Apostila ARMAMENTO E TIRO Completa

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ARMAMENTO E TIRO I UNIDADE I

ARMAMENTO LEVE:

ARMA:

Conceito:

Conceitua-se como arma todo instrumento ou objeto concebido pelo homem com a finalidade
específica de ser utilizada como meio de ataque e defesa, para ferir, matar ou causar danos diversos.

Classificação:

a) BRANCAS: geralmente em metal, atuando de forma perfurante, contundente ou cortante.


Ex: Faca, espada, baioneta, punhal, foice etc.
b) IMPULSIVAS: caracterizam-se geralmente por utilizarem meios manuais ou mecânicos para lançamento
de seus projéteis. Ex: Catapulta, Zarabatana, Besta.
c) DE FOGO: aqueles que utilizam a força expansiva dos gases de combustão da pólvora para expelir seus
projéteis. Ex: revólver, pistola, espingarda, morteiro, etc.

ARMAMENTO LEVE:

Conceito:

É todo aquele de calibre inferior a 0,60” (15,24mm), com exceção dos lança-rojões 2,36” (59,9mm) e
3,5 (89,9mm).

Classificação:

a) QUANTO AO CALIBRE:
Inicialmente, faz-se necessário definir o que
é CALIBRE de uma arma de fogo. Quando
se fabrica um cano de arma – longa ou curta
– a parte interna do mesmo (alma) é furada,
alargada, polida e lapidada até um diâmetro
pré-determinado. Este diâmetro, antes de ser
efetuado o raiamento, é denominado de
CALIBRE REAL, CALIBRE NOMINAL
ou DIÂMETRO ENTRE CHEIOS. A
seguir, o raiamento, constituído por um
certo número de ranhuras de pequena profundidade, será usinado de forma helicoidal ao longo do cano. A
distância entre os fundos opostos do raiamento é portanto, que o calibre efetivo de um projétil será sempre
maior do que o calibre efetivo do projétil. Conclui-se, portanto, que o calibre efetivo de um projétil será
sempre maior do que o calibre real do cano e essa diferença para maior é que irá fazer com que o mesmo seja
“f orçado” contra os cheios do raiamento, adquirindo assim a rotação necessária à sua estabilidade durante a
trajetória.

1
O calibre pode ser expresso em milímetros (sistema decimal), centésimos de polegada ou em
milésimos de polegada.
Ex: 6,35mm – 32; 7,62 mm – 30; 9mm – 380 - .38.

Nas armas de alma lisa, o calibre é expresso nominalmente. Sua referência eqüivale ao número de
projéteis esféricos de chumbo, de diâmetro igual ao da alma (interior) do cano da arma em questão,
necessário para se atingir o peso de 453,69 (01 libra – lb.). Ex: calibre 12-18,5 mm.

b) QUANTO AO TIPO:

1) De porte: pelo pouco peso e dimensões reduzidas pode ser conduzido no coldre (Ex: Revólver e Pistola);
2) Portátil: apesar do peso relativamente grande pode ser conduzido por um só homem, sendo dotado de
uma bandoleira, para facilidade e comodidade de transporte (Ex: Mosquefal e submetralhadora MT –12);
3) Não portátil: devido ao volume e peso relativamente grande, pode ser conduzido somente por uma
viatura ou dividido em fardos, por vários homens (Ex: Metralhadora Hotkiss);

c) QUANTO AO EMPREGO:

1) Individual: quando destinado à proteção daquele que a conduz;


2) Coletivo: quando se destina ao emprego em benefício de um grupo de homens ou fração de tropa.

d) QUANTO À REFRIGERAÇÃO:

1) a água: quando o cano é envolvido por uma camisa d’água (Ex: Mtr 30M917A1 – Browning Pesada);
2) a ar: quando é o próprio ar ambiente que produz o resfriamento;
3) a ar e água: quando o cano está em contato com o ar atmosférico mas recebe, de quando em quando,
jatos d’água para ajudar o resfriamento (Ex: Mtr 7mm M934 Nadsen).

e) QUANTO AO FUNCIONAMENTO:

1) DE TIRO SINGULAR: são as que efetuam apenas um disparo, tendo que ser recarregadas manualmente
para que se possa efetuar um novo tiro;
2) DE REPETIÇÃO: são aquelas em que se emprega a força muscular do atirador para executar as
diferentes fases do funcionamento (carregamento, trancamento, ejeção, etc.) decorrendo daí a necessidade
de se repetir a ação para cada disparo (Ex: Mosquefal, revólver);
3) SEMI-AUTOMÁTICA: são aquelas que realizam automaticamente todas as fases do funcionamento
com exceção do disparo (Ex: pistola);
4) AUTOMÁTICA: são aquelas que realizam automaticamente todas as fases do funcionamento (Ex.
Submetralhadora Taurus Cal. 9mm);

f) QUANTO AO PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:

1) Armas que utilizam a força muscular do atirador;


2) Armas que utilizam a pressão dos gases resultantes da queima da carga de projeção.

g) QUANTO AO SENTIDO DA ALIMENTAÇÃO:

1) Da direita para a esquerda;


2) Da esquerda para direita;
3) De baixo para cima;
4) De cima para baixo;
5) De trás para frente;

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6) De frente para trás.

h) QUANTO O RAIAMENTO;

1) Alma Raiada:
a) Da esquerda para a direita
b) Da direita para esquerda.

2) Alma Lisa:
Não possui raiamento.

i) QUANTO À ALIMENTAÇÃO:

1) Manual
2) com carregador:
a) metálico;
b) tipo lâmina;
c) tipo cofre;
d) tipo fita de elos metálicos

j) QUANTO AO CARREGAMENTO:
1) Antecarga: aquela que se carrega pela boca do cano;
2) Retrocarga: aquela que se carrega pela culatra.

III – CONCEITOS BÁSICOS

Velocidade Teórica do Tiro:

Número de disparos que pode ser feito por uma arma em um minuto, não se levando em conta o
tempo necessário para a alimentação, pontaria, incidentes de tiro etc., isto é, supondo-se a arma dotada de um
carregador de capacidade infinita.

Velocidade Prática de Tiro:

Número de disparos em um minuto, levando-se em conta o tempo necessário á pontaria, à


alimentação, incidentes de tiro etc.

Alcance Máximo:

Distância maior que um projétil pode alcançar ou em que perde sua energia cinética. Depende das
características balísticas de cada Cartucho, do cumprimento do cano da arma e do ângulo em que o disparo
foi efetuado.

Alcance Útil/Eficaz:

Distância em que um projétil ainda pode energia suficiente para causar danos ao alvo.

Alcance de Utilidade:

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Distância em que se pode efetuar o tiro com precisão.

ALCANCE MÁXIMO > ALCNACE ÚTIL/EFICAZ > ALCANCE DE UTILIZAÇÃO


ARMAMENTO E TIRO I – UD II

MUNIÇÕES:

CONCEITO:

Munição é o conjunto estojo, projétil, propelente e espoleta, destinado a armas de retrocarga de


pequeno ou médio calibre. O mesmo que Cartucho. Em armas de grandes calibres (canhões, obuses, etc.)
podem ainda existir outros componentes e até mesmo itens não montados.

COMPOSIÇÃO DO CARTUCHO:

a) Estojo ou casquilho:

Porção cilíndrica, cônica ou com forma de “garrafa” do Cartucho,


na qual se aloja a espoleta, o projétil e na qual se coloca o
propelente. A sua base é chamada de culote, podendo apresentar, ou
não, diâmetro maior que o estojo. Nas armas de repetição onde
existe uma peça chamada extrator, para retirar o estojo vazio da
câmara, este exibe um sulco, ou gola, entre o culote e o corpo do
estojo. Quanto `a forma do corpo, os estojos se dividem em
“cilíndricos”, “cônicos” e “garrafa” (devido ao seu formato
característico).
Os estojos cilíndricos e cônicos são habitualmente usados para
munições de armas curtas, enquanto que os do tipo “garrafa” são
utilizados em armas longas devido ao seu maior volume interno que
possibilita o depósito de uma maior quantidade de propelente. Uma
outra classificação dos estojos é quanto ao tipo da base .
Observe as definições e a figura abaixo:

Com ARO ou GOLA:


(“rimmed”) a base é mais larga do que as paredes do casquilho e falta a canalização do extrator;

Com SEMI-ARO ou SEMI-GOLA:


(“semi-rimmed”) a base é um pouco mais larga do que as paredes do casquilho e contém a canalização do
extrator;
Sem ARO ou GOLA:
(‘rimless”) possui uma base do mesmo diâmetro das paredes do estojo;

REBATIDO:
(“rebated”) o diâmetro da base é
menor do que o das paredes do
estojo;

CINTURADO:

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(‘belted”) diferentemente dos restantes, possuem na parte inferior uma cintura mais espessa que une as
paredes à base.

b) Cápsula de Espoletamento:

Também conhecidas com ESPOLETAS – {Verbete:


espoleta: (ê) [do it. Spoletta.] – S.f. – 1. Artefato
pirotécnico destinado a produzir a inflamação da carga
de arrebatamento dos projéteis, no momento
conveniente. [Cf. estopilha]}, as espoletas são
constituídas por pequenos copos metálicos no fundo dos
quais é colocado um composto químico (geralmente um
fulminato) conhecido por misto iniciador ou mistura
que, por sua vez, é um explosivo sensível ao toque, e
sobre ele incide uma pequena peça metálica, conhecida
por BIGORNA, que pode fazer parte do estojo no caso
de ESPOLETAS BERGAN, ou ser inserida na própria
espoleta, no caso de ESPOLETAS BOXER. O misto
iniciador, ao ser atingido pelo percursor, produz uma
chama que atravessa um orifício (evento) existente na
base do culote e incendeia a pólvora do interior do estojo. A diferença básica entre os dois tipos de espoletas é
que a ESPOLETA BOXER possui a BIGORNA dentro do copo metálico; a ESPOLETA BEDAN não
apresenta BIGORNA, esta fica no estojo.

c) Carga de projeção, Propelente ou Pólvora:

Pólvora é o deflagrante lento utilizado para impelir os


projéteis. São compostos químicos que, quando
incendiados em confinamento, geram grandes
quantidades de gases. Esses gases ocupam um volume
muito maior do que o ocupado pelos grãos de pólvora
(até 20.000 vezes maior). Este aumento de volume por
sua vez, faz com que a pressão suba muito rápido,
embora gradualmente, até um limite determinado. Este
aumento de pressão é suportado pelo conjunto
Cartucho/câmara/ferrolho segundo o principio de pascal,
que diz que a pressão exercida sobre um fluido em
equilíbrio se propaga em todas as direções inclusive
sobre as paredes do recipiente que o contém (neste caso
o estojo); o projétil, sendo o componente menos
resistente do Cartucho, é empurrado para frente pelos
gases que se expandem no interior do estojo à grande velocidade.

