Administração Do Circulante
Administração Do Circulante
Administração Do Circulante
DO
CIRCULANTE ADMINISTRAÇÃO
www.iesde.com.br
Administração do Circulante
ISBN 978-85-387-3863-3
1. Administração financeira. 2. Fluxo de caixa. I. Luz, Érico Eleutério da. II. Moritz,
Gilberto de Oliveira. III. Vital, Juliana Tatiane. IV. Título.
Portanto, preparamos para você este livro didático com uma lin-
guagem clara e objetiva, em que os assuntos são apresentados em uma
ordem sequencial que possibilita um aprendizado eficiente. Para que
você obtenha um bom rendimento em seus estudos, convidamos você
a participar ativamente das atividades que preparamos.
Na sequência, por volta de 1940, o foco das finanças foi direcionado para a gestão de
curto prazo, centrada no Capital de Giro e no planejamento financeiro de curto prazo.
1
Controller: funcionário responsável pelas atividades contábeis da empresa, tais como administração tributária, informática, contabilidade de custos e finan-
ceira (GITMAN, 2002).
A partir do início da década de 1990, a grande evolução da teoria das finanças prio-
rizou outro importante segmento de estudo: a gestão de risco (ASSAF NETO, 2003).
Uma ferramenta importante e moderna que vem sendo utilizada no campo finan-
ceiro é o gerenciamento holístico do risco. Trata-se de uma abordagem sistemática,
segundo a qual os fatores de risco são considerados em relação ao negócio da firma e
suas implicações com o consumidor e o mercado como um todo.
emergência ambiental;
incorporações e parcerias;
finanças pessoais;
banking;
Saiba mais...
Para saber mais sobre a história da Administração Financeira, recomendamos a
leitura do capítulo 1 do livro:
Administração Financeira
Praticamente todos os indivíduos e organizações realizam movimentações finan-
ceiras cotidianamente. As empresas necessitam captar recursos, por meio de vendas,
empréstimos, investidores, entre outros, e realizar os seus investimentos, como compra
de matérias-primas, imobilizados, e todos os outros recursos necessários ao funciona-
mento das atividades.
Dessa forma, Assaf Neto (2003) afirma que a Administração Financeira é o campo
de estudo teórico e prático que objetiva, essencialmente, assegurar um melhor e mais
eficiente processo empresarial de captação e alocação de recursos financeiros. A área
das finanças traz consigo métodos e técnicas capazes de tornar a gestão financeira o
mais eficiente possível.
Além do que, a área financeira possui uma visão sistêmica das organizações. As
Introdução à Administração Financeira
Nesse caso, sim! Uma vez que os juros cobrados pelo banco são menores do que
os cobrados pela seguradora.
Ou seja, numa análise custo/benefício, o benefício nessa decisão foi maior que o
custo. Portanto, a decisão positiva do administrador financeiro é aceitável.
Introdução à Administração Financeira
Como destaca Assaf Neto (2003), esse processo decisorial básico ao sucesso de
toda empresa vem assumindo complexidade e riscos cada vez maiores na economia
brasileira. Desequilíbrios nas taxas de juros, desajustes no mercado, ausência de pou-
pança de longo prazo, intervenções nas regras de mercado da economia, comporta-
mento das taxas de inflação, desafios do crescimento da economia, entre outros as-
pectos, vêm exigindo uma capacidade mais questionadora e analítica das unidades
decisórias, principalmente a financeira.
O mesmo autor sugere uma estrutura típica da função financeira na empresa, que
você pode observar na figura 1.
Figura 1 – Estrutura típica da função financeira de uma empresa.
Tesoureiro Controlador
Contas a pagar
Auditoria interna
Relações bancárias
Preparação de relatórios financeiros
Preparação do orçamento de caixa
internos
A área do tesoureiro está mais voltada para atividades que compreendem o uso
do dinheiro, a sua manipulação e a posse real de fundos, enquanto a do controlador
preocupa-se com os controles e os fluxos de informações dentro da empresa. A primei-
ra área tem contato com o público e a segunda possui tarefas quase exclusivamente
voltadas para dentro da empresa (SANVICENTE, 1987).
Além da análise dos dados contábeis, Assaf Neto (2003) aponta algumas funções
do gestor de finanças dentro do ambiente empresarial.
Planejamento financeiro – procura evidenciar as necessidades de expansão da
empresa, assim como identificar eventuais desajustes futuros. Por meio do pla-
nejamento, ainda, é possível ao administrador financeiro selecionar, com maior
margem de segurança, os ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios
da empresa, de forma a estabelecer rentabilidade mais satisfatória sobre os
investimentos.
Controle financeiro – dedica-se a acompanhar e avaliar todo o desempenho da
empresa. Análises de desvios que venham a ocorrer entre os resultados previs-
tos e realizados, assim como propostas de medidas corretivas necessárias, são
algumas das funções básicas da controladoria financeira.
Administração de ativos – deve perseguir a melhor estrutura, em termos de
risco e retorno, dos investimentos empresariais, e proceder a um gerenciamen-
to eficiente de seus valores. A administração dos ativos acompanha também as
defasagens que podem ocorrer entre as entradas e saídas de dinheiro de caixa,
o que é geralmente associado à gestão do Ativo Circulante.
Administração de passivos – volta-se para a aquisição de fundos (financiamen- Introdução à Administração Financeira
to) e o gerenciamento de sua composição, procurando definir a estrutura mais
adequada em termos de liquidez, redução de seus custos e risco financeiro.
Cabe ao administrador financeiro a tarefa de utilizar seu conhecimento técnico
e as ferramentas gerenciais disponíveis com a finalidade de aumentar a riqueza dos
investidores. No caso de organizações sem fins lucrativos, o objetivo é a utilização efi-
ciente dos recursos disponíveis.
Em termos gerais, o que chamamos de administrador financeiro, qualquer que
seja o título específico de seu cargo – diretor financeiro, tesoureiro, controlador, vice-
-presidente de finanças, gerente financeiro etc. – é o indivíduo ou grupo de indivíduos
preocupado com:
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Texto complementar
Muda o cenário
(BARR, 2000)
De uns poucos anos para cá, à medida que os mercados financeiros se globali-
zavam, os investidores foram se tornando mais exigentes. E a internet também refor-
mulou a maneira de criar valor. Os diretores financeiros enfrentaram uma montanha
de novos desafios. “Para se manter atualizado”, diz Frank Gatti, diretor financeiro da
Educational Testing Service, com sede em Princeton, Nova Jersey, “o diretor financei-
ro deve ter uma visão mais integrada do negócio, maior compreensão do impacto
da tecnologia e habilidade para alinhar as pessoas aos objetivos da organização.
Sem essas qualidades, é impossível fornecer o apoio indispensável às necessidades
futuras da empresa, e até mesmo às necessidades atuais”. [...]
[...] Quando perguntou aos diretores financeiros qual a única mudança que
fariam em relação ao trabalho, eles se queixaram da quantidade de horas. Três de
cada quatro entrevistados trabalham mais de 50 horas por semana. E um quarto
supera as 60 horas. [...]
[...] “Os mercados serão mais amplos”, diz John Mahoney, diretor financeiro da
Staples, “e a disposição das pessoas para considerar novas relações terá grande im-
pacto na maneira de vermos a estrutura do capital.” [...] “As relações se desenvolve-
rão com mais rapidez e menos investimentos, porque tudo está acontecendo muito
rapidamente.”
[...] A busca da sinergia é uma tarefa que dará dor de cabeça em muitos dire-
tores financeiros. E as empresas que não conseguirem chegar rapidamente a um
equilíbrio se envolverão em um novo ciclo de vendas de unidades de negócios e
consolidação.
[...] “Não imagino um mesmo conjunto de regras para todos os países”, diz
Dennis Beresford, ex-presidente do Financial Accounting Standards Board e profes-
sor de Contabilidade da University of Georgia, “mas haverá mais semelhanças que
diferenças.” Ele duvida, contudo, que possa existir um único conselho internacional
de contabilidade, pela mesma razão de não haver no mundo um idioma único ou
uma moeda única. [...]
Nos últimos cinco anos, 440 das empresas da Fortune 500 mudaram de diretor
financeiro. Segundo nossa pesquisa, as pessoas que ocupam esse posto têm idade
média de 44 anos, e se prevê uma rotatividade ainda maior. Os cargos mais altos na
hierarquia, segundo Peter Crist, da Crist Partners, ficarão com as pessoas que logra-
rem concretizar mais acordos e tenham experiência no manejo de uma unidade de
[...]
