NR 09 - Revista Abho - 67 - 2022
NR 09 - Revista Abho - 67 - 2022
NR 09 - Revista Abho - 67 - 2022
A IMPORTÂNCIA DO
CONHECIMENTO NO
NOVO MUNDO DO
TRABALHO
E MAIS:
A ABHO reúne profissionais que lutam pela melhoria das condições de trabalho.
Seu escritório principal está em São Paulo e conta com representações regionais em outras cidades.
A ABHO tem um código de ética oficial e realiza várias atividades, incluindo o Congresso Brasileiro de
Higiene Ocupacional e o Encontro Brasileiro de Higienistas Ocupacionais, juntamente com uma Expo-
sição de Produtos e Serviços. A ABHO publica, sob licença da ACGIH®, a tradução autorizada do livreto
de Limites de Exposição Ocupacional (TLVs®) para Substâncias Químicas e Agentes Físicos & Índices
Biológicos de Exposição (BEIs®) e a Revista ABHO de Higiene Ocupacional. A ABHO também possui um
programa de certificação para higienistas ocupacionais e técnicos em Higiene Ocupacional.
ABHO was founded in August 23, 1994 and its objectives are the following:
ABHO brings together professionals who fight for the improvement of working conditions.
Its main office is in São Paulo and there are regional chapters in many other cities.
ABHO has an official code of ethics and carries out many activities, including an annual National Congress
(Congresso Brasileiro de Higiene Ocupacional) and also a National Meeting (Encontro Brasileiro de
Higienistas Ocupacionais) together with an Exhibit of Products and Services. ABHO periodically publishes an
authorized translations of the ACGIH® Threshold Limit Values booklet (under license from ACGIH®) and a
professional Journal (Revista ABHO de Higiene Ocupacional). ABHO also has a certification program both for
occupational hygienists and occupational hygiene technicians.
www.abho.org.br
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIGIENISTAS OCUPACIONAIS
Admissão, livros, anuidades, alterações cadastrais, publicidade: secretaria@abho.org.br
REVISTA ABHO DE HIGIENE OCUPACIONAL
Ano 20, n° 67
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e o conteúdo das
matérias publicitárias de seus anunciantes.e Rprodução com autorização da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIGIENISTAS OCUPACIONAIS
ABHO. CRIADA EM 1994
RESPONSÁVEIS PELA EDIÇÃO
Coordenação:
Luiz Carlos de Miranda Júnior
REVISTA
Maria Margarida T. Moreira Lima
Raquel Paixão
67
Conselho Editorial:
Diretoria Executiva e Conselho Técnico
Colaboradores:
Gustavo Rezende de Souza, Jadson Viana de Jesus, José Carlos L. Ottero,
Luiz Carlos de Miranda Júnior, Marcos Domingos da Silva,
Marcus Vinícius Braga Rodrigues Nunes, Maria Margarida T. Moreira Lima,
Mario Luiz Fantazzini, Valdiney Camargos de Sousa, ISSN 2595-9166
Revisão de português:
Fábio Luiz Lucas de Carvalho
RELATÓRIO
08 28
Diagramação, Artes e Produção: ANÁLISE DE IMPACTO 6
Fabiana Cristina REGULATÓRIO
Quantitativa estruturada
associados da ABHO.
1
Secretaria de Trabalho
Subsecretaria de Inspeção do Trabalho Sem avaliação
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of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH®.
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www.abho.org.br
Limites de Exposição
Certificação: certificacao@abho.org.br
Eventos: eventos@abho.org.br
A relação do trabalho, como todo sistema vivo e dinâmico, está sujeita a permanentes
e contínuas transformações.
Por aqui, em “Terra Brasilis”, a esperada e ansiada proposta de atualização dos Anexos
11, 12 e 13 da Norma Regulamentadora – NR-15 finalmente se coloca em consulta públi-
ca, propalada em 30 de maio último. Em que pese a tibieza do conteúdo proposto, não
se pode negar o avanço, sendo significativo ressaltar o caráter inopinado da ABHO no
V Congresso Brasileiro de Higiene Ocupacional, quando emergiu a “Moção
Moção 2010”
2010 pela
urgente atualização do instrumento técnico-normativo em referência. Reforçando posi-
ções daquela época, a ABHO se coloca novamente à disposição das autoridades para
auxiliar na construção de um instrumento legal que venha para efetivamente prevenir
Aproveitem a riqueza das páginas seguintes, em especial com os artigos de cunho téc-
nico assinados por higienistas de valor em nossa Associação.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO
NO NOVO MUNDO DO TRABALHO
Luiz Carlos de Miranda Júnior(*)
Há poucas décadas, nenhum de nós poderia imaginar a velocidade com que as mudanças ocor-
reriam. Quer em nossas vidas pessoais, quer em nossas participações na sociedade ou em nos-
sas vidas profissionais, para citar apenas alguns exemplos. Não há quem não se surpreenda
com a profusão de novas ideias e propostas, algumas também muito fluidas e que, assim como
rapidamente chegam, ainda mais rapidamente desaparecem.
Como quase todos os acontecimentos em nossas vidas sempre nos proporcionam várias pontos
de abordagem e reflexão, o turbilhão de informações a que somos submetidos cotidianamente
traz aspectos positivos e negativos.
É inegável que a facilidade que hoje temos em buscar conhecimento em um rol quase infinito de
fontes de consulta a um simples clique do teclado é uma ferramenta muito bem-vinda para aque-
les que desejam estar atualizados e buscar qualificação em suas atividades. Isto nos proporciona
a possibilidade do constante desenvolvimento pessoal, profissional e intelectual, que, alicerçado
por conceitos éticos, morais e de respeito às pessoas, pode contribuir muito com tudo aquilo a
que nos propomos construir.
Por outro lado, a mesma facilidade de acesso à informação e abundância de conteúdo pode nos
colocar em uma armadilha, espécie de labirinto do conhecimento, impedindo-nos de transfor-
mar em ações práticas a imensa quantidade de dados a que nos expomos.
Exatamente a partir dessa contradição é que temos que nos posicionar de forma eficaz, elencan-
do quais as fontes de aprendizado acessar e o que exatamente estamos a procurar. Alguém já
disse de forma exemplar: “se não sabemos aonde queremos chegar, qualquer caminho serve”.
Parafraseando: “se não sabemos onde buscar conhecimento qualificado, qualquer fonte nos bas-
ta”, o que certamente aumentará muito as chances de não termos êxito.
(*)
Higienista Ocupacional Certificado, HOC 0014. Presidente da ABHO.
Mais preocupante ainda é a diferença abissal sobre as consequências no não êxito pessoal,
que certamente nos trará frustração, daquele insucesso em atividades de vital importância para
outras pessoas, como o caso da atuação em higiene ocupacional, cujas decisões equivocadas
podem representar danos a um sem-número de trabalhadores.
Dessa forma, há que procurar construir sólidas bases, com conhecimentos técnicos já sedimen-
tados, que nos deem a oportunidade de continuar a acumular novas informações e ferramentas
com o senso crítico necessário à separação do “joio do trigo”. Não há receita para isso a não ser a
disposição de estudar sempre, buscar constantemente novas propostas a serem avaliadas, ques-
tioná-las até que nos convençamos de sua correção, discuti-las com pares que nos tragam outros
pontos de vista a serem considerados, testar na prática o que julgamos ser adequado e verificar
se os resultados são o que esperávamos e, a partir das etapas anteriores, construirmos gradativa-
mente uma “Nova Visão”, que nos norteará para resultados melhores do que os obtidos até então.
Importante mencionar que me apropriei do termo “Nova Visão”, atualmente proposto para a mais
adequada e eficaz gestão da segurança e saúde dos trabalhadores em empresas interessadas na
implantação dos conceitos propostos por modelos como os Safety II, Safety Differently ou Human
and Organization Performance, respectivamente pelos autores Erik Hollnagel, Sidney Dekker e
Todd Conklin, dentre outros.
Um dos aspectos mais importantes dessas novas visões e propostas diz respeito à necessidade
do aprendizado contínuo a partir de todo o conhecimento acumulado e facilmente disponível,
bem como, e talvez principalmente, do conhecimento empírico dos trabalhadores. Sem dúvida
alguma, não nos basta, no atual mundo do trabalho, conhecimentos teóricos de comprovada
qualidade se não conseguirmos transformá-los em ações que efetivamente beneficiem a quali-
dade de vida dos trabalhadores em seus mais distintos e desafiadores locais de trabalho. E essa
é uma construção conjunta.
Esse novo mundo do trabalho requer cada vez mais conhecimento e atualização constante, sem-
pre nos questionando sobre a eficácia dos objetivos a que nos propomos, ao mesmo tempo em
que exige de cada um de nós a humildade de aprendermos com aqueles que cotidianamente
executam diversas atividades para contribuir com as organizações nas quais trabalham. Assim
é que, além da busca de conhecimento formal mencionada anteriormente, temos que exercitar
nossa capacidade de ouvir com atenção, de forma a aprender pontos fundamentais do “trabalho
real” que deverá nortear nossas ações de melhoria.
RELATÓRIO
cial da União, pelo Ministério do Trabalho e
Previdência, os AVISOS DE CONSULTA PÚBLICA
N.o 4/2022 e N.o 5/2022 visando, respectivamente,
ANÁLISE DE IMPACTO
coletar sugestões da sociedade sobre texto téc-
REGULATÓRIO nico elaborado pela equipe de governo como
NORMAS REGULAMENTADORAS proposta para inclusão de anexos de Químicos,
Nº 09 e Nº 15 – Agentes Químicos Cancerígenos e Apêndices de Benzeno e Asbes-
NR-9 - INCLUSÃO DE ANEXOS DE AGENTES to, na Norma Regulamentadora n.o 9 (NR-09), e a
QUÍMICOS E AGENTES QUÍMICOS CANCERÍGENOS E revisão e a atualização dos Anexos referentes a
MUTAGÊNICOS PARA CÉLULAS GERMINATIVAS
agentes químicos da Norma Regulamentadora
NR-15 – REVISÃO DOS ANEXOS 11, 12, 13 e 13-A
n.o 15 – Atividades e Operações Insalubres - da
Portaria 3.214/78.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
Secretaria de Trabalho
Subsecretaria de Inspeção do Trabalho
Os instrumentos trazem os requisitos a serem
observados pelas organizações para identificar,
Brasília/DF, 2022
avaliar, prevenir e controlar as exposições ocu-
pacionais a esses agentes e acrescentam crité-
rios para a avaliação da exposição ocupacional e
medidas de prevenção e controle para os agen-
tes químicos cancerígenos, classificados no Grupo 1 da Lista Nacional de Agentes Cancerígenos
para Humanos (LINACH), e para os agentes químicos mutagênicos para células germinativas,
categoria 1A, segundo o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de
Produtos Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas.