Existem dois tipos básicos: Pólvora Negra e Pólvora química ou Sem fumaça. A PÓLVORA NEGRA é uma
mistura de SALITRE (nitrato de potássio), enxofre e carvão vegetal. Embora não seja usada em munições
modernas, este tipo de propelente ainda é utilizado em armas de Antecarga, em fogos de artifício e em alguns
cartuchos metálicos reaproveitáveis. As PÓLVORAS QUÍMICAS se dividem em BASE SIMPLE S e BASE
DUPLA. As PÓLVARAS DE BASE SIMPLES utilizam a NITROCELULOSE como seu componente
principal e as PÓLVORAS DE BASE DUPLA NITROCELULOSE e a NITROGLICERINA. O termo
“pólvora sem fumaça” vem do fato de que as pólvoras químicas produzem uma pequena quantidade de
fumaça muito pequena quando comparada à quantidade produzida pela mesma medida de pólvora negra. A

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pólvora química deixa uma quantidade muito menor de resíduos na arma após cada disparo; o que permite
que o armamento seja utilizado muitas vezes antes que seja necessário proceder à sua limpeza.

d) Projétil:
È a parte vulnerante do cartucho. Podem apresentar forma com a parte anterior cônica ou ogival; ainda do
tipo Bi-Ogival. Existem ainda projéteis sem ogivas de chumbo endurecido com truncadas (cone-trucado). São
confeccionados, geralmente, com liga de chumbo endurecido com antimônio, proporcionando aos projéteis
grande densidade, baixo ponto de fusão e boa maneabilidade.
Existem também projéteis “encamisados” que são revestidos por uma liga de cobre-níquel com a finalidade
de aumentar a sua dureza. Esta camisa é conhecida por CAMISA DE TOMBAC.

e) Bucha:

È um componente geralmente utilizado em cartuchos para armas de alma lisa


(cartuchos metálicos de armas longas ou curtas não as utilizam). Estes cartuchos
normalmente utilizam como projéteis múltiplas esferas de chumbo; podem,
entretanto, utilizar um único projétil conhecido como “balote”. As funções da bucha
são:
- servir de separação entre os projéteis (ou projétil) e o propelente;
- comprimir a pólvora;
- e melhorar, em termos balísticos, os grupamentos obtidos pelos “bagos” de
chumbo.
As buchas podem ser confeccionadas em papelão, feltro, cortiça, couro e
modernamente com plástico. As buchas plásticas têm forma de copo. Dentro delas é
depositado o chumbo que sai do cano da arma sem trocar as paredes internas do
mesmo. Ao sair do cano, a bucha é freada pela resistência do ar e o chumbo percorre
a trajetória até atingir o alvo. A utilização deste tipo de componente gera um ganho
de energia e velocidade da origem de 20% em relação aos cartuchos que utilizam os
tipos convencionais de buchas (confeccionadas em resina prensada). Já existem, à

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disposição no Brasil, munições cal. 12 que utilizam buchas plásticas. São comercializadas pela CBC com o
nome de “cartucho SG” e “cartucho com Ba lote”.

GUARDA DE MUNIÇÕES:

Como vimos anteriormente, existem 04 (quatro)


componentes básicos na munição: estojo, espoleta,
pólvora e projétil. Qualquer um deles pode apresentar
defeitos de fabricação. Dos 04 (quatro) componentes 02
(dois) são mais sujeitos a falhas; a espoleta e a pólvora.
Os causadores mais comuns de falhas em
cartuchos são a contaminação química e a recarga mal
feita.
No Brasil , como a recarga não é comum para o
trabalho policial, resta o segundo fator. Contaminação
química de uma munição é a sua desnecessária exposição
a corantes, solventes, lubrificantes, gases e as
intempéries do tempo, principalmente a umidade.

CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS:

1. A lubrificação de uma arma deve prever


cuidados com o uso dos lubrificantes, de
modo que eles nunca se depositem em
excesso, escorrendo para a munição, existindo
a possibilidade de se infiltrarem em espoletas
e cargas de pólvora.
2. O “tanino”, utilizado no tingimento e curtição
de couros, tem a propriedade de, em contato
com o latão dos estojos, corroê-los ou
azinagrá-las rapidamente, essa corrosão
enfraquece as paredes do estojo;
3. A munição “enferrujada” ou atingida por
outro tipo de contaminação pode transferir
essa corrosão para as últimas ;
4. Genericamente devem ser evitadas
embalagens de madeiras, papelão grosso ou
qualquer outro material que tenha
propriedades higroscópicas (de absorção de
umidade).
O ideal é usar embalagens de papelão fino, metal, plástico ou isopor;
5. As munições nunca deverão ser colocadas próximas a produtos químicos;
6. As munições não deverão ser expostas diretamente à luz do sol por longos períodos;

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7. O local onde as munições serão guardadas deverá ser seco, fresco, ventilado ao extremo, sem
muita incidência de luz solar e individualizado quanto à guarda de qualquer tipo de produto
químico, ou pelo menos bem distante;
8. A constante vibração, os chacoalhos e os tremores de uma viatura podem dilatar levemente as
buchas de cartuchos Cal.12, fazendo com que os grãos de pólvora passem entre elas e as paredes
do cartucho, podendo causar explosões perigosíssimas. Contudo este problema é bem menor em
munições que utilizam buchas plásticas.

ARMAMENTO E TIRO – UD – III

NOÇÕES DE BALÍSTICA

Conceito:

Balística é a ciência que estuda o movimento dos projéteis, particularmente os disparados por armas
de fogo.

Divisão da Balística:

a) Interna: estuda o deslocamento do projétil antes que este deixe o interior do cano da arma.
b) Externa: estuda o deslocamento do projétil em sua trajetória através do ar.
c) Terminal, Final ou Dos Efeitos: estuda a atuação do projétil sobre o alvo.

Trajetória de um Projétil:

a) Mecânica do disparo

As armas de fogo utilizam a pressão resultante da queima da pólvora contida no cartucho para lançar os
projéteis à distância.
Com o cartucho na câmara da arma, o atirador aciona o gatilho e coloca em ação o seu mecanismo de
disparo. Observe as figuras:

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b) Velocidade Inicial:

Pra efeito de estudo, consideramos velocidade inicial (V), a velocidade linear, com que o projétil deixa o
estojo após o disparo, tendo se deslocado pelo interior do cano da arma.

C) forçamento nas Raias:

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O projétil, impulsionado pelos gases, uma vez que possui um calibre efetivo maior do que o calibre real do
cano da arma, será forçado contra os cheios do raiamento, adquirindo assim, a rotação necessária à sua
estabilização na trajetória. Tal forçamento produzirá um atrito capaz de causar a transferência de energia do
projétil para o cano da arma, transformando energia cinética em térmica, o que resultará na diminuição de
velocidade do projétil, e, consequentemente, da sua energia, uma vez que a massa do projétil continuará
praticamente a mesma.

e) Fatores que atuam na Trajetória de um Projétil:

Logo que o projétil se encontra fora do cano, passa a sofrer a ação de uma série de fatores:

A força dos gases que conferiram uma aceleração, fazem com que, ao cessar esta força, o projétil alcance uma
determinada velocidade;

Estabilidade Giroscópica; pelo forçamento do projétil nas raias do cano o projétil ganha uma velocidade de
giro, ou angular (W), passando a realizar um movimento circular sobre o seu próprio eixo.

Reação ou resistência das capas de ar atmosférico. Esta força exerce uma ação extremamente
Intensa. Por exemplo, um projétil da munição 30-60 mm alcança no vácuo 69km; enquanto que na atmosfera
ele atinge “apenas “ aproximadamente 4km.

Peso do próprio projétil, que pela ação da gravidade, puxa o projétil para o solo. Isto faz com que a trajetória
de qualquer projétil seja um segmento de parábola. Entretanto, por este segmento ser muito curto (denomina-
se a esta característica tensão da trajetória) o deslocamento de projéteis de arma de arma curta se passa
como se fosse um movimento retilíneo.

PODER DE PARADA ou STOPPING POWER:

Conceito:

“STOPPING POWER” é uma forma abstrata de indicar a capacidade de um projétil em parar


ou neutralizar um atacante, em seu curso de ataque, pondo-o fora de combate, não sendo intencional a
sua morte, mas apenas a sua momentânea incapacitação.
A eficiência balística de determinados calibres, comparativamente a outros é objeto de estudo por
parte de Órgãos Policiais Militares há muitos anos. Esta questão começou a ser analisada com uma maior
profundidade a partir de 1889 pelo exército americano. Na época, os E.U.A estavam envolvidos num conflito
em uma região da Ásia quando ficou evidenciado que os projéteis .38 Long Colt, utilizados nas munições de
armas curtas do Exército americano, não eram eficientes contra os nativos da região, pois estes, mesmo

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atingidos por dois ou três disparos, continuavam o seu c urso de ataque, tendo êxito dos combates à curta
distância.
Passou-se então a produzir calibres com projéteis mais pesados. O resultado foi a criação do calibre,
juntamente com a arma, .45 ACP(Automatic Colt Pistol) que foi usado nas pistolas semi-automáticas Colt
1911. Posteriormente, chegou-se à conclusão de que aumentando-se a velocidade do projétil obtinha-se uma
eficiência balística melhor do que se, simplesmente, a massa do projétil fosse aumentada. Esta conclusão foi
reforçada pelo trabalho de um sargento americano, chamado Evan P. Marshall. Marshall passou
aproximadamente 15 anos pesquisando casos em que houve a incapacidade de um atacante ou vitima com
apenas um tiro na região do tórax até que, em 1992, publicou o resultado das suas pesquisas. Ele determinou
incapacitação da seguinte maneira: “se a vitima quando atingida entra em colapso antes de fazer algum
disparo ou expressar uma reação de ataque ou fuga; se a vitima quando atingida não se deslocar mais que 3
metros antes de entrar em colapso.”. O Ex-policial também chegou à conclusão de que determinadas pessoas
resistem a ferimentos melhor que outras; mas, de maneira geral, as suas conclusões mais importantes para
uma utilização prática são as seguintes:

- projéteis leves, de alta velocidade e com pontas expansivas são bem mais eficientes do que os
pesados e totalmente encamisados (FMJ) ou de chumbo ogival;
- o calibre .38 SPL só tem relativa eficácia quando empregado em sua versão +P, com projéteis de 158
“greains” e em armas com canos de 4”. Com este binômio obteve-se um percentual de 72% de eficácia.
Esta conclusão reforça a necessidade do uso de revólveres com canos de 4” para trabalho policial;
- O “campeão” de eficiência, segundo Marshall, é o calibre .357 Magnum com projétil Hydra Shock da
federal, que obteve 96% de eficiência.
- O calibre 9 mm Parabellum ficou em terceiro lugar, na sua versão +P+ com ponta expansiva, obtendo
89% de eficiência;
- Não existem calibres 100% eficientes, mas é indispensável o treinamento para a realização de tiros
precisos, pois de nada adianta a potência da munição sem a precisão do disparo.
- O calibre .380 ACP só relativamente eficiente quando empregado em sua versão +P com pontas
expansivas. Sem esta configuração a eficiência deste calibre não passa de 60% (teoricamente).
O Tema “Stopping Power” não se esgota ao longo dos anos, sobretudo pelo surgimento de novos calibres e
armas. Na época em que Evan Marshall publicou o sue trabalho não se dispunha de dados sobre os calibres
modernos como o 10 mm ou .40 S&W, hoje, no entanto, sabe-se que o calibre .40S&W é um dos melhores
calibres para armas curtas, se adaptando bem, tanto ao trabalho policial quanto à defesa pessoal. Ainda devem
surgir outros estudos importantes sobre o assunto, mas as conclusões feitas até agora perdurarão como
válidas por um bom tempo ainda.

