Paulaphc, e019013-v10REV-8652775 VFinal OK
Paulaphc, e019013-v10REV-8652775 VFinal OK
Paulaphc, e019013-v10REV-8652775 VFinal OK
php/parc
http://dx.doi.org/10.20396/parc.v10i0.8652775
Resumo
As fachadas verdes, uma das tipologias de jardins verticais, utilizam espécies de trepadeiras ou pendentes que crescem e se
desenvolvem em superfícies verticais. Sua aplicação nas fachadas dos edifícios traz diversos benefícios, tais como a melhoria das
condições de conforto térmico em seu interior e a diminuição dos efeitos das ilhas de calor urbanas. Essa melhoria ocorre em
razão dos seguintes mecanismos de ação dos jardins verticais: (i) sombreamento; (ii) resfriamento evapotranspirativo; (iii)
influência na dinâmica do vento e (iv) isolamento térmico da edificação. Nesse contexto, esse artigo apresenta o estado da arte
acerca do potencial amenizador térmico das fachadas verdes, a partir da análise dos objetivos, metodologias e principais
resultados de artigos de periódicos e dissertações buscados nas bases Scopus, Web of Science™, P@rthenon e a Biblioteca Digital
Brasileira de Dissertações e Teses. Do material encontrado foram analisados 23 trabalhos, selecionados pelos seguintes critérios:
(i) trabalhos que tratam do desempenho térmico das fachadas verdes e (ii) trabalhos experimentais e estudos de caso. Os
resultados confirmam o potencial amenizador térmico das fachadas verdes e indicam lacunas de pesquisa, como a falta de
trabalhos que comparem o desempenho térmico de diferentes espécies de trepadeiras e fachadas verdes diretas e indiretas, e
lacunas informacionais, como a escassez de detalhes sobre as espécies selecionadas e as estruturas e materiais adotados nos
estudos. Além disso, os resultados também indicam temas para possíveis futuros trabalhos sobre o desempenho térmico dessa
tipologia de jardim vertical.
Palavras-chave: Jardim vertical. Desempenho térmico. Fachada verde.
Abstract
Green façades, a kind of vertical gardens, use climbing or creeping species that grow and develop on vertical surfaces. Its application
in buildings facades brings some benefits, like an improvement of the internal thermal comfort as well as a reduction of the urban
heat-island effect. Such improvement occurs due to these vertical gardens mechanisms: (i) shading; (ii) evapotranspiration cooling
effect; (iii) wind dynamics influence and (iv) thermal insulation. The following paper aims to develop a literature review about the
thermal mitigation potential of green façades, analyzing objectives, methodologies and main results of papers published in scientific
journals and theses searched on Scopus, Web of Science, P@rthenon databases and the Brazilian Digital Library of Dissertations and
Theses. As a result of this research 23 studies were analyzed, which were defined by the following choice criteria: (i) studies that
investigates the thermal performance of the green façades and (ii) experimental works and cases of study. The analyses confirm the
thermal reduction potential of green façades and also research gaps, such as the lack of work comparing the thermal performance of
different species of climbers and direct and indirect green facades, and informational gaps such as the scarcity of details about the
selected species and materials adopted in the studies. In addition, the results also indicate subjects about green facades thermal
performance, for future works.
Keywords: Vertical Garden. Thermal performance. Green façade.
MUÑOZ, Luiza Sobhie et al. Desempenho térmico de jardins verticais de tipologia fachada verde. PARC Pesquisa em
Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 10, p. e019013, mar. 2019. ISSN 1980-6809. Disponível em:
<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/parc/article/view/8652775>. Acesso em: 27 mar. 2019.
doi:https://doi.org/10.20396/parc.v10i0.8652775.
Introdução
Os jardins verticais surgem como uma alternativa à degradação ambiental causada pela
urbanização, melhorando o desempenho da edificação e de seu entorno. Eles permitem
a integração entre edificação e natureza e trazem benefícios ambientais, sociais e
econômicos, como a diminuição dos efeitos das ilhas de calor urbanas (PERINI et al.,
2013), a melhoria do desempenho térmico e a economia energética da edificação (PÉREZ
et al., 2014; SAFIKHANI et al., 2014b; RAZZAGHMANESH; RAZZAGHMANESH, 2017).
