Livro Proprietário Nutrição
Livro Proprietário Nutrição
Livro Proprietário Nutrição
autora
JOYCE MORAES CAMARNEIRO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial sergio augusto cabral; roberto paes; gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-151-2
1. Princípios da Nutrição 9
Objetivos 10
1.1 Introdução à Nutrição 11
1.1.1 Comportamento alimentar: sabemos nos
Alimentar Adequadamente? Como Escolher e Preparar os Alimentos? 13
1.1.2 Hábitos Alimentares, Crenças e Tabus Alimentares 18
1.1.3 Etapas relacionadas à nutrição humana: do alimento à célula 20
1.2 Composição dos Alimentos: A Bioquímica
Nutricional e dos Alimentos 22
1.2.1 Alimentos, Metabolismo e Biodisponibilidade dos Nutrientes no
Organismo Humano 22
1.2.2 Água e Equilíbrio Hídrico no Organismo Humano 42
Reflexão 47
Referências bibliográficas 47
Objetivos 50
2.1 Teorias e os novos paradigmas educacionais em saúde e nutrição 51
2.2 A Política de Saúde no Brasil 53
2.2.1 Programas de Alimentação e Nutrição 54
2.2.1.1 Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) 54
2.2.1.2 Bolsa Família (PBF) 56
2.2.1.3 Vitamina A Mais 57
2.2.1.4 Programa Nacional de Suplementação de Ferro 57
2.2.1.5 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) 58
2.2.1.6 Política Nacional da Promoção da Saúde 61
2.2.1.7 Guia da População Brasileira 63
2.3 Epidemiologia dos Principais Distúrbios Nutricionais
(Desnutrição Proteico-Energética, Hipovitaminoses,
Anemias Nutricionais) 65
2.4 Planejamento de Intervenções Educativas em Nutrição 65
2.4.1 Planejamento de Intervenções educativas em nutrição 66
2.4.2 Características dos Programas de Educação Nutricional
segundo grupo etário 68
2.4.2.1 Pré-escolar 68
2.4.2.2 Escolar e Adolescentes 69
2.4.2.3 Adultos e Idosos 71
2.4.3 Métodos e Estratégias Educativas 73
Reflexão 75
Referências bibliográficas 75
3. Avaliação Nutricional 79
Objetivos 80
3.1 Avaliação do Estado Nutricional do Paciente Hospitalizado 81
3.1.1 História nutricional 81
3.1.2 Avaliação Integrada de pacientes hospitalizados 84
3.1.3 Avaliação Subjetiva Global (ASG) 84
3.2 Avaliação clínica nutricional: dietética,
bioquímica e antropométrica de pacientes
hospitalizados em diferentes fases da vida 89
3.2.1 Exame físico 90
3.2.2 Antropometria 95
3.2.2.1 Peso, altura e IMC 96
3.2.2.2 Circunferências e Dobras Cutâneas 100
3.2.2.3 Exames laboratoriais 103
3.2.2.4 Avaliação do consumo Alimentar 106
Reflexão 108
Referências bibliográficas 108
4. Terapia Nutricional 109
Objetivos 110
4.1 Principais Dietas Hospitalares 111
4.1.1 Tipos de Dietas Hospitalares. 111
4.1.2 NPO (Nada por via Oral) 112
4.1.3 Dieta Líquida, Líquida Restrita ou Líquida Clara:
(Não deve ser usada além de 36 horas) 113
4.1.4 Dieta Líquida Completa: 113
4.1.5 Dieta Pastosa: 113
4.1.6 Dieta leve ou semi-pastosa: 114
4.1.7 Dieta Branda: 114
4.1.8 Terapia Enteral 115
4.1.9 Terapia Parenteral 121
4.2 Dietoterapia Aplicada a Situações Clínicas
Específicas Relacionadas ao Sistema Digestório 123
4.2.1 Disfagia 123
4.2.2 Onofagia 124
4.2.3 Regurgitação 124
4.2.4 Pirose 124
4.2.5 Esofagite 124
4.2.6 Acalásia 124
4.2.7 Hérnia de Hiato 125
4.2.8 Gastrite 125
4.2.9 Úlcera 126
4.2.10 Flatulência 126
4.2.11 Diarreia 127
4.2.12 Constipação 127
4.2.13 Colecistite 128
4.2.14 Hemorroidas 128
4.2.15 Pancreatite 129
4.2.16 Diverticulite 129
4.2.17 Intolerância à Lactose 129
4.2.18 Doença Celíaca 130
4.3 Dietoterapia nas Doenças Cardiovasculares,
Diabetes Mellitus, Obesidade e Síndrome Metabólica 131
4.3.1 Diabetes Mellitus 131
4.3.2 Arteriosclerose 133
4.3.3 Obesidade 133
4.3.4 Síndrome Metabólica 133
4.4 Dietoterapia nas Doenças do Aparelho Locomotor:
Osteoporose, Artrite Reumatóide e Gota. 134
4.4.1 Artrite Reumatoide 134
4.4.2 Osteoporose 134
4.4.3 Gota 135
REFLEXÃO 136
4.5 Dietoterapia nas Anemias Nutricionais 136
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 137
OBJETIVOS 140
5.1 Nutrição Maternoinfantil: princípios do cuidado nutricional à saúde da
mulher (gestante e nutriz) e do lactente 141
5.1.1 Gestação 141
5.1.2 Nutriz 146
5.1.3 Lactente 149
5.2 Nutrição na Infância: princípios do cuidado
nutricional à saúde da criança e do adolescente. 150
5.2.1 Saúde da Criança. 150
5.2.2 Saúde do adolescente 151
5.3 Nutrição do Adulto e do idoso:
princípios do cuidado nutricional à saúde do adulto e do idoso. 153
5.3.1 Saúde do adulto 153
5.3.1.1 Adulto com atividade Intensa 154
5.3.1.2 Adulto com atividade intelectual 154
5.3.2 Saúde do Idoso 157
5.3.2.1 Fatores que Interferem na Alimentação 157
5.3.2.2 necessidades Nutricionais 159
5.3.3 Promoção da Alimentação saudável na educação em saúde 159
5.3.3.2.1 Estratégicas de Intervenção dietética para Idosos 160
5.3.3.2.2 Universidade Aberta para Idosos 162
5.3.3.2.3 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa 163
5.3.3.2.4 Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa 163
Reflexão 165
Referências bibliográficas 165
1
Princípios da
Nutrição
A disciplina Nutrição encontra-se articulada com todas as disciplinas dire-
cionadas à formação profissional, contempladas pelo curso de Enfermagem,
proporcionando a você, discente, não apenas o conhecimento sobre a Ciência
da Nutrição, mas também sobre temas atuais fundamentados em pesquisas
científicas e, sobretudo, voltados ao profissional de enfermagem.
Neste capítulo inicial, encontram-se os conceitos básicos de nutrição que
são fundamentais para a compreensão da Ciência da Nutrição.
Para isso, essa unidade permitirá reflexão sobre os seguintes aspectos:
OBJETIVOS
Ao final dessa unidade você compreenderá as etapas relacionadas à nutrição humana além de
evidenciar a importância de uma nutrição adequadae do equilíbrio hídrico para a manutenção
da saúde.
O desafio de atuar na área da Saúde está relacionado à formação de profissionais críticos,
reflexivos e éticos capacitados a atuar em todos os níveis de Atenção à Saúde.
10 • capítulo 1
1.1 Introdução à Nutrição
Para que você, futuro profissional de enfermagem, possa compreender a Ci-
ência da Nutrição, é necessário que fiquem claros os conceitos básicos de
nutrição.
Iniciamos abordando a ciência da nutrição, focando os alimentos e os nu-
trientes que são chamados substâncias bioativas, sua ação, interação e balanço
em relação à saúde e à enfermidade, assim como os processos por meio dos
quais o organismo ingere, absorve, transporta, utiliza os componentes e excre-
ta os resíduos (GALISA, 2008).
capítulo 1 • 11
São produtos de origem animal, vegetal ou sintéticos que fornecem aos indiví-
ALIMENTOS duos a energia que precisam para crescer, andar, correr, pensar, respirar e até
dormir. São constituídos por nutrientes.
São as substâncias químicas(proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e
NUTRIENTES minerais) responsáveis pela manutenção de todas as reações bioquímicas
necessárias para o perfeito e pleno funcionamento do organismo.
Estado fisiológico transmitido do sistema nervoso ao aparelho digestivo,
FOME acompanhado de sensações desagradáveis provocadas pela privação de
alimentos.
Conjunto de sensações que interferem diretamente no ato da alimentação,
APETITE com influências do estado psicológico.
1ª LEI: DA QUANTIDADE
12 • capítulo 1
2ª LEI: DA QUALIDADE
A alimentação deve ser completa em sua composição, para oferecer ao organismo, que
é indispensável, todas as substâncias que o integram. A alimentação completa inclui
todos os nutrientes que devem ser ingeridos diariamente(TIRAPEGUI, 2007).
3ª LEI: DA HARMONIA
As quantidades dos diversos nutrientes que integram a alimentação deve guardar uma
relação de proporção entre si, como por exemplo, relação cálcio/fósforo: 0,65 para
adultos, e 1,0 para crianças e gestantes(TIRAPEGUI, 2007).
4ª LEI: DA ADEQUAÇÃO
capítulo 1 • 13
cer,infarto e diabetes) estão relacionadas diretamente ao modo como nos ali-
mentamos. A dieta está também implicada em outras condições patológicas.
Assim, a dieta inadequada é fator de morbidade e mortalidade e alimentar-se
corretamente constitui a base fundamental da saúde.
De acordo com Carvalho et al. (2013),
14 • capítulo 1
que são importantes fontes alimentares de nutrientes essenciais e que propor-
cionam alimentação completa, adequada e saudável.
Os grupos dos alimentos encontram-se na Pirâmide dos alimentos, um guia
que serve de instrumento informativo à população em geral sobre os mesmos.
Tem por objetivo, identificar todos os alimentos de forma didática e atrativa,
visando à promoção da saúde, dos bons hábitos alimentares e a melhoria do
estado nutricional da população (MENDONÇA, 2010).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, (2005) a pirâmide dos alimen-
tos foi criada para promover o bem-estar nutricional da população, servindo
como um guia para a boa alimentação com alimentos e porções indispensáveis
para o dia a dia.
A pirâmide alimentar brasileira foi criada em 1999, por Sônia Tucunduva
Philippi, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP
(Universidade de São Paulo). Em 2013, a pirâmide foi adaptada e passou a dis-
por de novos alimentos, novas propostas, essa inserção foi feita para melhor
adaptação à dieta e aos hábitos culturais dos brasileiros. A nova pirâmide tam-
bém conta com a redução do valor energético diário para 2.000 Kcal, fraciona-
mento da dieta em seis porções diárias e o incentivo à prática de atividades físi-
cas (PHILLIP, 2013).
Abaixo estão descritosos grupos dos alimentos, bem como suas funções e
alimentos fontes.
capítulo 1 • 15
No Grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca, além dos convencionais,
destacou-se a presença do arroz integral, pão de forma integral, pão francês in-
tegral, farinha integral, biscoito integral, aveia, e inclusão da quinoa e do cereal
tipo matinal. Apresenta função energética, por isso denominado como grupo
dos energéticos, tendo como principal nutriente os carboidratos.
No Grupo das frutas houve o realce maior para as frutas regionais: caju,
goiaba, graviola e a inclusão dos sucos e salada de frutas.
No Grupo das verduras e legumes foram incluídas as folhas verdes escuras,
repolho, abobrinha, berinjela, beterraba, brócolis, couve flor, cenoura com fo-
lhas, e a salada com diferentes vegetais. O grupo das frutas, verduras e legumes,
apresentam função reguladora, denominado como grupo dos reguladores, ten-
do como principais nutrientes, as vitaminas, minerais e fibras.
No Grupo do leite, queijo e iogurte: maior visibilidade a todos os alimentos
do grupo como fonte importante de riboflavina (B2) e principal fonte de cálcio
na alimentação.
No Grupo das carnes e ovos: maior destaque para os peixes do tipo salmão
e sardinha e peixes regionais e para os cortes mais magros e grelhado, frango
sem pele e ovos.
No Grupo dos feijões e oleaginosas: o feijão e a soja como preparação culi-
nária , a lentilha e o grão de bico, e as oleaginosas como castanha do brasil e
castanha de caju. Os grupos do leite e derivados, carnes e ovos e feijões e oleagi-
nosas, apresentam função construtora, denominado com grupo dos construto-
res, tendo como principal nutriente as proteínas.
No grupo dos óleos e gorduras houve destaque para o azeite e no Grupo de
açúcares e doces colocou-se o chocolate e o açucareiro. Mas ressaltamos que
esse grupo estão presentes os alimentos fontes, como as guloseimas.
Uma dieta adequada deve ser baseada em alimentos de todos os grupos ali-
mentares da pirâmide, principalmente em alimentos em sua forma natural,re-
forçando o consumo dos grupos das frutas e dos legumes e verduras). As infor-
mações nutricionais obrigatórias presentes nos rótulos dos alimentos devem
ser objeto de orientação, para que a população desenvolva a prática da busca
e do entendimento destas informações. Utilizando-se corretamente o número
de porções de cada grupo da pirâmide alimentar, mantendo sua proporção e
variedade(PHILLIP, 2013).
A reeducação alimentar, baseada nos grupos dos alimentos, tem a finalida-
de preventiva e terapêutica, destinada a indivíduos ou a grupos. O organismo
16 • capítulo 1
precisa de quantidade de energia suficiente para seu trabalho e manutenção
de temperatura constante, que denominamos de valor energético total (VET).
A dieta deve fornecer a quantidade de energia para satisfação das exigências
energéticas. Dessa forma, o regime alimentar deve ser completo em alimentos
nutritivos, objetivando emmanter os indivíduos sadios e conservá-los saudá-
veis, cuidar de enfermidades e restaurar a saúde.
Portanto, deve-se destacar, que a ciência não pode assegurar que uma de-
terminada dieta forneça a proteção necessária contra doenças, mas com base
em estudo epidemiológicos e experimentais, algumas recomendações devem
ser seguidas:
A dieta não é única chave de uma vida mais longa e saudável. A boa nutrição
deve fazer parte de um estilo de vida saudável que também inclui o exercício
físico regular, não fumar ou beber álcool excessivamente, administrar a tensão
e o estresse, e limitar a exposição a perigos ambientais , entre outros fatores .
Há ainda a influência genética sobre a saúde: os genes são determinantes no
capítulo 1 • 17
risco de problemas de saúde , mas não subestime a influência de como e o que
você come. O excesso de comida pode resultar em excesso de peso e até mesmo
de certos nutrientes, enquanto comer muito pouco pode conduzir a numerosas
deficiências de nutrientes à baixa massa corporal.
CONEXÃO
Qual a diferença de hábitos alimentares com comportamento alimentar? Para detalhes, leia
o artigo científico:
http://mastereditora.com.br/periodico/20141001_083919.pdf
18 • capítulo 1
De acordo com Gaspar (2009), as tradições e crenças populares têm sido
transmitidas de geração em geração, através da observação e registro feitos por
viajantes, missionários, folcloristas, etnólogos e outros pesquisadores interes-
sados no tema.
A alimentação é um tema cercado por diversos mitos e tabus em todas as so-
ciedades e, como não poderia deixar de ser, no Brasil existe uma grande quan-
tidade deles.
Tabus alimentares são crenças e superstições referentes à ingestão de ali-
mentos ou à combinação deles, que seriam prejudiciais à saúde e que muitos
folcloristas chamam de faz-mal(GASPAR, 2009).
Apesar de não terem nenhuma comprovação científica, os tabus acabam
sendo assumidos pela população, principalmente a menos esclarecida, como
“verdades”.
De acordo com o folclorista Câmara Cascudo, os tabus alimentares brasilei-
ros se originaram no formalismo religioso português que, ao impor obrigações
ao corpo faz com que as almas ameaçadas de castigos permaneçam seguras.
Dessa forma, muitos tabus surgem para reprimir excessos, como comer de-
mais, por exemplo(GASPAR, 2009).
No Nordeste do Brasil há uma grande incidência de tabus originários das
culturas portuguesa, negra e indígena.
Um dos tabus alimentares mais conhecidos no Brasil, de norte a sul, é que
faz mal chupar manga e tomar leite, em seguida, porque causa congestão. O
tabu é antigo e teria surgido na época do Brasil colonial, quando os fazendei-
ros o inventaram, para evitar que os escravos chupassem manga, cuja safra era
abundante, e tomassem leite às escondidas, por ocasião das ordenhas, dimi-
nuindo assim o volume do produto que chegava à casa-grande. Foi dissemina-
da a crença entre os escravos que a mistura poderia até matar.
Há também vários outros tabus referentes ao consumo da fruta:
capítulo 1 • 19
frutas, fizeram com que muitos desses tabus envolvendo o consumo de frutas
perdessem a força, principalmente em grande centros urbanos.
Outros tabus alimentares registrados e difundidos pelo Brasil:
20 • capítulo 1
favorecendo a mastigação e a deglutição, dissolver os alimentos, permitindo
a degustação, umedecer as mucosas da boca e iniciar a digestão do amido e a
hidrólise das gorduras através da lipase lingual (DOVERA, 2015).
Após a saliva exercer essas funções, os carboidratos, através da ptialina,
continua o bolo alimentar, estimulando a secreção do ácido clorídrico (HCL),
pepsinogênio e de glândulas principais, dando início a digestão das proteínas e
simultaneamente, as gorduras começam a se separar no estômago.
capítulo 1 • 21
Após a absorção, o carboidrato é liberado na corrente sanguínea, na forma
de glicose e em seguida, com ajuda do transporte da insulina, encaminhado
para as células para produção de energia. As gorduras, metabolizada pelo fíga-
do, hidrolisado em ácidos graxos, é utilizada para armazenamento de energia,
e no caso das proteínas, na forma de aminoácidos, é responsável pela estrutura
corporal.
Macronutrientes
Lipídios
São substâncias orgânicas formadas por oxigênio, hidrogênio e carbono,
classificam-se em:
22 • capítulo 1
• Lipídios Simples: ésteres de ácidos graxos com álcool (glicerol). Ex:
Triglicerídios ou triacilgliceróis resultam da combinação de três moléculas de
ácidos graxos com uma molécula de glicerol.
• Os Triacilgliceróis são lipídios formados pela ligação de 3 moléculas de
ácidos graxos com o glicerol, um triálcool de 3 carbonos, através de ligações
do tipo éster. São absolutamente hidrofóbicos, sendo também chamados de
"Gorduras Neutras", ou triglicerídeos. Os ácidos graxos que participam da es-
trutura de um triacilglicerol são geralmente diferentes entre si.
• A principal função dos triacilgliceróis é a de reserva de energia, e são ar-
mazenados nas células do tecido adiposo, principalmente. São armazenados
em uma forma desidratada quase pura, e fornecem por grama aproximada-
mente o dobro da energia fornecida por carboidratos
CONEXÃO
Para saber sobre os lipídios mais acesse o site:
http://www.dbm.ufpb.br/DBM_bioquimica_monitoria.htm
capítulo 1 • 23
Ácidos graxos insaturados: caracterizam-se por conter duplas ligações e por
contermenos átomos de hidrogênio na molécula. Estado líquido em tempera-
tura ambiente. Ex.: ácidos oleico, linoleico, araquidônico. Apresentam ponto
de fusão inferior a 50ºC e se digerem de maneira mais completa.
Hidrogenação: processo que transforma os óleos vegetais em gorduras só-
lidas. Átomos de hidrogênio são introduzidos nas cadeias dos ácidos graxos in-
saturados, transformando-os em ácidos graxos saturados.
Ácidos graxos essenciais: o organismo não os sintetizam, devem ser forne-
cidos pela dieta. São necessários para o crescimento e metabolismo normal.
Fontes: óleos vegetais, gorduras dos tecidos dos órgãos de mamíferos, gordu-
ras das aves, óleos de peixe.
24 • capítulo 1
Absorção dos lipídios
No intestino ocorre de duas formas: glicerol e ácidos graxos; e glicerídeos.
Metabolismo
Durante a absorção, as gorduras unem-se com ácido fosfórico e formam os
fosfolipídios, que auxiliam no transporte de ácidos graxos.
Apresentam-se em quantidade relativamente grande no cérebro, fígado, co-
ração, rins, pulmões e em menor proporção nos músculos estriados.
Os elementos absorvidos são oxidados nos tecidos, liberando energia, ou
são armazenados como tecido adiposo.
As gorduras armazenam-se de modo contínuo nas células do tecido adiposo
e depois são usadas segundo as necessidades do organismo. Se há maior quan-
tidade de gordura que o necessário, formam-se depósitos em excesso, e conse-
quentemente há aumento de peso(GIBNEY;MACDONALD; ROCHE, 2006).
A insulina é também importante para a síntese e o armazenamento dos
lipídios.
Carboidratos (CHO)
Os carboidratos representam a maior fonte de energia na dieta de huma-
nos, fornecendo o maior aporte calórico total na dieta (45 a 65%). São ingeridos
na forma de moléculas complexas (ex. amido) ou simples (ex. sacarose, glicose)
e são transformados pela digestão em monossacarídeos.
Estão disponíveis em abundância nos alimentos e são obtidos principal-
mente nos alimentos de origem vegetal.
São os macronutrientes que devem estar presentes em maior quantidade
na dieta. Fornecem energia para o movimento, o trabalho e a vida. Tem função
essencialmente energética, com ação protetora das proteínas.
capítulo 1 • 25
Composição química: substâncias orgânicas compostas de carbono, hidro-
gênio e oxigênio.
A fórmula geral dos CHO é: (CH2O)n
São elaborados pelos tecidos vegetais a partir de substâncias simples, como
a água e o ar.
Na fotossíntese, as folhas das plantas absorvem o dióxido de carbono do ar
(CO2). A água, minerais e nitrogênio são absorvidos pelas raízes, tronco e ramos
das plantas até chegarem às folhas. A energia da luz solar atua sobre a água e o
dióxido de carbono na presença da clorofila, o que faz com que as folhas sinte-
tizem açúcares e liberem oxigênio.