A consulta em relação à NR-15 apresenta modificações nos Anexos 11, 12, 13 e 13-A para harmonização
com as novas disposições contidas na NR-01, NR-07 e na NR-9, além de atualização de alguns dos
valores de Limite de Tolerância em vigor. As mudanças incluem o Anexo 11 – que passa a se intitular
“Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e avaliação quantitativa
da exposição ocupacional”; o Anexo 12 – limites de tolerância para poeiras minerais, que tem suas
disposições transferidas para o Anexo 11 e para os anexos da NR-09 e da NR-07; o Anexo 13 – passa a
se intitular “Agentes Químicos” e apresenta a relação das atividades e operações envolvendo agentes
químicos consideradas insalubres em decorrência de avaliação realizada no local de trabalho; e o
Anexo 13-A – benzeno com os limites de exposição ocupacional e medidas de controle transferidas
para o Anexo 11 e para o Anexo de Agentes Químicos Cancerígenos e Mutagênicos da NR-09.
Os Limites de Tolerância do Anexo 11 se apresentam agora como “limite de exposição curta dura-
ção (LEO-CD)” e “limite de exposição ocupacional – exposição diária (LEO-ED)”. O LEO-CD repre-
senta o limite para a concentração média ponderada para períodos de 15 minutos e que não deve
ser ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho. O LEO-ED representa o valor limi-
te da concentração média ponderada pelo tempo para 8 horas diárias e/ou 40 horas semanais de
trabalho, para 59 agentes químicos incluídos no Quadro I,
I do Anexo 11, da NR-15 (revisados em
2022), e para 48 horas semanais de trabalho, para 105 agentes químicos incluídos no Quadro II,
2022) II
do Anexo 11, da NR-15 (valores anteriores a 2022).
2022) É indicada na consulta que os agentes químicos
previstos no Quadro II serão transferidos para o Quadro I à medida que os respectivos LEO forem
revisados.
As propostas estão submetidas à consulta pública até 31 de julho do corrente ano. A ABHO sina-
lizou junto à Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) a necessidade de ampliação do prazo
(vide BOX p. 17 )
No final do mês de junho, a Escola Nacional de Inspeção do Trabalho (ENIT) anunciou uma Au-
diência Pública pela plataforma Teams, em 6 e 7 de julho, aberta para toda a sociedade comentar
sobre a estrutura, a disposição e o conteúdo do texto apresentado.
O relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR) e os textos dos Anexos de Agentes Químicos,
Cancerígenos e Mutagênicos, bem como os Apêndices de Benzeno e Asbesto da NR-09 e as novas
disposições sobre Agentes Químicos da NR-15 podem ser acessados no site Participa Mais Brasil:
https://www.gov.br/participamaisbrasil/pagina-inicial
A recente alteração da Norma Regulamentadora n.° 33 traz os requisitos para a caracterização dos
espaços confinados, os critérios para o gerenciamento de riscos ocupacionais em espaços confina-
dos e as medidas de prevenção, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que
interagem direta ou indiretamente com estes espaços. A NR-33 apresenta aspectos de interface com a
atuação dos higienistas, que podem ser consultados em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/porta-
ria/mtp-n-1.690-de-15-de-junho-de-2022-410048596. Acesso em: 11 jul. 2022.
A Portaria MTP/RFB/ME n.o 2, de 19 de abril de 2022, alterou a Portaria Conjunta SEPRT/RFB/ME n.o
71, de 29 de junho de 2021, para prorrogar o cronograma de implantação do Sistema Simplificado
de Escrituração Digital das Obrigações Previdenciárias, Trabalhistas e Fiscais (eSocial) para o 4º
grupo de obrigados.
obrigados
Uma das novidades é relativa à informação das empresas sobre a ausência de riscos com orien-
tações já alinhadas com o PGR da NR-01.
Outra alteração importante nesta última versão quanto ao evento S-2240 é a inclusão do item 3.5
que trata de Limites de Tolerância e Nível de Ação:
Ação
“3.5. A exigência de registro em relação aos agentes nocivos químicos e físicos, para os quais haja
limite de tolerância estabelecido na legislação trabalhista e aplicável no âmbito da legislação
previdenciária, fica condicionada ao alcance dos níveis de ação e, em relação aos demais agen-
tes nocivos, à simples presença no ambiente de trabalho.”
trabalho
A Portaria n.o 806 do Ministério do Trabalho e Previdência alterou dispositivos das Normas Regula-
mentadoras n.o 12 (Segurança
Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos),
Equipamentos n.° 15 (Atividades e Ope-
rações Insalubres) - Anexo 13-A (Benzeno)
(Benzeno), n.o 20 (Segurança
Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis
e Combustíveis),
Combustíveis n.o 22 (Segurança
Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração),
Mineração n.o 29 (Segurança
Segurança e Saúde no
Trabalho Portuário),
Portuário n.o 32 (Segurança
Segurança e Saúde nos Trabalhos em Serviços de Saúde)
Saúde e n.o 34 (Condi-
Condi-
ções e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, Reparação e Desmonte Naval).
As alterações introduzidas nos textos das NRs são, em grande parte, referentes a aspectos de
Higiene Ocupacional, que merecem a atenção dos leitores.
Vários anseios estão sendo apresentados depois de publicados os textos para consulta pública
em 30 de maio de 2022 (avisos de consulta pública n.o 4/2022 e n.o 5/2022 do Ministério do Traba-
lho e Previdência).
A ABHO, desde seu primeiro Congresso em 2006 e por meio das Moções dos CBHOs 2010 e 20181 ,
já havia manifestado seu interesse em participar das discussões para atualização da NR-15, mas,
até o momento, não teve a oportunidade esperada para essa colaboração, além do que se apre-
senta.
Em uma primeira análise, são indicados aos leitores suas preocupações gerais e expectativas. No
decorrer do prazo, a Associação buscará promover outros entendimentos para colher os subsí-
dios técnicos necessários visando à construção de uma proposta legal adequada para o controle
da exposição aos riscos ambientais por meio da ciência da Higiene Ocupacional. Todo esse es-
forço estará voltado para a prevenção e a proteção da saúde dos trabalhadores no País, missão
principal da nossa atuação profissional.
Até o fechamento desta edição da Revista, membros da ABHO e da Diretoria e do Conselho Técni-
co da ABHO que se reuniram2 puderam manifestar as preocupações abaixo apresentadas sobre
aspectos gerais das propostas e aspectos específicos.
1
Disponíveis em: https://www.abho.org.br/wp-content/uploads/2020/12/mocaoNR15.pdf. Acesso em: 27 jun. 2022.
2
Participaram da análise inicial os higienistas: Luis Carlos de Miranda Júnior, Marcos Domingos da Silva, Maria Margarida
T. M. Lima, Marcus Vinicius B. R. Nunes e Mario Luiz Fantazzini.
• NR-15, Anexo 11, item 2 – Deve ser explícito que, havendo exposição inadequada pela via dér-
mica, a adequação da exposição com os dados da via respiratória não pode ser validada em
nenhuma hipótese e será inconclusiva.
• As exposições dérmicas aos agentes químicos com notação Pele devem ser avaliadas para
estimativa da exposição e comparação com a dose equivalente do valor de referência (LEO).
Além disso, deve-se abordar os efeitos aditivos em função da exposição concomitante da via
inalatória e cutânea.
• NR-15, Anexo 11, item 4 – Deve ser esclarecido que os agentes que não podem ser ultrapassa-
dos em nenhum momento são os valores teto (T). A explicação sobre o limite de curta duração
(CD) é dada apenas no item 3.1.2 do Anexo de Agentes Químicos da NR-09, devendo ser trazida
para este Anexo. Adicionalmente, há limites de curta duração com tempo padrão, geralmente,
de 15 minutos (STEL), tipo média ponderada no tempo, interpretados diferentemente dos limi-
tes tetos.
• NR-09, Anexo XX: Agentes Químicos, item 5.3.d – valor de corte ou limite de concentração em
misturas, para considerar exposições como “não ocupacionais”, carece de maior explicação
e até exemplos, pois pode haver mal-entendido com a tabela. Observe-se que, por exemplo,
pode haver o entendimento de que 1% é uma baixa exposição, porém, no ambiente, 1% são
10.000 ppm. Então, é preciso esclarecer a que se referem tais porcentagens para que se evi-
tem intepretações futuras perigosas para os trabalhadores.
• Como apontado, aparecem vários descritores estatísticos de exposição, o que pode causar
controvérsia, alguma confusão e dificuldade de decisão. Encontramos:
• em modelagem semiquantitativa (NR-09: item 6.6), o limite superior da mediana com
confiança de 95%;
• na avaliação quantitativa com até 5 medições (NR-09: itens 6.7.1.1, 6.7.1.1.1, 6.7.1.1.2 e
6.7.1.1.3), a média geométrica;
• na avaliação quantitativa com seis ou mais medições (NR-09: item 6.7.1.2), o limite su-
perior de confiança a 95% da média aritmética estimada para uma distribuição log-
normal;
• na caracterização de insalubridade (NR-15: item 3.1), a média aritmética; e
• a proposito, a NR-07, em vigor, na definição da periodicidade de exames radiológicos
para expostos à sílica, ao asbesto e ao PNOS, define “Limite superior do intervalo de
confiança da média aritmética estimada para uma distribuição lognormal com con-
fiança estatística de 95% (LSC)” (Quadros 1 e 2) e “CLSC (95%) ou percentil 95 = concentra-
ção calculada estatisticamente com limite superior de confiança 95%” (sic) (Quadro 3).
• Acreditamos que haverá certa confusão e situações em que uma alternativa de avaliação indique
adequação, enquanto outra não, de modo a aumentar a insegurança jurídica e a dificultar a ges-
tão das exposições e proteção à saúde dos trabalhadores.
• ADICIONALMENTE, deve ser lembrado que a média geométrica é o descritor menos indicado, em
qualquer situação, como alertado pela American Industrial Hygiene Association (AIHA) já em 1998
(segunda edição do Manual da AIHA). A média geométrica é sempre MENOR que a média aritmé-
tica e, se algum dos valores medidos for “zero”, a média geométrica será ZERO. Sendo assim, esta
é uma grande incongruência para com a exposição sofrida pelo trabalhador em qualquer caso.
• Deve ser lembrado que, atualmente, um dos melhores descritores de média (porém não recomen-
dado como único por subestimar a exposição) é a média sem viés de mínima variância (MVUE).
• O descritor, a salvaguarda estatística “equilibrada” mais sensata e o parâmetro utilizado ampla-
mente por outras regulamentações, é o ponto percentil 95 da distribuição com 70% de confian-
ça, pois tal providência promoverá um equilíbrio entre “falsos positivos” e “falsos negativos” nas
decisões sobre uma situação de exposição. Este último descritor, inclusive, é adotado como pa-
râmetro estatístico regulatório na França, estabelecido unissonante como parâmetro estatístico
para avaliação da exposição pela British Occupational Hygiene Society (BOHS)/Dutch
Occupational Hygiene Society (NVvA)/Belgian Society for Occupational Hygiene (BSOH) e pela
EN689:2018 e foi acordado como o critério de tolerabilidade das exposições pela AIHA no curso
preparatório para o programa de registro de especialistas em análise de decisão da exposição.
