Manual MF8
Manual MF8
Manual MF8
DE FORMADORES
MÓDULO VIII
AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO E DAS APRENDIZAGENS
MÓD VIII – AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO E DAS APRENDIZAGENS
ÍNDICE:
ENQUADRAMENTO................................................................................................................................ 3
PARTE I ................................................................................................................................................... 5
AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ..................................................................................................... 5
I.1. CONCEITO, FINALIDADES E OBJETOS DA AVALIAÇÃO ........................................................... 5
I.2. TIPOS DE AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO ...................................................................................... 8
I.3. INDICADORES E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM .......................................12
I.4. A PROBLEMÁTICA DA SUBJETIVIDADE NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO .............................14
I.5. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ........................................................................17
I.6. ESCALAS DE CLASSIFICAÇÃO ..................................................................................................29
I.7. REGRAS E FASES DA ELABORAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ......................29
PARTE II .................................................................................................................................................31
AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO ................................................................................................................31
II.1 DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO ..................................................31
II.2 NÍVEIS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ..............................................................................33
II.3 CRITÉRIOS DE EFICÁCIA DA FORMAÇÃO ................................................................................37
II.4 ELABORAÇÃO DE UM RELATÓRIO FINAL ................................................................................38
II.5 ANÁLISE EVOLUTIVA E SISTEMÁTICA DOS RESULTADOS DA FORMAÇÃO.........................39
II.6 DESVIOS À FORMAÇÃO .............................................................................................................41
CONCLUSÃO .........................................................................................................................................42
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................43
ENQUADRAMENTO
Por trás da designação de avaliação escondem-se ideias e práticas muito diversas, sobre as quais
importará refletir.
Durante quase um século, a avaliação foi vista como uma medida, como uma técnica, tendo uma
finalidade meritocrática, isto é construir e revelar hierarquias do melhor ao pior. É este tipo de avaliação
que a maior parte das pessoas viveram; não admira assim que sejam estas as ideias dominantes em
avaliação. Esta forma de pensar a avaliação faz esquecer, para além de outras coisas, que mais
importante que a avaliação são as aprendizagens, e que estas não estão tão relacionadas com a
quantidade de avaliações que se realizam mas com a qualidade das mesmas. Neste quadro qualidade
não significará técnicas mais sofisticadas, mas antes assenta na relação de formação, onde a
avaliação desempenha um papel decisivo. A avaliação, independentemente da sua natureza, faz-se no
quadro de uma relação interpessoal complexa. Formandos e formadores não são apenas peças de
uma máquina, mas atores capazes de construir contextos e processos formativos específicos,
facilitadores ou inibidores da eficácia dos processos de ensino e de aprendizagem.
Nos últimos anos a temática da avaliação tem vindo a ganhar destaque no planeamento da formação
por ser uma componente essencial e de sucesso das formações. É através da definição de
instrumentos avaliativos que se tem o feedback do trabalho desenvolvido em termos de construção de
ações de formação tal como do nível de aprendizagens dos formandos.
A avaliação das aprendizagens visa a verificação dos requisitos e das competências definidas para
uma determinada ação de formação tal como promover capacidades de aprendizagem ao longo da
vida, exigindo aos formandos uma maior sensibilização para a importância da participação e
envolvimento na construção de um projeto formativo específico. Neste sentido, pretende-se neste
módulo sensibilizar os formandos e dotando-os de competências e conhecimentos sobre metodologias
e técnicas para a construção de instrumentos válidos, eficazes e adequados.
A avaliação da formação deve ter como pressuposto todo o processo formativo, não se reduzindo
apenas à fase final de um ciclo. Assim, deve ter início na mesma altura em que começa a ação de
formação e deverá terminar após o enquadramento dos formandos no seu contexto de trabalho,
verificando se as aprendizagens realizadas estão refletidas no seu trabalho.
