Id. d578c93 que julgou procedentes os pedidos da remuneração.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 478
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Art. 20 - a progressão é a passagem do profissional do magistério Reconhecido o direito à progressão funcional em Reclamação

de uma referência para outra imediatamente superior, dentro das Trabalhista anteriormente ajuizada, faz jus a reclamante a

faixas salariais da mesma classe, obedecidos os critérios de diferenças salariais, com reflexos, advindas de aludida progressão,

merecimento, mediante avaliação de indicadores de desempenho e cuja quitação não foi comprovada nos autos.

da capacidade potencial de trabalho. Confira-se o entendimento desta Corte:

§1° - os profissionais poderão se beneficiar com a progressão por PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº 298-2009.

merecimento, a cada 36 (trinta e seis) meses, com base na DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS. A teor do que dispõe o art.

avaliação de desempenho a ser realizada, anualmente, de forma 818, II, da CLT, não havendo o reclamado se desincumbido de seu

sistemática. ônus probatório em comprovar a quitação dos valores devidos a

§2º (omissis) título de diferenças salariais, de se manter sua condenação pela

§3° - o intervalo entre referências será de 3,0% (três). inadimplência comprovada nos autos. (TRT da 7ª Região; Processo:

Conforme restou decidido nos autos do processo nº 0002417- 0001548-21.2021.5.07.0029; Data: 20-05-2022; Órgão Julgador:

52.2019.5.07.0029, desde março de 2018, a reclamante passou a Gab. Des. Fernanda Maria Uchoa de Albuquerque - 3ª Turma;

ser enquadrada na referência 14 de sua carreira, em razão de Relator(a): FERNANDA MARIA UCHOA DE ALBUQUERQUE)

progressão funcional, conforme previsto na lei municipal nº MUNICÍPIO DE CROATÁ. DIFERENÇAS SALARIAIS.

298/2009 - Plano de cargos, carreiras e salários do magistério de PROGRESSÃO FUNCIONAL. DIREITO RECONHECIDO EM

Croatá/CE, não cabendo mais discussão a respeito desta questão, PROCESSO JUDICIAL TRANSITADO EM JULGADO. Verificado o

em face do trânsito em julgado do aludido processo. reconhecimento do direito da reclamante à progressão horizontal da

Assim, desde março de 2018, a reclamante faz jus ao pagamento referência 13 (treze) para 14 (quatorze) do Plano de Cargos,

de um acréscimo salarial na ordem de 3% sobre o valor de sua Carreiras e Salários do Magistério de Croatá/CE, a partir de março

remuneração, advindo da aludida progressão funcional obtida. de 2018, em processo judicial transitado em julgado, e não

Não houve impugnação válida aos valores dos pedidos. comprovada a quitação dos valores decorrentes do aumento salarial

Diante do exposto, julgo procedente o pedido de pagamento da relativo ao período retroativo, deve ser mantida a sentença que

quantia de R$8.047,00, a título de diferenças salariais, com reflexos condenou o ente público ao pagamento das diferenças salariais,

sobre o FGTS e o terço constitucional de férias, relativa ao período com reflexos sobre o FGTS e o terço constitucional de férias.

de março de 2018 a agosto de 2021, referente aos dois cargos de Recurso improvido. (TRT da 7ª Região; Processo: 0001543-

professora exercidos pela reclamante (matrículas 00100803 e 96.2021.5.07.0029; Data: 14-05-2022; Órgão Julgador: Gab. Des.

0700550)." José Antonio Parente da Silva - 3ª Turma; Relator(a): JOSE

ANTONIO PARENTE DA SILVA)

Irresignado, o município recorrente opõe-se à condenação, Isto posto.

aduzindo, em síntese, que a recorrida não faz jus à progressão

funcional, consoante legislação pertinente. CONCLUSÃO DO VOTO

O recurso não alcança provimento.

O arcabouço jurídico, o conteúdo expresso da lei, exprime a Conhecer do recurso do Município de Croatá e, no mérito, negar-lhe

vontade do legislador no momento da aprovação do texto legal. Ex provimento.

vi da Lei Municipal nº 298/09, ao professor é dada progressão

salarial a cada três anos de serviço (artigo 20, § 1º). A efetivação DISPOSITIVO

desse progredimento ocorre a cada dois anos (artigo 24). Não há, ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

portanto, o que refutar na conclusão do juízo recorrido. A REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

Administração está obrigada a promover a progressão de servidores conhecer do recurso do Município de Croatá e, no mérito, negar-lhe

de dois em dois anos (art.24). provimento.

Entrementes, constata-se que o direito à evolução funcional da Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

recorrida restou reconhecido na ação 0002417-52.2019.5.07.0029, Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

havendo a decisão transitado em julgado em 12/02/2021, após Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

confirmação da sentença em segunda instância, conforme registra o Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Sistema PJe. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 479
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Fortaleza, 18 de julho de 2022.

FUNDAMENTAÇÃO

CLAUDIO SOARES PIRES

Desembargador Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. ADMISSIBILIDADE

Cumpridos todos os pressupostos de admissibilidade, admite-se o

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART recurso ordinário veiculado pela parte reclamante.

Diretor de Secretaria MÉRITO

A parte reclamante busca, literalmente, "a nulidade da r. a decisão


Processo Nº RORSum-0000652-69.2021.5.07.0031
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO terminativa de id. 3fa7b60, que extinguiu o processo sem a
RECORRENTE MARIA GILCILEIDE DA COSTA SILVA resolução do mérito, e assim determinar o retorno dos autos à Vara
ADVOGADO JEOVANIRA FERREIRA SOUSA(OAB:
34845/CE) de origem para o prosseguimento do feito, devendo ser
RECORRIDO H & J INDUSTRIA E COMERCIO DE oportunizado primeiramente ao autor a citação via WhatsApp do
ROUPAS INTIMAS E ACESSORIOS
LTDA reclamado conforme telefone colacionado aos autos, caso não

procedido aberto prazo a indicação de novo endereço para


Intimado(s)/Citado(s):
notificação válida, e caso frustrada a medida, procedida a
- MARIA GILCILEIDE DA COSTA SILVA
conversão para o rito ordinário, com a consequente citação por

edital".

Acerca da temática, a decisão primária pronunciou o fundamento


PODER JUDICIÁRIO
ora colacionado:
JUSTIÇA DO
"2.2.2.Ausência de pressuposto de constituição e desenvolvimento

válido e regular do processo: A postulante ajuizou a ação trabalhista

EMENTA pelo rito procedimental denominado de rito sumaríssimo.

Segundo a redação consolidada, os dissídios individuais cujo valor

não excedam a quarenta vezes o salário mínimo, ressalvadas as

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. RITO exceções legais, ficam obrigatoriamente enquadrados procedimento

SUMARÍSSIMO. EXTINÇÃO DO FEITO. MUDANÇA DE sumaríssimo.

ENDEREÇO DA EMPRESA RECLAMADA. ARTIGO 852-B DA Trata-se de norma de ordem pública, imperativa (conforme se

CLT. MUDANÇA DE RITO. POSSIBILIDADE. NOTIFICAÇÃO POR observa do artigo 852-A), em razão do próprio interesse público na

EDITAL. sua adoção, que objetiva buscar solução mais rápida e eficaz para

A parte reclamante não pode ser apenada pela mudança no os litígios de pequeno valor.

endereço da reclamada no curso do processo. Caberia ao Juízo de É cediço que ao Magistrado cabe realizar o juízo de admissibilidade

Origem ter concedido prazo ao recorrente para que indicasse o da causa, inclusive a observância das regras atinentes ao rito

atual endereço da ré ou, no caso de impossibilidade de localização aplicável, verificando a satisfação, ou não, dos requisitos legais

da empregadora, que fosse promovida a conversão do Rito exigidos da parte autora, com vistas a se aplicar as regras

Sumaríssimo para o Rito Ordinário com a possibilidade de cogentes.

notificação patronal pela via editalícia. No caso sub oculi, percebe-se, inequivocadamente, que a parte

Recurso ordinário da reclamante conhecido e provido. autora não observou um dos requisitos exigidos para a adoção do

rito especial, a saber - indicação do correto endereço da primeira

parte reclamada , a teor do inciso II do art. 852-B, da CLT.

RELATÓRIO Como corolário do descumprimento deste dever processual

atribuído pelo diploma consolidado à parte autora, impõe-se a

aplicação da sanção processual prevista no mesmo digesto, qual

Processo submetido ao Rito Sumaríssimo. Relatório dispensado seja, o arquivamento da ação (art. 852-B, §1º/CLT), o que equivale

(artigo 852-I, da CLT). à sua extinção sem resolução do mérito, por indeferimento da

petição inicial (art. 330, do novo CPC)".

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 480
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

(...) endereço da reclamada, não enseja o "arquivamento" do processo.

Há de se evidenciar, por fim, que a norma inserta no artigo 852-B, II, Agrava-se, se o juiz, antes da audiência, chama os autos à

da CLT, atribuiu ao autor - interessado maior na efetiva prestação conclusão e decreta a sua extinção, por suposto descumprimento

jurisdicional de modo célere - a responsabilidade de apontar, de ao que dispõe o art. 852, da CLT. Tratando-se de irregularidade

plano, o endereço correta da parte reclamada. Destarte, deve o sanável, cumpre ao juiz conceder oportunidade, ainda que em

autor, antes do ajuizamento da ação trabalhista sob o rito curtíssimo prazo, para o reclamante apresentar novo endereço do

sumaríssimo, certificar-se do local da prestação dos serviços, ante a reclamado. Se informada que o reclamado cria embaraços ao

possibilidade de mudança de domicílio ou endereço da parte a ser recebimento ou não sendo encontrado (1º, art. 841 da CLT), a

acionada. solução é convertê-lo para o rito ordinário, determinando a citação

Isto posto, declaro, de ofício, a ausência de pressuposto de por edital garantido-se, assim, o direito constitucional de ação. A

constituição e desenvolvimento válido e regular do processo, na extinção só tem cabimento em caso de absoluta inércia do autor,

forma do art. 852-B, inciso II e no parágrafo 1º do da CLT c/c o art. sob pena de caracterizar negativa de prestação jurisdicional, em

485, inciso IV, do novo CPC subsidiário, determinando, como ofensa ao art. 5º, XXXV da CF/88. (Proc. 035543/2000- ROS-2 - Ac.

consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito" 533/2001 - Relator Desembargador José Antonio Pancotti - TRT

(sic). 15.ª Região)."

Analisa-se. E, ainda, que viesse a se concluir que a empresa reclamada

Com efeito, verifica-se que a reclamante indicou, na inicial, o encontrava-se em local incerto e não sabido, restaria a possibilidade

endereço da reclamada constante em seu CNPJ (fl. 36 DO PDF). da mudança do rito sumaríssimo para o rito ordinário, que permite a

O fato de o mandado do oficial de justiça conter a informação de notificação via editalícia.

"não ter localizado a numeração 18 da empresa "H & J INDUSTRIA Coaduna-se com esse entendimento a jurisprudência abaixo

E COMERCIO DE ROUPAS INTIMAS E ACESSORIOS" não pode transcrita:

ser enquadrado automaticamente na hipótese do § 1.º, do artigo "EMENTA: EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO

852-B, da CLT, por entender que o reclamante não apresentou o MÉRITO. RITO SUMARÍSSIMO. RECLAMADA NÃO

correto endereço da reclamada, sendo-lhe imposta a extinção do ENCONTRADA EM SEU ENDEREÇO. CONVERSÃO DO RITO.

feito. POSSIBILIDADE. Conforme entendimento pacífico deste Regional,

Nesse diapasão, entende-se que o reclamante não pode ser a conversão do rito sumaríssimo para ordinário, nos casos em que o

apenado pela não localização do endereço da reclamada. Com autor desconhece o endereço atual da reclamada, não causa

efeito, o Juízo de Origem deveria ter concedido prazo ao recorrente prejuízo às partes, em homenagem aos princípios da efetividade, da

para que indicasse o atual endereço da empresa ou, ainda, ter celeridade, da economia e da razoabilidade. Recurso obreiro

convertido o rito para ordinário. provido. (TRT18, RORSum - 0010997-88.2020.5.18.0010, Rel.

De se destacar que o rito sumaríssimo tem por objetivo a celeridade GERALDO RODRIGUES DO NASCIMENTO, 2ª TURMA,

da prestação jurisdicional, de modo que demandas menos 05/02/2021)

complexas, cujo pedido não exceda o valor de quarenta vezes o Portanto, diante de todo o exposto, de se dar provimento ao recurso

salário mínimo vigente na data do ajuizamento, tenham seu trâmite autoral, para que ocorra a nulidade da decisão de primeiro grau,

priorizado. Nesse sentido, a decisão que determina a extinção do que os autos retornem à vara de origem para que seja oportunizado

feito por conta da tentativa frustrada de notificação da reclamada à parte reclamante apresentar novo endereço da parte reclamada

não se mostra condizente com os princípios que norteiam o ou, diante da impossibilidade de localização da empresa, que seja

processo juslaboral. convertido o rito sumaríssimo para ordinário, procedendo-se à

Assim sendo, diante da informação do oficial de justiça de que não notificação patronal pela via editalícia.

foi possível localizar a ré, inobstante o endereço indicado pelo autor

seja o mesmo constante nos dados cadastrais do CNPJ, imperativo

que houvesse sido dado ao autor a oportunidade de informar o

paradeiro da reclamada. CONCLUSÃO DO VOTO

Nesse sentido vem, há muito tempo, se posicionando a

jurisprudência nacional, transcreve-se:

"A devolução da notificação inicial, em virtude da alteração de Conhecer do recurso autoral e dar-lhe provimento para, anulando-

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 481
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA


se a sentença recorrida, determinar o retorno dos autos à Vara de GASPAR(OAB: 23876/CE)
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
Origem para que seja oportunizado à parte reclamante apresentar PETROBRAS
novo endereço da parte reclamada ou, diante da impossibilidade de ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE)
localização da empresa, que seja convertido o rito sumaríssimo RECORRIDO JOAO NAZARENO FONSECA
PEREIRA
para ordinário, procedendo-se à notificação patronal pela via
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
editalícia. GASPAR(OAB: 23876/CE)
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE)
DISPOSITIVO

Intimado(s)/Citado(s):
- JOAO NAZARENO FONSECA PEREIRA

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO EMENTA

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

unanimidade, conhecer do recurso autoral e dar-lhe provimento

para, anulando-se a sentença recorrida, determinar o retorno dos RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE

autos à Vara de Origem para que seja oportunizado à parte CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL

reclamante apresentar novo endereço da parte reclamada ou, (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA

diante da impossibilidade de localização da empresa, que seja DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE

convertido o rito sumaríssimo para ordinário, procedendo-se à DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

notificação patronal pela via editalícia. PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

Cláudio Soares Pires (Presidente),Emmanuel Teófilo Furtado QUANTO À MATÉRIA DE FATO.

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos

Fortaleza, 18 de julho de 2022. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

Relator um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. 101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de

Diretor de Secretaria devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda

judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante


Processo Nº ROT-0000610-93.2021.5.07.0039
não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
RECORRENTE JOAO NAZARENO FONSECA pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo
PEREIRA
para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 482
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,

direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios

de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,

veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em

da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais

provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços. INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".

SENTENÇA DE ORIGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA.

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua

prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser

desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na

CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e

rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com

matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser

das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau

acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de

VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos

tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.

sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.

2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

DEVIDA PELA EMPRESA. acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da

A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições

gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 483
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deferidas na sentença. Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da

1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento

RELATÓRIO jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas:

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA

O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por João Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,

Nazareno Fonseca Pereira em face de G&E Manutenção e Serviços havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art.

LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS. 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos

Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

Contrarrazões do reclamante. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

Contrarrazões da reclamada. somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

para emissão de parecer. um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021).

FUNDAMENTAÇÃO "(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA.

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO

ADMISSIBILIDADE TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não

Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade

dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de

reclamada. litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa

MÉRITO de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal

AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova

QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da

Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos

reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"

ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do

apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do

precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se

Assiste-lhe razão. contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional,

Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado

se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "

345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro

antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).

a ação. "RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 484
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INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que

DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou

SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e

DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a

DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra

sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual

casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de entendimento de litisconsórcio necessário.

litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a

jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não

aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do

dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da

pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.

magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da

dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar

serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial

petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),

conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e

emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela

jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da

A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada, prestadora de serviços.

empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante

à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado de serviços).

na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.

(...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro PAGAMENTO DEVIDO

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).

Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467

observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê

lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador

legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira

defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial oportunidade".

(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Com razão.

concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas

agentes passivas da obrigação. incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,

Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a

defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência

reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de sumulada do TST:

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 485
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Súmula nº 69 do TST No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os

RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua

19, 20 e 21.11.2003 hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se

A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Leis do Trabalho (CLT).

50% (cinqüenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários

"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o

confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono

Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os

pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista BRASILEIRO S/A - PETROBRAS

conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, MÉRITO

Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE

21/06/2019). SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A

devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua

comento. responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.

EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da

DO TST Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento

tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação

Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora

que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento

Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,

13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."

da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis": Analisa-se.

"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de

da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E

nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais

Instrução Normativa nº 41/2018)". serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores

para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.

sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que

DEVIDA PELA EMPRESA estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 486
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

LTDA, mediante regular procedimento licitatório. pelo Órgão Público contratante.

Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da

em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:

prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído

Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a

trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como prerrogativa de:

diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação, (...)

como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só III - fiscalizar-lhes a execução."

da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:

tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por

eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,

impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de

rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."

culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da

processo fiscalizatório. Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos

Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.

ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever

se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por

8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no

Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual

afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o

interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para

Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da

pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do

empregador. processo, que não é a mera composição, mas a justa composição

Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da do litígio.

inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado

consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi

Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão

trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações

empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-

de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A

Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes

reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de

observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração fiscalização disposto em Lei.

Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a

de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de

sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no

rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o

do contraditório processual. dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que

Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.

enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em

eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e recentes julgados. Transcreve-se:

Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE

perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.

de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 487
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei

925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais

Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a

de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de

público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos

de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.

pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a

julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a

distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão

cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas

infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de

concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,

que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de

das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a

lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando

subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".

óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de

conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal

Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020). Federal).

Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera

se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente

da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos

que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não

contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a

oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.

contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso

sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a

tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:

suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do

salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público

trabalho. contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em

Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº

enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas 8.666/93".

com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por

por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".

caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº

direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do

Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da Pretório Excelso:

Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta

previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

incidência da lei trabalhista. obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do

No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de

PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre

comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 488
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pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites

Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18

sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo

do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação

julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua

Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em

função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária

responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o

nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em

obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a exame.

produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não

No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já

revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na

desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de

obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é

relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos

Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal

omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de

gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso

sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de

configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído

de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.

entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é

Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia

indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão

apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a

verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora

execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser

principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.

acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência

multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o

devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de

da Súmula nº 331 do TST). serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação

Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o

BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,

para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o

outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.

deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de

decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-

reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal

resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o

contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa

Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 489
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obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,

Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa

jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses

Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão

"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias

E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que

PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade

CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante

VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a

NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza

DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força

INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado

DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula

CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011

E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de

DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e

NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:

DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações

Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade

da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,

Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também

de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da

Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente

inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de

Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das

serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos

julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto

concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é

nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE

caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios

possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em

omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado

satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o

cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 490
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

o tomador dos serviços do exequente, como responsável não se limite aos valores estimados na petição inicial;

subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, favor do patrono do trabalhador;

ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

Publicação: DEJT 02/06/2017) inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero Leis do Trabalho (CLT).

inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do provimento.

respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da

legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal DISPOSITIVO

Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto

ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

o dever de fiscalização.

Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte

provimento a seu recurso ordinário. reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para:

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

CONCLUSÃO DO VOTO pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

de serviços);

b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

no mérito, dar-lhe provimento para: de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

de serviços); não se limite aos valores estimados na petição inicial;

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 491
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em


PODER JUDICIÁRIO
favor do patrono do trabalhador;
JUSTIÇA DO
e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a EMENTA

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT).

Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL

provimento. (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA

Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE

46.000,00, valor ora arbitrado à condenação. DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) QUANTO À MATÉRIA DE FATO.

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior. jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos

Fortaleza, 13 de junho de 2022. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

Relator 101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda

Diretor de Secretaria judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante

não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de


Processo Nº ROT-0000610-93.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo
RECORRENTE JOAO NAZARENO FONSECA para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão
PEREIRA
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação
GASPAR(OAB: 23876/CE)
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE) inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores
RECORRIDO JOAO NAZARENO FONSECA solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento
PEREIRA
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto
GASPAR(OAB: 23876/CE)
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não
MORAIS(OAB: 500/SE)
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas
Intimado(s)/Citado(s): pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 492
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços. INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".

SENTENÇA DE ORIGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA.

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua

prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser

desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na

CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e

rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com

matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser

das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau

acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de

VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos

tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.

sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.

2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

DEVIDA PELA EMPRESA. acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da

A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições

gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais

art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.

assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui RELATÓRIO

-se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por João

entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em Nazareno Fonseca Pereira em face de G&E Manutenção e Serviços

favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.

condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.

BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Contrarrazões do reclamante.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 493
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

Contrarrazões da reclamada. somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

para emissão de parecer. um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021).

FUNDAMENTAÇÃO "(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA.

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO

ADMISSIBILIDADE TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não

Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade

dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de

reclamada. litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa

MÉRITO de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal

AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova

QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da

Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos

reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"

ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do

apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do

precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se

Assiste-lhe razão. contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional,

Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado

se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "

345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro

antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).

a ação. "RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE

1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos

PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de

Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a

havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão

345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 494
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dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar

serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial

petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),

conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e

emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela

jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da

A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada, prestadora de serviços.

empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante

à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado de serviços).

na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.

(...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro PAGAMENTO DEVIDO

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).

Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467

observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê

lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador

legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira

defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial oportunidade".

(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Com razão.

concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas

agentes passivas da obrigação. incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,

Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a

defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência

reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de sumulada do TST:

serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que Súmula nº 69 do TST

comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ

seja, condenação direta contra a empregadora principal e 19, 20 e 21.11.2003

condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do

ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de

devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas

entendimento de litisconsórcio necessário. rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de

Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a 50% (cinqüenta por cento).

responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não

de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.

responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda

persecução executória dos sócios da reclamada principal. reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e

No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 495
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Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os

pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista BRASILEIRO S/A - PETROBRAS

conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, MÉRITO

Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE

21/06/2019). SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A

devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua

comento. responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.

EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da

DO TST Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento

tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação

Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora

que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento

Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,

13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."

da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis": Analisa-se.

"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de

da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E

nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais

Instrução Normativa nº 41/2018)". serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores

para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.

sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que

DEVIDA PELA EMPRESA estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS

No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.

benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam

hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.

decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como

Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos

percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 496
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da

processo fiscalizatório. Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos

Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.

ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever

se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por

8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no

Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual

afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o

interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para

Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da

pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do

empregador. processo, que não é a mera composição, mas a justa composição

Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da do litígio.

inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado

consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi

Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão

trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações

empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-

de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A

Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes

reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de

observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração fiscalização disposto em Lei.

Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a

de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de

sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no

rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o

do contraditório processual. dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que

Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.

enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em

eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e recentes julgados. Transcreve-se:

Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE

perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.

de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.

pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-

No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo

Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese

"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente

por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais

prerrogativa de: de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas

(...) pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao

III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a

Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do

"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza

um representante da Administração especialmente designado, infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,

informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 497
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a

lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando

subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".

óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de

conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal

Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020). Federal).

Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera

se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente

da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos

que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não

contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a

oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.

contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso

sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a

tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:

suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do

salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público

trabalho. contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em

Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº

enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas 8.666/93".

com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por

por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".

caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº

direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do

Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da Pretório Excelso:

Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta

previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

incidência da lei trabalhista. obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do

No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de

PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre

comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas

de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."

N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da

assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete

culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial

responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no

dos artigos 186 e 927 do Código Civil. julgamento da ADC Nº 16.

Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda

incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de

Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos

proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do

demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a

uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.

especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 498
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na

desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de

obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é

relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos

Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal

omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de

gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso

sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de

configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído

de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.

entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é

Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia

indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão

apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a

verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora

execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser

principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.

acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência

multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o

devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de

da Súmula nº 331 do TST). serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação

Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o

BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,

para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o

outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.

deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de

decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-

reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal

resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o

contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa

Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das

appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.

da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa

legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os

do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no

reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:

direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA

vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93

julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO

da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR

limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN

exame. VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE,

Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO

tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 499
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado

DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula

CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011

E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de

DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e

NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:

DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações

Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade

da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,

Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também

de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da

Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente

inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de

Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das

serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos

julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto

concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é

nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE

caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios

possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em

omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado

satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o

cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares

como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada

no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais

nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e

(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o

casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens

proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá

STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável

fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo

regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente

extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,

autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -

responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire

alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 500
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Publicação: DEJT 02/06/2017) inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero Leis do Trabalho (CLT).

inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do provimento.

respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da

legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal DISPOSITIVO

Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto

ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

o dever de fiscalização.

Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte

provimento a seu recurso ordinário. reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para:

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

CONCLUSÃO DO VOTO pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

de serviços);

b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

no mérito, dar-lhe provimento para: de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

de serviços); não se limite aos valores estimados na petição inicial;

b) reconhecer que, no momento da realização da audiência d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido favor do patrono do trabalhador;

na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

não se limite aos valores estimados na petição inicial; inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da Leis do Trabalho (CLT).

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

favor do patrono do trabalhador; PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de provimento.

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 501
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) QUANTO À MATÉRIA DE FATO.

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior. jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos

Fortaleza, 13 de junho de 2022. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

Relator 101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda

Diretor de Secretaria judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante

não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de


Processo Nº ROT-0000610-93.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo
RECORRENTE JOAO NAZARENO FONSECA para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão
PEREIRA
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação
GASPAR(OAB: 23876/CE)
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE) inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores
RECORRIDO JOAO NAZARENO FONSECA solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento
PEREIRA
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto
GASPAR(OAB: 23876/CE)
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não
MORAIS(OAB: 500/SE)
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas
Intimado(s)/Citado(s): pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra
- G&E MANUTENCAO E SERVICOS LTDA em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA

PODER JUDICIÁRIO SENTENÇA DE ORIGEM.

JUSTIÇA DO Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,


EMENTA
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 502
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e

rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com

matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser

das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau

acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de

VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos

tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.

sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.

2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

DEVIDA PELA EMPRESA. acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da

A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições

gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais

art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.

assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui RELATÓRIO

-se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por João

entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em Nazareno Fonseca Pereira em face de G&E Manutenção e Serviços

favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.

condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.

BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Contrarrazões do reclamante.

INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. O reclamante também apresentou Recurso Ordinário.

CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO". Contrarrazões da reclamada.

JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho

FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO para emissão de parecer.

DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA.

O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no FUNDAMENTAÇÃO

sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua

automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a ADMISSIBILIDADE

responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito, Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço

subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e

responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na reclamada.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 503
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa

MÉRITO de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal

AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova

QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da

Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos

reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"

ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do

apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do

precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se

Assiste-lhe razão. contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional,

Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado

se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "

345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro

antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).

a ação. "RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE

1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos

PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de

Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a

havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão

345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.

"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto

TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,

ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da

subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável

litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado

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na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.

(...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro PAGAMENTO DEVIDO

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).

Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467

observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê

lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador

legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira

defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial oportunidade".

(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Com razão.

concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas

agentes passivas da obrigação. incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,

Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a

defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência

reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de sumulada do TST:

serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que Súmula nº 69 do TST

comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ

seja, condenação direta contra a empregadora principal e 19, 20 e 21.11.2003

condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do

ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de

devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas

entendimento de litisconsórcio necessário. rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de

Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a 50% (cinqüenta por cento).

responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não

de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.

responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda

persecução executória dos sócios da reclamada principal. reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e

No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.

2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o

ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender

em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento

uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista

rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,

sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT

responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da 21/06/2019).

prestadora de serviços. Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque

Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em

para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora comento.

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41

de serviços). DO TST

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A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento

tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação

Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora

que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento

Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,

13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."

da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis": Analisa-se.

"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de

da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E

nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais

Instrução Normativa nº 41/2018)". serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores

para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.

sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que

DEVIDA PELA EMPRESA estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS

No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.

benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam

hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.

decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como

Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos

percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de

do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido

critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. processo fiscalizatório.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da

BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que

MÉRITO se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a

SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,

Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa

PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à

responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade

condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo

Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da empregador.

Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da

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inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado

consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi

Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão

trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações

empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-

de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A

Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes

reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de

observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração fiscalização disposto em Lei.

Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a

de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de

sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no

rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o

do contraditório processual. dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que

Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.

enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em

eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e recentes julgados. Transcreve-se:

Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE

perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.

de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.

pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-

No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo

Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese

"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente

por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais

prerrogativa de: de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas

(...) pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao

III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a

Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do

"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza

um representante da Administração especialmente designado, infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,

informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento

Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que

Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação

contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra

Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não

de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora

força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).

presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para

moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte

ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar

produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e

prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a

processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a

do litígio. oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o

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contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso

sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a

tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:

suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do

salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público

trabalho. contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em

Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº

enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas 8.666/93".

com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por

por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".

caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº

direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do

Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da Pretório Excelso:

Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta

previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

incidência da lei trabalhista. obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do

No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de

PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre

comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas

de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."

N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da

assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete

culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial

responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no

dos artigos 186 e 927 do Código Civil. julgamento da ADC Nº 16.

Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda

incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de

Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos

proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do

demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a

uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.

especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços

Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo

imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das

comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em

Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.

reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta

Federal). omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS

A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de

inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que

à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente

encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o

significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.

obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e

gerar essa responsabilidade. indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À

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recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão

apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a

verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora

execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser

principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.

acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência

multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o

devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de

da Súmula nº 331 do TST). serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação

Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o

BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,

para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o

outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.

deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de

decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-

reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal

resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o

contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa

Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das

appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.

da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa

legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os

do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no

reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:

direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA

vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93

julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO

da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR

limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN

exame. VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE,

Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO

tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR

transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,

relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,

devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA

demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-

rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR

ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal

ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,

contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de

Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei

facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da

ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero

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inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de

Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das

serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos

julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto

concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é

nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE

caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios

possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em

omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado

satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o

cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares

como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada

no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais

nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e

(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o

casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens

proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá

STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável

fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo

regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente

extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,

autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -

responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire

alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de

de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)

pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero

nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador

(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador

27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do

inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração

"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa

LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da

trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto

Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 510
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cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

o dever de fiscalização.

Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte

provimento a seu recurso ordinário. reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para:

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

CONCLUSÃO DO VOTO pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

de serviços);

b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

no mérito, dar-lhe provimento para: de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

de serviços); não se limite aos valores estimados na petição inicial;

b) reconhecer que, no momento da realização da audiência d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido favor do patrono do trabalhador;

na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

não se limite aos valores estimados na petição inicial; inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da Leis do Trabalho (CLT).

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

favor do patrono do trabalhador; PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de provimento.

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Leis do Trabalho (CLT). Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado

Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

provimento. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.

Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ Fortaleza, 13 de junho de 2022.

46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

DISPOSITIVO

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator

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FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda

Diretor de Secretaria judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante

não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de


Processo Nº ROT-0000623-92.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo
RECORRENTE PAULO SERGIO INACIO DE para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão
OLIVEIRA
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação
GASPAR(OAB: 23876/CE)
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE) inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores
RECORRIDO PAULO SERGIO INACIO DE solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento
OLIVEIRA
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto
GASPAR(OAB: 23876/CE)
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE) veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não
LTDA
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas
Intimado(s)/Citado(s): pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra
- PAULO SERGIO INACIO DE OLIVEIRA em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA

PODER JUDICIÁRIO SENTENÇA DE ORIGEM.

JUSTIÇA DO Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,


EMENTA
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE
prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento
QUANTO À MATÉRIA DE FATO.
das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com
O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).
jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos
LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE.
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST.
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos
A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,
como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,
a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada
tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-
sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

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2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

DEVIDA PELA EMPRESA. acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da

A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições

gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais

art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.

assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

-se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios RELATÓRIO

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante

entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo

favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços

condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso

BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.

INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Contrarrazões do reclamante.

CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO". O reclamante também apresentou Recurso Ordinário.

JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À Contrarrazões da reclamada.

FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho

DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA. para emissão de parecer.

O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua FUNDAMENTAÇÃO

automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser ADMISSIBILIDADE

responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço

fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e

previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com reclamada.

empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau MÉRITO

(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL

para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA

trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE

com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO

artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 513
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ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do

apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do

precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se

Assiste-lhe razão. contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional,

Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado

se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "

345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro

antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).

a ação. "RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE

1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos

PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de

Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a

havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão

345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.

"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto

TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,

ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da

subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável

litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado

de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.

de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro

presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).

além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se

processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da

IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para

pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial

constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se

revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou

elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 514
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reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas

não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,

agentes passivas da obrigação. FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a

forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência

defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sumulada do TST:

reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Súmula nº 69 do TST

serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ

comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou 19, 20 e 21.11.2003

seja, condenação direta contra a empregadora principal e A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do

condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de

ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas

devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de

entendimento de litisconsórcio necessário. 50% (cinqüenta por cento).

Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.

responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda

de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e

responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.

persecução executória dos sócios da reclamada principal. Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o

No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender

2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento

ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista

em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,

uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT

rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela 21/06/2019).

sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque

responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em

prestadora de serviços. comento.

Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA

para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos DO TST

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,

de serviços). como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor

MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não

PAGAMENTO DEVIDO tem o condão de limitar a liquidação.

Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,

da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da

no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de

que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor

oportunidade". da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis":

Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".

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Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores

para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.

sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que

DEVIDA PELA EMPRESA estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS

No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.

benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam

hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.

decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como

Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos

percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de

do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido

critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. processo fiscalizatório.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da

BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que

MÉRITO se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a

SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,

Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa

PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à

responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade

condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo

Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da empregador.

Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da

prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma

transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à

norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos

do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua

acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora

dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.

das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se

prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,

Analisa-se. observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração

De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência

trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de

MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser

serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz

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do contraditório processual. dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que

Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.

enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em

eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e recentes julgados. Transcreve-se:

Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE

perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.

de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.

pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-

No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo

Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese

"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente

por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais

prerrogativa de: de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas

(...) pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao

III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a

Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do

"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza

um representante da Administração especialmente designado, infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,

informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento

Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que

Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação

contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra

Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não

de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora

força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).

presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para

moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte

ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar

produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e

prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a

processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a

do litígio. oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o

Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no

ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,

postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são

integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza

trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de

se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A trabalho.

PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,

à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas

fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas

Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente

falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os

prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.

ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da

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Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta

previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

incidência da lei trabalhista. obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do

No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de

PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre

comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas

de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."

N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da

assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete

culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial

responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no

dos artigos 186 e 927 do Código Civil. julgamento da ADC Nº 16.

Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda

incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de

Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos

proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do

demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a

uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.

especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços

Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo

imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das

comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em

Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.

reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta

Federal). omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS

A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de

inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que

à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente

encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o

significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.

obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e

gerar essa responsabilidade. indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À

Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta

extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais

seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de

"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada

contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas

contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,

8.666/93". multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais

Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI

culpa "in vigilando". da Súmula nº 331 do TST).

Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO

331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico

Pretório Excelso: para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de

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outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.

deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de

decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-

reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal

resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o

contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa

Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das

appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.

da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa

legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os

do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no

reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:

direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA

vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93

julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO

da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR

limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN

exame. VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE,

Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO

tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR

transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,

relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,

devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA

demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-

rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR

ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal

ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,

contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de

Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei

facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da

ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero

serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo

condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela

empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar

de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma

decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal

definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo

Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de

pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso

entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados

serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele

imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas

que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia

adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,

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caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios

possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em

omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado

satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o

cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares

como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada

no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais

nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e

(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o

casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens

proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá

STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável

fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo

regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente

extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,

autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -

responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire

alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de

de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)

pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero

nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador

(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador

27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do

inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração

"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa

LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da

trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto

Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das o dever de fiscalização.

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega

probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.

suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE CONCLUSÃO DO VOTO

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pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

de serviços);

Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

no mérito, dar-lhe provimento para: inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

de serviços); c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

b) reconhecer que, no momento da realização da audiência não se limite aos valores estimados na petição inicial;

inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na favor do patrono do trabalhador;

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

não se limite aos valores estimados na petição inicial; proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Leis do Trabalho (CLT).

favor do patrono do trabalhador; Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão provimento.

proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

Leis do Trabalho (CLT). Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

provimento. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.

46.000,00, valor ora arbitrado à condenação. Fortaleza, 13 de junho de 2022.

DISPOSITIVO

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000623-92.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

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RECORRIDO PAULO SERGIO INACIO DE


OLIVEIRA solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto
GASPAR(OAB: 23876/CE)
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de
PETROBRAS
serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE) veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não

provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas


Intimado(s)/Citado(s):
pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA


PODER JUDICIÁRIO
SENTENÇA DE ORIGEM.
JUSTIÇA DO
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

EMENTA Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso

CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à

QUANTO À MATÉRIA DE FATO. matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento

O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com

jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE.

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST.

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.

pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça

para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,

condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,

direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 522
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-se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios RELATÓRIO

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante

entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo

favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços

condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso

BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.

INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Contrarrazões do reclamante.

CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO". O reclamante também apresentou Recurso Ordinário.

JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À Contrarrazões da reclamada.

FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho

DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA. para emissão de parecer.

O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua FUNDAMENTAÇÃO

automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser ADMISSIBILIDADE

responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço

fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e

previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com reclamada.

empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau MÉRITO

(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL

para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA

trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE

com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO

artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada,

A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma

ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes precisa das verbas rescisórias e demais direitos.

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente Assiste-lhe razão.

acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-

Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.

previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo

deferidas na sentença. antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar

a ação.

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 523
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1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos

PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de

Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a

havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão

345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.

"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto

TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,

ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da

subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável

litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado

de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.

de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro

presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).

além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se

processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da

IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para

pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial

constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se

revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou

elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª

no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação

inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia

quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos

contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional, agentes passivas da obrigação.

hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura

o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual

(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que

DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 524
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

seja, condenação direta contra a empregadora principal e A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do

condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de

ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas

devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de

entendimento de litisconsórcio necessário. 50% (cinqüenta por cento).

Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.

responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda

de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e

responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.

persecução executória dos sócios da reclamada principal. Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o

No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender

2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento

ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista

em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,

uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT

rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela 21/06/2019).

sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque

responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em

prestadora de serviços. comento.

Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA

para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos DO TST

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,

de serviços). como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor

MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não

PAGAMENTO DEVIDO tem o condão de limitar a liquidação.

Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,

da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da

no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de

que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor

oportunidade". da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis":

Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro

No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na

incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.

FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência DEVIDA PELA EMPRESA

sumulada do TST: No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os

Súmula nº 69 do TST benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua

RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se

19, 20 e 21.11.2003 mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 525
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como

Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos

percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de

do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido

critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. processo fiscalizatório.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da

BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que

MÉRITO se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a

SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,

Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa

PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à

responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade

condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo

Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da empregador.

Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da

prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma

transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à

norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos

do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua

acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora

dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.

das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se

prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,

Analisa-se. observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração

De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência

trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de

MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser

serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz

dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.

rescisórios pela empregadora. Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o

Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com

acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e

prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se

defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora

estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização

LTDA, mediante regular procedimento licitatório. pelo Órgão Público contratante.

Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da

em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:

prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 526
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por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais

prerrogativa de: de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas

(...) pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao

III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a

Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do

"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza

um representante da Administração especialmente designado, infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,

informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento

Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que

Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação

contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra

Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não

de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora

força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).

presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para

moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte

ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar

produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e

prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a

processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a

do litígio. oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o

Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no

ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,

postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são

integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza

trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de

se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A trabalho.

PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,

à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas

fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas

Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente

falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os

prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.

ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da

dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente

verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de

Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a

recentes julgados. Transcreve-se: incidência da lei trabalhista.

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A

SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não

SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta

ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei

925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais

Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a

de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 527
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responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no

dos artigos 186 e 927 do Código Civil. julgamento da ADC Nº 16.

Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda

incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de

Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos

proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do

demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a

uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.

especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços

Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo

imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das

comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em

Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.

reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta

Federal). omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS

A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de

inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que

à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente

encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o

significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.

obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e

gerar essa responsabilidade. indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À

Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta

extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais

seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de

"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada

contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas

contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,

8.666/93". multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais

Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI

culpa "in vigilando". da Súmula nº 331 do TST).

Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO

331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico

Pretório Excelso: para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de

"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos

respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve

caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os

obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e

cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,

serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.

de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum

pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites

Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18

sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 528
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reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:

direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA

vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93

julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO

da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR

limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN

exame. VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE,

Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO

tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR

transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,

relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,

devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA

demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-

rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR

ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal

ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,

contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de

Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei

facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da

ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero

serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo

condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela

empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar

de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma

decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal

definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo

Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de

pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso

entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados

serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele

imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas

que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia

adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,

mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e

O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito

pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se

lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta

(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir

ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal

com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,

obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,

Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa

jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 529
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens

proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá

STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável

fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo

regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente

extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,

autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -

responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire

alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de

de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)

pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero

nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador

(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador

27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do

inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração

"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa

LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da

trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto

Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das o dever de fiscalização.

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega

probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.

suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE CONCLUSÃO DO VOTO

ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,

da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em no mérito, dar-lhe provimento para:

terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada de serviços);

e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 530
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na favor do patrono do trabalhador;

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

não se limite aos valores estimados na petição inicial; proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Leis do Trabalho (CLT).

favor do patrono do trabalhador; Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão provimento.

proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

Leis do Trabalho (CLT). Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

provimento. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.

46.000,00, valor ora arbitrado à condenação. Fortaleza, 13 de junho de 2022.

DISPOSITIVO

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000623-92.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos RECORRIDO PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
de serviços);
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo MORAIS(OAB: 500/SE)
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; Intimado(s)/Citado(s):


- PAULO SERGIO INACIO DE OLIVEIRA
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

não se limite aos valores estimados na petição inicial;

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA


PODER JUDICIÁRIO
SENTENÇA DE ORIGEM.
JUSTIÇA DO
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à


EMENTA Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à
QUANTO À MATÉRIA DE FATO. matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento
O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com
jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE.
responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST.
alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,
somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor
justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.
relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA
judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA
não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.
pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça
para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,
condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI
subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da
inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui
solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios
de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a
serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,
veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em
da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.
pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO
em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços. INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

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CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO". O reclamante também apresentou Recurso Ordinário.

JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À Contrarrazões da reclamada.

FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho

DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA. para emissão de parecer.

O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua FUNDAMENTAÇÃO

automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser ADMISSIBILIDADE

responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço

fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e

previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com reclamada.

empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau MÉRITO

(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL

para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA

trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE

com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO

artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada,

A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma

ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes precisa das verbas rescisórias e demais direitos.

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente Assiste-lhe razão.

acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-

Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.

previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo

deferidas na sentença. antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar

a ação.

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da

RELATÓRIO 1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas:

O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.

Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,

LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS. havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art.

Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos

Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

Contrarrazões do reclamante. de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 533
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responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.

"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto

TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,

ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da

subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável

litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado

de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.

de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro

presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).

além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se

processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da

IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para

pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial

constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se

revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou

elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª

no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação

inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia

quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos

contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional, agentes passivas da obrigação.

hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura

o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual

(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que

DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou

SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e

DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a

DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra

sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual

casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de entendimento de litisconsórcio necessário.

litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a

jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não

aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do

dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da

pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.

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No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender

2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento

ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista

em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,

uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT

rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela 21/06/2019).

sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque

responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em

prestadora de serviços. comento.

Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA

para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos DO TST

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,

de serviços). como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor

MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não

PAGAMENTO DEVIDO tem o condão de limitar a liquidação.

Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,

da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da

no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de

que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor

oportunidade". da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis":

Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro

No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na

incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.

FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência DEVIDA PELA EMPRESA

sumulada do TST: No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os

Súmula nº 69 do TST benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua

RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se

19, 20 e 21.11.2003 mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas Leis do Trabalho (CLT).

rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do

50% (cinqüenta por cento). reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários

"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o

confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono

Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os

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critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. processo fiscalizatório.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da

BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que

MÉRITO se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a

SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,

Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa

PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à

responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade

condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo

Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da empregador.

Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da

prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma

transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à

norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos

do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua

acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora

dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.

das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se

prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,

Analisa-se. observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração

De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência

trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de

MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser

serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz

dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.

rescisórios pela empregadora. Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o

Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com

acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e

prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se

defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora

estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização

LTDA, mediante regular procedimento licitatório. pelo Órgão Público contratante.

Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da

em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:

prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído

Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a

trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como prerrogativa de:

diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação, (...)

como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só III - fiscalizar-lhes a execução."

da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:

tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por

eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,

impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de

rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."

culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da

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Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação

contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra

Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não

de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora

força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).

presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para

moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte

ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar

produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e

prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a

processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a

do litígio. oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o

Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no

ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,

postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são

integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza

trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de

se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A trabalho.

PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,

à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas

fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas

Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente

falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os

prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.

ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da

dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente

verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de

Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a

recentes julgados. Transcreve-se: incidência da lei trabalhista.

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A

SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não

SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta

ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei

925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais

Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a

de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de

público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos

de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.

pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a

julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a

distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão

cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas

infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de

concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,

que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de

das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 537
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imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das

comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em

Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.

reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta

Federal). omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS

A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de

inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que

à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente

encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o

significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.

obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e

gerar essa responsabilidade. indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À

Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta

extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais

seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de

"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada

contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas

contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,

8.666/93". multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais

Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI

culpa "in vigilando". da Súmula nº 331 do TST).

Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO

331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico

Pretório Excelso: para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de

"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos

respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve

caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os

obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e

cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,

serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.

de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum

pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites

Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18

sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo

do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação

julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua

Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em

função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária

responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o

nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em

obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a exame.

produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não

No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já

revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na

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relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,

devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA

demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-

rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR

ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal

ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,

contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de

Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei

facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da

ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero

serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo

condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela

empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar

de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma

decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal

definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo

Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de

pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso

entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados

serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele

imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas

que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia

adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,

mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e

O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito

pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se

lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta

(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir

ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal

com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,

obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,

Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa

jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses

Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão

"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias

E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que

PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade

CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante

VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a

NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza

DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força

INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado

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pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero

nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador

(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador

27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do

inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração

"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa

LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da

trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto

Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das o dever de fiscalização.

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega

probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.

suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE CONCLUSÃO DO VOTO

ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,

da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em no mérito, dar-lhe provimento para:

terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada de serviços);

e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;

-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;

162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

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Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

Leis do Trabalho (CLT). Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

provimento. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.

46.000,00, valor ora arbitrado à condenação. Fortaleza, 13 de junho de 2022.

DISPOSITIVO

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000623-92.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos RECORRIDO PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
de serviços);
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo MORAIS(OAB: 500/SE)
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; Intimado(s)/Citado(s):


- G&E MANUTENCAO E SERVICOS LTDA
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

não se limite aos valores estimados na petição inicial;

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em PODER JUDICIÁRIO


favor do patrono do trabalhador; JUSTIÇA DO
e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão


EMENTA
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT).


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
provimento.
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 541
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à

QUANTO À MATÉRIA DE FATO. matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento

O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com

jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE.

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST.

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.

pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça

para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,

condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,

direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios

de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,

veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em

da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais

provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços. INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".

SENTENÇA DE ORIGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA.

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua

prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser

desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 542
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e

previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com reclamada.

empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau MÉRITO

(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL

para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA

trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE

com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO

artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada,

A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma

ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes precisa das verbas rescisórias e demais direitos.

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente Assiste-lhe razão.

acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-

Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.

previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo

deferidas na sentença. antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar

a ação.

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da

RELATÓRIO 1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas:

O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.

Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,

LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS. havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art.

Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos

Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

Contrarrazões do reclamante. de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

Contrarrazões da reclamada. alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

para emissão de parecer. justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021).

FUNDAMENTAÇÃO "(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA.

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO

ADMISSIBILIDADE TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não

Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 543
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subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável

litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado

de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.

de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro

presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).

além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se

processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da

IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para

pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial

constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se

revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou

elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª

no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação

inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia

quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos

contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional, agentes passivas da obrigação.

hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura

o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual

(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que

DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou

SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e

DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a

DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra

sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual

casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de entendimento de litisconsórcio necessário.

litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a

jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não

aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do

dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da

pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.

magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da

dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar

serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial

petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),

conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e

emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela

jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da

A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada, prestadora de serviços.

empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante

à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 544
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,

de serviços). como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor

MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não

PAGAMENTO DEVIDO tem o condão de limitar a liquidação.

Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,

da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da

no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de

que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor

oportunidade". da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis":

Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro

No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na

incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.

FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência DEVIDA PELA EMPRESA

sumulada do TST: No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os

Súmula nº 69 do TST benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua

RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se

19, 20 e 21.11.2003 mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas Leis do Trabalho (CLT).

rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do

50% (cinqüenta por cento). reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários

"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o

confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono

Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os

pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista BRASILEIRO S/A - PETROBRAS

conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, MÉRITO

Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE

21/06/2019). SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A

devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua

comento. responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.

EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da

DO TST Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 545
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma

transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à

norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos

do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua

acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora

dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.

das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se

prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,

Analisa-se. observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração

De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência

trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de

MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser

serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz

dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.

rescisórios pela empregadora. Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o

Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com

acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e

prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se

defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora

estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização

LTDA, mediante regular procedimento licitatório. pelo Órgão Público contratante.

Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da

em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:

prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído

Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a

trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como prerrogativa de:

diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação, (...)

como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só III - fiscalizar-lhes a execução."

da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:

tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por

eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,

impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de

rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."

culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da

processo fiscalizatório. Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos

Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.

ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever

se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por

8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no

Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual

afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o

interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para

Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da

pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do

empregador. processo, que não é a mera composição, mas a justa composição

Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da do litígio.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 546
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no

ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,

postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são

integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza

trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de

se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A trabalho.

PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,

à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas

fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas

Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente

falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os

prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.

ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da

dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente

verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de

Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a

recentes julgados. Transcreve-se: incidência da lei trabalhista.

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A

SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não

SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta

ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei

925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais

Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a

de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de

público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos

de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.

pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a

julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a

distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão

cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas

infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de

concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,

que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de

das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a

lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando

subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".

óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de

conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal

Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020). Federal).

Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera

se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente

da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos

que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não

contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a

oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 547
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta

extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais

seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de

"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada

contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas

contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,

8.666/93". multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais

Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI

culpa "in vigilando". da Súmula nº 331 do TST).

Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO

331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico

Pretório Excelso: para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de

"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos

respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve

caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os

obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e

cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,

serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.

de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum

pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites

Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18

sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo

do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação

julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua

Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em

função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária

responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o

nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em

obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a exame.

produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não

No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já

revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na

desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de

obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é

relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos

Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal

omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de

gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso

sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de

configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído

de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.

entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é

Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia

indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 548
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo

condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela

empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar

de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma

decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal

definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo

Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de

pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso

entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados

serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele

imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas

que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia

adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,

mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e

O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito

pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se

lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta

(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir

ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal

com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,

obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,

Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa

jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses

Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão

"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias

E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que

PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade

CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante

VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a

NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza

DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força

INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado

DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula

CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011

E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de

DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e

NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:

DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações

Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade

da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,

Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também

de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da

Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 549
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das o dever de fiscalização.

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega

probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.

suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE CONCLUSÃO DO VOTO

ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,

da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em no mérito, dar-lhe provimento para:

terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada de serviços);

e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;

-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;

162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Leis do Trabalho (CLT).

de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração provimento.

Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto DISPOSITIVO

ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 550
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000632-54.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE CARLOS ROBERTO TORRES
FERREIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços);
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência LTDA
RECORRIDO CARLOS ROBERTO TORRES
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo FERREIRA
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; Intimado(s)/Citado(s):


- CARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

não se limite aos valores estimados na petição inicial;

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em PODER JUDICIÁRIO


favor do patrono do trabalhador; JUSTIÇA DO
e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão


EMENTA
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT).


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
provimento.
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
QUANTO À MATÉRIA DE FATO.
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
Fortaleza, 13 de junho de 2022.
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada


Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 551
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.

pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça

para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,

condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,

direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios

de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,

veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em

da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais

provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços. INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".

SENTENÇA DE ORIGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA.

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua

prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser

desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na

CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e

rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com

matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser

das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau

acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de

VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos

tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 552
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a

A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada,

ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente precisa das verbas rescisórias e demais direitos.

acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Assiste-lhe razão.

Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-

previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.

deferidas na sentença. 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo

antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar

a ação.

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª

RELATÓRIO reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da

1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como

O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante demonstrado pelas ementas a seguir transcritas:

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA

porCARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA em face de G&E PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.

Manutenção e Serviços LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,

PETROBRÁS. havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art.

Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos

Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

Contrarrazões do reclamante. de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

Contrarrazões da reclamada. alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

para emissão de parecer. justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021).

FUNDAMENTAÇÃO "(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA.

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO

ADMISSIBILIDADE TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não

Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade

dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de

reclamada. litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa

MÉRITO de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal

AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova

QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 553
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revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou

elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª

no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação

inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia

quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos

contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional, agentes passivas da obrigação.

hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura

o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual

(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que

DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou

SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e

DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a

DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra

sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual

casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de entendimento de litisconsórcio necessário.

litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a

jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não

aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do

dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da

pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.

magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da

dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar

serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial

petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),

conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e

emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela

jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da

A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada, prestadora de serviços.

empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante

à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado de serviços).

na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.

(...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro PAGAMENTO DEVIDO

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019). Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467

Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê

observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador

lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira

legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para oportunidade".

defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial Com razão.

(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 554
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do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Instrução Normativa nº 41/2018)".

No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro

incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na

FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

sumulada do TST: DEVIDA PELA EMPRESA

Súmula nº 69 do TST No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os

RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua

19, 20 e 21.11.2003 hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se

A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Leis do Trabalho (CLT).

50% (cinqüenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários

"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o

confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono

Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os

pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista BRASILEIRO S/A - PETROBRAS

conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, MÉRITO

Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE

21/06/2019). SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A

devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua

comento. responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.

EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da

DO TST Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento

tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação

Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora

que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento

Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,

13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."

da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis": Analisa-se.

"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 555
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trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de

MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser

serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz

dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.

rescisórios pela empregadora. Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o

Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com

acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e

prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se

defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora

estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização

LTDA, mediante regular procedimento licitatório. pelo Órgão Público contratante.

Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da

em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:

prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído

Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a

trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como prerrogativa de:

diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação, (...)

como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só III - fiscalizar-lhes a execução."

da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:

tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por

eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,

impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de

rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."

culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da

processo fiscalizatório. Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos

Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.

ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever

se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por

8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no

Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual

afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o

interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para

Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da

pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do

empregador. processo, que não é a mera composição, mas a justa composição

Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da do litígio.

inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado

consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi

Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão

trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações

empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-

de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A

Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes

reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de

observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração fiscalização disposto em Lei.

Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 556
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falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os

prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.

ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da

dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente

verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de

Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a

recentes julgados. Transcreve-se: incidência da lei trabalhista.

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A

SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não

SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta

ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei

925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais

Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a

de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de

público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos

de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.

pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a

julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a

distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão

cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas

infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de

concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,

que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de

das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a

lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando

subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".

óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de

conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal

Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020). Federal).

Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera

se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente

da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos

que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não

contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a

oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.

contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso

sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a

tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:

suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do

salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público

trabalho. contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em

Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº

enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas 8.666/93".

com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por

por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".

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Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO

331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico

Pretório Excelso: para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de

"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos

respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve

caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os

obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e

cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,

serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.

de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum

pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites

Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18

sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo

do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação

julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua

Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em

função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária

responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o

nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em

obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a exame.

produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não

No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já

revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na

desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de

obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é

relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos

Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal

omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de

gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso

sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de

configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído

de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.

entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é

Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia

indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão

apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a

verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora

execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser

principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.

acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência

multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o

devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de

da Súmula nº 331 do TST). serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação

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imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas

que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia

adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,

mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e

O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito

pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se

lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta

(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir

ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal

com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,

obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,

Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa

jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses

Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão

"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias

E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que

PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade

CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante

VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a

NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza

DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força

INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado

DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula

CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011

E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de

DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e

NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:

DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações

Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade

da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,

Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também

de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da

Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente

inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de

Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das

serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos

julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto

concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é

nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

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responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE CONCLUSÃO DO VOTO

ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,

da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em no mérito, dar-lhe provimento para:

terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada de serviços);

e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;

-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;

162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Leis do Trabalho (CLT).

de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração provimento.

Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto DISPOSITIVO

ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

o dever de fiscalização.

Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

provimento a seu recurso ordinário. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 560
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RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A


reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE)
de serviços);
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência LTDA
RECORRIDO CARLOS ROBERTO TORRES
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo FERREIRA
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; Intimado(s)/Citado(s):

c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença - PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS

não se limite aos valores estimados na petição inicial;

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em PODER JUDICIÁRIO


favor do patrono do trabalhador; JUSTIÇA DO
e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão


EMENTA
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT).


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
provimento.
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
QUANTO À MATÉRIA DE FATO.
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
Fortaleza, 13 de junho de 2022.
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada


Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-
Relator
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda
Diretor de Secretaria
judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante
Processo Nº ROT-0000632-54.2021.5.07.0039 não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo
RECORRENTE CARLOS ROBERTO TORRES
FERREIRA para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE) condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação

direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou

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subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios

de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,

veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em

da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais

provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços. INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".

SENTENÇA DE ORIGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA.

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua

prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser

desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na

CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e

rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com

matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser

das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau

acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de

VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos

tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.

sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.

2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

DEVIDA PELA EMPRESA. acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da

A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições

gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais

art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.

assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

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a ação.

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª

RELATÓRIO reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da

1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como

O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante demonstrado pelas ementas a seguir transcritas:

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA

porCARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA em face de G&E PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.

Manutenção e Serviços LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se,

PETROBRÁS. havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art.

Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos

Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

Contrarrazões do reclamante. de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

Contrarrazões da reclamada. alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

para emissão de parecer. justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021).

FUNDAMENTAÇÃO "(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA.

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO

ADMISSIBILIDADE TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não

Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade

dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de

reclamada. litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa

MÉRITO de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal

AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova

QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da

Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos

reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"

ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do

apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do

precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se

Assiste-lhe razão. contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional,

Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado

se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "

345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro

antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 563
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que

DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou

SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e

DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a

DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra

sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual

casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de entendimento de litisconsórcio necessário.

litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a

jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não

aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do

dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da

pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.

magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da

dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar

serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial

petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),

conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e

emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela

jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da

A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada, prestadora de serviços.

empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante

à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado de serviços).

na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.

(...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro PAGAMENTO DEVIDO

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019). Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467

Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê

observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador

lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira

legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para oportunidade".

defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial Com razão.

(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas

não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,

agentes passivas da obrigação. FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a

forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência

defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sumulada do TST:

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Súmula nº 69 do TST No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os

RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua

19, 20 e 21.11.2003 hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se

A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Leis do Trabalho (CLT).

50% (cinqüenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários

"(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o

confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono

Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os

pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista BRASILEIRO S/A - PETROBRAS

conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, MÉRITO

Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE

21/06/2019). SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A

devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua

comento. responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.

EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da

DO TST Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento

tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação

Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora

que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento

Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,

13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."

da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis": Analisa-se.

"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de

da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E

nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais

Instrução Normativa nº 41/2018)". serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores

para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.

sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que

DEVIDA PELA EMPRESA estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS

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LTDA, mediante regular procedimento licitatório. pelo Órgão Público contratante.

Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da

em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:

prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído

Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a

trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como prerrogativa de:

diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação, (...)

como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só III - fiscalizar-lhes a execução."

da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:

tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo, "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por

eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,

impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de

rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."

culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da

processo fiscalizatório. Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos

Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.

ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever

se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por

8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no

Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual

afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o

interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para

Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da

pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do

empregador. processo, que não é a mera composição, mas a justa composição

Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da do litígio.

inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado

consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi

Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão

trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações

empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-

de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A

Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes

reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de

observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração fiscalização disposto em Lei.

Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a

de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de

sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no

rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o

do contraditório processual. dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que

Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.

enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em

eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e recentes julgados. Transcreve-se:

Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE

perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.

de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.

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ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei

925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais

Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a

de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de

público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos

de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.

pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a

julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a

distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão

cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas

infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de

concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,

que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de

das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a

lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando

subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".

óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de

conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal

Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020). Federal).

Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera

se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente

da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos

que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não

contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a

oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.

contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso

sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a

tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:

suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do

salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público

trabalho. contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em

Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº

enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas 8.666/93".

com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por

por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".

caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº

direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do

Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da Pretório Excelso:

Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta

previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

incidência da lei trabalhista. obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do

No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de

PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre

comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas

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pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites

Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18

sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo

do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação

julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua

Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em

função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária

responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o

nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em

obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a exame.

produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não

No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já

revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na

desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de

obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é

relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos

Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal

omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de

gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso

sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de

configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído

de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.

entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é

Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia

indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão

apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a

verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora

execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser

principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.

acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência

multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o

devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de

da Súmula nº 331 do TST). serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação

Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o

BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,

para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o

outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.

deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de

decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-

reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal

resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o

contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa

Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das

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obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,

Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa

jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses

Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão

"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias

E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que

PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade

CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante

VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a

NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza

DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força

INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado

DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula

CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011

E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de

DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e

NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:

DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações

Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade

da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,

Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também

de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da

Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente

inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de

Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das

serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos

julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto

concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é

nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE

caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios

possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em

omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado

satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o

cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares

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passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada de serviços);

e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;

-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal, reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;

162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Leis do Trabalho (CLT).

de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração provimento.

Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto DISPOSITIVO

ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

o dever de fiscalização.

Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

provimento a seu recurso ordinário. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte

reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para:

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

CONCLUSÃO DO VOTO de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

de serviços);

Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

no mérito, dar-lhe provimento para: inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

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- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS


c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

não se limite aos valores estimados na petição inicial;

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em PODER JUDICIÁRIO

favor do patrono do trabalhador; JUSTIÇA DO

e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão


EMENTA
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT).


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE
Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada
CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL
PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe
(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA
provimento.
DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE
Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$
DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO
46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.
PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA
Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado
QUANTO À MATÉRIA DE FATO.
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.
casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade
Fortaleza, 13 de junho de 2022.
de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada


Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO
um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-
Relator
101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda
Diretor de Secretaria
judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante

Processo Nº ROT-0000632-54.2021.5.07.0039 não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de


Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo
RECORRENTE CARLOS ROBERTO TORRES
FERREIRA para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação
GASPAR(OAB: 23876/CE)
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou
PETROBRAS
subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE) inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto
MORAIS(OAB: 500/SE)
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de
LTDA
serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de
RECORRIDO CARLOS ROBERTO TORRES
FERREIRA veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE) da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não

provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas


Intimado(s)/Citado(s):
pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra

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em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços. INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO".

SENTENÇA DE ORIGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA.

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua

prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser

desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na

CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e

rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com

matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser

das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau

acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de

VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos

tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.

sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.

2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

DEVIDA PELA EMPRESA. acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da

A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições

gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais

art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.

assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

-se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios RELATÓRIO

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante

entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados

favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais porCARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA em face de G&E

condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. Manutenção e Serviços LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO PETROBRÁS.

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Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso 345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos

Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

Contrarrazões do reclamante. de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

O reclamante também apresentou Recurso Ordinário. responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

Contrarrazões da reclamada. alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

para emissão de parecer. justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021).

FUNDAMENTAÇÃO "(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA.

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO

ADMISSIBILIDADE TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não

Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade

dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de

reclamada. litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa

MÉRITO de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal

AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova

QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da

Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos

reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"

ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do

apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do

precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se

Assiste-lhe razão. contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional,

Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado

se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "

345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro

antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).

a ação. "RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE

1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos

PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de

Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a

havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão

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aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do

dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da

pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do persecução executória dos sócios da reclamada principal.

magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da

dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos 2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar

serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial

petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços),

conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e

emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela

jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da

A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada, prestadora de serviços.

empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante

à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado de serviços).

na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.

(...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro PAGAMENTO DEVIDO

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019). Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467

Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê

observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador

lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira

legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para oportunidade".

defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial Com razão.

(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas

não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,

agentes passivas da obrigação. FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a

forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência

defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sumulada do TST:

reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Súmula nº 69 do TST

serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ

comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou 19, 20 e 21.11.2003

seja, condenação direta contra a empregadora principal e A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do

condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de

ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas

devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de

entendimento de litisconsórcio necessário. 50% (cinqüenta por cento).

Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a

responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 574
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o

confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono

Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os

pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT.

inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO

consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista BRASILEIRO S/A - PETROBRAS

conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, MÉRITO

Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE

21/06/2019). SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A

devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua

comento. responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.

EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da

DO TST Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento

tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação

Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora

que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento

Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,

13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."

da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis": Analisa-se.

"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de

da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E

nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais

Instrução Normativa nº 41/2018)". serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores

para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.

sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que

DEVIDA PELA EMPRESA estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS

No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.

benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam

hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.

decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como

Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 575
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido um representante da Administração especialmente designado,

impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de

rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de informações pertinentes a essa atribuição."

culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da

processo fiscalizatório. Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos

Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da contratos administrativos de prestação de serviços.

ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever

se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por

8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no

Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade, presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual

afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o

interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para

Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da

pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do

empregador. processo, que não é a mera composição, mas a justa composição

Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da do litígio.

inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado

consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi

Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão

trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações

empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-

de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A

Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes

reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de

observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração fiscalização disposto em Lei.

Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a

de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de

sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no

rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o

do contraditório processual. dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que

Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.

enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em

eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e recentes julgados. Transcreve-se:

Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE

perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.

de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.

pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-

No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo

Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese

"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente

por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais

prerrogativa de: de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas

(...) pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao

III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a

Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do

"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 576
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infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de

concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público, uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional,

que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de

das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a

lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando

subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra comprovada a sua culpa "in vigilando".

óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de

conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal

Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020). Federal).

Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera

se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente

da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos

que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não

contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a

oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.

contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso

sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a

tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:

suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do

salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público

trabalho. contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em

Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº

enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas 8.666/93".

com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por

por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".

caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº

direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do

Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da Pretório Excelso:

Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta

previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

incidência da lei trabalhista. obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do

No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de

PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre

comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas

de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."

N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da

assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete

culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial

responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no

dos artigos 186 e 927 do Código Civil. julgamento da ADC Nº 16.

Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda

incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de

Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos

proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 577
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obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a exame.

produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial. Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não

No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já

revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo transitou em julgado em face da devedora principal, e como na

desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de

obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é

relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho. facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos

Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta demais, é evidente que a condenação da devedora principal

omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de

gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso

sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de

configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído

de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.

entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é

Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia

indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão

apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a

verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora

execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser

principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.

acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência

multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o

devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de

da Súmula nº 331 do TST). serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação

Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o

BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,

para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o

outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.

deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de

decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-

reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal

resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o

contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa

Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das

appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.

da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa

legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os

do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no

reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:

direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA

vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93

julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO

da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR

limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 578
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a

NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza

DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força

INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado

DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927, pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula

CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011

E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA (decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de

DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e

NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16- inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos:

DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR "SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações

Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade

da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,

Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também

de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da

Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente

inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de

Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das

serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos

julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto

concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é

nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE

caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios

possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em

omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado

satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o

cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares

como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada

no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais

nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e

(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o

casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens

proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá

STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável

fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo

regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente

extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 579
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - favor do patrono do trabalhador;

162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

Publicação: DEJT 02/06/2017) proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador Leis do Trabalho (CLT).

de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração provimento.

Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto DISPOSITIVO

ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

o dever de fiscalização.

Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

provimento a seu recurso ordinário. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte

reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para:

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

CONCLUSÃO DO VOTO de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

de serviços);

Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

no mérito, dar-lhe provimento para: inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

de serviços); c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

b) reconhecer que, no momento da realização da audiência não se limite aos valores estimados na petição inicial;

inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na favor do patrono do trabalhador;

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

não se limite aos valores estimados na petição inicial; proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Leis do Trabalho (CLT).

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 580
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA

provimento. DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE

Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

46.000,00, valor ora arbitrado à condenação. PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado QUANTO À MATÉRIA DE FATO.

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior. casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade

Fortaleza, 13 de junho de 2022. de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo,

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-

Relator 101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda

Diretor de Secretaria judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante

não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de


Processo Nº ROT-0000632-54.2021.5.07.0039
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo
RECORRENTE CARLOS ROBERTO TORRES para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão
FERREIRA
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação
GASPAR(OAB: 23876/CE)
direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE) inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento
PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto
MORAIS(OAB: 500/SE)
probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de
RECORRIDO CARLOS ROBERTO TORRES
FERREIRA veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia
ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não
GASPAR(OAB: 23876/CE)
provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas
Intimado(s)/Citado(s): pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra
- G&E MANUTENCAO E SERVICOS LTDA em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA

PODER JUDICIÁRIO SENTENÇA DE ORIGEM.

JUSTIÇA DO Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,


EMENTA
sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia

verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 581
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser

desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na

CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e

rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com

matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser

das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau

acréscimo de 50% (cinqüenta por cento). (culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de

VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST. com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos

tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na artigos 186 e 927, caput, do Código Civil.

sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, § RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.

2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

DEVIDA PELA EMPRESA. acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da

A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições

gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT, previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais

art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo, deferidas na sentença.

assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

-se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios RELATÓRIO

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada, O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante

entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados

favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais porCARLOS ROBERTO TORRES FERREIRA em face de G&E

condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. Manutenção e Serviços LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO PETROBRÁS.

BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso

INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.

CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO". Contrarrazões do reclamante.

JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À O reclamante também apresentou Recurso Ordinário.

FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Contrarrazões da reclamada.

DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA. Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho

O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a para emissão de parecer.

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 582
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

FUNDAMENTAÇÃO "(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA.

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO

ADMISSIBILIDADE TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não

Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade

dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de

reclamada. litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa

MÉRITO de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal

AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos,

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345,

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova

QUANTO À MATÉRIA DE FATO constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da

Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos

reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações"

ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada, no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do

apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do

precisa das verbas rescisórias e demais direitos. quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se

Assiste-lhe razão. contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional,

Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar- hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado

se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art. o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido "

345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo (AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro

antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020).

a ação. "RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE

1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas: DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos

PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de

Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a

havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão

345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 583
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º- responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da

A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada, prestadora de serviços.

empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante

à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto, para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado de serviços).

na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL.

(...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro PAGAMENTO DEVIDO

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019). Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467

Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê

observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador

lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira

legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para oportunidade".

defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial Com razão.

(condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas

não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio,

agentes passivas da obrigação. FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a

forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência

defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao sumulada do TST:

reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Súmula nº 69 do TST

serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ

comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou 19, 20 e 21.11.2003

seja, condenação direta contra a empregadora principal e A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do

condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de

ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas

devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de

entendimento de litisconsórcio necessário. 50% (cinqüenta por cento).

Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a

responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.

de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda

responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e

persecução executória dos sócios da reclamada principal. confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.

No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o

2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender

ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento

em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista

uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,

rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT

sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da 21/06/2019).

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 584
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A

devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua

comento. responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas

LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA condenatórias instituídas pelo juízo singular.

EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41 Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da

DO TST Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas

A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu, prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e

como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a

a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento

tem o condão de limitar a liquidação. do interesse público". Acrescenta que "através da documentação

Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018, acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora

que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento

Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada,

13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor prestadora dos serviços."

da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis": Analisa-se.

"§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de

da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E

nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais

Instrução Normativa nº 41/2018)". serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores

para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na rescisórios pela empregadora.

sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial. Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a

JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA defender a legalidade da contratação administrativa que

DEVIDA PELA EMPRESA estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS

No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os LTDA, mediante regular procedimento licitatório.

benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam

hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços

mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da prestados mediante pessoa jurídica interposta.

decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como

Leis do Trabalho (CLT). diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação,

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só

reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do

sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos

percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de

do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido

critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. processo fiscalizatório.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da

BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que

MÉRITO se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a

SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 585
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o

interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para

Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da

pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do

empregador. processo, que não é a mera composição, mas a justa composição

Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da do litígio.

inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado

consequente, automática e indiscriminada, a imputação à ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi

Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão

trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações

empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui-

de serviços contratada pelo ente público. se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A

Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes

reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim, à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de

observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração fiscalização disposto em Lei.

Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a

de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de

sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no

rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o

do contraditório processual. dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que

Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços.

enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em

eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e recentes julgados. Transcreve-se:

Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se "(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE

perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.

de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO.

pelo Órgão Público contratante. ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-

No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da 925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo

Lei 8.666/93: Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese

"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente

por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais

prerrogativa de: de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas

(...) pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao

III - fiscalizar-lhes a execução." julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a

Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal: distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do

"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza

um representante da Administração especialmente designado, infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,

informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento

Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que

Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação

contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra

Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não

de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora

força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).

presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 586
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente

da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos

que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não

contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a significaria que eventual omissão da Administração Pública na

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a

oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o gerar essa responsabilidade.

contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso

sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor, extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a

tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são seguinte tese de repercussão geral:

suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do

salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público

trabalho. contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em

Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente, caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº

enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas 8.666/93".

com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por

por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente culpa "in vigilando".

caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº

direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados. 331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do

Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da Pretório Excelso:

Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente "V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta

previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

incidência da lei trabalhista. obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do

No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de

PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre

comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas

de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei pela empresa regularmente contratada."

N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da

assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete

culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial

responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no

dos artigos 186 e 927 do Código Civil. julgamento da ADC Nº 16.

Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda

incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de

Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos

proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do

demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a

uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.

especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços

Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo

imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das

comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em

Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.

reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta

Federal). omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS

A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 587
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sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de

configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído

de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o contra aquela prestadora de serviços inadimplente.

entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16. Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é

Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia

indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão

apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a

verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora

execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser

principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário.

acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto, Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência

multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o

devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de

da Súmula nº 331 do TST). serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação

Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o

BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias,

para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o

outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos mais que constar da sentença.

deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de

decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo-

reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal

resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido, (prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o

contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico. ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa

Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das

appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites obrigações legais daquele empregador.

da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa

legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18 jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os

do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no

reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação Recurso Extraordinário nº 760.931:

direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua "(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA

vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93

julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO

da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR

limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN

exame. VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE,

Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO

tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR

transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,

relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,

devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA

demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-

rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 588
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DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações

Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade

da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações,

Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei desde que haja participado da relação processual e conste também

de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da

Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente

inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de

Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das

serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

também expressamente decidido naquela mesma sessão de empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos

julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto

concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é

nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

preceito legal em combinação com outras normas responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

(especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67, desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE

caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios

possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em

omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir terceiro grau") equivale a transferir para o empregado

satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o

cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas, pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares

como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também, passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada

no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais

nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e

(MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o

casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens

proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá

STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias o tomador dos serviços do exequente, como responsável

fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo

regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente

extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,

autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -

responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire

alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de

de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)

pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero

nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador

(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador

27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do

inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração

"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 589
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do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto DISPOSITIVO

ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

o dever de fiscalização.

Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO

provimento a seu recurso ordinário. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte

reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para:

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

CONCLUSÃO DO VOTO de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

de serviços);

Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e, b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

no mérito, dar-lhe provimento para: inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

de serviços); c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

b) reconhecer que, no momento da realização da audiência não se limite aos valores estimados na petição inicial;

inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na favor do patrono do trabalhador;

condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT; e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de

c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão

não se limite aos valores estimados na petição inicial; proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Leis do Trabalho (CLT).

favor do patrono do trabalhador; Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão provimento.

proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

Leis do Trabalho (CLT). Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

provimento. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 590
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Fortaleza, 13 de junho de 2022. consumou-se a prescrição total do direito de ação. Assim, declara-

se a prescrição bienal, para extinguir o processo com resolução de

mérito, nos termos do artigo 487, inciso II, do CPC. Recurso

ordinário conhecido e provido.