Quanto a aposentar-se, tudo bem; mas trate de não ficar doente. Nos últimos
dois anos os preços da assistência médica aumentaram, em média, 10% ao ano. E
nada indica que o ritmo arrefecerá. Os principais fatores que impulsionam esses
preços, como maior custo dos medicamentos, envelhecimento da população e uma
tecnologia cara, não tendem a desaparecer. Devido à escassez de profissionais no
mercado dos EUA, os diretores financeiros administram ativamente esses custos,
sem transferi-los para os funcionários. Contudo, essa situação não durará muito
tempo.
2. Cite três atividades comuns aos gestores financeiros de organizações com fins
lucrativos.
3. Por que a área financeira interage com todos os outros departamentos da em-
presa?
Introdução à Administração Financeira
BARR, Stephen. Muda o Cenário. HSM Management: São Paulo, n. 23, p. 23-28, nov./
dez. 2000.
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração Financeira: uma abordagem ge-
rencial. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2003.
Gabarito
Introdução à Administração Financeira
Decisões de financiamento
Decisões fundamentais na gestão de qualquer atividade são aquelas relacionadas aos
financiamentos que serão utilizados para investimentos, sejam de curto prazo (estoques,
recebíveis etc.) ou de longo prazo (aplicações no ativo não circulante, mais precisamente
no ativo imobilizado e, em menor escala, em intangíveis e investimentos permanentes).
Nível de endividamento
Não existe um nível padrão de endividamento, pois essa variável depende de
alguns fatores. Entretanto certos requisitos devem ser verificados para que um deter-
minado nível de comprometimento financeiro não venha causar situações de descon-
forto na gestão ou, até mesmo, a descontinuidade na gestão do negócio. Independen-
temente da estrutura de capital existente, devem-se considerar, entre outros, o custo
do capital de terceiros em relação ao retorno do investimento efetuado, o impacto
Decisões do administrador financeiro
Têm como vantagem o fato de permanecerem por um longo tempo, não sendo
exigíveis a curto prazo, a não ser que haja a saída de um sócio, o que garante certa es-
tabilidade financeira à empresa, posto que seu grau de exigibilidade é pequeno.
Porém, não se deve descartar o custo do capital próprio em qualquer análise de es-
trutura de capital. Esse custo é representado pelos dividendos que devem ser pagos aos
sócios e referem-se à remuneração do capital, sob o risco desses sócios não aportarem
mais capital ou até mesmo saírem do negócio, caso esses dividendos não sejam pagos.
Sobre Lucros Retidos: a empresa poderá reter, ou seja, não distribuir, determi-
nado percentual do lucro obtido com vistas a efetuar investimentos específicos, por
exemplo, no planejamento da expansão do negócio. A decisão que deve ser tomada
nesse caso está representada pelo montante a ser distribuído aos proprietários a partir
do lucro líquido disponível, portanto pode-se considerar que a política de dividendos
também está relacionada com a política de fontes de financiamento, que está vincula-
da a uma questão de estratégia de investimentos, no sentido da destinação a ser dada
aos fundos envolvidos.
A remuneração do capital próprio representa o custo desse capital, que é, portan- Decisões do administrador financeiro
to, o dividendo que será distribuído aos sócios e proprietários, sendo um custo variá-
vel, pois dependerá do montante do lucro obtido pela empresa.
Capital de Terceiros
Esses capitais, também conhecidos como recursos de terceiros, são aqueles cujas
fontes são externas à empresa, representados por empréstimos e financiamentos, po-
dendo ser representados também pelas obrigações com fornecedores, obrigações tra-
balhistas, fiscais e outras, ou recursos captados para capital de giro ou para aplicação
no Ativo Não Circulante, especialmente no imobilizado.
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CT – Capital de Terceiros
PC – Passivo Circulante
PL – Patrimônio Líquido
Total do Ativo 9.253.380 100% 10.571.488 100% 14% Decisões do administrador financeiro
2011 2012
PASSIVO
VALOR AV% VALOR AV% AH%
Passivo Circulante 840.288 9% 737.898 7% -12%
* Os valores percentuais foram arredondados apenas para título de exemplo. Estas diferenças não são
significativas.
Esses balanços tiveram sua estrutura ajustada para análise, com a separação entre
capitais financeiros e operacionais no curto prazo e a indicação do total dos capitais
de terceiros. Agora atente para a importância da aplicação dos indicadores financeiros
para uma compreensão mais adequada da situação financeira da empresa. Se olhar-
mos o balanço apenas com os valores é muito difícil estabelecermos um diagnóstico
da situação, porém, ao aplicarmos os indicadores de endividamento ou estrutura de
capital, teremos uma visão muito mais correta dessa situação.
Endividamento
Participação de Capitais de Terceiros - Endividamento Geral 47,27% 48,89%
Composição do Endividamento 19,21% 14,28%
Decisões do administrador financeiro
Observe que essa empresa financia praticamente 50% do seu ativo com capi-
tais de terceiros. Dependendo da atividade, é uma estratégia normal, como no caso
de atividades industriais que demandam grandes somas de investimentos de longo
prazo no imobilizado. Entretanto, quando analisamos a composição do endividamen-
to, vemos que o perfil da dívida é de longo prazo, pois concentra em torno de 80% das
dívidas no passivo não circulante. Com relação às garantias dos capitais de terceiros,
Alavancagem financeira
Alavancagem financeira refere-se ao efeito ocasionado pela tomada de recursos
a um determinado custo e à sua aplicação na empresa (nos ativos). Quando o custo
do financiamento é menor que o retorno do investimento, torna-se vantajoso para a
empresa a utilização dos recursos de terceiros, pois a diferença entre o custo da dívida
e o retorno do investimento será um ganho para o sócio.
Interpretação:
Decisões de investimento
As decisões de investimento consistem na alocação de recursos financeiros em
ativos, de curta ou longa duração, cujos benefícios serão auferidos no futuro. Como
haverá sempre um risco, ao gestor financeiro cabe tomar decisões a partir de uma
prévia análise do risco, das oportunidades e da rentabilidade esperada do investimen-
to. Esses planos implicam na avaliação e aplicação de recursos nos seguintes tipos de
investimentos:
Tipos de investimento:
Decisões do administrador financeiro
Toda atividade econômica, seja de pessoas, empresas ou países, tem como resul-
tado a produção e/ou venda de mercadorias e/ou serviços, os quais são destinados a
atender necessidades. Definindo separadamente esses dois produtos, tem-se os bens de
consumo, que suprem as necessidades imediatas, e bens de produção ou bens de capi-
tal, cuja função é tornar possível a produção de outros bens (estradas, máquinas etc.).
Geralmente os ativos correntes flutuam mês a mês, fazendo com que as empresas
elevem os níveis de estoques, contas a receber e caixa nos meses em que as vendas
forem mais elevadas. O nível de estoque cai nos meses com menos atividades de
vendas.
Correspondência cronológica
Sempre que possível, é desejável que a empresa estabeleça uma correspondên-
Decisões do administrador financeiro
2011 2012
PASSIVO
VALOR AV% VALOR AV% AH%
Passivo Circulante 840.288 9% 737.898 7% -12%
Decisões operacionais
As decisões operacionais devem fazer parte de um pensamento estratégico, para
que não sejam decisões improvisadas e levadas a efeito, de forma a por em risco a
rentabilidade e a própria continuidade do negócio. A definição do posicionamento da
empresa (modelo de negócios) e a forma como a gestão será conduzida (modelo de
gestão) são determinantes para a obtenção da tão almejada rentabilidade.
Variáveis
Crenças e ambientais
valores externas
Planejamento
estratégico
Modelo Diretrizes Objetivos
Missão Oportunidades
de Gestão estratégicas
– Ameaças –
Pontos Fortes Recursos
Variáveis
Características ambientais Alternativas
do negócio internas
Simulação
Veja que a gestão financeira, como demonstrada na figura, não pode atuar de
forma isolada, mas deve estar sempre em sintonia com todas as demais áreas da em-
presa e ser parte de um plano estratégico corporativo, a fim de cumprir com proprie-
dade a sua função.
Texto complementar
Mas este não é o único benefício que a dívida traz para a empresa. De uma
maneira geral, ao contrair um empréstimo uma empresa provavelmente irá ter uma
maior disciplina financeira, pois terá que pagar este empréstimo ao final do con-
trato. Além disto, o relacionamento com uma instituição financeira poderá trazer
benefícios sob a forma de melhoria nos controles gerenciais, acesso a conhecimen-
tos sobre gestão financeira, entre outros aspectos. O problema é que temos muita
dificuldade de medir esses benefícios.
Atividades
Referências
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS, Eliseu. Administração Financeira. São Paulo: Atlas,
1993.
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração de Capital de
Giro. São Paulo: Atlas, 1995. Decisões do administrador financeiro
Gabarito
prazo (ativo não circulante) devem ser financiadas com fontes de longo prazo
(passivo não circulante e patrimônio líquido).
