Capelato Fichamento
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A autora no contexto
“A imprensa foi sempre porta-voz de uma elite? Não. A grande imprensa é e sempre
foi porta-voz de elites. Mas há outros tipos de imprensa que hoje, como no passado,
expressam projetos e reivindicações das classes trabalhadoras e grupos minoritários
(p. 10).”
“Os meios de comunicação tendem a desviar as vistas dos leitores ou espectadores
para os planos e ângulos convenientes aos dominantes. A manipulação das visões, por
objetivos de lucro e/ou ideológicos, impede que os interesses dos menos favorecidos
sejam expressos. Isto não significa que nunca encontrem oportunidade de veicular
suas reivindicações. Uma forte movimentação em torno de um tema pode fazer com
que a mídia seja levada a encampá-lo. Há um outro aspecto da questão a se
considerar: numa sociedade realmente democrática onde exista um maior número de
jornais e emissoras de televisão, os olhares múltiplos e diferenciados poderão permitir
que as reivindicações das minorias sejam veiculadas (p. 11).”
Introdução
“Manancial dos mais férteis para o conhecimento do passado, a imprensa possibilita
ao historiador acompanhar o percurso dos homens através do tempo (p. 13).”
“Desde os seus primórdios, a imprensa se impôs como uma força política. Os governos
e os poderosos sempre a utilizam e temem; por isso adulam, vigiam, controlam e
punem os jornais (p. 13).”
“Para compreender a participação de um jornal na história, o pesquisador faz, de
início, algumas indagações: quem são os seus proprietários? a quem se dirige? com
que objetivos e quais os recursos utilizados na batalha pela conquista dos corações e
mentes? (p. 14).”
CAPÍTULO 1
Conquistando corações e mentes
“Na grande imprensa, onde se mesclam interesses políticos e de lucro, os recursos
para a sedução do público são indispensáveis. [...] O periódico que se destina a um
público de elite caracteriza-se, geralmente, pela apresentação sóbria, como é o caso
de O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Os que se dirigem a outras faixas de
mercado apelam, em maior ou menor grau, para ilustrações, títulos espetaculares,
crime, sexo, humor, esporte, folhetins etc. (p.15).”
“Os artifícios de atração do leitor eram empregados tanto com objetivos de lucro,
como para fins políticos (p. 16).”
Os jornais ganham roupa nova
“Na segunda metade deste século, os artifícios de sedução do público se sofisticaram.
A concorrência com os veículos de comunicação de massa eletrônicos obrigou os
jornais a reestruturarem sua roupagem gráfico-editorial (p. 16).”
Imprensa: uma mercadoria particular
“Na primeira página concentram-se todos os recursos persuasivos de propaganda da
mercadoria. É preciso considerar, contudo, que a empresa jornalística coloca no
mercado um produto muito específico: a mercadoria política. Nesse tipo de negócio há
dois aspectos a se levar em conta – o público e o privado (o público relaciona-se ao
aspecto político; o privado, ao empresarial) (p. 18).”
“A informação é um direito público, mas o jornalismo é, geralmente, uma atividade
exercida no setor privado (p. 18).”
“Ocorre então que, neste mundo desigual a informação, direito de todos, transforma-
se numa arma de poder manipulada por pelos poderosos – o segredo é a sua outra
face (p. 18).”
“Os jornais expressam a opinião pública. Só que na grande imprensa (a empresarial) o
murmúrio da “voz populi” (voz do povo) ecoa longínquo enquanto ressoa forte a “voz
domini” (voz dos dominantes) (p. 18).”
“Nessa instituição onde se mesclam o público e o privado, os direitos dos cidadãos se
confundem com os do dono do jornal. Os limites entre uns e outros são muito tênues.
A imprensa tem o dever de criticar o poder e os poderosos. Como podem os
empresários-jornalistas exercerem, de forma independente, o dever de crítica se estão
ligados, por vínculos estreitos, a indivíduos e grupos cujos atos devem denunciar? (p.
18).”
Imprensa: objeto da história
“O jornal, como afirma Wilhelm Bauer, é uma verdadeira mina de conhecimento: fonte
de sua própria história e das situações mais diversas; meio de expressões de ideias e
depósito de cultura. Nele encontramos dados sobre a sociedade, seus usos e
costumes, informes sobre questões econômicas e políticas (p. 21).”