Assim têm-se desenvolvido nos últimos tempos novos olhares para a avaliação, colocando a tónica nas
suas funções e também na ética; nos conhecimentos adquiridos e também nos processos de trabalho,
nas relações entre os atores e nos seus processos de comunicação. Em suma, tenta encarar-se a
avaliação não apenas como uma medida do saber e/ou da eficácia da formação, mas como um
processo com potencial para gerar aprendizagem e melhoria contínua.
OBJETIVOS:
Distinguir diferentes níveis de avaliação dos resultados de formação;
Construir e aplicar instrumentos de avaliação em função dos objetivos previamente definidos,
que permitam verificar e controlar os resultados da aprendizagem, a eficiência e a eficácia da
formação;
Identificar causas de subjetividade na avaliação;
Aplicar um método sistémico e evolutivo de análise de resultados de formação;
Propor medidas de regulação, com vista à melhoria do processo de formação.
PARTE I
AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS
A avaliação não pode apenas ser olhada de uma forma tradicional, só tendo em conta o juízo de valor
que se tem sobre o formando, mas deve ser vista de uma maneira mais dinâmica, em que abranja,
como processo que é, todos os participantes de uma ação e inclusive a própria ação.
O objetivo educativo é o fim que se pretende alcançar mediante uma experiência de aprendizagem,
aquilo que o aluno deve saber fazer no fim de uma intervenção formativa. Estão em questão
conhecimentos, aptidões, modificações de comportamento expressas como qualidades observáveis e
mensuráveis, que são avaliadas para estabelecer se o objetivo foi ou não alcançado. O objetivo é
realizar um perfil pessoal que recolha, sobre determinado indivíduo, o maior número de dados
significativos.
É primordial não restringir a avaliação às operações intelectuais e estendê-la à área psicossocial pelo
menos por duas razões: a) os fatores psicossociais têm uma grande influência no rendimento; b)
existem problemas específicos de educação psicossocial (socialização, superação das dificuldades nas
relações interpessoais, sentido de segurança, participação, aceitação...) que podem condicionar a
aprendizagem e consequentemente o processo de avaliação.
O programa – o conteúdo, adaptação aos destinatários, adequação com os fins e objetivos definidos
para a formação.
A metodologia – métodos e técnicas pedagógicas (o que se faz e como se faz para alcançar os
objetivos).
Os formadores – o seu desempenho, como aplicam os métodos e técnicas, o uso dos equipamentos,
relação com os formandos e outros intervenientes, pontualidade, uso do tempo, flexibilidade e
adaptação às circunstâncias, comunicabilidade, apresentação pessoal…
Os resultados – devem ser avaliados quer os resultados esperados (os que constam dos objetivos)
quer os resultados inesperados.
QUANTO AO PROCESSO
Normativa ou de Posicionamento
Criterial
QUANTO AO MOMENTO
Diagnostica
Formativa
Sumativa
Tipo de Avaliação Quanto ao Processo: Tem como função principal a certificação de uma
aprendizagem. O seu objetivo é diferenciar os formandos em termos do lugar que ocupam
relativamente a uma NORMA (normativa) ou CRITÉRIO (criterial) definidos previamente como
referentes
Avaliação Normativa
Classifica o desempenho do formando estatisticamente, em relação ao desempenho dos outros. O
formando é nivelado em relação aos colegas: hierarquizam-se segundo as performances: o melhor, o
2º melhor, 3º, 4º,…
Avaliação Criterial
Centra-se no domínio de um objetivo, de acordo com um padrão previamente estabelecido,
independente do desempenho dos outros formandos. O objetivo não é situar o formando em relação
aos outros, mas antes verificar se determinado critério foi ou não alcançado. O nível de desempenho a
atingir está definido à priori.
É impessoal e comparativa
Não informa verdadeiramente sobre as aprendizagens efetuadas (um formando “médio” pode
ser considerado “bom” num grupo fraco e “mau” num grupo com bom aproveitamento).
AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO
Com base nos dados recolhidos previamente (o perfil dos formandos, a análise do pedido, as
condições materiais, a duração da ação, etc.) o formador vai traçar o objetivo geral e os objetivos
específicos. A partir destes dados constrói-se a estratégia formativa e a planificação da ação. Este tipo
de avaliação resulta da necessidade do formador em obter dados concretos relativos à situação real
dos formandos em termos da formação e em termos dos seus conhecimentos. No início da ação,
usando o “quebra-gelo” o formador deve fazer o diagnóstico da situação relativamente aos formandos
quer individualmente (expectativas, conhecimentos prévios, motivação utilidade dos conhecimentos),
que em grupo (homogeneidade/ heterogeneidade, conhecimento prévio uns dos outros, possível
existência de subgrupos, etc.).
AVALIAÇÃO FORMATIVA
Este nível de avaliação acompanha todo o processo formativo e é da exclusiva responsabilidade do
formador. A avaliação da aprendizagem realizada permite ao formador obter feedback imediato em
relação aos níveis de atenção e de participação dos formandos bem como do seu grau de adesão.
Permite igualmente o feedback imediato da eficácia dos métodos e técnicas utilizados, da adequação
dos conteúdos e da distribuição dos tempos.
AVALIAÇÃO SUMATIVA
Destina-se a recolher a opinião dos formandos (a quente) acerca da experiência formativa que
acabaram de ter. É a avaliação realizada no final da ação de formação. Visa saber o grau de satisfação
dos objetivos da formação em função do perfil de saída previamente estabelecido. Fornece dados que
permitirão introduzir modificações em futuras ações a desenvolver, com vista à correção de desvios e
melhoria de pontos fracos.
AVALIAÇÃO DO PROCESSO
Realiza-se ao longo das sessões de formação de modo a garantir a qualidade do produto. Tem como
principal função fornecer feedback de forma sistemática.
AVALIAÇÂO INSTITUCIONAL
Tem como principal objetivo o controlo de qualidade do curso de formação profissional e da entidade
que o ministra.
HETERO-AVALIAÇÃO
A hetero-avaliação é proposta por alguém que não o formando.
Pode ser o formador, o que se constitui em avaliação interna por pertencerem todos os envolvidos no
mesmo processo. Pode ser externa quando realizada por pessoas externas ao processo.
CO-AVALIAÇÃO
A co-avaliação é uma avaliação mista ou conjunta entre elementos internos e externos ou formador e
formandos.
Existem três características técnicas da avaliação que não poderíamos deixar de referir: fiabilidade,
validade e objetividade-
FIABILIDADE
A fiabilidade de um instrumento diz respeito à consistência com que avalia o que quer que o
instrumento se destine a avaliar. Chama-se erro de medição ao grau de discordância entre resultados
de um mesmo instrumento, que seriam exatamente iguais se fossem perfeitos. São três grandes
fontes de erro: 1) Seleção de itens; 2) Ocasião em que o teste é aplicado; e o examinador que atribui
a classificação-
VALIDADE
Diz-se que uma medida é válida se avalia os objetivos a que se refere. A validade de um teste é
representada pelo grau de precisão com que se pretende avaliar esses objetivos. Existem três tipos
de validade:
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA INCIAL DE FORMADORES FORMADOR/A: PÁGINA 12 de 43
MÓD VIII – AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO E DAS APRENDIZAGENS
VALIDADE DE CONTEÚDO: Procura avaliar até que ponto um teste avalia o universo de
conteúdo que pretende representar.
VALIDADE EMPÍRICA OU PREDITIVA: Procura observar se existe alguma correlação entre os
resultados obtidos em determinado teste, e que expressam determinadas aptidões que quem
responde possa no presente e de que venha a dar provas no futuro.
VALIDADE TEÓRICA: Analisa até que ponto um teste tem capacidade para revelar uma
característica do respondente não diretamente analisada, mas que acaba por ser confirmada ou
infirmada pela consistência de resultados obtidos noutros testes que se relacionam com esse
fator.
