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Teleimagem e Telediagnóstico

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Teleimagem e

Telediagnóstico
Luciane Janice Venturini da Silva
Priscila Chaves Panta

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Luciane Janice Venturini da Silva
Priscila Chaves Panta

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

S586t

Silva, Luciane Janice Venturini da


Teleimagem e telediagnóstico. / Luciane Janice Venturini da Silva;
Priscila Chaves Panta. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
146 p.; il.
ISBN 978-65-5663-879-9
ISBN Digital 978-65-5663-880-5
1. Diagnóstico por imagem. - Brasil. I. Panta, Priscila Chaves. II.
Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 610

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Teleimagem
e Telediagnóstico. Esperamos que este estudo contribua para o seu
aprendizado, pois o profissional que deseja ter sucesso na sua atuação no
mercado precisa adquirir novas habilidades e deve buscar o conhecimento
de forma contínua. Que essa jornada seja o início do aperfeiçoamento não só
profissional, mas também do crescimento pessoal e intelectual.

Na Unidade 1, abordaremos uma breve introdução enfatizando os


seguintes tópicos: Fundamentos do diagnóstico por imagem, sobre a História,
Conceitos e princípios básicos do diagnóstico por imagem. Estudaremos
também a Formação da imagem; aplicação de conhecimentos físicos em
que serão enfatizados os seguintes subtópicos: artefatos na formação da
imagem: como evitá-los e como identificar?; anatomia e fisiologia: aliadas
para realização de um exame de excelência; e tipos de radiação utilizadas no
diagnóstico por imagem.

Na Unidade 2, faremos uma breve introdução aos seguintes tópicos:


Introdução ao diagnóstico por imagem, Sistemas de informação na prática
diagnóstica e Padrões da Radiologia digital, temas essenciais para sua
formação. Faremos uma breve introdução aos Sistemas de Informação na
prática diagnóstica, como foco nas principais tecnologias no diagnóstico por
imagem e na gestão da tecnologia. Além disso, estudaremos os Padrões da
Radiologia Digital com foco no sistema Picture Archiving and Commucation
System (PACs) e no Sistema Digital Imaging and Communications in Medicine
(DICOM).

Por fim, na Unidade 3, faremos uma breve introdução da história


do telediagnóstico nos serviços de saúde, como a aplicabilidade de uma
plataforma de telessaúde e o Programa Nacional Telessaúde Brasil. Veremos,
ainda, a aplicação do telediagnóstico nos serviços de saúde com foco na
integralidade e na universalidade do atendimento, como uma ferramenta
para os programas assistenciais e programas de atendimento, sem deixar
de lado a abordagem do tema dos desafios da implantação tecnológica nos
serviços de saúde.

Bons estudos!

Luciane Janice Venturini da Silva


Priscila Chaves Panta
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM........................................ 1

TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM................................................................................ 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM: CONCEITOS GERAIS .......................................................... 3
2.1 IMPORTÂNCIA DAS TÉCNICAS DE IMAGEM NO HOSPITAL ......................................... 4
2.2 FUNDAMENTOS DO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM........................................................... 7
2.2.1 Processamento de imagens médicas.................................................................................... 7
2.2.2 Radiologia diagnóstica........................................................................................................... 7
2.2.3 Resolução de modalidades de imagem............................................................................... 9
2.2.4 Segurança do paciente em radiologia diagnóstica........................................................... 10
2.2.5 Segurança ambiental............................................................................................................ 11
2.3 HISTÓRIA, CONCEITOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS
DO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM.......................................................................................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 17

TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DA IMAGEM....................................................................................... 19


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 19
2 FORMAÇÃO DA IMAGEM: APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS FÍSICOS................... 19
2.1 ARTEFATOS NA FORMAÇÃO DA IMAGEM: COMO EVITÁ-LOS E COMO
IDENTIFICÁ-LOS?........................................................................................................................ 20
2.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA – ALIADAS PARA A REALIZAÇÃO
DE UM EXAME DE EXCELÊNCIA............................................................................................ 21
2.2.1 Características do corpo humano influenciando a imagem........................................... 22
2.2.2 Características geométricas................................................................................................. 22
2.2.3 Características de composição............................................................................................ 22
2.2.4 Diferenças intrínsecas.......................................................................................................... 23
2.2.5 Agentes de contraste............................................................................................................ 23
2.2.6 Diferenças capturadas.......................................................................................................... 24
2.2.7 Características metabólicas................................................................................................. 24
2.2.8 Características dinâmicas.................................................................................................... 25
3 TIPOS DE RADIAÇÃO UTILIZADAS NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM..................... 25
3.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA APLICADA À RADIOLOGIA.................................................. 26
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 32

TÓPICO 3 — TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS.................................................................. 35


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 35
2 INTRODUÇÃO À TELEIMAGEM.................................................................................................. 36
2.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA TELEIMAGEM........................................................................ 37
2.2 APLICABILIDADE DA TELEIMAGEM NO CENÁRIO ATUAL.......................................... 39
2.2.1 Barreiras potenciais para a difusão da telemedicina....................................................... 41
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 44
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 50
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 53

UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM....................... 55

TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA


DA INFORMAÇÃO NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM................................ 57
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 57
2 HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .................................................................................................... 58
2.1 DIFERENÇA ENTRE A TELERRADIOLOGIA
E A RADIOLOGIA CONVENCIONAL .................................................................................... 61
2.2 TELESSAÚDE E TELERRADIOLOGIA NO BRASIL............................................................... 62
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 69

TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA PRÁTICA DIAGNÓSTICA......................... 73


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM.................................... 73
2.1 PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE (PEP) ........................................................... 75
2.2 ARMAZENAMENTO EM NUVEM – CLOUD COMPUTING............................................... 76
2.3 CHEALTH, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA ...................................................................... 77
2.4 GESTÃO DA TECNOLOGIA....................................................................................................... 77
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 80
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 81

TÓPICO 3 — PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL................................................................ 83


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 83
2 SISTEMA PICTURE ARCHIVING AND COMMUNICATION SYSTEM (PACS)........................ 83
2.1 SISTEMA DIGITAL IMAGING AND
COMMUNICATIONS IN MEDICINE (DICOM)....................................................................... 87
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 90
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 98
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 99

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 102

UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE..................................... 107

TÓPICO 1 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE......................................... 109


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 109
2 HISTÓRIA DO TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE.................................. 110
2.1 APLICABILIDADE DE UMA PLATAFORMA DE TELESSAÚDE...................................... 112
2.2 PROGRAMA NACIONAL TELESSAÚDE BRASIL REDES: UMPOUCO SOBRE A
LEGISLAÇÃO............................................................................................................................... 113
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 116
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 117

TÓPICO 2 — APLICAÇÃO DO TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE........ 119


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 119
2 INTEGRALIDADE E UNIVERSALIDADE DO ATENDIMENTO........................................ 119
2.1 DIGITAL IMAGING AND COMMUNICATIONS IN MEDICINE (DICOM)....................... 121
2.2 FERRAMENTA PARA OS PROGRAMAS ASSISTENCIAIS................................................ 123
2.3 PROGRAMAS DE ATENDIMENTO........................................................................................ 126
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 128
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 129

TÓPICO 3 — DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO TECNOLÓGICA


NOS SERVIÇOS DE SAÚDE................................................................................... 131
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 131
2 CAPACITAÇÃO TÉCNICA E EDUCAÇÃO CONTINUADA................................................. 131
3 VANTAGENS E DESVANTAGENS............................................................................................. 133
3.1 INFORMATIZAÇÃO DE PROCESSOS.................................................................................... 134
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 136
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 142
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 143

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 145
UNIDADE 1 —

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A


TELEIMAGEM

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os fundamentos e princípios do diagnóstico por imagem;


• entender o processo de formação da imagem;
• analisar a teleimagem e sua aplicabilidade;
• diferenciar a radiologia convencional e a telerradiologia.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

TÓPICO 2 – FORMAÇÃO DA IMAGEM

TÓPICO 3 – TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1 —

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

1 INTRODUÇÃO
Este tópico sobre diagnóstico por imagem tem o objetivo de mostrar a
você os conceitos gerais sobre o assunto para uma melhor compreensão deles,
sobretudo, porque há muitos termos e tipos de diagnósticos.

Nesse sentido, faremos aqui uma fundamentação teórica sobre diagnóstico


por imagem, enfatizando na história, os conceitos e os princípios do diagnóstico
por imagem para que você possa entender como se deu todo o processo desde o
início e suas evoluções tecnológicas ao longo do tempo.

As imagens médicas procuram revelar estruturas internas ocultas pela


pele e ossos, bem como diagnosticar e tratar doenças. As imagens médicas
também estabelecem um banco de dados de anatomia e fisiologia normal para
possibilitar a identificação de anormalidades.

2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM: CONCEITOS GERAIS


Para escolher o melhor tratamento para curar um paciente, o médico
primeiro precisa saber qual problema é exatamente. Ele ouve, sente e olha para
fora do paciente, mas, na verdade, ele gosta de examinar cada milímetro cúbico
no interior.

Embora seja uma operação exploratória, este olhar para dentro, às vezes,
é necessário, mas isso apresenta alguns riscos como inflamações, febre, estresse
etc. (QIAN, 2000). Por essas razões, a comunidade médica tem procurado, no
último século, por métodos que não incluem a abertura do paciente, os chamados
métodos de imagem não invasivos, por exemplo.

Muitas técnicas diferentes foram desenvolvidas para “olhar” dentro do


paciente. Todas essas técnicas possuem a base em fenômenos físicos, em que um
sinal é capaz de viajar direto através do paciente por meio de diferentes tipos
de radiação eletromagnética ou ondas sonoras, interagindo com os tecidos do
paciente.

3
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

Com a ajuda da radiação ou das ondas sonoras atenuadas ou emitidas,


a imagem interna do paciente pode ser realizada, uma vez que as ondas de luz
visíveis não ultrapassam estruturas do corpo humano, logo, este tipo de radiação
não é adequado (QIAN, 2000).

As técnicas de imagem mais importantes em um hospital são encontradas


na maioria dos departamentos de radiologia. Além disso, também há imagens
microscópicas obtidas a partir dos departamentos de Patologia e de Histologia,
bem como da Endoscopia cirúrgica. Diversas técnicas aplicadas envolvem a Física
como a geração de imagens que medem, ou distinguem, um grande número de
locais no corpo ao mesmo tempo (ROBINSON; CONDON, 2008).

FIGURA 1 – EXAMES APLICADOS

FONTE: <https://shutr.bz/3vmmoIa> Acesso em: 15 set. 2021.

Dependendo do tipo de fenômeno físico, as imagens mostram a anatomia,


como filmes de raios-X e ultrassom, do paciente ou alguma propriedade funcional
de células específicas (medicina nuclear, ressonância magnética funcional)
(QIAN, 2000).

2.1 IMPORTÂNCIA DAS TÉCNICAS DE IMAGEM NO HOSPITAL


Para indicar a importância da imagem médica, hoje é importante que
alguns números sejam percebidos, ou seja, é dito que um terço de todos os
investimentos em equipamentos em um hospital moderno são para imagens.

4
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

FIGURA 2 – EQUIPAMENTOS DE COMUNICAÇÃO

FONTE: <http://galeria.dtcom.com.br/picture.php?/2817/search/878>. Acesso em: 15 set. 2021.

Por exemplo, um hospital com 800 leitos faz cerca de 160.000 exames
radiológicos por ano. Isso inclui cerca de um milhão de imagens, o que equivale
a cerca de 10 Terabytes/ano. Assim, os hospitais precisam de um sistema de
distribuição e de armazenamento de imagens digitais e em rede extremamente
organizado, o qual é chamado de Sistema de Arquivamento e Comunicação
de Imagem (PACS) (QIAN, 2000). Isso precisa ser acoplado ao Sistema de
Informação do Hospital (SIH), que nada mais é do que “o centro nervoso”
da informação de um hospital e onde todas as informações dos pacientes são
armazenadas. Isso é muito utilizado caso de hospitais maiores.

DICAS

Sobre o Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagem (PACS),


sugerimos a leitura do Artigo “PACS: Sistemas de Arquivamento e Distribuição de Imagens”,
de Azevedo-Marques e Salomão, publicado em 2009 na Revista Brasileira de Física Médica.
Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/75402/mod_resource/content/1/
RBFMv4n3a_Paulo_Mazzoncini.pdf.

Hoje, mais de 80% de todos os hospitais são totalmente digitais e isso


demonstra a necessidade de que a totalidade dos hospitais possam ter acesso a este
tipo de sistema. Outra grande vantagem do sistema PACS é sua compatibilidade
com exames como tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética
(RM), raios-X, mamografia, cintilografia, PET, densitometria óssea, ultrassom,
entre outros, desde que as imagens dos exames estejam em formato DICOM.

5
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

FIGURA 3 – O SISTEMA PACS

FONTE: <http://galeria.dtcom.com.br/picture.php?/2799/search/878>. Acesso em: 15 set. 2021.

Dessa forma, por que são necessárias todas essas técnicas diferentes de
imagens? Uma vez que diferentes técnicas medem diferentes propriedades físicas
(conforme pode ser observado no Quadro 1), os quais dependem dos componentes
de vários tecidos, vários métodos físicos e, portanto, vários dispositivos de
imagem são necessários.

Por exemplo, fraturas ósseas podem ser vistas em um filme de raios-X


ou em fatias de TC, enquanto a RM, normalmente, é utilizada para observar
tecidos moles que contêm muita água e gordura. A medicina nuclear é usada,
principalmente, para imagens funcionais. Portanto, uma técnica de imagem não
pode substituir outra e, às vezes, um paciente é examinado com várias técnicas
complementares para que se obtenha um diagnóstico preciso (QIAN, 2000).

FIGURA 4 – IMAGENS RADIOLÓGICAS

FONTE: <https://shutr.bz/3lUAzkQ>. Acesso em: 15 set. 2021.

Compreender a física do processo de formação da imagem é essencial


para melhorar as técnicas de imagem, como otimizar o contraste e melhorar a
relação sinal-ruído da imagem. Para ver detalhes muito pequenos, a resolução
espacial (a capacidade de distinguir dois pontos a uma distância muito pequena)
tem que ser boa. Outro fator importante é reduzir artefatos, assim como o tempo
para medir uma imagem e, claro, os custos, riscos e danos potenciais ao paciente
devem ser levado em consideração (QIAN, 2000).
6
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

2.2 FUNDAMENTOS DO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM


Com a descoberta do raios-X, em 1895, as imagens são adquiridas
rotineiramente para diagnósticos médicos. Impulsionado pelo uso crescente de
sistemas diretos de imagem digital, o processamento digital de imagens tornou-
se cada vez mais importante na área de saúde. Além dos métodos originalmente
digitais, como tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética
(RM), as modalidades de imagem inicialmente analógicas, como endoscopia ou
radiografia, agora são equipadas com sensores digitais (QIAN, 2000).

2.2.1 Processamento de imagens médicas


As imagens digitais são compostas de pixels individuais, em que valores
discretos de brilho ou cor são atribuídos. Eles podem ser processados ​​de forma
eficiente, avaliados objetivamente e disponibilizados em vários locais ao mesmo
tempo por meio de redes e protocolos de comunicação apropriados, como
arquivamento de imagens e sistemas de comunicação (PACS) e o protocolo de
imagens digitais e comunicações (RIS, Radiology Information System) em medicina
(DICOM), respectivamente. Com base em técnicas de imagem digital, todo o
espectro de processamento de imagem digital agora é aplicável ao estudo da
medicina (QIAN, 2000), conforma mostra a Figura 5:

FIGURA 5 – FUNÇÃO DO SISTEMA RIS

FONTE: <http://galeria.dtcom.com.br/picture.php?/2818/search/878>. Acesso em: 15 set. 2021.

2.2.2 Radiologia diagnóstica


A radiologia diagnóstica abrange uma ampla variedade de modalidades,
regiões anatômicas e condições clínicas. As principais modalidades de imagem
diagnóstica que serão discutidas incluem:
7
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

• Raios-X (radiografias).
• Mamografia.
• Fluoroscopia.
• Angiografia.
• Tomografia Computadorizada (TC).
• Ultrassom (com Doppler).
• Ressonância magnética (RM).
• Medicina Nuclear (PET/CT).

As primeiras cinco modalidades utilizam raios-X gerados por meio de


um tubo de raios-X. As características mecânicas e técnicas das modalidades de
imagem são muito diferentes, mas todas usam radiação ionizante administrada
ao paciente a partir de um sistema padronizado da distância e contam com a
absorção diferenciada dos raios-X incidentes para produzir uma imagem
(BURBRIDGE; MAH, 2017).

FIGURA 6 – PRESENTE E FUTURO DA INOVAÇÃO EM IMAGENS DIAGNÓSTICAS

FONTE: <http://galeria.dtcom.com.br/picture.php?/3940/search/880>. Acesso em: 15 set. 2021.

O ultrassom utiliza som de alta frequência (inaudível), enquanto a


ressonância magnética utiliza campos magnéticos e ondas de rádio.

Já as imagens de medicina nuclear dependem da administração de um


agente farmacêutico radioativo que emite alfa, beta, ou radiação de pósitrons que
é capturada por detectores de radiação externos.

O detalhe anatômico das imagens de Medicina Nuclear é muito limitado,


mas os produtos farmacêuticos podem ser projetados para se concentrar em
tecidos específicos do corpo, focando a maior parte da substância radioativa
administrada e maximizando a utilidade do exame.

8
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Por exemplo, as cintilografias ósseas são obtidas pela injeção de


tecnécio 99 m (99 mTc) ligado ao difosfonato. Este radiofármaco concentra-se
preferencialmente no osso metabolicamente ativo e maximiza a radiação emitida
do osso, minimizando a radiação de fundo proveniente dos tecidos moles
adjacentes (músculos, gordura etc.) (BURBRIDGE; MAH, 2017).

2.2.3 Resolução de modalidades de imagem


A resolução de modalidades de imagem possui alguns parâmetros físicos
que devem ser observados e analisados de forma que os resultados obtidos sejam
compatíveis com: resolução espacial, resolução de contraste e resolução temporal,
dentre outros.

• Resolução espacial: esta é uma medida da capacidade de uma modalidade


de imagem para diferenciar objetos quando os objetos estão próximos e é
também uma descrição do desfoque da imagem. Um método padrão para
determinar a resolução de uma tecnologia de imagem baseada em raios-X é o
padrão de detecção de pares de linhas. Se linhas forem criadas ao interpor uma
substância radiopaca (chumbo) com uma substância radiotransparente (ar),
quantos pares de linhas podem ser distintamente identificado por milímetro?
A TC tem uma resolução de par de linhas de 0,7 pares de linhas/mm enquanto
a mamografia tem sete pares de linha/mm. A resolução espacial da imagem
usando raios-X pode ser afetada por uma ampla variedade de parâmetros
incluindo alguns dos seguintes: a dose incidente de raios-X; o ponto focal
da fonte de raios-X; dispersão do incidente feixe de raios-X; o conjunto de
detectores usado para detectar os raios-X transmitidos; e a qualidade do
monitor de visualização. A resolução espacial de ultrassom e ressonância
magnética é mais complexa devido à física dessas imagens modalidades. De
todas as modalidades anteriores, a Medicina Nuclear tem a resolução espacial
mais baixa com PET/CT tendo uma resolução de 2 mm (QIAN, 2000).

FIGURA 7 – SISTEMAS COMBINADOS DE PET/CT

FONTE: <https://shutr.bz/2Xpjd5X>. Acesso em: 15 set. 2021.

9
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

• Resolução de contraste: a resolução de contraste está relacionada à capacidade


do visualizador de diferenciar entre diferentes intensidades exibida em uma
imagem. A Unidade Hounsfield (HU) de Tomografia Computadorizada (TC)
é uma densidade de contraste absoluta no sistema com o valor de densidade
da água fixado em 0 HU. A resolução de contraste na ressonância magnética
não é fixa e é altamente dependente dos parâmetros de aquisição de sequência
estabelecidos pelo operador, daí o fenômeno do preto LCR e LCR branco
em RM em diferentes sequências de RM. A RM tem a melhor resolução de
contraste de todos as modalidades utilizadas atualmente (QIAN, 2000).

• Resolução temporal: é a duração da aquisição de imagem em referência a


uma sequência de imagem ativa ou dinâmica, tais como TC ou RM cardíaco,
ou seja, quanto mais rápida a imagem pode ser adquirida no momento ideal
no ciclo cardíaco, melhor. Uma regra geral é que as melhorias na resolução
temporal têm um impacto negativo sobre resolução espacial, ou seja, se
o período de tempo para a coleta da radiação transmitida for muito curto,
haverá menos dados para ser usado para formar a imagem para visualização
(QIAN, 2000).

2.2.4 Segurança do paciente em radiologia diagnóstica


No que se refere à exposição à radiação, no início desta unidade, havia
orientações sobre o pensamento atual sobre o uso de radiação com sabedoria
e cautela na Medicina e a necessidade de não apenas estar atento à radiação
vivida pelo paciente por um único exame de imagem, mas para estar ciente da
carga de radiação cumulativa a que o paciente é exposto durante um período de
hospitalização, uma doença aguda e ao longo de sua vida.

Isso é particularmente importante para a tomografia computadorizada


uma vez que esta modalidade se expandiu em utilização e a dose de radiação
cumulativa para TC aumentou acentuadamente ao longo nos últimos 15 a 20 anos
(ACR, 1994).

Importante ressaltar sobre os princípios de dosagem de raios-X e de


manter-se o mais baixo quanto razoavelmente alcançável (As Low As Reasonably
Achievable – ALARA), tentar seguir as diretrizes da sociedade profissional para a
geração de imagens e tentar empregar o "Imaging com sabedoria" e recomendações
“Imaging Gently” para fornecer o melhor atendimento ao paciente e minimizar a
exposição à radiação (ACR, 1994).

10
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

E
IMPORTANT

Os trabalhadores da área de diagnóstico por imagem são protegidos da


radiação por equipamentos e roupas com chumbo (aventais, coleiras, luvas, protetores e
óculos) para minimizar sua exposição pessoal à radiação durante o trabalho. Lá são limites
anuais estabelecidos para a exposição à radiação que são monitorados por detectores de
radiação pessoais que os trabalhadores são obrigados a usar.

2.2.5 Segurança ambiental


A segurança ambiental previne acidentes, doenças e ferimentos enquanto
reduzem as toxinas ambientais (incluindo a radiação) e derramamento de
resíduos. A seguir serão destacados os principais itens que se destacam:

• Equipamento: os pacientes devem ser supervisionados e protegidos de


possíveis lesões relacionadas ao equipamento utilizado para coletar imagens
enquanto estiver no departamento de imagem. Por exemplo, não há trilhos
nas máquinas de raios-X para prevenir pacientes caiam no chão. Alguns
exames de raios-X exigem que o paciente fique em pé, portanto, protocolos de
imagem devem ser modificados para pacientes que estão tontos, entorpecidos,
intoxicados ou que tenham uma condição médica que impeça para que
fiquem de pé com segurança. Deve-se ter cuidado e atenção para identificar
esses indivíduos e prevenir a queda lesões relacionadas (BURBRIDGE;
MAH, 2017). Alguns equipamentos de imagem são pesados ​​e incômodos
e há potencial para esbarrar inadvertidamente no paciente ou esmagar
dedos ou membros enquanto posiciona tampos de mesa e equipamentos
móveis. Alguns pacientes ficam ansiosos, com tonturas ou síncope e podem
desmaiar ou perder a consciência durante procedimentos que eles não estão
familiarizados com ou estão causando-lhes dor. Deve-se ter cuidado para
prever essas complicações potenciais e proteger o paciente (BURBRIDGE;
MAH, 2017).

• Controle de infecção: o departamento de imagens é um centro central em


hospitais e clínicas movimentadas e há uma rápida rotatividade de um
grande número de pacientes por meio de uma quantidade limitada de salas
e equipamentos de imagem. O paciente pode estar ativamente infectados ou
ser portadores de doenças infecciosas, alguns resistentes a antibióticos. Muita
limpeza e técnicas de limpeza adequadas devem ser empregadas para evitar
a propagação de infecções, ou seja, tampos de mesa, sondas de ultrassom,
grades, banheiros etc. (BURBRIDGE; MAH, 2017).

11
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

• Radiologia vascular e intervencionista: há uma grande variedade de


procedimentos de imagem que são invasivos e que expõem o paciente à riscos
de sangramento, infecção, colapso cardiovascular, isquemia de membro etc.
Esta área do departamento deve ter grupo e equipamentos para monitorar e
gerenciar as necessidades médicas agudas desses pacientes. Além disso, deve
haver espaço suficientemente disponível nas salas de procedimentos para a
presença de equipes médicas, radiológicas e de enfermagem durante uma
situação de cuidado agudo. Instalações de recuperação adequadas devem
estar disponíveis para monitorar este grupo de pacientes para complicações
tardias (ROBINSON; CONDON, 2008).

• Agentes de contraste: essas substâncias podem ser administradas para alterar


ou aprimorar um estudo de imagem. Essas substâncias podem causar reações
do tipo anafilactoide ou afetar a função renal. Eles podem ser prejudiciais se
injetados em tecidos ou espaços extravasculares e extraluminais. Eles devem
ser administrados por médicos ou técnicos treinados em consulta com a
equipe médica do paciente (BURBRIDGE; MAH, 2017).

• Campos magnéticos: imagem por ressonância magnética (RM) depende de


campos magnéticos de alta intensidade para obter imagens de diagnóstico.
Essas forças magnéticas podem ser perigosas para pacientes que implantaram
dispositivos médicos que contenham componentes ferromagnéticos, como
marca-passos cardíacos, grampos cirúrgicos etc. Componentes ferromagnéticos
podem causar danos graves ou morte, por exemplo, clipe de aneurisma
metálico. Além disso, médicos dispositivos de monitoramento, macas,
instrumentos etc. podem ser ativamente atraídos para o campo magnético,
ferindo funcionários, tecnólogos, pacientes ou seus familiares. Todos os
indivíduos que entram no campo magnético de ressonância magnética devem
ser examinados para prevenir eventos adversos relacionados a encontros com
o ímã (BURBRIDGE; MAH, 2017).

• Tropeços, escorregões, quedas e lesões nas costas: departamentos ocupados


estão lotados de camas, macas, cadeiras de rodas, macas, dispositivos de
monitoramento, cabos, tubos etc. Todos esses itens são fontes potenciais de
lesões em pacientes e profissionais de saúde. Lesões nas costas incorridas
relacionadas à movimentação de pacientes doentes de sua maca ou cama
para a mesa de imagem são comuns. Programas educacionais e levantamento
adequado de aparelhos são essenciais para minimizar esses tipos de lesões
relacionadas ao trabalho (BURBRIDGE; MAH, 2017).

2.3 HISTÓRIA, CONCEITOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS DO


DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
O estudo da imagem médica iniciou, em novembro de 1895, com a
descoberta dos raios-X por Wilhelm Conrad Roentgen. Trabalhando com um tubo
de raios catódicos chamado tubo de Crooke, ele percebeu que os raios invisíveis

12
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

foram capazes de penetrar em alguns sólidos (como o corpo humano) melhor do


que outros (como osso ou metal).

A partir de seus estudos iniciais, Roentgen percebeu a necessidade de


mais estudos e, assim, se confinou em seu laboratório subterrâneo em Würzburg,
na Alemanha, por seis semanas (QIAN, 2000). Durante esse tempo, ele descobriu
muito do que o mundo saberia sobre raios-X pelos vinte anos posteriores. Por
seus esforços, ele recebeu o primeiro Prêmio Nobel, em 1901 (ACR, 1994).

Os raios-X são a base do que os profissionais da Radiologia chamam de


"filmes planos" ou, simplesmente, "raios-X" e que comumente são usados ​​para
avaliar fraturas de tórax e ossos. Os filmes de raios-X originais passam por um
processo de revelação em uma sala escura (ACR, 1994).

À medida que o feixe de raios-X se tornava mais poderoso, o movimento


do paciente poderia ser visualizado e a "fluoroscopia" tornou-se possível.

Na década de 1920, os radiologistas começaram a administrar bário


radiopaco aos pacientes e, assim, fazer filmes enquanto o bário atravessava o
trato gastrointestinal. É assim que os cânceres de esôfago, estômago e intestino,
bem como úlceras, diverticulite e apendicite foram inicialmente diagnosticadas
por radiologistas.

A fluoroscopia ainda é de uso comum atualmente e avançou


consideravelmente. No início, as imagens eram tão escuras que os radiologistas
usavam óculos de proteção vermelhos o dia todo para minimizar o tempo
necessário para acomodar a luz fraca quando voltavam para a sala de fluoroscopia.
Hoje, conforme a imagem moderna se intensifica, isso não é mais necessário. Além
disso, muitas das doenças inicialmente diagnosticadas por fluoroscopia são agora
diagnosticadas por tomografia computadorizada (TC) (QIAN, 2000).

Os raios-X também são a base da mamografia, um sistema que faz


imagens em alta resolução das mamas, em busca de um diagnóstico de câncer de
mama ou de outras neoplasias. Com o passar dos anos, a dose de radiografia das
mamografias diminuiu, tornando o exame mais seguro. Além disso, a mamografia
convencional vem sendo substituída pela mamografia digital (QIAN, 2000).

A tomografia de raios-X foi introduzida na década de 1940, permitindo


"tomogramas" ou cortes obtidos sem cortes no tecido subjacente. Isso foi possível
girando o tubo de raios-X de modo que apenas a fatia desejada de tecido
permanecesse no foco durante captação da imagem. A tomografia em si não é mais
realizada, sendo substituída pela varredura (tomografia axial computadorizada)
ou TC. Tanto a TC, quanto a RM são técnicas tomográficas que mostram a anatomia
em fatias em vez de projeções completas (como nos raios-X) (QIAN, 2000).

13
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

FIGURA 8 – ESTUDO DA ANATOMIA DO CORPO HUMANO

FONTE: <https://bit.ly/30tZOBY>. Acesso em: 15 set. 2021.

Os raios-X também são a base da angiografia. No início, um agente de


contraste radiodenso como o iodo era injetado diretamente na artéria de interesse.
No final dos anos 1950, a técnica Seldinger, na qual a punção arterial ocorre na
artéria femoral na virilha, foi importada do Instituto Karolinska, de Estocolmo.
Assim, um fio guia flexível é inserido através da agulha de punção e um cateter
de plástico é passado sobre o fio-guia percorrendo os vasos sanguíneos até o
órgão de interesse (QIAN, 2000).

O contraste iodado pode, então, ser injetado para fazer um diagnóstico,


por exemplo, estreitamento vascular da artéria carótida (que pode levar a um
acidente vascular cerebral) ou estreitamento das artérias coronárias (o que pode
levar a um ataque cardíaco).

Atualmente, radiologistas e cardiologistas intervencionistas expandem


rotineiramente os vasos estreitados com um balão, muitas vezes, seguido por uma
bobina de fio (chamado de "stent") para manter o vaso aberto após o procedimento
(QIAN, 2000).

Na década de 1950, a medicina nuclear passa a compor o arsenal de exames


de diagnóstico por imagem. Nestes testes, o tubo de raios-X não é utilizado, e sim
os compostos radioativos que normalmente emitem raios gama à medida que
se decompõem. Eles são combinados com outros compostos que fazem parte do
processo da doença para estudar determinado problema (QIAN, 2000).