A fachada verde é um tipo de jardim vertical constituído por espécies de trepadeiras ou
pendentes e podem ser de dois modelos: diretas, quando a vegetação usa a própria
fachada da edificação como suporte, ou indiretas, nas quais estruturas especialmente
projetadas darão suporte à vegetação e guiarão seu crescimento e desenvolvimento
(PERINI et al., 2013; HUNTER et al., 2014; SAFIKHANI et al., 2014b; SCHERER, 2014;
MANSO; CASTRO-GOMES, 2015; BESIR; CUCE, 2018). Destaca-se que, em ambos os
casos, a vegetação pode estar plantada diretamente no solo ou em jardineiras (CRUCIOL
BARBOSA; FONTES, 2016) (Figura 1).
Fonte: Os autores.
Materiais e métodos
Inicialmente foi feita uma busca nas bases de dados Scopus (Elsevier), Web of Science
(Clarivate Analystics), P@rthenon (Unesp) e na Biblioteca Digital Brasileira de
Dissertações e Teses (IBICT) através das seguintes palavras chave: desempenho térmico
(thermal performance), fachada verde (green façade) e jardim vertical (vertical garden).
A busca foi realizada de forma única e combinada e as palavras chave deveriam estar
presentes no título, abstract e palavra-chave do trabalho. Todos os estudos referentes
ao tema “fachadas verdes” foram selecionados de forma retrospectiva nos idiomas
português e inglês.
Realizou-se a seleção dos trabalhos que seriam incluídos na revisão por meio de dois
critérios: 1 – que abordassem o desempenho térmico de fachadas verdes e 2 – que
fossem pesquisas experimentais e estudos de caso. Portanto, foram excluídos os
trabalhos de revisão, de simulação, com informação repetida ou disponível em outros
artigos, que não apresentavam estratégias metodológicas claras e aqueles que, mesmo
com o tema fachadas verdes, abordavam outros tópicos sobre o assunto.
A partir dos levantamentos foi possível identificar lacunas de conhecimento e
tendências de pesquisas, além de problemas em sua execução. Os resultados da revisão
são apresentados em quadros que permitem a clara visualização das principais
informações e resultados.
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Desempenho térmico de jardins verticais de tipologia fachada verde
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: Os autores.
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Apenas Perini et al. (2011), Morelli e Labaki (2013) e Hoelscher et al. (2016) analisam as
duas tipologias simultaneamente e promovem comparações entre elas.
Quadro 1 – Estudos sobre desempenho térmico de fachadas verdes e suas principais características
Clima Período de
Nº Referência Nomenclatura Localidade Orientação Tipo
(autores) estudo
Tsoumarakis et al. Verão e
01 Green wall - - Oeste FVD
(2008) Outono
Eumorfopoulou e Superfícies
02 Grécia Temperado Verão Leste FVD
Kontoleon (2009) vegetadas
Ip, Lam e Miller Reino
03 Biosombreador - Verão Sudoeste FVI
(2010) Unido
Inverno/
04 Wong et al. (2010) Fachada Verde Singapura Tropical Primavera/ - FVI
Verão
Mediterrâneo Nordeste, Sudoeste
05 Pérez et al. (2011) Fachada Verde Espanha Todo o ano FVI
Continental e Sudeste
“façade Temperado
06 Perini et al. (2011) Holanda Outono Nordeste FVD/FVI
greening” Marítimo
Sunakorn e
07 Biofachada Tailândia Tropical Verão Oeste FVI
Yimprayoon (2011)
08 Jaafar et al. (2013) Fachada Verde Malásia Tropical - Norte FVI
09 Koyama et al. (2013) Fachada Verde Japão - Verão Sul FVI
Morelli e Labaki Tropical de
10 Parede Verde Brasil Verão Norte FVD/FVI
(2013) Altitude
Safikhani et al. Quente e
11 Fachada Verde Malásia Primavera Oeste FVI
(2014a) úmido
Suklje, Ankar e
12 Fachada Verde Eslovênia - Verão Sul FVI
Medved (2014)
Susorova, Azimi e Superfícies Estados Norte, Sul, Leste e
13 Frio Verão FVD
Stephens (2014) vegetadas Unidos Oeste
Cameron, Taylor e Reino Temperado
14 Fachada Verde Inverno - FVI
Emmett (2015) Unido Marítimo
Parede Verde Úmido
15 Koyama et al. (2015) Japão Outono Sul FVI
Trepadeira Subtropical
Hoelscher et al. “façade Leste, Oeste,
16 Alemanha - Verão FVD/FVI
(2016) greening” Sudoeste
Matheus et al. Verão e
17 Fachada Verde Brasil - Sudeste FVD
(2016) Inverno
Mediterrâneo
18 Pérez et al. (2017) Fachada Verde Espanha Verão Leste, Sul e Oeste FVI
Continental
Monções
19 Yin et al. (2017) Fachada Verde China Verão Sul FVD
Tropical
Verão e
20 Otellè e Perini (2017) Fachada Verde - - - FVD
Inverno
21 Lee e Jim (2017) Green Wall Hong Kong Subtropical Verão Nordeste/Noroeste FVI
22 Yang et al. (2018) Fachada Verde China - Verão Norte e Sul FVI
Vox, Blanco e Mediterrâneo Verão e
23 Fachada Verde Itália Sul FVI
Schettini (2018) (K) Inverno
Legenda: FVD – Fachada verde direta; FVI – Fachada verde indireta; K – seguiu classificação de Köppen-Geiger. Fonte: Os autores.