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator RELATÓRIO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

Diretor de Secretaria ORDINÁRIO, provenientes da MM. 2ª VARA DO TRABALHO DA

REGIÃO DO CARIRI, em que é recorrente: MUNICÍPIO DE BREJO


Processo Nº ROT-0001566-16.2019.5.07.0028
Relator CLAUDIO SOARES PIRES SANTO; e recorrida: MARIA ILMA DOS SANTOS.
RECORRENTE MUNICIPIO DE BREJO SANTO Recorre oMUNICÍPIO DE BREJO SANTO em face da r. sentença
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE
VASCONCELOS(OAB: 29704/CE) (Id. b3dde37) que, em cumprimento ao que restou determinado no
RECORRIDO MARIA ILMA DOS SANTOS acórdão de Id. d524580, complementou a prestação jurisdicional e
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS
SANTANA(OAB: 16257/CE) julgou procedentes em parte os pedidos da reclamação na
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO reclamação, condenando o ente público ao pagamento dos valores
TRABALHO
a título de diferenças do FGTS durante o contrato de trabalho
Intimado(s)/Citado(s): (03/03/2008 a 22/03/2018), bem como os honorários advocatícios
- MUNICIPIO DE BREJO SANTO na base de 15% (quinze por cento) sobre o montante da

condenação..

Contrarrazões ofertadas, (certidão ID. f6b607d); manifestação

PODER JUDICIÁRIO apresentada pelo Ministério Público do Trabalho (ID 986f614).

JUSTIÇA DO É o relatório.

EMENTA
FUNDAMENTAÇÃO

RECURSO ORDINÁRIO. RJU MUNICIPAL. VALIDADE. Tratando-


ADMISSIBILIDADE
se de relação de trabalho originalmente concebida pela edilidade na
Recurso sem defeito quanto ao preparo, tempestividade,
forma celetista, a comprovação da instituição de Regime Jurídico
regularidade de representação e interesse processual, pelo que dou
Único se há admitir como marco divisor da competência da Justiça
trânsito.
do Trabalho. No caso, a instituição do RJU pelo Município de Brejo
RJU MUNICIPAL. VALIDADE.
Santo se deu com a Lei Municipal nº 955/2017, cuja publicação se
Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante:
efetivou por afixação no mural da prefeitura em 14/03/2017,
"CONTRATO CELETISTA. EXTINÇÃO. INICIO DA VIGÊNCIA DA
restando limitada a competência residual desta Especializada ao
LEI DO RJU ESTATUTÁRIO.
período anterior a sua vigência. Precedentes. MUDANÇA DE
A controvérsia do início da vigência da lei municipal que
REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO
transformou os contratos de trabalho nº 955/2017 regidos pela CLT
CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL. A transferência do regime
em contratos administrativos (estatutários) é de fácil resolução. A
jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato de
parte autora sustenta que o inicio da vigência foi a partir de
trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança
22/03/2018, com a publicação no Diário Oficial dos Municípios do
de regime, nos termos da Súmula nº 382 do C. TST. No caso, o
Estado do Ceará. O município reclamado, por sua vez, afirma que a
contrato havido entre a reclamante e o reclamado foi extinto em
vigência da referida lei teve inicio em 14/03/2017 com a publicação
14/03/2017, com a publicação da lei instituidora do regime jurídico
no "mural da Prefeitura Municipal", conforme certidão anexada nos
único, e a presente ação ajuizada em 07/11/2019, portanto

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 591
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

autos. transcrito:

Ao analisar detidamente os autos da demanda, constata-se que o "O recorrente se insurge contra a decisão que o condenou a pagar o

descrédito da suposta publicação da referida norma legal no "mural FGTS do período laboral, alegando, inicialmente, que a Lei

da Prefeitura Municipal" foi motivado pela própria administração Municipal nº 955/2017 foi publicada em 14/03/2017 e não em

municipal, na medida em que decidiu publicar a referida lei no Diário 22/03/2018, considerando que a citada lei foi fixada no flanelógrafo

Oficial dos Municípios do Estado do Ceará em 22/03/2018, municipal, por não dispor de imprensa oficial. Destarte, alega que a

conforme consta nos autos. Aliás, a decisão para publicar a referida recorrida é estatutária desde março de 2017, não subsistindo a

lei no Diário Oficial atende a determinação legal contida no artigo 27 obrigação de pagar o FGTS após essa data. Aduz a prescrição

da Lei Orgânica do Município reclamado anexada nos autos, a qual quinquenal, já que o direito pleiteado remota ao ano de 2013 e

determina que as publicações das leis e dos atos municipais alega ainda a prescrição bienal relativamente à transmudação do

deverão ser feitas em órgão oficial ou, não havendo, em órgão da regime celetista para estatutário. Pondera, por fim, que fez o

imprensa, o que certamente não tinha ocorrido com a lei do RJU parcelamento do FGTS em atraso (de 1971 a 2007) com a CEF e

que transformou o regime celetista em estatutário até o mês de que vem mantendo em dias os valores pactuados, fato que

março de 2018. beneficiou a reclamante.

Por tais razões fica reconhecido como inicio da vigência da lei Da data da publicação da Lei Municipal nº 955/2017.

municipal nº 955/2017 que transformou os contratos de trabalho O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 128db93, da própria

regidos pela CLT em contratos administrativos (estatutários), a data prefeita da quela municipalidade, afirmando que a citada lei

da publicação da referida lei no Diário Oficial dos Municípios do municipal foi afixada no flanelógrafo municipal em data de

Estado do Ceará, ou seja, em 22/03/2018, para todos os efeitos 14/03/2017.

legais da presente demanda, ficando, por via de consequência, A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública,

afastada também a incidência de prescrição bienal." afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão

Sustenta o recorrente que, diversamente do que decidiu o juízo de oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural

origem, a Justiça do Trabalho é incompetente para processar e da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da

julgar a demanda em relação ao período posterior à instituição do população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa

Regime Jurídico Único - Lei Municipal 955/2017, publicada por as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis:

afixação em flanelógrafo (certidão Id. 59582fc), com vigência a partir "SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO.LEI OU ATO NORMATIVO

de 14/03/2017. Juntou jurisprudência sobre a matéria. MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA

Ao exame. PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE

Tratando-se de relação de trabalho originalmente concebida pela ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da

edilidade na forma celetista, a comprovação da instituição de súmula pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016,

Regime Jurídico Único se há admitir como marco divisor da Caderno Judiciário do TRT da 7ª Região.".

competência da Justiça do Trabalho. É válida a publicação de lei ou normativo municipal por afixação no

Compulsando-se os autos, constato a existência de certidão de átrio da Prefeitura ou da Câmara Municipal, desde que o ente

publicação da Lei Municipal nº 955/2017, publicada por afixação em público não possua órgão oficial de imprensa." (RO 0000458-

flanelógrafo (certidão Id. 59582fc), com vigência a partir de 52.2019.5.07.0027, 2ª Turma, Relator: Des. JEFFERSON

14/03/2017. QUESADO JUNIOR, Data do Julgamento: 16/09/2019, Data da

Calha acrescentar, por oportuno, que idêntica situação, envolvendo Publicação: 17/09/2019, Fonte: PJE-JT).

o mesmo recorrente, foi recentemente apreciada nesta 2ª Turma de Com efeito, resta limitada a competência residual para a apreciação

Julgamento, por exemplo, nos processos nº,s 0000458- dos pedidos trabalhistas surgidos anteriormente à vigência da Lei nº

52.2019.5.07.0027,0000338-42.2020.5.07.0037 em que se 955/2017, que implantou o regime jurídico único no município

consagrou o entendimento de que a instituição do RJU pelo reclamado, consoante inteligência da OJ nº 138 da SBDI-1, do TST,

Município de Brejo Santo se deu com a Lei Municipal nº 955/2017, in verbis:

cuja publicação se efetivou, por afixação no mural da prefeitura, em "COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO.

14/03/2017. LIMITAÇÃO DA EXECUÇÃO (nova redação em decorrência da

Como se trata de situação, absolutamente idêntica, clama a razão incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 249 da SBDI-1).

pela reprodução do mesmo entendimento, cujo teor vai a seguir Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 592
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período o não-recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o

anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada prazo de dois anos após o término do contrato;

após a edição da referida lei. A superveniência de regime II - Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso

estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se consumar

limita a execução ao período celetista." (1ª parte - ex-OJ nº 138 da primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a

SDI-1 - inserida em 27.11.98; 2ª parte - ex-OJ nº 249 - inserida em partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)."

13.03.02) Destarte, considerando que o contrato havido entre a reclamante e

Neste contexto, reforma-se a sentença para concluir que esta o reclamado foi extinto em 14/03/2017 e a presente ação ajuizada

Justiça Especializada é incompetente para processar e julgar os em 07 de novembro de 2019, resta fulminado pela prescrição bienal

pedidos posteriores a 14/03/2017, momento a partir do qual o direito de a obreira reclamar as verbas postuladas nos presentes

considero instituído o regime jurídico de direito administrativo no autos.

âmbito do município recorrente. Dessa forma, acolhe-se a prescrição arguida (Id. 9a0d889 - Fls.: 8),

Por fim, diversamente da instrução do município, que ao juntar a Lei para extinguir o processo com resolução de mérito, nos termos do

955/17, trouxe a comprovação de sua publicação; a recorrida artigo 487, inciso II, do CPC.

carreou aos autos cópia daLei 951/17, sem a respectiva

comprovação de publicação, impedindo a aferição de sua validade.

Dessa sorte, não há como aproveitá-la neste feito. CONCLUSÃO DO VOTO

PRESCRIÇÃO BIENAL.

A pretensão da parte reclamante encontra-se prescrita, pois

ajuizada a ação em 07 de novembro de 2019, quando já decorridos Conhecer do recurso e dar-lhe provimento para considerar instituído

mais de dois anos da extinção do contrato de trabalho, ocorrida em o regime jurídico de direito administrativo no âmbito do município

14 de março de 2017, ante a conversão do regime celetista para recorrente a partir de 14/03/2017; acolher a prescrição arguida, para

estatutário. extinguir o processo com resolução de mérito, nos termos do artigo

Com efeito, nos termos da Súmula 382 do TST, a transformação do 487, inciso II, do CPC.

regime jurídico de trabalho importa em rescisão do contrato de

trabalho, fluindo da data dessa modificação o prazo prescricional.

No caso vertente, como já assinalado acima, o Regime Jurídico DISPOSITIVO

Único no âmbito do município reclamado foi regularmente instituído

em 14/03/2017. Tendo a parte autora ajuizado a reclamação

trabalhista em 07 de novembro de 2019, após o decurso do prazo

de dois anos da mudança de regime, resta configurada a prescrição

bienal.

Nesse sentido é o entendimento da Súmula 382 do c. TST:

"MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO.

EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL (conversão

da Orientação Jurisprudencial nº 128 da SBDI-1) - Res. 129/2005, ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

DJ 20, 22 e 25.04.2005 REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário conhecer do recurso e dar-lhe provimento para considerar instituído

implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da o regime jurídico de direito administrativo no âmbito do município

prescrição bienal a partir da mudança de regime". recorrente a partir de 14/03/2017; acolher a prescrição arguida (Id.

Em relação à prescrição do FGTS, assim dispõe a Súmula nº 362, 9a0d889 - Fls.: 8), para extinguir o processo com resolução de

do c. TST: mérito, nos termos do artigo 487, inciso II, do CPC. Custas

"FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Res. 198/2015, republicada invertidas e dispensadas.

em razão de erro material - DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

I - Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 593
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo único, e a presente ação ajuizada em 07/11/2019, portanto

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. consumou-se a prescrição total do direito de ação. Assim, declara-

Fortaleza, 18 de julho de 2022. se a prescrição bienal, para extinguir o processo com resolução de

mérito, nos termos do artigo 487, inciso II, do CPC. Recurso

ordinário conhecido e provido.

CLAUDIO SOARES PIRES

Desembargador Relator RELATÓRIO

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

Diretor de Secretaria ORDINÁRIO, provenientes da MM. 2ª VARA DO TRABALHO DA

REGIÃO DO CARIRI, em que é recorrente: MUNICÍPIO DE BREJO


Processo Nº ROT-0001566-16.2019.5.07.0028
Relator CLAUDIO SOARES PIRES SANTO; e recorrida: MARIA ILMA DOS SANTOS.
RECORRENTE MUNICIPIO DE BREJO SANTO Recorre oMUNICÍPIO DE BREJO SANTO em face da r. sentença
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE
VASCONCELOS(OAB: 29704/CE) (Id. b3dde37) que, em cumprimento ao que restou determinado no
RECORRIDO MARIA ILMA DOS SANTOS acórdão de Id. d524580, complementou a prestação jurisdicional e
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS
SANTANA(OAB: 16257/CE) julgou procedentes em parte os pedidos da reclamação na
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO reclamação, condenando o ente público ao pagamento dos valores
TRABALHO
a título de diferenças do FGTS durante o contrato de trabalho
Intimado(s)/Citado(s): (03/03/2008 a 22/03/2018), bem como os honorários advocatícios
- MARIA ILMA DOS SANTOS na base de 15% (quinze por cento) sobre o montante da

condenação..

Contrarrazões ofertadas, (certidão ID. f6b607d); manifestação

PODER JUDICIÁRIO apresentada pelo Ministério Público do Trabalho (ID 986f614).

JUSTIÇA DO É o relatório.

EMENTA
FUNDAMENTAÇÃO

RECURSO ORDINÁRIO. RJU MUNICIPAL. VALIDADE. Tratando-


ADMISSIBILIDADE
se de relação de trabalho originalmente concebida pela edilidade na
Recurso sem defeito quanto ao preparo, tempestividade,
forma celetista, a comprovação da instituição de Regime Jurídico
regularidade de representação e interesse processual, pelo que dou
Único se há admitir como marco divisor da competência da Justiça
trânsito.
do Trabalho. No caso, a instituição do RJU pelo Município de Brejo
RJU MUNICIPAL. VALIDADE.
Santo se deu com a Lei Municipal nº 955/2017, cuja publicação se
Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante:
efetivou por afixação no mural da prefeitura em 14/03/2017,
"CONTRATO CELETISTA. EXTINÇÃO. INICIO DA VIGÊNCIA DA
restando limitada a competência residual desta Especializada ao
LEI DO RJU ESTATUTÁRIO.
período anterior a sua vigência. Precedentes. MUDANÇA DE
A controvérsia do início da vigência da lei municipal que
REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO
transformou os contratos de trabalho nº 955/2017 regidos pela CLT
CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL. A transferência do regime
em contratos administrativos (estatutários) é de fácil resolução. A
jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato de
parte autora sustenta que o inicio da vigência foi a partir de
trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança
22/03/2018, com a publicação no Diário Oficial dos Municípios do
de regime, nos termos da Súmula nº 382 do C. TST. No caso, o
Estado do Ceará. O município reclamado, por sua vez, afirma que a
contrato havido entre a reclamante e o reclamado foi extinto em
vigência da referida lei teve inicio em 14/03/2017 com a publicação
14/03/2017, com a publicação da lei instituidora do regime jurídico

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 594
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

no "mural da Prefeitura Municipal", conforme certidão anexada nos pela reprodução do mesmo entendimento, cujo teor vai a seguir

autos. transcrito:

Ao analisar detidamente os autos da demanda, constata-se que o "O recorrente se insurge contra a decisão que o condenou a pagar o

descrédito da suposta publicação da referida norma legal no "mural FGTS do período laboral, alegando, inicialmente, que a Lei

da Prefeitura Municipal" foi motivado pela própria administração Municipal nº 955/2017 foi publicada em 14/03/2017 e não em

municipal, na medida em que decidiu publicar a referida lei no Diário 22/03/2018, considerando que a citada lei foi fixada no flanelógrafo

Oficial dos Municípios do Estado do Ceará em 22/03/2018, municipal, por não dispor de imprensa oficial. Destarte, alega que a

conforme consta nos autos. Aliás, a decisão para publicar a referida recorrida é estatutária desde março de 2017, não subsistindo a

lei no Diário Oficial atende a determinação legal contida no artigo 27 obrigação de pagar o FGTS após essa data. Aduz a prescrição

da Lei Orgânica do Município reclamado anexada nos autos, a qual quinquenal, já que o direito pleiteado remota ao ano de 2013 e

determina que as publicações das leis e dos atos municipais alega ainda a prescrição bienal relativamente à transmudação do

deverão ser feitas em órgão oficial ou, não havendo, em órgão da regime celetista para estatutário. Pondera, por fim, que fez o

imprensa, o que certamente não tinha ocorrido com a lei do RJU parcelamento do FGTS em atraso (de 1971 a 2007) com a CEF e

que transformou o regime celetista em estatutário até o mês de que vem mantendo em dias os valores pactuados, fato que

março de 2018. beneficiou a reclamante.

Por tais razões fica reconhecido como inicio da vigência da lei Da data da publicação da Lei Municipal nº 955/2017.

municipal nº 955/2017 que transformou os contratos de trabalho O recorrente juntou aos autos a certidão de ID 128db93, da própria

regidos pela CLT em contratos administrativos (estatutários), a data prefeita da quela municipalidade, afirmando que a citada lei

da publicação da referida lei no Diário Oficial dos Municípios do municipal foi afixada no flanelógrafo municipal em data de

Estado do Ceará, ou seja, em 22/03/2018, para todos os efeitos 14/03/2017.

legais da presente demanda, ficando, por via de consequência, A citada certidão da alcaíde, que goza da prerrogativa de fé pública,

afastada também a incidência de prescrição bienal." afirma expressamente que o ente municipal não dispõe de órgão

Sustenta o recorrente que, diversamente do que decidiu o juízo de oficial de imprensa e que a lei que instituiu RJU foi afixada no mural

origem, a Justiça do Trabalho é incompetente para processar e da prefeitura, pelo prazo de trinta dias, para conhecimento da

julgar a demanda em relação ao período posterior à instituição do população. Conclui-se, portanto, que mencionada certidão expressa

Regime Jurídico Único - Lei Municipal 955/2017, publicada por as exigências da Súmula 01, deste Regional, verbis:

afixação em flanelógrafo (certidão Id. 59582fc), com vigência a partir "SÚMULA Nº 1 do TRT da 7ª REGIÃO.LEI OU ATO NORMATIVO

de 14/03/2017. Juntou jurisprudência sobre a matéria. MUNICIPAL. PUBLICAÇÃO POR AFIXAÇÃO NO ÁTRIO DA

Ao exame. PREFEITURA OU DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE

Tratando-se de relação de trabalho originalmente concebida pela ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA. VALIDADE. Revisão da

edilidade na forma celetista, a comprovação da instituição de súmula pela Res. 229/2016, DEJT, de 22, 25 e 26.07.2016,

Regime Jurídico Único se há admitir como marco divisor da Caderno Judiciário do TRT da 7ª Região.".

competência da Justiça do Trabalho. É válida a publicação de lei ou normativo municipal por afixação no

Compulsando-se os autos, constato a existência de certidão de átrio da Prefeitura ou da Câmara Municipal, desde que o ente

publicação da Lei Municipal nº 955/2017, publicada por afixação em público não possua órgão oficial de imprensa." (RO 0000458-

flanelógrafo (certidão Id. 59582fc), com vigência a partir de 52.2019.5.07.0027, 2ª Turma, Relator: Des. JEFFERSON

14/03/2017. QUESADO JUNIOR, Data do Julgamento: 16/09/2019, Data da

Calha acrescentar, por oportuno, que idêntica situação, envolvendo Publicação: 17/09/2019, Fonte: PJE-JT).

o mesmo recorrente, foi recentemente apreciada nesta 2ª Turma de Com efeito, resta limitada a competência residual para a apreciação

Julgamento, por exemplo, nos processos nº,s 0000458- dos pedidos trabalhistas surgidos anteriormente à vigência da Lei nº

52.2019.5.07.0027,0000338-42.2020.5.07.0037 em que se 955/2017, que implantou o regime jurídico único no município

consagrou o entendimento de que a instituição do RJU pelo reclamado, consoante inteligência da OJ nº 138 da SBDI-1, do TST,

Município de Brejo Santo se deu com a Lei Municipal nº 955/2017, in verbis:

cuja publicação se efetivou, por afixação no mural da prefeitura, em "COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO.

14/03/2017. LIMITAÇÃO DA EXECUÇÃO (nova redação em decorrência da

Como se trata de situação, absolutamente idêntica, clama a razão incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 249 da SBDI-1).

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 595
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra

vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período o não-recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o

anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada prazo de dois anos após o término do contrato;

após a edição da referida lei. A superveniência de regime II - Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso

estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se consumar

limita a execução ao período celetista." (1ª parte - ex-OJ nº 138 da primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a

SDI-1 - inserida em 27.11.98; 2ª parte - ex-OJ nº 249 - inserida em partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)."

13.03.02) Destarte, considerando que o contrato havido entre a reclamante e

Neste contexto, reforma-se a sentença para concluir que esta o reclamado foi extinto em 14/03/2017 e a presente ação ajuizada

Justiça Especializada é incompetente para processar e julgar os em 07 de novembro de 2019, resta fulminado pela prescrição bienal

pedidos posteriores a 14/03/2017, momento a partir do qual o direito de a obreira reclamar as verbas postuladas nos presentes

considero instituído o regime jurídico de direito administrativo no autos.

âmbito do município recorrente. Dessa forma, acolhe-se a prescrição arguida (Id. 9a0d889 - Fls.: 8),

Por fim, diversamente da instrução do município, que ao juntar a Lei para extinguir o processo com resolução de mérito, nos termos do

955/17, trouxe a comprovação de sua publicação; a recorrida artigo 487, inciso II, do CPC.

carreou aos autos cópia daLei 951/17, sem a respectiva

comprovação de publicação, impedindo a aferição de sua validade.

Dessa sorte, não há como aproveitá-la neste feito. CONCLUSÃO DO VOTO

PRESCRIÇÃO BIENAL.

A pretensão da parte reclamante encontra-se prescrita, pois

ajuizada a ação em 07 de novembro de 2019, quando já decorridos Conhecer do recurso e dar-lhe provimento para considerar instituído

mais de dois anos da extinção do contrato de trabalho, ocorrida em o regime jurídico de direito administrativo no âmbito do município

14 de março de 2017, ante a conversão do regime celetista para recorrente a partir de 14/03/2017; acolher a prescrição arguida, para

estatutário. extinguir o processo com resolução de mérito, nos termos do artigo

Com efeito, nos termos da Súmula 382 do TST, a transformação do 487, inciso II, do CPC.

regime jurídico de trabalho importa em rescisão do contrato de

trabalho, fluindo da data dessa modificação o prazo prescricional.

No caso vertente, como já assinalado acima, o Regime Jurídico DISPOSITIVO

Único no âmbito do município reclamado foi regularmente instituído

em 14/03/2017. Tendo a parte autora ajuizado a reclamação

trabalhista em 07 de novembro de 2019, após o decurso do prazo

de dois anos da mudança de regime, resta configurada a prescrição

bienal.

Nesse sentido é o entendimento da Súmula 382 do c. TST:

"MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO.

EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL (conversão

da Orientação Jurisprudencial nº 128 da SBDI-1) - Res. 129/2005, ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

DJ 20, 22 e 25.04.2005 REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário conhecer do recurso e dar-lhe provimento para considerar instituído

implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da o regime jurídico de direito administrativo no âmbito do município

prescrição bienal a partir da mudança de regime". recorrente a partir de 14/03/2017; acolher a prescrição arguida (Id.

Em relação à prescrição do FGTS, assim dispõe a Súmula nº 362, 9a0d889 - Fls.: 8), para extinguir o processo com resolução de

do c. TST: mérito, nos termos do artigo 487, inciso II, do CPC. Custas

"FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Res. 198/2015, republicada invertidas e dispensadas.

em razão de erro material - DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

I - Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de Cláudio Soares Pires (Presidente e Relator), Francisco José

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 596
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Gomes da Silva e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) O INSTITUTO DR JOSE FROTA interpôs Recurso Ordinário (ID

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo a4d4f34) tempestivamente (certidão Id 949bdbe) para este Regional

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. com o intuito de obter a reforma da sentença (ID 0da7be2) que o

Fortaleza, 18 de julho de 2022. condenou subsidiariamente no pagamento das verbas rescisórias

de FRANCISCA MACIEL DA SILVA não adimplidas pela outra

reclamada PCA - REFEIÇÕES COLETIVAS E HOSPITALARES

LTDA.

CLAUDIO SOARES PIRES O recorrente se insurge contra a responsabilidade subsidiária que

Desembargador Relator "...a matéria relativa à responsabilidade deve ser prevista em lei.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. Esta, no caso, preceitua, inequivocamente, que o ente público não

responderá solidária ou subsidiariamente pelos débitos assumidos

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART pelo contratado, resultantes da execução do contrato. Não é dado

Diretor de Secretaria ao juiz, fazendo tabula rasa da lei, julgar em sentido adverso."

Afirmar que, no tocante à culpa in eligendo, a sua condenação


Processo Nº ROT-0000185-78.2020.5.07.0014
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR desrespeita a legislação o art. 71, caput e §1º da Lei nº 8.666/93 e
RECORRENTE INSTITUTO DR JOSE FROTA que não lhe cabe a culpa in vigilando porquanto o seu dever é de
ADVOGADO HUGO CESAR MEDINA(OAB:
3722/CE) fiscalizar a execução do contrato e não o cumprimentos dos
RECORRENTE PCA - REFEIÇÕES COLETIVAS E encargos trabalhistas pela prestadora de serviços. Insurge-se contra
HOSPITALARES LTDA - EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL a condenação subsidiária, sustentando que "...a responsabilização
RECORRIDO FRANCISCA MACIEL DA SILVA
subsidiária desta Autarquia também afrontaria o art. 37 da Carta
ADVOGADO NATHALIA HERMANA SILVA
ROGERIO(OAB: 37598/CE) Magna, que consagra os princípios norteadores da atividade
ADVOGADO HARLEY XIMENES DOS
SANTOS(OAB: 12397/CE) administrativa, na medida em que restaria maculado o princípio da
ADVOGADO MONICA MARIA CAMPOS legalidade.".
PEIXOTO(OAB: 25510/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO Apenas a recorrida, FRANCISCA MACIEL DA SILVA, apresentou
TRABALHO
contrarrazões de ID 63cc227, tempestivamente, conforme certidão

Intimado(s)/Citado(s): de Id 04a46bf.

- PCA - REFEIÇÕES COLETIVAS E HOSPITALARES LTDA - EM A douta PRT manifestou-se pelo conhecimento e provimento do
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
recurso, nos termos do parecer de ID 2548c10.

FUNDAMENTAÇÃO

ADMISSIBILIDADE
PODER JUDICIÁRIO O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos
JUSTIÇA DO e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.

DA ANÁLISE DO RECURSO ORDINÁRIO.

É fato que houve contrato de prestação de serviços entre o


EMENTA
recorrente e o primeiro reclamado e daí nasceu a responsabilidade
RECURSO ORDINÁRIO. TOMADOR DOS SERVIÇOS - ENTE
subsidiária do ente estatal, que se tornou exequível quando do
PÚBLICO- RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA- Segundo
inadimplemento das obrigações contratuais entre a prestadora de
entendimento recente do c. TST, com fundamento em decisão
serviços e seus empregados. Frise-se que a responsabilidade
proferida pelo STF que declarou constitucional o art.71 da Lei
subsidiária não nasceu automaticamente com inadimplemento das
8.666/93 (ADC 16/DF) permanece a responsabilidade subsidiária
obrigações por parte da prestadora, mas pelo fato de faltar
dos entes públicos, pelos direitos trabalhistas do empregado locado,
fiscalização do ente estatal no cumprimento das obrigações sociais,
não cumpridos pelo empregador, sempre que os mesmos, na
trabalhistas, previdenciárias e fiscais pela citada prestadora, aliás,
qualidade de tomadores dos serviços, não sejam criteriosos na
por imposição do art.67, da Lei nº 8.666/93, que impõe inspeção
escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações
rotineira.
pertinentes ao respectivo contrato.
Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de
Recurso conhecido e improvido.
serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia
RELATÓRIO

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 597
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida

secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato pelo Excelso Pretório.

da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da

inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a

dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes

que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano

Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico

dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da

entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.

responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos 186.

trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de

não adimplidos pelo contratado. qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a

Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e

excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se

STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços

Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa. honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei

Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do

constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em

transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as

responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação,

público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a

que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV).

e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de

Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos". fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do

Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos

consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que,

julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis: via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação

"V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público

indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal

do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga

cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67).

especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo

contratuais e legais da prestadora de serviço como probatório que dos autos consta não há provas do

empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento

inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da

empresa regularmente contratada." idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas

Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura

no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no

inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de mês anterior.

prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67 Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para

e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo

empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade princípio da aptidão da prova.

subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma

pela empresa contratada. regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a

Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 598
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços

jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa

excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso

71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta, Este Regional tem inúmeros precedentes tendo o ora recorrente

das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e como parte, veja-se:

das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO.

empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os TERCEIRIZAÇÃO. SÚMULA Nº 331/TST. Os entes integrantes da

referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na Administração Pública direta e indireta respondem

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso

respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações

Trabalho). da Lei nº 8.666/93, especialmente na fiscalização do cumprimento

Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis: das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO. empresa regularmente contratada. Entendimento da Súmula 331, V,

Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo do c. TST. Verifica-se, no caso concreto, a omissão do ente público

Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na tomador dos serviços quanto ao poder-dever de fiscalizar as

Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização obrigações contratuais da empresa prestadora de serviços, com a

subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados adoção das medidas imprescindíveis à garantia do cumprimento

à execução de contrato administrativo quando configurada a dos direitos laborais dos trabalhadores terceirizados.

omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na Responsabilidade subsidiária que se confirma. (TRT da 7ª Região;

qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição Processo: 0000518-63.2020.5.07.0003; Data: 27-05-2022; Órgão

dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição Julgador: Gab. Des. Fernanda Maria Uchoa de Albuquerque - 3ª

da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel. Turma; Relator(a): FERNANDA MARIA UCHOA DE

Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011). ALBUQUERQUE)

" RECURSO ORDINÁRIO DO 2ª RECLAMADO. PRELIMINAR DE

O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de ILEGITIMIDADE PASSIVA. O caráter abstrato do direito de ação

ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a independe do direito material pleiteado, de sorte que a simples

responsabilização do poder público deveria ser examinada diante indicação da apelante como responsável subsidiária pela satisfação

de cada caso concreto, nos seguintes termos: das parcelas almejadas na peça exordial justifica sua legitimidade

"O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC para figurar no polo passivo da demanda, não merecendo reforma a

n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a sentença de piso.RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. O

constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93, entendimento jurisprudencial mais recente do Tribunal Superior do

tendo observado que eventual responsabilização do poder Trabalho, calcado na decisão do Supremo Tribunal Federal que

público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de declarou a constitucionalidade do art. 71, da Lei N.º 8.666/93 (ADC

responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no 16/DF), é o de que remanesce a responsabilidade subsidiária dos

descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações

administração pública, devidamente comprovado no caso públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia

concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado mista pelos direitos trabalhistas do empregado locado e não

em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe- adimplidos pelo empregador, sempre que os referidos entes

050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)" públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na escolha da

No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das empresa prestadora e/ou na fiscalização das obrigações do

culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no respectivo contrato (Súmula 331, inciso I V, do Tribunal Superior do

chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento Trabalho).RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS. (TRT da 7ª

constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas Região; Processo: 0000184-93.2020.5.07.0014; Data: 07-12-2021;

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 599
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO MONICA MARIA CAMPOS


Órgão Julgador: Gab. Des. Francisco José Gomes da Silva - 2ª PEIXOTO(OAB: 25510/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
Turma; Relator(a): FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA) TRABALHO
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SÚMULA 331 DO
Intimado(s)/Citado(s):
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Deve o responsável
- FRANCISCA MACIEL DA SILVA
subsidiário arcar com todas as verbas trabalhistas e rescisórias

inadimplidas pela prestadora de serviços, decorrentes do contrato

de trabalho, quando verificada a culpa in elegendo ou in vigilando

daquele. Inteligência da Súmula 331, IV e V do C. TST. (TRT da 7ª PODER JUDICIÁRIO

Região; Processo: 0001029-88.2016.5.07.0007; Data: 10-09-2018; JUSTIÇA DO

Órgão Julgador: OJ de Análise de Recurso - OJC de Análise de

Recurso; Relator(a): FERNANDA MARIA UCHOA DE


EMENTA
ALBUQUERQUE)".
RECURSO ORDINÁRIO. TOMADOR DOS SERVIÇOS - ENTE
De todo o exposto, nega-se provimento ao Recurso Ordinário.
PÚBLICO- RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA- Segundo
CONCLUSÃO DO VOTO
entendimento recente do c. TST, com fundamento em decisão
Conhecer e negar provimento ao apelo.
proferida pelo STF que declarou constitucional o art.71 da Lei

8.666/93 (ADC 16/DF) permanece a responsabilidade subsidiária


DISPOSITIVO
dos entes públicos, pelos direitos trabalhistas do empregado locado,
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
não cumpridos pelo empregador, sempre que os mesmos, na
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
qualidade de tomadores dos serviços, não sejam criteriosos na
REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso, porque presentes
escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações
os pressupostos de admissibilidade, e, no mérito, negar-lhe
pertinentes ao respectivo contrato.
provimento.
Recurso conhecido e improvido.
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
RELATÓRIO
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
O INSTITUTO DR JOSE FROTA interpôs Recurso Ordinário (ID
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
a4d4f34) tempestivamente (certidão Id 949bdbe) para este Regional
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
com o intuito de obter a reforma da sentença (ID 0da7be2) que o
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
condenou subsidiariamente no pagamento das verbas rescisórias
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
de FRANCISCA MACIEL DA SILVA não adimplidas pela outra

reclamada PCA - REFEIÇÕES COLETIVAS E HOSPITALARES


JEFFERSON QUESADO
LTDA.

O recorrente se insurge contra a responsabilidade subsidiária que


Desembargador Relator
"...a matéria relativa à responsabilidade deve ser prevista em lei.
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
Esta, no caso, preceitua, inequivocamente, que o ente público não

responderá solidária ou subsidiariamente pelos débitos assumidos


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
pelo contratado, resultantes da execução do contrato. Não é dado
Diretor de Secretaria
ao juiz, fazendo tabula rasa da lei, julgar em sentido adverso."

Processo Nº ROT-0000185-78.2020.5.07.0014 Afirmar que, no tocante à culpa in eligendo, a sua condenação


Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR desrespeita a legislação o art. 71, caput e §1º da Lei nº 8.666/93 e
RECORRENTE INSTITUTO DR JOSE FROTA
que não lhe cabe a culpa in vigilando porquanto o seu dever é de
ADVOGADO HUGO CESAR MEDINA(OAB:
3722/CE) fiscalizar a execução do contrato e não o cumprimentos dos
RECORRENTE PCA - REFEIÇÕES COLETIVAS E
HOSPITALARES LTDA - EM encargos trabalhistas pela prestadora de serviços. Insurge-se contra
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
a condenação subsidiária, sustentando que "...a responsabilização
RECORRIDO FRANCISCA MACIEL DA SILVA
ADVOGADO NATHALIA HERMANA SILVA subsidiária desta Autarquia também afrontaria o art. 37 da Carta
ROGERIO(OAB: 37598/CE)
Magna, que consagra os princípios norteadores da atividade
ADVOGADO HARLEY XIMENES DOS
SANTOS(OAB: 12397/CE) administrativa, na medida em que restaria maculado o princípio da

legalidade.".

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 600
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Apenas a recorrida, FRANCISCA MACIEL DA SILVA, apresentou Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".

contrarrazões de ID 63cc227, tempestivamente, conforme certidão Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento

de Id 04a46bf. consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o

A douta PRT manifestou-se pelo conhecimento e provimento do julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:

recurso, nos termos do parecer de ID 2548c10. "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e

FUNDAMENTAÇÃO indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições

ADMISSIBILIDADE do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no

O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,

e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações

DA ANÁLISE DO RECURSO ORDINÁRIO. contratuais e legais da prestadora de serviço como

É fato que houve contrato de prestação de serviços entre o empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

recorrente e o primeiro reclamado e daí nasceu a responsabilidade inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

subsidiária do ente estatal, que se tornou exequível quando do empresa regularmente contratada."

inadimplemento das obrigações contratuais entre a prestadora de Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública

serviços e seus empregados. Frise-se que a responsabilidade no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,

subsidiária não nasceu automaticamente com inadimplemento das inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de

obrigações por parte da prestadora, mas pelo fato de faltar prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67

fiscalização do ente estatal no cumprimento das obrigações sociais, e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das

trabalhistas, previdenciárias e fiscais pela citada prestadora, aliás, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto

por imposição do art.67, da Lei nº 8.666/93, que impõe inspeção empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade

rotineira. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos

Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de pela empresa contratada.

serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do

afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida

secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato pelo Excelso Pretório.

da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da

inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a

dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes

que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano

Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico

dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da

entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.

responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos 186.

trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de

não adimplidos pelo contratado. qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a

Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e

excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se

STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços

Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa. honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei

Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do

constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em

transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as

responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação,

público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a

que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV).

e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 601
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fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição

contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.

direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011).

via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação "

triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de

melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a

mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga responsabilização do poder público deveria ser examinada diante

a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). de cada caso concreto, nos seguintes termos:

Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC

probatório que dos autos consta não há provas do n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a

acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,

daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da tendo observado que eventual responsabilização do poder

idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de

do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no

mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela

mês anterior. administração pública, devidamente comprovado no caso

Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado

comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-

contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"

princípio da aptidão da prova. No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das

Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no

regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento

fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública. constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas

Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços

jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa

excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso

71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta, Este Regional tem inúmeros precedentes tendo o ora recorrente

das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e como parte, veja-se:

das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO.

empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os TERCEIRIZAÇÃO. SÚMULA Nº 331/TST. Os entes integrantes da

referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na Administração Pública direta e indireta respondem

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso

respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações

Trabalho). da Lei nº 8.666/93, especialmente na fiscalização do cumprimento

Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis: das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO. empresa regularmente contratada. Entendimento da Súmula 331, V,

Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo do c. TST. Verifica-se, no caso concreto, a omissão do ente público

Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na tomador dos serviços quanto ao poder-dever de fiscalizar as

Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização obrigações contratuais da empresa prestadora de serviços, com a

subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados adoção das medidas imprescindíveis à garantia do cumprimento

à execução de contrato administrativo quando configurada a dos direitos laborais dos trabalhadores terceirizados.

omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na Responsabilidade subsidiária que se confirma. (TRT da 7ª Região;

qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição Processo: 0000518-63.2020.5.07.0003; Data: 27-05-2022; Órgão

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 602
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Julgador: Gab. Des. Fernanda Maria Uchoa de Albuquerque - 3ª Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

Turma; Relator(a): FERNANDA MARIA UCHOA DE (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

ALBUQUERQUE) Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

RECURSO ORDINÁRIO DO 2ª RECLAMADO. PRELIMINAR DE de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

ILEGITIMIDADE PASSIVA. O caráter abstrato do direito de ação Fortaleza, 18 de julho de 2022.

independe do direito material pleiteado, de sorte que a simples

indicação da apelante como responsável subsidiária pela satisfação JEFFERSON QUESADO

das parcelas almejadas na peça exordial justifica sua legitimidade

para figurar no polo passivo da demanda, não merecendo reforma a Desembargador Relator

sentença de piso.RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. O FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

entendimento jurisprudencial mais recente do Tribunal Superior do

Trabalho, calcado na decisão do Supremo Tribunal Federal que ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

declarou a constitucionalidade do art. 71, da Lei N.º 8.666/93 (ADC Diretor de Secretaria

16/DF), é o de que remanesce a responsabilidade subsidiária dos


Processo Nº RORSum-0001288-32.2021.5.07.0032
órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia RECORRENTE DONAVAN DE SOUZA MAGALHAES
RECORRIDO VIA VAREJO S/A
mista pelos direitos trabalhistas do empregado locado e não
ADVOGADO MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA
adimplidos pelo empregador, sempre que os referidos entes SILVA MURGEL(OAB: 64029/MG)

públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na escolha da


Intimado(s)/Citado(s):
empresa prestadora e/ou na fiscalização das obrigações do - VIA VAREJO S/A
respectivo contrato (Súmula 331, inciso I V, do Tribunal Superior do

Trabalho).RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS. (TRT da 7ª

Região; Processo: 0000184-93.2020.5.07.0014; Data: 07-12-2021;


PODER JUDICIÁRIO
Órgão Julgador: Gab. Des. Francisco José Gomes da Silva - 2ª
JUSTIÇA DO
Turma; Relator(a): FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA)

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SÚMULA 331 DO

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Deve o responsável FUNDAMENTAÇÃO


subsidiário arcar com todas as verbas trabalhistas e rescisórias RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto
inadimplidas pela prestadora de serviços, decorrentes do contrato no art. 852-I, da CLT.
de trabalho, quando verificada a culpa in elegendo ou in vigilando I - ADMISSIBILIDADE
daquele. Inteligência da Súmula 331, IV e V do C. TST. (TRT da 7ª O recurso merece ser conhecido, porque superados os
Região; Processo: 0001029-88.2016.5.07.0007; Data: 10-09-2018; pressupostos de admissibilidade.
Órgão Julgador: OJ de Análise de Recurso - OJC de Análise de II - MÉRITO
Recurso; Relator(a): FERNANDA MARIA UCHOA DE A sentença (Id b5ff545), proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do
ALBUQUERQUE)". Trabalho de Maracanaú, julgou improcedentes os pedidos
De todo o exposto, nega-se provimento ao Recurso Ordinário. constantes da reclamatória ajuizada por DONAVAN DE SOUZA
CONCLUSÃO DO VOTO MAGALHÃES em face de VIA VAREJO S/A.
Conhecer e negar provimento ao apelo. Inconformado, interpôs o reclamante recurso ordinário (Id 07e60be),

aduzindo que laborava, em média, de 09 às 18h30min, com


DISPOSITIVO intervalo de apenas 30 minutos, com uma folga semanal. Informa
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª que, ao final do expediente, era obrigado a bater o ponto e continuar
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª trabalhando. Assim, faz jus ao pagamento das horas extraordinárias
REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso, porque presentes trabalhadas. Alega que sofria humilhações e constrangimento por
os pressupostos de admissibilidade, e, no mérito, negar-lhe parte de seu superior hierárquico e que as cobranças de metas
provimento. eram excessivas e feitas de forma pública, pelo que deve a
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores reclamada ser condenada no pagamento de indenização por danos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 603
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

morais. desincumbiu de seu ônus probatório. O próprio autor, em seu

Contrarrazões da reclamada (Id f189784). depoimento, informa que usufruía de 30 minutos de intervalo no

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho refeitório da empresa e que demorava 20/25 minutos no

para emissão de parecer. deslocamento, o que só corrobora a tese da empresa de que o

É o breve relatório. intervalo era de uma hora. Além disso, os horários indicados pelo

Pela análise dos autos, verifica-se que nenhum reparo merece a reclamante e pela testemunha em audiência são totalmente

sentença recorrida, ante à ausência de prova do assédio moral e diferentes daqueles indicados na inicial e no recurso ordinário.

das horas extras. Dessa forma, nada a alterar na sentença de origem, que indeferiu o

O assédio moral assim pode ser definido: pleito.

"É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações Ante todo o acima exposto, deve ser mantida incólume a sentença

humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas de origem.

durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções,

sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e

assimétricas, em que predominam condutas negativas, CONCLUSÃO DO VOTO

relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou

mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), Conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento.

desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de

trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego." DISPOSITIVO

Deve ser de tal monta que cause ao trabalhador um terror ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

psicológico que impossibilite o retorno ao trabalho. O assédio busca TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

desestabilizar a sua vítima. Por isso mesmo, o processo deve ser REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso, mas negar-lhe

continuado, expondo a vítima a situações incômodas e humilhantes. provimento.

O objetivo principal do assédio moral é o de criar uma prolongada Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

situação artificial para excluir a vítima, guardando assim flagrantes Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

traços discriminatórios e ilícitos. (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

Deve ser ressaltado que a exigência de metas e a fiscalização do Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

trabalho, por si só, não constituem rigor excessivo, posto estar de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

dentro do poder diretivo do empregador. Nada mais natural que o Fortaleza, 18 de julho de 2022.

empregador, no exercício de seu poder diretivo, controle as Jefferson Quesado

atividades dos seus empregados, determinando-lhes, inclusive, o Desembargador Relator

refazimento das atividades quando assim entender necessário, ou FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

chamando-lhes atenção. Ademais, o próprio reclamante, em seu

depoimento pessoal (Id 69c6182), informa que seu superior ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

hierárquico nunca lhe desferiu palavras desabonadoras ou Diretor de Secretaria

constrangedoras e que nunca teve problemas com ele.


Processo Nº ROT-0000623-92.2021.5.07.0039
Assim, a prova dos autos não demonstra atitude da reclamada que Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
tenha extrapolado o regular exercício dos poderes diretivos, nem RECORRENTE PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
tampouco rigor excessivo na cobrança das atividades do ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
reclamante, nem prática de atos de humilhação ou degradação das
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
suas condições de trabalho, exigência de trabalhos superiores a PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
suas forças, etc. MORAIS(OAB: 500/SE)
Diante disso, repita-se, à falta de prova da prática de tratamento RECORRIDO PAULO SERGIO INACIO DE
OLIVEIRA
com rigor excessivo, humilhante ou discriminatório para com o ADVOGADO ICARO FERREIRA DE MENDONCA
GASPAR(OAB: 23876/CE)
reclamante, não fica caracterizada a prática de assédio moral, pelo
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A
que indevida a indenização por danos morais. PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
Com relação às horas extras, o reclamante também não se MORAIS(OAB: 500/SE)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 604
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS


LTDA da 1ª reclamada (prestadora de serviços), uma vez que não

provada a quitação das verbas salariais e rescisórias postuladas


Intimado(s)/Citado(s):
pelo reclamante, como reconhecido pela sentença, o que demonstra
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
em definitivo que a contestação da responsável subsidiária não

suprimiu os efeitos da revelia da prestadora de serviços.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. DEFERIMENTO. REFORMA DA


PODER JUDICIÁRIO
SENTENÇA DE ORIGEM.
JUSTIÇA DO
Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à

EMENTA Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias,

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento).

Assim, no momento da realização da audiência inaugural, havia

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. AUSÊNCIA DE verbas incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso

CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL prévio, FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na

(EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas

DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE incontroversas, deve ser reformada a sentença proferida em

DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO desacordo com a lei e com a Súmula nº 69 do TST (RESCISÃO DO

PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO. A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo

REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA rescisão do contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à

QUANTO À MATÉRIA DE FATO. matéria de fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento

O Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento das verbas rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com

jurisprudencial de que art. 345, I, do CPC "aplica-se somente aos acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO DAS VERBAS DEFERIDAS AOS

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da VALORES EXPRESSOS NA EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE.

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41 DO TST.

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- tem o condão de limitar a liquidação das verbas deferidas na

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz sentença. Aplicação da IN 41 do TST, que dispõe, em seu art. 12, §

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). Com efeito, a 2º, que o valor da causa será meramente estimado e não liquidado.

relação de trabalho terceirizada não configura solidariedade de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

devedores, razão pela qual forma-se no polo passivo da demanda IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

judicial um litisconsórcio facultativo, em que a defesa de um litigante JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

não se aproveita aos demais, cabendo ao reclamante a opção de DEVIDA PELA EMPRESA.

pretender incluir ou não a tomadora de serviços no polo passivo A sentença concedeu ao reclamante os benefícios da justiça

para os fins da Súmula 331 do TST, que comporta decisão gratuita, porque comprovada sua hipossuficiência econômica (CLT,

condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou seja, condenação art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se mantém incólume, incidindo,

direta contra a empregadora principal e condenação indireta ou assim, de imediato, os efeitos da decisão proferida pelo STF na ADI

subsidiária contra a tomadora de serviços, a ensejar a conclusão 5766, que declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da

inequívoca de não ser decisão uniforme contra devedores Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diante do exposto, exclui

solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual entendimento -se a condenação do reclamante de pagar honorários advocatícios

de litisconsórcio necessário. No caso em apreço, o conjunto sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas.

probatório acostado pela defesa da 2ª reclamada (tomadora de Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a

serviços) não é suficiente para afastar ou elidir a presunção de condenação ao pagamento da verba honorária, majorada,

veracidade dos fatos articulados na inicial em decorrência da revelia entretanto, para o percentual de 15% do montante condenatório, em

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 605
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favor do patrono do trabalhador, por representar patamar mais Sergio Inacio de Oliveira em face de G&E Manutenção e Serviços

condizente com os critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. LTDA e PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Irresignada, a reclamada PETROBRAS apresentou Recurso

BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Ordinário buscando afastar a responsabilidade subsidiária.

INDIRETA. IMPOSIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Contrarrazões do reclamante.

CONFIGURAÇÃO DE CULPA "IN VIGILANDO". O reclamante também apresentou Recurso Ordinário.

JURISPRUDÊNCIA DO STF. ÔNUS PROBATÓRIO QUANTO À Contrarrazões da reclamada.

FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS A CARGO Dispensado o envio dos autos ao Ministério Público do Trabalho

DO TOMADOR DE SERVIÇOS. SENTENÇA MANTIDA. para emissão de parecer.

O entendimento do STF no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993, foi no

sentido de que, conquanto o mero inadimplemento das obrigações

trabalhistas, por parte do prestador de serviços, não atribua FUNDAMENTAÇÃO

automaticamente ao ente público, tomador de serviços, a

responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito,

subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser ADMISSIBILIDADE

responsabilizada, quando se verificar a conduta culposa na Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço

fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista e dos recursos ordinários interpostos pelas partes reclamante e

previdenciária na vigência de contrato administrativo firmado com reclamada.

empresa interposta. A averiguação de tal conduta deverá ser RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

realizada na instrução processual, perante o juízo de primeiro grau MÉRITO

(culpa subjetiva). Assinala-se que, por força do princípio da aptidão AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA RECLAMADA PRINCIPAL

para a prova, é do ente público, tomador dos serviços, o ônus de (EMPREGADORA). DEFESA APRESENTADA PELA TOMADORA

trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu DE SERVIÇOS. PLURALIDADE DE RÉUS. INAPLICABILIDADE

com desvelo e eficiência o seu dever de fiscalização, não incidindo DO ART. 345 DO CPC/2015 NO CASO DE LITISCONSÓRCIO

em culpa "in vigilando". No caso dos autos, não tendo a recorrente PASSIVO SIMPLES. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

se desincumbido de tal ônus, de se manter a responsabilização REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONFISSÃO FICTA

subsidiária reconhecida pela decisão singular, com fundamento nos QUANTO À MATÉRIA DE FATO

artigos 186 e 927, caput, do Código Civil. Defende o reclamante a aplicação dos efeitos da revelia à 1ª

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. reclamada (prestadora de serviços), visto que esta não contestou a

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ação nem compareceu à audiência. Acrescenta que a 2ª reclamada,

A responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços, ainda que apesar de apresentar contestação, não expôs impugnação de forma

ente da administração pública, abrange todas as verbas decorrentes precisa das verbas rescisórias e demais direitos.

da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente Assiste-lhe razão.

acessório ao crédito trabalhista principal, consoante item VI da Consoante art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-

Súmula nº 331 do TST, alcançando, portanto, as contribuições se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Por sua vez, o art.

previdenciárias e fiscais devidas sobre as parcelas salariais 345, I, do CPC, mitiga os efeitos da revelia previstos no artigo

deferidas na sentença. antecedente se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar

a ação.

Todavia, no caso em relevo, a defesa apresentada pela 2ª

reclamada (tomadora de serviços) não limita os efeitos da revelia da

RELATÓRIO 1ª reclamada (prestadora de serviços), conforme entendimento

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, como

demonstrado pelas ementas a seguir transcritas:

O juízo da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante "(...) II - RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. REVELIA DA

julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por Paulo PRIMEIRA RECLAMADA. EFEITOS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 606
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Os efeitos da revelia previstos no art. 344 do CPC não ocorrem se, litisconsórcio necessário, mas apenas litisconsórcio simples, a

havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação (art. jurisprudência desta Corte também orienta que a pena de confissão

345, I, do CPC). Tal disciplina, todavia, aplica-se somente aos aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa de veracidade

casos de litisconsórcio passivo unitário e quando houver identidade dos fatos alegados na inicial, os quais podem ser elididos por prova

de matéria de defesa. No litisconsórcio simples, caso da pré-constituída nos autos, além de não afetar o poder/dever do

responsabilidade subsidiária, a presunção de veracidade dos fatos magistrado de conduzir o processo (Súmula 74 do TST) . No caso

alegados na inicial, decorrente da revelia de uma das reclamadas, dos autos, o Regional registrou que a empresa tomadora dos

somente é afastada se a outra ré produz prova capaz de fazê-lo, serviços produziu prova suficiente para elidir a jornada informada na

justamente porque há possibilidade de decisão diversa para cada petição inicial (artigo 371 do CPC). No particular, consignou o

um dos litisconsortes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR- conteúdo da prova oral colhida nos autos e proeminente da prova

101575-07.2016.5.01.0012, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz emprestada. Logo, a decisão recorrida está em sintonia com a

Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01/10/2021). jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido.

"(...) COMISSÕES. PAGAMENTO POR FORA. REVELIA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-

PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. PREJUDICADO O A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda reclamada,

EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO empregadora do reclamante, foi declarada revel e confessa quanto

TST. Embora o entendimento desta Corte seja no sentido de não à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. Nesse contexto,

ser aplicável o artigo 345, I, do CPC aos casos de responsabilidade o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o pagamento da

subsidiária, por não se tratar de litisconsórcio necessário, mas de multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender inaplicável

litisconsórcio simples, a jurisprudência também orienta que a pena para os casos de revelia, contraria o entendimento consubstanciado

de confissão aplicada à parte revel gera presunção apenas relativa na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.

de veracidade dos fatos alegados na inicial. Desse modo, tal (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro

presunção pode ser elidida por prova pré-constituída nos autos, Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 21/06/2019).

além de não afetar o poder/dever do magistrado de conduzir o Alinhando-se o presente caso à jurisprudência do TST, deve-se

processo (Súmula 74, III, do TST). Ainda à luz do próprio art. 345, observar a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites da

IV, do CPC, percebe-se que a revelia não atrai a presunção lide (pedido de condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

automática de veracidade quando as alegações de fato deduzidas legitimidade e o interesse jurídico da 2ª reclamada (Petrobrás) para

pelo autor revelarem-se inverossímeis ou contradisserem prova defender-se acerca do pleito deduzido contra si na inicial

constante dos autos. In casu, o TRT afastou o efeito material da (condenação subsidiária), conforme art. 18 do CPC/2015, para se

revelia justamente por concluir que a autora não trouxe aos autos concluir que o litisconsórcio passivo dos autos é simples ou

elementos mínimos "capazes de dar veracidade às suas alegações" facultativo, e que a sentença impôs condenação direta à 1ª

no tocante ao recebimento de comissões. No mais, a aferição do reclamada, empresa prestadora de serviços, e condenação

inteiro teor das alegações recursais implicaria novo exame do subsidiária à 2ª reclamada, tomadora de serviços, o que evidencia

quadro factual delineado na decisão regional, na medida em que se não se tratar de condenação solidária ou uniforme em relação aos

contrapõem frontalmente à assertiva fixada no acórdão regional, agentes passivas da obrigação.

hipótese que atrai a incidência da Súmula 126 do TST. Prejudicado Em outros termos, a relação de trabalho terceirizada não configura

o exame da transcendência. Agravo de instrumento não provido " solidariedade de devedores no polo passivo da lide, razão pela qual

(AIRR-1000615-41.2017.5.02.0019, 6ª Turma, Relator Ministro forma-se na demanda judicial um litisconsórcio facultativo, em que a

Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 27/11/2020). defesa de um litigante não se aproveita aos demais, cabendo ao

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de

INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS serviços no polo passivo para os fins da Súmula 331 do TST, que

DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. RESPONSABILIDADE comporta decisão condenatória com efeitos jurídicos diversos, ou

SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO SIMPLES. REVELIA seja, condenação direta contra a empregadora principal e

DA PRIMEIRA RECLAMADA. PENA DE CONFISSÃO. JORNADA condenação indireta ou subsidiária contra a tomadora de serviços, a

DE TRABALHO. Embora o entendimento desta Corte seja no ensejar a conclusão inequívoca de não ser decisão uniforme contra

sentido de não ser aplicável o artigo 320, I, do CPC de 1973, aos devedores solidários, pelo que se afasta definitivamente eventual

casos de responsabilidade subsidiária, por não se tratar de entendimento de litisconsórcio necessário.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 607
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Diga-se, aliás, que, nas execuções trabalhistas, reconhece-se que a "(...) MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. REQUISITOS DO ART.

responsável subsidiária é uma devedora de segunda ordem, e não 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. No caso concreto, a segunda

de terceira, de modo a se permitir a execução dos bens do reclamada, empregadora do reclamante, foi declarada revel e

responsável subsidiário antes mesmo do esgotamento da confessa quanto à matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT.

persecução executória dos sócios da reclamada principal. Nesse contexto, o Regional, ao manter a sentença que indeferiu o

No caso em apreço, o conjunto probatório acostado pela defesa da pagamento da multa a que alude o artigo 467 da CLT, por entender

2ª reclamada (tomadora de serviços) não é suficiente para afastar inaplicável para os casos de revelia, contraria o entendimento

ou elidir a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial consubstanciado na Súmula 69 desta Corte. Recurso de revista

em decorrência da revelia da 1ª reclamada (prestadora de serviços), conhecido e provido. (...) (RR-2094-26.2013.5.12.0059, 6ª Turma,

uma vez que não provada a quitação das verbas salariais e Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT

rescisórias postuladas pelo reclamante, como reconhecido pela 21/06/2019).

sentença, o que demonstra em definitivo que a contestação da Desta feita, dá-se provimento ao recurso do reclamante porque

responsável subsidiária não suprimiu os efeitos da revelia da devida a incidência da multa do artigo 467 da CLT no caso em

prestadora de serviços. comento.

Pelo exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do reclamante LIMITAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO AOS VALORES EXPRESSOS NA

para declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora EXORDIAL. IMPOSSIBILIDADE. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 41

de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos DO TST

pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora A nova redação do art. 840, parágrafo 1º, da CLT estabeleceu,

de serviços). como pressuposto processual, a necessidade de indicação de valor

MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPREGADORA REVEL. a cada pedido, tratando-se, entretanto, de mera estimativa, que não

PAGAMENTO DEVIDO tem o condão de limitar a liquidação.

Insurge-se o reclamante contra o indeferimento da multa do art. 467 Nesse sentido, o TST, por meio da Instrução Normativa nº 41/2018,

da CLT, alegando, para tanto, que "a consolidação trabalhista prevê que "Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da

no art. 467 multa de caráter punitivo (não moratória) ao empregador Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de

que não efetua o pagamento das verbas incontroversas na primeira 13 de julho de 2017", entendeu, por meio do art. 12, §2º, que o valor

oportunidade". da causa será meramente estimado e não liquidado, "verbis":

Com razão. "§2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1.º e 2.º, da CLT, o valor

Em relação à multa prevista no art. 467 da CLT, tem-se que é dever da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto

do empregador pagar ao empregado, à data do comparecimento à nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" (art. 12, § 2º, da

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa das verbas rescisórias, Instrução Normativa nº 41/2018)".

sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do obreiro

No momento da realização da audiência inaugural, havia verbas para determinar que a liquidação das parcelas deferidas na

incontroversas a serem pagas, como saldo de salário, aviso prévio, sentença não se limite aos valores indicados na petição inicial.

FGTS, 13º salário e férias, como reconhecido e deferido na HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

sentença. Logo, se a ré revel não efetuou o pagamento das verbas IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA

incontroversos na audiência judicial, deve-se ser reformada a JUSTIÇA GRATUITA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA

sentença proferida em desacordo com a lei e com a jurisprudência DEVIDA PELA EMPRESA

sumulada do TST: No presente caso, a sentença concedeu ao reclamante os

Súmula nº 69 do TST benefícios da justiça gratuita, porque comprovada sua

RESCISÃO DO CONTRATO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ hipossuficiência econômica (CLT, art. 790, §§ 3º e 4º), o que ora se

19, 20 e 21.11.2003 mantém incólume, incidindo, assim, de imediato, os efeitos da

A partir da Lei nº 10.272, de 05.09.2001, havendo rescisão do decisão proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

contrato de trabalho e sendo revel e confesso quanto à matéria de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

fato, deve ser o empregador condenado ao pagamento das verbas Leis do Trabalho (CLT).

rescisórias, não quitadas na primeira audiência, com acréscimo de Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso ordinário do

50% (cinqüenta por cento). reclamante para excluir sua condenação de pagar honorários

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sucumbenciais em prol dos advogados das partes reclamadas. tomador de serviços, haja vista que se houvesse agido com zelo,

Ademais, diante da sucumbência das reclamadas, permanece a eficácia e proficuidade, certamente nenhum prejuízo teria sido

condenação ao pagamento da verba honorária, majorada para o impingido ao reclamante no recebimento de seus direitos

percentual de 15% do montante condenatório, em favor do patrono rescisórios. Assim, não se trata o caso em tela de presunção de

do trabalhador, por representar patamar mais condizente com os culpa, mas de ausência de comprovação satisfatória de devido

critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. processo fiscalizatório.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA PETRÓLEO Nesse diapasão, cumpre destacar que no julgamento do mérito da

BRASILEIRO S/A - PETROBRAS ADC Nº 16, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, em que

MÉRITO se objetivava a declaração de que o artigo 71, § 1º, da Lei n.º

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE 8.666/93 seria válido segundo a Constituição Federal de 1988, a

SERVIÇOS. ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Corte Suprema do País manifestou-se pela sua constitucionalidade,

Irresignada, recorre ordinariamente a PETROLEO BRASILEIRO S/A afirmando que a mera inadimplência do contratado (empresa

PETROBRAS (2ª reclamada) buscando afastar sua interposta) não teria o condão de transferir automaticamente à

responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas Administração Pública (tomadora dos serviços) a responsabilidade

condenatórias instituídas pelo juízo singular. pelo pagamento dos encargos trabalhistas não quitados pelo

Aduz que "a responsabilização da PETROBRAS, ente da empregador.

Administração Pública indireta, pelos débitos trabalhistas de suas Com esse entendimento, firmou-se posição no sentido da

prestadoras de serviços, quando houver regular contratação e inexistência de qualquer esteio legal que autorize, de forma

transcurso do contrato, nada mais é do que uma forma de burlar a consequente, automática e indiscriminada, a imputação à

norma constitucional, priorizando o interesse privado em detrimento Administração Pública de responsabilidade objetiva pelos danos

do interesse público". Acrescenta que "através da documentação trabalhistas perpetrados aos empregados terceirizados por sua

acostada aos autos pela 2ª reclamada, percebe-se que a tomadora empregadora direta, a pessoa jurídica de direito privado prestadora

dos serviços não mediu esforços quando fiscalizou o cumprimento de serviços contratada pelo ente público.

das obrigações trabalhistas e contratuais pela 1ª reclamada, Frise-se que, no julgamento da indigitada contenda, o STF não se

prestadora dos serviços." reportou à culpa "in eligendo", mas apenas à "in vigilando". Assim,

Analisa-se. observou-se que a responsabilidade subjetiva da Administração

De início, importante salientar ser incontroverso o contrato de Pública é possível e deverá ser investigada com base na ausência

trabalho entre o reclamante e a prestadora de serviços G&E de vigilância, ou seja, deve-se perquirir a culpa "in vigilando", de

MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA, sendo tomadora de tais sorte que a omissão ou não do órgão público deverá ser

serviços a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, ocorrendo rigorosamente evidenciada por provas na Justiça do Trabalho à luz

dispensa sem justa causa e sem a quitação espontânea dos valores do contraditório processual.

rescisórios pela empregadora. Nesse cenário, tratando-se de responsabilidade subjetiva sob o

Pontua-se que a PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, enfoque da culpa e da omissão no dever de fiscalizar bem e com

acionada como segunda reclamada, em nenhum momento negou a eficiência as obrigações contratuais, tem-se que os Tribunais e

prestação de serviços do obreiro em seu proveito, cingindo-se a Juízos Trabalhistas não poderão generalizar os casos, devendo-se

defender a legalidade da contratação administrativa que perquirir com mais rigor se a inadimplência trabalhista da prestadora

estabeleceu com a empresa G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS de serviços tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização

LTDA, mediante regular procedimento licitatório. pelo Órgão Público contratante.

Ademais, as provas documentais referentes ao reclamante revelam No tocante ao dever de fiscalização, dispõe o inciso III do art. 58 da

em definitivo que o ente público atuou como tomador dos serviços Lei 8.666/93:

prestados mediante pessoa jurídica interposta. "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído

Inconteste, também, que a existência de parcelas de natureza por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a

trabalhista não quitadas no curso do contrato de trabalho, como prerrogativa de:

diferenças salariais, férias, 13º salário, FGTS, auxilio-alimentação, (...)

como reconhecido e deferido na sentença, já é indicativo por si só III - fiscalizar-lhes a execução."

da falta de fiscalização ou da fiscalização ineficiente por parte do Além disso, complementa o artigo 67 do mesmo Diploma Legal:

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"A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza

um representante da Administração especialmente designado, infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de concretamente caracterizada a conduta culposa do ente público,

informações pertinentes a essa atribuição." que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento

Exsurge dos preditos comandos legais a obrigação da das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que

Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a execução dos lhe competia, razão por que deve ser mantida a condenação

contratos administrativos de prestação de serviços. subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra

Nesse ponto, avulta afirmar que o ônus probatório do predito dever óbice na Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não

de fiscalização há de ser transferido à própria Administração, por conhecido" (RR-204100-83.2009.5.10.0005, 8ª Turma, Relatora

força do princípio da aptidão para a prova. Assim, adota-se no Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 10/02/2020).

presente caso o aludido princípio proclamado pela teoria processual Dessa forma, evidente que o ente público dispunha de meios para

moderna, o qual se alicerça na ideia de que se deve outorgar o se certificar do adimplemento das obrigações trabalhistas por parte

ônus de fornecer a prova à parte que se revelar mais apta para da primeira reclamada. No entanto, não logrou êxito em demonstrar

produzi-la. Agindo-se dessa maneira, a distribuição do ônus da que realizava uma eficaz fiscalização das obrigações legais e

prova se mostra um instrumento harmonioso com o desiderato do contratuais em relevo. O que se afigura do exame dos autos é que a

processo, que não é a mera composição, mas a justa composição PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, desperdiçando a

do litígio. oportunidade processual que lhe foi garantida para exercer o

Dessa forma, diante do fato posto à apreciação jurisdicional, aliado contraditório e a ampla defesa, não diligenciou adequadamente no

ao regramento positivado da matéria, e considerando que foi sentido de construir um satisfatório conjunto probatório a seu favor,

postulada em juízo a responsabilização subsidiária do órgão tendo em vista que as provas acostadas com a defesa não são

integrante da Administração Pública Indireta pelas obrigações suficientes para comprovar a quitação de verbas de natureza

trabalhistas inadimplidas pela empresa por ele contratada, conclui- salarial que deveriam ter sido pagas no curso do contrato de

se que cabia à recorrente (PETROLEO BRASILEIRO S/A trabalho.

PETROBRAS) a obrigação de carrear aos autos provas suficientes Dessa forma, não há como se reconhecer que o ora recorrente,

à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência o dever de enquanto tomadora de serviços, tenha adotado medidas efetivas

fiscalização disposto em Lei. com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações trabalhistas

Insta salientar que não se pode exigir do obreiro o ônus de provar a por parte da empresa terceirizada. O que se constata no presente

falha fiscalizatória estatal porquanto isto importaria em exigência de caso é a falta de medidas fiscalizatórias hábeis a garantir que os

prova de fato negativo, hipótese que não encontra acolhida no direitos laborais dos terceirizados fossem respeitados.

ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, a prova do fato positivo, o Deve-se assinalar, inclusive, que o poder-dever de fiscalização da

dever de fiscalização cumprido com zelo e eficiência, é o que Administração Pública abrange todas as verbas laborais legalmente

verdadeiramente caberia ser provado pelo tomador dos serviços. previstas, ainda que não constantes no contrato de prestação de

Nesse sentido, tem se manifestado a Corte Superior Trabalhista em serviços, uma vez que esse não pode se sobrepor nem excluir a

recentes julgados. Transcreve-se: incidência da lei trabalhista.

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE No caso em tela, a recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A

SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. PETROBRAS descurou-se do ônus da prova a seu encargo, não

SÚMULA Nº 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA ADMINISTRAÇÃO. comprovando o cumprimento da obrigação legal que lhe é imposta

ÔNUS DA PROVA. 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR- de fiscalização eficiente (artigos 58, III, e 67, caput e § 1.º, da Lei

925-07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. Supremo N.º 8.666/93) no tocante às obrigações trabalhistas e fiscais

Tribunal Federal (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a tese assumidas pela prestadora de serviços. Portanto, evidenciada a

de que, 'com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente culpa "in vigilando", hábil a justificar a atribuição de

público o encargo de demonstrar que atendeu às exigências legais responsabilidade subsidiária ao ente público reclamado, nos termos

de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas dos artigos 186 e 927 do Código Civil.

pela prestadora de serviços'. 2. O E. Supremo Tribunal Federal, ao Frise-se que, ao adotar tal compreensão, não se está declarando a

julgar o Tema nº 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a incompatibilidade do artigo 71, § 1.º, da Lei n.º 8.666/93 com a

distribuição do ônus da prova pertinente à fiscalização do Constituição Federal, muito menos desrespeitando decisão

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proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, apenas nesta dinâmica econômico-laboral e gracejados pelos serviços do

demarcando o alcance da regra nele insculpida por intermédio de obreiro, sob pena de se agravar o já áspero equilíbrio entre a

uma interpretação sistemática com a legislação infraconstitucional, produção/acumulação de capital e a contraprestação salarial.

especialmente com os artigos 58, III, e 67 da aludida Lei de No caso em apreço, a culpa "in vigilando" do tomador de serviços

Licitações, e artigos 186 e 927 do Código Civil, que possibilitam a revela-se nitidamente caracterizada pela falta de fiscalização, pelo

imputação de responsabilidade subsidiária ao ente público, quando desleixo e ineficácia da gestão fiscalizadora do adimplemento das

comprovada a sua culpa "in vigilando". obrigações trabalhistas e previdenciárias de seu contratado em

Sendo assim, não há que se cogitar em mácula à cláusula de relação a seu empregado, do qual usufruiu sua força de trabalho.

reserva de plenário (Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal Desse modo, a ausência de fiscalização eficiente por conduta

Federal). omissa e culposa da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS

A propósito, no julgamento da ADC Nº 16, asseverando que a mera gerou danos ao autor, motivo pelo qual não há como escapar de

inadimplência do contratado não poderia transferir automaticamente sua responsabilidade subsidiária nestes autos, posto que

à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos configurada a culpa "in vigilando" no dever de fiscalização eficiente

encargos trabalhistas, o próprio STF entendeu que isso não de que trata a Lei n.º 8.666/1993 e em conformidade com o

significaria que eventual omissão da Administração Pública na entendimento do STF no julgamento da ADC Nº 16.

obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado não viesse a Por fim, registre-se que a condenação de pagar verbas rescisórias e

gerar essa responsabilidade. indenizatórias e multas foi imposta à primeira reclamada. À

Referido entendimento foi ratificado no julgamento do recurso recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS resta

extraordinário nº 760.931, quando o Supremo Tribunal fixou a apenas a responsabilização subsidiária pelo pagamento de tais

seguinte tese de repercussão geral: verbas somente no caso de vir a ser chamado aos autos na fase de

"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do execução para adimplir a obrigação não satisfeita pela condenada

contratado não transfere automaticamente ao Poder Público principal. Importa salientar que a execução abarca todas as verbas

contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em da condenação, inclusive aquelas que ostentam caráter meramente

caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº acessório ao crédito trabalhista principal, alcançando, portanto,

8.666/93". multas, juros, honorários e as contribuições previdenciárias e fiscais

Preservada, portanto, a possibilidade de responsabilização por devidas sobre as parcelas salariais deferidas na sentença (item VI

culpa "in vigilando". da Súmula nº 331 do TST).

Nesse sentido, registra-se o entendimento do item V da Súmula nº Nesse sentido, cabe consignar que falta à PETROLEO

331 do TST, com redação dada após o indigitado decisum do BRASILEIRO S/A PETROBRAS legitimidade e interesse jurídico

Pretório Excelso: para impugnar diretamente pretensões formuladas em face de

"V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta outras pessoas jurídicas, ou seja, não lhe cabe contrariar pedidos

respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, deduzidos contra a reclamada principal. Assim como o juiz deve

caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das decidir nos limites da lide, na forma traçada na exordial, os

obrigações da Lei N.º 8.666/93, especialmente na fiscalização do reclamados também devem apresentar suas defesas, observando e

cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de resistindo especificamente à causa de pedir e ao pedido,

serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre contrariando somente aquilo que afeta seu interesse jurídico.

de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas Considerando-se o princípio "tantum devolutum quantum

pela empresa regularmente contratada." appellatum", a causa de pedir da exordial (terceirização), os limites

Nem se argumente que haveria insubsistência dos itens IV e V da da lide (condenação subsidiária da tomadora de serviços), a

Súmula nº 331 do TST, visto que a alteração promovida no verbete legitimidade e o interesse jurídico apenas da 2ª reclamada (art. 18

sumular é exatamente decorrente do entendimento jurisprudencial do CPC/2015), empresa tomadora dos serviços prestados pelo

do Pleno daquela Corte em sintonia com a decisão do STF no reclamante, conclui-se que a sentença que impôs condenação

julgamento da ADC Nº 16. direta à 1ª reclamada, empresa prestadora de serviços, que por sua

Destarte, o Poder Judiciário, cumprindo com altivez a veneranda vez não apresentou irresignação recursal, já alcançou trânsito em

função de ser oxigênio e bússola da democracia, há de julgado nesse aspecto, de sorte que a responsabilização subsidiária

responsabilizar sistematicamente todos os protagonistas envolvidos da tomadora de serviços é a única questão jurídica que constitui o

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limite de devolução pela 2ª reclamada da matéria recursal em CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN

exame. VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE,

Como o recurso ordinário interposto pela devedora subsidiária não NOS TERMOS DA DECISÃO DO STF PROFERIDA NA AÇÃO

tem o efeito jurídico de rescindir parte da condenação que já DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-DF E POR

transitou em julgado em face da devedora principal, e como na INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º,

relação de trabalho terceirizada não se configura solidariedade de DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTIGOS 186 E 927,

devedores no polo passivo, visto que o litisconsórcio processual é CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

facultativo, em que a defesa de um litigante não se aproveita aos E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA

demais, é evidente que a condenação da devedora principal DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

alcançou a consequência jurídica de preclusão da oportunidade de NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Nº 16-

rediscussão do mérito da matéria, sendo certo que o recurso DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR

ordinário manejado pela devedora subsidiária não tem o condão de DO TRABALHO. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal

ação rescisória para retirar parcela do título judicial já constituído Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º,

contra aquela prestadora de serviços inadimplente. da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de

Não há dúvidas, no caso, de que o litisconsórcio processual é Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei

facultativo, a teor do item IV da Súmula 331 do TST, tanto que cabia de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da

ao reclamante a opção de pretender incluir ou não a tomadora de Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero

serviços no polo passivo da demanda. E mais, a decisão inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo

condenatória tem efeitos jurídicos diversos, ou seja, diretos contra a empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela

empregadora principal e indiretos ou subsidiários contra a tomadora Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar

de serviços, o que resulta a conclusão inequívoca de não ser serviços de natureza contínua, não acarreta a essa última, de forma

decisão uniforme contra devedores solidários, a afastar automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal

definitivamente eventual entendimento de litisconsórcio necessário. e contratual pela satisfação daqueles direitos. No entanto, segundo

Calha integralmente ao presente caso a aplicação da jurisprudência também expressamente decidido naquela mesma sessão de

pacífica e reiterada do colendo Tribunal Superior do Trabalho com o julgamento pelo STF, isso não significa que, em determinado caso

entendimento de que a responsabilidade subsidiária do tomador de concreto, com base nos elementos fático-probatórios delineados

serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação nos autos e em decorrência da interpretação sistemática daquele

imposta ao reclamado principal (item VI da súmula 331 do TST), o preceito legal em combinação com outras normas

que obviamente inclui o pagamento das verbas rescisórias, infraconstitucionais igualmente aplicáveis à controvérsia

adicionais, multas, indenizações, impostos/contribuições e tudo o (especialmente os arts. 54, § 1º, 55, inciso XIII, 58, inciso III, 66, 67,

mais que constar da sentença. caput e seu § 1º, 77 e 78 da mesma Lei nº 8.666/93 e os arts. 186 e

O responsável subsidiário (tomador dos serviços) tem o dever de 927 do Código Civil, todos subsidiariamente aplicáveis no âmbito

pagar todo o valor da execução ao trabalhador (credor), assistindo- trabalhista por força do parágrafo único do art. 8º da CLT), não se

lhe, porém, o direito de regresso contra o devedor principal possa identificar a presença de culpa in vigilando na conduta

(prestador de serviços inadimplente), caso lhe interesse o omissiva do ente público contratante, ao não se desincumbir

ressarcimento do prejuízo sofrido e ao qual igualmente deu causa satisfatoriamente de seu ônus de comprovar ter fiscalizado o cabal

com sua conduta omissa no dever de fiscalizar o cumprimento das cumprimento, pelo empregador, daquelas obrigações trabalhistas,

obrigações legais daquele empregador. como estabelecem aquelas normas da Lei de Licitações e também,

Por oportuno, reproduz-se julgado do TST, que reflete a iterativa no âmbito da Administração Pública federal, a Instrução Normativa

jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, após os nº 2/2008 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal na ADC Nº 16 e no (MPOG), alterada por sua Instrução Normativa nº 3/2009. Nesses

Recurso Extraordinário nº 760.931: casos, sem nenhum desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão

"(...) TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA proferida na ADC nº 16-DF e da própria Súmula Vinculante nº 10 do

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 STF, continua perfeitamente possível, à luz das circunstâncias

E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO fáticas da causa e do conjunto das normas infraconstitucionais que

PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR regem a matéria, que se reconheça a responsabilidade

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extracontratual, patrimonial ou aquiliana do ente público contratante ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,

autorizadora de sua condenação, ainda que de forma subsidiária, a ele próprio contratou. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR -

responder pelo adimplemento dos direitos trabalhistas de natureza 162-85.2013.5.02.0251, Relator Ministro: José Roberto Freire

alimentar dos trabalhadores terceirizados que colocaram sua força Pimenta, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Turma, Data de

de trabalho em seu benefício. Tudo isso acabou de ser consagrado Publicação: DEJT 02/06/2017)

pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, ao revisar sua Súmula Assim, por todo o exposto, de se concluir que, embora o mero

nº 331, em sua sessão extraordinária realizada em 24/5/2011 inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador

(decisão publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador

27/5/2011, fls. 14 e 15), atribuindo nova redação ao seu item IV e de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do

inserindo-lhe o novo item V, nos seguintes e expressivos termos: respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração

"SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa

LEGALIDADE. (...)IV - O inadimplemento das obrigações do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da

trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato

subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, administrativo. Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal

desde que haja participado da relação processual e conste também Federal no julgamento da ADC Nº. 16, ao declarar a

do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. Quanto

Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente ao ônus probatório, por força do princípio da aptidão para a prova,

nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta cabe ao ente público (tomador dos serviços) trazer aos autos provas

culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de suficientes à comprovação de que cumpriu com desvelo e eficiência

21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das o dever de fiscalização.