Jornal: templo dos fatos
“O jornal não é um transmissor imparcial e neutro dos acontecimentos e tampouco
uma fonte desprezível porque permeada pela subjetividade (p. 21).”
“A imprensa constitui um instrumento de manipulação de interesses e intervenção na
vida social. Partindo desse pressuposto, o historiador procura estudá-lo como agente
da história e captar movimento vivo das ideias e personagens que circulam pelas
páginas dos jornais. A categoria abstrata imprensa se desmistifica quando se faz
emergir a figura de seus produtores como sujeitos dotados de consciência
determinada na prática social (p. 21).”
“A análise desse documento exige que o historiador estabeleça um constante diálogo
com as múltiplas personagens que atuam na imprensa de uma época. Desse diálogo
resulta uma história mais viva, mais humana e mais rica, bem diferente da história
preconizada pela corrente tradicional de cunho positivista (p. 21).”
“Até a primeira metade do século, os jornalistas brasileiros tinham preocupações
semelhantes àquelas dos historiadores adeptos do positivismo. Havia entre eles certo
parentesco. Esses laços familiares são perceptíveis, principalmente, no culto à
objetividade e na concepção do fato-verdade, considerado matéria-prima do
jornalismo e da história (p. 21).”
“O culto se inicia no século XIX, que foi uma época para os fatos, segundo E.H. Carr.
Nessa “belle époque” factual o fetichismo do fato se complementava com o fetichismo
do documento “sacrário dos templos dos fatos”. [...] “se está nos documentos é
verdade”. Esse mito se estendeu para o documento-jornal, dando origem à crença:
“deu no jornal, é verdade” (p. 21/22).”
“O historiador de hoje dessacralizou os fatos e sequer admite que eles sejam a base da
objetividade (p. 22).”
“O historiador mantém o compromisso de buscar a verdade, mas há muitas verdades.
Por essa razão constata que é impossível ser completamente objetivo; a objetividade
continua sendo um critério fundamental da análise histórica, mas seu culto mítico já é
questionado (p. 22).”
“Essa postura elucida o limite da objetividade. Na construção do fato jornalístico
interferem não apenas elementos subjetivos de quem o produz, mas também os
interesses aos quais o jornal está vinculado (p. 22).”
Documento: “sacrário do templo dos fatos”
“A nova história não exclui a crítica documental rigorosa; o pesquisador, contudo, não
é mais escravo do documento. A distinção entre falso e verdadeiro é necessária, mas
hoje se entende que o documento falso é um documento histórico tão relevante
quanto o verdadeiro, cabendo averiguar porque e como foi produzido. A concepção de
documento modificou-se (p. 23/24).”
“Não há documento-verdade objetivo, inócuo. Essa ilusão positivista vem sendo
criticada desde a década de vinte [...] (p. 24).”
“Com Foucault a reflexão sobre o documento intensificou-se. Questioná-lo é o
problema fundamental da história, afirma o autor. O documento é resultado de uma
montagem, consciente ou inconsciente, da sociedade que o produziu e das épocas
sucessivas durante as quais continuou a viver esquecido ou manipulado. Esse produto
resulta das relações de forças conflitantes e do empenho de seus produtores para
impor ao futuro – determinada imagem da sociedade (p. 24).”
“Um documento – o jornal, no caso – não pode ser estudado isoladamente, mas em
relação com outras fontes que ampliem sua compreensão. Além disso é preciso
considerar suas significações explícitas e implícitas (não manifestas). Cabe, pois,
trabalhar dentro e fora dele (p. 24).”
“A reconstituição dos liames entre a história e a política implica reverter o sentido do
que foi descrito para desvendar os artifícios dos construtores da memória (p. 25).”
A história objeto
“Onde se encontrava a verdade, encontramos hoje muitas verdades, e no lugar do
observador imparcial, objetivo e neutro, um sujeito participante da história que
procura compreender (p. 25).”
“Os vínculos entre os meios de comunicação e a história se estreitam cada vez mais.