Hoje em dia, o teste mais importante em medicina nuclear é a tomografia


por emissão de pósitrons ou varredura (PET), que em vez de emitir raios gama,
esses isótopos emitem pósitrons quando decaem.

14
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Os pósitrons são elétrons positivamente carregados e, após a emissão


de um pósitron, se combina com um elétron e se aniquila, emitindo dois fótons
com 511 keV em direções opostas. Ao observar o tempo de chegada dos dois
fótons nos detectores em torno do paciente (detecção de coincidência), a fonte de
emissão pode ser localizada no espaço.

O ultrassom foi usado pela primeira vez clinicamente na década de 1970.


Ao contrário de raios-X e da medicina nuclear, o ultrassom não usa radiação
ionizante, usa apenas ondas sonoras. À medida que as ondas sonoras passam
pelo tecido e são refletidas, imagens tomográficas podem ser criadas e os
tecidos podem ser caracterizados. Por exemplo, uma massa encontrada em uma
mamografia pode ainda ser caracterizada como sólida (possivelmente, câncer) ou
cística (provavelmente, benigna).

O ultrassom também é útil para a imagem não invasiva do abdômen e


pelve, incluindo imagens do feto durante a gravidez. Os primeiros equipamentos
de ultrassom eram máquinas volumosas com braços articulados que produziam
imagens de baixa resolução. Hoje, o ultrassom pode ser portátil e não maior que
um laptop.

Os computadores realmente entraram no mundo da imagem médica no


início da década de 1970, com o advento da tomografia computadorizada e após a
ressonância magnética (RM). A TC foi um grande avanço, a qual permitiu várias
imagens tomográficas (fatias) do cérebro, em que um tubo de raios-X gira ao
redor do paciente e vários detectores captam esses raios que não são absorvidos,
refletidos ou refratados à medida que passam pelo corpo.

As primeiras unidades de TC produziram imagens em uma matriz 64x64


e os primeiros computadores demoravam horas para processar essas imagens.
Atualmente, a TC adquire múltiplas fatias de resolução espacial submilimétrica
com velocidades de processamento medidas em milissegundos em vez de horas.
Além disso, agentes de contraste iodados são usados para a realização dos
exames na TC, uma vez que bloqueiam os raios-X com base em sua densidade
em comparação com a de tecido normal.

15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O conceito de imagens médicas começou em 1895 com a descoberta do


raios-X pelo professor alemão de Física, Wilhelm Rõntgen. O conceito de
raios-X é baseado no princípio de passar a radiação ionizante pelo corpo e ter
as imagens projetadas em uma placa fotossensível colocada atrás dele.

• A imagem diagnóstica ajuda a determinar as causas de uma lesão ou doença e


para confirmar um diagnóstico e também é usada para verificar se o seu corpo
está respondendo bem ao tratamento de uma doença ou fratura.

• A radiologia diagnóstica se refere ao campo da medicina que usa exames


de imagem não invasivos para diagnosticar um paciente. Os testes e
equipamentos usados ​​as vezes envolvem baixas doses de radiação para criar
imagens detalhadas de uma área.

• As técnicas de diagnóstico por imagem ajudam a restringir as causas de


uma lesão ou doença e garantir que o diagnóstico seja preciso. Essas técnicas
incluem raios-X, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética
(RM), entre outras.

16
AUTOATIVIDADE

1 O diagnóstico por imagem pode ser obtido a partir de exames que


contemplam uma ampla variedade de modalidades, regiões anatômicas
e condições clínicas. Dentre as modalidades de imagem, quais utilizam
raios-X? Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Raios-X, fluoroscopia, angiografia, ultrassom, ressonância magnética.


b) ( ) Raios-X, mamografia, fluoroscopia, tomografia computadorizada.
c) ( ) Mamografia, angiografia, ressonância magnética, medicina Nuclear.
d) ( ) Tomografia computadorizada, ultrassom, ressonância magnética,
medicina Nuclear.

2 A telemedicina tem sido usada com sucesso há cerca de 150 anos, desde o
advento das primeiras telecomunicações eletrônicas, as possibilidades de
seu uso médico têm sido buscadas. Considerando os itens a seguir, quais
são os atuais benefícios da telemedicina radiológica para as instituições
(hospitais e clínicas)?

I- Especialistas 24h por dia.


II- Redução de custos.
III- Diagnósticos mais assertivos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

3 Considere uma clínica de Radiologia composta por uma equipe com dois
médicos radiologistas, três enfermeiras, dois técnicos em Radiologia, um
tecnólogo em Radiologia, duas assistentes gerais, duas secretárias e um
administrador. No dia a dia da clínica, como a telemedicina radiológica
funciona? Ordene os itens a seguir:

I- As imagens digitais são compartilhadas na plataforma de telemedicina


para que os médicos especialistas que estão logados no sistema possam
fazer a análise e interpretação no laudo médico.
II- O laudo remoto é assinado digitalmente e liberado na plataforma para o
médico que fez a solicitação. O laudo ainda pode ser salvo ou impresso,
de acordo com a preferência dos profissionais e do paciente.
III- O técnico em Radiologia, que deve estar logado no sistema de telemedicina,
realiza o exame de diagnóstico por imagem e o software transforma as
informações do aparelho de raios-X em pixels.

17
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) II – III – I.
b) ( ) III – II – I.
c) ( ) II – I – III.
d) ( ) I – III – II.

4 A radiologia diagnóstica é fundamental para tratamento de pacientes, no


entanto, deve-se tomar cuidado com o paciente e com a equipe durante
a realização dos exames. Disserte sobre exposição à radiação durante os
exames radiológicos.

5 Na radiologia diagnóstica há diversas modalidades de técnicas de imagem.


Disserte sobre por que são necessárias todas essas técnicas diferentes de
imagens?

18
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —

FORMAÇÃO DA IMAGEM

1 INTRODUÇÃO
A formação da imagem é o processo no qual pontos tridimensionais (3D)
são projetados em localizações de planos de imagem bidimensionais (2D), tanto
geométrica quanto opticamente. Neste tópico, serão estudados os conceitos
físicos sobre a formação da imagem, enfatizando a aplicação de conhecimentos
físicos. Com isso, também serão trabalhados os possíveis os artefatos que podem
ocorrer na formação da imagem.

Nesse contexto, percebe-se a importância de conhecer os principais


aspectos da anatomia e fisiologia para melhor realizar exames de imagem. Além
disso, também diferenciar os diferentes tipos de radiação utilizadas no diagnóstico
de imagem.

2 FORMAÇÃO DA IMAGEM: APLICAÇÃO DE


CONHECIMENTOS FÍSICOS
A formação da imagem é o processo no qual pontos das imagens
tridimensionais (3D) são projetados em localizações em planos de imagem
bidimensionais (2D), tanto geométrica quanto opticamente.

19
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

FIGURA 9 – PROCESSO DE AQUISIÇÃO, FORMAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA IMAGEM

FONTE: <https://shutr.bz/3jkGldD>. Acesso em: 15 set. 2021.

A primeira parte é a geometria (derivada dos modelos de câmera


assumidos no processo de imagem), a qual determina onde, no plano da imagem,
a projeção de um ponto da cena estará localizada.

A outra parte da formação da imagem, relacionada à radiometria mede


o brilho de um ponto no plano da imagem em função da iluminação e das
propriedades da superfície (Burbridge; MAH, 2017).

2.1 ARTEFATOS NA FORMAÇÃO DA IMAGEM: COMO


EVITÁ-LOS E COMO IDENTIFICÁ-LOS?
A maioria dos artefatos em Radiologia se refere a algo visto em uma imagem
que não está presente na realidade, mas aparece devido a uma peculiaridade da
própria modalidade. Artefato também é usado para descrever descobertas que
se devem às coisas externas ao paciente e que podem obscurecer ou distorcer
a imagem, por exemplo, roupas, cabos do monitor cardíaco externo, partes do
corpo do cuidador, entre outras.

O artefato mais comum visto em Radiologia é o ruído da imagem, inerente


a todas as modalidades e técnicas e pode ser atenuado, mas nunca eliminado
(Robinson; Condon, 2008).

Para a correta interpretação da imagem, é importante estar ciente dos


principais artefatos do exame que está sendo revisado para evitar a emissão de
um laudo errôneo. No entanto, às vezes, os artefatos são bem-vindos porque
podem ser vantajosos, tornando a anatomia/patologia mais fácil de apreciar.
20
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DA IMAGEM

Assim, a sombra acústica posterior de cálculos biliares na ultrassonografia


ou artefato de suscetibilidade de hemossiderina na ressonância magnética
(Robinson; Condon, 2008). Nesse caso, alguns tipos de artefatos de imagem
podem ocorrer:

• técnica do operador, por exemplo, artefato de alguma roupa.


• instrumentação, por exemplo, artefato de anel em TC.
• técnica, por exemplo, efeito do ângulo na ressonância magnética.
• fatores do paciente, por exemplo, movimento respiratório.
• processamento de imagem, por exemplo, artefatos de degrau em TC.

Muitas vezes, o “artefato” pode realmente fazer parte da imagem, como na


Figura 10, em que a criança ingeriu uma moeda, assim, percebe-se a importância
de diferenciar as estruturas realmente presentes ou não na imagem.

FIGURA 10 – RAIOS-X DE UMA CRIANÇA QUE ENGOLIU UMA MOEDA

FONTE: Ping et al. (2006, p. 472)

2.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA – ALIADAS PARA A REALIZAÇÃO


DE UM EXAME DE EXCELÊNCIA
A imagem médica aplica processos e princípios para extrair informações
biológica e clinicamente relevantes do corpo humano, levando em consideração
a Anatomia e Fisiologia. Os princípios de interação da radiação com o tecido
humano permitem diretamente que o corpo seja capaz de fazer imagens por
causa das estruturas e funções exclusivas do corpo humano (QIAN, 2000).

21
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

2.2.1 Características do corpo humano influenciando a


imagem
Diferentes tecidos/órgãos têm aparências únicas nas imagens resultantes
e a prática de imagens médicas está constantemente trabalhando para explorar
melhor as características inerentes do corpo para a extração aprimorada
de informações relevantes sobre doenças do corpo para fins diagnósticos e
terapêuticos.

As características físicas do corpo humano, nesse sentido, que são


usadas em imagens, podem, geralmente, ser categorizadas em quatro grupos:
geométricas, composicionais, metabólicas e dinâmicas (QIAN, 2000).

2.2.2 Características geométricas


As características geométricas (ou seja, a anatomia) são as características
mais óbvias e amplamente conhecidas do corpo humano. Muitos processos de
doença e de terapia se manifestam anatomicamente. Assim, um foco significativo
da imagem médica está na representação das estruturas externas e internas do
corpo.

Embora diferentes técnicas de imagem resultem em representações 2D ou


3D da anatomia, 3D é, normalmente, superior ao 2D porque facilita renderizações
espaciais mais precisas de estruturas sobrepostas. A representação dos atributos
dinâmicos do corpo (por exemplo, processos cardíacos e respiratórios) é
beneficiada pela caracterização das mudanças geométricas em função do tempo.

Embora diferentes aplicações clínicas exijam diferentes representações do


corpo, a função primária de imagem ainda é retratar a anatomia e permitir que os
médicos vejam detalhes espaciais dentro dos pacientes no contexto (QIAN, 2000).

2.2.3 Características de composição


Tecidos, objetos ou características podem ser diferenciados uns dos outros
e do fundo (ou seja, tecido normal na área de interesse ou ar fora da anatomia)
com base nas diferenças em seu conteúdo de composição. Essa diferença se
manifesta em termos de contraste.

22
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DA IMAGEM

ATENCAO

O contraste da imagem é um produto das complexas interações entre os


atributos anatômicos e fisiológicos dos tecidos, as características do método de imagem
usado, o processamento dos dados adquiridos do sistema de imagem e a apresentação
desses dados como uma imagem.

2.2.4 Diferenças intrínsecas


A filosofia subjacente ao diagnóstico por imagem é que as estruturas do
paciente podem ser distinguidas em uma imagem porque diferem na composição
física e/ou comportamento fisiológico. Essas diferenças são chamadas de contraste
intrínseco. Por exemplo, o osso tem um número atômico mais alto (e, portanto,
um coeficiente de atenuação mais alto) do que o tecido mole, então o osso vai
absorver e atenuar os fótons em uma extensão muito maior. Isso fornece o
contraste intrínseco entre os dois materiais, pois mais fótons incidirão no detector
atrás do tecido mole do que atrás do osso, essa diferença será retratada em uma
imagem (QIAN, 2000).

Algumas propriedades físicas do paciente que contribuem para o contraste


intrínseco para diferentes métodos de imagem estão listadas no Quadro 1.

QUADRO 1 – PROPRIEDADES FÍSICAS DOS MATERIAIS QUE INFLUENCIAM O CONTRASTE


INTRÍNSECO PARA VÁRIAS TÉCNICAS DE IMAGEM
RADIOGRAFIA
TOMOGRAFIA MEDICINA RESSONÂNCIA
E ULTRASSOM
COMPUTADORIZADA NUCLEAR MAGNÉTICA
FLUOROSCOPIA
Densidade
Atividade de espécies
Número atômica Densidade de elétrons compressibilidade
radiofarmacêutica do elemento
(prótons)
Densidade física e Densidade física e Distribuição Densidade física e Característica de
espessura espessura radiofarmacêutica espessura ligação malecular
Movimento e Movimento e
Fluxo Fluxo Fluxo
fluxo fluxo

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2Z2ZMR4>. Acesso em 15/08/2021.

2.2.5 Agentes de contraste


Muitas estruturas anatômicas apresentam pequenas diferenças
composicionais umas das outras. Por exemplo, os vasos sanguíneos são
visualmente indistinguíveis dos tecidos moles em imagens de raios-X.

23
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

No entanto, essas diferenças podem ser aumentadas pela introdução


de uma substância, chamada de agente de contraste ou meio de contraste, para
alterar as propriedades físicas das estruturas para torná-las distinguíveis umas
das outras ou do fundo.

Para imagens radiográficas, os agentes de contraste, geralmente, têm


um número atômico muito maior do que os tecidos corporais. Os materiais de
contraste atenuam os raios-X fortemente porque a energia de ligação da camada
K desses materiais (por exemplo, borda K de iodo = e bário = )
está idealmente posicionada em relação à distribuição de energia de fótons
tipicamente empregada para a geração de imagens (QIAN, 2000).

2.2.6 Diferenças capturadas


O contraste intrínseco, nativo ou aprimorado com a introdução de agentes
de contraste, precisa ser capturado pelo sistema de imagem para ser de uso
médico. Cada aplicativo de imagem reflete a escolha de uma técnica de imagem
e receptor de imagem específicos para produzir imagens com o maior potencial
para demonstrar diferenças entre diferentes tecidos, transformando o contraste
intrínseco em contraste de imagem.

Para uma aplicação de imagem específica, o contraste da imagem


resultante pode ser influenciado por uma seleção cuidadosa dos fatores da técnica
(por exemplo, quilovolts, miliamperes) usados ​​para produzir a imagem. Na
imagem radiográfica, as diferenças sutis entre a atenuação dos diferentes tecidos
determinam a transmissão diferencial dos raios-X através dos tecidos.

2.2.7 Características metabólicas


O tecido vivo é fisiologicamente ativo e os processos de doença e tratamento
podem influenciar essa atividade. Muitos métodos de imagens médicas têm como
objetivo obter imagens da atividade corporal. Em especial, a medicina nuclear
(MN) é uma modalidade funcional, o que significa que captura imagens e as
características metabólicas do sujeito em oposição à própria anatomia.

Por exemplo, as imagens de MN podem exibir a captação de glicose


de uma região específica, portanto, apenas a área que usa glicose ativamente
aparecerá na imagem. Esse mecanismo leva as imagens exclusivas que mostram
seletivamente apenas as regiões realçadas do corpo (QIAN, 2000).

Atualmente, a MN é quase sempre usada em conjunto com imagens


anatômicas padrão, de modo que as regiões aprimoradas por MN podem ser
identificadas com precisão no corpo do paciente. Ao coletar e exibir informações
metabólicas e geométricas/anatômicas, essa imagem híbrida (como tomografia
24
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DA IMAGEM

por emissão de pósitrons/tomografia computadorizada, PET/CT) é uma


ferramenta poderosa para representar uma fusão holística dos estados funcionais
e anatômicos do corpo (QIAN, 2000).

Além de MN, a ressonância magnética também foi desenvolvida em


atividades metabólicas de imagem por meio de ressonância magnética funcional
e espectroscopia. A US e a TC também estão sendo realizadas para obter o
comportamento metabólico por meio do advento de agentes de contraste
direcionados com propriedades de acumulação funcional (QIAN, 2000).

2.2.8 Características dinâmicas


O tecido vivo não é inerte, uma vez que os próprios pacientes podem
se mover durante um estudo de imagem e seus órgãos internos estão em fluxo
contínuo em razão do fluxo sanguíneo, da digestão, da respiração etc. As técnicas
de imagem mais rápidas, como as radiografias, são as melhores modalidades em
termos de limitação do movimento voluntário ou involuntário do paciente.

De modo geral, a radiografia (incluindo mamografia e fluoroscopia) é


melhor do que a TC, que é melhor do que as imagens de US, RM e MN para
congelar o movimento do corpo. No entanto, às vezes, o objetivo principal de
um estudo pode ser capturar o movimento (como a velocidade do sangue ou
movimento cardíaco) (QIAN, 2000).

3 TIPOS DE RADIAÇÃO UTILIZADAS NO DIAGNÓSTICO POR


IMAGEM
A radiologia diagnóstica está dividida em: diagnóstico por imagem,
imagem médica, radiologia. O diagnóstico por imagem pode ser obtido a partir
de exames que contemplem uma ampla variedade de modalidades, regiões
anatômicas e condições clínicas e já vimos quais são as principais delas que usam
os raios-X. Veremos agora sobre o Ultrassom (com Doppler), a Ressonância
magnética (IRM) e a Medicina Nuclear (PET/CT).

A imagem de ultrassom utiliza ondas sonoras de alta frequência para


visualizar o interior do corpo. Como as imagens de ultrassom são capturadas
em tempo real, elas também podem mostrar o movimento dos órgãos internos
do corpo, bem como o sangue fluindo pelos vasos sanguíneos (BONTRAGER;
LAMPIGNANO, 2010).

A imagem por ressonância magnética (IRM) é uma tecnologia de imagem


não invasiva que produz imagens anatômicas detalhadas tridimensionais.
Geralmente, é usada para detecção, diagnóstico e monitoramento de tratamento

25
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

de doenças. É baseada em tecnologia sofisticada que excita e detecta a mudança


na direção do eixo de rotação dos prótons encontrados na água que compõe
os tecidos vivos a partir da aplicação de campos magnéticos e ondas de rádio
(BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010).

As imagens da medicina nuclear dependem da administração de um


agente farmacêutico radioativo (contraste) que emite radiação alfa, beta ou pó-
sitron que é capturada por detectores de radiação externos. O detalhe anatômico
das imagens de medicina nuclear é muito limitado, mas os produtos farmacêu-
ticos podem ser projetados para se concentrar em tecidos específicos do corpo,
focalizando a maior parte da substância radioativa administrada e maximizando
a utilidade do exame.

Por exemplo, as cintilografias ósseas são obtidas pela injeção de tecnécio (99
mTc) ligado ao difosfonato e este radiofármaco concentra-se, preferencialmente, no
osso metabolicamente ativo e maximiza a radiação emitida do osso, minimizando
a radiação de fundo proveniente dos tecidos moles adjacentes (músculo, gordura
etc.) (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010).

3.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA APLICADA À RADIOLOGIA


O técnico de radiologia deve possuir um conhecimento profundo de
Anatomia e de Fisiologia para obter imagens radiológicas de qualidade e que
mostram a parte do corpo desejada (CASTRO, 1985). Os radiologistas também
devem ter uma compreensão geral de todos os sistemas do corpo e de suas
funções (ABRAHAMS, 2005).

Para compreender a imagem médica é importante ter um conhecimento


básico da Anatomia e Fisiologia “normais”, como são alteradas pela doença
(patologia) e como a imagem desempenha um papel no diagnóstico e tratamento
da doença. Este item resume os aspectos da Anatomia, da Fisiologia e patologia
que são difundidos na imagem médica e como as principais modalidades de
imagem auxiliam no diagnóstico e tratamento do paciente (ROBINSON;
CONDON, 2008).

26
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DA IMAGEM

FIGURA 11 – ANATOMIA DESCONSTRUÍDA

FONTE: <https://shutr.bz/2XtJxvV>. Acesso em: 15 set. 2021.

Os médicos desenvolveram uma terminologia para descrever


precisamente como as partes facilmente visíveis do corpo se relacionam entre si e
com o observador. O corpo pode ser visto de quatro aspectos: anterior, posterior,
medial e lateral (identificando ambas as superfícies do corpo e as posições das
estruturas em relação umas às outras), e em quatro direções: direita, esquerda,
superior e inferior.

Embora essas descrições sejam suficientes para a radiografia plana, a


imagem em corte transversal (TC ou RM) requer o uso de planos e um sistema
de coordenadas tridimensional para descrever completamente as localizações e
direções dentro do corpo (ver Figura 12) (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010).
Assim, devemos dar atenção especial ao entendimento completo do sistema
esquelético e dos pontos de referência da superfície usados ​​para localizar as
diferentes partes do corpo.

FIGURA 12 – PRINCIPAIS DIREÇÕES APLICADAS NAS IMAGENS RADIOLÓGICAS

Plano sagital Plano frontal/coronal Plano transversal


FONTE: <https://shutr.bz/3pkPLcW>. Acesso em: 15 set. 2021.

27
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

O eixo principal do corpo, ou eixo z, é uma linha que se estende da


pelve, passando pelo centro do corpo e chegando ao topo da cabeça. Um plano
transaxial, geralmente, denominado axial ou transversal, é um plano localizado
ao longo e perpendicular ao eixo z.

Um plano coronal ou frontal é paralelo ao eixo z e se estende na direção


esquerda-direita. Um plano sagital é paralelo ao eixo z e se estende na direção
anteroposterior.

O plano sagital, que divide o corpo nas metades esquerda e direita, é


denominado plano sagital mediano.

Os eixos x e y ficam no plano transaxial e, embora os sistemas de exibição


de imagens permitam ao operador visualizar qualquer plano arbitrário, os
planos transaxial, coronal e sagital são usados ​​rotineiramente na visualização da
anatomia e na descrição dos achados (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010).

FIGURA 13 – NOMENCLATURA PARA PLANOS DE IMAGEM

FONTE: <https://shutr.bz/3BZO2gL>. Acesso em: 15 set. 2021.

É extremamente importante que as imagens sejam visualizadas usando


aspectos padrão, pois ao fazer o contrário levará a resultados desastrosos. Por
exemplo, uma radiografia plana das extremidades inferiores vista por um
cirurgião que, involuntariamente, inverte a direita e a esquerda pode-se levar à
amputação da perna errada. Para evitar esse tipo de erro, orientações da exibição
padrão são empregadas para todas as modalidades de imagem (BONTRAGER;
LAMPIGNANO, 2010), a saber:

• As radiografias planas são vistas como se o observador estivesse voltado para


o aspecto anterior do paciente (como se o observador estivesse voltado para o
paciente), com o lado direito do paciente à esquerda do observador.

28
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DA IMAGEM

• As imagens transversais são vistas como se o observador estivesse aos pés do


paciente e olhando superiormente através do corpo, com o lado direito do
paciente à esquerda do observador. O paciente, normalmente, está na posição
supina na mesa de imagem, portanto, do ponto de vista do observador, a
superfície anterior do paciente está "para cima".
• As imagens planas da medicina nuclear são visualizadas do lado da câmera
gama. Para imagens anteriores, o lado direito do paciente está à esquerda do
observador. Para imagens posteriores, o lado direito do paciente está à direita
do observador.

Para procedimentos intervencionistas, como biópsias por agulha,


mudanças na posição do paciente na mesa podem levar a desvios das orientações
de exibição padrão e deve-se ter cuidado ao interpretar essas imagens
(BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010).

FIGURA 14 – ESTRUTURA ANATÔMICA DO CORPO HUMANO

FONTE: <https://shutr.bz/2Xt5r2l>. Acesso em: 15 set. 2021.

A seguir serão revistos diversos conceitos relacionados à Anatomia e a à


Fisiologia para melhor compressão.

• Anatomia geral: Anatomia é o estudo, classificação e descrição da estrutura


e órgãos do corpo humano, enquanto a Fisiologia lida com os processos e
funções do corpo, ou como as partes do corpo funcionam. No sujeito vivo, é
quase impossível estudar Anatomia sem estudar também alguma Fisiologia.
No entanto, o estudo radiográfico do corpo humano é, principalmente, um
estudo da anatomia dos vários sistemas, com menos ênfase na fisiologia
(BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010).

• Organização estrutural: vários níveis de organização estrutural constituem o


corpo humano. O nível mais baixo de organização é o nível químico. Todos os
produtos químicos necessários para manter a vida são compostos de átomos
que se unem de várias maneiras para formar moléculas. Vários produtos
químicos na forma de moléculas são organizados para formar células. A
29
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

célula é a unidade básica estrutural e funcional de todos os tecidos vivos.


Cada parte do corpo, seja músculo, osso, cartilagem, gordura, nervo, pele ou
sangue, é composta de células (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010).

• Tecidos: os tecidos são grupos coesos de células semelhantes que, juntamente


com seu material intercelular, desempenham uma função específica
(BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010). Os quatro tipos básicos de tecido
são: epitelial, que cobrem as superfícies internas e externas do corpo,
incluindo o revestimento de vasos e órgãos, como o estômago e os intestinos;
conjuntivo, tecidos de suporte que se unem e sustentam várias estruturas;
muscular, tecidos que constituem a substância de um músculo; e nervoso,
que constituem a substância dos nervos e centros nervosos.

• Órgãos: quando conjuntos complexos de tecidos são unidos para desempenhar


uma função específica, o resultado é um órgão. Os órgãos, geralmente, têm
uma forma específica. Exemplos de órgãos do corpo humano são os rins, o
coração, o fígado, os pulmões, o estômago e o cérebro (MITCHELL; BUTLER;
ELIS., 2010)

• Sistema: um sistema consiste em um grupo ou associação de órgãos que


tem uma função semelhante ou comum. O sistema urinário, que consiste
nos rins, ureteres, bexiga e uretra, é um exemplo de sistema corporal. O
corpo total compreende dez sistemas corporais individuais (BONTRAGER;
LAMPIGNANO, 2010).

• Organismo: os dez sistemas do corpo, quando funcionam juntos, constituem


o organismo total, um ser vivo (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010).

• Anatomia sistêmica: o corpo humano é uma unidade estrutural e funcional


composta por dez unidades menores chamados de sistemas. Esses dez
sistemas incluem: (1) esquelético, (2) circulatório, (3) digestivo, (4) respiratório,
(5) urinário, (6) reprodutivo, (7) nervoso, (8) muscular, (9) endócrino e (10)
tegumentar (CASTRO, 1985).

• Fisiologia: a Fisiologia é a ciência da vida. É o ramo da Biologia que visa


compreender os mecanismos dos seres vivos, desde a base da função celular,
a nível iônico e molecular, até o comportamento integrado de todo o corpo
e à influência do ambiente externo. A investigação em Fisiologia ajuda-nos a
compreender como o corpo funciona na saúde e como responde e se adapta
aos desafios da vida cotidiana. Também nos ajuda a determinar o que há de
errado com as doenças, facilitando o desenvolvimento de novos tratamentos
e diretrizes para a manutenção da saúde humana e animal. A ênfase na
integração de funções moleculares, celulares, de sistemas e de todo o corpo é o
que distingue a Fisiologia das outras ciências da vida (MITCHELL; BUTLER;
ELIS, 2010).

30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O processo de formação da imagem é resultado da absorção diferencial do


feixe de raios-X conforme a interação com o tecido anatômico. Uma imagem
radiográfica é criada passando um feixe de raios-X pelo paciente e interagindo
com um receptor de imagem, como uma placa de imagem em radiografia
computadorizada (RC).

• Para a formação da imagem são utilizadas radiação ionizante e não ionizante


para visualizar a forma interna de um objeto. As aplicações da radiação
incluem a radiografia médica (diagnóstica e terapêutica) e a radiografia
industrial.

• A maioria dos artefatos em Radiologia se refere a algo visto em uma imagem


que não está presente na realidade, mas aparece devido a uma peculiaridade
da própria modalidade.

31
AUTOATIVIDADE

1 Para se obter uma imagem radiológica com qualidade é importante que o


técnico/tecnólogo em radiologia tenha um bom conhecimento em anatomia
e fisiologia o que permite discernimento do que é pertinente a imagem e o
que não está presente. Analise os itens a seguir em relação aos principais
artefatos que ocorrem em imagens na Radiologia:

I- Artefato de anel em TC.


II- Ângulo na ressonância magnética.
III- Movimento respiratório.
IV- Artefato de dobradura.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas.

2 Os tecidos são grupos coesos de células semelhantes que, juntamente com


seu material intercelular, desempenham uma função específica. Analise as
sentenças a seguir sobre os tipos básicos de tecido:

I- Epitelial: tecidos que cobrem as superfícies internas e externas do corpo,


incluindo o revestimento de vasos e órgãos, como o estômago e os
intestinos.
II- Conjuntivo: tecidos de suporte que se unem e sustentam várias estruturas.
III- Respiratório: é a rede de órgãos e tecidos que ajudam a respirar. Inclui as
vias respiratórias, os pulmões e os vasos sanguíneos.
IV- Muscular: tecidos que constituem a substância de um músculo.
V- Nervoso: tecidos que constituem a substância dos nervos e centros
nervosos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, II, IV e V estão corretas.


b) ( ) As sentenças II, III e V estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença IV está correta.

3 Anatomia é o estudo, classificação e descrição da estrutura e órgãos do


corpo humano, enquanto a fisiologia lida com os processos e funções do
corpo, ou como as partes do corpo funcionam. Com isso, associe os itens,
utilizando o código a seguir:

32
I- Tecido
II- Órgão
III- Organismo
IV- Sistema

( ) São grupos coesos de células semelhantes que, juntamente com seu


material intercelular, desempenham uma função específica.
( ) Conjuntos complexos de tecidos são unidos para desempenhar uma
função específica.
( ) Quando funcionam juntos, constituem o organismo total – um ser vivo.
( ) Consiste em um grupo ou associação de órgãos que têm uma função
semelhante ou comum.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) II – I – IV – III.
b) ( ) IV – III – II – I.
c) ( ) I – II – IV – III.
d) ( ) I – IV – II – III.

4 A filosofia subjacente ao diagnóstico por imagem é que as estruturas do


paciente podem ser distinguidas em uma imagem porque diferem na
composição física e/ou comportamento fisiológico. Essas diferenças são
chamadas de contraste intrínseco. Diferencie os seguintes os métodos de
imagens (radiografia, fluoroscopia, tomografia computadorizada, medicina
nuclear, ultrassom e ressonância magnética) segundo as propriedades
físicas de cada paciente:

5 O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, em agosto de 2002, a


resolução que fixa responsabilidades e normas éticas na utilização da
telemedicina no Brasil. Com isso, toda empresa voltada às atividades na
área de telemedicina, sejam elas de assistência ou educação continuada a
distância, deve cumprir os termos da Resolução CFM nº 1.643/2002. Nesse
contexto, disserte sobre o que é dito na resolução.

