O Inventariante Ou Administrador Do Espólio
O Inventariante Ou Administrador Do Espólio
O Inventariante Ou Administrador Do Espólio
Administrador
do Espólio
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.ª Amanda Kathleen Harrison
Prof.ª Livia Regina de Figueiredo
Prof. Paulo Roberto de Souza Junior
Prof. Pedro Henrique Nascimento Zanon
H318o
ISBN 978-65-5663-825-6
ISBN Digital 978-65-5663-826-3
CDD 340
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
A disciplina que se inicia tem, como eixo principal, o estudo sobre o
inventariante ou o administrador do espólio. Através dessa abordagem, visamos
demonstrar a função e a necessidade do inventariante dentro do processo
de inventário, como esse administrador perde a função dele, devido ao não
cumprimento das próprias responsabilidades.
O inventário é um procedimento de jurisdição voluntária, já que não
há autor e réu, integrando, assim, o rol de procedimentos especiais. Esse
procedimento poderá ser realizado via judicial ou via extrajudicial.
O inventariante terá atribuições comuns e especiais. Com relação às
atribuições comuns, o Art. 618, do CPC de 2015, enumera as atribuições que
deverão ser praticadas, de ofício, pelo inventariante, como representar o espólio
ativa e passivamente; já as atribuições especiais estão previstas no Art. 619, do
CPC de 2015, e dependem dos demais herdeiros e de autorização judicial.
O referido inventariante não possui direito à remuneração, salvo os que
forem nomeados como inventariantes dativos (os herdeiros e sucessores “de
cujus” serão autores ou réus nas ações nas quais o espólio for parte).
Na Unidade 1, estaremos verificando a diferença dos inventários judicial
e extrajudicial, além do formato e da aplicabilidade de cada um, quem será o
representante do espólio na condução do processo, incumbências, perigo, e
prestações de conta.
Na Unidade 2, abordaremos a nomeação do inventariante, a ordem de
escolha deste, o termo de compromisso e de primeiras declarações e o conceito
e os casos da impugnação.
Na Unidade 3, estudaremos o inventariante e a responsabilidade dele
na condução do inventário, a troca, a destituição, a remoção e a sonegação de
bens do inventariado.
Prof.ª Amanda Kathleen Harrison
Prof.ª Livia Regina de Figueiredo
Prof. Paulo Roberto de Souza Junior
Prof. Pedro Henrique Nascimento Zanon
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LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
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REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 144
UNIDADE 1 -
DO INVENTARIANTE OU
ADMINISTRADOR DO
ESPÓLIO E DA NOMEAÇÃO
DO INVENTARIANTE:
INCUMBÊNCIAS DO
INVENTARIANTE DA PRESTAÇÃO
DE COMPROMISSO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com
o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
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um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
INVENTÁRIO E PARTILHA: JUDICIAL E
EXTRAJUDICIAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos as diferenças entre os inventários judicial
e extrajudicial, a função de cada um e quando serão utilizados.
Essa herança é tida como um bem imóvel para efeitos legais (Art. 80, II, do Código
Civil de 2002), que se refere a um todo unitário mesmo com vários herdeiros (Art. 1971, do
Código Civil de 2002), seguindo até a partilha das normas relativas ao condomínio, em
relação à propriedade e à posse (§ único do Art. 1971, do Código Civil de 2002).
O inventário e a partilha são matérias dispostas nos Arts. 1.991 a 2.027, do Código
Civil de 2002. O primeiro se refere ao processo que visa apurar quais foram os bens
deixados pelo “de cujus”, herdeiros e dívidas, objetivando apurar o resultado, que será o
objeto da partilha; já o segundo, a partilha, é o procedimento ao qual se refere a divisão
do patrimônio do “de cujus” entre herdeiros e legatários, separando-se a meação do
cônjuge sobrevivente (cônjuge supérstite).
3
2 INVENTÁRIO E PARTILHA: JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL
O inventário, derivado do latim inventarium, de invenire, do verbo invenire,
significa “achar, encontrar, descobrir”. É conceituado como a descrição do patrimônio
do “de cujus” (pessoa que foi a óbito), devendo ser obrigatório para que se proceda à
partilha dos bens destinados a sucessores.
Esse ato, ou efeito, visa indicar, registrar, catalogar ou descrever bens e coisas,
minuciosamente e pormenorizados, de bens ou de direitos. Nessa linha, é preciso
explanar a respeito do direito das sucessões:
4
FIGURA 1 – RECURSO ESPECIAL
NOTA
O prazo para a abertura do processo de inventário será de dois meses
após o óbito de uma pessoa que deixou algum patrimônio, e deverá
se encerrar dentro de 12 (doze) meses, podendo ser prorrogado por
determinação judicial, de ofício ou a pedido do (s) interessado (s).
Todavia, o Art. 31, da Resolução nº 35/07, do CNJ, autoriza que seja
aberto a qualquer tempo, mas ressalva que poderão ser aplicadas
penalidades de natureza fiscal (multas e juros de mora), quando
exceder o prazo, legalmente, previsto.
5
Tal Resolução segue a Súmula 542, do STF: "Não é inconstitucional a multa
instituída, pelo estado-membro, como sanção pelo retardamento do início ou da
ultimação do inventário".
O Código Civil de 2002 prevê, no Art. 1.641, I, c/c, o Art. 1.523, I, pois há a
possibilidade do inventário negativo quando inexistem bens para serem inventariados e
partilhados. A função dele é eliminar qualquer tipo de impedimento matrimonial.
FIGURA 3 – INVENTÁRIO
6
A partilha amigável advém de um acordo entre os herdeiros e os legatários,
maiores e capazes, ou, quando necessário, representados judicialmente, realizada por
escritura pública ou termo nos autos do inventário ou da homologação judicial. A partilha
amigável poderá ser realizada da seguinte forma:
Há dois tipos de partilha amigáveis: por ato inter vivos ou post mortem. A partilha
por ato inter vivos se dá quando o ascendente distribui os bens aos filhos, por ato entre
vivos (doação) ou de última vontade (testamento), desde que não prejudique a legítima
dos herdeiros necessários, Art. 2.018, do CC. Já “as partilhas amigáveis post mortem são
aquelas feitas por acordo entre os sucessores maiores e capazes, podendo ser realizadas
por escritura pública, por termo nos autos do inventário, ou por escrito particular
homologado pelo juiz (Art. 2.015, do CC)”. Estas são chamadas de arrolamento sumário.
NOTA
Em 2007, através da Lei Federal nº 11.441, foi autorizado que, desde que to-
dos os interessados sejam capazes e concordes, há a realização do inventário e
da partilha por escritura pública, criando-se o inventário extrajudicial, ou por via
administrativa; já existindo incapaz ou testamento deixado pelo “de cujus”, será
adotado, obrigatoriamente, o rito judicial (inventário judicial).
9
FIGURA 7 – DOCUMENTOS PARA ABERTURA DO INVENTÁRIO
Cabe, ao juiz, analisar todas as questões de direito com base nos documentos
apresentados, e deixando as que necessitam de provas ulteriores para as vias ordinárias.
DICA
Prática em inventário, alvará judicial e partilha de bens: https://www.
youtube.com/watch?v=3CbXVHc6ANU.
10
FONTE: O autor
Ferreira (2008, p. 14) afirma que, no referido projeto, existe a explanação dos
motivos pelos quais o legislador o criou. Veja a seguir:
11
2.2 INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e o Novo Código de Processo
Civil são unânimes em apresentar que a redução de formalidades e a burocracia são
os elementos norteadores do fim social do inventário extrajudicial que visam eliminar
demandas através de meios alternativos de solução de conflitos em sociedade.
O novo Código de Processo Civil (CPC) trouxe uma nova redação aos Arts. 982
e 983, do CPC de 1973, que, posteriormente, com as devidas modificações, geraram os
Arts. 610 e 611, do CPC de 2015. Todavia, a referida lei gerou muitas dúvidas e debates,
necessitando que o CNJ – Conselho Nacional de Justiça publicasse a Resolução nº
35, de 24 de abril de 2007, que “disciplina a lavratura dos atos notariais relacionados a
inventário, partilha, separação consensual, divórcio consensual e extinção consensual
de união estável por via administrativa (Redação dada pela Resolução nº 326, de
26.6.2020)”, retirando tais questionamentos.
NOTA
Caso o inventário seja realizado através de procedimento administrativo, a es-
critura pública lavrada pelo Tabelião constituirá título hábil para todos os atos
de registro, não se restringindo, apenas, para o registro imobiliário, podendo, in-
clusive, ser utilizada para levantamento de valores depositados em instituições
financeiras. A escritura pública constitui título executivo extrajudicial, podendo
ser utilizada para fins de uma execução forçada, em casos, por exemplo, de um
dos herdeiros não observar a divisão homologada (OLIVEIRA, 2016).
12
FIGURA 8 – INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL REALIZADO EM CARTÓRIO DE NOTAS
NOTA
A escritura pública, introduzida pela Lei nº 11.441/07, e reproduzida no Art.
610, do Código de Processo Civil de 2015, tem eficácia idêntica à do alvará
judicial, impondo, às instituições financeiras e a outros órgãos, públicos e
privados, o respeito ao que, nela, estiver contido. Dispõe, expressamente, o
Art. 14, da Resolução n° 35/2007, do Conselho Nacional de Justiça: “Para
as verbas previstas na Lei nº 6.858/80, é, também, admissível a escritura
pública de inventário e partilha”.
13
FIGURA 9 – PROCESSO EXTRAJUDICIAL
O inventário extrajudicial, por escritura pública, pode ser realizado, desde que,
segundo Lôbo (2013):
14
DICA
As principais dúvidas sobre os inventários judicial e extrajudicial: https://
www.youtube.com/watch?v=IsUMPAA0v0M.
15
FIGURA 12 – VANTAGENS E DESVANTAGENS - INVENTÁRIO JUDICIAL E INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL
16
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
17
AUTOATIVIDADE
1 A finalidade do inventário é legalizar a transferência do patrimônio do “de cujus” aos
herdeiros dele e aos legatários na proporção de direitos mediante a partilha, ou seja, é
o instituto jurídico que tem, por finalidade, a sucessão hereditária, isto é, a divisão do
acervo patrimonial. A respeito do inventário, analise as sentenças a seguir:
3 O Art. 11, da Resolução nº 35, do CNJ (Redação dada pela Resolução nº 326, de
26.6.2020), determina que haja uma Escritura Pública de abertura do processo de
inventário extrajudicial de nomeação do inventariante. Sobre essa Escritura Pública,
assinale a alternativa CORRETA:
18
a) ( ) A Escritura Pública nomeia o interessado em representar o espólio com poderes
de inventariante.
b) ( ) A Escritura Pública define os bens a partilhar e os valores de cada herdeiro.
c) ( ) A Escritura Pública indica o interessado em representar o espólio, com poderes
de inventariante, para a concordância dos herdeiros.
d) ( ) A Escritura Pública define os bens a partilhar, os valores de cada herdeiro e as
obrigações de cada herdeiro durante o inventário.