26 • capítulo 1
Fontes
• Cereais e suas farinhas;
• Açúcares;
• Mel;
• Frutas e vegetais.
• Grãos, arroz, trigo, pães, biscoitos;
• Tubérculos e raízes.
Fibra Alimentar: é o termo técnico utilizado para denominar as partes dos alimentos
vegetais que resistem ao processo de digestão. O citoesqueleto dos vegetais são fibras
vegetais ou dietéticas. São substâncias indisponíveis como fonte de energia, porque
não são passíveis de hidrólise pelas enzimas do intestino humano. Sofrem fermen-
tação por bactérias intestinais, sendo consideradas polissacarídeos não amiláceos
(MENDONÇA, 2010, p. 22, grifo nosso).
capítulo 1 • 27
São classificadas em:
28 • capítulo 1
Rota – 2: absorção – Microvilosidades intestinais - capilares- veia porta -
fígado - músculos.
Metabolismo
Chegam ao fígado pela circulação portal – monossacarídeos utilizados para
a produção de energia ou são armazenados sob a forma de glicogênio, entram
por um processo ativo e passivo, logo chegam mais rápido à corrente sanguínea.
O glicogênio hepático muscular é desdobrado continuamente em glicose
para conservar a concentração sanguínea normal, pois os tecidos extraem a gli-
cose do sangue para utilizá-la. Este desdobramento é regulado em grande parte
pela insulina pancreática, conforme as necessidades do corpo.
Glicose: monossacarídio (hexose) circulante no sangue.
Glicogênio: polissacarídio armazenado no fígado e no músculo.
INTOLERÂNCIA À GLICOSE
Glicemia de jejum*: 100 a 125 mg/dl
Glicemia no teste de tolerância: 140 a 199 mg/dl
Proteínas
Palavra de origem grega que significa “de primordial importância”. São
compostos orgânicos nitrogenados, ou seja, as moléculas contêm átomos de
carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio (cerca de 16% de nitrogênio). As
proteínas foram as principais substâncias a serem reconhecidas como parte vi-
tal dos tecidos vivos presentes em todas as células de organismos vivos. Tirando
a água, a maior parte do corpo é feita de proteína, ela faz parte da construção
da célula e do próprio organismo. A estrutura dos protídios é semelhante à dos
glicídios e dos lipídios, ou seja, também possuem em cada molécula átomos de
carbono, oxigênio e hidrogênio. A principal diferença é que os protídios con-
têm nitrogênio (16% da molécula) juntamente com enxofre, fósforo e ferro. A
presença do nitrogênio faz com que as proteínas assumam as centenas de for-
mas diferentes que caracterizam a vida.
São formadas pelos aminoácidos que são considerados as unidades básicas
fundamentais para a construção da proteína. Cada um deles tem sua função
específica no organismo. Oito deles são chamados essenciais, pois não são pro-
duzidos pelo organismo e precisam ser adquiridos por intermédio da alimen-
tação. A maioria dos aminoácidos é usada na síntese das diversas proteínas do
corpo ou queimada para gerar energia. A serotonina é um transmissor neural
(conduz o sinal de um nervo ao outro) derivado do aminoácido triptofano, que
alivia o estresse e a depressão. O hormônio tireoidiano é derivado de outro ami-
noácido – a tirosina. O hormônio insulina também é composto por uma cadeia
de aminoácidos.
30 • capítulo 1
Função
• Formação de Tecidos;
• Formação de enzimas;
• Formação de anticorpos;
• Transporte de substâncias;
• Transporte de oxigênio; e
• Coagulação do sangue.
Micronutrientes
Vitaminas
As vitaminassão substâncias químicas que, quando introduzidas no orga-
nismo, desempenham importante papel na manutenção da saúde, no cresci-
mento, na defesa e na nutrição. São essenciais à saúde e não são fabricadas pelo
organismo. A maioria delas precisa ser ingerida diariamente, uma vez que são
consumidas pelo organismo a cada 24 horas. As principais vitaminas se divi-
dem em hidrossolúveis (solúveis em H2O e absorvidas pelo intestino) e lipos-
solúveis (solúveis em gordura e absorvidas pelo intestino com ajuda de sais bi-
liares produzidos pelo fígado). As vitaminas hidrossolúveis, como a Vitamina
C e as do complexo B, devem ser ingeridas diariamente, pois são pouco arma-
zenadas no organismo. As lipossolúveis podem ser armazenadas por períodos
maiores no tecido adiposo e no fígado, e entre elas estão as vitaminas A, D, E e
K (VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
capítulo 1 • 31
Vitaminas Lipossolúveis
Vitamina A: nos alimentos de origem vegetal está sob a forma precursora
chamada beta-caroteno (que faz parte do grupo dos pigmentos carotenoides)
ou pró-vitamina A que, no fígado, transforma-se em vitamina A. É importantís-
sima para o crescimento, para a boa formação da pele, das mucosas, dos ossos
e dos dentes, além de ser essencial para a visão por fazer parte da formação da
retina e da adaptação à escuridão. Esta vitamina também aumenta a imunida-
de e a resistência contra agentes infecciosos, protege contra gripes e resfria-
dos. Além disso, ela protege contra a poluição e a formação de câncer, já que
atua como antioxidante, retardando o processo do envelhecimento das células.
Sua falta ou insuficiência prejudica o crescimento, produz secura na pele, na
conjuntiva e nas glândulas lacrimais; predispõe a infecções e nefrites, má-for-
mação fetal e alterações nervosas. Outros sintomas da falta de vitamina A são
alterações na pele, acne, cegueira noturna, anormalidades ósseas e perda de
paladar. As maiores fontes de vitamina A são: fígado, óleo de fígado de baca-
lhau, peixes gordurosos, leite, ovos, vegetais folhosos verde-escuros, vegetais e
frutas amarelo-alaranjados, como cenoura, abóbora, pêssego, maçã e mamão(-
VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
Vitamina D: modula a atividade imunológica, mas a sua principal função
diz respeito à absorção e utilização do Cálcio e do Fósforo, no desenvolvimento
e manutenção da saúde de ossos e dentes. Por isso é essencial na prevenção
e tratamento da osteoporose e raquitismo. Toda vitamina D que conseguimos
obter por meio dos alimentos precisa da luz do sol para ser ativada. Quem não
caminha regularmente ao ar livre deve se expor, pelo menos 3 dias na semana,
durante 20 minutos, ao sol da manhã. Como a vitamina D ainda precisa ser con-
vertida pelo fígado e depois pelos rins, as pessoas com problemas hepáticos ou
renais são as mais propensas à osteoporose. Fontes de vitamina D: óleo de fíga-
do de bacalhau, peixes (especialmente salmão e sardinha), gema de ovo e leites
e derivados enriquecidos (VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
OBS: É importante destacar que o organismo humano deve converter a for-
ma inativa da vitamina D ou pró-vitamina D (colecalciferol) a forma ativa cha-
mada calcitriol. A forma inativa da vitamina D está presente nos laticínios em
geral, nos peixes, na gema de ovo, entre outros alimentos. Além disso, a radia-
ção ultravioleta solar induz uma reação fotolítica na pele, ou seja, o 7-deidro-
colesterol, que é um metabolito do colesterol presente na camada epidérmi-
ca da pele através da reação fotolítica é convertido em colecalciferol. Então, o
32 • capítulo 1
colecalciferol proveniente da dieta e da reação fotolítica é absorvido e a nível
hepático sofre a primeira reação de hidroxilação formando o 25 hidroxicolecal-
ciferol que por sua vez a nível renal sofre outra hidroxilação formando, assim,
a forma ativa da vitamina D que é o calcitriol ou 1,25 dihidrixicolecalciferol. O
calcitriol é imprescindível para a absorção intestinal de cálcio, ou seja, sem o
calcitriol o cálcio não é transportado para dentro do enterócito.
Vitamina E: conhecida também como Tocoferol, é um excelente antioxi-
dante que previne o dano celular ao inibir a atuação de radicais livres. Ajuda a
prevenir o câncer e doenças cardiovasculares. Quando utilizada com a vitamina
C tem seu efeito potencializado. Reduz a pressão arterial e tem papel em diver-
sos tecidos, como o muscular e nervoso. É recomendada em situações de infer-
tilidade e de problemas no aparelho reprodutor. Sua deficiência pode acarretar
dificuldades na circulação sanguínea, na cicatrização, afetar a pressão arterial
e até ocorrer neuropatias periféricas (aumento ou perda de sensibilidade nos
nervos espalhados pelo corpo). Fontes de vitamina E: óleos vegetais, azeite de
oliva, ovos, leite, fígado, germe de trigo, sementes oleaginosas, como nozes,
castanhas, amêndoa, semente de girassol, semente de abóbora e o abacate
(VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
Vitamina K: conhecida como Filoquinona, é necessária na coagulação san-
guínea e na cicatrização, atua na formação óssea, prevenindo a osteoporose.
A vitamina K impede a progressão da placa de colesterol e inibe a calcificação
arterial, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares e infarto. Antibióticos
interferem negativamente na absorção de vitamina K. Sua deficiência gera ten-
dência à hemorragia, causando sangramentofácil de gengiva e da pele, urina
vermelha (com sangue) e sangramento vaginal fora da menstruação. Em situa-
ções de cirurgia, o indivíduo com esta deficiência pode ter hemorragia pós-ope-
ratória e pior recuperação, tendendo a correr mais riscos durante a operação.
Fontes de vitamina K: fígado, vegetais verdes (alface, couve, brócolis, espina-
fre, repolho), óleos vegetais, carnes, peixes e produtos lácteos (VANNUCCHI;
MARCHINI, 2007).
Vitaminas Hidrossolúveis
Complexo vitamínico B: as vitaminas do complexo B ajudam a manter a saú-
de dos nervos, músculos, ossos, pele, olhos, cabelos, fígado e aparelho gastrin-
testinal. As vitaminas do complexo B estão também envolvidas com a produção
de energia e podem ser úteis em casos de depressão e doenças neurológicas.
capítulo 1 • 33
Embora façam parte de um mesmo grupo, analisaremos separadamente as vi-
taminas B1, B2, B3, B5, B6, B9 e B12(VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
B1 – Tiamina: atua no metabolismo dos carboidratos e gorduras, sendo es-
sencial para a liberação de energia. Participa da síntese dos genes (DNA) e na
transmissão de impulsos nervosos. Por estar associada à saúde do sistema ner-
voso e do cérebro, é importante para melhorar a capacidade de aprendizado. É
necessária para a tonicidade normal dos intestinos, estômago e coração. É ab-
sorvida no intestino, acumula-se no fígado e no coração. Encontra-se também
no cérebro e nos rins. Sua deficiência pode ocasionar problemas no sistema
nervoso, confusão mental, fraqueza muscular, taquicardia, suores noturnos,
irritabilidade, ansiedade, agitação, sonolência e redução da memória. O uso
de antibióticos, sulfa e contraceptivos orais diminui seus níveis no organismo.
Fontes de vitamina B1: carne de porco magra, germe de trigo, fígado, gema de
ovo, amendoim, peixes, leguminosas, legumes, grãos integrais, frutos do mar,
levedo de cerveja e cevada(VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
B2 – Riboflavina: melhora o funcionamento das reações do organismo, par-
ticipando do metabolismo dos carboidratos e lipídeos (gordura) e ativando a
vitamina B6 e ácido fólico. É importante para a prevenção de doenças cardio-
vasculares. Seu aproveitamento é alterado pela exposição à luz, antibióticos
e álcool. A deficiência da riboflavina leva a dores generalizadas, tontura, pele
seca, problemas visuais, fotofobia, língua vermelha e dolorosa. Além disso,
sua falta pode interferir no metabolismo do ferro, reduzindo sua absorção e
ocasionando anemia. Fontes de vitamina B2: leite de vaca e derivados, vísceras,
soja assada, carnes magras, ovos e vegetais folhosos(VANNUCCHI; MARCHINI,
2007).
B3 – Niacina: a vitamina B3 é necessária para o aproveitamento decarboi-
dratos, lipídeos e proteínas. Ajuda na redução do colesterol eauxilia na produ-
ção dos ácidos do estômago, responsáveis pela digestão.Sua deficiência pode
causar erupções e inflamações cutâneas, artrite,má digestão, aumento do co-
lesterol e depressão.Fontes de vitamina B3: carne bovina magra, aves, peixes,
leite devaca, ovos, amendoim, castanhas e levedo de cerveja. Para preservar
onutriente, deve-se assar ou refogar os alimentos(VANNUCCHI; MARCHINI,
2007).
B5 – Ácido Pantotênico: essencial para o metabolismo celular, está envolvi-
do na liberação de energia de carboidratos e na degradaçãodos ácidos graxos.
Atua na síntese de ácidos graxos, hormônios e nofuncionamento de células
34 • capítulo 1
imunológicas.A deficiência é rara. Os principais sintomas são: irritabilida-
de, fadiga,desequilíbrio dos hormônios sexuais, dor muscular e distúrbiosdo
sono.Fontes de vitamina B5: gema de ovo, rim, fígado, leveduras salmão,bróco-
lis e carnes magras(VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
B6 – Piridoxina: importante no metabolismo de carboidratos e aminoáci-
dos. Regula a ação dos hormônios, auxilia na utilização de vitaminas e atua na
síntese de neurotransmissores. Promove a formação das hemácias. Combate
a arteriosclerose e reduz os sintomas da tensão pré-menstrual. Sua deficiência
afeta o sistema nervoso e causa irritabilidade, dermatite seborréica, eczema,
anemia e convulsões. Antidepressivos, estrogênios e contraceptivos orais po-
dem aumentar a necessidade desta vitamina. Fontes de vitamina B6: levedo,
germe de trigo, carne de porco, fígado, cereais integrais, legumes, batatas, ba-
nana e aveia(VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
B9 – Folacina ou Ácido Fólico: participa da síntese de material genético e do
metabolismo. Merece destaque, nesse contexto, a suplementação com ácido
fólico para toda mulher em idade fértil que planeja engravidar para a formação
adequada do tubo neural fetal.
O ácido fólico é necessário para a formação e maturação das hemácias e dos
leucócitos na medula óssea. Atua na saúde endotelial, prevenindo a ateroscle-
rose, com resultados ainda melhores quando combinada com a vitamina B12.
A deficiência desta vitamina leva à má-formação de células, principalmente he-
mácias, leucócitos e células do trato gastrointestinal. Ocasiona déficit de cresci-
mento, anemia megaloblástica, alterações sanguíneas e distúrbios de digestão.
Fontes de vitamina B9: vegetais folhosos verde-escuros (espinafre, aspargos e
brócolis), fígado, feijões, carne magra, batatas e pão de trigo integral(VANNUC-
CHI; MARCHINI, 2007)..
B12 – Cianocobalamina: importante no metabolismo celular, principal-
mente no trato gastrointestinal, medula óssea e tecido nervoso. Participa do
metabolismo energético, de aminoácidos e de lipídeos; da síntese de células,
inclusive hemácias, e genes. Combate a arteriosclerose. A sua deficiência pode
ser devida à má absorção (comum em pessoas idosas) ou por problemas diges-
tivos. Causa dor de cabeça, humor instável, fraqueza muscular, fadiga, indiges-
tão, anemia, transtornos na formação do sangue, distúrbios gastrointestinais e
neurológicos. Redução da memória e depressão também podem ser causadas.
Fontes de vitamina B12: carnes (principalmente a vermelha), frutos do mar, fí-
gado e rim, leite, ovos, peixes, queijos, algas marinhas e levedo de cerveja(VAN-
NUCCHI; MARCHINI, 2007).
capítulo 1 • 35
Vitamina C: Também chamada de Ácido Ascórbico, é um antioxidante que
nos protege contra os radicais livres, que levam ao envelhecimento precoce das
células e consequentemente a diversas doenças, como o câncer. Quando usa-
da com outros antioxidantes - como, por exemplo, a Vitamina E - tem efeitos
potencializados, melhora a imunidade, reduzindo a susceptibilidade a infec-
ções, é importante para o crescimento e regeneração dos tecidos, na síntese de
colágeno, cicatrização e para a saúde das gengivas, pode reduzir os níveis de
colesterol e a pressão arterial e evitar a arteriosclerose, participa da síntese de
neurotransmissores, como, por exemplo, da serotonina, o hormônio do bem
-estar, ajuda na absorção de ferro e protege nutrientes como o acido fólico e a
vitamina E. Por não podermos sintetizá-la, a sua falta na alimentação produz
perturbações no estado geral da saúde: inapetência, fraqueza, anemia, propen-
são a infecções, irritabilidade, peso e dores nas pernas e depressão. Prejudica
também a capacidade de cicatrização. Aspirina, álcool, analgésicos, antide-
pressivos, anticoagulantes, contraceptivos orais, esteróides, fumo e estresse
emocional reduzem os níveis da vitamina C no organismo. Fontes de vitamina
C: frutas cítricas, kiwi, acerola, abacaxi, abóbora, batata-doce, pimentão verde,
milho, couve-flor, espinafre, repolho, tomate, mamão papaia, manga e melão.
Minerais
Os minerais atuam juntamente com as vitaminas, ativando o funcionamen-
to das enzimas, peças-chaves das reações químicas/ metabólicas, e possibili-
tam que o corpo realize de forma precisa suas atividades. São elementos de vital
importância para a vida. Encontrados naturalmente na terra, são passados para
os vegetais, os quais são consumidos pelos animais e humanos. Existem os
minerais principais (ou macrominerais), que precisamos em maior quantida-
de, e os minerais traço (microminerais), que são necessários em doses diárias
bem pequenas. Os minerais principais são: Cálcio, Magnésio, Potássio, Sódio
e Fósforo. Os minerais traço, embora em menor quantidade, também são im-
portantes para o organismo humano. São eles: Zinco, Ferro, Cobre, Manganês,
Cromo, Selênio e Iodo (VANNUCCHI; MARCHINI, 2007).
Cálcio: é vital na formação e manutenção dos ossos e dentes. Importante na
modulação da contração muscular, atuando, assim, no controle dos batimen-
tos cardíacos e na transmissão de impulsos nervosos. Esse importante mine-
ral é essencial no processo de coagulação e ajuda a evitar o câncer de cólon. O
Cálcio protege os dentes e os ossos contra toxinas, como o chumbo. Mulheres
36 • capítulo 1
na menopausa e atletas precisam de maiores quantidades de cálcio, devido aos
menores níveis de estrogênio, já que o estrogênio protege o esqueleto ao pro-
mover o depósito de cálcio nos ossos. Participa na formação do “cimento inter-
celular” (tecido intersticial) e auxilia os músculos na recuperação da fadiga. A
deficiência de cálcio pode levar à irritabilidade, insônia, redução de memória,
contrações musculares contínuas, formigamento, queda de cabelo, unhas frá-
geis, taquicardia, deformidades ósseas e hipertensão. Fontes de Cálcio: leite e
derivados, vegetais verde-escuros (couve, brócolis, espinafre), peixe (salmão,
sardinha), feijão branco e gergelim (DOVERA, 2015).
CONEXÃO
Para aprimorar o estudo de nutrientes. Leia:
http://www.foreverliving.com.br/arqs/downloads/detalhe_1224594990_flp_cartilha_
nutricao_20071214_web.pdf
capítulo 1 • 37
Sódio: é necessário para o equilíbrio dos líquidos e o pH do sangue, funcio-
namento adequado dos nervos e músculos, estando envolvido no processo de
contração dos vasos sanguíneos. É difícil observar a deficiência, mas ela pode
resultar em desequilíbrio hidroeletrolítico, ocasionando, por exemplo, hipo-
tensão (pressão baixa). Praticamente todos os alimentos contêm um pouco de
Sódio. Conservantes, como o glutamato monossódico, contêm este micronu-
triente em excesso (DOVERA, 2015).
Fósforo: trabalha com o Cálcio, ajudando a construir o esqueleto e os den-
tes. Auxilia o corpo na utilização das vitaminas e armazena a energia obtida
do metabolismo de macronutrientes. Participa da formação do DNA e das
membranas celulares. Mantém o pH normal. Fontes de Fósforo: carnes, aves,
peixes, ovos, leite e seus derivados, nozes, cereais e grãos integrais e legumes
(DOVERA, 2015).
Zinco: auxilia na função imunológica, cicatrização e melhora o paladar e o
olfato. Importante no desenvolvimento do feto e da criança. Atua no sistema
antioxidante por fazer parte da enzima anti-radicais livres chamada superóxido
dismutase. Participa de diversos processos bioquímicos, como respiração ce-
lular, reprodução do DNA, síntese de proteína e manutenção da integridade da
membrana celular. Ele é necessário para a atividade de mais de 300 enzimas. É
essencial para o funcionamento de órgãos reprodutivos e para a produção do
esperma. Importante na síntese de hormônios da tireóide. Sua deficiência cau-
sa irritabilidade, diminuição da memória e concentração, acne, fadiga, queda
de cabelo, lesões oculares e redução do olfato, apetite e paladar. Em crianças,
a falta deste nutriente pode levar à redução do desenvolvimento e da atividade
motora, e redução da massa óssea. Fontes de Zinco: peixes, ostras, frutos do
mar, carnes, feijão, sementes, cereais e grãos integrais.
Ferro: é o mineral encontrado em maior quantidade no sangue e é respon-
sável pela produção da hemoglobina e oxigenação das hemácias. Por isso, sua
deficiência resulta em sensação de falta de energia. Também é necessário à
saúde do sistema imunológico, uma vez que potencializa a função dos leucó-
citos (glóbulos brancos = defesa). Para absorvê-lo é preciso que o organismo
esteja nutrido de Cobre, Manganês, Molibidênio, vitamina A e vitaminas do
complexo B. A vitamina C ajuda a melhorar sua absorção. Uma alimentação
pobre em ferro resulta muitas vezes em anemia. Sinais comuns de anemia são:
queda de cabelo, unhas quebradiças, cansaço e sonolência. Fontes do Ferro:
ovos, fígado, carne, aves, verduras, grãos integrais, amêndoas, feijão, abacate,
38 • capítulo 1
beterraba, tâmara, algas, pêra, pêssego, ameixa seca, abóbora, castanha-do-pa-
rá, gergelim e soja.