• O critério de aceitabilidade da exposição deve considerar teste preliminar e teste de conformidade
para o grupo de exposição similar. Além destes, deveria considerar o teste de conformidade indi-
vidual, quando recomendado pela boa prática.
• As propostas devem permitir uma abordagem gradativa para avaliação da exposição, detalhando
o uso de ferramentas pragmáticas (Control Banding e similares) e modelagem matemática e possi-
bilitando a aplicação de dados sub-rogados (analogia estruturada com exposições similares). Uma
abordagem gradual do conhecimento e da gestão das exposições tem que ser acolhida, e o uso
normal da tecnologia (que irá evoluir sempre) ser aceito e encorajado.
• Também carece orientação sobre valores abaixo do limite de quantificação analítico de amostras
ocupacionais, o que, no geral, remete à necessidade de anexos orientativos suplementares para
tratamento de dados censurados.
• A CLT estabelece que a caracterização da insalubridade se dará quando exceder o Limite de Tole-
rância. Por esse ângulo, o Anexo 13 não tem amparo na Lei n.o 6.514 de dezembro de 1977 (Artigos
189 e 190).
• Há uma questão de denominação que precisaria ser observada para propiciar segurança jurídica
(Lei n.o 6.514 – Artigo 189). Na Revisão, foi adotado o Limite de Exposição Ocupacional, mais correto,
sem dúvida, mas diferente da base legal, Limite de Tolerância.
Outros pontos surgiram também para reflexão, manifestados por higienistas membros da ABHO. Des-
tacamos as palavras do ex-presidente da ABHO e que foi o coordenador do grupo que elaborou a
NR-15 em 1978, HOC José Manuel Gana Soto:
“1 - Em vários momentos dos textos propostos se fala em harmonização com normas internacionais, tais
como ACGIH®, NIOSH e outras. A proposta não reflete este princípio, visto que
a) São propostas duas tabelas, uma para exposições de 8h/dia e 40h/semana, outra para exposi-
ções de até 48 horas por semana;
b) seria altamente recomendável, citar simplesmente a tabela de AQ da ACGIH® da última edição,
como parâmetro a ser usado, com a vantagem de ter atualização anual;
c) caso não haja acordo e coragem para esta recomendação, publicar somente uma tabela base-
ada na ACGIH® com todos os agentes citados e mais alguns de interesse da comunidade técnico-
-científica e de desenvolvimento do país;
d) em meu modo de ver, não há necessidade de fazer “reajuste” aos LEO para 44 ou 48 horas por
semana. A tabela da ACGIH® válida para 8 horas dia e 40 horas por semana pode ser usada di-
retamente, salvo em casos muito específicos, os quais devem ser estudados em profundidade (ex.
trabalho em plataforma de petróleo, mineradoras, jornadas especiais etc). Na maioria das vezes,
os trabalhadores ficam à disposição das empresas por 8 horas ou um pouco mais, sendo a exposi-
ção real aos riscos de menos de 8 horas. Um estudo validando esta premissa não seria muito difícil
de realizar e desta forma tomar uma definição clara para adotar ou não, a tabela da ACGIH® como
publicada em sua origem.
2. A proposta de norma dá uma importância fundamental à identificação de perigos, avaliação de riscos,
dando orientações referentes de como avaliar. Em direção oposta fica mantida para a caracterização de
insalubridade uma lista de “atividades” insalubres por inspeção qualitativa. Como exemplos:
Se ele ocorrer em circuito fechado, não há contato com os trabalhadores e, portanto, não há risco de expo-
sição potencial aos componentes dos vapores orgânicos da mistura sendo processada. Se há fugas para
o ambiente será necessário identificar quimicamente os componentes, quantificá-los, verificar as medidas
de controle para depois emitir julgamento profissional. Se há exposição acima do LEO e possível contato
dérmico, podemos caracterizar a insalubridade e não por simples atividade. Isto não é avanço, e sim re-
trocesso, e as normas ficam contraditórias.
• Uma pérola: fabricação de emetina e pulverização de ipeca, operações com o timbó, pergunto,
estas substâncias têm número CAS?
• Fabricação de projéteis incendiários, explosivos e gases asfixiantes à base de fósforo branco. Per-
gunto: estes não são submetidos a normas de prevenção e de proteção ao trabalhador? No míni-
mo, este item deveria ser eliminado por uma questão de ética.
Revista ABHO / Edição 67 2022
16
NR-15/AQ
3. O todo que se apresenta no Anexo ‘Agentes Químicos’ qualitativo deveria sair da norma, visto que é su-
ficiente o critério quantitativo que identifica agentes e os quantifica, dando subsídios suficientes para o
julgamento profissional.”
Ilmo. Sr.
Dr. Joelson Guedes da Silva
Coordenador de Normatização e Registro
Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho Subsecretaria de Inspeção do Trabalho/MTP
Brasília - DF
Prezado Senhor,
Atualmente, contamos com mais de 400 associados entre pessoas físicas, a grande maioria, e pessoas
jurídicas, que a nós se unem por trabalharem com questões correlatas. Nossos principais objetivos são:
Estamos acompanhando com muito interesse a consulta pública que visa levantar contribuições para
as alterações dos seguintes textos legais:
Inicialmente, gostaríamos de parabenizar a iniciativa da revisão técnica dos referidos textos, dire-
tamente relacionados à boa prática da Higiene Ocupacional e da prevenção das doenças ocupa-
cionais. Há muito tempo, a ABHO tem clamado por uma revisão, inclusive debatendo essa questão
em congressos e por meio de proposições públicas.
Em 2006, o tema do primeiro Congresso Brasileiro de Higiene Ocupacional (CBHO) foi “Prevenir
Atualizando”. À época, já causava indignação o obsoletismo da NR-15 depois de quase 30 anos de
sua publicação em 1978.
A exposição ocupacional aos agentes ambientais, químicos, físicos e biológicos é um assunto que
exige alto grau de expertise e experiência. Sem uma legislação forte, sólida, técnica e atualizada
haverá, em futuro próximo, uma legião de trabalhadores doentes.
Para tanto, colher as opiniões de nossos associados e compilá-las requer tempo e dedicação de
nossa parte e, nesse sentido, teremos uma grande oportunidade de realizarmos bom trabalho
em nosso 16o Congresso Brasileiro de Higiene Ocupacional (CBHO) que se dará na cidade de São
Paulo, entre os dias 22 e 24 de agosto próximo. Nele, a exemplo das discussões que nos propiciaram a
elaboração da MOÇÃO SOBRE A NR-15 (2010), teremos a oportunidade de realizar discussão quali-
ficada para contribuir com sugestões que possam agregar ainda mais qualidade técnica aos textos
ora submetidos à consulta pública.
Receamos que, na falta do tempo adequado para a ampla discussão, será difícil obter textos finais
com a qualidade técnica compatível com a proteção dos trabalhadores que todos almejamos.
Dessa forma, tem o presente o objetivo de solicitar a dilatação do prazo para contribuições no
âmbito da consulta pública para meados do mês de setembro/22, o que viabilizaria o trabalho que
pretendemos realizar até a conclusão do 16o CBHO.
Certos de poder contar com a atenção de V.Sa e análise cuidadosa sobre nosso importante pleito,
despedimo-nos e nos colocamos à inteira disposição para contribuirmos diretamente com a equipe
revisora dos textos em consulta pública.
Atenciosamente,
ORIGINAL ASSINADO
Luiz Carlos de Miranda Júnior
Presidente da ABHO
Edição brasileira, revisão técnica: Luiz Carlos de Miranda Jr., Mário Luiz
Valor para membros R$200,00
Fantazzini, Osny Ferreira de Camargo, Wilson Noriyuki Holiguti
Já no período final de sua longa vida - faleceu aos 97 anos em 1970 - ao ser perguntado sobre a
mensagem que gostaria de deixar para as gerações futuras, Lorde Bertrand Russel, um dos gran-
des filósofos britânicos do século passado, respondeu:
“Gostaria de enfatizar dois aspectos: um intelectual e um moral. O intelectual é que, quando estive-
rem estudando uma questão qualquer ou considerando uma filosofia, perguntem a si mesmos apenas
quais são os fatos e quais as verdades que os fatos revelam. Nunca se deixem guiar pelos seus pró-
prios desejos, pelo que gostariam de acreditar ou pelo que acham que traria benefícios à sociedade
se fosse acreditado. Olhem apenas e somente para quais são os fatos. O aspecto moral que gostaria
de mencionar é muito simples: o amor é sábio, o ódio é tolo. Neste mundo mais e mais interconectado,
temos que aprender a tolerar uns aos outros. Temos que aceitar o fato de que algumas pessoas dizem
coisas de que não gostamos e que somente podemos viver juntos desta maneira. Se quisermos viver
juntos e não morrer juntos, precisamos aprender a bondade da caridade e da tolerância. Isto é abso-
lutamente vital para a continuidade da vida neste planeta.“
Sábias e muito contundentes palavras. Não acham? Filósofos têm essa característica. São capa-
zes de nos trazer grandes reflexões a partir de pontos de vista aparentemente simples, como os
apontados por Lorde Russel.
A menção ao filósofo não foi ao acaso. Vivemos um período turbulento em que nos deixamos
levar por nossas emoções, por nossas percepções, por nossas crenças e, por vezes, nos esque-
cemos que essas mesmas características estão presentes em todas as pessoas. Ao não conside-
rarmos a relevância de tais diferenças, deixamos de praticar a recomendação moral de Lorde
Russel, a de sermos tolerantes uns com os outros. Tenho visto amizades serem rompidas, grupos
serem desfeitos, ofensas serem proferidas em nome de convicções que, na verdade, são muito
difíceis de serem totalmente comprovadas.
A partir destas reflexões iniciais, derivo para a Higiene Ocupacional, ciência que, como sabe-
mos, dedica-se a antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos presentes nos
ambientes de trabalho associados aos agentes físicos, químicos e biológicos. A correlação que
encontro entre a Higiene Ocupacional e as relevantes reflexões do filósofo britânico diz respeito
a todo um desenvolvimento técnico-científico, baseado em fatos, que nos trouxe até a aplicação
atual desta ciência à proteção dos trabalhadores, mesmo considerando as incertezas de todo o
conhecimento a ela associado.