33
34
UNIDADE 1
TÓPICO 3 —

TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

1 INTRODUÇÃO
Acesso, equidade, qualidade e relação custo-benefício são questões-chave
enfrentadas pelos cuidados de saúde em ambos os países desenvolvidos e menos
desenvolvidos economicamente.

Nesse contexto, modernas Tecnologias de Informação e Comunicação


(TIC), como computadores, Internet e telefones celulares estão revolucionando
a forma como os indivíduos comunicam-se, buscam e trocam informações,
enriquecendo suas vidas. Essas tecnologias têm enorme potencial para ajudar a
resolver os problemas de saúde globais contemporâneos (ACR, 1994).

FIGURA 15 – TROCA DE INFORMAÇÔES

FONTE: <https://bit.ly/3BTOZHg>. Acesso em: 15 set. 2021.

A partir de uma pesquisa global realizada em 2009 pela eHealth, foi


possível definir melhor o uso das TIC para prestação de serviços de saúde, ou
seja, na telemedicina.

A pesquisa inicia apresentando uma visão geral da telemedicina,


sintetizando a literatura atual que mostra o desenvolvimento do uso da
telemedicina nos países (MILLER, 2020).

35
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

Além disso, são feitas recomendações sobre as ações da Organização


Mundial da Saúde (OMS) e seus Estados-Membros que podem levar a estabelecer
a telemedicina como parte de uma solução sustentável para os problemas de
saúde enfrentados pelos países em desenvolvimento (GOGIA, 2019).

Esse exame único, as TIC e os resultados da pesquisa fornecerão abordagens


inovadoras para ajudar a conceituar soluções às questões contemporâneas de
saúde global.

2 INTRODUÇÃO À TELEIMAGEM
A telemedicina, termo criado na década de 1970, que significa "cura
à distância", remete o uso das TIC para melhorar os resultados dos pacientes,
aumentando o acesso a cuidados e informações médicas (GOGIA, 2019).

Desde então, sabemos que não existe uma definição definitiva de


telemedicina (um estudo de 2007 descobriu 104 definições revisadas por pares
da palavra), mas a Organização Mundial da Saúde adotou a seguinte descrição
ampla em seu relatório:

A prestação de serviços de saúde, onde a distância é um fator crítico,


por todos os profissionais de saúde usando tecnologias de informação
e comunicação para a troca de informações válidas para diagnóstico,
tratamento e prevenção de doenças e lesões, pesquisa e avaliação, e
para a educação continuada de prestadores de cuidados de saúde, tudo
no interesse de promover a saúde de indivíduos e suas comunidades
(WHO 2009, p.12).

Alguns distinguem telemedicina de telessaúde, com a primeira sendo


restrita à prestação de serviços por apenas médicos e a última significando
serviços prestados por profissionais de saúde em geral, incluindo enfermeiras,
farmacêuticos e outros (GOGIA, 2019).

No entanto, para os fins deste “relatório”, a telemedicina e a telessaúde


são sinônimos e usados indistintamente
​​ (ACR, 1994).

36
TÓPICO 3 — TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

FIGURA 16 – DIAGNÓSTICO AINDA MAIS QUALIFICADOS

FONTE: <https://shutr.bz/2Z20rlB>. Acesso em: 15 set. 2021.

Com isso, quatro elementos são pertinentes à telemedicina:

• Seu objetivo é fornecer suporte clínico.


• Pretende-se superar barreiras geográficas, conectando usuários que não estão
na mesma localização física.
• Envolve o uso de vários tipos de TIC.
• Seu objetivo é melhorar os resultados de saúde.

ATENCAO

As muitas definições destacam que a telemedicina é uma ciência aberta e em


constante evolução, uma vez que incorpora novos avanços em tecnologia, responde e se
adapta às mudanças e às necessidades de saúde e contextos das sociedades.

2.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA TELEIMAGEM


Historicamente, a telemedicina pode ser rastreada até meados do século
XIX com um dos primeiros relatos publicados ocorrendo no início do século XX,
quando os dados do eletrocardiógrafo eram transmitidos por fios telefônicos.

A telemedicina, em sua forma moderna, começou na década de 1960 em


grande parte impulsionada pelos setores militar e de tecnologia espacial, bem
como com alguns indivíduos que usavam equipamento comercial disponível
(GOGIA, 2019). Outros exemplos de marcos tecnológicos iniciais relacionados
à telemedicina incluem o uso da televisão para facilitar as consultas entre
especialistas e a provisão de aconselhamento de médicos especializados de
diferentes clínicas e/ou hospitais.

37
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

Alguns avanços recentes têm aumentado a disponibilidade e utilização de


TIC pela população em geral, o que tem sido um dos maiores impulsionadores
da telemedicina na última década, criando rapidamente novas possibilidades de
atendimento e prestação de cuidados de saúde. Isso já é fato para os países em
desenvolvimento e áreas carentes de nações pouco industrializadas.

FIGURA 17 – ATENDIMENTO AO PACIENTE

FONTE: <https://bit.ly/3jksHax>. Acesso em: 15 set. 2021.

A substituição de formas analógicas de comunicação com métodos


digitais, combinados com uma rápida queda no custo das TICs, geraram grande
interesse na aplicação da telemedicina entre os prestadores de cuidados de saúde
e têm permitido organizações de saúde imaginar e implementar maneiras novas
e mais eficientes de fornecer cuidado (MILLER, 2020).

A introdução e a popularização da Internet aceleraram ainda mais o


ritmo dos avanços das TIC, expandindo, assim, o escopo da telemedicina para
abranger um número maior de ferramentas (por exemplo, e-mail, teleconsultas
e conferências através da Internet) e abordagens por diferentes multimídias (por
exemplo, imagens digitais e vídeo). Esses avanços levaram à criação de uma
rica rede de aplicações de telemedicina que o mundo está começando a utilizar
(GOGIA, 2019).

Com a evolução da teleimagem surgiram diversos termos que passaram


as ser utilizados na rotina da medicina realizada de forma remota. A seguir
vamos definir alguns termos segundo a OMS e a revista NEJM. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) define telemedicina como:

A prestação de serviços de saúde, onde a distância é um fator crítico,


por todos os profissionais de saúde usando tecnologias de informação
e comunicação (TIC) para a troca de informações válidas para
diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças e lesões, pesquisa e
avaliação, e a educação continuada de profissionais de saúde, com o
objetivo de promover a saúde de indivíduos e da comunidade (WHO
2009, p.15).

38
TÓPICO 3 — TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

A revista NEJM define telessaúde como:

A prestação e facilitação de serviços de saúde e relacionados à


saúde, incluindo atendimento médico, educação de provedores e
pacientes, serviços de informação de saúde e autocuidado por meio
de telecomunicações e tecnologias de comunicação digital”. Em geral,
telemedicina é usada para denotar serviço clínico prestado por um
médico registrado, enquanto telessaúde é um termo mais amplo de uso
de tecnologia para saúde e serviços relacionados à saúde, incluindo
telemedicina (WHO, 2009, p. 16).

2.2 APLICABILIDADE DA TELEIMAGEM NO CENÁRIO ATUAL


As aplicações da telemedicina podem ser classificadas em dois tipos
básicos, de acordo com o tempo do informações transmitidas e a interação entre
os indivíduos envolvidos, seja de profissional de saúde para profissional de saúde
ou profissional de saúde para paciente.

Assim, ao armazenar e encaminhar dados de forma assíncrona, a


telemedicina envolve a troca de dados pré-gravados entre dois ou mais indivíduos
em momentos diferentes. Por exemplo, o paciente ou profissional de saúde que
encaminhou envia um e-mail com a descrição de um caso médico para um
especialista que, posteriormente, envia de volta uma opinião sobre o diagnóstico
e gerenciamento ideal (GOGIA, 2019).

FIGURA 18 – CRESCENTE DEMANDA DE EQUIPES PARA A UTILIZAÇÃO DA RADIOLOGIA


PORTÁTIL

FONTE: <https://shutr.bz/3lWfOoI>. Acesso em: 15 set. 2021.

Em contraste, com o tempo real ou síncrona, a telemedicina requer que os


indivíduos envolvidos estejam simultaneamente presentes para troca imediata
de informações, como no caso da videoconferência.
39
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

Tanto na telemedicina síncrona, quanto na assíncrona, informações


relevantes podem ser transmitidas em uma variedade de mídias, como texto,
áudio, vídeo ou ainda imagens. Essas duas abordagens básicas para telemedicina
são aplicadas a uma ampla gama de serviços em diversos cenários, incluindo
teledermatologia, telepatologia e telerradiologia (TELERRADIOLOGÍA, 2010).

A maioria dos serviços de telemedicina dos quais se concentra no


diagnóstico e gerenciamento clínico são oferecidos rotineiramente em regiões
industrializadas, incluindo, mas não se limitando, ao Reino Unido da Grã-
Bretanha e Irlanda do Norte, Escandinávia, América do Norte e Austrália.

Além disso, dispositivos de medição biométrica, como equipamentos


de monitoramento de frequência cardíaca, pressão arterial e os níveis de glicose
no sangue são cada vez mais usados ​​para monitorar e gerenciar remotamente
pacientes com doenças agudas e doenças crônicas. Alguns preveem que a
telemedicina irá transformar profundamente a entrega de serviços de saúde no
mundo industrializado, migrando a prestação de cuidados de saúde para longe
dos hospitais e clínicas para as residências (TELERRADIOLOGÍA, 2010).

FIGURA 19 – REUNIÃO DE PROFISSIONAIS QUE DISCUTEM O DIAGNÓSTICO DO PACIENTE

FONTE: <https://shutr.bz/3G0JMzZ>. Acesso em: 15 set. 2021.

Em países de baixa renda e em regiões com infraestrutura limitada,


aplicações de telemedicina são usados, ​​principalmente, para vincular profissionais
de saúde a especialistas, hospitais de referência e serviços terciários centros de
atendimento. Mesmo que as aplicações de telemedicina de baixo custo tenha
sido provadas como viáveis, clinicamente útil, sustentável e escalável em tais
ambientes e comunidades carentes, estas aplicações não estão sendo adotadas
em uma escala significativa devido a uma variedade de barreiras.

40
TÓPICO 3 — TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

2.2.1 Barreiras potenciais para a difusão da telemedicina


A telemedicina possui grande potencial para reduzir a variabilidade de
diagnósticos, bem como melhorar gestão clínica e prestação de serviços de saúde
em todo o mundo, melhorando o acesso, qualidade, eficiência e relação custo-
benefício.

Em particular, a telemedicina pode ajudar as comunidades


tradicionalmente mal atendidas, ou seja, aquelas em áreas remotas ou rurais
com poucos serviços de saúde e pessoal, pois supera as barreiras de distância e
tempo entre os profissionais de saúde e os pacientes. Além disso, as evidências
apontam importantes benefícios socioeconômicos para pacientes, famílias,
médicos e o sistema de saúde, incluindo melhor comunicação paciente-provedor
e oportunidades educacionais (TELERRADIOLOGÍA, 2010).

Apesar de sua promessa, as aplicações da telemedicina alcançaram diversos


níveis de sucesso. Em ambos os países industrializados e em desenvolvimento,
a telemedicina ainda não foi empregada de forma consistente no sistema de
saúde para fornecer serviços de rotina, e poucos projetos-piloto foram capazes
de sustentar após o término do financiamento inicial. Vários desafios citados
rotineiramente contam pela falta de longevidade em muitos empreendimentos
de telemedicina (GOGIA, 2019).

E
IMPORTANT

Um desses desafios é um complexo devido a fatores humanos e culturais.


Alguns pacientes e profissionais de saúde resistem em adotar modelos de serviço que
diferem das abordagens tradicionais, enquanto outros não possuem conhecimentos de
TIC para usar abordagens de telemedicina de forma eficaz. Ainda mais desafiador entre
todos, são diferenças linguísticas e culturais entre os pacientes (particularmente, aqueles
mal atendidos) e provedores de serviços.

Uma escassez de estudos documentando os benefícios econômicos e


a relação custo-eficácia da telemedicina também é um desafio. Demonstrando
casos de negócios sólidos para convencer os formuladores de políticas abraçar
e investir em telemedicina tem contribuído para deficiências na infraestrutura e
subfinanciamento dos programas.

Considerações legais são um grande obstáculo para a adoção da


telemedicina. Isso inclui a ausência de um quadro jurídico internacional
para permitir que os profissionais de saúde prestem serviços em diferentes
jurisdições e países. Além disso, uma falta de políticas que regem a privacidade

41
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

e a confidencialidade do paciente visa a transferência, o armazenamento e o


compartilhamento de dados entre profissionais de saúde e jurisdições e, com isso,
a autenticação de profissionais de saúde, em particular em aplicativos de e-mail e
o risco de responsabilidade médica para os profissionais de saúde que oferecem
serviços de telemedicina (GOGIA, 2019).

FIGURA 20 – ARMAZENAMENTO DE DADOS

FONTE: <https://shutr.bz/2ZcS8E3>. Acesso em: 15 set. 2021.

Relacionados às considerações legais estão os desafios tecnológicos, em que


os sistemas usados são
​​ complexos e existe o potencial para mau funcionamento,
que pode desencadear falha de software ou hardware. Isso pode aumentar a
morbidade ou mortalidade dos pacientes e também a responsabilidade dos
prestadores de cuidados de saúde (TELERRADIOLOGÍA, 2010).

ATENCAO

Para superar esses desafios, a telemedicina deve ser regulamentada por normas
definitivas e diretrizes abrangentes, que são amplamente aplicadas idealmente em todo o
mundo. Simultaneamente, a legislação que rege a confidencialidade, privacidade, acesso e
responsabilidade deve ser instituída.

Como os setores público e privados se envolvem em uma colaboração


mais estreita e se tornam cada vez mais interdependentes nas aplicações, é
preciso tomar cuidado para garantir que a telemedicina seja implantada de forma
inteligente para maximizar os serviços de saúde e a qualidade ideal e garantir que
os empreendimentos com fins lucrativos não privem os cidadãos de acesso aos
serviços básicos de saúde pública (TELERRADIOLOGÍA, 2010).

42
TÓPICO 3 — TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

Em todos os países, as questões relativas à confidencialidade, dignidade


e privacidade são de preocupação ética no que diz respeito ao uso de TICs na
telemedicina. É imperativo que a telemedicina seja implementada equitativamente
e com os mais altos padrões éticos, para manter a dignidade de todos os indivíduos
e garantir que diferenças na educação, idioma, localização geográfica, capacidade
física e mental, idade e o sexo não levará à marginalização dos cuidados médicos
(GOGIA, 2019).

43
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

LEITURA COMPLEMENTAR

TELEMEDICINA: O QUE É, REGULAMENTAÇÃO E +5 SUBESPECIALIDADES

STAR Telerradiologia

A telemedicina é a prestação de serviços de saúde a distância através do


uso de tecnologias de telecomunicação e imagem. Devido ao suporte remoto, ela
pode entregar muitos cuidados da saúde que são considerados recursos limitados
para grande parte da população. Neste artigo, você vai ler sobre:

• As atividades mais comuns de telemedicina.


• Os benefícios da telemedicina.
• A regularização da telemedicina.
• A perspectiva da telemedicina no Brasil.

O assunto é importante para atualização do conhecimento de médicos,


gestores e profissionais da Medicina. Isso porque, tão recente na literatura
médica, a telemedicina abrange serviços de saúde, educação, administrativos e
informações médicas que podem ser transmitidos por longas distâncias. Portanto,
esperamos que você tenha uma boa leitura e que este artigo possa proporcionar
boas considerações.
 
1 As atividades mais comuns de telemedicina

O termo  telemedicina  foi utilizado pela primeira vez em 1950. Descrito


em um artigo que discorre sobre a transmissão de imagens de radiologia por
telefone. Neste conteúdo, vamos abordar as atividades mais pesquisadas:
teleassistência, teleducação, telerradiologia e telecirurgia.

A teleassistência pode ser descrita simplesmente como assistência médica


a distância. Isso porque esse segmento da telessaúde permite que uma pessoa
seja monitorada em sua própria residência por profissionais médicos. Ou seja, em
casos de emergência, o socorro pode ser prestado em poucos minutos. Para isso, o
paciente, ao sentir mal-estar, pressiona um botão que liga automaticamente para
o serviço de telemedicina. Em alguns casos, ele é também observado através de
monitoramento 24/7.

Certamente, benefício da telemedicina, especialmente nesses casos, é


sustentada. Visto que a tecnologia pode amparar idosos, gestantes, deficientes
físicos e pós-operados. Pacientes, esses, que requerem extrema atenção.

44
TÓPICO 3 — TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

Teleducação, o ensino a distância

A telemedicina também abre portas para o desenvolvimento intelectual


e profissional do médico. Isto é, teleconferências, videoaulas e plataformas de
e-learning podem ser utilizadas para a educação médica continuada. Atividades
essas que são utilizadas e reconhecidas também em diversas outras áreas.

Além disso, dentre os métodos explorados atualmente pela teleducação


e pela telessaúde, encontramos o conhecido aprendizado baseado em problemas
(ABP). Nesse, os alunos são motivados a desenvolverem habilidades na solução
de problemas em casos clínicos através da educação a distância. Isto é, a tecnologia
possibilita que alunos possam presenciar os casos clínicos dos mais comuns aos
mais complexos. Portanto, é uma preparação que tange um grande diferencial
para o currículo profissional e para o conhecimento do aluno participativo.

Telerradiologia e telelaudo, emissão de laudos a distância

A telerradiologia é um serviço de  radiologia a distância. É um dos


segmentos da telemedicina que vem ganhando espaço no dia a dia de hospitais
e clínicas. Oferece suporte aos serviços de radiologia otimizando todo o processo
de realização dos exames, desde sua marcação com uma história clínica adequada
do paciente, orientação de protocolos, até a entrega de um laudo de qualidade.

Esse segmento da telessaúde é uma vantagem para centros de diagnóstico


por imagem de clínicas e hospitais, pois:

• agiliza o tempo para entrega de resultados aos pacientes;


• capacita a entrega de resultados de acordo com a real urgência dos casos;
• viabiliza a entrega de resultados para exames urgentes;
• dispõe de médicos radiologistas especializados e subespecializados para
regiões distantes de zonas metropolitanas;
• auxilia o serviço de radiologia para a cobertura de férias e em caso de ausências
não planejadas da equipe local de médicos radiologistas;
• minimiza os problemas de qualidade dos laudos (erros de interpretação das
imagens) com a consultoria a distância (peer-review);
• é uma alternativa ao custo elevado de manter médicos radiologistas atuando
em plantões nos períodos noturnos e finais de semana;
• é uma saída para que a variação do volume de exames, em alguns períodos,
não seja coberta pelo custo fixo;
• dispõe a assessoria médica para técnicos de radiologia, inclusive em períodos
de plantão noturno e finais de semana;
• disponibiliza os resultados de exames e imagens médicas para acesso aos
médicos que os solicitam.

45
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

Telecirurgia, a especialidade cirúrgica a distância

Telecirurgia é a atividade na qual o cirurgião atua remotamente. Isto é, a


visualização e manipulação são realizadas em local remoto através de dispositivos
de telecomunicação de ponta. O objetivo dessa atividade é prestar atendimento
cirúrgico aos pacientes com limites de acessibilidade, que estão em ambientes
perigosos ou que constituem risco à equipe cirúrgica. Portanto, para situações que
não podem ser executadas dentro dos padrões normais de saúde (ROBINSON;
CONDON, 2008).

A telecirurgia é praticada de duas maneiras. Através da teleconsulta,


onde a assistência é prestada a um cirurgião por um especialista remoto durante
o procedimento cirúrgico. E, através da chamada cirurgia robótica, onde cirurgiões
qualificados manuseiam, a distância, braços robóticos, microcâmeras, ultrassom,
laser e instrumentos, entre outros.

Teleconsulta, a consulta médica a distância

A teleconsulta nada mais é do que a consulta médica realizada a distância


através da telecomunicação e imagem. Isto é, através da internet, com aplicativos
e plataformas on-line, é possível que o médico realize o atendimento remoto do
paciente. Ou seja, não há necessidade de que ambos estejam no mesmo local para
prosseguir com a consulta médica.

A modalidade pode ser realizada tanto entre o médico e paciente


como também entre profissionais de saúde para esclarecimento de dúvidas.
Além disso, a teleconsulta, por ser um tipo de comunicação entre emissor e
receptor, pode apresentar mais algumas especificidades. Ou seja, ela pode ser
comunicação síncrona ou assíncrona.

No primeiro caso, ela indica a transmissão imediata, quando emissor e


receptor estão conectados em tempo real através de um software de comunicação
on-line (como visto na telecirurgia).

No segundo, o atendimento não é simultâneo e pode ser realizado como


uma espécie de perguntas e respostas através de e-mails ou softwares específicos
e integrados. Portanto, não há necessidade do imediatismo ou da presença em
tempo real dos envolvidos (como na telerradiologia).

2 Os benefícios da telemedicina

Um dos maiores benefícios da telemedicina é prevenir, alertar, monitorar e


controlar a disseminação de doenças transmissíveis e não transmissíveis. Ou seja,
podendo, ser um grande artifício em uma situação de epidemia, promovendo
melhores resultados à vigilância epidemiológica, como é o caso da pandemia do
“coronavírus” (COVID-19) em 2020.

46
TÓPICO 3 — TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

A telemedicina pode contribuir para a integração do sistema de saúde e a


universalidade dos serviços com qualidade, eficiência e equidade, em benefício
prioritário das populações dispersas. Contudo, inúmeros fatores podem decidir
a qualidade de um serviço de saúde. Por isso sempre recomendamos atenção no
momento de escolha de parceiros para telerradiologia, por exemplo.

E por falar em telerradiologia, a telemedicina apresenta benefícios para


os pacientes. Pois, em geral, tende a facilitar diagnósticos mais assertivos e
tratamentos mais baratos através da detecção com precisão da doença. A Gestão
Hospitalar pode obter redução de custos e comunicação ágil entre seus diferentes
serviços. E, por fim, para os médicos, dos principais benefícios, são novas
oportunidades para: consultas com especialistas; deslocamento; e melhoria na
qualidade de imagens e informação.
 
3 A Regulamentação da telemedicina

O Prof. Dr. Genival Veloso de França, em seu artigo “Telemedicina: breves


considerações ético-legais”, publicado na Revista Bioética pelo CFM, em seu
volume 8, número 1, 2.000, cita que, segundo as Normas Éticas de Utilização da
telemedicina da Associação Médica Mundial, recomenda-se que:

• promovam programas permanentes de formação e avaliação das técnicas de


medicina a distância, no tocante à qualidade da relação médico-paciente, sua
eficácia e custos;
• elaborem e implementem, junto com as organizações especializadas, normas
de exercício capazes de serem usadas como instrumento na formação de
médicos e de outros profissionais de saúde capazes de utilizar a telemedicina;
que se fomente a criação de protocolos padronizados;
• incluam os problemas médicos e legais nos programas de teleassistência,
como a qualificação dos médicos destes recursos, a forma de responsabilidade
ética e legal dos profissionais envolvidos e a obrigação da elaboração dos
prontuários médicos;
• estabeleçam normas para o funcionamento adequado das teleconsultas, onde
sejam incluídas as questões ligadas à comercialização e exploração destes
sistemas.
  
3.1 A Regulamentação da telemedicina no Brasil

O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, em agosto de 2002, a


resolução que fixa responsabilidades e normas éticas na utilização da telemedicina
no Brasil. Portanto, toda empresa voltada a atividades na área de telemedicina,
sejam elas de assistência ou educação continuada a distância, deve cumprir os
termos da Resolução CFM nº 1.643/2002.

Em síntese, a Resolução obriga o registro da empresa que explore o


serviço no Cadastro de Pessoa Jurídica do CRM da jurisdição, com a respectiva
responsabilidade técnica de um médico regularmente inscrito. Em se tratando

47
UNIDADE 1 — DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E A TELEIMAGEM

de prestador pessoa física, deve ser médico devidamente habilitado junto ao


Conselho. A este cabe estabelecer vigilância constante e avaliação das técnicas de
telemedicina no que se refere à qualidade da atenção, relação médico-paciente e
preservação do sigilo profissional.

A Resolução define a telemedicina como “o exercício da medicina


mediante a utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e
de dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em saúde”.

Face a interpretação de que se trata de ato médico, os serviços prestados


através da telemedicina devem oferecer infraestrutura tecnológica apropriada
e obedecer às normas técnicas do CFM, no que se refere à guarda, manuseio,
transmissão de dados, confidencialidade, privacidade e garantia do sigilo
profissional.
  
4. A Perspectiva da telemedicina no Brasil

Chao Lung Wen cita, em seu artigo “Telemedicina e Telessaúde – Um


panorama no Brasil” publicado na Revista Informática Pública, em 2010, que o
primeiro marco foi o lançamento da telemedicina como demanda induzida no
Edital de 2005 do Programa “Institutos do Milênio”. Isso foi importante e
indicativo de que o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico) entendia que a telemedicina era uma área estratégica de pesquisa e
que necessitava ser incentivada nas instituições universitárias.

Depois disso, outros marcos surgiram por solicitação do próprio Ministério


da Saúde (DEGES/SGTES) e projetos surgiram na Rede Universitária de
telemedicina (RUTE) da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa). Neste
momento, o Brasil já começava a enxergar outra perspectiva através dos recursos
da telemedicina para promover a melhoria da qualificação dos profissionais de
saúde em atenção básica, com o objetivo de oferecer melhor qualidade de serviço
para a população, por meio da Teleducação Interativa, da Segunda Opinião
Especializada Formativa, da modernização dos recursos educacionais e de
uma Biblioteca Virtual em Saúde.

Em 2009, a PUCRS, iniciou programas de teleducação e criou oportunidades


para um grande número de estudantes que puderam presenciar, através de um
projeto piloto experimental, procedimentos cirúrgicos em tempo real.
 
Qual a situação atual da telemedicina no Brasil?

Ainda existem poucos dados para análise nacional. O Brasil possui pouca
produção científica relacionada com telemedicina, entretanto, não significa que
não existam esforços direcionados no intuito de expansão nacional do setor. Além
disso, a inclusão de telecirurgias e cirurgias robóticas podem ser observadas com
grande avanço nos maiores Hospitais nacionais. Isso porque, já em 2012, o robô

48
TÓPICO 3 — TELEIMAGEM: CONCEITOS GERAIS

DaVinci  realizou mais de 1.900 cirurgias nas especialidades de cirurgia geral,


urologia e ginecologia no Hospital 9 de Julho. Em 2011, o Centro Einstein de
Excelência em Cirurgia Robótica foi inaugurado e, hoje, já conta com mais de
7.000 cirurgias.

FONTE: Adaptada de <https://star.med.br/o-que-e-telemedicina/>. Acesso em: 20 ago. 2021.

49
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A teleimagem é a transmissão de imagens radiológicas do paciente, como


raios-X, tomografias e ressonâncias magnéticas, de um local para outro com o
objetivo de compartilhar estudos com outros radiologistas e médicos.

• A prática da telemedicina é dividida em três tipos de soluções, armazenamento


e encaminhamento, monitoramento remoto de pacientes e reuniões em tempo
real.

• Definida de forma simples, a telemedicina permite que os pacientes se


comuniquem com um provedor de saúde usando a tecnologia, em vez de
visitar fisicamente um consultório médico ou hospital. Com a telemedicina, é
possível discutir sintomas, problemas médicos e muito mais com um provedor
de saúde em tempo real usando vídeo, portais on-line e e-mail.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

50
AUTOATIVIDADE

1 A telemedicina pode ser definida como o uso de tecnologia (computadores,


vídeo, telefone, mensagens etc.) por um profissional médico para
diagnosticar e tratar pacientes em um local remoto. Com isso, sobre os
quatro elementos pertinentes à telemedicina, analise os itens a seguir:

I- Seu objetivo é fornecer suporte clínico.


II- Pretende-se superar barreiras geográficas, conectando usuários que não
estão na mesma localização física.
III- Envolve o uso de vários tipos de Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC).
IV- Seu objetivo é melhorar os resultados de saúde.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas.

2 A aplicação da telemedicina é principalmente de natureza clínica (diagnós-


tico, tratamento, supervisão, consulta interprofissional etc.), e pode ser usa-
do em praticamente qualquer área médica, de forma síncrona ou assíncro-
na conforme a necessidade. Sobre os potenciais benefícios da telemedicina,
analise os itens a seguir:

I- Pode melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde.


II- Reduz o tempo de espera.
III- Os pacientes em localidades mais distantes não terão prioridade.
IV- Aumenta a pontualidade dos cuidados prestados aos pacientes críticos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas.

3 Quando as imagens chegam à central da Teleimagem, imediatamente


elas são redistribuídas em suas respectivas áreas. A Teleimagem conta
com diversos especialistas em Radiologia e Telerradiologia  quem emitem
laudos mais rápidos em comparação ao método tradicional. Dentre as
modalidades, as que mais se destacam são: ressonância magnética (RM) e
tomografia computadorizada (TC). Disserte sobre os principais benefícios
da Telerradiologia para essas modalidades.
51
4 A telemedicina pode ser definida como a transmissão de informações
médicas de um local para outro – através das telecomunicações – com vista
a melhorar o estado de saúde das pessoas. Segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), disserte como a telemedicina pode ser definida.

5 O termo a telessaúde é um pouco mais amplo do que a telemedicina, pois


abrange a telemedicina, mas também pode se referir a ensino a distância
para fins de treinamento de equipes de saúde para áreas com escassez
de recursos humanos especializados, ou ainda, com acesso limitado à
programas de educação e formação. Segunda a revista NEJM Catalyst
podemos definir telessaúde como:

52
REFERÊNCIAS
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Rio de Janeiro: EditoraManole, 2005.

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3. ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 2010.

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PING, C. T.; NUNES, C. A.; GUIMARÃES, G. R.; VIEIRA, J. P. M.; WECKX, L. L.


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ROBINSON, J.; CONDON, D. Radiology business practice: how to succeed.
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publications/goe_telemedicine_2010.pdf. Acesso em: 17 set. 2021.

54
UNIDADE 2 —

SISTEMAS APLICADOS
A DIAGNÓSTICO POR
IMAGEM

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer a evolução das tecnologias de informação aplicado ao


diagnóstico por imagem;
• entender a importância da implementação da tecnologia na medicina
diagnóstica;
• compreender o sistema PACS;
• aprender o sistema DICOM.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO DIAGNÓSTICO POR
IMAGEM

TÓPICO 2 – SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA PRÁTICA DIAGNÓSTICA

TÓPICO 3 – PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

55
56
UNIDADE 2
TÓPICO 1 —

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E APLICABILIDADE


DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

1 INTRODUÇÃO
A grande era da tecnologia da informação (TI) percebida nas últimas
décadas proporcionou um progresso significativo em áreas vinculadas à
informática, tais como tecnologia/sistema de informação, engenharias e ciências da
computação. Por se tratar de uma ciência aplicada, esse progresso computacional
favoreceu também o desenvolvimento de outras áreas de caráter científico, como
a área da saúde. Como consequência desta evolução, as instalações médicas foram
estimuladas a fazerem uso de sistemas de informação para gerenciar, armazenar
e organizar os dados e informações clínicas dos pacientes.

