5 Sist. Cardiovascular
5 Sist. Cardiovascular
5 Sist. Cardiovascular
O sistema cardiovascular ou circulatório é uma vasta rede de tubos de vários tipos e calibres, que
põe em comunicação todas as partes do corpo. Dentro desses tubos circula o sangue, impulsionado
pelas contracções rítmicas do coração.
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Funções do sistema cardiovascular
O sistema circulatório permite que algumas actividades sejam executadas com grande eficiência:
Os principais componentes do sistema circulatório são: coração, vasos sanguíneos, sangue, vasos
linfáticos e linfa.
CORAÇÃO
O coração é um órgão muscular oco que se localiza no meio do peito, sob o osso
esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda. Em uma pessoa adulta, tem o
tamanho aproximado de um punho fechado e pesa cerca de 400 gramas.
O coração humano, como o dos demais mamíferos, apresenta quatro cavidades: duas superiores,
denominadas átrios (ou aurículas) e duas inferiores, denominadas ventrículos. O átrio direito
comunica-se com o ventrículo direito através da válvula tricúspide. O átrio esquerdo, por sua vez,
comunica-se com o ventrículo esquerdo através da válvula bicúspide ou mitral. A função das
válvulas cardíacas é garantir que o sangue siga uma única direcção, sempre dos átrios para os
ventrículos.
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9 - Átrio Direito
1 - Coronária Direita 10 - Ventrículo Direito
2 - Coronária Descendente Anterior Esquerda 11 - Átrio Esquerdo
3 - Coronária Circunflexa Esquerda 12 - Ventrículo Esquerdo
4 - Veia Cava Superior 13 - Músculos Papilares
5 - Veia Cava Inferior 14 - Cordoalhas Tendíneas
6 - Aorta 15 - Válvula Tricúspide
7 - Artéria Pulmonar 16 - Válvula Mitral
8 - Veias Pulmonares 17 - Válvula Pulmonar
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As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se alternadamente 70 vezes por
minuto, em média. O processo de contracção de cada câmara do miocárdio
(músculo cardíaco) denomina-se sístole. O relaxamento, que acontece entre uma
sístole e a seguinte, é a diástole.
Embora o coração possua seus próprios sistemas intrínsecos de controle e possa continuar a
operar, sem quaisquer influências nervosas, a eficácia da acção cardíaca pode ser muito
modificada pelos impulsos reguladores do sistema nervoso central. O sistema nervoso é
conectado com o coração através de dois grupos diferentes de nervos, os sistemas
parassimpático e simpático. A estimulação dos nervos parassimpáticos causa os seguintes
efeitos sobre o coração: (1) diminuição da frequência dos batimentos cardíacos; (2) diminuição
da força de contracção do músculo atrial; (3) diminuição na velocidade de condução dos
impulsos através do nódulo AV (átrio-ventricular) , aumentando o período de retardo entre a
contracção atrial e a ventricular; e (4) diminuição do fluxo sanguíneo através dos vasos
coronários que mantêm a nutrição do próprio músculo cardíaco.
Todos esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação parassimpática diminui
todas as actividades do coração. Usualmente, a função cardíaca é reduzida pelo parassimpático
durante o período de repouso, juntamente com o restante do corpo. Isso talvez ajude a preservar
os recursos do coração; pois, durante os períodos de repouso, indubitavelmente há um menor
desgaste do órgão.
A estimulação dos nervos simpáticos apresenta efeitos exactamente opostos sobre o coração:
(1) aumento da frequência cardíaca, (2) aumento da força de contracção, e (3) aumento do fluxo
sanguíneo através dos vasos coronários visando a suprir o aumento da nutrição do músculo
cardíaco. Esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação simpática aumenta a
actividade cardíaca como bomba, algumas vezes aumentando a capacidade de bombear sangue
em até 100 por cento. Esse efeito é necessário quando um indivíduo é submetido a situações de
estresse, tais como exercício, doença, calor excessivo, ou outras condições que exigem um
rápido fluxo sanguíneo através do sistema circulatório. Por conseguinte, os efeitos simpáticos
sobre o coração constituem o mecanismo de auxílio utilizado numa emergência, tornando mais
forte o batimento cardíaco quando necessário.
Os neurónios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam principalmente
noradrenalina, razão pela qual são denominados neurónios adrenérgicos. A estimulação
simpática do cérebro também promove a secreção de adrenalina pelas glândulas adrenais ou
supra-renais. A adrenalina é responsável pela taquicardia (batimento cardíaco acelerado),
aumento da pressão arterial e da frequência respiratória, aumento da secreção do suor, da
glicose sanguínea e da actividade mental, além da constrição dos vasos sanguíneos da pele.