OBJETIVIDADE
O critério de sucesso do formando num teste não deve oferecer dúvidas. Mesmo quando usamos
testes não-objetivos, esses critérios devem ser explícitos. O grau de objetividade não é uma medida
numérica, mas qualitativa. Refere-se a procedimentos e critérios de elaboração, aplicação e correção
das provas de avaliação.
A avaliação é realizada de forma diferente em função de quem avalia. Cada avaliador avalia à sua
maneira, com base nos seus próprios fatores. Não se tem, muitas vezes, consciência porque se avalia
de uma forma e não de outra, quais são os elementos que privilegiamos em detrimento de outros;
porque é que alguns avaliadores são conhecidos pela sua benevolência, outros são pela sua
severidade. Existem ainda avaliadores que dão notas em torno de uma média, outros que percorrem
toda a escala avaliativa, dando quer notas muito baixas, quer notas médias ou altas; Quando se coloca
a mesma prova ou teste a vários avaliadores, de certeza que se constata que se obterão classificações
muito diferentes. Este facto justifica-se devido à subjetividade inerente na avaliação.
A avaliação é uma das três grandes funções do formador, devendo esta ser realizada com o máximo
rigor, desviando qualquer potencial de subjetividade. Para evitar análises subjetivas, o formador deve
seguir determinados parâmetros e regras pré-estabelecidas. No entanto, existem determinadas
variáveis que podem ser causadoras de subjetividade no contexto formativo. Entre as principais causas
de subjetividade na avaliação podemos destacar:
Ausência de critérios comuns
Efeitos de informação prévia
Efeito de Halo
Estereotipia
Efeito da ordem da avaliação
Efeito de Contraste
Infidelidade do mesmo avaliador
Efeito de Halo
A impressão causada no formador devido a determinadas características do formando (aparência
física, forma como se exprime, linguagem que utiliza, etc...) pode repercutir-se na avaliação. Se essa
imagem for positiva o avaliador tende a sobrestimar os conhecimentos do formando, se for negativa
tende a subestimá-los.
Estereotipia
Face ao preconceito criado acerca do formando, o formador tem tendência para avaliá-lo da mesma
forma sempre, indiferente a evoluções ou retrocessos, ou seja, os “bons” formandos tendem a ser
avaliados sempre de forma positiva e os “maus” formandos de modo negativo.
Efeito de Contraste
É provocado pela ordem sequencial das avaliações que o avaliador fizer, ou seja, a ordem pela qual as
provas são vistas influencia a classificação que se lhes atribui. Por exemplo, quando a seguir a uma
prova excelente se segue uma prova normal, o avaliador terá dificuldade em reter uma boa imagem
deste último formando, tendendo a classificá-lo com uma nota inferior. De igual forma, se um formando
médio for avaliado a seguir a um muito fraco, a tendência será para lhe aumentar a nota.
Para cada uma delas, são construídos instrumentos adequados; podem combinar-se as técnicas e os
instrumentos, aumentando a sua eficácia.
1. OBSERVAÇÃO
Técnica frequente, de fácil utilização e que permite obter dados em todos os domínios do saber.
Vantagem: permite a recolha de dados no momento em que estes têm lugar (real, fidedigno)
Limites: dispêndio do tempo que exige, possibilidade de perda da noção do grupo, uma vez que há o
foco num formando (de cada vez), além disso, trata-se sempre de uma interpretação pessoal da
realidade.
A X X X X
B X X
C X X X X X
D X X
2. Formulação de perguntas
Esta técnica traduz-se na formulação, oral ou por escrito, de questões às quais o avaliado deverá
responder. Permite obter dados essencialmente do domínio cognitivo e por vezes afetivo.
Inconvenientes
Limitam a criatividade do formando
Inconvenientes
Conduzem a uma avaliação subjetiva, permitindo geralmente diferentes
respostas à mesma questão e o seu maior ou menor aprofundamento;
Por vezes o formando tenta adivinhar o que o formador gostaria que
respondesse;
Torna-se difícil comparar as diferentes respostas, o que origina uma
avaliação morosa e subjetiva;
Vantagem que confere aos formandos dotados de maiores facilidades em
termos de interpretação e expressão escrita.