Cobre: entre suas inúmeras funções está a ajuda na formação dos ossos, he-
moglobina e hemácias. Funciona em equilíbrio com o Zinco e a vitamina C para
formar colágeno e elastina, proteínas que dão sustentação à pele. Participa do
processo de cura, produção de energia, pigmentação da pele e cabelos, e sen-
sibilidade gustativa. É importante para a saúde dos nervos. Atua como antio-
xidante, combatendo os radicais livres que aceleram o envelhecimento e au-
mentam as chances de tumores. Sua deficiência pode acarretar osteoporose,
anemia, aumento do colesterol e do acido úrico. Fontes de Cobre: abacate, ce-
vada, aveia, leguminosas, beterraba, brócolis, alho, lentilha, fígado, ostras, co-
gumelos, chocolate, lentilhas, nozes, aveia, laranja, rabanete, passas, salmão,
soja e verduras.
Manganês: é utilizado na produção de energia, por participar do metabo-
lismo de carboidratos, gorduras e proteínas. É necessário para o crescimento e
reprodução de ossos normais. Também atua na saúde dos nervos, do sistema
imunológico e na normalização do nível de açúcar no sangue. É elemento chave
na produção de enzimas necessárias a várias funções do organismo, como, por
exemplo, aquelas com função antioxidante.
Cromo: participa do metabolismo do lipídeo e da glicose e, portanto, é ne-
cessário para a energia. Mantém os níveis de açúcar estáveis para utilização
adequada de insulina, tanto no diabético como no organismo normal. É vital
na síntese de colesterol, lipídeos e proteínas. Quando em falta no organismo,
gera intolerância à glicose, ansiedade, fadiga e diminui a sensibilidade dos
membros inferiores. Fontes de Cromo: cerveja, levedo de cerveja, grãos inte-
grais, queijo, carne, leguminosas secas, galinha, milho e óleo de milho, laticí-
nios, fígado bovino, cogumelos e batata.
Selênio: é um antioxidante vital, principalmente quando combinado com a
vitamina E. Mineral essencial para a síntese da enzima Glutationa Peroxidase,
que nos protege contra os radicais livres. Importante para o adequado funcio-
namento da tireóide e de seus hormônios. A deficiência de Selênio é relaciona-
da ao câncer e problemas cardíacos, além de problemas na glândula tireóide.
Outros sintomas são dores musculares, fadiga e manchas brancas na unha.
Fonte de Selênio: castanha-do-pará, amêndoa, avelã, carnes e aves, salmão,
fígado
capítulo 1 • 39
Iodo: é necessário apenas em quantidades muito pequenas. É componen-
te essencial dos hormônios da tireoide, envolvidos na regulação de enzimas e
processos metabólicos. Seu consumo inadequado pode estar associado com
prejuízos na defesa imunológica, hipotireoidismo e aumento do tamanho da
glândula tireóide, e aumento da incidência de câncer gástrico Fontes de Iodo:
sais iodados, frutos do mar e algas marinhas, peixes de água salgada, frutas e
vegetais (de acordo com o teor de iodo no solo).
40 • capítulo 1
Avaliar o consumo regular do excesso de cafeína, açúcar refinado, álcool,
agrotóxicos, nicotina, metais tóxicos, poluentes ambientais, alérgenos alimen-
tares, facilitadores de endoxinas (nitrosaminas), ingestão frequente de subs-
tâncias químicas (produtos industrializados) (MENDONÇA, 2010).
Na prática por exemplo, uma criança que toma diariamente leite chocolate
em pó pode vir a apresentar uma deficiência de cálcio, uma vez que que o cacau
contém oxalato que forma um composto com o cálcio, tornando indisponível
para absorção. O mesmo acontece em uma dieta com excesso de proteína e de
sal de cozinha, a qual aumenta a excreção urinária de cálcio (DOVERA, 2015).
É necessário que entendamos melhor as interações que ocorrem entre os
vários nutrientes da alimentação. A deficiência pode ser causada pelo excesso
ou pela deficiência de outro nutriente, conforme for o tipo de interação entre
eles (DOVERA, 2015).
O enfermeiro deverá avaliar as interações da biodisponibilidade de nutrien-
tes como por exemplo: vitamina C facilita absorção de ferro, enquanto, café,
mate, chá preto, cálcio, fosfatos, antiácidos e proteína de soja, reduz a absorção
do ferro.
De acordo com Dovera (2015), outras interações que merecem destaque:
[...] excesso de sal, refrigerantes à base de cola, laticínios e gorduras diminuem a ab-
sorção do magnésio em nível intestinal; excesso de proteína reduz absorção de cálcio;
fibras insolúveis, as que contêm maior quantidade de ácido fítico, impedem absorção
intestinal de minerais, como cálcio, fósforo, ferro e zinco [...].
Essas interferências devem ser vistas com atenção diante das patologias,
para tentar não intensificar o quadro clínico por deficiência ou excesso de
nutrientes.
Assim, a finalidade primordial dos estudos de biodisponibilidade é corre-
lacionar a quantidade de nutrientes ou outras substâncias presentes na ali-
mentação com o estado de saúde do indivíduo, e muitos passos são neces-
sários para se obter respostas mais precisas sobre cada nutriente particular
(COZZOLINO, 2007).
capítulo 1 • 41
1.2.2 Água e Equilíbrio Hídrico no Organismo Humano
42 • capítulo 1
Sintomas de desidratação podem ocorrer enquanto houver a perda de 5 a
10% de água: fraqueza, sede, secura na boca. A ingestão de água em quantidade
maior que a necessária pode causar intoxicação hídrica.
Recomendação Diária
Aproximadamente 1ml por caloria da dieta por dia. Ex.: uma dieta com 2500
calorias necessita de 2500ml de água.
Portanto, subtende que uma alimentação rica em água, promove o bom
funcionamento do organismo humano, pois permite que órgãos como os rins
trabalhem o necessário sem estarem sujeitos a sobrecargas que os desgastem e
contribuam para sua falência (DOVERA, 2015).
Pela urina identificamos o nosso grau de hidratação, partindo do pressu-
posto que, se tiver clara, sem cheiro, é sinal de boa hidratação, enquanto se
tiver, amarelada e com cheiro, sinal de falta de água no organismo, podendo
acarretar danos a saúde, principalmente a constipação intestinal.
capítulo 1 • 43
Compartimentos Hídricos:
53% ÁGUA CORPORAL
• 30% Líquido intracelular (água dentro da célula);
• 23% Líquido extracelular (líquido fora da célula - saliva, lágrima, fluidos
secretados pelas glândulas e intestinos, fluidos excretados pela pele e rins).
19% Líquido intersticial + 4% Plasma sanguíneo.
Ingestão Hídrica
É feita através de 3 fontes:
• dos líquidos;
• dos alimentos;
• do processo metabólico.
44 • capítulo 1
nutrientes. Por ex: quando uma molécula de glicose é metabolizada, há libera-
ção de energia (ATP), produção de dióxido de carbono e água.
Excreção Hídrica
É feita de 4 formas:
• pela urina;
• através da pele;
• como vapor pela expiração;
• pelas fezes.
capítulo 1 • 45
Excreção de Água pelas Fezes:
Aproximadamente 70% do material fecal é composto de água, sendo o res-
tante composto de bactérias, resíduos dos sucos digestivos vindo dos intesti-
nos, estômago e pâncreas e restos alimentares não digeridos.
O total de água eliminado pelas fezes é de 100 ml / dia.
Notas importantes:
Grande parte do líquido perdido durante a transpiração é líquido
extracelular.
O treinamento faz aumentar o percentual de água distribuída dentro do
compartimento intracelular (músculos).
Existe uma reabsorção (volume de 2x o plasma sanguíneo) de água duran-
te a digestão. Por isso, as perdas de líquidos numa diarréia ou vômito são tão
importantes.
Não existe armazenamento de água no organismo, a água conservada na
bexiga não é utilizada para as funções metabólicas.
• retenção hídrica
• edema
• sobrecarga cardiovascular
• sobrecarga renal
46 • capítulo 1
LEITURA
Recomendo a leitura de dois estudos para título de comparação em relação à hábitos ali-
mentares saudáveis.
1. Redesenho da Pirâmide Alimentar Brasileira para uma alimentação saudável:
estudo científico (PHILLIP, 2013). Disponível em: <www.piramidealimentar.inf.br/pdf/ESTU-
DO_CIENTIFICO_PIRAMIDE_pt.pdf>
2. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos (PHILLIP, 1999),
disponível em:<www.scielo.br/pdf/rn/v12n1/v12n1a06.>
REFLEXÃO
Você sabia que para identificar se o indivíduo está seguindo uma dieta adequada com base
nos grupos dos alimentos da pirâmide alimentar deve-se considerar o conjunto de prepara-
ções culinárias, alimentos e bebidas consumidos nas 24horas, condições a fim de atender às
necessidades nutricionais de indivíduos e grupos? Pense nisso!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar da população brasileira: promovendo a alimentação
saudável. Brasília, DF, 2005.
CARVALHO, P.H.B.; FILGUEIRAS, J.F, NEVES , C.M, COELHO, F.D, FERREIRA, M.E.C. Checagem
corporal, atitude alimentar inadequada, insatisfação com a imagem corporal de jovens
universitários. J Bras Psquiatr. 2013; 62(2):108-14
DOVERA, T.M.D. Nutrição aplicada ao curso de enfermagem. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.
ESCUDERO, P. Las Leyes de la alimentacion e Métodos de cálculo para determinar el valor
calórico total. Instituto Nacional de la Nutricion. Buenos Aires,1938.
GIBNEY, M. J., MACDONALD, I.A., ROCHE, H.M. Nutrição e metabolismo. 1 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
GALISA, M.S.; ESPERANÇA, L.M.B.; SÁ, N.G. Conceitos e aplicações. 1 ed. São Paulo: M.Books do
Brasil, 2008.
GASPAR, L. Tabus alimentares. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 05/04/2015.
capítulo 1 • 47
LEÔNIDAS, C.; SANTOS, M.A. Imagem Corporal e Hábitos Alimentares na Anorexia Nervosa:
Uma Revisão integrativa da Literatura. Psicol Refl Crít. 2011; 25(3):550-8.
MATIAS, C.T.; FIORE, E.G. Mudanças no comportamento alimentar de estudantes do curso de
nutrição em uma instituição particular de ensino superior. Nutrire. 2010; 35(2):53-66.
MENDONÇA, R.T. Nutrição: um guia completo de alimentação, práticas de higiene, cardápios,
doenças, dietas, gestão. 1 ed. São Paulo: Rideel, 2010.
TIRAPEGUI, J. Nutrição: fundamentos e aspectos atuais. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2002.
PHILIPPI, S.T,; LATTERZA, A.R.; CRUZ, A.T.R.; RIBEIRO, L.C. Pirâmide alimentar adaptada: guia para
escolhas de alimentos. Rev Nutr. 1999; 12(1):65-80.
PHILLIP, S.T. Resenho da pirâmide alimentar para uma alimentação saudável Estudo científico.
São Paulo. Disponível em: www.piramidealimentar.inf.br/pdf/ESTUDO_CIENTIFICO_PIRAMIDE_pt.pdf.
Acesso em: 04/04/2015.
SANTOS, D. S.V.; BENNEMANN, R.M. Comportamento alimentar e hábito alimentar: uma revisão.
Rev UNI Rev. 2014; 20 (1): 108-112
VANNUCCHI, H., MARCHINI, J. S. Nutrição e metabolismo. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2007.
48 • capítulo 1
2
Educação
Nutricional em
Saúde Coletiva
A educação nutricional é uma estratégia destinada a mudar “hábitos alimen-
tares”. É importante destacar que padrões alimentares são determinados por
fatores que incluem, além de educação orientada para uma nutrição adequa-
da, fatores socioeconômicos, ecológicos, culturais e antropológicos.
O profissional da saúde deve estar capacitado a atuar visando à segurança
alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas em que a alimentação e a nu-
trição se apresentem fundamentais para a promoção, manutenção e recupera-
ção da saúde e a prevenção de doenças de indivíduos ou grupos populacionais.
Um importante passo para dar sustentação à atuação do profissional da saú-
de no campo da saúde coletiva compreende quatro subáreas de trabalho: políti-
cas e programas institucionais, Atenção Básica em Saúde, Estratégia Saúde da
Família e Vigilância em Saúde.
Para isso, essa unidade permitirá reflexão sobre os seguintes aspectos:
• Teorias e os novos paradigmas educacionais em saúde e nutrição: a po-
lítica de saúde no Brasil, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN):
Ações, Projetos e Programas de Alimentação e Nutrição.
• Epidemiologia dos principais distúrbios nutricionais (desnutrição pro-
teico-energética, hipovitaminoses, anemias nutricionais)
• Instrumentos de educação nutricional e estratégias de intervenção para
o controle dos principais distúrbios nutricionais.
OBJETIVOS
Que você seja capaz, ao final dessa unidade, de destacar a importância da educação nutricional
na prevenção de doenças e manutenção da saúde.
50 • capítulo 2
2.1 Teorias e os novos paradigmas
educacionais em saúde e nutrição
capítulo 2 • 51
[...] um conjunto de estratégias sistematizadas para impulsionar a cultura e a valorização
da alimentação, concebidas no reconhecimento da necessidade de respeitar, mas tam-
bém modificar crenças, valores, atitudes, representações, práticas e relações sociais
que se estabelecem em torno da alimentação,visando o acesso econômico e social a
uma alimentação quantitativa e qualitativamente adequada, que atenda aos objetivos
de saúde, prazer e convívio social.
Desde a sua origem, a prática educativa em nutrição tem sido pautada por
processos verticais e autoritários, centrada em modelos prescritivos e biolo-
gistas, menosprezando o diálogo, a autonomia do educando e os aspectos so-
cioculturais que envolvem as práticas alimentares e a realidade (BOOG, 1997;
LIMA et al., 2003; SANTOS, 2005; CASTRO et al., 2007).
Portanto, os desafios que se colocam para a atuação dos profissionais da
saúde, em saúde coletiva, sobretudo no que diz respeito ao seu papel de educa-
dor, são diversos. Entre eles podemos destacar a própria formação universitária
na área da saúde, pautada pelo paradigma cartesiano, onde o conhecimento é
fragmentado e a teoria dissociada da prática, dificultando o olhar das pessoas
como seres integrais, bem como a compreensão e transformação da realidade
pelo aluno (AMORIM et al., 2001).
Diante do exposto, acreditamos ser fundamental a criação e o fortaleci-
mento de espaços de ensino, pesquisa ou extensão que oportunizem a apren-
dizagem pautada em uma prática humanizada, que contemple os anseios e in-
quietações do indivíduo/família/ comunidade e reconheça a saúde como um
processo produzido socialmente.
Diante das dificuldades, desafios a serem enfrentados na saúde pública,
como saber agir e qual metodologia a ser utilizada, sugiro a leitura do manual
“Educação em Saúde: Planejando as ações educativas – Teoria e prática”, pro-
duzido pela Secretaria do Estado de São de São Paulo, 2001, dirigido a você, pro-
fissional de saúde, envolvido com a saúde, a doença e a educação.
Na leitura espero que, durante a vivência do conhecer e praticar, você en-
contre resposta para suas dúvidas e perguntas sobre a educação que pretende
praticar no seu dia-a-dia, construindo o saber de todos sobre: o viver, trabalhar
e morar; o direito à saúde; e o dever em relação à saúde coletiva.
Proponho juntar os conhecimentos e experiências de todos e assim tentar
compreender a saúde/doença, conhecer suas verdadeiras causas e consequên-
cias, e como encontrar os caminhos para resolução dos problemas identificados.
52 • capítulo 2
2.2 A Política de Saúde no Brasil
A crise do sistema de saúde no Brasil está presente no nosso dia a dia podendo ser
constatada através de fatos amplamente conhecidos e divulgados pela mídia, como:
CONEXÃO
“Políticas de Saúde no Brasil: um século de luta pelo direito á saúde”, um documen-
tário que vale a pena assistir!
Conta histórias das políticas em nosso país e como ela se articulou com a história.
Assista: https://www.youtube.com/watch?v=VvvH4bd3JQE
capítulo 2 • 53
2.2.1 Programas de Alimentação e Nutrição
De acordo com inquéritos nacionais das décadas de 1970, 1980, 1990 e nos anos
mais recentes apontam uma redução da desnutrição e aumento do excesso de
peso da população brasileira, assim, se fez necessário a criação de programas
de políticas de alimentação e nutrição para sanar ou reduzir o aparecimento de
doenças crônicas-não transmissíveis, bem como, carências nutricionais, prove-
nientes desse atual cenário.
CONEXÃO
Para melhor entender sobre as ações estratégicas do PNAN, acesse o link:
http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/pnan.
Leia e reflita!
54 • capítulo 2
Princípios
A PNAN tem por pressuposto os direitos à Saúde e à Alimentação e é orientada
pelos princípios doutrinários e organizativos do Sistema Único de Saúde (univer-
salidade, integralidade, equidade, descentralização, regionalização e hierarqui-
zação e participação popular), aos quais se somam os princípios a seguir:
• A Alimentação como elemento de humanização das práticas de saúde:
• O respeito à diversidade e à cultura alimentar;
• O fortalecimento da autonomia dos indivíduos;
• A determinação social e a natureza interdisciplinar intersetorial da ali-
mentação e nutrição e:
Diretrizes
Abaixo se encontram as diretrizes que integram a PNAN indicando as linhas
de ações para o alcance do seu propósito, capazes de modificar os determinan-
tes de saúde e promover a saúde da população:
capítulo 2 • 55
2.2.1.2 Bolsa Família (PBF)
56 • capítulo 2
3. Coordenação de programas complementares, que tem por objetivo o
desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família
consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza.
capítulo 2 • 57
com vistas à prevenção da anemia por deficiência de ferro.
A população que será atendida, bem como as respectivas condutas de inter-
venção está discriminada no quadro abaixo:
58 • capítulo 2
E, como objetivos específicos:
1. Descrever o estado nutricional da população, com particular referência
a subgrupos definidos que são identificados como estando sob risco. Isto per-
mitirá a descrição do caráter e magnitude do problema nutricional e mudanças
nestas características.
2. Prover informação que irá contribuir para a análise das causas e fatores
associados e, então, permitir uma seleção de medidas preventivas, que poderão
ser ou não nutricionais.
3. Promover decisões por parte dos governos relativas a prioridades e dis-
ponibilidade (uso) de recursos para satisfazer as necessidades tanto do desen-
volvimento normal quanto de emergências.
4. Permitir predições a serem feitas com base nas tendências atuais a fim
de indicar a evolução provável dos problemas nutricionais. Consideradas em
associação com as medidas e recursos existentes e potenciais, estas irão ajudar
na formulação de políticas.
5. Monitorar programas nutricionais e avaliar sua efetividade" (FAO/
UNICEF/WHO, 1976, p. 9).
Portanto, o SISVAN foi pensado para servir, ao mesmo tempo, como um sis-
tema que avisasse precocemente possíveis desastres nutricionais e como um
método de monitoramento de tendências numa situação de privação crônica,
subsidiando o planejamento multisetorial.
A Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) nos serviços de saúde inclui a
avaliação antropométrica (medição de peso e estatura) e do consumo alimentar
cujos dados são consolidados no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
(SISVAN), apoiando gestores e profissionais de saúde no processo de organi-
zação e avaliação da atenção nutricional, permitindo que sejam observadas
prioridades a partir do levantamento de indicadores de alimentação e nutrição
da população assistida. Destaca-se ainda que o SISVAN permite o registro dos
dados da população atendida na atenção básica, com destaque para os benefi-
ciários do Programa Bolsa Família.
Para realizar as ações de VAN é necessário ter equipamentos antropomé-
tricos adequados, como balanças, adipômetros e fita métrica; formulários do
SISVAN Web impressos; acesso à internet para a digitação dos dados coletados
no SISVAN e profissionais capacitados para realizar as avaliações antropomé-
tricas e do consumo alimentar. Além disso, é necessário que seja identificado
um local apropriado para realizar a avaliação nutricional da população.
capítulo 2 • 59
Para colocar em prática as ações de VAN, é necessário estabelecer com a
equipe o fluxo de atividades que serão incorporadas como rotina, contemplan-
do o acolhimento dos indivíduos, o encaminhamento para a realização da an-
tropometria, a realização da avaliação do estado nutricional e dos marcadores
de consumo alimentar e seu registro em formulários adequados. No caso da
atenção individual, este fluxo contribuirá para que os profissionais tomem a
melhor decisão quanto ao cuidado a ser ofertado. E, a partir da inserção destas
informações individuais no SISVAN (o que requer armazenamento adequado
dos formulários preenchidos para posterior digitação no sistema informatiza-
do), é possível gerar relatórios consolidados que permitirão interpretar a situa-
ção alimentar e nutricional da coletividade.
Como pode-se perceber, o SISVAN, através de suas potencialidades, identi-
fica estado nutricional de um indivíduo, resultante do balanço entre a ingestão
e perda de nutrientes. Reflete nas condições nutricionais do seu organismo,
determinadas pelos processos de ingestão, absorção e utilização e excreção de
nutrientes. O estado nutricional é determinado pela avaliação nutricional que é
um excelente indicador de sua qualidade de vida, podendo ser dividido em três
manifestações orgânicas:
60 • capítulo 2
Figura 2.1- Potencialidades da Vigilância Alimentar e Nutricional (Disponível em: http://dab.
saude.gov.br/portaldab/ape_vigilancia_alimentar.php?conteudo=van_sisvan)
capítulo 2 • 61
Além disso, a análise do processo saúde –adoecimento e evidenciou que
a saúde é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da
sociedade em determinado contexto histórico e o aparato biomédico não con-
segue modificar os condicionantes nem determinantes mais amplos desse pro-
cesso, operando um modelo de atenção e cuidado marcado, na maior parte das
vezes, pela centralidade dos sintomas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha como tema
“Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela descentralização
do sistema de saúde e pela implantação de políticas sociais que defendessem
e cuidassem da vida (Conferência Nacional de Saúde, 1986). Era um momento
chave do movimento da Reforma Sanitária brasileira e da afirmação da indis-
sociabilidade entre a garantia da saúde como direito social irrevogável e a ga-
rantia dos demais direitos humanos e de cidadania. O relatório final da 8ª CNS
lançou os fundamentos da proposta do SUS (BRASIL, 1990a).