Esse avanço tecnológico e computacional também proporcionou a


utilização em larga escala de aparelhos de aquisição de imagens médicas em
modalidade digital, como raios-X, ultrassom, tomografia computadorizada e
ressonância magnética. Um número expressivo de dados é produzido com a
utilização destes equipamentos na rotina diária hospitalar, demandando soluções
para armazenamento, disposição e visualização dessas imagens.

Os Sistemas de Comunicação e Arquivamento de imagens (Picture


Archiving and Communication Systems – PACS) são responsáveis por desempenhar
tal função, via imagem digital e comunicação em medicina (Digital Imaging and
Communications in Medicine – DICOM), a referência internacional para codificação
e propagação de imagens médicas.

A tecnologia da informação (TI), segundo Marcovitch (1997), é um


complexo conjunto tecnológico que engloba, além de hardwares (computadores)
e softwares (programas), redes de comunicação digital, protocolos e serviços
informatizados como aparatos de apoio e gestão de organizações modernas.

Ainda fazem parte desse agregado, recursos humanos habilitados, que


possibilitem o funcionamento correto dos sistemas de informação, cujo objetivo
significativo não fica restrito ao habitual funcionamento de uma organização,
mas também como uma importante ferramenta de apoio à decisão.

57
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Neste tópico, faremos referência à trajetória histórica da TI na organização


hospitalar e sua aplicabilidade no diagnóstico por imagem. Neste estudo,
destacaremos, ainda, as diferenças entre telerradiologia e a radiologia convencional
e por fim falaremos do conceito de telessaúde e o contexto da telerradiologia no
nosso país.

2 HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DA


INFORMAÇÃO NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
A TI trouxe a era digital articulando equipamentos com as imagens e
laudos armazenados em computadores e compartilhados sem limites de datas e
localidade, sendo determinante na evolução de diagnóstico, tratamento e gestão
em saúde.

A radiologia médica em formato digital, ancorada na TI, transformou a


rotina da prática radiológica, estabelecendo metas de elevação da produtividade
e da qualidade das imagens médicas.

A TI no diagnóstico por imagem radiológica digital conduz-se de forma


consolidada, íntegra e automática, interna e externamente ao meio hospitalar,
uma vez mantidos os protocolos de segurança da informação (AZEVEDO-
MARQUES; SALOMÃO, 2009).

Para Caritá, Seraphim, e Honda (2008), os sistemas de comunicação


e armazenamento de imagem (PACS) tornaram-se o agregado tecnológico
escolhido para os serviços de geração, propagação e armazenagem de dados na
área de diagnóstico por imagem médica.

Silva e Gambarato (2012) enfatizam que o sistema PACS exige um padrão


no formato das imagens, além de necessitar outros dois sistemas: Informação
em Radiologia (Radiology Information Systems – RIS) e de Informação Hospitalar
(Hospital Information Systems – HIS).

Tanto o RIS quanto o HIS são definidos como sistemas administrativos


responsáveis por fornecer suporte no que diz respeito ao registro do paciente
e também são encarregados pela liberação de laudo, documentação do exame
médico etc. Ambos se distinguem dos demais formatos dos arquivos de imagens,
como JPEG, TIFF, GIF, dentre outros.

O DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine) é o modelo


que mais vem sendo utilizado para fins de comunicação e armazenamento de
imagens médicas e dados relacionados por possibilitar que as informações dos
pacientes sejam acondicionadas em conjunto com a imagem médica, de maneira
estruturada, muito embora seja baseado no formato comprimido ou não do JPEG.

58
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

NOTA

Outro padrão de integração entre os sistemas é o HL7 (Health Level 7), que
tem o objetivo de simplificar a implementação de interfaces entre diferentes aplicações
computacionais de fabricantes concorrentes. A implantação do worklist é outro recurso
tecnológico que vem sendo utilizado concomitante ao DICOM, possibilitando maior in-
terligação entre os sistemas, além do HL7 (Health Level 7), que se enquadra como outro
protótipo de integração entre os sistemas, cuja meta é de facilitar a inserção de interfaces
entre diversas aplicações computacionais de competidores fabricantes concorrentes (CA-
RITÁ; MATOS; AZEVEDO-MARQUES, 2004).

Por outro lado, diversos estudiosos vêm discutindo o impacto do rápido


processo de desenvolvimento e inovação tecnológica que as últimas décadas têm
vivenciado no ramo da saúde e seu impacto no acréscimo dos custos financeiros
para os sistemas de saúde do planeta (DIMASI, 2003; ALBUQUERQUE, 2004;
CAETANO; VIANNA, 2006; TRINDADE, 2008; REINER, 2011). Atualmente,
no contexto médico, diversas alternativas de equipamentos, técnicas e recursos
diagnósticos, novas descobertas e produtos em saúde, há cerca de trinta anos
atrás, eram completamente inconcebíveis.

E
IMPORTANT

De acordo com publicação dos indicadores sociodemográficos e de saúde


no Brasil realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em grande parte dos
países do globo, a inserção de TIs no âmbito da saúde, caracteriza-se como um processo
proativo e exponencial que é vinculado tanto às decisões governamentais quanto aos
prestadores privados de serviços de saúde (IBGE, 2009).

A conceituação de comunicação de imagem digital e radiologia médica


digital a partir de TI foi inserida na saúde hospitalar no final da década de 1970,
mais especificamente em 1979 (HUANG, 2010). Segundo Dwyer et al. (1982), era
necessário estimar e coordenar o custo financeiro envolvido na digitalização no
serviço de radiologia, como a produção das imagens, o seu arquivamento e a
estruturação dos seus relatórios. Porém, somente a partir da primeira Conferência
Internacional sobre PACS, realizada em 1982, na Califórnia, o conceito foi adotado
efetivamente (HUANG, 2010).

59
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Importante mencionar que o gerenciamento de imagens e de informações


clínicas a partir da aplicação de TI começou a ser estudado de maneira mais
intensa no final dos anos 1980, quando os processos de aquisição digital foram
sendo utilizados em maior proporção nos ambientes hospitalares (MATTHEWS,
2005). Cada equipamento tinha conexão apenas com uma estação de trabalho e
com uma dada impressora, sendo considerado uma técnica individual até aquele
tempo.

No entanto, a indispensabilidade de instituir uma estrutura computacional


que promovesse a transferência de dados de imagens de maneira compacta
e instantânea internamente ao meio hospitalar foi gerada com o avanço na
utilização da informação na modalidade digital. Em decorrência dessa demanda,
o PACS foi criado como um sistema de arquivamento e comunicação de imagens
radiológicas digitais, possibilitando o ágil acesso nas mais diversas unidades de
saúde.

No ramo do diagnóstico por imagem, suas atribuições incluem as etapas


de: aquisição, visualização, transmissão e arquivamento de imagens e informações
médicas (AZEVEDO-MARQUES et al., 2001). Considera-se que:

O contemporâneo PACS viabilizou a exibição de imagens diagnósticas


e a geração de relatórios e informações médicas de forma on-line,
favorecendo a estruturação das demandas de trabalho e facilitando
o compartilhamento do relatório grupal, independentemente da
distância entre equipes médicas. Essas inovadoras ferramentas da TI
modificaram a prática de diversas repartições clínicas de radiologia
médica, disponibilizando os resultados eletronicamente aos pacientes
em um formato inovador (como resultados relatórios, englobando
texto e imagens hiperlinks), disponibilizados via Internet, além
de tornar possível a transmissão dos relatórios de maneira mais
congruente envolvendo a equipe multidisciplinar (NOBRE, 2017).

Os ambientes e âmbitos de funcionamento do PACS discordavam entre os


continentes da América do Norte, Europa e Ásia (LEMKE, 2003).

Na América do Norte, a evolução desta tecnologia contava, inicialmente,


com o recurso dos órgãos governamentais e dos fabricantes, enquanto na Europa
tinha o suporte de um país ou alicerçava-se em recursos regionais.

O Japão norteou o estudo e o desenvolvimento do PACS no continente


asiático, que o consideravam um projeto nacional, de tal maneira que os
recursos financeiros do país eram divididos para diversos centros hospitalares
universitários com o intuito de implementar o sistema de imagens digitais
(HUANG, 2010). Esta inovação tecnológica no continente europeu é regida
pelo EuroPACS, que configura a força motriz para a troca de informações neste
domínio desde 1983 (NIINIMAKI, 2002).

60
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

UNI

O primeiro departamento de Radiologia completamente digital foi inaugurado


em 1992, no Hospital do Danúbio, em Viena, alicerçando em definitivo a futura digitalização
dos serviços de Radiologia (THOMAS, 2001). A implementação do PACS transformou-se
em um sucesso internacional a partir de sua proliferação e evolução na Europa, na América
e no Japão (INAMURA, 2003).

Um aumento significativo na qualidade do atendimento clínico e da


eficiência do PACS foi destacado pelas unidades hospitalares que já utilizam este
sistema, possibilitando que os médicos dediquem mais tempo com seus pacientes
e que técnicos radiologistas procedam mais exames médicos em menos tempo.

Ademais, a eficácia de respostas cada vez mais ágeis para exames


e procedimentos, incluindo cirúrgicos, com transparência e exatidão em
diagnósticos, ocasiona um decréscimo no tempo de permanência da estadia
do paciente no meio hospitalar, reduzindo, assim, o risco de contaminações e
infecções.

2.1 DIFERENÇA ENTRE A TELERRADIOLOGIA E A


RADIOLOGIA CONVENCIONAL
Tanto a Telerradiologia quanto a radiologia convencional podem realizar
laudos exames de imagens, a diferença essencial entre as modalidades é o laudo
remoto. Instituições médicas que utilizam a radiologia convencional necessitam
de equipes médicas à disposição na unidade para realizar o laudo, enquanto a
telerradiologia conta com especialistas remotamente.

Com a telerradiologia é possível o acesso a especialidade médicas


específicas quando necessário. Considerando que esses profissionais estão
locados em centros metropolitanos, a distância pode gerar atraso no atendimento
do paciente.

A telerradiologia atua no sentido de possibilitar que especialistas estejam


disponíveis em qualquer localidade, a qualquer momento.

Ainda que o custo financeiro dos sistemas digitais seja superior à


configuração de filme/tela, a longo prazo há uma considerável economia,
considerando que não há necessidade de aquisição de filmes e produtos químicos
para processamento ou reparo do processador, além dos custos de manutenção.
O profissional de Radiologia que faz uso da telerradiologia terá acesso às imagens
facilmente visualizadas na nuvem.
61
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Por fim, esses são alguns dos benefícios da telerradiologia em relação à


radiologia convencional. A telerradiologia emergiu com o avanço das tecnologias
de informação, o aparecimento da Internet, da imagem digital e da transmissão
em rede. É descrita como a transmissão de imagens de exames de imagiologia
de um local para outro distante, com a finalidade de serem interpretadas por um
médico especialista.

2.2 TELESSAÚDE E TELERRADIOLOGIA NO BRASIL


Com a descoberta dos raios-X por Wilhelm Conrad Röentgen, em 1895,
suas aplicações clínicas em diversas áreas da saúde foram motivadoras para a
evolução da Medicina. No ano seguinte, o setor da saúde não mais consentia
a terapêutica de um paciente na ausência da avaliação através de imagens
radiográficas. No ano de 1972, Godfrey Hounsfield, com o apoio científico do
matemático Allen Comarck, criou o primeiro protótipo de um equipamento de
tomografia computadorizada.

Com o avanço da técnica da tomografia computadorizada já eram


realizadas reconstruções das estruturas do corpo humano em três dimensões
e também eram obtidas medidas lineares e curvas histométricas de densidade
dos tecidos humanos através de escalas matemáticas, em especial via escala
denominada de Unidade de Hounsfield, o que alavancou o ramo de imagem em
termos de legalidade e excelência no planejamento cirúrgico dos mais variados
tratamentos de lesões (MOURA et al., 2011).

Paralelamente a estas instaurações, no ramo da Engenharia Computacional


criava-se a área de Bioengenharia, cuja meta fundamental era interligar esses
métodos de imagens com os recursos das TIS e da computação científica (JAIN,
1989).

Todos esses recursos digitais de imagens já possuíam extensões na


linguagem computacional, como o DICOM, e, a partir de 1994, foram desenvolvidas
pesquisas de casos clínicos por meio da Internet em dois municípios americanos,
surgindo daí telemedicina.

A telemedicina é a associação das TIs com a evolução de novos algoritmos


computacionais para o desenvolvimento de programas que assessoram no
monitoramento, arquivamento e auxílio na interpretação das diferentes imagens
a partir de seu envio e recebimento, independentemente da localização em escala
mundial para a obtenção de uma análise e parecer médico.

A telessaúde é destinada a representar um ramo ainda mais amplo do


que a telemedicina, em outras palavras, a telessaúde envolve o arquivamento, a
disponibilização e a interligação de tudo o que está relacionado à saúde e suas

62
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

incumbências-fim e incumbências-meio. Um exemplo de atividade de telessaúde


é a prestação de serviços interativos em forma de perguntas e respostas
disponibilizadas em um site de educação em saúde.

Foram implementados, em 2006, dois grandes programas pelo Governo


Federal, referentes à telemedicina e à telessaúde – Rede Universitária de
Telemedicina (RUTE) e o Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes –, ambos
de âmbito nacional.

Fundada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, a RUTE objetiva


a conexão de hospitais universitários brasileiros entre si e ainda com outras
instituições de excelência em escala nacional e internacional. Já o Programa
Nacional de Telessaúde Brasil Redes, responsável pela conexão de alguns
hospitais universitários em localidades remotas, foi instituído pelo Ministério da
Saúde.

A prática da telerradiologia é normatizada pelo Conselho Federal de


Medicina (CFM) por meio da Resolução CFM 2.107/2014.

O órgão institui esse atendimento como o exercício da Medicina, em


que o fator determinante é a distância, fazendo uso das tecnologias de informação
para o envio de dados e imagens radiológicas, objetivando a emissão de relatório
como suporte às atividades desenvolvidas localmente.

Entre as principais regras do CFM, o destaque está na obrigatoriedade de


o responsável pela transmissão do exame de imagem ser o médico especialista
em Radiologia e diagnóstico. No caso de exames de imagens híbridos (Radiologia
e Medicina Nuclear), o laudo deve ser emitido por especialistas das duas áreas.

No que diz respeito à privacidade dos pacientes, a  Resolução CFM nº


2.107/2014 dispõe que o paciente deverá autorizar a transmissão das suas imagens
e dados por meio de consentimento informado, livre e esclarecido.

O documento ainda proíbe a utilização de Telerradiologia


para procedimentos intervencionistas em Radiologia e diagnóstico por imagem
e exames ultrassonográficos. Destacamos a seguir, em conformidade com as
normas técnicas e éticas do CFM, as especialidades da Telerradiologia:

• radiologia e diagnóstico por imagem;


• diagnóstico por imagem: atividade intrínseca da ultrassonografia geral;
• diagnóstico por imagem: atividade típica da radiologia intervencionista e
angiorradiologia;
• medicina nuclear.

Ainda com base na normatização do CFM, os conceitos éticos que devem


ser utilizados na telemedicina, referem-se à privacidade e credibilidade do sigilo
profissional, confidencialidade (as instituições hospitalares e os profissionais

63
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

de saúde devem possuir precisam possuir normas definidas de uso e exposição


das informações dos pacientes) e critérios de comprometimento (relacionado ao
formato e extensão da relação médico-paciente na Telerradiologia) (CFM, 2014).

ATENCAO

Os serviços prestados pela Telerradiologia deverão ter a infraestrutura


tecnológica pertinente e cumprir as normas técnicas e éticas do CFM relacionadas à
armazenagem, manipulações, transmissão de dados, privacidade e garantia do sigilo
profissional.

Tratando-se da realidade do território brasileiro, onde os melhores


centros hospitalares e de pesquisa situam-se nas zonas Sul e Sudeste, os sistemas
de telerradiologia são, atualmente, uma realidade na medicina brasileira, com
competitividade, riscos e benefícios em um mundo globalizado, ainda que
precisem ser repensados alguns conceitos técnicos e éticos que englobam a
telemedicina, no que tange suas leis sobre esse tema (HAILEY, 2001).

As ações em telerradiologia, no Brasil, vêm sendo realizadas de forma


progressiva, desde a década de 90, mas se intensificando nos últimos anos.

Em 15 de setembro de 1948, em São Paulo, durante a realização da primeira


Jornada Brasileira de Radiologia foi criado o Colégio Brasileiro de Radiologia
– CBR (2021), com o objetivo de atuar como órgão representante dos médicos
especializados nos ramos da Radiologia Médica e Diagnóstico por Imagem,
Medicina Nuclear e Radioterapia.

NTE
INTERESSA

O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem caracteriza-se


como uma entidade nacional que representa oficialmente a especialidade no Brasil ao ligar
os médicos especialistas em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e aqueles que fazem
uso dos métodos do CBR como atividade secundária. Acesse em: https://cbr.org.br/.

64
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Nesse panorama e no cenário em escala mundial da globalização da


telemedicina, o CBR formou, em 2005, a Comissão de Telerradiologia com a
missão é fomentar a teleintegração na ótica da boa prática e da ética e normas
em medicina, monitoramento de ações públicas e privadas em Telerradiologia
e motivar a inclusão com outros órgãos representativos que normatizam a
utilização das TI para fins de aplicação na saúde (CRB, 2021).

Essa Comissão de telerradiologia vem trabalhando em diferentes contextos


nacionais e internacionais colaborando de forma ativa, na normatização, pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM), da Resolução de nº 1.890/2009 que designou
a telerradiologia como o exercício da Medicina (CBR, CFM). Essa resolução, além
de inserir a obrigatoriedade do consentimento livre e esclarecido, firmado pelo
paciente ou responsável, para a prática da telerradiologia, assegura, de forma
resumida, a relação médico-paciente.

Com o intuito de promover debates e reflexões acerca da telessaúde e da


informática em saúde no Brasil, foram instituídos dois importantes fóruns no ano
de 2006. O primeiro, intitulado Comitê Permanente de telessaúde, conta com a
participação de representantes de instituições públicas e acadêmicas de todo o
país e ocorre no Ministério da Saúde.

O estabelecimento dessas relações recíprocas de informações e


experiências tem proporcionado ao grupo um avanço na proposição de projetos
nacionais fundamentais em tele-educação empregados à rede básica de saúde e
em telediagnóstico assistencial.

O segundo fórum, designado Comissão Especial de Estudos Temporária


de Normalização em Informática na Saúde, ocorre na ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) e reúne representantes de instituições governamentais,
acadêmicas e empresas de tecnologia e equipamentos médicos. A atribuição
central desta comissão é oficializar, com o reconhecimento segundo normas
internacionais ISO, a normalização técnica brasileira para o setor.

ATENCAO

A Comissão Especial de Estudos Temporária de Normalização em Informática


na Saúde foi dividida em quatro grandes subgrupos de trabalho nas seguintes áreas:
modelos e conceitos, comunicação e equipamentos, terminologia e segurança.

65
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Um exemplo bem-sucedido de implantação da Telerradiologia e uso dessa


tecnologia é a execução de um projeto sustentável implementado no estado de
Santa Catarina, viabilizado pelo Grupo Cyclope do Departamento de Informática
e Estatística da Universidade Federal (UFSC), em 2005.

A proposta foi desenvolver um sistema focado para a assistência de


pacientes na área da Radiologia, com a integral inserção, em uma única interface
gráfica, de profissionais da Radiologia, médicos e pacientes, com o objetivo de
promover à população um melhor acesso à saúde.

O acesso ou envio de exames, bem como emissão de laudos médicos a


distância pode ser realizada pelos médicos através do uso da telemedicina.

É indispensável que os serviços de telerradiologia aplicados à rede


pública ofereçam uma tecnologia com baixo custo financeiro e simplicidade ao ser
utilizada, tornando possível as demandas de laudo remoto, independentemente
do local onde encontra-se o paciente e sem necessitar de instalações de softwares
complexos (workstations radiológicas).

Dessa forma, é fundamental compreendermos que, embora a oferta


de sistemas de arquivamento e transmissão de imagens médicas (PACS) pelo
mercado tenha ocorrido em nosso país de maneira bastante ágil nos últimos anos,
gerando a ideia de que praticar telerradiologia significaria apenas ter um destes
equipamentos instalados em nossa clínica ou hospital. Nesse sentido, muito ainda
temos que avançar em termos de definição de critérios éticos e técnicos para que
possamos praticar com segurança essas diferentes aplicações da telerradiologia
no Brasil.

E
IMPORTANT

O Sistema Catarinense de Telemedicina e Telessaúde (STT) é um dos núcleos


que compõem o Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes e atua em todo o território
nacional, com parcerias estabelecidas desde sua origem. Esse programa foi criado no
Ministério da Saúde, no ano de 2007, mas em 2005 a Secretaria de Estado da Saúde (SES-
SC) já havia dado início a uma proposta de exames a distância com oferta de laudos por
especialistas, por meio de um Programa Estadual denominado Telemedicina. Sua proposta
foi facilitar o acesso do cidadão aos exames médicos de média e alta complexidade,
iniciando seu piloto com a emissão de laudos à distância para eletrocardiogramas
e exames laboratoriais. Também foi implantada uma rede digitalizada para facilitar a
comunicação intra-hospitalar para serviços de imagem, como ultrassonografia, tomografia
computadorizada, ressonância magnética e raios-X. A estrutura tecnológica do sistema de
telemedicina foi desenvolvida pelo INCoD, do Departamento de Informática e Estatística do
Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

66
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

No próximo tópico, trataremos da importância da implementação da


tecnologia na medicina diagnóstica, as principais tecnologias do diagnóstico por
imagem atualmente e da gestão da tecnologia.

67
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• No contexto médico, a utilização de imagens digitais não é uma novidade.


Desde as décadas de 1960 e 1970, com a introdução dos computadores na
área e o surgimento de novas modalidades de exame (como Tomografia
Computadorizada), a digitalização de imagens médicas é uma atividade em
constante desenvolvimento, cujos resultados evoluem em termos de volume
de exames realizados e número de cenários de aplicação.

• Independentemente da especialidade médica envolvida, imagens digitais são


utilizadas como ferramenta para a avaliação do estado estrutural ou funcional
do corpo de um paciente, permitindo um diagnóstico mais preciso.

• A Telerradiologia é uma subespecialidade da Telemedicina que trata do


envio de imagens radiológicas e informações dos pacientes entre o local
de realização do exame e o centro de diagnóstico. Surgiu em 1972 e com
a evolução tecnológica tem mudado drasticamente, principalmente, em
virtude das novas tecnologias para digitalização e compactação das imagens
e o aumento na velocidade e na infraestrutura da Internet.

• A Telerradiologia é, atualmente, uma realidade na medicina brasileira, com


competitividade, riscos e benefícios em um mundo globalizado.

68
AUTOATIVIDADE

1 Nacionalmente, no âmbito da medicina Diagnóstica, o desenvolvimento


das TICs mostra-se fundamental, propiciando exames precisos e acesso
a resultados com possibilidade de armazenamento em formato digital. A
respeito da TICs, no diagnóstico por imagem radiológica, podemos afirmar
que:

a) ( ) A TI no diagnóstico por imagem radiológica digital conduz-se de


forma não consolidada, corrupta e ostensiva, interna e externamente
ao meio hospitalar, desde que respeitados os protocolos de segurança
da informação.
b) ( ) A TI no diagnóstico por imagem radiológica digital conduz-se de forma
consolidada, íntegra e automática, porém, somente internamente ao
meio hospitalar, desde que respeitados os protocolos de segurança da
informação.
c) ( ) A TI no diagnóstico por imagem radiológica digital conduz-se de forma
consolidada, íntegra e automática, porém, somente externamente ao
meio hospitalar, desde que respeitados os protocolos de segurança da
informação.
d) ( ) A TI no diagnóstico por imagem radiológica digital conduz-se de forma
consolidada, íntegra e automática, porém, interna e externamente ao
meio hospitalar, desde que respeitados os protocolos de segurança da
informação.

2 O desenvolvimento do sistema PACS não só permite melhorias e


confiabilidade no armazenamento de imagens radiológicas e laudo médico,
como também aperfeiçoa e otimiza o fluxo de trabalho nos serviços de
Radiologia. Assinale a alternativa CORRETA sobre o significado da sigla
PACS e suas atribuições.

a) ( ) O Sistema de Informação e Arquivamento em Radiologia (Radiology


Information Systems – PACS), no ramo do diagnóstico por imagem, suas
atribuições incluem as etapas de: aquisição, visualização, transmissão
e arquivamento de imagens e informações médicas, sendo a referência
internacional para codificação e propagação de imagens médicas.
b) ( ) O Sistema de Comunicação e Arquivamento de imagens (Picture
Archiving and Communication Systems – PACS), é o sistema
administrativo responsável por fornecer suporte no que diz respeito
ao registro do paciente e também são encarregados pela liberação de
laudo, documentação do exame médico etc.

69
c) ( ) O Sistema de Comunicação e Arquivamento de imagens (Picture
Archiving and Communication Systems – PACS), no ramo do diagnóstico
por imagem, suas atribuições incluem as etapas de: aquisição,
visualização, transmissão e arquivamento de imagens e informações
médicas, sendo a referência internacional para codificação e propagação
de imagens médicas.
d) ( ) O Sistema de Informação e Arquivamento em Radiologia (Radiology
Information Systems – PACS) é o sistema administrativo responsável
por fornecer suporte no que diz respeito ao registro do paciente e
também são encarregados pela liberação de laudo, documentação do
exame médico etc.

3 O Japão norteou o estudo e o desenvolvimento do PACS no continente


asiático, que o consideravam um projeto nacional, de tal maneira que
os recursos financeiros do país eram divididos para diversos centros
hospitalares universitários com o intuito de implementar o sistema de
imagens digitais. Sobre esse sistema, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) O sistema PACS exige um padrão no formato das imagens além de


necessitar outros dois sistemas: Informação em Radiologia (Radiology
Information Systems – RIS) e de Informação Hospitalar (Hospital Information
Systems – HIS).
( ) Tanto o RIS quanto o HIS, que são definidos como sistemas administrativos
responsáveis por fornecer suporte no que diz respeito ao registro do
paciente, também são encarregados pela liberação de laudo, documentação
do exame médico etc.
( ) Os ambientes e âmbitos de funcionamento do PACS concordavam entre
os continentes da América do Norte, Europa e Ásia.
( ) Na América do Norte, a evolução desta tecnologia não contava inicialmente
com o recurso dos órgãos governamentais e dos fabricantes, enquanto na
Europa tinha o suporte de um país ou alicerçava-se em recursos regionais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – F.

4 Na prática, a telemedicina possibilita, por exemplo, que um radiologista


especializado em crânio, que está em um centro de diagnóstico em São
Paulo, analise e faça um laudo de um exame feito em um paciente do
Amazonas. Disserte sobre a atuação da telemedicina no Brasil.

70
5 A telessaúde e a telemedicina surgiram no Brasil na década de 1990 como
possíveis ferramentas de apoio e complementação ao tratamento de
pacientes distantes de centros médicos ou de especialistas. Muitas vezes,
as palavras são usadas como sinônimos, mas na prática, a telemedicina é
uma ferramenta que faz parte da telessaúde. Disserte sobre a diferença
entre esses dois termos.

71
72
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA PRÁTICA DIAGNÓSTICA

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, estamos iniciando o estudo do Tópico 2. Abordaremos
inicialmente acerca das contribuições dos sistemas de informação na prática
diagnóstica. Estudaremos em seguida as principais tecnologias e novas tendências
de tecnologia de informação emergentes que estão trazendo benefícios diretos e
indiretos para a gestão do diagnóstico por imagem.

Nos últimos anos, o ramo da saúde vem contando com os avanços


tecnológicos para facilitar o cotidiano dos profissionais atuantes e gerar
mais proteção nas ações realizadas, diminuindo os erros de trabalho. O
desenvolvimento da tecnologia nesta área, em especial na Radiologia, promoveu
uma transformação no fluxo de trabalho, colocando em foco a radiologia digital e
os sistemas de informação da saúde.

Assim, essa transição do sistema analógico para o digital traz consigo


amplas possibilidades, como a utilização da tecnologia para a aquisição das
imagens radiológicas à sua manipulação. A seguir, estudaremos as tecnologias
mais utilizadas no diagnóstico por imagem.

2 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS NO DIAGNÓSTICO POR


IMAGEM
A tecnologia da informação (TI) trouxe a era digital, entrelaçando
equipamentos com as imagens e laudos, armazenados em computadores e
distribuídos sem limites de tempo e local. O contexto diário da prática radiológica
foi revolucionado pela radiologia digital, impondo desafios de minimização de
custos financeiros de investimento inicial pelo aumento da produtividade e da
qualidade das imagens.

73
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

ATENCAO

A inovação e a automação dos centros de diagnóstico por imagem, interligadas


ao advento da radiologia digital, evoluíram de forma considerável alicerçada na TI, o que
favoreceu o armazenamento e a distribuição de imagens e de laudos disponíveis para
outras localidades em tempo real (OLIVEIRA; LEDERMAN; BATISTA, 2014).

Em termos gerais, a era digital na medicina diagnóstica expressa uma


melhor qualidade na imagem, maior produtividade tanto do médico quanto
no controle de processos, mais segurança ao paciente e uma gestão estratégica.
Tudo isso é possível com a utilização de softwares que consentem a criação de
indicadores, o arquivamento de histórico médico e ampara todo o setor de gestão
administrativa.

Nos dias atuais, todas essas imagens radiográficas são armazenadas no


Sistema PACS e podem ser impressas somente a partir da solicitação do cliente.
Ter armazenados todos os exames do paciente permite ao médico verificar exames
anteriores antes de pedir um novo, facilitando o retorno de consultas médicas.

Espontaneamente, as imagens 100% digitais possuem uma qualidade


superior à das imagens impressas, que podem sofrer alterações pela forma como
foi impressa e pela manipulação humana. Esse detalhe aumenta a segurança
do diagnóstico e consequentemente a do paciente, além de ajudar na tomada
de decisão do radiologista e de outro possível médico que vai analisá-la. Todas
essas funcionalidades do PACS podem ainda ser integradas ao Sistema de
Informações de Radiologia (Radiology Information System – RIS), software
que automatiza o fluxo de uma clínica de medicina diagnóstica, o que permite
radiologistas importarem templates de laudos de acordo com a especialidade -
mais uma forma de otimizar os serviços.

A expansão das TIC, no segmento da medicina Diagnóstica no Brasil


se mostra uma força adicional na incorporação de tecnologias nos serviços de
saúde auxiliar e diagnóstico por imagem, propiciando exames precisos e acesso à
resultados com possibilidade de armazenamento em formato digital (MARTINS,
2014).

A utilização das TICs também é referenciada pela Sociedade Brasileira de


Informática em Saúde (SBIS), em vários contextos na área da saúde, entre eles, o
processamento de imagens médicas, o uso da Internet em saúde, a telemedicina
e a padronização da informação em saúde, além de outras também de grande
importância como o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) (SCHMITT, 2014).

