Tema 03 - Enfermidades Respiratórias
Tema 03 - Enfermidades Respiratórias
Tema 03 - Enfermidades Respiratórias
PROPÓSITO
Compreender o papel do aparelho respiratório e a correlação com o estado nutricional,
mostrando que tanto a nutrição influencia o
desenvolvimento adequado do pulmão, quanto a
doença pulmonar influencia negativamente o estado nutricional, levando a desfechos
ruins.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo desse tema, tenha em mãos um dicionário de termos médicos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Fonte: Shutterstock.
Identificar os mecanismos
fisiopatológicos das principais
enfermidades pulmonares
MÓDULO 2
Fonte: Shutterstock.
MÓDULO 3
Fonte: Shutterstock.
INTRODUÇÃO
As doenças respiratórias crônicas representam cerca de 7% da mortalidade mundial, sendo
responsáveis por 4,2 milhões de óbitos anuais.
No nosso país, são a terceira causa de
morte relativas às doenças crônicas não transmissíveis, perdendo apenas para as
cardiovasculares e
o câncer, respectivamente. Segundo o Ministério da Saúde, no período
de 2003 a 2013, houve 685.031 óbitos causados por doença
pulmonar no Brasil, uma média
de 32,6/100 mil habitantes. As doenças respiratórias acarretam limitações físicas na
realização das atividades
diárias, como caminhar, além de efeitos emocionais e
intelectuais, gerando consequências negativas na qualidade de vida do paciente e de
toda
sua família (BRASIL, 2016).
As doenças respiratórias crônicas são doenças tanto das vias aéreas superiores como das
inferiores e as principais são a doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), os estados
alérgicos, a tuberculose pulmonar, algumas doenças relacionadas ao processo de trabalho
e a asma.
O tabagismo, a poluição ambiental, os agentes ocupacionais, os fatores
genéticos, sociais e fatores relacionados ao estilo de vida são
considerados os
principais fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças. Sua incidência tende
a aumentar também em virtude do
envelhecimento populacional. A maioria dessas doenças
pode ser prevenida.
MÓDULO 1
Identificar os mecanismos
fisiopatológicos das principais enfermidades pulmonares
FASE EMBRIONÁRIA
Ocorre entre as 3ª e 6ª semanas gestacionais, com o surgimento do divertículo
respiratório.
FASE PSEUDOGLANDULAR
Ocorre entre as 6ª e 16ª semanas gestacionais, quando há formação dos bronquíolos.
FASE CANALICULAR
Ocorre entre a 16ª e a 28ª semana gestacional, quando cada bronquíolo terminal se
divide formando os bronquíolos respiratórios.
FASE SACULAR
Ocorre entre as 28ª e 36ª semanas gestacionais, caracterizada pela formação dos
alvéolos primitivos. Nesse estágio, as células alveolares já
são capazes de
sintetizar, armazenar e liberar surfactante pulmonar na sua superfície.
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
VITAMINA A
VITAMINA D
SELÊNIO E VITAMINA E
VITAMINA A
VITAMINA D
SELÊNIO E VITAMINA E
FISIOPATOLOGIA DAS
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS
Os pulmões são os principais órgãos do aparelho respiratório. Estão
localizados dentro da
caixa torácica e acima do músculo diafragma. São
órgãos complexos formados por tecido
esponjoso elástico, cuja função é absorver oxigênio e eliminar dióxido de carbono. O
oxigênio que
entra nos pulmões quando inspiramos é distribuído por um sistema de tubos
chamado árvore brônquica, que terminam em pequenos sacos
(alvéolos) onde o oxigênio
passa para a corrente sanguínea, enquanto o dióxido de carbono passa do sangue para os
pulmões. Os pulmões
contêm um sistema de defesa próprio, que inclui células imunológicas
e muco, com a função de nos proteger de diversos componentes
nocivos do ar, como poeira,
pólens, bactérias, vírus, fumaça e substâncias voláteis.