Na base do processo de criação do SUS encontram-se: o conceito ampliado
de saúde, a necessidade de criar políticas públicas para promovê-la, o impera-
tivo da participação social na construção do sistema e das políticas de saúde e
a impossibilidade do setor sanitário responder sozinho à transformação dos
determinantes e condicionantes para garantir opções saudáveis para a popula-
ção. Nesse sentido, o SUS, como política do estado brasileiro pela melhoria da
qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à saúde, dialoga com as
reflexões e os movimentos no âmbito da promoção da saúde (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2006).
A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção de saúde,
ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas
e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribui na cons-
trução de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
No SUS, a estratégia de promoção da saúde é retomada como uma possibi-
lidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúde- adoecimento
em nosso País como, por exemplo: violência, desemprego, subemprego, falta
de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de
acesso à educação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água
ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais amplas de intervir em
saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Propõe-se, então, que as intervenções em saúde ampliem seu escopo, toman-
do como objeto os problemas e as necessidades de saúde e seus determinantes
62 • capítulo 2
e condicionantes, de modo que a organização da atenção e do cuidado envolva,
ao mesmo tempo, as ações e os serviços que operem sobre os efeitos do adoe-
cer e aqueles que visem ao espaço para além dos muros das unidades de saúde
e do sistema de saúde, incidindo sobre as condições de vida e favorecendo a
ampliação de escolhas saudáveis por parte dos sujeitos e das coletividades no
território onde vivem e trabalham (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Nesse sentido, a elaboração da Política Nacional de Promoção da Saúde é
oportuna, posto que seu processo de construção e de implantação/
Implementação nas várias esferas de gestão do SUS e na interação entre o
setor sanitário e os demais setores das políticas públicas e da sociedade pro-
voca a mudança no modo de organizar, planejar, realizar, analisar e avaliar o
trabalho em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Nas últimas décadas, o Brasil passou por diversas mudanças políticas, econô-
micas, sociais e culturais que evidenciaram transformações no modo de vida da
população a ampliação de políticas sociais na área de saúde, educação, traba-
lho e emprego e assistência social contribuiu para a redução das desigualdades
sociais e permitiu que o País crescesse de forma inclusiva. também se obser-
vou rápida transição demográfica, epidemiológica e nutricional, apresentando
como consequência maior expectativa de vida e redução do número de filhos
por mulher, além de mudanças importantes no padrão de saúde e consumo
alimentar da população brasileira.
As principais doenças que atualmente acometem os brasileiros deixaram
de ser agudas e passaram a ser crônicas, apesar da intensa redução da desnu-
trição em crianças, as deficiências de micronutrientes e a desnutrição crônica
ainda são prevalentes em grupos vulneráveis da população, como em indíge-
nas, quilombolas e crianças e mulheres que vivem em áreas vulneráveis. simul-
taneamente, o Brasil vem enfrentando aumento expressivo do sobrepeso e da
obesidade em todas as faixas etárias, e as doenças crônicas são a principal cau-
sa de morte entre adultos. o excesso de peso acomete um em cada dois adultos
e uma em cada três crianças brasileiras.
Para o enfrentamento desse cenário, é emergente a necessidade da amplia-
ção de ações intersetoriais que repercutam positivamente sobre os diversos de-
terminantes da saúde e nutrição, nesse contexto, o setor saúde tem importante
capítulo 2 • 63
papel na promoção da alimentação adequada e saudável, compromisso ex-
presso na Política nacional de alimentação e nutrição e na Política nacional
de Promoção da saúde. a promoção da alimentação adequada e saudável no
sistema único de saúde (SUS) deve fundamentar-se nas dimensões de incenti-
vo, apoio e proteção da saúde e deve combinar iniciativas focadas em políticas
públicas saudáveis, na criação de ambientes saudáveis, no desenvolvimento de
habilidades pessoais e na reorientação dos serviços de saúde na perspectiva da
promoção da saúde.
O Guia da População Brasileira, publicado em 2006, apresentou as primei-
ras diretrizes alimentares oficiais para a nossa população diante das transfor-
mações sociais vivenciadas pela sociedade brasileira, que impactaram sobre
suas condições de saúde e nutrição, fez-se necessária a apresentação de novas
recomendações. A segunda edição do guia passou por um processo de consulta
pública, que permitiu o seu amplo debate por diversos setores da sociedade e
orientou a construção da versão final.
Tendo por pressupostos os direitos à saúde e à alimentação adequada e sau-
dável, o guia é um documento oficial que aborda os princípios e as recomen-
dações de uma alimentação adequada e saudável para a população brasileira,
configurando-se como instrumento de apoio às ações de educação alimentar
e nutricional no SUS e também em outros setores (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2014). Considerando os múltiplos determinantes das práticas alimentares e, a
complexidade e os desafios que envolvem a conformação dos sistemas alimen-
tares atuais, o guia alimentar reforça o compromisso do ministério da saúde de
contribuir para o desenvolvimento de estratégias para a promoção e a realiza-
ção do direito humano à alimentação adequada.
CONEXÃO
Para conhecimento na íntegra do Guia Alimentar da População Brasileira, leia o site do
Ministério da Saúde:
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/Guia-Alimentar-pa-
ra-a-pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf
64 • capítulo 2
2.3 Epidemiologia dos Principais Distúrbios
Nutricionais (Desnutrição Proteico-
Energética, Hipovitaminoses, Anemias
Nutricionais)
capítulo 2 • 65
Uma variedade de experiências planejadas para facilitar a adoção voluntária de hábitos
alimentares ou de qualquer comportamento relacionado à alimentação que conduza à
saúde e ao bem-estar”. Ao serem planejadas, estas experiências devem considerar as
características específicas do grupo para o qual destinam as ações.
66 • capítulo 2
Os objetivos de um programa de educação nutricional devem expressar as
mudanças pretendidas nos indivíduos, mediante um conjunto de experiências
que lhe serão proporcionadas.
Objetivos realistas serão mais facilmente realizáveis se considerarem:
• os interesses da população-alvo;
• as características sócio-econômico-culturais da população;
• os recursos materiais e humanos disponíveis;
• o embasamento científico dos comportamentos esperados;
• possibilidade de avaliação posterior.
• Após a definição dos objetivos educativos parte-se para a definição dos
conteúdos programáticos necessários para que os objetivos sejam alcançados.
É importante que o conteúdo programático seja adequado aos objetivos e que
não sejam excessivos. Informações em excesso comprometem o sucesso da in-
tervenção (FAGIOLI; NASSER, 2006).
• A próxima etapa é a da definição da metodologia e das estratégias que se-
rão utilizadas e deverão ser definidas segundo as características do conteúdo
programático e do público alvo. Nesta etapa é importante que sejam considera-
dos os aspectos abordados no item abaixo, que apresenta os fatores que contri-
buem para o sucesso da intervenção educativa em nutrição (FAGIOLI; NASSER,
2006).
capítulo 2 • 67
características do planejamento, que em geral, não estabelecem objetivos
adequados ao contexto, ao grupo alvo ou aos seus problemas nutricionais
(FAGIOLI; NASSER, 2006).
2.4.2.1 Pré-escolar
68 • capítulo 2
Fatores que contribuem para o sucesso das intervenções educativas em
nutrição e alimentação:
• Envolvimento dos pais e familiares.
• Comportamentos e atitudes exemplares de familiares e adultos.
• Atividades adequadas ao nível de desenvolvimento psicomotor da criança.
• Crianças de 4 a 7 anos podem compreender conceitos como: alimentos
energéticos, coração forte; alimentos que combatem os germes; alimentos com
pouca gordura que fazem o coração mais forte. O entendimento da função dos
nutrientes e como agem no organismo é muito complexa e exige maior desen-
volvimento cognitivo.
• Atividades baseadas em alimentos como: culinária, cuidado com hortas
envolvendo os cinco sentidos, juntamente com refeições nutritivas favorecem
o desenvolvimento da preferência por alimentos saudáveis.
• Estratégias educativas que envolvam atividade corporal, tais como: proje-
tos de arte, música, teatro, marionetes e quebra-cabeça.
capítulo 2 • 69
Programas de educação nutricional dirigidos ao público escolar, em geral,
apresentam duas abordagens.
• São planejados para oferecer conhecimento sobre nutrição com o objeti-
vo de formar consumidores.
• Direcionam-se a oferecer conhecimento sobre nutrição e a sua relação
com a saúde e o desenvolvimento, atitude e/ou ingestão alimentar, reduzir ris-
co de doenças e promover a saúde.
70 • capítulo 2
• As intervenções devem ter duração adequada para que tenha resultados.
As intervenções mais longas e mais intensivas apresentam melhores resultados
do que as pontuais. Um estudo americano (School Heart Education Evalutions
Sudy) verificou que intervenções com 15 horas obtiveram mudanças somente
no conhecimento, enquanto que as com 50 horas obtiveram mudanças de ati-
tude e no comportamento (FAGIOLI; NASSER, 2006).
• O envolvimento familiar aumenta a efetividade da intervenção. Por exem-
plo, entre pré-escolares e escolares, o suporte familiar amplia a eficácia do tra-
balho em sala de aula. Para crianças maiores e adolescentes não se observa a
mesma importância (FAGIOLI; NASSER, 2006).
• A educação nutricional será mais efetiva se envolver o ambiente es-
colar. Modificações na alimentação escolar contribuem para o sucesso da
intervenção.
capítulo 2 • 71
quência de usuários na atenção primária. Os motivos desta grande incidência
são referidos a fatores socioeconômicos, culturais, religiosos, de época e esco-
laridade (SCHIRAIBER et al, 2000).
A atenção em grupos pode contribuir na promoção, proteção e controle des-
sas situações. Os grupos facilitam o exercício da autodeterminação e da inde-
pendência, pois podem funcionar como rede de apoio que mobiliza as pessoas
na busca de autonomia e sentido para a vida, na autoestima e, até mesmo, na
melhora do senso de humor, aspectos essenciais para ampliar a resistência e
diminuir a vulnerabilidade. No convívio entre pessoas, criam-se vínculos que
possibilitarão o surgimento de organizações ou, no mínimo, o seu incentivo,
promovendo a inclusão social (GARCIA; YAGI; SOUZA; 2006). Além desses as-
pectos sociais e de caráter psicológicos, para obter uma vida mais saudável é
recomendado o autocuidado com a alimentação, ressaltando o papel do au-
mento no consumo de frutas e verduras e grãos integrais, das atividades físi-
cas regulares, a troca das gorduras de origem animal pelas de origem vegetal.
Assim como, diminuir as quantidades dos alimentos mais gordurosos, salga-
dos e doces no regime alimentar, a manutenção do peso corporal, a elimina-
ção do tabagismo e menor álcool (OPAS, 2003). A promoção do autocuidado
vem sendo adotada há alguns anos com o intuito de compreender as ações e
decisões que uma pessoa realiza para prevenir, diagnosticar e tratar uma enfer-
midade. Portanto está intimamente ligada a área de saúde. As pessoas que se
comprometem com seu cuidado preparam-se e capacitam-se para atuar sobre
os fatores que afetam o seu funcionamento e desenvolvimento. A opção pelo
autocuidado como estratégia educativa congrega atividades para a promoção
da saúde, para modificação do estilo de vida, diminuição dos fatores de risco
e prevenção específica de doenças que provocam pequenas, mas, importantes
mudanças por um longo tempo (CERVATO et al, 2005). Nesta opção educativa
da autonomia, o profissional de saúde, em função de sua habilitação e respon-
sabilidade, desempenha o papel de facilitador do processo de mudança.
Toda e qualquer intervenção nutricional educativa terá maiores chances de
sucesso, se estiver incluída em programas habituais que promovam pequenas
e confortáveis, mas importantes mudanças, por um longo período de tempo
(CERVATO et al, 2005).
72 • capítulo 2
2.4.3 Métodos e Estratégias Educativas
capítulo 2 • 73
RECURSOS FAIXA ETÁRIA CARACTERÍSTICAS
Fornece a manipulação de
alimentos e a abordagem de
diversos temas relacionados à
Pré-escolar e escolar (7 a 10
Horticultura alimentação (meio ambiente, nu-
anos)
trição, higiene, comercialização
e industrialização de alimentos,
safra).
Promove o entendimento do
grupo sobre a importância de
conhecer os rótulos dos alimen-
tos; melhora o entendimento
Rótulos de Alimentos Adultos das informações do rótulo dos
alimentos e Industrializados
e estimula a reflexão sobre as
escolhas que estão sendo feitas
sobre a alimentação da família.
Promove o resgate e valorização
da cultura e hábitos alimentares
regionais, promove o resgate e
Colcha de Retalhos Idosos valorização das memórias dos
participantes e proporciona um
momento de socialização entre
os participantes.
74 • capítulo 2
LEITURA
Recomendo a leitura do artigo: A Política de Alimentação e Nutrição no Brasil: Breve
histórico, avaliação e perspectivas sob autoria de Maria Sylvia Carvalho BARROS e José
Carlos TARTAGLIA.
Conhecendo a realidade do Brasil, terá mais condições de utilizar e aplicar a ferramenta
de educação nutricional.
Para conhecer outras possibilidades de aplicação de Educação nutricional e caracte-
rísticas importantes das diferentes faixas etárias, leia o capítulo “Educação para saúde para
cursos técnicos de enfermagem e pessoal multiplicador na comunidade” do livro “Nutrição
Aplicada ao Curso de enfermagem.
REFLEXÃO
A alimentação adequada é indiscutível em qualquer idade. Contudo, o processo de Transição
Nutricional, tem contribuído negativamente com uma vida mais saudável, inclusive na infân-
cia. Segundo o Guia Alimentar da População Brasileira, é recomendável que a mãe aplique
ao seu filho os “Dez Passos de uma Alimentação Saudável” garantindo assim, através de
incentivo e estímulo bons hábitos alimentares no decorrer das diferentes fases da vida. Leia
e entenda sobre o Incentivo ao Aleitamento Materno e os Dez Passos de uma Alimentação
Saudável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FAO. Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. Guia Metodológico de
Comunicação Social em Nutrição. Roma, 1999. 98p.
AMORIM, S. T. S. P. A formação de pediatras e nutricionistas: a dimensão humana. Revista de
Nutrição, Campinas, v. 14, n. 2, p. 111-118, maio/ago. 2001.
ASSIS, A. M. O. O Programa Saúde da Família: contribuições para uma reflexão sobre a inserção do
nutricionista na equipe multidisciplinar. Revista de Nutrição, Campinas, v.15, n.3, p. 255-266, set./dez.
2002.
BONATO, J. A. S., PARRA, J. A. Q. Educação Nutricional na Infância. Nutrição, Saúde e Performance.
Anuário Nutrição e Pediatria. 28-33, 2005.
BOOG, M. C. F. Contribuições da educação nutricional à construção da segurança alimentar.
Saúde em Revista, Piracicaba, v. 6, n. 13, p. 17-23, maio/ago. 2004.
capítulo 2 • 75
BOOG, M. C. F. Educação nutricional: passado, presente e futuro. Revista de Nutrição. Campinas, v.
10, n. 1, p.5-19, jan./jun. 1997.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. Edição Especial, 2005,
236p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da
Saúde, 2012. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 60 p. (Série B. Textos
Básicos de Saúde).
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar da população brasileira: promovendo a alimentação
saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
BURLANDY, L. Atuação do nutricionista em saúde coletiva. [s.l., s.n.], 2005. Mimeografado.
CASTRO, I. R. R. et al. A culinária na promoção da alimentação saudável: delineamento e
experimentação de método educativo dirigido a adolescentes e a profissionais das redes de saúde e
de educação. Revista de Nutrição, Campinas, v. 20, n. 6, p. 571-588, dez. 2007.
CERVATO, A. M., DERNTL, A. M., LATORRE, M. R. D. O. Educação nutricional para adultos e idosos:
uma experiência positiva em Universidade Aberta para a Terceira Idade. Rev. Nutr., jan./fev. 2005,
vol.18, no.1, p.41-52. ISSN 1415-5273.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, 2004, Olinda. A
construção da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Olinda: [s.n.], 2004.
DOVERA, T.M.D. Nutrição aplicada ao curso de enfermagem. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.
FAGIOLI, D., NASSER, L.A. Educação Nutricional na infância e na adolescência: planejamento,
intervenção, avaliação e dinâmicas. 1 ed. São Paulo: RACINE, 2006.
GAGLIANONE, C. P. Educação Nutricional: Teoria e Prática. Nutrição, Saúde e Performance. Anuário
Nutrição e Pediatria. 2003, 59-62p.
GARCIA, M. A. A., YAGI, G. H., SOUZA, C. S., et al. Atenção à saúde em grupos sob a perspectiva
dos idosos. Rev. Latino-Am. Enfermagem, mar./abr. 2006, vol.14, no.2, p.175-182. ISSN 0104-
1169. ORGANIZAÇÃO PAN- AMERICANA DA SAÚDE. Doenças Crônico-degenerativas e obesidade:
estratégia mundial sobre alimentação, atividade física e saúde - Brasília, 2003.
GERALDES, P. C.; Saúde coletiva de todos nós. Rio de Janeiro: Livraria e editora Revister Ltda., p.
103 – 109, 1992.
LIMA, E. S. Educação nutricional: da ignorância alimentar à representação social na pós-graduação
do Rio de Janeiro, 1980-1998. História, Ciências, Saúde- Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p.
604-635, maio/ago. 2003.
76 • capítulo 2
MACHADO, N. M. Reflexões sobre saúde, nutrição e a estratégia de saúde da família. In:
CGPAN. Alimentação e Nutrição. Disponível em: <http://dtr2004. saude.gov.br/ nutricao/
promocaoalimentacao.php>.Acesso em: 01 dez. 2007.
MONTEIRO C. A. et al. Da desnutrição para a obesidade. In: MONTEIRO, C. A. Velhos e novos
males da saúde no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1995. p. 247-255.
Motta, D. G., BOOG, M. C. F. Educação Nutricional. 2º ed. São Paulo: Ibrasa, 1984. 162p.
SANTOS, A. C. A inserção do nutricionista na estratégia da saúde da família: o olhar de
diferentes trabalhadores da saúde. Revista Família, Saúde e Desenvolvimento, Curitiba, v. 7, n. 3, p.
257-265, set./dez. 2005.
Santos, L. A. S. Educação Alimentar e Nutricional no contexto da promoção de práticas
alimentares saudáveis. Ver. Nutr, Campinas, 18(5):681-692, 2005.
SCHRAIBER, L. B. et al; Saúde do adulto: Programas de Ações na Unidade Básica, 2º edição; São
Paulo: Hucitec, p. 29 – 47, 2000.
VALENTE, F.L.S. Direito Humano à Alimentação: Desafios e conquistas. São Paulo: Cortez, 2002.
capítulo 2 • 77
78 • capítulo 2
3
Avaliação
Nutricional
O estado de desnutrição pode afetar adversamente a evolução clínica de pa-
cientes hospitalizados, aumentando a incidência de infecções, doenças asso-
ciadas e complicações pós-operatórias, prolongando o tempo de permanência
e os custos hospitalares. Avaliar o estado nutricional é importante para que
medidas possam ser aplicadas na prevenção e tratamento da desnutrição. Cri-
térios para detectar o risco nutricional na admissão e durante a permanência
no hospital são necessários e devem ser implementados nos procedimentos de
rotina hospitalar, uma vez que a depleção nutricional pode ocorrer durante a
internação.
Embora não haja um único método para a avaliação doestado nutricional,
a proficiência para detectar desnutrição nas suas fases iniciais é essencial para
tratamento efetivo e prevenção de resultados clínicos adversos, e avaliações de
intervalo do estado nutricional são necessárias para avaliar a eficácia de qual-
quer intervenção nutricional.
Diante disso essa unidade permitirá a reflexão dos seguintes pontos:
• Avaliação do estado nutricional do paciente hospitalizado;
• Avaliação clínica nutricional: dietética, bioquímica e antropométrica de
pacientes hospitalizados e de diferentes fases da vida.
OBJETIVOS
Que você, aluno, futuro profissional de saúde, no final dessa unidade, seja capaz de demons-
trar a importância da avaliação do estado nutricional no manejo do paciente hospitalizado em
diferentes fases da vida.
80 • capítulo 3
3.1 Avaliação do Estado Nutricional do
Paciente Hospitalizado
capítulo 3 • 81
com disfunção fisiológica, enquanto a perda entre 10 e 20% do peso usual as-
socia-se com funções prejudicadas de órgãos, morbidade intra-hospitalar mais
alta e hospitalização prolongada dos pacientes cirúrgicos (SHILS et al, 2009).
A anamnese médica orientada para os aspectos nutricionais deve incluir a
doença atual, história médica e cirúrgica pregressa, história familiar, uma lista
de medicações e uma revisão dos sistemas. Atenção especial deve ser dedicada
ao uso de suplementos vitamínicos, terapia de reposição hormonal, suplemen-
tos minerais e medicações de venda livre, as quais, as vezes não são considera-
das medicações pelos pacientes (SHILS et al, 2009).
O uso crônico de álcool e medicações tais como glicocorticoides, agentes
imunossupressores e citotóxicos, laxativos, estimulantes ou supressores de
apetite, cafeína e drogas ilícitas devem ser especificamente observadas. A histó-
ria deve avaliar alterações na dieta, incluindo quantidades e tipos de alimentos
ingeridos e o estado dentário, especialmente o idoso(SHILS et al, 2009).
O quadro da desnutrição hospitalar é agravado considerando as ocorrên-
cias durante o período de internação. Pacientes podem desenvolver a desnutri-
ção durante a hospitalização ou pacientes desnutridos podem apresentar uma
piora do estado nutricional. Fatores que causam essa situação podem estar re-
lacionados com a própria doença como comprometimento da digestão, altera-
ção do anabolismo e catabolismo; ou mesmo com causas circunstanciais como
dor, ambiente hospitalar, tipo de alimentação e ação de medicamentos, que
podem colaborar com o agravo do quadro (WAITZBERG, 2002).