74
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA PRÁTICA DIAGNÓSTICA

NTE
INTERESSA

A SBIS é o representante brasileiro na IMIA – International Medical Informatics


Association (Federação Internacional de Informática em Saúde). Algumas de suas metas é
promover o desenvolvimento de todos os aspectos da tecnologia da informação aplicada
à Saúde e corroborar para a instituição da política de saúde e para o incentivo na utilização
de padrões para a representação da informação em saúde. Acesse em: http://sbis.org.br/.

Schmitt (2014) e Martins (2014) seguem afirmando que a comunicação


móvel associada à expansão da Internet tem evoluído em vários segmentos,
principalmente, na saúde, possibilitando aos profissionais médicos terem
acesso aos dados e às informações de seus pacientes a qualquer hora e de forma
remota. Nesse contexto e com base nas inovações atualmente disponíveis, são
apresentadas, a seguir, algumas novas tecnologias para centros de diagnóstico
por imagem:

2.1 PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE (PEP)


O crescente número de dados diagnósticos gerou a necessidade de
registros eletrônicos, como o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), que
permitam o acesso digital ao histórico dos usuários. Quando associado ao Sistema
PACS, promove maior agilidade além de facilitar o diagnóstico e as decisões
clínicas. Mas esse é só o primeiro passo. Com a interoperabilidade (quando
diferentes tecnologias “se conectam” graças a padrões globais de comunicação),
o PEP progredirá para o Registro Pessoal de Saúde (Personal Health Recorder –
PHR). No PEP, as informações são de responsabilidade da entidade prestadora
de atendimento, por exemplo, um hospital, uma operadora ou um laboratório.
No caso do PHR, vai para as mãos dos próprios pacientes, assegurando mais
autonomia nas decisões de atendimento.

O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) tem como meta o fortalecimento


da comunicação e aperfeiçoamento dos registros de saúde dos pacientes internos
às instituições de saúde, contribuindo para o armazenamento das informações
destes, através da construção de um banco de dados como parte de um sistema
eletrônico de registro de saúde do paciente que arquiva as informações da
assistência em saúde ao longo da vida do paciente (LIMA et al., 2011).

Para Lopes, Pisa e Sigulem (2005), o PEP é considerado um sistema


eletrônico de armazenamento de informações do histórico clínico do paciente,
entendido como uma excelente ferramenta que contribui para segurança dos
dados do paciente, registrados pelos profissionais de saúde. O PEP, além de ser
uma ferramenta excepcional para otimização dos registros eletrônicos em saúde e
75
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

fortalecimento dos processos assistenciais, deve ser compreendido, também, como


um repositório de informações e dados sigilosos da interação de profissionais e
pacientes (ALMEIDA, 2016).

ATENCAO

Os registros de informações sobre o estado de saúde de pacientes datam de


3.000 a 2.500 a.C. Em 1897, em Massachussetts, EUA, existe evidência de um prontuário
médico com registro estatístico organizado. Já em 1910, o médico Americano Flexner
contribuiu para a consolidação do prontuário médico por meio do seu relatório com ênfase
na educação médica.

No Brasil, o conceito de prontuário médico foi materializado em 1944 pela


iniciativa da Prof.ª Dra. Lourdes de Freitas Carvalho, da Faculdade de Medicina
de São Paulo. Esta metodologia passou a ganhar importância em nível nacional
através do Instituto Nacional de Previdência Social (INAMPS) e, em seguida,
pelo colégio de ética médica.

Almeida et al. (2016, p. 522) destacam que:

O Conselho Federal de Medicina em 2003, conforme resolução


nº 1.638/2002, art. 1º, define o prontuário do paciente como um
documento único, constituído de um conjunto de informações, sinais
e imagens registrados, gerados a partir de fatos, acontecimentos e
situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de
caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre
membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência
prestada ao indivíduo.

A Resolução nº 1.639/2002 foi aprovada pelo CFM em 2002, fazendo


menção às normas técnicas sobre uso de sistemas informatizados para o
acondicionamento e manuseio do prontuário médico com vistas na segurança do
armazenamento, na transmissão e confidencialidade das informações de saúde
dos pacientes (REZENDE, 2010).

2.2 ARMAZENAMENTO EM NUVEM – CLOUD COMPUTING


Da mesma forma como a tecnologia está em constante desenvolvimento,
a maneira de armazenar esses dados também passa por alterações. A tendência é
que os data centers, com seus hardwares e custos invisíveis como eletricidade e
manutenção, deem cada vez mais espaço ao armazenamento em nuvem, dentro
do conceito de cloud computing (computação na nuvem), que é a entrega da
computação como um serviço em vez de um produto.
76
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA PRÁTICA DIAGNÓSTICA

O modelo compartilha recursos e fornece softwares e informações,


permitindo o acesso por meio de qualquer computador, tablet ou celular
conectado à Internet. A adoção do modelo permite redução de custos e um melhor
aproveitamento do hardware. Como a parte mais pesada do processamento fica na
nuvem, são necessários apenas um navegador e uma boa conexão com a Internet
para acessá-los, proporcionando a agilidade e facilidade que profissionais de
Saúde precisam para consultar informações sobre seus pacientes e as organizações
como um todo.

2.3 CHEALTH, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA


A procura por diferenciação diante de uma concorrência cada vez maior
leva organizações a encontrarem novas e mais eficazes formas de melhorar os
cuidados. Isso inclui tornar os serviços mais acessíveis e potencialmente menos
dispendiosos, permitindo que tanto o paciente quanto os profissionais de
atendimento acessem dados de saúde de qualquer lugar e a qualquer hora.

Esse movimento leva à Connected health, ou cHealth, que tem como


base o atendimento integrado, que permite o acesso remoto a laudos e dados
do prontuário eletrônico do paciente, ou seja, tudo que envolve diagnóstico,
tratamento e monitorização.

Nesse sentido, isso permite o desenvolvimento da telessaúde, ou


telemedicina, que oferece uma maneira mais conveniente para pacientes
acessarem serviços, reduzindo as visitas ao consultório e o tempo de trânsito e
podendo, inclusive, prevenir complicações e visitas ao pronto-socorro. No caso
de pacientes com doenças crônicas, como diabetes ou hipertensão, por exemplo,
a telemonitorização reduz as internações hospitalares e aumenta a capacidade de
os doentes aderirem à prescrição e ter uma vida mais independente, com menos
necessidade de internação.

Extrair todo o potencial da tecnologia não depende somente da compra


de soluções, mas, sim, de estratégias focadas em usar da melhor forma o fluxo de
informações. Quando bem utilizadas, as ferramentas auxiliam de forma certeira
nas decisões. Quando o contrário é verdadeiro, os resultados são altos custos e
sensação de investimento não aproveitado.

2.4 GESTÃO DA TECNOLOGIA


O processo de automação da gestão dos hospitais contribui para controle
dos estoques e, consequentemente, para redução dos custos com materiais e
medicamentos. Devidos aos investimentos em Tecnologia de Informação e
Comunicação (TIC) representarem custos elevados com sua manutenção, a
gestão destas é fundamental, além de permear as organizações na maior parte
das inovações (PINOCHET, 2014).
77
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

A TIC desempenha um papel significativo, ao ser utilizada como recurso


para subsidiar a administração geral de clínicas de diagnóstico por imagem
quando: a) facilita a execução de atividades administrativas; b) apoia gestores
no acompanhamento de custos financeiros de investimento pelo aumento
da produtividade e da qualidade das imagens; c) promove maior rapidez na
comunicação interna entre médicos e pacientes e ainda com fornecedores de
equipamentos médicos e clientes; e d) agiliza tarefas burocráticas.

Diversas organizações do setor da saúde, como hospitais, clínicas,


laboratórios, operadoras de plano de saúde, entre outras, buscam pacotes
de softwares para seus negócios com o objetivo de permitir a suas empresas
automatizar e integrar a maioria de seus processos de negócios, compartilhar
práticas e dados comuns por toda a empresa e produzir e acessar informações
em tempo real.

Esse tipo de sistema integrado de gestão é denominado ERP (Enterprise


Resource Planning) e caracteriza-se basicamente por integrar diferentes áreas da
organização em uma única aplicação, ou seja, um único sistema com a visão de
processos de negócio e não mais a visão “departamentalizada” que a originou.

Os principais fatores que incentivam as instituições da área da saúde a


implementar um sistema de informação de ERP são: o estratégico, a legislação
e a tecnologia. O sistema de informação estratégico refere-se à melhoria de
competitividade e lucratividade. O fator legislação relaciona-se às demandas
legais que devem ser cumpridas pela organização e que não estão sendo
contempladas pelas aplicações atuais. Por fim, a tecnologia está relacionada ao
obsoletismo, ou seja, tecnologias ultrapassadas que se tornam economicamente
inviáveis de serem mantidas.

Os benefícios prometidos com a implantação do ERP são bastante


tentadores, embora nem sempre a realidade seja tão agradável. Esses benefícios,
em geral, representam maior possibilidade de controle dos processos, atualização
tecnológica, redução dos custos de informática, retorno de investimento e acesso
a informações de qualidade em tempo real para tomada de decisão (SOUZA;
ZWICKER, 2000).

No entanto, os avanços tecnológicos, em especial em TI, nos mais diversos


setores, exigem um alto investimento, têm um custo operacional e de manutenção
altos e tornam-se obsoletos rapidamente. Por este motivo torna-se fundamental
a atuação de uma gestão competente, que compreenda a dinâmica desse cenário
e que tome decisões assertivas alinhadas às estratégias de curto e longo prazo da
organização.

Nesse cenário, a gestão da Tecnologia de Informação nas organizações


hospitalares tem papel determinante, uma vez que a Tecnologia de Informação
é hoje o foco das maiores inovações, permeia toda a organização e vai além,
estabelecendo uma nova dinâmica de relacionamento com todos os participantes
desse mercado.
78
TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA PRÁTICA DIAGNÓSTICA

Nesse sentido, temos o conceito de cloud computing. A tendência é que


os hardwares dos data centers, com seus custos invisíveis, deem cada vez mais
espaço ao armazenamento em nuvem. A adoção do modelo permite redução de
custos e um melhor aproveitamento do hardware. Como a parte mais pesada do
processamento fica na nuvem, são necessários apenas um navegador e uma boa
conexão com a Internet para acessá-los, proporcionando a agilidade e facilidade
que profissionais de Saúde precisam para consultar informações sobre seus
pacientes e as organizações como um todo.

79
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Com a expansão e a evolução constante da TIs, os gestores voltados à gestão


hospitalar tiveram a percepção de que a tecnologia é fundamental para a
tomada de decisões gerenciais de forma objetiva e rápida.

• Uma das possibilidades de melhoria das rotinas de uma gestão hospitalar,


como redução de custos, necessita de uma gestão direcionada pela TIC
que permita o aumento de controle de situações decisivas tanto para a
sobrevivência de pacientes quanto para a saúde econômico-financeira da
própria instituição.

• Para estabelecer parâmetros de privacidade e confidencialidade das


informações do paciente e sigilo profissional, o CFM e a Sociedade Brasileira
de Informática em Saúde estabeleceram convênio de cooperação que visam
medidas de segurança, entre elas a certificação dos sistemas de prontuário
eletrônico, que estabelece critérios de integridade da informação, cópia de
segurança, privacidade, autenticação, auditoria, além da digitalização de
prontuário (REZENDE, 2010).

80
AUTOATIVIDADE

1 O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), quando associado ao Sistema


PACS, promove maior agilidade além de facilitar o diagnóstico e as decisões
clínicas. Assinale a alternativa CORRETA sobre o PEP.

a) ( ) O prontuário fornece especificações amplamente adaptáveis para a


transmissão de dados, identificadores de doentes e endereços, bem
como a codificação de informação clínica, por meio de sistemas bem
conhecidos, tais como o Procedimento Comum de Terminologia (PCT).
b) ( ) PEP é considerado um sistema eletrônico de armazenamento de
informações do histórico clínico do paciente, entendido como uma
excelente ferramenta que contribui para segurança dos dados do
paciente, registrados pelos profissionais de saúde.
c) ( ) Através do PEP é possível prescrever mensagens para a transmissão de
informações demográficas e de registro do paciente, bem como para a
comunicação de ordens clínicas, observações e dados dos resultados.
d) ( ) Uma lista de referência de funções é ofertada pelo PEP, aproximadamente
160 funções, descritas segundo uma perspectiva de usuário, com
o intuito de possibilitar uma correta e padronizada expressão das
habilidades de um sistema e descrevem o comportamento de um
sistema segundo a ótica de quem o usa.

2 Em termos gerais, a era digital na Medicina diagnóstica expressa uma melhor


qualidade na imagem, maior produtividade tanto do médico quanto no
controle de processos, mais segurança ao paciente e uma gestão estratégica.
Tudo isso é possível com a utilização de softwares que consentem a criação
de indicadores, o arquivamento de histórico médico e ampara todo o setor
de gestão administrativa. Assinale a alternativa CORRETA quanto ao
armazenamento de imagens radiológicas.

a) ( ) Atualmente, todas essas imagens são armazenadas em equipamentos


eram analógicos, facilitando o retorno de consultas médicas, pois
permite ao médico verificar exames anteriores antes de solicitar novos
exames.
b) ( ) Atualmente, todas essas imagens são armazenadas no Sistema de
Arquivamento e Comunicação de Imagens (Picture Archiving and
Communication System – PACS, na sigla em inglês) e podem ser
impressas somente a partir da solicitação do cliente.
c) ( ) Nos dias atuais, todas essas imagens são arquivadas pelo Conselho
Federal de Medicina.
d) ( ) Atualmente, todas as imagens radiológicas são arquivadas pela
Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).

81
3 Em relação ao sistema de gestão de diversas organizações do setor da saúde,
como hospitais, clínicas, laboratórios, operadoras de plano de saúde, entre
outras, analise as sentenças a seguir:

I- O processo de automação da gestão dos hospitais contribui para controle


dos estoques, porém, gerou um alto custo com materiais e medicamentos.
II- Os investimentos em Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC)
representarem custos elevados com sua manutenção, a gestão destas
é fundamental, além de permear as organizações na maior parte das
inovações.  
III- O sistema integrado de gestão (Enterprise Resource Planning - ERP)
caracteriza-se por integrar diferentes áreas da organização em uma única
aplicação, ou seja, um único sistema com a visão de processos de negócio,
e não mais a visão “departamentalizada” que a originou.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

4 Almeida et al. (2016) destacam que os registros de informações sobre


o estado de saúde de pacientes datam de 3.000 a 2.500 a.C. Em 1897, em
Massachussetts, nos EUA, foi encontrada uma evidência de um prontuário
médico com registro estatístico organizado. Já em 1910, o médico Americano
Flexner contribuiu para a consolidação do prontuário médico por meio do
seu relatório com ênfase na educação médica. Disserte sobre o contexto
histórico do conceito de prontuário médico no Brasil.

FONTE: ALMEIDA, M. J. G. G; et al. Discussão ética sobre o prontuário eletrônico do pacien-


te. Revista Brasileira de Educação Médica, São Paulo, v. 40, n. 3, p. 521-527, 2016. Disponí-
vel em: https://bit.ly/3vDd42L. Acesso em: 21 ago. 2021.

5 Todas as funcionalidades do PACS podem ainda ser integradas ao Sistema


de Informações de Radiologia (Radiology Information System – RIS), software
que automatiza o fluxo de uma clínica de medicina diagnóstica, o que
permite radiologistas importarem templates de laudos de acordo com a
especialidade, mais uma forma de otimizar os serviços. Disserte a respeito
dessas funcionalidades:

82
UNIDADE 2
TÓPICO 3 —

PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

1 INTRODUÇÃO
A revolução tecnológica ocorrida nas últimas décadas tem gerado
alterações importantes em várias áreas do conhecimento. Na Radiologia, a
utilização em grande escala de sistemas digitais tem gerado um volume de dados
cada vez maior. A melhor solução para gerenciar imagens digitais está na adoção
de um Sistema de Arquivamento e Distribuição de Imagens (PACS, do inglês
Picture Archiving and Communication System) e o padrão de comunicação principal
(DICOM, do Inglês Digital Imaging and Communications in Medicine).

Neste tópico, estudaremos a integração entre Picture Archiving and


Communication System (PACS) e o Digital Imaging and Communications in Medicine
(DICOM). Você terá acesso a história e aos aspectos evolutivos do PACS e, além
disso, trataremos de algumas normas que regem o sistema.

Por último, estudaremos acerca do padrão de comunicação DICOM, que


é considerado um padrão consolidado e utilizado pelos fabricantes envolvidos na
produção de hardware e software para sistemas de informação em saúde.

2 SISTEMA PICTURE ARCHIVING AND COMMUNICATION


SYSTEM (PACS)
O conceito de PACS foi definido em 1982 por um consórcio integrado pela
American National Association of Electric Machines (NEMA), pela Radiology Society
of North America (RSNA) e agregado de empresas e universidades dos Estados
Unidos da América (DUERINCKX, 2003).

As definições fornecidas pela literatura a respeito de PACS são numerosas.


Porém, elas convergem quando mencionam que o PACS possibilitará a extinção
do filme radiográfico.

Autores como Siegel e Kolodner (1999) e Huang (2010) defendem que o


PACS se configura como um sistema integrado e organizado de arquivamento,
visualização e recuperação de imagens radiológicas digitais que possibilita a
abolição dos filmes de raio X existentes.

83
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Já para Azevedo-Marques et al. (2001), o PACS é a associação de hardware e


de software destinada à administração, recuperação, armazenamento e exposição
de imagens radiológicas digitais. O PACS representa um ambiente informatizado
que substitui os filmes de raio-X convencionais, assumindo a atribuição destes
com mais eficácia, como reitera Strickland (2000).

Segundo definição da Nema (2006 apud SCHIAVO, 2021, s. p.):

Um PACS deve oferecer visualização de imagens em estações remotas


de diagnóstico; armazenamento de dados em meios magnéticos ou
ópticos para recuperação em curto ou longo prazo; comunicação
utilizando redes locais (Local Area Network - LAN) ou expandidas
(Wide Area Network - WAN), ou ainda outros serviços públicos de
telecomunicação.

Um PACS contempla muitos componentes relacionados ao diagnóstico


por imagem médica para a prática clínica. Este pode ser classificado como simples
ou complexo, a depender de sua aplicabilidade ou de acordo com sua integração
junto a um serviço ou todo ambiente hospitalar. A Figura 1 apresenta um PACS,
juntamente com os Sistemas de Informação em Radiologia (RIS), e os Sistemas de
Informação Hospitalar (HIS), que representam a base de um serviço de radiologia
sem filmes (filmless) e sem papel (paperless).

FIGURA 1 – ESTRUTURA FUNDAMENTAL DE UM PACS

FONTE: Caritá (2006, p. 26)

Radiologia filmless diz respeito a um hospital com um ambiente de rede


amplo e integrado, no qual o filme de raios-X foi completo ou parcialmente
trocado por sistemas eletrônicos que disponibilizam, armazenam e expõem
imagens radiográficas.
84
TÓPICO 3 — PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

ATENCAO

Um PACS, por exemplo, inicialmente aplicado para uma unidade de cuidados


intensivos podia tratar-se apenas de um scanner para a digitalização dos filmes radiográficos,
uma infraestrutura de comunicação e uma tela de monitor para demonstrar as imagens.
Este sistema comum foi utilizado por Richard J. Steckel já em 1972 (HUANG, 2010).

De acordo com Dwyer et al. (1982), um PACS de grandes proporções deve


contemplar as considerações a seguir:

• A sua utilização deve ser diária no exercício da clínica.


• Três ou quatro modalidades de imagem devem ser disponibilizadas
(ressonância magnética, tomografia computadorizada, ultrassonografia,
entre outras) interligadas ao sistema.
• As estações de trabalho precisam ser disponibilizadas interna e externamente
ao departamento de diagnóstico por imagem médica.
• Ter eficiência para trabalhar com, pelo menos, 20 mil procedimentos
radiológicos a cada ano.

De forma geral, o PACS surge da necessidade da transmissão de imagens


radiológicas nos centros hospitalares. O surgimento de novas modalidades de
imagens, em que a quantidade delas cresceu de forma exponencial, seu transporte
transformou-se em um problema, provocando custos financeiros cada vez mais
altos.

A aceitação e o desenvolvimento do sistema PACS ocorreu em função do


melhoramento das normas de imagens, o qual foi sendo apresentado nos diversos
continentes, a saber, americano, europeu e asiático, via conferências estruturadas
por instituições públicas, privadas e militares de várias regiões.

O intuito era apresentar o que de melhor estava a se desenvolver através


deste sistema, apresentando ainda impasses. Após esse feito, manifesta-se, então,
o conceito de comunicação de imagem digital, condição de partida para a era
PACS.

A Áustria desempenhou uma função essencial no desenvolvimento e


implementação do conceito PACS no quotidiano clínico, alicerçada em suas
práticas baseadas em um sistema RIS. O projeto foi criado em 1985 e contou com
o apoio da Siemens e do departamento de Radiologia do Hospital Universitário
de Graz.

85
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

A partir desse estudo, propostas como a geração de arquivos e pastas para


agrupamento de diversas modalidades de imagens, de perfis de utilizadores para
estações de trabalho e, progressivamente, a extinção dos filmes radiográficos.
Dessa forma, o Hospital de Graz teve sua primeira instalação na Europa de um
PACS/RIS articulados operacionalmente, tornando possível a distribuição de
imagens entre atividades clínicas.

Em 1982, em Londres, no Reino Unido, surge um projeto para criar o


primeiro hospital (St. Mary’s) sem a utilização de filmes de raios-X estruturado
sobre o financiamento de entidades locais, os fabricantes Picker International,
Philips Medical Systems e o Departament of Health and Social Services (DHSS). O
hospital Hammersmith foi outro ambiente a transformar-se em um ambiente
totalmente digital, alicerçado no suporte governamental inglês (BRYAN et al.,
2009).

Os primeiros projetos de PACS, na Itália, surgiram na década de 1980


em parceria com a Philips Medical Systems e o Hospital de Trieste foi privilegiado
com uma das mais estruturadas instalações. A execução do sistema RIS/PACS no
país provocou a alteração da cultura organizacional dos serviços de Radiologia,
condicionando a uma reestruturação de ambientes físicos, dinâmica de trabalho e
deslocamento de recursos humanos, sendo considerada, dessa forma, uma tarefa
complexa (LEMKE, 2003).

Em 2000, na província de Hordaland, Noruega, houve a incorporação


entre oito hospitais num sistema de transmissão de imagens e dados. Através
deste projeto foi possível demonstrar que o PACS não deve ser considerado
isoladamente, mas como processo integrante das TIs na área da Saúde (LEMKE,
2003). Os países asiáticos responsáveis pelo desenvolvimento e implantação do
PACS foram Japão, Coreia do Sul, Taiwan e China.

O prontuário eletrônico do paciente (Electronic Patient Record – EPR) foi de


grande importância para o desenvolvimento do PACS na Ásia. Esta implantação foi
realizada desde o ano de 2000, de forma gradativa, em 44 ambientes hospitalares.

No Japão, por exemplo, a investigação, desenvolvimento e execução do


PACS iniciou-se em 1982. Mesmo sem a existência de uma indústria local voltada
para este sistema, tampouco uma legislação de incentivo ao mesmo, ainda assim
o desenvolvimento do PACS em grandes proporções na Coreia do Sul teve
repercussões significativas (HUANG, 2010).

Em Taiwan, desde 1990, foram implementados PACS de médias e grandes


dimensões e um EPR concebido e executado por fabricantes locais (CHEUNG;
LAM; CHAN; KONG, 2005).

No que diz respeito à normatização que rege o PACS, as normas DICOM


e HL7 consentiram que melhorias operacionais, como o decréscimo no tempo de
processamento e leitura mais dinâmica das imagens, pudessem ser efetivadas,

86
TÓPICO 3 — PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

garantindo, assim, um aumento na qualidade do serviço, o atendimento aos


pacientes, a produtividade, bem como a redução no custo financeiro com o
processo de imagiologia no seu todo. O Colégio Americano de Radiologia
(American College of Radiology – ACR) e a NEMA, possibilitaram, através destas
normas a integração acelerada do PACS no centro hospitalar.

A comunicação efetiva entre distintos sistemas de informação em saúde


e equipamentos médicos é regida pelas normas de comunicação que asseguram
a interoperabilidade no ramo hospitalar, entre elas o DICOM e o Health Level
7 (HL7), protocolo de transmissão de mensagens entre equipamentos médicos,
sistemas administrativos (HIS, RIS, EPR) e bases de dados médicos (CARITÁ;
MATOS; AZEVEDO-MARQUES, 2004).

Dessa forma, o desenvolvimento deste sistema possibilitou o


aperfeiçoamento e a otimização do fluxo de trabalho nos serviços de Radiologia,
bem como proporcionou melhorias e confiabilidade no armazenamento de
imagens radiológicas e parecer médico.

Por fim, a existência de imagens salvas de forma digital promoveu a


eliminação do problema de imagens perdidas, sendo estas recuperadas de
forma rápida no sistema de armazenamento em nuvem, minimizando, dessa
forma, a repetições de exames, dose do paciente e em outras situações, melhora
o diagnóstico e o atendimento ao paciente sendo possível resgatar e equiparar
exames no tempo atual com os antigos (JUNEK et al., 1998).

2.1 SISTEMA DIGITAL IMAGING AND COMMUNICATIONS


IN MEDICINE (DICOM)
A comunicação de imagens digitais em Medicina (Digital Imaging and
Communications in Medicine – DICOM) foi instituída na década de 1970 com o
intuito de padronizar o formato das imagens adquiridas em equipamentos
radiológicos a partir da proposta de um comitê liderado pelo Colégio Americano
de Radiologia (American College of Radiology – ACR) e pela Associação Nacional
de Fabricantes de Equipamentos Elétricos (National Electrical Manufactures'
Association – NEMA), em decorrência a crescente utilização de imagens digitais
pelos equipamentos de aquisição de imageamento (AZEVEDO-MARQUES et al.,
2001).

Mesmo sendo aquisições de imagens entre equipamentos fabricados


por diferentes empresas, esse método padrão para a transferência de imagens e
informações associadas a elas possibilitou a comunicação entre esses equipamentos
e também o compartilhamento de informações referentes aos exames médicos.

O propósito desse método padrão era articular a comunicação de


informação de imagem digital entre os equipamentos dos mais variados fabricantes
e favorecer o desenvolvimento de Sistemas de Comunicação e Arquivamento
87
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

de Imagens, de maneira que fosse possível a interação com outros Sistemas de


Informação Hospitalar e aderir a criação de bases de dados de informações de
análise médica (LEE et al., 2010).

A primeira versão (versão 1.0) do DICOM foi lançada em 1985 pela


comissão constituída pelo ACR e pela NEMA, em 1988 foi criada a segunda
versão (versão 2.0) e, em 1993, o padrão 3.0, sendo que uma das imposições das
novas versões era de assegurar a mesma compatibilidade e eficácia que em suas
edições anteriores. O protocolo passa por atualizações anuais desde então com o
propósito de se adequar às alterações tecnológicas crescentes e a manutenção da
compatibilidade com as versões anteriores (CARITÁ, 2006).

ATENCAO

A versão DICOM 3.0 é conhecida como um protocolo, distinguindo-se de


outros formatos de imagem como JPEG, GIF e outros, por possuir a habilidade de armazenar
dados junto com as imagens.

Atualmente, o DICOM é utilizado por praticamente todas as modalidades


de exames e é definido como um padrão para comunicação e arquivamento de
imagens radiológicas e diagnóstico associado. O modelo DICOM abarca uma
arquitetura para permuta de informações além de definição de protocolos de
comunicação (CARITÁ; MATOS; AZEVEDO-MARQUES, 2004).

O padrão DICOM dedica-se ao remodelamento dos processos de


aquisição de imagem e informações relacionadas com a imagem propriamente
dita, especificando um conjunto variado de informações sobre os pacientes,
equipamentos e procedimentos de imagens e especificadamente, sobre as imagens
radiológicas. Esse padrão traz uma especificação da forma como os dados de
imagens e informações dos referentes objetos são representados através de um
formato binário e propagados via redes de computadores (KAHN et al., 2010).

A permuta de informações fazendo uso do padrão DICOM em um fluxo


de trabalho de um sistema PACS pode ser delineada em três domínios funcionais
específicos, segundo Hackländer, Martin e Kleber (2005):

• as imagens adquiridas juntamente com os seus dados podem ser transferidas


entre o arquivo e as estações de trabalho num ambiente bem restrito;
• para a comunicação externa, sendo que as imagens podem ser transferidas
através da rede para outro sistema compatível com DICOM com outros PACS
(por exemplo, o servidor do departamento ou servidores de outras empresas)
ou para outra estação de trabalho, que pode ser uma estação de telerradiologia;

88
TÓPICO 3 — PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

• como cópias de filmes radiográficos ou como imagem na forma de CD/DVDs


graváveis.

Um modelo computacional para aquisição, gerenciamento e arquivamento


de dados e exames de pacientes foi desenvolvido pelos autores Lee et al. (2010),
em que estabeleceram uma arquitetura de conferência multimídia para o
acompanhamento remoto de exames.

Um modelo exemplificando uma arquitetura que contempla a utilização


dos Equipamentos Hospitalares (EH) pode ser visualizada na Figura 2, tais
como tomografia computadorizada e ressonância magnética, que possibilitam a
realização de exames médicos e a produção de imagens, tanto em padrão DICOM
(possibilitam a comunicação entre equipamentos e a geração dos exames de
acordo com esse padrão) quanto em outros formatos (possibilitam a comunicação
entre equipamentos e a geração dos exames de acordo com esse padrão).

FIGURA 2 – INTERAÇÃO NOS MOLDES DICOM/WEB

FONTE: Lee et al. (2010, p. 401)

Na Figura 2 é possível observar que o servidor é constituído pelos módulos


MAD (Módulo de Aquisição de Dados) – recebe os arquivos em padrão DICOM e
os direciona para o banco de dados –, MCC (Módulo de Captura e Conversão) –
converte os dados que não estão em formato DICOM – e aplicação servidora Web
(disponibiliza na Web os dados armazenados nos bancos de dados).

89
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

LEITURA COMPLEMENTAR

O APRENDIZADO SOBRE A TECNOLOGIA NO DIAGNÓSTICO POR


IMAGEM

Aparecido Ferreira de Oliveira


Henrique Manoel Lederman
Nildo Alves Batista

INTRODUÇÃO

A radiologia é uma especialidade de apoio diagnóstico e terapêutico, cujos


procedimentos demandam atuação multiprofissional integrada e complementar,
incorporando complexos processos e tecnologias de ponta, com grande
investimento em equipamentos, técnicas e insumos, cabendo ao radiologista
aliar os conhecimentos técnico-científicos aos administrativos para o efetivo
desempenho de seu papel.

Na prática, o radiologista manuseia equipamentos modernos e sofisticados,


utilizando programas computadorizados. A tecnologia da informação trouxe a
era digital, interligando equipamentos com as imagens e laudos, armazenados
em computadores e distribuídos sem limites de tempo e localidade. A radiologia
digital revolucionou o cotidiano da prática radiológica, impondo desafios de
redução do custo do investimento inicial pelo aumento da produtividade e da
qualidade das imagens.

Para Azevedo-Marques e Salomão (2009), a informação radiológica em


formato digital transita de modo consistente, confiável e automático no ambiente
hospitalar e fora dele, desde que respeitados os protocolos de segurança da
informação.