Resultados
Processos metodológicos: parâmetros analisados e mecanismos de ação
Todos os trabalhos apresentaram processos metodológicos claros e explicativos, com
descrição do local em que o experimento está inserido e parâmetros avaliados. No
entanto, os processos utilizados são muito variados, não seguem um padrão e geram
diferentes parâmetros e resultados.
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Quadro 2 – Estudos sobre desempenho térmico de fachadas verdes e suas principais características
Nº Parâmetros Mecanismos atuantes
01 Ti, Te, Tse, Tsi e Ur interna e externa Sombreamento e isolamento térmico
02 Te, Ti, Tse, Tsi e Tf. Sombreamento
03 Rs, Cf e Pc. Sombreamento
04 Tse, Te, T substrato Sombreamento e evapotranspiração
05 Iluminância externa e na cavidade, Te, Tc, Sombreamento, evapotranspiração e barreira ao
Tse, Ur externa e cavidade e Var externa. vento.
06 Tse, Te e Var. Sombreamento e barreira ao vento
07 Ti, Te, Ur interna e externa e Var. Sombreamento e aumento na velocidade do vento
08 Tc, Te, Ur cavidade e externa Sombreamento e aumento de velocidade do vento
09 Te, Tse, Ur externa, Pc. Sombreamento, evapotranspiração
10 Te, Ti, Tse, Tsi, Ur interna e externa Var. Sombreamento, evapotranspiração e isolamento
térmico
11 Ti, Te, Tse, Tsi, Ur interna e externa. Sombreamento
12 Rs, Te, Ti, Ur externa. Sombreamento
13 Te, Ti, Tse, Tsi, Var externa, Ur externa. Sombreamento, evapotranspiração e redução da
velocidade do vento
14 Te, Tse, Var externo. Isolamento térmico e barreira ao vento
15 Tf, Trf Evapotranspiração
16 Tse, Tf, Tsi, Te, Ur externa Sombreamento e evapotranspiração
17 Te, Tse, Tsi, Tg, Var. Sombreamento, evapotranspiração e isolamento
térmico
18 Tse, Tsi, Te, Tc, Ti, Ur externa e interna. Sombreamento
19 Te, Rs, Ur externa e Var. Sombreamento
20 Tar, Tse, Tsi e Resistência. Sombreamento e isolamento térmico
21 Tse, Tsi, Te e Ti Sombreamento e isolamento térmico
22 Tse, Tsi, Tc, Ur cavidade, Ti, Ur interna, Var Sombreamento e evapotranspiração
interna, Tg.
23 Te, Ur, Var, Tse. Sombreamento
Legenda: Te – temperatura do ar externa; Ti – temperatura do ar interna; Tse – temperatura superficial externa; Tsi –
temperatura superficial interna; Tf – temperatura folhagem; Tg – temperatura de globo; Pc – percentual cobertura; Cf –
Camada foliar; Ur – umidade relativa; Var – velocidade do ar; Tc – temperatura na cavidade; Rs – radiação solar; Trf –
transpiração foliar. Fonte: Os autores.
e019013-6 | PARC Pesq. em Arquit. e Constr., Campinas, SP, v. 10, p. e019013, 2019, ISSN 1980-6809
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e019013-7 | PARC Pesq. em Arquit. e Constr., Campinas, SP, v. 10, p. e019013, 2019, ISSN 1980-6809
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Quadro 3 – Estruturas utilizadas nos trabalhos de desempenho térmico de fachadas verdes indiretas e o tamanho das
cavidades de ar formadas
Nº Tipo de estrutura utilizada Cavidade de ar
03 Treliça modular -
04 Treliça modular -
05 Treliça modular -
06 Treliça modular 20 cm
07 Treliça modular 70 cm
08 Sistema de cabos 123 cm
09 Tela de plástico 2,5 cm
10 Treliça 20 cm
11 Treliça modular 15 cm
12 - 80 cm
14 Sistema de cabos -
15 Tela de plástico 20 cm
16 Sistema de cabos 20 cm
18 Tela de aço 20 cm
21 Sistema de cabos 100/30 cm
22 Treliça modular 70 cm
23 Tela metálica 15 cm
Fonte: Os autores.
e019013-8 | PARC Pesq. em Arquit. e Constr., Campinas, SP, v. 10, p. e019013, 2019, ISSN 1980-6809
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Figura 3 – Fachadas verdes com (a esquerda) estrutura treliçada e modular, (ao centro) com sistemas de cabos e (a direita) com estrutura de tela
Fonte: Os autores.