Diferentes patologias apresentam maior ou menor ação desses fatores so-
bre estado nutricional, e podem determinar um diagnóstico nutricional do pa-
ciente hospitalizado. Ou seja enfermidades catabólicas e/ou enfermidades do
sistema digestório e/ou enfermidades que exigem uso de fármacos os quais po-
derão interferir no consumo e utilização de nutrientes possivelmente levarão à
deterioração do estado nutricional. Em contrapartida a alterações metabólicas
podem não influenciar no estado nutricional do paciente hospitalizado, e não
estudos sobre a relação entre o estado nutricional que considerem as enfermi-
dades de base do paciente.
82 • capítulo 3
No quadro a seguir estão apresentados os mecanismos pelos quais a des-
nutrição pode resultar de muitas doenças comuns segundo SHILS et al, 2009.
capítulo 3 • 83
A história familiar e dietética são pertinentes à desnutrição e a obesidade.
A obesidade associa-se com co-morbidades importantes tais como: diabetes
tipo 2, hipertensão, hiperlipidemia e insuficiência respiratória, ocasionados
por dietas ricas em calorias de gorduras saturadas e pobres em fibras(SHILS et
al, 2009).
Para melhor entendimento sobre ingestão alimentar, os profissionais de
saúde devem usar a pirâmide dos alimentos para ajudar os seus pacientes a
identificar problemas no âmbito das escolhas alimentares (CUPPARI, 2002).
Mesmo com os aspectos relacionados à doença clínica e fatores socioeco-
nômicos, o estado nutricional dos pacientes hospitalizados pode ser adversa-
mente afetado por fatores exclusivos relacionados ao contexto da própria inter-
nação e permanência no ambiente hospitalar, incluindo restrição de refeições
para a realização de exames, falta de reconhecimento do aumento nas necessi-
dades nutricionais pela lesão ou doença, grandes cirurgias, infecções e retardo
no início do estabelecimento da Terapia Nutricional (SHILS et al, 2009).
84 • capítulo 3
poral, portanto nenhum indicador único pode ser considerado padrão ”ouro”,
devido, todos apresentarem limitações, sendo a mais importante o fato de se-
rem fatores independentes ao estado nutricional (WAITZBERG, 2002).
A elaboração e validação de métodos de triagem de risco nutricional, que
possam ser aplicados por qualquer membro da equipe de saúde, tiveram início
na década de 80 com Detsky et al, (1987)pela validação da Avaliação Nutricional
SubjetivaGlobal (ANSG), um sistema de avaliação clínica e funcional capaz de
triar pacientescom moderado ou alto risco cirúrgico. Nos anos seguintes, cria-
ram-se várias versõesde ASG para serem utilizadas nas enfermarias clínicas e
em diversas situações específicas.
A triagem nutricional identifica indivíduos que estão desnutridos ou em
risconutricional.
Para avaliar o estado nutricional dos pacientes são utilizados vários mé-
todos subjetivos eobjetivos, desde os mais simples, os quais todos da equipe
deverão saber aplicar einterpretar, até os mais complexos utilizados em cen-
tros de pesquisa. A mensuração da Circunferência do Braço (CB) faz parte da
avaliação antropométrica que é um dos parâmetros objetivos da avaliação do
estado nutricional e pode serutilizado em pacientes acamados para estimar a
quantidade de proteína somática e tecido adiposo. Trata-se de uma medida que
representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo,muscular e gor-
duroso do braço.
Dentre os parâmetros bioquímicos destaca-se a dosagem de albumina séri-
ca, proteína abundante no meio extracelular responsável pelo equilíbrio oncó-
tico e pelo transporte de uma ampla variedade de substâncias no sangue, que
tem sido correlacionada com o estadonutricional e gravidade da doença.Níveis
séricos entre 2,0 e 2,5 g/dL correlacionam-se com a manifestação de edema. A
hipoalbuminemia tem sido apresentada comofator de risco independente para
mortalidade de todas as causas em pessoas idosas(WAITZBERG, 2002).
Embora os níveisséricos de albumina tenham valor prognóstico, não podem
ser considerados como bons indicadores de adequado suporte nutricional.
Linfócitos eLeucócitos periféricos são usados para o cálculo da Contagem
Total de Linfócitos(CTL), que mede as reservas imunológicasmomentâneas, in-
dicando as condições domecanismo de defesa celular do organismo que sofre
interferência do estadonutricional, portanto, utilizada como parâmetro nutri-
cional para a medição dacompetência imunológica. No entanto, a CTL como
indicador nutricional é limitadaem casos de infecções, cirrose hepática, quei-
maduras e alguns medicamentos (WAITZBERG, 2002).
capítulo 3 • 85
As avaliações subjetivas têmcomo base a interpretaçãosemiológica dossi-
nais e sintomas clínicos e exame físico do paciente como indicadores nutricio-
nais (WAITZBERG, 2002).
A ASG consiste de anamnese e exame físico, onde se avaliaprincipalmente,
perda de peso relatada pelo próprio paciente ou acompanhante, diminuição
do tecido adiposo e muscular analisada pelo investigador e alterações na in-
gestão alimentar relativa ao habitual e capacidade funcional. Os métodossub-
jetivos têm boa precisãodiagnóstica quando utilizados por avaliador experiente
(WAITZBERG, 2002).
De acordo com Detsky et al, 1987, padronizarão este método essencialmen-
te clínico, criando uma versão em forma de questionário denominada avalia-
ção subjetiva global (ASG) do estado nutricional. Este método simples, de baixo
custo, que pode ser realizado em poucos minutos à beira do leito, obteve gran-
de aceitação na prática clínica, sendo atualmente utilizado não apenas em pa-
cientes cirúrgicos, mas também adaptado para várias outras situações clínicas.
A AGS fornece resultados imediatos, o que permite intervenção rápida e evi-
ta testes caros com longos tempos de execução. Cinco características da histó-
ria e quatro características do exame físico são combinadas para avaliar o esta-
do nutricional (Quadro 2). As características históricas incluem perda de peso,
alterações na ingestão dietética, sintomas gastrintestinais importantes, estado
funcional ou nível de energia do paciente, e a demanda metabólica subjacente
do estado de doença do paciente. A perda de peso é expressa em quilogramas
perdidos durante os seis meses precedentes e as duas semanas antes da avalia-
ção. As alterações do padrão dietético incluem os tipos de alimentos ingeridos,
ingestão reduzida e duração da mudança. A avaliação de ingestão alimentar
anormal inclui estimativas de inanição, confiança em líquidos hipocalóricos,
uma dieta líquida completa ou uma dieta sólida. Os sintomas gastrointestinais
são considerados importantes se persistirem mais que duas semanas e incluí-
rem anorexia, náusea vômito e diarreia. O nível energético e a capacidade fun-
cional são graduados de restrito ao leito até capacidade completa. A gravidade
da doença subjacente é avaliada de acordo com sua influência sobre a deman-
da metabólica e portanto necessidade nutricional(SHILS et al, 2009).
Os achados físicos são graduados como normais, moderados ou graves e
incluem depleção de gordura subjacente, hipotrofia muscular nos músculos
quadríceps e deltoides e a presença de edema e ascite. A região do tríceps e a
linha hemiaxilar no nível de costelas inferiores são avaliadas subjetivamente
86 • capítulo 3
quanto à perda do tecido subcutâneo pelo pinçamento entre o polegar e o indi-
cador. A palpação dos músculos quadríceps e deltoides avalia perda de tônus e
massa muscular. Edema de tornozelos e sacro e ascite devem ser interpretados
detalhadamente na presença de doenças co-mórbidas, tais como insuficiência
renal, insuficiência cardíaca congestiva ou doença hepática(SHILS et al, 2009).
Embora não incluído no questionário de AGS, um exame neurológico cuida-
doso deve ser incluído como parte da avaliação nutricional no leito.
Baseado na coleta de informação da história e exame físico, os pacientes são
classificados de acordo com três categorias: A, boa nutrição; B, desnutrição mo-
derada ou suspeita; e C, desnutrição grave. Perda de peso, má ingestão dietética,
perda de tecido subcutâneo e atrofia muscular são considerados os fatores mais
importantes. Em contraposição, a presença de ascite, edema ou uma grande
massa tumoral reduz o significado de peso corporal. Os pacientes encontram-
se na categoria B se houver uma perda de peso menos de 5% do peso das duas
semanas antes da admissão sem estabilização ou ganho de peso, juntamente
com redução na ingestão dietética e perda branda de tecido subcutâneo. Os pa-
cientes que recebem uma classificação C demonstram sinais físicos óbvios de
desnutrição com perda continuada de peso, um declínio global de pelo menos
10% do seu peso normal e alteração nos outros parâmetros (SHILS et al, 2009).
(continua)
capítulo 3 • 87
4. Capacidade funcional
_____ sem disfunção (capacidade completa)
_____ disfunção _____ duração = # _____ semanas.
_____ Tipo: _____ trabalho sub-ótimo _____ ambulatório _____ acamado.
5. Doença e sua relação com necessidades nutricionais
Diagnóstico primário (especificar) _____________________________________________
___________________________________________________________________________
Demanda metabólica (stress): _____ sem stress _____ baixo stress _____stress mode-
rado _____ stress elevado.
B. Exame Físico (para cada categoria, especificar: 0 = normal, 1+ = leve, 2+ =
moderado, 3+ = grave).
# _____ perda de gordura subcutânea (tríceps, tórax)
# _____ perda muscular (quadríceps, deltóide)
# _____ edema tornozelo
# _____ edema sacral
# _____ ascite
C. Avaliação subjetiva global (selecione uma)
_____ A = bem nutrido
_____ B = moderadamente (ou suspeita de ser) desnutrido
_____ C = gravemente desnutrido
Quadro 2 - Avaliação subjetiva global do estado nutricional, segundo Detsky et al, 1987.
88 • capítulo 3
de identificar pacientes que apresentam maior risco de sofrer complicações
associadas ao estado nutricional durante sua internação (avaliação de risco
nutricional). Desta forma, a avaliação nutricional seria um instrumento tanto
prognóstico como diagnóstico.
No ambiente hospitalar, o que denomina desnutrição talvez seja determi-
nado por diversos fatores, e não simplesmente a ingestão inadequada de ca-
lorias, proteínas e micronutrientes, assim o diagnóstico através de ASG seria
considerado um marcador do estado de saúde, sendo a desnutrição grave um
indicador da gravidade da doença e não apenas um indicador da magnitu-
de do déficit de nutrientes. Isto explicaria a capacidade preditiva do método
e também a incapacidade de se demonstrar claramente a diminuição de ris-
co nos pacientes desnutridos graves apenas com o uso da terapia nutricional
(WAITSBERG, 2002).
Uma das desvantagens do método é que sua precisão diagnóstica depende
da experiência do observador, devido ser considerado um método subjetivo,
além de outra dificuldade como o monitoramento a evolução dos pacientes
pela ausência de critérios quantitativos (WAITSBERG, 2002).
No entanto, os demais métodos objetivos utilizados na prática clínica para
avaliação do estado nutricional também não possuem sensibilidade ou preci-
são suficientes para detectar pequenas variações no estado nutricional ocorri-
das a curto prazo (WAITSBERG, 2002).
De uma maneira geral, a ASG é uma técnica amplamente disponível e de
baixo custo para avaliação nutricional com boa reprodutibilidade, consideran-
do que sua escala quantitativa pode ser aplicada com sucesso a diferentes po-
pulações de pacientes (WAITSBERG, 2002).
capítulo 3 • 89
O exame físico, antropometria, bioquímica e dietética, fornecem muitas
informações valiosas ao se detectar o estado nutricional do paciente, propor-
cionando um diagnóstico preciso e tratamento adequado (WAITSBERG, 2002).
90 • capítulo 3
quando apertadas e a cor rósea inicial ao serem soltas, denominado o retorno a
coloração normal de enchimento capilar(WAITSBERG, 2002).
Algumas forma de unhas, como côncovas, podem indicar deficiência de fer-
ro;coiloníquia, representa a forma em colher, quebradiças e finas irregular e
mosqueadas, podem significar deficiências de vitaminas (WAITSBERG, 2002).
Quanto à língua, deve-se ser examinada observando,cor, fissuras, cortes,
umidade, textura e simetria. Ao esticar a língua para fora da cavidade oral, a
mesma deve estar protusa simetricamente, anormalias na simetria, podem sig-
nificar problemas com o nervo craniano XII (hipoglosso), que podem afetar a
habilidade do paciente de mastigar certos alimentos de forma correta. A língua
deve estar rosada e úmida, sem cortes ou fissuras, e sua textura deve ser ligei-
ramente áspera, devido às papilas gustativas. Na atrofia filiforme as papilas se
apresentam enrugadas, e a língua lisa e escorregadia. Quando apresenta glos-
site, a língua encontra-se com coloração vermelha, atrófica e dolorosa, sendo
que qualquer outra coloração (magenta por exemplo), pode significar distúrbio
nutricional (WAITSBERG, 2002).
Em seguida, palpa-se e examina-se o sistema muscoesquelético, inspecio-
nando braços e pernas, determinando as reservas de gordura e massa muscu-
lar, além de determinar a habilidade do paciente de comer e manipular utensí-
lios para alimentação(WAITSBERG, 2002).
Abaixo na Tabela 1, descrito o roteiro para o exame físico e na Tabela 2,
descrito as alterações do exame físico decorrentes da desnutrição e carências
nutricionais.
INSPEÇÃO GERAL
Estado geral da saúde Peso corpóreo
Características corporais Desnutrição evidente (marasmo, kwashiokor)
Crescimento Discurso
Estado de consciência Movimentos corporais
Altura
SINAIS VITAIS
Pressão arterial Respiração
Pulso radial Temperatura
ANTROPOMETRIA
Altura Pregas cutâneas
Peso Massa muscular corpórea
PELE E UNHAS
Inspecionar e palpar pele:
Cor, pigmentação Hidratação
Lesões Textura
capítulo 3 • 91
PELE E UNHAS
Escaras Temperatura
Abrasões Turgor
Edema Vascularidade
Feridas Úlceras
Inspecionar e palpar unhas:
Forma Contorno
Ângulo Lesões
Cor Circulação
CABEÇA E PESCOÇO
Inspecionar e palpar cabeça:
Forma e simetria do crânio Pele
Massas Textura
Cabelos e couro cabeludo Sensibilidade (Nervo craniano V, toque leve, dor)
Motricidade (Nervo craniano VII, mostrar dentes,
Face
franzir os lábios, levantar as sobrancelhas)
Inspecionar e palpar olhos:
Pele Conjuntiva
Córneas Esclera
Inspecionar e palpar nariz e seios da face:
Narinas externas Narinas internas
Forma Permeabilidade do canal nasal, obstruções
Corrimentos Forma
Corrimentos
Pólipos
Presença de sondas de alimentação
Inspecionar e palpar boca:
Mandíbulas Reflexo nauseoso
Lábios Palatos
Mucosa Gengivas
Dentes Língua
Língua Presença de sondas de alimentação
Inspecionar e palpar pescoço:
Veias do pescoço Pele
Amplitude de movimentos Estruturas medianas (traqueia, aumento de tireoide)
Simetria Linfonodos
Presença de sondas de alimentação
TÓRAX
Tórax anterior e posterior
Inspecionar o desenvolvimento muscular e
Frequência, profundidade, ritmo
pulmonar
Auscultar ruídos respiratórios Observar aparelhos mecânicos
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Edema
Caquexia
Presença de cateter de acesso venoso central
92 • capítulo 3
ABDÔMEN
Inspecionar cor, contornos, desenvolvimento
Inspecionar simetria, cicatrizes
muscular
Auscultar ruídos hidroaéreos Percutir timpanismo
Palpar temperatura, textura Palpar textura
Feridas Presença de ostomias, sondas, etc.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
Observar tamanho, forma, simetria e deformi-
Dor articular
dades, movimentos involuntários
Inspecionar e palpar braços, dedos, punhos,
Edema
cotovelos e ombros:
Força Pulsos
Amplitude de movimentos
Fluídos
Inspecionar e palpar pernas:
Resistência do quadril Distribuição de pelos
Edema Pulsos
NEUROLÓGICO:
Inspecionar estado neurológico:
Motricidade, grosseira e fina Coordenação (dedo-nariz, mão-boca)
Mudanças psicomotoras Fraqueza
Estado de alerta mental Distúrbios do comportamento
Parestesias Demência
Tremores Reflexos (bíceps, tríceps, patelar, aquileu)
Feridas Úlceras
capítulo 3 • 93
Queratomalacia (córnea adel-
gaçada)
Vermelhidão e fissura rios
Riboflavina, piridoxina
epicantos
OLHOS Arco córneo (anel branco ao
Hiperlipidemia
redor do olho)
Xantelasma (pequenas bolsas
amareladas ao redor dos olhos)
Estomatite angular (lesões
róseas ou brancas nos cantos Riboflavina
da boca)
LÁBIOS Escaras do ângulo
Queilose (avermelhamento ou
edema dos lábios e boca)
Língua escarlate e inflamada Ácido Nicotínico
Língua magenta (púrpura) Riboflavina
Língua edematosa Niacina
LÍNGUA
Papila filiforme, atrofia e hiper-
Ácido fólico
trofia
Vitamina B12
Esmalte manchado Flúor
DENTES Cáries Açúcar em excesso
Dentes faltando
Esponjosas; sangrando Vitamina C
GENGIVAS Gengiva vazante
Xerose
Hiperqueratosefibular (pele em
Vitamina A
papel de areia)
Petéquias (pequenas hemorra-
Vitamina C
gias na pele)
Dermatose pelagra (pigmen-
tação edematosa avermelhada Ácido nicotínico
PELE nas áreas de exposição ao sol)
Equimoses em excesso Vitamina K
Dermatose cosmética desca-
Kwashiorkor
mativa
Dermatose vulvar e escrotal Riboflavina
Xantomas (depósito de gordura
sob a pele e ao redor das arti- Hiperlipidemia
culações)
Quebradiças; rugosas Ferro
UNHAS Coiloníquia (forma de colher)
Edema Kwashiorkor
TECIDO SUBCUTÂNEO Gordura abaixo do normal Inanição; marasmo
Gordura acima do normal Obesidade
94 • capítulo 3
Desgaste muscular Ignição, marasmo
Craniotabes (ossos do crânio
Kwashiorkor
finos e frágeis no lactente)
Bossa frontoparietal (edema
arredondado da frente e do lado
da cabeça)
Alargamento epifisário (aumen-
SISTEMA to das extremidades dos ossos)
Vitamina D
MÚSCULO- Persistência da abertura da
ESQUELÉTICO fontanela anterior (área mole na
cabeça que fecha mais tarde)
Perna em X ou perna torta
Hemorragias musculoesque-
Vitamina C
léticas
Frouxidão das panturrilhas Tiamina
Rosário raquítico Vitamina D; vitamina C
Fraturas em idosos Osteoporose
Aumento do coração Tiamina
SISTEMA Taquicardia Sódio?
CARDIOVASCULAR
Hipertensão arterial
SISTEMA Hepato-esplenomegalia Kwashiorkor
GASTRINTESTINAL
Alterações psicomotoras Kwashiorkor
Confusão mental Ácido nicotínico; tiamina
Depressão Piridoxina; vitamina B12
Perda sensitiva
Fraqueza motora
SISTEMA
Perda do senso de posição
NERVOSO
Perda da sensibilidade vibratória Tiamina
Perda da contração de punho e
tornozelo
Formigamento das mãos e pés
(parestesia)
3.2.2 Antropometria
capítulo 3 • 95
Entre as vantagens das medidas antropométricas estão o baixo custo, sim-
plicidade de equipamento, facilidade da obtenção dos resultados e confiabi-
lidade no método, desde que executado e interpretado por pessoas experien-
tes(WAITSBERG, 2002).
Os métodos antropométricos mais utilizados para determinar a composi-
ção do peso corporal são descritos a seguir.
PESO ALTURA
De preferência, utilizar um metro de madeira
1. O examinador deve estar familiarizado com o
ou fita métrica afixada a uma superfície vertical
uso do instrumento.
plana, como uma parede.
2. A escala da balança deverá estar calibrada 1. O examinador deverá estar familiarizado com o
para zero. uso do equipamento.
3. O paciente deverá ser pesado antes do café da 2. O paciente deverá estar sem sapatos ou
manhã, após esvaziar a bexiga. chapeu
96 • capítulo 3
PESO ALTURA
3. O paciente deverá permanecer de pé sobre a
plataforma, com os calcanhares juntos, para trás,
4. O paciente deverá estar vestido com roupas
e o corpo mais reto possível. Os calcanhares,
leves e sem sapatos.
glúteos, ombros e cabeça deverão tocar a parede
de superfície vertical do dispositivo de medida.
5. O paciente deverá permanecer de pé sobre a
4. A linha de visão do paciente deverá ser hori-
balança ou deitado quietamente sobre a mesa de
zontal.
pesagem.
6. As medidas deverão ser anotadas e registra- 5. As medidas deverão ser anotadas e registra-
das com exatidão. das cuidadosamente.
6. A medida atual deverá ser comparada com
7. A medida atual deverá ser comparada com medidas prévias para determinar aumento na
medidas de peso prévias para detectar possíveis estatura de pacientes que possam estar ainda
mudanças de peso. em crescimento e ajudar a identificação de erros
de medida.
peso atual
% do peso ideal = × 100
peso ideal
peso atual
% do peso usual = × 100
peso usual
PU − PA
% de alteração do PU = = 100
PU
PI − PA
% de altera o do PI = = 100
PI
capítulo 3 • 97
CONEXÃO
As curvas de crescimento constituem um importante instrumento técnico para medir, monito-
rar e avaliar o crescimento de todas as crianças e adolescentes de 0 a 19anos. Desnutrição,
sobrepeso, obesidade e condições associadas ao crescimento eà nutrição da criança podem
ser detectadas e encaminhadas precocemente. Acesse os links abaixo para conhecer as
curvas de crescimento:
http://www.who.int/childgrowth/en/ ehttp://www.who.int/growthref/en
A altura deve ser medida com o paciente sem sapatos, posição ereta e calca-
nhares juntos, seguindo técnicas de mensuração da altura. Para determinação
da altura de pessoas acamadas ou com curvatura espinhal, utiliza-se a medida
da altura do joelho, que é correlacionada com a altura medida de forma con-
vencional. Para o procedimento dessa medida, o paciente deve estar deitado
e curvar o joelho a um ângulo de 90 graus. Faz-se a medida do calcanhar à su-
perfície anterior a coxa, próximo à patela, utilizando-se uma régua com esca-
las. Para o cálculo da altura, utilizam-se as seguintes fórmulas (adaptado de
Chumlea et al., 1987).