Inconvenientes
Para o formando: Limitam a sua criatividade
Para o formador: Conceção morosa; Exigem muito treino; Exigem domínio perfeito da
matéria tratada e das técnicas de elaboração de questões.
Para a avaliação: Probabilidade de acertar respostas ao acaso
I. VERDADEIRO – FALSO
Consistem em apresentar ao formando afirmações que ele terá de assinalar como sendo
Verdadeiras ou Falsas.
Inconvenientes
Probabilidade de acertar ao acaso: dado que só há duas alternativas essa
possibilidade deve ser de 50%, pelo que não devem ser utilizadas nas avaliações
sumativas
Exemplo
“Complete a afirmação seguinte inscrevendo uma palavra no espaço em branco:
Portugal é o país mais ocidental do continente _____________ e tem ____________
milhões de habitantes.”
3. EMPARELHAMENTO
Consiste em fornecer ao formando 2 grupos (ou séries ou colunas) de elementos afins,
pedindo-lhes para os emparelhar, fazer corresponder, associar ou ligar entre si,
atendendo à sua afinidade. Os grupos podem ser constituídos só por frases, por frases e
símbolos ou apenas símbolos.
ser corretos. A lista mais longa não deverá ultrapassar os 7 elementos, para evitar
o cansaço, a dispersão e a desatenção.
Os elementos a fazer corresponder devem ser afins e homogéneos e conter
apenas uma ideia totalmente a adotar ou a rejeitar
Avaliação é:
__Recolha e transmissão de informações acerca de um formando
__Emissão de uma opinião acerca de um formando
__Medir os conhecimentos adquiridos pelos formandos
__Recolha, tratamento e emissão de um juízo acerca dos acontecimentos
adquiridos pelos formandos”
3. Medição
Técnica de avaliação que consiste em medir determinadas “performances” ou qualidade de execução
do formando. Na formação profissional é indispensável para avaliar tarefas de execução prática.
Além dos dados recolhidos por medição, através de instrumentos como o relógio ou cronómetro, etc., a
avaliação das tarefas práticas exige quase sempre o recurso a outras técnicas como a observação e aa
formulação de perguntas.
QUESTIONÁRIO
INVENTÁRIO
INQUÉRITOS ESCALA DE ATITUDES
SOCIOGRAMA
FORMULAÇÃO DE
OUTROS
PERGUNTAS
AVALIAÇÃO ESCRITA DE PRODUÇÃO CURTA
PRODUÇÃO PRODUÇÃO LONGA
ESCOLHA MÚLTIPLA
TESTES
DE EMPARELHAMENTO
SOLUÇÃO VERDADEIRO-FALSO
DE COMPLETAR
FICHAS DE QUALITATIVA
MEDIÇÃO AVALIAÇÃO PRÁTICA
AVALIAÇÃO ANALÍTICA QUANTITATIVA
A avaliação normalmente é expressa através de escalas de vários tipos. Os parâmetros de cada escala
podem variar de acordo com o avaliador os conteúdos considerados.
*QUALITATIVA=DESCRITIVA
Se o formando satisfez as exigências mínimas, a decisão poderá ser: domina a matéria, apto...
Se o formando não satisfez as exigências mínimas, a decisão poderá ser: não domina a matéria,
inapto...
PARTE II
AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO
A avaliação faz parte integrante do processo formativo e tem como finalidade validar os conhecimentos,
as capacidades e as aptidões adquiridas e/ou desenvolvidas pelos participantes, no domínio
pedagógico-didático. Os resultados obtidos constituem também um dos elementos de validação do
próprio processo formativo.
A avaliação da formação envolve uma mediação e julgamento do impacto que a formação operou ao
nível do indivíduo, dos grupos e da organização; é um processo contínuo e sistémico e é um processo
que tem em vista a melhoria da qualidade da formação. Pretende-se, assim, analisar os parâmetros a
serem identificados e medidos de forma a identificar áreas ou zonas a serem avaliadas ou melhoradas.