4 Mario e Solange estavam casados há mais quinze anos, quando Mario veio a óbito,
deixando bens imóveis e móveis a inventariar. Este era casado com Solange pelo regime
de comunhão parcial de bens, e, dessa união, nascerá Tiago, capaz. Além dos bens,
Mario deixou débitos vencidos e exigíveis em favor de Daniel. Disserte a respeito de que
tipo de inventário poderá ser aberto e se Daniel poderá ser nomeado inventariante.
19
20
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
ADMINISTRADOR PROVISÓRIO E
INVERTARIANTE: PERIGOS E VANTAGENS
DA NOMEAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
No momento do óbito do titular da herança, abre-se a sucessão, havendo a
transmissão dos bens ou dos direitos patrimoniais do titular dos bens, segundo o Art.
1784, do Código Civil de 2002. Todavia, há a necessidade de um processo de inventário,
para que ocorram a operacionalização da transmissão e a efetivação da partilha dos
bens entre os herdeiros, o que pode ser realizado por via extrajudicial ou judicial. No
inventário, há a nomeação de uma pessoa que desempenhará o encargo de inventariante,
conduzindo o inventário, chamado de inventariante ou administrador do inventário.
21
FIGURA 13 – DECISÕES JUDICIAIS
22
FIGURA 14 – ADMINISTRADOR PROVISÓRIO E LIGAÇÃO DELE COM O “DE CUJUS”
[...] Seja como for, do ponto de vista prático, é preciso que alguém
administre tais bens até que o processo de inventário seja instaurado e
nomeado o inventariante. Pode ocorrer a necessidade da prática de atos
de administração, como pagamentos de empregados, recebimento de
aluguéis, atos de conservação de bens que reclamem medidas judiciais,
e assim por diante. Administrador provisório não ostenta essa qualidade,
em princípio, por força de nomeação judicial, mas, sim, por uma questão
de fato: encontrar-se na posse corporal e na administração dos bens
do autor da herança, ao mesmo tempo em que tem, também, a posse
direta de parte de tais bens ou da outra metade.
Assim, é uma obrigação legal de este abrir o inventário, já que está com a posse
dos bens da herança. Caso não proceda com a abertura no prazo definido por lei, poderá
gerar a própria responsabilização pelos danos sofridos pelos demais herdeiros ou
terceiros que necessitavam da abertura do inventário para a garantia de algum direito.
Assim, demonstrada a negligência, a culpa estará provada, salvo motivo de força maior.
23
aos demais herdeiros, com justa proporção de quintão hereditário, além do pagamento
de aluguéis referentes ao imóvel que está sendo utilizado, pelo administrador aos
herdeiros, os quais não estão ocupando esse imóvel até o final da posse.
O valor poderá ocorrer através de uma ação, cujas finalidades sejam o arbitra-
mento e a fixação de aluguéis em favor do herdeiro.
DICA
Administração provisória da herança: https://bit.ly/3wzCn6i.
NOTA
O administrador provisório responde por danos que vier a causar
aos bens do espólio a título de dolo ou culpa. O dolo ocorre quando
o administrador provisório quer malversar o patrimônio do espólio ou
algum bem dele integrante; enquanto a culpa é a administração mal-
conduzida, ou seja, uma administração imprudente, negligente ou sem
necessária habilidade para fazer o que fez.
24
Sonegar, desviar, omitir expressões que estão dentro do dolo, má-fé, desde
que provados, haverá responsabilização, e, por conseguinte, pena de perda dos bens,
todavia, ao agir por simples omissão, erro ou ignorância, não estando caracterizado o
dolo de sonegar, afasta-se a pena de perda dos bens.
A nomeação desse inventariante será realizada pelo juiz, o qual lhe outorga
à administração do processo de inventário, assim, as representações ativa e passiva
da herança, ou seja, a massa patrimonial autônoma, deixada pelo “de cujus”, será
representada pelo inventariante. As despesas serão pagas por ele e autorizadas pelo
juiz, dentro do inventário judicial.
25
O Art. 617, do CPC, de 2015, segundo Dias (2015), apresenta a ordem dos
legitimados para o cargo de inventariante:
Destaque-se, porém, que tal rol não é exaustivo, mas, meramente, exem-
plificativo, pois podem surgir outras hipóteses, a partir das quais a atuação
do inventariante não seja condizente com a inventariança assumida, ou
dadas as circunstâncias do processo de inventário. Nesse sentido, já se
manifestou, o Superior Tribunal de Justiça, pela não exaustividade das
causas de remoção do inventariante, ainda na vigência do CPC/73, mas
como posicionamento, plenamente, aplicável ao código vigente.
Nesses casos, a administração dos bens poderá ficar a cargo do filho mais velho ou do
filho mais idôneo que convivia com o “de cujus”. Por outro lado, o Art. 617, inciso IV, autorizou o
menor ser inventariante, desde que esteja, devidamente, representado nos atos dele.
26
DICA
Inventariante: significado, obrigações e importância para o inventário:
https://www.youtube.com/watch?v=Z-wNtQcHUZA.
Não configura a nomeação desse inventário uma punição aos herdeiros, mas
uma determinação legal para que seja transcorrido o processo de inventario e partilha
dentro do escopo previsto na legislação processual, evitando-se possíveis conflitos
familiares e sucessórios.
O Art. 620, do CPC de 2015, salienta que, no prazo de vinte dias, contados da
data em que prestou compromisso, deverá realizar as primeiras declarações, das quais
se lavrará o termo circunstanciado, assinado pelo juiz, pelo escrivão e pelo inventariante,
no qual serão exarados:
27
FIGURA 17 – PRIMEIRAS DECLARAÇÕES DO INVENTARIANTE
28
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Após a nomeação, o inventariante terá o prazo de cinco dias para assinar o Termo de
Compromisso e vinte dias para apresentar as primeiras declarações.
29
AUTOATIVIDADE
1 O administrador do inventário tem as funções de inventariar os bens, de dirigir e de
organizar o espólio, arrecadar esses bens no inventário judicial. Esse administrador,
ou o inventariante, deverá prestar compromisso e realizar as primeiras declarações
no prazo estipulado em lei. A respeito dessas primeiras declarações do inventariante,
analise as sentenças a seguir:
2 O administrador provisório se encontrará na posse direta dos bens do “de cujus”, devido
ser cônjuge ou por ter autorização deste, assim, administrará o bem até que seja
nomeado o inventariante, que dependerá da assinatura do Termo de Compromisso.
Com relação ao administrador provisório, assinale a alternativa CORRETA:
30
3 O rol do Art. 617, do CPC de 2015, prevê uma ordem de nomeação do inventariante,
configurada na pessoa do cônjuge sobrevivente, que assumirá a ordem preferencial
nessa nomeação, todavia, poderá ser alterada, como visto em decisões judiciais. A
respeito dessa alteração, assinale a alternativa CORRETA:
31
32
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
INVENTARIANTE: PRESTAÇÃO DE
COMPROMISSOS E INCUBÊMCIAS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos a função do Termo de Compromisso do
inventariante e a incumbência dele. O inventariante é, na verdade, o administrador dos
bens da herança. Cabe, a este, auxiliar o juiz ao decorrer do processo de inventário. Além
disso, as citações referentes ao espólio serão direcionadas à figura do inventariante,
tratando-se a atividade, sem dúvida, de um múnus (VENOSA, 2017).
33
FIGURA 18 – FUNÇÃO DO INVENTARIANTE NA LEGISLAÇÃO EM VIGOR
Uma vez protocolado o termo assinado, o juiz o nomeará e dará ciência aos
demais herdeiros, para que concordem, ou não, com a nomeação. Essa nomeação
para o cargo é função privativa do juiz, que presidirá o feito, determinando, a este,
34
que represente o espólio judicial e extrajudicialmente, ativa e passivamente. Caso haja
discordância dessa nomeação por parte dos herdeiros, estes farão uma reclamação no
próprio processo de inventário, o qual poderá ser alvo de agravo de instrumento.
O juiz, ao escolher um dos herdeiros para exercer esse cargo, deverá levar em
conta o seguinte: a idoneidade, a experiência, a proximidade, o domicílio dos bens e os
negócios do autor da herança, mas nada impede que seja nomeado um herdeiro que
tenha domicílio fora do Brasil. A imparcialidade deverá ser a tônica desse cargo, por isso,
não será nomeado o credor ou o devedor do espólio ou de um dos herdeiros.
NOTA
Não há impedimento, segundo o Supremo Tribunal Federal, que
o cônjuge casado, pelo regime da comunhão parcial de bens,
administre os bens adquiridos durante o matrimônio. Nesse
mesmo caminho, está o cônjuge casado pelo regime de separação
legal de bens.
35
A investidura, nesse cargo de inventariante, dar-se-á através da assinatura do
Termo de Compromisso do inventariante, pelo inventariante ou pelo advogado dele,
desde que este tenha procuração com poderes especiais para tanto, no prazo de cinco
dias, já que esse termo se traduz por sua investidura, e, através dele, que o inventariante
informa que atuará com zelo e comprometimento, o que cargo requer.
36
FIGURA 21 – IMPEDIDOS DE OCUPAÇÃO DO CARGO DE INVENTARIANTE
2.2 INCUMBÊNCIA
O Art. 618, e seus incisos, do Código de Processo Civil de 2015, enumeram as
incumbências do inventariante, como representar, ativa ou passivamente, em juízo ou fora
dele, o espólio, sem remuneração para tanto. A citação, nas ações nas quais a massa do “de
cujus” for alvo, deverá ser realizada pela pessoa do inventariante. Todavia, caso haja alguma
demanda judicial em face do espólio, em processo de inventário, no qual o inventariante for
dativo, os sucessores do “de cujus” serão intimados para o acompanhamento do feito.
NOTA
O inventariante terá o prazo de cinco dias para assinar o Termo de
Compromisso, e vinte dias para apresentar as primeiras declarações,
pessoalmente ou por procuradores dotados de poderes especiais.
37
Há a necessidade de prestar contas da própria gestão e dos gastos realizados,
e, caso pratique atos com culpa ou dolo, deverá ser responsabilizado, inclusive, com a
perda dos bens aos quais teria direito.
38
O Art. 619, que, também, repetiu o Art. 992, do CPC/73, esclarece que incube,
ainda, ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz:
39
LEITURA
COMPLEMENTAR
O INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ANTE A EXISTÊNCIA DE TESTAMENTO
1
V. F. Kümpel – C. M. Ferrari, Tratado Notarial e Registral, São Paulo, YK Editora, 2017, p. 918-919.
2
Note-se que a matéria foi também regulamentada pela Resolução nº 35, de 24 de abril de 2007, do Conse-
lho Nacional de Justiça. Deve-se também considerar as normas editadas pelas Corregedorias da Justiça dos
Estados atinentes à atividade notarial. No Estado de São Paulo, por exemplo, a matéria é regida pelos itens
105 e seguintes do Cap. XIV, Tomo II, das NSCGJSP.
40
Vale dizer, desde que atendidos os pressupostos e requisitos legalmente fixa-
dos, os interessados poderão escolher entre a via judicial e a extrajudicial para a opera-
cionalização do inventário e da partilha³.
