Fichamento - O 18 de Brumário de Luís Bonaparte
Fichamento - O 18 de Brumário de Luís Bonaparte
Fichamento - O 18 de Brumário de Luís Bonaparte
Contexto histórico:
24 de fevereiro de 1848 – dezembro de 1851
II –
“(...). Não se tratava de uma facção da burguesia unida por elevados interesses comuns
nem demarcada por condições peculiares de produção. Tratava-se, antes, de uma coterie
[corja] de burgueses, escritores, advogados, oficiais e funcionários públicos de
mentalidade republica cuja influência estava baseada nas antipatias pessoais do país
contra Luís Filipe, nas reminiscências da velha República, na fé republicana de um
punhado de entusiastas, mas sobretudo no nacionalismo francês cujo ódio contra os
Tratados de Viena e contra a aliança com a Inglaterra eles mantinham permanentemente
aceso. (...)” (pp. 39 e 40, grifo do autor)
Constituição de 1848
“Assim, a Constituição [de 1848] constantemente remete a leis orgânicas futuras que
devem detalhar aquelas notas marginais e regular o gozo dessas liberdades irrestritas de
tal maneira que não entrem em choque umas com as outras nem com a segurança
pública. Mais tarde, essas leis orgânicas foram implementadas pelos amigos da ordem e
todas aquelas liberdades foram regulamentadas de tal modo que a burguesia, ao gozar
delas, não ficasse chocada ao ver as demais classes gozarem dos mesmos direitos.
Quando ela proibiu ‘aos outros’ essas liberdades ou lhes permitiu gozá-las sob
condições que implicava outras tantas armadilhas policiais, isso sempre ocorreu apenas
ao interesse da ‘segurança pública’, isto é, da segurança da burguesia, como prescreve a
Constituição. (...). Portanto, enquanto a denominação da liberdade foi respeitada e
somente a execução efetiva dessa foi impedida – pela via legal, bem entendido – a
existência constitucional da liberdade permaneceu incólume, intocada, por mais que a
sua existência ordinária tenha sido suprimida. ” (pp. 42 e 43, grifo do autor)
1. Estado de sítio: “(...). O estado de sitio de Paris foi a parteira que ajudou a
Constituinte no trabalho de parto da sua criação republicana. (...). (...), no caso
do estado de sítio apenas periódico e dos salvamentos momentâneos da
sociedade por solicitação dessa oi daquela facção da burguesia, pouca coisa
sólida sobrava além de alguns mortos(...). ” (pp. 46 e 47)
“(...). A eleição de Luís Bonaparte para presidente no dia 10 de dezembro de 1848 pôs
fim à ditadura de Cavaignac e à Assembleia Constituinte. ” (p. 47)
1. Eleição de 10 dezembro de 1848 (p. 48)
1.1. Reação dos camponeses
1.1.1. Reação do campo contra a cidade
1.2. A Ressonância foi grande nas Forças Armadas
1.2.1. “...os republicanos do National não haviam proporcionado fama nem
pagamento adicional”
1.3. A Ressonância foi grande na Alta Burguesia
1.3.1. “...saudou Bonaparte como ponte para monarquia”
1.4. A Ressonância foi grande nos proletários e pequeno-burgueses
1.4.1. “...saudaram como punição para Cavaignac”
“Na república burguesa, que não era chamada pelo nome de Bourbon nem pelo nome de
Orléans, mas pelo nome de Capital, eles haviam descoberto a forma de Estado em que
poderiam governar conjuntamente. ” (p. 48) > Marx fala mais adiante sobre a união dessas
facções heterogêneas que tinham interesses em comum.
III –
“(...). Para compensar essas diferenças era preciso que estivessem em jogo grandes
interesses comum. A violação de um parágrafo abstrato da Constituição não era capaz
de gerar esse interesse.” (p. 67)
Marx fala quando o partido Montanha, formado pelos pequeno-burgueses e
proletários, pedem o impeachment de Bonaparte com base na violação da
Constituição em que “...proibia a República francesa de empregar as suas forças
armadas contra as liberdades de outro povo. ” (p.64), o que Marx alega ter sido
uma armadilha para o partido prepara pelo Partido da Ordem
“(...), por representar a pequena burguesia, ou seja, uma classe de transição, na qual os
interesses de duas classes se embotam de uma só vez, o democrata [Moderados] tem a
presunção de se encontrar acima de toda e qualquer contradição de classe. [Eles]
admitem que o seu confronto é com a classe privilegiada, mas pensam que eles é que
constituem como o povo junto com todo o entorno restante da nação, que eles
representam o direito do povo, que o seu interesse é o interesse do povo. Por
conseguinte, não teriam a necessidade de verificar, na iminência de uma luta, os
interesses e posicionamentos das diferentes classes. (...). A única coisa que precisariam
fazer era dar o sinal para que o povo se lançasse sobre os opressores com todos os seus
inesgotáveis recursos. Mas quando, no momento da ação concreta, os seus interesses se
revelam desinteressantes e o seu poder se revela impotente, atribuem esse fato ou a
sofistas perniciosos que dividem o povo indivisível em diversas frentes hostis ou ao
exército que estava por demais abestalhado e ofuscado para compreender os fins puros
da democracia como a melhor coisa para si mesmo, ou tudo falhou em algum detalhe de
execução ou então algum imprevisto pôs a perder essa rodada do jogo. Como quer que
seja, o democrata sai da derrota mais vergonhosa tão imaculado quanto era inocente ao