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
enzina
conversora de angiotensina (ECA) . A angiotensina II aumenta a pressão
sanguínea. Os pulmões também
filtram, aquecem e
umidificam o ar inspirado.
Fonte: Shutterstock.
SISTEMA BRÔNQUICO
Estruturas que levam o ar até os pulmões, como traqueia, brônquios e suas ramificações
DOENÇAS
INFECCIOSAS
DOENÇAS OBSTRUTIVAS
DOENÇAS PULMONARES
INTERSTICIAIS OU
DIFUSAS
DOENÇAS DA
CIRCULAÇÃO
PULMONAR
DOENÇAS
PLEURAIS
DOENÇAS INFECCIOSAS
DOENÇAS OBSTRUTIVAS
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, bronquite e fibrose cística.
DOENÇAS PLEURAIS
ENFERMIDADES PULMONARES
RINITE
Fonte: Shutterstock.
Rinoconjuntivite
alérgica
ASMA
Fonte: Shutterstock.
CHIADO
Fonte: Shutterstock.
FALTA DE AR
Fonte: Shutterstock.
APERTO NO PEITO
Fonte: Shutterstock.
TOSSE
Tais sintomas variam ao longo do tempo e em intensidade, bem como por limitação variável
do fluxo aéreo expiratório. A síndrome parece
resultar de interações complexas entre
fatores genéticos, imunológicos e ambientais. É um distúrbio reversível, porém o
tratamento
inadequado pode acarretar risco de vida.
A asma é a principal causa de hospitalização e morte em todo o mundo, sendo a asma
alérgica a
mais comum, cujo desencadeamento geralmente se dá por:
INALAÇÃO DE PÓLEN
PELOS DE ANIMAIS DOMÉSTICOS
POLUIÇÃO DO AR
FUMAÇA DE CIGARRO
OUTROS INALANTES
Fonte: Shutterstock.
Existe também uma forte associação entre asma e obesidade que tem sido muito
estudada. Os adipócitos (células que armazenam gordura)
desempenham funções metabólicas
e apresentam características morfológicas diferentes dependendo da sua localização no
corpo. Além
disso, são responsáveis por secretarem substâncias pró-inflamatórias, como a
IL-6, IL-1, adiponectina, TNF-α, PCR e leptina. Quanto maior o
número de adipócitos,
maior será a produção de substâncias pró-inflamatórias (citocinas) e o nível de
inflamação, aumentando a
sensibilidade (hiperresponsividade) das vias aéreas. A
obesidade também provoca efeitos mecânicos no pulmão, pois altera o volume e a
capacidade pulmonar, causando diminuição do volume sanguíneo circulante e da ventilação
pulmonar (CAMILO
et al, 2010).
PNEUMONIA
A pneumonia, infecção que envolve alvéolos e bronquíolos, é
causada por
bactérias, vírus ou parasitas e pode ser adquirida dentro ou fora
do ambiente
hospitalar. Basicamente, as pneumonias são provocadas pela penetração de um agente
infeccioso ou irritante no espaço
alveolar, onde ocorre a troca gasosa. Os sintomas mais
comuns são febre alta, tosse e dor torácica. O tratamento requer o uso de antibióticos
e
a melhora costuma ocorrer em três ou quatro dias. A internação hospitalar pode fazer-se
necessária quando a pessoa é idosa, tem febre
alta ou apresenta alterações clínicas
decorrentes da própria pneumonia, tais como: comprometimento da função dos rins e da
pressão
arterial, dificuldade respiratória caracterizada pela baixa oxigenação do
sangue.
Fonte: Shutterstock.
ENFISEMA PULMONAR
Os sacos alveolares são destruídos progressivamente. Há dificuldade respiratória
progressiva.
BRONQUITE CRÔNICA
Os brônquios sofrem inflamação e fibrose. Há dificuldade respiratória progressiva.