Essa inovação se alinhou a uma tendência crescente nas últimas décadas em prestigiar
a atividade dos notários e registradores, ampliando seu âmbito de atuação. Isso não
apenas pela destacada celeridade e segurança jurídica que as serventias extrajudiciais
garantem, mas também pelo consequente desafogamento do Poder Judiciário, que
pode então se concentrar na resolução de questões efetivamente litigiosas.
É nesse ponto, aliás, que reside a nota característica dos procedimentos atribu-
ídos às serventias extrajudiciais: a ausência de litigiosidade. Por isso, a lei exige como
pressuposto para a viabilidade do processamento extrajudicial do inventário que as par-
tes sejam plenamente capazes e concordes, exigindo também a inexistência de testa-
mento válido e eficaz deixado pelo falecido.
3
Ressalte-se o caráter facultativo do inventário e partilha extrajudiciais. Disso decorre ser possível optar
pela via judicial, ainda que presentes todos os requisitos legais para o processamento administrativo. Essa
natureza facultativa deriva da própria dicção legal, haja vista ter a lei utilizado o vocábulo “poderão” no §
1º, do Art. 610, do CPC/2015. Fica claro, pois, o objetivo do legislador de criar uma alternativa aos interes-
sados, sem obrigá-los e sem prejudicar o direito de ação das partes. O Art. 2°, da Resolução nº 35/2007, é
ainda mais claro nesse sentido, determinando: “é facultada aos interessados a opção pela via judicial ou
extrajudicial; podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão, pelo prazo de 30 dias, ou a de-
sistência da via judicial, para promoção da via extrajudicial”. Não obstante, até por um imperativo de segu-
rança jurídica, não se deve admitir a tramitação simultânea dos dois procedimentos, judicial e extrajudicial.
4
V. F. Kümpel – C. M. Ferrari, Tratado Notarial e Registral, São Paulo, YK Editora, 2017, p. 918-919.
41
Visando operacionalizar essa exigência, o provimento 56/2016, do Conselho
Nacional de Justiça, tornou obrigatório, para a lavratura de escrituras públicas de inventário
extrajudicial, a juntada de certidão acerca da inexistência de testamento deixado pelo autor
da herança. Tal certidão é expedida, a pedido de interessado e mediante apresentação
da certidão de óbito, pela CENSEC – Central Notarial de Serviços Compartilhados, que
engloba, dentre seus módulos de informação, o Registro Central de Testamentos OnLine
(RCTO), responsável por recepcionar informações sobre a lavratura de testamentos
públicos e instrumentos de aprovação de testamentos cerrados em todo o Brasil5.
A regra do caput do Art. 610, do Código de Processo Civil, no que diz respeito à
imposição da via judicial ante a existência de testamento, não foi considerada absoluta
pela doutrina nem pela jurisprudência. Cite-se, por exemplo, o Enunciado nº 600, da
VII Jornada de Direito Civil do CJF, segundo qual "após registrado judicialmente o
testamento e sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos,
não havendo conflito de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial".
Também, nessa linha, posicionaram-se as Corregedorias das Justiças dos diversos
estados, editando normas que igualmente excepcionam a referida exigência.
5
Art. 2º do Provimento nº CNJ 56/2016.
6
O provimento teve fundamento no parecer 133/2016-E, emitido no Processo nº 2016/52695, relatado
pelo então juiz assessor da Corregedoria, Swarai Cervone de Oliveira.
7
Item 129, Cap. XIV, Tomo II.
8
Art. 286, § 1º, II.
9
Item 129.1, Cap. XIV, Tomo II, das NSCGJSP.
10 Item 129.2, Cap. XIV, Tomo II, das NSCGJSP.
42
De forma semelhante, determinou o Código de Normas da Corregedoria Geral
da Justiça do Estado de Santa Catarina, tanto ao permitir o inventário por escritura
pública na hipótese de testamento revogado, caduco ou invalidado por decisão judicial
transitada em julgado¹¹, quanto ao admiti-lo se já ocorrida a abertura do testamento em
juízo e o cumprimento de todas as disposições testamentárias¹².
Posicionamento do STJ
Muito embora o inventário tenha sido iniciado na via judicial, os interessados solici-
taram a extinção do feito e a autorização para o proceder pela via administrativa. Tal pedido
foi indeferido em primeiro grau – decisão confirmada posteriormente pelo Tribunal de Jus-
tiça do Rio de Janeiro – com fundamento no Art. 610, caput, do CPC/2015. Argumentou-
-se que, de acordo com o dispositivo, a existência de testamento impõe o processamento
judicial do inventário e da partilha, obstaculizando, consequentemente, a via extrajudicial.
11
Art. 814-A, caput, acrescido pelo Provimento n° 18, de 23 de novembro de 2017.
12
Art. 814-A, § 1º.
43
somente a capacidade e concordância dos envolvidos para autorizar o processamento
extrajudicial do inventário, estaria restringindo a hipótese de incidência do caput. Vale
dizer, a existência de testamento em princípio impede a via extrajudicial, salvo na
situação de interessados plenamente capazes e concordes.
44
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A nomeação do inventariante passará pelo crivo dos demais herdeiros antes de ser
nomeado pelo juiz, que presidirá o processamento do inventário.
• Caso não cumpra os encargos ou traga prejuízos ao espólio, poderá ser destituído
do cargo.
45
AUTOATIVIDADE
1 O Termo de Compromisso é um documento que deverá ser assinado pelo inventariante,
no prazo de cinco dias. Esse termo expressa que o cônjuge sobrevivente, ou um
herdeiro, aceitou o cargo de inventariante, e que atuará, de forma idônea, em favor
do espólio até a partilha dos bens. A respeito desse Termo de Compromisso de
inventariança, assinale a alternativa CORRETA:
46
( ) Enquanto não prestado o compromisso de inventariante, o espólio será representado
pelo administrador provisório.
( ) O espólio será representado pelo inventariante para representar os interesses
particulares de cada herdeiro.
( ) O inventariante fará as primeiras declarações dele com a assinatura do Termo de
Compromisso.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
47
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Dispo-
nível em: https://bit.ly/31Jkuqo. Disponível em: 24 abr. 2021.
DONIZETTI, E. Curso Didático de Direito Processual Civil. 20. ed. São Paulo: Atlas,
2017. p. 833
PIVA, R. C. Direito civil (online Plataforma Pearson). São Paulo: Manole, 2012. (cod. 19895)
48
RODRIGUES, S. Direito civil. 25. ed. Atualizada de Zeno Veloso. São Paulo: Saraiva, 2002.
VENOSA, S. de S. Direito civil: sucessões. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2017 (Coleção
Direito Civil; 6).
49
50
UNIDADE 2 —
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
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51
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A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
NOMEAÇÃO DO INVENTARIANTE E ORDEM
DE PREFERÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
O processo de inventário é uma sequência de atos que objetiva individualizar os
herdeiros e eventuais legatários, cessionários, devedores e credores do falecido; levantar o
valor dos créditos que teria a receber e a pagar das dívidas que deixou; recolher os impos-
tos e as taxas; apurar o patrimônio total a ser dividido e o valor; e, afinal, dividir e entregar o
quinhão que cabe a cada beneficiado. Contudo, diferentemente da maioria dos demais pro-
cessos que visam à satisfação de um direito material, o inventário necessita, não somente,
de alguém o impulsione, mas, também, de um gestor, para administrar o ativo e/ou passivo
deixados pelo de cujus, proteger o patrimônio contra terceiros e assegurar a manutenção
do valor de mercado, além de representar o espólio, ativa e passivamente, em juízo e/ou fora
dele, nos termos do Art. 75, inciso VII, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015).
2 NOMEAÇÃO DO INVENTARIANTE
O inventariante é a pessoa, judicialmente, encarregada de impulsionar o pro-
cesso de inventário, e, a um só tempo, administrar e proteger o patrimônio a ser dividi-
do até a partilha final, porém, em que pese a ordem prevista no Art. 617, do Código de
Processo Civil (BRASIL, 2015), não há um critério rígido e imutável para a nomeação do
inventariante dentro da predileção normativa estabelecida pelo legislador.
O juiz deve escolher e nomear, segundo o próprio prudente arbítrio, a pessoa que
entender ser, processualmente, e mais idônea para a tarefa, entendida a idoneidade, nesse
caso, como a reunião de atributos que favoreçam a observância dos preceitos legais, como:
• capacidade civil;
• condições físicas e mentais para o encargo;
• qualidades morais, econômicas, administrativas e jurídicas;
• disponibilidade de tempo;
• experiência;
• respeito e confiança dos demais herdeiros ou legatários.
54
FIGURA 2 – INVENTARIANTE, PROCESSUALMENTE, IDÔNEO, CAPAZ DE OBSERVAÇÃO DOS PRECEIROS
LEGAIS
55
Na prática, o usual é o advogado ser intimado da nomeação do inventariante, e,
com poderes especiais na procuração, assinar o Termo de Compromisso.
O prazo de cindo dias para a assinatura pode ser prorrogado pelo juiz, em razão
de impedimento momentâneo do inventariante e da falta de poderes especiais na
procuração. Ainda, suspenso pela morte ou pela perda da capacidade processual dos
herdeiros, do representante legal ou dos advogados, por convenção entre os herdeiros e
os legatários, por motivo de força maior ou quando interposto incidente de impedimento
ou de suspeição, como afirmam o Art. 313 e incisos, do Código de Processo Civil (CPC).
Por fim, quando interposta exceção de incompetência até o juiz de primeiro grau aceitá-
la ou rejeitá-la, como preconiza o Art. 337, do CPC (BRASIL, 2015).
56
FIGURA 4 – ESPÓLIO - PESSOA FORMAL PORTADORA DE CAPACIDADE
A colação, por sua vez, pode ser definida como o ato pelo qual o inven-
tariante informa, no processo de inventário, os bens recebidos por um ou mais
herdeiros como antecipação da legítima.
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FIGURA 5 – DESISTÊNCIA DA HERANÇA NO CORRER DO PROCESSO - DOAÇÃO
A exclusão do direito à herança, por sua vez, nos termos do Art. 1.814, do Código
Civil (BRASIL, 2015), pode ocorrer por atos de indignidade:
IMPORTANTE
É importantíssimo que os atos de disposição de última vontade,
testamento ou codicilo sejam trazidos ao processo de inventário.
• nomeia tutor para os filhos menores, segundo o Art. 1.634, inciso IV, c/c Art. 1.729, §
único; e curador especial para os incapazes, através do Art. 1.733;
• reconhece filhos havidos fora do casamento, segundo o Art. 1.609, inciso III;
• declara e reconhece fatos, como a união estável;
• cria fundações, conforme o Art. 62;
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• institui bem de família, segundo o Art. 1.711; condomínios editalícios, conforme o Art.
1.332; servidões, pelo Art. 1.378; e multipropriedade, ao se observar o Art. 1.358-F;
• faz doações, em observância ao Art. 549;
• estabelece a destinação de óvulos e de sêmen congelados, confessa dívidas,
crimes, dentre outros.
Não havendo herdeiro sob a posse e a administração dos bens, o juiz poderá
nomear qualquer um deles, maior e capaz. Inexistindo herdeiros maiores e capazes, a
preferência recai nos menores, por meio do representante legal deles.