Essa interdependência apresenta aspectos positivos e negativos. Ninguém contesta a
importância da divulgação do conhecimento histórico, mas o poder de divulgar,
enaltecer ou desqualificar uma obra, ou até mesmo silenciar sobre ela, torna seu
produto vulnerável. Como dizem os representantes da história nova, o sucesso passa a
depender menos do mérito e mais da propaganda (p. 26).”
CAPÍTULO 2
A “boa” e a “má” imprensa
“A ótica burguesa distingue a “boa” e a “má” imprensa. A primeira, bem-comportada,
goza de privilégios; e a outra é sempre depreciada e punida porque ameaça os “bons
costumes” e a “ordem”. Como não me pauto por esse parâmetro maniqueísta,
considero qualquer tipo de imprensa importante para o conhecimento de sua época
(p. 28).”
“Começamos mencionando um jornal muito curioso e que certamente o “bom
burguês”, escandalizado, classificaria como o pior dentre os maus. Não pretendo com
isto “épater les bourgeois” (para impressionar os burgueses), quero apenas salientar
que um periódico, porta-voz de um “mundo marginal”, oferece muitos elementos para
a reflexão do historiador. Trata-se de O Gigolô, descoberto por Antônio Costella (p. 28)
“Este curioso jornal oferece ao pesquisador muitos elementos para o estudo dos
costumes da época, aspectos da vida urbana, ideias sobre a moral e a sexualidade,
relações sociais e muitos outros temas, além de permitir a reconstrução dos vínculos
entre a “boa sociedade” e seu outro – a “sociedade marginal” (p. 30).”
“O periódico circulou, evidentemente, na clandestinidade porque feria a “moral” e os
“bons costumes”. Muitos outros jornais, sobretudo, os de cunho político que
ameaçavam a “boa ordem” também foram proibidos. Como no Brasil a liberdade de
imprensa costuma ter vida curta, a tradição de imprensa clandestina é forte (p. 30).”
A imprensa contestadora
“Os jornais políticos, questionadores da ordem burguesa, sempre foram os mais
visados. Essa “má” imprensa (anarquista, comunista, socialista etc.) em raros
momentos gozou de liberdade (p. 30).”
“A imprensa, nem sempre tem com a sua protegia – a liberdade – o carinho que ela
merece. Mas quando a repressão a atinge, lamenta sua ausência e luta para recuperá-
la (p. 31).”
“Essa imprensa (alternativa/nanica), que se caracterizou pela atitude renovadora,
independente e polêmica, permitiu que os jornalistas críticos nela encontrassem
espaço para o combate político e a criatividade. [...] Com reduzidos recursos técnicos e
financeiros, as pequenas empresas jornalísticas introduziram no mercado jornais em
formato tabloide, com publicação semanal, procurando inovar na forma e no
conteúdo. Vale mencionar alguns deles: Opinião, Movimento e Em Tempo, que se
destacaram como jornais combativos [...]. O Pasquim também desempenhou esse
papel, mas de forma peculiar: com ironia, irreverência, humor e descontração.
Bondinho, Ex, Versus e Lampião, também [...], mas a temática política não foi a tônica
desses jornais. A contestação se manifesta sobretudo no âmbito da “moral e dos
“bons costumes” (p. 31).”
“O confronto “boa-má” imprensa traduz uma luta político-ideológica na qual se
envolvem os defensores da ordem estabelecida e os que a criticam. Entre esses dois
extremos há muitas nuanças; as críticas e defesas são diversificadas, cabendo ao
historiador captar todos os matizes (p. 33).
Jornal: uma fonte de mil e uma utilidades
“A leitura dos discursos expressos nos jornais permite acompanhar o movimento das
ideias que circulam na época. A análise do ideário e da prática política dos
representantes da imprensa revela a complexidade da luta social. Grupos se
aproximam e se distanciam segundo as conveniências do momento; seus projetos se
interpenetram, se mesclam e são matizados. Os conflitos desencadeados para a
efetivação dos diferentes projetos se inserem numa luta mais ampla que perpassa a
sociedade por inteiro. O confronto das falas, que exprimem ideias e práticas, permite
ao pesquisador captar, com riqueza de detalhes, o significado da atuação de diferentes
grupos que se orientam por interesses específicos (p. 34).”