A DPOC está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de
partículas e gases tóxicos, e é primariamente
causada pelo hábito de fumar cigarros.
Além de afetar os pulmões, a DPOC produz significativas consequências sistêmicas, como a
diminuição do índice de massa corporal (IMC) e da capacidade
física, além do aumento da
circulação de mediadores inflamatórios e
proteínas de fase aguda.
A DPOC tende a ocorrer com mais frequência em algumas famílias, portanto, pode haver uma
tendência hereditária em alguns pacientes.
Em pessoas com DPOC, é comum a queixa de uma leve tosse com expectoração de
escarro claro que se inicia por volta dos 40 ou 50 anos
de idade. Essa tosse é mais
frequente pela manhã. Também é comum a queixa de falta de ar ao esforço. Conforme a DPOC
progride,
algumas pessoas, especialmente aquelas que têm enfisema, desenvolvem padrões
respiratórios anormais e necessitam, às vezes, de uso de
oxigênio suplementar (Figura
2). Durante crises graves, pacientes podem desenvolver um quadro clínico potencialmente
de risco à vida,
chamado de insuficiência respiratória aguda. Entre os possíveis
sintomas estão falta de ar (sensação comparada ao afogamento), ansiedade
grave,
sudorese, cianose e confusão.
Fonte: Shutterstock.
Figura 2. Paciente em uso de oxigênio
suplementar através de cânula nasal.
FIBROSE CÍSTICA
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
ASPERGILOSE
Fonte: Shutterstock.
HIPERTENSÃO PULMONAR
Fonte: Shutterstock.
CÂNCER DE PULMÃO
O câncer de pulmão é a neoplasia mais frequentemente diagnosticada
mundialmente desde a década de 1980. Acomete mais homens do
que mulheres e sua maior
causa é o tabagismo. O risco de câncer de pulmão em tabagistas aumenta com o número de
cigarros fumados e
com a duração do tempo de tabagismo. Dietas pobres em vitamina A, C e
β-caroteno também foram associadas ao aumento do risco,
enquanto a ingestão regular de
frutas e vegetais pode exercer algum efeito protetor. O câncer é definido como um
crescimento desordenado
de células que invadem tecidos e órgãos. Quando essas células se
dividem rapidamente, tendem a ser muito agressivas e incontroláveis,
levando à formação
de tumores, que podem se espalhar para outras regiões do corpo.
O câncer de pulmão pode ser de dois tipos principais:
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
Todas as doenças estudadas até agora podem evoluir para o desenvolvimento de um quadro
denominado de insuficiência respiratória. A
insuficiência respiratória ocorre quando a
eficiência de permuta gasosa está comprometida, ou seja, quando ocorre um distúrbio no
qual o
nível de oxigênio no sangue fica perigosamente baixo ou o nível de dióxido de
carbono fica perigosamente alto. Isso gera fornecimento
inadequado de oxigênio aos
tecidos.
Fonte: shutterstock
CÂNULA NASAL
OU
Fonte: shutterstock
VENTILAÇÃO MECÂNICA
A insuficiência respiratória em sua forma aguda é comumente identificada como Lesão
Pulmonar Aguda (LPA) ou Síndrome da Angústia
Respiratória Aguda (SARA) .
Os fatores que podem
contribuir para a SARA são:
Broncoaspiração
Choque
Fraturas múltiplas
Pneumonia
Queimaduras graves
Tromboembolismo
Pancreatite e sepse
Outras
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
BRONCOASPIRAÇÃO
EXTUBAÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O DESENVOLVIMENTO DO APARELHO RESPIRATÓRIO É MUITO COMPLEXO E SE INICIA NA VIDA
INTRAUTERINA. CASO A GESTANTE NÃO TENHA UM PADRÃO DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, O BEBÊ
PODERÁ TER COMPROMETIMENTO NO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL DO PULMÃO. DENTRE AS
ALTERNATIVAS ABAIXO, MARQUE A QUE MELHOR EXPLICA A RELAÇÃO ENTRE NUTRIÇÃO E FUNÇÃO
PULMONAR.