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Portanto, no caso dos autos, restando demonstrada a culpa "in

empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero vigilando" do tomador de serviços, porquanto constatado o

inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho

empresa regularmente contratada" (grifou-se). Na hipótese dos durante sua execução, de se manter a responsabilidade subsidiária

autos, verifica-se que o Tribunal de origem, com base no conjunto da PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, pelo que se nega

probatório, consignou ter havido culpa do ente público, o que é provimento a seu recurso ordinário.

suficiente para a manutenção da decisão em que foi condenado a

responder, de forma subsidiária, pela satisfação das verbas e dos

demais direitos objeto da condenação. Agravo de instrumento

desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE CONCLUSÃO DO VOTO

ORDEM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. A

exigência do prévio exaurimento da via executiva contra os sócios Conhecer do recurso ordinário interposto pela parte reclamante e,

da devedora principal (a chamada "responsabilidade subsidiária em no mérito, dar-lhe provimento para:

terceiro grau") equivale a transferir para o empregado a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora

hipossuficiente ou para o próprio Juízo da execução trabalhista o de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos

pesado encargo de localizar o endereço e os bens particulares pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora

passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa demorada de serviços);

e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se mais b) reconhecer que, no momento da realização da audiência

compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo

com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido

entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na

suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;

o tomador dos serviços do exequente, como responsável c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença

subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo não se limite aos valores estimados na petição inicial;

-lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da

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reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em Leis do Trabalho (CLT).

favor do patrono do trabalhador; Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada

e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe

honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão provimento.

proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das 46.000,00, valor ora arbitrado à condenação.

Leis do Trabalho (CLT). Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamada Cláudio Soares Pires (Presidente), Emmanuel Teófilo Furtado

PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS e, no mérito, negar-lhe (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

provimento. Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

Custas majoradas para o importe de R$ 920,00 calculadas sobre R$ de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Júnior.

46.000,00, valor ora arbitrado à condenação. Fortaleza, 13 de junho de 2022.

DISPOSITIVO

Des. EMMANUEL TEOFILO FURTADO

Relator

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0001986-70.2017.5.07.0002
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO RECORRENTE IDES - INSTITUTO DE
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por CIDADANIA
ADVOGADO LUIS NARCISO COELHO DE
unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela parte OLIVEIRA(OAB: 20967-A/CE)
reclamante e, no mérito, dar-lhe provimento para: RECORRENTE GLEYVANILDO DOS SANTOS
PAIXÃO
a) declarar a revelia e confissão ficta da 1ª reclamada (prestadora ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
27524/CE)
de serviços) com relação aos fatos narrados na inicial e não elididos
RECORRIDO ESTADO DO CEARA
pelas provas documentais anexadas pela 2ª reclamada (tomadora RECORRIDO IDES - INSTITUTO DE
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA
de serviços); CIDADANIA
b) reconhecer que, no momento da realização da audiência ADVOGADO LUIS NARCISO COELHO DE
OLIVEIRA(OAB: 20967-A/CE)
inaugural, havia verbas incontroversas a serem pagas, como saldo RECORRIDO GLEYVANILDO DOS SANTOS
PAIXÃO
de salário, aviso prévio, FGTS, 13º salário e férias, como deferido
ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
na sentença, e, por conseguinte, pela falta de quitação, incluir na 27524/CE)
PERITO EVELINE CUNHA LIMA
condenação o pagamento da multa do art. 467 da CLT;
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
c) determinar que a liquidação das parcelas deferidas na sentença TRABALHO

não se limite aos valores estimados na petição inicial;


Intimado(s)/Citado(s):
d) majorar os honorários advocatícios sucumbenciais a cargo da - GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO
reclamada para o percentual de 15% do montante condenatório, em

favor do patrono do trabalhador;

e) excluir, de ofício, a condenação do reclamante ao pagamento de


PODER JUDICIÁRIO
honorários advocatícios sucumbenciais com base na decisão
JUSTIÇA DO
proferida pelo STF na ADI 5766, que declarou a

inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

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EMENTA Reclamante

RECURSO GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO,

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO.

CONVÊNIO. POSSIBILIDADE. Ainda que a contratação da primeira

reclamada pelo Estado do Ceará tenha sido formalizada mediante FUNDAMENTAÇÃO

CONVÊNIO, tendo procedido autêntico fornecimento de mão-de-

obra ao contratante, guarda esse contrato íntima semelhança com o

instituto da terceirização de serviços, fato que atrai a incidência de ADMISSIBILIDADE

responsabilidade do tomador dos serviços pelas consequências Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,

jurídicas da contratação, inclusive em face dos empregados da intrínsecos e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.

empresa contratada, não se admitindo queira o poder público eximir MÉRITO

-se de responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos ESCLARECIMENTOS INICIAIS.

prestadores de serviços, conquanto não foram criteriosos na Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde 16/04/2020, no

pertinentes ao respectivo contrato, produzindo dano em decorrência aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo

da própria atuação pública. Assim, evidenciada a conduta culposa autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por

da administração estadual, no cumprimento das obrigações consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de

dispostas na Lei nº 8.666/1993, é a hipótese sobre o contratante periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a

responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos

inadimplidos pela contratada, consoante o entendimento plasmado empregados.

no item V da Súmula 331 do TST. DO RECURSO ORDINÁRIO DO IDES - INSTITUTO DE

RECURSO ORDINÁRIO DO IDES - INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL.

DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA CIDADANIA PEDIDO DE Preliminarmente, o recorrente pleiteia a suspensão do feito no

JUSTIÇA GRATUITA. DEFERIDO. Comprovada a situação aguardo da decisão a ser proferida no processo TST-RR-1001796-

financeira precária do recorrente, é a hipótese de lhe deferir os 60.2014.5.02.0382, de relatoria do Ministro Hugo Carlos

benefícios da Justiça Gratuita. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. Scheuermann, c. TST, em Incidente do Recurso de Revista

Tendo em vista o deferimento do pedido de desistência do citado Repetitivo, que trata da hipótese de concessão de adicional de

adicional de insalubridade, após ouvida a parte adversa, resta periculosidade para socioeducadores. Solicita a alteração da

prejudicado o apelo nesse particular. sentença no tocante ao pedido de justiça gratuita, afirmando estar

em dificuldades financeiras para garantir a sobrevivência do

instituto, pleiteando a concessão da gratuidade processual, nos

RELATÓRIO termos do art.899, da CLT. No mérito, aduz que o reclamante não

faz jus ao adicional de periculosidade, em razão do Anexo III da NR

16 complementando que "...o dispositivo diz respeito às atividades

O IDES - INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL dos profissionais de segurança privada, nenhuma relação

interpôs recurso ordinário (ID 41b0e36), tempestivamente (certidão possuindo com as atividades exercidas pela Reclamante que foi de

ID 10aa2a1), objetivando reformar a sentença que deferiu sócio educador.". Alega que o recorrido não faz jus ao aviso prévio,

parcialmente os pleitos exordiais. porquanto ele cumpriu o aviso prévio trabalhado. Pleiteia a isenção

O reclamante,GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO, também do pagamento dos honorários periciais, com o deferimento da

manejou recurso ordinário adesivo de ID b694d10, concessão da justiça gratuita acima pedida e, por fim, requer a

tempestivamente, conforme certidão de ID 1bdfd95, pretendendo condenação do recorrido na sucumbência recíproca.

reverter parte da sentença que lhe foi desfavorável. DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

As partes apresentaram contrarrazões de IDs 41373f3 e 6cd8521, Pleiteia o recorrente em seu apelo os benefícios da Justiça Gratuita

tempestivamente, conforme certidão de ID 143a1b7. alegando estar em péssima condição financeira, conforme

O Ministério Público do Trabalho apresentou Parecer de ID documentos carreados aos autos.

46ee85d, opinando pelo conhecimento e provimento do apelo do O apelante realmente demonstrou se encontrar em situação

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financeira precária, conforme "prints" no corpo do apelo, entre os este Tribunal uniformizou entendimento acerca da aplicação da

quais balanços patrimoniais e aviso de corte de energia elétrica e multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, assentando que "É indevida

telefones, o que embasa o deferimento do pedido de justiça gratuita. a multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas

A propósito, esta 2ª Turma já deferiu esses benefícios ao diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT

recorrente, conforme julgado, cuja ementa a seguir transcrevo. tenham sido pagas no prazo legal."Portanto, aplicada a

"PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. PROVA DA jurisprudência uniforme deste Tribunal, nada há a reformar na

SITUAÇÃO FINANCEIRA PRECÁRIA. CONCESSÃO DOS sentença, que deferiu apenas o pagamento de uma hora extra por

BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ISENÇÃO DO violação do intervalo intrajornada, após análise fático-probatória e

PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS. O reclamado jurídica exauriente da controvérsia, que inclusive persiste em fase

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA CIDADANIA - recursal, de modo que a situação em apreço não autoriza a

IDESC anexou provas robustas e incontestes da alegada situação incidência da multa pretendida na via recursal, já que os valores

financeira insuficiente, a exemplo do balanço patrimonial e constantes do TRCT foram quitados tempestivamente.

demonstrações contábeis deficitárias, o que respalda o deferimento HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. VERBA

do pedido de justiça gratuita, ensejando a isenção do pagamento e DEVIDA PELA EMPRESA. Ajuizada a presente ação na vigência da

comprovação de custas processuais, nos termos como artigo 790-A Lei nº 13.467/2017, imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT,

da CLT. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. JURISPRUDÊNCIA DO STF. que autoriza a condenação em honorários advocatícios pela simples

CULPA "IN VIGILANDO". ÔNUS PROBATÓRIO DO TOMADOR DE sucumbência da parte. Logo, diante da sucumbência da parte

SERVIÇOS QUANTO À FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES reclamada, impõe-se a obrigação de pagamento da verba honorária

TRABALHISTAS DO PRESTADOR. PROVAS EFICIENTES. em favor do patrono do trabalhador, no montante de 15% sobre o

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA AFASTADA.A averiguação da valor da liquidação, por representar patamar condizente com os

responsabilidade subsidiária da Administração Pública nos casos de critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. (TRT da 7ª Região;

terceirização de serviços deverá ser realizada na instrução Processo: 0001928-64.2017.5.07.0003; Data: 11-05-2022; Órgão

processual perante o juízo de primeiro grau (culpa subjetiva), Julgador: Gab. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - 2ª Turma;

conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal no Relator(a): EMMANUEL TEOFILO FURTADO)

julgamento da ADC nº 16. Nesse sentido, por força do princípio da Recurso provido nesse particular.

aptidão para a prova, é ônus do Ente Público tomador dos serviços DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu Sobre o tema, assim se referiu o juízo sentenciante de primeiro

com desvelo e eficiência o dever de fiscalização das obrigações grau:

trabalhistas assumidas pelo prestador. No caso, o Estado do Ceará "O Reclamante aduz que, de fato, exercia funções típicas de agente

trouxe em sua defesa provas documentais da fiscalização e das prisional; e que as atividades desempenhadas configuram-se como

medidas administrativas tomadas em relação à prestadora periculosas ou insalubres, pelo que pleiteia o pagamento de

inadimplente, como certidões de regularidade fiscal municipal, adicional de periculosidade e, de forma subsidiária, adicional de

estadual e federal, além da regularidade do recolhimento do FGTS, insalubridade. A Reclamada contesta tal pleito, aduzindo, em

do INSS e de ações trabalhistas em face da empresa prestadora, síntese, que o Reclamante não desempenhava atividades

evidenciando, assim, o acompanhamento do contrato, satisfazendo periculosas ou insalubres.

seu ônus probatório do dever legal de fiscalização da Administração Dispõe o art. 193 da CLT que "serão consideradas atividades ou

Pública, de modo eficiente a afastar a pretensa responsabilidade operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo

subsidiária por conduta omissa e culposa. Todas essas provas hão Ministério aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho,

de ser acolhidas pelo julgador, reconhecendo-se que o tomador de impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em

serviços realizou com desvelo as providências a seu alcance com o condições de risco acentuado". O trabalho em condições de

fim de cumprir o mister legal de fiscalização das obrigações periculosidade assegura ao empregado adicional de 30% (trinta por

assumidas pela empresa prestadora. Recurso Ordinário provido, cento) sobre o salário, nos termos do §1º, do art. 193 da CLT. A

porque provado que o tomador não agiu com culpa "in vigilando". caracterização da atividade perigosa depende de prova pericial,

MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. VERBA CONTROVERTIDA conforme previsto no art. 195, caput e §2º, da CLT.

RECONHECIDA EM JUÍZO.No julgamento do Incidente de Acerca do adicional de insalubridade, o art. 189 da CLT estabelece

Uniformização de Jurisprudência nº. 0080374-90.2017.5.07.0000, que "serão consideradas atividades ou operações insalubres

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aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, RECLAMANTE NÃO SÃO INSALUBRES, conforme NR 15 da

exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos Portaria 3214/78, durante todo o período que laborou pela

limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade reclamada. 12.2 Periculosidade Face aos pedidos da parte do

do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.". O trabalho reclamante, as constatações periciais e a Legislação Trabalhista,

em condições insalubres assegura ao empregado a percepção de concluo que as condições laborais desenvolvidas pelo

adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte RECLAMANTE, conforme NR 16 ANEXO 03 da Portaria 3214/78,

por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, CONSIDERA-SE COMO OPERAÇÃO E ATIVIDADE PERIGOSA,

segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo (art. durante todo o período que laborou pela reclamada (fls. 627).

192, da CLT). A caracterização da atividade depende igualmente de O exame pericial revela que as atividades desempenhadas pelo

prova pericial, conforme previsto no art. 195, caput e §2º, da CLT. Reclamante na condição de instrutor educacional, acima citadas, o

A perita judicial, após exame pericial, afirmou: " Após a inspeção deixava exposto a determinadas espécies de violência,

pericial no posto de trabalho do reclamante, conforme registros notadamente, "zelar pela segurança e bem-estar do adolescente,

fotográficos do item 7 deste documento, constatou-se indícios de observando-o e acompanhando-o em todos os locais de atividades

ambiente agressivo e perigoso, com identificações em paredes de diurnas e noturnas", o que configura atividade de segurança

facções e áreas depreciadas por contas das rebeliões existentes no pessoal, nos termos da NR 16 anexo 3, da Portaria 3214/78. A

local. Na própria descrição de atividades inerentes da função de afirmação da testemunha apresentada pela Reclamada de "que nas

Instrutor Educacional conforme regimento interno das unidades revistas ocorridas nos alojamentos já foram encontradas armas de

socioeducativas do estado do Ceará, indicam a exposição ao risco e fabricação artesanal, bem como fósforos e isqueiros; que já

a necessidade de alerta constante, como podemos destacar os ocorreram várias rebeliões no Centro Socioeducativo Passaré" (fls.

itens abaixo: 'III...Zelar pela segurança e bem-estar do adolescente, 733/734) corrobora a periculosidade identificada na prova pericial.

observando-o e acompanhando-o em todos os locais de atividades Outrossim, os laudos periciais, decorrentes de outras Reclamações

diurnas e noturnas. XI Acompanhar o adolescente em seu Trabalhistas acostados aos autos, como prova emprestada (fls.

deslocamento na comunidade, não descuidando da vigilância e 647/670 e 673/712), não se mostram suficientes para desconstituir o

segurança. XII Inspecionar as instalações físicas da Unidade, disposto no laudo pericial, o qual analisa especificamente as

recolhendo objetos que possam comprometer a segurança. XIII condições de trabalho do Reclamante no desempenho de suas

Efetuar rondas periódicas para verificar portas, janelas e portões, atividades. Lado outro, não restou configurado que o Reclamante

assegurando-se de que estão devidamente fechados, atentando laborasse em ambiente insalubre. Portanto há fundamentação legal

para eventuais anormalidades. XVII Realizar revistas pessoais nos para caracterizar as atividades executadas pelo Reclamante como

adolescentes nos momentos de recepção, final das atividades e insalubres.

sempre que se fizer necessário, impedindo que mantenham a posse Sendo assim, sopesada a prova produzida nos autos, defere-se ao

de objetos e substâncias não autorizadas. XVIII Acompanhar o Reclamante adicional de periculosidade, calculado na base de 30%

processo de entrada das visitas dos adolescentes, registrando-as (trinta por cento) do salário mensal do Reclamante, durante o

em livro, fazendo revistas e verificação de alimentos, bebidas ou período de 06.07.16 a 22.01.17.

outros itens trazidos por elas. XIX Comunicar, de imediato, ao Considerada a natureza salarial do adicional de periculosidade,

coordenador de disciplina as ocorrências relevantes que possam enquanto contraprestação pecuniária pelo trabalho realizado pelo

colocar em risco a segurança da Unidade, dos adolescentes e dos empregado em condições de periculosidade, este deve integrar a

funcionários. A Norma Regulamentadora nº 16, da PORTARIA base dos créditos trabalhistas que tenha por base de cálculo o

3.214/78 em seu anexo 3, especifica as operações ou atividades salário mensal. Sendo assim, e consideradas, inclusive, as verbas

com exposições a roubos ou outras espécies de violência física nas rescisórias consignadas no TRCT, o qual não foi, especificamente,

atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, e não impugnado, defere-se ao Reclamante repercussão do adicional de

cita o cargo exercido pela reclamada, porém o mesmo estava periculosidade, nos termos deferidos nesta sentença, sobre aviso

exposto aos mesmos riscos e exerciam atividades semelhantes as prévio indenizado, sobre 13º salário proporcional, na razão de 6/12

citadas no anexo 3 desta portaria." ( fls. 624/625). Concluiu a perita (seis doze avos), relativo ao ano de 2016, sobre 13º salário

judicial: " 12.1 Insalubridade Face aos pedidos da parte do proporcional, na razão de 1/12 (um doze avos), relativo ao ano de

reclamante, as constatações periciais e a Legislação Trabalhista, 2017, e sobre férias proporcionais na razão de 7/12 (sete doze

concluo que as atividades laborais desenvolvidas pelo avos), acrescidas de um terço.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 617
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Indefere-se o pleito de reflexos do adicional de periculosidade sobre dos educadores e educandos através de monitoramento,

repouso semanal remunerado, haja vista que tal adicional é pago observação, vigilância e contenção" (fl. 175). Assim, extrai-se da

mensalmente, portanto, englobando a respectiva remuneração do decisão recorrida que o autor exercia a segurança pessoal dos

repouso semanal, nos termos do art. 7º, §2º, da Lei nº 605/49." menores infratores e educadores, constatando-se submissão a um

Concordo, adoto e compartilho essa decisão, que passa a integrar o ambiente de trabalho hostil e perigoso, sujeito a violência física,

presente feito. enquadrando-se, dessa forma, no artigo 193, II, da CLT e no Anexo

Embargos de declaração foram rejeitados (sentença de ID 3 da NR 16 da Portaria 1.885/MT, haja vista a exposição a

34c5911). situações de risco. Dessa forma, o adicional de periculosidade é

É inquestionável que a parte reclamante prestou serviços no interior devido aos empregados que exercem atividades profissionais em

de estabelecimento destinado à internação de adolescentes centro de atendimento socioeducativo destinado a adolescentes

infratores, por intermédio do primeiro reclamado. infratores, como no caso dos autos. Precedentes. Recurso de

A perícia anexada aos autos (Laudo ID cf1a789) concluiu que a revista conhecido por violação do art. 193, II, da CLT e provido. (

parte reclamante exercia trabalho diário em condições periculosas, RR - 2622-57.2014.5.02.0074 , Relator Ministro: Alexandre de

veja-se: Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/09/2017, 3ª Turma,

"Face aos pedidos da parte do reclamante, as constatações Data de Publicação: DEJT 22/09/2017)Foi determinada a realização

periciais e a Legislação Trabalhista, concluo que as condições de perícia técnica, tendo sido obtida a seguinte conclusão pelo

laborais desenvolvidas pelo RECLAMANTE, conforme NR 16 perito nomeado "(...)Baseados nos dados coletados, nos autos do e

ANEXO 03 da Portaria 3214/78, CONSIDERA-SE COMO no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR16, Anexo 3

OPERAÇÃO E ATIVIDADE PERIGOSA, durante todo o período (Atividades e operações perigosas com exposição a roubos e outras

que laborou pela reclamada" espécies de violência física nas atividades profissionais de

Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o segurança pessoal e patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de

adicional de periculosidade para os empregados que trabalham 02.12.2013 e é de nosso parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE

sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de violência física nas PERICULOSIDADE, pois o obreiro estava em situação análoga as

atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. das apontadas em norma e em situação de RISCO GRAVE E

O anexo III da NR-16 regulamenta que o artigo 193, II da CLT e EMINENTE, já que o risco não foi neutralizado pelas medidas

estabelece que o adicional somente é devido para os empregados coletivas e individuais de Segurança e Saúde do Trabalho(...)".

de empresas prestadoras de serviços nas atividades de segurança Observa-se que, embora não se trate de trabalho em presídio, o

privada (Lei nº7.102) e empregados que exercem atividade de ambiente laboral do reclamante consiste em centro educacional que

segurança patrimonial em instalações metroviárias etc. abriga menores em conflito com a lei, configurando a hipótese de

No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com periculosidade prevista no art. 193, II, da CLT e no Anexo n° 3 da

adolescentes infratores. NR 16, aprovado pela Portaria n° 1.885/2013, nas mesmas

O TST vem decidindo ser devido o adicional de periculosidade condições que a jurisprudência do TST reconhece em relação aos

nessa situação, por ser possível enquadrá-la na alínea "b" do item agentes de apoio socioeducativo.

02, do Anexo III, da NR-16, veja-se Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796-

"I- AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADICIONAL DE 60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021,

PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO CASA. decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-

AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Ante a provável violação I, do TST:

do artigo 193, II, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de "INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO

instrumento para o regular processamento do recurso de revista. SOCIOEDUCATIVO DA FUNDAÇÃO CASA. ADICIONAL DE

Agravo de instrumento conhecido e provido. II- RECURSO DE PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de

REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de

CLT. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova

SOCIOEDUCATIVO. No caso concreto, as atividades do autor, nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do

agente de apoio socioeducativo, foram assim descritas pelo acórdão cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis

do Regional: "Os agentes têm como atribuição prestar atendimento pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a

em situação de conflito e garantir as condições de segurança física integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais,

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contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a exatamente no mesmo ambiente hostil e perigoso que os agentes

execução da medida socioeducativa. "São profissionais de apoio socioeducativo, e, ainda com mais razão, atuando em

responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações contato direto com os internos que promoviam brigas e rebeliões,

preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e como o caso descrito pelas defesas dos reclamados, do qual

auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e resultou o episódio narrado de tortura contra os menores e a prisão

intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e do reclamante e de outros nove agentes socioeducadores por

mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" determinação da autoridade judicial responsável pela apuração

(Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e criminal. Nesse contexto, é inequívoco que o ambiente laboral do

atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de reclamante, no qual suportava ofensas e ameaças físicas e morais,

Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio configurava sim a hipótese de periculosidade prevista no art. 193, II,

Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por da CLT e no Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n°

sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em 1.885/2013, nas mesmas condições que a jurisprudência do TST

virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física reconhece em relação aos agentes de apoio socioeducativo, razão

nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial pela qual faz jus, em idênticas condições, ao pagamento de

(art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.) adicional de periculosidade, no importe de 30% sobre a

4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de remuneração do período prescricional quinquenal. Recurso adesivo

segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação provido nesse aspecto". (RO 0000186-90.2016.5.07.0018: TRT 7 -

pública estadual, contratados diretamente pela administração 1ªT - rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - Data de Julgamento

pública indireta - hipótese prevista no item 2, letra 'b', do Anexo 3 da 28/02/2018).

NR 16. 5. Os Agentes de Apoio Socioeducativo desempenham RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ.CONFISSÃO

segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio QUANTO À MATÉRIA DE FATO. ENTE PÚBLICO. Conforme

(...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento disposto no artigo 844 da CLT, Súmula n. 74 do C. TST e OJ n. 152

e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos, da SDI-1-TST, aplica-se à parte a pena de confissão quanto à

empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no matéria de fato, mesmo que se trate de ente público, quando ela for

quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho, devidamente intimada a comparecer à audiência de instrução, com

que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do a cominação expressa de que sua ausência implicará pena de

presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio confissão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO

Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do PÚBLICA. CULPA "IN VIGILANDO". SÚMULA 331, V, DO TST.

Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos Cabe ao ente público, quando postulada em juízo sua

cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz responsabilização pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pelo

jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o prestador de serviços, carrear aos autos os elementos necessários

exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco à formação do convencimento (arts. 373, II, do CPC e 818 da CLT),

acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no ou seja, provas suficientes à comprovação de que cumpriu o dever

desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e disposto em lei de fiscalizar a execução do contrato administrativo.

patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários Não se desincumbindo desse ônus,como no caso dos autos,

decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio forçoso reconhecer a culpa "in vigilando" do ente público, fazendo

Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir da incidir a sua responsabilidade subsidiária, nos termos da Súmula

regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da 331, V, do TST.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

entrada em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do DEFERIMENTO. PROVA TÉCNICA CONCLUSIVA. A teor do

Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16". disposto no art. 195, da CLT, a caracterização do trabalho

Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se: periculoso faz-se mediante a imprescindível realização de perícia

"AGENTE SOCIOEDUCADOR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE técnica. Concluindo o laudo pericial que "Baseados nos dados

POR ATIVIDADE EXERCIDA COM MENORES INFRATORES. coletados, nos autos do e no conteúdo da Portaria Ministerial

AMBIENTE LABORAL PERIGOSO. DEFERIMENTO. Ficou provado 3.214/78, NR15 anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), anexo 14

nos autos que o reclamante, no trabalho diário de instrutor (agentes biológicos) e NR16 anexo 3 (Atividades e operações

educacional/agente socioeducador, exercia suas atividades perigosas com exposição a roubos e outras espécies de violência

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 619
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

física nas atividades profissionais de segurança pessoal e decisão está baseada nos fatos narrados pelas partes e na prova

patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso produzida nos autos, a sentença foi proferida dentro dos limites da

parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE PERICULOSIDADE, pois lide. No ordenamento pátrio, vige o princípio do "iura novit curia",

o obreiro estava em situação análoga as das apontadas nas normas segundo o qual o magistrado, por ser conhecedor do ordenamento

e em situação de RISCO GRAVE E IMINENTE, e que os riscos não jurídico, não está limitado às regras indicadas pelos litigantes.

foram neutralizados ou atenuados pelas medidas coletivas e Preliminar rejeitada. QUESTÃO PREJUDICIAL. TERCEIRIZAÇÃO

individuais de Segurança e Saúde do Trabalho", e inexistindo nos ILÍCITA RECONHECIDA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE LASTRO

autos elementos outros que formem a convicção necessária para PROBATÓRIO. DECISÃO REFORMADA. O Juízo singular concluiu

derruir a prova técnica, não merece ser alterada a decisão que pela ilegalidade da terceirização de serviços, pela nulidade da

deferiu o adicional de periculosidade. RECURSO ADESIVO DA contratação empregatícia com o 1º reclamado, bem assim pela

RECLAMANTEDO INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS contratação do reclamante com a própria Administração Pública

EXTRAS. Corretos os fundamentos de origem, os quais se (Estado do Ceará) e considerando, ainda, que a contratação

escudaram na prova testemunhal produzida. De se ressaltar que, fraudulenta tem efeitos mínimos (Súmula n. 363, do C. TST),

conquanto inexista, no ordenamento jurídico, hierarquia entre a restritos a salários e FGTS, parcelas estas que foram adimplidas,

prova documental e testemunhal, em decorrência do princípio da julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial. A sentença

persuasão racional para valoração da prova, certa é a prevalência merece reforma, no particular, eis que não exsurge dos autos

da prova testemunhal quando demonstradas robustez e segurança qualquer elemento que indique a existência de fraude à

no depoimento, apta a demover a situação documentada. terceirização havida entre os reclamados, razão pela qual mostra-se

UNICIDADE CONTRATUAL. REQUISITOS. O reconhecimento da inviável a conclusão do magistrado sentenciante. Nulidade da

unicidade contratual postulada está condicionado à demonstração contratação afastada. Sentença reformada. MÉRITO.

de que o empregado prestou serviços ininterruptamente ou da SOCIOEDUCADORES. CONDIÇÕES DE TRABALHO

ocorrência de fraude na celebração do contrato posterior, com a PERIGOSAS. ADEQUAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESCRITAS NO

finalidade de aviltar os direitos trabalhistas, o que não se verificou ART. 193, II, DA CLT. REGULAMENTAÇÃO DEFINIDA PELA

na hipótese vertente. Além disso, como constou da decisão PORTARIA Nº1.885/2013. ITEM 1, ANEXO 3, DA NR-16.

recorrida, constata-se que a reclamante recebeu as verbas ADICIONAL DE PERICULOSIDADE DEVIDO. ENTENDIMENTO

rescisórias pertinentes ao término do primeiro contrato, o que afasta DO TST NO IRR Nº1001796-60.2014.5.02.0382 (TEMA 16).

a pretensão autoral, à luz do disposto no art. 453 da CLT.Recursos Segundo o disposto no anexo 3, da NR 16, editado por força da

conhecidos, mas desprovidos. Portaria nº1.885/2013, publicada em 3 de dezembro de 2013, "As

(TRT da 7ª Região; Processo: 0001657-49.2017.5.07.0005; Data: atividades ou operações que impliquem em exposição dos

21-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Plauto Carneiro Porto - 1ª profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou

Turma; Relator(a): PLAUTO CARNEIRO PORTO) outras espécies de violência física são consideradas perigosas."

RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. PRELIMINARES. Constatado, portanto, que os socioeducadores ou instrutores

NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. educacionais, que trabalham nos Centros de Ressocialização do

PROVA ORAL EMPRESTADA. IDENTIDADE FÁTICA. Compete ao Estado do Ceará, mantêm contato direto com jovens infratores,

magistrado apreciar livremente as provas produzidas nos autos, sujeitando-se a toda espécie de violência física e a risco da própria

bem como indeferir as diligências que se revelam inúteis ou vida, forçoso reconhecer a inclusão de sua atividade no rol previsto

meramente protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015. no citado Anexo 3, da NR 16, para os fins do direito ao adicional de

Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova oral, por si só, periculosidade a que se refere o art. 193, II, da CLT. Nesse sentido,

não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando o Juízo decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do

monocrático entendeu desnecessária a produção de prova oral, colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao analisar o Tema 16, nos

tendo em conta a repetição excessiva de demandas análogas no autos do IRR - 1001796-60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14

foro, incluindo região metropolitana, bem como a realização de de outubro de 2021, que "I. O Agente de Apoio Socioeducativo

várias audiências de instrução sobre a mesma matéria controvertida (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do

dos presentes autos. Preliminar rejeitada. JULGAMENTO "EXTRA Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de

PETITA". Tendo o Magistrado aplicado a norma que, sob a sua Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à

ótica, melhor se adequa ao caso concreto e considerando que a percepção de adicional de periculosidade, considerado o exercício

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de atividades e operações perigosas, que implicam risco acentuado obrigações trabalhistas não adimplidas pelo empregador, aplicando-

em virtude de exposição permanente a violência física no se, in casu, o entendimento expresso nos itens IV, V e VI, da

desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista a

patrimonial em fundação pública estadual." Vigora, portanto, absoluta ausência de provas da fiscalização do cumprimento do

pacificado, no âmbito da Justiça do Trabalho, a partir do novel contrato de trabalho, considerando-se, para esse fim, as obrigações

julgamento da SBDI-1, do TST, o entendimento no sentido de que contratuais e legais. Nesse sentido, o entendimento reiterado dos

os socieducadores ou instrutores educacionais que trabalham nas Tribunais do Trabalho, como se vê da ementa seguinte:

instituições estaduais de custódia de menores em conflito com a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERMO DE CONVÊNIO. CULPA "IN

Lei, têm direito ao adicional de periculosidade, por força do que VIGILANDO". RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO.

resta previsto no art. 193, caput e inciso II, da CLT, e item 1, do POSSIBILIDADE. Conforme entendimento jurisprudencial do TST,

Anexo 3, da NR 16, aprovado pela Portaria nº1.885/2013, do MTE, calcado na decisão do STF que declarou a constitucionalidade do

de 03/12/2013. Sentença reformada, no tópico. SUPRESSÃO DO art. 71 da Lei nº 8.666/93 (ADC 16/DF), remanesce a

INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE responsabilidade subsidiária da administração pública direta e

PONTO CONSIDERADOS INVÁLIDOS. INCIDÊNCIA DO indireta pelos direitos trabalhistas não adimplidos pelo empregador,

ENTENDIMENTO FIRMADO NA SÚMULA 338, DO TST. Tendo em sempre que os referidos entes públicos, tomadores dos serviços,

vista que os controles de ponto colacionados pelo 1º reclamado são sejam omissos na fiscalização das obrigações do respectivo

imprestáveis como meio de prova, já que trazem horários de contrato (Súmula 331, inciso IV, do TST). Portanto, não provada a

trabalho britânicos, aplicando-se à hipótese, portanto, o item III, da fiscalização efetiva de tais obrigações, procede o pedido de

Súmula nº 338, do TST, e considerando que o réu não se responsabilização subsidiária. Recurso conhecido e parcialmente

desincumbiu de demonstrar a fruição regular da pausa para repouso provido. (Processo nº0000289-35.2018.5.07.0016, 1ª Turma,

e alimentação, devido o pagamento, nos termos do art. 71, § 4º, da Relatora: Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante

CLT, de uma hora extra diária pela supressão do intervalo em Nepomuceno, julgado em 15 de maio de 2019). Sentença mantida.

referência, com reflexos, dada a habitualidade da verba, no período HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA

anterior à Reforma Trabalhista. Posteriormente à Reforma DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação ajuizada após

Trabalhista, é devido apenas o lapso suprimido do intervalo 11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento trazido pela

intrajornada, sem reflexos. Sentença reformada, no particular. Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos honorários

ADICIONAL NOTURNO. Considerando a imprestabilidade dos advocatícios. Nessa situação, havendo sucumbência da parte

controles de ponto como meio de prova, aplica-se à hipótese, o item reclamada, impõe-se razoável a sua condenação em honorários

III, da Súmula nº 338, do TST. Assim, tendo em vista a inexistência advocatícios, na forma prevista no art. 791-A, da CLT. Ademais,

de prova em sentido contrário, tem-se por correta a jornada alegada considerando o que restou decidido pelo Excelso STF, quando do

na inicial, de 19h às 7h, em escalada de 12x36, sendo devido, pois, julgamento da ADI 5766, de 20.10.2021, em que se declarou a

adicional noturno, relativamente aos meses em que não há inconstitucionalidade da regra prevista no art. 791-A, §4º, da CLT, já

comprovação do respectivo pagamento. Sentença reformada. não existe base jurídica para se condenar o beneficiário da justiça

ESTADO DO CEARÁ. CONTRATAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO gratuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais.

SOCIAL PARA EXERCER ATRIBUIÇÕES E/OU PARA PRESTAR Sentença reformada.Recurso ordinário do reclamante conhecido;

SERVIÇOS PRÓPRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. rejeitadas as preliminares de nulidade processual por cerceamento

TERCEIRIZAÇÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE de defesa e por julgamento extra petita e, no mérito, apelo

FISCALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. parcialmente provido.

INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO CONSTANTE DOS ITENS IV, V (TRT da 7ª Região; Processo: 0000789-34.2018.5.07.0006; Data:

e VI, DA SÚMULA 331, DO TST. O deferimento à instituição privada 10-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Durval Cesar de

das prerrogativas próprias da Administração Pública, consistente no Vasconcelos Maia - 1ª Turma; Relator(a): DURVAL CESAR DE

acompanhamento, vigilância ou custódia, e segurança dos jovens VASCONCELOS MAIA)

infratores, internados nos Centros de Ressocialização do Estado do Portanto, o conjunto probatório deixa patente que a parte

Ceará, de que é exemplo o Centro Sócio Educativo Dom Bosco, reclamante, efetivamente, estava submetida a risco considerável,

sem dúvida, constitui terceirização de serviços que atrai a justificando o pagamento do adicional de periculosidade deferido na

responsabilidade civil subsidiária do tomador dos serviços pelas sentença recorrida.

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Recurso improvido nesse tópico. verifica-se que o Reclamante cumpria jornada de trabalho em

DO RECURSO ORDINÁRIO DE GLEYVANILDO DOS SANTOS regime de escala corresponde a dois dias trabalhados, com carga

PAIXÃO horária de 12h diária, seguidos de dois dias de descanso, com

O apelante se insurge contra a sentença que indeferiu o pedido de registro, em alguns deles, de 1(uma) hora de intervalo intrajornada,

intervalo intrajornada, horas extras, requerendo a aplicação da o que é confirmado pela prova testemunhal. Ressalte-se que na

revelia e confissão ficta ao ente estatal e que seja condenado ficha de registro de empregado assinada pelo Reclamante resta

subsidiariamente pelo pagamento das verbas da condenação, no assinalado o intervalo de 1(uma) hora. O Reclamante não produziu

caso de inadimplemento por parte do reclamado principal. prova oral ou documental que comprovasse suas alegações.

DAS VERBAS QUESTIONADAS. Sopesada a prova produzida nos autos, fica reconhecido por este

Sobre o tema assim decidiu o juízo a quo: Juízo que o Reclamante trabalhava em regime de dois dias

"Afirma o Reclamante que cumpria jornada de trabalho, em regime trabalhados seguidos de dois dias de descanso, em jornada diária

de escala de dois dias trabalhados, seguidos de dois dias de de doze horas, no horário das 07:00 às 19:00h, com intervalo

descanso, das 07:00h às 19:00h, com 15 (quinze) minutos de intrajornada de 1 (uma) hora.

intervalo intrajornada. A Reclamada contesta tal alegação aduzindo, A cláusula décima quinta do ACT 2016/2017, vigente durante o

em síntese, que o Reclamante cumpria jornada de trabalho período do pacto laboral, estabelece jornada de trabalho de 44

correspondente a 2 (dois) plantões de 12h, com descanso de 2 (quarenta e quatro) semanais, com carga horária mensal de 176

(dois) dias, perfazendo uma carga horária de 192h mensais; e que horas (fls. 79), pelo que a jornada de trabalho do Reclamante em

ao Reclamante era concedido intervalo intrajornada de 1(uma) hora. regime de plantão não encontra respaldo em dito instrumento

Considerada a documentação juntada aos autos referente à coletivo. O horário de trabalho do Reclamante reconhecido nesta

frequência de seus empregados (fls. 204/209), constata-se que esta sentença resulta em que o Reclamante, no mês, trabalhava em

possuía mais de 10 (dez) empregados, laborando no mesmo local média duas semanas, com carga horária de 44 horas cada, e outras

que o Reclamante. Assim sendo, tem a Reclamada o dever de duas semanas, com carga horária de 33 horas cada. No contrato de

registrar, por meio dos controles de frequência, os horários de trabalho do Reclamante há previsão para compensação de jornada

entrada e saída do empregado, inexistindo determinação legal para dentro da mesma semana (fls. 210). Outrossim, restou reconhecido

que se proceda aos registros diários dos intervalos intrajornada, que a Reclamada concedia o intervalo intrajornada, com duração de

desde que a Reclamada comprove que havia préassinalação de 1(uma) hora, o que atende ao disposto no art. 71, caput, da CLT.

referidos intervalos (art. 74, § 2ª da CLT), observado o disposto nas Dessa forma, a extrapolação da oitava hora compensa-se com os

Súmulas 338 e 437, do TST. A Reclamada juntou aos autos os dias que não houve labor, não havendo, pois, configuração de

controles de frequência (fls. 194/201), cujas anotações eram trabalho extraordinário."

registradas e assinadas pelo Reclamante, pelo que permanece com No tocante ao intervalo intrajornada, a sentença não merece

o Reclamante o ônus de comprovar a jornada de trabalho indicada reforma, sobretudo quando o reclamante não fez prova de que

na exordial. fizesse jus à hora intervalar.

A testemunha apresentada pela Reclamada afirmou "que havia Dos controles de frequência juntados com a defesa, percebe-se que

intervalo para almoço dos socioeducadores no Centro havia mês que o autor apontava o gozo de uma hora de intervalo

Socioeducativo Passaré; que os socioeducadores que atuavam no para repouso e havia mês que nada registrava. Em seu depoimento

referido centro gozavam de uma hora de intervalo intrajornada, (ata ID 625c117) afirmou que usufruía um intervalo de 30 minutos e

sendo divididos em dois grupos, os quais revezavam o horário de nos controles de frequência esse período já era de uma hora. O

intervalo de forma que metade estivesse em atividade enquanto a depoimento da testemunha do reclamado (ata ID 625c117), foi

outra metade estivesse no gozo do intervalo; que já ocorreu de o enfático e elucidativo para afirmar que "...havia intervalo para

depoente almoçar com os socioeducadores durante o intervalo almoço dos sócio educadores no Centro Socioeducativo Passaré;

intrajornada no Centro Socioeducativo do Passaré" (fls. 733/734). que os socioeducadores que atuavam no referido centro gozavam

Em sede de depoimento pessoal o Reclamante afirmou "que de uma hora de intervalo intrajornada, sendo divididos em dois

trabalhava das 07:00 às 19:00 horas, com 30 minutos de intervalo, grupos, os quais revezavam o horário de intervalo de forma que

em escala de dois dias trabalhados seguidos de dois dias de folga" metade estivesse em atividade enquanto a outra metade estivesse

(fls. 733), o que diverge da carga horária indicada na exordial em no gozo do intervalo...".

relação ao intervalo intrajornada. Nos controles de frequência, Destarte, mantêm a sentença recorrida nessa questão.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 622
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Quanto às horas extras, o autor afirmou que laborava 02 plantões "Art. 1º Recomendar aos Senhores Juízes Titulares e Substitutos

de 12 horas e folgava 48 horas, o que equivalia a 192 horas vinculados ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região que nos

mensais, tal fato não foi objeto de contestação por parte do processos em que são partes os entes incluídos na definição legal

reclamado principal. Contudo, essa jornada não estava prevista na de Fazenda Pública:

ACT 2016/2017. I - não seja designada audiência inicial, exceto quando, a

Desse modo, não provada a previsão em norma coletiva quanto ao requerimento de quaisquer dos litigantes, restar demonstrado

labor em regime especial no período de 06/07/2016 até 22/01/2017 inequívoco interesse na celebração de acordo;

(extinção do contrato), é fato que o reclamante trabalhava, em II - seja(m) citado(s) o(s) reclamado(s) para, no prazo de 20 (vinte)

média duas semanas, com carga horária de 48 horas semanais, e dias, apresentar defesa escrita perante a Secretaria da Vara do

outras duas semanas, com carga horária de 36 horas cada. Assim, Trabalho ou na forma prevista no Processo Judicial Eletrônico (PJe-

considerando a Cláusula Décima Quinta do ACT 2016/2017 (Grupo JT), que deverá ser acompanhada dos documentos que a instruem,

I), que dispõe uma carga honorária semanal de 44 horas, conclui-se sob pena de revelia e confissão em relação à matéria de fato."

que o recorrente laborava, em excesso, 4 horas em duas semanas Nesse contexto, ocorreria a revelia se o ente estatal não tivesse

no mês. Em assim sendo, impõe-se o deferimento das horas extras atendido ao que prevê o Inciso II, do Provimento acima prescrito.

excedentes de 4 horas em duas semanas por mês, com adicional Ademais, registre-se que na contestação foi requerida a adoção da

de 50% sobre o valor da hora normal, considerando o aviso prévio recomendação adotada por este Regional.

trabalhado, com reflexos sobre férias, 13º salário, FGTS,

indenização de 40% do FGTS e RSR, tudo com base no salário DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

indicado na sentença recorrida. Alega o recorrente que o ente estatal como tomadora de serviços

Recurso provido nesse particular. não cumpria com as suas obrigações previstas na Lei nº 8.666/93,

DA REVELIA E CONFISSÃO FICTA DO ESTADO DO CEARÁ. aplicáveis ao convênio por forçada Lei nº 9.637/98. Ressalta que o

Quanto ao tema, entendo que o Decreto-Lei 779/1969, que dispõe convênio afirmado pelo ente público não afasta sua

sobre as prerrogativas da Administração Pública no processo do responsabilidade pelos haveres trabalhistas inadimplidos pela

trabalho, não veda a aplicação da revelia às pessoas jurídicas de primeira ré. Aduz ainda, entre outras pronunciações jurídicas, que o

direito público. E o artigo 844 da CLT não faz distinção em relação Estado do Ceará foi omisso na sua obrigação de fiscalizar o

aos destinatários da norma, não estabelecendo nenhum privilégio à cumprimento das obrigações trabalhistas da empregadora, devendo

União. portanto ser responsabilizado subsidiariamente na presente lide.

Nessa linha de raciocínio, a jurisprudência do TST firmou-se no Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira reclamada e

sentido de que a revelia aplica-se à pessoa jurídica de direito da responsabilidade subsidiária do ente estatal.

público. Para o c.TST, entender de forma diversa seria negar Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os

vigência aos princípios constitucionais da igualdade das partes, do promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público

contraditório, bem como o da ampla defesa. Portanto, se o ente contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal

público deixa de praticar o ato processual, mesmo diante de todas contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado,

as prerrogativas legais de que dispõe, não há como afastar a não se admitindo queira o poder público eximir-se de

aplicação do disposto no artigo 844 da CLT. responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores

A propósito, nesse sentido é a Orientação Jurisprudencial nº 152, da de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da

SDI-1, do TST, verbis: própria atuação pública.

"OJ 152. SDI - 1, do TST. REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que

DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL. (ART. 844 DA CLT) (inserido decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST,

dispositivo) - DJ 20.04.2005. Pessoa jurídica de direito público cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no

sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.". art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas

Contudo, no presente caso, não houve desídia do ente estatal, trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos

porquanto atentou ao teor da Resolução No. 2/CGT, de 23 de julho serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem

de 2013, do Tribunal Superior do Trabalho, e à recomendação do órgãos da Administração Direta, Indireta, autarquias, fundações

Provimento Conjunto nº 02/2017, deste Regional, que assim públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas.

prescreve: Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 623
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proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de

art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia, prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67

que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das

responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto

permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade

fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos

Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de pela empresa contratada.

serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do

afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida

secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato pelo Excelso Pretório.

da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da

inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a

dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes

que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano

Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico

dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da

entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.

responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos 186.

trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de

não adimplidos pelo contratado. qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a

Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e

excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se

STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços

Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa. honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei

Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do

constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em

transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as

responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação,

público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a

que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV).

e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de

Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos". fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do

Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos

consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que,

julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis: via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação

"V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público

indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal

do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga

cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67).

especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo

contratuais e legais da prestadora de serviço como probatório que dos autos consta não há provas do

empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento

inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da

empresa regularmente contratada." idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas

Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura

no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 624
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mês anterior. tendo observado que eventual responsabilização do poder

Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de

prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no

estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela

negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento administração pública, devidamente comprovado no caso

jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado

para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-

fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"

se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das

como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC). culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no

Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento

regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas

fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública. de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços

Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa

jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso

excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a Portanto, reforma-se a sentença recorrida para condenar o ente

responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta, público de modo subsidiário.

das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e De todo o exposto, dá-se parcial provimento ao apelo do primeiro

das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do reclamado para excluir da condenação a multa do § 8º, do art.477,

empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os da CLT e dar provimento ao apelo do reclamante para incluir o

referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na ESTADO DO CEARÁ como responsável subsidiário no pagamento

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do das verbas da condenação, acaso não adimplidas pelo reclamado

respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do principal.

Trabalho). CONCLUSÃO DO VOTO

Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. Conhecer de ambos os apelos e dar-lhes parcial provimento.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS

SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO. DISPOSITIVO

Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, porque

subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados tempestivos, e, no mérito, dar-lhes parcial provimento para deferir

à execução de contrato administrativo quando configurada a ao reclamado principal, IDES - INSTITUTO DE

omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA CIDADANIA, apenas os

qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição benefícios da Justiça Gratuita e quanto ao apelo do reclamante,

dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO, defere-se 04 horas extras

da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel. em duas semanas por mês, com adicional de 50% sobre o valor da

Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011)." hora normal, durante o período de labor e considerando o aviso

O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de prévio trabalhado, tudo com reflexos sobre férias, 13º salário, FGTS,

ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a indenização de 40% do FGTS e RSR, tudo com base no salário

responsabilização do poder público deveria ser examinada diante indicado na sentença recorrida e defere-se ainda a inclusão do

de cada caso concreto, nos seguintes termos: ESTADO DO CEARÁ, como responsável subsidiário.

"O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93, (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 625
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo empresa contratada, não se admitindo queira o poder público eximir

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. -se de responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos

Fortaleza, 18 de julho de 2022. prestadores de serviços, conquanto não foram criteriosos na

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações

JEFFERSON QUESADO pertinentes ao respectivo contrato, produzindo dano em decorrência

da própria atuação pública. Assim, evidenciada a conduta culposa

Desembargador Relator da administração estadual, no cumprimento das obrigações

dispostas na Lei nº 8.666/1993, é a hipótese sobre o contratante

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas

inadimplidos pela contratada, consoante o entendimento plasmado

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART no item V da Súmula 331 do TST.

Diretor de Secretaria RECURSO ORDINÁRIO DO IDES - INSTITUTO DE

DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA CIDADANIA PEDIDO DE


Processo Nº ROT-0001986-70.2017.5.07.0002
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR JUSTIÇA GRATUITA. DEFERIDO. Comprovada a situação
RECORRENTE IDES - INSTITUTO DE financeira precária do recorrente, é a hipótese de lhe deferir os
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA
CIDADANIA benefícios da Justiça Gratuita. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
ADVOGADO LUIS NARCISO COELHO DE
OLIVEIRA(OAB: 20967-A/CE) Tendo em vista o deferimento do pedido de desistência do citado
RECORRENTE GLEYVANILDO DOS SANTOS adicional de insalubridade, após ouvida a parte adversa, resta
PAIXÃO
ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB: prejudicado o apelo nesse particular.
27524/CE)
RECORRIDO ESTADO DO CEARA
RECORRIDO IDES - INSTITUTO DE
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA
CIDADANIA RELATÓRIO
ADVOGADO LUIS NARCISO COELHO DE
OLIVEIRA(OAB: 20967-A/CE)
RECORRIDO GLEYVANILDO DOS SANTOS
PAIXÃO
O IDES - INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL
ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
27524/CE) interpôs recurso ordinário (ID 41b0e36), tempestivamente (certidão
PERITO EVELINE CUNHA LIMA
ID 10aa2a1), objetivando reformar a sentença que deferiu
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO parcialmente os pleitos exordiais.

O reclamante,GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO, também


Intimado(s)/Citado(s):
manejou recurso ordinário adesivo de ID b694d10,
- IDES - INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA
CIDADANIA tempestivamente, conforme certidão de ID 1bdfd95, pretendendo

reverter parte da sentença que lhe foi desfavorável.

As partes apresentaram contrarrazões de IDs 41373f3 e 6cd8521,

PODER JUDICIÁRIO tempestivamente, conforme certidão de ID 143a1b7.

JUSTIÇA DO O Ministério Público do Trabalho apresentou Parecer de ID

46ee85d, opinando pelo conhecimento e provimento do apelo do

Reclamante
EMENTA

RECURSO GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO,

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO.

CONVÊNIO. POSSIBILIDADE. Ainda que a contratação da primeira


FUNDAMENTAÇÃO
reclamada pelo Estado do Ceará tenha sido formalizada mediante

CONVÊNIO, tendo procedido autêntico fornecimento de mão-de-

obra ao contratante, guarda esse contrato íntima semelhança com o


ADMISSIBILIDADE
instituto da terceirização de serviços, fato que atrai a incidência de
Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,
responsabilidade do tomador dos serviços pelas consequências
intrínsecos e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.
jurídicas da contratação, inclusive em face dos empregados da

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 626
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

MÉRITO IDESC anexou provas robustas e incontestes da alegada situação

ESCLARECIMENTOS INICIAIS. financeira insuficiente, a exemplo do balanço patrimonial e

Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente demonstrações contábeis deficitárias, o que respalda o deferimento

litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde 16/04/2020, no do pedido de justiça gratuita, ensejando a isenção do pagamento e

aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo comprovação de custas processuais, nos termos como artigo 790-A

autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por da CLT. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. JURISPRUDÊNCIA DO STF.

consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de CULPA "IN VIGILANDO". ÔNUS PROBATÓRIO DO TOMADOR DE

periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a SERVIÇOS QUANTO À FISCALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos TRABALHISTAS DO PRESTADOR. PROVAS EFICIENTES.

empregados. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA AFASTADA.A averiguação da

DO RECURSO ORDINÁRIO DO IDES - INSTITUTO DE responsabilidade subsidiária da Administração Pública nos casos de

ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL. terceirização de serviços deverá ser realizada na instrução

Preliminarmente, o recorrente pleiteia a suspensão do feito no processual perante o juízo de primeiro grau (culpa subjetiva),

aguardo da decisão a ser proferida no processo TST-RR-1001796- conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal no

60.2014.5.02.0382, de relatoria do Ministro Hugo Carlos julgamento da ADC nº 16. Nesse sentido, por força do princípio da

Scheuermann, c. TST, em Incidente do Recurso de Revista aptidão para a prova, é ônus do Ente Público tomador dos serviços

Repetitivo, que trata da hipótese de concessão de adicional de trazer aos autos provas suficientes à comprovação de que cumpriu

periculosidade para socioeducadores. Solicita a alteração da com desvelo e eficiência o dever de fiscalização das obrigações

sentença no tocante ao pedido de justiça gratuita, afirmando estar trabalhistas assumidas pelo prestador. No caso, o Estado do Ceará

em dificuldades financeiras para garantir a sobrevivência do trouxe em sua defesa provas documentais da fiscalização e das

instituto, pleiteando a concessão da gratuidade processual, nos medidas administrativas tomadas em relação à prestadora

termos do art.899, da CLT. No mérito, aduz que o reclamante não inadimplente, como certidões de regularidade fiscal municipal,

faz jus ao adicional de periculosidade, em razão do Anexo III da NR estadual e federal, além da regularidade do recolhimento do FGTS,

16 complementando que "...o dispositivo diz respeito às atividades do INSS e de ações trabalhistas em face da empresa prestadora,

dos profissionais de segurança privada, nenhuma relação evidenciando, assim, o acompanhamento do contrato, satisfazendo

possuindo com as atividades exercidas pela Reclamante que foi de seu ônus probatório do dever legal de fiscalização da Administração

sócio educador.". Alega que o recorrido não faz jus ao aviso prévio, Pública, de modo eficiente a afastar a pretensa responsabilidade

porquanto ele cumpriu o aviso prévio trabalhado. Pleiteia a isenção subsidiária por conduta omissa e culposa. Todas essas provas hão

do pagamento dos honorários periciais, com o deferimento da de ser acolhidas pelo julgador, reconhecendo-se que o tomador de

concessão da justiça gratuita acima pedida e, por fim, requer a serviços realizou com desvelo as providências a seu alcance com o

condenação do recorrido na sucumbência recíproca. fim de cumprir o mister legal de fiscalização das obrigações

DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA assumidas pela empresa prestadora. Recurso Ordinário provido,

Pleiteia o recorrente em seu apelo os benefícios da Justiça Gratuita porque provado que o tomador não agiu com culpa "in vigilando".

alegando estar em péssima condição financeira, conforme MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. VERBA CONTROVERTIDA

documentos carreados aos autos. RECONHECIDA EM JUÍZO.No julgamento do Incidente de

O apelante realmente demonstrou se encontrar em situação Uniformização de Jurisprudência nº. 0080374-90.2017.5.07.0000,

financeira precária, conforme "prints" no corpo do apelo, entre os este Tribunal uniformizou entendimento acerca da aplicação da

quais balanços patrimoniais e aviso de corte de energia elétrica e multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, assentando que "É indevida

telefones, o que embasa o deferimento do pedido de justiça gratuita. a multa, ainda, quando, em juízo, forem reconhecidas apenas

A propósito, esta 2ª Turma já deferiu esses benefícios ao diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT

recorrente, conforme julgado, cuja ementa a seguir transcrevo. tenham sido pagas no prazo legal."Portanto, aplicada a

"PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. PROVA DA jurisprudência uniforme deste Tribunal, nada há a reformar na

SITUAÇÃO FINANCEIRA PRECÁRIA. CONCESSÃO DOS sentença, que deferiu apenas o pagamento de uma hora extra por

BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ISENÇÃO DO violação do intervalo intrajornada, após análise fático-probatória e

PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS. O reclamado jurídica exauriente da controvérsia, que inclusive persiste em fase

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA CIDADANIA - recursal, de modo que a situação em apreço não autoriza a

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 627
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

incidência da multa pretendida na via recursal, já que os valores A perita judicial, após exame pericial, afirmou: " Após a inspeção

constantes do TRCT foram quitados tempestivamente. pericial no posto de trabalho do reclamante, conforme registros

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. VERBA fotográficos do item 7 deste documento, constatou-se indícios de

DEVIDA PELA EMPRESA. Ajuizada a presente ação na vigência da ambiente agressivo e perigoso, com identificações em paredes de

Lei nº 13.467/2017, imperativa a aplicação do artigo 791-A da CLT, facções e áreas depreciadas por contas das rebeliões existentes no

que autoriza a condenação em honorários advocatícios pela simples local. Na própria descrição de atividades inerentes da função de

sucumbência da parte. Logo, diante da sucumbência da parte Instrutor Educacional conforme regimento interno das unidades

reclamada, impõe-se a obrigação de pagamento da verba honorária socioeducativas do estado do Ceará, indicam a exposição ao risco e

em favor do patrono do trabalhador, no montante de 15% sobre o a necessidade de alerta constante, como podemos destacar os

valor da liquidação, por representar patamar condizente com os itens abaixo: 'III...Zelar pela segurança e bem-estar do adolescente,

critérios previstos no artigo 791-A, § 2º, da CLT. (TRT da 7ª Região; observando-o e acompanhando-o em todos os locais de atividades

Processo: 0001928-64.2017.5.07.0003; Data: 11-05-2022; Órgão diurnas e noturnas. XI Acompanhar o adolescente em seu

Julgador: Gab. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - 2ª Turma; deslocamento na comunidade, não descuidando da vigilância e

Relator(a): EMMANUEL TEOFILO FURTADO) segurança. XII Inspecionar as instalações físicas da Unidade,

Recurso provido nesse particular. recolhendo objetos que possam comprometer a segurança. XIII

DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Efetuar rondas periódicas para verificar portas, janelas e portões,

Sobre o tema, assim se referiu o juízo sentenciante de primeiro assegurando-se de que estão devidamente fechados, atentando

grau: para eventuais anormalidades. XVII Realizar revistas pessoais nos

"O Reclamante aduz que, de fato, exercia funções típicas de agente adolescentes nos momentos de recepção, final das atividades e

prisional; e que as atividades desempenhadas configuram-se como sempre que se fizer necessário, impedindo que mantenham a posse

periculosas ou insalubres, pelo que pleiteia o pagamento de de objetos e substâncias não autorizadas. XVIII Acompanhar o

adicional de periculosidade e, de forma subsidiária, adicional de processo de entrada das visitas dos adolescentes, registrando-as

insalubridade. A Reclamada contesta tal pleito, aduzindo, em em livro, fazendo revistas e verificação de alimentos, bebidas ou

síntese, que o Reclamante não desempenhava atividades outros itens trazidos por elas. XIX Comunicar, de imediato, ao

periculosas ou insalubres. coordenador de disciplina as ocorrências relevantes que possam

Dispõe o art. 193 da CLT que "serão consideradas atividades ou colocar em risco a segurança da Unidade, dos adolescentes e dos

operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo funcionários. A Norma Regulamentadora nº 16, da PORTARIA

Ministério aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, 3.214/78 em seu anexo 3, especifica as operações ou atividades

impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em com exposições a roubos ou outras espécies de violência física nas

condições de risco acentuado". O trabalho em condições de atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, e não

periculosidade assegura ao empregado adicional de 30% (trinta por cita o cargo exercido pela reclamada, porém o mesmo estava

cento) sobre o salário, nos termos do §1º, do art. 193 da CLT. A exposto aos mesmos riscos e exerciam atividades semelhantes as

caracterização da atividade perigosa depende de prova pericial, citadas no anexo 3 desta portaria." ( fls. 624/625). Concluiu a perita

conforme previsto no art. 195, caput e §2º, da CLT. judicial: " 12.1 Insalubridade Face aos pedidos da parte do

Acerca do adicional de insalubridade, o art. 189 da CLT estabelece reclamante, as constatações periciais e a Legislação Trabalhista,

que "serão consideradas atividades ou operações insalubres concluo que as atividades laborais desenvolvidas pelo

aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, RECLAMANTE NÃO SÃO INSALUBRES, conforme NR 15 da

exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos Portaria 3214/78, durante todo o período que laborou pela

limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade reclamada. 12.2 Periculosidade Face aos pedidos da parte do

do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.". O trabalho reclamante, as constatações periciais e a Legislação Trabalhista,

em condições insalubres assegura ao empregado a percepção de concluo que as condições laborais desenvolvidas pelo

adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte RECLAMANTE, conforme NR 16 ANEXO 03 da Portaria 3214/78,

por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, CONSIDERA-SE COMO OPERAÇÃO E ATIVIDADE PERIGOSA,

segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo (art. durante todo o período que laborou pela reclamada (fls. 627).

192, da CLT). A caracterização da atividade depende igualmente de O exame pericial revela que as atividades desempenhadas pelo

prova pericial, conforme previsto no art. 195, caput e §2º, da CLT. Reclamante na condição de instrutor educacional, acima citadas, o

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deixava exposto a determinadas espécies de violência, infratores, por intermédio do primeiro reclamado.

notadamente, "zelar pela segurança e bem-estar do adolescente, A perícia anexada aos autos (Laudo ID cf1a789) concluiu que a

observando-o e acompanhando-o em todos os locais de atividades parte reclamante exercia trabalho diário em condições periculosas,

diurnas e noturnas", o que configura atividade de segurança veja-se:

pessoal, nos termos da NR 16 anexo 3, da Portaria 3214/78. A "Face aos pedidos da parte do reclamante, as constatações

afirmação da testemunha apresentada pela Reclamada de "que nas periciais e a Legislação Trabalhista, concluo que as condições

revistas ocorridas nos alojamentos já foram encontradas armas de laborais desenvolvidas pelo RECLAMANTE, conforme NR 16

fabricação artesanal, bem como fósforos e isqueiros; que já ANEXO 03 da Portaria 3214/78, CONSIDERA-SE COMO

ocorreram várias rebeliões no Centro Socioeducativo Passaré" (fls. OPERAÇÃO E ATIVIDADE PERIGOSA, durante todo o período

733/734) corrobora a periculosidade identificada na prova pericial. que laborou pela reclamada"

Outrossim, os laudos periciais, decorrentes de outras Reclamações Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o

Trabalhistas acostados aos autos, como prova emprestada (fls. adicional de periculosidade para os empregados que trabalham

647/670 e 673/712), não se mostram suficientes para desconstituir o sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de violência física nas

disposto no laudo pericial, o qual analisa especificamente as atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.

condições de trabalho do Reclamante no desempenho de suas O anexo III da NR-16 regulamenta que o artigo 193, II da CLT e

atividades. Lado outro, não restou configurado que o Reclamante estabelece que o adicional somente é devido para os empregados

laborasse em ambiente insalubre. Portanto há fundamentação legal de empresas prestadoras de serviços nas atividades de segurança

para caracterizar as atividades executadas pelo Reclamante como privada (Lei nº7.102) e empregados que exercem atividade de

insalubres. segurança patrimonial em instalações metroviárias etc.

Sendo assim, sopesada a prova produzida nos autos, defere-se ao No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com

Reclamante adicional de periculosidade, calculado na base de 30% adolescentes infratores.

(trinta por cento) do salário mensal do Reclamante, durante o O TST vem decidindo ser devido o adicional de periculosidade

período de 06.07.16 a 22.01.17. nessa situação, por ser possível enquadrá-la na alínea "b" do item

Considerada a natureza salarial do adicional de periculosidade, 02, do Anexo III, da NR-16, veja-se

enquanto contraprestação pecuniária pelo trabalho realizado pelo "I- AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADICIONAL DE

empregado em condições de periculosidade, este deve integrar a PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO CASA.

base dos créditos trabalhistas que tenha por base de cálculo o AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Ante a provável violação

salário mensal. Sendo assim, e consideradas, inclusive, as verbas do artigo 193, II, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de

rescisórias consignadas no TRCT, o qual não foi, especificamente, instrumento para o regular processamento do recurso de revista.

impugnado, defere-se ao Reclamante repercussão do adicional de Agravo de instrumento conhecido e provido. II- RECURSO DE

periculosidade, nos termos deferidos nesta sentença, sobre aviso REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA

prévio indenizado, sobre 13º salário proporcional, na razão de 6/12 CLT. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO

(seis doze avos), relativo ao ano de 2016, sobre 13º salário SOCIOEDUCATIVO. No caso concreto, as atividades do autor,

proporcional, na razão de 1/12 (um doze avos), relativo ao ano de agente de apoio socioeducativo, foram assim descritas pelo acórdão

2017, e sobre férias proporcionais na razão de 7/12 (sete doze do Regional: "Os agentes têm como atribuição prestar atendimento

avos), acrescidas de um terço. em situação de conflito e garantir as condições de segurança física

Indefere-se o pleito de reflexos do adicional de periculosidade sobre dos educadores e educandos através de monitoramento,

repouso semanal remunerado, haja vista que tal adicional é pago observação, vigilância e contenção" (fl. 175). Assim, extrai-se da

mensalmente, portanto, englobando a respectiva remuneração do decisão recorrida que o autor exercia a segurança pessoal dos

repouso semanal, nos termos do art. 7º, §2º, da Lei nº 605/49." menores infratores e educadores, constatando-se submissão a um

Concordo, adoto e compartilho essa decisão, que passa a integrar o ambiente de trabalho hostil e perigoso, sujeito a violência física,

presente feito. enquadrando-se, dessa forma, no artigo 193, II, da CLT e no Anexo

Embargos de declaração foram rejeitados (sentença de ID 3 da NR 16 da Portaria 1.885/MT, haja vista a exposição a

34c5911). situações de risco. Dessa forma, o adicional de periculosidade é

É inquestionável que a parte reclamante prestou serviços no interior devido aos empregados que exercem atividades profissionais em

de estabelecimento destinado à internação de adolescentes centro de atendimento socioeducativo destinado a adolescentes

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infratores, como no caso dos autos. Precedentes. Recurso de Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por

revista conhecido por violação do art. 193, II, da CLT e provido. ( sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em

RR - 2622-57.2014.5.02.0074 , Relator Ministro: Alexandre de virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física

Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/09/2017, 3ª Turma, nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial

Data de Publicação: DEJT 22/09/2017)Foi determinada a realização (art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.)

de perícia técnica, tendo sido obtida a seguinte conclusão pelo 4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de

perito nomeado "(...)Baseados nos dados coletados, nos autos do e segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação

no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR16, Anexo 3 pública estadual, contratados diretamente pela administração

(Atividades e operações perigosas com exposição a roubos e outras pública indireta - hipótese prevista no item 2, letra 'b', do Anexo 3 da

espécies de violência física nas atividades profissionais de NR 16. 5. Os Agentes de Apoio Socioeducativo desempenham

segurança pessoal e patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio

02.12.2013 e é de nosso parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE (...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento

PERICULOSIDADE, pois o obreiro estava em situação análoga as e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos,

das apontadas em norma e em situação de RISCO GRAVE E empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no

EMINENTE, já que o risco não foi neutralizado pelas medidas quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho,

coletivas e individuais de Segurança e Saúde do Trabalho(...)". que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do

Observa-se que, embora não se trate de trabalho em presídio, o presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio

ambiente laboral do reclamante consiste em centro educacional que Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do

abriga menores em conflito com a lei, configurando a hipótese de Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos

periculosidade prevista no art. 193, II, da CLT e no Anexo n° 3 da cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz

NR 16, aprovado pela Portaria n° 1.885/2013, nas mesmas jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o

condições que a jurisprudência do TST reconhece em relação aos exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco

agentes de apoio socioeducativo. acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no

Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796- desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e

60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021, patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários

decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI- decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio

I, do TST: Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir da

"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da

SOCIOEDUCATIVO DA FUNDAÇÃO CASA. ADICIONAL DE entrada em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do

PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16".

São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se:

segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova "AGENTE SOCIOEDUCADOR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do POR ATIVIDADE EXERCIDA COM MENORES INFRATORES.

cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis AMBIENTE LABORAL PERIGOSO. DEFERIMENTO. Ficou provado

pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a nos autos que o reclamante, no trabalho diário de instrutor

integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais, educacional/agente socioeducador, exercia suas atividades

contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a exatamente no mesmo ambiente hostil e perigoso que os agentes

execução da medida socioeducativa. "São profissionais de apoio socioeducativo, e, ainda com mais razão, atuando em

responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações contato direto com os internos que promoviam brigas e rebeliões,

preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e como o caso descrito pelas defesas dos reclamados, do qual

auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e resultou o episódio narrado de tortura contra os menores e a prisão

intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e do reclamante e de outros nove agentes socioeducadores por

mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" determinação da autoridade judicial responsável pela apuração

(Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e criminal. Nesse contexto, é inequívoco que o ambiente laboral do

atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de reclamante, no qual suportava ofensas e ameaças físicas e morais,

Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio configurava sim a hipótese de periculosidade prevista no art. 193, II,

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da CLT e no Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n° RECLAMANTEDO INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS

1.885/2013, nas mesmas condições que a jurisprudência do TST EXTRAS. Corretos os fundamentos de origem, os quais se

reconhece em relação aos agentes de apoio socioeducativo, razão escudaram na prova testemunhal produzida. De se ressaltar que,

pela qual faz jus, em idênticas condições, ao pagamento de conquanto inexista, no ordenamento jurídico, hierarquia entre a

adicional de periculosidade, no importe de 30% sobre a prova documental e testemunhal, em decorrência do princípio da

remuneração do período prescricional quinquenal. Recurso adesivo persuasão racional para valoração da prova, certa é a prevalência

provido nesse aspecto". (RO 0000186-90.2016.5.07.0018: TRT 7 - da prova testemunhal quando demonstradas robustez e segurança

1ªT - rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - Data de Julgamento no depoimento, apta a demover a situação documentada.

28/02/2018). UNICIDADE CONTRATUAL. REQUISITOS. O reconhecimento da

RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ.CONFISSÃO unicidade contratual postulada está condicionado à demonstração

QUANTO À MATÉRIA DE FATO. ENTE PÚBLICO. Conforme de que o empregado prestou serviços ininterruptamente ou da

disposto no artigo 844 da CLT, Súmula n. 74 do C. TST e OJ n. 152 ocorrência de fraude na celebração do contrato posterior, com a

da SDI-1-TST, aplica-se à parte a pena de confissão quanto à finalidade de aviltar os direitos trabalhistas, o que não se verificou

matéria de fato, mesmo que se trate de ente público, quando ela for na hipótese vertente. Além disso, como constou da decisão

devidamente intimada a comparecer à audiência de instrução, com recorrida, constata-se que a reclamante recebeu as verbas

a cominação expressa de que sua ausência implicará pena de rescisórias pertinentes ao término do primeiro contrato, o que afasta

confissão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO a pretensão autoral, à luz do disposto no art. 453 da CLT.Recursos

PÚBLICA. CULPA "IN VIGILANDO". SÚMULA 331, V, DO TST. conhecidos, mas desprovidos.

Cabe ao ente público, quando postulada em juízo sua (TRT da 7ª Região; Processo: 0001657-49.2017.5.07.0005; Data:

responsabilização pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pelo 21-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Plauto Carneiro Porto - 1ª

prestador de serviços, carrear aos autos os elementos necessários Turma; Relator(a): PLAUTO CARNEIRO PORTO)

à formação do convencimento (arts. 373, II, do CPC e 818 da CLT), RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. PRELIMINARES.

ou seja, provas suficientes à comprovação de que cumpriu o dever NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.

disposto em lei de fiscalizar a execução do contrato administrativo. PROVA ORAL EMPRESTADA. IDENTIDADE FÁTICA. Compete ao

Não se desincumbindo desse ônus,como no caso dos autos, magistrado apreciar livremente as provas produzidas nos autos,

forçoso reconhecer a culpa "in vigilando" do ente público, fazendo bem como indeferir as diligências que se revelam inúteis ou

incidir a sua responsabilidade subsidiária, nos termos da Súmula meramente protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015.

331, V, do TST.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova oral, por si só,

DEFERIMENTO. PROVA TÉCNICA CONCLUSIVA. A teor do não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando o Juízo

disposto no art. 195, da CLT, a caracterização do trabalho monocrático entendeu desnecessária a produção de prova oral,

periculoso faz-se mediante a imprescindível realização de perícia tendo em conta a repetição excessiva de demandas análogas no

técnica. Concluindo o laudo pericial que "Baseados nos dados foro, incluindo região metropolitana, bem como a realização de

coletados, nos autos do e no conteúdo da Portaria Ministerial várias audiências de instrução sobre a mesma matéria controvertida

3.214/78, NR15 anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), anexo 14 dos presentes autos. Preliminar rejeitada. JULGAMENTO "EXTRA

(agentes biológicos) e NR16 anexo 3 (Atividades e operações PETITA". Tendo o Magistrado aplicado a norma que, sob a sua

perigosas com exposição a roubos e outras espécies de violência ótica, melhor se adequa ao caso concreto e considerando que a

física nas atividades profissionais de segurança pessoal e decisão está baseada nos fatos narrados pelas partes e na prova

patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso produzida nos autos, a sentença foi proferida dentro dos limites da

parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE PERICULOSIDADE, pois lide. No ordenamento pátrio, vige o princípio do "iura novit curia",

o obreiro estava em situação análoga as das apontadas nas normas segundo o qual o magistrado, por ser conhecedor do ordenamento

e em situação de RISCO GRAVE E IMINENTE, e que os riscos não jurídico, não está limitado às regras indicadas pelos litigantes.

foram neutralizados ou atenuados pelas medidas coletivas e Preliminar rejeitada. QUESTÃO PREJUDICIAL. TERCEIRIZAÇÃO

individuais de Segurança e Saúde do Trabalho", e inexistindo nos ILÍCITA RECONHECIDA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE LASTRO

autos elementos outros que formem a convicção necessária para PROBATÓRIO. DECISÃO REFORMADA. O Juízo singular concluiu

derruir a prova técnica, não merece ser alterada a decisão que pela ilegalidade da terceirização de serviços, pela nulidade da

deferiu o adicional de periculosidade. RECURSO ADESIVO DA contratação empregatícia com o 1º reclamado, bem assim pela

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contratação do reclamante com a própria Administração Pública Anexo 3, da NR 16, aprovado pela Portaria nº1.885/2013, do MTE,

(Estado do Ceará) e considerando, ainda, que a contratação de 03/12/2013. Sentença reformada, no tópico. SUPRESSÃO DO

fraudulenta tem efeitos mínimos (Súmula n. 363, do C. TST), INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE

restritos a salários e FGTS, parcelas estas que foram adimplidas, PONTO CONSIDERADOS INVÁLIDOS. INCIDÊNCIA DO

julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial. A sentença ENTENDIMENTO FIRMADO NA SÚMULA 338, DO TST. Tendo em

merece reforma, no particular, eis que não exsurge dos autos vista que os controles de ponto colacionados pelo 1º reclamado são

qualquer elemento que indique a existência de fraude à imprestáveis como meio de prova, já que trazem horários de

terceirização havida entre os reclamados, razão pela qual mostra-se trabalho britânicos, aplicando-se à hipótese, portanto, o item III, da

inviável a conclusão do magistrado sentenciante. Nulidade da Súmula nº 338, do TST, e considerando que o réu não se

contratação afastada. Sentença reformada. MÉRITO. desincumbiu de demonstrar a fruição regular da pausa para repouso

SOCIOEDUCADORES. CONDIÇÕES DE TRABALHO e alimentação, devido o pagamento, nos termos do art. 71, § 4º, da

PERIGOSAS. ADEQUAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESCRITAS NO CLT, de uma hora extra diária pela supressão do intervalo em

ART. 193, II, DA CLT. REGULAMENTAÇÃO DEFINIDA PELA referência, com reflexos, dada a habitualidade da verba, no período

PORTARIA Nº1.885/2013. ITEM 1, ANEXO 3, DA NR-16. anterior à Reforma Trabalhista. Posteriormente à Reforma

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE DEVIDO. ENTENDIMENTO Trabalhista, é devido apenas o lapso suprimido do intervalo

DO TST NO IRR Nº1001796-60.2014.5.02.0382 (TEMA 16). intrajornada, sem reflexos. Sentença reformada, no particular.

Segundo o disposto no anexo 3, da NR 16, editado por força da ADICIONAL NOTURNO. Considerando a imprestabilidade dos

Portaria nº1.885/2013, publicada em 3 de dezembro de 2013, "As controles de ponto como meio de prova, aplica-se à hipótese, o item

atividades ou operações que impliquem em exposição dos III, da Súmula nº 338, do TST. Assim, tendo em vista a inexistência

profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou de prova em sentido contrário, tem-se por correta a jornada alegada

outras espécies de violência física são consideradas perigosas." na inicial, de 19h às 7h, em escalada de 12x36, sendo devido, pois,

Constatado, portanto, que os socioeducadores ou instrutores adicional noturno, relativamente aos meses em que não há

educacionais, que trabalham nos Centros de Ressocialização do comprovação do respectivo pagamento. Sentença reformada.