O neurotransmissor secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso
parassimpático é a acetilcolina, razão pela qual são denominados colinérgicos, geralmente com
efeitos antagónicos aos neurónios adrenérgicos. Dessa forma, a estimulação parassimpática do
cérebro promove bradicardia (redução dos batimentos cardíacos), diminuição da pressão arterial
e da frequência respiratória, relaxamento muscular e outros efeitos antagónicos aos da
adrenalina.
Em geral, a estimulação do hipo tálamo posterior aumenta a pressão arterial e a frequência
cardíaca, enquanto que a estimulação da área pré-óptica, na porção anterior do hipo tálamo,
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acarreta efeitos opostos, determinando notável diminuição da frequência cardíaca e da pressão
arterial. Esses efeitos são transmitidos através dos centros de controle cardiovascular da porção
inferior do tronco cerebral, e daí passam a ser transmitidos através do sistema nervoso
autónomo.
Factores que aumentam a frequência cardíaca Factores que diminuem a frequência cardíaca
Queda da pressão arterial Aumento da pressão arterial
inspiração expiração
excitação tristeza
raiva
dor
exercício
adrenalina
febre
Eletrocardiograma (ECG)
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ECG normal
VASOS SANGUÍNEOS
a- Artérias: são vasos de parede espessa que saem do coração levando sangue para os órgãos e
tecidos do corpo. Compõem-se de três camadas: a mais interna, chamada endotélio, formada por
uma única camada de células achatadas; a mediana, constituída por tecido muscular liso; a mais
externa, formada por tecido conjuntivo, rico em fibras elásticas.
Quando o sangue é bombeado pelos ventrículos e penetra nas artérias, elas se relaxam e se dilatam,
o que diminui a pressão sanguínea, Caso as artérias não se relaxem o suficiente, a pressão do
sangue em seu interior sobe, com risco de ruptura das paredes arteriais. Assim, a cada sístole
ventricular é gerada uma onda de relaxamento que se propaga pelas artérias, desde o coração até as
extremidades das arteríolas. Durante a diástole ventricular, a pressão sanguínea diminui. Ocorre,
então, contracção das artérias, o que mantém o sangue circulando até a próxima sístole.
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Pressão arterial: é a pressão exercida pelo sangue contra a parede
das artérias. Em um adulto com boa saúde, a pressão nas artérias
durante a sístole ventricular – pressão sistólica ou máxima – é da
ordem de 120 mmHg (milímetros de mercúrio). Durante a diástole, a
pressão diminui, ficando em torno de 80 mmHg; essa é a pressão
diastólica ou mínima. O ciclo de expansão e relaxamento arterial,
conhecido como pulsação, pode ser percebido facilmente na artéria
radial do pulso ou na artéria carótida do pescoço. A pulsação
corresponde às variações de pressão sanguínea na artéria durante os
batimentos cardíacos. As pressões arteriais máxima e mínima podem
ser detectadas nas artérias do braço e medidas com um aparelho
chamado esfigmomanômetro, representado abaixo e ao lado.
b- Capilares sanguíneos: são vasos de pequeno calibre que ligam as extremidades das arteríolas às
extremidades das vênulas. A parede dos capilares possui uma única camada de células,
correspondente ao endotelio das artérias e veias.
Quando o sangue passa pelos capilares, parte do líquido que o constitui atravessa a parede capilar e
espalha-se entre as células próximas, nutrindo-as e oxigenando-as. As células, por sua vez,
eliminam gás carbónico e outras excreções no líquido extravasado, denominado líquido tissular. A
maior parte do líquido tissular é reabsorvida pelos próprios capilares e reincorporada ao sangue.
Apenas 1% a 2% do líquido extravasado na porção arterial do capilar não retorna à parte venosa,
sendo colectado por um sistema paralelo ao circulatório, o sistema linfático, quando passa a se
chamar linfa e move-se lentamente pelos vasos linfáticos, dotados de válvulas.
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capilar, a pressão do sangue
é maior que a pressão
osmótica do plasma: saída
de água contém substâncias
dissolvidas.
c- Veias: são vasos que chegam ao coração, trazendo o sangue dos órgãos e tecidos. A parede das
veias, como a das artérias, também é formada por três camadas. A diferença, porém, é que a
camada muscular e a conjuntiva são menos espessas que suas correspondentes arteriais. Além
disso, diferentemente das artérias, as veias de maior calibre apresentam válvulas em seu interior,
que impedem o refluxo de sangue e garante sua circulação em um único sentido.