Todos sabemos que a partir das técnicas e conhecimentos atualmente disponíveis é quase im-
possível determinar a exposição real de trabalhadores a agentes nocivos presentes nos variados
ambientes de trabalho em que desenvolvem suas atividades. Toda a metodologia proposta para
a avaliação da exposição ocupacional se baseia na tentativa da obtenção de uma estimativa de
exposição do trabalhador baseada em amostragens colhidas nos mencionados ambientes. Ou
seja, há uma considerável distorção entre a exposição real e a exposição estimada dos trabalha-
dores. Esta importante discrepância acaba por ser considerada nas propostas dos LEOs oriundas
dos mais diversos estudos científicos constantemente realizados. Ou seja, não há certeza sobre a
própria aplicação dos LEOs no que diz respeito à proteção de todo e qualquer trabalhador expos-
to a um agente ambiental nocivo. Tanto é assim que em suas “bulas” os LEOs propostos trazem
advertências sobre sua aplicação e eficácia, tais como:
· “LEOs não são padrões de consenso e devem ser considerados como expressão da opi-
nião científica. São valores de referência técnica e, portanto, não são fronteiras exatas
entre a exposição segura e a insegura.”;
· “LEOs representam o conhecimento à luz da ciência atual e não devem ser aplicados para
trabalhadores hipersensíveis ou susceptíveis a agravamentos de situações pregressas.”
Agregando-se a esta consideração sobre a inexatidão dos parâmetros utilizados, LEOs, para a
comparação com as intensidades ou concentrações dos agentes, respectivamente, físicos ou quí-
micos, presentes nos ambientes, tem-se a incerteza das próprias metodologias utilizadas para as
coletas realizadas nos ambientes de trabalho, sabidamente influenciando os resultados e conclusões
finais a complicar ainda mais a questão. Mesmo com a aplicação de indicações técnicas e ferramentas
estatísticas para minimizá-las, os resultados obtidos nas avaliações ambientais não são 100% seguros.
As mais rigorosas indicações estatísticas relativas à aceitação de resultados a partir de amostragens
ambientais preconizam que se adote o percentil 95 com 95% de confiança. Ou seja, 95% de confiança
de que a exposição do verdadeiro percentil 95 é menor que o LEO do agente em estudo. Sem dúvida, a
escolha desse critério traz maior proteção aos trabalhadores cujas exposições estão sendo avaliadas,
embora difícil de ser adotado em todos os casos.
Em resumo e a partir do exposto até aqui, causa-me estranheza que alguns profissionais como nós,
umbilicalmente associados ao conhecimento técnico-científico, questionemos tanto as incertezas que
ora enfrentamos, por exemplo, em relação à eficácia das vacinas contra a COVID-19. Todos sabemos
que não existe risco zero e que todos aceitamos correr algum risco para atingirmos nossos objetivos.
A questão é escolher quais os riscos aceitamos e a quais não iremos nos submeter. Particularmente,
a exemplo da utilização que há décadas faço dos LEOs em avaliações ambientais, mesmo sabendo
de suas limitações, sou favorável e já tomei três doses de vacinas contra a COVID-19, embora tenha
tido acesso às advertências sobre efeitos colaterais possíveis. Ou seja, para mim, o custo-benefício é
positivo. Não obstante, voltando ao aprendizado que nos deixou Lorde Russel, ao praticar a tolerân-
cia que nos garante a possibilidade do convívio social sadio, não desejo impor minhas convicções a
ninguém, senão manifestá-las, sempre disposto a ouvir contra-argumentações. Em acréscimo, creio
que não devamos fomentar o negacionismo, tão em voga e que não nos permite ao menos avaliar
opiniões contrárias às nossas. Mais perverso ainda é o negacionismo sem embasamento técnico ou
científico que nos coloca na posição de emissores apenas de opiniões. Profissionais que cotidiana-
mente trabalham com conhecimentos técnico-científicos, construídos pela acumulação dos saberes
da humanidade, não podem desprezá-los.
Em tempo de negacionismo e embora o tema não tenha relação direta com a Higiene Ocupacional,
quero deixar aqui registrada minha perplexidade quando um dia desses assistia ao jornal “Globo
News em Ponto”. Os jornalista Otávio Guedes e Júlia Dualib, radicais combatentes do negacionismo,
discorriam sobre tema em que não têm o mínimo de conhecimento, enfatizando as desvantagens e
dificuldades que as tomadas de três pinos trouxeram para os brasileiros. Um pouco mais de pesquisa
os conduziria a fatos como: algumas centenas de brasileiros que todos os anos morrem por choques
elétricos em suas residências, incêndios provocados por instalações elétricas inadequadas e tantos
outros que atestam a necessidade de um padrão mais seguro, como o adotado no Brasil. Mesmo sa-
bendo das dificuldades que alterações como esta trazem às pessoas, neste caso, o custo-benefício é
amplamente favorável. Basta verificar os fatos e não ser, a priori, negacionista.
(*)
Publicado anteriormente na Revista Proteção, Coluna de Higiene Ocupacional, edição n.o 363, março de 2022.
Berenice I. F. Goelzer
Membro honorário da ABHO
“O tema da Sustentabilidade por meio da ‘Agroecologia’, como apresentado na Revista 66 pela jor-
nalista Helena Lima, poderia ser ampliado, informando que, apesar das vantagens para o meio
ambiente, esbarra na questão econômica e de produtividade. Qualquer produto chamado de
orgânico custa muito mais caro, o que impede o seu consumo pela população pobre. A chamada
agricultura familiar é praticamente um estilo de vida ou uma utopia para intelectuais. Recente-
mente, estive no agreste de Pernambuco e encontrei famílias que, no máximo, plantam milho e
feijão. O cenário era de tristeza, porque as crianças eram malnutridas e só tinham alimentação
se os pais recebessem ajuda do Governo.
Outra experiência foi quando visitei uma fazenda de leite orgânico nos EUA. Todo o processo
para alimentar o gado, evitar tratamento com antibiótico e obter certificação era surreal.
A realidade é que a produção desenfreada de grãos e proteínas é muito difícil de ser contida.
Pagaremos o preço da destruição do meio ambiente. Quem já teve oportunidade de viajar para o
interior de Mato Grosso não consegue ficar impassível aos quilômetros e quilômetros de fazen-
das de soja, milho e algodão. A vegetação natural ficou reduzida ao mínimo. Tudo isso para quê?
Alimentar milhões e milhões de pessoas.
No meu entendimento, o equilíbrio entre consumo, desperdício e preservação da natureza é de
vital importância para o futuro da humanidade. O agricultor que desprezar a aplicação dos cha-
mados agrotóxicos dificilmente pagará as suas contas.
‘A pior coisa do mundo é a fome!’, escreveu Carolina Maria de Jesus em seu livro Quarto de des-
pejo: diário de uma favelada.”
“Recebi a última Revista da ABHO focada nos agrotóxicos (ou defensivos para alguns). Devo dizer
que gostei de seu conteúdo.
O artigo do professor Sérgio Colacioppo é didático para os higienistas que se iniciam nesta ma-
téria. Concordo com seu pensamento e conceitos, já presenciei muitos trabalhos nas fazendas e
experimentei as dúvidas de fazer ou não avaliação quantitativa de alguns princípios ativos.
Para acrescentar algo novo, já temos acesso por aqui a alguns métodos de análise que foram
padronizados para agrotóxicos. São as análises mais procuradas, todas elas processadas por
HPLC (cromatografia líquida de alta eficiência): Glifosato; 2,2,4 D; Pirimifos-metil; Diuron; Captan;
Fipronil; Carbofuran; Methomyl; Carbendazim.”
AIHA:
Uma nova emenda à Diretiva de Carcinógenos e Mutagênicos da União Europeia de 2004 incluiu
um Limite de Exposição Ocupacional (LEO) revisado para benzeno, bem como dois novos LEOs
para acrilonitrila e níquel e seus compostos. Esta atualização marca a quarta revisão da diretiva,
que estabelece concentrações máximas de produtos químicos cancerígenos no ar do local de
trabalho.
Fonte:https://www.aiha.org/news/220407-eu-revises-oel-for-benzene-adds-new-oels-for-two-substances.
Fonte:
Acesso em: 20 jun. 2022.
A Environmental Protection Agency (EPA) propôs uma nova regra que proibirá a fabricação, a im-
portação, o processamento, a distribuição no comércio e o uso comercial do amianto crisotila, a
única forma conhecida de amianto atualmente importada pelos Estados Unidos.
A Occupational Safety and Health Administration (OSHA) anunciou o primeiro Programa Nacional
de Ênfase (NEP) destinado a proteger os trabalhadores dos EUA de doenças e lesões causadas
pelo calor. O Secretário do Trabalho e a Vice-presidente americana reuniram-se em um evento na
Filadélfia, Pensilvânia, para lançar o novo programa. Disponível em: https://www.osha.gov/sites/
default/files/enforcement/directives/CPL_03-00-024.pdf . Acesso em: 5 jul. 2022
Fonte: https://www.aiha.org/news/220414-osha-launches-national-emphasis-program-for-heat-
hazards. Fonte: AIHA®
Um novo projeto de perfil toxicológico para o mercúrio está agora disponível para revisão e
comentários públicos pela Agência para Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças (ATSDR).
De acordo com a ATSDR, o mercúrio é usado em várias indústrias, especialmente na fabricação
de eletrônicos e iluminação fluorescente. Disponível em: https://www.atsdr.cdc.gov/toxprofiles/
tp46.pdf. Acesso em: 5 jul.2022
Minutas de outros projetos de perfis toxicológicos também estão disponíveis para cobre; nitro-
benzeno sintético, usado para produzir outros produtos químicos ou para dissolver produtos
químicos durante a fabricação; e nitrofenóis, que incluem três compostos químicos. Os nitrofe-
nóis são fabricados e usados na produção de corantes, borracha, produtos químicos fotográficos,
medicamentos, pesticidas e fungicidas, segundo a ATSDR.
Fonte: AIHA®
Na primeira de três sessões técnicas da American Industrial Hygiene Conference and Expo (AIHce)
de 2022 sobre o papel do higienista industrial em uma pandemia, a cientista de bioaressóis do
Laboratório de Física Aplicada da Universidade John Hopkins, Dra. Quinn Aithinne, descreveu a
amostragem de bioaerossóis como “[...] provavelmente um dos processos mais ineficientes em
higiene industrial, já que qualquer um que esteja respirando é uma fonte potencial [...]”. Consta-
ta-se que decidir onde coletar uma amostra é altamente incerto, e os tamanhos das amostras são
geralmente baixos. Muitas vezes, o laboratório analítico não consegue detectar nenhum vírus na
amostra. “Zeros (isto é, não detecções) são um grande problema.”
NIOSH:
O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) publicou recentemente uma
versão revisada de um recurso da agência destinado a ajudar os hospitais a implementar eficazes
programas de proteção respiratória (PPR). Intitulado Hospital Respiratory Protection Toolkit:
Resources for Respiratory Program Administrators, foi publicado originalmente em 2015 e enfatiza
a prevenção da transmissão de doenças por aerossóis aos profissionais de saúde.
Fonte: https://www.aiha.org/news/220421-niosh-revises-resource-on-respiratory-protection-programs-
for-healthcare-workers. Acesso em: 20 jun. 2022.
INDUSTRIALHYGIENEPUB.COM:
Fonte: https://industrialhygienepub.com/dust-fume-control/frequently-asked-questions-controlling-
dangerous-dusts-generated-during-packaging-processing/. Acesso em: 20 jun. 2022.