Em que pese o Código de Processo Civil seja silente, devem ser incluídos,
no mesmo patamar dos herdeiros menores, aqueles com deficiência física, mental,
intelectual ou sensorial, curatelados ou não, e os ausentes, também, por meio dos
respectivos representantes legais.
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FIGURA 7 – HERDEIROS DEFICIENTES FÍSICOS, MENTAIS, INTELECTUAIS OU SENSORIAIS E AUSENTES,
EQUIPARADOS AOS MENORES PARA EFEITOS DE INVENTARIANÇA
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FIGURA 8 – INVENTARIANETE JUDICIAL E PESSOA IDÔNEA - AUXILIARES DA JUSTIÇA
NOTA
A regra geral é de observância da ordem de nomeação, do Art. 617, do Código
de Processo Civil, mas ela pode ser excepcionada para evitar prejuízo para a
administração dos bens do espólio, para o regular andamento do processo ou
se alguma das pessoas não puder cumprir as funções da inventariança.
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A simples falta de acordo, ou a disputa, entre os herdeiros, pela inventariança,
entretanto, não autoriza a preterição. As circunstâncias precisam demonstrar a prudência
e os critérios objetivos para a escolha do nomeado mais idôneo em detrimento dos
demais na ordem legal. A decisão precisa ser fundamentada nos termos do Art. 93,
inciso IX, da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O Código de Processo Civil, no Art. 617, prevê uma ordem para a nomeação do
inventariante, que é flexível, recaindo, primeiramente, no cônjuge, ou no companheiro
supérstite, que esteja na administração dos bens no momento da morte; depois,
no herdeiro que detém a administração dos bens; e, sucessivamente, em qualquer
herdeiro, no herdeiro menor, incapaz ou ausente na pessoa do seu representante
legal, no testamenteiro, no cessionário, no inventariante judicial e em qualquer
pessoa idônea da confiança do juiz.
64
AUTOATIVIDADE
1 O processo de inventário é uma sequência de atos que visam à satisfação do direito
material dos herdeiros. Precisa de alguém que o impulsione, e, a um só tempo,
administre os bens deixados pelo de cujus. A respeito desse administrador, o que
podemos afirmar? Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) É pessoa idônea nomeada pelo juiz com capacidade civil, condições físicas,
mentais, morais, econômicas e disponibilidade de tempo para suportar o encargo.
b) ( ) É pessoa idônea, nomeada na ordem do Art. 617, do Código de Processo Civil, que
é rígida.
c) ( ) É qualquer um que tenha cultura e tempo suficientes para impulsionar o processo
e administrar o espólio.
d) ( ) É uma pessoa indicada pelas partes e nomeada pelo juiz, com base, exclusiva-
mente, na confiança familiar.
a) ( ) É um documento simples feito pelo cartório, uma promessa formal a ser assinada,
exclusivamente, pelo inventariante nomeado.
b) ( ) É um documento simples no qual, além da promessa formal de dar andamento
ao processo, deve constar a relação dos herdeiros e dos bens que serão
administrados.
c) ( ) É um documento simples, feito pelo cartório, uma promessa formal na qual
constam a qualificação do inventariante, a ciência e a aceitação da nomeação e
a promessa de bem desempenhar o encargo.
d) ( ) É um documento simples, elaborado e assinado pelo advogado, mesmo sem
poderes especiais, uma promessa que dará regular andamento ao processo.
3 O Temo de Compromisso deve ser assinado pelo inventariante em cinco dias após
a ciência da nomeação, sob pena de destituição do encargo, mas em situações
excepcionais, os interessados podem pedir, ao juiz, e ter deferida a prorrogação
desse prazo. A respeito dessa prorrogação e do deferimento dela, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Sempre que for conveniente, para o inventariante, é preciso esperar até ter ciência
da extensão do encargo e do que precisa fazer para apresentar as primeiras
declarações.
65
( ) Quando o advogado precisa de tempo para contatar os herdeiros e os legatários e
para pegar a procuração com os poderes especiais.
( ) Sempre que o nomeado, o procurador ou o representante legal morrer ou perder a
capacidade civil.
( ) Quando interposto incidente de impedimento ou de suspeição.
a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) F – F – V –V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) F – F – V– F.
4 Em que pese o Código de Processo Civil, no Art. 617, indique uma ordem preferencial
para a nomeação dos inventariantes. Ela não inclui os deficientes físicos, mentais,
intelectuais ou sensoriais. Analise a situação desses indivíduos a partir da Lei n°
13.146/15 e explique a razão pela qual eles não podem ser excluídos da inventariança.
66
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
TERMOS DE COMPROMISSO E TERMOS DAS
PRIMEIRAS DECLARAÇÕES
1 INTRODUÇÃO
Prestado o compromisso legal, a primeira obrigação do inventariante é apresen-
tar as primeiras declarações no prazo e segundo as regras processuais.
O Art. 620, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), elenca a ordem na qual
as informações devem ser prestadas, e que, posteriormente, serão transladadas para o
termo circunstanciado, a saber:
67
de Justiça (BRASIL, 2017), que permitem o uso de material genético post mortem para
concepção, desde que existente autorização expressa. A Lei n° 11.105/05, conhecida
como Lei de Biossegurança (BRASIL, 2005), prevê o uso do material para reprodução
assistida para doação ou descarte. Porém, não há nenhuma regulamentação que trate
da situação do embrião implantado, mesmo sem consentimento expresso do falecido,
que resultou numa vida. O aborto, in casu, é ilegal. A lei não prevê diferença entre os
herdeiros ante mortem e post mortem. Os direitos do nascituro são assegurados em lei.
E a punição que poderia ser imputada a quem fez mal uso do embrião, espermatozoide
ou óvulo sem autorização expressa do de cujus não atinge o ser vivo em geração ou
já nascido, pois isso feriria a dignidade da pessoa humana, princípio pilar de toda a
estrutura jurídica brasileira. A adoção de embriões também é muito pouco aventada,
que dirá debatida, na comunidade jurídica.
Por outro lado, a lei também assegura o pleno uso da propriedade. Se o material
crioconservado é doado a alguém, tanto o proprietário desse material tem direitos sobre
ele como a pessoa humana fruto desse material pode ter direitos sucessórios sobre o
patrimônio deixado pelo doador. Um embrião não existe sem dois doares, o que permite
concluir que pertence a duas pessoas. Se a jurisprudência reconhece o direito dos
adotados de terem anotados na sua certidão de nascimento os nomes dos genitores
biológico e afetivo, não haveria razão legal para vetar a inclusão do nome do doador ou
doadores do material crioconservado.
A comédia De Repente Pai (2014), dirigida por Ken Scott, chama a atenção para
um pai de meia idade, que em dado momento foi doador de esperma e que descobre, anos
depois, ter 533 filhos adolescentes que querem conhecer o pai biológico, e traz discussão
jurídica no âmbito do direito de família e sucessório, que já se fazem necessários.
São muitas as situações possíveis e ainda sem respostas, que merecerão estudos
e debates doutrinários e jurisprudenciais nos próximos anos, ante o desenvolvimento
de técnicas cada vez mais modernas de reprodução assistida. Por isso, recomenda a
cautela que o material crioconservado seja informado no inventário e, se for o caso,
tomadas providências no juízo comum para obstar ou permitir seu uso, conforme os
interesses das partes.
68
FIGURA 9 – MATERIAL CRIOCENSERVADO - HERDEIROS HAVIDOS ANTE MORTEM E POST MORTEM -
DIREITOS IGUAIS
69
A relação completa e individualizada dos bens, direitos e ações, inclusive dos
trazidos à colação, na ordem do Art. 620, do CPC (BRASIL, 2015), com individualização
do valor à época da morte, mesmo estimado, acompanhada da prova documental,
sempre que possível.
O valor corrente dos bens informado pelo inventariante, mesmo estimado, goza
de presunção de veracidade, mas pode ser impugnado pelos herdeiros e interessados,
a quem cabe o ônus da prova.
NOTA
Não se deve usar nas primeiras declarações, e nem numa escritura
pública de inventário, a expressão vaga e genérica: “... é atribuído
pelas partes o valor de R$ xx,xx, para os fins fiscais”. Essa confissão
impede o inventariante de, na declaração para o cálculo do Imposto
de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), optar pelo valor
mais vantajoso para os herdeiros ou para o espólio, que pode ser
o valor de mercado dos bens, o valor venal ou o valor declarado
no Imposto de Renda (IR) do cujus. A tributação não está vinculada
aos valores exigidos no Código Civil, e pode ser vantajoso, para o
herdeiro, no decorrer do processo, trocar os valores informados
nas primeiras declarações pelo valor corrigido pelo Estado, base
de cálculo do ITCMD, para elidir ou diminuir o IR sobre ganhos de
capital em futura alienação dos bens.
70
FIGURA 10 – PRIMEIRAS DECLARAÇÕES - ART. 620, DO CPC
• os primeiros bens a serem indicados devem ser os imóveis, com suas especificações,
o título, o local onde se encontram, a área, as limitações, as confrontações, as
benfeitorias úteis, necessárias e voluptuárias, o número das transcrições aquisitivas
e eventuais ônus que pesem sobre o bem, como hipotecas, alienação fiduciária,
usufruto e penhora e valor na data da morte. O ideal é que o inventariante, ao
distribuir o inventário, já providencie as certidões de ônus reais atualizadas, para ter
em mãos todos os dados dos bens imóveis;
• os bens móveis, capazes de movimento próprio ou de serem deslocados por
terceiros sem que isso altere o seu valor econômico, devem ser descritos com todas
as características que permitam individualizá-los e com o valor na data da morte.
Devem ser incluídos nesta parte os direitos sobre bens incorpóreos, bens abstratos
que não possuem existência física, como os direitos autorais, reputados móveis
para os efeitos legais descritos no Art. 3°, da Lei nº 9.610 (BRASIL, 1998);
• os semoventes, bens que se deslocam por força própria e sem alteração da sua
substância: animais selvagens, domésticos ou domesticados. Os semoventes
devem ser relacionados com sinais distintivos que permitam individualizá-los, como
número de registro no Ibama, na secretaria de fazenda municipal ou nas secretarias
estaduais agropecuárias, conforme o caso, marca de fogo no dorso dos animais,
segundo descrito na Lei nº 4714 (BRASIL, 1965) e/ou identificação nos brincos,
número do registro em cartório, certificado de pureza de raça. É preciso indicar
também a espécie e quantidade de animais, especialmente quando coletividade:
bando, matilha, vara, rebanho, manada, cardume;
• o dinheiro, as joias (inclusive as denominadas de família), que passam de ascendentes
para descendentes ao longo dos anos), os objetos de ouro, prata e pedras preciosas,
com informação da pureza, cor, brilho e tamanho, qualidade da lapidação e detalhes
do acabamento, nome do ourives, peso e importância da pedra, sua origem, data da
71
extração, ainda que aproximada, e informações históricas. É recomendável informar
também, sempre que possível, se as gemas são tratadas, não tratadas ou realçadas,
para evitar confusão entre o tipo e qualidade das pedras.