A) A deficiência de vitamina A prejudica o desenvolvimento pulmonar e a formação dos alvéolos no período fetal.
B) A deficiência materna de vitamina E durante a gravidez foi associada a um menor risco de episódios de chiado pulmonar na prole.
D) Os bebês de gestantes muito expostas ao sol e que apresentam níveis séricos elevados de vitamina D, apresentam risco aumentado de
infecções respiratórias.
A) A pneumonia é uma condição de hipersensibilidade das vias aéreas decorrentes de causas não alérgicas, geradas por resposta
imunológica e é classificada como uma doença obstrutiva.
B) O derrame pleural (acúmulo de líquido na cavidade pleural) é classificado como doença intersticial.
C) O enfisema pulmonar é caracterizado pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo e, portanto, é classificado como uma doença
obstrutiva.
D) A bronquite é a inflamação aguda ou crônica da mucosa pulmonar, que pode ser infecciosa e, portanto, é classificada como uma doença
infecciosa.
GABARITO
1. O desenvolvimento do aparelho respiratório é muito complexo e se inicia na vida intrauterina. Caso a gestante não tenha um
padrão de alimentação saudável, o bebê poderá ter comprometimento no desenvolvimento pré-natal do pulmão. Dentre as
alternativas abaixo, marque a que melhor explica a relação entre nutrição e função pulmonar.
O desenvolvimento pré-natal do pulmão sofre influência da nutrição, pois ela é importante para o correto crescimento e desenvolvimento do
órgão. As vitaminas lipossolúveis (principalmente, as vitaminas A, D e, além do selênio) são imprescindíveis para a formação dos alvéolos.
2. As enfermidades pulmonares prejudicam a função pulmonar de formas diferentes e podem ter várias classificações. Dentre as
alternativas abaixo, marque a correta em relação à classificação das doenças pulmonares.
As doenças pulmonares que limitam o fluxo aéreo nos pulmões são classificadas como doenças obstrutivas. Podemos citar como exemplo a
bronquite crônica e o enfisema pulmonar.
MÓDULO 2
Reconhecer a influência da dieta na saúde
pulmonar e as ferramentas utilizadas para identificação da desnutrição
Fonte: Shutterstock.
Há ainda outros prejuízos vistos com a desnutrição na doença pulmonar crônica, como a
deficiência de proteína e de ferro, ocasionando
baixos níveis de hemoglobina e
diminuindo, assim, a capacidade de carrear oxigênio pelo sangue. A hipoalbuminemia
(redução dos níveis
séricos de albumina) favorece o desenvolvimento de edema pulmonar,
pois contribui para redução da pressão plasmática, permitindo que o
líquido se desloque
em direção ao espaço intersticial pulmonar.
O muco normal das vias respiratórias é uma substância que consiste em água,
glicoproteínas e eletrólitos e exige, portanto, alimentação
adequada.
PORTANTO, A DESNUTRIÇÃO CONTRIBUI PARA MENOR
PRODUÇÃO DE
SURFACTANTE PULMONAR. BAIXOS NÍVEIS DE
SURFACTANTE CONTRIBUEM
PARA O COLAPSO
DOS ALVÉOLOS, AUMENTANDO O ESFORÇO PARA A
RESPIRAÇÃO.
SURFACTANTE PULMONAR
Surfactante pulmonar é uma substância que reduz a tensão superficial dos alvéolos
pulmonares, impedindo seu colapso (colabamento)
durante a expiração.
Os radicais livres são moléculas instáveis produzidas a partir da energia recebida de um átomo de oxigênio extremamente reativo, que
perdeu um elétron de sua camada mais externa, desta forma são moléculas com elétrons altamente instáveis que em excesso podem
ocasionar doenças degenerativas e morte celular.
