2015 - Acessibilidade Educação para Alunos Com Ah - SD
2015 - Acessibilidade Educação para Alunos Com Ah - SD
2015 - Acessibilidade Educação para Alunos Com Ah - SD
Resumo
1
Mestre em Educação e Doutoranda em Distúrbios da Comunicação Humana pela UFSM. Professora de
Educação Especial do Colégio de Aplicação da UFSC. E-mail: re_kmargo@hotmail.com.
2 Mestre em Educação pela UFSM. Professora de Educação Especial do Colégio de Aplicação da UFSC. E-
mail: luh.edesp@gmail.com.
ISSN 2176-1396
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Introdução
• É curioso.
• É persistente no empenho de satisfazer os seus interesses e questões.
• É crítico de si mesmo e dos outros.
• Tem senso de humor altamente desenvolvido
• Não é propenso a aceitar afirmações, respostas ou avaliações superficiais.
• Entende com facilidade princípios gerais.
• Tem facilidade em propor muitas ideias para um estímulo específico.
• É sensível a injustiças, tanto ao nível pessoal como social.
• É um líder em várias áreas.
• Vê relações entre ideias aparentemente diversas.
Desenvolvimento
3
Define-se um currículo como um: “[...] conjunto de propostas que levam a determinar, executar e avaliar as
atividades e conteúdos oferecidos de forma sistemática aos alunos da escola” (NICOLOSSO e FREITAS, 2002,
p. 19).
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diretamente ou como colaboradores eventuais, sendo que todos possuem formação mínima
sobre AH/SD. Também, se sobressai o envolvimento com outros aspectos e contextos, para
além das questões educacionais, que envolvem os estudantes que participam de suas
atividades, pensando nesses em sua globalidade. Dentre outras ações, os programas
proporcionam que os professores, pais e/ou responsáveis possam estar conhecendo mais
sobre AH/SD, possivelmente, auxiliam no entendimento das questões que envolvem este
comportamento dos seus educandos/filhos.
A relação que se realizou nesta investigação, qual seja, AH/SD e acessibilidade
educacional, não foi encontrada em procura por pesquisas precedentes. Em busca, no Portal
de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES
(CAPES, 2012), foram localizados 302 registros na temática “acessibilidade”, mas nenhuma
produção que abordasse acessibilidade para pessoas com AH/SD. Em procura somente pela
temática “AH/SD” ou em combinação com “acessibilidade” ou com “acessibilidade
educacional”, também não foi encontrada nenhuma produção.
Com esta busca, verificou-se que apesar de os estudantes com AH/SD terem
necessidades educacionais especiais e se constituírem como público-alvo da Educação
Especial, a acessibilidade educacional, processo importante para que a inclusão escolar
aconteça, ainda é pouco discutida no âmbito da Educação Comum e da Educação Especial.
Tem-se que as pessoas com necessidades educacionais especiais:
Quadro 1 – Exemplos de falas dos estudantes com AH/SD, organizadas a partir da categoria de análise
“Estratégias de acessibilidade: atividades e recursos materiais”.
“No (nome do programa) é dirigido que nem nas matérias, só que nas matérias,
informática não conta como uma matéria no colégio, a gente vai com a professora que
quiser, e no (nome do programa) a gente tem uma área só assim de informática, outra de
brincar, outra de historia, e eu acho que é bem diferente do colégio [...] a gente tem que
achar as peças que se encaixam, tem que ter criatividade pra pensar em como que elas vão
se juntar, como que vai fazer as coisas [...] no (nome do programa) acho que tem mais
A atividade pra gente se divertir, pra brincar e pra aprender mais fácil, uma área, uma coisa
que a gente não aprende no colégio [...] Sim, primeiro a gente montou duas vez, uma foi
com materiais recicláveis e outra com materiais sólidos, como ferros, parafusos, acho que
essa ideia foi legal porque a gente podia fazer outras coisa, trabalhar com outros materiais
tipo carpintaria, madeira [...] Eu acho que sim, porque eu entendo essa área da robótica,
que é uma coisa que eu sei muito, internet, eu to sempre por dentro, olho sempre aquele
site de, o Baixaki, site de estudo [...] Depende da área, tem umas áreas que eu acho assim
mais fácil, outras mais difícil, matemática eu acho que é uma área mais difícil, tem que
prestar muito mais atenção [...] no colégio eu tenho nove matérias, aulas assim que eu
tenho que saber de todas, do assunto, depois eu tenho que lembrar disso e de mais uma
coisa nova, é complicado, e no (nome do programa) a gente ve uma coisa assim por mês,
dois mês, daí a gente muda.”