Depois de passar pelas arteríolas e capilares, a pressão sanguínea diminui, atingindo valores muito
baixos no interior das veias. O retorno do sangue ao coração deve-se, em grande parte, às
contracções dos músculos esqueléticos, que comprimem as veias, fazendo com que o sangue
desloque-se em seu interior. Devido às válvulas, o sangue só pode seguir rumo ao coração.
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Circulação pulmonar e circulação sistémica
Circulação pulmonar:
Circulação sistémica:
Sangue
O sangue humano é constituído por um líquido amarelado, o plasma, e por células e pedaços de
células, genericamente denominados elementos figurados.
a- Plasma:
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b-Elementos Figurados:
Durante os estágios iniciais, as células dividem-se muitas vezes e mudam de cor, devido à
progressiva formação de maiores e maiores quantidades de hemoglobina. No estágio de
normoblasto, o núcleo se degenera e a célula transforma-se num reticulócito. É nesse estágio que
geralmente a célula deixa a medula óssea. O reticulócito contém ainda pequenos filamentos de
retículo endoplasmático e continua a produzir pequenas quantidades de hemoglobina. Contudo, o
retículo degenera dentro de um ou dois dias e se transforma numa célula madura: o eritrócito, que
circula pelo sangue durante aproximadamente 120 dias, antes de ser destruído.
Destruição das hemácias pelo baço: Porção globina (grupo protéico – formado por aminoácidos):
digerido e reaproveitado.
Porção heme (grupo prostético – formado por átomos de ferro): a hemoglobina liberada das células
que se fragmentam é fagocitada e digerida quase imediatamente, liberando ferro na corrente
sanguínea, para ser conduzido para a medula óssea (para a produção de novas células vermelhas) e
para o fígado (produção do pigmento biliar bilirrubina).
Anemias carenciais: surgem por deficiência de determinados nutrientes na dieta, como ferro,
vitamina B12 e ácido fólico. A anemia provocada pela falta de ferro é chamada ferropriva; pela
falta de vitamina B12 é a anemia perniciosa.
Anemias espoliativas: são resultado da perda de sangue causada por algumas doenças, como
amebíase, amarelão, úlcera e gastrite.
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acarretando diminuição na produção de glóbulos vermelhos e demais células do sangue. Ex:
leucemia.
Os leucócitos também são produzidos na medula óssea e são apresentados na tabela a seguir:
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momento de
parar a
produção dos
anticorpos;
linfócitos T
citotóxicos que
produzem
substâncias que
mudam a
permeabilidade
das células
invasoras
(bactérias) ou
de células
cancerosas,
provocando sua
morte.
Linfócitos B,
que formarão
os plasmócitos
do tecido
conjuntivo, são
os responsáveis
pela produção
de anticorpos
específicos no
combate
imunológico
aos antígenos
invasores.
Nº
aproximado 4.800 240 80 2.400 480
em cada mm3
Os monócitos do sangue podem atravessar por diapedese (movimento das células da defesa para
fora dos vasos sanguíneos) os vasos sanguíneos e alojar-se em outros tecidos, dando origem a
diferentes tipos celulares, que têm em comum a grande capacidade de fagocitose: nos tecidos
conjuntivos de propriedades gerais dão origem aos macrófagos; no fígado, às células de Kupffer;
no tecido nervoso, às células micróglias.
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A Hemocitopoese (Hematopoese) é
o processo de formação, maturação
e liberação na corrente sanguínea
das células do sangue. O tecido
conjuntivo hemocitopoético, ou
tecido reticular, é produtor das duas
linhagens de glóbulos: leucócitos e
hemácias. Esse tecido aparece no
baço, no timo e nos nódulos
linfáticos, recebendo o nome de
tecido linfóide. No interior da
medula óssea vermelha, esse tecido
é chamado mielóide, ocupando os
espaços entre lâminas ósseas que
formam o osso esponjoso.
As células linfóides vão originar a linhagem dos linfócitos, enquanto as mielóides produzirão
hemácias, os outros leucócitos e as plaquetas.
Coagulação sanguínea
OBS.: os factores de coagulação do sangue (mais de 12) são, em sua maioria, formas inactivas de
enzimas proteolíticas. Quando convertidas nas suas formas activas, suas reacções enzimáticas
causam as sucessivas reacções em cascata do processo de coagulação.
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(4) regeneração: crescimento de tecidos fibrosos no coágulo sanguíneo para obturar o orifício do
vaso
A hemofilia é uma doença hereditária que afecta a coagulação do sangue devido à não produção de
algum factor de coagulação. Como a coagulação é uma reacção em cascata, a falta de qualquer
componente provoca interrupção do processo.
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