Estado do Ceará, mantêm contato direto com jovens infratores, ESTADO DO CEARÁ. CONTRATAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO

sujeitando-se a toda espécie de violência física e a risco da própria SOCIAL PARA EXERCER ATRIBUIÇÕES E/OU PARA PRESTAR

vida, forçoso reconhecer a inclusão de sua atividade no rol previsto SERVIÇOS PRÓPRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

no citado Anexo 3, da NR 16, para os fins do direito ao adicional de TERCEIRIZAÇÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE

periculosidade a que se refere o art. 193, II, da CLT. Nesse sentido, FISCALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO CONSTANTE DOS ITENS IV, V

colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao analisar o Tema 16, nos e VI, DA SÚMULA 331, DO TST. O deferimento à instituição privada

autos do IRR - 1001796-60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 das prerrogativas próprias da Administração Pública, consistente no

de outubro de 2021, que "I. O Agente de Apoio Socioeducativo acompanhamento, vigilância ou custódia, e segurança dos jovens

(nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do infratores, internados nos Centros de Ressocialização do Estado do

Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de Ceará, de que é exemplo o Centro Sócio Educativo Dom Bosco,

Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à sem dúvida, constitui terceirização de serviços que atrai a

percepção de adicional de periculosidade, considerado o exercício responsabilidade civil subsidiária do tomador dos serviços pelas

de atividades e operações perigosas, que implicam risco acentuado obrigações trabalhistas não adimplidas pelo empregador, aplicando-

em virtude de exposição permanente a violência física no se, in casu, o entendimento expresso nos itens IV, V e VI, da

desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista a

patrimonial em fundação pública estadual." Vigora, portanto, absoluta ausência de provas da fiscalização do cumprimento do

pacificado, no âmbito da Justiça do Trabalho, a partir do novel contrato de trabalho, considerando-se, para esse fim, as obrigações

julgamento da SBDI-1, do TST, o entendimento no sentido de que contratuais e legais. Nesse sentido, o entendimento reiterado dos

os socieducadores ou instrutores educacionais que trabalham nas Tribunais do Trabalho, como se vê da ementa seguinte:

instituições estaduais de custódia de menores em conflito com a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERMO DE CONVÊNIO. CULPA "IN

Lei, têm direito ao adicional de periculosidade, por força do que VIGILANDO". RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO.

resta previsto no art. 193, caput e inciso II, da CLT, e item 1, do POSSIBILIDADE. Conforme entendimento jurisprudencial do TST,

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calcado na decisão do STF que declarou a constitucionalidade do "Afirma o Reclamante que cumpria jornada de trabalho, em regime

art. 71 da Lei nº 8.666/93 (ADC 16/DF), remanesce a de escala de dois dias trabalhados, seguidos de dois dias de

responsabilidade subsidiária da administração pública direta e descanso, das 07:00h às 19:00h, com 15 (quinze) minutos de

indireta pelos direitos trabalhistas não adimplidos pelo empregador, intervalo intrajornada. A Reclamada contesta tal alegação aduzindo,

sempre que os referidos entes públicos, tomadores dos serviços, em síntese, que o Reclamante cumpria jornada de trabalho

sejam omissos na fiscalização das obrigações do respectivo correspondente a 2 (dois) plantões de 12h, com descanso de 2

contrato (Súmula 331, inciso IV, do TST). Portanto, não provada a (dois) dias, perfazendo uma carga horária de 192h mensais; e que

fiscalização efetiva de tais obrigações, procede o pedido de ao Reclamante era concedido intervalo intrajornada de 1(uma) hora.

responsabilização subsidiária. Recurso conhecido e parcialmente Considerada a documentação juntada aos autos referente à

provido. (Processo nº0000289-35.2018.5.07.0016, 1ª Turma, frequência de seus empregados (fls. 204/209), constata-se que esta

Relatora: Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante possuía mais de 10 (dez) empregados, laborando no mesmo local

Nepomuceno, julgado em 15 de maio de 2019). Sentença mantida. que o Reclamante. Assim sendo, tem a Reclamada o dever de

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA registrar, por meio dos controles de frequência, os horários de

DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação ajuizada após entrada e saída do empregado, inexistindo determinação legal para

11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento trazido pela que se proceda aos registros diários dos intervalos intrajornada,

Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos honorários desde que a Reclamada comprove que havia préassinalação de

advocatícios. Nessa situação, havendo sucumbência da parte referidos intervalos (art. 74, § 2ª da CLT), observado o disposto nas

reclamada, impõe-se razoável a sua condenação em honorários Súmulas 338 e 437, do TST. A Reclamada juntou aos autos os

advocatícios, na forma prevista no art. 791-A, da CLT. Ademais, controles de frequência (fls. 194/201), cujas anotações eram

considerando o que restou decidido pelo Excelso STF, quando do registradas e assinadas pelo Reclamante, pelo que permanece com

julgamento da ADI 5766, de 20.10.2021, em que se declarou a o Reclamante o ônus de comprovar a jornada de trabalho indicada

inconstitucionalidade da regra prevista no art. 791-A, §4º, da CLT, já na exordial.

não existe base jurídica para se condenar o beneficiário da justiça A testemunha apresentada pela Reclamada afirmou "que havia

gratuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. intervalo para almoço dos socioeducadores no Centro

Sentença reformada.Recurso ordinário do reclamante conhecido; Socioeducativo Passaré; que os socioeducadores que atuavam no

rejeitadas as preliminares de nulidade processual por cerceamento referido centro gozavam de uma hora de intervalo intrajornada,

de defesa e por julgamento extra petita e, no mérito, apelo sendo divididos em dois grupos, os quais revezavam o horário de

parcialmente provido. intervalo de forma que metade estivesse em atividade enquanto a

(TRT da 7ª Região; Processo: 0000789-34.2018.5.07.0006; Data: outra metade estivesse no gozo do intervalo; que já ocorreu de o

10-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Durval Cesar de depoente almoçar com os socioeducadores durante o intervalo

Vasconcelos Maia - 1ª Turma; Relator(a): DURVAL CESAR DE intrajornada no Centro Socioeducativo do Passaré" (fls. 733/734).

VASCONCELOS MAIA) Em sede de depoimento pessoal o Reclamante afirmou "que

Portanto, o conjunto probatório deixa patente que a parte trabalhava das 07:00 às 19:00 horas, com 30 minutos de intervalo,

reclamante, efetivamente, estava submetida a risco considerável, em escala de dois dias trabalhados seguidos de dois dias de folga"

justificando o pagamento do adicional de periculosidade deferido na (fls. 733), o que diverge da carga horária indicada na exordial em

sentença recorrida. relação ao intervalo intrajornada. Nos controles de frequência,

Recurso improvido nesse tópico. verifica-se que o Reclamante cumpria jornada de trabalho em

DO RECURSO ORDINÁRIO DE GLEYVANILDO DOS SANTOS regime de escala corresponde a dois dias trabalhados, com carga

PAIXÃO horária de 12h diária, seguidos de dois dias de descanso, com

O apelante se insurge contra a sentença que indeferiu o pedido de registro, em alguns deles, de 1(uma) hora de intervalo intrajornada,

intervalo intrajornada, horas extras, requerendo a aplicação da o que é confirmado pela prova testemunhal. Ressalte-se que na

revelia e confissão ficta ao ente estatal e que seja condenado ficha de registro de empregado assinada pelo Reclamante resta

subsidiariamente pelo pagamento das verbas da condenação, no assinalado o intervalo de 1(uma) hora. O Reclamante não produziu

caso de inadimplemento por parte do reclamado principal. prova oral ou documental que comprovasse suas alegações.

DAS VERBAS QUESTIONADAS. Sopesada a prova produzida nos autos, fica reconhecido por este

Sobre o tema assim decidiu o juízo a quo: Juízo que o Reclamante trabalhava em regime de dois dias

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 633
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

trabalhados seguidos de dois dias de descanso, em jornada diária considerando a Cláusula Décima Quinta do ACT 2016/2017 (Grupo

de doze horas, no horário das 07:00 às 19:00h, com intervalo I), que dispõe uma carga honorária semanal de 44 horas, conclui-se

intrajornada de 1 (uma) hora. que o recorrente laborava, em excesso, 4 horas em duas semanas

A cláusula décima quinta do ACT 2016/2017, vigente durante o no mês. Em assim sendo, impõe-se o deferimento das horas extras

período do pacto laboral, estabelece jornada de trabalho de 44 excedentes de 4 horas em duas semanas por mês, com adicional

(quarenta e quatro) semanais, com carga horária mensal de 176 de 50% sobre o valor da hora normal, considerando o aviso prévio

horas (fls. 79), pelo que a jornada de trabalho do Reclamante em trabalhado, com reflexos sobre férias, 13º salário, FGTS,

regime de plantão não encontra respaldo em dito instrumento indenização de 40% do FGTS e RSR, tudo com base no salário

coletivo. O horário de trabalho do Reclamante reconhecido nesta indicado na sentença recorrida.

sentença resulta em que o Reclamante, no mês, trabalhava em Recurso provido nesse particular.

média duas semanas, com carga horária de 44 horas cada, e outras DA REVELIA E CONFISSÃO FICTA DO ESTADO DO CEARÁ.

duas semanas, com carga horária de 33 horas cada. No contrato de Quanto ao tema, entendo que o Decreto-Lei 779/1969, que dispõe

trabalho do Reclamante há previsão para compensação de jornada sobre as prerrogativas da Administração Pública no processo do

dentro da mesma semana (fls. 210). Outrossim, restou reconhecido trabalho, não veda a aplicação da revelia às pessoas jurídicas de

que a Reclamada concedia o intervalo intrajornada, com duração de direito público. E o artigo 844 da CLT não faz distinção em relação

1(uma) hora, o que atende ao disposto no art. 71, caput, da CLT. aos destinatários da norma, não estabelecendo nenhum privilégio à

Dessa forma, a extrapolação da oitava hora compensa-se com os União.

dias que não houve labor, não havendo, pois, configuração de Nessa linha de raciocínio, a jurisprudência do TST firmou-se no

trabalho extraordinário." sentido de que a revelia aplica-se à pessoa jurídica de direito

No tocante ao intervalo intrajornada, a sentença não merece público. Para o c.TST, entender de forma diversa seria negar

reforma, sobretudo quando o reclamante não fez prova de que vigência aos princípios constitucionais da igualdade das partes, do

fizesse jus à hora intervalar. contraditório, bem como o da ampla defesa. Portanto, se o ente

Dos controles de frequência juntados com a defesa, percebe-se que público deixa de praticar o ato processual, mesmo diante de todas

havia mês que o autor apontava o gozo de uma hora de intervalo as prerrogativas legais de que dispõe, não há como afastar a

para repouso e havia mês que nada registrava. Em seu depoimento aplicação do disposto no artigo 844 da CLT.

(ata ID 625c117) afirmou que usufruía um intervalo de 30 minutos e A propósito, nesse sentido é a Orientação Jurisprudencial nº 152, da

nos controles de frequência esse período já era de uma hora. O SDI-1, do TST, verbis:

depoimento da testemunha do reclamado (ata ID 625c117), foi "OJ 152. SDI - 1, do TST. REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE

enfático e elucidativo para afirmar que "...havia intervalo para DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL. (ART. 844 DA CLT) (inserido

almoço dos sócio educadores no Centro Socioeducativo Passaré; dispositivo) - DJ 20.04.2005. Pessoa jurídica de direito público

que os socioeducadores que atuavam no referido centro gozavam sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.".

de uma hora de intervalo intrajornada, sendo divididos em dois Contudo, no presente caso, não houve desídia do ente estatal,

grupos, os quais revezavam o horário de intervalo de forma que porquanto atentou ao teor da Resolução No. 2/CGT, de 23 de julho

metade estivesse em atividade enquanto a outra metade estivesse de 2013, do Tribunal Superior do Trabalho, e à recomendação do

no gozo do intervalo...". Provimento Conjunto nº 02/2017, deste Regional, que assim

Destarte, mantêm a sentença recorrida nessa questão. prescreve:

Quanto às horas extras, o autor afirmou que laborava 02 plantões "Art. 1º Recomendar aos Senhores Juízes Titulares e Substitutos

de 12 horas e folgava 48 horas, o que equivalia a 192 horas vinculados ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região que nos

mensais, tal fato não foi objeto de contestação por parte do processos em que são partes os entes incluídos na definição legal

reclamado principal. Contudo, essa jornada não estava prevista na de Fazenda Pública:

ACT 2016/2017. I - não seja designada audiência inicial, exceto quando, a

Desse modo, não provada a previsão em norma coletiva quanto ao requerimento de quaisquer dos litigantes, restar demonstrado

labor em regime especial no período de 06/07/2016 até 22/01/2017 inequívoco interesse na celebração de acordo;

(extinção do contrato), é fato que o reclamante trabalhava, em II - seja(m) citado(s) o(s) reclamado(s) para, no prazo de 20 (vinte)

média duas semanas, com carga horária de 48 horas semanais, e dias, apresentar defesa escrita perante a Secretaria da Vara do

outras duas semanas, com carga horária de 36 horas cada. Assim, Trabalho ou na forma prevista no Processo Judicial Eletrônico (PJe-

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 634
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JT), que deverá ser acompanhada dos documentos que a instruem, da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de

sob pena de revelia e confissão em relação à matéria de fato." inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade

Nesse contexto, ocorreria a revelia se o ente estatal não tivesse dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas

atendido ao que prevê o Inciso II, do Provimento acima prescrito. que lhes prestam serviço.

Ademais, registre-se que na contestação foi requerida a adoção da Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o

recomendação adotada por este Regional. dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se

entender que não se pode transferir para a Administração Pública a

DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos

Alega o recorrente que o ente estatal como tomadora de serviços trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando

não cumpria com as suas obrigações previstas na Lei nº 8.666/93, não adimplidos pelo contratado.

aplicáveis ao convênio por forçada Lei nº 9.637/98. Ressalta que o Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi

convênio afirmado pelo ente público não afasta sua excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do

responsabilidade pelos haveres trabalhistas inadimplidos pela STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração

primeira ré. Aduz ainda, entre outras pronunciações jurídicas, que o Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.

Estado do Ceará foi omisso na sua obrigação de fiscalizar o Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a

cumprimento das obrigações trabalhistas da empregadora, devendo constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a

portanto ser responsabilizado subsidiariamente na presente lide. transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da

Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira reclamada e responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente

da responsabilidade subsidiária do ente estatal. público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá

Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais

promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da

contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".

contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado, Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento

não se admitindo queira o poder público eximir-se de consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o

responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:

de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e

própria atuação pública. indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições

O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no

decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST, cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,

cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações

art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas contratuais e legais da prestadora de serviço como

trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

órgãos da Administração Direta, Indireta, autarquias, fundações empresa regularmente contratada."

públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas. Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública

Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,

proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de

art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia, prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67

que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das

responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto

permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade

fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos

Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de pela empresa contratada.

serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do

afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida

secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato pelo Excelso Pretório.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 635
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Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma

responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a

qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.

elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento

a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do

imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art.

combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. 71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a

186. responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta,

A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e

qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do

Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os

cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na

estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do

honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do

Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Trabalho).

contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:

compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS

estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.

regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo

Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na

fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização

contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados

direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, à execução de contrato administrativo quando configurada a

via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na

triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição

melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição

mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.

a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011)."

Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de

probatório que dos autos consta não há provas do ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a

acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento responsabilização do poder público deveria ser examinada diante

daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da de cada caso concreto, nos seguintes termos:

idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC

do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a

mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,

mês anterior. tendo observado que eventual responsabilização do poder

Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de

prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no

estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela

negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento administração pública, devidamente comprovado no caso

jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado

para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-

fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"

se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das

como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC). culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 636
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas Diretor de Secretaria

de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


Processo Nº ROT-0001985-88.2017.5.07.0001
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso RECORRENTE ESTADO DO CEARA
RECORRENTE JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa". SOUZA FILHO - CPF 957.835.393-68
Portanto, reforma-se a sentença recorrida para condenar o ente ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
27524/CE)
público de modo subsidiário. RECORRENTE M. C. J . - MOVIMENTO
CONSCIENCIA JOVEM
De todo o exposto, dá-se parcial provimento ao apelo do primeiro
ADVOGADO MARIA BRENDDA NAYANNA ALVES
reclamado para excluir da condenação a multa do § 8º, do art.477, MOURA(OAB: 25826/CE)
ADVOGADO RAUL DE PONTES AGUIAR(OAB:
da CLT e dar provimento ao apelo do reclamante para incluir o 21022/CE)
ESTADO DO CEARÁ como responsável subsidiário no pagamento ADVOGADO RENATA COLARES DOS SANTOS
SOARES(OAB: 27375/CE)
das verbas da condenação, acaso não adimplidas pelo reclamado ADVOGADO DANIELE BARBOSA DE
OLIVEIRA(OAB: 24401/CE)
principal.
RECORRIDO M. C. J . - MOVIMENTO
CONCLUSÃO DO VOTO CONSCIENCIA JOVEM
ADVOGADO MARIA BRENDDA NAYANNA ALVES
MOURA(OAB: 25826/CE)
Conhecer de ambos os apelos e dar-lhes parcial provimento. ADVOGADO RAUL DE PONTES AGUIAR(OAB:
21022/CE)
ADVOGADO RENATA COLARES DOS SANTOS
SOARES(OAB: 27375/CE)
DISPOSITIVO
ADVOGADO DANIELE BARBOSA DE
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª OLIVEIRA(OAB: 24401/CE)
RECORRIDO ESTADO DO CEARA
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
RECORRIDO JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, porque SOUZA FILHO - CPF 957.835.393-68
ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
tempestivos, e, no mérito, dar-lhes parcial provimento para deferir 27524/CE)
ao reclamado principal, IDES - INSTITUTO DE CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA CIDADANIA, apenas os

benefícios da Justiça Gratuita e quanto ao apelo do reclamante, Intimado(s)/Citado(s):


- M. C. J . - MOVIMENTO CONSCIENCIA JOVEM
GLEYVANILDO DOS SANTOS PAIXÃO, defere-se 04 horas extras

em duas semanas por mês, com adicional de 50% sobre o valor da

hora normal, durante o período de labor e considerando o aviso

prévio trabalhado, tudo com reflexos sobre férias, 13º salário, FGTS, PODER JUDICIÁRIO
indenização de 40% do FGTS e RSR, tudo com base no salário JUSTIÇA DO
indicado na sentença recorrida e defere-se ainda a inclusão do

ESTADO DO CEARÁ, como responsável subsidiário.


EMENTA
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
RECURSO ORDINÁRIO DO M.C.J. MOVIMENTO CONSCIÊNCIA
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
JOVEM. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Com o advento da
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o adicional de
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
periculosidade para os empregados que trabalham sujeitos à risco
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
de violência física nas atividades profissionais de segurança
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
pessoal ou patrimonial. Recurso conhecido e improvido.

RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ: RESPONSABILIDADE


JEFFERSON QUESADO
SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. CONVÊNIO. POSSIBILIDADE.

Ainda que a contratação da primeira reclamada pelo Estado do


Desembargador Relator
Ceará tenha sido formalizada mediante CONVÊNIO, tendo

procedido autêntico fornecimento de mão-de-obra ao contratante,


FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
guarda esse contrato íntima semelhança com o instituto da

terceirização de serviços, fato que atrai a incidência de

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 637
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

responsabilidade do tomador dos serviços pelas consequências FUNDAMENTAÇÃO

jurídicas da contratação, inclusive em face dos empregados da

empresa contratada, não se admitindo queira o poder público eximir

-se de responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos ADMISSIBILIDADE

prestadores de serviços, conquanto não foram criteriosos na Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade,

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações intrínsecos e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento.

pertinentes ao respectivo contrato, produzindo dano em decorrência MÉRITO

da própria atuação pública. Assim, evidenciada a conduta culposa ESCLARECIMENTOS INICIAIS.

da administração estadual, no cumprimento das obrigações Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente

dispostas na Lei nº 8.666/1993, é a hipótese sobre o contratante litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde16/04/2020, no

responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo

inadimplidos pela contratada, consoante o entendimento plasmado autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por

no item V da Súmula 331 do TST. Recurso conhecido e improvido. consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de

RECURSO ADESIVO DE JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a

SOUZA FILHO. PRORROGAÇÃO DA HORA NOTURNA PARA A ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos

DIURNA. DEFERIMENTO. Provado nos autos que o autor laborava empregados.

entre 19h e 7h, a teor da Súmula 60, do c.TST (artigo 73 e §§ 4º e DO RECURSO ORDINÁRIO DO M. C. J . - MOVIMENTO

5º, da CLT, faz jus o recorrente ao acréscimo de 20% da hora CONSCIÊNCIA JOVEM

normal. Recurso conhecido e parcialmente provido. DO INTERVALO INTRAJORNADA E DAS HORAS EXTRAS.

Alega o recorrente que o reclamante não provou que fazia jus às

RELATÓRIO citadas verbas. Afirmando que "Recorrido contava com uma hora de

O M. C. J . - MOVIMENTO CONSCIENCIA JOVEM interpôs recurso intervalo para refeição e descanso. Para corroborar com esse

ordinário (ID 92da623), tempestivamente (certidão ID 35f4506), entendimento, acrescente-se que a jornada de trabalho do

pleiteando, preliminarmente, a suspensão do feito no aguardo da Recorrido estava autorizada por acordo coletivo de trabalho vigente

decisão a ser proferida no processo TST-RR-1001796- à época" e no que se refere às horas extras assim se manifestou

60.2014.5.02.0382, de relatoria do Ministro Hugo Carlos "...o trabalho extraordinário após a oitava hora diária é

Scheuermann, c. TST, em Incidente do Recurso de Revista imediatamente compensado nos dois dias subsequentes, com

Repetitivo, que trata da hipótese de concessão de adicional de folgas, motivo pelo qual, não podem ser consideradas como horas

periculosidade para socioeducadores. No mérito, insurge-se contra extras"

o pedido de horas extras, intervalo intrajornada, adicional de Sobre tema assim constou na sentença a quo:

periculosidade e honorários sucumbência recíproca. "O reclamante afirma que laborava em jornada dupla, das 19:00hs

O ESTADO DO CEARÁ também manejou recurso ordinário de ID às 07:00hs. A primeira reclamada aduz que não houve

f842508, no prazo legal, conforme certidão de ID 35f4506, sobrejornada, e que realmente o reclamante trabalhava em jornada

pretendendo reformar a sentença na parte em que foi sucumbente. dupla, das 19:00hs às 07:00hs, e que a partir de janeiro de 2016 até

O reclamante, JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE SOUZA FILHO, o encerramento do último contrato, passou a trabalhar na jornada

manejou recurso adesivo de ID 62044fa, tempestivamente, de 12x36. Informa, ainda, que as jornadas estavam autorizadas por

conforme certidão de ID feabf1e, objetivando a reforma da sentença convenção coletiva de trabalho.

que lhe indeferiu parte dos pedidos exordiais. A primeira reclamada juntou aos autos Convenções Coletivas de

As partes apresentaram contrarrazões de Ids 652243b, 8138ef2, Trabalho. Observa-se que a jornada dupla de trabalho foi autorizada

83c6f50, 1dfcf8f ), no prazo legal. por norma coletiva. Entretanto, verifica-se que o Acordo Coletivo

O Ministério Público do Trabalho apresentou Parecer de ID 33f2ddd, 2016/2017, fls.626, em sua cláusula décima quinta não estabeleceu

opinando pelo conhecimento e desprovimento dos apelos dos a jornada dupla, mas sim jornadas de trabalho de 44,40 e 30 horas

reclamados. semanais (fls.631). Referido Acordo teve vigência de 01.01.2016 a

31.01.2017, com data-base em 01.02.2016.

O reclamante, em seu depoimento afirmou que sempre trabalhou

em jornada dupla. A testemunha do reclamante também afirmou

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que laborava na escala de dois plantões e folgava dois. Restou 19hs às 07hs. Trata-se de jornada mista compreendendo hora

demonstrado nos autos que o reclamante durante o período noturna e hora diurna. No período compreendido na hora noturna

contratual sempre trabalhou em jornada dupla. O acordo coletivo faz jus o reclamante o recebimento da hora noturna acrescida do

2016/2017 alcançou o contrato de trabalho do reclamante a partir de adicional de 20%, o que o próprio reclamante reconheceu que era

01.02.2016 até sua dispensa. pago, conforme depoimento em audiência. No período

Assim sendo, considerando que referido Acordo Coletivo não compreendido na hora diurna faz jus ao reclamante a hora normal

estabeleceu jornada dupla, restam devidas as horas extras que (prorrogação de jornada noturna para a diurna - período de 05hs às

ultrapassarem a 44ª semanal, considerando a jornada de 12h de 07hs), devendo ser remunerado a hora normal com o acréscimo de

trabalho em dois dias consecutivos, seguido de dois dias de folga, 20% conforme entendimento consolidado na súmula 60 do TST

com adicional de 50%, a partir de 01.02.2016 até a dispensa do (artigo 73 e parágrafos quarto e quinta da CLT).".

reclamante 23.01.2017 (já com aviso prévio trabalhado),com Comungo, adoto e compartilho dessa decisão, que passa a integrar

reflexos no repouso semanal remunerado, 13º salário, férias e o presente voto.

FGTS + multa de 40%; bem com apenas o adicional de 50% sobre Como bem definiu o juiz sentenciante, o recorrente não logrou êxito

as horas excedentes a oitava diária, conforme entendimento em prova que o reclamante gozava do intervalo intrajornada, com a

apresentado na súmula 85, IV do TST : "IV. A prestação de horas juntada dos controles de ponto, assim, merece ser mantida a

extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de sentença nesse particular.

jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada Quanto às horas extras, o magistrado de piso bem concluiu ao

semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, deferir às horas excedentes.

quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais É que, deliberadamente, o recorrente descumpriu a ACT que não

apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ nº 220 da previa esse tipo de jornada dupla (12 horas por 2 dias de

SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)". descanso), assim, uma vez comprovado nos autos que o autor

O reclamante alegou, ainda, que não tinha o intervalo intrajornada cumpria jornada além daquela prevista na ACT (2016/2017), tem

de 01 hora em cada 12 horas. Em sua defesa a primeira reclamada direito a receber o excedente às 44 horas semanais.

afirma que era concedido o intervalo de 01 hora para refeição e Recurso improvido quanto aos temas.

descanso. DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

A testemunha convidada pelo autor disse que somente havia Sobre o tema, assim se referiu o juízo sentenciante de primeiro

intervalo com duração de no máximo 20 minutos - depoimento de grau:

fl.807. Outrossim a primeira reclamada não apresentou o controle "2.7 Adicional de periculosidade. Repercussões.

de jornada do reclamante. Restou demonstrado que o reclamante prestou serviços no interior

Em razão da reclamada não ter juntado aos autos os controles de de estabelecimento destinado à internação de adolescentes

ponto assinados pelo reclamante, julgo que deverá prevalecer a infratores (estabelecimento do Estado do Ceará), por intermédio da

versão apresentada pelo autor (não tinha o intervalo de 01 hora), primeira reclamada.

por força do disposto no artigo 74, paragrafo 2º da CLT, Com relação ao pedido do adicional de periculosidade, observo que

entendimento apresentado na súmula 338 do TST e ainda com depois da entrada em vigor da Lei n. 12.740/2012 passou a ser

base no depoimento da testemunha convidada pelo reclamante. devido o adicional de periculosidade para os empregados que

Com base no exposto, julgo procedente o pedido de uma hora de trabalham sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de

intervalo por dia de serviço na escala de trabalho de 12 x 36 horas, violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal

com o adicional de 50% - artigo 71, § 4º da CLT, durante o período ou patrimonial.

de 01.06.2013 a 23.01.2017. O anexo III da NR-16 regulamenta o artigo 193, II da CLT e

A verba deferida, por ter natureza jurídica salarial na época da estabelece que o adicional de periculosidade somente é devido para

prestação dos serviços repercute nos cálculos das férias mais 1/3, os empregados de empresas prestadoras de serviços nas

gratificações natalinas, FGTS + 40% e aviso prévio indenizado e atividades de segurança privada (lei 7.102) e empregados que

descanso semanal remunerado. exercem atividade de segurança patrimonial em instalações

Com relação ao pedido de adicional noturno pela prorrogação do metroviárias etc.

horário noturno ao diurno, julgo procedente o pedido. Verifico que a Observo que a prova pericial constante nos autos, laudo de

jornada de trabalho normal de 12hs do reclamante estendia-se das fls.748/772, concluiu que as atividades realizadas pelo reclamante

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não são consideradas periculosas. No entanto, O Juiz não está atendimento socioeducativo destinado a adolescentes infratores,

adstrito à prova pericial, podendo firmar seu convencimento por como no caso em apreço. Recurso de revista conhecido e provido.

outros meios de prova. Apesar da conclusão do laudo pericial, este Com base no exposto, e devido ao risco da atividade profissional

magistrado vem se posicionando no sentido de deferir o adicional, exercida pelo reclamante, sujeito a risco de agressões e as

conforme entendimento abaixo: rebeliões dos internos que acontece com alguma frequência no

No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com estabelecimento, conforme prova testemunhal, mantenho meu

adolescentes infratores, sendo possível interpretar que a situação posicionamento, e julgo procedente o pedido do adicional de

do reclamante fica enquadrada nos itens 02. "b" e 03 do anexo III da periculosidade, durante todo o contrato, no percentual de 30% sobre

NR-16. Isso porque o reclamante fiscalizava e tinha contato direto o salário básico, observada a prescrição quinquenal. ".

com jovens infratores, com evidente possibilidade de sofrer É inquestionável que a parte reclamante prestou serviços no interior

violência física por parte dos internos. de estabelecimento destinado à internação de adolescentes

A Lei 12.594/2012 instituiu o Sistema Nacional de Atendimento infratores, por intermédio do primeiro reclamado.

Socioeducativo (Sinase) que vem a ser "o conjunto ordenado de A perícia anexada aos autos (Laudo ID 2e4deb5) concluiu que as

princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas atividades realizadas pelo reclamante não são consideradas

socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas periculosas

estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o

políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em adicional de periculosidade para os empregados que trabalham

conflito com a lei". sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de violência física nas

O Decreto 6.170/2007 autoriza celebração de convênio com atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.

entidade sem fins lucrativos para desempenhar determinadas O anexo III da NR-16 regulamenta que o artigo 193, II da CLT e

atividades (artigo 1º). estabelece que o adicional somente é devido para os empregados

Apesar da autorização conferida pela norma jurídica mencionada de empresas prestadoras de serviços nas atividades de segurança

para celebração de convênios entre o Estado e entidade sem fins privada (Lei nº7.102) e empregados que exercem atividade de

lucrativos, o TST vem decidindo ser devido o adicional de segurança patrimonial em instalações metroviárias etc.

periculosidade nessa situação, por ser possível enquadrá-la na No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com

alínea "b" do item 02 do Anexo III da NR-16. adolescentes infratores.

Transcrevo ementa de decisão judicial. O TST vem decidindo ser devido o adicional de periculosidade

Ementa: RECURSO DE REVISTA. INTERPOSTO SOB A ÉGIDE nessa situação, por ser possível enquadrá-la na alínea "b" do item

DA LEI Nº 13.015/2014. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. 02, do Anexo III, da NR-16, veja-se

TRABALHO EM CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO "I- AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADICIONAL DE

DESTINADO A ADOLESCENTES INFRATORES. 1. O adicional de PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO CASA.

periculosidade previsto no artigo 193, inciso II, da CLT, incluído pela AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Ante a provável violação

Lei nº 12.740/2012, deve ser pago ao trabalhador que se exponha do artigo 193, II, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de

permanentemente a "roubos ou outras espécies de violência física instrumento para o regular processamento do recurso de revista.

nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial". Agravo de instrumento conhecido e provido. II- RECURSO DE

2. Nesse contexto, em 2.12.2013, foi aprovada a Portaria nº 1.885 REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA

do MTE, que acrescentou o Anexo 3 à NR-16 e definiu as atividades CLT. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO

e operações que se enquadram na situação de periculosidade SOCIOEDUCATIVO. No caso concreto, as atividades do autor,

descrita na CLT. 3. O reclamante, na função de agente de apoio agente de apoio socioeducativo, foram assim descritas pelo acórdão

socioeducativo, ajusta-se à situação prevista no item 2, "b", do do Regional: "Os agentes têm como atribuição prestar atendimento

mencionado anexo: "empregados que exercem a atividade de em situação de conflito e garantir as condições de segurança física

segurança patrimonial ou pessoal em instalações metroviárias, dos educadores e educandos através de monitoramento,

ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e de bens observação, vigilância e contenção" (fl. 175). Assim, extrai-se da

públicos, contratados diretamente pela administração pública direta decisão recorrida que o autor exercia a segurança pessoal dos

ou indireta". 4. Portanto, o adicional de periculosidade é devido aos menores infratores e educadores, constatando-se submissão a um

empregados que exercem atividades profissionais em centro de ambiente de trabalho hostil e perigoso, sujeito a violência física,

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enquadrando-se, dessa forma, no artigo 193, II, da CLT e no Anexo intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e

3 da NR 16 da Portaria 1.885/MT, haja vista a exposição a mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas"

situações de risco. Dessa forma, o adicional de periculosidade é (Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e

devido aos empregados que exercem atividades profissionais em atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de

centro de atendimento socioeducativo destinado a adolescentes Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio

infratores, como no caso dos autos. Precedentes. Recurso de Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por

revista conhecido por violação do art. 193, II, da CLT e provido. ( sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em

RR - 2622-57.2014.5.02.0074 , Relator Ministro: Alexandre de virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física

Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/09/2017, 3ª Turma, nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial

Data de Publicação: DEJT 22/09/2017)Foi determinada a realização (art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.)

de perícia técnica, tendo sido obtida a seguinte conclusão pelo 4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de

perito nomeado "(...)Baseados nos dados coletados, nos autos do e segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação

no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR16, Anexo 3 pública estadual, contratados diretamente pela administração

(Atividades e operações perigosas com exposição a roubos e outras pública indireta - hipótese prevista no item 2, letra 'b', do Anexo 3 da

espécies de violência física nas atividades profissionais de NR 16. 5. Os Agentes de Apoio Socioeducativo desempenham

segurança pessoal e patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio

02.12.2013 e é de nosso parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE (...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento

PERICULOSIDADE, pois o obreiro estava em situação análoga as e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos,

das apontadas em norma e em situação de RISCO GRAVE E empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no

EMINENTE, já que o risco não foi neutralizado pelas medidas quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho,

coletivas e individuais de Segurança e Saúde do Trabalho(...)". que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do

Observa-se que, embora não se trate de trabalho em presídio, o presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio

ambiente laboral do reclamante consiste em centro educacional que Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do

abriga menores em conflito com a lei, configurando a hipótese de Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos

periculosidade prevista no art. 193, II, da CLT e no Anexo n° 3 da cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz

NR 16, aprovado pela Portaria n° 1.885/2013, nas mesmas jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o

condições que a jurisprudência do TST reconhece em relação aos exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco

agentes de apoio socioeducativo. acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no

Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796- desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e

60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021, patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários

decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI- decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio

I, do TST: Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir da

"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da

SOCIOEDUCATIVO DA FUNDAÇÃO CASA. ADICIONAL DE entrada em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do

PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16".

São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se:

segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova "AGENTE SOCIOEDUCADOR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do POR ATIVIDADE EXERCIDA COM MENORES INFRATORES.

cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis AMBIENTE LABORAL PERIGOSO. DEFERIMENTO. Ficou provado

pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a nos autos que o reclamante, no trabalho diário de instrutor

integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais, educacional/agente socioeducador, exercia suas atividades

contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a exatamente no mesmo ambiente hostil e perigoso que os agentes

execução da medida socioeducativa. "São profissionais de apoio socioeducativo, e, ainda com mais razão, atuando em

responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações contato direto com os internos que promoviam brigas e rebeliões,

preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e como o caso descrito pelas defesas dos reclamados, do qual

auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e resultou o episódio narrado de tortura contra os menores e a prisão

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do reclamante e de outros nove agentes socioeducadores por foram neutralizados ou atenuados pelas medidas coletivas e

determinação da autoridade judicial responsável pela apuração individuais de Segurança e Saúde do Trabalho", e inexistindo nos

criminal. Nesse contexto, é inequívoco que o ambiente laboral do autos elementos outros que formem a convicção necessária para

reclamante, no qual suportava ofensas e ameaças físicas e morais, derruir a prova técnica, não merece ser alterada a decisão que

configurava sim a hipótese de periculosidade prevista no art. 193, II, deferiu o adicional de periculosidade. RECURSO ADESIVO DA

da CLT e no Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n° RECLAMANTEDO INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS

1.885/2013, nas mesmas condições que a jurisprudência do TST EXTRAS. Corretos os fundamentos de origem, os quais se

reconhece em relação aos agentes de apoio socioeducativo, razão escudaram na prova testemunhal produzida. De se ressaltar que,

pela qual faz jus, em idênticas condições, ao pagamento de conquanto inexista, no ordenamento jurídico, hierarquia entre a

adicional de periculosidade, no importe de 30% sobre a prova documental e testemunhal, em decorrência do princípio da

remuneração do período prescricional quinquenal. Recurso adesivo persuasão racional para valoração da prova, certa é a prevalência

provido nesse aspecto". (RO 0000186-90.2016.5.07.0018: TRT 7 - da prova testemunhal quando demonstradas robustez e segurança

1ªT - rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - Data de Julgamento no depoimento, apta a demover a situação documentada.

28/02/2018). UNICIDADE CONTRATUAL. REQUISITOS. O reconhecimento da

RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ.CONFISSÃO unicidade contratual postulada está condicionado à demonstração

QUANTO À MATÉRIA DE FATO. ENTE PÚBLICO. Conforme de que o empregado prestou serviços ininterruptamente ou da

disposto no artigo 844 da CLT, Súmula n. 74 do C. TST e OJ n. 152 ocorrência de fraude na celebração do contrato posterior, com a

da SDI-1-TST, aplica-se à parte a pena de confissão quanto à finalidade de aviltar os direitos trabalhistas, o que não se verificou

matéria de fato, mesmo que se trate de ente público, quando ela for na hipótese vertente. Além disso, como constou da decisão

devidamente intimada a comparecer à audiência de instrução, com recorrida, constata-se que a reclamante recebeu as verbas

a cominação expressa de que sua ausência implicará pena de rescisórias pertinentes ao término do primeiro contrato, o que afasta

confissão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO a pretensão autoral, à luz do disposto no art. 453 da CLT. Recursos

PÚBLICA. CULPA "IN VIGILANDO". SÚMULA 331, V, DO TST. conhecidos, mas desprovidos.

Cabe ao ente público, quando postulada em juízo sua (TRT da 7ª Região; Processo: 0001657-49.2017.5.07.0005; Data:

responsabilização pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pelo 21-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Plauto Carneiro Porto - 1ª

prestador de serviços, carrear aos autos os elementos necessários Turma; Relator(a): PLAUTO CARNEIRO PORTO)

à formação do convencimento (arts. 373, II, do CPC e 818 da CLT), RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. PRELIMINARES.

ou seja, provas suficientes à comprovação de que cumpriu o dever NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.

disposto em lei de fiscalizar a execução do contrato administrativo. PROVA ORAL EMPRESTADA. IDENTIDADE FÁTICA. Compete ao

Não se desincumbindo desse ônus,como no caso dos autos, magistrado apreciar livremente as provas produzidas nos autos,

forçoso reconhecer a culpa "in vigilando" do ente público, fazendo bem como indeferir as diligências que se revelam inúteis ou

incidir a sua responsabilidade subsidiária, nos termos da Súmula meramente protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015.

331, V, do TST.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova oral, por si só,

DEFERIMENTO. PROVA TÉCNICA CONCLUSIVA. A teor do não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando o Juízo

disposto no art. 195, da CLT, a caracterização do trabalho monocrático entendeu desnecessária a produção de prova oral,

periculoso faz-se mediante a imprescindível realização de perícia tendo em conta a repetição excessiva de demandas análogas no

técnica. Concluindo o laudo pericial que "Baseados nos dados foro, incluindo região metropolitana, bem como a realização de

coletados, nos autos do e no conteúdo da Portaria Ministerial várias audiências de instrução sobre a mesma matéria controvertida

3.214/78, NR15 anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), anexo 14 dos presentes autos. Preliminar rejeitada. JULGAMENTO "EXTRA

(agentes biológicos) e NR16 anexo 3 (Atividades e operações PETITA". Tendo o Magistrado aplicado a norma que, sob a sua

perigosas com exposição a roubos e outras espécies de violência ótica, melhor se adequa ao caso concreto e considerando que a

física nas atividades profissionais de segurança pessoal e decisão está baseada nos fatos narrados pelas partes e na prova

patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso produzida nos autos, a sentença foi proferida dentro dos limites da

parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE PERICULOSIDADE, pois lide. No ordenamento pátrio, vige o princípio do "iura novit curia",

o obreiro estava em situação análoga as das apontadas nas normas segundo o qual o magistrado, por ser conhecedor do ordenamento

e em situação de RISCO GRAVE E IMINENTE, e que os riscos não jurídico, não está limitado às regras indicadas pelos litigantes.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 642
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Preliminar rejeitada. QUESTÃO PREJUDICIAL. TERCEIRIZAÇÃO julgamento da SBDI-1, do TST, o entendimento no sentido de que

ILÍCITA RECONHECIDA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE LASTRO os socieducadores ou instrutores educacionais que trabalham nas

PROBATÓRIO. DECISÃO REFORMADA. O Juízo singular concluiu instituições estaduais de custódia de menores em conflito com a

pela ilegalidade da terceirização de serviços, pela nulidade da Lei, têm direito ao adicional de periculosidade, por força do que

contratação empregatícia com o 1º reclamado, bem assim pela resta previsto no art. 193, caput e inciso II, da CLT, e item 1, do

contratação do reclamante com a própria Administração Pública Anexo 3, da NR 16, aprovado pela Portaria nº1.885/2013, do MTE,

(Estado do Ceará) e considerando, ainda, que a contratação de 03/12/2013. Sentença reformada, no tópico. SUPRESSÃO DO

fraudulenta tem efeitos mínimos (Súmula n. 363, do C. TST), INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE

restritos a salários e FGTS, parcelas estas que foram adimplidas, PONTO CONSIDERADOS INVÁLIDOS. INCIDÊNCIA DO

julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial. A sentença ENTENDIMENTO FIRMADO NA SÚMULA 338, DO TST. Tendo em

merece reforma, no particular, eis que não exsurge dos autos vista que os controles de ponto colacionados pelo 1º reclamado são

qualquer elemento que indique a existência de fraude à imprestáveis como meio de prova, já que trazem horários de

terceirização havida entre os reclamados, razão pela qual mostra-se trabalho britânicos, aplicando-se à hipótese, portanto, o item III, da

inviável a conclusão do magistrado sentenciante. Nulidade da Súmula nº 338, do TST, e considerando que o réu não se

contratação afastada. Sentença reformada. MÉRITO. desincumbiu de demonstrar a fruição regular da pausa para repouso

SOCIOEDUCADORES. CONDIÇÕES DE TRABALHO e alimentação, devido o pagamento, nos termos do art. 71, § 4º, da

PERIGOSAS. ADEQUAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESCRITAS NO CLT, de uma hora extra diária pela supressão do intervalo em

ART. 193, II, DA CLT. REGULAMENTAÇÃO DEFINIDA PELA referência, com reflexos, dada a habitualidade da verba, no período

PORTARIA Nº1.885/2013. ITEM 1, ANEXO 3, DA NR-16. anterior à Reforma Trabalhista. Posteriormente à Reforma

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE DEVIDO. ENTENDIMENTO Trabalhista, é devido apenas o lapso suprimido do intervalo

DO TST NO IRR Nº1001796-60.2014.5.02.0382 (TEMA 16). intrajornada, sem reflexos. Sentença reformada, no particular.

Segundo o disposto no anexo 3, da NR 16, editado por força da ADICIONAL NOTURNO. Considerando a imprestabilidade dos

Portaria nº1.885/2013, publicada em 3 de dezembro de 2013, "As controles de ponto como meio de prova, aplica-se à hipótese, o item

atividades ou operações que impliquem em exposição dos III, da Súmula nº 338, do TST. Assim, tendo em vista a inexistência

profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou de prova em sentido contrário, tem-se por correta a jornada alegada

outras espécies de violência física são consideradas perigosas." na inicial, de 19h às 7h, em escalada de 12x36, sendo devido, pois,

Constatado, portanto, que os socioeducadores ou instrutores adicional noturno, relativamente aos meses em que não há

educacionais, que trabalham nos Centros de Ressocialização do comprovação do respectivo pagamento. Sentença reformada.

Estado do Ceará, mantêm contato direto com jovens infratores, ESTADO DO CEARÁ. CONTRATAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO

sujeitando-se a toda espécie de violência física e a risco da própria SOCIAL PARA EXERCER ATRIBUIÇÕES E/OU PARA PRESTAR

vida, forçoso reconhecer a inclusão de sua atividade no rol previsto SERVIÇOS PRÓPRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

no citado Anexo 3, da NR 16, para os fins do direito ao adicional de TERCEIRIZAÇÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE

periculosidade a que se refere o art. 193, II, da CLT. Nesse sentido, FISCALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO CONSTANTE DOS ITENS IV, V

colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao analisar o Tema 16, nos e VI, DA SÚMULA 331, DO TST. O deferimento à instituição privada

autos do IRR - 1001796-60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 das prerrogativas próprias da Administração Pública, consistente no

de outubro de 2021, que "I. O Agente de Apoio Socioeducativo acompanhamento, vigilância ou custódia, e segurança dos jovens

(nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do infratores, internados nos Centros de Ressocialização do Estado do

Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de Ceará, de que é exemplo o Centro Sócio Educativo Dom Bosco,

Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à sem dúvida, constitui terceirização de serviços que atrai a

percepção de adicional de periculosidade, considerado o exercício responsabilidade civil subsidiária do tomador dos serviços pelas

de atividades e operações perigosas, que implicam risco acentuado obrigações trabalhistas não adimplidas pelo empregador, aplicando-

em virtude de exposição permanente a violência física no se, in casu, o entendimento expresso nos itens IV, V e VI, da

desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista a

patrimonial em fundação pública estadual." Vigora, portanto, absoluta ausência de provas da fiscalização do cumprimento do

pacificado, no âmbito da Justiça do Trabalho, a partir do novel contrato de trabalho, considerando-se, para esse fim, as obrigações

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 643
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

contratuais e legais. Nesse sentido, o entendimento reiterado dos situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do

Tribunais do Trabalho, como se vê da ementa seguinte: próprio sustento ou da respectiva família", fundamento da

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERMO DE CONVÊNIO. CULPA "IN jurisprudência transcrita.

VIGILANDO". RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO. A sucumbência deferida nos autos está amparada no art. 791-A, da

POSSIBILIDADE. Conforme entendimento jurisprudencial do TST, CLT. Portanto, sem amparo legal a manifestação ao título.

calcado na decisão do STF que declarou a constitucionalidade do DO RECURSO ORDINÁRIO DE JOSÉ CARLOS EVANGELISTA

art. 71 da Lei nº 8.666/93 (ADC 16/DF), remanesce a DE SOUZA FILHO

responsabilidade subsidiária da administração pública direta e DA PRORROGAÇÃO DO LABOR NOTURNO.

indireta pelos direitos trabalhistas não adimplidos pelo empregador, Aduz o recorrente faz jus à prorrogação da jornada noturna (das 5h

sempre que os referidos entes públicos, tomadores dos serviços, às 7h), por ser incontroverso que laborava das 19h às 7h e que na

sejam omissos na fiscalização das obrigações do respectivo sentença recorrida houve o deferimento da matéria na

contrato (Súmula 331, inciso IV, do TST). Portanto, não provada a fundamentação e inexplicavelmente não deferiu o pleito na parte

fiscalização efetiva de tais obrigações, procede o pedido de dispositiva da decisão.

responsabilização subsidiária. Recurso conhecido e parcialmente Sobre o tema assim foi exposto:

provido. (Processo nº0000289-35.2018.5.07.0016, 1ª Turma, "Com relação ao pedido de adicional noturno pela prorrogação do

Relatora: Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante horário noturno ao diurno, julgo procedente o pedido. Verifico que a

Nepomuceno, julgado em 15 de maio de 2019). Sentença mantida. jornada de trabalho normal de 12hs do reclamante estendia-se das

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA 19hs às 07hs. Trata-se de jornada mista compreendendo hora

DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação ajuizada após noturna e hora diurna. No período compreendido na hora noturna

11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento trazido pela faz jus o reclamante o recebimento da hora noturna acrescida do

Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos honorários adicional de 20%, o que o próprio reclamante reconheceu que era

advocatícios. Nessa situação, havendo sucumbência da parte pago, conforme depoimento em audiência. No período

reclamada, impõe-se razoável a sua condenação em honorários compreendido na hora diurna faz jus ao reclamante a hora normal

advocatícios, na forma prevista no art. 791-A, da CLT. Ademais, (prorrogação de jornada noturna para a diurna - período de 05hs às

considerando o que restou decidido pelo Excelso STF, quando do 07hs), devendo ser remunerado a hora normal com o acréscimo de

julgamento da ADI 5766, de 20.10.2021, em que se declarou a 20% conforme entendimento consolidado na súmula 60 do TST

inconstitucionalidade da regra prevista no art. 791-A, §4º, da CLT, já (artigo 73 e parágrafos quarto e quinta da CLT)."

não existe base jurídica para se condenar o beneficiário da justiça As horas em que o autor trabalhou em jornada diurna, depois das

gratuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. 05h00, em regime de prorrogação de jornada, entendo ser aplicável

Sentença reformada.Recurso ordinário do reclamante conhecido; o entendimento da Súmula 60, II, do Colendo TST e artigo 73, §,5 º,

rejeitadas as preliminares de nulidade processual por cerceamento da CLT, sendo devida a prorrogação da jornada noturna para todos

de defesa e por julgamento extra petita e, no mérito, apelo os fins.

parcialmente provido. Assiste razão ao recorrente, porquanto o pedido foi deferido na

(TRT da 7ª Região; Processo: 0000789-34.2018.5.07.0006; Data: fundamentação do apelo e não constou no dispositivo da sentença.

10-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Durval Cesar de DO RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ.

Vasconcelos Maia - 1ª Turma; Relator(a): DURVAL CESAR DE PRELIMINARES.

VASCONCELOS MAIA) Da incompetência da Justiça do Trabalho e da ilegitimidade de

Portanto, conforme acima exposto, o reclamante, efetivamente, parte.

estava submetida a risco considerável, justificando o pagamento do Não há porque se falar em incompetência desta Justiça na presente

adicional de periculosidade deferido na sentença recorrida. lide, uma vez que não se está a apreciar eventual irregularidade do

Recurso improvido nessa questão. convênio firmado entre a primeira reclamada e o recorrente, mas de

DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. reclamação trabalhista entre empregado e seu empregador, onde o

Alega o recorrente que somente é devido a verba honorária Estado do Ceará foi responsabilizado subsidiariamente, não

sucumbencial apenas quando "...a parte estar assistida por havendo pedido de reconhecimento de vínculo direto com o órgão

sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de público.

salário inferior ao dobro do salário-mínimo ou encontrar-se em Também não se trata da hipótese de ilegitimidade de parte, já que o

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 644
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

recorrente foi corretamente relacionado no polo passivo da responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos

demanda, na condição de litisconsorte, por ser o destinatário e trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando

beneficiário da mão de obra do reclamante. não adimplidos pelo contratado.

Preliminares improvidas. Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi

DO MÉRITO. excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do

STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração

DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE, DAS HORAS EXTRAS E Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.

DA PRORROGAÇÃO DA HORA NOTURNA. Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a

As matérias já foram analisadas acima. constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a

DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da

Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente

reclamada e da responsabilidade subsidiária do ente estatal. público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá

Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais

promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da

contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".

contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado, Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento

não se admitindo queira o poder público eximir-se de consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o

responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:

de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e

própria atuação pública. indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições

O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no

decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST, cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,

cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações

art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas contratuais e legais da prestadora de serviço como

trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

órgãos da Administração Direta, Indireta, autarquias, fundações empresa regularmente contratada."

públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas. Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública

Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,

proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de

art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia, prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67

que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das

responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto

permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade

fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos

Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de pela empresa contratada.

serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do

afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida

secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato pelo Excelso Pretório.

da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da

inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a

dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes

que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano

Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico

dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da

entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 645
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

186. responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta,

A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e

qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do

Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os

cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na

estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do

honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do

Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Trabalho).

contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:

compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS

estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.

regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo

Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na

fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização

contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados

direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, à execução de contrato administrativo quando configurada a

via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na

triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição

melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição

mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.

a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011)."

Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de

probatório que dos autos consta não há provas do ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a

acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento responsabilização do poder público deveria ser examinada diante

daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da de cada caso concreto, nos seguintes termos:

idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC

do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a

mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,

mês anterior. tendo observado que eventual responsabilização do poder

Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de

prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no

estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela

negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento administração pública, devidamente comprovado no caso

jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado

para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-

fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"

se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das

como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC). culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no

Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento

regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas

fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública. de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços

Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa

jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso

excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a Portanto, não prospera o apelo estatal.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 646
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO RENATA COLARES DOS SANTOS


De todo o exposto, dá-se parcial provimento ao apelo adesivo do SOARES(OAB: 27375/CE)
ADVOGADO DANIELE BARBOSA DE
reclamante para incluir na condenação a prorrogação de jornada OLIVEIRA(OAB: 24401/CE)
noturna para a diurna - período de 05hs às 07hs, devendo ser RECORRIDO ESTADO DO CEARA
RECORRIDO JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE
remunerado a hora normal com o acréscimo de 20%. SOUZA FILHO - CPF 957.835.393-68
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
27524/CE)
Conhecer dos apelos e dar parcial provimento apenas ao adesivo CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
do reclamante.

Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO - JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE SOUZA FILHO - CPF
957.835.393-68
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, porque

tempestivos, e, no mérito, dar parcial provimento apenas ao recurso PODER JUDICIÁRIO

adesivo do reclamante para incluir na condenação a prorrogação de JUSTIÇA DO

jornada noturna para a diurna - período de 05h às 07h, devendo ser

remunerado a hora normal com o acréscimo de 20%.


EMENTA
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
RECURSO ORDINÁRIO DO M.C.J. MOVIMENTO CONSCIÊNCIA
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
JOVEM. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Com o advento da
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o adicional de
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
periculosidade para os empregados que trabalham sujeitos à risco
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
de violência física nas atividades profissionais de segurança
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
pessoal ou patrimonial. Recurso conhecido e improvido.

RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ: RESPONSABILIDADE


JEFFERSON QUESADO
SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. CONVÊNIO. POSSIBILIDADE.

Ainda que a contratação da primeira reclamada pelo Estado do


Desembargador Relator
Ceará tenha sido formalizada mediante CONVÊNIO, tendo
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
procedido autêntico fornecimento de mão-de-obra ao contratante,

guarda esse contrato íntima semelhança com o instituto da


ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART
terceirização de serviços, fato que atrai a incidência de
Diretor de Secretaria
responsabilidade do tomador dos serviços pelas consequências

Processo Nº ROT-0001985-88.2017.5.07.0001 jurídicas da contratação, inclusive em face dos empregados da


Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR empresa contratada, não se admitindo queira o poder público eximir
RECORRENTE ESTADO DO CEARA
-se de responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos
RECORRENTE JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE
SOUZA FILHO - CPF 957.835.393-68 prestadores de serviços, conquanto não foram criteriosos na
ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
27524/CE) escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações
RECORRENTE M. C. J . - MOVIMENTO pertinentes ao respectivo contrato, produzindo dano em decorrência
CONSCIENCIA JOVEM
ADVOGADO MARIA BRENDDA NAYANNA ALVES da própria atuação pública. Assim, evidenciada a conduta culposa
MOURA(OAB: 25826/CE)
da administração estadual, no cumprimento das obrigações
ADVOGADO RAUL DE PONTES AGUIAR(OAB:
21022/CE) dispostas na Lei nº 8.666/1993, é a hipótese sobre o contratante
ADVOGADO RENATA COLARES DOS SANTOS
SOARES(OAB: 27375/CE) responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas
ADVOGADO DANIELE BARBOSA DE inadimplidos pela contratada, consoante o entendimento plasmado
OLIVEIRA(OAB: 24401/CE)
RECORRIDO M. C. J . - MOVIMENTO no item V da Súmula 331 do TST. Recurso conhecido e improvido.
CONSCIENCIA JOVEM
RECURSO ADESIVO DE JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE
ADVOGADO MARIA BRENDDA NAYANNA ALVES
MOURA(OAB: 25826/CE) SOUZA FILHO. PRORROGAÇÃO DA HORA NOTURNA PARA A
ADVOGADO RAUL DE PONTES AGUIAR(OAB:
21022/CE) DIURNA. DEFERIMENTO. Provado nos autos que o autor laborava

entre 19h e 7h, a teor da Súmula 60, do c.TST (artigo 73 e §§ 4º e

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 647
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

5º, da CLT, faz jus o recorrente ao acréscimo de 20% da hora CONSCIÊNCIA JOVEM

normal. Recurso conhecido e parcialmente provido. DO INTERVALO INTRAJORNADA E DAS HORAS EXTRAS.

Alega o recorrente que o reclamante não provou que fazia jus às

RELATÓRIO citadas verbas. Afirmando que "Recorrido contava com uma hora de

O M. C. J . - MOVIMENTO CONSCIENCIA JOVEM interpôs recurso intervalo para refeição e descanso. Para corroborar com esse

ordinário (ID 92da623), tempestivamente (certidão ID 35f4506), entendimento, acrescente-se que a jornada de trabalho do

pleiteando, preliminarmente, a suspensão do feito no aguardo da Recorrido estava autorizada por acordo coletivo de trabalho vigente

decisão a ser proferida no processo TST-RR-1001796- à época" e no que se refere às horas extras assim se manifestou

60.2014.5.02.0382, de relatoria do Ministro Hugo Carlos "...o trabalho extraordinário após a oitava hora diária é

Scheuermann, c. TST, em Incidente do Recurso de Revista imediatamente compensado nos dois dias subsequentes, com

Repetitivo, que trata da hipótese de concessão de adicional de folgas, motivo pelo qual, não podem ser consideradas como horas

periculosidade para socioeducadores. No mérito, insurge-se contra extras"

o pedido de horas extras, intervalo intrajornada, adicional de Sobre tema assim constou na sentença a quo:

periculosidade e honorários sucumbência recíproca. "O reclamante afirma que laborava em jornada dupla, das 19:00hs

O ESTADO DO CEARÁ também manejou recurso ordinário de ID às 07:00hs. A primeira reclamada aduz que não houve

f842508, no prazo legal, conforme certidão de ID 35f4506, sobrejornada, e que realmente o reclamante trabalhava em jornada

pretendendo reformar a sentença na parte em que foi sucumbente. dupla, das 19:00hs às 07:00hs, e que a partir de janeiro de 2016 até

O reclamante, JOSÉ CARLOS EVANGELISTA DE SOUZA FILHO, o encerramento do último contrato, passou a trabalhar na jornada

manejou recurso adesivo de ID 62044fa, tempestivamente, de 12x36. Informa, ainda, que as jornadas estavam autorizadas por

conforme certidão de ID feabf1e, objetivando a reforma da sentença convenção coletiva de trabalho.

que lhe indeferiu parte dos pedidos exordiais. A primeira reclamada juntou aos autos Convenções Coletivas de

As partes apresentaram contrarrazões de Ids 652243b, 8138ef2, Trabalho. Observa-se que a jornada dupla de trabalho foi autorizada

83c6f50, 1dfcf8f ), no prazo legal. por norma coletiva. Entretanto, verifica-se que o Acordo Coletivo

O Ministério Público do Trabalho apresentou Parecer de ID 33f2ddd, 2016/2017, fls.626, em sua cláusula décima quinta não estabeleceu

opinando pelo conhecimento e desprovimento dos apelos dos a jornada dupla, mas sim jornadas de trabalho de 44,40 e 30 horas

reclamados. semanais (fls.631). Referido Acordo teve vigência de 01.01.2016 a

31.01.2017, com data-base em 01.02.2016.

O reclamante, em seu depoimento afirmou que sempre trabalhou

em jornada dupla. A testemunha do reclamante também afirmou

FUNDAMENTAÇÃO que laborava na escala de dois plantões e folgava dois. Restou

demonstrado nos autos que o reclamante durante o período

contratual sempre trabalhou em jornada dupla. O acordo coletivo

ADMISSIBILIDADE 2016/2017 alcançou o contrato de trabalho do reclamante a partir de

Os recursos preenchem os pressupostos de admissibilidade, 01.02.2016 até sua dispensa.

intrínsecos e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. Assim sendo, considerando que referido Acordo Coletivo não

MÉRITO estabeleceu jornada dupla, restam devidas as horas extras que

ESCLARECIMENTOS INICIAIS. ultrapassarem a 44ª semanal, considerando a jornada de 12h de

Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente trabalho em dois dias consecutivos, seguido de dois dias de folga,

litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde16/04/2020, no com adicional de 50%, a partir de 01.02.2016 até a dispensa do

aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo reclamante 23.01.2017 (já com aviso prévio trabalhado),com

autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por reflexos no repouso semanal remunerado, 13º salário, férias e

consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de FGTS + multa de 40%; bem com apenas o adicional de 50% sobre

periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a as horas excedentes a oitava diária, conforme entendimento

ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos apresentado na súmula 85, IV do TST : "IV. A prestação de horas

empregados. extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de

DO RECURSO ORDINÁRIO DO M. C. J . - MOVIMENTO jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada

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semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, deferir às horas excedentes.

quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais É que, deliberadamente, o recorrente descumpriu a ACT que não

apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ nº 220 da previa esse tipo de jornada dupla (12 horas por 2 dias de

SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)". descanso), assim, uma vez comprovado nos autos que o autor

O reclamante alegou, ainda, que não tinha o intervalo intrajornada cumpria jornada além daquela prevista na ACT (2016/2017), tem

de 01 hora em cada 12 horas. Em sua defesa a primeira reclamada direito a receber o excedente às 44 horas semanais.

afirma que era concedido o intervalo de 01 hora para refeição e Recurso improvido quanto aos temas.

descanso. DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

A testemunha convidada pelo autor disse que somente havia Sobre o tema, assim se referiu o juízo sentenciante de primeiro

intervalo com duração de no máximo 20 minutos - depoimento de grau:

fl.807. Outrossim a primeira reclamada não apresentou o controle "2.7 Adicional de periculosidade. Repercussões.

de jornada do reclamante. Restou demonstrado que o reclamante prestou serviços no interior

Em razão da reclamada não ter juntado aos autos os controles de de estabelecimento destinado à internação de adolescentes

ponto assinados pelo reclamante, julgo que deverá prevalecer a infratores (estabelecimento do Estado do Ceará), por intermédio da

versão apresentada pelo autor (não tinha o intervalo de 01 hora), primeira reclamada.

por força do disposto no artigo 74, paragrafo 2º da CLT, Com relação ao pedido do adicional de periculosidade, observo que

entendimento apresentado na súmula 338 do TST e ainda com depois da entrada em vigor da Lei n. 12.740/2012 passou a ser

base no depoimento da testemunha convidada pelo reclamante. devido o adicional de periculosidade para os empregados que

Com base no exposto, julgo procedente o pedido de uma hora de trabalham sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de

intervalo por dia de serviço na escala de trabalho de 12 x 36 horas, violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal

com o adicional de 50% - artigo 71, § 4º da CLT, durante o período ou patrimonial.

de 01.06.2013 a 23.01.2017. O anexo III da NR-16 regulamenta o artigo 193, II da CLT e

A verba deferida, por ter natureza jurídica salarial na época da estabelece que o adicional de periculosidade somente é devido para

prestação dos serviços repercute nos cálculos das férias mais 1/3, os empregados de empresas prestadoras de serviços nas

gratificações natalinas, FGTS + 40% e aviso prévio indenizado e atividades de segurança privada (lei 7.102) e empregados que

descanso semanal remunerado. exercem atividade de segurança patrimonial em instalações

Com relação ao pedido de adicional noturno pela prorrogação do metroviárias etc.

horário noturno ao diurno, julgo procedente o pedido. Verifico que a Observo que a prova pericial constante nos autos, laudo de

jornada de trabalho normal de 12hs do reclamante estendia-se das fls.748/772, concluiu que as atividades realizadas pelo reclamante

19hs às 07hs. Trata-se de jornada mista compreendendo hora não são consideradas periculosas. No entanto, O Juiz não está

noturna e hora diurna. No período compreendido na hora noturna adstrito à prova pericial, podendo firmar seu convencimento por

faz jus o reclamante o recebimento da hora noturna acrescida do outros meios de prova. Apesar da conclusão do laudo pericial, este

adicional de 20%, o que o próprio reclamante reconheceu que era magistrado vem se posicionando no sentido de deferir o adicional,

pago, conforme depoimento em audiência. No período conforme entendimento abaixo:

compreendido na hora diurna faz jus ao reclamante a hora normal No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com

(prorrogação de jornada noturna para a diurna - período de 05hs às adolescentes infratores, sendo possível interpretar que a situação

07hs), devendo ser remunerado a hora normal com o acréscimo de do reclamante fica enquadrada nos itens 02. "b" e 03 do anexo III da

20% conforme entendimento consolidado na súmula 60 do TST NR-16. Isso porque o reclamante fiscalizava e tinha contato direto

(artigo 73 e parágrafos quarto e quinta da CLT).". com jovens infratores, com evidente possibilidade de sofrer

Comungo, adoto e compartilho dessa decisão, que passa a integrar violência física por parte dos internos.

o presente voto. A Lei 12.594/2012 instituiu o Sistema Nacional de Atendimento

Como bem definiu o juiz sentenciante, o recorrente não logrou êxito Socioeducativo (Sinase) que vem a ser "o conjunto ordenado de

em prova que o reclamante gozava do intervalo intrajornada, com a princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas

juntada dos controles de ponto, assim, merece ser mantida a socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas

sentença nesse particular. estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos,

Quanto às horas extras, o magistrado de piso bem concluiu ao políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em

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conflito com a lei". sujeitos à risco de roubo ou a outras espécies de violência física nas

O Decreto 6.170/2007 autoriza celebração de convênio com atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.

entidade sem fins lucrativos para desempenhar determinadas O anexo III da NR-16 regulamenta que o artigo 193, II da CLT e

atividades (artigo 1º). estabelece que o adicional somente é devido para os empregados

Apesar da autorização conferida pela norma jurídica mencionada de empresas prestadoras de serviços nas atividades de segurança

para celebração de convênios entre o Estado e entidade sem fins privada (Lei nº7.102) e empregados que exercem atividade de

lucrativos, o TST vem decidindo ser devido o adicional de segurança patrimonial em instalações metroviárias etc.

periculosidade nessa situação, por ser possível enquadrá-la na No caso, o reclamante estava sujeito à risco de vida por lidar com

alínea "b" do item 02 do Anexo III da NR-16. adolescentes infratores.

Transcrevo ementa de decisão judicial. O TST vem decidindo ser devido o adicional de periculosidade

Ementa: RECURSO DE REVISTA. INTERPOSTO SOB A ÉGIDE nessa situação, por ser possível enquadrá-la na alínea "b" do item

DA LEI Nº 13.015/2014. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. 02, do Anexo III, da NR-16, veja-se

TRABALHO EM CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO "I- AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADICIONAL DE

DESTINADO A ADOLESCENTES INFRATORES. 1. O adicional de PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO CASA.

periculosidade previsto no artigo 193, inciso II, da CLT, incluído pela AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Ante a provável violação

Lei nº 12.740/2012, deve ser pago ao trabalhador que se exponha do artigo 193, II, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de

permanentemente a "roubos ou outras espécies de violência física instrumento para o regular processamento do recurso de revista.

nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial". Agravo de instrumento conhecido e provido. II- RECURSO DE

2. Nesse contexto, em 2.12.2013, foi aprovada a Portaria nº 1.885 REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA

do MTE, que acrescentou o Anexo 3 à NR-16 e definiu as atividades CLT. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO

e operações que se enquadram na situação de periculosidade SOCIOEDUCATIVO. No caso concreto, as atividades do autor,

descrita na CLT. 3. O reclamante, na função de agente de apoio agente de apoio socioeducativo, foram assim descritas pelo acórdão

socioeducativo, ajusta-se à situação prevista no item 2, "b", do do Regional: "Os agentes têm como atribuição prestar atendimento

mencionado anexo: "empregados que exercem a atividade de em situação de conflito e garantir as condições de segurança física

segurança patrimonial ou pessoal em instalações metroviárias, dos educadores e educandos através de monitoramento,

ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e de bens observação, vigilância e contenção" (fl. 175). Assim, extrai-se da

públicos, contratados diretamente pela administração pública direta decisão recorrida que o autor exercia a segurança pessoal dos

ou indireta". 4. Portanto, o adicional de periculosidade é devido aos menores infratores e educadores, constatando-se submissão a um

empregados que exercem atividades profissionais em centro de ambiente de trabalho hostil e perigoso, sujeito a violência física,

atendimento socioeducativo destinado a adolescentes infratores, enquadrando-se, dessa forma, no artigo 193, II, da CLT e no Anexo

como no caso em apreço. Recurso de revista conhecido e provido. 3 da NR 16 da Portaria 1.885/MT, haja vista a exposição a

Com base no exposto, e devido ao risco da atividade profissional situações de risco. Dessa forma, o adicional de periculosidade é

exercida pelo reclamante, sujeito a risco de agressões e as devido aos empregados que exercem atividades profissionais em

rebeliões dos internos que acontece com alguma frequência no centro de atendimento socioeducativo destinado a adolescentes

estabelecimento, conforme prova testemunhal, mantenho meu infratores, como no caso dos autos. Precedentes. Recurso de

posicionamento, e julgo procedente o pedido do adicional de revista conhecido por violação do art. 193, II, da CLT e provido. (

periculosidade, durante todo o contrato, no percentual de 30% sobre RR - 2622-57.2014.5.02.0074 , Relator Ministro: Alexandre de

o salário básico, observada a prescrição quinquenal. ". Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/09/2017, 3ª Turma,

É inquestionável que a parte reclamante prestou serviços no interior Data de Publicação: DEJT 22/09/2017)Foi determinada a realização

de estabelecimento destinado à internação de adolescentes de perícia técnica, tendo sido obtida a seguinte conclusão pelo

infratores, por intermédio do primeiro reclamado. perito nomeado "(...)Baseados nos dados coletados, nos autos do e

A perícia anexada aos autos (Laudo ID 2e4deb5) concluiu que as no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR16, Anexo 3

atividades realizadas pelo reclamante não são consideradas (Atividades e operações perigosas com exposição a roubos e outras

periculosas espécies de violência física nas atividades profissionais de

Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a ser devido o segurança pessoal e patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de

adicional de periculosidade para os empregados que trabalham 02.12.2013 e é de nosso parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE

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PERICULOSIDADE, pois o obreiro estava em situação análoga as e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos,

das apontadas em norma e em situação de RISCO GRAVE E empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no

EMINENTE, já que o risco não foi neutralizado pelas medidas quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho,

coletivas e individuais de Segurança e Saúde do Trabalho(...)". que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do

Observa-se que, embora não se trate de trabalho em presídio, o presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio

ambiente laboral do reclamante consiste em centro educacional que Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do

abriga menores em conflito com a lei, configurando a hipótese de Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos

periculosidade prevista no art. 193, II, da CLT e no Anexo n° 3 da cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz

NR 16, aprovado pela Portaria n° 1.885/2013, nas mesmas jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o

condições que a jurisprudência do TST reconhece em relação aos exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco

agentes de apoio socioeducativo. acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no

Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796- desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e

60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021, patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários

decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI- decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio

I, do TST: Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir da

"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da

SOCIOEDUCATIVO DA FUNDAÇÃO CASA. ADICIONAL DE entrada em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do

PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16".

São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se:

segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova "AGENTE SOCIOEDUCADOR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do POR ATIVIDADE EXERCIDA COM MENORES INFRATORES.

cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis AMBIENTE LABORAL PERIGOSO. DEFERIMENTO. Ficou provado

pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a nos autos que o reclamante, no trabalho diário de instrutor

integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais, educacional/agente socioeducador, exercia suas atividades

contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a exatamente no mesmo ambiente hostil e perigoso que os agentes

execução da medida socioeducativa. "São profissionais de apoio socioeducativo, e, ainda com mais razão, atuando em

responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações contato direto com os internos que promoviam brigas e rebeliões,

preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e como o caso descrito pelas defesas dos reclamados, do qual

auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e resultou o episódio narrado de tortura contra os menores e a prisão

intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e do reclamante e de outros nove agentes socioeducadores por

mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" determinação da autoridade judicial responsável pela apuração

(Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e criminal. Nesse contexto, é inequívoco que o ambiente laboral do

atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de reclamante, no qual suportava ofensas e ameaças físicas e morais,

Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio configurava sim a hipótese de periculosidade prevista no art. 193, II,

Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por da CLT e no Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n°

sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em 1.885/2013, nas mesmas condições que a jurisprudência do TST

virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física reconhece em relação aos agentes de apoio socioeducativo, razão

nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial pela qual faz jus, em idênticas condições, ao pagamento de

(art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.) adicional de periculosidade, no importe de 30% sobre a

4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de remuneração do período prescricional quinquenal. Recurso adesivo

segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação provido nesse aspecto". (RO 0000186-90.2016.5.07.0018: TRT 7 -

pública estadual, contratados diretamente pela administração 1ªT - rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado - Data de Julgamento

pública indireta - hipótese prevista no item 2, letra 'b', do Anexo 3 da 28/02/2018).

NR 16. 5. Os Agentes de Apoio Socioeducativo desempenham RECURSO ORDINÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ.CONFISSÃO

segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio QUANTO À MATÉRIA DE FATO. ENTE PÚBLICO. Conforme

(...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento disposto no artigo 844 da CLT, Súmula n. 74 do C. TST e OJ n. 152

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da SDI-1-TST, aplica-se à parte a pena de confissão quanto à finalidade de aviltar os direitos trabalhistas, o que não se verificou

matéria de fato, mesmo que se trate de ente público, quando ela for na hipótese vertente. Além disso, como constou da decisão

devidamente intimada a comparecer à audiência de instrução, com recorrida, constata-se que a reclamante recebeu as verbas

a cominação expressa de que sua ausência implicará pena de rescisórias pertinentes ao término do primeiro contrato, o que afasta

confissão. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO a pretensão autoral, à luz do disposto no art. 453 da CLT. Recursos

PÚBLICA. CULPA "IN VIGILANDO". SÚMULA 331, V, DO TST. conhecidos, mas desprovidos.

Cabe ao ente público, quando postulada em juízo sua (TRT da 7ª Região; Processo: 0001657-49.2017.5.07.0005; Data:

responsabilização pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pelo 21-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Plauto Carneiro Porto - 1ª

prestador de serviços, carrear aos autos os elementos necessários Turma; Relator(a): PLAUTO CARNEIRO PORTO)

à formação do convencimento (arts. 373, II, do CPC e 818 da CLT), RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA. PRELIMINARES.

ou seja, provas suficientes à comprovação de que cumpriu o dever NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.

disposto em lei de fiscalizar a execução do contrato administrativo. PROVA ORAL EMPRESTADA. IDENTIDADE FÁTICA. Compete ao

Não se desincumbindo desse ônus,como no caso dos autos, magistrado apreciar livremente as provas produzidas nos autos,

forçoso reconhecer a culpa "in vigilando" do ente público, fazendo bem como indeferir as diligências que se revelam inúteis ou

incidir a sua responsabilidade subsidiária, nos termos da Súmula meramente protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015.

331, V, do TST.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova oral, por si só,

DEFERIMENTO. PROVA TÉCNICA CONCLUSIVA. A teor do não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando o Juízo

disposto no art. 195, da CLT, a caracterização do trabalho monocrático entendeu desnecessária a produção de prova oral,

periculoso faz-se mediante a imprescindível realização de perícia tendo em conta a repetição excessiva de demandas análogas no

técnica. Concluindo o laudo pericial que "Baseados nos dados foro, incluindo região metropolitana, bem como a realização de

coletados, nos autos do e no conteúdo da Portaria Ministerial várias audiências de instrução sobre a mesma matéria controvertida

3.214/78, NR15 anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), anexo 14 dos presentes autos. Preliminar rejeitada. JULGAMENTO "EXTRA

(agentes biológicos) e NR16 anexo 3 (Atividades e operações PETITA". Tendo o Magistrado aplicado a norma que, sob a sua

perigosas com exposição a roubos e outras espécies de violência ótica, melhor se adequa ao caso concreto e considerando que a

física nas atividades profissionais de segurança pessoal e decisão está baseada nos fatos narrados pelas partes e na prova

patrimonial) e da portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso produzida nos autos, a sentença foi proferida dentro dos limites da

parecer que EXISTIAM CONDIÇÕES DE PERICULOSIDADE, pois lide. No ordenamento pátrio, vige o princípio do "iura novit curia",

o obreiro estava em situação análoga as das apontadas nas normas segundo o qual o magistrado, por ser conhecedor do ordenamento

e em situação de RISCO GRAVE E IMINENTE, e que os riscos não jurídico, não está limitado às regras indicadas pelos litigantes.

foram neutralizados ou atenuados pelas medidas coletivas e Preliminar rejeitada. QUESTÃO PREJUDICIAL. TERCEIRIZAÇÃO

individuais de Segurança e Saúde do Trabalho", e inexistindo nos ILÍCITA RECONHECIDA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE LASTRO

autos elementos outros que formem a convicção necessária para PROBATÓRIO. DECISÃO REFORMADA. O Juízo singular concluiu

derruir a prova técnica, não merece ser alterada a decisão que pela ilegalidade da terceirização de serviços, pela nulidade da

deferiu o adicional de periculosidade. RECURSO ADESIVO DA contratação empregatícia com o 1º reclamado, bem assim pela

RECLAMANTEDO INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS contratação do reclamante com a própria Administração Pública

EXTRAS. Corretos os fundamentos de origem, os quais se (Estado do Ceará) e considerando, ainda, que a contratação

escudaram na prova testemunhal produzida. De se ressaltar que, fraudulenta tem efeitos mínimos (Súmula n. 363, do C. TST),

conquanto inexista, no ordenamento jurídico, hierarquia entre a restritos a salários e FGTS, parcelas estas que foram adimplidas,

prova documental e testemunhal, em decorrência do princípio da julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial. A sentença

persuasão racional para valoração da prova, certa é a prevalência merece reforma, no particular, eis que não exsurge dos autos

da prova testemunhal quando demonstradas robustez e segurança qualquer elemento que indique a existência de fraude à

no depoimento, apta a demover a situação documentada. terceirização havida entre os reclamados, razão pela qual mostra-se

UNICIDADE CONTRATUAL. REQUISITOS. O reconhecimento da inviável a conclusão do magistrado sentenciante. Nulidade da

unicidade contratual postulada está condicionado à demonstração contratação afastada. Sentença reformada. MÉRITO.

de que o empregado prestou serviços ininterruptamente ou da SOCIOEDUCADORES. CONDIÇÕES DE TRABALHO

ocorrência de fraude na celebração do contrato posterior, com a PERIGOSAS. ADEQUAÇÃO ÀS ATIVIDADES DESCRITAS NO

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ART. 193, II, DA CLT. REGULAMENTAÇÃO DEFINIDA PELA referência, com reflexos, dada a habitualidade da verba, no período

PORTARIA Nº1.885/2013. ITEM 1, ANEXO 3, DA NR-16. anterior à Reforma Trabalhista. Posteriormente à Reforma

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE DEVIDO. ENTENDIMENTO Trabalhista, é devido apenas o lapso suprimido do intervalo

DO TST NO IRR Nº1001796-60.2014.5.02.0382 (TEMA 16). intrajornada, sem reflexos. Sentença reformada, no particular.