CLASSIFICAÇÃO E MANEJO DE ARMAMENTO

Regras de Segurança

 Nunca, em qualquer hipótese, aponte uma arma, carregada ou não, para qualquer pessoa exceto se for
atirar;

 Trate sua arma como se ela estivesse sempre carregada;

 Mantenha sempre o dedo fora do gatilho exceto na hora do disparo;

 Conheça bem o funcionamento de sua arma;

 Guarde sua arma e munições em local seguro evitando o acesso de outras pessoas não habilitadas;

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 Manuseie sua arma sempre com o cano voltado para um local seguro;

 Ao dar ou receber uma arma, faça-o com ela aberta (ferrolho aberto e sem carregador);

 Use somente munições indicadas para o tipo de arma que possui evitando munições velhas e com
alteração no estojo ou projetil;

 Jamais transporte ou coldreie sua arma com o cão armado;

 As travas de segurança de uma arma são apenas dispositivos mecânicos e não um substituto do bom
senso;

 A arma deve ser transportada, sempre que possível, em um coldre;

 Não tente fazer modificações em sua arma para ela receber calibres maiores pois a mesma não foi
projetada para isso;

 Mantenha sua arma sempre limpa;

 Verifique se não há obstrução do cano de sua arma antes de carregá-la;

REVÓLVER CALIBRE .38" TAURUS

a) Características:

Calibre: 38"
2) Peso desmuniciado: 0,950 Kg (cano de 4 pol.)
3) Peso municiado: 1,010 Kg (cano de 4 pol.)
4) Comprimento total: 0,235 m(cano de 4 pol.)
5) Número de raias: 06 (esquerda p/ direita)
6) Número de câmaras no tambor: 05, 06, 07 ou 08
7) Alcance útil: 50 m

b) Classificação:

1) Quanto a tipo: de porte


2) Quanto ao emprego: individual
3) Quanto ao funcionamento: de repetição
4)Quanto ao principio de funcionamento: ação muscular do atirador
5) Quanto a refrigeração: a ar
6) Quanto ao raiamento: alma raiada (06 da esquerda p/ direita)
7) Quanto a alimentação: manual
8) Quanto ao sent. da alimentação: da esquerda p/ direita.

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c) Manejo:

Consiste basicamente em cinco etapas:

1) Municiar o tambor;
2) Alimentar e carregar a arma;
3) Disparar;
4) Abrir a arma;
5) Extrair os estojos.

Obs.: Lembramos que qualquer etapa do manuseio, com todas as armas aqui apresentadas, deve ser
feita em local seguro que não exponha outros a riscos.

1) Municiar o tambor:
Consiste em introduzir as munições nas câmaras, conforme a foto abaixo.

2) Alimentar e carregar a arma:


Consiste em fechar a arma girando o tambor para a direita (ver foto)

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3) Disparar a arma:
Sem muitas novidades, é o ato de trazer (puxar) o gatilho a retaguarda.

4) Abrir a arma:
Consiste em pressionar o botão serrilhado do tambor com o polegar da mão esquerda e empurrar o
tambor com os dedos da mão direita para a esquerda (destro) (ver foto)

5) Extrair os estojos:
Pressionando-se a vareta do extrator com o polegar
da mão esquerda, este (extrator) retira os estojos das
câmaras do tambor (ver foto)

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PISTOLA TAURUS Cal .40 SW

1. Características do armamento;

Quanto ao tipo De porte


Quanto ao emprego Individual
Quanto a alma do cano Raiada
Quanto ao sistema de carregamento Retrocarga
Quanto a refrigeração A ar
Quanto a alimentação Carregador tipo cofre
Quanto ao sentido da alimentação De baixo para cima
Quanto ao funcionamento Semi-automática
Quanto ao princípio de funcionamento Ação direta dos gases

2. Nomenclatura da PT-100;

Ferrolho
Mola recuperadora

Guia da Mola

Cano Bloco de Trancamento

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Carregador Armação

3. Manuseio da pistola;

Municiando sua arma.

 Aponte o cano da arma para local seguro;


 Pressione o botão do retém do carregador e retire-o.
 Coloque os cartuchos no carregador (municiar).
 Recoloque o carregador na arma (alimentação) assegurando-se que ele fique preso.
 Segure a pistola firmemente com a mão que você usa para atirar, lembrando-se de manter o
dedo fora do gatilho. Com a outra mão puxe o ferrolho para trás até o batente e solte-o
bruscamente. Isso faz com que o ferrolho posicione uma munição na câmara do cano.
(carregar)
 Agora a pistola está engatilhada pronta para atirar. Para desengatilhá-la pressione o
desarmador do cão.
 Após o último tiro, o ferrolho fica recuado e imobilizado pela ação do retém do ferrolho. Para
retorná-lo à posição normal, pressione para baixo o retém do ferrolho.

Desmuniciando sua arma.

 Aponte o cano da arma para local seguro;


 Retire o carregador;
 Puxe o ferrolho para trás certificando-se de que o cartucho que estava na câmara foi devidamente
removido;
 Acione novamente o desarmador, causando o desengatilhamento da arma;
 Após desmuniciar sua arma, faça sempre o exame visual da câmara. Pronto: sua arma está
desengatilhada e desmuniciada.

4. Desmontagem e montagem.

Desmontagem

 Retire o carregador pressionando retém do carregador que está próximo ao guarda mato;
 Puxe o ferrolho até o final do curso para certificar-se de que não há munição na câmara;
 Pressione o botão de desmontagem e gire a alavanca de desmontagem;
 Deslize o conjunto cano/ferrolho para frente até liberá-lo da armação;
 Comprima a guia da mola recuperadora levantando o conjunto e retirando-o cuidadosamente;
 Comprima o mergulhador do bloco de trancamento;
 Retirar o conjunto do cano do ferrolho.

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Montagem

 A montagem deve ser realizada no sentido inverso da desmontagem.

Obs: Ao encaixar o conjunto cano/ferrolho na armação de sua pistola observe se o impulsor da trava do
percursor está abaixado.

METRALHADORA TAURUS FAMAE Cal .40 SW

1. Características do armamento.

Quanto ao tipo Portátil


Quanto ao emprego Individual
Quanto a alma do cano Raiada
Quanto ao sistema de carregamento Retrocarga
Quanto a refrigeração A ar
Quanto a alimentação Carregador tipo cofre
Quanto ao sentido da alimentação De baixo para cima
Quanto ao funcionamento Automática
Quanto ao princípio de funcionamento Ação direta dos gases

2. Nomenclatura da MT-40.
Haste guia da mola recuperadora
Mola recuperadora Placa superior da empunhadura frontal
Conjunto caixa da culatra/cano

Preparador ou alavanca de manejo

Pino traseiro de fixação e desmontagem

Placa inferior da empunhadura frontal


Pino dianteiro de fixação e desmontagem
Carregador
Armação com coronha dobrável
Bandoleira

3. Manuseio

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Municiando sua arma.

 Aponte o cano da arma para local seguro;


 Pressione o botão do retém do carregador e retire-o.
 Coloque os cartuchos no carregador (municiar).
 Recoloque o carregador na arma (alimentação) assegurando-se que ele fique preso.
 Puxe o preparador para trás e solte-o bruscamente. O ferrolho irá levar uma munição para a
câmara do cano (carregar).
 Selecione o tipo de disparo na tecla de seleção de tiro.
 Agora a metralhadora está pronta para atirar.
 Após o último tiro, o ferrolho fica recuado e imobilizado pela ação do retém do ferrolho. Para
retorná-lo à posição normal, pressione para baixo o retém do ferrolho.

Desmuniciando sua arma.

 Aponte o cano da arma para local seguro;


 Coloque o seletor na posição “S”;
 Retire o carregador;
 Puxe o preparador para trás certificando-se de que o cartucho que estava na câmara foi devidamente
removido;
 Coloque o seletor na posição “1”;
 Pressione o gatilho ou puxe levemente o preparador para trás acionando o gatilho e voltando-o a
posição inicial;
 Após desmuniciar sua arma, faça sempre o exame visual da câmara. Pronto: sua arma está
desmuniciada.

5. Desmontagem e montagem.

Desmontagem

 Retire os pinos de união pressionando-os e retirando-os de seu alojamento;


 Retire as placas do guarda-mão sendo inicialmente a placa inferior, puxando para trás e para
baixo, e depois a placa superior puxando para cima;
 Retire a pino da haste da mola recuperadora. Para isso é necessário pressionar a haste com o
dedo polegar retirando assim o pino. Logo em seguida retira-se a haste e a mola recuperadora;
 Retire o ferrolho. Para retirar o ferrolho pressione o retém do preparador para baixo retirando
assim, o preparador. Em seguida incline a arma fazendo com que sai o ferrolho de seu
depósito;

Montagem

 Coloque o ferrolho na caixa da culatra colocando em seguida o preparador em seu devido


alojamento;

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 Introduza a haste e a mola recuperadora na culatra e pressione com o dedo polegar até que a
haste ultrapasse o suficiente para colocar o pino de fixação;
 Coloque as placas do guarda-mão da parte superior e inferior;
 Unir as partes inferior e superior da arma colocando primeiro o pino de união da frente para
posteriormente colocar o de trás.

ESPINGARDA DE REPETIÇÃO CAL. 12"CBC

a) Características:

1) Calibre: 12"
2) Peso: 3,35 Kg
3) Comprimento: 1055 mm
4) Capacidade do depósito de munição: 7+1
5) Alcance útil: 30 m

b) Classificação:

1) Quanto a tipo: portátil


2) Quanto ao emprego: individual
3) Quanto ao funcionamento: de repetição
4)Quanto ao principio de funcionamento: ação muscular do atirador.
5) Quanto ao raiamento: alma lisa
6) Quanto a refrigeração: a ar
7) Quanto a alimentação: manual
8) Quanto ao sent. da alimen.: de baixo para cima ou de trás p/ fren.

c) Divisão Geral:

1- Soleira
2- Coronha
3- Receptáculo
4- Ferrolho
5- Cano
6- Guarda-mato
7- Transportador
8- Telha
9- Tubo do depósito
10- Bujão do depósito

19
d) Funcionamento:

1) Abertura:
Estando a arma fechada, ao se pressionar o acionador da trava da corrediça, libera-se a mesma,
possibilitando que a telha seja movimentada à retaguarda; movendo na mesma direção o conjunto-ferrolho,
que baixa o transportador, o mesmo aciona o localizador direito (que é o retém de munições), deixando o
transportador alinhado com o depósito de munições, onde pela pressão da mola do êmbolo do depósito de
munições, é empurrada a munição sobre o transportador.

2) Fechamento e carregamento:
Estando a arma aberta (com a telha recuada e a munição no transportador ) ao levar a telha á frente, o
transportador levanta-se e se alinha ao cano, ao mesmo tempo que o ferrolho é levado à frente, interceptando
a munição pelo culote e empurrando-a para a câmara, onde ocorre o fechamento, trancamento e carregamento
da arma, deixando-a assim pronta para disparar.

