7 Avaliação Gestante
7 Avaliação Gestante
7 Avaliação Gestante
CHRISTINA PELLICIARI
Algumas medidas antropométricas apresentam uma combinação de influências genéticas e ambientais que
influenciam, independentemente, o peso ao nascer e a duração da gestação, sendo que nenhum é igual ou
aditivo, as mais importantes são:
a) Estatura materna:
As pesquisas demonstram que gestantes mais altas geram bebês mais pesados, pois além de apresentarem
maior peso antes da concepção, frequentemente ganham mais peso durante a gestação. Deve-se ter cuidado
na medição da estatura da gestante, pois as mudanças biológicas que ocorrem na gravidez podem afetar a
interpretação da estatura maternal relativa ao estado não maternal, um exemplo é a lordose normal da
gravidez, que pode subestimar a estatura materna com o progresso da gravidez. Este efeito pode ocultar os
aumentos na estatura materna de mães adolescentes em fase de crescimento.
O ganho de peso durante a gestação e o modo como ele se processa são importantes indicadores do EN da
gestante. O padrão de ganho de peso é mais importante do que o total de ganho, pois um ganho de peso
súbito ou excessivo acompanhado de edema e não justificado por mudanças na alimentação pode indicar
patologia como a síndrome hipertensiva gestacional, principalmente após a 20ª semana gestacional.
A gordura armazenada durante a gestação serve como reserva de energia e evita o catabolismo dos tecidos
maternos durante a lactação. Mesmo a gestante obesa não deve corrigir seu problema de peso durante a
gestação, pois uma restrição calórica pode limitar alguns nutrientes essenciais para o crescimento e
desenvolvimento do feto e para à mãe. Nestas condições recomenda-se um ganho de peso mínimo de 7 kg
durante toda a gestação, o que corresponde em média ao peso dos produtos da concepção, e uma atenção
especial na elaboração do plano alimentar da gestante.
Gestantes adolescentes: com peso pré-gestacional abaixo do adequado na época da concepção e/ou
ganho insuficiente durante a gestação apresenta maior risco de prematuridade e de baixo peso ao
nascer, quando comparadas a gestantes adultas. As recomendações de ganho são 1,4 a 2,3kg
durante o 1º trimestre e de 0,5kg por semana até a 40ª sem. Adolescentes com idade ginecológica
menor que 2 anos (menarca < 2 anos) necessitam de ganho de peso maior (crescimento).
Recomendações segundo IMC pré-gestacional:
IMC pré-gestacional Interpretação Ganho peso total (kg)
Gestantes com estatura < 1,57m devem ganhar o limite mínimo da faixa de ganho de peso
recomendada, segundo o IMC pré-gestacional;
Ganhos maiores de 3kg/ mês, especialmente após a 20ª sem., investigar PA, proteinúria e edema;
Ganho mínimo semanal 0,3 kg e máximo = 0,5kg e ganho (valores superiores devem ser
ajustados).
Gestantes que no 2º trimestre já ganharam todo o peso recomendado até o fim da gestação,
orienta-se: 1,0 kg/mês para as que apresentaram IMC pré-gestacional adequado e 0,5 kg/mês
para as obesas (pré-gestacional);
Gestante adolescente ganho de peso igual a mulheres adultas, exceto com obesidade pré-
gestacional => entre 1 a 9 kg.
Gestação gemelar (2 fetos): IMC pré-gestacional adequado entre 16 a 20kg, com ganho semanal
de 0,75kg, no 2º e 3º trimestres. Para as outras categorias de IMC pré-gestacional o ganho de
peso deve ser avaliado individualmente.
MATERIAL EXTRAÍDO DE: MANUAL TÉCNICO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO – ATENÇÃO
QUALIFICADA E HUMANIZADA. BRASÍLIA, 2006.
8.1 MÉTODOS PARA CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL (IG) E DA DATA PROVÁVEL DO PARTO
(DPP)
II. Quando a data da última menstruação é desconhecida, mas se conhece o período do mês em que
ela ocorreu:
• Se o período foi no início, meio ou fim do mês, considerar como data da última menstruação os dias 5, 15 e
25, respectivamente. Proceder, então, à utilização de um dos métodos acima descritos.
O peso deve ser aferido em todas as consultas de pré-natal. A estatura da gestante adulta (idade > 19 anos)
deve ser aferida apenas na primeira consulta e a da gestante adolescente pelo menos trimestralmente.
Recomenda-se a utilização da balança eletrônica ou mecânica, certificando-se se está em bom funcionamento
e calibrada. O cuidado com as técnicas de medição e a aferição regular dos equipamentos garante a
qualidade das medidas coletadas.
4. Classifique o estado nutricional (EN) da gestante, segundo IMC/semana gestacional em: BP (baixo peso),
A (adequado), S (sobrepeso), O (obesidade).
Obs.: o ideal é que o IMC considerado no diagnóstico inicial da gestante seja o IMC pré-gestacional referido ou
o IMC calculado a partir de medição realizada até a 13ª semana gestacional. Caso isso não seja possível,
inicie a avaliação da gestante com os dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra após a
13ª semana gestacional.
Fonte: Institute of Medicine Nutrition during Pregnancy. Washington, DC: national Academy Press, 1990. WHO 1995.