Segundo o disposto no anexo 3, da NR 16, editado por força da ADICIONAL NOTURNO. Considerando a imprestabilidade dos

Portaria nº1.885/2013, publicada em 3 de dezembro de 2013, "As controles de ponto como meio de prova, aplica-se à hipótese, o item

atividades ou operações que impliquem em exposição dos III, da Súmula nº 338, do TST. Assim, tendo em vista a inexistência

profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou de prova em sentido contrário, tem-se por correta a jornada alegada

outras espécies de violência física são consideradas perigosas." na inicial, de 19h às 7h, em escalada de 12x36, sendo devido, pois,

Constatado, portanto, que os socioeducadores ou instrutores adicional noturno, relativamente aos meses em que não há

educacionais, que trabalham nos Centros de Ressocialização do comprovação do respectivo pagamento. Sentença reformada.

Estado do Ceará, mantêm contato direto com jovens infratores, ESTADO DO CEARÁ. CONTRATAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO

sujeitando-se a toda espécie de violência física e a risco da própria SOCIAL PARA EXERCER ATRIBUIÇÕES E/OU PARA PRESTAR

vida, forçoso reconhecer a inclusão de sua atividade no rol previsto SERVIÇOS PRÓPRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

no citado Anexo 3, da NR 16, para os fins do direito ao adicional de TERCEIRIZAÇÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE

periculosidade a que se refere o art. 193, II, da CLT. Nesse sentido, FISCALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, do INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO CONSTANTE DOS ITENS IV, V

colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao analisar o Tema 16, nos e VI, DA SÚMULA 331, DO TST. O deferimento à instituição privada

autos do IRR - 1001796-60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 das prerrogativas próprias da Administração Pública, consistente no

de outubro de 2021, que "I. O Agente de Apoio Socioeducativo acompanhamento, vigilância ou custódia, e segurança dos jovens

(nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do infratores, internados nos Centros de Ressocialização do Estado do

Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de Ceará, de que é exemplo o Centro Sócio Educativo Dom Bosco,

Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à sem dúvida, constitui terceirização de serviços que atrai a

percepção de adicional de periculosidade, considerado o exercício responsabilidade civil subsidiária do tomador dos serviços pelas

de atividades e operações perigosas, que implicam risco acentuado obrigações trabalhistas não adimplidas pelo empregador, aplicando-

em virtude de exposição permanente a violência física no se, in casu, o entendimento expresso nos itens IV, V e VI, da

desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista a

patrimonial em fundação pública estadual." Vigora, portanto, absoluta ausência de provas da fiscalização do cumprimento do

pacificado, no âmbito da Justiça do Trabalho, a partir do novel contrato de trabalho, considerando-se, para esse fim, as obrigações

julgamento da SBDI-1, do TST, o entendimento no sentido de que contratuais e legais. Nesse sentido, o entendimento reiterado dos

os socieducadores ou instrutores educacionais que trabalham nas Tribunais do Trabalho, como se vê da ementa seguinte:

instituições estaduais de custódia de menores em conflito com a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERMO DE CONVÊNIO. CULPA "IN

Lei, têm direito ao adicional de periculosidade, por força do que VIGILANDO". RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO.

resta previsto no art. 193, caput e inciso II, da CLT, e item 1, do POSSIBILIDADE. Conforme entendimento jurisprudencial do TST,

Anexo 3, da NR 16, aprovado pela Portaria nº1.885/2013, do MTE, calcado na decisão do STF que declarou a constitucionalidade do

de 03/12/2013. Sentença reformada, no tópico. SUPRESSÃO DO art. 71 da Lei nº 8.666/93 (ADC 16/DF), remanesce a

INTERVALO INTRAJORNADA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE responsabilidade subsidiária da administração pública direta e

PONTO CONSIDERADOS INVÁLIDOS. INCIDÊNCIA DO indireta pelos direitos trabalhistas não adimplidos pelo empregador,

ENTENDIMENTO FIRMADO NA SÚMULA 338, DO TST. Tendo em sempre que os referidos entes públicos, tomadores dos serviços,

vista que os controles de ponto colacionados pelo 1º reclamado são sejam omissos na fiscalização das obrigações do respectivo

imprestáveis como meio de prova, já que trazem horários de contrato (Súmula 331, inciso IV, do TST). Portanto, não provada a

trabalho britânicos, aplicando-se à hipótese, portanto, o item III, da fiscalização efetiva de tais obrigações, procede o pedido de

Súmula nº 338, do TST, e considerando que o réu não se responsabilização subsidiária. Recurso conhecido e parcialmente

desincumbiu de demonstrar a fruição regular da pausa para repouso provido. (Processo nº0000289-35.2018.5.07.0016, 1ª Turma,

e alimentação, devido o pagamento, nos termos do art. 71, § 4º, da Relatora: Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante

CLT, de uma hora extra diária pela supressão do intervalo em Nepomuceno, julgado em 15 de maio de 2019). Sentença mantida.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 653
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA 19hs às 07hs. Trata-se de jornada mista compreendendo hora

DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação ajuizada após noturna e hora diurna. No período compreendido na hora noturna

11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento trazido pela faz jus o reclamante o recebimento da hora noturna acrescida do

Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos honorários adicional de 20%, o que o próprio reclamante reconheceu que era

advocatícios. Nessa situação, havendo sucumbência da parte pago, conforme depoimento em audiência. No período

reclamada, impõe-se razoável a sua condenação em honorários compreendido na hora diurna faz jus ao reclamante a hora normal

advocatícios, na forma prevista no art. 791-A, da CLT. Ademais, (prorrogação de jornada noturna para a diurna - período de 05hs às

considerando o que restou decidido pelo Excelso STF, quando do 07hs), devendo ser remunerado a hora normal com o acréscimo de

julgamento da ADI 5766, de 20.10.2021, em que se declarou a 20% conforme entendimento consolidado na súmula 60 do TST

inconstitucionalidade da regra prevista no art. 791-A, §4º, da CLT, já (artigo 73 e parágrafos quarto e quinta da CLT)."

não existe base jurídica para se condenar o beneficiário da justiça As horas em que o autor trabalhou em jornada diurna, depois das

gratuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. 05h00, em regime de prorrogação de jornada, entendo ser aplicável

Sentença reformada.Recurso ordinário do reclamante conhecido; o entendimento da Súmula 60, II, do Colendo TST e artigo 73, §,5 º,

rejeitadas as preliminares de nulidade processual por cerceamento da CLT, sendo devida a prorrogação da jornada noturna para todos

de defesa e por julgamento extra petita e, no mérito, apelo os fins.

parcialmente provido. Assiste razão ao recorrente, porquanto o pedido foi deferido na

(TRT da 7ª Região; Processo: 0000789-34.2018.5.07.0006; Data: fundamentação do apelo e não constou no dispositivo da sentença.

10-02-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Durval Cesar de DO RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ.

Vasconcelos Maia - 1ª Turma; Relator(a): DURVAL CESAR DE PRELIMINARES.

VASCONCELOS MAIA) Da incompetência da Justiça do Trabalho e da ilegitimidade de

Portanto, conforme acima exposto, o reclamante, efetivamente, parte.

estava submetida a risco considerável, justificando o pagamento do Não há porque se falar em incompetência desta Justiça na presente

adicional de periculosidade deferido na sentença recorrida. lide, uma vez que não se está a apreciar eventual irregularidade do

Recurso improvido nessa questão. convênio firmado entre a primeira reclamada e o recorrente, mas de

DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. reclamação trabalhista entre empregado e seu empregador, onde o

Alega o recorrente que somente é devido a verba honorária Estado do Ceará foi responsabilizado subsidiariamente, não

sucumbencial apenas quando "...a parte estar assistida por havendo pedido de reconhecimento de vínculo direto com o órgão

sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de público.

salário inferior ao dobro do salário-mínimo ou encontrar-se em Também não se trata da hipótese de ilegitimidade de parte, já que o

situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do recorrente foi corretamente relacionado no polo passivo da

próprio sustento ou da respectiva família", fundamento da demanda, na condição de litisconsorte, por ser o destinatário e

jurisprudência transcrita. beneficiário da mão de obra do reclamante.

A sucumbência deferida nos autos está amparada no art. 791-A, da Preliminares improvidas.

CLT. Portanto, sem amparo legal a manifestação ao título. DO MÉRITO.

DO RECURSO ORDINÁRIO DE JOSÉ CARLOS EVANGELISTA

DE SOUZA FILHO DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE, DAS HORAS EXTRAS E

DA PRORROGAÇÃO DO LABOR NOTURNO. DA PRORROGAÇÃO DA HORA NOTURNA.

Aduz o recorrente faz jus à prorrogação da jornada noturna (das 5h As matérias já foram analisadas acima.

às 7h), por ser incontroverso que laborava das 19h às 7h e que na DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

sentença recorrida houve o deferimento da matéria na Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira

fundamentação e inexplicavelmente não deferiu o pleito na parte reclamada e da responsabilidade subsidiária do ente estatal.

dispositiva da decisão. Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os

Sobre o tema assim foi exposto: promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público

"Com relação ao pedido de adicional noturno pela prorrogação do contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal

horário noturno ao diurno, julgo procedente o pedido. Verifico que a contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado,

jornada de trabalho normal de 12hs do reclamante estendia-se das não se admitindo queira o poder público eximir-se de

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responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:

de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e

própria atuação pública. indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições

O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no

decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST, cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,

cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações

art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas contratuais e legais da prestadora de serviço como

trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

órgãos da Administração Direta, Indireta, autarquias, fundações empresa regularmente contratada."

públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas. Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública

Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,

proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de

art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia, prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67

que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das

responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços, obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto

permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade

fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial. subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos

Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de pela empresa contratada.

serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do

afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida

secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato pelo Excelso Pretório.

da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da

inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a

dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes

que lhes prestam serviço. elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano

Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico

dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da

entender que não se pode transferir para a Administração Pública a combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art.

responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos 186.

trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de

não adimplidos pelo contratado. qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a

Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e

excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se

STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços

Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa. honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei

Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do

constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em

transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as

responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação,

público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a

que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV).

e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de

Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos". fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do

Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos

consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 655
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via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na

triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição

melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição

mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.

a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011)."

Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de

probatório que dos autos consta não há provas do ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a

acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento responsabilização do poder público deveria ser examinada diante

daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da de cada caso concreto, nos seguintes termos:

idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC

do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a

mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,

mês anterior. tendo observado que eventual responsabilização do poder

Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de

prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no

estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela

negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento administração pública, devidamente comprovado no caso

jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado

para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-

fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também 050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"

se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das

como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC). culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no

Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento

regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas

fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública. de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços

Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa

jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso

excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art. contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a Portanto, não prospera o apelo estatal.

responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta, De todo o exposto, dá-se parcial provimento ao apelo adesivo do

das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e reclamante para incluir na condenação a prorrogação de jornada

das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do noturna para a diurna - período de 05hs às 07hs, devendo ser

empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os remunerado a hora normal com o acréscimo de 20%.

referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na CONCLUSÃO DO VOTO

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do Conhecer dos apelos e dar parcial provimento apenas ao adesivo

respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do do reclamante.

Trabalho).

Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis: DISPOSITIVO

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO. REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos, porque

Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo tempestivos, e, no mérito, dar parcial provimento apenas ao recurso

Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na adesivo do reclamante para incluir na condenação a prorrogação de

Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização jornada noturna para a diurna - período de 05h às 07h, devendo ser

subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados remunerado a hora normal com o acréscimo de 20%.

à execução de contrato administrativo quando configurada a Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 656
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior decorrência da própria atuação pública. Assim, evidenciada a

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) conduta culposa da administração estadual, no cumprimento das

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, é a hipótese sobre o

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. contratante responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos títulos

Fortaleza, 18 de julho de 2022. trabalhistas inadimplidos pela contratada, consoante o

entendimento plasmado no item V da Súmula 331 do TST.

JEFFERSON QUESADO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. INSTRUTOR EDUCACIONAL.

POSSIBILIDADE. Com o advento da Lei n. 12.740/2012 passou a

Desembargador Relator ser devido o adicional de periculosidade para os empregados que

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. trabalham sujeitos a risco de violência física nas atividades

profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, sendo a hipótese

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART dos autos, tratando-se de Instrutor Educacional. Recurso conhecido

Diretor de Secretaria e improvido.

RELATÓRIO
Processo Nº ROT-0001715-58.2017.5.07.0003
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR O ESTADO DO CEARÁ interpôs recurso ordinário (ID 37d4109),
RECORRENTE ESTADO DO CEARA tempestivamente, conforme certidão de ID 85ccf6f, para este
RECORRENTE CONSELHO COMUNITARIO DO
PARQUE SAO JOSE Regional, com o intuito de obter a reforma da sentença de mérito de
ADVOGADO ELVIRA MARIA DE LIMA(OAB: ID 64f8371, que julgou parcialmente procedente a ação de
33374/CE)
ADVOGADO DANIELE BARBOSA DE EGBERTO MONTE E SILVA em face de CONSELHO
OLIVEIRA(OAB: 24401/CE)
COMUNITÁRIO DO PARQUE SÃO JOSÉ E ESTADO DO CEARA,
RECORRIDO EGBERTO MONTE E SILVA
ADVOGADO MARCOS VINICIUS RODRIGUES condenado subsidiariamente o ESTADO DO CEARA.
EUGENIO(OAB: 35997/CE)
O estado recorrente requer, preliminarmente, suspensão da
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO tramitação do feito, ante a admissão do Incidente de Recurso
TERCEIRO CENTRO EDUCACIONAL SÃO
INTERESSADO MIGUEL Repetitivo de nº TST-RR-1001796-60.2014.5.02.0382, alega

também, preliminarmente, ilegitimidade de parte, fundamentando-se


Intimado(s)/Citado(s):
que havia entre os reclamados um convênio e não um contrato de
- EGBERTO MONTE E SILVA
prestação de serviços, tornando-se incompetência da Justiça do

Trabalho para verificar a regularidade do convênio. No mérito, aduz

não haver responsabilidade subsidiária do estado recorrente em


PODER JUDICIÁRIO razão da tese no RE760.931/DF, aponta não existir omissão quanto
JUSTIÇA DO aos elementos configuradores da culpa in vigilando e in eligendo

com respeito ao contrato firmado com a outra reclamada, pleiteia a

improcedência do pedido do Adicional de Periculosidade, por


EMENTA
inexistir o dever de fiscalizar verba não prevista no convênio firmado
RECURSO ORDINÁRIO. ENTE PÚBLICO, RESPONSABILIDADE
entre as partes e não prevista na legislação. Insurge-se contra a
SUBSIDIÁRIA. CONVÊNIO. POSSIBILIDADE. Ainda que a
condenação das horas extras, intervalo intra e interjornada, em
contratação da primeira reclamada pelo Estado do Ceará tenha sido
razão ao autor trabalhar em regime de plantão, sendo compensados
formalizada mediante CONVÊNIO, tendo procedido autêntico
por excessivos períodos de descanso.
fornecimento de mão-de-obra ao contratante, guarda esse contrato
Apenas o recorrido, EGBERTO MONTE E SILVA, apresentou
íntima semelhança com o instituto da terceirização de serviços, fato
contrarrazões de Ids 9035756, tempestivamente, conforme certidão
que atrai a incidência de responsabilidade do tomador dos serviços
de ID 967d353.
pelas consequências jurídicas da contratação, inclusive em face dos
O Ministério Público do Trabalho apresentou Parecer de ID 1ff67e7,
empregados da empresa contratada, não se admitindo queira o
opinando pelo conhecimento e improvimento do apelo do ESTADO
poder público eximir-se de responsabilidade quanto aos direitos
DO CEARÁ.
trabalhistas dos prestadores de serviços, conquanto não foram
FUNDAMENTAÇÃO
criteriosos na escolha da empresa prestadora e na fiscalização das
ADMISSIBILIDADE
obrigações pertinentes ao respectivo contrato, produzindo dano em

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 657
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos Não obstante tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão

e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do

ESCLARECIMENTOS INICIAIS. art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia,

Antes de examinar o recurso ordinário, esclareço que o presente que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a

litígio esteve sobrestado neste Gabinete, desde16/04/2020, no responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços,

aguardo de que o TST julgasse o Incidente de Recurso Repetitivo permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias

autuado sob o nº1001796-60.2014.5.02.0382 e que, por fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial.

consequência, dirimisse a questão relativa ao adicional de Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de

periculosidade requerido pelos socieducadores, fato que veio a serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia

ocorrer em 14 de outubro de 2021, com decisão favorável aos afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade

empregados. secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato

DO RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ. da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de

PRELIMINARES inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade

Da incompetência da Justiça do Trabalho e da ilegitimidade de dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas

parte. que lhes prestam serviço.

Não há porque se falar em incompetência desta Justiça na presente Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o

lide, uma vez que não se está a apreciar eventual irregularidade do dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se

convênio firmado entre a primeira reclamada e o recorrente, mas de entender que não se pode transferir para a Administração Pública a

reclamação trabalhista entre empregado e seu empregador, onde o responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos

Estado do Ceará foi responsabilizado subsidiariamente, não trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando

havendo pedido de reconhecimento de vínculo direto com o órgão não adimplidos pelo contratado.

público.. Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi

Também não se trata da hipótese de ilegitimidade de parte, já que o excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do

recorrente foi corretamente relacionado no polo passivo da STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração

demanda, na condição de litisconsorte, por ser o destinatário e Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.

beneficiário da mão de obra do reclamante. Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a

Preliminares improvidas. constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a

DO MÉRITO transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da

Do convênio celebrado entre o recorrente e a primeira responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente

reclamada e da responsabilidade subsidiária do ente estatal. público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá

Apesar ter sido celebrado contrato de convênio entre os que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais

promovidos, isso não afasta a responsabilidade do ente público e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da

contratante pelas consequências jurídicas decorrentes de tal Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".

contratação, inclusive em face dos empregados do ente contratado, Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento

não se admitindo queira o poder público eximir-se de consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o

responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:

de serviços contra os quais produziu dano em decorrência da "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta

própria atuação pública. respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,

O que se discorre é a condenação subsidiária do ente público, que caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

decorre de entendimento consolidado na Súmula nº 331 do TST, obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na

cujo teor estabelece, mesmo considerando a disposição contida no fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da

art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, que o inadimplemento das verbas prestadora de serviço como empregadora. A aludida

trabalhistas pelo empregador gera responsabilidade do tomador dos responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das

serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quando estes forem obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente

órgãos da Administração Direta, Indireta, autarquias, fundações contratada."

públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas. Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 658
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no

inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de mês anterior.

prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67 Outrossim, não prospera o argumento de ser ônus do reclamante a

e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das prova de suas alegações, no sentido de que falhara a fiscalização

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto estatal, porquanto tal importaria em exigência da prova de fato

empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade negativo, o que não encontra acolhida no nosso ordenamento

subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos jurídico. Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão

pela empresa contratada. para comprovar as medidas que teriam sido adotadas na

Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do fiscalização do contrato, daí porque o seu ônus probatório também

art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida se justifica pelo princípio da aptidão da prova, não havendo, pois,

pelo Excelso Pretório. como falar em ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, CPC).

Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da Aliás, cabe ao recorrente acionar a citada empresa, de forma

responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a

qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.

elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento

a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do

imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art.

combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. 71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a

186. responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta,

A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e

qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do

Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os

cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na

estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do

honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do

Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Trabalho).

contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:

compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS

estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.

regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo

Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na

fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização

contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados

direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, à execução de contrato administrativo quando configurada a

via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na

triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição

melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição

mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.

a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011).

Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo "

probatório que dos autos consta não há provas do O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de

acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a

daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da responsabilização do poder público deveria ser examinada diante

idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas de cada caso concreto, nos seguintes termos:

do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC

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n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a de rebelião envolvendo os menores infratores.

constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93, O reclamado principal, por sua vez, nega a sujeição do reclamante

tendo observado que eventual responsabilização do poder às situações que ensejam o direito à percepção da verba,

público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de sustentando que, na condição de socioeducador, o trabalho

responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no desempenhado não se enquadra na descrição constante no art.

descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela 193, II, da CLT, que confere direito ao adicional de periculosidade

administração pública, devidamente comprovado no caso aos empregados que laborem com exposição permanente a "roubos

concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais

em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe- de segurança pessoal ou patrimonial."

050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)" Na tarefa de auxílio deste juízo na resolução da controvérsia, o

No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das laudo pericial juntado aos autos revela a seguinte realidade:

culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no - ESTUDO DE FUNÇÃO E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento Conforme foi constatado nas entrevistas realizadas e na avaliação

constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas amostral realizadas na diligência, o reclamante desenvolveu, no

de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços desempenho da função relacionada em 2.1 durante o período

públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa prescricional, a recepção, atendimento e acompanhamento dos

qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso internos, (higiene pessoal, disciplina, vigilância do menores e etc.)

contra o responsável nos casos de dolo ou culpa". quanto fora dela (condução e acompanhamento em ambulâncias,

Portanto, não merece censura a decisão que concluiu pela hospitais, Fóruns, IML, etc., com escolta policial quando disponível),

responsabilidade subsidiária do recorrente. acompanhando e participando das atividades educacionais,

DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. esportivas e recreativas e intervindo em caso de desentendimentos

ou brigas entre os internos; realizava revistas constantes nos

Quanto ao tema, assim se referiu o sentenciante de primeiro grau: internos, manuseando roupas e outros objetos de seu uso;

"DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. acompanhava visitas de familiares; conforme relatado pelo

Inicialmente, a parte reclamante pleiteia a condenação da paradigma, por muitas vezes sofrem agressões provenientes do

reclamada ao pagamento de adicional de periculosidade, narrando internos, esses menores de 18 anos, repetia o ciclo de atividades e

a exposição do reclamante a situação de perigo nos seguintes operações durante toda a jornada de trabalho, sob supervisão do

termos: superior hierárquico, comunicando ainda ao mesmo a ocorrência de

As atividades do Reclamante consistiam na condução de quaisquer anormalidades. Inclusive o reclamante participou de uma

adolescentes infratores dos Centros Educacionais até as grande rebelião em 2015.

audiências; além de fazer acompanhamento aos médicos, (...)

psicólogos e pedagogos; acompanhamento em refeições; 6.1.3 - Resultado obtido na avaliação

acompanhamento no horário de banho de sol e lazer, dentre outros. A partir das características do local de trabalho e atividades

O Reclamante trabalhava sujeito a situações de iminente perigo, profissionais efetivamente desenvolvidas pelo reclamante, conforme

inicialmente pela inata condição de rebeldia e agressividade dos exposto nos itens 3.0 e 4.0 do presente Laudo, a existência ou não

adolescentes infratores, acrescentando-se o fato que por inúmeras da periculosidade, durante o pacto laboral, foi avaliada

vezes estes se encontravam sob o efeito de sustâncias tecnicamente a partir dos parâmetros coletados "in loco" e pelos

psicotrópicas. documentos dos autos. Neste sentido, de acordo com a avaliação

Dentre os principais atos infracionais praticados pelos menores realizada segundo o critério legal descrito no item 6.1, e

podemos destacar: tráfico, roubo de veículos, sequestro relâmpago, considerando ainda os parâmetros técnicos acima listados, foi

latrocínio, homicídios e etc, o qual demonstra o mais elevado grau constatado que o reclamante desenvolveu suas atividades

de periculosidade dos menores. [SITUAÇÃO DE REAL RISCO DO profissionais em periculosidade, em virtude da execução de

RECLAMANTE ENSEJA ADICIONAL DE PERICULOSIDADE]. atividades junto aos internos da reclamada, sujeito a diversas

O Reclamante não possuía escolta policial, visto que os militares espécies de violência física.

eram proibidos de acessar os centros educacionais, ao desenvolver Em virtude do exposto, são tipificadas como PERIGOSAS as

suas atividades e por inúmeras vezes teve que contornar situações atividades desenvolvidas pelo reclamante durante seu pacto laboral,

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a partir da plena vigência da Lei nº 12.470 de 08/12/12 e pública direta ou indireta". 4.Dentro desse contexto, tem-se que o

regulamentação posterior. desempenho de atividades no campo socioeducativo da Fundação

(...) Casa se amolda ao comando consolidado e ao anexo

8.0 - CONCLUSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS Após a análise dos supramencionados, pois os agentes de apoio socioeducativo, em

autos e a diligência pericial realizada, tendo sido levantados os suas funções diárias de segurança e vigilância de menores

dados existentes e efetuadas a vistoria e a avaliação técnica infratores, exercem atividade de segurança pessoal, em ambiente

necessárias, concluímos que: hostil e perigoso, sujeitos à violência física, a exemplo dos casos de

O reclamante DESENVOLVEU suas atividades a serviço da ameaças, bem como de brigas entre os internos e rebeliões. Com

reclamada em condições de PERICULOSIDADE, conforme o efeito, os referidos agentes têm como atribuição garantir as

seguinte enquadramento legal: condições de segurança e proteção dos menores infratores, por

(i) PERICULOSIDADE por exposição a roubos ou outras espécies meio de acompanhamento, observação e contenção, caso

de violência física nas atividades profissionais de segurança necessário, razão pela qual fazem jus ao adicional de

pessoal ou patrimonial, a partir da plena vigência do estabelecido periculosidade, porquanto exercem funções análogas às dos

pela Lei nº 12.470 de 08/12/12, conforme o referido ANEXO 3 profissionais de segurança pessoal ou patrimonial em fundação

(Aprovado pela Portaria MTE n.º 1.885, de 02 de dezembro de 2013 pública estadual. Recurso de revista não conhecido. [PROCESSO

da NR-16.na forma do art. 193 da Consolidação das Leis do Nº TST-RR-12277-88.2015.5.15.0031. 8ª Turma. Relatora: min Dora

Trabalho. Maria da Costa]

Considerando que não foram apresentados quesitos pelas partes, Outro caminho não resta senão o julgamento de procedência parcial

os trechos acima transcritos constituem a substância do laudo do pedido, em razão do que condeno a reclamada ao pagamento de

pericial, com o qual este juízo manifesta concordância, mais adicional de periculosidade no percentual de 30% do salário base

especificamente acerca do enquadramento do reclamante na do reclamante, durante todo o enlace contratual, bem como os

hipótese normativa já citada, constante no art. 193, II, da CLT, na respectivos reflexos legais em férias, 13º salário e FGTS e multa de

medida em que era atribuição sua, dentre outras, e independente da 40%.".

medida em que isto ocorria, zelar pela integridade física dos Concordo, adoto e compartilho dessa decisão, que passa a integrar

menores infratores sob sua responsabilidade. o presente voto.

Instada a se manifestar, a jurisprudência tem trilhado este Acertadamente, o juiz de piso concedeu o adicional de

entendimento, como se observa no recente acórdão adiante periculosidade ao recorrido pelo fato de trabalhar em situação de

transcrito: risco de roubo ou a outras espécies de violência física, conforme

RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. estabelece 12.740/2012.

FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. Nesse sentido foi a conclusão da perícia (Laudo ID 92ba7da) no

MENORES INFRATORES. 1. O inciso XXIII do art. 7° da CF local onde o recorrido exercia suas funções, veja-se:

garante o direito ao adicional de remuneração para as atividades "Após a análise dos autos e a diligência pericial realizada, tendo

perigosas, na formada lei. 2.Já o art. 193, II, da CLT determina que sido levantados os dados existentes e efetuadas a vistoria e a

"São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da avaliação técnica necessárias, concluímos que:

regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, O reclamante DESENVOLVEU suas atividades a serviço da

aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem reclamada em condições de PERICULOSIDADE, conforme o

risco acentuado em virtude de exposição permanente do seguinte enquadramento legal:

trabalhador a: (...) II -roubos ou outras espécies de violência física (i) PERICULOSIDADE por exposição a roubos ou outras espécies

nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial". de violência física nas atividades profissionais de segurança

3.Por sua vez, o Anexo n° 3 da NR 16, aprovado pela Portaria n° pessoal ou patrimonial, a partir da plena vigência do estabelecido

1.885/2013, regulamenta que "são considerados profissionais de pela Lei nº 12.470 de 08/12/12, conforme o referido ANEXO 3

segurança pessoal ou patrimonial os trabalhadores que atendam a (Aprovado pela Portaria MTE n.º 1.885, de 02 de dezembro de

uma das seguintes condições: (...) b) empregados que exercem a 2013 da NR-16.na forma do art. 193 da Consolidação das Leis do

atividade de segurança patrimonial ou pessoal em instalações Trabalho. ".(grifos originais)

metroviárias, ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e Analisando o Tema 16, nos autos do IRR - 1001796-

de bens públicos, contratados diretamente pela administração 60.2014.5.02.0382, em julgamento de 14 de outubro de 2021,

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decidiu a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI- decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio

I, do TST: Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir da

"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da

SOCIOEDUCATIVO DA FUNDAÇÃO CASA. ADICIONAL DE entrada em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do

PERICULOSIDADE. 1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16".

São Paulo, de 06.10.2009, os antigos cargos de agente de Este Regional também já pacificou a matéria, veja-se:

segurança e agente de apoio técnico foram unificados em nova "NULIDADE PROCESSUAL. SENTENÇA EXTRA PETITA. A

nomenclatura: Agente de Apoio Socieducativo. 2. "Os ocupantes do petição inicial não contemplou qualquer pretensão referente à

cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são responsáveis terceirização ilícita/contrato nulo, nem houve qualquer menção a

pelo trabalho preventivo de segurança, objetivando preservar a vínculo direto com o Estado do Ceará. E ao magistrado é

integridade física e mental dos adolescentes e demais profissionais, inteiramente vedado decidir com base em pedido ou causa de pedir

contribuindo efetivamente na tranquilidade necessária para a que não tenha sido trazido com a petição inicial. Logo, padece a

execução da medida socioeducativa. "São profissionais sentença da pecha de extra petita, razão pela qual inexorável

responsáveis também pelo trabalho de contenção de ações decretar-se a nulidade da sentença, ocasião em que se passa, na

preventivas para evitar situações limites, além de acompanhar e forma do art. 1013, § 3º, II, do CPC, a apreciar, desde logo, o

auxiliar no desenvolvimento de atividades educativas, observando e mérito, por estar o processo em condições de pronto julgamento

intervindo quando necessário, a fim de que a integridade física e (teoria da causa madura). HORAS EXTRAS. INTERVALO

mental dos adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" INTRAJORNADA. Os cartões de ponto anexados aos autos pelo

(Caderno de Procedimento de Segurança - Descrição das funções e empregador não indicam o registro do intervalo, nem discriminam a

atribuições dos Agentes de Apoio da Superintendência de adoção do sistema de pré-assinalação, não tendo a parte

Segurança da Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio reclamada logrado comprovar a concessão regular do intervalo

Socioeducativo exercem atividades e operações perigosas, que, por intrajornada ao empregado nos termos previstos no art. 71 da CLT.

sua natureza e métodos de trabalho, implicam risco acentuado em JORNADA DE TRABALHO. 12 HORAS DIÁRIAS EM REGIME 2X2.

virtude de exposição permanente do trabalhador a violência física AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. HORAS EXTRAS

nas atribuições preofissionais de segurança pessoal e patrimonial DEVIDAS. A jurisprudência trabalhista é firme no sentido de

(art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3 da NR 16.) somente conferir validade ao regime de trabalho 2x2 quando for

4. Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de firmado mediante norma coletiva ou quando for previsto em lei, nos

segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação termos da Súmula 444. Comprovado que o autor laborava em

pública estadual, contratados diretamente pela administração jornada de 12h, em regime dois dias de trabalho seguidos de dois

pública indireta - hipótese prevista no item 2, letra 'b', do Anexo 3 da dias de folgas, sem previsão normativa, impositiva é a reforma da

NR 16. 5. Os Agentes de Apoio Socioeducativo desempenham sentença, para julgar procedentes os pedidos de horas extras

segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio excedentes à 8ª (oitava) diária com respectivos reflexos.

(...) e da incolumidade física de pessoas, além do acompanhamento ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INSTRUTOR EDUCACIONAL

e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos (internos, EM INSTITUIÇÃO DE ABRIGO DE MENORES INFRATORES. IRR

empregados, visitantes) - atividades e operações constantes no 1001796-60.2014.5.02.0382. O desempenho de atividades de apoio

quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho, socioeducativo se insere nas hipóteses do art. 193, II da CLT, na

que os expõem a várias espécies de violência física. 6. Emerge do medida em que os instrutores socioeducativos, na execução de

presente IRR a fixação da tese jurídica: "I. O Agente de Apoio suas funções diárias de acompanhamento da rotina dos menores

Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do infratores, estão sujeitos à violência física na tentativa de conter

Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos tumultos e tentativas de fugas, restando, pois, devido o pagamento

cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz de adicional de periculosidade. Decisão em consonância com a tese

jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado o jurídica definida pelo C. TST no julgamento do IRR nº 1001796-

exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco 60.2014.5.02.0382. AVISO PRÉVIO. REDUÇÃO DE JORNADA.

acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no Não observada a redução da jornada durante o cumprimento do

desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e aviso prévio, tem-se que não se pode considerá-lo como

patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários devidamente concedido, impondo-se declará-lo inválido, com a

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consequente condenação da parte ré ao pagamento respectivo, de empresa contratada, não se admitindo queira o poder público eximir

forma indenizada. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE -se de responsabilidade quanto aos direitos trabalhistas dos

PÚBLICO. CONTRATO DE CONVÊNIO. Constata-se que a prestadores de serviços, contratados pelo primeiro reclamado,

contratação do primeiro reclamado pelo Estado do Ceará restou produzindo dano em decorrência da própria atuação pública.

formalizada mediante contrato de convênio, e que este, por RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E PARCIALMENTE

proceder autêntico fornecimento de mão-de-obra ao contratante, PROVIDO.

guarda íntima semelhança com o instituto da terceirização de (TRT da 7ª Região; Processo: 0000213-41.2018.5.07.0006; Data:

serviços, fato que atrai a incidência de responsabilidade do tomador 23-06-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes

dos serviços pelas consequências jurídicas da contratação, Alencar - 1ª Turma; Relator(a): MARIA ROSELI MENDES

inclusive em face dos empregados da empresa contratada, não se ALENCAR)

admitindo queira o poder público eximir-se de responsabilidade RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. ADICIONAL DE

quanto aos direitos trabalhistas dos prestadores de serviços, PERICULOSIDADE. INSTRUTOR EDUCACIONAL EM

contratados pelo primeiro reclamado, produzindo dano em INSTITUIÇÃO DE ABRIGO DE MENORES INFRATORES. IRR

decorrência da própria atuação pública. Recurso conhecido e 1001796-60.2014.5.02.0382. O desempenho de atividades de apoio

parcialmente provido. socioeducativo se insere nas hipóteses do art. 193, II da CLT, na

(TRT da 7ª Região; Processo: 0001697-04.2017.5.07.0014; Data: medida em que os instrutores socioeducativos, na execução de

23-06-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes suas funções diárias de acompanhamento da rotina dos menores

Alencar - 1ª Turma; Relator(a): MARIA ROSELI MENDES infratores, estão sujeitos à violência física na tentativa de conter

ALENCAR) tumultos e tentativas de fugas, restando, pois, devido o pagamento

INTERVALO INTRAJORNADA. AUSÊNCIA DE REGISTRO NOS de adicional de periculosidade. Decisão em consonância com a tese

CARTÕES DE PONTO. HORAS EXTRAS DEVIDAS. Não jurídica definida pelo C. TST no julgamento do IRR nº 1001796-

conseguindo a reclamada demonstrar em juízo a concessão regular 60.2014.5.02.0382. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DE

do intervalo intrajornada ao empregado nos termos previstos no art. TRABALHO. O C. TST, em seu verbete sumular nº 378, estabelece

71 da CLT, de se deferir o pedido de pagamento de hora extra. como pressupostos para o reconhecimento da estabilidade

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INSTRUTOR EDUCACIONAL provisória o afastamento superior a 15 dias e a consequente

EM INSTITUIÇÃO DE ABRIGO DE MENORES INFRATORES. IRR percepção do auxílio doença acidentário, o que, todavia, não se

1001796-60.2014.5.02.0382. O desempenho de atividades de apoio verificou in casu. Recurso provido parcialmente.RECURSO DO

socioeducativo se insere nas hipóteses do art. 193, II da CLT, na ESTADO DO CEARÁ. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE

medida em que os instrutores socioeducativos, na execução de PÚBLICO. CONVÊNIO. É assente a jurisprudência de que os

suas funções diárias de acompanhamento da rotina dos menores convênios administrativos para prestação de serviços a ente

infratores, estão sujeitos à violência física na tentativa de conter público, mediante pessoal celetista, não isenta a responsabilidade

tumultos e tentativas de fugas, restando, pois, devido o pagamento subsidiária, porque o ente público atua como verdadeiro tomador de

de adicional de periculosidade. Decisão em consonância com a tese mão de obra mediante contratação de pessoa jurídica interposta.

jurídica definida pelo C. TST no julgamento do IRR nº 1001796- Assim, evidenciada a conduta culposa do Estado do Ceará no

60.2014.5.02.0382. DESVIO DE FUNÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666/1993, especialmente

Considerando que o reclamante não produziu prova do alegado na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais

desvio funcional, ônus que lhe competia, descabe o deferimento das da prestadora de serviço como empregadora, responde o ente

diferenças salariais postuladas. RESPONSABILIDADE público subsidiariamente pelos títulos trabalhistas inadimplidos,

SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. CONTRATO DE CONVÊNIO. consoante entendimento contido na Súmula 331, V, do C. TST.

Constata-se que a contratação do primeiro reclamado pelo Estado Recurso não provido.

do Ceará restou formalizada mediante contrato de convênio, e que (TRT da 7ª Região; Processo: 0000806-64.2018.5.07.0008; Data:

este, por proceder autêntico fornecimento de mão-de-obra ao 13-05-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes

contratante, guarda íntima semelhança com o instituto da Alencar - 1ª Turma; Relator(a): MARIA ROSELI MENDES

terceirização de serviços, fato que atrai a incidência de ALENCAR)

responsabilidade do tomador dos serviços pelas consequências É certo que as hipóteses tratadas na jurisprudência transcrita se

jurídicas da contratação, inclusive em face dos empregados da referem a agentes socioeducadores, entretanto, evidencia-se que,

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em alguns casos, outros profissionais que trabalham nessas coletiva.

instituições, como a hipótese dos autos, Instrutor Educacional, O regime diferenciado de horas de trabalho e horas de descanso,

também mantém contato permanente com menores infratores, adotado em hospitais e entidades que necessitem de atendimento

interagindo, por vezes, de modo ainda mais crítico, correndo os diferenciado, não encontra óbice legal e não implica o pagamento

mesmos riscos que tais agentes. de horas extras, quando há norma coletiva prevendo a sua adoção -

Por outro lado, conforme ficou comprovado nos autos, a parte inteligência do artigo 7º, inciso XIII, da Constituição Federal.

reclamante, efetivamente, mantinha contato diário com menores Portanto REGIME 24 X 48 = Se amparado em ACT ou CCT, não

infratores, sofrendo, inclusive, ameaças, conforme depoimento a haverá hora extra. Sem ACT ou CCT, é devido o adicional de horas

seguir transcrito (Ata de ID 689605a): extras, o que não e o caso em questão.

"...tanto a depoente como o reclamante sofriam violência, ou seja, " Sendo ônus da reclamada, e não tendo ela dele se desincumbido,

a gente era ameaçado"; que outra vez jogaram leite quente na reconheço a jornada relatada na petição inicial como a praticada.

depoente, ameaça de familiares durante as visitas, fatos esses que A jornada reconhecida, contudo, não enseja a condenação tal como

aconteceram com a depoente; que perguntada sobre fatos pleiteado pelo reclamante, restando evidente que a jornada

concretos que aconteceram com o reclamante, respondeu que não reconhecida (dois dias trabalhados e dois dias de folga,

lembra no momento, mas informa que as adolescentes ofereciam alternadamente), implica o trabalho em quatro dias por semana, em

risco à integridade física tanto da depoente como do reclamante e algumas, e 3, em outras, em razão do que nas semanas em que se

demais empregados, haja vista que "a gente já passou por motim lá laborou apenas 3 dias, não há se falar em extrapolação da jornada

e além disso elas usavam cossoco, umas armas que elas faziam e semanal de 44 horas.

também proferiam ameaças quando eram repreendidas ou Contudo, nas semanas em que o reclamante laborou quatro dias,

orientadas pela gente a não fazer algo de errado"; que só as vezes com jornada de 12 horas diárias, verifica-se que a jornada ordinária

tinha escolta policial para cursos, para médicos, pois só havia 2 semanal foi extrapolada em 4 horas, em razão do que, sem

policiais e quando tinham duas audiência, por exemplo, uma ficava necessidade de maiores digressões, condeno a reclamada ao

sem escolta"; que os crimes que tais menores tinham cometido pagamento de horas extras, durante todo o contrato de trabalho, no

eram de homicídio, latrocínio, tráfico de drogas, lesão corporal etc." quantitativo de 4 horas extras por semana mas apenas naquelas em

Portanto, o conjunto probatório deixa patente que a parte que o reclamante laborou 4 dias, tudo com reflexos em aviso prévio,

reclamante, efetivamente, estava submetida a risco considerável, 13º salário, férias acrescidas de um terço.

justificando o pagamento do adicional de periculosidade deferido na Condeno a reclamada ainda ao pagamento do acréscimo de 50%

sentença recorrida. sobre as quatro horas (por dia trabalhado) que extrapolaram a

DAS VERBAS QUESTIONADAS. jornada diária de 8 horas, no total de 12 adicionais por semana, nas

Sobre o tema assim decidiu o juízo a quo: semanas em que se laborou 3 dias, e de 16 adicionais por semana,

"- HORAS EXTRAS naquelas em que se laborou 4 dias, nos termos da Súmula nº 85,

O reclamante inicia o tópico referente a horas extras sustentando IV, do Tribunal Superior do Trabalho, com os mesmos reflexos

que a jornada desempenhada extrapola os limites diário e semanal, mencionados no parágrafo supra, devendo o adicional ser de 100%

constitucionalmente previstos, diante da não existência de previsão nos domingos e feriados, sendo estes os listados abaixo:

em convenção ou acordo coletivo de trabalho que tornasse ordinária a) 15/06/2017 - Corpus christi;

a jornada por plantões relatada. b) 15/08/2016 - Dia de Nossa senhora da Assunção - Padroeira de

Para tanto, sustenta que laborava 12 horas por dia, durante dois Fortaleza;

dias consecutivos, após o que gozava de folga de 48 horas e, em c) 07/09/2016 - Independência do Brasil;

seguida, laborava-se novamente dois dias seguidos, 12 horas em d) 12/10/2016 - Dia de Nossa Senhora Aparecida - Padroeira do

cada. Brasil;

Em sua defesa, o reclamado principal não nega a jornada relatada, e) 02/11/2016 - Dia de Finados;

chegando até a defender sua regularidade, defendendo existir f) 15/11/2016 - Proclamação da República;

convenção coletiva que viabilize sua prática, instrumento normativo g) 24/12/2016 - Natal;

este que, como se observa, não foi juntado, não se sabendo sequer h) 25/12/2016 - Natal;

se de fato existe, vez que a reclamada sequer mencionou o ano ou i) 31/12/2016 - Ano Novo;

mesmo as entidades que teriam celebrado a dita convenção j) 01/01/2017 - Ano Novo;

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 664
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Por fim, com relação ao intervalo intrajornada, constato que os dois Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

parágrafos que constituem este tópico da defesa da reclamada (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

principal não trazem qualquer negativa de que o intervalo fora Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

suprimido, limitando-se a defesa genérica que reverbera de forma de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

cansativa que o ônus da prova é o do reclamante quanto a este Fortaleza, 18 de julho de 2022.

direito, sem negar, como relatado, o fato constitutivo: o não gozo do JEFFERSON QUESADO

intervalo, restando procedente o pedido, com todos os reflexos já Desembargador Relator

mencionados acima, relativo às horas extras. FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Quanto ao trabalho aos domingos, verifico que era concedida folga

ao reclamante neste dia, alternadamente, de acordo com sua ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

escala, não tendo a reclamada negado, outrossim, a prestação de Diretor de Secretaria

serviços em feriados. Contudo, tendo este juízo já deferido que


Processo Nº ROT-0001641-87.2021.5.07.0027
nestes dias o adicional de horas extras deverá corresponder a Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
100% do valor da hora normal.". RECORRENTE ADNALVA BARBOSA FERREIRA
ADVOGADO ELIAS DA SILVA FELIX(OAB:
Quanto às horas extras, o autor afirmou que laborava 02 plantões 42798/CE)
de 12 horas e folgava 48 horas, o que equivalia a 192 horas RECORRIDO ACENI - INSTITUTO DE ATENCAO A
SAUDE E EDUCACAO
mensais, tal fato não foi objeto de contestação por parte do ADVOGADO MARCELLO PISTELLI
NOGUEIRA(OAB: 132195/SP)
reclamado principal. Contudo, essa jornada não estava prevista na
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
ACT 2016/2017. NORTE
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
Desse modo, não provada a previsão em norma coletiva quanto ao TRABALHO
labor em regime especial no período de 07/06/2016 até 23/01/2017
Intimado(s)/Citado(s):
(extinção do contrato), é fato que o reclamante trabalhava, em
- ADNALVA BARBOSA FERREIRA
média duas semanas, com carga horária de 48 horas semanais, e

outras duas semanas, com carga horária de 36 horas cada. Assim,

considerando a Cláusula Décima Quinta do ACT 2016/2017 (Grupo

I), que dispõe uma carga honorária semanal de 44 horas, conclui-se PODER JUDICIÁRIO

que o recorrente laborava, em excesso, conforme deferido na JUSTIÇA DO

sentença recorrida.

Quanto ao intervalo intrajornada os reclamados se limitaram a negar


EMENTA
genericamente o pleito, contudo em depoimento (ID 689605a), a
RECURSO ORDINÁRIO. TOMADOR DOS SERVIÇOS - ENTE
testemunha do reclamado afirmou que "... quando a jornada era
PÚBLICO- RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA- Segundo
cumprida durante à noite, quando dava umas 20h a metade da
entendimento recente do c. TST, com fundamento em decisão
gente (3 ou 4) saía para jantar e ficava por 15 a 20 minutos jantando
proferida pelo STF que declarou constitucional o art.71 da Lei
e depois retornava para o corredor e alternava com os outros,
8.666/93 (ADC 16/DF) permanece a responsabilidade subsidiária
sendo que a partir da meia-noite até às 6h da manhã..." em perfeita
dos entes públicos, pelos direitos trabalhistas do empregado locado,
harmonia com o que fora afirmado na exordial.
não cumpridos pelo empregador, sempre que os mesmos, na
De todo o exposto, sou pelo improvimento do apelo.
qualidade de tomadores dos serviços, não sejam criteriosos na

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações


CONCLUSÃO DO VOTO
pertinentes ao respectivo contrato.
Conhecer e negar provimento ao apelo.
Recurso conhecido e improvido.
DISPOSITIVO
RELATÓRIO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
O MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE interpôs Recurso
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Ordinário (ID af2b807) tempestivamente (certidão Id 96d7b00) para
REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso, porque
este Regional com o intuito de obter a reforma da sentença (ID
tempestivo, e, no mérito, negar-lhe provimento.
e66d511, retificada em ID a86cfa8, quando ao nome da parte) que o
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
condenou subsidiariamente no pagamento das verbas rescisórias

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 665
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

de ADNALVA BARBOSA FERREIRA, não adimplidas pela outra recorrente e o primeiro reclamado e daí nasceu a responsabilidade

reclamada ACENI - INSTITUTO DE ATENÇÃO A SAÚDE E subsidiária do ente estatal, que se tornou exequível quando do

EDUCAÇÃO. inadimplemento das obrigações contratuais entre a prestadora de

O recorrente se insurge contra a responsabilidade subsidiária que serviços e seus empregados. Frise-se que a responsabilidade

lhe foi atribuída, argumentando não houve um contrato de subsidiária não nasceu automaticamente com inadimplemento das

terceirização, mas um Contrato de Gestão, não incidindo assim os obrigações por parte da prestadora, mas pelo fato de faltar

efeitos da Súmula 331, do TST, sobre o ora recorrente. Reforça a fiscalização do ente estatal no cumprimento das obrigações sociais,

tese de que não houve relação de emprego da recorrida com o ente trabalhistas, previdenciárias e fiscais pela citada prestadora, aliás,

estatal. Alega que a autora não fez prova dos direitos pleiteados e por imposição do art.67, da Lei nº 8.666/93, que impõe inspeção

deferidos na sentença recorrida, e que são indevidas a condenação rotineira.

das multas do art. 477 e 467 da CLT, por não ter dado causa à Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de

situação e por ser inaplicável à Fazenda Pública. serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia

Apenas a recorrida, ADNALVA BARBOSA FERREIRA, apresentou afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade

contrarrazões de ID 4a7cd28, dentro do prazo legal, conforme secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato

certidão de Id c2582ec . da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de

A douta PRT manifestou-se pelo conhecimento e desprovimento do inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade

recurso do ente estatal, nos termos do parecer de ID e540a6c. dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas

que lhes prestam serviço.

FUNDAMENTAÇÃO Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o

ADMISSIBILIDADE dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se

O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos entender que não se pode transferir para a Administração Pública a

e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos

MÉRITO. trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando

Não procede a alegação do recorrente de que não seria parte não adimplidos pelo contratado.

legítima para figurar no polo passivo da reclamatória, tendo em vista Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi

que não existiria vinculo empregatício entre este e o recorrido, eis excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do

que sua condenação não decorre de tal fato e, sim, encontra STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração

amparo no fato de existir entre os reclamados contrato de prestação Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.

de serviços, que pretende chamar de "Contrato de Gestão", Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a

tentando assim, sem sucesso, levantar tese de que seria um constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a

contrato diverso daquele figurado no Enunciado 331 do C.TST. transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da

Convênio, Contrato de gestão, e/ou parceria são termos utilizadas responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente

para tentar desqualificar a verdadeira prestação de serviços público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá

existente o ente estatal e empresas privadas. que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais

O fato de ter empregados do primeiro demandado trabalhando no e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da

Município de Juazeiro do Norte já comprova a existência de Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".

terceirização de mão de obra, contudo, alega que se trata de um Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento

"contrato de gestão" apenas objetivando não responder consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o

subsidiariamente pelo inadimplemento das verbas trabalhistas da julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:

empresa prestadora de serviço. "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e

Inexplicavelmente, o ente estatal, que deveria ser e dar exemplo de indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições

respeito às normas jurídicas e boas práticas na administração do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no

pública, é o primeiro a desacatar essas normas, utilizando-se de cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,

ardis com o propósito mesquinho, repita-se, de não responder pelo especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações

pagamento das verbas trabalhistas. contratuais e legais da prestadora de serviço como

É fato que houve contrato de prestação de serviços entre o empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 666
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da

empresa regularmente contratada." idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas

Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura

no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993, mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no

inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de mês anterior.

prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67 Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para

e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo

empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade princípio da aptidão da prova.

subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma

pela empresa contratada. regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a

Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.

art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento

pelo Excelso Pretório. jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do

Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art.

responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a 71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a

qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta,

elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e

a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do

imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os

combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na

186. escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do

A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do

qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a Trabalho).

Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:

cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS

honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.

Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo

contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na

compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização

condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados

estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a à execução de contrato administrativo quando configurada a

regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na

Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição

fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição

contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.

direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011).

via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação "

triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de

melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a

mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga responsabilização do poder público deveria ser examinada diante

a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). de cada caso concreto, nos seguintes termos:

Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC

probatório que dos autos consta não há provas do n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a

acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 667
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

tendo observado que eventual responsabilização do poder JEFFERSON QUESADO

público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de Desembargador Relator

responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no

descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

administração pública, devidamente comprovado no caso

concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe- Diretor de Secretaria

050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"


Processo Nº ROT-0001641-87.2021.5.07.0027
No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no RECORRENTE ADNALVA BARBOSA FERREIRA
ADVOGADO ELIAS DA SILVA FELIX(OAB:
chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento 42798/CE)
constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas RECORRIDO ACENI - INSTITUTO DE ATENCAO A
SAUDE E EDUCACAO
de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços ADVOGADO MARCELLO PISTELLI
NOGUEIRA(OAB: 132195/SP)
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
RECORRIDO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso NORTE
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa". TRABALHO
No que se refere à insurgência quanto as verbas pleiteadas, o
Intimado(s)/Citado(s):
recorrente teceu comentários apenas genéricos e ineficazes, sem
- ACENI - INSTITUTO DE ATENCAO A SAUDE E EDUCACAO
comprovar documentalmente suas afirmações, o que comprova sua

falta de fiscalização no cumprimento das obrigações trabalhistas

pelo reclamado principal.

São devidas as multas dos artigos 467 e 477, da CLT, uma vez que, PODER JUDICIÁRIO

no presente caso, a Fazenda Pública responde de modo JUSTIÇA DO

subsidiário, nos termos da Súmula 331. inc. VI, do TST, verbis:

"CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE


EMENTA
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) -
RECURSO ORDINÁRIO. TOMADOR DOS SERVIÇOS - ENTE
Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
PÚBLICO- RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA- Segundo
VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços
entendimento recente do c. TST, com fundamento em decisão
abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes
proferida pelo STF que declarou constitucional o art.71 da Lei
ao período da prestação laboral. "
8.666/93 (ADC 16/DF) permanece a responsabilidade subsidiária
Do exposto, nega-se provimento ao apelo.
dos entes públicos, pelos direitos trabalhistas do empregado locado,
CONCLUSÃO DO VOTO
não cumpridos pelo empregador, sempre que os mesmos, na
Conhecer e negar provimento ao apelo.
qualidade de tomadores dos serviços, não sejam criteriosos na

escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações


DISPOSITIVO
pertinentes ao respectivo contrato.
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
Recurso conhecido e improvido.
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
RELATÓRIO
REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário,. porque
O MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE interpôs Recurso
presentes os pressupostos de admissibilidade, e, no mérito, negar-
Ordinário (ID af2b807) tempestivamente (certidão Id 96d7b00) para
lhe provimento.
este Regional com o intuito de obter a reforma da sentença (ID
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
e66d511, retificada em ID a86cfa8, quando ao nome da parte) que o
Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior
condenou subsidiariamente no pagamento das verbas rescisórias
(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)
de ADNALVA BARBOSA FERREIRA, não adimplidas pela outra
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
reclamada ACENI - INSTITUTO DE ATENÇÃO A SAÚDE E
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
EDUCAÇÃO.
Fortaleza, 18 de julho de 2022.
O recorrente se insurge contra a responsabilidade subsidiária que

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 668
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

lhe foi atribuída, argumentando não houve um contrato de subsidiária não nasceu automaticamente com inadimplemento das

terceirização, mas um Contrato de Gestão, não incidindo assim os obrigações por parte da prestadora, mas pelo fato de faltar

efeitos da Súmula 331, do TST, sobre o ora recorrente. Reforça a fiscalização do ente estatal no cumprimento das obrigações sociais,

tese de que não houve relação de emprego da recorrida com o ente trabalhistas, previdenciárias e fiscais pela citada prestadora, aliás,

estatal. Alega que a autora não fez prova dos direitos pleiteados e por imposição do art.67, da Lei nº 8.666/93, que impõe inspeção

deferidos na sentença recorrida, e que são indevidas a condenação rotineira.

das multas do art. 477 e 467 da CLT, por não ter dado causa à Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de

situação e por ser inaplicável à Fazenda Pública. serviços tenha ocorrido mediante licitação pública - o que poderia

Apenas a recorrida, ADNALVA BARBOSA FERREIRA, apresentou afastar a configuração da culpa in eligendo - a responsabilidade

contrarrazões de ID 4a7cd28, dentro do prazo legal, conforme secundária da contratante poderá remanescer em face ao substrato

certidão de Id c2582ec . da teoria da culpa in vigilando, que está associada à concepção de

A douta PRT manifestou-se pelo conhecimento e desprovimento do inobservância pelas tomadoras do dever de zelar pela incolumidade

recurso do ente estatal, nos termos do parecer de ID e540a6c. dos direitos trabalhistas dos empregados das empresas interpostas

que lhes prestam serviço.

FUNDAMENTAÇÃO Conforme a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o

ADMISSIBILIDADE dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se

O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, intrínsecos entender que não se pode transferir para a Administração Pública a

e extrínsecos, impondo-se, pois, o conhecimento. responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos

MÉRITO. trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, mesmo quando

Não procede a alegação do recorrente de que não seria parte não adimplidos pelo contratado.

legítima para figurar no polo passivo da reclamatória, tendo em vista Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi

que não existiria vinculo empregatício entre este e o recorrido, eis excluída nesse julgamento. Ao contrário, os votos dos Ministros do

que sua condenação não decorre de tal fato e, sim, encontra STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração

amparo no fato de existir entre os reclamados contrato de prestação Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.

de serviços, que pretende chamar de "Contrato de Gestão", Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a

tentando assim, sem sucesso, levantar tese de que seria um constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a

contrato diverso daquele figurado no Enunciado 331 do C.TST. transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da

Convênio, Contrato de gestão, e/ou parceria são termos utilizadas responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente

para tentar desqualificar a verdadeira prestação de serviços público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá

existente o ente estatal e empresas privadas. que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais

O fato de ter empregados do primeiro demandado trabalhando no e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da

Município de Juazeiro do Norte já comprova a existência de Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos".

terceirização de mão de obra, contudo, alega que se trata de um Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento

"contrato de gestão" apenas objetivando não responder consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o

subsidiariamente pelo inadimplemento das verbas trabalhistas da julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece, verbis:

empresa prestadora de serviço. "V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e

Inexplicavelmente, o ente estatal, que deveria ser e dar exemplo de indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições

respeito às normas jurídicas e boas práticas na administração do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no

pública, é o primeiro a desacatar essas normas, utilizando-se de cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,

ardis com o propósito mesquinho, repita-se, de não responder pelo especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações

pagamento das verbas trabalhistas. contratuais e legais da prestadora de serviço como

É fato que houve contrato de prestação de serviços entre o empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero

recorrente e o primeiro reclamado e daí nasceu a responsabilidade inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela

subsidiária do ente estatal, que se tornou exequível quando do empresa regularmente contratada."

inadimplemento das obrigações contratuais entre a prestadora de Evidenciada, portanto, a conduta culposa da administração pública

serviços e seus empregados. Frise-se que a responsabilidade no cumprimento das obrigações dispostas na Lei nº 8.666/1993,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 669
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inclusive quanto às circunstâncias da contratação - por ausência de mês anterior.

prova de sua regularidade, e mormente daquelas insertas no art. 67 Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para

e parágrafos, especialmente na fiscalização do cumprimento das comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do

obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço, enquanto contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo

empregadora, incide sobre a contratante a responsabilidade princípio da aptidão da prova.

subsidiária pelo pagamento dos títulos trabalhistas inadimplidos Aliás, cabe ao recorrente estatal acionar a citada empresa, de forma

pela empresa contratada. regressiva, para ser ressarcido dos valores que pagar e pagou, a

Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do fim de que não se eternize sua omissão no trato da coisa pública.

art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida Ainda no tocante à responsabilidade do recorrente, o entendimento

pelo Excelso Pretório. jurisprudencial mais recente do c. TST, em face da decisão do

Ora, cediço que foi adotada pelo novel Código Civil a teoria da excelso Supremo Tribunal Federal que declarou constitucional o art.

responsabilidade civil subjetiva para reparação do dano, segundo a 71 da Lei 8.666/93 (ADC 16/DF), é o de que remanesce a

qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração direta,

elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e

a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico das sociedades de economia mista pelos direitos trabalhistas do

imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da empregado locado não adimplidos pelo empregador, sempre que os

combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. referidos entes públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na

186. escolha da empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do

A obrigação de fiscalização da execução de convênio, ou de respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do

qualquer outro instrumento que acarrete obrigação financeira para a Trabalho).

Fazenda, tem respaldo nos artigos 58, III, e 67 da Lei 8.666/93 e Nesse sentido, veja-se o seguinte julgado, in verbis:

cinge-se não apenas ao cumprimento do objeto pactuado, mas se "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

estende à verificação de estar ou não a tomadora de serviços RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DOS

honrando seus encargos trabalhistas. Isso porque a mesma Lei SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO.

Geral de Licitações impõe em seu art. 55, inciso XIII, a obrigação do Encontra-se consentânea com os limites traçados pelo Supremo

contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em Tribunal Federal para a aplicação do entendimento vertido na

compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as Súmula 331, IV, do TST (ADC 16/2007-DF), a responsabilização

condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, subsidiária do tomador dos serviços por débitos trabalhistas ligados

estando dentre as condições de habilitação, expressamente, a à execução de contrato administrativo quando configurada a

regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV). omissão da Administração Pública no dever de fiscalizar, na

Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de qualidade de contratante, as obrigações do contratado, imposição

fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do dos arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/1993 e 37, caput, da Constituição

contrato/convênio, inclusive no que se refere ao cumprimento dos da República. (Proc. TST AIRR - 29240-04.2008.5.11.0008, Rel.

direitos trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, pub. DEJT 25.02.2011).

via de regra, constituem a parte hipossuficiente da relação "

triangular. Isso porque detém a pessoa jurídica de direito público O próprio Supremo Tribunal Federal esclareceu que, a despeito de

melhores condições para tanto, além de estar incumbida de tal ter considerado constitucional o §1° do art. 71 da Lei n.° 8.666/93, a

mister, como se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga responsabilização do poder público deveria ser examinada diante

a nomear gestor para acompanhar os contratos (art. 67). de cada caso concreto, nos seguintes termos:

Em que pesem tais disposições legais, o fato é que do acervo "O Plenário desta Corte, em 24/11/2010, no julgamento da ADC

probatório que dos autos consta não há provas do n.º 16/DF, Relator o Ministro Cezar Peluso, declarou a

acompanhamento pelo fiscal do contrato do efetivo cumprimento constitucionalidade do §1° do artigo 71 da Lei n.°8.666/93,

daquelas obrigações impostas à contratada, tampouco da tendo observado que eventual responsabilização do poder

idoneidade da prestadora, como a exibição de certidões negativas público no pagamento de encargos trabalhistas não decorre de

do INSS e FGTS, e o condicionamento dos repasses da fatura responsabilidade objetiva, antes, deve vir fundamentada no

mensal à apresentação da quitação dos encargos adimplidos no descumprimento de obrigações decorrentes do contrato pela

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administração pública, devidamente comprovado no caso

concreto." (Rcl 10263, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

em 09/03/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe- Diretor de Secretaria

050 DIVULG 16/03/2011 PUBLIC 17/03/2011)"


Processo Nº ROT-0001489-19.2019.5.07.0024
No caso, reforce-se, a responsabilidade do recorrente, decorre, das Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
culpas "in eligendo" e "in vigilando" encontra guarida, ainda, no RECORRENTE MANOEL FABIO DE MIRANDA
ADVOGADO MARCOS RIGONY MENEZES
chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento COSTA(OAB: 12659/CE)
constitucional (art. 37, § 6º), segundo o qual "as pessoas jurídicas ADVOGADO RONIZIA AUREA DE
VASCONCELOS(OAB: 24162/CE)
de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços RECORRIDO SERVIS SEGURANCA LTDA
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa ADVOGADO LIVIA EFFTING CABRAL(OAB:
28472/CE)
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso ADVOGADO MANUEL LUIS DA ROCHA
NETO(OAB: 7479/CE)
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

No que se refere à insurgência quanto as verbas pleiteadas, o Intimado(s)/Citado(s):


recorrente teceu comentários apenas genéricos e ineficazes, sem - MANOEL FABIO DE MIRANDA

comprovar documentalmente suas afirmações, o que comprova sua

falta de fiscalização no cumprimento das obrigações trabalhistas

pelo reclamado principal.


PODER JUDICIÁRIO
São devidas as multas dos artigos 467 e 477, da CLT, uma vez que,
JUSTIÇA DO
no presente caso, a Fazenda Pública responde de modo

subsidiário, nos termos da Súmula 331. inc. VI, do TST, verbis:

"CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE EMENTA

(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO.

Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 IMEDIATIDADE. A justa causa atribuída ao empregador, hábil a

VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços fundamentar o pedido de rescisão indireta, trata-se de medida

abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes extrema, a qual, de modo análogo à falta grave praticada pelo

ao período da prestação laboral. " empregado, somente pode ser reconhecida quando restar

Do exposto, nega-se provimento ao apelo. devidamente comprovada. Embora a imediatidade, na análise

CONCLUSÃO DO VOTO de contexto em que configurada a rescisão indireta, deva ser

Conhecer e negar provimento ao apelo. razoavelmente atenuada, porquanto a reação do empregado

tende a ser restringida pelo seu estado de subordinação e pela

DISPOSITIVO necessidade de preservação do liame, vislumbra-se

ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª desproporcional e desarrazoado classificar como imediata uma

TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª reação que só veio a ser praticada depois de mais de 10 anos,

REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário,. porque contados do momento em que o trabalhador começou a sofrer

presentes os pressupostos de admissibilidade, e, no mérito, negar- prejuízos. Afinal, a falta cometida pelo empregador, a ensejar o

lhe provimento. acolhimento dessa rescisão, há de ser tal, que torne impossível

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores a manutenção da relação de emprego. Deste modo, tendo em

Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior vista a não configuração da rescisão indireta pleiteada pelo

(Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a) autor, deve ser mantida a decisão do juízo de origem que

Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo afastou a ocorrência da rescisão indireta, mantendo-se a

de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. continuidade da relação de emprego.

Fortaleza, 18 de julho de 2022. FÉRIAS NÃO GOZADAS. ÔNUS DA PROVA. Era do reclamante

JEFFERSON QUESADO o ônus da prova alusivo à demonstração de que não gozava os

Desembargador Relator períodos de férias a que fazia jus, inobstante conste

documentação produzida pela reclamada comprovando o

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. regular gozo. Desvencilhando-se o obreiro de tal desiderato

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(art. 818, CLT), faz jus o promovente ao valor das férias não dos apelos.

concedidas de modo regular, a serem pagas em dobro.

Recursos ordinários conhecidos e improvidos. II - MÉRITO

RELATÓRIO

A sentença de Id. 7f4a411, proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do RECURSO DO RECLAMANTE

Trabalho de Sobral, julgou procedentes em parte os pedidos Aduz o recorrente reclamante que seu empregador incorreu na

formulados na reclamação trabalhista ajuizada por MANOEL FABIO seguinte conduta, a qual reputa grave o suficiente para que se

DE MIRANDA em face de SERVIS SEGURANCA LTDA, reconheça a justa causa a cargo do reclamado: ausência de gozo

reconhecendo e declarando por sentença que o reclamante de férias regulares.

trabalhou em todos os períodos em que deveria gozar férias no Persegue, portanto, a procedência do pedido relativo ao

período imprescrito, condenando a reclamada a pagar ao autor, no reconhecimento da rescisão indireta, a fim de que lhe sejam

prazo de 10 dias, a dobra das férias mais 1/3 em 20 dias deferidas as verbas rescisórias respectivas.

(considerando o pagamento de abono pecuniário de 10 dias ao Razão não lhe assiste.

reclamante) relativamente às férias gozadas em 2015 (R$ 1.621,64 A justa causa atribuída ao empregador, hábil a fundamentar o

- fl. 224/225), 2016 (R$ 1.804,48 - 228/229), 2017 (R$2.018,52 - pedido de rescisão indireta, trata-se de medida extrema, a qual, de

232/233) e 2018 (R$ 2.449,40 - fls. 236/237) e 30 dias das férias modo análogo à falta grave praticada pelo empregado, somente

gozadas em 2019 (R$ 3.072,56 - fls. 239/240). pode ser reconhecida quando restar devidamente comprovada.

Inconformados, interpõem reclamante e reclamada os recursos Embora a imediatidade, na análise de contexto em que configurada

ordinários de ID. 05bc60a - Pág. 1-9 e ID. f465834 - Pág. 1-14, a rescisão indireta, deva ser razoavelmente atenuada, porquanto a

respectivamente, pretendendo a modificação da sentença prolatada. reação do empregado tende a ser restringida pelo seu estado de

O obreiro alega, em suma, que o juízo prolator do julgado objurgado subordinação e pela necessidade de preservação do liame,

incorreu em equívoco, ao desconsiderar que a não concessão das vislumbra-se desproporcional e desarrazoado classificar como

férias a que fazia jus daria ensejo à configuração da rescisão imediata uma reação que só veio a ser praticada depois de mais de

indireta do contrato de trabalho. 10 anos, contados do momento em que o trabalhador começou a

Pugna, ainda, pelo deferimento de indenização por danos morais, sofrer prejuízos.

em decorrência da não concessão das férias ao obreiro no tempo Afinal, a falta cometida pelo empregador, a ensejar o acolhimento

oportuno. dessa rescisão, há de ser tal, que torne impossível a manutenção

O reclamado, por sua vez, aduz que nada é devido a título de férias da relação de emprego.

ao recorrido promovente, uma vez que constaria dos autos Colho da jurisprudência acerca da matéria:

documentação comprobatória do efetivo gozo das férias pelo "EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. RESCISÃO INDIRETA DO

empregado (avisos de férias). CONTRATO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE IMEDIATIDADE. Um

Pretende, por fim, a exclusão da verba honorária a seu encargo, dos requisitos da rescisão indireta do contrato de trabalho é a

sob o fundamento de que somente na hipótese de procedência imediatidade. Segundo esse requisito a insurgência do

parcial caberia o arbitramento de honorários de sucumbência trabalhador deve ser contemporânea à infração do empregador,

recíproca, sendo veda a compensação entre as verbas honorárias. pois do contrário pode ser configurado o perdão tácito quanto

Devidamente notificados, somente o recorrido reclamado ofereceu à falta do empregador. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO

contrarrazões, no prazo legal (Id. 59f357f - Pág. 1-13), quedando-se DA 2ª REGIÃO PROCESSO 0002607-40.2013.5.02.0069.

silente o reclamante (Id 96b0c54). MARCELO FREIRE GONÇALVES Desembargador Relator.

Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade

emissão de parecer. legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e

verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código

É O RELATÓRIO. do documento: 3878811 Data da assinatura: 11/06/2015."

Deste modo, tendo em vista a não configuração da rescisão indireta

FUNDAMENTAÇÃO pleiteada pelo autor, impõe-se a manutenção da decisão do juízo de

I - ADMISSIBILIDADE origem.

Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço Ademais, como bem pontuou o julgado a quo, deve-se privilegiar a

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continuidade da relação de emprego, mormente diante do atual gozo.

cenário pandêmico: Irreprochável a sentença objurgada, ao concluir que o obreiro

"Na falta da concessão das férias no tempo devido, ou efetivamente laborava durante os períodos em que deveria estar em

pagamento sem gozo, deve o empregador ser apenado com o gozo de férias:

pagamento da dobra do valor devido, o que acima já foi "Verifico, assim, que os registros de ponto juntados pela

deferido, restando sem razoabilidade findar o contrato de reclamada, fls. 232/288, quanto ao período imprescrito, não

trabalho por justa causa do empregador, ainda mais em tempos indicam registros nos períodos indicados nos avisos de férias,

de desemprego e pandemia, interessando mais ao trabalhador mas os pagamentos de salário que constam nos

a preservação do posto de trabalho, pois não há motivo contracheques dos meses de férias evidenciam que o

relevante à cessação da continuidade da relação de emprego. reclamante recebia os valores das férias e também o salário do

Do contrário, caso o obreiro não mais se interesse pelo posto mês, confirmando que trabalhava nos períodos em que deveria

de trabalho, poderá de livre e espontânea vontade pedir estar de férias.

demissão. Indefiro o pedido e as verbas decorrentes da Os depoimentos das testemunhas ouvidas confirmam que nos

rescisão indireta, mantendo-se a continuidade do vínculo de postos de trabalho havia o livro de registro de ocorrências

emprego entre as partes. " diárias, o que também foi confirmado pela testemunha de

Quanto aos danos morais, a responsabilidade civil do empregador defesa. Cabia à empregadora ter trazido aos autos o referido

pela indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença documento relativo aos postos de trabalho do reclamante no

de três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o período imprescrito, e como não o fez, reputo válidos os

dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo documentos de fls. 17/54, que evidenciam labor do reclamante

empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo mesmo nos períodos em que deveria estar em gozo de férias,

trabalhador. conforme recibos de férias acima indicados."

Não se desincumbindo o reclamante do ônus processual que lhe Desvencilhando-se o obreiro do encargo probatório que sobre si

incumbia, qual seja o de comprovar a ocorrência dos pressupostos recaia (art. 818, CLT), faz jus o promovente ao valor das férias não

supracitados, impõe-se rechaçar o direito à indenização por danos concedidas de modo regular, a serem pagas em dobro, como

morais. acertadamente decidiu a instância a qua.

A não concessão das férias em seus períodos regulares já restou Os honorários advocatícios devem ser mantidos incólumes, em

devidamente compensada através da condenação da reclamada na razão das disposições do art. 791-A, da CLT.

obrigação alusiva ao pagamento da dobra da parcela, conforme Descabe a verba honorária de sucumbência a cargo do autor,

definido em lei, e como acertadamente decidiu o juízo de primeiro enquanto beneficiário da justiça gratuita, por força dos efeitos da

grau. decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou

A sentença não comporta reforma, portanto, pelo que se impõe o a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das

improvimento do recurso ordinário do reclamante. Leis do Trabalho (CLT).

RECURSO DO RECLAMADO CONCLUSÃO DO VOTO

O reclamado, por sua vez, aduz que nada é devido a título de férias Voto pelo improvimento dos recursos, mantendo-se incólume a

ao recorrido promovente, uma vez que constaria dos autos sentença recorrida.

documentação comprobatória do efetivo gozo das férias pelo DISPOSITIVO

empregado (avisos de férias). ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª

Pretende, por fim, a exclusão da verba honorária a seu encargo, TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª

sob o fundamento de que somente na hipótese de procedência REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários

parcial caberia o arbitramento de honorários de sucumbência interpostos e, no mérito, negar-lhes provimento.

recíproca, sendo veda a compensação entre as verbas honorárias. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Razão não lhe assiste. Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

Era do reclamante o ônus da prova alusivo à demonstração de que (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

não gozava os períodos de férias a que fazia jus, inobstante conste Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

documentação produzida pela reclamada comprovando o regular de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

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Fortaleza, 18 de julho de 2022. FÉRIAS NÃO GOZADAS. ÔNUS DA PROVA. Era do reclamante

o ônus da prova alusivo à demonstração de que não gozava os

JEFFERSON QUESADO períodos de férias a que fazia jus, inobstante conste

Desembargador Relator documentação produzida pela reclamada comprovando o

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. regular gozo. Desvencilhando-se o obreiro de tal desiderato

(art. 818, CLT), faz jus o promovente ao valor das férias não

ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART concedidas de modo regular, a serem pagas em dobro.

Diretor de Secretaria Recursos ordinários conhecidos e improvidos.

RELATÓRIO
Processo Nº ROT-0001489-19.2019.5.07.0024
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR A sentença de Id. 7f4a411, proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do
RECORRENTE MANOEL FABIO DE MIRANDA Trabalho de Sobral, julgou procedentes em parte os pedidos
ADVOGADO MARCOS RIGONY MENEZES
COSTA(OAB: 12659/CE) formulados na reclamação trabalhista ajuizada por MANOEL FABIO
ADVOGADO RONIZIA AUREA DE DE MIRANDA em face de SERVIS SEGURANCA LTDA,
VASCONCELOS(OAB: 24162/CE)
RECORRIDO SERVIS SEGURANCA LTDA reconhecendo e declarando por sentença que o reclamante
ADVOGADO LIVIA EFFTING CABRAL(OAB: trabalhou em todos os períodos em que deveria gozar férias no
28472/CE)
ADVOGADO MANUEL LUIS DA ROCHA período imprescrito, condenando a reclamada a pagar ao autor, no
NETO(OAB: 7479/CE)
prazo de 10 dias, a dobra das férias mais 1/3 em 20 dias

Intimado(s)/Citado(s): (considerando o pagamento de abono pecuniário de 10 dias ao

- SERVIS SEGURANCA LTDA reclamante) relativamente às férias gozadas em 2015 (R$ 1.621,64

- fl. 224/225), 2016 (R$ 1.804,48 - 228/229), 2017 (R$2.018,52 -

232/233) e 2018 (R$ 2.449,40 - fls. 236/237) e 30 dias das férias

gozadas em 2019 (R$ 3.072,56 - fls. 239/240).


PODER JUDICIÁRIO
Inconformados, interpõem reclamante e reclamada os recursos
JUSTIÇA DO
ordinários de ID. 05bc60a - Pág. 1-9 e ID. f465834 - Pág. 1-14,

respectivamente, pretendendo a modificação da sentença prolatada.