“Acho que é os passeios e as brincadeiras; no colégio não tem como fazer brincadeiras,
por causa das aula, dia que tem prova, pior ainda [...] No de esportes, as brincadeiras são
mais usando os braços e as pé, no GTEC era mais os braço, que tinha que montar as coisa,
tinha que usar a cabeça também [...] Os três grupos que eu participei, no de musica a gente
tava usando os instrumentos, a gente tava usando bastante coisa até, a gente tocava
algumas coisas quando traziam, era bem divertido [...] Elas são diferentes, são fácil de
fazer algumas, eu quase nunca falto, daí eu venho, presto atenção em tudo [...] Ás vezes
sim, ás vezes não, às vezes dá umas coisa errada, eu me sinto feliz, porque daí tem mais
uma chance de fazer de novo, daí a vezes a gente erra bastante coisa, no GTEC eu fiz
bastante coisa errada, não conseguia fazer o robô por causa do prego, eu não consegui
grudar na cabeça do robô, pra prende o pescoço com a cabeça, daí eu tava tentando bater
com um cano, pra ver se entrava dentro do copo [...] Acho que sim. Acho que foi na
B montagem do GTEC, no grupo de música, porque já passou, porque nesse de esportes a
gente não sabe o que mais vai acontecer, porque tá no meio do ano ainda, não tá lá perto
do fim. O da música foi a melhor aprendizagem da musica, o GTEC foi aprender mais
sobre o que eu queria, sobre os computadores, robôs, informática [...] Sim, às vezes eu
aprendo algumas coisa aqui no (nome do programa) e eu digo lá pros meus colega no
colégio que não estão aqui, tem alguns que querem entrar aqui pra saber como é que é [...]
Às vezes eu consigo, acho que foi no (laboratório de universidade), a montagem dos
carros, daí um monte de gente na sala queria ver, como é que é, quer saber, porque tem
gente que não sabe como é que se monta aqueles carrinhos [...]”
“A, é aquilo que eu te falei logo no começo, é que a escola, é mais pra você ficar lá,
estudando, dar as matérias entendeu? Agora aqui no (nome do centro) não, cê pode fugir
um pouco da aula entendeu, a poxa vamo ver aqui na internet aqui, não é só fica ali em
cima do robô, a vamo pensar aqui, não vai no computador ali pesquisa um negócio, é
assim né. [...] posso refletir mais, no programa eu, de robótico eu entendo pra caramba, na
escola também, só que não é igual, porque eu gosto muito de robótica[...] É, as atividades
que eu faço, a robótica estimula sim, entendeu? [...]Computador, internet, às vezes
também a gente usa, a vamo botar uma fita aqui, entendeu a gente usa isso também [...]
Bom, eu consigo sim, objetivo nas atividades, é aquilo que, tudo que eu começo eu
termino entende? [...] Sim, muito, minha vontade é construir uma casa, um carro, um
C carro que anda sozinho, uma casa toda eletrônica, isso tão construindo também agora, um
avião todo autônomo, um barco autônomo [...] Bom, porque aquilo que eu falei né, eu
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acho que hoje eu aprendo as coisas mais fácil porque, a sei lá, porque seu so dotado, so
superdotado, sei lá. Aram, quando tem reunião aqui do (nome do centro), aí pede pra falar
um pouco o que aconteceu no ano, aí eu falo foi isso e isso, aconteceu isso também, a
gente conseguiu montar o robô, a gente não conseguiu [...] Na escola eu acho um pouco
mais difícil as matérias assim entendeu? É um pouco mais chato na verdade, mais eu
aprendo, basta querer. A na escola não, a porque, sei lá, não é aquela coisa divertida como
é na robótica entendeu? Que na escola, quando cê tá com, quando se tá anotando a
matéria, cê não pode sair pra pesquisar o que aconteceu ali e tudo, na robótica a gente
pode, a vo ali no computador pra ve, entendeu? Acho que é por isso.”
“É porque assim, se você tá na escola é aquele monte de aluno, vamos botar por exemplo,
30 alunos, e quando você vem pra cá você tem 10 a 12 crianças, então a atenção tá quase
toda focada em vocês, pra mim naquele pouquinho ali você aprende mais, não tem aquele
negocio, V não fala isso, não tem, você fica ali, já que tem doze alunos, o professor vai
explicar melhor e ninguém, e todo mundo quer aprender, se já uma atividade extra,
ninguém vai atrapalhar né [...] Bem, a gente utiliza o tatame que amortece a nossa queda,
o kimono só, tem a semana toda, menos domingo, a gente chega põe o kimono [...]
D cumprimenta o nosso professor que a gente chama de sansei [...] a gente começa os
handori que é a luta, aí a gente começa a treinar [...] Por enquanto sabe que não, por
enquanto eu só tenho um objetivo, ficar treinando, dar o melhor de mim, eu não gosto de
ficar em segundo, eu acho que eu não sei perde, porque às vezes o ser humano não admite
que não sabe perder [...] Claro, é assim, você fica eufórica, você tá aqui e pensa no outro
momento ali [...] eu aprendo com facilidade já falei, só não gosto muito de estudar [...] se
você fala comigo eu já gravo porque aquilo pode ser importante [...] Tenho, consigo, eu
sou uma pessoa assim, não fala não e nem talvez pra coisas que vem pra mim, porque a
porta só abre uma vez, se eu jogar esta oportunidade pela janela, vai ter uma pessoa ali
embaixo que vai pegar ela.”