3 ) Travamento:
Estando a arma fechada, trancada e carregada, ao se acionar a tecla do registro de segurança (trava de
segurança), o mecanismo impede que a tecla do gatilho seja posta em ação, pelo bloqueamento da alavanca
de disparo; porém, não impede que a trava da corrediça seja acionada, permitindo que a arma seja aberta,
fechada, trancada e carregada; só não permite o disparo.

4) Disparo:
Estando a arma fechada, trancada, carregada e travada, ao destravá-la, a mesma encontra-se pronta
para disparar, pois a munição encontra-se na câmara, alinhada ao cano e, pelo simples acionamento da tecla
do gatilho, a alavanca de disparo é liberada, impulsionando o percursor a frente, por intermédio de sua mola,
indo percutir a espoleta.

5) Abertura, extração e ejeção:


Efetuando o tiro, o próprio mecanismo de disparo mantém a trava da corrediça destravada, permitindo
que, sem acioná-la, possa o atirador recuar a telha à retaguarda, executando a abertura da arma ao mesmo
tempo que ocorre a extração da munição percutida da câmara, através do extrator, localizado no ferrolho.
Ao recuar totalmente a telha, extraindo o estojo, este vem topar no ejetor, que apresenta-se saliente
quando o ferrolho está totalmente à retaguarda, ejetando-o. Neste momento, o ferrolho tem baixado o
transportador , que captura outra munição ( se existir no depósito de munições), podendo recomeçar todo o
processo, caso o atirador leve a frente a telha, fechando, trancando e carregando a arma.

e) Manejo:

1) Inspecionar e travar a arma;


2) Alimentar a arma;
3) Carregar a arma;
4) Disparar a arma;
5) Ejetar o cartucho da câmara;
6) Descarregar a arma.

Deve-se:

• Apontar a arma para uma direção segura;


• Travar a arma;

20
• Empurrar para cima o acionador da trava da corrediça;
• Puxar vagarosamente a telha até que a parte da frente do cartucho esteja rente com a janela de ejeção;
• Levantar a frente do cartucho para fora retirando-o pela janela;
• Puxar a telha completamente para trás até que o próximo cartucho esteja fora do depósito;
• Inclinar a arma de lado para permitir que o cartucho saia pela janela de ejeção;
• Fechar e abrir o mecanismo até que todos os cartuchos sejam removidos.

FUZIL SA/ Para SA

a) Classificação:

1) Quanto a tipo: portátil


2) Quanto ao emprego: individual
3) Quanto ao funcionamento: automático ou semi-automático
4)Quanto ao principio de funcionamento: ação dos gases no ferrolho
5) Quanto ao raiamento: alma raiada
6) Quanto a refrigeração: a ar
7) Quanto a alimentação: com carregador
8) Quanto ao sent. da alimen.: de baixo para cima

b) Manejo:

1) Municiar o carregador;
2) Alimentar a arma;
3) Carregar a arma;
4) Travar a arma;
5) Destravar a arma;
6) Disparar a arma;
7) Retirar o carregador;
8) Descarregar a arma;
9) Rebater a coronha do Para SA.

1) Municiar o carregador:
Consiste em introduzir os cartuchos no carregador. Os cartuchos deverão ser pressionados diretamente
sobre a mesa de apresentação do carregador (foto 01). Os cartuchos deverão ser colocados c/ os projéteis
voltados para o pequeno entalhe que prende o carregador a arma (foto. 02).

21
2) Alimentar a arma:
Consiste eme introduzir o carregador municiado na arma prendendo-o pelo seu retém; Observe a
forma correta de colocação do mesmo (foto 03)

3) Carregar a arma:
Consiste em introduzir a munição na câmara puxando-se a alavanca de manejo completamente a
retaguarda e soltando-a.

22
Obs.: A alavanca de manejo deve ser solta de imediato e não conduzida à frente, pois assim
procedendo a arma não fecharia completamente, em conseqüência não ocorreria o carregamento.

4) Travar a arma:
Consiste em girar o registro de tiro de segurança para a posição "S".

5) Destravar a arma:
Consiste em girar o registro de tiro e segurança para a posição "F".

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6) Disparar a arma:
Consiste em acionar (trazer para trás) a tecla do gatilho.

7) Retirar o carregador:
Aperta-se o retém do carregador liberando-o.

8) Descarregar a arma:

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Como primeira e necessária providência, retiramos o carregador e em seguida procedemos como se
quiséssemos carregar a arma; o cartucho será automaticamente extraído da câmara e ejetado; a arma estará
descarregada.

9) Rebater a coronha do PARA-SA:


Devemos adotar três procedimentos:
a) Acionar o retém da coronha existente em baixo de sua parte anterior;
b) Pressionar a coronha para baixo, com uma considerável força, fazendo com que ela desprenda-se do
seu encaixe;
c) Dobrá-la para a direita.

25
FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE TIRO COM ARMA DE FOGO

1. POSIÇÃO DO ATIRADOR

2. EMPUNHADURA

3. VISADA

4. REPIRAÇÃO

5. PUXADA DO GATILHO

6. CONDICIONAMENTO MENTAL

POSIÇÃO DO ATIRADOR

O atirador poderá tomar diferentes posições para efetuar o tiro; a mesma definida pela situação que se
apresentar no momento, pois no caso de uma troca de trios, quanto mais estiver reduzida silhueta do atirador,
mais ele estará seguro, livre de impactos de projéteis; então por que tomar a posição em pé quando a de
joelhos seria a mais apropriada para a ocasião? O posicionamento correto do corpo representa 5% de um tiro
perfeito. As posições são basicamente cinco; a seguir explicaremos cada uma delas , bem como o que muda
nos diferentes armamentos, sejam eles de porte ou portáteis:

26
EMPUNHADURA

EMPUNHADURA DUPLA (ARMAS DE PORTE)

Ao se empunhar qualquer tipo de armamento, deve-se fazer da forma mais firme possível, sem no
entanto utilizar-se força ao envolvê-lo com as mãos. Em armas de porte, apenas os dedos polegar e médio da
mão forte seguram o armamento, os demais são depositados sobre ele sem exercer qualquer tipo de pressão (o
anular e o mínimo na coronha e o indicador distendido ao logo do guarda-mato), pois isto causaria um
pequeno tremor em toda arma, bem como deslocamento da arma para baixo ou para cima indevidamente.
Para um tiro preciso é necessário completar a correta empunhadura com a colocação do dedo indicador,
aonde acredita-se que isto represente os 50% restantes de todo o processo.

A falange distal (antigamente denominada falangeta) do dedo indicador e,


no máximo, a distância até a falange medial, é a porção que deve ser
colocada sobre o gatilho para acioná-lo

27
A empunhadura deverá ser dupla (com as duas mãos) aonde a mão fraca servirá de apoio. O atirador deverá
utilizar-se de forças contrárias a fim de estabilizar as arma deixando-a o máximo possível parada; tal
procedimento frente apontando-o para o alvo com a mão forte, deve-se com a fraca trazer todo o conjunto
para trás, desta forma o braço da mão forte ficará totalmente retesado, distendido à frente, e o da mão fraca
ligeiramente flexionado atuando como uma alavanca. Uma boa empunhadura representa 20% de um tiro
perfeito.

Devemos procurar formar uma alavanca


(Braço forte – Braço fraco)

28
APARELHO DE PONTARIA

Todos os armamentos que nos possibilitam realizarmos uma visada (o que alguns chamam de realizar
pontaria) são compostos de duas peças básicas para tal: a alça de mira e a massa de mira; basicamente este
aparelho de pontaria é o mesmo em todos os armamentos, diferindo nos diversos modelos das armas e
fabricantes (observe as figuras).

29
30
VISADA

A visada é um dos fundamentos mais importantes na execução do tiro, pois é aonde procuramos
atingir nosso alvo com o máximo de precisão, ela exerce 15% de um tiro preciso. Consta de duas fases:

A realização da linha de mira e;


A realização da linha de visada.

Linha de Mira – É a distância, partindo-se do olho do


atirador, compreendida entre a alça de mira e a massa de mira.
Para uma perfeita visada a massa deverá estar no centro do
entalhe da alça e na mesma altura.

31
Linha de visada – é o prolongamento da linha de mira ao alvo

FOTOGRAFIA

Ao se realizar a visada entre a alça, massa e alvo, forma-se uma figura que chamamos de fotografia,
uma figura de três pontos posicionados em diferentes distâncias; a visão humana (aonde estaremos usando o
nosso olho diretor) não permite a focalização nítida ao mesmo tempo de objetos posicionados desta maneira,
deve o atirador concentrar a mesma na massa, ficando a laça e o alvo embaçados.

OLHO DIRETOR

A tomada da linha de mira deverá ser vista apenas por um dos olhos. Podemos atirar com os dois
olhos abertos (o que é ideal), porem só um dos nossos olhos é que dirigirá a pontaria. Para isso façamos como
está na figura: formemos o símbolo norte-americano para “OK” com a mão que normalmente empunhamos a
arma, e dirigindo-a para o espelho do alvo ou para um ponto qualquer de referência, olhemos através do
orifício com um dos olhos e depois com o outro. Sentiremos naturalmente qual dos olhos teve predominância
(melhor acuidade visual) para dirigir a pontaria.

Normalmente, para quem é destro, a vista direita é o


olho diretor e, para quem é sinistro ou canhoto, o olho
será o esquerdo. Porém por características visuais de
cada indivíduo, poderá haver uma troca: o olho diretor
do destro poderá ser vista esquerda e vice-versa. No
caso de armas curtas, não haverá tanto problema a ser
resolvido. Os dois olhos totalmente abertos permitem
que a musculatura facial fique completamente relaxada,
evitando que ao se fechar um dos olhos mantendo o

32
outro aberto, dependendo do atirador, logo ele estará com a pálpebra do olho diretor tentando fechar-se ou a
do outro tentando abrir-se, provocando tremores faciais.

RESPIRAÇÃO

A respiração é uma combinação do processos que determinam a


condição geral física do atirador. Nela observamos uma expansão e
uma diminuição do volume do tórax, causando movimentação de
ombros e consequentemente da arma . O diafragma é o principal
músculo responsável pela inspiração e expiração, entrada e saída de ar
dos pulmões, que provoca uma certa oscilação do tronco podendo vir
a interferir no disparo. Todas as vezes que você constatar o ritmo do
coração mais acelerado do que o normal (principalmente quando ele
for transmitido ao braço e á arma) ou quando sentir diminuições da
acuidade visual, nos intervalos entre um e outro tiro, faça exercícios
respiratórios moderados, até que seja sanado o inconveniente notado.