EMENTA O obreiro alega, em suma, que o juízo prolator do julgado objurgado
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. incorreu em equívoco, ao desconsiderar que a não concessão das
IMEDIATIDADE. A justa causa atribuída ao empregador, hábil a férias a que fazia jus daria ensejo à configuração da rescisão
fundamentar o pedido de rescisão indireta, trata-se de medida indireta do contrato de trabalho.
extrema, a qual, de modo análogo à falta grave praticada pelo Pugna, ainda, pelo deferimento de indenização por danos morais,
empregado, somente pode ser reconhecida quando restar em decorrência da não concessão das férias ao obreiro no tempo
devidamente comprovada. Embora a imediatidade, na análise oportuno.
de contexto em que configurada a rescisão indireta, deva ser O reclamado, por sua vez, aduz que nada é devido a título de férias
razoavelmente atenuada, porquanto a reação do empregado ao recorrido promovente, uma vez que constaria dos autos
tende a ser restringida pelo seu estado de subordinação e pela documentação comprobatória do efetivo gozo das férias pelo
necessidade de preservação do liame, vislumbra-se empregado (avisos de férias).
desproporcional e desarrazoado classificar como imediata uma Pretende, por fim, a exclusão da verba honorária a seu encargo,
reação que só veio a ser praticada depois de mais de 10 anos, sob o fundamento de que somente na hipótese de procedência
contados do momento em que o trabalhador começou a sofrer parcial caberia o arbitramento de honorários de sucumbência
prejuízos. Afinal, a falta cometida pelo empregador, a ensejar o recíproca, sendo veda a compensação entre as verbas honorárias.
acolhimento dessa rescisão, há de ser tal, que torne impossível Devidamente notificados, somente o recorrido reclamado ofereceu
a manutenção da relação de emprego. Deste modo, tendo em contrarrazões, no prazo legal (Id. 59f357f - Pág. 1-13), quedando-se
vista a não configuração da rescisão indireta pleiteada pelo silente o reclamante (Id 96b0c54).
autor, deve ser mantida a decisão do juízo de origem que Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para
afastou a ocorrência da rescisão indireta, mantendo-se a emissão de parecer.
continuidade da relação de emprego.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 674
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

É O RELATÓRIO. do documento: 3878811 Data da assinatura: 11/06/2015."

Deste modo, tendo em vista a não configuração da rescisão indireta

FUNDAMENTAÇÃO pleiteada pelo autor, impõe-se a manutenção da decisão do juízo de

I - ADMISSIBILIDADE origem.

Atendidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço Ademais, como bem pontuou o julgado a quo, deve-se privilegiar a

dos apelos. continuidade da relação de emprego, mormente diante do atual

cenário pandêmico:

II - MÉRITO "Na falta da concessão das férias no tempo devido, ou

pagamento sem gozo, deve o empregador ser apenado com o

RECURSO DO RECLAMANTE pagamento da dobra do valor devido, o que acima já foi

Aduz o recorrente reclamante que seu empregador incorreu na deferido, restando sem razoabilidade findar o contrato de

seguinte conduta, a qual reputa grave o suficiente para que se trabalho por justa causa do empregador, ainda mais em tempos

reconheça a justa causa a cargo do reclamado: ausência de gozo de desemprego e pandemia, interessando mais ao trabalhador

de férias regulares. a preservação do posto de trabalho, pois não há motivo

Persegue, portanto, a procedência do pedido relativo ao relevante à cessação da continuidade da relação de emprego.

reconhecimento da rescisão indireta, a fim de que lhe sejam Do contrário, caso o obreiro não mais se interesse pelo posto

deferidas as verbas rescisórias respectivas. de trabalho, poderá de livre e espontânea vontade pedir

Razão não lhe assiste. demissão. Indefiro o pedido e as verbas decorrentes da

A justa causa atribuída ao empregador, hábil a fundamentar o rescisão indireta, mantendo-se a continuidade do vínculo de

pedido de rescisão indireta, trata-se de medida extrema, a qual, de emprego entre as partes. "

modo análogo à falta grave praticada pelo empregado, somente Quanto aos danos morais, a responsabilidade civil do empregador

pode ser reconhecida quando restar devidamente comprovada. pela indenização decorrente de dano moral pressupõe a presença

Embora a imediatidade, na análise de contexto em que configurada de três requisitos: a prática de ato ilícito ou com abuso de direito; o

a rescisão indireta, deva ser razoavelmente atenuada, porquanto a dano propriamente dito e o nexo causal entre o ato praticado pelo

reação do empregado tende a ser restringida pelo seu estado de empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido pelo

subordinação e pela necessidade de preservação do liame, trabalhador.

vislumbra-se desproporcional e desarrazoado classificar como Não se desincumbindo o reclamante do ônus processual que lhe

imediata uma reação que só veio a ser praticada depois de mais de incumbia, qual seja o de comprovar a ocorrência dos pressupostos

10 anos, contados do momento em que o trabalhador começou a supracitados, impõe-se rechaçar o direito à indenização por danos

sofrer prejuízos. morais.

Afinal, a falta cometida pelo empregador, a ensejar o acolhimento A não concessão das férias em seus períodos regulares já restou

dessa rescisão, há de ser tal, que torne impossível a manutenção devidamente compensada através da condenação da reclamada na

da relação de emprego. obrigação alusiva ao pagamento da dobra da parcela, conforme

Colho da jurisprudência acerca da matéria: definido em lei, e como acertadamente decidiu o juízo de primeiro

"EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. RESCISÃO INDIRETA DO grau.

CONTRATO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE IMEDIATIDADE. Um A sentença não comporta reforma, portanto, pelo que se impõe o

dos requisitos da rescisão indireta do contrato de trabalho é a improvimento do recurso ordinário do reclamante.

imediatidade. Segundo esse requisito a insurgência do

trabalhador deve ser contemporânea à infração do empregador, RECURSO DO RECLAMADO

pois do contrário pode ser configurado o perdão tácito quanto O reclamado, por sua vez, aduz que nada é devido a título de férias

à falta do empregador. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO ao recorrido promovente, uma vez que constaria dos autos

DA 2ª REGIÃO PROCESSO 0002607-40.2013.5.02.0069. documentação comprobatória do efetivo gozo das férias pelo

MARCELO FREIRE GONÇALVES Desembargador Relator. empregado (avisos de férias).

Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade Pretende, por fim, a exclusão da verba honorária a seu encargo,

legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e sob o fundamento de que somente na hipótese de procedência

verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código parcial caberia o arbitramento de honorários de sucumbência

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 675
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

recíproca, sendo veda a compensação entre as verbas honorárias. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

Razão não lhe assiste. Cláudio Soares Pires (Presidente), Jefferson Quesado Júnior

Era do reclamante o ônus da prova alusivo à demonstração de que (Relator) e Francisco José Gomes da Silva. Presente ainda o(a)

não gozava os períodos de férias a que fazia jus, inobstante conste Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo

documentação produzida pela reclamada comprovando o regular de férias o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

gozo. Fortaleza, 18 de julho de 2022.

Irreprochável a sentença objurgada, ao concluir que o obreiro

efetivamente laborava durante os períodos em que deveria estar em JEFFERSON QUESADO

gozo de férias: Desembargador Relator

"Verifico, assim, que os registros de ponto juntados pela FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

reclamada, fls. 232/288, quanto ao período imprescrito, não

indicam registros nos períodos indicados nos avisos de férias, ARLENE DE PAULA PESSOA STUDART

mas os pagamentos de salário que constam nos Diretor de Secretaria

contracheques dos meses de férias evidenciam que o


Processo Nº ROT-0000728-81.2020.5.07.0014
reclamante recebia os valores das férias e também o salário do Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
mês, confirmando que trabalhava nos períodos em que deveria
RECORRENTE AGROPAULO AGROINDUSTRIAL S.A
estar de férias. ADVOGADO TARCIANO CAPIBARIBE
BARROS(OAB: 11208/CE)
Os depoimentos das testemunhas ouvidas confirmam que nos
ADVOGADO Sergio Luis Tavares Martins(OAB:
postos de trabalho havia o livro de registro de ocorrências 14259-A/CE)
RECORRIDO GETULIO VIEIRA CAVALCANTE
diárias, o que também foi confirmado pela testemunha de
ADVOGADO MARCOS PLINIO DE SOUZA
defesa. Cabia à empregadora ter trazido aos autos o referido MONTEIRO(OAB: 4383/AL)
ADVOGADO ANTONIO MARCOS DE MEDEIROS
documento relativo aos postos de trabalho do reclamante no GOMES(OAB: 5250/AL)
período imprescrito, e como não o fez, reputo válidos os
Intimado(s)/Citado(s):
documentos de fls. 17/54, que evidenciam labor do reclamante
- AGROPAULO AGROINDUSTRIAL S.A
mesmo nos períodos em que deveria estar em gozo de férias,

conforme recibos de férias acima indicados."

Desvencilhando-se o obreiro do encargo probatório que sobre si

recaia (art. 818, CLT), faz jus o promovente ao valor das férias não PODER JUDICIÁRIO

concedidas de modo regular, a serem pagas em dobro, como JUSTIÇA DO

acertadamente decidiu a instância a qua.

Os honorários advocatícios devem ser mantidos incólumes, em


EMENTA
razão das disposições do art. 791-A, da CLT.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ELETRICISTA. LAPSO DE
Descabe a verba honorária de sucumbência a cargo do autor,
TEMPO EM QUE O TRABALHO TERIA SIDO EM "REDE
enquanto beneficiário da justiça gratuita, por força dos efeitos da
MORTA". No caso presente, não se discute que o reclamante havia
decisão proferida pelo STF na ADI 5766 (20.10.2021), que declarou
exercido a função de eletricista e que tem direito ao adicional de
a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das
periculosidade. O argumento do recurso é que teria havido um lapso
Leis do Trabalho (CLT).
de tempo em que o obreiro tinha trabalho em "rede morta", onde

não havia corrente elétrica. Entretanto, não apresentou prova


CONCLUSÃO DO VOTO
documental dessa alegação, dispensou o seu depoimento pessoal e
Voto pelo improvimento dos recursos, mantendo-se incólume a
declinou da produção de prova oral. E do outro lado, além das
sentença recorrida.
provas do labor em condições de periculosidade, a perícia registra
DISPOSITIVO
trabalho do autor de forma habitual e permanente em área de risco.
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
Sentença mantida. Recurso conhecido, mas desprovido.
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DEVIDOS POR BENEFICIÁRIO
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos recursos ordinários
DA JUSTIÇA GRATUITA. INCONSTITUCIONALIDADE. A teor da
interpostos e, no mérito, negar-lhes provimento.
Ação Direta de Inconstitucionalidade No 5.766 do Distrito Federal,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 676
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do STF, que possui efeitos "erga omnes" e "ex tunc", e que declarou Versa o presente apelo somente sobre adicional de periculosidade

que o § 4o, do art. 791-A, da CLT, é inconstitucional, visto que viola dentro de um lapso de tempo determinado. A condenação em

o princípio de acesso à justiça previsto no art. 5o, XXXV, da honorários advocatícios e verba pericial não foram objeto de

Constituição Federal, afasta-se de ofício a condenação em recurso.

honorários advocatícios devidos pelo obreiro por ser este A sentença condenou em adicional de periculosidade, no percentual

beneficiário da justiça gratuita. Sentença modificada neste aspecto. de 30% sobre o salário base, no período de 09/09/2015 a

RELATÓRIO 31/03/2017, porque a partir dessa data o reclamante havia passado

Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamada, em face da a receber tal adicional.

sentença prolatada pela 14ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que A função do demandante era de eletricista, que não se contesta a

apreciando a reclamação em que são litigantes as partes acima periculosidade, mas o argumento é que antes de março de 2017, o

citadas, declarou prescritos os pedidos anteriores a 30/04/2014 e reclamante trabalhava com "linha morta", ou seja, em rede de fiação

julgou parcialmente procedente a ação, condenando a demandada onde não havia eletricidade, e por isso não se justifica a

a pagar ao demandante Adicional de periculosidade, no percentual condenação.

de 30% sobre o salário base, no período de 09/09/2015 a Assim, esse é o ponto a ser examinado.

31/03/2017, com reflexos em férias + 1/3, 13ª salário e FGTS + Na inicial, o autor disse que "sempre desempenhou as suas funções

40%. Condenou também a reclamada em pagar honorários laborativas em condições de periculosidade, exposto ao perigo de

periciais, no valor de R$ 1.000,00, e em sucumbência reciproca de rede energizada".

honorários advocatícios de 10% sobre o valor da liquidação, cuja Com a contestação, a reclamada apresentou a ficha de registros de

quantia dividida, sendo 50% desse valor a ser pago pela reclamada EPIs entregues ao autor, nela contendo, nos anos de 2014, 2015,

ao advogado do reclamante e 50% devido pelo reclamante ao 2016 e 2017 recebimentos de EPIs próprios para eletricista que

advogado da reclamada, id nº 673da99. trabalha no ramo, como botina, bota, e ferramentas específicas, id

A recorrente, em suas razões, id nº b577a55, alega o seguinte: que nº 0160863.

o reclamante não trabalhava em área de risco antes de receber o No laudo pericial estão registradas as funções do reclamante: a)

adicional de periculosidade; que o laudo pericial não pode Verificar o estado dos equipamentos inoperantes ou em mau

prevalecer, nesse campo de prova; registra o seguinte: "Sem funcionamento; b) Realizar a manutenção dos equipamentos

embargo, conforma narrado por ocasião da sentença meritória e, elétricos em mau funcionamento; c) Realizar a trocas de disjuntores,

ressalta-se, não impugnado pela parte autora - dado sua confissão tomadas e plugues elétricos;

ficta sobre a matéria, antes do mês de abril de 2017, o demandante, d) Realizar a troca de lâmpadas, luminárias e outros; e) Realizar

enquanto Eletricista, trabalhava com as chamadas linhas mortas, ajustes finos dos aparelhos de ar condicionados; f) Verificação

que são instalações elétricas onde não há mais eletricidade"; que diária das ordens de serviço/ocorrências com supervisor; g)

entrada em subestação era eventual; que somente a exposição Acompanhamento das manutenções realizadas pelas terceirizadas

permanente garantia o direito ao adicional respectivo; que a da reclamada, id nº a258ccc.

sentença deve ser reforma e a ação julgada improcedente. Além das atividades acima mencionadas, há registros também que

O recorrido apresentou contrarrazões, id nº 9153d98, defendendo o o autor entrava em subestação da reclamada, onde havia alta

desprovimento do recurso da demandada. tensão, embora eventualmente.

Dispensado parecer prévio do Ministério Público do Trabalho, por Ressalte-se que essas entradas em subestação são confessadas

norma interna deste Regional. até na peça de recurso, id nº b577a55, com a ressalva de isso

ocorria de forma eventual.

Compulsando os autos, conforme as tarefas do autor, acima

FUNDAMENTAÇÃO mencionadas, os EPIs recebidos, o máximo que poderia acontecer,

nas entradas na subestação seria a forma intermitente, qual seja,

que ocorre com intervalado, descontínuo. E nesse caso, há a

ADMISSIBILIDADE periculosidade, conforme Súmula nº 364, do TST, que assim reza:

Recurso conhecido porque presentes os pressupostos de "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL,

admissibilidade. PERMANENTE E INTERMITENTE (inserido o item II) - Res.

DO MÉRITO 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 677
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I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto reclamada, em área de risco, era habitual e permanente.

permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a Neste contexto, resta confirmar a sentença, negando provimento ao

condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de recurso.

forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI- Registre-se que a sentença condenou o reclamante a pagar

1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003)". horários advocatícios ao advogado da reclamada, em sucumbência

Registre-se esse exame é apenas sobre as entradas na subestação reciproca, e que esse tipo de condenação deixou de existe, por

de eletricidade de alta tensão. Ainda há que se analisar o serviço ordem do Supremo Tribunal Federal.

diário, na função de eletricista, do autor. Quanto ao tema dos honorários advocatícios devidos pela

Voltando ao ponto principal da questão, qual seja, que o reclamante reclamante beneficiária da justiça gratuita, o STF, por meio da ADI

teria trabalhado em "linha morta", antes de março de 2017, a No 5.766 do Distrito Federal, declarou que o § 4º, do art. 791-A, da

reclamada não apresentou prova disso. CLT, é inconstitucional, e, portanto, com efeitos "erga omnes",

A reclamada, ora recorrente, não apresentou prova documental de vinculante e "ex tunc", devendo ser aplicado de imediato aos

que o reclamante só havia trabalho em linha morta, antes de março processos em curso.

de 2017 e, além disso, na audiência id nº 0ff7749, dispensou o seu No caso em tela, a sentença condenou o reclamante a pagar

depoimento pessoal, que não serve de prova, mas poderia honorários advocatícios ao advogado da reclamada, sendo o autor

esclarecedor dos fatos, que levaria o Juiz de piso buscar prova dos beneficiário da Justiça gratuita.

fatos alegados, mas isso não aconteceu. E por derradeiro, na A decisão do Supremo data de 20/10/2021, mas a ação vinha

mesma audiência, a demandada declinou da oitiva de testemunhas, tramitando desde 2017, portanto, a sentença é alcança por ela.

ficando, assim, sem provar o fazia o demandante em tal lapso de Assim, tendo o STF declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B,

tempo. caput e seu § 4º, bem como do art. 791-A, § 4º, ambos da CLT, na

No recurso ainda há o argumento de que o reclamante teria parte em autorizava a condenação do beneficiário da Justiça

confessado tal fato, de haver trabalhado em linha morta, de sua gratuita em pagar honorários ao advogado do reclamado, em

admissão até março de 2017. percentual sobre os pedidos indeferidos, e ainda sendo o

Ocorre que na audiência acima registrada o reclamante esteve reclamante pobre, na forma da lei, e não sucumbente na ação, não

ausente, e não registro de outro depoimento pessoal deve. há se falar em condenação de verba honorária em favor do

Em última análise, no laudo pericial foi indagado se o reclamante advogado da reclamada.

sempre desenvolveu atividades exposto a rede energizada, e se Nesse sentido, tem se manifestado a Jurisprudencial Pátria,

recebia o adicional em todo o período, e o perito disse "vide conforme segue:

conclusão do laudo", e na conclusão disse o seguinte: "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI No

"Baseado na entrevista colhida na diligencia pericial com o 13.467/17 - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA -

reclamante, foram coletadas também informações dos documentos HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA

constantes no PJE, Em conclusão com o conjunto de fatos, GRATUITA. ARTIGO 791-A, § 4o, DA CLT. AÇÃO PROPOSTA

cuidadosa e criteriosamente relatadas no corpo deste laudo técnico APÓS 11 DE NOVEMBRO DE 2017. O art. 791-A, § 4o, introduzido

pericial e considerando as condições de trabalho e como elas foram na Consolidação das Leis do Trabalho pela Lei no 13.467/2017,

observadas na execução da perícia e em conformidade com a dispõe que "Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que

Portaria MTE nº 3.214/78, NR 16 - Atividades e operações não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos

Perigosas, anexo 4 (ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua

COM ENERGIA ELÉTRICA): é de meu parecer que nas atividades sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e

realizadas pelo reclamante enquanto trabalhava na reclamada, somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes

de forma habitual e permanente seu período laboral, EXISTE A ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor

CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DA PERICULOSIDADE (30%), pois demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de

o reclamado não seguiu as orientações da NR 10 itens 10.2.8 e recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,

10.2.9 e seus respectivos subitens". (O destaque não consta do passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário". Ocorre que o

original). Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 5766/DF, em 20/10/2021,

Assim, a conclusão da perícia é que o trabalho do autor na declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT, razão

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 678
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pela qual é indevido o pagamento de honorários advocatícios Inconstitucionalidade no 5.766/DF, o Pleno do E. Supremo Tribunal

sucumbenciais por beneficiário da justiça gratuita, ainda que, em Federal, na Sessão de 20/10/2021, decidiu, com eficácia vinculante

outro processo, obtenha créditos suficientes para suportar as e efeitos erga omnes (art. 102, § 2o, da Constituição Federal), pela

obrigações decorrentes de sua sucumbência. Recurso de revista de inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT. Considerando os

que se conhece e a que se dá provimento". (TST - RR: efeitos produzidos pela decisão do E. STF na citada ADI no

10015671420185020042, Relator: Alberto Bastos Balazeiro, Data 5.766/DF, de imediata incidência no caso dos autos e aplicáveis de

de Julgamento: 27/10/2021, 5a Turma, Data de Publicação: ofício, declara-se isento o reclamante do pagamento de honorários

03/11/2021). de sucumbência, em virtude de sua condição de beneficiário da

"BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. OBRIGAÇÃO DE justiça gratuita. Apelo conhecido e provido, no particular". (TRT-2

PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 10017273220195020712 SP, Relator: JANE GRANZOTO TORRES

SUCUMBENCIAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791, § DA SILVA, 6a Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: 26/10/2021).

4o, DA CLT. O E. STF, nos autos da ADI 5766 e por maioria de (Grifo nosso).

votos, declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT, Assim, no presente caso, afasta-se a condenação em honorários

que impunha ao beneficiário da justiça gratuita que obteve crédito advocatícios devidos pelo obreiro por ser este beneficiário da justiça

judicial, ainda que em outro processo, a obrigação de pagamento de gratuita.

honorários advocatícios sucumbenciais, bem como que determinava

apenas a suspensão da exigibilidade da obrigação, por 2 anos, caso CONCLUSÃO DO VOTO

nenhum valor fosse recebido em juízo pelo trabalhador. À vista Conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. E de ofício,

disso, e considerando os efeitos vinculantes da decisão (art. 102, § determinar a exclusão da condenação imposta ao reclamante para

2o, da CF) e a sua aplicação imediata aos processos em curso, não pagar honorários advocatícios ao advogado da reclamada.

há como subsistir a condenação imposta na origem". (TRT-2

10002589820215020511 SP, Relator: SERGIO ROBERTO

RODRIGUES, 11a Turma - Cadeira 5, Data de Publicação: DISPOSITIVO

25/10/2021). (Grifo nosso). ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL

"I - RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA FIVE ENGENHARIA REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,

S.A. Jornada de trabalho. Sonegação injustificada dos controles de conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. E de ofício,

ponto. Inversão do ônus probatório. Horas extras devidas. De modo determinar a exclusão da condenação imposta ao reclamante para

absolutamente injustificado, a ex-empregadora não colacionou aos pagar honorários advocatícios ao advogado da reclamada.

autos os controles de ponto do autor, os quais efetivamente Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

deveriam existir, por força do comando inserido no artigo 74, Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

parágrafo 2o, da CLT. Assim, existindo prova documental e pré- (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

constituída em poder da ex-empregadora e tendo a empresa Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

omitido tal instrumento da apreciação judicial, trouxe para si o "onus o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

probandi", do qual não se desvencilhou a contento, com Fortaleza, 11 de julho de 2022.

consequente presunção de veracidade da jornada indicada na FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

prefacial, à luz do artigo 400, do CPC, na medida em que não se Relator

pode deixar ao alvedrio de uma das partes a apresentação ao Juízo FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

apenas da parcela do instrumento probatório que melhor lhe apraz.

Mas diversamente, na busca pela verdade real, deve o Juízo JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR

diligenciar quanto ao conhecimento da realidade fática, tendo Diretor de Secretaria

ambas as partes a obrigação processual precípua de demonstrá-la


Processo Nº ROT-0000728-81.2020.5.07.0014
fielmente, nos exatos termos da Súmula 338, item I, do C. TST. Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
Recurso ordinário conhecido e não provido, nesse aspecto. II -
RECORRENTE AGROPAULO AGROINDUSTRIAL S.A
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. Honorários ADVOGADO TARCIANO CAPIBARIBE
BARROS(OAB: 11208/CE)
advocatícios sucumbenciais. Inconstitucionalidade do artigo 791-A,
ADVOGADO Sergio Luis Tavares Martins(OAB:
parágrafo 4o, da CLT. No julgamento da Ação Direta de 14259-A/CE)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 679
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RECORRIDO GETULIO VIEIRA CAVALCANTE


ao advogado do reclamante e 50% devido pelo reclamante ao
ADVOGADO MARCOS PLINIO DE SOUZA
MONTEIRO(OAB: 4383/AL) advogado da reclamada, id nº 673da99.
ADVOGADO ANTONIO MARCOS DE MEDEIROS
GOMES(OAB: 5250/AL) A recorrente, em suas razões, id nº b577a55, alega o seguinte: que

o reclamante não trabalhava em área de risco antes de receber o


Intimado(s)/Citado(s):
adicional de periculosidade; que o laudo pericial não pode
- GETULIO VIEIRA CAVALCANTE
prevalecer, nesse campo de prova; registra o seguinte: "Sem

embargo, conforma narrado por ocasião da sentença meritória e,

ressalta-se, não impugnado pela parte autora - dado sua confissão


PODER JUDICIÁRIO
ficta sobre a matéria, antes do mês de abril de 2017, o demandante,
JUSTIÇA DO
enquanto Eletricista, trabalhava com as chamadas linhas mortas,

que são instalações elétricas onde não há mais eletricidade"; que

EMENTA entrada em subestação era eventual; que somente a exposição

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ELETRICISTA. LAPSO DE permanente garantia o direito ao adicional respectivo; que a

TEMPO EM QUE O TRABALHO TERIA SIDO EM "REDE sentença deve ser reforma e a ação julgada improcedente.

MORTA". No caso presente, não se discute que o reclamante havia O recorrido apresentou contrarrazões, id nº 9153d98, defendendo o

exercido a função de eletricista e que tem direito ao adicional de desprovimento do recurso da demandada.

periculosidade. O argumento do recurso é que teria havido um lapso Dispensado parecer prévio do Ministério Público do Trabalho, por

de tempo em que o obreiro tinha trabalho em "rede morta", onde norma interna deste Regional.

não havia corrente elétrica. Entretanto, não apresentou prova

documental dessa alegação, dispensou o seu depoimento pessoal e

declinou da produção de prova oral. E do outro lado, além das FUNDAMENTAÇÃO

provas do labor em condições de periculosidade, a perícia registra

trabalho do autor de forma habitual e permanente em área de risco.

Sentença mantida. Recurso conhecido, mas desprovido. ADMISSIBILIDADE

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DEVIDOS POR BENEFICIÁRIO Recurso conhecido porque presentes os pressupostos de

DA JUSTIÇA GRATUITA. INCONSTITUCIONALIDADE. A teor da admissibilidade.

Ação Direta de Inconstitucionalidade No 5.766 do Distrito Federal, DO MÉRITO

do STF, que possui efeitos "erga omnes" e "ex tunc", e que declarou Versa o presente apelo somente sobre adicional de periculosidade

que o § 4o, do art. 791-A, da CLT, é inconstitucional, visto que viola dentro de um lapso de tempo determinado. A condenação em

o princípio de acesso à justiça previsto no art. 5o, XXXV, da honorários advocatícios e verba pericial não foram objeto de

Constituição Federal, afasta-se de ofício a condenação em recurso.

honorários advocatícios devidos pelo obreiro por ser este A sentença condenou em adicional de periculosidade, no percentual

beneficiário da justiça gratuita. Sentença modificada neste aspecto. de 30% sobre o salário base, no período de 09/09/2015 a

RELATÓRIO 31/03/2017, porque a partir dessa data o reclamante havia passado

Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamada, em face da a receber tal adicional.

sentença prolatada pela 14ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que A função do demandante era de eletricista, que não se contesta a

apreciando a reclamação em que são litigantes as partes acima periculosidade, mas o argumento é que antes de março de 2017, o

citadas, declarou prescritos os pedidos anteriores a 30/04/2014 e reclamante trabalhava com "linha morta", ou seja, em rede de fiação

julgou parcialmente procedente a ação, condenando a demandada onde não havia eletricidade, e por isso não se justifica a

a pagar ao demandante Adicional de periculosidade, no percentual condenação.

de 30% sobre o salário base, no período de 09/09/2015 a Assim, esse é o ponto a ser examinado.

31/03/2017, com reflexos em férias + 1/3, 13ª salário e FGTS + Na inicial, o autor disse que "sempre desempenhou as suas funções

40%. Condenou também a reclamada em pagar honorários laborativas em condições de periculosidade, exposto ao perigo de

periciais, no valor de R$ 1.000,00, e em sucumbência reciproca de rede energizada".

honorários advocatícios de 10% sobre o valor da liquidação, cuja Com a contestação, a reclamada apresentou a ficha de registros de

quantia dividida, sendo 50% desse valor a ser pago pela reclamada EPIs entregues ao autor, nela contendo, nos anos de 2014, 2015,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 680
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

2016 e 2017 recebimentos de EPIs próprios para eletricista que ficando, assim, sem provar o fazia o demandante em tal lapso de

trabalha no ramo, como botina, bota, e ferramentas específicas, id tempo.

nº 0160863. No recurso ainda há o argumento de que o reclamante teria

No laudo pericial estão registradas as funções do reclamante: a) confessado tal fato, de haver trabalhado em linha morta, de sua

Verificar o estado dos equipamentos inoperantes ou em mau admissão até março de 2017.

funcionamento; b) Realizar a manutenção dos equipamentos Ocorre que na audiência acima registrada o reclamante esteve

elétricos em mau funcionamento; c) Realizar a trocas de disjuntores, ausente, e não registro de outro depoimento pessoal deve.

tomadas e plugues elétricos; Em última análise, no laudo pericial foi indagado se o reclamante

d) Realizar a troca de lâmpadas, luminárias e outros; e) Realizar sempre desenvolveu atividades exposto a rede energizada, e se

ajustes finos dos aparelhos de ar condicionados; f) Verificação recebia o adicional em todo o período, e o perito disse "vide

diária das ordens de serviço/ocorrências com supervisor; g) conclusão do laudo", e na conclusão disse o seguinte:

Acompanhamento das manutenções realizadas pelas terceirizadas "Baseado na entrevista colhida na diligencia pericial com o

da reclamada, id nº a258ccc. reclamante, foram coletadas também informações dos documentos

Além das atividades acima mencionadas, há registros também que constantes no PJE, Em conclusão com o conjunto de fatos,

o autor entrava em subestação da reclamada, onde havia alta cuidadosa e criteriosamente relatadas no corpo deste laudo técnico

tensão, embora eventualmente. pericial e considerando as condições de trabalho e como elas foram

Ressalte-se que essas entradas em subestação são confessadas observadas na execução da perícia e em conformidade com a

até na peça de recurso, id nº b577a55, com a ressalva de isso Portaria MTE nº 3.214/78, NR 16 - Atividades e operações

ocorria de forma eventual. Perigosas, anexo 4 (ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS

Compulsando os autos, conforme as tarefas do autor, acima COM ENERGIA ELÉTRICA): é de meu parecer que nas atividades

mencionadas, os EPIs recebidos, o máximo que poderia acontecer, realizadas pelo reclamante enquanto trabalhava na reclamada,

nas entradas na subestação seria a forma intermitente, qual seja, de forma habitual e permanente seu período laboral, EXISTE A

que ocorre com intervalado, descontínuo. E nesse caso, há a CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DA PERICULOSIDADE (30%), pois

periculosidade, conforme Súmula nº 364, do TST, que assim reza: o reclamado não seguiu as orientações da NR 10 itens 10.2.8 e

"ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, 10.2.9 e seus respectivos subitens". (O destaque não consta do

PERMANENTE E INTERMITENTE (inserido o item II) - Res. original).

209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016 Assim, a conclusão da perícia é que o trabalho do autor na

I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto reclamada, em área de risco, era habitual e permanente.

permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a Neste contexto, resta confirmar a sentença, negando provimento ao

condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de recurso.

forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI- Registre-se que a sentença condenou o reclamante a pagar

1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003)". horários advocatícios ao advogado da reclamada, em sucumbência

Registre-se esse exame é apenas sobre as entradas na subestação reciproca, e que esse tipo de condenação deixou de existe, por

de eletricidade de alta tensão. Ainda há que se analisar o serviço ordem do Supremo Tribunal Federal.

diário, na função de eletricista, do autor. Quanto ao tema dos honorários advocatícios devidos pela

Voltando ao ponto principal da questão, qual seja, que o reclamante reclamante beneficiária da justiça gratuita, o STF, por meio da ADI

teria trabalhado em "linha morta", antes de março de 2017, a No 5.766 do Distrito Federal, declarou que o § 4º, do art. 791-A, da

reclamada não apresentou prova disso. CLT, é inconstitucional, e, portanto, com efeitos "erga omnes",

A reclamada, ora recorrente, não apresentou prova documental de vinculante e "ex tunc", devendo ser aplicado de imediato aos

que o reclamante só havia trabalho em linha morta, antes de março processos em curso.

de 2017 e, além disso, na audiência id nº 0ff7749, dispensou o seu No caso em tela, a sentença condenou o reclamante a pagar

depoimento pessoal, que não serve de prova, mas poderia honorários advocatícios ao advogado da reclamada, sendo o autor

esclarecedor dos fatos, que levaria o Juiz de piso buscar prova dos beneficiário da Justiça gratuita.

fatos alegados, mas isso não aconteceu. E por derradeiro, na A decisão do Supremo data de 20/10/2021, mas a ação vinha

mesma audiência, a demandada declinou da oitiva de testemunhas, tramitando desde 2017, portanto, a sentença é alcança por ela.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 681
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Assim, tendo o STF declarada a inconstitucionalidade do art. 790-B, 2o, da CF) e a sua aplicação imediata aos processos em curso, não

caput e seu § 4º, bem como do art. 791-A, § 4º, ambos da CLT, na há como subsistir a condenação imposta na origem". (TRT-2

parte em autorizava a condenação do beneficiário da Justiça 10002589820215020511 SP, Relator: SERGIO ROBERTO

gratuita em pagar honorários ao advogado do reclamado, em RODRIGUES, 11a Turma - Cadeira 5, Data de Publicação:

percentual sobre os pedidos indeferidos, e ainda sendo o 25/10/2021). (Grifo nosso).

reclamante pobre, na forma da lei, e não sucumbente na ação, não "I - RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA FIVE ENGENHARIA

há se falar em condenação de verba honorária em favor do S.A. Jornada de trabalho. Sonegação injustificada dos controles de

advogado da reclamada. ponto. Inversão do ônus probatório. Horas extras devidas. De modo

Nesse sentido, tem se manifestado a Jurisprudencial Pátria, absolutamente injustificado, a ex-empregadora não colacionou aos

conforme segue: autos os controles de ponto do autor, os quais efetivamente

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI No deveriam existir, por força do comando inserido no artigo 74,

13.467/17 - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA - parágrafo 2o, da CLT. Assim, existindo prova documental e pré-

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA constituída em poder da ex-empregadora e tendo a empresa

GRATUITA. ARTIGO 791-A, § 4o, DA CLT. AÇÃO PROPOSTA omitido tal instrumento da apreciação judicial, trouxe para si o "onus

APÓS 11 DE NOVEMBRO DE 2017. O art. 791-A, § 4o, introduzido probandi", do qual não se desvencilhou a contento, com

na Consolidação das Leis do Trabalho pela Lei no 13.467/2017, consequente presunção de veracidade da jornada indicada na

dispõe que "Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que prefacial, à luz do artigo 400, do CPC, na medida em que não se

não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos pode deixar ao alvedrio de uma das partes a apresentação ao Juízo

capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua apenas da parcela do instrumento probatório que melhor lhe apraz.

sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e Mas diversamente, na busca pela verdade real, deve o Juízo

somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes diligenciar quanto ao conhecimento da realidade fática, tendo

ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor ambas as partes a obrigação processual precípua de demonstrá-la

demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de fielmente, nos exatos termos da Súmula 338, item I, do C. TST.

recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, Recurso ordinário conhecido e não provido, nesse aspecto. II -

passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário". Ocorre que o RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. Honorários

Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 5766/DF, em 20/10/2021, advocatícios sucumbenciais. Inconstitucionalidade do artigo 791-A,

declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT, razão parágrafo 4o, da CLT. No julgamento da Ação Direta de

pela qual é indevido o pagamento de honorários advocatícios Inconstitucionalidade no 5.766/DF, o Pleno do E. Supremo Tribunal

sucumbenciais por beneficiário da justiça gratuita, ainda que, em Federal, na Sessão de 20/10/2021, decidiu, com eficácia vinculante

outro processo, obtenha créditos suficientes para suportar as e efeitos erga omnes (art. 102, § 2o, da Constituição Federal), pela

obrigações decorrentes de sua sucumbência. Recurso de revista de inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT. Considerando os

que se conhece e a que se dá provimento". (TST - RR: efeitos produzidos pela decisão do E. STF na citada ADI no

10015671420185020042, Relator: Alberto Bastos Balazeiro, Data 5.766/DF, de imediata incidência no caso dos autos e aplicáveis de

de Julgamento: 27/10/2021, 5a Turma, Data de Publicação: ofício, declara-se isento o reclamante do pagamento de honorários

03/11/2021). de sucumbência, em virtude de sua condição de beneficiário da

"BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. OBRIGAÇÃO DE justiça gratuita. Apelo conhecido e provido, no particular". (TRT-2

PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 10017273220195020712 SP, Relator: JANE GRANZOTO TORRES

SUCUMBENCIAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791, § DA SILVA, 6a Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: 26/10/2021).

4o, DA CLT. O E. STF, nos autos da ADI 5766 e por maioria de (Grifo nosso).

votos, declarou a inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o, da CLT, Assim, no presente caso, afasta-se a condenação em honorários

que impunha ao beneficiário da justiça gratuita que obteve crédito advocatícios devidos pelo obreiro por ser este beneficiário da justiça

judicial, ainda que em outro processo, a obrigação de pagamento de gratuita.

honorários advocatícios sucumbenciais, bem como que determinava

apenas a suspensão da exigibilidade da obrigação, por 2 anos, caso CONCLUSÃO DO VOTO

nenhum valor fosse recebido em juízo pelo trabalhador. À vista Conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. E de ofício,

disso, e considerando os efeitos vinculantes da decisão (art. 102, § determinar a exclusão da condenação imposta ao reclamante para

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 682
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

pagar honorários advocatícios ao advogado da reclamada. depósito recursal, não há como conhecer do seu apelo, por deserto.

RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO

CEARA - FEDERAÇÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

DISPOSITIVO MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA.

ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO.

REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, SÚMULA Nº 331, IV, DO TST. Restando comprovado nos autos

conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. E de ofício, que a empresa prestadora de serviços foi contratada pela recorrente

determinar a exclusão da condenação imposta ao reclamante para e que descumpriu as obrigações trabalhistas em relação ao

pagar honorários advocatícios ao advogado da reclamada. reclamante, não há como afastar da tomadora do serviço a

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores responsabilidade pelo pagamento, de forma subsidiária, das verbas

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva devidas à obreira, tendo em vista o disposto na Súmula nº 331, IV,

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). do TST.

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias MULTA POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. MANUTENÇÃO.

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. Não padecendo a sentença vergastada de omissão ou contradição,

Fortaleza, 11 de julho de 2022. nem tampouco carecendo de quaisquer esclarecimentos, vez que o

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA Juízo apreciara de forma clara e objetiva toda a matéria levada ao

Relator seu conhecimento, valorando as provas segundo o livre e

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. fundamentado convencimento ali exposto, tem-se que os embargos

declaratórios foram utilizados com propósito diverso do fim a que se

JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR destinam, pelo que há de se manter a multa aplicada pelo Juízo de

Diretor de Secretaria origem em razão da oposição de recurso com fins protelatórios.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus


Processo Nº RORSum-0000458-56.2021.5.07.0003
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA próprios e jurídicos fundamentos.
SILVA
RELATÓRIO
RECORRENTE UNIMED DO CE FED DAS COOP DE
TRAB MED DO EST DO CE LTDA PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.
ADVOGADO VICTOR DE CARVALHO
RODRIGUES(OAB: 33232/CE) RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO
ADVOGADO JOAQUIM ROCHA DE LUCENA ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI
NETO(OAB: 16042/CE)
ADVOGADO GIOVANNI PAULO DE N.º9.957/2000.
VASCONCELOS SILVA(OAB:
8579/CE)
RECORRENTE IMAGINE TECNOLOGIA FUNDAMENTAÇÃO
COMPORTAMENTAL LTDA
ADVOGADO DJONI DE ARAUJO NEVES RECURSO ORDINÁRIO DA 1.ª RECLAMADA. IMAGINE
FILHO(OAB: 35973/CE)
TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA.
RECORRIDO LETICIA CASTELO BRANCO RAMOS
ADVOGADO CINTHIA MENESES MAIA(OAB: ADMISSIBILIDADE
29398/CE)
Trata-se de recurso ordinário interposto pela 1.ª reclamada

Intimado(s)/Citado(s): IMAGINE TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA em face da

- IMAGINE TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA sentença prolatada pela MM.ª 3.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id

f46612d) que julgando parcialmente procedentes os pedidos

formulados na reclamação trabalhista promovida por LETICIA

CASTELO BRANCO RAMOS, condenou-a, subsidiariamente com a


PODER JUDICIÁRIO
2.ª reclamada, no pagamento de bolsa de estágio de fevereiro e
JUSTIÇA DO
março de 2020, no valor total de R$1.200,00; e honorários

advocatícios sucumbenciais no montante de 15% (quinze por


EMENTA cento), sobre o valor crédito autoral (R$1.200,00), ou seja,
RECURSO ORDINÁRIO DA 1.ª RECLAMADA. IMAGINE R$180,00.
TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA. NÃO Em suas razões (id da383fd ) pugna, preliminarmente lhe seja
CONHECIMENTO. DESERÇÃO. Não tendo a recorrente efetuado o concedido o benefício da justiça gratuita com o fito de a isentar do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 683
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

depósito recursal e as custas processuais, com a determinação do presente feito, atrai, diante dos pedidos formulados, a

regular processamento do recurso ordinário e, na sequência, o seu responsabilidade em caráter subsidiário, pela terceirização de mão

exame de mérito. de obra.

Alega, em apertada síntese, "queda acentuada de faturamento, a Isso porque, nem a legalidade quanto à contratação de sociedades

existência de débito elevado e a ausência de pagamento dos prestadoras de serviços, nem a função desenvolvida pelo

créditos que lhe seriam devidos pela segunda reclamada.", não reclamante (se atividade meio ou fim) têm o condão de afastar a

podendo arcar com as despesas e preparo do recurso sem responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços que se

comprometer suas despesas cotidianas. beneficiaram do labor obreiro.

Em um primeiro Juízo de admissibilidade recursal, o juízo Na mesma esteira, importante ressaltar que tal responsabilização

monocrático, recebeu o recurso ordinário em seu efeito devolutivo, não decorre da relação de subordinação direta com o obreiro, mas

com fulcro nos art. 893, inciso II, e 895, inciso I da CLT, deixando a sim de sua incúria (culpa "in vigilando") em velar pelo fiel

apreciação do requerimento da gratuidade de justiça para o cumprimento dos direitos trabalhistas pela empresa contratada.

Colendo TRT da 7ª Região conforme art 99 § 7º do CPC e OJ -SDI1 Portanto, a responsabilidade subsidiária dos tomadores de serviço

- 269 do TST (id 9310db3). encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro, onde as

O juízo de admissibilidade do 2.ª grau indeferiu o pedido de empresas contratantes têm o dever de fiscalizar eficazmente os

concessão dos benefícios da gratuidade da justiça à agravante (id contratos trabalhistas, no que concerne ao seu adimplemento e,

07fe5f0). sempre que for verificada a ausência desse dever fiscalizatório,

No despacho, foi concedido prazo de 05 (cinco) dias para que a permanece plenamente possível a imputação da responsabilidade

recorrente realizasse o recolhimento das custas e do depósito subsidiária ao tomador do serviço terceirizado, ante a configuração

recursal, nos termos da OJ nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do da culpa "in elegendo" ou "in vigilando".

CPC/2015, sob pena de, não o fazendo, se manter a decisão ora Por outro lado, o inadimplemento dos direitos trabalhistas da

atacada, deixando a reclamada transcorrer o prazo legal sem empregada, por si só, demonstra a ausência da devida fiscalização

apresentar manifestação, conforme certidão de id. 9785785. por parte do tomador dos serviços dos trabalhadores em questão,

Portanto, cabia à parte interessada velar pela adequada que incorreu, assim, na chamada "culpa in vigilando".

formalização do seu recurso, o que não ocorreu na hipótese dos No processo em tela, não restou demonstrado que a prestadora de

autos. serviços tivesse cumprido com suas obrigações trabalhistas para

Recurso ordinário que não se conhece, por deserto. com o reclamante, nem que a tomadora dos serviços, tenha

RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO adotado qualquer forma de fiscalização neste sentido.

CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS A proteção aos direitos do trabalhador, funda-se, outrossim, na

MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA. própria importância atribuída ao trabalho pela atual Constituição

ADMISSIBILIDADE Federal de 1988, elevando-o ao patamar de um dos fundamentos

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do do Estado Democrático de Direito (art. 1.º, inciso IV). Assim, não

recurso ordinário da 2.ª reclamada. pode cláusula contratual privada celebrada entre as partes afastar a

MÉRITO responsabilidade subsidiária da tomadora dos serviços, visto que é

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA matéria de ordem pública de âmbito constitucional.

Requer a 2ª reclamada que seja afastada a sua responsabilidade Na hipótese, portanto, restou provado que a recorrente incorreu na

subsidiária. culpa "in vigilando", já que fora omissa na fiscalização do

À análise. cumprimento das obrigações contratuais e legais da empresa

Da análise das provas dos autos, conclui-se que, efetivamente, a prestadora de serviços.

autora trabalhou em benefício da segunda reclamada. Assim, nos moldes da diretriz consubstanciada na Súmula nº 331,

Nesse sentido, a segunda reclamada tinha o dever, como IV, do TST, a qual preconiza o seguinte:

beneficiária dos serviços do reclamante, de fiscalizar a regularidade "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

das relações trabalhistas havidas entre a 1ª reclamada e a obreira. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

A omissão fiscalizatória da 2ª reclamada, demonstrada pela serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da

ausência de qualquer prova em sentido contrário e pelas próprias relação processual e conste também do título executivo judicial".

irregularidades trabalhistas que foram objeto de condenação no Desta forma, configurada a terceirização de mão de obra, por meio

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 684
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

de contrato de prestação de serviços, na qual a segunda reclamada legislação trabalhista prevê a responsabilidade do tomador dos

se beneficiou dos serviços prestados pela reclamante, é aplicável o serviços, ou seja, aquele que efetivamente foi beneficiado pela

entendimento consubstanciado na Súmula n.º 331, IV, do col. TST, prestação dos serviços pelo trabalhador. Aliás, a CLT, em seu artigo

impondo a responsabilização subsidiária à tomadora de serviços 455, permite até mesmo que o trabalhador demande em face do

pelos créditos trabalhistas deferidos em primeiro grau. empreiteiro principal. Ressalto que o entendimento consubstanciado

Ante o exposto, confirma-se a sentença quanto à responsabilidade na súmula do enunciado 331 do C. TST, quanto à responsabilização

subsidiária da 2ª reclamada/recorrente. subsidiária da tomadora dos serviços, tem por fundamentos

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a jurídicos o princípio de proteção ao empregado, bem como a

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o natureza alimentar dos créditos trabalhistas. Assim, comprovada a

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência celebração de contrato com o objetivo específico de prestação de

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. serviços para beneficiários de plano de saúde da segunda ré,

Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir declaro a sua responsabilidade subsidiária pela quitação do crédito

expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do da autora, em caso de inadimplemento pela primeira reclamada. Por

recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a fim, diante das informações da primeira ré acerca do bloqueio de

sentença recorrida carece de nenhum reparo, já que crédito pertencente à empresa, determino que a segunda ré coloque

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. à disposição deste processo, no prazo de oito dias, crédito da

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, primeira ré que seja suficiente à satisfação das parcelas acima

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: deferidas. Eventual descumprimento injustificado desta

"RESPONSABILIDADE DA SEGUNDA RECLAMADA determinação caracterizará desobediência à ordem judicial e o ato

A parte autora afirma que atendia pacientes que eram clientes da atentatório ao exercício da jurisdição. Cabe ressaltar que tal

segunda reclamada UNIMED Ceará, o que demonstraria que, ainda determinação não significa inversão da ordem de responsabilidade

que indiretamente, havia prestação de serviços para a UNIMED. pelo cumprimento da condenação, pois mantida a responsabilidade

Esclarece que, em 2016, foi iniciada a prestação de serviços da subsidiária da segunda ré. Porém, tendo a segunda ré bloqueado

Imagine para os pacientes da UNIMED; que, em 2018, a Imagine já créditos da primeira ré, pode a segunda ré colocar à disposição do

atendia mais de 100 clientes da Unimed e o faturamento com estes presente processo valor suficiente à satisfação desta ação."

clientes já ultrapassava os 98% do total da primeira reclamada; que, MULTA. EMBARGOS PROTELATÓRIOS.

em março de 2020, aparentemente, a UNIMED suspendeu o Ao final opõe-se o recorrente à multa imposta por ocasião do

pagamento para a primeira reclamada e, por este motivo, não foram julgamento dos embargos declaratórios.

pagas as rescisões contratuais. Argumenta que a Imagine prestava Sem razão.

serviços terceirizados para UNIMED, que assumiu os riscos desse De uma simples leitura das razões de recurso manejadas nos

contrato de prestação de serviços. A documentação apresentada embargos de declaração opostos pelo recorrente (id 8fd5aa6),

pela segunda reclamada comprova que as rés firmaram contrato observa-se que estes almejavam, por via transversal, a rediscussão

para a prestação de serviços específicos de psicologia, do mérito da lide, apontando a embargante contradições na

fonoaudiologia, terapia ocupacional e supervisão de terapia ABA sentença quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício e a

aos beneficiários da Unimed do Ceará, indicados no anexo do responsabilidade subsidiária.

contrato. Não se trata, portanto, de mero credenciamento, mas de Entretanto, não padece a sentença vergastada de omissão ou

efetivo deslocamento da prestação de serviços de responsabilidade contradição, nem tampouco carece de quaisquer esclarecimentos,

da segunda reclamada para a primeira demandada. Com a vez que o Juízo apreciou de forma clara e objetiva toda a matéria

terceirização, a tomadora dos serviços passa a atribuir parte de levada ao seu conhecimento, valorando as provas segundo o livre e

suas atividades para outras empresas (prestadoras de serviços). fundamentado convencimento ali exposto.

Por meio de tal instituto, há uma diminuição dos custos Assim, tem-se que os embargos declaratórios foram utilizados com

empresariais, mormente quanto aos decorrentes das relações de propósito diverso do fim a que se destinam, pelo que há de se

emprego. A tomadora deve fiscalizar o cumprimento das obrigações manter a multa aplicada pelo juízo "a quo".

trabalhistas pela empresa prestadora. Tal dever decorre da CONCLUSÃO DO VOTO

responsabilidade civil decorrente das culpas in vigilando, in Voto pelo não conhecimento do recurso ordinário da 1.ª reclamada,

contrahendo e in eligendo (artigo 942 do CC). Ademais, a própria por deserto; pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 685
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

da 2.ª reclamada, mantendo-se a sentença por seus próprios e

jurídicos fundamentos.
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por EMENTA

unanimidade, não conhecer do recurso ordinário interposto pela 1.ª RECURSO ORDINÁRIO DA 1.ª RECLAMADA. IMAGINE

reclamada (IMAGINE TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA), TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA. NÃO

por deserto; conhecer do recurso ordinário da 2.ª reclamada CONHECIMENTO. DESERÇÃO. Não tendo a recorrente efetuado o

(UNIMED DO CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES depósito recursal, não há como conhecer do seu apelo, por deserto.

COOPERATIVAS MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA) e, no RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO

mérito, por maioria, negar-lhe provimento, mantendo-se a sentença CEARA - FEDERAÇÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

por seus próprios e jurídicos fundamentos. Vencido o MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA.

Desembargador Jefferson Quesado Júnior, que julgava RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO.

improcedente a ação, em razão da súmula 331 do TST, só SÚMULA Nº 331, IV, DO TST. Restando comprovado nos autos

condenando subsidiariamente em caso de relação de emprego, e que a empresa prestadora de serviços foi contratada pela recorrente

não de estágio. e que descumpriu as obrigações trabalhistas em relação ao

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores reclamante, não há como afastar da tomadora do serviço a

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva responsabilidade pelo pagamento, de forma subsidiária, das verbas

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). devidas à obreira, tendo em vista o disposto na Súmula nº 331, IV,

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias do TST.

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. MULTA POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. MANUTENÇÃO.

Fortaleza, 11 de julho de 2022. Não padecendo a sentença vergastada de omissão ou contradição,

nem tampouco carecendo de quaisquer esclarecimentos, vez que o

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA Juízo apreciara de forma clara e objetiva toda a matéria levada ao

Relator seu conhecimento, valorando as provas segundo o livre e

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. fundamentado convencimento ali exposto, tem-se que os embargos

declaratórios foram utilizados com propósito diverso do fim a que se

JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR destinam, pelo que há de se manter a multa aplicada pelo Juízo de

Diretor de Secretaria origem em razão da oposição de recurso com fins protelatórios.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus


Processo Nº RORSum-0000458-56.2021.5.07.0003
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA próprios e jurídicos fundamentos.
SILVA
RELATÓRIO
RECORRENTE UNIMED DO CE FED DAS COOP DE
TRAB MED DO EST DO CE LTDA PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.
ADVOGADO VICTOR DE CARVALHO
RODRIGUES(OAB: 33232/CE) RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO
ADVOGADO JOAQUIM ROCHA DE LUCENA ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI
NETO(OAB: 16042/CE)
ADVOGADO GIOVANNI PAULO DE N.º9.957/2000.
VASCONCELOS SILVA(OAB:
8579/CE)
RECORRENTE IMAGINE TECNOLOGIA FUNDAMENTAÇÃO
COMPORTAMENTAL LTDA
ADVOGADO DJONI DE ARAUJO NEVES RECURSO ORDINÁRIO DA 1.ª RECLAMADA. IMAGINE
FILHO(OAB: 35973/CE)
TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA.
RECORRIDO LETICIA CASTELO BRANCO RAMOS
ADVOGADO CINTHIA MENESES MAIA(OAB: ADMISSIBILIDADE
29398/CE)
Trata-se de recurso ordinário interposto pela 1.ª reclamada

Intimado(s)/Citado(s): IMAGINE TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA em face da

- UNIMED DO CE FED DAS COOP DE TRAB MED DO EST DO sentença prolatada pela MM.ª 3.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id
CE LTDA
f46612d) que julgando parcialmente procedentes os pedidos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 686
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

formulados na reclamação trabalhista promovida por LETICIA À análise.

CASTELO BRANCO RAMOS, condenou-a, subsidiariamente com a Da análise das provas dos autos, conclui-se que, efetivamente, a

2.ª reclamada, no pagamento de bolsa de estágio de fevereiro e autora trabalhou em benefício da segunda reclamada.

março de 2020, no valor total de R$1.200,00; e honorários Nesse sentido, a segunda reclamada tinha o dever, como

advocatícios sucumbenciais no montante de 15% (quinze por beneficiária dos serviços do reclamante, de fiscalizar a regularidade

cento), sobre o valor crédito autoral (R$1.200,00), ou seja, das relações trabalhistas havidas entre a 1ª reclamada e a obreira.

R$180,00. A omissão fiscalizatória da 2ª reclamada, demonstrada pela

Em suas razões (id da383fd ) pugna, preliminarmente lhe seja ausência de qualquer prova em sentido contrário e pelas próprias

concedido o benefício da justiça gratuita com o fito de a isentar do irregularidades trabalhistas que foram objeto de condenação no

depósito recursal e as custas processuais, com a determinação do presente feito, atrai, diante dos pedidos formulados, a

regular processamento do recurso ordinário e, na sequência, o seu responsabilidade em caráter subsidiário, pela terceirização de mão

exame de mérito. de obra.

Alega, em apertada síntese, "queda acentuada de faturamento, a Isso porque, nem a legalidade quanto à contratação de sociedades

existência de débito elevado e a ausência de pagamento dos prestadoras de serviços, nem a função desenvolvida pelo

créditos que lhe seriam devidos pela segunda reclamada.", não reclamante (se atividade meio ou fim) têm o condão de afastar a

podendo arcar com as despesas e preparo do recurso sem responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços que se

comprometer suas despesas cotidianas. beneficiaram do labor obreiro.

Em um primeiro Juízo de admissibilidade recursal, o juízo Na mesma esteira, importante ressaltar que tal responsabilização

monocrático, recebeu o recurso ordinário em seu efeito devolutivo, não decorre da relação de subordinação direta com o obreiro, mas

com fulcro nos art. 893, inciso II, e 895, inciso I da CLT, deixando a sim de sua incúria (culpa "in vigilando") em velar pelo fiel

apreciação do requerimento da gratuidade de justiça para o cumprimento dos direitos trabalhistas pela empresa contratada.

Colendo TRT da 7ª Região conforme art 99 § 7º do CPC e OJ -SDI1 Portanto, a responsabilidade subsidiária dos tomadores de serviço

- 269 do TST (id 9310db3). encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro, onde as

O juízo de admissibilidade do 2.ª grau indeferiu o pedido de empresas contratantes têm o dever de fiscalizar eficazmente os

concessão dos benefícios da gratuidade da justiça à agravante (id contratos trabalhistas, no que concerne ao seu adimplemento e,

07fe5f0). sempre que for verificada a ausência desse dever fiscalizatório,

No despacho, foi concedido prazo de 05 (cinco) dias para que a permanece plenamente possível a imputação da responsabilidade

recorrente realizasse o recolhimento das custas e do depósito subsidiária ao tomador do serviço terceirizado, ante a configuração

recursal, nos termos da OJ nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do da culpa "in elegendo" ou "in vigilando".

CPC/2015, sob pena de, não o fazendo, se manter a decisão ora Por outro lado, o inadimplemento dos direitos trabalhistas da

atacada, deixando a reclamada transcorrer o prazo legal sem empregada, por si só, demonstra a ausência da devida fiscalização

apresentar manifestação, conforme certidão de id. 9785785. por parte do tomador dos serviços dos trabalhadores em questão,

Portanto, cabia à parte interessada velar pela adequada que incorreu, assim, na chamada "culpa in vigilando".

formalização do seu recurso, o que não ocorreu na hipótese dos No processo em tela, não restou demonstrado que a prestadora de

autos. serviços tivesse cumprido com suas obrigações trabalhistas para

Recurso ordinário que não se conhece, por deserto. com o reclamante, nem que a tomadora dos serviços, tenha

RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO adotado qualquer forma de fiscalização neste sentido.

CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS A proteção aos direitos do trabalhador, funda-se, outrossim, na

MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA. própria importância atribuída ao trabalho pela atual Constituição

ADMISSIBILIDADE Federal de 1988, elevando-o ao patamar de um dos fundamentos

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do do Estado Democrático de Direito (art. 1.º, inciso IV). Assim, não

recurso ordinário da 2.ª reclamada. pode cláusula contratual privada celebrada entre as partes afastar a

MÉRITO responsabilidade subsidiária da tomadora dos serviços, visto que é

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA matéria de ordem pública de âmbito constitucional.

Requer a 2ª reclamada que seja afastada a sua responsabilidade Na hipótese, portanto, restou provado que a recorrente incorreu na

subsidiária. culpa "in vigilando", já que fora omissa na fiscalização do

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 687
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

cumprimento das obrigações contratuais e legais da empresa da segunda reclamada para a primeira demandada. Com a

prestadora de serviços. terceirização, a tomadora dos serviços passa a atribuir parte de

Assim, nos moldes da diretriz consubstanciada na Súmula nº 331, suas atividades para outras empresas (prestadoras de serviços).

IV, do TST, a qual preconiza o seguinte: Por meio de tal instituto, há uma diminuição dos custos

"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empresariais, mormente quanto aos decorrentes das relações de

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos emprego. A tomadora deve fiscalizar o cumprimento das obrigações

serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da trabalhistas pela empresa prestadora. Tal dever decorre da

relação processual e conste também do título executivo judicial". responsabilidade civil decorrente das culpas in vigilando, in

Desta forma, configurada a terceirização de mão de obra, por meio contrahendo e in eligendo (artigo 942 do CC). Ademais, a própria

de contrato de prestação de serviços, na qual a segunda reclamada legislação trabalhista prevê a responsabilidade do tomador dos

se beneficiou dos serviços prestados pela reclamante, é aplicável o serviços, ou seja, aquele que efetivamente foi beneficiado pela

entendimento consubstanciado na Súmula n.º 331, IV, do col. TST, prestação dos serviços pelo trabalhador. Aliás, a CLT, em seu artigo

impondo a responsabilização subsidiária à tomadora de serviços 455, permite até mesmo que o trabalhador demande em face do

pelos créditos trabalhistas deferidos em primeiro grau. empreiteiro principal. Ressalto que o entendimento consubstanciado

Ante o exposto, confirma-se a sentença quanto à responsabilidade na súmula do enunciado 331 do C. TST, quanto à responsabilização

subsidiária da 2ª reclamada/recorrente. subsidiária da tomadora dos serviços, tem por fundamentos

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a jurídicos o princípio de proteção ao empregado, bem como a

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o natureza alimentar dos créditos trabalhistas. Assim, comprovada a

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência celebração de contrato com o objetivo específico de prestação de

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. serviços para beneficiários de plano de saúde da segunda ré,

Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir declaro a sua responsabilidade subsidiária pela quitação do crédito

expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do da autora, em caso de inadimplemento pela primeira reclamada. Por

recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a fim, diante das informações da primeira ré acerca do bloqueio de

sentença recorrida carece de nenhum reparo, já que crédito pertencente à empresa, determino que a segunda ré coloque

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. à disposição deste processo, no prazo de oito dias, crédito da

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, primeira ré que seja suficiente à satisfação das parcelas acima

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: deferidas. Eventual descumprimento injustificado desta

"RESPONSABILIDADE DA SEGUNDA RECLAMADA determinação caracterizará desobediência à ordem judicial e o ato

A parte autora afirma que atendia pacientes que eram clientes da atentatório ao exercício da jurisdição. Cabe ressaltar que tal

segunda reclamada UNIMED Ceará, o que demonstraria que, ainda determinação não significa inversão da ordem de responsabilidade

que indiretamente, havia prestação de serviços para a UNIMED. pelo cumprimento da condenação, pois mantida a responsabilidade

Esclarece que, em 2016, foi iniciada a prestação de serviços da subsidiária da segunda ré. Porém, tendo a segunda ré bloqueado

Imagine para os pacientes da UNIMED; que, em 2018, a Imagine já créditos da primeira ré, pode a segunda ré colocar à disposição do

atendia mais de 100 clientes da Unimed e o faturamento com estes presente processo valor suficiente à satisfação desta ação."

clientes já ultrapassava os 98% do total da primeira reclamada; que, MULTA. EMBARGOS PROTELATÓRIOS.

em março de 2020, aparentemente, a UNIMED suspendeu o Ao final opõe-se o recorrente à multa imposta por ocasião do

pagamento para a primeira reclamada e, por este motivo, não foram julgamento dos embargos declaratórios.

pagas as rescisões contratuais. Argumenta que a Imagine prestava Sem razão.

serviços terceirizados para UNIMED, que assumiu os riscos desse De uma simples leitura das razões de recurso manejadas nos

contrato de prestação de serviços. A documentação apresentada embargos de declaração opostos pelo recorrente (id 8fd5aa6),

pela segunda reclamada comprova que as rés firmaram contrato observa-se que estes almejavam, por via transversal, a rediscussão

para a prestação de serviços específicos de psicologia, do mérito da lide, apontando a embargante contradições na

fonoaudiologia, terapia ocupacional e supervisão de terapia ABA sentença quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício e a

aos beneficiários da Unimed do Ceará, indicados no anexo do responsabilidade subsidiária.

contrato. Não se trata, portanto, de mero credenciamento, mas de Entretanto, não padece a sentença vergastada de omissão ou

efetivo deslocamento da prestação de serviços de responsabilidade contradição, nem tampouco carece de quaisquer esclarecimentos,

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 688
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO GIOVANNI PAULO DE


vez que o Juízo apreciou de forma clara e objetiva toda a matéria VASCONCELOS SILVA(OAB:
8579/CE)
levada ao seu conhecimento, valorando as provas segundo o livre e RECORRENTE IMAGINE TECNOLOGIA
COMPORTAMENTAL LTDA
fundamentado convencimento ali exposto.
ADVOGADO DJONI DE ARAUJO NEVES
Assim, tem-se que os embargos declaratórios foram utilizados com FILHO(OAB: 35973/CE)
RECORRIDO LETICIA CASTELO BRANCO RAMOS
propósito diverso do fim a que se destinam, pelo que há de se
ADVOGADO CINTHIA MENESES MAIA(OAB:
manter a multa aplicada pelo juízo "a quo". 29398/CE)

CONCLUSÃO DO VOTO
Intimado(s)/Citado(s):
Voto pelo não conhecimento do recurso ordinário da 1.ª reclamada,
- LETICIA CASTELO BRANCO RAMOS
por deserto; pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário

da 2.ª reclamada, mantendo-se a sentença por seus próprios e

jurídicos fundamentos.
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por EMENTA


unanimidade, não conhecer do recurso ordinário interposto pela 1.ª RECURSO ORDINÁRIO DA 1.ª RECLAMADA. IMAGINE
reclamada (IMAGINE TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA), TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA. NÃO
por deserto; conhecer do recurso ordinário da 2.ª reclamada CONHECIMENTO. DESERÇÃO. Não tendo a recorrente efetuado o
(UNIMED DO CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES depósito recursal, não há como conhecer do seu apelo, por deserto.
COOPERATIVAS MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA) e, no RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO
mérito, por maioria, negar-lhe provimento, mantendo-se a sentença CEARA - FEDERAÇÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS
por seus próprios e jurídicos fundamentos. Vencido o MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA.
Desembargador Jefferson Quesado Júnior, que julgava RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO.
improcedente a ação, em razão da súmula 331 do TST, só SÚMULA Nº 331, IV, DO TST. Restando comprovado nos autos
condenando subsidiariamente em caso de relação de emprego, e que a empresa prestadora de serviços foi contratada pela recorrente
não de estágio. e que descumpriu as obrigações trabalhistas em relação ao
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores reclamante, não há como afastar da tomadora do serviço a
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva responsabilidade pelo pagamento, de forma subsidiária, das verbas
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). devidas à obreira, tendo em vista o disposto na Súmula nº 331, IV,
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias do TST.
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. MULTA POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. MANUTENÇÃO.
Fortaleza, 11 de julho de 2022. Não padecendo a sentença vergastada de omissão ou contradição,

nem tampouco carecendo de quaisquer esclarecimentos, vez que o


FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA Juízo apreciara de forma clara e objetiva toda a matéria levada ao
Relator seu conhecimento, valorando as provas segundo o livre e
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. fundamentado convencimento ali exposto, tem-se que os embargos

declaratórios foram utilizados com propósito diverso do fim a que se


JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR destinam, pelo que há de se manter a multa aplicada pelo Juízo de
Diretor de Secretaria origem em razão da oposição de recurso com fins protelatórios.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus


Processo Nº RORSum-0000458-56.2021.5.07.0003
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA próprios e jurídicos fundamentos.
SILVA
RELATÓRIO
RECORRENTE UNIMED DO CE FED DAS COOP DE
TRAB MED DO EST DO CE LTDA PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.
ADVOGADO VICTOR DE CARVALHO
RODRIGUES(OAB: 33232/CE) RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO
ADVOGADO JOAQUIM ROCHA DE LUCENA ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI
NETO(OAB: 16042/CE)
N.º9.957/2000.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 689
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

FUNDAMENTAÇÃO MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA.

RECURSO ORDINÁRIO DA 1.ª RECLAMADA. IMAGINE ADMISSIBILIDADE

TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do

ADMISSIBILIDADE recurso ordinário da 2.ª reclamada.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela 1.ª reclamada MÉRITO

IMAGINE TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA em face da RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA

sentença prolatada pela MM.ª 3.ª Vara do Trabalho de Fortaleza (id Requer a 2ª reclamada que seja afastada a sua responsabilidade

f46612d) que julgando parcialmente procedentes os pedidos subsidiária.

formulados na reclamação trabalhista promovida por LETICIA À análise.

CASTELO BRANCO RAMOS, condenou-a, subsidiariamente com a Da análise das provas dos autos, conclui-se que, efetivamente, a

2.ª reclamada, no pagamento de bolsa de estágio de fevereiro e autora trabalhou em benefício da segunda reclamada.

março de 2020, no valor total de R$1.200,00; e honorários Nesse sentido, a segunda reclamada tinha o dever, como

advocatícios sucumbenciais no montante de 15% (quinze por beneficiária dos serviços do reclamante, de fiscalizar a regularidade

cento), sobre o valor crédito autoral (R$1.200,00), ou seja, das relações trabalhistas havidas entre a 1ª reclamada e a obreira.

R$180,00. A omissão fiscalizatória da 2ª reclamada, demonstrada pela

Em suas razões (id da383fd ) pugna, preliminarmente lhe seja ausência de qualquer prova em sentido contrário e pelas próprias

concedido o benefício da justiça gratuita com o fito de a isentar do irregularidades trabalhistas que foram objeto de condenação no

depósito recursal e as custas processuais, com a determinação do presente feito, atrai, diante dos pedidos formulados, a

regular processamento do recurso ordinário e, na sequência, o seu responsabilidade em caráter subsidiário, pela terceirização de mão

exame de mérito. de obra.

Alega, em apertada síntese, "queda acentuada de faturamento, a Isso porque, nem a legalidade quanto à contratação de sociedades

existência de débito elevado e a ausência de pagamento dos prestadoras de serviços, nem a função desenvolvida pelo

créditos que lhe seriam devidos pela segunda reclamada.", não reclamante (se atividade meio ou fim) têm o condão de afastar a

podendo arcar com as despesas e preparo do recurso sem responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços que se

comprometer suas despesas cotidianas. beneficiaram do labor obreiro.

Em um primeiro Juízo de admissibilidade recursal, o juízo Na mesma esteira, importante ressaltar que tal responsabilização

monocrático, recebeu o recurso ordinário em seu efeito devolutivo, não decorre da relação de subordinação direta com o obreiro, mas

com fulcro nos art. 893, inciso II, e 895, inciso I da CLT, deixando a sim de sua incúria (culpa "in vigilando") em velar pelo fiel

apreciação do requerimento da gratuidade de justiça para o cumprimento dos direitos trabalhistas pela empresa contratada.

Colendo TRT da 7ª Região conforme art 99 § 7º do CPC e OJ -SDI1 Portanto, a responsabilidade subsidiária dos tomadores de serviço

- 269 do TST (id 9310db3). encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro, onde as

O juízo de admissibilidade do 2.ª grau indeferiu o pedido de empresas contratantes têm o dever de fiscalizar eficazmente os

concessão dos benefícios da gratuidade da justiça à agravante (id contratos trabalhistas, no que concerne ao seu adimplemento e,

07fe5f0). sempre que for verificada a ausência desse dever fiscalizatório,

No despacho, foi concedido prazo de 05 (cinco) dias para que a permanece plenamente possível a imputação da responsabilidade

recorrente realizasse o recolhimento das custas e do depósito subsidiária ao tomador do serviço terceirizado, ante a configuração

recursal, nos termos da OJ nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do da culpa "in elegendo" ou "in vigilando".

CPC/2015, sob pena de, não o fazendo, se manter a decisão ora Por outro lado, o inadimplemento dos direitos trabalhistas da

atacada, deixando a reclamada transcorrer o prazo legal sem empregada, por si só, demonstra a ausência da devida fiscalização

apresentar manifestação, conforme certidão de id. 9785785. por parte do tomador dos serviços dos trabalhadores em questão,

Portanto, cabia à parte interessada velar pela adequada que incorreu, assim, na chamada "culpa in vigilando".

formalização do seu recurso, o que não ocorreu na hipótese dos No processo em tela, não restou demonstrado que a prestadora de

autos. serviços tivesse cumprido com suas obrigações trabalhistas para

Recurso ordinário que não se conhece, por deserto. com o reclamante, nem que a tomadora dos serviços, tenha

RECURSO ORDINÁRIO DA 2.ª RECLAMADA. UNIMED DO adotado qualquer forma de fiscalização neste sentido.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 690
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

A proteção aos direitos do trabalhador, funda-se, outrossim, na pagas as rescisões contratuais. Argumenta que a Imagine prestava

própria importância atribuída ao trabalho pela atual Constituição serviços terceirizados para UNIMED, que assumiu os riscos desse

Federal de 1988, elevando-o ao patamar de um dos fundamentos contrato de prestação de serviços. A documentação apresentada

do Estado Democrático de Direito (art. 1.º, inciso IV). Assim, não pela segunda reclamada comprova que as rés firmaram contrato

pode cláusula contratual privada celebrada entre as partes afastar a para a prestação de serviços específicos de psicologia,

responsabilidade subsidiária da tomadora dos serviços, visto que é fonoaudiologia, terapia ocupacional e supervisão de terapia ABA

matéria de ordem pública de âmbito constitucional. aos beneficiários da Unimed do Ceará, indicados no anexo do

Na hipótese, portanto, restou provado que a recorrente incorreu na contrato. Não se trata, portanto, de mero credenciamento, mas de

culpa "in vigilando", já que fora omissa na fiscalização do efetivo deslocamento da prestação de serviços de responsabilidade

cumprimento das obrigações contratuais e legais da empresa da segunda reclamada para a primeira demandada. Com a

prestadora de serviços. terceirização, a tomadora dos serviços passa a atribuir parte de

Assim, nos moldes da diretriz consubstanciada na Súmula nº 331, suas atividades para outras empresas (prestadoras de serviços).

IV, do TST, a qual preconiza o seguinte: Por meio de tal instituto, há uma diminuição dos custos

"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empresariais, mormente quanto aos decorrentes das relações de

empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos emprego. A tomadora deve fiscalizar o cumprimento das obrigações

serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da trabalhistas pela empresa prestadora. Tal dever decorre da

relação processual e conste também do título executivo judicial". responsabilidade civil decorrente das culpas in vigilando, in

Desta forma, configurada a terceirização de mão de obra, por meio contrahendo e in eligendo (artigo 942 do CC). Ademais, a própria

de contrato de prestação de serviços, na qual a segunda reclamada legislação trabalhista prevê a responsabilidade do tomador dos

se beneficiou dos serviços prestados pela reclamante, é aplicável o serviços, ou seja, aquele que efetivamente foi beneficiado pela

entendimento consubstanciado na Súmula n.º 331, IV, do col. TST, prestação dos serviços pelo trabalhador. Aliás, a CLT, em seu artigo

impondo a responsabilização subsidiária à tomadora de serviços 455, permite até mesmo que o trabalhador demande em face do

pelos créditos trabalhistas deferidos em primeiro grau. empreiteiro principal. Ressalto que o entendimento consubstanciado

Ante o exposto, confirma-se a sentença quanto à responsabilidade na súmula do enunciado 331 do C. TST, quanto à responsabilização

subsidiária da 2ª reclamada/recorrente. subsidiária da tomadora dos serviços, tem por fundamentos

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a jurídicos o princípio de proteção ao empregado, bem como a

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o natureza alimentar dos créditos trabalhistas. Assim, comprovada a

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência celebração de contrato com o objetivo específico de prestação de

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. serviços para beneficiários de plano de saúde da segunda ré,

Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir declaro a sua responsabilidade subsidiária pela quitação do crédito

expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do da autora, em caso de inadimplemento pela primeira reclamada. Por

recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a fim, diante das informações da primeira ré acerca do bloqueio de

sentença recorrida carece de nenhum reparo, já que crédito pertencente à empresa, determino que a segunda ré coloque

esquadrinhados todos os aspectos abordados pela parte recorrente. à disposição deste processo, no prazo de oito dias, crédito da

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, primeira ré que seja suficiente à satisfação das parcelas acima

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: deferidas. Eventual descumprimento injustificado desta

"RESPONSABILIDADE DA SEGUNDA RECLAMADA determinação caracterizará desobediência à ordem judicial e o ato

A parte autora afirma que atendia pacientes que eram clientes da atentatório ao exercício da jurisdição. Cabe ressaltar que tal

segunda reclamada UNIMED Ceará, o que demonstraria que, ainda determinação não significa inversão da ordem de responsabilidade

que indiretamente, havia prestação de serviços para a UNIMED. pelo cumprimento da condenação, pois mantida a responsabilidade

Esclarece que, em 2016, foi iniciada a prestação de serviços da subsidiária da segunda ré. Porém, tendo a segunda ré bloqueado

Imagine para os pacientes da UNIMED; que, em 2018, a Imagine já créditos da primeira ré, pode a segunda ré colocar à disposição do

atendia mais de 100 clientes da Unimed e o faturamento com estes presente processo valor suficiente à satisfação desta ação."

clientes já ultrapassava os 98% do total da primeira reclamada; que, MULTA. EMBARGOS PROTELATÓRIOS.

em março de 2020, aparentemente, a UNIMED suspendeu o Ao final opõe-se o recorrente à multa imposta por ocasião do

pagamento para a primeira reclamada e, por este motivo, não foram julgamento dos embargos declaratórios.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 691
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Sem razão. JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR

De uma simples leitura das razões de recurso manejadas nos Diretor de Secretaria

embargos de declaração opostos pelo recorrente (id 8fd5aa6),


Processo Nº ROT-0000877-68.2020.5.07.0017
observa-se que estes almejavam, por via transversal, a rediscussão Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
do mérito da lide, apontando a embargante contradições na
RECORRENTE JUDERLINO OLIVEIRA DE SOUSA
sentença quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício e a ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
144802/MG)
responsabilidade subsidiária.
ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
Entretanto, não padece a sentença vergastada de omissão ou SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)
ADVOGADO MARCOS ROBERTO DIAS(OAB:
contradição, nem tampouco carece de quaisquer esclarecimentos, 87946/MG)
vez que o Juízo apreciou de forma clara e objetiva toda a matéria RECORRIDO L AUTO CARGO TRANSPORTE
RODOVIARIO S/A
levada ao seu conhecimento, valorando as provas segundo o livre e ADVOGADO PATRÍCIO DE SOUSA
ALMEIDA(OAB: 3380/CE)
fundamentado convencimento ali exposto.
RECORRIDO VIA VAREJO S/A
Assim, tem-se que os embargos declaratórios foram utilizados com ADVOGADO TATIANE DE CICCO NASCIMBEM
CHADID(OAB: 201296/SP)
propósito diverso do fim a que se destinam, pelo que há de se
ADVOGADO LEONARDO SANTINI
manter a multa aplicada pelo juízo "a quo". ECHENIQUE(OAB: 249651/SP)

CONCLUSÃO DO VOTO
Intimado(s)/Citado(s):
Voto pelo não conhecimento do recurso ordinário da 1.ª reclamada, - JUDERLINO OLIVEIRA DE SOUSA
por deserto; pelo conhecimento e improvimento do recurso ordinário

da 2.ª reclamada, mantendo-se a sentença por seus próprios e

jurídicos fundamentos.
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por EMENTA


unanimidade, não conhecer do recurso ordinário interposto pela 1.ª CONTROLE DE JORNADA DE TRABALHADOR EXTERNO.
reclamada (IMAGINE TECNOLOGIA COMPORTAMENTAL LTDA), HORAS EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO
por deserto; conhecer do recurso ordinário da 2.ª reclamada INCISO I, DO ART. 62, DA CLT. O empregado ao realizar seu labor
(UNIMED DO CEARA - FEDERACÃO DAS SOCIEDADES como montador externo, sem submissão de controle de jornada e
COOPERATIVAS MEDICAS DO ESTADO DO CEARA LTDA) e, no com total autonomia quanto aos seus horários, se enquadra na
mérito, por maioria, negar-lhe provimento, mantendo-se a sentença exceção do inciso I, do art. 62, da CLT e, portanto, indevida a
por seus próprios e jurídicos fundamentos. Vencido o condenação da ora recorrida no pagamento das horas
Desembargador Jefferson Quesado Júnior, que julgava extraordinárias e reflexos.
improcedente a ação, em razão da súmula 331 do TST, só Recurso ordinário conhecido e improvido.
condenando subsidiariamente em caso de relação de emprego, e RELATÓRIO
não de estágio. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores decisão de ID. 7533109 que julgou improcedentes os pedidos
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva constantes da Reclamação Trabalhista movida por JUDERLINO
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). OLIVEIRA DE SOUSA em desfavor de L. Auto Transporte
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias Rodoviário S/A e Via Varejo S/A.
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente
Fortaleza, 11 de julho de 2022. inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e

pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art.


FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA 62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios
Relator eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés

condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 692
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do pleito nos termos do referido artigo 295, parágrafo único, inciso I, do

intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para CPC.

descanso em refeição. No que se refere ao pedido de pagamento por supostas horas

Requer ainda o recorrente sejam as rés condenadas no pagamento extras laboradas em face do labor em sobrejornada e de alegada

da indenização pelo seu veículo em face de utilização do mesmo supressão do intervalo intrajornada, destinado ao descanso e

em benefício das reclamadas, pelo que pugna seja devidamente refeição e, de igual sorte, nada há a alterar na decisão de 1º grau.

indenizado pelos gastos com combustível e manutenção do seu Explica-se.

bem. A teor do disposto no art. 62, I, da CLT, os empregados que

Requer, também, seja a 2ª reclamada condenada na exerçam atividade externa incompatível com a fixação de horário de

responsabilização pelo pagamento dos créditos perseguidos, de trabalho não estão abrangidos pelo regime de duração do trabalho.

forma subsidiária, tendo em vista que era beneficiada em face de Pois bem.

ser a tomadora dos serviços da 1ª reclamada, contratante do autor. Do exame dos autos restou indene de dúvidas que o autor laborava

Por fim, requer sejam as rés condenadas no pagamento dos para a 1ª reclamada em favor da 2ª demandada, como montador

honorários advocatícios sucumbenciais. externo, cumprindo rota diária, o que se coaduna perfeitamente com

Contrarrazões pela 1ª recorrida, conforme ID. 40d496d e pela 2ª o disposto no art. 62, I, da CLT.

recorrida, conforme ID 6fc8e72. Registre-se, que diversamente do que defende o autor, o fato de o

A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade trabalhador laborar com o uso de equipamentos telemáticos

de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno). (tablet/celular) de se dizer que tais equipamentos não têm, por si só,

FUNDAMENTAÇÃO o condão de controlar a jornada de trabalho do obreiro, mas tão-só,

ADMISSIBILIDADE acompanhar a efetivação das ordens de serviços ali consignadas.

Conheço do recurso porque presentes os pressupostos de Ademais, e como bem exposto na sentença ora atacada:

admissibilidade. Ocorre que a mera possibilidade de acompanhamento da realização

MÉRITO de serviços não traduz efetivo controle de jornada. Note-se que o

Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente trabalhador, ao ser obrigado a prestar conta da execução de cada

inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e serviço, não está, necessariamente, tendo controlado o seu horário

pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art. de trabalho, mas apenas a sua produção. Tanto é que, no mesmo

62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios sentido, depuseram as testemunhas informando que eram

eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle repassadas aos montadores as montagens que deveriam cumprir,

de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés não necessariamente atrelando-as a um horário determinando,

condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em podendo o autor, inclusive, alterar a ordem do dia, desde que

sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do cumprisse os serviços designados para aquele dia. O mesmo se

intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para diga quanto à necessidade de autorização junto à empregadora

descanso em refeição. para o reclamante se ausentar do trabalho, o que, por óbvio, era

Reza o art. 840, da CLT, que o pedido, deverá ser certo, realizado para fins de controle do trabalho (produção e entrega dos

determinado e com indicação de seu valor, sob pena de ser serviços aos clientes), e não para fins de controle de ponto. Ambas

declarado inepto. as testemunhas ouvidas a pedido da reclamada, por fim, deixaram

Pois bem. certo que, acaso concluídas as montagens do dia ainda em horário

O autor, quando de sua inicial, pleiteia a condenação das rés no comercial, os montadores entravam em contato para saber se havia

pagamento de valores devidos em face do alegado labor aos algum novo serviço a cumprir, embora não fossem obrigados a

domingos e feriados. tanto, mas sim por interesse em cumprimento de metas e

No entanto, o ora recorrente sequer indicou na peça vestibular a bonificação. Quanto ao intervalo, os depoimentos restaram

quantidade de dias trabalhados aos domingos e feriados, nem inconclusivos, pelo que, considerando o ônus probatório do autor

sequer aponta as datas laboradas, o que impossibilita à parte ré o também nesse tocante, entendo não demonstrada a supressão do

exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa. tempo de repouso.

Nessa perspectiva, de se manter a sentença que entendeu, Conclui-se, portanto, que o empregado ao realizar seu labor como

acertadamente, diga-se, pela inepta da inicial, em relação a tal montador externo, sem submissão de controle de jornada e com

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 693
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

total autonomia quanto aos seus horários, se enquadra na exceção provimento.

do inciso I, do art. 62, da CLT e, portanto, indevida a condenação da

ora recorrida no pagamento das horas extraordinárias e reflexos. DISPOSITIVO

Sobre a matéria, assim já se posicionou este relator:

CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

DO ART. 62, DA CLT. As notas fiscais e os resumos de vendas, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe

si só, não são meios hábeis a controlar o horário de trabalho do provimento.

empregado, uma vez que não conferem exatidão quanto aos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

horários de início e término da jornada de trabalho, quando muito Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

registram o horário da venda ou da emissão da nota. O autor (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

também nunca foi advertido ou chamado atenção em razão do Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

horário de trabalho e entrava em contato com o supervisor apenas o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

quando necessário durante as viagens, comparecendo às Fortaleza, 11 de julho de 2022.

dependências físicas do empregador por 02 (duas) vezes na

semana, fatos esses que inviabilizam o controle de jornada e FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

reclamam a aplicação do inciso I, do art. 62, da CLT. Recurso Relator

ordinário conhecido e improvido. (Acórdão. Processo:0000067- FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

47.2017.5.07.0034. Redator(a): Silva, Francisco Jose Gomes da.

Órgão Julgador:2ª Turma. Incluído/Julgado em: 04 jun. 2018. JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR

Publicado em: 06 jun. 2018.) Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000877-68.2020.5.07.0017
Nesse prisma, este Regional tem firmado o entendimento de que, Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
para afastar a exceção do inciso I do art. 62 da CLT e determinar o
RECORRENTE JUDERLINO OLIVEIRA DE SOUSA
pagamento de horas extras, é imprescindível a existência de meios ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
144802/MG)
hábeis para controlar, com exatidão, a jornada do empregado.
ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
No presente caso, inexistindo elementos probatórios capazes de SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)
ADVOGADO MARCOS ROBERTO DIAS(OAB:
viabilizar a condenação no pagamento de pagamento de horas 87946/MG)
extras e reflexos, de se manter a decisão ora atacada em sua RECORRIDO L AUTO CARGO TRANSPORTE
RODOVIARIO S/A
inteireza. ADVOGADO PATRÍCIO DE SOUSA
ALMEIDA(OAB: 3380/CE)
No que se refere ao pedido de condenação das rés no pagamento
RECORRIDO VIA VAREJO S/A
das despesas com combustível e manutenção de veículo do autor, ADVOGADO TATIANE DE CICCO NASCIMBEM
CHADID(OAB: 201296/SP)
utilizado em favor das rés, melhor sorte não assiste ao recorrente, à
ADVOGADO LEONARDO SANTINI
míngua de efetivas provas nos autos de realização de tais despesas ECHENIQUE(OAB: 249651/SP)

pelo obreiro.
Intimado(s)/Citado(s):
Ademais, de se registrar, conforme bem salientado na sentença ora - L AUTO CARGO TRANSPORTE RODOVIARIO S/A
atacada que, dos depoimentos colhidos, restou demonstrado que a

reclamada procedia ao pagamento de ajuda de custo, bem como de

auxílio para custeio do combustível utilizado.


PODER JUDICIÁRIO
Quanto ao pedido de honorários advocatícios e ao pleito de
JUSTIÇA DO
responsabilização subsidiária da 2ª reclamada tem-se por

prejudicados diante da manutenção da sentença que julgou

improcedentes os pedidos elencados na presente ação. EMENTA

CONTROLE DE JORNADA DE TRABALHADOR EXTERNO.


CONCLUSÃO DO VOTO HORAS EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO
Ante o exposto, conheço do apelo e, no mérito, nego-lhe INCISO I, DO ART. 62, DA CLT. O empregado ao realizar seu labor

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 694
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

como montador externo, sem submissão de controle de jornada e eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle

com total autonomia quanto aos seus horários, se enquadra na de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés

exceção do inciso I, do art. 62, da CLT e, portanto, indevida a condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em

condenação da ora recorrida no pagamento das horas sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do

extraordinárias e reflexos. intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para

Recurso ordinário conhecido e improvido. descanso em refeição.

RELATÓRIO Reza o art. 840, da CLT, que o pedido, deverá ser certo,

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da determinado e com indicação de seu valor, sob pena de ser

decisão de ID. 7533109 que julgou improcedentes os pedidos declarado inepto.

constantes da Reclamação Trabalhista movida por JUDERLINO Pois bem.

OLIVEIRA DE SOUSA em desfavor de L. Auto Transporte O autor, quando de sua inicial, pleiteia a condenação das rés no

Rodoviário S/A e Via Varejo S/A. pagamento de valores devidos em face do alegado labor aos

Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente domingos e feriados.

inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e No entanto, o ora recorrente sequer indicou na peça vestibular a

pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art. quantidade de dias trabalhados aos domingos e feriados, nem

62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios sequer aponta as datas laboradas, o que impossibilita à parte ré o

eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa.

de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés Nessa perspectiva, de se manter a sentença que entendeu,

condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em acertadamente, diga-se, pela inepta da inicial, em relação a tal

sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do pleito nos termos do referido artigo 295, parágrafo único, inciso I, do

intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para CPC.

descanso em refeição. No que se refere ao pedido de pagamento por supostas horas

Requer ainda o recorrente sejam as rés condenadas no pagamento extras laboradas em face do labor em sobrejornada e de alegada

da indenização pelo seu veículo em face de utilização do mesmo supressão do intervalo intrajornada, destinado ao descanso e

em benefício das reclamadas, pelo que pugna seja devidamente refeição e, de igual sorte, nada há a alterar na decisão de 1º grau.

indenizado pelos gastos com combustível e manutenção do seu Explica-se.

bem. A teor do disposto no art. 62, I, da CLT, os empregados que

Requer, também, seja a 2ª reclamada condenada na exerçam atividade externa incompatível com a fixação de horário de

responsabilização pelo pagamento dos créditos perseguidos, de trabalho não estão abrangidos pelo regime de duração do trabalho.

forma subsidiária, tendo em vista que era beneficiada em face de Pois bem.

ser a tomadora dos serviços da 1ª reclamada, contratante do autor. Do exame dos autos restou indene de dúvidas que o autor laborava

Por fim, requer sejam as rés condenadas no pagamento dos para a 1ª reclamada em favor da 2ª demandada, como montador

honorários advocatícios sucumbenciais. externo, cumprindo rota diária, o que se coaduna perfeitamente com

Contrarrazões pela 1ª recorrida, conforme ID. 40d496d e pela 2ª o disposto no art. 62, I, da CLT.

recorrida, conforme ID 6fc8e72. Registre-se, que diversamente do que defende o autor, o fato de o

A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade trabalhador laborar com o uso de equipamentos telemáticos

de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno). (tablet/celular) de se dizer que tais equipamentos não têm, por si só,

FUNDAMENTAÇÃO o condão de controlar a jornada de trabalho do obreiro, mas tão-só,

ADMISSIBILIDADE acompanhar a efetivação das ordens de serviços ali consignadas.

Conheço do recurso porque presentes os pressupostos de Ademais, e como bem exposto na sentença ora atacada:

admissibilidade. Ocorre que a mera possibilidade de acompanhamento da realização

MÉRITO de serviços não traduz efetivo controle de jornada. Note-se que o

Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente trabalhador, ao ser obrigado a prestar conta da execução de cada

inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e serviço, não está, necessariamente, tendo controlado o seu horário

pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art. de trabalho, mas apenas a sua produção. Tanto é que, no mesmo

62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios sentido, depuseram as testemunhas informando que eram

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 695
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

repassadas aos montadores as montagens que deveriam cumprir, viabilizar a condenação no pagamento de pagamento de horas

não necessariamente atrelando-as a um horário determinando, extras e reflexos, de se manter a decisão ora atacada em sua

podendo o autor, inclusive, alterar a ordem do dia, desde que inteireza.

cumprisse os serviços designados para aquele dia. O mesmo se No que se refere ao pedido de condenação das rés no pagamento

diga quanto à necessidade de autorização junto à empregadora das despesas com combustível e manutenção de veículo do autor,

para o reclamante se ausentar do trabalho, o que, por óbvio, era utilizado em favor das rés, melhor sorte não assiste ao recorrente, à

realizado para fins de controle do trabalho (produção e entrega dos míngua de efetivas provas nos autos de realização de tais despesas

serviços aos clientes), e não para fins de controle de ponto. Ambas pelo obreiro.

as testemunhas ouvidas a pedido da reclamada, por fim, deixaram Ademais, de se registrar, conforme bem salientado na sentença ora

certo que, acaso concluídas as montagens do dia ainda em horário atacada que, dos depoimentos colhidos, restou demonstrado que a

comercial, os montadores entravam em contato para saber se havia reclamada procedia ao pagamento de ajuda de custo, bem como de

algum novo serviço a cumprir, embora não fossem obrigados a auxílio para custeio do combustível utilizado.

tanto, mas sim por interesse em cumprimento de metas e Quanto ao pedido de honorários advocatícios e ao pleito de

bonificação. Quanto ao intervalo, os depoimentos restaram responsabilização subsidiária da 2ª reclamada tem-se por

inconclusivos, pelo que, considerando o ônus probatório do autor prejudicados diante da manutenção da sentença que julgou

também nesse tocante, entendo não demonstrada a supressão do improcedentes os pedidos elencados na presente ação.

tempo de repouso.

Conclui-se, portanto, que o empregado ao realizar seu labor como CONCLUSÃO DO VOTO

montador externo, sem submissão de controle de jornada e com Ante o exposto, conheço do apelo e, no mérito, nego-lhe

total autonomia quanto aos seus horários, se enquadra na exceção provimento.

do inciso I, do art. 62, da CLT e, portanto, indevida a condenação da

ora recorrida no pagamento das horas extraordinárias e reflexos. DISPOSITIVO

Sobre a matéria, assim já se posicionou este relator:

CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

DO ART. 62, DA CLT. As notas fiscais e os resumos de vendas, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe

si só, não são meios hábeis a controlar o horário de trabalho do provimento.

empregado, uma vez que não conferem exatidão quanto aos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

horários de início e término da jornada de trabalho, quando muito Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

registram o horário da venda ou da emissão da nota. O autor (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

também nunca foi advertido ou chamado atenção em razão do Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

horário de trabalho e entrava em contato com o supervisor apenas o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

quando necessário durante as viagens, comparecendo às Fortaleza, 11 de julho de 2022.

dependências físicas do empregador por 02 (duas) vezes na

semana, fatos esses que inviabilizam o controle de jornada e FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

reclamam a aplicação do inciso I, do art. 62, da CLT. Recurso Relator

ordinário conhecido e improvido. (Acórdão. Processo:0000067- FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

47.2017.5.07.0034. Redator(a): Silva, Francisco Jose Gomes da.

Órgão Julgador:2ª Turma. Incluído/Julgado em: 04 jun. 2018. JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR

Publicado em: 06 jun. 2018.) Diretor de Secretaria

Processo Nº ROT-0000877-68.2020.5.07.0017
Nesse prisma, este Regional tem firmado o entendimento de que, Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
para afastar a exceção do inciso I do art. 62 da CLT e determinar o
RECORRENTE JUDERLINO OLIVEIRA DE SOUSA
pagamento de horas extras, é imprescindível a existência de meios ADVOGADO ALESSANDRA CRISTINA DIAS(OAB:
144802/MG)
hábeis para controlar, com exatidão, a jornada do empregado.
ADVOGADO DANIELLE CRISTINA VIEIRA DE
No presente caso, inexistindo elementos probatórios capazes de SOUZA DIAS(OAB: 116893/MG)

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 696
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

ADVOGADO MARCOS ROBERTO DIAS(OAB:


87946/MG) Requer, também, seja a 2ª reclamada condenada na
RECORRIDO L AUTO CARGO TRANSPORTE responsabilização pelo pagamento dos créditos perseguidos, de
RODOVIARIO S/A
ADVOGADO PATRÍCIO DE SOUSA forma subsidiária, tendo em vista que era beneficiada em face de
ALMEIDA(OAB: 3380/CE)
ser a tomadora dos serviços da 1ª reclamada, contratante do autor.
RECORRIDO VIA VAREJO S/A
ADVOGADO TATIANE DE CICCO NASCIMBEM Por fim, requer sejam as rés condenadas no pagamento dos
CHADID(OAB: 201296/SP)
honorários advocatícios sucumbenciais.
ADVOGADO LEONARDO SANTINI
ECHENIQUE(OAB: 249651/SP) Contrarrazões pela 1ª recorrida, conforme ID. 40d496d e pela 2ª

Intimado(s)/Citado(s): recorrida, conforme ID 6fc8e72.

- VIA VAREJO S/A A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade

de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno).

FUNDAMENTAÇÃO

ADMISSIBILIDADE
PODER JUDICIÁRIO
Conheço do recurso porque presentes os pressupostos de
JUSTIÇA DO
admissibilidade.

MÉRITO
EMENTA Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente
CONTROLE DE JORNADA DE TRABALHADOR EXTERNO. inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e
HORAS EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art.
INCISO I, DO ART. 62, DA CLT. O empregado ao realizar seu labor 62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios
como montador externo, sem submissão de controle de jornada e eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle
com total autonomia quanto aos seus horários, se enquadra na de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés
exceção do inciso I, do art. 62, da CLT e, portanto, indevida a condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em
condenação da ora recorrida no pagamento das horas sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do
extraordinárias e reflexos. intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para
Recurso ordinário conhecido e improvido. descanso em refeição.
RELATÓRIO Reza o art. 840, da CLT, que o pedido, deverá ser certo,
Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante em face da determinado e com indicação de seu valor, sob pena de ser
decisão de ID. 7533109 que julgou improcedentes os pedidos declarado inepto.
constantes da Reclamação Trabalhista movida por JUDERLINO Pois bem.
OLIVEIRA DE SOUSA em desfavor de L. Auto Transporte O autor, quando de sua inicial, pleiteia a condenação das rés no
Rodoviário S/A e Via Varejo S/A. pagamento de valores devidos em face do alegado labor aos
Em suas razões recursais (ID. fca1196) alega o recorrente domingos e feriados.
inexistência de inépcia da inicial quando ao labor em feriados e No entanto, o ora recorrente sequer indicou na peça vestibular a
pugna pela inaplicabilidade ao presente caso do que dispõe o art. quantidade de dias trabalhados aos domingos e feriados, nem
62, I, da CLT, tendo em vista que laborava utilizando-se de meios sequer aponta as datas laboradas, o que impossibilita à parte ré o
eletrônicos (celular, tablet) que permitiam à empregador o controle exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa.
de sua jornada de trabalho, pelo que requer sejam as rés Nessa perspectiva, de se manter a sentença que entendeu,
condenadas no pagamento das horas extras relativas ao labor em acertadamente, diga-se, pela inepta da inicial, em relação a tal
sobrejornada, bem como àquelas decorrentes da supressão do pleito nos termos do referido artigo 295, parágrafo único, inciso I, do
intervalo intrajornada, vez que só gozada de 30min/dia para CPC.
descanso em refeição. No que se refere ao pedido de pagamento por supostas horas
Requer ainda o recorrente sejam as rés condenadas no pagamento extras laboradas em face do labor em sobrejornada e de alegada
da indenização pelo seu veículo em face de utilização do mesmo supressão do intervalo intrajornada, destinado ao descanso e
em benefício das reclamadas, pelo que pugna seja devidamente refeição e, de igual sorte, nada há a alterar na decisão de 1º grau.
indenizado pelos gastos com combustível e manutenção do seu Explica-se.
bem. A teor do disposto no art. 62, I, da CLT, os empregados que

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 697
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

exerçam atividade externa incompatível com a fixação de horário de empregado, uma vez que não conferem exatidão quanto aos

trabalho não estão abrangidos pelo regime de duração do trabalho. horários de início e término da jornada de trabalho, quando muito

Pois bem. registram o horário da venda ou da emissão da nota. O autor

Do exame dos autos restou indene de dúvidas que o autor laborava também nunca foi advertido ou chamado atenção em razão do

para a 1ª reclamada em favor da 2ª demandada, como montador horário de trabalho e entrava em contato com o supervisor apenas

externo, cumprindo rota diária, o que se coaduna perfeitamente com quando necessário durante as viagens, comparecendo às

o disposto no art. 62, I, da CLT. dependências físicas do empregador por 02 (duas) vezes na

Registre-se, que diversamente do que defende o autor, o fato de o semana, fatos esses que inviabilizam o controle de jornada e

trabalhador laborar com o uso de equipamentos telemáticos reclamam a aplicação do inciso I, do art. 62, da CLT. Recurso

(tablet/celular) de se dizer que tais equipamentos não têm, por si só, ordinário conhecido e improvido. (Acórdão. Processo:0000067-

o condão de controlar a jornada de trabalho do obreiro, mas tão-só, 47.2017.5.07.0034. Redator(a): Silva, Francisco Jose Gomes da.

acompanhar a efetivação das ordens de serviços ali consignadas. Órgão Julgador:2ª Turma. Incluído/Julgado em: 04 jun. 2018.

Ademais, e como bem exposto na sentença ora atacada: Publicado em: 06 jun. 2018.)

Ocorre que a mera possibilidade de acompanhamento da realização

de serviços não traduz efetivo controle de jornada. Note-se que o Nesse prisma, este Regional tem firmado o entendimento de que,

trabalhador, ao ser obrigado a prestar conta da execução de cada para afastar a exceção do inciso I do art. 62 da CLT e determinar o

serviço, não está, necessariamente, tendo controlado o seu horário pagamento de horas extras, é imprescindível a existência de meios

de trabalho, mas apenas a sua produção. Tanto é que, no mesmo hábeis para controlar, com exatidão, a jornada do empregado.

sentido, depuseram as testemunhas informando que eram No presente caso, inexistindo elementos probatórios capazes de

repassadas aos montadores as montagens que deveriam cumprir, viabilizar a condenação no pagamento de pagamento de horas

não necessariamente atrelando-as a um horário determinando, extras e reflexos, de se manter a decisão ora atacada em sua

podendo o autor, inclusive, alterar a ordem do dia, desde que inteireza.

cumprisse os serviços designados para aquele dia. O mesmo se No que se refere ao pedido de condenação das rés no pagamento

diga quanto à necessidade de autorização junto à empregadora das despesas com combustível e manutenção de veículo do autor,

para o reclamante se ausentar do trabalho, o que, por óbvio, era utilizado em favor das rés, melhor sorte não assiste ao recorrente, à

realizado para fins de controle do trabalho (produção e entrega dos míngua de efetivas provas nos autos de realização de tais despesas

serviços aos clientes), e não para fins de controle de ponto. Ambas pelo obreiro.

as testemunhas ouvidas a pedido da reclamada, por fim, deixaram Ademais, de se registrar, conforme bem salientado na sentença ora

certo que, acaso concluídas as montagens do dia ainda em horário atacada que, dos depoimentos colhidos, restou demonstrado que a

comercial, os montadores entravam em contato para saber se havia reclamada procedia ao pagamento de ajuda de custo, bem como de

algum novo serviço a cumprir, embora não fossem obrigados a auxílio para custeio do combustível utilizado.

tanto, mas sim por interesse em cumprimento de metas e Quanto ao pedido de honorários advocatícios e ao pleito de

bonificação. Quanto ao intervalo, os depoimentos restaram responsabilização subsidiária da 2ª reclamada tem-se por

inconclusivos, pelo que, considerando o ônus probatório do autor prejudicados diante da manutenção da sentença que julgou

também nesse tocante, entendo não demonstrada a supressão do improcedentes os pedidos elencados na presente ação.

tempo de repouso.

Conclui-se, portanto, que o empregado ao realizar seu labor como CONCLUSÃO DO VOTO

montador externo, sem submissão de controle de jornada e com Ante o exposto, conheço do apelo e, no mérito, nego-lhe

total autonomia quanto aos seus horários, se enquadra na exceção provimento.

do inciso I, do art. 62, da CLT e, portanto, indevida a condenação da

ora recorrida no pagamento das horas extraordinárias e reflexos. DISPOSITIVO

Sobre a matéria, assim já se posicionou este relator:

CONTROLE DE JORNADA DE VENDEDOR EXTERNO. HORAS ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO

EXTRAORDINÁRIAS INDEVIDAS. APLICABILIDADE DO INCISO I, TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por

DO ART. 62, DA CLT. As notas fiscais e os resumos de vendas, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe

si só, não são meios hábeis a controlar o horário de trabalho do provimento.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 698
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores se razoável e compatível com o trabalho desempenhado pelo

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva patrono do reclamante, a natureza e a importância da causa, razão

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). pela qual improcede o pleito de minoração.

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias Recurso ordinário conhecido e improvido.

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. RELATÓRIO

Fortaleza, 11 de julho de 2022. A sentença prolatada pela MM.ª 2.ª Vara do Trabalho de Maracanaú

(id9e110bf) julgando parcialmente procedentes os pedidos

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA formulados na reclamação trabalhista promovida por RONDINELLE

Relator FELIX DOS SANTOS em face de M DIAS BRANCO S.A.

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. INDUSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS, condenou a

reclamada no pagamento de: (a) adicional de periculosidade, no

JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR percentual de 30% sobre o salário-base, devido mês a mês, durante

Diretor de Secretaria o período contratual de 25 de outubro de 2016 a 31 de dezembro de

2020, observada a evolução salarial consubstanciada nos


Processo Nº ROT-0001164-46.2021.5.07.0033
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA contracheques acostados aos autos; (b) Reflexos do adicional de
SILVA
periculosidade sobre 13º salário do período, férias acrescidas de 1/3
RECORRENTE M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS do período e FGTS; c) Honorários advocatícios (10%).
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
PEREIRA(OAB: 10587/CE) Inconformada recorre a reclamada.
RECORRIDO RONDINELLE FELIX DOS SANTOS Em suas razões (id7776b4e) pugna pela exclusão da condenação
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB:
20084/CE) no pagamento de adicional de periculosidade e reflexos, sob o

fundamento que o contato do reclamante com o agente perigoso se


Intimado(s)/Citado(s):
dava eventualmente e por tempo extremamente reduzido. Ao final
- M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE
ALIMENTOS insurge-se contra honorários periciais e advocatícios.

Sem contrarrazões, conforme certidão de id 3f16fb8h.

Dispensada remessa ao Ministério Público do Trabalho para

emissão de parecer.
PODER JUDICIÁRIO
É o relatório.
JUSTIÇA DO

FUNDAMENTAÇÃO
EMENTA ADMISSIBILIDADE
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR DE Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do
EMPILHADEIRA. EXPOSIÇÃO A PRODUTO INFLAMÁVEL. recurso ordinário.
CONTATO HABITUAL. LAUDO PERICIAL CONCLUSIVO. Muito MÉRITO
embora o juiz não esteja adstrito a conclusão do laudo pericial (art. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
436 do CPC), o fato é que nos presentes autos não restaram Pugna a reclamada pelo indeferimento do adicional de
evidenciados a presença de elementos probantes aptos a infirmar a periculosidade alegando, em apertada síntese, que o contato do
conclusão da referida prova técnica. Portanto, constatado, por meio reclamante com o agente perigoso era esporádico e em tempo
de laudo pericial, que a atividade exercida pelo autor encontrava-se reduzido, por essa razão não existia risco de explosão.
em condição de periculosidade, em desobediência a NR 16, Anexo - Ressalta, ainda, que a troca dos vasilhames ocorria em local aberto,
2 - Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis, mantém-se sendo retirados os cilindros da gaiola e levados à empilhadeira
a sentença. localizada em ambiente externo, portanto não havia risco eminente,
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Diante da sucumbência da já que a exposição se daria apenas eventualmente, não justificando
reclamada, forçoso manter-se a verba honorária advocatícia, a qual o pagamento do adicional.
é devida pela mera sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT, Afirma inconsistências no laudo pericial em relação ao tempo de
introduzido pela Lei nº 13.467/2017. O percentual de 10% está exposição do obreiro aos produtos inflamáveis.
dentro dos limites fixados pela lei (art.791-A da CLT) e demonstra- À análise.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 699
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Arguida em juízo pleito de adicional de periculosidade, o juiz Outrossim, o entendimento esposado pelo Tribunal Superior do

designará perito habilitado, na forma do § 2º, do art. 195, da CLT. Trabalho sobre a matéria, à luz do enunciado na Súmula nº 364 e

"Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da do disposto no art. 193, da CLT, é no sentido de que a espécie de

periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far- perigo a que se submete o operador de empilhadeira no

se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou abastecimento da máquina com gás GLP, de forma habitual, como

Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. no caso, independe de gradação temporal, tendo em vista o agente

§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por ao qual está exposto. Confira-se:

empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº

juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não 13.015/2014 . ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR

houver, requisitará perícia ao órgão competente ao Ministério do DE EMPILHADEIRA. CONTATO HABITUAL COM AGENTE

Trabalho. INFLAMÁVEL. (SÚMULA nº 364, ITEM I, DO TST). A Corte regional

No caso, diante do quadro fático delineado na exordial e tendo em consignou, na decisão recorrida, que, ao contrário do alegado pela

vista tratar-se de pedido de adicional de periculosidade, o MM Juiz reclamada em suas razões recursais, "o RECLAMANTE realizava o

de primeiro grau, determinou a designação de perícia, facultando às abastecimento da empilhadeira que operava, no Pit Stop, uma vez

partes a indicação de assistente técnico e a apresentação de ao dia ou no mínimo três vezes por semana de modo habitual" .

quesitos, no prazo comum de 10 ( dez) dias (id 4ab0b99). Diante da prova dos autos, a Corte regional apontou que "o

O laudo pericial da lavra do Dr. RODRIGO MOREIRA BEZERRA, reclamante realizar o abastecimento da empilhadeira mediante a

Engenheiro de Produção- Mecânica e especialista em Engenharia troca do cilindro com gás GLP (diga-se, operação de risco) 3 (três)

de Segurança do Trabalho, inscrito no CREA/CE sob nº327290, foi vezes por semana, durante 5 (cinco) a 15 (quinze) minutos (que

conclusivo no sentido de que o reclamante trabalhava com implica a média semanal de exposição de 30 minutos), não

operações de transporte de matérias-primas inflamáveis líquidos ou configura o contato eventual capaz de descaracterizar o direito à

gasosos liquefeitos, conduzindo uma empilhadeira que possuía um percepção do adicional de periculosidade" . A presença do obreiro

cilindro de GLP de 20KG. Aduz, ainda, que o autor realizava as nas proximidades da operação de abastecimento, ainda que por

atividades em área de risco, em desobediência a NR 16, Anexo - 2 - tempo reduzido, traduz exposição intermitente, que justifica a

Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis, concluindo (id concessão do direito ao adicional de periculosidade, em face do

682f9a2): risco potencial de dano efetivo. No caso em exame, ficou

"VIII - CONCLUSÃO demonstrada a habitualidade tratada na Súmula nº 364 do TST, pois

Com base na análise das atividades e condições de trabalho do o contato com os produtos inflamáveis não era fortuito, casual, mas

Reclamante e no conteúdo Portaria Ministerial nº 3.214/78, NR 16, realizado todos os dias, ou ao menos 3 (três) vezes por semana.

anexo 02, é de nosso parecer que EXISTEM CONDIÇÕES Com efeito, a parte final da súmula esclarece que o contato

TÉCNICAS DE PERICULOSIDADE." eventual ao risco ocorre quando, sendo habitual, dá-se por tempo

Assim sendo, ao contrário do que afirma a recorrente, o reclamante extremamente reduzido. No caso, o reclamante expunha-se

exercia sua atividade em local próximo ao pátio de abastecimento diariamente ao risco com inflamáveis, por cerca de 5 a 15 minutos,

de combustível tendo contato com produtos inflamáveis, dentro da durante o abastecimento da empilhadeira. Como o risco de

área de risco, fazendo jus, portanto, ao respectivo adicional de explosão com inflamáveis pode ocorrer numa fração de segundos, o

periculosidade. período de cinco a quinze minutos não caracteriza tempo

Quanto ao tempo de exposição, os minutos durante os quais o extremamente reduzido para retirar do reclamante o direito ao

reclamante ficava exposto ao risco são suficientes para configurar o adicional. Assim, pautando-se na premissa incontroversa de que o

potencial lesivo, especialmente considerando o alto grau de reclamante realizava operações de abastecimento de empilhadeira

periculosidade nas operações de abastecimento, motivo pelo qual de forma habitual e, portanto, estava exposto a agentes inflamáveis

os minutos não configuram tempo extremamente reduzido, em condições de risco acentuado, tem-se que o Regional, ao

mormente quando o próprio autor realizava o abastecimento da condenar a reclamada ao pagamento do adicional de

empilhadeira que utilizava. periculosidade, decidiu em consonância com a Súmula nº 364 do

Registre-se, ainda, que o Anexo II, letra q, da NR 16 do MTE não TST. Recurso de revista não conhecido. (...)" (TST - RR:

estabelece tempo para exposição, refere apenas se o colaborador 10001527120155020342, Relator: José Roberto Freire Pimenta,

está ou não associado aos fatores relacionados ao risco imediato. Data de Julgamento: 04/04/2018, 2ª Turma, Data de Publicação:

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 700
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

DEJT 06/04/2018) ceifar a vida, independentemente de tempo de exposição." (TRT7 -

"RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RO 0002029-16.2014.5.07.0033 - Relator: Durval Cesar de

OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO COM GÁS Vasconcelos Maia - 2ª Turma - Data de Julgamento: 30/11/2015)

GLP. TEMPO DE EXPOSIÇÃO DE 10 A 20 MINUTOS DIÁRIOS . A "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR DE

jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que a exposição EMPILHADEIRA. Comprovada a existência de risco nas atividades

por minutos não pode ser tida por extremamente reduzida a ponto de Operador de Empilhadeira, e havendo nos autos laudo pericial

de minimizar substancialmente o risco e afastar o direito ao conclusivo quanto à existência de periculosidade, devido o referido

adicional de periculosidade. Assim, o Tribunal Regional, ao excluir adicional, nos termos do art. 193, da CLT e da Súmula 364, do

da condenação o pagamento do adicional de periculosidade e C.TST." (TRT7- RO 0001381-78.2010.5.07.0032- Relatora: Maria

reflexos por considerar que o contato com as condições periculosas, José Girão- 3ªTurma- Data de Julgamento: 30/07/2012- Data da

decorrente do abastecimento diário de empilhadeira com o gás Publicação: 06/08/2012- DEJT)

GLP, efetuado pelo reclamante, pelo tempo de exposição Ressalte-se que, muito embora o Juiz não esteja adstrito às

compreendido entre 10 a 15 minutos diários, não caracteriza risco conclusões do laudo pericial (art. 479 do CPC), não restaram

potencial de dano à vida, incorreu em contrariedade à Súmula 364, evidenciados no presente caso outros elementos ou provas capazes

item I, desta Corte. Recurso de Revista de que se conhece e a que de infirmar a conclusão emanada da citada prova técnica.

se dá provimento." (TST - RR: 19458920115150132, Relator: João A impugnação da reclamada sobre matérias técnicas, sem a devida

Batista Brito Pereira, Data de Julgamento: 28/06/2017, 5ª Turma, contraprova técnica, não é suficiente para suplantar as conclusões

Data de Publicação: DEJT 30/06/2017) do perito oficial.

"RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso da reclamada,

OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO. GLP. Este mantendo-se a decisão que julgou procedente o pedido de

Tribunal Superior tem entendido que o conceito jurídico de tempo pagamento do adicional de periculosidade.

extremamente reduzido, a que se refere a Súmula nº 364, envolve HONORÁRIOS PERICIAIS

não apenas a quantidade de minutos considerada em si mesma, Conforme supra fundamentado, o laudo pericial detectou a

mas também o tipo de perigo ao qual o empregado é exposto, presença periculosidade na atividade exercida pelo obreiro.

sendo que a exposição ao gás GLP, independe de qualquer Portanto, houve sucumbência da reclamada na matéria objeto da

gradação temporal, pois passível de explosão a qualquer momento. perícia, inclusive no valor arbitrado, posto que razoável para o labor

Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá prestado pelo expert e compatível com o que vem sendo pago em

provimento." (TST-RR- 212400-43.2009.5.02.0462 Data de trabalhos de igual valor, não merecendo reforma a sentença de

Julgamento: 27/08/2014, Relator Ministro: Guilherme Augusto piso, nesse item.

Caputo Bastos, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/09/2014.) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Esse Tribunal Regional também já se manifestou sobre a questão, A reclamada requer a exclusão da condenação em honorários

como se verifica do julgado abaixo colacionado: advocatícios e, alternativamente, a minoração para o percentual de

"RECURSO ORDINÁRIO - ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. 5% (cinco por cento).

OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO. TEMPO DE A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2021, quando já

EXPOSIÇÃO. FATOR DE RISCO. O moderno entendimento do estava em vigor a Lei nº 13.467 de 14/01/2017, conhecida como

Tribunal Superior do Trabalho dá-se no sentido de que o reforma trabalhista. Assim sendo, considerando a procedência do

trabalhador que permanece em área de risco durante a ação de pedido autoral, aplica-se ao caso, o art. 791-A, da CLT.

abastecimento de empilhadeira, ainda que por poucos minutos, não Restando sucumbente a reclamada, não merece reparo a decisão

configura situação que se enquadra no conceito jurídico de tempo de origem que a condenou ao pagamento de honorários

extremamente reduzido de que trata a Súmula 364 daquela Corte, advocatícios sucumbenciais.

que compreende não somente a quantidade de minutos observada Quanto ao percentual fixado pelo magistrado a quo, estende este

isoladamente, mas, por igual, o tipo de agente perigoso a que é Relator que o percentual de 10% está dentro dos limites fixados

exposto o trabalhador. Na espécie, trata-se de contato diário do pela lei (art.791-A da CLT) e demonstra-se razoável e compatível

autor com gás GLP, inflamável com grande potencial de explosão e com o trabalho desempenhado pelo patrono do reclamante, a

que submete o trabalhador ao imprevisto, podendo vir a lhe causar natureza e a importância da causa, razão pela qual improcede o

danos à integridade física a qualquer instante, inclusive até lhe pleito de minoração.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 701
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

CONCLUSÃO DO VOTO HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Diante da sucumbência da

Conhecer do recurso e negar-lhe provimento. reclamada, forçoso manter-se a verba honorária advocatícia, a qual

DISPOSITIVO é devida pela mera sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT,

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO introduzido pela Lei nº 13.467/2017. O percentual de 10% está

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por dentro dos limites fixados pela lei (art.791-A da CLT) e demonstra-

unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe se razoável e compatível com o trabalho desempenhado pelo

provimento. patrono do reclamante, a natureza e a importância da causa, razão

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores pela qual improcede o pleito de minoração.

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva Recurso ordinário conhecido e improvido.

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). RELATÓRIO

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias A sentença prolatada pela MM.ª 2.ª Vara do Trabalho de Maracanaú

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. (id9e110bf) julgando parcialmente procedentes os pedidos

Fortaleza, 11 de julho de 2022. formulados na reclamação trabalhista promovida por RONDINELLE

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA FELIX DOS SANTOS em face de M DIAS BRANCO S.A.

Relator INDUSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS, condenou a

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. reclamada no pagamento de: (a) adicional de periculosidade, no

percentual de 30% sobre o salário-base, devido mês a mês, durante

JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR o período contratual de 25 de outubro de 2016 a 31 de dezembro de

Diretor de Secretaria 2020, observada a evolução salarial consubstanciada nos

contracheques acostados aos autos; (b) Reflexos do adicional de


Processo Nº ROT-0001164-46.2021.5.07.0033
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA periculosidade sobre 13º salário do período, férias acrescidas de 1/3
SILVA
do período e FGTS; c) Honorários advocatícios (10%).
RECORRENTE M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS Inconformada recorre a reclamada.
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
PEREIRA(OAB: 10587/CE) Em suas razões (id7776b4e) pugna pela exclusão da condenação
RECORRIDO RONDINELLE FELIX DOS SANTOS no pagamento de adicional de periculosidade e reflexos, sob o
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB:
20084/CE) fundamento que o contato do reclamante com o agente perigoso se

dava eventualmente e por tempo extremamente reduzido. Ao final


Intimado(s)/Citado(s):
insurge-se contra honorários periciais e advocatícios.
- RONDINELLE FELIX DOS SANTOS
Sem contrarrazões, conforme certidão de id 3f16fb8h.

Dispensada remessa ao Ministério Público do Trabalho para

emissão de parecer.
PODER JUDICIÁRIO É o relatório.
JUSTIÇA DO

FUNDAMENTAÇÃO

ADMISSIBILIDADE
EMENTA
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR DE
recurso ordinário.
EMPILHADEIRA. EXPOSIÇÃO A PRODUTO INFLAMÁVEL.
MÉRITO
CONTATO HABITUAL. LAUDO PERICIAL CONCLUSIVO. Muito
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
embora o juiz não esteja adstrito a conclusão do laudo pericial (art.
Pugna a reclamada pelo indeferimento do adicional de
436 do CPC), o fato é que nos presentes autos não restaram
periculosidade alegando, em apertada síntese, que o contato do
evidenciados a presença de elementos probantes aptos a infirmar a
reclamante com o agente perigoso era esporádico e em tempo
conclusão da referida prova técnica. Portanto, constatado, por meio
reduzido, por essa razão não existia risco de explosão.
de laudo pericial, que a atividade exercida pelo autor encontrava-se
Ressalta, ainda, que a troca dos vasilhames ocorria em local aberto,
em condição de periculosidade, em desobediência a NR 16, Anexo -
sendo retirados os cilindros da gaiola e levados à empilhadeira
2 - Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis, mantém-se
localizada em ambiente externo, portanto não havia risco eminente,
a sentença.

Código para aferir autenticidade deste caderno: 186116


3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 702
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

já que a exposição se daria apenas eventualmente, não justificando mormente quando o próprio autor realizava o abastecimento da

o pagamento do adicional. empilhadeira que utilizava.

Afirma inconsistências no laudo pericial em relação ao tempo de Registre-se, ainda, que o Anexo II, letra q, da NR 16 do MTE não

exposição do obreiro aos produtos inflamáveis. estabelece tempo para exposição, refere apenas se o colaborador

À análise. está ou não associado aos fatores relacionados ao risco imediato.

Arguida em juízo pleito de adicional de periculosidade, o juiz Outrossim, o entendimento esposado pelo Tribunal Superior do

designará perito habilitado, na forma do § 2º, do art. 195, da CLT. Trabalho sobre a matéria, à luz do enunciado na Súmula nº 364 e

"Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da do disposto no art. 193, da CLT, é no sentido de que a espécie de

periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far- perigo a que se submete o operador de empilhadeira no

se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou abastecimento da máquina com gás GLP, de forma habitual, como

Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. no caso, independe de gradação temporal, tendo em vista o agente

§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por ao qual está exposto. Confira-se:

empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº

juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não 13.015/2014 . ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR

houver, requisitará perícia ao órgão competente ao Ministério do DE EMPILHADEIRA. CONTATO HABITUAL COM AGENTE

Trabalho. INFLAMÁVEL. (SÚMULA nº 364, ITEM I, DO TST). A Corte regional

No caso, diante do quadro fático delineado na exordial e tendo em consignou, na decisão recorrida, que, ao contrário do alegado pela

vista tratar-se de pedido de adicional de periculosidade, o MM Juiz reclamada em suas razões recursais, "o RECLAMANTE realizava o

de primeiro grau, determinou a designação de perícia, facultando às abastecimento da empilhadeira que operava, no Pit Stop, uma vez

partes a indicação de assistente técnico e a apresentação de ao dia ou no mínimo três vezes por semana de modo habitual" .

quesitos, no prazo comum de 10 ( dez) dias (id 4ab0b99). Diante da prova dos autos, a Corte regional apontou que "o

O laudo pericial da lavra do Dr. RODRIGO MOREIRA BEZERRA, reclamante realizar o abastecimento da empilhadeira mediante a

Engenheiro de Produção- Mecânica e especialista em Engenharia troca do cilindro com gás GLP (diga-se, operação de risco) 3 (três)

de Segurança do Trabalho, inscrito no CREA/CE sob nº327290, foi vezes por semana, durante 5 (cinco) a 15 (quinze) minutos (que

conclusivo no sentido de que o reclamante trabalhava com implica a média semanal de exposição de 30 minutos), não

operações de transporte de matérias-primas inflamáveis líquidos ou configura o contato eventual capaz de descaracterizar o direito à

gasosos liquefeitos, conduzindo uma empilhadeira que possuía um percepção do adicional de periculosidade" . A presença do obreiro

cilindro de GLP de 20KG. Aduz, ainda, que o autor realizava as nas proximidades da operação de abastecimento, ainda que por

atividades em área de risco, em desobediência a NR 16, Anexo - 2 - tempo reduzido, traduz exposição intermitente, que justifica a

Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis, concluindo (id concessão do direito ao adicional de periculosidade, em face do

682f9a2): risco potencial de dano efetivo. No caso em exame, ficou

"VIII - CONCLUSÃO demonstrada a habitualidade tratada na Súmula nº 364 do TST, pois

Com base na análise das atividades e condições de trabalho do o contato com os produtos inflamáveis não era fortuito, casual, mas

Reclamante e no conteúdo Portaria Ministerial nº 3.214/78, NR 16, realizado todos os dias, ou ao menos 3 (três) vezes por semana.

anexo 02, é de nosso parecer que EXISTEM CONDIÇÕES Com efeito, a parte final da súmula esclarece que o contato

TÉCNICAS DE PERICULOSIDADE." eventual ao risco ocorre quando, sendo habitual, dá-se por tempo

Assim sendo, ao contrário do que afirma a recorrente, o reclamante extremamente reduzido. No caso, o reclamante expunha-se

exercia sua atividade em local próximo ao pátio de abastecimento diariamente ao risco com inflamáveis, por cerca de 5 a 15 minutos,

de combustível tendo contato com produtos inflamáveis, dentro da durante o abastecimento da empilhadeira. Como o risco de

área de risco, fazendo jus, portanto, ao respectivo adicional de explosão com inflamáveis pode ocorrer numa fração de segundos, o

periculosidade. período de cinco a quinze minutos não caracteriza tempo

Quanto ao tempo de exposição, os minutos durante os quais o extremamente reduzido para retirar do reclamante o direito ao

reclamante ficava exposto ao risco são suficientes para configurar o adicional. Assim, pautando-se na premissa incontroversa de que o

potencial lesivo, especialmente considerando o alto grau de reclamante realizava operações de abastecimento de empilhadeira

periculosidade nas operações de abastecimento, motivo pelo qual de forma habitual e, portanto, estava exposto a agentes inflamáveis

os minutos não configuram tempo extremamente reduzido, em condições de risco acentuado, tem-se que o Regional, ao

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condenar a reclamada ao pagamento do adicional de isoladamente, mas, por igual, o tipo de agente perigoso a que é

periculosidade, decidiu em consonância com a Súmula nº 364 do exposto o trabalhador. Na espécie, trata-se de contato diário do

TST. Recurso de revista não conhecido. (...)" (TST - RR: autor com gás GLP, inflamável com grande potencial de explosão e

10001527120155020342, Relator: José Roberto Freire Pimenta, que submete o trabalhador ao imprevisto, podendo vir a lhe causar

Data de Julgamento: 04/04/2018, 2ª Turma, Data de Publicação: danos à integridade física a qualquer instante, inclusive até lhe

DEJT 06/04/2018) ceifar a vida, independentemente de tempo de exposição." (TRT7 -

"RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RO 0002029-16.2014.5.07.0033 - Relator: Durval Cesar de

OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO COM GÁS Vasconcelos Maia - 2ª Turma - Data de Julgamento: 30/11/2015)

GLP. TEMPO DE EXPOSIÇÃO DE 10 A 20 MINUTOS DIÁRIOS . A "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OPERADOR DE

jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que a exposição EMPILHADEIRA. Comprovada a existência de risco nas atividades

por minutos não pode ser tida por extremamente reduzida a ponto de Operador de Empilhadeira, e havendo nos autos laudo pericial

de minimizar substancialmente o risco e afastar o direito ao conclusivo quanto à existência de periculosidade, devido o referido

adicional de periculosidade. Assim, o Tribunal Regional, ao excluir adicional, nos termos do art. 193, da CLT e da Súmula 364, do

da condenação o pagamento do adicional de periculosidade e C.TST." (TRT7- RO 0001381-78.2010.5.07.0032- Relatora: Maria

reflexos por considerar que o contato com as condições periculosas, José Girão- 3ªTurma- Data de Julgamento: 30/07/2012- Data da

decorrente do abastecimento diário de empilhadeira com o gás Publicação: 06/08/2012- DEJT)

GLP, efetuado pelo reclamante, pelo tempo de exposição Ressalte-se que, muito embora o Juiz não esteja adstrito às

compreendido entre 10 a 15 minutos diários, não caracteriza risco conclusões do laudo pericial (art. 479 do CPC), não restaram

potencial de dano à vida, incorreu em contrariedade à Súmula 364, evidenciados no presente caso outros elementos ou provas capazes

item I, desta Corte. Recurso de Revista de que se conhece e a que de infirmar a conclusão emanada da citada prova técnica.

se dá provimento." (TST - RR: 19458920115150132, Relator: João A impugnação da reclamada sobre matérias técnicas, sem a devida

Batista Brito Pereira, Data de Julgamento: 28/06/2017, 5ª Turma, contraprova técnica, não é suficiente para suplantar as conclusões

Data de Publicação: DEJT 30/06/2017) do perito oficial.

"RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso da reclamada,

OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO. GLP. Este mantendo-se a decisão que julgou procedente o pedido de

Tribunal Superior tem entendido que o conceito jurídico de tempo pagamento do adicional de periculosidade.

extremamente reduzido, a que se refere a Súmula nº 364, envolve HONORÁRIOS PERICIAIS

não apenas a quantidade de minutos considerada em si mesma, Conforme supra fundamentado, o laudo pericial detectou a

mas também o tipo de perigo ao qual o empregado é exposto, presença periculosidade na atividade exercida pelo obreiro.

sendo que a exposição ao gás GLP, independe de qualquer Portanto, houve sucumbência da reclamada na matéria objeto da

gradação temporal, pois passível de explosão a qualquer momento. perícia, inclusive no valor arbitrado, posto que razoável para o labor

Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá prestado pelo expert e compatível com o que vem sendo pago em

provimento." (TST-RR- 212400-43.2009.5.02.0462 Data de trabalhos de igual valor, não merecendo reforma a sentença de

Julgamento: 27/08/2014, Relator Ministro: Guilherme Augusto piso, nesse item.

Caputo Bastos, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/09/2014.) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Esse Tribunal Regional também já se manifestou sobre a questão, A reclamada requer a exclusão da condenação em honorários

como se verifica do julgado abaixo colacionado: advocatícios e, alternativamente, a minoração para o percentual de

"RECURSO ORDINÁRIO - ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. 5% (cinco por cento).

OPERADOR DE EMPILHADEIRA. ABASTECIMENTO. TEMPO DE A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2021, quando já

EXPOSIÇÃO. FATOR DE RISCO. O moderno entendimento do estava em vigor a Lei nº 13.467 de 14/01/2017, conhecida como

Tribunal Superior do Trabalho dá-se no sentido de que o reforma trabalhista. Assim sendo, considerando a procedência do

trabalhador que permanece em área de risco durante a ação de pedido autoral, aplica-se ao caso, o art. 791-A, da CLT.

abastecimento de empilhadeira, ainda que por poucos minutos, não Restando sucumbente a reclamada, não merece reparo a decisão

configura situação que se enquadra no conceito jurídico de tempo de origem que a condenou ao pagamento de honorários

extremamente reduzido de que trata a Súmula 364 daquela Corte, advocatícios sucumbenciais.

que compreende não somente a quantidade de minutos observada Quanto ao percentual fixado pelo magistrado a quo, estende este

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Relator que o percentual de 10% está dentro dos limites fixados


PODER JUDICIÁRIO
pela lei (art.791-A da CLT) e demonstra-se razoável e compatível
JUSTIÇA DO
com o trabalho desempenhado pelo patrono do reclamante, a

natureza e a importância da causa, razão pela qual improcede o

pleito de minoração. EMENTA

CONCLUSÃO DO VOTO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. JUSTIÇA

Conhecer do recurso e negar-lhe provimento. GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Para a

DISPOSITIVO concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa jurídica,

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO mesmo em se tratando de empresa em recuperação judicial, faz-se

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por necessária a demonstração cabal da insuficiência de recursos, não

unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe bastando para tanto a mera alegação de se encontrar em tal

provimento. condição.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Forçoso manter-se a verba

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva honorária advocatícia, a qual é devida pela mera sucumbência, nos

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017.

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias Recurso conhecido e provido.

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ABANDONO DE

Fortaleza, 11 de julho de 2022. EMPREGO. NÃO CONFIGURAÇÃO. MANUTENÇÃO DA

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA SENTENÇA DE ORIGEM. Para a configuração do abandono de

Relator emprego, faz-se necessária a existência de dois elementos, quais

FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022. sejam: ausência imotivada e sem aviso do empregado ao trabalho

por mais de trinta dias (elemento objetivo), aliado à intenção de

JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR romper o contrato (elemento subjetivo). No presente caso, cumpria

Diretor de Secretaria ao demandado, já que fez alegação de que a demandante

abandonara o emprego, comprovar a sua efetiva ocorrência. Não


Processo Nº RORSum-0000851-79.2020.5.07.0014
conseguindo desvencilhar-se de tal desiderato, de se manter a
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA sentença.
RECORRENTE BRASILEIRO SERVICOS DE
VIGILANCIA LTDA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS.
ADVOGADO JOSE ROBERTO DE OLIVEIRA SÚMULA 331, IV, TST. O tomador dos serviços é responsável
JUNIOR(OAB: 34266/CE)
RECORRENTE JOSE MAURICIO DE LIMA GOMES subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pela
ADVOGADO PAULO ROMULO OLIVEIRA empresa prestadora dos serviços, desde que tenha participado da
CRISOSTOMO(OAB: 34573/CE)
RECORRENTE RESIDENCIAL CARMEL ATLANTICO relação processual e conste do título executivo judicial, conforme
ADVOGADO LUCAS MILITAO DE SA(OAB: entendimento contido na Súmula 331, IV, do C. TST.
18144/CE)
RECORRIDO BRASILEIRO SERVICOS DE Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus
VIGILANCIA LTDA
próprios e jurídicos fundamentos.
ADVOGADO JOSE ROBERTO DE OLIVEIRA
JUNIOR(OAB: 34266/CE)
RECORRIDO JOSE MAURICIO DE LIMA GOMES
RELATÓRIO
ADVOGADO PAULO ROMULO OLIVEIRA
CRISOSTOMO(OAB: 34573/CE)
RECORRIDO RESIDENCIAL CARMEL ATLANTICO
PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO.
ADVOGADO LUCAS MILITAO DE SA(OAB:
18144/CE) Relatório dispensado na forma da lei.

FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE MAURICIO DE LIMA GOMES RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

ADMISSIBILIDADE

Preenchidos os pressuposto de admissibilidade de se conhecer dos

recursos ordinários.

MÉRITO.

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JUSTIÇA GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. tempestivamente, comprovante de recolhimento das custas

O reclamante insurge-se contra a sentença que deferiu o benefício processuais (id 94d742c), conforme certidão de id 3ae0c9d.

da justiça gratuita à reclamada. Isto posto, preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se

Em suas razões (id 3e1f192) afirma que "o mero processamento de conhecer do recurso ordinário da reclamada.

recuperação judicial não se traduz, por si só, em prova da MÉRITO.

insuficiência de recursos a ensejar a concessão dos benefícios da RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO.

gratuidade judiciária". Ao final, requer a condenação da reclamada O Juízo de origem reconheceu a rescisão indireta do contrato de

no pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% trabalho entre as partes por culpa do empregador em razão de

sobre o valor atualizado da condenação. descumprimentos contratuais, mormente o inadimplemento

Assiste-lhe razão. reiterado dos depósitos do FGTS.

Para a concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa A recorrente não refuta a existência da relação de emprego, se

jurídica, mesmo em se tratando de empresa em recuperação insurgindo somente quanto à modalidade do término, sustentando a

judicial, faz-se necessária a demonstração cabal da insuficiência de ocorrência de justa causa por abandono de emprego, pugnando

recursos, não bastando para tanto a mera alegação de se encontrar pela exclusão do pagamento das verbas rescisórias.

em tal condição. À análise.

Nessa linha, e não tendo a empresa recorrente comprovado a Controvertem os litigantes sobre os motivos determinantes para a

alegada situação de insuficiência financeira, conforme exposto no ruptura contratual.

despacho de id a4ada28, merece reparo a sentença para reverter o Tal qual deliberou o juízo de origem, entendo que não há elementos

benefício deferido à reclamada quanto à gratuidade de justiça. probatórios suficientes para abonar a tese patronal de que o

Registre-se, entretanto, que a reclamada goza da isenção do reclamante teria abandonado o emprego.

depósito recursal, "ex vi" do disposto no parágrafo 10 do art. 899 da A reclamada, ao afirmar que o reclamante abandonou o emprego,

CLT. atrai para si o ônus da prova, por força do art. 818, da CLT e 373, II,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. do Código de Processo Civil, subsidiário.

A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2020, quando já Esse é o entendimento da Súmula N.º 212, do TST:

estava em vigor a Lei nº 13.467 de 13.07.2017, conhecida como "DESPEDIMENTO.ÔNUS DA PROVA. O ônus de provar o término

reforma trabalhista. do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviços e

Assim, havendo procedência parcial do pedido e considerando o o despedimento é do empregador, pois o princípio da continuidade

grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a da relação de emprego constitui presunção favorável ao

natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo empregado.(Res. 14/1985 Dj 19.09.1985)"

advogado e o tempo exigido para o seu serviço, condena-se a O princípio da continuidade da relação de emprego constitui

reclamada no pagamento de honorários advocatícios em 15% do presunção favorável ao empregado. Daí se faz indispensável prova

valor total da liquidação. clara e robusta da reclamada, sob pena de se considerar injusta a

Recurso conhecido e provido. dispensa, inteligência da Súmula Nº 212 do TST.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. No entanto, para que seja configurado o abandono de emprego é

ADMISSIBILIDADE necessária a ocorrência concomitante de dois elementos: um

O juízo de 1.ª grau, em sentença (id7c2503f) concedeu os objetivo, configurado pela ausência continuada e injusta por um

benefícios da Justiça gratuita à recorrente, formando a convicção de período de trinta dias consecutivos (Súmula N.º 32, do TST); outro

que o decreto da recuperação judicial seria prova suficiente para a subjetivo, sendo um ato intencional, traduzido no ânimo de o

concessão da gratuidade de justiça. empregado não mais retornar ao serviço.

O juízo de admissibilidade do 2.ª grau reformou a sentença, A ausência de um só deles, "animus abandonandi", é suficiente

indeferindo os benefícios da gratuidade da justiça à recorrente (id para descaracterizar a figura do abandono de emprego como causa

a4ada28), determinando prazo de 05 (cinco) dias para que a justificadora de rescisão motivada do contrato.

reclamada realizasse o recolhimento das custas, nos termos da OJ Na hipótese dos autos, restaram afastados, tendo em vista que o

nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do CPC/2015, sob pena de, não reclamante logo que deixou o emprego tratou de recorrer ao

o fazendo, se manter a decisão ora atacada. judiciário para solicitar rescisão indireta do contrato.

A recorrente, em cumprimento ao despacho supra, apresentou, Registra-se, que o fato de o reclamante ter postulado o

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reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho na para a primeira reclamada em benefício da segunda reclamada.

presente reclamatória, já é o bastante para afastar a configuração A contratação feita através de terceiros, embora seja legal, não

do abandono de emprego, haja vista que com a propositura da ação afasta a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços.

o obreiro comunicou judicialmente ao empregador a sua intenção de Nesse sentido, a Súmula 331 do C. TST:

pôr fim ao contrato de trabalho, pelos fatos e motivos ali narrados. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE

O pedido de rescisão indireta denota que o empregado não (Revisão da Súmula nº 256 - Res. 23/1993, DJ 21.12.1993. Inciso IV

desejava perder seu emprego, mas que se viu obrigado a rescindir alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000. Nova redação do item

o contrato de trabalho por culpa do empregador, sendo-lhe IV e inseridos os itens V e VI - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)

facultado deixar de comparecer ao serviço até a decisão transitada IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

em julgado sobre o pedido de rescisão indireta (parágrafo 3º do art. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

483 da CLT). serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da

Reitere-se que, para a configuração da rescisão indireta, a relação processual e conste também do título executivo judicial.

reclamante alegou na exordial o não cumprimento de várias (Nova Redação -Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011).

obrigações contratuais, tal como: pagamento de férias e VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange

recolhimento de FGTS. todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período

Isto posto, além de não restar comprovado o abandono de da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)"

emprego, in casu, observa-se que, na verdade, foi a parte O debate sobre a existência ou não de culpa da contratante é

reclamada quem não cumpriu as obrigações contratuais. irrelevante na resolução do feito, mormente porque para a

Reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, devidas as configuração da responsabilidade subsidiária são necessários, tão-

verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade (aviso prévio, 13º somente, o inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo

salários, férias e FGTS com a multa fundiária e multa do art. 477, prestador de serviços e bem assim que o tomador tenha participado

§8.º, daCLT). da relação processual. Isso porque ser a tomadora empresa de

Correta a sentença. direito privado. As culpas "in elegendo" e "in vigilando" são

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2.ª RECLAMADA especificas das entidades de direito público, na formula do art. 71,

(RESIDENCIAL CARMEL ATLÂNTICO) da Lei 8666/93.

No tocante ao pedido de afastamento da condenação de forma De mais a mais, é indisfarçável que, para atingir seu objetivo social,

subsidiária da 2ª ré, sorte não assiste à recorrente. a 2.ª reclamada utilizou-se de empresa prestadora de serviços ( 1.ª

Explica-se. reclamada) que se revelou sem idoneidade, tanto assim que não

Embora a sentença não tenha reconhecido o vínculo de emprego do cumpriu as obrigações emergentes do contrato de trabalho com o

obreiro diretamente com a 2.ª reclamada (RESIDENCIAL CARMEL reclamante, aflorando aqui a responsabilidade da tomadora, que

ATLÂNTICO) , tomadora dos serviços, permanece a sua não velou para que os direitos dos trabalhadores fossem

responsabilidade subsidiária pelo inadimplemento das obrigações regularmente satisfeitos.

trabalhistas por parte da empregadora prestadora dos serviços, Assim, a 2.ª reclamada deve ser mantida no polo passivo da

mesmo sendo lícita a terceirização, como solução para se "conferir demanda, como garantia da satisfação do crédito trabalhista

eficácia jurídica e social aos direitos laborais oriundos da atribuído ao obreiro, na possibilidade de por eventual motivo, restar

terceirização" (Maurício Godinho Delgado, in Curso de Direito do inviabilizada a cobrança contra o empregador (1.ª reclamada).

Trabalho, LTr, 2006). A Súmula Nº 331, do TST, foi editada com a Mantém-se.

finalidade de uniformizar o entendimento do Tribunal Superior do Inexistem equívocos nos cálculos de liquidação.

Trabalho no que diz respeito às situações em que seria admitida a Uma vez reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho,

terceirização de mão de obra, bem assim o limite da devido o pagamento de FGTS e multa, bem como sobre esses

responsabilidade pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas. valores incidem juros e correção monetária.

Restou evidenciado nos autos que a 2.ª reclamada, como tomadora A reclamada roga que os cálculos de juros e correção monetária

dos serviços da primeira reclamada, se beneficiou dos serviços sejam efetuados conforme o art. 9º, § 1º, II, da Lei 11.101/2005,

prestados pelos empregados da empresa BRASILEIRO SERVICOS incidindo até 07/07/2021 - data do pedido de recuperação judicial,

DE VIGILANCIA LTDA. Razão não lhe assiste.

Dos autos, conclui-se que, efetivamente, o reclamante trabalhava Na apuração do débito trabalhista, incidem juros e correção

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 707
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monetária na forma do art. 39 da Lei nº 8.177/91, que determina a aduziu que o autor abandonou o emprego, restando configurada a

incidência de juros e correção monetária até a data do efetivo justa causa prevista no art. 482, "i", da CLT. Cumpre destacar que

pagamento ao credor. Logo, não há que se falar em limitação do recai sobre o reclamante o ônus de demonstrar que a reclamada

cômputo de juros e correção monetária até a data em que foi descumpriu as obrigações contratuais, gerando a rescisão

deferido o pedido de recuperação judicial da reclamada, posto faltar contratual indireta.

amparo legal que viabilize referido pleito. Por outro lado, para a configuração do abandono de emprego

Nada a prover. sustentado pela empresa ré, é necessário o preenchimento de dois

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a requisitos fundamentais: objetivo - relacionado à convocação formal

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o de retorno ao emprego, por meio de carta registrada ou telegrama,

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência ou qualquer outro meio de comunicação que comprove formalmente

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. a solicitação de retorno ao emprego; e subjetivo - referente a

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, intenção do trabalhador em não mais retornar ao emprego, bem

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: como a intenção da reclamada que ele volte ao trabalho,

MÉRITO demonstrando suas tentativas de busca do obreiro. Portanto, quanto

RESCISÃO CONTRATUAL a este tipo de rescisão contratual, recai sobre a reclamada o ônus

O reclamante afirmou, na inicial, que foi admitido pela primeira da prova.

reclamada em 01/03/2016, na função de vigilante, recebendo última No que tange à rescisão indireta, entendo que o reclamante logrou

remuneração mensal no importe de R$ 1.949,32, composta de êxito em comprovar os descumprimentos narrados na inicial.

salário-base de R$ 1.342,92 e adicionais de periculosidade e Com efeito, restou incontroverso que o autor usufruiu as férias do

noturno. Aduziu que a primeira reclamada não recolheu período aquisitivo 2019/2020 no período de 12/08/2020 a

corretamente os depósitos do FGTS no curso do pacto 10/09/2020. Nesse sentido, inclusive, o aviso de férias c15c64c.

(recolhimento tão somente da quantia de R$ 1.749,48, com último Ademais, de acordo com o mesmo documento, o autor tomou

depósito efetivado em outubro/2019, sem embargo do ciência das referidas férias apenas em 27/07/2020, não sendo

inadimplemento de meses pretéritos, a exemplo de agosto a observada, contudo, a antecedência mínima de 30 dias prevista no

dezembro/2018), bem como não efetuou o pagamento das férias do art. 135 da CLT.

período aquisitivo 2019/2020 (embora gozadas no período de Ainda, conforme o comprovante de pagamento ID 58b617d, as

12/08/2020 a 10/09/2020), razão pela qual requereu o referidas férias somente foram pagas ao autor em 23/11/2020, já no

reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, nos curso da presente ação, ajuizada em 25/10/2020, e mais de dois

moldes do art. 483, alínea "d", da CLT, com o pagamento das meses após o término do período de repouso, em 10/09/2020.

parcelas rescisórias correspondentes. Saliente-se que o pagamento superveniente das férias não retroage

Em defesa, a primeira reclamada negou os descumprimentos para tornar a pretensão de rescisão indireta improcedente.

contratuais narrados na inicial, aduzindo que as férias alusivas ao Aliado a isso, o extrato da conta vinculada do autor (ID 0085c38)

período aquisitivo 2019/2020 foram devidamente pagas ao autor. ratifica a ausência de recolhimento de diversas parcelas do FGTS

Quanto ao FGTS, alegou que as parcelas pleiteadas na inicial estão ao longo do pacto (recolhimento apenas das parcelas relativas aos

inseridas no acordo de parcelamento firmado junto à Caixa meses de julho/2018; janeiro a março /2019 e maio a outubro/2019),

Econômica Federal, o qual vem sendo devidamente cumprido. inexistindo nos autos outro extrato atualizado demonstrando a

Aduziu que o autor, após o gozo das férias no período de regularização dos depósitos, conforme relatado na peça defensiva.

12/08/2020 a 10/09/2020, deixou de comparecer ao trabalho, Destaque-se que o parcelamento dos valores devidos ao FGTS

tampouco comunicou sobre a alegada rescisão indireta, perante o órgão gestor (ID e863aea) não tem o condão de afastar o

acrescentando que ele sequer atendeu ao telegrama de retorno ao direito do reclamante, uma vez já implementado o descumprimento

trabalho, recebido em 08/10/2020, razão pela qual lhe foi aplicada contratual. Além disso, trata-se de negócio jurídico realizado pelo

em 11/10/2020 a justa causa por abandono de emprego. empregador na esfera administrativa, não sendo oponível ao

Dos termos da inicial e da defesa, verifica-se que a controvérsia empregado. Ademais, sequer há prova nos autos de que os valores

reside na forma de extinção contratual. De um lado, o reclamante devidos ao reclamante estivessem em perspectiva de pagamento

aduziu que o contrato deve ser extinto por rescisão indireta, em através do acordo administrativo.

razão das faltas graves relatadas na inicial. De outro, a reclamada Saliente-se que os descumprimentos contratuais relatados,

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sobretudo o inadimplemento reiterado dos depósitos do FGTS, nos autos, indefere-se o pagamento da multa do art. 467 da CLT.

inviabilizam o recebimento do benefício pelo empregado mesmo no Defere-se, ainda, em razão da dispensa imotivada, as seguintes

curso do contrato de trabalho, em situações de necessidade obrigações de fazer, a cargo da reclamada: a) proceder à entrega

premente, como aquelas previstas no art. 20 da Lei 8.036 /90, das guias de seguro desemprego ao reclamante, no prazo de 5

dando ensejo ao acolhimento da rescisão indireta pretendida, como dias após o trânsito em julgado da presente decisão, sob pena de

tem decidido o C. TST: tal obrigação de fazer ser convertida em obrigação de pagar

"RESCISÃO INDIRETA. IRREGULARIDADES NO indenização relativa a cinco parcelas do benefício; b) entrega do

RECOLHIMENTO DO FGTS. O Tribunal Regional registrou a TRCT no cód. 01 e chave de conectividade para saque do FGTS,

existência de atrasos no recolhimento do FGTS. A jurisprudência no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa de

desta Corte Superior é no sentido de que a ausência de R$ 1.949,32 e de expedição de alvará judicial para saque do FGTS

recolhimento dos depósitos do FGTS, ou seu recolhimento irregular, depositado.

configura ato faltoso do empregador suficientemente grave para (...)

ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos da RESPONSABILIDADE DO SEGUNDO RECLAMADO

alínea d do art. 483 da CLT. Precedentes. Recurso de revista Restou incontroverso nos autos o fenômeno da terceirização, em

conhecido e provido" (TST-RR-1000776-56.2018.5.02.0491, que o segundo reclamado, buscando se desonerar dos encargos

Relatora: Maria Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 02/02/2020). trabalhistas e sociais advindos de um contrato de trabalho, utilizou-

Por outro lado, no que tange à justa causa invocada pela se de uma empresa prestadora de serviços determinados e

empregadora, cumpre destacar que inexiste o elemento subjetivo específicos - primeira reclamada - para contratação do reclamante.

(animus ) apto a configurar o abandono de emprego, sobretudo Por se tratar de pessoa jurídica de direito privado que não integra a

abandonandi em razão do curto lapso temporal entre o afastamento Administração Pública, reconhecida a terceirização dos serviços, a

do empregado (11/09/2020) e o ajuizamento da ação trabalhista tomadora responde subsidiariamente pelos créditos deferidos nos

(25/10/2020), denotando, portanto, que não havia a intenção do moldes do §5º do art. 5º-A da Lei 6.019/74, independentemente de

trabalhador de abandonar o emprego. Ademais, sequer há prova culpa, a qual deve ser analisada apenas nos casos de terceirização

nos autos de que o reclamante tenha sido notificado, antes do envolvendo ente público (Súmula 331, V, TST e art. 71, §1º, da Lei

ajuizamento da presente ação, da aplicação da justa causa por 8.666 Ressalte-se que o fato de ter inexistido vínculo empregatício

abandono de emprego. entre /93). o reclamante e o segundo reclamado não o exime de

Portanto, reconhece-se a rescisão indireta do contrato de trabalho, eventual responsabilidade, por força do §5º do art. 5º-A da Lei

em razão do cometimento da falta grave indicada no art. 483, alínea 6.019/74.

"d", da CLT, com data de saída em 11/09/2020. Diante do acima exposto, condena-se subsidiariamente o segundo

Por consequência, considerando-se o período contratual de 01 reclamado ao pagamento das parcelas deferidas no presente

/03/2016 a 11/09/2020, o salário mensal de R$ 1.949,32, a rescisão julgado.

indireta acima reconhecida e os limites do pedido, defere-se ao LIQUIDAÇÃO

autor as seguintes parcelas: aviso prévio indenizado 42 dias; férias Liquidação por cálculos, conforme arquivo em anexo.

em dobro 2019/2020 + 1/3 (deduzido o valor já pago ao autor - ID A teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas

58b617d); férias proporcionais 7/12 + 1/3; 13º salário proporcional ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e 6021 (com posteriores

com projeção do aviso 10/12; FGTS do período contratual acrescido esclarecimentos prestados em Embargos de Declaração, cuja

da multa de 40% (deduzido o saldo da conta vinculada - ID Decisão de julgamento foi publicada em 25/10/2021), a atualização

0085c38). Tendo em vista o descumprimento do prazo celetista monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do vencimento de

para pagamento das verbas rescisórias, defere-se o pagamento da cada parcela até a véspera do ajuizamento da ação (fase pré-

multa do §8º do art. 477 da CLT no importe de R$ 1.949,32, judicial), pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial

correspondente ao salário mensal do autor. Urge frisar que o fato de (IPCA-E), sendo os juros de mora da referida fase equivalentes à

a rescisão indireta ter sido reconhecida apenas em Juízo não afasta TRD (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991). A partir do ajuizamento

a aplicação da penalidade em tela, porquanto esta somente deve da ação até o efetivo pagamento da obrigação, a atualização

ser excluída quando o empregado, comprovadamente, der causa à monetária e os juros de mora serão, juntos, fixados pelo índice do

mora (Súmula 462/TST), o que não ocorreu na hipótese. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), de acordo

Tendo em vista a ausência de parcelas rescisórias incontroversas com o artigo 406 do Código Civil.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 709
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

RECORRENTE RESIDENCIAL CARMEL ATLANTICO


Por derradeiro, destaco que o ajuizamento da ação ocorreu em ADVOGADO LUCAS MILITAO DE SA(OAB:
18144/CE)
25/10/2020, marco a ser utilizado como divisor entre os dois índices
RECORRIDO BRASILEIRO SERVICOS DE
de atualização monetária fixados pelo STF. Contribuições VIGILANCIA LTDA
ADVOGADO JOSE ROBERTO DE OLIVEIRA
previdenciárias incidentes sobre as parcelas com natureza de JUNIOR(OAB: 34266/CE)
salário-de-contribuição e imposto de renda, a cargo da ré, RECORRIDO JOSE MAURICIO DE LIMA GOMES
ADVOGADO PAULO ROMULO OLIVEIRA
autorizadas as retenções legais." CRISOSTOMO(OAB: 34573/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO RECORRIDO RESIDENCIAL CARMEL ATLANTICO
ADVOGADO LUCAS MILITAO DE SA(OAB:
Voto pelo conhecimento dos recursos ordinários para, no mérito, dar 18144/CE)
provimento ao recurso ordinário do reclamante para: a) indeferir os
Intimado(s)/Citado(s):
benefícios da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à
- BRASILEIRO SERVICOS DE VIGILANCIA LTDA
condenação o pagamento de honorários advocatícios no percentual

de 15% calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar

provimento ao recurso ordinário da 1ª reclamada, mantendo a

sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos. PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO

DISPOSITIVO

EMENTA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. JUSTIÇA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Para a
unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar provimento
concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa jurídica,
ao recurso ordinário do reclamante para: a) indeferir os benefícios
mesmo em se tratando de empresa em recuperação judicial, faz-se
da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à condenação o
necessária a demonstração cabal da insuficiência de recursos, não
pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15%
bastando para tanto a mera alegação de se encontrar em tal
calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar provimento
condição.
ao recurso ordinário da 1ª reclamada, mantendo a sentença por
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Forçoso manter-se a verba
seus próprios e jurídicos fundamentos.
honorária advocatícia, a qual é devida pela mera sucumbência, nos
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017.
Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva
Recurso conhecido e provido.
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ABANDONO DE
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias
EMPREGO. NÃO CONFIGURAÇÃO. MANUTENÇÃO DA
o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.
SENTENÇA DE ORIGEM. Para a configuração do abandono de
Fortaleza, 11 de julho de 2022.
emprego, faz-se necessária a existência de dois elementos, quais

sejam: ausência imotivada e sem aviso do empregado ao trabalho


FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
por mais de trinta dias (elemento objetivo), aliado à intenção de
Relator
romper o contrato (elemento subjetivo). No presente caso, cumpria
FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.
ao demandado, já que fez alegação de que a demandante

abandonara o emprego, comprovar a sua efetiva ocorrência. Não


JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR
conseguindo desvencilhar-se de tal desiderato, de se manter a
Diretor de Secretaria
sentença.

Processo Nº RORSum-0000851-79.2020.5.07.0014 RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS.


Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SÚMULA 331, IV, TST. O tomador dos serviços é responsável
SILVA
RECORRENTE BRASILEIRO SERVICOS DE subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pela
VIGILANCIA LTDA
empresa prestadora dos serviços, desde que tenha participado da
ADVOGADO JOSE ROBERTO DE OLIVEIRA
JUNIOR(OAB: 34266/CE) relação processual e conste do título executivo judicial, conforme
RECORRENTE JOSE MAURICIO DE LIMA GOMES
entendimento contido na Súmula 331, IV, do C. TST.
ADVOGADO PAULO ROMULO OLIVEIRA
CRISOSTOMO(OAB: 34573/CE) Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 710
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

próprios e jurídicos fundamentos. ADMISSIBILIDADE

O juízo de 1.ª grau, em sentença (id7c2503f) concedeu os

RELATÓRIO benefícios da Justiça gratuita à recorrente, formando a convicção de

que o decreto da recuperação judicial seria prova suficiente para a

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. concessão da gratuidade de justiça.