Devem-se destacar duas classificações no ativo circulante que são essenciais para
sua análise de efeito gerencial, ou seja, seus efeitos nos negócios da empresa: classifi-
cação quanto à essência econômica ou quanto à natureza.
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O ativo circulante operacional diz respeito aos ativos que são renovados automa-
ticamente, pois são gerados pela própria dinâmica da atividade operacional, como as
duplicatas a receber e os estoques. Esses, por serem de renovação compulsória, preci-
sam sempre contar com uma fonte de financiamento. Os ativos circulantes financeiros
são aqueles elementos que representam aplicações eventuais de recursos, posto que
não são, necessariamente, gerados pela atividade operacional, como os componentes
do ativo disponível, as aplicações financeiras e os investimentos temporários.
Veja pela figura abaixo uma representação gráfica dos conceitos de ciclo
apresentados.
Figura 1 – Ciclos
Vendas à
vista Vendas a
prazo
Gestão do ativo circulante
Estoque de
produtos
acabados
Produção
Fonte: o autor.
Esses três conceitos de ciclos permitem a análise e gestão de outras duas variáveis
importantes que compõem o estudo do ativo circulante: o capital de giro e a necessi-
dade de capital de giro.
fontes operacionais de curto prazo, surgirá uma necessidade de capital para financiar
essas aplicações, como NCG – Necessidade Capital de Giro.
PC
AC
PNC
ANC
PL
CCL Nulo – situação muito rara de ocorrer. O CCL será nulo quando as aplica-
ções em ativos circulantes forem iguais às fontes de curto prazo. Matematica-
mente haverá uma igualdade entre aplicações de curto e longo prazo e suas
respectivas fontes de curto e longo prazo.
AC PC
PNC
ANC
PL
CCL Negativo – ocorre quando os ativos circulantes são menores que os passi-
vos circulantes. Nesses casos, as fontes de curto prazo complementam o finan-
ciamento de aplicações no ativo não circulante, o que não é recomendável.
AC PC
Gestão do ativo circulante
PNC
ANC
PL
Portanto:
T = ACF - PCF
volume de créditos com clientes acima do que a empresa pode suportar, pela
concessão de crédito em prazos que excedem àqueles normalmente negocia-
dos pela empresa. O volume de vendas a prazo e o prazo médio de cobrança
determinam os recursos aplicados em duplicatas a receber.
Veja que uma gestão bem planejada e executada do ciclo operacional, compreen-
dendo também os ciclos econômico e financeiro, é determinante para a obtenção de
bons resultados na administração do capital de giro.
Prazos médios
Um capítulo importante na gestão de ativos de curto prazo está relacionado com
a administração dos prazos médios de estocagem, recebimento e compras, pois são
Gestão do ativo circulante
Para o giro desses ativos, ou seja, quantas vezes ao ano eles se renovam, basta
dividir 360 (se anual) pelo prazo médio de cada um deles.
A melhor gestão do ativo circulante é aquela em que a empresa obtém dos seus
fornecedores um prazo para pagamento que supera o tempo da renovação dos esto-
Gestão do ativo circulante
ques e aquele concedido aos clientes, porém na prática essa política é de difícil exe-
cução. Quanto mais cuidado houver no planejamento e acompanhamento do ciclo
operacional, maior será a possibilidade de sucesso.
2011 2012
ATIVO VALOR AV% VALOR AV% AH%
Ativo Circulante 3.199.800 39% 3.312.000 42% 4%
2011 2012
PASSIVO VALOR AV% VALOR AV% AH%
Passivo Circulante 928.000 11% 1.487.000 19% 60%
1
Os valores apresentados (%) são aproximados, ou seja, foram arredondados.
2011 2012
Análise do Capital de Giro
Valor AV% Valor AV% AH%
Ativo Circulante Operacional
Clientes 892.000 686.000
Estoques 468.000 404.000
Outros 353.000 315.000
Soma 1.713.000 137% 1.405.000 234% -18%
Por conta da política de prazos médios, há uma necessidade de recursos para fi-
nanciar o giro nos dois exercícios analisados (R$1.249.000 em 2011 e R$601.000 em
2012), porém percebe-se que houve uma redução nessa necessidade em torno de 18%
em 2012, em virtude de que como prazo para receber reduziu-se em 20 dias (106 dias
em 2011 – 86 dias em 2012), o valor das aplicações em duplicatas também diminuiu,
com a consequente redução do valor da NCG. A empresa apresenta uma ótima gestão
da tesouraria (ACF-PCF), pois possui, em ativos financeiros líquidos, aplicações que são
bem superiores à necessidade de recursos para financiar seu giro.
Gestão do ativo circulante
Texto complementar
Ciclo econômico
O ciclo econômico é o tempo que a mercadoria permanece em estoque. Vai
desde a aquisição dos produtos até o ato da venda, não levando em consideração o
Gestão do ativo circulante
Fórmula:
Ciclo econômico = Prazo Médio de Estocagem (PME)
Ciclo operacional
Compreende o período entre a data da compra até o recebimento de cliente.
Caso a empresa trabalhe somente com vendas à vista, o ciclo operacional tem o
mesmo valor do ciclo econômico.
Fórmula:
Ciclo operacional = Ciclo econômico + Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR)
Exemplo:
Ciclo operacional = 42 dias + 60 dias
Ciclo operacional = 102 dias
Ciclo financeiro
Também conhecido como ciclo de caixa, é o tempo entre o pagamento a for-
necedores e o recebimento das vendas. Quanto maior o poder de negociação da
empresa com fornecedores, menor o ciclo financeiro.
Fórmula:
Ciclo financeiro = Ciclo operacional - Prazo Médio de Pagamento a Fornecedo-
res (PMPF)
Exemplo:
Ciclo financeiro = 102 dias - 30 dias
Ciclo financeiro = 72 dias
Análise
É importante para a empresa sempre buscar alternativas que resultem em
ciclos financeiros reduzidos, observando sempre as limitações do mercado e o setor
econômico inserido.
Ciclo econômico
Ciclo operacional
Ciclo financeiro x’
Ciclo financeiro x”
Atividades
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS, Eliseu. Administração Financeira. São Paulo: Atlas,
1993.
BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão Financeira das Empre-
sas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2000.
HOJI, Masakasu. Administração financeira uma: abordagem prática. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2001.
Gabarito
Disponibilidades
As disponibilidades representam as contas mais líquidas da empresa, ou seja, as
contas que se convertem em dinheiro rapidamente. Abrange tanto o caixa da empresa
como a conta Bancos, sendo que, por vezes, engloba a conta chamada títulos negoci-
áveis ou aplicações financeiras de curto prazo, que são títulos do mercado financeiro
com liquidez imediata.
Nesse sentido, a gestão das disponibilidades deverá ser executada com objetivos
bem claros no sentido de proteger os recursos disponíveis (contra perdas financeiras)
e sempre que possível fazê-los gerar uma remuneração adicional aos resultados oriun-
dos da atividade operacional.
Não logrando êxito nesta estratégia, parte-se para o aumento do passivo não
circulante, na forma de obtenção de empréstimos de longo prazo, porém, sabe-se
que no Brasil as linhas de crédito para empréstimos bancários de longo prazo são pra-
ticamente inexistentes. As sociedades anônimas poderão lançar debêntures, porém
dependem de que o mercado dê o devido crédito para esses títulos de dívidas.
presa ainda poderá aumentar o volume de vendas à vista, reduzir os prazos médios de
estocagem e recebimento de vendas ou aumentar o prazo de pagamento das obriga-
ções de curto prazo. Todas as ações visando aumentar a geração de caixa são válidas.
Venda de ativos imobilizados – A venda desses itens, quando feita apenas para
geração de caixa, poderá comprometer a capacidade operacional da empresa. O imo-
bilizado poderá ser vendido quando a empresa estiver recompondo sua estrutura física
ou quando perceber que efetuou investimentos em valor superior ao suportável pelo
negócio. Recomenda-se cuidado com essa decisão.
O gestor financeiro deve ficar atento para a administração de atividades que con-
somem caixa, procurando minimizar seus efeitos no disponível.
2011 2012
ATIVO VALOR AV% VALOR AV% AH%
Ativo Circulante 1.294.830 14% 1.427.231 14% 10%
Outro motivo que leva as empresas a manter relativas somas de recursos no dis-
ponível é o volume de dívidas de curto prazo e seus respectivos prazos de vencimento.
Por uma segurança, esse saldo do disponível garante o pagamento dessas obrigações,
Gestão das disponibilidades
não requerendo da empresa a venda dos estoques ou o recebimento dos créditos para
liquidar as obrigações de curto prazo.