98 • capítulo 3
FAIXA PERCENTIL
ETÁRIA 5 10 25 50 75 90 95
Mulheres Americanas
18-24 45,4 48,2 51,8 58,2 64,5 74,1 83,2
25-34 46,8 49,5 54,1 60,0 69,1 82,3 91,8
35-44 49,5 51,8 56,4 63,2 74,1 89,6 97,7
45-54 49,5 51,8 57,7 65,9 74,5 86,8 96,8
55-64 47,3 50,4 58,2 65,4 75,1 86,8 92,3
65-74 47,7 50,9 57,3 64,5 74,1 83,2 86,6
Valoresbaseados em “Health and Nutrition Examination Survey” (Hancs 11, 1971 – 1974), de acor-
do com Bishop (1981).
Tabela 4 - Valores de Referência para Peso Corpóreo Expresso em Kg.
FAIXA ETÁRIA
5% 50% 95%
EM ANOS
Homens
65 62,6 79,5 102,0
70 59,7 76,5 99,1
75 56,8 73,6 96,3
80 53,9 70,7 93,4
85 51,0 67,8 90,5
90 48,1 64,9 87,6
Mulheres
65 51,2 66,8 87,1
70 49,0 64,6 84,9
75 46,8 62,4 82,8
80 44,7 60,2 90,6
85 42,5 58,0 78,4
90 40,3 55,9 76,2
Peso Corpóreo em indivíduos Idosos Expresso em Kg. Medidas de 119 homens e 150 mulheres
ambulatoriais de acordo com Chumlea WC, Roche AF e Mukherjee D. NutrictionalAssessmentof-
theElderlythroughAnthropomentry. Ross Laboratories, Columbus, Ohio, 1984.
Tanto o peso quanto a altura de uma pessoa variam com o decorrer da ida-
de, aumentando o peso e diminuindo a altura com o passar dos anos.
O índice de massa corporal calculado como IMC (Kg/m2) = P/A2, é um índice
antropométrico que está correlacionado com a gordura corporal total. Em pa-
cientes hospitalizados, o peso pode estar significativamente modificado devido
à depleção de volume ou de sua sobrecarga como resultado de grandes altera-
ções do balaço hídrico em um curto período de tempo(WAITSBERG, 2002).
O índice de massa corporal (IMC) baseia-se nos valores de peso ideal para
homens e mulheres normais entre 19 e 27Kg/m2, respectivamente, o que cor-
responde a faixa percentual de 27 a 75 para crianças e adolescentes.
capítulo 3 • 99
GRUPO FAIXA ETÁRIA EQUAÇÃO
18-60 Altura = 1,88 (altura do joelho) + 71,85
17-67 Altura = 2,31 (altura do joelho) + 51,1
HOMENS BRANCOS 60-80 Altura = 2,08 (altura do joelho) + 59,01
17-67 Altura = 2,30 (altura do joelho) – 0,063 (idade) + 54,9
17-67 Altura = 0,762 (envergadura dos braços) + 40,7
18-60 Altura = 1,79 (altura do joelho) + 73,42
HOMENS NEGROS 60-80 Altura = 1,37 (altura do joelho) + 95,79
18-60 Altura = 1,97 (altura do joelho) – 0,06 (idade) + 70,25
22-71 Altura = 1,84 (altura do joelho) + 70,2
MULHERES BRANCAS 22-71 Altura = 1,91 (altura do joelho) – 0,098 (idade) + 71,3
60-80 Altura = 1,91 (altura do joelho) – 0,017 (idade) + 75
22-71 Altura = 0,693 (envergadura dos braços) + 50,3
18-60 Altura = 1,86 (altura do joelho) – 0,06 (idade) + 70,25
MULHERES NEGRAS 60-80 Altura = 1,96 (altura do joelho) + 58,72
MENINOS BRANCOS 6-18 Altura = 2,22 (altura do joelho) + 40,54
MENINOS NEGROS 6-18 Altura = 2,18 (altura do joelho) + 39,60
4-16 Altura = 1,75 (segmento inferior) + 26,56
MENINOS CHINESES 4-16 Altura = 0,92 (envergadura dos braços) + 10,84
MENINAS BRANCAS 6-18 Altura = 2,15 (altura do joelho) + 43,21
MENINAS NEGRAS 6-18 Altura = 2,02 (altura do joelho) + 46,59
4-16 Altura = 1,81 (segmento inferior) + 22,75
MENINAS CHINESAS 4-16 Altura = 0,93 (envergadura dos braços) + 10,34
Envergadura dos braços, altura do joelho e altura: em cm; segmento inferior (comprimento subsqui-
ático da perna): em cm = altura em pé – altura sentado; idade: em anos). Retirado de Heymsfield
(1999)
Tabela 6 - Equações Recomendadas para Predizer a Altura de Indivíduos que Não Conse-
guem Ficar em Pé. Retirado de Heymsfield (1999).
100 • capítulo 3
subcutâneos. A medida da dobra cutânea, considerando-se suas limitações,
constitui o meio mais conveniente para estabelecer indiretamente a massa cor-
pórea do gordura. As dobras cutâneas mais comumente utilizadas encontram-
se na Tabela 7(WAITSBERG, 2002).
As medidas das dobras cutâneas podem ser úteis para avaliar mudanças
a longo prazo nas reservas de tecido adiposo subcutâneo em pacientes porta-
dores de doenças crônicas ou que estão recebendo terapia nutricional enteral
ou parenteral por um período de meses ou anos. A determinação de mudan-
ças agudas na composição corpórea não pode, porém, ser feita com confiança.
Esta limitação do método de mensuração das dobras cutâneas ocorre por causa
da redistribuição corpórea de fluidos, causando edemas, como os que ocorrem
na insuficiência cardíaca, congestiva, insuficiência hepática ou renal(WAITS-
BERG, 2002).
São disponíveis muitas equações para calcular a gordura corporal total
(GCT) a partir de medidas das dobras cutâneas, peso corporal e circunferên-
cias. As vantagens de se calcular a GCT são, além de incluir mais de uma dobra
nos cálculos, pode-se utilizar o resultado para calcular as reservas de energia
(WAITSBERG, 2002).
Para a medida absoluta de dobra cutânea, ou a soma de algumas delas, deve-se utilizar
tabelas de referênciapara classificação como : deficiência de adiposidade , normalidade
ou excesso de adiposidade.
capítulo 3 • 101
Pegue esta prega 2cm acima da crista ilíaca na linha axilar média. A
PREGA CUTÂNEA SUPRA-ILÍACA crista desta prega deve se situar horizontalmente.
A pele é segurada na face posterior, no mesmo nível da circunfe-
PREGA CUTÂNEA DA COXA rência da coxa. A crista da prega deve estar paralela à perna.
PREGA CUTÂNEA DA A pele é segurada na face posterior, no mesmo nível da circunfe-
PANTURRILHA rência da panturrilha. A crista da prega deve estar paralela à perna.
PREGAS CUTÂNEAS
1. Acesse o local anatômico como descrito na Tabela 16.7
2. Levante a pele e o tecido gorduroso do tecido subjacente segurando os tecidos entre o polegar e
o indicador.
3. Aplique o paquímetro aproximadamente a 1cm distalmente do polegar e do indicador, a meio
caminho entre o ápice e a base da prega.
4. Continue a segurar a prega com o polegar e o indicador durante a medida.
5. Depois de aplicar o paquímetro por 2 a 3 segundos, leia a medida da prega com precisão de
0,5mm.
6. As medidas são então feitas em triplicata até que as leituras se estabilizem com precisão de ±
1,0mm; é calculada a média dos resultados.
CIRCUNFERÊNCIAS
1. A fita deve ser mantida em posição horizonta tocando a pele e seguindo os contornos do membro,
mas sem comprimir os tecidos subjacentes.
2. As medidas devem ser realizadas com aproximação de 1mm, em triplicata, como previamente
descrito para as pregas cutâneas.
102 • capítulo 3
Na Tabela 9 estão descritos os locais para medidas de circunferências, con-
forme Heymsfield (1999).
1. Hematológicos
Os parâmetros hematológicos mais utilizados em avaliação nutricional são
hematócrito (HT), hemoglobina (HG) e linfócitos totais (LINF) . Os valores de
hematócrito e hemoglobina são dependentes da idade e gênero . A contagem
capítulo 3 • 103
total de linfócitos (CTL) expressa condições imunológicas e também os valo-
res normais. Considerado normalidade os valores iguais ou maiores que 1.500/
mm3 , depleção moderada de 1.200 a 1.500/mm3 e grave abaixo de 1.200/mm3.
O risco maior de complicações associadas com estado nutricional ocorre
quando a CLT for inferior a 1.500/mm3.Waitzberg, (2002) considera os seguin-
tes valores: a) depleção leve: 1.200 a 2.000/mm3 ; b) depleção moderada: 800 a
1.199/mm3 ; c) depleção grave: < 800/mm3.
3. Albumina
É a proteína mais abundante do plasma e dos líquidos extracelulares, sendo
uma das mais extensamente estudadas, com aproximadamente 19.000 citações
no Index Medicus nos últimos trinta anos . Tem importância preponderante
na determinação da pressão coloidosmóticado plasma, exercendo função de
proteína de transporte (cálcio, ácidos graxos de cadeia longa, medicamentos
etc.).A concentração sérica de albumina depende de muitos fatores : a) síntese
hepática: depende da função do hepatócito e da ingestão eabsorção de substra-
tos proteicos, encontrando-se diminuída no hipotireoidismo quando há níveis
circulantesexcessivos de cortisol durante estresse e emdoença parenquimatosa
hepática; b) perdas anormaisde albumina: doença renal (síndrome nefrótica),
eclampsia, enteropatia perdedora de proteína e queimaduras (SHILS et al, 2009);
c) catabolismo aumentado: estresse, hipermetabolismo, síndrome de Cushing e
algumas neoplasias; d) trocas entre os compartimentos: alteradas em situações
patológicas, com sequestro para oextravascular (trauma, infecção); e) volume de
distribuiçãoafetado pelo estado de hidratação.Apesar da limitação decorrente
da meia vida prolongada,interferindo na detecção de alterações agudasdo esta-
do nutricional, e de sofrer alterações por diversasoutras razões não-nutricionais
, os níveis séricosde albumina são fortemente relacionados com aumentosna
morbidade (tempo de internação prolongado,cicatrização e deficiente de feri-
das) e da mortalidade.Por isso, é uma das variáveis mais frequentemente utili-
zadas para compor índices prognósticos, sendo também considerada o melhor
índice isolado de predição de complicações (SHILS et al, 2009).
104 • capítulo 3
4.Transferrina
É uma beta globulina transportadora de ferro no plasma, sendo uma prote-
ína de vida média intermediária(aproximadamente oito dias) entre a albumi-
nae as proteínas de rápido turnover.Apesar do fato de que a vida média mais
curta seja, teoricamente, uma vantagem sobre albumina, estudos clínicos não
observaram diferenças significativas.Por isto, alguns autores afirmam que su-
amedição habitual, sem finalidade de pesquisa, nãoapresenta vantagem sobre
a dosagem da albumina e outros já não incluem a transferrina na avaliação do
estado proteico (SHILS et al, 2009).
5.Pré-albumina
É uma proteína de transporte de hormônios tireoidianos que existe na cir-
culação, formando um complexo com a proteína transportadora de retinol.
Tem uma vida média de 2 a 3 dias, porém estudos não mostraram vantagem
sobre a albumina, sendo considerada por outros autores como não confiável
como índice de estado nutricional(SHILS et al, 2009).
6.Índice Creatinina-Altura
Trata-se de método para avaliar a massa muscular corpórea baseando-se no
fato de que 98% da creatinina está localizada nos músculos. É calculado a partir
da dosagem da creatinina na urina de 24 horas, a qual deve ser rigorosamente
coletada, impossibilitando seu uso em pacientes com insuficiência renal ou em
uso de diuréticos, como na falência cardíaca ou hepática. A dependência de uma
coleta de urina acurada a completa, e a exigência de dieta desprovida de carne,po-
dem dificultar a realização deste exame na prática clínica(SHILS et al, 2009).
7. Balanço Nitrogenado
Permite monitorizar a adequação de terapia nutricional, avaliando o grau
de equilíbrio entre a ingestão e aexcreção urinária de nitrogênio. Quando a in-
gestãoé suficiente para cobrir as perdas, obtém-se um balance positivo (fase
anabólica sucessiva a um eventocatabólico, crescimento, atletas). Se, ao con-
trário, as perdas superam as introduções, verifica-se balanço negative (trauma,
sepse, queimaduras, fístulas etc.). Pelas dificuldades técnicas, sua precisão so-
mente se viabilizaem pacientes internados em unidades metabólicas. (SHILS
et al, 2009).
capítulo 3 • 105
8. Colesterol Sérico
A hipocolesterolemia (abaixo de 150mg/dl) tem sidoestudada como índice
prognóstico em desnutrição, comdetecção de aumento da mortalidade e tem-
po de permanência hospitalar (SHILS et al, 2009). Níveis aumentados de coles-
terol são fatores de risco para doença coronariana.
106 • capítulo 3
Todas as perguntas acima, além de outros dados como custos, responsabi-
lidade do entrevistador, limitações da entrevista, exatidão do método devem
ser levados em consideração para a escolha do método de consumo alimentar.
Dentre os métodos sugeridos, temos: Triagem Nutricional, (identifica indi-
víduos que tem fatores de risco que potencialmente os colocam em alto risco de
problemas dietéticos ou nutricionais); Avaliação Dietética, (medição dos indi-
cadores de estado dietético a fim de identificar mais definitivamente a possível
ocorrência, natureza, e extensão dos distúrbios nutricionais, métodos retros-
pectivos, (focalizam ingestão passada); métodos prospectivos, (a ingestão a ser
colhida depois da instrução).
LEITURA
Recomendo a leitura do Capítulo 58 do livro ”Tratado de Nutrição Moderna na Saúde
e na Doença”, páginas 1001 à 1022 dos autoresSHILLS, M.E.; OLSON, J.A.; SHIKE, M.
ROSS, A.C, 2003, para melhor entendimento sobre os métodos de consumo alimentar à
serem aplicados em indivíduos em situações de risco e/ou críticos.
capítulo 3 • 107
REFLEXÃO
Como futuro profissional da saúde, é importante ter em mente que a avaliação subjetiva
global é uma importante ferramenta para estimar as necessidades nutricionais dos pacientes
nas mais diversas situações clínicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHUMLEA, W.C., ROCHE, A.F., MUKHERJEE, D. Nutritional assessment of the elderly through
anthropometry. Columbus, Ohio: Ross Laboratories, 1987. p.1-45.
CUPPARI, L. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. São Paulo: Atheneu, 2002.
DETSKY, A.S. et al. What is subjective global assessment of nutritional status? J. Parenter.
Enteral. Nutr., v. 11, n. 1, p. 8-13, 1987.
DOVERA, T.M.D. Nutrição aplicada ao curso de enfermagem.1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.
DUARTE, AC.; CASTELLANI, FR. Semiologia Nutricional. Rio de Janeiro: Ed. Axcel books do Brasil
Ltda. 2002.
GUEDES, DP; GUEDES, JERP. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e
nutrição. Londrina: Midiograf, 1998.
Heymsfield SB, Greenberg AS, Fujioka K, Dixon R, Kushner R, Hunt T, Patane J, Self B, McCamish M,
Hunt P, Lubina J. Preliminary Safety and Efficacy of Leptin in Lean and Obese Subjects.JAMA
282:1230-1240, 1999.
HEYWARD, W; STOLARCZYK, LM. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Ed.
Manole. 2000.
KATCH, FI.; MCARDLE, WD. Nutrição, exercício e saúde. 4 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1996.
SHILS, M. E. et al. Nutrição Moderna na saúde e na doença. 10a ed. São Paulo: Manole, 2009.
WAITZBERG, D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. Rio de Janeiro: Atheneu,
2001.
WAITZBERG, D.L.; CAIAFFA, W.T.; CORREIA.M.I.T.D. Inquérito Brasileiro de Desnutrição Hospitalar
(IBRANUTRI). Rev. Brás Nutr. Clin., v.14, n. 2, p.124-134, 1999.
WAITZBERG, D.L.; GAMA-RODRIGUES, J.; CORREIA, M.I.T.D. Desnutrição hospitalar no Brasil. In:
WAITZBERG, D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu, 2002. p.
385-397.
108 • capítulo 3
4
Terapia Nutricional
A metade dos pacientes internados em hospitais públicos brasileiros estão
desnutridos, mostrando, que esse estado nutricional, torna-se um fator extre-
mamente negativo para a evolução clínica, isto porque seus efeitos deletérios
são sentidos em todos os sistemas orgânicos, tornando o indivíduo desnutri-
do incapaz de se adaptar adequadamente a situações de “stress”. Consequen-
temente, nessa população de pacientes, a morbi-mortalidade chega a dobrar
quando comparada a indivíduos com a mesma patologia, nutridos, o que se
reflete num tempo de internação prolongada e num alto custo hospitalar,
bem como social.
Assim, o Ministério da Saúde criou uma portaria que exige que todo hos-
pital tenha uma equipe direcionada para o adequado suporte nutricional dos
seus pacientes, com intuito de garantir a confiabilidade e segurança em relação
à fonte dos produtos utilizados, conduzir adequadamente o suporte nutricio-
nal, avaliar periodicamente os pacientes desnutridos ou sob risco de desnutri-
ção intra-hospitalar, clinica e laboratorial.
Diante disso essa unidade permitirá a reflexão dos seguintes pontos:
OBJETIVOS
Que você, aluno, futuro profissional de saúde, no final dessa unidade, seja capaz de evidenciar
a importância da terapia nutricional enteral e parenteral na recuperação do estado nutricional
do paciente hospitalizado além de evidenciar a importância da dietoterapia na melhora da qua-
lidade de vida dos pacientes portadores de doenças crônicas.
110 • capítulo 4
4.1 Principais Dietas Hospitalares
A dieta geral hospitalar é dirigida ao paciente adulto que não requer modifica-
ções dietéticas. O cardápio é escolhido pelo paciente ou planejado para ele de
acordo com suas preferências. Em ambas situações, o objetivo da dieta é o de
fornecer uma quantidade suficiente de proteínas, calorias e outros nutrientes
(SANTOS, 2004).
Existem dois princípios na composição da dieta geral hospitalar, um deles,
por meio de exemplificação, ensina o paciente a prática nutricional, e o outro,
consiste em fornecer ao paciente, alimentos que ele queira e possa ingerir.
Claro, que esses princípios podem ser aplicados, se o paciente for capaz de se
alimentar adequadamente (DOVERA, 2015).
Em muitas circunstâncias, a hospitalização não é o momento apropriado
para a imposição de restrições dietéticas excessivas, especialmente se as mo-
dificações não fornecerem ao paciente proteínas e calorias suficientes para as
suas necessidades nutricionais na convalescença de doenças, ferimentos ou
capítulo 4 • 111
cirurgias. A importância da ingestão de alimentos adequados e apropriados du-
rante essas situações justificam o uso de um plano alimentar usual (DOVERA,
2015).
Na categoria de dietas, a dieta geral hospitalar é modificada em consis-
tência, textura, aumento e/ou redução de componentes, para que seja aceita e
tolerada pelo paciente, levando em consideração o tipo de patologia (DOVERA,
2015).
Abaixo descrito os tipos de dietas oferecidas a pacientes em hospitalização.
Quer dizer nada por via oral, portanto o pacientenão pode receber nenhum ali-
mento ou líquido, nem mesmo água.
Finalidade: Preparatório para exame ou cirurgia, ou logo após a cirurgia,
quando o organismo deve se recuperar da anestesia.
112 • capítulo 4
4.1.3 Dieta Líquida, Líquida Restrita ou Líquida Clara: (Não deve ser
usada além de 36 horas)
Valor nutricional equivalente à dieta geral, fibra vegetal modificada, poucos re-
síduos, diferenciando pela modificação da textura dos alimentos.
Indicada para indivíduo que tem dificuldade para mastigar e deglutir, per-
mite a ingestão de alimentos com relativo conforto e em quantidade suficien-
tes. Pode ser usada no pós-operatório de cirurgia plástica, da laringe e do esô-
fago. Deve haver adequação da dieta essas situações especiais em relação as
necessidades nutricionais e capacidades do individuo (DOVERA, 2015).
capítulo 4 • 113
4.1.6 Dieta leve ou semi-pastosa:
114 • capítulo 4
4.1.8 Terapia Enteral
capítulo 4 • 115
As recomendações para maior desempenho da alimentação por sonda:
• Mistura com menor viscosidade para evitar obstrução ou irregularidade
no gotejamento.
• Frascos ou bolsas devem ser trocados de 4 em 4 horas para evitar deterio-
ração da mistura.
• Em caso de bomba de infusão o equipo deverá ser trocado de 48 em 48
horas.
• Evitar usar frascos com soluções que estejam fora de refrigeração por
mais de 6 horas.
• Não utilizar dietas preparadas por mais de 24 horas pelo risco de
contaminação.
• Se for armazenado em geladeira, antes de usar deve ser aquecido em ba-
nho maria até a temperatura normal corporal.
RELAÇÃO DOS ALIMENTOS QUE PODEM SER UTILIZADOS NAS DIETAS POR SONDAS
Leite Óleo Sal
Leite em pó Caldo de Vegetais Suco de Frutas
Sobe Maisena a 3% Casec
Açúcar Novomilke Glicose
All 110 Ovo Milupa
Clara de ovo em pó Sustacal Caldo de carne
Sustagem
116 • capítulo 4
Figura 1: Sonda Nasoentérica
capítulo 4 • 117
Ostomias
Gastrostomia é a colocação cirúrgica de uma sonda entre o estômago e a
pele que serve para a alimentação artificial.