“Há muitas maneiras de se estudar a história das ideias políticas e sociais através da
imprensa. Alguns autores utilizam a linguística na análise da ideologia; outros, se
preocupam em compreender os pressupostos dos projetos políticos veiculados nos
jornais. [..] Os pesquisadores que se dedicam às análises político-ideológicas
privilegiam os editoriais e artigos, que constituem, por excelência, a parte opinativa do
jornal. Com isto não quero dizer que a opinião só se expressa nesses espaços; ela se
manifesta também no noticiário e até mesmo na forma pelo qual o periódico se
apresenta (p. 34).”
CAPÍTULO 3 – A imprensa na história do Brasil
““Jornais não são partidos. Mas como se parecem às vezes!”. Essa analogia sugerida
por Francisco Welfort fundamenta-se no fato de que, na tradição liberal, a opinião
caracteriza essas duas instituições – partido e imprensa. Embora se pareçam com
partidos, os jornais têm especificidades: são empresas e um público de leitores é muito
mais um público consumidor que adepto de uma causa política. A distinção não
invalida a analogia; mesmo com o desenvolvimento do jornalismo informativo, a
imprensa não perdeu sua força opinativa (p. 37).”
“Num país de frágil estrutura partidária, como o Brasil, a imprensa desempenha, em
muitas circunstâncias, papel semelhante ao dos partidos, chegando a sobrepujá-los (p.
37).”
“Samuel Wainer assinalou que, até a época da ditadura militar, o poder da imprensa
na história do Brasil era quase monopolista. Ela liderou e comandou os movimentos
políticos de maior significação. Para verificar se a afirmativa de Wainer é pertinente,
propomos acompanhar o desempenho da grande imprensa em alguns momentos
marcantes da nossa história (p. 37).”
Primeiras batalhas
“A imprensa surge tardiamente no Brasil. Há razões internas e externas a explicar a sua
ausência na Colônia. A Coroa Portuguesa sempre criou obstáculos ao seu
desenvolvimento para impedir que as críticas à dominação metropolitana se
propagassem através das folhas impressas (p. 38).”
“Apesar das dificuldades, diários e panfletos circularam nos pequenos e grandes
centros urbanos (p. 38).”
“A vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, agitou a sociedade e dentre as várias
modificações ocorridas nessa época, apontamos a criação da Imprensa Régia, fato que
favoreceu a criação de inúmeros jornais na Capital do Reino e nas províncias: Bahia,
Pernambuco, Maranhão, São Paulo (p. 38).”
“A imprensa de oposição política ganhou destaque nas lutas pela independência. As
críticas à Coroa desencadeavam censura e esta chegava a impedir a circulação de
jornais (p. 38).”
“A luta pela independência colocou em campos opostos a imprensa oficial ou oficiosa
e a de oposição. Esta última caracterizou-se pela linguagem energética e violenta (p.
38).”
“Em 1821 surgiu o Revérbero Constitucional Fluminense [...]. Este órgão doutrinário
batalhou pela independência [...]. Os proprietários deixaram de publicar o jornal em 22
por considerarem seus objetivos atingidos. Isso não os livrou das perseguições [...] (p.
39).”
“[...] o Correio do Rio de Janeiro – lutou pela independência e propôs convocação da
Constituinte com eleições diretas. A Constituinte foi convocada depois dissolvida.
Seguiu-se, então, um período de ausência de liberdade para a imprensa. [...] A atuação
da imprensa nesse movimento teve muita importância. O Typhis Pernambucano,
fundado e dirigido por Frei Caneca, instigou a população contra o governo [...]. O
Desengano dos Brasileiros também teve papel significativo na Confederação. Nessa
época tornou-se famoso Cipriano Barata. Através de suas Sentinelas da Liberdade [...]
(p. 39).”
“Na fase de Abdicação, Regência e Maioridade alguns jornais se destacaram. Dentre
eles a Aurora Fluminense de Evaristo de Veiga, que fez campanha pela abdicação de D.
Pedro I (p. 39).”