72
As dívidas passivas do autor da herança não são transmitidas aos herdeiros,
mas devem ser pagas até o limite dos bens do espólio, segundo Art. 1.997, do Código
Civil (BRASIL, 2015), em juízo ou fora dele, na proporção do quinhão de cada herdeiro.
Quitadas as dívidas, os bens remanescentes serão partilhados.
ATENÇÃO
Cuidado para não confundir as dívidas ativas e passivas do
inventariado com as dívidas ativas estatais, dinheiro que o Estado
tem a receber e pode cobrar dos contribuintes, ou com as dívidas
passivas dos contribuintes, dinheiro que eles devem recolher aos
cofres estatais a título de impostos, taxas e contribuições sociais.
ATENÇÃO
É prudente o inventariante apresentar, desde logo, com as primeiras
declarações, um balanço contábil do espólio, com a relação dos
créditos a receber e das dívidas a pagar.
73
FIGURA 12 – EMPRESÁRIO INDIVIDUAL – MORTE, MAS SEM FIM À ATIVIDADE
74
NOTA
Vale, para o direito sucessório, a doutrina de que a essência das
relações familiares emana da Constituição Federal. Elas têm o escopo
na supremacia dos princípios da dignidade da pessoa humana e da
solidariedade familiar, prolongam-se no tempo e se sobrepõem aos
interesses patrimoniais.
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FIGURA 13 – TERMO CIRCUNSTANCIADO - DETALHAMENTO JUDICIAL DAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES
NOTA
É importante não confundir prazo com termo. Prazo é o lapso
de tempo para a realização de um ato. Termo é o momento
processual formal a partir do qual um ato tem início ou término.
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3.1 REMOÇÃO DO INVENTARIANTE
O inventariante é gestor do espólio e a um só tempo responsável por dar regular
andamento ao processo de inventário, devendo desempenhar as duas funções de
forma profícua e, quando não consegue, deve ser removido pelo juízo sucessório e
outro nomeado em seu lugar.
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• deixar de apresentar as primeiras e as últimas declarações no prazo legal;
• deixar de dar regular andamento ao processo;
• deixar de defender o espólio nos processos nos quais for citado;
• deixar de prestar contas ou prestá-las irregularmente.
• deixar de zelar pelo patrimônio do espólio de tal forma que se perca o valor;
• deixar de cobrar as dívidas ou permitir o perecimento de direitos;
• sonegar, ocultar ou desviar os bens do espólio.
78
único, do CPC (BRASIL, 2015). O âmbito probatório é amplo, admitidos o depoimento
pessoal, a oitiva de testemunhas, a prova documental, inclusive com juntada posterior
de documentos, a inspeção pessoal e a prova pericial.
O juiz deve decidir o incidente de remoção ainda que o mérito esteja relacionado
a outra questão de natureza prejudicial, como a apuração criminal prevista no Art.
315, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015). A decisão é interlocutória e o recurso
possível é o agravo de instrumento.
79
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O Termo Circunstanciado é uma peça processual objetiva, sucinta e direta, por meio
da qual o Estado grava, materializa e formaliza todas as informações contidas nas
primeiras declarações, confirma a apresentação ou não de eventuais impugnações
e, caso positivo, o seu teor.
80
AUTOATIVIDADE
1 As primeiras declarações devem detalhadas e completas, para permitir a construção de
um termo circunstanciado estruturado, sem falhas, e, a final, uma partilha equitativa,
observada a razoável duração do processo, conforme determina a Constituição
Federal. Sobre as primeiras declarações, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Elas devem ser protocolas pelo inventariante, 20 dias após a assinatura do Termo
de Compromisso e, em caso de impedimento justificado, no prazo que o juiz deferir.
b) ( ) Há uma ordem legal para a indicação e qualificação do cônjuge ou companheiro
supérstite, herdeiros e legatários, mas não para a relação completa e
individualizada dos bens, direitos e ações.
c) ( ) Os bens alheios que se encontravam na posse do falecido na data da morte não
precisam ser individualizados, se não houver documentos comprobatórios da
propriedade.
d) ( ) A informação prestada pelo inventariante nas primeiras declarações, quando não
acompanhadas de documentos, não goza da presunção de veracidade.
2 A expressão vaga e genérica atribuindo valor aos bens para efeitos fiscais nas primeiras
declarações impede alteração posterior para o valor atribuído pelo estado para o
cálculo do ITCMD, para o valor de mercado dos bens, valor venal ou valor declarado no
IR do cujus, que tributariamente pode ser mais vantajoso para os herdeiros. Quanto
ao valor dos bens nas primeiras declarações, assinale a alternativa CORRETA:
81
I- Os primeiros bens a serem indicados devem ser os imóveis, com suas especificações:
título, localização, área, limitações e confrontações, benfeitorias, número das
transcrições aquisitivas e ônus que pesem sobre o bem.
II- Os bens imateriais, como os direitos morais, são equiparados a bens móveis para os
efeitos legais e devem ser inseridos nas primeiras declarações logo após a descrição
dos bens imóveis.
III- As joias popularmente denominadas “de família” não precisam ser descritas nas
primeiras declarações. Só joias valiosas devem ser relacionadas de acordo com a
pureza, cor, brilho, tamanho, lapidação, nome do ourives, peso e importância da pedra.
4 A cada dia, surgem novas questões envolvendo o direito sucessório. Uma delas é a
crioconservação de espermatozoides, óvulos ou embriões, e a reprodução assistida
post mortem. A lei não distingue herdeiros nascidos ante mortem e post mortem, e
a lei preserva os direitos do nascituro. Escreva sobre o direito à reprodução assistida
post mortem e por que é importante informar, nas primeiras declarações, a existência
de material genético crioconservado.
82
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
PRIMEIRAS DECLARAÇÕES E
IMPUGNAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A citação é um chamamento ao processo de inventário, que proporciona prazo
que para todos aqueles com interesse na sucessão, inclusive o estado, por meio da
Fazenda Pública, o Ministério Público na condição de custos legis, possam falar sobre as
primeiras declarações, seja para concordar com os seus termos, seja para impugná-los,
em respeito ao princípio do contraditório.
A impugnação permite aos herdeiros indicar todos os erros e outras falhas nas
primeiras declarações, discordar fundamentadamente da nomeação do inventariante
e contestar a qualidade de herdeiros. Se procedente, o juiz ordena a retificação das
primeiras declarações e/ou substitui o inventariante.
2 PRIMEIRAS DECLARAÇÕES
O inventário é uma ação judicial de procedimento contencioso, exigindo
a citação de todos os interessados no processo, nos termos do Art. 626, do Código
de Processo Civil (BRASIL, 2015), para ciência das primeiras declarações e eventual
impugnação: cônjuge ou companheiro supérstite, herdeiros e representantes legais,
legatários, testamenteiro, se houver testamento, Fazenda Pública, e Ministério Público,
se houver incapaz ou ausente.
83
FIGURA 16 – CITAÇÃO DOS HERDEIROS E DOS INTERESSADOS PARA DEFESA DOS DIREITOS EM EVENTU-
AL IMPUGNAÇÃO - ART. 626, DO CPC
Como o espólio é considerado bem imóvel até a partilha, a citação dos cônjuges
e companheiros dos herdeiros é sempre necessária, ainda que o monte seja constituído
apenas por bens móveis e semoventes.
ATENÇÃO
É importante não confundir meios eletrônicos com e-mail. Em que pese o
Poder Judiciário use o e-mail para intimações e citações, meios eletrônicos
são instrumentos muito mais amplos. A quinta turma do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) já decidiu, por exemplo, que o WhatsApp pode ser usado para
citação ou intimação, se a autenticidade do destinatário puder ser comprovada,
como número de telefone, confirmação do recebimento por escrito e foto que
o identifique. Se a autenticidade do destinatário não puder ser comprovada
inequivocamente, a citação, ou intimação, é nula. A decisão foi exarada em
Habeas Corpus, mas, por analogia, as regras se aplicam ao processo civil, sem
óbice para o uso de outros aplicativos de mensagem multiplataforma, como
Business, Telegram ou Signal, além das redes sociais, desde que por meio do
Messenger, para resguardo do sigilo em respeito à intimidade.
84
Como a citação é um chamamento da parte para tomar ciência e, se quiser,
responder aos termos e pedidos propostos para a ação, se a parte já estiver representada
por advogado nos autos, a citação é desnecessária. Neste caso pressupõe-se que a
parte já tem conhecimento da existência da ação e o advogado deverá ser intimado
para falar nos autos, segundo o parágrafo 4°, do Art. 626, do CPC (BRASIL, 2015).
NOTA
Os meios eletrônicos facilitam a localização de pessoas,
daquelas que, malandramente, tentam se esconder da Justiça,
e daquelas que mudaram de endereço, perderam contato
com os parentes e amigos, vivem em outros países, moram
em áreas rurais afastadas ou em áreas de risco. Os cartórios
têm buscado pessoas não localizadas pelos oficiais de justiça,
diretamente, nas redes sociais, citando-as pelo Messenger. É
uma excepcionalidade boa, pois evita a citação por edital em um
Diário Oficial Eletrônico que, na realidade, ninguém lê e nem fica
sabendo que foi feita. Nem os operadores do direito buscam e
85
leem editais se não tiverem interesse nele. A localização e a citação de testamenteiros,
meeiros, herdeiros, legatários e cessionários são muito importantes para a garantia
do cumprimento da vontade do de cujus, proteção desses direitos e recebimento do
patrimônio.
O uso dos meios eletrônicos facilita, mas não elide a necessidade da citação
por edital, nos termos do inciso III, do Art. 259, do CPC (BRASIL, 2015), se frustrada a
entrega da carta, devolvido o e-mail ou se for impossível comprovar inequivocamente
o recebimento da mensagem e a autenticidade do destinatário nos aplicativos de
mensagem multiplataforma.
As partes podem contestar o teor das primeiras declarações para arguir erros,
omissões e sonegação de bens, reclamar contra a nomeação de inventariante e contestar
a qualidade de herdeiro, juntando documentos e pedindo a realização de outras provas.
86
Há preclusão se não forem indicadas na impugnação problemas na nomeação
do inventariante, mas não com relação a erros, omissões e sonegação de bens, que
podem ser levantados até a partilha.
A qualidade de herdeiro também pode ser levantada até a partilha, mas o juiz
sucessório somente pode decidir com base na prova documental juntada ao processo.
Questões mais complexas, que requerem dilação probatória, como reconhecimento de
paternidade ou maternidade, deverão ser remetidos às vias ordinárias e, havendo indícios
de veracidade no pleiteado, o juiz deve reservar bens suficientes para eventual sobrepartilha.
Posteriormente, e após a vista como parte interessada, desta feita como gestor
formal do recurso público, a Fazenda Pública deve juntar ao processo, no prazo de
15 dias, os dados que constam de seu cadastro imobiliário e o valor dos bens de raiz,
ou seja, dos terrenos e prédios urbanos e rurais descritos nas primeiras declarações.
Silente a Fazenda sobre os bens de raiz, se todos os herdeiros forem capazes, o juiz
pode determinar que o valor indicado nas primeiras declarações seja utilizado para o
cálculo do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). A Fazenda Pública
será intimada para dizer se concorda ou não com os valores contidos nas primeiras
declarações. Se discordar, o juiz determinará a avaliação dos bens por perito.