EICOSANOIDES
LEUCOTRIENOS
PROSTAGLANDINAS
TROMBOXANOS
A desnutrição na DPOC não é causada por um único mecanismo. Sua etiologia parece ser
multifatorial, sendo a ingestão inadequada de
alimentos e o gasto
energético (Hipermetabolismo) aumentado
os dois principais mecanismos envolvidos na sua fisiopatologia (Figura 4).
A fibrose cística caracteriza-se por uma extensa disfunção das glândulas exócrinas, a
qual resulta em um vasto conjunto de manifestações e
complicações, tais como:
BRONQUITE CRÔNICA
Fonte: Shutterstock.
ESTATURA/IDADE
PESO/IDADE
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)/IDADE
CRIANÇAS E ADOLESCENTE
Os valores de referência para avaliação nutricional
de crianças e adolescentes são expressos em percentil ou em
escore-Z. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, os
parâmetros utilizados para avaliar peso e altura de crianças e
adolescentes são considerados normais
quando estão compreendidos na
faixa entre os percentis 3 e 97, ou seja, entre o escore-Z -2DP e
+2DP (DP= desvio padrão). Valores abaixo
do percentil 3 (ou ≤ -2DP)
indicam déficit energético.
ADULTOS
Fonte: Shutterstock.
• Falta de informação
• Falta de acompanhamento
• Diversos efeitos colaterais, tais como náuseas, vômitos, asma, alterações visuais,
cegueira entre outros
Como consequência, tem-se a não adesão por parte dos pacientes ao tratamento,
dificultando a recuperação do estado nutricional. A taxa de
não adesão no Brasil é de
aproximadamente 8,3% (Vieira & Ribeiro, 2011).
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
Assista ao vídeo antes de iniciar esta sessão.
AVALIANDO UM PACIENTE
COM DPOC: UMA VISÃO PRÁTICA
Os métodos recomendados para avaliação e acompanhamento nutricional de pacientes com
doença pulmonar crônica são os tradicionais, ou
seja:
AVALIAÇÃO CLÍNICA
ANTROPOMETRIA
BIOQUÍMICA
ESSES MÉTODOS, DE MODO GERAL, SÃO CONSIDERADOS
EFICIENTES PARA
DIAGNÓSTICO DE DESNUTRIÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA TERAPIA
NUTRICIONAL,
TANTO EM PACIENTES CRÔNICOS COMPENSADOS QUANTO EM
PACIENTES DESCOMPENSADOS, SOB
VENTILAÇÃO MECÂNICA. NO ENTANTO, É
IMPORTANTE USÁ-LOS COM CAUTELA.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Fonte: Shutterstock.
Figura
5. Paciente apresentando desnutrição grave, visualizada através do consumo
da musculatura e da reserva adiposa.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
Apesar de não ser o melhor parâmetro para avaliação de estado nutricional, o IMC < 25
kg/m2 está associado à menor sobrevida em
pacientes com doença pulmonar crônica. A
recuperação do estado nutricional dos pacientes pneumopatas através de terapia
nutricional
(enteral e/ou parenteral) reduz o risco de óbito nessa população. Já foi
observado também que, quando o paciente ganha peso, mesmo sem
normalizar o IMC, sua
sobrevida é maior.
Existe uma grande chance de o paciente evoluir para um quadro de desnutrição grave,
caracterizado por caquexia (Figura
5). Durante essa
síndrome multifatorial, há perda
contínua de massa muscular (com perda ou ausência de perda de massa gorda), que não pode
ser
totalmente revertida pela terapia nutricional convencional, conduzindo ao
comprometimento funcional progressivo do organismo. Os critérios
mais utilizados para
diagnóstico de pacientes com caquexia incluem:
Fonte: Shutterstock.
AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA
O objetivo de reunir informações laboratoriais, avaliação bioquímica,
para a avaliação
nutricional é determinar o que ocorre no interior do
corpo. Cada exame tem sensibilidade
e especificidade diferentes. A dosagem sanguínea de albumina, transferrina e proteína
carreadora de
retinol, por exemplo, são pouco específicos para avaliação da desnutrição
em portadores de doenças pulmonares, pois podem estar
alterados por outras causas. Por
isso, o nutricionista deve sempre se lembrar dos conceitos básicos utilizados na
interpretação dos dados
laboratoriais, os quais incluem:
• Alguns constituintes podem ser afetados por outras condições, doenças e uso de
fármacos
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Uma das principais manifestações sistêmicas do paciente com doença pulmonar crônica é a perda de peso acentuada. Quando associada
à perda da reserva adiposa, o prognóstico é pior.
B) A má-nutrição pode afetar negativamente a massa, a força e a resistência dos músculos respiratórios, contribuindo para o aumento do
trabalho respiratório e para o aumento do gasto energético.
C) A prevalência da desnutrição nos pacientes com DPOC é rara, mas quando aparece é tipo marasmática.
D) O tratamento instituído (uso de medicamentos) para os pacientes com doenças pulmonares, como por exemplo a tuberculose, pode
contribuir positivamente para a recuperação do estado nutricional.
D) Bioimpedância elétrica
GABARITO
1. Dentre as afirmativas abaixo, marque a correta no que diz respeito ao estado nutricional e a enfermidades pulmonares.
A desnutrição do paciente pneumopata é multifatorial. Uma das causas da desnutrição é o aumento do gasto energético causado pelo
aumento do trabalho respiratório.
2. A avaliação da massa magra em pacientes pneumopatas é importante para avaliar a gravidade da depleção nutricional que está
muito associada ao prognóstico desse paciente. Dentre os métodos citados abaixo, qual o mais indicado para avaliação da massa
magra do paciente com doença pulmonar?
A bioimpedância é um exame que avalia a quantidade de massa muscular e de gordura corporal. É um exame útil para avaliar se o paciente
possui algum déficit de massa magra, indicando a gravidade da doença.
MÓDULO 3
diretrizes atuais
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
QR PARA CARBOIDRATOS
1,0
QR PARA PROTEÍNAS
0,82
QR PARA GORDURAS
0,71
Isso significa que dietas ricas em carboidrato produzem mais CO2. Isso acontece porque os
carboidratos e os lipídios são oxidados
CO2 igual ao número de moléculas de O2 consumido (QR=1), fato que não acontece com os
lipídeos que produzem menos CO2 quando são
Atenção! Para
visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 1. Diferentes
valores de QR no metabolismo de macronutrientes. Fonte: Silva, 2018.
A necessidade nutricional de pacientes com IRA está aumentada, mas é importante que não
seja oferecida nem muita nem pouca caloria
para esses pacientes.
A deficiência na oferta de calorias contribui
para balanço nitrogenado negativo, proteólise e necessidade de
ventilação mecânica. Por
estarem intubados, esses pacientes
necessitarão de terapia nutricional enteral.
SAIBA MAIS
ANOREXIA
DISPNEIA E INTENSA INCAPACIDADE
FÍSICA
SACIEDADE PRECOCE
ANOREXIA
SACIEDADE PRECOCE
MEDICAMENTOS
• Antibióticos
• Anti-inflamatórios
• Broncodilatadores
• Mucolíticos
PROCEDIMENTOS
• Fisioterapia respiratória
• Oxigenioterapia
• Transplante de pulmão
• Suporte nutricional
A meta do tratamento nutricional é alcançar e manter o peso ideal para a altura, aumentar
e equilibrar a ingestão energética, reduzir a má-
absorção e má-digestão e controlar a
ingestão de vitaminas e minerais. Para tanto, o cuidado nutricional adequado deve
incluir:
Em relação à terapia de reposição enzimática, cabe lembrar que ela deve ser
individualizada, evitando a oferta insuficiente, pois leva à
desnutrição excessiva e
causa complicações intestinais, como a colonopatia
fibrosante. O início do tratamento é
feito com 1.000
U/Kg/refeições de lipase, para pacientes menores de 4 anos e 500
U/Kg/refeição para pacientes maiores do que essa idade. Metade da dose
deve ser
utilizada após a ingestão de lanches. A dose total deve ser suficiente para 3 refeições
e 2 a 3 lanches. A lipase é uma das enzimas-
chave no processo digestivo. Sua ação é
fundamental para digestão das gorduras dietéticas e melhor aproveitamento desse
nutriente, cuja
absorção está diminuída nesses pacientes.