33
Durante a inspiração, os pulmões se enchem de ar e tendem a deslocar os ombros para cima.

PUXADA DO GATILHO

O gatilho deverá ser acionado lenta e progressivamente de forma ao atirador ser surpreendido pelo
disparo, ou seja, jamais deve-se comandar, determinar o momento do deflagração do cartucho, pois isto
ocorrendo haveria o que denominamos de gatilhada e certamente o resultado obtido não será o desejado.
Agora bem sabemos que numa situação de defesa, numa ocorrência em que há troca de tiros,
logicamente não iremos estar acionando o gatilho lentamente, progressivamente no entanto para
conseguirmos obter bons resultados numa situação de acionamento rápido do mesmo, é necessário que
tenhamos completo domínio sobre o seu funcionamento, o que só conseguimos com o constante treinamento.
Um detalhe, também muito importante, na puxada do gatilho, ao qual deve o atirador estar atento é
quanto ao posicionamento do dedo no mesmo, que nem deve ser de mais nem de menos; observando-se os
diferentes procedimentos para disparos em ação dupla e em ação simples, que neste último deve ser apenas
com a ponta do dedo; Deve-se ter o cuidado de ao colocar o dedo no gatilho, sempre deixar um espaço
mínimo (luz) entre ele e a armação da arma, lateral – esta será movida em conjunto, ocasionando desvio do
cano e, em conseqüência, do ponto de impacto do projétil (observar figura). O acionamento do gatilho
significa 25% da possibilidade de tiro certeiro.

Durante a puxada do gatilho o atirador deve ter a


preocupação de ir aumentando a pressão lenta e
continuamente, com bastante suavidade e manter a todo
custo as miras alinhadas, perfeitamente enquadradas no
alvo.

Posicionamentos corretos do dedo no gatilho.


Da esquerda disparo em ação simples;

34
O da direita disparo em ação dupla.

CONDICIONAMENTO MENTAL

Uma das propriedades fundamentais dos seres


vivos é a excitabilidade. Todo organismo recebe estímulos
do meio que o rodeia e responde aos mesmos com reações
que o relacionam com o meio exterior.
Nos organismos multicelulares superiores a reação entre a
zona onde recai a excitação e o órgão correspondente é de
responsabilidade de Sistema Nervoso: penetrando com
suas ramificações em todos os órgãos e tecidos, este
Sistema une todas as regiões do corpo em um todo,
consequentemente efetuando sua integração.

EIXO MOTOR DO SISTEMA NERVOSO

35
ERROS MAIS COMUNS DURANTE A EXECUÇÃO DO TIRO REAL

ESTRANGULAMENTO: O atirador que empunha a arma com excesso de


força, fará com que o cano desloque-se para baixo e para direita.

GATILHADA: É o ato de puxar o gatilho para trás depressa demais, o que


fará com que os tiros atinjam a parte inferior do alvo.

EXCESSO DE DEDO NO GATILHO: Ao introduzir demasiadamente o


dedo no guarda-mato, ocorre uma pequena torção no momento do disparo, do
cano da arma para a direita.

36
ANTECIPAÇÃO DO CICE (RECUO): Quando aperta-se o gatilho a espera do recuo, provocando
alteração no enquadramento das miras.

INCIDENTES E ACIDENTES DE TIRO

1. DEFINIÇÕES:

a) INCIDENTE DE TIRO:

É a interrupção do tiro da arma resultante de uma ação imperfeita de uma peça, ou de falha da munição,
ou ainda de imperícia do atirador.

b) ACIDENTE DE TIRO:

É toda ocorrência de que resulte dano ou avaria da arma, material estranho a arma ou de pessoas, em
conseqüência de funcionamento anormal da arma ou munição, provocado ou não por imprudência, imperícia
ou negligência de um ou mais agentes.

b) MANUTENÇÃO PREVENTIVA:

É o conjunto de cuidados e serviços realizados, com a finalidade de manter o armamento em satisfatórias


condições de operações, de periódicas inspeções e averiguações, e de correção de incipientes falhas antes
de ocorrerem (ou evoluírem) para defeitos ou avarias mais graves.

d) DEPLAGRAÇÃO RETARDADA:

É o resultado de uma falha temporária ou atraso na ação de uma espoleta ou carga de projeção.
Durante alguns segundos não se pode distingui-la de uma nega.

e) NEGA:

É uma falha no tiro de uma arma, quando o gatilho é apertado e há o funcionamento normal do
precussor.

2 – CAUSAS GERAIS DE ACIDENTES E INCIDENTES DE TIRO:

a) MATERIAL:

a manutenção preventiva que inclui também a lubrificação correta e a inspeção para verificação de
partes gastas, frouxas ou danificadas – realizada de maneira deficiente ou imprópria, é a causa da maior parte
de acidentes ou de incidentes de tiro, ou avarias, ou acidentes.

b) PESSOAL;

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A imperícia, a imprudência, negligência, são na maioria das vezes, as causas do mau funcionamento
das armas.

3 – PREVENÇÃO DE ACIDENTES E INCIDENTES DE TIRO E OUTRAS OCORRÊNCIAS:

a) Usar sempre o armamento, a munição, o equipamento etc., somente para as finalidades para as quais
forma produzidos originalmente;

b) Examinar todo o seu material diariamente para descobrir qualquer irregularidade ou peças perdidas;

c) Cumprir todas as prescrições aplicáveis ao material;

d) Participe, na forma da legislação vigente, com urgência, ao superior hierárquico imediato, toda e qualquer
irregularidade ocorrida com o material bélico;

e) Não realize alterações ou reparos que não seja autorizado ou especificado, pelo órgão competente, a fazê-
los, salvo quando existam condições excepcionais e urgentes que exijam que adote todas as medidas possíveis
para manter sua arma em funcionamento.

f) Os mecanismos das diversas armas devem ser adequadamente lubrificados. Avarias tem ocorrido pelo
continuado uso de armas sem lubrificação adequada de suas partes em funcionamento.

g) A contínua falta de lubrificação das partes em funcionamento resulta aquecimento à fricção, que é
suficiente para aumentar danosamente o desgaste das peças para vencer a força de expansão da mola antes
dos ciclos de trancamento estarem terminados. O trancamento ou o fechamento parcial produz freqüentes
falhas ou negas. Evitar a lubrificação excessiva.

EMPREGO TÉCNICO E TÁTICO DE ARMA DE FOGO

TÉCNICAS E TÁTICAS INDIVIDUAIS E EM DUPLA

1. TIPOS DE PORTE.

 Lateral direto > ótima retenção e boa apresentação.


 Lateral cruzado > propicia o acesso fácil da arma pelo adversário além do péssimo saque.
 Frontal direto > porte seguro porém com ressalva no saque pelo direcionamento do cano para a genitália.
Muito utilizado pelos policiais a paisana.
 Frontal cruzado > opção ruim de porte tanto para o saque como para a retenção.
 Mexicano (nas costas) > excelente retenção para ataque pela frente deixando a desejar em ataque pelas
costas além da lentidão no saque.
 Tornozelo > deve ser utilizado apenas para a arma reserva (back up) e deve está no lado oposto da mão
que fará o saque.
 Tático > muito utilizado em coldre de perna ou até mesmo em colete tático.
 Subaxilar > pouco utilizado.
 Portes não ortodoxos > ex. arma presa com fita adesiva nas costas, arma amarada com cordão e pendurada
no pescoço, etc.

Obs: A utilização do fiel preso ao cinto ajuda bastante na retenção e recuperação da arma.

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2. SAQUE

Utilize sempre coldre de boa qualidade, preferencialmente com mais de um tipo de retenção e de rápido
saque.
Tempos para o saque:

 Posição 1: A mão forte empunha a arma destravando-a do coldre ao mesmo tempo que a mão fraca é
trazida junto ao estômago ou batida junto à fivela do cinto. (FOTO 01)
 Posição 2: A arma é sacada e colocada a um ângulo de 45º junto ao corpo.(FOTO 02)
 Posição 3: As mãos se encontram, formando a empunhadura dupla, frente ao corpo, mantendo ainda
um ângulo de 45º em relação ao solo.(FOTO 03)
 Posição 4: A arma é engajada na linha de divisada em forma de soco, fazendo o alinhamento entre
alça, massa e alvo.(FOTO 04)
 Posição 5: Controlando-se o gatilho, é efetuado o disparo. Após o disparo a arma é levemente
abaixada para que se proceda o acompanhamento até que se cesse a ameaça.(FOTO 05)
Obs.: Durante o saque o dedo deverá estar fora do gatilho.

FOTO 1 FOTO 2 FOTO 3

FOTO 5
FOTO 4

3. CONTROLE DE CANO

Em toda ocorrência, o policial deverá manter o controle de sua arma de fogo, evitando apontá-la para o
fogo amigo. Desta forma ele deverá adotar uma melhor posição para o controle do seu cano.

Posição Posição Posição

39
 Posição Atap:

 Posição Rodesiana:

 Posição Inglesa:

4. RETENÇÃO DE ARMAS

De acordo com as estatística, vários casos de policiais feridos são resultantes de disparos efetuados de sua
própria arma. Assim faz-se necessário que o policial tenha a retenção completa de seu armamento,
lembrando ainda que nem sempre as agressões são provenientes de meliantes, podendo até acontecer de
uma tentativa por parte de pessoas desequilibradas emocionalmente ou mesmo doentes mentais.

a) Retenção no coldre:

b) Retenção

b) Retenção Frontal: Uma alternativa seria a posição Israelense.

6. DESLOCAMENTO COM ARMA

Durante uma perseguição a pé ou deslocamento de um lugar para outro em ocorrência, o


policial deverá manter a arma em punho sempre com o braço junto ao corpo, sem oscilações e

40
movimentos amplos. Caso o deslocamento seja realizado com a arma no coldre deve-se sempre manter
pressão da mão sobre a empunhadura.

7. COBERTAS E ABRIGOS

a) Abrigo : É tudo aquilo que protege o policial contra observação do meliante e que resista a penetração
de projéteis, podendo ser naturais ou artificiais. O melhor abrigo em um veículo é o bloco do motor e
as calotas das rodas. Exemplos: poste de concreto, caçambas de resíduos de lixo, arquivos cheios de
papéis.

b) Cobertas: É tudo o que protege o policial do ângulo de visão do marginal, todavia não oferece
proteção contra projéteis de arma de fogo. Evite disparar sua arma durante posicionamento em uma
coberta, pois isto revelará sua posição. Exemplos: moitas e arbustos, lata de lixo, paredes de madeira,
portas de automóveis, etc.

8. TÁTICAS EM DUPLA

a) Cima/Baixo: nesta técnica, o deslocamento da dupla de policiais deverá ser feito com um policial
agachado, e o outro em pé sobre sua cabeça, cuja arma deste último deverá passar da linha da cabeça
do policial em silhueta reduzida.

b) Em L: nesta técnica, os policiais deverão progredir com um apontado para a frente e o outro cobrindo
sua lateral, sempre com o contato físico, fazendo assim o formato de um “L”.

c) Costas com costas: os dois policiais irão se deslocar, um de costas para o outro, tendo além do contato
físico o apoio da mão fraca para guiar o movimento.

10. TIPOS DE RECARGAS

41
ADMINISTRATIVA TÁTICA COMBATE

11. MÉTODOS DE TIROS COM LANTERNA

a . Método F.B.I.