“Durante a Regência proliferaram os pasquins, jornais de formato reduzido e poucas
páginas, de linguagem violenta e função agitadora. Tinham curta duração e entraram
em declínio após a Maioridade [...] (p. 40).”
“Em 1827 surgiu o famoso Jornal do Commercio do Rio de Janeiro; em 1829 o
Observador Constitucional (São Paulo) de Líbero Badaró que promoveu intensa luta
pela liberdade de imprensa. Na segunda metade do século XIX começaram a aparecer
os jornais republicanos. O primeiro foi O Apóstolo de Minas Gerais (p. 40).”
A República e seus preparativos
“Lembramos, com Antônio Cândido, que a mania de comemorar é perigosa, porque
pode servir para impor à opinião pública uma versão dirigida dos acontecimentos, em
benefício de governos ou grupos que desejam a realidade indevidamente deformada
(p.40).”
“Feita a Proclamação, coube à imprensa “o dever patriótico” de explicar ao povo que
não se tratava de uma ditadura militar. O Estado de S. Paulo informou que nesse
governo composto por oito membros apenas três eram militares, sendo mais
republicanos que militares. Quanto aos outros, o jornal os apresentava salientando, na
biografia de três deles, a ligação com a imprensa: Quintino Bocaíuva, jornalista
brilhante; Ruy Barbosa, jornalista vibrante; Aristides Lobo, jornalista ousado
(p.43/44).”
“Chamo a atenção do leitor para alguns aspectos do discurso produzido na imprensa
durante as comemorações da Abolição e República. Ele se caracteriza pela ênfase no
novo, pela insistência na índole pacífica do brasileiro e pela presença do par ordem e
progresso, simbolizado nas metáforas de luz e trevas. Todos esses elementos reforçam
a ideia de que o antigo regime – a monarquia – fora vencido pelas forças
representativas da modernidade. O ideário iluminista é reproduzido pelos
articuladores desses movimentos com intuito de mostrar que o país entrara
definitivamente na era do progresso. Tinha como meta equiparar o Brasil ao “Primeiro
Mundo” (p.45/46).”
Da Reconstrução à destruição da República: 1930-1937
“A imprensa, que tivera um papel significativo na mudança do regime, traduzia os
descontentamentos. Na maior parte dos jornais, os elogios e esperanças de outrora
cederam lugar às críticas. Afirmava-se, com frequência, que o projeto republicano não
se concretizara e diante disso, propunha-se a republicanização da República (p.47).”
“Organizou-se uma rebelião e a iniciativa partiu sobretudo, de representantes da
imprensa: o grupo de O Estado de S. Paulo assumiu papel de liderança. Pretendiam
fazer sua revolução já que a realizada em 1930 se desviara de seus objetivos e os males
prosseguiram (p.49).”
“No ano seguinte, uma “doença grave” atacou o organismo social: a rebelião
comunista. Ela foi considerada uma ameaça de morte para a sociedade. Diante do
perigo, a grande imprensa, em sua maioria, sugeriu que Vargas reprimisse
energicamente os “subversores da ordem”. Os periódicos paulistas, inimigos de Vargas
e contrários à centralização política, foram os mais veementes. Apoiaram a Lei de
Segurança Nacional – medida de fortalecimento do Estado – alegando um ato de
“legitima defesa da sociedade” (p.49).”
1945: ressurge a luz
“O enfraquecimento da ditadura, por razões que não cabe aqui examinar, permitiu a
movimentação das forças opositoras ao regime. No início de 1945, os jornais do Rio e
de São Paulo começaram a publicar declarações contra o governo. A imprensa
participou da campanha eleitoral e das articulações para derrubar a ditadura. A
maioria dos jornais deu apoio a Eduardo Gomes, o candidato da oposição... (p.50).”
“A partir de 1946 a imprensa atuou livremente. Na década de cinquenta o ex-ditador
voltou à cena política, desta vez através das urnas (p.50).”
“O candidato ganhou a eleição sem contar com o apoio da grande imprensa; nesse
episódio demonstrou que sua habilidade para seduzir o público era maior que a
própria imprensa. Consciente da necessidade de ter uma base de sustentação no meio
jornalístico, o Presidente eleito procurou Samuel Wainer, com quem articulou a
criação do jornal Última Hora em 1951.