Caritá, Seraphim, e Honda (2008), enfatizam que “Os sistemas de comunicação


e armazenamento de imagem (Picture Archiving and Communication Systems - PACS) já
se tornaram a opção tecnológica preferida para as tarefas de transmissão, armazenamento
e visualização de dados na área de diagnóstico por imagem”.

Os autores ainda afirmam que este sistema permite a recuperação de


imagens baseadas em conteúdo (contentbased image retrieval - CBIR), criado para
extrair as características das imagens armazenadas no servidor PACS e indexá-las
para posterior recuperação por similaridade (PACS-CBIR).

Silva et al. (2007) complementam que “O sistema PACS exige a padronização


do formato das imagens e necessita de mais dois sistemas: de Informação em Radiologia
(Radiology Information Systems - RIS) e de Informação Hospitalar (Hospital Information
Systems - HIS), que são sistemas administrativos que dão suporte ao registro do paciente,
emissão de laudo, documentação do exame, entre outros”.
90
TÓPICO 3 — PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

O DICOM (digital imaging and communications in medicine) foi o padrão


adotado para comunicação e armazenamento de imagens médicas e as
informações associadas, sendo amplamente utilizado, diferenciando-se dos
demais formatos de imagens, como JPEG, TIFF, GIF, dentre outros, por permitir
que as informações dos pacientes sejam armazenadas juntamente com a imagem,
de forma estruturada, apesar de basear-se no formato JPEG, comprimido ou não.

Outras tecnologias vêm sendo associadas ao DICOM, permitindo


melhor interligação entre os sistemas, como a implementação do worklist.
Outro padrão de integração entre os sistemas é o HL7 (health level 7), que tem o
objetivo de simplificar a implementação de interfaces entre diferentes aplicações
computacionais de fabricantes concorrentes.

Santos et al. (2010) acrescentam que o PACS pode também ser usado


como recurso didático, tanto presencial como a distância, possibilitando que
estudantes possam interagir com as imagens nos seus processos de aprendizagem.
Chan (2004) enfatiza que a residência em radiologia deveria permitir a prática
das habilidades gerenciais de liderança, trabalho em equipe, discussão, análise e
decisão sobre questões técnicas que afetam a prática radiológica.

A residência médica é uma modalidade de ensino especializado,


funcionando em instituições de saúde credenciadas pela Comissão Nacional
de Residência Médica (CNRM), criada pelo Decreto 80.281/77, sob a orientação
de médicos de elevada qualificação ética e profissional, conferindo ao final do
programa o título de especialista, conforme a Lei 6.932/81. Os requisitos mínimos
para o credenciamento de programas de residência em radiologia foram definidos
pela CNRM na Resolução 4/83.

Boechat et al. (2007) comentam que “No Brasil, a Comissão Nacional de


Residência Médica (CNRM) criou normas e critérios para o credenciamento de programas
de residência médica e o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) estabeleceu requisitos
mínimos para que os serviços pudessem oferecer treinamento nesta especialidade.” Ainda
comentando sobre a residência em radiologia, afirmam que  “o médico residente,
ao final do seu treinamento, deve estar capacitado a utilizar, de forma crítica, todos os
recursos que o permitirão continuar o aperfeiçoamento ao longo de sua vida profissional”.

Para Silva et al., os “Avanços tecnológicos e científicos da área de radiologia


e diagnóstico por imagem permitem a qualificação profissional pela aquisição de novas
competências e habilidades durante a residência médica e cursos de especialização de acordo
com as aptidões e expectativas dos alunos, desde que oportunidades sejam oferecidas para
que estes possam adquiri-las.”

Assim, cabe à residência preparar o futuro profissional para conhecer a


tecnologia do cotidiano da especialidade, constituindo-se numa competência
ampliada do radiologista. Neste sentido, agregar habilidades complementares,
como as relacionadas com o processo de seleção, escolha, aquisição e manutenção
dos equipamentos, considerando suas aplicações diagnósticas, os custos

91
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

envolvidos, a atualização e substituição tecnológica, contribuem para a tomada


de decisão, planejamento e organização dos serviços de radiologia. Tudo isto
implica num caráter multiprofissional da força de trabalho, envolvendo não só os
radiologistas, como também as áreas de apoio direto (enfermagem, tecnólogos,
técnicos e equipe administrativa) e as de suporte como engenharia biomédica
e tecnologia da informação, agregando esforços e práticas focadas em objetivos
institucionais compartilhados.

Frente a este panorama, algumas perguntas surgem: Como a residência


em radiologia da Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
(EPM-Unifesp) está preparando os residentes em relação à gestão dos recursos
tecnológicos necessários na prática radiológica? Quais são os pontos positivos e
os limites para este aprendizado?

O objetivo desta pesquisa foi investigar, a partir de residentes, docentes e


preceptores de radiologia, a aprendizagem sobre a gestão de recursos tecnológicos
na residência em radiologia da EPM-Unifesp, procurando subsídios para o
aprimoramento da formação do médico radiologista.

MATERIAIS E MÉTODOS

O Programa de Residência Médica em Radiologia analisado tem duração


de três anos, com 12 vagas para o primeiro ano (R1), 12 para o segundo (R2) e 12
para o terceiro (R3), contando com um docente supervisor, uma coordenadora de
ensino e pesquisa, dois preceptores chefes e 11 preceptores de setor, distribuídos
entre abdome, cabeça e pescoço, musculoesquelético, mama, pediatria, tórax,
medicina fetal, pronto-socorro, intervenção e neurologia. Participa também
da formação do residente todo o staff do departamento, composto pelos
docentes, cinco médicos colaboradores, técnicos administrativos em educação e
participantes do programa de atualização profissional.

Optou-se por uma pesquisa de caráter exploratório, com abordagens


quantitativa e qualitativa, desenvolvida em 2011, junto ao universo de residentes,
preceptores e docentes atuantes no Programa, após aprovação pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Unifesp.

Na primeira etapa, 46 sujeitos da pesquisa (75,40%), dos 61 que compu-


nham o universo analisado, responderam a uma escala atitudinal no formato Li-
kert, composta por 11 assertivas, das quais três referentes à temática deste artigo.

Amaro et al. comentam que a escala Likert apresenta uma série de cinco


proposições, das quais o inquirido deve selecionar uma: concorda totalmente,
concorda, sem opinião, discorda, discorda totalmente a respeito de assertivas
relacionadas com o objeto pesquisado. Os dados obtidos foram tabulados e
transformados em gráficos.

92
TÓPICO 3 — PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

Como estratégia de aprofundamento na coleta dos dados, procedeu-se,


numa segunda etapa, a uma entrevista com roteiro composto por sete questões,
duração média de 10 minutos e número de participantes conforme critérios de
uma pesquisa qualitativa, ou seja, relevância e reincidência de informações e
saturação dos dados. Isso ocorreu após a 18ª entrevista.

Após transcrição na íntegra, os dados foram submetidos a uma análise


temática (núcleos de sentido), uma das técnicas de análise de conteúdo, conforme
preconizada por Minayo: ordenação dos dados após leitura do material obtido,
identificação e estabelecimento das unidades de contexto (do qual faz parte a
mensagem), identificação das unidades de registro (palavra, frase ou oração)
referente ao objeto analisado e agrupamento destas unidades em categorias de
análise.

RESULTADOS

Dos nove docentes disponíveis, cinco participaram da pesquisa (55,5% da


categoria), todos do sexo masculino, com idade entre 44 e 59 anos e tempo médio
de docência de 20 anos.

Os 14 preceptores têm idade média de 51 anos, sendo 10 do sexo masculino


(71%) e 4 do sexo feminino (29%), com 86% deles formados em escolas públicas
e 14% em escolas privadas. Sete preceptores informaram o tempo de preceptoria,
com variação média de 19,5 anos.

Do total de 27 residentes participantes, 10 eram R1, 7 eram R2 e 10 eram


R3, sendo 70% do sexo masculino e 30% do feminino.

Com idade média de 27 anos, dos 10 R1, 60% eram do sexo masculino e
40% do feminino, 70% graduados em escola pública e 30% em escola privada,
formados entre seis meses e um ano e dez meses. Entre os sete R2, a idade média
foi 28 anos, com 86% do sexo masculino e 14% do feminino, seis eram egressos
de escola pública e um de escola privada, com formação entre um ano e meio a
cinco anos e meio. Já os 10 R3 tinham idade média de 29 anos, sendo 7 do sexo
masculino e 3 do feminino, 90% tendo concluído a graduação em escola pública e
10% em escola privada, formados entre dois anos e meio a sete anos e meio.

Mais da metade (66%) dos docentes, preceptores e residentes do programa


investigado concordam haver a oportunidade de aprender como utilizar com
eficiência os equipamentos radiológicos (Gráfico 1):  “você aprende a lidar com
eficiência, aprende a manipular os equipamentos e quando utilizar cada equipamento.”
E11 e “ele tem condições, tem possibilidade e oportunidade de aprender e tirar do aparelho
radiológico o que ele tem de melhor.” E13. No entanto, 32% deles discordam: “eu acho
que é uma falácia ou é um equívoco, a maioria dos entrevistados acreditarem que têm a
oportunidade de aprender como utilizar com eficiência.” E17; “não tem como aprender a
utilizar com eficiência.” E16.

93
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

GRÁFICO 1 – PERCENTUAL DE CONCORDÂNCIA/DISCORDÂNCIA SOBRE A OPORTUNIDADE


DE APRENDER COMO UTILIZAR COM EFICIÊNCIA OS EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS

Para 61% dos docentes, preceptores e residentes, o programa deveria


conter o aprendizado sobre a importância da compra dos equipamentos
radiológicos (Gráfico 2):  “isto não é falado (nem) desenvolvido muito durante a
residência, isso é uma coisa que falta.” E02; e “a importância de compra, tá mais ou menos
implícito na profissão de diagnóstico por imagem, mas durante a residência o residente
não tem essa noção.” E16. Importante também registrar que 39% discordam da
maioria:  “a residência não tem o foco empresarial e sim acadêmico, onde o estudo do
paciente é mais importante que a compra do equipamento.” E15.

GRÁFICO 2 – PERCENTUAL DE CONCORDÂNCIA/DISCORDÂNCIA EM RELAÇÃO A OPORTUNI-


DADE DE APRENDER SOBRE A COMPRA DE EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS

Ainda mais enfáticos, ao analisarem o aprendizado sobre o gerenciamento


da manutenção dos equipamentos radiológicos (Gráfico 3), 72% dos participantes
alegam não existir a oportunidade de desenvolvimento dessa habilidade na

94
TÓPICO 3 — PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

residência: “A manutenção não, a gente não aprende como gerenciar isso.” E06 e “não
existe a mínima oportunidade, pelo menos onde eu atuo, de aprender a gerenciar e como
fazer a manutenção do equipamento.” E16.

GRÁFICO 3 – PERCENTUAL DE CONCORDÂNCIA/DISCORDÂNCIA SOBRE A OPORTUNIDADE


DE APRENDER A GERENCIAR A MANUTENÇÃO DOS EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS

As entrevistas de aprofundamento permitiram a apreensão de


oportunidades e limites para o aprendizado dessas habilidades, predominando
os limites. Como oportunidades surgiram a estruturação do programa e o tempo
de formação do residente.

No entanto, os limites destacaram-se pela falta de ênfase no


programa, especificidade da infraestrutura (falta de ambiente adequado),
como também a falta de interesse do próprio residente em aprofundar seus
conhecimentos: “aquele residente que individualmente se interessa pelo tema, ele pode
até encontrar algumas respostas.” E14.

Um dos entrevistados comenta que “a formação é tradicional e não envolve


esse tipo de reflexão.” E01, reforçando a necessidade de o programa incluir o
aprendizado de novas competências.

DISCUSSÃO

Na gestão dos recursos tecnológicos, o aprendizado do futuro radiologista


sobre utilização eficiente de equipamentos radiológicos sofisticados e de alto
custo mostra-se importante, pois o uso intensivo e diário desses equipamentos
impacta as rotinas dos exames, da realização à interpretação, devido aos ganhos
na qualidade das imagens e precisão nos laudos. Na avaliação dos residentes,
preceptores e docentes, a possibilidade de aprendizado com vistas ao uso

95
UNIDADE 2 — SISTEMAS APLICADOS A DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

eficiente dos equipamentos radiológicos mostra-se controversa. Apesar de 66%


da população concordarem, 32% discordaram, de maneira enfática, que esta
aprendizagem ocorria.

Para Briani (2001), “a influência do mercado de trabalho e da adoção de recursos


tecnológicos cada vez mais avançados na prática médica traz reflexos inegáveis para o
ensino”, que deve se atualizar, renovando e modernizando seus programas.

Para fazer o melhor uso dos equipamentos, é preciso aprender sobre a


compra e manutenção deles. Apesar de ser uma tarefa habitualmente técnica,
com o envolvimento da engenharia clínica, da tecnologia da informação e dos
dados disponibilizados pelos fornecedores, quanto maior for o conhecimento do
radiologista a respeito dos tipos, modelos e usos, contratos, preços de aquisição,
consertos e garantias, maior a eficiência de sua prática. Esses aspectos mostraram-
se não contemplados no programa, na visão dos sujeitos da pesquisa.

Castilho enfatiza a necessidade da formação profissional nestes aspectos,


tendo em vista “o crescente desenvolvimento e substituição de tecnologias que,
continuadamente, desafiam as habilidades dos usuários - tanto leigos como profissionais -
no que diz respeito ao seu entendimento, apropriação e gerenciamento efetivo”.

A interação e o uso eficaz dos equipamentos radiológicos, principalmente


na qualidade das imagens, como auxílio na interpretação e emissão de laudos,
têm nos avanços da tecnologia substancial importância.
Santos, referindo-se ao uso das novas tecnologias na prática
radiológica,  “chama ainda a atenção para a necessidade de treinamento do pessoal e
para as dificuldades pessoais no uso de novas tecnologias. Estas dificuldades tenderão a se
reduzir ao máximo com o uso rotineiro e treinamento contínuo do laudo digital”.

Importante frisar o potencial deste ensino na residência, momento da


aplicação prática do conhecimento teórico da especialidade. Apesar dos inúmeros
avanços, muitos programas de residência carecem de espaço para a discussão
com vistas à inserção do aprendizado de novas habilidades e competências,
especialmente sobre gestão, requeridas pela prática profissional.

Lopes et al. (2007) afirmam que “apesar dos avanços das políticas educacionais,


as instituições de saúde vêm reproduzindo tais práticas de educação mais tradicionais”,
ainda distantes de uma formação contemporânea e mais ampla, focada na
realidade do mercado profissional.

CONCLUSÕES

Esta pesquisa mostrou que:

96
TÓPICO 3 — PADRÕES DA RADIOLOGIA DIGITAL

• existe controvérsia se os residentes têm a oportunidade de aprender a utilizar


com eficiência os equipamentos radiológicos.
• mais da metade dos investigados discorda a respeito da possibilidade de
aprendizagem sobre a compra de equipamentos de diagnóstico por imagem
na residência médica.
• A oportunidade de aprender a gerenciar a manutenção dos equipamentos é
negada por 72% dos entrevistados.
• a falta de infraestrutura e de ênfase no programa, o tempo de formação
associado ao desinteresse do residente foram os principais fatores apontados
como limites para o melhor aprendizado sobre uso eficiente, compras e
manutenção de equipamentos de diagnóstico por imagem.

Entendemos que, por ser uma especialidade médica de apoio diagnóstico e


terapêutico de caráter interdisciplinar, com procedimentos realizados por equipe
multiprofissional, envolvendo processos complexos e o emprego de tecnologia
de ponta, o radiologista ocupa uma posição de liderança também na organização,
planejamento e controle dos fluxos do serviço.

O programa de residência médica representa o principal momento


formativo do especialista, no qual se define o papel e se desenvolve a autonomia
do futuro radiologista para o desempenho de sua prática.

Neste sentido, o programa deve contemplar o desenvolvimento


de competências para a gestão de tecnologia, possibilitando ao residente
o aprendizado de noções sobre o uso eficiente, compras e manutenção de
equipamentos, ainda pouco explorados, nesta etapa de formação.

A exemplo do programa investigado, uma revisão dos objetivos da


residência médica na radiologia deveria ocorrer, inicialmente com a realização
de um ciclo de palestras, relato de casos e debates sobre aspectos relevantes
acerca da importância da tecnologia e seu impacto no cotidiano da radiologia,
com posterior inclusão de disciplinas optativas, incorporando, se possível, o
treinamento de habilidades para a gestão, ampliando assim a competência dos
futuros radiologistas.

FONTE: Adaptado de <https://www.scielo.br/j/rb/a/JrXZXPVGNRjnMvZCyjQbg8v/?lang=pt.>.


Acesso em: 22 set. 2021.

97
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Uma das principais particularidades do setor da saúde é a necessidade do


recurso a novas tecnologias, domínio em que os serviços de radiologia se
destacam. A passagem do filme radiológico para a comunicação interna das
imagens em formato digital foi um dos avanços de maior relevo sentidos nos
últimos tempos nas unidades de saúde.

• A comunicação de dados computacionais entre diferentes sistemas passou a


requerer a padronização da linguagem utilizada.

• A utilização crescente dos computadores em aplicações clínicas por fabricantes


de equipamentos, gerou a necessidade de implantação de métodos padrões
para arquivamento e transferência de imagens e informações entre os
dispositivos com origem de diferentes fabricantes.

• A integração total de uma unidade hospitalar passou a necessitar de um


sistema completo de radiologia sem a utilização de filme radiográfico.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

98
AUTOATIVIDADE

1 O ano de 1970 foi marcado pela evolução tecnológica dos materiais


semicondutores. Com isso iniciam as primeiras soluções de digitalização
de imagens radiológicas para os sistemas PACS (Picture Archiving
Communication and Systems) e DICOM (Digital Imaging and Communications
in Medicine). Esses termos são bem conhecidos na área de imagens médicas.
A respeito deste sistema PACS, classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:

( ) O PACS representa uma combinação de hardware e de software que


proporciona o armazenamento e comunicação de imagens digitais
geradas por equipamentos médicos (Medicina Nuclear, Ultrassonografia,
Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Angiografia,
Mamografia e Radiografia).
( ) O sistema PACS na Radiologia refere-se à sigla em inglês Digital Imaging
and Communications in Medicine, ou seja, Comunicação de Imagens Digitais
na Medicina e representa um importante salto em termos de padronização
e qualidade das análises em imagens digitais.
( ) O sistema PACS torna possível que as informações dos pacientes e
suas respectivas imagens digitalizadas sejam armazenadas em mídia
eletrônica, compartilhadas e visualizadas em monitores de alta resolução,
distribuídos em espaços fisicamente distintos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – F – V.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – F.

2 Nos dias atuais a tecnologia está cada vez mais consolidada nos centros
de imagens, permitindo desde redução de custos até maior produtividade
da equipe. A utilização de imagens digitais em clínicas e hospitais fez com
que se tornasse necessário ter uma padronização no formato das imagens
geradas pelos equipamentos. A cerca dos padrões PACS e DICOM, analise
as sentenças a seguir:

I- O sistema PACS dedica-se ao remodelamento dos processos de aquisição


de imagem e informações relacionadas com a imagem propriamente dita,
especificando um conjunto variado de informações sobre os pacientes,
equipamentos e procedimentos de imagens e especificadamente, sobre as
imagens radiológicas.

99
II- A função principal do modelo DICOM é dedicar-se ao remodelamento
dos processos de aquisição de imagem e informações relacionadas
com a imagem propriamente dita, especificando um conjunto variado
de informações sobre os pacientes, equipamentos e procedimentos de
imagens e especificadamente, sobre as imagens radiológicas.
III- O padrão DICOM abarca uma arquitetura para permuta de informações
além de definição de protocolos de comunicação.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 O padrão PACS impacta positivamente na eficiência de centros de imagem


e na evolução da telerradiologia. Um sistema PACS de grandes proporções
deve contemplar algumas considerações. Assinale a alternativa CORRETA
sobre isso.

a) ( ) A sua utilização deve ser diária no exercício da clínica; devem ser


disponibilizadas uma ou duas modalidades de imagem interligadas
ao sistema e suas estações de trabalho precisam ser disponibilizadas
interna e externamente ao departamento de diagnóstico por imagem
médica.
b) ( ) Devem ser disponibilizadas três a quatro modalidades de imagem
interligadas ao sistema; a sua utilização deve ser semanal no exercício
da clínica e deve possuir eficiência para trabalhar com, pelo menos, 20
mil procedimentos radiológicos a cada ano.
c) ( ) Deve possuir eficiência para trabalhar com, pelo menos, 20 mil
procedimentos radiológicos a cada seis meses; a sua utilização deve
ser diária no exercício da clínica; devem ser disponibilizadas uma ou
duas modalidades de imagem interligadas ao sistema e suas estações
de trabalho precisam ser disponibilizadas interna e externamente ao
departamento de diagnóstico por imagem médica.
d) ( ) Deve possuir eficiência para trabalhar com, pelo menos, 20 mil
procedimentos radiológicos a cada ano; sua utilização deve ser diária
no exercício da clínica; devem ser disponibilizadas três a quatro
modalidades de imagem interligadas ao sistema; as estações de trabalho
precisam ser disponibilizadas interna e externamente ao departamento
de diagnóstico por imagem médica e deve possuir eficiência para
trabalhar com, pelo menos, 20 mil procedimentos radiológicos a cada
ano.

100
4 O formato DICOM na radiologia refere-se à sigla em inglês Digital Imaging
and Communications in Medicine, ou seja, Comunicação de Imagens Digitais
na Medicina e representa um importante salto em termos de padronização e
qualidade das análises em imagens digitais. Disserte sobre as características
deste sistema.

5 A necessidade do recurso a novas tecnologias, é uma das principais


particularidades do setor da saúde, domínio em que os serviços de radiologia
se destacam. Disserte sobre os principais avanços para a comunicação
interna das imagens em formato digital.

101
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NBZnvT6T3sTCbqs/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 3 set. 2021.

106
UNIDADE 3 —

TELEDIAGNÓSTICO NOS
SERVIÇOS DE SAÚDE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender a necessidade e aplicabilidade do telediagnóstico nos serviços


de saúde;
• conhecer a necessidade da informatização de processos na saúde, como
garantia de segurança do paciente;
• distinguir as vantagens e desvantagem do processo do telediagnóstico,
telemedicina e teleimagem;
• compreender a necessidade da utilização de tecnologias avançadas na
atenção primária.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

TÓPICO 2 – APLICAÇÃO DO TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE


SAÚDE

TÓPICO 3 – DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO TECNOLÓGICA NOS


SERVIÇOS DE SAÚDE

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

107
108
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —

TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, é com imensa satisfação que estamos dando início ao nosso
estudo referente à Unidade 3, intitulada Telediagnóstico nos Serviços de Saúde
da disciplina Teleimagem e Telediagnóstico. Nesta unidade, você terá uma breve
introdução enfatizando os seguintes tópicos: História do Telediagnóstico nos
Serviços de Saúde, Aplicabilidade de uma Plataforma de Telessaúde e o Programa
Nacional Telessaúde Brasil Redes: um pouco sobre a legislação.

A seguir, será estudada a aplicação do telediagnóstico nos serviços


de saúde, quando serão enfatizados os seguintes subtópicos: integralidade e
universalidade do atendimento, Ferramenta para os programas assistenciais
e Programas de atendimento. Para finalizar a Unidade 3, serão trabalhados
os Desafios da Implantação Tecnológica nos Serviços de Saúde, em que serão
destacados os seguintes subtópicos: Capacitação Técnica e Educação Continuada,
Vantagens e Desvantagens e Informatização de Processos.

Espero que este estudo contribua para o seu aprendizado, pois o


profissional que deseja ter sucesso na sua atuação no mercado precisa adquirir
novas habilidades e deve buscar o conhecimento de forma contínua. Que essa
jornada seja o início do aperfeiçoamento não só profissional, mas também, do
crescimento pessoal e intelectual.

Com o desenvolvimento da Radiologia Digital, a área assistencial tem sido


uma das especialidades mais beneficiadas pelo desenvolvimento da telemedicina,
principalmente, na telerradiologia, no telediagnóstico e na teleconsultoria.

Neste tópico, você entenderá o contexto histórico do serviço de


telediagnóstico e sua aplicabilidade nos setores da saúde e também estudará a
legislação que rege o programa nacional de Telessaúde Brasil Redes.

Vamos começar? Bons estudos!

109
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

2 HISTÓRIA DO TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE


SAÚDE
Telediagnóstico, de acordo com a Portaria do Ministério da Saúde nº
2.546, de 27 de outubro de 2011, define-se como um “serviço autônomo que
utiliza as tecnologias de informação e comunicação para apoiar o diagnóstico por
meio de distâncias geográfica e temporal” (BRASIL, 2011, p. 51). Um exemplo
de telediagnóstico é o Tele-Eletrocardiograma (Tele-ECG), em que o exame é
realizado pela unidade básica, que o envia para o médico que realizará o laudo
e, após a emissão do laudo on-line, pode encaminhar o paciente com urgência ou
não, dando seguimento ao fluxo de atendimento de forma mais ágil.

Diversos exames diagnósticos do setor da saúde podem fazer uso das


tecnologias da informação e comunicação, a depender da propagação de sinais
biológicos, como sinais elétricos e imagens médicas.

ATENCAO

A principal vantagem da utilização do telediagnóstico está na melhoria do


acesso, especialmente para moradores de locais distantes dos grandes centros urbanos,
aos métodos diagnósticos essenciais à atenção à saúde.

Não há registro de instituições ou de publicações destinadas em específico


à Telemedicina até a década de 1990. Entretanto, a partir 1993, a instauração da
American Telemedicine Association (ATA), sediada em Washington, DC, alterou
esse cenário. A instituição, além de promover seminários frequentes sobre
telemedicina e também um congresso anual para todos os seus membros, é de
sua responsabilidade a publicação trimestral do Telemedicine Journal and e-Health.

Dessa forma, a partir de meados de 1990, a telemedicina passou a


desenvolver-se acentuadamente, com grandes investimentos financeiros em
novos projetos cujas metas eram centradas no desenvolvimento de novos
formatos de prestação de cuidados à saúde.

Na Inglaterra, a telemedicina foi alavancada pela Royal Society of Medicine,


patrocinadora do Journal of Telemedicine and Telecare, cujo primeiro exemplar foi
publicado no ano de 1995. As duas revistas científicas são, até os dias atuais, as de
maior impacto internacional no assunto. A ramificação de sociedades e instituições
de Telemedicina foi ágil e atualmente contamos com diversas associações
nacionais de telemedicina em escala mundial, inclusive nacionalmente.

110
TÓPICO 1 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Em Portugal, o surgimento da telemedicina com maior notoriedade ocorreu


em 1994 sob o patrocínio do Ministério da Saúde de Portugal (Telecom). A partir
daí, diversos projetos foram sendo desenvolvidos, resultando progressivamente
em experiências, em grande parte isoladas e com maior ou menor sucesso até os
dias atuais.

Todo o impulso tecnológico resultante da Internet possibilitou o


surgimento de outro termo ainda na década de 1990, a e-Saúde, ou seja, a saúde
em linha, associando a telemedicina e outros ramos de aplicação das TIC à saúde,
inserindo o paciente no centro de todo o processo entre consulta médica ou o
próprio profissional de saúde.

Em outras palavras, o termo e-Saúde representa a convergência da saúde


com a Internet. Nesse sentido, perfaz todo o tipo de serviço de saúde viabilizado
pela Internet, incluindo comércio eletrônico. O termo foi utilizado inicialmente por
líderes industriais e profissionais de marketing, e fazem parte do seu significado
aspectos tais como e-commerce, e-business, e-solutions, entre outros.

No domínio da e-Saúde, seguem alguns subsistemas de informação:

• Telemedicina (teleconsulta e telediagnóstico): a teleconsulta permite ao


paciente o esclarecimento de dúvidas médicas e o telediagnóstico possibilita
a análise de exames médicos e emissão de laudos a distância. A oferta do
Serviço Nacional de Telediagnóstico visa expandir o ramo de diagnóstico
de exames realizados a distância nas áreas com maior necessidade do país.
É um trabalho desempenhado pela Coordenação do Programa Nacional
Telessaúde Brasil Redes (Ministério da Saúde), Secretarias Estaduais de Saúde,
Núcleos Telessaúde Estaduais, Núcleos Telessaúde Especialistas, Secretarias
Municipais de Saúde e Pontos de Telessaúde (Estabelecimentos de Saúde).

• Telecuidados (teleassistência e telemonitorização): são outros dois ramos


da Telemedicina. A teleassistência dedica-se de forma assíncrona, aos
cuidados de saúde e bem-estar dos pacientes nas suas próprias residências.
Já a telemonitorização faz uso de dispositivos de medida, equipamentos e
redes que possibilitam manter em contato, conforme previamente planejado,
o paciente, o elemento de apoio ao paciente, o familiar e os profissionais da
saúde.

• Formação médica continuada e consultoria médica: possibilita a


aprendizagem continuada (educação médica a distância) para os profissionais
de saúde que estejam em ambientes mais afastados dos centros clínicos e das
formações presenciais. A consultoria médica é outra aplicação da telemedicina
de grande valor para os profissionais da saúde – a segunda opinião sobre
um determinado resultado não conclusivo para o profissional de saúde que
a solicita.

111
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Todas essas práticas citadas anteriormente são amparadas em


regulamentação federal, mais precisamente, pela Portaria MS nº 2.546/2011.

2.1 APLICABILIDADE DE UMA PLATAFORMA DE TELESSAÚDE


Um exemplo da aplicação do serviço de telessaúde é o Laboratório de
Telessaúde do Centro de Microgravidade da PUCRS. Suas metas principais são o
desenvolvimento e a validação de técnicas e sistemas relacionados ao fomento da
pesquisa nas áreas de e-Health e de assistência médica remotamente; o incentivo
à produção científica e à divulgação dos trabalhos por meio da publicação de
artigos e de apresentações em congressos científicos nacionais e internacionais.

Seus objetivos também estão voltados para o estabelecimento de


contatos e de parcerias com instituições públicas e privadas de âmbito
nacional e internacional, bem como a promoção do intercâmbio de alunos e de
pesquisadores (PUCRS/FENG). A implantação do Laboratório de Telessaúde do
Centro de Microgravidade ocorreu em 2002, cujo projeto inicial foi a dissertação
de mestrado “Estabelecimento e validação de um método de telediagnóstico
eletrocardiográfico digital em áreas remotas do sul do Brasil”, estruturada com
base no sistema assistencial estabelecido na cidade de São Lourenço do Sul, desde
o ano 2000.

O intuito da estruturação do Laboratório é a expansão das fronteiras da


medicina através do desenvolvimento de projetos de pesquisa multidisciplinares
empregando novas TICs e sanando dificuldades da prática médica nas mais
distintas realidades do estado. Com a criação do Laboratório foi possível o
estabelecimento de parcerias e o incentivo ao crescimento da pesquisa na área de
telemedicina no Brasil.

NTE
INTERESSA

Em 2006, a FAMED-PUCRS, em conjunto com o Centro de Microgravidade-


PUCRS, implementou o projeto “Amazon”, cujas finalidades voltam-se para a assistência às
comunidades remotas da Amazônia fazendo uso de sistemas de comunicação remota e
a realização de pesquisas nessa área. Esse trabalho colaborativo permitiu, aos acadêmicos
da PUCRS, aplicar os conhecimentos adquiridos na graduação utilizando ferramentas
tecnológicas e entrando em contato com a prática da Telemedicina (PUCRS/FENG).