Tsoumarakis et al. (2008), Eumorfopoulou e Kontoleon (2009), Wong et al. (2010), Pérez
et al. (2011), Perini et al. (2011), Susorova, Azimi e Stephens (2014), Hoelscher et al.
(2016), Matheus et al. (2016), Yin et al. (2017), Lee e Jim (2017) e Yang et al. (2018)
realizaram os estudos em fachadas verdes já existentes. Em todos os demais trabalhos
as fachadas verdes foram construídas, sejam em paredes de edificações, em células
teste ou independentes, como é o caso dos trabalhos de Koyama et al. (2013; 2015).
Destaca-se aqui o trabalho de Otellè e Perini (2017), pois foi o único em que o
experimento foi totalmente construído e realizado em condições laboratoriais. Detalhes
dos experimentos, superfícies controle e equipamentos utilizados nos trabalhos em que
as fachadas verdes foram construídas são apresentados no Quadro 4.
Quadro 4 – Estudos sobre desempenho térmico de fachadas verdes e suas principais características (continua)
Estrutura da fachada verde Estrutura controle
Nº Equipamentos
Dimensões Materiais Dimensões Materiais
Treliça: estrutura
Treliça: não informa; metálica composta Sala 3x3 m (LxP); Não informa quanto à Especifica modelos;
03 Jardineira:0,4x0,3x0,6 por cordas e cabos; Janela 1,2x2,1 m edificação; Especifica a posição;
m (LxPxA). Jardineira: madeira (LxA). Janela de vidro comum. Especifica precisão.
compensada.
Especifica modelos;
Treliça: estrutura Duas salas 3x3 m Divisórias: poliestireno;
07 Treliça: não informa. Especifica a posição;
metálica; (LxP); Teto: placa cimentícia.
Especifica precisão.
Cabos: 2,5 m de Cabos: metálicos;
Estudo realizado em espaço de transição de Especifica modelos;
altura; Jardineira:
08 edifício em que não foi especificada a sua Especifica a posição;
Jardineiras: 0,16 m polipropileno
constituição material. Especifica precisão.
de largura. reciclado.
Especifica modelos;
Tela: 0,91x1,8 m
09 Tela: plástico. Estudo realizado em área externa livre. Especifica a posição;
(LxA);
Especifica precisão.
Paredes: tijolo comum e
totalmente rebocadas;
Células teste: 1 m²
Cobertura: laje;
de área cada (3
Treliça: não Pintura externa: verde, Especifica modelos;
10 Treliça: não informa. unidades);
informa. azul e vermelha; Especifica a posição.
Laje: 5 cm de
Pintura interna: branca;
espessura.
Fechamento posterior:
MDF.
Treliça: 1x1,6 m Treliça: madeira
Caixa teste:
(LxA); com malha; Especifica modelos;
11 0,6x0,6x1,6 m Caixa teste: madeira.
Jardineira: não Jardineira: Especifica a posição.
(LxPxA).
informa. madeira.
Especifica modelos;
Jardim instalado sobre
12 Não informa. Não informa. Não informa. Especifica a posição;
piso de concreto.
Especifica precisão.
e019013-9 | PARC Pesq. em Arquit. e Constr., Campinas, SP, v. 10, p. e019013, 2019, ISSN 1980-6809
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Quadro 4 – Estudos sobre desempenho térmico de fachadas verdes e suas principais características (conclusão)
Estrutura da fachada verde Estrutura controle
Nº Equipamentos
Dimensões Materiais Dimensões Materiais
Caixa teste:
Sistema de cabos: 0,6x0,6x0,7 m Paredes: tijolo vermelho; Especifica modelos;
14 não informa Cabos: aço. (LxPxA); Piso: concreto; Especifica a posição;
dimensões. Piso: 0,68x0,5x0,04 Teto: concreto. Especifica precisão.
m (LxPxA).
Casa: 1,83x3,65x2,6
m (LxPxA);
Fechamento externo:
Fechamento
metal;
externo: 15 mm;
Fechamento interno: Especifica modelos;
15 Tela: não informa. Tela: plástico. Fechamento
madeira; Especifica a posição.
interno: 4 mm;
Teto: metal e madeira;
Teto: ≈ 13 cm;
Janela: madeira.