A avaliação da formação não deve ser circunscrita ao ato pedagógico em si nem fechar-se na
formação, mas prolongar-se para o posto de trabalho, de modo a que seja uma responsabilidade
partilhada com intervenção dos gestores e superiores hierárquicos dos formandos. Assim, um
responsável de formação deverá estar atento a todas as atividades que a formação desenvolve e não
apenas com a conceção ou instrução.
O ponto de partida para um processo formativo está no levantamento das necessidades de formação.
Existe um método sistemático para partir deste ponto e conduzir todas as atividades até que
essas necessidades são satisfeitas. Veremos:
a) Diagnóstico – Análise das necessidades de formação – Análise dos grandes objetivos da empresa
e da sua estratégia; atividades que conduzem à identificação da necessidade de formação e sua
expressão em termos qualitativos ou quantitativos; recolha de dados; identificação de causas e efeitos.
b) Desenho do curso – Definição dos objetivos, conteúdo programático, desdobramento de objetivos
globais em parciais e elementares; fixação dos critérios de sucesso.
c) Conceção – Fixação das condições de acesso; definição de métodos e técnicas pedagógicas;
estruturação do conteúdo; elaboração dos conteúdos.
d) Produção de suportes – Realização e produção dos originais de suportes pedagógicos; reprodução
de cópias e entrega dos documentos audiovisuais a formandos e formadores.
e) Implementação – Realização do curso
f) Avaliação – Recolha e análise de dados das fases anteriores; avaliação global do processo e do
produto final; avaliação dos diferentes níveis.
Qualquer destas fases pode ser desenvolvida por um formador, por um responsável de formação ou
por uma entidade a que se solicita o serviço. De qualquer modo, o fecho deste ciclo é feito com uma
avaliação. A avaliação adquire uma importância relativa para cada um dos intervenientes.
No âmbito da formação, a avaliação tem um lugar importante pois constitui o processo segundo o qual
se estabelece se as finalidades, metas e objetivos são atingidos e em que medida. Isto significa que a
avaliação da formação deve ser encarada numa perspetiva sistémica aos vários níveis em que atua ou
age. Contrariamente a outras perspetivas de avaliação que exigem uma total independência de quem
avalia face ao objeto avaliado, a avaliação da formação exige, se atendermos ao tipo de resultados
pretendidos, a construção de compromissos permanentes entre os vários atores mobilizados para a
avaliação. Compromissos não apenas no sentido de cada um destes atores desempenhar o seu papel
de forma eficaz, mas também no sentido de desenvolverem uma atitude de permanente “vigilância” que
resulte na qualidade das respetivas práticas ao longo da execução de intervenções formativas.
Para a recolha de informação podem ser utilizadas várias técnicas e instrumentos (de acordo com os
objetivos e o contexto), entre as quais se destacam:
Testes de conhecimentos
Testes de performance
Inquérito por entrevista
Inquérito por questionário
Análise documental
Observação direta
Focus-groups
Estudos de caso
Simulação,
Elaboração de projetos finais
Análise de incidentes críticos
Elaboração de portefólios
Análise custo-benefício,
Construção de roteiros de atividades
…
A. Ação de formação
Uma relação aberta entre formador, formando e objetivos estabelecidos é potenciadora de uma eficaz
transferência de conhecimentos. A dificuldade reside na apreciação do peso relativo dos diferentes
fatores em presença.
O conteúdo desta avaliação está perspetivado normalmente para a qualidade da sessão ou sessões e
para a importância do seu conteúdo e objetivos, em termos de conhecimentos, capacidades, etc., face
às funções ou futuras funções dos formandos.
A este nível pode-se seguir duas orientações de avaliação: dos resultados operacionais e do
rendimento no posto de trabalho. Iremos ver que instrumentos se podem utilizar para cada uma destas
orientações.