Por fim, o Ministério Público, que atua como custos legis, é também citado
pessoalmente e aberta vista do processo para manifestação em 30 dias. O Parquet pode
renovar os pleitos feitos pelas partes, se pronunciar favoravelmente ou negativamente
sobre eles, pedir a juntada de documentos, requerer a remessa de questões complexas
pela necessidade de dilação probatória para o juízo comum.
87
FIGURA 19 – MINISTÉRIO PÚBLICO - CITADO PARA ATUAR COMO CUSTOS LEGIS
88
O meeiro, ou o herdeiro, podem impugnar a preterição no próprio inventário
enquanto não sentenciada a partilha. O pedido será processado em autos apartados,
respeitado o contraditório. A intervenção do Ministério Público, como custos legis, é
obrigatória se alguma parte for menor, incapaz ou ausente, e o seu parecer deve ocorrer
após contestação e eventual réplica.
O meeiro que teve a sua meação preterida também pode impetrar Ação de
Embargos de Terceiro contra o espólio, no próprio juízo do inventário, nos termos do Art.
674, parágrafo 2°, inciso I, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015). Após a partilha, a
Ação de Embargos de Terceiro deve ser impetrada no juízo comum, diretamente contra
os sucessores do de cujus.
89
LEITURA
COMPLEMENTAR
IMPLANTAÇÃO DE EMBRIÕES CONGELADOS EM VIÚVA EXIGE AUTORIZAÇÃO
EXPRESSA DO FALECIDO, DECIDE QUARTA TURMA
STJ NOTÍCIAS
O falecido e a viúva eram casados desde 2013 sob o regime legal de separação
absoluta de bens, já que ele tinha 72 anos na época da celebração do matrimônio. Em
testamento particular, o falecido teria deixado a parte disponível da herança para os
filhos do primeiro casamento e, para a esposa, o valor de R$ 10 milhões, além do dinheiro
necessário para a compra de um apartamento.
O juízo de primeiro grau julgou o pedido dos filhos procedente, mas o Tribunal
de Justiça de São Paulo (TJSP) reformou a sentença tendo em vista o contrato com o
hospital encarregado de conservar o material genético, no qual o casal acordava que, em
caso de morte de um deles, os embriões congelados ficariam sob a custódia do outro.
90
Reprodução assistida carece de regras
O ministro Luis Felipe Salomão – cujo voto prevaleceu na Quarta Turma – destacou
que o ordenamento jurídico brasileiro possui regulamentação insuficiente para a resolução
de conflitos sobre reprodução assistida. O Código Civil de 2002, por exemplo, é omisso
quanto à possibilidade de utilização do material genético de pessoa falecida.
91
1. A negativa de prestação jurisdicional não se configura quando todos os aspectos
relevantes para o correto julgamento da causa são considerados pelo órgão julgador,
estabelecendo-se, de modo claro e fundamentado, a compreensão firmada, ainda
que em sentido diferente do desejado pelos recorrentes.
2. Nos termos do entendimento do STJ, é inviável, em recurso especial, a verificação
de ofensa/aplicação equivocada de atos normativos interna corporis, tais como
regimentos internos, por não estarem compreendidos no conceito de tratado ou lei
federal, consoante a alínea "a", do inciso III, do Art. 105, da CF/1988.
3. No que diz respeito à regulamentação de procedimentos e técnicas de reprodução
assistida, o Brasil adota um sistema permissivo composto por atos normativos
e administrativos que condicionam seu uso ao respeito a princípios éticos e
constitucionais. Do acervo regulatório destaca-se a Resolução nº 2.168/17 do Conselho
Federal de Medicina, que impõe a prevalência da transparência, do conhecimento
e do consentimento da equipe médica, doadores e receptores do material genético
em todas as ações necessárias à concretização da reprodução assistida, desde a
formação e coleta dos gametas e embriões, à sua criopreservação e seu destino.
4. Quanto ao destino dos embriões excedentários, a Lei da Biossegurança (Lei nº
11.105/05) dispõe que poderão ser implantados no útero para gestação, podendo,
ainda, ser doados ou descartados. Dispõe, ademais, que, garantido o consentimento
dos genitores, é permitido utilizar células-tronco embrionárias obtidas da fertilização
in vitro para fins de pesquisa e terapia.
5. Especificamente, quanto à reprodução assistida post mortem, a Resolução CFM
nº 2.168/17 prevê sua possibilidade, mas sob a condição inafastável da existência
de autorização prévia específica do(a) falecido(a) para o uso do material biológico
criopreservado, nos termos da legislação vigente.
6. Da mesma forma, o Provimento CNJ nº 63 (Art. 17, § 2º) estabelece que, na reprodução
assistida post mortem, além de outros documentos que especifica, deverá ser
apresentado termo de autorização prévia específica do falecido ou falecida para
uso do material biológico preservado, lavrado por instrumento público ou particular
com firma reconhecida.
7. O Enunciado nº 633, do CJF (VIII Jornada de Direito Civil), prevê a possibilidade de
utilização da técnica de reprodução assistida póstuma por meio da maternidade de
substituição, condicionada, sempre, ao expresso consentimento manifestado em
vida pela esposa ou companheira.
8. O Planejamento Familiar, de origem governamental, constitucionalmente, previsto
(Art. 196, § 7º, e Art. 226), possui natureza promocional, e não coercitiva, com
fundamento nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade
responsável, e consiste na viabilização de utilização de recursos educacionais e
científicos, bem como na garantia de acesso igualitário a informações, métodos e
técnicas de regulação da fecundidade.
9. O princípio da autonomia da vontade, corolário do direito de liberdade, é preceito
orientador da execução do Planejamento Familiar, revelando-se, em uma de suas
vertentes, um ato consciente do casal e do indivíduo de escolher entre ter ou não
filhos, o número, o espaçamento e a oportunidade de tê-los, de acordo com seus
planos e expectativas.
92
10. Na reprodução assistida, a liberdade pessoal é valor fundamental e a faculdade que
toda pessoa possui de autodeterminar-se fisicamente, sem nenhuma subserviência
à vontade de outro sujeito de direito.
11. O CC/2002 (Art. 1.597) define como relativa a paternidade dos filhos de pessoas
casadas entre si, e, nessa extensão, atribui tal condição à situação em que os
filhos são gerados com a utilização de embriões excedentários, decorrentes de
concepção homóloga, omitindo-se, contudo, quanto à forma legalmente prevista
para utilização do material genético post mortem.
12. A decisão de autorizar a utilização de embriões consiste em disposição post mortem,
que, para além dos efeitos patrimoniais, sucessórios, relaciona-se intrinsecamente
à personalidade e dignidade dos seres humanos envolvidos, genitor e os que
seriam concebidos, atraindo, portanto, a imperativa obediência à forma expressa e
incontestável, alcançada por meio do testamento ou instrumento que o valha em
formalidade e garantia.
13. A declaração posta em contrato padrão de prestação de serviços de reprodução
humana é instrumento absolutamente inadequado para legitimar a implantação
post mortem de embriões excedentários, cuja autorização, expressa e específica,
haverá de ser efetivada por testamento ou por documento análogo.
14. Recursos especiais providos.
Acórdão
(STJ. REsp 1918421 / SP. Relator Min. MARCO BUZZI. Relator p/ Acórdão Min.
Luis Felipe Salomão. Quarta Turma. DJe em 26/08/2021).
FONTE: STJ NOTÍCIAS. Implantação de embriões congelados em viúva exige autorização expressa
do falecido, decide Quarta Turma. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3n6TXvh. Acesso em: 24 abr. 2021.
93
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
94
AUTOATIVIDADE
1 A respeito da citação e da intimação via meios eletrônicos, que afirma que é preciso
atenção para o fato de que os meios eletrônicos não se restringem ao e-mail. O STJ
decidiu, num Habeas Corpus, que o WhatsApp pode ser usado para a citação ou
intimação, mas modulou as exigências e essa modulação se aplica no processo civil.
Antes dele o CNJ já havia autorizado o uso das multiplataformas. Assim, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) V – F – V.
( ) V – V – V.
( ) F – V – F.
( )F–F–F
95
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
a) ( ) O Ministério Público pode falar nos autos em qualquer ocasião após a citação,
tanto para defesa das partes em geral como na qualidade de custos legis.
b) ( ) A Fazenda Pública tem 15 dias para contestar e, nesse mesmo prazo precisa informar
os dados que constam de seu cadastro imobiliário e o valor dos bens de raiz.
c) ( ) O Ministério Público tem prazo de 30 dias para falar na ação de inventário, após
citação, sem necessidade de abertura de vista.
d) ( ) Sempre que os advogados habilitados nos autos forem de escritório diferentes e
atenderem partes diferentes, os prazos se contam em dobro.
96
REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 354, de 19 de novembro de
2020. Dispõe sobre o cumprimento digital de ato processual e de ordem judicial e
dá outras providências. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3579.
Acesso em: 24 abr. 2021.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AREsp 1601918. Ministro Relator Luis Felipe
Salomão. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3F4niwy. Acesso em: 24 abr. 2021.
97
dos – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS,
reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre
a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro
de 1995, e a Medida Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os Arts. 5º,
6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras pro-
vidências. Disponível em: https://bit.ly/3kvq06w. Acesso em: 29 abr. 2021.
DE REPENTE PAI. Direção de Ken Scott. Glendale, Califórnia, USA: DreamWorks Anima-
tion LLC, 2014. Trailer disponível em: https://bit.ly/3205Rzf. Acesso em: 24 abr. 2021.
98
UNIDADE 3 —
DA SONEGAÇÃO, DA
REMOÇÃO E DA TROCA DO
INVENTARIANTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
99
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
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100
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
SONEGAÇÃO DE BENS PELO
INVENTARIANTE
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, abordaremos, nesta unidade, as consequências para a hipótese
de sonegação de bens do espólio, por parte do inventariante, e as respectivas
responsabilidades dele. A legislação determina situações nas quais o inventariante
sofrerá sanções no processo de inventário quando realizar atos que escondam ou
omitam bens do espólio do processo de inventário e partilha.
101
FIGURA 1 – EXEMPLO DE BENS INTEGRANTES DO ESPÓLIO
102
FIGURA 2 – DANOS CAUSADOS AO ESPÓLIO
Uma vez nomeado, o inventariante deverá ser intimado para prestar o Termo de
Inventariança no prazo de cinco dias. Nesse documento, o inventariante, solenemente,
declara o compromisso dele de desempenhar a função, em conformidade com o
parágrafo único do Art. 617, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015). O patrimônio
deixado pelo falecido é considerado como uma massa patrimonial indivisível, cuja
titularidade pertence, conjuntamente, a todos os herdeiros. Assim, passa-se a se
chamar de bens do espólio.
103
FIGURA 3 – OCULTAÇÃO DE BENS DO INVENTÁRIO
104
Cada herdeiro é obrigado a descrever, no inventário, todos os bens da herança
que estejam em poder dele, mas, também, os que estejam em poder de outrem, que
sejam de conhecimento. Essa obrigação consiste no ato de colação, por meio do qual
os herdeiros têm de declarar o valor das doações que obtiveram, em vida, do autor da
herança. No ato da colação, é feita a conferência dos bens da herança e dos bens que
foram transferidos ou doados pelo autor da herança antes do falecimento dele.