112
TÓPICO 1 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

2.2 PROGRAMA NACIONAL TELESSAÚDE BRASIL REDES: UM


POUCO SOBRE A LEGISLAÇÃO
A telessaúde é definida como um sistema que faz uso de TICs para oferecer
serviços de saúde a distância. É o campo mais abrangente da telemedicina,
formada por sub-ramos que se interrelacionam com as diversas áreas da saúde
como um todo.

Trata-se, portanto, de uma forma inovadora de pensar os processos de


saúde, a partir do uso de tecnologias que reduzem as distâncias. Dessa forma,
a telessaúde caracteriza-se pela reciprocidade entre profissionais de diferentes
setores da saúde, que fazem uso da tecnologia para uma troca de conhecimentos
que ultrapassa barreiras físicas, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas
em conjunto.

E
IMPORTANT

Enquanto a Telessaúde abrange todo tipo de serviços e informação relacionados


às várias áreas da saúde e promove ações através de recursos tecnológicos que permitem
conferências, pesquisas e capacitação profissional, a Telemedicina se caracteriza pela
realização de serviços de atendimento médico diretos e especializados, como consultas,
monitoramento, emissão de diagnósticos e cirurgias.

No Brasil, o serviço de telemedicina conta com diversos agentes envolvidos


na ação regulatória, por exemplo, o Conselho Federal de Medicina (CFM),
que objetiva a garantia do arquivamento, compartilhamento, manipulação e
transferência de Registros Eletrônicos em Saúde (RES) e que estes sejam feitos de
forma segura e que garantam sua autenticidade, confidencialidade e integridade.
Foram estabelecidas, assim, pelo CFM, pelo menos duas medidas regulatórias de
grande importância, em 2002 e 2007.

A Resolução CFM nº 1.638 foi expedida em 2002, para a definição do


prontuário médico, determinando suas informações essenciais obrigatórias e
atribuindo responsabilidades por seu preenchimento, guarda e manuseio (CFM,
2002).

Adicionalmente, essa resolução tornou obrigatória a criação da Comissão


de Revisão de Prontuários nas instituições de saúde.

Em 2007, o CFM revogou a Resolução nº 1.639 de 2002, que estabelecia
os requisitos técnicos dos sistemas informatizados para a guarda e manuseio de
prontuários médicos, substituindo-a pela Resolução nº 1.821, na qual aprovou os

113
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

requisitos técnicos para a digitalização e uso dos sistemas informatizados para


a guarda e manuseio dos prontuários dos pacientes, além de ter autorizado a
eliminação do papel e a troca de informação identificada em saúde (CFM, 2007).

O respeito ao sigilo, à confidencialidade e à privacidade das informações
são aspectos éticos primordiais da telemedicina. No Brasil, o instrumento
regulatório da profissão médica é o Código de Ética Médica (CEM), promulgado
pela Resolução nº 1.931, de 2009, do CFM. O Art. 37 e seu parágrafo único são de
particular interesse para a Telemedicina, pois vedam a prescrição de tratamento
ou outros procedimentos sem o exame direto do paciente, salvo em caso de
urgência ou emergência e impossibilidade comprovada (CFM, 2009).

No mesmo âmbito, a Resolução CFM nº 1.643, de 2002, delimita a


utilização da telemedicina ao denominá-la como o exercício da medicina por meio
da utilização de metodologias interativas de comunicação, audiovisual e dados,
aplicadas apenas com fins de assistência, educação e pesquisa em saúde (CFM,
2002). O potencial de aplicação que a telemedicina apresenta fica completamente
limitado com essa definição.

O Art. 73 do Resolução CFM nº 1.931/2009 trata das especificidades em


relação à privacidade do paciente. Impede o médico, por exemplo, de revelar
informações sobre os pacientes sem o consentimento destes. Já segundo o Art.
75, o médico fica proibido de fazer referência a casos clínicos identificáveis e de
acordo com o Art. 85, o profissional fica impedido de permitir o manuseio e o
conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas ao sigilo profissional
quando sob a sua responsabilidade (CFM, 2009).

Uma das agências reguladoras do governo brasileiro, a Agência Nacional


de Telecomunicação (ANATEL), em 1998, criou um uma organização temática
na área da saúde com participação de representantes de algumas entidades e
empresas como Rede Sarah, Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde,
Telecárdio, Associação Médica de Brasília, Ministério do Exército, Unicamp,
Associação Médica de Brasília e representação da União Internacional de
Telecomunicações no Brasil. O intuito estava relacionado à forma como a Anatel
poderia contribuir com o desenvolvimento da Telemedicina no país e na melhor
maneira de disseminar informações sobre saúde no Brasil.

O Ministério da Saúde implementou o DATASUS e o RNIS (Rede Nacional


de Informações em Saúde) como forma de iniciativas para a disseminação de
informações em saúde. O DATASUS é o Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (SUS), cuja principal atribuição é “coletar”, processar e propagar
informações sobre saúde.

O DATASUS evidenciou-se como uma referência para informações sobre


saúde em escala nacional, integrando, além de informes do Ministério da Saúde,
outros dados pertinentes de sistemas, como o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Entre as suas atribuições destacamos:

114
TÓPICO 1 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

• Fornecimento de suporte às bases brasileiras do Sistema de Informação de


Saúde.
• Desenvolvimento e propagação de sistemas de informação de saúde.
• Avanço e propagação de tecnologias de informática para a saúde nacionalmente
adequados.
• Manutenção técnica para informatização, em todos os níveis, dos sistemas de
relevância para o SUS.
• Incentivo para a absorção dos sistemas de informação no seu grau de
competência junto à capacitação das secretarias estaduais e municipais de
saúde.
• Assessoria para a estruturação de sistemas de planejamento, controle e
operação do SUS.
• Normatização de procedimentos, softwares e de ambientes informatizados
para o SUS.
• Apoio à articulação de uma rede para intercâmbio e propagação de
informações de relevância para o SUS através de Internet.

Foi instituído através da Lei nº 9.998, de 17 de agosto de 2000, o Fundo


Universal dos Serviços de Telecomunicações (FUST), cuja meta central é
proporcionar recursos destinados a cobrir a parcela de custo financeiro atribuível
em ordem exclusiva ao cumprimento das obrigações de universalização de
serviços de Telecomunicações.

Os recursos financeiros do FUST são oriundos de 1% das empresas de


Telecomunicações a serem utilizados em projetos, programas e atividades
implementadas, conduzidas e fiscalizadas pela Anatel e cuja proposta
orçamentária será submetida ao Ministério das Comunicações.

115
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Telemedicina é uma prática cujo desenvolvimento e prática estão atrelados


aos avanços tanto da Medicina quanto das Tecnologias de Informação.
É um processo em desenvolvimento contínuo e com o ritmo acelerado,
que foi alavancado a partir da evolução e barateamento dos recursos de
telecomunicações.

• A assistência médica a longas distâncias é a meta inicial da Telemedicina,


objetivo que segue a cumprir, proporcionando a articulação de redes
integradas de cuidado à saúde e de disseminação do conhecimento médico,
via consultoria ou preceptoria médica a distância, com contribuição para o
diagnóstico e manejo dos pacientes. Em outras palavras, plenamente atuante
nas áreas de assistência e de educação médica.

• A aplicabilidade de telediagóstico nos serviços de saúde, através de exemplos


de aplicações de serviços de Telessaúde, são muito importantes.

116
AUTOATIVIDADE

1 A criação do Laboratório de Telessaúde do Centro de Microgravidade deu-


se em agosto de 2002, e a partir desse projeto inicial, tornou-se possível
o estabelecimento de parcerias e o incentivo ao crescimento da pesquisa
na área de telemedicina no Brasil. Sobre como podemos definir o sistema
de telediagnóstico, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
falsas:

( ) Um serviço síncrono no qual um médico da especialidade recebe os


resultados dos exames – imagens médicas, resultados de análises de
patologia clínica ou sinais fisiológicos – faz a análise dos exames e elabora
o respectivo relatório, os reenviando à origem.
( ) Um serviço efetuado a distância que utiliza as tecnologias da informação
e comunicação para realizar serviços de apoio ao diagnóstico através de
distâncias geográfica e temporal (Portaria nº 2.546, de 27 de outubro de
2011, do Ministério da Saúde).
( ) É definido pelo Ministério da Educação como o serviço assíncrono que
utiliza as tecnologias da informação e comunicação para realizar serviços
de apoio ao diagnóstico através de distâncias geográfica e temporal
(Portaria nº 2.546, de 27 de outubro de 2011, do Ministério da Educação).
( ) É definido pelo Ministério da Saúde como o serviço assíncrono que utiliza
as tecnologias da informação e comunicação para realizar serviços de
apoio ao diagnóstico através de distâncias geográfica e temporal (Portaria
nº 2.546, de 27 de outubro de 2011, do Ministério da Saúde).

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) F – V – F – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) F–F–V–F

2 A Inovação em Saúde Digital é transversal às iniciativas de telessaúde e


busca, nas Tecnologias de Informação (TIs), explorar novas ideias para a
resolução de problemas com soluções complexas pelos métodos usuais e
devem partir de necessidades em saúde da população. Com relação aos
serviços de e-Saúde, telemedicina e telessaúde identifique a alternativa
CORRETA.

a) ( ) A telemedicina é um termo amplamente utilizado para representar


o uso de tecnologias da comunicação e da informação na saúde para
suportar serviços, treinamento e informação para provedores de
assistência médica e pacientes, em que a distância é um fator crítico.

117
b) ( ) O termo e-Saúde representaria a fragmentação da Internet com a saúde.
Nesse sentido, exclui todo o tipo de serviço de saúde viabilizado pela
Internet.
c) ( ) A telemedicina é um conceito mais amplo e multidisciplinar do
que telessaúde, pois abrangeria todas as outras áreas relacionadas
à saúde, como enfermagem, odontologia, psicologia, fisioterapia e
fonoaudiologia.
d) ( ) A telessaúde é a prestação de telecomunicação, informação clínica e
educação de forma presencial.

3 Atualmente a telemedicina é um serviço amplamente utilizado, pois além


de propiciar o decréscimo de custos, possibilita o acesso a serviços médicos
altamente especializados e de qualidade em escala mundial, através da
utilização das mais diversas tecnologias disponíveis. Assinale a alternativa
CORRETA sobre o serviço de telemedicina:

a) ( ) É um termo pouco utilizado atualmente, pois exclui as instituições


públicas de saúde e/ou as que estejam distantes dos grandes centros.
b) ( ) Atualmente, é uma ferramenta amplamente utilizada, pois propicia
a redução de custos e o acesso a serviços médicos altamente
especializados e de boa qualidade por todas as populações.
c) ( ) É um processo de serviço que está estagnado, não adquiriu impulso a
partir da evolução nem barateamento dos recursos de telecomunicações.
d) ( ) É uma ferramenta raramente utilizada em função do seu custo-
benefício, pois seu acesso a serviços médicos é inviável financeiramente.

4 O programa de Telessaúde Brasil Redes é um programa instituído em


2007 pelo Ministério da Saúde sob coordenação da Secretaria de Gestão
do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e da Secretaria de Atenção à
Saúde (SAS). A telemedicina é um processo avançado para monitoramento
de pacientes, troca de informações médicas e análise de resultados de
diferentes exames. Disserte sobre o âmbito de abrangência da telessaúde e
da telemedicina.

5 O termo  telemedicina  origina-se na palavra grega ‘tele’, que significa


distância. Também é usado para formar as palavras telefone, televisão
etc. A telemedicina abrange toda a prática médica realizada a distância,
independente do instrumento utilizado para essa relação. Cite os principais
objetivos da telemedicina.

118
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —

APLICAÇÃO DO TELEDIAGNÓSTICO
NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
O telediagnóstico refere-se ao diagnóstico remoto (tele significa remoto,
prefixado para diagnóstico). Essas plataformas são projetadas para permitir a
transmissão de registros de exames físicos e relatórios médicos remotamente ou
simultaneamente para um especialista em uma localização geográfica diferente
ou na mesma.

O médico especialista examinador pode estar localizado na mesma região


geográfica ao mesmo tempo que o exame, ou o especialista pode estar localizado
remotamente: a plataforma de transmissão é projetada para funcionar de forma
idêntica.

Assim, as plataformas de telediagnóstico garantem que os registros de


imagens e vídeos preservem a qualidade do diagnóstico mesmo após serem
submetidos a procedimentos de compressão para transmissão.

2 INTEGRALIDADE E UNIVERSALIDADE DO ATENDIMENTO


Na última década, vários sistemas de diagnóstico remoto foram propostos,
por exemplo, na indústria de cimento, na fabricação de genéricos e na Estação
Espacial Internacional. Nesse contexto, o conceito de e-diagnostics aplicado à
indústria de processo foi introduzido. As empresas podem vincular remotamente
a experiência do fornecedor através da Internet para realizar o monitoramento
de desempenho do sistema a ser reparado e para tomar ações rápidas, como
configuração, depuração e diagnóstico, reduzindo a perda de serviço.

No entanto, as soluções anteriormente mencionadas, referem-se, em


princípio, à indústria de manufatura (ou processos complexos, como aplicações
espaciais), ao invés de telemedicina ou diagnósticos clínicos. O principal problema
é que eles não levam em consideração a variabilidade peculiar do ambiente em
que os serviços de saúde operam.

Com efeito, uma empresa de serviços de saúde realiza um serviço


(acompanhamento do paciente, atendimento, diagnóstico, prognóstico e terapia)
intrinsecamente em numerosos casos com diferentes patologias e anamneses
complexas.

119
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Por exemplo, uma empresa de serviços de saúde pode ter vários


fornecedores e decidir mudar alguns deles. Além disso, pode mudar radicalmente
os tipos típicos de doenças a serem enfrentadas, simplesmente alcançando ou
perdendo compromissos. Uma empresa de serviços de saúde trabalha em um
ambiente real e dinâmico, onde a implementação de soluções industriais de
última geração de forma estável pode ser extremamente difícil.

Para preencher essa lacuna, um número significativo de projetos de e-Health


nacionais e internacionais foram originados. Alguns deles se esforçam para
encontrar uma plataforma comum para o intercâmbio de dados médicos, por meio
de protocolos de comunicação médica, serviços ou portais. Uma das principais
solicitações impostas a esses sistemas é a integração e interoperabilidade das
diferentes aplicações e serviços médicos, independentemente de sua distribuição
regional, propriedade ou domínios médicos específicos.

Além disso, a maioria dos sistemas de e-Saúde atuais, baseados em


sistemas de informação distribuídos, fornecem aos usuários médicos remotos
acesso a bancos de dados médicos para auxiliar no diagnóstico cooperativo.

Os diagnósticos eletrônicos de última geração compartilham recursos


geograficamente dispersos e apoiam o trabalho cooperativo entre os
profissionais de saúde localizados em diferentes centros clínicos. Eles otimizam a
interoperabilidade entre centros médicos e usuários finais (médicos, cuidadores
etc.).

Em particular, a característica mais difundida dos sistemas de telemedicina


baseados na web é a mera interoperabilidade das informações, mesmo sem um
conhecimento básico de gestão, bem como sem integração com outros serviços
estritamente relacionados, como monitoramento de pacientes, prognóstico e
terapia. Isso impede a otimização da busca baseada na web e, consequentemente,
nenhuma melhoria no suporte diagnóstico aos médicos e cuidadores.

Outro desafio dos diagnósticos eletrônicos é tornar a interoperabilidade


da informação o mais aberta possível. Na verdade, a flexibilidade de interface
com as tecnologias existentes é outra característica importante dos diagnósticos
eletrônicos avançados, permitindo a extensibilidade da arquitetura, bem como
sua interoperabilidade. No entanto, a maioria desses sistemas colaborativos
não fornece suporte diagnóstico e terapêutico adicional ao médico ou cuidador
e os prognósticos automáticos baseiam-se diretamente nos dados do paciente
monitorados com atendimento on-line.

120
TÓPICO 2 — APLICAÇÃO DO TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

2.1 DIGITAL IMAGING AND COMMUNICATIONS IN MEDICINE


(DICOM)
O uso de plataforma padrão Digital Imaging and Communications in
Medicine (DICOM) é um requisito recomendado para permitir o tráfego pesado
de arquivos sem prejudicar a eficiência do uso. Uma limitação pode ser a baixa
velocidade de conexão para transmissão de dados ou restrições de largura de
banda. Portanto, o equilíbrio entre qualidade de imagem, eficiência de uso
e largura de banda disponível representam desafios significativos para as
plataformas de telediagnóstico.

NOTA

O formato DICOM é a abreviação de Digital Imaging and Communications in


Medicine, em português, Comunicação de Imagens Digitais na Medicina. É um conjunto
padronizado de normas para o arquivamento e comunicação das imagens, criado em
1983, pelo American College Of Radiology (ACR) em associação com o National Eletrical
Manufacturers Association (NEMA).

Dessa forma, o sistema permite que as informações sejam armazenadas em


um único formato eletrônico. Ou seja, através dessa padronização de informações
referentes às imagens digitais, mesmo que feitas por equipamentos de marcas
distintas, podem ser compartilhadas entre si. Em síntese, as imagens podem ser
reconhecidas e visualizadas em qualquer um desses equipamentos – tomografias,
ressonâncias, radiografias, entre outros.

Vejamos algumas vantagens do formato DICOM:

• Facilidade de acesso: o formato DICOM possibilita o fácil acesso das imagens


e dados médicos. Isso proporciona maior agilidade para o médico solicitante
e também beneficia o paciente com diagnósticos mais rápidos. Esse padrão
único para troca de informações permite que os resultados dos laudos
possam ser acessados a partir de qualquer dispositivo digital, basta ter acesso
à Internet, login e senha.

• Possibilita o compartilhamento de dados: nos casos mais complexos, quando


o médico estiver com dúvidas ou precisar de uma segunda opinião, ele pode
compartilhar as informações dos exames com outros especialistas que podem
auxiliar a avaliar e refletir melhor acerca de determinado caso. Essas imagens
podem ser compartilhadas com profissionais da saúde da própria equipe ou
de diferentes lugares, melhorando a troca de informações médicas. Dessa

121
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

forma, é possível reunir diversos profissionais em um único atendimento,


aumentando a interação entre as equipes, principalmente, quando o caso
precisar de maior atenção para aumentar a precisão do diagnóstico.

• Qualidade no envio das imagens: podemos afirmar que a qualidade das


imagens digitais é superior a convencional. Isso porque são mais detalhadas
e permitem que o médico ajuste a nitidez, contraste ou até mesmo dê zoom
para facilitar a visualização e precisão do diagnóstico. No formato DICOM,
durante o encaminhamento das imagens digitais, a qualidade dos laudos não
é prejudicada. Os exames são recebidos com a mesma propriedade e nitidez,
permitindo que o especialista os interprete com precisão.

• Padronização em protocolos clínicos: outra grande vantagem é que as


análises realizadas com o formato DICOM são padronizadas em protocolos
clínicos específicos.  Assim, é possível obter um número vultoso de dados
sobre determinada patologia, fator que contribui para uma maior produção
literária e o avanço da medicina como um todo.

• Emissão de laudos a distância: a telerradiologia é possível graças ao formato


DICOM. O sistema de emissão de laudos a distância tem inúmeros benefícios
para clínicas e centros de imagem, entre eles podemos citar: 

• fácil acesso das imagens armazenadas em nuvens;


• agilidade na emissão e diagnóstico dos laudos;
• aumento da produtividade da gestão e corpo clínico; 
• segurança no armazenamento das imagens; 
• médicos radiologistas subespecialistas em todas as áreas da medicina;
• colaboradores disponíveis 24 horas, sete dias por semana;
• diminuição de custos com máquinas; 
• comodidade para os pacientes com o envio dos exames on-line, entre
outros.

Outra aplicação do serviço de Telediagnóstico é o Sistema Catarinense de


Telemedicina e Telessaúde (STT), que foi estruturado em parceria com a união
da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC), a Universidade
Federal de Santa Catarina e Superintendência de Serviços Especializados e
Regulação (SUR).

O desenvolvimento desse sistema possibilitou o envio de exames bem


como a emissão de laudos a distância pela Internet, via site (telemedicina.saude.
sc.gov.br), sendo útil, ainda, como suporte à rede de hospitais públicos da SES e
unidades hospitalares, policlínicas e UPA nos municípios catarinenses.

A utilização desse novo sistema pelo estado de Santa Catarina permitiu o


acesso dos pacientes aos exames realizados nas unidades de saúde, a integração
de imagens, dados clínicos e laudo médico, aumentando a oferta de serviços
em saúde em todas as regiões do estado. Vantagens como a agilidade no acesso

122
TÓPICO 2 — APLICAÇÃO DO TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

aos laudos por meio do site STT e redução de custos com impressão de filmes
radiográficos e laudos, auxiliam a gestão da unidade de saúde e favorecem o
fluxo em um setor de diagnóstico de imagem e melhoram o processo de trabalho.

Na Figura 1, a seguir, é possível observar como ocorre o diagnóstico dos


exames enviados via Telemedicina das unidades de saúde à ponta especializada.
Você pode observar que o fluxo apresenta as etapas fundamentais que constituem
o atendimento e realização do telediagnóstico no estado de Santa Catarina.

FIGURA 1 – MODELO CATARINENSE DE TELEDIAGNÓSTICO.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3b41iVC>. Acesso em: 29 set. 2021.

2.2 FERRAMENTA PARA OS PROGRAMAS ASSISTENCIAIS


Com a utilização de receptores portáteis do sistema de posicionamento
global (GPS), laptops, Internet, conexões sem fio e alta potência de computadores,
já é percebido um avanço rápido na direção da documentação por meio de um
sistema de vigilância em "tempo real".

Nesse contexto, verifica-se que o diagnóstico é composto por duas


componentes principais: geração de dados, por um lado, e recolhimento,
compilação e tratamento estatístico dessa informação, por outro. Enquanto a
coleta de dados depende crucialmente da qualidade do processo de diagnóstico,
o restante consiste no casamento dessas informações com a telecomunicação e a
computação (JOHANSEN et al.2010).

123
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

O termo “telemática” foi sugerido para a junção dessas ferramentas, mas


considerando a forte dependência do software de computador necessário e dos
dispositivos móveis, não apenas para permitir o diagnóstico remoto, mas também
lidar com a maior parte dos dados estatísticos, o termo m-Health pode cobrir
melhor esta atividade. Este termo significa a prática comum de saúde pública e
médica, fortemente apoiada por dispositivos móveis, como telefones celulares e
assistentes pessoais digitais (PDAs).

Havemos de notar que o m-Health se tornou um importante subsegmento


da e-Health, que depende fortemente das tecnologias de informação e comunicação,
incluindo comunicações por satélite, computadores, celulares, monitoração de
pacientes, entre outros dispositivos para serviços de saúde e informação (BASU,
2020).

A telemedicina depende da transmissão de informações visuais, o que


torna possível fazer avaliações remotamente, por exemplo, com base em raios-X,
observações de ultrassom ou exame de sangue ou fezes foram pioneiros no uso
de diagnóstico remoto e que logo verificou-se que a avaliação dessas patologias
funcionava tão bem no diagnóstico remoto quanto no local.

Embora alguns autores perceberam que havia limitações técnicas quando


a sua pesquisa realizada a mais de dez anos, eles concluíram que o diagnóstico
remoto deveria ser viável uma vez que a tecnologia fosse avançando ainda mais.
O número de artigos acadêmicos relativos à telemedicina começou a crescer
rapidamente e as aplicações potenciais se mostraram infinitas (BASU, 2020).

A partir de pesquisas realizadas, verifica-se a potencial aplicação de


uma abordagem virtual baseada na web para doenças infecciosas, enquanto
isso, o diagnóstico remoto reduz os custos e melhora as perspectivas de
controle de qualidade, aumentando a eficiência e eficácia dos procedimentos e
práticas operacionais. A Figura 2 ilustra esquematicamente como funciona uma
abordagem de telediagnóstico.

124
TÓPICO 2 — APLICAÇÃO DO TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

FIGURA 2 – O TELEDIAGNÓSTICO É O CAMINHO DESDE A PREPARAÇÃO, CAPTURA E ENVIO


DE UM EXAME PARA UM ESPECIALISTA PARA O DIAGNÓSTICO REMOTO

FONTE: <https://doi.org/10.1016/S0065-308X(10)73007-4>. Acesso em: 14 set. 2021.

Assim, percebemos a importância do papel das ferramentas colaborativas


para a prestação de cuidados de saúde a distância. Por ferramentas colaborativas
entendem-se as ferramentas que permitem que os provedores trabalhando
sozinhos ou em grupos, trabalhem juntos com o paciente.

Essa colaboração pode ser em modo de tempo real ou assíncrona, ou


ainda, podem somente armazenar e encaminhar. Esses esforços colaborativos
podem envolver várias partes interessadas tanto do lado do provedor quanto,
possivelmente, do lado dos pacientes, ou seja, ainda vários pacientes com
problemas semelhantes. Alguns deles podem estar juntos e alguns separados não
apenas pela distância, mas também pelo tempo.

A telessaúde colaborativa, portanto, pode envolver outro modo de


telessaúde que pode, por enquanto, ser denominado híbrido, ou seja, alguns
estão se encontrando on-line ou falando ao telefone, enquanto outros respondem
em outro momento (JOHANSEN et al., 2010).

As ferramentas colaborativas podem servir para cobrir não apenas


distâncias físicas, ou seja, diferentes localizações geográficas, mas também
processos de cuidado separados ao longo do tempo. Essas ferramentas
colaborativas incluem troca de anotações por e-mail entre pacientes e provedores,
manutenção de wikis e registros de saúde editados pelo provedor de pacientes
(como por exemplo, o sistema OpenNote), páginas da web, mídias sociais ou sites
de redes sociais como Twitter ou Facebook, além de sites médicos.

125
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Esses sites e sistemas podem ser usados ​​para aumentar a comunicação e


a colaboração entre pacientes e provedores e é possível organizar a prestação de
cuidados a distância usando esses meios (JOHANSEN et al., 2010).

2.3 PROGRAMAS DE ATENDIMENTO


Em escala nacional, as primeiras experiências efetivas do serviço de
Telemedicina e Telessaúde ocorreram no início na década de 1990. Em 1994, foram
iniciadas as operações do programa de atendimento TELECARDIO, empresa
especializada em realizar eletrocardiogramas a distância.

Em 1995, foi criado o serviço ECGFAX pelo InCor, que oferece análise de
eletrocardiogramas enviados por fax de outras localidades para serem analisados
por médicos do InCor. A Rede Sarah iniciou, no mesmo ano, um programa de
videoconferência reunindo toda sua rede de hospitais para troca de informações
clínicas. Em 1996, foi disponibilizado o serviço ECGHome, pelo InCor, cujo
objetivo é monitorar pacientes em sua residência.

Um desenvolvimento significativo na área de cobertura da Telemedicina


ocorreu no Brasil no início do século XXI. Teleconsultas com telepatologia e
telerradiologia começaram a acontecer entre o Hospital Materno-Infantil de
Recife e o Saint Jude Children Research Hospital, de Memphis, EUA. Houve a
criação da empresa Telessaúde na cidade do Recife, oferecendo apoio a clínicas
e tele-assistência domiciliar (homecare). Em Curitiba, no hospital Santa Cruz, foi
implantado o projeto de telepatologia e tele-educação.

Nesse sentido, a primeira telecirurgia foi realizada no Hospital Sírio-


Libanês, em parceria com o Hospital John Hopkins, de Baltimore, nos EUA.
O InCor iniciou o monitoramento de seus leitos a distância, integrando seus
sistemas de informações hospitalares e de arquivamento de imagens em rede,
ainda nesse período.

O InCor, em 1995 instituiu o serviço Eletrocardiograma (ECG-FAX),


registrando mais um evento no ramo da Telecardiologia. Este recurso é utilizado
para análise de eletrocardiogramas enviados via fax de outras instituições para
serem analisados por médicos do InCor. O InCor, ainda, iniciou o monitoramento
de seus leitos a distância, integrando seus sistemas de informações hospitalares e
de arquivamento de imagens em rede.

A inauguração do Hospital Virtual Brasileiro pela Unicamp ocorreu em


1997, bem como os lançamentos dos sites do Hospital das Clínicas, da FMUSP
(HCNet), e do Saúde Total, uma parceria entre docentes da FMUSP e a Intec-System
Tecnologia. O Hospital Sírio-Libanês inaugurou sua sala de teleconferência em
1999, cuja função central era possibilitar reuniões de teleconsulta para segunda
opinião, bem como jornadas de tele-educação.

126
TÓPICO 2 — APLICAÇÃO DO TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Em síntese, os programas de atendimento da telemedicina vêm


apresentando uma importante evolução e consolidação no Brasil nesses últimos
anos, com o incentivo financeiro de agências de fomento à pesquisa e com as
ações governamentais, o que proporcionou a formação de equipes e núcleos de
pesquisa em diversas instituições universitárias brasileiras.

127
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• As experiências em escala nacional em telemedicina até o ano 2000 foram


diversificadas, atendendo, pontualmente, a diversas finalidades sem
apresentar coordenação entre si.

• Alguns aspectos favoráveis servem de estímulo para a evolução da


telemedicina, como os incentivos à informatização, a disseminação das
telecomunicações e ainda algumas experiências bem-sucedidas que parecem
servir como esteio para o seu desenvolvimento.

• A telemedicina e a telessaúde aprimoraram muito no Brasil nos últimos anos.

128
AUTOATIVIDADE

1 O conceito de e-diagnostics aplicado à indústria de processo foi introduzido


à diversos sistemas de diagnóstico remoto nos últimos anos. As empresas
podem realizar o monitoramento de desempenho do sistema a ser reparado
vinculando remotamente a experiência do fornecedor através da Internet,
reduzindo a perda de serviço com a tomada de ações rápidas, como
configuração, depuração e diagnóstico, reduzindo a perda de serviço. Nesse
sentido, sobre a Integralidade e Universalidade do Atendimento, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) A característica menos difundida dos sistemas de telemedicina


baseados na web é a mera compassividade das informações, mesmo
sem um conhecimento básico de gestão, bem como sem integração
com outros serviços estritamente relacionados, como monitoramento
de pacientes, prognóstico e terapia.
b) ( ) A resistência da interface com as tecnologias existentes é outra
característica importante dos diagnósticos eletrônicos avançados,
permitindo a extensibilidade da arquitetura, bem como sua
interoperabilidade.
c) ( ) A maioria dos serviços colaborativos não fornece suporte diagnóstico
e terapêutico adicional ao médico ou cuidador, e os prognósticos
automáticos baseiam-se diretamente nos dados do paciente
monitorados com atendimento on-line.
d) ( ) A minoria dos sistemas de e-Saúde atuais, com base em sistemas de
informação distribuídos, fornecem aos usuários médicos remotos
acesso a bancos de dados médicos para auxiliar no diagnóstico
cooperativo.