Janela: 3 mm.
A escolha correta das espécies influencia no desempenho térmico das fachadas verdes,
uma vez que a consolidação da cobertura vegetal e espessura da folhagem alteram o
grau de sombreamento (HUNTER et al., 2014; SAFIKHANI et al., 2014a; MONTANARI;
LABAKI, 2017; BESIR; CUCE, 2018). Além disso, cada espécie interfere à sua maneira no
desempenho térmico das fachadas verdes, de acordo com suas propriedades físicas
(SAFIKHANI et al., 2014a). Para a fachada verde direta, apenas duas espécies foram
utilizadas: Hedera helix e Parthenocissus tricuspidata, sendo a última a mais aplicada e
presente em sete dos nove trabalhos, enquanto a Hedera helix foi utilizada em apenas
um deles. Apenas Hoelscher et al. (2016) realizaram trabalho experimental com estas
duas espécies em conjunto.
Dos 23 trabalhos avaliados, apenas Koyama et al. (2013), Hoelscher et al. (2016), Lee e
Jim (2017) e Vox, Blanco e Schettini (2018) fazem estudo comparativo entre os
resultados do desempenho térmico das fachadas em função da aplicação de diferentes
espécies. Apesar de selecionarem cinco espécies para seu experimento, Perini et al.
(2011) não especificam os resultados obtidos com cada uma. Destaca-se aqui o erro do
estudo de Jaarfar et al. (2013) quanto à identificação da espécie, uma vez que os autores
informam no texto uma variação de thunbergia arbustiva, quando a utilizada foi a
Thunbergia grandiflora, espécie de trepadeira.
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Quanto à justificativa da seleção das espécies, dez trabalhos deixam claro este
importante aspecto: Ip, Lam e Miller (2010), Pérez et al. (2011), Sunakorn e Yimprayoon
(2011), Koyama et al. (2013), Morelli e Labaki (2013), Susorova, Azimi e Stephens (2014),
Koyama et al. (2015), Hoelscher et al. (2016), Matheus et al. (2016) e Pérez et al. (2017).
Pérez et al. (2011) e Sunakorn e Yimprayoon (2011) realizaram um experimento prévio
para a escolha das trepadeiras, comparando o crescimento, desenvolvimento e
densidade de cobertura vegetal para diversas espécies. Koyama et al. (2015)
determinaram a espécie para o experimento com base em trabalho anterior, de 2013,
no qual foi avaliada a influência do desempenho térmico de cinco trepadeiras. As
espécies utilizadas em cada estudo e a espessura da folhagem são apresentadas no
Quadro 5.
Discussão
O desempenho térmico das fachadas verdes
A análise do efeito do sombreamento no desempenho térmico das fachadas verdes é
uma constante, com exceção dos trabalhos de Cameron, Taylor e Emmett (2015) e
Koyama et al. (2015). Dentre todos os trabalhos, apenas Susorova, Azimi e Stephens
(2014), Hoelscher et al. (2016), Pérez et al. (2017) e Vox, Blanco e Schettini (2018) avaliam
o parâmetro LAI (Leaf Area Index), ou seja, o índice de área foliar. Este parâmetro
consiste na relação entre a área da folhagem e a superfície e, por estar relacionado à
densidade vegetal e à capacidade de sombreamento, influencia diretamente no
desempenho térmico das fachadas verdes (MONTANARI; LABAKI, 2017; PÉREZ et al.,
2017).
Com a finalidade de quantificar o desempenho de sombreamento de uma fachada
verde, Ip, Lam e Miller (2010) desenvolveram o conceito de “coeficiente de bio
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Quadro 6 – Trabalhos sobre desempenho térmico de fachadas verdes diretas: principais resultados (continua)
Nº Principais resultados
Reduções máxima e mínima de 3 °C e 1 ºC de Tse, respectivamente;
01 Redução máxima de 1 ºC para Tsi;
Aumentos máximo e mínimo de 1,5 e 2 ºC de Ti no período frio, respectivamente.
Redução média de 5,7 ºC para Tse e 0,9 ºC para Tsi;
02
Redução média de 0,5 ºC para Ti.
Nenhuma diferença de Te em frente a parede “controle” e a fachada verde;
Redução de 1,2 ºC para Tse da parede com fachada verde;
06
Redução de 0,43 m/s de Var entre o meio da folhagem e a 10 cm da parede “controle”. Dentro da folhagem sempre tende
a 0 m/s.