O ato de sonegação de bens, por parte dos herdeiros, é tratado no Art. 1.992, do
Código Civil. Vejamos:
105
3 RESPONSABILIDADES DO INVENTARIANTE PELA
SONEGAÇÃO DE BENS
Nos casos nos quais a sonegação tenha sido praticada pelo próprio inventariante,
nos quais ele é o sonegador, além da penalidade comum aos herdeiros, cairá, sobre ele,
sobre o inventariante, a pena de remoção da administração do espólio. No entanto, essa
retirada se dá mediante alguma prova de que houve a sonegação de bens ou a negativa de
existência de bens indicados. Os direitos de requerer e de impor ação de pena de sonegados
pertencem, tão somente, aos herdeiros e aos credores da herança. No entanto, demais
interessados na ação podem se aproveitar da ação. Assim estabelece o Código Civil:
106
Havendo a perda, por parte do herdeiro, de patrimônio que não fora colacionado,
esse bem sonegado será objeto de partilha entre os demais herdeiros. Caso as riquezas
sonegadas não sejam restituídas pelo sonegador, por já não ter, sob o próprio poder,
esses bens, ele deverá pagar a importância relativa aos valores ocultados, sem prejuízo do
pagamento de indenizações por perdas e danos. Para o caso de sonegação de bens ou de
valores praticada pelo inventariante, deve-se observar o Art. 1.996, do Código Civil. Vejamos:
107
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
108
AUTOATIVIDADE
1 A sonegação de bens, na partilha, ocorre quando há omissão da indicação dos bens
a serem inventariados. Assim, com relação à sonegação por parte do inventariante,
quando, também, herdeiro, analise as afirmativas a seguir, e, em seguida, assinale a
alternativa CORRETA:
I- Perda do próprio bem, ao qual tem direito na herança, e que foi, por ele, ocultado.
II- Remoção do cargo de inventariante.
III- Perda de remunerações percebidas a título de inventariante, e remoção, como
herdeiro, do processo de inventário
109
a) ( ) Havendo perda de direito a bens de herança por parte do inventariante, decorrente
de sonegação, serão, esses bens, objeto de partilha entre os demais herdeiros.
b) ( ) A remoção do inventariante do cargo independe de prova de que a conduta dele
na sonegação foi intencional.
c) ( ) A pena de sonegação ao inventariante não depende de prova de ocultação da
informação.
d) ( ) No caso da não restituição de bens sonegados, pagará, o inventariante herdeiro,
a importância relativa aos valores ocultados e aos não ocultados.
4 O Código de Processo Civil prevê algumas penalidades para aquele que pratica
sonegação no inventário. No caso de o herdeiro e inventariante recair em prática de
sonegação, a que penalidade estará sujeito?
110
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
DESTITUIÇÃO E REMOÇÃO DO
INVENTARIANTE
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico, abordaremos o conceito, as diferenças e as hipóteses
de destituição e remoção do inventariante. Apesar de causarem um mesmo resultado, a
destituição e a remoção não podem ser interpretadas como sinônimos. Conforme veremos,
a remoção possui natureza jurídica sancionatória, enquanto a destituição se refere a uma
circunstância que impede ou dificulta o eficaz exercício da função de inventariante.
111
FIGURA 5 – INVENTARIANTE COM SAÚDE DEBILITADA
112
é determinada em consequência de uma falta, no exercício do cargo,
relacionada ao inventário, enquanto a destituição é determinada em
razão de um fato externo ao processo (GONÇALVES, 2019, p. 628).
• haver a falta de apresentação, dentro do prazo legal, das primeiras ou das últimas
declarações;
• deixar de conferir o andamento regular ou de praticar atos protelatórios no
procedimento de inventário;
• causar danos aos bens do espólio;
• parar de defender ou de cobrar dívidas ativas do espólio e de prestar contas;
• sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.
113
Devemos destacar que as hipóteses apresentadas configuram apenas um
exemplo de enumerações em que o inventariante pode ser removido. Dessa maneira, se
outras causas ou faltas que incompatibilizem com o exercício da imventariança sejam
encontradas, o inventariante poderá ser removido.
114
do cargo, para com isso, atuar em contraditório, produzir provas e buscar convencer o
juiz que a decisão de trocar o inventariante é errônea. Vejamos o que diz o Art. 623, do
Código de Processo Civil:
3 RESPONSABILIDADES DO INVENTARIANTE E
HIPÓTESES DE REMOÇÃO
Devemos agora compreender o que ocorre caso o inventariante descumpra com as
suas obrigações. Antes disso, apresentamos quais são as responsabilidades do inventariante.
115
Assim, podemos concluir que o objetivo do inventário, seja ela judicial ou
extrajudicial, é efetivar a transmissão dos bens deixados em vida pelo espólio para
aqueles configurados como seus sucessores que podem ser tanto herdeiros quanto
testamenteiros.
Carlos Roberto Gonçalves aponta que “o inventariante é a pessoa que tem por
função administrar os bens do espólio, sendo seu representante legal. Só podem exercer
esse múnus pessoas capazes e que não tenham, de algum modo, interesses contrários
aos do espólio” (GONÇALVES, 2019, p. 72).
Uma vez nomeado, o inventariante deverá ser intimado para prestar o Termo de
Inventariança no prazo de cinco dias. Neste documento o inventariante solenemente
declara seu compromisso de desempenhar a função, em conformidade com o parágrafo
único do Art. 617, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015). Em sequência, para o
próprio Código de Processo Civil, o inventariante estará habilitado para a prática de:
116
• atos de gestão;
• atos de disposição;
• atos de prestação de contas.
117
FIGURA 8 – PRESTAÇÃO DE CONTAS DO INVENTARIANTE
118
Assim, ao assinar o termo de compromisso o inventariante está incumbido
das atribuições e responsabilidades previstas no Art. 618, do Código de Processo Civil.
Além das atribuições previstas no dispositivo anterior, ao firmar o termo, o inventariante
também estará incumbido das atribuições do Art. 619, do Código de Processo Civil,
desde que ouvidos os interessados e com autorização do juiz. Vejamos:
119
e caracterização dos bens, bem como a correta e completa indicação dos herdeiros,
demais sucessores, credores e devedores” (GONÇALVES, 2019, p. 634). Por isso, caso
não sejam apresentadas, existirá justificativa plausível para remoção do inventariante.
No que diz respeito ao inciso II, do Art. 622, do Código de Processo Civil,
especificamente, no tocante à paralisação do procedimento, Cristiano Chaves de Farias
e Nelson Rosenvald defendem que se trata de uma
O inciso III, do Art. 622, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), trata
da figura dos danos causados ao espólio. Assim, se for verificado algum prejuízo,
seja ele decorrente de dolo ou de culpa, existirá justificativa para remoção.
O inciso IV, do Art. 622, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), faz
menção à desídia do inventariante em representar o espólio em ações judiciais
em que for citado, bem como deixar de cobrar dívidas ativas ou tomar quaisquer
outras medidas para evitar prejuízos ou o perecimento de direitos ligados ao
procedimento de inventário.
121
FIGURA 12 – ATRIBUIÇÃO DE MULTA
122
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
123
AUTOATIVIDADE
1 A legislação processualista civil autoriza a troca do inventariante. Nesse sentido,
considerando os pontos estudados sobre o tema, assinale a alternativa CORRETA:
124
( ) O inventariante removido deverá entregar todos os documentos e todos os bens
que estiverem sob o seu domínio ao novo inventariante nomeado.
( ) O inventariante removido não poderá ser responsabilizado penalmente caso se
negue a entregar os bens do espólio que estão em sua guarda.
a) ( ) V – V – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) V – F – F.
d) ( ) V – V – V.
125
126
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
TROCA DO INVENTARIANTE E
CONSEQUÊNCIAS DENTRO DO
INVENTÁRIO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos o procedimento para a remoção do
inventariante e a consequente substituição dele. A legislação determina algumas
situações nas quais o inventariante será removido do processo de inventário. A título
de exemplo, podemos destacar, como motivos para a remoção, quando ocorrerem
omissões relativas ao processo de inventário ou à administração dos bens do inventário.
127
Art. 622. O inventariante será removido de ofício ou a requerimento:
128
imóvel pertencente ao espólio, ou ainda caso um bem do espólio seja penhorado
em processo judicial para pagar dívida do de cujus e o inventariante não faça a
defesa para que o bem não se perca.
V - Deixar de prestar contas ou fazer de forma errada e a descontento, ou seja,
enquanto responsável pelo espólio, este funciona como em empresa, que deve ser
administrada pelo inventariante, onde este deve fazer a prestação de contas aos
herdeiros e ao juiz do processo periodicamente, ou seja, tudo o que é gasto e/ou
recebido pelo espólio deve ser relacionado e demonstrado para que todos tenham
conhecimento e que o processo seja transparente.
VI - E por último, o inventariante que tomar para si, ocultar ou sonegar qualquer fruto ou
bem do espólio, por exemplo receber aluguéis de imóveis do espólio e se apropriar
do total ou de parte do valor em desfavor dos demais herdeiros, neste caso não se
trata de qualquer valor que lhe caiba como herdeiro, mas de valor que não lhe seja
de direito, será substituído com base neste item.
Se o juiz do processo entender que o atual inventariante não cumpriu com seu
compromisso, que houve negligência na prestação de contas, que não atendeu de forma
íntegra e honesta aos requisitos de seu cargo, decretará a remoção e nomeará um novo
inventariante, com base no Art. 617, do Código de Processo Civil, sempre respeitando a
ordem indicada no dispositivo legal.
130
Num caso concreto, pode ser a esposa do de cujus que veio a contrair uma
doença grave que a impede de exercer sua função, pois pode ficar com saúde debilitada,
ou ter de fazer um tratamento de saúde que lhe tomará tempo, ou ainda um acidente
que lhe comprometa as funções locomotoras, uma internação de longo prazo, enfim,
uma série de fatores que podem fazer com que essa pessoa não tenha mais condições
de cumprir com sua obrigação e por causas alheias a sua vontade, é destituída do cargo
e substituída pela pessoa seguinte na ordem do Art. 617, do Código de Processo Civil.
Além disso, o inventariante que além de infringir o dispositivo legal, causar dano
ao resultado do inventário, assim como aos herdeiros diretamente ou a seus direitos, não
somente será removido do cargo como também responderá de outras maneiras tanto na
esfera cível por perdas e danos como na esfera criminal dependendo do caso concreto.
Podemos exemplificar com um caso de sonegação cometida pelo inventariante que
resulta na perda do direito dos herdeiros sobre algum bem que lhes cabia, aqui então
com base no código 1.995 e seguintes do Código Civil, o inventariante será processado
em ação incidental própria.
132
Registra-se que mesmo removido ou destituído, o inventariante mantém a
obrigação de prestar contas de sua gestão em relação ao período em que exerceu a
inventariança, inclusive mantendo-se como parte legítima, ativa e passivamente, para
o manejo de uma ação de prestação de contas. Devemos entender que mesmo após
deixar o cargo, o inventariante tem o dever de entregar o seu “serviço” de forma que
não prejudique o seu substituto e principalmente o inventário e além disso se mantém
responsável por tudo que for pertinente ao período em que exerceu a inventariança.
Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a
detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
133
Perceba que o crime tem sua pena aumentada caso o réu seja inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial, e como já abordamos anteriormente, a obrigação
do inventariante é comparada ao de depositário, uma vez que deve cuidar dos bens que
lhe foram confiados.
Portanto, quando o inventariante não cumpre com seu dever, comete o delito
de sonegação estando sujeito às penas do Código Civil e o os bens que deveriam estar
no inventario e que foram sonegados, ou seja, deixaram de figurar na partilha por ato
consciente do inventariante, fará com que este responda criminalmente pelo delito de
apropriação indébita.
Pois bem, é sabido que após a morte, a sucessão deve ser aberta pelos herdeiros,
que dentre eles será nomeado o inventariante que tem a função de relacionar todos os bens
móveis e imóveis do falecido que estejam em seu poder ou de outros herdeiros ou ainda de
terceiros. Se nesta relação de bens tanto inventariante quanto herdeiros conscientemente
deixar de informar a existência de algum bem, praticará a sonegação e estará sujeito a
penalização pelo código civil como pelo crime de apropriação indébita. Alguns doutrinadores
entendem que para que se configure o delito a pessoa precisa agir com dolo, ter intenção de
tomar o bem para si. A pena para o inventariante sonegador é a remoção do cargo e a perda
do direito à herança do bem não relacionado, o herdeiro que oculta o bem em favor próprio
também perde o direito à herança e se a sonegação for praticada por testamenteiro ou
cessionário ambos também perdem seus direitos, o primeiro perde à vintena e o segundo o
direito sobre o bem sonegado. Para Wilson de Oliveira:
A sonegação pode ser de bens móveis ou imóveis, porém é mais comum acontecer
com os móveis já que a identificação do proprietário é mais difícil, exemplo é a retirada
de valores depositados em conta bancária da qual o sonegador tem acesso ou é cotitular,
valores de crédito deixados pelo falecido, joias, obras de arte, quadros, e todo e qualquer
134
outro bem que tenha valor, mas que não há documento que comprove a propriedade.
Quanto à arguição de sonegação, ela deve ser feita nos autos do processo
de inventário e se os bens ocultados forem apresentados, a declaração de bens será
aditada e o processo continuará seu curso. Se houver insistência na ocultação, ou seja,
o inventariante se recusar a apresentar o bem sonegado, a questão deverá ser dirimida
em ação de sonegados em juízo cível e sendo matéria de muitos questionamentos, a
pena só pode ser aplicada por decisão em ação ordinária e não no processo de inventário.
A sonegação deve ser arguida após a entrega da declaração e bens, mas nada
impede que seja feita até mesmo após o encerramento do inventário e da partilha, já
que deve ser trazida no momento do conhecimento da ocultação, porém dentro do
prazo prescricional de dez anos. Quanto à pena, como já dito, é prevista pelo código civil
e consiste na perda do direito ao bem sonegado, entenda que não se trata de perda da
herança, mas somente do direito ao bem que foi ocultado, o sonegador continua sendo
herdeiro dos demais bens do inventário.
Como visto, o processo de inventário não pode seguir sem que seja nomeado um
novo inventariante quando houver a remoção ou destituição. Assim como primeiro efeito,
todos os bens ou documentos que estiverem sob o domínio do inventariante removido
deverão ser entregues ao novo inventariante nomeado, sob pena de responsabilização.
Por fim, destaca-se que mesmo com a troca, o inventariante removido deverá prestar as
contas de seus afazeres junto ao juízo em que tramita o processo de inventário. Além
disso, o inventariante que for desonesto e ocultar bens do espólio, será responsabilizado
civil e penalmente, podendo perder o direito ao bem sonegado, além de responder por
apropriação indébita e ser penalizado criminalmente também.
135
LEITURA
COMPLEMENTAR
FISCO PODE MULTAR HERDEIROS POR DEMORA EM INSTAURAR PROCESSO DE
INVENTÁRIO
Como bem sabido, com a morte da pessoa natural seus bens transmitem-
se, automaticamente aos seus sucessores legítimos e testamentários, nisso consiste
o amplamente conhecido princípio da droit de saisine (Código Civil, Art. 1.784). Uma
vez, porém, que o patrimônio do autor da herança constitui uma universalidade, torna-
se necessário apurar quais são os bens que integram o espólio, a fim de definir o que
passou realmente ao domínio dos sucessores.
Para esse fim, existe o procedimento especial do inventário e partilha (Arts. 610
a 673, do CPC), que tem por finalidade definir os componentes do acervo hereditário e
determinar quem são os herdeiros que recolherão a herança (inventário), bem como
definir a parte dos bens que tocará a cada um deles (partilha) [4].
136
O CPC/15, repetindo o entendimento do CPC/73, prevê e estabelece os critérios
para apuração do imposto de transmissão causa mortis. O CPC, de forma razoável e
coerente, estabelece que depois de realizadas as últimas declarações do inventário, ou
seja, após a descrição e pormenorização do patrimônio e da realização da avaliação dos
bens componentes do acervo hereditário e antes de iniciada a fase propriamente da
partilha [6], proceder-se-á ao cálculo do tributo (CPC, Art. 637).
Pelo rito procedimental previsto no CPC, ao julgar o cálculo do imposto (parágrafo 2º,
do Art. 638, CPC), o juiz está pondo fim à primeira fase do procedimento (inventário), fixando
definitivamente o quantum a ser partilhado e o valor do imposto a ser pago à Fazenda Pública.
A grande questão que se coloca em relação ao prazo fixado pelo Art. 13, da
Lei n° 14.941/03, de Minas Gerais, diz respeito aos procedimentos de inventário e
partilha judiciais que tramitam pelo procedimento comum. Nesses casos, dificilmente
conseguirão os beneficiários da sucessão cumprir com a ditame legal, isso porque em
muitos casos o procedimento de inventário é o meio por meio do qual terão os herdeiros
acesso as informações sobre o patrimônio.
137
Essa situação se mostra ainda mais problemática quando existe entre os
herdeiros um litígio de natureza eminentemente patrimonial, como são os casos de
sonegação (Código Civil, Art. 1.996). Observe que nestes casos os herdeiros só poderão
arguir a sonegação em detrimento do inventariante após as últimas declarações,
ficando evidente a impossibilidade de apuração do ITCD vez que pairam dúvidas sobre
a extensão do patrimônio.
Lado outro, podem existir também controvérsias sobre quem eventualmente são
os beneficiários da sucessão. Como ocorre comumente nos casos de reconhecimento
de paternidade ou de união estável post mortem. Ou mesmo nos casos de ineficácia
ou caducidade de disposição testamentária. Nesse aspecto, importante observar que
o próprio CTN, em seu Art. 35, parágrafo único, determina que existem tantos fatos
geradores quanto são os herdeiros e legatários, tornando imprecisos os fatos geradores
se existem dúvidas sobre quem efetivamente são os beneficiários.
138
Assim, cotejando os dispositivos do CPC com as súmulas do STF e com os
julgados mais recentes do STJ, concluímos que o fisco pode imputar aos herdeiros multa
pelo atraso na instauração do processo de inventário, pode fixar como base de cálculo
o valor dos bens à época da avaliação, entretanto, não pode cobrar multa e correção
antes de realizada o julgamento do cálculo do tributo no processo de inventário.
Pontue-se, por derradeiro, que tal matéria, em face de sua grande relevância
jurídica e econômica, poderá ser submetida aos Tribunais de Justiça (dos estados
indicados) para análise, nos recursos de apelação sobre o tema ou em reexame necessário,
em sede de Incidente de Assunção de Competência (Art. 947, do CPC), ou de IRDR (caso
presentes os requisitos do Art. 976, do CPC), para que seja proferido precedente normativo
que dimensione a temática de forma correta e se evite o abuso das cobranças de multas
indevidas, embasadas em legislações estaduais em desconformidade com o CPC/15 e
que atentam contra a própria realidade do procedimento de inventário e partilha.
[1] Art. 1º. A alíquota máxima do imposto de que trata a alínea a, inciso I, do Art.
155, da Constituição Federal, será de oito por cento, a partir de 1° de janeiro de 1992.
[3] A redação atual do inciso I, do Art. 1º, da referida lei, foi estabelecida pela Lei nº
20.824, de 31 de julho de 2013, que alterou o texto da lei original em alguns dispositivos.
[5] STF, Súmula 542 “Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-
membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário.”
[7] STF, Súmula 114: “O imposto de transmissão "causa mortis" não é exigível
antes da homologação do cálculo.”
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[8] "Como afirmado na decisão agravada, o Supremo Tribunal Federal
pacificou o entendimento de que cabe ao Superior Tribunal de Justiça a apreciação
de controvérsias atinentes à matéria infraconstitucional objeto de súmulas editadas à
luz das constituições anteriores a 1988, como é o presente caso, no qual se discute a
aplicação da Súmula n. 114 do Supremo Tribunal Federal, aprovada na Sessão Plenária de
13.12.1963, com base na interpretação do art. 500 do Código de Processo Civil de 1939."
(STF, ARE 768206-AgR, Relatora Ministra Cármen Lúcia, Segunda Turma, julgamento em
15.10.2013, DJe de 28.10.2013)
[9] STJ, REsp 752.808/RJ, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma,
julgado em 17.5.2007, DJ 4.6.2007; STJ, AgRg no REsp 1257451/SP, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 13.9.2011; STJ, REsp 1660491/RS, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 16/06/2017.
FONTE: NUNES, D.; OLIVEIRA, M. M. Consultor jurídico. 2018. Disponível em: https://bit.ly/30iZSoG. Acesso
em: 24 abr. 2021.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O Ministério Público, uma vez que funciona como fiscal da lei, pode requerer a
remoção do inventariante quando algum interesse de incapaz for ameaçado.
• O inventariante que oculta bens do espólio e os toma para si, como se dono fosse,
responde por sonegação e pode responder, criminalmente, por apropriação indébita.
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AUTOATIVIDADE
1 O Código de Processo Civil prevê a troca do inventariante com base em ações ou omissões.
Nesse sentido, considerando os pontos estudados, assinale a alternativa CORRETA:
3 Uma vez removido o inventariante, o juiz da causa deverá tomar como base o rol
preferencial do Art. 617, do CPC, para nomear substituto. No entanto, mesmo
removido, o inventariante conserva algumas obrigações. Analise as afirmativas a
seguir e marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas, e, em
seguida, marque a alternativa que contém a sequência CORRETA:
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( ) O inventariante removido deverá entregar todos os documentos e todos os bens
que estiverem sob o seu domínio ao novo inventariante nomeado.
a) ( ) V – V – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) V – F – F.
d) ( ) V – V – V.
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REFERÊNCIAS
BORGES, G. S. Os sonegados e a colação: notas do Direito Sucessório na pós-mo-
dernidade. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, n. 30, p. 252-269, 2012.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil brasileiro, volume 7: direito das sucessões. 13. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
MELLO, C. M. Sucessões: direito civil. Rio de Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2017.
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