As últimas tendências na revisão das nor- Adiante, será abordada a qualidade desses
mas regulamentadoras da legislação brasi- descritores e apresentada uma proposta que
leira têm aplicado os conceitos estatísticos pretende aproveitar as boas práticas mun-
e utilizado diferentes descritores de exposi- diais na definição de parâmetros regulató-
ção. Como apontaremos, os vários descrito- rios modernos da exposição para benefício
res estatísticos como se apresentam nas pro- das normas regulamentadoras brasileiras.
postas em consulta pública sobre a NR-09 e
a NR-15 podem causar controvérsia, alguma Para uma melhor análise encontram-se na
desorientação e dificuldades de decisão. Tabela 1 os descritores estatísticos constan-
tes das singulares e recentes propostas de
Acreditamos que haverá certa confusão e revisão dos anexos de agentes químicos
situações em que uma alternativa de avalia- da NR-09 (BRASIL, 2022a) e NR-15 (BRASIL,
ção indique adequação, enquanto outra não, 2022b), bem como na NR-07 (BRASIL, 2022c)
de modo a aumentar a insegurança jurídica em vigor e recentemente atualizada.
e a dificultar a gestão das exposições e pro-
Avaliação da exposição
Proposta NR-09: itens a partir de dados de
Média geométrica (MG) [vide item 1 deste
6.7.1.1, 6.7.1.1.1, 6.7.1.1.2 e monitoramento com 3 a 5
artigo].
6.7.1.1.3 amostras [vide item 1.4 e
subitens].
Avaliação da exposição
Limite superior da mediana, calculado por
Proposta NR-09: item a partir de técnicas ou
método com confiança estatística de 95%
6.6 ferramentas de modelagem
(LSM) [vide item 3 deste artigo].
[vide item 2].
(*)
Higienista Ocupacional Certificado, HOC 0103. Especialista registrado pela AIHA em Exposure Decision Analysis (EDA Registry
ID# 29355). Membro do Conselho Técnico da ABHO. Membro da ACGIH®, AIHA® e BOHS.
(**)
Engenheiro de Segurança do Trabalho. Higienista Ocupacional Certificado, HOC 0005. Vice-presidente de Estudos e Pesquisas
da ABHO.
Avaliação da exposição
Limite superior da média aritmética
a partir de dados de
Proposta NR-09: item estimada para uma distribuição lognormal
monitoramento com 6 ou
6.7.1.2 com confiança estatística de 95% (LSC 1,95%)
mais amostras [vide item 1.4 e
[vide item 1 deste artigo].
subitens].
Avaliação de condição
Proposta NR-15: item 3.1 Média aritmética [vide item 1 deste artigo].
insalubre.
Limite superior do intervalo de confiança
Definição da periodicidade
da média aritmética estimada para uma
de exames radiológicos para
NR-07: quadros 1 e 2 distribuição lognormal com confiança
expostos à sílica, ao asbesto e
estatística de 95% (LSC) [vide item 1 deste
ao PNOS.
artigo].
CLSC (95%) ou percentil 95 = concentração
Definição da periodicidade
calculada estatisticamente com limite
NR-07: quadro 3 de exames radiológicos para
superior de confiança 95% (sic) [vide item 1
expostos ao PNOS.
deste artigo].
Fontes: Brasil (2022a); Brasil (2022b); Brasil (2022c).
Consideração para gestão das exposições Por exemplo, se tivermos um conjunto de da-
dos com desvio padrão geométrico (DPG) de
• Atualmente, conforme tendências mun- aproximadamente 3,5 (alta variabilidade da
diais, não há como ignorar um proces- exposição), a média geométrica pode ser in-
so racional, gradativo e econômico que ferior a metade da média aritmética. Se qual-
considere uma abordagem por camadas, quer valor individual for matematicamente
sendo que cada etapa permita uma to- “zero”, a MG será ZERO.
mada de ação acerca da necessidade de
controle ou partindo para coleta de in- A média aritmética é a medida de tendên-
formação adicional na etapa seguinte. cia central que mais superestima a exposi-
Esta tendência racional deve ser consi- ção. Ademais, não é um parâmetro adequa-
derada pragmaticamente no arcabouço do, isoladamente, para gestão da exposi-
regulatório. Ampliaremos esta premissa ção e prevenção de doenças ocupacionais
mais à frente. (PERKINS, 2008a). Observe-se que é melhor
superestimar, a favor do trabalhador, do que
BASES CONCEITUAIS PARA AS CONSIDERA- subestimar. Por isso a AIHA usa a MVUE, vis-
ÇÕES DADAS ta adiante.
zando-se 3 (três) a 5 (cinco) amostras. Haverá pelo menos 6 amostras baseado no UTL95%,70% ,
conformidade, se houver: conforme o apêndice IV (CEN, 2018).
• 3 (três) amostras inferiores a 10% do LEO; Como pode ser visto no apêndice IV, a Va-
• 4 (quatro) amostras inferiores a 15% do LEO; ou riável UR calculada a partir do conjunto de
• 5 (cinco) amostras inferiores a 20% do LEO. dados de monitoramento é comparada com
os valores de U T tabelado, em função do nú-
Caso as amostras sejam superiores aos limia- mero de amostras, para demonstrar a con-
res supracitados, mas inferiores ao LEO, é ne- formidade.
cessário um teste estatístico final com pelo
menos 6 (seis) amostras que podem incluir Se UR é maior ou igual do que U T, há con-
as amostras já coletadas no teste preliminar, clusão de conformidade da exposição com o
bastando que se complete com as faltantes. LEO e se UR é menor do que U T, há conclusão
As amostras serão aleatórias. de inconformidade da exposição com LEO.
1
Disponível em: www.expostats.ca. Acesso em: 2 jul. 2022.
2
Disponível em: www.bsoh.be/?q=nl/bwstat. Acesso em: 2 jul. 2022.
3
Disponível em: www.bsoh.be/downloads/BWStatv2.xlsb. Acesso em: 2 jul. 2022.
O LSM foi proposto como descritor para esti- parâmetro do modelo e tem-se como
4
Disponível em: www.insst.es/evaluacion-exposicion-agentes-quimicos/Agentes-qu%C3%ADmicos-Evaluaci%C3%B3n-de-la-exposici%C3%B3n/
VLAED. Acesso em: 2 jul. 2022.
5
Disponível em: www.aiha-assets.sfo2.digitaloceanspaces.com/AIHA/resources/Public-Resources/IHMOD_2_0.xlsm. Acesso em: 2 jul. 2022.
tazzini). Mais informações sobre os modelos para obter informações acerca da exposição
podem ser obtidas no Apêndice V (AIHA, possui:
2018).
• vantagens econômicas;
O IH SkinPerm TM 6
é um produto do trabalho • otimização de tempo e
do AIHA Exposure Assessment Strategies • priorização e velocidade da tomada de
Committee (EASC) e o Dermal Project Team decisão.
(DPT) em colaboração com Wil F. ten Berge,
autor do modelo original SkinPerm. Embora Um esquema sugestivo de abordagem por
vários parâmetros e saídas de dados camadas que inclua as variadas ferramentas
tenham sido explicados ou definidos no IH para estimativa da exposição foi organiza-
SkinPerm , o profissional deve recorrer ao
TM
do e se apresenta na Figura 1. A seleção das
Capítulo 13 do livro Mathematical Models ferramentas deve ser gradual, à medida que
for Estimating Occupational Exposure to for necessário para fundamentar a tomada
Chemicals, 2ª edição, AIHA. (SAHMEL; de decisão, iniciando-se pelas ferramentas
BOENIGER; KNUTSON; TEN BERGE; mais simples até àquelas que apresentem
FEHRENBACHER, 2009; AIHA, 2022b). mais robustez. Observe-se que isto permiti-
ria otimização de recursos escassos. A deci-
4 Abordagem por camadas para uma propo- são que se consolida ao longo das camadas
sição abrangente não precisa, necessariamente, ir à camada
final (avaliação quantitativa estruturada), se
Discutimos a seguir como uma abordagem há evidências documentadas e aceitas para
por camadas para a “Gestão das Exposições” tal. As abordagens mais finas e detalhadas
poderia ocorrer. Sua inclusão no arcabouço poderão ser, contudo, requeridas, sobretudo
regulatório é altamente recomendável. En- no caso dos GES críticos (Percentil 95 supe-
tendemos que este seria um foco comple- rior a 10% do LEO, até 100% do LEO).
mentar importante, além da nossa proposi-
ção do descritor regulatório (UTL95%,70%) e do
procedimento de decisão que apresentamos
centralmente.
Uma estrutura de abordagem por camadas
6
Disponível em: www.aiha-assets.sfo2.digitaloceanspaces.com/AIHA/resources/IHSkinPerm.xlsm. Acesso em: 2 jul. 2022.
6
Quantitativa estruturada
5
Quantitativa
4
Modelagem Matemática
2 3
Qualitativa
1
Sem avaliação
# Ferramentas
Medições que não fazem parte de um raciocínio estruturado, sem estratégia definida e sem um
5
grau definido de confiança.
NOTA: (*) Durante a coleta de amostras para compor o conjunto mínimo de dados para o teste preliminar (3 ≤ n ≤ 5) e o teste estatístico final
(n ≥ 6), cada amostra adicional deve ser submetida ao teste básico de inconformidade (>LEO). Isso significa que qualquer amostra adicional
que seja superior ao LEO incorre em interrupção da campanha de monitoramento, em conclusão de inconformidade do teste e implementa-
ção de medidas de controle.
APÊNDICES
Apêndice I – Cálculo do MVUE
O MVUE pode ser calculado por método iterativo (MULHAUSEN; DAMIANO, 1998; IGNACIO;
BULLOCK, 2006) ou por método tabular (PERKINS, 2008a). A equação a seguir permite cal-
cular o MVUE com três algarismos significativos para tamanhos de amostra de 5 a 500 e
DPG de 2 a 5:
O regulamento francês, com base nos estudos do INRS (2008), estabelece que:
O UTL95%,70% pode ser calculado para uma distribuição lognormal pela seguinte equação:
O UTL95%,70% pode ser calculado para uma distribuição normal pela seguinte equação:
O teste estatístico final conclui inconformidade com o LEO, se UR é menor do que U T, ou seja:
· UTL95%,70% > LEO; ou
· O limite superior de confiança de 70% da fração de excedência > 5%.
7
Disponível em: www.aiha-assets.sfo2.digitaloceanspaces.com/AIHA/resources/StrategyBook4/Appendix-IV/EXPASSVG-
IHSTATmacrofree.xls. Acesso em: 2 jul. 2022.
A EN 689:2018 propõe técnicas de análise de dados censurados (<LQ), apesar de haver inú-
meros métodos modernos e acessíveis para tratá-los que podem ser integrados ao teste de
estatístico, como: técnica bayesiana, regressão log probit, estatística de ordem (disponível
no aplicativo web NDExpo8), não paramétricos e estimativa de máxima verossimilhança
(HEWETT, 2015a; LAVOUÉ et al., 2019; ESPUM, 2022).
