UniAnchieta - CONCRETO II - Capítulo 2 - Pilares

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CONCRETO II

1. PILARES

1.1. DEFINIÇÃO E CONCEITOS

Segundo o item 14.4.1.2 da NBR 6118:2014, pilares são "elementos lineares de eixo reto,
usualmente dispostos na vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes".

Pilares em que a maior dimensão da seção transversal excede em cinco vezes a menor
dimensão, estes são tratados como pilar-parede (item 18.5 da NBR 6118:2014) e seu
dimensionamento é diferente do que veremos em pilares.

Junto com as vigas, os pilares formam os pórticos, que na maior parte dos edifícios são os
responsáveis por resistir às ações verticais e horizontais e garantir a estabilidade global da estrutura.
Nas estruturas usuais, compostas por lajes, vigas e pilares, o caminho das cargas começa nas
lajes, que delas vão para as vigas e, em seguida, para os pilares, que as conduzem até a fundação.
Os pilares são responsáveis por receber as cargas dos andares superiores, acumular as reações
das vigas em cada andar e conduzir esses esforços até as fundações. Nos edifícios de vários andares,
para cada pilar e no nível de cada andar, obtém-se o subtotal de carga atuante, desde a cobertura
até os andares inferiores. Essas cargas, no nível de cada andar, são utilizadas para dimensionamento
dos lances (tramos) do pilar. A carga total é usada no projeto da fundação.
O pilar é uma peça estrutural em concreto armado, onde o aço no pilar atrai para si a maior
parte do carregamento. O aço é menos elástico que o concreto, pois seu módulo de elasticidade é
maior que o do concreto (Es= 210 GPa, Ec= 21GPa). Pelo fato do aço ter maior módulo de
elasticidade, ele oferece uma maior dificuldade de ser comprimido do que o concreto.
O uso do aço em pilares tem como objetivo exatamente viabilizar seções menores do que se
teria se fossem constituídos somente de concreto simples. Quanto mais aço se coloca nos pilares,
mais tensão ele puxa para si, podendo então reduzir as seções dos pilares.

GEOMETRIA
Uma das primeiras etapas no dimensionamento dos elementos estruturais é a definição de sua
geometria e com os pilares não são diferentes. Faz-se o chamado Pré-dimensionamento dos pilares a
partir de informações da arquitetura e carregamentos. Em obras menores (residências e pequenos
galpões) tentamos "esconder" os elementos estruturais dentro das alvenarias, conferindo assim um
ambiente mais limpo e livre de quinas e cantos.

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DIMENSÕES MÍNIMAS
De qualquer modo, Com o objetivo de evitar um desempenho inadequado e propiciar boas
condições de execução, a NBR 6118:2014, no seu item 13.2.3, estabelece que a seção transversal dos
pilares, qualquer que seja a sua forma, não deve apresentar dimensão menor que 19 cm. Em casos
especiais, permite-se a consideração de dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde que no
dimensionamento se multipliquem as ações por um coeficiente adicional γn, indicado na Tabela
13.1 desta mesma Norma.

Tabela 13.1 - NBR 6118:2014

Em nenhum caso é permitido o dimensionamento de pilares com dimensões menores que 14


cm. Também não é permitido o dimensionamento de pilares cuja seção transversal tenha área
inferior a 360 cm².

EXEMPLOS DE SEÇÕES MÍNIMAS


SEÇÃO (cm) ÁREA (cm²)
14 x 26 364
15 x 24 360
18 x 20 360

COMPRIMENTO EQUIVALENTE
Segundo a NBR 6118:2014, item 15.6, o comprimento equivalente (le) do pilar, suposto
vinculado em ambas extremidades, é o menor dos valores abaixo:

lo é a distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais, que
vinculam o pilar;
h é a altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura;
l é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está vinculado.
l
No caso de pilar engastado na base e livre no topo, e = 2 . l

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1.2. SOLICITAÇÕES INICIAIS

Os pilares sob esforços normais podem também estar submetidos a esforços de flexão. Dessa
forma, os pilares poderão estar sob os seguintes casos de solicitação:

COMPRESSÃO SIMPLES
A compressão simples também é chamada de compressão centrada ou compressão uniforme.
A aplicação da força normal de cálculo Nd é no centro geométrico (C.G.) da peça, cujas tensões na
seção transversal são uniformes (figura 1):

FLEXÃO COMPOSTA
Na flexão composta ocorre a atuação conjunta da força normal e momento fletor sobre o pilar.
Há dois casos:
Flexão Composta Normal (ou Reta): Existe a força normal e um momento fletor numa direção
(Figura 2a);

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Flexão Composta Oblíqua: Existe a força normal e dois momentos fletores em duas direções
(Figura 2b);

Tipos de Flexão Composta

1.3. CLASSIFICAÇÃO DOS PILARES

Os pilares de um edifício podem ser classificados quanto a sua disposição (e solicitações) em


planta e quanto ao seu índice de esbeltez. Quanto a sua disposição, cada um desses pilares causa
uma situação diferente de projeto.

CLASSIFICAÇÃO DOS PILARES QUANTO A SUA DISPOSIÇÃO


Em função da sua disposição, solicitações diferentes são geradas no pilar:
a) Pilar Interno (ou Intermediário);
b) Pilares de Extremidade (ou de borda);
c) Pilar de Canto.