2 O padrão DICOM é a abreviação de Digital Imaging and Communications in


Medicine – em português, Comunicação de Imagens Digitais na Medicina. É
um conjunto padronizado de normas para o arquivamento e comunicação
das imagens, criado em 1983 pelo American College Of Radiology (ACR) em
associação ao National Eletrical Manufacturers Association (NEMA). Assinale
a alternativa CORRETA relacionada a esse sistema.

a) ( ) Alguns dos benefícios do sistema de emissão de laudos a distância


para clínicas e centros de imagem são: a agilidade na emissão e
diagnóstico dos laudos, aumento da produtividade da gestão e corpo
clínico, segurança no armazenamento das imagens, redução de custos
com máquinas, fácil acesso às imagens armazenadas em nuvens, entre
outros.
b) ( ) No formato DICOM, durante o encaminhamento das imagens digitais,
a qualidade dos laudos é parcialmente prejudicada. Isso porque as
imagens são mais detalhadas e os exames são recebidos com menor
propriedade e nitidez.
129
c) ( ) As análises realizadas com o formato DICOM são parcialmente
padronizadas em protocolos clínicos específicos.  Dessa forma, é
possível obter um número vultoso de dados sobre determinada
patologia, fator que contribui para uma maior produção literária e o
avanço da medicina como um todo.
d) ( ) O padrão DICOM é responsável apenas por promover a padronização
nas trocas dos diversos formatos de imagens médicas, não sendo de
competência deste sistema facilitar o desenvolvimento e expansão dos
sistemas PACS.

3 O formato PACS é um sistema de armazenamento de imagens e de


comunicação para clínicas que fazem diagnóstico por imagem. A sigla é
uma abreviação para Picture Archiving and Communication System, que em
português significa Sistema de Comunicação e Arquivamento de Imagens.
Assim, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Com a utilização do sistema PACS, exames que antes os pacientes levavam


em mãos de uma clínica para outra, ou que eram movimentados entre
diferentes hospitais, podem ser acessados digitalmente.
( ) O sistema PACS permite ao médico ter uma visão cronológica dos eventos
de saúde do paciente, ou, ainda, permite que eles sejam organizados por
meio da aplicação de filtros.
( ) O padrão PACS é pouco intuitivo, o que pode dificultar seu aprendizado
pelos profissionais, o que resulta num impacto nocivo e baixa na qualidade
dos processos realizados.
( ) A função principal do PACS é padronizar e facilitar a comunicação entre
clínicas, hospitais e médicos, facilitando o trânsito de informações e
imagens de radiografia entre diferentes estabelecimentos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – V – V.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) V – F – F – V.
d) ( ) V – V – F – V.

4 Para os hospitais, clínicas e consultórios, o PACS representa menos


burocratização, uma forma de padronizar a linguagem e o compartilhamento
de imagens entre os estabelecimentos de saúde. Disserte sobre as etapas de
funcionamento deste sistema.

5 A potencial aplicação de uma abordagem virtual baseada na web


para doenças infecciosas é fundamental para o diagnóstico remoto de
programas assistenciais, além de reduzir os custos, aumenta a eficiência e
eficácia dos procedimentos e práticas operacionais. Escreva sobre o papel
das ferramentas colaborativas para a prestação de cuidados de saúde a
distância.

130
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —

DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO TECNOLÓGICA


NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
A implantação tecnológica do telediagnóstico nos Serviços de Saúde é
factível. Para isso, um sistema de telecomunicações com um profissional (médico
e enfermeira) pode ser usado para aumentar a disponibilidade de assistência
médica. A tecnologia necessária já está disponível atualmente, mas sabe-se que
nem em todos os lugares.

Esse tipo de sistema pode ajudar a trazer conhecimentos e habilidades


especiais para trabalhos remotos, bem como os menos remotos, mas em áreas
com desvantagens médicas. O desafio para aqueles interessados no atendimento
ao paciente é encontrar maneiras de traduzir o viável para o real.

Com isso, verifica-se que para a implantação tecnológica são necessários,


basicamente, dois fatores: capacitação técnica e educação continuada dos
trabalhadores e informatização de processos.

Assim, as vantagens e desvantagens devem ser analisadas ponto a ponto


a fim de que a implantação seja realizada com qualidade nos Serviços de Saúde.

2 CAPACITAÇÃO TÉCNICA E EDUCAÇÃO CONTINUADA


Existem registros de sites voltados exclusivamente para profissionais da
saúde, ofertando serviços como cursos de educação continuada, chats, eventos
e bibliografias específicas da área. Neste âmbito, o site desenvolvido pelo Banco
Real – o Banco Real Médico objetiva um serviço diferenciado para a categoria
médica.

Dentro desse contexto, a Organização Panamericana de Saúde (OPAS,


1978 apud OGUISSO, 2000), define a educação continuada como um processo
ativo, dinâmico e permanente de ensino-aprendizagem, com o propósito de
atualizar e melhorar a capacitação de pessoas, ou grupos e profissionais perante
a evolução científico-tecnológica, às necessidades sociais e aos objetivos e metas
institucionais.

131
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

O Ministério da Saúde, atualmente, descreve que alguns programas


utilizados pelos Serviços de Educação Continuada (SEC) das instituições de
saúde têm uma capacidade relativamente baixa de produzir impacto sobre as
instituições formadoras, no sentido de alimentar os processos de mudança, uma
vez que mantêm a lógica programática das ações, sem desafiar os distintos atores
para uma posição de mudança e problematização de suas próprias práticas e do
trabalho em equipe (BRASIL, 2004).

Dessa forma, para reduzir tais deficiências, o Ministério da Saúde propõe


a implementação da Educação Permanente em Saúde, que apresenta como
desafio compor-se em: eixo transformador; estratégia mobilizadora de recursos e
poderes; e recurso estruturante do fortalecimento dos serviços de educação das
instituições de saúde.

Diversos fatores são determinantes para que os profissionais de saúde


requeiram a busca de qualidade, integralidade e eficiência nas suas funções,
entre eles destacamos o acesso às informações através dos diferentes meios de
comunicação, a criação de novas tecnologias com a capacidade de diagnosticar e
tratar problemas de saúde e as diferentes patologias que surgem a cada ano.

E
IMPORTANT

A implantação da educação dentro do contexto hospitalar auxilia na


reorganização do trabalho, já que este conhecimento é um valor necessário para a ação
no cotidiano, sendo a educação continuada um elemento importante para a implantação
desse ensino, já que a atualização de conhecimentos e aquisição de novas informações é
possível através dela.

A educação continuada e capacitação técnica para profissionais de saúde é


de fundamental importância, pois proporciona segurança e qualidade nas funções
desenvolvidas por estes trabalhadores e auxilia na mudança de postura sobre seu
ambiente de trabalho. A educação continuada não traz benefícios somente para o
colaborador, mas também está direcionada para a finalidade da empresa, através
da racionalização de recursos por meio da padronização de procedimentos e
melhor desempenho dos profissionais (ALAN; CEZA-VAZ; ALMEIDA, 2005).

Estratégias e ações de educação continuada promovem o envolvimento


dos profissionais que prestam assistência de saúde, evitando um processo
de estagnação profissional e social, constituindo mudanças individuais e
na comunidade, interferindo nas políticas públicas e transformação social
(MACHADO, 2007).

132
TÓPICO 3 — DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO TECNOLÓGICA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS
A telemedicina ocorre como uma combinação de tecnologia de
telecomunicações e medicamentos, uso de informações eletrônicas e tecnologias
de comunicação para fornecer e apoiar os cuidados de saúde quando a distância
separa os participantes.

Nos últimos anos, tem havido uma grande preocupação com o


desenvolvimento de sistemas de telemedicina, que são muito úteis para fornecer
serviços de saúde e comunicação entre os médicos, a fim de estabelecer um
diagnóstico. A integração de sistemas de telemedicina com os sistemas de
informação hospitalar é uma preocupação contínua dos pesquisadores neste
campo. Com isso, surgem também desvantagens no uso do telediagnóstico,
como indicadas no Gráfico 1, segundo pesquisas realizadas pelo corpo docente
da Universidade de Brasov (Faculdade de Medicina – MED e Faculdade de
Engenharia Elétrica e Tecnologia da Computação – IESC) (BADEA et al., 2014).

GRÁFICO 1 – MOSTRA AS DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO TELEDIAGNÓSTICO SEGUN-


DO PESQUISAS REALIZADAS PELO CORPO DOCENTE DA FACULDADE DE MEDICINA (MED) E
FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E TECNOLOGIA DA COMPUTAÇÃO (IESC)

FONTE: Badea et al. (2014, p. 144)

Com base nas respostas obtidas, problemas éticos em relação


telediagnóstico foram identificados e comentados por aproximadamente um
terço de pessoas de cada grupo. Mas também há outras pessoas que indicaram
que o uso do telediagnóstico não envolve problemas éticos, pois todos os sistemas
são seguros conforme mostra: 25,71% – grupo MED; e 38,57% – grupo IESC.

De forma ética também é muito importante ser crítico sobre o uso da


telemedicina, e para encorajar a implementação do processo deve-se analisar o
uso de tecnologia em medicina, ou seja, ajuda com um melhor diagnóstico, o qual
é resolvido mais rapidamente. A telemedicina é um desafio para todos, mas agora
é normalidade nos mais diversos campos da medicina.

133
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

As aplicações da telemedicina em sistemas de prevenção, na resolução de


emergências médicas ou cirúrgicas em diferentes regiões do país mostra grande
eficiência dos serviços médicos nos Serviços de Saúde.

O serviço de telemedicina, além de oportunizar procedimentos e instrução


a distância, apresenta um efeito “multiplicador”, no sentido em que determinadas
ações, como educação a distância, possibilita a utilização de material produzido
em diversas ocasiões. Outro exemplo desse efeito é utilização de gravações de
procedimentos realizados a distância para fins educacionais.

Em âmbito nacional, contrapondo-se à extensão territorial e da distribuição


de recursos físicos e humanos assimétricos voltados à saúde, há uma possível
aceitação cultural e também uma dada estrutura de informatização que podem
favorecer a propagação da telemedicina e da telessaúde no Brasil. Além disso, a
telemedicina também pode contribuir para uma melhor otimização e alocação
dos recursos disponíveis, sejam eles físicos ou humanos, aperfeiçoando, desta
maneira, o acesso a serviços diferenciados, maximizando de forma exponencial
as condições para a educação em saúde, para profissionais e leigos.

Assim, as principais vantagens da telemedicina são: envolvimento ativo de


diferentes especialistas de vários campos interdisciplinares; grande sustentação
da pesquisa e programas educacionais da telemedicina e telediagnóstico na área
das ciências da vida (análise de alimentos, proteção ambiental, médica ciências);
e a formação de especialistas prontos para desenvolver oportunidades e aplicar
novos métodos para o benefício de melhorar a qualidade de vida.

3.1 INFORMATIZAÇÃO DE PROCESSOS


A tecnologia é importante e isso verifica-se, por exemplo, na imagem
por ressonância magnética (IRM), imagem molecular, diagnóstico auxiliado
por computador, ultrassom 4D, detectores de placa plana, rolamentos de metal
líquido, PACS (arquivamento de imagens e sistemas de comunicação) e RIS
(sistemas de informação de radiologia), entre outros. A cada ano, os avanços
da tecnologia nos permitem redefinir a prática da medicina de maneiras nova e
surpreendente.

Assim, sabe-se que a RM está mudando para um campo ultra alto, a TC


está tendo um crescimento significativo com base na nova tecnologia de detectores
e computadores mais rápidos, a medicina molecular, devido à qualidade de suas
imagens, promete uma nova era de tratamento e diagnóstico de doenças. Nesse
contexto, sabemos que é possível armazenar imagens e relatórios digitalmente,
e acessá-los rapidamente para oferecer um melhor atendimento ao paciente.
Roentgen pode ter começado tudo isso em 1892, quando fez uma imagem da mão
de sua esposa, mas agora é possível considerar uma “era de ouro” da tecnologia,
que não era vista desde os primeiros dias da RM e da TC.

134
TÓPICO 3 — DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO TECNOLÓGICA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

A tecnologia importa, mas apenas na medida em que pode oferecer novos


aplicativos e que os profissionais da saúde entendam o que as imagens significam
clinicamente. Assim, percebe-se que o investimento em tecnologia confiável e
comprovada de um fabricante possui:

• Bom serviço local.


• Diagnóstico remoto desenvolvido.
• Arquitetura de TI disponível.
• Preço razoável.

A única marca de equipamento inaceitável deve ser aquela que não pode
fazer interface com a rede de TI utilizada e, por isso, deve se limitar a certos
fornecedores. Por que isso é importante para o seu esforço de marketing? Vejamos
dois motivos:

• Serviço não confiável significa tempo de inatividade excessivo e não planejado.


Com isso, recusar procedimentos devido ao equipamento inoperante tem
óbvio impacto de curto prazo, mas o impacto de longo prazo pode ser
exponencial.
• A tecnologia de ponta é um dreno potencial para o andamento do serviço de
saúde. A “vanguarda” traz novas tecnologias emergentes de forma confiável
e prática. A tecnologia de ponta pode trazer uma tecnologia ainda mais
inovadora, mas não é confiável em termos de tempo de atividade consistente.

A oportunidade de se diferenciar tecnicamente ou com conhecimentos


específicos (por exemplo, neurorradiologia, imagens corporais, diagnósticos
musculoesqueléticos) será importante para os especialistas. Conforme declarado
anteriormente, os serviços de imagem são normalmente tratados como uma
mercadoria com adequação implícita do produto.

A maioria de seus clientes não tem tempo para entender as nuanças da


tecnologia de imagem que entusiasmam os radiologistas. Novamente, o que mais
importa é o nível de atendimento ao cliente que o serviço de saúde oferece aos
seus pacientes. O atendimento ao cliente é o que mais importa, assim, médicos e
especialistas precisam ser direcionados de forma diferente.

135
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

LEITURA COMPLEMENTAR

O QUE É SISTEMA PACS E COMO ESSA TECNOLOGIA PODE AJUDAR A


SUA CLÍNICA

Robson Fagundes

Se analisar bem, faz pouco tempo que os álbuns de fotos deixaram de ser
comuns. A cerca de 10 ou 15 anos atrás, ainda era normal encontrar pilhas e mais
pilhas de fotos armazenadas em pastas e álbuns separados por período, ano, idade,
festividade. Atualmente, com exceção de álbuns de formatura ou casamento,
poucos ou nenhum outro evento ganha registro físico. Tudo está digitalizado no
celular. Dessa forma, as memórias podem ser rapidamente acessadas na palma
da mão e em qualquer lugar quando estão na nuvem. 

Entender como a tecnologia facilita a vida das pessoas é fundamental para


entender como o sistema PACS facilita a medicina.

Esse termo faz parte da vida de médicos, instituições e centros médicos


desde a década de 1990 – e tem sido aprimorado desde então.

O que é o PACS?

PACS é um sistema de armazenamento de imagens e de comunicação para


clínicas que fazem diagnóstico por imagem. A sigla é uma abreviação para Picture
Archiving and Communication System, que em português significa Sistema de
Comunicação e Arquivamento de Imagens. 

Sua principal função é padronizar e facilitar a comunicação entre clínicas,


hospitais e médicos.

Dessa forma, exames que antes os pacientes levavam em mãos de uma


clínica para outra, ou que eram movimentados entre diferentes hospitais,
podem ser acessados de maneira digital. Antes do sistema PACS, a telemedicina
enfrentava diversos obstáculos, que além de causar demora no diagnóstico,
causava prejuízos financeiros e às vezes obrigava os pacientes a refazer exames
para que eles fossem compatíveis com o sistema utilizado em diferentes clínicas.
O PACS veio para eliminar esses problemas, facilitando o trânsito de informações
e imagens de radiografia entre diferentes estabelecimentos.

Quando surgiu o PACS?

Tudo começou na década de 1980, quando a Internet começou a se


popularizar e alguns aparelhos passaram a digitalizar informações médicas, o
que deu início a mudanças profundas na forma de fazer medicina – ou melhor,

136
TÓPICO 3 — DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO TECNOLÓGICA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

de fazer telemedicina. Com a evolução das necessidades médicas, a tecnologia


exigiu que estes aparelhos fizessem a transmissão de dados de um setor para
outro, entre clínicas e até de um hospital ao outro. E aí começaram os desafios.

Os fabricantes desses aparelhos atenderam essa necessidade criando


sistemas que possibilitavam essa transmissão, mas somente entre aparelhos da
mesma marca. Ou seja: o sistema de um fabricante não era compatível com o
sistema do concorrente. A tomografia realizada por determinado sistema não
poderia ser lida por um sistema de outra marca. E isso gerava grandes limitações
para clínicas, hospitais e pacientes. E como resolver essa questão?

Padrão DICOM: o início da solução

Para eliminar o problema de comunicação entre sistemas de fabricantes


diferentes foi criado o padrão DICOM,  Digital Imaging and Communications in
Medicine.

O padrão DICOM consiste na padronização do armazenamento e da


comunicação eletrônica de imagens geradas por equipamentos de diagnóstico.

O padrão DICOM consiste em:

• Um conjunto de normas que estabelece um formato eletrônico único para


armazenamento e comunicação de informações médicas.
• O protocolo estabelece normas para que imagens geradas por equipamentos de
ressonância magnética, radiografias, tomografias possam ser compartilhadas
entre sistemas.
• O padrão DICOM já está em sua terceira versão, e preza pela compatibilidade
dos novos formatos de imagens de diagnóstico, ao mesmo tempo que mantém
a compatibilidade com os formatos antigos.
• Atualmente, o comitê é formado por quase todos os grandes fabricantes e
instituições médico-científicas do mundo.
• Além de promover a padronização nas trocas dos diversos formatos de imagens
médicas, o padrão DICOM é responsável por facilitar o desenvolvimento e
expansão dos sistemas PACS.

O padrão DICOM ajudou na evolução e desenvolvimento do sistema


PACS, e até hoje norteia as práticas relacionadas à comunicação e armazenamento
de imagens e informações médicas.

Qual é o objetivo do PACS?

137
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

1) Armazenamento

O sistema PACS possibilita o armazenamento de grandes quantidades


de informações médicas, ao mesmo tempo que diminui a chance de extravio de
exames. Imagina que um paciente realizou uma ressonância magnética e precisa
guardá-la para uma consulta futura. A ação do tempo, a forma do armazenamento
em casa, o clima, tudo colabora para a deterioração do exame, prejudicando a
visualização dos profissionais.

Quando o exame precisa ser transportado entre setores ou clínicas, o


extravio dentro dos hospitais obriga o paciente a se deslocar – muitas vezes entre
municípios – para refazê-los, gerando prejuízos financeiros e desgaste.

Dessa forma, além de manter a qualidade, o armazenamento digital


possibilita que o exame seja encontrado com muito mais facilidade, de maneira
ágil, por qualquer profissional que possua a autorização de acesso.

2) Mobilidade

Com a evolução da tecnologia, o sistema PACS também alcançou


diferentes níveis de mobilidade. Os exames que antes já podiam ser acessados
por computadores da mesma rede, com o armazenamento em nuvem podem ser
acessados de qualquer lugar, como smartphone ou tablet. Isso representa uma
melhora na qualidade do atendimento de várias maneiras:

• Em uma emergência, o profissional pode acessar e analisar exames e


informações ainda no deslocamento até o hospital, agilizando o diagnóstico
e o tratamento ao paciente.
• Em casos em que é necessária uma segunda opinião, médicos não precisam
mais contar com a agenda e com a disponibilidade do outro médico, já que
o exame pode ser acessado a distância, sem necessidade de enviar o arquivo
físico de um hospital ao outro.
• Sobretudo nas cidades menores, pacientes que precisam se deslocar para
centros urbanos para realização de exames podem acessar o resultado on-line
ou simplesmente não precisam se deslocar para buscar o exame e levá-lo até
o médico da cidade de residência.

3) Redução de custos

A impressão de exames exige das clínicas investimento de tempo e de


matéria-prima. Isso porque na impressão radiológica são necessários filmes,
papéis, químicos, impressoras e máquinas especiais – que necessitam de
manutenção constante.

Custo que é eliminado ou reduzido quando as imagens são digitalizadas e


vistas em alta definição de maneira on-line. Assim, a impressão só é feita em casos
de extrema necessidade ou quando o paciente solicita. Além do mais, a redução

138
TÓPICO 3 — DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO TECNOLÓGICA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

não é somente de custos, mas de produção de lixo, que traz reflexos bastante
benéficos quanto a sustentabilidade, questão que cada vez mais é vista como
fato positivo para consumidores e clientes dos mais variados serviços, inclusive,
de healthcare.

4) Segurança de Dados

Quando falamos em segurança de dados, o sistema PACS oferece muita


segurança guardando exames e dados de pacientes de maneira criptografada.
Dessa forma, apenas médicos e profissionais que possuem login e senha podem
acessar exames e dados pessoais dos clientes. Isso representa um salto enorme
em segurança e também em privacidade, já que não possibilita que os exames
sejam facilmente violados nos envelopes ou nas caixas de armazenamento nas
clínicas.

5) Histórico do paciente

É muito mais comum do que deveria o fato de que médicos façam


prescrições sem ter acesso completo ao histórico do paciente devido a vários
motivos. Para evitar isso, é normal que em todas as consultas os pacientes precisem
traçar uma linha do tempo de acontecimentos, procedimentos e medicamentos a
quais eles foram submetidos. Mas muitas vezes a memória falha e não é possível
entregar ao médico todas as informações pertinentes. Por isso, o sistema PACS é
tão benéfico, pois permite ao médico ter uma visão cronológica dos eventos de
saúde do paciente, ou ainda, permite que eles sejam organizados por meio da
aplicação de filtros.

Como funciona o sistema PACS?

Entender o que é o sistema PACS e sua origem baseada no padrão DICOM


é imprescindível para entender o funcionamento desses sistemas. Basicamente, o
sistema pode ser resumido em cinco etapas básicas.

• Captura de imagens a serem analisadas a partir de equipamentos usados nos


exames de diagnóstico: tomografia, mamografia, ressonância magnética, raio x.
• Em seguida, entra a parte do padrão DICOM: as imagens são transmitidas
pelo equipamento a um servidor, por meio de um protocolo de transferência
– DICOM ou demais existentes – que determina o formato desses arquivos.
• Os dados transmitidos são então armazenados numa estrutura de dados
externa, como na nuvem, ou então em um servidor próprio, caso a instituição
possua.
• As informações armazenadas ficam disponíveis para visualização em sistemas
web, como as plataformas utilizadas por empresas de Telemedicina ou então
em estações de trabalho que permitem que os dados sejam acessados off-line.
• Os dados podem então ser acessados por pacientes e profissionais de saúde
que tem acesso ou credenciais para ver essas informações.

139
UNIDADE 3 — TELEDIAGNÓSTICO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Por manter dados importantes de pacientes – na nuvem ou em servidores


próprios – o sistema PACS sofre impactos diretos relacionados a segurança de
dados e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Os impactos da LGPD na saúde digital

A Lei Geral de Proteção de Dados, entre tantas coisas, determina de que


maneira os dados dos clientes devem ser tratados pelos prestadores de serviços,
empresas e instituições. A legislação trata, sobretudo, dos dados considerados
sensíveis, que podem ser usados de maneira discriminatória contra os pacientes.
Dessa forma, as empresas devem se certificar de garantir segurança aos dados
coletados – e principalmente, coletar somente os dados estritamente necessários
para a finalidade.

Na área médica, isso se torna um pouco mais sensível em certos aspectos,


já que informações de saúde, exames e diagnósticos de doenças devem ficar
registrados de maneira a facilitar o acesso dos profissionais de saúde, sobretudo
em redes que são compartilhadas, como hospitais públicos onde o acesso é
fundamental para manter a agilidade no atendimento. Nessa hora, alguns
padrões já praticados no sistema PACS como a criptografia de dados e os backups
periódicos vão auxiliar. Por outro lado, será necessário reforçar o controle de
acesso a dispositivos usados remotamente, garantir o acesso a conexões de redes
seguras, garantir tecnologias de proteção, entre outras coisas.

Quanto a coleta de dados

Outra questão que vai interferir drasticamente na questão da saúde é


o uso de dados de pacientes. Isso porque a LGPD prevê que as pessoas sejam
informadas sobre a finalidade da coleta de dados. Dessa forma, estabelecimentos,
instituições e clínicas não devem coletar informações que não são relevantes.
Quando as informações coletadas, a LGPD protege as pessoas de que esses dados
sejam compartilhados ou vendidos a terceiros, fazendo com que a instituição se
torne responsável pela manutenção e segurança dos dados.

Quando os dados forem repassados a terceiros, um novo consentimento


deverá ser elaborado. Assim, cabe às instituições médicas, clínicas e hospitais
serem transparentes com os pacientes.

Sobre a manutenção dos dados

É importante reforçar que a LGPD não compreende apenas os dados


coletados a partir da data em que ela passa a vigorar, mas também aqueles
coletados durante todos os anos e que atualmente então nos sistemas, ferramentas
e softwares das empresas. Então como as clínicas, consultórios e hospitais devem
fazer para garantir que esses dados estão em conformidade com que prevê a nova
lei?

140
TÓPICO 3 — DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO TECNOLÓGICA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Será necessário realizar uma auditoria interna dos dados que já foram
coletados e daqueles que são cadastrados dos novos pacientes. É importante
também revisar quem tem acesso a estes dados – o que pode ser facilmente
identificado a partir da revisão dos fluxos de trabalho. Por fim, além das medidas
que envolvem tecnologia e segurança, é necessário investir em medidas de
educação e orientação para os profissionais que vão lidar diretamente com esses
dados.

O PACS é um sistema que, acima de tudo, traz segurança, agilidade e


impacta na produtividade dos profissionais da área médica. Para os hospitais,
clínicas e consultórios, o PACS representa menos burocratização, uma forma
de padronizar a linguagem e o compartilhamento de imagens entre os
estabelecimentos de saúde. Outro benefício é que se trata de um sistema intuitivo
e que pode ser facilmente aprendido pelos profissionais, o que resulta num
impacto positivo e melhora na qualidade dos processos realizados.

Por fim, contar com uma empresa especializada em software, capaz de


auxiliar em todo o processo de instalação e adaptação promoverá resultados
bastante satisfatórios para as clínicas, consultórios e hospitais que desejam evoluir
para este sistema.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2Zexzar>. Acesso em: 20 set. 2021.

141
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Aos avanços na telemedicina estão vinculados diretamente às Tecnologias de


Informação, as quais estão a cada dia mais vinculadas ao cotidiano da área
médica e dos sistemas de saúde.

• O contexto para aplicabilidade dos serviços de telessaúde são diversos,


porém, todos têm como meta melhorar a qualidade da assistência prestada,
possibilitar o acesso aos serviços especializados e o aumento da resolutividade
do nível básico, entre outros. As zonas rurais e comunidades situadas em
regiões mais remotas são as principais beneficiadas com a implantação da
telessaúde.

• É de grande importância para o sucesso do programa o envolvimento da


comunidade e do poder público na identificação de áreas e populações que
apresentem agravos de saúde e/ou deficiência na assistência. A partir de
um levantamento técnico capaz de apontar os reais problemas de saúde,
é possível adequar as condutas à realidade local e às condições culturais e
socioeconômicas da população a ser beneficiada pelos serviços advindos da
implantação da Telessaúde.

• A superação dos entraves físicos e geográficos a partir do uso de tecnologia


em práticas de saúde torna essa ferramenta valiosa e indispensável para
formação, atualização e ampliação da prática profissional em saúde.

CHAMADA

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142
AUTOATIVIDADE

1 A educação continuada e capacitação técnica para profissionais de saúde é


de fundamental importância, pois proporciona segurança e qualidade nas
funções desenvolvidas por estes trabalhadores e auxilia na mudança de
postura sobre seu ambiente de trabalho. Assinale a alternativa CORRETA
com relação ao processo de educação continuada.

a) ( ) A educação continuada possibilita a atualização de conhecimentos e


aquisição de novas informações somente aos profissionais vinculados
a grandes centros hospitalares, permite ao trabalhador continuar
vivenciando experiências após sua formação inicial.
b) ( ) Um elemento importante para a implantação do ensino em ambientes
clínicos é a educação continuada, pois através dela consegue-se a
atualização de conhecimentos e aquisição de novas informações.
c) ( ) A educação continuada permite ao trabalhador continuar vivenciando
experiências após sua formação inicial – aumentando ou melhorando
a sua competência profissional, objetivando a efetividade das suas
responsabilidades coletivas e individuais.
d) ( ) A educação continuada é uma ferramenta que pode se encaixar aos
profissionais de saúde objetivando o aprendizado ao longo da carreira,
potencia­lizando-os como sujeitos sociais responsáveis e empáticos,
com competências políticas, práticas e críticas e com habilidades de
fazer do seu trabalho instrumento de contribuição para uma sociedade
ética, porém, esta impossibilita a fuga do aprendizado mecânico.

2 O sistema de implantação tecnológica hospitalar pode ajudar a trazer


conhecimentos e habilidades especiais para trabalhos remotos, bem como
os menos remotos, mas em áreas com desvantagens médicas. Assinale a
alternativa CORRETA quanto aos fatores necessários para a implantação
desse sistema em centros hospitalares.

a) ( ) Formação continuada assíncrona e capacitação técnica informal.


b) ( ) Capacitação intelectual e formação diagnóstica dos profissionais da
saúde.
c) ( ) Capacitação técnica e educação continuada dos trabalhadores e
informatização de processos de telessaúde.
d) ( ) Formação intelectual continuada e capacitação técnica informal dos
profissionais da saúde.

3 A principal vantagem da utilização do telediagnóstico está na melhoria


do acesso, especialmente para moradores de locais distantes dos grandes
centros urbanos, aos métodos diagnósticos essenciais à atenção à saúde. A
respeito do serviço de telemedicina, assinale a alternativa CORRETA:

143
a) ( ) Nos últimos anos tem havido uma grande preocupação com o
desenvolvimento de sistemas de Telemedicina, ainda que estes não
sejam muito úteis para fornecer serviços de saúde e comunicação entre
os médicos a fim de estabelecer um diagnóstico.
b) ( ) Ocorre como uma combinação, de forma independente, de tecnologia
de telecomunicações e medicamentos, uso de informações eletrônicas
e tecnologias de comunicação para fornecer e apoiar os cuidados de
saúde, de forma síncrona.
c) ( ) Atualmente, não há uma grande preocupação com o desenvolvimento
de sistemas de telemedicina, pois não são muito úteis para fornecer
serviços de saúde e comunicação entre os médicos.
d) ( ) A integração de sistemas de telemedicina com os sistemas de
informação hospitalar é uma preocupação contínua dos pesquisadores
neste campo.

4 A Educação Continuada, em escala nacional, passou a ser integrada a uma


política pública através da Política Nacional de Educação Permanente
em Saúde, aprovada pelo Ministério da Saúde, por meio de legislação
instituída no ano de 2007. Recomenda-se que os processos de educação
dos trabalhadores da saúde se façam pela problematização do processo
de trabalho. Disserte a respeito do conceito sobre o termo Educação
Continuada.

5 O termo telemedicina ramificou-se em instituições de forma ágil e,


atualmente, há diversas associações nacionais de telemedicina em escala
mundial, inclusive nacionalmente. Disserte sobre as principais vantagens
da telemedicina.

144
REFERÊNCIAS
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conhecimento do trabalhador em saúde sobre situações de risco. Ciênc. saúde
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Redefine e amplia o Programa Telessaúde Brasil, que passa a ser denominado
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