Aula 6
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Antonio Machado
Orientação profissional
pelo Instituto de Estudos
Avançados em Educação da
Fundação Getulio Vargas do
Existem dois componentes no processo de orientação profissional: a in- Rio de Janeiro (Iesae/FGV).
Especialista em Orientação
formação profissional e a orientação profissional. Na informação, como o nome Educacional pela Universida-
já diz, há uma busca de informações sobre a profissão, tanto no sentido pessoal de Estadual do Rio de Janeiro
(UERJ). Professora-titular de
quanto no sentido da profissão e do mercado de trabalho. A orientação diz respeito Orientação Educacional da
Faculdade de Educação do
à busca inicial, ao direcionamento que deve ser provido a partir do autoconheci-
Rio de Janeiro. Orientadora
mento e das próprias profissões no seu campo de trabalho. Educacional pelo Instituto de
Educação do Rio de Janeiro.
Toda escolha profissional é revestida pelo debate dos aspectos individuais Formada em Pedagogia pela
Pontifícia Universidade Cató-
e sociais, trazendo à tona, de um lado, a dimensão multidisciplinar da questão, lica do Rio de Janeiro (PUC-
dos aspectos de interesses, aptidões, expectativas, desejos e valores; e de outro, a -Rio).
Histórico
Desde os tempos mais remotos – como a época de Platão, com sua escola de
oficiais para os que se distinguiam em sua formação –, a escolha de uma profissão
se constitui em um desafio e em uma tarefa para os que estão envolvidos com a
Educação. Durante um longo período da história, acreditou-se que essa escolha
era apenas objeto da vontade, dos interesses e das aptidões do indivíduo e que,
baseado em suas possibilidades individuais e em seus desejos, o indivíduo teria
sucesso em sua decisão. Essa escolha, enquanto objetivo da orientação, ficava
restrita ao âmbito das aptidões naturais e aos interesses manifestados: bastava o
sujeito descobrir quais eram essas aptidões para que a orientação ocorresse.
Os procedimentos e instrumentos para a intervenção pedagógica nessa
escolha eram baseados principalmente nos testes vocacionais, que identificavam os
aspectos determinantes da personalidade do indivíduo. Com as baterias de testes, em
diferentes áreas, o indivíduo poderia ter acesso ao que ainda não havia sido revelado
do seu contexto pessoal ou, pelo contrário, poderia confirmar determinados atributos
pessoais para o exercício profissional pretendido. Vale lembrar que o movimento da
psicometria no início do século passado – em especial com os testes de Binet, em
1915 – trouxe uma ferramenta importante para a orientação vocacional.
Essa visão foi utilizada durante muitos anos, confirmada pelos documentos
legais e em especial pela Lei 5.692/71, que proclamava o aconselhamento voca-
cional, com ênfase no aspecto individual (interesses e aptidões), como sendo res-
ponsável por uma escolha correta – primeiro no que diz respeito às habilitações
profissionais e depois em relação ao ingresso no mercado de trabalho. Essa visão de
aconselhamento restrita a uma sondagem de aptidões levou à discussão do conceito
de aptidão como única justificativa para uma escolha profissional. As aptidões das
pessoas não podem ser caracterizadas apenas como inatas (aptidões naturais), uma
vez que a Educação as favorece e estimula, junto com as condições materiais de vida
do sujeito e as condições psicofisiológicas das atividades que ele realiza. O conviver
com os conhecimentos múltiplos tem a ver com a cultura, com a classe social do
indivíduo e com o tipo de vida que ele leva. Não se pode afirmar que aptidões são
apenas inatas, embora existam pessoas com aptidões tão manifestas que superam as
categorias anteriormente identificadas. O indivíduo, no decorrer de uma atividade,
pode descobrir um interesse por uma determinada área e, a partir desse momento,
verificar que pode desenvolver suas aptidões para aquele objetivo pretendido.
60 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
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Orientação profissional: uma proposta de escolha
1. Conhecimento pessoal:
a) interesses e aptidões;
b) personalidade do indivíduo;
c) autoestima e autoconceito;
d) expectativas e desejos.
2. Questões da profissão:
a) o que é vocação e o que é profissão;
b) ocupação e função;
c) formação profissional;
d) conhecimento da profissão.
3. Mercado de trabalho:
a) trabalho e trabalhador;
b) exigências do mercado;
c) formação do mercado de trabalho;
d) reestruturação do trabalho e qualificação profissional.