Jejunostomia é a colocação cirúrgica de uma sonda ente o intestino delgado
(jejuno) e a pele que serve para a alimentação artificial.
CONEXÃO
Para entender as técnicas de passagem de sonda nasogástrica e nasoentérica, assista os
vídeos nos links abaixo:
1. https://www.youtube.com/watch?v=4T0Z9BjNBYw
2. https://www.youtube.com/watch?v=yjDP0xIzftU
3. https://www.youtube.com/watch?v=6KI5F9Uxpxg
118 • capítulo 4
k) A água utilizada deve ser filtrada ou fervida;
l) As dietas industrializadas podem ser utilizadas de acordo com a indica-
ção, observando os cuidados básicos de higiene.
capítulo 4 • 119
Fonte: Disponível em: http://www.melhoramiga.com.br/wp-content/uploads/2012/01/
alimento_sonda.jpg
O material deve ser bem lavado com água morna e sabão neutro após cada
dieta. Deixar escorrer esta água pelo equipo. Enxaguar bem.
Guardar o frasco protegendo o orifício. A tampa e o equipo devem ser guar-
dados dentro de um recipiente na geladeira.
A substituição deste equipo deve ser feita quando após a limpeza interna do
equipo ficar opaco ou permanecer com resíduo alimentar.
120 • capítulo 4
• Desconforto Abdominal
a) Ao iniciar cada administração das misturas, retirar o ar do equipo dei-
xando correr a dieta.
b) Após cada horário de administração da sonda, fechar o equipo para evi-
tar a entrada de ar.
c) O gotejo deve ser lento e contínuo.
• Obstrução (Entupimento)
Se a sonda estiver obstruída injetar com seringa 20 ml de água filtrada sob
pressão.
capítulo 4 • 121
cicatrização devido ao intestino estar em repouso. A nutrição parenteral esta-
belece o estado nutricional do indivíduo, diminuindo deste modo o risco ope-
ratório e permitindo, dessa maneira, a adaptação gradual do tubo digestivo mo-
dificado (SANTOS, 2004).
Solução Parenteral
Administração intravenosa de nitrogênio, calorias e outros nutrientes via
subclávia em sala cirúrgica com total assepsia até alcançar a cava (veia). Coloca-
se então a intra-cat, o curativo será tratado de 3 em 3 dias com tintura de iodo
para não haver infecção. Para pacientes acamados por longo período será ne-
cessário a adoção de medidas profiláticas, como por exemplo: exercícios respi-
ratórios, nebulização, mudanças da posição onde o paciente se encontra. Deve
haver vigilância com o paciente se não pode ocorrer alguma complicação.
As fórmulas comerciais são geralmente preferidas aos alimentos passados
no liquidificador por causa da sua comodidade, quantidade de bactérias, custo
mais baixo e menos problemas de passagem por sonda. As fórmulas padroni-
zadas de alimentação custam cerca de $5 por dia na quantidade requerida para
a manutenção do paciente médio; as dietas químicas podem custar de duas a
quatro vezes mais. As fórmulas podem ser selecionadas, porém ser livres de lac-
tose ou restritas em gordura, se for necessário para situação clínica. As dietas
quimicamente definidas fornecem proteínas sob forma de misturas de amino-
ácidos ou unidades peptídicas pequenas, carboidratos como açúcares livres
ou simples, ou oligossacarídeos e gorduras, como gordura poliinsaturada em
quantidades suficientes apenas para prover necessidades de ácidos graxos es-
senciais e, em algumas preparações, há adição de triglicerídeos de cadeia mé-
dia. Portanto, quimicamente, as dietas podem ter uma osmolaridade mais ele-
vada, são menos agradáveis ao paladar, mais caras do que as fórmulas-padrão,
mas são apropriadas para uso em casos de má digestão, má absorção, obstru-
ção parcial do intestino e de fístulas enterocutâneas. As dietas para a identifi-
cação de alergias podem começar com as dietas quimicamente definidas, as
quais são presumivelmente livres de alergênicos (DOVERA, 2015).
122 • capítulo 4
4.2 Dietoterapia Aplicada a Situações
Clínicas Específicas Relacionadas ao Sistema
Digestório
A dietoterapia é uma ferramenta da saúde, que utiliza os alimentos (principal-
mente), para o tratamento e prevenção de enfermidades, levando ao organismo
a adquirir os nutrientes necessários para a boa performance e saúde.
Conceitua-se dietoterapia como a ciência da nutrição que se dedica às die-
tas especificas para cada enfermidades. O cuidado nutricional é o processo de
ir ao encontro das diferentes necessidades nutricionais de uma pessoa e isto,
vai depender do tipo de enfermidade que acomete o indivíduo. Para uma pes-
soa saudável, o cuidado nutricional pode significar apenas a avaliação nutricio-
nal de rotina através de educação quanto aos hábitos alimentares. Já o cuida-
do nutricional para paciente enfermo ouhospitalizado é mais complexo, pois,
deve incluir o acompanhamento da ingestão de alimentos, a adequação destes
alimentos à sua patologia e quando ela for inadequada, deverá incluir o acon-
selhamento do paciente.
4.2.1 Disfagia
capítulo 4 • 123
4.2.2 Onofagia
4.2.3 Regurgitação
4.2.4 Pirose
4.2.5 Esofagite
4.2.6 Acalásia
124 • capítulo 4
entrar no estômago e distende a porção inferior do esôfago (SANTOS, 2004).
Os sintomas são: disfagia e regurgitação de alimentos sólidos horas após uma
refeição.
Com a insuficiência do relaxamento do esfíncter gastroesofagiano, acumu-
lam-se alimentos sólidos e líquidos no esôfago, o que provoca alargamento e
dilatação no esôfago, podendo causar inflamação da mucosa (esofagite) além
de pneumonia aspirativa e tosse noturna. A dietoterapia deve ser a recuperação
do estado nutricional (perda de peso); dietas líquidas ou por sonda (quando
necessário) e condimentos e sucos cítricos devem ser evitados, porque irritam
a mucosa esofagiana, que pode estar traumatizada (SANTOS, 2004).
4.2.8 Gastrite
capítulo 4 • 125
4.2.9 Úlcera
4.2.10 Flatulência
É produção de gás intestinal, constituído de cinco gases: N2, Os, CO2, H2 e CH2.
O indivíduo normal elimina naturalmente estes gases. Podem ocorrer altera-
ções na motilidade intestinal e o gás não passar através do reto, resultando em
eructação, dor e distensão abdominal. Como dietoterapia o indivíduo deve fa-
zer as refeições com calma, mastigando bem os alimentos com a boca fechada,
para evitar a deglutição de ar.
Evitar alimentos que causem flatulência, tais como: agrião, couve, acelga,
alho, cebola, brócolis, repolho batata-doce, gengibre, ervilha, milho verde,
mostarda, pepino, nabo, rabanete, pimenta, pimenta-do-reino, feijão, lentilha,
126 • capítulo 4
abacate, goiaba, jaca, jabuticaba, maçã (crua), melão, melancia, passas, bolos,
caramelos, doces em pasta, chocolate, avelãs, nozes, ameixas, queijos, soda,
coca-cola, água gasosa, café, alimentos com concentração de gordura e açúcar.
4.2.11 Diarreia
4.2.12 Constipação
À medida que a matéria fecal se movimente pelo intestino grosso até o reto, a água
é absorvida e as fezes se tornam mais sólidas. Quanto mais tempo as fezes perma-
necem no cólon e no reto, mais água é retirada e mais duras se tornam as fezes. A
constipação está relacionada com o tempo de trânsito do material fecal. Normal-
mente, os produtos de excreção de uma refeição são eliminados do trato intestinal
de 24 a 72 horas após terem sido ingeridos. O tratamento seria aprática constante
de atividade física (evitar o sedentarismo); manutenção de horários tanto para a
alimentação quanto para os hábitos evacuatórios; e a mastigação adequada e sem
pressa estimula a salivação, bem como outras secreções gástricas, facilitando a
digestão e favorecendo o trânsito intestinal (SHILS; OLSON, 2003).
As fibras da dieta desempenham importante papel na proteção, manuten-
ção e promoção da saúde originando fezes pastosas e volumosas por ação da
capítulo 4 • 127
absorção de líquidos e do ácido fítico, acelerando o esvaziamento fisiologica-
mente a ação peristáltica do cólon.
A quantidade em fibras indicada na dieta é de 25 a 35g por dia (SANTOS,
2004). Como dietoterapia o aumento do consumo de alimentos ricos em fibras,
como repolho, agrião, vagem, chicória, espinafre, brócolis, brotos de feijão,
alface, nabo, cenoura, feijão, grão de bico, lentilhas, ervilhas, arroz integral,
aveia, milho, centeio, morango, laranja, etc.; e aumentara ingestão de líquidos.
4.2.13 Colecistite
4.2.14 Hemorroidas
São varizes ao redor do esfíncter anal, podem ser internas ou externas. É impor-
tante que não haja constipação, pois a passagem das fezes endurecidas e secas
pelo ânus, frequentemente provocam sangramento e dor intensa. Se a hemor-
roida torna-se progressivamente pior, é indicada cirurgia. Algumas causas são
a constipação, gravidez, uso prolongado de laxantes e enemas. A dietoterapia,
é uma dieta rica em fibras, aumento da ingestão de líquidos e evitar alimentos
condimentados (SANTOS, 2004).
128 • capítulo 4
4.2.15 Pancreatite
É a inflamação do pâncreas, com destruição pancreática que pode ser tão ex-
tensa que a função exócrina ou endócrina desaparece, resultando em esteator-
réia ou diabete. Sua sintomatologia são náuseas, dores abdominais e edema,
podendo ser aguda ou crônica (SANTOS, 2004).
A dietoterapia é essencial por ter a finalidade de inibir a ativação e a se-
creção das enzimas pancreáticas. As gorduras estimulam o fluxo da bílis, que
poderá regurgitar e penetrar nos ductos pancreáticos e causar irritação; os TCM
(triglicerídeos de cadeia média) são bem tolerados; proibido o uso de álcool,
café, chá, cacau, bebidas com cola e para monitoramento, deve ser feita a ava-
liação para detectar sinal de diabetes e administração de pancreatina (enzima
pancreática), por via oral (SANTOS, 2004).
4.2.16 Diverticulite
capítulo 4 • 129
desde o nascimento, ou aparecer na maturidade, ou ainda decorrer de uma le-
são do intestino delgado.
A dietoterapia indicada:Leites sem lactose: Isolac, Al 11, Novomilk, Alsoy,
Leite de Soja; fórmulas baseadas em carne e frango;proibidos os alimentos que
contenham leite na composição: pães, bolos, margarinas, etc.; os alimentos
industrializados devem ter seus rótulos lidos com atenção para detectar a pre-
sença de lactose, permitido iogurte de queijo cheddar e a cocção dos alimentos
não altera a lactose.
130 • capítulo 4
4.3 Dietoterapia nas Doenças Cardiovasculares,
Diabetes Mellitus, Obesidade e Síndrome
Metabólica
4.3.1 Diabetes Mellitus
capítulo 4 • 131
Outro tipo da doença, é tipo 3, conhecida como diabetes gestacional, mani-
festando apenas no período da gravidez.
O diabético que conhece a sua doença e cumpre um tratamento dietético
bem orientado pode viver tranquilamente uma vida normal em todos os aspec-
tos semelhantes ao indivíduo não diabético.
É considerada uma doença resultante da incapacidade do organismo man-
ter o nível de açúcar no sangue (glicemia) dentro dos limites normais. Quando
não tratados, estes níveis de glicose atingem valores excessivos, causando gra-
ves problemas de saúde. Sendo assim, é de grande importância fazer exames
para verificar a taxa de açúcar no sangue. Um dos aspectos mais importantes
do tratamento do diabetes é a alimentação. A seguir, algumas orientações e die-
toterapia indicada para controlar melhor taxa de açúcar no sangue(MOREIRA;-
CHIARELLO, 2008).
Alface, acelga, agrião, broto de feijão, repolho, palmito, abobrinha, aipo, chicória,
ALIMENTOS DE coentro, cebola, cebolinha, salsa, espinafre, hortelã, jiló, couve, couve-flor,
CONSUMO LIVRE pimentão, pepino, rabanete, tomate, maxixe, limão, mostarda, alho, chás como
erva-doce, hortelã, capim-santo, camomila.
Arroz, macarrão, farinhas, batata inglesa, batata doce, cará, inhame, mandioca,
pão, pão integral, torradas, biscoito de sal, cuscuz, pipoca, canjica, pamonha,
ALIMENTOS DE CON- tapioca (beiju), feijão, ervilha, lentilha, grão de bico, soja, abóbora, cenoura, chu-
SUMO CONTROLADO chu, quiabo, vagem, beterraba, frango, miúdos, ovos, carne bovina e peixes, leite,
queijos, iogurtes, requeijão, alimentos industrializados, óleo, margarina, manteiga
e azeite, café.
ALIMENTOS DE CON- Açúcar, rapadura, mel/melado, doces em geral, caldo de cana, balas, bolos,
SUMO PROIBIDO chocolates, refrigerantes, sorvetes, bebidas alcoólicas, biscoitos e pães doces.
Carne de porco e seus derivados ( banha, toucinho, linguiça, salame, mortadela,
ALIMENTOS A presunto), creme de leite, nata, manteiga, queijo curado, frituras, pele de frango
SEREM EVITADOS e couro de peixe., coco e leite de coco.
132 • capítulo 4
4.3.2 Arteriosclerose
4.3.3 Obesidade
É uma doença que pode ser considerada uma síndrome multifatorial que con-
siste em alterações fisiológicos, bioquímicas, metabólicas, anatômicas, psico-
lógicas e sociais, sendo caracterizada pelo aumento de adiposidade (acúmulo
de gordura no tecido subcutâneo) e de peso corporal(MAHAN; STUMP, 2010).
A dietoterapia está relacionada a perda de peso através de uma alimentação
saudável e prática de atividade física. Priorizar alimentos ricos em fibras, inte-
grais, oleaginosas, frutas, verduras, legumes e reduzir o consumo de doces, sal,
condimentos, industrializados, gorduras aparentes e embutidos.
Estabilizando o peso e com estilo de vida saudável, o aparecimento das do-
enças crônicas não transmissíveis não serão consequências do estado nutricio-
nal do indivíduo.
capítulo 4 • 133
Fatores genéticos, ambientais e alterações metabólicas devidas ao excesso
de gordura abdominal (central) tem relação com a síndrome metabólica.
Portanto, a dietoterapia, o indivíduo deve-se manter no peso dentro da nor-
malidade, praticar atividade física, alimentar saudavelmente, preferindo ali-
mentos integrais, frutas, verduras e legumes com baixo índice glicêmico, prefe-
rindo gorduras insaturadas e preparações assadas, grelhadas ou cozidas, além
de leites e derivados com baixo teor de gordura.
4.4.2 Osteoporose
134 • capítulo 4
A doença se refere à perda suficiente de massa óssea a ponto de causar
fratura diante do mínimo trauma ou, até mesmo, sem trauma. É um processo
influenciado por múltiplos fatores, alguns modificáveis e outros não. Entre os
fatores modificáveis podemos citar o nível de estrogênio no sangue, a atividade
física, o estado nutricional, a propensão à quedas e o pico de massa óssea. Os
fatores não modificáveis são, principalmente, a idade, a raça, o sexo e o patri-
mônio genético herdado (SHILS; OLSON, 2003).
O osso é o local de estocagem de 99% do total de cálcio do corpo humano;
então, o total de cálcio de nosso organismo não pode ser aumentado ou reduzi-
do sem afetar a massa óssea (MAHAN; STUMP, 2010).
O metabolismo do cálcio inicialmente se dá no intestino onde cálcio e fósforo
são absorvidos por ação da vitamina D. A absorção do cálcio não pode ser aumen-
tada na deficiência de cálcio e de vitamina D, que por sua vez, é obtida a partir
da dieta e é ativada na pele por ação da irradiação solar, estimula a reabsorção
óssea, aumentando os níveis de cálcio no sangue. A absorção de cálcio e os níveis
de vitamina D se reduzem nos estados de deficiência de estrogênio e retornam ao
normal quando há reposição deste hormônio (MAHAN; STUMP, 2010).
Suplementos de cálcio são pouco eficazes em mulheres que já tem uma in-
gestão regular e adequada de cálcio, porém, o cálcio isolado, é um tratamento
coadjuvante para a osteoporose já estabelecida, sendo utilizado juntamente
com outros tratamentos não nutricionais e, frequentemente, necessários.
Os cuidados nutricionais é uma dieta rica em verduras, frutas, legumes, in-
tegrais, leites e derivados associados a exercícios físicos regularmente, além de
uma ingestão adequada de cálcio que atenda as necessidades nutricionais do
indivíduo.
4.4.3 Gota
capítulo 4 • 135
podem aumentar os níveis de ácido úrico no sangue devido à acidose metabó-
lica e pelo estado de hidratação do compartimento do líquido extracelular, in-
fluenciando a reabsorção tubular de íons filtrados e de ácido úrico, portanto é
indicado a ingestão de líquidos regularmente. (MAHAN; STUMP, 2010).
Também se orienta diminuir o consumo de álcool, pois este leva a hiperu-
ricemia, por existir uma competição entre os metabólitos do álcool e do ácido
úrico para a excreção renal. Além da dieta orientada, faz parte do tratamento o
uso de medicamentos que aumentem a excreção ou diminuam a produção de
ácido úrico(MAHAN; STUMP, 2010).
LEITURA
Recomendo a leitura do artigo científicopara melhor compreensão sobre síndrome metabóli-
ca e os riscos a saúde expresso no link abaixo:
http://www.scielo.br/readcube/epdf.php?doi=10.1590/S002175572007000700012&pi-
d=S002175572007000700012&pdf_path=jped/v83n5s0/v83n5Sa12.pdf
E aproveito para solicitar também a leitura sobre nutrição na reumatologia no link abaixo:
http://www.reumatologia.com.br/PDFs/boletimSBR_JanFevMar_2015.pdf
REFLEXÃO
Como futuro profissional da saúde, é importante saber que a dietoterapia deve ser indivi-
dualizada, respeitando condições sociais, patologias e sua gravidade, hábitos alimentares,
136 • capítulo 4
consistência, dificuldades fisiológicas ou anatômicas, além das necessidades nutricionais de
cada indivíduo, com intuito de recuperar o paciente ou melhorar seu quadro clínico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOVERA, T.M.D. Nutrição aplicada ao curso de enfermagem. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2015.
MAHAN, L.K.; STUMP, S.E. Krause, alimentos, nutrição e dietoterapia. 12 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010.
MOREIRA EMÍLIA, A. M., CHIARELLO, PAULA. G.Nutrição e Metabolismo - Atenção nutricional -
Abordagem Dietoterápica em adultos. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
SANTOS, T.E.H.H. Nutrição em Enfermagem. 2 ed. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2004.
SHILLS, M.E.; OLSON, J.A.; SHIKE, M. ROSS, A.C. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na
Doença. São Paulo: Manole, 2003.
capítulo 4 • 137
138 • capítulo 4
5
Cuidado Nutricional
no Ciclo da Vida
Obter uma boa nutrição é condição fundamental para promover o bem estar
físico, mental e social de crianças, jovens e adultos, garantindo, em condições
normais de saúde, uma boa qualidade de vida além do aumento da expecta-
tiva de vida.
Além do prazer que proporciona, o alimento é fonte de energia e nutrien-
tes essenciais para o bom desenvolvimento corporal, para o crescimento e para
manutenção da saúde do indivíduo. E como cada nutriente tem uma função es-
pecífica no organismo, a alimentação deve ser a mais variada possível, para que
o corpo receba todos os nutrientes necessários para seu bom funcionamento
fisiológico. Portanto, as fases da vida possuem diferentes necessidades nutri-
cionais, que dependem de diversos fatores como idade, sexo, atividade física,
gravidez e amamentação.
Para isso, é necessário que as ações do profissional de saúde, tenha papel
fundamental na elaboração de atividades educativas em saúde com pais, pro-
fessores, cuidadores e famílias, criandose oportunidades de contribuir para a
promoção, proteção e recuperação dos indivíduos nas suas diferentes fases da
vida.
Para isso, essa unidade permitirá reflexão sobre os seguintes aspectos:
OBJETIVOS
Que você seja capaz, ao final dessa unidade de destacar a importância da intervenção dietética
nas complicações da gestação; demonstrar a importância da nutrição para a manutenção da
saúde das nutrizes; ressaltar a importância do aleitamento materno; demonstrar a importância
da nutrição para a manutenção da saúde das crianças e adolescentes e prevenção de doenças
no futuro e demonstrar a importância da nutrição no processo de envelhecimento.
140 • capítul0 5
5.1 Nutrição Maternoinfantil: princípios
do cuidado nutricional à saúde da mulher
(gestante e nutriz) e do lactente
5.1.1 Gestação
capítulo 5 • 141
Na Figura 1 observase o ciclo gestacional e os fatores envolvidos até a
concepção.
142 • capítul0 5
De acordo com desenvolvimento embrionário, podese dividir em três
etapas:
capítulo 5 • 143
motilidade, como é previsível que manifeste em torno da 20a semana gestacio-
nal, tornase necessário medidas preventivas.
Várias condições podem interferir na evolução normal da gestação, como
os fatores de risco, idade, paridade, peso, altura, tabagismo, álcool, patologias
como anemia, desnutrição, obesidade, diabetes e hipertensão, portanto, quan-
to mais fatores inadequados estiverem presentes em uma gestação, pior prog-
nóstico (VITOLO, 2008).
CONEXÃO
Para melhor compreender o acompanhamento gestacional, recomendo o conhecimento da
caderneta da gestante elaborado pelo Ministério da saúde, no site:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/caderneta_gestante.pdf
144 • capítul0 5
O metabolismo basal da gestante está aumentando em 25%, especialmen-
te no último trimestre da gravidez, quando o feto aumenta o seu desenvolvi-
mento, necessitando de um aumento mínimo de 300 calorias por semana
(SANTOS, 2004).