C. Organização/Empresa
No enquadramento e fixação de objetivos estratégicos, está implícita uma componente extremamente
importante que está ligada à evolução qualitativa dos recursos humanos. Assim, deve ser estabelecida
uma metodologia de atuação que permita diagnosticar, prever e determinar atuações e orientações que
coordenem o desenvolvimento do trabalhador a este nível. Assim, importa à formação determinar qual
a relação entre o êxito da sua ação e os resultados da empresa. Isto é o mesmo que determinar se a
ação de formação contribuiu para melhorar os resultados da empresa e em que medida.
Consequências sobre os clientes – a opinião dos clientes face à qualidade dos produtos
pode determinar se os objetivos da formação contribuíram para tal.
Importância dos resultados da formação ao nível da organização – comparando a
análise feita no posto de trabalho antes da formação com as alterações observadas após
a formação.
Tendo em conta os níveis atrás mencionados, podemos verificar como se mede a eficácia de uma ação
de formação a esses mesmos níveis:
Após terminar a avaliação da ação de formação, deve ser elaborado o relatório final, que tem a
finalidade de avaliar toda a ação de formação. Esse relatório deve ter em conta diferentes categorias
de técnicos e responsáveis interessados e os seus principais pontos de interesse.
O destinatário da avaliação é quase sempre exterior ao sistema de formação que tem de avaliar. As
informações necessárias são muito variáveis e devem considerar cada fase do processo de formação.
Assim, o relatório deve ser feito a partir de:
Face à importância crescente que a formação tem vindo a sofrer no momento presente e futuro, torna-
se cada vez mais imperioso atingir níveis de qualidade, eficiência e eficácia que permitam aos
indivíduos e às organizações crescer e alcançar um conjunto de mais-valias determinantes para o
sucesso.
Mais importante do que admitir que a avaliação marca uma presença necessária em todo o processo
formativo, é encará-la como algo contínuo e sistémico que abarca não só a avaliação da ação em si,
como também um conjunto de outros aspetos anteriores e posteriores à mesma. Daí decorre o facto de
existirem um conjunto de eixos a avaliar, segundo determinados critérios: o próprio plano; a ação de
formação em si mesma, e os efeitos produzidos pelo conjunto do processo formativo despoletado.
Desta forma, a avaliação na formação (interna) deve ser complementada com a avaliação da formação
(externa). A natureza global e abrangente do ato de avaliar pode, assim, ser sintetizada no esquema
abaixo desenhado.
Objectivos: Estratégias:
Mudanças Hipóteses de
concretas trabalho para
que se atingir os
pretendem objectivos
atingir
Obtenção de dados e
comprovação dos
resultados
Avaliação
Confronta estratégias
com objectivos
A informação obtida
conduz à melhoria de
ambos
Com base no exposto sobre o Processo de Avaliação da Formação, importa ainda salientar a
possibilidade de ocorrência de desvios à formação prevista, bem como as respetivas formas para
solucionar o problema e evitar esses mesmos desvios.
CONCLUSÃO
A formação tem que ser cuidadosamente planeada, controlada e avaliada, caso contrário, poderá
constituir uma perda de tempo e de recursos.
A avaliação é uma fase importante do processo formativo. O formador é confrontado com o feedback
que lhe permite controlar os resultados da sessão, mas deve ter presente que a avaliação não é
apenas um momento específico e final do processo, é algo que deve ser feito permanentemente.
“Avaliar não consiste em emitir um juízo de valor sobre a pessoa, nem apurar o que ela
não sabe. Consiste fundamentalmente em aferir – através da observação e da medida – a
validade dos objetivos de aprendizagem e das estratégias para o atingir”.
Trindade Ferreira
BIBLIOGRAFIA
FIGARI, Gérard, Avaliar: que referencial?, Porto Editora, Coleção Ciências da Educação,
1996.
SIMÕES, Ana, A Avaliação da Formação. Revista Formar. Nº 64. pp. 37-41, 2008