Consiste em manter a mão que segura a lanterna longe do corpo. O atirador deve manter o braço
esticado lateralmente enquanto empunha a arma com a outra mão.
Trata-se de um método eficaz, no entanto, segurar a lanterna nessa posição, além de ser cansativo, não
permite que se efetue um disparo com precisão pois a empunhadura continua simples.
Atualmente não é mais adotado no treinamento dos futuros agentes da Polícia Federal norte-americana.

b. Método Harries

Criado pelo instrutor norte-americano Mike Harries, baseado na posição de tiro criada por Jack
Weaver .
O atirador mantém-se virado em direção ao alvo, com os braços um tanto dobrados. As costas das mãos
se encontram e se apoiam mutuamente, criando pelo sistema de pressões contrárias a inércia e a firmeza,
necessárias para um disparo preciso. A mão que segura a lanterna passa por baixo do braço que empunha a
arma e se encontram firmemente apoiando-se uma mão à outra. Esse método fornece grande precisão no
disparo e imprime muita confiança.

42
c. Método Roger

O atirador empunha a lanterna, segurando-a com se fosse uma seringa. Os três dedos restantes
seguram firmemente a mão que empunha a arma. Dessa forma os braços não se cruzam, como no Método
Harries, nem as mãos ficam encostadas, mas sim a mão da lanterna procura envolver a da arma.
Muito eficaz para quem tem mãos grandes ou possui uma lanterna do tipo Sure Fire ou Scorpion.

d. Método Ayoob

Massad Ayoob criou essa posição baseando-se na posição isósceles de tiro visado.
Nesse método, tanto a mão que segura a lanterna quanto a mão que empunha a arma são mantidas
juntas, polegar ao lado de polegar, e ambos os braços esticados retos são levantados juntos em direção ao
alvo.
Além de permitir um disparo preciso, é possível cegar o oponente com a luz da lanterna.
Ao levantar os braços, o facho de luz tende a ter uma inclinação para cima, portanto é uma técnica
recomendada para curtas distâncias.

Obs: Em todas as técnicas a visada é feita pela conjunto de visada e não pelo facho de luz da lanterna.

43
UTILIZAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO PELA POLÍCIA

As armas de fogo são ferramentas de trabalho para os policiais que exercem atividades
operacionais de proteção da sociedade. Esta função, específica e originária da profissão policial
em prover a proteção das pessoas, faz com que a utilização desta ferramenta seja revestida de
princípios bem definidos, segundo os quais o profissional policial deverá balizar o emprego de sua
arma.

Como regra geral , a polícia deve evitar usar armas de fogo contra pessoas. Os
princípios básicos que definem as circunstâncias em que o policial pode atirar são bastante
restritivos, colocando sempre os disparos como última alternativa ou inevitáveis.

O uso das armas é considerado medida extrema, somente válida após esgotarem-se os
outros meios menos violentos. Quando um policial dispara sua arma , deve preocupar-se com o
respeito a vida da pessoa a quem esta visando e portanto, sempre que possível, ocupar-se em
causa-lhe o menor dano.

Existem outros grupos de pessoas, como esportistas, caçadores, guardas de


segurança, por exemplo, que igualmente usam suas armas para o desempenho de hobby ou
mister.

Destaque especial se faz aos militares das Forças Armadas, cujo trabalho com armas é
voltado para questões de Defesa Nacional.

Finalmente, não se pode esquecer, existem aqueles cidadãos que usam armas de fogo
para delinqüir, isto e, os "infratores", justamente contra os quais atuam os policiais.

44
Para cada uma destas pessoas as armas de fogo são usadas segundo
características e princípios próprios, que possuem diferenças bem definidas quanto aos meios e
objetivos.

Categoria Objetivo Local de Preocupação com Terceiros


atuação Não Envolvidos
Militares Vencer a Guerra Campo de MÍNIMA - Se necessário, abater
batalha inimigos
Policiais Defender a vida Junto à TOTAL - qualquer pessoa do público
de pessoas - sociedade de pessoas - atingido
servir e proteger. ou ferido é extremamente grave e
comprometedor.
Guardas de Proteger Restrito aos RELATIVA - a preocupação maior
Segurança Patrimônio perímetros das refere-se bem protegidos
áreas privadas
Atiradores Competição ou Restrito aos MINÍMA – Geralmente praticam em
Esportistas Hobby ambientes de locais desabitados – sem riscos para
estande de tiro terceiros.
Caçadores Abater a caça Campos abertos, NENHUMA – público atingido facilita
matas e a fuga facilita a fuga pois ocupará a
florestas. polícia com ações de socorro.

Analisando as diversas informações do quadro apresentado, verificamos que um mesmo


instrumento - arma de fogo - poderá possuir empregos diversos, bem como posturas antagônicas
daqueles que as utilizam. Estas diferenças irão explicar as restrições de ordem técnica e ética
quanto a utilização de armas de fogo por policiais.

O que precisa ser prioritariamente de conhecimento dos policiais diz respeito a


questões éticas no emprego das armas de fogo, e não somente a destreza no seu manuseio.

Verificamos pois que tanto o ensino quanto o treinamento para o uso das armas de fogo por

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policiais devem possuir características próprias, bem distintas dos outros seguimentos que
também usam estas mesmas armas.

Este documento enumera os princípios informadores da utilização de armas de fogo por


policiais apresentando claramente as circunstâncias em que o policial pode usar esta ferramenta
no seu trabalho operacional. O conteúdo destes princípios deve igualmente balizar as atividades
desenvolvidas nas fases de aprendizado treinamento e aperfeiçoamento de policiais.

Em se tratando do uso de Armas de Fogo, o Policial deve cometer o mínimo possível de


erros, pois, representando o Estado, tem a obrigação de resguardar o interesse do cidadão e da
sociedade, devendo ainda considerar que os limites balizados de suas ações são o estrito
cumprimento da lei.

Um atirador policial sem embasamento teórico, com ensinamento prático irregular e não
treinado dentro de uma metodologia de ensino profissional constitui-se em risco para a sociedade
a quem deve proteger, para si mesmo e para seus colegas. Os acidentes que pode causar
comprometem a própria Corporação Policial, pois, cometendo desatinos com sua arma, abala
junto à opinião pública o conceito e confiabilidade da instituição a que pertence.

É temerário, senão uma prática ilegal, manter um policial portando arma de fogo, sem
o devido adestramento, sujeitando-se responsáveis por essa missão as penas da Lei.

É importante lembrarmos que "antes de atirar para treinar", é necessário "treinar para
atirar", prevalecendo a supremacia da instrução sobre a execução.

O que deve preponderar é a qualidade do treinamento e não a quantidade de disparos


efetuados. Os policiais devem saber atirar bem, contudo, sua profissão exige mais do que isto.
Não basta saber atirar; para ser policial é necessário ir além da boa performance competitiva, ele
precisa saber "quando atirar". No sentido de desenvolver esta habilidade de discernimento é que
os treinamentos com armas de fogo devem ser direcionados.

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Ê imprescindível que seja enfatizado o aspecto de "quando" atirar. Nesta fase, cada disparo
efetuado por um policial em treinamento deve ser avaliado dentro do contexto do emprego
operacional de armas de fogo por FEFCL (Funcionários Encarregados de Fazer Cumprir a Lei) e
respeitadas as regras definidas nos PBUFAF (Princípios Básicos para o Uso de Força e Armas de
Fogo) aprovadas pelas Nações Unidas.

Não é recomendável que o policial faça uma série de tiros imediatamente antes de
assumir o seu trabalho operacional. Este procedimento, apesar de preconizado por alguns
instrutores a título de manter o policial sempre bem preparado para o "Serviço de Rua",
concorre diretamente para um processo de banalização dos disparos, fazendo crer ao
profissional que ele deve prioritariamente atirar durante o serviço.

Circunstâncias Viáveis de Emprego de Armas de Fogo por Policiais

As legislações nacionais dos Países geralmente abordam a questão do uso da força e


armas de fogo, conferindo à pessoa que dela se utilizar contra outra pessoa atingindo-a de forma
letal ou não, a possibilidade de ter a sua ação não considerada como crime, desde que
devidamente justificada. São os chamados juridicamente casos dos excludentes de ilicitude,
geralmente apresentados em três categorias a saber: Legítima Defesa, Estrito Cumprimento do
Dever Legal e Estado de Necessidade.

Para não enveredarmos pelas diversas linhas doutrinarias de fundamentação jurídica, e,


tratando o assunto de maneira pragmática voltada para a utilização de armas de fogo por policiais
em serviço operacional, vamos desconsiderar a viabilidade de um policial disparar sua arma,
letalmente ou não, ter sido realizado com a justificativa do chamado "Estado de necessidade".

Pelo estudo preliminar da matéria verificamos que as atuações policiais com emprego de
armas de fogo poderão estar mais afetas aos institutos da "Legítima Defesa" e, para alguns,
também o "Estrito Cumprimento do Dever Legal".

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Legítima Defesa

As situações de " Legítima Defesa" são plenamente aplicáveis ás circunstâncias de uso de


armas de fogo por policiais. Existem várias regras técnicas para que um determinado caso se
configure nesta situação de excludente de ilicitude.

É necessário que a agressão sofrida seja injusta, atual e iminente, existindo para cada uma
destas circunstâncias princípios igualmente técnicos que informam como compará-las com os
casos práticos em estudo. Ocorre porém que estas regras são de conteúdo geral, válidas para
todas aquelas pessoas que estão sob jurisdição daquela normativa nacional. Estes códigos
geralmente não distinguem especificamente o agente policial dentre as demais pessoas.
poderíamos entender então que todos estariam em igualdade de condições quando empregassem
armas de fogo.

- Um policial em serviço operacional usa sua arma de fogo letal contra uma pessoa pode
argüir legítima defesa?

A resposta é SIM; a legítima defesa própria ou de terceiros é plenamente cabível, inclusive


encontra respaldo em regras internacionais para o Uso de Força e Armas de Fogo perguntamos:

A questão fica mais complexa quando perguntamos ?

- Esta "legítima defesa" pode ser invocada por este policial e por um cidadão comum nas
mesmas circunstâncias?

A resposta agora é relativa. Sob o ponto de vista expressamente jurídico, SIM, pois a norma
não destingue. Contudo,

Sob o enfoque técnico, é exigido que o policial detenha habilidades profissionais


que devem prevalecer sobre os impulsos pessoais, atributos estes que não são requeridos
de um cidadão comum.

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Para o policial em atuação profissional é necessário que conheça os princípios
informadores com precisão. Ele precisa avaliar as condições de legalidade,
proporcionalidade e necessidade preconizados nos PBUFAF (Princípios Básicos de Utilização da
Força e Armas de Fogos) e demais normativos próprios, com destreza superior a de um cidadão
que não é preparado profissionalmente nesta área.

Ao analisarmos uma situação fática em que um policial utilizou sua arma de fogo sob a
justificativa de legítima defesa, precisamos verificar em primeiro lugar se a ação em que ele se
envolveu se revestia de legalidade. Perguntamos:

- Estava ele atuando em captura legal de um infrator que opôs resistência ao trabalho
policial?
- A resistência oposta colocou em risco a vida dos executores da prisão ou a vida de
terceiros?

É importante que a intervenção policial como um todo seja uma ação legal.

Verificamos ainda as questões que envolvem a proporcionalidade. É comum depararmos


com dúvidas e perguntas do "tipo":

- Pode um policial reagir usando sua arma de fogo de forma letal contra um cidadão
infrator que o agride com uma faca?
- E no caso de um porrete ou algo semelhante? Existe proporcionalidade nestes casos?