2011 2012
PASSIVO VALOR AV% VALOR AV% AH%
Passivo Circulante 840.288 9% 737.898 7% -12%
DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS
2011 2012
Exercícios findos em
VALOR AV% VALOR AV% AH%
Receita líquida 2.279.409 100% 2.466.952 100% 8%
Veja que os recursos aplicados no mercado financeiro geraram receitas que com-
preendem 14% e 11% respectivamente sobre a receita líquida da empresa, contribuin-
do para a obtenção de uma rentabilidade líquida operacional expressiva da ordem de
39% (resultado antes dos impostos) em 2011 e 2012. Pode-se considerar que a contri-
buição do disponível para rentabilidade líquida da empresa foi de extrema relevância
em termos de resultado final.
Gestão das disponibilidades
Modelo de Baumol
Esse modelo, que recebeu o nome de seu mentor, William Baumol, propõe a uti-
lização do conceito de lote econômico de compra e poderá ser aplicado quando as
saídas e entradas de recursos no disponível forem constantes e previsíveis.
Porém, é um modelo que pode ser aplicado naquelas atividades que possuem
uma consistência nas entradas e saídas de caixa, de preferência em atividades cujos
clientes concentram o pagamento em determinado dia do mês, e os desembolsos
serão efetuados ao longo do mês.
Esse modelo fornece os saldos de caixa para transação que minimizam os custos
de sua manutenção, determinando tanto um limite superior quanto um ponto de re-
torno a eles. Esse ponto de retorno representa o nível estipulado para o saldo de caixa,
seja no caso de conversão para títulos negociáveis ou vice-versa. Os saldos de caixa
podem oscilar entre zero e o limite superior.
Porém, nesse modelo não se considera um valor de caixa para fins de segurança
e especulação, no entanto uma de suas melhores contribuições para a gestão desse
ativo financeiro é a consideração de determinado risco como um fator determinante
para a administração do caixa.
Texto complementar
falta de registros adequados (saldo do caixa, valor dos estoques das merca-
dorias, valor das contas a receber e das contas a pagar, volume das despesas
fixas e financeiras);
Notamos que essas ditas “faltas” ocorrem, muitas vezes, porque as pessoas en-
volvidas têm pouca experiência em administração financeira, e isso interfere nos
resultados.
Por fim, sugerimos algumas práticas para que as empresas possam corri-
gir essas “falhas” e melhorar sua gestão em relação às finanças:
3. Por que a venda de imobilizado pode ser uma política que comprometerá a
geração de caixa?
Gestão das disponibilidades
Referências
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS Eliseu. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1993.
BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão Financeira das Empre-
sas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2000.
HOJI, Masakasu. Administração Financeira: uma abordagem prática. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2001.
Uma gestão eficaz do caixa traz sempre bons resultados, seja pelo ingresso mais
rápido dos recebíveis ou pelo retardamento das saídas de caixa, quando há boa nego-
ciação com os credores. O capital de giro também será melhor administrado com uma
gestão de caixa superavitária.
[...]
Vários são os benefícios representados por um fluxo de caixa que permite o acom-
panhamento das operações empresariais com reflexo na entrada ou saída de caixa.
Aspectos como a capacidade de geração de caixa das atividades operacionais da em-
presa ou até o conhecimento de quais períodos a geração de caixa será insuficiente
são importantes para qualquer organização. A perspectiva de geração de caixa futuro
também é uma vantagem no uso do relatório bem como a possibilidade de analisar a
relação entre lucratividade e geração de caixa.
Planejamento de caixa
O planejamento de caixa não deve estar dissociado do planejamento global da
empresa, pois as variáveis que afetam a geração de caixa são aquelas que são parte de
todas as atividades operacionais, como compras, vendas, investimentos etc.
Além do capital próprio, outro fator de geração de caixa são as vendas, tanto as efetu-
adas à vista, como o recebimento das vendas a prazo. Sem se descuidar também de uma
gestão eficaz dos prazos médios de estoques, duplicatas a receber e fornecedores.
Orçamento do Orçamento de
estoque final fabricação
Orçamento operacional
Orçamento das despesas:
Pesquisa e Desenvolvimento
Vendas e Marketing
Distribuição
Administração
Orçamento financeiro
Fluxo de caixa
DRE orçada
Balanço
Orçamento
Relatórios patrimonial
de caixa
orçado
quando uma venda é efetuada, embora seu impacto no caixa possa ocorrer algum
tempo depois.
Repor maquinários e instalações, caso essa sobra de caixa não esteja compro-
metida com operações futuras.
Reduzir os prazos de vendas concedidos aos clientes, caso essa estratégia não
Fluxo de caixa
Método indireto
Esse método, amplamente utilizado pelas empresas que estão obrigadas a pu-
blicar suas demonstrações contábeis, demonstra a geração líquida de caixa entre dois
períodos, estabelecendo uma espécie de conciliação entre o lucro líquido e o caixa
gerado pelas operações.
É o mais indicado para efeito gerencial e o mais fácil de ser estruturado, pois o
gestor financeiro não precisa verificar a variação em cada período contábil, como no
método direto. Uma de suas qualidades é possibilitar uma análise da influência do re-
sultado (lucro ou prejuízo) na geração de caixa e também demonstrar a influência das
Fluxo de caixa
Fontes operacionais
Fornecedores (1.740)
Outros passivos operacionais (1.170)
Soma (b) (2.910)
Texto complementar
4. Capital de giro
Para não enfrentar uma situação indesejável, vale a pena fazer o dever de casa:
preparar um plano de negócios detalhado, considerando não só o que será inves-
tido no projeto, mas também os recursos necessários para o giro do negócio e quais
as estratégias para alongar o prazo dos pagamentos e reduzir o giro dos estoques e
do “contas a receber”.
Atividades
Referências
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS Eliseu. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1993.
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração de Capital de
Giro. São Paulo: Atlas, 1995.
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração de Capital de
Giro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. São Paulo:
Atlas, 1989.
BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em:
09 set. 2013.
BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão Financeira das Empre-
sas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2000.
BRIGHAM, Eugene F.; HOUSTON, Joel F. Fundamentos da Moderna Administração
Financeira. Rio de Janeiro: Campos, 1999.
CAMARGO, Camila. Planejamento Financeiro. 2. ed. Curitiba: IBPEX, 2007.
CHING, Hong Yuh; MARQUES, Fernando; PRADO, Lucilene. Contabilidade e Finanças
para Não Especialistas. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2007.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº 1.296/10. Aprova a NBC
TG 03 – Demonstração dos fluxos de caixa. Disponível em: <www2.cfc.org.br/sisweb/
Fluxo de caixa
Gabarito
2. São as atividades que geram recursos para o caixa como obtenção de financia-
mentos, empréstimos e aumentos de capital.
Quem concede crédito, troca benefícios presentes (bens ou serviços) por bens
futuros, ou seja, dinheiro. Satisfaz uma necessidade do cliente no presente (pela en-
trega de uma geladeira, por exemplo) ou pela execução de um serviço (de consultoria,
por exemplo), na expectativa de receber no futuro uma quantidade de moeda previa-
A venda ou prestação do serviço que deu origem ao direito (crédito) deve ser
formalizado na forma de um documento fiscal, contrato etc., e ainda gerar um título
que possa ser executado caso não ocorra o pagamento por parte do devedor. Esse
título tanto pode ser uma duplicata como qualquer outro instrumento, como a nota
promissória, o cheque pré-datado, o comprovante de venda de cartão de crédito etc. O
importante é que exista uma forma de exercer uma pressão pela satisfação do crédito
junto ao devedor. Nesse momento aliam-se o crédito e a cobrança.
Assaf Neto e Silva (2002) comentam que no caso de empresas com alto grau de
sazonalidade têm no crédito um incentivo para que clientes façam aquisição de mer-
cadorias de forma mais regular, evitando os problemas decorrentes da concentração
de vendas em determinado período de tempo.
A relação entre a área comercial e a área financeira deve ser bem conduzida, de
forma que o aumento das vendas a crédito não comprometa a liquidez da empresa,
caso esses créditos não sejam efetivamente realizados em caixa.
Política de crédito e cobrança
Política de crédito
Política compreende a definição de premissas que nortearão a gestão de determi-
nado elemento. Pode-se considerar também como a definição de procedimentos que
vão orientar a execução de uma atividade. Nesse sentido, a política de crédito estabe-
lecida pela empresa deve ser observar vários aspectos, inclusive (e muito importante)
a conjuntura econômica do país no momento. O cenário econômico é uma variável
determinante na definição da política de crédito a ser estabelecida.
Seleção de clientes
A seleção dos potenciais clientes é a primeira etapa na gestão do crédito, pois
constitui-se na avaliação do valor agregado pelo cliente e dos riscos incorridos pelo
aumento das vendas e aumento de investimentos em ativos circulantes.
Prazo de crédito
Selecionado o cliente, após rigoroso processo de análise, a próxima etapa é aquela
correspondente ao prazo que será concedido, ou seja, o número de parcelas que será
objeto do crédito. Quanto maior o prazo concedido, maior o risco e, portanto, maiores
cuidados deverão ser tomados.