O Control of Substances Hazardous to Health – COSHH Essentials foi criado, em 1999, pelo
Health and Safety Executive – HSE. O COSHH Essentials10 baseado nas bandas de controle
8
Disponível em: www.expostats.ca/site/app-local/NDExpo. Acesso em: 2 jul. 2022.
9
Disponível em: www.stoffenmanager.com. Acesso em: 2 jul. 2022.
10
Disponível em: www.hse.gov.uk/pubns/guidance/coshh-technical-basis.pdf. Acesso em: 2 jul. 2022.
A Advanced REACH Tool – ART 13 foi conduzida em colaboração com uma série de partes
interessadas da indústria e dos estados membros. A utilização da ART para a avaliação da
exposição dos trabalhadores está descrita nas orientações atualizadas sobre requisitos
de informação e avaliação de segurança química da ECHA (European Chemicals Agency).
A ART é um modelo mecanicista de exposição por inalação e um recurso estatístico para
atualizar as estimativas com medições selecionadas de um banco de dados de exposição
embutido ou dos próprios dados do usuário. Essa combinação de estimativas do modelo
e dos dados produz estimativas mais refinadas de exposição e incerteza reduzida. Atual-
mente, a ART é calibrada para avaliar a exposição a poeira, vapores e névoas inaláveis.
11
Disponível em: www.ilo.org/legacy/english/protection/safework/ctrl_banding/toolkit/icct. Acesso em: 2 jul. 2022.
12
Disponível em: www.baua.de/DE/Themen/Arbeitsgestaltung-im-Betrieb/Gefahrstoffe/EMKG/Einfaches-Massnahmenkonzept-
EMKG_node.html. Acesso em: 2 jul 2022.
13
Disponível em: www.art-reach.org. Acesso em: 2 jul. 2022.
14
Disponível em: http://arquivosbiblioteca.fundacentro.gov.br/exlibris/aleph/a23_1/apache_media/
ABNNU3GBPRRQGG9DFP9MXBRBAQFE91.pdf. Acesso em: 2 jul. 2022.
Em estatística, outliers são valores atípicos dentro de um conjunto de amostras que podem causar
irregularidades no tratamento dos dados e na obtenção de descritores estatísticos.
O Teste Q foi desenvolvido em 1951 por Robert B. Dean and Wilfrid J. Dixon e apresenta simplici-
dade para classificar a amostra como outlier. O teste difere por ser uma alternativa objetiva, da
observação e do julgamento subjetivo do emparelhamento no gráfico de probabilidade da reta
de regressão sobre as amostras. Esse teste assume uma distribuição normal e é aplicado para
as amostras com valores máximos ou mínimos do conjunto de dados, e cada uma em momentos
distintos.
O Teste Q consiste, após ordenação dos dados, em calcular a valor estatístico Qcalculado, sendo este
a amplitude (gap) existente entre o maior ou menor valor com o seu respectivo valor mais próxi-
mo dividida pela amplitude total (range) da base de dados, ou seja:
gap
Q calculado =
range
Em seguida, essa razão é comparada com valores Qcríticos, tabelados a seguir, com determinado
nível de confiança. A literatura recomenda 90% de confiança.
Número de
3 4 5 6 7 8 9 10
amostras (n)
Higienista Ocupacional Certificado, HOC 0103. Especialista registrado pela AIHA em Exposure Decision Analysis (EDA Registry
(*)
ID# 29355). Membro do Conselho Técnico da ABHO. Membro da ACGIH®, AIHA® e BOHS.
Se Qcalculado > Qcrítico, o valor deve ser considerado um outlier. Por outro lado, se Qcalculado < Qcrítico, o
valor não deve ser considerado um outlier.
1º Exemplo
Portanto, Qcalculado > Qcrítico, logo a concentração máxima deve ser considerada um outlier, se for
assumida uma distribuição normal do perfil de exposição.
2º Exemplo
Na Figura 4, pelo gráfico de probabilidade de distribuição lognormal, verifica-se que a reta está
bem ajustada entre as amostras, bem como que a concentração máxima (23) não desemparelha
a reta de regressão em relação aos demais valores.
Portanto, Qcalculado < Qcrítico, logo a concentração máxima não deve ser considerada um outlier, se a
distribuição do perfil de exposição for assumida como lognormal.
Referências:
(*)
Higienista ocupacional certificada, HOCL0009.
(OMS) focará a atenção global nas ações urgentes e necessárias para manter os seres humanos
e o planeta saudáveis[...]A poluição do ar mata 13 pessoas a cada minuto devido ao câncer de
pulmão, doenças cardíacas e derrames”.
É importante lembrar que, há 30 anos, a OMS publicou o “Relatório da Comissão da OMS sobre
Saúde e Meio Ambiente: Nosso Planeta, Nossa Saúde” (OMS, 1992a), sobre exatamente o mesmo
tema. Esse relatório foi resultado do trabalho da Comissão, com representantes de inúmeros países,
apoiado por quatro painéis sobre “Alimentos e Agricultura”, “Energia”, “Indústria” (OMS, 1992b) e
“Urbanização”. A admirável Simone Veil, presidente da Comissão, escreveu na Apresentação do
Relatório: “[...] as conclusões da Comissão são inequívocas[...]o tipo de desenvolvimento necessário
para proteger a saúde depende de muitas condições incluindo respeito pelo meio ambiente,
enquanto desenvolvimento sem respeito pelo meio ambiente resultaria inevitavelmente em
dano à saúde humana”. Esse relatório foi apresentado à Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (Rio 92), que retomou
os princípios da Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente de 1972, que, por sua vez,
representou a primeira tomada de consciência global nessa área.
Cabe mencionar a publicação “Our Common Future”, também conhecida como “Brundtland
Report” (WDCE, 1987) que, apesar de ser mais focada em saúde ambiental, também contempla
a importância da saúde dos trabalhadores: “Os regulamentos e normas devem reger assuntos
tais como poluição do ar e da água, gerenciamento de resíduos, saúde ocupacional e segurança
dos trabalhadores, energia, eficiência dos produtos e processos no uso de recursos, fabricação,
comercialização, uso, transporte e descarte de substancias tóxicas.”
Da Rio 92, resultaram a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, principal
documento de princípios adotado pela conferência — que retomou e aprofundou, em novos
termos, a Declaração de Estocolmo de 1972, e a “Agenda 21”, um plano de ação com o objetivo de
assegurar a proteção de nossa saúde e a do planeta ao longo do século 21 (UNEP, 1993), por meio
de ações locais e globais.
Em 2002, a ONU fez recomendações para a implementação da Agenda 21, considerando o relatório
do “World Summit on Sustainable Development” (Johannesburg, South Africa, Agosto 2002). Um
ponto importante foi a seguinte afirmativa: “[...]educação é um elemento indispensável parta
atingir um desenvolvimento sustentável[...]”, o que inclui formação de profissionais competentes
nas áreas técnicas e de saúde necessárias bem com educação do público em geral a fim de criar
uma “cultura de prevenção”. Aliás, há referência a desenvolvimento de recursos humanos em
vários Relatórios que indicam que sua falta é “[...]o maior obstáculo ao progresso em se tratando
de riscos ambientais à saúde[...]”.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, 2012, Rio
de Janeiro, marcou os 20 anos de realização da Rio-92 e contribuiu para definir a agenda do
desenvolvimento sustentável para as próximas décadas, inclusive avaliação do progresso e das
lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto.
Tem havido progressos nestas últimas décadas, entretanto vários problemas relacionados com
o meio ambiente se agravaram em nível global, por exemplo, câncer devido à poluição dentro e
fora dos locais de trabalho, aquecimento global e perda em biodiversidade.
Existem muitos obstáculos para a implementação de ações preventivas abrangentes, mesmo quando
as soluções são conhecidas, como, por exemplo, a falta de vontade política e da participação direta
dos gestores nas ações, a escassez de recursos humanos e financeiros, entre outros.
Além disso, efluentes e resíduos dos processos de trabalho devem ser controlados na fonte,
obedecendo ao princípio de que não é aceitável transferir contaminantes de um compartimento
ambiental a outro. Muitas das ações preventivas visando locais de trabalho e o meio ambiente
são interligadas.
Os higienistas ocupacionais devem ter uma visão ampla, além do local de trabalho e da proteção
dos trabalhadores, visando também à proteção do meio ambiente, imediato e global, e das
comunidades, como diz sua definição clássica, sendo essa sua importante contribuição à saúde
do planeta.
Referências
OMS/OPAS (2022) “Nosso planeta, nossa saúde: 07/4 – Dia mundial da Saúde”, Disponível on-line:
https://bvsms.saude.gov.br/nosso-planeta-nossa-saude-07-4-dia-mundial-da-saude/ . Acesso em:
30 jun. 2022.
OMS (1992a) “Report of the WHO Commission on Health and Environment – Our planet, our health
(Relatório da Comissão da OMS sobre Saúde e Meio Ambiente: Nosso planeta, nossa saúde”,
Organização Mundial da Saúde, Genebra. Disponível on-line: https://apps.who.int/iris/bitstream/
handle/10665/37933/9241561483.pdf?sequence=1&isAllowed=y . Acesso em: 30 jun. 2022.
OMS (1992b) “WHO Commission on Health and Environment - Report of the Panel on Industry”
(Comissão da OMS sobre Saúde e Meio Ambiente - Relatório do Painel sobre Indústria)”,
Organização Mundial da Saúde, Genebra. Disponível on-line: https://apps.who.int/iris/bitstream/
handle/10665/61444/WHO_EHE_92.4_%28part1%29.pdf?sequence=1&isAllowed=y . Acesso em: 30
jun. 2022.
PNUMA (UNEP, 1993) “ United Nations Conference on Environment and Development - AGENDA 21”
(Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Agenda 21) Disponível
on-line (em inglês): https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/Agenda21.pdf.
Acesso em: 30 jun. 2022. Em português (pelo Ministério do Meio Ambiente): https://antigo.mma.
gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global.html . Acesso em: 30 jun.
2022.
WCED (1987) “Our Common Future: Report of the World Commission on Environment and
Development, Disponível on-line: https://www.are.admin.ch/are/en/home/media/publications/
sustainable-development/brundtland-report.html . Acesso em: 30 jun. 2022.
store.abho.org.br
Até agora eram quatro os “Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho” que constavam na
Declaração da OIT adotada em 1998:
FONTE: https://www.ilo.org/global/about-the-ilo/newsroom/news/WCMS_848141/lang–es/index.htm
Acesso em: 30 jun. 2022.
Revista ABHO / Edição 67 2022 61
DIA MUNDIAL DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
Neste ano, o tema explorado é a participação e o diálogo social na criação de uma cultura posi-
Vamos agir em conjunto para
tiva de segurança e saúde. A campanha oficial da OIT se intitula “Vamos
construir uma cultura positiva de segurança e saúde no trabalho”.
trabalho
A mensagem da Organização é que somente por meio de um diálogo social eficaz, governos e
organizações de trabalhadores e de empregadores podem participar ativamente em todas as
fases dos processos de tomada de decisões em matéria de SST.