A resposta é relativa, mas de maneira geral é positiva, ficando pois sujeita a análise mais
detalhada de cada caso. Contudo é importante destacar que:

Os critérios que informam sobre o princípio da proporcionalidade não devem


mensurados de maneira formal ou meramente comparativa entre os objetos
utilizados.

É necessário que se avalie a real potencialidade do risco oferecido pelo agressor

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sob o aspecto de atentar objetivamente contra a vida do policial.

A arma de fogo do policial pode perfeitamente ser usada até mesmo contra uma
agressão a mãos livres, desde que as circunstâncias do fato informem para a realidade ou
potencialidade de risco de vida. O policial estará então atirando para defender a sua vida
devidamente acolhido pelo princípio da proporcionalidade. Contudo, este risco real de vida não
poderá ter sido causado pela atuação do próprio policial, que tecnicamente poderia e deveria ter
agido de outra forma. Ou ainda, deveremos argüir se esta determinada situação fática
comportaria a alternativa de solução por outros meios não letais.

Existem situações onde o policial se depara com agressores habilidosos em artes


marciais, ou que estejam em superioridade numérica, ou possuam compleição física avantajada,
ou sob efeito de drogas ou outro descontrole mental ou emocional. Nestas circunstâncias, e em
outras semelhantes, é possível argüir a proporcionalidade relativa ao risco real de vida oferecido,
mesmo que os instrumentos (armas de fogo, facas ou porretes), sejam aparentemente
desproporcionais entre si. Novamente é cobrado do policial a habilidade em usar a arma de fogo
apenas como derradeiro recurso, bem como não contribuir ou provocar a situação de risco em
questão.

Ainda sobre o uso da arma de fogo por policiais dentro do princípio de defesa da vida
própria ou de terceiros, devemos verificar as circunstâncias informadoras do aspecto necessidade.
Perguntamos:

- Era necessário o uso da arma?


- Foram tentados todos os outros meios disponíveis antes do policial optar pelo disparo?

É também importante pesquisar sobre o que chamamos de “Necessidade provocada". Ou


seja, a própria atuação policial foi o que propiciou a necessidade de usar a arma de fogo. Isto
geralmente ocorre por falta de treinamento adequado, quando o policial está condicionado a
sempre reagir atirando e entende o disparo de sua arma como necessário ante a qualquer ameaça
ou provocação por parte do agressor.

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Quando apontamos a causa destes disparos vinculada a deficiência ou inadequação do treinamento,
estamos nos referindo as duas possibilidades opostas: O fato pode ocorrer pela falta de treinamento, mas
também pode ser ocasionado pela presença de treinamento inadequado.

É comum que o policial pouco treinado se exponha facilmente e, exposto, ele se


coloca em risco, acarretando a necessidade de disparar proteger; configurando assim um
caso típico de necessidade provocada.

Por outro lado, os treinamentos inadequados, do tipo que inferem ao policial a condição de
"guerreiro urbano", introduzindo técnicas de atuação de grupos especiais de polícia, confundidas
com a do trabalho de policia convencional, levam este profissional a um condicionamento de
disparar sempre, como primeira opção para imediata solução do conflito.

Todos estes princípios informadores devem ser analisados à luz de situações concretas
onde sejam avaliadas todas as circunstâncias do fato para que se possa definir a conduta correta
do policial.

A normativa internacional autoriza que o policial dispare sua arma de fogo, ainda
que de forma letal, mas define que ele só poderá fazê-lo em defesa da vida e atendendo os
critérios de "legalidade", "necessidade" e "proporcionalidade".

Como se não bastasse, para os tiros efetuados operacionalmente por policiais em serviço,
deve ainda ser verificada a questão da "conveniência".

Segundo este critério, mesmo que o disparo feito pelo policial seja legal, proporcional e
necessário, antes de atirar ele deve verificar a questão da "conveniência" desse tiro.

Neste ponto o que se pergunta é sobre a avaliações de ordem técnica, referentes a


adequação da sua arma empregada, e ainda sobre os aspectos de risco desnecessário a
terceiros.

Neste fator estão incluídas as análises de alcance de utilização das armas e poder

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perfurante ou expansivo das munições utilizadas, bem como a presença de público na
circunvizinhança do local dos disparos.

O tiro disparado pelo policial poderá provocar risco real a terceiros não envolvidos?

Caso a resposta seja positiva, ainda que as circunstâncias de legalidade, necessidade e


proporcionalidade estejam presentes, verificamos que o disparo não é conveniente, ou seja, as
vezes é preferível não atirar, recuar e planejar outras opções. Haveria neste caso uma inversão de
prioridades do trabalho policial. A polícia, pelo uso de suas armas de fogo, estaria colocando em
risco as pessoas a quem deveria proteger, justamente em nome de prover a segurança delas.

Este aparente paradoxo está mais freqüente no serviço operacional do que podemos
perceber. Quando é analisada a conveniência dos disparos estamos pesquisando a relação de
adequação da intervenção policial face ao ambiente local. Verificamos se os disparos dos policiais,
ainda que justificáveis, estariam atendendo a prioridade principal da ação policial, - o público.

O emprego operacional de armas de fogo por policiais é autorizado podendo estes


profissionais usá-los, como já dissemos, inclusive de forma letal. Contudo, verifica-se que o nível
de exigência de conhecimento, habilidade e performance é bastante elevado justamente para que
a ação destes Funcionários Encarregados de Fazer Cumprir a Lei (FEFCL) não provoque efeito
inverso para com aqueles a quem os policiais devem proteger.

O policial precisa entender que o grau de restrição ao uso das armas de fogo é proporcional
ao caráter de irreversibilidade dos efeitos lesivos dos disparos efetuados; não pode olvidar,
outrossim, sua condição de funcionário público encarregado da proteção aos cidadãos. Ainda que
estas normas sejam referentes exclusivamente a categoria policial e outras correlatas que, como
funcionários públicos, devem acatá-las no seu exercício profissional. Este aspecto vem reforçar a
dicotomia "POLICIAL" X "INFRATOR" no que se refere ao uso das armas de fogo.

Quando estes critérios não estão bem consolidados na formação dos policiais é perceptível
que alguns cometam desvios e excessos posto que, na lida operacional diária, estão sujeitos a
confrontos onde precisam disparar contra cidadãos infratores que usam suas armas sem qualquer
critério. Para estes policiais com equívoco de formação, esta situação sugere uma desigualdade
que deverá ser corrigida liberando os policiais para responder disparando no mesmo nível, tudo

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isto, em nome do controle da criminalidade.

Este raciocínio deve ser corrigido sempre destacando-se que policiais e infratores
estão em posições antagônicas e suas atuações não podem ser de nenhuma forma
confundidas pela semelhança.

A distinção deve ser bem clara e fundamentada, entre outros, neste princípios para uso de
armas de fogo eliminando os procedimentos amadorísticos e ilegais.

2.2 Estrito Cumprimento do Dever Legal.

Este último instituto dos excludentes de ilicitude é questionável quando argüido em favor de
policiais empenhados em serviço operacional. Historicamente o desenvolvimento desta
circunstância veio a atender a condição clássica dos serviços realizados pelos "carrascos", que
como funcionários públicos, tinham o dever de executar as penas de morte dos criminosos
condenados.

Existem posições atuais de doutrina e jurisprudência que recepcionam esta tese em favor
de policiais em serviço que utilizam armas de fogo contra pessoas. Em geral os casos citados
referem-se aos exemplos de disparos efetuados pela guarda armada quando da fliga de presos,
dizendo que assim procedendo o policial estaria usando sua arma de fogo em estrito cumprimento
do dever legal.

Não se trata de arguimos aprofundamentos jurídicos doutrinários, pois estamos tratando de


assunto prático referente ao trabalho operacional dos policiais, logo, a par de existirem estas
posições de juizes devidamente respaldados por alguns casos julgados à luz das leis nacionais,
vamos encontrar na normativa internacional, (PBUFAF), casos semelhantes interpretados sob o
enfoque da Legítima Defesa, e não do Estrito Cumprimento do Dever LegaL

O caso específico dos disparos realizados pela guarda armada são acolhidos como válidos
somente nos casos em que as circunstâncias da fuga ensejam risco real de vida para o policial ou
para terceiros. Logo, este policial que atira o faz em defesa da vida, e sua ação é acolhida como

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legítima defesa e não como estrito cumprimento do dever legal. Desta interpretação verifica-se
que:

No caso de fuga de presos, a guarda armada somente poderá fazer uso letal das
armas de fogo quando houver risco de vida para os policiais ou para o público. Caso este
risco não ocorra de forma explícita, a guarda deverá recorrer a outros meios não letais para
impedir a fuga e ainda preocupar-se com a possibilidade de intervenções externas.

O uso letal das armas de fogo por policiais em serviço operacional fica incoerente com os
princípios do excludente de ilicitude referente a estrito cumprimento do dever legal. É como se o
policial tivesse o dever legal de matar, o que não é viável sob o ponto de vista prático da atuação
preponderante em defesa da vida.

Como última opção de possibilidade de enquadramento de uma intervenção policial neste


sentido do estrito cumprimento do dever legal poderíamos recorrer às circunstâncias de um
atirador de elite ou "sniper" que, efetue um disparo letal contra infrator que esteja atentando contra
a vida de refém. Contudo, ainda neste caso, mesmo que o tiro tenha sido devidamente dado a
comando de superiores a atitude encontra melhor guarida nos princípios da legítima defesa de
terceiros, portanto o policial pode atirar e eventualmente até matar, mas somente em defesa da
vida.

3. Emprego Tático Policial de Armas de Fogo por Policiais

3.1 Alcance das Armas

O conhecimento sobre alcance de cada arma que o policial usa é aspecto técnico
fundamental para balizar a decisão pelo disparo em uma situação operacional.

Quando analisamos as questões técnicas de emprego do armamento devemos recorrer a


conhecimentos de física sobre movimento dos corpos, mais especificamente sobre a balística. Nos

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casos atinentes a matéria de alcances trabalhamos com os conceitos de balística de trajetória ou
balística exterior.
A análise do percurso do projetil até o momento imediatamente anterior ao atingimento do
alvo é assunto de destacada relevância para o policial, assim como também o é o estudo sobre os
variados efeitos balísticos causados após o impacto com o objetivo. Nesta última fase do
movimento do projetil estudamos a chamada balística de efeitos ou balística terminal.

Quando partimos do pressuposto de que um disparo de arma de fogo feito por um policial
em serviço operacional somente é justificado quando realizado em defesa da vida, e ainda que, as
armas de fogo são instrumentos de altíssimo poder letal, cada disparo deve ser avaliado sob os
aspectos técnicos com o necessário profissionalismo e conhecimento por parte dos FEFCL.

Para os policiais, em especial, cada projetil disparado que não atinge o alvo visado é
potencialmente um problema, pois poderá vitimar uma terceira pessoa não envolvida. Neste
momento estamos diante de uma situação paradoxal no sentido de que, aquele policial,
encarregado e autorizado a disparar para salvar vidas, estaria justamente, através do
emprego inadequado de sua arma, colocando vidas em risco.

Neste sentido dizemos que o conhecimento sobre alcances das várias armas que utiliza é
fundamental para o bom desempenho dos policiais quando empregam suas armas.