Limite de crédito
O limite de crédito implica no estabelecimento de parâmetros nos volumes de re-
cursos que serão disponibilizados individualmente ou por grupo de clientes, estratifi-
cados segundo critérios da empresa. Compõem, juntamente com a definição do perfil
Política de cobrança
Realizadas as vendas a prazo, a próxima etapa é a busca da realização financeira
do crédito concedido, via um sistema de cobrança efetivo e rigoroso. Se as etapas que
devem ser observadas quando da concessão do crédito foram cumpridas de forma
satisfatória, o risco de perda com clientes será bem menor.
Conclusão
O crédito é uma ferramenta essencial para um mercado em expansão e que se
apresenta altamente competitivo, como o mercado brasileiro. Nos últimos tempos tem
havido um crescimento vertiginoso no número de pessoas que buscam o crédito e que
o utilizam como única alternativa para ter acesso a uma gama considerável de novos
produtos e serviços.
Texto complementar
Atividades
Referências
ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração Finan-
ceira. São Paulo: Atlas, 2010.
SILVA, José Pereira da. Gestão e Análise de Risco de Crédito. São Paulo: Atlas, 2008.
Política de crédito e cobrança
SILVA, Manoel Carlos Guimarães da. Implante uma Boa Política de Crédito e Dimi-
nua a Inadimplência na Sua Empresa. Disponível em: <www.administradores.com.
br/artigos/administracao-e-negocios/implante-uma-boa-politica-de-credito-e-dimi-
nua-a-inadimplencia-na-sua-empresa/45624/#>. Acesso em: 03 ago. 2013.
O volume de vendas a prazo, ou seja, o valor que será aplicado em clientes é uma
decisão financeira importante e que apresenta riscos. Como no Brasil optou-se por
demonstrar contabilmente no balanço patrimonial os elementos conforme o grau de
liquidez decrescente, as contas a receber (por possuírem grau de liquidez maior que a
maioria das contas dos ativos operacionais), aparecerão primeiro, como se percebe no
quadro abaixo.
Tabela 1 – Balanço Patrimonial – Ativo
2011 2012
ATIVO
VALOR AV% VALOR AV% AH%
Ativo Circulante 3.201.730 39% 3.311.920 42% 3%
Financeiro 1.487.420 18% 1.907.152 24% 28%
Disponível 9.804 0% 9.784 0% 0%
Aplicações Financeiras 1.070.095 13% 1.687.494 21% 58%
Títulos e Valores Mobiliários 407.521 5% 209.874 3% -48%
Observe que essa empresa aplica, no primeiro ano analisado (2011), 11% dos seus
recursos em duplicatas a receber. Em 2012 ela reduz as aplicações nesse ativo em 23%,
passando a uma representatividade de 9%. Isso demonstra a relevância dessa conta na
composição do ativo, justificando uma atenção mais cuidadosa da gestão financeira
com essa rubrica.
Maiores volumes de vendas, em regra, trarão maiores lucros, porém nem sempre
será sinônimo de maior geração de caixa, pois isso dependerá da liquidez da carteira
de recebíveis.
terá sempre tantos recursos quantos forem necessários. Portanto, a opção por um de-
terminado investimento poderá representar o abandono de outros tipos de investi-
mentos. Custo de oportunidade, nesse caso, será o maior rendimento que a empresa
abandona ao optar pelo investimento em clientes. Poderia, por exemplo, adquirir esto-
ques, efetuar aplicações financeiras ou quitar um passivo.
Outro fator que deve ser considerado na gestão das contas a receber está rela-
cionado aos custos de cobrança. Esses gastos incrementais decorrem dos custos com
o departamento de cobrança (despesas administrativas associadas ao departamento
financeiro) sem considerar eventuais ações judiciais de cobrança que poderão ser mo-
vidas contra os clientes inadimplentes. Muitas vezes, esses custos superam os próprios
valores a serem cobrados, e nesses casos, à luz da relação custo-benefício, talvez seja
mais econômico para a empresa considerar o crédito perdido.
Com uma política que segue um padrão de crédito mais flexível, menos rígido, há
possibilidade de um aumento nas vendas, com consequente aumento nas despesas
Gestão de contas a receber
Já uma política de crédito cujo padrão de concessão seja mais rigoroso, menos
flexível, acarreta uma redução nas vendas (a prazo), com redução das despesas admi-
A decisão é sempre difícil, entretanto é uma escolha que pode variar conforme as
circunstâncias econômicas do país e as condições financeiras da empresa. Decisão essa
que terá de ser levada a efeito após criteriosas análises efetuadas pelo administrador
financeiro.
Indicadores
Os indicadores são sempre muito importantes para que o gestor financeiro
possa acompanhar o reflexo financeiro das decisões de crédito tomadas pela empre-
sa. As variáveis componentes dos indicadores orientam questões vinculadas à eficácia
das vendas, ao giro dos créditos e à própria lucratividade da empresa, como se vê a
seguir.
Entre vários indicadores, podem ser destacados os dois mais comumente utiliza-
dos pelas empresas, como o prazo médio de recebimento de vendas e o giro de contas
a receber. O importante a destacar é que devem ser utilizados em conjunto, pois estão
intrinsecamente vinculados, como poderá ser observado a seguir.
Pela fórmula, a empresa poderá analisar a eficácia das vendas a prazo, ou seja,
o tempo esperado para sua conversão em moeda. Entretanto, é importante salientar
que a análise de crédito (função da área financeira) é crucial para se diminuir o risco
de inadimplência dos clientes, ou seja, a eficácia financeira das vendas está atrelada
também ao desempenho da função financeira da empresa.
Giro de Contas a Receber (GCR): indica quantas vezes as vendas a prazo “giram”,
ou seja, realizam-se integralmente em dinheiro em determinado período (um ano, um
mês etc.). Fórmula:
Para uma análise mais real, é indicado o uso do valor das vendas a prazo, pois é
esse valor que está relacionado às duplicatas a receber, porém, se o analista não puder
obter o valor das vendas a prazo, poderá utilizar as vendas totais.
2011 2012
ATIVO
VALOR AV% VALOR AV% AH%
Ativo Circulante 3.201.730 39% 3.311.920 42% 3%
Demonstração do Resultado
Exercícios findos em 2011 2012
VALOR AV% VALOR AV% AH%
Receita Líquida 3.021.576 100% 2.868.275 100% -5%
Ou seja, o índice pode ser compreendido como quantos dias de vendas estão
contidos no saldo de duplicatas a receber.
dias para receber suas vendas, o que resultava num giro de índice 3. Esse indicador
significa que a empresa realiza integralmente suas vendas em caixa 3 vezes ao ano. Já o
ano de 2012 demonstra uma melhora no índice, pois o prazo médio de financiamento
ao cliente reduz-se para 86 dias, culminando num giro maior, ou seja, as vendas se rea-
lizam integralmente no caixa ao menos 4 vezes ao ano. Cabe ressaltar que aqui se trata
das vendas a prazo, pois são elas que compõem o valor das duplicatas a receber.
O gestor financeiro deve ficar atento também aos prazos médios de renovação de
estoques e de pagamento de compras, pois estão relacionados com a administração
das vendas. Quanto maiores os prazos de recebimento de vendas e renovação de es-
toques, maior pressão deve ser exercida sobre os fornecedores visando à obtenção do
maior prazo possível para pagamento das compras.
A análise desses indicadores deve ser feita considerando sua integração, pois
todos os elementos componentes dos índices causam influência no capital de giro e
consequentemente na gestão financeira de curto prazo da empresa.
positivo para a empresa, pois esse aumento poder ser fruto de um acúmulo indesejado
dos recebíveis (inadimplência) e dos estoques (estagnação das vendas) e a manuten-
ção dos prazos de pagamentos dos passivos de curto prazo.
Uma gestão de contas a receber deve cuidar da rentabilidade das vendas, que
poderá ficar comprometida se houver a concessão de prazos muito longos aos clien-
tes. Nesse caso, se a empresa necessitar de empréstimos bancários para suprir seu caixa
Resumindo, pode-se indicar uma série de ações que devem ser executadas para
que a empresa possa realizar a melhor gestão possível das contas a receber.
Texto complementar
Primeiro, nós gestores temos que entender o capital de giro como um mal ne-
Gestão de contas a receber
cessário, pois precisamos ter estoques para amortecer desvios da demanda e falhas
na cadeia de suprimentos, além de precisarmos conceder crédito e vender a prazo
se quisermos vender mais e batermos nosso concorrente. Isto posto, a meta é redu-
zir o capital de giro, isto é, ter o mínimo possível de capital investido no giro, bus-
cando eficiência na gestão de estoques e no contas a receber de um lado, e passivos
circulantes que nos financiem, de preferência sem custo, do outro.