nela entrar, agora renovado em sua convicção de que ele deverá triunfar, não de tal
modo que ele próprio e seu partido tenham de renunciar ao seu velho ponto de vista,
mas, ao contrário, de tal modo de que as condições amadureçam no sentido por ele
pretendido. ” (pp. 68 e 69, grifo do autor)
“(...): a burguesia deveria governar de forma parlamentarista, sem ser limitada, como na
monarquia, pelo veto do Poder Executivo ou pela dissolubilidade do Parlamento. Essa
foi a república parlamentarista (...). Ao estigmatizar a insurreição [episódio dos
Moderados, ler p. 65] em defesa da ordem constitucional como ato anárquico, visando à
revolução da sociedade, ela [ burguesia, Partido da Ordem] proibiu a si própria o apelo à
insurreição, caso o Poder executivo violasse a Constituição no tocante a ela.” (p. 69,
grifo do autor)
“(...). Desse modo, a própria burguesia quebrou a sua última ara contra as Forças
Armadas, arma que ela, no entanto, foi forçada a quebrar no instante em que a pequena-
burguesia não mais se postou atrás dela como vassala, mas diante dela como rebelde;
aliás, ele foi obrigada a destruir com as próprias mãos todos os seus meios de defesa
contra o absolutismo no momento em que elas mesma se tornou absoluta. ” (p.72)
IV –
“(...). Compreende-se de imediato que, num país como a França, em que o Poder
Executivo dispõe de um exército de funcionários de mais de meio milhão de indivíduos,
mantendo constantemente, portanto, uma enorme massa de interesses e existências
na mais absoluta dependência, em que o Estado enreda, controla, disciplina, vigia e
tutela desde as mais abrangentes manifestações de vida da sociedade civil até os
seus movimentos mais insignificantes, desde os seus modos de existência mais
universais até a existência privada dos indivíduos, em que esse corpo de parasitas
adquire, em virtude de sua extraordinária centralização, um grau de onipresença, de
onisciência, de acelerada capacidade de movimento e de reação que só tem analogia na
impotente falta de autonomia, na disformidade desordenada do organismo real,
compreende-se que, em um país como esse, a Assembleia Nacional, perdendo o poder
sobre os postos ministeriais, daria por perdida qualquer influência real, caso na
simplificasse simultaneamente a administração estatal, reduzisse tanto quanto
possível o exército de funcionários e, enfim, permitisse à sociedade civil e à opinião
pública criar os seus próprios órgãos, independentes do poder governamental.” (p. 77,
grifo nosso)
Prossegue:
“Porém, o interesse material da burguesia francesa está entretecido de maneira mais
íntima possível (...) com a manutenção dessa máquina estatal extensa e muito
capilarizada [distribuída]. É nessa máquina que ela abriga o seu excesso populacional e
suplementa na forma de vencimentos estatais o que não consegue amealhar na forma de
lucros, juros, rendas e honorários. ” (p. 77, grifo do autor)
Prosseguindo:
“Em contrapartida, o seu interesse político obrigou-a a aumentar diariamente a
repressão, ou seja, os recursos e o pessoal do poder estatal, enquanto era forçada a travar
(...) uma guerra ininterrupta contra a opinião pública e a desconfiadamente mutilar e
paralisar os órgãos autônomos de movimento da sociedade, quando não amputá-los
completamente. ” (p.77, grifo do autor)
Nesse sentido, entendo que quando essas forças não conseguem acabar
completamente com esses órgãos, elas os cooptam a fim de volta-los para o seu
interesse. Por exemplo, no caso das lutas identitárias, que surgiram como formas
de denunciar a opressão, no entanto, muitas dessas pautas foram cooptadas pelo
Mercado (pautas raciais relacionadas com a mídia; pinkey money)
“(...). A burguesia tinha a noção correta de que todas as armas que havia forjado contra
o feudalismo começavam a ser apontadas contra ela própria, que todos os recursos de
formação que ela avia produzidos se rebelavam contra a sua própria civilização, que
todos os deuses que ela havia criado apostataram dela. Ela compreendeu que todas as
assim chamadas liberdades civis e todos os órgãos progressistas atacavam e ameaçavam
a sua dominação classista a um só tempo na base social e no topo político, ou seja, que
haviam se tornado ‘socialistas’ .” (p.80, grifo do autor)
“Assim sendo, ao tachar de heresia ‘socialista’ aquilo que antes enaltecera como
‘liberal’, a burguesia confessa que o seu próprio interesse demanda que ela seja afastada
do perigo de governar a si própria; que, para estabelecer a tranquilidade do país,
sobretudo o seu Parlamento de burgueses devia ser silenciado; que, para preservar o seu
poder social intacto, o seu poder político devia ser desmantelado; que os burgueses
privados só poderiam continuar a explorar as demais classes e desfrutar sem percalços a
propriedade, a família, a religião e a ordem se a sua classe fosse condenada à mesma
nulidade política que todas as demais classes; que, para salvar sua bolsa, a coroa deveria
ser arrancada da sua cabeça e a espada destinada protegê-la deveria ser pendurada sobre
a sua própria cabeça como espada de Damôcles.” (pp. 81 e 82, grifo do autor)
1. O Populismo (p.82)
1.1. Engodar as massas
1.1.1. Conquistar popularidade