Relatório dispensado na forma da lei. O juízo de admissibilidade do 2.ª grau reformou a sentença,

FUNDAMENTAÇÃO indeferindo os benefícios da gratuidade da justiça à recorrente (id

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE a4ada28), determinando prazo de 05 (cinco) dias para que a

ADMISSIBILIDADE reclamada realizasse o recolhimento das custas, nos termos da OJ

Preenchidos os pressuposto de admissibilidade de se conhecer dos nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do CPC/2015, sob pena de, não

recursos ordinários. o fazendo, se manter a decisão ora atacada.

MÉRITO. A recorrente, em cumprimento ao despacho supra, apresentou,

JUSTIÇA GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. tempestivamente, comprovante de recolhimento das custas

O reclamante insurge-se contra a sentença que deferiu o benefício processuais (id 94d742c), conforme certidão de id 3ae0c9d.

da justiça gratuita à reclamada. Isto posto, preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se

Em suas razões (id 3e1f192) afirma que "o mero processamento de conhecer do recurso ordinário da reclamada.

recuperação judicial não se traduz, por si só, em prova da MÉRITO.

insuficiência de recursos a ensejar a concessão dos benefícios da RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO.

gratuidade judiciária". Ao final, requer a condenação da reclamada O Juízo de origem reconheceu a rescisão indireta do contrato de

no pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% trabalho entre as partes por culpa do empregador em razão de

sobre o valor atualizado da condenação. descumprimentos contratuais, mormente o inadimplemento

Assiste-lhe razão. reiterado dos depósitos do FGTS.

Para a concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa A recorrente não refuta a existência da relação de emprego, se

jurídica, mesmo em se tratando de empresa em recuperação insurgindo somente quanto à modalidade do término, sustentando a

judicial, faz-se necessária a demonstração cabal da insuficiência de ocorrência de justa causa por abandono de emprego, pugnando

recursos, não bastando para tanto a mera alegação de se encontrar pela exclusão do pagamento das verbas rescisórias.

em tal condição. À análise.

Nessa linha, e não tendo a empresa recorrente comprovado a Controvertem os litigantes sobre os motivos determinantes para a

alegada situação de insuficiência financeira, conforme exposto no ruptura contratual.

despacho de id a4ada28, merece reparo a sentença para reverter o Tal qual deliberou o juízo de origem, entendo que não há elementos

benefício deferido à reclamada quanto à gratuidade de justiça. probatórios suficientes para abonar a tese patronal de que o

Registre-se, entretanto, que a reclamada goza da isenção do reclamante teria abandonado o emprego.

depósito recursal, "ex vi" do disposto no parágrafo 10 do art. 899 da A reclamada, ao afirmar que o reclamante abandonou o emprego,

CLT. atrai para si o ônus da prova, por força do art. 818, da CLT e 373, II,

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. do Código de Processo Civil, subsidiário.

A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2020, quando já Esse é o entendimento da Súmula N.º 212, do TST:

estava em vigor a Lei nº 13.467 de 13.07.2017, conhecida como "DESPEDIMENTO.ÔNUS DA PROVA. O ônus de provar o término

reforma trabalhista. do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviços e

Assim, havendo procedência parcial do pedido e considerando o o despedimento é do empregador, pois o princípio da continuidade

grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a da relação de emprego constitui presunção favorável ao

natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo empregado.(Res. 14/1985 Dj 19.09.1985)"

advogado e o tempo exigido para o seu serviço, condena-se a O princípio da continuidade da relação de emprego constitui

reclamada no pagamento de honorários advocatícios em 15% do presunção favorável ao empregado. Daí se faz indispensável prova

valor total da liquidação. clara e robusta da reclamada, sob pena de se considerar injusta a

Recurso conhecido e provido. dispensa, inteligência da Súmula Nº 212 do TST.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. No entanto, para que seja configurado o abandono de emprego é

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 711
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

necessária a ocorrência concomitante de dois elementos: um eficácia jurídica e social aos direitos laborais oriundos da

objetivo, configurado pela ausência continuada e injusta por um terceirização" (Maurício Godinho Delgado, in Curso de Direito do

período de trinta dias consecutivos (Súmula N.º 32, do TST); outro Trabalho, LTr, 2006). A Súmula Nº 331, do TST, foi editada com a

subjetivo, sendo um ato intencional, traduzido no ânimo de o finalidade de uniformizar o entendimento do Tribunal Superior do

empregado não mais retornar ao serviço. Trabalho no que diz respeito às situações em que seria admitida a

A ausência de um só deles, "animus abandonandi", é suficiente terceirização de mão de obra, bem assim o limite da

para descaracterizar a figura do abandono de emprego como causa responsabilidade pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas.

justificadora de rescisão motivada do contrato. Restou evidenciado nos autos que a 2.ª reclamada, como tomadora

Na hipótese dos autos, restaram afastados, tendo em vista que o dos serviços da primeira reclamada, se beneficiou dos serviços

reclamante logo que deixou o emprego tratou de recorrer ao prestados pelos empregados da empresa BRASILEIRO SERVICOS

judiciário para solicitar rescisão indireta do contrato. DE VIGILANCIA LTDA.

Registra-se, que o fato de o reclamante ter postulado o Dos autos, conclui-se que, efetivamente, o reclamante trabalhava

reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho na para a primeira reclamada em benefício da segunda reclamada.

presente reclamatória, já é o bastante para afastar a configuração A contratação feita através de terceiros, embora seja legal, não

do abandono de emprego, haja vista que com a propositura da ação afasta a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços.

o obreiro comunicou judicialmente ao empregador a sua intenção de Nesse sentido, a Súmula 331 do C. TST:

pôr fim ao contrato de trabalho, pelos fatos e motivos ali narrados. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE

O pedido de rescisão indireta denota que o empregado não (Revisão da Súmula nº 256 - Res. 23/1993, DJ 21.12.1993. Inciso IV

desejava perder seu emprego, mas que se viu obrigado a rescindir alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000. Nova redação do item

o contrato de trabalho por culpa do empregador, sendo-lhe IV e inseridos os itens V e VI - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)

facultado deixar de comparecer ao serviço até a decisão transitada IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

em julgado sobre o pedido de rescisão indireta (parágrafo 3º do art. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

483 da CLT). serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da

Reitere-se que, para a configuração da rescisão indireta, a relação processual e conste também do título executivo judicial.

reclamante alegou na exordial o não cumprimento de várias (Nova Redação -Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011).

obrigações contratuais, tal como: pagamento de férias e VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange

recolhimento de FGTS. todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período

Isto posto, além de não restar comprovado o abandono de da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)"

emprego, in casu, observa-se que, na verdade, foi a parte O debate sobre a existência ou não de culpa da contratante é

reclamada quem não cumpriu as obrigações contratuais. irrelevante na resolução do feito, mormente porque para a

Reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, devidas as configuração da responsabilidade subsidiária são necessários, tão-

verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade (aviso prévio, 13º somente, o inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo

salários, férias e FGTS com a multa fundiária e multa do art. 477, prestador de serviços e bem assim que o tomador tenha participado

§8.º, daCLT). da relação processual. Isso porque ser a tomadora empresa de

Correta a sentença. direito privado. As culpas "in elegendo" e "in vigilando" são

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2.ª RECLAMADA especificas das entidades de direito público, na formula do art. 71,

(RESIDENCIAL CARMEL ATLÂNTICO) da Lei 8666/93.

No tocante ao pedido de afastamento da condenação de forma De mais a mais, é indisfarçável que, para atingir seu objetivo social,

subsidiária da 2ª ré, sorte não assiste à recorrente. a 2.ª reclamada utilizou-se de empresa prestadora de serviços ( 1.ª

Explica-se. reclamada) que se revelou sem idoneidade, tanto assim que não

Embora a sentença não tenha reconhecido o vínculo de emprego do cumpriu as obrigações emergentes do contrato de trabalho com o

obreiro diretamente com a 2.ª reclamada (RESIDENCIAL CARMEL reclamante, aflorando aqui a responsabilidade da tomadora, que

ATLÂNTICO) , tomadora dos serviços, permanece a sua não velou para que os direitos dos trabalhadores fossem

responsabilidade subsidiária pelo inadimplemento das obrigações regularmente satisfeitos.

trabalhistas por parte da empregadora prestadora dos serviços, Assim, a 2.ª reclamada deve ser mantida no polo passivo da

mesmo sendo lícita a terceirização, como solução para se "conferir demanda, como garantia da satisfação do crédito trabalhista

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 712
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

atribuído ao obreiro, na possibilidade de por eventual motivo, restar inseridas no acordo de parcelamento firmado junto à Caixa

inviabilizada a cobrança contra o empregador (1.ª reclamada). Econômica Federal, o qual vem sendo devidamente cumprido.

Mantém-se. Aduziu que o autor, após o gozo das férias no período de

Inexistem equívocos nos cálculos de liquidação. 12/08/2020 a 10/09/2020, deixou de comparecer ao trabalho,

Uma vez reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, tampouco comunicou sobre a alegada rescisão indireta,

devido o pagamento de FGTS e multa, bem como sobre esses acrescentando que ele sequer atendeu ao telegrama de retorno ao

valores incidem juros e correção monetária. trabalho, recebido em 08/10/2020, razão pela qual lhe foi aplicada

A reclamada roga que os cálculos de juros e correção monetária em 11/10/2020 a justa causa por abandono de emprego.

sejam efetuados conforme o art. 9º, § 1º, II, da Lei 11.101/2005, Dos termos da inicial e da defesa, verifica-se que a controvérsia

incidindo até 07/07/2021 - data do pedido de recuperação judicial, reside na forma de extinção contratual. De um lado, o reclamante

Razão não lhe assiste. aduziu que o contrato deve ser extinto por rescisão indireta, em

Na apuração do débito trabalhista, incidem juros e correção razão das faltas graves relatadas na inicial. De outro, a reclamada

monetária na forma do art. 39 da Lei nº 8.177/91, que determina a aduziu que o autor abandonou o emprego, restando configurada a

incidência de juros e correção monetária até a data do efetivo justa causa prevista no art. 482, "i", da CLT. Cumpre destacar que

pagamento ao credor. Logo, não há que se falar em limitação do recai sobre o reclamante o ônus de demonstrar que a reclamada

cômputo de juros e correção monetária até a data em que foi descumpriu as obrigações contratuais, gerando a rescisão

deferido o pedido de recuperação judicial da reclamada, posto faltar contratual indireta.

amparo legal que viabilize referido pleito. Por outro lado, para a configuração do abandono de emprego

Nada a prover. sustentado pela empresa ré, é necessário o preenchimento de dois

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a requisitos fundamentais: objetivo - relacionado à convocação formal

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o de retorno ao emprego, por meio de carta registrada ou telegrama,

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência ou qualquer outro meio de comunicação que comprove formalmente

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. a solicitação de retorno ao emprego; e subjetivo - referente a

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, intenção do trabalhador em não mais retornar ao emprego, bem

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: como a intenção da reclamada que ele volte ao trabalho,

MÉRITO demonstrando suas tentativas de busca do obreiro. Portanto, quanto

RESCISÃO CONTRATUAL a este tipo de rescisão contratual, recai sobre a reclamada o ônus

O reclamante afirmou, na inicial, que foi admitido pela primeira da prova.

reclamada em 01/03/2016, na função de vigilante, recebendo última No que tange à rescisão indireta, entendo que o reclamante logrou

remuneração mensal no importe de R$ 1.949,32, composta de êxito em comprovar os descumprimentos narrados na inicial.

salário-base de R$ 1.342,92 e adicionais de periculosidade e Com efeito, restou incontroverso que o autor usufruiu as férias do

noturno. Aduziu que a primeira reclamada não recolheu período aquisitivo 2019/2020 no período de 12/08/2020 a

corretamente os depósitos do FGTS no curso do pacto 10/09/2020. Nesse sentido, inclusive, o aviso de férias c15c64c.

(recolhimento tão somente da quantia de R$ 1.749,48, com último Ademais, de acordo com o mesmo documento, o autor tomou

depósito efetivado em outubro/2019, sem embargo do ciência das referidas férias apenas em 27/07/2020, não sendo

inadimplemento de meses pretéritos, a exemplo de agosto a observada, contudo, a antecedência mínima de 30 dias prevista no

dezembro/2018), bem como não efetuou o pagamento das férias do art. 135 da CLT.

período aquisitivo 2019/2020 (embora gozadas no período de Ainda, conforme o comprovante de pagamento ID 58b617d, as

12/08/2020 a 10/09/2020), razão pela qual requereu o referidas férias somente foram pagas ao autor em 23/11/2020, já no

reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, nos curso da presente ação, ajuizada em 25/10/2020, e mais de dois

moldes do art. 483, alínea "d", da CLT, com o pagamento das meses após o término do período de repouso, em 10/09/2020.

parcelas rescisórias correspondentes. Saliente-se que o pagamento superveniente das férias não retroage

Em defesa, a primeira reclamada negou os descumprimentos para tornar a pretensão de rescisão indireta improcedente.

contratuais narrados na inicial, aduzindo que as férias alusivas ao Aliado a isso, o extrato da conta vinculada do autor (ID 0085c38)

período aquisitivo 2019/2020 foram devidamente pagas ao autor. ratifica a ausência de recolhimento de diversas parcelas do FGTS

Quanto ao FGTS, alegou que as parcelas pleiteadas na inicial estão ao longo do pacto (recolhimento apenas das parcelas relativas aos

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 713
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

meses de julho/2018; janeiro a março /2019 e maio a outubro/2019), 58b617d); férias proporcionais 7/12 + 1/3; 13º salário proporcional

inexistindo nos autos outro extrato atualizado demonstrando a com projeção do aviso 10/12; FGTS do período contratual acrescido

regularização dos depósitos, conforme relatado na peça defensiva. da multa de 40% (deduzido o saldo da conta vinculada - ID

Destaque-se que o parcelamento dos valores devidos ao FGTS 0085c38). Tendo em vista o descumprimento do prazo celetista

perante o órgão gestor (ID e863aea) não tem o condão de afastar o para pagamento das verbas rescisórias, defere-se o pagamento da

direito do reclamante, uma vez já implementado o descumprimento multa do §8º do art. 477 da CLT no importe de R$ 1.949,32,

contratual. Além disso, trata-se de negócio jurídico realizado pelo correspondente ao salário mensal do autor. Urge frisar que o fato de

empregador na esfera administrativa, não sendo oponível ao a rescisão indireta ter sido reconhecida apenas em Juízo não afasta

empregado. Ademais, sequer há prova nos autos de que os valores a aplicação da penalidade em tela, porquanto esta somente deve

devidos ao reclamante estivessem em perspectiva de pagamento ser excluída quando o empregado, comprovadamente, der causa à

através do acordo administrativo. mora (Súmula 462/TST), o que não ocorreu na hipótese.

Saliente-se que os descumprimentos contratuais relatados, Tendo em vista a ausência de parcelas rescisórias incontroversas

sobretudo o inadimplemento reiterado dos depósitos do FGTS, nos autos, indefere-se o pagamento da multa do art. 467 da CLT.

inviabilizam o recebimento do benefício pelo empregado mesmo no Defere-se, ainda, em razão da dispensa imotivada, as seguintes

curso do contrato de trabalho, em situações de necessidade obrigações de fazer, a cargo da reclamada: a) proceder à entrega

premente, como aquelas previstas no art. 20 da Lei 8.036 /90, das guias de seguro desemprego ao reclamante, no prazo de 5

dando ensejo ao acolhimento da rescisão indireta pretendida, como dias após o trânsito em julgado da presente decisão, sob pena de

tem decidido o C. TST: tal obrigação de fazer ser convertida em obrigação de pagar

"RESCISÃO INDIRETA. IRREGULARIDADES NO indenização relativa a cinco parcelas do benefício; b) entrega do

RECOLHIMENTO DO FGTS. O Tribunal Regional registrou a TRCT no cód. 01 e chave de conectividade para saque do FGTS,

existência de atrasos no recolhimento do FGTS. A jurisprudência no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa de

desta Corte Superior é no sentido de que a ausência de R$ 1.949,32 e de expedição de alvará judicial para saque do FGTS

recolhimento dos depósitos do FGTS, ou seu recolhimento irregular, depositado.

configura ato faltoso do empregador suficientemente grave para (...)

ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos da RESPONSABILIDADE DO SEGUNDO RECLAMADO

alínea d do art. 483 da CLT. Precedentes. Recurso de revista Restou incontroverso nos autos o fenômeno da terceirização, em

conhecido e provido" (TST-RR-1000776-56.2018.5.02.0491, que o segundo reclamado, buscando se desonerar dos encargos

Relatora: Maria Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 02/02/2020). trabalhistas e sociais advindos de um contrato de trabalho, utilizou-

Por outro lado, no que tange à justa causa invocada pela se de uma empresa prestadora de serviços determinados e

empregadora, cumpre destacar que inexiste o elemento subjetivo específicos - primeira reclamada - para contratação do reclamante.

(animus ) apto a configurar o abandono de emprego, sobretudo Por se tratar de pessoa jurídica de direito privado que não integra a

abandonandi em razão do curto lapso temporal entre o afastamento Administração Pública, reconhecida a terceirização dos serviços, a

do empregado (11/09/2020) e o ajuizamento da ação trabalhista tomadora responde subsidiariamente pelos créditos deferidos nos

(25/10/2020), denotando, portanto, que não havia a intenção do moldes do §5º do art. 5º-A da Lei 6.019/74, independentemente de

trabalhador de abandonar o emprego. Ademais, sequer há prova culpa, a qual deve ser analisada apenas nos casos de terceirização

nos autos de que o reclamante tenha sido notificado, antes do envolvendo ente público (Súmula 331, V, TST e art. 71, §1º, da Lei

ajuizamento da presente ação, da aplicação da justa causa por 8.666 Ressalte-se que o fato de ter inexistido vínculo empregatício

abandono de emprego. entre /93). o reclamante e o segundo reclamado não o exime de

Portanto, reconhece-se a rescisão indireta do contrato de trabalho, eventual responsabilidade, por força do §5º do art. 5º-A da Lei

em razão do cometimento da falta grave indicada no art. 483, alínea 6.019/74.

"d", da CLT, com data de saída em 11/09/2020. Diante do acima exposto, condena-se subsidiariamente o segundo

Por consequência, considerando-se o período contratual de 01 reclamado ao pagamento das parcelas deferidas no presente

/03/2016 a 11/09/2020, o salário mensal de R$ 1.949,32, a rescisão julgado.

indireta acima reconhecida e os limites do pedido, defere-se ao LIQUIDAÇÃO

autor as seguintes parcelas: aviso prévio indenizado 42 dias; férias Liquidação por cálculos, conforme arquivo em anexo.

em dobro 2019/2020 + 1/3 (deduzido o valor já pago ao autor - ID A teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 714
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ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e 6021 (com posteriores Relator

esclarecimentos prestados em Embargos de Declaração, cuja FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Decisão de julgamento foi publicada em 25/10/2021), a atualização

monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do vencimento de JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR

cada parcela até a véspera do ajuizamento da ação (fase pré- Diretor de Secretaria

judicial), pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial


Processo Nº RORSum-0000851-79.2020.5.07.0014
(IPCA-E), sendo os juros de mora da referida fase equivalentes à Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
TRD (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991). A partir do ajuizamento
RECORRENTE BRASILEIRO SERVICOS DE
da ação até o efetivo pagamento da obrigação, a atualização VIGILANCIA LTDA
ADVOGADO JOSE ROBERTO DE OLIVEIRA
monetária e os juros de mora serão, juntos, fixados pelo índice do JUNIOR(OAB: 34266/CE)
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), de acordo RECORRENTE JOSE MAURICIO DE LIMA GOMES
ADVOGADO PAULO ROMULO OLIVEIRA
com o artigo 406 do Código Civil. CRISOSTOMO(OAB: 34573/CE)
Por derradeiro, destaco que o ajuizamento da ação ocorreu em RECORRENTE RESIDENCIAL CARMEL ATLANTICO
ADVOGADO LUCAS MILITAO DE SA(OAB:
25/10/2020, marco a ser utilizado como divisor entre os dois índices 18144/CE)
de atualização monetária fixados pelo STF. Contribuições RECORRIDO BRASILEIRO SERVICOS DE
VIGILANCIA LTDA
previdenciárias incidentes sobre as parcelas com natureza de ADVOGADO JOSE ROBERTO DE OLIVEIRA
JUNIOR(OAB: 34266/CE)
salário-de-contribuição e imposto de renda, a cargo da ré,
RECORRIDO JOSE MAURICIO DE LIMA GOMES
autorizadas as retenções legais." ADVOGADO PAULO ROMULO OLIVEIRA
CRISOSTOMO(OAB: 34573/CE)
CONCLUSÃO DO VOTO
RECORRIDO RESIDENCIAL CARMEL ATLANTICO
Voto pelo conhecimento dos recursos ordinários para, no mérito, dar ADVOGADO LUCAS MILITAO DE SA(OAB:
18144/CE)
provimento ao recurso ordinário do reclamante para: a) indeferir os

benefícios da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à Intimado(s)/Citado(s):


condenação o pagamento de honorários advocatícios no percentual - RESIDENCIAL CARMEL ATLANTICO

de 15% calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar

provimento ao recurso ordinário da 1ª reclamada, mantendo a

sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.


PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO EMENTA

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. JUSTIÇA

unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar provimento GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Para a

ao recurso ordinário do reclamante para: a) indeferir os benefícios concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa jurídica,

da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à condenação o mesmo em se tratando de empresa em recuperação judicial, faz-se

pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% necessária a demonstração cabal da insuficiência de recursos, não

calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar provimento bastando para tanto a mera alegação de se encontrar em tal

ao recurso ordinário da 1ª reclamada, mantendo a sentença por condição.

seus próprios e jurídicos fundamentos. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Forçoso manter-se a verba

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores honorária advocatícia, a qual é devida pela mera sucumbência, nos

Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva termos do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017.

(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). Recurso conhecido e provido.

Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ABANDONO DE

o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado. EMPREGO. NÃO CONFIGURAÇÃO. MANUTENÇÃO DA

Fortaleza, 11 de julho de 2022. SENTENÇA DE ORIGEM. Para a configuração do abandono de

emprego, faz-se necessária a existência de dois elementos, quais

FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA sejam: ausência imotivada e sem aviso do empregado ao trabalho

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 715
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por mais de trinta dias (elemento objetivo), aliado à intenção de CLT.

romper o contrato (elemento subjetivo). No presente caso, cumpria HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

ao demandado, já que fez alegação de que a demandante A presente ação trabalhista fora proposta em 25/10/2020, quando já

abandonara o emprego, comprovar a sua efetiva ocorrência. Não estava em vigor a Lei nº 13.467 de 13.07.2017, conhecida como

conseguindo desvencilhar-se de tal desiderato, de se manter a reforma trabalhista.

sentença. Assim, havendo procedência parcial do pedido e considerando o

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS. grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a

SÚMULA 331, IV, TST. O tomador dos serviços é responsável natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo

subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pela advogado e o tempo exigido para o seu serviço, condena-se a

empresa prestadora dos serviços, desde que tenha participado da reclamada no pagamento de honorários advocatícios em 15% do

relação processual e conste do título executivo judicial, conforme valor total da liquidação.

entendimento contido na Súmula 331, IV, do C. TST. Recurso conhecido e provido.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.

próprios e jurídicos fundamentos. ADMISSIBILIDADE

O juízo de 1.ª grau, em sentença (id7c2503f) concedeu os

RELATÓRIO benefícios da Justiça gratuita à recorrente, formando a convicção de

que o decreto da recuperação judicial seria prova suficiente para a

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. concessão da gratuidade de justiça.

Relatório dispensado na forma da lei. O juízo de admissibilidade do 2.ª grau reformou a sentença,

FUNDAMENTAÇÃO indeferindo os benefícios da gratuidade da justiça à recorrente (id

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE a4ada28), determinando prazo de 05 (cinco) dias para que a

ADMISSIBILIDADE reclamada realizasse o recolhimento das custas, nos termos da OJ

Preenchidos os pressuposto de admissibilidade de se conhecer dos nº 269, do TST, c/c o art. 99, § 7º, do CPC/2015, sob pena de, não

recursos ordinários. o fazendo, se manter a decisão ora atacada.

MÉRITO. A recorrente, em cumprimento ao despacho supra, apresentou,

JUSTIÇA GRATUITA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. tempestivamente, comprovante de recolhimento das custas

O reclamante insurge-se contra a sentença que deferiu o benefício processuais (id 94d742c), conforme certidão de id 3ae0c9d.

da justiça gratuita à reclamada. Isto posto, preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se

Em suas razões (id 3e1f192) afirma que "o mero processamento de conhecer do recurso ordinário da reclamada.

recuperação judicial não se traduz, por si só, em prova da MÉRITO.

insuficiência de recursos a ensejar a concessão dos benefícios da RESCISÃO INDIRETA. ABANDONO DE EMPREGO.

gratuidade judiciária". Ao final, requer a condenação da reclamada O Juízo de origem reconheceu a rescisão indireta do contrato de

no pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% trabalho entre as partes por culpa do empregador em razão de

sobre o valor atualizado da condenação. descumprimentos contratuais, mormente o inadimplemento

Assiste-lhe razão. reiterado dos depósitos do FGTS.

Para a concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa A recorrente não refuta a existência da relação de emprego, se

jurídica, mesmo em se tratando de empresa em recuperação insurgindo somente quanto à modalidade do término, sustentando a

judicial, faz-se necessária a demonstração cabal da insuficiência de ocorrência de justa causa por abandono de emprego, pugnando

recursos, não bastando para tanto a mera alegação de se encontrar pela exclusão do pagamento das verbas rescisórias.

em tal condição. À análise.

Nessa linha, e não tendo a empresa recorrente comprovado a Controvertem os litigantes sobre os motivos determinantes para a

alegada situação de insuficiência financeira, conforme exposto no ruptura contratual.

despacho de id a4ada28, merece reparo a sentença para reverter o Tal qual deliberou o juízo de origem, entendo que não há elementos

benefício deferido à reclamada quanto à gratuidade de justiça. probatórios suficientes para abonar a tese patronal de que o

Registre-se, entretanto, que a reclamada goza da isenção do reclamante teria abandonado o emprego.

depósito recursal, "ex vi" do disposto no parágrafo 10 do art. 899 da A reclamada, ao afirmar que o reclamante abandonou o emprego,

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atrai para si o ônus da prova, por força do art. 818, da CLT e 373, II, §8.º, daCLT).

do Código de Processo Civil, subsidiário. Correta a sentença.

Esse é o entendimento da Súmula N.º 212, do TST: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2.ª RECLAMADA

"DESPEDIMENTO.ÔNUS DA PROVA. O ônus de provar o término (RESIDENCIAL CARMEL ATLÂNTICO)

do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviços e No tocante ao pedido de afastamento da condenação de forma

o despedimento é do empregador, pois o princípio da continuidade subsidiária da 2ª ré, sorte não assiste à recorrente.

da relação de emprego constitui presunção favorável ao Explica-se.

empregado.(Res. 14/1985 Dj 19.09.1985)" Embora a sentença não tenha reconhecido o vínculo de emprego do

O princípio da continuidade da relação de emprego constitui obreiro diretamente com a 2.ª reclamada (RESIDENCIAL CARMEL

presunção favorável ao empregado. Daí se faz indispensável prova ATLÂNTICO) , tomadora dos serviços, permanece a sua

clara e robusta da reclamada, sob pena de se considerar injusta a responsabilidade subsidiária pelo inadimplemento das obrigações

dispensa, inteligência da Súmula Nº 212 do TST. trabalhistas por parte da empregadora prestadora dos serviços,

No entanto, para que seja configurado o abandono de emprego é mesmo sendo lícita a terceirização, como solução para se "conferir

necessária a ocorrência concomitante de dois elementos: um eficácia jurídica e social aos direitos laborais oriundos da

objetivo, configurado pela ausência continuada e injusta por um terceirização" (Maurício Godinho Delgado, in Curso de Direito do

período de trinta dias consecutivos (Súmula N.º 32, do TST); outro Trabalho, LTr, 2006). A Súmula Nº 331, do TST, foi editada com a

subjetivo, sendo um ato intencional, traduzido no ânimo de o finalidade de uniformizar o entendimento do Tribunal Superior do

empregado não mais retornar ao serviço. Trabalho no que diz respeito às situações em que seria admitida a

A ausência de um só deles, "animus abandonandi", é suficiente terceirização de mão de obra, bem assim o limite da

para descaracterizar a figura do abandono de emprego como causa responsabilidade pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas.

justificadora de rescisão motivada do contrato. Restou evidenciado nos autos que a 2.ª reclamada, como tomadora

Na hipótese dos autos, restaram afastados, tendo em vista que o dos serviços da primeira reclamada, se beneficiou dos serviços

reclamante logo que deixou o emprego tratou de recorrer ao prestados pelos empregados da empresa BRASILEIRO SERVICOS

judiciário para solicitar rescisão indireta do contrato. DE VIGILANCIA LTDA.

Registra-se, que o fato de o reclamante ter postulado o Dos autos, conclui-se que, efetivamente, o reclamante trabalhava

reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho na para a primeira reclamada em benefício da segunda reclamada.

presente reclamatória, já é o bastante para afastar a configuração A contratação feita através de terceiros, embora seja legal, não

do abandono de emprego, haja vista que com a propositura da ação afasta a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços.

o obreiro comunicou judicialmente ao empregador a sua intenção de Nesse sentido, a Súmula 331 do C. TST:

pôr fim ao contrato de trabalho, pelos fatos e motivos ali narrados. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE

O pedido de rescisão indireta denota que o empregado não (Revisão da Súmula nº 256 - Res. 23/1993, DJ 21.12.1993. Inciso IV

desejava perder seu emprego, mas que se viu obrigado a rescindir alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000. Nova redação do item

o contrato de trabalho por culpa do empregador, sendo-lhe IV e inseridos os itens V e VI - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)

facultado deixar de comparecer ao serviço até a decisão transitada IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do

em julgado sobre o pedido de rescisão indireta (parágrafo 3º do art. empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos

483 da CLT). serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da

Reitere-se que, para a configuração da rescisão indireta, a relação processual e conste também do título executivo judicial.

reclamante alegou na exordial o não cumprimento de várias (Nova Redação -Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011).

obrigações contratuais, tal como: pagamento de férias e VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange

recolhimento de FGTS. todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período

Isto posto, além de não restar comprovado o abandono de da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)"

emprego, in casu, observa-se que, na verdade, foi a parte O debate sobre a existência ou não de culpa da contratante é

reclamada quem não cumpriu as obrigações contratuais. irrelevante na resolução do feito, mormente porque para a

Reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, devidas as configuração da responsabilidade subsidiária são necessários, tão-

verbas rescisórias decorrentes de tal modalidade (aviso prévio, 13º somente, o inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo

salários, férias e FGTS com a multa fundiária e multa do art. 477, prestador de serviços e bem assim que o tomador tenha participado

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 717
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da relação processual. Isso porque ser a tomadora empresa de (recolhimento tão somente da quantia de R$ 1.749,48, com último

direito privado. As culpas "in elegendo" e "in vigilando" são depósito efetivado em outubro/2019, sem embargo do

especificas das entidades de direito público, na formula do art. 71, inadimplemento de meses pretéritos, a exemplo de agosto a

da Lei 8666/93. dezembro/2018), bem como não efetuou o pagamento das férias do

De mais a mais, é indisfarçável que, para atingir seu objetivo social, período aquisitivo 2019/2020 (embora gozadas no período de

a 2.ª reclamada utilizou-se de empresa prestadora de serviços ( 1.ª 12/08/2020 a 10/09/2020), razão pela qual requereu o

reclamada) que se revelou sem idoneidade, tanto assim que não reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, nos

cumpriu as obrigações emergentes do contrato de trabalho com o moldes do art. 483, alínea "d", da CLT, com o pagamento das

reclamante, aflorando aqui a responsabilidade da tomadora, que parcelas rescisórias correspondentes.

não velou para que os direitos dos trabalhadores fossem Em defesa, a primeira reclamada negou os descumprimentos

regularmente satisfeitos. contratuais narrados na inicial, aduzindo que as férias alusivas ao

Assim, a 2.ª reclamada deve ser mantida no polo passivo da período aquisitivo 2019/2020 foram devidamente pagas ao autor.

demanda, como garantia da satisfação do crédito trabalhista Quanto ao FGTS, alegou que as parcelas pleiteadas na inicial estão

atribuído ao obreiro, na possibilidade de por eventual motivo, restar inseridas no acordo de parcelamento firmado junto à Caixa

inviabilizada a cobrança contra o empregador (1.ª reclamada). Econômica Federal, o qual vem sendo devidamente cumprido.

Mantém-se. Aduziu que o autor, após o gozo das férias no período de

Inexistem equívocos nos cálculos de liquidação. 12/08/2020 a 10/09/2020, deixou de comparecer ao trabalho,

Uma vez reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho, tampouco comunicou sobre a alegada rescisão indireta,

devido o pagamento de FGTS e multa, bem como sobre esses acrescentando que ele sequer atendeu ao telegrama de retorno ao

valores incidem juros e correção monetária. trabalho, recebido em 08/10/2020, razão pela qual lhe foi aplicada

A reclamada roga que os cálculos de juros e correção monetária em 11/10/2020 a justa causa por abandono de emprego.

sejam efetuados conforme o art. 9º, § 1º, II, da Lei 11.101/2005, Dos termos da inicial e da defesa, verifica-se que a controvérsia

incidindo até 07/07/2021 - data do pedido de recuperação judicial, reside na forma de extinção contratual. De um lado, o reclamante

Razão não lhe assiste. aduziu que o contrato deve ser extinto por rescisão indireta, em

Na apuração do débito trabalhista, incidem juros e correção razão das faltas graves relatadas na inicial. De outro, a reclamada

monetária na forma do art. 39 da Lei nº 8.177/91, que determina a aduziu que o autor abandonou o emprego, restando configurada a

incidência de juros e correção monetária até a data do efetivo justa causa prevista no art. 482, "i", da CLT. Cumpre destacar que

pagamento ao credor. Logo, não há que se falar em limitação do recai sobre o reclamante o ônus de demonstrar que a reclamada

cômputo de juros e correção monetária até a data em que foi descumpriu as obrigações contratuais, gerando a rescisão

deferido o pedido de recuperação judicial da reclamada, posto faltar contratual indireta.

amparo legal que viabilize referido pleito. Por outro lado, para a configuração do abandono de emprego

Nada a prover. sustentado pela empresa ré, é necessário o preenchimento de dois

Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a requisitos fundamentais: objetivo - relacionado à convocação formal

confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o de retorno ao emprego, por meio de carta registrada ou telegrama,

quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência ou qualquer outro meio de comunicação que comprove formalmente

do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. a solicitação de retorno ao emprego; e subjetivo - referente a

Isto posto, eis, logo abaixo, os fundamentos adotados na sentença, intenção do trabalhador em não mais retornar ao emprego, bem

a qual confirmo por seus próprios e jurídicos fundamentos: como a intenção da reclamada que ele volte ao trabalho,

MÉRITO demonstrando suas tentativas de busca do obreiro. Portanto, quanto

RESCISÃO CONTRATUAL a este tipo de rescisão contratual, recai sobre a reclamada o ônus

O reclamante afirmou, na inicial, que foi admitido pela primeira da prova.

reclamada em 01/03/2016, na função de vigilante, recebendo última No que tange à rescisão indireta, entendo que o reclamante logrou

remuneração mensal no importe de R$ 1.949,32, composta de êxito em comprovar os descumprimentos narrados na inicial.

salário-base de R$ 1.342,92 e adicionais de periculosidade e Com efeito, restou incontroverso que o autor usufruiu as férias do

noturno. Aduziu que a primeira reclamada não recolheu período aquisitivo 2019/2020 no período de 12/08/2020 a

corretamente os depósitos do FGTS no curso do pacto 10/09/2020. Nesse sentido, inclusive, o aviso de férias c15c64c.

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 718
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

Ademais, de acordo com o mesmo documento, o autor tomou (25/10/2020), denotando, portanto, que não havia a intenção do

ciência das referidas férias apenas em 27/07/2020, não sendo trabalhador de abandonar o emprego. Ademais, sequer há prova

observada, contudo, a antecedência mínima de 30 dias prevista no nos autos de que o reclamante tenha sido notificado, antes do

art. 135 da CLT. ajuizamento da presente ação, da aplicação da justa causa por

Ainda, conforme o comprovante de pagamento ID 58b617d, as abandono de emprego.

referidas férias somente foram pagas ao autor em 23/11/2020, já no Portanto, reconhece-se a rescisão indireta do contrato de trabalho,

curso da presente ação, ajuizada em 25/10/2020, e mais de dois em razão do cometimento da falta grave indicada no art. 483, alínea

meses após o término do período de repouso, em 10/09/2020. "d", da CLT, com data de saída em 11/09/2020.

Saliente-se que o pagamento superveniente das férias não retroage Por consequência, considerando-se o período contratual de 01

para tornar a pretensão de rescisão indireta improcedente. /03/2016 a 11/09/2020, o salário mensal de R$ 1.949,32, a rescisão

Aliado a isso, o extrato da conta vinculada do autor (ID 0085c38) indireta acima reconhecida e os limites do pedido, defere-se ao

ratifica a ausência de recolhimento de diversas parcelas do FGTS autor as seguintes parcelas: aviso prévio indenizado 42 dias; férias

ao longo do pacto (recolhimento apenas das parcelas relativas aos em dobro 2019/2020 + 1/3 (deduzido o valor já pago ao autor - ID

meses de julho/2018; janeiro a março /2019 e maio a outubro/2019), 58b617d); férias proporcionais 7/12 + 1/3; 13º salário proporcional

inexistindo nos autos outro extrato atualizado demonstrando a com projeção do aviso 10/12; FGTS do período contratual acrescido

regularização dos depósitos, conforme relatado na peça defensiva. da multa de 40% (deduzido o saldo da conta vinculada - ID

Destaque-se que o parcelamento dos valores devidos ao FGTS 0085c38). Tendo em vista o descumprimento do prazo celetista

perante o órgão gestor (ID e863aea) não tem o condão de afastar o para pagamento das verbas rescisórias, defere-se o pagamento da

direito do reclamante, uma vez já implementado o descumprimento multa do §8º do art. 477 da CLT no importe de R$ 1.949,32,

contratual. Além disso, trata-se de negócio jurídico realizado pelo correspondente ao salário mensal do autor. Urge frisar que o fato de

empregador na esfera administrativa, não sendo oponível ao a rescisão indireta ter sido reconhecida apenas em Juízo não afasta

empregado. Ademais, sequer há prova nos autos de que os valores a aplicação da penalidade em tela, porquanto esta somente deve

devidos ao reclamante estivessem em perspectiva de pagamento ser excluída quando o empregado, comprovadamente, der causa à

através do acordo administrativo. mora (Súmula 462/TST), o que não ocorreu na hipótese.

Saliente-se que os descumprimentos contratuais relatados, Tendo em vista a ausência de parcelas rescisórias incontroversas

sobretudo o inadimplemento reiterado dos depósitos do FGTS, nos autos, indefere-se o pagamento da multa do art. 467 da CLT.

inviabilizam o recebimento do benefício pelo empregado mesmo no Defere-se, ainda, em razão da dispensa imotivada, as seguintes

curso do contrato de trabalho, em situações de necessidade obrigações de fazer, a cargo da reclamada: a) proceder à entrega

premente, como aquelas previstas no art. 20 da Lei 8.036 /90, das guias de seguro desemprego ao reclamante, no prazo de 5

dando ensejo ao acolhimento da rescisão indireta pretendida, como dias após o trânsito em julgado da presente decisão, sob pena de

tem decidido o C. TST: tal obrigação de fazer ser convertida em obrigação de pagar

"RESCISÃO INDIRETA. IRREGULARIDADES NO indenização relativa a cinco parcelas do benefício; b) entrega do

RECOLHIMENTO DO FGTS. O Tribunal Regional registrou a TRCT no cód. 01 e chave de conectividade para saque do FGTS,

existência de atrasos no recolhimento do FGTS. A jurisprudência no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa de

desta Corte Superior é no sentido de que a ausência de R$ 1.949,32 e de expedição de alvará judicial para saque do FGTS

recolhimento dos depósitos do FGTS, ou seu recolhimento irregular, depositado.

configura ato faltoso do empregador suficientemente grave para (...)

ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos da RESPONSABILIDADE DO SEGUNDO RECLAMADO

alínea d do art. 483 da CLT. Precedentes. Recurso de revista Restou incontroverso nos autos o fenômeno da terceirização, em

conhecido e provido" (TST-RR-1000776-56.2018.5.02.0491, que o segundo reclamado, buscando se desonerar dos encargos

Relatora: Maria Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 02/02/2020). trabalhistas e sociais advindos de um contrato de trabalho, utilizou-

Por outro lado, no que tange à justa causa invocada pela se de uma empresa prestadora de serviços determinados e

empregadora, cumpre destacar que inexiste o elemento subjetivo específicos - primeira reclamada - para contratação do reclamante.

(animus ) apto a configurar o abandono de emprego, sobretudo Por se tratar de pessoa jurídica de direito privado que não integra a

abandonandi em razão do curto lapso temporal entre o afastamento Administração Pública, reconhecida a terceirização dos serviços, a

do empregado (11/09/2020) e o ajuizamento da ação trabalhista tomadora responde subsidiariamente pelos créditos deferidos nos

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moldes do §5º do art. 5º-A da Lei 6.019/74, independentemente de da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à condenação o

culpa, a qual deve ser analisada apenas nos casos de terceirização pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15%

envolvendo ente público (Súmula 331, V, TST e art. 71, §1º, da Lei calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar provimento

8.666 Ressalte-se que o fato de ter inexistido vínculo empregatício ao recurso ordinário da 1ª reclamada, mantendo a sentença por

entre /93). o reclamante e o segundo reclamado não o exime de seus próprios e jurídicos fundamentos.

eventual responsabilidade, por força do §5º do art. 5º-A da Lei Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

6.019/74. Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

Diante do acima exposto, condena-se subsidiariamente o segundo (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

reclamado ao pagamento das parcelas deferidas no presente Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

julgado. o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

LIQUIDAÇÃO Fortaleza, 11 de julho de 2022.

Liquidação por cálculos, conforme arquivo em anexo.

A teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e 6021 (com posteriores Relator

esclarecimentos prestados em Embargos de Declaração, cuja FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

Decisão de julgamento foi publicada em 25/10/2021), a atualização

monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do vencimento de JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR

cada parcela até a véspera do ajuizamento da ação (fase pré- Diretor de Secretaria

judicial), pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial


Processo Nº ROT-0000485-55.2021.5.07.0030
(IPCA-E), sendo os juros de mora da referida fase equivalentes à Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
TRD (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991). A partir do ajuizamento
RECORRENTE MUNICIPIO DE CAUCAIA
da ação até o efetivo pagamento da obrigação, a atualização RECORRIDO FRANCISCO SERGIO LIMA DOS
SANTOS
monetária e os juros de mora serão, juntos, fixados pelo índice do
ADVOGADO JOSE ITALO CORREIA
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), de acordo BARBOSA(OAB: 11281-A/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
com o artigo 406 do Código Civil. TRABALHO
Por derradeiro, destaco que o ajuizamento da ação ocorreu em
Intimado(s)/Citado(s):
25/10/2020, marco a ser utilizado como divisor entre os dois índices
- FRANCISCO SERGIO LIMA DOS SANTOS
de atualização monetária fixados pelo STF. Contribuições

previdenciárias incidentes sobre as parcelas com natureza de

salário-de-contribuição e imposto de renda, a cargo da ré,

autorizadas as retenções legais." PODER JUDICIÁRIO

CONCLUSÃO DO VOTO JUSTIÇA DO

Voto pelo conhecimento dos recursos ordinários para, no mérito, dar

provimento ao recurso ordinário do reclamante para: a) indeferir os


EMENTA
benefícios da justiça gratuita à 1.ª reclamada; b) acrescer à
RECURSO DO MUNICÍPIO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
condenação o pagamento de honorários advocatícios no percentual
O entendimento jurisprudencial mais recente do Tribunal Superior
de 15% calculados sobre o valor apurado em liquidação; negar
do Trabalho, calcado na decisão do Supremo Tribunal Federal que
provimento ao recurso ordinário da 1ª reclamada, mantendo a
declarou a constitucionalidade do art. 71, da Lei N.º 8.666/93 (ADC
sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.
16/DF), é o de que remanesce a responsabilidade subsidiária dos

órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações


DISPOSITIVO
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia

mista pelos direitos trabalhistas do empregado locado e não


ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
adimplidos pelo empregador, sempre que os referidos entes
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na escolha da
unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar provimento
empresa prestadora e/ou na fiscalização das obrigações do
ao recurso ordinário do reclamante para: a) indeferir os benefícios
respectivo contrato (Súmula 331, inciso I V, do Tribunal Superior do

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Trabalho). PRELIMINARMENTE

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

RELATÓRIO Aduz o ente publico ser a Justiça Laboral incompetente para

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo 2º reclamado processar e julgar o feito, porquanto a primeira reclamada firmou

MUNICÍPIO DE CAUCAIA, em face da sentença prolatada pela 2ª compromisso arbitral com o reclamante, devendo a lide ser

Vara do Trabalho de Fortaleza (ID a47db9d),que julgou resolvida no juízo arbitral.

PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos da reclamação Equivoca-se.

trabalhista ajuizada por FRANCISCO SÉRGIO LIMA DOS De acordo com o art. 507-A, da CLT, os contratos individuais de

SANTOS em face de INSTITUTO NACIONAL DE GESTAO. trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite

EDUCAÇÃO,TECNOLOGIA EINOVAÇÃO - INGET e MUNICÍPIO máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de

DE CAUCAIA, reconhecendo o vínculo empregatício no tocante ao Previdência Social, poderão firmar cláusula compromissórias de

período contratual de 13/03/2018 a 6/2/2021, dada a projeção do arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a

aviso prévio, para condenar a empresa e, subsidiariamente, o sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei nº 9.307,

MUNICIPIO DE CAUCAIA no pagamento ao reclamante com juros e de 23 de setembro de 1996. Não é esse o caso.

correção monetária, as verbas ali elencadas. Honorários O sistema de arbitragem é alternativo a jurisdição estatal, no qual o

advocatícios de 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação. árbitro é escolhido pelas partes para solucionar os conflitos a que

Inconformado, o Município recorrente pugna pela reforma da foram submetidos. Ocorre que para tal, os contratos sujeitos a

sentença ora atacada, suscitando, inicialmente, a incompetência da arbitragem devem atender os requisitos do art. 507-A da CLT. Isso

Justiça Laboral. não aconteceu.

No mérito alega inexistência de vínculo empregatício com o Constata-se nos autos que o reclamante foi contratado por salario

reclamante, que a primeira reclamada, iINGETI, firmou equivalente ao mínimo, o que afasta, de per si, qualquer

compromisso arbitral com o obreiro, tendo esse juízo ignorado. possibilidade de arbitragem.

Questiona a prova emprestada aos autos, bem como, a Logo, não de se falar em incompetência desta Justiça

responsabilidade subsidiaria, aduzindo a inexistência de omissão na Especializada, pois esta está firmada nos termos do art. 114 da

fiscalização do contrato administrativo, razão pela qual as CF/1988.

obrigações trabalhistas derivadas do elo empregatício são de Rejeita-se a preliminar.

responsabilidade da primeira reclamada. Consequentemente não DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM

pode responder subsidiariamente pelo pagamento das verbas Alega o segundo reclamado, MUNICÍPIO DE CAUCAIA, que não

rescisórias inadimplidas pela contratada. deve figurar no polo passivo desta demanda, uma vez que não é

Requer que o recorrido seja condenado em litigância de má-fé, e lhe parte da relação de emprego questionada pelo recorrido.

seja indeferido o beneficio da gratuidade da justiça. Pede a Sem razão.

condenação em honorários advocatícios do demandante, porquanto O caráter abstrato do direito de ação independe do direito material

não está representado por sindicato da categoria. pleiteado, de sorte que a simples indicação da apelante como

Contrarrazões do reclamante, ID. d239c11 ,. responsável subsidiária pela satisfação das parcelas almejadas na

Apresentado parecer pelo Ministério Público do Trabalho pelo peça exordial justifica sua legitimidade para figurar no polo passivo

conhecimento e improvimento do recurso do município. (ID. da demanda, não merecendo reforma a sentença vergastada.

d68fa02). Preliminar rejeitada.

MÉRITO

De inicio, convém observar que o reclamante foi contratado pela

primeira reclamada em 1/1/2018, na função de vigia noturno, com

FUNDAMENTAÇÃO salário menor que o mínimo, sob o manto de bolsista. Foi

dispensado em dezembro de 2020.

O recorrente alega inexistência da relação de emprego aduzindo

ADMISSIBILIDADE que as partes celebraram Termo de Compromisso de Bolsista em

Tempestivo, regular a representação e isento de preparo, conheço 2019. Diz que antes desse período a reclamada não mantinha

do apelo. qualquer relação jurídica com o autor.

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A decisão de piso registrou: - Pág. 1- 2, assinado em 13/03/2018 corroborado com a planilha de

[...] A novidade atual, levada a efeito por uma entidade de pagamento de ID. c1328a5 - Pág. 1, cujo objeto era a concessão de

espectro amplo e irrestrito, denominada INGETI, Instituto Nacional bolsa de estudo e pesquisa para desenvolvimento das atividades

e Gestão, Educação,Tecnologia e Inovação, que se utiliza de ardil, previstas no plano de trabalho do Convênio 01/2018.

com propósito de contratar mão de obra dos mais variados campos Saliente-se, ainda, que o referido documento nada esclarece

da atividade humana, para emprestá-los, colocá-los às serventias em relação à presença ou não dos elementos caracterizadores da

do Município de Caucaia que, por esta fuga, submeteu, se não todo, relação de emprego, tais como subordinação.

mas quase todo o seu quadro de servidores da Secretaria de Ademais, face ao princípio da primazia da realidade, diante da

Educação do Município, a um sistema de contratação por uma discrepância entre o envoltório formal e a efetiva prática executiva

faceta denominada bolsa. Não mais que de repente, os servidores do contrato, a preferência deve ser dada ao que ocorre no terreno

deste seguimento municipal passaram a ser bolsistas. Outros dos fatos.

inúmeros, de fora, ingressaram no quadro por esta interposta Importante, no mais, frisar que, conforme relatório elaborado pelo

empresa, para prestarem desde os mais relevantes aos mais Ministério Público do Trabalho, ID. 2a82249 - Pág. 2, em

simples serviços. 27/11/2019, a preposta da empresa afirmou que as atividades

No transcorrer da instrução de alguns processos, dentre tantos teóricas aconteciam aos sábados, enquanto que as atividades

que já foram lançados em pauta para instrução e julgamento, práticas aconteciam cinco dias por semana. ...

apresentam-se as categorias de merendeira, porteiro, pessoal de Tem-se, portanto, que o alegado programa de qualificação

recursos humanos e, pela confissão da empresa, via representante profissional voltado ao desenvolvimento do ensino e da gestão

legal, todas as categorias necessárias e possíveis para a Secretaria municipal trata-se de mero subterfúgio com objetivo de mascarar a

de Educação do Município foram contratadas e passaram a exercer relação de emprego havida entre as partes, configurando verdadeira

suas funções sob a batuta da condição de bolsistas. fraude aos direitos trabalhistas.

Há duas fronteiriças ilegalidades. A primeira se comunica com Conforme art. 9º da CLT, serão nulos de pleno direito os atos

a forma de contratação que a empresa procede. É uma autêntica praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a

contratação de trabalhador visando burlar a legislação trabalhista, aplicação dos preceitos celetistas.

sonegando, por esta mão, todos os direitos previstos na CLT e Portanto, com fulcro no dispositivo celetista acima indicado,

Constituição Federal, afastando, por último, o trabalhador do declaro nulos de pleno direito o termo de compromisso de bolsista

suporte da Previdência e Assistência Social. firmado entre as partes ID. 7463d0e - Pág. 1- 2, assinado em

A engenharia de burla proposta pela INGETI é trabalhosa, não 13/03/2018, quanto à natureza do vínculo, reconhecendo-se como

deixando de ser uma escancarada, grosseira e atentatória empregatício corroborado com a planilha de pagamento de

articulação para não ID.c1328a5 - Pág. 1 o vínculo entre reclamante e reclamada a partir

configurar ou afastar os requisitos que definem a relação jurídica de daquela data . [...]

emprego, previstos no art. 3o, da CLT. Com efeito, a decisão foi acertada.

A outra ilegalidade, já avaliada, é a forma generalizada, sem critério Compulsando os autos verifica-se o desvirtuamento do instituto do

e respeito à lei, à Constituição Federal, com que o Município termo de compromisso de bolsista. Este tem por finalidade a

engendrou para contratar, por interposta empresa, contingente tão capacitação do estudante no desenvolvimento de suas atividades

expressivo de servidores,escamoteando, de maneira frontal, a estudantis ou acadêmicas.

obrigatoriedade do concurso público. Consigne,inclusive, a O que se observou nos autos foi que a contratação do bolsista

plenitude de não atendimento aos princípios comezinhos que regem (estagiário) ocorreu de forma desvirtuada. Quisesse o ente publico

à Administração Pública. Ausentes, pois, a legalidade, adotar o programa de estágio , adotasse a legislação especifica

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. É o para contratar o demandante, a lei do Estágio. Isso não aconteceu.

desmantelamento proposital, senão criminoso, dado que A Lei nº 11.788/2008, disciplina a contratação de estudantes para

os objetivos claros são um ataque ao erário público, dos fins últimos desenvolver atividades direcionadas a melhor capacitação do

da Administração Pública que a prestação de serviços à população estudante e concede garantias ao empregador que adota o

deve obedecer. ... programa de estágio. Entendo que a reclamada foi de encontro com

No que se refere à prova documental juntada aos autos, as os ditames da legislação especial.

partes assinaram Termo de Compromisso de Bolsista, ID. 7463d0e Logo, a decisão está irretorquível. O vínculo empregatício existe.

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Quanto aos demais tópicos, passo a análise. Confiram-se os seguintes julgados:

PROVA EMPRESTADA APLICABILIDADE DO ENUNCIADO Nº 331 DO TST À

Questiona o ente publico a utilização indiscriminada da prova ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DECISÃO DO STF EM RELAÇÃO

emprestada. Diz que a medida afronta a natureza jurídica probatória AO ART. 71, § 1º, DA LEI 8.666/83. A decisão do STF, que

e ignora a primazia da realidade. considerou constitucional o disposto no art. 71, § 1º, da Lei

Equivoca-se 8.666/83, não afasta a responsabilidade da Administração Pública,

A finalidade da prova emprestada é dar celeridade a instrução quando esta se omitir na fiscalização do contrato (arts. 58, III e IV,

processual a fim de que a prestação jurisdicional seja a mais breve 66 e 67, do mesmo Diploma), causando dano a outrem. Ilicitude que

possível. A admissão da prova emprestada, é evitar a repetição da leva à aplicação dos artigos 37, § 6º, da CF/88 e artigos 927 e 186,

produção da prova. Até porque no caso em análise a matéria era do C. Civil".(TRT-7 - RO: 00002614120175070036, Relator:

exatamente igual FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR, Data de

Demais disso, não se observou nos autos qualquer tipo de Julgamento: 19/02/2019, Data de Publicação: 21/02/2019)

contestação a ela, como se pode ver na ata de instrução id. "RECURSO ORDINÁRIO. ENTE PÚBLICO. TERCEIRIZAÇÃO DE

2Edd65c. SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Exsurge a

Logo, nada há para acrescer ou modificar nesse aspecto. responsabilidade subsidiária dos órgãos da administração

direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas

DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA públicas e das sociedades de economia mista pelos direitos

Alega o Município recorrente inexistir qualquer fundamento a dar trabalhistas do empregado locado, não adimplidos pelo

azo à responsabilização subsidiária a si imputada pelo Juízo de 1º empregador, sempre que os referidos entes públicos,

grau, sob a argumentação de que caberia à parte reclamante à luz tomadores dos serviços, sejam omissos na escolha da

do disposto no art. 373, I, do Código de Processo Civil, o ônus de empresa prestadora e na fiscalização das obrigações do

provar que a edilidade tenha agido com culpa, a ensejar a tal respectivo contrato (Súmula 331, inciso V, do Tribunal Superior

condenação, corroborado com o fato de que teria firmado com a 1ª do Trabalho). Sentença mantida. DA REVELIA.

reclamada contrato de gestão e, portanto, Súmula Nº 331, do TST. RECOMENDAÇÃO CGJT Nº 2/2013. Se na espécie, o juízo de

Assim, aduz o recorrente que diante de tais circunstâncias, urge piso, de fato, deixou de observar a Recomendação CGJT nº

evidenciar que a natureza do aludido vínculo enseja a manifesta 2/2013, todavia não aplicou a pena de confissão ficta, não se

impossibilidade de caracterização de qualquer responsabilidade cogita de qualquer prejuízo à parte recorrente, sendo de efeito

(quer solidária, quer subsidiária) do ente público pelos créditos prático algum a reversão da revelia decretada em desfavor da

trabalhistas dos empregados contratados pelo primeiro reclamado. 2ª ré. Sentença mantida. Recurso ordinário conhecido e não

Nesta perspectiva, alega que restou provado nos autos que a provido."(TRT-7 - RO: 00001505620175070004, Relator:

reclamante fora contratada pela primeira reclamada para prestar DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA, Data de

serviços para o MUNICÍPIO DE CAUCAIA, figurando assim, Julgamento: 20/02/2019, Data de Publicação: 20/02/2019)

terceirização de mão de obra, nos termos da Súmula 331 do TST. Com efeito, os Entes Públicos contratantes têm o dever de

Sem razão o recorrente. licitar e fiscalizar eficazmente os contratos trabalhistas no que

O entendimento jurisprudencial mais recente do Tribunal Superior concerne ao seu adimplemento e, sempre que for verificada a

do Trabalho, calcado na decisão do Supremo Tribunal Federal que ausência desse dever fiscalizatório, permanece plenamente

declarou a constitucionalidade do art. 71, da Lei Nº 8.666/93 (ADC possível a imputação da responsabilidade subsidiária ao ente

16/DF), tem-se que remanesce a responsabilidade subsidiária dos público tomador do serviço terceirizado, ante a configuração

órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações da culpa "in elegendo" ou "in vigilando".

públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia No caso, não foi demonstrado que a prestadora de serviços tivesse

mista pelos direitos trabalhistas do empregado locado e não cumprido com suas obrigações trabalhistas para com os

adimplidos pelo empregador, sempre que os referidos entes substituídos e nem que o Município reclamado, tomador dos

públicos, tomadores dos serviços, sejam omissos na escolha da serviços, tenha adotado qualquer forma de fiscalização neste

empresa prestadora e/ou na fiscalização das obrigações do sentido, o que, aliás, lhe era imposto pelos artigos 58, III, e 67,

respectivo contrato (Súmula 331, inciso IV, do Tribunal Superior do ambos da Lei Nº 8.666/93, permitindo que a prestadora deixasse de

Trabalho). honrar com direitos regulares e básicos do empregado locado.

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Por outro lado, o inadimplemento dos direitos trabalhistas do INOVACAO - INGET, o que acarretou vários prejuízos ao

reclamante ao longo de todo o pacto, por si só, demonstra a trabalhador.

ausência da devida fiscalização por parte do município como LITIGÂNCIA DE MÁ- FÉ

tomador dos serviços da autora, que incorreu, assim, na chamada Quanto ao pleito para condenar o recorrido em litigância de má-fé

"culpa in vigilando". sob o argumento de que alterara a verdade dos fatos, entendo ser

Ora, o multicitado art. 71 da Lei Nº 8.666/93 somente afasta a uma falácia. Na verdade a litigância de má-fé se caracteriza pela

transferência, à Administração Pública, da responsabilidade pelo forma abusiva de se exercitar os direitos processuais. Não se

pagamento dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e percebe isso nos autos, a não ser o exercício do direito do

comerciais resultantes da execução do contrato nas hipóteses em demandante buscar resgatar direitos trabalhistas antes sonegados.

que o contratado age "dentro das regras e procedimentos normais

de desenvolvimento de suas atividades e o órgão da administração BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA GRATUITA

que o contratou pautou-se nos estritos limites e padrões da Aduz o ente público que o reclamante não apresenta provas para

normatividade pertinente", o que, como visto, não é o caso. ser beneficiário da justiça gratuita. Requer seja indeferido o pedido

A responsabilidade, portanto, na vertente hipótese, decorre, como formulado pelo recorrido.

dito, das culpas "in eligendo" e "in vigilando" e encontra esteio, Equivoca-se em seu entendimento.

ainda, no chamado risco administrativo, cuja doutrina tem assento No que diz respeito às normas de acesso do trabalhador à Justiça

constitucional (art. 37, § 6.º, da CF/88), segundo o qual "as pessoas do Trabalho, a Lei 13.467/17 alterou e introduziu modificações à

jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de CLT, como estampam os parágrafos 3º e 4º do art. 790 da CLT,

serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, assim redigidos:

nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de [...]

regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa". § 3º. É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

Funda-se, outrossim, na própria importância atribuída ao trabalho tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a

pela atual Constituição Federal de 1988, elevando-o ao patamar de requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito (art. 1º, quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário

inciso V). igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos

Nesse esteio, e conforme entendimento reiterado desta Corte, a benefícios do Regime Geral de Previdência Social;

responsabilidade subsidiária decorre da culpa "in vigilando" e "in § 4º. O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que

eligendo", devendo o tomador do serviço, sob pena de suportar os comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas

danos advindos da sua inércia, fiscalizar a empresa prestadora a do processo.

fim de impedir a violação dos direitos daqueles que lhes prestam A comprovação da ausência de condições de litigar em Juízo sem

serviços, sobretudo porque esses direitos envolvem parcelas prejuízo do sustento do trabalhador ou de sua família, como

salariais, de natureza alimentar. preconiza o § 4º acima reproduzido, encontra lugar na formulação

De igual modo, não merece acolhimento o argumento recursal de de simples declaração, a qual se presumirá verdadeira salvo prova

ser ônus do recorrido/reclamante a prova de suas alegações, no em contrário, entendimento que se harmoniza, inclusive, com o art.

sentido de que falhara a fiscalização estatal, porquanto tal 99, § 3º do CPC:

importaria em exigência da prova de fato negativo, o que não Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na

encontra acolhida no nosso ordenamento jurídico. petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro

Em verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para no processo ou em recurso.

comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do [...]

contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo § 3º. Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida

princípio da aptidão da prova, não havendo, pois, como falar em exclusivamente por pessoa natural.

ofensa ao art. 818 da CLT, ou ao art. 373, I, NCPC.

Não obstante, percebe-se no caso concreto, que está devidamente Isentar a parte autora do ônus processual - por exemplo, custas e

comprovado nos autos, a flagrante omissão do ente público em honorários periciais -, na espécie, é medida que converge para a

fiscalizar a execução do contrato celebrado com o INSTITUTO concretização da norma ínsita no art. 5º, inciso LXXIV, da

NACIONAL DE GESTAO. EDUCACAO,TECNOLOGIA E Constituição Federal, no sentido de que o Estado prestará

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assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem prazo, tais obrigações do beneficiário.

insuficiência de recursos. § 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

Se o trabalhador declara nos autos, ( na exordial, e há procuração Desse modo, sendo a Fazenda Pública sucumbente, mister o

com poderes para o advogado requerer o benefício da justiça pagamento da verba honorária, em estrita obediência ao citado

gratuita(ID 91d480e, f597cd4) que não possui condições de artigo. Decisão mantida.

demandar em Juízo sem prejuízo de seu sustento ou de sua família, CONCLUSÃO DO VOTO

e se a parte demandada não apresenta elementos de prova a Ante o exposto, voto pelo conhecimento e não provimento do

infirmar tal conclusão, tenho por impositiva a concessão do Recurso interposto pelo MUNICÍPIO DE CAUCAIA.

benefício postulado.

Na hipótese, o advogado da parte reclamante declarou sua DISPOSITIVO

condição de hipossuficiência econômica e teve deferido na origem o ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA

benefício da justiça gratuita. SEGUNDA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO

Nada a reformar. DA SÉTIMA REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso do

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MUNICÍPIO DE CAUCAIA e negar-lhe provimento.

Aduz o ente público que o demandante tem sindicato de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores

representação de sua categoria, e por isso, seria incabível a Cláudio Soares Pires (Presidente), Francisco José Gomes da Silva

condenação do municipio recorrente. (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).

Equivoca-se. Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo de férias

O art. 791-A da CLT é categórico quanto aos honorários o Exmo. Sr. Desembargador Emmanuel Teófilo Furtado.

sucumbenciais. Fortaleza, 11 de julho de 2022.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA

devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% Relator

(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o FORTALEZA/CE, 27 de julho de 2022.

valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico

obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR

da causa. Diretor de Secretaria

§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a


Processo Nº RORSum-0000620-09.2021.5.07.0017
Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
substituída pelo sindicato de sua categoria.
RECORRENTE FIORI INDUSTRIA E COMERCIO DE
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: CONFECCOES LTDA
ADVOGADO ADRIANO SILVA HULAND(OAB:
I - o grau de zelo do profissional; 17038-A/CE)
II - o lugar de prestação do serviço; RECORRENTE TUTTI QUATRO COMERCIO E
INDUSTRIA DE ARTIGOS DO
III - a natureza e a importância da causa; VESTUARIO LTDA
ADVOGADO LARISSA MARIA LIMA LIRA(OAB:
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o 41083/CE)
seu serviço. RECORRIDO FRANCISCA MARLENE AMORIM
QUARESMA
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários ADVOGADO KESIAVANE SALAZAR DE
AZEVEDO(OAB: 44368/CE)
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
ADVOGADO BRUNA IANE MENEZES DE
honorários. AGUIAR(OAB: 15057/PI)

§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha


Intimado(s)/Citado(s):
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de - FIORI INDUSTRIA E COMERCIO DE CONFECCOES LTDA
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência

ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente

poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito


PODER JUDICIÁRIO
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
JUSTIÇA DO
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que

justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 725
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

EMENTA JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. LIMITAÇÃO

MASSA FALIDA. JUROS DE MORA. LIMITAÇÃO. À massa falida

não se aplica o disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que, Em suas razões recursais (id c6d5a38) apresenta a 1ª reclamada

nos termos do art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa impugnação aos cálculos de liquidação, apontando excessos nos

falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da cálculos de FGTS, requerendo, ainda, a limitação da liquidação dos

falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não cálculos até a data da falência (18/05/2021).

bastar para o pagamento dos credores subordinados". Por essa À análise.

forma, compete a esta Especializada apurar os juros moratórios até Sobre a matéria, assim determinou a sentença recorrida:

a liquidação da sentença, cabendo ao Juízo Falimentar ponderar "7. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS

sobre seu eventual pagamento, à época própria. Decisão definitiva do STF de 18.12.2020 (com efeito erga omnes e

CORREÇÃO MONETÁRIA. No que tange à correção monetária, a com força vinculante) ao analisar o mérito das Ações Declaratórias

decretação de falência do devedor não faz cessar a sua contagem de Constitucionalidade de nºs 58 e 59, definiu que a atualização dos

quanto aos créditos trabalhistas, por se tratar de mera atualização créditos trabalhistas, bem como do valor correspondente aos

do poder aquisitivo da moeda, e não de acréscimo à condenação ou depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, "até que sobrevenha

penalidade decorrente de mora. A não incidência da correção solução legislativa", deve ser apurada mediante a incidência dos

monetária sobre o crédito do autor conduziria ao pagamento de "mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes

valor inferior ao efetivamente devido. para as condenações cíveis em geral, quais sejam, a incidência do

ATUALIZAÇÃO DO CRÉDITO TRABALHISTA. ÍNDICE IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da data da notificação até o

APLICÁVEL. O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18 de efetivo pagamento da obrigação, a atualização monetária e os juros

dezembro de 2020, ao julgar, em definitivo, o mérito das Ações de mora estarão refletidos no índice do Sistema Especial de

Declaratórias de Constitucionalidade 58 e 59, decidiu que a Liquidação e de Custódia (Selic), de acordo com artigo 406 do

atualização dos créditos trabalhistas, bem como do valor Código Civil. Assim, em respeito à decisão superior, determino seja

correspondente aos depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, aplicado, para fins de correção monetária e juros, o índice IPCA-E

"até que sobrevenha solução legislativa", deve ser apurada até a data anterior a da notificação inicial prevista no artigo 841 da

mediante a incidência dos "mesmos índices de correção monetária CLT, passando, a partir de então, a adotar se a SELIC para

e de juros que vigentes para as condenações cíveis em geral, quais atualização de todos os créditos de competência desta Justiça

sejam, a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da Especializada."

citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)". No que tange à correção monetária, a decretação de falência do

FGTS. DEDUÇÃO. De acordo com a planilha de cálculos que devedor não faz cessar a sua contagem quanto aos créditos

integram a sentença recorrida (id 19d643b) com relação ao FGTS trabalhistas, por se tratar de mera atualização do poder aquisitivo da

observa-se que não foram deduzidos os valores depositados pela moeda, e não de acréscimo à condenação ou penalidade

reclamada, conforme extratos acostados aos autos pela reclamante decorrente de mora.

(id's812347ª e f9b24f7) e determinado no comando sentencial. A não incidência da correção monetária sobre o crédito do autor

Recurso conhecido e parcialmente provido. conduziria ao pagamento de valor inferior ao efetivamente devido.

RELATÓRIO No tocante ao disposto no art. 9º, II, da Lei nº 11.101/2005,

PROCESSO SUBMETIDO AO RITO SUMARÍSSIMO. mencionado no agravo, deve ser interpretado em consonância com

RELATÓRIO DISPENSADO EM RAZÃO DO DISPOSTO NO todo o ordenamento jurídico, em especial o art. 46 do ADCT, que,

ART.852-I, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI em seu caput, estabelece:

N.º9.957/2000.

"Art. 46. São sujeitos à correção monetária desde o vencimento, até

FUNDAMENTAÇÃO seu efetivo pagamento, sem interrupção ou suspensão, os créditos

ADMISSIBILIDADE junto a entidades submetidas aos regimes de intervenção ou

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer do liquidação extrajudicial, mesmo quando esses regimes sejam

recurso ordinário. convertidos em falência ." (grifei)

MÉRITO

IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS DA SENTENÇA Como anteriormente aduzido, a correção monetária não tem como

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 726
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

escopo punir o devedor em mora, consistindo apenas na tentativa sendo irrecorrível a decisão denegatória do agravo de instrumento

de se manter o valor efetivo da moeda. no âmbito desta Corte (art. 896-A, § 5º da CLT e art. 248 do RITST),

A respeito da matéria, cite-se o seguinte precedente do Tribunal insuscetível inclusive de embargos de declaração dada a sua

Superior do Trabalho: natureza recursal (Súmula nº 421, II, do TST), a consequência

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM lógica é a baixa imediata dos autos à origem. Agravo de instrumento

FACE DE DECISÃO PUBLICADA APÓS A VIGÊNCIA DAS LEIS Nº conhecido e desprovido, com determinação de baixa imediata dos

13.015/2014 E 13.467/2017. MASSA FALIDA. INCIDÊNCIA DE autos ao Tribunal de origem." (AIRR-2584-68.2012.5.02.0089, 3ª

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO DÉBITO TRABALHISTA APÓS A Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT

DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA. AUSÊNCIA DE 23/08/2019

TRANSCENDÊNCIA. 1. Considerando que o acórdão do Tribunal

Regional foi publicado na vigência da Lei nº 13.467/2017, o recurso Quantos aos juros de mora, impede registrar que o artigo 124 da Lei

de revista submete-se ao crivo da transcendência, nos termos do nº 11.101 /2005 dispõe que "contra a massa falida não são exigíveis

art. 896-A da CLT, que deve ser analisada de ofício e previamente, juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou

independentemente de alegação pela parte. 2. Examinando as em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos

razões recursais, constata-se que o recurso de revista não detém credores subordinados."

transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza Dessa forma, mencionado preceito não estabelece ser indevida a

econômica, política, social ou jurídica. 3. A ré afirma que 'o artigo 9º, condenação da massa falida ao pagamento de juros, apenas

inciso II da Lei 11.101/2005, que trata dos institutos da falência e condiciona tal fato à ausência de ativos que bastem para o

recuperação judicial, notadamente quanto a aplicação da correção pagamento do principal, o que será apurado no Juízo Falimentar.

monetária, que após o decreto de quebra, além da exclusão dos Convergentes com o entendimento ora esposado, transcrevo

juros de mora, também não serão computadas nos cálculos de jurisprudência a seguir ementa:

liquidação a atualização monetária' e que 'não pode esta Justiça "JUROS DE MORA. MASSA FALIDA. O art. 124 da Lei

Especializada, em que pese o privilégio dos créditos trabalhistas, 11.101/2005, dispõe que contra a massa falida não são exigíveis

permitir o prosseguimento da execução sem a exclusão da correção juros de mora após a decretação da falência, se o ativo apurado

monetária das contas de liquidação, vez que à margem da não basta para o pagamento dos credores subordinados. Portanto,

legislação.' Indica afronta ao art. 5º, II, XXXV e LV, da Constituição o referido dispositivo não dispõe ser indevida a condenação da

Federal. A Corte Regional firmou tese no sentido de que não há massa falida ao pagamento de juros em qualquer hipótese. Tal

óbice no art. 9º, II, da Lei nº 11.101/05 em relação à incidência de conclusão depende da ausência de ativos que bastem para o

atualização monetária sobre os débitos trabalhistas, após a pagamento do principal, circunstância ainda não aferida, conforme

decretação da falência. Escorreito o acórdão prolatado pelo Tribunal assentou o Tribunal Regional. Logo, não se há falar, nesse

Regional. Não há amparo em lei para a exclusão da correção momento, em violação do art. 124 da Lei 11.101/2005. Precedentes.

monetária sobre os débitos trabalhistas, após a decretação da Recurso de revista não conhecido." (ARR - 436700-

falência. Inteligência dos arts. 46 do ADCT e 9º, II, e 124 da Lei 44.2009.5.12.0030, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data

11.101/05 Nessa linha, é firme a orientação do c. TST de que incide de Julgamento: 11/05/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT

correção monetária sobre os débitos da massa falida, por se tratar 20/05/2016)"

de mera atualização de valor real da moeda. Logo, a decisão

recorrida está de acordo com a jurisprudência desta Corte. [...] MASSA FALIDA - INCIDÊNCIA - A jurisprudência desta Corte é

Precedentes. 4. Estando a decisão em consonância com a firme no sentido de que incide correção monetária sobre os débitos

jurisprudência desta Corte, não há como se reconhecer a da massa falida e de que são devidos os juros de mora, salvo na

transcendência política e jurídica do recurso de revista, e hipótese de o ativo ser insuficiente para o pagamento do valor

considerando os valores atribuídos à causa e à condenação, os principal, exceção que não restou demonstrada no presente caso.

quais, associados ao fato de a decisão recorrida estar em Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR

consonância com a jurisprudência desta Corte, não se considera 2560000-67.2007.5.09.0028 - Rel. Min. Márcio Eurico Vitral Amaro -

elevados o suficiente para ensejar o reconhecimento da DJe 10.05.2013 - p. 1617)

transcendência econômica. 5. Dessa forma, o recurso de revista

não se viabiliza porque não ultrapassa o óbice da transcendência, e, Por fim, e no que se refere à atualização das verbas trabalhistas

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3524/2022 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 727
Data da Disponibilização: Quarta-feira, 27 de Julho de 2022

deferidas pelo "decisum", o Supremo Tribunal Federal, em decisão

de 18 de dezembro de 2020, ao julgar, em definitivo, o mérito das JOSE ARTUR CAVALCANTE JUNIOR

Ações Declaratórias de Constitucionalidade 58 e 59, decidiu que a Diretor de Secretaria

atualização dos créditos trabalhistas, bem como do valor


Processo Nº RORSum-0000620-09.2021.5.07.0017
correspondente aos depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
"até que sobrevenha solução legislativa", deve ser apurada
RECORRENTE FIORI INDUSTRIA E COMERCIO DE
mediante a incidência dos "mesmos índices de correção monetária CONFECCOES LTDA
ADVOGADO ADRIANO SILVA HULAND(OAB:
e de juros que vigentes para as condenações cíveis em geral, quais 17038-A/CE)
sejam, a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da RECORRENTE TUTTI QUATRO COMERCIO E
INDUSTRIA DE ARTIGOS DO
citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)". VESTUARIO LTDA
ADVOGADO LARISSA MARIA LIMA LIRA(OAB:
Correta a sentença. 41083/CE)
FGTS RECORRIDO FRANCISCA MARLENE AMORIM
QUARESMA
A reclamada afirma que a contadoria deixou de deduzir os valores ADVOGADO KESIAVANE SALAZAR DE
AZEVEDO(OAB: 44368/CE)
de FGTS já depositados.
ADVOGADO BRUNA IANE MENEZES DE
De acordo com a planilha de cálculos que integra a sentença AGUIAR(OAB: 15057/PI)

recorrida (id 19d643b) com relação ao FGTS observa-se que não


Intimado(s)/Citado(s):
foram deduzidos os valores depositados pela reclamada, conforme - TUTTI QUATRO COMERCIO E INDUSTRIA DE ARTIGOS DO
VESTUARIO LTDA
extratos acostados aos autos pela reclamante (id's 812347ª e

f9b24f7) e determinado no comando sentencial.

Isto posto, determina-se sejam os cálculos de liquidação refeitos

observando-se os valores constantes dos extratos de id's 812347ª e PODER JUDICIÁRIO


f9b24f7. JUSTIÇA DO
Recurso conhecido e provido.

CONCLUSÃO DO VOTO
EMENTA
Voto pelo conhecimento e parcial provimento do recurso ordinário
MASSA FALIDA. JUROS DE MORA. LIMITAÇÃO. À massa falida
para determinar que os cálculos de liquidação sejam refeitos para
não se aplica o disposto na Súmula nº 304, do TST, haja vista que,
deduzir os valores comprovadamente recolhidos a título de FGTS,
nos termos do art. 124 da Lei nº 11.101/2005, "Contra a massa
constantes dos extratos de id's 812347ª e f9b24f7.
falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da

falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não


DISPOSITIVO
bastar para o pagamento dos credores subordinados". Por essa
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
forma, compete a esta Especializada apurar os juros moratórios até
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
a liquidação da sentença, cabendo ao Juízo Falimentar ponderar
unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe
sobre seu eventual pagamento, à época própria.
provimento para determinar que os cálculos de liquidação sejam
CORREÇÃO MONETÁRIA. No que tange à correção monetária, a
refeitos para deduzir os valores comprovadamente recolhidos a
decretação de falência do devedor não faz cessar a sua contagem

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