Estudo com 3 células teste nas cores vermelha, verde e azul;
Reduções de 5,3 ºC, 6,1 °C e 4,5 ºC de Ti para as três cores, respectivamente;
10 Aumento máximo de 2,5% da Ur para a célula de cor vermelha e diminuição de 3,4% para a cor azul;
Reduções de 2,7 ºC, 3,5ºC e 2,2 ºC de Tg para as três cores, respectivamente;
A célula teste vermelha mostrou o melhor resultado de Tse e Tsi.
Redução máxima de até 12,6 ºC de Tse para a fachada Leste e 11,1 ºC para Oeste;
Redução de 10% de transmissão de fluxo de calor para todas as orientações;
13 Redução máxima de 14,1 °C e 16,6 ºC de Te para as fachadas Leste e Oeste, respectivamente, e média de 1,9 °C e 2,1 ºC;
Aumento de até 4,4% na Ur próxima a folhagem;
Reduções de 42 e 43% da Var para as fachadas Leste e Oeste, respectivamente.
Nenhuma diferença significante de Te entre as fachadas vegetadas e nua;
16 Redução média de 11°C e 12,3 ºC de Tse para as fachadas com Parthenocissus trucuspidata e Hedera helix;
Redução de 1,7 ºC de Tsi.
e019013-14 | PARC Pesq. em Arquit. e Constr., Campinas, SP, v. 10, p. e019013, 2019, ISSN 1980-6809
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Quadro 6 – Trabalhos sobre desempenho térmico de fachadas verdes diretas: principais resultados (conclusão)
Nº Principais resultados
Redução de 0,5 ºC para Tsi e 1,1 ºC para Tse;
17
Redução de 1,3 ºC para Ti.
Reduções máxima e mínima de Tse para as paredes vegetadas de 4,67 ºC e 0,74 ºC, respectivamente;
19
Confirma a eficácia da fachada verde direta no resfriamento e economia passiva de energia.
Redução de 0,7 ºC para Te e 3,4 ºC próximo a folhagem. Ambas durante o verão;
Redução de 1,7 ºC de Tse e 0,4 ºC para Tsi, ambas no verão;
20 Aumento de 1,4 ºC para Te, 2 ºC para Ti e 1,2 ºC próxima a folhagem. Ambas durante o inverno;
Aumento de 1,6 ºC para Tse e 3,5 ºC para Tsi. Ambas durante o inverno;
Redução de 2,17 e 3,24 m2K/W de R para verão e inverno, respectivamente.
Legenda: R – resistência térmica; Tse – temperatura superficial externa; Tsi – temperatura superficial interna; Te – temperatura do ar externa; Ti –
temperatura do ar interna; Tg – temperatura de globo; Ur – umidade relativa do ar; Var – velocidade do ar. Fonte: Os autores.
Quadro 7 – Trabalhos sobre desempenho térmico de fachadas verdes indiretas: principais resultados (continua)
Nº Principais resultados
A cobertura vegetal atinge seu máximo em 4 meses e apresenta 5 camadas de vegetação;
03 Transmissão solar de 045, 0,31, 0,27, 0,22 e 0,12 para a primeira e quinta camadas, respectivamente;
A mudança de cor das folhas influencia na absorção solar da fachada verde.
Redução máxima de 4,36 ºC para Tse;
04 Redução máxima de 7,32 ºC para Tsf;
A fachada verde apresentou pouca influência na variação de Te.
Diferencial de 20.000 lux entre a cavidade de ar e o ambiente externo no período sem folhas e de até 80.000 lux no
período sem folhas;
Fator de transmissão solar de 0,04 – 0,37 na época da folhagem desenvolvida, e 0,38 – 0,88 no período sem folhas;
Redução média de 5,55 ºC de Tse e máxima de 15,2 ºC para a fachada Sudoeste no mês de agosto;
05
Redução de 1,36 ºC de Tc durante o verão e aumento de 3,8 ºC no inverno;
Para o período com folhas a Ur da cavidade de ar foi sempre maior em relação ao ambiente externo, atingindo seu
máximo de 7% de aumento para a fachada Sudoeste. Já para o período sem folhas ocorreu uma redução de 8% de Ur;
Redução dos diferenciais de Var entre a cavidade de ar e o ambiente externo.
Comparação com superfície “controle”; Nenhuma diferença de Te em frente a parede “controle” e a fachada verde;
Redução de 2,7 ºC para Tse da parede com fachada verde;
Redução de 1,2 ºC para a Temperatura Superficial em meio a folhagem;
06
Redução de 1,25 ºC de entre Tc e distância de 1m da parede “controle”;
Redução de 0,55 m/s de Var entre a folhagem e a 10 cm da parede “controle”;
Dentro da folhagem a Var aumenta 0,29 m/s.