Perante essas estimativas e à medida que se continua a viver uma crise global de saúde e a enfrentar
riscos contínuos no mundo do trabalho, é mais do que necessário avançar para a construção de uma
cultura forte de segurança e saúde em todos os níveis.
No local de trabalho, uma cultura forte de SST é aquela em que o direito a um ambiente de trabalho
seguro e saudável é valorizado e promovido tanto pela gestão como pelos(as) trabalhadores(as). Por
meio desse entendimento, o direito tornou-se um princípio fundamental para os Estados-Membros da
OIT em 2022.
Servicio de Administración del Trabajo, Inspección del Trabajo y Seguridad y Salud en el Trabajo
e mortes relacionadas ao trabalho referentes à exposição a
Departamento de Gobernanza y Tripartismo
Nessas diretrizes, define-se como “[...] risco biológico qualquer microrganismo, célula ou outro
material orgânico que possa ser de origem vegetal, animal ou humana, incluindo qualquer que
tenha sido geneticamente modificado e que possa causar danos à saúde humana [...]”, o que pode
incluir, entre outros, bactérias, vírus, parasitas, fungos, príons, materiais de DNA, fluidos corpo-
rais e outros microrganismos e seus alérgenos e toxinas associadas.
Pelo Brasil, acompanharam a reunião dois auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Previ-
dência.
Fonte: https://www.ilo.org/global/about-the-ilo/newsroom/news/WCMS_849730/lang--es/index.htm.
Acesso em: 29 jun. 2022
Neste ano, não se poderia deixar de registrar a data de 5 de junho na Revista ABHO pela
importância das comemorações de 2022. Já se passaram 50 anos desde que a população mundial
Conferência das Nações Unidas sobre o
viu o assunto ser levado a sério por diversos países na “Conferência
Meio Ambiente Humano”
Humano de 1972. Nessa Conferência realizada em Estocolmo, reconhecida como
o primeiro encontro internacional sobre o meio ambiente, se estimulou a formação de órgãos
ministeriais e agências ambientais em todo o mundo e se deu início a diversos acordos globais
para proteger coletivamente o meio ambiente. Além disso, foi onde foi iniciado o caminho para
serem traçados os atuais 17 “Objetivos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”,
Sustentável com a proposta de
sinergia entre a redução da pobreza e a proteção ambiental.
O “Dia
Dia Mundial do Meio Ambiente”
Ambiente foi concebido institucionalmente na primeira Conferência de
Estocolmo, com seu marco comemorativo a 5 de junho de 1973. Essa data internacional da ONU
envolve governos, empresas, sociedade civil, escolas, celebridades, cidades e comunidades,
com o objetivo de sensibilizar e celebrar a ação ambiental. Atualmente se caracteriza como uma
plataforma global voltada para alcançar mudanças positivas no sentido de proteção do meio
ambiente e tem a participação de mais de 150 países.
A ABHO não poderia deixar de promover a data, que, em 2022 se apresenta novamente com o
tema “Uma
Uma Só Terra”.
Terra
Ressaltamos que muitos dos que nos leem eram adolescentes quando a questão ambiental
começou a ganhar força, e hoje as principais discussões deste ano na Conferência do Meio
Ambiente realizada na Suécia aconteceram com os jovens, visando seu futuro. Não se pode voltar
ao tema daqui a 50 anos sem uma verdadeira comemoração!
APP HO
Todavia, cabe salientar que, desde 1994, há no Brasil, para fins de gestão de riscos ocupacionais,
a possibilidade do uso dos limites de exposição ocupacional previstos pela American Confe-
rence of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH®), conforme dispõe o item 9.6.1.1 da Norma
Regulamentadora – NR-09 “Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos,
químicos e biológicos”, apesar de ser uma disposição transitória na atual versão da NR-09.
(*)
Higienista Ocupacional Certificado, HOC 0117. Bacharel em Ciência e Tecnologia.
O banco de dados do GESTIS está hospedado no site do Institut fur Arbeitsschutz der Deutschen
Gesetzlichen Unfallversicherung (IFA). Este instituto de pesquisas está vinculado ao seguro de
acidentes sociais alemão, responsável pelo desenvolvimento de diferentes estudos relacionados
à prevenção de acidentes laborais, abrangendo não apenas o que tange à Higiene Ocupacional,
mas também à ergonomia, à indústria 4.0, às regulamentações para a sinalização de produtos
perigosos, à inteligência artificial e seus impactos no mundo do trabalho, bem como ao uso de
ferramentas para avaliação de riscos, por exemplo, o GESTIS-Stoffenmanager®, usado para a ava-
liação de riscos e a obtenção de uma estimativa da exposição inalatória aos agentes químicos.
Atualmente, o banco de dados do GESTIS também está disponível para ser vi-
sualizado pelo smartphone, tanto em dispositivos que usam o sistema Android
como iOS. Basta apontar a câmera de um aparelho celular para o respectivo QR
Code do sistema operacional apresentado no site indicado e automaticamente
se é direcionado para fazer o download do aplicativo.
Outra forma usual de encontrar o agente químico de interesse é pelo número de registro no Che-
mical Abstracts Service (CAS); no caso do Tolueno, o CAS é o 108-88-3. Essa informação pode ser
obtida na Ficha de Informações de Produtos Químicos (FISPQ) ou mesmo em sites de pesquisa
como o PubChem1 .
Ao pesquisar pelo nome ou usando o número do CAS, é possível encontrar o Tolueno na res-
pectiva página. Ao clicar sobre o Tolueno, será aberta uma página com os valores de limite de
exposição ocupacional deste agente químico em diferentes países, conforme a imagem a seguir:
Nota-se que, além da especificação sobre o país de origem, existe também o detalhamento sobre
o tipo de limite de exposição ocupacional, ou seja, o limite de exposição média ponderada no
tempo para oito horas, bem como o limite de exposição de curta duração ou teto.
Ao clicar sobre o país de referência do limite de exposição ocupacional, o site do GESTIS direcio-
na para uma página onde o usuário poderá consultar as fontes que deram base para os dados
de consulta, podendo ser ampliadas as referência de pesquisa pelo profissional de higiene ocu-
pacional.
1
Disponível em: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/. Acesso em: 30 jun. 2022.
Caberá também à Fundacentro a capacitação e o auxílio à PGF na elaboração das fichas técni-
cas dos agentes ambientais para uso em processos administrativos e judiciais. Outra atividade
prevista será atender questionamentos técnicos sobre agentes nocivos químicos, físicos e bio-
lógicos. À PGF, caberá identificar temas prioritários para preparação de materiais de orientação
e ações de capacitação e, ainda, indicar os agentes nocivos para elaboração de fichas técnicas.
FONTE: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/assuntos/noticias/noticias/2022/maio/fundacentro-
-fara-capacitacao-tecnica-de-procuradores-federais. Acesso em: 30 jun. 2022.
OBITUÁRIO
É evidente que nos deixou muitos ensinamentos, e agora rezamos para que descanse em paz.
Essa ferramenta está ainda em desenvolvimento e parece que terá um longo caminho de aper-
feiçoamento, pois, até o momento, oferece apenas:
Panificação e Confeitaria;
Açougue e Peixaria.
Por tradição, os brasileiros desconfiam sempre do Governo. Nesse caso, há algumas dúvidas que
merecem esclarecimentos detalhados. Entre elas, não se sabe qual o impacto dessas declarações
para as empresas. Haverá punição, multa, tributação etc. para eventuais condições de risco?
Qual a vantagem disso tudo? Pois se sabe que dificilmente uma pequena empresa e um micro-
empreendedor individual receberão uma auditoria do Ministério do Trabalho.
Sabe-se por definição que não existe risco “zero”. A “Declaração de Inexistência de Risco” é, antes de tudo,
um atentado à inteligência prevencionista. Se alguém testar essa ferramenta, notará que é necessário
dizer “não” para tudo o que for perguntado, caso contrário não será emitida a declaração. Em outras pala-
vras, somente organizações inativas obterão tal declaração. Talvez nem empresas tipicamente de escritó-
rios atenderão os critérios, considerando a dificuldade de informar que não há problemas ergonômicos.
Curiosamente, a ferramenta disponibilizada para o PGR de panificação e confeitaria incorpora
uma matriz de risco que faz o cruzamento de quatro variáveis para determinar três níveis de ris-
co, conforme indicado na Figura 1:
Provável: Medidas de
Provável:
prevenção inexistentes
ou reconhecidamente
inadequadas. Uma
consequência é
esperada com grande
probabilidadae de que
aconteça ou se realize. (Ex.: Risco médio Risco alto Risco alto Risco alto
máquina em desacordo
com a NR-12 e normas
técnicas aplicáveis,
independentemente de
medidas administrativas
complementares, como
procedimentos de trabalho
e segurança).
Ao que consta, a NR-01 não define um modelo de matriz de risco, deixando para as organizações
escolherem o que lhes parece melhor. Sendo assim, o resultado obtido no PGR eletrônico poderia
eventualmente ser contestado, considerando que há outras alternativas.
Além disso, essa matriz é apropriada para operações de máquinas perigosas, desenvolvida na
década de 1990, e bastante conhecida como Hazard Rating Number (HRN), criada por Chris Steel,
que a publicou em junho de 1990 na revista Safety & Health Practitioner (SHP)2 .
Mesmo com várias observações e restrições, a iniciativa do Governo deve ser considerada posi-
tiva. Seria um desastre caso traísse a confiança do pequeno empreendedor ou microempresário,
que estaria declarando suas “mazelas” sem a segurança de que teria tempo, instrução e até finan-
ciamento para implantar medidas de controle.
Como ferramenta eletrônica, segue o princípio de ser mais conservadora na definição de riscos,
considerando situações mais perigosas do que de fato são. Mas isso só se resolve com interferên-
cia de um profissional experimentado.
Outro aspecto é que, ao liberar esse tipo de informação, o Governo cria paradigmas ou, pelo
menos, mostra interpretações que eliminam debates infrutíferos no meio dos tais especialistas
em PGR.
Assim como está acontecendo com o eSocial, declarações eletrônicas poupam os auditores fis-
cais de fiscalizarem milhões de pequenas empresas.
2
Disponível em: https://www.shponline.co.uk/author/shp/. Acesso em 30 jun. 2022.
exposição ocupacional.
É importante destacar que não são todos os países europeus que emitem periodicamente uma
publicação específica, explicativa e técnica com os limites de exposição ocupacional a agentes
químicos. Portugal, por exemplo, costuma emitir seus limites nacionais via Decreto-Lei, cujo prin-
cipal é o Decreto-Lei n.o 24/20124 , que consolida as prescrições mínimas em matéria de proteção
dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e a saúde devido à exposição a agentes
químicos no trabalho. A última atualização encontrada foi o Decreto-Lei no 1/20215 que adotou
recomendações recentes da União Europeia6.