“Tem mais atividades [...] No grupo de Educação Física, a gente utiliza coisa de Educação
Física, como corda, bambolê, coisas assim, no grupo de Artes a gente utilizava cartolina
algumas vezes, quando a gente tinha que fazer cartaz por exemplo, papel, lápis, caneta,
canetinha, a gente podia escolher o que queria usar, por um lado sim, porque dá pra se
expressar por essas formas assim [...] Sim, porque dá vontade de realmente tentar de novo
e fazer outras coisas também, trabalhos de arte, a gente aprendeu uma nova técnica no
grupo de artes ano passado, trouxeram um cara que eu acho que já era formado em artes,
E e aí ele mostrou pra nós um programa no computador que dá pra desenhar com aparelho
lá, chamado tablet eu acho, mas não é um tablet de mão, é um de desenhar assim, aí eu
queria um daqueles [...] Sim, por causa da técnica de aprendizado ser diferente como eu
falei, eles usam mais atividades do que só de aula assim [...] Sim.”
“Eu acho que não tem muita diferença assim, só que eles apresentam mais as coisa [...] O
material que a gente usa é corda, ã toalha, bola, tipo na Educação Física do colégio eles
não falam que tinham esses esportes de cegos, dos que não movimentam as pernas. No
F outro grupo de Ciências, não tinha materiais diferentes, só mostrava coisas assim que a
gente não sabia, se eu não me engano era uma balinha que, sal de cozinha misturado na
agua daí botava aquela bolinha, daí começou a ferver tudo [...] Sim, eles tão sempre
perguntando assim, o que a gente quer, se a gente gostou, se a gente procurou alguma
coisa procurar mais, a professora procura também. Sim, eu procuro fazer o meu melhor
nas atividades pra poder aprender assim [...] Sim, porque são coisas que são assim, eu
acho que eu consigo aprender, já me disseram que eu aprendo mais rápido do que as
outras pessoas [...] Sim, é diferente do (nome do programa) como é muita gente, ficam
falando assim, eu acabo ficando com dor de cabeça, e aí eu não consigo prestar atenção na
aula, não consigo entender às vezes assim. [...] lá o (nome do programa) a pessoa pode
escolher o que gosta, e também é mais calmo, as pessoas como faz o que gosta, ficam
mais quieta.”
O papel dos professores está bastante evidenciado nas falas dos estudantes, quando
descrevem a natureza das mediações realizadas por eles, destacando aspectos como: desafio,
criatividade e diversificação de materiais. Estes aspectos são instigadores do aproveitamento
do potencial dos estudantes com AH/SD, em contrapartida, os mesmos sentem-se que
efetividade e qualidade na sua participação nas ações, aspectos de grande relevância para a
constituição da sua Acessibilidade Educacional.
Em contrapartida, Camargo (2010) aponta que muitas vezes o professor pode tornar-se
um desestimulador das AH/SD, por diversos fatores, dentre estes, uma dificuldade de empatia
entre estudante com AH/SD e professor. Logo, é importante que os professores da escola
tentem aproximar e aplicar cada vez mais nas mediações que realizam, metodologias que os
profissionais que atuam em outros espaços especializados para estudantes com AH/SD tem
utilizado e encontram efetividade nas suas propostas, como é ressaltado pelos estudantes.
Sobre acessibilidade educacional e expressão das AH/SD, tem-se à reflexão de como
ela acontece e quais elementos influenciam as suas diferentes linguagens (ARMSTRONG,
2001; GARDNER, 2011). Partiu-se do entendimento de que existem múltiplas linguagens que
se constituem em sistemas diferenciais de interação, logo, possuem diferentes meios de
expressão e compreensão dos conhecimentos. Estes sistemas foram citados por todos os
estudantes entrevistados, a medida em que, no espaço dos Programas de Enriquecimento
Extraescolar tem suas singularidades contempladas nas propostas de trabalho oferecidas
nestes locais.
De acordo com Camargo, Dal Forno e Freitas (2010), a acessibilidade voltada para
estudantes com AH/SD diz respeito à contemplação das atividades desenvolvidas e dos seus
comportamentos/indicadores e características diferenciadas dos estudantes, e que isto
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Considerações Finais
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro, São
Paulo: Edições 70, 2011.
CAMARGO, R. G., DAL FORNO, L. F., FREITAS, S. N. Acessibilidade para alunos com
altas habilidades/superdotação: a relevância de ações educacionais conjuntas.
In:CONGRESSO NACIONAL SOBRE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO, 1.
Curitiba, 2010. Anais... Curitiba: UFPR, 2010. p.11-19.
GERSON, K.; CARRACEDO, S. Niños com altas capacidades a la luz de las múltiples
inteligências. 1ª ed. Buenos Aires: Magistério del Río de la Plata, 2007.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
INEP. Sinopse estatística da educação básica 2009. Brasília: INEP, 2009. Disponível em:
http://www.inep.gov.br/basica/censo/default.asp. Acesso em 10/04/2011.