Quanto as recomendações de macronutrientes e micronutrientes à gestan-
te compreendese que :
• Proteína: recomendase 60g/dia, priorizando o consumo mínimo de 50%
de proteínas de origem animal. Esse nutriente é responsável pelas alterações
endócrinas e metabólicas determinando o aumento dos requisitos nutricio-
nais; aumento da secreção de hormônio de crescimento e dos hormônios se-
xuais (estrógeno e progesterona) assegurando fornecimento contínuo de pro-
teína extra; por garantir uma quantidade a mais de proteínas do que a exigida
pelo feto e pelos seus próprios tecidos maternos; pelo acúmulo do excesso de
proteínas nos tecidos da mãe servindo como reserva de emergência para o feto,
caso ocorra qualquer privação futura e também por satisfazer necessidades
proteicas na lactação (SANTOS, 2004).
capítulo 5 • 145
segundo e terceiro trimestre, o que requer uma suplementação medicamento-
sa, pois considerase que através do consumo alimentar, a gestante não conse-
gue atingir as recomendações exigidas (MONTEIRO; CAMELO, 2007).
• Ácido Fólico: A necessidade de folato aumenta consideravelmente duran-
te a gestação, por ser o precursor de vários e importantes cofatores enzimáticos
envolvidos na transferência de unidade de carbono, necessários na divisão ce-
lular. Devido a esse papel, a suplementação de 600µg/dia deve iniciar nas pri-
meiras semanas, reduzindo os riscos de defeito no tubo neural (MONTEIRO;
CAMELO, 2007).
• Iodo: Sal ferroso (2º e 3º trimestre), de 30 a 60mg por dia para todas as
gestantes.
5.1.2 Nutriz
HORMÔNIOS DA LACTAÇÃO
Atua nas células alveolares, fazendo com que produzam o leite. Os níveis de prolactina
são proporcionais à sucção quatro dias após o parto, pois antes desse período o leite
é produzido independentemente do estímulo da sucção. A sucção é um importante
PROLACTINA estímulo para produção de prolactina, dessa forma, as técnicas corretas, que possibi-
litem que o bebê sugue adequadamente, vão ser fundamentais na produção do leite
(VITOLO, 2008);
146 • capítul0 5
HORMÔNIOS DA LACTAÇÃO
Com o mesmo estímulo de sucção por meio de receptores neurosensitivos, a hipófise
posterior libera a ocitocina, desse forma, o leite dentro das células alveolares vai ser
OCITOCINA ejetado para dentro dos ductos lactíferos. Esse hormônio atua também na musculatu-
ra lisa do útero, contraindoa, portanto, a mãe que amamentar, terá a involução uterina
mais rápido.
capítulo 5 • 147
• Lipídeos: Seguir recomendação de 20 a 25% do valor calórico total, priori-
zando consumo de 10% de ácidos graxos poliinsaturados, como w3 e w6.
• Sais Minerais: Recomendase de cálcio: 1,5g/dia, necessário para produ-
ção de leite; Fósforo: lactante de 14 a 19 anos, recomendase 1250mg/dia e a
partir de 19 anos, 700mg/dia, contribui com a produção do leite (MONTEIRO ;
CAMELO, 2007).
• Vitaminas: Vitamina A: a partir de 19 anos, recomendase 1300mcg/dia;
sendo considerado fontes os alimentos como abóbora, cenoura cozida, es-
pinafre cozido, manga, mamão, e outros. No Brasil, encontrase disponível o
Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A Vitamina A Mais, que dis-
tribui megadoses de vitamina A nas áreas consideradas de risco (MONTEIRO;
CAMELO, 2007).
148 • capítul0 5
5.1.3 Lactente
Ao contrário do que ocorre com os animais jovens, o bebê humano leva um pe-
ríodo bastante longo a se alimentar sem a ajuda externa. Durante quase três
anos, o bebê está à mercê da capacidade de sua mãe para prover e selecionar
seus alimentos.
Considerase recém-nascido: do nascimento até os 30 primeiros dias e
lactente: de 1 a 12 meses.
No esquema alimentar do Recémnascido e do Lactente, devemos observar
os seguintes princípios básicos: condições sanitárias do alimento, adequação
ao desenvolvimento fisiológico da criança, respeitar a individualidade de cada
criança quanto ao número de refeições e duração de intervalos.
A alimentação deve proporcionar à criança a energia indispensável as fun-
ções vitais, assim como, o material necessário à reparação dos tecidos, ao cres-
cimento e a elaboração de proteínas séricas, hormônios, enzimas e anticorpos.
O aleitamento materno é definido em categorias como:
capítulo 5 • 149
Durante os seis meses, não oferecer nenhum outro tipo de alimento, bico
artificial, mamadeiras, chás, água e após os 6 meses, inicia-se a alimentação
complementar, podendo estender o aleitamento materno até os dois anos.
150 • capítul0 5
Nessa fase é muito importante o consumo de proteínas de alto valor biológi-
co, sais minerais como o cálcio e vitaminas, tornando indispensável o consumo
de carnes, ovos, leite e derivados, legumes, hortaliças, legumes, raízes, frutas e
cereais (DOVERA, 2007).
O processo de educação alimentar requer muita paciência, criatividade e
persistência, pois essa idade, as crianças tendem a reagir de forma defensiva
por se acharem auto suficiente.
Para fazer com que a criança se alimente bem, necessário seguir algumas
dicas já mencionadas acima, além de não esquecer de elogiar a criança se ela
estiver comendo adequadamente, oferecer e incentivala a experimentar os ali-
mentos saudáveis.
CONEXÃO
Veja as recomendações de ingestão energética e nutricional para crianças no site:
http://www.scielo.br/pdf/rn/v19n6/09.pdf
capítulo 5 • 151
acontece o estirão (crescimento rápido), estando relacionado com o aumen-
to de massa corporal e desenvolvimento físico, compreendendo a maturação
dos órgãos e sistemas para a aquisição de capacidades novas e específicas. Em
ambos os processos há influências genéticas, ambientais, nutricionais, hormo-
nais, sociais e culturais, resultando em uma interação constante entre esses fa-
tores (DOVERA, 2007).
A puberdade é caracterizada pelas mudanças biológicas determinadas
pelo desencadeamento dos estímulos hormonais do eixo hipotálamo hipófise
gônadas. O início desse processo é influenciado por fatores ambientais, nutricio-
nais e sociais. O aparecimento das mudanças físicas observadas no adolescen-
te, como o desenvolvimento das mamas, pelos pubianos e maturação genitália,
ocorre algum tempo após as primeiras modificações hormonais (DOVERA, 2007).
A partir dos hormônios sexuais, as transformações físicas que ocorrem na
adolescência apresentam diferenças entre meninos e meninas, as quais podem
ser observada no estirão de crescimento. Durante esse processo foram estabe-
lecidos estágios de maturação sexual, chamados de Tanner.
Sugerese aos profissionais de saúde que utilizam os critérios de maturação
sexual para determinar o estado nutricional do adolescente, além do uso das
curvas de crescimento.
Quanto aos hábitos alimentares do adolescente, ocorre influência das mu-
danças biológicas, físicas e cognitivas. As preferencias alimentares são bebidas
açucaradas, refrigerantes, gorduras, doces, fastfoods e redução no consumo de
hortaliças, legumes e frutas. Porém, podese considerar que muitos adolescen-
tes conhecem sobre nutrição, o que precisam comer para se manter saudável,
mas possuem dificuldades por influência do meio.
Em relação às necessidades nutricionais, o adolescente deve priorizar ali-
mentos ricos em cálcio, ferro, vitamina A, C e D, proteínas, carboidratos , gor-
duras insaturadas, fibras, devido a fase do estirão, portanto não esquecer de
uma alimentação balanceada e variada de frutas, legumes, hortaliças, consu-
mir no mínimo 2 litros de água/dia, cereais integrais, oleaginosas, legumino-
sas, além de manter um estilo de vida saudável, dormindo 8 horas/dia, manten-
do saúde mental e praticar atividade física.
Para você, futuro profissional de saúde, contribuir com a prevenção de do-
enças e proporcionar melhor qualidade de vida aos adolescentes, fazse neces-
sário a aplicação de intervenções nutricionais, focando no objetivo de mudan-
ça de comportamento alimentar.
152 • capítul0 5
5.3 Nutrição do Adulto e do idoso: princípios
do cuidado nutricional à saúde do adulto e do
idoso.
5.3.1 Saúde do adulto
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
Fator associado a sua rotina de trabalho e que interfere diretamen-
te no cálculo de suas necessidades energéticas, considerandose
ATIVIDADE FÍSICA também o metabolismo basal e a energia gasta nas atividades de
trabalho (MENDONÇA, 2010).
Valor associado á altura e a composição do corpo: está relacionada
a seu peso corporal, o espaço que ele ocupa no meio ambiente e
o gasto energético que envolve o trabalho físico que suporta todo
MASSA CORPORAL o corpo, como manterse de pé, locomoverse, estar ativo. Peso é a
soma da massa muscular, gordura, ossos, órgãos, fluidos corporais
(MENDONÇA, 2010).
O clima de seu meio interfere no comportamento social do indivíduo e
no gasto energético. Em dias frios, o corpo precisa de alimentos mais
CLIMA calóricos para compensar a temperatura externa; em dias quentes,
alimentos leves e mais hidratação.
capítulo 5 • 153
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
Através dos anos acontecem modificações no peso corporal que es-
tão associadas á idade e as taxas metabólicas. O gasto energético do
IDADE homem jovem é maior, mas a medida que o corpo envelhece a produ-
ção hormonal vai diminuindo suas funções (MENDONÇA, 2010).
O gasto calórico na faixa etária entre 20 e 39 anos não se modifica.
Devido á diminuição da atividade metabólica que irá ocorrer nas pró-
ximas faixas, é necessário uma redução do valor calórico ingerido nas
refeições com o passar dos anos: entre 40 e 59 anos, deve ser dimi-
APORTE ENERGÉTICO nuído em 5%; entre 60 e 69 anos, mais 10% das calorias diárias.
O adulto muitas vezes continua com os mesmos hábitos alimentares
adquiridos na fase da adolescência até sentir que, por um eventual
tipo de patologia, há a necessidade de mudar a sua rotina alimentar
(MENDONÇA, 2010).
154 • capítul0 5
Nesse grupo de profissionais encontramos: médicos, dentistas, professo-
res, escritores, bancários, digitadores, secretários, estilistas, estudantes e ou-
tros profissionais (MENDONÇA, 2010).
De acordo com as necessidades nutricionais, recomendase que o adulto
consuma de 4565% de carboidratos, 10 – 35% de proteínas, 20 35% de lipídeos
do valor calórico total; 25 – 30g/dia de fibras, 1ml/Kcal de água, vitaminas e mi-
nerais, seguir as porções de 3 a 5 frutas/dia e verduras e legumes, 2 porções/dia.
Fibras Alimentares
São as estruturas celulares das paredes vegetais que não são digeridas pelas
enzimas digestivas humanas.
Absorvidas com os alimentos, as fibras atravessam o trato digestivo sem so-
frerem modificações e aumentam o bolo fecal, promovendo movimentos pe-
ristálticos intestinais mais frequentes, tornando a consistência das fezes mais
“macia”, com um maior teor de gordura e ácidos biliares. As fibras formam
uma massa não digerível que retém água e produz volume.
As fibras podem reduzir o total ingerido pelo processo mastigatório mais
demorado, gastando mais energia e prolongando o tempo de refeição (sacieda-
de precoce) (MENDONÇA, 2010).
capítulo 5 • 155
• Diminuir o consumo diário de alimentos gordurosos e frituras, de ali-
mentos com muito sal ou açúcar, excesso de refrigerantes e sucos artificiais;
• Beber água em quantidades ideais.
156 • capítul0 5
5.3.2 Saúde do Idoso
Dificuldades de Mastigação
Devese considerar a utilização de próteses dentárias ou a falta dos dentes.
Para manter a função de mastigação, muitas vezes é preciso modificar a consis-
tência e textura dos alimentos.
Hábitos Alimentares
Os hábitos alimentares já estão instituídos há muito tempo e nem sempre é
fácil modificálos. A alimentação em geral, está condicionada aos hábitos fami-
liares, religiosos e socioeconômicos, que devem ser respeitados para se conse-
guir êxito quando as mudanças necessárias (MENDONÇA, 2010).
Situação Socioeconômica
A renda familiar ou só a do idoso é um fator que interfere diretamente na
sua alimentação. Recomendase a aquisição de alimentos da época, principal-
mente frutas e hortaliças, pois apresentam um custo menor, mais nutritivo e
saudável (MENDONÇA, 2010).
capítulo 5 • 157
Constipação Intestinal
A constipação ocorre devido ao baixo consumo de alimentos ricos em fi-
bras, frutos oleaginosos ou azeite, pela falta de atividade física, atonia muscu-
lar e alterações hormonais (MENDONÇA, 2010).
Devese fornecer abundante quantidade de líquidos e de alimentos ricos em
fibras (celulose), cereais integrais.
Dificuldades de Mobilização
A incidência da osteoporose pode levar o idoso à situação de mobilização
parcial ou total. Incentivar o consumo de alimentos ricos em cálcio e fósforo e
tomar sol nos horários recomendados.
158 • capítul0 5
Incluir nas refeições vitaminas do complexo B, por melhorar o crescimen-
to do cabelo, garantir saúde da pele, regular o apetite, combater a depressão,
proteger o fígado de diversas doenças, melhorar o metabolismo do organismo
e prevenir doenças do sistema nervoso. Alguns exemplos dos alimentos fontes:
fígado, salmão, oleaginosas, abacate, farelo de trigo, farelo de aveia, hortaliças
de folhas verdes, lentilha, quiabo e ovos. Ressalto que o prato quanto mais co-
lorido maior absorção de vitaminas e minerais (MENDONÇA, 2010).
Para complementar a alimentação, incluir vitaminas A, E, K (bife de fígado,
cenoura crua, batata doce assada, espinafre, couve, cereais, peixes), além dos
minerais e ingestão de todos os grupos alimentares.
Socialização
A aceitação social pode trazer mais vigor e criar um novo estilo de vida, tor-
nando o idoso aberto a novas experiências, interesses específicos e relaciona-
mentos qualitativos (MENDONÇA, 2010).
• A partir dos 70 anos, aumentar a redução em mais 20% das calorias inge-
ridas nas refeições;
• Reduzir o consumo de gorduras saturadas e alimentos fritos, de carboi-
dratos simples, como açúcares, refrigerantes e o sal e manter quantidades equi-
libradas de fibras;
• Se necessário, incluir suplementação de 1g de cálcio e 12mg de ferro;
• Manter o aporte de vitaminas e minerais;
• Ingerir proteínas dos dois grupos (origem animal e vegetal), sendo indi-
cado 1g/Kg/Peso;
• Ingerir quantidades satisfatórias de líquidos por meio de água, sucos na-
turais, chá e frutas.
capítulo 5 • 159
No Brasil, o desafio para este século é oferecer suporte de qualidade de vida
para uma população com mais de 32 milhões de idosos, na sua maioria de nível
socioeconômico e educacional baixo e com alta prevalência de doenças crôni-
cas e incapacitantes. Contudo, para atenção adequada ao idoso, juntamente
com a magnitude e a severidade dos seus problemas funcionais, é imperativo o
desenvolvimento de políticas sociais e de saúde factíveis e condizentes com as
reais necessidades deste estrato populacional. A mudança do comportamento
alimentar do idoso é um trabalho delicado, mas pode ser eficiente se aplicado
estratégias dietéticas eficazes (MARTINS et al, 2007).
Tornase fundamental que o profissional da saúde desenvolva estratégias de
educação em saúde, pois é preciso que ele tenha o entendimento integral a res-
peito de saúde e de qualidade de vida, valorizando a história de vida da popula-
ção, estimulando a autoconfiança, praticando a solidariedade e desenvolvendo
atitudes e práticas de cidadania, expandindo o conhecimento científico para
cooperar na construção de um pensamento mais crítico (MARTINS et al, 2007).
A intervenção educativa pode contribuir para mudanças no estilo de vida, fa-
vorecendo o conhecimento, sendo, portanto, um dos meios para vencer os desa-
fios impostos aos idosos pela idade e pela sua condição de saúde, propiciando,
também, o aprendizado de novas formas de cuidar, ampliando as oportunida-
des para resgatar seu bemestar físico e emocional (MARTINS et al, 2007).
160 • capítul0 5
• o local das refeições devem ser tranquilos, evitando poluição sonora e ru-
ídos que distraiam facilmente o idoso;
• o convívio com a família é importante para socialização;
• o idoso deve realizar sozinho o ato de comer, mesmo que haja demora,
caso seja impossível, deve receber ajuda;
Tão logo as pessoas comecem a sentir os efeitos da idade, as doenças, falta de paladar
e a sensação de sede podem ser fatores que reduzam seu apetite; a perda dos dentes
pode dificultar mastigação; inúmeros problemas de estômago e intestino, ocasionan-
do problemas digestivos; incapacidade e fraqueza, juntamente com pobreza, solidão e
depressão.
Reflita, como futuro profissional da saúde, está preparada para esse desafio?
capítulo 5 • 161
• caso o idoso tenha dificuldades de engolir, evitar refeições que conte-
nham líquidos e sólidos ao mesmo tempo;
• em idosos desnutridos, adicionar no seu aporte calórico mais 500Kcla/
dia;
• devese evitar excesso de sal, pois os idosos tem a capacidade reduzida em
detectar sal nos alimentos, podendo ser substituído por ervas e azeite para me-
lhorar o sabor;
• idoso com diabetes não deve ingerir carboidratos simples (açúcar refina-
do, mel, balas ou refrigerantes) por serem de fácil absorção e liberar glicose a
corrente sanguínea de forma mais rápida;
Estudos com idosos apontam que estes não possuem a percepção de que
apresentam carência nutricional, o que constitui um dos maiores problemas
para sucesso de intervenção nutricional. No entanto, os idosos apresentam
maior interesse pelas informações nutricionais e melhores aceitam as mudan-
ças para promoção da saúde.
162 • capítul0 5
c) Deve estar fundamentada no reconhecimento da heterogeneidade des-
te segmento etário, possuidor de grande diversidade formativa e cultural;
d) A educação para idosos necessita de uma mudança da atitude social da
própria clientela;
e) Deve realizarse com, para e pelos idosos, potencializando sua
participação;
capítulo 5 • 163
saúde da pessoa idosa, sendo usada tanto pelas equipes de saúde quanto pelos
idosos, por seus familiares e cuidadores.
De acordo com a Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da
Saúde, auxilia no atendimento principalmente de duas formas: 1) fornece ins-
trumentos de avaliação específicos para as pessoas idosas, facilitando a condu-
ção do atendimento pelo profissional; 2) concentra diversas informações sobre
as condições de saúde da pessoa idosa, servindo de histórico para qualquer pro-
fissional que atenda o usuário. Seu objetivo principal é a identificação das pes-
soas idosas com maior vulnerabilidade ou em processo de fragilização para que
sejam direcionadas as ações de recuperação, promoção e de atenção à saúde.
A Caderneta permitirá o registro e o acompanhamento, pelo período de cin-
co anos, de informações sobre dados pessoais, sociais e familiares, sobre suas
condições de saúde e seus hábitos de vida, identificando suas vulnerabilidades,
além de ofertar orientações para o seu autocuidado.
A Caderneta é um instrumento exclusivo da pessoa idosa sobre as suas con-
dições de saúde, assim como uma forma de agilizar o seu atendimento por par-
te dos profissionais de saúde. Além disso, traz diversas informações sobre seus
direitos e orientações sobre o autocuidado, em temas como prevenção de que-
das, saúde bucal, acesso a medicamentos pelo SUS e sexualidade.
Como profissional da saúde, instrua o idoso a levar a caderneta a todo aten-
dimento realizado em serviço de saúde e a todas as campanhas de vacinação,
apresentar a caderneta ao profissional de saúde quando for visitado (a) em sua
residência e a conversar com o profissional de saúde, sobre suas dúvidas e pedir
ajuda no preenchimento da caderneta sempre que necessário.
CONEXÃO
Para melhor conhecimento das diretrizes e o papel da profissional da saúde para com essa
população, sugiro a leitura dos sites abaixo:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/politica_nacional_pessoa_idosa_2009.pdf
http://www.saudeidoso.icict.fiocruz.br/index.php?pag=ind_pol&pol=p_n_s_p_idosa
164 • capítul0 5
LEITURA
Recomendo a leitura do manual técnico do Ministério da Saúde: Vigilância Alimentar e Nutri-
cional – SISVAN – Orientações básicas para coleta, o processamento, a análise de dados e
a informação em serviços de saúde, 2013.
Com essa leitura, você discente, saberá utilizar os critérios para diagnóstico e o acompa-
nhamento do estado nutricional nas diferentes fases da vida. Link abaixo:
http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/orientacoes_basicas_sisvan.pdf
REFLEXÃO
Como futuro profissional da saúde, é importante saber que muitos estudos dos últimos anos,
chamam atenção para o aumento da obesidade infantil no Brasil, devido o alto consumo de
gorduras, doces e sal nas refeições, ocasionando doenças crônicas não transmissíveis, que
antigamente apenas manifestavam em adultos.
Será que você discente está preparado para enfrentar a situação nutricional do Brasil
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. Edição Especial, 2005,
236p.
DOVERA, T.M.D. Nutrição aplicada ao curso de enfermagem. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.
MARTINS, J.J.; ALBUQUERQUE,G.L.; NASCIMENTO, E.R.P.; BARRA, D.C.C.; SOUZA ,W.G.A.;
PACHECO, W.N.S. Necessidades de educação em saúde dos cuidadores de pessoas idosas
no domicílio . Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2007. AbrJun; 16(2): 25462.
MENDONÇA, R.T. Nutrição: um guia completo de alimentação, práticas de higiene, cardápios, doenças,
dietas, gestão. 1 ed. São Paulo: Rideel, 2010.
MONTEIRO, J.P., CAMELO, J.S. Nutrição e metabolismo? caminho da nutrição e terapia nutricional:
da concepção à adolescência. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
SANTOS, T.E.H.H. Nutrição em Enfermagem. 2 ed. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2004.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 1 ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2008.
capítulo 5 • 165
ANOTAÇÕES
166 • capítul0 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 167
ANOTAÇÕES
168 • capítul0 5