* => Categorias propostas baseadas em dados da Metropolitam Life Insurance Company's, pela falta de ponto de corte
validado para a idade reprodutiva.
** Entende-se 1º trimestre IG < 14 semanas; 2º trimestre IG ≥ 14 < 28 semanas e 3º trimestre: IG ≥ 28 semanas
Em função do estado nutricional pré-gestacional ou no início do pré-natal (tabela IMC anexo 2), estime o
ganho de peso total até o fim da gestação. Para cada situação nutricional inicial (baixo peso, adequado,
sobrepeso ou obesidade), há uma faixa de ganho de peso recomendada. Para o primeiro trimestre, o ganho foi
agrupado para todo o período, enquanto que, para o segundo e o terceiro trimestre, o ganho é previsto por
semana. Portanto, já na primeira consulta, deve-se estimar quantos gramas a gestante deverá ganhar no
primeiro trimestre, assim como o ganho por semana até o fim da gestação. Essa informação deve ser
fornecida à gestante.
Observe que as gestantes deverão ter ganhos de peso distintos, de acordo com seu IMC inicial. Para a
previsão do ganho, faz-se necessário calcular quanto a gestante já ganhou de peso e quanto ainda deve
ganhar até o fim da gestação em função da avaliação clínica.
Gestantes de baixo peso deverão ganhar entre 12,5 e 18,0 kg durante toda a gestação, sendo esse ganho, em
média, de 2,3 kg no primeiro trimestre da gestação (até 13ª semana) e de 0,5 kg por semana no segundo e
terceiro trimestres de gestação.
Essa variabilidade de ganho recomendado deve-se ao entendimento de que gestantes com BP acentuado, ou
seja, aquelas muito distantes da faixa de normalidade, devem ganhar mais peso (até 18,0 kg) do que aquelas
situadas em área próxima à faixa de normalidade, cujo ganho deve situar-se em torno de 12,5 kg.
Da mesma forma, gestantes com IMC adequado devem ganhar, até o fim da gestação, entre 11,5 e 16,0 kg,
aquelas com sobrepeso devem acumular entre 7 e 11,5 kg, e as obesas devem apresentar ganho em torno de
7 kg, com recomendação específica e diferente por trimestre.
Nas consultas subseqüentes, a avaliação nutricional deve ser feita repetindo-se os procedimentos (I) e (II) do
tópico anterior. Essa avaliação permite acompanhar a evolução do ganho de peso durante a gestação e
examinar se esse ganho está adequado em função do estado nutricional da gestante no início do pré-natal.
Esse exame pode ser feito com base em dois instrumentos: as Recomendações do IOM, que indica qual o
ganho recomendado de peso segundo o estado nutricional da gestante no início do pré-natal, e o Curva do
IMC de acordo com a semana gestacional (anexo 3), (ascendente, horizontal, descendente).
Realize o acompanhamento do estado nutricional, utilizando o gráfico de IMC por semana gestacional. O
gráfico é composto por eixo horizontal com valores de semana gestacional e por eixo vertical com valores de
IMC [peso (kg)/altura2 (m)]. O interior do gráfico apresenta o desenho de três curvas, que delimitam as quatro
faixas para classificação do EN:
Baixo peso (BP), adequado (A), sobrepeso (S) e obesidade (O).
Para realizar o diagnóstico de cada consulta, deve-se proceder conforme descrito a seguir:
1. Calcule a semana gestacional;
2. Calcule o IMC conforme descrito no item (I) do tópico anterior;
3. Localize, no eixo horizontal, a semana gestacional calculada e identifique, no eixo vertical, o IMC da
gestante;
4. Marque um ponto na interseção dos valores de IMC e da semana gestacional;
5. Classifique o EN, segundo IMC por semana gestacional, conforme legenda do gráfico: BP, A, S, O;
6. A marcação de dois ou mais pontos no gráfico (primeira consulta e subseqüentes) possibilita construir o
traçado da curva por semana gestacional. Ligue os pontos obtidos e observe o traçado resultante;
7. Em linhas gerais, considere traçado ascendente como ganho de peso adequado, e traçado horizontal ou
descendente como ganho de peso inadequado (gestante de risco).
Vale ressaltar que a inclinação recomendada para o traçado ascendente irá variar de acordo com o estado
nutricional inicial da gestante (anexo 4).
É de extrema importância o registro do estado nutricional tanto no prontuário quanto no cartão da gestante
(anexo 5). A avaliação do estado nutricional é capaz de fornecer informações importantes para a prevenção e
o controle de agravos à saúde e nutrição, contudo vale ressaltar a importância da realização de outros
procedimentos que possam complementar o diagnóstico nutricional ou alterar a interpretação deste, conforme
a necessidade de cada gestante. Assim, destaca-se a avaliação clínica para detecção de doenças associadas
à nutrição (ex.: diabetes), a observação da presença de edema, que acarreta aumento de peso e confunde o
diagnóstico do estado nutricional, a avaliação laboratorial, para diagnóstico de anemia e outras doenças de
interesse clínico, conforme as normas deste manual.
Disponível só em xerox
ANEXO 2
ANEXO 3
ANEXO 4
ANEXO 4
ANEXO 5