Você gestor, como eu, preferiria só vender à vista e não a prazo, mas como exis-
tem concorrentes que, diríamos, são mais “bonzinhos” que você, se você não der
prazo dificilmente vai conseguir vender, ou pelo menos vender tanto quanto vende-
ria se pudesse conceder crédito e vender a prazo.
De outro lado, como vimos, vender a prazo gera um ativo, denominado contas
a receber (um título que representa um direito que você tem de cobrar seu cliente
no futuro...) e isso é um investimento que vai consumir caixa e que precisa ser finan-
ciado, ou por capital próprio ou de terceiros, que por sua vez gera custos financeiros
que diminuem o lucro.
Se por outro lado, na mesma condição, e você aumentar o prazo para 60 dias,
seu contas a receber a partir do segundo mês será de $100, e os $50 a mais aplicados
no ativo contas a receber terão que ser financiados por alguém lá do lado do passivo
(fornecedores, empréstimos ou patrimônio – acionistas).
Política de crédito
Por outro lado, para fazer sua análise de crédito, lembre-se de analisar os famo-
sos 5 “Cs” de crédito.
Termos e condições
Para tentar antecipar recebimentos ou evitar atrasos, você pode, por um lado,
oferecer descontos para pagamento até determinada data ou até o vencimento, e, por
outro, estabelecer multas “salgadas” para aqueles que não pagarem de forma pontual.
seja feita com a utilização da rede bancária, com instruções e procedimentos total-
mente automatizados, evitando-se a chamada cobrança em carteira, que dá mar-
gens para ineficiência e até fraudes. Cobrança bancária, alertas eletrônicos e acom-
panhamento imediato dos títulos vencidos, com cobrança via correio eletrônico,
telefônica e até pessoalmente, garantem eficiência e maior rapidez na cobrança. A
regra aqui é quem chegar primeiro bebe água mais limpa...
Para terminar, aqui valem duas máximas que normalmente utilizo nos embates
com minha equipe e com o pessoal de negócios:
Atividades
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS Eliseu. Administração Financeira. São Paulo: Atlas,
1993.
BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão Financeira das Empre-
sas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2000.
HOJI, Masakasu. Administração Financeira: uma abordagem prática. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2001.
Gestão de contas a receber
Gabarito
2. É essencial para que a empresa possa acompanhar a eficácia dos prazos con-
cedidos aos clientes e sua consequência no volume de vendas a prazo e na
geração de caixa.
Nas empresas comerciais a complexidade é um pouco menor, posto que ela não
realiza a transformação da matéria prima em produto final, e sim compra o item pronto
para revenda.
Planejamento de estoques
O planejamento do volume do estoque a ser adquirido e do mínimo que dever ser
mantido no almoxarifado é uma das tarefas mais importantes na gestão empresarial.
A estimativa das compras deve partir do volume de vendas estimado, que decorre da
própria capacidade produtiva da empresa (no caso de indústria) para fazer frente ao
volume de vendas estimado. Ao decidir quanto produzir, os gerentes precisam levar
em conta as vendas previstas, o saldo inicial dos estoques e saldo final de estoques
desejado.
Avaliação de estoques
Inventário periódico
No inventário (controle) periódico, a empresa não faz registros a cada entrada e
saída de itens do almoxarifado, ou seja, não há um acompanhamento diário da mo-
vimentação física e contábil dos estoques. Ao fim de determinados períodos (mês ou
ano), quando há a necessidade de se apurar o estoque final e o custo dos estoques
vendidos, a empresa realiza um inventário (levantamento) físico dos estoques rema-
nescentes (saldo final) e utiliza-se da fórmula:
Ei + C – Ef = CMV
Estoque inicial (Ei) → saldo final do estoque do período anterior mais as compras
(C) efetuadas no período (essa informação poderá ser obtida a partir das notas fiscais
de entrada) menos o estoque final (Ef ) → informação obtida pelo inventário efetuado.
Dessa fórmula é obtido o Custo da Mercadoria Vendida, que irá compor o lucro bruto
da empresa no período.
Inventário permanente
No controle permanente de estoques, a empresa possui um sistema que lhe per-
mite verificar e controlar cada unidade adquirida e baixada do almoxarifado. A inte-
Gestão de estoques
gração desse sistema com a contabilidade e demais áreas (financeira, comercial etc.)
proporcionará a obtenção, em tempo real, de cada movimentação gerada nos itens e
sua respectiva contabilização na conta patrimonial do ativo (estoque) e no resultado
(custo das mercadorias vendidas), concomitantemente.
Os métodos listados a seguir não estão vinculados à ordem física de baixa (ou
seja, a unidade entregue ao cliente será aquela escolhida por ele, bem como o material
requisitado pela produção será o constante na requisição), e sim ao valor que será atri-
buído às unidades baixadas. Uma opção contábil da empresa. Vamos aos principais.
Observe que as baixas foram efetuadas buscando-se o valor das primeiras entra-
das a custo unitário de R$20,00 – nesse caso permanecem no estoque os itens relativos
às últimas entradas.
A legislação fiscal brasileira não aceita esse método para avaliação do estoque e
apuração do custo para efeitos tributários, por resultar, em regra, em um lucro menor.
Tabela 2 – Método UEPS
Observe que como não havia itens do último lote adquirido em quantidades sufi-
cientes para a baixa, complementou-se a baixa com os itens do lote anterior.
Esse método é o mais utilizado no Brasil para avaliação dos estoques, pois equili-
bra as variações de preços e evita o controle de custos por lotes de compras (como nos
casos dos métodos PEPS e UEPS), porém exige um cuidado maior no cálculo do custo
médio a cada entrada de mercadorias.
Aplicando o caso:
Tabela 3 – Método MPM
Esse é o critério mais utilizado, pois considera a média do custo entre o saldo atual
Gestão de estoques
do estoque e o valor das compras (entradas), não necessitando de um controle por lote
de compras, como exigido nos métodos anteriores.
Método Influência
CMV ESTOQUE FINAL LUCRO
PEPS Menor Maior Maior
A tabela acima foi estruturada para análise do efeito de cada método no ativo e
no resultado, considerando-se um leve aumento no preço de compra dos estoques,
porém deve ser ressaltado que num período de deflação (o que é raro e, segundo eco-
nomistas, tão preocupante quanto a inflação) os reflexos serão inversos aos destaca-
dos aqui.
Controles de estoque
Controle de estoque é o procedimento adotado para registrar, fiscalizar e gerir a entrada e saída de
mercadorias e produtos da empresa. O Controle de estoque deve ser utilizado tanto para matéria-
-prima, mercadorias produzidas e/ou mercadorias vendidas.
o importante é sempre dar uma atenção maior para aqueles itens com maior custo e
com giro maior.
Claro que os percentuais indicados em cada classe podem ser meramente exem-
plificativos, a depender da empresa e de sua realidade, porém não serão muito diferen-
tes dos montantes com que a empresas trabalham.
Esse sistema implica que o material que será utilizado na produção deve dar entra-
da na linha de produção no momento exato de sua utilização no processo industrial.
Claro está, portanto, que ao implantar esse sistema, a indústria objetiva trabalhar
com estoques mínimos de matérias-primas, ou seja, o almoxarifado contará com quan-
tidades de materiais para poucas horas de produção, o que demandará uma sinergia
perfeita da indústria com seus fornecedores de materiais.
executar uma gestão do estoque no quesito quanto comprar, ao passo que, aplicando
o conceito de ponto de reencomenda, a empresa terá a oportunidade de saber quando
comprar. Combinando esses dois conceitos com uma gestão de tempo e espaço ade-
quada, pela utilização do sistema Just in Time, a empresa terá a melhor combinação
possível de métodos para planejar, executar e gerir seus estoques.
Texto complementar
Nesse artigo prefiro falar sobre a boa e velha gestão dos estoques, atividade
sem glamour e muitas vezes deixada em segundo plano pelas empresas. Não tenho
aqui a pretensão nem o espaço para escrever um tratado sobre estoques. Mas me
dou por satisfeito se a leitura desse artigo gerar uma boa reflexão sobre o assunto.
Atividades
Referências
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS Eliseu. Administração Financeira. São Paulo: Atlas,
1993.
ASSAF NETO, Alexandre & SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração de Capital
de Giro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão Financeira das Empre-
sas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2000.
HOJI, Masakasu. Administração Financeira: uma abordagem prática. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2001.
NETO, Waldyr. 11 Dicas sobre Gestão de Estoques. Uma boa gestão dos estoques faz
muita diferença no resultado das empresas. Publicado em: 07 set. 2013. Disponível em:
<www.administradores.com.br/artigos/administracao-e-negocios/11-dicas-sobre-
gestao-de-estoques/68706/>. Acesso em: 04 out. 2013.