4. Questões contextuais:
a) globalização;
b) tecnologia;
c) Era da informática;
d) neoliberalismo;
e) pós-modernidade.
5. Questões do emprego:
a) emprego e desemprego;
b) seguro-desemprego;
c) novas necessidades nos empregos.
Questões contextuais
Os fenômenos da globalização da economia e das transformações técnico-
-organizacionais no trabalho desencadearam desafios e problemas a serem enfren-
tados no âmbito da Educação em geral e da formação profissional em particular.
Dessa forma, surge a necessidade de uma nova formação profissional, que auxilie
o candidato a rever seu processo de escolha e a buscar a requalificação, o aperfei-
çoamento ou a especialização na área pretendida.
As mudanças ocorridas no mundo do trabalho evidenciam que o paradigma
fordista de produção (que procura aumentar a produtividade, padronizando os
produtos e os procedimentos) está sendo substituído pelo paradigma toyotista, no
qual, do indivíduo, são solicitadas outras competências: em vez de um simples
cumprimento de tarefas, o indivíduo deve ser criativo, participativo e intuitivo.
Por outro lado, cada vez mais se estabelecem relações causais entre o progresso
técnico e a mudança nos conteúdos e processos de trabalho e qualificação
profissional1.
Em face dessas observações, surge o perfil do novo trabalhador, seja no
âmbito do conhecimento, seja nas atitudes ou nos comportamentos. Para atender
a essas novas necessidades, há que se ter uma informação e uma (re)orientação do
caminho percorrido e do que se deseja percorrer.
Conhecimento pessoal
1 Entendemos por paradig-
ma um modelo, um pa-
Conforme essa categoria, a orientação educacional deve colaborar para:
refletir sobre o seu próprio conhecimento, tendo como princípio que
drão, uma norma que deverá
ser seguida como a selecio-
nada/escolhida para uma área
ou atividade de realização.
ele se constitui no equilíbrio entre as possibilidades e os desejos para a
Ela está sempre relacionada
a valores e critérios do grupo,
realização das atividades individuais;
das pessoas que elegem aque-
le modelo. Os paradigmas desenvolver uma visão crítica em relação às estruturas pessoais que
fordista e tayotista referem-
-se a modelos que valorizam
determinam as condições viáveis para a decisão profissional, sem
mais a questão do trabalho
e sua sistematização que as
desconsiderar o contexto, essa decisão ocorre;
analisar os atributos específicos na escolha profissional – interesses,
pessoas que estão envolvidas
em um tipo de trabalho com
seus valores, interesses,
necessidades e expectativas. aptidões, expectativas e desejos;
Eles estão relacionados a
Henry Ford e Taylor, que verificar os componentes significativos do desenvolvimento pessoal, à
apresentaram as primeiras
normas para os trabalhadores. luz dos fundamentos teóricos das inteligências múltiplas.
Conclusão
No que diz respeito à orientação profissional, deve-se pensar nos pontos que
merecem atenção nesse processo. Veja a seguir.
Verificar as diferenças e semelhanças entre orientação profissional e
orientação vocacional.
Discutir o que significa a informação profissional na orientação profis-
sional.
Identificar na orientação os pontos relativos à pessoa, à sociedade e ao
mundo do trabalho.
Discutir as abordagens relativas à relação Educação e trabalho, verifi-
cando o que se entende, hoje, por trabalho e emprego.
Analisar o contexto atual, bem como suas implicações na escolha da
profissão.
Refletir sobre a questão dos valores implícitos na escolha da profissão:
valor de uso-necessidade; valor de troca-consumo; valor de ser-autono-
mia/iniciativa.
Analisar a necessidade de se rever a questão do trabalho no enfoque das
novas tecnologias, que vão desde as novas modalidades de trabalho à sua
supressão.
Comparar o trabalho em determinada época com o trabalho atual, verifi-
cando os pontos comuns, os desafios e as transformações.
Abordar a questão do salário, da recompensa, dos ganhos e perdas que o
trabalho envolve.
Analisar as questões da orientação profissional no que diz respeito à
profissão, ao trabalho, ao emprego, à ocupação e à função, enfatizando
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Orientação profissional: uma proposta de escolha
2. Faça um quadro e procure listar os seus interesses, necessidades e expectativas quando escolheu
a sua profissão.