Redução irrisória de Te para ambos os casos; Maior Var para caso em que havia ventilação natural;
Redução máxima de 9,93 ºC entre Ti e Te de ambiente com ventilação natural, e média de 3,63 ºC;
Redução máxima de 6,32 ºC entre Ti e Te de ambiente sem ventilação, e média de 1,65 ºC;
07
Redução máxima de Ti entre sala com fachada verde sem ventilação natural e sala comum de 4,71 ºC e média de 0,89 ºC;
Redução máxima de Ti entre sala com fachada verde e ventilação natural e sala comum de 4,31 ºC e média 0,33 ºC;
Aumento irrisório de 6,8% para Ur durante o dia.
Redução de 12,9 ºC de Tar máxima entre os pavimentos controle e aquele com mais unidades de fachada verde;
Redução de 7,4% da Ur no pavimento com mais unidades de fachada verde devido ao local com pouca circulação de
08
vento;
Reduções da Var de 1,8 m/s, aproximadamente.
09 Redução máxima de 7,9 ºC para Tse entre fachada verde com a espécie Canavalia gladiata e superfície “controle”.
Estudo com 3 células teste nas cores vermelha, verde e azul;
Reduções de 4,4 ºC, 6,1 °C e 3,6 ºC de Ti para as três cores, respectivamente;
10 Aumento irrisório da UR para a célula de cor vermelha e diminuição de 4% para a cor azul;
Reduções de 1 ºC, 1,9 ºC e 0,5 ºC de TG para as três cores, respectivamente;
A célula teste azul apresentou os maiores valores para Tse e Tsi.
Redução de 6,5 °C e 3 ºC para Tc e Ti, respectivamente;
11 Redução de Tse e Tsi de 5,5 e 3,5 ºC respectivamente;
Aumento de 16 e 12%, respectivamente, para Ur na cavidade de ar e no interior do ambiente.
12 Redução de 5 ºC para Tar da fachada verde em comparação à superfície “controle”.
Em situação de neve, as caixas-teste sem vegetação consumiram maior quantidade de energia de todo o trabalho;
Caixas teste com vegetação foram de 42 e 50% mais eficientes em condições de temperaturas congelantes com vento e
chuva e situações de frio, vento e sol; As caixas vegetadas encontravam-se secas em suas fachadas durante as chuvas;
14 Em condições de tempo frio e com a presença de vento, as caixas vegetadas apresentaram Tse 2,1 ºC mais quentes e,
quando a temperatura externa era quase zero, tal diferencial subia para 3 ºC;
A vegetação promoveu o isolamento térmico da edificação, impedindo a infiltração do vento e a dispersão de seu calor
interno e apresentou desvantagem relacionada ao sombreamento das caixas em tempo frio.
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Quadro 7 – Trabalhos sobre desempenho térmico de fachadas verdes indiretas: principais resultados (conclusão)
Nº Principais resultados
Após o corte dos caules o percentual de cobertura verde diminuiu significativamente;
Aumento de 5 ºC de Tsf, após 3 horas, dos indivíduos que tiveram seus caules cortados;
15
A evapotranspiração contribui menos do que o sombreamento e foi responsável por 9,7 e 3,6% no resfriamento de Tsi e
Ti.
Nenhuma diferença significante de Te entre as fachadas vegetadas e nua; Redução média de até 6,6 ºC de Tse para a
16
espécie Fallopia baldschuanica.
Para a fachada Sul, com a vegetação parcialmente desenvolvida, registrou reduções de Tse e Tsi de 10,1 °C e 2,5 ºC;
18 Com a vegetação completamente desenvolvida atingiu-se um LAI de 4 e 34% de economia de energia;
Para a fachada Oeste atingiu-se o máximo de 15 ºC de redução para Tse.
Reduções mínimas e máximas de Tse durante dias ensolarados de 0,52 °C e 3,49 ºC e 0,55 °C e 2,73 ºC para o “bloco alto”
e “bloco baixo”, respectivamente;
21 Reduções mínimas e máximas de Tse durante as noites de dias ensolarados de 0,03 °C e 0,78 ºC e -0,11 °C e 1,25 ºC para o
“bloco alto” e “bloco baixo”, respectivamente;
Redução máxima de 5,5 °C e 2,5 ºC para Tc e Ti da fachada Sul e 3,3 °C e 1,5 ºC para Norte;
Aumento máximo de 22,3% para Ur na fachada Sul com fachada verde e redução de 9,2% para fachada Norte vegetada;
22 Tsf 9,2 ºC mais quente que a Tse da edificação durante o dia para fachada Sul;
Reduções máximas de 8,7 ºC e 2 ºC para Tse e Tsi entre fachada controle e fachada Sul vegetada e 4,2 °C e 1,3 ºC para
Norte.