ROSS, Stephen A. Princípios de Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Gabarito
Nesse sentido, para suprir as necessidades de recursos necessários para o giro dos
negócios, as empresas podem se utilizar de duas fontes de capitais: os capitais próprios
(recursos aportados pelos sócios da empresa) ou capitais de terceiros (recursos obtidos
de fontes externas à empresa, como bancos e fornecedores).
Dividendos a pagar: parte do lucro da empresa que será distribuída aos sócios
e acionistas. É necessário que os lucros sejam distribuídos para que a empresa
possa contar com o apoio dos sócios em futuros aumentos de capital.
Todas essas fontes, com exceção do adiantamento de clientes (não são todas as
empresas que conseguem trabalhar dessa forma com seus clientes), são naturais, fa-
zendo parte da dinâmica operacional da empresa e, portanto, são renovadas automa-
ticamente. Ou seja, a empresa sempre poderá dispor delas para financiamento de suas
atividades.
dores de matérias-primas e insumos, o que propicia uma redução nos seus custos de
produção.
Não são comuns porque, como são de longo prazo, aumentam o risco para o
emprestador e naturalmente encarece seus custos, inviabilizando seu uso como uma
Conclusão
Fontes de financiamentos para o ativo circulante
Independentemente da atividade, o fato é que as empresas precisam se preo-
cupar constantemente com o financiamento de suas atividades operacionais, nota-
damente com os ativos circulantes, pela necessidade de curto prazo desses recursos.
Dependendo do porte, da atividade, do perfil de endividamento (se de curto ou longo
prazo) é que será o acesso da empresa a melhores fontes de financiamentos.
Vamos nos utilizar de um caso simples para uma compreensão mais objetiva do
tema deste capítulo.
Texto complementar
Introdução
O capital de giro dentro das empresas é um dos alicerces que as sustentam,
pois é dele que originam-se todo o ciclo operacional, ou seja, a necessidade de com-
prar mercadorias e materiais, estocar, vender e receber o dinheiro das vendas. O
administrador dedica boa parte de seu tempo no controle destas atividades. [...]
guinte forma os estágios do capital de giro, seja ele fixo, onde necessariamente tem de
dispor de um valor mínimo, seja variável ou sazonal, levando-se em conta os períodos
dos anos ou a realização de promoções que procuram minimizar os custos com os
estoques, aumentando dessa forma as duplicatas a receber, que se converterão em
um maior capital de giro.
[...]
Passivo circulante
Segundo Ching, Marques & Prado (2007) passivo circulante são as obrigações
que as empresas possuem para com terceiros que forneceram crédito. Esses créditos,
muitas vezes no efeito tesoura, que significa dizer que a empresa expandiu-se sig-
nificativamente deixando de lado os corretos valores necessários para acompanhar
essa expansão. Rasoto (2003, p. 20):
[…] acontece quando uma empresa expande significativamente o nível de operações e vendas,
sem o devido suporte de recursos para financiar o decorrente aumento da necessidade do capital
de giro [...] A análise do efeito tesoura nas empresas é importante por demonstrar a liquidez
monetária da organização, ou seja, quanto a empresa tem de capital de giro para financiar a sua
atividade e de quanto ela necessita em função das contas operacionais ligadas ao seu ciclo.
b) Acelerar o recebimento das duplicatas, sem afastar os clientes por excesso de rigor na
cobrança, e, desde que sejam economicamente justificáveis, oferecer descontos financeiros para
estimular a antecipação de pagamento que facilitarão alcançar os objetivos desta estratégia.
c) Elevar o giro dos estoques, reduzindo o prazo médio de estocagem, até um ponto a partir
do qual haveria riscos de paralisação do processo produtivo por falta de materiais e de perda de
vendas por falta de mercadorias.
Atividades
Referências
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS Eliseu. Administração Financeira. São Paulo: Atlas,
1993.
BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão Financeira das Empre-
sas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2000.
HOJI, Masakasu. Administração Financeira: uma abordagem prática. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2001.
TURCHIELLO, Rodrigo Wesz; PALMEIRA, Eduardo Mauch. Capital de Giro Faz Falta nas
Empresas, em Observatorio de la Economía Latinoamericana, n. 159, 2011. Disponível
em: <www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/11/wtmp.html>. Acesso em: 06 nov. 2013.
Gabarito
1. A diferença fundamental está na natureza das duas fontes, pois o crédito mer-
cantil tem natureza operacional e é obtido de fontes operacionais de financia-
mento e que se renovam constantemente, como os fornecedores de estoques,
sem custo financeiro, ao passo que o crédito financeiro é uma fonte eventual e
possui, seguidas vezes, um alto custo financeiro, pois tem origem em institui-
ções financeiras.
3. São os capitais aportados pelos sócios e acionistas da empresa e não têm prazo
certo de devolução, também denominados de fontes permanentes de recur-
sos, embora a empresa deva remunerar os proprietários na forma de dividen-
dos (custo do capital próprio).
As empresas limitadas são constituídas por dois ou mais sócios, os quais pos-
suem responsabilidade limitada sobre a empresa. Isso significa que suas obrigações
se limitam ao capital investido na empresa. Por esse motivo, é uma forma bastante
encontrada.
(MATIAS, 2007)
2000 2001
PIB 1.086,70 1.184,00
No Brasil, onde a carga tributária é de, aproximadamente 36%1, esse aspecto não
pode ser deixado de lado quando se trata da gestão estratégica do capital de giro, uma
vez que, em sua maioria, essas contas estão representadas no passivo circulante.
Quantos aos tributos, esses podem ser determinados segundo algumas alterna-
tivas, como:
lucro arbitrado – ditado pelo próprio fisco, que impõe alíquotas e bases de cál-
culo às empresas que não estão atendendo às obrigações com o mesmo;
lucro real – calculado com base no lucro realmente obtido por meio da apura-
ção contábil.
1
Valor de referência considerando o ano de 2012, segundo o IBPT (Amaral , Olenike e Amaral, 2013).
Principais tributos
Tributo sobre a receita
Alguns tributos são estimados a partir da receita das empresas. Dentre eles, pode-
-se citar: Imposto de Renda (IR), Contribuição Social (CS), Contribuição Social para Finan-
ciamento da Seguridade (COFINS) e Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS)
sobre o Lucro Presumido e Arbitrado, Imposto sobre Serviços (ISS) e Sistema Integrado
de Pagamento de Impostos e Contribuições de Microempresas de Pequeno Porte
(SIMPLES).
Matias (2007) critica esse tipo de tributo por ter uma característica cumulativa:
uma vez que incide sobre a receita, os tributos vão se acumulando, incorporando-se ao
preço do produto dentro da cadeia produtiva, ou seja, a empresa que compra do seu
fornecedor não pode aproveitar o que já foi pago de imposto por ele, e sobre o que vai
vender haverá nova incidência do mesmo tributo.
Gestão Tributária do Capital de Giro
sobre a receita mensal, para pessoas jurídicas com fins lucrativos: 0,65% da re-
ceita bruta, que compreende não só as receitas das vendas, mas também outras
receitas, como descontos obtidos, juros de mora recebidos, resultado de aplica-
ções financeiras e operações de mercado futuro;
sobre o valor da folha de pagamento para entidades sem fins lucrativos: 1%;
COFINS
A COFINS é mais um tributo federal para empresas que optaram pela tributação
do IR pelo lucro presumido. Também incide sobre a receita bruta. É a mesma base de
cálculo do PIS para empresas optantes pelo lucro presumido, sendo de 3% sobre a
receita bruta.
ISS
O ISS é de competência dos municípios e do Distrito Federal e incide sobre o valor
de determinadas prestações de serviços. Cada município estabelece as alíquotas para
cada serviço e as regras de cobrança. A alíquota máxima é de 5% sobre o preço do
serviço, e a apuração é mensal.
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Simples Nacional
O Simples Nacional substitui o IR, a CS, o PIS, a COFINS, o INSS da empresa e o IPI,
além da possibilidade de substituir o ICMS e o ISS caso seja firmado convênio entre a
União, os estados e os municípios.
Como incidem sobre o valor agregado, esses tributos são considerados não cumu-
lativos, uma vez que o comprador pode aproveitar os tributos pagos pelo fornecedor,
reduzindo seu custo e evitando que seja repassado ao preço de venda.
ICMS
O ICMS é um imposto sobre o valor agregado de competência dos Estados e da
Federação. Cada estado tem poder de estabelecer as regras de cobrança do tributo, mas
obedecendo a certas regras contidas no Código Tributário Nacional e outras normas fe-
derativas, que valem para todos os estados.
O imposto é calculado sobre o valor dos produtos vendidos pela empresa mas, ao
contrário dos tributos sobre a receita, é possível creditar o imposto pago pelos forne-
cedores nos produtos adquiridos pela empresa.