COLONOPATIA FIBROSANTE
Complicação que pode levar ao estreitamento do cólon em pacientes que usam altas doses de
enzimas pancreáticas.
LIPÍDEOS
Corresponder a 40% da distribuição energética total diária
PROTEÍNAS
Devem suprir de 150% a 200% da RDA
CARBOIDRATOS
A ingestão diária deve ser em torno de 40% a 50% do valor energético total da dieta
Atenção! Para
visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 2. Recomendação para suplementação de cloreto de sódio (NaCl) na fibrose cística. Fonte: UK Cystic Fibrosis Trust Nutrition
Working Group.
Fonte: Shutterstock.
1. UMA PACIENTE COM FIBROSE CÍSTICA CHEGA AO CONSULTÓRIO DO NUTRICIONISTA E RELATA QUE
FAZ USO DE ENZIMAS PANCREÁTICAS. PARA ESSA PACIENTE, UMA DAS RECOMENDAÇÕES DIETÉTICA
DEVE SER:
C) Edema pulmonar
D) Bronquite crônica
GABARITO
1. Uma paciente com fibrose cística chega ao consultório do nutricionista e relata que faz uso de enzimas pancreáticas. Para essa
paciente, uma das recomendações dietética deve ser:
Na fibrose cística, é comum a deficiência de vitaminas lipossolúveis, pois o paciente apresenta dificuldade para absorver gordura. Além do
uso de enzimas digestivas (lipase) para melhorar a digestão e absorção de gordura, é necessária a suplementação de vitaminas
lipossolúveis.
2. A utilização de uma dieta com baixo teor de carboidratos com o intuito de reduzir a concentração de dióxido de carbono deve ser
recomendada no seguinte contexto clínico:
A terapia nutricional da Síndrome da Angústia Respiratória Aguda deve visar à redução da produção de dióxido de carbono, pois assim é
possível reduzir o trabalho pulmonar. Como o carboidrato tem quociente respiratório maior que a gordura, é indicada a redução do teor de
carboidrato.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tem sido observada uma associação cada vez maior na relação entre nutrição e saúde
pulmonar. No entanto, os principais estudos da
nutrição falam do pulmão muito
superficialmente, embora sejam unânimes em sugerir que hábitos alimentares saudáveis
influenciam
positivamente a função pulmonar e reduzem a tendência a doenças pulmonares
comuns, tais como a asma, a doença pulmonar obstrutiva
crônica e o câncer de pulmão. Uma
dieta rica em alimentos in natura foi associada a um efeito positivo na saúde
pulmonar.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALTMAN, K.; MCDONALD, C. M.; MICHEL, S. H. et al. Nutrition in cystic
fibrosis: From the past to the presente and into the future. In:
Pediatric
Pulmonology, v. 54, 2019.
Para explorar o assunto estudado neste tema, recomendamos que você acesse o site da
CF Source. Esse portal traz informações
importantes sobre fibrose cística e atualiza
o paciente a respeito de sua condição. Também são fornecidas dicas sobre rotinas
diárias,
alimentos e exercícios para que o paciente possa ter uma melhor qualidade
de vida.
CONTEUDISTA
Nara Limeira Horst
CURRÍCULO LATTES