Por meio de Diretivas, a União Europeia emite listas com os valores de LEO (em inglês, OELV) que
podem ser indicativos (IOELV) ou obrigatórios (BOELV). A última Diretiva da Comissão da UE foi
a 1831/2019 com a quinta lista de valores-limite indicativos de exposição ocupacional de alguns
agentes químicos.
1
Limites de Exposição Profissional para Agentes Químicos – LEP 2022 (Espanha): https://www.insst.es/limites-de-exposicion-
profesional-lep. Acesso em: 30 jun. 2022.
2
Acesso ao LEP 2022 pelo site: https://bdlep.insst.es/LEP/vlaallpr.jsp?Bloque=1&submit=Listado+completo+de+Agentes+Qu%C3%ADmicos
3
Diretiva 98/24/CE: https://osha.europa.eu/en/legislation/directives/75. Acesso em: 30 jun. 2022.
4
Decreto-Lei no24/2012 (Portugal): https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/24-2012-543690. Acesso em: 30 jun. 2022.
5
Decreto-Lei no 1/2021 (Portugal): https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/1-2021-153013704 . Acesso em: 30 jun. 2022.
6
Diretiva da Comissão da UE 1831/2019: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/HTML/?uri=CELEX:32019L1831&from=en
Acesso em: 30 jun. 2022.
Grupo B – cancerígenos Os dados existentes não são suficientes para aplicar o modelo LNT; por
genotóxicos exemplo, acrilonitrila, benzeno, naftaleno e poeiras de madeira.
Grupo C – cancerígenos Um limite prático pode ser estabelecido com base nos dados existentes;
genotóxicos por exemplo, formaldeído, acetato de vinila, nitrobenzeno, piridina, sílica
cristalina e chumbo.
Grupo D – cancerígenos Um limite pode ser estabelecido com base no NOAEL; por exemplo,
não genotóxicos e não tetracloreto de carbono e clorofórmio.
reativos ao DNA
Sempre que possível, uma avaliação de risco para a saúde para regular os agentes cancerígenos
deve ser baseada em estudos epidemiológicos. No entanto, esta abordagem somente é possível
para um número limitado de compostos, e a avaliação de risco deve ser baseada em estudos em
animais na maioria dos casos. Nesse caso, vários pontos de partida são usados nas
avaliações
de risco em combinação com vários modelos de extrapolação (publicação da Fundacentro8 traz
7
Valores limite de exposição ocupacional / limites para cancerígenos: https://oshwiki.eu/wiki/Occupational_exposure_
limit_values#cite_note-35 . Acesso em: 30 jun. 2022.
8
Estabelecimento de Limites de exposição e conceito de extrapolação: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/assuntos/
noticias/noticias/2020/6/livro-da-fundacentro-explora-universo-da-toxicologia-ocupacional . Acesso em: 30 jun. 2022.
Cada país-membro, a partir das orientações da Comissão da União Europeia, adota seus próprios
limites nacionais9, lembrando que os limites obrigatórios estabelecidos pela UE (BOELV) são va-
lores mínimos, ou seja, nenhum país pode estabelecer valores maiores.
Nanomateriais10
As comissões de estudo ao redor do mundo que se dedicam ao tema ainda não têm a exata di-
mensão dos riscos das nanopartículas dada a diversidade de materiais e dados toxicológicos
insuficientes, o que dificulta métodos de análise e limites de exposição específicos para eles. No
entanto, o tema tem avançado quando se trata de limites para alguns agentes, casos do dióxido
de titânio, dos nanotubos de carbono e das nanofibras.
Vale notar que, desde a primeira década do século, quando o assunto surgiu, várias instituições
publicaram manuais e guias orientativos a cerca dos riscos das nanopartículas. O British Standard
Institution (BSI) publicou em 2007 uma norma13 em que sugere agrupar os nanomateriais de
acordo com as suas características e estabelecer limites corrigidos a partir dos limites dos
agentes de mesma composição, conforme quadro:
A Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA) possui uma lista com mais de 300 agentes
químicos utilizados em nanoescala na Europa14 .
13
PD 6699-2:2007 Nanotechnologies. Guide to safe handling and disposal of manufactured nanomaterials:
https://standardsdevelopment.bsigroup.com/projects/2007-02868#/section . Acesso em: 30 jun. 2022.
14
Nanomateriais na UE: encurtador.com.br/jFKN9 . Acesso em: 30 jun. 2022.
A Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) iniciou a II Edição do Curso
Modular em Higiene Ocupacional em março de 2022. A II edição tem sido um sucesso,
confira o resultado dos três módulos já realizados.
Ótima plataforma, interativa. Além de ter acesso a um curso de grande qualidade, o investimento foi perfeito.
Parabéns para o Professor e a equipe pela didática apresentada. Muito b om!
O curso transcorreu dentro do padrão da ABHO, com conteúdo assertivo e muito bem ministrado.
O curso de introdução foi excelente, fiquei muito satisfeita com a postura do Dr. Sérgio!
O acesso à plataforma é bem dinâmico, gostei da forma de interação. Os estudos de casos
práticos também contribuíram para o entendimento deste módulo.
O professor é ótimo, consegue prender nossa atenção e não deixa o assunto maçante.
Gostei muito do curso, sempre bom ouvir conhecimentos e experiências de profissionais como o Sérgio.
Adorei as aulas do Prof. Eduardo. Participarei dos próximos módulos!
Além da aula ter superado as expectativas, nada a declarar!
Curso excelente. Professor repassou muito conhecimento e experiência prática. Recomendei o curso a
vários amigos. ABHO está de parabéns. Colacioppo sempre fera!
O docente Luiz Carlos de Miranda Junior tem uma ótima didática!
Ótimo curso, muito produtivo e será muito útil para meu trabalho.
Os módulos subsequentes com datas já confirmadas pelos docentes estão disponíveis em:
ABHO
www.abho.org.br
(11) 3081-5909 |eventos@abho.org.br
ABHO
NOVOS MEMBROS
A ABHO, por meio do Comitê de Admissão, aprovou sete novos processos de filiação.
O nome do novo membro, sua categoria de filiação e seu respectivo
número é apresentado no quadro abaixo.
MEMBRO
NOME CIDADE ESTADO MEMBRO
No
1787 JULIANO DA SILVA GÓES ATIBAIA SP TÉCNICO
MEMBROS HONORÁRIOS
A ABHO tem a honra de apresentar a lista de todos os já agraciados nesta categoria.
MEMBRO
CERTIFICAÇÃO
NOME LOCALIDADE MEMBRO
Nº
0100 HOCL0009 BERENICE I. FERRARI GOELZER PORTO ALEGRE - RS HONORÁRIO/
EFETIVO
HONORÁRIO/
0015 ELIANA FERREIRA LOPES PIMENTEL BRASÍLIA - DF FUNDADOR
HONORÁRIO/
0275 HOC0017 JANDIRA DANTAS MACHADO RECIFE - PE EFETIVO
0016 JÓFILO MOREIRA LIMA JÚNIOR SÃO PAULO - SP HONORÁRIO
0017 JOSE EDUARDO DUARTE SAAD SÃO PAULO - SP HONORÁRIO
HONORÁRIO/
0107 HOC0010 JOSE POSSEBON SÃO PAULO - SP EFETIVO
0019 PAUL E. OLSON DAVENPORT - FL - USA
HONORÁRIO/
FUNDADOR
HONORÁRIO/
0010 HOC0003 SÉRGIO COLACIOPPO SÃO PAULO - SP FUNDADOR
0020 WILSON RODRIGUEZ BOCA RATON - FL - USA HONORÁRIO
Tempo de experiência: Para fins de inscrição para o exame de certificação, considera-se o tempo
de experiência em Higiene Ocupacional até o dia da prova (20/08/2022).
IMPORTANTE:
Somente os membros que tiveram o processo de admissão concluído até 20 de fevereiro de 2022
poderão se inscrever!
Não havendo um número suficiente de inscrições o processo será cancelado, sendo oferecido
novamente em 2023.
Para fins de comprovação do novo período, poderão ser utilizados documentos comprobatórios
das atividades desenvolvidas no tempo indicado:
RENOVAÇÃO
0010 JOSÉ POSSEBON 2003 AUTOMÁTICA SÃO PAULO/SP
RENOVAÇÃO
0012 OSNY FERREIRA DE CAMARGO 2003 AUTOMÁTICA CAMPINAS/SP
RENOVAÇÃO
0014 LUIZ CARLOS DE MIRANDA JUNIOR 2003 AUTOMÁTICA LIMEIRA/SP
0015 ANTONIO VLADIMIR VIEIRA 2003 2023 OSASCO/SP
RENOVAÇÃO
0016 JAIR FELICIO 2003 AUTOMÁTICA SÃO PAULO/SP
0018 JOSÉ ERNESTO DA COSTA CARVALHO DE JESUS 2003 RENOVAÇÃO RIBEIRÃO PRETO/SP
AUTOMÁTICA
0021 RENOVAÇÃO
ANTÔNIO BATISTA HORA FILHO 2003 AUTOMÁTICA MOGI DAS CRUZES/SP
2007 LICENCIADO
L0043 ANTONIO KEH CHUAN CHOU EM 2017 SÃO PAULO/SP
Com muito agrado, registra-se o retorno das atividades da regional da ABHO em Minas Gerais.
Durante todo o período de pandemia, as iniciativas no estado estiveram suspensas, sendo rei-
niciadas agora no segundo semestre de 2022 com as reuniões do Grupo Técnico de Higiene
Ocupacional (GTHO-MG). O GTHO-MG é um grupo de debates técnicos e científicos relacionados
à Higiene Ocupacional que percorre todo o Estado de Minas Gerais. Cidades como Diamantina,
Divinópolis, Paracatu, Contagem, Montes Claros, Ipatinga, Belo Horizonte e Patos de Minas já
receberam reuniões do GTHO.
Informações: regional.mg@abho.org.br
Informações:
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86 Revista ABHO / Edição 67 2022
REVISTA ABHO
Em consideração a nossos leitores, estão sendo republicadas imagens que constam das páginas
12 e 35 da edição no 66 da Revista ABHO, em razão de palavras ilegíveis na publicação original.
São elas:
Página 12:
PALAVRA DE
PERIGO PERIGO PERIGO CUIDADO CUIDADO SEM ADVERTÊNCIA
ADVERTÊNCIA
Página 35:
LEOs Quantitativos
Hierarquia de LEOs
Baseadas em Saúde
À medida que mais dados
toxicológicos e
LEO Baseado em Saúde epidemiológicos se tornam
Requisitos de Dados Mais Abrangentes
- Regulatório, Autoritativo, Tradicional
disponíveis, subimos a
(estudos de epidemiologia humana) hierarquia de LEOs.
(TLVs, MAKs, WEELs, MACs, RELs, PELs, WELs)
> qualidade, > certeza
INVESTIMENTO:
PATROCINADORES OURO
ADOR?
PATROCINADORES PRATA R U M PATROCIN
QUER S E
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• Mais de 40 horas de operação a 2 L/min;
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