IPI
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Essa classificação segue o disposto na LC 123/2006, conforme as alterações dadas pela LC 139/2011, vigentes desde janeiro de 2012 e sujeito a alteração.
PIS e COFINS
O PIS e a COFINS, para as empresas que optam pela tributação do IR pelo lucro
real, incidem também sobre o valor agregado, embora em bases ligeiramente diferen-
tes das do IPI e ICMS.
PIS e COFINS possuem bases de incidência idênticas. O débito dos tributos é cal-
culado sobre o total das receitas mensais. O cálculo de crédito é efetuado sobre bens
e serviços adquiridos, energia elétrica, aluguéis, despesas financeiras e despesa de
depreciação.
IR e CS
Na opção pelo lucro real, a tributação incide sobre o lucro apurado contabilmente
ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legis-
lação tributária. As adições são ajustes de despesas que o fisco considera como indedutí-
veis, além de outros itens que reduziram o lucro contábil, mas que a legislação não permi-
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te que sejam deduzidos. Assim, essas despesas devem ser adicionadas ao lucro tributável.
Por outro lado, as exclusões são itens que não foram considerados no lucro contábil, mas
que devem ser reduzidos do lucro real, basicamente por incentivos fiscais. As compensa-
ções são ajustes em função de prejuízos anteriores. A legislação atual só permite a com-
pensação de prejuízos até o limite de 30% do lucro real do período.
Existem duas formas de apuração do Imposto de Renda pelo lucro real: a apura-
ção trimestral e a anual.
A receita financeira, tanto pelo lucro real como pelo presumido, é somada à base
de cálculo do IR e da CS, sendo tributados, portanto, à mesma alíquota. Há aplicações
que têm Imposto de Renda Retido na Fonte pagadora dos rendimentos (IRRF), à alí-
quota de 15%. Nesse caso, o imposto retido é apenas um adiantamento, podendo ser
descontado do IR a pagar. Além do IR, há a incidência de PIS e COFINS, pois a receita
financeira faz parte da receita bruta.
INSS
A Contribuição ao INSS pode ser separada em duas partes: a do empregado e a
do empregador.
Esses percentuais são descontados dos salários pelos empregadores, que têm de
repassá-los ao INSS. Essa contribuição serve para o financiamento da seguridade dos
empregados. Além disso, também é descontado o IRRF, de acordo com a tabela progres-
siva de alíquotas do Imposto de Renda Retido na Fonte, constantemente atualizada.
Tabela 2 – Tabela progressiva – IRRF
SEBRAE – 0,6%;
INCRA – 0,2%;
FGTS
Segundo a Caixa Econômica Federal, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS) foi criado em 1967 pelo Governo Federal com o objetivo de proteger o traba-
lhador demitido sem justa causa, mediante a abertura de uma conta aberta vinculada
ao contrato de trabalho. No início de cada mês, as empresas depositam na Caixa, em
nome de seus empregados, o valor correspondente a 8% do salário de cada um.
Além disso, quando demitido, a empresa paga ao governo mais 10% para contri-
buição social.
Outros encargos
Além de uma série de outros benefícios menores estabelecidos em lei, como as
horas extras com acréscimos e os adicionais noturnos e de insalubridade, a lei estabe-
lece que devem ser pagos aos empregados o 13.º salário e as férias remuneradas.
Como aponta Carneiro et al. (2006), existem no Brasil mais de 60 diferentes taxas,
impostos, encargos e contribuições. Todos nós, direta ou indiretamente, somos contri-
buintes. Concentrando a análise do impacto tributário no preço pago pelo consumidor
final, podemos afirmar que, em muitos casos, cerca de 40% do preço final de um pro-
duto ou serviço corresponde aos tributos incidentes direta ou indiretamente sobre as
operações das empresas.
No que tange ao capital de giro, o pagamento desses encargos requer uma aten-
ção especial. Enquanto a empresa mantém operações, há tributos a pagar. À medida
que as operações vão se realizando, os tributos devidos vão se acumulando no passivo
circulante, afetando a gestão do capital de giro (MATIAS, 2007).
Texto complementar
Porém, os “ganhos” obtidos por essa atitude, muitas vezes, mascaravam as falhas
gerenciais ou operacionais das empresas, fazendo com que algumas só fossem vi-
áveis se não recolhessem todos os impostos nas operações que realizavam, pois só
assim podiam praticar os preços mais baixos (muitas vezes seu único diferencial).
tifícios empregados pelas empresas para não pagar os impostos eram: meia nota
(emissão de nota pela metade do preço recebido pelo produto), nota calçada (1.ª via
com uma informação e a via do fisco com valor muito inferior à venda), movimenta-
ção financeira superior à renda declarada.
projetos do SPED.
No Tocantins, grande parte das empresas não adotam padrões eficientes
de gestão, tampouco possuem todas as informações de seu banco de dados de
forma precisa. Emitem notas eletrônicas incompletas ou com erros, tem baixo nível
de controle de itens de estoque ou ainda o inexistente controle sobre o seu ativo
imobilizado (instalações, máquinas e veículos etc).
Todavia, nem tudo são flores espinhosas. Temos um lado bom do SPED. Uma
pesquisa divulgada em nov/2011 pela Fiscosoft (empresa especializada em informa-
ções fiscais) mostrou que a maioria das empresas relatou que, após a implantação
do SPED, a qualidade de suas informações melhoraram e a fraude involuntária dimi-
nuiu. Mais de 70% delas afirmaram que houve uma redução na concorrência desleal,
em virtude da queda da sonegação fiscal e devido o SPED se estender a todas as em-
presas concorrentes. Para 79,3% das empresas, o SPED trouxe benefícios de ganho
na qualidade gerencial e dos controles internos, com a redução de erros e do risco
de multas que ficavam ocultos. E que, mesmo que os empresários consigam corrigir
tais erros, como o SPED é enviado ao governo de forma continuada, nem sempre
estarão seguros de quais problemas poderão advir com relação ao conteúdo desses
arquivos eletrônicos.
Ainda é fato que muitos empresários, talvez por falta de uma ampla divulgação
na mídia de um assunto tão impactante, não têm plena consciência dos impactos
desse projeto sobre suas operações comerciais e financeiras. Nem mesmo da neces-
sidade de capacitar a si e ao seu pessoal sobre esse assunto. Alguns acham que isso
é coisa de contador e que não precisam se envolver na condução do projeto SPED.
O que é um erro conceitual grave, pois uma das premissas desse sistema é que toda
a informação deve ser gerada a partir do software instalado em sua própria empresa,
e, no momento em que ele compra, vende, estoca e opera com cartões de crédito,
tudo isso deve e é enviado ao fisco (praticamente online). Não restando mais nada a
fazer quando o contador for apurar impostos e fechar sua contabilidade após vários
dias do fato acontecido. Afinal, não há como ignorar ou alterar uma nota eletrônica,
desfazer uma transação bancária ou ainda emitir notas com datas retroativas.
Gestão Tributária do Capital de Giro
Dizia Charles Darwin em sua teoria da evolução das espécies que “Quem so-
brevive não é o mais forte ou o mais inteligente, mas sim quem melhor se adapta às
Atividades
Referências
AMARAL, Gilberto Luiz do; OLENIKE, João Eloi; AMARAL, Letícia Mary Fernandes do.
Carga Tributária Brasileira 2012. IBPT, 04 mar. 2013. Disponível em: <www.ibpt.com.
br/img/uploads/novelty/estudo/559/CargaTributaria2012IBPT.pdf>. Acesso em: 27
maio 2013.
CARNEIRO, Jorge M.T. et al. Formação e Administração de Preços. 2. ed. Rio de Janei-
ro: FGV, 2006.
PADUAN, Roberta. O Leão Vai Deixar sua Empresa Nua. Publicado em: 04 set. 2008.
Disponível em: <http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0926/econo-
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SEBRAE. Entenda o “Tamanho” das Empresas. Folha de São Paulo. São Paulo, 3 jul.
1994. Encarte: Seu Negócio na Nova Era, n. 1, p. 3.
Gabarito
2. Quantos aos tributos, esses podem ser determinados segundo algumas alter-
nativas, como:
lucro presumido: é obtido a partir de um percentual das receitas, que o Fisco
presume ser o lucro da empresa;
lucro arbitrado: é ditado pelo próprio Fisco, que impõe alíquotas e bases de
cálculo às empresas que não estão atendendo às obrigações com o mesmo;
lucro real: é calculado com base no lucro realmente obtido por meio da apura-
ção contábil. Gestão Tributária do Capital de Giro
3.
tributos sobre receitas;
tributos sobre valor agregado;
tributos sobre o trabalho;
tributos sobre a renda;
tributos sobre investimentos.
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