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a) Nos pilares internos admiti-se que há compressão simples, ou seja, em que as
excentricidades iniciais podem ser desprezadas, pois as vigas e lajes são contínuas sobre o
pilar.
b) Nos pilares de borda, as solicitações iniciais correspondem à flexão composta normal, ou
seja, admite-se excentricidade inicial em uma direção. Para seção quadrada ou retangular,
a excentricidade inicial é perpendicular à borda.
c) Pilares de canto são submetidos à flexão composta oblíqua. As excentricidades iniciais
ocorrem nas direções das bordas.

1.4. FLAMBAGEM

Dimensionar um pilar é, dada a carga que atua sobre ele, considerando sua altura,
dimensionar sua seção de concreto, sua armadura longitudinal (vertical) e seus estribos (armadura
transversal).

A principal função dos estribos é combater uma eventual flambagem de armadura


longitudinal, além de permitir a colocação da armadura nas fôrmas na sua posição correta (ação de
auxílio construtivo).

A flambagem pode ser definida como o “deslocamento lateral na direção de maior esbeltez”
ou a “instabilidade de peças esbeltas comprimidas”. A ruptura por efeitos de flambagem é repentina
e violenta, mesmo sem acréscimos excessivos de carregamento.
A forma da seção e principalmente, a sua altura estão diretamente ligados à resistência dos
pilares e à flambagem. Formatos em planta que possuem em algum eixo momentos de inércia
reduzidos, farão com que aumente a possibilidade de flambagem, ou seja, dados dois pilares, tendo a
mesma altura, a mesma taxa de armadura e tendo a mesma área de concreto, o pilar A resiste
menos que o pilar B.

O pilar A tem ótima disposição em relação ao yy e possui péssima disposição em relação ao


eixo xx.
O pilar B tem iguais chances de flambar em relação ao eixo xx e yy, mas essas chances são
menores do que o pilar A em relação ao eixo xx.

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1.5. ÍNDICE DE ESBELTEZ (l)

Na escolha da geometria e seções para pilares devemos seguir o índice de esbeltez, que
depende da forma (geometria) do pilar. O índice de esbeltez é a razão entre o comprimento de
flambagem e o raio de giração , nas direções a serem consideradas.
Define-se o raio de giração (i) como sendo:

𝐼
𝑖 = √
𝐴
Onde:
𝒊 é o raio de giração da seção geométrica da peça (seção transversal de concreto);
I é o momento de inércia da seção transversal do Pilar;
A é a área da seção transversal do Pilar.

De posse do Raio de Giração, podemos calcular o Índice de esbeltez (l) de um pilar através:

𝜆 = le /𝑖
Onde:
l (Lambda) é o índice de esbeltez;
le Comprimento equivalente ou Comprimento de Flambagem;
𝒊 é o raio de giração.

CLASSIFICAÇÃO DOS PILARES QUANTO AO ÍNDICE DE ESBELTEZ


Em função do índice de esbeltez, os pilares podem ser classificados como:
a) Pilar Curto ou Robusto se l≤ 35;
b) Pilar Medianamente Esbelto se 35 < l ≤ 90;
c) Pilar Esbelto se 90 < l≤ 140;
d) Pilar Excessivamente Esbelto se 140 < l≤ 200.

Em Nenhuma hipótese é permitido o dimensionamento de pilares com Índice de esbeltez (l)


maior que 200.

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1.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1- Determinar o Índice de Esbeltez (l) e classificar os seguintes pilares:

a) b) c)

d) e)

O Índice de Esbeltez (l) para seções Retangulares e/ou Quadradas, pode ser calculado
diretamente pela fórmula:
𝝀 = (3,46 . le) / h
Onde:
h é a dimensão do pilar considerada no cálculo, dependendo do eixo que se esta em análise.

2- Refazer o Exercício 1, agora com esta nova fórmula.

3- Quais são as solicitações existentes nos diferentes tipos de pilares?

1.7. VALORES ADIMENSIONAIS

FORÇA NORMAL ADIMENSIONAL ()

Trata-se de um parâmetro que pode fornecer uma referência em relação à magnitude da força
normal, possibilitando estabelecer quais as seções dos pilares que podem estar mais próximo do
limite de sua resistência à compressão.
Com isto podemos admitir que um  = 0,7 significa que um pilar está razoavelmente solicitado.

N Sd
=
Ac . f cd

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MOMENTO FLETOR ADIMENSIONAL ()

O momento fletor adimensional numa seção é calculado pela seguinte fórmula:

e M Sd
 =  .  =
h Ac . f cd .h
Sendo Msd o momento fletor solicitante de cálculo, Ac a área bruta de concreto da seção
transversal, fcd a resistência de cálculo do concreto à compressão e h a dimensão na direção
analisada.
Trata-se de um parâmetro que serve de base para construção de curvas de interação e ábacos
de dimensionamento.

TAXA GEOMÉTRICA DE ARMADURA ()

A taxa geométrica de armadura numa seção é dada por:

A 
 =  s 
 Ac 
Sendo As a área total de aço na seção transversal e Ac a área bruta da mesma. Trata-se de um
parâmetro que nos dá uma referência com relação à quantidade de armadura numa seção. A norma
define valores máximos e mínimos de taxas em seções de pilares.
A taxa mínima é de 0,4 % e a Taxa máxima é de 8 %.

Exemplo:
Calcule a Taxa Geométrica de armadura do pilar:

a) Pilar 30 x 30 e As: 8 θ 20 mm

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1.8. DETALHAMENTO

O item 18.4.2 da NBR 6118:2014 apresenta os critérios para o detalhamento de Armaduras


Longitudinais de Pilares.

Com relação à armadura transversal (estribos), o item 18.4.2 apresenta os critérios.

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