O "Alcance Máximo" se dá quando o projetil, desenvolvendo sua trajetória parabólica


alcança o solo na horizontal já no final de sua energia cinética, portanto ele simplesmente cairá a
solo sem potencial lesivo relevante.

O "Alcance Útil" é entendido como aquele em que o projetil ainda mantém energia cinética,
atribuída a sua massa e velocidade, em grau suficiente a causar lesões representativas ou até
mesmo letais caso atinjam um corpo humano.

O "Alcance de Utilização" ou "Alcance de Precisão" refere-se a aquela distância máxima em


que o atirador experimentado, usando dos aparelhos de pontaria da arma, pode disparar com
razoável convicção de acertar. E importante destacar que para esta marcação são consideradas

55
situações típicas de Estande de Tiro, ou seja, boa luminosidade, local plano e principalmente
tranqüilidade, para auxiliar na boa concentração do atirador.

O "Alcance Pratico" e justamente aquela distância máxima em que um atirador mediano


pode disparar com razoável certeza de êxito. Contudo, agora recorremos a um
fator extremamente relevante que é a chamada "ambiência operacional", ou seja, todos aqueles
fatores externos que interferem diretamente e dificultam ou até inviabilizam a concentração do
atirador.

Isto posto, verificamos que somente seria admissível que um policial empregasse sua arma
nas condições de embate operacional dentro das margens definidas para o "Alcance Prático" ou
"Alcance de Utilização". Este aspecto de ordem técnica por vezes não cumprido pelos nossos
policiais, faz com que ocorram disparos com armas completamente inadequadas tecnicamente
para as distâncias pretendidas ou desejáveis de acerto. Não é fácil Conscientizar nossos policiais
para este argumento, que, apesar de possuir perfeita sustentação técnica, é de difícil assimilação
sob o ponto de vista subjetivo e emocional.

Durante um confronto real em que haja um delinqüente armado, dizer ao policial que ele
não pode revidar disparando sua arma contra quem está atirando nele, porque ele está
posicionado fora do raio de alcance técnico de sua arma, geralmente causa desconforto e
dificuldade a quem estiver no comando ou coordenação da operação.

Esta atitude de interromper o tiro devido a distância inadequada deve ser entendida
com a perfeita expressão do profissionalismo esperado de um policial. Os disparos
realizados fora destas circunstâncias caracterizam puro amadorismo que precisa ser
suprimido, devendo isto ser trabalhado a nível conscientização e internalizado por todos os
policiais.

Os conhecimentos sobre alcances de armas de uso operacional cotidiano, bem como os


métodos práticos de avaliação de distâncias são pressupostos elementares de uma boa
performance do profissional.

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Na situação de enfrentamento em que o uso das armas de fogo seja viável, o policial,
ao decidir pelo disparo, só o fará se tiver tecnicamente, razoável possibilidade de acerto.
Ele irá disparar em defesa da vida, portanto, não pode empregar esta ferramenta letal para
potencialmente colocar em risco outras vidas.

Munições

Os conhecimentos técnicos necessários ao correto uso de armas de fogo implicam no


estudo dos diversos tipos de munições disponíveis.

A variedade de opções é de tal maneira extensa que comportaria uma análise mais
aprofundada, pelo que passaremos a apresentar, de forma sintética, os dados mais relevantes
para conhecimento do policial empregado em ações convencionais de polícia onde eventualmente
poderá fazer uso de sua arma de fogo.

Quando estudamos as munições nos preocupa o efeito que elas causam nos alvos, mais
especificamente o efeito dos projetis ao atingirem seus alvos, matéria que é objeto de análise da
chamada balística terminal ou balística de efeitos.

Estes, projetis, uma vez propelidos pelas armas de fogo percorrem sua trajetória, conforme
descrito no estudo sobre "alcances" e produzem um determinado efeito ao atingir
os alvos. A extensão e qualificação destes efeitos interessam sobremaneira ao policial que
disparou a arma e precisam ser avaliados antes de qualquer tiro dado contra pessoas.

Trata-se basicamente de conhecermos a capacidade do projétil em transferir a energia que


possui. Esta energia é chamada de cinética, porque o projetil em movimento possui massa e
velocidade, será transferida para o alvo de forma mais extensa ou não, conforme algumas
variáveis a serem consideradas. A energia cinética é definida pela física segundo a fórmula: Ec =
(massa) x (Velocidade)2
2

Os itens básicos a serem avaliados na performance de uma munição sob o enfoque policial
seriam a sua "capacidade de parada" ou "stopping power" e o seu "poder de perfuração".
Verificamos pela fórmula que o acréscimo de energia de um projétil aumenta na proporção direta

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do aumento da sua massa e de sua velocidade, esta última ao quadrado. Portanto as variações de
velocidade são relativamente mais representativas do que as da massa do projétil no incremento
da energia cinética.

Além dos fatores referentes a massa e velocidade, a análise da capacidade de um projetil


em transferir sua energia cinética, dependerá ainda de outras variáveis, entre elas: o formato da
ponta do projetil, a dureza do material de que é feito o projetil e a consistência da região do alvo
atingido.

Quando um policial atira deve fazê-lo sempre dentro de parâmetros técnicos preconizados e
seu objetivo de forma geral, é obstaculizar a ação do agressor sem causar riscos a terceiros.
Assim sendo, a munição com melhor performance policial seria aquela que propiciasse o melhor
"poder de parada" e mínima capacidade de transfixação, pois seria atingido apenas um alvo sem
risco de ferimento a outras pessoas.

A questão da capacidade de perfuração é bastante relevante para o emprego de armas de


fogo sob o enfoque policial. Quando um projétil transfixa um corpo alvo, significa que ele transferiu
apenas parte da energia que possuía, ele perde velocidade, pois deixa parte da energia naquele
corpo, mas continua sua trajetória ainda com representativa energia ; que lhe confere um poder
letal totalmente indesejável sob o ponto de vista policial.

A complexidade do estudo sobre os efeitos dos diversos tipos de munições em armas


usadas por policiais se reflete ainda na dicotomia entre "poder de parada" que é um efeito
desejado, e a "minimização dos danos causados", que é igualmente parâmetro de legitimação do
emprego de arma pela polícia. Especificamente neste aspecto fica limitado a utilização de
munições com efeito especiais onde preponderá o objetivo do "poder de parada" como os projéteis
explosivos ou que cause efeitos traumáticos extras.

Outras variáveis são ainda relevantes para o conhecimento dos policiais tais como os
efeitos causados pelas munições de projeteis múltiplos (cartucheiras) comparado com as de
projétil único.

Os tiros disparados por armas tipo cartucheira, cujo cano não possuem raiamento
produzem no alvo o efeito de múltiplos impactos, pois são propelidos vários projéteis, todos com

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massa e velocidade, portanto com energia cinética suficiente para causar efeitos lesivos (letais)
dentro dos alcances especificados.

Estes disparos são problemáticos no sentido de que colocam em risco pessoas que estejam
próximas ou atrás do alvo visado. A capacidade de precisão do tiro é relativamente baixa e os
projéteis percorrem uma trajetória definida por um cone de dispersão, cuja base se abre na medida
que se distancia da boca do cano da arma. Este efeito é igualmente indesejável, à semelhança do
projetil que transfixa o alvo posto que coloca em risco eminente pessoas não envolvidas que
estejam nesta trajetória. Como o alcance desta arma é relativamente curto, o problema pode ser
minimizado quando o policial atirador procura colocar o cano da arma em posição descendente,
visando o baixo ventre ou membros inferiores do alvo agressor. Este procedimento propicia que os
projéteis não retidos pelo alvo se alojem no solo mais adiante, levando-se em consideração as
peculiaridades do local e do tipo de piso.

Os projetis que atingem alvos humanos após sofrerem alguma interferência na sua trajetória
quer por transfixação, quer por ricochete, causam efeitos traumáticos diferenciados daqueles que
atingem diretamente o alvo. Apesar de ocorrer uma diminuição na velocidade do projetil ou até
mesmo eventualmente uma perda de massa quando este toca em outro corpo antes de atingir o
alvo, ele perde seu movimento rotacional que aliado a alteração na sua forma original, poderá
alimentar substancialmente o poder do impacto. Por isto dizemos que, para o policial, o tiro de
ricochete é extremamente perigoso em todas as circunstâncias.

De forma geral, o conhecimento sobre o poder lesivo das munições que estão disponíveis
para o uso operacional é imprescindível para assegurar ao policial a capacidade de empregar sua
ferramenta de trabalho com a adequação necessária aos parâmetros técnicos que o
profissionalismo exige.

Equipamentos de Proteção (texto em elaboração)

Procedimentos Operacionais

Ao disparar sua arma de fogo durante uma intervenção operacional o policial deve recordar-
se dos seguintes princípios:

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Verificar se as características técnicas de alcance do armamento e munições utilizados
enquadram-se nos padrões adequados a situação real em que o tiro esta sendo realizado.

Identificar-se como POLÍCIA de forma clara e inequivocada e advertir o agressor sobre sua
intenção de disparar.

Comando Verbal - "POLÍCIA! Solte sua arma! Se reagir vou disparar"

É preciso ainda considerar o tempo necessário ao acatamento do comando de forma que


seja dado ao agressor a oportunidade de desistir do seu intento e render-se.

Estas providências são obrigatórias, desde que, devido as circunstâncias reais do caso, não
afetem a segurança imediata dos policiais ou de outros envolvidos. O policial insiste na ordem de
forma firme e imperativa buscando estar sempre protegido e mantendo o controle visual sobre o
agressor.

Não se utiliza arma de fogo quando o cidadão infrator (agressor) deixou de atacar a polícia
ou quando este empreender Fuga.

Prestar imediato socorro médico a pessoa ferida.

Informar a família e as instituições encarregadas de tutelar os Direitos Humanos sobre o


estado de saúde da pessoa ferida e onde ela será socorrida. A transparência na ação policial
consolida a credibilidade e legitimação quando se torna necessário o emprego da força.

Relatar detalhadamente o fato ocorrido registrando as providências adotadas antes e após o


uso da arma de fogo, mencionando a quantidade de disparos, as armas que atiraram e seus
detentores.

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O policial não pode vulgarizar os disparos de arma durante o serviço operacional invertendo
a premissa de que somente deve atirar como último recurso. De igual maneira ele deverá contar
com o amparo institucional, dando-lhe segurança e confiabilidade para que não se intimide diante
do confronto operacional sempre que agir dentro dos parâmetros profissionais preconizados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS :

- Manual Básico do Policiamento – PMESP


- Abordagem, Busca e Identificação – PMMG
- Fascículos de Abordagem - PMRJ
- Manual de Ações Táticas - SWAT, EUA
- Instruções de Ações Táticas - ETEA/93 - PMRJ
- Instruções de Abordagem COEIPMRJ
- Instruções de Ações Táticas - GATE/COE - PMESP
- Nota de instrução sobre Ciclopatrulha PMMG.
- Instruções no Curso de Operações Policiais Especiais COPE (PMPE)
- Instrução no ETA - PMPE
- Instruções no Curso de Motopatrulhamento – ROCAM/PMPE
- Manual de Tiro Defensivo de preservação da Vida – Método GIRALDI - PMESP

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