Redução média de 7 ºC para Tse das superfícies vegetadas durante o verão e máxima de 9 ºC para a fachada com
Pandorea jasminoide;
Aumento máximo de 3,5 ºC durante o inverno para a Pandorea jasminoide
23 Redução máxima de 6 ºC para Te das superfícies vegetadas durante o verão;
Ambas as espécies são ideais para o efeito de resfriamento no local estudado;
O efeito de resfriamento mais efetivo ocorreu quando a Var era de 3 a 4 m/s, Ur de 30 a 60% e radiação solar acima de
800 W/m².
Legenda: Tse – temperatura superficial externa; Tsi – temperatura superficial interna; Tsf – temperatura superficial da folhagem; Tar – temperatura
do ar; Te – temperatura do ar externa; Ti – temperatura do ar interna; Tc – temperatura do ar na cavidade; Tg – temperatura de globo; Ur – Umidade
relativa do ar; Var – velocidade de ar. Fonte: Os autores.
É importante a realização de estudos em localidades diferenciadas, uma vez que 80% dos
Localidade
trabalhos se localizam na Europa e Ásia;
Pouca variedade em relação aos ambientes da edificação estudados. Dentre todos os
Ambientes avaliados
trabalhos selecionados, apenas um trata de espaços de transição;
Poucos estudos fazem a comparação do desempenho térmico entre modelos de fachada
Modelos
verde direta e indireta;
Os estudos fornecem poucos detalhes sobre as espécies vegetais, apresentam nomes
Informação sobre as
Falta de informações dos
populares e classificação taxonômica até o nível de gênero. Wong et al. (2010) não
trabalhos analisados
espécies
informam a espécie utilizada;
Falta de especificação completa dos equipamentos, seu posicionamento e suas
Equipamentos
características técnicas;
Orientação da fachada Alguns autores não informam a orientação solar da fachada verde estudada;
Apenas um trabalho traz a classificação climática do local de estudo segundo Köppen-
Clima
Geiger;
É necessária uma maior riqueza de detalhes no que diz respeito à estrutura das fachadas
Estrutura e dimensões
verdes e suas superfícies controle. Dimensões e materiais utilizados são essenciais.
Fonte: Os autores.
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Conclusão
Os estudos sobre desempenho térmico de fachadas verdes são recentes em todo o
mundo e, mesmo com tendência de crescimento, ainda são escassos e concentrados em
poucos países, com baixa variabilidade de climas e com estratégias metodológicas
variadas. Isto dificulta a comparação entre os estudos e sua reprodutibilidade. Porém,
ainda que tais questões possam ser levantadas, fica claro em todos os trabalhos
avaliados o potencial amenizador térmico das fachadas verdes.
Foram encontrados resultados de até 16,6 ºC na diferença de temperatura superficial
em relação à superfície controle, o que evidencia e confirma o potencial amenizador
térmico desse tipo de jardim vertical. Além da amenização gerada pelo sombreamento,
o aumento da umidade relativa do ar também pode contribuir na melhoria do
desempenho térmico da edificação através do resfriamento evaporativo, que reduz a
temperatura do ar e contribui para o conforto térmico em locais com clima seco. O
resfriamento promovido pelo efeito de barreira do vento, quando a temperatura do ar
é maior do que a da faixa de conforto térmico, e o isolamento térmico promovido pelas
infraestruturas verdes também são importantes para o seu efeito de amenização
térmica.
Recomenda-se a avaliação comparativa entre diferentes espécies e os seus respectivos
impactos no desempenho térmico das fachadas verdes, sejam esses no ambiente
interno ou externo. Soma-se a isso a necessidade de uma maior diversidade de
ambientes das edificações a serem analisados, como o espaço de transição que é
avaliado apenas pelo trabalho de Jaafar et al. (2013) entre os 23 selecionados.
Estes resultados mostram o potencial da fachada verde como instrumento de
amenização térmica do ambiente construído. Dessa maneira, recomenda-se, após esta
revisão, que os futuros estudos considerem métodos mais padronizados e que levem
em consideração uma maior quantidade de variáveis, como a utilização de espécies
diferentes e comparação do desempenho térmico das mesmas. Soma-se a isso a
necessidade de estudos que comparem, também, o desempenho térmico de fachadas
verdes diretas e indiretas. Cada uma destas variáveis tem influência no desempenho
térmico das fachadas verdes, e deve ser considerada na avaliação completa.
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